Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTEÚDO EXCLUSIVO
Organizadores:
Bruno Galelli Chieregatti
João de Sá Brasil Lima
JN003-N0
ENEM
CONTEÚDO EXCLUSIVO
Organizadores:
Bruno Galelli Chieregatti
João de Sá Brasil Lima
Expediente
Diretora Editorial Juliana Pivotto
Assessoria Editorial Mari de Barros
Revisão Equipe de Revisão Nova Concursos
Projeto Gráfico Equipe Nova Concursos
Diagramação Elaine Cristina e Thais Regis
ISBN: 978-65-80143-22-1
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, especialmente
gráfico, fotográfico, fonográfico, videográfico, internet. Essas proibições aplicam-se também às
características de editoração da obra. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art.
184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e
apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103, parágrafo único, 104, 105, 106 e 107,incisos
I, II e III, da Lei n. 9.610, de 19/02/1998, Lei dos Direitos Autorais).
JN003-N0
Apresentação da Obra
Caro aluno,
Este material que você tem em mãos é o seu maior aliado na busca do sonho de ingressar
em uma universidade. Foi cuidadosamente elaborado por especialistas em cada área, fiel
ao edital do ENEM e totalmente atualizado de acordo com os últimos exames.
Você encontrará todo o conteúdo cobrado nas provas, juntamente com exercícios
comentados. Na seção “Hora de Praticar”, há exercícios selecionados de exames anteriores
e outros exames correlatos para ajudá-lo nos estudos. Fazer exercícios é parte importante
no aprendizado!
Ao longo do conteúdo você encontrará os boxes “Se Liga!” e “#FicaDica”, com pontos
de atenção do conteúdo e dicas importantes para escapar das famosas “pegadinhas”.
Lembre-se: o caminho da aprovação passa por um bom material de estudo e muita
dedicação. Nós, da NOVA Concursos, garantimos a primeira parte. A segunda, está nas
suas mãos! Bons estudos e até a aprovação!
Os Organizadores e Coordenadores
Sumário
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias:
Língua Portuguesa
Autora: Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Língua Inglesa
Autora: Katiuska W. Burgos General
Artes
Autores: Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Educação Física
Autores: Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Linguagem Corporal.............................................................................................................................................217
Imagem Corporal..................................................................................................................................................229
Grandezas Físicas....................................................................................................................................................01
Sistemas de Unidades.............................................................................................................................................01
Vetores......................................................................................................................................................................02
Cinemática Escalar.................................................................................................................................................07
Leis de Newton........................................................................................................................................................16
Tipos De Forças e o Plano Inclinado.....................................................................................................................18
Trabalho de uma Força..........................................................................................................................................23
Impulso, Quantidade de Movimento e Choques...............................................................................................25
Gravitação Universal...............................................................................................................................................27
Estática dos Corpos Rígidos...................................................................................................................................28
Hidrostática..............................................................................................................................................................30
Sumário
Escalas Termométricas............................................................................................................................................32
Dilatação Térmica...................................................................................................................................................33
Calorimetria..............................................................................................................................................................34
Gases Perfeitos.........................................................................................................................................................36
Termodinâmica........................................................................................................................................................37
Óptica Geométrica................................................................................................................................................38
Reflexão da Luz - Espelhos Planos.........................................................................................................................39
Reflexão da Luz - Espelhos Esféricos......................................................................................................................41
Refração da Luz......................................................................................................................................................45
Lentes........................................................................................................................................................................47
Visão..........................................................................................................................................................................51
Ondulatória..............................................................................................................................................................52
Acústica....................................................................................................................................................................55
Eletroestática...........................................................................................................................................................56
Eletrodinâmica.........................................................................................................................................................59
Física Moderna........................................................................................................................................................61
Química
Autora: Renata Benito Pettan
Átomos e Matéria....................................................................................................................................................71
Ligações Químicas..................................................................................................................................................85
Funções Inorgânicas...............................................................................................................................................88
Equilíbrio Iônico da Água.......................................................................................................................................98
Transformações da Matéria.................................................................................................................................102
Grandezas Químicas.............................................................................................................................................105
Estequiometria.......................................................................................................................................................106
Termoquímica........................................................................................................................................................109
Eletroquímica.........................................................................................................................................................112
Cinética Química..................................................................................................................................................117
Equilíbrio Químico..................................................................................................................................................118
Química Orgânica................................................................................................................................................121
Funções Orgânicas...............................................................................................................................................124
Química no Cotidiano..........................................................................................................................................126
Biologia
Autora: Renata Benito Pettan
Citologia.................................................................................................................................................................133
Ecologia..................................................................................................................................................................143
Genética................................................................................................................................................................160
Corpo Humano e Saúde......................................................................................................................................170
Evolução.................................................................................................................................................................186
Fisiologia Animal....................................................................................................................................................199
Sumário
Ciências Humanas e suas Tecnologias:
História
Autor: Luiz Daniel Vinha Absalão
Idade Antiga.............................................................................................................................................................. 01
Idade Média.............................................................................................................................................................. 04
Idade Moderna......................................................................................................................................................... 06
Idade Contemporânea............................................................................................................................................ 09
Brasil Colonial............................................................................................................................................................. 14
Brasil Imperial.............................................................................................................................................................. 18
1ª República............................................................................................................................................................... 21
Era Vargas.................................................................................................................................................................. 24
Período Democrático (1946 – 1964)........................................................................................................................ 27
Ditadura e Redemocratização............................................................................................................................... 29
Geografia
Autora: Leticia Veloso
Filosofia
Autor: Luiz Daniel Vinha Absalão
Introdução.................................................................................................................................................................. 96
Como Devemos nos Relacionar?............................................................................................................................ 97
Conceitos Políticos.................................................................................................................................................... 97
O Ser Humano e a Condição Humana.................................................................................................................. 98
Sociologia
Autor: Luiz Daniel Vinha Absalão
Introdução................................................................................................................................................................ 101
Conceitos Sociológicos.......................................................................................................................................... 102
Conceitos Antropológicos..................................................................................................................................... 102
Conceitos da Ciência Política............................................................................................................................... 103
LINGUAGENS,
CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
▪ Há palavras que mudam de sentido quando subs- PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
tituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfí- Usos:
cie), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar 1) como conjunção coordenativa explicativa (equiva-
(expandir) / emergir (vir à tona), imergir (mergu- le a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na
lhar) / peão (de estância, que anda a pé), pião escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até pon-
(brinquedo). to final) = Compre agora, porque há poucas peças.
▪ Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à or- 2) como conjunção subordinativa causal, substituível
tografia de uma palavra, há a possibilidade de por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu
consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua porque se antecipou.
Portuguesa (VOLP), elaborado pela Academia
Brasileira de Letras. É uma obra de referência até PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
mesmo para a criação de dicionários, pois traz a Usos:
grafia atualizada das palavras (sem o significado). 1) como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-
Na internet, o endereço é <www.academia.org. zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês).
br>. Geralmente é precedido por artigo = Não sei o por-
quê da discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
Informações importantes
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- ONDE / AONDE
núncias diferentes para palavras com a mesma signi- Onde = empregado com verbos que não expressam a
ficação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/ ideia de movimento = Onde você está?
quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, ger- Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
me/gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/ que expressam movimento = Aonde você vai?
porcentagem, relampejar/relampear/relampar/relam-
MAU / MAL
padar.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
Os símbolos das unidades de medida são escritos
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
mau elemento.
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
Mal = pode ser usado como
20km, 120km/h.
1) conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
Na indicação de horas, minutos e segundos, não
6 2) advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
mal na prova?
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
3) substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
nutos e trinta e quatro segundos). pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
O símbolo do real antecede o número sem espaço: não compensa.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma
barra vertical ($). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sacconi, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Alguns Usos Ortográficos Especiais coni. 30ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Cereja, Wiliam Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Portu-
Por que / por quê / porquê / porque guês linguagens: volume 1 – 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Amaral, Emília... [et al.] Português: novas palavras: lite-
POR QUE (separado e sem acento) ratura, gramática, redação. São Paulo: FTD, 2000.
É usado em: Campedelli, Samira Yousseff. Português – Literatura, Pro-
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- dução de Textos & Gramática. Volume único / Samira
gação) = Por que você não veio ontem? Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Sa-
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equiva- raiva, 2002.
le a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe
por que faltara à aula ontem. REFERÊNCIAS DE SITE
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-
= Ignoro o motivo por que ele se demitiu. las/portugues/ortografia>.
Uso do hífen que continua depois da Reforma Orto- 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
gráfica: fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
1. Em palavras compostas por justaposição que for- com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coe-
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos ducação, autoestrada, autoaprendizagem, hidro-
que se unem para formam um novo significado: elétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chu- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
va, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quan-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, do o segundo elemento começar com “o”: coo-
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. peração, coobrigação, coordenar, coocupante,
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- coautor, coedição, coexistir, etc.
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
ro, recém-casado. ção de composição: pontapé, girassol, paraque-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- das, paraquedista, etc.
gumas exceções continuam por já estarem con- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”:
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, benfeito, benquerer, benquerido, etc.
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
queima-roupa, deus-dará. Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra- -Porto e não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermi-
nas combinações históricas ou ocasionais: Áustria- nado, pressuposto, propor.
-Hungria, Angola-Brasil, etc. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, so-
per- quando associados com outro termo que é bre-humano, super-realista, alto-mar.
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, an-
-racional, etc.
tisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antiví-
ex-presidente, vice-governador, vice- -prefeito.
rus, autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-na-
tal, pré-escolar, pró-europeu, pós- -graduação, etc.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 7
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
Sacconi, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
Sacconi. 30ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-
REFERÊNCIAS de SITE
-hepático, geo-história, neo-helênico, extra-huma-
no, semi-hospitalar, super-homem. Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo aulas/portugues/ortografia>.
termina com a mesma vogal do segundo elemen-
to: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
-observação, etc. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
tuguesa, reconhecidamente importante para a preserva- Resposta: Letra: B. O Hino Nacional é um dos símbolos
ção de nossa identidade cultural, apresenta uma forma oficiais de nosso país (além da Bandeira, Brasão de
expositiva diferenciada das demais instituições museológi- Armas e do Selo Nacional), portanto possui caráter
cas do país e do mundo, usando tecnologia de ponta e re- solene, devendo utilizar a norma-padrão.
cursos interativos para a apresentação de seus conteúdos.
Disponível em: www.museulinguaportuguesa.org.br. Aces-
so em: 16 ago. 2012 (adaptado). COESÃO E COERÊNCIA
De acordo com o texto, embora a língua portuguesa seja
um “patrimônio imaterial”, pode ser exposta em um museu. Na construção de um texto, assim como na fala,
A relevância desse tipo de iniciativa está pautada no pres- usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
suposto de que compreensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos
linguísticos que estabelecem a coesão e retomada do
a) a língua é um importante instrumento de constituição que foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que
social de seus usuários. buscam garantir a coesão textual para que haja coerên-
b) o modo de falar o português padrão deve ser divulga- cia, não só entre os elementos que compõem a oração,
do ao grande público. como também entre a sequência de orações dentro do
c) a escola precisa de parceiros na tarefa de valorização texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de
da língua portuguesa. modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores
d) o contato do público com a norma-padrão solicita o que os participantes do processo têm com o tema.
uso de tecnologia de última geração. Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha
e) as atividades lúdicas dos falantes com sua própria lín- imaginária - composta de termos e expressões - que
gua melhoram com o uso de recursos tecnológicos. une os diversos elementos do texto e busca estabele-
cer relações de sentido entre eles. Dessa forma, com o
Resposta: Letra: A. Resposta no texto: o museu, dedica- emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais
do à valorização e difusão da língua portuguesa, reco- (repetição, substituição, associação), sejam gramaticais
nhecidamente importante para a preservação de nos- (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses),
sa identidade cultural. A alternativa que se relaciona ao constroem-se frases, orações, períodos, que irão apre-
relatado no texto é “a língua é um importante instrumen- sentar o contexto – decorre daí a coerência textual.
to de constituição social de seus usuários.” Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
12 2. (ENEM – NOVEMBRO-2018) rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
Ó Pátria amada, erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
Idolatrada, prejudica o entendimento do texto. Construído com os
Salve! Salve! elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
Brasil, de amor eterno seja símbolo Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
O lábaro que ostentas estrelado, ciado não se constrói com um amontoado de palavras
E diga o verde-louro dessa flâmula e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais
— “Paz no futuro e glória no passado.” de dependência e independência sintática e semân-
Mas, se ergues da justiça a clava forte, tica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que
Verás que um filho teu não foge à luta, sedimentam estes princípios”.
Nem teme, quem te adora, a própria morte. Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
Terra adorada, é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que
Entre outras mil, as frases estejam coesas e coerentes formando o texto.
És tu, Brasil, Relembre-se de que, por coesão, entende-se ligação,
Ó Pátria amada! relação, nexo entre os elementos que compõem a es-
Dos filhos deste solo és mãe gentil, trutura textual.
Pátria amada, Brasil!
Formas de se garantir a coesão entre os elementos
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque de uma frase ou de um texto:
Estrada.
Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento). Substituição de palavras com o emprego de sinô-
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil associativo.
é justificado por tratar-se de um(a) Nominalização – emprego alternativo entre um
a) reverência de um povo a seu país. verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
b) gênero solene de característica protocolar. (desgastar / desgaste / desgastante).
c) canção concebida sem interferência da oralidade. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
d) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa. Embora não gostassem de estudar, participaram
e) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro. da aula.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Analisando o que o enunciado propõe, verificamos que Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso
as orações em questão estabelecem entre si uma rela- como uma construção de características sociais. A so-
ção de condição: para que não haja vocalização por ciedade que promove o contexto do discurso analisado
parte do rato, faz-se necessária a intervenção do cientista. é a base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste
modo, todo e qualquer elemento que possa fazer parte
2. (ENEM 2017 – 2.ª APLICAÇÃO) do sentido do discurso. O texto só pode assim ser cha-
mado se o seu receptor for capaz de compreender o
Fazer 70 anos seu sentido, e isto cabe ao autor do texto e à atenção
que o mesmo der ao contexto da construção de seu
Fazer 70 anos não é simples. discurso. É a relação básica para a existência da comu-
A vida exige, para o conseguirmos, nicação verbal: emissão – recepção – compreensão.
perdas e perdas no íntimo do ser, As práticas discursivas geram também outros âmbi-
como, em volta do ser, mil outras perdas. tos de análise do discurso, como o Universo de Concor-
[...] rências, que consiste na competição entre vários emis-
Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião! sores para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto,
Nós o conseguimos... os emissores precisam inteirar-se do contexto da vida
E sorrimos do seu receptor, para que deste modo possam interpe-
de uma vitória comprada por que preço? lá-lo segundo sua própria ideologia, fazendo com que
Quem jamais o saberá? sua mensagem seja recebida e assimilada pelo recep-
tor sem que o mesmo perceba que está sendo alvo de
ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando. São Paulo: uma tentativa de convencimento, por assim dizer.
Círculo do Livro, 1992 (fragmento). Dentro da análise do Discurso há também o discurso
estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
O pronome oblíquo “o”, nos versos “A vida exige, para
indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada
o conseguirmos” e “Nós o conseguimos”, garante a pro-
ao seu contexto também. A sensibilidade de um indi-
gressão temática e o encadeamento textual, recuperan-
víduo se define a partir do que, ao longo de sua vida,
do o segmento
torna-se importante e desperta-lhe sentimentos. Com
isto, podemos analisar as artes produzidas em diferentes
a) “Ó José Carlos”
épocas da história em todo o mundo e perceber as di-
b) “perdas e perdas”
ferentes formas de interpelação e contextualidade pre-
c) “A vida exige”
14 sentes nas mesmas. O discurso estético tem a mesma
d) “Fazer 70 anos”
capacidade ideológica que o discurso verbal, com a
e) “irmão-em-Escorpião”
vantagem de atingir o indivíduo esteticamente, o que
Resposta: Letra D. O pronome oblíquo (função de ob- pode render muito mais rapidamente o sucesso do dis-
jeto) retoma o termo “Fazer 70 anos”. curso aplicado.
A partir na análise de todos os aspectos do discurso
Fazer 70 anos não é simples / A vida exige, para o conse- chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do
guirmos / Nós o conseguimos discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto,
pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma
Conseguirmos de construção. O sentido do discurso encontra-se sem-
fazer 70 anos (conseguimos) pre em aberto para a possibilidade de interpretação
do seu receptor. O efeito do discurso é, claramente,
transmitir uma mensagem e alcançar um objetivo pre-
TIPOS DE DISCURSO – FUNÇÕES DA meditado através da interpretação e interpelação do
LINGUAGEM indivíduo alvo.
1.1 Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo dito Todo sistema de comunicação é constituído por esse
por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são as ci- conjunto de elementos, que entra em jogo em cada ato
tações ou transcrições exatas da declaração de alguém. de comunicação para assegurar a troca de informações.
Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, Nem sempre a troca de informações é bem sucedida.
usando aspas ou travessões para demarcar que Denomina-se ruído os elementos que perturbam, dificul-
está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não tam a compreensão pelo destinador, como por exemplo,
gosto disso” – disse a menina em tom zangado. o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode
ser também de ordem visual, como borrões, rabiscos etc.
1.2 Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias
palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos REFERÊNCIA DE SITE
então uma mistura de vozes, pois as falas dos persona- Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/discipli-
gens passam pela elaboração da fala do narrador. nas/portugues/teoria-da-comunicacao-emissor-mensa-
Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa gem-e-receptor.htm>
sua própria voz, o que foi dito pela personagem
passa pela elaboração do narrador. Não há uma FUNÇÕES DA LINGUAGEM
pontuação específica que marque o discurso in-
direto: A menina disse em tom zangado, que não 1. Função referencial ou denotativa: transmite uma in-
gostava daquilo. formação objetiva, expõe dados da realidade de
modo objetivo, não faz comentários, nem avalia-
1.3 Discurso indireto livre: É um discurso no qual há ção. Geralmente, o texto se apresenta na terceira
uma maior liberdade, o narrador insere a fala do perso- pessoa do singular ou plural, pois transmite impes-
nagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do dis- soalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não
curso direto. É necessário que se tenha atenção para não há possibilidades de outra interpretação além da
confundir a fala do narrador com a fala do personagem, que está exposta. Em alguns textos é mais predo-
pois esta surge de repente em meio à fala do narrador: minante essa função, como nos científicos, jornalís-
A menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu ticos, técnicos, didáticos ou em correspondências
não gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia. comerciais.
2. Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis-
TEORIA DA COMUNICAÇÃO: EMISSOR, MENSAGEM E
sor é transmitir suas emoções e anseios. A realida-
RECEPTOR
de é transmitida sob o ponto de vista do emissor,
a mensagem é subjetiva e centrada no emitente 15
Nas situações de comunicação, alguns elementos
e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A
são sempre identificados, isto é, sem eles, pode-se dizer
pontuação (ponto de exclamação, interrogação e
que não há comunicação. É o que diz a teoria da comu-
reticências) é uma característica da função emo-
nicação. Os elementos da comunicação são:
tiva, pois transmite a subjetividade da mensagem
A) Emissor ou destinador: alguém que emite a mensa-
e reforça a entonação emotiva. Essa função é co-
gem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma empre-
sa, uma instituição. mum em poemas ou narrativas de teor dramático
B) Receptor ou destinatário: a quem se destina a men- ou romântico.
sagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo 3. Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in-
um animal, como um cão, por exemplo. fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por
C) Código: a maneira pela qual a mensagem se or- meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão,
ganiza. O código é formado por um conjunto de convite ou apelo (daí o nome da função). Os ver-
sinais, organizados de acordo com determinadas bos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!)
regras, em que cada um dos elementos tem signi- ou conjugados na 2.ª ou 3.ª pessoa (Você não pode
ficado em relação com os demais. Pode ser a lín- perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo
gua, oral ou escrita, gestos, código Morse, sons etc. de função é muito comum em textos publicitários,
O código deve ser de conhecimento de ambos os em discursos políticos ou de autoridade.
envolvidos: emissor e destinatário. 4. Função metalinguística: Essa função se refere à me-
D) Canal de comunicação: meio físico ou virtual, que talinguagem, que é quando o emissor explica um
assegura a circulação da mensagem, por exem- código usando o próprio código. Quando um po-
plo: ondas sonoras, no caso da voz. O canal deve ema fala da própria ação de se fazer um poema,
garantir o contato entre emissor e receptor. por exemplo:
E) Mensagem: é o objeto da comunicação, é consti- “Pegue um jornal
tuída pelo conteúdo das informações transmitidas. Pegue a tesoura.
F) Referente: o contexto, a situação à qual a mensa- Escolha no jornal um artigo do tamanho que você
gem se refere. O contexto pode se constituir na si- deseja dar a seu poema.
tuação, nas circunstâncias de espaço e tempo em Recorte o artigo.”
que se encontra o remetente da mensagem. Pode Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe-
também dizer respeito aos aspectos do mundo tex- ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
tual da mensagem. próprio ato de fazer um poema.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
1. Paráfrase Paródia
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a
ideia do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão Minha terra tem palmares
ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns onde gorjeia o mar
sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o os passarinhos daqui
que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso não cantam como os de lá.
Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
Cia” (p. 23):
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e
racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do
texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
CLASSES DE PALAVRAS
ADJETIVO
É a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
do com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
Locução adjetiva
Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma
coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução
Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio
(paixão desenfreada).
de águia aquilino
de aluno discente
de anjo angelical
de ano anual
18 de aranha aracnídeo
de boi bovino
de cabelo capilar
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
de fogo ígneo
de homem viril ou humano
de ilha insular
de lago lacustre
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
dos quadris ciático
de rio fluvial
de visão óptico ou ótico
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente,
erudita. Observe alguns exemplos:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-ame-
ricano, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-
-social.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres- C) Condicionais: introduzem uma oração que indi-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando ca a hipótese ou a condição para ocorrência da
fatos que se realizam separadamente. São elas: principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo
ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... se, a não ser que, desde que, a menos que, sem
seja, talvez... talvez. que, etc.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma ora-
ção que expressa ideia de conclusão ou conse-
SE LIGA!
quência. São elas: logo, pois (depois do verbo),
portanto, por conseguinte, por isso, assim. Você deve ter percebido que a conjunção
Marta estava bem preparada para o teste, portanto condicional “se” também é conjunção
24 não ficou nervosa. integrante. A diferença é clara ao ler as orações
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. que são introduzidas por ela. Acima, ela nos dá
a ideia da condição para que recebamos um
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma ora- telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
ção que a explica, que justifica a ideia nela con- Não sei se farei o concurso. Não há ideia de
tida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo), condição alguma, há? Outra coisa: o verbo
porquanto. da oração principal (sei) pede complemento
Não demore, que o filme já vai começar. (objeto direto, já que “quem não sabe, não
Falei muito, pois não gosto do silêncio! sabe algo”). Portanto, a oração em destaque
exerce a função de objeto direto da oração
Conjunções Subordinativas principal, sendo classificada como oração
subordinada substantiva objetiva direta.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma
delas dependente da outra. A oração dependente,
introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile prime a conformidade de um fato com outro. São
já tinha começado quando ela chegou. elas: conforme, como (= conforme), segundo,
O baile já tinha começado: oração principal consoante, etc.
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) O passeio ocorreu como havíamos planejado.
ela chegou: oração subordinada
E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
As conjunções subordinativas subdividem-se em inte- nalidade ou o objetivo com que se realiza a ora-
grantes e adverbiais: ção principal. São elas: para que, a fim de que,
que, porque (= para que), que, etc.
1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada Toque o sinal para que todos entrem no salão.
por elas introduzida completa ou integra o sentido
da principal. Introduzem orações que equivalem F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
a substantivos, ou seja, as orações subordinadas pressa um fato relacionado proporcionalmente
substantivas. São elas: que, se. à ocorrência do expresso na principal. São elas:
Quero que você volte. (Quero sua volta) à medida que, à proporção que, ao passo que
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
e as combinações quanto mais... (mais), quanto de maneira lógica, como são as sentenças da língua,
menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da
menos... (menos), etc. alma decorrente de uma situação particular, um mo-
O preço fica mais caro à medida que os produtos mento ou um contexto específico. Exemplos:
escasseiam. Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Observação: Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
São incorretas as locuções proporcionais à medida hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
em que, na medida que e na medida em que.
O significado das interjeições está vinculado à ma-
G) Temporais: introduzem uma oração que acres- neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
centa uma circunstância de tempo ao fato expresso o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex-
na oração principal. São elas: quando, enquanto, antes to em que for utilizada. Exemplos:
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim Psiu!
que), etc. contexto: alguém pronunciando esta expressão na
A briga começou assim que saímos da festa. rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
mando! Ei, espere!”
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
pressa ideia de comparação com referência à oração Psiu!
principal. São elas: como, assim como, tal como, como contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado cio!”
com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
sa a consequência da principal. São elas: de sorte que, Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
de modo que, sem que (= que não), de forma que, de puxa: interjeição; tom da fala: decepção
jeito que, que (tendo como antecedente na oração
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, ta- As interjeições cumprem, normalmente, duas fun- 25
manho), etc. ções:
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
do exame. gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
sante!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
SE LIGA! minha frente.
Muitas conjunções não têm classificação
única, imutável, devendo, portanto, ser As interjeições podem ser formadas por:
classificadas de acordo com o sentido que simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
apresentam no contexto (destaque da Zê!). palavras: Oba! Olá! Claro!
grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Saiba que:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- frem variação em gênero, número e grau como os no-
char. Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
– São Paulo: Saraiva, 2010. e voz como os verbos. No entanto, em uso específico,
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. trata de um processo natural desta classe de palavra,
REFERÊNCIA DE SITE mas tão só uma variação que a linguagem afetiva per-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- mite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
coes/morf/morf84.php>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTERJEIÇÃO SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada – volume único – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou Para designar papas, reis, imperadores, séculos e
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordi-
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação nais até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi o numeral venha depois do substantivo;
aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Ordinais Cardinais
Flexão dos numerais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatrocentas,
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis. Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos SE LIGA!
primeiras segundas milésimas Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
associação. Ficará mais fácil!
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esfor-
Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
ço e conseguiram o triplo de produção.
dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
triplas do medicamento.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo
só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
Quadro de alguns numerais
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, B.1 Pronome Oblíquo Átono
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. São chamados átonos os pronomes oblíquos que
não são precedidos de preposição. Possuem acentua-
1. Pronomes Pessoais ção tônica fraca: Ele me deu um presente.
Lista dos pronomes oblíquos átonos
São aqueles que substituem os substantivos, indican- 1.ª pessoa do singular (eu): me
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 2.ª pessoa do singular (tu): te
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar 1.ª pessoa do plural (nós): nos
a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fa- 2.ª pessoa do plural (vós): vos
zer referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso
reto ou do caso oblíquo.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- Este e aquele são empregados quando se quer fazer re-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus ferência a termos já mencionados; aquele se refere ao termo
livros e anotações. referido em primeiro lugar e este para o referido por último:
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) Paulo; este está mais bem colocado que aquele. (= este
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, [São Paulo], aquele [Palmeiras])
próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-
-lo, para que não ocorra redundância: Coloque ou
tudo nos respectivos lugares.
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
3. Pronomes Demonstrativos Paulo; aquele está mais bem colocado que este. (= este
[São Paulo], aquele [Palmeiras])
São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao dis- invariáveis, observe:
curso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s).
A) Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
pessoa que fala: Também aparecem como pronomes demonstrativos:
Este material é meu.
o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa com quem se fala: aquilo.
Esse material em sua carteira é seu? Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está te indiquei.)
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
quem se fala: mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam
32 Aquele material não é nosso. em gênero quando têm caráter reforçativo:
Vejam aquele prédio! Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Eu mesma refiz os exercícios.
B) Em relação ao tempo: Elas mesmas fizeram isso.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Eles próprios cozinharam.
relação à pessoa que fala: Os próprios alunos resolveram o problema.
Esta manhã farei a prova do concurso!
semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
rém relativamente próximo à época em que se situa a tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
pessoa que fala:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta- (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tem- fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
po remoto: à mencionada em primeiro lugar.
Naquele tempo, os professores eram valorizados. 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
falará ou escreverá): em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se que estava vendo. (no = naquilo)
falará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, 4. Pronomes Indefinidos
ortografia, concordância.
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: quantidade indeterminada.
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais de- Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
sejamos! -plantadas.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa 5. Pronomes Relativos
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser São aqueles que representam nomes já menciona-
humano que seguramente existe, mas cuja identidade é dos anteriormente e com os quais se relacionam. Intro-
desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: duzem as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- de um grupo racial sobre outros.
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, tros = oração subordinada adjetiva).
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
Quem avisa amigo é. e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de nome demonstrativo o, a, os, as.
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), Não sei o que você está querendo dizer.
certa(s). Às vezes, o antecedente do pronome relativo não
Cada povo tem seus costumes. vem expresso.
Certas pessoas exercem várias profissões.
Quem casa, quer casa.
Note que:
Observe:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto,
nomes indefinidos adjetivos:
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais,
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, cujas, quantas.
nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pou- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
ca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quan-
ta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, Note que:
uma(s), vários, várias. O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
Menos palavras e mais ações. go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Alguns se contentam pouco. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
seu antecedente for um substantivo. 33
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
riáveis e invariáveis. Observe: A cantora que acabou de se apresentar é péssima.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, (= a qual)
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (=
toda, muita, pouca, vária, tanta, outra, quan- os quais)
ta, qualquer, quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, al- as quais)
gumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias,
tantas, outras, quantas. O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamen-
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, te pronomes relativos, por isso são utilizados didatica-
nada, algo, cada. mente para verificar se palavras como “que”, “quem”,
“onde” (que podem ter várias classificações) são pro-
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo nomes relativos. Todos eles são usados com referência
querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de
cujo plural é feito em seu interior).
determinadas preposições: Regressando de São Paulo,
visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado.
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
O uso de “que”, neste caso, geraria ambiguidade. Veja:
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia,
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
que me deixou encantado (quem me deixou encanta-
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) do: o sítio ou minha tia?).
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, za-se o qual / a qual)
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser pa-
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma dre, mas deixou de ser poeta, que era a sua vocação
ou outra, etc. natural.
Cada um escolheu o vinho desejado.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o con-
sequente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (refe-
riu-se a)
“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
tudo:
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
casa onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando)
morávamos no exterior.
quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
gente que conversava, (que) ria, observava.
6. Pronomes Interrogativos
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, re-
ferem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblí-
quo quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua outra abelha, mais outra abelha.
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
(objeto direto ou indireto) e do agente da passiva, po- Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
dendo, ainda, funcionar como núcleo do complemento
nominal ou do aposto, como núcleo do predicativo do Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Tam- cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
bém encontramos substantivos como núcleos de adjun- mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
tos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan-
funções são desempenhadas por grupos de palavras. tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de
seres da mesma espécie (abelhas).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Substantivo Composto: é aquele formado por dois Substantivos de origem grega terminados em ema
ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passa- ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema,
tempo. o sintoma, o teorema.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omo-
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas plata, a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a
uma forma para indicar o masculino e o feminino. entorse, a libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma ubá (canoa).
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando São geralmente masculinos os substantivos de ori-
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o qui-
palavras macho e fêmea. lograma, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigra-
A cobra macho picou o marinheiro. ma, o telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema,
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. o trema, o eczema, o edema, o magma, o estigma, o
axioma, o tracoma, o hematoma.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto.
/ A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final.
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
Exceção: cânon - cânones.
Atenção:
O plural de caráter é caracteres.
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Observação:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião – anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/vilões/vilães
A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras
que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen compor-
tam-se como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/
malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- Estrutura das Formas Verbais
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Observação: os seguintes elementos:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo- A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
lho (ó) = feixe (molho de lenha). ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o nor- -ava; fal-am. (radical fal-)
te, o leste, o oeste, a fé, etc. B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. exemplo: fala-r. São três as conjugações:
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin- 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
bom nome) e honras (homenagem, títulos). C) Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas com signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
sentido de plural: falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
Aqui morreu muito negro. vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
improvisadas. designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
número (singular ou plural):
Flexão de Grau do Substantivo falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
(indica a 3.ª pessoa do plural.)
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- SE LIGA!
do normal. Por exemplo: casa O verbo pôr, assim como seus derivados
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª
do ser. Classifica-se em: conjugação, pois a forma arcaica do
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje- verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. haver desaparecido do infinitivo, revela-se
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- em algumas formas do verbo: põe, pões,
dor de aumento. Por exemplo: casarão. põem, etc.
40 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dor de diminuição. Por exemplo: casinha. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, per-
cebemos com facilidade que nas formas rizotônicas o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa amo, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tô-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nico não cai no radical, mas sim na terminação verbal
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- (fora do radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010. Classificação dos Verbos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Classificam-se em:
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical
São Paulo: Saraiva, 2002. inalterado durante a conjugação e desinências
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
REFERÊNCIA DE SITE ma conjugação. Por exemplo: comparemos os
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- verbos “cantar” e “falar”, conjugados no presente
coes/morf/morf12.php> do Modo Indicativo:
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito,
escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou,
sois, fui) e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo
principal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se,
na mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São
poucos: abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais
a reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre
ela mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma
partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas
serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essen-
cial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arre-
pendem
Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os prono-
mes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava. 45
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota
penteou-me.
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem fun-
ção sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente
pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular
Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!
Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Modo Indicativo
Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. Temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente
48 do indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª con-
jugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfei-
to, obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinên-
cia de número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Des. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
C) Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a se-
gunda pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do
subjuntivo. Veja: 49
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma or-
dem, pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/
vocês.
O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
50
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
REFERÊNCIA DE SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php>
VOZES DO VERBO
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indican-
do se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal.
São três as vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.
SE LIGA!
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
Observações:
O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transfor-
mação das frases seguintes:
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz
ativa. Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) 51
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- verbo. A mesóclise é usada:
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente,
paciente ou agente paciente. Quando o verbo estiver no futuro do presente ou
futuro do pretérito, contanto que esses verbos não es-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS tejam precedidos de palavras que exijam a próclise.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. evento em prol da paz no mundo.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Repare que o pronome está “no meio” do verbo
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. “realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração al-
– São Paulo: Saraiva, 2010. guma palavra que justificasse o uso da próclise, esta
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: prevaleceria. Veja: Não se realizará...
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-
REFERÊNCIA DE SITE -ia nessa viagem.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- (com presença de palavra que justifique o uso de
coes/morf/morf54.php> próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te acom-
panharia nessa viagem).
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
Colocação Pronominal trata da correta colocação A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
dos pronomes oblíquos átonos na frase. forem possíveis:
Quando o verbo estiver no imperativo afirmati-
vo: Quando eu avisar, silenciem-se todos.
SE LIGA! Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
Quando o verbo iniciar a oração. (até porque
função de complemento verbal (objeto).
não se inicia período com pronome oblíquo).
Por isso, memorize:
Vou-me embora agora mesmo.
OBlíquo = OBjeto! Levanto-me às 6h.
Quando houver pausa antes do verbo: Se eu
passo no concurso, mudo-me hoje mesmo!
52 Embora na linguagem falada a colocação dos pro-
Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
nomes não seja rigorosamente seguida, algumas nor-
proposta fazendo-se de desentendida.
mas devem ser observadas na linguagem escrita.
Colocação pronominal nas locuções verbais
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada: • Após verbo no particípio = pronome depois do ver-
bo auxiliar (e não depois do particípio):
Quando o verbo estiver precedido de palavras Tenho me deliciado com a leitura!
que atraem o pronome para antes do verbo. São Eu tenho me deliciado com a leitura!
elas: Eu me tenho deliciado com a leitura!
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, nin- • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
guém, jamais, etc.: Não se desespere! nas locuções verbais:
B) Advérbios: Agora se negam a depor. Vamos nos unir!
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli- Iremos nos manifestar.
quem tudo! • Quando há um fator para próclise nos tempos
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
esforçou. do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu- vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos pre-
nidade. ocupar”).
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Emprego de o, a, os, as
Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Quem lhe disse isso? Em verbos terminados em vogal ou ditongo
Orações iniciadas por palavras exclamativas: oral, os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Quanto se ofendem! Chame-o agora.
Orações que exprimem desejo (orações optati- Deixei-a mais tranquila.
vas): Que Deus o ajude. Em verbos terminados em r, s ou z, estas con-
A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro- soantes finais alteram-se para lo, la, los, las. (Encontrar)
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o Encontrá-lo é o meu maior sonho.
material amanhã. / Tu sabes cantar? (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Cuidado: quando as expressões acima não exerce- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan-
rem a função de locuções não ocorrerá crase. do essa não se apresentar determinada: Chega-
Eu adoro a noite! mos todos exaustos a casa.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
preposição. exaustos à casa de Marcela.
1. Concordância Verbal
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com seu sujeito.
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:
Casos Particulares
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de,
a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar no singular ou no plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram proposta.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
dalos destruiu / destruíram o monumento.
Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
elementos que formam esse conjunto.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos
de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo. 55
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.
Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um ao outro)
C) Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em conta
a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo no plural, o verbo
deve ficar o plural.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos,
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na
terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.
Observação:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Estas palavras são invariáveis quando funcionam A regência verbal estuda a relação que se estabelece
como advérbios. Concordam com o nome a que se entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
referem quando funcionam como adjetivos, pronomes tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
adjetivos, ou numerais. adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regên-
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) cia, o que corresponde à diversidade de significados que
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. estes verbos podem adquirir dependendo do contexto
(pronome adjetivo) em que forem empregados.
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con-
As casas estão caras. (adjetivo) tentar.
Achei barato este casaco. (advérbio) A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
agrado ou prazer”, satisfazer.
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
“agradar a alguém”.
Meio - Meia
O conhecimento do uso adequado das preposições
A palavra “meio”, quando empregada como adjeti- é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
vo, concorda normalmente com o nome a que se refere: verbal (e também nominal). As preposições são capazes
Pedi meia porção de polentas. de modificar completamente o sentido daquilo que está
Quando empregada como advérbio permanece in- sendo dito.
variável: A candidata está meio nervosa. Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
SE LIGA! gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
saberei que se trata de um advérbio, não A voluntária distribuía leite às crianças.
de adjetivo: “A candidata está um pouco A voluntária distribuía leite com as crianças.
nervosa”. Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (ob-
jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
60 Alerta - Menos direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
adverbial).
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
sempre invariáveis. Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
Os concurseiros estão sempre alerta. bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não
Não queira menos matéria! é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
rentes formas em frases distintas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- A) Verbos Intransitivos
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
– São Paulo: Saraiva, 2010.
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Chegar, Ir
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad-
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas
REFERÊNCIA DE SITE para indicar destino ou direção são: a, para.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/sint/sint49.php> Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
Comparecer
Dá-se o nome de regência à relação de subordina- O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um em ou a.
nome (regência nominal) e seus complementos. Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver
o último jogo.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
C) Verbos Transitivos Indiretos O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado:
Os verbos transitivos indiretos são complementados Agradeci o presente. / Agradeci-o.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
gem uma preposição para o estabelecimento da rela- Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
ção de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
de terceira pessoa que podem atuar como objetos in- Paguei minhas contas. / Paguei-as.
diretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
Informar
que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e obje-
quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
to indireto ao se referir a pessoas, ou vice- -versa.
pronomes átonos lhe, lhes.
Informe os novos preços aos clientes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre- novos preços)
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em
direitos iguais para todos. Na utilização de pronomes como complementos,
veja as construções:
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
mentos introduzidos pela preposição “a”: ços.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Eles desobedeceram às leis do trânsito. sobre eles)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Custar Querer
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado va- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
lor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: vontade de, cobiçar.
Frutas e verduras não deveriam custar muito. Querem melhor atendimento.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
duzida de infinitivo. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custou-me (a mim) crer nisso. O homem visou o alvo.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- O gerente não quis visar o cheque.
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
A Gramática Normativa condena as construções que objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por O ensino deve sempre visar ao progresso social.
pessoa: Custei para entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
= Forma correta: Custou-me entender o problema. tar público.
2. Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime
de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e
os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
64 Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
REFERÊNCIA DE SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Período simples é aquele constituído por apenas uma O sujeito composto é o sujeito determinado que
oração, que recebe o nome de oração absoluta. apresenta mais de um núcleo.
Chove. Alimentos e roupas custam caro.
A existência é frágil. Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a os verbos estar, fazer, haver e ser, quando in-
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o dicam fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do tempo em geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Está tarde.
pela desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- a informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvin-
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os te. Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente
pronomes não estejam explícitos. enuncia um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito predicado é aquilo que se declara a respeito deste su-
na desinência verbal “-mos” jeito. Com exceção do vocativo - que é um termo à
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- parte - tudo o que difere do sujeito numa oração é o
sinência verbal “-ais” seu predicado.
Chove muito nesta época do ano.
Mas: Houve problemas na reunião.
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós Em ambas as orações não há sujeito, apenas pre-
dicado. Na segunda oração, “problemas” funciona
O sujeito indeterminado surge quando não se quer como objeto direto.
- ou não se pode - identificar a que o predicado da ora-
As questões estavam fáceis!
ção refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito,
Sujeito simples = as questões
caso contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Predicado = estavam fáceis
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
nado de duas maneiras:
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
Sujeito = uma ideia estranha
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde
Predicado = passou-me pelo pensamento
que o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
66 Bateram à porta;
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se
Andam espalhando boatos a respeito da queda do
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no-
ministro.
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se conside-
rar também se as palavras que formam o predicado refe-
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples ou rem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
composto:
Os meninos bateram à porta. (simples) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulhe-
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) res de opinião.
Predicado
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos O predicado acima apresenta apenas uma palavra
verbos que não apresentam complemento direto: que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
Precisa-se de mentes criativas. ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Vivia-se bem naqueles tempos. A cidade está deserta.
Trata-se de casos delicados.
Sempre se está sujeito a erros. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
de indeterminação do sujeito. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta
= predicativo do sujeito).
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi- significativo um verbo:
pais casos de orações sem sujeito com: Chove muito nesta época do ano.
os verbos que indicam fenômenos da natureza: Estudei muito hoje!
Amanheceu. Compraste a apostila?
Está trovejando.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem ape-
nas para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- cansar a Vossa Senhoria.
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação). C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, crise. (sem preposição, o sentido seria outro: O
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao predi- povo prejudica a crise)
cativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do
sujeito: Os dados parecem corretos. O objeto indireto é o complemento que se liga indire-
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- tamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como Gosto de música popular brasileira.
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele Necessito de ajuda.
relacionadas.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por Objeto Pleonástico
um adjetivo ou substantivo.
É a repetição de objetos, tanto diretos como indire-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta tos.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predi- Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
cado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao sujei- pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece
to ou ao complemento verbal (objeto). o objeto, antecipado para o início da oração; em se-
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signi- guida, ele é repetido através de um pronome oblíquo.
ficativo, indicando processos. É também sempre por in- É à repetição que se dá o nome de objeto pleonástico.
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gon-
termo a que se refere. çalves Dias)
O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes. objeto pleonástico
O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan- Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o entre as orações de um período composto: uma relação
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um de coordenação ou uma relação de subordinação.
verbo. Duas orações são coordenadas quando estão juntas
O poeta português deixou uma obra originalíssima. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta deixou-a. de informações, marcado pela pontuação final), mas
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: têm, ambas, estruturas individuais, como é o exemplo
adjunto adnominal) de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à
O poeta português deixou uma obra inacabada. praia. (Período Composto)
O poeta deixou-a inacabada. Podemos dizer:
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo 1. Estou comprando um protetor solar.
do objeto) 2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são indepen-
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um dentes. Tal período é classificado como
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo. Período Composto por Coordenação
Quanto à classificação das orações coordenadas,
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coorde-
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um nadas Sindéticas.
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. A) Coordenadas Assindéticas
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- São orações coordenadas entre si e que não são li-
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus-
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
tapostas.
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
B) Coordenadas Sindéticas
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas hu-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
manas, permite-nos interpretar melhor nossa rela-
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
68 ção com o mundo.
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de mui-
orações coordenadas sindéticas são classificadas em
tas coisas: amor, arte, ação.
cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclu-
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
nho, tudo forma o carnaval. sivas e explicativas.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não bém, não só... como, assim... como.
mantendo relação sintática com outro termo da ora- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
ção. A função de vocativo é substantiva, cabendo a Comprei o protetor solar e fui à praia.
substantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras
substantivadas esse papel na linguagem. Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
João, venha comigo! suas principais conjunções são: mas, contudo, todavia,
Traga-me doces, minha menina! entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
1.2 Períodos Compostos Li tudo, porém não entendi!
1.2.1 Período Composto por Coordenação
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
O período composto se caracteriza por possuir mais suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
de uma oração em sua composição. Sendo assim: quer; seja...seja.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
ção)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas suas principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
orações) por conseguinte, consequentemente, pois (posposto ao
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um verbo).
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- Passei no concurso, portanto comemorarei!
ções). A situação é delicada; devemos, pois, agir.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na
verdade, pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Observe que na oração subordinada temos o verbo “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por conjunção. As orações subordinadas que apresentam verbo
em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por conjun-
ção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.
Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada
A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implíci-
tas (como no exemplo acima).
Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como).
Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
SE LIGA!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.
Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.
Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
do singular.
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por
preposição.
As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que ora-
ções subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o comple-
mento nominal: o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do
verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica
é feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).
SE LIGA!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adje-
tivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresen-
tam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor-
dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas.
Existem também orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra
suficientemente definido. Estas orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
No período acima, observe que a oração em destaque restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”:
trata-se de um homem específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os ho-
mens, mas sim àquele que estava passando naquele momento.
Exemplo 2:
O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de “homem”.
Saiba que:
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é
representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as orações
explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
72
C) Orações Subordinadas Adverbiais
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração
principal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desen-
volvida, vem introduzida por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes, que introduzem
orações subordinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz
(assim como acontece com as coordenadas sindéticas).
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Oração Subordinada Adverbial
A oração em destaque agrega uma circunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indicam uma circunstância referente, via de
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da circunstância que
exprime.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa
(quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível
reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos
adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais te, à quebra de expectativa. Principal conjunção
subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam-
A) Causal = A ideia de causa está diretamente liga- bém a conjunção: conquanto e as locuções ain-
da àquilo que provoca um determinado fato, ao da que, ainda quando, mesmo que, se bem que,
motivo do que se declara na oração principal. posto que, apesar de que.
Principal conjunção subordinativa causal: por- Só irei se ele for.
que. Outras conjunções e locuções causais: como A oração acima expressa uma condição: o fato de
(sempre introduzido na oração anteposta à ora- “eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
ção principal), pois, pois que, já que, uma vez que, Compare agora com:
visto que. Irei mesmo que ele não vá.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou. A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua
A diferença entre a subordinada adverbial causal e ida. A oração destacada é, portanto, subordinada ad-
a sindética explicativa é que esta “explica” o fato que verbial concessiva.
aconteceu na oração com a qual ela se relaciona; Observe outros exemplos:
aquela apresenta a “causa” do acontecimento expres- Embora fizesse calor, levei agasalho.
so na oração à qual ela se subordina. Repare: Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
1. Faltei à aula porque estava doente. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (cau- comparativas estabelecem uma comparação
sa) que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o com a ação indicada pelo verbo da oração prin-
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No exem- cipal. Principal conjunção subordinativa compara-
plo 2, a oração sublinhada relata um fato que acon- tiva: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
teceu depois, já que primeiro ela chorou, depois seus
Você age como criança. (age como uma criança age)
olhos ficaram vermelhos.
geralmente há omissão do verbo.
B) Consecutiva = exprime um fato que é conse-
quência, é efeito do que se declara na oração
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
principal. São introduzidas pelas conjunções e lo- 73
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
cuções: que, de forma que, de sorte que, tanto
para a execução do que se declara na oração
que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que,
principal. Principal conjunção subordinativa con-
tamanho...que.
formativa: conforme. Outras conjunções confor-
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que mativas: como, consoante e segundo (todas com
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) o mesmo valor de conforme).
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou Fiz o bolo conforme ensina a receita.
concretizando-os. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Re- têm direitos iguais.
duzida de Infinitivo)
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe se declara na oração principal. Principal conjun-
como necessário para a realização ou não de um ção subordinativa final: a fim de. Outras conjun-
fato. As orações subordinadas adverbiais condi- ções finais: que, porque (= para que) e a locução
cionais exprimem o que deve ou não ocorrer para conjuntiva para que.
que se realize - ou deixe de se realizar - o fato ex- Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
presso na oração principal. Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
Principal conjunção subordinativa condicional: se.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
que, sem que, uma vez que (seguida de verbo no sub- principal. Principal locução conjuntiva subordina-
juntivo). tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
Se o regulamento do campeonato for bem elabora- ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
do, certamente o melhor time será campeão. passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Caso você saia, convide-me. (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
D) Concessiva = indica concessão às ações do (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
verbo da oração principal, isto é, admitem uma (mais), quanto menos...(menos).
contradição ou um fato inesperado. A ideia de À proporção que estudávamos mais questões acer-
concessão está diretamente ligada ao contras- távamos.
À medida que lia mais culto ficava.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato Principais funções dos sinais de pontuação
expresso na oração principal, podendo exprimir
noções de simultaneidade, anterioridade ou pos- A) Ponto (.)
terioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
poral: quando. Outras conjunções subordinativas Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: cerrando o período.
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
depois que, sempre que, desde que, etc. panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. de período, este não receberá outro ponto; neste
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter- caso, o ponto de abreviatura marca, também, o
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) fim de período. Exemplo: Estudei português, mate-
márica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
Orações Reduzidas Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma
As orações subordinadas podem vir expressas como citação:
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas Haverá eleições em outubro
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conecti- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
vo subordinativo que as introduza. leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo Os números que identificam o ano não utilizam pon-
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- to nem devem ter espaço a separá-los, bem como
sença do conectivo) os números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. B) Ponto e Vírgula (;)
É preciso estudar = oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
É preciso que se estude = oração subordinada subs- ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
tantiva subjetiva lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum es-
Orações Intercaladas pírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Separa partes de frases que já estão separadas
74 São orações independentes encaixadas na sequên- por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor;
cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um outros, montanhas, frio e cobertor.
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou Separa itens de uma enumeração, exposição de
travessões. motivos, decreto de lei, etc.
Nós – continuava o relator – já abordamos este assunto. Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Caminhada na praia;
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Reunião com amigos.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, C) Dois pontos (:)
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
São Paulo: Saraiva, 2002. Coutinho trata este assunto:
Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
REFERÊNCIA DE SITE chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au- Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá
las/portugues/frase-periodo-e-oracao> estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vi-
vendo a rotina de sempre.
Em frases de estilo direto
PONTUAÇÃO Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
F) Reticências (...)
G) Vírgula (,)
Usa-se a vírgula:
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empregue-
mos etc. predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
As perguntas que denotam surpresa podem ter combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Você falou isso para ela?!
o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma Estivemos internados desde que a cegueira começou,
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz
um nome que não se quer mencionar. isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse mo-
mento percebemos que os soldados que nos vigiavam
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está
char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. cega, Toda a gente, a cidade toda, o país,
– São Paulo: Saraiva, 2010. SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A cena retrata as experiências das personagens em um
REFERÊNCIA DE SITE país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação
Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu- de determinadas regras de pontuação
gues/pontuacao/>
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra- a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de
matica/uso-da-virgula.htm> pontuação convencional e a produção do gênero
romance.
b) provoca uma leitura equivocada das frases interro-
gativas e prejudica a verossimilhança.
EXERCÍCIO COMENTADO c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação
do ambiente caótico.
1. (ENEM - NOVEMBRO 2016) d) representa uma exceção às regras do sistema de
pontuação canônica.
L.J.C. e) colabora para a construção da identidade do narra-
dor pouco escolarizado.
— 5 tiros?
Resposta: Letra: C. A pontuação não convencional é
— É.
marca de Saramago. No texto em questão – confuso
— Brincando de pegador?
-, o uso das iniciais maiúsculas é que nos dá a noção
— É. O PM pensou que…
de quem está falando.
— Hoje?
76 — Cedinho.
O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Assonância - Consiste na repetição ordenada de
Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no senti-
quatro dias que não comemos, E como sabe que são do lato mulato democrático do litoral.”
quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu
marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir
Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos fa-
já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, ziam blem, blem, blem.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em pala- Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Ha-
vras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” vana. (= Fumei um saboroso charuto).
(Carlos Lyra) Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra-
tes tomou veneno).
1.2 Figuras de Palavras ou de Pensamento Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que
Metáfora produzo).
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones
em virtude da circunstância de que o nosso espírito as foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o dos jogadores).
emprego da palavra fora de seu sentido normal. Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada-
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).
Observação: Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem
Toda metáfora é uma espécie de comparação im- nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse
plícita, em que o elemento comparativo não aparece. mundo).
Seus olhos são como luzes brilhantes. Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às
O exemplo acima mostra uma comparação eviden- ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram cha-
te, através do emprego da palavra como. madas, não apenas uma mulher).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
Neste exemplo não há mais uma comparação (note Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns
seja, qualidade do que é semelhante.
astronautas foram à Lua).
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes.
para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
Esta é a verdadeira metáfora.
Catacrese
Outros exemplos:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Pessoa)
nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quan- 77
Neste caso, a metáfora é possível na medida em
do, por falta de um termo específico para designar um
que o poeta estabelece relações de semelhança entre
um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar rela- conceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passa-
cionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, mos a empregar algumas palavras fora de seu sentido
etc.). original. Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”,
“maçã do rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”,
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar “coroa do abacaxi”.
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na Perífrase ou Antonomásia
frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa ex-
pressão que indica uma alma rústica e abandonada (e Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
angustiadamente inútil), há uma comparação suben- vés de alguma de suas características ou atributos, ou
tendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inú- de um fato que o celebrizou. É a substituição de um
til) quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum. nome por outro ou por uma expressão que facilmente
o identifique:
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
Em sua mente povoa só inveja. atraindo visitantes do mundo todo.
A Cidade-Luz (=Paris)
Metonímia (ou sinédoque) O rei das selvas (=o leão)
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o mados a seres inanimados, ou características humanas a
cruzamento de sensações distintas. seres não humanos. Observe os exemplos:
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = As pedras andam vagarosamente.
auditivo; áspero = tátil) O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acon- cego que guia.
tecimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) Chora, violão.
Antítese 1.3 Figuras de Construção ou de Sintaxe
Consiste no emprego de palavras que se opõem
Apóstrofe
quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
dos mesmos. Observe os exemplos: sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo
O corpo é grande e a alma é pequena. chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário
“Quando um muro separa, uma ponte une.” ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pen-
Não há gosto sem desgosto. samento do discurso, destacando-se assim a entidade a que
se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal
Paradoxo ou oximoro invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos:
Moça, que fazes aí parada?
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- “Pai Nosso, que estais no céu”
traditórias. Seria a antítese ao extremo. Deus, ó Deus! Onde estás?
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Ouvimos as vozes do silêncio. Gradação (ou clímax)
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
e gritavam não concordam gramaticalmente com os pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
sujeitos das orações (que se encontram no singular, pro- nástico.
cissão e povo, respectivamente), mas com a ideia que
neles está contida. Procissão e povo dão a ideia de mui- Observação:
ta gente, por isso que os verbos estão no plural. O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: mo vicioso:
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Vi aquela cena com meus próprios olhos.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando Vamos subir para cima.
há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, Ele desceu pra baixo.
não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a
pessoa que está inscrita no sujeito. Exemplos: Anáfora
O que não compreendo é como os brasileiros persis-
tamos em aceitar essa situação. É a repetição de uma ou mais palavras no início de
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em
dins públicos.” (Machado de Assis) causa é posta em destaque, permitindo ao escritor va-
lorizar determinado elemento textual. Os termos anafó-
Observe que os verbos persistamos, temos e somos ricos podem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na ter- nhecia.
ceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo
(nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas). acaba.” (Padre Vieira)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Anacoluto
GÊNEROS TEXTUAIS
Consiste na mudança da construção sintática no
meio da frase, ficando alguns termos desligados do res-
to do período. É a quebra da estrutura normal da frase Tipologia e Gênero Textual
para a introdução de uma palavra ou expressão sem
nenhuma ligação sintática com as demais. A todo o momento nos deparamos com vários tex-
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles. tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
Morrer, todo haveremos de morrer. presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essên-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria cia daquilo que está sendo transmitido entre os interlo-
logo? cutores. Estes interlocutores são as peças principais em
um diálogo ou em um texto escrito.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo, É de fundamental importância sabermos classificar
deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há os textos com os quais travamos convivência no nosso
uma interrupção da frase e esta expressão fica à parte, dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto textuais e gêneros textuais.
também é chamado de “frase quebrada”, pois corres- Comumente relatamos sobre um acontecimento,
ponde a uma interrupção na sequência lógica do pen- um fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos
samento. nossa opinião sobre determinado assunto, descrevemos
algum lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal so-
Observação: bre alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exa-
O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi- tamente nessas situações corriqueiras que classificamos
va em casos muito especiais. Em geral, evite-o. os nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
Descrição e Dissertação.
Hipérbato / Inversão
As tipologias textuais se caracterizam pelos aspectos
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da de ordem linguística
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que
o sujeito venha depois do predicado:
Os tipos textuais designam uma sequência definida
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
pela natureza linguística de sua composição. São obser-
80 amor venceu ao ódio)
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta se-
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
ria: Eu cuido dos meus problemas)
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
Observação da Zê!
ação demarcados no tempo do universo narrado,
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato,
como também de advérbios, como é o caso de
já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em
do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita
heroico”.
conversa, resolveram...
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa descrevem características tanto físicas quanto psi-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. cológicas acerca de um determinado indivíduo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- ou objeto. Os tempos verbais aparecem demar-
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. cados no presente ou no pretérito imperfeito: “Ti-
– São Paulo: Saraiva, 2010. nha os cabelos mais negros como a asa da graú-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, na...”
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Sami- C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
ra Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edi- um assunto ou uma determinada situação que
ção – São Paulo: Saraiva, 2002. se almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das
razões de ela acontecer, como em: O cadastra-
REFERÊNCIA DE SITES mento irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro,
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de
coes/estil/estil8.php> perder o benefício.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
coes/estil/estil5.php> modalidade na qual as ações são prescritas de
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
coes/estil/estil2.php> sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Misture todos os ingrediente e bata no liquidifica-
dor até criar uma massa homogênea.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir
-se pelo predomínio de operadores argumenta- os problemas com os quais uma sociedade se debate,
tivos, revelados por uma carga ideológica cons- uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: se-
tituída de argumentos e contra-argumentos que xualidade, etnia/raça e outras diferenças, instituições
justificam a posição assumida acerca de um de- (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso
terminado assunto: A mulher do mundo contem- está sempre presente nas piadas que circulam anoni-
porâneo luta cada vez mais para conquistar seu mamente e que são ouvidas e contadas por todo mun-
espaço no mercado de trabalho, o que significa do em todo o mundo. Os antropólogos ainda não pres-
que os gêneros estão em complementação, não taram a devida atenção a esse material, que poderia
em disputa. substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas
participantes. Saberemos mais a quantas andam o ma-
Gêneros Textuais chismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma
coleção de piadas do que qualquer outro corpus.
São os textos materializados que encontramos em POSSENTI, S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).
nosso cotidiano; tais textos apresentam características
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, A piada é um gênero textual que figura entre os mais
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, te- recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição
mos: receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
poema, editorial, piada, debate, agenda, inquérito po-
licial, fórum, blog, etc. a) sua função humorística.
A escolha de um determinado gênero discursivo de- b) sua ocorrência universal.
pende, em grande parte, da situação de produção, ou c) sua diversidade temática.
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são d) seu papel como veículo de preconceitos.
os locutores e os interlocutores, o meio disponível para e) seu potencial como objeto de investigação.
veicular o texto, etc.
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a Resposta: Letra: E. O texto nos dá a resposta: as piadas
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por fornecem simultaneamente um dos melhores retratos
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- dos valores e problemas de uma sociedade, por um
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- lado, e uma coleção de fatos e dados impressionan-
gação científica são comuns gêneros como verbete de tes para quem quer saber o que é e como funciona
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científi- uma língua, por outro. (...) Os antropólogos ainda não
co, seminário, conferência. prestaram a devida atenção a esse material. 81
Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ên- a) objeto de devoção pessoal.
fase em sua constituição linguística. Por isso, embora a b) elemento de afirmação da cultura.
afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio c) instrumento de reconstrução da memória.
que posso garantir que se trata de uma verdade qua- d) ferramenta de investigação do ser humano.
se banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos e) veículo de produção de fatos da realidade.
melhores retratos dos valores e problemas de uma so-
ciedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados Resposta: Letra: C. Melancolia, tristeza, saudade... “a re-
impressionantes para quem quer saber o que é e como composição do extinto, a revivescência do passado”.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
3. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016) O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista
Science, existe desde o ano passado, quando um grupo
Fraudador é preso por emitir atestados com erro de liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as cha-
português madas iPS (células-tronco de pluripotência induzida).
O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez que
Mais um erro de português leva um criminoso às mãos é possível aplicá-lo a células de pessoas doentes, por-
da polícia. Desde 2003, M.O.P., de 37 anos, administrava tadoras de esclerose lateral amiotrófica (ELA), mal que
a empresa MM, que falsificava boletins de ocorrência, destrói o sistema nervoso progressivamente.
carteiras profissionais e atestados de óbito, tudo para “Pela primeira vez, seremos capazes de observar células
anular multas de trânsito. Amparado pela documenta- com ELA ao microscópio e ver como elas morrem”, disse
ção fajuta de M.O.P., um motorista poderia alegar às Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que
Juntas Administrativas de Recursos de Infrações que ul- financiou parte da pesquisa. Observar em detalhes a de-
trapassou o limite de velocidade para levar uma paren- generação pode sugerir novos métodos para tratar a ELA.
te que passou mal e morreu a caminho do hospital. KOLNERKEVIC, I. Folha de S. Paulo. 1 ago. 2008
O esquema funcionou até setembro, quando M.O.P. foi (adaptado).
indiciado. Atropelara a gramática. Havia emitido, por
exemplo, um atestado de abril do ano passado em que A análise dos elementos constitutivos do texto e a iden-
estava escrito aneurisma “celebral” (com l no lugar de r) tificação de seu gênero permitem ao leitor inferir que o
e “insulficiência” múltipla de órgãos (com um L desneces- objetivo do autor é
sário em “insulficiência” – além do fato de a expressão
médica adequada ser “falência múltipla de órgãos”). a) apresentar a opinião da diretora do Projeto ALS.
M.O.P. foi indiciado pela 2ª Delegacia de Divisão de Cri- b) expor a sua opinião como um especialista no tema.
mes de Trânsito. Na casa do acusado, em São Miguel c) descrever os procedimentos de uma experiência
Paulista, zona leste de São Paulo, a polícia encontrou científica.
um computador com modelos de documentos. d) defender a pesquisa e a opinião dos pesquisadores
Língua Portuguesa, n. 12, set. 2006 (adaptado). dos EUA.
e) informar os resultados de uma nova pesquisa feita nos
O texto apresentado trata da prisão de um fraudador EUA.
que emitia documentos com erros de escrita. Tendo em
vista o assunto, a organização, bem como os recursos Resposta: Letra: E. O texto informa o leitor sobre uma
82 linguísticos, depreende-se que esse texto é um(a) nova pesquisa realizada nos EUA.
a) conto, porque discute problemas existenciais e so- 5. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016)
ciais de um fraudador.
b) notícia, porque relata fatos que resultaram no indicia- O último longa de Carlão acompanha a operária Silma-
mento de um fraudador. ra, que vive com o pai, um ex-presidiário, numa casa da
c) crônica, porque narra o imprevisto que levou a polí- periferia paulistana. Ciente de sua beleza, o que lhe dá
cia a prender um fraudador. certa soberba, a jovem acredita que terá um destino
d) editorial, porque opina sobre aspectos linguísticos dos diferente do de suas colegas. Cruza o caminho de dois
documentos redigidos por um fraudador. cantores por quem é apaixonada. E constata, na prática,
e) piada, porque narra o fato engraçado de um frau- que o romantismo dos contos de fada tem perna curta.
dador descoberto pela polícia por causa dos erros de VOMERO, M. F. Romantismo de araque.
ortografia. Vida Simples, n. 121, ago. 2012.
Resposta: Letra: B. O texto pertence ao gênero no- Reconhece-se, nesse trecho, uma posição crítica aos
tícia, pois apresenta os referenciais “quem, o quê, ideais de amor e felicidade encontrados nos contos de
quando, onde” sobre um fato ocorrido. fada. Essa crítica é traduzida
4. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016) a) pela descrição da dura realidade da vida das operárias.
b) pelas decepções semelhantes às encontradas nos
Grupo transforma pele humana em neurônios contos de fada.
c) pela ilusão de que a beleza garantiria melhor sorte na
Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar vida e no amor.
células extraídas da pele de uma mulher de 82 anos d) pelas fantasias existentes apenas na imaginação de
sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e con- pessoas apaixonadas.
seguiu transformá-las em células capazes de se trans- e) pelos sentimentos intensos dos apaixonados enquan-
formarem virtualmente em qualquer tipo de órgão do to vivem o romantismo.
corpo. Em outras palavras, ganharam os poderes das
células-tronco pluripotentes, normalmente obtidas a Resposta: Letra: C. Em um conto de fadas, a beleza é
partir da destruição de embriões. sinal de uma vida privilegiada. No mundo real, não.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
INTERPRETAÇÃO O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- ção...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de O narrador afirma...
produzir interação comunicativa (capacidade de codifi-
car e decodificar). Erros de interpretação
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com do contexto, acrescentando ideias que não estão
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para no texto, quer por conhecimento prévio do tema
quer pela imaginação.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas O trecho em que Clarice Lispector declara seu amor
que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, ne- pela língua portuguesa, acentuando seu caráter patri-
gociar o uso para que ele não seja exclusivo, uma vez monial e sua capacidade de renovação, é:
que há outros meios de comunicação, outros meios de
informação e outras alternativas de lazer. É uma questão a) “A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para
de equilibrar e não de culpar. quem escreve.”
COSCARELLI, C. V. Linguagem em (Dis)curso, n. 3, set.- b) “Um Camões e outros iguais não bastaram para nos
-dez. 2009. dar para sempre uma herança de língua já feita.”
c) “Todos nós que escrevemos estamos fazendo do tú-
A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, mulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.”
ponderando sobre a necessidade de orientação a esse d) “Mas não falei do encantamento de lidar com uma
uso, pois essa tecnologia língua que não foi aprofundada.”
e) “Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só
a) está repleta de informações confiáveis que constituem para que a minha abordagem do português fosse vir-
fonte única para a aprendizagem dos alunos. gem e límpida.”
b) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abu-
sivo para evitar que se torne um vício. Resposta: Letra: B. Ao citar Camões, Clarice mostra
c) tende a se tornar um agente negativo na aprendiza- que não foi suficiente o português “deixado” por ele
gem e na socialização de crianças e jovens. e outros, já que as variações e mudanças de costu-
d) possibilita maior ampliação do conhecimento de mun- mes exigem que a língua também se renove.
do quando a aprendizagem é direcionada.
e) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo 3. (ENEM-2017)
do computador se a navegação for desmedida.
TEXTO I
Resposta: Letra: D. Ao texto: “(...) mas é preciso ver o
A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indíge-
que se está aprendendo e algumas vezes interferir nes-
nas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Ro-
se processo a fim de otimizar ou orientar a aprendiza-
drigues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria
gem”. “É uma questão de equilibrar e não de culpar”.
mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a
maior nação indígena do Brasil, sendo também encon-
2. (ENEM-2017)
trada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma lín-
gua considerada isolada, que não mantém semelhan- 85
Declaração de amor
ça com nenhuma outra língua indígena e apresenta
complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua carac-
Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. terística principal é o uso de diferentes alturas na voz.
Ela não é fácil. Não é maleável. […] A língua portuguesa O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado
é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivên-
para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a cia com falantes de outras línguas no interior da própria
primeira capa de superficialismo. área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são mino-
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais com- ritários e acabam por se submeter à realidade ticuna,
plicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça
frase. Eu gosto de manejá-la — como gostava de estar linguística.
montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes a Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado).
galope. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao
máximo em minhas mãos. E este desejo todos os que es- TEXTO II
crevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram
para nos dar para sempre uma herança de língua já fei- Riqueza da língua
ta. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmu-
lo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encan- sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e
tamento de lidar com uma língua que não foi aprofunda- o francês é na presente”, dizia o presidente americano
da. O que recebi de herança não me chega. John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu: o
Se eu fosse muda e também não pudesse escrever, e me inglês é hoje a língua franca da globalização. No ex-
perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: tremo oposto da economia linguística mundial, estão as
inglês, que é preciso e belo. Mas, como não nasci muda e línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcu-
pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim la-se que hoje se falem de 6 000 a 7 000 línguas no mun-
que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até do todo. Quase metade delas deve desaparecer nos
queria não ter aprendido outras línguas: só para que a próximos 100 anos. A última edição do Ethnologue — o
minha abordagem do português fosse virgem e límpida. mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais —, de
LISPECTOR. C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: 2005, listava 516 línguas em risco de extinção.
Rocco, 1999 (adaptado). Veja, n. 36, set. 2007 (adaptado).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Os textos tratam de línguas de culturas completamente c) relação entre a alimentação saudável e o padrão de
diferentes, cujas realidades se aproximam em função corpo instituído pela boneca.
do(a) d) proporcionalidade entre a representação do corpo
da boneca e a do corpo humano.
a) semelhança no modo de expansão. e) influência mercadológica na construção de uma au-
b) preferência de uso na modalidade falada. toimagem positiva do corpo feminino.
c) modo de organização das regras sintáticas.
d) predomínio em relação às outras línguas de contato. Resposta: Letra: D. O texto compara as medidas (ilu-
e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas mi- sórias) da boneca e as (normais) de um ser humano,
noritárias. procurando mostrar que “caso uma mulher tivesse
as medidas da boneca de plástico, ela nem estaria
Resposta: Letra: D. Busquemos informações nos tex- viva”.
tos: em I, “A língua ticuna é o idioma mais falado
entre os indígenas brasileiros”; em II, “o inglês é hoje 5. (ENEM – NOVEMBRO-2018)
a língua franca da globalização. No extremo opos- — Famigerado? [...]
to da economia linguística mundial, estão as línguas — Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notá-
de pequenas comunidades declinantes”. Ambos os vel”...
períodos destacam o predomínio de uma língua em — Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não
relação a outras. entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É
de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?
4. (ENEM-2017) — Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neu-
tras, de outros usos...
Apesar de muitas crianças e adolescentes terem a Bar- — Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem
bie como um exemplo de beleza, um infográfico feito
de em dia de semana?
pelo site Rehabs.com comprovou que, caso uma mu-
— Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece lou-
lher tivesse as medidas da boneca de plástico, ela nem
vor, respeito...
estaria viva.
ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Ja-
Não é exatamente uma novidade que as proporções
neiro: Nova Fronteira, 2001.
da boneca mais famosa do mundo são absurdas para o
mundo real. Ativistas que lutam pela construção de uma
Nesse texto, a associação de vocábulos da língua por-
autoimagem mais saudável, pesquisadores de distúrbios
86 tuguesa a determinados dias da semana remete ao
alimentares e pessoas que se preocupam com o impac-
to da indústria cultural na psique humana apontam, há
anos, a influência de modelos como a Barbie na distor- a) local de origem dos interlocutores.
ção do corpo feminino. b) estado emocional dos interlocutores.
Pescoço c) grau de coloquialidade da comunicação.
Com um pescoço duas vezes mais longo e 15 centíme- d) nível de intimidade entre os interlocutores.
tros mais fino do que o de uma mulher, a Barbie seria e) conhecimento compartilhado na comunicação.
incapaz de manter a cabeça levantada.
Cintura Resposta: Letra: C. A expressão “linguagem em dia
Com uma cintura de 40 centímetros (menor do que a de semana” dá a entender o coloquial, simples, que
sua cabeça), a Barbie da vida real só teria espaço em se usa no dia a dia (palavras sem rebuscamento).
seu corpo para acomodar metade de um rim e alguns
centímetros de intestino. 6. (ENEM – NOVEMBRO-2018)
Quadril Quebranto
O índice que mede a relação entre a cintura e o qua-
dril da Barbie é de 0,56, o que significa que a medida às vezes sou o policial que me suspeito
da sua cintura representa 56% da circunferência de seu me peço documentos
quadril. Esse mesmo índice, em uma mulher americana e mesmo de posse deles
média, é de 0,8. me prendo e me dou porrada
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 2
maio 2015. às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
Ao abordar as possíveis influências da indústria de brin- a não ser
quedos sobre a representação do corpo feminino, o tex- pela porta de serviço
to analisa a [...]
a) noção de beleza globalizada veiculada pela indús- às vezes faço questão de não me ver
tria cultural. e entupido com a visão deles
b) influência da mídia para a adoção de um estilo de sinto-me a miséria concebida como um eterno
vida salutar pelas mulheres. começo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Resposta: Letra B. Os termos em destaque repre- O narrador relata suas experiências na primeira escola
sentam falas típicas de uma região; são variações que frequentou e utiliza construções linguísticas próprias
linguísticas. de determinada região, constatadas pelo
Prosa e Poesia
LITERATURA
Os textos literários se dividem em duas partes: prosa
e poesia. A POESIA é a linguagem subjetiva, metafísica,
vaga com o mundo interior do poeta. É um texto curto
INTRODUÇÃO À LITERATURA com orações e períodos curtos, onde sobressai a bele-
za, a harmonia e o ritmo; é a mais velha composição do
A literatura está ligada à escrita, portanto sua origem mundo. Com o surgimento do livro em placas de argila,
perde-se nos tempos. Não há um único marco histórico do começaram também as primeiras aulas. Tudo teria que
surgimento da escrita, já que os desenhos das cavernas ser decorado, pois não havia material onde escrever
são considerados escritos antigos. O hieróglifo é uma escri- tudo e a toda hora. Nas casas-escola, os alunos decora-
ta do antigo Egito. vam os poemas com os conhecimentos, números, gra-
Desde que apareceu o ser humano, ele teve vontade mática, filosofia, etc.
de deixar resquícios de sua passagem pelo mundo. O ho- Com os livros de argila e o uso de poemas, poder-se-
mem sempre quis deixar sua marca para a posteridade, -ia transmitir muita coisa com pouco material. Estes livros
como é que ele fazia para caçar, mostrar seus feitos, seu ficavam nas bibliotecas, já que não se poderia carregar
heroísmo, sua força, dinamismo, coragem. Também quis um livro de dez quilos pra lá e pra cá.
mostrar como era o seu povo, os animais, o meio ambien- Prosa é a linguagem objetiva, usual, veículo natural
te da época. Já se estava definindo o que seria literatura. do pensamento humano. A PROSA pode ser escrita de
A Literatura é a arte de compor escritos artísticos, em diversas formas como: romances, crítica, novela, conto,
prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e etc. Vejamos as diferenças entre um texto em forma de
práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência e poesia. poesia e outro em forma de prosa:
A palavra “Literatura” vem do latim “litteris” que sig-
nifica “Letras”, e possivelmente uma tradução do grego Poema
“grammatikee”. Em latim, literatura significa uma instrução Frases curtas.
ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever Destaque para a beleza dos versos.
e ler bem, e se relaciona com as artes da gramática, da Uso de rimas: Porta/importa, minha/vizinha.
retórica e da poética. Por extensão, refere-se especifica- Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas.
mente à arte ou ofício de escrever de forma artística. O Texto escrito em forma de versos.
termo “Literatura” também é usado como referência a
um corpo ou um conjunto escolhido de textos como, por Prosa 89
exemplo, a literatura médica, a literatura inglesa, literatura Frases longas, num só período.
Não há beleza no texto, somente a informação.
portuguesa, literatura japonesa etc.
Texto objetivo: transmitir uma mensagem.
Mais produtivo do que tentar definir Literatura talvez
Não há métrica, nem rima, nem ritmo.
seja encontrar um caminho para decidir o que torna um
Texto escrito em forma de parágrafos.
texto, em sentido lato, literário. A definição de literatura
está comumente associada à ideia de estética, ou me-
1. A Linguagem Literária e a não Literária
lhor, da ocorrência de algum procedimento estético. Um
texto é literário, portanto, quando consegue produzir um
A linguagem literária é bem diferente da lingua-
efeito estético e quando provoca catarse, o efeito de
gem não literária. A linguagem literária é bela, emoti-
definição aristotélica, no receptor. A própria natureza do
va, sentimental, trazendo as figuras de linguagem como
caráter estético, contudo, reconduz à dificuldade de ela-
a metáfora, a metonímia, a inversão, etc. Apresenta o
borar alguma definição verdadeiramente estável para o fantástico que precisa ser descoberto através de uma
texto literário. Para simplificar, pode-se exemplificar através leitura atenta. A linguagem não literária é própria para a
de uma comparação por oposição. Vamos opor o texto transmissão do conhecimento, da informação, no âmbi-
científico ao texto artístico: o texto científico emprega as to das necessidades da comunicação social. É a língua
palavras sem preocupação com a beleza, o efeito emo- na sua função pragmática, empregada pela ciência,
cional. No texto artístico, ao contrário, essa será a preo- pela técnica, pelo jornalismo, pela conversação entre
cupação maior do artista. É óbvio que também o escritor os falantes.
busca instruir e perpassar ao leitor uma determinada ideia;
mas, diferentemente do texto científico, o literário une essa 2. Gêneros Literários
instrução à necessidade estética que toda obra de arte
exige. O texto científico emprega as palavras no seu sen- O estudo dos gêneros literários preocupa-se em
tido dicionarizado, denotativo, enquanto o texto artístico agrupar as diversas modalidades de expressão literária
busca empregar as palavras com liberdade, preferindo pelas suas características de forma e conteúdo. Cada
o seu sentido conotativo, figurado. O texto literário é, por- gênero pressupõe uma técnica, um estilo, um modo de
tanto, aquele que pretende emocionar e que, para isso, ser do artista. A classificação básica dos gêneros com-
emprega a língua com liberdade e beleza, utilizando-se, preende: o lírico, o épico e o dramático.
muitas vezes, do sentido metafórico das palavras.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
O Metro
Metro é a extensão da linha poética do verso. Na poética tradicional, há doze tipos de versos, de acordo com
o número de sílabas poéticas que o verso possui: monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos,
hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
Paralelamente a essas denominações, certos versos podem receber nomes especiais:
redondilha menor: versos de cinco sílabas ou pentassílabos;
redondilha maior: versos de sete sílabas ou heptassílabos;
heroico: versos de dez sílabas ou decassílabos;
alexandrino: verso de doze sílabas ou dodecassílabos.
Sílabas Métricas
As sílabas métricas, também chamadas de poéticas, são as sílabas dos versos e têm uma contagem diferente
da sílaba gramatical. Dividir o verso em sílabas métricas chama-se escandir.
Escandir um verso é dividi-lo em sílabas métricas. Veja a escansão dos versos a seguir:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“Al / ma/ mi / nha/ gen / til,/ que / te/ par / tis/ (te)” = esta sílaba não é contada (Camões)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A / mor,/ que o/ ges/to hu / ma / no / na al / ma es/cre/ (ve) = não conta
(Camões)
A contagem das sílabas métricas é feita auditivamente, obedecendo aos seguintes preceitos:
A) Não são contadas as sílabas métricas que se apresentam após a última sílaba tônica do verso. Veja o exem-
plo acima.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
92 “- Co/mo/ fi/zes/te,/ por-/se a/ tal/ fe / ri / (da?) = não conta a última
“cia” = uma sílaba métrica (ditongação)
C) Duas ou mais vogais átonas, ou tônicas, podem fundir-se em uma só sílaba métrica, quando se encontram
no fim de uma palavra e início de outra:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A / mor,/ que o/ ges/to hu/ma/no/ na al/ma es/cre/ (ve)” = não conta (Camões)
Perceba a diferença entre a sílaba gramatical e a métrica ou poética: neste verso temos 15 sílabas gramaticais,
mas só 10 sílabas poéticas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
“A /mor,/ que /o /ges /to / hu / ma / no / na/ al /ma / es / crê / ve”
Licenças Poéticas
Os poetas podem recorrer a vários processos fonéticos para que o metro seja perfeito. Os principais são:
A) crase: é a fusão de duas vogais numa só: mi/nha al/ma ( mi-nhal-ma).
B) elisão ou sinalefa: é a quebra de uma vogal átona final de uma palavra, quando a seguinte começa por
vogal: can/ta um (can-tum).
C) ditongação: é a fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo: gran/de a/mor (gran/
dia/mor); cam/po al/ca/ti/fa/do ( cam-pual-ca-ti-fa-do).
D) Sinérise: é a transformação de um hiato em ditongo: cru/el/da/de ( cruel-da-de); vi/o/le/ta ( vio-le-ta).
E) deérise: é a transformação de um ditongo em hiato: sau/da/de (sa-u-da-de); vai/da/de ( va-i-da-de).
F) ectilipse: é a queda de um fonema nasal final para que haja crase ou ditongação: com o = (co); com os =
(cós); com a = (coa); com as = (côas).
G) aférese:é a queda de fonemas ou sílabas iniciais: inda (em vez de ainda), ‘stamos (em vez de estamos)
H) síncope: é a queda de um fonema no meio da palavra: esp’rança (por esperança); dev’ria ( por deveria);
per’la ( por pérola);
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Versos de dez sílabas: decassílabos - versos Há, também, versos sem rima, chamados de versos
decassílabos têm grande ritmo. São encontrados prin- brancos ou soltos:
cipalmente em poemas épicos e no soneto. Veja esse
exemplo: “Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
“Dorme, ruazinha...É tudo escuro... Pela janela, como um rio enorme
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los? De áureas ondas tranquilas e impalpáveis
Dorme o teu sono, sossegado e puro, Profusamente a luz do meio dia
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...” Entra e se espalha palpitante e viva.”
(Mário Quintana) (Olavo Bilac)
C) Nos versos de onze e doze sílabas, deve haver, Quanto à qualidade, as rimas podem classificar-se
além do acento tônico na última sílaba, outros assim dis- em:
tribuídos; A) Pobres: rimas formadas com palavras da mesma
1. versos de onze sílabas: tônica na 11.ª e na 5.ª; classe gramatical:
2. versos de doze sílabas: tônica na 12.ª e na 6.ª; “Não acabava, quando uma figura” (substantivo)
Veja a seguir exemplos desses versos: Se nos mostra no ar, robusta e válida, (adjetivo)
De disforme e grandíssima estatura; (substantivo)
Versos de onze sílabas: hendecassílabos O rosto carregado, a barba esquálida. (adjetivo)
“Meus olhos são garços, são cor de safiras B) Ricas: Rimas formadas com palavras de classes
- Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; gramatical diferente:
Imitam as nuvens de um céu anilado, “Alma minha gentil que te partiste
As cores imitam das vagas do mar!” tão cedo desta vida descontente,
(Gonçalves Dias) repousa lá no céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
Versos de doze sílabas: dodecassílabos ou ale- (Luís Vaz de Camões)
xandrinos
C) Raras: formadas entre palavras para as quais há
“É, quando ela passar, tudo o que eu não sentia poucas rimas possíveis:
da vida há de acordar no coração, que vela... “Para que não ter por ti desprezo? Por que não per- 95
E ela irá como o sol, e eu iremos atrás dela dê-lo?...
Como sombra feliz... – Tudo isso eu me dizia.” Ah, deixa que eu te ignore... O teu silêncio é um le-
(Guilherme de Almeida) que –
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão
Versos bárbaros - São aqueles que têm mais de belo, tão belo,
doze sílabas. São bastante raros. Veja: Mas mais belo é não abrir, para que a Hora não pe-
que...”
“Às vezes, quando à tarde, nas tardes brasileiras, (Fernando
A cisma e a sombra descem das altas cordilheiras; Pessoa)
Quando a viola acorda na choça o sertanejo
E a linda lavadeira cantando deixa o brejo, D) Preciosas: são rimas obtidas de forma artificial,
E a noite- a freira santa - no órgão das florestas construídas com palavras combinadas:
Um salmo preludia nos troncos, nas giestas.” “Brilha uma voz na noute...
(Castro Alves) De dentro de Fora ouvi...
Ó Universo, eu sou-te
A Rima Oh, o horror da alegria
Deste pavor, do archote
É a semelhança de sons entre as palavras que se lo- De apagar, que me guia!”
calizam no fim ou no meio de versos diferentes. Observe: (Fernando Pessoa)
fes de oitava rima (de oito versos – 1 102 estrofes); as Enquanto o Romantismo se caracteriza fundamental-
rimas seguem o esquema ABABABCC; o poema se di- mente pela ideia de liberdade, entendida no sentido de
vide em dez cantos, de extensão irregular. O núcleo da libertação da subjetividade, dos sentimentos, da imagi-
narração é a viagem de Vasco da Gama às Índias. Já nação criadora e da fantasia, e, portanto, de libertação
o herói, diferentemente de seus modelos clássicos (Ho- das regras clássicas, o Realismo se baseia nas ideias de
mero e Virgílio), Os Lusíadas celebra um herói coletivo (o racionalidade, objetividade, propondo retratar fielmen-
povo português). Vasco da Gama é o símbolo e porta- te a vida contemporânea (a sociedade burguesa e seus
-voz do povo. valores) para desnudá-la, criticá-la, transformá-la.
Barroco Simbolismo
Surgido em um período de lutas de classes sociais Corrente que se opôs à temática do realismo, o sim-
e de crises religiosas, o Barroco português foi marcado bolismo teve início com a publicação do livro Oaristos,
por uma linguagem que refletia os estados de tensão de Eugênio de Castro. Nessa estética está presente a
da alma humana, permeada pelo rebuscamento e por idealização da infância e do campo. Seus principais re-
figuras de linguagem de difícil compreensão. Seus prin- presentantes foram Antônio Nobre e Camilo Pessanha.
cipais representantes foram o Padre Antônio Vieira, Frei As palavras poéticas se transformam em símbolos de
Luís de Souza e Antônio José da Silva. vivências místicas e sensoriais indizíveis, intraduzíveis, mas
passíveis de ser evocadas, sugeridas, aludidas, por meio
Características = pessimismo; desequilíbrio entre a razão de metáforas, analogias e sinestesias: correspondências
e a emoção; subjetividade; predomínio de figuras como a secretas entre os sentidos, harmonia entre sons, perfu-
metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato. mes e cores, tudo convergindo para o ritmo e a musica-
lidade do verso.
Neoclassicismo O poeta simbolista sugere em vez de descrever; sim-
boliza em vez de nomear; usa imagens sensoriais; pre-
Caracterizado pela revalorização dos valores artís- fere as sinestesias, aliterações, assonâncias, paralelismo,
ticos gregos e romanos, o Neoclassicismo foi marcado repetições, prosopopeias; utiliza letras maiúsculas em
também pela doutrinação estética e pela intensa cria- substantivos comuns, para torná-los absolutos.
ção literária. À Arcádia Lusitana, academia literária de
Portugal fundada em 1756, coube a tarefa de restabe- Modernismo
lecer o equilíbrio na literatura, afastando-a dos exage- 97
ros próprios do Barroco. Seus principais nomes foram Ma- O marco do Modernismo português foi a publica-
nuel Maria Barbosa du Bocage, Curvo Semedo e José ção, em 1915, da revista Orpheu, responsável por vei-
Agostinho de Macedo. cular uma produção literária inovadora e irreverente in-
fluenciada pelas concepções estéticas que circulavam
Características = personagens mitológicas utilizadas à época em toda a Europa. Seus principais representan-
alegoricamente; bucolismo e pastoralismo; idealização tes foram Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.
da natureza (locus amoenos); a cidade é vista como
lugar de sofrimento (fugere urbem); desprezo dos praze- Quanto aos heterônimos de Fernando Pessoa: não
res, do luxo e da riqueza. se confundem com pseudônimos. Pessoa não inventou
personagens-poetas, mas criou obras de poetas, e, em
Era Romântica função delas, as biografias de Álvaro de Campos, Ricar-
do Reis e Alberto Caeiro.
Romantismo Álvaro de Campos – o poeta das sensações do ho-
mem moderno
O romantismo português marcou o fim do neoclassi- Ricardo Reis – o poeta neoclássico
cismo, apresentando como principais temas o amor, a Alberto Caeiro – o poeta-pastor
nostalgia e a melancolia, proporcionando a combina- Fernando Pessoa – o poeta-filósofo, que conjuga lu-
ção de vários gêneros literários. No subjetivismo, nomes cidez e vidência
como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo
Castelo Branco e Júlio Dinis encontraram sua forma de REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
expressão. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Realismo e Naturalismo
REFERÊNCIA DE SITES:
Surgidos como reação ao subjetivismo e idealismo Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.
presentes na estética romântica, o Realismo e o Natura- com.br/literatura/literatura-portuguesa.htm>
lismo português tiveram como principais representantes Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/litera-
os escritores Antero de Quental, Cesário Verde e Eça de tura/primeira-segunda-epoca-medieval.htm>
Queirós.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Destacaram-se:
Gregório de Matos - apelidado de “Boca do In-
ESTILOS LITERÁRIOS
ferno”. Oscilou entre o sagrado e o profano. Poeta lírico,
satírico, reflexivo, filosófico, sacro, encomiástico, obsceno.
Não foi poeta épico.
RESUMO DA LITERATURA BRASILEIRA Bento Teixeira
Pe. Antonio Vieira - Expoente máximo da Literatura
CARACTERÍSTICAS GERAIS Brasileira e da Literatura Portuguesa, pois durante sua estada
em Portugal aderiu a temas nacionais portugueses e durante a
Era Colonial / Quinhentismo - (século XVI) sua permanência no Brasil aderiu a temas nacionais brasileiros.
Início: A Carta de Caminha Era prosador e não poeta, e conceptista, pois atacou o cultis-
mo. Escreveu sermões, entre eles o “Sermão da Sexagésima”.
Contexto histórico:
Os portugueses chegam ao Brasil. Arcadismo - (século XVIII)
A chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil. Início: Publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio
Manuel da Costa, obra inicial do Arcadismo brasileiro.
Característica: Literatura documental, histórica, de O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia
caráter informativo. e de seus valores. Esse fato influenciou na produção das
obras desta época. Enquanto as preocupações e confli-
A Carta de Caminha é o primeiro documento lite- tos do barroco são deixados de lado, entram em cena o
rário brasileiro. Carta descritiva com espírito ufanista e objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada
nativista. O Quinhentismo serviu de inspiração literária por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no cam-
para alguns poetas e escritores do Romantismo e do po são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades )
Modernismo. e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a
idealização da natureza e da mulher amada.
Destacaram-se durante o Quinhentismo:
Pero Vaz de Caminha - A Carta de Caminha Contexto histórico:
Pe. José de Anchieta - escreveu textos religio- A Inconfidência Mineira.
sos, um teatro religioso. Tinha devoção ao culto maria- A Revolução Farroupilha.
A vinda da Família Real para o Brasil.
no. Recebeu influência da tradição medieval.
98 Observação: Não recebeu influência da poesia lírica
Características:
de Camões (soneto).
Pastoralismo, bucolismo. Ideal de vida simples, junto à
Pe. Manuel da Nóbrega
natureza (locus amoenus).
Fugere urbem (“evitar a cidade”, “fugir da civiliza-
Barroco - (século XVII)
ção”). Busca do equilíbrio e da naturalidade, no contato
Início: “Prosopopeia” - poema épico de Bento Teixei-
com a natureza.
ra
Carpe diem (“aproveite o dia”). Consciência da fuga-
cidade do tempo.
Contexto histórico: Simplicidade, clareza e equilíbrio. Emprego moderado
Essa época foi marcada pelas oposições e pe- de figuras de linguagem.
los conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou Natureza racional (é vista como um cenário, como
influenciando na produção literária, gerando o fenôme- uma fotografia, como um pano de fundo).
no do barroco. As obras são marcadas pela angústia Pseudônimos.
e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Fingimento / Artificialismo
Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de lin-
guagem mais usadas neste período. Destacaram-se:
As invasões holandesas no Brasil. Tomás Antonio Gonzaga - poeta maior do Arca-
Os bandeirantes. dismo brasileiro com suas liras “Marília de Dirceu”. Pseudô-
nimo como poeta lírico: Dirceu; pseudônimo como poeta
Características: rebuscamento, virtuosismo, orna- satírico: Critilo (“Cartas Chilenas”).
mentação exagerada, jogo sutil de palavras e ideias,
ousadia de metáforas e associações. Autores épicos do Arcadismo brasileiro:
Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas, hipér- Cláudio Manuel da Costa - Poeta lírico e épico.
boles e antíteses. Obsessão pela linguagem culta, jogo Seu pseudônimo é Glauceste Satúrnio. Seus sonetos são
de palavras. de imitação Camoniana. Obra: “Vila Rica”.
Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa e Basílio da Gama - Obra: “O Uraguai”.
essência íntima. Santa Rita Durão - Obra: “Caramuru”. Obs.: O
Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade índio, antes de José de Alencar, aparece nos poemas
do tempo e incerteza da vida. épicos “O Uraguai” e “Caramuru”. Portanto, o Arcadismo
preparou o Romantismo.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Era Nacional / Romantismo - (século XIX) Realismo / Naturalismo - (segunda metade do século
Início: publicação de “Suspiros Poéticos”, de Gonçal- XIX)
ves de Magalhães Realismo - Início: “Memórias Póstumas de Brás
A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da Cubas”, de Machado de Assis, publicado em 1881.
família real portuguesa em 1808, e a Independência do Naturalismo - Início: “O Mulato”, de Aluísio Azevedo
Brasil, em 1822, são dois fatos históricos que influenciaram
na literatura do período. Na segunda metade do século XIX, a literatura ro-
mântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os
Contexto histórico: escritores e poetas realistas começam a falar da reali-
A Imprensa no Brasil. dade social e dos principais problemas e conflitos do ser
A crise do 2.º Reinado. humano. Como características desta fase, temos: obje-
A abolição da escravidão. tivismo, linguagem popular, trama psicológica, valoriza-
ção de personagens inspirados na realidade, uso de ce-
Características: nas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade.
Predomínio da emoção, do sentimento (subjetivismo);
evasão ou escapismo (fuga à realidade). Nacionalismo, Contexto histórico:
religiosidade, ilogismo, idealização da mulher, amor pla- A Proclamação da República.
tônico. Liberdade de criação e despreocupação com a A Primeira República.
forma; predomínio da metáfora.
Realismo
1.ª geração romântica: 1840/50 - indianista ou nacio- Literatura de combate social, crítica à burguesia, ao
nalista. A temática era o índio, a pátria. adultério e ao clero.
Destacou-se: Análise psicológica dos personagens.
Gonçalves Dias - Obras: “Canção do Exílio” e
Objetividade, temas contemporâneos.
“I-Juca Pirama”.
Destacou-se:
Machado de Assis - trilogia: “Memórias Póstumas de
2.ª geração romântica: 1850/60 - byroniana, mal-do-sécu-
Brás Cubas” (narrado em 1.ª pessoa); “Quincas Borba”
lo, individualista ou ultrarromântica. A temática era a morte.
(“ao vencedor as batatas”); “Dom Casmurro” (narrado
Destacou-se:
em 1.ª pessoa - enigma de traição).
Álvares de Azevedo - poeta da dúvida, tinha ob-
sessão pela morte. Recebeu influência de Byron e Shakes-
Naturalismo 99
peare. Oscila entre a realidade e a fantasia. Obra: Livro de
Desdobramento do Realismo.
contos “Noite na taverna”.
Escritores naturalistas retratam pessoas marginaliza-
3.ª geração romântica: 1860/70 - condoreira, social. A das pela sociedade.
temática é a abolição e a república. O Naturalismo é fruto da experiência.
Destacaram-se: Análise biológica e patológica das personagens.
Poesia: Determinismo acentuado.
Castro Alves - poeta representante da burguesia As personagens são comparadas aos animais (zoo-
liberal. Obras: “Espumas Flutuantes”, “O Navio Negreiro”, morfismo).
“Vozes d’África”. Destacaram-se:
Aluísio Azevedo - Obras: “O Mulato”, “O Corti-
Prosa: ço” (romance social, personagem principal do roman-
José de Alencar (representante maior) - defensor ce é o próprio cortiço).
do “falar brasileiro” / dá forma ao herói / amalgamando a Raul Pompeia - Obra: “O Ateneu”.
sua vida à natureza.
Joaquim Manuel de Macedo - Obra: “A Moreni- 1.6 Parnasianismo - (final do século XIX e início do
nha”. século XX)
Bernardo Guimarães - Obra: “A escrava Isaura”. Início: “Fanfarras”, de Teófilo Dias.
Manuel Antônio de Almeida - Obra: “Memórias
de um sargento de milícias”. O parnasianismo buscou os temas clássicos, valori-
zando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores
Modalidades do Romantismo: parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, voca-
Romance de folhetim - Teixeira e Sousa, “O filho bulário culto, temas mitológicos e descrições detalha-
do pescador”. das. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças a esta
Romance urbano - Joaquim Manuel de Macedo, postura foram chamados de criadores de uma literatura
“A Moreninha”. alienada, pois não retratavam os problemas sociais que
Romance regionalista: Bernardo Guimarães, “O ocorriam naquela época. Os principais autores parna-
ermitão de Muquém”, “Escrava Isaura”. sianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de
Romance indianista e histórico - José de Alencar, Oliveira e Vicente de Carvalho.
“O Guarani”.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
O Fauvismo foi um movimento que teve basicamen- da Op Art foi a evolução da ciência, que está presente
te dois princípios: a simplificação das formas das figuras em praticamente todos os trabalhos, baseando-se prin-
e o emprego das cores puras, sem mistura. As figuras não cipalmente nos estudos psicológicos sobre a vida mo-
são representadas tal qual a forma real, ao passo que as derna e da Física sobre a Óptica. A alteração das cida-
cores são usadas da maneira que saem do tubo de tinta. des modernas e o sofrimento do homem com a alteração
O nome deriva de “fauves” (feras, no francês), devido à constante em seus ritmos de vida.
agressividade no emprego das cores.
No Cubismo há a mesma despreocupação em re- As principais características da Op Art são:
presentar realisticamente as formas de um objeto, po- Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões
rém a intenção era representá-lo de vários ângulos, em de óticas;
um único plano. Com o tempo, o Cubismo evoluiu em Defender para arte “menos expressão e mais vi-
duas grandes tendências chamadas Cubismo Analítico sualização”;
e Cubismo Sintético. O movimento teve o seu melhor mo- Quando as obras são observadas, dão a impres-
mento entre 1907 e 1914, e mudou para sempre a forma são de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes pa-
de ver a realidade. recem inchar ou deformar-se;
O Futurismo abrange sua criação em expressar o real, Oposição de estruturas idênticas que interagem
assinalando a velocidade exposta pelas figuras em mo- umas com as outras, produzindo o efeito ótico;
vimento no espaço. Foi um movimento que se desenvol- Observador participante;
veu em todas as artes e exerceu influência sobre vários Busca nos efeitos ópticos sua constante altera-
artistas que, posteriormente, criaram outros movimentos ção;
de arte moderna. Repercutiu principalmente na França As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas
e na Itália. ao observador.
O Abstracionismo é a arte que se opõe à arte figurati-
va ou objetiva. A principal característica da pintura abs-
trata é a ausência de relação imediata entre suas formas
e cores e as formas e cores de um ser. A pintura abstrata
é uma manifestação artística que despreza completa-
mente a simples cópia das formas naturais.
No Dadaísmo, encontra-se um movimento que abran-
ge a arte em todos os seus campos, pois não foi apenas
O termo Pop Art (abreviação das palavras em inglês
uma corrente artística, mas um verdadeiro movimento 101
Popular Art) foi utilizado pela primeira vez em 1954, pelo crí-
literário, musical, filosófico e até mesmo político. Embora
tico inglês Lawrence Alloway, para denominar a arte popu-
a palavra dada em francês signifique cavalo de madei-
lar que estava sendo criada em publicidade, no desenho
ra, sua utilização marca o nonsense ou falta de sentido
industrial, nos cartazes e nas revistas ilustradas. Representa-
que pode ter a linguagem (como na fala de um bebê).
va os componentes mais ostensivos da cultura popular, de
A princípio, o movimento não envolveu uma estética poderosa influência na vida cotidiana na segunda meta-
específica, mas provavelmente as principais expressões de do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em opo-
do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o ready sição ao expressionismo abstrato que dominava a cena
made. O intuito deste movimento era protestar contra estética desde o final da Segunda Guerra Mundial. Sua ico-
os estragos trazidos da guerra, denunciando de forma nografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos,
irônica toda aquela loucura que estava acontecendo. do cinema e da publicidade.
Como negação total da cultura, o Dadaísmo defende o Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamen-
absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. to da sociedade pelos objetos de consumo, operava com
O Surrealismo foi um movimento artístico e literário sur- signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos,
gido primeiramente em Paris nos anos 20, inserido no con- ilustrações. Muito do que era considerado brega, virou
texto das vanguardas que viriam a definir o modernismo moda. A Pop Art proporcionou a transformação do que
no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. era considerado vulgar em refinado, e aproximou a arte
A palavra Op Art deriva do inglês Optical Art e signifi- das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de objetos
ca Arte Óptica. Simboliza um mundo precário e instável, próprios e populares.
que se modifica a cada instante. Apesar de ter ganhado
força na metade da década de 1950, a Op Art passou Suas principais características são:
por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não Linguagem figurativa e realista se referindo aos
tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art, pois costumes, ideias e aparências do mundo contemporâneo;
é excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima Temática extraída do meio ambiente urbano das
das ciências do que das humanidades. Por outro lado, grandes cidades, de seus aspectos sociais e culturais: histó-
suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto às ria em quadrinhos, revistas, jornais sensacionalistas, fotogra-
da ciência e da tecnologia. fias, anúncios publicitários, cinema, rádio, televisão, músi-
A razão da Op Art é a representação do movimento ca, espetáculos populares, elementos da sociedade de
através da pintura apenas com a utilização de elemen- consumo e de conveniências (alimentos enlatados, ge-
tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação ladeiras, carros, estradas, postos de gasolina etc.);
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
ticas, deixando em segundo plano as preocupações (desde copos a maridos/ou esposas). A publicidade ma-
políticas, ideológicas e culturais que marcaram a gera- nipula desejos, promove a sedução, cria novas imagens
ção de 30. Seus principais representantes foram Clarice e signos, eventos como espetáculos, valorizando o que
Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, a mídia dá ao transitório da vida. As telecomunicações
Ariano Suassuna, Mario Quintana. possibilitam imagens vistas em todas as partes do planeta,
facilitando a mercadificação de coisas e gostos. A infor-
REFERÊNCIA DE SITES matização, o computador, o caixa 24 horas e a telemáti-
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol. ca são compulsivamente disseminadas. As lutas mudam:
com.br/literatura/modernismo.htm> agora não é contra o patrão, mas contra a falta deles. Os
Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/ pobres só dizem presente nos acontecimentos de massa,
modernismo-no-brasil/> lugar de deslocamento das energias de revolta.
Disponível em: <https://www.infoescola.com/litera- O pós-modernismo invadiu o cotidiano com a tecno-
tura/modernismo-brasileiro/> logia eletrônica em massa e individual, onde a saturação
de informações, diversões e serviços, causam um “rebu”
Pós-Modernismo pós-moderno, com a tecnologia programando cada vez
mais o dia a dia dos indivíduos.
O conceito de pós-modernidade se tornou um dos A importância do pós-modernismo na economia foi
mais discutidos nas questões relativas à arte, à literatura “mostrar” aos indivíduos a capacidade de consumo, a
ou à teoria social, mas a noção de pós-modernidade adotarem estilos de vida e de filosofias, o consumo perso-
reúne uma rede de conceitos e modelos de pensamen- nalizado, usar bens e serviços e se entregarem ao presen-
to em “pós”, dentre os quais: sociedade pós-industrial, te e ao prazer.
pós-estruturalismo, pós-fordismo, pós-comunismo, pós- Os pós-modernistas querem rir levianamente de tudo,
-marxismo, pós-hierárquico, pós-liberalismo, pós-imperia- encaram uma ideia de ausência de valores, de vazio, do
nada, e do sentido para a vida.
lismo, pós-urbano, pós-capitalismo. A pós-modernidade
O ambiente pós-moderno significa simulação, ele não
se coloca também em relação com o feminismo, a eco-
nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua maneira, hi-
logia, o ambiente, a religião, a planificação, o espaço,
per-realiza o mundo, transformando-o em um espetáculo.
o marketing, a administração. O geógrafo Georges Ben-
No pós-modernismo o homem vive imerso em um rio
ko afirma que o “pós” é incontornável, o fim do século
de testes permanentes, em que a informação e a comu-
XX se conjuga em “pós”.
nicação transportam a impulsividade para o consumo.
As características da pós-modernidade podem ser
Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em 1945. 103
resumidas em alguns pontos: propensão a se deixar do-
Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e desco-
minar pela imaginação das mídias eletrônicas; coloniza-
bertas tecnológicas, sociais, artísticas, científicas e arqui-
ção do seu universo pelos mercados (econômico, políti-
tetônicas.
co, cultural e social); celebração do consumo como ex- A sociedade industrial descende da máquina, de ar-
pressão pessoal; pluralidade cultural; polarização social tigos de série padronizados – o ferro celebra a liberdade
devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimen- individual do burguês capitalista para o progresso, foi
tos; falências das metanarrativas emancipadoras como criado o Projeto Iluminista da modernidade, o desenvol-
aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberdade, vimento material e moral do homem pelo conhecimento,
igualdade e fraternidade. foi creditado o imenso progresso das nações capitalistas
A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos, nos séculos XIX e XX, progresso fundado nas grandes fá-
conduzindo, em um único e mesmo movimento, a uma bricas, ferrovias, navegação e na exploração, com elas
lógica cultural que valoriza o relativismo e a (in)diferen- vieram o automóvel, o telefone, a TV, etc.
ça, a um conjunto de processos intelectuais flutuantes e Completando o cenário moderno as metrópoles in-
indeterminados, a uma configuração de traços sociais dustriais, as classes médias consumidoras de moda e de
que significaria a erupção de um movimento de des- lazer, surgiram a família nuclear - pessoas isoladas em
continuidade da condição moderna: mudanças dos sis- apartamentos - e a cultura de massa (revistas, filmes, no-
temas produtivos e crise do trabalho, eclipse da historici- velas), dando vitória à razão técnico-científica, inspirada
dade, crise do individualismo e onipresença da cultura no Iluminismo, a máquina fez a humanidade recuar seus
narcisista de massa. Em outras palavras: a pós-moder- hábitos religiosos, morais e foi ditado novos valores, mais
nidade tem predomínio do instantâneo, da perda de livres, urbanos, mas sempre atrelados no progresso social.
fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada Com a sociedade industrial e a multinacional, chega-
vez menor através do avanço da tecnologia. ram os serviços da tecnologia em geral, como informa-
No campo urbano, a cidade é vendida aos pedaços ções e comunicações em tempo real, o que proporciona
porque nela há caos, (des)ordem: padrões de diferen- uma economia pela informação.
tes graus de complexidade: o efêmero, o fragmentário, Codificar e manipular o conhecimento e a informa-
o descontínuo, o caótico predomina. Mudam-se valo- ção é vital para as sociedades pós-industriais, ou também
res: é o novo, o fugidio, o efêmero, o fulgaz e o indivi- chamadas de sociedades programadas, onde a pro-
dualismo que valem. A aceleração transforma o consu- gramação da produção do consumo e da vida social
mo numa rapidez nunca vivenciada: tudo é descartável significa projetar o comportamento.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética, a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina
nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicológicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o
trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos.
Os indivíduos na condição pós-moderno são um sujeito “blip”, alguém submetido a um bombardeio maciço
e aleatório de informações parcelares, que nunca formam um todo, e com importantes efeitos culturais, sociais e
políticos.
O pós-modernismo pode ser definido como as características de natureza sociocultural e estética que marcam
o capitalismo da era contemporânea. Este movimento, que também pode ser chamado de pós-industrial ou fi-
nanceiro, predomina mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é caracterizado pela avalanche recente de
inovações tecnológicas, pela subversão dos meios de comunicação e da informática, com a crescente influência
do universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista que seduz o homem pós-moderno.
O homem pós-moderno habita em um universo imagético, repleto de signos e ícones, privilegiados em detri-
mento dos objetos.
Tudo é fluido na pós-modernidade, daí o termo preferido pelo polonês Zygmunt Bauman, que tornou popular
esta expressão, e prefere traduzi-la como ‘modernidade líquida’, uma vez que nada mais é realmente concreto
na era atual. Tempo e espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade predomina sobre o coletivo e o ser
humano é guiado pela ética do prazer imediato como objetivo prioritário, denominado hedonismo.
A humanidade é induzida a levar sua liberdade ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de proba-
bilidades, desde que sua escolha recaia sempre no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetividade também
ser incessantemente fracionada.
Épocas Literárias
A literatura, como as outras artes, é o resultado do trabalho de um artista que vive as consequências da História.
A criação literária está diretamente relacionada ao momento histórico em que se insere.
As idades literárias recebem denominações variadas: escolas literárias, períodos, estilos e movimentos.
Os estilos de época do Ocidente, desde a Idade Média, podem ser classificados da seguinte forma:
Ênfase sobre a
Identificações individualidade,
com ideais da desprezo aos padrões
França (Revolução rígidos dos clássicos,
Romantismo Século XIX
F r a n c e s a ) , n a c i o n a l i s m o ,
Independência do predominância do
Brasil. romance e da poesia
lírica.
C a m p a n h a s
Ênfase nos aspectos
Realismo/Naturalismo/ socialistas, Marxismo,
sociais, nas narrativas,
Parnasianismo – no Brasil, teorias determinista
nos aspectos formais,
movimentos contemporâneos Século XIX (2.ª metade) e evolucionista,
na poesia, primado
à República e abolição da p r o l e t a r i a d o
do cotidiano na cena
escravatura. emergente e mais
literária.
organizado.
Ênfase na sensibilidade,
Transição para o
utilização da força
Século XIX (última século XX, tendências
Simbolismo sonora da palavra,
década) decadentistas em
predominância da
geral, Belle époque.
poesia lírica.
Ruptura com os
parnasianos, força
Modernismo – No Brasil, a Semana de Arte para as vanguardas,
comemoração dos 100 anos Moderna em 1922, d e s d o b r a m e n t o s
Século XX (1.ª metade)
da Independência é decisiva grandes rupturas com múltiplos: Movimento
para “Reformas”. a arte tradicional. A n t r o p ó f a g o ,
Movimento Pau-Brasil,
Verde-Amarelo etc.
Pós-guerra, Guerra Convivência de
Fria, mundo dividido muitas tendências
105
em blocos de direita discrepantes, maior
e de esquerda, aceitação de todas
Século XX (anos 50: acentuação das as vanguardas,
Pós-modernismo
contemporaneidade) diferenças entre movimentos de rupturas
mundo desenvolvido e retomadas, arte
e subdesenvolvido, feita de bricolagens
muitos movimentos (aproveitamento de
jovens de rebelião. restos), incertezas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002.
REFERÊNCIA DE SITES
Passei dois anos escrevendo o livro que acabo de termi- Em seu texto, o autor fala
nar. A tarefa não foi realizada em tempo integral, mas
nos momentos livres que ainda me restam. a) de seu prazer em escrever.
Há escritores que precisam de silêncio, solidão e am- b) da dificuldade em publicar o novo livro.
biente adequado para a prática do ofício. Se fosse c) do assunto de seu último livro.
esperar por essas condições, teria demorado 20 anos d) de seus planos para o futuro.
para publicá-lo, tempo de vida de que não disponho, e) da linguagem usada em seus textos.
infelizmente. Por força da necessidade, aprendi a es- Competência ENEM: H23
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
3. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017) Após c) os filmes de Hermano Penna são fruto de um encontro
ler o livro que reúne entrevistas e textos de Ernest Hemin- feliz com o povo de Poço Redondo, que lhe permitiu
gway sobre o ato de escrever, o autor Drauzio Varella enfocar o cangaço não como um fenômeno coleti-
vo simplesmente, mas como um movimento compos-
a) propôs-se a desenvolver uma escrita tão boa quanto to por seres complexos e com histórias individuais.
a de Machado de Assis. d) Hermano Penna chegou a Poço Redondo com o pro-
b) procurou reproduzir os estilos de Tchékhov, Homero e pósito de realizar um documentário sobre Lampião
padre Antônio Vieira. e Maria Bonita, mas, por meio do relato oral de seu
c) dedicou-se a treinar a escrita continuamente até que amigo Alcino Alves Costa, descobriu que lá havia um
chegou à perfeição. cangaceiro mais célebre, chamado Zé de Julião.
d) convenceu-se de que era capaz de escrever tão e) o material colhido por Hermano Penna acerca do
bem quanto seus autores preferidos. cangaço em Poço Redondo foi tão vasto que o dire-
e) resolveu escrever um livro sobre uma história que só tor decidiu distribuí-lo em dois filmes: “Aos ventos que
cabia a ele contar. virão” e “Zé de Julião, muito além do cangaço”, sen-
Competência ENEM: H23 do este último continuação direta do primeiro.
Competência ENEM: H15
4. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA AD-
MINISTRATIVA – FCC-2016)
5. (ENEM-2015)
Zé de Julião, muito além do cangaço
Cântico VI
Em 1977 estava em Sergipe para realizar um episódio do
Globo Repórter; adentrei os sertões e cheguei a Poço Tu tens um medo de
Redondo. A pequenez da cidade contrastava com a Acabar.
riqueza cultural e a hospitalidade dos seus moradores. Não vês que acabas todo o dia.
A alegria do encontro com sua gente guardava outras Que morres no amor.
surpresas. Poço Redondo é o epicentro simbólico da his- Na tristeza.
tória do cangaço. Aí morreram Lampião e Maria Bonita, Na dúvida.
e muitos outros. Aí conheci o escritor e historiador de sua No desejo.
gente, meu saudoso amigo Alcino Alves Costa. E foi dele Que te renovas todo dia.
que ouvi oralmente a história de Zé de Julião. No amor.
Nesse momento, o cangaço deixou de ser um coletivo Na tristeza. 107
para mim e passei a ver nele a dimensão dos seus integran- Na dúvida.
tes como pessoas reais em suas individualidades, grandezas No desejo.
e misérias. Foi aí também que nos prometemos, eu e Alcino, Que és sempre outro.
a realizar um filme sobre a extraordinária vida daquele ho- Que és sempre o mesmo.
mem, que de alguma forma une os dois grandes símbolos Que morrerás por idades imensas.
da cultura brasileira: o cangaço e Brasília. O cangaço, re- Até não teres medo de morrer.
presentativo da insubmissão violenta à opressão, e Brasília, E então serás eterno.
esse marco da grande utopia de uma nação democrática,
justa para todos, e pela qual continuamos a lutar. MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record,
Aconteceu; e não foi só um filme, são dois. Em 2012, reali- 1963 (fragmento).
zei o ficção “Aos ventos que virão”. Hoje entrego ao povo
sergipano o “Zé de Julião, muito além do cangaço”, do-
A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o
cumentário que busca contar a vida desse homem de ca-
homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu
minhos com tantas alegrias, tragédias e símbolos.
lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente
(Adaptado de: PENNA, Hermano. Disponível em: http://
à condição humana,
expressaosergipana.com.br)
A partir da leitura do texto, conclui-se corretamente que a) a sublimação espiritual graças ao poder de se emo-
cionar.
a) “Aos ventos que virão” e “Zé de Julião, muito além do b) o desalento irremediável em face do cotidiano re-
cangaço” são documentários produzidos por Herma- petitivo.
no Penna, com o auxílio de Alcino Alves Costa, visan- c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes
do preservar a memória dos cangaceiros que passa- humanas.
ram por Poço Redondo em seu trajeto rumo a Brasília. d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado
b) a hospitalidade dos moradores de Poço Redondo fez adolescente.
com que Hermano Penna se interessasse pela história e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade
do local, que guarda uma série de registros de can- das coisas.
gaceiros e políticos chegados de Brasília para aca- Competência ENEM: H17
lentar o sonho de prosperidade na capital do país.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde d) preconceito contra a pessoa obesa, pois ela sofre dis-
há pouca escolaridade e refinamento citadino, está fa- criminação em diversos espaços sociais.
dado à extinção? e) desempenho na realização das atividades cotidia-
É louvável que nos preocupemos com a extinção de nas, pois a obesidade interfere na performance.
ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a extin- Competência ENEM: H28
ção de uma palavra não promove nenhuma comoção,
como não nos comovemos com a extinção de insetos, 10. (ENEM-2015)
a não ser dos extraordinariamente belos. Pelo contrário,
muitas vezes a extinção das palavras é incentivada. Posso mandar por e-mail?
VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77,
mar. 2012 (adaptado). Atualmente, é comum disparar currículos na internet
com a expectativa de alcançar o maior número pos-
A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo sível de selecionadores. Essa, no entanto, é uma ideia
“pinchar” nos traz uma reflexão sobre a linguagem e equivocada: é preciso saber quem vai receber seu cur-
seus usos, a partir da qual compreende-se que rículo e se a vaga é realmente indicada para seu perfil,
sob o risco de “estar queimando o filme” com seu futu-
a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser des- ro empregador. Ao enviar o currículo por e-mail, tente
cartadas dos dicionários, conforme sugere o título. saber quem vai recebê-lo e faça um texto sucinto de
b) o cuidado com espécies animais em extinção é mais apresentação, com a sugestão a seguir:
urgente do que a preservação de palavras. Assunto: Currículo para a vaga de gerente de marketing
c) o abandono de determinados vocábulos está asso- Mensagem: Boa tarde. Meu nome é José da Silva e gos-
ciado a preconceitos socioculturais. taria de me candidatar à vaga de gerente de marke-
d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventá- ting. Meu currículo segue anexo.
rio de uma língua. Guia da língua 2010: modelos e técnicas. Língua Portu-
e) o mundo contemporâneo exige a inovação do vo- guesa, 2010 (adaptado).
cabulário das línguas.
Competência ENEM: H20 O texto integra um guia de modelos e técnicas de ela-
boração de textos e cumpre a função social de
9. (ENEM-2015)
a) divulgar um padrão oficial de redação e envio de
Obesidade causa doença currículos.
b) indicar um modelo de currículo para pleitear uma 109
A obesidade tornou-se uma epidemia global, segundo vaga de emprego.
a Organização Mundial da Saúde, ligada à Organiza- c) instruir o leitor sobre como ser eficiente no envio de
ção das Nações Unidas. O problema vem atingindo um currículo por e-mail.
número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, d) responder a uma pergunta de um assinante da revis-
e entre as principais causas desse crescimento estão o ta sobre o envio de currículo por e-mail.
modo de vida sedentário e a má alimentação. e) orientar o leitor sobre como alcançar o maior número
Segundo um médico especialista em cirurgia de redu- possível de selecionadores de currículos.
ção de estômago, a taxa de mortalidade entre homens Competência ENEM: H17
obesos de 25 a 40 anos é 12 vezes maior quando com-
parada à taxa de mortalidade entre indivíduos de peso 11. (ENEM-2015)
normal. O excesso de peso e de gordura no corpo de-
sencadeia e piora problemas de saúde que poderiam Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe bei-
ser evitados. Em alguns casos, a boa notícia é que a per- jou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e
da de peso leva à cura, como no caso da asma, mas eu parti.
em outros, como o infarto, não há solução. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instala-
FERREIRA, T. Disponível em: http://revistaepoca.globo. ção.
com. Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado). Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por
um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor
O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta que de tempos a tempos reformava o estabelecimento,
o excesso de peso e de gordura corporal dos indivíduos pintando-o jeitosamente de novidade, como os nego-
como um problema, relacionando-o ao ciantes que liquidam para recomeçar com artigos de
última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolida-
a) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante do crédito na preferência dos pais, sem levar em con-
na sociedade requer corpos magros. ta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o
b) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro bombo vistoso dos anúncios.
interfere na autoestima das pessoas. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família
c) quadro clínico da população, pois a obesidade é um do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com
fator de risco para o surgimento de diversas doenças o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propa-
crônicas. ganda pelas províncias, conferências em diversos pon-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
tos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a c) apresentar informações acerca das ondas eletro-
imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros ele- magnéticas e de seu uso.
mentares, fabricados às pressas com o ofegante e esba- d) alertar o leitor sobre os riscos de usar as micro-ondas
forido concurso de professores prudentemente anôni- em seu dia a dia.
mos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em e) apontar diferenças fisiológicas entre formigas e seres
Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte humanos.
com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em Competência ENEM: H23
que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se
ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos 13. (ENEM-NOVEMBRO-2016)
confins da pátria. Os lugares que os não procuravam
eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratui- Soneto VII
ta, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a
farinha daquela marca para o pão do espírito. Onde estou? Este sítio desconheço:
POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005. Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o E em contemplá-lo tímido esmoreço.
narrador revela um olhar sobre a inserção social do co-
légio demarcado pela Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas Ali em vale um monte está mudado:
vaidades pessoais. Quanto pode dos anos o progresso!
b) interferência afetiva das famílias, determinantes no
processo educacional. Árvores aqui vi tão florescentes,
c) produção pioneira de material didático, responsável Que faziam perpétua a primavera:
pela facilitação do ensino. Nem troncos vejo agora decadentes.
d) ampliação do acesso à educação, com a negocia-
ção dos custos escolares. Eu me engano: a região esta não era;
e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos Mas que venho a estranhar, se estão presentes
pelo interesse comum do avanço social. Meus males, com que tudo degenera!
Competência ENEM: H15
110 COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopu-
12. (ENEM-2015) blico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.
Por que as formigas não morrem quando postas em No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contempla-
forno de micro-ondas? ção da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em
que transparece uma
As micro-ondas são ondas eletromagnéticas com fre-
quência muito alta. Elas causam vibração nas molécu- a) angústia provocada pela sensação de solidão.
las de água, e é isso que aquece a comida. Se o prato b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
estiver seco, sua temperatura não se altera. Da mesma c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
maneira, se as formigas tiverem pouca água em seu d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
corpo, podem sair incólumes. Já um ser humano não se e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
sairia tão bem quanto esses insetos dentro de um forno Competência ENEM: H22
de micro-ondas superdimensionado: a água que com-
põe 70% do seu corpo aqueceria. Micro-ondas de baixa 14. (ENEM-NOVEMBRO-2016)
intensidade, porém, estão por toda a parte, oriundas
da telefonia celular, mas não há comprovação de que Sem acessórios nem som
causem problemas para a população humana.
OKUNO, E. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp. Escrever só para me livrar
br. Acesso em: 11 dez. 2013. de escrever.
Escrever sem ver, com riscos
Os textos constroem-se com recursos linguísticos que sentindo falta dos acompanhamentos
materializam diferentes propósitos comunicativos. Ao com as mesmas lesmas
responder à pergunta que dá título ao texto, o autor e figuras sem força de expressão.
tem como objetivo principal Mas tudo desafina:
o pensamento pesa
a) defender o ponto de vista de que as ondas eletro- tanto quanto o corpo
magnéticas são inofensivas. enquanto corto os conectivos
b) divulgar resultados de recentes pesquisas científicas corto as palavras rentes
para a sociedade. com tesoura de jardim
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Muito se fala sobre o impacto causado pelas tecnolo- c) as ações políticas e pedagógicas implementadas até
gias da comunicação e da informação nas diferentes o momento são suficientes para a preservação da lín-
mídias. A partir da análise do texto, conclui-se que essas gua geral amazônica.
tecnologias d) a diversidade do patrimônio cultural brasileiro, histori-
camente, tem se construído com base na unidade da
a) mantêm inalterados os modos de produção e veicu- língua portuguesa.
lação do conhecimento. e) o Brasil precisa se diferenciar de países vizinhos, como
b) provocam rupturas entre novas e velhas formas de Venezuela e Colômbia, por meio de um idioma co-
comunicar o conhecimento. mum na Amazônia brasileira.
c) modernizam práticas de divulgação do conhecimen- Competência ENEM: H20
to hoje consideradas obsoletas.
d) substituem os modos de produção de conhecimen- 22. (ENEM- 2.ª APLICAÇÃO-2017)
tos oriundos da oralidade e da escrita.
e) contribuem para a coexistência de diversos modos Querido Sr. Clemens,
de produção e veiculação de conhecimento.
Competência ENEM: H30 Sei que o ofendi porque sua carta, não datada de outro
dia, mas que parece ter sido escrita em 5 de julho, foi muito
21. (ENEM- 2.ª APLICAÇÃO-2017) abrupta; eu a li e reli com os olhos turvos de lágrimas. Não
usarei meu maravilhoso broche de peixe-anjo se o senhor
O último refúgio da língua geral no Brasil não quiser; devolverei ao senhor, se assim me for pedido...
OATES, J. C. Descanse em paz. São Paulo: Leya, 2008.
No coração da Floresta Amazônica é falada uma língua
que participou intensamente da história da maior região Nesse fragmento de carta pessoal, quanto à sequencia-
do Brasil. Trata-se da língua geral, também conhecida ção dos eventos, reconhece-se a norma-padrão pelo(a)
como nheengatu ou tupi moderno. A língua geral foi ali
a) colocação pronominal em próclise.
mais falada que o próprio português, inclusive por não
b) uso recorrente de marcas de negação.
índios, até o ano de 1877. Alguns fatores contribuíram
c) emprego adequado dos tempos verbais.
para o desaparecimento dessa língua de grande parte
d) preferência por arcaísmos, como “abrupta” e “turvo”.
da Amazônia, como perseguições oficiais no século XVIII
e) presença de qualificadores, como “maravilhoso” e
e a chegada maciça de falantes de português durante
“peixe-anjo”.
o ciclo da borracha, no século XIX. Língua-testemunho 113
Competência ENEM: H27
de um passado em que a Amazônia brasileira alargava
seus territórios, a língua geral hoje é falada por mais de
23. (ENEM-2018)
6 mil pessoas, num território que se estende pelo Brasil,
Venezuela e Colômbia. Em 2002, o município de São “A Declaração Universal dos Direitos Humanos está com-
Gabriel da Cachoeira ficou conhecido por ter oficiali- pletando 70 anos em tempos de desafios crescentes,
zado as três línguas indígenas mais usadas ali: o nheen- quando o ódio, a discriminação e a violência permane-
gatu, o baníua e o tucano. Foi a primeira vez que outras cem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das
línguas, além do português, ascendiam à condição de Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
línguas oficiais no Brasil. Embora a oficialização dessas (Unesco), Audrey Azoulay.
línguas não tenha obtido todos os resultados esperados, “Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade in-
redundou no ensino de nheengatu nas escolas munici- teira resolveu promover a dignidade humana em todos
pais daquele município e em muitas escolas estaduais os lugares e para sempre. Nesse espírito, as Nações Uni-
nele situadas. É fundamental que essa língua de tradi- das adotaram a Declaração Universal dos Direitos Huma-
ção eminentemente oral tenha agora sua gramática nos como um padrão comum de conquistas para todos
estudada e que textos de diversas naturezas sejam es- os povos e todas as nações”, disse Audrey.
critos, justamente para enfrentar os novos tempos que “Centenas de milhões de mulheres e homens são desti-
chegaram. tuídos e privados de condições básicas de subsistência
NAVARRO, E. Estudos Avançados, n. 26, 2012 (adapta- e de oportunidades. Movimentos populacionais forçados
do). geram violações aos direitos em uma escala sem prece-
dentes. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Susten-
O esforço de preservação do nheengatu, uma Língua tável promete não deixar ninguém para trás – e os direitos
que sofre com o risco de extinção, significa o reconhe- humanos devem ser o alicerce para todo o progresso.”
cimento de que Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto
antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco
a) as línguas de origem indígena têm seus próprios me- lidera a educação em direitos humanos para assegurar
canismos de autoconservação. que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e
b) a construção da cultura amazônica, ao longo dos os direitos dos outros.
anos, constituiu-se, em parte, pela expressão em lín- Disponível em: https://nacoesunidas.org. Acesso em: 3
guas de origem indígena. abr. 2018 (adaptado).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Defendendo a ideia de que “os direitos humanos de- Quanto à materialização da linguagem, a apresenta-
vem ser o alicerce para todo o progresso”, a diretora- ção de dados relativos à violência contra a mulher
-geral da Unesco aponta, como estratégia para atingir
esse fim, a a) configura uma discussão sobre os altos índices de
abuso físico contra as peruanas.
a) inclusão de todos na Agenda 2030. b) propõe um novo formato no enredo dos concursos
b) extinção da intolerância entre os indivíduos. de beleza feminina.
c) discussão desse tema desde a educação básica. c) condena o rigor estético exigido pelos concursos tra-
d) conquista de direitos para todos os povos e nações. dicionais.
e) promoção da dignidade humana em todos os lugares. d) recupera informações sensacionalistas a respeito
Competência ENEM: H23 desse tema.
e) subverte a função social da fala das candidatas a
24. (ENEM-2018) miss.
Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tra- Competência ENEM: H24
tado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que
acontece nas redes sociais: a democracia racial apre- 26. (ENEM-2015)
goada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acon-
tece diariamente nas comunidades virtuais do país. Le- Essa pequena
vantamento inédito realizado pelo projeto Comunica
que Muda [...] mostra em números a intolerância do Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
vasculhou plataformas [...] atrás de mensagens e textos Temo que não dure muito a nossa novela, mas
sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento Eu sou tão feliz com ela
político e homofobia. Foram identificadas 393 284 men- Meu dia voa e ela não acorda
ções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
exposição do preconceito e da discriminação. Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 Não canso de contemplá-la
dez. 2017 (adaptado). Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Ao abordar a postura do internauta brasileiro, mapea- Cuidando dela, que anda noutro mundo
114 da por meio de uma pesquisa em plataformas virtuais, Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
o texto Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
a) minimiza o alcance da comunicação digital. Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro. O blues já valeu a pena
c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respei-
to. CHICO BUARQUE. Disponível em: www.chicobuarque.
d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na so- com.br. Acesso em: 31 jun. 2012.
ciologia.
e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal com- O texto Essa pequena registra a expressão subjetiva do
portamento. enunciador, trabalhada em uma linguagem informal,
Competência ENEM: H28 comum na música popular. Observa-se, como marca
da variedade coloquial da linguagem presente no tex-
25. (ENEM-2018) to, o uso de
No tradicional concurso de miss, as candidatas apresen- a) palavras emprestadas de língua estrangeira, de uso
taram dados de feminicídio, abuso sexual e estupro no inusitado no português.
país. b) expressões populares, que reforçam a proximidade
No lugar das medidas de altura, peso, busto, cintura e entre o autor e o leitor.
quadril, dados da violência contra as mulheres no Peru. c) palavras polissêmicas, que geram ambiguidade.
Foi assim que as 23 candidatas ao Miss Peru 2017 pro- d) formas pronominais em primeira pessoa.
testaram contra os altos índices de feminicídio e abuso e) repetição sonora no final dos versos.
sexual no país no tradicional desfile em trajes de banho. Competência ENEM: H25
O tom político, porém, marcou a atração desde o co-
meço: logo no início, quando as peruanas se apresen-
taram, uma a uma, denunciaram os abusos morais e físi-
cos, a exploração sexual, o assédio, entre outros crimes
contra as mulheres.
Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em:
29 nov. 2017.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
a) desobediência à norma-padrão, requerida em am- Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que con-
bientes urbanos. tamina o ambiente e os animais. Também deixa mais
b) inadequação linguística das expressões cariocas às difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns
situações sociais apresentadas. produtos podem causar entupimentos: 115
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o - cotonete e fio dental;
grau de escolaridade dos falantes. - medicamento e preservativo;
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradição - óleo de cozinha;
cultural carioca. - ponta de cigarro;
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa - poeira de varrição de casa;
etária dos falantes. - fio de cabelo e pelos de animais;
Competência ENEM: H25 - tinta que não seja à base de água;
- querosene, gasolina, solvente, tíner.
28. (ENEM-1.ª APLICAÇÃO-2017) Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles,
como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem
Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chu- ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a
va torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o destinação final adequada.
sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta
movimentos da vida na roça. Num demorou nem um Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado).
tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona
Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar da- O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do
quela rema letárgica derivada da longa noite de sono. foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa
Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de da linguagem, predomina também nele a função refe-
bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em rencial, que busca
frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o
impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instan- a) despertar no leitor sentimentos de amor pela nature-
tes, mas o despertador foi imediato. Já aceso, entrei na za, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que bene-
cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar ficiarão a sustentabilidade do planeta.
do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando b) informar o leitor sobre as consequências da destina-
dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora ção inadequada do lixo, orientando-o sobre como
acompanhada de um garoto aparentando uns cinco fazer o correto descarte de alguns dejetos.
anos de idade já aboletada na ponta da mesa em pro- c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mos-
seio íntimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso trando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do
“Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas apre- texto em relação ao planeta.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procu- a) apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país.
rando certificar-se de que a mensagem sobre ações b) alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do
de sustentabilidade está sendo compreendida. mercado de recicláveis.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalha- c) divulgar a quantidade de produtos reciclados retira-
damente os termos utilizados de forma a proporcio- dos das rodovias brasileiras.
nar melhor compreensão do texto. d) revelar os altos índices de acidentes nas rodovias bra-
Competência ENEM: H19 sileiras poluídas nos últimos anos.
e) conscientizar sobre a necessidade de preservação
30. (ENEM-NOVEMBRO-2016) ambiental e de segurança nas rodovias.
Competência ENEM: H21
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o
sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de 32. (ENEM-2015)
atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os
outros textos significativos para cada um, reconhecer João Antônio de Barros (Jota Barros) nasceu aos 24 de
nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono junho de 1935, em Glória de Goitá (PE). Marceneiro, en-
da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebe- talhador, xilógrafo, poeta repentista e escritor de litera-
lar-se contra ela, propondo uma outra não prevista. tura de cordel, já publicou 33 folhetos e ainda tem vários
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mun- inéditos. Reside em São Paulo desde 1973, vivendo ex-
do. São Paulo: Ática, 1993. clusivamente da venda de livretos de cordel e das can-
tigas de improviso, ao som da viola. Grande divulgador
Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o pro- da poesia popular nordestina no Sul, tem dado frequen-
cesso de produção de sentidos, valendo-se da metalin- temente entrevistas à imprensa paulista sobre o assunto.
guagem. Essa função da linguagem torna-se evidente EVARISTO, M. C. O cordel em sala de aula. In: BRAN-
pelo fato de o texto DÃO, H. N. (Coord.). Gêneros do discurso na escola:
mito, conto, cordel, discurso político, divulgação cientí-
a) ressaltar a importância da intertextualidade. fica. São Paulo: Cortez, 2000.
b) propor leituras diferentes das previsíveis.
c) apresentar o ponto de vista da autora. A biografia é um gênero textual que descreve a trajetó-
d) discorrer sobre o ato de leitura. ria de determinado indivíduo, evidenciando sua singu-
e) focar a participação do leitor. laridade. No caso específico de uma biografia como a
116 Competência ENEM: H19 de João Antônio de Barros, um dos principais elementos
que a constitui é
31. (ENEM-2015)
a) a estilização dos eventos reais de sua vida, para que
Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados o relato biográfico surta os efeitos desejados.
adequadamente. Todos os meses são recolhidas das ro- b) o relato de eventos de sua vida em perspectiva histó-
dovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de rica, que valorize seu percurso artístico.
lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são c) a narração de eventos de sua vida que demonstrem
41,5 mil toneladas. O hábito de descartar embalagens, a qualidade de sua obra.
garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias per- d) uma retórica que enfatize alguns eventos da vida
siste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é exemplar da pessoa biografada.
que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o e) uma exposição de eventos de sua vida que mescle
meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, objetividade e construção ficcional.
contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atra- Competência ENEM: H21
palhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos peri-
gos que o lixo representa para os motoristas, o material 33. (ENEM-NOVEMBRO-2016)
descartado poderia ser devolvido para a cadeia pro-
dutiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodo- Querido diário
vias poderia ter melhor destino. Isso também vale para Hoje topei com alguns conhecidos meus
os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em Me dão bom-dia, cheios de carinho
sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
carros. Eles têm pena de eu viver sozinho
Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso [...]
em: 31 jul. 2012. Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na curva do rio
Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de Trouxe um porrete a mó de me quebrar
composição de texto, determinados pelo contexto em Mas eu não quebro porque sou macio, viu
que são produzidos, pelo público a que eles se desti-
nam, por sua finalidade. Pela leitura do texto apresenta- HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino,
do, reconhece-se que sua função é 2013 (fragmento).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
TEXTO I Apesar de
Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a profes- Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pes-
sora A. D. ... o português então não é uma língua difícil? soa não por causa de, mas apesar de. Gostar daquilo
Professora — olha se você parte do princípio… que a que é gostável é fácil: gentileza, bom humor, inteligên-
língua portuguesa não é só regras gramaticais… não cia, simpatia, tudo isso a gente tem em estoque na hora
se você se apaixona pela língua que você… já domina em que conhece uma pessoa e resolve conquistá-la.
que você já fala ao chegar na escola se o teu profes- Os defeitos ficam guardadinhos nos primeiros dias e só
sor cativa você a ler obras da literatura… obras da/dos então, com a convivência, vão saindo do esconderijo
meios de comunicação… se você tem acesso a revis- e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que
tas… é... a livros didáticos… a... livros de literatura o mais ele não é apenas gentil e doce, mas também um tre-
formal o e/o difícil é porque a escola transforma como mendo casca-grossa quando trata os próprios funcio-
eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises nários. E ela não é apenas segura e determinada, mas
gramaticais. uma chorona que passa 20 dias por mês com TPM. E que
ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é
TEXTO II supersticioso por bobagens, e que ela enjoa na estrada,
e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta
Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. de cachorro, e agora? Agora, convoquem o amor para
O português é uma língua difícil? resolver essa encrenca.
Professora — Não, se você parte do princípio que a lín- MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011
gua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar (adaptado).
à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o pro-
fessor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a Há elementos de coesão textual que retomam informa-
revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. ções no texto e outros que as antecipam. Nos trechos,
O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de o elemento de coesão sublinhado que antecipa uma
língua portuguesa em análises gramaticais. informação do texto é
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de
retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado). a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil [...]”.
118 b) “[...] tudo isso a gente tem em estoque [...]”.
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida c) “[...] na hora em que conhece uma pessoa [...]”.
por uma professora de português a um programa de rá- d) “[...] resolve conquistá-la.”
dio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a e) “[...] para resolver essa encrenca.”
modalidade escrita. Em comum, esses textos Competência ENEM: H18
neira mais lenta, o que faz com que perceba certos de-
talhes que não havia percebido antes. É uma forma de SE LIGA!
quantificar em porcentagem aproximada o quanto se Aproveite a praticidade da Internet para
sabe daquele texto. manter contato com a língua inglesa. Há
muitas redes sociais, aplicativos, é páginas
4. Scanning (ler rapidamente) web onde é possível obter vocabulário,
Esta técnica de leitura visa dar agilidade na busca por informação e leituras sobre os temas
informações específicas. Muitas vezes, após ler um texto, propostos no Enem (performance corporal e
nós queremos reencontrar alguma frase ou alguma pala- identidades juvenis, esportes, danças, lutas,
vra já lida anteriormente. Para efetuar esta busca não pre- jogos, artes visuais, músicas, danças, etc.).
cisamos ler o texto inteiro de novo, podemos simplesmente Entre outras atividades, leia jornais, revistas,
ir direto ao ponto aonde podemos encontrar tal informa- assista a filmes e escute podcasts.
ção. Isso é o scanning, significa encontrar respostas de
uma forma rápida e direta sem perder tempo relendo o
texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após
uma ou mais leituras completas do texto em questão. Se
desejar, o estudante pode ler o que os exercícios pedirão EXERCÍCIO COMENTADO
antes de fazer o scanning, pois assim ele irá selecionar
mais facilmente o que for mais importante para responder 1. (ENEM 1ª APLICAÇÃO - 2016)
àquelas questões direcionando-se melhor.
2. (UNESP – VESTIBULAR PRIMEIRO SEMESTRE – VUNESP - 2018) Resposta: Letra E. Esta questão de vestibular foi introduzida
Entre 11 de fevereiro e 03 de junho de 2018, o Museu de por um trecho em português que nos informa sobre seu
Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) abrigou a primeira tema: uma exposição de Tarsila do Amaral nos Estados
exposição nos Estados Unidos dedicada à pintora brasileira Unidos. O trecho em inglês nos remete a uma das pinturas
Tarsila do Amaral. Leia a apresentação de uma das pintu- da artista brasileira fornecidas nas alternativas. Observe
ras expostas para responder a seguinte questão: palavras cognatas e similares, como tropical, repetition,
The painting Sleep (1928) is a dreamlike representation of repetitive figure e não haverá dificuldade nenhuma em
tropical landscape, with this major motif of her repetitive fi- encontrar a obra descrita no trecho em inglês.
gure that disappears in the background.
This painting is an example of Tarsila’s venture into surrealism.
Elements such as repetition, random association, and dreamli-
ke figures are typical of surrealism that we can see as main
ARTIGOS
elements of this composition. She was never a truly surrealist
painter, but she was totally aware of surrealism’s legacy.
(www.moma.org. Adaptado.)
SE LIGA!
A apresentação refere-se à pintura: Embora tenhamos visto até agora
ferramentas de leituras importantes.
a) Não podemos negar a necessidade de
conhecermos a estrutura de uma frase em
inglês, pois só assim conseguiremos aumentar
nossos conhecimentos sobre a língua e
ganhar segurança quanto à realização de
provas e de outras leituras em busca de
desenvolvimento pessoal e profissional.
b)
ARTIGO DEFINIDO
MOUNT RORAIMA
Mount Roraima is surrounded by three different countries (Venezuela, Brazil, and Guyana) whose borderlines inter-
sect on the massive shelf, with all four sides being sheer 400-meter high cliffs. While its cliff walls are only scalable by
the most experienced of climbers, there is a path up the mountain’s natural ramp-like path (usually a two-day hike).
However, the mountain is worth a visit for more reasons than its impressive cliffs. Mount Roraima, part of Venezuela’s
30000-square-kilometer Canaima National Park, is the site of the highest peak of the country of Guyana’s Highland
Range. The mountains
of this range, including Roraima, are considered to be some of the oldest geological formations known, some dating
back to two billion years ago. Its near daily rains have also created a unique ecosystem which includes several en-
demic species, such as a unique carnivorous pitcher plant, and some of the highest waterfalls in the world. Culturally,
the mountain has long held significance to the indigenous people of the area and features prominently in their myths
and folklore. […]
O Monte Roraima, bem como a cadeia de montanhas do Parque Nacional Canaima, possui diversos atributos que
impressionam e atraem visitantes, como a dimensão dos penhascos, por exemplo. Outras características também
mencionadas no texto III são:
Resposta: Letra B. Por exigir que se extraia a informação do texto em si. Confira a alternativa que apresente
o vocabulário mencionado. Comece por procurar “a antiguidade das formações geológicas” que pode ser
124 confirmada por: “the oldest geological formations known”; depois, busque uma menção à importância do ecos-
sistema desse lugar e verá que ele é descrito como um ecossistema único “a unique ecosystem”. Por fim, em
destaque, uma frase começada por um artigo que especifica a importância do Monte Roraima: “the mountain
has long held significance to the indigenous people of the area”.
PRONOMES
#FicaDica
O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a pessoas quando não se sabe o sexo.
Exemplos:
She loves him a lot. (Ela o ama, ou “ela ama ele”)
I saw her at the party yesterday. (Eu a vi na festa ontem, ou “Eu vi ela na festa ontem”, literalmente)
What is it? A boy or a girl? (O que é? Um menino ou uma menina?)
We are going to meet them in front of the stadium. (Nós vamos encontrá-las(los) na frente do estádio)
They waited for us for two hours. (Eles esperaram por nós durante duas horas)
Can you send this e-mail for me, please? (Você pode enviar esse e-mail para mim, por favor?)
His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando com o dela)
Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza)
My friends went to the club with yours. (Meus amigos foram ao clube com os seus)
Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a apresentação dele ou a dela?)
PRONOMES REFLEXIVOS
Os Reflexive Pronouns são usados quando a ação do verbo recai sobre o próprio sujeito. Assim, o pronome refle-
xivo vem logo após o verbo e concorda com o sujeito. Eles se caracterizam pelas terminações -self (nas pessoas do
singular) e -selves (nas pessoas do plural).
Exemplos: He hurt himself with a knife. (He se feriu com uma faca)
She is looking at herself in the mirror. (Ela está olhando-se no espelho)
O Pronome Reflexivo também é empregado para marcar a pessoa que pratica a ação dizendo que ele mesmo
por si só praticou tal ação. Para tanto, podemos posicioná-lo logo após o sujeito ou no fim da frase. Veja:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Os Pronomes Reflexivos podem ser precedidos pela preposição by. Nesse caso, dão o sentido de que alguém
fez algo sozinho, sem ajuda ou companhia de ninguém.
Exemplos:
Did you go to the party by yourself? → Você foi à festa sozinho?
That old man wants to live by himself. → Aquele senhor quer viver sozinho.
PRONOMES INDEFINIDOS
Os principais pronomes indefinidos são: some, any e no (outros: none, every). Dependendo da frase, eles po-
dem ser traduzidos como algum(a), nenhum(a). Além disso, existem também os pronomes indefinidos compostos
que são palavras derivadas de some, any e no e que são utilizadas nas mesmas circunstâncias gramaticais. Veja-
mos o uso geral:
Em casos mais específicos, podemos usar some e seus derivados também em perguntas quando se deseja ou
se espera uma resposta afirmativa e também quando se oferece algo:
Would you like some coffee? (você gostaria de um pouco de café?)
Do you need some help with your homework? (você precisa de alguma ajuda com sua lição?)
126 Any e seus derivados também podem ser usados em frases afirmativas quando expressam qualquer um ou qual-
quer lugar ou coisa sem distinção:
Anyone can sing like that. (Qualquer um pode cantar desse jeito)
You can drink anything you want, OK! (Você pode beber qualquer coisa que desejar)
Casos especiais:
a) Tanto o pronome indefinido any quanto seus derivados podem ser utilizados quando o verbo estiver na
forma afirmativa e a frase contiver algum termo de sentido negativo como a palavra never. Veja:
b) Tanto o pronome indefinido no quanto seus derivados podem ser utilizados quando o verbo estiver na for-
ma afirmativa. A frase não pode conter nenhuma outra palavra de sentido negativo:
I have no idea to give you. (Não tenho nenhuma ideia para te dar)
I have nothing to do today. (Não tenho nada para fazer hoje)
I have nowhere to go on my vacation. (Não tenho nenhum lugar para ir durante minhas férias)
No one/Nobody wants to work in the holiday. (Ninguém quer trabalhar no feriado)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Os pronomes indefinidos podem atuar como subs- 8. When – Quando: When did they move? (Quan-
tantivos (indefinite pronouns), quando os substituem, do eles se mudaram?)
ou podem atuar como adjetivos (indefinite adjectives), When did you travel to Europe? (Quando você viajou
quando qualificam os substantivos. Portanto, serão as para a Europa?)
mesmas palavras, mas vistas em funções diferentes, Existem diversas formas compostas dos pronomes in-
como veremos adiante. terrogativos. Podemos juntar outras palavras a eles an-
tes dos verbos auxiliares, para especificar alguma infor-
PRONOMES INTERROGATIVOS mação. Veja: 127
Também chamados de Question Words, são utiliza- What kind of movies do you like? (Que tipo de filmes
dos para obtermos informações mais específicas a res- você gosta?)
peito de algo ou alguém. Suas perguntas são formadas What soccer team are you a fan of? (Para que time
por wh-questions porque todos os pronomes interrogati- de futebol você torce?)
vos possuem as letras wh. Na grande maioria das vezes, How often do you go to the gym? (Com que frequên-
os Interrogativos são posicionados antes de verbos au- cia você vai à academia?)
xiliares ou modais, no início de frases. Vamos compreen- How long is the Amazon river? (Qual o comprimento
dê-los detalhadamente a seguir. do rio Amazonas?)
How much does this newspaper cost? (Quanto custa
1. Who – Quem: Who is that girl? (Quem é aquela este jornal?)
garota?) How many brothers do you have? (Quantos irmãos
Who arrived first? (Quem chegou primeiro?) você tem?)
How good are you at tennis? (O quanto você é bom
2. Whom – Quem (mais formal, geralmente ante- em tênis?)
cedido de preposição e remete ao objeto de um ter- How old are you? (Quantos anos você tem?)
mo, a quem recebe a ação): How far is São Paulo from Rio? (Qual a distância entre
With whom did you go to the park? (Com quem você São Paulo e Rio?)
foi ao parque?) * Note que o sujeito na frase é you. How deep is this river? (Quão profundo é este rio?)
To whom was Nancy speaking last night? (Com
quem a Nancy estava falando ontem à noite?) * O su- Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da
jeito, neste caso é Nancy. oração, não se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome in-
terrogativo, inicia a pergunta seguido das outras pala-
3. Whose – De quem: Whose pen is this? (De quem vras na ordem afirmativa. Observe:
é esta caneta?)
Whose mansion is that? (De quem é aquela mansão?) Who knows? (Quem sabe?)
What happened? (O que aconteceu?)
Which came first: the egg or the chicken? (O que
veio primeiro: o ovo ou a galinha?)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
PRONOMES RELATIVOS
Exemplos: Jack and Jill went to the mountains. (O Impact on Human Health
Jack e a Jill foram às montanhas) Many pollutants have a negative impact on human
The water was warm, but I didn’t enter. (A água foi health. For example, pollutants in the air, such as ozone
aquecida, mas eu não entrei) or particulates in the air, may lead to respiratory health
I went swimming although it was cold. (Eu fui nadar problems such as asthma, chronic bronchitis and de-
apesar de estar frio) creased lung function. Drinking contaminated water
Russia is a beautiful country. It’s very cold, though. (A may lead to stomach and other digestive problems.
Rússia é um país lindo. E muito gelado, no entanto) Pollutants such as mercury can accumulate in fish and
I don’t care what you did as long as you love me. seafood and can lead to serious health problems, es-
(Não ligo para o que fez, desde que você me ame) pecially for vulnerable populations such as children or
He is so strong that broke the brick with his fist. (Ele é pregnant women. Pollutants in the soil, such as conta-
tão forte que quebrou o tijolo com o punho) mination by heavy metals, toxins or lead, can lead to
serious health problems, including cancer and develop-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mental problems in children.
Impact on Ecosystems
Because each type of pollution (air, water, land) does not occur separately from one another, entire ecosystems
are often impacted. For example, the use of pesticides or fertilizers on land may negatively impact terrestrial spe-
cies of plants and animals. When these materials are introduced to nearby bodies of water, they impact aquatic
species of plants and animals. Thus, curbing pollution in one area of an ecosystem can also help protect another
part of the ecosystem.
Resposta: Letra C. O aluno deve notar que duas destas alternativas surgem a partir de frases unidas por conjun-
ções. Assim, sabemos que a alternativa I está incorreta ao observar o último parágrafo: “Because each type of
pollution (air, water, land) does not occur separately from one another, entire ecossystems are often impacted”
(porque cada tipo de poluição (...) não acontece separadamente, ecossistemas inteiros são frequentemente
impactados). Confirmamos que II está certa no 1º parágrafo: “Most sources of pollution result from human ac-
tivity.”, que é extamente a tradução desse enunciado. Desta forma, perceba a importância de conhecer a
função de indicar causa e consequência ou resultado que transmitem because e result from.
SUBSTANTIVOS 131
Alguns usam derivação sufixal, ou adicionam male (homem) ou female (mulher), para diferenciar feminino de
masculino
Policeman policewoman
Prince princess
Male nurse female nurse
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
d) Nacionalidades terminadas em -ch, -ese, -ish, -iss não mudam sua forma no plural.
Singular form X Plural form
This is a Portuguese wine. The Portuguese produce a lot of wine.
(Este é um vinho português) (os Portugueses produzem muito vinho.)
The Peruvian president is here. The Peruvians have arrived.
(O presidente peruano está aqui) (Os peruanos chegaram)
g) Algumas palavras terminadas em -f ou -fe, e seus compostos, tem seu plural em terminado em -ves, assim
como seus derivados:
wife – wives / knife – knives / shelf – shelves / wolf – wolves / life – lives / half – halves / leaf – leaves / loaf – loa-
ves / elf – elves / calf – calves
Existem mais de cem palavras de origem latino ou The unconventional nudes of A Negra, a painting pro-
grego emprestadas à língua inglesa. duced in 1923, and Abaporu unite in Tarsila’s final great
Exemplos: criterion, phenomenon, cactus, bacterium, painting, Antropofagia, a marriage of two figures that is
thesis, analysis, datum, memorandum, referendum, gym- also
nasium, virus, appendix, larva, nucleus, campus, etc. a marriage of Old World and New. The couple sit entan-
O plural destas palavras pode seguir a regra do plural gled, her breast drooping over his knee, their giant feet
de sua língua original ou então seguir a regra em inglês. crossed one over the other, while, behind them, a bana-
A escolha será norteada pelo tipo de texto em que apa- na leaf grows as large as a cactus. The sun, high above
recem. Se for um texto formal ou científico, a primeira the primordial couple, is a wedge of lemon.
possibilidade será a mais adequada.
Em alguns casos, a palavra é escolhida de acordo (Jason Farago. www.nytimes.com, 15.02.2018.
com seu campo científico: appendixes é usado por ci- Adaptado.)
rurgiões, enquanto que appendices aparece em men-
ções a livros. A obra Antropofagia (“Cannibalism”) de Tarsila do Ama-
Algumas palavras mantêm seu plural apenas em sua ral, apresentada na imagem, é interpretada pelo autor
forma latina: do artigo como
Alga – algae / Desideratum – desiderata / Larva – lar-
vae / Nucleus – nuclei a) o casamento tradicional entre um homem e uma mulher.
b) uma referência aos trabalhadores rurais, evidencia-
dos pelo tamanho dos pés.
c) a agrura implacável da natureza, representada pelo
EXERCÍCIOS COMENTADOS Sol sobre o sertão.
d) uma expressão de contraste entre a suavidade da
bananeira e os espinhos do cacto mandacaru.
1. (VUNESP – PROVA UNESP – 2018)
e) uma mistura entre a Europa e a América.
Leia o trecho do artigo de Jason Farago, publicado pelo
jornal The New York Times.
Resposta: Letra E. A descrição de Antropofagia é de-
senvolvida pela expressão “marriage of two figures”
She led Latin American Art in a bold new direction
(casamento de duas figuras) e também “Old world
and New”. O substantivo “world” acabou sendo omi-
tido após o que normalmente chamaríamos de adje- 133
tivo (new), mas, por ter sido grafado com letra maiús-
cula, vemos que se trata de um substantivo: mundo,
usado também depois de um outro adjetivo com
maiúscula (old). Isto em referência aos dois mundos
unidos pela obra: O Novo Mundo e o Velho mundo (a
Europa e as Américas)
VERBOS
Todas as vezes em que o sujeito da frase for a 3ª pessoa do singular (he/she/it), devemos acrescentar um -s no
final do verbo. Em algumas situações será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma será has.
As formas negativas precisam fazer o uso dos verbos auxiliares do e does, acrescidos de not (do+not = don’t /
does+not= doesn’t). Doesn’t será usado somente com a 3ª pessoa singular. Exemplos:
I don’t work in the evening.
You don’t like to dance.
He doesn’t sleep a lot.
She doesn’t cook well.
It doesn’t bark too much.
We don’t speak English fluently.
You don’t drive fast.
They don’t drink beer.
#FicaDica
A ordem “sujeito + verbo no infinitivo (sem to) + complemento segue a mesma regra formação de
sentenças simples em português. Se você souber uma boa gama de verbos, poderá montar muitas frases
para praticar.
Para fazermos perguntas, posicionaremos do e does antes do sujeito da frase e acrescentaremos o ponto
de interrogação.
135
Do I work in the evening?
Do you like to dance?
Does he sleep a lot?
Does she cook well?
Does it bark too much?
Do we speak English fluently?
Do you drive fast?
Do they drink beer?
7. Passado Simples
Indica alguma ação completa no passado, ou seja, algo já finalizado. O passado simples caracteriza-se pela
adição da terminação -ed aos verbos regulares nas afirmativas. Nas interrogativas, usamos did antes dos sujeitos
das frases e, nas negativas, did not ou didn’t.
Vejamos alguns exemplos de verbos regulares:
a) Forma afirmativa
I worked yesterday. (Eu trabalhei ontem)
You answered my e-mail. (Você respondeu ao meu e-mail)
He traveled a lot. (Ele viajou muito)
She watched the movie. (Ela assitiu o filme)
It barked all night. (Ele/Ela latiu a noite toda)
We stayed here. (Nós ficamos aqui)
You played very well. (Vocês jogaram muito bem)
They parked far. (Eles estacionaram longe)
b) Forma negativa
I didn’t work yesterday. (Eu não trabalhei ontem)
You didn’t answer my e-mail. (Você não respondeu ao meu e-mail)
He didn’t travel a lot. (Ele não viajou muito)
She didn’t watch the movie. (Ela não assistiu o filme)
It didn’t bark all night. (Ele/Ela não latiu a noite toda)
We didn’t stay here. (Nós não ficamos aqui)
You didn’t play very well. (Vocês não jogaram muito bem)
They didn’t park far. (Eles não estacionaram longe)
c) Forma interrogativa
Did I work yesterday? (Eu trabalhei ontem?)
Did you answer my e-mail? (Você respondeu ao meu e-mail?)
Did he travel a lot, before he got married? (Ele viajou muito antes de casar?)
Did she watch the movie? (Ela assistiu o filme?)
Did it bark all night? (Ele/Ela latiu a noite toda?)
Did we stay here? (Nós ficamos aqui?)
Did you play very well? (Vocês jogaram muito bem?)
Did they park far? (Eles estacionaram longe?)
136 Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mesma forma. A única diferença é nas afirmações, pois eles
não recebem terminação -ed. É essencial conhecer as formas irregulares. Vejamos:
to go → I went to the beach lasts year. (to go: ir – Eu fui à praia o ano passado)
to leave → You left early. (to leave: sair, deixar – Você saiu cedo)
to drink → He drank too much at the party. (to drink: beber – Ele bebeu demais na festa)
to have → She had a sister before she turned 5. (to have: ter – Ela teve uma irmã antes de fazer 5 anos.)
to sleep → It slept under the bed. (to sleep: dormir – Dormiu debaixo da cama)
to stand → We stood in line. (to stand: ficar de pé – Nós ficamos na fila
to win → You won together. (to win: vencer, ganhar)
to cut → They cut the meat. (to cut: cortar)
#FicaDica
Marcadores de tempo, como yesterday, at the party, all night, before she got married, vão te ajudar a
reconhecer a necessidade de utilizar o Passado simples, por se tratar de ações já acabadas ou que não
continuam na atualidade.
8. Presente Perfeito
Formado pela utilização do auxiliar have ou has (para he, she, it) mais a forma do particípio de outro verbo.
Indica situações contínuas, coisas que têm acontecido por um certo período e que ainda não acabaram.
I have worked here for five years. (Tenho trabalhado aqui há cinco anos)
She has gone to the club a lot lately. (Ela tem ido muito ao clube ultimamente)
Dave and Mike have studied together since 2010. (Dave e Mike têm estudado juntos desde 2010)
O particípio dos verbos regulares permanece com o final -ed do passado simples. Quanto aos verbos irregulares,
estude também suas formas, pois podem mudar em relação ao passado simples. Veja alguns exemplos:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
SE LIGA!
Existem muitas páginas onde você poderá aprender mais sobre as diferenças dos tempos verbais e da
conjugação de verbos em inglês, como em https://web2.uvcs.uvic.ca/courses/elc/studyzone/410/
grammar/ppvpast.htm
O Present Perfect também é usado para descrever situações que já ocorreram, mas que não sabemos quando.
O tempo é indefinido, não interessa, ou simplesmente não importa, pois o que importa é o fato acontecido.
Mike has seen the ocean for the first time. (Mike viu o oceano pela primeira vez)
Sheila and Susan have already been to New York. (Sheila e Susan já estiveram em Nova Iorque)
I have already made my bed. (Eu já arrumei minha cama)
Palavras como yet, already, never, ever costumam acompanhar este tipo de oração:
I haven’t made my bed yet. (Eu ainda não arrumei minha cama)
Mike has never seen the ocean. (Mike nunca viu o oceano)
Sheila and Susan have already visited New York. (Sheila e Susan já foram a Nova Iorque)
Have you ever seen a famous person? (Você alguma vez viu uma pessoa famosa?)
Para fazermos perguntas no Present Perfect, basta colocar have ou has antes do sujeito da frase.
Have you bought Milk for the baby? (Você comprou leite para o bebê?)
Has he talked to the police officer? (Ele falou com o policial?)
Has Tina ever traveled to Salvador? (A Tina viajou a Salvador alguma vez?)
9. Passado Perfeito
É usado para dizer que alguma coisa ocorreu antes de outra no passado. Formado por had mais o particípio de
algum verbo. Veja no próximo exemplo que há duas situações acontecendo, mas, aquela que aconteceu primeiro
está usando o past perfect. Ambas orações estão unidas por when.
I had already left when my father called home. (Eu já tinha saído quando meu pai ligou para casa)
Não é extremamente necessário que haja duas orações. Pode haver apenas uma. Veja;
David had bought meat for the barbecue this morning. (David tinha comprado carne para o churrasco hoje de
manhã)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
A negativa é formada com had not ou hadn’t. Para per- f) May e Might podem ser empregados na negati-
guntar, devemos posicionar o had antes do sujeito. Exemplos: va, mas sem contração:
He hadn’t gone to the bar. (Ele não tinha ido ao bar) He may or may not agree with you. (Ele pode con-
Had you brought me those documents? (Você tinha me cordar ou não com você)
trazido aqueles documentos?)
2. Must (precisar, dever, ter que)
VERBOS MODAIS
a) Must é usado no presente e no futuro. Ele pode
Os verbos modais são distintos dos regulares e irregulares exprimir ordem, necessidade, obrigação, dever. É equi-
pois possuem características próprias: valente a have to (ter que):
a) Não precisam de auxiliares na formação de nega- I must go now. (Preciso ir agora)
tivas e interrogativas; You must obey your parents. (Você deve obedecer
b) Sempre após os modais, usamos um verbo regular a seus pais)
ou irregular no infinitivo, mas sem o “to”; You must follow your doctor’s advice. (Você tem que
c) Não sofrem alteração na terceira pessoa do singu- seguir os conselhos do seu médico)
lar do presente. Logo, nunca recebem “s”, “es” ou He has worked a lot; he must be tired. (Ele trabalhou
“ies” para he/she/it. muito; deve estar cansado)
São verbos modais: can, could, may, might, should, b) A forma negativa mustn’t (must not) exprime
must, ought to. uma proibição ou faz uma advertência:
Visitors must not feed the animals. (Visitantes estão
1. May, Might (poder) proibidos de alimentar os animais)
You mustn’t miss the 9:00 train. (Você não pode per-
a) May pode ser usado para pedir permissão: der o trem das 9:00)
May I open the window? (Posso abrir a janela?)
May I use your bathroom? (Posso usar seu banheiro?) 2. Can (poder)
a) Pode ser usado para expressar talentos e habili-
b) May e Might podem indicar possibilidade mais cer- dades no presente:
ta ou probabilidade mais remota: They can sing really well. (Eles podem cantar real-
It may rain. (Pode chover) => may indica algo com mais mente muito bem)
certeza do que might. I can speak English. (Eu sei falar Inglês)
138 It might rain. (Pode chover) => a probabilidade de cho-
ver é pequena. b) Pode ser usado para pedir permissão:
He might come to the party, but I don’t think he will. (Ele Can I drink water, teacher? (Posso ir beber água, pro-
pode vir à festa, mas não creio que virá) fessor?)
Can I see your homework? (Posso ver sua tarefa?)
c) May e might podem ser usados para exprimir um
propósito, uma aspiração ou uma esperança: c) Há duas formas negativas, can’t e cannot:
May he rest in peace. (Que ele repouse em paz) He can’t dance at all. (Ele não sabe dançar nada)
I hope that he might like this cake. (Espero que ele possa Tim cannot control his feelings. (Tim não consegue
gostar deste bolo) controlar seus sentimentos)
May all your dreams come true. (Que todos os seus so-
nhos se realizem) 1. Could (conseguia, podia, poderia)
a) Usamos could para expressar ideias como sen-
d) Para dizermos algo no passado e no futuro, ao do o passado de can:
invés de may e might, normalmente usamos os verbos “to When I was a teenager I could swim better. (Quando
be allowed to” ou “to be permitted to”, que significam “ser eu era adolescente eu podia nadar melhor)
permitido”: I could run, now I can’t anymore. (Eu podia correr,
He will be allowed to leave prison. (Ser-lhe-á permitido mas agora não consigo mais)
sair da prisão) b) Para pedir permissão, could é mais educado e
I wasn’t allowed to enter without a uniform. (Não me dei- formal que can:
xaram entrar sem um uniforme) Could you help me? (Você poderia me ajudar?)
Could I borrow your cell phone? (Eu poderia pegar
e) May e might não costumam ser usados na interro- emprestado seu celular?)
gativa exprimindo probabilidade ou possibilidade. Em seu
lugar, usamos to think, to be likely e can: 4. Should e Ought to (deveria)
Do you think he is listening for us? (Você acha que ele
está nos ouvindo?) a) Usamo-los para expressar nossa opinião, para
Is it likely to happen? (É possível/provável que isso aconteça?) recomendar, dar sugestão ou conselho:
Can this plan come true? (Poderá este plano se tornar He should travel more. (Ele deveria viajar mais)
realidade?) I ought to go right now. (Eu deveria ir imediatamente)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
VOZ PASSIVA
Em uma oração comum, o objeto recebe a ação do verbo. Observe os exemplos sob a ótica da ordem normal
das palavras numa frase
Sujeito + verbo + objeto)
Cats eat fish. (Gatos comem peixes)
A voz passiva é mais formal e menos comum. Usa-se quando o sujeito da ação não é importante ou desconhe-
cido. Se compararmos com a voz ativa, veremos uma inversão no posicionamento do sujeito e do objeto.
Objeto (da voz ativa) + to be + verbo principal no particípio +
Fish are eaten (by cats).
(Peixes são comidos por gatos)
A formação by + sujeito da voz ativa é optativa e funciona apenas para mencionar quem realizou a ação.
• No exemplo dado acima, fish torna-se o sujeito da voz passiva, enquanto que cats faz as vezes de objeto
da passiva.
Outros exemplos:
Parks are destroyed by our bad habits. (Parques são destruídos por nossos maus hábitos)
Many people were called by this company. (Muitas pessoas foram chamadas por esta empresa)
Kennedy was killed by Lee Harvey Oswald. (Kennedy foi morto por Lee Harvey Oswald)
My wallet has been stolen. (Minha carteira foi roubada)
Podemos conjugar a voz passiva em qualquer tempo. Por exemplo:
a) Present Simple:
It is made in Brazil. (É feito no Brasil)
b) Present Continuous:
It is being made in Brazil. (Está sendo feito no Brasil)
c) Present Perfect: 139
It has been made in Brazil. (Tem sido feito no Brasil)
INFINITIVO E GERÚNDIO
1. O Infinitivo
O infinitivo é a forma base do verbo (to be, to go, to love, to have, etc.), tal qual é encontrada nos dicionários.
O verbo no infinitivo pode ser antecedido pela partícula “to” ou não. Deve-se utilizar o infinitivo sem o “to” após:
2. O Gerúndio
Além de servir para formar o Presente Contínuo, al-
guns verbos acompanham outro verbo se colocados no
gerúndio.
Outros, como see, notice, feel, hear e observe, po-
dem ser seguidos tanto pelo infinitivo quanto pelo ge-
rúndio sem o “to”.
b) Sobre tempo, horário, datas comemorativas: The little boy was among many criminals. (O garoti-
Use on quando o dia é mencionado, para aniversá- nho estava entre muitos criminais)
rios, datas específicas e outros: Around: em volta de:
On Monday, on Tuesday… They traveled all around the country. (Eles viajavam
On July 2nd, On September 9th pelo país)
On her birthday, on that birthday… Before: antes de:
On Christmas, On Martin Luther King day, etc. She always arrives before 7 o’clock. (Ela sempre che-
On weekday, On weekends. ga antes das 7)
Behind: atrás de:
c) Horários e outros: Tim sits behind Peter. (O Tim senta atrás do Peter)
At midday, (at noon) Below: abaixo de:
at lunch time, etc. Answer the questions below. (Responda as questões
At night. abaixo)
Beside/Next to: ao lado de:
Acontecem algumas exceções quanto ao uso em The microphone is beside/next to the monitor.
relação a pronomes: Besides: além de: Besides English, she can also speak
Spanish.
a) Uso de in the way X on the way: Between: entre (dois ítens): He was sitting between
In the way (no caminho) – indica que há algo blo- two beautiful girls.
queando o caminho, a estrada, etc. impedindo a pas- Beyond: além de, após, atrás de: The lake is beyond
sagem do maio de transporte ou da pessoa para conti- the mountains.
nuar em frente. But: exceto: Everybody went to the party, but Chris.
On the way (a caminho) – evidência que alguma By: por, junto, ao lado de: Let’s sleep by the firepla-
coisa está por vir. ce.
There’s a big rock in the way. (Tem uma rocha enor- Down: abaixo, para baixo: Their house is down the
me no caminho / bloqueando o caminho) hill.
Don’t worry, I’m already on my way to the meeting. Up: acima, para cima: Their house is halfway up the
(Não se preocupe, já estou a caminho da reunião) hill.
During: durante: He was in the army during the war.
b) Uso de on a bus, on an airplane, on a train X in a For: a favor de: Who’s not for us is against us.
142 car, in a helicopter X by car, by bus, by train. For: por, para, há (tempo): Do it for me! Fish is good
Escolha on quando não for necessário que o passa- for health. They’ve lived here for many years.
geiro se sente para poder andar no meio de transporte, From: de (origem): Where is he from?
como é o caso de bus, de airplane, etc. In front of: na frente de: Peter sits in front of the tea-
Use in quando for necessário sentar-se no meio de cher in the classroom.
transporte, como a car, a truck. Inside/outside: dentro de/fora de: Let the dog sleep
Use by para relatar o meio de transporte que se esco- inside/outside the house.
lheu para transporte: Instead of: em vez de: You should study more instead
We are going by car, but my parents decided to go of playing video-games.
by motorcycle. (nós vamos de carro, mas meus pais vão Into: para dentro, em: The plane disappeared into
de moto) the cloud.
Near: perto de: The post office is near here.
OUTRAS PREPOSIÇÕES: Off: para fora (de uma superfície): Mark fell off his
motorcycle.
About: sobre, a respeito de: Out of: para fora de: Put these books out of the box.
Tell me about your experiences. Over: sobre, acima de, por cima de, mais que: There
(Me conte sobre suas experiencias) were over 1.000 people in the show.
Above: acima de: Through: através de: The guys walked through the
John’s apartment is above mine. forest.
(O apartamento do John está acima do meu.) Till/until: até (tempo): The message will arrive until to-
Across: através de, do outro lado: morrow.
The dog ran across the forest. To: para: Teresa will go to Italy next week.
(O cachorro correu através da floresta) Towards: para, em direção a: The boy threw the rock
After: depois de: towards the window.
She always wakes up after 9:00. (Ela sempre acorda Under: em baixo de: The cat sleeps under the bed.
depois das 9:00) With/without: com/sem: Come with me. I can’t live
Against: contra: without you.
The car crashed against the wall. (O carro bateu Within: dentro de: I will go there within a week.
contra o muro)
Among: entre (vários ítens):
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
PHRASAL VERBS
de/de) torna-se informação chave para entender os Quando o(s) adjetivo(s) aparece(m) junto a um subs-
propósitos da mídia estatal de realçar o movimento tantivo, aquele(s) sempre precede(m) este:
de retorno ao país, e esquecendo o grande número This is a big city. (big = adj. / city = substantivo)
de pessoas fugindo dele. (Esta é uma cidade grande)
2. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018) – TEXT I They live in a huge white house. (huge = adj. / white
= adj. / house = substantivo)
(Eles moram em uma casa branca enorme)
Adjetivos são palavras ou grupo de palavras que 4. Grau Comparativo de Superioridade com adje-
indicam características dos substantivos, definindo-os, tivos curtos: Adjetivos longos, como intelligent, careful e
delimitando-os ou modificando-os. Ao contrário do que comfortable → more + adjetivo longo + than = (mais...
ocorre na língua portuguesa, os adjetivos em inglês não do que...)
possuem forma plural, forma masculina, nem feminina.
Dave is more intelligent than his brother. (Dave é mais
She is beautiful. → They are beautiful. (Ela é linda / intelligente que seu irmão)
eles são lindos) He is more careful than his father as a driver. (Ele é
His car is red. → Their cars are red. (Seu – dele – carro mais cuidadoso que seu pai como motorista)
é vermelho / Seus carros são vermelhos) This house is more comfortable than the other. (Esta
*Note que os vocábulos beautiful e red permanece- casa é mais confortável que a outra)
ram sem mudança na frase em inglês.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
5. Grau Superlativo de Inferioridade: (the least + adjetivo) = (o menos...) * O adjetivo permanece sem modifi-
cação
This is the least important detail. (Este é o detalhe menos importante)
I’m always the least nervous during the tests. (Sempre sou o menos nervoso durante as provas)
That region is the least safe of the city. (Aquela região é a menos segura da cidade)
6. Grau Superlativo de Superioridade com adjetivos curtos: Adjetivos curtos, como cheap, tall e dry → the +
adjetivo curto + est = o mais...
This is the cheapest restaurant in town. (Este é o restaurante mais barato da cidade)
Jennifer is the tallest girl in the group. (Jennifer é a garota mais alta do grupo)
This is the driest region of the state. (Esta é a região mais seca do estado)
7. Grau Superlativo de Superioridade com adjetivos longos: Adjetivos curtos, como modern, handsome e
famous → the most + adjetivo longo = o mais...
This is the most modern TV set nowadays. (Este é o aparelho de TV mais moderno do momento)
He is the most handsome actor in the movies. (Ele é o ator mais bonito do cinema)
Messi is the most famous soccer player now. (Messi é o jogador de futebol mais famoso agora)
Modificações em alguns adjetivos:
Adjetivos terminados em -e: Acrescenta-se -r (no comparativo) ou -st (no superlativo):
a) Adjetivos curtos terminados em -y: Substituímos o -y por -i e depois colocamos -er ou -est:
Pretty – prettier – the prettiest
Dirty – dirtier – the dirtiest
8. Adjetivos irregulares
145
Adjetivo Tradução Comparativo Superlativo
Bad (mau) worse the worst
Good (bom) better the best
the farthest
Far (longe) (mais/adicional) farther further
the furtherst
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Mafalda, personagem famosa por seu pensamento crítico, discute um tema de grande importância para o mundo.
Aponte a alternativa que melhor explica o contido na tirinha lida.
Resposta: Letra D. Falando sobre uma pequena e humilde cadeira (“from this humble little chair”) a Mafalda per-
cebe possuir os mesmos poderes (“the same powers”) de persuasão que o Vaticano e a ONU. Embora pequeno.
Este texto possui vários exemplos da inversão dos adjetivos em relação ao português, por vezes, com mais de um
adjetivo ao mesmo tempo: humble little chair; impressioned call; world peace; the same powers of impression.
Generation of Spies
ln the 50 years since the first James Bond movie created a lasting impression of a British secret agent, a completely
different character is about to emerge. Britain’s intelligence agencies are to recruit their next generation of cyber
spies by harnessing the talents of the “Xbox generation”.
ln an’ expansion of a pilot program, Foreign Secretary William Hague announced Thursday that up to 100 18-year-
-olds will be given the chance to train for a career in Britain’s secret services. The move to recruit school-leavers marks
a break with the past, when agencies mainly drew their staff from among university graduates. “
Young people are the key to our country’s future success, just as they were during the War”, Hague said. “Today
we are not at war, but I see evidence every day of deliberate, organized attacks against intellectual property and
government networks in the United Kingdom.”
The new recruitment program, called the Single lntelligence Account apprenticeship scheme will enable students
with suitable qualifications in science, technology or engineering, to spend two years learning about communica-
tions, security and engineering through formal education, technical training and work placements.
JEARY, P. Disponível em: http://worldnews.nbcnews.com. Acesso em: 19 noy. 2012.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Segundo informações veiculadas pela NBC News, a gera- 4. Advérbios de Intensidade – Completely, com-
ção digital já tem seu espaço conquistado nas agências pletamente; enough, suficientemente, bastante;
britânicas de inteligência. O governo britânico decidiu que entirely, inteiramente; much, muito; nearly, quase,
aproximadamente; pretty, bastante; quite, comple-
a) enfrentará a guerra vigente e deliberada contra a pro- tamente; slightly, ligeiramente; equally, igualmente;
priedade intelectual no Reino Unido. exactly, exatamente; greatly, grandemente; very,
b) abandonará a política de contratação de universitá- muito; sufficiently, suficientemente; too, muito, de-
rios como agentes secretos. masiadamente; largely, grandemente; little, pouco;
c) recrutará jovens jogadores de Xbox como ciberespi- merely, meramente; etc.
ões das agências de inteligência. 5. Advérbios de Lugar – Anywhere, em qualquer lu-
d) implantará um esquema de capacitação de adoles- gar; around, ao redor; below, abaixo; everywhere,
centes para atuarem como agentes secretos. em todo lugar; far, longe; here, aqui; near, perto;
e) anunciará os nomes dos jovens a serem contratados nowhere, em nenhum lugar; there, lá; where, onde;
pelas agências de inteligência. etc.
6. Advérbios de Modo – Actively, ativamente; wrongly,
Resposta: Letra D. Além de observarmos que o título erroneamente; badly, mal; faithfully, fielmente; fast,
apresenta-nos o substantivo teen, que remete a todo rapidamente; gladly, alegremente; quickly, rapida-
jovem que tem entre 13 a 19 anos (thirteen, fourteen, mente; simply, simplesmente; steadily, firmemente;
fifteen, sixteen, senventeen, eighteen, nineteen), ou truly, verdadeiramente; well, bem; etc.
seja aos adolescentes, ou teenagers em inglês, alguns 7. Advérbios de Negação – No, not, no; hardly, sel-
adjetivos que acompanham substantivos chaves no dom, raramente; etc.
texto confirmam-nos o fato de que as agências de 8. Advérbios de Ordem – Firstly, primeiramente; secon-
governo inserirão jovens ao setor de inteligência: next dly, em segundo lugar; thirdly, em terceiro lugar;
generation, Xbox generation, Young people (próxima etc.
geração, geração Xbox e pessoas jovens) 9. Advérbios de Tempo – Already, já; always, sempre;
early, cedo; immediately, imediatamente; late, tar-
de; lately, ultimamente; never, nunca; now, agora;
soon, em breve, brevemente; still, ainda; then, en-
ADVÉRBIOS tão; today, hoje; tomorrow, amanhã; when, quan-
do; yesterday, ontem; etc.
10. Advérbios Interrogativ os –How, como; when, quan-
Advérbios são palavras que... do; where, onde; why, por que; etc. 147
2. (UNESPAR – 2018)
Texto 3:
The baby girl has stopped breathing. She was born prematurely and is only 3 weeks old. Her mother, Restina Bonifa-
ce, took her to the only public neonatal clinic in South Sudan. The country is one of the toughest places in the world
for newborns with health problems to survive. Ten feet away sits a donated respiratory machine that could save the
baby. But lacking a critical part, it goes unused. The doctor tries to resuscitate the baby for several minutes. Finally,
she begins breathing on her own. One in 10 babies brought to this clinic will die, most from treatable conditions. But
many mothers have nowhere else to go.
South Sudan, the world’s youngest nation, is in the midst of a humanitarian crisis. A brutal civil war has drained the
economy. As hospitals closed, doctors were forced to flee. Inside the clinic, many babies remain nameless. Their mo-
thers know they may not make it. “Our mothers here, they come for help,” said Rose Tongan, a pediatrician. “And
you pity them. You can’t do anything.” Electricity cuts out for days at a time. There is no formula for the premature
babies, no lab for blood tests, no facility for X-rays. There are no beds for breast-feeding mothers. They must sleep
outside, where they are at risk of infection and vulnerable to assault. “I feel like: What can I do?” Dr. Tongan said.
Hellen Sitima’s 3-day-old daughter is sick. “When we get home, then that’s the time to name the baby,” she says. Dr.
Tongan has no access to lab tests, but she determines that Ms. Sitima’s baby has a respiratory infection. The infection
clears, and Ms. Sitima takes her daughter home. She names her Gift.
Disponível em https://www.nytimes.com/interactive/2018/08/28/multimedia/south-sudan-babies.html. Acessado
em 22/10/2018
O texto relata a situação crítica em que se encontram hospitais no Sudão do Sul e de alguns pacientes que deles
precisam para sobreviver. Assim sendo, assinale a alternativa que corresponde ao lido:
a) No texto são relatados dois casos específicos de recém-nascidos, um com infecção respiratória e outro com 149
problemas cardiovasculares. Ambos não sobreviveram;
b) As mães procuram por ajuda no único hospital para recém-nascidos prematuros do país, mesmo sabendo que
eles não sobreviverão;
c) Apesar de muitas dificuldades e de falta de leitos, as mães dos bebês ficam em quartos próximos para amamen-
tá-los adequadamente;
d) Não há laboratórios para testes, nem facilidade para usar a máquina de Raio-X, contudo, o aparelho usado
para ajudar a respiração dos bebes prematuros ainda está funcionando bem.
e) É comum encontrar bebês ainda sem nome na clínica, aguardando por sua sobrevivência, para, então, em seus
lares, ganharem um nome.
Resposta: Letra E. “When we get home then that’s the time to name the baby,” (quando chegarmos em casa,
esse é o momento de dar nome ao bebê). Esta é a frase a ser observada, já que, iniciada pela locução adverbial
when we get home, conta o que precisávamos saber. Caso deseje maiores confirmações, não se esqueça de
observar o título do texto, que começa com “Born too soon”, onde o advérbio too complementa outro advérbio:
soon (formando a ideia de “cedo demais”) em referência ao destino trágico de se nascer em um país em guerra
e sem estrutura, que obriga o recém-nascido inclusive a esperar pelo seu nome.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
HORA DE PRATICAR!
No que diz respeito à tragédia ocorrida em Burkesville, a autora da carta enviada ao The New York Times busca
2. (ENEM – 2010)
150
Os cartões-postais costumam ser utilizados por viajan- 4. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) Examine a char-
tes que desejam enviar notícias dos lugares que visitam ge do cartunista Angeli, publicada originalmente em
a parentes e amigos. Publicado no site do projeto AN- 2003, e as afirmações que se seguem
DRILL, o texto em formato de cartão-postal tem o pro-
pósito de:
population is Muslim. Politics are hard to get away from can study that involved 10 000 patients from around
in Israel as everyone has an opinion on how to move the the world has found that people who leave school be-
country forward - with a ready ear you’re sure to hear fore the age of 16 are five times more likely to suffer a
opinions from every side of the political spectrum. heart attack and die than university graduates.
Disponível em: www.worldtravelguide.net. Acesso em: World Report News. Magazine Speak Up. Ano XIV, nº
15 jun. 2012. 170. Editora Camelot, 2001
Antes de viajar, turistas geralmente buscam informações Em relação às pesquisas, a utilização da expressão uni-
sobre o local para onde pretendem ir. O trecho do guia versity graduates evidencia a intenção de informar que
de viagens de Israel
a) as doenças do coração atacam dez mil pacientes.
a) descreve a história desse local para que turistas valo- b) as doenças do coração ocorrem na faixa dos dezes-
rizem seus costumes milenares. seis anos.
b) informa hábitos religiosos para auxiliar turistas a en- c) as pesquisas sobre doenças são divulgadas no meio
tenderem as diferenças culturais. acadêmico.
c) divulga os principais pontos turísticos para ajudar turis- d) jovens americanos são alertados dos riscos de doen-
tas a planejarem sua viagem. ças do coração.
d) recomenda medidas de segurança para alertar turis- e) maior nível de estudo reduz riscos de ataques do co-
tas sobre possíveis riscos locais. ração.
e) apresenta aspectos gerais da cultura do país para
continuar a atrair turistas estrangeiros. 8. (CEDERJ – 1º SEMESTRE - 2018) - Fake news could ruin
social media, but there’s still hope
6. (ENEM – 2016) – Frankentissue: printable cell techno-
logy by: Guðrun í Jákupsstovu
In November, researchers from the University of Wollon-
gong in Australia announced a new bio-ink that is a step Camille Francois, director of research and analysis at
toward really printing living human tissue on an inkjet Graphika, told the audience of her talk at TNW Confe-
printer. It is like printing tissue dot-by-dot. A drop of bio- rence:
-ink contains 10,000 to 30,000 cells. The focus of much of “Disinformation campaigns, or fake news is a concept
this research is the eventual production of tailored tissues we’ve known about for years, but few people realize
152 suitable for surgery, like living Band-Aids, which could be how varied the concept can be and how many forms it
printed on the inkjet. comes in. When the first instances of fake news started to
However, it is still nearly impossible to effectively replicate surface, they were connected with bots. These flooded
nature`s ingenious patterns on a home office accessory. conversations with alternative stories in order to create
Consider that the liver is a series of globules, the kidney noise and, in turn, silence what was actually being said”.
a set of pyramids. Those kinds of structures demand 3D According to Francois, today’s disinformation campaig-
printers that can build them up, layer by layer. At the mo- ns are far more varied than just bots – and much harder
ment, skin and other flat tissues are most promising for the to detect. For example, targeted harassment campaig-
inkjet. ns are carried out against journalists and human-rights
activists who are critical of governments or big organi-
Disponível em: <http://discovermagazine.com.> Acesso zations.
em: 2 dez. 2012. “We see this kind of campaigns happening at large sca-
le in countries like the Philippines, Turkey, Ecuador, and
O texto relata perspectivas no campo da tecnologia Venezuela. The point of these campaigns is to flood the
para cirurgias em geral, e a mais promissora para este narrative these people try to create with so much noise
momento enfoca o (a) that their original message gets silenced, their reputa-
tion gets damaged, and their credibility undermined. I
a) uso de um produto natural com milhares de células call this patriotic trolling.”
para reparar tecidos humanos. There are also examples of disinformation campaigns
b) criação de uma impressora especial para traçar ma- mobilizing people. This was evident during the US elec-
pas cirúrgicos detalhados. tions in 2016 when many fake events suddenly started
c) desenvolvimento de uma tinta para produzir pele e popping up on Facebook. One Russian Facebook page
tecidos humanos finos “organized” an anti-Islam event, while another “orga-
d) reprodução de células em 3D para ajudar nas cirur- nized” a pro-Islam demonstration. The two fake events
gias de recuperação dos rins. gathered activists to the same street in Texas, leading to
e) extração de glóbulos do fígado para serem reprodu- a stand-off.
zidos em laboratório. Francois explains how amazed she is that, in spite of so-
cial media being the main medium for these different
7. (ENEM – 2011) Going to university seems to reduce the disinformation campaigns, actual people also still use it
risk of dying from coronary heart disease. An Ameri- to protest properly.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
If we look at countries, like Turkey – where there’s a huge amount of censorship and smear campaigns directed at
human right defenders and journalists – citizens around the world and in those places still use social media to denou-
nce corruption, to organize human rights movements and this proves that we still haven’t lost the battle of who owns
social media.
This is an ongoing battle, and it lets us recognize the actors who are trying to remove the option for people to use
social media for good. But everyday you still have people all over the world turning to social media to support their
democratic activities. This gives me hope and a desire to protect people’s ability to use social media for good, for
denouncing corruption and protecting human rights.
Adapted from: <https://thenextweb.com/socialmedia/2018/05/25/ >. Access 09 Oct. 2018.
Glossary:
bot: (short for “robot”): um programa automático que roda na Internet; to flood: inundar; trolling: fazer postagem
deliberadamente ofensiva para provocar alguém; popping up: surgir, aparecer; stand-off: impasse: smear cam-
paigns: campanhas de difamação.
Em diferentes épocas e lugares, compositores têm utilizado seu espaço de produção musical para expressar e pro-
blematizar perspectivas de mundo. Paul McCartney, na letra dessa canção, defende
a) o aprendizado compartilhado.
b) a necessidade de donativos.
c) as manifestações culturais.
d) o bem em relação ao mal.
e) o respeito étnico.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Text IV pictures ordinary events about a mixed deaf and hearing family: a deaf father (Desmond), a mother who’s an
American Sign Language interpreter (Helen), and their hearing son (Cedric). In this comic stripe, Cedric talks about
his father to his playmates, who are afraid of Desmond because:
a) Desmond is using gesturing language to tell his son Cedric that he doesn’t like his playmates to look at him funny
like that.
b) Cedric asks Desmond to take his playmates to the planet “Eyeth” to teach them a gesturing language spoken by
CIA alien agents.
c) Desmond comes from another planet called “Eyeth”, where people have eyes hidden in the back of their head
154 and speak in a gesturing language.
d) Cedric made them think Desmond’s a CIA alien agent who speaks a top secret language and can see without
looking straight to the person’s eyes.
e) Desmond is looking at them using his hidden eyes he keeps in the back of his head while conspiring against them
in a gesturing language with his son Cedric.
12. (ENEM – 2017) One of the things that made an incredible impression on me in the film was Frida’s comfort in and ce-
lebration of her own unique beauty. She didn’t try to fit into conventional ideas or images about womanhood or what
makes someone or something beautiful. lnstead, she fully inhabited her own unique gifts, not particularly caring what
other people thought. She was magnetic and beautiful in her own right. She painted for years, not to be a commercial
success or to be discovered, but to express her own inner pain, joy, family, lave and culture. She absolutely and resolutely
was who she was. The trueness of her own unique vision and her ability to stand firmly in her own truth was what made
her successful in the end.
HUTZLER, L. Disponível em: www.etbscreenwriting.com. Acesso em: 6 maio 2013.
A autora desse comentário sobre o filme Frida mostra-se impressionada com o fato de a pintora
a) ter uma aparência exótica.
b) vender bem a sua imagem.
c) ter grande poder de sedução.
d) assumir sua beleza singular.
e) recriar-se por meio da pintura.
They say that the British love talking about the weather. For other nationalities this can be a banal and boring subject
of conversation, something that people talk about when
they have nothing else to say to each other. And yet the weather is a very important part of our lives. That at least
is the opinion of Barry Gromett, press officer for the Met Office. This is located in Exeter, a pretty cathedral city in the
southwest of England. Here employees – and computers – supply weather forecasts for much of the world.
Speak Up. Ano XXIII, nº 275.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ao conversar sobre a previsão do tempo, o texto mostra c) as mutações que os germes sofrem geralmente ate-
nuam a sua letalidade.
a) o aborrecimento do cidadão britânico ao falar sobre d) doenças presentes em animais e aves podem se
banalidades. transformar em doenças humanas.
b) a falta de ter o que falar em situações de avaliação e) as aves são as principais transmissoras de patógenos,
de línguas. devido à sua mobilidade.
c) a importância de se entender sobre meteorologia
para falar inglês. 15. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) No trecho do
d) as diferenças e as particularidades culturais no uso de primeiro parágrafo “Yet, success in conquering them re-
uma língua. mains patchy”, o termo sublinhado equivale, em portu-
e) O conflito entre diferentes ideias e opiniões ao se co- guês, a
municar em inglês.
a) assim mesmo.
14. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) – Prescriptions b) portanto.
for fighting epidemics c) além disso.
d) ao invés disso.
e) no entanto.
17. (ENEM 2ª APLICAÇÃO – 2016) – New vaccine could 18. (ENEM – 2010)
fight nicotine addiction
(...)
We’re currently working with the commission to develop
privacy-protected data sets, which will include a sample
of links that people engage with on Facebook. The aca-
demics selected by the commission will be able to stu-
dy these links to better understand the kinds of content
being shared on Facebook. Over time, this externally Bansky é um grafiteiro famoso. Na obra pintada em um
validated research will help keep us accountable and muro da cidade de Claremont, Califórnia, em 2007, ele
track our progress. fez uso de um trocadilho com a palavra “change”, o
que caracteriza seu grafite como um protesto contra a
https://newsroom.fb.com/news/2018/06/increasing-our-
-efforts-to-fightfalse-news/ a) escolha da mendicância como forma de vida.
Considerando que a fonte do texto II é uma publicação b) condição de vida das pessoas em miséria.
do próprio Facebook, assinale a alternativa que apre- c) falta de solidariedade dos mais favorecidos.
sente, em primeiro lugar, um trecho através do qual é d) marginalização das pessoas desabrigadas.
possível perceber que a empresa se coloca como res- e) incapacidade de os mendigos mudarem de vida.
ponsável pelo problema que vem tentando resolver e,
em seguida, uma medida possível de ser encontrada no 21. (ENEM – 2016) BOGOF is used as a noun as in ‘The-
texto: re are some great bogofs on at the supermarket’ or an 157
adjective, usually with a word such as ‘offer’ or ‘deal’ ̶
a) “The academics selected by the commission will be ‘there are some great bogof offers in store’.
able to study these links” / expandir a checagem de When you combine the first letters of the words in a phra-
fotos e vídeos publicados. se or the name of an organisation, you have an acronym.
b) “The academics selected by the commission will be Acronyms are spoken as a word so NATO (North Atlantic
able to study these links” / expandir o programa de Treaty Organisation) is not pronounced N-A-T-O. We say
checagem de fatos para outros países. NATO. Bogof, when said out loud, is quite comical for a
c) “Over the last year and half, we have been commit- native speaker, as it sounds like an insult, ‘Bog off!’ mea-
ted to fighting false news” / associar recursos huma- ning go away, leave me alone, slightly childish and a litt-
nos e de outras naturezas para o combate à veicula- le old-fashioned.
ção de notícias falsas. BOGOF is the best-known of the supermarket marketing
d) “Over the last year and half, we have been commit- strategies. The concept was first imported from the USA
ted to fighting false news” / promover a demissão de during the 1970s recession, when food prices were very
pessoal envolvido com o vazamento de notícias fal- high. It came back into fashion in the late 1990s, led by
sas big supermarket chains trying to gain a competitive ad-
e) “We’re currently working with the commission to de- vantage over each other. Consumers were attracted by
velop privacy-protected data sets” combater a vei- the idea that they could get something for nothing. Who
culação de notícias falsas por meio da associação às could possibly say ‘no’?
polícias federais dos diferentes países. Disponível em: <www.bbc.co.uk.> Acesso em: 2 ago.
2012 (adaptado).
22. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016) – New vaccine could c) reduzir os prejuízos causados por motoristas alcooli-
fight nicotine addiction zadas.
d) fazer uma crítica à falta de habilidade das mulheres
Cigarette smokers who are having trouble quitting be- ao volante.
cause of nicotine’s addictive power may some day be e) evitar os acidentes de trânsito envolvendo mulheres.
able to receive a novel antibody-producing vaccine to
help them kick the habit. 24. (ENEM - 2010)
The average cigarette contains about 4 000 different
chemicals that — when burned and inhaled — cause Viva la Vida
the serious health problems associated with smoking. But I used to rule the world
it is the nicotine in cigarettes that, like other addictive Seas would rise when I gave the word
substances, stimulates rewards centers in the brain and Now in the morning and I sleep alone
hooks smokers to the pleasurable but dangerous routine. Sweep the streets I used to own
Ronald Crystal, who chairs the department of genetic
medicine at Weill-Cornell Medical College in New York, I used to roll the dice
where researchers are developing a nicotine vaccine, Feel the fear in my enemy’s eyes
said the idea is to stimulate the smoker’s immune system Listen as the crowd would sing
to produce antibodies or immune proteins to destroy the “Now the old king is dead! Long live the king!”
nicotine molecule before it reaches the brain.
BERMAN, J. Disponível em: <www.voanews.com>. Aces- One minute I held the key
so em: 2 jul. 2012. Next the walls were closed on me
And I discovered that my castles stand
Muitas pessoas tentam parar de fumar, mas fracassam Upon pillars of salt and pillars of sand
e sucumbem ao vício. Na tentativa de ajudar os fuman- […]
tes, pesquisadores da Weill-Cornell Medical College es-
MARTIN, C. Viva la vida, Coldplay. In: Viva la vida or
tão desenvolvendo uma vacina que
Death and all his friends. Parlophone, 2008.
a) diminua o risco de o fumante se tornar dependente
Letras de músicas abordam temas que, de certa forma,
da nicotina.
podem ser reforçados pela repetição de trechos ou pa-
b) seja produzida a partir de moléculas de nicotina.
158 lavras. O fragmento da canção Viva la vida, por exem-
c) substitua a sensação de prazer oferecida pelo cigar-
plo, permite conhecer o relato de alguém que
ro.
d) ative a produção de anticorpos para combater a ni-
a) costumava ter o mundo aos seus pés e, de repente,
cotina.
se viu sem nada.
e) controle os estímulos cerebrais do hábito de fumar. b) almeja o título de rei e, por ele, tem enfrentado inú-
meros inimigos
23. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016) c) causa pouco temor a seus inimigos, embora tenha
muito poder.
d) limpava as ruas e, com seu esforço, tornou-se rei de
seu povo.
e) tinha a chave para todos os castelos nos quais dese-
java morar.
MILLENIUM GOALS
Definidos pelos países membros da Organização das Nações Unidas e por organizações internacionais, as metas de
desenvolvimento do milênio envolvem oito objetivos a serem alcançados até 2015. Apesar da diversidade cultural,
esses objetivos, mostrados na imagem, são comuns ao mundo todo, sendo dois deles:
Questões como o papel de homens e mulheres na sociedade contemporânea vêm sendo debatidas de diferentes
pontos de vista, influenciados por valores culturais específicos de cada sociedade. No caso das Ilhas Maurício, esses
valores sustentam a tomada de decisão em torno da
160
(global.oup.com)
a)) the majority of enslaved Africans were taken to the British and French Caribbean colonies.
b) enslaved Africans from Senegambia were mainly smuggled to Brazil.
c) a great part of enslaved Africans were forced to work in other African regions.
d) most enslaved Africans from West Central Africa were taken to British colonies in the Caribbean.
e) the northern region of the Americas, colonized by the British, received more enslaved Africans than the south.
By Lucy Jones
Over the last decade, much of Europe and the US have changed the way they illuminate city and town streets.
They have replaced high-energy sodium bulbs (the warmer, yellow ones) with energy-saving LED bulbs (with a blue
light emitting diode, which can feel harsh in comparison). As well as street lights, most of us are exposed to blue light
through smartphones, computers, TVs, and in the home.
The World Journal of Biological Psychiatry published a paper that warned of the potential effects of LED lighting on
mental illness. It raised concerns about the influence of blue light on sleep, other circadian-mediated symptoms,
use of digital healthcare apps and devices, and the higher sensitivity of teenagers to blue light. Specifically, the
researchers are concerned about the relationship between light exposure and the occurrence of manic and mixed
symptoms in bipolar disorder, having adverse effects on manic states and the sleep-wake cycle. For example, the
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
use of smartphones or computers by those people befo- For an interesting attempt to measure cause and effect
re bed could have a bad effect on their sleep, circadian try Mappiness, a project run by the London School of
rhythms and health. Economics, which offers a phone app that prompts you
Studies of the impact of blue light on healthy adults show to record your mood and situation.
it inhibits melatonin secretion which disrupts sleep and The mappiness webstsite says: We’re particularly interes-
can affect quality of life, physical and mental health and ted in how people’s happiness is affected by their local
susceptibility to illness. environment – air pollution, noise, green spaces, and so
Previous studies of sleep disorders in children and adoles- on – which the data from Mappiness will be absolutely
cents show a clear and consistent relationship between great for investigating.”
sleep disorders and frequency of digital device usage. Will it work? With enough people, it might. But there are
Currently, the National Sleep Foundation guidelines other problems. We’ve been using happiness and wel-
suggest not using technology 30 minutes before bed and l-being interchangeably. Is that ok? The difference co-
removing technology for the bedroom. However, there mes out in a sentiment like the war.” But was our well-
are currently no specific guidelines for people with an un- -being also greater then?
derlying mental illness or sensitivity to circadian disruption. Disponível em: http://www.bbc.co.uk. Acesso em: 27
As LED technology has rapidly spread across the globe, jun. 2011 (adaptado).
the focus has been on the visual element and the ener-
gysaving element. Now, scientists, health professionals O projeto Mappiness, idealizado pela London School of
and the LED industry are working to minimise the blue light Economics, ocupa-se do tema relacionado
in LEDs and create customisable lights that won’t harm
those suffering from psychiatric disorders. a) ao nível de felicidade das pessoas em tempos de
guerra.
Disponível em https://www.bbcearth.com/blog/?arti- b) à dificuldade de medir o nível de felicidade das pes-
cle=are-led-lights-making-us-ill Acessado em 22/10/2018 soas a partir do seu humor
c) ao nível de felicidade das pessoas enquanto falam
A rápida substituição de lâmpadas comuns por lâmpa- ao celular com seus familiares.
das de LED em todos os setores e locais tiveram duas d) à relação entre o nível de felicidade das pessoas e o
razões principais: a visual e a economia de energia. Po- ambiente no qual se encontram.
rém, importantes estudos estão investigando se há con- e) à influência das imagens grafitadas pelas ruas no au-
sequências deste uso para a saúde. Assim, de acordo mento do nível de felicidade das pessoas
com o texto, é possível dizer que:
TEXTO PARA AS QUESTÕES 30, 31 e 32: 161
a) Cientistas, profissionais da saúde e a indústria de lâm-
padas de LED estão trabalhando para diminuir a luz 30 (UNIMONTES - 1ª ETAPA – MANHÃ - 2018) – The age
azul existente nelas, criando luzes que não prejudi- you feel means more than your actual birthdate
quem as pessoas portadoras dos transtornos psiquiá-
tricos mencionados; Most people feel younger or older than they really are
b) Ainda não foi demonstrada cientificamente a relação – and this ‘subjective age’ has a big effect on their phy-
existente entre transtornos do sono e a frequência no sical and mental health.
uso de aparelhos digitais antes de dormir; Imagine, for a moment, that you had no birth certificate
c) Estudos sobre o impacto da luz azul em adultos saudá- and your age was simply based on the way you feel insi-
veis demonstram haver apenas uma pequena altera- de. How old would you say you are?
ção na produção de melanina; Like your height or shoe size, the number of years that
d) Estudos feitos por psiquiatras revelam que a luz azul have passed since you first entered the world is an un-
emitida pelas lâmpadas LED pode acalmar pessoas changeable fact. But everyday experience suggests
portadoras de transtorno bipolar, ajudando-as a rela- that we often don’t experience ageing the same way,
xar; with many people feeling older or younger than they
e) A Fundação Nacional do Sono já elaborou um ma- really are.
nual sobre o uso de aparelhos digitais à noite. Scientists are increasingly interested in this quality. They
are finding that your ‘subjective age’ may be essential
29. (ENEM – 2011) – How´s your mood? for understanding the reasons that some people appear
to flourish as they age – while others fade.
“The extent to which older adults feel much younger
than they are may determine important daily or life de-
cisions for what they will do next,” says Brian Nosek at the
University of Virginia.
Its importance doesn’t end there. Various studies have
even shown that your subjective age also can predict
various important health outcomes, including your risk of
death. In some very real ways, you really are ‘only as old
as you feel’.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Given these enticing results, many researchers are now According to the text, studies have shown that:
trying to unpick the many biological, psychological,
and social factors that shape the individual experience a) The younger you feel the more you seem to flourish.
of ageing – and how this knowledge might help us live b) The older you feel the more you seem to flourish.
longer, healthier lives. c) The more you live, the younger you die.
d) The older you feel, the younger you are.
O texto relata perspectivas no campo da tecnologia para cirurgias em geral, e a mais promissora para este mo-
mento enfoca o (a)
a) uso de um produto natural com milhares de células para reparar tecidos humanos.
b) criação de uma impressora especial para traçar mapas cirúrgicos detalhados.
c) desenvolvimento de uma tinta para produzir pele e tecidos humanos finos
d) reprodução de células em 3D para ajudar nas cirurgias de recuperação dos rins.
e) extração de glóbulos do fígado para serem reproduzidos em laboratório.
A tira definida como um segmento de história em quadrinhos, pode transmitir uma mensagem com efeito de hu-
mor. A presença desse efeito no diálogo entre Jon e Garfield acontece porque
a) Jon pensa que sua ex-namorada é maluca e que Garfield não sabia disso.
b) Jodell é a única namorada maluca que Jon teve, e Garfield acha isso estranho.
c) Garfield tem certeza de que a ex-namorada de Jon é sensata, o maluco é o amigo.
d) Garfield conhece as ex-namoradas de Jon e considera mais de uma como maluca.
e) Jon caracteriza a ex-namorada como maluca e não entende a cara de Garfield.
(Getty Images)
Epidemics have plagued humanity since the dawn of settled life. Yet, success in conquering them remains patchy.
Experts predict that a global one that could kill more than 300 million people would come round in the next 20 to 40
years.
What pathogen would cause it is anybody’s guess. Chances are that it will be a virus that lurks in birds or mammals,
or one that that has not yet hatched. The scariest are both highly lethal and spread easily among humans. Thankfully,
bugs that excel at the first tend to be weak at the other. But mutations – ordinary business for germs – can change
that in a blink. Moreover, when humans get too close to beasts, either wild or packed in farms, an animal disease
can become a human one.
A front-runner for global pandemics is the seasonal influenza virus, which mutates so much that a vaccine must be
custom-made every year. The Spanish flu pandemic of 1918, which killed 50 million to 100 million people, was a po-
tent version of the “swine flu” that emerged in 2009. The H5N1 “avian flu” strain, deadly in 60% of cases, came about
in the 1990s when a virus that sickened birds made the jump to a human. Ebola, HIV and Zika took a similar route.
(www.economist.com, 08.02.2018. Adaptado.)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
1. REGRA GERAL.
Masculino Feminino
el tío la tía
el pato la pata
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
c) Substantivos de origem grego, que costumam terminar em -ma, -pa, -ta e -a:
el clima el dilema el tema el diagrama el problema
el mapa
el planeta el poeta
el tranvía
6. OUTROS CASOS
Palavras femininas começadas com a letra a, ou há, cuja sílaba é tônica, adotam o artigo masculino “el”, “un”,
etc. para evitar repetição de som, mas no plural usam o artigo feminino no plural (“las”, “unas”).
el agua (las aguas)
un águila (unas águilas)
el hacha (las hachas)
b) Letras
la A, la B, la C, la D, etc.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
d) Outros
Português (Masculino) Espanhol (Feminino)
o costume la costumbre
o protesto la protesta
o rádio la radio
o sal la sal
o nariz la nariz
o leite la leche
o sangue la sangre
o sorriso la sonrisa
1. REGRA GERAL
Normalmente, substantivos no plural tem -s no final, após vogal e -es, após consoante:
Singular plural
168 manzana manzanas
plátano plátanos
café cafés
Singular plural
pantalón pantalones
flor flores
televisor televisores
2. SUBSTANTIVOS INVARIÁVEIS
a) Palavras terminadas em -s
la equis las equis
el lunes los lunes
la dosis las dosis
3. CASOS ESPECIAIS
a) Palavras terminadas em -i ou -u são acrescidas de -es:
javalí javalíes
rubí rubíes
bambú bambúes
5. Regras especiais: Quando há encontro de duas 1. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO – 2018)
vogais marcando uma sílaba tônica, devem ser toma-
dos alguns cuidados em relação à sua acentuação grá- La presunta abuelita - Guillermo Alvez de Olyveira María
fica. Eulalia Alzueta Bartaburu
a) Ditongo: no encontro de uma vogal débil (fra- Había una vez una niña que fue a pasear al bosque. De
ca) e uma vogal fuerte (forte), onde a forte é a vogal tô- repente se acordó de que no le había comprado nin-
nica acontece um ditongo e segue as regras de acen- gún regalo a su abuelita. Pasó por un parque y arrancó
tuação gráfica descritas anteriormente. unos lindos pimpollos rojos. Cuando llegó al bosque vio
Vogais fracas: i / u una carpa entre los árboles y alrededor unos cachorros
Vogais tônicas: a / e / o de león comiendo carne. El corazón le empezó a latir
oi-ga (não tem acento gráfico por ser palavra paro- muy fuerte. En cuanto pasó, los leones se pararon y em-
xítona terminada em vogal) pezaron a caminar atrás de ella. Buscó algún sitio para
can-táis (tem acento gráfico por ser oxítona termina- refugiarse y no lo encontró. Eso le pareció espantoso.
da em vogal) A lo lejos vio un bulto que se movía y pensó que había
ac-ción (oxítona terminada em -n) alguien que la podría ayudar. Cuando se acercó vio un
oso de espalda. Se quedó en silencio un rato hasta que
b) Tritongo: são vogais fortes precedidas e segui- el oso desapareció y luego, como la noche llegaba, se
das de vogais fracas. Também seguem as regras nor- decidió a prender fuego para cocinar un pastel de ber-
mais de acentuação: Continuáis; Miau ro que sacó del bolso.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Empezó a preparar el estofado y lavó también unas c) O homem pelado apareceu de repente, com a sa-
ciruelas. De repente apareció un hombre pelado con cola cheia de polvo e perguntou se ela poderia fazer
el saco lleno de polvo que le dijo si podía compartir la seu jantar
cena con él. La niña, aunque muy asustada, le preguntó d) De repente, um homem sem cabelo apareceu com
su apellido. Él le respondió que su apellido era Gutiérrez, o terno cheio de lama e disse se ela poderia fazer-lhe
pero que era más conocido por el sobrenombre Pepe. companhia no jantar.
El señor le dijo que la salsa del estofado estaba exquisita e) De repente, um homem careca apareceu com o pa-
aunque un poco salada. El hombre le dio un vaso de letó cheio de pó e disse se ela poderia dividir o jantar
vino y cuando ella se enderezó se sintió un poco ma- com ele.
reada. El señor Gutiérrez, al verla borracha, se ofreció a
llevarla hasta la casa de su abuela. Resposta: Letra E. Já sabendo o significado de polvo,
Ella se peinó su largo pelo y, agarrados del brazo, se fue- poderá ver que saco é paletó e cena é jantar. Perce-
ron rumbo a la casita del bosque. Mientras caminaban be a importância de conhecer falsos cognatos?
vieron unas huellas que parecían de zorro que iban en
dirección al sótano de la casa. El olor de una rica salsa
llegaba hasta la puerta. ARTIGOS E CONTRAÇÕES
Al entrar tuvieron una mala impresión: la abuelita, de
espalda, estaba borrando algo en una hoja, sentada
frente al escritorio. Con espanto vieron que bajo su saco Os artículos acompanham os substantivos e deter-
asomaba una cola peluda. El hombre agarró una es- minam ou indeterminam seu gênero e número. Seu uso
coba y le pegó a la presunta abuela partiéndole una é determinado pelo substantivo que os acompanham,
muela. La niña, al verse engañada por el lobo, quiso com exceção do artigo neutro.
desquitarse aplicándole distintos golpes. Entre tanto, la
abuela que estaba amordazada, empezó a golpear la ARTIGOS
tapa del sótano para que la sacaran de allí. Al descubrir
de dónde venían los golpes, consiguieron unas tenazas 1. ARTIGOS DETERMINADOS
para poder abrir el cerrojo que estaba todo herrumbra-
do. Cuando la abuela salió, con la ropa toda sucia de
polvo, llamaron a los guardas del bosque para contar Singular Plural
todo lo que había sucedido.
Masculino el Los
(http://www.portalsaofrancisco.com.br)
170 Feminino la Los
Marque a opção em que há apenas uma referência a Neutro lo -
alimento, dentre as palavras de cada alternativa.
2. ARTIGOS INDETERMINADOS
a) pimpollos, oso, pelo, presunta, tenazas.
b) huella, carpa, escoba, ciruelas, cerrojo.
c) salada, regalo, borracha, huellas, cena. Singular Plural
d) espalda, vino, olor, sótano, rato.
Masculino un unos
e) zorro, cachorros, carpa, sitio, polvo.
Feminino una Unas
Resposta: Letra B. Normalmente a questão pediria
que encontrássemos uma alternativa onde todas as 3. ARTIGO NEUTRO LO
palavras fazem referência a alimentos, mas desta vez Este artigo transforma adjetivos ou advérbios em
devemos achar apenas um alimento, entre todos os substantivos. Pelo fato de que essa classe de palavras
outros vocábulos. Esta palavra é ciruelas (ameixas). não possui gênero, deve ser acompanhado de um ar-
Recomendo que pesquise o significado das palavras tigo neutro.
que ficaram, pois muitas são falsos cognatos. Como Exemplos:
presuntas, que significa supostas, ou polvo, que sig- La linda mujer camina feliz por la vida. → (la = adje-
nifica pó. tivo)
Lo lindo de la vida es caminar feliz por ella. → (Artigo
2. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO – 2018) neutro + substantivação de linda)
Marque a opção que traduz a frase, “[...] De repente Hacer el bien sin mirar a quién es mi filosofía de vida.
apareció un hombre pelado con el saco lleno de polvo → (artigo + advérbio)
que le dijo si podía compartir la cena con él”. No sabes lo bien que me hace ayudarte. → (artigo
neutro + substantivação de bien)
a) Repentinamente um homem sem roupa com o saco A formação lo + que equivale a “o que” “aquilo
cheio de peixe disse a ela se poderia fazer uma cena que”:
com ele no horário do jantar. Lo que me has dicho me asustó.
b) De repente um homem apareceu e perguntou se ha-
via algo que ela pudesse oferecer a ele para comer.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
ADVÉRBIOS E ADJETIVOS
ADVÉRBIOS
Advérbios são uma palavra ou conjunto de palavras (locução) que modifica o sentido de outro advérbio, ad-
jetivos ou verbos. São classificados de acordo com sua função comunicativa.
1. MUCHO:
a) É usado antes ou depois de verbos.
Me duele mucho. - (isso me dói muito)
¡Mucho me alegra tu promoción! - (Fico muito feliz com sua promoção)
• Não se apocopa santo com nomes começados em “To” e “Do”: Santo Tomé, Santo Tomás, Santo Domingo,
etc., para não afetar sua pronúncia.
Exemplos:
Llegó tercero en la corrida.
El tercer candidato ha llegado.
Santo Domingo no era tan conocido.
San Antonio era un gran santo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
UNA INVASIÓN BORRÓ DEL MAPA A LOS HOMBRES DE LO QUE HOY ES ESPAÑA HACE 4.500 AÑOS
Hace más de 5.000 años, grupos de pastores a lomos de caballos se lanzaron desde las estepas del este de Europa
a la conquista del resto del continente. Los jinetes, conocidos hoy como yamnayas, llevaban consigo una innova-
ción tecnológica: carretas con ruedas que facilitaban la rápida ocupación de nuevas tierras. Hace 4.500 años, los
descendientes de estos habitantes de las estepas llegaron a la península Ibérica y borraron del mapa a los locales,
según una nueva investigación de un equipo internacional de científicos. “La colisión de estas dos poblaciones
no fue amistosa, sino que los hombres llegados del exterior desplazaron a los hombres locales casi por completo”,
según el genetista estadounidense David Reich, que adelantó sus resultados el 22 de septiembre en un evento or-
ganizado por la revista New Scientist.
La llegada de los invasores a lo que hoy es España y Portugal tuvo “un rápido y generalizado impacto genético”,
según afirmó el genetista español Íñigo Olalde hace dos semanas en un congreso científico en Jena (Alemania).
Las posteriores poblaciones de la Edad del Bronce presentaban “un 40% de la información genética y el 100% de sus
cromosomas Y procedentes de estos migrantes”, según la charla de Olalde. Dado que el cromosoma Y se hereda
de los padres, “esto significa que los hombres que llegaron tenían un acceso preferente a las mujeres locales, una
174 y otra vez”, describió Reich en el acto de New Scientist.
El nuevo estudio, que analiza el ADN de los restos de 153 individuos desenterrados en la península Ibérica, está pen-
diente de publicación en una de las revistas científicas más importantes del mundo. Ni Reich ni Olalde, ambos de la
Universidad de Harvard (EE UU), quieren ofrecer más detalles por el momento. En el trabajo también há participado
el genetista Carles Lalueza-Fox, del Instituto de Biología Evolutiva de Barcelona.
(…)
Extraído de: https://elpais.com/elpais/2018/10/01/ciencia/1538416630_736638.html
CUESTIÓN 65
¿Cuál es la mejor opción para sustituir las palabras subrayadas por otras sin perder el sentido original del texto?
Resposta: Letra E. Considerando “deslocar” como sinônimo de “desplazar” e “de forma frecuente” como o termo
mais próximo de “casi por completo”, aparecendo na frase “los hombres llegados el exterior desplazaron a los
hombres locales casi por completo”, podemos assumir que a alternativa E) seja a alternativa mais adequada.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
PRONOMES
Esta classe de palavra é bastante extensa e adquire funções variadas dentro de uma frase, muito embora
seu nome expresse que os pronomes existam para “substituir” (pro em latim significa “no lugar de”) o nome
(substantivos).
DEMONSTRATIVOS
SE LIGA!
Antigamente, pronomes e adjetivos diferenciavam-se pelo uso de acentuação gráfica, mas a partir
da nova lei de ortografia espanhola de 2010 esta diferenciação foi abolida.
Exemplos:
En esta casa hay dos cocinas. (esta + substantivo = adjetivo demonstrativo)
Esta (cocina) es más grande que la otra. (esta + ø = pronome demonstrativo)
175
PRONOMES PESSOAIS
Singular Plural
1ª pessoa Yo nosotros/nosotras eu/ nós
2ª pessoa Tú vosotros/vosotras você (tu)/vocês
ele, ela, o sr., a sra./ eles, elas, os senhores,
3ª pessoa él, ella, usted ellos, ellas, ustedes
as senhoras
Tú, em alguns países é
substituído por “vos”,
Exemplos:
Singular: Ella dijo una mentira a mí. Ella me dijo una mentira.
Ella dijo una mentira a vosotros. Ella os dijo una mentira.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
2. PRONOMES INDIRETOS
Os pronomes complemento indireto substituem o nome em uma oração com complemento indireto. Normal-
mente respondem a “com/ para / de / a quê”, “com/ para / a quem” ou “de quê”.
Outros Exemplos:
Complemento Direto Feminino Complemento Direto masculino
Ella dijo una mentira para María.
Ella contó un cuento para José.
Ella le dijo una mentira.
Ella le contó un cuento
Ella se la dijo.
Ella se lo contó.
Ella se lo dijo
Ella dijo mentiras para María y
176 Ella contó cuentos para María y José.
José.
Ella les contó cuentos.
Ella les dijo unas mentiras.
Ella se los contó
Ella se las dijo.
PRONOMES POSSESSIVOS
A diferença dos adjetivos possessivos, os pronomes não antecedem um substantivo e todos possuem formas
feminina e masculina:
SINGULAR PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
mío Mía míos mías
tuyo tuya tuyos tuyas
suyo suya suyos suyas
nuestro nuestra nuestros nuestras
vuestro vuestra vuestros vuestras
suyo suya suyos suyas
PRONOMES INDEFINIDOS
Substituem pessoas ou coisas de forma indefinida. Atenção. Não confunda com adjetivos indefinidos, que an-
tecedem um substantivo.
Exemplo:
– Ustedes tienen mucho orgullo de sus alumnos. (adjetivo + substantivo)
– Sí. mucho. (pronome)
São, entre outros: algo; alguno; alguien; bastante; cualquier; cualquiera; nada; nadie; poco; ninguno(a) (existe
também ningún, mas é adjetivo pois vem antes de um substantivo masculino)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
PRONOMES INTERROGATIVOS E EXCLAMATIVOS mos cualquier cosa que tengamos a mano: una pelota
Em espanhol começam e encerram a oração com o una sábana para divertirnos. Esa pequeña terapia de
o signo interrogativo e exclamativo risa es altamente curativa contra los bajones anímicos,
Qué; Quién / quiénes; Cuál / cuales; Cuánto / cuán- contra el estrés, contra los pequeños enojos cotidianos,
ta / cuántos / cuántas contra todo.
Exemplos: OVIEDO, P. Sophia, n. 130, ago. 2012 (adaptado).
¿Qué me cuentas sobre Ana?
¡Qué alegría haber visto a Ana! O texto é uma carta de leitor sobre a reportagem “De-
¿cuánto cuestan estos zapatos? senchúfalo… ¡a jugar!”, publicada em uma revista. Ao
¡Cuánta gente! relatar sua experiência pessoal, a leitora retoma o tema
da reportagem e confirma a necessidade de:
PRONOMES RELATIVOS
Coincidem com os pronomes interrogativos e ex- a) cercar as crianças da tecnologia disponível e treiná-
clamativos, mas não são acentuadas. Além disso, tem -las a usá-la.
também o pronome cuyo e suas variações. Sua função b) desconectar as crianças dos aparelhos tecnológicos
consiste em remeter a termos já mencionados: e brincar com elas.
cuyo / cuya / cuyos / cuyas; que / quien / quienes / c) oferecer às crianças uma variedade de brinquedos
cual / cuales / cuanto / cuanta / cuantos / cuantas não tecnológicos.
Exemplos: d) revezar o tempo que cada um dedica às brincadei-
El hombre, cuyo nombre no recuerdo, volvió a pre- ras com os filhos
guntar por ti. e) Controlar o tempo de que os filhos dispõem para usar
la casa que me mostraste ya fue vendida. os aparelhos tecnológicos.
PRONOMES JUNTO A IMPERATIVOS
Resposta: Letra B. Esta é uma ótima chance para re-
Os pronomes reflexivos ou outros pronomes pessoais
forçarmos que é muito comum a junção de prono-
também são adicionados diretamente à forma verbal.
mes e imperativos. O verbo desenchufar (desconec-
me – te – se – nos – os – se
tar), ligado ao pronome lo, faz referência a um texto
el – los – la – las – les, etc.
que incentiva aos pais a passar mais tempo com o
filho e afastá-las de aparelhos eletrônicos (ele ou filho
Podem ser unidos à forma imperativa, como nos
assume o pronome lo junto ao imperativo).
exemplos a seguir: 177
Pon las compras en la mesa (pon + las cartas = las)
2. (ENEM – 2016)
Ponlas en la mesa.
Pon las compras en la mesa, para mí, por favor. (para
mí = me) Preámbulo a las instrucciones para dar cuerda al reloj
Pónmelas sobre la mesa. Piensa en esto: cuando te regalan un reloj te regalan un
¿Le doy el libro a José? pequeño infierno florido, una cadena de rosas, un cala-
- Dáselo. bozo de aire. No te dan solamente el reloj, que los cum-
plas muy felices y esperamos que te dure porque es de
• Na forma negativa dos pronomes pessoais, sem- buena marca, suizo con áncora de rubíes; no te regalan
pre vai antes do verbo. solamente ese menudo picapedrero que te atarás a la
Pon las compras en la mesa (afirmativo) muñeca y pasearás contigo. Te regalan — no lo saben,
No pongas las compras en la mesa. lo terrible es que no lo saben —, te regalan un nuevo
No las pongas en la mesa. pedazo frágil y precario de ti mismo, algo que es tuyo
No me las pongas en la mesa. pero no es tu cuerpo, que hay que atar a tu cuerpo con
su correa como un bracito desesperado colgándose de
tu muñeca. Te regalan la necesidad de darle cuerda to-
dos los días, la obligación de darle cuerda para que siga
EXERCÍCIOS COMENTADOS siendo un reloj; te regalan la obsesión de atender a la
hora exacta en las vitrinas de las joyerías, en el anuncio
1. (ENEM – 2015) por la radio, en el servicio telefónico. Te regalan el mie-
Soy madre de un pequeño de 3 años y a partir del artí- do de perderlo, de que te lo roben, de que se te caiga
culo “Desenchúfalo… ¡a jugar!”, me puse a pensar en el al suelo y se rompa. Te regalan su marca, y la seguridad
tiempo que le dedico a mi hijo. Todos los días, cuando de que es una marca mejor que las otras, te regalan la
llego a mi casa, mi prioridad es mi hijo y nos turnamos tendencia de comparar tu reloj con los demás relojes.
con mi marido para ver quién cocina y quién se tira en No te regalan un reloj, tú eres el regalado, a ti te ofrecen
el piso a jugar con Santiago. Nuestro hijo tiene toda tec- para el cumpleaños del reloj.
nología a su disposición, porque su papá es técnico en CORTÁZAR, J. Historias de cronopios y de famas. Buenos
sistemas, pero cuando llegamos a casa después de un Aires: Sudamericana, 1963 (fragmento).
agotador día laboral, nos desenchufamos los tres y usa-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Nesse texto, Júlio Cortázar transforma pequenas ações cotidianas em criação literária,
Resposta: Letra C. A reflexão sobre a importância que adquirem as coisas, por cima das necessidades do próprio
ser humano, está recheada de reflexões sobre o que é que acontece quando alguém ganha um relógio: Não
será você quem “usará” o objeto, senão que é ele que “te” influenciará: “te regalan... la necedidad de darle
cuerda todos los días; te regalan la tendencia de comparar tu reloj con los demás relojes; te regalan un nuevo
pedazo frágil y precario de ti mismo”, e assim por diante.
VERBOS
a) Primeira conjugação:
Verbos que terminam em -ar, tais como andar /amar / hablar /arreglar / parar, etc.
b) Segunda conjugação:
São os verbos terminados em -er, tais como comer / vender/ hacer / oferecer, etc.
c) Terceira conjugação:
Verbos terminados em -ir, tais como partir / traduzir / sentir / dividir, etc.
1. MODO INDICATIVO
No modo indicativo temos os tempos verbais do Presente, Pretérito perfeito (ou indefinido), Pretérito Imperfeito
e Futuro simples, que apresentamos a seguir:
PRESENTE DO INDICATIVO
Usamos o Presente do Indicativo para relatar ações corriqueiras no presente. Muitos de seus verbos são regula-
res, como na tabela a seguir:
Outros verbos regulares: comprar, hablar, estudiar, trabajar, cantar, bailar, confiar, llamar; beber, correr, tomar,
leer, creer, comprender, barrer, ver, temer, aprender; abrir, subir, recibir, escribir, añadir, reunir, asistir, presumir, divi-
dir, existir, sufrir, discutir, etc.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
VERBOS IRREGULARES
A respeito dos verbos irregulares, muitos mantém a mesmo final que os verbos regulares, porém mudam certas
vogais anteriores à conjugação.
a) Da 1ª conjugação:
Mudam “o” por “ue”: contar, concordar, sonar, soñar, concordar, probar, colgar, rogar, volar, soltar, almorzar,
etc.
Mudam “e” por “ie”: apretar, cerrar, empezar, negar, sentar, despertar, atravesar, gobernar, helar, concertar,
tropezar, etc.
Exemplos:
Contar Negar
Yo cuento niego
Tú cuentas niegas
él/ella/usted cuenta niega
nosotros(as) contamos negamos
vosotros(as) contáis negáis
ellos/ellas/ustedes cuentan niegan
b) Da 2ª conjugação:
Mudam “o” por “eu”: cocer, comover, devolver, doler, envolver, disolver, torcer, morder, volver, etc.
Mudam “e” por “ie”: atender, defender, entender, atender, extender, ascender, perder, querer, etc.
Exemplos:
Contar Negar
Yo cuento niego 179
Tú cuentas niegas
él/ella/usted cuenta niega
nosotros(as) contamos negamos
vosotros(as) contáis negáis
ellos/ellas/ustedes cuentan niegan
c) Da 3ª conjugação:
Mudam “o” por “eu”: só acontece com os verbos dormir e morir.
Mudam “e” por “i”: corregir, despedir, elegir, impedir, seguir, repetir, teñir, sonreír, servir, derretir, vestir, etc.
Mudam “e” por “ie”: advertir, arrepentir, adherir, consentir, convertir, conferir, digerir, herir, preferir, etc.
Exemplos:
OUTRAS IRREGULARIDADES
Estar Ir
yo Estoy Voy
tú Estás Vas
él/ella/usted Está Va
nosotros(as) Estamos Vamos
vosotros(as) Estáis Vais
ellos/ellas/ustedes estamos vamos
d) Terminações especiais:
Mudam apenas na 1ª conjugação os seguintes verbos:
Haber
yo He
tú Has
él/ella/usted Ha
nosotros(as) Hemos
vosotros(as) Habéis
ellos/ellas/ustedes han
FORMAS REGULARES
Amar Vender Partir
yo amé vendí partí
tú amaste vendiste partiste
él/ella/usted amó vendió partió
nosotros(as) amamos vendimos partimos
vosotros(as) amasteis vendisteis partisteis
ellos/ellas/ustedes amaron vendieron partieron
Assim são conjugados: amar, bailar, cantar, cerrar, estudiar, llamar, llevar, nadar, soñar; beber, comer, correr,
encender, morder, nacer; abrir, dirgir, prohibir, sufrir, etc.
181
IRREGULARES– (2ª conjugação)
Caber Haber Tener Poder Poner
yo cupe hube tuve pude puso
tú cupiste hubiste tuviste pudiste pusiste
él/ella/usted cupo hubo tuvo pudo puso
nosotros(as) cupimos hubimos tuvimos pudimos pusimos
vosotros(as) cupisteis hubisteis tuvisteis pudisteis pusisteis
ellos/ellas/ustedes cupieron hubieron tuvieron pudieron pusieron
IRREGULARES – 2ª CONJUGAÇÃO
Ser Hacer Querer Traer
yo fui Hice quise traje
tú fuiste Hiciste quisiste trajiste
él/ella/usted fue Hizo quiso trajo
nosotros(as) fuimos hicimos quisimos trajimos
vosotros(as) fuisteis hicisteis quisisteis trajistes
ellos/ellas/ustedes fueron hicieron quisieron trajeron
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
IRREGULARES – 3ª CONJUGAÇÃO
Ir Venir Decir Producir
yo fui vine dije produje
tú fuiste viniste dijiste produjiste
él/ella/usted fue vino dijo produjo
nosotros(as) fuimos vinieron dijeron produjeron
vosotros(as) fuisteis vinisteis dijiste produjiste
ellos/ellas/ustedes fueron vinieron dijeron produjeron
Este tempo verbal serve para mencionar ações acontecidas recentemente e utiliza a conjugação do verbo
haber + particípio do verbo principal.
Usam expressões de tempo que indique a ideia de um tempo não muito distante:
Hace poco, has ahora, hoy, esta mañana, esta semana, etc.
A 1ª conjugação dos verbos não apresenta nenhuma irregularidade para a formação de sua forma composta,
182 no entanto, a 2ª e a 3ª conjugação tem algumas exceções:
a) IRREGULARIDADES DA 2ª CONJUGAÇÃO:
Mudam -er por outras formas, como -uesto; -uelto; -echo; -oto; -visto:
poner – compuesto
hacer – hecho
volver - vuelto
romper – roto
ver – visto
a) IRREGULARIDADES DA 3ª CONJUGAÇÃO:
A terminação -ir é mudada para -ierto; -icho; -ito; -uerto:
abrir – abierto
cubrir – cubierto
decir – dicho
escribir – escrito
morir – muerto
FUTURO SIMPLES
Entre outros verbos regulares temos: cantar, empezar, lavar, comprar, trabajar, estudiar, nadar, pensar, hablar,
llorar, encerrar, bailar, comer, deber, beber, correr, ler, entender, morder, crer, conocer, perder, nascer, vender,
crecer, ver, etc.
FORMAS REGULARES
Amar Comer Partir
yo amaba comía partía
tú amabas comías partías
él/ella/usted amaba comía partía
nosotros(as) amábamos comíamos partíamos
vosotros(as) amábais comíais partíais
ellos/ellas/ustedes amaban comían partían
FORMAS IRREGULARES
Ser Ir Ver
yo era iba veía
tú eras ibas veías
él/ella/usted era iba veía
183
nosotros(as) éramos íbamos veíamos
vosotros(as) érais íbais veíais
ellos/ellas/ustedes eran iban veían
FUTURO IMPERFEITO
Para expressar ações futuras, utilizamos no cotidiano a estrutura “ir a + infinitivo”.
Exemplo: Juan pronto va a pensar en una solución
Mas em espanhol também existe o futuro imperfeito que é utilizado para expressar ações futuras.
Ellos irán a México por su trabajo.
Formam-se a partir do infinitivo de cada verbo:
FORMAS IRREGULARES
Caber Haber Saber Hacer Decir
yo cabré habré sabré haré diré
tú cabrás habrás sabrás harás dirás
él/ella/usted cabrá habrá sabrá hará dirá
nosotros(as) cabremos habremos sabremos haremos diremos
vosotros(as) cabréis habréis sabréis haréis diréis
ellos/ellas/ustedes cabrán habrán sabrán harán dirán
Como o verbo tener são conjugados os verbos poder, salir, valer, venir e derivados.
IMPERATIVO
O modo imperativo se usa para dar ordens, pedir ou expressar desejos. O imperativo possui suas próprias formas
apenas na segunda pessoa do plural e no singular. Para as demais conjugações utiliza-se o modo subjuntivo.
1. VERBOS REGULARES
184 São conjugados como em amar comer e partir
IMPERATIVO NEGATIVO
a) Os verbos com ditongos e com mudança de vogal na 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo man-
tém o ditongo ou a mudança de vogal nas pessoas tú, usted, utedes:
VERBO IR
O imperativo de ir (muitas vezes o verbo ir se usa em sua forma reflexiva).
185
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
yo - -
tú ve, vete no (te) vayas
él/ella/usted vaya, váyase no (se) vaya
nosotros(as) vayamos, vayámonos No (nos) vayamos
vosotros(as) id, idos (iros) no (as) vayáis
ellos/ellas/ustedes vayan, váyanse No (se) vayan
VERBO SER
VERBO SABER
MODO SUBJUNTIVO
1. PRESENTE DO SUBJUNTIVO
O modo subjuntivo tem a característica de ressaltar a ideia de irreal, de probabilidade, de incerteza na concre-
tização de uma ação.
O presente do subjuntivo expressa uma ação não consumada, no presente ou no futuro, de acordo com o
contexto. Expressam dúvida, pedido, ordem, desejo:
Espero que te vaya bien mañana.
SE LIGA!
186 Gosto de usar a locução “espero que” para pensar no subjuntivo, já que normalmente me traz à
mente precisamente um verbo nessa conjugação:
Espero que amanhã não chova – Espero que mañana no llueva.
Verbos Regulares
Verbos terminados em –acer, -ecer, -ocer, -ucir. Como no verbo conocer com a adição de zc:
Yo conozca
Tú conozcas
él/ella/usted conozca
nosotros(as) conozcamos
vosotros(as) Conozcáis
ellos/ellas/ustedes conozcan
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Verbos ser/ir/estar/haber/hacer
EXERCÍCIOS COMENTADOS
187
1. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018)
Algunos de los países de habla hispana en los que conviven dos lenguas han puesto em marcha sistemas educati-
vos cuyo objetivo es garantizar la educación em esos dos idiomas. Sin embargo, en cada lugar se há encontrado
una solución específica.
Uno de los modelos es el que se ofrece en el País Vasco (España). Aquí existen tres modelos lingüísticos: en las es-
cuelas que ofrecen el modelo A, los alumnos reciben toda la educación en castellano, excepto en la asignatura
en lengua vasca (euskera); en el modelo D sucede a la inversa, estudian todas las materas en vasco, excepto la
asignatura de lengua española; y en el modelo B algunas asignaturas se imparten en castellano y otras en euskera.
Este modelo permite a los padres elegir la lengua en la que quieren que estudien sus hijos, pero según la opinión de
algunas personas, no contribuye a la cohesión de la sociedad vasca porque divide a los ciudadanos desde niños.
En Cataluña (España), la enseñanza en las escuelas primarias y secundarias es en catalán, aunque existe una asig-
natura de lengua castellana en todos los cursos.
Este modelo de educación bilingüe responde al concepto de discriminación positiva. La enseñanza en catalán fue
prohibida durante la dictadura franquista (1939-75). A finales de los años 80 se consideró que la única manera de
que los catalanes aprendieran su lengua (que habían continuado hablando en sus casas, pero que muchos no sa-
bían escribir) era que la enseñanza fuera en catalán. Este modelo ha recibido críticas de los que creen que debería
ser posible que un niño fuera educado en español. Aunque se propuso crear un modelo como el vasco, se rechazó
esa opción al considerar que podría dividir a la sociedad catalana entre catalano y castellano parlantes. (…)
Texto adaptado de CHAMORRO, César et. al. Todas las Vozes – Curso de Cultura y Civilización B1. Barcelona: Difu-
sión, 2012. p. 73-74.
Sobre el fragmento “Este modelo ha recibido críticas de los que creen que debería ser posible que un niño fuera
educado en español. Aunque se propuso crear un modelo como el vasco, se rechazó esa opción al considerar que
podría dividir a la sociedad catalana entre catalano y castellanoparlantes.”, es CORRECTO afirmar:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
a) Los verbos “propuso” y “rechazó” están conjugados Resposta: Letra D. A Azaral, Asociación Canária de
em el pretérito perfecto de indicativo. Crianza natural, é a promotora do anúncio que, por
b) Los verbos “debería” y “podría” están conjugados almejar promover a criação (crianza) natural infantil,
em el pretérito indefinido de indicativo. mostra a outras mães que elas podem fazer parte do
c) “Ha recibido” es una forma verbal compuesta y está grupo ao apoiar o aleitamento materno e proceder
conjugada en el presente de indicativo. como elas. Além do nosotras (3ª pessoa do plural), o
d) El verbo “propuso” está conjugado en el pretérito in- adjetivo possessivo nuestros acompanha esta reflexão.
defino de indicativo.
e) “Rechazó” es una forma verbal simples y está conju-
gada en el pretérito imperfecto de indicativo. PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES
Resposta: Letra D. O verbo proponer, que é derivado
do verbo poner, cuja terminação é irregular no Pre- PREPOSIÇÕES
térito Perfeito (ou indefinido), foi conjugado correta-
mente nesse tempo verbal: yo propuse, tú propusiste, Estabelecem relações entre duas palavras, conce-
él propuso, etc. dendo-lhes significação de acordo com seu propósito
(lugar, tempo, modo, exceção, velocidade, de tempo,
2. (ENEM – 2014) de causa, etc).
São, entre outros:
a, ante, bajo, con, contra, de, desde, durante, en,
entre, excepto, incluso, salvo, según, hacia, hasta, para,
por, sobre, sin, tras, no obstante, etc.
a) Um adjetivo e um verbo:
¿Estás preparada para viajar? (adjetivo + para + ver-
bo)
c) Um substantivo e um verbo:
Tráeme la tabla de cortar. (sustantivo + de + verbo)
d) Um verbo e um substantivo:
No bailes en el dormitorio. (verbo + en + substantivo)
b) de causa: porque – puesto que – ya que – en vista O texto aborda a temática do HPV. Ao discorrer sobre
de que – pues, etc. o contágio e a prevenção do papiloma humano, a
c) de comparação: tanto… como – igual… que – autora informa aos leitores que esse vírus é
como… si, etc.
d) de lugar: donde a) estudado pela Academia Americana de Pediatria
e) de modo: como – según (que), etc. por seus efeitos em crianças.
f) Consecutivas: por lo tanto – conque – por consi- b) responsável pelo aumento de casos de câncer na
guiente – así (es que) – luego população jovem mexicana.
g) Concesivas: A pesar (de) que – aunque – si bien c) ignorado pelos homens por se restringir à população
– aun si – así, etc. feminina.
Como, cuando a menos que – sí, etc. d) combatido por vacinas que devem ser aplicadas
h) Finales: Con el objetivo de que – para que – para tanto em mulheres quanto em homens.
(que), etc. e) classificado como um problema superável pela facili-
dade com que se enfrenta a infecção.
2. Conjunções coordinantes
As palavras ou orações a serem coordenadas por Resposta: Letra: D. A função adversativa da locução
estas conjunções não dependem uma da outra, se “no sólo... sino”, ajuda a construir uma boa razão para
complementam. São: que os homens também apoiem a vacinação mas-
a) Adversativas: aunque – no obstante – sin em- culina contra o HPV. A locução (no sólo) informa o
bargo – pero, etc. leitor homem que não vacinar-se não apenas ajuda
b) Copulativas: y (e) – ni – que, etc. a propagar o papiloma em mulheres, como também
c) Distributivas: ya... ya – bien... bien, etc (sino también) provoca outros problemas de saúde
d) Disyuntivas: o (u) – bien – ora, etc. tanto a homens como a mulheres.
e) Explicativas: o sea – es decir – esto es, etc.
EXERCÍCIO COMENTADO
3. (ENEM - 2011)
países y las ciudades desde los que llegaban aquellas 5. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016)
voces que cada noche venían a acompañarme. Pen-
saba que aquellas voces no eran reales, o por lo me- Canción con todos
nos no como la mía, pues siempre decían lo mismo y
sonaban casi iguales, pero a mí eso, entonces, no me Salgo a caminar
importaba. Lo que me importaba a mí era saber cómo Por la cintura cósmica del sur
sería Madrid, o París, o el Vaticano, cuya emisora mi Piso en la región
padre conectaba algunas noches para escuchar al Más vegetal del tiempo y de la luz
Papa, y, sobre todo, aquel extraño país que se llamaba Siento al caminar
el Principado de Andorra y que yo imaginaba tan irreal Toda la piel de América en mi piel
como la voz de su locutora porque, aparte de sonar a Y anda en mi sangre un río
país de cuento, ni siquiera venía en el mapa. Y en esos Que libera en mi voz
pensamientos iban pasando las noches, todas iguales y Su caudal.
repetidas, todas igual de monótonas que las voces de Sol de alto Perú
la radio. Rostro Bolivia, estaño y soledad
Una noche, sin embargo, una noticia vino a romper la Un verde Brasil besa a mi Chile
rutina de la radio y de mi casa. Recuerdo aún que está- Cobre y mineral
bamos cenando. De repente, la música se interrumpió Subo desde el sur
y una voz grave anunció escuetamente, tras la corres- Hacia la entraña América y total
pondiente señal de alarma, que el presidente de los Es- Pura raíz de un grito
tados Unidos había sido asesinado. (…) Destinado a crecer
Yo no sabía lo que pasaba. Sabía que era algo grave Y a estallar.
por el tono de voz de los locutores y por la seriedad y Todas las voces, todas
el miedo de mis padres, pero no comprendía qué te- Todas las manos, todas
nía que ver el presidente de los Estados Unidos con ellos Toda la sangre puede
ni por qué les preocupaba tanto (casi tanto como la Ser canción en el viento.
muerte del abuelo, que había sucedido meses antes) ¡Canta conmigo, canta
lo que acabara de pasar en un país que, como el Prin- Hermano americano
cipado de Andorra, imaginaba que tampoco vendría Libera tu esperanza
siquiera en el mapa. (…) Con un grito en la voz!
Al día siguiente, en la escuela, descubrí con sorpresa 191
que nadie sabía nada: ni quién era Kennedy, ni en qué GÓMEZ, A. T. Mercedes Sosa: 30 años. Buenos Aires:
país gobernaba, ni lo que le había pasado. Y, sobre Polygram, 1994.
todo, lo más sorprendente, que a nadie le importaba
nada. (...) Canción con todos é uma canção latino-americana
(Recuerdo que) su nombre quedó impreso en mi memo- muito difundida e consagrada pela voz da cantora ar-
ria, y unido para siempre al de la radio, porque fue gra- gentina Mercedes Sosa. Com relação à América Latina,
cias a él como yo supe que aquellas voces que hasta seus versos expressam
aquel día creía irreales porque siempre decían lo mismo
y sonaban casi igual eran voces de personas que exis- a) desejo de integração entre os povos.
tían realmente, (...) igual que también lo eran los países b) entusiasmo por caminhar pela região.
de que hablaban, aunque algunos, como Andorra, ni c) valorização dos recursos naturais.
siquiera figuraran en el mapa. Es decir: que, mientras yo d) esforço para libertar os oprimidos.
vivía em Olleros rodeado de minas y de montañas, ha- e) vontade de cantar os tipos humanos.
bía gente que vivía, trabajaba y moría, como nosotros,
en otros muchos lugares. 6. (ENEM 2ª APLICAÇÃO/2016)
Llamazares, J. Escenas de cine mudo [fragmento].
CUESTIÓN 70 Ante las situaciones adversas algunas personas sufren
Marque la alternativa que describe la idea central del secuelas a lo largo de toda la vida. Otras, la mayoría, se
texto: sobreponen y la intensidad de las emociones negativas
van decreciendo con el tiempo y se adaptan a la nue-
a) El texto presenta los tiempos de la radio en España. va situación.
b) El texto denuncia la inhabilidad de los niños para in- Hay un tercer grupo de personas a las cuales la vivencia
terpretar textos periodísticos. del trauma las hace crecer personalmente y sus vidas
c) El texto narra el proceso de descubrimiento del mun- adquieren un nuevo sentido y salen fortalecidas.
do por el niño. Investigadores de la Unidad de Psicología Básica de la
d) El texto expone el desconocimiento geográfico de Universidad Autónoma de Barcelona (UAB) han anali-
los niños. zado las respuestas de 254 estudiantes de la Facultad
e) El texto describe las relaciones sociales de un niño es- de Psicología en diferentes cuestionarios para evaluar
pañol en una determinada época. su nivel de satisfacción con la vida y encontrar relacio-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
nes con su resiliencia y con la capacidad de reparación O título da palestra, citado no texto, antecipa o tema
emocional, uno de los componentes de la inteligencia que será tratado e mostra que o autor tem a intenção de
emocional, que consiste en la habilidad de controlar las
propias emociones y las de los demás. a) relatar novas experiências em tratamento de saúde.
“Algunas de las características de las personas resilien- b) alertar sobre os riscos mortais de determinados sof-
tes pueden ser entrenadas y mejoradas, como la au- twares de uso médico para o ser humano.
toestima y la regulación de las propias emociones. Con c) denunciar falhas médicas na implantação de softwa-
este aprendizaje se podría dotar de recursos a las perso- res em seres humanos.
nas para facilitar su adaptación y mejorar su calidad de d) divulgar novos softwares presentes em aparelhos mé-
vida”, explica Joaquín T. Limonero, profesor del Grupo dicos lançados no mercado.
de Investigación en Estrés y Salud de la UAB y coordina- e) apresentar os defeitos mais comuns de softwares em
dor del estudio. aparelhos médicos.
9. (UNESPAR 2018)
De acuerdo con el texto, las palabras “miércoles” y “espalda”, pueden ser traducidas al portugués, respectivamen-
te por:
a) quarta-feira e costas;
b) quarta-feira e espada;
c) quinta-feira e costas;
d) sexta-feira e costas;
e) quarta-feira e chapéu.
193
El título de la entrevista corresponde a una parte de las A letra de canção coloca em cena um dilema por ve-
declaraciones de la entrevistada. Con el término “pri- zes vivenciado por imigrantes. Esse dilema se configura
mavera feminista”, Carmen Beramendi se refiere a la no sentimento do pai em relação ao(à)
proliferación de
a) diluição de sua identidade latino-americana, advin-
a) diputadas en los parlamentos de todo el mundo. da do contato cotidiano com o outro.
b) movimientos contra la violencia hacia las mujeres. b) distanciamento dos filhos, gerado pela apropriação
c) activistas feministas en varias instancias del Estado. da língua e da cultura do outro.
d) eventos académicos para discutir cuestiones de gé- b) preconceito étnico-racial sofrido pelos imigrantes me-
nero. xicanos no novo país.
d) desejo de se integrar à nova cultura e de se comuni-
14. (CEDERJ - 2018) car na outra língua.
e) vergonha perante os filhos de viver ilegalmente em
Según el texto, violencia de género es outro país.
que se disponía a sacrificarlo ante un altar, un altar que 19. (UNIMONTES 2018)
a Bartolomé le pareció como el lecho en que descan-
saría, al fin, de sus temores, de su destino, de sí mismo. El laboratorio de un alquimista
Tres años en el país le habían conferido un mediano do-
minio de las lenguas nativas. Intentó algo. Dijo algunas Pocas disciplinas científicas definían la complejidad del
palabras que fueron comprendidas. Entonces floreció renacimiento tanto como la alquimia, donde se unían
en él una idea que tuvo por digna de su talento y de su filosofía, ciencia, teología y magia. La tradición data del
cultura universal y de su arduo conocimiento de Aristó- periodo helenístico, cuando los antiguos alquimistas tra-
teles. Recordó que para ese día se esperaba un eclipse taban de crear gemas artificiales y convertir los metales
total de sol. Y dispuso, en lo más íntimo, valerse de aquel base en oro y plata. En la Edad Media, la práctica se
conocimiento para engañar a sus opresores y salvar la extendió por Europa, donde los teólogos animaban a su
vida. – Si me matáis – les dijo – puedo hacer que el sol se reconciliación con el cristianismo.
oscurezca en su altura. Los indígenas lo miraron fijamen- Con la llegada del Renacimiento, la alquimia se convir-
te y Bartolomé sorprendió la incredulidad en sus ojos. Vio tió en una actividad pseudo empresarial, muchos reci-
que se produjo un pequeño consejo, y esperó confiado, bían grandes cantidades de los nobles por sus servicios
no sin cierto desdén. Dos horas después el corazón de médicos, por la producción de metales preciosos y, por
Fray Bartolomé Arrazola chorreaba su sangre vehemen- supuesto, por el “elixir de la vida”. Aparecieron infinidad
te sobre la piedra de los sacrificios (brillante bajo la opa- de estafadores que utilizaban trucos de magia y de ilu-
ca luz de un sol eclipsado), mientras uno de los indíge- sionismo para “crear” oro y conseguir el patrocinio de los
nas recitaba sin ninguna inflexión de voz, sin prisa, una más pudientes. A los que eran desenmascarados se los
por una las infinitas fechas en que se producirían eclipses apresaba, torturaba y ejecutaba.
solares y lunares, que los astrónomos de la comunidad Muchos alquimistas fueron injustamente acusados de
maya habían previsto y anotado en sus códices sin la adorar al diablo y de brujería. Pero no fueron los alqui-
valiosa ayuda de Aristóteles. mistas los únicos que sufrieron. Los clientes que busca-
MONTERROSO, A. Obras completas y otros cuentos. ban curas para sus enfermedades a menudo eran tra-
Bogotá: Norma, 1994 (adaptado). tados con metales como mercurio y plomo, con conse-
cuencias fatales.
No texto, confrontam-se duas visões de mundo: a da
cultura ocidental, representada por Frei Bartolomé Ar- Fonte: Vive la Historia, 2017.
razola, e a da mítica pré-hispânica, representada pela
comunidade indígena maia. Segundo a narrativa, Sobre a alquimia, podemos afirmar, EXCETO
196
a) os catequizadores espanhóis avalizam os saberes pro-
a) O uso de elementos como mercúrio em remédios,
duzidos pelas comunidades indígenas hispano-america-
frequentemente, tinha consequências ruins.
nas.
b) Ela foi patrocinada pelas igrejas.
b) os indígenas da comunidade maia mostram-se per-
c) Ela unia ciência, misticismo e religião.
plexos diante da superioridade do conhecimento aristo-
d) Em dada época, foi considerada atividade subordi-
télico do frei espanhol.
nada a interesses dos nobres.
c) o catequizador espanhol Arrazola apresenta-se
adaptado às culturas autóctones, ao promover a inter-
20. (UNIMONTES 2018)
locução entre os conhecimentos aristotélico e indígena.
d) o episódio representa, de forma neutra, o significado
do conhecimento ancestral indígena, quando compa- De acordo com o texto, podemos afirmar que
rado ao conhecimento ocidental. a) os antigos alquimistas criavam pedras semelhantes
e) os conhecimentos acadêmicos de Arrazola são insu- às naturais.
ficientes para salvá-lo da morte, ante a sabedoria astro- b) os alquimistas e os seus clientes foram perseguidos.
nômica da cultura maia. c) todos os alquimistas foram presos.
d) o ilusionismo começou a partir da alquimia.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
21. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - 2018) ta. La inclusión de la lengua guaraní en el proceso de
educación escolar fue sin duda un avance de la Refor-
ma Educativa.
Gracias precisamente a los programas escolares, aun
en contextos urbanos, el bilingüismo ha sido potenciado.
Los guaraní hablantes se han acercado con mayor fuer-
za a la adquisición del castellano, y algunos castellano
hablantes perdieron el miedo al guaraní y superaron los
prejuicios en contra de él. Dejar fuera de la Educación
Media al guaraní seria echar por la borda tanto trabajo
realizado, tanta esperanza acumulada.
Cualquier intento de marginación del guaraní en la edu-
cación paraguaya merece la más viva y decidida pro-
testa, pero esta postura ética no puede encubrir el con-
tinuismo de una forma de enseñanza del guaraní que
ya ha causado demasiados estragos contra la lengua,
contra la cultura y aun contra la lealtad que las para-
guayas y paraguayos sienten por su querida lengua. El
guaraní, lengua de comunicación si y mil veces sí; len-
gua de imposición, no.
muy fuerte. En cuanto pasó, los leones se pararon y em- 24. (IFMT 2018)
pezaron a caminar atrás de ella. Buscó algún sitio para
refugiarse y no lo encontró. Eso le pareció espantoso. Marque a opção que traduz a frase, “[...] De repente
A lo lejos vio un bulto que se movía y pensó que había apareció un hombre pelado con el saco lleno de polvo
alguien que la podría ayudar. Cuando se acercó vio un que le dijo si podía compartir la cena con él”.
oso de espalda. Se quedó en silencio un rato hasta que
el oso desapareció y luego, como la noche llegaba, se a) Repentinamente um homem sem roupa com o saco
decidió a prender fuego para cocinar un pastel de ber- cheio de peixe disse a ela se poderia fazer uma cena
ro que sacó del bolso. com ele no horário do jantar.
Empezó a preparar el estofado y lavó también unas b) De repente um homem apareceu e perguntou se ha-
ciruelas. De repente apareció un hombre pelado con via algo que ela pudesse oferecer a ele para comer.
el saco lleno de polvo que le dijo si podía compartir la c) O homem pelado apareceu de repente, com a sa-
cena con él. La niña, aunque muy asustada, le preguntó cola cheia de polvo e perguntou se ela poderia fazer
su apellido. Él le respondió que su apellido era Gutiérrez, seu jantar
pero que era más conocido por el sobrenombre Pepe. d) De repente, um homem sem cabelo apareceu com
El señor le dijo que la salsa del estofado estaba exquisita o terno cheio de lama e disse se ela poderia fazer- lhe
aunque un poco salada. El hombre le dio un vaso de companhia no jantar.
vino y cuando ella se enderezó se sintió un poco ma- e) De repente, um homem careca apareceu com o pa-
reada. El señor Gutiérrez, al verla borracha, se ofreció a letó cheio de pó e disse se ela poderia dividir o jantar
llevarla hasta la casa de su abuela. com ele.
Ella se peinó su largo pelo y, agarrados del brazo, se fue-
ron rumbo a la casita del bosque. Mientras caminaban 25. (ENEM 2015)
vieron unas huellas que parecían de zorro que iban en
dirección al sótano de la casa. El olor de una rica salsa
llegaba hasta la puerta.
Al entrar tuvieron una mala impresión: la abuelita, de
espalda, estaba borrando algo en una hoja, sentada
frente al escritorio. Con espanto vieron que bajo su saco
asomaba una cola peluda. El hombre agarró una es-
coba y le pegó a la presunta abuela partiéndole una
198 muela. La niña, al verse engañada por el lobo, quiso
desquitarse aplicándole distintos golpes. Entre tanto, la
abuela que estaba amordazada, empezó a golpear la
tapa del sótano para que la sacaran de allí. Al descubrir
de dónde venían los golpes, consiguieron unas tenazas
para poder abrir el cerrojo que estaba todo herrumbra-
do. Cuando la abuela salió, con la ropa toda sucia de
polvo, llamaron a los guardas del bosque para contar
todo lo que había sucedido.
Tapar bien los recipientes donde guardarmos el agua
(http://www.portalsaofrancisco.com.br) para nuestro consumo(1).
Lavar periódicamente las pilas y en caso de almacenar
Na frase: “El señor Gutiérrez, al verla borracha, se ofre- el agua utilizar bolsa matalarva (2).
ció a llevarla hasta la casa de su abuela.”, retirada do Eliminar de nuestro hogar cualquier objeto inservible:
texto “La presunta abuelita”, o complemento “la” faz botellas, latas o llantas donde se acumula agua (3).
referência a: Cambiar el agua del bebedero de los animales diaria-
mente (4).
a) la niña. Limpiar canaletas y evitar cualquier agua estancada
b) la casa. (5).
c) la salsa. Cambiar el agua de los floreros cada tres días (6).
d) la abuelita.
e) la presunta.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Os programas de prevenção à dengue não estão restritos a cidades brasileiras. No material elaborado sobre esse
tema pelo Ministério da Saúde de El Salvador, país da América Central, objetiva-se:
Los animales
En la Unión Europea desde el 1º de octubre de 2004 el uso de un pasaporte es obligatorio para los animales que
viajan con su dueño en cualquier compañía.
AVISO ESPECIAL: en España los animales deben haber sido vacunados contra la rabia antes de su dueño solicitar la
documentación. Consultar a un veterinario.
De acordo com as informações sobre aeroportos e estações ferroviárias na Europa, uma pessoa que more na Es-
panha e queira viajar para a Alemanha com o seu cachorro deve
1. B
2. D
3. A
4. C
5. A
6. C
7. B
8. b
9. A
10 E
11. C
12. D
13 B
14 B
15 A
16 A
Fuente:https://www.vix.com/es/btg/comics/65051/via- 17 D
je-a-la-infanciarepasamos-11-tiras-comicas-clasicas-de- 18 E
-periodicos, acceso en 02/10/2018.
19 A
Considerando el fragmento del texto ‘… ya razona lo 20 D
202
mismo que la gente grande’, marque la opción COR- 21 B
RECTA:
22 D
a) Hay un sujeto que se identifica por la terminación ver- 23 A
bal. 24 E
b) La partícula ‘lo’ indica loísmo.
25 B
c) ‘Ya’ es una forma apocopada.
d) Hay dos oraciones independientes. 26 E
e) Es posible considerar que hay un verbo no expreso 27 D
formando una oración subordinada adverbial de re-
28 B
lativo.
29 E
30 C
31 E
32 D
33 A
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
A história da arte é muito vasta e cheia de estilos e momentos. Obviamente tratar um conteúdo tão grande em
pouco tempo pode ser desgastante e não será o objetivo desta apostila. O que será buscado neste conteúdo são
resumos dos tópicos, abordando os principais conceitos dos estilos, o que facilitará ao aluno conseguir relacionar e
responder corretamente as questões.
Após essa breve introdução, o foco da apostila agora será em descrever cada estilo artístico, com seus pontos
principais que devem ser memorizados.
1. Pré-Histórica
Relembrando a divisão de períodos da Pré-História, temos o Paleolítico, Neolítico e idade dos metais, com seus
períodos de duração variando de região para região. Nesta etapa, a arte era concentrada em retratar o cotidiano
ou em outras palavras, o que se enxergava.
A maioria dos registros compõem pinturas em cavernas, as primeiras moradias do homem. Retratava-se a caça,
os fenômenos naturais, inclusive há registros de eventos astronômicos, como cometas e eclipses.
Outra vertente está relacionada aos primeiros rituais religiosos, muito concentrado em fenômenos da natureza
como variação de estações do ano, migrações de animais, o nascimento e morte de membros da tribo, dentre
outras.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
EXERCÍCIO COMENTADO
1.(UFPE)
204
Resposta: Letra E. As pinturas rupestres são as bases de estudo para a civilização humana pré-histórica e os pri-
meiros registros artísticos da história humana.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
2. Egito Antigo Com a força da arte, tem-se também seu uso para fins
No Egito antigo, arte e religião eram praticamente a políticos, destacando um dos Faraós mais conhecidos do
mesma coisa. Retratar o poder dos deuses e tratar o Fa- Egito: Tutancamôn. O objetivo era registrar seus feitos e per-
raó como seu representante máximo era praticamente petuar seu legado para sempre, crendo na ressurreição.
obrigatório para se ter recursos. Concentra-se também
a descrição da morte e da vida eterna, com seus sar-
cófagos e túmulos especiais para seus líderes e grandes
sacerdotes. Tumbas, estatuetas e vasos passavam a
crença de vida após a morte.
3. Mesopotâmia
A Mesopotâmia foi um local de grandes disputas.
Localizada entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque,
suas terras sempre foram alvo de guerras e de diferentes
povos dominantes. Isso obviamente influenciou a arte,
sempre gerando transformações a cada mudança de
Exemplo de pintura egípcia. domínio. Sumérios, Assírios e Babilônicos se destacam
https://www.todamateria.com.br/arte-egipcia/ dentre as civilizações dominantes.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
4. Pérsia
A Pérsia normalmente não é muito estudada no Bra-
sil ficando sempre em segundo plano. Entretanto, sua
cultura é riquíssima pois dada a extensão do seu impé-
rio, capturou essências de diversas civilizações, como a
Egípcia e as mesopotâmicas.
Na escultura, os assírios tiveram maior influência,
respaldados pela sua grandeza e arte voltada para os
feitos de guerra. Neste ponto, destaca-se o Behistum (fi-
206 gura abaixo), com 456 metros de altura e registros do
feitos persas: Estátua de Perseu com a cabeça da Medusa.
museu de história Natural, Nova York, EUA.
Foto tirada por Bruno Galelli Chieregatti em 28/12/2014.
Cortesia do autor.
6. Roma
Em Roma, o grande destaque certamente é sua ar-
quitetura. Grandes palácios e arenas, onde gladiadores
se tornavam lendas, foram construídas, destacando-se
obviamente o conhecido coliseu.
Como a cultura grega, a arte romana possui fases, Resposta: Letra A. As grandes casas de espetáculos
que seguem a linha de sua divisão histórica: Roma an- romanas tinham como objetivo o entretenimento,
tiga, república e império. Na Roma antiga, a Grécia in- para buscar a distração do público em relação aos
fluencia diretamente, onde a própria mitologia se asse- problemas do cotidiano.
melha com a cultura grega.
Durante a expansão da República ou do Império, a 7. Bizantinos
grande característica era aliar beleza com funcionali- Com a divisão do império romano em duas partes
dade em suas construções. Diques, pontes e canais de (Oriente e Ocidente), a parte oriental ficou com sua admi-
água ou esgoto foram construídos com suas caracterís- nistração na cidade de Constantinopla (atual cidade de
ticas estruturadas em arco, mostrando a importância de Istambul, Turquia). Foi nela que a cultura bizantina se de-
se ter uma sociedade organizada. senvolveu, sob influência também das culturas asiáticas.
Na escultura, o culto as pessoas se destacou, sobretu- O cristianismo foi aceito como religião oficial e isso
do no império, no período conhecido com pax romana, interferiu na construção de grandes basílicas (com desta-
no qual era governado pelo imperador Otávio Augusto. que para a Hagia Sofia, na foto abaixo) e catedrais, onde
o imperador usava o conceito de ser um representante
de Deus na Terra. Cúpulas gigantescas, sustentadas por
imensas colunas caracterizaram o estilo arquitetônico.
Outra arte desenvolvida a partir das igrejas foram os
gigantescos mosaicos, que coloriam e davam vida às
estrutura cinzentas.
207
8. Cristianismo
A religião cristã, a partir da pregação de Jesus Cristo,
EXERCÍCIO COMENTADO
iniciou-se de maneira clandestina, devido à persegui-
ção do império romano. Assim, as primeiras artes rela-
1. (STOODI) Sobre a arte romana e a sua relação com cionadas estão presentes em cavernas e catacumbas.
manifestações artísticas de outros períodos e civiliza-
ções, marque a alternativa correta.
EXERCÍCIO COMENTADO
1.(UNIFESP SP) Houve, nos últimos séculos da Idade Média
Um dos símbolos da arte gótica, a Catedral de Notre- ocidental, um grande florescimento no campo da litera-
-Dame, Paris, Roma. tura e da arquitetura. Contudo, se no âmbito da primeira
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-gotica.htm predominou a diversidade (literária), no da segunda pre-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
dominou a unidade (arquitetônica). O estilo que marcou Já Michelangelo concentrou-se nas esculturas, mas
essa unidade arquitetônica corresponde ao não podemos deixar de mencionar a pintura da Capela
a) renascentista. Sistina no Vaticano.
b) românico.
c) clássico.
d) barroco.
e) gótico
10. Renascimento
Além da arte grega, um estilo que até hoje influen-
cia diretamente a nossa sociedade certamente é o re-
nascimento econômico e cultural da Europa a partir do
séc XI. A primeira grande transformação foi a busca de
se desvencilhar da arte da igreja que influenciou os últi-
mos séculos, trazendo de volta uma releitura da cultura
Capela Sistina, afresco de Michelangelo.
clássica das culturas gregas e romana, destacando-se o
Museu do Vaticano, Itália.
racionalismo e o naturalismo.
É na Capela Sistina que ocorre o conclave
Com a racionalidade, as artes começaram a ter a
de eleição papal.
característica harmoniosa entre suas dimensões, além
https://www.infoescola.com/arquitetura/capela-sistina/
da busca da perfeição, algo condenável pela igreja
que santificava a perfeição apenas a Deus. Neste pon- 11. Barroco
to, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael de Santi se Em resposta ao Renascimento cultural, a igreja bus-
destacaram. ca uma modernização de estilo, atraindo artistas e in-
Adicionalmente, da Vinci, por ter estudado música, fluências. Surge assim o Barroco, que em contrapartida
arquitetura e engenharia, se tornou um gênio a frente ao racionalismo, traz a ideia de colocar novamente às
de sua época. Suas pinturas são verdadeiras obras de artes um caráter de emoção e de cotidiano.
arte na perfeição de suas proporções e mensagens su- Tendo origem na Itália, o estilo ganhou muito espaço 209
bliminares (gerando mitos até hoje). principalmente na península ibérica, não sendo a toa
que ele foi um dos primeiros estilos artísticos presentes no
Brasil após o descobrimento. Novamente buscou-se a
retratação das figuras notórias da igreja católica, como
santos e mártires, mas agora buscando retratar um pou-
co também da vida cotidiana das pessoas, transmitindo
a ideia de proximidade entre igreja e seu clero.
Nas esculturas, a ideia de santificação novamente A literatura se destaca no Romantismo, pois há uma
foi ressaltada, gerando obras que são vistas até hoje em ruptura da figura do patrocinador (Mecenas) para a
Portugal, Espanha e Itália. crítica de um editor, buscando contagiar o público em
geral e não o financiador.
13. Simbolismo
O Simbolismo fica mais relacionado a literatura. Em
Portugal, destaca-se as obras de Eugênio de Castro, Ca-
milo Pessanha, Antonio Nobre, Augusto Gil e Eugênio de
Castro.
Na pintura e escultura, há ainda forte influência do ro-
mantismo, com a figura humana como elemento principal.
12. Romantismo
210 O Romantismo surgiu no séc. XIX com a ideia de li-
bertar os artistas de convenções impostas por religião
ou por estilos mais centrados, valorizando a individuali-
dade. Cultua-se fortemente a emoção e o sentimento.
Na pintura, percebe-se sempre uma pessoa no cen-
tro da imagem, valorizando o individual e não há melhor
exemplo que a pintura La liberte guidant le peuple (A
liberdade guiando as pessoas) de Delacroix. Jeunes Filles au bord de la mer (1879), de
Chavannes. Óleo sobre tela. Museu d’Orsay, Paris,
França.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Simbolismo#/media/
File:On_the_Edge_of_the_Sea.jpg
1. Pré - colonial
Antes da chegada dos europeus no Brasil, os regis-
tros artísticos possuem duas vertentes: A primeira são os
registros pré-históricos, com características semelhantes
ao que se encontraram em outros lugares do mundo,
como as figuras rupestres, onde destaca-se o parque
nacional da serra da capivara, no Piauí:
2. Barroco
Quando o Brasil é descoberto, a península ibérica
estava sob forte influência do Barroco e não é estranho
imaginar que este foi o primeiro grande estilo artístico
brasileiro. A igreja católica trouxe as linhas de pensa-
mento no séc XVII, financiando a confecção de escultu-
ras e a construção principalmente de igrejas.
Apresentação do teto da Igreja de São Francisco de
Aleijadinho é o grande ícone da arte barroca brasi-
Assis em Ouro Preto, de Mestre Ataíde.
212 leira, com obras preservadas até hoje nas cidades histó-
http://mestreataidebarroco.blogspot.com/p/obras.html
ricas de Minas Gerais.
EXERCÍCIO COMENTADO
c) Da utilização de recursos materiais vindos da Europa e Isoladamente, não durou muito tempo, fundindo-se
da homogeneização e linearidade representacional. ao Romantismo e posteriormente ao Realismo. Houve
d) Da observação e da cópia detalhada do objeto re- destaque também para algumas obras de arquitetura,
presentado e do emprego de materiais disponíveis na como a santa casa de misericórdia do Rio de Janeiro
região.
e) Da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da
interpretação idealizada e linear dos objetos repre-
sentados.
3. Neoclassicismo
O Barroco ficou por muito tempo como o principal
estilo artístico brasileiro, mas um marco acabou trazen-
do a ascensão do Neoclassicismo no Brasil: A chegada
da família real, que trouxe consigo a influência euro-
peia. Adicionalmente, a fundação da Escola real de
ciências, artes e ofícios foi realizada em 1816, trazendo
a influência francesa para o país.
Como o próprio nome, o Neoclassicismo buscou tra- Frente da Santa Casa de Misericórdia do
zer a essência da arte clássica grega e romana, também Rio de Janeiro, Brasil.
incorporando o iluminismo e o renascimento. Seu conteú- https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoclassicismo_no_Brasil#/
do inspirou inclusive revoltas aqui no Brasil, como a incon- media/File:Sta_casa_misericordia_rio_janeiro.JPG
fidência mineira, lastreada na revolução francesa.
4. Romantismo
Certamente a literatura foi a grande expressão ar-
tística do romantismo no Brasil. Considera-se o início do
movimento o ano de 1833, com a publicação do livro 213
Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Maga-
lhães. O romantismo francês interferiu diretamente no
estilo dos autores brasileiros, com foco total na emoção,
amor platônico e repúdio a Portugal em sua fase inicial.
Passados os anos de independência, o romantis-
mo chega na sua segunda geração, bem mais radical
quanto ao seu apelo sentimental, ressaltando os senti-
mentos e fugindo em grande parte dos momentos, da
própria realidade. Também se ressalta o mal do século
(a tuberculose) que vitimava as pessoas daquela épo-
ca. Os principais autores dessa época foram Álvares de
Azevedo e Casemiro de Abreu.
Já a terceira geração, já em uma transição para o
Realismo, mais ponderada, foca principalmente nos even-
tos do período, como abolição da escravatura e a cons-
tituição de nossa república. Possui também uma aborda-
gem de futuro, que remete alguns traços do modernismo
que surgirá alguns anos depois. Destaca-se como autor,
Martírio de Tiradentes (1893), de Figueiredo e Melo. Castro Alves, conhecido como “Autor dos escravos”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoclassicismo_no_Bra-
sil#/media/File:Figueiredo-MHN-Tiradentes.jpg
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (PUC-RS) Considere o texto abaixo, extraído do roman-
ce “Iracema”, de José de Alencar, publicado em 1865.
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo conhecido grupo dos cinco: Anita Malfati, Mário de An-
da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha drade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila
recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais do Amaral que pintou Abaporu, trazendo toda a des-
rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o proporção do Surrealismo de Dalí:
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a
terra com as primeiras águas”. (ALENCAR, José. Irace-
ma, p. 14)
A partir da leitura do texto acima, é correto concluir que
uma importante característica da cultura e da mentali-
dade brasileiras, influenciadas pelo Romantismo, na se-
gunda metade do século XIX, foi
Um homem e uma mulher sentados frente a frente a O tato é provavelmente o mais primitivo dos sentidos.
uma distância muito próxima, cruzarão os braços e talvez O bebê recém-nascido explora mediante o tato; é assim
as pernas, e se virarão para trás em seus assentos. que descobre onde termina seu próprio corpo e começa
A postura não é somente uma chave sobre o caráter, o mundo exterior. À medida que a criança cresce, apren-
é também uma expressão da atitude. Com efeito, muitos de que há objetos e partes de seu próprio corpo e do das
dos estudos psicológicos que se tem feito sobre a postura, a outras pessoas, que se podem tocar e outras que não.
analisam segundo o que revela a respeito dos sentimentos Quando o indivíduo descobre as relações sexuais, na reali-
de um indivíduo com respeito às pessoas que o rodeiam. dade está redescobrindo a comunicação tátil.
Um investigador observou que quando um homem se Se interromper uma conversa, a pessoa que o faz po-
inclina levemente para frente, com as costas um pouco derá pôr sua mão no braço de seu interlocutor, já que este
encurvadas, provavelmente simpatiza com a pessoa que gesto poderá ser interpretado como o pedido de “um
está com ele. momento” e evidentemente faz parte do mecanismo da
A postura é, como já dissemos, o elemento mais fácil de conversação.
observar e de interpretar de todo o comportamento não Também é importante a parte do corpo que se toca.
verbal. De certo modo, é preocupante saber que alguns Uma mão que repousa suavemente sobre um antebraço
movimentos corporais que tínhamos por arbitrários são tão terá um impacto totalmente diferente do que teria se co-
circunscritos, previsíveis e, às vezes, reveladores; mas por locada sobre um joelho.
outra parte, é muito agradável saber que todo nosso cor- O contato — pelo menos o mais impessoal — produz-se
po responde continuamente ao desenvolvimento de qual- em todo nosso entorno, percebamos isso ou não. Vincula-
quer encontro humano. mos o contato físico com o sexo, exceto quando se nota
Por exemplo, os vendedores, em casas de casais casa- claramente que não há conexão entre ambos; por isso o
dos devem observar os gestos dos cônjuges para ver quem utilizamos escassamente para expressar amizade e afeto.
os inicia e quem os copia. Se o marido for o que mantém a Nas ruas dos Estados Unidos não é costume ver-se ho-
mens nem mulheres que caminhem de braços dados.
conversação e a mulher não diz nada, mas você observa
Entretanto, este é um costume bastante comum na Amé-
que ele copia os gestos da mulher, descobrirá que é ela
rica do Sul. Aos norte-americanos parece um indício de
quem decide e assina os cheques, assim, convém ao ven-
homossexualidade. Até os pais e filhos maiores têm entre
dedor dirigir sua conversa à senhora.
si um contato mais superficial. O tato, o paladar e o olfato
são sentidos de proximidade. A audição e a visão, em tro-
A COMUNICAÇÃO E OS SENTIDOS
ca, podem proporcionar experiências à distância.
O tato é o sentido que está presente em todos os ou-
218 tros. A luz e os aromas nos envolvem. Nos sentimos muitas
MOVIMENTOS CORPORAIS
vezes embalados pela música. Imaginemos o que aconte-
As investigações a respeito da comunicação huma-
ceria a uma criança a quem fosse impedida sua relação
na frequentemente descuidaram do indivíduo em si. Não
por meio do tato. Possivelmente terminaria sendo uma per- obstante, é óbvio que qualquer de nós pode fazer uma
feita inválida. análise aproximada do caráter de um indivíduo apoian-
Nossa pele é usualmente um fiel reflexo de nossas emo- do-se em sua maneira de mover-se — rígido, desenvolto,
ções, como o medo, a ira, o ódio. O tato possui uma classe vigoroso, — e a maneira como o faça representará um
especial de proximidade, posto que quando uma pessoa traço bastante estável de sua personalidade.
toca a outra, a experiência é totalmente mútua. A pele fica Tomemos por exemplo a simples ação de caminhar.
em contato com a pele, de forma direta ou através da ves- Este só feito nos pode indicar muitas coisas. O homem
timenta, e se estabelece uma imediata tomada de cons- que habitualmente pise com força ao caminhar nos dará
ciência de ambas as partes. Esta tomada de consciência é a impressão de ser um indivíduo decidido. Se caminhar
mais aguda quando o contato é pouco frequente. ligeiro, poderá parecer impaciente ou agressivo, embo-
O que o homem experimenta através da pele é muito ra se com o mesmo impulso o faz mais lentamente, de
mais importante do que a maioria de nós pensa. Prova dis- maneira mais homogênea, nos fará pensar que se trata
so é o surpreendente tamanho das áreas táteis do cérebro, de uma pessoa paciente e perseverante. Outra o fará
a sensorial e a motora. com muito pouco impulso, como se cruzando um grama-
Os lábios, o dedo indicador e o polegar, sobretudo, do cuidando de não arruiná-lo e nos dará uma ideia de
ocupam uma parte desproporcional do espaço cerebral. falta de segurança.
A experiência tátil, portanto, deve ser considerada muito O fato de levantar os quadris exageradamente dá im-
complexa e de grande significado. Todo ser humano está pressão de confiança em si mesmo; se ao mesmo tempo
em contato constante com o mundo exterior através da se produz uma leve rotação, estamos diante de alguém
pele. Apesar de que não se é consciente disso até que se garboso e desenvolto. Se a isto se adiciona-lhe um pouco
detém a pensá-lo, sempre existe, pelo menos, a pressão do mais de ritmo, mais ênfase e uma figura em forma de vio-
pavimento contra a planta do pé, ou a do assento contra lão, teremos a maneira de caminhar que, em uma mulher,
as nádegas. faz os homens se virarem para olhar, na rua.
Na realidade, todo o meio ambiente o afeta através Isto representa o “como” do movimento corporal, em
da pele; sente a pressão do ar, o vento, a luz do sol, a né- contraste com o “que”: não o ato de caminhar em si, mas
voa, as ondas acústicas e, algumas vezes, outros seres sim a maneira como é feito; não o ato de estreitar a mão,
humanos. mas sim a forma de fazê-lo.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
A proporção entre gesto e postura é uma forma de Outras evidências de que o que escuta analisa criti-
avaliar o grau de participação de um indivíduo em uma camente o que fala, são proporcionadas pelas pernas
determinada situação. Um homem que sacode energi- muito cruzadas e o braço cruzado sobre o peito (defe-
camente os braços não parecerá convincente se seus sa), enquanto a cabeça e o queixo estão um pouco
movimentos não se estendem ao resto do corpo. inclinados para baixo (hostilidade). A “frase não verbal”
O que importa é a proporção existente entre os movi- diz algo assim como “eu não gosto do que está dizendo
mentos posturais e os gestuais, mais que o mero número e não estou de acordo”.
de movimentos posturais. Um homem pode estar senta- A observação dos grupos de gestos e a congruência
do muito quieto, escutando, mas se, ao se mover, o faz entre os canais verbais e não verbais de comunicação
com todo seu corpo, parecerá estar prestando muita são as chaves para interpretar corretamente a lingua-
atenção; muito mais que se estivesse continuamente em gem do corpo.
movimento, jogando talvez constantemente com algu-
ma parte de seu corpo.
As atitudes corporais refletem as atitudes e orienta-
ções persistentes no indivíduo. Uma pessoa pode estar
imóvel ou sentada para a frente de maneira ativa, ou
afundada em si mesma, e assim sucessivamente. Estas
posições ou posturas, e suas variações ou a falta delas,
representam a forma com que alguém se relaciona e
orienta com as outras.
Há uma maneira de aprender a controlar a qualida-
de do movimento?
“Seria como o problema da centopeia. Se alguma
vez começasse a pensar qual pata deve mover primeiro,
ficaria totalmente paralisada”.
Quando a adolescente diz uma mentira, também Aquelas pautas de comportamento comunicativo,
leva a mão à boca como a menina de cinco anos, mas, aquelas regras de interação que pomos em funciona-
em lugar de tapá-la bruscamente, seus dedos como mento para expressar ou negociar a intimidade, são
que roçam sua boca. as que fazemos para fazer saber a uma pessoa se nós
gostarmos dela ou não. E raramente fazemos isso de
maneira verbal.
RITMOS CORPORAIS
Cada vez que uma pessoa fala, os movimentos de
suas mãos e dedos, as sacudidas de cabeça, os pisca-
das, todos os movimentos do corpo coincidem com o
compasso de seu discurso. Esse ritmo se altera quando
há enfermidades ou transtornos cerebrais.
Distâncias Zonais
O raio ao redor do indivíduo branco de classe mé-
dia que vive na Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra ou
América do Norte pode dividir-se em quatro distâncias
zonais bem claras:
O gesto de tapar a boca se torna mais refinado na I) Zona íntima (de 15 a 45 cm) É a mais importante e
idade adulta. é a que a pessoa cuida como sua propriedade. Só se
permite a entrada aos que estão muito perto emocio-
nalmente da pessoa, como o amante, pais, filhos, ami-
gos íntimos e parentes.
II) Zona pessoal (entre 46cm e 1,2 metros): é a distân-
cia que separa as pessoas em uma reunião social, ou
de escritório, e nas festas.
III) Zona social (entre 1,2 e 3,6 metros): essa é a dis-
220 tância que nos separa dos estranhos, do encanador,
de quem faz reparos na casa, dos fornecedores, das
pessoas que não conhecemos bem.
IV) Zona pública (a mais de 3,6 metros): é a distância
cômoda para nos dirigir a um grupo de pessoas.
Embora toleremos intrusos na zona pessoal e social,
a intromissão de um estranho na zona íntima ocasiona
mudanças fisiológicas em nossos corpos. Por isso rodear
com o braço os ombros de alguém que se acaba de
Quando o adulto diz uma mentira, o cérebro ordena conhecer, embora seja de maneira muito amistosa,
à mão que tampe a boca para bloquear a saída das pode fazer que a pessoa tome uma atitude negativa
palavras falsas, como ocorria com a menina e a ado- em relação a você.
lescente, mas no último momento, tira a mão da boca A aglomeração nos concertos, elevadores, ônibus,
e o resultado é um gesto tocando o nariz. Esse gesto ocasiona a intromissão inevitável nas zonas íntimas de
não é mais que a versão refinada, adulta, do gesto de outras pessoas. Há uma série de regras não escritas que
tampar a boca que se usou na infância. Isto serve de os ocidentais respeitam fielmente quando se encon-
exemplo para mostrar que quando um indivíduo se faz tram nestas situações, como por ex.:
maior, muitos de seus gestos se tornam mais elaborados I) Não é correto falar com ninguém, nem sequer com
e menos óbvios. É mais difícil identificar as atitudes de alguém conhecido.
quem os faz. II) Deve-se evitar encarar as pessoas. Deve-se man-
ter “cara de paisagem”, totalmente inexpressiva.
GESTOS AO INÍCIO DE UMA CONVERSAÇÃO Se carregar um livro ou um jornal, simulará estar
O encontro é um momento fundamental da con- lendo.
versa e, a partir dele, desencadeia-se uma série de es- III) Quanto mais pessoas houver no lugar, menos mo-
tratégias através de sutis negociações não verbais que vimentos deve efetuar.
têm lugar dos primeiros momentos. Os primeiros 15 a 45 IV) Nos elevadores se deve ficar olhando o painel in-
segundos são fundamentais, já que representam a afir- dicador dos andares.
mação de uma relação que preexista ou uma nego-
ciação.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
A palma da mão
O gesto de exibir as palmas das mãos sempre foi as-
sociado com a verdade, a honestidade, a lealdade e a
deferência. Muitos juramentos são efetuados colocan-
do a palma da mão sobre o coração; a mão se levan-
ta com a palma para fora quando alguém declara em
um tribunal; diante dos membros do tribunal, a Bíblia é
Os que cresceram em zonas rurais pouco povoa- sustentada com a mão esquerda e se levanta a palma
das precisam de mais espaço que os que cresceram direita.
em lugares densamente povoados. Observar o quanto
alguém estende o braço para dar a mão dá a chave
para saber se foi criada na cidade ou no campo. O ha-
bitante da cidade tem sua área privativa de 46 cm, e
até essa distância estende o braço para saudar.
A pessoa criada no campo pode ter seu espaço pes-
soal de 1 metro ou mais e até essa distância estenderá
a mão.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Essas atitudes se transmitem de forma inconsciente A trituração dos nódulos é a marca do tipo rude e
mas, com a prática e a aplicação conscientes, as seguin- agressivo.
tes técnicas para estreitar a mão podem ter um efeito
imediato no resultado de um encontro com outra pessoa.
O domínio se transmite quando a palma (a da manga
escura na figura) fica para baixo.
Não é necessário que a palma fique para o chão; bas-
ta com que esteja para baixo sobre a palma da outra
pessoa. Esta posição indica para um que o outro quer to-
mar o controle dessa reunião.
O contrário do aperto dominante é oferecer a mão
com a palma para cima. Esse gesto resulta especialmen-
te efetivo quando se deseja ceder ao outro o controle da
situação, ou lhe fazer sentir que o tem.
Quando duas pessoas dominantes se estreitam as
mãos tem lugar uma luta simbólica, já que cada uma
tenta pôr a palma da outra em posição de submissão. O A intenção que se manifesta ao estender as duas
resultado é um aperto de mãos vertical no qual cada um mãos para o receptor demonstra sinceridade, confian-
transmite ao outro um sentimento de respeito e simpatia. ça ou um sentimento profundo para o receptor.
MÃOS EM OGIVA
A pessoa que se tem confiança, que é superior, ou a
que usa mínima gesticulação, com frequência faz este
gesto, e com ele expressa sua atitude de segurança.
Também é um gesto comum entre os contadores, ad-
vogados, gerentes e outros profissionais.
A ogiva para cima se usa quando esta pessoa opi-
nando, quando é a que fala. A ogiva para baixo se usa
mais quando se está escutando.
224
225
Esfregar o pescoço
Neste caso o indicador da mão direita esfrega de-
baixo do lóbulo da orelha ou do flanco do pescoço.
Nossas observações desse gesto revelam algo interes-
sante: a pessoa se esfrega umas cinco vezes. É estranho
que o faça mais ou menos vezes.
O gesto indica dúvida, incerteza, e é característico
da pessoa que diz:
“Não sei se estou de acordo”. É muito notório quan-
do a linguagem verbal contradiz o gesto; por exemplo,
quando a pessoa diz: “Entendo como se sente”.
Tocar o nariz Algumas pessoas quando dizem uma mentira e sus-
O gesto de tocar o nariz é, essencialmente, uma ver- peitam que foram descobertas, realizam o gesto de pu-
são dissimulada de tocar a boca. Pode consistir em ficar xar o colarinho da camisa.
roçando suavemente debaixo do nariz ou pode ser um
toque rápido e quase imperceptível.
Uma explicação da origem do gesto de tocar o nariz
é que, quando a mente tem o pensamento negativo, o
subconsciente ordena à mão que tampe a boca, mas,
no último instante, para que não seja um gesto tão ób-
vio, a mão se retira da boca e toca rapidamente o nariz.
Outra explicação é que mentir produz coceira nas
delicadas terminações nervosas do nariz e, para que
passe se faz necessário esfrega-lo.
O aborrecimento
dade urgente de quebrar o gelo para que os ouvintes ço sobre o outro, uma mão sustenta uma bolsa, segura
adotem atitudes mais receptivas, por exemplo: lhe al- o relógio, o punho da camisa, etc. Desta maneira se
cançar um livro, lhe fazer alguma pergunta para que forma a barreira e se obtém a sensação de segurança.
participe, etc.
EXPRESSÃO FACIAL
Cruzamento de braços reforçado Os sinais faciais têm um papel chave na comunica-
Se, além de ter cruzado os braços, a pessoa fechou ção. Basta ver como nas conversas telefônicas a au-
os punhos, os sinais são de defesa e hostilidade. Este gru- sência destas expressões reduzem significativamente a
po de gestos se combina às vezes com dentes aperta- disposição do receptor para interpretar as mensagens.
dos e rosto avermelhado. Nesse caso, pode ser iminente Essas expressões são, também, os indícios mais preci-
um ataque verbal ou físico. sos do estado emocional de uma pessoa.
Assim interpretamos a alegria, a tristeza, o medo, a
O gesto de segurar os braços raiva, a surpresa, o asco ou o afeto, pela simples obser-
Este estilo se observa usualmente nas pessoas que es- vação dos movimentos do rosto de nosso interlocutor.
tão na sala de espera de um médico ou de um dentista, Provavelmente, o ponto mais importante da comu-
ou nas que viajam de avião pela primeira vez e espe- nicação facial encontraremos nos olhos, o foco mais
ram a decolagem. É uma atitude negativa de restrição, expressivo da face. O contato ocular é um sinal chave
como querendo sujeitar os braços e não permitindo dei- em nossa comunicação com outros. Assim, a longitude
xar o corpo exposto. do olhar, quer dizer, a duração do contato ininterrupto
entre os olhares, sugere uma união de mensagens.
A comunicação ocular é, possivelmente, a mais sutil
das formas de expressão corporal.
O olhar de negócio
Quando se está falando de negócios deve-se ima-
ginar um triângulo na testa da outra pessoa. Então se
mantém o olhar dirigido a essa zona e não desce para
baixo, e o outro perceberá que você fala a sério.
O olhar social
Quando o olhar vai para baixo do nível dos olhos se
desenvolve uma atmosfera social. Nos encontros sociais
o olhar se dirige ao triângulo formado entre os olhos e a
boca.
228
empatizar com as emoções dos outros. Enfim, entre as A imagem do corpo humano é a figura de nosso pró-
diversas maneiras que o indivíduo possui para pensar prio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o
a respeito de si mesmo, nenhuma é tão essencialmen- modo pelo qual o corpo aparece para nós mesmos. Nós
te imediata e central como a imagem de seu próprio vemos partes da superfície corporal. Temos impressões
corpo. táteis, térmicas e dolorosas. Há sensações provenientes
O corpo concretiza a existência do indivíduo. A par- dos músculos e seus envoltórios e sensações viscerais.
tir dele, percebe-se, é percebido e interage-se com o Além de tudo isso há a experiência imediata da existên-
mundo que o cerca. Pode-se dizer que a identidade hu- cia de uma unidade corporal. Esta unidade é percebida
mana é inseparável de seu substrato somático. O modo e é mais do que uma percepção, nós a denominamos
como as pessoas existem nesse substrato acaba por de- um esquema de nosso corpo ou modelo postural do cor-
terminar sua forma de existir no mundo. Fronteira entre po. Cada emoção modifica a imagem corporal. O cor-
o eu e o mundo, o corpo é linguagem e comunicação. po se contrai quando sentimos raiva, torna-se mais firme
Fatores históricos e atuais levam os indivíduos a se e suas linhas de contato com o mundo ficam mais inten-
relacionar com seu corpo de modo satisfatoriamen- samente marcadas. Nós expandimos o corpo quando
te positivo ou não. Os fatores históricos são as circuns- nos sentimos felizes e apaixonados. Abrimos os braços,
tâncias do passado que moldam a forma de cada um gostaríamos de envolver a humanidade neles. Nós cres-
enxergar a própria aparência. Os fatores atuais são as cemos e os limites de nossa imagem corporal perdem
experiências de vida cotidiana que determinam como sua característica de demarcação. Expandimos e con-
as pessoas pensam, sentem e reagem à sua aparência. traímos o modelo postural do corpo; subtraímos e adicio-
Também são importantes na formação da imagem cor- namos partes; nós o reconstruímos; juntamos os detalhes;
poral e no modo como o indivíduo se relaciona consi- criamos novos detalhes; fazemos isto com nosso corpo
go, os padrões culturais de beleza muitas vezes impostos e com as expressões do corpo. Estamos continuamente
pela sociedade. Sabe-se, porém, que as adversidades experienciando-o. O esquema corporal é a imagem tri-
infringidas aos indivíduos pela cultura, família ou amigos dimensional que todos têm sobre si mesmos e nós pode-
não atingem suas imagens corporais de forma idêntica. mos chamá-la de imagem corporal.
A forma de pensar, sentir e reagir frente à percepção O trabalho de Schilder veio mostrar a grande impor-
de atributos físicos influencia na caracterização da per- tância das atitudes e sentimentos corporais na deter-
sonalidade. minação do comportamento. Foi também o primeiro a
O interesse na insatisfação corporal vem crescendo, mostrar que os conceitos sobre imagem corporal se apli-
motivado, em grande parte, pelo reconhecimento cres- cavam não apenas às misteriosas distorções associadas
230 cente dos transtornos alimentares (anorexia nervosa e a doenças orgânicas cerebrais, mas também a quase
bulimia) como um dos principais problemas de saúde todas as facetas da vida normal cotidiana. Do nascimen-
mental entre adolescentes e adultas jovens. to à morte, a aparência física é parte importante do que
Os transtornos alimentares, como a anorexia, bulimia somos, tanto para os outros quanto para nós mesmos.
e excesso de dietas, podem levar a consequências em Ele afirma que a imagem corporal é construída de um
longo prazo na saúde física e mental e são hoje uma corpo em contato com a realidade externa. Esse conta-
das doenças mais comum em jovens. to é uma experiência ativa em que partes são aceitas e
Na pesquisa bibliográfica realizada para este estudo, outras rejeitadas. A imagem corporal é resultado de um
não foi encontrado, até o momento, no Brasil, nenhum esforço contínuo e nunca é estática ou completa. Há
estudo que tivesse relacionado a imagem corporal com tendências à ruptura e à reestruturação coerentes com
variáveis sociodemográficas, hábitos alimentares e ati- as constantes mudanças das situações vitais. A imagem
vidade física em grandes amostras representativas de corporal não se baseia apenas em associações, memó-
crianças e adolescentes e numa faixa etária tão ampla. rias e experiências, mas também em intenções, aspira-
ções e tendências.
CONCEITO DA IMAGEM CORPORAL Os seres humanos possuem concepções e atitudes
A revisão da literatura foi feita com base em consulta sobre estética e beleza que vêm influenciar o modo de
ao Centro Latino Americano e Caribenho de Informa- caracterizar e se relacionar com os outros. Percebe-se
ção de Ciência e Saúde (BIREME e LILACS) e ao Centro que o mundo social claramente discrimina os indivíduos
da Biblioteca de Medicina de Washington (MEDLINE) não atraentes numa série de situações cotidianas impor-
no período de 1970 a 2007. Além dessas fontes, foram tantes. Pessoas atraentes parecem receber mais supor-
consultados também livros-textos e outras publicações. te e encorajamento no desenvolvimento de repertórios
A definição de imagem corporal mais aceita até hoje é cognitivos socialmente seguros e competentes. Em con-
a de Paul Schilder de 1935 e foi a primeira a ultrapassar traste, indivíduos não atraentes estão mais sujeitos a en-
as perspectivas neurológicas. Ela inclui elementos cons- contrar ambientes sociais que variam do não responsivo
cientes e inconscientes, todas as variedades de sensa- ao rejeitador e que desencorajam o desenvolvimento
ções e percepções corporais, estando mais próxima de de habilidades sociais e de um autoconceito favorável.
uma experiência de totalidade. O autor enfatiza que a Com isso, apresentam com mais frequência ansiedade
imagem corporal não é apenas uma construção cog- e medo de rejeição social. Acredita-se, ainda, que o
nitiva, mas também um reflexo de desejos, emoções e fato de não ser fisicamente atraente possa representar
interação com os outros. um fator de risco para doenças psíquicas de um modo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
geral, porém, ter boa aparência não significa ter uma As crianças aprendem cedo, com suas famílias e
imagem corporal positiva. A imagem corporal é, na ver- com o meio social, a valorizar o corpo delgado e muitas
dade, um estado de espírito. Certas crenças básicas ou vezes, mesmo com peso adequado, relatam insatisfa-
assunções sobre o significado da aparência na vida são ção com seu corpo, engajando-se em condutas para
aprendidas, quer através de insultos traumáticos, men- perder peso.
sagens familiares ou socialização cultural. Estas deter- Alguns estudos sugerem que garotas com cinco anos
minam a forma como a pessoa interpreta a realidade, de idade já expressam preocupações com seu corpo e
funcionando como modelos ou guias que influenciam a possuem conhecimento sobre dietas alimentares.
determinação do seu foco de atenção, como pensa so- Vários estudos realizados com crianças nos Estados
bre os eventos da vida e sobre si mesmo. Unidos e Inglaterra têm revelado que a maioria das ga-
O ser humano é pressionado, em inúmeras circuns- rotas entre sete e nove anos concorda que é ruim ser
tâncias, a concretizar, no próprio corpo, o corpo ideal gorda. A metade expressa desejo de ser mais magra e
de sua cultura. É pressionado para essa representação aproximadamente um terço sente medo de se tornar
por castigos (desprezo, críticas) e gratificações (dinheiro, gorda.
poder, admiração). Os ganhos secundários podem ser Estudos com escolares brasileiros também têm des-
tão poderosos que se renuncia ao contato interno e per- crito alta prevalência de insatisfação com o corpo e
de-se a conexão com o corpo real. comportamento, às vezes inadequados, que visam à
A imagem corporal é um processo em constante redução de peso.
transformação, que integra múltiplas dimensões, vulne- Além disso, pesquisas mostram que a insatisfação
rável aos processos dinâmicos internos e externos que se corporal está associada ao início da alimentação restri-
encontram em relação a cada instante, reconhecendo, tiva entre garotas já com sete anos de idade.
no entanto, seu caráter singular e indivisível. Ela reflete
a história de uma vida, o percurso de um corpo, cujas ETIOLOGIA DA INSATISFAÇÃO CORPORAL
percepções integram sua unidade e marcam sua exis- A construção da imagem corporal ocorre pelo con-
tência no mundo a cada instante. A imagem corporal é tato com o mundo externo. Além do interesse pelo cor-
vivência humana, individual e dinâmica. po, tem-se interesse pelo corpo do outro. É importante o
interesse pelo próprio corpo, demonstrado pelas pessoas
FORMAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL mediante ações, palavras ou atitudes, mas também é
O desenvolvimento da imagem corporal encontra importantíssimo o que aquelas que nos rodeiam fazem
paralelo no desenvolvimento da identidade do próprio com seus próprios corpos. As imagens corporais são di-
corpo, tendo relações com os aspectos fisiológicos, afe- nâmicas e mutáveis em razão de representar o corpo
tivos e sociais. É um processo que ocorre durante toda um objeto em constante modificação. Se as pessoas se 231
a vida. A construção da identidade corporal é sempre desconectam de sensações advindas do próprio corpo,
um processo em construção. As primeiras experiências param de refletir o fluxo de energia interna, tendem a se
infantis são fundamentais no desenvolvimento da ima- afastar do corpo real e, refletindo predominantemente
gem corporal, mas as experiências e o explorar o corpo um ideal de cultura, apresentam-se de forma estagna-
nunca param. da. O indivíduo toma como referencial de si o ideal cul-
Aos dois anos, a maioria das crianças possui auto tural e nega seus sentimentos, sua realidade corporal.
percepção e pode reconhecer a imagem de seu corpo Esse desvio lhe garante uma inserção no meio social,
refletida num espelho. Gradualmente, o corpo vai repre- mas sob uma força esmagadora da manifestação de
sentando, aos seus próprios olhos, a sua identidade e, aos sua subjetividade.
poucos, elas começam a pensar sobre como os outros Estudos prévios estimam que 25 a 80% das adoles-
veem a sua aparência. Os pré escolares vão aprenden- centes estão insatisfeitas com seus corpos. Um estudo
do como a sociedade enxerga diferentes características realizado em Porto Alegre-RS, em 2003, constatou que
físicas e a imagem corporal vai, cada vez mais, tomando somente um terço das mulheres entre 12 e 29 anos que
forma, à medida que eles absorvem conceitos do que é desejavam pesar menos tinha índice de massa corporal
valorizado como atraente, ou seja, como “deveria” ser (IMC) compatível com sobrepeso/obesidade.
sua aparência. As crianças também formam imagens A ideia de que a insatisfação corporal é um compo-
do que não é atraente, ou seja, de como não “deve- nente padronizado das mulheres que vivem em socieda-
riam” se parecer. Mais importante ainda é o fato delas des ocidentais. Essa baixa satisfação corporal tem sido
julgarem de que forma sua própria aparência corporal atribuída cada vez mais a pressões socioculturais que
se adequa ao modelo que lhes é transmitido, o que traz enfatizam, particularmente através da mídia, o ideal de
consequências aos sentimentos de autovalor. forma física, que frequentemente é uma magreza irreal
Já os adolescentes estão num estágio do ciclo de para as mulheres e um corpo musculoso para os ho-
vida caracterizado por mudanças psicológicas, emocio- mens, imagens as quais os jovens estão constantemente
nais, somáticas e cognitivas e pelo aumento da preocu- expostos nos comerciais, vídeos musicais e filmes.
pação com a aparência física. Durante a adolescência, Além da mídia, as pressões socioculturais também
que é um período crítico de formação de identidade, o são exercidas pelos pais e pelos amigos.
risco de insatisfação corporal ainda é maior e isto pertur- Essas pressões para se ter um corpo ideal são mais
ba a autoimagem e a autoestima, podendo predispor a sentidas pelos adolescentes e por adultos jovens, por
transtornos psicológicos. esse ser o tempo do desenvolvimento da identidade
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
de gênero e de exploração do papel sexual, porém as filhas. Um estudo com crianças de cinco anos de idade
crianças também sofrem muito, pois suas imagens cor- mostrou que pais de garotas com sobrepeso relatam sig-
porais estão em formação. Garotas com cinco anos de nificantemente níveis mais altos de preocupação com o
idade já têm conhecimento de como seus pais perce- peso de suas filhas que pais de garotas sem sobrepeso e
bem sua forma corporal e essa percepção pode influen- que essas altas preocupações estão associadas à baixa
ciar a sua auto avaliação. A família é o primeiro agente estima corporal, independentemente do peso (DAVI-
socializante que transmite mensagens da aparência e SON;BIRCH, 2001).
dos hábitos alimentares para a criança. Durante a adolescência, os amigos passam a ter
Em particular, as mães exercem o papel de modelo influência importante na socialização (CROCKETT; LO-
e reforçam as relações sociais da criança com a comi- SOFF; PETTERSEN, 1984; LATTIMORE; BUTTERWORTH, 1999;
da e seu comportamento. RAFFAELLI; DUCKETT, 1989).
Pais influenciam na insatisfação corporal e preocu- Taylor et al. (1998) sugerem que os amigos são a in-
pações em relação ao peso de seus filhos de várias fluência mais forte em relação a preocupações com o
formas. Primeiro, podem expressar insatisfação com o peso entre as adolescentes do Ensino Médio. Um dos
peso deles tanto implicitamente, monitorizando ou res- mecanismos muito utilizados por eles é a comparação
tringindo o acesso à comida quanto explicitamente, cri- social (DURKIN, 1995). Adolescentes do sexo femini-
ticando ou fazendo comparações com outras crianças no encorajadas por amigas do mesmo sexo têm mais
Davison e Birch (2001) mostraram que essas mensagens, chances de fazer dietas (PYLE; MITCHELL; ECKERT, 1981).
quando combinadas com o estar com sobrepeso, po- Além disso, amigas do mesmo sexo exercem mais in-
dem ter impacto negativo no desenvolvimento da au- fluência do que as mães em meninas na adolescência
to-imagem. Segundo, pais que estão de dieta têm mais tardia, em relação a atitudes e comportamentos rela-
probabilidade de estimular seus filhos a perder peso cionados à alimentação (MUKAI, 1996).
(STRIEGEL-MOORE; SILBERSTEIN; RODIN, 1994) e esse estí- O’Koon (1997) mostrou que, apesar da ligação com
mulo está associado positivamente à frequência de die- os pais ser importante para o adolescente do sexo mas-
tas entre as adolescentes (PIKE; RODIN, 1991). culino, são os amigos que exercem mais ascendência
Terceiro, pais que expressam insatisfação corporal e na imagem corporal. Ricciardelli, McCabe e Banfield
preocupação com seus pesos podem, por isso, fornecer (2000) relataram que tanto os amigos quanto a mídia
oportunidades para seus filhos imitarem esses valores, têm papel mais significante na insatisfação corporal en-
atitudes e comportamentos. Pesquisas revelam associa- tre os adolescentes do sexo masculino do que os pais.
ções positivas entre preocupações das mães e de suas Em relação à mídia, dois sistemas teóricos explicam bem
232 filhas com o peso (PIKE; RODIN, 1991) e com o uso de a sua influência nas maneiras de lidar com o corpo. A
dietas restritivas (HILL; WEAVER; BLUNDEL, 1990). teoria sociocultural tenta explicar diferenças na avalia-
Essas preocupações independem do peso e da sa- ção da imagem corporal e a teoria da comparação so-
tisfação corporal, sugerindo que esse tipo de preocu- cial tenta explicar os diferentes graus de investimento na
pação por parte das filhas não é influenciado somente imagem do corpo (STORMER; THOMPSON, 1996).
pela autopercepção corporal, mas pelo comportamen- A teoria sociocultural afirma que a insatisfação da
to de suas mães. Alta preocupação da mãe com o mulher com sua aparência física origina dos seguintes
peso de suas filhas foi associada à baixa percepção de conceitos sociais: a) o ideal de um corpo magro valori-
habilidade física e cognitiva entre as meninas, indepen- zado nas sociedades ocidentais; b) a tendência da mu-
dentemente do peso delas (DAVISON; BIRCH, 2001). lher em adotar o corpo como objeto e não como um
Mesmo na idade pré-escolar, as meninas têm consciên- instrumento produtor; e c) o conceito de que a pessoa
cia e são incutidas pelas opiniões e atitudes de suas mães que é magra é boa e que pessoas fisicamente atraentes
em relação ao peso (DAVISON; MARKEY; BIRCH, 2000). (magras) recebem mais recompensas e, concomitante-
Num estudo realizado com crianças entre oito e 11 mente, custos são associados a não ser atraente (gor-
anos em Porto Alegre (RS), a variável que se mostrou do). Pesquisadores afirmam que o mais forte condutor
mais fortemente associada a sentir-se gordo entre as de cada um desses conceitos é a mídia (STICE et al.,
crianças sem sobrepeso foi a percepção da expecta- 1994).
tiva dos seus pais em relação ao peso delas (PINHEIRO; A ênfase que ela dá à aparência física da mulher
GIUGLIANI, 2006). e a forma como representa o corpo feminino contribui
Esse achado corrobora a ideia de que, até os pri- para a adoção do corpo como objeto. Rudman e Verdi
meiros anos da adolescência, os pais exercem muita in- (1993) analisaram anúncios selecionados de forma ran-
fluência na aparência e no estilo de seus filhos (SMOLAK; domizada de publicações de moda e de boa forma e
LEVINE; SCHERMER, 1999; STRIEGEL-MOORE; KEARNEY- os resultados indicaram que os anúncios retratando mo-
-COOKE, 1994; THELEN; CORMIER, 1995). delos femininas enfatizavam mais frequentemente par-
Pouco se sabe especificamente sobre a influência tes do corpo (olhos, pernas ou mãos) do que o corpo
do pai na imagem corporal dos filhos. Pesquisas indicam inteiramente.
que ele tem papel central no desenvolvimento do gê- Similarmente, Duquin (1989) examinou os níveis de
nero (ATTIE;BROOKS-GUNN, 1989; KATZMAN;WOLCHIK, atividade de modelos masculinos e femininos que apa-
1984; LEON et al., 1993) e na aceitação de modelos receram em 14 revistas femininas populares e descre-
alimentares (GRANNER; BLACK; ABOOD, 2002) de suas veu que as mulheres tinham mais probabilidade que os
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
homens de estarem imóveis, ou seja, o corpo foi mos- Os resultados de um estudo realizado por Silverstein
trado sentado, deitado ou de pé. Esse autor argumenta et al. (1986b) indicaram que homens magros e acima do
que representações inativas da mulher reforçam a visão peso estão sub representados na televisão.
de que o corpo serve mais como um ornamento do que Já a teoria da comparação social de Festinger (1954)
um instrumento. A mídia promove a visão de que quem é afirma que:
magro é bom. a) os indivíduos avaliam suas opiniões e habilidades;
Silverstein et al. (1986b) constataram que somente 5% b) os indivíduos fazem comparações sociais, ou seja,
das atrizes com papéis frequentes na televisão são classifi- comparam suas opiniões e habilidades com as de ou-
cadas como gordas em comparação a 25,5% dos atores. tros; e
Para Tiggemann e Pickering (1996), a insatisfação corporal c) sempre que possível, comparações sociais são fei-
correlaciona-se positivamente com o total de horas que tas com outros parecidos.
adolescentes do sexo feminino passam assistindo a nove-
las na televisão. Levine, Smolak e Hayden (1994) observa- As consequências afetivas do processo comparativo
ram que as adolescentes que consideravam revistas de são influenciadas pela direção das comparações (para
moda importantes fontes de informações sobre beleza e mais ou para menos) e por características do alvo (se é
boa forma evidenciavam altos níveis de insatisfação cor- universal ou particular). Acredita-se que se comparar a
poral, tinham mais probabilidade de mudar seus compor- alguém pior na dimensão de interesse aumenta o bem-
tamentos para modificar o peso, como fazer exercícios -estar subjetivo, enquanto que comparar- se a alguém
físicos e saltar refeições, quando comparadas com aque- melhor diminui esse bem-estar (WHEELER; MIYAKE, 1992).
las que não consideravam essas revistas importantes. Alvos universais (forças distantes de influência, tal
Similarmente, Stice et al. (1994) encontraram que como a mídia) são percebidos como poderosas forças
quanto mais as mulheres se expõem à mídia contendo de pressão para se adequar a padrões ideais de atra-
ção em comparação a alvos particulares (amigos e fa-
alta proporção de imagens corporais ideais, maior é a
mília) - (IRVING, 1990).
probabilidade de apresentarem atitudes e comporta-
Pesquisadores afirmam que comparações sociais da
mentos característicos de anorexia e bulimia. Já para os
aparência física tendem a ser para mais (WHEELER; MIYA-
homens, Morrison, Kalin e Morrison (2004) propuseram que:
KE, 1992) e usualmente produzem decréscimos na auto
a) a mídia pública um corpo masculino musculoso
percepção de atratividade. Thornton e Moore (1993)
como ideal;
perceberam que homens e mulheres participantes ex-
b) a disseminação desse ideal também incentiva os
postos a modelos profissionais do mesmo sexo obtiveram
homens a adotarem o corpo mais como objeto do que
escores mais baixos de auto -avaliação de atração físi- 233
como instrumento produtor; e
ca que os controles. Martin e Kennedy (1993) e Richins
c) homens que se desviam deste ideal por serem mui-
(1991) também descreveram que a tendência a se com-
to magros ou muito gordos experimentam avaliação parar fisicamente com modelos de comercial de revistas
da imagem corporal negativa e/ou investem de forma correlaciona-se negativamente com a auto avaliação
agressiva na auto-imagem. de atratividade. Mulheres participantes que considera-
Murray, Touyz e Beumont (1996) referenciaram que vam celebridades (alvo universal) um grupo importante
72% das pessoas de comparação de aparência física tinham mais proba-
acreditam que a sociedade tem um ideal de corpo bilidade de engajar-se em práticas de controle de peso
masculino. Para aproximadamente 74% esse corpo ideal anormais, tal como vômitos para perder peso, do que
é musculoso e para apenas 8% ele é magro. aquelas para quem esse grupo não era bom parâmetro
Num estudo realizado por Thompsom e Tantleff (1992), de comparação (HEINBERG; THOMPSIN, 1992).
participantes de ambos os sexos avaliaram figuras mas- A relação entre comparação universal e transtornos
culinas com o peito musculoso como mais afirmativo, alimentares não foi significativa para os homens. Um estu-
atlético, sexualmente atrativo, confiante e popular. Petrie do realizado com 1.543 adolescentes de 15 a 19 anos, no
et al. (1996) sugeriram que pressões e preocupações so- Canadá, para avaliar essas teorias e a força da influência
cioculturais com a saúde e boa forma do homem estão da mídia na auto avaliação da imagem corporal, reve-
se intensificando. Um estudo longitudinal conduzido por lou que as mulheres: a) apresentaram grande exposição
esses autores, de avaliação de duas revistas populares à mídia contendo representações idealistas do corpo; b)
masculinas, mostraram que, num período de mais de 32 estiveram mais provavelmente engajadas em compara-
anos (1960- 1992), o número de artigos dedicados a força, ções sociais universais quando avaliaram sua aparência
tônus e construção de massa muscular aumentou signifi- física; c) mostraram baixos níveis de auto estima em rela-
cativamente. Evidências sugerem que a mídia incentiva ção à aparência. Quanto aos homens, verificou-se que
adolescentes e adultos jovens a verem o corpo masculino eles se exercitam mais vezes por semana e tiveram mais
como objeto. probabilidade de usar esteroides para aumentar mas-
Sommers-Flanagan, Sommers- Flanagan e Davis (1993) sa muscular. O sexo masculino (44,5%) apresentou mais
investigaram o conteúdo de 40 clipes selecionados de chances do que o feminino (7,8%) de se considerar mais
forma randomizada da MTV, concluindo que os níveis de magro que os atores e modelos, enquanto as mulheres
desconstrução não diferiram significantemente entre os (82,5%) tenderam mais (37,8%) a se perceberem mais gor-
homens e as mulheres que apareceram nos vídeos. das. Os resultados indicaram que tanto para os homens
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
quanto para as mulheres comparações sociais univer- No início do século XVI, qualquer artifício buscando
sais têm relação inversa com a avaliação da imagem a beleza era condenado, pois a beleza era dada por
corporal, auto estima e satisfação corporal e é positiva- Deus. A partir da sua segunda metade, começaram a
mente relacionada com o grau de investimento nessas surgir maquiagens para valorizar as partes altas do cor-
comparações (MORRISON; KALIN; MORRISON, 2004). po e até podiam ser usadas de forma honesta ou para
“arranjar um marido”.
EVOLUÇÃO DOS PADRÕES DE BELEZA (VIGARELLO, No século XVII, o ressurgimento da sociedade urba-
2006) na e as normas da corte valorizaram etiqueta e postura.
O conceito do belo nunca foi estático. A atração Ainda a parte de baixo servia de pedestal do busto e o
física e os esforços em se ater ao ideal cultural têm sido rosto continuava valorizado, mas não mais por sua pro-
uma tradição mais feminina do que masculina, exce- ximidade com o céu e sim por sua identidade com o
ção feita à cultura grega. No final da Idade Média, espiritual, com a alma e com a interioridade.
o ideal de corpo feminino era a “figura reprodutiva”: O olhar passou a ser relacionado ao sentimento, à
corpulenta, com ênfase na “plenitude” do estômago acolhida. O cuidado para se enfeitar era censurado se
como símbolo de fertilidade e maternidade. A gordura fosse extremado, porém apertar o corpo e prepará-lo
era considerada erótica e sedutora. A mulher bela era ganhavam legitimidade. A exigência em relação a si
representada por uma senhora roliça, com seios gran- próprio se intensificava.
des e fartos (“Nascimento de Vênus”, 1485, Botticelli) - Com o advento das máquinas, o espartilho “se mo-
(CASTILHO, 2001). dernizou” e tornou-se o instrumento cotidiano da ele-
No século XVI, as partes altas do corpo (busto, mãos gância e da manutenção. Até as crianças usavam-no
e rosto) eram valorizadas porque remetiam ao celeste. para orientar precocemente a postura.
As partes baixas serviam somente como sustentação e A beleza permaneceu prioritariamente feminina,
não deveriam ser vistas; as saias eram transformadas mas a estética masculina se afastou dos sinais de força.
em pedestais com anquinhas com lâminas de ferro ou Com a urbanização, o exemplo da corte e o crescimen-
de madeira. O busto deveria ter o formato de uma pera to do teatro, a maquiagem se impôs, apesar de ainda
invertida; as mãos longas, brancas e leves; o rosto deve- gerar certa desconfiança.
ria transmitir a brancura da alma e se tingir de cor-de- No século XVIII, as luzes separaram a visão da beleza
-rosa para mostrar o pudor; os olhos eram capazes de humana da visão divina. Uma ruptura se afirmou, a ideia
emitir raios de fogo, daí vem o poder do mau- olhado. de humanidade substituiu a cristandade. A mulher era
Só a beleza feminina era evocada. “igual” ao homem, porém a finalidade e a forma de seu
234 Vem do século XVI o conceito antigo da hierarquiza- corpo e sua beleza a mantiveram dominada.
ção da beleza segundo critérios de moralidade, que diz Seu esqueleto era para a maternidade. A rigidez re-
que a perfeição estética estaria ligada ao bem. Segun- grediu e a beleza exigiu partes mais móveis e movimen-
do Courtisan, “a beleza vem de Deus, a beleza exterior tos mais rápidos.
é o verdadeiro sinal de beleza interior e é raro que uma Os espartilhos para crianças foram abandonados e
alma má habite um corpo belo”. os das mulheres tornaram-se “mais confortáveis”. Surgi-
A mulher, pela primeira vez, aproxima-se da perfei- ram os espelhos de corpo todo e começou-se a olhar
ção, parcialmente libertada da tradição que a demo- para baixo, para o conjunto da silhueta, seu equilíbrio e
nizava (“Deus reuniu na mulher o que o universo possui seu movimento.
de mais belo”). A profissão de cabeleireiro foi reconhecida oficial-
É a primeira forma moderna de um reconhecimento mente em 1769, em Paris. O uso da maquiagem des-
social da mulher, porém sua beleza era para servir ao pertava menos falatórios alarmantes, sua composição
homem. Ela deveria ser controlada, ou seja, deveria ter se tornou menos agressiva para a pele (anteriormente
pouco movimento, dignidade no gesto, um riso limitado o chumbo era um dos seus ingredientes, passando a ser
e moderado. Segundo o Tratado de Beleza de Liébault feita de materiais vegetais). As caminhadas passaram a
da época, a tríade da beleza era modéstia, humildade ser recomendadas por médicos para reforçar a postura
e castidade. e mobilizar pernas e braços.
A liberdade dos gestos era socialmente deprecia- Como forma de renovar a sociedade e lutar contra
da, a mulher aldeã possuía um corpo de contornos ar- a decadência, surgiu o desejo de substituir o velho mo-
redondados, enquanto a mulher esguia indicava refi- delo aristocrático de manutenção física por um modelo
namento. O corpete bem apertado ajudava-a a ficar mais ativo, de fazer da atitude e do movimento um sinal
esbelta e a dar ao busto uma forma graciosa. Já o ho- de vigor e de saúde. No século XIX, a parte baixa do
mem deveria ser mais terrível que belo, engendrar mais corpo adquiriu um lugar que não tinha.
o terror que o amor, ter um corpo robusto e forte para A beleza romântica fez aumentar a atenção aos
o trabalho e para o combate aos inimigos. A beleza do efeitos da interioridade, às formas e ao contorno. O efei-
homem era incompreensível ao espírito humano, pois to da beleza não era mais o de alguma revelação de
era a imagem da majestade divina, mais perfeito que Deus, como no século XVI, nem mesmo o de alguma
qualquer outro animal. revelação de sensibilidade, como no século XVIII, e sim
o de uma revelação de si: consciência de uma interiori-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
dade bruscamente ampliada pela beleza. O consumo de cosméticos e maquiagem cresceu com o século e con-
firmou as distâncias sociais, refletindo as hierarquias. Segundo o jornal “La Mode” (1836- 1848), existia uma beleza
“voluntária” e uma beleza “involuntária”, uma beleza social feita de inteligência e de saber.
A beleza trabalhada seria mais importante e preciosa do que a outra julgada muito espontânea. O modelo
físico de aristocracia para o homem se subverteu: não mais a saliência da barriga, ombros repuxados para trás
evocando qualquer “nobreza”, mas o busto reto, densificado, cintura comprimida, evocando qualquer determi-
nação “burguesa”. Menos arrogância e mais eficácia. É o que simbolizava a sobrecasaca: pinçada na cintura,
aberta no torso. Transformou-se também a silhueta feminina: cintura comprimida e busto dilatado. Mangas em
forma de balão e “saia em sino”. A largura da parte alta passou em mais do dobro a largura da parte baixa. Após
a descoberta do oxigênio, o peito grande simbolizava vida.
Surgiu um novo personagem, a parisiense que simbolizava a oscilação de um mundo: a capital não mais domi-
nava a província pela proximidade com o rei e sim pela iniciativa política, pelos seus seres mais inventivos e mais
atraentes. A parisiense fundamentou uma beleza ativa, ávida de exercícios e apressada, porém essas atividades
eram mais sonhadas do que efetuadas.
A mulher ainda era dominada e estava sob a autoridade do marido. Porém, com a mudança para uma beleza
feminina mais ativa, no começo do século, a beleza masculina também foi revisada e ocorreu uma fragilidade
até então recusada. No final do século, houve banalização do nu, exposto primeiramente nos espetáculos, carta-
zes e jornais. E com a ascensão da praia como lugar de descanso e lazer, diminuiu-se o arqueamento do corpo,
que era conseguido com o espartilho, e foi dada mais importância às pernas. Em 1880, a ginástica tornou-se obri-
gatória nas escolas públicas da
Europa e Estados Unidos da América (EUA) e ela mudou o padrão postural: peito erguido e rins retos. A curva-
tura lombar passou a ser sinal de fraqueza. Em 1908, surgiram várias campanhas “pela beleza natural da mulher,
contra a mutilação do espartilho”. Ele não era mais apenas perigo, era obstáculo, pois a mulher não conseguia
ficar sentada e nesse período o número de empregadas de escritório multiplicou-se (95 mil para 843 mil de 1860
a 1914). No início do século XX, a mulher idealizada incluía dois polos opostos, o padrão erotizado dos cafés-con-
certo, de contornos arqueados e coxas acentuadas e o modelo de elegância mundana, de perfil mais estendido.
O segundo se impôs em definitivo ao primeiro. Cresceram os anúncios de “adelgaçadores” na publicidade e
surgiram várias massagens para eliminarem-se as redondezas. Admitia-se que o indivíduo dos 20 aos 50 anos de-
vesse pesar tantos quilos quanto sua altura tinha de centímetros acima de um metro. Ainda no princípio do século,
surgiram os salões de beleza, em espaços muitos luxuosos, e um ramo incipiente da cirurgia se propôs a corrigir as
fealdades e deformidades. Ao final da Primeira Guerra Mundial, o ideal curvilíneo foi substituído por formas planas 235
e soltas. Os vestidos da década de 20 eram sem curvas e o corpo ideal era quase como o de um rapaz. Foram
removidos os enchimentos e os espartilhos e as mulheres começaram a prender os seios com roupas que achatas-
sem a silhueta. A beleza daquela época era notada pela quase ausência de características sexuais secundárias
femininas.
A partir de 1920, a silhueta tornou-se mais estendida, as pernas se exibiram e os penteados se elevaram. To-
das as mulheres deram a impressão de ter crescido. A altura do pé à cintura, durante muito tempo conservada
o dobro do tronco nas revistas de moda do século XIX, atingiu agora o triplo desta altura nas mesmas revistas. A
estética feminina foi um sintoma marcante da evolução da civilização, pois buscou concorrer com o homem e
aumentar sua liberdade. As revistas de moda mostraram esse lento deslocamento, cotejando a elegância com a
vida ativa, a beleza com a fadiga, o trabalho evocando um cotidiano feminino constituído por um duplo aspecto,
associando profissão a cuidados de beleza. A coqueteria tornou-se uma necessidade essencial. A praia passou a
ser mais frequentada e as férias fabricaram estética. Essa apresentação de corpos ensolarados, ativos e seminus
teve consequências sobre as imagens comedidas: ela misturou magreza e vigor. O que fazia a beleza era um
corpo magro e musculoso que se movimentava com leveza. As mulheres seguiam dietas rigorosas e exercícios
físicos extenuantes a fim de diminuir-se o peso. Em 1926, o New York Times anunciou que a Academia de Ciências
de Nova Iorque convocara uma conferência de dois dias para estudar a “explosão dos transtornos alimentares”.
A tabela 1 mostra uma série histórica de 10 anos de sugestão de peso ideal para mulheres de 1,60 metro, de
acordo com a revista “Votre Beauté”.
Já a tabela 2 exibe a evolução da silhueta de uma mulher de 1,60 metro, segundo algumas revistas feminina.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ao longo dos anos, as modelos ganharam importância e confirmaram um adelgaçamento progressivo, o IMC
reduziu-se de 21,2 em 1921 para 19,5 no Concurso de Miss América em 1940. O cinema aumentou sua difusão e
mostrou rostos com maquiagem e tezes perfeitas na tela.
Os cabelos ganharam importância e sugeriam liberdade. A loira se tornou sinônimo de aristocracia e beleza. A
perfeição da atriz a irrealizava, porém as revistas traziam seus conselhos de beleza e afirmavam que, com disciplina,
236 cultura física e regime qualquer mulher poderia ser bela. Afirmavam que “não havia mulher feia, só as que não se
cuidavam”.
Surgiu uma literatura psicológica da perseverança, que propôs total soberania sobre si e jogava com a culpa-
bilidade e a responsabilidade do indivíduo. Cada pessoa era responsável de forma positiva ou negativa por sua
imagem. Para ser belo, o indivíduo teria que se sentir bem com seu corpo. O mercado da beleza cresceu e se
democratizou. A maquiagem tornou se objeto fundamental, o rosto sem ela mostrava-se mal cuidado. Surgiu a
preocupação com a celulite e com as rugas. Uma cirurgia estética pura se juntou à cirurgia reparadora reinventa-
da com a Primeira Guerra Mundial.
A partir da segunda metade do século XX, o culto ao corpo ganhou dimensão social inédita: entrou na era das
massas. A mídia adquiriu imenso poder de influência sobre os indivíduos, generalizou a paixão pela moda, expandiu
o consumo de produtos de beleza, anunciou transformações nos corpos de pessoas famosas - por meio da cirur-
gia plástica - e tornou a aparência uma dimensão essencial da identidade para um maior número de mulheres e
homens.
Em 1960, a publicidade ocupava 60-70% das páginas das melhores revistas de moda, quase o dobro de 1930.
O tema do andrógeno agradou depois dos anos 1960, o corpo do homem se adelgaçou, suavizou e ele passou a
se preocupar cada vez mais com a estética. Ao mesmo tempo ocorreu a feminilização da musculação. Impossível
medir essa mudança sem associá-la à presença gay. A beleza não mais definia o gênero, podia ser cultivada e
reivindicada pelos dois sexos. Formas mais lineares tornaram-se garantia de eficácia, agilidade, elegância e flexibi-
lidade. Qualquer mulher - e homem - pode oferecer de si mesmo uma imagem atraente com o uso de cosméticos,
maquiagem, cirurgia estética, exercícios de manutenção do corpo e artifícios da elegância; não há mais desculpa
para estar “fora de forma”. Cada indivíduo é considerado responsável (e culpado) por sua juventude, beleza e
saúde: só é feio quem quer e só envelhece quem não se cuida.
Cada um deve buscar em si as imperfeições que podem (e devem!) ser corrigidas. O corpo “em forma” se
apresenta como um sucesso pessoal, ao qual qualquer mulher ou homem pode aspirar, se realmente se dedicar
a isso. “Não existem indivíduos gordos e feios, apenas indivíduos preguiçosos” poderia ser o slogan desse mercado
do corpo.
Consequentemente, as pessoas podem adotar qualquer tipo de estratégia para “adquirir” o corpo tão dese-
jado, incluindo dietas muito restritivas, abuso de medicamentos para emagrecer, laxativos e diuréticos, ou para
ganhar massa muscular, como hormônios, atividade física exagerada e inúmeras cirurgias para corrigir pequenos
defeitos. Tudo parece feito para que a escolha individual se sobressaia até o fim, para que a responsabilidade de
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
3. (ENEM 2018) O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o pri-
meiro acerca do impacto de mudanças no estilo de
TEXTO I vida na saúde, apresenta uma visão:
GABARITO
1 C
2 C
Disponível em: http//revistaiiqb.usac.edu.gt. Acesso 3 B
em: 25 abr. 2018 (adaptado)
TEXTO II
239
Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um
grande centro urbano, que diariamente acorda às 5h
para trabalhar, enfrenta em média 2h de transporte pú-
blico, em geral lotado, para chegar às 8h ao trabalho.
Termina o expediente às 17h e chega em casa às 19h,
para, aí sim, cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos
etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar
exercícios, pois é importante para sua saúde? Como ela
irá entender a mensagem da importância do exercício
físico? A probabilidade de essa pessoa praticar exercí-
cios regularmente é significativamente menor que a de
pessoas da classe média/alta que vivem outra realida-
de. Nesse caso, a abordagem individual do problema
tende a fazer com que a pessoa se sinta impotente em
não conseguir praticar exercícios e, consequentemen-
te, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação
física escolar: ampliando o enfoque.
RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
ANOTAÇÕES
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
240 _________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
Matemática
E SUAS TECNOLOGIAS
Matemática e suas Tecnologias
Um número natural é definido como primo se ele tem A definição de divisor está relacionada com a de
exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo. múltiplo.
Já nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente Um número natural b é divisor do número natural a,
quatro divisores: ±1 e ±𝑝 . se a é múltiplo de b.
Ex. 3 é divisor de 15, pois 15 = 3 ∙5, logo 15 é múltiplo
de 3 e também é múltiplo de 5.
#FicaDica
Por definição, 0, 1 e − 1 não são números SE LIGA!
primos. Um número natural tem uma quantidade finita
de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá
Existem infinitos números primos, como demonstrado ter no máximo 6 divisores, pois trabalhando no
por Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade de conjunto dos números naturais não podemos
ser um primo é chamada “primalidade”, e a palavra dividir 6 por um número maior do que ele.
“primo” também é utilizada como substantivo ou Os divisores naturais de 6 são os números 1, 1
adjetivo. Como “dois” é o único número primo par, o 2, 3, 6, o que significa que o número 6 tem 4
termo “primo ímpar” refere-se a todo primo maior do divisores.
que dois.
O conceito de número primo é muito importante
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria dos MDC
números é o Teorema Fundamental da Aritmética, que
afirma que qualquer número natural diferente de 1 pode Agora que sabemos o que são números primos, múl-
ser escrito de forma única (desconsiderando a ordem) tiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor co-
como um produto de números primos (chamados fatores mum de dois ou mais números é o maior número que é
primos): este processo se chama decomposição em divisor comum de todos os números dados.
fatores primos (fatoração). É exatamente este conceito Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24.
que utilizaremos no MDC e MMC. Para caráter de Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}.
memorização, seguem os 100 primeiros números primos Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.
positivos. Recomenda-se que memorizem ao menos os Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e
10 primeiros para MDC e MMC: 24: D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59
, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, 127, Observando os divisores comuns, podemos identifi-
131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, 191, car o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja:
193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, 257, MDC (18,24) = 6.
263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, 331,
337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, 401, Outra técnica para o cálculo do MDC:
409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, 467,
479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541 Decomposição em fatores primos: Para obter o MDC
de dois ou mais números por esse processo, procede-se
MÚLTIPLOS E DIVISORES da seguinte maneira:
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos,
natural b, se existe um número natural k tal que:
cada um deles elevado ao seu menor expoente.
𝑎 = 𝑘. 𝑏
Matemática e suas Tecnologias
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 10 dias
18 = 2 .32 b) 12 dias
120 = 23.3 .5 c) 14 dias
d) 15 dias
mmc (18, 120) = 23 � 32 � 5 = 8 � 9 � 5 = 360 e) 16 dias
Matemática e suas Tecnologias
Resposta: Letra b. Temos que determinar o MMC entre Propriedades da Adição de Números Racionais
os números 3, 4 e 6.
No caso, mmc (3,4,6)=2 ∙2∙3=12. O conjunto é fechado para a operação de adição,
Conclui-se, portanto, que após 12 dias a manutenção isto é, a soma de dois números racionais resulta em um
será feita nas três máquinas. número racional.
- Associativa: Para todos em
a+(b+c)=(a+b)+c
NÚMEROS RACIONAIS: FRAÇÕES, - Comutativa: Para todos em : a + b = b + a
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a todo
NÚMEROS DECIMAIS E SUAS OPERAÇÕES
em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
tal que q + (–q) = 0
NÚMEROS RACIONAIS
Subtração de Números Racionais
Um número racional é o que pode ser escrito na for-
m A subtração de dois números racionais e é a própria
ma , onde m e n são números inteiros, sendo que n
n operação de adição do número com o oposto de q,
m
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos isto é: p – q = p + (–q)
n
para significar a divisão de m por n .
Como podemos observar, números racionais podem MULTIPLICAÇÃO (PRODUTO) DE NÚMEROS RACIONAIS
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
Como todo número racional é uma fração ou pode
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio- ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto
a c
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos de dois números racionais b e d , da mesma forma que o
na literatura a notação: produto de frações, através de:
Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero } a c a�c
� =
b d b� d
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:
∗
• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
• 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos; O produto dos números racionais a e b também
∗
• 𝑄+ = conjunto dos racionais positivos; pode ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem ne- 3
𝑄
• − = conjunto dos racionais não positivos; nhum sinal entre as letras.
• 𝑄−∗
= conjunto dos racionais negativos. Para realizar a multiplicação de números racionais,
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto em toda a Matemática:
que representa esse número ao ponto de abscissa zero. (+1)�(+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo
(+1)�(-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo
33 3 3 (-1)�(+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − =
2 2 (-1)� (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo
a b
q= q−1 = a b
- Elemento inverso: Para todo b em Q, a diferente de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja, × =1
b a
- Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a ∙ b ) + ( a∙ c )
A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, isto é: p ÷ q = p × q-1
De maneira prática costuma-se dizer que em uma divisão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
multiplica-se pelo inverso da segunda:
a
Observação: É possível encontrar divisão de frações da seguinte forma: b c
. O procedimento de cálculo é o .
mesmo.
d
POTENCIAÇÃO DE NÚMEROS RACIONAIS
𝐧
A potência q do número racional é um produto de fatores iguais. O número é denominado a base e o nú-
mero é o expoente.
n
q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes)
Exs:
. 2 . 2 =
3
a) 2 = 2
8
125
5 5 5 5
3
b) − 1 = − 1 . − 1 . − 1 = 1
−
2 2 2 2 8
c) (–
4 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25
0
2
+ =1
5
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base.
1
9 9
− =−
4 4
- Toda potência com expoente negativo de um número racional diferente de zero é igual a outra potência que
tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expoente anterior.
3
−2
5
2
25
− = − =
5 3 9
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da base.
2
3
2 2 2 8
= . . =
3 3 3 3 27
Matemática e suas Tecnologias
2
1 1 1 1
− = − .− =
5 5 5 25
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um produto de potências de mesma base a uma só potên-
cia, conservamos a base e somamos os expoentes.
2 3 2+3 5
2 2 2 2 2 2 2 2 2
. = . . . . = =
5 5 5 55 5 5 5 5
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um quociente de potências de mesma base a uma só
potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.
3 3 3 3 3
5 . . . . 2 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
: = = =
2 2 3 3 2 2
.
2 2
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de potência a uma potência de um só expoente, conserva-
mos a base e multiplicamos os expoentes.
2 3 2 2 2 2+2+2 6
3 3 3 3 3 3
= � � = =
2 2 2 2 2 2
5
Se um número representa um produto de dois ou mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do nú-
mero. Vejamos alguns exemplos:
Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
Ex:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
Representa o produto . ou .Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
9 3 3 3 3 9 9 3
Ex: 3
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .
SE LIGA!
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o número zero ou um número racional positivo.
Logo, os números racionais negativos não têm raiz quadrada em .
100
O número − não tem raiz quadrada em Q, pois tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
9 3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto dos números racionais se ele for um quadrado perfeito.
O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 3
FRAÇÕES
Frações são representações de partes iguais de um todo. São expressas como um quociente de dois números
x
, sendo x o numerador e y o denominador da fração, com y ≠ 0 .
y
Frações Equivalentes
São frações que, embora diferentes, representam a mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
a outra quando pode ser obtida multiplicando o numerador e o denominador da primeira fração pelo mesmo
número.
Ex: 3 e 6 .
5 10
3
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o numerador e denominador de por 2:
5
6 3�2 6
=
5 � 2 10
6 3
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a
10 5
OPERAÇÕES COM FRAÇÕES
Adição e Subtração
Ex:
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel 5 desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de
8 8
chocolate que Jorge e Miguel comeram juntos?
A figura abaixo representa o tablete de chocolate. Nela também estão representadas as frações do tablete
que Jorge e Miguel comeram:
3 2 5
Observe que = =
8 8 8
Na adição e subtração de duas ou mais frações que têm denominadores iguais, conservamos o denominador
comum e somamos ou subtraímos os numeradores.
Matemática e suas Tecnologias
Outro Exemplo:
3 5 7 3+5−7 1
+ − = =
2 2 2 2 2
encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) entre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em seguida,
encontramos as frações equivalentes com o novo denominador:
3 5 9 20
mmc (8,6) = 24 = = =
8 6 24 24
24 ∶ 8 � 3 = 9
24 ∶ 6 � 5 = 20
Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, simplificando o resultado, quando possível:
9 20 29
+ =
24 24 24
3 5 9 20 29
Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
7
Deste modo, é importante lembrar que na adição e na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações ao menor denominador comum, após o que procedemos
como no primeiro caso.
Multiplicação
Ex:
4 2
De uma caixa de frutas, são bananas. Do total de bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas
5 3
da caixa que estão estragadas?
Ou seja:
2 de 4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
3 5 3
O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
minador é o produto dos denominadores das frações dadas.
2 4 7 2�4�7 56
Outro exemplo: � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135
#FicaDica
Sempre que possível, antes de efetuar a multiplicação, podemos simplificar as frações entre si, dividindo os
numeradores e os denominadores por um fator comum. Esse processo de simplificação recebe o nome de
cancelamento.
Divisão
Duas frações são inversas ou recíprocas quando o numerador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
Exemplo
2 é a fração inversa de 3
3 2
5 1
5 ou é a fração inversa de
1 5
8
Considere a seguinte situação:
4
Lúcia recebeu de seu pai os 5 dos chocolates contidos em uma caixa. Do total de chocolates recebidos, Lúcia deu
a terça parte para o seu namorado. Que fração dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado de Lúcia?
4
A solução do problema consiste em dividir o total de chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja, :3
5
Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 desse algo.
3
4 1
Portanto: : 3 = de 4
5 3 5
1 4 1 4 4 1 4 4 3 4 1
Como de = � 5 = 5 � 3 , resulta que : 3 = : = �
3 5 3 5 5 1 5 3
3 1
Observando que as frações e são frações inversas, podemos afirmar que:
1 3
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a primeira pelo inverso da segunda.
4 4 3 4 1 4
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15
4
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu do total de chocolates contidos na caixa.
15
4 8 41 5 5
Outro exemplo: : = . =
3 5 3 82 6
Matemática e suas Tecnologias
Observação:
3 1
Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão :
2 5
Portanto
NÚMEROS DECIMAIS
De maneira direta, números decimais são números que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587;
0,004; etc.
Adição e Subtração
Na prática, a adição e a subtração de números decimais são obtidas de acordo com a seguinte regra:
- Igualamos o número de casas decimais, acrescentando zeros.
- Colocamos os números um abaixo do outro, deixando vírgula embaixo de vírgula. 9
- Somamos ou subtraímos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vírgula dos números dados.
Exemplo
Disposição prática:
2,3500
14,3000
+ 0,0075
5,0000
21,6575
Multiplicação
258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 10 1000
Consideração importante: Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida de acordo com as se-
guintes regras:
• Multiplicamos os números decimais como se eles fossem números naturais.
• No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas forem as do primeiro fator somadas às do segundo
fator.
Disposição prática:
1 304 4
1 323,966 1 + 2 = 3 casas decimais
Divisão:
10
A vantagem de tal procedimento foi a de transformarmos em número natural o número decimal que aparecia
na divisão. Com isso, a divisão entre números decimais se transforma numa equivalente com números naturais.
Consideração importante: Na prática, a divisão entre números decimais é obtida de acordo com as seguintes
regras:
• Igualamos o número de casas decimais do dividendo e do divisor.
• Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão como se os números fossem naturais.
Disposição prática:
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quociente
é exato.
Matemática e suas Tecnologias
Disposição prática:
Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada e
o quociente é aproximado.
Se quisermos continuar uma divisão aproximada, devemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividindo
cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto, coloca-
mos uma vírgula no quociente.
Ex: 0,14∶ 28
Ex: 2∶ 16
11
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
2
= 0,4
5
1
= 0,25
4
35
= 8,75
4
153
= 3,06
50
Matemática e suas Tecnologias
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodi-
camente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
3
= 0,333 …
1
= 0,04545 …
22
167
66
= 2,53030 …
Observação: Se após as vírgulas os algarismos não são periódicos, então esse número decimal não está contido
no conjunto dos números racionais.
Trata-se do problema inverso: estando o número racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na
forma de fração. Temos dois casos:
1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador
é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado:
9
0,9 = 10
57
5,7 =
12 10
76
0,76 = 100
348
3,48 = 100
5 1
0,005 = 1000 = 200
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
alguns exemplos:
Ex:
Seja a dízima 0,333...
3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
Matemática e suas Tecnologias
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...
13
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (ENEM 2017) Em um parque há dois mirantes de alturas distintas que são acessados por elevador panorâmico. O
topo do mirante 1 é acessado pelo elevador 1, enquanto que o topo do mirante 2 é acessado pelo elevador 2. Eles
encontram-se a uma distância possível de ser percorrida a pé, e entre os mirantes há um teleférico que os liga que
pode ou não ser utilizado pelo visitante.
O custo da passagem do teleférico partindo do topo do mirante 1 para o topo do mirante 2 é de R$ 2,00, e do topo
do mirante 2 para o topo do mirante 1 é de R$ 2,50.
Matemática e suas Tecnologias
Qual é o menor custo, em real, para uma pessoa visitar os topos dos dois mirantes e retornar ao solo?
a) 2,25
b) 3,90
c) 4,35
d) 4,40
e) 4,45
O custo total será a soma dos custos apresentados. Logo, será de R$4,35.
2. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, leu mais
2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:
a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480
Resposta: Letra d.
1 2 3 + 10 13 13 15−13 2
+ = =
Mara leu 5 3 15 15 do livro. Logo, ainda falta 1 − 15 = 15
=
15 para ser lido. Essa fração que
14 2 1
Assim: → 60 páginas. Portanto, → 30 páginas.
15 15
PORCENTAGEM
A definição de porcentagem passa pelo seu próprio nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”.
50
Deste modo, a fração
100 ou qualquer uma equivalente a ela é uma porcentagem que podemos representar
por 50%.
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:
𝑝
𝐴= .𝑉
100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
gem se resumem a três tipos:
Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, basta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja,
𝑝
100
por V. Assim:
Matemática e suas Tecnologias
𝑝 𝐴 𝐴 Fatorando:
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
100 𝑉 𝑝
p
VD = (1 – ) .V
100
Matemática e suas Tecnologias
Como temos uma expressão para , basta substituir: 2. (VUNESP 2013) Suponhamos que, para uma dada elei-
𝑝1 𝑝2 ção, uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Supo-
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) nhamos ainda que, para essa eleição, no caso de se ve-
100 100 rificar um índice de abstenções de 6% entre os homens e
de 9% entre as mulheres, o número de votantes do sexo
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois masculino será exatamente igual ao número de votan-
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará tes do sexo feminino. Determine o número de eleitores
ao seu valor original. de cada sexo.
20 20 F + M = 18500
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) �
100 100 0,94M = 0,91F
0,91
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 ) M = F.
Da segunda equação, temos que 0,94 . Ago-
V2 = V .(1,2) .(0,8) ra, substituindo M na primeira equação do sistema en-
contra-se F = 9400 e por fim determina-se M = 9100.
96
V2 = 0,96.V= V=96% de V 3. (UFMG 2017) Uma pessoa comprou, fora do Brasil,
100 um produto por U$S 80,00 Sobre esse valor foi cobrada
Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e uma taxa de 45% (frete) para o envio da mercadoria. 17
não 100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se Chegando ao Brasil, esse produto foi tarifado com 15%
assinalar a opção ERRADO de imposto sobre importação que incidiu sobre o valor
do produto e do frete. Desta forma, o aumento percen-
tual do produto em relação ao preço de compra foi de,
EXERCÍCIOS COMENTADOS aproximadamente,
a) 12
b) 37
1. (ENEM 2017) Uma fábrica de papel higiênico produz c) 60
embalagens com quatro rolos de 30 m cada, cujo pre-
d) 67
ço para o consumidor é R$ 3,60. Uma nova embalagem
com dez rolos de 50 m cada, de mesma largura, será
Resposta: Letra d. Considerando o valor de U$S 80,00
lançada no mercado. O preço do produto na nova em-
para o produto, temos:
balagem deve ser equivalente ao já produzido, mas,
para incentivar as vendas, inicialmente o preço de ven- Valor com a taxa de 45%: 80+80∙0,45=80∙1,45
da terá um desconto de 10%. Valor com a tarifa de 15% 80∙1,45+80∙1,45∙0,15=80∙1,67
Para que isso aconteça, o preço de venda da nova em- Portanto, o aumento percentual será dado por:
balagem, em real, deve ser 80∙1,67-80 ou seja 67% de 80.
a) 8,10.
b) 9,00. POTENCIAÇÃO
c) 9,90.
d) 13,50.
e) 15,00. Define-se potenciação como o resultado da multi-
plicação de fatores iguais, denominada base, sendo o
Resposta: Letra d. O total produzido será 4 ∙ 30 = 120, as- número de fatores igual a outro número, denominado
3,6 expoente. Diz-se “b elevado a c”, cuja notação é:
sim o preço será = 𝑅$ 0,03 . O preço de venda
120 bc = b � b � ⋯ � b
da nova embalagem será: 0,9 ∙ 0,03 ∙ 10 ∙ 50 = R$ 13,50. c vezes
Matemática e suas Tecnologias
Exemplos:
Propriedade 3: potenciação com expoente 1
a) (25)3 = 2(5∙3)=215
Qualquer que seja a potência em que a base é o
b) (39)2 = 3(9∙2)=318
número natural n e o expoente é igual a 1, denotada
c) (612)4= 6(12∙4)=648
por , é igual ao próprio n. Em resumo, n1=n
Exemplos:
a) 23∙24 = 2(3+4)=27
RADICIAÇÃO
b) 34∙36 = 3(4+6)=310
c) 152∙154 = 15(2+4)=156
Define-se radiciação como a operação inversa à
Propriedade 6: divisão de potências de mesma base potenciação. Sabe-se, da potenciação que:
Em uma divisão de duas potências de mesma base,
o resultado é obtido conservando-se a base e subtrain- 52=25
do-se os expoentes.
Matemática e suas Tecnologias
Assim, a radiciação determina qual número elevado a um determinado número resulta no número que apare-
ce internamente na raiz. No exemplo acima, qual número elevado ao quadrado resulta em 25. Matematicamente:
2
25 = 5
O número “2” que aparece ao lado esquerdo e “em cima” da raiz indica a ordem da mesma, nesse caso uma
raiz quadrada. É possível calcular raízes de ordens superiores: 3 (cúbica), 4 (quarta) e assim por diante. Por exemplo:
3
27
Nesse caso deseja-se saber qual número elevado ao cubo resulta em 27. Esse número é 3, pois 33=27. Quando
não houver nenhum índice escrito na raiz, entende-se ser uma raiz quadrada. Portanto 4 = 2 4 = 2
Observações Importantes:
• Quando a ordem da raiz é par (2,4,6...) o número que está dentro da raiz (radicando) deve ser positivo.
Caso contrário não existirá raiz. Por exemplo: −9 significa encontrar qual número elevado ao quadrado resulta em
-9. Porém todo número elevado ao quadrado (positivo ou negativo) resulta em um número positivo. Assim, a raiz
pedida não existe.
• Nem todas as raízes são exatas. Podemos listar várias: √8, √24 e tantas outras. Porém é possível simplifica-las,
realizando a decomposição em fatores primos dos radicandos.
EXEMPLOS:
• 8 Decompondo em fatores primos, é possível escrever 8=23. Porém, vamos agrupar os fatores primos
(quando possível) em grupos de 2 (ordem da raiz). Então, 8=22∙2
Assim, a raiz é dada por: 8 = 22 � 2 = 2 2 pois o 2 que está elevado ao quadrado e multiplicando o outro dois
“sai” da raiz pois tem o expoente igual à ordem da raiz.
• 200 Decompondo em fatores primos, é possível escrever 200=23∙52. Porém, vamos agrupar os fatores pri-
19
mos em grupos de 2 (ordem da raiz). Então, 200=22∙2∙52
PROPRIEDADES DA RADICIAÇÃO:
y
ay = ax
x
a)
y
ay
x x
b) a =
x
x a a
c) b
= x
b
a. b = ax � b x
x
d)
RACIONALIZAÇÃO DE DENOMINADORES
A racionalização de denominadores é uma convenção matemática para não se ter radicais nos denominado-
res das frações. Existem dois tipos, quando o radical ocupa todo o denominador ou quando ele está somado (ou
subtraído) de algum número. Cada tipo tem sua estratégia de operação que será apresentada a seguir, apenas
para os casos de onde as raízes são quadradas:
Matemática e suas Tecnologias
20 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (ENEM – 2012) A Agência Espacial Norte Americana (NASA) informou que o asteroide YU 55 cruzou o espaço entre
a Terra e a Lua no mês de novembro de 2011. A ilustração a seguir sugere que o asteroide percorreu sua trajetória
no mesmo plano que contém a órbita descrita pela Lua em torno da Terra. Na figura, está indicada a proximidade
do asteroide em relação à Terra, ou seja, a menor distância que ele passou da superfície terrestre.
Matemática e suas Tecnologias
Com base nessas informações, a menor distância que o asteroide YU 55 passou da superfície da Terra é igual a
a) 3,25 ∙ 102 km
b) 3,25 ∙ 103 km
c) 3,25 ∙ 104 km
d) 3,25 ∙ 105 km
e) 3,25 ∙ 106 km
Resposta: Letra d. A distância de 325 mil quilômetros é a menor distância que o asteroide passou da superfície da
Terra. Ela deve ser escrita em notação científica
o valor encontrado é
a) 3 2
b) 3 3
c) 1
d) 0,1
Resposta: Letra a. A fim de simplicar a expressão dada nesse exercício, vamos rescrever alguns números da ex-
pressão usando a definição de radiciação e as propriedades de potenciação.
…= 3
2−6 5−4 � 3 � 52 � (2 � 5)−7 = 3
3 � 2−12 � 5−9 = 2−4 � 5−3� 3 3
3 3
5 1,5 5 1,5
=
104 (2.5)4
(−0,0010)0= 1
3 4 3 3 3 3
5 1,5 2�5 5 3 3 3 3
2−4 � 5−3 � 3 3 : = 2−4 � 5−3� 3 3 � 3 = 3 = = = 3
3
2= 3
2
2�5 4 5 1,5 5 1,5 3
3⁄2 3 3
3
3 2
3
Resultado final dessa expressão é 2.
Matemática e suas Tecnologias
RAZÃO E PROPORÇÃO
RAZÃO
Quando se utiliza a matemática na resolução de problemas, os números precisam ser relacionados para se
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar os números é através da razão. Sejam dois números reais
𝑎
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a ÷ b, ou .
𝑏
A razão basicamente é uma fração, e como sabem, frações são números racionais. Entretanto, a leitura deste
número é diferente, justamente para diferenciarmos quando estamos falando de fração ou de razão.
3
a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de fração, lê-se: “três quintos”.
3
b) Quando temos o número 5 e estamos tratando de razão, lê-se: “3 para 5”.
O número 3 é numerador
3
a) Na fração 5
O número 5 é denominador
O número 3 é antecedente
22
3
b) Na razão
5
O número 5 é consequente
20 2 50 5
Ex. A razão entre 20 e 50 é = 5 já a razão entre 50 e 20 é = . Ou seja, deve-se sempre indicar o antecedente
50 20 2
e o consequente para sabermos qual a ordem de montarmos a razão.
Ex.Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 moças. A razão entre o número de rapazes e o número de
15 5
moças é 21
, se simplificarmos, temos que a fração equivalente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7
15 5
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapazes e o total de alunos é dada por = , o que equivale
36 12
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”.
Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
dos números que expressam as medidas dessas grandezas numa mesma unidade.
Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de 360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
distância percorrida em relação ao total?
Como os dois números são da mesma espécie (distância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a razão:
240 𝑘𝑚 2
𝑟= =
360 𝑘𝑚 3
No caso de mesma espécie, porém em unidades diferentes, deve-se escolher uma das unidades e converter a outra.
Matemática e suas Tecnologias
Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio
de extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de
a razão entre o que falta para percorrer em relação à 927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
extensão da prova? aproximadamente, segundo estimativas projetadas
Veja que agora estamos tentando relacionar metros pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das para o ano de 1995. Qual a razão entre o número de
unidades, vamos utilizar “km”: habitantes e a área total?
Dividindo-se o número de habitantes pela área,
36000 m=36 km obteremos o número de habitantes por km2 (hab./km2):
Como é pedida a razão entre o que falta em relação 66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏
ao total, temos que: 𝑑= = 71,5
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1
𝑟= = =
42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7
7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
= 5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔 = → = → =
2 4 2 4 2 4
Logo, para atendermos a proporção, precisaremos b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te-
encontrar qual o número que atenderá a proporção. mos também que se realizarmos a diferença entre os ter-
Multiplicando em cruz, temos que: mos, também chegaremos em outras proporções:
3x=105
4 8 4−3 8−6 1 2
= → = → =
3 6 4 8 4 8
105
𝑥= ou
3
4 8 4−3 8−6 1 2
x=35 gotas = → = → =
3 6 3 6 3 6
Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
24 35 gotas do remédio, atendendo a proporção. c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
dos antecedentes está para a soma dos consequentes
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma assim como cada antecedente está para o seu conse-
proporção é verdadeira quando realizamos a multipli- quente:
cação em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois
produtos. Outra maneira de verificar a proporção é ve- 12 3 12 + 3 15 12 3
rificar se a duas razões que estão sendo igualadas são = → = = =
frações equivalentes. Lembra deste conceito? 8 2 8+2 10 8 2
15 6
= → 15x = 6 � 60 → 15x = 360 Os problemas que envolvem duas grandezas direta- 25
60 x
mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
360 vidos através de um processo prático, chamado regra
Logo: x = = 24 litros.
15 de três simples.
2. (VUNESP – MODIFICADA - 2018) O estado de Tocan- Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos
tins ocupa uma área aproximada de 278.500 km². De litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
acordo com o Censo/2000 o Tocantins tinha uma popu-
lação de aproximadamente 1.156.000 habitantes. Qual Solução:
é a densidade demográfica do estado de Tocantins?
O problema envolve duas grandezas: distância e li-
a) 4,00 hab/km² tros de álcool.
b) 4,05 hab/km² Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
c) 4,10 hab/km² consumido.
d) 4,15 hab/km² Coloquemos as grandezas de mesma espécie em
e) 4,25 hab/km² uma mesma coluna e as grandezas de espécies dife-
rentes que se correspondem em uma mesma linha:
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se
de álcool também duplica. Então, as grandezas distân- na coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrá-
cia e litros de álcool são diretamente proporcionais. No rio ao da flecha da coluna “tempo”:
esquema que estamos montando, indicamos esse fato
colocando uma flecha na coluna “distância” no mes-
mo sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:
Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), As grandezas peças e dias são diretamente propor-
vamos colocar uma flecha: cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan-
do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido
Velocidade (km/h) Tempo (h) da flecha da coluna “dias”:
60 4
80 x
As grandezas máquinas e dias são inversamente proporcionais (duplicando o número de máquinas, o número de
dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma flecha no
sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
4
Agora vamos montar a proporção, igualando a razão que contém o x, que é , com o produto das outras razões,
x
obtidas segundo a orientação das flechas 6 � 160 :
8 300
4 2 4�5
= → x =
x 5 → 2x = 4 � 5 2 → x = 10
Resposta: Em 10 dias.
#FicaDica
Repare que a regra de três composta, embora tenha formulação próxima à regra de três simples, é
conceitualmente distinta devido à presença de mais de duas grandezas proporcionais.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 27
1. (ENEM 2017) A baixa procura por carne bovina e o aumento de oferta de animais para abate fizeram com que
o preço da arroba do boi apresentasse queda para o consumidor. No ano de 2012, o preço da arroba do boi caiu
de R$ 100,00 para R$ 93,00.
Disponível em: www.diariodemarilia.com.br. Acesso em: 14 ago. 2012.
Com o mesmo valor destinado à aquisição de carne, em termos de perda ou ganho, o consumidor
2. (FUMARC 2016) Dona Geralda comprou 4 m de tecido importado a R$ 12,00 o metro linear. No entanto, o metro
linear do lojista media 2 cm a mais. A quantia que o lojista deixou de ganhar com a venda do tecido foi:
a) R$ 0,69
b) R$ 0,96
c) R$ 1,08
d) R$ 1,20
Resposta: Letra b. As grandezas (comprimento e preço) são diretamente proporcionais. Assim, a regra de três é
direta: 1∙x=0,02 ∙ 12→x=R$ 0,24
Note que foi necessário passar 2 cm para metros, para que as unidades de comprimento fiquei iguais. Assim, cada
2 cm custaram R$ 0,24 para o vendedor. Como ele vendeu 4 m de tecido, esses 2 cm não foram considerados
quatro vezes. Assim, ele deixou de ganhar 4∙0,24=R$ 0,96
Matemática e suas Tecnologias
3. (VUNESP 2014) Quarenta digitadores preenchem 2 400 formulários de 12 linhas, em 2,5 horas. Para preencher 5 616
formulários de 18 linhas, em 3 horas, e admitindo-se que o ritmo de trabalho dos digitadores seja o mesmo, o número
de digitadores necessários será
a) 105
b) 117
c) 123
d) 131
e) 149
40 2400 12 3 40 86400
x
= 5616 � 18 � 2,5 → x
= 252720 → 86400x = 10108800 → x = 117 digitadores
28
SISTEMAS DE UNIDADES DE MEDIDAS
O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser
gigantesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.
MEDIDAS DE COMPRIMENTO
A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir di-
mensões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou
dividir), utiliza-se a regra do , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você
andou para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir
exemplificam as conversões:
29
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se
a regra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica ou
divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
30
MEDIDAS DE VOLUME(CAPACIDADE)
As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é
o metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que utiliza-se o número de casas
que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou divide segue a mesma regra: Andou para a
direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
Matemática e suas Tecnologias
31
Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores.
A diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por
10 (igual para unidades de comprimento).
MEDIDAS DE MASSA
As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g)
e suas seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:
kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)
Matemática e suas Tecnologias
MEDIDAS DE TEMPO
A medida é expressa em kWh. O número obtido na lei-
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que tura é composto por 4 algarismos. Cada posição do nú-
mede intervalos de tempo, é o mais conhecido. mero é formada pelo último algarismo ultrapassado pelo
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s ponteiro.
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, O número obtido pela leitura em kWh, na imagem, é
multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 a) 2 614.
décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se b) 3 624.
que 0,3h = 18min. c) 2 715.
d) 3 725.
32 Para medir ângulos, também temos um sistema não e) 4 162.
decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na as-
tronomia, na cartografia e na navegação são necessá- Resposta: Letra a. Basta notar que o “relógio de luz”
rias medidas inferiores a 1º. Temos, então: funciona como um relógio comum independente do
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) sentido de rotação. Depois basta fazer a composição
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) das classes de algarismos, baseada nas ilustrações.
As regras 1 e 2 não se aplicam pois não há parênte- Equações do segundo grau são equações nas quais
ses, nem frações. Aplicando a regra 3, transfere-se o ter- o maior expoente de é igual a 2. Sua forma geral é
mo “” para o 1º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo expressa por: ax2+bx+c=0
no 1º membro com o sinal trocado: 5x-4-2x=8
Onde a,b e c e são números reais e a≠0. Os números
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “” para o 2º a, b e c são chamados coeficientes da equação:
membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º membro - a é sempre o coeficiente do termo em X2 .
com o sinal trocado: 5x-2x=8+4 - b é sempre o coeficiente do termo em X.
- c é sempre o coeficiente ou termo independente.
Matemática e suas Tecnologias
1. (ENEM 2009) Um grupo de 50 pessoas fez um orçamen- de que o forno só pode ser aberto quando T = 39.
to inicial para organizar uma festa, que seria dividido en-
Vamos igualar a equação a esse valor:
tre elas em cotas iguais. Verificou-se ao final que, para
arcar com todas as despesas, faltavam R$ 510,00, e que
t2
5 novas pessoas haviam ingressado no grupo. No acerto 39 = − + 400
foi decidido que a despesa total seria dividida em partes 4
iguais pelas 55 pessoas. Quem não havia ainda contri-
Novamente, para facilitar os cálculos, multiplicare-
buído pagaria a sua parte, e cada uma das 50 pessoas
mos toda a equação por 4:
do grupo inicial deveria contribuir com mais R$ 7,00.
De acordo com essas informações, qual foi o valor da
cota calculada no acerto final para cada uma das 55 – t² + 1600 = 156
pessoas? – t² = – 1444
Resolução: Letra d. De acordo com o enunciado da Como estamos procurando um valor para o “tempo”,
questão, 50 pessoas já haviam pagado sua parte da podemos desconsiderar a resposta negativa. Portan-
despesa total, por isso não consideraremos o valor to- to, t = 38 minutos.
tal para elas, apenas o valor de R$ 7,00 adicional, que
deverá ser multiplicado por 50 pessoas. Além desse
pessoal, outros cinco juntaram-se ao grupo e preci- EXPRESSÕES ALGÉBRICAS
sam pagar sua parte, um valor que não conhecemos
e, portanto, podemos identificar como x. Somando-
-se o valor que essas pessoas pagarão ao valor acres- DEFINIÇÕES 35
centado ao restante do grupo, teremos um recolhi-
mento de R$ 510,00. Podemos então montar uma Expressões Algébricas: São aquelas que contêm nú-
equação do 1° grau: meros e letras.
Ex: 2ax² + bx
(50 · 7) + (5 · x) = 510
350 + 5x = 510 Variáveis: São as letras das expressões algébricas
5x = 510 – 350 que representam um número real e que de princípio
5x = 160 não possuem um valor definido.
x = 32
Valor numérico: É o número que obtemos substituindo
Portanto, cada um pagou o valor total de R$ 32,00. as variáveis por números e efetuamos suas operações.
Ex: Sendo x=1 e y=2, calcule o valor numérico (VN)
2. (ENEM 2013) A temperatura T de um forno (em graus da expressão:
centígrados) é reduzida por um sistema a partir do ins-
Substituindo os valores: : x² + y → 1² + 2 = 3. Portanto
tante de seu desligamento (t = 0) e varia de acordo com
o valor numérico da expressão é 3.
t2
a expressão T t = − 4 + 400 com t em minutos. Por moti-
Monômio: Os números e letras estão ligados apenas
vos de segurança, a trava do forno só é liberada para por produtos.
abertura quando o forno atinge a temperatura de 39 Ex: 4x
ºC. Qual o tempo mínimo de espera, em minutos, após
Polinômio: É a soma ou subtração de dois ou mais
se desligar o forno, para que a porta possa ser aberta? monômios.
Ex: 4x+2y
a) 19,0.
b) 19,8. Termos semelhantes: São aqueles que possuem par-
c) 20,0. tes literais iguais (variáveis)
d) 38,0. Ex: 2x³y²z e 3x³y²z são termos semelhantes pois pos-
e) 39,0. suem a mesma parte literal (x3y2z).
Matemática e suas Tecnologias
Exemplo: Já para 5xy² - 20xy² devemos subtrair ape- Para determinarmos a soma ou subtração de expressões
nas os coeficientes e conservar a parte literal. 5xy²- algébricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
20xy^2=-15xy^2 Exemplo: 2x³y²z + 3x³y²z = 5x³y²z
Exemplo: 2a²b - 3a²b = -a²b
MULTIPLICAÇÃO DE MONÔMIOS
MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE EXPRESSÕES ALGÉBRICAS
Para multiplicarmos monômios não é necessário que
eles sejam semelhantes, basta multiplicarmos coeficien- Na multiplicação e divisão de expressões algébricas,
devemos usar a propriedade distributiva.
te com coeficiente e parte literal com parte literal. Sen-
do que quando multiplicamos as partes literais devemos
Exemplo: a (x + y) = ax + ay
usar a propriedade da potência que diz: am ∙ a^n = a(m+n)
Exemplo: (a + b)∙(x + y) = ax + ay + bx + by
(bases iguais na multiplicação, repetimos a base e so-
Exemplo: x(x² + y) = x³ + xy
mamos os expoentes).
A1=5 ∙3=15
A2=(5-x)(3-y)=15-5y-3x+xy
A_P=15-(15-5y-3x+xy)=5y+3x-xy
FATORAÇÃO
DEFINIÇÃO DE FATORAÇÃO
Para uma feira de ciências, uma equipe de alunos fez
uma maquete desse avião. A escala utilizada pelos alu- Fatorar uma expressão algébrica é modificar sua
nos foi de 3 : 400. forma de soma algébrica para um produto entre um
A envergadura CD na referida maquete, em centíme-
fator comum e o restante da expressão. Os conceitos
tro, é igual a
principais da fatoração são os seguintes:
a) Seja equivalente à expressão dada;
a) 5.
b) O resultado deve ser composto por um produto
b) 20.
entre dois ou mais termos ou um produto notável
c) 45. 37
de expressão conhecida.
d) 55.
e) 80.
A modificação de uma expressão algébrica, fre-
quentemente pode simplificar a expressão. Sendo as-
Resposta: Letra c. Esta é uma questão de escala, e
sim, é um artifício matemático para o cálculo de ex-
para esta poderemos utilizar de uma regra de três.
pressões algébricas complexas.
maquete real
3cm ———————————— 400 cm
X ———————————— 6000 cm TIPOS DE FATORAÇÃO
Agrupamento: Devemos dispor os termos da expressão Soma e Diferença de Cubos: Se efetuarmos o produ-
algébrica de modo que formem dois ou mais grupos entre to do binômio a + b pelo trinômio a² – ab + b², obtemos
os quais haja um fator comum, em seguida, colocar o fator o seguinte desenvolvimento:
comum em evidência. Observe: (a + b)∙(a² – ab + b²) = a³ – a²b + ab² + a²b – ab² + b³
Exemplo: ax + ay + bx + by (a + b)∙(a² - ab + b²) = a³ + b³
Trinômio Quadrado da Forma ax²+ bx + c: Supondo sejam Produto da Soma pela Diferença de Dois Termos:
e as raízes reais da equação de segundo grau ax² + bx + c = 0 (a + b) (a – b) = a² - b²
(a ≠ 0), podemos dizer que: ax² + bx + c = a∙(x – x1)∙(x – x2)
Cubo da Soma de Dois Termos:
(a + b)³ = a³ + 3a²b + 3ab² + b³
#FicaDica
Cubo da Diferença de Dois Termos:
Lembre-se de que as raízes de uma equação
(a - b)³ = a³ - 3a²b + 3ab² - b³
de segundo grau podem ser calculadas através
da fórmula de Bháskara: ( x = −b ± ∆ , onde ∆
= b² – 4ac).
2a
Matemática e suas Tecnologias
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (UFPR 2017) Um fazendeiro possui dois terrenos quadrados de a e b sendo a>b. Represente na forma de um pro-
duto notável a diferença das áreas destes quadrados.
a) (a+b)∙(a+b)
b) (a+b)∙(a-b)
c) (a-b)∙(a-b)
d) (a+b)2
e) (a-b)2
Resposta: Letra b. Sendo a área do quadrado o produto dos lados, temos que:
Área terreno 1 = a²
Área terreno 2 = b²
2. (NUCEPE 2016) Qual o valor de a3 – b³ , sabendo que a e b são números reais inteiros positivos tais que, a – b = 3
e ab² – a²b = -12
a) 62
b) 63
c) 64
d) 65
e) 66
Resposta: Letra b. Afim de resolver esse exercício, vamos usar o Cubo da Diferença de Dois Termos. O qual é es-
crito da forma: (a - b)³ = a³ - 3a²b + 3ab² - b³ 39
Usando as igualdades dadas do exercícios a – b = 3 e ab² – a²b = -12, então: (a – b)3=(3)3 e
a³ - 3a2 b + 3ab2- b3=a3-b3+ 3(ab2 – a2 b)= a3-b3-3(12)
Portanto, a3-b3=3∙(12)+27=36+27= 63.
FUNÇÃO EXPONENCIAL
A função exponencial, como o nome mostra, é uma função onde a variável independente é um expoente: f(x)=a^
SE LIGA!
Com “a” sendo um número real. Possui dois tipos básicos, quando a>1 (crescente) e 0<a<1 (decrescente).
É importante ressaltar que o gráfico da função exponencial (na forma que foi apresentado) não toca o eixo x,
pois a função f(x)=a^x com a>0 é sempre positiva.
Matemática e suas Tecnologias
CONSEQUÊNCIAS DA DEFINIÇÃO
40
A definição de logaritmo traz consequências diretas
que podem (e devem) ser usadas sempre que possível
na resolução de exercícios que envolvem logaritmos.
São elas:
a) logb1=0 (O logaritmo de 1 em qualquer base é
sempre zero)
b) logbb=1 (Quando base e logaritmando são iguais
o logaritmo é unitário)
c) logb a = log b c → a = c (Se dois logaritmos de mesma
base são iguais então os logaritmandos são iguais)
d) b logb a = a (Uma potência de base elevada a um
logaritmo de também na base resulta em a)
Admita ainda que y(0) fornece a altura da muda quan-
do plantada, e deseja-se cortar os eucaliptos quando
#FicaDica
as mudas crescerem 7,5 m após o plantio.
Quando um logaritmo aparecer escrito sem a
O tempo entre a plantação e o corte, em ano, é igual a base (log a) subentende-se que a sua base seja
igual a .
a) 3.
b) 4.
c) 6. PROPRIEDADES DOS LOGARITMOS
d) log27.
e) log215 Em todas as propriedades abaixo, considera-se que
as condições de existência estão atendidas.
Resposta: Letra b.
a) Logaritmo do produto: o logaritmo de um pro-
Se t=0: duto de dois números é igual à soma dos logaritmos
y(0)=a^0-1)=0,5.
1a=12 logb a � c = log b a + logb c
Matemática e suas Tecnologias
b) Logaritmo do quociente: o logaritmo de um quociente de dois números é igual à diferença dos logaritmos
a
logb = logb a − logb c
c
c) Logaritmo da potência: o logaritmo de uma potência é igual ao produto do expoente dessa potência e
do logaritmo:
logb ac = c � logb a
d) Logaritmo cuja base está elevada a uma potência: o logaritmo cuja base está elevada a uma potência é
igual ao produto do inverso do expoente da base e do logaritmo:
1
log b c a = log a
c b
e) Mudança de base: para mudar a base de um logaritmo na base para um logaritmo na base :
logc a
logb a =
logc b
Exemplo:
1 3 3
log 4 8 = log 22 23 = log2 23 = log 2 2 =
2 2 2
FUNÇÃO LOGARÍTMICA
As funções logarítmicas têm como base o operador matemático log: f(x)=loga x , com a>0,a≠1 e x>0 41
#FicaDica
Observe que há restrições importantes para os valores de (logaritmando) e (base) e será essas restrições
que poderá determinar o conjunto solução das equações logarítmicas.
O gráfico da função logarítmica terá dois formatos, baseado nos possíveis valores de a. Será crescente quando
a>1 e decrescente quando 0<a<1:
EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
As equações logarítmicas adotarão um princípio semelhante as equações exponenciais. Para se achar o mes-
mo logaritmando, dois logaritmos deverão ter a mesma base ou vice-versa. Ressalta-se apenas que as condições
de existência de um logaritmo devem ser respeitadas. Veja o exemplo:
Matemática e suas Tecnologias
Ex:
Resolva log2 x − 2 = 4
Primeiramente, será importante transformar o número 4 em um log. Como a base do log que contém x é dois,
vamos transformar 4 em um log na base 2 da seguinte forma: log2 16 = 4
log2 x − 2 = log2 16
x − 2 = 16
x = 18
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM 2016) Em 2011, um terremoto de magnitude 9,0 na escala Richter causou um devastador tsunami no Ja-
pão, provocando um alerta na usina nuclear de Fukushima. Em 2013, outro terremoto, de magnitude 7,0 na mesma
escala, sacudiu Sichuan (sudoeste da China), deixando centenas de mortos e milhares de feridos. A magnitude de
2 𝐸
um terremoto na escala Richter pode ser calculada por 𝑀 = log sendo E a energia, em kWh, liberada pelo
3 𝐸0
terremoto e E0 uma constante real positiva. Considere que E1 e E2 representam as energias liberadas nos terremotos
ocorridos no Japão e na China, respectivamente.
e) E
9
1 = �E
7 2
Resposta: Letra c.
E1
9 = ⅔. log E0
Temos que:
27 E1
= log
2 E0
Além disso,
E
7 = ⅔. log E2
0
E2
21⁄2 = log
E0
E1 E1
Subtraindo (1)de (2),tem-se: 3 = log
E2
então,
E2
= 10³
a) S={1}
b) S={2}
c) S={3}
d) S={4}
Resposta: Letra a. Como as bases são iguais, os logaritmandos devem ser iguais. Portanto, pode-se escrever:
4x+2=3x+3→4x-3x=3-2→x=1
FUNÇÃO MODULAR
MÓDULO
As funções modulares são desenvolvidas através de um operador matemático chamado de “Módulo”. Sua definição
está apresentada abaixo:
𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 0
x = �
−𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 0
SE LIGA!
Módulo também conhecido como valor absoluto pode ser entendido como uma distância e por isso |x|<0
não existe para todo x.
43
Exemplo: |3| = 3 e |-3| = 3.
FUNÇÃO MODULAR
𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≥ 0
A função modular, segue a mesma representação, trocando apenas x por f(x): f(x) = �−𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≤ 0
#FicaDica
A representação gráfica será feita através de duas retas, dependendo de como é a forma de f(x).
Exemplo:
Desenhar o gráfico de f(x)=|x-a|
Resolução: Quando há um termo subtraindo o valor de x dentro do módulo, o gráfico original acima se desloca,
com a “ponta” se movendo para a coordenada “a”. Seguem os dois casos, para a>0 e a<0 respectivamente:
EQUAÇÕES MODULARES
As equações modulares são funções modulares igualadas a algum número ou expressão. Ela será resolvida
decompondo a mesma em dois casos, com domínios pré-determinados. Este tipo de solução é apresentada no
Exercício Comentado 1, a seguir:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
44 a) S={-4,10}
b) S={-2,10}
c) S={0,10}
d) S={2,10}
e) S={4,10}
Resposta: Letra a.
Conforme foi mencionado, vamos resolver dois casos, usando a definição de módulo:
a) x-3=7 ,para x-3≥0
b) -(x-3)=7 ,para x-3≤0
Resolvendo:
a) x=7+3=10, para x≥3
b) –x+3=7⇔x=-4, para x ≤3
Observe que as duas soluções estão dentro dos domínios pré-estabelecidos, assim: S={-4,10}
2. (FGV 2014) Assinale a única função, dentre as opções seguintes, que pode estar representada no gráfico a seguir:
Matemática e suas Tecnologias
a) y = 1 – |x – 1|; c) Imagem
b) y = 1 – |x + 1|; A imagem de uma função, ou imagem de f(x), é um
c) y = 1 + |x – 1|; subconjunto do contradomínio que contém apenas os
d) y = 1 + |x + 1|; valores de y que tiveram algum elemento de x associado.
e) y = |x – 1| + |x + 1|. Usando o diagrama esquemático representado an-
teriormente, podemos descrever as 3 definições nele:
Resposta: Letra a. Domínio: Todos os valores de A: f(x):Dom={2,4,7,10}
Pelo gráfico se x = 0 implica em y = 0, se x = 2 implica Contradomínio: Todos os valores de B: f(x):Contra-
em y = 0 e se x = 1 implica em y=1. Analisando o itens Dom= {0,4,8,10,12,16}
acima, verifica-se que essas condições são satisfeitas Imagem: Todos os valores de B que tiveram associa-
se y = 1 – |x – 1|. ção com A: f(x):Imagem={0,4,10,16}
x1<x2→f(x1 )<f(x2 )
FUNÇÃO DECRESCENTE
a) Domínio
O domínio da função, ou domínio de f(x), é o conjunto
de todos os valores que podem ser atribuídos a x, ou seja,
todos os elementos do conjunto A.
x1<x2→f(x1 )>f(x2 )
b) Contradomínio
O contradomínio da função, ou contradomínio de ,
são todos os valores possíveis que podem ser atribuídos
a y, ou seja, trata-se do conjunto B,
Matemática e suas Tecnologias
FUNÇÃO CONSTANTE
A função f(x), num determinado intervalo, é constante se, para quaisquer x1<x2, tivermos f(x1 )=f(x2 ).
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
A função f(x) pode ser representada no plano cartesiano, através de um par ordenado (x,y). O lugar geométrico
dos pares ordenados para os quais x∈Dom e y∈Imagem formam, no plano cartesiano, o gráfico da função. Um
exemplo de plano cartesiano é apresentado abaixo:
46
SE LIGA!
A apresentação de uma função por meio de seu gráfico é muito importante, não só na Matemática
como nos diversos ramos dos estudos científicos.
FUNÇÃO DO 1º GRAU
As funções de 1° grau, conhecidas também como funções lineares, são expressões matemáticas onde a variá-
vel independente x possui grau igual a 1 e não está no denominador, em outras palavras, a forma geral de uma
função de primeiro grau é a seguinte: f(x)=ax+b a≠0
Onde “a” e “b” são números reais e são denominados respectivamente de coeficientes angular e linear. Nas
funções de primeiro grau, tanto o domínio, contradomínio e imagem são todos os números reais, uma vez que não
há nenhum tipo de restrição de valor nas mesmas.
Matemática e suas Tecnologias
4
x =
2
x=2
O zero da função y = 2x – 4 é 2.
• Crescente: a>0
Quando o coeficiente angular da função for positivo, os valores de y aumentarão quando o valor de x também
aumentar. A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função do valor de b, está abaixo:
47
• Decrescente: a<0
A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função do valor de b, está abaixo:
• Constante: a=0
Algumas referências não tratam a função constante como uma função linear e na teoria, realmente ela não é.
Entretanto, como sua forma também é uma reta e trata-se de um caso específico do valor de a, colocamos nesta
seção para ficar de maneira mais didática ao leitor. A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta,
em função do valor de b, está abaixo:
Matemática e suas Tecnologias
Exemplo:
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0).
4 - Para x = 2 temos y = 0;
x =
2 - Para x > 2 temos y > 0;
- Para x < 2 temos y < 0.
x=2
Exs:
49
ZEROS DA FUNÇÃO DO 2º GRAU
O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está
As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 +
associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada
bx + c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portan-
do vértice (yV).
to, as soluções da equação do 2º grau.
2
ax + bx + c = 0
A resolução de uma equação do 2º grau é feita utili-
zando a fórmula de Bháskara como já visto.
SE LIGA!
As raízes (quando são reais), o vértice e a
intersecção com o eixo y são fundamentais
para traçarmos um esboço do gráfico de uma Exemplo:
função do 2º grau.
Vamos determinar as coordenadas do vértice da pa-
rábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.
CONCAVIDADE DA PARÁBOLA
Cálculo da abscissa do vértice:
No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter
b −8 8
sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada xV = − =− = =4
2a 2�1 2
para baixo (a < 0).
Observação Importante: Como observado, a ordenada do vértice (yV) pode ser calculada de duas formas dis-
Δ
tintas: substituindo o valor de na função ou usando a fórmula dada anteriormente yV = − . Costuma-se utilizar a
4a
primeira forma (apresentada no exemplo) por exigir menos cálculos e com isso ganha-se tempo na prova. Mas fica
a cargo do aluno qual forma utilizar. Para fins ilustrativos, vamos encontrar o utilizando a fórmula:
Δ = b 2 − 4 � a � c = −8 2
− 4 � 1 � 15 = 64 − 60 = 4
Δ 4 4
yV = − =− = − = −1 que é idêntico (como não poderia deixar de ser) ao valor encontrado
4a 4�1 4
anteriormente.
O domínio de uma função do 2º grau é o conjunto dos números reais, ou seja Dom = ℝ
Como visto acima, a imagem de uma função do 2º grau está diretamente relacionada à ordenada do vértice (yV).
Para a > 0 → Im = y ∈ ℝ y ≥ yV }
Para a < 0 → Im = y ∈ ℝ y ≤ yV }
Para sabermos a posição e orientação desta parábola, precisaremos além de analisar o sinal do discriminante,
teremos que analisar também o sinal do coeficiente “a”. Vejam os casos:
a) a>0 e Δ>0: Neste caso, teremos a “boca” da parábola apontada para cima, e como temos duas raízes
50 distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza-se pelo ponto de mí-
nimo da mesma. Seguem as representações para duas raízes positivas, uma positiva e outra negativa, e as duas
negativas, respectivamente:
b) a<0 e Δ>0: Neste caso, temos a “boca” da parábola apontada para baixo, e como temos duas raízes
distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza o ponto de máximo
da mesma. Seguem as representações para as duas raízes positivas, uma positiva e outra negativa, e as duas ne-
gativas, respectivamente:
Matemática e suas Tecnologias
c) a>0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue apontada para cima, mas a mesma toca o eixo x
apenas uma vez, já que a raízes são idênticas. Além disso, o vértice desta parábola é exatamente o ponto de tan-
gência, a figura a seguir apresenta os casos para a raiz positiva e negativa respectivamente:
d) a<0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue apontada para baixo, mas a mesma toca o eixo x
apenas uma vez, já que a raízes são idênticas. Além disso, o vértice desta parábola é exatamente o ponto de tan-
gência, a figura a seguir apresenta os casos para a raiz positiva e negativa respectivamente:
51
e) a>0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da parábola
segue para cima e as figuras a seguir apresentam os gráficos para vértices com coordenada x positiva e negativa
respectivamente:
f) a<0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da parábola
segue para baixo e as figuras a seguir apresentam os gráficos para vértices com coordenada x positiva e negativa
respectivamente:
Matemática e suas Tecnologias
INEQUAÇÃO DO 1˚ GRAU
EXERCÍCIOS COMENTADOS
b) A altura máxima atingida pela bola é dada pelo Mesmo sentido
vértice da parábola. As coordenadas do seu vértice
podem ser encontradas através de:
b Exemplo: Se 8 > 3, então 8 + 2 > 3 + 2, isto é: 10 > 5
xv = –
2a
Somamos +2 aos dois membros da desigualdade
Δ
yv = –
4a b) Propriedade Multiplicativa:
No caso apresentado, é interessante encontrar ape- Mesmo sentido
nas yv:
2x − 3 ≤ 5
CONJUNTO UNIVERSO
2x ≤ 5 + 3
Toda inequação (assim como toda equação) deve
ser resolvida em um conjunto universo dado. O conjunto
universo () corresponde ao conjunto de todos os valores 2x ≤ 8
possíveis para a varíavel (ou outra incógnita).
8
Vejamos, através do exemplo, a resolução de ine- x≤2
quações do 1º grau.
x≤4
a) x < 5, sendo U = ℕ
53
Os números naturais que tornam a desigualdade ver- Colocando na solução tradicional:
dadeira são: 0, 1, 2, 3 ou 4. Então V = {0, 1, 2, 3, 4}. S = x∈ ℝ ⁄ x ≤ 4
b) x < 5, sendo U = ℤ
Já a solução em colchetes fica:
Todo número inteiro menor que 5 satisfaz a desigual-
dade. Logo, V = {..., –2, –1, 0, 1, 2, 3, 4}.
S = −∞, 4
Resposta: Letra c. Resolvendo a inequação do primei- a) a>0 e Δ>0: Observe neste tipo de gráfico que os
ro grau: valores de y menores que x1 e maiores que x_]2 possuem
2x + 1 < 3x + 2 y positivo e entre x_1 e x2, y é negativo. Assim, uma repre-
2x – 3x < 2 – 1 sentação na reta real indicará o seguinte:
-x < 1
x > -1
a) -2
b) -1
c) 0 SE LIGA!
d) 1 A diferença das duas representações está
e) 2 se a inequação será apenas maior ou menor
(“bolinha vazia” nas raízes, ou seja, elas não
Resposta: Letra b. Resolvendo a inequação do primei- entrarão no conjunto solução) ou maior ou
ro grau: igual ou menor ou igual (“bolinha cheia” nas
9x + 2(3x – 4) > 11x – 14 raízes, elas entrarão no conjunto solução).
9x + 6x – 8 > 11x – 14
15x – 8 > 11x – 14
15x – 11x > – 14 + 8 Exemplo:
4x > – 6 Resolva a seguinte inequação: x2-3x+2<0
x > -6/4 Resolução: As raízes dessa função de segundo grau são
x > -3/2 1 e 2 (Verifique!). Com isso, temos que Δ>0 e pela expres-
54 são, temos que a>0. Colocando na reta real, temos que
Como -3/2 = -1,5, o menor valor inteiro que satisfaz a
inequação é -1.
INEQUAÇÕES DO 2˚ GRAU
Como desejamos valores menores que zero, as raízes
não entram no conjunto solução (“Bolinha vazia”). As-
sim, os valores possíveis que atendem a inequação são
INEQUAÇÕES DO 2º GRAU - DEFINIÇÃO os valores entre 1 e 2. Pela representação dos colchetes,
temos que: S = 1,2
As inequações de segundo grau seguem exatamen-
te o que foi visto nos diversos tipos de posição que a pa-
rábola pode ter no plano cartesiano. Basicamente uma Ou por outra representação: S = x ∈ ℝ 1 < 𝑥 < 2 }
inequação de segundo grau possui a seguinte forma:
ax2+bx+c >0 b) a<0 e Δ>0: Observe neste tipo de gráfico que os
ax2+bx+c<0 valores de y menores que x1 e maiores que x2 possuem
ax2+bx+c ≥0 y negativo e entre x1 e x2, y é positivo. Assim, uma repre-
ax2+bx+c ≤0 sentação na reta real indicará o seguinte:
ou
FORMAS DA INEQUAÇÃO DO 2º GRAU
A diferença das duas representações está se a ine- e) a>0 e Δ<0: Os dois últimos tipos serão os mais
quação será apenas maior ou menor (“bolinha vazia” nas simples. Como a parábola não toca no eixo x, apenas o
raízes, ou seja, elas não entrarão no conjunto solução) ou sinal de “a” determina todo o sinal da parábola, assim,
maior ou igual ou menor ou igual (“bolinha cheia” nas raí- para “a” positivo temos a parábola toda positiva:
zes, elas entrarão no conjunto solução)
Exemplo:
Resolva a seguinte inequação: -x2+5x-4≤0
Resolução: Se você resolver a função do segundo
grau, encontrará como raízes, os números 1 e 4, ou seja, f) a<0 e Δ<0: Como a parábola não toca no eixo x,
Δ>0. Como a<0, temos a seguinte representação na apenas o sinal de “a” determina todo o sinal da parábola,
reta real: assim, para “a” negativo temos a parábola toda negativa:
EXERCÍCIOS COMENTADOS 55
1.(CESGRANRIO) O conjunto-solução da inequação 9 –
x² > 0 é:
ou a) – 3 > x > 3
b) – 3 < x < 3
c) x = 3
d) x < 3
e) x > 3
A única diferença é se a raiz entrará ou não no conjun- Resposta: Letra b. Sabemos que a função f(x) = 9 – x² é
to solução. uma função quadrática, onde a=-1, b=0 e c=9.
Podemos concluir que o gráfico de f é uma parábola
d) a<0 e Δ=0: Nos casos onde Δ=0, há apenas um to- com a concavidade para baixo, pois a<0.
que da parábola no eixo x. Assim, o sinal de “a” determina Vamos agora descobrir as raízes da função f resolven-
se os valores da parábola serão positivos ou negativos. No do a equação:
caso de “a” negativo, temos toda a parábola negativa: 9 – x² = 0
x² = 9
x = ± √9
x=±3
SE LIGA!
O único cuidado que é necessário nesse tipo de
inequação é com a(s) raiz(es) da(s) função(ões)
Agora, analisa-se o sinal da função g(x)=x2-x-6: que está(ão) no denominador. Elas não poderão
ser parte da solução, pois o denominador nunca
pode ser nulo.
x 2 + x − 20
Ex: ≤0
O último passo é encontrar o sinal do produto dos x +4
sinais das funções. Para isso, é útil montar o chamado
“varal de sinais”. Consiste em colocar as duas retas aci- Antes de iniciar o estudo dos sinais das funções
ma alinhadas e reservar uma reta para o produto das f(x)=x2+x-20 e g(x)=x+4, vamos nos atentar para a raiz do
funções. denominador: x=-4. Isso implica que, embora o sinal da
desigualdade da inequação seja menor ou igual, x não
poderá ser igual a -4.
Matemática e suas Tecnologias
CONCEITOS BÁSICOS
Como o enunciado pede valores menores ou iguais 57
a zero e considerando que não faz parte da solução, a Conjuntos: Não existe uma definição de conjunto
solução é dada por: pois trata-se de um conceito primitivo. Um cacho de
bananas, um cardume de peixes, uma porção de livros,
S = x ∈ ℝ x ≤ −5 ou − 4 < 𝑥 ≤ 4} ou S =] − ∞, 5] ∪] − 4,4] uma coleção de objetos ou equipes são todos exemplos
de conjuntos.
Note que, nos casos de quocientes, as raízes do de- Elemento: É todo componente de um conjunto. Em
nominador são tão importante quanto as raízes do nu- um cacho de bananas (conjunto), um elemento é uma
merador, pois em torno delas também pode haver mu- banana, por exemplo. Convém frisar que um conjunto
dança de sinal. pode ele mesmo ser elemento de algum outro conjunto
Tipos de Conjuntos
a alternativa que completa corretamente a afirmativa Infinito: É todo conjunto que possui infinitos elementos.
interior. Por exemplo, o conjunto dos números naturais pares.
Esse conjunto é dado por: 2,4,6,8,10,12, … e possui
a) 1<x<2 infinitos elementos.
b) x<1 ou 2<x
c) x<-1 ou 1<x Unitário: É todo conjunto que possui um único
d) x<-1 ou 2<x elemento. Por exemplo, o conjunto dos números naturais
pares e menores do que 4. Esse conjunto é dado por
2 e possui um único elemento.
Matemática e suas Tecnologias
Vazio: É todo conjunto que não possui elementos. Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjun-
Por exemplo, o conjunto dos números naturais ímpares to de B ou A não é parte de B ou, ainda, A não está
e menores do que 1. Como não existe nenhum número contido em B.
natural ímpar menor do que 1, esse conjunto é vazio. A Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo
representação de um conjunto vazio pode ser feita de menos, um elemento de A que não é elemento de B.
duas formas: ∅ ou { }. Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃x )( ∈ A e ∉ B) ( ∃ =existe)
A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}
A – B = {1,3}, CAB = {1,3} e CB A = B – A = ∅
A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4}
A – B = {1}
A = {0, 2, 4} e B = {1 , 3 , 5}
A – B = {0,2,4}
Diferença
SE LIGA!
Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se
mesmo um deles estiver contido no outro,
ainda assim a relação dada será verdadeira.
Matemática e suas Tecnologias
DEFINIÇÃO
an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ ∗
2 + 10 � 5 12 � 5 60 61
Sn = = = = 30
2 2 2 Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos equi-
distantes dos extremos, teremos, então:
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
para acharmos a soma. ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r
ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r
PROPRIEDADES
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo Somando as expressões:
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
considerar três termos consecutivos de uma PA sendo ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
do termo geral que:
Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com:
an = an−1 + r
an = an+1 – r ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r
Somando as duas expressões: ap + ak = a1 + an
2an = an−1 + r + an +1 − r
2an = an−1 + an + 1
O que leva a:
an−1 + an + 1
an =
2
Matemática e suas Tecnologias
a1 q4 − 1
S4 =
EXERCÍCIO COMENTADO
q−1
4 34 − 1
S4 = 1.(ENEM 2015) O acréscimo de tecnologias no siste-
3−1 ma produtivo industrial tem por objetivo reduzir custos
e aumentar a produtividade. No primeiro ano de fun-
4 � 343 − 1 cionamento, uma indústria fabricou 8 000 unidades de
S4 = = 2 � 342 = 684
2 um determinado produto. No ano seguinte, investiu em
tecnologia adquirindo novas máquinas e aumentou a
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG é produção em 50%.
igual a 684. Estima-se que esse aumento percentual se repita nos pró-
ximos anos, garantindo um crescimento anual de 50%.
SOMA DA PG INFINITA Considere P a quantidade anual de produtos fabrica-
dos no ano t de funcionamento da indústria.
Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres- Se a estimativa for alcançada, qual é a expressão que
sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG determina o número de unidades produzidas P em fun-
com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, po- ção de t, para t ≥1?
demos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras,
se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1 , po- a) P(t) = 0,5 · t^(-1) + 8 000
demos obter a somar todos eles e obter um valor finito. A b) P(t) = 50 · t^(-1) + 8 000
fórmula da PG infinita é apresentada a seguir: c) P(t) = 4 000 · t^(-1) + 8 000
a1 d) P(t)= 8 000 · (0,5) t^(-1)
S∞ = e) P(t) = 8 000 · (1,5)t^(-1)
1−q
Matemática e suas Tecnologias
A base deste princípio se dá pela separação de ca- Já estamos na casa dos milhões! Para não
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma multi- trabalharmos com valores tão altos, as operações com
plicação de todos estes números é feita para achar a fatoriais são normalmente feitas por último, procurando
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir fazer o maior número de simplificações possíveis.
irá ilustrar isso. Observe este exemplo:
Exemplo: João foi almoçar em um restaurante no
10!
centro da cidade, ao chegar no local, percebeu que Calcule
7!
oferecem 3 tipos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas
diferentes e 5 sobremesas diferentes. De quantas manei- Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
ras distintas ele pode fazer um pedido, pegando apenas separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
1 tipo de cada alimento? muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro. Pela
Resolução: O princípio da contagem depende forte- definição de fatorial, temos o seguinte:
mente de uma organização do problema. A sugestão é
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a
quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos distintos 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
=
(salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer 4 traços: 7! 7 ∙6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
= = 10 ∙ 9 ∙ 8 = 720
7! 7 ∙6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
n! = n ∙ n − 1 ∙ n − 2 ∙ n − 3 … 3 ∙ 2 ∙ 1
Pn = n!
Assim, basta ir multiplicando os números até se chegar
ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam muito Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições,
rápido, veja quanto é 10!: basta eu calcular o fatorial de 5:
10! = 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 3628800 P5 = 5! = 120
Matemática e suas Tecnologias
Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos
maneiras diferentes na fileira de cadeiras. com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
Observe que a fórmula da permutação é utilizada letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
como não há repetição de elementos, mas e quando
ocorre repetição? Neste caso, a fórmula da permutação 7! 7 ∙6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
P73 = = = 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 = 840
terá uma complementação, para desconsiderar casos 3! 3∙2∙1
repetidos que serão contados 2 ou mais vezes se
utilizarmos a fórmula diretamente.
O exemplo mais comum destes casos é o que Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas possíveis.
chamamos de Anagrama. Os anagramas são Outro exemplo para deixar este conceito bem claro, é
permutações das letras de uma palavra, formando quando temos dois elementos se repetindo. Por exemplo,
novas palavras, sem a necessidade de terem sentido ou calcule os anagramas da palavra TALITA:
não. Usando primeiramente um exemplo sem repetição,
conte quantos anagramas podemos formar com o
nome BRUNO.
Montando a esquematização:
n!
Pna =
a!
Matemática e suas Tecnologias
As pessoas foram chamadas pelas letras de A até G. Vamos supor que escolheremos as pessoas A,D e G mas
em ordens diferentes:
É importante notar que as comissões ADG e GAD não possuem diferenças, já que as casas C1,C2 e C3 não
possuem nenhuma particularidade descrita no enunciado. Assim, trata-se de um problema de combinação. A
fórmula da combinação depende do número de elementos “n” e o número de posições “p”:
n!
Cn,p =
p! (n − p)!
n! 7! 7! 7∙6∙5∙4∙3∙2∙1 7∙6∙5
Cn,p = = = = = = 7 ∙ 5 = 35
p! (n − p)! 4! 7 − 4 ! 4! .3! 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 3 ∙ 2 ∙ 1
67
Ou seja, podemos formar 35 comissões distintas.
ARRANJOS
Os arranjos seguem a mesma linha da combinação, onde o número de elementos deve ser maior que o número
de posições possíveis, mas com a diferença que a ordem de escolha dos elementos deve ser considerada. Vamos
utilizar o mesmo exemplo descrito na combinação, mas com algumas diferenças:
De quantas maneiras podemos formar uma comissão de 3 membros, composta por um presidente, um vice-
presidente e um secretário, dentro os 7 funcionários de uma empresa?
Observe que agora o enunciado classifica explicitamente as posições, e podemos montar o esquema da
seguinte forma:
As posições agora foram classificadas de acordo com a posição que foi pedida no enunciado. Vamos observar
agora o que acontece quando selecionando novamente as pessoas A,D e G:
Matemática e suas Tecnologias
a) 94ª
b) 95ª
c) 96ª
Neste caso, as duas comissões são diferentes, pois d) 97ª
em uma a pessoa A é presidente e na outra ela é vice- e) 98ª
presidente. Como a ordem importa, temos um problema
de arranjo. A fórmula de arranjo é mais simples que a Resposta: Letra b.
fórmula de combinação: Deve-se contar todos os números anteriores a ele.
Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4! = 24 números;
n! iniciando com 2 _ _ _ _ temos outros 24 números;
An,p =
(n − p)! iniciando com 3_ _ _ _.
Tomando n=7 e p = 3 novamente: Depois temos os números iniciados com “71_ _ _” que
n! 7! 7! 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 são 6 (3!),
An,p = = = = = 7 ∙ 6 ∙ 5 = 210 assim como os iniciados em “72_ _ _” e “73_ _ _”.
(n − p)! 7 − 3 ! 4! 4∙3∙2∙1
Média aritmética simples: razão entre a soma de todos os valores de uma mostra e o número de elementos da
amostra. Expressa por . Calculada por:
∑xi
x� =
n
Média aritmética ponderada: muito parecida com média aritmética simples, porém aqui cada variável tem um
peso diferente que é levado em conta no cálculo da média.
∑xi pi
x� =
∑pi
Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em caso de número para de elementos, a mediana é a média
entre os elementos intermediários
Solução
Média:
1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55
x� = = = 3,92
14 14
Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente:
{1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}
Como a amostra tem 14 valores (número par), os elementos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse
3+4 7
exemplo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a média entre eles:
2
= 2 = 3,5
69
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 1 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Média:
2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133
x� = = = 8,867
15 14
Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15}
Como a amostra tem 15 valores (número par), o elemento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana é
igual a 9.
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da média ponderada de três provas. A primeira tem peso
3, a segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a média de um aluno que obteve nota 8 na primeira
prova, 5 na segunda e 6 na terceira.
Solução:
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada.
∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12
Matemática e suas Tecnologias
Ex:
Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade #FicaDica
ALFA divididos por curso
Acima foram exibidas duas tabelas como
exemplos. Há uma infinidade de tabelas
Curso Número de Estudantes cada uma com sua particularidade o
Administração 2000 que torna impossível exibir todos os tipos
de tabelas aqui. Porém em todas será
Arquitetura 1450
necessário identificar linhas, colunas e o
Direito 2500 que cada valor exibido representa.
Economia 1800
Enfermagem 800
b) Gráficos
Engenharia 3500
Letras 750 Para falar de gráficos em estatística é importante
Medicina 1500 apresentar o conceito de frequência.
Psicologia 1000 Frequência: Quantifica a repetição de valores de
70 TOTAL 15300 uma variável estatística.
260 630
África
Ásia 71
Europa
América Central
América do Sul
América do Norte
2500
2000
1500
1000
500
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Matemática e suas Tecnologias
a) 1
a) P é exterior à circunferência
b) 2
c) 3
d) 4
A soma pedida é:
a+b+c+d+e+f+g+h=3+0+(-1)+0+0+3+0+(-1)=4
ESTUDO DO PONTO
INTRODUÇÃO
Criada por René Descartes (1596-1650), a Geometria Ex: Os pontos, no sistema cartesiano abaixo, têm suas
Analítica contribui para a visão moderna da Matemáti- coordenadas escritas ao lado da figura.
ca como um todo, substituindo assim a visão parcelada
das chamadas “matemáticas”, que colocava em com- A (3, 2)
partilhamentos separados Geometria, Álgebra e Trigo- B (0, 2)
nometria. C (-3, 2)
D (-3, 0)
PLANO CARTESIANO E (-3, -2)
F (0, -2)
Sejam e dois eixos perpendiculares entre si e com G (3, -2)
origem comum, conforme a figura abaixo. Nessas con- H (3, 0)
dições, diz-se que e formam um sistema cartesiano re- O (0, 0)
tangular (ou ortogonal), e o plano por eles determinado
é chamado plano cartesiano.
74 Observações
• Os eixos x e y dividem o plano cartesiano em
quatro regiões ou quadrantes (Q), que são numeradas,
como na figura abaixo.
Os pontos que estão sobre o eixo x tem ordenada A distância entre os pontos A e B qie se indica por d
nula (y=0) enquanto que os pontos que estão sobre o é tal que
eixo t tem abscissa nula (x=0).
d2 = AC 2 + BC 2
BISSETRIZES DOS QUADRANTES
2
= ∆x 2 + ∆y
A reta suporte das bissetrizes do 1º e 3º quadrantes
= xB − xA 2 + yB − yA 2
será chamada bissetriz dos quandrantes ímpares e indi-
ca-se por bi.a do 2º e 4º quadrantes será chamado bis-
setriz dos quadrantes pares e indica-se por bp.
2 2
Portanto: d = xB − xA + yB − yA
#Fica a dica:
Como (xB - xA )2 = (xA - xB )2, a ordem escolhida para
a diferença das abscissas não altera o cálculo de d. O
mesmo ocorre com a diferença das ordenadas.
Ex:
a) A(1,8) e B(4,12)
2 2
Todo ponto P(a,b) da bissetriz dos quadrantes ímpa- Resolução: d = 4−1 + 12 − 8 = 9 + 16 = 25 = 5
res tem abscissa e ordenada iguais (a = b) e reciproca-
mente. Ou seja: P(a,b) ∈ bi ⇔ a = b b) A(0,2) e B(-1,-1)
2 2
75
Todo ponto P(a,b) da bissetriz dos quadrantes pares Resolução: d = 0 − −1 + 2 − −1 = 1 + 9 = 10
tem abscissa e ordenada opostas (a = -b) e reciproca-
mente. Ou seja: P(a,b) ∈ bp ⇔ a = -b
y
yB
∆y B
y
A
d
∆
y
A SE LIGA!
•
C A fórmula para o cálculo da distância continua
∆ válida se o segmento AB é paralelo a um dos
y x eixos, ou ainda se os pontos A e B coincidem,
xA ∆x xB caso em que d =
0
Matemática e suas Tecnologias
PONTO MÉDIO
xA +xB yA +yB
xM = e yM = ,
2 2
B’’ (yB)
M’’ (yM)
A família pretende que esse imóvel tenha a mesma dis-
tância de percurso até o local de trabalho da mãe, lo-
calizado na rua 6 com a rua E, o consultório do pai, na
A’’ (yA ) rua 2 com a rua E, e a escola das crianças, na rua 4 com
a rua A.
Com base nesses dados, o imóvel que atende as pre-
x tensões da família deverá ser localizado no encontro
das ruas
0 A’ (yA ) M’ (yM) B’ (yB)
a) 3 e C.
76 b) 4 e C.
Ex: c) 4 e D.
Obter o ponto médio M do segmento AB,, sendo da- d) 4 e E.
dos: A(-1,3) e B(0,1). e) 5 e C.
1.(ENEM 2016) Uma família resolveu comprar um imóvel INCLINAÇÃO DE UMA RETA
num bairro cujas ruas estão representadas nas figura. As
ruas com nomes de letras são paralelas entre si e per- Considerando, no plano cartesiano, uma reta r con-
pendiculares às ruas identificadas com números. Todos corrente com o eixo x no ponto P. Chama-se inclinação
os quarteirões são quadrados, com as mesmas medidas, de r, a medida α do ângulo que r forma como semieixo
e todas as ruas têm a mesma largura, permitindo cami- Px no sentido de OP , sendo esse ângulo medido a partir
nhar somente nas direções vertical e horizontal. Descon- do eixo x no sentido anti-horário.
sidere a largura das ruas.
Matemática e suas Tecnologias
Assim, na figura,
α
x
0 P
α=90° - Reto
Então:
α 77
x
⊡
0
90°<α<180° - Obtuso
x COEFICIENTE ANGULAR DE UMA RETA
0
Considere-se uma reta r não perpendicular ao eixo x
(não vertical), ou seja, tal que α ≠ 90°.
α=0° - Nulo Chama-se coeficiente angular (ou declive) da reta r
o número tal que .
y
y
r
α
x α
x
0
0 P
0°<α<90° - agudo
α
Matemática e suas Tecnologias
y y
∄ m
⊡ m=0
x ⊡
x
0 0
y y
78 m<0
m>0
x x
0 0
Isto é:
a) se α = 0°, então m = 0
b) se α = 90°, então não existe m
c) se 0 < α < 90°, então m > 0
d) se 90° < α < 180°, então m < 0
Matemática e suas Tecnologias
y y
s
⊡ r
x ⊡
x
0 0
y y
t
u
79
135°
60°
x x
0 0
Solução
αr = 0° ∴ mr = tg 0° ⇒ mr = 0
αs = 90° ∴ ∄ ms
αt = 60° ∴ mt = tg 60° ⇒ mt = 3
αu = 135° ∴ mu = tg 135° ⇒ mu = –1
COEFICIENTE ANGULAR DE UMA RETA QUE PASSA POR DOIS PONTOS DADOS
Considerando dois pontos A(x_A,y_A) e B(x_B,y_B) tais que x_A x_B e y_A y_B, isto é, a reta ( AB ) não é paralela
a nenhum dos eixos coordenados. O coeficiente angular da reta é dado por:
yB − yA
m=
xB − xA
Matemática e suas Tecnologias
#FicaDica
yB − yA
O coeficiente angular pode ser calculado também por m = .
xB − xA
A fórmula acima vale para retas com quaisquer inclinações (exceto 90°)
B
yB
β A
yA ⊡
C
α x
β
0
XB XA
80 a) A(2,1) e B(4,9)
b) A(-1,2) e B(0,5)
Solução:
yB −yA 9−1 8
a) mAB = = = =4
xB−xA 4−2 2
yB −yA 5−2 3
b) mAB = xB−xA
= 0− −1
=1=3
Ex:
Qual o coeficiente angular da reta r na figura?
y
r
B
1
A x
0 2
Matemática e suas Tecnologias
Solução: Logo:
A reta passa pelos pontos A(2,0) e B(0,1). Logo, o Uma equação da reta que passa pelo ponto P(x0,y0)
coeficiente angular é dado por: e não tem coeficiente angular (reta vertical) é; x = x0
yB − yA 1 − 0 1 Exemplo 7
m= = =− Encontre a equação da reta que passa pelo ponto
xB − xA 0 − 2 2
P(2, 5) e é perpendicular ao eixo x.
Solução
EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA RETA
No plano cartesiano, uma reta fica determinada por
um dos dois modos:
• 1º modo: conhecendo-se um de seus pontos e
sua direção, que é dada pela inclinação da reta.
• 2º modo: conhecendo-se dois pontos distintos
que pertencem a ela.
y Solução:
r 8 −2
O coeficiente angular da reta é m= =3 .
3 −1
y Q
Tomando-se o ponto A(1, 2), tem-se:
A(1, 2)
� y − 2 = 3 x − 1 , ou seja, 3x − y − 1 = 0
m= 3
y0 P
Resposta: 3x – y – 1 = 0.
⊡
x
0 x0 = x
y Solução:
r
Passando as equações para a forma reduzida (y =
mx + q), tem-se:
mr = m a) 2x + y – 3 = 0 ⇒ y = -2x + 3
logo, m = –2
b) 2x – 3y – 6 = 0 ⇒ - 3y = -2x + 6, ou seja,
P (0, q) 2 6
3y = 2x − 6 ∴ y = x −
x 3 3
0 2
Logo, m = 3
SE LIGA!
A equação reduzida de uma reta fornece
diretamente o coeficiente angular (m) e
a ordenada (q) do ponto onde essa reta
82 intercepta o eixo y. A ordenada q é chamada
coeficiente linear.
As retas de inclinação igual a 90° não possuem
equação reduzida.
A inclinação a de uma reta é tal que 0° ≤ α < 180°.
Considerem-se, então, no plano cartesiano, duas re-
No plano cartesiano, duas retas paralelas têm
tas (r) e (s) com coeficientes angulares mr e ms e coefi-
a mesma inclinação. cientes lineares qr e qs. A posição relativa entre as retas
é obtida analisando a relação entre os coeficientes an-
gulares:
Ex:
Considere a reta de equação reduzida . Encontre seu 1) Se mr = ms e q_r qs, as retas r e s são paralelas
coeficiente angular e o ponto no qual ela intercepta o distintas. Se qr=qs as retas são paralelas coincidentes.
eixo das ordenadas.
Solução: 2) Se mr ms , as retas r e s são concorrentes,
Comparando a equação dada com a forma geral,
segue-se que e , ou seja, a reta tem coeficiente angular
igual a 2 e intercepta o eixo das ordenadas no ponto (0, 5).
Ex:
Obter uma equação da reta r que passa pelo ponto P(1, 3) e é paralela à reta (s) y = 5x + 7.
O coeficiente angular de s é ms = 5.
Equação de r:
P(1,3)
� y−3=5∙ x−1 ,
mr=5 ou seja,5x−y−2=0
Resposta: (r) 5x – y – 2 = 0.
Retas Perpendiculares
Um caso particular de retas concorrentes ocorre quando elas são perpendiculares entre si. Duas retas r e s são
perpendiculares entre si se, e somente se, são concorrentes e formam um ângulo reto.
r s
No plano cartesiano, duas retas r e s de coeficientes angulares mr e ms são perpendiculares entre si se, e somente 83
se, mr ∙ ms = -1.
Ex:
x
Verificar se as retas (r) y = 3x + 1 e (s) y = – + 5 são perpendiculares.
3
Solução:
Tem-se
mr = 3
1�mr � ms = −1
ms = −
3
Ex:
Dar uma equação da reta r que passa pelo ponto P(2,3) e é perpendicular à reta (s) 5x + y – 1 = 0.
Resolução
(s) (r)
P(2, 3)
Matemática e suas Tecnologias
1
mr � ms = – 1 ⇒ mr � (– 5) = –1 mr =
5
P(2, 3) y − 3 = 1 x − 2 ⇒
Equação de r: 5
1� x − 5y + 13 = 0
mr = 5
Resposta: (r) x – 5y + 13 = 0
ÁREA DE UM TRIÂNGULO
xA yA 1
1
S= D onde D = xB yB 1
2
xC yC 1
Ex:
Calcular a área do triângulo de vértices A(0, 1), B(4, 2) e C(6, 6).
Solução:
84
1
Logo, S = 14 = 7
2
Resposta: 7
EXERCÍCIO COMENTADO
1.(ENEM 2016) Para uma feira de ciências, dois projéteis de foguetes, A e B, estão sendo construídos para serem
lançados. O planejamento é que eles sejam lançados juntos, com o objetivo de o projétil B interceptar o A quando
esse alcançar sua altura máxima. Para que isso aconteça, um dos projéteis descreverá uma trajetória parabólica,
enquanto o outro irá descrever uma trajetória supostamente retilínea. O gráfico mostra as alturas alcançadas por
esses projéteis em função do tempo, nas simulações realizadas.
Matemática e suas Tecnologias
Com base nessas simulações, observou-se que a trajetória do projétil B deveria ser alterada para que o objetivo
fosse alcançado. Para alcançar o objetivo, o coeficiente angular da reta representa a trajetória de B deverá
a) diminuir em 2 unidades.
b) diminuir em 4 unidades.
c) aumentar em 2 unidades.
d) aumentar em 4 unidades.
e) aumentar em 8 unidades.
Resposta: Letra c.
O coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (0,0) e (6,12) é 12/6 = 2. Sendo 16/4 = 4 o coeficiente angu-
lar da reta que passa pelos pontos (0,0) e (4,16), podemos concluir que o coeficiente angular deverá aumentar
em 4 – 2 = 2 unidades.
GEOMETRIA ESPACIAL
POLIEDROS
Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quando
as faces do poliedro são polígonos regulares e todas as faces possuem o mesmo número de arestas, temos um
poliedro regular. Há 5 tipos de poliedros regulares, a saber:
Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo
número de arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmides (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção
do cubo).
Relação de Euler: relação entre o número de arestas (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É
dada por:
V− A+F = 2
PRISMAS
Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces planas, no qual as bases se situam em planos paralelos.
Quanto à inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.
a) Prisma reto
• As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
• As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
• As faces laterais são retangulares.
Matemática e suas Tecnologias
b) Prisma oblíquo
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
As arestas laterais são oblíquas (formam um ângulo diferente de um ângulo reto) ao plano da base.
As faces laterais não são retangulares.
Prismas regulares: prismas que possuem como base, polígonos regulares (todos os lados iguais).
Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polígono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada
86 pela soma das áreas dos retângulos formados entre as duas bases, temos que:
Área total: AT = AL + 2 � AB
CILINDROS
São sólidos parecidos com prismas, que apresentam bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.
Volume: V = AB � h
Matemática e suas Tecnologias
PIRÂMIDES ESFERA
Pirâmides possuem somente uma base e as faces la- A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distân-
terais são triângulos. A distância do vértice de encontro cia em relação a um centro é menor ou igual ao raio
dos triângulos com a base é o que determina a altura da esfera R. A esfera é popularmente conhecida como
da pirâmide (h). “bola” pois seu formato é o mesmo de uma bola de fu-
tebol, por exemplo.
4πR3
Sendo a área da base, determinada pelo polígo- Volume: V =
3
no que forma a base, a área lateral, determinada pela
soma das áreas dos triângulos laterais, temos que:
Logo:
a3= 216 cm^3
a = 6 cm
Representação, (notação)
→ Pontos serão representados por letras latinas - Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta
maiúsculas; ex: A, B, C,… reta está contida neste plano.
→ Retas serão representados por letras latinas minús-
culas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas mi-
núsculas; ex: β,∞,α,...
Representação gráfica
88
- Duas retas paralelas que não se sobrepõe; RAZÃO ENTRE SEGMENTOS DE RETA
- Dois segmentos de reta paralelos que não se sobrepõe;
- Duas retas concorrentes; Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos
- Dois segmentos de reta concorrentes. de uma reta que estão limitados por dois pontos que
são as extremidades do segmento, sendo um deles o
Duas retas (segmentos de reta) no espaço podem ser: ponto inicial e o outro o ponto final. Denotamos um seg-
paralelas, concorrentes ou reversas. mento por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem in- o início e B o final do segmento.
terseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa.
SEGMENTOS PROPORCIONAIS
Ângulo Central
Assim:
B C⁄A B = E F⁄D E
A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C
#FicaDica
Uma proporção entre segmentos pode Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per-
ser formulada de várias maneiras. Se tence à circunferência e os lados são tangentes à ela.
um dos segmentos do feixe de paralelas
for desconhecido, a sua dimensão pode
ser determinada com o uso de razões
proporcionais.
Matemática e suas Tecnologias
Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple-
uma circunferência e seus lados são secantes a ela. mentares se a soma das suas medidas é 900.
Ângulo Raso: Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são opos-
tos pelo vértice se os lados de um são as respectivas se-
- É o ângulo cuja medida é 180º; mi-retas opostas aos lados do outro.
91
Ângulo Reto:
Ângulos formados por duas retas paralelas com uma Ângulos colaterais externos: O termo colateral signifi-
transversal ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma des-
tes ângulos será sempre 180°
Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no
mesmo plano e não possuem ponto em comum.
a) I
b) II
c) III
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é d) IV
igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o e) V
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.
Resposta: Letra b.
FIQUE ATENTO! Quadrado: 4 < diâmetro < 5,6 Triângulo Equilátero: 4
< Diâmetro < 8 Retângulo: 4 < Diâmetro < 5. Logo, o
Há cinco classificações distintas para os ân- único diâmetro possível é 4,7 cm.
gulos formados por duas retas paralelas que
intersectam uma transversal. Então, procure
visualizar bem as imagens para associá-las a
cada classificação existente.
Matemática e suas Tecnologias
POLÍGONOS
Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono”
advém do grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).
Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:
94
FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra em duas regiões (a
interior e a exterior), sem pontos comuns.
ELEMENTOS DE UM POLÍGONO
Matemática e suas Tecnologias
Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.
Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE
� , c� , d
Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b � , e� .
Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1
Um polígono é denominado simples se ele for descrito por uma fronteira simples e que não se cruza (daí divide
o plano em uma região interna e externa), caso o contrário é denominado complexo.
Um polígono simples é denominado convexo se não tiver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 180°,
caso o contrário é denominado côncavo.
Um polígono convexo é denominado circunscrito a uma circunferência ou polígono circunscrito se todos os
vértices pertencerem a uma mesma circunferência.
Um polígono inscritível é denominado regular se todos os seus lados e todos os seus ângulos forem congruentes.
a) triângulo equilátero
b) quadrado
c) pentágono regular
d) hexágono regular
Matemática e suas Tecnologias
A soma das medidas dos ângulos internos de um po- 1.(ENEM 2016) É comum os artistas plásticos se apropria-
lígono de n lados (Si) é dada por: rem de entes matemáticos para produzirem, por exem-
plo, formas e imagens por meio de manipulações. Um
Si = n − 2 � 180° artista plástico, em uma de suas obras, pretende retratar
os diversos polígonos obtidos pelas intersecções de um
A soma das medidas dos ângulos externos de um po- plano com uma pirâmide regular de base quadrada.
lígono de n lados (Se) é igual a: Segundo a classificação dos polígonos, quais deles são
possíveis de serem obtidos pelo artista plástico?
360°
Se = a) Quadrados, apenas.
n b) Triângulos e quadrados, apenas.
c) Triângulos, quadrados e trapézios, apenas.
Em um polígono convexo de n lados, o número de d) Triângulos, quadrados, trapézios e quadriláteros irre-
triângulos formados por diagonais que saem de cada gulares, apenas.
vértice é dado por n - 2. e) Triângulos, quadrados, trapézios, quadriláteros irregu-
lares e pentágonos, apenas.
A medida do ângulo interno de um polígono regular
de n lados (ai ) é dada por: Resposta: Letra e. O número de polígonos formados
96 depende do número de faces da pirâmide. Como
n − 2 � 180° podemos cortar suas faces em 3, 4 ou 5 pontos, pode-
ai =
n mos criar triângulos (3 pontos), quadrados, trapézio,
quadriláteros irregulares (todos 4 pontos) e Pentágo-
A medida do ângulo externo de um polígono regular nos (5 pontos).
de n lados (ae ) é dada por:
360° QUADRILÁTEROS, CIRCUNFERÊNCIA E
ae =
n CÍRCULO
A soma das medidas dos ângulos centrais de um po-
lígono regular de n lados (Sc ) é igual a 360º. QUADRILÁTEROS
A medida do ângulo central de um polígono regular São figuras que possuem quatro lados dentre os quais
de n lados () é dada por: temos os seguintes subgrupos:
360° Paralelogramo
ac =
n
Polígonos regulares
Características: Losango
Trapézio
Características:
98
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão
chamados de bases maior e menor:
A altura será definida como a distância entre as ba- A medida relevante da circunferência é o raio (R)
ses: B : altura = h que é a distância de qualquer ponto da circunferência
em relação ao centro C.
A área é calculada em função das bases e da altura: A área é calculada em função do raio: Área = πR2
B+b
Área = �h O perímetro, também chamado de comprimento
2
da circunferência, é calculado em função do raio tam-
bém: Perímetro = 2πR
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA Setor Circular
#FicaDica
Em termos práticos, um setor circular é um “pe-
daço” de um círculo.
Matemática e suas Tecnologias
Características:
Segmento Circular
Características:
JUROS SIMPLES
EXERCÍCIO COMENTADO
1.(ENEM 2016) A London Eye é uma enorme roda-gigan- Toda vez que falamos em juros estamos nos referindo
te na capital inglesa. Por ser um dos monumentos cons- a uma quantia em dinheiro que deve ser paga por
truídos para celebrar a entrada do terceiro milênio, ela um devedor, pela utilização de dinheiro de um credor
também é conhecida como Roda do Milênio. Um turista (aquele que empresta).
brasileiro,em visita à Inglaterra, perguntou a um londrino
o diâmetro (destacado na imagem) da Roda do Milênio 1. Nomenclatura
e ele respondeu que ele tem 443 pés.
a) Os juros são representados pela letra J.
b) O dinheiro que se deposita ou se empresta cha-
mamos de capital e é representado pela letra C.
c) O tempo de depósito ou de empréstimo é repre-
sentado pela letra t.
d) A taxa de juros é a razão centesimal que incide
sobre um capital durante certo tempo. É representado
pela letra i e utilizada para calcular juros.
FIQUE ATENTO!
Devemos sempre relacionar taxa e tempo
numa mesma unidade:
Taxa anual --------------------- tempo em anos
Taxa mensal-------------------- tempo em meses
Não habituado com a unidade pé, e querendo satisfa- Taxa diária---------------------- tempo em dias
100 zer sua curiosidade, esse turista consultou um manual de
unidades de medidas e constatou que 1 pé equivale a
12 polegadas, e que 1 polegada equivale a 2,54 cm. Exemplo: Uma pessoa empresta a outra, a juros
Após alguns cálculos de conversão, o turista ficou sur- simples, a quantia de R$ 3000,00, pelo prazo de 4 meses,
preendido com o resultado obtido em metros. Qual a à taxa de 2% ao mês. Quanto deverá ser pago de juros?
medida que mais se aproxima do diâmetro da Roda do
Milênio, em metro? Resolução:
J=C ∙ i ∙ t
Matemática e suas Tecnologias
Além disso, quando quisermos saber o total que será pago de um empréstimo, ou o quanto se resgatará do
investimento, o qual definimos como Montante (M), basta somar o capital com os juros, usando o conceito funda-
mental da matemática financeira:
M=C+J
Ou
M=C(1+i . t)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM 2015) Um casal realiza um financiamento imobiliário de R$ 180 000,00, a ser pago em 360 prestações
mensais, com taxa de juros efetiva de 1% ao mês. A primeira prestação é paga um mês após a liberação dos re-
cursos e o valor da prestação mensal é de R$ 500,00 mais juro de 1% sobre o saldo devedor (valor devido antes do
pagamento). Observe que, a cada pagamento, o saldo devedor se reduz em R$ 500,00 e considere que não há
prestação em atraso.
Efetuando o pagamento dessa forma, o valor, em reais, a ser pago ao banco na décima prestação é de
a) 2 075,00.
b) 2 093,00.
c) 2 138,00.
d) 2 255,00.
e) 2 300,00.
Resposta: Letra d. Temos que, na décima prestação, o valor devido é de 175 500. Calculando os juros, temos 1%
de 175500 = 1755. Logo, na décima prestação o valor será de 1755 + 500 = 2255.
2.(NUCEPE 2009) Um investidor possui R$ 80.000,00. Ele aplica 30% desse dinheiro em um investimento que rende juros 101
simples a uma taxa de 3% a.m., durante 2 meses, e aplica o restante em investimento que rende 2% a.m., durante
2 meses também. Ao fim desse período, esse investidor possui:
A) R$ 83.680,00
B) R$ 84.000,00
C) R$ 84.320,00
D) R$ 84.400,00
E) R$ 88.000,00
Resposta: Letra a. Temos neste problema um capital sendo investido em duas etapas. Vamos realizar os cálculos
separadamente:
1º investimento
30% de R$ 80.000,00 = R$ 24.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 3% a.m., durante um período t = 2 meses.
Lembrando que i = 3% = 0,03.
Cálculo dos juros J, onde J=C∙i∙t:
J = 24000∙ (0,03) ∙2 = 1440.
Juros do 1º investimento = R$ 1440,00.
2º investimento
R$ 80.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 56.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 2% a.m., durante um período t = 2
meses.
J = 56000∙ (0,02) ∙ 2 = 2240.
Juros do 2º investimento = R$ 2.240,00.
Portanto, o montante final será de
R$ 80.00,00 + R$ 1.440,00 + R$ 2.240,00 = R$ 83.680,00.
Matemática e suas Tecnologias
JUROS COMPOSTOS
O capital inicial (principal) pode crescer como já sabemos, devido aos juros. Basicamente, há duas modalida-
des de como se calcular os juros:
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros.
Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render
juros. Também conhecido como “juros sobre juros”.
Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e juros compostos, com um
exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao ano) Teremos:
Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo
juros compostos é EXPONENCIAL, e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”. Isto poderia ser ilustrado
graficamente da seguinte forma:
102
Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos (i) de 10% (i =
10% a.m.). Vamos calcular os montantes (capital + juros), mês a mês:
Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 ∙ 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1)
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 ∙1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2
Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 ∙ 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3
.....................................................................................................
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos evidentemente: M = 1000(1 + 0,1)n
Matemática e suas Tecnologias
n M n M n a b c
M=C 1+i → = 1+i → log = log 1 + i = = = 2R
C C sen A sen B sen C�
� �
Matemática e suas Tecnologias
A lei dos cossenos é considerada uma generaliza- Aplicando a lei dos senos, lembrando que ela se rela-
ção do teorema de Pitágoras, onde para qualquer ciona com a circunferência circunscrita ao triângulo:
triângulo, conseguimos relacionar seus lados com a
subtração de um termo que possui o ângulo oposto do
x
lado de referência. = 2R
sen 60°
x
=2 3
3/2
x=3
MATRIZ
EXEMPLO PRÁTICO
O nome de uma matriz é dado utilizando letras c) Matriz Nula: É a matriz que possui todos os elemen-
maiúsculas do alfabeto latino, (A,B,C,D... por exemplo), tos iguais a zero.
enquanto os elementos da matriz são indicados por le- Exemplos:
tras latinas minúsculas (a,b,c,d...), a mesma do nome de
matriz, com dois índices, que indicam a linha e a coluna
0 0
que o elemento ocupa na matriz. A=
Assim, um elemento genérico da matriz é represen- 0 0
tado por aij . 0 0 0 105
B=
O primeiro índice, i, indica a linha que esse elemento
0 0 0
ocupa na matriz, e o segundo índice, j, a coluna desse
comando. d) Matriz Quadrada: É a matriz que possui o número
de linhas igual ao número de linhas igual ao número de
Exemplo: colunas.
Exemplo:
Na matriz B de ordem 2x3 temos:
1 0
A=
1 0 3
3 −2
B=
2 −1 4
Vale destacar que quando uma matriz não é qua-
b11 = 1; b12 = 0; b13 = 3; drada, ela é chamada de matriz retangular.
b21 = 2; b22 = −1; b23 = 4.
e) Matriz Diagonal: Dada uma matriz quadrada de
ordem n, chamamos de diagonal principal da matriz ao
Observação: O elemento b23, por exemplo, possui a conjunto dos elementos que possuem índices iguais.
seguinte leitura: “b dois três”. Exemplo:
{a11 , a22 , a33 , a44 }
De uma forma geral, a matriz A, de ordem m x n, é é a diagonal principal da matriz
representada por: A (4x4).
a11 ⋯ a1n
Além disso, a matriz quadrada que apresenta todos
A= ⋮ ⋱ ⋮
os elementos, não pertencentes à diagonal principal,
am1 ⋯ amn
iguais a zero, é definida como matriz diagonal.
Exemplo:
IMPORTANTE: Dada uma matriz A = aij ,
mxn
2 0 0 dizemos que uma matriz B = bij é oposta de A
A= 0 1 0 mxn
quando bij = −aij para todo i, 1 ≤ i ≤ m, e todo j, 1
0 0 3 ≤ j ≤ n.
Sendo A e B duas matriz de mesma ordem, dizemos Metodologia: Consideremos duas matrizes A e B, am-
que um elemento de matriz A é correspondente a um bas de mesma ordem . Chamamos de diferença entre
elemento de B quando eles ocupam a mesma posição A e B (indicamos com ) a soma de A com a oposta de B.
nas respectivas matrizes. A – B = A + (−B)
Exemplo:
Indicamos: Normalmente
− indicamos o inverso de a por
1 1
ou a
B = c � A a
Analogamente para as matrizes temos que uma ma-
Exemplo: triz A, quadrada de ordem n, é dita inversível se, e so-
mente se, existir uma matriz B, quadrada de ordem n,
1 3 tal que:
A= e c = 2, temos que:
2 5
A � B = B � A = In
2�1 2�3 2 6
c�A= 2�A = =
2�2 2�5 4 10 A matriz B é denominada inversa de A e indicada
por A−1 .
PRODUTO ENTRE MATRIZES
Exemplo:
4 −3
O produto (linha por coluna) de uma matriz Verifique que a matriz B = é a inversa
−1 1
A = aij por uma matriz B = bij pxn
é uma matriz , 1 3
m xp
da matriz A = . Para isso, basta realizar o pro-
de modo que cada elemento cij é obtido multiplican- 1 4
do-se ordenadamente os elementos da linha i de A pe- duto entre elas e verificar se o resultado será a matriz
los elementos da coluna j de B, e somando-se os produ-
identidade:
tos assim obtidos. 107
FIQUE ATENTO! 1 3 4 −3 1 0
A�B= � =
Só existe o produto de uma matriz A por uma 1 4 −1 1 0 1
matriz B se o número de colunas de A é igual Ou
ao número de linhas de B.
4 −3 1 3 1 0
B�A = � =
−1 1 1 4 0 1
Propriedades: Sendo A uma matriz de ordem m x n, B
e C matrizes convenientes (ou seja, o produto entre elas
Como A � B = B � A = I2 , a matriz B é a inversa
é possível), são válidas as seguintes propriedades.
de A, isto é, B = A−1 .
a) A � B � C = A � (B � C) – Associativa
IMPORTANTE: É bom observarmos que, de acordo
b) C � A + B = C � A + C � B – Distributiva pela esquerda
com a definição, a matriz A também
− −é a inversa de B,
c) A + B � C = A � C + B � C – Distributiva pela direita isto é, A = B −1 , ou seja, A = A
1 1
.
d) A � In = Im � A = A – Elemento neutro
e) A � B t = B t � At Exemplo:
3 1
Encontre a matriz inversa da matriz A = 2 1 , se exis-
tir. Neste caso, teremos que encontrar individualmente
os termos da matriz inversa, que chamaremos de B.
#FicaDica
Para a multiplicação de matrizes não vale Supondo que B = a b é a matriz inversa de A, te-
c d
a propriedade comutativa A � B ≠ B � A . Esta mos:
propriedade só é verdadeira em situações
especiais, quando dizemos que as matrizes são A�B=
3 1 a
.
b
=
1 0
2 1 c d 0 1
comutáveis.
Matemática e suas Tecnologias
a) A−1 −1 = A
Exemplos:
b) A−1 t = At −1
c) A � B −1 = B −1 � A−1 1 2
A=
5 3
det A = 1 � 3 − 5 � 2 = 3 − 10 = −7
108
DETERMINANTES
2 −1
B=
Chamamos de determinante a teoria desenvolvida 2 3
por matemáticos dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz e det B = 2 � 3 − 2 � −1 = 6 + 2 = 8
Seki Shinsuke Kowa, que procuravam uma fórmula para
determinar as soluções de Sistemas Lineares. DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE ORDEM 3
Esta teoria consiste em associar a cada matriz qua-
drada A, um único número real que denominamos de- Seja a matriz quadrada de ordem 3:
terminante de A e que indicamos por “det A” ou co-
locamos os elementos da matriz A entre duas barras a11 a12 a13
verticais, como no exemplo abaixo:
A = a21 a22 a23
a31 a32 a33
1 2 1 2
A= → det A =
4 5 4 5 O determinante desta matriz será uma soma de pro-
dutos intercalados de três em três números, ou seja:
No estudo de determinantes, vamos analisar diversos
tamanhos de matrizes, iniciando, pelo menor, ou seja, det A
uma matriz de ordem 1 passando pela ordem 2 e ordem
= a11 � a22 � a33 + a12 � a23
3. Determinantes maiores são muito raros de serem co-
brados em concursos públicos. � a31 + a21 � a32 � a13 − a31
� a22 � a13 − a21 � a12 � a33
DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE ORDEM 1 − a11 � a32 � a23
Seja a matriz quadrada de ordem 1: A = [a ] , o deter-
11
Para memorizarmos a definição de determinante de
minante dessa matriz é o próprio número dentro da matriz:
ordem 3, usamos a regra prática denominada Regra de
det A = a11 = a11 Sarrus:
Matemática e suas Tecnologias
1) Repetimos a 1º e a 2º colunas às direita da matriz. B foi obtida trocando de posição a primeira e segun-
da coluna de A. Assim:
a11 a12 a13 a11 a13
det A = a21 a22 a23 a21 a23 det A = a � d − b � c
a31 a32 a33 a31 a31 det B = c � b − a � d = − det A
2) Multiplicando os termos entre si, seguindo os traços Um ponto importante é se por exemplo, montarmos
em diagonal e associando o sinal indicado dos uma matriz C trocando de posição agora a primeira e
produtos, temos: segunda linha de B:
d b
C=
det A = a11 � a22 � a33 + a12 � c a
a23 � a31 + a21 � a32 � a13 −
Calculando o determinante:
a31 � a22 � a13 − a21 � a12 �
a33 − a11 � a32 � a23 detC = a � d − b � c = −detB = det A
Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m, teremos: Para obter essas médias, ele multiplicou a matriz obtida
a partir da tabela por
𝟏𝟏𝟏𝟏
a)
𝟐𝟐𝟐𝟐
𝟏𝟏𝟏𝟏
Calculando o determinante, você verá que b) [𝟒 𝟒 𝟒 𝟒 ]
det B = det A
𝟏
f) Uma consequência do teorema de Jacobi é que
se uma fila de uma matriz é a soma de múltiplos de c) 𝟏
𝟏
filas paralelas (combinação linear de filas parale-
las), o determinante é igual a zero.
𝟏
𝟏
g) Teorema de Binet: Sendo A e B matrizes quadra- 𝟐
das de mesma ordem, então: 𝟏
𝟐
det(A � B) = detA � detB d) 𝟏
𝟐
1 2 4 3 8 5 𝟏
Exemplo: A = ,B= , logo: A � B = 𝟐
0 3 2 1 6 3
𝟏
1 2
det A = =3 𝟒
0 3 𝟏
𝟒
e) 𝟏
4 3
det B = = 4 − 6 = −2 𝟒
2 1
𝟏
𝟒
8 5
det AB = = 24 − 30 = −6 = 3 � (−2)
6 3
110 Resposta: Letra e. Para calcular a média aritmética
Consequências: Sendo A uma matriz quadrada e de quatro notas, devemos somar as quatro notas e
, temos: dividi-la por 4. A matriz 4×4 obtida pelas notas deve
ser multiplicada por uma matriz coluna 4×1, no qual
det(An) = detA n cada um dos quatro elementos é igual 1/4, que é a
matriz da alternativa E.
E no caso da matriz inversa:
1
detA−1 = PROBABILIDADE
det A
EVENTOS EXAUSTIVOS
A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An = S
�
� A ∪ �A = S
A∩A =∅ PROBABILIDADE CONDICIONADA
n(A ∩ B)
Veja: P(B/A) =
n(A)
Matemática e suas Tecnologias
EXERCÍCIO COMENTADO
a) 1/100
b) 19/100
c) 20/100
EVENTOS INDEPENDENTES d) 21/100
e) 80/100
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral
S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente Resposta: Letra c. Como o que queremos são os nú-
quando: meros de 1 a 20, temos 20 números desejáveis em 100
P(A/B) = P(A) casos totais. Assim, o resultado é 20/100.
P(B/A) = P(B)
SISTEMAS LINEARES
INTERSECÇÃO DE EVENTOS
Assim sendo:
P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B/A)
P A ∩ B = P B ∙ P(A/B)
Onde
Considerando A e B como eventos independentes,
logo P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A a11 , a12 , … , ann e b1, b2 , … , bn
∩ B) = P(A)∙ P(B). Para saber se os eventos A e B são
independentes, podemos utilizar a definição ou calcular são números reais.
a probabilidade de A ∩ B. Veja a representação:
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS LINEARES
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou
A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B) Considerando um sistema de n equações lineares,
podemos classificá-lo de 3 formas possíveis:
2x + 6x − 12 = 20
Uma maneira de resolver o sistema pelo método
2x + 6x = 20 + 12
da adição consiste em eliminar a variável “y”. Na pri-
meira equação a variável “y” está multiplicada por -1, 8x = 32
enquanto que na segunda equação, está multiplicada 32
por 2. Se a primeira equação for multiplicada por , em x= =4
8
ambas as equações a variável “y” estará multiplicada
por 2 porém com sinais opostos.
Matemática e suas Tecnologias
Utiliza-se a expressão encontrada anteriormente para “y” para encontrar o valor dessa incógnita:
y = 3x − 6
→ y = 3 × 4 − 6 = 12 − 6
→y=6
Assim: S = 4,6
Todos os sistemas lineares podem ser resolvidos pelo método da substituição apresentado acima. Porém, com
mais equações, ele vai se tornando bem trabalhoso. Desta forma, um método mais rápido é sugerido, chamado de
método de Cramer. Utiliza-se a notação matricial e o conceito de determinantes para resolver:
Ex:
Primeiro, calcula-se DA = det A . Também serão calculados determinantes auxiliares, substituindo uma coluna
correspondente da matriz A, pela matriz B:
, e
114
Dx1 Dx2 Dx3
x1 = DA
, x2 = DA
, x3 = DA
1 2 −1 x 2
2 −1 1 y = 3
1 1 1 z 6
Matemática e suas Tecnologias
2 2 −1 Resposta: Letra e.
Dx = 3 −1 1 = −7
6 1 1 A estimativa da média de desempenho após a re-
dução de álcool anidrido no combustível é:
1 2 −1
Dy = 2 3 1 = −14 80% − 75%
1 6 1 1+ � 13,5 = 14,4 k m⁄L
75%
1 2 2
Dz = 2 −1 3 = −21
1 1 6
TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS
Logo:
DEFINIÇÃO
Dx −7
x= = =1 Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono
DA −7
que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí-
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui
Dy −14 alguns elementos e os principais são: vértices, lados, ân-
y= = =2
DA −7 gulos, alturas, medianas e bissetrizes.
Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
Dz −21 sobre os mesmos.
z= = =3 115
DA −7
#FicaDica
Sistemas lineares de ordem 3×3 ou maiores
não precisam ser necessariamente resolvidos
usando o método de Cramer. Fica a cargo do
estudante escolher um forma que pareça ser a) Vértices: A,B,C.
mais fácil. b) Lados: AB,BC e AC.
c) Ângulos internos: a, b e c.
Mediana: É o segmento que une um vértice ao pon- Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas
to médio do lado oposto. BM é uma mediana. diferentes.
116
CONGRUÊNCIA DE TRIÂNGULOS
x = 50º + 80º = 130°. LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.
Dois triângulos são congruentes quando têm, respecti-
vamente, os três lados congruentes. Observe que os ele-
mentos congruentes têm a mesma marca.
Matemática e suas Tecnologias
LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ân- CASOS DE SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
gulo. Dois triângulos são congruentes quando têm dois
lados congruentes e os ângulos formados por eles tam- Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem dois
bém são congruentes. ângulos correspondentes congruentes, então os triân-
gulos são semelhantes.
então ABC =
� EF
Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes.
TEOREMA DE PITÁGORAS
Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a
intuição do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.
119
Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:
A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos
realizados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos
os triângulos retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:
Matemática e suas Tecnologias
Onde os catetos são os segmentos que formam o ân- No triângulo equilátero, a altura e a mediana coinci-
gulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. dem. Logo, é ponto médio do lado BC. No triângulo re-
Chamando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a tângulo AHC, é ângulo reto. De acordo com o teorema
medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais de Pitágoras, podemos escrever:
conhecidos da matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2
l 3
h=
2
EXERCÍCIOS COMENTADOS
d² = l² + l²
d = √2l²
d=l 2
(A) 95.
(B) 75.
(C) 85.
(D) 80.
l= medida do lado (E) 90.
h= medida da altura
Matemática e suas Tecnologias
FIQUE ATENTO!
Dizemos que todo triângulo retângulo tem
um ângulo interno reto e dois agudos,
complementares entre si.
Matemática e suas Tecnologias
A partir dessas definições, podemos calcular o seno, Primeiramente, vamos calcular os comprimentos da
cosseno e tangente do ângulo α, do triângulo da figura: diagonal do quadrado e a altura h, do triângulo equi-
látero. Como já vimos as fórmulas na seção anterior de
triângulos, vamos apenas indicar os valores:
cateto oposto a α
sen α =
hipotenusa
d=a 2
l 3
cateto adjacente a α h=
cos α = 2
hipotenusa
Sabemos, agora, que o triângulo hachurado no in-
cateto oposto a α terior do quadrado tem catetos de medida 𝐚 e2hipote-
tg α =
cateto adjacente a α nusa 𝐚 2 . Para o outro triângulo sombreado, teremos
catetos e medidas 1 e l 3 , enquanto sua hipotenusa
No caso de , o cateto oposto a ele será aquele que 2 2
não forma o ângulo, ou seja, o segmento AC. Já o cate- tem comprimento 1.
to adjacente será o cateto que junto com a hipotenusa,
forma o ângulo, assim, ele será AB. Substituindo os valores: Passemos, agora, ao cálculo de seno, cosseno e tan-
gente dos ângulos de 30o, 45o e 60o.
cateto oposto a α 3
sen α = = = 0,6
hipotenusa 5 SENO, COSSENO E TANGENTE DE 30° E 60°.
A partir do quadrado representado na figura acima, Definidas principais propriedades e o ângulos notáveis,
de lado a e diagonal 𝐚 2 , podemos calcular: podemos expandir essa análise para todos os ângulos de
um círculo, indo de 0 a 360° ou de 0 a 2π rad. Para isso,
usamos o circulo trigonométrico apresentado a seguir:
Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados Logo, como sempre teremos a soma dos quadrados
3, 4 e 5 unidades de comprimento que apresentamos de seno e cosseno de um ângulo. Essa identidade vale-
anteriormente, temos para o ângulo α: rá para qualquer ângulo x:
b2 + c 2 = a2
2 e
b2 c 2 a2 b c 2
2 + 2= 2→ + =1
a a a a a
Teríamos encontrado inversões análogas se utilizássemos o ângulo β. Assim, essas relações também valerão
para qualquer ângulo x, desde que seja respeitada a condição de os denominadores dos segundos membros
dessas identidades não serem nulos.
Aplicando essas relações no teorema de Pitágoras, chegamos as outras duas importantes identidades trigono-
métricas:
2
tg x + 1 = sec 2 x
2
cotg x + 1 = cosec2 x
Outras identidades trigonométricas estão relacionadas a operações com ângulos. As fórmulas a seguir foram
deduzidas para facilitar algumas operações matemáticas. Sejam e ângulos quaisquer. Temos que:
tg α+tg β
Tangente da Soma: tg α + β = 1−tgα � tgβ
tg α−tg β
Tangente da Diferença: tg α − β = 1+tgα.tg β 125
Dessas fórmulas, podemos deduzir uma variação importante, que são as fórmulas dos arcos duplos:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(NOVA 2017) Assinale a alternativa que representa os valores de sen (75°) e cos (75°)
a)
b)
c)
d)
Resposta: Letra C. Usando a fórmula de soma de arcos para seno e cosseno e considerando que 75° = 30° + 45°:
6+ 2
sen75° = sen 30° + 45° = sen 30° � cos 45° + sen 45° � cos 30° =
4
]
6− 2
cos 45° = cos 30° + 45° = cos 30° � cos 45° − sen 30° � sen 45° =
4
126
Matemática e suas Tecnologias
a) II
b) I e II
HORA DE PRATICAR! c) I e III
d) II e III
1. (VUNESP 2016) Para iniciar uma visita monitorada a um e) Todos os itens
museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos do 9º ano de
certa escola foram divididos em grupos, todos com o Competência ENEM:H1
mesmo número de alunos, sendo esse número o maior
possível, de modo que cada grupo tivesse somente 5. (SAAE MG 2016) Misturam-se 30 litros de álcool com
alunos de um único ano e que não restasse nenhum 20 litros de gasolina. A porcentagem de gasolina na
aluno fora de um grupo. Nessas condições, é correto mistura é igual a:
afirmar que o número total de grupos formados foi
a) 40%
a) 8 b) 20%
b) 12 c) 30%
c) 13 d) 10%
d) 15
e) 18 Competência ENEM:H2
Competência ENEM:H15
Com esse preparo, cada 5 mL da suspensão oral
10. (OBJETIVA 2016) Três funcionários (Fernando, Gabriel reconstituída terá 200 mg do princípio ativo desse
e Henrique) de determinada empresa deverão dividir antibiótico. Se, entretanto, uma pessoa adicionar 85 mL
o valor de R$ 950,00 entre eles, de forma diretamente de água ao pó (em vez de 65 mL), então, a quantidade
proporcional aos dias trabalhos em certo mês. Sabendo- de miligramas do princípio ativo contida em 5 mL dessa
se que Fernando trabalhou 10 dias, Gabriel, 12, e suspensão oral passará a ser, aproximadamente, de
Henrique, 16, analisar os itens abaixo:
I - Fernando deverá receber R$ 260,00. a) 124.
II - Gabriel deverá receber R$ 300,00. b) 225.
III - Henrique deverá receber R$ 410,00. c) 180.
Está(ão) CORRETO(S): d) 156.
e) 135.
a) II
b) I e II Competência ENEM: H10
128 c) I e III
d) II e III 14. (UFLA 2018) “Uma das etapas de tratamento de
e) Todos os itens águas de piscinas, de águas para o consumo, e outros
usos, é a adição de “cloro”, etapa denominada de
Competência ENEM: H16 cloração. Nesse processo, nem sempre se adiciona o
cloro Cl2 diretamente na água, utiliza-se uma solução de
11. (FGV 2018) No setor de digitação da Assembleia hipoclorito de sódio, conhecida como “cloro líquido”.
Legislativa todos os digitadores possuem mesma Dependendo do objetivo que se pretende, são utilizadas
eficiência no trabalho e, portanto, digitam a mesma soluções com concentrações diferentes. Por exemplo,
quantidade de páginas em cada hora. Sabe-se que 3 se for na água para beber, a solução de hipoclorito
digitadores produziram 72 páginas digitadas em 4 horas. adicionada possui concentração de 0,4 mg/l; já em
O número de páginas que 4 digitadores produzirão em soluções para limpeza de vegetais, a concentração é
5 horas é de de 4 mg/l; para limpeza de utensílios é de 8 mg/l e como
produto para limpeza, conhecido como água sanitária,
a) 120. a concentração fica entre 25 e 50 g/l.”
b) 124. (http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/
c) 144. adicao-cloro-na-agua.htm)
d) 156. Num laboratório, havia 10 litros de solução para
e) 180. cada tipo de uso (água para beber, para limpeza
de vegetais, para limpeza de utensílios e produto
Competência ENEM: H18 líquido para limpeza). Esses 40 litros foram misturados.
A concentração de hipoclorito de sódio da solução
12. (VUNESP 2018) Para imprimir um lote de panfletos, obtida pela mistura é:
uma gráfica utiliza apenas uma máquina, trabalhando
5 horas por dia durante 3 dias. O número de horas diárias a) Entre 9,35 g/l e 15,60 g/l
que essa máquina teria que trabalhar para imprimir esse b) Entre 6,2531 g/l e 12,5031 g/l
mesmo lote em 2 dias seria c) Entre 9,2531 mg/l e 15,5031 mg/l
d) Entre 9253,1 mg/l e 1560,0 mg/l
a) 8,0.
b) 7,5. Competência ENEM: H11
Matemática e suas Tecnologias
22. (IBFC 2015) Para que a imagem da função 27. (CETREDE 2016) O gráfico da função f(x)= 3x-9 en-
exponencial f(x)=2x+3 seja igual a 512, o valor de x deve contra o eixo das abscissas (horizontal) quando x é igual
ser igual a: a:
a) 6 a) -1
b) 7 b) 1
c) 8 c) 6
d) 9 d) -3
e) 3
Competência ENEM: H21
Competência ENEM: H20
23. (CETREDE-2016) Qual o valor de xna equação log
(2x+6)=2?
28. (FGV 2016) O gráfico da função y=f(x) é uma reta.
Sabe-se que f(-3)=5 e que f(12). O valor de f (2016) é
a) 47
b) 17
a) 656
c) 64
d) 24 b) 664
e) 39 c) 670
d) 678
Competência ENEM: H21 e) 682
Competência ENEM: H21 37. (INSTITUTO AOCP 2016) Considere uma sequência de
números pares consecutivos iniciada pelo número 12.
33. (Unitau-SP) A inequação (x – 2)2(x – 5) > 0 é satisfeita Qual é a diferença entre o oitavo e o quinto termos?
para:
a) 8
a) IR. b) 6
b) x < 5 c) 4
c) 2 < x < 5 d) 3
d) x > 5 e) 2
e) x < 5 e x ≠ 2
Competência ENEM: H23
Competência ENEM: H21
38. (CS-UFG-2016) Uma pessoa utiliza o seguinte
34.(FUNCAB/2014) O maior número inteiro que pertence procedimento para fazer a leitura de um livro de 1024
2
ao conjunto solução da inequação x + 9x + 18 > 0 é páginas: no primeiro dia, lê uma página, no segundo
−x − 3
dia, três páginas, de modo que o número de páginas
a) 0 lidas em cada dia coincida com o termo da progressão
b) -1 aritmética com primeiro termo igual a 1 e razão igual
c) -3 a 2. Nestas condições, esse livro será lido em quantos
d) -6 dias?
e) -7
a) 32
Competência ENEM: H20 b) 64 131
c) 128
35. (FUVEST) - Depois de n dias de férias, um estudante d) 512
observa que:
- Choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde; Competência ENEM: H23
- Quando chove de manhã não chove à tarde;
- Houve 5 tardes sem chuva; 39. (AMEOSC 2016) Qual a soma dos 12 primeiros termos
- Houve 6 manhãs sem chuva. da sequência
41. (FCC-2016) Na sequência 2-1; 3-1; 4-1; 5-1 , que é ilimitada 45.(UNESP 2017) Utilize os dados do gráfico a seguir, que
e segue um padrão, a diferença entre o 8º termo e o mostra o número de rascunho vendas realizadas pelo
11º termo é igual a vendedor Carlos em seis dias de uma semana, para res-
ponder à questão.
a) 3-1
b) 1/3
c) 1/9
d)1/36
e) 12-1
a) 8
b) 10
c) 12
d)14
e) 16
Competência ENEM: H9
49. (NOVA 2017) Seja o ponto A(3p – 1, p – 3) um ponto
pertencente à bissetriz dos quadrantes ímpares, então a
ordenada do ponto A é: 54. (FGV 2018) Uma pirâmide quadrangular regular
tem altura 30 e aresta da base também igual a 30. A
a) 0 distância do centro da base dessa pirâmide a uma das
b) –1 suas faces laterais é
c) –2
d) − 83 a) 10√2.
e) –4 b) 8√2.
c)10√3.
Competência ENEM: H20 d) 4√5.
e) 6√5. 133
50.(NOVA 2017) O ponto A(p – 2, 2p – 3) pertence ao
Competência ENEM: H9
eixo das ordenadas. Obter o ponto B’ simétrico de B(3p
– 1, p – 5) em relação ao eixo das abscissas. 55.(Pref. Taquarituba-SP – Agente comunitário de Saúde
– Instituto Excelência/2016) Analise a figura abaixo, classi-
a) B(5, 3) fique o ângulo indicado e assinale a alternativa CORRETA:
b) B(5, 4)
c) B(5, 5)
d) B(3, 3)
e) B(3, 5)
Competência ENEM: H8
Matemática e suas Tecnologias
57.(IESES 2017) Um eneágono tem um de seus lados com 62.(IESES 2017) Deverá ser pago o montante de $ 6.300,00
125 cm, como todos os lados são iguais o seu perímetro originado de um financiamento contraído no valor de $
será de: 4.800,00 no regime dos juros simples. Sabendo-se que a
taxa de juros empregada foi de 75% ao ano, pergunta-
a) 625 cm se qual foi o prazo do financiamento?
b) 750 cm
c) 1500 cm a) 5 meses
d) 1125 cm b) 4 meses
c) 7 meses
Competência ENEM: H7 d) 6 meses
a) R$ 5250,00
b) R$ 5500,00
c) R$ 5788,13
d) R$ 5450,00 A distância x indicada na fi gura equivale a:
e) R$ 5750,00
Competência ENEM: H5
Matemática e suas Tecnologias
a) tg (45°) 17 C
b) sen (135° ) 18 D
c) cos(290°) 19 D
136 d) sen (30°)
e) cos(180°) 20 B
21 A
Competência ENEM: H8
22 A
cos2 θ 23 A
76.(VUNESP 2013) A expressão , com sen θ ≠ 1 é
igual a: 1−senθ
24 E
a) sen θ 25 A
b) sen θ+1 26 B
c) tg θ.cos θ
27 E
d)1
28 D
Competência ENEM: H8 29 C
30 C
31 C
32 E
33 D
34 E
35 C
36 A
37 D
38 A
39 D
40 D
Matemática e suas Tecnologias
41 D ANOTAÇÕES
42 B
__________________________________________________
43 E
___________________________________________________
44 B
45 C ___________________________________________________
46 D ___________________________________________________
47 A
___________________________________________________
48 C
___________________________________________________
49 E
50 A ___________________________________________________
51 E ___________________________________________________
52 D
___________________________________________________
53 B
___________________________________________________
54 E
55 A ___________________________________________________
56 E ___________________________________________________
57 E
___________________________________________________
58 A
___________________________________________________
59 D
60 D ___________________________________________________
61 E ___________________________________________________
62 A
___________________________________________________ 137
63 C
___________________________________________________
64 C
65 C ___________________________________________________
66 C ___________________________________________________
67 E
___________________________________________________
68 B
___________________________________________________
69 A
70 A ___________________________________________________
71 D ___________________________________________________
72 C ___________________________________________________
73 D
___________________________________________________
74 B
75 E ___________________________________________________
76 B ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Matemática e suas Tecnologias
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
138 ___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
CIÊNCIAS DA NATUREZA
E SUAS TECNOLOGIAS
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
#FicaDica
Quando estiver estudando os diversos tópicos de Física e as grandezas forem apresentadas, procure se
questionar se as mesmas são escalares ou vetoriais, isso facilitará o entendimento da matéria.
SISTEMAS DE UNIDADES
As grandezas, além quantificar os fenômenos observados, também são adjetivadas com “unidades”, ou seja, um
nome que irá caracterizar aquela grandeza. Diversos sistemas de unidades foram elaborados ao longo da história
e para padronização, criou uma convenção internacional, chamada de “Sistema Internacional de Unidades”, ou
SI. A tabela a seguir apresenta as principais grandezas com as suas respectivas unidades:
Existem outros dois sistemas de unidades que são bastante utilizados, que são o CGS e o MKS. Algumas unidades
são diferentes e são apresentadas a seguir:
Grandeza Unidade CGS (nome por extenso) Unidade MKS (nome por extenso)
Comprimento cm (centímetro) m (metro)
Massa g (grama) utm (unidade de massa)
Tempo s (segundo) s (segundo)
Força dyn (Dynar) kgf (kilograma-força)
Pressão dyn/cm² (Dynar por centímetro kgf/m² (kilograma-força por metro quadrado)
quadrado)
Energia erg (“erg”) kgfm (kilograma-força-metro)
Potência erg/s (erg por segundo) kgfm/s (kilograma-força-metro por segundo)
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
#FicaDica
Para o estudo de sistema de medidas, não há segredo, a memorização é o melhor caminho. Essas unidades
ficarão naturalmente na sua memória conforme o aprendizado dos conteúdos de Física.
EXERCÍCIO COMENTADO
(SABESP – Técnico em Sistemas de Saneamento - FCC/2014) No sistema Internacional (SI), a grandeza de massa
específica é expressa em:
a) kg/m³
b) utm/m³
c) g/cm³
d) kgf/m³
e) dyn/cm³
Resposta: Letra APara resolver esse exercício, é necessário saber que massa específica é a relação entre a massa
de um corpo e o volume ocupado por ele. No SI, a unidade de massa é kg e o volume é expresso em m³ (metros
cúbicos), já que a unidade de comprimento é o metro. Assim, dividindo um pelo outro, chega-se a kg/m³
VETORES
Quando se estuda grandezas físicas, sabe-se que há dois tipos: Escalares e vetoriais. A primeira, basta apenas
uma única informação (valor) para ela ser determinada. Já as grandezas vetoriais, necessitam de três informações,
valor, direção e sentindo.
Vamos tomar como exemplo a velocidade de um carro. Normalmente, fala-se apenas do seu valor, por exemplo,
100 km/h, considerando uma rodovia. Mas, essa informação é suficiente? Se considerarmos que só queremos saber
o quanto o carro está rápido, este valor é suficiente, mas se quisermos saber para onde o carro está indo? Um carro
andando a 100 km/h para o norte é a mesma coisa que andar a 100 km/h para o sul?
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Fisicamente, não é a mesma coisa, e dizemos que Conforme dito anteriormente, o tamanho do vetor é
nos dois carros, temos sentidos opostos, ou seja, cada ligado ao seu módulo. Nesse caso, pode-se afirmar que
carro está indo no movimento diametralmente oposto o módulo do vetor é menor que o módulo do vetor
ao outro. Assim, grandezas vetoriais precisarão de mais
informações para ser totalmente determinadas. • Vetores com módulo e direção iguais, mas sentidos
Para colocar todas as informações organizadas, diferentes:
temos a seguir a caracterização das três informações
que compõe um vetor:
• Módulo (ou magnitude): É o valor da grandeza em
si e irá determinar o tamanho de um vetor, ou seja,
vetores maiores terão módulos maiores.
• Direção: Descreve o plano onde o vetor se
localiza. Por exemplo, uma pessoa andando em
uma rua plana, tem direção horizontal, no caso
de uma rua inclinada, o ângulo de inclinação
indicará a direção. Aqui temos dois vetores que possuem uma única
• Sentido: É a informação complementar da diferença: Estão apontados para sentidos opostos.
direção, uma vez que para cada direção, temos Caso esses vetores fossem forças, uma anularia a outra,
dois sentidos possíveis. Por exemplo, em um plano resultando em uma resultante nula.
horizontal, podemos estar indo para esquerda ou
direita; na direção vertical, para cima ou para • Vetores com módulo iguais, mas direção e sentido
baixo, etc. diferentes:
3
Nesse caso, temos dois vetores com o mesmo
Geometricamente, o vetor é uma seta, onde seu tamanho, mas apontado para direções diferentes, o
tamanho indicará o módulo e há as indicações de que por consequência gera direções diferentes.
direção e sentido. Nesse caso, temos um vetor de
direção horizontal, e sentido para a direita. Vejam agora
outros exemplos. #FicaDica
• Vetores de mesmo módulo, direção e sentido:
Vetores são utilizados principalmente em
Dinâmica, quando se trata de equilíbrio de
forças. As operações vetores descritas a seguir
serão fundamentais para o entendimento desta
parte da Física.
b) Decomposição de vetores
A decomposição de vetores é uma ferramenta
importante aplicada na Física, pois permite que
se separe um vetor específico em diferentes
componentes, que pode facilitar o entendimento
de alguns fenômenos ou para estudar casos
específicos. A ideia consiste em dividir o vetor
em dois (em problemas no plano) ou três (em 5
problemas tridimensionais) componentes paralelas
aos eixos de coordenadas. Veja o exemplo a #FicaDica
seguir: Você pode verificar que 𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦 usando
o método de soma de vetores apresentado
anteriormente.
a)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
b)
c)
Suponha que cada quadrado da figura represente uma
distância de 1,0 cm de aresta.
Nesse caso, o vetor deslocamento resultante terá módu-
lo, direção e sentido indicados em:
#FicaDica
É possível converter uma velocidade em km/h
para m/s e vice-versa. Para converter uma
velocidade de km/h para m/s basta DIVIDIR
por 3.6. Já para converter uma velocidade de
m/s para km/h basta MULTIPLICAR por 3,6.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
b)
c)
Onde:
vf= velocidade final do corpo no trecho considerado
v0=velocidade inicial do corpo no trecho considerado
Δ𝑡= intervalo de tempo transcorrido no trecho
considerado
Resposta: Letra D. O tempo de reação é o tempo en-
tre o motorista avistar o perigo e pisar o freio. Duran- Quando a aceleração é positiva ( 𝑎 > 0 ) significa
te o tempo de reação, o veículo permanece com a que a velocidade do corpo aumenta com o tempo.
mesma velocidade. Em seguida, o movimento retar- Já quando a aceleração é negativa ( 𝑎 < 0 ) significa
dado provoca uma redução de velocidade, que é que a velocidade do corpo diminui com o tempo.
dado pela equação de Torricelli. V²=Vo² + 2a.Δ𝑆 . (o O MRUV pode ser classificado de acordo com duas
gráfico fazia relação V x d ) grandezas (velocidade e aceleração) e dentro de
Isso faz com que a relação entre velocidade e distân- cada uma delas de duas maneiras diferentes:
cia não seja linear, mas quadrática. • Movimento acelerado ou retardado: diz respeito
ao sinal da aceleração do corpo. Quando
2. (NUCEPE 2015) João, que é um atleta de tiro ao alvo, a aceleração é positiva o movimento é dito
acelerado e quando a aceleração é negativa o
9
dispara um projétil horizontalmente com uma veloci-
dade de 200 m/s em direção a um alvo. João escuta movimento é dito retardado.
o impacto do projétil no alvo, 2.7 s depois do disparo. • Movimento progressivo ou retrógrado: segue a
Sabendo que a velocidade do som no ar é 340 m/s, a mesma classificação do MRU. O movimento é dito
distância de João ao alvo é de: progressivo quando o corpo se desloca no sentido
positivo da trajetória e retrógrado quando o corpo
a) 74 m se desloca no sentido negativo da trajetória.
b) 125 m
c) 200 m SE LIGA!
d) 340 m
e) 540 m Há 4 classificações possíveis para o MUV:
progressivo e acelerado, progressivo e
Resposta: Letra D. Note que há dois momentos que retrógrado, retardado e progressivo ou
devem ser considerados, o trecho do projétil assim retardado e retrógrado.
que é disparado até o alvo e a propagação do som
do alvo até o ouvido de João. Chamando de Δt1 o
FUNÇÃO HORÁRIA DO ESPAÇO (POSIÇÃO)
intervalo de tempo transcorrido entre o disparo e o
É a função que permite obter a posição do corpo em
projétil atingir o alvo, de ΔS, a distância de João até
movimento uniforme em função do tempo transcorrido.
o alvo, vale: v=ΔS/Δt→200=ΔS/(Δt1 ). Logo, tem-se É dada por:
que: ΔS=200Δt1 (I). Considerando agora a propa-
gação do som do alvo até o ouvido de João, vale: 1
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0. 𝑡 + 𝑎𝑡 2
340=ΔS/(Δt2 ), onde Δt2 é o tempo que o som demo- 2
ra para percorrer a mesma distância ΔS. Assim, vem:
ΔS=340Δt2 (II). O tempo total entre o disparo e João Onde:
ouvir o impacto do projétil é de 2,7s que é exatamen- S= posição do móvel em função do tempo
te igual à somatória dos intervalos Δt1 e Δt2, ou seja: S0= posição inicial do corpo
Δt1+Δt2=2,7→Δt1=2,7-Δt2. v0= velocidade inicial do corpo
Como a distância percorrida pelo projétil até o alvo t= tempo transcorrido
é a mesma distância percorrida pelo som do alvo a= aceleração do corpo
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Onde:
v= velocidade do corpo
v0= velocidade inicial do corpo
t = tempo transcorrido
a= aceleração do corpo
EQUAÇÃO DE TORRICELLI
Equação que relaciona distância percorrida com
velocidades inicial e final e aceleração, sem relacionar
explicitamente com o tempo. Costuma ser utilizada
quando o tempo no qual o corpo realiza o movimento é
desconhecido. É a seguinte equação:
𝑣 2 = 𝑣02 + 2. 𝑎. Δ𝑆
Onde:
v= velocidade do corpo
v0 velocidade inicial do corpo
ΔS = deslocamento
a= aceleração do corpo
Gráfico
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
c)
#FicaDica
Para MRUV o gráfico é sempre uma parábola
(concavidade para cima ou para baixo), o
gráfico S×t é sempre uma reta (crescente ou
decrescente) e o gráfico v×t é sempre uma reta
horizontal (acima ou abaixo do eixo )
EXERCÍCIO COMENTADO
a) e)
11
uso da mesma equação da 1° parte (mas para o caso a resistência do ar, a velocidade na direção horizontal
retardado). Porém, quando o trem para, a o gráfico fica- da bola de tênis se mantém constante, portanto na
rá constante já que a posição não muda com o tempo. horizontal a bola de tênis realiza um movimento retilíneo
e uniforme. Já na vertical, quando a bola começa a cair
2.(IBFC 2017) Um carro trafega a uma velocidade de 36 ela está sob ação da gravidade e, portanto, realiza um
km/h. Quando freado, para somente após percorrer 25 movimento acelerado. Assim conclui-se que, na vertical
metros. Nessas condições, a aceleração introduzida pe- o movimento realizado é uniformemente variado.
los freios será de:
a) Equações do movimento
a) 5 m/s2 Na horizontal, como apresentado, o movimento é
b) -5 m/s2 uniforme com velocidade v0x. Assim, a equação
c) 2 m/s2 horária do espaço será dada por:
d) -2 m/s2
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0𝑥 𝑡
e) -4 m/s2
que é a mesma equação apresentada para o
Resposta: Letra D: Como o tempo não é conhecido, movimento retilíneo uniforme. O subscrito “x” significa
será utilizada a equação de Torricelli. A velocidade fi- que é a velocidade horizontal (direção x). É possível
nal é nula pois no instante final o carro estará parado. simplificar essa equação. Considerando que o
A velocidade inicial foi dada mas deve ser convertida lançamento se inicia a partir do momento que o
36
para 𝑚/𝑠: = 10 𝑚/𝑠 :.Assim, vem: corpo inicia o movimento composto (no exemplo é o
3,6
momento em que a bola deixa a mesa), o espaço inicial
S0, é igual à zero. O espaço percorrido , recebe o nome
𝑣 2 = 𝑣02 + 2𝑎Δ𝑆 → 02 = 102 + 2. 𝑎. 25 → 𝑎 = −2 𝑚/𝑠² de alcance do lançamento, denotado por A:
𝐴 = 𝑣0𝑥 . 𝑡
LANÇAMENTOS
Para estudar lançamentos, que são movimentos mais
Na vertical, valem as equações do movimento
complexos, é importante conhecer e utilizar o princípio
uniformemente variado:
da composição de movimentos. Segundo Galileu,
todo movimento complexo pode ser decomposto
em diversos movimentos mais simples de serem
12 estudados. Pensando em lançamentos, há dois tipos:
lançamento horizontal e oblíquo. Como lançamentos
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑎. 𝑡
são movimentos complexos, para estuda-los cada
𝑣𝑦2 = 𝑣02𝑦 + 2. 𝑎. Δ𝑆𝑦
um desses lançamentos será decomposto em dois
movimentos conhecidos.
𝑣𝑦 = 𝑔. 𝑡
𝑣𝑦2 = 2. 𝑔. H
SE LIGA!
O tempo é a única grandeza que é comum aos
dois movimentos. Ou seja, o tempo que o cor-
O lançamento horizontal é a composição de dois po leva para realizar o movimento horizontal
movimentos, um movimento na vertical e outro na é o mesmo gasto para realizar o movimento
horizontal. Consideremos o exemplo da bola de tênis. uniforme.
Analisando apenas o movimento horizontal, desprezando
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
LANÇAMENTO OBLÍQUO
O lançamento oblíquo também é a composição de
um movimento uniforme (na horizontal) e uniformemente EXERCÍCIOS COMENTADOS
variado (na vertical). O que o caracteriza como oblíquo
é o fato da velocidade inicial do movimento ser diferente 1.(IFB 2017) Um objeto é lançado obliquamente de uma
de zero na vertical e na horizontal e o vetor velocidade altura de 10m do solo. A velocidade de lançamento é
formar uma ângulo com a horizontal, conforme figura de 10m/s e o ângulo de lançamento é de 30°. Podemos
abaixo: afirmar que o tempo de voo do objeto até chegar no
solo é de:
a) 1s
b) 2s
c) 3s
d) 4s
e) 5s
Conhecendo o ângulo e o módulo de velocidade 2.(ENEM 2016) Para um salto no Grand Canyon usando
inicial , é possível obter o valor das velocidades iniciais motos, dois paraquedistas vão utilizar uma moto cada,
dos movimentos horizontal e vertical: sendo que uma delas possui massa três vezes maior.
𝑣0𝑥 = 𝑣0. cos 𝜃 Foram construídas duas pistas idênticas até a beira do
precipício, de forma que no momento do salto as motos
𝑣0𝑦 = 𝑣0. sen 𝜃 13
deixem a pista horizontalmente e ao mesmo tempo. No
instante em que saltam, os paraquedistas abandonam
Para os movimentos vertical e horizontal, valem suas motos e elas caem praticamente sem resistência
as equações apresentadas anteriormente para o do ar.
movimento horizontal sem a simplificação de que As motos atingem o solo simultaneamente porque
a velocidade inicial na vertical (𝑣 0𝑦 ) é nula, pois no
lançamento oblíquo ela não é. As equações são: a) possuem a mesma inércia.
𝐴 = 𝑣0𝑥 . 𝑡 b) estão sujeitas à mesma força resultante.
c) têm a mesma quantidade de movimento inicial.
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda.
e) são lançadas com a mesma velocidade horizontal.
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑔. 𝑡 Resposta: Letra D: As motos atingem o solo ao mesmo
tempo porque partem de uma mesma altura H com
𝑣𝑦2 = 𝑣02𝑦 + 2. 𝑔. H
velocidade horizontal e ficam sujeitas à mesma ace-
leração vertical, que é a da gravidade. O tempo de
queda não depende da velocidade horizontal nem
#FicaDica da massa da moto.
GRAUS E RADIANOS
No Sistema Internacional de Medidas (SI), a unidade
de medida para ângulos é o radiano. A definição de
radiano é a seguinte: medida do ângulo que determina
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
90° = ; 60° = ; 45° = ; 30° =
2 3 4 6 Período e frequência estão relacionados, da seguinte
forma: fT=1, ou:
Para outros ângulos, basta utilizar a equivalência 1 1
apresentada e encontrar o outro ângulo utilizando regra 𝑓 = 𝑇 ou 𝑇 = 𝑓
de três.
Δ𝜑
𝜔=
Δ𝑡 Δ𝜑
𝜔=
onde Δ𝜑 é o ângulo descrito pelo móvel e Δ𝑡 é
𝜔 = de tempo transcorrido. Considerando uma
o intervalo
Δ𝑡
volta completa, na qual o móvel percorre 360° (ou 2𝜋
𝜔 = T, a
radianos) e o tempo transcorrido é igual ao período
14 𝑇
velocidade angular pode ser expressa por:
2𝜋
Δ𝑆 = 𝜑𝑅em radianos.
Δ𝑆 = 𝜑𝑅 sendo 𝜔=
𝑇
b) Período e Frequência
Em movimento circular uniforme, o tempo gasto VELOCIDADE LINEAR
para o móvel completar uma volta é constante. A velocidade linear de um movimento circular
Ou seja, a cada intervalo de tempo fixo, o móvel uniforme, denotada por , é calculada por:
completa uma volta. A esse intervalo de tempo Δ𝑆
𝑣=
fixo, dá-se o nome de período, denotado pela Δ𝑡 Δ𝜑
letra T. Se um satélite leva 50h para dar a volta 𝜔=
na Terra, diz-se que o período desse satélite é onde Δ𝑆 é o deslocamento linear e Δ𝑡 é o tempo
𝑣=
transcorrido.
T=50h. Um movimento com período constante, é Δ𝑡 Considerando uma volta completa onde
chamado de periódico. o móvel percorre uma volta completa, o deslocamento
é igual ao comprimento da trajetória circular que é
Em um movimento periódico, dá-se o nome de calculado por Δ𝑆 = 2𝜋𝑅 . Novamente, em uma volta
frequência à grandeza que mede a quantidade de completa, o tempo transcorrido é igual ao período
eventos (voltas) ocorridas em um intervalo de tempo. É e, consequentemente velocidade linear pode ser
denotada pela letra f. Por exemplo, o motor de um carro expressa por:
produz 2400 rotações por minuto. Note que foram 2400 2𝜋𝑅
eventos (voltas, rotações) em um intervalo de tempo 𝑣=
𝑇
(minuto). Assim, diz-se que a frequência do motor é f=
2400 rpm. No SI, a unidade de frequência é s-1ou Hz que
corresponde a rotações por segundo.
SE LIGA!
Há uma relação entre as velocidades linear e
angular. Analisando as duas fórmulas nota-se
que a relação entre elas é dada por 𝑣 = 𝜔𝑅
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
LEIS DE NEWTON
Em primeiro lugar, para entender as famosas leis de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de
força. De início, é mais simples buscar entender observando alguns exemplos que podem definir tal conceito, como
a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões, a força exercida pelos jatos d’água para que se
acionem as turbinas ou a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua superfície. Vale lembrar
também que força será uma grandeza vetorial, com módulo, direção e sentido.
Assim, podemos definir força como sendo o fenômeno que gera alteração no movimento dos corpos. Se um
corpo receber a ação de uma força, ele terá seu estado alterado, passando a se movimentar em função da
mesma.
De posse desse conceito elementar, o Físico Isaac Newton (1643-1727) elaborou leis fundamentais, que modelam
nossa Física até hoje. Ele também tem contribuições em outras áreas da ciência, como a gravitação universal e o
cálculo diferencial, mas sua fama veio de 3 conceitos importantes, chamamos de leis de Newton.
SE LIGA!
A principal pegadinha da 1ª lei é justamente não se lembrar que um corpo em MRU permanecerá assim caso
não haja forças aplicadas sobre ele, nunca esqueça dessa parte da teoria!
Neste primeiro exemplo, observa-se o caso mais simples, com um corpo parado recebendo uma força e
acelerando na mesma direção da força.
No segundo exemplo, o corpo está inicialmente em movimento e é desacelerado por uma força . Mesmo nesse
caso, a aceleração do corpo (frenagem) está na direção da força, como no primeiro exemplo.
A conclusão que se obtém desses dois casos é que a força resultante no corpo e a aceleração estarão sempre
na mesma direção e sentido. Isso também foi visto por Isaac Newton e adicionalmente, ele quantificou a relação
de proporcionalidade entre essas grandezas, que é justamente a massa do corpo, assim:
𝑅 = 𝑚. 𝑎⃗
Logo, a segunda lei de Newton, quantifica o valor da força resultante do corpo como sendo o produto de sua
massa pela aceleração que ele desenvolve.
Usando como exemplo o bloco em repouso no plano horizontal, vamos fazer o diagrama de corpo livre no
mesmo:
No bloco, temos a forças Peso e Normal se equilibrando. O enunciado da terceira lei diz que as forças de reação
são de mesma natureza, o que não é o caso, já que a força peso é de natureza gravitacional e a força normal é
devido ao contato. Então, onde está a outra força peso? E a outra força Normal?
O principal equívoco quando se estuda a terceira lei de Newton é achar que as forças de reação são aplicadas
no mesmo corpo e isso não é verdade. Como o diagrama de corpo livre mostra apenas as forças aplicadas no
corpo correspondente, as forças de reação não aparecem. Para achar essas forças, deve-se pensar nos corpos
que estão aplicando as forças no bloco.
Começando pela força peso, qual é o corpo que está aplicando a força peso no bloco? É o planeta Terra, que
gera a gravidade. Portanto a força peso de reação está aplicada no planeta. Obviamente essa força não tem
relevância sobre o planeta pois ele é muito grande, mas por menor que ela seja, ela existe. Já a força normal, por
ser uma força de contato, certamente terá as forças aplicadas nas superfícies dos corpos que estão em contato.
Assim, a reação da força normal aplicada no bloco está aplicada no plano horizontal onde ele está apoiado, que
pode ser uma mesa ou o próprio chão.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Nos problemas de mecânica, a força peso será No primeiro exemplo, temos o contato entre o
simplesmente um vetor, posicionado na direção corpo e a superfície no plano horizontal, assim, a força
vertical e para baixo. Seu módulo é calculado a partir normal será aplicada na perpendicular (vertical) e na
do produto da massa do corpo pela aceleração da direção de afastamento das superfícies, ou seja, como
gravidade g, assim: a superfície está abaixo do bloco, então a normal deve
ser para cima, para afastá-los.
Para o caso do plano inclinado, a questão principal
permanece, será perpendicular ao plano de contato,
assim, a força normal também se inclina junto com o
plano, diferentemente da força peso que será sempre
𝑃 = 𝑚𝑔
vertical e para baixo.
No terceiro caso, temos mais de uma força normal.
Cada corpo terá sua própria força peso, assim, A primeira, para o bloco A é idêntica ao primeiro caso,
quando o problema tiver mais de um corpo, quando com contato na superfície horizontal, já a segunda, vem
o diagrama de corpo livre de cada um for montado, do contato dos blocos A e B. Como o plano de contato
deve-se considerar as forças peso individualmente em também é horizontal, as duas forças são verticais. A
cada um deles. diferença está no sentido pois a convenção é sempre
aplicar no sentido dos corpos se afastarem.
FORÇA NORMAL OU DE CONTATO
A Força Normal só perde para a Força Peso em termos
de popularidade, mas apresenta uma característica #FicaDica
interessante em relação a sua direção de aplicação.
Neste segundo caso, observa-se claramente
Primeiramente, vamos explicar a sua natureza: As Forças
a terceira lei de Newton, já que as forças de
Normais aparecem quando há contato entre dois
contato entre os blocos A e B são de mesma
corpos ou entre um corpo e uma superfície. Vejam os
natureza e são devidas ao contato entre eles.
exemplos a seguir:
FORÇA TRAÇÃO
i) ii) iii) A Força de Tração tem a natureza de existência
devido à presença de um fio ou um cabo. Geralmente
esse cabo é inextensível, ou seja, não se deforma, e
possui massa desprezível. Logo, a tração é apenas uma
força transmitida pelo cabo e terá sempre a direção
dela mesmo. A diferença estará no sentido, que deve ser
iv) v) sempre na ideia de “puxar” o corpo. Veja os exemplos:
FORÇA ELÁSTICA
A força elástica é caracterizada pela presença de
uma mola. A mola é um dispositivo armazenador de
energia, devido ao seu poder de contração e extensão.
Quando a mola é estimulada a um desses movimentos,
i) ii) ela armazenará a energia, para depois devolvê-la no
sentido contrário, ou seja, se a mola se estender, ela terá
a tendência de se contrair para restaurar o comprimento
inicial; já o contrário, se a mola se contrair, ela terá a
tendência de se estender, até restaurar o comprimento
inicial. Vejam os exemplos a seguir:
iii) iv)
v)
No primeiro caso, temos um corpo suspenso por um Temos três casos, sendo de cima para baixo, a mola
fio na vertical. Já o segundo, é um corpo preso a um fio em sua posição original, no meio, a mola estendida e
na horizontal; o terceiro caso é um corpo preso a outro, embaixo, a mola contraída. No primeiro, a Força Elástica
através de um fio; o quarto caso é um corpo preso a um será nula, uma vez que a mola não sofreu contração
fio no plano inclinado e no quinto, um corpo preso a dois ou extensão, já no segundo e terceiro casos, vejam o
fios. Vejam como ficam as forças de tração aplicada diagrama de corpo livre:
aos corpos:
20
i) ii) iii)
SE LIGA! #FicaDica
O erro mais comum quando se estuda força
O atrito estático pode variar de valor, até chegar
elástica é achar que x é o comprimento total
ao limite que é calculado por 𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁.
da mola, mas não é. Supondo uma mola de
Após esse limite, o corpo irá se movimentar e
10 cm de comprimento e foi contraída para 7
o atrito será o dinâmico, que será constante e
cm. Nesse caso, x= 10-7= 3cm, ou seja, a mola
igual a 𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁 .
contraiu 3 cm.
a) 120
#FicaDica b) 180
c) 240
Muitas questões do Enem e concursos públicos
d) 288
podem tratar sobre sincretismo na cultura
e) 324
brasileira, que não quer dizer apenas aspectos
religiosos, mas cultural como um todo.
Resposta: Letra D. Essa questão remete exatamente
22 ao que foi discutido no conceito do diagrama de cor-
po livre. Montando o diagrama de corpo livre dos três
PLANO INCLINADO
blocos, temos:
Em um corpo apoiado sobre um plano inclinado,
sem atrito, atuam as seguintes forças, conforme figura
abaixo:
#FicaDica
A fórmula acima pode parecer estranha, mas
é isso mesmo: diferença entre altura inicial
O trabalho é calculado por: 𝜏 = 𝐹. 𝑑. cos 𝜃. A e final, nessa ordem. É uma característica do
unidade de trabalho, no SI, é o Joule (J). trabalho de forças conservativas
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
𝑘Δ𝑥 2
𝜏𝐹𝑒𝑙 =
2
ENERGIA
Energia é um conceito comum a todos nós pois
lidamos com energia diariamente. Energia elétrica, 𝐴
Assim, vale: 𝐸𝑚 𝐵
= 𝐸𝑚
energia solar, energia dos alimentos, enfim, diferentes
𝐸𝑝𝐴 + 𝐸𝑐𝐴 = 𝐸𝑝𝐵 + 𝐸𝑐𝐵
formas de energia. Aqui serão apresentadas formas de Ou seja:
energia relativas ao ramo da Mecânica.
a) Energia Cinética TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA
É a forma de energia associada ao movimento. Um Esse teorema relaciona o trabalho da força
corpo de massa em movimento com velocidade resultante (ou trabalho resultante) com a variação da
𝑚𝑣 2
possui energia cinética 𝐸𝑐 =igual a: energia cinética de um corpo. Define-se trabalho da
2
força resultante como o produto da força resultante
𝑚𝑣 2 pelo deslocamento do corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝐹𝑅 . 𝑑 ou como a
𝐸𝑐 =
2 somatória do trabalho de cada uma das forças que
atua sobre o corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝜏𝐹1 + 𝜏𝐹2 + ⋯
b) Energia Potencial Gravitacional
É a forma de energia associada ao trabalho da
força peso. Um corpo de massa que está a uma #FicaDica
24
altura de um plano horizontal de referência possui
As duas formas de calcular o trabalho da
energia potencial gravitacional 𝐸𝑝 =
igual
𝑚. 𝑔.a:
ℎ
força resultante são equivalentes. A primeira
𝐸𝑝 = 𝑚. 𝑔. ℎ é mais apropriada quando a força resultante
é conhecida ou fácil de ser calculada. Já
a segunda, é mais apropriada quando os
c) Energia Potencial Elástica
trabalhos de cada uma das forças que atua
É a forma de energia associada ao trabalho da
sobre o corpo são conhecidos.
força elástica. Uma mola de constante elástica
comprimida/estendida em 2 Δ𝑥 , possui energia
𝑘Δ𝑥
potencial elástica 𝐸𝑝𝑒𝑙 =
igual a: O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que:
2
𝜏𝐹𝑅 = Δ𝐸𝑐
𝑘Δ𝑥 2
𝐸𝑝𝑒𝑙 =
2 𝜏𝐹𝑅 = 𝐸𝑐𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
d) Energia Mecânica
É a energia de um corpo que corresponde à soma
da energia cinética e de todas as formas de onde 𝑣𝑓 e 𝑣𝑖 são, respectivamente, as velocidades
energia potenciais. A energia mecânica 𝐸𝑚 =de
𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙
final e inicial do corpo.
um corpo é igual a:
𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 POTÊNCIA
Para entender o conceito de potência e sua relação
com trabalho, vamos dar um exemplo prático. Duas
Evidentemente, 𝐸a
𝑚 =parcela
𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 só irá existir em
pessoas vão arrastar, cada uma, um bloco. A força
sistemas onde haja mola(s).
necessária para arrastar esse bloco é de 1000 N. Uma
das pessoas consegue arrastar esse bloco por 2 m
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA
enquanto outra pessoa consegue arrastá-lo por 5 m.
Um sistema é dito conservativo quando agem
Qual das duas pessoas “gastou” mais energia?
sobre ele forças conservativas. Em linhas gerais,
Olhando para as duas, ambas realizaram a mesma
um sistema é conservativo quando não há forças
força (1000 N) pois ambas conseguiram arrastar o
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
bloco. Porém cada uma delas arrastou o bloco por uma Resposta: Letra A. Aplicação direta da definição de
distância diferente e realizaram, portanto, trabalhos 40
diferentes. A energia “gasta” por cada pessoa é igual trabalho: 𝜏 = 𝐹. 𝑑 → 40 = 𝐹. 10 → 𝐹 = =4𝑁
10
ao trabalho da força.
Assim, a pessoa que arrastou o bloco por 5 metros
realizou um trabalho maior. Mas consideremos o mesmo IMPULSO, QUANTIDADE DE MOVIMENTO
caso novamente. Porém, agora, as duas pessoas E CHOQUES
arrastam o bloco por 5 metros. A diferença é que uma
pessoa levou 2 segundos para arrastar o bloco e a outra
levou 5 segundos. Quem realizou o maior trabalho? IMPULSO DE UMA FORÇA
Nenhuma! Pois ambas arrastaram o bloco (mesma O impulso de uma força é definido como o produto
força) pela mesma distância e, portanto, realizaram o 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡
dessa força 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 em que ela é aplicada.
pelo tempo
mesmo trabalho. Qual a diferença? Cada uma realizou Denota-se da seguinte forma:
esse trabalho com uma potência diferente! Então, com
isso define-se potência como a taxa de realização de 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡
trabalho ou simplesmente a razão entre trabalho e o O impulso é uma grandeza vetorial, possui direção,
tempo gasto na realização de trabalho: sentido e intensidade. A intensidade é calculada pelo
𝜏 produto 𝐼 = 𝐹Δ𝑡 , a direção e o sentido são os mesmos
𝑃𝑜𝑡 = da força. A unidade do impulso, no SI, é N.s .
Δ𝑡 𝜏
𝑃𝑜𝑡 =
como a unidade de 𝜏 é J e a unidade de Δ𝑡 é s, a QUANTIDADE DE MOVIMENTO
𝑃𝑜𝑡 =
unidade de potência éoΔ𝑡Watt (W). A quantidade de movimento Q de um corpo é
definida da seguinte forma:
𝑄 = 𝑚. 𝑣⃗
EXERCÍCIOS COMENTADOS onde
𝑄 = 𝑚. 𝑣é
⃗ a massa do corpo e 𝑣⃗ é a velocidade
𝑄 = 𝑚.
do corpo. Também é uma grandeza vetorial, com
1.(ENEM 2010) Com o objetivo de se testar a eficiência de intensidade igual a 𝑄𝑄 =
= 𝑚.
𝑚.𝑣𝑣
⃗⃗ e direção e sentido iguais
fornos de micro-ondas, planejou-se o aquecimento em 10 aos da velocidade. A unidade da quantidade de
𝑚
ºC de amostras de diferentes substâncias, cada uma com movimento é o 𝑘𝑔. 𝑠 .
determinada massa, em cinco fornos de marcas distintas.
Nesse teste, cada forno operou à potência máxima. 1. Teorema do Impulso 25
O forno mais eficiente foi aquele que O Teorema do Impulso relaciona o impulso da
força resultante que atua sobre um corpo com
a) forneceu a maior quantidade de energia às amostras. a variação da quantidade de movimento desse
b) cedeu energia à amostra de maior massa em mais corpo. Em resumo, o impulso da força resultante
tempo. faz com que a quantidade de movimento desse
c) forneceu a maior quantidade de energia em menos corpo varie. Assim: 𝐼⃗𝑅 = Δ𝑄 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖
tempo.
d) cedeu energia à amostra de menor calor específico
2. Conservação da Quantidade de Movimento
mais lentamente.
Para enunciar o princípio de conservação da
e) forneceu a menor quantidade de energia às amos-
quantidade de movimento, é necessário definir o
tras em menos tempo.
conceito de sistema isolado. Um sistema isolado é
todo sistema composto por mais de um corpo no
Resposta: Letra C. A eficiência do forno é a razão
qual não há atuação de forças externas. Por isso o
entre a quantidade de calor (energia) cedida pelo
nome “isolado”, pois o sistema é isolado de forças
tempo para ceder este calor, independente da mas-
externas. Em um sistema isolado, há somente
sa da substância. Quanto maior esta razão, maior a
forças internas ou, quando há forças externas elas
eficiência do forno micro-ondas, ou seja, é mais efi-
são tão pequenas que podem ser desprezadas.
ciente aquele forno que forneceu maior quantidade
de energia em menos tempo.
SE LIGA!
2.(IBFC 2017) Uma força realiza trabalho de 40 J, atuando Em um sistema isolado, a força resultante FR
sobre um corpo na mesma direção e no mesmo sentido é nula e, consequentemente, seu impulso IR
do seu deslocamento. Sabendo que o deslocamento é também é.
de 10 m, a intensidade da força aplicada é igual a:
O princípio de conservação da quantidade de
a) 4 N
movimento estabelece que em um sistema isolado
b) 8 N
a quantidade de movimento se conserva, ou seja, a
c) 12 N
variação da quantidade de movimento é nula:
d) 16 N
e) 20 N Δ𝑄 = 0 → 𝑄𝑓 = 𝑄𝑖
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
3. Choques
Choques (ou colisões) são interações entre corpos onde cada um exerce uma força sobre o outro. Aqui iremos
considerar colisões como sistemas isolados e, por consequência disso, em todos os choques a quantidade de
movimento irá se conservar, ainda que a energia mecânica não se conserve necessariamente.
É possível classificar os choques em três categorias. A seguir serão apresentadas todas elas. Para tal,
consideraremos dois corpos A e B, de massas ma e mb, com velocidades va e vb antes do choque e velocidades
𝑣𝐴′ e 𝑣𝐵′ e após o choque. Os tipos de choques são os seguintes:
i) ii) iii)
#FicaDica
Se em algum exercício aparecer no enunciado algo como “após os choques os corpos têm a mesma
velocidade” ou “saem unidos após o choque”, trate o choque como inelástico. Vale atenção a termos
parecidos com esses nos enunciados em exercícios sobre choques.
Para caracterizar choques há uma grandeza denominada coeficiente de restituição (e) que corresponde à
razão da velocidade relativa de afastamento (depois do choque) e da velocidade relativa de aproximação (antes
26 do choque). É calculada por:
𝑣𝐵′ − 𝑣𝐴′
𝑒=
𝑣𝐴 − 𝑣𝐵
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM 2016) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que
corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezivel. A figura ilustra um trilho horizontal com dois car-
rinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1,
de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento
em que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar
constante. Os sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes
associados à passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
a) 50,0 g
b) 250,0 g
c) 300,0 g
d) 450,0 g
e) 600,0 g
O ponto no qual o planeta se encontra mais próximo por cerca de trinta anos, verificou que a sua órbita é
do sol é denominado periélio (P) enquanto que o ponto elíptica. Esse resultado generalizou-se para os demais
mais afastado do sol é denominado afélio (A). planetas.
A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afir-
mar que
#FicaDica
a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por se-
Para gravar esses nomes, basta gravar as rem mais antigas e tradicionais.
primeiras letras das palavras: PERiélio lembra b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentrismo
PERto e AFélio lembra AFastado. inspirado no contexto político do Rei Sol.
c) Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa
b) 2º Lei ou Lei das Áreas: o segmento que une o científica era livre e amplamente incentivada pelas
astro ao Sol varre áreas iguais no mesmo intervalo autoridades.
de tempo. Em resumo, a velocidade com que a d) Kepler estudou o planeta Marte para atender às ne-
área é varrida é constante. cessidades de expansão econômica e científica da
Alemanha.
e) Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos
métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
HIDROSTÁTICA
Nessa situação, qual foi a massa da barra obtida pelos
alunos? PARÂMETROS E DEFINIÇÕES
Esta é uma área da Física que estuda fluidos (no caso
a) 3,00 kg de hidrostática, trata especificamente de líquidos) que
b) 3,75 kg estão em repouso. Para tal, é importante apresentar
c) 5,00 kg algumas definições
d) 6,00 kg a) Pressão: estabelece a relação entre a força
e) 15,00 kg exercida e a área na qual ela é exercida. A
definição matemática é a seguinte:
Resposta: Letra E. Quando falamos agora em estáti-
ca, o primeiro passo é desenhar as forças que a barra 𝐹
𝑝=
sofre. Entendendo que: a tração que a corda puxan- 𝐴
do o arroz exerce sobre a barra de ferro é igual ao onde F é a força aplicada em N, A é a área em m2
peso do arroz. Podemos, a partir daí, desenhar as for- e p, a pressão em N/m2. A unidade é conhecida por
ças do problema que irão entrar em equilíbrio pelo Pascal (). Para entender esse conceito basta pensar
fato de a barra não rodar e nem se mover.
no seguinte caso: o que “dói” mais, pressionar a parte
de trás do lápis contra a nossa pele ou a ponta dele
(aplicando a mesma força). Evidentemente que
sentiremos mais quando pressionarmos a ponta do lápis
pois a área de contato é menor e, portanto, a pressão
exercida será maior. (Não façam esse teste em casa!)
Lembrando que M = F � d
30 SE LIGA!
Parroz � darroz – Pcm � dcm = 0 A unidade de pressão, no SI, é o Pascal. Mas
existem outras unidades. São elas: atm,mmHg,
bar entre outras. Como converter essas
5 � g � 3 = Mcm � g � 1 unidades para Pascal? 1 atm= 105 Pa, 760
mmHg=105 Pa e 1 bar=105 Pa
LEI DE STEVIN
A Lei de Stevin relaciona a pressão entre dois pontos
distintos de um líquido, relacionando essas pressões com
a diferença de altura entre esses dois pontos:
O valor da reação RA, em t (toneladas), é:
a) 4,8
b) 5,4
c) 5,0
d) 4,0
e) 6,0
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
EXERCÍCIOS COMENTADOS
𝐸 = �𝑎 𝑉𝑖 𝑔
3 A escala Kelvin é chamada de escala absoluta de
0,1 𝑘𝑔
6 = �𝑎 � 10 � �𝑎 = 12 � 103 ou temperatura e a temperatura 0 K é chamado de zero
2 𝑚3 absoluto, uma temperatura que é impossível de ser
𝑔
�𝑎 = 1,2 atingida.
𝑐𝑚3
DILATAÇÃO TÉRMICA
A variação da área é calculada da seguinte forma:
Δ𝐴 = 𝐴0𝛽Δ𝜃
Dilatação é o fenômeno no qual os corpos
aumentam de tamanho (ou diminuem no fenômeno Δ𝐴onde
= 𝐴0𝛽Δ𝜃
é o coeficiente de dilatação superficial do
de contração) quando são aquecidos. O fenômeno material e é a variação de temperatura a qual o corpo
ocorre devido ao aumento da agitação das moléculas foi submetida. A área final da placa será:
do material o que aumenta o espaço entre as moléculas 𝐴 = 𝐴0 + ΔA
e consequentemente as dimensões do material (corpo).
Pode ocorrer de três formas: linearmente (comprimento), DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA
superficialmente (comprimento e largura) e Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento,
volumetricamente (comprimento, largura e altura). largura e altura do corpo, aumentando seu volume.
Considere um bloco de volume V0 que, após
aquecimento, passa a ter um volume V após aumentar
SE LIGA! seu volume em Δ𝑉 :
Na prática quando ocorre dilatação, ela
sempre ocorre nas três dimensões. Porém para
alguns materiais a dilatação ocorre mais em
uma direção então considera-se que as demais
dimensões não dilatam e por isso a distinção 33
entre dilatação linear, superficial e volumétrica.
DILATAÇÃO LINEAR
Nessa forma, ocorre dilatação apenas do
comprimento do corpo. Considere uma barra de
comprimento L0 que, após aquecimento, passa a ter um
comprimento após aumentar seu comprimento em Δ𝐿 : A variação do volume é calculada da seguinte
forma:
Δ𝑉 = 𝑉0𝛾Δ𝜃
onde 𝛾 é o coeficiente de dilatação volumétrica do
Δ𝑉 = 𝑉e
material 0𝛾Δ𝜃 é a variação de temperatura a qual o
corpo foi submetida. O volume final do bloco será:
A variação do comprimento é calculada da seguinte
forma:
#FicaDica
Δ𝐿 = 𝐿0𝛼Δ𝜃
Para um mesmo material os valores de e são
Δ𝐿onde
= 𝐿0𝛼Δ𝜃
é o coeficiente de dilatação linear do
diferentes.
Δ𝐿 = 𝐿0e𝛼Δ𝜃 é a variação de temperatura a qual o
material
corpo foi submetida. O comprimento final da barra será:
𝐿 = 𝐿0 + Δ𝐿
temperatura. Esse processo pode ser visualizado em captada por um painel solar com área de . O valor do
uma curva de aquecimento. A seguir é exibida a curva calor específico da água é igual 4,2 kJ/(kg ºC).
de aquecimento de uma substância pura Nessa situação, em quanto tempo é possível aquecer 1
litro de água de 20 ºC até 70 ºC?
a) 490 s
b) 2 800 s
c) 6 300 s
d) 7 000 s
e) 9 800 s
#FicaDica
O cálculo do calor latente não leva em conta
variação de temperatura pois durante a
mudança de fase não ocorre variação de 35
temperatura.
TROCAS DE CALOR
Aqui consideraremos substâncias colocadas
dentro de um calorímetro, um recipiente fechado e
que não troca calor com o meio exterior. Assim, todas Se cada líquido receber a mesma quantidade de calor,
as substâncias dentro do calorímetro trocarão calor suficiente apenas para aquecê-lo, mas sem alcançar
apenas entre si até atingirem o equilíbrio térmico, ou seu ponto de ebulição, aquele que apresentará tempe-
seja, atingirem a mesma temperatura final. Assim, ratura menor, após o aquecimento, será:
conclui-se que a soma de todas as trocas de calor
dentro do calorímetro é igual a zero pois a quantidade a) a água
de calor que uma substância perde é absorvida por b) o petróleo
outra e assim por diante. Em resumo: c) a glicerina
d) o leite
Σ𝑄 = 0 e) o mercúrio
Ou seja: Q1+Q2+Q3+ ⋯ =0
Onde Q1, Q2 são os calores trocados pelas substâncias Resposta: Letra A O calor específico é a proprieda-
dentro do calorímetro. de que determina o quanto de energia é necessá-
ria para alterar a temperatura de uma unidade de
massa de uma substância. Nesse caso a substância
que tiver o calor específico maior, irá variar menos em
EXERCÍCIOS COMENTADOS temperatura. Na tabela, quem tem o maior calor es-
pecífico é a água.
1.(ENEM 2017) O aproveitamento da luz solar como fon-
te de energia renovável tem aumentado significativa-
mente nos últimos anos. Uma das aplicações e o aque-
cimento de água ( = 1 kg/L) para uso residencial. Em
um local, a intensidade da radiação solar efetivamente
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
TERMODINÂMICA
CONVENÇÃO DE SINAIS
Quando o trabalho é positivo: 𝜏 > 0 , diz-se que o
gás realiza trabalho
Quanto o trabalho é negativo: 𝜏 < 0 , diz-se que o
Se esse gás for aquecido, a temperatura irá aumentar trabalho é realizado sobre o gás
e, dado que a pressão é constante, o volume também.
Ao expandir, o gás elevará o peso o de uma distância PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA
, realizando, assim, um trabalho. Um exemplo prático A primeira lei da termodinâmica relaciona a
disso é o cilindro do motor de um carro, que contém um quantidade de calor trocada (Q) por determinada
pistão que se move realizando trabalho que movimenta substância com o meio, o trabalho ( 𝜏 )>realizado
0 por 37
o carro. (ou sobre) essa substância e a variação da energia
O trabalho realizado por um gás, a pressão constante, interna ( Δ𝑈 ) dessa substância:
é calculado da seguinte forma:
𝜏 = 𝑃. 𝑉𝑓 − 𝑉𝑖
onde VI e VF são, respectivamente, os volumes inicial
e final do gás. É possível representar esse processo em
um diagrama PxV: 𝑄 = 𝜏 + Δ𝑈
CONVENÇÃO DE SINAIS:
Quando 𝑄 > 0 , diz-se que calor é absorvido pela
substância
Quando 𝑄 < 0 , diz-se que calor é cedido pela
substância
SOMBRA E PENUMBRA
As ocorrências de sombra e penumbra podem ser
explicadas com o princípio de propagação retilínea da
luz. Em ambos os casos a luz se propaga e encontra um
corpo. Após o corpo haverá a formação de sombra e/
ou penumbra, dependendo do tipo de fonte luminosa.
Quando a fonte luminosa é puntiforme, ocorre a
formação apenas de sombra.
𝑖 𝑑𝑖
A relação é: =
𝑜 𝑑𝑜
SE LIGA!
Utilize sempre a mesma unidade de comprimento
para todas as medidas quando utilizar a relação acima.
a) 100 m
b) 200 m 39
c) 300 m
d) 400 m
e) 500 m
#FicaDica
Para traçar o campo visual de um espelho,
basta marcar o ponto , que corresponde à
imagem do observador, depois do espelho e
traçar duas semirretas do ponto O’ que passem
Considerando um objeto extenso, o mesmo e sua pelas extremidades do espelho. A região, antes
imagem são representados da seguinte forma: do espelho, compreendida entre essas linhas é
o campo visual.
40
ESPELHOS PLANOS OBLÍQUOS
Um fenômeno interessante na física ocorre quando
se posiciona dois espelhos planos com um certo ângulo
e inserimos um objeto conforme a figura a seguir:
CAMPO VISUAL
Define-se por campo visual do espelho, a região do
espaço que um certo observador consegue visualizar
por reflexão no espelho. Fazendo uma analogia com
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Imagine uma esfera espelhada por dentro e por fora. Ao cortar uma calota esférica (parte da esfera obtida ao
cortar a esfera por um plano), haverá duas superfícies espelhadas. A superfície interna é uma superfície côncava,
já a parte externa é convexa. Essas são as duas formas de espelhos esféricos: côncavos e convexos. Veja a figura
a seguir para exemplificar:
Se pela definição não ficou claro, basta pensar em uma colher, como exemplo ilustrativo (pois a colher não
tem formato de calota esférica). A superfície da colher em que utilizamos para colocar alimentos, é a superfície
côncava. A superfície “de baixo” da colher é a convexa.
41
Os espelhos esféricos possuem alguns elementos que são importantes para o estudo dos mesmos:
Centro (C) – centro da esfera da qual pertence a calota esférica
Raio de curvatura (R) – raio da esfera da qual pertence a calota esférica
Vértice (V) – ponto mais extremo do espelho (calota esférica)
Foco (F) – ponto localizado na metade do segmento de reta que une o centro e o vértice
ESPELHOS CÔNCAVOS
A seguir será apresentada a formação de imagens em um espelho côncavo. Em seguida, será mostrada a
análise analítica de espelhos côncavos.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
42
3 – Raios em direção ao foco são refletidos paralela-
mente ao eixo do espelho
ESPELHOS CONVEXOS
A seguir será apresentada a formação de imagens
em um espelho convexo. A ideia geral é parecida
com aquela apresentada em espelhos côncavos, Em
seguida, será mostrada a análise analítica de espelhos
côncavos.
RAIOS PRINCIPAIS
1 – Raios incidentes pelo centro, são refletidos na
mesma direção
CONSTRUÇÃO DE IMAGENS
O espelho convexo, em comparação com o espelho
côncavo, é mais simples pois forma apenas um tipo de
imagem, independentemente da posição do objeto.
44
EXERCÍCIO COMENTADO
a) Mudou de sentido.
b) Sofreu reflexão total. REFRAÇÃO DA LUZ
c) Atingiu o valor do ângulo limite.
d) Direcionou-se para a superfície de separação.
e) Aproximou-se da normal à superfície de separação. A refração da luz é um fenômeno no qual a luz
muda de velocidade ao passar de um meio para o
Resposta: Letra E. A razão mencionada no texto cor- outro. Ocorre refração, por exemplo, quando a luz está
responde à razão entre os índices de refração abso- se propagando no ar e passa a se propagar na água.
lutos da gasolina e do ar nesta ordem, segundo a lei Essa mudança de velocidade pode ser acompanhada
de Snell-Descartes. Como o ângulo de incidência foi também de uma mudança de direção. Alguns meios
mantido fixo, quando a razão aumenta o índice de no qual a luz se propaga podem oferecer mais ou
refração da gasolina aumenta, indicando uma adul- menos resistência à propagação. Essa resistência é
teração. O aumento da razão representa também caracterizada pelo índice de refração (n) que será
uma diminuição do ângulo de refração, ou seja, o apresentado a seguir.
raio de luz refratado se aproxima da linha normal.
ÍNDICE DE REFRAÇÃO
2.(FUNDEP 2016) Considere um observador (O) diante de O índice de refração de um meio é definido como
um espelho plano (E) e alguns objetos situados nos pon- a razão entre a velocidade da luz no vácuo (c) e a
tos 1, 2, 3 e 4, conforme representado na figura a seguir. velocidade da luz nesse meio (v). A expressão é dada por:
𝑐
𝑛=
𝑣
A velocidade da luz no vácuo vale c= 3.108 m/s.
Geralmente, adota-se a velocidade de propagação
da luz no ar como muito próxima da velocidade da luz
no vácuo (𝑣 ≈ 𝑐) . Com isso, o índice de refração do ar
nar vale
𝑐
𝑛𝑎𝑟 = =1
𝑐
45
#FicaDica
Nessa situação, o observador não conseguirá enxergar, Em exercícios, é comum não mencionarem que
através do espelho plano, o objeto situado no ponto: o nar=1 e isso ser necessário para resolver o
problema. Então ao encontrar um exercício de
a) 1 refração e um dos meios for o ar, lembre-se
b) 2 que nar=1.
c) 3
d) 4
LEI DE SNELL-DESCARTES
Resposta: Letra D Desenhando a imagem do espelho Aqui será apresentada a relação matemática que
plano e ligando os pontos, temos que: caracteriza o fenômeno da refração. Considere um raio
de luz que se propaga no ar e passa se propagar na água:
1.(ENEM 2012) Alguns povos indígenas ainda preservam Lentes são sistemas ou dispositivos ópticos que
suas tradições realizando a pesca com lanças, demons- funcionam com o princípio da refração da luz. São
trando uma notável habilidade. Para fisgar um peixe em muito úteis no nosso dia-a-dia, sendo utilizadas em
um lago com águas tranquilas o índio deve mirar abaixo óculos, máquinas fotográficas e outros aparelhos.
da posição em que enxerga o peixe. Aqui será apresentada a classificação das lentes, a
Ele deve proceder dessa forma porque os raios de luz construção geométrica de imagens e o estudo analítico
das mesmas.
a) refletidos pelo peixe não descrevem uma trajetória
retilínea no interior da água. CLASSIFICAÇÃO
b) emitidos pelos olhos do índio desviam sua trajetória As lentes podem ser divididas em dois grandes
quando passam do ar para a água. grupos: convergentes e divergentes. O primeiro grupo
c) espalhados pelo peixe são refletidos pela superfície consiste em lentes também chamadas de delgadas
da água. pois tem suas bordas mais finas do que seu centro:
d) emitidos pelos olhos do índio são espalhados pela su-
perfície da água.
e) refletidos pelo peixe desviam sua trajetória quando
passam da água para o ar.
2.(CESGRANRIO 2018) Um raio luminoso propagando-se Nesse tipo de lentes, considerando que o índice de
no ar incide sobre uma superfície plana feita de óxido refração da lente é maior do que o índice do meio no qual
de zircônio cujo índice de refração é desconhecido. ela está inserida, quando raios de luz incidem paralelamente 47
Os ângulos de incidência e de refração, medidos para sobre elas, eles convergem em um único ponto
uma onda cujo comprimento de onda é 500nm, são de
60° e 30°, respectivamente.
Dados
𝜂𝑎𝑟 = 1,0
𝑐 = 3,0𝑥108 𝑚/𝑠
√3 = 1,7
2 = 1,4
Qual é a velocidade de propagação da onda, em m/s,
no óxido de zircônio?
a) 5,7.107
b) 8,9.107
c) 1,7. 107 Dentre as lentes convergentes há os seguintes tipos:
d) 3,0.108 biconvexa, plano-convexa e côncavo-convexa
e) 5,1. 108
Já o segundo grupo, das lentes divergentes, consiste Centros de curvatura das faces da lente ( 01 e 02 )
em lentes também chamadas de espessas pois tem suas Raios de curvatura das faces da lente (R1 e R2)
bordas mais grossas do que seu centro: Eixo principal – reta que contém os pontos 01 e 02
Vértices – intersecção das faces da lente com o eixo
principal
Focos objeto e imagem – focos das lentes, um de
cada lado da lente
a) Lentes Convergentes
A seguir será apresentada a formação de imagens
em uma lente convergente. Em seguida, será
mostrada a análise analítica desse tipo de lentes.
RAIOS PRINCIPAIS
1 – Raios incidentes pelo centro, são refratados sem
sofrer desvio
48
2 – Raios incidentes paralelamente ao eixo da lente,
são refratados na direção do foco e vice-versa
CONSTRUÇÃO DE IMAGENS
Conhecendo os raios principais, é possível fazer
a construção geométrica das imagens. Partindo de
um ponto do objeto, a imagem desse ponto ocorrerá
na intersecção de pelo menos dois raios principais. A
natureza das imagens (real, virtual, direita, invertida,
Em exercícios, as lentes são representadas das maior, menor) é a mesma apresentada para espelhos
formas a seguir, independentemente do tipo de cada esféricos. A diferença é que agora, imagens formadas
uma delas apenas importando se são convergentes ou após a lente são reais e as imagens formadas antes, são
divergentes. virtuais.
As lentes possuem alguns elementos que são
importantes para o estudo das mesmas:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
#FicaDica
O sinal de “-“ no aumento não significa que a
imagem diminuiu. O sinal de “-“ indica que a
imagem é invertida. Por exemplo, um aumento
, significa que a imagem é invertida e 2 vezes
maior que o objeto. Imagens menores que o
objeto tem valores de aumento entre 0 e 1
50 →0<𝐴<1
A imagem é VIRTUAL, DIREITA e MENOR que o objeto.
b) Lentes Divergentes
A seguir será apresentada a formação de imagens ESTUDO ANALÍTICO DA LENTE CONVERGENTE
em uma lente divergente. Em seguida, será O estudo analítico é idêntico ao apresentado para
mostrada a análise analítica desse tipo de lentes. a lente convergente. A única diferença ocorre no valor
da distância focal, pois, para a lente divergente esse
RAIOS PRINCIPAIS valor é negativo ( 𝑓 < 0 ). As demais considerações, bem
1 – Raios incidentes pelo centro, são refratados sem como as equações, são as mesmas já apresentadas.
sofrer desvio
SE LIGA!
Alguns exercícios costumam fornecer a
distância focal da lente divergente como um
valor positivo, porém quando for resolver
o exercício você substituir, na Lei de Gauss,
como um valor negativo.
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
ONDAS PERIÓDICAS
São ondas que ocorrem quando uma fonte de ondas
emite pulsos de mesma intensidade no mesmo intervalo
de tempo. Têm o seguinte formato e pontos:
SE LIGA!
A unidade de comprimento de onda ( 𝜆 ) INTERFERÊNCIA EM DUAS DIMENSÕES
𝑣 =
é metro (m) e a unidade do período (T) é𝑇o 𝑜𝑢 𝑣 = 𝜆𝑓
Sejam duas ondas em concordância de fase, emitidas
segundo (s). Assim a velocidade será calculada por duas fontes F1 e F2, ambas com comprimento de
em m/s. onda igual a 𝜆 . Os pontos , nos quais ocorre interferência
𝑣 =são𝑜𝑢
construtiva, 𝑣 = 𝜆𝑓
𝑇 calculados por:
𝑝𝜆
INTERFERÊNCIA DE ONDAS 𝑃𝐹2 − 𝑃𝐹1 = , (𝑝 = 0,2,4,6,8, … �
2
Uma onda pode interferir na outra. O resultado dessa
interferência é obtido pelo princípio da superposição, Já os pontos Q, nos quais ocorre interferência
no qual o resultado da interferência (perturbação destrutiva, são calculados por:
resultante) é calculado como a soma de cada onda
𝑖𝜆
(perturbações individuais). A interferência pode ser 𝑄𝐹2 − 𝑄𝐹1 = , (𝑖 = 1,3,5,7, … �
2
construtiva ou destrutiva.
Caso as ondas estejam em oposição de fase, os
• Interferência construtiva: ocorre quando as ondas pontos P, nos quais ocorre interferência construtiva, são
estão em concordância de fase e geram uma calculados por:
onda resultante com amplitude maior do que as 𝑖𝜆
ondas originais 𝑃𝐹2 − 𝑃𝐹1 = , (𝑖 = 1,3,5,7, … �
2
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
PRINCÍPIO DE HUYGENS
Esse princípio passa pela definição de frente de
onda. Entende-se por frente de onda o conjunto de
todos os pontos que, em um dado instante de tempo, é
atingido pela onda propagada. O Princípio de Huygens
estabelece que cada ponto de uma frente de onda se
comporta como uma nova fonte de ondas elementares.
Essas ondas elementares, ao se propagarem originam
uma nova frente de onda e assim sucessivamente. Isso
está exibido na figura abaixo:
54
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ACÚSTICA
De cima para baixo foram apresentados, o primeiro, Resposta: Letra A. A frequência é definida como a ra-
terceiro e quinto modo de propagação. A frequência a zão entre o número de ciclos efetuados por uma onda
onda para tubos abertos é dado por: 𝑛
e o tempo de execução desses ciclos. 𝑓 =
𝛥𝑡
𝑘𝑣 De acordo com a figura, percebe-se que para o mes-
𝑓= , 𝑛 = 1,3,5 …
4𝐿 mo tempo T, a onda sonora do Dó central faz 1 ciclo,
enquanto no Dó maior são 2 ciclos. Logo, ao fazer a
onde n é o modo de propagação e v é a velocidade
relação entre elas, encontraremos o valor de 1/2, já
do som.
que o intervalo de tempo é o mesmo.
EFEITO DOPPLER
2.(CESGRANRIO 2017) Um experimento para medir fre-
Considere uma fonte emissora de uma onda sonora
quências consiste em um sensor preso a uma bancada
e um receptor de forma que haja um movimento relativo
e um carro, com fonte sonora, que se desloca em um
entre fonte e emissor. Há três casos possíveis: fonte em
trilho, à velocidade constante e igual a 25% da veloci-
repouso e receptor em movimento; fonte movimento e
dade do som, como mostra a Figura abaixo.
receptor em repouso e ambos em movimento. Quando
isso ocorre, a frequência percebida pelo receptor,
denominada frequência aparente f’ é diferente da
frequência real da fonte sonora f. A esse efeito dá-se
o nome de Efeito Doppler. A frequência aparente é
calculada por:
𝑓 ′ 𝑣 + 𝑣0
=
𝑓 𝑣 − 𝑣𝑓
onde v é a velocidade da onda sonora, é a
velocidade do receptor e é a velocidade da fonte. A
figura a seguir apresenta as convenções de sinais:
Qual é a razão entre a frequência da onda percebida
pelo sensor e a frequência da onda emitida pela fonte?
SE LIGA!
Os sinais de ± dependem do movimento a) 0,75
relativo entre fonte e receptor em relação a b) 0,80
56 c) 1,00
um eixo orientado que vai do receptor para a
fonte. d) 1,25
e) 1,33
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A eletrostática conta com dois princípios
fundamentais
a) ½
• Cargas que possuam sinais opostos se atraem
b) 2
enquanto cargas com sinais iguais se repelem.
c) 1
• Em um sistema isolado eletricamente, a carga
d) ¼
total é constante
e) 4
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
ELETRIZAÇÃO
Eletrização é o processo no qual elétrons são adicionados ou retirados de um corpo neutro. Há três formas
(processos) de eletrização:
• Eletrização por atrito: eletrização que decorre do atrito em corpos de materiais distintos. Ao final do processo
ambos ficam com cargas iguais em módulo, mas de sinais opostos. O sinal da carga depende do material, e
obedece uma ordem conhecida como série triboelétrica. Uma parte da série é apresentada a seguir:
..., Vidro, lã, seda, madeira, cobre, vinil, ...
Como funciona a série? Por exemplo: se a madeira for atritada com vidro, ela irá se eletrizar negativamente. Já
se for atritada com vinil, irá se eletrizar positivamente. A figura a seguir apresenta o caso de lã com vidro
• Eletrização por contato: transferência de elétrons devido ao contato de corpos de modo a atingir uma carga
de equilíbrio. Para condutores de dimensões iguais, a carga final de cada um será igual à média aritmética
das cargas antes do contato.
• Eletrização por indução: nesse processo um corpo externo (indutor) eletrizado se aproxima (mas sem encostar)
de um outro condutor neutro de modo a polarizar as cargas. Em seguida o condutor é aterrado de modo
que atraia/libere elétrons para a terra. O aterramento é removido e o condutor estará eletrizado com carga
oposta à do indutor.
57
CAMPO ELÉTRICO 𝐾. 𝑄. 𝑞
Campo elétrico é a região do espaço em volta Ou: 𝐸𝑝𝑒𝑙 =
𝑑
de uma carga puntiforme , na qual uma outra carga
será atraída ou repelida ao adentrar essa região. A
intensidade do campo elétrico depende da carga que b) Trabalho da força elétrica
o gera e da distância da carga . É denotado por e é Representa o trabalho necessário para deslocar
calculado da seguinte forma: uma carga elétrica entre dois pontos P1 e P2 com
𝐾. 𝑄 potenciais elétricos, respectivamente, iguais a V1
𝐸= e V2:
𝑑2
𝜏𝐹𝑒𝑙 = 𝑞 𝑉1 − 𝑉2
A unidade do campo elétrico é o N/C. O sentido do
campo elétrico de uma carga puntiforme depende do
sinal da carga Q:
#FicaDica
𝜏𝐹𝑒𝑙 = 𝑞 𝑉1 − 𝑉2 é chamada de diferença
A diferença
de potencial, ou ddp. É denotada pela letra U.
POTENCIAL ELÉTRICO
Grandeza escalar que caracteriza o campo elétrico
gerado por uma carga Q. O potencial elétrico Vp em Nota-se que as linhas de força (campo elétrico)
um ponto P localizado a uma distância d da carga Q é são igualmente espaçadas e paralelas. A diferença
calculado da seguinte forma: de potencial se relaciona com o campo elétrico e a
𝐾. 𝑄 distância , da seguinte forma:
𝑉𝑃 =
𝑑 𝑈 = 𝐸𝑑
A unidade de potencial elétrico é o Volt (V). Dessa equação, nota-se que há outra unidade
possível para o campo elétrico,
SE LIGA! #FicaDica
Por ser uma grandeza escalar, o sinal potencial
elétrico será o mesmo sinal da carga que o As unidades N/C e V/M são equivalentes..
gera.
61
a) 1A
b) 800 mA
c) 0,5 A
d) 5A
e) 10A
HORA DE PRATICAR!
EXERCÍCIO COMENTADO
Os diâmetros das engrenagens são D1 = 10 cm, D2 = 20 cm 16. (IFB 2017) Um bloco de 2kg desliza numa superfície
e D3 = 15 cm, e a relação de transmissão é tal que n2 0,5n1. horizontal puxado por uma força de 20N que faz um ân-
Se a engrenagem 3 for substituída por outra com 20 cm gulo de 45° com o solo. O coeficiente de atrito cinético
de diâmetro, a relação de transmissão será entre o bloco e a superfície vale 0,4. Qual é o valor da
aceleração do bloco?
a) mantida. Obs.: considere sen(45°)=0,7 e cos(45°)=0,7
b) n2=n1
c) n2=2n1 a) 5,2 m/s²
d) n2=4n1 b) 5,4 m/s²
e) n2=8n1 c) 5,6 m/s²
d) 5,8 m/s²
12. (CESGRANRIO 2017) A rotação de um motor é ex- e) 6,0 m/s²
pressa em RPM (rotações por minuto). Um motor desba-
lanceado gera uma vibração cuja frequência é igual à 17. (CESGRANRIO 2015) Um carro e uma motocicleta
sua rotação expressa em hertz (Hz), uma unidade deri- trafegam por uma estrada. A massa do carro é o dobro
vada do Sistema Internacional de Unidades. Se um mo- da massa da motocicleta. Num determinado instante,
tor possui uma rotação de 1.200 RPM, a vibração produ- o carro e a motocicleta possuem a mesma energia ci-
zida terá uma frequência, expressa em Hz, de nética. Nesse instante, a razão imagem-051.jpg entre as
velocidades da motocicleta e do carro vale.
a) 10
b) 20 a) 0,5
c) 120 b) 1
d) 200 c) 2
e) 400 d) 1⁄ 2
e)
1⁄ 2
13. (IBFC 2017) A aceleração adquirida por um corpo
de massa de 4 kg, sabendo que sobre ele atua uma for- 18. (VUNESP 2014) O contexto apresentado a seguir
ça resultante de intensidade de 16 N, é igual a: deve ser utilizado para responder à próxima questão.
a) 1 cm
b) 2 cm
c) 3 cm
d) 4 cm
e) 5 cm
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
a) Inelástica, pois não conserva o momento linear ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS
b) Elástica, pois conserva o momento linear
c) Elástica, pois conserva a energia mecânica total 23. (CESPE 2015/Adaptado) A figura abaixo ilustra, de
d) Inelástica, pois não conserva a energia mecânica to- forma simplificada, uma gangorra construída com uma
tal tábua homogênea de massa de 10 kg e comprimento
igual a 3,0 m, apoiada no centro por uma cunha fixa no
20. (IFB 2017) Um projétil de massa m e velocidade ini- chão. Tendo como referência as informações apresen-
cial V atinge um bloco de massa M inicialmente parado. tadas acima, julgue o item a seguir. Se um corpo de 5,0
O projétil atravessa o bloco e sai com uma velocida- kg for colocado a uma distância de 140 cm à esquerda
de igual a V/3 no mesmo sentido da velocidade inicial. da cunha, então o sistema ficará em equilíbrio ao ser
Qual é a velocidade final do bloco? colocado um corpo de 7,0 kg a uma distância de 100
𝑚𝑣 cm à direita da cunha
a)
3𝑀
2𝑚𝑣
b) 3𝑀
2𝑚𝑣
c)
𝑀
3𝑚𝑣
d) a) Certo
𝑀
b) Errado
3𝑚𝑣
e) 2𝑀 c) Não é possível concluir, devido à falta de informações
d) NDA
Texto para as questões 21 e 22:
Obviamente a Terra exerce uma atração sobre os obje- 24. (CESGRANRIO 2014) O sistema de alavancas mostra- 65
tos que estão sobre sua superfície. Newton se deu conta do na Figura a seguir é utilizado para suspender uma
de que esta força se estendia até a Lua e produzia a carga de 1.000 N.
aceleração centrípeta necessária para manter a Lua
em órbita. O mesmo acontece com o Sol e os plane-
tas. Então Newton formulou a hipótese da existência
de uma força de atração universal entre os corpos em
qualquer parte do Universo.
Fonte: <http://astro.if.ufrgs.br> (com adaptações).
Se, ao longo de um dia de trabalho, esse cabo sofrer No estudo do comportamento dos gases, há uma co-
uma variação de temperatura de 20°C, seu comprimen- nhecida equação de estado de um gás ideal, expressa
to, em cm, será alterado em: pela relação PV=nRT, em que P é a pressão do gás, V é
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
a) Certo a) 2U + 2PV
b) Errado b) U – PV
c) Não é possível concluir, devido à falta de informação c) U + 2PV
d) NDA d) U - 2PV
e) U + PV
34. (FUB – Técnico em Laboratório – CESPE/2015) A pres-
são de um gás ideal, confinado em um recipiente fe- 37. (IBFC 2016) A luz, por ser uma energia radiante com-
chado, dobrará se a temperatura passar de 100 ºC para posta por ondas eletromagnéticas e se comportar como
200 ºC. uma onda no espaço e, como uma partícula quando
incide em uma superfície, possui algumas proposições
a) Certo básicas. Essas proposições são chamadas de princípios
b) Errado da óptica geométrica. Assinale a alternativa que apre-
c) Não é possível concluir, devido à falta de informação senta esses princípios.
d) NDA
a) Propagação retilínea da luz, princípio da dependên-
35. (UFF 2017) Para determinada aplicação, é necessá- cia da luz e princípio da irreversibilidade da luz.
ria a utilização de um motor térmico com potência útil b) Propagação retilínea da luz, princípio da indepen-
de 5kW. Para isso, duas alternativas de motor foram pro- dência da luz e princípio da irreversibilidade da luz. 67
postas, com o motor I, que consome 10.000J/s de taxa c) Propagação oblíqua da luz, princípio da indepen-
de calor e trabalha com T1 = 300K e T2 = 1.200K , ou dência da luz e princípio da irreversibilidade da luz.
com o motor II, que consome 8.000J/s de taxa de calor d) Propagação oblíqua da luz, princípio da dependên-
e trabalha com T1 = 300K e T2 = 900K. Denotando por cia da luz e princípio da irreversibilidade da luz.
T1, T2 , W e Q, respectivamente, a temperatura da fonte e) Propagação retilínea da luz, princípio da indepen-
fria, a temperatura da fonte quente, a potência desen- dência da luz e princípio da reversibilidade da luz.
volvida e a taxa de calor fornecida, e considerando que
a máxima eficiência teórica que uma máquina térmica 38. (IFB 2017) A imagem formada em uma câmara escu-
pode desenvolver corresponde à do ciclo de Carnot, é ra de um objeto com altura H, posicionado a uma distân-
correto afirmar que: cia D, é h. Se o objeto for reposicionado e colocado em
uma nova distância (D’), a imagem formada na câmara
a) apenas o motor II é teoricamente viável, pois seu ren- será h’. Sendo assim, determine a razão entre h e h’.
dimento é menor do que sua eficiência de Carnot.
b) apenas o motor I é teoricamente viável, pois seu ren- a) D.D’
dimento é menor do que sua eficiência de Carnot. b) D+D’
c) nenhum motor é viável, pois ferem a 2ª Lei da Termo- c) D-D’
dinâmica 𝐷
d)
d) os dois motores são teoricamente viáveis e estão de 𝐷´
acordo com a 2ª Lei da Termodinâmica e)
𝐷´
e) a melhor escolha é o motor I, pois das duas opções é 𝐷
o que apresenta melhor rendimento. 39. (FUNCAB 2014) O ângulo de incidência de um raio
de luz em um espelho plano é 30 .Oângulo entre o raio
36. (UFF 2017) Um gás, com um volume inicial V, uma refletido e a superfície do espelho será, portanto, de:
energia interna U e uma pressão P, expande-se isoba-
ricamente até um volume final 2V, alcançando uma a) 30°
energia interna 2U. A expansão está representada abai- b) 50°
xo. c) 60°
d) 80°
e) 10°
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
40. (FUNCAB 2013) Afigura a seguir mostra um raio de 43. (IBFC 2016) Uma lente divergente é colocada em
luz incidindo sobre um espelho plano. Qual o valor do frente a um objeto cujo tamanho é 0,05 metros. Tal lente
ângulo de reflexão desse raio? tem ponto focal em -0,10 metros. Se o objeto está a 0,30
metros da lente, assinale a alternativa que apresenta
qual será o tamanho da imagem:
a) 0,2 metros
b) 0,0125 metros
c) 0,02 metros
a) 60° d) 0,125 metros
b) 25° e) 0,05 metros
c) 37°
d) 45° 44.(Brasil Escola – Exercícios para praticar 2018) Pedro é
e) 53° o filho mais novo de Renata. O garoto reclama a alguns
dias de que não consegue enxergar o que sua professora
41. (UniRV-GO 2017) A figura a seguir representa um raio escreve no quadro-negro, mesmo que ele se sente na pri-
de luz (r1) se propagando do meio 1 para o meio 2. Sa- meira carteira. Ao levar seu filho ao oftalmologista, Renata
bendo que α > β, marque a opção correta. teve a notícia de que o garoto tinha dificuldade de enxer-
gar de perto. Assinale a alternativa que contém o nome do
problema de visão e o tipo de lente que vai ajudar Pedro.
42. (IF-CE 2017) Um raio de luz monocromática incide a) O comprimento de onda da onda estacionária repre-
sob ângulo (i) de 60° numa lâmina de vidro de índice sentada na figura é de 2 L.
de refração n2 = 1,5 e de espessura e = 8,7 mm, sofren- b) O comprimento de onda do próximo harmônico será de 2.L/3.
do refração sob ângulo (r) de 30°. O desvio lateral sofri- c) Se a frequência de oscilação da corda for aumenta-
do pelo raio de luz, ao ser refratado pela lâmina, vale da, a onda poderá atingir o modo fundamental.
[Dado: Índice de refração do ar = 1,0] d) Se a frequência de oscilação da corda for diminuída,
a onda poderá atingir o terceiro harmônico (n = 3).
a) 4,0 mm a) intensidade
b) 5,0 mm b) timbre
c) 6,0 mm c) altura
d) 6,0 mm d) eco
e) 6,5 mm e) ressonância
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
48. (CESGRANRIO 2017) Uma máquina utiliza um peque- 50. (Brasil Escola 2018) A tabela abaixo mostra as frequ-
no aquecedor composto por um resistor de potência e ências para três tipos distintos de ondas eletromagné-
tensão nominais 15,0 W e 9,00 V. Para alimentar o aque- ticas que irão atingir uma placa metálica cuja função
cedor, é utilizada uma fonte de corrente contínua ideal trabalho corresponde a 4,5eV. A partir dos valores das
de 30,0 V em série com um resistor R, como mostra a frequências podemos afirmar que: 69
Figura abaixo.
42 B
GABARITO 43 B
44 D
1 B 45 B
2 A 46 B
3 B 47 C
4 D 48 B
5 A 49 E
6 A 50 E
7 D
8 C
9 C
10 C
11 A
12 B
13 A
14 C
15 D
16 D
17 E
18 C
19 B
70 20 B
21 A
22 A
23 A
24 E
25 A
26 B
27 D
28 A
29 C
30 C
31 B
32 B
33 A
34 B
35 D
36 E
37 B
38 E
39 A
40 C
41 B
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
PROPRIEDADES FUNCIONAIS
QUÍMICA: ÁTOMOS E MATÉRIA São propriedades comuns a determinados grupos de
matéria, identificadas pela função que desempenham.
A Química se preocupa particularmente com estas pro-
PROPRIEDADES DA MATÉRIA priedades. Podemos citar como exemplo de proprieda-
des funcionais a acidez, a basicidade e a salinidade de
DEFINIÇÃO algumas espécies de matéria.
Denomina-se matéria tudo aquilo que tem massa e
ocupa lugar no espaço e, desse modo, possui volume. Po- PROPRIEDADES ESPECÍFICAS
demos citar como exemplos de matéria a madeira, o fer- Dependem dos elementos químicos que compõem
ro, a água, o ar e tudo o mais que imaginemos dentro da a matéria.
definição acima. A ausência total de matéria é o vácuo.
ORGANOLÉPTICAS
CORPO São aquelas capazes de impressionar os nossos sen-
É uma porção limitada da matéria. Por exemplo, tidos, como cor, odor, brilho, sabor, textura.
conforme dito, uma árvore é uma matéria; assim, quan-
do cortamos toras de madeira, temos que essas toras FÍSICAS
podem ser designadas como corpos ou como matéria São certos valores constantes, encontrados experi-
também. mentalmente, para o comportamento de cada tipo de
matéria, quando submetida a determinadas condições.
OBJETO Essas condições não alteram a constituição da maté-
É um corpo produzido para utilização do homem. Se ria, por mais adversas que sejam. Por exemplo: dureza,
as toras de madeira mencionadas no item anterior fo- condutibilidade, magnetismo, maleabilidade, ductibili-
rem transformadas em algum móvel, como uma mesa, dade, tenacidade, rigidez, solubilidade.
teremos um objeto. As propriedades físicas também podem ser classifi-
cadas, de acordo com a quantidade da amostra, em
PROPRIEDADES DA MATÉRIA extensivas e intensivas.
Propriedades são uma série de características que, As propriedades extensivas variam conforme a
em conjunto, definem a espécie de matéria. Podemos quantidade de material contido na amostra. É o caso
dividi-las em 3 grupos: gerais, funcionais e específicas. da energia liberada em uma combustão: duplicando,
por exemplo, a quantidade de combustível, duplica-se 71
PROPRIEDADES GERAIS a quantidade de energia liberada.
Presentes em todas as espécies de matéria. As propriedades intensivas são as que não depen-
- Massa: grandeza utilizada para medir a quantida- dem da quantidade de material contido na amostra. É
de de matéria de um corpo ou objeto; o caso da temperatura e da densidade, que não se al-
- Extensão: espaço que a matéria ocupa, seu volu- teram quando a quantidade de material é modificada.
me;
- Inércia: a matéria permanece na situação em que QUÍMICAS
se encontra – movimento ou repouso; Referem-se àquelas que alteram a composição
- Impenetrabilidade: dois corpos não podem ocupar química da matéria, ou seja, a capacidade que uma
o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo; substância tem de transformar-se em outra por meio de
- Divisibilidade: toda matéria pode ser dividida sem reações químicas. Essas transformações resultam na pro-
alterar a sua constituição (até um certo limite); dução permanente e irreversível de um novo material
- Indestrutibilidade: a matéria não pode ser destruí- (produto), com características distintas do inicial (rea-
da nem criada, só transformada (Lei de Lavoisier: gente). Por exemplo: calor de combustão, inflamabili-
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo dade, estado de oxidação, reatividade, radioatividade,
se transforma”); hidrólise, entre outras;
- Compressibilidade: o volume ocupado por uma Uma maneira de comprovar a existência de uma
porção de matéria pode diminuir quando sob transformação química é através da comparação do
pressão; estado inicial e final do sistema. Algumas evidências po-
- Elasticidade: a matéria volta ao volume e à forma dem ser observadas, permitindo verificar a ocorrência
iniciais quando a força feita sobre ela é interrom- dessas transformações, como: desprendimento de gás
pida; e luz, mudança de coloração e odor, formação de pre-
- Descontinuidade ou porosidade: toda matéria é cipitados, entre outras .
descontínua, ou seja, existem espaços vazios (po- Entretanto, a ausência dessas evidências não signifi-
rosidade) entre uma molécula e outra da matéria, ca que não ocorreu uma transformação química, pois
por mais compacta que ela pareça. Quanto me- algumas ocorrem sem que haja mudança perceptível
nores esses espaços, mais compacta e mais dura entre o estado inicial e o final. Para se ter certeza de que
é a matéria. ocorreu a transformação química é necessário isolar os
materiais obtidos e verificar suas propriedades específi-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
cas, como densidade, pontos de ebulição e fusão, solu- A energia que o corpo armazena é a energia potencial.
bilidade e outras. Para que as transformações químicas A energia mecânica é toda forma de energia rela-
possam acontecer, as ligações entre átomos e molécu- cionada com o movimento de corpos ou com a capa-
las precisam ser rompidas e devem ser restabelecidas cidade de colocá-los em movimento ou de deformá-los.
de outro modo. Como essas ligações podem ser muito A energia química é baseada na força de atração e
fortes, geralmente é necessária energia na forma de ca- repulsão nas ligações químicas, presente na formação
lor para iniciar a reação. da matéria. As trocas de calor são energias térmicas.
As transformações químicas podem ocorrer de distin- A condução de eletricidade é uma energia elétri-
tas maneiras, sendo estas: ca e a energia na forma de luz é a energia luminosa.
Em uma mistura a fusão e/ou ebulição não ocorrem As misturas homogêneas são normalmente chama-
em temperaturas constantes. A temperatura varia du- da de solução.
rante a fusão ou durante a ebulição, ou durante ambas.
Estas não possuem ponto de fusão e ponto de ebulição,
e sim intervalo de fusão e intervalo de ebulição: SE LIGA!
Todas as misturas gasosas são homogêneas.
MISTURA HETEROGÊNEA
Apresenta duas ou mais fases. Por exemplo: o grani-
to, onde se observa grãos de quartzo branco, mica pre-
ta e feldspato rosa.
SISTEMAS
Sistema é tudo aquilo que é estudado e observado;
pode ser uma mistura de etanol e gasolina, uma solução
aquosa de sal, entre outros. Os sistemas podem ser
Existem misturas que, como exceção, comportam-se classificados das seguintes maneiras:
como se fossem substâncias puras durante a fusão: são
as chamadas misturas eutéticas. SISTEMA ABERTO
Está em contato com o ambiente e faz trocas de
energia e massa com ele. Por exemplo, a água em
uma panela sem tampa é um sistema aberto, pois, ao
ser aquecida, ela ganha energia do ambiente e perde
massa (ao ferver) para o ambiente.
SISTEMA FECHADO
Não está em contato com o ambiente, fazendo
apenas trocas de energia com ele.
Por exemplo, a água em uma panela com tampa
não perde massa para o ambiente, mas pode trocar 73
energia com ele (perder ou receber calor).
Por outro lado, também existem misturas que, como SISTEMA ISOLADO
exceção, comportam-se como se fossem substâncias Não está em contato com o ambiente e não faz
puras durante o processo de ebulição; são chamadas trocas de calor e de massa com ele.
de misturas azeotrópicas. A garrafa térmica e a geladeira são sistemas pseudo
isolados, pois praticamente não há trocas de energia
nem de massa com o ambiente.
SISTEMA HOMOGÊNEO
Apresenta as mesmas propriedades em qualquer
parte de sua extensão em que seja examinado. Pode
ser uma mistura homogênea (solução) ou uma substân-
cia pura.
SISTEMA HETEROGÊNEO
Há variação de propriedades dependendo da parte
de sua extensão em que seja examinado. Pode ser uma
substância pura em mudança de estado físico (fusão,
As misturas podem ser classificadas quanto ao nú- vaporização, etc...) ou uma mistura heterogênea.
mero de fases apresentado. Consistem, portanto em um
sistema cujos componentes de cada fase possuem as
mesmas propriedades, como densidade e estado físico. SE LIGA!
Na maioria das vezes, o sistema heterôgeneo
MISTURA HOMOGÊNEA apresenta pelo menos um dos seus
Apresenta apenas uma fase. Fase é cada porção componentes no estado sólido.
que apresenta aspecto visual uniforme. Nesse tipo de
mistura não há superfícies de separação visíveis entre
seus componentes. Por exemplo: solução de água e sal.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
SISTEMA POLIFÁSICO
Apresenta diferentes porções limitadas por superfí-
cies de separação visíveis (fases) – é, portanto, um siste-
ma heterogêneo.
74
FENÔMENO QUÍMICO
Ocorre quando há alteração das propriedades quí-
micas da matéria.
Dizemos que ocorreu uma reação química, pois no-
vas substâncias foram obtidas.
FENÔMENO FÍSICO
É toda alteração na estrutura física da matéria, tais
como forma, tamanho, aparência e estado físico, mas
que não gere alteração em sua natureza, isto é, na sua
composição. Compreende basicamente as alterações
do estado físico da matéria.
ATOMÍSTICA
Ferver a água Queimar o açúcar para
A preocupação com a constituição da matéria sur-
fazer caramelo
giu em meados do século V a. C., na Grécia. Alguns filó-
Explosão de uma panela Queima do carvão sofos gregos, como Aristóteles, acreditavam que toda a
de pressão matéria era formada por quatro elementos.
Roupa secando no varal Explosão após uma ba- Entretanto por volta de 400 a. C., os filósofos Leucipo
tida e Demócrito elaboraram uma teoria filosófica (sem base
experimental) segundo a qual toda matéria era forma-
Derretimento de metais, Enferrujamento da palha
da devido a junção de pequenas partículas denomina-
como o cobre de aço
das átomos (que em grego significa indivisível) – que
Dissolver açúcar em água Queima de uma vela seriam infinitamente pequenas, indivisíveis, compactas,
homogêneas, sem poros nem compressibilidade. Para
ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA estes filósofos, toda a natureza seria formada por áto-
A matéria pode se apresentar em diferentes estados mos e vácuo.
físicos, conforme a agregação das moléculas:
- Sólido: apresenta forma e volume constantes; MODELOS ATÔMICOS
- Líquido: apenas volume constante; São representações que não correspondem exata-
- Gasoso: forma e volume variáveis. mente à realidade, mas permitem explicar o comporta-
mento e o funcionamento do átomo, suas propriedades
As passagens entre os três estados físicos têm o nome e características.
de mudanças de estado físico.
As definições dos processos de mudança de estado DALTON
físico são as seguintes: Em 1808, o químico inglês John Dalton criou o primei-
- Fusão: mudança do estado sólido para o estado ro modelo atômico científico, sendo o primeiro a atribuir
líquido. É o caso do derretimento de metais. uma definição química para o átomo: a menor unidade
- Vaporização: mudança de estado líquido para o constituinte da matéria a conservar suas propriedades,
estado gasoso (vapor). consistindo em uma esfera maciça, homogênea, indivi-
sível e de carga elétrica neutra.
#FicaDica
THOMSON
A vaporização pode ocorrer de três formas: 75
- Evaporação: quando em temperatura A DESCOBERTA DO ELÉTRON
ambiente, lenta e não perceptível – roupa A natureza elétrica da matéria já era conhecida
secando no varal; pelos antigos filósofos gregos. Tales de Mileto havia de-
- Ebulição: quando o sistema é aquecido a uma monstrado que, ao atritar âmbar com um pedaço de lã,
temperatura específica (ponto de ebulição), este passa a atrair objetos leves. Porém somente no final
rápida e com formação de bolhas – fervura da do século XIX foi comprovada a existência de partículas
água; com carga elétrica negativa – os elétrons. Isso impulsio-
- Calefação: quando o líquido se aproxima de nou o surgimento de novas propostas de modelos atô-
uma superfície muito quente, é a passagem micos, na tentativa de explicar porque a matéria (que
mais rápida e abrupta para o estado de vapor – segundo Dalton seria neutra) podia ficar eletrizada.
ao encostarmos o ferro quente em uma roupa
úmida. O MODELO ATÔMICO DE THOMSON
Para o físico inglês John Thomson, o átomo era uma
- Condensação ou liquefação: mudança do estado esfera de carga elétrica positiva incrustada de elétrons
gasoso para o estado líquido. A formação de nu- de carga negativa, com a carga total nula.
vens pelos vapores de água é um exemplo desse Com isso, foi derrubada a ideia de que o átomo seria
tipo de mudança de estado. maciço e indivisível e introduzida a natureza elétrica da
- Solidificação: mudança de estado líquido para o matéria.
estado sólido. No dia a dia, quando colocamos
água no congelador para obtermos gelo, esta- RUTHERFORD
mos realizando o processo de solidificação. Em meados do século XX, o neozelandês Ernest Ru-
- Sublimição: mudança do estado sólido diretamen- therford observou, com base em experiências envolven-
te para o estado gasoso, sem passar pelo estado do a natureza radiotiva de átomos de determinados
líquido. Quando colocamos uma bolinha de naf- elementos, que o átomo deve ser constituído por duas
talina no guarda-roupa e ela “some”, é porque regiões:
sublimou. 1 – Um núcleo, pequeno, constituído de prótons de
carga positiva e com praticamente toda a massa
do átomo;
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
2 – Uma região negativa, praticamente sem massa, que orbita em volta do núcleo. A essa região contendo os
elétrons se deu o nome de eletrosfera.
Rutherford também concluiu que, embora os prótons contivessem toda a carga do núcleo, eles sozinhos não
poderiam compor toda sua massa. Esse problema só foi resolvido quando, em 1932,o físico inglês J. Chadwick des-
cobriu uma partícula que tinha aproximadamente a mesma massa de um próton, mas não era carregada eletrica-
mente. Por ser a partícula eletricamente neutra, Chadwick a denominou de nêutron.
RUTHERFORD-BOHR
OS NÍVEIS DE ENERGIA
De acordo com os conhecimentos de eletromagnetismo da época dos experimentos de Rutherford, já se sabia
que, segundo o seu modelo, os elétrons deveriam perder energia se chocar com o núcleo.
Em 1913, para explicar porque isso não acontecia, um dos integrantes do grupo de pesquisa de Rutherford, Niels
Bohr, propôs um novo modelo atômico, relacionando a distribuição dos elétrons na eletrosfera com sua quantida-
de de energia. Esse modelo baseia-se nos seguintes postulados:
a) Os elétrons descrevem órbitas circulares ao redor do núcleo.
b) Cada uma dessas órbitas tem energia constante (órbita estacionária). Os elétrons que estão situados em
órbitas mais afastadas do núcleo apresentarão maior quantidade de energia.
c) Quando um elétron absorve certa quantidade de energia, salta para uma órbita mais energética. Quando
ele retorna à sua órbita original, libera a mesma quantidade de energia, na forma de onda eletromagnética
(luz).
Essas órbitas foram denominadas níveis de energia. Hoje são conhecidos sete níveis de energia ou camadas,
denominadas K, L, M, N, O, P e Q.
O modelo de Böhr permite relacionar as órbitas (níveis de energia) com os espectros descontínuos dos elementos.
OS SUBNÍVEIS
O trabalho de Böhr despertou o interesse de vários cientistas para o estudo dos espectros descontínuos. Um
deles, Sommerfield, percebeu, em 1916, que as raias obtidas por Böhr eram na verdade um conjunto de raias mais
76 finas e supôs então que os níveis de energia estariam divididos em regiões ainda menores, por ele denominadas
subníveis de energia.
O número de cada nível indica a quantidade de subníveis nele existentes. Por exemplo, o nível 1 apresenta um
subnível, o nível 2 apresenta dois subníveis, e assim por diante. Esses subníveis são representados pelas letras s, p, d,
f, g, h –siglas em inglês das palavras sharp, principal, diffuse e fine, respectivamente.
Estudos específicos para determinar a energia dos subníveis mostraram que:
- existe uma ordem crescente de energia nos subníveis;
- os elétrons de um mesmo subnível contêm a mesma quantidade de energia;
- os elétrons se distribuem pela eletrosfera ocupando o subnível de menor energia disponível.
A criação de uma representação gráfica para os subníveis facilitou a visualização da sua ordem crescente de
energia. Essa representação é conhecida como diagrama de Linus Pauling.
O preenchimento da eletrosfera pelos elétrons em subníveis obedece à ordem crescente de energia definida
pelo diagrama de Pauling.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Perceba que o subnível 4s2 aparece antes do subnível 3d1, de acordo com a ordem crescente de energia. No
entanto, pode-se escrever essa mesma configuração eletrônica ordenando os subníveis pelo número quântico
principal. Assim, obteremos a chamada ordem geométrica ou ordem de distância:
Note que, na ordem geométrica, o último subnível — mais externo do núcleo — é o 4s2, sendo que esse subnível
mais distante indica a camada de valência do átomo. Portanto:
O subnível mais energético nem sempre é o mais afastado do núcleo. 77
No caso do escândio, o subnível mais energético é o 3d1, apresentando 1 elétron, enquanto o mais externo é
o 4s2, com 2 elétrons. A distribuição eletrônica do 21Sc por camadas pode ser obtida tanto pela ordem energética
como pela ordem geométrica e é expressa por:
K = 2; L = 8; M = 9; N = 2
ISÓTONOS
São átomos de diferentes números de prótons e de
Átomo do elemento X com o número atômico Z e massa, mas que possuem mesmo número de nêutrons.
número de massa A. Ou seja, são elementos diferentes, com propriedades fí-
78 Por exemplo: sicas e químicas diferentes.
TABELA PERIÓDICA
Esta classificação proposta por Mendeleev foi utilizada até 1913, quando Mosely verificou que as propriedades
dos elementos eram dadas pela sua carga nuclear (número atômico – Z). Sabendo-se que em um átomo o número
de prótons é igual ao número de elétrons, ao fazermos suas distribuições eletrônicas, verificamos que a semelhança
de suas propriedades químicas está relacionada com o número de elétrons de sua camada de valência, ou seja,
pertencem à mesma família.
Com base nessa constatação, foi proposta a tabela periódica atual, na qual os elementos químicos estão dis-
postos em ordem crescente de número atômico (Z).
FAMÍLIAS OU GRUPOS
As Famílias da Tabela Periódica são distribuídas de forma vertical, em 18 colunas. Os elementos químicos que
estão localizados na mesma coluna da Tabela Periódica são considerados da mesma família pois possuem pro-
priedades físicas e químicas semelhantes. Esses elementos fazem parte de um mesmo grupo porque apresentam a
mesma configuração de elétrons na última camada.
A tabela periódica atual é constituída por 18 famílias. A numeração das Famílias da Tabela Periódica se inicia no
1A (representado em nossa tabela periódica com o número 1) e continua até o 0 ou 8A (representado em nossa
tabela periódica pelo número 18). Existe também a Família B.
– Famílias A ou zero
79
#FicaDica
1) A família 0 recebeu esse número para indicar que sua reatividade nas condições ambientes é nula.
2) O elemento hidrogênio (H), embora não faça parte da família dos metais alcalinos, está representado na
coluna IA por apresentar 1 elétron no subnível s na camada de valência.
3) O único gás nobre que não apresenta 8 elétrons na camada de valência é o He: 1s2.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Os elementos que constituem essas famílias são denominados elementos representativos, e seus elétrons mais
energéticos estão situados em subníveis s ou p. Nas famílias A, o número da família indica a quantidade de elétrons
na camada de valência. Elas recebem ainda nomes característicos.
– Famílias B
Os elementos dessas famílias são denominados genericamente elementos de transição. Uma parte deles ocupa o
bloco central da tabela periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), e apresenta seu elétron mais energético em subníveis d.
A outra parte deles está deslocada do corpo central, constituindo as séries dos lantanídeos e dos actinídeos.
Essas séries apresentam 14 colunas. O elétron mais energético está contido em subnível f (f1 a f14).
80 O esquema a seguir mostra o subnível ocupado pelo elétron mais energético dos elementos da tabela periódica.
PERÍODOS OU SÉRIES
Cada fila horizontal da tabela periódica constitui o que chamados de período ou série de elementos.
Cada período corresponde ao número de camadas eletrônicas existentes nos elementos que os constituem. Os
períodos são sete conforme pode ser observado no esquema abaixo.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
LANTANÍDEOS E ACTINÍDEOS
As séries dos lantanídeos e dos actinídeos correspondem, respectivamente, aos apêndices embaixo da tabela.
#FicaDica
a) Lantânio (La) e Actíneo (Ac) não pertencem às séries.
b) Essas séries são chamadas Elementos de transição Interna.
c) Os lantanídeos também são chamados lantanoides ou terras-raras.
d) Os actinídeos também são chamados actinoides.
e) O uso dos termos “lantanoide” e “actinoide” foi reconhecido pela IUPAC.
Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas e químicas, em: me-
tais, ametais, semimetais, gases nobres e hidrogênio.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
– Gases nobres
Apresentam grande estabilidade, ou seja, possuem
pequena capacidade de se combinar com ou-
tros elementos.
– Elementos Cisurânicos
Apresentam número atômico inferior ao 92, sendo
portanto anteriores ao urânio na Tabela Periódi-
ca. São todos elementos naturais, encontrados na
superfície terrestre, com exceção dos quatros se-
SE LIGA! guintes, que são artificiais:
A linha vermelha, de acordo com sugestão da - Tecnécio (43)
Sociedade Brasileira de Química, separa os - Promécio (61)
metais dos ametais. Os elementos próximos à - Astato (85)
linha são conhecidos por semimetais. - Frâncio (87)
– Elementos Transurânicos
– Metais Apresentam número atômico superior ao 92, sendo
Os metais, em número de 84, são os elementos mais portanto posteriores ao urânio. São todos átomos
numerosos. Estão situados do centro para a es- de elementos químicos não naturais, mas que fo-
querda da Tabela Periódica. ram sintetizados, isto é, desenvolvidos em labora-
Características gerais: tório.
- Apresentam brilho metálico;
- São bons condutores de corrente elétrica; – Elementos radioativos
- Podem ser reduzidos a fios (ductibilidade) e lâminas Os elementos radioativos são aqueles cujos isótopos
(maleabilidade); mais abundantes encontram-se, na tabela, do po-
- Apresentam, geralmente, poucos elétrons (menos lônio em diante.
de 4) na na camada de valência;
- Tendem a perder elétrons em uma ligação química PROPRIEDADES APERIÓDICAS E PERIÓDICAS
(cátions); A tabela periódica pode ser utilizada para relacio-
82 - São sólidos à temperatura ambiente (25°C), com nar as propriedades dos elementos com suas estruturas
exceção do mercúrio (líquido). atômicas. Essas propriedades podem ser de dois tipos:
aperiódicas e periódicas.
– Ametais ou não-metais
São poucos (11 elementos). Estão situados à direita PROPRIEDADES APERIÓDICAS
da Tabela Periódica, uma família antes dos gases As propriedades aperiódicas são aquelas cujos va-
nobres. lores variam (crescem ou decrescem) à medida que o
Características gerais: número atômico aumenta e que não se repetem em
- Propriedades contrárias às vistas anteriormente; períodos determinados ou regulares. Exemplos: a massa
- Tendem a ganhar elétrons em uma ligação química atômica de um elemento sempre aumenta de acordo
(ânions); com o número atômico desse elemento, o calor especí-
- Podem ser gasosos ou líquidos à temperatura am- fico, a dureza, o índice de refração etc.
biente (25°C).
MASSA ATÔMICA
– Semimetais
São poucos (7) e estão situados na Tabela Periódica A massa atômica é a unidade de peso de átomos
entre os metais e os não metais. feita por comparação com uma grandeza padrão
Características gerais: (1/12 da massa de um átomo isótopo do carbono-12).
- Apresentam brilho metálico; Esta propriedade sempre aumenta de acordo com o
- Têm pequena condutibilidade elétrica; aumento do número atômico, sem fazer referência à lo-
- Fragmentam-se; calização do elemento na tabela periódica.
- Propriedades intermediárias às vistas anteriormente.
– Hidrogênio
Elemento atípico, pois possui a propriedade de se
combinar com metais, ametais e semimetais. Nas
condições ambientes, é um gás extremamente in-
flamável.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
DUREZA
A dureza é uma propriedade mecânica característi-
SE LIGA!
ca de materiais sólidos que representa a resistência des- Raio do átomo > raio do cátion
tes materiais ao risco ou à penetração quando pressio-
nados. Esta propriedade muito depende do estado em
que se encontra o material, bem como das forças de – Raio do ânion: quando um átomo ganha elétron,
ligação entre os seus átomos, moléculas ou íons. Quanto aumenta a repulsão da nuvem eletrônica, au-
maior é o número atômico, maior também é a dureza mentando o seu tamanho.
do elemento químico. Exemplo:
ÍNDICE DE REFRAÇÃO
O índice de refração é uma propriedade física des-
crita como sendo a razão entre a velocidade da luz em
dois meios diferentes (no ar e num corpo transparente
mais denso). Tal propriedade também aumenta com o
aumento do número atômico.
PROPRIEDADES PERIÓDICAS
As propriedades periódicas são aquelas que, à me-
dida que o número atômico aumenta, assumem valores
crescentes ou decrescentes em cada período, ou seja, SE LIGA!
repetem-se periodicamente. Exemplo: o número de elé- 83
Raio do átomo < raio do ânion
trons na camada de valência.
Vamos agora detalhar algumas propriedades perió-
dicas da Tabela.
ENERGIA DE IONIZAÇÃO
RAIO ATÔMICO A maior ou menor facilidade com que o átomo de
um elemento perde elétrons é importante para a de-
O raio atômico é uma propriedade periódica difícil
terminação do seu comportamento. Um átomo (ou íon)
de ser medida. Pode-se considerar que corresponde à
em fase gasosa perde elétron(s) quando recebe ener-
metade da distância (d) entre dois núcleos vizinhos de
gia suficiente. Essa energia é chamada de energia (ou
átomos do mesmo elemento químico ligados entre si.
potencial) de ionização.
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração
exercida pelo núcleo sobre o elétron mais afastado;
portanto, menor será a energia necessária para remo-
ver esse elétron.
SE LIGA!
RAIO IÔNICO Quanto maior o tamanho do átomo, menor
será a 1ª energia de ionização.
Quando um átomo ganha ou perde elétrons, trans-
forma-se em íon. Nessa transformação, há aumento ou
diminuição das dimensões do tamanho do átomo ini-
cial.
– Raio do cátion: Quando um átomo perde elétron, a
repulsão da nuvem eletrônica diminui, diminuindo
o seu tamanho. Inclusive pode ocorrer perda do
último nível de energia e quanto menor a quanti-
dade de níveis, menor o raio.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
SE LIGA!
Numa família ou num período, quanto menor
o raio, maior a afinidade eletrônica. O cientista Linus Pauling propôs a seguinte escala de
valores para a eletronegatividade:
DENSIDADE
Conforme podemos observar no esquema abaixo,
ELETRONEGATIVIDADE E ELETROPOSITIVIDADE os elementos de maior densidade estão situados na par-
A eletronegatividade e a eletropositividade são duas te central e inferior da tabela periódica, sendo o ósmio
propriedades periódicas que indicam a tendência de (Os) o elemento mais denso (22,5 g/cm3).
84 um átomo, numa ligação química, em atrair elétrons
compartilhados. Ou ainda, podem representar a força
com que o núcleo atrai a eletrosfera.
– Eletropositividade: tendência que um átomo tem
de perder elétrons. É muito característico dos me-
tais. Pode ser também chamado de caráter metá-
lico. É o inverso da eletronegatividade.
condutividade elétrica, o alto ponto de fusão e ebulição, É a ligação mais forte de todas, devido à
a maleabilidade, a ductilidade, a alta densidade e a alta eletropositividade do hidrogênio e à alta
resistência à tração. eletronegatividade do flúor, oxigênio e nitrogênio.
As ligas metálicas são a união de dois ou mais metais. De um lado, um átomo muito positivo e, do outro,
Às vezes com não-metais e metais. um átomo muito negativo. Isto faz com que a atração
entre estes átomos seja muito forte. Por isso, em geral
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES QUÍMICAS são sólidos ou líquidos. Exemplos: H2O, HF, NH3.
A eletronegatividade é a capacidade que um Uma consequência das pontes de hidrogênio que
átomo tem de atrair para si o par de elétrons que existem na água é a sua elevada tensão superficial. As
ele compartilha com outro átomo em uma ligação moléculas que estão no interior do líquido atraem e são
covalente. atraídas por todas as moléculas vizinhas, de tal modo
As medidas experimentais foram feitas pelo que as essas forças se equilibram.
cientista Linus Pauling, que criou uma escala de Já as moléculas da superfície só são atraídas pelas
eletronegatividade. moléculas de baixo e dos lados. Consequentemente,
De acordo com a diferença de eletronegatividade essas moléculas se atraem mais fortemente e criam
dos elementos, pode-se classificar a ligação covalente uma película parecida com uma película elástica na
em polar ou apolar. superfície da água.
= diferença de eletronegatividade Este fenômeno ocorre com todos os líquidos, mas
com a água acontece mais intensamente.
1. Ligação apolar ( =0) A tensão superficial explica alguns fenômenos, como
A diferença de eletronegatividade tem que ser igual por exemplo o fato de alguns insetos caminharem sobre
a zero. Geralmente, acontece em moléculas de a água, e a forma esférica das gotas de água.
átomos iguais.
2. Ligação polar ( ) 2. Dipolo-dipolo
A diferença de eletronegatividade tem que ser Esta interação intermolecular pode ser chamada
diferente de zero. Geralmente, acontece em também de dipolo-permanente ou dipolar.
moléculas de átomos diferentes. Ocorre em moléculas polares. É menos intensa que
3. Polaridade das moléculas as pontes de hidrogênio.
Durante as ligações químicas, podem sobrar elétrons Quando a molécula é polar, há de um lado um
do átomo central. Então: átomo mais eletropositivo e, do outro, um átomo mais
- molécula polar – quando não sobram elétrons do eletronegativo. 87
átomo central. Estabelece-se de modo que a extremidade negativa
- molécula apolar – quando sobram elétrons do do dipolo de uma molécula se orienta na direção da
átomo central. extremidade positiva do dipolo de outra molécula.
Exemplos: HCl, HBr, HI.
LIGAÇÕES INTERMOLECULARES
Os sólidos iônicos estão unidos por causa da forte 3. Forças de London
atração entre seus íons cátions e seus íons ânions. Esta interação intermolecular pode ser chamada
A maioria dos metais são sólidos à temperatura também de dipolo-induzido ou Forças de Van der Waals.
ambiente por causa da ligação metálica. É a interação mais fraca de todas e ocorre em molécu-
As substâncias que têm ligações covalentes podem las apolares. Neste caso, não há atração elétrica entre
ser, em temperatura ambiente, sólidas, liquidas ou estas moléculas. Deveriam permanecer sempre isoladas
gasosas. Isto mostra que as interações entre estas e é o que realmente acontece, porque em temperatura
moléculas podem ser maiores ou menores. ambiente estão no estado gasoso. São cerca de dez
Existem três tipos de interações intermoleculares. vezes mais fracas que as ligações dipolo-dipolo. A mo-
Elas servem somente para as substâncias que possuem lécula, mesmo sendo apolar, possui muitos elétrons, que
ligações covalentes. se movimentam rapidamente. Pode acontecer, em um
São elas: dado momento, de uma molécula estar com mais elétrons
- Pontes de hidrogênio ou ligações de hidrogênio; de um lado do que do outro. Esta molécula estará portan-
- Forças dipolo-dipolo, dipolo-permanente ou dipolar; to momentaneamente polarizada e, por indução elétrica,
- Forças de London, Forças de Van der Waals ou irá provocar a polarização de uma molécula vizinha (dipo-
dipolo-induzido. lo induzido), resultando uma fraca atração entre ambas.
Esta atração é a Força de London. Exemplos: Cl2, CO2, H2.
1. Pontes de hidrogênio Geralmente, usa-se a regra que semelhante
Esta interação intermolecular pode ser chamada dissolve semelhante. Isto quer dizer que solvente polar
também de ligações de hidrogênio. dissolve substância polar e que solvente apolar dissolve
É realizada sempre entre o hidrogênio e um átomo substância apolar.
mais eletronegativo, como flúor, oxigênio e nitrogênio. Mas nem sempre esta regra está correta. A água,
É característico em moléculas polares. Podem ser por exemplo, é uma substância polar e pode dissolver o
encontradas no estado sólido e liquido. álcool etílico, que é apolar.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
GEOMETRIA MOLECULAR
A geometria molecular explica como estão dispostos os átomos dentro da molécula.
Os átomos tendem a ficar na posição mais espaçada possível. Assim, conseguem adquirir estabilidade.
As geometrias moleculares são: linear, angular, trigonal plana, piramidal, tetraédrica, octaédrica, forma de T,
bipirâmide trigonal, gangorra ou tetraédrica distorcida, quadrado planar e pirâmide de base quadrática.
Veja as principais geometrias moleculares a seguir.
1. Linear
-Para moléculas diatômicas (com 2 átomos)
Polar – átomos diferentes: HCl H – Cl
Apolar – átomos iguais: H2 H – H
2. Angular
-Para moléculas triatômicas
Polares – com sobra de elétrons.
3. Trigonal plana
-Para moléculas tetratômicas (com 4 átomos)
Apolares – sem sobra de elétrons.
4. Piramidal
-Para moléculas tetratômicas
Polares – com sobra de um par de elétrons.
5. Tetraédrica
-Para moléculas pentatômicas (com 5 átomos)
88 Apolares.
FUNÇÕES INORGÂNICAS
ÁCIDOS
De acordo com a teoria de Arrhenius, ácidos são todos os compostos moleculares que, ao se dissolverem em
água, apresentam os mesmos íons positivos, H+.
Alguns ácidos de um mesmo elemento têm os prefixos de seus nomes atribuídos em função de seu grau de
hidratação.
#FicaDica
Nos hidrácidos todos os hidrogênios são ionizáveis, já nos oxiácidos, apenas aqueles que estão ligados a
átomos de oxigênio é que serão ionizáveis.
-Hidrácidos:
-Oxiácidos:
Em soluções aquosas, os ácidos podem liberar um ou mais íons H+ para cada molécula de ácido ionizado, e
cada íon H+ liberado corresponde a uma etapa de ionização.
Exemplo: a ionização do H2SO4:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Exceto a de magnésio,
que é fraca
SE LIGA! Demais bases Fracas e praticamente
Base é toda substância que, em solução insolúveis
aquosa, sofre dissociação, liberando como
único tipo de ânion o OH–. - Quanto à Solubilidade em água
O esquema a seguir mostra a variação genérica da
NOMENCLATURA DAS BASES solubilidade das bases em água.
O nome das bases é obtido a partir da seguinte re-
gra:
Solúveis: NH4OH e as bases de metais alcalinos (da misturadas à água. A esse líquido damos o nome
família 1ª) de suspensão, sendo conhecido também por leite
Pouco solúveis: as bases de metais alcalinos terrosos de magnésia, cuja principal aplicação consiste no
(da família 2ª) uso como antiácido e laxante.
Praticamente insolúveis: as demais
- Hidróxido de amônio (NH4OH)
PROPRIEDADES DAS BASES É obtido ao se borbulhar amônia (NH3) em água,
conforme a reação abaixo:
-Reações com ácidos NH3+ H2O ↔ NH4+ (aq) + OH- (aq)
Como já sabemos:
Assim, não existe uma substância hidróxido de amô-
nio, mas sim soluções aquosas de amônia interagindo
Assim, se misturarmos um ácido e uma base, os íons com a água, originando os íons amônio (NH4+ ) e hidró-
H+ e OH– interagem, produzindo água (H2O). Essa xido (OH-).
reação é denominada neutralização. O cátion da O hidróxido de amônio é conhecido comercialmen-
base e o ânion do ácido darão origem a um sal, te por amoníaco, sendo muito utilizado na produção de
num processo chamado salificação. ácido nítrico para a produção de fertilizantes e explosi-
vos.
-Ação sobre indicadores Ele também é usado em limpeza doméstica, na pro-
Tanto os ácidos como as bases alteram a cor de um dução de compostos orgânicos e como gás de refrige-
indicador. A maioria dos indicadores usados em ração.
laboratório são encontrados na natureza, como
repolho roxo, beterraba, pétalas de rosas verme- TEORIA MODERNA DE ÁCIDO E BASE (BRÖNSTED-LO-
lhas, chá-mate, amoras etc., sendo sua extração WRY)
bastante fácil. Foi proposta de forma independente por G. Lewis,
por T. Lowry e por J. Brønsted. Mas foi Brønsted um dos
PRINCIPAIS BASES E SUAS APLICAÇÕES NO COTIDIA- que mais contribuiu para o seu desenvolvimento.
NO Essa teoria é chamada de teoria protônica porque
se baseia na transferência de prótons, iguais ao íon H+,
-Hidróxido de sódio — NaOH o núcleo do hidrogênio, mas que ao ser chamado de
92 O hidróxido de sódio é popularmente conhecido próton, ajuda a diferenciar da teoria de Arrhenius. Além
como soda cáustica, cujo termo cáustica significa disso, nessa teoria não há necessidade da presença de
que pode corroer ou, de qualquer modo, destruir água.
os tecidos vivos. É um sólido branco, cristalino e hi- Segundo essa teoria:
groscópico, ou seja, tem a propriedade de absor- “Ácido é toda espécie química, íon ou molécula ca-
ver água. Por isso, quando exposto ao meio am- paz de doar um próton, enquanto a base é capaz de
biente, ele se transforma, após certo tempo, em receber um próton”
um líquido incolor. As substâncias que têm essa Exemplos de ácidos e bases segundo a teoria de
propriedade são denominadas deliquescentes. Brønsted e Lowry:
Quando preparamos soluções concentradas dessa
base, elas devem ser conservadas em frascos plás- NH3+ HCℓ → NH4+ + Cℓ-
ticos, pois lentamente reagem com o vidro. Tais base ácido ácido base
soluções também reagem com óleos e gorduras forte forte fraco fraca
e, por isso, são muito utilizadas na fabricação de
sabão e de produtos para desentupir pias e ralos. Observe que a amônia (NH3) é base porque ela re-
cebe um próton (H+) do ácido clorídrico (HCℓ).
-Hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 Nessa teoria, a reação de neutralização seria uma
É popularmente conhecido como cal hidratada ou transferência de prótons entre um ácido e uma base,
cal extinta ou cal apagada; como a reação explica acima.
- É utilizado na construção civil no preparo da arga- Apesar de ser uma teoria que também permitiu o es-
massa, usada na alvenaria, e na caiação (pintura tudo e desenvolvimento de várias áreas e de ser uma
a cal) o que fazem os pedreiros ao preparar a ar- definição bastante utilizada e atual, ela também tinha
gamassa. uma limitação: não permitia prever o caráter ácido ou
o caráter básico de espécies químicas sem a presença
-Hidróxido de magnésio — Mg(OH)2 de hidrogênio.
O hidróxido de magnésio é um sólido branco, pouco
solúvel em água. Quando dissolvido em água, a SAL
uma concentração de aproximadamente 7% em Sal é um composto resultante da reação de neutra-
massa, o hidróxido de magnésio origina um líquido lização mútua entre um ácido e uma base. Assim, o cá-
branco e espesso que contém partículas sólidas tion da base e o ânion do ácido formam o sal.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Exemplos:
-Reações entre ácidos e bases fortes:
HCl + NaOH → NaCl + H2O
Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon
H+ e cada molécula da base produziu também
Observe que o valor da carga do cátion torna-se o apenas 1 íon OH-.
índice do ânion, enquanto a carga do ânion torna-se 3 HCl + Al(OH)3 → Al(Cl)3 + 3H2O
o índice do cátion. Observe também que é somente o Cada molécula do ácido produziu 3 íons H+ e cada mo-
valor da carga que é invertido, os sinais negativos e po- lécula da base produziu também apenas 3 íons OH-.
sitivos não vão para o índice.
Exemplo: -Reações entre ácido e base fracos: 93
-Nitrato de potássio: 2 HNO3 + Mg(OH) 2 → Mg(NO3)2 + 2 H2O
K+ + NO3-: KNO3 Cada molécula do ácido produziu 2 íons H+ e cada
molécula da base produziu também apenas 2 íons
Observe que tanto o índice quanto a carga são OH-.
iguais a 1, logo, não precisam ser escritos. HCN + NH4OH → NH4CN+ H2O
Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon
FORMULAÇÃO DO SAL A PARTIR DE SEU NOME H+ e cada molécula da base produziu também
Para se determinar a fórmula do sal a partir do seu apenas 1 íon OH-.
nome, segue-se os seguintes passos:
Exemplo: Sulfato de ferro-III -Neutralização parcial
1º Passo: determinar a fórmula do ácido e da base Ocorre quando a quantidade de cátions H+ s do
que originaram o sal. ácido não é a mesma quantidade de ânions OH-
Ânion sulfato ác. sulfúrico = H2SO4 da base. Assim, a neutralização não ocorre por
Cátion ferro-III hidróxido de ferro-III = Fe(OH)3 completo e, dependendo de quais íons estão em
maior quantidade no meio, o sal formado pode
2º Passo: a partir das fórmulas do ácido e da base, de- ser básico ou ácido.
termina-se a carga do cátion base e do ânion do ácido.
H2SO4 = SO42- Ânion sulfato Exemplo:
Fe(OH)3 = Fe3+ Cátion ferro-III HCl + Mg(OH)2 → Mg(OH)Cl + H2O
No exemplo acima, o ácido libera apenas 1 cátion
3º Passo: juntar o cátion da base com o ânion do áci- H+ e a base libera 2 ânions OH-. Assim, os ânions OH- não
do. são neutralizados totalmente e é formado um sal básico,
que também é chamado de hidroxissal.
Fe3+ SO42- H3PO4 + NaOH → NaH2PO4 + H2O
Nesse exemplo, o ácido liberou mais íons (3) que a
4º Passo: inverter as cargas dos íons para que a soma base (1). Portanto, os cátions H+ não foram totalmente
das cargas se anule. neutralizados e um sal ácido foi originado, que também
é denominado de hidrogenossal.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Os sais ácidos também podem ser formados atra- 1) Determinação da fórmula a partir do nome do sal.
vés de reações de neutralização entre um ácido forte Exemplo: carbonato de cálcio
(HCl, HNO3, HClO4 etc.) e uma base fraca (NH3, C6H5NH2 Ânion: carbonato — CO2–3
- anilina - etc.). Por outro lado, os sais básicos podem Cátion: sódio — Na+
ser formados em reações de neutralização entre um
ácido fraco (CH3COOH, HF, HCN etc.) e uma base forte
(NaOH, LiOH, KOH etc.).
-Reação entre ácido forte e base fraca→ Sal de ca-
ráter ácido: 2) Determinação do nome a partir da fórmula do sal.
HNO3 + AgOH → AgNO3 + H2O Exemplo: Fe2(SO4)3
-Reação entre ácido fraco e base forte→ Sal de ca- Cátion: Fe3+
ráter básico: Ânion: SO2–
2H3BO3 + 3 Ca(OH)2 → Ca3(BO3)2 + 6 H2O
-Óxidos Básicos
São óxidos com caráter básico. São iônicos e o ânion
é O2-. As reações dos óxidos básicos com água e ácidos
podem ser esquematizados da seguinte maneira:
-Óxidos Anfóteros
São óxidos que podem se comportar tanto como óxi-
do básico quanto óxido ácido.
A cal virgem é obtida pelo aquecimento do CaCO3,
Exemplos:
que é encontrado na natureza como constituinte do
ZnO3 Al2O3, SnO, SnO2, PbO e PbO2.
mármore, do calcário e da calcita:
ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O
ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O
97
-Óxidos Duplos ou Mistos
Onde o solo é ácido, a cal viva é empregada para
Óxidos que se comportam como se fossem formados diminuir sua acidez.
por dois outros óxidos, do mesmo elemento quími-
co. Exemplos:
Fe3O4 → FeO + Fe2O3
Pb3O4 → 2PbO + PbO2 EXERCÍCIO COMENTADO
-Peróxidos 1. (ENEM 2009) O processo de industrialização tem gerado
Os peróxidos apresentam em sua estrutura o grupo sérios problemas de ordem ambiental, econômica e
(O2)2–. social, entre os quais se pode citar a chuva ácida. Os
Os peróxidos mais comuns são formados por hidro- ácidos usualmente presentes em maiores proporções na
gênio, metais alcalinos e metais alcalino-terrosos. água da chuva são o H2CO3, formado pela reação do
CO2 atmosférico com a água, o HNO3 , o HNO2 , o H2SO4 e
Exemplo: o H2SO3 . Esses quatro últimos são formados principalmente
-Peróxido de hidrogênio: H2O2 a partir da reação da água com os óxidos de nitrogênio e
É líquido e molecular. Quando dissolvido em água, de enxofre gerados pela queima de combustíveis fósseis.
origina uma solução conhecida como água oxigenada, A formação de chuva mais ou menos ácida depende
muito comum em nosso cotidiano. não só da concentração do ácido formado, como
também do tipo de ácido. Essa pode ser uma informação
APLICAÇÕES DOS ÓXIDOS NO COTIDIANO útil na elaboração de estratégias para minimizar esse
problema ambiental. Se consideradas concentrações
Dióxido de carbono (CO2) idênticas, quais dos ácidos citados no texto conferem
Também conhecido como gás carbônico, é um gás maior acidez às águas das chuvas?
incolor, inodoro, mais denso que o ar. Não é combustível
e nem comburente, por isso, é usado como extintor de a) HNO3 e HNO2.
incêndio.O CO2 é o gás usado nos refrigerantes e nas b) H2SO4 e H2SO3.
águas minerais gaseificadas. O gás carbônico é um óxi- c) H2SO3 e HNO2.
do de característica ácida, pois ao reagir com a água d) H2SO4 e HNO3.
produz ácido carbônico. e) H2CO3 e H2SO3.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Resposta: Letra D. No enunciado foi dito que, na água da chuva, são encontrados os seguintes ácidos:
H2CO3,HNO3,HNO2,H2SO4 e H2SO3, logo, em uma mesma concentração, podemos dizer que o ácido mais forte
dará uma maior acidez à água da chuva, no caso, o H2SO4 e HNO3.
Medidas experimentais de condutibilidade elétrica e outras evidências mostram que a água, quando pura ou
quando usada como solvente, se ioniza numa extensão muito pequena, originando a condição de equilíbrio:
H2O(l) + H2O(l) H3O+ (aq) + OH–(aq)
As concentrações de íons H+ e OH– presentes no equilíbrio variam com a temperatura, mas serão sempre iguais
entre si:
Água pura ⇒ [H+] = [OH–]
A 25 ºC, as concentrações em mol/L de H+ e OH– na água pura são iguais entre si e apresentam o valor 10–7 mol L–1.
Água pura a 25 ºC ⇒ [H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1
Na água, as concentrações de H+ e OH– são sempre iguais, independentemente da temperatura; por esse mo-
tivo, a água é neutra. Quaisquer soluções aquosas em que [H+] = [OH–] também serão neutras.
Em soluções ácidas ou básicas notamos que:
-Quanto maior a [H+] ⇒ mais ácida é a solução.
-Quanto maior a [OH–] ⇒ mais básica (alcalina) é a solução.
98
INDICADORES ÁCIDO-BASE
Existe uma escala da medida da acidez e basicidade das substâncias, denominada escala de pH, que é nu-
merada do 0 ao 14. O termo pH (potencial hidrogeniônico) foi introduzido em 1909, pelo bioquímico dinamarquês
Soren Peter Lauritz Sorensen (1868-1939), com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle de qualidade de
cervejas.
O esquema a seguir mostra uma relação ente os valores de pH e as concentrações de H+ e OH– em água, a 25 ºC.
Quanto menor o valor do pH, mais ácida é a substância. Quando maior for o pH, mais básica é a substância. O
valor 7, exatamente na metade da escala, indica as substâncias neutras ou seja, nem ácidas nem básicas.
Algumas substâncias naturais ou sintéticas adquirem coloração diferente em solução ácida e em solução bási-
ca. São os indicadores ácido-base, utilizados para reconhecer o caráter de uma solução. Como exemplo temos:-
fenolftaleína, papel de tornassol, alaranjado de metila, azul de bromotimol, repolho roxo, hortênsia, dentre outros.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
GRAU DE IONIZAÇÃO
Considere um ácido fraco genérico HkA. Ao dissolver
M mols desse ácido em água, de maneira que forme 1
litro de solução, a concentração em mol/L e a normali-
dade serão:
O grau de ionização do ácido é:
Podemos então observar que quem sofre a hidrólise
Logo, a quantidade em mols que ioniza = α . M. não é o sal, mas sim o íon NH4+ (da base fraca), liberan-
Considere o equilíbrio da ionização: do íons H+, que conferem à solução caráter ácido com
pH menor que 7.
2) Sal de Ácido Fraco e Base Forte
A concentração hidrogeniônica no equilíbrio final é:
n K. α. M
H+ = = α. K. M = α. N
v 1
Assim: [H+] = α . N ou [H+] = α . k . M
Sendo que k é o número de hidrogênios ionizáveis. Então ficamos com:
HIDRÓLISE DE SAIS
Sendo o NaOH uma base forte, os íons Na+ não cap- EQUILÍBRIOS HETEROGÊNEOS
tam os íons OH– da água. Do mesmo modo, sendo o
HBr um ácido forte, os íons Br– não captam os íons H+ da PRODUTO DE SOLUBILIDADE (PS OU KPS)
água. Portanto, neste caso, não há hidrólise. A solução O equilíbrio químico pode ocorrer em sistemas con-
terá caráter neutro, com pH igual a 7. Concluímos que, tendo mais de uma fase, ou seja, em sistemas heterogê-
na solução salina, predomina sempre o caráter do mais neos. Esta situação pode ser encontrada em sistemas
forte. Quando o sal é formado por ácido/base de mes- onde ocorre a dissolução ou precipitação de sólidos.
ma força (2 fortes), a solução final é neutra.
CONSTANTE DO PRODUTO DE SOLUBILIDADE (PS OU KPS
OU KS)
Suponha uma solução do eletrólito A2B3, pouco so-
lúvel, em presença de seu corpo de chão (parte insolú-
vel). A parte que se dissolveu está sob a forma de íons
A+++ e B- -, enquanto a parte não-solúvel está na forma
não-ionizada A2B3. Existe, assim, um equilíbrio dinâmico
entre A2B3 e seus íons na solução, que pode ser represen-
tada pela equação:
Perceba que não irão faltar íons OH- para reagir com
o H+ do ácido, pois a base BOH é fraca, e o estoque
de fórmulas BOH que continuará se dissociando e for-
necendo OH- é muito grande. Desta forma, consegui-
mos compreender que a solução tampão só resistirá às
variações de pH até que toda base BOH ou todo sal
BA sejam consumidos. A resistência que uma solução
tampão oferece às variações de pH recebe o nome de
efeito tampão.
Caso a solução tampão fosse constituída por um áci-
do fraco e um sal derivado deste ácido, a explicação 101
para o comportamento desta solução seria semelhante
à anterior. Concluímos, então, que uma solução tam-
pão é usada sempre que se necessita de um meio com
pH praticamente constante e, preparada, dissolvendo-
-se em água:
- um ácido fraco e um sal derivado deste ácido
OU
Perceba que a adição de uma pequena quantida- - uma base fraca e um sal derivado desta base.
de de um ácido forte ou de uma base forte à água pura
provoca uma alteração brusca no pH do meio. Verifi- HIDRÓLISE SALINA
que, também, que a adição da mesma quantidade do
ácido ou da base à solução formada pelo ácido acético Soluções ácidas ou básicas podem ser obtidas pela
e acetato de sódio provoca uma alteração muito pe- dissolução de sais em água. Nesses sistemas, os sais es-
quena no pH desta solução (variação de 0,1 unidade). A tão dissociados em cátions e ânions, que podem intera-
solução formada por ácido acético e acetato de sódio gir com a água por meio de um processo denominado
recebe o nome de solução tampão. Portanto temos: hidrólise salina, produzindo soluções com diferentes va-
“Solução tampão é aquela que, ao adicionarmos lores de pH.
uma pequena quantidade de ácido ou base, mesmo Hidrólise salina é o processo em que o(s) íon(s) pro-
que fortes, mantém o seu pH praticamente invariável.” veniente(s) de um sal reage(m) com a água.
É provável que a observação destes fatos levem ao A reação de hidrólise de um cátion genérico (C+)
seguinte questionamento: com a água pode ser representada pela equação a
Como as soluções tampão conseguem manter o seu seguir:
pH praticamente constante?
Vamos imaginar uma solução tampão constituída
por uma base fraca (BOH) e um sal (BA) derivado desta
base. Nesta solução, ocorrem os seguintes fenômenos:
- Pequena dissociação da base: Note que ocorreu a formação de íons H+, o que ca-
racteriza as soluções ácidas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
A reação de hidrólise de um ânion genérico (A–) com da ocorrência de uma reação química são mudança
a água pode ser representada pela equação a seguir: de cor, evolução de calor ou luz, formação de uma
substância volátil, formação de um gás, entre outros.
No nosso cotidiano, há muitas reações químicas en-
volvidas, como por exemplo, no preparo de alimentos,
a própria digestão destes alimentos no nosso organismo,
Note que ocorreu a formação de OH–, o que carac- a combustão nos automóveis, o aparecimento da ferru-
teriza as soluções básicas. gem, a fabricação de remédios, etc.
EQUAÇÕES QUÍMICAS
A equação química é a forma de se escrever uma
EXERCÍCIO COMENTADO reação química que envolve os reagentes e produtos.
As substâncias iniciais de uma reação química, as que
1. (ENEM 2009) Sabões são sais de ácidos carboxílicos de reagem, são por isso chamadas de reagentes. Já as
cadeia longa utilizados com a finalidade de facilitar, du- substâncias finais de uma reação, as que se formam,
rante processos de lavagem, a remoção de substâncias são chamadas de produto.
de baixa solubilidade em água, por exemplo, óleos e -Representação de uma Equação Química:
gorduras. A figura a seguir representa a estrutura de Reagentes → Produtos
uma molécula de sabão.
Nas equações químicas são utilizados símbolos e nú-
meros para descrever os nomes e as proporções das di-
ferentes substâncias que entram nessas reações. Os rea-
Em solução, os ânions do sabão podem hidrolisar a gentes são mostrados no lado esquerdo da equação e
água e, desse modo, formar o ácido carboxílico corres- os produtos no lado direito. Na reação a matéria não
pondente. Por exemplo, para o estearato de sódio, é e criada e nem destruída, os átomos somente são reor-
estabelecido o seguinte equilíbrio: ganizados de forma diferente, por isso, uma equação
química deve ser balanceada: o número de átomos da
esquerda precisa ser igual o número de átomos da direi-
Uma vez que o ácido carboxílico formado é pouco solúvel ta. Sendo assim, balancear uma equação é fazer com
em água e menos eficiente na remoção de gorduras, o que ela entre em equilíbrio.
102 pH do meio deve ser controlado de maneira a evitar que -Exemplo de uma Equação Química não equilibrada:
o equilíbrio acima seja deslocado para a direita. H2 + Cl2 → HCl
Com base nas informações do texto, é correto concluir
que os sabões atuam de maneira: A equação acima está desbalanceada, pois temos
nos reagentes (H2 e Cl2) 2 átomos de cada elemento, e
a) mais eficiente em pH básico. no produto (HCl) somente 1 molécula.
b) mais eficiente em pH ácido. -Exemplo de uma Equação Química equilibrada:
c) mais eficiente em pH neutro. H2 + Cl2 → 2 HCl
d) eficiente em qualquer faixa de pH.
e) mais eficiente em pH ácido ou neutro. Agora, a equação representada acima está balan-
ceada, uma vez que a adição do coeficiente 2 nos pro-
Resposta: Letra A. Para uma boa remoção de gordu- dutos que indica a existência de 2 moléculas de ácido
ras é necessário que parte da molécula seja lipofílica clorídrico (HCl). Esse número que antecede o elemento,
e a outra hidrofílica, logo devemos fazer com que o no caso o número 2, é chamado de coeficiente estequio-
equilíbrio se desloque para a esquerda, pois como diz métrico. A função desse coeficiente é indicar a quanti-
no enunciado, o ácido carboxílico é menos eficiente dade de cada substância que participa da reação.
na remoção de gorduras, logo, o equilíbrio se des- Podemos saber praticamente tudo sobre uma rea-
locando para a direita o meio ficará básico, sendo ção química através de sua equação, ela pode ofere-
assim mais eficiência em pH mais altos, meio básico. cer, por exemplo, as seguintes informações através de
símbolos tais como:
-Quando a reação é reversível: ↔
TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA -Presença de luz: λ
-Catalisadores ou aquecimento: ?
-Formação de um precipitado: ↓
REAÇÕES QUÍMICAS
As reações químicas são transformações que envol- A Equação Química pode ainda demonstrar o esta-
vem alterações, quebra e/ou formação, nas ligações do físico do átomo participante da reação, através das
entre partículas (átomos, moléculas ou íons) da matéria, letras respectivas entre parênteses:
resultando na formação de nova substância com pro- Gás (g) Vapor (v) Líquido (l)
priedades diferentes da anterior. Algumas evidências Sólido (s) Cristal (c).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
(3) Eletrólise: Nas reações de eletrólise as substâncias A equação balanceada ficaria da seguinte forma:
se decompõem pela passagem de corrente elé-
trica.
2H2 + O2 → 2H2O
REAÇÃO DE SIMPLES TROCA OU DESLOCAMENTO
Na reação de simples troca, uma substância simples Repare que a soma dos átomos dos reagentes é
reage com uma composta originando novas substân- igual ao número de átomos do produto. É isso que con-
cias: uma simples e outra composta. firma: a equação foi balanceada.
Exemplo: Quando uma lâmina de zinco é introduzida
em uma solução aquosa de ácido clorídrico, vai ocorrer FÓRMULAS DAS SUBSTÂNCIAS
a formação de cloreto de zinco e o gás hidrogênio vai As ciências se comunicam por meio de códigos. A
ser liberado. Química também possui os seus códigos e, sem dúvida,
Zn (s) + 2 HCl (aq) → ZnCl2(aq) + H2 (g) os mais importantes são os símbolos dos elementos quími-
A reação é classificada como de deslocamento cos e as fórmulas das substâncias. No caso da substância
uma vez que o zinco “deslocou” o hidrogênio. água, foi verificado experimentalmente, que:
→ A água era formada pelos elementos químicos hi-
REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO OU DUPLA TROCA drogênio e oxigênio.
Na reação de dupla troca, dois reagentes formam → Em qualquer quantidade de água, os átomos de hi-
dois produtos, ou seja, duas substâncias compostas dão drogênio e oxigênio estavam combinados na pro-
origem a novas substâncias compostas. porção de 2:1, respectivamente.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:
Agora iremos relacionar as porcentagens em massa com as massas atômicas e a massa molecular:
105
GRANDEZAS QUÍMICAS
As bases para o estudo da estequiometria das rea- uma mesma substância tem sempre a mesma composi-
ções químicas foram lançadas por cientistas que con- ção qualitativa e quantitativa.
seguiram expressar matematicamente as regularidades Exemplo: No caso da água, temos:
que ocorrem nas reações químicas, através das Leis das 90 g de água fornece 10 g de Hidrogênio e 80 g de
Combinações Químicas. oxigênio.
Essas leis foram divididas em dois grupos:
- Leis ponderais: relacionam as massas dos partici-
pantes de uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos partici-
pantes de uma reação. x = 11,11% de Hidrogênio
LEIS PONDERAIS
As Leis Ponderais das Reações Químicas são um con-
junto de postulados que regem a lógica das reações
químicas, relacionando a massa dos produtos e reagen- x = 88,88% de oxigênio
tes e também fazendo menção à quantidade de maté-
ria dos mesmos. Outra consequência da lei de Proust é o cálculo es-
tequiométrico.
LEI DE LAVOISIER Hidrogênio + oxigênio → água
A Lei da Conservação das Massas ou conservação
das matérias, postulada por Lavoisier no final do século
XVIII, é uma das leis ponderais e diz o seguinte:
“Em uma reação química, a soma das massas dos
reagentes é igual à soma das massas dos produtos.”
Ou seja, a massa é sempre conservada em qualquer
reação química.
A partir disso, lembre-se da célebre frase dita por La- Para 10 g de Hidrogênio é necessário de 80 g de oxi-
voisier: gênio para que ocorra a reação, em 30g de Hidrogênio
“ Na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se precisamos de 240 g de oxigênio. Assim, a proporção,
transforma”. em massa, com que o Hidrogênio reage com o oxigênio
Deve-se ressaltar, a título de observação, que em é a mesma nas duas reações. 107
uma reação atômica (que não é reação química), a
massa dos produtos é diferente da massa dos reagentes LEI DE GAY-LUSSAC
apenas se não se considerar prótons e neutrons como O físico e químico Gay-Lussac, teve suas contribui-
produtos ou reagentes. ções na Química, e uma delas é a Lei da combinação
Exemplos: de volumes, que é também conhecida como Lei volu-
métrica, que define o seguinte princípio:
“Nas mesmas condições de temperatura e pressão,
os volumes dos gases participantes de uma reação têm
entre si uma relação de números inteiros e pequenos.”
CONDUTA DE RESOLUÇÃO
Conclusão: De acordo com os postulados de Lavoi- Conforme observado nos itens acima, na estequio-
sier, a massa total das substâncias, antes da transforma- metria, os cálculos serão estabelecidos em função da
ção química, é igual à massa total após a transforma- lei de Proust e Gay-Lussac – neste último caso para rea-
ção. ções envolvendo gases e desde que estejam todos nas
mesmas condições de pressão e temperatura.
LEI DE PROUST Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devi-
A Lei de Proust é conhecida como Lei das propor- damente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a pro-
ções constantes ou Lei das proporções definidas. Esta lei porção em mols dos elementos ou substâncias da reação.
foi postulada pelo químico francês Joseph Louis Proust Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:
(1754-1826), que realizou experimentos com substâncias C2H6O + O2 → CO2 + H2O
puras e concluiu que independentemente do processo Após balancear a equação, ficamos com:
usado para obtê-las, a composição em massa dessas
substâncias era constante.
A Lei de Proust é definida da seguinte maneira:
“As massas dos reagentes e produtos participantes
de uma reação mantêm uma proporção constante.” Após o balanceamento da equação, pode-se realizar
Através de análises de inúmeras substâncias adqui- os cálculo, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa
ridas por diferentes processos foi possível verificar que reação, combinando as relações de várias maneiras:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o
acerto, ela apresenta significado quantitativo.
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos
coeficientes da equação química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da
massa, em volume, número de moléculas, entre outros, conforme dados do problema.
Relação de Quantida- Relação entre Quantidade em Relação entre Massa e Relação Entre Massa e
de em Mols Mols e Massa Massa Volume
Os dados do proble- Os dados do problema são Os dados do problema e Os dados do problema
ma e as quantidades expressos em termos de quan- as quantidades incógni- são expressos em termos
incógnitas pedidas são tidade em mols (ou massa) e a tas pedidas são expressos de massa e a quantidade
expressos em termos quantidade incógnita é pedi- em termos de massa. incógnita é pedida em
108 de quantidade em da em massa (ou quantidade volume**
mols. em mols).
**Caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através
da equação de estado, determinar o volume correspondente.
Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não partici-
pam da reação. Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra
(substância impura).
compara a entalpia total dos reagentes com a dos pro- EQUAÇÕES TERMOQUÍMICAS
dutos. Assim, a variação na entalpia final é negativa As equações termoquímicas representam as reações
(produtos menos energéticos do que os reagentes) e ou processos que envolvem trocas de calor, cujo valor
indica que houve mais liberação de energia, na forma é mostrado na variação da entalpia (ΔH). Nessas equa-
de calor, para o meio externo que absorção – também ções aparecem os mesmos símbolos (como as fórmulas
sob forma de calor. e os estados físicos das substâncias) e números (como
índices e coeficientes) que aparecem em uma equa-
ção química normal.
S(rômbico) + 1 O2(g) → 1SO2(g) ΔH =
–70,92Kcal (a 25ºC e 1atm)
110
REAÇÕES ENDOTÉRMICAS
São as que ocorrem com absorção de calor e au-
mento da sua entalpia. Assim, a variação dessa energia
(variação de entalpia) possui sinal positivo (+ΔH) e indi- Para que A se transforme em B temos 3 caminhos:
ca que houve mais absorção de energia do meio exter- A→B
no que liberação. Ambas em forma de calor. A→C→D→B
A→E→B
CÁLCULO DO ∆H DE UMA REAÇÃO, USANDO A LEI DE da energia livre, o que por sua vez é favorecido por um
HESS valor pequeno e positivo deT∆Sº. Se a ∆Gº=0 o sistema
Podemos calcular o ∆H de uma reação trabalhando está em equilíbrio, tendência de toda reação química.
algebricamente as equações termoquímicas. Conside- Exemplo:
re as reações abaixo, a 25°C e 1 atm Calcule a variação de energia livre da formação
1) C(grafita) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,1 kcal da amônia a 25ºC e 1atm. Quando ∆Hº=-46,11KJ∙-
2) H2(g) + 1/2 O2(g) → H2O (l) ∆H = - 68,3 kcal mol-1 e ∆Sº=-99,37 J∙K-1∙mol-1, de acordo com a reação:
3) CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O (ι) ∆H = - 212,8
kcal
onde:
∆Hº= é a variação de entalpia, função de estado
que informa a variação de energia em pressão cons-
tante. À medida que aumenta a consciência sobre os im-
T= a temperatura é uma grandeza física intensiva pactos ambientais relacionados ao uso da energia,
que é influenciada ou sofre influência das variações cresce a importância de se criar políticas de incentivo
energéticas durante a movimentação das partículas. ao uso de combustíveis mais eficientes. Nesse sentido,
∆Sº= a variação de entropia é uma função de esta- considerando-se que o metano, o butano e o octano
do que informa a variação de energia em função do sejam representativos do gás natural, do gás liquefei-
estado de liberdade das partículas. to de petróleo (GLP) e da gasolina, respectivamente,
então, a partir dos dados fornecidos, é possível concluir
A energia livre é simplesmente um método de medi- que, do ponto de vista da quantidade de calor obtido
ção do trabalho máximo realizado durante um proces- por mol de CO2 gerado, a ordem crescente desses três
so. Essa função é uma das mais usadas na química e combustíveis é
na bioquímica em virtude desta acompanhar a maioria
dos processos reacionais, em virtude de a energia livre a) gasolina, GLP e gás natural.
ser capaz de predizer se uma reação é espontânea, isto b) gás natural, gasolina e GLP.
é, caso a temperatura e a pressão sejam constantes. c) gasolina, gás natural e GLP.
Para que um processo ocorra espontaneamente ∆Gº d) gás natural, GLP e gasolina.
deve ser negativa como, por exemplo, uma reação e) GLP, gás natural e gasolina.
exotérmica que apresenta um alto valor negativo de
entalpia, onde a entalpia é decisiva na determinação
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Octano
C8H18(g) + 25/2 O2(g) → 2 CO2(g) + 9 H2O(l) Observe que o Nox do ferro diminuiu de +3 para 0.
8mol de CO2 ————— 5471kJ Isso significa que ele recebeu elétrons (que possuem
1mol de CO2 ————— y carga negativa, por isso o valor diminui), ou seja, ele
y = 683,9kJ sofre uma redução. Mas, para que o ferro da hematita
ganhe elétrons e reduza é necessário que outra espécie
Então, a ordem crescente de calor produzido por mol química forneça esses elétrons para ela. No caso, a
de CO2 é: gasolina < GLP < gás natural. substância que faz isso é o monóxido de carbono (CO).
Sabemos disso, porque o Nox do carbono aumentou
de +2 para +4, isso quer dizer que ele perdeu elétrons.
ELETROQUÍMICA Portanto, visto que o CO causou a redução da hematita,
então ele é considerado o agente redutor.
Podemos seguir a mesma linha de raciocínio no
A eletroquímica é a parte da Química que estuda não caso da oxidação do CO: sua oxidação foi causada
só os fenômenos envolvidos na produção de corrente por alguma espécie, que no caso foi a hematita. Desse
elétrica a partir da transferência de elétrons em reações modo, a hematita é o agente oxidante.
de óxido-redução, mas também a utilização de corrente
112 elétrica na produção dessas reações. O seu estudo pode CÁLCULO DO NÚMERO DE OXIDAÇÃO
ser dividido em duas partes: pilhas e eletrólise. Número de oxidação é uma carga formal que pode
Pilhas: São dispositivos nos quais uma reação espon- ser tanto real quanto imaginaria. Devemos entendê-
tânea de óxido-redução produz corrente elétrica la como a carga que um átomo teria se tivesse
Eletrólise é o processo no qual uma corrente elétrica participando de uma ligação iônica.
produz uma reação de óxidoredução.
Em eletroquímica ocorrem reações de conversão de REGRAS PRÁTICAS
energia química em energia elétrica e vice-versa. Para saber qual é o Nox de um átomo dentro de
uma molécula, devemos seguir 4 regras:
1ª regra:
Todo elemento em uma substância simples tem Nox
igual a 0.
2ª regra:
OXIRREDUÇÃO O Nox de alguns elementos em substâncias
Uma reação de oxirredução é aquela em que compostas é constante.
há transferência de elétrons (oxidação e redução); Exceções importantes
com isso, uma espécie química ganha elétrons e -Nos hidretos metálicos o “hidrogênio” possui Nox
simultaneamente outra espécie química perde elétrons. igual a -1.
-Nos peróxidos o “oxigênio” possui Nox igual a -1.
OXIDAÇÃO
A oxidação ocorre quando o número de oxidação 3ª regra:
de um átomo aumenta. E para que ocorra um aumento A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em
no número de oxidação, o átomo precisa perder uma espécie química neutra é igual a 0. Esta regra
elétrons. permite realizar o cálculo do Nox de um elemento
químico que não possui Nox constante.
REDUÇÃO
A redução ocorre quando o número de oxidação 4ª regra:
diminui. Para que ocorra essa diminuição, o átomo A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em
precisa receber elétrons. um íon é igual à carga do íon.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
O Al perde 3 e– ΔNox = 3
O Cu2+ recebe 2 e– ΔNox = 2
BALANCEAMENTO DAS EQUAÇÕES QUÍMICAS POR A seguir devemos igualar o número de elétrons:
OXI-REDUÇÃO 1 átomo de Al perde 3 e– → 2 átomos de Al perdem 6 e–
Como nas reações de óxido-redução ocorre 1 íon de Cu2+ recebe 2 e– → 3 íons de Cu2+ recebem 6 e– 113
transferência de elétrons, para balanceá-las devemos Esses números de átomos correspondem aos
igualar o número de elétrons perdidos e recebidos. coeficientes dessas espécies; a partir deles determinamos
Para isso, devemos inicialmente determinar o número os coeficientes das outras espécies, obtendo a equação
de elétrons perdidos ou recebidos para cada espécie balanceada:
química, que corresponde à variação do Nox (ΔNox). 2Al(s) + Cu2+ (aq)→ 2 Al3+ (aq) + 3 Cu(s)
Com base nesse conhecimento, vamos determinar a
quantidade necessária de cada espécie para obter a PILHAS
igualdade do número de elétrons. Muitas reações de oxirredução ocorrem esponta-
neamente. Uma situação ilustrativa é a reação do me-
REGRAS PARA REALIZAR O BALANCEAMENTO DAS tal zinco – Zn (s) – com uma solução aquosa contendo
EQUAÇÕES POR OXI-REDUÇÃO cátions de cobre – Cu2+ (aq).
O balanceamento tem como fundamento que o Uma grande vantagem dessas reações de oxirredu-
total de elétrons cedidos pelo redutor seja igual ao total ção espontâneas é que podem ser utilizadas para gerar
de elétrons recebidos pelo oxidante. eletrecidade. Na pilha, os agentes oxidantes e reduto-
1º) Determinar, na equação química, os valores de res são mantidos em compartimentos separados. Cada
todos os Nox e verificar qual espécie se oxida e compartimento é chamado de semicélula eletroquími-
qual se reduz, analisando os valores dos Nox dos ca. Para que o dispositivo gere corrente elétrica, de-
elementos nos reagentes e nos produtos. vem existir dois contatos elétricos entre as células. Um
2º) Escolher entre as espécies que sofrem redução e contato é feito por um fio metálico e possibilita a circu-
oxidação uma delas para iniciar o balanceamen- lação de elétrons entre as semicélulas. O outro contato,
to. é denominado ponte salina, que permite a circulação
3º) Calcular os Δoxid e Δred . Veja abaixo: de íons entre as semicélulas.
Δoxid = número de elétrons perdidos x atomicidade do
elemento A PILHA DE DANIEL
Δred = número de elétrons recebidos x atomicidade Pilhas ou célula voltaicas são dispositivos que transfor-
do elemento mam energia química em energia elétrica por meio de um
4º) Se possível, os Δoxid e Δred devem ser simplificados. sistema apropriado e montado para aproveitar o fluxo de
5º) Para igualar os elétrons nos processos de oxida- elétrons provenientes de uma reação química de oxirre-
ção e redução: dução. A pilha de Daniell é um exemplo deste sistema.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
-Eletrodos com potenciais de redução negativos sofrem redução mais difícil que o eletrodo de hidrogênio.
Com base na tabela a seguir, que mostra a tendência que cada eletrodo tem de sofrer oxidação e redução,
podemos dizer que:
-eletrodo com E0red maior → sofre redução
-eletrodo com E0red menor →sofre oxidação
115
Para confirmar se uma reação de oxi-red ocorre ou não espontaneamente, é necessário observar os potenciais
de redução de cada semi-reação.
Zn2+ +2e- ↔ Zn0 E0red=-0,76V
Cu2+ 2e- ↔Cu2+ E0red=+0,34V
Esses valores de E0red mostram que o Cu2+ reduz mais facilmente que o Zn2+, pois tem maior E0red. Já o Zn2+ oxida
melhor que o Cu2+, uma vez que possui menor E0red, e assim apresenta maior E0oxi.
Os processos espontâneos serão: Os íons negativos são atraídos pelo polo positivo (+)
Ni0 →Ni2+ + 2e- (oxidação) ; Maior E0 (ânodo), onde irão perder elétrons (oxidação). Os elé-
Ag0→ Ag+ +e- (redução) ; Menor E0 trons cedidos ao polo (+) migram através do circuito ex-
terno até o polo (-) (cátodo). Lá, estes serão “ganhos”
Para que a reação se torne espontânea é necessário pelos íons positivos (redução).
inverter a semi-reação da prata e multiplica-la por dois:
Ni0 → Ni2+ + 2e- (mantida)
2Ag+ + 2e- → 2Ah0 (reação invertida)
Ni0 + 2Ag+ → Ni2+ + 2Ag0 (processo espontâneo)
Calculo do ΔE:
ΔE= E0maior- E0menor
ΔE= (+0,23) – (-0,80)= 1,03V SE LIGA!
OBS: Embora a semi-reação da prata tenha sido mul- Para que ocorra a eletrólise é necessária a
tiplicada por dois, o valor não se alterou. presença de íons livres.
ELETRÓLISE
É um processo não espontâneo, em que a passagem #FicaDica
de uma corrente elétrica através de um sistema líquido,
no qual existam íons, produz reações químicas. A eletrólise é basicamente o inverso da reação
As eletrólises são realizadas em cubas eletrolíticas, nas de uma pilha. Assim, para que ocorra uma
quais a corrente elétrica é produzida por um gerador (pilha). hidrólise, é necessário que o gerador forneça
Nesse sistema, os eletrodos são geralmente inertes, uma ddp superior à reação da pilha. Se isso não
formados por platina ou grafita (carvão). ocorrer, não temos a ocorrência da eletrólise.
As substâncias que serão submetidas à eletrólise po-
dem estar liquefeitas (fundidas) ou em solução aquosa.
A seguir, vamos estudar essas duas possibilidades. ELETRÓLISE ÍGNEA
Esse tipo de eletrólise ocorre quando a passagem de
corrente elétrica se dá em uma substância iônica lique-
feita, isto é, fundida. Esse tipo de reação é muito utili-
116 zado na indústria, principalmente para a produção de
metais. Veja o exemplo de eletrólise do NaCl (cloreto de
sódio – sal de cozinha), com produção do sódio metáli-
co e do gás cloro:
Semirreação no cátodo: Na+ + e- → Na . (2)
Semirreação no ânodo: 2 Cl- → Cl2 + 2e-
Reação global: 2 Na+ + 2 Cl- → 2 Na + Cl2
ELETRÓLISE AQUOSA
Na eletrólise aquosa participam os íons da substân-
Importante: No processo de eletrólise, os elétrons cia dissolvida (soluto) e da água. Na eletrólise do cloreto
emergem da pilha (gerador) pelo ânodo (–) e entram de sódio em meio aquoso são produzidos a soda cáusti-
na célula eletrolítica pelo cátodo (–) no qual produzem ca (NaOH), o gás hidrogênio (H2) e o gás cloro (Cl2).
redução. Na célula eletrolítica, os elétrons emergem Dissociação do NaCl: 2NaCl- → 2Na+ + 2Cl-
pelo ânodo (+ ), no qual ocorre oxidação, e chegam à Autoionização da água: 2H2O → 2 H+ + 2OH-
pilha pelo seu cátodo (+). Semirreação no cátodo: 2H+ + 2e- → H2
Semirreação no ânodo: 2Cl- → Cl2 + 2e-
ESQUEMA DA ELETRÓLISE Reação global: 2 NaCl- + 2H2O → 2 Na++ 2OH- + H2
+ Cl2
TEMPERATURA
Um aumento na temperatura provoca um aumento
EXERCÍCIO COMENTADO na velocidade das reações químicas, sejam elas endo-
térmicas ou exotérmicas, pois isso faz com que se atinja
1. (ENEM 2009) Para que apresente condutividade elétri- mais rápido o complexo ativado;
ca adequada a muitas aplicações, o cobre bruto obti-
do por métodos térmicos é purificado eletroliticamente. CONCENTRAÇÃO
Nesse processo, o cobre bruto impuro constitui o ânodo Um aumento na concentração dos reagentes acele-
da célula, que está imerso em uma solução de CuSO4. ra a reação, pois haverá um maior número de partículas
À medida que o cobre impuro é oxidado no ânodo, íons dos reagentes por unidade de volume, aumentando a
Cu2+ da solução são depositados na forma pura no probabilidade de ocorrerem colisões efetivas entre elas;
cátodo. Quanto às impurezas metálicas, algumas são
oxidadas, passando à solução, enquanto outras simples-
mente se desprendem do ânodo e se sedimentam abai-
xo dele. As impurezas sedimentadas são posteriormente
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
PRESSÃO Assim:
Esse fator interfere unicamente em sistemas gasosos. v1=v2 → [A], [B], [C] ,[D] → Equilíbrio químico
O aumento da pressão aumenta também a rapidez da
reação, pois deixa as partículas dos reagentes em maior
contato;
SUPERFÍCIE DE CONTATO
Quanto maior a superfície de contato, maior a velo-
cidade com que a reação se processa, pois a reação
depende do contato entre as substâncias reagentes;
CATALISADOR
O uso de catalisadores específicos para determina-
das reações pode acelerá-las. Essas substâncias não Um exemplo de processo reversível é o que ocorre
participam da reação em si, pois são totalmente rege- com a água líquida contida num frasco fechado. Nesse
neradas ao final dela. sistema, temos moléculas de água passando continua-
mente do estado líquido para o de vapor e do de vapor
para o líquido.
EQUILÍBRIO QUÍMICO
SE LIGA!
aA + bB cC + dD Princípio de Le Chatelier:
temos: “Quando se aplica uma força em um sistema
Para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b em equilíbrio, ele tende a se reajustar no
sentido de diminuir os efeitos dessa força”.
-Para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d
No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d Os fatores que podem modificar a condição de 119
equilíbrio de um sistema são: concentração, pressão e
temperatura.
O Princípio de Le Chatelier é fácil de ser entendido
quando se considera que a constante de equilíbrio de-
pende somente da temperatura.
Agora vamos analisar cada um dos fatores que po-
A relação é constante e denomia-se constante dem afetar o equilíbrio.
de equilíbrio em termos de concentração molar (Kc):
CONCENTRAÇÃO
Considere o seguinte equilíbrio:
C(s) + CO2(g) 2 CO(g)
PRESSÃO
Ao aumentar a pressão sobre um equilíbrio gasoso,
à temperatura constante, ele se desloca no sentido da
reação capaz de diminuir esse aumento da pressão e vi-
ce-versa. Para averiguar os efeitos da variação de pres- Kc diminui
são em um equilíbrio, vamos avaliar o equilíbrio seguinte,
a uma temperatura constante:
CONCENTRAÇÃO DO EQUILÍBRIO
Um aumento na concentração de qualquer substân-
cia (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no sen-
Exemplo: tido de consumir a substância adicionada. O aumento
Aumento de Pressão: desloca o equilíbrio para a di- na concentração provoca aumento na velocidade, fa-
reita (menor volume). zendo com que a reação ocorra em maior escala no
Diminuição de Pressão: desloca o equilíbrio para a sentido direto ou inverso.
120 esquerda (maior volume). Diminuindo a concentração de qualquer substância
(reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no sen-
TEMPERATURA tido de refazer a substância retirada. A diminuição na
A temperatura, além de provocar deslocamento do concentração provoca uma queda na velocidade da
equilíbrio, é o único fator responsável por alterações na reação direta ou inversa, fazendo com que a reação
constante de equilíbrio (Kc). ocorra em menor escala nesse sentido.
Num sistema em equilíbrio, sempre temos duas rea- Exemplos:
ções: a endotérmica, que absorve calor, e a exotérmi-
ca, que libera calor.
Quando aumentamos a temperatura, favorecemos 1o) 2 CO(g) + O2(g) 2 CO(g)
a reação que absorve calor (endotérmica). Por outro O aumento na concentração de CO ou O2 provo-
lado, quando há diminuição da temperatura, favorece- ca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto,
mos a reação que libera calor (exotérmica). o equilíbrio desloca-se para a direita. A diminuição na
Exemplo: concentração de CO ou O2 provoca queda em v1, fa-
zendo com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se
para a esquerda.
C(s) + CO2(g) 2 CO(g)
RETAS OU NORMAIS
Esse tipo de cadeia ocorre quando só existem carbo-
nos primários e secundários na cadeia. Estando em uma
única sequência, possuem apenas duas extremidades.
Exemplo:
Exemplos:
CADEIA SATURADA
Essa classificação é utilizada para as cadeias que
possuem somente ligações simples entre os carbonos.
Exemplos:
122
CADEIA MISTA
Possui pelo menos um ciclo (anel) e uma extremidade. NATUREZA DOS ÁTOMOS DAS CADEIAS CARBÔNICAS
Exemplos: Quanto à natureza dos átomos que as constituem,
as cadeias carbônicas dividem-se em homogêneas e
heterogêneas.
CADEIA HOMOGÊNEA
Esse tipo de cadeia não possui nenhum heteroátomo
entre os carbonos, ou seja, essas cadeias são constituí-
das somente por carbonos.
Quanto à disposição dos átomos de carbono, as
cabeias abertas podem ser classificadas como retas ou
normais e ramificadas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
AROMÁTICAS
São consideradas cadeias aromáticas aquelas que
possuem em sua estrutura pelo menos um núcleo ben-
zênico, também denominado anel aromático (C6H6).
Resumo 123
Exemplos:
FUNÇÕES ORGÂNICAS
Devido ao elevado número de compostos orgânicos que existem, foi necessário agrupá-los em funções orgânicas.
As substâncias foram classificadas de acordo com suas propriedades semelhantes e composição para melhorar
o estudo destes compostos, assim como os compostos inorgânicos.
As principais funções orgânicas e sua nomenclatura são listadas a seguir:
124 Exemplo:
Prop + en + o = Propeno
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
FUNÇÕES OXIGENADAS
125
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
e) as substâncias puras são homogêneas, apresentam c) sódio é o elemento mais eletronegativo do 3º período.
composição química constante e propriedades físicas d) mercúrio é um ametal líquido à temperatura ambiente.
peculiares. e) potássio tem maior raio atômico que o Br.
5. (PUC - RS/1-2002) O átomo, na visão de Thomson, é 11. (PUC-Campinas-2005) O mármore branco é constitu-
constituído de ído principalmente pelo mineral calcita, CaCO3. Nesse
mineral, as ligações químicas são
a) níveis e subníveis de energia.
b) cargas positivas e negativas. a) iônicas entre Ca2+ e CO3-2 e covalentes nos íons CO3-2
c) núcleo e eletrosfera. b) iônicas entre Ca2+ e CO3-2 e metálicas nos íons Ca2+.
d) grandes espaços vazios. c) iônicas entre todos os átomos.
e) orbitais. d) covalentes entre todos os átomos.
e) metálicas entre todos os átomos.
6. (PUC-MG) Considerando os elementos da coluna VA,
na ordem crescente de números atômicos, é CORRETO 12. (UNIFESP-2006) A geometria molecular e a polari-
afirmar que: dade das moléculas são conceitos importantes para
predizer o tipo de força de interação entre elas. Dentre
a) o ponto de fusão aumenta. os compostos moleculares nitrogênio, dióxido de enxo-
b) o caráter metálico diminui. fre, amônia, sulfeto de hidrogênio e água, aqueles que
c) a eletronegatividade aumenta. apresentam o menor e o maior ponto de ebulição são,
d) o raio atômico diminui. respectivamente,
e) o potencial de ionização aumenta.
a)SO2 e H2S.
b) N2 e H2O.
7. (Cesgranrio-RJ-adapatado/2015) Na Tabela Periódi-
c) NH3 e H2O.
ca, os elementos estão organizados em ordem crescen-
d)N2 e H2S.
te de:
e) SO2 e NH3.
a) Número de massa
13. (UFLA-2001) O sal de cozinha (NaCl), o ácido clorí-
b) Massa atômica
drico (HCl) e a glicose (C6H12O6) apresentam em suas
c) Número atômico
estruturas, respectivamente, ligações do tipo
128 d) Raio atômico
e) Eletronegatividade
a) iônica, iônica e iônica.
b) covalente, covalente e covalente.
8. (UFPA) Um átomo, cujo número atômico é 18, está c) metálica, covalente e covalente.
classificado na Tabela Periódica como: d) iônica, covalente e covalente.
e) iônica, metálica e covalente.
a) metal alcalino
b) metal alcalinoterroso 14. (PUC-PR) Muitos produtos químicos estão presentes
c) metal terroso no nosso cotidiano, como por exemplo, o leite de mag-
d) ametal nésio, vinagre, calcáreo e a soda cáustica.
e) gás nobre Estas substâncias citadas pertencem, respectivamente,
às funções químicas:
9. (PUC - RS/2-2001) Os metais alcalinos-terrosos, à tem-
peratura e pressão ambiente, são sólidos prateados, de a) ácido, base, base e sal.
baixa dureza, e reagem facilmente com a água e o oxi- b) sal, ácido, sal e base.
gênio do ar. À medida que aumenta o número atômico c) ácido, base, sal e base.
desses metais, d) base, sal, ácido e base.
e) base, ácido, sal e base.
a) aumenta a energia de ionização.
b) diminui o número de oxidação. 15. (UFSE – adaptado) A respeito das funções inorgâni-
c) diminui o caráter metálico. cas é correto afirmar:
d) aumenta a afinidade eletrônica.
e) diminui a eletronegatividade. a) Cal viva é um óxido que possui propriedades básicas.
b) Metano, CH4, constituinte do gás natural, pode ser
10. (PUC-RS/1-2001) Com relação à classificação perió- considerado um ácido de Arrhenius.
dica dos elementos, pode-se afirmar que o c) No vinagre, o ácido acético está totalmente ioniza-
do.
a) hidrogênio é um metal alcalino localizado na 1ª coluna. d) Sulfato de amônio é um sal, fertilizante. A amônia é
b) nitrogênio é o elemento mais eletropositivo da 15ª co- uma das matérias-primas necessárias a sua produção.
luna. e) Ácido nítrico é utilizado na produção de explosivos.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
26. (UFMG-2002) Ao se sair molhado em local aberto, 30. (UFC-CE) As reações químicas metabólicas são for-
mesmo em dias quentes, sente-se uma sensação de frio. temente dependentes da temperatura do meio. Como
Esse fenômeno está relacionado com a evaporação da consequência, os animais de sangue frio possuem me-
água que, no caso, está em contato com o corpo hu- tabolismo retardado, fazendo com que os mesmos se
mano. Essa sensação de frio explica-se CORRETAMENTE movimentem muito mais lentamente em climas frios. Isso
pelo fato de que a evaporação da água os torna mais expostos aos predadores em regiões tem-
peradas do que em regiões tropicais.
a) é um processo endotérmico e cede calor ao corpo. Assinale a alternativa que justifica corretamente esse fe-
b) é um processo endotérmico e retira calor do corpo. nômeno.
c) é um processo exotérmico e cede calor ao corpo.
d) é um processo exotérmico e retira calor do corpo. a) Um aumento na temperatura aumenta a energia
de ativação das reações metabólicas, aumentando
27. (Unifor-CE) Considere algumas transformações que suas velocidades.
ocorrem no ambiente: b) Um aumento na temperatura aumenta a energia ci-
I. Formação de dióxido de enxofre: S(s) + O2 (g)→ SO2(g) nética média das moléculas reagentes, aumentando
II. Interação da “chuva ácida” com mármore: 2H+ (aq) + as velocidades das reações metabólicas.
CaCO3(s)→ CO2(g) + H2O(l) + Ca2+(aq) c) Em temperaturas elevadas, as moléculas se movem
III. Interação do monóxido de nitrogênio com ozônio (na mais lentamente, aumentando a frequência dos cho-
estratosfera): ques e a velocidade das reações metabólicas.
NO(g) + O3(g) → NO2(g) + O2(g) d) Em baixas temperaturas, ocorre o aumento da ener-
Dos processos descritos, reconhece-se interação que gia de ativação das reações metabólicas, aumen-
envolve oxirredução em: tando suas velocidades.
e) A frequência de choques entre as moléculas rea-
a) I, somente gentes não depende da temperatura do meio, e a
b) II, somente velocidade da reação não depende da energia de
c) III, somente ativação.
d) I e III, somente
e) I, II e III 31. (UFMG-2007) O paracetamol, empregado na fabri-
cação de antitérmicos e analgésicos, tem esta estrutu-
28. (Fuvest) Numa pilha do tipo comumente encontrado ra:
130 nos supermercados, o pólo negativo é constituído pelo
revestimento externo de zinco. A semi-reação que per-
mite ao zinco funcionar como pólo negativo é:
a) Zn+ + e- → Zn
b) Zn2+ + 2e- → Zn
c) Zn → Zn+ + e-
d) Zn → Zn2+ + 2e-
e) Zn2+ + Zn → 2Zn+
a) 5, 2 e 2. 131
b) 3, 2 e 2.
c) 3, 3 e 2.
d) 2, 3 e 4.
e) 5, 1 e 3.
Sua cadeia carbônica deve ser classificada como:
ANOTAÇÕES
GABARITO
1 B __________________________________________________
2 D ___________________________________________________
3 B ___________________________________________________
4 E
___________________________________________________
5 B
6 A ___________________________________________________
7 C ___________________________________________________
8 E
___________________________________________________
9 E
___________________________________________________
10 E
11 A ___________________________________________________
12 B ___________________________________________________
13 D
___________________________________________________
14 E
15 E ___________________________________________________
16 B ___________________________________________________
17 B ___________________________________________________
18 D
___________________________________________________
19 C
132 20 C ___________________________________________________
21 B ___________________________________________________
22 D
___________________________________________________
23 C
___________________________________________________
24 C
25 B ___________________________________________________
26 B ___________________________________________________
27 C
___________________________________________________
28 D
29 A ___________________________________________________
30 B ___________________________________________________
31 A ___________________________________________________
32 E
___________________________________________________
33 D
34 C ___________________________________________________
35 C ___________________________________________________
36 A
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
- Organelas: existem as mais diversas no citoplasma das células eucarióticas, cada uma desempenhando fun-
ções específicas. São as principais:
- Ribossomos: produção (síntese) de proteínas;
- Retículo Endoplasmático Granular: transporte de substâncias;
- Retículo Endoplasmático Liso: síntese de lipídios;
- Complexo Golgiense: armazenamento e secreção de substâncias;
- Lisossomos: digestão celular;
- Mitocôndria: respiração celular.
FIQUE ATENTO!
Existem organelas exclusivas das células animais e outras, exclusivas das células vegetais!
Compare os dois tipos de células, representadas abaixo:
134 Como pudemos observar, ambas as células apresentam mitocôndrias. Entretanto, apenas a célula vegetal
apresenta cloroplastos. Isso se deve às diferentes formas de obtenção de energia, conforme veremos mais adiante.
2.3 Núcleo
É responsável pelo controle das atividades celulares e onde está armazenado o material genético. Também
coordena o processo de divisão celular. Nos organismos eucariontes é envolto por uma membrana, a carioteca, e
apresenta o nucléolo – ambas as estruturas ausentes nos procariontes, que não possuem núcleo organizado, estan-
do o material genético disperso no citoplasma.
DIVISÃO CELULAR
A capacidade de reprodução é uma das principais características que distinguem os seres vivos da matéria
inanimada e depende, fundamentalmente, da divisão celular.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Nos organismos autótrofos (do grego auto, próprio e trophos, alimento), a fotossíntese (do grego photo, luz) resul-
ta da transformação da energia da luz solar, na forma de ondas eletromagnéticas, em energia química, na forma
das ligações químicas de compostos orgânicos.
A quimiossíntese, por sua vez, gera esses compostos sem utilização da luz solar, mas oxidando moléculas inorgâ-
nicas presentes na natureza.
Já nos organismos heterótrofos (do grego hetero, diferente), os processos de fermentação e respiração trans-
formam a glicose disponibilizada por seres autotróficos em outros compostos, dos quais consigam utilizar a energia
diretamente.
A respiração consiste no processo de síntese de ATP (Adenosina Trifosfato) – “moeda” energética celular, que
envolve uma cadeia respiratória. Pode ocorrer na presença de oxigênio, sendo aeróbia, ou na ausência de oxigê-
nio, sendo anaeróbia.
A respiração aeróbia tem um maior rendimento, mas necessita de um aceptor de elétrons, o oxigênio. A respira-
ção anaeróbia ou fermentação, por sua vez, gera uma quantidade menor de ATP, mas ocorre mesmo na ausência
de um aceptor de elétrons e de forma mais rápida e simplificada. Esse processo também é importante por possibi-
litar que microrganismos reciclem a matéria orgânica, quebrando suas ligações, utilizando sua energia e liberando
compostos inorgânicos para o ambiente.
1. Fotossíntese
Em plantas superiores (gimnospermas e angiospermas) a folha é o órgão fotossintetizador mais ativo, pois seus
tecidos são constituídos por células com um maior número de cloroplastos – organelas citoplasmáticas contendo
pigmentos fotossintéticos, principalmente a clorofila, que ficam imersos na membrana dos tilacóides, formando o
complexo-antena, responsáveis por captar a energia luminosa.
A fotossíntese consiste na oxidação da água e na redução do CO2 (gás carbônico ou dióxido de carbono) para
formar compostos orgânicos, como os carboidratos. O processo da fotossíntese pode ser expresso pela seguinte
equação:
2. Quimiossíntese
Trata-se de um processo autotrófico de síntese de compostos orgânicos que ocorre na ausência de luz solar
(portanto sem a utilização de pigmentos), realizado por algumas bactérias.
A energia química é obtida a partir da oxidação de compostos inorgânicos. Quando liberada, esta energia
química é empregada na produção de compostos orgânicos e O2, a partir da reação entre CO2 e água molecular
(H2O), conforme podemos observar no esquema abaixo:
3. Respiração aeróbia
Aeróbio é um termo proveniente da palavra francesa aérobie, utilizada pelo grande cientista Louis Pasteur du-
rante suas pesquisas em Microbiologia. Esta, por sua vez, tem origem no grego − aero, ar, e bio, vida. A respiração
aeróbia, portanto, é realizada na presença de oxigênio, por representantes de todos os Reinos dos seres vivos.
Existem 3 etapas interligadas nesse tipo de respiração:
1) Glicólise, que não depende de O2 – em procariontes ocorre no citoplasma celular, e em eucariontes no cito-
sol;
2) Ciclo de Krebs, que depende de O2 – em procariontes ocorre no citoplasma celular, e em eucariontes no
interior das mitocôndrias;
3) Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa – em procariontes ocorrem na face interna da membrana plas-
mática e em eucariontes ocorrem no interior das mitocôndrias.
3.1 Glicólise
O ponto de partida da respiração celular é a glicólise. Em eucariontes, a glicólise (quebra da molécula de gli-
cose em 2 ácidos pirúvicos/piruvatos) acontece no citossol, em várias etapas comandadas por diferentes enzimas.
São elas:
1. ativação: a molécula de glicose recebe 1 fosfato (ATP -> ADP) e vira glicose-6-fosfato;
2. mudança conformacional: frutose-6-fosfato (fórmula idêntica à glicose);
3. recebimento de novo fosfato: frutose-1,6-difosfato (ATP -> ADP);
4. fragmentação: formação de 2 compostos de 3 carbonos (gliceraldeído-3-fosfato);
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
2.1 Duplicação
Durante a divisão celular mitótica, uma célula-mãe origina duas células-filha, contendo o mesmo material genético.
Isso é possível pois a replicação do DNA é semiconservativa, sendo que uma das moléculas recém-formadas conserva
uma cadeia de filamentos de polinucleotídios precedente da molécula-mãe e produz uma nova, complementar àquela
que lhe serviu de molde. Para que isso ocorra, são rompidas as pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas com-
plementares, separando-se os dois filamentos de DNA a partir da ação da enzima DNA-polimerase.
139
2.3 Tradução
Cada sequência de 3 bases ao longo da fita de DNA (agora na versão simplificada, RNA) é denominada códon,
um código químico característico para cada um dos 20 aminoácidos que compõem as proteínas.
O código contendo a instrução para a síntese proteica é traduzido pelo RNA transportador (tRNA) em uma se-
quência específica de aminoácidos.
Em sua estrutura, os ribossomos são constituídos por moléculas de RNA ribossômico (rRNA), responsável por cata-
lisar o processo de tradução e adicionar um a um os aminoácidos à proteína que está sendo produzida.
BIOTECNOLOGIA
Embora muitas vezes possa parecer se tratar de descobertas recentes com o que há de mais moderno em
tecnologia, os produtos biotecnológicos estão há muito tempo presentes em nossas vidas. Podemos citá-los sendo
utilizados na fabricação de alimentos, fármacos e outros produtos do cotidiano há muito tempo.
A Biotecnologia (bio, em grego = vida) é simplesmente a utilização de moléculas (como o DNA) ou os próprios
organismos vivos e os processos químicos naturais que estes desenvolvem na produção de itens úteis para.o ser
140 humano.
Os primeiros produtos biotecnológicos foram decobertos ao acaso, sem a compreensão dos processos bioló-
gicos envolvidos, apenas com a percepção dos resultados. Leveduras (fungos unicelulares), por exemplo, já são
utilizadas desde 6.000 A.C. na produção de vinhos, pães e queijos.
Com a descoberta da lei da hereditariedade e a natureza química do material genético surgiu a biotecnologia
moderna, que por meio de métodos de desenvolvimento da biologia molecular permitiram a manipulação do ma-
terial genético, buscando os caracteres almejados e retirando os indesejados – o chamado melhoramento gené-
tico. Um dos objetivos primordiais da biotecnologia é, portanto, estabelecer técnicas que possam gerar resultados
previsíveis e de forma controlada.
1. DNA recombinante
Essa técnica da engenharia genética envolve o transporte de genes de sua localização normal em um organis-
mo para outro, ou retornando ao organismo original após manipulação. Desta forma, os cientistas podem retirar
genes importantes de plantas e animais e transferir para microrganismos que são fáceis de serem cultivados em
grandes quantidades. Assim, produtos que estão disponíveis apenas em pequenas quantidades nos organismos de
origem (plantas ou animais) podem ser obtidos em grandes quantidades a partir de microrganismos que se repro-
duzem rapidamente. Um exemplo são bactérias manipuladas geneticamente para produzir insulina humana para
tratar a diabetes. Um segundo benefício está relacionado com a transferência de características de uma planta,
animal ou microrganismo para uma outra espécie não relacionada.
Para tanto, os cientistas utilizam técnicas bioquímicas envolvendo enzimas especiais para quebrar a fita de DNA em
pontos específicos, inserir novos fragmentos e ligar as fitas novamente. O resultado, conhecido como DNA recombinan-
te, é o DNA que incorpora fragmentos extras contendo genes que ele não continha. A inserção de genes em diferentes
organismos é facilitada pela existência de plasmídeos bacterianos – pequenos DNAs circulares bem menores que o
DNA bacteriano capazes de se replicarem de forma autônoma na célula. Alguns destes plasmídeos podem passar
facilmente de uma célula para outra, até mesmo quando estas células estão distantes na escala evolutiva.
Embora o código genético seja basicamente o mesmo em todos os organismos, existem detalhes no controle
da expressão gênica que diferem de uma espécie para a outra. Um gene bacteriano não funcionará corretamen-
te se colocado em uma planta ou animal se não possuir uma região controladora destes últimos. Um transgene é
um gene a ser introduzido com uma sequência controladora. Todos os genes são controlados por segmentos de
DNA chamados sequências promotoras. Na construção de um transgene o promotor original é substituído por um
promotor da espécie que receberá o transgene.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
5. Aspectos éticos
Com os avanços nas diversas áreas da Biotecnolo-
gia surgiu a necessidade de regulamentação – através
da Comissão Mundial sobre Ética da Ciência e da Tec-
nologia da Unesco (Comest) e da Lei de Biossegurança
no Brasil. Dessa forma são analisados os possíveis riscos
destas tecnologias, pois não há controle pleno da forma
que os transgenes se expressam no organismo em que
foram inseridos. Há ainda que se considerar o desconhe-
cimento acerca dos impactos ambientais produzidos
pelos organismos geneticamente modificados.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
4. (ENEM 2005) Um fabricante afirma que um produto tes, capazes de se cruzar em condições naturais, produ-
disponível comercialmente possui DNA vegetal, elemen- zindo descendentes férteis.
to que proporcionaria melhor hidratação dos cabelos.
Sobre as características químicas dessa molécula essen- Populações: Conjunto de seres da mesma espécie
cial à vida, é correto afirmar que o DNA que habitam determinada região em um determinado
período.
a) de qualquer espécie serviria, já que têm a mesma
composição. Comunidades (biocenose): Conjunto de populações
b) de origem vegetal é diferente quimicamente dos de- de diversas espécies que habitam uma mesma região
mais, pois possui clorofila. em um determinado período.
c) das bactérias poderia causar mutações no couro ca-
beludo. Ecossistemas: Conjunto formado pelos fatores abióti-
d) dos animais encontra-se sempre enovelado e é de cos (ambiente físico) e bióticos (seres vivos). São exem-
difícil absorção. plos de ecossistemas: uma floresta, uma lagoa, uma
e) de características básicas assegura sua eficiência hi- campina, uma poça d´ água, um aquário, a massa de
dratante. agua superficial do mar, entre outros.
Os ecossistemas estão em constante equilíbrio. As-
Resposta: Letra A. sim, por exemplo, um ecossistema consome certa quan-
O DNA está presente em todos os seres vivos e em to- tidade de gás carbônico e água, enquanto produz um
dos é formado por sequências nucleotídicas compos- determinado valor de oxigênio e alimento. Qualquer
tas por fosfato, desoxirriboses e quatro tipos de bases mudança na entrada ou saída desses elementos dese-
nitrogenadas: adenina, timina, guanina e citosina. quilibra o ecossistema, alterando a produção e o consu-
mo dos recursos essenciais à sua sobrevivência.
Cada espécie tem o seu papel no funcionamento
ECOLOGIA do ecossistema a que pertence. Como vimos no início,
quase todos vegetal que se reproduz por meio de flores
(angiosperma) necessita de alguma espécie de inseto
Ecologia (do grego oikos, casa e logos, estudo) é para promover a polinização (transporte dos grãos de
o ramo da biologia que estuda as as interações entre pólen, que são os gametas masculinos, de uma flor para
os seres vivos e o meio onde vivem, envolvendo a de- outra). O extermínio de tal inseto provocará consequen-
pendência da água, do solo e do ar. Dessa forma, as temente a extinção do vegetal polinizado por este. 143
relações vão além do comportamento individual e a in-
fluência causada pelos fatores ambientais (temperatu- Biosfera: Conjunto de todos os ecossistemas da Terra.
ra, umidade, pressão). Mas se estendem à organização Ainda não temos conhecimento da existência de
das espécies em populações, comunidades, formando outro lugar no Universo, além do nosso planeta, onde
um ecossistema e toda a biosfera. aconteça o fenômeno a que chamamos de vida. A vida
A ecologia é um assunto diário na empresa, no rá- na Terra só é possível graças a sua posição em relação
dio e televisão, constituindo um dos temas mais comen- ao Sol, absorvendo uma quantidade de energia solar
tados na atualidade. Em virtude dos grandes desastres que permite a existência da água em estado líquido, e
ecológicos que se sucedem, tal ciência passa a ad- não apenas em estado sólido (gelo) ou gasoso (vapor).
quirir grande importância de forma a evitar que outros A presença de água possibilita a vida das plantas e
mais ocorram . O homem é o ser vivo que mais agride permite também, indiretamente, a sobrevivência de to-
o ambiente. Até certo tempo atrás, o homem acredita- dos os outros seres vivos a elas relacionados na busca
va que podia interferir à vontade. Aos poucos, porém, por alimento.
percebeu que os subprodutos de sua indústria, ao des- Podemos dizer, portanto, que o Sol é a fonte de ener-
truírem vegetais, diminuíam a quantidade de alimento gia para todo ser vivo.
dos ecossistemas e baixavam a produção de oxigênio. A superfície da Terra pode ser dividida assim:
E que, por exemplo, matando indiscriminadamente inse- - Litosfera (crosta terrestre) – parte sólida formada a
tos através de pesticidas, impedia a polinização e repro- partir das rochas;
dução de plantas, provocando a morte das aves que se - Hidrosfera – conjunto total de água do planeta
alimentavam daquelas plantas. A morte das aves trazia, (seus rios, lagos e oceanos);
por sua vez, novas alterações ao ecossistema atacado – - Atmosfera – a camada de ar que envolve o pla-
esse é apenas um exemplo dentre incontáveis impactos neta;
ambientais causados pelas ações humanas. - Biosfera – as regiões habitadas do planeta.
A biosfera inclui, portanto, todos os ecossistemas que
CONCEITOS FUNDAMENTAIS estão presentes desde as altas montanhas (até 10.000
m de altura) até o fundo do mar (até cerca de 10.000
1. Níveis de organização biológica m de profundidade). Nesse diferentes locais, as condi-
Espécie (organismo): Unidade fundamental da eco- ções ambientais também variam. Assim, a seleção na-
logia, consiste em um conjunto de indivíduos semelhan- tural atua de modo diversificado sobre os seres vivos em
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
cada região. Sob grandes profundidades no mar, por reações nos animais e até nos seres humanos que ali
exemplo, só sobrevivem seres adaptados à grande pres- habitam – são os chamados controles biológicos. Por
são que a água exerce sobre eles e a baixa (ou ausen- exemplo, a utilização de joaninhas que se alimentam
te) luminosidade. Já nas grandes altitudes montanhosas, naturalmente de pulgões para eliminá-los de uma plan-
sobrevivem seres adaptados a baixas temperaturas e tação.
ao ar rarefeito. Na biosfera, portanto, o ar, a água, o
solo e a luz são fatores abióticos diretamente relaciona- 2. Teia alimentar
dos à vida. Reunião das diversas cadeias alimentares existentes
nos ecossistemas. Em uma teia alimentar, a posição de
alguns consumidores pode variar de acordo com a ca-
2. Habitat e Nicho Ecológico
deia alimentar da qual participam – é o caso dos orga-
Costuma-se dizer que habitat corresponde ao “ende-
nismos onívoros, que podem se alimentar tanto de plan-
reço” de uma espécie - o lugar específico onde aquele
tas quanto de animais.
organismo vive; enquanto o nicho ecológico representa
3. Pirâmides ecológicas
sua “profissão” – o papel que exerce no ecossistema.
Pirâmides ecológicas representam, graficamente, a
Então, se pretendemos encontrar uma espécie, não
estrutura trófica de um ecossistema. Para tal, cada re-
basta saber-lhe o hábitat: apenas conhecendo o seu
tângulo representa, de forma proporcional, o parâme-
nicho temos condições de dizer como, onde e à custo
tro a ser analisado.
de quem se alimenta, para quem serve de alimento e
como se reproduz. As pirâmides ecológicas podem ser de três tipos prin-
Quando dizemos que a abelha pode ser encontrada cipais:
na flor de maracujá, estamos nos referindo ao seu hábi- 1) Pirâmides de número
tat. Se, ao contrário, citarmos seus hábitos, alimentação 2) Pirâmides de biomassa
e reprodução, salientamos o seu nicho ecológico. 3) Pirâmides de energia.
1.6. Deserto
Os desertos apresentam localização muito variada e
se caracterizam por apresentar vegetação muito espar-
sa e rara. O solo é muito árido e a pluviosidade baixa e
irregular, abaixo de 250 mm de água anuais. Durante o
dia a temperatura é alta, mas à noite ocorre perda rápi-
da de calor, que se irradia para a atmosfera e a tempe-
ratura torna-se excessivamente baixa.
As plantas que se adaptam ao deserto geralmente
apresentam um ciclo de vida curto. Durante o período
favorável (chuvoso) germinam as sementes, crescem,
florescem, frutificam, dispersam as sementes e morrem.
As plantas perenes como os cactos apresentam siste-
mas radiculares superficiais que cobrem grandes áreas.
Estas raízes estão adaptadas para absorver as águas 2.1 Floresta Amazônica
das chuvas passageiras. O armazenamento de água Corresponde à mata fechada com árvores de gran-
é muito grande (parênquimas aquíferos). As folhas são de, médio e pequeno porte, a densidade da vegeta-
transformadas em espinhos e o caule passa a realizar ção sendo proveniente do clima quente e úmido que
fotossíntese. No hemisfério norte é muito comum encon- favorece o desenvolvimento da biodiversidade. Na Flo-
trar-se, nos desertos, arbustos distribuídos uniformemen- resta Amazônica prevalece o relevo plano, clima com
te, como se tivessem sido plantados em espaços regula- elevadas temperaturas com baixa amplitude térmica
res. Este fato explica-se como um caso de amensalismo, e chuvas frequentes bem distribuídas durante todos os
isto é, os vegetais produzem substâncias que eliminam meses do ano. As temperaturas mantém-se elevadas
outros indivíduos que crescem ao seu redor. Os consu- a maior parte do tempo e os índices pluviométricos são
midores obtém água do próprio alimento que ingerem superiores a 2.000 mm.
ou do orvalho. São predominantemente aracnídeos, Calcula-se que dentro da floresta amazônica con-
répteis e roedores, além de alguns poucos carnívoros, vivem em harmonia mais de 20% de todas as espécies 149
como coiotes e chacais. vivas do planeta, sendo 20 mil de vegetais superiores,
1400 de peixes, 300 de mamíferos e 1300 de pássaros,
1.7. Savanas sem falar das dezenas de milhares de espécies de inse-
Savana é nome dado a um tipo de cobertura vege- tos e outros invertebrados. Para se ter ideia do que isso
tal constituída, em geral, por gramíneas e árvores espar- significa, existem mais espécies vegetais em um hectare
sas. A topografia geralmente é plana com clima tropi- de floresta amazônica do que em todo o território euro-
cal, apresentando duas estações bem definidas, sendo peu. A castanheira é o exemplo mais típico de árvore
uma chuvosa e uma seca. As Savanas ocorrem, prin- amazônica, sendo uma das mais imponentes da mata.
cipalmente, na zona intertropical do planeta, por esse De toda essa variedade, metade permanece ainda
motivo recebe uma enorme quantidade de luz solar. desconhecida da ciência, havendo muitas espécies en-
A espécie de savana mais conhecida é a africana, dêmicas, ou seja, que vivem apenas numa localidade
no entanto, há outras: savanas tropicais (cerrado, por restrita, não ocorrendo em outras regiões.
exemplo), savanas subtropicais, savanas temperadas, A vegetação pode ser classificada em: mata de iga-
savanas mediterrâneas, savanas pantanosas e savanas pó (sempre alagada), mata de várzea (que se alaga na
montanhosas. época das chuvas) e mata de terra firme (sempre seca).
Os animais, dependendo da região, podem ser: Existem, também, em menor quantidade, áreas de cer-
aves, répteis, mamíferos herbívoros e carnívoros de gran- rado, campos e vegetação litorânea.
de porte. Mata de Igapó: Essa composição vegetativa ocorre
em áreas de baixo relevo próximas a rios e por causa
2. Biomas brasileiros disso permanecem perenemente alagadas; as árvores
O Brasil possui um território de dimensões continentais, dessas áreas apresentam estatura máxima de 20 me-
apresentando diversos tipos de vegetação, clima, re- tros, além de haver cipós e plantas aquáticas.
levo e hidrografia. Cada região possui uma variação Mata de Várzea: Vegetação que se estabelece em
correspondente à interrelação entre todos estes fatores áreas mais elevadas em relação às matas de igapó;
abióticos. Observe no mapa abaixo os biomas existen- mesmo assim sofre inundações, porém somente nos pe-
tes no país. ríodos de cheias. Plantas de porte arbóreo e arbustivo.
Mata de Terra Firme ou Mata Verdadeira (Caaeté):
Ocorre nas regiões que não sofrem com as ações das
cheias. Nessa parte da floresta as árvores apresentam
alturas que alcançam de 30 a 60 metros e se desenvol-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
vem com pouca distância entre si – fato que dificulta a mas totalmente diferentes, como o equatorial superúmi-
inserção de luz nos substratos inferiores, quase não exis- do e o semiárido. Sua flora é composta por espécies en-
tindo vegetação arbustiva. dêmicas altamente ameaçadas de extinção pela ação
antrópica – como as árvores de grande porte carnaúba
2.2 Mata Atlântica e oiticica; e palmeiras como babaçu, açaí e buriti.
Considerada um dos biomas mais ameaçados do
planeta, a Mata Atlântica é o domínio de natureza mais 2.5 Matas-Galerias ou Matas Ciliares
devastado do Brasil. Estende-se por quase toda a costa São vegetações associadas a cursos d´agua, acom-
litorânea, do Piauí ao Rio Grande do Sul. Correspondia panhando os rios de médio e grande porte, geralmente
a, aproximadamente, 15% do território nacional. No en- em terrenos acidentados, constituindo uma mata estrei-
tanto, a intensa devastação pela ação antrópica re- ta.
duziu drasticamente essa cobertura vegetal, restando, A mata de galeria possui dois subtipos, a não-inun-
atualmente, apenas 7% da mata original, localizada dável e a inundável. Há maior resistência das folhas nas
principalmente na Serra do Mar. Da área original desse estações secas. É comum a existência de plantas epífi-
bioma (1,3 milhão de km2) só restam 52.000 km2. tas, que utilizam uma árvore como suporte ao seu cres-
A Mata Atlântica é composta por um conjunto de cimento – como, por exemplo, as bromélias e orquídeas.
fisionomias e formações florestais, com estruturas e in-
terações ecológicas distintas em cada região, estando 2.6 Caatinga
na faixa de transição com os demais biomas brasileiros. A caatinga – palavra originária do tupi-guarani, que
Seu clima predominante é o tropical úmido, no entanto, significa “mata branca” – é o único sistema ambien-
existem outros microclimas ao longo da mata. Apresen- tal exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial
ta temperaturas médias elevadas durante o ano todo; de 734.478 quilômetros quadrados, correspondendo a
a média de umidade relativa do ar também é elevada. cerca de 10% do território nacional, estando presente
As precipitações pluviométricas são regulares e bem dis- nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
tribuídas nesse bioma. Quanto ao relevo, é carateriza- Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de
do por planaltos e serras. A importância hidrográfica da Minas Gerais. As temperaturas médias anuais são eleva-
Mata Atlântica é grande, pois essa região abriga sete das, oscilam entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido;
das nove maiores bacias hidrográficas do país, entre e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos
elas estão: Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Je- diferentes de rochas. A ação do homem já alterou 80%
quitinhonha e São Francisco. da cobertura original da caatinga, que atualmente tem
A Mata Atlântica possui uma das maiores biodiversi- menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades
150 dades do planeta. Suas fauna e flora apresentam gran- de conservação, que não permitem a exploração de
de quantidade de espécies endêmicas e ameaçadas recursos naturais.
de extinção. As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de
Das 200 espécies vegetais brasileiras ameaçadas, maneira direta na vida de uma população de, aproxi-
117 são desse bioma – árvores de grande porte como madamente, 25 milhões de habitantes. As chuvas ocor-
peroba, ipê, quaresmeira, jambo, jatobá, imbaúba, je- rem no início do ano e o poder de recuperação do
quitibá-rosa, jacarandá, pau-brasil, entre outras. bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as
Dos animais ameaçados, 383 das 633 espécies com árvores ficam cobertas de folhas.
risco de extinção pertencem a esse bioma: anfíbios,on- As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adap-
ça-pintada,suçuarana, jaguatirica, mico-leão, saguis, tadas ao clima seco e à pouca quantidade de água.
anta, bicho-preguiça, araponga, jacutinga, jacu, ma- Algumas armazenam água, outras possuem raízes su-
cuco, entre tantos outros. perficiais para captar o máximo de água da chuva. E há
ainda as que contam com recursos pra diminuir a perda
2.3 Mata dos Pinhais ou Floresta de Araucária de água por transpiração, como espinhos e poucas fo-
As Matas de Araucárias são encontradas na Região lhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbó-
Sul do Brasil e nos pontos de relevo mais elevado da Re- reo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo,
gião Sudeste. Essa cobertura vegetal se desenvolve em com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo
regiões nas quais predomina o clima subtropical, que de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a am-
apresenta invernos rigorosos e verões quentes, com índi- burana, o umbuzeiro e o mandacaru.
ces pluviométricos relativamente elevados e bem distri- A fauna da caatinga é bem diversificada, também
buídos durante o ano. O Pinheiro-do-Paraná ou Araucá- composta por animais adaptados ao ambiente semi-
ria (Araucaria angustifolia), encontrado em abundância -árido – répteis (principalmente lagartos e cobras), roe-
no passado, atualmente corre sério risco de extinção, dores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, ararinha-
restando apenas 3% da cobertura vegetal original. -azul (praticamente extinta, com menos de uma dezena
de indivíduos restantes) sapo-cururu, asa branca, cutia,
2.4 Mata dos Cocais
cangambá, preá, veado catingueiro, tatupeba, sagui-
A Mata dos Cocais ocorre entre as regiões norte e
-do-nordeste, entre outros.
nordeste do Brasil. Corresponde a uma área de transi-
ção entre a Amazônia e a Caatinga denominada de
meio-norte, compreendendo vegetações distintas e cli-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
2.7 Cerrado (ou Savana brasileira) tende do Rio Grande do Sul à Argentina e ao Uruguai. A
Esse bioma já ocupou 25% do território brasileiro, fato vegetação campestre forma um tapete herbáceo com
que lhe dá a condição de segunda maior cobertura menos de 1 metro de altura, com pouca variedade de
vegetal do país, superada somente pela floresta Ama- espécies. A terra possui condições adequadas para o
zônica. No entanto, com a ação antrópica, a extensão desenvolvimento da agricultura, além de comportar
do Cerrado diminuiu significativamente. Dos 2 milhões água em abundância. Em decorrência, muitas áreas
de km2 originais, hoje restam aproximadamente 800 desse bioma já foram degradadas em razão da interfe-
mil km2. A vegetação do Cerrado se encontra em uma rência humana no ecossistema. Alguns animais caracte-
região onde o clima que predomina é o tropical, com rísticos são a ema e o veado-campeiro.
duas estações bem definidas: uma chuvosa, entre ou-
tubro e abril; e outra seca, entre maio e setembro. O 2.9 Pantanal
Cerrado abrange os Estados da região Centro-Oeste O Brasil apresenta ao longo de seu território diver-
(Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Fede- sas composições vegetais, dentre elas o Pantanal, que
ral), além do sul do Pará e Maranhão, interior do Tocan- é conhecido também por Complexo do Pantanal; sua
tins, oeste da Bahia e Minas Gerais e norte de São Paulo. formação vegetal recebe influência da floresta Amazô-
A vegetação predominante é constituída por espé- nica, Mata Atlântica, Chaco e do Cerrado. Ocupando
cies do tipo tropófilas (vegetais que se adaptam às duas uma área de 210 mil km2, o Pantanal é considerado a
estações distintas, como ocorre no Centro-Oeste), além maior planície alagável do mundo, estando situado so-
disso, são caducifólias (que caem as folhas no período bre uma enorme depressão cuja altitude não ultrapassa
de estiagem) com raízes profundas. A vegetação é, os 100 metros em relação ao nível do mar. Esse domínio
em geral, de pequeno porte com galhos retorcidos e encontra-se ao sul do Estado de Mato Grosso e noroes-
folhas grossas. Apesar dessa definição generalizada, o te do Mato Grosso do Sul. O alagamento do Pantanal
cerrado é constituído por várias caraterísticas de vege- acontece no período chuvoso; nas épocas de estiagem
tação, sendo classificado em subsistemas: de campo, formam-se pastagens naturais, situação que favorece a
de cerrado, de cerradão, de matas, de matas ciliares e ocupação para criação de gado. A inundação do Pan-
de veredas e ambientes alagadiços. Em geral, os solos tanal acontece por causa das cheias do rio Paraguai e
são pobres e muito ácidos. Apresentam fauna endêmi- afluentes.
ca – por exemplo, o lobo-guará, o cachorro-vinagre e o As superfícies pantaneiras mais elevadas abrangem
tamanduá-bandeira. a vegetação do Cerrado e, em áreas mais úmidas,
apresentam florestas tropicais do tipo arbóreas. Essa
2.8 Campos (ou Estepes Brasileiros) parte da fitogeografia brasileira foi reconhecida pela 151
Os campos são formados por herbáceas, gramíneas UNESCO como um Patrimônio Natural da Humanidade,
e pequenos arbustos esparsos com caraterísticas diver- devido ao fato de ser um dos ecossistemas mais bem
sas, conforme a região. Esse bioma pode ser classificado preservados do mundo. Além disso, abriga uma imen-
da seguinte forma: sa biodiversidade – são cerca de 670 espécies de ves,
- Campos limpos – Predomínio das gramíneas. 242 de peixes, 110 de mamíferos, 50 de répteis – como
- Campos sujos – Há a presença de arbustos, além exemplo podemos citar o tuiuiú, o jacaré-do-papo-
das gramíneas. -amarelo, a ariranha e o ratão-do-banhado. Apresenta
- Campos de altitude – Áreas com altitudes superio- ainda aproximadamente 1500 espécies de plantas.
res a 1,4 mil metros, encontrados na serra da Man-
tiqueira e no Planalto das Guianas. 2.10 Manguezais
- Campos da hileia – É um tipo de formação rasteira Composição característica de áreas costeiras e es-
encontrado na Amazônia, é caraterizado pelas tuarinas, compreende uma faixa de transição entre am-
áreas inundáveis da Amazônia oriental, como a bientes terrestres e marinhos. Ocorre em todo o litoral
ilha de Marajó, por exemplo. brasileiro, do Amapá até Santa Catarina. O clima pre-
- Campos meridionais – Não há presença arbustiva, dominante é o tropical e o subtropical.
predomina uma extensa área com gramíneas, Os mangues, por se encontrarem em ambientes ala-
propícia para o desenvolvimento da atividade gados com águas salobras, são árvores com raízes-escora
agropecuária. Destaca-se a Campanha Gaúcha, proporcionando maior fixação (mangue-vermelho e man-
no Rio Grande do Sul e os Campos de Vacaria, gue-branco) e pneumatóforos, raízes aéreas que favore-
no Mato Grosso do Sul. Os campos ocupam áreas cem uma maior retirada de oxigênio (mangue-preto).
descontínuas do Brasil, na Região Norte esse bio- Essa composição vegetal é fundamental na produ-
ma está presente sob a forma de savanas de gra- ção de alimentos para suprir as necessidades de diver-
míneas baixas, nas terras firmes do Amazonas, de sos animais marinhos. São extremamente importantes
Roraima e do Pará. Na Região Sul, surge como as para a preservação da biodiversidade, servindo de
pradarias mistas subtropicais. “berçário” para diversas espécies aquáticas e terrestres.
Os campos do Sul são formados principalmente pe- Seus animais mais característicos são os caranguejos.
los pampas gaúchos, com clima subtropical, região pla- Apesar da importância dos manguezais na manu-
na de vegetação aberta e de pequeno porte que se es- tenção da vida marinha, esse ambiente tem sofrido
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
profundas alterações promovidas principalmente pela urbanização das regiões litorâneas, especialmente para
atender a especulação imobiliária. Dos 172.000 km2 de manguezais existentes no mundo, o Brasil responde por 15%
do total, ou seja, 26.000 km2.
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
São a transferência contínua de elementos químicos que ocorre entre os seres vivos e o meio ambiente. Eis os
principais:
- Ciclo da água;
- Ciclo do carbono;
- Ciclo do oxigênio;
- Ciclo do nitrogênio;
- Ciclo do fósforo.
2. Ciclo do carbono
O carbono é um importante elemento químico por participar da formação de todos os compostos orgânicos
que constituem os seres vivos.
Os seres vivos só conseguem aproveitar o carbono na natureza sob a forma de dióxido de carbono (CO2), en-
contrado na atmosfera; ou de bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO3-), dissolvido na água.
O carbono é disponibilizado aos seres vivos ao longo da cadeia alimentar, desde a síntese de compostos orgâ-
nicos pelos organismos produtores, passando pelos consumidores, até ser devolvido ao ambiente novamente na
forma inorgânica pelos decompositores.
É importante lembrar que a queima de combustíveis orgânicos (petróleo, carvão e lenha) também é um meca-
nismo de retorno do carbono ao meio ambiente, na forma de CO2, CO e outros gases.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
3. Ciclo do oxigênio
O oxigênio pode ser encontrado na atmosfera sob várias formas. Seja na forma de oxigênio molecular (O2) ou
em composição com outros elementos (CO2, NO2, SO2 etc.), o oxigênio é o elemento mais abundante na crosta
terrestre e nos oceanos (que contêm 99,5% do oxigênio); e o segundo mais abundante na atmosfera, onde se en-
contra 0,49% do oxigênio existente – os outros 0.01% estão contidos nos seres vivos. O ciclo de transformações do
oxigênio por estes reservatórios (atmosfera, oceano e crosta terrestre) constitui o chamado ciclo do oxigênio, que 153
é mantido por processos biológicos, físicos, geológicos e hidrológicos.
O ciclo do oxigênio está estritamente relacionado com o ciclo do carbono, uma vez que o fluxo de ambos está
associado aos processos fotossintéticos e respiratórios. Os processos de fotossíntese liberam oxigênio para a atmos-
fera, enquanto os processos de respiração e combustão o consomem. Parte do O2 da estratosfera é transformado
pela ação de raios ultravioletas em ozônio (O3). Este forma a camada de ozônio, que funciona como um filtro, evi-
tando a penetração de 80% dos raios ultravioletas, com alto teor cancerígeno.
4. Ciclo do nitrogênio
O nitrogênio participa da formação das moléculas de proteínas, ácidos nucleicos e vitaminas. Embora seja
abundante na atmosfera (78% dos gases), a forma gasosa (N2) é muito instável, sendo inaproveitável para a maio-
ria dos seres vivos. O processo que remove N2 do ar e torna o nitrogênio acessível aos seres vivos é denominado
fixação do nitrogênio.
A fixação de N2 em íons nitrato (NO3-) é a mais importante, pois é principalmente sob a forma desse íon que as
plantas absorvem nitrogênio do solo. A fixação pode ocorrer por processos físicos, como sob ação de relâmpagos
durante tempestades, e também por processos industriais, quando se criam situações de altíssima pressão e tempe-
ratura para a produção de fertilizantes comerciais. A fixação biológica, porém, é a mais importante, representando
90% da que se realiza no planeta.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
A fixação biológica do nitrogênio é realizada por bactérias de vida livre no solo, por bactérias fotossintéticas,
por cianofíceas (algas azuis), e principalmente por bactérias do gênero Rhizobium, que somente o fazem quando
associadas às raízes de plantas leguminosas – soja, feijão, ervilha, etc. Nessas raízes formam-se nódulos densamen-
te povoados pelas bactérias, onde ocorre a fixação de N2 até a formação de nitrato. Essas plantas podem assim
desenvolver-se mesmo em solos pobres desse composto. Além da atmosfera, outro reservatório de nitrogênio é a
própria matéria orgânica. Os decompositores transformam compostos nitrogenados em amônia (NH3), processo
denominado amonificação. As bactérias Nitrosomonas transformam a amônia em nitrito (NO2-) (nitrosação) e as
Nitrobacter o transformam em nitrato (nitratação). Esse processo todo é denominado nitrificação, e estas bactérias
são conhecidas genericamente como nitrificantes.
O retorno do nitrogênio a atmosfera é promovido no processo de desnitrificação, realizado por bactérias desnitrifi-
cantes, que transformam o nitrato em nitrogênio gasoso (N2). O solo, fonte de nitrato para as plantas terrestres, é também
importante exportador de sais para os ecossistemas aquáticos, geralmente veiculados pela água de chuvas.
5. Ciclo do fósforo
O fósforo é um dos elementos essenciais à vida, estando presente na constituição dos ácidos nucleicos (DNA e
RNA) e das moléculas energéticas de ATP.
Em certos aspectos, o ciclo do fósforo é mais simples do que os ciclos do carbono e do nitrogênio, pois não exis-
tem compostos gasosos de fósforo e, portanto, não há passagem pela atmosfera. Outra razão para a simplicidade
154 do ciclo do fósforo é a existência de apenas um composto de fósforo realmente importante para os seres vivos: o
íon fosfato.
As plantas obtêm fósforo do ambiente absorvendo os fosfatos dissolvidos na água e no solo. Os animais obtêm
fosfatos na água e no alimento.
A decomposição devolve o fósforo que fazia parte da matéria orgânica ao solo ou à água. Daí, parte dele é
arrastada pelas chuvas para os lagos e mares, onde acaba se incorporando às rochas. Nesse caso, o fósforo só
retornará aos ecossistemas bem mais tarde, quando essas rochas se elevarem em consequência de processos
geológicos e, na superfície, forem decompostas e transformadas em solo.
Assim, existem dois ciclos do fósforo que acontecem em escalas de tempo bem diferentes. Uma parte do ele-
mento recicla-se localmente entre o solo, as plantas, consumidores e decompositores, em uma escala de tempo
relativamente curta, que podemos chamar “ciclo de tempo ecológico”. Outra parte do fósforo ambiental sedi-
menta-se e é incorporada às rochas; seu ciclo envolve uma escala de tempo muito mais longa, que pode ser cha-
mada “ciclo de tempo geológico”.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
senvolvimento da silvicultura, voltada para a produção seres humanos e o planeta. É o desenvolvimento susten-
de matéria-prima para as fábricas de papel, papelão, tável. Neste modelo de desenvolvimento, considera-se
resinas, madeira aglomerada e móveis. Geralmente, o que o avanço econômico e a conservação da nature-
plantio de árvores é feito em terrenos desfavoráveis à za são compatíveis e devem estar intimamente relacio-
agricultura, como encostas de vales e áreas de solos nados, tomando medidas que modifiquem a economia
pobres, pedregosos e arenosos. As espécies preferidas consumista que conhecemos hoje e contribuam para
para o reflorestamento têm sido o eucalipto, o Pinus uma melhor qualidade de vida às gerações futuras e
eliotti e a acácia-negra, diferentes das que formavam ao planeta.
matas originais, sendo consideradas exóticas.
Sob o ponto de vista econômico, o reflorestamento 6. Agroecologia
tem trazido bons resultados. O Pinus eliotti, por exemplo, A proposta agroecológica defende técnicas e for-
cresce mais rapidamente que o pinheiro-do-paraná e mas de cultivo em harmonia com o meio ambiente.
sua madeira dá bons lucros aos produtores. No entan- Com uma abordagem consciente na dinâmica da na-
to, esse tipo de reflorestamento não restaura o antigo tureza, a agroecologia permite a recuperação da ferti-
ambiente ecológico, com sua biodiversidade original. lidade dos solos sem o uso de fertilizantes minerais, assim
Numa plantação de eucaliptos, por exemplo, não se como o cultivo sem o uso de agrotóxicos. A agroecolo-
ouve o canto de aves. gia permite uma atividade economicamente viável e
ecologicamente sustentável.
4. Categorias de conservação Os termos “agricultura orgânica” ou “agricultura
A União Internacional para a Conservação da Na- biológica” são utilizados para descrever a produção
tureza e dos Recursos Naturais (IUCN) criou, em 1964, o de produtos alimentícios e vegetais sem o uso de fertili-
maior catálogo sobre o estado de conservação de or- zantes, pesticidas, reguladores de crescimento e outros
ganismos vivos de todo o planeta: a Lista Vermelha de produtos químicos ou sintéticos. Geralmente também
Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red aderem a outras práticas como banimento de organis-
Data List). O objetivo é fornecer informações com base mos geneticamente modificados (transgênicos), além
científica sobre o estado das espécies em um nível glo- de considerarem os princípios da agricultura sustentá-
bal; chamar a atenção do público para a magnitude e vel. Em diversos países, estas práticas estão sendo regu-
a importância da biodiversidade ameaçada; influenciar lamentadas e amplamente adotadas.
legislações e políticas nacionais e internacionais; e for- Alguma das técnicas são possíveis graças ao uso de
necer informações para orientar as ações para conser- esterco animal, adubação “verde”, controles biológicos
156 var a diversidade biológica. para combate de doenças e pragas, compostagem e
As principais categorias, em ordem crescente de cri- rotação de culturas.
ticidade, são: pouco preocupante, quase ameaçada,
vulnerável, em perigo, criticamente em perigo, extinto 6.1 Sistemas agroflorestais
da natureza e extinto. Os critérios para a classificação Os sistemas agroflorestais (SAF’s) são consórcios de
envolvem a redução da população, fragmentação de culturas agrícolas com espécies arbóreas que podem
habitats, distribuição restrita, além de análise quantitati- ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas
va de risco de extinção. degradadas. A tecnologia ameniza limitações do ter-
Tomemos como exemplo o lobo-guará, canídeo reno, minimiza riscos de degradação inerentes à ativi-
brasileiro que é encontrado, principalmente, no Cerra- dade agrícola e otimiza a produtividade a ser obtida.
do e no Pampa, sendo classificado como Vulnerável Há diminuição na perda de fertilidade do solo e no ata-
e Criticamente em Perigo, respectivamente. Isso se dá que de pragas. A utilização de árvores é fundamental
através da análise do tempo de geração da espécie, a para a recuperação das funções ecológicas, uma vez
taxa de degradação do bioma, os atropelamentos e as que possibilita o restabelecimento de boa parte das re-
doenças. A estimativa é de que 30% da população seja lações entre as plantas e os animais. Os componentes
reduzida até 2034. arbóreos são inseridos como estratégia para o combate
da erosão e o aporte de matéria orgânica, restaurando
5. Sustentabilidade a fertilidade do solo.
É extremamente necessário, então, que a visão dos Na mesma área, é possível estabelecer consórcios
seres humanos em relação ao meio ambiente e à natu- entre espécies de importância econômica: frutíferas e
reza mude. Precisamos perceber que também fazemos hortaliças. Podem ser introduzidas espécies de legumi-
parte da natureza e tudo que fazemos afeta a nós, a nosas para uso como adubo verde, as quais são roça-
todos os outros seres vivos e ao meio ambiente. É preciso das, e espécies de leguminosas arbóreas, que, com a
rever hábitos, mudar pensamentos e compartilhar co- mesma finalidade, são podadas, visando à deposição
nhecimentos para um modo de vida mais sustentável, de material orgânico sobre o solo.
em harmonia com o meio ambiente e os outros seres
vivos. 7. Saneamento básico
Nessa linha de pensamento, existe um modelo eco- Como consequência da utilização da água para
nômico que acredita na conversação da biodiversida- abastecimento, há a geração de esgotos. Caso não
de e em uma convivência melhor entre a economia, os seja dada uma destinação adequada aos mesmos, es-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
tes acabam poluindo o solo, contaminando as águas o primeiro é beneficiado pela remoção a vegetação,
superficiais e subterrâneas e frequentemente passam a o que diminui os seus custos de incorporação de terras
escoar a céu aberto, constituindo-se em perigosos focos para cultivo.
de disseminação de doenças. A Mata Atlântica é o segundo bioma mais ameaça-
do do planeta, perdendo apenas para as florestas de
8. Desmatamento Madagascar. Desde o período colonial, a concentra-
O desmatamento é um processo que ocorre no mun- ção demográfica e econômica da sociedade brasileira
do todo, resultado do crescimento das atividades pro- na costa atlântica resultou na quase completa destrui-
dutivas e econômicas e, principalmente, pelo aumento ção da Mata Atlântica. Os fragmentos remanescentes
da densidade demográfica em escala mundial, pois não chegam a mais de 7% da cobertura original e não
isso coloca em risco as regiões compostas por florestas. estão distribuídos de forma equilibrada entre as várias
A exploração que naturalmente propicia devastação fisionomias do bioma. Considerando áreas que passam
através das atividades humanas já dizimou, em cerca por estágios médios de regeneração, os remanescentes
de 300 anos, mais de 50% de toda área de vegetação saltam de 7% para 27%.
natural em todo mundo. O Bioma Pampa fica restrito ao estado do Rio Gran-
O desmatamento de florestas tropicais no Brasil é o de do Sul, ocupando 63,17% da área do estado e 2,08%
maior do mundo (em termos absolutos), de acordo com do território nacional. O Pampa já perdeu quase a me-
dados do relatório da Organização das Nações Unidas tade da cobertura vegetal nativa dos seus 178.243 km²
para a Agricultura e a Alimentação (Fao) sobre a ava- originais, sendo o segundo bioma brasileiro mais antropi-
liação dos recursos florestais mundiais (Global Forest Re- zado. O avanço do cultivo de exóticas (principalmente
sources Assessment). Apesar dos avanços obtidos pelo Pinus e eucalipto) e a contaminação biológica promo-
país no combate à destruição da Floresta Amazônica, vida por elas e a expansão da cultura da soja e do arroz
nesta última década a Amazônia brasileira perdeu em são os principais promotores do desmatamento no Pam-
média, a cada ano, 17.600 km2 de florestas. Essa área pa. O avanço da soja convencional e transgênica re-
equivale à de Taiwan e é pouco maior do que o Havaí, duz o espaço dos campos naturais e podem degradar
o solo com o uso de herbicidas. O cultivo do arroz muitas
ou mais da metade da Holanda (no Brasil, é quase do
vezes é feito com a drenagem de banhados (charcos),
tamanho do estado de Sergipe ou três vezes a área do
espaços protegidos pela legislação e fundamentais
Distrito Federal).
para a reprodução e a alimentação de várias espécies
Na época do seu “descobrimento”, a vegetação do
da fauna silvestre.
Brasil se caracterizava pelas formações florestais, que 157
O bioma Pantanal é a maior planície inundável do
cobriam cerca de 90% do seu território. Elas eram repre-
mundo. No Brasil ele se estende por 150.689 km², reunin-
sentadas nas tipologias equatorial, tropical, subtropical,
do um mosaico de diferentes ambientes que abrigam
cerrado e caatinga. Os 10% restantes eram basicamen-
rica biota terrestre e aquática. Dos biomas extra-amazô-
te formações campestres.
nicos, é o mais preservado, com 86,8% de sua cobertura
nativa intacta, muito embora o seu frágil equilíbrio esteja
Segundo dados do IBGE e MMA (Ministério do Meio ameaçado pelas novas tendências do desenvolvimen-
Ambiente) o Bioma Caatinga é um dos mais alterados to econômico regional. Os modelos tradicionais de pes-
pelas atividades humanas. As áreas extremamente ca e pecuária estão sendo substituídos pela exploração
antropizadas na Caatinga correspondem a 35,5% e as intensiva, acompanhada de desmatamentos e altera-
muito antropizadas chegam a 13,7%. Entre as principais ção de áreas naturais.
causas de degradação ambiental da Caatinga estão o A Amazônia tem como vocação o uso sustentável
desmatamento, especialmente para a obtenção de le- baseado no aproveitamento de recursos madeireiros e
nha, e a agricultura de irrigação, que avança ao longo não-madeireiros, e não a conversão de florestas ainda
do rio São Francisco. Os principais efeitos desta degra- existentes em áreas abertas. Já nos biomas de forma-
dação se dão no assoreamento de áreas especificas, ções abertas, como o Pampa e o Pantanal, têm como
tal como o pólo gesseiro da Chapada do Araripe (CE), vocação o uso sustentável dos seus campos em ativi-
e no processo de desertificação nas regiões de Gilbués dades pastoris, com o aproveitamento dos recursos
(PI), Seridó (RN), Irauçuba (CE) e Cabrobó (PE). forrageiros de espécies herbáceas nativas. Por sua vez,
No Bioma Cerrado, dados sobre o estado da cober- os biomas Cerrrado e Caatinga apresentam perdas de
tura vegetal apontam para uma perda de vegetação cobertura natural mais acelerada que a Amazônia sem
nativa entre 38,9% e 54,9% até o ano 2002. Conforme que haja uma prévia discussão mais aprofundada de
ISA (2008), a diferença entre estes dados se relaciona como poderia se dar a sua utilização de modo a conci-
à dificuldade de mapeamento dos diferentes ecossis- liar a uso econômico com a preservação.
temas do Cerrado, sobretudo na diferenciação entre
pastagens naturais e plantadas. A dinâmica do desma- 9. O lixo
tamento no Cerrado inicia-se pela associação entre fa- De uma forma sintetizada, o lixo corresponde a to-
zendeiro e carvoeiro, na qual o segundo é pago com a dos os resíduos gerados pelas atividades humanas que
vegetação usada para o fabrico de carvão vegetal, e é considerado sem utilidade e que entrou em desuso.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
O lixo pode ser classificado das seguintes maneiras: gem, ajuda a amenizar um dos maiores problemas da
atualidade: o lixo. Estima-se que o Brasil produz 240 mil
Lixo doméstico :Também chamado de lixo domici- toneladas de lixo por dia. Destes, apenas 160 mil são co-
liar ou residencial, é produzido pelas pessoas em suas letados e o destino de 76% desses restos tidos como “inú-
residências. Constituído principalmente de restos de ali- teis” e “indesejáveis” ainda são os lixões a céu aberto.
mentos, embalagens plásticas, papéis em geral, plásti-
cos, entre outros. Produtos recicláveis
Lixo comercial: Gerado pelo setor terceiro (comércio Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio
em geral). É composto especialmente por papéis, pa- pode ser reciclado com um nível de reaproveitamento
pelões e plásticos. de quase 100%. Derretido, ele retorna para as linhas de
Lixo industrial: Original das atividades do setor se- produção das indústrias de embalagens, reduzindo os
cundário (indústrias), pode conter restos de alimentos, custos para as empresas.
madeiras, tecidos, couros, metais, produtos químicos e Assim como nas cidades, na zona rural a reciclagem
outros. também acontece. O lixo orgânico é utilizado na fabri-
Lixo hospitalar: Proveniente de hospitais, farmácias, cação de adubo orgânico para ser utilizado na agricul-
postos de saúde e casas veterinárias. Composto por tura.
seringas, vidros de remédios, algodão, gaze, órgãos hu- É importante destacar que a reciclagem é um pro-
manos, etc. Este tipo de lixo é muito perigoso e deve ter cesso em que determinados tipos de materiais, que no
um tratamento diferenciado, desde a coleta até a sua cotidiano são reconhecidos como lixos são reutilizados
deposição final. como matéria-prima para a criação e\ou fabricação
Lixo nuclear: decorrentes de atividades que envol- de novos produtos. Além de se apresentarem com pro-
vem produtos radioativos, entre outros. priedades físicas diferentes, estes também possuem uma
Lixo público: Composto por folhas em geral, galhos nova composição química – fator principal que difere o
reaproveitamento da reciclagem, conceitos esses mui-
de árvores, papéis, plásticos, entulhos de construção,
tas vezes confundidos.
terras, animais mortos, madeiras e móveis danificados
Tempo de vida dos produtos
9.1 Reciclagem
Na natureza todas as plantas e animais mortos apo-
O termo reciclar significa transformar objetos mate-
drecem e se decompõe. São destruídos por larvas mi-
riais usados em novos produtos para o consumo. Esta
nhocas, bactérias e fungos, e os elementos químicos
necessidade foi despertada pelos seres humanos, a par-
que eles contêm voltam a terra. Podem ficar no solo,
158 tir do momento em que se verificaram os benefícios que
nos mares ou rios e serão usados novamente por plan-
este procedimento traz para o planeta Terra.
tas e animais. É um processo natural de reutilização de
materiais.
Histórico Enquanto a natureza se mostra eficiente em reapro-
Após a década de 1980, a produção de embala- veitamento e reciclagem, os homens o são em produ-
gens e produtos descartáveis aumentou significativa- ção de lixo. Uma grande parte deste lixo sobrecarrega o
mente, assim como a produção de lixo, principalmente sistema. O problema se agrava porque muitas das subs-
nos países desenvolvidos. Muitos governos e ONGs estão tâncias manufaturadas pelo homem não são biodegra-
cobrando de empresas posturas responsáveis: o cresci- dáveis, isto é não se decompõe facilmente. Vidros, latas
mento econômico deve estar aliado à preservação do e alguns plásticos não são biodegradáveis e levam mui-
meio ambiente. Atividades como campanhas de cole- tos anos para se decompor.
ta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio e papel, já São grandes os problemas gerados pelo lixo que pro-
são comuns em várias partes do mundo. duzimos diariamente em quantidades imensas. Atual-
mente, costuma-se dizer que os inconvenientes do lixo
Benefícios
podem ser solucionados a partir da regra dos quatro Rs:
No processo de reciclagem, que além de preservar o
reduzir, reutilizar, reciclar e repensar.
meio ambiente também gera riquezas, os materiais mais
reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico.
Reduzir e reutilizar são soluções que acontecem
Esta reciclagem contribui para a diminuição significativa
da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias quase paralelamente. Trata-se da redução da quanti-
estão reciclando materiais como uma forma de reduzir dade de lixo produzida, principalmente evitando produ-
os custos de produção. tos descartáveis e dando preferência aos que podem
Outro benefício da reciclagem é a quantidade de ser reutilizados. Ao mesmo tempo, a questão implica
empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. também a melhor utilização dos diversos objetos de que
Muitos desempregados estão buscando trabalho neste nos valemos no dia-a-dia, para adiar sua transformação
setor e conseguindo renda para manterem suas famí- em lixo.
lias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já
é realidade nos centros urbanos do Brasil. Repensar
Além de ser extremamente importante para reduzir a O problema do lixo - assim como os diversos proble-
extração de recursos naturais para atender à crescente mas ambientais relacionados à organização socioe-
demanda por matéria prima das indústrias, a recicla- conômica da humanidade - deve ser constantemente
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
RIO+20 a) aves.
Aconteceu no Rio de Janeiro, em 2012. Produziu o b) algas.
c) peixes.
documento “O futuro que queremos”, porém não apre-
d) insetos.
sentou metas concretas para redução de poluentes e
e) caranguejos.
recuperação de áreas.
Resposta: Letra B. A manutenção da produtividade e
COP21
o maior nível energético encontram-se nos produto-
A 21ª Conferência do Clima (COP 21) ocorreu em
res da cadeia, devido a fotossíntese, sendo estes as
dezembro de 2015, em Paris, e teve como principal ob- algas, no caso citado.
jetivo costurar um novo acordo entre os países para di-
minuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo 3. (ENEM 2009) O ciclo biogeoquímico do carbono com-
o aquecimento global e, em consequência, limitando preende diversos compartimentos, entre os quais a Ter-
o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100. Os ra, a atmosfera e os oceanos, e diversos processos que
países assumiram metas voluntárias, ao invés de obriga- permitem a transferência de compostos entre esses re-
tórias, como em Kyoto, porém foram insuficientes. servatórios. Os estoques de carbono armazenados na
forma de recursos não renováveis, por exemplo, o pe-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
2. Os Cruzamentos
Depois de obter linhagens puras, Mendel efetuou
um cruzamento diferente. Cortou os estames de uma
flor proveniente de semente verde e depois depositou,
nos estigmas dessa flor, pólen de uma planta prove-
niente de semente amarela. Efetuou, então, artificial-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
mente, uma polinização cruzada. Pólen de uma planta tações) na transmissão desses códigos são responsáveis
que produzia apenas semente amarela foi depositado pela variação biológica que, sob a ação da seleção
no estigma de outra planta que só produzia semente natural, permite a evolução das espécies.
verde, ou seja, cruzou duas plantas puras entre si. Essas No processo de fecundação, quando o espermato-
duas plantas foram consideradas como a geração pa- zoide paterno se une ao óvulo materno, metade das in-
rental (P), isto é, a dos genitores. formações genéticas de cada progenitor se unem para
Após repetir o mesmo procedimento diversas vezes, formar o genoma da célula embrionária resultante. A
Mendel verificou que todas as sementes originadas des- formação do embrião se dá por subdivisões celulares su-
ses cruzamentos eram amarelas – a cor verde havia apa- cessivas a partir dessa primeira célula. Na divisão celular,
rentemente “desaparecido” nos descendentes híbridos as informações genéticas são replicadas. Assim, cada
(resultantes do cruzamento das plantas), que Mendel nova célula do indivíduo possui a mesma informação
chamou de F1 (primeira geração filial). Concluiu, então, genética presente na primeira célula zigótica.
que a cor amarela “dominava” a cor verde. Chamou Genes: São as unidades hereditárias – estruturas
o caráter cor amarela da semente de dominante e o responsáveis por determinarem as características bio-
verde de recessivo. lógicas dos seres vivos. Cada gene possui um número
A seguir, Mendel fez germinar as sementes obtidas diferente de nucleotídeos e está situado em um locus
em F1 até surgirem as plantas e as flores. Deixou que se (posição específica) distinto do cromossomo. Genes
auto-fertilizassem e aí houve a surpresa: a cor verde das são representados por letras do alfabeto romano ou por
sementes reapareceu na F2 (segunda geração filial), só abreviações das designações recebidas por caracteres.
que em proporção menor do que as de cor amarela: Genes alelos: Segmentos de DNA (ácido desoxirribo-
surgiram 6.022 sementes amarelas para 2.001 verdes, o nucleico) que encontram-se no mesmo locus dos cro-
que levava à proporção 3:1. Concluiu que, na verdade, mossomos homólogos sendo, sobretudo, constituídos
a cor verde das sementes não havia “desaparecido” de pares adquiridos dos progenitores, o qual um deles
nas sementes da geração F1. O que ocorreu é que ela é proveniente da mãe (óvulo) e outro do pai (esperma-
não tinha se manifestado, uma vez que, sendo uma ca- tozoide).
ráter recessivo, era apenas “dominado” (nas palavras Gene dominante: Gene que manifesta o mesmo fe-
de Mendel) pela cor amarela. Mendel concluiu que nótipo, tanto em homozigose (AA) quanto em heterozi-
a cor das sementes era determinada por dois fatores, gose (Aa).
cada um determinando o surgimento de uma cor, ama- Gene recessivo: Gene que só manifesta o caráter
rela ou verde. em homozigose (aa).
Homozigoto: Os indivíduos homozigotos são chama- 161
3. 1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores dos de “puros”, visto que são caracterizados por pares
A comprovação da hipótese de dominância e re- de genes alelos idênticos. Ou seja, os alelos análogos
cessividade nos vários experimentos efetuados por Men- produzirão apenas um tipo de gameta, representado
del levou, mais tarde à formulação da sua Primeira Lei: por letras iguais (AA, aa, BB, bb, VV, vv), sendo que as
“Cada característica é determinada por dois fatores maiúsculas indicam o caráter dominante, enquanto
que se separam na formação dos gametas, onde ocor- que as minúsculas são as do caráter recessivo.
rem em dose simples”. Heterozigoto: Os indivíduos heterozigotos correspon-
Isto é, para cada gameta masculino ou feminino dem aos indivíduos que possuem pares de alelos distin-
encaminha-se apenas um fator, em um processo de- tos para determinada característica. Assim, são repre-
nominado monoibridismo. Mendel não sabia qual era sentados pela união das letras maiúsculas e minúsculas,
a constituição desses fatores, nem onde se localizavam. por exemplo, Aa, Bb, Vv.
Dois conceitos importantes para o desenvolvimento
FIQUE ATENTO! da genética, no começo do século XX, foram os de fe-
Antes de prosseguirmos com o estudo das nótipo e genótipo, elaborados pelo pesquisador dina-
ervilhas de Mendel sob a compreensão atual marquês Wilhelm L. Johannsen.
da Genética, vamos dar uma olhada Nos O fenótipo (do grego pheno, evidente, brilhante, e
conceitos que fundamentam essa ciência, a typos, característico) está relacionado com as caracte-
começar PELOS fatores − que hoje sabemos rística externas dos indivíduos. Ou seja, o fenótipo resulta
serem os genes. da interação do meio com o conjunto de genes (genó-
tipo). Exemplos de fenótipo são o formato dos olhos, a
pigmentação da pele, cor e textura do cabelo, dentre
CONCEITOS BÁSICOS DA GENÉTICA
outros.
Hereditariedade: Processo pelo qual um organismo
4. As Leis de Mendel e os genes
adquire características semelhantes às características
Em 1902, enquanto estudava a formação dos ga-
do organismo que o gerou, através de informações co-
metas em gafanhotos, o pesquisador norte americano
dificadas (código genético) que são transmitidas à des-
Walter S. Sutton notou surpreendente semelhança entre
cendência. A combinação entre os códigos genéticos
o comportamento dos cromossomos homólogos, que se
dos progenitores (em espécies sexuadas) e erros (mu-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
separavam durante a meiose, e os fatores imaginados 5.2 Segregação independente de 3 pares de alelos
por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares Ao estudar 3 pares de características simultanea-
de fatores hereditários estavam localizados em pares de mente, Mendel verificou que a distribuição dos tipos de
cromossomos homólogos, de tal maneira que a separa- indivíduos em F2 seguia a proporção de 27: 9: 9: 9: 3: 3: 3:
ção dos homólogos levava à segregação dos fatores. 1. Isso indica que os genes para as 3 características con-
Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se refe- sideradas segregam-se independentemente nos indiví-
riu são os genes (do grego genos, originar), e que real- duos F1, originando 8 tipos de gametas. Em um dos seus
mente estão localizados nos cromossomos, como Sutton experimentos, Mendel considerou simultaneamente a
havia proposto. As diferentes formas sob as quais um cor (amarela ou verde), a textura da casca (lisa ou rugo-
gene pode se apresentar são denominadas alelos. A sa) e a cor da casca da semente (cinza ou branca).O
cor amarela e a cor verde da semente de ervilha, por cruzamento entre uma planta originada de semente ho-
exemplo, são determinadas por dois alelos, isto é, duas mozigota dominante para as três características (ama-
diferentes formas do gene para cor da semente. relo-liso-cinza) e uma planta originada de semente com
traços recessivos (verde-rugosa-branca) produz apenas
5. 2ª Lei de Mendel: Lei da Segregação Independente ervilhas com fenótipo dominante, amarelas, lisas e cin-
za. Esses indivíduos são heterozigotos para os três pares
Além de estudar isoladamente diversas característi- de genes (VvRrBb). A segregação independente desses
cas fenotípicas da ervilha, Mendel estudou também a três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva à
transmissão combinada de duas ou mais característi- formação de 8 tipos de gametas.
cas. Em um de seus experimentos, por exemplo, foram
considerados simultaneamente a cor da semente, que 5.3 Modificações nas proporções fenotípicas men-
pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da delianas do monoibridismo
semente, que pode ser lisa ou rugosa. Plantas originadas A descoberta de que os genes estão situados nos
de sementes amarelas e lisas, ambos traços dominan- cromossomos gerou um impasse no entendimento da
tes, foram cruzadas com plantas originadas de semen- 2ª Lei de Mendel. Como vimos, segundo essa lei, dois
tes verdes e rugosas, traços recessivos. Todas as semen- ou mais genes não-alelos segregam-se independente-
tes produzidas na geração F1 eram amarelas e lisas. A mente, desde que estejam localizados em cromosso-
geração F2, obtida pela autofecundação das plantas mos diferentes. Surge, no entanto, um problema. Men-
originadas das sementes de F1, era composta por quatro del afirmava que os genes relacionados a duas ou mais
tipos de sementes: amarelo-lisas; amarelo-rugosas; ver- características sempre apresentavam segregação inde-
162 de-lisas e verde-rugosas. O que resultava na proporção pendente. Se essa premissa fosse verdadeira, então ha-
9:3:3:1. veria um cromossomo para cada gene. Se considerar-
Com base nesse e em outros experimentos, Mendel mos que existe uma infinidade de genes, haveria, então,
aventou a hipótese de que, na formação dos gametas, uma quantidade assombrosa de cromossomos, dentro
os alelos para a cor da semente (Vv) segregam-se in- de uma célula, o que não é verdade. Logo, como exis-
dependentemente dos alelos que condicionam a for- tem relativamente poucos cromossomos no núcleo
ma da semente (Rr). De acordo com isso, um gameta das células e inúmeros genes, é intuitivo concluir que,
portador do alelo V pode conter tanto o alelo R como em cada cromossomo, existe uma infinidade de genes,
o alelo r, com igual chance, e o mesmo ocorre com os responsáveis pelas inúmeras características típicas de
gametas portadores do alelo v. Uma planta duplo-he- cada espécie. Dizemos que esses genes presentes em
terozigota VvRr formaria, de acordo com a hipótese da um mesmo cromossomo estão ligados ou em linkage e
segregação independente, quatro tipos de gameta em caminham juntos para a formação dos gametas.
igual proporção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr. T. H. Morgan e seus colaboradores trabalha-
Mendel concluiu que a segregação independente ram com a mosca da fruta, Drosophila melanogaster, e
dos fatores para duas ou mais características era um realizaram cruzamentos em que estudaram dois ou mais
princípio geral, constituindo uma segunda lei da heran- pares de genes, verificando que, realmente, nem sem-
ça. Assim, ele denominou esse princípio Segunda Lei da pre a 2ª Lei de Mendel era obedecida. Concluíram que
Herança ou Lei da Segregação Independente, posterior- esses genes não estavam em cromossomos diferentes,
mente chamada Segunda Lei de Mendel: mas, sim, encontravam-se no mesmo cromossomo (em
“Os fatores para duas ou mais características segre- linkage).
gam-se no híbrido, distribuindo-se independentemente Em um dos seus experimentos, Morgan cruzou mos-
para os gametas, onde se combinam ao acaso.” cas selvagens de corpo cinza e asas longas com mu-
tantes de corpo preto e asas curtas (chamadas de asas
5.1 A proporção 9:3:3:1 vestigiais). Todos os descendentes de F1 apresentavam
Ao estudar a herança simultânea de diversos pares corpo cinza e asas longas, atestando que o gene que
de características, Mendel sempre observou, em F2, a condiciona corpo cinza (P) domina o que determina
proporção fenotípica 9:3:3:1, consequência da segre- corpo preto (p), assim como o gene para asas longas
gação independente ocorrida no duplo-heterozigoto, (V) é dominante sobre o (v) que condiciona surgimento
que origina quatro tipos de gameta. de asas vestigiais. Morgan cruzou descendentes de F1
com duplo-recessivos (ou seja, realizou cruzamentos tes-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
TIPOS SANGUÍNEOS
1. Sistema ABO
A herança dos tipos sanguíneos constitui um exemplo de alelos múltiplos na espécie humana.
Genótipos Fenótipos
I I ,I i
A A A
Grupo A
I I,I i
B B B
Grupo B
I I
A B
Grupo AB
ii Grupo O
O sangue do tipo O é chamado doador universal, por não possuir nenhum aglutinogênio nas hemácias.
O sangue do tipo AB é chamado receptor universal, por não possuir nenhuma aglutinina no plasma.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
masculinas na espécie humana e em outros mamíferos. (a) plantas monoicas – possuem órgãos masculinos e
Dessa forma, todo homem afetado é filho de um homem femininos em flores separadas porém, na mesma planta;
também afetado; todos os seus filhos serão afetados, e (b) plantas dioicas – possuem órgãos masculinos e
as filhas serão normais. Como exemplo, pode-se citar a femininos em plantas diferentes.
hipertricose (excesso de pêlos revestindo o organismo).
8. Heredogramas
7.3 Herança autossômica influenciada pelo sexo Como em seres humanos é eticamente inaceitável a
Nessa categoria, incluem-se as características deter- realização de cruzamentos dirigidos, a determinação do
minadas por genes localizados nos cromossomos autos- padrão de herança depende de um levantamento do
somos cuja expressão é, de alguma forma, influenciada histórico das famílias em que certas características apa-
pelo sexo do portador. Nesse grupo, há diversas moda- recem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada
lidades de herança, das quais ressaltaremos a mais co- característica é ou não hereditária e de que modo ela
nhecida, a dominância influenciada pelo sexo, herança é herdada. Esse levantamento é feito na forma de uma
em que, dentro do par de genes autossômicos, um de- representação gráfica denominada heredograma (do
les é dominante nos homens e recessivo nas mulheres, e latim heredium, herança), também conhecida como
o inverso ocorre com o seu alelo. Na espécie humana, genealogia ou árvore genealógica.
temos o caso da calvície. Construir um heredograma consiste em representar,
Outras formas de herança autossômica influenciada usando símbolos, as relações de parentesco entre os in-
pelo sexo são a penetrância influenciada pelo sexo e a divíduos de uma família. Cada indivíduo é representado
expressividade influenciada pelo sexo. Na espécie hu- por um símbolo que indica as suas características par-
mana, a ocorrência de má-formações de vias urinárias ticulares e sua relação de parentesco com os demais.
apresenta uma penetrância muito maior entre os ho- Indivíduos do sexo masculino são representados por um
mens do que entre as mulheres, que, embora possuam quadrado, e os do sexo feminino, por um círculo. O ca-
o genótipo causador da anormalidade, podem não vir samento, no sentido biológico de procriação, é indica-
a manifestá-la. A expressividade também pode ser in- do por um traço horizontal que une os dois membros do
fluenciada pelo sexo. Um exemplo bem conhecido é o casal. Os filhos de um casamento são representados por
do lábio leporino, falha de fechamento dos lábios. Entre traços verticais unidos ao traço horizontal do casal. Os
os meninos, a doença assume intensidade maior que principais símbolos são os seguintes:
nas meninas, nas quais os defeitos geralmente são mais
discretos.
167
7.4 O sistema X0
Esse sistema ocorre em espécies onde não existe o
cromossomo Y. Os machos são, portanto, X0 e as fê-
meas são XX. Esse tipo de herança ocorre em alguns
insetos, como os gafanhotos. Os machos possuem um
número ímpar de cromossomos em seu cariótipo e as
fêmeas possuem um número par.
7.5 O sistema ZW
No sistema ZW os cromossomos sexuais são invertidos,
isto é, o macho apresenta dois cromossomos sexuais
iguais, ZZ, enquanto a fêmea apresenta dois diferentes, A montagem de um heredograma obedece a algu-
um Z e outro W. Este sistema aparece em lepidópteros mas regras:
(borboletas e mariposas), peixes e aves. 1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à
esquerda, e a mulher à direita, sempre que for possível.
7.6 O sistema ZO 2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nas-
Ocorre em galinhas domésticas e répteis. Os machos cimento, da esquerda para a direita.
são homogaméticos, com dois cromossomos sexuais 3ª) Cada geração que se sucede é indicada por
iguais (ZZ) e as fêmeas são heterogaméticas, apresen- algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada ge-
tando apenas um cromossomo sexual Z. ração, os indivíduos são indicados por algarismos ará-
bicos, começando-se pelo primeiro da esquerda, da
7.7 Determinação do sexo em plantas primeira geração.
O dimorfismo sexual em plantas superiores é uma ca-
racterística de menor importância quando comparada
com os animais. De fato, a grande maioria das plantas
são hermafroditas e portanto, apresentam os dois sexos
em uma mesma flor. Existe entretanto, outros tipos de
expressões sexuais tais como:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
168 Heredograma
1. Aberrações cromossômicas
São alterações estruturais (inversão e translocação) ou numéricas (duplicação e deleção) de cromossomos nas
células.
Inversão: Um segmento do cromossomo se quebra e solda-se novamente em posição invertida. A alteração da
ordem dos genes afeta o pareamento dos cromossomos homólogos na meiose.
Translocação: quebra simultânea de dois cromossomos não homólogos com troca de segmentos. Na meiose, os
dois pares de cromossomos não-homólogos emparelham-se em cruz, pois têm “segmentos homólogos” em função
da translocação.
Duplicação: Há a formação de um segmento adicional em um dos cromossomos. De modo geral, as conse-
quências de uma duplicação são bem toleradas pois não há falta de material genético.
Deleção: Um segmento de cromossomo é perdido,em função de quebras. Deficiências acentuadas podem ser
letais.
2. Aneuploidias
Principais causas de síndromes genéticas, são alterações cromossômicas numéricas, com o aumento ou diminui-
ção do cariótipo (número de cromossomos que constituem o genoma de um organismo).
Veja nas figuras abaixo representações de cariótipos de síndromes genéticas humanas causadas por aneuploi-
dias:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (ENEM 2018) O cruzamento de duas espécies da família das Anonáceas, a cherimoia (Annona cherimoia) com a
fruta-pinha (Annona squamosa), resultou em uma planta híbrida denominada de atemoia. Recomenda-se que o
seu plantio seja por meio de enxertia.
Um dos benefícios dessa forma de plantio é a
a) ampliação da variabilidade genética.
b) produção de frutos das duas espécies.
c) manutenção do genótipo da planta híbrida.
d) reprodução de clones das plantas parentais.
e) modificação do genoma decorrente da transgenia.
169
Resposta: Letra C. A enxertia é um tipo de reprodução assexuada que mantém a carga genética, podendo ter
alterações somente por mutações (processo que gera variabilidade genética, porém ocorre de maneira rara
e aleatória). Como a atemoia é a planta de interesse, este tipo de plantio manterá as mesmas características
genéticas nas próximas gerações.
2. (ENEM - 2017) A Distrofia muscular Duchenne (DMD) é uma doença causada por uma mutação em um gene
localizado no cromossomo X. Pesquisadores estudaram uma família na qual gêmeas monozigóticas eram portado-
ras de um alelo mutante recessivo para esse gene (heterozigóticas). O interessante é que uma das gêmeas apre-
sentava o fenótipo relacionado ao alelo mutante, isto é, DMD, enquanto a sua irmã apresentava fenótipo normal.
RICHARDS, C. S. et al. The American Journal of Human Genetics, n. 4, 1990 (adaptado).
Resposta: Letra D. O enunciado nos diz que o gene mutante é recessivo. Dessa forma ele não pode exercer uma
dominância incompleta sobre o outro. Também não poderia ter havido falha na separação dos cromossomos X,
pois quando os dois embriões se separam, os cromossomos X não se separam, uma vez que não ocorre meiose
nesse processo. A recombinação cromossômica também só ocorreria se houvesse uma meiose no embrião an-
tes da separação dos dois embriões, fato que não ocorre. Como as gêmeas são monozigóticas, elas possuem
exatamente o mesmo DNA e, portanto, os mesmos cromossomos de origem paterna e materna, o que descarta
a opção E. Por fim, sabemos que uma forma de compensar a dupla carga genética atribuída aos 2 cromosso-
mos X em mulheres é a inativação aleatória de 1 deles em cada célula, formando a chamada cromatina sexual
ou corpúsculo de Barr. Assim, em uma das gêmeas a inativação aleatória do cromossomo mutante fez com
que ela não manifestasse a síndrome, enquanto que a outra inativou aleatoriamente o cromossomo normal e
apresentou a síndrome.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
3. (ENEM 2015) Um importante princípio da biologia, relacionado à transmissão de caracteres e à embriogênese hu-
mana, foi quebrado com a descoberta do microquimerismo fetal. Microquimerismo é o nome dado ao fenômeno
biológico referente a uma pequena população de células ou DNA presente em um indivíduo, mas derivada de um
organismo geneticamente distinto. Investigando-se a presença do cromossomo Y foi revelado que diversos tecidos
de mulheres continham células masculinas. A análise do histórico médico revelou uma correlação extremamente
curiosa: apenas as mulheres que antes tiveram filhos homens apresentaram microquimerismo masculino. Essa corre-
lação levou à interpretação de que existe uma troca natural entre células do feto e maternas durante a gravidez.
MUOTRI, A. Você não é só você: carregamos células maternas na maioria de nossos órgãos. Disponível em: http://
g1.globo.com. Acesso em: 4 jan. 2019 (adaptado).
O princípio contestado com essa descoberta, relacionado ao desenvolvimento do corpo humano, é o de que
a) o fenótipo das nossas células pode mudar por influência do meio ambiente.
b) a dominância genética determina a expressão de alguns genes.
c) as mutações genéticas introduzem variabilidade no genoma.
d) mitocôndrias e o seu DNA provêm do gameta materno.
e) as nossas células corporais provêm de um único zigoto.
Resposta: Letra E. A questão depende da interpretação do texto que cita a presença de células com cromosso-
mo sexual Y (cromossomo sexual masculino) em mulheres que geraram crianças do sexo masculino. Dessa ma-
neira, uma mulher apresenta células provenientes do zigoto que a originou como também células provenientes
do zigoto que gerou seu filho. Sendo assim, essa informação contesta o paradigma de que todas as células de
um indivíduo são fruto da proliferação de apenas sua célula-ovo (ou zigoto).
FISIOLOGIA
A Fisiologia é a parte da Biologia que estuda o funcionamento do corpo como um todo. Ao estudar Fisiologia,
compreendemos melhor como cada órgão e sistema funcionam para garantir o equilíbrio do organismo.
170
Sistemas que constituem o corpo humano.
1. Sistema Digestório
O sistema digestório tem a função primordial de promover nutrientes para o corpo. O alimento, após passar
pela boca, é propelido, por meio do esôfago, para o estômago e, em seguida para os intestinos delgado e grosso,
antes de ser esvaziado pelo ânus. O sistema digestório prepara o alimento para ser usado pelas células por meio
de cinco atividades básicas.
1.1 Boca
A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo é a boca. Aí encontram-se os dentes e a língua, que
preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação. Os dentes reduzem os alimentos em pequenos
pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
No intestino, os movimentos peristálticos das paredes A bile é um fluido produzido pelo fígado, que fica
musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo armazenada na vesícula biliar e atua na digestão de
em que este é atingido pela bile, enzimas e outras se- gorduras, de alguns alimentos e na absorção de subs-
creções, sendo transformado em quilo. tâncias nutritivas da dieta ao passarem pelo intestino.
A absorção dos nutrientes ocorre nas regiões do je- Ela é excretada pelo fígado, segue pelos ductos biliares,
juno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas passa à vesícula, indo ao intestino, onde emulsiona as
regiões, apresenta, além de inúmeros dobramentos gorduras.
maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões), A vesícula biliar tem de 7 a 10 cm de comprimento e
chamadas vilosidades; um traçado que aumenta a su- tem capacidade para até 50 ml de bile.
perfície de absorção intestinal. As membranas das pró-
prias células do epitélio intestinal apresentam, por sua 2. Sistema respiratório
vez, dobrinhas microscópicas denominadas microvilo- O sistema respiratório humano é constituído por um
sidades. O intestino delgado também absorve a água par de pulmões e por vários órgãos que conduzem o
ingerida, os íons e as vitaminas. ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares.
Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do Esses órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a
intestino passam ao fígado para serem distribuídos pelo laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os al-
resto do organismo. Os produtos da digestão de gor- véolos – estes três últimos localizados nos pulmões.
duras (principalmente glicerol e ácidos graxos isolados)
chegam ao sangue sem passar pelo fígado, como ocor- 2.1.1 Fossas nasais
re com outros nutrientes. As fossas nasais são duas cavidades paralelas que
começam nas narinas e terminam na faringe. Elas são
1.5 Intestino grosso separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa
É o local de absorção de água, tanto a ingerida denominada septo nasal. Em seu interior possuem um
quanto a das secreções digestivas. Uma pessoa bebe
revestimento dotado de células produtoras de muco e
cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou
células ciliadas, também presentes nas porções inferio-
9 litros de água das secreções. Glândulas da mucosa do
res das vias aéreas, como traqueia, brônquios e porção
intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes,
inicial dos bronquíolos. No teto das fossas nasais existem
facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus.
células sensoriais, responsáveis pelo sentido do olfato.
Têm as funções de filtrar, umedecer e aquecer o ar.
1.6 Glândulas anexas
2.1.5 Pulmões Por fim, o sangue arterial (oxigenado) é levado dos pul-
Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com mões ao coração, através das veias pulmonares, que se
aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo en- conectam no átrio esquerdo.
volvidos por uma membrana serosa denominada pleura. A Grande Circulação ou Circulação Sistêmica é o
Nos pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, caminho do sangue que sai do coração até as demais
dando origem a tubos cada vez mais finos, os bronquío- células do corpo, e vice-versa. No coração, o sangue
los. O conjunto altamente ramificado de bronquíolos é arterial, vindo dos pulmões, é bombeado do átrio es-
a árvore brônquica ou árvore respiratória. Cada bron- querdo para o ventrículo esquerdo e deste para a arté-
quíolo termina em pequenas bolsas formadas por célu- ria aorta responsável por transportar esse sangue para
las epiteliais achatadas recobertas por capilares sanguí- todo o organismo.
neos, denominadas alvéolos pulmonares. Assim, quando esse sangue oxigenado chega aos
O diafragma serve como base de cada pulmão. Este tecidos, os vasos capilares refazem as trocas dos gases:
absorvem o gás oxigênio e liberam o gás carbônico, tor-
fino músculo que separa o tórax do abdômen (presen-
nando o sangue venoso. Por fim,o sangue venoso faz o
te apenas em mamíferos) promove, juntamente com os
caminho de volta ao coração e chega ao átrio direito
músculos intercostais, os movimentos respiratórios.
pelas veias cavas superiores e inferiores, completando
o sistema cardiovascular.
2.2 Mecânica da respiração
Os pulmões ocupam a maior parte da cavidade to- 3.2 Componentes do Sistema Cardiovascular
rácica. Neles ocorre o processos de renovação do ar
conhecido como mecânica da respiração. 3.2.1 Sangue
O sangue é um tecido conjuntivo líquido altamente
2.2.1 Movimentos respiratórios especializado, produzido na medula óssea vermelha, que
Na inspiração, os músculos da caixa toráxica (dia- flui pelas veias, artérias e capilares sanguíneos. O sangue
fragma e músculos intercostais) se contraem e se acha- é formado por alguns tipos de células (parte figurada) dis-
tam; o tórax se expande, a pressão interna diminui em tibruídas em um meio liquido chamado de plasma.
relação a atmosférica, e o ar entra. Os constituintes celulares são os glóbulos vermelhos
Na expiração, todos os músculos relaxam, voltando (eritrócitos ou hemácias), os glóbulos brancos (leucóci-
a posição inicial, a pressão interna na da caixa torácica tos) e as plaquetas (trombócitos). O plasma compõe-se
aumenta, e o ar é expelido. principalmente de água com diversas substâncias dis-
solvidas, que são transportadas através do corpo. 173
2.2.2 Regulação dos movimentos respiratórios
Os movimentos respiratórios são involuntários, mas Hemácias
podem ser alterados de forma voluntária. Continuamente produzidas pela medula vermelha
O centro nervoso, que controla os músculos do tórax (tecido hematopoiético) dos ossos longos; são
e o diafragma, localiza-se numa parte do sistema nervo- armazenadas no baço, destruídas no fígado e na
so central denominado bulbo. medula óssea. Tem duração média de 120 dias. Na
fase embrionária, são produzidos pelo fígado. Contêm
3. Sistema Cardiovascular hemoglobina, pigmento vermelho que tem função de
O principal órgão desse sistema é o coração, que se combinar e transportar oxigênio.
bombeia o sangue, de forma que ele possa circular por
todas as células do organismo pelos vasos sanguíneos, Leucócitos
levando oxigênio; e retorne ao coração trazendo gás Continuamente produzidos pela medula óssea,
carbônico. O tempo médio para que o sangue com- baço e gânglios linfáticos, apresentam grande
plete um ciclo completo de circulação é de um minuto. variedade morfológica,relacionada a função exercida
Os nutrientes, hormônios e resíduos metabólicos tam- no sistema de defesa do organismo. Os mais frequentes
bém tem a contribuição do sistema cardiovascular para são os neutrófilos (70%), que defendem o organismo
serem transportados aos órgãos de destino. contra os agentes estranhos, como fungos e bactérias;
em seguida há os linfócitos, que participam do sistema
3.1 Circulaçõoes imunológico com a produção de anticorpos.
O sangue flui por duas circulações: a circulação pul-
monar e a circulação sistêmica. Plaquetas
A Pequena Circulação ou Circulação Pulmonar é o Produzidas pela medula óssea, têm um papel
caminho que o sangue percorre do coração aos pul- importante na coagulação do sangue.
mões, e dos pulmões ao coração. Assim, o sangue ve-
noso é bombeado do ventrículo direito para a artéria 3.2.2 Coração
pulmonar que se ramifica de maneira que uma segue O coração é um órgão muscular do sistema cardio-
para o pulmão direito e outra para o pulmão esquerdo. vascular, que se localiza na caixa torácica entre os pul-
Já nos pulmões, o sangue presente nos capilares dos al- mões e funciona como uma bomba dupla de modo que
véolos libera o gás carbônico e absorve o gás oxigênio. o lado esquerdo bombeia o sangue arterial para diver-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
4. Sistema linfático
O sistema linfático está representado por um sistema
de vasos que recolhe o liquido intercelular e o devolve
ao sangue. O líquido intercelular (intersticial) é seme-
lhante ao plasma sanguíneo, embora contenha bem
menos proteínas. A pressão sanguínea faz com que o
plasma sanguíneo atravesse a parede dos capilares,
com exceção das proteínas de grande peso molecular,
e passe para os espaços intercelulares.
174 O liquido intercelular é mantido normalmente em
equilíbrio entre o sangue e o fluido dos tecidos, uma vez
que ele é continuamente reconduzido à corrente san-
Os batimentos cardíacos guínea pelo sistema de vasos linfáticos. O fluido, agora
Os batimentos cardíacos tem origem num impulso rítmi- dentro dos vasos passa a ser chamado de linfa e, ao
co que partem de um grupo de células especializadas da contrário do sangue, circula em apenas um sentido, isto
própria parede muscular do coração, chamado de nó- é, da periferia em direção ao coração.
dulo sino-atrial, que funciona como um marca-passo. En- De acordo com o calibre, os canais do sistema são
tretanto, o ritmo das pulsações é controlado pelo sistema chamados capilares (menor calibre), vasos e ductos lin-
fáticos (maior calibre).A parede dos dutos linfáticos tem
nervoso autônomo, através de um nervo inibidor que libe-
estrutura semelhante à das veias.
ra acetilcolina, e de um acelerador, que libera adrenalina.
No trajeto dos vasos linfáticos, encontram-se dilata-
ções denominadas gânglios linfáticos ou linfonodos. Tais
3.2.3 Vasos Sanguíneos
gânglios são constituídos de tecido conjuntivo hema-
Os vasos sanguíneos são tubos do sistema cardiovas-
topoiético linfoide. Por sua riqueza em macrófagos os
cular, distribuídos por todo o corpo, por onde circula o
linfonodos representam filtros para a linfa, fagocitando
sangue. São formados por uma rede de artérias e veias
elementos estranhos. Neles, formam-se glóbulos brancos
que se ramificam formando os capilares.
do tipo monócitos e, principalmente, linfócitos. Além dis-
so, por sua riqueza em plasmócitos, representam locais
Artérias de formação de anticorpos.
As artérias são vasos do sistema cardiovascular, que As proteínas plasmáticas desempenham um papel
saem do coração e transportam o sangue para todas as importante na transferência de liquido através da pa-
células do corpo. A parede da artéria é espessa e forma- rede do capilar. O líquido pode sair da corrente sanguí-
da de tecido muscular elástico, que suporta a pressão nea para o liquido intercelular e também pode passar
do sangue. O sangue venoso, rico em gás carbônico, dos espaços intercelulares para a corrente sanguínea.
é bombeado do coração para os pulmões através das O sentido da passagens desses líquidos é determinado
artérias pulmonares; enquanto o sangue arterial, rico em pela pressão sanguínea dos capilares e pela pressão os-
gás oxigênio, é bombeado do coração para os tecidos mótica das proteínas do plasma.
do corpo, através da artéria aorta. As artérias se ramifi- Pressão sanguínea: em razão da sístole ventricular, o
cam pelo corpo, ficam mais finas, formam as arteríolas, sangue é bombeado pelo sistema arterial sob alta pres-
que se ramificam ainda mais, originando os capilares. são. Essa pressão decresce à medida que o sangue se
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
distancia do coração, de tal modo que, ao passar das O filtrado glomerular passa em seguida para o túbu-
arteríolas para os capilares, atinge valores de 35 mmHg. lo contorcido proximal. Nesse túbulo, ocorre reabsorção
Na saída dos capilares, o valor da pressão sanguínea é ativa de sódio. A saída desses íons provoca a remoção
de apenas 15mmHg, em média. Desse modo, a pressão de cloro, fazendo com que a concentração do líquido
sanguínea média nos capilares é da ordem de 25 mmHg. dentro desse tubo fique menor (hipotônico) do que do
Esta pressão é suficiente para fazer o líquido extravasar plasma dos capilares que o envolvem. Com isso, quan-
o plasma sanguíneo (sem a maior parte das proteínas) e do o líquido percorre o ramo descendente da alça de
chegar aos espaços intercelulares (interstício). Henle, há passagem de água por osmose do líquido
Em virtude da maior concentração do plasma san-
tubular (hipotônico) para os capilares sanguíneos (hi-
guíneo (apresenta proteínas) em relação ao liquido
pertônicos) – ao que chamamos reabsorção. O ramo
intercelular, há uma maior pressão osmótica no interior
descendente percorre regiões do rim com gradientes
do vaso. Em consequência dessa diferença, tem-se
movimento do liquido dos espaços intercelulares para crescentes de concentração. Consequentemente, ele
o interior da parede capilar (semipermeável). A pres- perde ainda mais água para os tecidos, de forma que,
são osmótica das proteínas plasmática é da ordem de na curvatura da alça de Henle, a concentração do lí-
25mmHg. Desse modo, observa-se um equilíbrio dinâmi- quido tubular é alta.
co do movimento do liquido entre o sangue dos capila- Esse líquido muito concentrado passa então a per-
res e do liquido intercelular dos tecido. correr o ramo ascendente da alça de Henle, que é for-
A pressão sanguínea força o fluido para fora do ca- mado por células impermeáveis à água e que estão
pilar, de maneira decrescente, da terminação arterial adaptadas ao transporte ativo de sais. Nessa região,
para a terminação venosa. A pressão osmótica das pro- ocorre remoção ativa de sódio, ficando o líquido tubu-
teínas força o fluido dos espaços intercelulares para o lar hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal,
interior do capilar. Na terminação arterial sai mais flui- que é permeável à água, ocorre reabsorção por osmo-
do do que entra e, na terminação venosa, verifica-se o se para os capilares sanguíneos. Ao sair do néfron, a uri-
contrário. na entra nos dutos coletores, onde ocorre a reabsorção
final de água.
5. Sistema excretor Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados
O sistema excretor é formado por um conjunto de
cerca de 180 litros de fluido do plasma; porém são for-
órgãos que filtram o sangue, produzem e excretam a
mados apenas 1 a 2 litros de urina por dia.
urina - o principal líquido de excreção do organismo. É
Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao
constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela
longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoá-
bexiga urinária e pela uretra. 175
cidos e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal,
Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo
essas substâncias já não são mais encontradas.
abaixo do diafragma, um de cada lado da coluna ver-
tebral.Cada rim é formado de tecido conjuntivo, que
5. 2 Regulação da função renal
sustenta e dá forma ao órgão, e por milhares ou milhões
A regulação da função renal relaciona-se basica-
de unidades filtradoras, os néfrons, localizados na região
mente com a regulação da quantidade de líquidos do
renal.
corpo. Havendo necessidade de reter água no interior
O néfron é uma longa estrutura tubular microscópica
do corpo, a urina fica mais concentrada, em função da
que possui, em uma das extremidades, uma expansão
maior reabsorção de água; havendo excesso de água
em forma de taça, denominada cápsula de Bowman,
no corpo, a urina fica menos concentrada, em função
que se conecta com o túbulo contorcido proximal, que
da menor reabsorção de água.
continua pela alça de Henle e pelo túbulo contorcido dis-
O principal agente regulador do equilíbrio hídrico
tal; este desemboca em um tubo coletor. São responsá-
no corpo humano é o hormônio ADH (antidiurético),
veis pela filtração do sangue e remoção das excreções.
produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. A
concentração do plasma sanguíneo é detectada por
5.1 Funcionamento dos rins receptores osmóticos localizados no hipotálamo. Ha-
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que vendo aumento na concentração do plasma (pouca
se ramifica muito no interior do órgão, originando gran- água), esses osmorreguladores estimulam a produção
de número de arteríolas aferentes, onde cada uma ra- de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar
mifica-se no interior da cápsula de Bowman do néfron, sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores do
formando um enovelado de capilares denominado glo- néfron, tornando as células desses tubos mais permeá-
mérulo. O sangue arterial é conduzido sob alta pressão veis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de
nos capilares do glomérulo. Essa pressão tem intensida- água e a urina fica mais concentrada. Quando a con-
de suficiente para que parte do plasma passe para a centração do plasma é baixa (muita água), há inibição
cápsula de Bowman, processo denominado filtração. da produção do ADH e, consequentemente, menor ab-
Essas substâncias extravasadas para a cápsula de Bo- sorção de água nos túbulos distais e coletores, possibili-
wman constituem o filtrado glomerular, que é semelhan- tando a excreção do excesso de água, o que torna a
te, em composição química, ao plasma sanguíneo, com urina mais diluída.
a diferença de que não possui proteínas, incapazes de
atravessar os capilares glomerulares.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
O sistema nervoso somático inclui, também, o sistema nervoso periférico, que compreende os nervos formados
por prolongamentos de neurônios sensoriais e efetuadores, que conduzem, respectivamente, impulsos dos recep-
tores sensoriais ao sistema nervoso central e, deste, de volta para as parte periféricas do corpo, onde estão os
efetuadores de respostas.
O encéfalo forma-se a partir de um dilatação do tubo neural, que se subdivide em três porções: anterior, pos-
terior e médio. Num estágio posterior, a porção anterior do encéfalo se subdivide, constituindo o cérebro (grande-
mente expandido sob a forma de hemisférios cerebrais) e o diencéfalo (tálamo, hipotálamo e hipófise posterior).
O cérebro é a sede de todas as ações voluntárias e cognitivas, como raciocínio e memória.
O diencéfalo estabelece numerosas conexões com outras partes do encéfalo. O tálamo contém feixes ascen-
dentes e descendentes que ligam o cérebro a medula. O hipotálamo engloba os centros que controlam o sono,
vigília, fome, sede, osmorregulação, temperatura, instinto sexual, prazer e dor. A parte superior da hipófise, conside-
rada a glândula mestra do sistema endócrino, é formada por uma projeção do diencéfalo, abaixo do hipotálamo.
Ela armazena secreções produzidas por células neuro-secretoras.
O cerebelo é o órgão responsável pela coordenação das atividades dos músculos esqueléticos, do tato, visão
e audição, em nível inconsciente, a partir de informações recebidas. Indivíduos com lesão no cerebelo exibem fra-
queza e perda do tônus muscular, assim como movimentos descoordenados. Suas atividades estão relacionadas
com o equilíbrio e postura corporal. O cerebelo trabalha em conexão com o córtex cerebral e o tronco encefálico.
O bulbo, além de ser caminho para todos os feixes nervosos que ligam a medula espinhal ao cérebro, contêm
centros de controle das funções vegetativas,como respiração, deglutição e circulação.
177
A medula espinhal é uma extensão do encéfalo, estendendo-se da base do crânio até logo abaixo das cos-
telas. E uma haste de tecido cerebral, com um pequeno canal passando através de todo seu comprimento, que
contém o líquido céfalo-raquidiano, e coloração branca por fora e cinzento por dentro. É uma importante via de
comunicação com os centros nervosos superiores, contendo inúmeros feixes ascendentes e descendentes. Além
disso, atua como centro de coordenação autônoma, que controlam algumas ações reflexas.
7. Sistema sensorial
O Sistema sensorial consiste nos receptores sensoriais, nos neurônios aferentes, e nas partes do cérebro envolvi-
178 das no processamento da informação.
Os sentidos são os meios através dos quais se percebem e reconhecem os estímulos do ambiente em que se
encontram – em outras palavras, são as traduções do mundo físico para a mente. Os mais conhecidos são cinco: a
visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato; havendo ainda outros mais, como a propiocepção, as percepções
térmicas e de pressão, entre outras.
Os estímulos provenientes do ambiente são captados através de células altamente especializadas, chama-
das de células sensoriais; ou através de simples terminações nervosas dos neurônios. Essas células ou terminações
nervosas podem ser encontradas espalhadas pelo corpo e nos órgãos dos sentidos (olfato, paladar, tato, visão e
audição), formando o sistema sensorial.
Embora cada órgão do sentido apresente um tipo de célula sensorial diferente, elas funcionam de maneira
muito semelhante. Ao serem estimuladas, ocorre uma alteração na permeabilidade da membrana plasmática da
célula sensorial, gerando impulsos nervosos que chegam até o sistema nervoso central, onde serão interpretados.
Esses impulsos nervosos gerados pelas células sensoriais (através de uma luz que atinge os olhos ou de um odor que
chega às narinas) são muito semelhantes. Somente quando chegam às áreas do cérebro responsáveis, nesse caso,
pela visão e pelo olfato, é que os impulsos serão interpretados como sensações visuais e olfativas. Dessa forma,
quem na verdade vê e cheira não são os olhos e o nariz, e sim o cérebro.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
te no equilíbrio dos líquidos, afetando o volume intrace- e dos ossos, entre outras. Também é a testosterona que
lular e extracelular dos mesmos. Glândulas salivares e induz o amadurecimento dos órgãos genitais, além de
sudoríparas também são influenciadas pela aldosterona promover o impulso sexual.
para reter sódio. O intestino aumenta a absorção de só- A testosterona começa a ser produzida ainda na
dio como reação à aldosterona. fase embrionária e é a presença dela que determina
- Adrenalina e Noradrenalina: Tais hormônios são se- o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos.
Se houver ausência desse hormônio, ou a falta de
cretados em resposta à estimulação simpática e são
receptores compatíveis a ele nas células do embrião, o
considerados como hormônios gerais. Liberados em sexo que se desenvolverá será o feminino.
grandes quantidades depois de fortes reações emocio-
nais como, por exemplo, susto ou medo, estes hormônios Ovários
são transportados pelo sangue para todas as partes do Na mulher o aumento de LH e FSH é o estímulo para a
corpo, onde provocam reações diversas, principalmen- maturação folicular. O folículo, em processo de amadu-
te constrição dos vasos, elevação da pressão arterial, recimento, passa a secretar estrógeno, o qual prepara
aumento dos batimentos cardíacos, etc. o útero para receber o embrião, provocando espessa-
Tais reações resultam no aumento do suprimento mento da parede do endométrio, aumento da irrigação
de oxigênio às células. Além disso, a adrenalina, que sanguínea e da produção de muco. Quando o folículo
rompe, o nível de estrógeno cai e, como ele tem efeito
aumenta a glicogenólise hepática e muscular e a libe-
inibitório sobre a secreção de LH e FSH, esses hormônios
ração de glicose para o sangue, eleva o metabolismo
têm um pico, provocando a liberação do óvulo de 16
celular. A combinação dessas reações possibilita, por a 24 horas depois. Forma-se, então, o corpo lúteo, que
exemplo, reações rápidas de fuga ou de luta frente a começa a secretar progesterona.
diferentes situações ameaçadoras. Caso haja a fecundação, os níveis de estrógeno e
Cortisol: O cortisol serve para ajudar o organismo a con- de progesterona seguem aumentando, inibindo o eixo
trolar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o fun- hipotálamo-hipófise ao longo da gestação. Assim, nesse
cionamento do sistema imune e manter os níveis de açúcar período, o LH e o FSH se mantêm baixos, e a mulher se
no sangue constantes, assim como a pressão arterial. torna anovulatória. Se não houver a fecundação, o óvu-
lo entra em involução em até 72 horas. A progesterona
Glândulas sexuais e o estrógeno começam a cair e o estímulo para manu-
O hipotálamo produz GnRH, que estimula a adeno- tenção da parede do endométrio cessa, provocando
-hipófise a liberar LH e FSH que, por sua vez, agirão sobre sua descamação, caracterizando a menstruação. En-
182 tão, o LH e o FSH, que estavam baixos, começam a subir
as gônadas, estimulando a produção de testosterona,
novamente, iniciando um novo ciclo.
estrógeno e progesterona.
A Ovulação
A ovulação é a liberação de um óvulo maduro feita
Testículos por um dos ovários por volta do 14º dia do ciclo mens-
Os hormônios do sistema genital masculino são trual, contado a partir do primeiro dia de menstruação.
produzidos nas gônadas masculinas, conhecidas No ovário (o local de onde sai o óvulo) surge o corpo
como testículos. São os hormônios que determinam as lúteo ou amarelo – uma estrutura amarelada que passa
características sexuais secundárias, induzem a formação a produzir o estrogênio e progesterona. Esses hormônios
dos gametas masculinos e promovem o impulso sexual. atuam juntos, preparando o útero para uma possível
É na puberdade, aproximadamente entre os 11 gravidez, além disso, o estrogênio estimula o apareci-
e os 14 anos, que começam a ocorrer as mudanças mento das características sexuais femininas secundá-
fisiológicas no corpo dos meninos. Nessa fase da vida, dois rias. O óvulo liberado é “captado” por uma das tubas
hormônios produzidos pela adeno-hipófise agem sobre uterinas, que ligam os ovários ao útero. Revestindo essas
os testículos, estimulando a produção de testosterona. tubas internamente, existem células com cílios que fa-
Esses hormônios são o hormônio folículo-estimulante vorecem o deslocamento do óvulo até a cavidade do
(FSH) e o hormônio luteinizante (LH), também chamados útero.
de gonadotrofinas por atuarem sobre as gônadas. A Fecundação
No homem, o hormônio luteinizante também pode A mulher pode ficar grávida se, quando o óvulo es-
tiver nesses tubos, ela mantiver relação sexual com o
ser chamado de hormônio estimulador das células
parceiro e um espermatozoide (célula reprodutora mas-
intersticiais (ICSH), porque age estimulando as células
culina) entrar no óvulo. O encontro de gametas (óvulo
intersticiais, ou de Leydig, a produzirem testosterona.
e espermatozoide), na tuba uterina, chama-se fecun-
A testosterona e os hormônios gonadotróficos FSH e
dação. Apenas um dos milhões de espermatozoides
LH atuam juntos na ativação da espermatogênese
contidos no esperma penetra no óvulo, na fecundação.
(produção de espermatozoides).
Depois da fecundação, ocorre então a formação da
A testosterona é o principal hormônio masculino.
célula-ovo ou zigoto. Essa primeira célula de um novo
Ela determina o desenvolvimento dos órgãos genitais,
ser sofre divisões durante o seu trajeto pelo tubo até o
a descida dos testículos para a bolsa escrotal e o
útero. O sexo biológico desse novo ser humano – ou
aparecimento das características sexuais secundárias
seja, o sexo do bebê – é definido na fecundação pelos
masculinas, como a distribuição de pelos pelo corpo,
cromossomos X ou Y.
engrossamento da voz, desenvolvimento dos músculos
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
- Canal medular: é a cavidade onde se encontra a -Estriado esquelético: formado por fibras musculares,
medula óssea, geralmente presente nos ossos lon- apresenta terminações nervosas e está diretamente li-
gos. gado ao movimento e à postura corporal. Recebe esse
-Medula óssea: A medula vermelha (tecido sanguí- nome por apresentar estriações formadas pelas proteí-
neo) produz células sanguíneas (processo chama- nas actina e miosina.
do de hematopoiese), mas em alguns ossos deixa
de existir e há somente a medula amarela (tecido A contração muscular
adiposo) que armazena gordura. -Os miofilamentos: actina e miosina
Toda a célula muscular contém filamentos protéicos
Esqueleto contráteis de dois tipos: actina e miosina. Esses miofila-
É o conjunto formado pelos 206 ossos que constituem mentos (ou miofibrilas) são diferenciados um do outro
o Sistema Esquelético humano, sendo estes: pelo peso molecular, maior no filamento de miosina. Ao
microscópio eletrônico, a actina aparece sob a forma
Classificação dos ossos: de filamentos finos, enquanto a miosina e representa-
Os ossos são classificados de acordo com a sua for- da por filamentos grossos. A interação da actina com
ma em: a miosina é o grande evento desencadeador da con-
- Longos: têm duas extremidades ou epífises; o corpo
tração muscular. A disposição regular dessas proteínas
do osso é a diáfise; entre a diáfise e cada epífi-
ao longo da fibra produz o padrão de faixas claras e
se fica a metáfise. A diáfise é formada por tecido
escuras alternadas, típicas do músculo estriado.
ósseo compacto, enquanto a epífise e a metáfi-
As unidades de actina e miosina que se repetem ao
se, por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur,
úmero. longo da miofibrila são chamadas sarcômeros. As faixas
- Curtos: têm as três extremidades praticamente mais externas dos sarcômeros, claras, são denominadas
equivalentes e são encontrados nas mãos e nos de banda I e contêm apenas filamentos de actina. A
pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. faixa central mais escura é denominada banda A. As
Exemplos: calcâneo, tarsos, carpos. extremidades da banda A são formadas por filamentos
-Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de actina e miosina sobrepostos, enquanto a sua região
de tecido ósseo compacto, tendo entre elas uma mediana mais clara, denominada banda H, contém
camada de tecido ósseo esponjoso e de medula apenas miosina.
óssea Exemplos: esterno, ossos do crânio, ossos da
bacia, escápula. DOENÇAS
184
11. Sistema muscular 1. Doenças transmitidas pela água
A nossa capacidade de locomoção depende da As principais doenças causadas pela falta de trata-
ação conjunta de ossos, articulações e músculos, sob o mento da água são:
controle do sistema nervoso.
O corpo possui mais de 600 músculos, que, além Leptospirose
de promoverem a movimentação do corpo, também A infecção humana na maioria das vezes está asso-
apresentam outras importantes funções, tais como a ciada ao contato com água, alimentos ou solo conta-
manutenção da temperatura corporal (por isso que tre- minados pela urina de animais portadores do Leptos-
memos de frio) e garantir o fluxo sanguíneo. pira. As bactérias são ingeridas ou entram em contato
com a mucosa ou pele que apresentem solução de
Os músculos são classificados em: continuidade. Os animais classicamente lembrados são
- Liso ou visceral: é composto por células fusiformes os roedores mas bovinos, equinos, suínos, cães, e vários
com apenas um núcleo, apresenta contração involun- animais selvagens são responsabilizados pela difusão da
tária e é encontrado na parede de vasos sanguíneos, doença. A contaminação entre pessoas doentes é ab-
bexiga, intestino e útero, ou seja, estruturas ocas do cor- solutamente rara.
po. Responsável pela impulsão de líquidos como san-
gue, urina, bile, entre outros. As células do músculo liso Cólera
reagem a sinais químicos oriundos de outras células ou O cólera é uma doença infectocontagiosa do intes-
hormônios. A principal das funções desse músculo é a tino delgado causada pela bactéria Vibrio cholerae,
compressão do conteúdo das cavidades a que perten- geralmente transmitida por meio de alimento ou água
cem, participando, assim, de processos como digestão contaminados.
e regulação da pressão arterial. São chamados de lisos
porque suas fibras não apresentam estriações. Amebíase e giardíase
-Estriado cardíaco: Formado por uma rede de fibras São infecções intestinais parasitária causadas, res-
conjugadas e ramificadas que compõe o miocárdio, pectivamente, pelos protozoários Entamoeba histolytica
revestimento muscular do coração. Produz contrações e Giardia sp. São bastante comuns em áreas do mundo
involuntárias, sendo controlado pelo sistema nervoso ve- onde o saneamento básico é deficiente, permitindo que
getativo. alimentos e água sejam expostos à contaminação fecal.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
a) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mos- tos astronômicos. Não podemos nos esquecer de que
quito necessita de ambientes cobertos e fechados egípcios e chineses, assim como incas, maias e astecas
para a sua reprodução. também sabiam interpretar os movimentos dos astros.
b) Substituição das casas de barro por casas de alvena-
ria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede 1. A Teoria do Big Bang
das casas de barro. Na década de 1920, o astrônomo americano Edwin
c) Remoção dos recipientes que possam acumular Hubble procurou es-tabelecer uma relação entre a dis-
água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem tância de uma galáxia e a velocidade com que ela se
nesse meio. aproxima e se afasta de nós. A velocidade da galáxia
d) Higienização adequada de alimentos, visto que as se mede com relativa facilidade, mas a distância requer
larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de uma série de trabalhos encadeados e, por isso, é tra-
substrato. balhoso e relativamente impreciso. Após muito traba-
e) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a lho, ele descobriu uma correlação entre a distância e
reprodução do mosquito acontece em águas con- a velocidade das galáxias que ele estava estudando.
taminadas. Quanto maior a distância, com mais velocidade ela se
afasta de nós. É a chamada Lei de Hubble. Portanto, as
Resposta: Letra C. Essa questão é uma dentre várias galáxias próximas se afastam lentamente e as galáxias
que abordam problemas de saúde pública – forma distantes se afastam rapidamente? Como explicar essa
como as doenças são cobradas no ENEM. Observe lei?
que o que você precisa saber para responder a essa De acodo com a Teoria do Big Bang, o universo sur-
questão é que o mosquito da dengue coloca seus giu de uma explosão no passadoDesde então, ele está
ovos em água parada. se expandindo, até hoje, e a Lei de Hubble é a confirma-
ção disso. As indicações mais recentes são de que o Big
Bang ocorreu há 13,7 (± 0,2) bilhões de anos.
De fato, trabalhos teóricos do abade belga Georges
EVOLUÇÃO Lemaitre, de 1927, mostraram que a Teoria da Relativi-
dade Geral de Albert Einstein é compatível com a re-
cessão das Nebulae (como eram então chamadas as
A ORIGEM DO UNIVERSO galáxias) e ele foi o primeiro a propor que o universo te-
A origem “das coisas” sempre foi uma preocupação ria surgido de uma explosão, de um “átomo primordial”.
186 central da humanidade; a origem das pedras, dos ani-
mais, das plantas, dos planetas, das estrelas e de nós A ORIGEM DA VIDA
mesmos. Mas a origem mais fundamental de todas pa-
rece ser a origem do universo como um todo – tudo o 1. Abiogênese x Biogênese
que existe. Sem esse, nenhum dos seres e objetos cita- Uma ideia bastante antiga, do tempo de Aristóteles,
dos nem nós mesmos poderíamos existir. é a de que os seres vivos podem surgir por geração es-
Talvez por essa razão, a existência do universo como pontânea (abiogênese). Apesar de conhecer a impor-
um todo, sua natureza e origem foram assuntos de ex- tância da reprodução, admitia-se que certos organis-
plicação em quase todas as civilizações e culturas. De mos vivos pudesse surgir espontaneamente da matéria
fato, cada civilização conhecida da antropologia teve bruta. Observações do cotidiano mostravam, por exem-
uma cosmogonia – uma história de como o mundo co- plo, que larvas de moscas apareciam no meio do lixo e
poças de lama podiam exibir pequenos animais. A con-
meçou e continua, de como os homens surgiram e do
clusão a que se chegava era a de que o lixo e a lama
que os deuses esperam de nós. O entendimento do uni-
haviam gerado diretamente os organismos.
verso foi, para essas civilizações, algo muito distinto do
Entretanto, reconhecia-se que nem toda matéria
que nos é ensinado hoje pela ciência. Mas a ausência
bruta podia gerar vida. Assim, de um pedaço de ferro
de uma cosmologia para essas sociedades, uma expli-
ou pedra não surgia vida; mais de um pedaço de car-
cação do mundo em que vivemos, seria tão inconcebí-
ne, uma porção de lama ou uma poça d´agua eram
vel quanto a ausência da própria linguagem. Essas ex-
capazes de gerar vida. Explicava-se esta capacidade
plicações, por falta de outras formas de entendimento
de gerar ou não vida entre os distintos materiais brutos
da questão, sempre tiveram fundamentos religiosos, mi-
alegando-se a necessidade de um “princípio ativo”
tológicos ou filosóficos. Só recentemente a ciência pôde
que não esteja presente em qualquer matéria bruta. O
oferecer sua versão para os fatos. A razão principal para princípio ativo não era considerado algo concreto, mas
isso é que a própria ciência é recente. Como método uma capacidade ou potencialidade de gerar vida.
científico experimental, podemos nos referir a Galileu As ideias a respeito da geração espontânea perdu-
Galilei (1564-1642, astrônomo, físico e matemático ita- raram por muito tempo, apesar da sua forma original ter
liano) como um marco importante. Não obstante, já os evoluído aos poucos; ainda nos meados do século pas-
gregos haviam desenvolvido métodos geométricos so- sado, havia numerosos partidários dessa teoria, que só
fisticados e precisos para determinar órbitas e tamanhos foi definitivamente destruída pelos trabalhos de Pasteur.
de corpos celestes, bem como para previsão de even-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Em meados do século XVII, Francesco Redi realizou 2. Hipóteses sobre a origem da vida
uma experiência que representou a primeira tentativa Há três posições “filosóficas” em relação à origem da
experimental com finalidade de derrubar a geração vida.
espontânea. Redi colocara pedaços de carne em dois A primeira relaciona-se aos mitos da “criação”, ideia
grupos de frascos; um dos grupos permanece aber- criacionista, que afirmam que a vida foi criada por uma
to, enquanto o outro é recoberto por um pedaço de força suprema ou ser superior; essa hipótese, evidente-
gaze. Sobre a carne dos frascos abertos, após alguns mente, foge ao campo de ação do raciocínio científi-
dias, surgem larvas de moscas; nos frascos cobertos não co, não podendo ser testada e nem refutada pelos mé-
aparecem larvas. Redi concluiu que a carne não gera todos usados pela ciência.
as larvas; moscas adultas devem ter sido atraídas pelo Uma segunda posição, a panspermia, se refere à
cheiro de material em decomposição e desovaram possibilidade de a vida ter se originado fora do plane-
sobre a carne. As larvas nasceram, portanto, dos ovos ta Terra e ter sido “semeada” por pedaços de rochas,
postos pelas moscas. Essa ideia é ainda reforçada pela como meteoritos, que teriam trazido “esporos” ou ou-
observação dos frascos cobertos: sobre a gaze, do lado tras formas de vida alienígena. Esses teriam evoluído nas
externo do frasco, algumas larvas apareceram. À ideia condições favoráveis da Terra, até originar a diversida-
de que os seres vivos se originam sempre de seres vivos de de seres vivos que conhecemos.
chamamos biogênese. A terceira posição, a mais em voga hoje, aceita que
a vida pode ter surgido espontaneamente sobre o pla-
1.2. Os experimentos de Pasteur neta Terra, através da evolução química de substâncias
Por volta de 1860, O cientista francês Louis Pasteur não vivas. Não é fácil ou seguro verificar eventos que
conseguiu derrubar definitivamente as ideias sobre a ocorreram há bilhões de anos, quando nosso planeta era
geração espontânea da vida. Vejamos como Pasteur muito diferente do que é hoje; no entanto, os cientistas
descreve suas experiências. conseguiram reproduzir algumas das condições originais
em laboratório e descobriram muitas evidências geoló-
“Coloquei em frascos de vidro os seguintes líquidos,
gicas, químicas e biológicas que reforçam essa hipótese.
todos facilmente alteráveis, em contato com o ar co-
Essa terceira posição foi defendida pela primeira vez pelo
mum: suspensão de lêvedo de cerveja em água, sus-
cientista russo Oparin, em 1936, como veremos a seguir.
pensão de lêvedo de cerveja em água e açúcar, urina,
suco de beterraba, água de pimenta. Aqueci e puxei o 3. A Evolução das Substâncias Químicas
gargalo do frasco de maneira a dar-lhe curvatura; dei- Nos últimos 120 anos, várias ideias sobre a origem da
xei o líquido ferver durante vários minutos até que os va- Terra, sua idade, as condições primitivas da atmosfera
pores saíssem livremente pela estreita abertura superior foram surgindo. Em particular, verificou-se que os mes- 187
do gargalo, sem tomar nenhuma outra precaução. Em mos elementos que predominam nos organismos vivos
seguida, deixei o frasco esfriar. É uma coisa notável, ca- (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) também
paz de assombrar qualquer pessoa acostumada com a existem fora deles; nos organismos vivos estes elementos
delicadeza das experiências relacionadas à assim cha- estão combinados de maneira a formar moléculas com-
mada geração espontânea, o fato de o líquido em tal plexas, como proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos
frasco permanecer imutável indefinidamente… Parecia nucleicos. A diferença básica, então, entre matéria viva
que o ar comum, entrando com força durante os pri- e matéria bruta estaria sobretudo ao nível da organiza-
meiros momentos (do resfriamento), deveria penetrar ção desses elementos. O químico Wöhler, em 1828, já
no frasco num estado de completa impureza. Isto é ver- havia fornecido a seguinte pista: substâncias “orgâni-
dade, mas ele encontra um líquido numa temperatura cas” ou complexas, como a ureia, podem ser formadas
ainda próxima do ponto de ebulição. em condições de laboratório a partir de substâncias
A entrada do ar ocorre, então, mais vagarosamente simples, “inorgânicas”. Se as condições adequadas sur-
e, quando o líquido se resfriou suficientemente, a ponto giram da Terra, no passado, então a vida poderia ter
de não mais ser capaz de tirar a vitalidade dos germes, aparecido do inorgânico.
a entrada do ar será suficientemente lenta, de maneira Uma simples análise das características que os seres
a deixar nas curvas úmidas do pescoço toda a poeira (e vivos exibem hoje mostra, independentemente de sua
germes) capaz de agir nas infusões… forma ou tamanho, a presença dos mesmos “tijolos”
Depois de um ou vários meses no incubador, o pes- básicos em todos eles: açúcares simples, os 20 tipos de
aminoácidos, os 4 nucleotídeos de DNA e os 4 de RNA, e
coço do frasco foi removido por golpe dado de tal
os lipídios. Ora, depois da pista dada por Wöhler, a que
modo que nada, a não ser as ferramentas, o tocasse,
nos referimos, os químicos descobriram que esses com-
e depois de 24, 36 ou 48 horas, bolores se tornavam visí-
postos podem ser feitos em laboratório, se houver uma
veis, exatamente como no frasco aberto ou como se o
fonte de carbono, de nitrogênio, e uma certa quantida-
frasco tivesse sido inoculado com poeira do ar.” de de energia disponível. Assim sendo, se as condições
Com esta experiência engenhosa, Pasteur também adequadas tivessem estado presentes, no passado da
demonstrava que o líquido não havia perdido pela Terra, essas substâncias poderiam ter se formado sem
fervura suas propriedades de abrigar vida, como argu- grandes dificuldades.
mentaram alguns de seus opositores. Além disso, não se Várias dessas ideias foram organizadas e apresentadas
podia alegar a ausência do ar, uma vez que este entra- de forma clara e coerente pelo bioquímico russo Aleksan-
va e saía livremente (apenas estava sendo filtrado). dr I. Oparin, em 1936, no seu livro “A origem da vida.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
3.2 Ideias recentes sobre a origem da vida a ênfase que Oparin dá ao aparecimento da proteína.
Acredita-se hoje que, provavelmente, a composição No entanto a hipótese original foi readaptada quando
da atmosfera primitiva foi diferente do que acreditava ficou patente a identidade entre genes e ácidos nuclei-
Oparin; ela teria contido CO, CO2, H2, N2 e vapor de cos.
água (não haveria, portanto, metano nem amônia; as Acredita-se hoje que a primeira molécula informa-
fontes de carbono seriam o CO e o CO2, enquanto a de cional tenha sido o RNA, e não o DNA. Foi feita a interes-
nitrogênio seria o N2). Vapor de água e de gás carbôni- santíssima descoberta de que certos “pedaços” de RNA
co teriam sido produzidos pela intensa atividade vulcâ- têm uma atividade catalítica: eles permitem a produ-
nica. Mesmo assim, isso não invalida experimentos como ção, a partir de um molde de RNA e de nucleotídeos, de
o de Miller. Na realidade, foram feitas desde então mui- outras fitas de RNA idênticas ao molde! A esses pedaços
tas variantes dessa experiência, modificando-se os ga- de RNA com atividade “enzimática”, os biólogos cha-
ses utilizados e colocando-se algumas substâncias mine- mam de ribozimas. Isso permite explicar o eventual sur-
rais; os cientistas chegaram a obter mais de 100 tipos de gimento e duplicação dos ácidos nucleicos, mesmo na
“tijolos” orgânicos simples, incluindo nucleotídeos e ATP. ausência das sofisticadas polimerases que atuam hoje.
O DNA deve ter sido um estágio mais avançado na
confecção de um material genético estável; evidente-
O poder da argila mente, os primeiros DNA teriam sido feitos a partir de um
Algumas teorias recentes dão conta de que os lon- molde de RNA original. Isso lembra bastante, você vai
gos polímeros, como proteinoides e fitas de ácidos nu- concordar, o modo de atuação do retrovírus, como o
cleicos, podem ter se formado, como alternativa às da AIDS!
rochas quentes da crosta, em “moldes” de argila. De De qualquer forma, esses “genes nus”, isto é, envol-
fato, para ocorrer polimerização, deve haver uma alta vidos por nada, mas livres na argila ou na água, podem
concentração das unidades constituintes; na argila, ter num período posterior “fixado residência” numa es-
essa concentração pode ter sido alta. Além disso, a ar- trutura maior, como um coacervado ou uma microes-
gila pode ter agido como “catalisadora” e promovido o fera…
aparecimento de ligações simples, como as peptídicas, Um dos problemas ainda mais perturbadores nes-
com perda de água. Alguns biólogos acreditam ainda sa história toda, relaciona-se ao surgimento do código
que a argila foi o meio em que se formaram moléculas genético. Em outras palavras, o aparecimento de pro-
RNA, a partir de nucleotídeos simples. A energia para teínas ou de moléculas de ácidos nucleicos com a ca-
essa polimerização poderia ter sido proveniente do ca- pacidade de duplicação, nas condições postuladas,
lor da crosta; ou do calor do sol, ou ainda da radiação pode ser imaginado sem muita dificuldade, mas per- 189
ultravioleta. manece extremamente misterioso o método pelo qual
as moléculas de ácidos nucleicos teriam tomado conta
Coacervados ou microesferas? do controle da produção de proteínas específicas, que
Há mais de um modelo, além da ideia de coacerva- tivessem um valor biológico e de sobrevivência. Quem
dos, para explicar como moléculas grandes, tipo protei- sabe o tempo se encarregará de nos fornecer novas
noides, teriam se agregado na água, formando estrutu- evidências…
ras maiores. O pesquisador Fox, colocando proteinoides
em água, obteve a formação de pequeninas esferas. 4. A evolução do metabolismo
Bilhões de microesferas podem ser obtidas a partir Analisamos até agora o surgimento das primeiras for-
da mistura de um grama de aminoácidos aquecidos, mas vivas, e você deve ter notado que já mencionamos,
algumas delas formando cadeias, de forma muito se- para essas formas, algumas características importantes
melhante a algumas bactérias atuais. Cada microesfe- para conceituar um ser vivo. Esses primeiros organismos
ra tem uma camada externa de moléculas de água e possuem compostos orgânicos na constituição de seus
proteínas e um meio interno aquoso, que mostra algum corpos, são celulares (unicelulares, no caso) e têm ca-
movimento, semelhante à ciclose. Essas microesferas pacidade de reprodução.
podem absorver e concentrar outras moléculas existen- Não discutimos ainda uma outra característica dos
tes na solução ao seu redor. Podem também se fundir seres vivos: o metabolismo. Vamos, então, analisar como
entre si, formando estruturas maiores; em algumas con- deve ter sido a provável evolução das vias metabólicas
dições, aparecem na superfície “brotos” minúsculos que nos seres vivos.
podem se destacar e crescer. Todo o ser vivo precisa de alimentos, que são de-
gradados nos processos metabólicos para a liberação
Como apareceu o gene? de energia e realização das funções. Esses alimentos
Uma coisa que é importante entender: na hipótese degradados também podem ser utilizados como ma-
original de Oparin, não há referência aos ácidos nuclei- téria-prima na síntese de outras substâncias orgânicas,
cos; não se sabia na época que eles constituem os ge- possibilitando o crescimento e a reposição de perdas.
nes. Muita gente então acreditava que os genes fossem Vamos analisar, então, como esses primeiros seres
de natureza proteica; afinal, havia sido demonstrada a conseguiam obter e degradar o alimento para a sua
enorme importância das proteínas como enzimas, ma- sobrevivência. Duas hipóteses têm sido discutidas pelos
terial construtor e anticorpos. Dá para entender, por isso, cientistas: a hipótese heterotrófica e a autotrófica.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Para entender claramente esta discussão, é útil recordar as equações de três processos biológicos básicos,
fermentação, respiração e fotossíntese, que reproduzimos a seguir.
Existem duas hipóteses sobre a origem da vida: a hipótese autotrófica, que propõe que o primeiro ser vivo foi
capaz de sintetizar seu próprio alimento orgânico, possivelmente por fotossíntese, e a hipótese heterotrófica, que
prevê que os primeiros organismos se nutriam de material orgânico já pronto, que retiravam de seu meio. A maio-
ria dos biólogos atuais acha a hipótese autotrófica pouco aceitável devido a um fato simples: para a realização
da fotossíntese, uma célula deve dispor de um equipamento bioquímico mais sofisticado do que o equipamen-
to de um heterótrofo. Como admitir que o primeiro ser vivo, produzido através de reações químicas casuais, já
possuísse esse grau de sofisticação? É claro que o primeiro ser vivo poderia ter surgido complexo; porém é muito
menos provável que isso tenha acontecido.
Por outro lado, se o primeiro organismo era heterótrofo, o que ele comeria? Hoje os heterótrofos dependem,
para sua nutrição, direta ou indiretamente, dos autótrofos autossintetizantes. No entanto não se esqueça de que,
de acordo com a hipótese de Oparin, o primeiro organismo surgiu num mar repleto de coacervados orgânicos,
que não haviam chegado ao nível de complexidade adequada. Esses coacervados representam então uma
fonte abundante de alimento para nosso primeiro organismo, que passaria a comer seus “irmãos” menos bem
sucedidos.
Admitamos um primeiro organismo heterótrofo, para o qual alimento não era problema. Pode-se obter ener-
gia do alimento através de dois processos: a respiração que depende de O2 molecular, inexistente na época, e
a fermentação, processo mais simples, cuja realização dispensa a presença de oxigênio.
Estabeleçamos, a título de hipótese mais provável, que o primeiro organismo deva ter sido um heterótrofo
fermentador. A abundância inicial de alimento permite que os primeiros organismos se reproduzam com rapidez;
não se esqueça também de que todos os mecanismos da evolução biológica, como a mutação e seleção
natural, estão atuando, adaptando os organismos e permitindo o aparecimento de características divergentes.
A respiração, não se esqueça, permite extrair do alimento maior quantidade de energia do que a fermenta-
ção. Seguramente o modo de vida “respirador” representa, na maioria dos casos, uma grande vantagem sobre
o método “fermentador”; não devemos estranhar que a maioria dos organismos atuais respire, apesar de ter
conservado a capacidade de fermentar.
Lembre-se, ainda, de que a presença de oxigênio molecular na atmosfera acaba permitindo o aparecimento
na atmosfera da camada de ozônio, que permite a filtração de grande parte da radiação ultravioleta emitida
pelo sol. Essa radiação é fortemente mutagênica; porém os organismos aquáticos estariam parcialmente prote-
gidos, já que a água funciona como um filtro para ela. De qualquer maneira, o aparecimento do ozônio prepara
o terreno para uma futura conquista do ambiente seco, caso alguns organismo um dia se aventurem a fazer
experiência.
5. Vida multicelular
Como surgiram os seres multicelulares? Evidências obtidas de estudos geológicos sugerem que os primeiros
multicelulares simples surgiram na Terra há cerca de 750 milhões de anos! Antes disso houve o predomínio de vida
unicelular, como formas eucarióticas simples. A partir dessa data, surgem os primeiros multicelulares, originados
dos unicelulares eucariotos existentes.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
evolutivas podem ser citadas: a semelhança embrioló- neana da Londres, na Inglaterra. Foram lidos manuscri-
gica e anatômica existente entre os componentes de tos de Darwin e a carta de Wallace, sem a presença
alguns grupos animais, notadamente os vertebrados; a dos autores.
existência de estruturas vestigiais, como, por exemplo, No ano seguinte, Darwin publicou seu livro A Origem
o apêndice vermiforme humano, desprovido de função das Espécies, que gerou burburinho e lhe rendeu muito
quando comparado aos apêndices funcionais de ou- mais fama do que Wallace jamais teve. Os dois, no en-
tros vertebrados. tanto, tornaram-se amigos por toda a vida – unidos pela
A evidência molecular, nos mostra a semelhança na teoria que formularam ao mesmo tempo e que até hoje
estrutura molecular de diversos organismos sendo que, esclarece a sociedade sobre o surgimento dos seres vi-
quanto maior as semelhanças entre as sequências das vos no planeta.
bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos ou quanto
maior a semelhança entre as proteínas destas espécies, 4.1.2 A teoria de Darwin
A partir da ideia de adaptação de populações a seus
maior o parentesco e, portanto, a proximidade evoluti-
ambientes, fica fácil entender as propostas de Charles
va entre as espécies.
Darwin (1809-1882), inglês, autor da teoria da Seleção
Natural. Imaginando-se dois ratos, um cinzento e outro
4. Lamarck x Darwin
albino, é provável que em muitos tipos de ambientes o
A partir do século XIX, surgiram algumas tentativas cinzento leve vantagem sobre o albino. Se isto realmen-
de explicação para a Evolução biológica. Jean Baptiste te acontecer, é sinal de que o ambiente em questão fa-
Lamarck, francês, e Charles Darwin, inglês, foram os que vorece a sobrevivência de indivíduos cinzentos ao per-
mais coerentemente elaboraram teorias sobre o me- mitir que, por exemplo, eles fiquem camuflados entre as
canismo evolutivo. Foi Darwin, no entanto, o autor do folhagens de uma mata. Os albinos, sendo mais visíveis,
monumental trabalho científico que revolucionou a Bio- são mais atacados por predadores. Com o tempo, a po-
logia e que até hoje persiste como a Teoria da Seleção pulação de ratos cinzentos, menos visada pelos atacan-
Natural das espécies. tes, começa a aumentar, o que denota seu sucesso. É
como se o ambiente tivesse escolhido, dentre os ratos,
4.1 A história do Darwinismo aqueles que dispunham de mais recursos para enfren-
Em meados de 1930, Charles Darwin visitou diferentes tar os problemas oferecidos pelo meio. A esse processo
locais da América do Sul (inclusive o Brasil) e da Aus- de escolha, Darwin chamou Seleção Natural. Note que
trália, além de vários arquipélagos tropicais abordo do a escolha pressupõe a existência de uma variabilidade
navio inglês H. S. S. Beagle. Durante essa viagem, Darwin entre organismos da mesma espécie. Darwin reconhe-
percebeu que na Argentina havia fósseis de espécies cia a existência dessa variabilidade. Sabia também que 193
gigantes que eram semelhantes às espécies existentes na natureza, a quantidade de indivíduos de certa espé-
naquele período e que também notava algumas dife- cie que nascem é maior que aquela que o ambiente
renças destacadas de acordo com a região em que pode suportar. Além disso, era conhecido o fato de que
eram encontrados, originando a dúvida entre as seme- o número de indivíduos da população fica sempre em
lhanças das espécies antigas fossilizadas e de espécies torno de uma certa quantidade ótima, estável, devido,
atuais. principalmente, a altas taxas de mortalidade.
No Equador, mais precisamente no arquipélago de É óbvio que a mortalidade seria maior entre indiví-
duos menos adaptados a seu meio, pelo processo de
Galápagos, havia inúmeras espécies de uma mesma
escolha ou “seleção natural”. Perceba, então, que a
ave localizadas em diferentes regiões, o que levou Dar-
ideia de Darwin parte do princípio importante de que
win a pensar que tais diferenças partiram de um mes-
existe variabilidade entre os indivíduos de uma mesma
mo ancestral que após migrar para diferentes regiões
espécie e que essa variabilidade pode permitir que indi-
com diferenciações climáticas e ecológicas precisou se víduos se adaptem ao ambiente.
adaptar a estas, originando novas espécies. Assim, para Darwin, a adaptação é resultado de um
Após recolher muitas informações e materiais no de- processo de escolha dos que já possuem a adaptação.
correr de sua viagem, Darwin começou a organizar suas Essa escolha, efetuada pelo meio, é a Seleção Natural
hipóteses sobre a origem das espécies. Assim, escreveu e pressupõe a existência prévia de uma diversidade es-
alguns ensaios iniciais, mas manteve as questões mais pecífica. Então, muda o meio. Havendo o que escolher
revolucionárias em segredo e só as comentou com al- (variabilidade), a seleção natural entra em ação e pro-
guns amigos. Até que, em 1858, recebeu uma carta que move a adaptação da espécie ao meio. Quem não se
o fez mudar de ideia. adapta, desaparece.
O remetente da carta era Wallace, que também É claro que, em ambientes diferentes, variações dis-
usou as observações de viagem para formular sua teo- tintas serão valorizadas. Isso explica por que duas popu-
ria da evolução por meio da seleção natural. Quando lações da mesma espécie podem se adaptar de ma-
leu a correspondência, Darwin tomou um susto: as ideias neiras bastante diversificadas em ambientes diferentes.
eram praticamente iguais às dele!
Diante disso, Darwin contou o acontecido a amigos 4.1.3 A teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo
cientistas, que sugeriram organizar uma sessão na qual O trabalho de Darwin despertou muita atenção mas
os dois naturalistas pudessem apresentar sua teoria. Ela também suscitou críticas. A principal era relativa à ori-
aconteceu no dia 1 de julho de 1858, na Sociedade Li- gem da variabilidade existente entre os organismos de
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
uma espécie. Darwin não teve recursos para entender por que os seres vivos apresentam diferenças individuais.
Não chegou sequer a ter conhecimento dos trabalhos que um monge chamado Mendel realizava, cruzando plan-
tas de ervilha. O problema só foi resolvido a partir do início do século XX, com o advento da ideia de gene. E só
então ficou fácil entender que mutações e recombinação gênica são as duas importantes fontes de variabilidade
entre as espécies. Assim, o darwinismo foi complementado, surgindo o que os evolucionistas modernos conhecem
como Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução e que se apoia nas ideias básicas de Darwin.
Fica fácil entender, agora, o mecanismo da resistência bacteriana aos antibióticos usados para o seu combate.
Partindo do princípio da existência prévia de variabilidade, uma população bacteriana deve ser formada por dois
tipos de indivíduos: os sensíveis e os resistentes. O uso inadequado de um antibiótico deve eliminar as bactérias sen-
síveis, favorecendo as resistentes, que são selecionadas. As bactérias resistentes proliferam e promovem a adapta-
ção da espécie ao ambiente modificado. Qualquer outro problema de adaptação das espécies a ambientes em
modificação pode ser explicado utilizando-se o raciocínio neodarwinista.
5. Especiação
Especiação é o nome dado ao processo de surgimento de novas espécies a partir de uma espécie ancestral.
De modo geral, para que isso ocorra é imprescindível que grupos da espécie original se separem e deixem de se
cruzar. Essa separação constitui o isolamento geográfico e pode ocorrer por migração de grupos de organismos
para locais diferentes e distantes, ou pelo surgimento súbito de barreiras naturais intransponíveis, como rios, vales, 195
montanhas, etc., que impeçam o encontro dos componentes da espécie original. O isolamento geográfico, então,
é a separação física de organismos da mesma espécie por barreiras geográficas intransponíveis e que impedem o
seu encontro e cruzamento.
A mudança de ambiente favorece a ação da seleção natural, o que pode levar a uma mudança inicial de
composição dos grupos. A ocorrência de mutações casuais do material genético ao longo do tempo leva a um
aumento da variabilidade e permite a continuidade da atuação da seleção natural. Se após certo tempo de
isolamento geográfico os descendentes dos grupos originais voltarem a se encontrar, pode não haver mais a possi-
bilidade de reprodução entre eles. Nesse caso, eles constituem novas espécies. Isso pode ser evidenciado através
da observação de diferenças no comportamento reprodutor, da incompatibilidade na estrutura e tamanho dos
órgãos reprodutores, da inexistência de descendentes ou, ainda, da esterilidade dos descendentes, no caso de
eles existirem. Acontecendo alguma dessas possibilidades, as novas espécies assim formadas estarão em isolamen-
to reprodutivo, confirmando, desse modo, o sucesso do processo de especiação.
Podemos dividir a especiação em três tipos, que serão explicados a seguir:
1) Especiação alopátrica;
2) Especiação simpátrica;
3) Especiação parapátrica.
6. Irradiação adaptativa
Há muitos indícios de que a evolução dos grandes grupos de seres vivos foi possível a partir de um grupo ances-
tral cujos componentes, através do processo de especiação, possibilitaram o surgimento de espécies relacionadas.
Assim, a partir de uma espécie inicial, pequenos grupos iniciaram a conquista de novos ambientes, sofrendo uma
adaptação que lhes possibilitou a sobrevivência nesses meios. Desse modo teriam surgido novas espécies que em
muitas características apresentavam semelhanças com espécies relacionadas e com a ancestral. Esse fenômeno
evolutivo é conhecido como Irradiação Adaptativa, e um dos melhores exemplos corresponde aos pássaros fringilí-
deos de Galápagos estudados por Darwin. Originários do continente sul-americano, irradiaram-se para diversas ilhas
do arquipélago, cada grupo adaptando-se às condições peculiares de cada ilha e, consequentemente, originan-
do as diferentes espécies hoje lá existentes.
Para que a irradiação possa ocorrer, é necessário em primeiro lugar que os organismos já possuam em seu equi-
pamento genético as condições necessárias para a ocupação do novo meio. Este, por sua vez, constitui-se num
segundo fator importante, já que a seleção natural adaptará a composição do grupo ao meio de vida.
7. Convergência adaptativa
Processo que é resultante da adaptação de grupos de organismos de espécies diferentes a um mesmo hábitat.
Por estarem adaptados ao mesmo hábitat, possuem semelhanças em relação à organização de corpo sem ne-
cessariamente possuírem grau de parentesco.
Estes organismos, por viverem num mesmo tipo de ambiente e estarem adaptados ao mesmo, possuem estru-
turas que apresentam a mesma função que são chamadas órgãos análogos, como, por exemplo as asas de um
196 morcego e as patas de um leão.
São semelhantes pela função e não por terem uma mesma origem embrionária ou pelos organismos possuírem
ancestral comum.
8. Homologia e analogia
Agora que sabemos o que é irradiação adaptativa e convergência adaptativa, fica fácil entender o significado
dos termos homologia e analogia. Ambos utilizados para comparar órgãos ou estruturas existentes nos seres vivos.
Por homologia entende-se semelhança entre estruturas de diferentes organismos, unicamente a uma mesma ori-
gem embriológica. As estruturas homólogas podem exercer ou não a mesma função.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
O braço do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e a nadadeira da baleia são estruturas homólogas
entre si, pois todas têm a mesma origem embriológica. Nesses casos, não há similaridade funcional.
Ao analisar, entretanto, a asa do morcego e a asa da ave, verifica-se que ambas têm a mesma origem embrio-
lógica e estão ainda associadas a mesma função.
A analogia refere-se à semelhança morfológica entre estruturas, em função de adaptação à execução da
mesma função.
As asas dos insetos e das aves são estruturas diferentes quanto à origem embriológica, mas ambas estão adap-
tadas à execução de uma mesma função: o voo. São, portanto, estruturas análogas.
197
9. Evolução humana
De acordo com diversas pesquisas cientificas, o aparecimento dos primeiros ancestrais do homem surgiu a cer-
ca de 3,5 – 4 milhões de anos atrás. Os primeiros hominídeos pertenciam ao gênero Australopithecus e se diferen-
ciavam dos demais primatas por conta de sua postura ereta, locomoção bípede e uma arcada mais próxima da
atual espécie humana. Apesar de ser considerado o primeiro ancestral humano, não existe um estudo conclusivo
sobre a escala evolutiva.
Segundo alguns estudos, os sucessores do Australopithecus foram os Homo habilis (2,4 milhões de anos) e o
Homo erectus, o qual haveria surgido há aproximadamente 1,8 milhões de anos atrás. O seu maxilar apresentaria
uma consistência maior e seus dentes seriam mais largos. Além disso, tinha uma caixa craniana de maior porte e
uma postura mais ereta. Segundo consta, este teria habitado regiões diversas da África e da Ásia como o Java,
China, Etiópia e Tanzânia.
A partir do processo evolutivo sofrido por esse último espécime, haveria surgido o chamado Homo sapiens, uma
espécie da qual descenderia o Homo neanderthalensis. Este integrante do processo evolutivo humano teria vivido
entre 230 e 30 mil anos atrás. De acordo com os estudos a seu respeito, o neanderthalensis produzia armas e uten-
sílios com maior sofisticação e realizavam rituais funerários simples. Durante algum tempo, teria vivido juntamente
como o Homo sapiens moderno.
Este último corresponde a nossa espécie e teria surgido no planeta há cerca de 150 mil anos atrás. De acordo
com os estudos sobre esse último estágio da escala evolutiva, o Homo sapiens moderno teve a incrível capacidade
de se espalhar em outras regiões do mundo em um relativo curto espaço de tempo. Aproveitando das conquistas
consolidadas por seus ancestrais, teve a capacidade de desenvolver a linguagem, dominar o fogo e construir ins-
trumentos diversos.
Com a interrupção desse processo, dava-se início a outros processos que empreenderiam a formação de ma-
nifestações e organizações sociais mais completas. Depois disso, ocorreriam as transformações que encerrariam o
extenso Período Paleolítico, que termina em 8000 a.C. Logo em seguida, ocorreria o desenvolvimento do Período
Neolítico (8000 a.C. – 5000 a.C.) e a Idade dos Metais, que vai de 5000 a.C. até o surgimento da escrita, que encerra
a Pré-história.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
198
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (ENEM 2010) Alguns anfíbios e répteis são adaptados à vida subterrânea. Nessa situação, apresentam algumas
características corporais como, por exemplo, ausência de patas, corpo anelado que facilita o deslocamento no
subsolo e, em alguns casos, ausência de olhos.
Suponha que um biólogo tentasse explicar a origem das adaptações mencionadas no texto utilizando conceitos
da teoria evolutiva de Lamarck. Ao adotar esse ponto de vista, ele diria que
Resposta: Letra B. Segundo a Lei do Uso e Desuso, a falta de uso dos olhos na vida subterrânea (tendo em vista
que a falta de luz os tornaria inúteis) é decorrente de uma adaptação a esse meio, considerando que eles foram
atrofiados por não serem utilizados.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
-Tipos de digestão:
FISIOLOGIA ANIMAL Digestão Intracelular
Há organismos heterotróficos mais simples, em cuja
organização não existe tubo digestivo. Nesse caso, as
Todos os seres vivos, sejam eles animais ou vegetais, partículas de alimento que não entram em suas células
unicelulares ou pluricelulares, têm, para a manutenção por difusão através da membrana, devem ser engloba-
da vida, necessidades semelhantes, relacionadas a: das ativamente por fagocitose ou pinocitose e, então,
- Alimentação: há dois tipos fundamentais de alimen- digeridas por enzimas em vacúolos digestivos, dentro
tos que os organismos precisam obter ou produzir das células. Este processo é chamado digestão intrace-
– os energéticos, que como o próprio nome diz lular.
fornecem energia para as reações químicas vitais,
e os estruturais, que garantem o crescimento e re- Digestão Extracelular
paros do organismo. Quando o organismo apresenta em sua organização
- Oxigênio: os organismos aeróbios usam-no para a um tubo digestivo, e o alimento é digerido antes de ser
oxidação ou queima dos alimentos energéticos, absorvido pelas células, a digestão é chamada extrace-
liberando energia. lular, pois se completa fora das células. Os primeiros ani-
- Transporte: alimentos, O2 e hormônios devem ser mais na escala evolutiva zoológica a apresentarem ca-
conduzidos por todo o organismo para os locais vidade digestiva são os celenterarados (do grego koilos
em que são necessários. = oco + enteron = intestino). Entretanto, essa cavidade
- Excreção: resíduos metabólicos, CO2 e toxinas de-
tem só uma abertura — a boca — por onde são tam-
vem ser eliminados do organismo.
bém eliminados os resíduos da digestão. São exemplos
- Coordenação: as diversas funções desempenha-
de celenterados: as hidras da água doce e as medu-
das pelos seres vivos atuam em conjunto e devem
sas e corais marinhos. Eles não fazem apenas digestão
ser ordenadas como um todo.
extracelular; depois que o alimento é desdobrado em
- Reprodução: é a única função não vital para o or-
ganismo, mas fundamental para a sobrevivência partículas menores, estas são englobadas por células
da espécie. que revestem a cavidade digestiva, onde a digestão
Nos organismos unicelulares a realização das fun- termina.
ções que satisfazem a essas necessidades são re- Embora de organização pouco mais complexa que
alizadas em uma única célula que os constitui. Já os celenterados, os platelmintos (vermes achatados),
os pluricelulares apresentam células especializa- como a planária, também têm o tubo digestivo incom- 199
das para a realização de cada função. A grande pleto, isto é, sem ânus.
vantagem da divisão do trabalho é que ela contri- Platelmintos parasitas, como as tênias, não apresen-
bui para maior eficiência do organismo como um tam aparelho digestivo. Vivem no intestino do hospedei-
todo. Mas também há algumas desvantagens – à ro, absorvendo, através da superfície do corpo, alimen-
medida que o organismo pluricelular cresce, suas tos já digeridos.
células internas ficam cada vez mais distantes do O ânus só aparece a partir dos vermes cilíndricos ou
meio de onde são retiradas as substâncias essen- nematelmintos, como a lombriga, que também é pa-
ciais e para o qual são eliminadas outras tantas. rasita e tem um tubo digestivo extremamente simples,
Através da evolução, apareceram sistemas com- suficiente apenas para absorver alimentos já digeridos
plexos com canais e órgãos que serviram para pelo hospedeiro.
diminuir essas distâncias, permitindo desse movo, A complexidade do tubo digestivo de outros organis-
trocas mais rápidas. mos permitiu que eles se adaptassem a diferentes mo-
Diante disso, surgiram os sistemas: cardiovascular, dos de alimentação.
respiratório, digestório, nervoso, sensorial, endócrino, Certos animais iniciam a digestão fora de seu corpo.
excretor, urinário, reprodutor, esquelético, muscular, As aranhas, por exemplo, liquefazem as partes moles de
imunológico, linfático, tegumentar, os quais veremos de- suas vítimas, por ação de um veneno composto de flui-
talhadamente a partir de agora.
dos digestivos. O líquido é sugado, e a digestão se com-
pleta no tubo digestivo.
1. Digestão
Assim como nem todos os vertebrados possuem
A digestão é o conjunto das transformações quími-
glândulas salivares, outros órgãos também podem fal-
cas e físicas que os alimentos orgânicos sofrem ao longo
tar, como os dentes nos anfíbios, quelônios, aves e ta-
de um sistema digestivo, para se converterem em com-
postos menores hidrossolúveis e absorvíveis. Ela tem a manduás. Nos peixes, encontramos adaptações do in-
função de manter o suprimento de água, eletrólitos e testino para aumentar a superfície de absorção. Essas
nutrientes do organismo, num fluxo contínuo. adaptações podem ser de dois tipos: cecos (expansões
em forma de luva encontrados no intestino de peixes
ósseos) e o tiflosole ou válvula espiral (pregas que retar-
dam a passagem do alimento, encontradas no intestino
delgado dos peixes cartilaginosos).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
As aves apresentam algumas peculiaridades relacio- Existe uma diferença com relação a disponibilidade
nadas ao tubo digestivo: papo (dilatação do esôfago de gases para os seres vivos, quando comparamos o
para amolecimento do alimento), estômago subdividi- ambiente terrestre com o aquático. A atmosfera seca
do em duas partes (pró-ventrículo, ou estômago quími- contém, aproximadamente, 21% de O2, 79% de N2 e
co, que secreta o suco gástrico e a moela, ou estôma- 0,03% de CO2. O O2 é um gás muito pouco solúvel em
go mecânico, que tritura alimentos); o intestino termina água: apenas 1% à temperatura de 0°C, o que o carac-
numa cloaca (presente também nos peixes cartilagino- teriza como o principal fator limitante da respiração em
sos, anfíbios e répteis), ligada à uretra, sendo um canal meio aquático.
em comum com o sistema excretor. Os animais sofreram mudanças adaptativas para a
conquista do meio ambiente. Ao entrar em contato di-
reto como o ar atmosférico, puderam dispor de concen-
tração mais alta e constante de oxigênio, num ambien-
te em que sua difusão é mais rápida do que na água.
Órgãos respiratórios
Muitos organismos não têm órgãos especializados
para realizar as trocas gasosas. Diante disso as trocas
são realizadas por difusão, através da superfície do cor-
po. É o caso de pequenos seres que vivem na água ou
em ambientes úmidos, como os protozoários, as espon-
jas (ou poríferos), os celenterados (ou cnidários) e os ver-
mes (planaria, lombriga e minhoca).
Para os animais de maior tamanho, ou mais ativos, a
difusão não é suficiente para fornecer a quantidade de
oxigênio necessária para manutenção de suas ativida-
des. Nesse caso, os organismos utilizam órgãos respira-
tórios que resultam geralmente de dobramentos em in-
vaginações ou expansões externas do revestimento do
Nos mamíferos, surgem adaptações para a digestão corpo, aumentando deste modo a superfície disponível
de substâncias especiais como a celulose. Os ruminan- para as trocas gasosas.
200 tes possuem em seu estômago bactérias capazes de Existem três tipos de órgãos respiratórios especializa-
produzir a enzima celulase. O estômago dos ruminantes dos: as brânquias, as traqueias e os pulmões. A pele per-
é composto de pança ou rúmem, barrete ou retículo, meável de certos animais pluricelulares também pode
folhoso ou ômaso e coagulador ou abomaso (estôma- ser considerada um quarto órgão respiratório (respira-
go químico). Nesses animais, o alimento é deglutido sem ção cutânea).
mastigação, indo para o rumem, onde sofre a ação das
bactérias. O barrete separa pequenas porções do ali-
mento, que voltam para a boca, onde ocorre a mas-
tigação prolongada (ruminação), com separação das
fibras celulósicas e maior contato com as bactérias. Es-
ses bocados são, então, reingeridos, passando para o
folhoso, onde o excesso de água é reabsorvido. No coa-
gulador, entram em contato com enzimas digestivas e,
finalmente, passam para o intestino delgado.
Nos invertebrados, como os cupins, a digestão de
celulose é feita por protozoários que vivem no intestino.
Respiração branquial
As brânquias são órgãos que apresentam pregas e possuem inúmeros filamentos permeáveis aos gases, que
adaptam os animais para as trocas gasosas em meio aquático. Em alguns casos, como nos tatuzinhos-de-jardim, as
brânquias são dotadas de adaptações que as permitem realizar respiração aérea.
As brânquias estão recobertas por um opérculo, como nos peixes ósseos, ou protegidas numa câmara bran-
quial, como nos caranguejos. Nos peixes ósseos, a agua entra pela boca, passa pelas brânquias e sai pelo orifício
opercular. A direção do fluxo é sempre a mesma: a água flui sobre os filamentos branquiais e o sangue flui em sen-
tido oposto, no interior dos filamentos, permitindo desse modo, melhor oxigenação (mecanismo contra-corrente).
Respiração traqueal
Alguns organismos evoluíram com o desenvolvimento de órgãos que os possibilitaram realizar a respiração aé-
rea. Diversos artrópodos terrestres, tais como insetos, quilópodos, diplópodos, alguns carrapatos e algumas aranhas,
respiram por meio de traqueias.
As traqueias dos insetos são finíssimos túbulos condutores. Originam-se de minúsculos orifícios, os espiráculos, lo-
calizados nas regiões laterais do tórax e abdômen e terminam nas células. As contrações da musculatura corporal
funcionam como fole, bombeando e expulsando ar dos túbulos. Dessa forma o ar entra com oxigênio e sai com
gás carbônico.
As traqueias estão diretamente em contato com os tecidos. Isso quer dizer que, nos insetos, o sistema respiratório 201
funciona independentemente do sistema circulatório.
Respiração pulmonar
As trocas gasosas mais eficientes se fazem por meio dos pulmões. Não é de se surpreender, portanto, que os
animais de sangue quente (aves e mamíferos), cujas taxas metabólicas e demandas de oxigênio são muito altas,
tenham desenvolvido os tipos de pulmão mais eficientes.
Respiram por pulmões os anfíbios adultos, os répteis, as aves e os mamíferos. Os anfíbios apresentam o tipo mais
primitivo de pulmão. Já os répteis têm, em relação aos anfíbios, superfície pulmonar aumentada e melhor vascu-
larizada.
Adaptações respiratórias
Em uma grande quantidade de peixes ósseos, existe um órgãos especial chamado vesícula gasosa ou bexiga
natatória que auxilia a flutuação. Nos chamados peixes pulmonados, como a piramboia da Bacia Amazônica,
essa bexiga é ricamente vascularizada, ligada a faringe, e funciona como um pulmão, retirando ar da atmosfera
e auxiliando ou substituindo as brânquias nas trocas de gases, quando há escassez de oxigênio no meio aquático.
Os anfíbios utilizam mais de um sistema respiratório. Quando em fase larval (girino), ainda vive dentro d`agua,
respirando por meio de brânquias. Passando por uma metamorfose, as brânquias desaparecem, e se formam os
pulmões na fase adulta. Entretanto, uma eficiente troca gasosa também se faz através da pele, que e mantida
sempre úmida para facilitar a difusão dos gases.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Entre os moluscos, há uma classe com representan- O coração é um órgãos musculoso que recebe san-
tes adaptados ao meio terrestre: são os gastrópodes gue das veias e o impulsiona através das artérias.
(lesmas e caracóis). Um dos motivos que permitiu essa O coração mais simples é o dos peixes, que apresen-
adaptação foi a transformação da cavidade de seu ta duas câmaras, um átrio e um ventrículo. O sangue
manto numa espécie de pulmão chamado de saco venoso (rico em CO2) entra no átrio, em seguida, segue
pulmonar. para o ventrículo, que o impulsiona em direção as brân-
Nos aracnídeos (aranhas e escorpiões) também en- quias, onde se transforma em sangue arterial (rico em
contramos tipos especiais de pulmões. O2). De lá, se distribui por todo o corpo, sem retornar ao
coração. Portanto, pelo coração só passa sangue ve-
3. Sistema Circulatório noso.
Tanto as células animais, quanto as vegetais, preci- A circulação é simples porque, o sangue passa ape-
sam receber e eliminar resíduos metabólicos Em organis- nas uma vez pelo coração para dar a volta completa
mos de grande porte, em que as células estão distantes no organismo.
das áreas de absorção de substâncias, desenvolveram-
Nos anfíbios e na maioria dos répteis, o coração
-se os sistemas de transporte que estabelecem comuni-
apresenta três cavidades: dois átrios e um ventrículo, no
cação entre todas as células do organismo.
qual o sangue arterial e venoso se misturam (circulação
Em organismos unicelulares, como os protozoários, o
incompleta).
material absorvido se difunde por toda a célula através
Nesses organismos a circulação é dupla, pois há uma
da corrente citoplasmática. Já em organismos pluricelu-
lares, de organização muito simples, não existe, ainda, pequena circulação (pulmonar) que percorre o cora-
um sistema de transporte especializado, e assim, a distri- ção e os pulmões, e uma grande circulação que faz o
buição é feita por difusão, como é o caso das esponjas. trajeto entre o coração e as demais partes do corpo.
Os celenterados (hidras) e os platelmintos (planá- O coração dos répteis possui três cavidades, sen-
ria) já apresentam uma cavidade digestiva ramificada, do dois átrios e um ventrículo parcialmente dividido. O
que, além da digestão, se encarrega da distribuição de sangue venoso vindo dos tecidos do corpo chega ao
nutrientes por todo o corpo. átrio direito do coração através da veia cava. O sangue
Nos organismos mais complexos, os nutrientes e as arterial vindo dos pulmões chega ao átrio esquerdo do
substâncias inúteis são transportados por meio de líqui- coração através de duas veias pulmonares, uma para
dos que circulam pelo organismo. Existe, então, um ver- cada pulmão. Dos átrios, o sangue venoso e arterial vão
dadeiro sistema circulatório, no qual o sangue se movi- para o ventrículo onde são parcialmente misturados. O
menta. sangue venoso é bombeado no ventrículo, indo para
202 Os animais apresentam dois tipos de sistemas cir- os pulmões para serem oxigenados, através da artéria
culatórios: abertos (lacunar) ou fechados. No primeiro pulmonar; o sangue arterial é bombeado para os teci-
caso, o líquido bombeado pelo coração periodicamen- dos do corpo, através de dois troncos aórticos, que de-
te abandona os vasos e cai em lacunas ou hemoce- pois se unem em uma artéria aorta. Os répteis crocodi-
las- hemocélios corporais. Nessas cavidades, as trocas lianos, ao contrário dos outros répteis, apresentam dois
de substâncias entre o líquido e as células são lentas. ventrículos, mesmo assim há mistura de sangue arterial e
Vagarosamente, o líquido retorna para o coração, que venoso no coração, só que em menor quantidade em
novamente o bombeia para os tecidos. Esse sistema é relação aos outros répteis.
encontrado entre os artrópodes e na maioria dos molus- Nas aves e mamíferos, o coração apresentam qua-
cos. A lentidão de transporte de materiais é fator limitan- tro cavidades: dois átrios e dois ventrículos (cujas pare-
te ao tamanho dos animais. Além disso, por se tratar de des não são igualmente musculadas), sem possibilidade
um sistema aberto, a pressão não é grande, suficiente
de mistura de sangue arterial e venoso.
apenas para o sangue alcançar pequenas distâncias.
Nos sistemas circulatórios fechados, apresentados
4. Sistema Excretor
por todos os anelídeos, alguns moluscos (cefalópodes)
A constante atividade das células (metabolismo)
e por todos os vertebrados, o sangue nunca abandona
os vasos, que se ramificam até atingir o diâmetro ca- gera um acúmulo de resíduos, que precisam ser elimina-
pilar. No lugar das lacunas corporais, existe uma gran- dos constantemente. Os principais são: CO2, compostos
de rede de vasos de paredes finas, os capilares, pelos nitrogenados derivados do metabolismo proteicos e ex-
quais ocorrem troca de substâncias entre o sangue e cesso de água. Portanto, as célula remove o material re-
os tecidos. Nesse tipo de sistemas, o líquido circulante sidual e tóxico para manter constante e o seu meio inter-
fica constantemente em movimento, a circulação é rá- no. Isto é conseguido através do processo de excreção.
pida. A pressão desenvolvida pela bomba cardíaca é A excreção pode ocorrer por simples difusão, através
elevada e o sangue pode alcançar grandes distâncias. das membranas das células para o meio, ou através de
O tamanho dos animais pode ser maior. estruturas ou sistemas especiais, como rins, por exemplo.
Os mecanismos de excreção, permitem, portanto,
Circulação nos vertebrados manter a constância do meio interno, por dois mecanis-
O sistema circulatório de qualquer vertebrado e for- mos principais: a eliminação de resíduos metabólicos e
mado por: coração, vasos sanguíneos (artérias, veias e a manutenção do equilíbrios hidrosalino do organismo
capilares) e, ainda, de vasos e gânglios linfáticos (osmorregulação).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
O termo excrementos não deve ser confundido com A excreção nos vertebrados
o termo excretas. O primeiro refere-se a restos de alimen- A excreção nos vertebrados se faz através de um
tares não digeridos, e corresponde às fezes. Excretas são sistema excretor formados por rins. Cada rim apresenta
produtos residuais, “lixo”, resultante do metabolismo ce- um ducto coletor, o ureter, a bexiga e a uretra.
lular. A urina, por exemplo, é um líquidos que contém 5. Sistema nervoso
muitos excretas como, por exemplo, a ureia.
Tipos de sistema nervosos nos invertebrados
Mecanismos excretores em unicelulares Com relação aos unicelulares não se pode falar pro-
Vacúolos contráteis priamente, em sistema nervoso. Alguns protozoários ci-
Ocorre em organismos unicelulares, como proto- liados, como o paramécios, por exemplo, apresentam
zoários de água doce, para eliminação do excesso de neurofibrilas, que coordenam os batimentos ciliares. Se
água que entra na célula. Nesses animais hipertônicos essas fibrilas forem seccionadas, o animal passa a se mo-
em relação ao meio externo, a água tende a entrar por ver de modo irregular
osmose, e diante disso e eliminada através dessas estru- Em relação aos pluricelulares, o grupo acreditado
turas que pulsam de forma rítmica. como o primeiro a possuir um sistema nervoso é o filo dos
Cnidários (corais, anêmonas, hidras e medusas). Os Po-
Mecanismos excretores em pluricelulares ríferos (esponjas) - mais primitivos - não possuem sistema
Difusão simples nervoso. Nos Cnidários, há uma rede desordenada de
Os organismos unicelulares mais simples podem ex- neurônios. E, se um pulso nervoso é desencadeado em
cretar água e substâncias residuais através de toda su- um deles, é transmitido a todas as células que com ele
perfície do corpo. As esponjas e os celenterados não se comunicam através de sinapses, e destas a outras,
apresentam órgãos especializados para a a excreção. resultando em respostas pouco elaboradas - como os
Diante disso, os resíduos como o dióxido de carbono e movimentos de “pulsação” em uma água viva quando
a amônia (resíduo nitrogenado) são eliminados por di- está nadando. Trata-se do mais primitivo tipo de sistema
fusão. O excesso de água e o material tóxico são elimi- nervoso, denominado Sistema Nervoso Difuso.
nados por transporte ativo, que requer gasto de grande É nos platelmintos (vermes achatados) que se pode
quantidade de energia. falar, pela primeira vez; em sistema nervoso central.
Os organismos pluricelulares mais complexos dispões Numa planária, por exemplo, é possível observar que
de uma série de mecanismos elaborados que atuam existe uma aglomeração de massas ganglionares (gân-
como verdadeiros órgãos excretores, sendo estes: glios cerebroides) na região da cabeça. De lá partem
Células-flama dois cordões nervosos ventrais, bilateralmente dispostos, 203
Nas planárias, vermes de água doce, a excreção se ligados por inúmeras conexões nervosas.
faz principalmente por difusão. Entretanto, elas apre- Nos anelídeos e artrópodes, o sistema nervoso é mais
sentam também células especializadas, células flamas, complexo, sendo constituídos por massas ganglionares
ligadas a uma série de tubos por meio de poros. Cada dorsais, de onde parte um anel nervoso que circunda o
célula flama apresentam flagelos cuja principal função tubo digestivo e se estende ao longo da região ventral
é remover o excesso de água. sob a forma de um cordão ganglionar.
Nefrídios
Na minhoca, a excreção é um pouco mais com- Sistema nervoso dos vertebrados
plexa. A água e os demais resíduos são eliminados por Nos vertebrados, o sistema nervoso está localizado
um sistema especial chamado de nefrídios. Os nefrídios na região dorsal e protegido pela caixa craniana e pela
consiste em um par de túbulos (metanefrídios) em cada coluna vertebral. Compreende: encéfalo, medula e
segmento do corpo. Na extremidade mais interna, cada nervos.
nefrídio se abre diretamente na cavidade do corpo por O encéfalo médio parece ser a parte menos impor-
meio de um funil ciliado, o nefróstoma. Na extremidade tante do encéfalo dos mamíferos, equivalendo aos lo-
externa, o nefrídio termina num nefridióporo. Cada ne- bos ópticos dos vertebrados inferiores.
frídio é envolvido por uma rede de capilar, que absorve
parte do líquido recolhido pelo nefróstoma.
Túbulos de Malpighi EXERCÍCIO COMENTADO
Os insetos, maior classe de animais viventes, princi-
palmente no meio terrestre, têm que resolver seus pro-
1.(ENEM 2015) Uma enzima foi retirada de um dos ór-
blemas de balanço hídrico, como por exemplo a perda
gãos do sistema digestório de um cachorro e, após ser
de água. Para tal, apresentam órgãos especiais de ex-
purificada, foi diluída em solução fisiológica e distribuída
creção, chamados de túbulos de malpighi. Esses túbulos
em três tubos de ensaio com os seguintes conteúdos:
estão mergulhados na cavidade do corpo e se abrem
Tubo 1: carne
na parte final do tubo digestivo. Do líquido circulante na
Tubo 2: macarrão
cavidade do corpo, retiram os produtos de excreção
Tubo 3: banha
(ácido úrico) que são eliminados através do intestino.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
I. pinocitose
II. retículo endoplasmático rugoso
III. lisossomos
204 IV. mitocôndrias
V. exocitose
( ) síntese proteica
( ) excreção
( ) respiração
( ) absorção
( ) digestão
a) o movimento celular.
b) a produção de gametas.
c) a produção de energia.
d) a expressão gênica.
e) o crescimento.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
4. (PUC-RJ-2003) Durante a meiose, o pareamento dos 9. (UEMS) Em relação aos ácidos nucléicos, a única afir-
cromossomos homólogos é importante porque garante: mativa INCORRETA é:
a) a separação dos cromossomos não homólogos. a) Participam da síntese proteica que ocorre nos polis-
b) a duplicação do DNA, indispensável a esse processo. somos, localizados no citoplasma das células euca-
c) a formação de células filhas geneticamente idênti- riontes.
cas à célula mãe. b) A síntese de RNA a partir de DNA recebe o nome de
d) a possibilidade de permuta gênica. transcrição.
e) a menor variabilidade dos gametas. c) Adenina, timina, citosina e guanina são as bases nitro-
genadas do DNA.
5. (PUC-RS-1999) Para fazer o estudo de um cariótipo, d) Hoje em dia, técnicas modernas de estudo do DNA
qual a fase da mitose que seria mais adequada usar, estão sendo muito usadas em paternidades duvido-
tendo em vista a necessidade de se obter a maior niti- sas e crimes.
dez dos cromossomos, em função do seu maior grau de e) Em seres como os vírus, encontramos os dois tipos de
espiralização? ácidos nucleicos, DNA e RNA, espalhados no citoplas-
ma viral.
a) Prófase.
b) Pró-Metáfase. 10. (Mackenzie-SP) Os códons UGC, UAU, GCC e AGC
c) Anáfase. codificam, respectivamente os aminoácidos cisteína,
d) Telófase. tirosina, alanina e serina; o códon UAG é terminal, ou
e) Metáfase. seja, indica a interrupção da tradução. Um fragmento
de DNA, que codifica a sequência serina – cisteína – ti-
6. (PUC - RJ) São processos biológicos relacionados dire- rosina – alanina, sofreu a perda da 9ª base nitrogenada.
tamente a transformações energéticas celulares: Assinale a alternativa que descreve o que acontecerá
com a sequência de aminoácidos.
a) respiração e fotossíntese.
b) digestão e excreção. a) A tradução será interrompida no 2º aminoácido.
c) respiração e excreção. b) A sequência não será traduzida, pois essa molécu-
d) fotossíntese e osmose. la de DNA alterada não é capaz de comandar esse
e) digestão e osmose. processo.
c) O aminoácido tirosina será substituído por outro ami- 205
7. (PUC-SP) A propriedade de “captar vida na luz” que noácido.
as plantas apresentam se deve à capacidade de uti- d) A seqüência não sofrerá prejuízo, pois qualquer mo-
lizar a energia luminosa para a síntese de alimento. A dificação na fita de DNA é imediatamente corrigida.
organela (I), onde ocorre esse processo (II), contém um e) O aminoácido tirosina não será traduzido, resultando
pigmento (III) capaz de captar a energia luminosa, que numa molécula com 3 aminoácidos
é posteriormente transformada em energia química. As
indicações I, II e III referem-se, respectivamente a: 11. (UMC-SP) Em um laboratório, ao tentar realizar, ex-
perimentalmente, a síntese “in vitro” de uma proteína,
a) Mitocôndria, respiração, citocromo. um grupo de pesquisadores verificou que dispunha, no
b) Cloroplasto, fotossíntese, citocromo. laboratório, de ribossomos de sapo, de RNA mensageiro
c) Cloroplasto, respiração, clorofila. de rato, de RNAs transportadores de hamster e de uma
d) Mitocôndria, fotossíntese, citocromo. solução de diversos aminoácidos de origem bacteriana.
e) Cloroplasto, fotossíntese, clorofila. Ao fim do experimento, ao analisar a estrutura primária
(sequência de aminoácidos) da proteína obtida, os pes-
8. (UFRN) Durante o processo de fotossíntese, a ação da quisadores deverão encontrar maior similaridade com
luz sobre a clorofila libera elétrons que são capturados uma proteína de
por uma cadeia transportadora. Durante esse processo
de transporte ocorre: a) bactéria
b) sapo
a) formação de quantidades elevadas do aceptor c) rato
NADP+ a partir da captura de elétrons e prótons. d) hamster
b) transferência dos elétrons entre moléculas organiza- e) várias das espécies acima
das em ordem decrescente de energia.
c) fotólise de moléculas de CO2 que liberam elétrons e
cedem o carbono para a formação da glicose.
d) quebra da molécula de água a partir da conversão
de ATP em ADP, com liberação de prótons.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
12. (PUC - SP-2006) O gato doméstico (Felis catus do- d) os camundongos transgênicos, ao se reproduzirem,
mestica) apresenta 38 cromossomos em suas células so- transmitiram os genes do coelho aos seus descenden-
máticas. No núcleo do óvulo normal de uma gata são tes.
esperados: e) o RNAm foi incorporado ao zigoto dos embriões em
formação.
a) 19 cromossomos simples e 19 moléculas de DNA.
b) 19 cromossomos duplicados e 38 moléculas de DNA. 16. (UEPB-2006) Pesquisadores do Departamento de Bio-
c) 38 cromossomos simples e 38 moléculas de DNA. logia da UEPB realizaram um estudo da macrofauna do
d) 38 cromossomos simples e 19 moléculas de DNA. açude do Bodocongó, localizado na cidade de Cam-
e) 19 cromossomos duplicados e 19 moléculas de DNA. pina Grande-PB, coletando os seguintes organismos: 5
gastrópodes (caramujos), 8 caraciformes (peixes), 10
13. (FUVEST-SP) O anúncio do sequenciamento do ge- dípteros (insetos), 2 chelonios (cágados), 2 ciconiformes
noma humano, em 21 de junho de 2000, significa que os (garças), anuros (3 sapos e 5 rãs). Esse pequeno açude
cientistas determinaram contém:
c) ausência de resistência ambiental. 22. (UFC-2007) O território brasileiro, devido a sua mag-
d) crescente imigração de indivíduos para as áreas pe- nitude espacial, comporta um mostruário bastante
riféricas. completo de paisagens e ecologias do Mundo Tropical
e) competição intra-específica. (AB’SÁBER, Aziz. Domínios de natureza no Brasil. 2003).
Uma dessas paisagens, a floresta tropical amazônica,
19. (UECE-2001) A avoante, também conhecida como vem sendo objeto de inúmeras discussões em virtude de
arribaçã (Zenaida auriculata noronha) é uma ave mi- sua crescente exploração. Esse bioma caracteriza-se
gratória que se desloca no Nordeste, acompanhando por apresentar:
o ritmo das chuvas, encontrando-se ameaçada de ex-
tinção, em decorrência da caça indiscriminada. A rela- a) solo com uma camada superficial pobre em matéria
ção do homem com esta ave é: orgânica.
b) solo dificilmente lixiviado, após destruição de sua co-
a) harmônica, intra-específica e de predação bertura vegetal.
b) desarmônica, intra-específica e de comensalismo c) grande diversidade biológica, em virtude da varieda-
c) harmônica, inter-específica e de parasitismo de de nichos ecológicos.
d) desarmônica, inter-específica e de predação d) vegetação com grandes árvores lenhosas e decidu-
Competência ENEM: H12 ais com adaptações xeromórficas.
e) árvores cujas folhas possuem cutícula bastante imper-
20. (Mack-2005) O “branqueamento dos recifes de co- meável, caracterizando plantas perenifólias.
ral” tem sido um dos desastres ambientais mais preocu-
pantes. O fenômeno caracteriza-se pela morte de al- 23. (Fuvest-1998) A maior parte do nitrogênio que com-
gas microscópicas que vivem, de forma mutualística, na põe as moléculas orgânicas ingressa nos ecossistemas
cavidade gastrovascular de cnidários. A respeito desse pela ação de:
processo, considere as seguintes afirmativas. a) algas marinhas.
I. A destruição de recifes afeta grande parte da teia b) animais.
alimentar marinha, uma vez que eles são impor- c) bactérias.
tantes locais de abrigo e reprodução de várias es- d) fungos.
pécies marinhas. e) plantas terrestres.
II. As algas, ao realizarem fotossíntese, fornecem par-
te da matéria orgânica para o cnidário e este, por 24. (FMTM-2001) “A Amazônia não está em chamas,
sua vez, fornece abrigo e elementos necessários pelo menos não na proporção dos anos anteriores. En- 207
para a fotossíntese. tre junho e agosto, a queda foi de 9%, em comparação
III. Como se trata de uma relação mutualística, os co- com o mesmo período de 1999. As queimadas da Ama-
rais não são capazes de sobreviver sem as algas zônia são um desastre para o planeta inteiro. Estima-se
em seu interior. que, por ano, as queimadas na região produzam a mes-
ma quantidade de gás carbônico que a grande São
Assinale: Paulo”. (Folha de S. Paulo, 24/09/2000)
O desequilíbrio ecológico que o aumento da taxa de
a) se somente as afirmativas I e II forem corretas. gás carbônico na atmosfera pode provocar é
b) se somente as afirmativas II e III forem corretas.
c) se todas as afirmativas forem corretas. a) a destruição da camada de ozônio.
d) se somente a afirmativa I for correta. b) a diminuição da fertilidade do solo.
e) se somente as afirmativas I e III forem corretas. c) o aumento da temperatura no planeta.
d) a diminuição da temperatura no planeta.
21. (Fuvest-2002) e) insignificante para ser motivo de preocupação.
I. As florestas tropicais possuem maior diversidade
biológica que as temperadas. 25. (ETEs-2007) Uma comunidade de uma determinada
II. As florestas tropicais possuem maior diversidade ve- cidade resolveu adotar um rio para que ele continue
getal e menor diversidade animal que as savanas. sendo vital ao ecossistema de sua região. Para identifi-
III. As florestas temperadas possuem maior biomassa car os passos a serem dados visando à elaboração de
que a tundra. um plano de recuperação de um rio, é necessário verifi-
IV. As savanas possuem maior biomassa que as flo- car as seguintes possibilidades:
restas tropicais.
Está correto apenas o que se afirma em I. Água Verde: pode significar algas demais na água;
isso torna difícil a existência de qualquer outra
a) I e II vida no rio.
b) I e III II. Água Turva: terra demais na água; isso torna difícil
c) I e IV a respiração dos peixes.
d) II e III III. Cheiro de ovo podre: esgotos podem estar sendo
e) III e IV descarregados no rio.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
IV. Camada laranja ou vermelha sobre a água: pode 28. (Fuvest-1999) Em uma população de mariposas, 96%
indicar que uma fábrica está despejando poluen- dos indivíduos têm cor clara e 4%, cor escura. Indivíduos
tes no rio. escuros cruzados entre si produzem, na maioria das ve-
V. Espumas ou bolhas na água: podem ser o sinal de zes, descendentes claros e escuros. Já os cruzamentos
um vazamento de sabão de residências ou fábri- entre indivíduos claros produzem sempre apenas des-
cas. cendentes de cor clara. Esses resultados sugerem que a
(Adaptado de: 50 pequenas coisas que você pode cor dessas mariposas é condicionada por:
fazer para salvar a Terra, Rio de Janeiro: Record,
s/d. p. 94) a) um par de alelos, sendo o alelo para cor clara domi-
I nante sobre o que condiciona cor escura.
dentifique a alternativa que apresenta uma proposta b) um par de alelos, sendo o alelo para cor escura domi-
adequada para melhorar a vida de um rio. nante sobre o que condiciona cor clara.
c) um par de alelos, que não apresentam dominância
a) Para combater as algas mencionadas no item I, é um sobre o outro.
preciso derramar grande quantidade de óleo diesel d) dois genes ligados com alta taxa de recombinação
a fim de eliminá-las. entre si.
b) Para diminuir a quantidade de terra na água, confor- e) fatores ambientais, como a coloração dos troncos
me o item II, torna-se importante plantar mais plantas onde elas pousam.
nativas nas margens a fim de evitar a erosão.
c) O problema descrito no item III pode ser facilmente 29. (UFTM-2007) Um cachorro poodle de pêlo branco foi
resolvido, colocando-se água sanitária nas margens cruzado com uma fêmea poodle de pêlo preto e nas-
do rio. ceram 6 filhotes, 3 de pêlo branco e 3 de pêlo preto.
d) O problema presente no item IV somente poderá ser O mesmo macho foi cruzado com outra fêmea poodle,
solucionado com uma proposta apresentada à Câ- agora de pêlo branco, e nasceram 4 filhotes: 3 de pêlo
mara Municipal de retirar as indústrias da cidade. branco e 1 de pêlo preto. Admitindo-se que essa carac-
e) Com o objetivo de resolver a situação presente no terística fenotípica seja determinada por dois alelos de
item V, deve-se substituir o consumo de sabão por de- um mesmo locus, pode-se dizer que o macho é
tergente líquido.
a) heterozigoto e as duas fêmeas são homozigotas.
26. (PUC - SP-2008) (…) Como se não bastasse a sujeira b) heterozigoto, assim como a fêmea branca. A fêmea
208 no ar, os chineses convivem com outra praga ecológica, preta é homozigota.
a poluição das águas por algas tóxicas. Há vários anos c) heterozigoto, como a fêmea preta. A fêmea branca
as marés vermelhas, formadas por essas algas, ocupam é homozigota.
vastas áreas do litoral chinês, reduzindo drasticamente a d) homozigoto, assim como a fêmea branca. A fêmea
pesca e afugentando os turistas. (“O Avanço das Algas preta é heterozigota.
Tóxicas” in Revista Veja, 3 de outubro de 2007) e) homozigoto e as duas fêmeas são heterozigotas.
O trecho acima faz referência a um fenômeno causado
pela 30. (Fuvest-2003) Em plantas de ervilha ocorre, normal-
mente, autofecundação. Para estudar os mecanismos
a) multiplicação acentuada de várias espécies de pro- de herança, Mendel fez fecundações cruzadas, remo-
dutores e consumidores marinhos, geralmente devida vendo as anteras da flor de uma planta homozigótica
à eutrofização do ambiente. de alta estatura e colocando, sobre seu estigma, pólen
b) multiplicação acentuada de dinoflagelados, geral- recolhido da flor de uma planta homozigótica de baixa
mente devida à eutrofização do ambiente. estatura. Com esse procedimento, o pesquisador
c) multiplicação acentuada de várias espécies de pro-
dutores e consumidores marinhos devida ao aumen- a) impediu o amadurecimento dos gametas femininos.
to do nível de oxigênio no ambiente. b) trouxe gametas femininos com alelos para baixa es-
d) baixa capacidade de reprodução de dinoflagela- tatura.
dos, geralmente devida à eutrofização do ambiente. c) trouxe gametas masculinos com alelos para baixa es-
tatura.
27. (FUC-MT) Cruzando-se ervilhas verdes vv com ervi- d) promoveu o encontro de gametas com os mesmos
lhas amarelas Vv, os descendentes serão: alelos para estatura.
e) impediu o encontro de gametas com alelos diferen-
a) 100% vv, verdes; tes para estatura.
b) 100% VV, amarelas;
c) 50% Vv, amarelas; 50% vv, verdes;
d) 25% Vv, amarelas; 50% vv, verdes; 25% VV, amarelas;
e) 25% vv, verdes; 50% Vv, amarelas; 25% VV, verdes.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
31. (PUC - SP-2007) Em uma certa espécie de mamífe- 35. (FGV - SP-2009) AUSTRALIANA MUDA DE GRUPO SAN-
ros, há um caráter mendeliano com co-dominância e GUÍNEO APÓS TRANSPLANTE.
genótipos EE, EC e CC. Sabe-se que animais heterozi- A australiana Demi-Lee Brennan, 15, mudou de grupo
góticos são mais resistentes a um dado vírus X do que sangüíneo, O Rh–, e adotou o tipo sanguíneo de seu do-
os homozigóticos. Animais com os três genótipos foram ador, O Rh+, após ter sido submetida a um transplante
introduzidos em duas regiões diferentes designadas por de fígado, informou a equipe médica do hospital infantil
I e II, onde há predadores naturais da espécie. Nos dois de Westmead, Sydney. A garota tinha nove anos quan-
ambientes, os animais de genótipo CC são mais facil- do fez o transplante. Nove meses depois, os médicos
mente capturados pelos predadores. Em I não há regis- descobriram que havia mudado de grupo sanguíneo,
tro da presença do vírus X e em II ele é transmitido por depois que as células-tronco do novo fígado migraram
contato com as presas da espécie. Pode-se prever que para sua medula óssea. O fato contribuiu para que seu
organismo não rejeitasse o órgão transplantado. (Folha
a) haverá igual chance de adaptação de animais com on line, 24.01.2008)
os três genótipos nas duas regiões. Sobre esse fato, pode-se dizer que a garota
b) haverá igual chance de adaptação de animais com
os três genótipos apenas na região I. a) não apresentava aglutinogênios anti-A e anti-B em
c)haverá maior número de animais com genótipos EE e suas hemácias, mas depois do transplante passou a
CC do que com genótipo EC na região I apresentá-los.
d) a seleção natural será mais favorável aos animais b) apresentava aglutininas do sistema ABO em seu plas-
ma sanguíneo, mas depois do transplante deixou de
com genótipo EC na região II.
apresentá- las.
c) apresentava o fator Rh, mas não apresentava agluti-
32. (Fuvest-2001) O daltonismo é causado por um alelo ninas anti-Rh em seu sangue, e depois do transplante
recessivo de um gene localizado no cromossomo X. Em passou a apresentá-las.
uma amostra representativa da população, entre 1000 d) quando adulta, se engravidar de um rapaz de tipo
homens analisados, 90 são daltônicos. Qual é a porcen- sanguíneo Rh–, poderá gerar uma criança de tipo
tagem esperada de mulheres daltônicas nessa popula- sanguíneo Rh+.
ção? e) quando adulta, se engravidar de um rapaz de tipo
sanguíneo Rh+, não corre o risco de gerar uma crian-
a) 0,81 %. ça com eritroblastose fetal.
c) 9 %.
e) 83 %. 36. (UNIFESP-2006) Os gatos possuem 38 cromossomos,
b) 4,5 %. com o sistema XX/XY de determinação sexual. No de- 209
d) 16 %. senvolvimento embrionário de fêmeas, um dos cromos-
somos X é inativado aleatoriamente em todas as células
33. (FUVEST) Um homem do grupo sanguíneo AB é ca- do organismo. Em gatos domésticos, a pelagem de cor
sado com uma mulher cujos avós paternos e maternos preta (dominante) e amarela (recessiva) são determina-
das por alelos de um gene localizado no cromossomo X.
pertencem ao grupo sanguíneo O. Esse casal poderá ter
Fêmeas heterozigóticas para cor da pelagem são man-
apenas descendentes:
chadas de amarelo e preto. Um geneticista colocou um
anúncio oferecendo recompensa por gatos machos
a) do grupo O; manchados de amarelo e preto. A constituição cromos-
b) do grupo AB; sômica desses gatos é
c) dos grupos AB e O;
d) dos grupos A e B; a) 37, Y0.
e) dos grupos A, B e AB b) 37, X0.
c) 38, XX.
34. (UEL) Os tipos sanguíneos do sistema ABO de três ca- d) 39, XXY.
sais e três crianças são mostrados a seguir. e) 39, XXX.
CASAIS CRIANÇAS
I. AB X AB a. A 37. (Mack-2005) Assinale a alternativa correta.
II. BxB b. O
III. AXO c. AB a) Os indivíduos com síndrome de Klinefelter possuem
cariótipo 47, XXY, e o cromossomo a mais pode ter
Sabendo-se que cada criança é filha de um dos casais, sido herdado da mãe ou do pai.
b) Por meio da observação de hemácias da corrente
a alternativa que associa corretamente cada casal a
sanguínea, é possível determinar se um indivíduo tem
seu filho é:
número normal de cromossomos.
c) Os indivíduos com síndrome de Down apresentam um
a) I-a; II-b; III-c; par de cromossomos nº 21 a mais.
b) I-a; II-c; III-b; d) As aberrações cromossômicas só podem ser diagnos-
c) I-b; II-a; III-c; ticadas após o parto.
d) I-c; II-a; III-b; e) Desde que um indivíduo da espécie humana tenha
e) I-c; II-b; III-a 46 cromossomos em suas células, ele será normal.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
38. (PUC - MG-2007) Alterações no material genético, 42. (FUVEST- SP) Além da sustentação do corpo, são fun-
quantitativas ou qualitativas, podem ocorrer durante os ções dos ossos:
processos de preparação para duplicação e mesmo
durante as divisões mitóticas ou meióticas. a) armazenar cálcio e fósforo; produzir hemácias e leu-
A esse respeito, é correto afirmar, EXCETO: cócitos.
b) armazenar cálcio e fósforo; produzir glicogênio.
a) Recombinações cromossômicas ocorrem somente c) armazenar glicogênio; produzir hemácias e leucóci-
durante a primeira divisão meiótica. tos;
b) Mutações gênicas ocorrem somente durante as divi- d) armazenar vitaminas; produzir hemácias e leucócitos.
sões celulares. e) armazenar vitaminas; produzir proteínas do plasma
c) Recombinações gênicas iniciam-se na prófase da pri-
meira divisão meiótica. 43. (PUC- Campinas-SP) Quando se come um cozido,
d) Alterações cromossômicas, como as aneuploidias, as batatas e a carne começam a ser digeridas, respec-
podem ocorrer devido a não-disjunções tanto na pri- tivamente:
meira quanto na segunda divisão da meiose.
a) no estômago e na boca.
39. (UFPE) Assinale a alternativa que indica um hormônio b) na boca e no estômago.
muito importante para o equilíbrio hídrico no corpo hu- c) na boca e no duodeno.
mano, conhecido como ‘hormônio poupador de água’. d) no estômago e no duodeno.
e) no duodeno e no estômago.
a) acetilcolina.
b) timosina. 44. (PUC-MG) As trocas gasosas no pulmão humano, em
c) ADH. condições normais, ocorrem:
d) adrenalina.
e) o glucagon a) nos alvéolos.
b) nos bronquíolos.
40. (UFT) A homeostase em animais é mantida por dois c) nos brônquios.
sistemas de controle: o neural e o endócrino. Os hor- d) na traqueia.
mônios exercem efeitos impressionantes nos processos e) na laringe.
da reprodução, de desenvolvimento e metabólicos. A
hipófise é uma glândula endócrina dividida em dois lo- 45. (UFRN) Durante a respiração, quando o diafragma se
210 bos, adeno-hipófise e neurohipófise, e produz uma série contrai e desce, o volume da caixa torácica aumenta,
de hormônios que modula outras glândulas, entre elas, por conseguinte a pressão intrapulmonar:
a tireóide. O hormônio ........... produzido pela ..................
a) diminui e facilita a entrada de ar.
estimula a tireóide, modulando a secreção dos hormô-
b) aumenta e facilita a entrada de ar.
nios..................... e ......................, através de um refinado
c) diminui e dificulta a entrada de ar.
mecanismo de controle recíproco, conhecido por retro- d) aumenta e dificulta a entrada de ar.
alimentação. e) aumenta e expulsa o ar dos pulmões.
Entre as alternativas a seguir, qual descreve adequada- Competência ENEM: H14
mente a complementação das lacunas acima?
46. (VUNESP) O sanduíche que João comeu foi feito
a) TSH, neuro-hipófise, tireoxina (T4) e triiodotireonina com duas fatias de pão, bife, alface, tomate e bacon.
(T3). Sobre a digestão desse sanduíche, pode-se afirmar que
b) TSH, adeno-hipófise, tireoxina (T4) e triiodotireonina
(T3). a) os carboidratos do pão começam a ser digeridos na
c) tireoxina (T4), adeno-hipófise, TSH e triiodotireonina boca e sua digestão continua no intestino.
(T3). b) as proteínas do bife são totalmente digeridas pela
d) TSH, adeno-hipófise, calcitonina e tireoxina (T4). ação do suco gástrico no estômago.
Competência ENEM: H14 c) a alface é rica em fibras, mas não tem qualquer valor
nutricional, uma vez que o organismo humano não
41. (UFRGS) A secreção do hormônio de crescimento digere a celulose.
STH produz quais dos seguintes efeitos? d) as vitaminas do tomate, por serem hidrossolúveis, têm
sua digestão iniciada na boca, e são totalmente ab-
a) lipólise aumenta, absorção de cálcio aumenta e sín- sorvidas ao longo do intestino delgado.
tese proteica diminui. e) a maior parte da gordura do bacon é emulsificada
b) lipólise aumenta, absorção de cálcio aumenta e sín- pelo suco pancreático, facilitando a ação das lípases.
tese proteica aumenta.
c) lipólise diminui, absorção de cálcio diminui e síntese
proteica diminui.
d) lipólise diminui, absorção de cálcio aumenta e síntese
proteica aumenta.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
47. (Mackenzie) Um estudante observou que um deter- 51. (Unesp) Segundo a teoria de Oparin, a vida na Terra
minado vaso sanguíneo apresentava paredes espessas poderia ter sido originada a partir de substâncias orgâ-
e que o sangue que circulava em seu interior era de um nicas formadas pela combinação de moléculas, como
vermelho escuro. Podemos afirmar corretamente que o metano, amônia, hidrogênio e vapor d’água, que com-
vaso em questão era a: punham a atmosfera primitiva da Terra. A esse processo
a) veia pulmonar, que leva sangue venoso do coração seguiram-se a síntese proteica nos mares primitivos, a
para o pulmão. formação dos coacervados e o surgimento das primei-
b) veia cava, que traz sangue venoso do corpo em di- ras células. Considerando os processos de formação e
reção ao coração. as formas de utilização dos gases oxigênio e dióxido de
c) veia pulmonar, que leva sangue arterial do pulmão carbono, a sequência mais provável dos primeiros seres
para o coração. vivos na Terra foi:
d) artéria pulmonar, que leva sangue venoso do cora-
ção para o pulmão. a) autotróficos, heterotróficos anaeróbicos e heterotró-
e) artéria pulmonar, que leva sangue arterial do pulmão ficos aeróbicos.
para o coração. b) heterotróficos anaeróbicos, heterotróficos aeróbicos
e autotróficos.
48. (UFAC-1997) As células típicas dos tecidos ósseo, car- c) autotróficos, heterotróficos aeróbicos e heterotróficos
tilaginoso e nervoso recebem, a denominação de: anaeróbicos.
d) heterotróficos anaeróbicos, autotróficos e heterotró-
a) oligodendrócito, eritrócito e mastócito ficos aeróbicos.
b) osteócito, neurônio e eosinófilo e) heterotróficos aeróbicos, autotróficos e heterotróficos
c) granulócito, basófilo e eosinófilo anaeróbicos.
d) histiócito, condrócito e osteócito
e) osteócito, condrócito e neurônio 52. (Cesgranrio) Entre as modificações que ocorreram
nas condições ambientais de nosso planeta, algumas
49. (Univali-SC) O complexo funcionamento hormonal foram causadas pela própria atividade dos seres. Os or-
na mulher pode levá-la a cometer loucuras, como mos- ganismos iniciais, ao realizarem a fermentação, deter-
tra a revista VEJA, no início de setembro deste ano, em minaram uma grande alteração na atmosfera da Terra
‘Loucuras pósparto’. Trata-se de mulheres que, após primitiva, porque nela introduziram o:
darem à luz, entram em depressão, rejeitando o próprio
filho, ao ponto de sacrificá-los. Médicos apontam ex- a) gás oxigênio.
plicações físicas. “Depois do parto, o corpo da mulher b) gás carbônico. 211
passa por uma revolução hormonal meteórica. O orga- c) gás metano.
nismo que mudou ao longo de meses volta ao normal d) gás nitrogênio.
de repente. O resultado é uma descompensação dos e) vapor d’água.
hormônios. É nesse momento que a depressão aparece,
principalmente nas mulheres que já possuem casos na 53. (UFSCAR) “O meio ambiente cria a necessidade de
família.” Os hormônios femininos que podem ser encon- uma determinada estrutura em um organismo. Este se
trados no sangue da mulher, antes, durante e depois da esforça para responder a essa necessidade. Como res-
gravidez são: posta a esse esforço, há uma modificação na estrutura
do organismo. Tal modificação é transmitida aos des-
a) progesterona, estrógeno, ADH e calciotonina. cendentes.”
b) estrógeno, adrenalina, ADH e ACTH. O texto sintetiza as principais ideias relacionadas ao:
c) ocitocina, prolactina, FSH e adrenalina.
d) FSH, LH, tiroxina e prolactina. a) fixismo.
e) estrógeno, progesterona, prolactina e LH. b) darwinismo.
c) mendelismo.
50. (Unesp) Os meios de comunicação têm veiculado d) criacionismo.
inúmeras reportagens em que equipes de saúde visitam e) lamarckismo.
borracharias, depósitos de ferro-velho e até cemitérios,
eliminando recipientes que possam reter águas de chu- 54.(Mackenzie-SP) A teoria moderna da evolução, ou
va. Esta condição propicia o aparecimento das seguin- teoria sintética da evolução, incorpora os seguintes
tes doenças: conceitos à teoria original proposta por Darwin
a) doença de Chagas, encefalite e dengue. a) mutação e seleção natural.
b) dengue, malária e esquistossomose. b) mutação e adaptação.
c) febre amarela, doença de Chagas e giardíase. c) mutação e recombinação gênica.
d) malária, giardíase e amarelão. d) recombinação gênica e seleção natural.
e) dengue, febre amarela e malária. e) adaptação e seleção natural.
Competência ENEM: H30
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
55. (PUC-RS) Quais dos cientistas abaixo deram as maio- 58.(PUC - RJ-2006) Os sistemas celulares do corpo dos
res contribuições para o desenvolvimento da teoria da heterotróficos pluricelulares (animais) dispõem de dois
evolução? sistemas de sinalização para integração dos sistemas
corporais. São eles:
a) Mendel, Newton e Darwin.
b) Lineu, Aristóteles e Wallace. a) sistema circulatório e respiratório.
c) Pasteur, Lavoisier e Darwin. b) sistema circulatório e excretor.
d) Lamarck, Darwin e Lavoisier. c) sistema nervoso e hormonal.
e) Darwin, Wallace e Lamarck. d) sistema respiratório e nervoso.
e) sistema locomotor e hormonal.
56. (UFC) Um problema para a teoria da evolução pro-
posta por Charles Darwin no século XIX dizia respeito 59. (FGV - SP-2007) Paulo não é vegetariano, mas recu-
ao surgimento da variabilidade sobre a qual a seleção sa-se a comer carne vermelha. Do frango, come ape-
poderia atuar. Segundo a Teoria Sintética da Evolução, nas o peito e recusa a coxa, que alega ser carne ver-
proposta no século XX, dois fatores que contribuem para melha. Para fundamentar ainda mais sua opção, Paulo
o surgimento da variabilidade genética das populações procurou saber no que difere a carne do peito da carne
naturais são: da coxa do frango. Verificou que a carne do peito
a) mutação e recombinação genética.
b) deriva genética e mutação. a) é formada por fibras musculares de contração len-
c) seleção natural e especiação. ta, pobres em hemoglobina. Já a carne da coxa do
d) migração e frequência gênica. frango é formada por fibras musculares de contração
e) adaptação e seleção natural. rápida, ricas em mitocôndrias e mioglobina. A asso-
ciação da mioglobina, que contém ferro, com o oxi-
57. (UFTM) Um estudante do ensino médio, ao ler sobre gênio confere à carne da coxa uma cor mais escura.
o tegumento humano, fez a seguinte afirmação ao seu b) é formada por fibras musculares de contração rápi-
professor: “o homem moderno não apresenta tantos pe- da, pobres em mioglobina. Já a carne da coxa é for-
los como os seus ancestrais, pois deixou de usar esses mada por fibras musculares de contração lenta, ricas
anexos como isolante térmico. Isso só foi possível porque em mitocôndrias e mioglobina. A associação da mio-
o homem adquiriu uma inteligência que permitiu a con- globina, que contém ferro, com o oxigênio confere à
fecção de roupas, protegendo-o do frio.” Diante dessa in- carne da coxa uma cor mais escura.
formação dada pelo aluno, o professor explicou que isso: c) é formada por fibras musculares de contração rápi-
212
da, ricas em mioglobina. Já a carne da coxa é for-
a) não ocorreu e a informação está de acordo com a mada por fibras musculares de contração lenta, ricas
teoria evolutiva de Lamarck, que pressupõe que es- em mitocôndrias e hemoglobina. A associação da
truturas do corpo que não são solicitadas desapare- hemoglobina, que contém ferro, com o oxigênio con-
cem e essas características adquiridas são transmiti- fere à carne da coxa uma cor mais escura.
das aos descendentes. d) é formada por fibras musculares de contração rápi-
b) não ocorreu e a informação está de acordo com a da, ricas em mioglobina. Já a carne da coxa é for-
teoria evolutiva de Lamarck, que pressupõe que exis- mada por fibras musculares de contração lenta, ri-
te variação genotípica entre indivíduos, sendo que cas em mitocôndrias e hemoglobina. A associação
aqueles portadores de características adaptativas da hemoglobina, que contém ferro, com o oxigênio
conseguem sobreviver e deixar descendentes. confere à carne da coxa uma cor mais escura. Já a
c) não ocorreu e a informação está de acordo com a mioglobina, que não contém ferro, confere à carne
teoria evolutiva de Stephen Jay Gould, que pressu- do peito do frango uma coloração pálida.
põe que os seres vivos não se modificam por interfe- e) e a carne da coxa não diferem na composição de
rência ambiental, mas sim por alterações genéticas fibras musculares: em ambas, predominam as fibras
intrínsecas. de contração lenta, pobres em mioglobina. Contu-
d) ocorreu de fato e a informação está de acordo com do, por se tratar de uma ave doméstica e criada sob
a teoria evolutiva de Darwin, que pressupõe que os confinamento, a musculatura peitoral, que dá supor-
seres vivos com características adaptativas favorá- te ao vôo, não é exercitada. Deste modo recebe me-
veis têm maiores chances de viver. nor aporte sanguíneo e apresenta-se de coloração
e) ocorreu de fato e a informação está de acordo com mais clara.
a teoria evolutiva de Darwin, que pressupõe que os
seres vivos por necessidade vão se modificando ao
longo do tempo.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
42 A ANOTAÇÕES
43 B
44 A
__________________________________________________
45 A
46 A ___________________________________________________
47 D ___________________________________________________
48 E
___________________________________________________
49 C
50 E ___________________________________________________
51 B ___________________________________________________
52 B ___________________________________________________
53 E
___________________________________________________
54 C
55 E ___________________________________________________
56 A ___________________________________________________
57 A
___________________________________________________
58 C
___________________________________________________
59 B
60 E ___________________________________________________
61 A ___________________________________________________
62 C
___________________________________________________
214 ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Resposta: Letra C.
A ágora era o local definido para os cidadãos de- IDADE MÉDIA
batere e encaminharem questões relativas à or-
ganização social.
A ruptura entre o fim da Idade Antiga e o início da
2. (Ufrs) A chamada Revolução Urbana foi antece- Idade Média ocorre com a queda do Império Roma-
dida pelos avanços verificados no período neolítico, no do Ocidente. Vimos que, à beira do colapso, O
a saber, a sedentarização das comunidades huma- Império Romano foi dividido em dois. A parte Orien-
nas, a domesticação de animais e o surgimento da tal, sediada em Constantinopla, sobreviveu ao declí-
agricultura. Porém, há cerca de cinco mil anos ocor- nio imperial e passou a se chamar Império Bizantino.
reram novos avanços, quase simultaneamente, em Constantinopla era o novo nome da antiga Bizâncio
pelo menos duas regiões do Oriente Próximo: na Me- e que, futuramente, se tornaria Istambul. Os bizanti-
sopotâmia e no Egito. nos não só sobreviveram, como no início expandiram
Assinale a única alternativa que NÃO corresponde a seu território. Porém, este avanço durou pouco. Dis-
transformações ocorridas nesse período. putas em suas fronteiras com os ocidentais e com os
turco-otomanos, junto a dificuldades econômicas,
reduziu o Império Bizantino a poucas possessões.
a) Diversificação social: ocorreu o surgimento de uma
Com a queda romana, a situação não se acal-
elite social composta por sacerdotes, príncipes e
mara. Ao contrário, seguiu-se um período de instabi-
escribas, diretamente ligada ao poder político e
lidade - invasões e estado de guerra constante en-
afastada da tarefa primária de produzir alimentos. tre os povos. Os bárbaros1 (dentre eles, os visigodos,
b) Expansão populacional: verificou-se o surgimento anglo-saxões, francos e vândalos) vão continuar em
de grandes cidades, densamente povoadas, es- sua batalha por territórios. Os turco-otomanos conse-
pecialmente na região mesopotâmica. guem parte da ásia menor e dos balcãs e um novo
c) Desenvolvimento econômico: a economia deixou personagem histórico também surgirá - os árabes e o
de estar baseada somente na produção auto-sufi- islamismo.
ciente de alimentos para basear-se na manufatura
especializada e no comércio externo de matérias- 1. Islamismo
-primas ou de manufaturados. O islamismo surgiu no século VI na península ará-
d) Descentralização político-econômica: o controle bica, graças à elaboração de um homem de família
econômico passou a ser feito pelos poderes locais, humilde chamado Maomé que começou a professar
4 sediados nas comunidades aldeãs, que funciona- uma nova fé - como que uma síntese do cristianismo
vam como centros de redistribuição da produção. e do judaísmo. Ele dizia que só havia um Deus, de
e) Surgimento da escrita: foi uma decorrência do nome Alá, e era contrário à adoração de vários deu-
aumento da complexidade contábil. Serviu inicial- ses (politeísmo). Acontece que a região onde nasce-
mente para controlar as atividades econômicas ra, a cidade de Meca, era ponto de peregrinação
dos templos e palácios, mas depois teve profun- politeísta de diversos povos da península. Preocupa-
das implicações culturais, como o surgimento da dos com o crescimento dos seguidores de Maomé
literatura. e sua intolerância com os peregrinos politeístas, os
comerciantes de Meca expulsam Maomé da cida-
Resposta: Letra D. de. Ele foge para Iatreb, cidade vizinha e de grande
Essas sociedades se destacam pela centralização importância na península. Lá, ele é bem recebido e
– promovida tanto nas cidades-estado da região organiza um grupo para conquistar Meca, no que
também tem sucesso. Após sua morte, em 632 d.c.
mesopotâmica, quanto no Império Egípcio.
, o poder político e religioso dos muçulmanos fica
na mão dos califas (herdeiros de Maomé), que dão
cabo ao jihad, a guerra santa em busca da conver-
são das pessoas ao islamismo. Rapidamente, a nova
religião se espalha por toda a península arábica e,
já no século seguinte, por todo o norte da África e a
parte ibérica da Europa. Seu expansionismo dentro
da Europa só é freado em 732, quando são derro-
tados na Batalha de Poitiers, em batalha contra os
francos.
2. Cristianismo
Dentro da Europa, a unidade fomentada pelo
Império Romano é substituída pela fragmentação
em diversos reinos. O perigo de se morar nas cida-
des com os constantes saques e invasões e o fim do e obrigações ao senhor de engenho, que em troca
emprego da mão de obra escrava no campo, impul- também os protegia de saqueadores e invasores. A
siona uma ruralização na Europa medieval. Fortifica- terra do feudo era dividida em três partes: o manso
ções e castelos passam a isolar os diferentes grupos, senhorial, terra trabalhada pelos servos em benefício
o que foi um golpe letal no comércio europeu, assim exclusivo do senhor; o manso servil, terras cedidas aos
como o domínio muçulmano do mar mediterrâneo. servos para exploração própria; e manso comunal,
O único fio que busca perpassar os diferentes reinos bosques e pastos de uso comum dos servos e senho-
europeus é o do cristianismo, que cresceu demasia- res. Dentre as obrigações devidas pelos servos aos se-
damente nos últimos anos do Império Romano. Por nhores estava o trabalho no manso senhorial e taxas
exemplo, no caso acima que citamos da Batalha e partes da produção no manso servil dedicadas aos
de Poitiers. Os francos lutaram contra os muçulma- senhores.
nos para defender seu território e também a fé cris-
tã. Pelo apoio papal em disputas internas dos reinos, 4. Baixa Idade Média
dinastias cediam enormes porções de terra à Igreja. A chamada Baixa Idade Média é o período que
A unidade em torno de reinos e até mesmo uma ten- vai do século XI ao XV. Até então, a busca por estabi-
tativa de reinventar o Império Romano do Ocidente, lidade e paz havia sido alcançada. Após um período
contudo, fracassaram. A instabilidade do estado de turbulento, com a fixação dos feudos e de sua ordem
guerra constante era a regra. Desta maneira, a des- social, foi possível até mesmo a melhora da qualida-
centralização prosperou e iniciava-se o feudalismo. de de vida e o crescimento populacional. Contudo,
o que parecia bom, não era tanto, graças à estrutura
feudal. A produção agrícola nos feudos não era volta-
SE LIGA! da para produzir excedente - produzia-se o necessário
Feudalismo é o nome dado à ordem social para o consumo local. A taxa de crescimento popu-
que prosperou na Europa durante a Alta Idade lacional não foi acompanhada de taxa correspon-
Média (século V ao século X). Ele é marcado dente da produção agrícola. Servos começaram a
por uma ausência do comércio e por uma fugir dos feudos por conta da fome. Este processo não
agricultura voltada ao consumo local – interno afetou apenas os servos. Pelo direito de primogenitura,
aos feudos. Estes eram dominados pelos somente o filho mais velho de um senhor herdaria suas
senhores feudais. A sociedade feudal era terras. Com a escassez de terras, formou-se um con-
estamental, ou seja, era quase impossível haver junto de cavaleiros sem sustento.
mobilidade social. Nascia-se em um estamento Ao mesmo tempo, ocorria dentro da Igreja um 5
e morria-se nele. Eram três os estamentos do reavivamento para a retomada de Jerusalém da
período: a nobreza, especializada em guerrar mão dos muçulmanos. Iniciava-se, a partir do sécu-
e defender seu território; o clero, responsável lo XI, As Cruzadas. As expedições cruzadistas mobi-
por cuidar das almas; e os servos, que deveriam lizam milhares de pessoas. Os cavaleiros sem terra
trabalhar a terra. Embora a função do clero eram seus principais braços militares, assim como os
seja religiosa, a expansão de terras em nome
servos que haviam fugido da terra de seus senhores
da Igreja e de seu alto sacerdócio, colocava
representavam o grosso do corpo de combate. Um
esta como a maior detentora de terras do
contingente enorme de mulheres, crianças e velhos
período. Havia, além das questões espirituais,
seguiam os cruzadistas em busca de possibilidades
um interesse material dos membros do clero
melhores de vida.
no regime feudal.
5. Alta Idade Média
3. Suserania e vassalagem Jerusalém não foi retomada, nem o problema
Os diversos membros da nobreza se relacionavam da produção agrícola e da falta de terras resolvido.
pelos acordos de suserania e vassalagem. Estes acor- Contudo, as expedições foram importantes no resga-
dos se estruturavam da seguinte forma: um nobre te de uma mobilidade comercial no interior do con-
mais rico, com mais terras, cedia parte de suas terras
tinente europeu e da reabertura do comércio medi-
a outro nobre, que não tinha tanta. Em troca, o que
terrâneo. Nas rotas cruzadistas, cidades renasciam e
recebeu as terras deveria fidelidade e encargos ao
feiras eram formadas. Mesmo após e além às cruza-
que cedeu. Este era o suserano, aquele o vassalo.
das, o contato entre mercadores de diversas regiões
Cabia também ao suserano a defesa de seu vassalo
foi retomado. Cidades como Gênova e Veneza
em caso de agressão externa. O ritual de suserania
movimentavam o comércio marítimo no mediterrâ-
e vassalagem era firmado sempre na presença de
neo. Ao norte, criou-se a Liga Hanseática de cidades
um figura clerical. Portanto, desta maneira se amar-
mercantis alemãs. Problemas como a insegurança
ravam os acordos sociais que estruturaram o período.
Os servos não eram escravos. Eles estavam presos em torno das rotas levaram à criação de fortes or-
à terra de seu feudo, porém não eram mercadorias ganizações de defesa - processo importante no pos-
que poderiam ser comercializadas ou aprisionadas terior movimento de surgimento dos estados-nação.
por um terceiro. Eles deviam obediência, trabalho As moedas voltam a ser utilizadas para possibilitar um
Ciências Humanas e suas Tecnologias
comércio melhor e mais dinâmico. textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
Também as cidades voltam a apresentar impor- A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi
tância. Antigas cidades romanas abandonadas vol- produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal
tam a ser ocupadas e também ao redor dos feudos ideologia e um processo que a ela se opôs estão in-
formam-se burgos. Os burgos deviam obrigações aos dicados, respectivamente, em:
senhores da terra, contudo movimentos comunais
se desenvolveram em busca da emancipação dos a) Justificar a dominação estamental/ revoltas cam-
burgos - e são vitoriosos. Os burgos passam a ter au- ponesas.
tonomia política, econômica, jurídica. Em seu interior, b) Subverter a hierarquia social/ centralização burgue-
organizações de ofício reúnem artesãos responsáveis sas.
pela produção de mercadorias para a troca e ven- c) Impedir a igualdade jurídica/ revoluções burgue-
da. O enriquecimento dos comerciantes e de uma sas.
parcela dos mestres artesãos levou ao surgimento de d) Controlar a exploração econômica/ unificação
uma nova classe social - a dos burgueses. No interior monetária.
da ordem feudal, gestava-se, através do comércio, e) Questionar a ordem divina/ Reforma Católica.
da economia monetarizada, da possibilidade do lu-
cro individual, a ordem que viria substituí-la - o capi- Resposta: Letra A.
talismo. A ideologia busca justificar a sociedade dividida
em três ordens de pessoas – os nobres, os clérigos
6. Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453) e os servos. As revoltas camponesas significavam
Um caso marcante deste processo foi a Guerra descontentamento com o modelo servil.
dos Cem Anos (1337 - 1453), entre o Reino da França
e o Reino da Inglaterra. Lembremos que o modelo
de sucessão real era por primogenitura - o filho mais IDADE MODERNA
velho herdava o trono do pai. Acontece que anti-
gas relações reais ligavam o então rei da Inglaterra,
Eduardo III, ao rei da França, Carlos IV, que morreu Como vimos no tópico anterior, começava a sur-
sem deixar herdeiros. Eduardo, que era sobrinho de gir no interior da Europa, um movimento que viria
Carlos, reivindicou o trono francês. Porém, os nobres substituir a antiga ordem feudal. De fato, elementos
franceses, receosos de perder sua influência, indica- importantes se desenvolveram no contexto europeu.
6 ram um conde de nome Felipe ao cargo. Este assu- Um primeiro elemento a ser considerado foi a cria-
me e passa a se chamar Felipe VI. Eduardo não con- ção de exércitos tanto para as cruzadas, quanto
corda e os dois reinos entram em guerra - uma guerra para a defesa das rotas comerciais. Esses exércitos,
que perdurou por 116 anos. Os ingleses começaram formados por uma quantidade considerável de no-
vitoriosos e anexaram a região norte da atual França. bres decadentes, começaram a ser centralizados ao
Ao longo dos anos, houve períodos mais acalorados, redor de reis. Com isso, a descentralização caracte-
outros menos. O ponto que nos importa é o seguinte: rística do feudalismo é substituída por reinos fortes em
para os franceses reverterem o jogo precisaram se desenvolvimento.
unir em torno da figura do monarca. Para tanto, os
nobres precisaram cada vez mais ceder seu poder
em favor do rei. Um exército nacional foi criado. Veja 1. A Reconquista
que até agora não tínhamos falado em nações - fa- Os muçulmanos desde o século VIII ocupavam a
lamos em comunidades, civilizações, impérios, reinos. península ibérica (nos atuais territórios de Portugal e
O crucial dessa disputa foi a formação dos estados Espanha). A partir do século XI, se iniciaram as cru-
nacionais. Este processo aconteceu tanto na França, zadas cristãs contra os muçulmanos. Neste contexto,
quanto na Inglaterra, mas também em outras regiões. quatro reinos cristãos - Leão, Castela, Navarra e Ara-
gão - se juntaram para combater os ocupantes islâ-
micos que estavam na península. Esta disputa durou
séculos - só terminou no século XV com a expulsão
EXERCÍCIO COMENTADO total dos muçulmanos. Contudo, ao longo dos anos,
os cristãos foram conquistando territórios. Os quatro
1 (ENEM 2015) A casa de Deus, que acreditam una, reinos pediram auxílio ao nobre francês Henrique de
está, portanto, dividida em três: uns oram, outros Borgonha (nobres eram contratados para disputas,
combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes ainda não haviam se estruturado os exércitos nacio-
que coexistem não suportam ser separadas; os servi- nais). Sua intervenção na guerra foi fundamental e,
ços prestados por uma são a condição das obras das em troca, cederam a ele um condado - o conda-
outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de do portucalense. Na região do condado, atual norte
aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mun- de Portugal, os comerciantes prosperavam pelo fato
do gozar da paz. dali ser um importante entreposto entre o mar medi-
ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de terrâneo e o mar do norte. Após a morte de Henri-
Ciências Humanas e suas Tecnologias
que, seu filho, Alfonso Henriques, luta por mais auto- ca. As práticas econômicas adotadas se inserem em
nomia do condado. Alfonso não tem filhos e, depois um conceito chamado mercantilismo. Este conceito
de também morrer, a burguesia portucalense sente- representa a prática comercial da época promovi-
-se ameaçada pela possibilidade de voltar ao reino da pelas nações: 1) o Estado precisa ser forte e ter o
de Castela - e perder a autonomia conquistada. Bur- monopólio das atividades comerciais; 2) metalismo:
gueses se unem a um grupo de nobres e, em 1383, os a riqueza de um país se mede pela quantidade de
portucalenses promovem a Revolução de Avis, tor- prata e ouro em reserva, portanto é importante bus-
nando-se independentes - nascia Portugal. car sempre novas fontes; 3) Balança comercial favo-
rável: a prosperidade era alcançada exportando-se
2. Antigo Regime mais do que se importa.
Este modelo de aliança entre setores mercantis
em ascensão, a chamada burguesia, e nobres será 4. Colonialismo
o modelo principal de organização social do século O colonialismo português, em seu princípio, foi or-
XV ao XVIII, ou seja, o modelo da Idade Moderna. ganizado pelo modelo das Capitanias Hereditárias.
Este ordenamento ficou conhecido como o Antigo A nação dividia suas novas possessões em grandes
Regime - formação de monarquias nacionais com a pedaços de terra. Cada um desses grandes pedaços
aliança de burgueses e nobres. A Igreja perde parte seria oferecido a um nobre que teria direito ao usu-
de seu poder neste período. A passagem oficial da fruto da terra - não seria o dono da terra, a terra con-
Idade Média para a Idade Moderna se dá com a to- tinuaria pertencendo à Coroa Portuguesa. Contudo,
mada de Constantinopla pelos turcos-otomanos, em o nobre teria o direito à exploração da terra. Colo-
1453. Porém, o importante é que se compreenda que cou-se em prática o modelo de plantation: grandes
o movimento histórico amplo que define essa passa- propriedades em nome de uma só pessoa (latifún-
gem é a formação de estados nacionais, crescimen- dios), com a produção de apenas um item agrícola
to do comércio e ascensão da burguesia. (monocultura) e mão de obra escrava. O tráfico de
escravos se tornará no período uma das práticas co-
O surgimento do estado nacional português se dá
merciais mais lucrativas, se não a mais. Capturar pes-
ao mesmo tempo em que a Guerra dos Cem Anos se
soas e vendê-las enquanto mercadorias que seriam
desenvolvia - impedindo os deslocamentos terrestres
mão de obra nas colônias rendeu muito dinheiro.
pelo interior da Europa; ao mesmo tempo em que os
comerciantes marítimos italianos, sobretudo de Gê-
5. O Absolutismo
nova e Veneza, hegemonizavam o comércio no mar
Na Europa, novos acontecimentos surgiam. A
mediterrâneo e o mar do norte era controlado pela 7
parceria inicial entre burgueses e nobres começava
Liga Hanseática. Para este pequeno país se manter a a se desgastar. A crescente centralização do poder
saída encontrada foi buscar rotas no Oceano Atlânti- nas mãos do monarca, instituiu um novo conceito:
co. Portugal será pioneiro nas Grandes Navegações. o absolutismo. O absolutismo é tipo de governo em
que o poder fica todo concentrado nas mãos do
monarca. Concomitantemente, a burguesia am-
SE LIGA! pliava seu papel de grande força econômica com
As Grandes Navegações foram o processo a revolução comercial que seguia. Nobres concen-
de busca por novas rotas comerciais pela trando o poder político, burguesia concentrando o
costa africana até às Índias. Os mercadores poder econômico. Quem paga a banda quer esco-
portugueses viram aí a possibilidade de ganhar lher a música. A burguesia queria participar também
mais dinheiro. Este empreendimento só foi da vida política. Na Inglaterra, acontece, durante
possível porque foi um processo centralizado o século XVII, a Revolução Inglesa - disputa que ti-
– o dinheiro arrecadado pelo governo foi nha raízes religiosas, mas, sobretudo, determinações
investido na empreitada. Saldo positivo econômicas. A Revolução, após intensos embates
tanto para os burgueses, pois ganhavam internos, conquistou um novo modelo político para a
mais dinheiro, quanto para os nobres, que nação: a monarquia parlamentarista. A monarquia
aumentavam seu poder. ficava submetida às prerrogativas do parlamento.
Ao mesmo tempo, os comerciantes ingleses se lan-
çavam às grandes navegações e buscavam melho-
3. As Grandes Navegações rar suas técnicas produtivas - processo que culmina-
O processo das Grandes Navegações culmina na rá com a Revolução Industrial.
descoberta, para os europeus, de um novo continente Na França, no século XVIII, a concentração de
- a América. Há uma verdadeira Revolução Comercial poder nas mãos do rei chegou em limites tão absur-
em curso com a expansão de mercados. Em princípio, dos que, um de seus reis, Luís XIV chegou a dizer: “o
portugueses e espanhóis buscavam relações de tro- Estado sou eu”. A nobreza vivendo na luxuosidade
ca com os povos costeiros tanto da África, quanto conquistada através dos altos impostos sobre a popu-
da América. Contudo, com o passar do tempo, ini- lação civil. A luxúria acabaria na guilhotina durante
ciaram o modelo colonial - prática de ocupação e a Revolução Francesa. Outras mudanças importan-
exploração de territórios, destacadamente na Améri- tes aconteceram durante a Idade Moderna, dentre
Ciências Humanas e suas Tecnologias
elas, a Reforma Religiosa, o Renascimento Cultural e ideais iluministas, as treze colônias se unem contra a
o Iluminismo. metrópole. Inicia-se uma guerra de independência.
Os colonizados, com o apoio francês, libertam-se de
6. Reforma Religiosa sua condição e, em 1783, finalmente decretam sua
A Reforma Religiosa também se relaciona aos ou- emancipação. Nasce os Estados Unidos com uma
tros processos pelos quais a Europa passava. A cen- constituição republicana e federalista.
tralização do poder nas mãos dos reis incomodava A Idade Moderna é uma Idade de transição: o
a Igreja. Assim como a capacidade de intromissão novo estava muito próximo de nascer, mas o velho
da Igreja também incomodava parte da nobreza. Di- ainda persistia. Só assim podemos compreender a exis-
versos conflitos surgiram por conta disso. Ao mesmo tência simultânea de forças diversas como a nobreza e
tempo, a prática dos membros da Igreja Católica era a burguesia. O feudalismo não havia de todo deixado
contraditória: condenavam o lucro e a usura, mas de existir, mas o capitalismo também não havia se es-
detinham grandes possessões e viviam uma vida lu- truturado totalmente. É neste campo de negação do
xuosa. Vendiam indulgências - o perdão divino pelos passado e acumulação de experiências, ideias e rique-
pecados praticados através de pagamentos à Igre- zas que será possível o surgimento da Idade Contem-
ja. Um padre chamado Martinho Lutero se revoltou porânea, com as bases que edificam até hoje nossas
e deu origem à doutrina luterana. Dentre seus pon- sociedades.
tos principais, podemos destacar: a livre leitura da Bí-
blia; utilização da língua nativa ao invés do latim; a
manutenção de apenas dois sacramentos: batismo
e eucaristia; e submissão da Igreja ao Estado. Lutero EXERCÍCIOS COMENTADOS
foi condenado como herege pela Igreja e persegui-
do. Sobreviveu graças ao apoio de parte da nobreza 1. (FUVEST) No processo de formação dos Estados Na-
germânica. Suas ideias correram rápido pelo conti- cionais da França e da Inglaterra podem ser identifica-
nente. Seus ideais de que a salvação viria por uma dos os seguintes aspectos:
vida regrada, de disciplina e ordenamento, iam ao
encontro da necessidade burguesa de trabalho e a) fortalecimento do poder da nobreza e retardamento
acumulação. A Igreja não aceitou impassível - iniciou da formação do Estado Moderno
a contra-reforma, movimento de retomada da evan- b) ampliação da dependência do rei em relação aos
gelização católica e perseguição aos dissidentes por
senhores feudais e à Igreja
8 meio da Inquisição.
c) desagregação do feudalismo e centralização políti-
ca
7. Renascimento Cultural
d) diminuição do poder real e crise do capitalismo co-
O Renascimento Cultural foi um processo ligado
mercial
à retomada do comércio e da vida urbana. Com as
e) enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o
intensas trocas, artistas e pensadores se voltam a con-
Estado e a Igreja
ceitos do período clássico grego e romano em que o
ser humano tinha papel central - movimento conhe-
cido como humanismo. Forjava-se um novo universo Resposta: alternativa C.
cultural, alinhado às demandas da nova época. No- Os Estados Nacionais se formam de maneira centra-
mes como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Luís Ca- lizada politicamente na figura do monarca, em opo-
mões, se destacam nesse período. Ao mesmo tempo, sição ao contexto de descentralização que marcou
um movimento intelectual chamado Iluminismo sur- o feudalismo.
ge: é preciso iluminar o pensamento à luz da razão,
do pensamento científico e racional. A fé não pode 2. (FUVEST) Deve-se notar que a ênfase dada à faceta
ser a base última de sustentação de nosso pensar e, cruzadística da expansão portuguesa não implica, de
consequentemente, de nosso agir. modo algum, que os interesses comerciais estivessem
dela ausentes – como tampouco o haviam estado das
8. Independência dos Estados Unidos cruzadas do Levante, em boa parte manejadas e finan-
Em 1775, as treze colônias britânicas na América ciadas pela burguesia das repúblicas marítimas da Itália.
do Norte se rebelam contra o poder colonial. Estas Tão mesclados andavam os desejos de dilatar o território
colônias, em seu início, não receberam grande peso cristão com as aspirações por lucro mercantil que, na sua
da metrópole - puderam, por essa razão, se desenvol- oração de obediência ao pontífice romano, D. João II
ver de maneira mais livre. Contudo, os ingleses em fins não hesitava em mencionar entre os serviços prestados
do século XVIII necessitavam de mais dinheiro para por Portugal à cristandade o trato do ouro da Mina, “co-
remediar as contas públicas que sofriam por conta mércio tão santo, tão seguro e tão ativo” que o nome do
das constantes guerras com os franceses. Aumenta- Salvador, “nunca antes nem de ouvir dizer conhecido”,
ram taxas e impostos sobre produtos importados e ex- ressoava agora nas plagas africanas…
portados em suas colônias. Tal medida não foi acei- Luiz Felipe Thomaz, “D. Manuel, a Índia e o Brasil”. Revis-
ta de maneira pacífica. Revoltados e inspirados nos ta de História (USP), 161, 2º Semestre de 2009, p.16-17.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Adaptado.
Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que a IDADE CONTEMPORÂNEA
expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um em-
preendimento
Como formulamos no tópico anterior, após um
a) puramente religioso, bem diferente das cruzadas dos período de relativa tranquilidade e baixa movimen-
séculos anteriores, já que essas eram, na realidade, tação social e política, que caracterizou parte da
grandes empresas comerciais financiadas pela bur- Idade Média, os contatos e deslocamentos se ace-
guesia italiana. leraram na Idade Moderna. A aliança entre nobres
b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era e burgueses ficava cada vez mais tensa, assim tam-
comum, à época, a concepção de que a expan- bém entre as nações. França, Holanda e Inglaterra
são da cristandade servia à expansão econômica também entraram na disputa por terras na América.
e vice-versa. Portugal e Espanha haviam firmado um tratado, vali-
c) por meio do qual os desejos por expansão territo- dado pelo Papa, que dividia o novo mundo em duas
rial portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista partes - uma pertencente aos portugueses; outra, aos
de novos mercados para a economia europeia espanhóis. Mais gente queria participar da festa da
mostrar-se-iam incompatíveis. exploração: os novos países navegantes não aceita-
d) militar, assim como as cruzadas dos séculos ante- ram o acordo e buscaram conquistar terras.
riores, e no qual objetivos econômicos e religiosos Os ingleses tiveram grande sucesso na empreita-
surgiriam como complemento apenas ocasional. da, sobretudo por terem desenvolvido uma marinha
e) que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio forte e bem equipada, que se tornou a principal do
intercontinental, a despeito de, oficialmente, auto- mundo. Por terem saído tarde ao mar, conquistaram
ridades políticas e religiosas afirmarem que seu úni- pouco ouro e pouca prata. Porém, para reverter este
co objetivo era a expansão da fé cristã. quadro, investiram fortemente na produção de mer-
cadorias. Portugueses e espanhóis ,mais preocupa-
Resposta: alternativa B. dos em acumular metais, acabaram dependentes da
Interessava tanto à Igreja, quanto aos comercian- produção inglesa. Na prática, ao longo dos anos, o
tes a expansão marítima implementada pelos por- ouro e a prata dos países ibéricos se direcionara para
tugueses. a Inglaterra. Os ingleses puderam, então, promover a
chamada Revolução Industrial, no século XVIII.
9
1. Revolução Industrial
A Revolução Industrial foi um processo de modifi-
cação do modelo produtivo, ocorrido na Inglaterra,
mais intensamente na segunda metade do Século
XVIII. Podemos elencar alguns dos fatores mais impor-
tantes para que ela se desenvolvesse. Em primeiro
lugar, ao transformar sua armada marinha na mais
forte do globo, passaram também a monopolizar o
tráfico de escravos, atividade altamente lucrativa. O
saque colonial foi também outra importante fonte de
recursos - invadiam territórios e de lá extraiam rique-
zas. Como já apontado acima, os metais conquista-
dos nas relações comerciais com os ibéricos também
foram importantes. Eram os comerciantes que reali-
zavam as transações comerciais, ou seja, a burgue-
sia começa a acumular muito dinheiro. O governo
taxava, cobrava imposto sobre as mercadorias e
movimentações, mas o grosso do dinheiro ficava nas
mãos dos burgueses. Todo esse dinheiro conquistado
implicará na criação de bancos. Estes vão direcionar
grandes investimentos na produção de mercadorias
- fato que será crucial à Revolução.
Outro ponto importante foi o chamado cerca-
mento de terras. Você se lembra que as terras feudais
eram repartidas em três partes - o manso senhorial,
o manso servil e o manso comunal? Essa estrutura
pouco a pouco passou a mudar - os senhores pas-
saram a se preocupar com uma produção agrária
voltada para o lucro e não para o sustento alimentar
Ciências Humanas e suas Tecnologias
dos membros de seu terra. Nas cidades inglesas, a quena e média burguesia. Os primeiros negociavam
produção de tecidos crescia vertiginosamente. Por mais com a nobreza, enquanto os segundos eram
isso, no campo passou-se a cercar as terras e nelas radicais e negavam esse contato. De 1793 a 1794,
colocar ovelhas. Das ovelhas sairia a matéria-prima os jacobinos estiveram no poder e implementaram
dos tecidos - a lã. Para a criação dos ovinos, não é uma agenda de taxação dos mais ricos, separação
necessário grande mão-de-obra: é só deixá-los em oficial do Estado com a Igreja, enfrentaram exérci-
um pasto. Muitos campesinos perderam espaço em tos estrangeiros invasores que desejavam restaurar a
sua própria plantação, caça e coleta - ficaram, as- monarquia e perseguiu opositores internos - mais de
sim, sem condições de sobreviver na zona rural. Ao 35 mil franceses morreram por conta desta persegui-
mesmo tempo, havia uma demanda crescente nas ção. Foi o chamado período do terror. No meio do
cidades por mão de obra. Portanto, os homens e mu- ano de 1794, os girondinos derrubam os jacobinos do
lheres do campo começam a se dirigir às cidades, poder e governam até 1799. Este período se caracte-
que, contudo, não conseguem absorvê-los a todos riza como de controle das demandas e insurgências
em postos de trabalho. populares. O general Napoleão Bonaparte foi o res-
Um último e importantíssimo ponto foi a criação da ponsável pela defesa interna do país, na qual teve
máquina a vapor por James Watt - a grande mudan- grande êxito. Em 1799, o mesmo Napoleão dá um
ça tecnológica que marcou a Revolução Industrial. golpe de Estado nos girondinos e assume o poder na
A partir desse momento, a produção de mercado- França. Era o fim da Revolução Francesa e o início da
rias aumentou desenfreadamente. Grandes fábricas Era Napoleônica.
eram formadas e muita riqueza gerada. Contudo, a
distribuição dessa riqueza era muito desigual - criou-se
uma massa de pobres operários nunca vista na histó- SE LIGA!
ria. A Revolução Industrial avançava e criava a neces- A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra
sidade de se buscar novos mercados para absorver a e a Revolução Francesa abriram o século XIX.
enorme produção. 1789, ano de início da Revolução Francesa, é o
ano em que se inicia a Idade Contemporânea.
2. Revolução Francesa A partir de então, a estrutura capitalista
Ao mesmo tempo, na França, a burguesia vinha estava solidificada, tanto em termos técnico-
em maus lençóis. Vale lembrar que a Revolução econômicos, quanto em termos políticos. A
Inglesa aconteceu no final do século XVII, sendo burguesia se torna a grande classe dominante
10 fundamental para controlar a nobreza e projetar da sociedade.
politicamente os burgueses. Ao contrário, na França
a nobreza e o alto clero deitavam e rolavam - viviam
dos altos impostos pagos pelo povo, se metiam em 3. Século XIX
guerras desnecessárias e investiam mal o capital. A Ao longo do século XIX, a disputa entre nobres
situação de crise econômica chegou a tal ponto e burgueses continua. Em 1814, após frear a ofensi-
que não era mais possível controlar a rebelião social va expansionista da Era Napoleônica e derrotá-lo, as
- amponeses famintos, habitantes das cidades monarquias europeias se reuniram no Congresso de
paupérrimos e a burguesia francesa vendo seu Viena. Este congresso teve como função primeira,
progresso ser impedido pela falta de apoio estatal. reorganizar as fronteiras entre as nações aos moldes
Após tentativas de negociação com o rei Luís XVI, das que haviam antes de Napoleão. Também alça-
este se mostrou irredutível. No dia 14 de julho de 1789, ram a França novamente a uma monarquia - Luís
a população francesa se levantou contra o governo, XVIII, irmão de Luís XVI, foi coroado rei francês. Mas,
tomou a Bastilha, antiga prisão política, e formou o objetivo principal do Congresso era organizar a no-
uma Assembleia Constituinte. A Assembleia aboliu breza contra o avanço liberal. As ideias iluministas de
leis e privilégios feudais que sustentavam a nobreza e liberdade, igualdade e fraternidade, que motivaram
o clero; estabeleceu-se a liberdade e igualdade de a Revolução Francesa se espalharam pelo continen-
todos perante a lei. te e até para fora dele. Criou-se a Santa Aliança -
O processo revolucionário transcorreria até 1799. um exército em defesa das famílias reais. Contudo,
Nesses dez anos, a França viveu grande agitação a força do vento dos novos tempos era irresistível. Na
política e social. Em 1791, uma nova constituição foi América, processos de independência das antigas
redigida - uma monarquia constitucional, semelhan- colônias pipocavam. Na Europa, as sociedades se
te à inglesa, foi estabelecida. Após tentativa de fuga organizavam em vista a maior participação política
no mesmo ano, o rei foi preso sob acusação de cons- e social. Pouco a pouco, as monarquias foram cain-
piração contra o Estado. Em 1792, foi proclamada a do em definitivo.
República e, no ano seguinte, Luís XVI foi guilhotinado A Revolução Industrial, que começou na Inglater-
em praça pública. ra, se espalhou por toda a Europa e também para os
Dois principais grupos disputavam os rumos da Estados Unidos, antiga colônia inglesa que se emanci-
Revolução: os girondinos, representantes da alta para em 1783. A cada dia se produzia mais. Os gran-
burguesia, e os jacobinos, representantes da pe- des capitalistas concentraram uma enorme quantia
Ciências Humanas e suas Tecnologias
de capital. Porém, os grandes capitalistas eram pou- trono. Descontentes com a possibilidade de uma for-
cos - e os que não faziam parte desse grupo tinham mação hispano-prussiana, a França declarou guerra,
grandes dificuldades para competir. Iniciou-se a fase caso o príncipe não renunciasse à candidatura. Não
do capitalismo financeiro (porque muito ligado aos renunciou e a guerra estava formada. Todos os reinos
bancos), industrial e monopolista (a competição de da região se aliaram e, liderados por Bismarck, derro-
mercado era muito pequena). taram os franceses. O caminho da unificação alemã
Vamos imaginar o seguinte caso: você é dono estava sedimentado. Além disso, anexaram parte do
de uma fábrica de tapetes. Antes da máquina a va- território francês, Alsácia e Lorena, e impuseram uma
por, a fábrica produzia cinco tapetes por semana - o pesada indenização - com ocupação militar da Fran-
necessário para a demanda de sua cidade. Com a ça pelo exército alemão até a quitação da dívida.
máquina a vapor, a produção salta para cinquenta A guerra e as humilhantes condições impostas
tapetes semanais. Você precisará ampliar mercado. pelos alemães, deixaram os franceses com um sen-
Com as melhoras tecnológicas ao longo do século timento de revanche. Também a disputa por novos
XIX, a produção vai para cem tapetes semanais. Será territórios na corrida imperialista era um fator de ten-
necessário ampliar mais e mais o mercado consumi- são. A Inglaterra, maior potência econômica do pe-
dor. ríodo, também se preocupava e formou uma aliança
4. Imperialismo militar com os franceses e russos. Os russos estavam
O exemplo acima foi mais ou menos o que se pas- preocupados sobretudo com os processos de inde-
sou com os burgueses europeus. A demanda interna pendência e formação de nações no leste europeu
da Europa era insuficiente. Novos mercados eram - região que vive este tipo de disputa até hoje. Ao
necessários, ainda mais após a Segunda Revolução mesmo tempo, os alemães se uniam ao Império Aus-
Industrial, que aconteceu na segunda metade do sé- tro-Húngaro, que tinha interesses na mesma região
culo XIX. Ferro, alumínio, energia elétrica, óleo diesel que os russos, e aos italianos. De um lado, a Tríplice
- novas descobertas do período. Inicia-se a fase do Aliança - Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. De ou-
Imperialismo (ou Neocolonialismo) europeu - ocupa- tro, a Tríplice Entente - França, Inglaterra e Rússia. A
ção política e militar de territórios na África, Ásia e Europa era um barril de pólvora prestes a explodir. A
Oceania. Seus objetivos eram 1) garantir reserva de centelha foi o assassinato do arquiduque Francisco
mercado para a produção industrial; 2) garantir tam- Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, pela
bém fornecimento de matérias-primas como carvão, organização secreta sérvia Mão Negra. Áustria-Hun-
ferro, petróleo e metais não-ferrosos; 3) controle dos gria declarou guerra à Sérvia. Os russos se posiciona-
mercados externos para investimento de capitais ex- ram a favor dos sérvios. O sistema de alianças milita-
cedentes. res foi ativado e se iniciou a 1ª Guerra Mundial.
11
Inglaterra e França são os dois principais países na
expansão imperialista. Contudo, dois importantes e 6. 1ª Guerra Mundial (1914 - 1918)
ricos países surgiam na Europa após processos inter- A 1ª Guerra Mundial (1914 - 1918) tem esse nome
nos de unificação - a Alemanha e a Itália. E eles tam- por envolver as principais potências ocidentais do
bém queriam os benefícios de ter novos territórios. Em período. Ela basicamente teve dois períodos: o pri-
1884, foi realizada a Conferência de Berlim, na qual meiro caracterizado como a guerra de movimento,
14 nações europeias dividiram o continente africano. por conta da tentativa de ataques rápidos dos ale-
A justificativa principal utilizada para ocupar o conti- mães; a segunda, guerra de trincheiras - cada país
nente foi levar os progressos civilizatórios aos africa- defendendo cada pedaço de seu território. A Ale-
nos. Ao contrário, levaram uma ocupação violenta
manha conquistou importantes vitórias até 1917 - ano
que durou quase cem anos.
em que dois acontecimentos mudaram o rumo da
Guerra: a Revolução Russa e a entrada dos Estados
5. Século XX
Unidos na batalha. A Revolução Russa foi a primeira
O século XX começou com um desenho distinto
revolução socialista da história. Com o lema de Paz
do que foi o início do século anterior. Com os avan-
(saída da Guerra, que já havia vitimado milhares de
ços tecnológicos, a população mundial aumentou
russos), Pão (a fome era generalizada) e Terra (país
muito, assim como a urbanização também era cres-
cente. agrário em que os campesinos não tinham terra pró-
Em 1870, ocorreu uma guerra entre a França e a pria), os revolucionários derrubaram o governo cza-
Prússia, nação que seria a base para a formação da rista (modelo próximo a uma monarquia) e implan-
Alemanha. Alarmados pelo crescimento econômico taram o socialismo. A entrada dos norte-americanos
dos germânicos e inseguros quanto às consequên- na Guerra se deu porque os alemães intensificaram o
cias da união dos reinos daquela região, os franceses bloqueio marítimo à Inglaterra - chegando a atacar
tentavam desarticular a união alemã. Contudo, Otto navios comerciais dos Estados Unidos. Ao entrarem
Von Bismarck, primeiro-ministro prussiano, articulou na Guerra, trouxeram consigo enorme contingente
de maneira estratégica a unificação: criando um ini- de armamentos e de soldados.
migo em comum. Por conta da sucessão do trono Em 1918, a Tríplice Aliança é finalmente derrota-
espanhol, que se tornara vago, o príncipe de um dos da. Assim como os alemães fizeram na Guerra Fran-
reinos próximos à Prússia se declarou candidato ao co-Prussiana, os franceses e ingleses impuseram um
Ciências Humanas e suas Tecnologias
humilhante tratado. Os alemães pagariam uma pe- um pacto de não-agressão com a URSS. A partir de
sada multa, e enquanto não quitassem a dívida os então colocaram todas as suas forças para anexar a
franceses ocupariam seu território, o exército alemão maior quantidade de territórios possíveis sob influên-
foi limitado a cem mil homens e foi proibido de cons- cia inglesa e francesa.
truir navios e ter repartição aérea, além de verem a Em 1941, os alemães rompem o pacto com os
região da Alsácia-Lorena passar novamente ao do- soviéticos e invadem a URSS. No mesmo ano, os ja-
mínio francês. poneses iniciam ataques às bases navais norte-ame-
ricanas no Pacífico. A partir de então, o jogo virou.
7. O Período do Entre-Guerras Formou-se o grande bloco dos Aliados - Inglaterra,
O que se seguiu na Europa durante a década de França, Estados Unidos, URSS e China. Estes dois últi-
1920 foi um período de grande abalo econômico. Des- mos, após um primeiro período de derrotas, invertem
troçados pela guerra mais violenta da história até en- a situação e partem para a ofensiva. Em maio de
tão, as nações tentavam se reerguer. Os governos libe- 1943, a Itália é derrotada. Em 1945, os soviéticos ocu-
rais, amparados nos paradigmas de não-intervenção pam Berlim. Três meses depois, sob o argumento de
estatal na economia e livre mercado, se abalavam. duas bombas atômicas, os norte-americanos obtêm
De um lado, o espectro do comunismo vindo da União a rendição incondicional do Japão.
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS - centrada
na antiga Rússia). De outro, um novo campo político 9. A Guerra Fria (1946 - 1991)
- o fascismo. O fascismo foi um projeto que negava o Eixo derrotado, era hora de reorganizar a política
modelo democrático vigente - era contra os liberais, e internacional. Em 1946, cria-se a Organização das
também rejeitava radicalmente o socialismo. Carrega- Nações Unidas - com a participação da quase totali-
va um gérmen totalitário - grande mobilização popular dade dos países do mundo. Dentro da Organização,
em torno de um líder, um nacionalismo exacerbado fez-se o Conselho de Segurança formado por Estados
e um desejo expansionista. A Itália com Mussolini e a Unidos, França, Inglaterra, URSS e China - países ven-
Alemanha com Hitler serão os grande modelos deste cedores da Guerra. Cada um dos membros do Con-
projeto. A Alemanha em específico carregava um for- selho tem o direito de vetar unilateralmente qualquer
te aspecto anti semita - ódio aos judeus. Junto a esse decisão da ONU. O mundo entrava numa nova fase.
exacerbamento das tensões europeias veio a crise
econômica que assolou os Estados Unidos.
Após a Primeira Guerra, os EEUU se alçaram ao SE LIGA!
12 posto de maior potência econômica mundial - ti- Estados Unidos e URSS, após se aliarem na
nham ⅓ da produção industrial do mundo e foram os Guerra, passam a disputar a hegemonia do
grandes credores para a reconstrução europeia. A poder global. É a disputa entre duas ordem
cada dia se produzia mais mercadorias. Contudo, o sociais: a capitalista, representada pelos EEUU;
crescimento de produção não foi acompanhado de a socialista, representada pelos soviéticos. Com
consumo, porque a Europa não tinha dinheiro para o advento das armas atômicas, um conflito
comprar mais e, no mercado interno norte-america- militar entre ambos seria apocalíptico. Por
no, o consumo chegou ao limite. A especulação na essa impossibilidade, inicia-se a Guerra Fria –
Bolsa de Valores era enorme e mais e mais pessoas período de enorme tensão pela possibilidade
compravam ações. Quando perceberam a crise de da guerra direta entre ambos. Recebe o nome
superprodução, todos tentaram vender suas ações de “fria”, pois ela se dará de outras maneiras,
ao mesmo tempo. Era tarde - veio a Crise de 1929. que não o confronto direto.
Mais de 80 mil empresas fecharam nos EEUU e mais
de 12 milhões de pessoas ficaram desempregadas. A
crise se expandiu internacionalmente - só não afetou Em 1949, os EEUU lideram a criação da Organiza-
a URSS, pois esta estava com uma política internalista. ção do Tratado do Atlântico Norte - bloco político
militar com outras potências capitalistas, como In-
8. A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) glaterra e França. Em resposta, no ano de 1955, os
O resultado foi que dez anos após o surgimento soviéticos formalizam o Pacto de Varsóvia - aliança
da crise econômica rompeu a Segunda Guerra Mun- político militar com os países de orientação socialista.
dial. A Alemanha não respeitou o acordo de limi- A disputa entre os capitalistas e socialistas se deu
tação de seu exército e passou a anexar territórios em vários aspectos. Um deles foi a chamada “guer-
próximos. França e Inglaterra novamente se uniram ra nas periferias do mundo”. Cada espaço do globo
pela preocupação em torno de tais atos. Em 1939, era disputado. Desta maneira, norte-americanos e
os alemães invadem a Polônia - a gota d’água para soviéticos apoiaram direta ou indiretamente diferen-
desencadear o conflito. tes golpes e governos, ao sabor do alinhamento a
Em 1940, Alemanha e Itália, na Europa, se aliaram suas perspectivas. Assim aconteceu nas guerras do
aos japoneses, que seguiam a mesma política ex- Vietnã, do Afeganistão, em alguns golpes militares
pansionista na Ásia. Estruturava-se o Eixo - Alemanha, que aconteceram na década de 1960 e 1970, na
Itália e Japão. No ano anterior, os alemães assinaram América Latina.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Cabe destacar que em meio à polarização da 2. (Fuvest) Identifique, entre as afirmativas a seguir, a
Guerra Fria, povos asiáticos e africanos que ainda se que se refere a consequências da Revolução Indus-
viam sob o jugo imperialista iniciado pelos europeus trial:
no século XIX se levantam e põem em prática lutas
pela independência. Várias nações se formam da a) redução do processo de urbanização, aumento
década de 1960 em diante. da população dos campos e sensível êxodo urba-
Outro ponto da disputa foi a corrida espacial. A no.
ciência cumpriu um papel de destaque. O exemplo b) maior divisão técnica do trabalho, utilização cons-
máximo disso foram os progressos espaciais - os russos tante de máquinas e afirmação do capitalismo
lançam o primeiro homem ao espaço e, depois, os como modo de produção dominante.
norte-americanos lançam o primeiro homem à lua. c) declínio do proletariado como classe na nova es-
Ideologicamente, também se disputava o mundo - trutura social, valorização das corporações e ma-
o modelo cultural norte-americano conseguiu muito
nufaturas.
mais sucesso também nesse ponto.
d) formação, nos grandes centros de produção, das
Economicamente, a URSS privilegiou a indústria
associações de operários denominadas “trade
pesada, enquanto nos pólos capitalista, destacada-
mente da década de 1970 em diante, a indústria do unions”, que promoveram a conciliação entre pa-
consumo de bens ganha destaque - o modelo ca- trões e empregados.
pitalista consumista brilhava aos olhos dos cidadãos e) manutenção da estrutura das grandes proprieda-
sob o regime soviético. A URSS se desintegraria em des, com as terras comunais, e da garantia plena
1991, marcando o fim da Guerra Fria. Os soviéticos dos direitos dos arrendatários agrícolas.
saíram derrotados por não conseguir 1) externamen-
te, competir economicamente com os capitalistas e Resposta: alternativa B.
2) internamente, não conseguirem sufocar amplos A Revolução Industrial representou as mudanças
movimentos no interior dos países soviéticos que exi- técnicas e econômicas que iriam marcar a ordem
giam maior autonomia política e abertura de conta- social capitalista – divisão do trabalho e automoção.
tos com países capitalistas.
Inicia-se a Nova Ordem Mundial com hegemonia
norte-americana e seu modelo neoliberal - ode ao
Estado Mínimo, queda de barreiras alfandegárias,
formação de transnacionais. A palavra da moda se
torna para uns, flexibilização, para outros, precariza- 13
ção dos direitos dos trabalhadores ao redor do mun-
do, sobretudo para os mais pobres.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(Enem - 2014) Três décadas – de 1884 a 1914 - se-
param o século XIX – que terminou com a corrida dos
países europeus para a África e com o surgimento
dos movimentos de unificação nacional na Europa
- do século XX, que começou com a Primeira Guer-
ra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude
estagnante na Europa e dos acontecimentos empol-
gantes na Ásia e na África.
ARENDT. H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia.
das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão
da Primeira Grande Guerra na medida em que
Resposta: alternativa B.
A corrida imperialista colocou em choque as po-
tências europeias que desejavam colonizar os ter-
ritórios asiáticos e africanos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Como apontado no parágrafo acima, a cana- continua existindo, mas novas formas ganham desta-
-de-açúcar será o primeiro gênero explorado de que. Não só de senhores e escravos se constituia a
maneira mais sistemática na colônia, detidamente sociedade - homens livres, em trabalhos artesãos e de
na região da capitania de Pernambuco. O centro comércio, surgem.
político e econômico se forma nesta região. Impor- O centro político-econômico do Brasil se desloca
tantes eventos históricos do século XVII ocorreram para a região centro-sul. Em 1763, substitui-se a capi-
lá, como a formação do Quilombo dos Palmares e tal da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Por-
a Invasão Holandesa. A produção de cana segui- tugal queria ficar mais próximo à fonte do ouro, por-
rá o modelo de plantation: grandes propriedades que queria ganhar mais com as taxações. A todo ouro
produzindo um tipo exclusivo de gênero comercial extraído da terra, era devido ⅕ para os portugueses.
com mão de obra escrava e voltado à exportação. Quem extraísse 1 kg de ouro, deveria deixar 200g com
Ao longo dos anos, uma estrutura básica passa a administração portuguesa. Havia muito contraban-
a formar a colônia: a dicotomia entre Casa-Grande do e, a partir de 1770, a produção de ouro começa a
e Senzala. Na Casa-Grande vivia o senhor de en- despencar. De tanto se extrair, já quase não se achava
genho e seus familiares. Na Senzala, os escravos e ouro. Portugal aumenta o controle e passa até mes-
as escravas. Pelo relativo isolamento entre os enge- mo a invadir as casas em busca de ouro escondido. Os
nhos em uma colônia de proporções continentais, o desmandos da metrópole não passaram em branco.
senhor de engenho encarnava a lei e a ordem em
sua propriedade. A população escravizada atuava 10. Revoltas coloniais
na produção agrícola e nos cuidados com a mora- Durante o período colonial, aconteceram diversas
dia dos senhores. revoltas. Elas podem ser classificadas em dois tipos:
nativistas, aquelas que buscavam lutar contra alguma
8. Pacto Colonial medida específica da metrópole portuguesa; e as se-
Portugal firmou o Pacto Colonial - medida exclusi- paratistas - estas, mais do que lutar contra uma medida
vista sobre a exploração e comércio colonial. Ou seja, específica da metrópole, queriam a emancipação da
a colônia só poderia comercializar com a própria me- colônia em relação aos portugueses. Dentre as revoltas
trópole portuguesa. Ao longo dos séculos XVI e início nativistas, podemos destacar a Revolta de Beckman,
do XVII, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de em 1684, em São Luís do Maranhão; a Guerra dos Mas-
açúcar. Este açúcar saía da colônia pelas mãos por- cates, em 1654, em Pernambuco; a Guerra dos Em-
tuguesas que o comercializariam com os holandeses boabas, em 1704, nas Minas Gerais; e a Revolta de Vila
16 - responsáveis por boas rotas comerciais no interior da Rica, em 1720. Sobre esta última: ela ocorreu justamen-
Europa, além do refino final. Foi um período de grande te porque as autoridades locais se rebelaram contra as
lucratividade. Porém, se encerrou a partir do momento altas cargas de impostos estabelecidos pela Coroa. Em
em que a Espanha anexa Portugal entre 1580 e 1640, relação às revoltas separatistas, podemos destacar a
por direitos de sucessão real. A relação entre Espanha Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789; a Inconfidên-
e Holanda é marcada por muitos conflitos. Os holan- cia Baiana, em 1798; e a Revolução Pernambucana,
deses, então, partem para a produção de açúcar em em 1817. Ambas desejavam a emancipação colonial.
suas colônias nas Antilhas, ilhas na América Central.
Com um conhecimento técnico-produtivo mais avan- 11. Monarcas no Brasil
çado que o existente no Brasil e em uma região mais A dinâmica política na Europa em fins do século
próxima à Europa, a produção açucareira holandesa XVIII e início do XIX afetou diretamente o Brasil. Após a
dá um golpe na produção açucareira brasileira, que Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte dá um gol-
perde parte significativa de sua potência econômica pe de estado e assume o poder na França. Ele, a partir
. Mesmo após a emancipação portuguesa em 1640, a de então, buscou uma política expansionista em vistas
situação não se reverteu. O fim do século XVII foi de- a tornar seu país o mais forte do globo. Essa posição
cadente na colônia. entrava em choque com a preponderância inglesa.
Napoleão expande seu controle pelo continente eu-
9. Ciclo do Ouro ropeu, mas ao tentar enfrentar os ingleses, sofre uma
Em fins do século XVII, grupos de bandeirantes, ho- dura derrota marítima. Ciente de que não conseguiria
mens responsáveis por buscar novas riquezas no inte- derrotá-los pelo mar, o francês busca uma outra solu-
rior do Brasil, descobrem ouro na região do atual esta- ção: a criação de um bloqueio continental contra a
do de Minas Gerais. A notícia rapidamente se espalha Inglaterra, que impedia os países sob domínio e influên-
e durante todo o século XVIII, a colônia se modifica cia francesa a comercializar com os ingleses.
radicalmente. De uma população estimada em 300 Portugal tinha uma relação econômica de depen-
mil pessoas em 1700, chegou em 1800 a mais de 3 dência com os ingleses. Por isso, tinha uma política
milhões. Milhares de pessoas migravam para o Brasil, externa dúbia - mantinha as relações comerciais com
sobretudo portugueses, em busca do ouro na região os ingleses, ao mesmo tempo em que não negava as
das Minas. Vilas e cidades se formam, fomentando o investidas francesas. Até que em fins de 1807, france-
comércio. A velha estrutura Casa-Grande e Senzala ses se aliam a espanhóis e invadem Portugal. A Coroa
Ciências Humanas e suas Tecnologias
portuguesa, com mais de 15 mil pessoas, entre nobres a) A Revolução Farroupilha, ocorrida no sul do Brasil,
e funcionários, foge para o Brasil, sob proteção inglesa. tinha como principal objetivo expulsar a Corte por-
No começo de 1808 chegam ao Brasil e se fixam na tuguesa e proclamar a independência da colônia
capital, Rio de Janeiro. americana.
A primeira medida de impacto tomada por D. João, b) A presença da Corte portuguesa no Brasil, exercen-
príncipe-regente português, é dar fim ao Pacto Colonial do um governo absolutista e conservador, contri-
através do decreto de “abertura dos portos às nações buiu para retardar a Independência do Brasil, pois
amigas”. Na prática, tal medida beneficiava exclusiva- as melhorias administrativas e econômicas deixa-
mente aos ingleses, que passariam a comercializar seus ram a elite liberal brasileira satisfeita.
produtos diretamente com o Brasil. Como garantia de c) Chegando ao Brasil, D. João VI tratou logo de cum-
ampliar ainda mais seu predomínio econômico, Ingla- prir o prometido aos ingleses e decretou a abertura
terra impõe à Portugal a assinatura de novos tratados dos portos, em 1808, para as nações amigas comer-
que garantiriam privilégios àquele país: produtos ingle- cializarem diretamente com a colônia.
ses pagariam taxa de 15% de importação para ingres- d) Em 1821, os franceses foram expulsos de Portugal e
sarem no Brasil, enquanto os produtos portugueses pa- D. João VI foi chamado para assumir o trono portu-
gariam 16% e os dos demais países, 24%. guês, mas ele preferiu ficar no Brasil. Esse fato ficou
Alçada à posição de capital do império português, conhecido como “Dia do Fico”.
a cidade do Rio de Janeiro passou por importantes e) A chegada da Família Real no Brasil inverteu o Pac-
transformações. Criou-se a Casa da Moeda e o Ban- to Colonial. A partir de então, o Brasil se tornava a
co do Brasil, o Jardim Botânico, escolas de medicina, Metrópole e Portugal, a colônia.
Imprensa Real, Teatro Real. Em 1815, o Brasil deixa defi-
nitivamente de ser colônia e é elevado à categoria de Resposta: alternativa C.
Reino Unido de Portugal e Algarves. A fuga dos portugueses para o Brasil contou com a
Também em 1815, Napoleão é finalmente derrota- segurança da marinha inglesa. Além disso, Portugal
do. Já não havia mais razões para a família real portu- tinha uma relação de dependência econômica
guesa se manter no Brasil. Contudo, se mantém. Portu- com os ingleses.
gal começa a viver uma agitação social, amparado
nos ideais iluministas. Em 1820, irrompe a Revolução Li-
2. (Fuvest 2012) Os indígenas foram também utilizados
beral do Porto, que exige a volta imediata de D. João.
em determinados momentos, e sobretudo na fase ini-
Em 1821, receoso de ser destronado, Dom João retorna
cial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar 17
a Portugal e deixa seu filho, Dom Pedro, como príncipe-
problema nenhum de maior ou melhor “aptidão” ao
-regente do Brasil. Os portugueses membros da Revolu-
trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado
ção ambicionavam que o Brasil voltasse a ser colônia,
é a rarefação demográfica dos aborígines, e as difi-
fato que não interessava à elite agrária brasileira. Em
culdades de seu apresamento, transporte, etc. Mas
1822, após pressões e ameaças de ataque das tropas
na “preferência” pelo africano revela-se, mais uma
portuguesas, Dom Pedro declara a independência do
vez, a engrenagem do sistema mercantilista de co-
Brasil.
lonização; esta se processa num sistema de relações
O Brasil se torna independente após expulsar tropas
tendentes a promover a acumulação primitiva de ca-
portuguesas resistentes no território. A independência
do Brasil vem pelas mãos de um português, amparado pitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto é, o
na elite agrária nacional. A estrutura agrária exporta- abastecimento das colônias com escravos, abria um
dora, assentada na mão de obra escrava se mantém. novo e importante setor do comércio colonial, en-
Assim como se mantém a relação de dependência quanto o apresamento dos indígenas era um negó-
com a Inglaterra. cio interno da colônia. Assim, os ganhos comerciais
resultantes da preação dos aborígines mantinham-se
na colônia, com os colonos empenhados nesse “gê-
nero de vida”; a acumulação gerada no comércio de
EXERCÍCIOS COMENTADOS africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realiza-
vam-na os mercadores metropolitanos, engajados no
1. (IFSC - 2015 - adaptada) Em 1806, o Imperador fran- abastecimento dessa “mercadoria”. Esse talvez seja
cês Napoleão Bonaparte anunciou o Bloqueio Conti- o segredo da melhor “adaptação” do negro à lavou-
nental à Inglaterra, estabelecendo que nenhum país ra ... escravista. Paradoxalmente, é a partir do tráfico
europeu poderia comercializar com os ingleses. O rei negreiro que se pode entender a escravidão africana
de Portugal, pressionado pela onda liberal da Revolu- colonial, e não o contrário.
ção Francesa e apoiado pela Inglaterra, fugiu para a Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Anti-
colônia portuguesa, na América, para esperar a situa- go Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979, p. 105.
ção se normalizar. Adaptado.
Com relação à presença da Família Real portuguesa
no Brasil é CORRETO afirmar que:
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Nesse trecho, o autor afirma que, na América portu- eram feitos para contrabalançar a balança comercial
guesa, deficitária. A função do Brasil no mercado internacio-
nal era de simples exportador de produtos primários.
a) os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção Em 1823, formou-se uma Assembleia Constituin-
do que os de origem africana, e por isso a metrópole te para escrever a primeira constituição do Brasil. Ela
optou pelo uso dos primeiros, já que eram mais pro- foi formada por 90 deputados, todos da aristocracia
dutivos e mais rentáveis. - eram juristas, membros da Igreja e grandes proprie-
b) os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho tários de terra. Um dos primeiros projetos propostos
duro dos canaviais do que os indígenas, o que justi- colocava o Imperador sob controle do parlamento, à
ficava o empenho de comerciantes metropolitanos maneira inglesa, e instituia o voto censitário - para po-
em gastar mais para a obtenção, na África, daque- der votar ou ser votado seria necessário um mínimo de
les trabalhadores. renda, um mínimo que excluía a maioria da população
c) o comércio negreiro só pôde prosperar porque al- da vida política. Não aceitando a possibilidade de ver
guns mercadores metropolitanos preocupavam-se seu poder limitado pelo parlamento, D. Pedro, pelo uso
com as condições de vida dos trabalhadores afri- da força, dissolve a Assembleia Constituinte.
canos, enquanto que outros os consideravam uma Junto a outros dez nomes de sua confiança, D. Pe-
“mercadoria”. dro redige o texto da Constituição que seria promul-
gada em 1824. Nesta, divide o poder em quatro partes:
d) a rentabilidade propiciada pelo emprego da mão
o poder executivo (Imperador e ministros de Estado -
de obra indígena contribuiu decisivamente para
executores das leis), o poder legislativo (Câmara dos
que, a partir de certo momento, também escravos
Deputados e Senado - criadores das leis), o poder ju-
africanos fossem empregados na lavoura, o que re-
diciário (juízes e tribunais - fiscalizadores da lei e julga-
sultou em um lucrativo comércio de pessoas.
dores dos transgressores) e o poder moderador (poder
e) o principal motivo da adoção da mão de obra de que se situava acima de todos os outros e era de uso
origem africana era o fato de que esta precisava ser exclusivo do Imperador). Também implementou o voto
transportada de outro continente, o que implicava a censitário, instituiu a religião católica como oficial, po-
abertura de um rentável comércio para a metrópo- rém subordinada ao Estado e dividiu o país em provín-
le, que se articulava perfeitamente às estruturas do cias - cada província teria um presidente nomeado
sistema de colonização. pelo Imperador. Na prática, era uma constituição com
elementos absolutistas e liberais.
Resposta: alternativa E. A atitude autoritária do Imperador em dissolver a
18
O tráfico de escravos era a atividade mais lucrativa Assembleia Constituinte e impor uma Constituição na
do período, portanto todas as medidas para que ele qual o poder se concentrava em suas mãos, revoltou
crescesse e se solidificasse foram realizadas. parte da população. No nordeste aconteceu a princi-
pal revolta. Após nomear um presidente da província
de Pernambuco a contragosto dos locais, organizou-se
um movimento separatista que contou com o apoio
BRASIL IMPERIAL
também das províncias do Rio Grande do Norte, Cea-
rá e Paraíba. Formou-se a Confederação do Equador,
que carregava esse nome pela posição geográfica
1. Independência das províncias próximas à linha do Equador. O movi-
Após a Independência, era necessário formar o que mento foi duramente reprimido e derrotado.
seria o Estado Nacional brasileiro e buscar o reconhe- A situação econômica do país só piorava. Os cres-
cimento da nova nação pela comunidade internacio- centes empréstimos e o consequente aumento da dí-
nal. O primeiro país a reconhecer a independência vida, a queda nas exportações nacionais, e o ingresso
do Brasil foi os Estados Unidos, em 1824. Estes queriam em duas guerras - a Cisplatina, movimento de emanci-
evitar tentativas de recolonização da América e con- pação uruguaia em relação ao Império brasileiro, e a
comitantemente formar uma zona de influência na de Sucessão do trono português, aumentavam o des-
região. No ano seguinte foi a vez do reconhecimento contentamento entre os cidadãos. O caráter autoritá-
português, após negociações desenvolvidas pela In- rio do Imperador, inclusive assassinando Líbero Bada-
glaterra. A mesma Inglaterra emprestou 2 milhões de ró, jornalista de prestígio e um de seus mais ferrenhos
libras esterlinas ao Brasil para pagar o ressarcimento críticos, colocou a própria elite agrária em estado de
exigido por Portugal. Depois de Portugal reconhecer alerta. Passou-se a correr a ideia de que D. Pedro era
oficialmente o Brasil como uma nação soberana, a In- antibrasileiro e queria transformar novamente o Brasil
glaterra também o fez, seguida de outros países euro- em colônia. Em abril de 1831, D. Pedro abdica do trono
peus e americanos. em favor de seu filho, então com cinco anos, embarca
A Inglaterra manteve sua influência, inclusive man- para Portugal e assume o trono português após enfren-
tendo a baixa taxa de importação de seus produtos. tar seu próprio irmão. Como o filho ainda não podia
assumir por conta da lei da maioridade, institui-se o Pe-
Além disso, o Brasil se tornava cada vez mais depen-
ríodo Regencial.
dente da economia inglesa - sucessivos empréstimos
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Vive-se um período de tranquilidade social, sem a instabilidade que caracterizou o período regencial, no
período de conciliação oligárquica (1850 - 1870). Porém, já no fim deste período, de 1864 a 1870, o Brasil se en-
volveu em uma guerra de grandes proporções. Brasil, Argentina e Uruguai, apoiados pela Inglaterra, entraram
em conflito com o Paraguai, que buscava ampliar seus territórios. Após destruir o Paraguai e sua população, os
três países saem vencedores da guerra. Porém, economicamente foi péssimo para o Brasil, pois precisou tomar
diversos empréstimos dos ingleses.
Ao mesmo tempo, surgia, liderado pelos modernos cafeicultores paulistas, distantes das oligarquias coloniais
do açúcar, o Partido da República. Produtores de grande parte da riqueza nacional viam-se excluídos da par-
ticipação política, burocrática e centralizada no Rio de Janeiro. Aliaram-se a eles camadas importantes das
classes médias urbanas, cada vez mais dinâmicas, e também oficiais do Exército - prestigiados e estruturados
após a Guerra do Paraguai. A monarquia se sustentava pelo apoio das antigas oligarquias agrárias. O apoio
destas àquela residia destacadamente na manutenção da escravidão. Na década de 1880, o movimento aboli-
cionista ganha enorme destaque - a luta das populações escravizadas com fugas em massa, o apoio de setores
progressistas das classes médias, como os jornalistas, a pressão internacional, todos esses fatores impeliram a
monarquia a decretar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Sem escravidão, sem apoio da antiga elite agrária.
No ano seguinte, com apoio dos cafeicultores paulistas e também da antiga elite agrária, coincidentemente
recém republicana, membros do exército dão um golpe de Estado, exilam Dom Pedro II e instituem a República.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM – 2014) Em 1879, cerca de cinco mil pessoas reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogação de
uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano. O vintém era a moeda de menor valor da época. A
polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes
espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo
contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta,
de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande
explosão social, detonada por um pobre vintém.
Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 abro 2014 (adaptado).
20
A leitura do trecho indica que a coibição violenta das manifestações representou uma tentativa de
2. IMPÉRIO (Ufrs) A partir da gravura a seguir, é possível afirmar que, logo após a emancipação política do Brasil.
I - os escravos estavam gratificados porque, desde aquele momento, não podiam ser recomprados pelos comer-
ciantes de escravos e vendidos em outras partes da América.
II - a abdicação do primeiro Imperador determinou o fim da escravidão.
III - a situação dos escravos permaneceu essencialmente a mesma do período colonial.
21
Quais afirmativas completam corretamente a frase inicial?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) Apenas I e III
Resposta: alternativa C. A monarquia tem fim em 1889, porém a estrutura fundiária brasileira permanece
inalterada.
1ª REPÚBLICA
Após derrubar a Monarquia, cabia aos dois principais setores que impulsionaram a República, oligarcas do café
paulista e exército, definir como se organizaria institucionalmente o novo período. No primeiro momento, receosos
de sublevações que pusessem em jogo o novo regime, como a volta dos monarcas ao poder, os paulistas acharam
de bom tom que os militares assumissem a transição em vistas da manutenção da ordem. De 1889 a 1894 estabe-
leceu-se o que ficou conhecido como a República da Espada.
1. República da Espada
O governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca foi estabelecido. Ele revogou a Constituição de 1824
- e suas instituições, promoveu a separação da Igreja com o Estado, e convocou eleições para uma assembleia
constituinte. A nova constituição brasileira foi promulgada em 1891, inspirada na constituição norte-americana.
Dentre suas principais características, podemos citar: a) a transformação do país em uma República federativa
com um governo central e vinte estados (antigas províncias) - fato que fomentou a descentralização do poder; b)
equilíbrio em três poderes - executivo, legislativo e judiciário - nos âmbitos federal, estadual e municipal; c) voto
universal masculino, não-secreto, proibido a analfabetos, padres e soldados. A maior parcela da sociedade estava
excluída da política.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
cional, o governo venderia. Quando não, manteria esto- York, em 1929, pôs fim a qualquer possibilidade de recu-
cado ocasionando a falta do café internacionalmente e peração econômica. Com o preço do café empurrado
provocando o aumento de seu preço. Na prática, esta a um abismo, os cafeicultores, principais fiadores do presi-
política só salvou o lucro dos barões do café. Com a falta dente, buscaram seu auxílio para novamente seus lucros
no mercado externo, outros países passaram a produzir serem salvos. Washington não aceitou.
o café, e os governos precisaram realizar vultuosos em- Em 1930, novas eleições aconteceram. O candidato
préstimos, enquanto deliberadamente os oligarcas super escolhido por Washington Luís foi o paulista Júlio Prestes.
produziam, cientes de que não perderiam um centavo. Do outro lado, a crescente frente de oposição se formou
Este período de apogeu também ficou conhecido em torno do gaúcho Getúlio Vargas, candidato a presi-
pelas revoltas - que não cessaram ao longo de toda a 1ª dente, e João Pessoa como candidato a vice-presiden-
República. As mais importantes foram 1) a Revolta da Va- te, da Paraíba. Júlio Prestes, em novas eleições marcadas
cina, ocorrida em 1904, no Rio de Janeiro - revolta popu- pelas fraudes, ganhou o pleito. Dias antes da posse de
lar contra os desmandos e autoritarismo do governo; 2) a Prestes, João Pessoa foi assassinado a tiros. A agitação
Revolta da Chibata, em 1910, também no Rio de Janeiro social se tornou insustentável. Oligarquias dissidentes com
- marinheiros se levantaram contra as condições desuma- apoio popular e aliadas ao exército depuseram Washin-
nas a que eram submetidos no exercício de seus ofícios; 3) gton Luís e nomearam Getúlio Vargas como o novo pre-
a Revolta do Contestado, em 1914, na região interiorana sidente do Brasil.
entre Santa Catarina e Paraná - semelhante ao massacre
acontecido em Canudos, o governo se elevou contra a
organização do povo em torno do líder José Maria. SE LIGA!
O advento da 1ª República atualizou em
3. Declínio da ordem oligárquica novas linguagens as formas de subordina-
A 1ª República tem o seu declínio no período entre ção e inferiorização da massa trabalha-
1914 a 1930. O controle do poder político significa con- dora de origem mestiça e escrava. Dentre
trole dos investimentos - significa dinheiro. Oligarquias suas armas ideológicas para moldar uma
secundárias nos estados e outras oligarquias que não as política de reconstrução nacional, pode-
mineiras e paulistas se sentiam desprestigiadas no plano mos citar: a) reurbanização; b) sanitaris-
federal. Essas oligarquias começavam a formar um grupo mo; c) federalismo político; d) imigração
de oligarquias dissidentes. de camponeses europeus. Sobretudo,
Outras mudanças também impactaram o tecido de queria-se dar fim à continuada mobiliza-
controle oligárquico. O Brasil começava a se urbanizar e ção social das massas urbanas, que se 23
industrializar. As cidades se tornaram importantes pontos iniciou nos anos 1880 com a campanha
no contexto político - ainda não tinham o peso da áreas abolicionista. Em 1930, o regime centrado
rurais, mas crescente. Em 1914, explode a 1ª Guerra Mun- no autoritarismo e marcado pelo domínio
dial na Europa, o que implicou no desabastecimento de das oligarquias cafeeiras chegava ao fim.
gêneros manufaturados em nosso país. Foi a oportunida-
de para a indústria começar a crescer. São Paulo con-
centra este processo. Com a urbanização e industrializa-
ção, ao menos três setores surgem com peso político: a
burguesia industrial, o operariado (a primeira grande gre- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ve brasileira foi realizada em 1917) e as camadas médias
urbanas. Do interior do exército, surge um movimento de 1.(ENCCEJA - 2017 - adaptada)
oficiais de baixa patente - o tenentismo, que questionava
a imoralidade na administração pública. Texto I
A década de 1920 bota à prova a estrutura da 1ª Re-
pública. A sucessão mineira-paulista no governo federal
começa a ser combatida pelas oligarquias dissidentes,
pelo tenentismo, pelas classes médias urbanas. Inclusi-
ve, com levantes internos - como a Revolta do Forte de
Copacabana em 1922, a Revolução Gaúcha de 1923, a
Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes por toda
a década pelo interior do Brasil. Durante quase todo o
governo de Artur Bernardes (1922 - 1926), o Brasil viveu
sob estado de sítio.
O próximo e último presidente da 1ª República foi
Washington Luís (1926 - 1930). Seu governo foi mais conci-
liador que o anterior - finalizou o estado de sítio e desfez
prisões políticas. Contudo, seu principal objetivo era for-
talecer a moeda nacional, a partir da formação de um
enorme depósito de ouro. A quebra da bolsa de Nova STORNI. Careta, n. 974, 1927.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
político surtiu efeito: Vargas indicou um novo interventor No Brasil, até mesmo embates físicos entre membros
para o estado - paulista e civil, e convocou as eleições da AIB e ANL estavam ocorrendo. Ambos desejavam
para a assembleia constituinte em 1933. conduzir as massas e tomar o poder. Em novembro de
No ano seguinte, a Assembleia Constituinte promul- 1935, os partidários da ANL, muitos deles jovens tenentes,
gou a Constituição de 1934, de características mo- junto ao Partido Comunista Brasileiro iniciaram um levan-
dernas como o sufrágio universal, fortalecimento do te para a deposição de Vargas e a tomada do poder
Judiciário com a independência da Corte Suprema, ga- - a Revolta Comunista de 1935. Quartéis no Rio Grande
rantia de liberdades básicas e direitos trabalhistas, como do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro se sublevaram
o salário mínimo, limite de 8 horas de trabalho diário, fol- junto a greves de trabalhadores. A força do movimen-
gas semanais, férias anuais remuneradas e proibição do to foi, contudo, bem abaixo da necessária aos objetivos
trabalho de menores de 14 anos. Após a promulgação, desejados. Rapidamente o governo federal derrotou os
Vargas foi reeleito presidente em eleição indireta reali- revoltosos e ganhou o argumento do “Perigo Comunista”
zada pela própria Assembleia Constituinte. Iniciava-se o para reforçar características autoritárias, sempre almeja-
período do Governo Constitucional (1934 - 1937). das, como a censura e as prisões políticas. A AIB coopera-
va com o governo Vargas neste sentido. Em setembro de
2. Governo Constitucional 1937, o capitão Olympio Mourão Filho, membro da AIB,
O Governo Constitucional foi marcado pela instabili- criou um documento chamado Plano Cohen. Sintetica-
dade política e manutenção da política econômica do mente, este documento dizia das intenções comunistas
governo provisório. Dois grupos antagônicos, além das de tomar o poder à força e assassinar diversos políticos.
forças políticas tradicionais, disputavam e polarizavam a Cohen é o fictício comunista que assina o documento.
sociedade - a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Alian- Logo, o governo, valendo-se de seu controle sobre os
ça Nacional Libertadora (ANL). A primeira é ligada aos meios de comunicação, divulgou amplamente os obje-
ideais fascistas, enquanto a segunda aos comunistas. tivos do plano. No dia 2 de outubro de 1937, Vargas de-
Para entendermos o significado de se aproximar dos creta estado de guerra devido à ameaça comunista e
fascistas ou dos comunistas, vamos fazer uma digressão. em 10 de novembro do mesmo ano, com o apoio do alto
Com o advento da ordem social capitalista, marcada escalão das Forças Armadas, instaura o Estado Novo.
sobretudo pela Revolução Industrial (em seus aspec-
tos técnicos e econômicos) e pela Revolução France-
sa (em seu aspecto político), três concepções sobre a SE LIGA!
nova sociedade se estruturam no século XIX: o liberalis- O Estado Novo (1937 – 1945) foi o perío-
mo, o conservadorismo e o comunismo. Os liberais vão do ditatorial de Getúlio Vargas. Desde sua
elogiar a nova sociedade - apontavam o rompimento chegada ao poder em 1930, desejava 25
das amarras do Antigo Regime e, a partir daí, os indi- governar com máximos poderes em uma
víduos poderão disputar as posições sociais através do estrutura política nacional centralizada
próprio mérito, e não do sangue. Os conservadores re- no governo federal. Exemplo máximo da
jeitavam a nova sociedade - para eles, era a época da ideia de “um povo, uma nação, um Esta-
desagregação social e rompimento com os costumes do” foi a cerimônia da queima das ban-
construídos há séculos; defendiam a volta à ordem an- deiras estaduais em 27 de novembro de
terior, queriam conservar as características do Antigo 1937 – agora, como em toda ditadura,
Regime. Os comunistas encaravam a nova ordem de as disposições só poderiam se voltar um
maneira contraditória: ao mesmo tempo em que era único tipo de orgulho, de desejo – neste
um avanço em relação à ordem anterior do Antigo Re- momento, ao Brasil e a seu líder, Getúlio
gime, a desigualdade econômica colocada pelo capi- Vargas.
talismo era algo nunca visto na história e inaceitável. A
polarização principal entre liberais e comunistas residia,
e até hoje reside, na maneira como encarar a proprie- 3. O Estado Novo
dade privada. Para os liberais, o direito à propriedade Como marca do novo período, construiu-se a Consti-
privada é característica essencial da sociedade - sendo tuição de 1937. Esta constituição ficou conhecida como
mesmo sagrado. Para os socialistas, a propriedade pri- Constituição Polaca, pois inspirada na Constituição de
vada deve ser abolida. 1935 da Polônia, de caráter antiliberal, próxima ao fascis-
No século XX, com o advento das eleições que en- mo. Os partidos políticos estavam proibidos, o parlamen-
volviam contingentes enormes da população, surge na to perdia sua função e o judiciário se torna um simples
Europa, especificamente na Itália, o movimento fascista. referendador do executivo. Criou-se, em 1939, o Depar-
Este negava tanto os liberais, quanto os comunistas. Ne- tamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Sua função
gavam os primeiros, pois creditavam a eles a defesa de era criar e fomentar uma identidade nacional - a valo-
uma classe burguesa parasitária, que em nada conhe- rização do Brasil alegre e miscigenado, e reivindicar a fi-
cia a realidade dos trabalhadores. Negava os segundos, gura de Getúlio Vargas como o grande líder da nação, o
pois carregavam um ideal de igualdade entre os seres “pai dos pobres”. O DIP agia nas cartilhas escolares, pro-
humanos que os fascistas discordavam. Os fascistas sur- pagandas públicas em rádio e rua, construção de datas
gem como um movimento de características de massas, comemorativas - todo lugar era lugar para reivindicar a
militarista, nacionalista e de viés antidemocrático. figura varguista.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Politicamente, o período se caracterizou pela per- ordem “queremos Vargas”. Receosos de alguma ma-
seguição a opositores - com direito a prisões e torturas. nobra varguista, a cúpula do exército dá um golpe de
Até mesmo a AIB foi proibida de atuar, o que revela o estado em 29 de outubro de 1945 para garantir as elei-
caráter do governo varguista - de posições e alianças ções, que ocorrem em 2 de dezembro do mesmo ano.
sempre ao sabor do jogo político. Em 1938, membros da Dutra, apoiado por Vargas, é eleito presidente com 55%
AIB ligados às Forças Armadas tentaram um golpe para dos votos. Estava extinto o Estado Novo.
retirar Vargas do poder - no qual foram mal sucedidos.
Vargas equilibrou também outro grupo conflitante:
o dos operários e industriais. Ao mesmo tempo em que
permitia àqueles a representação por meio de sindica- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tos e interlocução com o governo, só era permitido um
sindicato por categoria - e o sindicato só poderia atuar 1.(ENEM – 2014) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929,
depois de regulamentado pelo mesmo governo. Ou a situação da economia cafeeira se apresentava como
seja, só existiam os sindicatos que seguissem as ordens se segue. A produção, que se encontrava em altos
governamentais. Os industriais, por sua vez, viam seu ca- níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores
pital crescer com o estímulo à indústria. haviam continuado a expandir as plantações até
Vargas é considerado o grande mentor nacional do aquele momento. Com efeito, a produção máxima
populismo - política na qual o governante equilibra os seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo
conflitos sociais, ora cedendo a um, ora a outro, sem da depressão, como reflexo das grandes plantações de
nunca alterar radicalmente a organização econômica. 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter
Se os trabalhadores urbanos ganharam direitos, os indus- crédito no exterior para financiar a retenção de novos
triais ganhavam mais dinheiro com o estímulo estatal. estoques, pois o mercado internacional de capitais se
No campo econômico, Vargas inicia o projeto nacio- encontrava em profunda depressão, e o crédito do go-
verno desaparecera com a evaporação das reservas.
nal desenvolvimentista - fomento à criação de uma ver-
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo:
dadeira indústria de base nacional. Ao mesmo tempo,
Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).
em 1939, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial, o que
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econô-
deixava mais fácil o caminho para essa política. Recur-
mica mencionada foi o(a)
sos naturais, fontes de energia e riquezas foram nacio-
nalizadas. Criou-se a Companhia Siderúrgica Nacional
a) atração de empresas estrangeiras.
(1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica
b) reformulação do sistema fundiário.
26 Nacional de Motores (1942), a Companhia Hidrelétrica
c) incremento da mão de obra imigrante.
do São Francisco (1945) - todas estatais.
d) desenvolvimento de política industrial.
A característica dúbia do varguismo também pode e) financiamento de pequenos agricultores.
ser notada em relação à Segunda Guerra Mundial. A
Constituição de 1937 é de inspiração fascista, assim Resposta: alternativa D. A crise internacional de super-
como muitas das medidas de Vargas. Porém, até 1941, produção, possibilitou que o Brasil iniciasse sua pró-
ele não havia declarado apoio do Brasil nem ao Eixo, pria industrialização.
nem aos Aliados. Sua declaração só surgiu depois da
entrada dos Estados Unidos na Guerra e à leitura política 2. (ENEM – 2015) Bandeira do Brasil, és hoje a única. Has-
de que seria muito difícil uma vitória do Eixo. teada a esta hora em todo o território nacional, única
Em 1945, com a Segunda Guerra quase decidida, o e só, não há lugar no cora ção do Brasil para outras
Estado Novo já não conseguia mais manter sua elevada flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros
centralização e autoritarismo. Cedendo à pressão inter- se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez
na, Vargas decreta o fim da censura à imprensa, a liber- com determ inação de não consentir que a discórdia
tação de presos políticos, a volta dos partidos políticos volte novamente a dividi-lo!”
e eleições em dezembro do mesmo ano. Quatro impor- (Discurso do Ministro da Justiça Francisco Campos na
tantes partidos são criados: 1) a União Democrática Na- cerim ônia da festa da bandeira, em novembro de 1937.
cional (UDN), fortemente liberal; 2) o Partido Trabalhista In: OLIVEN G. R. A p a rte e o to do : a diversidade cultu-
Brasileiro (PTB), liderado por Vargas; 3) O Partido Social ral do Brasil nação. Petrópolis: Vozes, 1992.)
Democrático (PSD), formado por tradicionais políticos O discurso proferido em uma celebração em que as
brasileiros, desejosos de voltar ou se manter no poder, bandeiras estaduais eram queimadas diante da ban-
no caso dos interventores; 4) o Partido Comunista Brasi- deira nacional revela o pacto nacional proposto pelo
leiro (PCB), com nome autoexplicativo. Estado Novo, que se associa à
PTB e PSD se unem em torno da candidatura do ge-
neral Eurico Gaspar Dutra. A UDN lança o brigadeiro a) supressão das diferenças socioeconômicas entre as
Eduardo Gomes e o PCB lança Yedo Fiúza. Contudo, regiões do Brasil, priorizando as regiões estaduais ca-
setores populares rejeitam as eleições e iniciam uma rentes.
campanha pela continuidade do governo Vargas. b) orientação do regime quanto ao reforço do federalis-
Este movimento ficou conhecido como “queremismo”, mo, espelhando-se na experiência política norte-am
pois inscreviam nas paredes das cidades a palavra de ericana.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
c) adoção de práticas políticas autoritárias, consideran- Em 1950, as candidaturas se organizavam para no-
do a contenção dos interesses regionais dispersivos. vas eleições. PSD, partido de Dutra, lançou Cristiano Ma-
d) propagação de uma cultura política avessa aos ritos chado a presidente, a UDN foi novamente com Eduardo
cívicos, cultivados pela cultura regional brasileira. Gomes e o PTB com Getúlio Vargas. Nenhuma força po-
e) defesa da unidade do território nacional, ameaça- lítica conseguia rivalizar com o carisma construído em 15
do por movimentos separatistas contrários à política anos de política centralizada na figura de Vargas. Com
varguista. 48% dos votos, ele foi eleito novamente presidente da
República.
Resposta: alternativa C. A Era Vargas se notabilizou
por sua enorme centralização política. 2. Segundo Governo Vargas
O segundo governo de Getúlio Vargas (1951 - 1954)
foi de grande instabilidade. O primeiro ponto de disten-
são política foi em torno do debate entre liberalismo e
PERÍODO DEMOCRÁTICO (1946 – 1964) nacionalismo. De um lado, setores da sociedade acre-
ditavam que a melhor maneira de desenvolver o país
era através da política liberal, que apregoava portas
Após a deposição de Vargas e a realização de elei- abertas ao capital internacional. A burguesia nacional e
ções, o Estado Novo estava definitivamente acabado. o Estado brasileiro não teriam dinheiro, nem tecnologia
Dutra, o presidente eleito, comandou as Forças Expedi- suficiente para dinamizar a economia. Com a abertura,
cionárias Brasileiras na 2ª Guerra, era ligado ao Estado empréstimos internacionais aos industriais brasileiros se-
Novo e tinha o apoio de Vargas - sua eleição era certa, riam facilitados, assim como o investimento direto das
neste contexto. Junto a ele, foram eleitos os parlamen- grandes indústrias norte-americanas e europeias.
tares constituintes. Cabe destacar que Getúlio foi eleito Por outro lado, os nacionalistas argumentavam que
para senador e o PCB elegeu 15 deputados e um se- a abertura ao capital internacional enfraqueceria nos-
nador - com um total de 500 mil votos, número muito sa economia e nos tornaria dependentes das políticas
expressivo. O novo período terá também forte influência econômicas dos países centrais. Os grandes investidores
da Guerra Fria. estrangeiros só aportariam seus recursos aqui na medida
Em 1946, promulgava-se mais uma constituição do em que conseguissem explorar tanto os recursos natu-
Brasil. O voto manteve-se secreto e universal, porém rais, quanto a mão de obra. Não ficaria nenhum legado
restrito aos alfabetizados, o que excluía considerável ao país, a não ser a dependência econômica.
parcela da sociedade, sobretudo a mais pobre. A orga- Vargas, de bases nacionalistas, na composição de
seu governo se aliou ao PSD para ter a base legislativa 27
nização sindical ainda mantinha parte do atrelamento
necessária para governar, o que acabou enfraquecen-
imposto no período anterior e os três poderes (executi-
do sua política nacionalista. A grande disputa entre li-
vo, legislativo e judiciário) voltaram a se equilibrar.
berais e nacionalistas se deu em torno da criação da
Petrobrás. Os primeiros queriam formar uma empresa de
1. Governo Dutra
capital privado, sem interferência do Estado. Os segun-
O governo Dutra (1946 - 1951) foi social e politica-
dos desejavam uma empresa estatal com monopólio
mente calmo. Não houve levantes populares, nem mo-
da extração e uso dos derivados do petróleo - argu-
bilizações políticas para derrubá-lo. Economicamente,
mentavam em torno da soberania nacional. Em 1953, a
sobretudo em seus primeiros anos de governo, aplicou a
Petrobras foi criada aos moldes nacionalistas.
cartilha liberal de não-intervenção estatal na economia A instabilidade do governo se deu porque a econo-
e abertura do mercado aos produtos importados, mar- mia ia mal. Desde que Vargas assumiu a presidência,
cadamente produtos norte-americanos. O resultado a inflação mais que dobrou, impactando em perda do
dessa política econômica foi a desvalorização da moe- poder de compra dos trabalhadores. Greves acontece-
da nacional, aumento da dívida externa e diminuição ram e na tentativa de acalmar a situação, o governo
da produção industrial nacional. Ciente da necessida- nomeou João Goulart como ministro do trabalho. Ao
de de proteção da economia nacional, Dutra propõe, contrário, a situação se agravou: Goulart propôs um au-
em 1947, o Plano Salte - investimentos do governo nas mento de 100% no salário mínimo para repor as perdas
áreas de saúde, alimentação, transporte e energia. A inflacionárias, o que revoltou os patrões e parte das For-
valorização do café no mercado externo também aju- ças Armadas, que viam nessa medida uma “tendência
dou as finanças públicas ao fim do mandato. comunista” que o governo tomava.
Dutra se alinhou aos norte-americanos não apenas A UDN era o partido que mais combatia o governo.
nas relações comerciais. Politicamente, agiu fortemente Carlos Lacerda, o líder udenista, fazia discursos inflama-
para enfraquecer os comunistas, que ganhavam força. dos contra Vargas e acusava duramente o governo de
Interveio em sindicatos e conseguiu a cassação do PCB corrupção. Para elevar ainda mais a tensão, no dia 5
- uma das justificativas para a ação era a de que cons- de agosto de 1954, Lacerda sofreu uma emboscada e
tava no programa político do partido a revolução co- tentativa de assassinato. Seu guarda-costas foi morto.
munista, fato que não coadunava, na argumentação As investigações levaram à pessoa de Gregório Fortuna-
de Dutra e dos conservadores, com um sistema demo- to como o mentor do atentado. Gregório era chefe da
crático. guarda pessoal de Vargas. Pressionado pelo Parlamen-
Ciências Humanas e suas Tecnologias
to e pelas Forças Armadas, que exigiam sua renúncia, 4. Jânio Quadros, João Goulart e o fim da demo-
Getúlio resistiu por 19 dias. Na manhã de 24 de agos- cracia
to, o país acordou com o informe de que o presidente, Jânio Quadros agia de maneira distinta dos políticos
o “pai dos pobres”, havia se suicidado com um tiro no tradicionais, e talvez seja esse o seu grande feito. Poli-
coração. A comoção popular foi enorme e violenta - ticamente, não se atrelava a nenhum grupo ou ideo-
todos os símbolos antivarguistas foram atacados. Se ha- logia. Sua bandeira era a da moralidade - limpar a su-
via uma movimentação golpista para retirar Vargas do jeirada da política. Construía seu próprio personagem
poder à força, ela precisou ser abortada. com discursos rebuscados, ternos desalinhados, caspa
Café Filho, o vice-presidente, assumiu a cadeira prin- nos ombros e, na frente dos populares, comia um belo
cipal. Seu governo ficou marcado não tanto pelas suas sanduíche de mortadela. Em sua carreira política no es-
políticas, mas mais pela sucessão presidencial. Em 1955, tado de São Paulo, fazia visitas surpresas a repartições
as eleições ocorreram em meio a enorme tensão. O PTB, públicas como se fosse um grande fiscal. A população,
desgastado pelo último período, não lançou candidatu- cansada dos mesmos quadros políticos de sempre, gos-
ra a presidente. Firmou-se uma chapa entre PSD-PTB. O tava de seu jeito. Assim ele foi eleito e assim governou
candidato a presidente era Juscelino Kubitschek (PSD), - amparado em polêmicas e sem um direcionamento
o candidato a vice era João Goulart (PTB). A UDN lan- claro na economia, nem na política. Dentre seus “gran-
çou Juarez Tavora e do PSP (Partido Social Progressista) des” feitos estão a proibição do uso de lança-perfume
veio Ademar de Barros. e das brigas de galo.
Jânio não se importava com as negociações con-
3. O governo de JK gressuais, bem ao estilo autoritário. Sua política econô-
Juscelino venceu o pleito com 36%, somente 6 pon- mica aliada à herança de JK em poucos meses levou o
tos percentuais a mais que o segundo colocado, Juarez país à recessão. Ao mesmo tempo em que era conser-
Tavora (UDN). Os udenistas não aceitaram o resultado, vador nos costumes e aplicava a cartilha liberal do FMI
alegando fraude, e convocaram as Forças Armadas a na economia, na política externa se alinhava a setores
se sublevar contra os “corruptos comunistas” que que- da esquerda. Chegou mesmo a convidar Ernesto Che
riam chegar ao poder. Foi através da ação do então Guevara, líder da revolução cubana, e condecorá-lo
ministro da Guerra, Teixeira Lott, militar legalista, que o
com a mais importante medalha nacional. Governava
resultado foi cumprido e Juscelino empossado.
como um Frankenstein.
O governo Juscelino esteve longe de ser comunista.
Sem maiores explicações, apenas oito meses trans-
Ao contrário, implementou uma política desenvolvimen-
corridos de seu mandato, enviou o vice-presidente em
tista que aliava tanto investimentos estatais, quanto pri-
28 missão oficial à China comunista, e no dia 25 de agosto
vados. Houve mesmo uma política estatal direcionada
de 1961 renunciou para se defender contra “forças ter-
para atrair o capital estrangeiro - nunca antes este tinha
ríveis” que se organizavam contra ele. Até hoje não se
sido tão presente. A industrialização do país crescia a
sabe quais eram essas “forças terríveis”. Supõe-se que a
passos largos com a presença pungente das multina-
renúncia foi uma manobra política de Jânio: sem apoio
cionais. A indústria automobilística é fortemente fomen-
tada, assim como a criação e ampliação de estradas. político no Congresso, nem nas Forças Armadas, com
Uma das facetas mais visíveis de seu desenvolvimentis- a população descontente com a recessão, renunciou
mo, do desejo por grandes obras, é explicitado na cons- crendo que todos o procurariam para rever a decisão
trução de Brasília como nova capital federal. com medo de que o trabalhista João Goulart assumisse
O PIB nacional crescia a 7% ao ano. Contudo, esse a presidência com seus ideais de esquerda.
forte crescimento escondia a grave crise econômica O Congresso aceitou sem grandes problemas a re-
que se desenhava. O crescimento nacional se deu gra- núncia. Os militares se mobilizaram para impedir que
ças a investimentos e empréstimos internacionais - na Goulart assumisse. O Congresso, contudo, rejeitou a
hora de pagá-los, a conta não fechava, pois as nossas ideia. As Forças Armadas estavam divididas entre os
exportações não conseguiam crescer na mesma velo- que defendiam a legalidade da posse e os que exigiam
cidade que a dívida avançava. Para pagar a dívida, um golpe. Para contornar a crise, os congressistas apro-
novos empréstimos. Assim a dívida externa foi galgando varam que Goulart assumiria, contudo em um regime
cifras enormes. Apesar dos problemas deixados para o parlamentarista, não presidencialista. O regime parla-
próximo governo, social e politicamente o governo JK mentarista diminui o poder do presidente, pois cabe ao
transcorreu e terminou tranquilamente. primeiro-ministro, eleito indiretamente pelo congresso, a
Em 1960, ocorreu a última eleição presidencial do prerrogativa de muitas ações.
período democrático (1946 - 1964). PSD e PTB mantive- O regime parlamentarista não vingou: entre setem-
ram a aliança vitoriosa no pleito anterior e lançaram o bro de 1961 e janeiro de 1963, foram três os primeiros-mi-
general Lott como candidato a presidente e novamen- nistros. A instabilidade política e na administração dos
te João Goulart como vice-presidente. O PSP foi mais órgãos públicos implicou negativamente na economia,
uma vez com a candidatura do paulista Ademar de Bar- que já não ia bem. No início de 1963, a população foi
ros e a UDN apoiou o candidato independente, e então consultada em plebiscito se desejava a manutenção
governador de São Paulo, Jânio Quadros. Com 48% dos do parlamentarismo ou a volta do presidencialismo. A
votos, o candidato a presidente apoiado pela UDN foi volta do presidencialismo ganhou com mais de 90% dos
eleito. O eleito para a vice-presidência foi João Goulart. votos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
a ano, o governo elevou impostos e reduziu gastos em que pedia diminuição nos preços de um restaurante
empresas públicas, o que acabou elevando o custo de estudantil comoveu a sociedade. Setores urbanos e da
vida. Logo após, buscou controlar a crescente inflação Igreja se sensibilizaram com o movimento em ascensão.
através da indexação da economia - processo no qual Em junho do mesmo ano, ocorreu a Passeata dos Cem
o governo regula os reajustes dos preços através de Mil, grande ato de oposição à ditadura, com diversos
índices oficiais. Inflação controlada significa oferta de setores sociais.
crédito pelos bancos. No mesmo sentido das outras me- Cada vez mais incomodados com a oposição ao
didas, salários foram arrochados e funcionários públicos regime, o governo militar de Costa e Silva (1967 - 1969)
perderam a estabilidade do cargo. decreta o mais pesado dos atos institucionais no dia 13
A política de segurança nacional ia ao encontro da de dezembro de 1968: o AI-5. Este ato decretava a sus-
política econômica. Os opositores tinham seus direitos pensão do Congresso Nacional, Assembleias estaduais e
políticos cassados. As medidas impopulares do governo câmaras municipais - pelo tempo que o presidente dese-
puderam ser postas em prática também pelo autorita- jasse. Cabia ao presidente além de executar as leis, tam-
rismo do presidente - a oposição estava desmantelada. bém editá-las. O artigo décimo do Ato permitiu prisões
Em relação à implementação do arrocho salarial, nada arbitrárias e torturas como prática de Estado - o direito
os sindicalistas puderam fazer - a maioria dos dirigentes ao habeas corpus estava suspenso. O AI-5 é mantido por
estava presa. Mesmo os apoiadores de primeira hora, onze anos. Poucos meses depois, Costa e Silva sofre um
como os udenistas, começaram a demonstrar insatisfa- derrame cerebral e morre. Seu vice, civil, Pedro Aleixo é
ção. O mandato de Castelo Branco, que deveria ir até impedido de assumir. Inicia-se, então, o governo do ge-
31 de janeiro de 1966, foi estendido por mais um ano neral Emílio Garrastazu Médici (1969 - 1974).
através de emenda à constituição.
Em 27 de outubro de 1965, após avanços da opo- 3. O Governo Médici
O governo Médici é marcado como o período de
sição nas eleições estaduais e municipais, o governo
maior violência de todo o regime militar. Com a intensi-
decreta o Ato Institucional número 2. Muito mais radical
ficação do autoritarismo e da repressão, surgem movi-
que o anterior, ele aponta a “revolução” como o poder
mentos de luta armada contra o governo. É sobre o ar-
constituinte, que se legitima a si mesmo. Na prática, o
gumento do perigo que estes movimentos representam
AI-2 concentra ainda mais poder nas mãos do executi-
que Médici executa suas ações. As ações de guerrilha
vo - facultando ao presidente encerrar os trabalhos dos
nos interiores rurais são reprimidas pelo governo rapida-
legislativos federal, estaduais e municipais. As eleições
mente. O movimento de guerrilha urbana criado por
que seriam diretas em fins de 1965, passam a ser indire-
30 Carlos Marighella, no entanto, se mostra mais difícil de
tas. Os partidos políticos são extintos. No entanto, criam-
ser exterminado. Fortalecem-se para este objetivo os
-se dois: a Arena (partido de apoio ao regime) e MDB
serviços de inteligência do governo. O estado de vigília
(partido de oposição consentida). e suspeição é constante. A censura toma conta da im-
A ditadura dia após dia se radicalizava. Em feverei- prensa e das expressões artísticas e culturais.
ro de 1966, novo decreto: o Ato Institucional número 3, No plano econômico, o Brasil se caracterizou no pe-
que estendia eleições indiretas também nas esferas es- ríodo pelo Milagre Econômico. Este foi possível graças à
taduais e municipais. Com direitos políticos reservados continuidade de ações já iniciadas no governo Castelo
apenas aos apoiadores ou opositores “que não se opu- Branco. Incentivou-se as exportações nacionais e a en-
nham”, as eleições perdem seu sentido representativo. trada de capital estrangeiro no país. A balança de pa-
Em dezembro de 1966, o Ato Institucional número 4 é gamentos (diferença entre o dinheiro que entra e o que
editado para a formulação de uma nova constituição. sai), deficitária no início dos governos militares, passava
agora a ser superavitária. Os juros baixos no mercado
2. Governo Costa e Silva internacional, na casa dos 2,2% ao ano, favoreciam
O general Castelo Branco é substituído, após elei- os empréstimos e a consequente expansão de inves-
ção indireta, pelo também militar marechal Artur da timentos internos. Os baixos salários também se manti-
Costa e Silva, no início de 1967. A oposição parlamentar nham - qualquer movimentação contrária dos operá-
era definitivamente uma farsa. Nomes como Juscelino rias era duramente reprimida. Os maiores beneficiários
Kubitschek, Carlos Lacerda e João Goulart - antigos ri- do crescimento econômico, além da elite econômica
vais políticos, se unem em torno de uma organização do país, são os membros da classe média. O incentivo
supraideológica denominada Frente Ampla, em vistas ao consumo era feito sobretudo para os trabalhadores
à defesa da democracia. A Frente é desmontada pelo mais especializados. Apesar do autoritarismo, o gover-
governo com seus principais líderes sendo exilados. no Médici gozava de apoio de setores importantes da
O último gueto de resistência ao regime autoritário população.
foi a rua. Capitaneados por jovens lideranças estudan- O milagre econômico deixa de ser milagroso a partir
tis, o ano de 1968 foi marcado por atos de rua e tensão. da crise internacional do petróleo em 1973. A crise foi
No campo da cultura também se resistia - o teatro se uma retaliação dos países árabes produtores de petró-
reinventava, assim como o cinema e a música. A morte leo aos países que apoiaram direta ou indiretamente o
do estudante Edson Luís em março de 1968, na cidade Estado de Israel na Guerra do Yom Kippur. A retaliação
do Rio de Janeiro, após brutal repressão contra um ato foi um aumento de mais de 400% no preço do barril de
Ciências Humanas e suas Tecnologias
petróleo. O Brasil, que importava 80% do petróleo utili- 6. A saída dos militares do poder
zado, tomou um duro golpe em seu crescimento eco- Em 1985, aproveitando-se de um racha político no
nômico. Os juros internacionais voltaram a subir, con- interior do PSL, que originaria um novo partido cha-
sequentemente a dívida externa também. A inflação, mado PFL, Tancredo Neves (PMDB) vence Paulo Ma-
controlada até então, mostrava sinais de descontrole. luf (PSL) nas eleições indiretas. Tancredo teve como
No ano de 1974, finda-se o governo Médici. Inicia- vice de sua chapa José Sarney(ex-PDS, atual PMDB). A
-se, então, o governo do general Ernesto Geisel (1974 aliança com setores dissidentes do PSL foi fundamental
- 1979). para conseguir derrotar a candidatura de Maluf. Após
21 anos, o Brasil tinha um novo presidente civil. Era o fim
4. Governo Geisel da ditadura militar (1964 - 1985) e o início do processo
O governo Geisel é marcado por um abrandamento de redemocratização.
do autoritarismo e uma abertura à redemocratização Dias antes de assumir a presidência, Tancredo foi
de maneira “lenta, gradual e segura”. O perigo de le-
acometido por uma grave infecção generalizada e
vantes armados tinha sido definitivamente derrotado
acabou vindo a óbito. Em meio à tensão instaurada
no governo anterior. A desaceleração da economia
por possível uma retomada do poder pelos militares,
aliada à falta de possibilidade de mudança política
o vice Sarney assume e governa até 1990. Duas são
voltava a incomodar parcelas da sociedade. A aber-
as características principais de seu governo: a criação
tura tornava-se algo vislumbrável a longo prazo. Os em-
pecilhos para tal processo vinham de dentro do próprio de uma Assembleia Constituinte para a formulação de
governo: a dificuldade da linha mais dura das Forças uma nova constituição para o Brasil, e a luta contra a
Armadas em aceitar novos rumos políticos e também inflação. Em relação a esta última, Sarney lança alguns
possíveis apurações de crimes cometidos pelos agentes planos ao longo de seu mandato - todos ineficientes.
nos processos repressivos. Geisel desempenhou impor- De 367% ao ano em 1986, a inflação chegou a 1764%
tante função na desmontagem do aparelho repressivo, ao ano no fim do mandato.
inclusive revogando o AI-5. O governo continuava ma-
nobrando as regras eleitorais para manter a maioria no
congresso e assembleias estaduais e municipais. Con- SE LIGA!
tudo, cada vez era mais difícil evitar o caminho para o
fim da ditadura.
A Constituinte promulgou a Constituição
de 1988, conhecida como Constituição
5. Governo Figueiredo
Cidadã. Ela é um longo texto, formulado
com ampla participação popular, com 31
Em março de 1979, assumiu o general João Batista
Figueiredo. Seu governo seguiria no processo de aber-
artigos sobre diversos temas e de caráter
tura política. Figueiredo promove a lei da anistia aos exi-
progressista na garantia de direitos e liber-
lados políticos, com exceção dos que fossem acusados
dades individuais, bem como o respeito a
de terrorismo. Cada vez mais se organizava frentes de
direitos sociais, como educação, saúde e
resistência. As greves do ABC, em fins da década de
moradia dignos a todos.
1970, com a mobilização de mais de 300 mil metalúrgi-
cos, sob a liderança do jovem líder sindical Luís Inácio 7. Redemocratização
da Silva, o Lula, são um exemplo disso. Em seu gover- Em 1989 ocorre eleição direta para Presidente da
no também há a volta do pluripartidarismo: a criação
República, após 29 anos. 22 candidatos concorriam ao
do PMDB, liderado por Ulysses Guimarães; do PDT, de
pleito - o que mostra o quadro de renovação política
Leonel Brizola; do PT, dos novos sindicalistas destaca-
e disputa por projetos hegemônicos. Dois candidatos
damente Lula; e o PDS, novo nome da antiga Arena.
passam ao segundo turno: Fernando Collor, um out-
No campo econômico, o governo Figueiredo vê a es-
sider político, que se portava como o oposto à velha
tagnação econômica e o crescimento desenfreado da
inflação, na casa dos 200%, corroer a já cambaleante política e com capacidade de moralizar o país; e Luís
popularidade do governo. Inácio Lula da Silva, candidato do PT. Em uma eleição
Em 1982, após anos de intervencionismo federal, marcada por polêmicas, sobretudo pela cobertura da
acontecem eleições diretas para os cargos de gover- imprensa, Collor é eleito presidente.
nadores - e a oposição conquista importantes resul-
tados. O governo militar havia determinado também 8. Governo Collor
eleições indiretas para presidente em 1985 e diretas em O governo Collor (1990 - 1992) iniciou de maneira
1989. Pelos bons resultados nas eleições de 1982 e pelo mais destacada a nova política econômica apregoa-
descontentamento cada vez maior da população, no da pelos Estados Unidos - o neoliberalismo. Flexibiliza-
ano de 1983 tem início o movimento das Diretas Já!, va-se taxas alfandegárias e incentivava-se a entrada
que levam milhares de pessoas às ruas de todo o Brasil. do capital privado no país, com respectiva diminuição
O movimento queria que já em 1985 fossem realizadas do Estado e dos gastos públicos. O país entrou em re-
eleições diretas. O Congresso, ainda controlado pelas cessão e dentre suas medidas mais polêmicas esteve o
forças ligadas ao regime, rejeitou o projeto. congelamento dos saques das poupanças. Seu gover-
Ciências Humanas e suas Tecnologias
d) enriquecimento do Estado romano, aparecimento de 10. (FGV) Para explicar a rápida expansão muçulmana,
uma poderosa classe de comerciantes, aumento do ou do Islão, há vários fatores. Qual dos tópicos a seguir
número de escravos. não é explicativo disso:
e) diminuição da produção nos latifúndios, acentuado
processo inflacionário, escassez de mão de obra es- a) o crescimento demográfico da população árabe,
crava. que pressionava o povo a procurar terras favoráveis
Competência ENEM: Idade Antiga à agricultura;
b) à fraqueza defensiva do Ocidente, devida à política
8. (Fuvest) “O Feudalismo medieval nasceu no seio de de paz e tolerância da Igreja Católica;
uma época infinitamente perturbada. Em certa medi- c) o império Bizantino e o Império Persa guerrearam du-
da, ele nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, en- rante séculos, enfraquecendo-se mutuamente;
tre as causas que contribuíram para criar ou manter um d) no Ocidente a expansão árabe soube aproveitar
ambiente tão tumultuado, algumas existiram comple- as fraquezas dos Estados bárbaros descentralizados,
tamente estranhas à evolução interior das sociedades que sucederam o Império Romano;
europeias.” e) o estímulo muçulmano à Guerra Santa (Jihad), coor-
(Marc Bloch, A SOCIEDADE FEUDAL) denado pelos califas, em nome da expansão da fé
islâmica.
O texto refere-se: Competência ENEM: Idade Média
a) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis que a 11. (Faap) As cruzadas no Oriente Médio (séculos XI-XIII)
Europa sofreu nos séculos IX e X, depois do esfacela- tiveram profunda repercussão sobre o feudalismo por-
mento do Império Carolíngio. que, entre outros motivos,
b) às invasões prolongadas e devastadoras dos sarra-
cenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculos IX e a) diminuíram o prestígio da Santa Sé, em virtude da se-
X (ao Sul, Leste e Norte respectivamente), depois do paração das Igrejas cristãs de Roma e de Bizâncio.
esfacelamento do Império Carolíngio.
b) impediram os contatos culturais com civilizações refi-
c) às lutas entre camponeses e senhores no campo e
nadas como a bizantina e a árabe.
entre trabalhadores e burgueses nas cidades, impe-
c) aceleraram o comércio e o desenvolvimento de ma-
dindo qualquer estabilidade social e política.
nufaturas, promovendo o crescimento de uma nova
d) aos tumultos e perturbações provocadas pelas cons-
camada social.
34 tantes fomes, pestes e rebeliões que assolavam as
d) desintegraram o sistema de comércio com o Oriente,
áreas mais densamente povoadas da Europa.
gerando a decadência dos portos de Veneza, Gêno-
e) à combinação de fatores externos (invasões e intro-
va e Marselha.
dução de novas doutrinas e heresias) e internos (es-
e) estimularam a expansão da economia agrária, que
cassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
minou a economia monetária dos centros urbanos.
Competência ENEM: Idade Média
Competência ENEM: Idade Média
9. (Mackenzie) A respeito do Sistema Feudal, assinale a
alternativa correta. 12. (Fuvest) A peste, a fome e a guerra constituíram os
elementos mais visíveis e terríveis do que se conhece
a) A sociedade feudal era estática e não permitia a mo- como a crise do século XIV. Como consequência dessa
bilidade social, era uma sociedade de castas - dela crise, ocorrida na Baixa Idade Média,
faziam parte quatro ordens hierarquizadas: os nobres,
o clero, os servos e os escravos. a) o movimento de reforma do cristianismo foi interrom-
b) Consistia em um sistema de relações onde os vassa- pido por mais de um século, antes de reaparecer
los doavam terras aos seus suseranos, que ficavam com Lutero e iniciar a modernidade;
obrigados a pagar impostos nas formas de produtos b) o campesinato, que estava em vias de conquistar a
e serviços. liberdade, voltou novamente a cair, por mais de um
c) Esse sistema foi condenado pela Igreja Católica, que século, na servidão feudal;
não concordava com as exigências senhoriais que c) o processo de centralização e concentração do po-
sobrecarregavam os camponeses. der político intensificou-se até se tornar absoluto, no
d) Através do domínio político, exercido por meio da início da modernidade;
violência e da obediência aos costumes, o servo era d) o feudalismo entrou em colapso no campo, mas
obrigado a prestar trabalhos e serviços ao Senhor manteve sua dominação sobre a economia urbana
Feudal. até o fim do Antigo Regime;
e) A principal fonte de lucro era o excedente de produ- e) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos preju-
ção, oriundo do trabalho servil e livremente comer- dicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com
cializado pelos senhores feudais e servos. a burguesia.
Competência ENEM: Idade Média Competência ENEM: Idade Média
Ciências Humanas e suas Tecnologias
13. (Cesgranrio) Com a expansão marítima dos séculos 16. (Enem - 2014) Todo homem de bom juizo, depois que
XV/XVI, os países ibéricos desenvolveram a ideia de “im- tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um mila-
pério ultramarino” significando: gre manifesto ter podido escapar de todos os perigos
que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais
a) a ocupação de pontos estratégicos e o domínio das que há tantos outros acidentes que diariamente podem
rotas marítimas, a fim de assegurar a acumulação do aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí nave-
capital mercantil; gam querer pô-los todos diante dos olhos quando que-
b) o estabelecimento das regras que definem o Sistema rem empreender suas viagens.
Colonial nas relações entre as metrópoles e as de- J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In:
mais áreas do “império” para estabelecer as ideias DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300·1800.
de liberdade comercial; São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
c) a integração econômica entre várias partes de cada
“império” através do comércio intercolonial e da livre Esse relato, associado ao imaginário das viagens maríti-
circulação dos indivíduos; mas da época moderna, expressa um sentimento de
d) a projeção da autoridade soberana e centralizadora
das respectivas coroas sobre tudo e todos situados no a) gosto pela aventura.
interior desse “império”; b) fascínio pelo fantástico.
e) a junção da autoridade temporal com a espiritual c) temor do desconhecido.
através da criação do Império da Cristandade. d) interesse pela natureza.
Competência ENEM: Idade Média e) purgação dos pecados.
Competência ENEM: Idade Moderna
14. (Unesp) A Baixa Idade Média tem sua importância
ligada à dissolução de um modo de produção e o início 17. (Puccamp) Como características gerais dos Estados
da longa fase de transição que levará ao desenvolvi- Modernos, que se organizavam na Europa Ocidental no
mento de um outro. Assinale a alternativa diretamente
período que vai do século XV ao XVIII, pode-se mencio-
relacionada com a crise e a desagregação do sistema
nar entre outros, a
feudal:
a) consolidação da burguesia industrial no poder e a
a) Condenação do modo de produção feudal pela
descentralização administrativa.
Igreja Católica Apostólica Romana.
b) centralização e unificação administrativa, bem como
b) Declínio do comércio a longa distância, florescimen-
o desenvolvimento do mercantilismo. 35
to da pequena indústria e enfraquecimento do po-
c) confirmação das obrigações feudais e o estímulo à
der central dos monarcas.
produção urbano-industrial.
c) Equilíbrio entre o ritmo da produção e do consumo.
d) Exigências senhoriais sobrecarregando os campone- d) superação das relações feudais e a não intervenção
ses e a substituição de obrigações antigas por con- na economia.
tratos de arrendamento da terra e por pagamento e) consolidação do localismo político e a montagem de
em dinheiro. um exército nacional.
e) Predomínio do modo assalariado de trabalho acar- Competência ENEM: Idade Moderna
retando, em curto prazo, mudanças profundas na
Europa Oriental. 18. (Fuvest) “Um comerciante está acostumado a em-
Competência ENEM: Idade Média pregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucra-
tivos, ao passo que um simples cavalheiro rural costuma
15. (Cesgranrio) Foram inúmeras as consequências da empregar o seu em despesas. Um frequentemente vê
expansão ultramarina dos europeus, gerando uma ra- seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro;
dical transformação no panorama da história da huma- o outro, quando se separa do dinheiro, raramente espe-
nidade. ra vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam natu-
Sobressai como UMA importante consequência: ralmente os seus temperamentos e disposições em toda
espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um
a) a constituição de impérios coloniais embasados pelo empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido
espírito mercantil. em seus empreendimentos...”
b) a manutenção do eixo econômico do Mar Mediterrâ- (Adam Smith, A RIQUEZA DAS NAÇÕES, Livro III, capítulo 4)
neo com acesso fácil ao Oceano Atlântico.
c) a dependência do comércio com o Oriente, fornece- Neste pequeno trecho, Adam Smith
dor de produtos de luxo como sândalo, porcelanas e
pedras preciosas. a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades
d) o pioneirismo de Portugal, explicado pela posição e modos de vida distintos.
geográfica favorável. b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em
e) a manutenção dos níveis de afluxo de metais precio- face da estagnação medieval.
sos para a Europa. c) defende a lucratividade do comércio contra os bai-
Competência ENEM: Idade Moderna xos rendimentos do campo.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lu- d) do século XVII, na França, no qual se consolidavam as
cros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas. monarquias nacionais.
e) expõe as causas da estagnação da agricultura no e) do século XVI, na Espanha, no momento da união dos
final do século XVIII. tronos de Aragão e Castela.
Competência ENEM: Idade Moderna Competência ENEM: Idade Moderna
19. (Mackenzie) “É preciso ensinar aos cristãos que 22. (Puccamp) Dentre as consequências sociais forjadas
aquele que dá aos pobres, ou empresta a quem está pela Revolução Industrial pode-se mencionar:
necessitado, faz melhor do que se comprasse indulgên-
cias”. a) o desenvolvimento de uma camada social de tra-
(Martinho Lutero) balhadores, que destituídos dos meios de produção,
passaram a sobreviver apenas da venda de sua for-
As Indulgências eram: ça de trabalho.
a) documentos de compra e venda de cargos e títulos b) a melhoria das condições de habitação e sobrevi-
eclesiásticos a qualquer pessoa que os desejasse. vência para o operariado, proporcionada pelo surto
b) cartas que permitiam a negociação de relíquias sa- de desenvolvimento econômico.
gradas, usadas por Cristo, Maria ou Santos. c) a ascensão social dos artesãos que reuniram seus
c) dispensas, isenções de algumas regras da Igreja Ca- capitais e suas ferramentas em oficinas ou domicílios
tólica ou de votos feitos anteriormente pelos fiéis. rurais dispersos, aumentando os núcleos domésticos
d) proibições de receber o dízimo oferecido pelos fiéis e de produção.
incentivo à prática da usura pelo alto clero. d) a criação do Banco da Inglaterra, com o objetivo de
e) absolvições dos pecados de vivos e mortos, concedi- financiar a monarquia e ser também, uma instituição
das através de cartas vendidas aos fiéis. geradora de empregos.
Competência ENEM: Idade Moderna e) o desenvolvimento de indústrias petroquímicas favo-
recendo a organização do mercado de trabalho, de
maneira a assegurar emprego a todos os assalaria-
20. (Mackenzie) O Humanismo foi um movimento que
dos.
não pode ser definido por:
Competência ENEM: Idade Contemporânea
a) ser um movimento diretamente ligado ao Renasci-
mento, por suas características antropocentristas e
23. (Enem) Algumas transformações que antecederam
individuais.
a Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela
36 b) ter uma visão do mundo que recupera a herança
mudança de significado da palavra “restaurante”. Des-
greco-romana, utilizando-a como tema de inspira-
de o final da Idade Média, a palavra ‘restaurant’ desig-
ção.
nava caldos ricos, com carne de aves e de boi, legu-
c) ter valorizado o misticismo, o geocentrismo e as reali- mes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local
zações culturais medievais. onde se vendiam esses caldos, usados para restaurar as
d) centrar-se no homem, em oposição ao teocentrismo, forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a
encarando-o como “medida comum de todas as Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos ‘restau-
coisas”. rateurs’, que serviam pratos requintados, descritos em
e) romper os limites religiosos impostos pela Igreja às ma- páginas emolduradas e servidos não mais em mesas co-
nifestações culturais. letivas e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas
Competência ENEM: Idade Moderna limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da
nobreza perderam seus patrões, refugiados no exterior
21. (Pucsp) “O trono real não é o trono de um homem, ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por con-
mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses e parti- ta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia
cipam de alguma maneira da independência divina. O Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante
rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se com o sentido atual.
que ele vê melhor...” A mudança do significado da palavra restaurante ilustra
(Jacques Bossuet.)
a) a ascensão das classes populares aos mesmos pa-
Essas afirmações de Bossuet referem-se ao contexto drões de vida da burguesia e da nobreza.
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de
a) do século XII, na França, no qual ocorria uma profun- hábitos populares e dos valores da nobreza.
da ruptura entre Igreja e Estado pelo fato de o Papa c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos
almejar o exercício do poder monárquico por ser re- ideais e da visão de mundo da burguesia.
presentante de Deus. d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais
b) do século X, na Inglaterra, no qual a Igreja Católica revolucionários, cujas origens remontam à Idade Mé-
atuava em total acordo com a nobreza feudal. dia.
c) do século XVIII, na Inglaterra, no qual foi desenvolvi- e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas cole-
da a concepção iluminista de governo, como está tivas e de uma visão de mundo igualitária.
exposta. Competência ENEM: Idade Contemporânea
Ciências Humanas e suas Tecnologias
24. (Fuvest) A expansão colonialista europeia do século 27. (Fei) Não pode ser considerado um fator que propi-
XIX foi um dos fatores que levaram: ciou a eclosão da Segunda Guerra Mundial:
a) à diminuição dos contingentes militares europeus. a) A ascensão de regimes totalitários na Itália e na Ale-
b) à eliminação da liderança industrial da Inglaterra. manha nos anos 20 e 30.
c) ao predomínio da prática mercantilista semelhante à b) Os efeitos da crise de 29 na economia europeia.
do colonialismo do século XVI. c) As cláusulas punitivas do Tratado de Versalhes, impos-
d) à implantação do regime de monopólio. to à Alemanha ao final da Primeira Guerra Mundial.
e) ao rompimento do equilíbrio europeu, dando origem d) A vitória dos republicanos na Guerra Civil Espanhola
à Primeira Guerra Mundial. barrando o avanço do fascismo na Espanha.
Competência ENEM: Idade Contemporânea e) A união entre a Áustria e a Alemanha empreendida
por Hitler.
25. (Unesp) A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) resul- Competência ENEM: Idade Contemporânea
tou de uma alteração da ordem institucional vigente
em longo período do século XIX. Entre os motivos desta 28. (Puccamp) “... foi um período em que a guerra era
alteração, destacam-se improvável, mas a paz era impossível. A paz era impossí-
vel porque não havia maneira de conciliar os interesses
a) a divisão do mundo em dois blocos ideologicamente de capitalistas e comunistas. Um sistema só poderia so-
antagônicos e a constituição de países industrializa- breviver à custa da destruição total do outro. E a guerra
dos na América. era improvável porque os dois blocos tinham acumula-
b) a desestabilização da sociedade europeia com a do tamanho poder de destruição, que se acontecesse
emergência do socialismo e a constituição de gover- um conflito generalizado seria, com certeza, o último...”
nos fascistas nos países europeus.
c) o domínio econômico dos mercados do continente O texto descreve uma problemática que, na história re-
europeu pela Inglaterra e o cerco da Rússia pelo ca- cente da humanidade,
pitalismo.
d) a oposição da França à divisão de seu território após a) identifica as tensões internacionais durante a Revolu-
as guerras napoleônicas e a aproximação entre a In- ção Russa.
glaterra e a Alemanha. b) ilustra as relações americano-soviéticas durante a
e) a unificação da Alemanha e os conflitos entre as po- Guerra Fria.
tências suscitados pela anexação de áreas coloniais c) caracteriza o panorama mundial durante a Guerra 37
na Ásia e na África. do Golfo Pérsico.
Competência ENEM: Idade Contemporânea d) revela o perigo da corrida armamentista durante a
Revolução Chinesa.
26. (FUVEST) “A crise atingiu o mundo inteiro. O operário e) explica os movimentos pacifistas no Leste Europeu du-
metalúrgico de Pittsburgo, o plantador de café brasilei- rante a Guerra do Vietnã.
ro, o artesão de Paris e o banqueiro de Londres, todos Competência ENEM: Idade Contemporânea
foram atingidos”.
(Paul Raynaud - LA FRANCE A SAUVÉ L’EUROPE, T. I. Fla- 29. (Encceja - 2017 - adaptada) A imagem do rapaz
marion). de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lam-
bretas, na década de 1960, mostrava uma rebeldia in-
O autor se refere à crise mundial de 1929, iniciada nos gênua sintonizada com ídolos do cinema como James
Estados Unidos, da qual resultou: Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já
começavam a abandonar as saias rodadas e ataca-
a) o abalo do liberalismo econômico e a tendência vam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade.
para a prática da intervenção do Estado na econo- Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br.
mia.
b) o aumento do número das sociedades acionárias e A comercialização dos produtos descritos no texto fa-
da especulação financeira. voreceu a
c) a expansão do sistema de crédito e do financiamen- a) difusão da cultura norte-americana.
to ao consumidor. b) oposição ao modelo consumista.
d) a imediata valorização dos preços da produção in- c) adesão ao movimento feminista.
dustrial e fim da acumulação de estoques. d) contestação da ordem política.
e) o crescimento acelerado das atividades de empresas e) formação socialista.
industriais e comerciais, e o pleno emprego. Competência ENEM: Idade Contemporânea
Competência ENEM: Idade Contemporânea
Ciências Humanas e suas Tecnologias
30. (Encceja - 2017 - adaptada) Os homens e mulheres Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conver-
africanos, embarcados na Costa da Mina, na África, são dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos
com destino ao Brasil colonial, eram tradicionais conhe- jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela
cedores de técnicas de mineração do ouro e do ferro,
além de dominarem antigas técnicas de fundição des- a) demarcação do território indígena.
ses metais. Eles conheciam muito mais sobre a matéria b) manutenção da organização familiar.
que os portugueses. c) valorização dos líderes religiosos indígenas.
PAIVA, E. F. Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração d) preservação do costume das moradias coletivas.
africana e mestiçagem no Novo Mundo. In: PAIVA, E. F.; e) comunicação pela língua geral baseada no Tupi.
ANASTASIA, C. M. J. (Org.). O trabalho mestiço: manei- Competência ENEM: Brasil Colonial
ras de pensar e formas de viver - século XVI a XIX. Belo
Horizonte: Annablume, 2002. 33. (Pucrs 2010) Entre 1500 e 1530, os interesses da co-
roa portuguesa, no Brasil, focavam o pau-brasil, madei-
No processo de formação histórica do Brasil, as caracte- ra abundante na Mata Atlântica e existente em quase
rísticas das pessoas apresentadas no texto favoreceram todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio
a de Janeiro. A extração era feita de maneira predatória
e assistemática, com o objetivo de abastecer o merca-
a) ocupação do litoral nordestino. do europeu, especialmente as manufaturas de tecido,
b) exploração de recursos naturais. pois a tinta avermelhada da seiva dessa madeira era
c) proibição do tráfico de escravos. utilizada para tingir tecidos. A aquisição dessa matéria-
d) aplicação de experiências indígenas. -prima brasileira era feita por meio da
e) conexão com povos andinos.
Competência ENEM: Brasil Colonial a) exploração escravocrata dos europeus em relação
aos índios brasileiros.
31. (Encceja - 2017 - adaptada) Minha intenção era fi-
b) criação de núcleos povoadores, com utilização de
car mesmo no brejo para esperar que um dia as chuvas
trabalho servil.
voltassem a cair no sertão, e eu também voltasse para
c) utilização de escravos africanos, que trabalhavam
a minha terra. Não tinha intenção de abandoná-la.
nas feitorias.
Mas não vi jeito de me acomodar na zona de açúcar
d) exploração da mão de obra livre dos imigrantes por-
para esperar que a seca abrandasse. Descia uma serra,
tugueses, franceses e holandeses.
38 quando vi embaixo, no vale, um imenso mar de verde.
e) exploração do trabalho indígena, no estabelecimen-
Pensei que já estava na costa e que aquilo tudo era
to de uma relação de troca, o conhecido escambo.
água. Mas não era não. Era um mar de cana. Era cana
Competência ENEM: Brasil Colonial
que não acabava mais, até perder de vista. Nunca ti-
nha visto plantação tão descomunal.
CASTRO, J. Homens e caranguejos. Rio de Janeiro: Civi- 34. (Ufc 2010) Por aproximadamente três séculos, as re-
lização Brasileira, 2010. lações de produção escravistas predominaram no Brasil,
em especial nas áreas de plantation e de mineração.
A paisagem rural descrita no texto se refere a um mode- Sobre este sistema escravista, é correto afirmar que:
lo agrícola baseado em que aspecto?
a) impediu as negociações entre escravos e senhores,
a) produção orgânica. daí o grande número de fugas.
b) extrativismo vegetal. b) favoreceu ao longo dos anos a acumulação de ca-
c) cultivo de subsistência. pital em razão do tráfico negreiro
d) lavoura de monocultura. c) possibilitou a cristianização dos escravos, fazendo de-
e) biocombustíveis. saparecer as culturas africanas.
Competência ENEM: Brasil Colonial d) foi combatido por inúmeras revoltas escravas, como
a dos Malês e a do Contestado.
32. (ENEM - 2014) “O índio era o único elemento então e) foi alimentado pelo fluxo contínuo de mão de obra
disponível para ajudar o colonizador como agricultor, africana até o momento de sua extinção em 1822.
pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, Competência ENEM: Brasil Colonial
para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter re-
conhecidas sua inocência e alma na medida do possí- 35. (Unesp 2012) Os africanos não escravizavam africa-
vel. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites nos, nem se reconheciam então como africanos. Eles se
da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa viam como membros de uma aldeia, de um conjunto
entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a
como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça mesma língua, tinha os mesmos costumes e adorava os
desenfreada dos colonos. mesmos deuses. (...) Quando um chefe (...) entregava
CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora a um navio europeu um grupo de cativos, não estava
34,1999. (Adaptado) vendendo africanos nem negros, mas (...) uma gente
Ciências Humanas e suas Tecnologias
que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. (...) O comércio transatlântico (...) fazia
parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em
grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais, um processo no qual a Europa entrava
com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa.
(Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.)
Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de escravos por africanos para europeus nos séculos XVI a XIX,
o texto
a) reconhece que a escravidão era uma instituição presente em todo o planeta e que a diferenciação entre ho-
mens livres e homens escravos era definida pelas características raciais dos indivíduos.
b) critica a interferência europeia nas disputas internas do continente africano e demonstra a rejeição do comércio
escravagista pelos líderes dos reinos e aldeias então existentes na África.
c) diferencia a escravidão que havia na África da que existia na Europa ou nas colônias americanas, a partir da
constatação da heterogeneidade do continente africano e dos povos que lá viviam.
d) afirma que a presença europeia na África e na América provocou profundas mudanças nas relações entre os
povos nativos desses continentes e permitiu maior integração e colaboração interna.
e) considera que os únicos responsáveis pela escravização de africanos foram os próprios africanos, que aprovei-
taram as disputas tribais para obter ganhos financeiros.
Competência ENEM: Brasil Colonial
36. (Fuvest) O ideário da Revolução Francesa, que entre outras coisas defendia o governo representativo, a liber-
dade de expressão, a liberdade de produção e de comércio, influenciou no Brasil a Inconfidência Mineira e a
Conjuração Baiana, porque:
a) cedia às pressões de intelectuais estrangeiros que queriam divulgar suas obras no Brasil.
b) servia aos interesses de comerciantes holandeses aqui estabelecidos que desejavam influir no governo colonial.
c) satisfazia aos brasileiros e aos portugueses, que desta forma conseguiram conciliar suas diferenças econômicas
e políticas.
d) apesar de expressar as aspirações de uma minoria da sociedade francesa, aqui foi adaptado pelos positivistas
aos objetivos dos militares. 39
e) foi adotado por proprietários, comerciantes, profissionais liberais, padres, pequenos lavradores, libertos e escra-
vos, como justificativa para sua oposição ao absolutismo e ao sistema colonial.
Competência ENEM: Brasil Colonial
37. (Enem 2014) Respeitar a diversidade de circunstâncias entre as pequenas sociedades locais que constituem
uma mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam
as cartas de cada povoação doadas pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento,
alteradas segundo os conselhos da experiência. Então, administrar-se-ia de perto, governar-se-ia de longe, alvo a
que jamais se atingirá de outra sorte.
BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937 (adaptado).
O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil, tinha como meta a implantação do
38. (ENEM 2014) TEXTO I Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população
de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a
importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a ex-
tinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa
não cabe em cifras.
ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009
(adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias
TEXTO II Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numero-
sa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente
não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não
é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser
encontrados em toda parte.
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das
Letras, 1990 (adaptado).
Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresen-
tados no Texto II é o
39. (Fuvest) O reconhecimento da independência brasileira por Portugal foi devido principalmente:
a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atribuição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a D.João VI.
b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos comerciais de 1810 com a Inglaterra.
c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das Cortes Portuguesas.
d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no Reino
Unido.
e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à Inglaterra de indenização pelas invasões napoleônicas.
Competência ENEM: Brasil Imperial
40. (Fuvest) Podemos afirmar que tanto na Revolução Pernambucana de 1817, quanto na Confederação do Equa-
dor de 1824,
a) o descontentamento com as barreiras econômicas vigentes foi decisivo para a eclosão dos movimentos.
40 b) os proprietários rurais e os comerciantes monopolistas estavam entre as principais lideranças dos movimentos.
c) a proposta de uma república era acompanhada de um forte sentimento antilusitano.
d) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa de suas principais bandeiras.
e) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de Recife, não se espalhando pelo interior.
Competência ENEM: Brasil Imperial
41. (Uel)
Ciências Humanas e suas Tecnologias
a) foi resultado das manifestações populares ocorridas nas ruas das principais cidades do país.
b) resultou dos interesses dos intelectuais que participaram das conjurações e revoltas.
c) decorreu da visão humanitária dos ingleses em relação à exploração da colônia.
d) representou um negócio comercial favorável aos interesses dos ingleses.
e) não passou de uma encenação, já que os portugueses continuaram explorando o país.
Competência ENEM: Brasil Imperial
43. (Cesgranrio) A Proclamação da República, em 1889, está ligada a um conjunto de transformações econômi-
cas, sociais e políticas ocorridas no Brasil, a partir de 1870, dentre as quais se inclui:
a) a universalização do voto com a reforma eleitoral de 1881, efetivada pelo Partido Liberal.
b) o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro e de São Paulo, criando uma classe operária combativa.
c) a progressiva substituição do trabalho escravo, culminando com a Abolição em 1888.
d) a concessão de autonomia provincial, que enfraqueceu o governo imperial.
e) o enfraquecimento do Exército, após as dificuldades e os insucessos durante a Guerra do Paraguai.
Competência ENEM: Brasil Imperial
41
44. (Fuvest) O Bill Aberdeen, aprovado pelo Parlamento inglês em 1845, foi:
a) uma lei que abolia a escravidão nas colônias inglesas do Caribe e da África.
b) uma lei que autorizava a marinha inglesa a apresar navios negreiros em qualquer parte do oceano.
c) um tratado pelo qual o governo brasileiro privilegiava a importação de mercadorias britânicas.
d) uma imposição legal de libertação dos rescém-nascidos, filhos de mãe escrava.
e) uma proibição de importação de produtos brasileiros para que não concorressem com os das colônias an-
tilhanas.
Competência ENEM: Brasil Imperial
45. (Mackenzie) Segundo o historiador Bóris Fausto, o fim do regime monárquico resultou de uma série de fatores de
diferentes relevâncias, destacando-se:
46. (ENEM - 2014) A charge, datada de 1910, ao retratar 48. (ENEM - 2015)
a implantação da rede telefônica no Brasil, indica
Texto I
Texto II
a) articulação de polos produtores para exportação. A iniciativa que viabilizou a conquista dos direitos men-
b) criação de infraestrutura para atividade industrial. cionados no texto partiu dos
c) integração de pequenas propriedades policultoras.
d)valorização de regiões de baixa densidade demográfica. a) grupos empresariais receosos de retaliação.
e) promoção de fluxos migratórios do campo para a ci- b) partidos políticos atuantes nas causas sociais.
dade. c) trabalhadores organizados em sindicatos de classe.
Competência ENEM: Brasil 1ª República d) líderes religiosos preocupados com o avanço socia-
lista.
e) empresários republicanos.
Competência ENEM: Brasil 1ª República
Ciências Humanas e suas Tecnologias
PRIMEIROS AFRICANOS
#FicaDica Com o desenvolvimento da cultura canavieira, os
primeiros escravos africanos vieram para o país, cum-
Muitas questões do Enem e concursos públicos prindo uma jornada longa e precária da África ao Brasil,
podem tratar sobre sincretismo na cultura entre os séculos 16 e 19. Por quase dois meses em em-
brasileira, que não quer dizer apenas aspectos barcações precárias, muitos não sobreviviam à chega-
religiosos, mas cultural como um todo. da. Deu-se início a séculos de explorações, violência e
privações direcionados aos negros.
Estima-se que mais de cinco milhões de africanos
SE LIGA! chegaram ao Brasil para serem escravizados. Angola
Não ignore a gastronomia brasileira como um era a nação africana que mais fornecia escravos para
elemento ligado às matrizes étnicas no brasil, o Brasil, seguido por Moçambique.
as quais constituíram a população do país ao
longo de sua história. FLUXOS MIGRATÓRIOS
Ao longo dos anos, o Brasil tem feito parte do mapa
de nações que sempre receberam contingentes de
populações estrangeiras. No início do século 16, as po-
pulações portuguesas começaram a se estabelecer no
EXERCÍCIO COMENTADO país. Com o passar do tempo, outros europeus, como
espanhóis, franceses e holandeses também chegaram
1. (ENEM– 2010) ao Brasil, mas em menor quantidade. No século 19, imi-
As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da grantes italianos, alemães e poloneses vieram para as
Bahia, além de significativas para a identidade cultural plantações de café, muitos dos quais, se estabeleceram
dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra no Sudeste, sobretudo no Sul.
de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. No século 21, o Brasil tem recebido haitianos, africa-
Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultu- nos, bolivianos e venezuelanos, em busca de melhores
ral material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico condições de vida. Nos últimos tempos, tem crescido ín-
e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de dice de xenofobia registrado no país, muitas vezes, em
direção aos haitianos, africanos e bolivianos.
a) acervos museológicos e bibliográficos.
b) objetos arqueológicos e paisagísticos. 45
c) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
d) núcleos urbanos e etnográficos. EXERCÍCIO COMENTADO
e) práticas e representações de uma sociedade.
1. (ENEM –2009)
Resposta: Letra B. São objetos bastante significativos No início do século XVIII, a Coroa portuguesa introdu-
para a constituição da identidade cultural da época ziu uma série de medidas administrativas para deter a
retratada. anarquia, que caracterizava a zona de mineração, e
instaurar certa estabilidade. O instrumento fundamental
dessa política era a vila.
RUSSELL- WOOD, A. J. R.. O Brasil colonial; o ciclo do
POVO BRASILEIRO: NATIVOS, NEGROS E
ouro (1690-1750) In: História da América. São Paulo:
IMIGRANTES Edusp, 1999, v. II, p. 484 (com adaptações).
EXERCÍCIO COMENTADO 47
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
1. (ENEM– 2014)
Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amur-
darya e Sydarya, mantiveram o nível e o volume do mar
LATITUDE E LONGITUDE por muitos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e
Pontos imaginários que cortam a Terra e servem expandir a produção de algodão irrigado aumentou a de-
como referência para localização. Essa é uma das prin- pendência de várias repúblicas da Ásia Central da irrigação
cipais definições de coordenadas geográficas. A men- e monocultura. O aumento da demanda resultou no desvio
suração dessas coordenadas é feita em graus, e são crescente de água para a irrigação, acarretando redução
divididas em latitude e longitude (verticais e horizontais). drástica do volume de tributários do Mar de Aral. Foi criado
Graças à linha do Equador tem-se a divisão do pla- na Ásia Central um novo deserto, com mais de 5 milhões de
neta em dois hemisférios: Norte e Sul. Referência geo- hectares, como resultado da redução em volume.
gráfica importante, tanto do ponto de vista da localiza- TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escas-
ção, quanto em termos de referências geopolíticas e sez. São Carlos: Rima, 2003
sociais.
É importante também se atentar ao conceito de A intensa interferência humana na região descrita pro-
meridianos, que são semicírculos que dividem o pla- vocou o surgimento de uma área desértica em decor-
neta. Para entender o significado eles, basta imaginar rência da
que dividem o globo como se fosse uma laranja. Já os
paralelos são linhas traçadas horizontalmente, então, os a) erosão.
meridianos são linhas verticais. b) salinização.
E são os meridianos que dividem a Terra em Ociden- c) laterização.
tal e Oriental, por meio de um meridiano em especial, d) compactação.
o Greenwich. Tido como o meridiano zero, ele pode ser e) sedimentação.
localizado no mapa numa linha de norte a sul, cruzando
países como Reino Unido, Espanha, França, países afri- Resposta: Letra B. A erosão provoca modificações
canos, entre outros. significativas na paisagem. Por meio de ventos ou
chuvas, a crosta da terrestre se movimenta e traz mu-
danças lentas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
CONCEITOS BÁSICOS
A representação da realidade e as medidas de um PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
mapa ou planta são definidas como escala cartográfica.
Para se ter uma ideia, se refere à relação entre as medi-
das de linhas de um mapa e o espaço real. A escala é ELABORAR MAPAS
fundamental para saber interpretar bem os mapas. A Terra é redonda e representar os dados numa su-
Em geral, existem dois tipos de escalas, a numérica perfície plana somente é possível graças às projeções
e a gráfica. Uma das funções da escala cartográfica é cartográficas, o que facilita na composição de um
facilitar a compreensão entre o espaço real e a repre- mapa. Se não fossem as projeções, não seria possível,
sentação desse espaço. A escala de mapeamento é de fato, elaborar mapas da superfície da Terra.
apresentada por um gráfico, e a escala numerada, no As projeções buscam reduzir as distorções no mapa.
caso, é apresentada por números. As projeções cartográficas compõem representação
dos mapas com as linhas latitude e longitude para bus-
PROPORÇÕES car a melhor precisão nos dados.
Para compreender melhor a importância e função
da escala, observe o exemplo: se um mapa é de 1:500, TIPOS DE PROJEÇÕES
quer dizer que cada centímetro do mapa, no caso, re- Existem projeções: cilíndrica, cônica, plana, entre
presenta 500 centímetros do espaço real. Dessa forma, a outras. Confira abaixo as definições dessas projeções
proporção observada é de 1 por 500. A escala, de fato, principais:
é uma visão aproximada do espaço real representado. • Cilíndrica: tipo de projeção que se baseia num
Dependendo da quantidade de informações, não são cilindro. A projeção dos paralelos e meridianos é
abordados mais detalhes do espaço real.
feita com base em um cilindro.
O mapa do planeta Terra, o mapa mundi, tem muitos
• Cônica: tipo de plano de projeção ligado a um
dados – com registros de nações e continentes –, desse
cone. A superfície da Terra é representada com
modo, apresenta menos detalhes, se comparado a um
base em um cone imaginário.
mapa que seja focado apenas em um item. O mapa de
• Plana ou azimutal: a superfície é representada
48 um Estado, por exemplo, possui menos dados gerais e
acúmulo de informações, por isso, fica mais fácil abordar num plano tangente à esfera do planeta.
determinados temas e focar nos detalhes.
EXERCÍCIO COMENTADO
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (ENEM– 2014)
1. (ENEM– 2014) Mas plantar pra dividir
Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da Não faço mais isso, não.
economia cafeeira se apresentava como se segue. A pro- Eu sou um pobre caboclo,
dução, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir Ganho a vida na enxada.
crescendo, pois os produtores haviam continuado a expan- O que eu colho é dividido
dir as plantações até aquele momento. Com efeito, a pro- Com quem não planta nada.
dução máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto Se assim continuar
mais baixo da depressão, como reflexo das grandes plan- vou deixar o meu sertão,
tações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível mesmo os olhos cheios d’água
obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos e com dor no coração.
estoques, pois o mercado internacional de capitais se en- Vou pro Rio carregar massas
contrava em profunda depressão, e o crédito do governo pros pedreiros em construção.
desaparecera com a evaporação das reservas. Deus até está ajudando:
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: está chovendo no sertão!
Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado) Mas plantar pra dividir,
Não faço mais isso, não.
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômi-
VALE, J . ; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo:
ca mencionada foi o (a)
Polygram, 1994 (fragmento)
a) atração de empresas estrangeiras.
b) reformulação do sistema fundiário.
c) incremento da mão de obra imigrante.
d) desenvolvimento de política industrial.
e) financiamento de pequenos agricultores.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
As primeiras definições, em 1913, levaram em conta Resposta: Letra C. Esse cenário é bem comum nos dias
aspectos como clima, vegetação e outros dados na- atuais. Em muitas situações, esses profissionais encontram
turais. O Brasil já teve as seguintes divisões: Setentrional, situações vantajosas de oportunidades profissionais.
Norte Oriental, Oriental e Meridional. Isso na primeira dé-
cada do século 20.
Em 1940, o país passaria por uma nova divisão, des- TERRITÓRIO, TERRITORIALIDADE, FRONTEIRA
sa vez, considerando dados socioeconômicos, com as E CONFLITO
seguintes divisões: Norte (Amazonas, Pará, Maranhão e
Piauí e Acre), Centro (Goiás, Mato Grosso e Minas Ge-
rais), Leste (Bahia, Sergipe e Espírito Santo), Nordeste (Ce- ORIGEM
ará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Ala- Na história da humanidade, desde o início das civiliza-
goas) e a região Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande ções, guerras e confrontos foram motivados pela disputa
do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro). Houve ainda mais por território, em demarcações imaginárias que estabe-
duas mudanças, em 1945 e 1950. lecem fronteiras. Muitas civilizações buscaram expansão
de seus territórios, além reforçar com rigorosidade suas
ATUAIS DIVISÕES demarcações, a fim de evitar invasão de outros povos.
Já em 1970, ocorreu a divisão mais próxima da atual A civilização romana, grande referência da cultura
realidade, com a criação da região Sudeste, com os Es- ocidental, travou batalhas épicas para ampliar seu terri-
tados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito tório e domínio de outras nações. Em seu apogeu, Roma
Santo. O Nordeste contava agora com a Bahia e Ser- conquistou territórios da Europa à Ásia, se reafirmando
gipe. Goiás era integrado ao Centro-Oeste. Já a atual como a principal civilização da história do Ocidente.
configuração foi definida nos anos 90, com a integração
de um novo Estado: Tocantins, inserido na região Norte. OUTROS ASPECTOS
O conceito de território também pode estar atrelado
DIVISÕES GEOECONÔMICAS
a vários níveis, não apenas em divisões de Estados, paí-
Essas divisões não priorizam a questão territorial, ou
ses ou continentes, mas há divisões de redes específicas,
seja, a divisão entre os Estados, mas agrupa localida-
como narcotráfico, comércio de armas e redes de pros-
des semelhantes quanto a aspectos geoeconômicos.
tituição.
As divisões são as seguintes: Amazônia (todos os Estados
do Norte, além de uma porção do Mato Grosso e Ma-
DIAS ATUAIS
ranhão), Nordeste (todos os Estados do Nordeste, mais
50 Um dos conflitos mais impactantes no atual cenário
o Norte de Minas Gerais) e o Centro-Sul (Sudeste, Sul e
mundial é a disputa por territórios como a Caxemira, dis-
Centro-Oeste, incluindo ainda porção sul do Tocantins).
putada há tempos por Índia e Paquistão. A região é rica
em recursos hídricos e traz nascentes de importantes rios
indianos e paquistaneses. E nessa disputa, a China tam-
EXERCÍCIO COMENTADO bém é citada. A gigante nação reconhece Aksai Chin,
como parte de seu território, algo contestado pela Índia.
1. (ENEM– 2014) Outra temática bastante significativa é a questão pa-
O jovem espanhol Daniel se sente perdido. Seu diploma lestina. Desde a instalação do Estado de Israel, pós-Guer-
de desenhista industrial e seu alto conhecimento de in- ra, palestinos têm sofrido com expulsão e ocupação de
glês devem ajudá-lo a tomar um rumo. Mas a taxa de territórios destinados aos colonos israelenses, num clima
desemprego, que supera 52% entre os que têm menos de apartheid. O cenário desde então tem fomentado
de 25 anos, o desnorteia. Ele está convencido de que conflitos e atentados entre as culturas. A fronteira entre
seu futuro profissional não está na Espanha, como o de, Gaza e Israel registrou confrontos extremamente violentos
pelo menos, 120 mil conterrâneos que emigraram nos nos últimos anos, com morte de civis.
últimos dois anos. O irmão dele, que é engenheiro-agrô-
nomo, conseguiu emprego no Chile. Atualmente, Daniel #FicaDica
participa de uma “oficina de procura de emprego” em
países como Brasil, Alemanha e China. A oficina é ofere- Entenda que a divisão de territórios pode ser
cida por uma universidade espanhola. algo muito além da delimitação de nações,
GUILAYN, P. Na Espanha, universidade ensina a emigrar. não apenas do espaço físico. Os processos de
O Globo, 17 fev. 2013 (adaptado) delimitação podem ser bem subjetivos, como
rede de tráfico e exemplos citados acima.
A situação ilustra uma crise econômica que implica
Porém embora a China, de fato, possa desbancar os O fator apresentado no texto para o agravamento da
norte-americanos na questão econômica, os chineses seca no Sudeste está identificado no(a)
dificilmente conseguirão impactar no domínio cultural.
Isso significa que os estadunidenses podem até perder a) redirecionamento dos ventos alísios.
o trono como principal potência global, mas no âmbi- b) redução do volume dos rios voadores.
to da indústria cultural exercem ainda grande força no c) deslocamento das massas de ar polares.
mundo. d) retenção da umidade na Cordilheira dos Andes.
e) alteração no gradiente de pressão entre as áreas.
CRISES FINANCEIRAS
Por volta de 2006 a 2008, o mundo vivenciou uma Resposta Letra B. Com a umidade na Amazônia, o
crise financeira latente que impactou diretamente os fenômeno rios voadores se dispersam para outras re-
mercados. Por volta de 2007, o planeta testemunhou a giões brasileiras, até no Sul do Brasil.
explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos. O mer-
cado de hipotecas gerou colapso econômico com alta
de juros, em negócios de alto risco para os cidadãos. GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO
Como consequência, houve aumento de desemprego
e perda de renda.
Em 2011, a Europa mergulhou numa crise financeira ORIGENS
dilacerante. Nações como Grécia, Portugal, Espanha A globalização e o neoliberalismo são produtos do
e Irlanda contraíram dívida pública altíssima, e a União capitalismo e marcas significativas do mundo atual. Um
Europeia não conseguiu estabelecer melhores políticas mundo globalizado implica no encurtamento das fron-
para conter o cenário. Essa crise impactou todo o mun- teiras, à medida que as pessoas se sentem mais conec-
do, inclusive o Brasil. A estabilização das economias eu- tadas na aldeia global. Com as novas tecnologias, a
ropéias ocorreu a partir de 2017 a 2018.
integração é mais latente. Os países ricos exportam sua
cultura e produtos por meio de multinacionais que se
espalham pelo mundo.
#FicaDica Com a abertura das fronteiras e a partir do fim do
bloco socialista, o neoliberalismo ganha espaço. Esse
Muitas questões podem abordar a crise
conceito implica em maior liberdade de mercado e
financeira europeia, portanto, é importante
pouca ou quase nenhuma interferência do Estado. E
52 estar ciente que esse fato é um dos mais
toda a liberdade de mercado conquistada é a marca
marcantes da Nova Ordem Mundial no
do neoliberalismo.
século 21.
O Termo neoliberalismo surgiu no fim dos anos 80. Um
dos nomes mais importantes do movimento é Marga-
ret Thatcher, ex-premiê britânica. Muitas vezes, ela tida
SE LIGA!
como a “mãe do neoliberalismo”.
quando a economia é desacelerada em
nações ricas, naturalmente, isso impacta LIBERALISMO CLÁSSICO
todos os mercados. pois Ocorre um “efei- A doutrina liberal surgiu no século 17, muito influen-
to dominó”. ciada pelo filósofo inglês John Locke e começou a
se espalhar pelo mundo após a Revolução Francesa
(1789). Outro expoente da corrente, no século 18, é o
economista escocês Adam Smith.
EXERCÍCIO COMENTADO No liberalismo clássico, o indivíduo é localizado
como “o centro das coisas”. Os liberais também de-
1. (ENEM– 2017) fendem alguns princípios: liberdade e igualdade aos
O ganhador do Prêmio Nobel, Philip Fearnside, já aler- valores individuais. Além do livre mercado, tolerância e
tava em estudos de 2004 que, como consequência do liberdade de se expressar.
desmatamento em grande escala, menos água da
Amazônia seria transportada pelos ventos para o Su-
deste durante a temporada de chuvas, o que reduziria
a água das chuvas de verão nos reservatórios de São EXERCÍCIO COMENTADO
Paulo.
SERVA, L. Para ganhador do Prêmio Nobel, cheias no 1. (ENEM– 2017)
Norte e seca no Sudeste estão conectadas. Disponível A destruição, o transporte e a deposição de pequenos
em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 10 nov. 2014. fragmentos rochosos dependem da direção e intensi-
dade com que este agente atua na superfície terrestre,
sobretudo em regiões áridas e semiáridas, com pouca
presença de vegetação. É nesse ambiente que se ve-
Ciências Humanas e suas Tecnologias
1. (ENEM– 2017)
INTEGRAÇÃO REGIONAL OU FORMAÇÃO A tecelagem é numa sala com quatro janelas e 150
DE BLOCOS ECONÔMICOS operários. O salário é por obra. No começo da fábrica,
os tecelões ganhavam em média 170$000 réis mensais.
Mais tarde não conseguiam ganhar mais do que 90$000;
e pelo último rebaixamento, a média era de 75$000! E se
CONCEITO DE BLOCOS ECONÔMICOS a vida fosse barata! Mas as casas que a fábrica aluga,
Na geopolítica mundial e relações internacionais com dois quartos e cozinha, são a 20$000 réis por mês;
faz muita diferença privilegiar a integração regional. as outras são de 25$ a 30$000 réis. Quanto aos gêneros
O fortalecimento de blocos regionais no mundo é um de primeira necessidade, em regra custam mais do que
importante mecanismo para integração das nações e em São Paulo. 53
também fortalecimento nas relações comerciais e eco- CARONE, E. Movimento operário no Brasil. São Paulo:
nômicas. Difel, 1979.
Os blocos se caracterizam pela união de nações em
prol da defesa de interesses em comum. As regras tam- Essas condições de trabalho, próprias de uma socieda-
bém podem abranger aspectos sociais. O foco é bus- de em processo de industrialização como a brasileira do
car a integração entre os países fomentar as ligações. início do século XX, indicam a
No mundo, o bloco mais importante e influente é a UE
(União Europeia). a) exploração burguesa.
b) organização dos sindicatos.
UNIÃO EUROPEIA c) ausência de especialização.
Exemplo de integração bem-sucedida, o bloco d) industrialização acelerada.
europeu é um conglomerado econômico com algu- e) alta de preços.
mas das nações mais importante do mundo. O mote é
buscar a maior integração regional possível, com uma Resposta: Letra A. Contexto de exploração do traba-
lho que fomentam a precariedade.
moeda sólida (euro) e elementos para tornar a Europa
mais forte do ponto de vista geopolítico.
Fundada em 1993, o bloco é hoje o maior mercado
MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO, EMIGRAÇÃO E
importador de centenas de países, além de também
ser um grande exportador de bens e serviços no mundo TIPOS DE MIGRAÇÃO
global. No aspecto diplomático, o bloco exerce gran-
de influência nas negociações, políticas e demandas
INTRODUÇÃO E DIFERENÇAS CONCEITUAIS
importantes para a sociedade mundial. Desde os primórdios, o ser humano tem circulado por
Após o resultado do Brexit, em 2016, com a saída territórios em fluxos migratórios milhões de anos atrás,
do Reino Unido do bloco, a União Europeia deve pas- constituindo novas fronteiras, culturas e civilizações.
sar por mudanças, após a perda de um membro vital. Hoje, os processos migratórios prevalecem e, dentro
Porém, os britânicos também tendem a enfrentar situa- desse contexto, existem algumas particularidades nos
ções desafiantes no âmbito econômico e social. termos: migração, imigração e emigração. Confira
abaixo:
Ciências Humanas e suas Tecnologias
de econômica, as cidades não podem mais ser identifi- LEIS RÍGIDAS QUANTO À IMIGRAÇÃO
cadas apenas com a atividade industrial, nem os campos O endurecimento de regras migratórias nos países
com a agricultura e a pecuária. mais almejados pelos imigrantes tem provocado rela-
SILVA, J. G. O novo rural brasileiro. ções turbulentas entre os estrangeiros, os governos e as
Nova Economia, n. 7, maio 1997. populações. Com a chegada ao poder de líderes mais
conservadores, como o presidente dos Estados Unidos,
As articulações espaciais tratadas no texto resultam do(a) Donald Trump, os estrangeiros vivenciam restrições quan-
to à entrada e permanência em território norte-america-
a) aumento da geração de riquezas nas propriedades no. E a tendência é buscar endurecer cada vez mais a
agrícolas. chegada dessas populações.
b) crescimento da oferta de empregos nas áreas cultiváveis.
c) integração dos diferentes lugares nas cadeias produtivas.
d) redução das desigualdades sociais nas regiões agrárias.
e) ocorrência de crises financeiras nos grandes centros.
EXERCÍCIO COMENTADO
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (ENEM– 2017)
Empreende-se um programa de investimentos em
infraestrutura para oferecer as condições materiais ne-
cessárias ao processo de transformação do território
nacional em um espaço da economia global. Nessa
configuração territorial, destacam-se hoje pontos de
Ciências Humanas e suas Tecnologias
concentração de tecnologias de ponta. É o caso da Nesse contexto, verifica-se que o crescimento desorde-
chamada agricultura de precisão. Nos pomares paulis- nado das cidades propiciou o surgimento das áreas periféri-
tas, começou a ser utilizada uma máquina, de origem cas, que em muitos casos contribuíram para piora nas con-
norte-americana, capaz de colher cem pés de laranja dições de vida das pessoas, em meio à precariedade de
por hora, sob o controle de computadores. moradias e falta de saneamento básico, com coleta e tra-
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e socie- tamento de esgoto adequado. Tudo isso impacta na busca
dade no início do séc. XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. por sustentabilidade e melhor condições de vida para todos.
Os brasileiros hoje já são mais de 208,5 milhões de c) tendência de equilíbrio no comércio entre os dois pa-
habitantes, como apontam dados divulgados pelo IBGE íses, que indica estabilidade no curto prazo.
em agosto de 2018. O Brasil é hoje o quinto país mais po- d) política de importação da Argentina, que demonstra
puloso do mundo. Os Estados mais populosos são: São interesse em buscar outros parceiros comerciais.
Paulo (mais de 45 milhões), Minas Gerais (mais de 21 mi- e) estratégia da indústria brasileira, que buscou acom-
lhões) e Rio de Janeiro (mais de 17 milhões). panhar as demandas do mercado consumidor ar-
gentino.
REGIÕES METROPOLITANAS
O país possui cerca de 35 regiões consideradas me- Resposta: letra B. Um dos entraves nas relações co-
tropolitanas. Esses locais abrigam cidades localizadas merciais nos blocos econômicos dizem respeito a po-
nas proximidades de um município dominante, mais in- líticas protecionistas.
dustrializado e desenvolvido economicamente.
Na região metropolitana de São Paulo a população
é de mais de 20 milhões de pessoas, e é a mais populosa A QUESTÃO AGRÁRIA E CONFLITOS NO
do Brasil. A região metropolitana do Rio de Janeiro se- CAMPO NO BRASIL
gue em segundo lugar com mais de 12 milhões de pes-
soas e, em terceiro, está Belo Horizonte com quase seis
milhões de habitantes. CONCEITOS BÁSICOS
Uma das características de cidades das regiões Problemas sociais e desigualdade de renda têm sido
metropolitanas é o caráter que muitas delas adquirem problemáticas constantes na cidade e no campo. A
como “dormitório”, quando as pessoas residem em um questão agrária e conflitos fomentam discussões sobre
a terra, a reforma agrária e redução dos embates san-
determinado município, mas trabalham em outro, so-
grentos e confrontos no interior do Brasil. Em linhas ge-
bretudo, numa cidade maior e mais desenvolvida. Na
rais, a reforma agrária é a reorganização fundiária para
Grande São Paulo, por exemplo, Carapicuíba exemplifi-
distribuir terras para trabalhadores rurais e suas famílias,
ca essa realidade. Não há muita geração de emprego,
para que possam trabalhar e produzir.
já que boa parte da população trabalha nas cidades
vizinhas, como Osasco ou Barueri, ou mesmo, na mega-
MOVIMENTOS
lópole São Paulo.
Nesse cenário, cresce um movimento que divide a
população, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
58 Terra (MST), que nasceu em 1984, levantando a bandei-
EXERCÍCIO COMENTADO ra da reforma agrária e expansão da fronteira agrícola
para garantir terras a pequenos produtores e trabalha-
dores rurais. O MST está presente em 24 Estados e, se-
gundo o movimento, ajudou mais de 350 mil famílias a
1. (ENEM– 2017) conquistarem terras.
“As recentes crises entre o Brasil e a Argentina mostram Nesse contexto, existe ainda disputa de terras entre
o esgotamento do modelo mercantilista no Mercosul”, integrantes do movimento e fazendeiros. Não raro, esses
afirma o diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações embates promovem confrontos violentos com registro
Internacionais (Ibri). A imposição argentina de cotas de mortos e feridos.
para produtos brasileiros, como os de linha branca, e a
ameaça de adoção de salvaguardas comerciais indi- REFORMA AGRÁRIA NA PRÁTICA
cam que o Mercosul foi construído sobre bases equivo- A reforma agrária visa expropriação de terras impro-
cadas. Segundo o diretor, a noção de que é possível dutivas e busca cumprir função social, ao promover in-
exportar “sem limites” para um determinado parceiro tegração de pequenos produtores rurais ao cultivo de
comercial representa uma mentalidade “fenícia”, ou produtos, geração de renda e adesão a programas. No
seja, uma visão comercial de curto prazo. Brasil, a concessão de assentamentos que priorizam a
JULIBONI, M. Disponível em: http://exame.abril.com.br. reforma agrária é feita por meio do Incra (Instituto Na-
Acesso em: 7 dez. 2012 (adaptado). cional de Colonização e Reforma Agrária).
Uma das polêmicas quanto à expropriação de terras
Nas últimas décadas foram adotadas várias medidas tem a ver com a queixa de fazendeiros e proprietários
que objetivavam pôr fim às desconfianças mútuas exis- de territórios que alegam haver “invasão à base da for-
tentes entre o Brasil e a Argentina. Os conflitos no interior ça” em áreas que não são improdutivas, na concepção
do bloco têm se intensificado, como na relação analisa- deles. Justamente nesse cenário são fomentados confli-
da, caracterizada pela tos entre os grupos, em embates sangrentos nos rincões
do Brasil. Do lado dos movimentos, existe ainda a queixa
a) saturação dos produtos industriais brasileiros, que o de sofrerem violência, com homicídios e ataques patro-
mercado argentino tem demonstrado. cinados por fazendeiros nos assentamentos.
b) adoção de barreiras por parte da Argentina, que in-
tenciona proteger o seu setor industrial.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
HIERARQUIAS
SE LIGA! Nas configurações da rede urbana encontra-se a
A questão agrária é uma das temáticas hierarquia que traz as divisões: grande metrópole nacio-
mais desafiantes para o brasil nos últimos nal (São Paulo), metrópoles nacionais (Rio de Janeiro e
anos e para os últimos governos desde a Brasília) e metrópole (Manaus, Belém, Fortaleza, Recife,
redemocatização. Essa leitura tende a ser Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Ale-
citada nas provas do ENEM e demais con- gre). São Paulo é a única cidade no quesito grande me-
cursos. trópole nacional por exercer influência em todo o país,
mas também se destaca na América do Sul.
Além disso, a hierarquia também traz as capitais
regionais, grupo com 70 municípios que exercem influ-
ência regional e também estadual. Para esse grupo vi-
EXERCÍCIO COMENTADO goram três subdivisões: capital regional A (cidades com
mais de 950 mil habitantes), B (populações com mais
1. (ENEM– 2017) 430 mil habitantes) e C (cidades com mais de 250 mil
Os produtores de Nova Europa (SP) estão insatisfeitos habitantes).
com a proibição da queima e do corte manual de Existem ainda outros grupos além das divisões cita-
cana, que começou no sábado (01/03/2014) em todo o das (grande metrópole nacional, metrópoles nacionais
Estado de São Paulo. Para eles, a produção se torna in- e capitais regionais). No caso, se tratam das opções:
viável, já que uma máquina chega a custar R$ 800 mil e centro sub-regional, centro de zona e centro local. Em
o preço do corte dobraria. Além disso, a mecanização geral, esses grupos trazem cidades com influência em
cortou milhares de postos de trabalho. relação a cidades vizinhas.
Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das
Produções Agropecuárias e Agroindustrial (SBERA). Com
proibição da queima, produtores dizem que corte da
cana fica inviável. Disponível em: http://sbera.org.br. EXERCÍCIO COMENTADO
Acesso em: 25 mar. 2014.
1. (ENEM– 2017)
A proibição imposta aos produtores de cana tem como A luta contra o racismo, no Brasil, tomou um rumo con-
objetivo trário ao imaginário nacional e ao consenso científico,
formado a partir dos anos 1930. Por um lado, o Movi- 59
a) restringir o fluxo migratório e o povoamento da região. mento Negro Unificado, assim como as demais organi-
b) aumentar a lucratividade dos canaviais e do setor su- zações negras, priorizaram em sua luta a desmistifica-
croenergético. ção do credo da democracia racial, negando o ca-
c) reduzir a emissão de poluentes e o agravamento dos ráter cordial das relações raciais e afirmando que, no
problemas ambientais. Brasil, o racismo está entranhado nas relações sociais.
d) promover o desenvolvimento e a sustentabilidade da O movimento aprofundou, por outro lado, sua política
indústria intermediária. de construção de identidade racial, chamando de “ne-
e) estimulara qualificação e a promoção da mão de gros” todos aqueles com alguma ascendência africa-
obra presente nos canaviais. na, e não apenas os “pretos”.
GUIMARÃES, A. S. A. Classes, raças e democracia. São
Resposta: Letra C. As queimadas ameaçam a biodi-
Paulo: Editora 34, 2012.
versidades além de outros impactos ambientais.
A estratégia utilizada por esse movimento tinha como
objetivo
REDE E HIERARQUIA URBANA BRASILEIRA
a) eliminar privilégios de classe.
b) alterar injustiças econômicas.
AS CIDADES c) combater discriminações étnicas.
As cidades são como órgãos de um corpo humano d) identificar preconceitos religiosos.
com suas funções, atividades, serviços, comércio, in- e) reduzir as desigualdades culturais.
dústria e relações entre as pessoas. Tudo isso garante
o funcionamento do espaço urbano, bem como, e as Resposta: Letra C. O combate a discriminações étni-
configurações que garantem a existência dos municí- cas é a bandeira de muitos movimentos que defen-
pios como se apresentam. dem a igualdade e respeito.
Dentro desse panorama, existem as grandes metró-
poles nacionais que exercem influência econômica, so-
cial e cultural, não apenas nas cidades da região ou no
Estado, mas em todo o país. Um exemplo disso é São
Paulo, considerada a maior cidade da América Latina.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
TAYLORISMO
1. (ENEM– 2017) Antes mesmo do fordismo ou toyotismo existia o
No primeiro semestre do ano de 2009, o Supremo Tribunal taylorismo, o conceito era focado em trabalhos e fun-
Federal (STF), a mais alta corte judicial brasileira, prolatou ções bem divididas entre os trabalhadores e surgiu no
decisão referente ao polêmico caso envolvendo a de- início do século 20. Como consequência, tem-se au-
marcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, onde mento na produção, mais funções de trabalho e maior
habitam aproximadamente dezenove mil índios aldeados quantidade de profissionais subordinados, já que existe
nas tribos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Para- a fragmentação de funções.
mona — em julgamento paradigmático que estabeleceu
uma série de conceitos e diretrizes válidas não só para o
caso em questão, mas para todas as reservas indígenas
demarcadas ou em processo de demarcação no Brasil.
SALLES, D. J. P C. Disponível em: www.ambito-juridico.
com.br. Acesso em: 30 jul. 2013 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias
PANORAMA ATUAL
Ainda em processo constante, a Terceira Revolução
Industrial começou no século 20 e segue nos dias de hoje,
sendo marcada pelo aprimoramento das tecnologias em te-
lecomunicação, informática e robótica. É perceptível cada
vez mais o uso de máquinas e softwares capazes de execu-
tar funções e atividades antes exercidas pelas pessoas.
E como nas demais era das revoluções industriais, a
precarização no trabalho é ainda um retrato atual, espe-
cialmente devido às terceirizações. Muitas multinacionais
contratam trabalhos de empresas terceiras encarregadas
de buscar mão de obra.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
O padrão da pirâmide etária ilustrada apresenta deman- nhora do Rosário. Na fachada, colocaram um oratório
da de investimentos socioeconômicos para a com a imagem de São Benedito. A comunidade do sé-
culo XVIII era organizada mediante a cor, por isso cada
a) redução da mortalidade infantil. grupo tinha sua irmandade: a dos brancos, dos crioulos,
b) promoção da saúde dos idosos. dos mulatos, dos pardos. Em cada localidade se cons-
c) resolução do déficit habitacional. truía uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário.
d) garantia da segurança alimentar. Com a decadência da mineração, a população negra
e) universalização da educação básica. foi levada para arraiais com atividades lucrativas diver-
sas. Eles se foram e ficou a igreja. Mas, hoje, está sendo
Resposta: letra B. Em alguns anos, o Brasil terá mais ido- resgatada a festa do Rosário e o Terno de Congado.
sos do que populações mais jovens, o que implica em CRUZ, L. Fé e identidade cultural. Disponível em: www.
políticas públicas voltadas a esses cidadãos. revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 jul. 2012.
AQUECIMENTO GLOBAL formações que podem surgir por influência do ser huma-
De fato, muitos especialistas concordam que o aque- no, com modificação da paisagem, ou seja, a vegeta-
cimento global tem provocado mudanças climáticas ção pode ser alterada, com margem para surgimento de
significativas. Anualmente, a Terra vivencia aumento de outras características na paisagem.
temperatura, sobretudo, nos oceanos.
Nesse cenário, a biodiversidade é comprometida. VEGETAÇÕES
Pesquisadores confirmam a tese de que se as emissões Com biomas complexos e ricos em fauna e flora,
de CO2 (Dióxido de Carbono) não forem contidas, em o Brasil conta com oito tipo de vegetações: Floresta
menos de 100 anos, a Terra vivenciará altas temperaturas Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pan-
que comprometerão a vida no planeta. tanal, Campos Sulinos, Mata de Araucária e Mangues.
Das oito vegetações brasileiras, a Floresta Amazônica é
a que possui maior extensão territorial. A vegetação ain-
da ocupa partes de países da América do Sul.
EXERCÍCIO COMENTADO
BIOMAS
1. (ENEM– 2012) Além de contar com oito tipos de vegetação, dentro
As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos desse panorama, é possível localizar ainda seis biomas:
mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apre- Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Panta-
sentam uma grande complexidade litológica, prevale- nal e Pampa. Os biomas são complexos, trazem biodi-
cendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré- Cam- versidade própria e ecossistemas. Confira abaixo mais
briano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusi- informações sobre cada um deles.
vas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as
áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, AMAZÔNIA
a Sul-Amazônica e a do São Francisco. Dentre os biomas brasileiros, a Amazônia é um dos
ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. destaques por se tratar da maior reserva de biodiversi-
São Paulo: Edusp, 1998. dade do planeta. Sendo ainda, o maior bioma do Brasil,
ocupando quase metade do território nacional.
As regiões cratônicas das Guianas e a Sul Amazônica têm
como arcabouço geológico vastas extensões de escu- CERRADO
dos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de O Cerrado também se destaca e é considerado
empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração o segundo maior bioma da América do Sul. A sua ve- 63
e destacam-se pela sua história geológica por getação cobre cerca de 22% do país. Ambientalistas,
atualmente, demonstram grande preocupação quanto
a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em a espécies de animais ameaçados de extinção dentro
jazidas minerais (ferro, manganês). desse bioma.
b) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que origi-
naram a maior planície do país. CAATINGA
c) o serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, Encontrada apenas no Brasil, a Caatinga é um tipo
decorrente da variação de temperatura. de bioma degradado, foi bastante explorado desde a
d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em chegada dos portugueses ao Brasil. Esse tipo de vegeta-
reservas de petróleo e gás natural. ção é o menos conservado do país.
e) corresponderem ao principal evento geológico do Ce-
nozoico no território brasileiro. MATA ATLÂNTICA
Esse tipo de bioma contempla planícies e monta-
Resposta: letra A. Essas regiões são bastante ricas em nhas. Esse complexo de biodiversidade sofreu diversas
minerais e se destacam no cenário mundial. alterações de paisagem ao longo dos anos e, assim
como a Caatinga, foi um dos espaços mais explorados
pelos colonizadores, o que transformou sua paisagem.
VEGETAÇÃO DO BRASIL
PAMPA
Com vegetação concentrada no Sul do Brasil, o bio-
CONCEITOS GERAIS ma ocupa mais de 60% do Estado do Rio Grande do Sul.
O surgimento de vegetações em um território implica O bioma é também encontrado no Uruguai e Argentina.
no tipo de relevo e clima de uma determinada região. E
por conta de sua diversidade natural e extensão territorial, PANTANAL
o Brasil possui vários tipos de vegetação. Presente em parte do território dos Estados de Mato
Porém, vale ressaltar que a determinação do tipo de Grosso e Mato Grosso do Sul, esse bioma também conta
vegetação originada conforme o clima se aplica apenas com pequeno território que se estende a Bolívia e Para-
a vegetações nativas. Não se pode ignorar, porém, outras guai. A vegetação que predomina é um tipo de savana.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
RIO AMAZONAS
Um dos rios mais importantes do mundo, o Amazonas
EXERCÍCIO COMENTADO tem capacidade para abastecer mais de 70% do país, de-
vido ao alto volume de suas águas. Se trata do maior rio
1. (ENEM– 2017) da Terra, em termos de extensão e volume. Ele conta ain-
Em um governo que deriva sua legitimidade de eleições da com milhares de afluentes e mais de 6 milhões de km.
livres e regulares, a ativação de uma corrente comuni-
cativa entre a sociedade política e a civil é essencial e
constitutiva, não apenas inevitável. As múltiplas fontes EXERCÍCIO COMENTADO
de informação e as variadas formas de comunicação
66 e influência que os cidadãos ativam através da mídia,
1. (ENEM– 2011)
movimentos sociais e partidos políticos dão o tom da re-
Eleições, no Império, eram um acontecimento muito es-
presentação em uma sociedade democrática.
pecial. Nesses dias o mais modesto cidadão vestia sua
URBINATI, N. O que torna a representação democráti-
melhor roupa, ou a menos surrada, e exibia até sapatos,
ca? Lua Nova, n. 67, 2006.
peças do vestuário tão valorizadas entre aqueles que
pouco tinham. Em contraste com essa maioria, vesti-
Esse papel exercido pelos meios de comunicação favo- mentas de gala de autoridades civis, militares e eclesi-
rece uma transformação democrática em função do(a) ásticas ― tudo do bom e do melhor compunha a indu-
mentária de quem era mais que um cidadão qualquer e
a) limitação dos gastos públicos. queria exibir em público essa sua privilegiada condição.
b) interesse de grupos corporativos. CAVANI, S. Às urnas, cidadãos! In: Revista de História da
c) dissolução de conflitos ideológicos. Biblioteca Nacional. Ano 3, nº 26, nov. 2007.
d) fortalecimento da participação popular.
e) autonomia dos órgãos governamentais. No Brasil do século XIX, a noção de cidadania estava
vinculada à participação nos processos eleitorais. As
Resposta: letra D. A participação popular pode ser eleições revelavam um tipo de cidadania carente da
fomentada e incentivada com ajuda dos meios de igualdade jurídica defendida nesse mesmo período por
comunicação. Em tempos de redes sociais, pode-se muitos movimentos europeus herdeiros do Iluminismo
criar correntes de mobilização. devido à
FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no
Quando se trata de fontes de energias renováveis, o século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
Brasil é referência mundial nesse quesito, devido às suas a.C.), a cidadania era definida pelo (a)
matrizes energéticas, que incluem hidrelétricas, biocom-
bustíveis e biomassa. Essas fontes são consideradas re- a) prestígio social.
nováveis, pois não se esgotam e são sustentáveis, em b) acúmulo de riqueza.
alinhamento às demandas ambientais da sociedade c) participação política.
mundial, especialmente quando se trata de etanol, em
d) local de nascimento.
substituição à gasolina e diesel.
e) grupo de parentesco.
Em geral, as principais fontes energias renováveis
são: hidráulica, energia solar, eólica, geotérmica e bio-
Resposta: letra C. Esse conceito implica no entendi-
combustíveis. No Brasil, as usinas hidrelétricas represen-
mento de política como um todo, e de que a po-
tam 90% da energia elétrica produzida no país.
lítica está em tudo, como nas relações sociais, na
A energia eólica é também uma alternativa para for-
luta por melhorias de vida, na fiscalização do poder
talecer as matrizes energéticas e buscar soluções mais
público e na formação.
sustentáveis. O Brasil tem grande potencial para gerar
esse tipo de energia que provém do sol. Contudo, essa
opção ainda é pouco aproveitada e tem alto custo em
termos de investimentos. FONTES ENERGÉTICAS NO BRASIL E
PRODUÇÃO DE ENERGIA
FONTES DE ENERGIA NÃO RENOVÁVEIS 67
As fontes não renováveis são esgotáveis, como pe-
tróleo, carvão e gás natural. Esses recursos podem se
esgotar algum dia, em algum período da Terra. O petró- BRASIL, REFERÊNCIA MUNDIAL
leo, por exemplo, que sempre motivou disputas e confli- O petróleo ainda é uma fonte de energia bastan-
tos entre nações, assim como outras fontes de energia te importante para o Brasil, apesar de ser um exemplo
não renováveis, também contribui para a degradação de fonte não renovável e contribuinte da poluição no
ambiental, sobretudo, o efeito estufa. planeta.
Hoje, ainda representa a principal fonte de energia Porém, mesmo assim, o Brasil é referência mundial
para o planeta, nos meios de transportes, assim como em fontes de energias sustentáveis ou renováveis.
na indústria, de forma geral. O Brasil tem produção con- Como exemplo dessas fontes, tem-se as hidráulicas,
siderável de petróleo, mas não é o principal produtor fontes de energia eólica, biomassa e solar. Lembran-
mundial. A Rússia lidera esse posto. do que 45% das fontes de energia usadas no Brasil é
renovável.
USINAS HIDRELÉTRICAS
EXERCÍCIO COMENTADO Como a maior parte da energia consumida provém
das hidrelétricas, de alguma forma, o país mantém
1. (ENEM– 2014) certa dependência na quantidade de chuvas, o que
abastece as hidrelétricas. Mesmo assim, esse tipo de
TEXTO I fonte de energia tem menos impacto ambiental, por
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não utilizar como recurso uma fonte renovável, a água.
como alguém que cuida apenas de seus próprios inte- Outra desvantagem observada é a desapropriação
resses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, de- de diversas reservas ambientais e indígenas em prol da
cidimos as questões públicas por nós mesmos na crença construção de usinas hidrelétricas, além de desmata-
de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim mento durante as obras. Ambientalistas alertam para a
o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de necessidade de estudos mais profundos sobre impac-
chegar a hora da ação. tos ambientais, quando se trata de construir esses em-
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: preendimentos.
UnB, 1987 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias
USO DOS RECURSOS HÍDRICOS E Resposta: letra A. O governo de D.Pedro I também foi
IMPACTOS AMBIENTAIS palco de muitas revoltas regionais.
Ao comparar os textos, as formas de designação dos gru- A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social
pos nativos pelos europeus, durante o período analisado, da África Ocidental pode ser relacionada a uma carac-
são reveladoras da terística marcante das cidades no Brasil escravista nos
séculos XVIII e XIX, que se observa pela
a) concepção idealizada do território, entendido como
geograficamente indiferenciado. a) restrição à realização do comércio ambulante por
b) percepção corrente de uma ancestralidade comum africanos escravizados e seus descendentes.
às populações ameríndias. b) convivência entre homens e mulheres livres, de diver-
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações sas origens, no pequeno comércio.
dos territórios conquistados. c) presença de mulheres negras no comércio de rua de
d) transposição direta das categorias originadas no ima- diversos produtos e alimentos.
ginário medieval. d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continen-
e) visão utópica configurada a partir de fantasias de ri- te de origem dos escravizados.
queza. e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades li-
gadas ao pequeno comércio urbano.
6. (ENEM–2013)
Trata-se de um gigantesco movimento de construção 8. (ENEM–2015)
de cidades, necessário para o assentamento residencial Algumas regiões do Brasil passam por uma crise de água
dessa população, bem como de suas necessidades de por causa da seca. Mas, uma região de Minas Gerais
trabalho, abastecimento, transportes, saúde, energia, está enfrentando a falta de água no campo tanto em
água etc. Ainda que o rumo tomado pelo crescimento tempo de chuva como na seca. As veredas estão se-
urbano não tenha respondido satisfatoriamente a todas cando no norte e no noroeste mineiro. Ano após ano,
essas necessidades, o território foi ocupado e foram cons- elas vêm perdendo a capacidade de ser a caixa-
-d’água do grande sertão de Minas.
truídas as condições para viver nesse espaço.
VIEIRA, C. Degradação do solo causa perda de
MARICATO. E. Brasil, cidades: alternativas para a crise
fontes de água de famílias de MG.
urbana. Petrópolis Vozes. 2001.
Disponível em: http://g1.globo.com.
Acesso em: 1 nov. 2014.
A dinâmica de transformação das cidades tende a apre-
sentar como consequência a expansão das áreas perifé-
As veredas têm um papel fundamental no equilíbrio hi-
ricas pelo(a)
drológico dos cursos de água no ambiente do Cerrado, 73
a) crescimento da população urbana e aumento da es-
pois
peculação imobiliária.
b) direcionamento maior do fluxo de pessoas, devido à
a) colaboram para formação de vegetação Xerófila.
existência de um grande número de serviços. b) formam os leques aluviais nas planícies das bacias.
c) delimitação de áreas para uma ocupação organiza- c) fornecem sumidouro para as águas de recarga da
da do espaço físico, melhorando a qualidade de vida. bacia.
d) implantação de políticas públicas que promovem a d) contribuem para o aprofundamento dos talvegues à
moradia e o direito à cidade aos seus moradores. jusante.
e) reurbanização de moradias nas áreas centrais, man- e) constituem um sistema represador da água na cha-
tendo o trabalhador próximo ao seu emprego, diminuin- pada.
do os deslocamentos para a periferia.
9. (ENEM–2015)
7. (ENEM – 2016) Os movimentos de massa constituem-se no desloca-
A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mento de material (solo e rocha) vertente
mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, au- abaixo pela influencia da gravidade. As condições que
tonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atesta- favorecem os movimentos de massa dependem prin-
da por viajantes e por missionários portugueses que visi- cipalmente da estrutura geológica, da declividade da
taram a costa a partir do século XV, consta também na vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação
ampla documentação sobre a região. A literatura é rica e da atividade antrópica.
em referências às grandes mulheres como as vendedo- BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens
ras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC,
autonomia e mobilidade, é tão típico da região. 2003 (adaptado). Em relação ao processo descrito, sua
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: ocorrência é minimizada em locais onde há
a agência feminina e representações em mudança na
Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA, S. (Org.). Identi- a) exposição do solo.
dades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: b) drenagem eficiente.
LGE; Luanda: Nzila, 2006. c) rocha matriz resistente.
d) agricultura mecanizada.
e) média pluviométrica elevada.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
d) querer evitar os assaltos aos monumentos funerários, Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início
que eram comuns no Egito antigo. dos anos 1960 decorreram principalmente
e) ignorar o corpo como morada da alma e considerar
os homens como iguais frente à morte. a) da desmobilização das classes dominantes frente ao
avanço das greves.
15. (ENEM–2011) b) da manipulação política empreendida pelo governo
João Goulart.
Texto I c) das contradições econômicas do modelo desenvol-
A bandeira no estádio é um estandarte/A flâmula pen- vimentista.
durada na parede do quarto/ O distintivo na camisa do d) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na
uniforme/ Que coisa linda é uma partida de futebol/ legislação trabalhista.
Posso morrer pelo meu time/ Se ele perder, que dor, e) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.
imenso crime/ Posso chorar se ele não ganhar/ Mas se
ele ganha, não adianta/ Não há garganta que não 17. (ENEM–2012)
pare de berrar/ A chuteira veste o pé descalço/ O ta- O fechamento de seis unidades de uma empresa cal-
pete da realeza é verde/ Olhando para a bola eu vejo o çadista na Bahia deve resultar na demissão de 1 800
sol/ Está rolando agora, é uma partida de futebol funcionários. Enquanto demite no Brasil, a empresa abre
SKANK. Uma partida de futebol. Disponível em: www.le- uma fábrica na Índia. Nas seis unidades fechadas na
tras.terra.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (fragmento). Bahia eram produzidos cabedais de calçados esporti-
vos que serão fabricados também na Índia.
Texto II O Globo, 17 dez. 2011 (adaptado).
O “gostar de futebol” no Brasil existe fora das consciên-
cias individuais dos brasileiros. O gosto ou a paixão por A estratégia produtiva adotada pela empresa, que ex-
um determinado esporte não existe naturalmente em plica o processo econômico descrito, está indicada na:
nosso “sangue”, como supõe o senso comum. Ele existe
na coletividade, em nosso meio social, que nos transmi-
a) Redução dos custos logísticos.
te esse sentimento da mesma forma que a escola nos
b) Expansão dos benefícios sociais.
ensina a ler e a escrever.
c) Planificação da produção industrial.
HELAL, R. O que é Sociologia do Esporte? São Paulo:
d) Modificação da estrutura societária.
Brasiliense, 1990.
e) Ampliação da qualificação profissional.
Chamado de ópio do povo por uns, paixão nacional 75
18. (ENEM–2014)
por outros, o futebol, além de esporte mais praticado no
A Praça da Concórdia, antiga Praça Luís XV, é a maior
Brasil, pode ser considerado fato social, culturalmente
praça pública de Paris. Inaugurada em 1763, tinha em
apreendido, seja por seus praticantes, seja pelos torce-
dores. Nesse sentido, as fontes acima apresentam ideias seu centro uma estátua do rei. Situada ao longo do
semelhantes, pois o Sena, ela é a intersecção de dois eixos monumentais.
Bem nesse cruzamento está o Obelisco de Luxor, deco-
a) futebol aparece como elemento integrante da cul- rado com hieróglifos que contam os reinados dos faraós
tura brasileira. Ramsés II e Ramsés III. Em 1829, foi oferecido pelo vice-rei
b) lazer aparece em ambos como a principal função do Egito ao povo francês e, em 1836, instalado na pra-
social do futebol. ça diante de mais de 200 mil espectadores e da família
c) “tapete verde” e a “bola–sol” são metáforas do na- real.
cionalismo. NOBLAT, R. Disponível em: www.oglobo.com. Acesso
d) esporte é visto como instrumento de divulgação de em: 12 dez. 2012.
valores sociais.
e) futebol é visto como um instante de supressão da de- A constituição do espaço público da Praça da Concór-
sigualdade social. dia ao longo dos anos manifesta o(a)
segundos depois, outra pessoa desperta a sua atenção. vero para uma economia de base tão estreita. Lopez
Você repete a mesma ação. Lá pelas tantas você se dá precisava de uma vitória rápida e, se não conseguis-
conta de que não lembra o nome de nenhuma das pes- se vencer rapidamente, provavelmente não venceria
soas com quem conversou. A internet é mais ou menos nunca.
assim, repleta de coisas legais, informações relevantes. LYNCH, J. As Repúblicas do Prata: da Independência
São janelas e mais janelas abertas. à Guerra do Paraguai. BETHELL, Leslie (Org). História da
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com. Acesso América Latina: da Independência até 1870, v. III. São
em: 19 fev. 2013 (adaptado). Paulo: Edusp , 2004.
Refletindo sobre a correlação entre meios de comuni- A Guerra do Paraguai teve consequências políticas im-
cação e vida social, o texto associa a internet a um pa- portantes para o Brasil, pois
drão de sociabilidade que se caracteriza pelo(a)
a) representou a afirmação do Exército Brasileiro como
a) isolamento das pessoas. um ator político de primeira ordem.
b) intelectualização dos internautas. b) confirmou a conquista da hegemonia brasileira sobre
c) superficialidade das interações. a Bacia Platina.
d) mercantilização das relações. c) concretizou a emancipação dos escravos negros.
e) massificação dos gostos. d) incentivou a adoção de um regime constitucional
monárquico.
20. (ENEM–2009) e) solucionou a crise financeira, em razão das indeniza-
A análise histórica dos problemas que envolvem a cida- ções recebidas.
dania no Brasil possibilita considerar-se que a herança
colonial pesou mais na área dos direitos civis. O novo 22 . (ENEM– 2012)
país herdou a escravidão, que negava a condição hu-
A irrigação da agricultura é responsável pelo consumo
mana do escravo, herdou a grande propriedade rural,
de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos
fechada à ação da lei, e herdou um Estado compro-
e lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde
metido com o poder privado. Esses três empecilhos ao
achamos que temos muita água, os agricultores que
exercício da cidadania civil revelaram-se persistentes.
tentam produzir alimentos também enfrentam secas pe-
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O lon-
riódicas e uma competição crescente por água.
go caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004,
MARAFON, G. J. et aI. O desencanto da terra:
76 p. 45 (adaptado).
produção de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de
Janeiro: Garamond, 2011.
Com base na herança colonial, tratada no texto acima,
deve-se considerar que
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultu-
a) a prevalência dos latifúndios alimentou a migração e ra produziram impactos socioambientais como
propiciou a criação do Movimento dos Trabalhado-
res Rurais Sem-Terra (MST). a) redirecionamento dos cursos fluviais.
b) Abolição da Escravatura permitiu que os ex-escravos b) redução do custo de produção.
alcançassem direitos políticos, civis e sociais, sendo c) agravamento da poluição hídrica.
estes reforçados, posteriormente, na Constituição de d) compactação do material do solo.
1891. e) aceleração da fertilização natural.
c) direitos civis, aqueles que dizem respeito às liberdades
e garantias individuais, foram estabelecidos no Brasil, 23 . (ENEM–2015)
pela primeira vez, na Constituição de 1988.
d) exemplo de “Estado comprometido com o poder pri- A Unesco condenou a destruição da antiga capital as-
vado” é a República Velha, período em que os coro- síria de Nimrod, no Iraque, pelo Estado Islâmico, com a
néis dominavam o poder público, ao adotarem uma agência da ONU considerando o ato como um crime
política patrimonialista, a qual Getúlio Vargas conse- de guerra. O grupo iniciou um processo de demolição
guiu eliminar do país após 1930. em vários sítios arqueológicos em uma área reconheci-
e) Antônio Conselheiro, líder do movimento messiânico da como um dos berços da civilização.
de Canudos, pode ser identificado como precursor Unesco e especialistas condenam destruição de cidade
na luta pelos direitos civis no Brasil, uma vez que de- assíria pelo Estado Islâmico.
fendia o direito de seus liderados se expressarem li- Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 30
vremente. mar. 2015 (adaptado).
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tra- O trecho da música faz referência a uma importante
dição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade obra na região do rio São Francisco. Uma consequência
se mostra indissociavelmente ligada à: socioespacial dessa construção foi
Do ponto de vista comercial, o avanço das novas d) instabilidade das instituições políticas democráticas,
tecnologias, indicado no texto, está associado à como eleições e parlamentos.
e) consolidação das corporações transnacionais mono-
a) atuação dos consumidores como fiscalizadores da polistas, como petrolíferas e mineradoras
produção.
b) exigência de consumidores conscientes de seus di- 32. (ENEM– 2013)
reitos. A África também já serviu como ponto de partida para
c) relação direta entre fabricantes e consumidores. comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como
d) individualização das mensagens publicitárias. Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco
e) manutenção das preferências de consumo. na África; em ambas, a África parece um lugar cheio de
tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação
30. (ENEM– 2011) O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme ame-
A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não ricano ambientado na África, não chegava a contar
vai estar aí para sempre. Foi preciso alcançar toda essa com elenco de seres humanos.
taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no
quadrados ao ano, na última década do século XX, clichê. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso
em 17 abr, 2010.
para que uma pequena parcela de brasileiros se desse
conta de que o maior patrimônio natural do país está
A produção cinematográfica referida no texto contri-
sendo torrado.
bui para a constituição de uma memória sobre a África
AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo:
e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia,
EdUSP, 1996. respectivamente, os seguintes aspectos do continente
africano:
Um processo econômico que tem contribuído na atua-
lidade para acelerar o problema ambiental descrito é: a) a história e a natureza.
b) o exotismo e as culturas.
a) Ampliação do polo industrial da Zona Franca de Ma- c) a sociedade e a economia.
naus, visando atrair empresas nacionais e estrangei- d) o comércio e o ambiente.
ras. e) a diversidade e a política.
b) Construção da rodovia Transamazônica, com o ob-
jetivo de interligar a região Norte ao restante do país 33. (ENEM– 2015)
78 c) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o ho-
à chegada de novas empresas mineradoras. mem moderno está esmagado por um profundo senti-
d) Criação de áreas extrativistas do látex das seringuei- mento
ras para os chamados povos da floresta paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por
e) Difusão do cultivo da soja com a implantação de mo- isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma perma-
noculturas mecanizadas. nente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem
realizará sua vocação natural de integrar-se, superan-
31. (ENEM– 2013) do a atitude do simples ajustamento ou acomodação,
Ao longo das três últimas décadas, houve uma explosão apreendendo temas e tarefas de sua época.
de movimentos sociais pelo mundo. Essa diversidade de FREIRE, P. Educação como prática da liberdade.
movimentos — que vão desde os movimentos por direi- Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
tos civis e os movimentos feministas dos anos de 1960 e
1970, até os movimentos antinucleares e ecológicos dos A apreensão da realidade atual será obtida pelo(a)
anos de 1980 e a campanha pelos direitos homossexuais
a) desenvolvimento do pensamento autônomo.
da década de 1990 — é normalmente denominado pe-
b) Obtenção de qualificação profissional.
los comentadores do tema como novos movimentos
c) resgate de valores tradicionais.
sociais.
d) realização de desejos pessoais.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005 e) aumento da renda familiar.
(adaptado).
34. (IRBR - CESPE -2017)
Uma explicação para a expansão dos chamados novos Julgue (C ou E) os itens subsequentes, a respeito da eco-
movimentos sociais nas últimas três décadas é a nomia espacial brasileira ao longo dos séculos XX e XXI.
A construção de Brasília como nova capital brasileira, a
a) fragilidade das redes globais comunicacionais, como partir de 1956, foi motivada, entre outros aspectos, pelo
internet e telefonia. crescimento da indústria automobilística, pelo protago-
b) garantia dos direitos sociais constitucionais, como nismo do capital financeiro na economia e pela emer-
educação e previdência. gência das cidades do campo na região Centro-Oeste.
c) crise das organizações representativas tradicionais,
como partidos e sindicatos. ( ) Certo ( ) Errado
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Um traço formador da vida pública brasileira expressa- A partir das informações apresentadas, é possível con-
-se, segundo a análise do historiador, na cluir que
a) rigidez das normas jurídicas. a) a deflagração dos conflitos do Oriente Médio foi mo-
b) prevalência dos interesses privados. tivada pela ganância dos países produtores de pe-
c) solidez da organização institucional. tróleo.
d) legitimidade das ações burocráticas. b) a crise provocou desequilíbrio no balanço de paga-
e) estabilidade das estruturas políticas. mentos porque o Brasil exportava mais petróleo do
que importava.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
c) a solução pela rede ferroviária era inviável devido ao c) no número de casamentos, que cresceu nos últimos
alto consumo de dísel pelas locomotivas e à poluição anos, reforçando a estrutura familiar tradicional.
ambiental. d) no fornecimento de pensões de aposentadoria, em
d) o “choque do petróleo”, como ficou conhecida a queda diante de uma população de maioria jovem.
crise, teve implicações sociais, derivadas da instabi- e) na taxa de mortalidade infantil europeia, em contínua
lidade econômica. ascensão, decorrente de pandemias na primeira infân-
e) a autonomia energética e o isolamento do Brasil em cia.
relação aos demais países do mundo o livrariam de
crises dessa natureza. 41. (ENEM–2009)
A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de
39. (ENEM– 2010) uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento
Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria,
período marcado por inúmeras crises: as diversas forças pois provém de uma concepção de vida fundamental:
políticas lutavam pelo poder e as reivindicações popu- a de que a atividade social e cultural não pode ser uma
lares eram por melhores condições de vida e pelo direi- construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal
to de participação na vida política do país. Os conflitos crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América,
representavam também o protesto contra a centraliza- é criação do homem ocidental.
ção do governo. Nesse período, ocorreu também a ex- PEDROSA, M. Utopia: obra de arte.
pansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso Vis – Revista do Programa de Pós-graduação em
grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamen- Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado).
tal a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
O contexto do Período Regencial foi marcado As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque
a) por revoltas populares que reclamavam a volta da a) a primeira entende que as cidades devem ser orga-
monarquia. nismos vivos, que nascem de forma espontânea, e a
b) pela convulsão política e por novas realidades eco- segunda mostra que há exemplos históricos que de-
nômicas que exigiam o reforço de velhas realidades monstram o contrário.
b) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemá-
sociais.
ticos que não encontram respaldo na história do Brasil
c) pelo governo dos chamados regentes, que promove-
ou da América.
ram a ascensão social dos “barões do café”.
80 c) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser
d) pela luta entre os principais grupos políticos que rei-
inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo
vindicavam melhores condições de vida.
utópico da colonização da América.
e) por várias crises e pela submissão das forças políticas
d) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais
ao poder central.
fraco na vida social, enquanto a América é mostrada
como um exemplo a ser evitado.
40. (ENEM– 2010)
e) a concepção fundamental da primeira afirmação de-
Um fenômeno importante que vem ocorrendo nas últi-
fende a construção de cidades e a segunda mostra,
mas quatro décadas é o baixo crescimento populacio- historicamente, que essa estratégia acarretou sérios
nal na Europa, principalmente em alguns países como Problemas.
Alemanha e Áustria, onde houve uma brusca queda na
taxa de natalidade. Esse fenômeno é especialmente
preocupante pelo fato de a maioria desses países já ter 42. (ENEM–2013)
chegado a um índice inferior ao “nível de renovação da Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que re-
população”, estimado em 2,1 filhos por mulher. A dimi- petem logo o que a gente diz e creio que depressa se
nuição da natalidade europeia tem várias causas, algu- fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma
mas de caráter demográfico, outras de caráter cultural religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui,
e socioeconômico. por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas Ma-
OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. São Paulo: jestades, para que aprendam a falar
Ática, 2004 (adaptado). COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as
quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984.
As tendências populacionais nesses países estão rela-
cionadas a uma transformação O documento destaca um aspecto cultural relevante
em torno da conquista da América, que se encontra
a) na estrutura familiar dessas sociedades, impactada expresso em:
por mudanças nos projetos de vida das novas gera-
ções. a) deslumbramento do homem branco diante do com-
b) no comportamento das mulheres mais jovens, que portamento exótico das tribos autóctones.
têm imposto seus planos de maternidade aos ho- b) violência militarizada do europeu diante da necessi-
mens. dade de imposição de regras aos ameríndios.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Considere um município que deposita os resíduos sólidos A preservação do solo, principalmente em áreas de en-
produzidos por sua população em um lixão. Esse proce- costas, pode ser uma solução para evitar catástrofes
dimento é considerado um problema de saúde pública em função da intensidade do fluxo hídrico. A prática hu-
porque os lixões mana que segue no caminho contrário a essa solução é
como diferente do presente (mas fazendo ou podendo O problema ambiental descrito tem sua causa
fazer parte dele) e do futuro (mas podendo permitir es- associada à
perá-lo e compreendê-lo).
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: a) a ineficiência de ecobarreiras.
Ática, 1995 (fragmento). b) desorganização do turismo local.
c) inadequação da coleta domiciliar.
Com base no texto, qual é o significado da memória? d) movimentação das áreas portuárias.
e) rarefação da ocupação populacional.
a) É a prospecção e retenção de lembranças e recor-
dações. 55. (ENEM– 2012)
b) É a perda de nossa relação com o presente, preser- Apesar de todo o esforço em prol de um língua inter-
vando o passado. nacional artificial, até o momento a sensação é de
c) É a capacidade mais alargada para lembrar e recor- relativo fracasso. Praticamente nenhum país adotou o
dar fatos passados. ensino obrigatório de uma língua artificial, a comunida-
d) É o esforço de apagar o passado e inaugurar o pre- de científica continua a se comunicar em inglês, e as
sente. línguas mais difundidas internacionalmente continuam
e) É o esforço de apagar o passado e inaugurar o pre- a ser as de países política ou economicamente domi-
sente. nantes, como inglês, francês, espanhol, russo e chinês.
Nem mesmo organismos supranacionais como a ONU e
53. (ENEM– 2010) a União Europeia, onde reina uma babel de línguas, se
Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente mostraram até agora inclinados a adotar uma língua
Alvará virem: que desejando promover e adiantar a ri- artificial.
queza nacional, e sendo um dos mananciais dela as BIZZOCCH, A. Línguas de laboratório.
manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br.
toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Acesso em: 19 ago. 2011(adaptado).
Estado do Brasil.
O esperanto, inventado no século XIX, é a língua artifi-
Alvará de liberdade para as indústrias (1o de Abril de
cial mais difundida atualmente. Entretanto, como o tex-
1808), in Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da
to sugere, o desequilíbrio atual de poder entre os países
História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002
impõe a
(adaptado).
83
a) busca de nova língua global.
O projeto industrializante de D. João, conforme expres-
b) recuperação das línguas mortas.
so no alvará, não se concretizou. Que características
c) adoção de uma língua unificada.
desse período explicam esse fato?
d) valorização das línguas nacionais.
e) supremacia de algumas línguas naturais.
a) a dependência portuguesa da Inglaterra e o predo-
mínio industrial inglês sobre suas redes de comércio. 56. (ENEM– 2016)
b) b desconfiança da burguesia industrial colonial dian- O mercado tende a gerir e regulamentar todas as ativi-
te da chegada da família real portuguesa. dades humanas. Até há pouco, certos campos — cul-
c) c ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o tura, esporte, religião — ficavam fora do seu alcance.
fechamento das manufaturas portuguesas. Agora, são absorvidos pela esfera do mercado. Os go-
d) o atraso industrial da colônia provocado pela perda vernos confiam cada vez mais nele (abandono dos se-
de mercados para as indústrias portuguesas. tores de Estado, privatizações).
e) o confronto entre a França e a Inglaterra e a posição RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e
dúbia assumida por Portugal no comércio internacio- novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.
nal.
No texto é apresentada uma lógica que constitui uma
54. (ENEM– 2016) característica central do seguinte sistema socioeconô-
A cena, de tão cotidiana, já não causa mais mico:
estranheza a Isabel Swan. Ao botar o barco nas águas
da Baía de Guanabara, a velejadora precisa se des- a) Socialismo.
vencilhar de sacos plásticos, tampinhas de refrigeran- b) Feudalismo.
tes, latas, palitos de sorvete. Um dos cartões-postais c) Capitalismo.
cariocas recebe diariamente uma média de cem d) Anarquismo.
toneladas de lixo flutuante, carregado pelos rios que e) Comunitarismo.
cortam a região metropolitana do Rio de Janeiro.
ALENCAR. E.Toneladas de descaso. O Globo. 28 abr.
2013 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias
O acordo descrito no texto teve como objetivo econô- a) os valores culturais praticados pelos diferentes povos
mico para os países-membros em suas tradições e costumes locais.
b) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os
a) promover a livre circulação de trabalhadores. quais dispõem de condições para tomar decisões.
b) fomentar a competitividade no mercado externo. c) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de
c) restringir investimentos de empresas multinacionais. valores religiosos relativos à justiça divina.
d) adotar medidas cambiais para subsidiar o setor agrí- d) os sistemas políticos e seus processos consensuais e
cola. democráticos de formação de normas gerais.
e) reduzir a fiscalização alfandegária para incentivar o e) os imperativos técnico-científicos, que determinam
consumo com exatidão o grau de justiça das normas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos a) preocupação em garantir a integridade do coloniza-
de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, dor diante da resistência dos índios à ocupação da
porque eles terra.
b) postura etnocêntrica do europeu diante das caracte-
a) substituem as autoridades policiais e jurídicas na reso- rísticas físicas e práticas culturais do indígena.
lução dos conflitos entre patrões e empregados c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto
b) defendem os direitos dos consumidores junto aos ar- à utilização dos nativos como mão de obra para co-
mazéns e mercados das fazendas e carvoarias. lonizar a nova terra.
c) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorá- d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que
rios e a redução da carga horária de trabalho. dificultava o trabalho catequético e exigia amplos re-
d) fortalecem a administração pública ao ministrarem cursos para a defesa da posse da nova terra.
aulas aos seus servidores. e) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a
e) encaminham denúncias ao Ministério Público e pro- sua incorporação aos interesses mercantis portugue-
movem ções de conscientização dos trabalhadores. ses, por meio da exploração econômica dos índios.
84. (COSANPA/PA - TÉCNICO INDUSTRIAL – FADESP – b) o ferro é comumente encontrado nas águas naturais,
2017) superficiais e subterrâneas, apresentando-se nas for-
O parâmetro DBO é utilizado no tratamento de esgoto mas insolúvel e dissolvida.
para determinar a quantidade de matéria orgânica pre- c) a forma insolúvel desses elementos é frequente no
sente. Com base em seus conceitos, é correto afirmar que fundo de lagos e reservatórios de acumulação, pois
para lá se precipitam e se acumulam.
a) DQO é considerada padrão de lançamento de d) a remoção do ferro pode se realizar por aeração
efluentes em corpos d’água. para favorecer a oxidação à forma insolúvel; entre-
b) sua determinação é importante para se conhecer o tanto, por se apresentar mais estável na forma reduzi-
grau de poluição de uma água residuária e a eficiên- da do que o ferro, a oxidação do manganês torna-se
cia de uma ETE. mais difícil, e a simples aeração não é exitosa para
c) o padrão para um esgoto predominantemente do- sua remoção.
méstico está em torno de 300 gDBO/hab.dia.
d) uma das vantagens da realização deste teste é a ra- 88. (UFVJM/MG -Técnico – FUNDEP – 2017)
pidez com que o resultado é conhecido, facilitando Os grandes projetos de irrigação podem trazer prospe-
o controle operacional de uma ETE. ridade a uma área, porém o consequente uso intensivo
das terras e água pode também criar situações inde-
85. (COSANPA/PA - TÉCNICO INDUSTRIAL – FADESP – sejáveis. Entre essas situações tem-se a alteração e de-
2017) gradação da qualidade da água como resultado de
Não deve(m) ser considerada(s), no estudo de concep- seu uso intensivo – uso e reuso – dentro de sua bacia
ção de um sistema de abastecimento de água, hidrológica. A drenagem agrícola pode constituir ame-
aça especialmente para as regiões situadas à jusante
a) a planta de localização com topografia, principais desses projetos.
vias e geologia.
Em relação a grandes projetos de irrigação , assinale a
b) as atividades econômicas e os indicadores sócio-
alternativa INCORRETA.
-econômicos.
c) a vazão de infiltração da rede coletora.
a) as águas residuais geradas pela agricultura e no âm-
d) a definição da existência e característica de energia
bito urbano podem degradar a qualidade das águas.
elétrica no local.
b) o efluente da drenagem subsuperficial das terras agrí-
colas não constitui ameaça à qualidade das águas.
86. (UFVJM/MG - Técnico – FUNDEP – 2017)
90 c) a drenagem é o meio que se pode propor para elimi-
As águas subterrâneas podem ser afetadas pela irriga-
nar os perigos de salinidade e alagamento das terras
ção realizada sem os devidos cuidados.
Em relação à qualidade das águas subterrâneas, assina- agrícolas, devendo o efluente dessa drenagem rece-
le a alternativa INCORRETA. ber cuidados adequados para evitar a contamina-
ção das águas.
a) nas regiões rurais, a contaminação das águas sub- d) devido ao alto custo de transporte das águas exce-
terrâneas também se realiza por meio da infiltração dentes aos pontos de eliminação (mar, rios, lagoas
de pesticidas e nitratos extensivamente utilizados na de água salina), é conveniente utilizá-las o máximo
agricultura. possível no projeto de irrigação, antes de eliminá-las.
b) significativa redução nas concentrações de nitratos
em águas subterrâneas tem sido verificada principal- 89. (UFVJM/MG -Técnico – FUNDEP – 2017)
mente em solos arenosos submetidos à irrigação. Quanto à relação solo–água–planta–atmosfera, é incor-
c) os fatores mais comumente associados à presença reto afirmar:
de pesticidas em águas subterrâneas relacionam-se
às áreas de uso mais intensivo e à magnitude da re- a) ao longo da história, o solo tem sido um elemento
carga no aquífero – por precipitação ou irrigação. bastante familiar ao homem, pois daquele sempre
d) a irrigação realizada em larga escala em regiões ári- dependeu para satisfazer suas necessidades básicas
das ou semiáridas pode concorrer com o progressivo de locomoção, abrigo e alimentação.
aumento da salinidade do solo e, por consequência, b) solo, planta e água são fatores críticos e interdepen-
das águas subterrâneas. dentes na prática da irrigação: o balanço adequado
desse trio deve propiciar sucesso nessa prática.
87. (UFVJM/MG - Técnico – FUNDEP – 2017) c) disponibilidade de água, nutrientes e ar nos solos va-
Ferro e manganês estão entre os elementos mais abun- riam bastante, condicionando, nos vários solos, uma
dantes da crosta terrestre. produtividade diferente das culturas, quando outros
Em relação ao ferro e ao manganês, assinale a alterna- fatores são considerados constantes.
tiva INCORRETA. d) a água é o substrato principal da produção de ali-
mentos e uma das principais fontes de nutrientes e
a) de modo geral, estão presentes nas águas naturais e sedimentos que têm sua origem nos rios e mares.
originam-se da dissolução de compostos de rochas
e solos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
a) carvão mineral e derivados. O texto apresenta três tipos de poder que podem ser
b) cana-de-açúcar e derivados. identificados em momentos históricos distintos. Identifi-
c) hidráulica. que o período em que a obediência esteve associada
d) carvão vegetal e lenha. predominantemente ao poder carismático:
e) à base do Vento e da luz solar.
a) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
97. (Polícia Civil – PR - Auxiliar de Anatomia e Necropsia b) República Federalista Norte-Americana.
– UFPR – 2007) c) República Fascista Italiana no século XX.
Sobre a indústria brasileira, é correto afirmar: d) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.
e) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
a) a indústria nacional, embora seja um setor financeiro
desenvolvido, apresenta fragilidades resultantes da 100. (ENEM– 2012)
infra-estrutura de transportes e energia. As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados
b) as indústrias de base são controladas pelo Estado por do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande
uma questão de segurança nacional. maioria, vivem numa situação de exclusão e subalterni-
c) nos últimos dez anos, os segmentos de refino de petró- dade. O termo quebradeira de coco assume o caráter
leo e produção de álcool foram os que mais perde- de identidade coletiva na medida em que as mulheres
ram em relação ao valor de transformação industrial. que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua po-
d) o Sudeste deixou de ser o pólo industrial mais impor- sição e condição desvalorizada pela lógica da domina-
tante do país, tendo em vista a migração de indús- ção, se organizam em movimentos de resistência e de
trias para o Nordeste. luta pela conquista da terra, pela libertação dos baba-
e) os resultados atuais de valorização da moeda bra- çuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam
sileira demonstram que não existe mais remessa de a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experi-
lucros das indústrias multinacionais instaladas no Brasil
ências, tendo como principal referência sua condição
para o exterior.
preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
98. (ENEM– 2017)
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de co-
E venham, então, os alegres incendiários de dedos car-
co-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse
bonizados! Vamos! Ateiem fogo às estantes das biblio-
da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de
tecas! Desviem o curso dos canais, para inundar os mu-
Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).
seus! Empunhem as picaretas, os machados,os martelos
92 e deitem abaixo sem piedade as cidades veneradas!
A organização do movimento das quebradeiras de
coco de babaçu é resultante da
MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. Disponível em: www.
sibila.com.br.
a) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no
Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado).
acesso aos babaçuais localizados no interior de suas
Propriedades.
Que princípio marcante do Futurismo e comum a várias
b) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no
correntes artísticas e culturais das primeiras três décadas
acesso aos babaçuais localizados no interior de suas
do século XX está destacado no texto?
Propriedades.
c) constante violência nos babaçuais na confluência
a) a tradição é uma força incontornável.
de terras maranhenses, piauienses, paraenses e to-
b) a arte é expressão da memória coletiva.
cantinenses, região com elevado índice de Homicí-
c) a modernidade é a superação decisiva da história.
dios
d) a realidade cultural é determinada economicamen-
d) progressiva devastação das matas dos cocais, em
te.
função do avanço da sojicultura nos chapadões do
e) a memória é um elemento crucial da identidade cul-
Meio-Norte brasileiro.
tural.
e) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, mi-
grantes das cidades e com pouco vínculo histórico
99. (ENEM– 2011)
com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Ma-
Os três tipos de poder representam três diversos tipos de
ranhão e Piauí.
motivações: no poder tradicional, o motivo da obediên-
cia é a crença na sacralidade da pessoa do soberano;
101. (ENEM– 2015)
no poder racional, o motivo da obediência deriva da
A crescente intelectualização e racionalização não in-
crença na racionalidade do comportamento conforme
dicam um conhecimento maior e geral das condições
a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes
sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se qui-
extraordinários do chefe.
séssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qual-
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teo-
quer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis;
ria geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adap-
podemos dominar todas as coisas pelo cálculo.
tado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; a) Exigência de mão de obra com qualificação.
MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio b) Implementação da atividade do ecoturismo.
de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). c) Aumento do número de famílias assentadas.
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max d) Demarcação de terras para povos indígenas.
Weber a respeito do processo de desencantamento do e) Ampliação do crédito à agricultura familiar.
mundo evidencia o(a):
104. (ENEM– 2013)
a) progresso civilizatório como decorrência da expan-
são do industrialismo. TEXTO I
b) extinção do pensamento mítico como um desdobra- A nossa luta é pela democratização da propriedade da
mento do capitalismo. terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca
c) emancipação como consequência do processo de de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras.
racionalização da vida. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios
d) afastamento de crenças tradicionais como uma ca- improdutivos e grandes propriedades, que não cum-
racterística da modernidade. prem a função social, como determina a Constituição
e) fim do monoteísmo como condição para a consoli- de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm ori-
dação da ciência. gem na grilagem de terras públicas.
41 A
GABARITO 42 C
43 A
1 E 44 D
2 D 45 A
3 E 46 C
4 A 47 D
5 C 48 D
6 A 49 B
7 C 50 E
8 E 51 E
9 B 52 E
10 C 53 A
11 B 54 C
12 D 55 E
13 C 56 C
14 E 57 C
15 A 58 B
16 C 59 B
17 A 60 D
18 A 61 D
19 C 62 E
20 A 95
63 E
21 A 64 B
22 A 65 A
23 B 66 B
24 D 67 E
25 B 68 B
26 C 69 B
27 C 70 E
28 B 71 E
29 D 72 E
30 E 73 C
31 C 74 D
32 B 75 A
33 A 76 D
34 Errado 77 E
35 C 78 B
36 B 79 D
37 D 80 C
38 D 81 B
39 B 82 D
40 A 83 C
Ciências Humanas e suas Tecnologias
84 B
FILOSOFIA: INTRODUÇÃO
85 C
86 B
Quem veio antes, o ovo ou a galinha? O filósofo ou
87 C
a filosofia? Não imagine a filosofia como algo de outro
88 B mundo ou ultrapassado: a gente pode estudá-la de uma
89 D maneira criativa, por isso a provocação do começo. Res-
pondendo à pergunta, o filósofo veio antes da filosofia.
90 D Na Grécia Antiga, por volta de 400 A.C.2, um homem era
91 A considerado por todos como muito sábio, seu nome era
92 C Sócrates. Ele dizia: “não sou sábio, porque a única coi-
sa que sei é que nada sei”. Contudo, continuava, “sábio
93 C não sou, mas gosto de ser amigo da sabedoria”. E qual
94 E a etimologia3 de filósofo? Vem da composição de duas
palavras gregas: philia4, que significa amizade, amor fra-
95 A
terno; e sophia, que significa sabedoria. Filósofo, então, é
96 A o amigo da sabedoria. Quem não gosta de viver próximo
97 B à sabedoria?
É justamente na direção apontada acima que a filo-
98 C
sofia se forma - ela é a busca pela sabedoria, pelo co-
99 C nhecimento. Mas nem toda busca pelo conhecimento é
100 B filosofia. Por exemplo, no dia a dia conversamos e forma-
mos opiniões sobre o mundo, assim promovemos aquilo
101 D
que se estabeleceu como o senso-comum. Uma frase
102 C que represente o descrito anteriormente pode ser: “olha,
103 A quando o vento vira assim pode saber que vem chuva”.
A experiência pode nos orientar, mas não é uma afirma-
104 E
ção sustentada após um estudo sistemático de algo - por
isso está no campo do senso-comum.
96
Há também outras formas de buscar conhecimento,
como a religião e a mitologia. Historicamente, a filosofia
dialoga com estes dois campos, mas não se limita, nem
se confunde com eles. Podemos definir religião como
um conjunto de dogmas5 e normas6 para a conduta do
fiel com uma estrutura ideológica que se assenta numa
origem do mundo e dos seres humanos. Já a mitologia
pode ser entendida como um conjunto de histórias que
orientam a reflexão dos seres humanos e buscam dar
sentido às coisas todas do mundo. Uma diferença entre
religião e mitologia é que a primeira necessariamente en-
volve uma prática, enquanto a segunda não.
A filosofia se afasta da religião por não ser em essên-
cia dogmática - uma ideia filosófica pode superar a ou-
tra, ou mesmo conviverem sem se excluírem; também
se afasta da mitologia por não se amparar em histórias
inventadas e sem uma base crível de veracidade. A filo-
sofia é o estudo que se orienta por conceitos, ou seja, a
formulação de ideias por meio de palavras. Cabe desta-
conflito permanente, as pessoas alienariam, entregariam, as coisas – a arkhé. Os quatro elementos (água, fogo, ar
todos os seus direitos ao Estado. Este exerceria seu poder e terra) eram municiados para pensar a origem primeira
para fazer valer a paz e a lei. A segurança promovida das coisas, assim como os números também foram utili-
pelo Estado faz valer a pena seu surgimento (à custa da zados. Estes filósofos buscavam entender o mundo para
perda de direitos), na visão de Hobbes. compreender o homem.
Locke imaginava o estado de natureza melhor do O filósofo Sócrates colocará o homem como medi-
que Hobbes. Para Locke, neste estado as pessoas vive- da central de todas as coisas: “conhece-te a ti mesmo
riam bem e teriam direito a tudo que fosse produto de e conhecerás os homens, o mundo e os deuses”. Neste
seu esforço e reconheceriam o direito à terra de cada mesmo sentido, um seu discípulo chamado Platão propo-
um. Mas se imagine no estado de natureza: você tem rá uma importante reflexão – a formulação do que cha-
uma terra, seu vizinho tem outra. Na divisa dela nasce maríamos posteriormente de dualismo psicofísico. Para o
uma mangueira com as mangas mais doces da região. filósofo grego, o ser humano poderia ser dividido em duas
De quem é a árvore - sua ou de seu vizinho? Locke dizia partes: o corpo físico que é material, mortal e imperfeito;
que esse tipo de conflito era um problema, pois ninguém a alma, imaterial, imortal e imperfeita. Ambas as partes
é bom juiz de si próprio. As pessoas criariam o Estado para são importantes e merecem cuidado, mas é justamente
ele mediar os conflitos e garantir os direitos à propriedade na alma que se sustenta o pensamento racional e, por-
e à liberdade. Caso ele não faça suas ações neste sen- tanto, é ela quem deve nos guiar. A famosa alegoria da
tido, o povo tem o direito a se rebelar contra o Estado. caverna pode melhor nos ilustrar a concepção platônica
Rousseau considerava o estado de natureza um es- de mundo.
tado de liberdade e vida plena entre os seres humanos. A alegoria da caverna explica que o ser humano vive
O fim desse bom estado seria dado quando surgisse a em uma caverna escura. Fora desta caverna há o plano
propriedade privada. Ao apontar que isso é só meu e das ideias. A luz que ilumina o plano das ideias é refleti-
de mais ninguém, as relações começam a se complicar. da na parede da caverna. Porém, aquilo que os seres
Para evitar isto, as pessoas entregam todos os seus direi- humanos conseguem ver na parede é só uma projeção
tos umas às outras (e não somente ao governante, como equivocada – nunca chegam realmente ao plano das
Hobbes apontava) e criam o Estado. Este deve legislar ideias, inatingível. Cabe ao pensamento racional buscar
e executar suas ações a partir da vontade geral, que é a aproximação mais fina do ser humano com o plano
a vontade do conjunto dos cidadãos daquele território. das ideias.
Podemos, a partir destas concepções, pensar o Esta- Aristóteles pensava a distinção do ser humano de to-
do e todas as suas instituições (polícias, redes de saúde, dos os outros seres a partir do conceito de logos. A pala-
98 escolas) como criação do povo e para o povo. Um filó- vra grega logos significa tanto “pensamento” e “razão”,
sofo chamado Charles Montesquieu tentou sistematizar quanto “palavra” e “linguagem”. Para Aristóteles, a na-
como o Estado pode se equilibrar e não se tornar um ente tureza, a essência humana se dá pela realização do lo-
fora do controle dos cidadãos. É o que hoje entendemos gos.
como o equilíbrio dos poderes - o executivo (presidentes, Porém, nós somos ou estamos? Para determinados fi-
governadores, prefeitos), o legislativo (deputados, sena- lósofos modernos e contemporâneos, não há uma essên-
dores, vereadores) e o judiciário (juízes, desembargado- cia única e imutável da humanidade. Ao invés da busca
res, promotores) precisam ter pesos e contrapesos para de uma natureza humana, estes filósofos pensam a con-
nenhum ter mais poder do que o outro. dição humana.
Muitos outros conceitos foram levantados e apro- A filósofa alemã de origem judia, Hannah Arendt (1906
fundados ao longo da história da filosofia política. Esta – 1975) pensa que a vida ativa dos homens e mulheres do
é apenas uma introdução sobre alguns tópicos. Porém, mundo se dá através de três atividades humanas funda-
com estes conceitos já conseguimos melhorar nossa mentais: 1) o trabalho, aspecto biológico que assegura
compreensão do mundo e da realidade política ao nos- a própria vida; 2) a obra, a transformação da natureza
so redor. A função da filosofia é justamente essa: criar em cultura, a criação do mundo dos seres humanos; 3)
conceitos, ideias através das palavras, para buscarmos a ação, que é a atividade coletiva dos seres humanos
nos conhecer melhor e melhorar a convivência em so- – o campo da política. A condição humana, exercida
ciedade. através de uma vida ativa, é o que nos permite nos reco-
nhecer como humanos de fato. Essa noção não aponta
nossa essência, ao contrário, aponta horizontes possíveis
O SER HUMANO E A CONDIÇÃO HUMANA da construção da própria vida – variáveis em diferentes
épocas, em diferentes sociedades. A natureza humana
é algo possível apenas a um Deus criador. A condição
Outro campo filosófico é o que se debruça sobre as humana, diferentemente, são os referenciais que promo-
definições do que é o ser humano. Neste sentido, algu- vemos para nos conhecer e nos criar no mundo.
mas reflexões sobre a formação do mundo serão úteis O alemão Martin Heidegger se situa no meio termo
para pensar a nós próprios. Por exemplo, houve um gru- desta disputa: para ele uma distinção fundamental é en-
po de pensadores diversos, que não necessariamente ti- tre o ser e o ente. Ente é tudo que existe; ser é aquele que
nham contato entre si, chamados de pré-socráticos. Eles questiona a si mesmo. Um violão, um copo, um pássa-
desejavam compreender a natureza do mundo. Dese- ro, todos são entes. Só o ser humano é um ser. O filósofo
javam mais: compreender o princípio universal de todas
Ciências Humanas e suas Tecnologias
a) entravam em conflito.
b) recorriam aos clérigos.
c) consultavam os anciãos.
d) apelavam aos governantes.
e) exerciam a solidariedade.
3. (ENEM 2014) Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no sé-
culo V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.),
a cidadania era definida pelo(a)
a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.
TEXTO I 6. (Ufsm 2013) Sem leis e sem Estado, você poderia fazer
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não o que quisesse. Os outros também poderiam fazer com
como alguém que cuida apenas de seus próprios inte- você o que quisessem. Esse é o “estado de natureza”
resses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, de- descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo durante as
cidimos as questões públicas por nós mesmos na crença guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu em primei-
de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim ra mão como esse cenário poderia ser assustador. Sem
o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de uma autoridade soberana não pode haver nenhuma
chegar a hora da ação. segurança, nenhuma paz.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar:
UnB, 1987 (adaptado). Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
Está(ão) correta(s)
SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III. O termo sociologia, que está no currículo do ensino
d) apenas I e II. médio e é cobrado nos vestibulares, engloba, na verda-
e) apenas II e III. de, três campos de estudo - a sociologia, a antropologia
e a ciência política. São temas que se relacionam, mas
apresentam especificidades. Vamos entender um pou-
co sobre cada um!
A sociologia surge como uma ciência propriamente
GABARITO dita só no final do século XIX, na Europa. Seu surgimento
só foi possível graças ao contexto social do período. A
1 A Europa viveu por muitos anos alicerçada em socieda-
des com pouca mobilidade social e baixa circulação
2 C comercial - foi o período da Idade Média. O crescimen-
3 B to vegetativo nos feudos maior do que a produção agrí-
cola, o reavivamento do comércio, as Grandes Nave-
4 C
gações, entre outros eventos, colocaram na ordem do
5 C dia um outro jeito da sociedade se organizar.
6 C No século XVIII, duas revoluções vão dar o golpe
definitivo para enterrar a antiga ordem e iniciar a mo-
dernidade. São elas: a Revolução Industrial, ocorrida no
Reino Unido; e a Revolução Francesa.
A Revolução Industrial foi uma revolução sobretudo
técnico-econômica. Três foram as principais razões para
que ela se desenvolvesse no Reino Unido: 1) o dinheiro
acumulado com o saque colonial e o tráfico de escra-
vos; 2) a política de cercamento de terras, que expul-
sou pessoas do campo para as cidades; 3) inovação
tecnológica com a criação da máquina à vapor por 101
James Watt. Se um artesão produzia cinco tapetes em
uma semana, com a máquina à vapor passa a produzir
cinquenta tapetes. Seu espectro comercial se amplia
enormemente, assim como a necessidade de mais gen-
te para o trabalho. Milhares de pessoas saem dos cam-
pos para as cidades e nem todos conseguem trabalho.
Novas ideias e conceitos começam a surgir - emprego e
desemprego, por exemplo. Como gerir milhares de pes-
soas em uma zona urbana? Essa pergunta também pas-
sou na cabeça dos políticos da época. Surgem, então,
instituições como escolas, hospitais, cemitérios. Daqui
em diante, é preciso gerir populações - taxas de mortali-
dade, natalidade, crescimento vegetativo, criminalida-
de, epidemias. O conceito de biopoder, de Michel Fou-
cault, é justamente esse - a maneira como os governos
gestionam as vidas.
Já a Revolução Francesa foi uma revolução notada-
mente política. Em síntese, foi a substituição da aristo-
cracia monárquica pelo advento da classe social mais
poderosa dali em diante - a burguesia.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
rio era etnocêntrico: eu escolho um elemento da minha Com o tempo, os indígenas tiveram sua imagem figu-
cultura e o universalizo como algo positivo e necessário rada, essa que é elaborada por artistas e governantes,
para todas as sociedades. Vamos imaginar que o critério metamorfoseada em duas: 1) empecilhos para o pro-
classificatório, ao contrário, fosse sustentabilidade. Quem gresso; 2) os guardiões da natureza. Os primeiros consi-
seriam os civilizados e quem seriam os selvagens? deram os indígenas um entrave ao progresso econômi-
co do país: “pra que essa terra toda pra esse bando de
2. O culturalismo índio que não faz nada!”, “tem que inundar essa terra
De encontro a essa leitura evolucionista, que coloca toda mesmo!”, “tem que derrubar árvore pra abrir estra-
as diferentes sociedades numa linha única de desenvolvi- da, sim!”, são algumas falas que ouvimos no senso-co-
mento, e etnocêntrica, surgiram os culturalistas liderados mum de pessoas que concordam com a primeira ideia.
por F. Boas. Seu argumento era muito simples: é preciso fa- Desconhecem, entretanto, a história de expulsão e mas-
lar não em cultura, mas, sim, em culturas - no plural. Cada sacre dos povos indígenas e desrespeitam hoje suas ca-
povo se desenvolve e se altera por diferentes razões e racterísticas - muitos não vivem de agricultura intensiva
contingências. O relativismo cultural também argumenta pois preferem manter seus hábitos de caça e coleta,
nesse sentido - devemos respeitar os critérios e os modos para isso é fundamental um enorme espaço de terra;
de vida de outros povos e sociedades. A antropologia outro número enorme considera as regiões em que vi-
tem contribuído fortemente também com os debates re- vem sagradas - as árvores e os rios são mesmo deuses e
lacionados às relações de gênero e sobre sexualidade. a sua poluição ou destruição é um ataque enorme aos
fundamentos da vida dessas pessoas. Suponhamos que
3. Povos indígenas no Brasil – um olhar histórico da você é evangélico e o governo surge e diz: “vamos der-
antropologia rubar o seu templo para abrir uma rua, quer você queira
Diferente do que ocorreu nas colônias espanholas da ou não”. Seu templo é sagrado e deve ser respeitado.
América, no Brasil a escolha foi pelo uso de mão de obra Você aceitaria passivamente esta situação?
escrava africana e não de mão de obra indígena na- A segunda perspectiva é a dos que consideram os
tiva. As razões internas foram a resistência indígena por indígenas o último ponto dentro da nossa sociedade
meio de guerras, recusa ao trabalho e muitas mortes por capaz de ter uma relação equilibrada com a natureza.
doenças europeias (sarampo, varíola, gripe); e as razões
De fato, é uma leitura correta, porém acaba-se perden-
externas foram a enorme lucratividade de executar o
do a complexidade destas populações - elas precisam
tráfico de escravos e também os africanos serem exímios
ser respeitadas porque são indivíduos com direitos, não
agricultores e terem contato com técnicas de cultivo da
apenas pela boa relação que travam com a natureza.
cana-de-açúcar, a primeira mercadoria a ser explorada
Conhecer a história e o desenvolvimento dos povos 103
intensivamente na colônia brasileira.
indígenas no Brasil e as diferentes leituras sobre suas re-
Neste contexto, os povos indígenas deslocavam seus
presentações hoje é fundamental para que se possa
contatos entre dois grupos: os jesuítas e os bandeirantes.
promover espaços de diálogo e construção coletiva
Os jesuítas buscavam catequizar os indígenas e cons-
entre os diversos setores da sociedade - reconhecendo
truíam uma relação de dominação através do diálogo
e da hegemonia econômica. Os bandeirantes, no pro- e entendendo as especificidades de um grupo que é
cesso de ampliação de estradas para o interior, agiam atacado e vilipendiado há mais de quinhentos anos. É
de maneira cruel com os indígenas - saqueavam seus preciso buscar fontes alternativas de conhecimento e
povoados, escravizavam os homens, estupravam as mu- não apenas vociferar preconceitos e ideias errôneas
lheres e hoje recebem honras em avenidas, estradas e que nos são passadas durante toda a vida.
monumentos de muitas cidades brasileiras.
A independência do Brasil jogava luz a uma nova
questão: se até ontem éramos uma colônia, uma terra CONCEITOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
portuguesa, o que nos constitui como um povo, como o
povo brasileiro? O que é característico de nossa identi-
dade? A ciência política se relaciona e tem suas origens na
Em um primeiro momento, os intelectuais brasileiros filosofia política, tema que abordamos na apostila de
buscaram uma resposta no mesmo sentido: o que é ca- filosofia da Nova Concursos. Hoje em dia, busca com-
racterístico do Brasil é a formação de um povo que mistu- preender como as diferentes sociedades se estruturam
rou a valentia descobridora portuguesa com a coragem institucionalmente: a forma de governo, o tipo de regi-
inocente e afetuosa dos indígenas. Autores como Gon- me, os critérios para a cidadania.
çalves Dias e José de Alencar desenvolveram obras neste
sentido. O indígena figurado, o indígena que vive em um 1. Formas e regimes de governo
passado longínquo, carregava a figura do herói nacio- Dentre as formas de governo, podemos elencar: 1)
nal. Contudo, o indígena real vivia de mal a pior - cada Monarquia - poder concentrado na mão de apenas
vez mais marginalizado na sociedade brasileira. Dentre os uma pessoa; 2) Oligarquia - poder concentrado na mão
que não foram mortos, eram duas as principais saídas: ir de poucas pessoas; 3) Democracia - poder oferecido a
para os centros urbanos ou rurais e se tornar mão de obra representantes através da vontade popular. Esta última,
extremamente barata ou se deslocar para regiões muito a democracia, é a mais presente nos dias de hoje. Ela,
afastadas do contato com o homem branco. porém, pode ter diferentes regimes de governo. Um de-
Ciências Humanas e suas Tecnologias
3. (ENEM - 2014)
“A língua de que usam, por toda a costa, carece de
três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L,
nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordena- Ilustrando uma proposição básica da sociologia do co-
damente, sem terem além disto conta, nem peso, nem nhecimento, o argumento de Karl Mannheim defende
medida.” que o (a):
GÂNDAVO, R M. A primeira história do Brasil: história da
província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos a) Conhecimento sobre a realidade é condicionado so-
Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 200A. (Adaptado) cialmente.
b)Submissão ao grupo manipula o conhecimento do
A observação do cronista português Pero de Maga- mundo.
lhães Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, c) Divergência é uma forma de privilégio de indivíduos
L e R na língua mencionada, demonstra a excepcionais.
d) Educação Formal determina o conhecimento do
a) simplicidade da organização social das tribos brasi- idioma.
leiras. e) Domínio das línguas universaliza o conhecimento.
b) dominação portuguesa imposta aos índios no início
da colonização. 6. (Enem - 2014)
c) superioridade da sociedade europeia em relação à
sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas
pelos portugueses.
e) dificuldade experimentada pelos portugueses no
aprendizado da língua nativa.
ANOTAÇÕES
________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
106 _________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________