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ENEM

CONTEÚDO EXCLUSIVO

Organizadores:
Bruno Galelli Chieregatti
João de Sá Brasil Lima

JN003-N0
ENEM
CONTEÚDO EXCLUSIVO

Organizadores:
Bruno Galelli Chieregatti
João de Sá Brasil Lima
Expediente
Diretora Editorial Juliana Pivotto
Assessoria Editorial Mari de Barros
Revisão Equipe de Revisão Nova Concursos
Projeto Gráfico Equipe Nova Concursos
Diagramação Elaine Cristina e Thais Regis

ISBN: 978-65-80143-22-1

© 2020 - Todos os direitos reservados à

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, especialmente
gráfico, fotográfico, fonográfico, videográfico, internet. Essas proibições aplicam-se também às
características de editoração da obra. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art.
184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e
apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103, parágrafo único, 104, 105, 106 e 107,incisos
I, II e III, da Lei n. 9.610, de 19/02/1998, Lei dos Direitos Autorais).

JN003-N0
Apresentação da Obra

Caro aluno,

Este material que você tem em mãos é o seu maior aliado na busca do sonho de ingressar
em uma universidade. Foi cuidadosamente elaborado por especialistas em cada área, fiel
ao edital do ENEM e totalmente atualizado de acordo com os últimos exames.
Você encontrará todo o conteúdo cobrado nas provas, juntamente com exercícios
comentados. Na seção “Hora de Praticar”, há exercícios selecionados de exames anteriores
e outros exames correlatos para ajudá-lo nos estudos. Fazer exercícios é parte importante
no aprendizado!
Ao longo do conteúdo você encontrará os boxes “Se Liga!” e “#FicaDica”, com pontos
de atenção do conteúdo e dicas importantes para escapar das famosas “pegadinhas”.
Lembre-se: o caminho da aprovação passa por um bom material de estudo e muita
dedicação. Nós, da NOVA Concursos, garantimos a primeira parte. A segunda, está nas
suas mãos! Bons estudos e até a aprovação!

Os Organizadores e Coordenadores
Sumário
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias:
Língua Portuguesa
Autora: Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco

Estrutura e Formação das Palavras..................................................................................................................01


Acentuação.......................................................................................................................................................03
Ortografia............................................................................................................................................................04
Significação das Palavras.................................................................................................................................07
Adequação Vocabular.....................................................................................................................................10
Coesão e Coerência.........................................................................................................................................12
Tipos de Discurso – Funções da Linguagem...................................................................................................14
Intertextualidade................................................................................................................................................17
Classes de Palavras............................................................................................................................................18
Crase....................................................................................................................................................................53
Concordância Verbal e Nominal.....................................................................................................................54
Regência Verbal e Nominal..............................................................................................................................60
Sintaxe – Termos da Oração Período Composto por Coordenação e Subordinação............................65
Pontuação..........................................................................................................................................................74
Figuras de Linguagem.......................................................................................................................................76
Gêneros Textuais.................................................................................................................................................80
Linguagem Verbal e Não Verbal.....................................................................................................................83
Interpretação......................................................................................................................................................83
Variação Linguística...........................................................................................................................................87
Literatura..............................................................................................................................................................89
Movimentos Literários – Portugal e Brasil.........................................................................................................96
Estilos Literários....................................................................................................................................................98

Língua Inglesa
Autora: Katiuska W. Burgos General

Técnica de Leitura de Texto de Língua Inglesa no Brasil.............................................................................120


Artigos................................................................................................................................................................122
Pronomes...........................................................................................................................................................124
Conjunções.......................................................................................................................................................129
Substantivos.......................................................................................................................................................131
Verbos................................................................................................................................................................133
Preposições.......................................................................................................................................................141
Adjetivos............................................................................................................................................................144
Advérbios...........................................................................................................................................................147
Sumário
Língua Espanhola
Autora: Katiuska W. Burgos General

Interpretação Textual em Espanhol....................................................................................................................165


Substantivos............................................................................................................................................................166
Artigos e Contrações............................................................................................................................................170
Advérbios e Adjetivos...........................................................................................................................................172
Pronomes................................................................................................................................................................175
Verbos.....................................................................................................................................................................178
Preposições e Conjunções...................................................................................................................................188

Artes
Autores: Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil

Introdução à História da Arte..............................................................................................................................203


Resumo dos Estilos Artísticos - Mundo.................................................................................................................203
Resumo dos Estilos Artísticos - Brasil.....................................................................................................................211

Educação Física
Autores: Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil

Linguagem Corporal.............................................................................................................................................217
Imagem Corporal..................................................................................................................................................229

Matemática e suas Tecnologias:


Matemática
Autores: Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil

Números Primos, Múltiplos e Divisores...................................................................................................................01


Números Racionais: Frações, Números Decimais e suas Operações...............................................................03
Porcentagem...........................................................................................................................................................14
Potenciação............................................................................................................................................................17
Radiciação...............................................................................................................................................................18
Razão e Proporção.................................................................................................................................................22
Regra de Três Simples..............................................................................................................................................25
Regra de Três Composta........................................................................................................................................26
Sistemas de Unidades de Medidas.......................................................................................................................28
Equação do 1º grau................................................................................................................................................33
Equação do 2º grau................................................................................................................................................33
Expressões Algébricas.............................................................................................................................................35
Fatoração.................................................................................................................................................................37
Sumário
Produtos Notáveis....................................................................................................................................................38
Função Exponencial...............................................................................................................................................39
Função Logarítmica................................................................................................................................................40
Função Modular......................................................................................................................................................43
Função do 1º grau..................................................................................................................................................45
Função do 2º grau..................................................................................................................................................49
Inequação do 1º grau............................................................................................................................................52
Inequação do 2º grau............................................................................................................................................54
Inequações Produto e Quociente........................................................................................................................56
Teoria dos Conjuntos...............................................................................................................................................57
Progressão Aritmética (PA)....................................................................................................................................60
Progressão Geométrica (PG).................................................................................................................................62
Sequências Numéricas...........................................................................................................................................64
Contagem e Análise Combinatória.....................................................................................................................64
Estatística..................................................................................................................................................................68
Geometria Analítica: Circunferência...................................................................................................................72
Estudo do Ponto......................................................................................................................................................73
Equações da Reta..................................................................................................................................................76
Geometria Espacial................................................................................................................................................85
Introdução à Geometria Plana.............................................................................................................................88
Polígonos..................................................................................................................................................................94
Quadriláteros, Circunferência e Círculo...............................................................................................................96
Juros Simples..........................................................................................................................................................100
Juros Compostos...................................................................................................................................................102
Lei dos Senos e Lei dos Cossenos........................................................................................................................103
Matriz.......................................................................................................................................................................104
Determinantes.......................................................................................................................................................108
Probabilidade........................................................................................................................................................110
Sistemas Lineares...................................................................................................................................................112
Triângulos e Teorema de Pitágoras.....................................................................................................................115
Trigonometria no Triângulo Retângulo................................................................................................................121

Ciências da Natureza e suas Tecnologias:


Física
Autores: Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil

Grandezas Físicas....................................................................................................................................................01
Sistemas de Unidades.............................................................................................................................................01
Vetores......................................................................................................................................................................02
Cinemática Escalar.................................................................................................................................................07
Leis de Newton........................................................................................................................................................16
Tipos De Forças e o Plano Inclinado.....................................................................................................................18
Trabalho de uma Força..........................................................................................................................................23
Impulso, Quantidade de Movimento e Choques...............................................................................................25
Gravitação Universal...............................................................................................................................................27
Estática dos Corpos Rígidos...................................................................................................................................28
Hidrostática..............................................................................................................................................................30
Sumário
Escalas Termométricas............................................................................................................................................32
Dilatação Térmica...................................................................................................................................................33
Calorimetria..............................................................................................................................................................34
Gases Perfeitos.........................................................................................................................................................36
Termodinâmica........................................................................................................................................................37
Óptica Geométrica................................................................................................................................................38
Reflexão da Luz - Espelhos Planos.........................................................................................................................39
Reflexão da Luz - Espelhos Esféricos......................................................................................................................41
Refração da Luz......................................................................................................................................................45
Lentes........................................................................................................................................................................47
Visão..........................................................................................................................................................................51
Ondulatória..............................................................................................................................................................52
Acústica....................................................................................................................................................................55
Eletroestática...........................................................................................................................................................56
Eletrodinâmica.........................................................................................................................................................59
Física Moderna........................................................................................................................................................61

Química
Autora: Renata Benito Pettan

Átomos e Matéria....................................................................................................................................................71
Ligações Químicas..................................................................................................................................................85
Funções Inorgânicas...............................................................................................................................................88
Equilíbrio Iônico da Água.......................................................................................................................................98
Transformações da Matéria.................................................................................................................................102
Grandezas Químicas.............................................................................................................................................105
Estequiometria.......................................................................................................................................................106
Termoquímica........................................................................................................................................................109
Eletroquímica.........................................................................................................................................................112
Cinética Química..................................................................................................................................................117
Equilíbrio Químico..................................................................................................................................................118
Química Orgânica................................................................................................................................................121
Funções Orgânicas...............................................................................................................................................124
Química no Cotidiano..........................................................................................................................................126

Biologia
Autora: Renata Benito Pettan

Citologia.................................................................................................................................................................133
Ecologia..................................................................................................................................................................143
Genética................................................................................................................................................................160
Corpo Humano e Saúde......................................................................................................................................170
Evolução.................................................................................................................................................................186
Fisiologia Animal....................................................................................................................................................199
Sumário
Ciências Humanas e suas Tecnologias:
História
Autor: Luiz Daniel Vinha Absalão

Idade Antiga.............................................................................................................................................................. 01
Idade Média.............................................................................................................................................................. 04
Idade Moderna......................................................................................................................................................... 06
Idade Contemporânea............................................................................................................................................ 09
Brasil Colonial............................................................................................................................................................. 14
Brasil Imperial.............................................................................................................................................................. 18
1ª República............................................................................................................................................................... 21
Era Vargas.................................................................................................................................................................. 24
Período Democrático (1946 – 1964)........................................................................................................................ 27
Ditadura e Redemocratização............................................................................................................................... 29

Geografia
Autora: Leticia Veloso

Entendendo os Conceitos Identidade Cultural e Cultura................................................................................... 44


Diversidade Cultural no Brasil................................................................................................................................... 44
Povo Brasileiro: Nativos, Negros e Imigrantes......................................................................................................... 45
Globalização e Cultura Mundial............................................................................................................................. 46
Orientação e Localização....................................................................................................................................... 46
Coordenadas Geográficas...................................................................................................................................... 47
Escala Cartográfica.................................................................................................................................................. 48
Projeções Cartográficas........................................................................................................................................... 48
Mapas Temáticos...................................................................................................................................................... 49
Divisões Regionais: Brasil e Mundo.......................................................................................................................... 49
Território, Territorialidade, Fronteira e Conflito........................................................................................................ 50
Geopolítica e a Velha Ordem Mundial.................................................................................................................. 51
Geopolítica e a Nova Ordem Mundial.................................................................................................................. 51
Globalização e Neoliberalismo............................................................................................................................... 52
Integração Regional ou Formação de Blocos Econômicos................................................................................ 53
Migração, Imigração, Emigração e Tipos de Migração...................................................................................... 53
Fluxos Migratórios no Brasil e no Mundo................................................................................................................. 54
Conflitos Migratórios, Refugiados e Xenofobia...................................................................................................... 55
Países Emergentes e Importância dos BRICS......................................................................................................... 55
Cidade, Espaço Urbano e Espaço Rural: Definição e Função........................................................................... 56
Industrialização e Urbanização............................................................................................................................... 57
Urbanização Brasileira e Regiões Metropolitanas................................................................................................. 57
A Questão Agrária e Conflitos no Campo no Brasil.............................................................................................. 58
Rede e Hierarquia Urbana Brasileira....................................................................................................................... 59
Concentração e Desconcentração das Indústrias no Brasil............................................................................... 60
Estrutura e Métodos de Produção Industrial: Fordismo e Toyotismo................................................................... 60
Terceira Revolução Industrial e o Mundo do Trabalho........................................................................................ 61
Modernização Agrícola, Agronegócio e Agricultura Familiar............................................................................ 62
Sumário
Tempo e Clima Brasileiro.......................................................................................................................................... 62
Vegetação do Brasil................................................................................................................................................. 63
Domínios Morfoclimáticos Brasileiros....................................................................................................................... 64
Estrutura Geológica.................................................................................................................................................. 65
Geomorfologia.......................................................................................................................................................... 65
Bacias Hidrográficas Brasileiras................................................................................................................................ 66
Fontes de Energia Renováveis e não Renováveis................................................................................................ 67
Fontes Energéticas no Brasil e Produção de Energia........................................................................................... 67
Modelo de Desenvolvimento, Vida Urbana e Impactos Ambientais................................................................. 68
Uso dos Recursos Hídricos e Impactos Ambientais............................................................................................... 69
Mudança Climática e Poluição Atmosférica........................................................................................................ 69
Nova Ordem Ambiental e as Conferências Ambientais Internacionais............................................................ 70

Filosofia
Autor: Luiz Daniel Vinha Absalão

Introdução.................................................................................................................................................................. 96
Como Devemos nos Relacionar?............................................................................................................................ 97
Conceitos Políticos.................................................................................................................................................... 97
O Ser Humano e a Condição Humana.................................................................................................................. 98

Sociologia
Autor: Luiz Daniel Vinha Absalão

Introdução................................................................................................................................................................ 101
Conceitos Sociológicos.......................................................................................................................................... 102
Conceitos Antropológicos..................................................................................................................................... 102
Conceitos da Ciência Política............................................................................................................................... 103
LINGUAGENS,
CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

▪ Desinências verbais: em nossa língua, as desinên-


LÍNGUA PORTUGUESA; ESTRUTURA E cias verbais pertencem a dois tipos distintos. Há
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS desinências que indicam o modo e o tempo (de-
sinências modo-temporais) e outras que indicam o
número e a pessoa dos verbos (desinência núme-
ro-pessoais):
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de
vista de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi- cant-á-va-mos:
mos em seus menores elementos (partes) possuidores de cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí- modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in-
da por três elementos significativos: dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza
In = elemento indicador de negação a primeira pessoa do plural)
Explic – elemento que contém o significado básico
da palavra cant-á-sse-is:
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
Ável = elemento indicador de possibilidade
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
Estes elementos formadores da palavra recebem o a segunda pessoa do plural)
nome de morfemas. Através da união das informações
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
d) Vogal temática – Entre o radical cant- e as desinências
tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que
verbais, surge sempre o morfema –a. Este morfema,
não tem possibilidade de ser explicado, que não é pos-
que liga o radical às desinências, é chamado de vogal
sível tornar claro”.
temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituin-
Morfemas = são as menores unidades significativas do o chamado tema. É ao tema (radical + vogal te-
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. mática) que se acrescentam as desinências. Tanto os
verbos como os nomes apresentam vogais temáticas.
CLASSIFICAÇÃO DOS MORFEMAS No caso dos verbos, a vogal temática indica as con-
a) Radical, lexema ou semantema – É o elemento jugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
portador de significado. É através do radical que conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação = partir).
podemos formar outras palavras comuns a um ▪ Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
grupo de palavras da mesma família. Exemplo: átonas finais, como em mesa, artista, perda, esco-
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto la, base, combate. Nestes casos, não poderíamos
1
de palavras que se agrupam em torno de um mes- pensar que essas terminações são desinências indi-
mo radical denomina-se família de palavras. cadoras de gênero, pois mesa e escola, por exem-
b) Afixos – Elementos que se juntam ao radical antes plo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas vogais
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: be- temáticas que se liga a desinência indicadora de
leza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes termina-
c) Desinências – Quando se conjuga o verbo amar, dos em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por
obtêm-se formas como amava, amavas, amava, exemplo) não apresentam vogal temática.
amávamos, amáveis, amavam. Estas modifica- ▪ Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que carac-
ções ocorrem à medida que o verbo vai sendo terizam três grupos de verbos a que se dá o nome
flexionado em número (singular e plural) e pessoa de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temá-
(primeira, segunda ou terceira). Também ocor- tica é -a pertencem à primeira conjugação; aque-
rem se modificarmos o tempo e o modo do ver- les cuja vogal temática é -e pertencem à segunda
bo (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, conjugação e os que têm vogal temática -i perten-
podemos concluir que existem morfemas que cem à terceira conjugação.
indicam as flexões das palavras. Estes morfemas
sempre surgem no fim das palavras variáveis e re- e) Interfixos – São os elementos (vogais ou consoan-
cebem o nome de desinências. Há desinências tes) que se intercalam entre o radical e o sufixo,
nominais e desinências verbais. para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma
determinada palavra. Por exemplo:
▪ Desinências nominais: indicam o gênero e o núme- ▪ Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
ro dos nomes. Para a indicação de gênero, o por- ▪ Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
tuguês costuma opor as desinências -o/-a: garoto/
garota; menino/menina. Para a indicação de nú-
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
mero, costuma-se utilizar o morfema –s, que indi-
ca o plural em oposição à ausência de morfema, Há, na Língua Portuguesa, palavras primitivas, pala-
que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga- vras derivadas, palavras simples, palavras compostas.
rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso a) Palavras primitivas: aquelas que, na língua portu-
dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de guesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re- b) Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
vólveres; cruz/cruzes. sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

c) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra-


dical: azeite, cavalo. SE LIGA!
d) Palavras compostas: aquelas que possuem mais A derivação regressiva “mexe” na estrutura
de um radical: couve-flor, planalto. da palavra, geralmente transforma verbos em
As palavras compostas podem ou não ter seus ele- substantivos: caça = deriva de caçar, saque =
mentos ligados por hífen. deriva de sacar
A derivação imprópria não “mexe” com a
1. Processos de Formação de Palavras palavra, apenas faz com que ela pertença a
uma classe gramatical “imprópria” da qual ela
Na Língua Portuguesa há muitos processos de for-
realmente, ou melhor, costumeiramente faz
mação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a
parte. A alteração acontece devido à presença
derivação, a composição, a onomatopeia, a abrevia-
de outros termos, como artigos, por exemplo:
ção e o hibridismo.
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a
funcionar como substantivo devido à presença
Derivação por ccréscimo de afixos do artigo “o”)
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (de-
rivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva.
A derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. Composição
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
a) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
por acréscimo de prefixo. composição: justaposição e aglutinação.
In feliz / des leal a) Justaposição: ocorre quando os elementos que
pefixo radical prefixo radical formam o composto são postos lado a lado, ou
seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda-
b) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida -roupa, segunda-feira, girassol.
por acréscimo de sufixo. b) Composição por aglutinação: ocorre quando os
Feliz mente / leal dade elementos que formam o composto aglutinam-se
radical sufixo radical sufixo e pelo menos um deles perde sua integridade so-
nora: aguardente (água + ardente), planalto (pla-
c) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo no + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho
2 acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín- + acre).
tese formam-se principalmente verbos.
En trist ecer Onomatopeia
prefixo radical sufixo É a palavra que procura reproduzir certos sons ou ruí-
dos: reco-reco, tique-taque, fom-fom.
En tard ecer
prefixo radical sufixo Abreviação
É a redução de palavras até o limite permitido pela
Há dois casos em que a palavra derivada é formada compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneumático),
sem que haja a presença de afixos. São eles: a deriva- metrô (metropolitano), foto (fotografia).
▪ Abreviatura: é a redução na grafia de certas pala-
ção regressiva e a derivação imprópria.
vras, limitando-as quase sempre à letra inicial ou
às letras iniciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para
Derivação senhor).
a) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida ▪ Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual
por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobre- se reduzem locuções substantivas próprias às suas
tudo, na formação de substantivos derivados de letras iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais
verbos. (siglas impuras), que se grafam de duas formas:
janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pes- IBGE, MEC (siglas puras); DETRAN ou Detran, PE-
ca (substantivo) – deriva de pescar (verbo) TROBRAS ou Petrobras (siglas impuras).
b) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada)
é obtida pela mudança de categoria gramatical Hibridismo
da palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração É a palavra formada com elementos oriundos de
na forma, mas somente na classe gramatical. línguas diferentes: automóvel (auto: grego; móvel: la-
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “por- tim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sambódromo
quê” deriva da conjunção porque) (samba: dialeto africano; dromo: grego).
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deri-
va do verbo olhar). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sacconi, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

cereja, Wiliam Roberto, MagalhãeS, Thereza Cochar. Portu- 1. Regras fundamentais


guês linguagens: volume 1 - 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
aMaral, Emília [et al.]. Português: novas palavras: lite- a) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas
ratura, gramática, redação. São Paulo: FTD, 2000. terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou
REFERÊNCIAS DE SITE não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Internet: <http://www.brasilescola.com/gramatica/ Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm>. Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
ACENTUAÇÃO seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, com-
pô-lo

Quanto à acentuação, observamos que algumas b) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas


palavras têm acento gráfico e outras não; na pronún- terminadas em:
cia, ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, i, is: táxi – lápis – júri
ora a outra. Por isso, vamos às regras! us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
REGRAS BÁSICAS fórceps
A acentuação tônica está relacionada à intensida- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
Aquela que se dá de forma mais acentuada, concei- não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
tua-se como sílaba tônica. As demais, como são pro-
nunciadas com menos intensidade, são denominadas
de átonas. SE LIGA!
De acordo com a tonicidade, as palavras são clas- Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
sificadas como: esta palavra apresenta as terminações das
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai so- paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui
bre a última sílaba: café – coração – Belém – atum – inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará
caju – papel mais fácil a memorização!
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla- 3
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível c) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúl- a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte).
tima sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – Quanto à regra de acentuação: todas as propa-
ônibus roxítonas são acentuadas, independentemente
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: de sua terminação: árvore, paralelepípedo, cár-
são os chamados monossílabos. Estes são acentuados cere.
quando tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá –
fé – pó - ré. Regras especiais
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (diton-
OS ACENTOS gos abertos), que antes eram acentuados, perderam o
a) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” acento de acordo com a nova regra, mas desde que
e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas estejam em palavras paroxítonas.
letras representam as vogais tônicas de palavras
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” Alerta da Zê!
indica, além da tonicidade, timbre aberto: herói – Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
céu (ditongos abertos). palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
b) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras acentuados: dói, escarcéu.
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
c) acento grave (`) – indica a fusão da preposição ANTES AGORA
“a” com artigos e pronomes: à – às – àquelas – assembléia assembleia
àqueles
idéia ideia
d) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to-
talmente abolido das palavras. Há uma exce- geléia geleia
ção: é utilizado em palavras derivadas de nomes jibóia jiboia
próprios estrangeiros: mülleriano (de Müller)
apóia (verbo apoiar) apoia
E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã paranóico paranoico
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Acento Diferencial Memorize a palavra CREDELEVÊ.


Representam os acentos gráficos que, pelas regras São os verbos que, no plural, dobram o “e”, mas que
de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados não recebem mais acento como antes: CRER, DAR, LER
para diferenciar classes gramaticais entre determinadas e VER. Repare:
palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo: O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per- Elza lê bem! / Todas leem bem!
feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente
do Indicativo do mesmo verbo). Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que
os garotos deem o recado!
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acen- Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
tuada, mas nesse caso, devido ao acento diferencial,
acentua-se, para que saibamos se se trata de um verbo
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
ou preposição.
à tarde!
Os demais casos de acento diferencial não são mais
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (subs-
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido
tantivo), pelo (preposição). Seus significados e classes
de “e” ou “i” não serão mais acentuadas:
gramaticais são definidos pelo contexto.
Polícia para o trânsito para que se realize a operação
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con- ANTES AGORA
junção (com relação de finalidade). apazigúe (apaziguar) apazigue
Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co-
averigúe (averiguar) averigue
locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
“pôr”; nos demais casos, “por” é preposição: Faço isso argúi (arguir) argui
por você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-
Regra do Hiato soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, se- (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles con-
haverá acento: saída – faísca – baú – país – Luís têm, ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele
4 convém – eles convêm.
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sacconi, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
Sacconi. 30ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.
verem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
cereja, Wiliam Roberto; Magalhães, Thereza Cochar.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie- Português linguagens: volume 1. 7.ª ed. São Paulo: Sa-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba raiva, 2010.
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, for-
mando hiato quando vierem depois de ditongo (nas REFERÊNCIAS DE SITE
paroxítonas): Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra-
matica/acentuacao.htm>.
ANTES AGORA
bocaiúva bocaiuva ORTOGRAFIA
feiúra feiura
Sauípe Sauipe
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
abolido: língua são grafados segundo acordos ortográficos.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
ANTES AGORA der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as pala-
crêem creem vras, familiarizando-se com elas. O conhecimento das
regras é necessário, mas não basta, pois há inúmeras
lêem leem exceções e, em alguns casos, há necessidade de co-
vôo voo nhecimento de etimologia (origem da palavra).
enjôo enjoo
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REGRAS ORTOGRÁFICAS São escritos com Z e não S


▪ Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
1. O fonema S tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
▪ Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
São escritas com S e não C/Ç origem não termine com s): final - finalizar / con-
▪ Palavras substantivadas derivadas de verbos com ra- creto – concretizar.
dicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pre- ▪ Consoante de ligação se o radical não terminar
tensão / expandir - expansão / ascender - ascensão com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
/ inverter - inversão / aspergir - aspersão / submergir ▪ Exceção: lápis + inho – lapisinho.
- submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo
/ compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer 1.3 O fonema j
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / con-
sentir – consensual.
São escritas com G e não J
▪ Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
São escritos com SS e não C e Ç
gesso.
▪ Nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
▪ Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por
tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir - impres- gim.
são / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder ▪ Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
- excesso / percutir - percussão / regredir - regressão poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
/ oprimir - opressão / comprometer - compromisso / bege, foge.
submeter – submissão. Exceção: pajem.
▪ Quando o prefixo termina com vogal que se junta ▪ Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé- litígio, relógio, refúgio.
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir. ▪ Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir,
▪ No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem- mugir.
plos: ficasse, falasse. ▪ Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
surgir.
São escritos com C ou Ç e não S e SS ▪ Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
▪ Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú- minado com j: ágil, agente.
car.
▪ Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, São escritas com J e não G 5
Juçara, caçula, cachaça, cacique. ▪ Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
▪ Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, ▪ Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carni- boia, manjerona.
ça, caniço, esperança, carapuça, dentuço. ▪ Palavras terminadas com aje: ultraje.
▪ Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. 1.4 O fonema ch
▪ Após ditongos: foice, coice, traição. São escritas com X e não CH
▪ Palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r): ▪ Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
marte - marciano / infrator - infração / absorto – ab-
caxi, xucro.
sorção.
▪ Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, la-
gartixa.
1.2 O fonema z
▪ Depois de ditongo: frouxo, feixe.
São escritos com S e não Z
▪ Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
▪ Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substan-
tivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, Exceção: quando a palavra de origem não derive
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa. de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
▪ Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta-
morfose. São escritas com CH e não X
▪ Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, ▪ Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
quiseste. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche,
▪ Nomes derivados de verbos com radicais terminados salsicha.
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empre-
ender - empresa / difundir – difusão. e) As letras “e” e “i”
▪ Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- ▪ Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
▪ Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. ▪ Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
▪ Verbos derivados de nomes cujo radical termina com escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escre-
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pes- vemos com “i”, os verbos com infinitivo em -air,
quisar. -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
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▪ Há palavras que mudam de sentido quando subs- PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
tituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfí- Usos:
cie), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar 1) como conjunção coordenativa explicativa (equiva-
(expandir) / emergir (vir à tona), imergir (mergu- le a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na
lhar) / peão (de estância, que anda a pé), pião escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até pon-
(brinquedo). to final) = Compre agora, porque há poucas peças.
▪ Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à or- 2) como conjunção subordinativa causal, substituível
tografia de uma palavra, há a possibilidade de por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu
consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua porque se antecipou.
Portuguesa (VOLP), elaborado pela Academia
Brasileira de Letras. É uma obra de referência até PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
mesmo para a criação de dicionários, pois traz a Usos:
grafia atualizada das palavras (sem o significado). 1) como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-
Na internet, o endereço é <www.academia.org. zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês).
br>. Geralmente é precedido por artigo = Não sei o por-
quê da discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
Informações importantes
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- ONDE / AONDE
núncias diferentes para palavras com a mesma signi- Onde = empregado com verbos que não expressam a
ficação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/ ideia de movimento = Onde você está?
quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, ger- Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
me/gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/ que expressam movimento = Aonde você vai?
porcentagem, relampejar/relampear/relampar/relam-
MAU / MAL
padar.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
Os símbolos das unidades de medida são escritos
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
mau elemento.
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
Mal = pode ser usado como
20km, 120km/h.
1) conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
Na indicação de horas, minutos e segundos, não
6 2) advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
mal na prova?
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
3) substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
nutos e trinta e quatro segundos). pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
O símbolo do real antecede o número sem espaço: não compensa.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma
barra vertical ($). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sacconi, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Alguns Usos Ortográficos Especiais coni. 30ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Cereja, Wiliam Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Portu-
Por que / por quê / porquê / porque guês linguagens: volume 1 – 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Amaral, Emília... [et al.] Português: novas palavras: lite-
POR QUE (separado e sem acento) ratura, gramática, redação. São Paulo: FTD, 2000.
É usado em: Campedelli, Samira Yousseff. Português – Literatura, Pro-
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- dução de Textos & Gramática. Volume único / Samira
gação) = Por que você não veio ontem? Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Sa-
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equiva- raiva, 2002.
le a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe
por que faltara à aula ontem. REFERÊNCIAS DE SITE
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-
= Ignoro o motivo por que ele se demitiu. las/portugues/ortografia>.

POR QUÊ (separado e com acento) HÍFEN


Usos: O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
1) como pronome interrogativo, quando colocado para ligar os elementos de palavras compostas (como ex-
no fim da frase (perto do ponto de interrogação) -presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a
= Você faltou. Por quê? verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para
2) quando isolado, em uma frase interrogativa = Por fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de uma
quê? linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; com-
pa-/nheiro).
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Uso do hífen que continua depois da Reforma Orto- 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
gráfica: fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
1. Em palavras compostas por justaposição que for- com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coe-
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos ducação, autoestrada, autoaprendizagem, hidro-
que se unem para formam um novo significado: elétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chu- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
va, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quan-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, do o segundo elemento começar com “o”: coo-
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. peração, coobrigação, coordenar, coocupante,
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- coautor, coedição, coexistir, etc.
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
ro, recém-casado. ção de composição: pontapé, girassol, paraque-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- das, paraquedista, etc.
gumas exceções continuam por já estarem con- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”:
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, benfeito, benquerer, benquerido, etc.
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
queima-roupa, deus-dará. Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra- -Porto e não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermi-
nas combinações históricas ou ocasionais: Áustria- nado, pressuposto, propor.
-Hungria, Angola-Brasil, etc. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, so-
per- quando associados com outro termo que é bre-humano, super-realista, alto-mar.
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, an-
-racional, etc.
tisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antiví-
ex-presidente, vice-governador, vice- -prefeito.
rus, autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-na-
tal, pré-escolar, pró-europeu, pós- -graduação, etc.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 7
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
Sacconi, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
Sacconi. 30ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2010.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-
REFERÊNCIAS de SITE
-hepático, geo-história, neo-helênico, extra-huma-
no, semi-hospitalar, super-homem. Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo aulas/portugues/ortografia>.
termina com a mesma vogal do segundo elemen-
to: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
-observação, etc. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. Semântica é o estudo da significação das palavras
e das suas mudanças de significação através do tempo
Lembrete da Zê! ou em determinada época. A maior importância está
Ao separar palavras na translineação (mudança de em distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / anto-
linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada nímia) e homônimos e parônimos (homonímia / paroní-
por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreve- mia).
rei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em Sinônimos
ambas as linhas). Devido à diagramação, pode ser que
a repetição do hífen na translineação não ocorra em São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa-
meus conteúdos, mas saiba que a regra é esta! beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apa-
gar - abolir.
Não se emprega o hífen: Duas palavras são totalmente sinônimas quando
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto
termina em vogal e o segundo termo inicia--se em (cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas quando, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e es-
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. perar).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Antônimos Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em


quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
São palavras que se opõem através de seu significa- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen- a repetição desnecessária de termos.
surar; mal - bem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Homônimos e Parônimos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
 Homônimos = palavras que possuem a mesma Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados di- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
ferentes. Podem ser char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010.
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
rentes na pronúncia: literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de- tuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
REFERÊNCIAS DE SITE
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di-
ferentes na escrita: Disponível em: <http://www.coladaweb.com/portu-
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmo- gues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-paronimos:
nizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela
(arreio); censo (recenseamento) e senso (juízo); paço 1. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
(palácio) e passo (andar).
Exemplos de variação no significado das palavras:
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro- Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
núncia: literal)
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). figurado)
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figura-
8  Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po- do)
rém de formas relativamente próximas. São pala- As variações nos significados das palavras ocasionam
vras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (re- o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
ceptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e (conotação) das palavras.
sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
e iminente (que está para ocorrer), osso (substanti- Denotação
vo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
“ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento apresenta seu significado original, independentemente
(medida) e cumprimento (saudação), autuar (pro- do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa-
cessar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco-
(violar), deferir (atender a) e diferir (divergir), suar nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado
(transpirar) e soar (emitir som), aprender (conhe- que aparece nos dicionários, sendo o significado mais
cer) e apreender (assimilar; apropriar-se de), tráfico literal da palavra.
(comércio ilegal) e tráfego (relativo a movimento, A denotação tem como finalidade informar o recep-
trânsito), mandato (procuração) e mandado (or- tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo
dem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergu- um caráter prático. É utilizada em textos informativos,
lhar, afundar). como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas
de medicamentos, textos científicos, entre outros. A pa-
Hiperonímia e Hiponímia lavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos:
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- O elefante é um mamífero.
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo As estrelas deixam o céu mais bonito!
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o hi-
perônimo, mais abrangente. Conotação
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in-
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- terpretações, dependendo do contexto em que esteja
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
Veículos é um hiperônimo de carros. significação mediante a circunstância em que a mesma
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. Polissemia e homonímia


Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido
conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
reprovação (tomei pau no concurso). comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
A conotação tem como finalidade provocar senti- cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
mentos no receptor da mensagem, através da expres- quando duas ou mais palavras com origens e significados
sividade e afetividade que transmite. É utilizada princi- distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
palmente numa linguagem poética e na literatura, mas monímia.
também ocorre em conversas cotidianas, em letras de A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
música, em anúncios publicitários, entre outros. Exemplos: significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
Você é o meu sol! polissemia porque os diferentes significados para a palavra
Minha vida é um mar de tristezas. “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra po-
Você tem um coração de pedra! lissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
o texto de uma canção ou a caligrafia de um determina-
do indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão
SE LIGA! interligados porque remetem para o mesmo conceito, o
da escrita.
Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo
Polissemia e ambiguidade
é utilizado com o sentido que consta no
dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio)
em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
quentemente são felizes.
São Paulo: Saraiva, 2010.
Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes: As pessoas têm alimentação equilibrada porque são
REFERÊNCIA DE SITE
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equili-
Disponível em: <http://www.normaculta.com.br/co- 9
brada.
notacao-e-denotacao/>
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
POLISSEMIA
pretação. Para fazer a interpretação correta é muito im-
portante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados den- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar.
tro de seu próprio campo semântico. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – São Pau-
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per- lo: Saraiva, 2010.
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a REFERÊNCIA DE SITE
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gramati-
O gato do vizinho é peralta. ca/polissemia.htm>
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico. EXERCÍCIO COMENTADO
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de 1. (ENEM-2017)
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sen- Nuances
tido de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra
“xadrez”, que pode ser utilizada representando “tecido”, Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa.
“prisão” ou “jogo” – o sentido comum entre todas as ex- Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele
pressões é o formato quadriculado que têm. quer deixar claro que não é de televisão.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e as-


sentos preferenciais. ADEQUAÇÃO VOCABULAR
Guardar: na gaveta. Salvar: no computador. Salvaguar-
dar: no Exército.
Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hortelã: na hor- NÍVEIS DE LINGUAGEM
ta ou no suco de abacaxi.
Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você A língua é um código de que se serve o homem para
está em cartaz com ele. elaborar mensagens, para se comunicar. Existem ba-
DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado). sicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas
línguas funcionais:
O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos A) a língua funcional de modalidade culta, língua
muito próximos. Essa diferença é apresentada conside- culta ou língua-padrão, que compreende a língua
rando-se a(s) literária, tem por base a norma culta, forma linguís-
tica utilizada pelo segmento mais culto e influente
a) alternâncias na sonoridade. de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua
b) adequação às situações de uso. utilizada pelos veículos de comunicação de mas-
c) marcação flexional das palavras. sa (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas,
d) grafia na norma-padrão da língua. painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem
e) categorias gramaticais das palavras. aliados da escola, prestando serviço à sociedade,
colaborando na educação;
Resposta: Letra: B. O autor apresenta, de maneira hu- B) a língua funcional de modalidade popular; língua
morada, os diferentes sentidos que as palavras adqui- popular ou língua cotidiana, que apresenta grada-
rem quando utilizadas em diferentes situações. ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no
calão.
2. (ENEM – NOVEMBRO-2018)
Norma culta
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a
A norma culta, forma linguística que todo povo civili-
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás
zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio-
de casa.
nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan-
Passou um homem e disse: Essa volta que o
te do ponto de vista político-cultural, que é ensinada nas
10 rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ-
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva
fazia uma volta atrás de casa.
e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:
Era uma enseada.
Estou preocupado. (norma culta)
Acho que o nome empobreceu a imagem.
Tô preocupado. (língua popular)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Best
Seller, 2008. Não basta conhecer apenas uma modalidade de
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
O sujeito poético questiona o uso do vocábulo “ensea- espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
da” porque a para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
a) terminologia mencionada é incorreta. normas da língua culta.
b) nomeação minimiza a percepção subjetiva.
c) a palavra é aplicada a outro espaço geográfico. O conceito de erro em língua
d) designação atribuída ao termo é desconhecida.
e) definição modifica o significado do termo no dicionário. Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos ca-
sos de ortografia. O que normalmente se comete são trans-
Resposta: Letra: B. O nome “científico” tirou o brilho da gressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento
imagem formada pelo rio, o qual era caracterizado íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele falar”, não come-
subjetivamente (e poeticamente) pelo morador que te propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta.
o admirava. Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi-
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Eu não vi ela hoje. Língua escrita e língua falada - Nível de linguagem


Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso! A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Eu te amo, sim, mas não abuse! econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. falada.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoa-
ção (melodia da frase), as pausas (intervalos significati-
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a vos no decorrer do discurso), além da possibilidade de
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é modalidade mais expressiva, mais criativa, mais espon-
a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por tânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a
base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a transformações e a evoluções.
norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se alteram: Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
Eu não a vi hoje. cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a
Ninguém o deixou falar. língua falada com base na língua escrita, considerada
Deixe-me ver isso! superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Eu te amo, sim, mas não abuses! emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín-
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres- gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas, línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de dia-
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço letos, consequência natural do enorme distanciamento
à causa do ensino. entre uma modalidade e outra.
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elabo-
poética, caracterizado por construções de rara beleza. rada que a língua falada, porque é a modalidade que
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo.
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co- Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro possível sem a língua escrita, cujas transformações, por 11
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ain- isso mesmo, processam-se lentamente e em número con-
da que não tenha amparo gramatical. Exemplos: sideravelmente menor, quando cotejada com a moda-
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) lidade falada.
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) Importante é fazer o educando perceber que o nível
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
dispersar e Não vamos dispersar-nos) com a situação em que se desenvolve o discurso.
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
sair daqui bem depressa) gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
seu posto) padre não fala com uma criança como se estivesse em
uma missa, assim como uma criança não fala como um
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são um mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros,
exemplos também de transgressões ou “erros” que se tor- assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de
naram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque a fala no recesso do lar e na sala de aula.
maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e tidiano, a que já fizemos referência.
desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada
tem coragem de usar.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- EXERCÍCIOS COMENTADOS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases 1. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016)
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a O acervo do Museu da Língua Portuguesa é o nosso idio-
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada ma, um “patrimônio imaterial” que não pode ser, por isso,
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a guardado e exposto em uma redoma de vidro. Assim, o
norma culta. museu, dedicado à valorização e difusão da língua por-
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tuguesa, reconhecidamente importante para a preserva- Resposta: Letra: B. O Hino Nacional é um dos símbolos
ção de nossa identidade cultural, apresenta uma forma oficiais de nosso país (além da Bandeira, Brasão de
expositiva diferenciada das demais instituições museológi- Armas e do Selo Nacional), portanto possui caráter
cas do país e do mundo, usando tecnologia de ponta e re- solene, devendo utilizar a norma-padrão.
cursos interativos para a apresentação de seus conteúdos.
Disponível em: www.museulinguaportuguesa.org.br. Aces-
so em: 16 ago. 2012 (adaptado). COESÃO E COERÊNCIA
De acordo com o texto, embora a língua portuguesa seja
um “patrimônio imaterial”, pode ser exposta em um museu. Na construção de um texto, assim como na fala,
A relevância desse tipo de iniciativa está pautada no pres- usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
suposto de que compreensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos
linguísticos que estabelecem a coesão e retomada do
a) a língua é um importante instrumento de constituição que foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que
social de seus usuários. buscam garantir a coesão textual para que haja coerên-
b) o modo de falar o português padrão deve ser divulga- cia, não só entre os elementos que compõem a oração,
do ao grande público. como também entre a sequência de orações dentro do
c) a escola precisa de parceiros na tarefa de valorização texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de
da língua portuguesa. modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores
d) o contato do público com a norma-padrão solicita o que os participantes do processo têm com o tema.
uso de tecnologia de última geração. Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha
e) as atividades lúdicas dos falantes com sua própria lín- imaginária - composta de termos e expressões - que
gua melhoram com o uso de recursos tecnológicos. une os diversos elementos do texto e busca estabele-
cer relações de sentido entre eles. Dessa forma, com o
Resposta: Letra: A. Resposta no texto: o museu, dedica- emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais
do à valorização e difusão da língua portuguesa, reco- (repetição, substituição, associação), sejam gramaticais
nhecidamente importante para a preservação de nos- (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses),
sa identidade cultural. A alternativa que se relaciona ao constroem-se frases, orações, períodos, que irão apre-
relatado no texto é “a língua é um importante instrumen- sentar o contexto – decorre daí a coerência textual.
to de constituição social de seus usuários.” Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
12 2. (ENEM – NOVEMBRO-2018) rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
Ó Pátria amada, erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
Idolatrada, prejudica o entendimento do texto. Construído com os
Salve! Salve! elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
Brasil, de amor eterno seja símbolo Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
O lábaro que ostentas estrelado, ciado não se constrói com um amontoado de palavras
E diga o verde-louro dessa flâmula e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais
— “Paz no futuro e glória no passado.” de dependência e independência sintática e semân-
Mas, se ergues da justiça a clava forte, tica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que
Verás que um filho teu não foge à luta, sedimentam estes princípios”.
Nem teme, quem te adora, a própria morte. Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
Terra adorada, é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que
Entre outras mil, as frases estejam coesas e coerentes formando o texto.
És tu, Brasil, Relembre-se de que, por coesão, entende-se ligação,
Ó Pátria amada! relação, nexo entre os elementos que compõem a es-
Dos filhos deste solo és mãe gentil, trutura textual.
Pátria amada, Brasil!
Formas de se garantir a coesão entre os elementos
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque de uma frase ou de um texto:
Estrada.
Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).  Substituição de palavras com o emprego de sinô-
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil associativo.
é justificado por tratar-se de um(a)  Nominalização – emprego alternativo entre um
a) reverência de um povo a seu país. verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
b) gênero solene de característica protocolar. (desgastar / desgaste / desgastante).
c) canção concebida sem interferência da oralidade.  Emprego adequado de tempos e modos verbais:
d) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa. Embora não gostassem de estudar, participaram
e) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro. da aula.
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 Emprego adequado de pronomes, conjunções, REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


preposições, artigos: CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasilei- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
ra, Sua Santidade participou de uma reunião com volume único. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
a Presidente Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa
cumprimentava as pessoas. Estas tiveram a certeza REFERÊNCIA DE SITE
de que ele guarda respeito por elas. Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/
 Uso de hipônimos – relação que se estabelece articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacu-
com base na maior especificidade do significado tegina1.html
de um deles. Por exemplo, mesa (mais específico)
e móvel (mais genérico).
 Emprego de hiperônimos - relações de um termo
de sentido mais amplo com outros de sentido mais EXERCÍCIOS COMENTADOS
específico. Por exemplo, felino está numa relação
de hiperonímia com gato. 1. (ENEM - NOVEMBRO 2016)
 Substitutos universais, como os verbos vicários.
O senso comum é que só os seres humanos são capazes
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado de rir. Isso não é verdade?
no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo Não. O riso básico - o da brincadeira, da diversão, da ex-
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque pressão física do riso, do movimento da face e da vocali-
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, zação - nós compartilhamos com diversos animais. Em ra-
evitando repetição desnecessária. tos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas - que
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co- nós não somos capazes de perceber - e que eles emitem
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões adver- quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecen-
biais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se do de o cientista provocar um dano em um local espe-
quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra cífico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização
elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem re-
e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa
colheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas
que está sendo atacado. O que nos diferencia dos ani-
forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim,
mais é que não temos apenas esse mecanismo básico.
estabelece a relação entre as duas orações).
Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso
de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. 13
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a proprie-
O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão
dade de fazer referência ao contexto situacional ou ao
evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função
nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.
de progressão textual, dada sua característica: são ele-
Disponível em: http://globonews.globo.com. Acesso em:
mentos que não significam, apenas indicam, remetem
31 maio 2012 (adaptado).
aos componentes da situação comunicativa.
Já os componentes concentram em si a significação.
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: A coesão textual é responsável por estabelecer relações
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- entre as partes do texto. Analisando o trecho “Aconte-
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes cendo de o cientista provocar um dano em um local
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece
bem como os advérbios de tempo, referenciam o mo- com a oração seguinte uma relação de
mento da enunciação, podendo indicar simultaneidade,
anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm
neste momento (presente); ultimamente, recentemente, por finalidade provocar a falta de vocalização dos ratos.
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em b) oposição, visto que o dano causado em um local espe-
diante, no próximo ano, depois de (futuro).” cífico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos.
c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica
A coerência de um texto está ligada: no cérebro para que não haja vocalização dos ratos.
1. à sua organização como um todo, em que devem d) consequência, uma vez que o motivo de não haver
estar assegurados o início, o meio e o fim; mais vocalização dos ratos é o dano causado no cé-
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um rebro.
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência e) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro
fundamentada em comprovações, apresentação não é mais possível que haja vocalização dos ratos.
de estatísticas, relato de experiências; um texto in-
formativo apresenta coerência se trabalhar com Resposta: Letra C. Recorramos ao texto: Acontecendo
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos, por de o cientista provocar um dano em um local específi-
outro lado, trabalham com a linguagem figurada, co no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização
livre associação de ideias, palavras conotativas. e a brincadeira vira briga séria.
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Analisando o que o enunciado propõe, verificamos que Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso
as orações em questão estabelecem entre si uma rela- como uma construção de características sociais. A so-
ção de condição: para que não haja vocalização por ciedade que promove o contexto do discurso analisado
parte do rato, faz-se necessária a intervenção do cientista. é a base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste
modo, todo e qualquer elemento que possa fazer parte
2. (ENEM 2017 – 2.ª APLICAÇÃO) do sentido do discurso. O texto só pode assim ser cha-
mado se o seu receptor for capaz de compreender o
Fazer 70 anos seu sentido, e isto cabe ao autor do texto e à atenção
que o mesmo der ao contexto da construção de seu
Fazer 70 anos não é simples. discurso. É a relação básica para a existência da comu-
A vida exige, para o conseguirmos, nicação verbal: emissão – recepção – compreensão.
perdas e perdas no íntimo do ser, As práticas discursivas geram também outros âmbi-
como, em volta do ser, mil outras perdas. tos de análise do discurso, como o Universo de Concor-
[...] rências, que consiste na competição entre vários emis-
Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião! sores para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto,
Nós o conseguimos... os emissores precisam inteirar-se do contexto da vida
E sorrimos do seu receptor, para que deste modo possam interpe-
de uma vitória comprada por que preço? lá-lo segundo sua própria ideologia, fazendo com que
Quem jamais o saberá? sua mensagem seja recebida e assimilada pelo recep-
tor sem que o mesmo perceba que está sendo alvo de
ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando. São Paulo: uma tentativa de convencimento, por assim dizer.
Círculo do Livro, 1992 (fragmento). Dentro da análise do Discurso há também o discurso
estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
O pronome oblíquo “o”, nos versos “A vida exige, para
indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada
o conseguirmos” e “Nós o conseguimos”, garante a pro-
ao seu contexto também. A sensibilidade de um indi-
gressão temática e o encadeamento textual, recuperan-
víduo se define a partir do que, ao longo de sua vida,
do o segmento
torna-se importante e desperta-lhe sentimentos. Com
isto, podemos analisar as artes produzidas em diferentes
a) “Ó José Carlos”
épocas da história em todo o mundo e perceber as di-
b) “perdas e perdas”
ferentes formas de interpelação e contextualidade pre-
c) “A vida exige”
14 sentes nas mesmas. O discurso estético tem a mesma
d) “Fazer 70 anos”
capacidade ideológica que o discurso verbal, com a
e) “irmão-em-Escorpião”
vantagem de atingir o indivíduo esteticamente, o que
Resposta: Letra D. O pronome oblíquo (função de ob- pode render muito mais rapidamente o sucesso do dis-
jeto) retoma o termo “Fazer 70 anos”. curso aplicado.
A partir na análise de todos os aspectos do discurso
Fazer 70 anos não é simples / A vida exige, para o conse- chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do
guirmos / Nós o conseguimos discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto,
pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma
Conseguirmos de construção. O sentido do discurso encontra-se sem-
fazer 70 anos (conseguimos) pre em aberto para a possibilidade de interpretação
do seu receptor. O efeito do discurso é, claramente,
transmitir uma mensagem e alcançar um objetivo pre-
TIPOS DE DISCURSO – FUNÇÕES DA meditado através da interpretação e interpelação do
LINGUAGEM indivíduo alvo.

Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto livre


ANÁLISE E TIPO DE DISCURSO
1.1. Vozes do Discurso
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estru- Ao lermos um texto, observamos que há um narra-
tura de um texto e, a partir disto, compreender as cons- dor - que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador
truções ideológicas presentes no mesmo. pode introduzir outras vozes no texto para auxiliar a nar-
O discurso em si é uma construção linguística atrela- rativa. Para fazer a introdução dessas outras vozes no
da ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. texto, a voz principal ou privilegiada - o narrador - usa
Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são di- o que chamamos de discurso. O que vem a ser discurso
retamente determinadas pelo contexto político-social dentro do texto? É a forma como as falas são inseridas
em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a na narrativa. Ele pode ser classificado em: direto, indire-
análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura to e indireto livre.
discursiva em questão.
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1.1 Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo dito Todo sistema de comunicação é constituído por esse
por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são as ci- conjunto de elementos, que entra em jogo em cada ato
tações ou transcrições exatas da declaração de alguém. de comunicação para assegurar a troca de informações.
 Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, Nem sempre a troca de informações é bem sucedida.
usando aspas ou travessões para demarcar que Denomina-se ruído os elementos que perturbam, dificul-
está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não tam a compreensão pelo destinador, como por exemplo,
gosto disso” – disse a menina em tom zangado. o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode
ser também de ordem visual, como borrões, rabiscos etc.
1.2 Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias
palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos REFERÊNCIA DE SITE
então uma mistura de vozes, pois as falas dos persona- Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/discipli-
gens passam pela elaboração da fala do narrador. nas/portugues/teoria-da-comunicacao-emissor-mensa-
 Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa gem-e-receptor.htm>
sua própria voz, o que foi dito pela personagem
passa pela elaboração do narrador. Não há uma FUNÇÕES DA LINGUAGEM
pontuação específica que marque o discurso in-
direto: A menina disse em tom zangado, que não 1. Função referencial ou denotativa: transmite uma in-
gostava daquilo. formação objetiva, expõe dados da realidade de
modo objetivo, não faz comentários, nem avalia-
1.3 Discurso indireto livre: É um discurso no qual há ção. Geralmente, o texto se apresenta na terceira
uma maior liberdade, o narrador insere a fala do perso- pessoa do singular ou plural, pois transmite impes-
nagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do dis- soalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não
curso direto. É necessário que se tenha atenção para não há possibilidades de outra interpretação além da
confundir a fala do narrador com a fala do personagem, que está exposta. Em alguns textos é mais predo-
pois esta surge de repente em meio à fala do narrador: minante essa função, como nos científicos, jornalís-
A menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu ticos, técnicos, didáticos ou em correspondências
não gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia. comerciais.
2. Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis-
TEORIA DA COMUNICAÇÃO: EMISSOR, MENSAGEM E
sor é transmitir suas emoções e anseios. A realida-
RECEPTOR
de é transmitida sob o ponto de vista do emissor,
a mensagem é subjetiva e centrada no emitente 15
Nas situações de comunicação, alguns elementos
e, portanto, apresenta-se na primeira pessoa. A
são sempre identificados, isto é, sem eles, pode-se dizer
pontuação (ponto de exclamação, interrogação e
que não há comunicação. É o que diz a teoria da comu-
reticências) é uma característica da função emo-
nicação. Os elementos da comunicação são:
tiva, pois transmite a subjetividade da mensagem
A) Emissor ou destinador: alguém que emite a mensa-
e reforça a entonação emotiva. Essa função é co-
gem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma empre-
sa, uma instituição. mum em poemas ou narrativas de teor dramático
B) Receptor ou destinatário: a quem se destina a men- ou romântico.
sagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo 3. Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in-
um animal, como um cão, por exemplo. fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por
C) Código: a maneira pela qual a mensagem se or- meio de uma ordem (uso de vocativos), sugestão,
ganiza. O código é formado por um conjunto de convite ou apelo (daí o nome da função). Os ver-
sinais, organizados de acordo com determinadas bos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!)
regras, em que cada um dos elementos tem signi- ou conjugados na 2.ª ou 3.ª pessoa (Você não pode
ficado em relação com os demais. Pode ser a lín- perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo
gua, oral ou escrita, gestos, código Morse, sons etc. de função é muito comum em textos publicitários,
O código deve ser de conhecimento de ambos os em discursos políticos ou de autoridade.
envolvidos: emissor e destinatário. 4. Função metalinguística: Essa função se refere à me-
D) Canal de comunicação: meio físico ou virtual, que talinguagem, que é quando o emissor explica um
assegura a circulação da mensagem, por exem- código usando o próprio código. Quando um po-
plo: ondas sonoras, no caso da voz. O canal deve ema fala da própria ação de se fazer um poema,
garantir o contato entre emissor e receptor. por exemplo:
E) Mensagem: é o objeto da comunicação, é consti- “Pegue um jornal
tuída pelo conteúdo das informações transmitidas. Pegue a tesoura.
F) Referente: o contexto, a situação à qual a mensa- Escolha no jornal um artigo do tamanho que você
gem se refere. O contexto pode se constituir na si- deseja dar a seu poema.
tuação, nas circunstâncias de espaço e tempo em Recorte o artigo.”
que se encontra o remetente da mensagem. Pode Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe-
também dizer respeito aos aspectos do mundo tex- ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
tual da mensagem. próprio ato de fazer um poema.
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5. Função fática: O objetivo dessa função é estabele- 2. (ENEM 2017)


cer uma relação com o emissor, um contato para
verificar se a mensagem está sendo transmitida ou TEXTO I
para dilatar a conversa. Quando estamos em um
diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso recep- Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa
tor “Está entendendo?”, estamos utilizando este nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as
tipo de função; ou quando atendemos o celular e classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição, porque
dizemos “Oi” ou “Alô”. nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou
6. Função poética: O objetivo do emissor é expressar e consagrou.
seus sentimentos através de textos que podem ser LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portugue-
enfatizados por meio das formas das palavras, da sa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas pos-
sibilidades de combinações dos signos linguísticos. TEXTO II
É presente em textos literários, publicitários e em
letras de música. Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As pala-
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0 vras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sen-
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José sualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade
de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que real não tem para mim interesse de nenhuma espécie —
passa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo nem sequer mental ou de sonho —, transmudou-se-me o
com o poeta. desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os
escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página
de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar
EXERCÍCIO COMENTADO toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar
tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou
tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição
1. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016)
de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo
ao vento, num delírio passivo de coisa movida.
Poema tirado de uma notícia de jornal
PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasilien-
se, 1986.
João Gostoso era carregador de feira livre e morava
16 no morro da Babilônia num barracão sem número.
A linguagem cumpre diferentes funções no processo de
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
comunicação. A função que predomina nos textos I e II
Bebeu
Cantou
a) destaca o “como” se elabora a mensagem, consi-
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e derando-se a seleção, combinação e sonoridade do
morreu afogado. texto.
b) coloca o foco no “com o quê” se constrói a mensa-
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. gem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. c) focaliza o “quem” produz a mensagem, mostrando
seu posicionamento e suas impressões pessoais.
No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação d) orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, es-
de elementos da função referencial da linguagem pela timulando a mudança de seu comportamento.
e) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresen-
a) atribuição de título ao texto com base em uma notí- tada com palavras precisas e objetivas.
cia veiculada em jornal.
b) utilização de frases curtas, características de textos Resposta: Letra: B. Os dois textos dão enfoque ao có-
do gênero jornalístico. digo linguístico, à palavra. Usam a metalinguagem –
c) indicação de nomes de lugares como garantia da o código explicando o código.
veracidade da cena narrada.
d) enumeração de ações, com foco nos eventos acon- 3. (ENEM – NOVEMBRO-2018)
tecidos à personagem do texto.
e) apresentação de elementos próprios da notícia, tais Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cine-
como quem, onde, quando e o quê. ma e teatros para curtir, em maior intensidade, as atra-
ções em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo
Resposta: Letra: E. O poema apresenta características Whatscine, recém chegado ao Brasil e disponível para
de uma notícia, com referenciais “quem, quando, sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google).
onde e o quê”. Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o
app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na
tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o
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usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular. Texto Original


O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Uni-
versidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas Minha terra tem palmeiras
de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes Onde canta o sabiá,
estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, As aves que aqui gorjeiam
diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para Não gorjeiam como lá.
o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Companhia de Dança para adaptar os espetáculos de-
les! Isso já é um avanço. Concorda?” Paráfrase
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25
jun. 2014 (adaptado). Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
com a intenção do emissor, a linguagem apresenta fun- Eu tão esquecido de minha terra...
ções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função Ai terra que tem palmeiras
referencial da linguagem, porque há a presença de ele- Onde canta o sabiá!
mentos que (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e
Bahia”).
a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do apli-
cativo. Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é
b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paró-
autora. dia. Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade reto-
c) evidenciam a subjetividade, explorando a entona- ma o texto primitivo conservando suas ideias, não há
ção emotiva.
mudança do sentido principal do texto, que é a sauda-
d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem
de da terra natal.
denotativa.
e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorren-
1. Paródia
do a uma indagação.
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
outros textos, há uma ruptura com as ideologias impos-
Resposta: Letra: D. O texto expõe a funcionalidade do
tas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos
Whatscine, usando a linguagem denotativa (verda-
da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de in- 17
deira; linguagem técnica).
terpretação, a voz do texto original é retomada para
transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão críti-
ca de suas verdades incontestadas anteriormente. Com
INTERTEXTUALIDADE esse processo há uma indagação sobre os dogmas es-
tabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida
através do raciocínio e da crítica. Os programas humo-
Intertextualidade acontece quando há uma referên- rísticos fazem uso contínuo dessa arte. Frequentemente
cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também os discursos de políticos são abordados de maneira cô-
pode ocorrer com outras formas além do texto, música, mica e contestadora, provocando risos e também refle-
pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer xão a respeito da demagogia praticada pela classe do-
alusão à outra ocorre a intertextualidade. minante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente,
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa teremos, agora, uma paródia.
o objeto de sua citação. Num texto científico, por exem-
plo, o autor do texto citado é indicado; já na forma implí- Texto Original
cita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o
leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para Minha terra tem palmeiras
reconhecer e identificar quando há um diálogo entre Onde canta o sabiá,
os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as As aves que aqui gorjeiam
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há Não gorjeiam como lá.
duas formas: a Paráfrase e a Paródia. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

1. Paráfrase Paródia
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a
ideia do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão Minha terra tem palmares
ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns onde gorjeia o mar
sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o os passarinhos daqui
que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso não cantam como os de lá.
Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
Cia” (p. 23):
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O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e
racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do
texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.

CLASSES DE PALAVRAS

ADJETIVO

É a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
do com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).

Locução adjetiva

Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma
coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução
Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio
(paixão desenfreada).

Observe outros exemplos:

de águia aquilino
de aluno discente
de anjo angelical
de ano anual
18 de aranha aracnídeo
de boi bovino
de cabelo capilar
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
de fogo ígneo
de homem viril ou humano
de ilha insular
de lago lacustre
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
dos quadris ciático
de rio fluvial
de visão óptico ou ótico

Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
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Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente,
erudita. Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português 19
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-ame-
ricano, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-
-social.
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Número dos Adjetivos No comparativo de igualdade, o segundo termo da


comparação é introduzido pelas palavras como, quan-
A) Plural dos adjetivos simples to ou quão.
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acor-
do com as regras estabelecidas para a flexão numérica Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su-
dos substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim perioridade
e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exer- Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In-
ça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se ferioridade
a palavra que estiver qualificando um elemento for,
originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
primitiva. Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
substantivo; porém, se estiver qualificando um elemen- eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/su-
to, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. perior, grande/maior, baixo/inferior.
Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes) Observe que:
Paredes musgo (mas: paredes brancas).  As formas menor e pior são comparativos de su-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). perioridade, pois equivalem a mais pequeno e
mais mau, respectivamente.
B) Adjetivo Composto  Bom, mau, grande e pequeno têm formas sin-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- téticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- comparações feitas entre duas qualidades de um
nas o último elemento concorda com o substantivo a mesmo elemento, deve-se usar as formas analíti-
cas mais bom, mais mau,mais grande e mais pe-
que se refere; os demais ficam na forma masculina, sin-
queno. Por exemplo:
gular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
composto seja um substantivo adjetivado, todo o adje-
elementos.
tivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra
Pedro é mais grande que pequeno - comparação
“rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se esti-
de duas qualidades de um mesmo elemento.
ver qualificando um elemento, funcionará como adjeti-
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
vo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um
20 ferioridade
adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado,
Sou menos passivo (do) que tolerante.
o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
B) Superlativo
Ternos rosa-claro. O superlativo expressa qualidades num grau muito
Olhos verde-claros. elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. tivo e apresenta as seguintes modalidades:
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
de um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
Observação: Apresenta-se nas formas:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre de palavras que dão ideia de intensidade (advér-
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, bios). Por exemplo: O concurseiro é muito esforça-
vestidos cor-de-rosa. do.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Grau do Adjetivo

Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-


benéfico - Beneficentíssimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- bom - boníssimo ou ótimo
jetivo: o comparativo e o superlativo. comum - comuníssimo

A) Comparativo cruel - crudelíssimo


Nesse grau, comparam-se a mesma característica difícil - dificílimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte- doce - dulcíssimo
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode
ser de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. fácil - facílimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igual- fiel - fidelíssimo
dade
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B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade Flexão do Advérbio


de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
seres. Essa relação pode ser: Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
 De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
todas. porém, admitem a variação em grau. Observe:
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
todas. A) Grau Comparativo
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio que o comparativo do adjetivo:
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmen-  de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re-
te, antepostos ao adjetivo. nato fala tão alto quanto João.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob  de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra Renato fala menos alto do que João.
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-  de superioridade:
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; fala mais alto do que João.
a popular é constituída do radical do adjetivo português A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termina- B) Grau Superlativo
dos em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio O superlativo pode ser analítico ou sintético:
– cheíssimo. B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Rena-
to fala muito alto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- modo
char. Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são co-
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: muns na língua popular.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Maria mora pertinho daqui. (muito perto) 21
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
REFERÊNCIA DE SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Classificação dos Advérbios
coes/morf/morf32.php>
De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
ADVÉRBIO bio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
Compare estes exemplos: atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
O ônibus chegou. perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures,
O ônibus chegou ontem. defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhu-
res, aquém, embaixo, externamente, a distância, à
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o distância de, de longe, de perto, em cima, à direita,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de à esquerda, ao lado, em volta.
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
e do próprio advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamen-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei te, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
(bem) constantemente, entrementes, imediatamente, pri-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- meiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
jetivo (claros) vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
vez em quando, de quando em quando, a qual-
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- quer momento, de tempos em tempos, em breve,
centar ideia de: hoje em dia.
Tempo: Ela chegou tarde. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Lugar: Ele mora aqui. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Modo: Eles agiram mal. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Negação: Ela não saiu de casa. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Dúvida: Talvez ele volte. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

te”: calmamente, tristemente, propositadamente, Locução Adverbial


pacientemente, amorosamente, docemente, es-
candalosamente, bondosamente, generosamente. Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu- expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
bitavelmente. nariamente por uma preposição. Veja:
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. para dentro, por aqui, etc.
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel- B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
sabe. em geral, frente a frente, etc.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tar-
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, de, hoje em dia, nunca mais, etc.
tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada,
todo, quase, de todo, de muito, por completo, ex- A locução adverbial e o advérbio modificam o ver-
tremamente, intensamente, grandemente, bem bo, o adjetivo e outro advérbio:
(quando aplicado a propriedades graduáveis). Chegou muito cedo. (advérbio)
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- Joana é muito bela. (adjetivo)
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: De repente correram para a rua. (verbo)
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadure- mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
ce durante a adolescência. Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
aos meus amigos por comparecerem à festa. bio: Cheguei primeiro.

Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locu-


SE LIGA! ção adverbial desempenham na oração a função de
Como saber se a palavra bastante é adjunto adverbial, classificando-se de acordo com as
22 advérbio (não varia, não se flexiona) ou circunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo
pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se ou ao advérbio. Exemplo:
der, na frase, para substituir o “bastante” por Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto
“muito”, estamos diante de um advérbio; se adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
der para substituir por “muitos” (ou muitas), é Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
um pronome. Veja: dade e de tempo, respectivamente.
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. Estudei bastantes capítulos para o CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
concurso. (estudei muitos capítulos) = char. Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
pronome indefinido
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Advérbios Interrogativos literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
como? por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, re-
ferentes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. REFERÊNCIA DE SITE
Veja: Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf75.php>
Interrogação Direta Interrogação Indireta
ARTIGO
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar
Por que choras? Não sei por que choras.
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Donde vens? Pergunto donde vens. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Quando voltas? Pergunto quando voltas.
“uma”[s] e “uns]).
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A) Artigos definidos – São usados para indicar seres REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


determinados, expressos de forma individual: O CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
aluno estuda muito. Os alunos estudam muito. char. Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de – São Paulo: Saraiva, 2010.
modo vago, impreciso: Uma candidata foi apro- AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
vada! Umas candidatas foram aprovadas! literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal – São Paulo: Saraiva, 2010.
conteúdo.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) REFERÊNCIA DE SITE
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra-
de Janeiro, Veneza, A Bahia... matica/artigo.htm>
Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o ho- CONJUNÇÃO
mem.
No caso de nomes próprios personativos, denotando Além da preposição, há outra palavra também in-
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o variável que, na frase, é usada como elemento de liga-
uso do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / ção: a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou
O Pedro é o xodó da família. duas palavras de mesma função em uma oração:
No caso de os nomes próprios personativos esta- O concurso será realizado nas cidades de Campinas
rem no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os e São Paulo.
Maias, os Incas, Os Astecas... A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
Morfossintaxe da Conjunção
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele
(do artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
As conjunções, a exemplo das preposições, não
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
exercem propriamente uma função sintática: são co-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- 23
nectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
as conjunções podem ser classificadas em coordena-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele
tivas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
deve ter é uns vinte anos. ligados pela conjunção podem ser isolados um do ou-
O artigo também é usado para substantivar palavras tro. Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- unidade de sentido que cada um dos elementos possui.
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Já no segundo caso, cada um dos elementos ligados
pela conjunção depende da existência do outro. Veja:
Há casos em que o artigo definido não pode ser usado: Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
conhecidas: O professor visitará Roma.
Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a “mas”. Já em:
bela Roma. Espero que eu seja aprovada no concurso!
Não conseguimos separar uma oração da outra,
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria pois a segunda “completa” o sentido da primeira (da
sairá agora? oração principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse
Exceção: O senhor vai à festa? período temos uma oração subordinada substantiva
objetiva direta (ela exerce a função de objeto direto do
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: verbo da oração principal).
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é
o candidato cuja nota foi a mais alta.
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Conjunções Coordenativas 2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada


exerce a função de adjunto adverbial da princi-
São aquelas que ligam orações de sentido completo pal. De acordo com a circunstância que expres-
e independente ou termos da oração que têm a mes- sam, classificam-se em:
ma função gramatical. Subdividem-se em: A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ocorrência da oração principal. São elas: porque,
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando que, como (= porque, no início da frase), pois que,
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
(= e não), não só... mas também, não só... como que, etc.
também, bem como, não só... mas ainda. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de
A sua pesquisa é clara e objetiva. meios.
Não só dança, mas também canta.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. impedir sua realização. São elas: embora, ainda
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretan- que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
to, no entanto, não obstante. mais que, posto que, conquanto, etc.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres- C) Condicionais: introduzem uma oração que indi-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando ca a hipótese ou a condição para ocorrência da
fatos que se realizam separadamente. São elas: principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo
ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... se, a não ser que, desde que, a menos que, sem
seja, talvez... talvez. que, etc.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma ora-
ção que expressa ideia de conclusão ou conse-
SE LIGA!
quência. São elas: logo, pois (depois do verbo),
portanto, por conseguinte, por isso, assim. Você deve ter percebido que a conjunção
Marta estava bem preparada para o teste, portanto condicional “se” também é conjunção
24 não ficou nervosa. integrante. A diferença é clara ao ler as orações
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. que são introduzidas por ela. Acima, ela nos dá
a ideia da condição para que recebamos um
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma ora- telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
ção que a explica, que justifica a ideia nela con- Não sei se farei o concurso. Não há ideia de
tida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo), condição alguma, há? Outra coisa: o verbo
porquanto. da oração principal (sei) pede complemento
Não demore, que o filme já vai começar. (objeto direto, já que “quem não sabe, não
Falei muito, pois não gosto do silêncio! sabe algo”). Portanto, a oração em destaque
exerce a função de objeto direto da oração
Conjunções Subordinativas principal, sendo classificada como oração
subordinada substantiva objetiva direta.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma
delas dependente da outra. A oração dependente,
introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile prime a conformidade de um fato com outro. São
já tinha começado quando ela chegou. elas: conforme, como (= conforme), segundo,
O baile já tinha começado: oração principal consoante, etc.
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) O passeio ocorreu como havíamos planejado.
ela chegou: oração subordinada
E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
As conjunções subordinativas subdividem-se em inte- nalidade ou o objetivo com que se realiza a ora-
grantes e adverbiais: ção principal. São elas: para que, a fim de que,
que, porque (= para que), que, etc.
1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada Toque o sinal para que todos entrem no salão.
por elas introduzida completa ou integra o sentido
da principal. Introduzem orações que equivalem F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
a substantivos, ou seja, as orações subordinadas pressa um fato relacionado proporcionalmente
substantivas. São elas: que, se. à ocorrência do expresso na principal. São elas:
Quero que você volte. (Quero sua volta) à medida que, à proporção que, ao passo que
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e as combinações quanto mais... (mais), quanto de maneira lógica, como são as sentenças da língua,
menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da
menos... (menos), etc. alma decorrente de uma situação particular, um mo-
O preço fica mais caro à medida que os produtos mento ou um contexto específico. Exemplos:
escasseiam. Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Observação: Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
São incorretas as locuções proporcionais à medida hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
em que, na medida que e na medida em que.
O significado das interjeições está vinculado à ma-
G) Temporais: introduzem uma oração que acres- neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
centa uma circunstância de tempo ao fato expresso o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex-
na oração principal. São elas: quando, enquanto, antes to em que for utilizada. Exemplos:
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim Psiu!
que), etc. contexto: alguém pronunciando esta expressão na
A briga começou assim que saímos da festa. rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
mando! Ei, espere!”
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
pressa ideia de comparação com referência à oração Psiu!
principal. São elas: como, assim como, tal como, como contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado cio!”
com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
sa a consequência da principal. São elas: de sorte que, Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
de modo que, sem que (= que não), de forma que, de puxa: interjeição; tom da fala: decepção
jeito que, que (tendo como antecedente na oração
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, ta- As interjeições cumprem, normalmente, duas fun- 25
manho), etc. ções:
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
do exame. gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
sante!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
SE LIGA! minha frente.
Muitas conjunções não têm classificação
única, imutável, devendo, portanto, ser As interjeições podem ser formadas por:
classificadas de acordo com o sentido que  simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
apresentam no contexto (destaque da Zê!).  palavras: Oba! Olá! Claro!
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Saiba que:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- frem variação em gênero, número e grau como os no-
char. Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
– São Paulo: Saraiva, 2010. e voz como os verbos. No entanto, em uso específico,
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. trata de um processo natural desta classe de palavra,
REFERÊNCIA DE SITE mas tão só uma variação que a linguagem afetiva per-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- mite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
coes/morf/morf84.php>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTERJEIÇÃO SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada – volume único – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
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REFERÊNCIA DE SITE Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- número. Observe: um terço/dois terços, uma terça par-
coes/morf/morf89.php> te/duas terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
NUMERAL dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de
Numeral é a palavra variável que indica quantidade grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especiali-
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- zação de sentido. É o que ocorre em frases como:
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi- “Me empresta duzentinho...”
nada sequência. É artigo de primeiríssima qualidade!
Os numerais traduzem, em palavras, o que os números O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão segunda divisão de futebol)
é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de
numerais, mas sim de algarismos. Emprego e Leitura dos Numerais
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- Os numerais são escritos em conjunto de três alga-
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, rismos, contados da direita para a esquerda, em forma
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, de centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto
dúzia, par, ambos(as), novena. uma separação através de ponto ou espaço correspon-
dente a um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
Classificação dos Numerais Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determina- conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais No português contemporâneo, não se usa a conjun-
têm sentido coletivo, como por exemplo: século,
ção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil
par, dúzia, década, bimestre.
novecentos e noventa e dois.
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
ou alguma coisa ocupa numa determinada
sequência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
Mas, se a centena começa por “zero” ou termina
por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e qui-
As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
26 nhentos reais. (R$1.500,00)
final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
são classificadas como adjetivos, não ordinais.

C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou Para designar papas, reis, imperadores, séculos e
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordi-
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação nais até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi o numeral venha depois do substantivo;
aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Ordinais Cardinais
Flexão dos numerais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatrocentas,
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis. Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos SE LIGA!
primeiras segundas milésimas Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
associação. Ficará mais fácil!
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esfor-
Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
ço e conseguiram o triplo de produção.
dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
triplas do medicamento.
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Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo
só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
27
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimoou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O “a” pode funcionar como preposição, pronome


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servin-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- do para determiná-lo como um substantivo singular e
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. feminino: A matéria que estudei é fácil!
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. dois termos e estabelece relação de subordinação en-
tre eles.
REFERÊNCIA DE SITE Irei à festa sozinha.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é ar-
coes/morf/morf40.php> tigo; o segundo, preposição.
PREPOSIÇÃO
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos
Preposição é uma palavra invariável que serve para
a apostila. = Nós a trouxemos.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação aconte-
ce, normalmente há uma subordinação do segundo
Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
termo em relação ao primeiro. As preposições são muito
importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a por meio das preposições:
coesão textual e possuem valores semânticos indispen-
sáveis para a compreensão do texto. Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos.
Tipos de Preposição Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Tempo = Chegarei em instantes.
clusivamente como preposições: a, ante, peran- Causa = Chorei de saudade.
te, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, Fim ou finalidade = Vim para ficar.
para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro Instrumento = Escreveu a lápis.
de, para com. Posse = Vi as roupas da mamãe.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Autoria = livro de Machado de Assis
28 gramaticais que podem atuar como preposições, Companhia = Estarei com ele amanhã.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Matéria = copo de cristal.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, se- Meio = passeio de barco.
gundo, senão, visto. Origem = Nós somos do Nordeste.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Conteúdo = frascos de perfume.
lendo como uma preposição, sendo que a última Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acor-
do com, em cima de, embaixo de, em frente a, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
causa de, por cima de, por trás de. prepositiva por trás de.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por +
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a = pela.
Essa concordância não é característica da preposi- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
ção, mas das palavras às quais ela se une. char. Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
Esse processo de junção de uma preposição com – São Paulo: Saraiva, 2010.
outra palavra pode se dar a partir dos processos de: AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
 Combinação: união da preposição “a” com o ar- literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde,
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. REFERÊNCIA DE SITE
 Contração: união de uma preposição com outra Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu-
palavra, ocorrendo perda ou transformação de gues/preposicao/>
fonema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” pre-
posição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª
vogal do pronome “aquilo”).
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PRONOME A) Pronome Reto


Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
Pronome é a palavra variável que substitui ou acompa- tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
nha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma forma. flores.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o Os pronomes retos apresentam flexão de número,
homem destrói a natureza... gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa últi-
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é ma a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
superior à natureza, por isso ele a destrói... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- assim configurado:
mos (homem e natureza). 1.ª pessoa do singular: eu
2.ª pessoa do singular: tu
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 3.ª pessoa do singular: ele, ela
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 1.ª pessoa do plural: nós
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 2.ª pessoa do plural: vós
referência exata daquilo que está sendo colocado por 3.ª pessoa do plural: eles, elas
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- Esses pronomes não costumam ser usados como
mais pronomes têm por função principal apontar para complementos verbais na língua-padrão. Frases como
as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indican- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
do-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtu- até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
de dessa característica, os pronomes apresentam uma evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua
forma específica para cada pessoa do discurso. formal, devem ser usados os pronomes oblíquos corres-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. pondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trou-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] xeram-me até aqui”.
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem Frequentemente observamos a omissão do pronome
se fala] reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. formas verbais marcam, através de suas desinências, as
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
se fala]
boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras 29
B) Pronome Oblíquo
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú-
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
sentença, exerce a função de complemento verbal
rência através do pronome seja coerente em termos de
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto
gênero e número (fenômeno da concordância) com o
indireto)
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente
no enunciado.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da Observação:
nossa escola neste ano. O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concor- me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
dância adequada] diversa que eles desempenham na oração: pronome
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo mar-
cia adequada] ca o complemento da oração. Os pronomes oblíquos
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- sofrem variação de acordo com a acentuação tônica
cordância inadequada] que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.

Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, B.1 Pronome Oblíquo Átono
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. São chamados átonos os pronomes oblíquos que
não são precedidos de preposição. Possuem acentua-
1. Pronomes Pessoais ção tônica fraca: Ele me deu um presente.
Lista dos pronomes oblíquos átonos
São aqueles que substituem os substantivos, indican- 1.ª pessoa do singular (eu): me
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 2.ª pessoa do singular (tu): te
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar 1.ª pessoa do plural (nós): nos
a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fa- 2.ª pessoa do plural (vós): vos
zer referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso
reto ou do caso oblíquo.
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A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”


SE LIGA! está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi
especiais depois de certas terminações fácil para mim!
verbais: A combinação da preposição “com” e alguns pro-
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o nomes originou as formas especiais comigo, contigo,
pronome assume a forma lo, los, la ou las, consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos
ao mesmo tempo que a terminação verbal tônicos frequentemente exercem a função de adjunto
é suprimida. Por exemplo: adverbial de companhia: Ele carregava o documento
fiz + o = fi-lo consigo.
fazeis + o = fazei-lo A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o senti-
2. Quando o verbo termina em som nasal, o do de inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram
pronome assume as formas no, nos, na, nas. bem na prova, até eu! (= inclusive eu)
Por exemplo: As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
viram + o: viram-no por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
repõe + os = repõe-nos soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
retém + a: retém-na próprios, todos, ambos ou algum numeral.
tem + as = tem-nas Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as
más notícias.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico Ele disse que iria com nós três.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
dos por preposições, em geral as preposições a, para, B.3 Pronome Reflexivo
de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exer- São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
cem a função de objeto indireto da oração. Possuem nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao su-
acentuação tônica forte. jeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: a ação expressa pelo verbo.
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
30 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Lista dos pronomes reflexivos:
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco lembro disso.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
lherme já se preparou.
Observe que as únicas formas próprias do pronome Ela deu a si um presente.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa Antônio conversou consigo mesmo.
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
caso reto. 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
As preposições essenciais introduzem sempre pro- com esta conquista.
nomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles
caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o se conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados
desta forma:
Não há mais nada entre mim e ti. SE LIGA!
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. O pronome é reflexivo quando se refere
Não há nenhuma acusação contra mim. à mesma pessoa do pronome subjetivo
Não vá sem mim. (sujeito): Eu me arrumei e saí.
É pronome recíproco quando indica
Há construções em que a preposição, apesar de sur- reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma Olhamo-nos calados.
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- O “se” pode ser usado como palavra
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um prono- expletiva ou partícula de realce, sem ser
me, deverá ser do caso reto. rigorosamente necessária e sem função
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. sintática: Os exploradores riam-se de suas
Não vá sem eu mandar. tentativas. / Será que eles se foram?
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C) Pronomes de Tratamento 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos


São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por- ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira da inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos
pessoa. Alguns exemplos: a chamar alguém de “você”, não poderemos usar
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe- nos teus cabelos. (errado)
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado e de Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden- nos seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
te da República (sempre por extenso)
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de univer- ou
sidades
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- nos teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e fun-
cionários de igual categoria 2. Pronomes Possessivos
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
de direito São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
cerimonioso (coisa possuída).
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
singular)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a
senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são
NÚMERO PESSOA PRONOME
empregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vo-
cês”, no tratamento familiar. Você e vocês são larga- singular primeira meu(s), minha(s)
mente empregados no português do Brasil; em algumas singular segunda teu(s), tua(s)
regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pou- 31
co empregada. Já a forma vós tem uso restrito à lingua- singular terceira seu(s), sua(s)
gem litúrgica, ultraformal ou literária. plural primeira nosso(s), ossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
Observações:
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes plural terceira seu(s), sua(s)
de tratamento que possuem “Vossa(s)” são em-
pregados em relação à pessoa com quem fala- Note que:
mos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compare- A forma do possessivo depende da pessoa grama-
ça a este encontro. tical a que se refere; o gênero e o número concordam
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua con-
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram tribuição naquele momento difícil.
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repú-
blica, agiu com propriedade. Observações:
3. Os pronomes de tratamento representam uma for-
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocu- 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
tores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Exce- da alteração fonética da palavra senhor: Muito
lência, por exemplo, estamos nos endereçando à obrigado, seu José.
excelência que esse deputado supostamente tem
para poder ocupar o cargo que ocupa. 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª posse. Podem ter outros empregos, como:
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
pessoa, toda a concordância deve ser feita com
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus
a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes pos-
40 anos.
sessivos e os pronomes oblíquos empregados em
C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas
promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reco-
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
nhecidos.
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
celência trouxe sua mensagem?
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4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- Este e aquele são empregados quando se quer fazer re-
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus ferência a termos já mencionados; aquele se refere ao termo
livros e anotações. referido em primeiro lugar e este para o referido por último:
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) Paulo; este está mais bem colocado que aquele. (= este
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, [São Paulo], aquele [Palmeiras])
próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-
-lo, para que não ocorra redundância: Coloque ou
tudo nos respectivos lugares.
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São
3. Pronomes Demonstrativos Paulo; aquele está mais bem colocado que este. (= este
[São Paulo], aquele [Palmeiras])
São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao dis- invariáveis, observe:
curso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s).
A) Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
pessoa que fala: Também aparecem como pronomes demonstrativos:
Este material é meu.
 o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa com quem se fala: aquilo.
Esse material em sua carteira é seu? Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está te indiquei.)
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
quem se fala:  mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam
32 Aquele material não é nosso. em gênero quando têm caráter reforçativo:
Vejam aquele prédio! Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Eu mesma refiz os exercícios.
B) Em relação ao tempo: Elas mesmas fizeram isso.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Eles próprios cozinharam.
relação à pessoa que fala: Os próprios alunos resolveram o problema.
Esta manhã farei a prova do concurso!
 semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
rém relativamente próximo à época em que se situa a  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
pessoa que fala:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta- (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tem- fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
po remoto: à mencionada em primeiro lugar.
Naquele tempo, os professores eram valorizados. 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
falará ou escreverá): em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se que estava vendo. (no = naquilo)
falará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, 4. Pronomes Indefinidos
ortografia, concordância.
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: quantidade indeterminada.
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais de- Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
sejamos! -plantadas.
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Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa 5. Pronomes Relativos
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser São aqueles que representam nomes já menciona-
humano que seguramente existe, mas cuja identidade é dos anteriormente e com os quais se relacionam. Intro-
desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: duzem as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- de um grupo racial sobre outros.
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, tros = oração subordinada adjetiva).
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
Quem avisa amigo é. e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de nome demonstrativo o, a, os, as.
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), Não sei o que você está querendo dizer.
certa(s). Às vezes, o antecedente do pronome relativo não
Cada povo tem seus costumes. vem expresso.
Certas pessoas exercem várias profissões.
Quem casa, quer casa.
Note que:
Observe:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto,
nomes indefinidos adjetivos:
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais,
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, cujas, quantas.
nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pou- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
ca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quan-
ta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, Note que:
uma(s), vários, várias. O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
Menos palavras e mais ações. go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Alguns se contentam pouco. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
seu antecedente for um substantivo. 33
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
riáveis e invariáveis. Observe: A cantora que acabou de se apresentar é péssima.
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, (= a qual)
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (=
toda, muita, pouca, vária, tanta, outra, quan- os quais)
ta, qualquer, quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, al- as quais)
gumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias,
tantas, outras, quantas. O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamen-
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, te pronomes relativos, por isso são utilizados didatica-
nada, algo, cada. mente para verificar se palavras como “que”, “quem”,
“onde” (que podem ter várias classificações) são pro-
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo nomes relativos. Todos eles são usados com referência
querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de
cujo plural é feito em seu interior).
determinadas preposições: Regressando de São Paulo,
visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado.
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
O uso de “que”, neste caso, geraria ambiguidade. Veja:
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia,
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
que me deixou encantado (quem me deixou encanta-
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) do: o sítio ou minha tia?).
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, za-se o qual / a qual)
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser pa-
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma dre, mas deixou de ser poeta, que era a sua vocação
ou outra, etc. natural.
Cada um escolheu o vinho desejado.
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O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o con-
sequente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.

Existem pessoas cujas ações são nobres.


(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (refe-
riu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


(antecedente)

O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.

É um professor a quem muito devemos.


(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
casa onde morava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando)
morávamos no exterior.

34 Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
gente que conversava, (que) ria, observava.

6. Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, re-
ferem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblí-
quo quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.
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Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e 1. Classificação dos Substantivos


“ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes
ao caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” 1.1 Substantivos Comuns e Próprios
exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso Observe a definição:
oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do dis- Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
curso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
aponta para a segunda pessoa do singular (tu/você): toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você cidade (em oposição aos bairros).
(lhe).
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou Qualquer “povoação maior que vila, com muitas ca-
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será cha-
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi- mada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um
dos de preposição. substantivo comum.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o Substantivo Comum é aquele que designa os seres
que eu estava fazendo. de uma mesma espécie de forma genérica: cidade, me-
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para nino, homem, mulher, país, cachorro.
mim o que eu estava fazendo. Estamos voando para Barcelona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O substantivo Barcelona designa apenas um ser da


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
char. Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
1.2 Substantivos Concretos e Abstratos
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]Português: novas palavras:
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
existe, independentemente de outros seres.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Observação:
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Sami-
Os substantivos concretos designam seres do mundo
ra Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edi-
real e do mundo imaginário.
ção – São Paulo: Saraiva, 2002. 35
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília.
REFERÊNCIA DE SITE Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fan-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tasma.
coes/morf/morf42.php>
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que
SUBSTANTIVO dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode ser
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa
veis, as quais denominam todos os seres que existem, ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
fenômenos, os substantivos também nomeiam: tantivo abstrato.
 lugares: Alemanha, Portugal Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
 sentimentos: amor, saudade des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
 estados: alegria, tristeza abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (esta-
 qualidades: honestidade, sinceridade do), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sen-
 ações: corrida, pescaria timento).

Morfossintaxe do substantivo  Substantivos Coletivos

Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua outra abelha, mais outra abelha.
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
(objeto direto ou indireto) e do agente da passiva, po- Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
dendo, ainda, funcionar como núcleo do complemento
nominal ou do aposto, como núcleo do predicativo do Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Tam- cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
bém encontramos substantivos como núcleos de adjun- mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
tos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan-
funções são desempenhadas por grupos de palavras. tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de
seres da mesma espécie (abelhas).
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O substantivo enxame é um substantivo coletivo. 2.2 Substantivos Primitivos e Derivados


Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
res da mesma espécie. nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa.
O substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se
Substantivo coletivo Conjunto de: originou a partir da palavra limão.

assembleia pessoas reunidas Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou-


alcateia lobos tra palavra.
acervo livros
Flexão dos substantivos
antologia trechos literários selecionados
cacho frutas O substantivo é uma classe variável. A palavra é va-
riável quando sofre flexão (variação). A palavra menino,
cancioneiro canções, poesias líricas
por exemplo, pode sofrer variações para indicar:
concílio bispos Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
congresso parlamentares, cientistas meninão / Diminutivo: menininho
elenco atores de uma peça ou filme
A) Flexão de Gênero
esquadra navios de guerra Gênero é um princípio puramente linguístico, não
enxoval roupas devendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz res-
peito a todos os substantivos de nossa língua, quer se
fauna animais de uma região
refiram a seres animais providos de sexo, quer designem
flora vegetais de uma região apenas “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
júri jurados Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
matilha cães de raça
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.
molho chaves, verduras Veja estes títulos de filmes:
multidão pessoas em geral O velho e o mar
Um Natal inesquecível
penca bananas, chaves
36 Os reis da praia
pinacoteca pinturas, quadros
ramalhete flores Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
rebanho ovelhas
A história sem fim
repertório peças teatrais, obras musicais Uma cidade sem passado
réstia alhos ou cebolas As tartarugas ninjas
romanceiro poesias narrativas
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
turma estudantes, trabalhadores
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem –
2. Formação dos Substantivos mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única for-
2.1 Substantivos Simples e Compostos ma, que serve tanto para o masculino quanto para o
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre feminino. Classificam-se em:
a terra. A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de
O substantivo chuva é formado por um único ele- sexo se faz mediante a utilização das palavras “macho”
mento ou radical. É um substantivo simples. e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
macho e o jacaré fêmea.
Substantivo Simples: é aquele formado por um único B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
elemento. pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: indi-
por dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo cam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e
é composto. a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.

Substantivo Composto: é aquele formado por dois Substantivos de origem grega terminados em ema
ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passa- ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema,
tempo. o sintoma, o teorema.
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 Existem certos substantivos que, variando de Sobrecomuns:


gênero, variam em seu significado: Entregue as crianças à natureza.
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o ca-
beça (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (di- A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
nheiro) e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
a coma (cabeleira, juba); o lente (professor) e a len- nem o artigo nem um possível adjetivo permitem iden-
te (vidro de aumento); o moral (estado de espírito) e tificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
a moral (ética; conclusão); o praça (soldado raso) e a A criança chorona chamava-se João.
praça (área pública); o rádio (aparelho receptor) e a A criança chorona chamava-se Maria.
rádio (estação emissora).
Outros substantivos sobrecomuns:
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
boa criatura.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge
- aluna. de Marcela faleceu
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se
-a ao masculino: freguês - freguesa Comuns de Dois Gêneros:
 Substantivos terminados em -ão: fazem o femi-
nino de três formas: Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mu-
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona lher?
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
- sultana vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
A distinção de gênero pode ser feita através da
 Substantivos terminados em -or: análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora o substantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imi-
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz grante; um jovem - uma jovem; artista famoso - artista
famosa; repórter francês - repórter francesa
 Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa A palavra personagem é usada indistintamente nos 37
/ duque - duquesa / conde - condessa / profeta - pro- dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acen-
fetisa tuada preferência pelo masculino: O menino descobriu
 Substantivos que formam o feminino trocando nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
o -e final por -a: elefante - elefanta Com referência à mulher, deve-se preferir o femini-
 Substantivos que têm radicais diferentes no no: O problema está nas mulheres de mais idade, que
masculino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca não aceitam a personagem.
 Substantivos que formam o feminino de ma-
neira especial, isto é, não seguem nenhuma das regras Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
anteriores: czar – czarina, réu - ré fotográfico Ana Belmonte.

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia,
Epicenos: o maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o sopra-
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. no, o proclama, o pernoite, o púbis.

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omo-
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas plata, a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a
uma forma para indicar o masculino e o feminino. entorse, a libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma ubá (canoa).
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando São geralmente masculinos os substantivos de ori-
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o qui-
palavras macho e fêmea. lograma, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigra-
A cobra macho picou o marinheiro. ma, o telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema,
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. o trema, o eczema, o edema, o magma, o estigma, o
axioma, o tracoma, o hematoma.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
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Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto.
/ A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.

Flexão de Número do Substantivo

Em português, há dois números gramaticais: o singular, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final.

Plural dos Substantivos Simples

Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
Exceção: cânon - cânones.

Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: homem - homens.


Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.

Atenção:
O plural de caráter é caracteres.

Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.

Observação:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).

Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas maneiras:


38 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.

Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural de três maneiras.


1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos

Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião – anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/vilões/vilães

Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex - os látex.

Plural dos Substantivos Compostos

A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras
que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen compor-
tam-se como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/
malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

A) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:


substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
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B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quan- colhere(s) + zinhas = colherezinhas


do formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas flore(s) + zinhas = florezinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e mão(s) + zinhas = mãozinhas
alto-falantes
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
-recos nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quan-
do formados de: túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pai(s) + zinhos = paizinhos
-de-colônia e águas-de-colônia pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor pé(s) + zitos = pezitos
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o Plural dos Nomes Próprios Personativos
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens- Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
-rã, peixe-espada - peixes-espada. sempre que a terminação preste-se à flexão.
Os Napoleões também são derrotados.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de: As Raquéis e Esteres.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa- Plural dos Substantivos Estrangeiros
ca-rolhas
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
Casos Especiais escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
shorts, os jazz.
o louva-a-deus e os louva-a-deus Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
o bem-te-vi e os bem-te-vis acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os
o bem-me-quer e os bem-me-queres chopes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os
garçons, os réquiens. 39
o joão-ninguém e os joões-ninguém. Observe o exemplo:
Este jogador faz gols toda vez que joga.
Plural das Palavras Substantivadas O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.

As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Plural com Mudança de Timbre


classes gramaticais usadas como substantivo, apresen-
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos. Certos substantivos formam o plural com mudança
Pese bem os prós e os contras. de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
O aluno errou na prova dos noves. fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

Observação: Singular Plural


Numerais substantivados terminados em “s” ou “z” corpo (ô) corpos (ó)
não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui- esforço esforços
tos seis e alguns dez.
fogo fogos
Plural dos Diminutivos forno fornos
fosso fossos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. imposto impostos
olho olhos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos osso (ô) ossos (ó)
animai(s) + zinhos = animaizinhos ovo ovos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos poço poços
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos porto portos
farói(s) + zinhos = faroizinhos posto postos
tren(s) + zinhos = trenzinhos tijolo tijolos
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Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- Estrutura das Formas Verbais
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Observação: os seguintes elementos:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo- A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
lho (ó) = feixe (molho de lenha). ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o nor- -ava; fal-am. (radical fal-)
te, o leste, o oeste, a fé, etc. B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. exemplo: fala-r. São três as conjugações:
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin- 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
bom nome) e honras (homenagem, títulos). C) Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas com signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
sentido de plural: falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
Aqui morreu muito negro. vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
improvisadas. designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
número (singular ou plural):
Flexão de Grau do Substantivo falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
(indica a 3.ª pessoa do plural.)
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- SE LIGA!
do normal. Por exemplo: casa O verbo pôr, assim como seus derivados
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª
do ser. Classifica-se em: conjugação, pois a forma arcaica do
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje- verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. haver desaparecido do infinitivo, revela-se
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- em algumas formas do verbo: põe, pões,
dor de aumento. Por exemplo: casarão. põem, etc.
40 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dor de diminuição. Por exemplo: casinha. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, per-
cebemos com facilidade que nas formas rizotônicas o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa amo, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tô-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nico não cai no radical, mas sim na terminação verbal
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- (fora do radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010. Classificação dos Verbos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Classificam-se em:
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical
São Paulo: Saraiva, 2002. inalterado durante a conjugação e desinências
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
REFERÊNCIA DE SITE ma conjugação. Por exemplo: comparemos os
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- verbos “cantar” e “falar”, conjugados no presente
coes/morf/morf12.php> do Modo Indicativo:

VERBO canto falo


Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme- cantas falas
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o canta falas
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
cantamos falamos
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno cantais falais
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). cantam falam
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4. O verbo passar (seguido de preposição), indican-


SE LIGA! do tempo: Já passa das seis.
Observe que, retirando os radicais, as
desinências modo-temporal e número- 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposi-
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente ção “de”, indicando suficiência:
fazer com outro verbo e perceberá que se Basta de tolices.
repetirá o fato (desde que o verbo seja da Chega de promessas.
primeira conjugação e regular!). Faça com
o verbo “andar”, por exemplo. Substitua o 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está
radical “cant” e coloque o “and” (radical bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”,
do verbo andar). Viu? Fácil! sem referência a sujeito expresso anteriormente (por
exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classi-
ficar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos,
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca al- pessoais.
terações no radical ou nas desinências: faço, fiz,
farei, fizesse. 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
de “ser possível”. Por exemplo:
Observação: Não deu para chegar mais cedo.
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas Dá para me arrumar uma apostila?
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: cor-
rigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
alterações não caracterizam irregularidade, porque o jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
fonema permanece inalterado. lar e do plural. São unipessoais os verbos constar,
convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que in-
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam dicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar,
conjugação completa. Os principais são adequar, latir, piar).
precaver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
normalmente, são usados na terceira pessoa do bos pessoais na linguagem figurada:
singular. Os principais verbos impessoais são: Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando? 41
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, rea-
lizar-se ou fazer (em orações temporais). Principais verbos unipessoais:
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam)  Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, pare-
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Acontece- cer, ser (preciso, necessário):
ram) Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão) bastante)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz) Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos na Europa.  Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo,
Era primavera quando o conheci. seguidos da conjunção que.
Estava frio naquele dia. Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
à Europa)
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu- Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, vejo. (Sujeito: que não a vejo)
trovejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando,
porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual- mais formas equivalentes, geralmente no particí-
quer verbo impessoal, empregado em sentido fi- pio, em que, além das formas regulares termina-
gurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, das em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas
ou seja, terá conjugação completa. curtas (particípio irregular).
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu) O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregu-
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) lar é empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos
ser, ficar e estar. Observe:
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Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Limpar Limpado Limpo
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto

Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito,
escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou,
sois, fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo
principal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

42 Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam
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SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele 43
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver

estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam
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ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei
haveria
hás houveste havias houveras haverás
haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver

hajas houvesses houveres há hajas
44 haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
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TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se,
na mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São
poucos: abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais
a reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre
ela mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma
partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas
serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essen-
cial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arre-
pendem

 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os prono-
mes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava. 45
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota
penteou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem fun-
ção sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente
pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
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O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- Tempos Verbais


te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo: Tomando-se como referência o momento em que
É preciso ler este livro. se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em
Era preciso ter lido este livro. diversos tempos.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três A) Tempos do Modo Indicativo


pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do colégio.
impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) interrompido.
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num mo-
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colo- mento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
cação. Ele estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorri-
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adje- do antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as
tivo ou advérbio. Por exemplo: lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocor-
de advérbio) rer num tempo vindouro com relação ao momento
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) atual: Ele estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocor-
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação rer posteriormente a um determinado fato passado: Se
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída: ele pudesse, estudaria um pouco mais.
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro. B) Tempos do Modo Subjuntivo
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis- mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerún- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
46 dio: posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele ven-
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogan- cesse o jogo.
do futebol. Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocor-
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando! rer num momento futuro em relação ao atual: Quando
ele vier à loja, levará as encomendas.
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequa-
da, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que SE LIGA!
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um Há casos em que formas verbais de um
futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção determinado tempo podem ser utilizadas
“verificarei” ou “vou verificar”. para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o
C) Particípio: quando não é empregado na forma- Brasil.
ção dos tempos compostos, o particípio indica, descobre = forma do presente indicando
geralmente, o resultado de uma ação terminada, passado ( = descobrira/descobriu)
flexionando-se em gênero, número e grau. Por
exemplo: Terminados os exames, os candidatos No próximo final de semana, faço a prova!
saíram. faço = forma do presente indicando futuro
Quando o particípio exprime somente estado, sem ( = farei)
nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente
a função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna esco-
lhida pela turma.
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Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
AntaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
CantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
47

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. Temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM
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Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente
48 do indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª con-
jugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Desinên.temporal


1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
antES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
CantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfei-
to, obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinên-
cia de número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Des. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
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cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS


cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a se-
gunda pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do
subjuntivo. Veja: 49

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
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 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma or-
dem, pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/
vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem
de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
50
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

REFERÊNCIA DE SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php>

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indican-
do se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal.
São três as vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

SE LIGA!
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
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Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.

A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:


Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.

 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.

 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transfor-
mação das frases seguintes:
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz
ativa. Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) 51
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.

Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.


Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.

Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.

Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
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Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- verbo. A mesóclise é usada:
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente,
paciente ou agente paciente. Quando o verbo estiver no futuro do presente ou
futuro do pretérito, contanto que esses verbos não es-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS tejam precedidos de palavras que exijam a próclise.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. evento em prol da paz no mundo.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Repare que o pronome está “no meio” do verbo
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. “realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração al-
– São Paulo: Saraiva, 2010. guma palavra que justificasse o uso da próclise, esta
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: prevaleceria. Veja: Não se realizará...
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-
REFERÊNCIA DE SITE -ia nessa viagem.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- (com presença de palavra que justifique o uso de
coes/morf/morf54.php> próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te acom-
panharia nessa viagem).
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
Colocação Pronominal trata da correta colocação A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
dos pronomes oblíquos átonos na frase. forem possíveis:
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmati-
vo: Quando eu avisar, silenciem-se todos.
SE LIGA!  Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque
função de complemento verbal (objeto).
não se inicia período com pronome oblíquo).
Por isso, memorize:
Vou-me embora agora mesmo.
OBlíquo = OBjeto! Levanto-me às 6h.
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu
passo no concurso, mudo-me hoje mesmo!
52 Embora na linguagem falada a colocação dos pro-
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
nomes não seja rigorosamente seguida, algumas nor-
proposta fazendo-se de desentendida.
mas devem ser observadas na linguagem escrita.
Colocação pronominal nas locuções verbais
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada: • Após verbo no particípio = pronome depois do ver-
bo auxiliar (e não depois do particípio):
 Quando o verbo estiver precedido de palavras Tenho me deliciado com a leitura!
que atraem o pronome para antes do verbo. São Eu tenho me deliciado com a leitura!
elas: Eu me tenho deliciado com a leitura!
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, nin- • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
guém, jamais, etc.: Não se desespere! nas locuções verbais:
B) Advérbios: Agora se negam a depor. Vamos nos unir!
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli- Iremos nos manifestar.
quem tudo! • Quando há um fator para próclise nos tempos
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
esforçou. do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu- vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos pre-
nidade. ocupar”).
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Emprego de o, a, os, as
 Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Quem lhe disse isso?  Em verbos terminados em vogal ou ditongo
 Orações iniciadas por palavras exclamativas: oral, os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Quanto se ofendem! Chame-o agora.
 Orações que exprimem desejo (orações optati- Deixei-a mais tranquila.
vas): Que Deus o ajude.  Em verbos terminados em r, s ou z, estas con-
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro- soantes finais alteram-se para lo, la, los, las. (Encontrar)
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o Encontrá-lo é o meu maior sonho.
material amanhã. / Tu sabes cantar? (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
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 Em verbos terminados em ditongos nasais (am, Observações importantes:


em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram- -se para Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
no, na, nos, nas. confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
Chamem-no agora.
Põe-na sobre a mesa.  Substitui-se a palavra feminina por uma mascu-
lina equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
crase está confirmada.
SE LIGA! Os dados foram solicitados à diretora.
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que Os dados foram solicitados ao diretor.
significa “antes”! Pronome antes do verbo!
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/  No caso de nomes próprios geográficos, substi-
(end, em Inglês – que significa “fim, final!). tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na
Pronome depois do verbo! expressão “voltar da”, há a confirmação da crase.
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do Faremos uma visita à Bahia.
verbo Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)

Não me esqueço da viagem a Roma.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa jamais vividos.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- SE LIGA!
char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. Nas situações em que o nome geográfico
– São Paulo: Saraiva, 2010. se apresentar modificado por um adjunto
adnominal, a crase está confirmada.
REFERÊNCIA DE SITE Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra- de suas praias.
matica/colocacao-pronominal-.html> Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo:
Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
CRASE (crase pra quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) 53

Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-


A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
rerá crase. Veja:
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s),
Irei à Salvador de Jorge Amado.
aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo
a qual (as quais). Casos estes em que tal fusão encon-
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
tra-se demarcada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
àquele, àquilo, à qual, às quais. regente exigir complemento regido da preposição “a”.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- Entregamos a encomenda àquela menina.
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal (preposição + pronome demonstrativo)
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - Iremos àquela reunião.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o (preposição + pronome demonstrativo)
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s). Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
contratada recentemente. (preposição + pronome demonstrativo)
Após a junção da preposição com o artigo (desta-
cados entre parênteses), temos: A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contra- verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o
tada recentemente. acento grave:
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, pressas, à vontade...
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re-  locuções prepositivas: à frente, à espera de, à
ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi- procura de...
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a  locuções conjuntivas: à proporção que, à medi-
+ o pronome demonstrativo aquela (àquela). da que.
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Cuidado: quando as expressões acima não exerce-  Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan-
rem a função de locuções não ocorrerá crase. do essa não se apresentar determinada: Chega-
Eu adoro a noite! mos todos exaustos a casa.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
preposição. exaustos à casa de Marcela.

Casos passíveis de nota:  Não há crase antes da palavra “terra”, quando


essa indicar chão firme: Quando os navegantes regres-
 A crase é facultativa diante de nomes próprios saram a terra, já era noite.
femininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. Contudo, se o termo estiver precedido por um deter-
 Também é facultativa diante de pronomes pos- minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
sessivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua Paulo viajou rumo à sua terra natal.
empresa. O astronauta voltou à Terra.
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
ficará aberta até as (às) dezoito horas.  Não ocorre crase antes de pronomes que re-
 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo- querem o uso do artigo.
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
Os livros foram entregues a mim.
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Te-
Dei a ela a merecida recompensa.
nho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV)
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo,
adverbial “a distância”: Na praia de Copacaba-
o uso da crase está confirmado no “a” que os an-
na, observamos a queima de fogos a distância.
tecede, no caso de o termo regente exigir a pre-
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pe- posição.
destre foi arremessado à distância de cem metros. Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
 Não ocorre crase antes de nome feminino utili-
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguida- zado em sentido genérico ou indeterminado:
de -, faz-se necessário o emprego da crase. Estamos sujeitos a críticas.
Ensino à distância. Refiro-me a conversas paralelas.
54 Ensino a distância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Em locuções adverbiais formadas por palavras re- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
petidas, não há ocorrência da crase. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ela ficou frente a frente com o agressor. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
Eu o seguirei passo a passo. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Casos em que não se admite o emprego da crase:
REFERÊNCIA DE SITE
Antes de vocábulos masculinos. Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
As produções escritas a lápis não serão corrigidas. matica/o-uso-crase-.html>
Esta caneta pertence a Pedro.

Antes de verbos no infinitivo. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL


Ele estava a cantar.
Começou a chover.
Os concurseiros estão apreensivos.
Antes de numeral. Concurseiros apreensivos.
O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
Observações: jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun- “apreensivos” está concordando em gênero (masculi-
cionando como uma locução adverbial feminina no) e número (plural) com o substantivo a que se refere:
– ocorrerá crase: Os passageiros partirão às deze- concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pes-
nove horas.
soa, número e gênero se correspondem. A correspon-
 Diante de numerais ordinais femininos a crase
dência de flexão entre dois termos é a concordância,
está confirmada, visto que estes não podem ser
que pode ser verbal ou nominal.
empregados sem o artigo: As saudações foram di-
recionadas à primeira aluna da classe.
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1. Concordância Verbal

É a flexão que se faz para que o verbo concorde com seu sujeito.

Sujeito Simples - Regra Geral

O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:

A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.


3.ª p. Singular 3.ª p. Singular

Os candidatos à vaga chegarão às 12h.


3.ª p. Plural 3.ª p. Plural

Casos Particulares

A) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de,
a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar no singular ou no plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram proposta.

Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
dalos destruiu / destruíram o monumento.

Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
elementos que formam esse conjunto.

B) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos
de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo. 55
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.

Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um ao outro)

C) Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em conta
a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo no plural, o verbo
deve ficar o plural.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos,
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na
terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.

Observação:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso.
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E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação:


indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
deve concordar com o substantivo. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do Soa quinze horas o relógio da matriz.
prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% dos alunos faltaram à prova. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
 Quando a expressão que indica porcentagem não existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar cam fenômenos da natureza. Exemplos:
com o número. Havia muitas garotas na festa.
25% querem a mudança. Faz dois meses que não vejo meu pai.
1% conhece o assunto. Chovia ontem à tarde.

 Se o número percentual estiver determinado por ar- Sujeito Composto


tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á
com eles: A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
Os 30% da produção de soja serão exportados. bo, a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do Pais e filhos devem conversar com frequência.
singular.
Sujeito
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
maticais diferentes, a concordância ocorre da se-
Sou eu quem faz a prova.
guinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
Não serão eles quem será aprovado.
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
56 Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
mir a forma plural.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
Observação:
 Quando “um dos que” vem entremeada de subs- Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
tantivo, o verbo pode: mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
faça o mesmo). de “tomaríeis”.
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
condição). passa a existir uma nova possibilidade de concor-
dância: em vez de concordar no plural com a to-
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o talidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. cordância com o núcleo do sujeito mais próximo.
Vossa Excelência está cansado? Faltaram coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Faltou coragem e competência.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de Compareceu o banca e todos os candidatos.
acordo com o numeral.
Deu uma hora no relógio da sala. D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Deram cinco horas no relógio da sala. dância é feita no plural. Observe:
Soam dezenove horas no relógio da praça. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Baterão doze horas daqui a pouco. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
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Casos Particulares “O pai montou o brinquedo com o filho.”


“O governador traçou os planos para o próximo se-
 Quando o sujeito composto é formado por nú- mestre com o secretariado.”
cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica “O professor questionou as regras com o aluno.”
no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói.
Café com leite é uma delícia!
 Quando o sujeito composto é formado por nú- O frango com quiabo foi receita da vovó.
cleos dispostos em gradação, verbo no singular:
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- Quando os núcleos do sujeito são unidos por expres-
gundo me satisfaz. sões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não so-
mente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quan-
 Quando os núcleos do sujeito composto são uni- to”, o verbo ficará no plural.
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no Não só a seca, mas também o pouco caso castigam
plural, de acordo com o valor semântico das con- o Nordeste.
junções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
Drummond ou Bandeira representam a essência da notícia.
poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordân-
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de cia é feita com esse termo resumidor.
“adição”. Já em: Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
Juca ou Pedro será contratado. apatia.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importan-
píada. te na vida das pessoas.

Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no Outros Casos


singular.
O Verbo e a Palavra “SE”
 Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há 57
outro”, a concordância costuma ser feita no sin- duas de particular interesse para a concordância verbal:
gular. A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
Um ou outro compareceu à festa. B) quando é partícula apassivadora.
Nem um nem outro saiu do colégio.
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
no singular: Um e outro farão/fará a prova. de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
terceira pessoa do singular:
 Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”, Precisa-se de funcionários.
o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos rece- Confia-se em teses absurdas.
bem um mesmo grau de importância e a palavra
“com” tem sentido muito próximo ao de “e”. Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
O pai com o filho montaram o brinquedo. verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi-
O governador com o secretariado traçaram os pla- retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse
nos para o próximo semestre. caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
O professor com o aluno questionaram as regras. Exemplos:
Construiu-se um posto de saúde.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se Construíram-se novos postos de saúde.
a ideia é enfatizar o primeiro elemento. Aqui não se cometem equívocos
O pai com o filho montou o brinquedo. Alugam-se casas.
O governador com o secretariado traçou os planos
para o próximo semestre.
O professor com o aluno questionou as regras.

Com o verbo no singular, não se pode falar em sujei-


to composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
vesse uma inversão da ordem. Veja:
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 Quando o sujeito indicar peso, medida, quan-


SE LIGA! tidade e for seguido de palavras ou expressões como
Para saber se o “se” é partícula apassivadora pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica
ou índice de indeterminação do sujeito, no singular:
tente transformar a frase para a voz passiva. Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Se a frase construída for “compreensível”, Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
estaremos diante de uma partícula Duas semanas de férias é muito para mim.
apassivadora; se não, o “se” será índice de
indeterminação. Veja:  Quando um dos elementos (sujeito ou predicati-
Precisa-se de funcionários qualificados. vo) for pronome pessoal do caso reto, com este concorda-
Tentemos a voz passiva: rá o verbo.
Funcionários qualificados são precisados (ou No meu setor, eu sou a única mulher.
Aqui os adultos somos nós.
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
destacado é índice de indeterminação do
Observação:
sujeito.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) represen-
Agora:
tados por pronomes pessoais, o verbo concorda com o pro-
Vendem-se casas.
nome sujeito.
Voz passiva: Casas são vendidas.
Eu não sou ela.
Construção correta! Então, aqui, o “se”
Ela não é eu.
é partícula apassivadora. (Dá para eu
passar para a voz passiva. Repare em meu
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido
destaque. Percebeu semelhança? Agora é partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
só memorizar!). SER concordará com o predicativo.
A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
O Verbo “Ser”
O Verbo “Parecer”
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo
e o sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa con-
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
cordância pode ocorrer também entre o verbo e o pre-
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
58 dicativo do sujeito.
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
Quando o sujeito ou o predicativo for:
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infi-
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo nitivo sofre flexão:
SER concorda com a pessoa gramatical: As crianças parece gostarem do desenho.
Ele é forte, mas não é dois. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
Fernando Pessoa era vários poetas. aas crianças)
A esperança dos pais são eles, os filhos.
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos.
no plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, (Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordinada
com o que estiver no plural: substantiva subjetiva).
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! 2. Concordância Nominal

Quando o verbo SER indicar A concordância nominal se baseia na relação entre


nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
 horas e distâncias, concordará com a expres- ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes ad-
são numérica: jetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: normal-
É uma hora. mente, o substantivo funciona como núcleo de um termo
São quatro horas. da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
metros. seguintes regras gerais:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
 datas, concordará com a palavra dia(s), que se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
pode estar expressa ou subentendida: denunciavam o que sentia.
Hoje é dia 26 de agosto. B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Hoje são 26 de agosto. a concordância pode variar. Podemos sistemati-
zar essa flexão nos seguintes casos:
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 Adjetivo anteposto aos substantivos:


O adjetivo concorda em gênero e número com o SE LIGA!
substantivo mais próximo. Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Encontramos caída a roupa e os prendedores. trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Encontramos caído o prendedor e a roupa. houver coerência com o segundo, função
de adjetivo, então varia:
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa- Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Ele está só descansando. (apenas
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. descansando) - advérbio
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
 Adjetivo posposto aos substantivos: depois de “só”, haverá, novamente, um
O adjetivo concorda com o substantivo mais próxi- adjetivo:
mo ou com todos eles (assumindo a forma masculina Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
plural se houver substantivo feminino e masculino). descansando)
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
das as construções:
Observação:  O substantivo permanece no singular e coloca-se
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos espanhola e a portuguesa.
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexiona-  O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
do no plural masculino, que é o gênero predominante antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
quando há substantivos de gêneros diferentes. portuguesa.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. Casos Particulares
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s). É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per- 59
mitido
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substan-  Estas expressões, formadas por um verbo mais um
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que
Água é bom para saúde. se referem possuir sentido genérico (não vier pre-
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for cedido de artigo).
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- É proibido entrada de crianças.
tivo: Esta água é boa para saúde. Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom.
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os É preciso cidadania.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- Não é permitido saída pelas portas laterais.
trou-as muito felizes.
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposi- o verbo como o adjetivo concordam com ele.
ção DE + adjetivo, este último geralmente é usado É proibida a entrada de crianças.
no masculino singular: Os jovens tinham algo de Esta salada é ótima.
misterioso. A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
função adjetiva e concorda normalmente com o Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite
nome a que se refere:
Cristina saiu só. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
Cristina e Débora saíram sós. mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Observação: A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou Muito obrigadas, disseram as senhoras.
“apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto, in- Seguem inclusos os papéis solicitados.
variável: Eles só desejam ganhar presentes. Estamos quites com nossos credores.
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Bastante - Caro - Barato - Longe 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO

Estas palavras são invariáveis quando funcionam A regência verbal estuda a relação que se estabelece
como advérbios. Concordam com o nome a que se entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
referem quando funcionam como adjetivos, pronomes tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
adjetivos, ou numerais. adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regên-
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) cia, o que corresponde à diversidade de significados que
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. estes verbos podem adquirir dependendo do contexto
(pronome adjetivo) em que forem empregados.
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con-
As casas estão caras. (adjetivo) tentar.
Achei barato este casaco. (advérbio) A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
agrado ou prazer”, satisfazer.
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
“agradar a alguém”.
Meio - Meia
O conhecimento do uso adequado das preposições
A palavra “meio”, quando empregada como adjeti- é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
vo, concorda normalmente com o nome a que se refere: verbal (e também nominal). As preposições são capazes
Pedi meia porção de polentas. de modificar completamente o sentido daquilo que está
Quando empregada como advérbio permanece in- sendo dito.
variável: A candidata está meio nervosa. Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
SE LIGA! gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
saberei que se trata de um advérbio, não A voluntária distribuía leite às crianças.
de adjetivo: “A candidata está um pouco A voluntária distribuía leite com as crianças.
nervosa”. Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (ob-
jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
60 Alerta - Menos direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
adverbial).
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
sempre invariáveis. Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
Os concurseiros estão sempre alerta. bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não
Não queira menos matéria! é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
rentes formas em frases distintas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- A) Verbos Intransitivos
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
– São Paulo: Saraiva, 2010.
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Chegar, Ir
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad-
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas
REFERÊNCIA DE SITE para indicar destino ou direção são: a, para.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/sint/sint49.php> Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar

Comparecer
Dá-se o nome de regência à relação de subordina- O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um em ou a.
nome (regência nominal) e seus complementos. Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver
o último jogo.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

B) Verbos Transitivos Diretos Responder - Tem complemento introduzido pela pre-


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indi-
Os verbos transitivos diretos são complementados car “a quem” ou “ao que” se responde.
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo- Respondi ao meu patrão.
sição para o estabelecimento da relação de regência. Respondemos às perguntas.
Ao empregar esses verbos, lembre-se de que os prono- Respondeu-lhe à altura.
mes oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos.
Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las Observação:
(após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, O verbo responder, apesar de transitivo indireto
na, nos, nas (após formas verbais terminadas em sons quando exprime aquilo a que se responde, admite voz
nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos passiva analítica:
verbais, objetos indiretos. O questionário foi respondido corretamente.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, mente.
acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, am-
parar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar,
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, namorar,
tos introduzidos pela preposição “com”.
ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, su-
Antipatizo com aquela apresentadora.
portar, ver, visitar.
Simpatizo com os que condenam os políticos que
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
governam para uma minoria privilegiada.
como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a. D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
Observação: destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar.
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos São verbos que apresentam objeto direto relacionado
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Agradeço aos ouvintes a audiência. 61
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- Objeto Indireto Objeto Direto
reira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu- Paguei o débito ao cobrador.
mor) Objeto Direto Objeto Indireto

C) Verbos Transitivos Indiretos O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado:
Os verbos transitivos indiretos são complementados Agradeci o presente. / Agradeci-o.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
gem uma preposição para o estabelecimento da rela- Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
ção de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
de terceira pessoa que podem atuar como objetos in- Paguei minhas contas. / Paguei-as.
diretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
Informar
que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e obje-
quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
to indireto ao se referir a pessoas, ou vice- -versa.
pronomes átonos lhe, lhes.
Informe os novos preços aos clientes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre- novos preços)
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em
direitos iguais para todos. Na utilização de pronomes como complementos,
veja as construções:
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
mentos introduzidos pela preposição “a”: ços.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Eles desobedeceram às leis do trânsito. sobre eles)
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Observação: Agradar é transitivo indireto no sentido de causar


A mesma regência do verbo informar é usada para os agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege comple-
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. mento introduzido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparar O cantor não lhes agradou.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de to: O cantor desagradou à plateia.
uma criança.
Aspirar
Pedir Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
de pessoa.
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor.
Pedi-lhe favores.
(Aspirávamos a ele)
Objeto Indireto Objeto Direto
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não
tantiva Objetiva Direta são utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a
ela(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- melhor. (= Aspiravam a ela)
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín-
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a Assistir
palavra licença estiver subentendida. Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em assistência a, auxiliar.
casa. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro-
62 duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). ciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário.
Preferir Não assisti às últimas sessões.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in- Essa lei assiste ao inquilino.
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
Prefiro trem a ônibus. transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial
de lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos
Observação: numa conturbada cidade.
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
Chamar
um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
existente no próprio verbo (pre).
solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
Mudança de Transitividade - Mudança de Significado
chamá-la.
Há verbos que, de acordo com a mudança de tran- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
sitividade, apresentam mudança de significado. O co-
nhecimento das diferentes regências desses verbos é um Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
recurso linguístico muito importante, pois além de permitir apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
a correta interpretação de passagens escritas, oferece predicativo preposicionado ou não.
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre A torcida chamou o jogador mercenário.
os principais, estão: A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Agradar A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
acariciar, fazer as vontades de. Chamar com o sentido de ter por nome é pronomi-
Sempre agrada o filho quando. nal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
Aquele comerciante agrada os clientes.
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Custar Querer
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado va- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
lor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: vontade de, cobiçar.
Frutas e verduras não deveriam custar muito. Querem melhor atendimento.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
duzida de infinitivo. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custou-me (a mim) crer nisso. O homem visou o alvo.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- O gerente não quis visar o cheque.
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
A Gramática Normativa condena as construções que objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por O ensino deve sempre visar ao progresso social.
pessoa: Custei para entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
= Forma correta: Custou-me entender o problema. tar público.

Implicar Esquecer – Lembrar


Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: Lembrar algo – esquecer algo
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
implicavam um firme propósito. nal)
B) ter como consequência, trazer como consequên-
cia, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o
Como transitivo direto e indireto, significa comprome-
livro.
ter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
econômicas.
exigem complemento com a preposição “de”. São, por- 63
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
tanto, transitivos indiretos:
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Ele se esqueceu do caderno.
quem não trabalhasse arduamente.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos. Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Obedecer - Desobedecer Há uma construção em que a coisa esquecida ou


Sempre transitivo indireto: lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre
Todos obedeceram às regras. leve alteração de sentido. É uma construção muito rara
Ninguém desobedece às leis. na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em
textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Ma-
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem chado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Proceder Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa momentos é sujeito)
segunda acepção, vem sempre acompanhado de ad-
junto adverbial de modo. Simpatizar - Antipatizar
As afirmações da testemunha procediam, não havia São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
como refutá-las. Não simpatizei com os jurados.
Você procede muito mal. Simpatizei com os alunos.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposi- Importante:


ção “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi- A norma culta exige que os verbos e expressões que dão
do pela preposição “a”) é transitivo indireto. ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
O avião procede de Maceió. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Procedeu-se aos exames. Cláudia desceu ao segundo andar.
O delegado procederá ao inquérito. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
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2. Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime
de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e
os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
64 Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

REFERÊNCIA DE SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>
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Período composto é aquele constituído por duas ou


SINTAXE – TERMOS DA ORAÇÃO mais orações:
PERÍODO COMPOSTO POR Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
1.1.2 Termos da Oração
1.1.2.1 Termos essenciais
1. Frase, oração e período
1.1 Sintaxe da Oração e do Período O sujeito e o predicado são considerados termos es-
1.1.2 Termos da Oração senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
1.2 Coordenaçao e Subordinação para a formação das orações. No entanto, existem ora-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o
estabelecer comunicação. Normalmente é composta termo que estabelece concordância com o verbo.
por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obri- O candidato está preparado.
gatoriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Tro- Os candidatos estão preparados.
vejou muito ontem à noite.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candi-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi- dato” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso,
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus denominada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a verbo, estabelecendo a concordância (núcleo no singu-
partir de seu sentido global: lar, verbo no singular: candidato = está).
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem for- A função do sujeito é basicamente desempenhada
mula uma pergunta: Que dia é hoje? por substantivos, o que a torna uma função substantiva
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
um pedido: Dê-me uma luz! quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um esta- pria) também podem exercer a função de sujeito.
do afetivo: Que dia abençoado! Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A tantivo)
prova será amanhã. Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo 65
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
sujeito e predicado. tos: o de determinação ou indeterminação e o de nú-
O sujeito é o termo da frase que concorda com o cleo do sujeito.
verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara Um sujeito é determinado quando é facilmente iden-
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é tificado pela concordância verbal. O sujeito determina-
a parte da frase que contém “a informação nova para do pode ser simples ou composto.
o ouvinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
tema, constituindo a declaração do que se atribui ao possível identificar claramente a que se refere a concor-
sujeito. dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo Estão gritando seu nome lá fora.
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo Trabalha-se demais neste lugar.
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
de ligação): plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
(predicado verbal) Nós estudaremso juntos.
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o A humanidade é frágil.
núcleo é “fácil” (predicado nominal) Ninguém se move.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
tido completo. O período pode ser simples ou composto. As crianças precisam de alimentos saudáveis.

Período simples é aquele constituído por apenas uma O sujeito composto é o sujeito determinado que
oração, que recebe o nome de oração absoluta. apresenta mais de um núcleo.
Chove. Alimentos e roupas custam caro.
A existência é frágil. Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
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Além desses dois sujeitos determinados, é comum a  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando in-
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o dicam fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do tempo em geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Está tarde.
pela desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.

Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- a informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvin-
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os te. Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente
pronomes não estejam explícitos. enuncia um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito predicado é aquilo que se declara a respeito deste su-
na desinência verbal “-mos” jeito. Com exceção do vocativo - que é um termo à
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- parte - tudo o que difere do sujeito numa oração é o
sinência verbal “-ais” seu predicado.
Chove muito nesta época do ano.
Mas: Houve problemas na reunião.
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós Em ambas as orações não há sujeito, apenas pre-
dicado. Na segunda oração, “problemas” funciona
O sujeito indeterminado surge quando não se quer como objeto direto.
- ou não se pode - identificar a que o predicado da ora-
As questões estavam fáceis!
ção refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito,
Sujeito simples = as questões
caso contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Predicado = estavam fáceis
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
nado de duas maneiras:
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
Sujeito = uma ideia estranha
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde
Predicado = passou-me pelo pensamento
que o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
66 Bateram à porta;
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se
Andam espalhando boatos a respeito da queda do
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no-
ministro.
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se conside-
rar também se as palavras que formam o predicado refe-
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples ou rem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
composto:
Os meninos bateram à porta. (simples) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulhe-
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) res de opinião.
Predicado
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos O predicado acima apresenta apenas uma palavra
verbos que não apresentam complemento direto: que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
Precisa-se de mentes criativas. ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Vivia-se bem naqueles tempos. A cidade está deserta.
Trata-se de casos delicados.
Sempre se está sujeito a erros. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
de indeterminação do sujeito. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta
= predicativo do sujeito).
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi- significativo um verbo:
pais casos de orações sem sujeito com: Chove muito nesta época do ano.
 os verbos que indicam fenômenos da natureza: Estudei muito hoje!
Amanheceu. Compraste a apostila?
Está trovejando.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem ape-
nas para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
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O predicado nominal é aquele que tem como núcleo B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- cansar a Vossa Senhoria.
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação). C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, crise. (sem preposição, o sentido seria outro: O
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao predi- povo prejudica a crise)
cativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do
sujeito: Os dados parecem corretos. O objeto indireto é o complemento que se liga indire-
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- tamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como Gosto de música popular brasileira.
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele Necessito de ajuda.
relacionadas.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por Objeto Pleonástico
um adjetivo ou substantivo.
É a repetição de objetos, tanto diretos como indire-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta tos.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predi- Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
cado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao sujei- pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece
to ou ao complemento verbal (objeto). o objeto, antecipado para o início da oração; em se-
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signi- guida, ele é repetido através de um pronome oblíquo.
ficativo, indicando processos. É também sempre por in- É à repetição que se dá o nome de objeto pleonástico.
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gon-
termo a que se refere. çalves Dias)
O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes. objeto pleonástico

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta Ao traidor, nada lhe devemos.


duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de li-
gação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: O termo que integra o sentido de um nome chama-
um verbal e outro nominal. -se complemento nominal, que se liga ao nome que 67
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado. completa por intermédio de preposição:
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pa-
lavra “necessária”
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
1.1.2.3 Termos acessórios da oração e vocativo
1.1.2.2 Termos integrantes da oração
Os termos acessórios recebem este nome por serem
Os complementos verbais (objeto direto e indireto)
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o
e o complemento nominal são chamados termos inte-
adjunto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o
grantes da oração.
vocativo – este, sem relação sintática com outros temos
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
da oração.
bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
Estes verbos podem se relacionar com seus complemen- O adjunto adverbial é o termo da oração que indica
tos diretamente, sem a presença de preposição, ou indire- uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
tamente, por intermédio de preposição. sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma fun-
ção adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções ad-
O objeto direto é o complemento que se liga direta- verbiais exercerem o papel de adjunto adverbial: Ama-
mente ao verbo. nhã voltarei a pé àquela velha praça.
Houve muita confusão na partida final.
Queremos sua ajuda. O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente: função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções ad-
jetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- oração. Também atuam como adjuntos adnominais os
muns referentes a pessoas: artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao
(o objeto é direto, mas como há preposição, deno- seu amigo de infância.
mina-se: objeto direto preposicionado)
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O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan- Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o entre as orações de um período composto: uma relação
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um de coordenação ou uma relação de subordinação.
verbo. Duas orações são coordenadas quando estão juntas
O poeta português deixou uma obra originalíssima. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta deixou-a. de informações, marcado pela pontuação final), mas
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: têm, ambas, estruturas individuais, como é o exemplo
adjunto adnominal) de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à
O poeta português deixou uma obra inacabada. praia. (Período Composto)
O poeta deixou-a inacabada. Podemos dizer:
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo 1. Estou comprando um protetor solar.
do objeto) 2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são indepen-
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um dentes. Tal período é classificado como
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo. Período Composto por Coordenação
Quanto à classificação das orações coordenadas,
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coorde-
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um nadas Sindéticas.
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. A) Coordenadas Assindéticas
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- São orações coordenadas entre si e que não são li-
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus-
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
tapostas.
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
B) Coordenadas Sindéticas
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas hu-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
manas, permite-nos interpretar melhor nossa rela-
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
68 ção com o mundo.
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de mui-
orações coordenadas sindéticas são classificadas em
tas coisas: amor, arte, ação.
cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclu-
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
nho, tudo forma o carnaval. sivas e explicativas.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes,
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não bém, não só... como, assim... como.
mantendo relação sintática com outro termo da ora- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
ção. A função de vocativo é substantiva, cabendo a Comprei o protetor solar e fui à praia.
substantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras
substantivadas esse papel na linguagem.  Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
João, venha comigo! suas principais conjunções são: mas, contudo, todavia,
Traga-me doces, minha menina! entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
1.2 Períodos Compostos Li tudo, porém não entendi!
1.2.1 Período Composto por Coordenação
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
O período composto se caracteriza por possuir mais suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
de uma oração em sua composição. Sendo assim: quer; seja...seja.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
ção)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à  Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas suas principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
orações) por conseguinte, consequentemente, pois (posposto ao
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um verbo).
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- Passei no concurso, portanto comemorarei!
ções). A situação é delicada; devemos, pois, agir.
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 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na
verdade, pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.

1.2.2 Período Composto Por Subordinação

Quero que você seja aprovado!


Oração principal oração subordinada

Observe que na oração subordinada temos o verbo “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por conjunção. As orações subordinadas que apresentam verbo
em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por conjun-
ção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.
Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada

A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implíci-
tas (como no exemplo acima).

Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
introduzidas por preposição.

A) Orações Subordinadas Substantivas


A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
tegrante (que, se). 69
Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva

Temos medo de que não sejamos aprovados.


Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como).

O garoto perguntou qual seu nome.


Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos quando ele virá.


Oração Subordinada Substantiva

Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito

É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
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SE LIGA!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:

 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.

Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
do singular.

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:

Todos querem sua aprovação no concurso.


Objeto Direto

70 Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:


 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presen-
tes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
Eu não sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por
preposição.

Sentimos orgulho de seu comportamento.


Complemento Nominal
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Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que ora-
ções subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o comple-
mento nominal: o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do
verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto

Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!


Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale.
As orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida. 71
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica
é feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).

SE LIGA!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adje-
tivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresen-
tam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
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No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor-
dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas.
Existem também orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra
suficientemente definido. Estas orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.

Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

No período acima, observe que a oração em destaque restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”:
trata-se de um homem específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os ho-
mens, mas sim àquele que estava passando naquele momento.

Exemplo 2:
O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de “homem”.

Saiba que:
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é
representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as orações
explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
72
C) Orações Subordinadas Adverbiais
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração
principal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desen-
volvida, vem introduzida por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes, que introduzem
orações subordinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz
(assim como acontece com as coordenadas sindéticas).
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Oração Subordinada Adverbial

A oração em destaque agrega uma circunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indicam uma circunstância referente, via de
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da circunstância que
exprime.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.

No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa
(quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível
reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.

A oração em destaque é reduzida, apresentando uma das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos
adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
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Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais te, à quebra de expectativa. Principal conjunção
subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam-
A) Causal = A ideia de causa está diretamente liga- bém a conjunção: conquanto e as locuções ain-
da àquilo que provoca um determinado fato, ao da que, ainda quando, mesmo que, se bem que,
motivo do que se declara na oração principal. posto que, apesar de que.
Principal conjunção subordinativa causal: por- Só irei se ele for.
que. Outras conjunções e locuções causais: como A oração acima expressa uma condição: o fato de
(sempre introduzido na oração anteposta à ora- “eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
ção principal), pois, pois que, já que, uma vez que, Compare agora com:
visto que. Irei mesmo que ele não vá.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou. A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua
A diferença entre a subordinada adverbial causal e ida. A oração destacada é, portanto, subordinada ad-
a sindética explicativa é que esta “explica” o fato que verbial concessiva.
aconteceu na oração com a qual ela se relaciona; Observe outros exemplos:
aquela apresenta a “causa” do acontecimento expres- Embora fizesse calor, levei agasalho.
so na oração à qual ela se subordina. Repare: Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
1. Faltei à aula porque estava doente. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (cau- comparativas estabelecem uma comparação
sa) que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o com a ação indicada pelo verbo da oração prin-
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No exem- cipal. Principal conjunção subordinativa compara-
plo 2, a oração sublinhada relata um fato que acon- tiva: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
teceu depois, já que primeiro ela chorou, depois seus
Você age como criança. (age como uma criança age)
olhos ficaram vermelhos.
 geralmente há omissão do verbo.
B) Consecutiva = exprime um fato que é conse-
quência, é efeito do que se declara na oração
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
principal. São introduzidas pelas conjunções e lo- 73
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
cuções: que, de forma que, de sorte que, tanto
para a execução do que se declara na oração
que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que,
principal. Principal conjunção subordinativa con-
tamanho...que.
formativa: conforme. Outras conjunções confor-
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que mativas: como, consoante e segundo (todas com
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) o mesmo valor de conforme).
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou Fiz o bolo conforme ensina a receita.
concretizando-os. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Re- têm direitos iguais.
duzida de Infinitivo)
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe se declara na oração principal. Principal conjun-
como necessário para a realização ou não de um ção subordinativa final: a fim de. Outras conjun-
fato. As orações subordinadas adverbiais condi- ções finais: que, porque (= para que) e a locução
cionais exprimem o que deve ou não ocorrer para conjuntiva para que.
que se realize - ou deixe de se realizar - o fato ex- Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
presso na oração principal. Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
Principal conjunção subordinativa condicional: se.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
que, sem que, uma vez que (seguida de verbo no sub- principal. Principal locução conjuntiva subordina-
juntivo). tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
Se o regulamento do campeonato for bem elabora- ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
do, certamente o melhor time será campeão. passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Caso você saia, convide-me. (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
D) Concessiva = indica concessão às ações do (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
verbo da oração principal, isto é, admitem uma (mais), quanto menos...(menos).
contradição ou um fato inesperado. A ideia de À proporção que estudávamos mais questões acer-
concessão está diretamente ligada ao contras- távamos.
À medida que lia mais culto ficava.
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I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato Principais funções dos sinais de pontuação
expresso na oração principal, podendo exprimir
noções de simultaneidade, anterioridade ou pos- A) Ponto (.)
terioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
poral: quando. Outras conjunções subordinativas  Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: cerrando o período.
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
depois que, sempre que, desde que, etc. panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. de período, este não receberá outro ponto; neste
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter- caso, o ponto de abreviatura marca, também, o
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) fim de período. Exemplo: Estudei português, mate-
márica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
Orações Reduzidas  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma
As orações subordinadas podem vir expressas como citação:
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas Haverá eleições em outubro
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conecti- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
vo subordinativo que as introduza. leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo  Os números que identificam o ano não utilizam pon-
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- to nem devem ter espaço a separá-los, bem como
sença do conectivo) os números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. B) Ponto e Vírgula (;)
É preciso estudar = oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo  Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
É preciso que se estude = oração subordinada subs- ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
tantiva subjetiva lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum es-
Orações Intercaladas pírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
 Separa partes de frases que já estão separadas
74 São orações independentes encaixadas na sequên- por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor;
cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um outros, montanhas, frio e cobertor.
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou  Separa itens de uma enumeração, exposição de
travessões. motivos, decreto de lei, etc.
Nós – continuava o relator – já abordamos este assunto. Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Caminhada na praia;
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Reunião com amigos.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, C) Dois pontos (:)
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –  Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
São Paulo: Saraiva, 2002. Coutinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
REFERÊNCIA DE SITE chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-  Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá
las/portugues/frase-periodo-e-oracao> estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vi-
vendo a rotina de sempre.
 Em frases de estilo direto
PONTUAÇÃO Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

D) Ponto de Exclamação (!)


Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
servem para compor a coesão e a coerência textual,
além de ressaltar especificidades semânticas e prag-  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle-
máticas. Um texto escrito adquire diferentes significados ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
quando pontuado de formas diversificadas. O uso da casar com você!
pontuação depende, em certos momentos, da intenção  Depois de interjeições ou vocativos
do autor do discurso. Assim, os sinais de pontuação estão Ai! Que susto!
diretamente relacionados ao contexto e ao interlocutor. João! Há quanto tempo!
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E) Ponto de Interrogação (?)

 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.


“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)

F) Reticências (...)

 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, canetas, cadernos...


 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este mal... pega doutor?
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, depois, o coração falar...

G) Vírgula (,)

Não se usa vírgula


Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se diretamente entre si:

1. Entre sujeito e predicado:


Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

2. Entre o verbo e seus objetos:


O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.

Usa-se a vírgula:

1. Para marcar intercalação:


A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, vem caindo de preço.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não 75
querem abrir mão dos lucros altos.

2. Para marcar inversão:


A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas
fechadas.
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de 1982.

3. Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em enumeração):


Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empregue-
mos etc. predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
As perguntas que denotam surpresa podem ter combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Você falou isso para ela?!

Temos, ainda, sinais distintivos:


 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separação de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção
aos parênteses, principalmente na matemática;
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 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma Estivemos internados desde que a cegueira começou,
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz
um nome que não se quer mencionar. isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse mo-
mento percebemos que os soldados que nos vigiavam
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está
char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. cega, Toda a gente, a cidade toda, o país,
– São Paulo: Saraiva, 2010. SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A cena retrata as experiências das personagens em um
REFERÊNCIA DE SITE país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação
Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu- de determinadas regras de pontuação
gues/pontuacao/>
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra- a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de
matica/uso-da-virgula.htm> pontuação convencional e a produção do gênero
romance.
b) provoca uma leitura equivocada das frases interro-
gativas e prejudica a verossimilhança.
EXERCÍCIO COMENTADO c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação
do ambiente caótico.
1. (ENEM - NOVEMBRO 2016) d) representa uma exceção às regras do sistema de
pontuação canônica.
L.J.C. e) colabora para a construção da identidade do narra-
dor pouco escolarizado.
— 5 tiros?
Resposta: Letra: C. A pontuação não convencional é
— É.
marca de Saramago. No texto em questão – confuso
— Brincando de pegador?
-, o uso das iniciais maiúsculas é que nos dá a noção
— É. O PM pensou que…
de quem está falando.
— Hoje?
76 — Cedinho.

COELHO, M. In: FREIRE, M. (Org.). Os cem menores con- FIGURAS DE LINGUAGEM


tos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.
A figura de palavra consiste na substituição de uma
Os sinais de pontuação são elementos com importantes palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbó-
funções para a progressão temática. Nesse miniconto, lico, seja por uma relação muito próxima (contiguida-
as reticências foram utilizadas para indicar de), seja por uma associação, uma comparação, uma
similaridade. São construções que transformam o signifi-
a) uma fala hesitante. cado das palavras para tirar delas maior efeito ou para
b) uma informação implícita. construir uma mensagem nova.
c) uma situação incoerente.
d) a eliminação de uma ideia. 1. Tipos de Figuras de Linguagem
e) a interrupção de uma ação.
1.1 Figuras de Som
Resposta: Letra: B. O diálogo entre os interlocutores
ocorreu. Percebe-se que houve compreensão, por- Aliteração - Consiste na repetição de consoantes
tanto as reticências indicam uma informação implí- como recurso para intensificação do ritmo ou como
cita que é identificada pelo ouvinte, mesmo sem ser efeito sonoro significativo.
dita. Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
2. (ENEM 2017) Quem com ferro fere com ferro será ferido.

O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Assonância - Consiste na repetição ordenada de
Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no senti-
quatro dias que não comemos, E como sabe que são do lato mulato democrático do litoral.”
quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu
marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir
Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos fa-
já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, ziam blem, blem, blem.
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Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em pala- Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Ha-
vras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” vana. (= Fumei um saboroso charuto).
(Carlos Lyra) Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra-
tes tomou veneno).
1.2 Figuras de Palavras ou de Pensamento Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que
Metáfora produzo).
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones
em virtude da circunstância de que o nosso espírito as foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o dos jogadores).
emprego da palavra fora de seu sentido normal. Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada-
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).
Observação: Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem
Toda metáfora é uma espécie de comparação im- nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse
plícita, em que o elemento comparativo não aparece. mundo).
Seus olhos são como luzes brilhantes. Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às
O exemplo acima mostra uma comparação eviden- ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram cha-
te, através do emprego da palavra como. madas, não apenas uma mulher).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
Neste exemplo não há mais uma comparação (note Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns
seja, qualidade do que é semelhante.
astronautas foram à Lua).
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes.
para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
Esta é a verdadeira metáfora.
Catacrese
Outros exemplos:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Pessoa)
nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quan- 77
Neste caso, a metáfora é possível na medida em
do, por falta de um termo específico para designar um
que o poeta estabelece relações de semelhança entre
um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar rela- conceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passa-
cionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, mos a empregar algumas palavras fora de seu sentido
etc.). original. Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”,
“maçã do rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”,
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar “coroa do abacaxi”.
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na Perífrase ou Antonomásia
frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa ex-
pressão que indica uma alma rústica e abandonada (e Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
angustiadamente inútil), há uma comparação suben- vés de alguma de suas características ou atributos, ou
tendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inú- de um fato que o celebrizou. É a substituição de um
til) quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum. nome por outro ou por uma expressão que facilmente
o identifique:
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
Em sua mente povoa só inveja. atraindo visitantes do mundo todo.
A Cidade-Luz (=Paris)
Metonímia (ou sinédoque) O rei das selvas (=o leão)

É a substituição de um nome por outro, em virtude de Observação:


existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
pode acontecer dos seguintes modos: nome de antonomásia. Exemplos:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= cando o bem.
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As jovem.
lâmpadas iluminam o mundo). O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas can-
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da ções.
cruz. (= Não te afastes da religião).
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Sinestesia Prosopopeia ou Personificação

Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o mados a seres inanimados, ou características humanas a
cruzamento de sensações distintas. seres não humanos. Observe os exemplos:
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = As pedras andam vagarosamente.
auditivo; áspero = tátil) O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acon- cego que guia.
tecimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) Chora, violão.
Antítese 1.3 Figuras de Construção ou de Sintaxe
Consiste no emprego de palavras que se opõem
Apóstrofe
quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
dos mesmos. Observe os exemplos: sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo
O corpo é grande e a alma é pequena. chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário
“Quando um muro separa, uma ponte une.” ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pen-
Não há gosto sem desgosto. samento do discurso, destacando-se assim a entidade a que
se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal
Paradoxo ou oximoro invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos:
Moça, que fazes aí parada?
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- “Pai Nosso, que estais no céu”
traditórias. Seria a antítese ao extremo. Deus, ó Deus! Onde estás?
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Ouvimos as vozes do silêncio. Gradação (ou clímax)

Eufemismo Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-


78 mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- dente (anticlímax). Observe este exemplo:
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
áspera, desagradável ou chocante. com seus olhos claros e brincalhões...
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se-
nhor. (= morreu) O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus
Faltar à verdade. (= mentir)
olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem
decrescente de intensidade. Outros exemplos:
Ironia
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
amor”. (Olavo Bilac)
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à Elipse
desejada pelo emissor.
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota Consiste na omissão de um ou mais termos numa
mínima. oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos por elementos gramaticais presentes na própria oração,
que estão por perto. quanto pelo contexto.
O governador foi sutil como um elefante. A catedral da Sé. (a igreja catedral)
Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao estádio)
Hipérbole
Zeugma
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
tuito de realçar uma ideia. Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
O concurseiro quase morre de tanto estudar! português)
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Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só Polissíndeto / Assíndeto


modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de) Para estudarmos as duas figuras de construção é ne-
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe so-
Silepse bre período composto. No período composto por coor-
denação, podemos ter orações sindéticas ou assindéti-
A silepse é a concordância que se faz com o termo cas. A oração coordenada ligada por uma conjunção
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. (conectivo) é sindética; a oração que não apresenta
É uma concordância anormal, psicológica, porque se conectivo é assindética. Recordado esse conceito, po-
faz com um termo oculto, facilmente identificado. Há demos definir as duas figuras de construção:
três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa. A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re-
petição enfática dos conectivos. Observe o exem-
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi- plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e nin-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân- guém faz nada.
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos: B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên-
cia, pela omissão das conjunções coordenativas,
A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o resultando no uso de orações coordenadas assin-
calor intenso. déticas. Exemplos:
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente perten- “Vim, vi, venci.” (Júlio César)
ce ao gênero masculino, mas com a ideia contida no
termo (a cidade de Porto Velho). Pleonasmo

B) Vossa Excelência está preocupado. Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as


O adjetivo preocupado concorda com o sexo da mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo realçar a ideia, torná-la mais expressiva.
Vossa Excelência. O problema da violência, é necessário resolvê-lo
logo.
Silepse de Número - Os números são singular e plural. Nesta oração, os termos “o problema da violência”
A silepse de número ocorre quando o verbo da oração e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto.
não concorda gramaticalmente com o sujeito da ora- Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o 79
ção, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: pronome “lo” classificado como objeto direto pleonásti-
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cida- co. Outro exemplo:
de de Salvador. Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto

Note que nos exemplos acima, os verbos andaram Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
e gritavam não concordam gramaticalmente com os pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
sujeitos das orações (que se encontram no singular, pro- nástico.
cissão e povo, respectivamente), mas com a ideia que
neles está contida. Procissão e povo dão a ideia de mui- Observação:
ta gente, por isso que os verbos estão no plural. O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: mo vicioso:
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Vi aquela cena com meus próprios olhos.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando Vamos subir para cima.
há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, Ele desceu pra baixo.
não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a
pessoa que está inscrita no sujeito. Exemplos: Anáfora
O que não compreendo é como os brasileiros persis-
tamos em aceitar essa situação. É a repetição de uma ou mais palavras no início de
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em
dins públicos.” (Machado de Assis) causa é posta em destaque, permitindo ao escritor va-
lorizar determinado elemento textual. Os termos anafó-
Observe que os verbos persistamos, temos e somos ricos podem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na ter- nhecia.
ceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo
(nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas). acaba.” (Padre Vieira)
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Anacoluto
GÊNEROS TEXTUAIS
Consiste na mudança da construção sintática no
meio da frase, ficando alguns termos desligados do res-
to do período. É a quebra da estrutura normal da frase Tipologia e Gênero Textual
para a introdução de uma palavra ou expressão sem
nenhuma ligação sintática com as demais. A todo o momento nos deparamos com vários tex-
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles. tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
Morrer, todo haveremos de morrer. presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essên-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria cia daquilo que está sendo transmitido entre os interlo-
logo? cutores. Estes interlocutores são as peças principais em
um diálogo ou em um texto escrito.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo, É de fundamental importância sabermos classificar
deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há os textos com os quais travamos convivência no nosso
uma interrupção da frase e esta expressão fica à parte, dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto textuais e gêneros textuais.
também é chamado de “frase quebrada”, pois corres- Comumente relatamos sobre um acontecimento,
ponde a uma interrupção na sequência lógica do pen- um fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos
samento. nossa opinião sobre determinado assunto, descrevemos
algum lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal so-
Observação: bre alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exa-
O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi- tamente nessas situações corriqueiras que classificamos
va em casos muito especiais. Em geral, evite-o. os nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
Descrição e Dissertação.
Hipérbato / Inversão
As tipologias textuais se caracterizam pelos aspectos
É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da de ordem linguística
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que
o sujeito venha depois do predicado:
Os tipos textuais designam uma sequência definida
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
pela natureza linguística de sua composição. São obser-
80 amor venceu ao ódio)
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta se-
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
ria: Eu cuido dos meus problemas)
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
Observação da Zê!
ação demarcados no tempo do universo narrado,
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato,
como também de advérbios, como é o caso de
já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em
do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita
heroico”.
conversa, resolveram...
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa descrevem características tanto físicas quanto psi-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. cológicas acerca de um determinado indivíduo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- ou objeto. Os tempos verbais aparecem demar-
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. cados no presente ou no pretérito imperfeito: “Ti-
– São Paulo: Saraiva, 2010. nha os cabelos mais negros como a asa da graú-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, na...”
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Sami- C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
ra Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edi- um assunto ou uma determinada situação que
ção – São Paulo: Saraiva, 2002. se almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das
razões de ela acontecer, como em: O cadastra-
REFERÊNCIA DE SITES mento irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro,
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de
coes/estil/estil8.php> perder o benefício.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
coes/estil/estil5.php> modalidade na qual as ações são prescritas de
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
coes/estil/estil2.php> sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Misture todos os ingrediente e bata no liquidifica-
dor até criar uma massa homogênea.
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E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir
-se pelo predomínio de operadores argumenta- os problemas com os quais uma sociedade se debate,
tivos, revelados por uma carga ideológica cons- uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: se-
tituída de argumentos e contra-argumentos que xualidade, etnia/raça e outras diferenças, instituições
justificam a posição assumida acerca de um de- (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso
terminado assunto: A mulher do mundo contem- está sempre presente nas piadas que circulam anoni-
porâneo luta cada vez mais para conquistar seu mamente e que são ouvidas e contadas por todo mun-
espaço no mercado de trabalho, o que significa do em todo o mundo. Os antropólogos ainda não pres-
que os gêneros estão em complementação, não taram a devida atenção a esse material, que poderia
em disputa. substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas
participantes. Saberemos mais a quantas andam o ma-
Gêneros Textuais chismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma
coleção de piadas do que qualquer outro corpus.
São os textos materializados que encontramos em POSSENTI, S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).
nosso cotidiano; tais textos apresentam características
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, A piada é um gênero textual que figura entre os mais
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, te- recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição
mos: receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
poema, editorial, piada, debate, agenda, inquérito po-
licial, fórum, blog, etc. a) sua função humorística.
A escolha de um determinado gênero discursivo de- b) sua ocorrência universal.
pende, em grande parte, da situação de produção, ou c) sua diversidade temática.
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são d) seu papel como veículo de preconceitos.
os locutores e os interlocutores, o meio disponível para e) seu potencial como objeto de investigação.
veicular o texto, etc.
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a Resposta: Letra: E. O texto nos dá a resposta: as piadas
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por fornecem simultaneamente um dos melhores retratos
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- dos valores e problemas de uma sociedade, por um
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- lado, e uma coleção de fatos e dados impressionan-
gação científica são comuns gêneros como verbete de tes para quem quer saber o que é e como funciona
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científi- uma língua, por outro. (...) Os antropólogos ainda não
co, seminário, conferência. prestaram a devida atenção a esse material. 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2. (ENEM - NOVEMBRO 2016)


CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. BONS DIAS!
– São Paulo: Saraiva, 2010. 14 de junho de 1889
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos jornais
– volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velhos! Conhece-se um homem diante de um deles.
Pessoa que não sentir alguma coisa ao ler folhas de
REFERÊNCIA DE SITE meio século, bem pode crer que não terá nunca uma
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- das mais profundas sensações da vida, - igual ou quase
cao/tipologia-textual.htm> igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não
é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a
revivescência do passado.
ASSIS, M. Bons dias! (Crônicas 1888-1889). Campinas:
EXERCÍCIOS COMENTADOS Editora da Unicamp; São Paulo: Hucitec, 1990.

1. (ENEM - NOVEMBRO 2016) O jornal impresso é parte integrante do que hoje se


compreende por tecnologias de informação e comuni-
O humor e a língua cação. Nesse texto, o jornal é reconhecido como

Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ên- a) objeto de devoção pessoal.
fase em sua constituição linguística. Por isso, embora a b) elemento de afirmação da cultura.
afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio c) instrumento de reconstrução da memória.
que posso garantir que se trata de uma verdade qua- d) ferramenta de investigação do ser humano.
se banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos e) veículo de produção de fatos da realidade.
melhores retratos dos valores e problemas de uma so-
ciedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados Resposta: Letra: C. Melancolia, tristeza, saudade... “a re-
impressionantes para quem quer saber o que é e como composição do extinto, a revivescência do passado”.
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3. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016) O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista
Science, existe desde o ano passado, quando um grupo
Fraudador é preso por emitir atestados com erro de liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as cha-
português madas iPS (células-tronco de pluripotência induzida).
O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez que
Mais um erro de português leva um criminoso às mãos é possível aplicá-lo a células de pessoas doentes, por-
da polícia. Desde 2003, M.O.P., de 37 anos, administrava tadoras de esclerose lateral amiotrófica (ELA), mal que
a empresa MM, que falsificava boletins de ocorrência, destrói o sistema nervoso progressivamente.
carteiras profissionais e atestados de óbito, tudo para “Pela primeira vez, seremos capazes de observar células
anular multas de trânsito. Amparado pela documenta- com ELA ao microscópio e ver como elas morrem”, disse
ção fajuta de M.O.P., um motorista poderia alegar às Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que
Juntas Administrativas de Recursos de Infrações que ul- financiou parte da pesquisa. Observar em detalhes a de-
trapassou o limite de velocidade para levar uma paren- generação pode sugerir novos métodos para tratar a ELA.
te que passou mal e morreu a caminho do hospital. KOLNERKEVIC, I. Folha de S. Paulo. 1 ago. 2008
O esquema funcionou até setembro, quando M.O.P. foi (adaptado).
indiciado. Atropelara a gramática. Havia emitido, por
exemplo, um atestado de abril do ano passado em que A análise dos elementos constitutivos do texto e a iden-
estava escrito aneurisma “celebral” (com l no lugar de r) tificação de seu gênero permitem ao leitor inferir que o
e “insulficiência” múltipla de órgãos (com um L desneces- objetivo do autor é
sário em “insulficiência” – além do fato de a expressão
médica adequada ser “falência múltipla de órgãos”). a) apresentar a opinião da diretora do Projeto ALS.
M.O.P. foi indiciado pela 2ª Delegacia de Divisão de Cri- b) expor a sua opinião como um especialista no tema.
mes de Trânsito. Na casa do acusado, em São Miguel c) descrever os procedimentos de uma experiência
Paulista, zona leste de São Paulo, a polícia encontrou científica.
um computador com modelos de documentos. d) defender a pesquisa e a opinião dos pesquisadores
Língua Portuguesa, n. 12, set. 2006 (adaptado). dos EUA.
e) informar os resultados de uma nova pesquisa feita nos
O texto apresentado trata da prisão de um fraudador EUA.
que emitia documentos com erros de escrita. Tendo em
vista o assunto, a organização, bem como os recursos Resposta: Letra: E. O texto informa o leitor sobre uma
82 linguísticos, depreende-se que esse texto é um(a) nova pesquisa realizada nos EUA.

a) conto, porque discute problemas existenciais e so- 5. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016)
ciais de um fraudador.
b) notícia, porque relata fatos que resultaram no indicia- O último longa de Carlão acompanha a operária Silma-
mento de um fraudador. ra, que vive com o pai, um ex-presidiário, numa casa da
c) crônica, porque narra o imprevisto que levou a polí- periferia paulistana. Ciente de sua beleza, o que lhe dá
cia a prender um fraudador. certa soberba, a jovem acredita que terá um destino
d) editorial, porque opina sobre aspectos linguísticos dos diferente do de suas colegas. Cruza o caminho de dois
documentos redigidos por um fraudador. cantores por quem é apaixonada. E constata, na prática,
e) piada, porque narra o fato engraçado de um frau- que o romantismo dos contos de fada tem perna curta.
dador descoberto pela polícia por causa dos erros de VOMERO, M. F. Romantismo de araque.
ortografia. Vida Simples, n. 121, ago. 2012.

Resposta: Letra: B. O texto pertence ao gênero no- Reconhece-se, nesse trecho, uma posição crítica aos
tícia, pois apresenta os referenciais “quem, o quê, ideais de amor e felicidade encontrados nos contos de
quando, onde” sobre um fato ocorrido. fada. Essa crítica é traduzida

4. (ENEM 2.ª APLICAÇÃO - DEZEMBRO 2016) a) pela descrição da dura realidade da vida das operárias.
b) pelas decepções semelhantes às encontradas nos
Grupo transforma pele humana em neurônios contos de fada.
c) pela ilusão de que a beleza garantiria melhor sorte na
Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar vida e no amor.
células extraídas da pele de uma mulher de 82 anos d) pelas fantasias existentes apenas na imaginação de
sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e con- pessoas apaixonadas.
seguiu transformá-las em células capazes de se trans- e) pelos sentimentos intensos dos apaixonados enquan-
formarem virtualmente em qualquer tipo de órgão do to vivem o romantismo.
corpo. Em outras palavras, ganharam os poderes das
células-tronco pluripotentes, normalmente obtidas a Resposta: Letra: C. Em um conto de fadas, a beleza é
partir da destruição de embriões. sinal de uma vida privilegiada. No mundo real, não.
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a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in-


LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retira-
da de seu contexto original e analisada separadamente,
poderá ter um significado diferente daquele inicial.
O que é linguagem? É o uso da língua como forma
de expressão e comunicação entre as pessoas. A lingua- Intertexto - comumente, os textos apresentam referên-
gem não é somente um conjunto de palavras faladas ou cias diretas ou indiretas a outros autores através de cita-
escritas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é ver-
dade? Interpretação de texto - o objetivo da interpretação
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem de um texto é a identificação de sua ideia principal. A
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou funda-
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se mentações), as argumentações (ou explicações), que
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem levam ao esclarecimento das questões apresentadas na
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando prova.
se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da Normalmente, em uma prova, o candidato deve:
verbal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar.  Identificar os elementos fundamentais de uma
O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o argumentação, de um processo, de uma época
que se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utili- (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios,
zar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, os quais definem o tempo).
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.  Comparar as relações de semelhança ou de dife-
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, renças entre as situações do texto.
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-  Comentar/relacionar o conteúdo apresentado
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! com uma realidade.
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de  Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dan-  Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
ça, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a vras.
identificação de “feminino” e “masculino” através de fi-
guras na porta do banheiro, as placas de trânsito? = Lin- Condições básicas para interpretar 83
guagem não verbal!
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literário
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades
anúncios publicitários. do texto) e semântico; capacidade de observação e de
Alguns exemplos: síntese; capacidade de raciocínio.
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no fute-
bol. Interpretar/Compreender
Placas de trânsito.
Imagem indicativa de “silêncio”. Interpretar significa:
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
Através do texto, infere-se que...
REFERÊNCIA DE SITE É possível deduzir que...
Disponível em: <Fonte: http://www.brasilescola.com/ O autor permite concluir que...
redacao/linguagem.htm> Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
INTERPRETAÇÃO O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- ção...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de O narrador afirma...
produzir interação comunicativa (capacidade de codifi-
car e decodificar). Erros de interpretação

Contexto – um texto é constituído por diversas frases.  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com do contexto, acrescentando ideias que não estão
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para no texto, quer por conhecimento prévio do tema
quer pela imaginação.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

 Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se  Volte ao texto quantas vezes precisar.


atenção apenas a um aspecto (esquecendo que  Não permita que prevaleçam suas ideias sobre
um texto é um conjunto de ideias), o que pode ser as do autor.
insuficiente para o entendimento do tema desenvol-  Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
vido. lhor compreensão.
 Contradição = às vezes o texto apresenta ideias  Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclu- de cada questão.
sões equivocadas e, consequentemente, errar a  O autor defende ideias e você deve percebê-las.
questão.  Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
fo geralmente mantém com outro uma relação
Observação: de continuação, conclusão ou falsa oposição.
Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a óti- Identifique muito bem essas relações.
ca do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de  Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
concurso, o que deve ser levado em consideração é o seja, a ideia mais importante.
que o autor diz e nada mais.  Nos enunciados, grife palavras como “correto”
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que hora da resposta – o que vale não somente para
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre Interpretação de Texto, mas para todas as demais
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de questões!
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro-  Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que principal, leia com atenção a introdução e/ou a
se vai dizer e o que já foi dito. conclusão.
 Olhe com especial atenção os pronomes relati-
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles,
vos, pronomes pessoais, pronomes demonstrati-
está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblí-
vos, etc., chamados vocábulos relatores, porque
quo átono. Este depende da regência do verbo; aquele,
remetem a outros vocábulos do texto.
do seu antecedente. Não se pode esquecer também de
que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico,
REFERÊNCIA DE SITES
por isso a necessidade de adequação ao antecedente.
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos>
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/
84 09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
cia, a saber: -provas>
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- Disponível em: <http://www.portuguesnarede.
te, mas depende das condições da frase. com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um.
qual (neutro) idem ao anterior. html>
quem (pessoa) Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi-
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois nho/questoes/questao-117-portugues.htm>
o objeto possuído.
como (modo)
onde (lugar)
quando (tempo)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
quanto (montante)
Exemplo: 1. (ENEM-2017)
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Textos e hipertextos: procurando o equilíbrio
aparecer o demonstrativo O).
Há um medo por parte dos pais e de alguns professo-
Dicas para melhorar a interpretação de textos res de as crianças desaprenderem quando navegam,
medo de elas viciarem, de obterem informação não
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral confiável, de elas se isolarem do mundo real, como se
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos o computador fosse um agente do mal, um vilão. Esse
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- medo é reforçado pela mídia, que costuma apresentar
mação você absorver com a leitura, mais chances o computador como um agente negativo na aprendi-
terá de resolver as questões. zagem e na socialização dos usuários. Nós sabemos que
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- ninguém corre o risco de desaprender quando navega,
rompa a leitura. seja em ambientes digitais ou em materiais impressos,
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas mas é preciso ver o que se está aprendendo e algu-
forem necessárias. mas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros
conclusão). temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas O trecho em que Clarice Lispector declara seu amor
que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, ne- pela língua portuguesa, acentuando seu caráter patri-
gociar o uso para que ele não seja exclusivo, uma vez monial e sua capacidade de renovação, é:
que há outros meios de comunicação, outros meios de
informação e outras alternativas de lazer. É uma questão a) “A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para
de equilibrar e não de culpar. quem escreve.”
COSCARELLI, C. V. Linguagem em (Dis)curso, n. 3, set.- b) “Um Camões e outros iguais não bastaram para nos
-dez. 2009. dar para sempre uma herança de língua já feita.”
c) “Todos nós que escrevemos estamos fazendo do tú-
A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, mulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.”
ponderando sobre a necessidade de orientação a esse d) “Mas não falei do encantamento de lidar com uma
uso, pois essa tecnologia língua que não foi aprofundada.”
e) “Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só
a) está repleta de informações confiáveis que constituem para que a minha abordagem do português fosse vir-
fonte única para a aprendizagem dos alunos. gem e límpida.”
b) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abu-
sivo para evitar que se torne um vício. Resposta: Letra: B. Ao citar Camões, Clarice mostra
c) tende a se tornar um agente negativo na aprendiza- que não foi suficiente o português “deixado” por ele
gem e na socialização de crianças e jovens. e outros, já que as variações e mudanças de costu-
d) possibilita maior ampliação do conhecimento de mun- mes exigem que a língua também se renove.
do quando a aprendizagem é direcionada.
e) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo 3. (ENEM-2017)
do computador se a navegação for desmedida.
TEXTO I
Resposta: Letra: D. Ao texto: “(...) mas é preciso ver o
A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indíge-
que se está aprendendo e algumas vezes interferir nes-
nas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Ro-
se processo a fim de otimizar ou orientar a aprendiza-
drigues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria
gem”. “É uma questão de equilibrar e não de culpar”.
mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a
maior nação indígena do Brasil, sendo também encon-
2. (ENEM-2017)
trada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma lín-
gua considerada isolada, que não mantém semelhan- 85
Declaração de amor
ça com nenhuma outra língua indígena e apresenta
complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua carac-
Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. terística principal é o uso de diferentes alturas na voz.
Ela não é fácil. Não é maleável. […] A língua portuguesa O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado
é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivên-
para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a cia com falantes de outras línguas no interior da própria
primeira capa de superficialismo. área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são mino-
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais com- ritários e acabam por se submeter à realidade ticuna,
plicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça
frase. Eu gosto de manejá-la — como gostava de estar linguística.
montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes a Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado).
galope. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao
máximo em minhas mãos. E este desejo todos os que es- TEXTO II
crevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram
para nos dar para sempre uma herança de língua já fei- Riqueza da língua
ta. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmu-
lo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encan- sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e
tamento de lidar com uma língua que não foi aprofunda- o francês é na presente”, dizia o presidente americano
da. O que recebi de herança não me chega. John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu: o
Se eu fosse muda e também não pudesse escrever, e me inglês é hoje a língua franca da globalização. No ex-
perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: tremo oposto da economia linguística mundial, estão as
inglês, que é preciso e belo. Mas, como não nasci muda e línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcu-
pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim la-se que hoje se falem de 6 000 a 7 000 línguas no mun-
que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até do todo. Quase metade delas deve desaparecer nos
queria não ter aprendido outras línguas: só para que a próximos 100 anos. A última edição do Ethnologue — o
minha abordagem do português fosse virgem e límpida. mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais —, de
LISPECTOR. C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: 2005, listava 516 línguas em risco de extinção.
Rocco, 1999 (adaptado). Veja, n. 36, set. 2007 (adaptado).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Os textos tratam de línguas de culturas completamente c) relação entre a alimentação saudável e o padrão de
diferentes, cujas realidades se aproximam em função corpo instituído pela boneca.
do(a) d) proporcionalidade entre a representação do corpo
da boneca e a do corpo humano.
a) semelhança no modo de expansão. e) influência mercadológica na construção de uma au-
b) preferência de uso na modalidade falada. toimagem positiva do corpo feminino.
c) modo de organização das regras sintáticas.
d) predomínio em relação às outras línguas de contato. Resposta: Letra: D. O texto compara as medidas (ilu-
e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas mi- sórias) da boneca e as (normais) de um ser humano,
noritárias. procurando mostrar que “caso uma mulher tivesse
as medidas da boneca de plástico, ela nem estaria
Resposta: Letra: D. Busquemos informações nos tex- viva”.
tos: em I, “A língua ticuna é o idioma mais falado
entre os indígenas brasileiros”; em II, “o inglês é hoje 5. (ENEM – NOVEMBRO-2018)
a língua franca da globalização. No extremo opos- — Famigerado? [...]
to da economia linguística mundial, estão as línguas — Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notá-
de pequenas comunidades declinantes”. Ambos os vel”...
períodos destacam o predomínio de uma língua em — Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não
relação a outras. entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É
de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?
4. (ENEM-2017) — Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neu-
tras, de outros usos...
Apesar de muitas crianças e adolescentes terem a Bar- — Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem
bie como um exemplo de beleza, um infográfico feito
de em dia de semana?
pelo site Rehabs.com comprovou que, caso uma mu-
— Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece lou-
lher tivesse as medidas da boneca de plástico, ela nem
vor, respeito...
estaria viva.
ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Ja-
Não é exatamente uma novidade que as proporções
neiro: Nova Fronteira, 2001.
da boneca mais famosa do mundo são absurdas para o
mundo real. Ativistas que lutam pela construção de uma
Nesse texto, a associação de vocábulos da língua por-
autoimagem mais saudável, pesquisadores de distúrbios
86 tuguesa a determinados dias da semana remete ao
alimentares e pessoas que se preocupam com o impac-
to da indústria cultural na psique humana apontam, há
anos, a influência de modelos como a Barbie na distor- a) local de origem dos interlocutores.
ção do corpo feminino. b) estado emocional dos interlocutores.
Pescoço c) grau de coloquialidade da comunicação.
Com um pescoço duas vezes mais longo e 15 centíme- d) nível de intimidade entre os interlocutores.
tros mais fino do que o de uma mulher, a Barbie seria e) conhecimento compartilhado na comunicação.
incapaz de manter a cabeça levantada.
Cintura Resposta: Letra: C. A expressão “linguagem em dia
Com uma cintura de 40 centímetros (menor do que a de semana” dá a entender o coloquial, simples, que
sua cabeça), a Barbie da vida real só teria espaço em se usa no dia a dia (palavras sem rebuscamento).
seu corpo para acomodar metade de um rim e alguns
centímetros de intestino. 6. (ENEM – NOVEMBRO-2018)
Quadril Quebranto
O índice que mede a relação entre a cintura e o qua-
dril da Barbie é de 0,56, o que significa que a medida às vezes sou o policial que me suspeito
da sua cintura representa 56% da circunferência de seu me peço documentos
quadril. Esse mesmo índice, em uma mulher americana e mesmo de posse deles
média, é de 0,8. me prendo e me dou porrada
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 2
maio 2015. às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
Ao abordar as possíveis influências da indústria de brin- a não ser
quedos sobre a representação do corpo feminino, o tex- pela porta de serviço
to analisa a [...]

a) noção de beleza globalizada veiculada pela indús- às vezes faço questão de não me ver
tria cultural. e entupido com a visão deles
b) influência da mídia para a adoção de um estilo de sinto-me a miséria concebida como um eterno
vida salutar pelas mulheres. começo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

fecho-me o cerco A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-


sendo o gesto que me nego gua apresenta, a mesma sofre transformações ao
a pinga que me bebo e me embebedo longo do tempo. Um exemplo bastante represen-
o dedo que me aponto tativo é a questão da ortografia, se levarmos em
e denuncio consideração a palavra farmácia, uma vez que a
o ponto em que me entrego. mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à
linguagem dos internautas, a qual se fundamenta
às vezes!... pela supressão dos vocábulos. Analisemos, pois, o
fragmento exposto:
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).
Antigamente
Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é
recorrente a presença de elementos que traduzem “Antigamente, as moças chamavam-se mademoi-
experiências históricas de preconceito e violência. No selles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não fa-
poema, essa vivência revela que o eu lírico ziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito.
Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-
a) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor. -alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses
b) submete-se à discriminação como meio de fortale- debaixo do balaio.”
cimento. Carlos Drummond de Andrade
c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e
injustiças. Comparando-o à modernidade, percebemos um
d) sofre uma perda de identidade e de noção de per- vocabulário antiquado.
tencimento.
e) acredita esporadicamente na utopia de uma socie- B) Variações regionais: São os chamados dialetos,
dade igualitária. que são as marcas determinantes referentes a
diferentes regiões. Como exemplo, citamos a pa-
Resposta: Letra: A. O eu lírico “assume” a fala de seu lavra mandioca que, em certos lugares, recebe
opressor (... às vezes faço questão de não me ver / outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e ai-
entupido com a visão deles). pim. Figurando também esta modalidade estão
os sotaques, ligados às características orais da lin-
guagem. 87
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente
ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral
e também ao grau de instrução de uma determi-
A linguagem é a característica que nos difere dos nada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os
demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expres- jargões e o linguajar caipira.
sar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa As gírias pertencem ao vocabulário específico de
opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso co- certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, ta-
tidiano e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao tuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados
convívio social. Dentre os fatores que a ela se relacio- ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técni-
nam destacam-se os níveis da fala, que são basicamen- co. Representando a classe, podemos citar os médicos,
te dois: o nível de formalidade e o de informalidade. advogados, profissionais da área de informática, dentre
O padrão formal está diretamente ligado à lingua- outros.
gem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de Vejamos um poema sobre o assunto:
um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinan- Vício na fala
te para a que a mesma pudesse exercer total soberania Para dizerem milho dizem mio
sobre as demais. Para melhor dizem mió
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o Para pior pió
estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem ge- Para telha dizem teia
rado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez Para telhado dizem teiado
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou es- E vão fazendo telhados.
creve de maneira errônea é considerada “inculta”, tor- Oswald de Andrade
nando-se desta forma um estigma.
Compondo o quadro do padrão informal da lingua- REFERÊNCIA DE SITE
gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as Disponível em: <http://www.brasilescola.com/gra-
quais representam as variações de acordo com as con- matica/variacoes-linguisticas.htm>
dições sociais, culturais, regionais e históricas em que é
utilizada. Dentre elas destacam-se:
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Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da


palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por
EXERCÍCIOS COMENTADOS objetivo

1. (ENEM - NOVEMBRO 2016) a) valorizar usos informais caracterizadores da norma


nacional.
PINHÃO: sai ao mesmo tempo que BENONA entra. b) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer linguagem poética.
falar com você. c) enfatizar um processo recorrente na transformação
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá da língua portuguesa.
fora, mas não quero falar com ele. d) registrar a diversidade étnica e linguística presente no
BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas aten- território brasileiro.
ções. e) reafirmar discursivamente a forte relação do falante
EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! com seu lugar de origem.
BENONA: Isso são coisas passadas.
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Resposta: Letra: E. O autor do poema deixa clara sua
Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se intenção: “Meu Gerimum é com g”, “E com a letra g
tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um / Meu lugar foi registrado”.
patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece
que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco 3. (ENEM-2017 – 2.ª APLICAÇÃO)
atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia.
Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, Entrei numa lida muito dificultosa. Martírio sem fim o de
como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele não entender nadinha do que vinha nos livros e do que
está enganado. Santo Antônio há de proteger minha o mestre Frederico falava. Estranheza colosso me cega-
pobreza e minha devoção. va e me punha tonto. Acho bem que foi desse tempo o
SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José mal que me acompanha até hoje de ser recanteado e
Olympio, 2013 (fragmento). meio mocorongo. Com os meus, em casa, conversava
por trinta, tinha ladineza e entendimento. Na rua e na
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o pes- escola – nada; era completamente afrásico. As pessoas
te” e “cachorro da molest’a” contribui para eram bicho do outro mundo que temperavam um pala-
88 vreado grego de tudo.
a) marcar a classe social das personagens. Já sabia ajuntar as sílabas e ler por cima toda coisa, mas
b) caracterizar usos linguísticos de uma região. descrencei e perdi a influência de ir à escola, porque
c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. diante dos escritos que o mestre me passava e das li-
d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas voca- ções marcadas nos livros, fiquei sendo um quarta-feira
bulares. de marca maior. Alívio bom era quando chegava em
e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das casa.
personagens. BERNARDES, C. Rememórias dois. Goiânia: Leal, 1969.

Resposta: Letra B. Os termos em destaque repre- O narrador relata suas experiências na primeira escola
sentam falas típicas de uma região; são variações que frequentou e utiliza construções linguísticas próprias
linguísticas. de determinada região, constatadas pelo

2. (ENEM-2017) a) registro de palavras como “estranheza” e “cegava”


b) emprego de regência não padrão em “chegar em
Sítio Gerimum casa”
Este é o meu lugar [...] c) uso de dupla negação em “não entender nadinha”
Meu Gerimum é com g d) emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza”
Você pode ter estranhado e) uso do substantivo “bichos” para retomar “pessoas”
Gerimum em abundância
Aqui era plantado Resposta: Letra D. Ao utilizar as palavras “descrencei”
E com a letra g e “ladineza” – que são neologismos -, o autor refor-
Meu lugar foi registrado. ça a caracterização regional na qual a personagem
está inserida.
OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013
(fragmento).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Prosa e Poesia
LITERATURA
Os textos literários se dividem em duas partes: prosa
e poesia. A POESIA é a linguagem subjetiva, metafísica,
vaga com o mundo interior do poeta. É um texto curto
INTRODUÇÃO À LITERATURA com orações e períodos curtos, onde sobressai a bele-
za, a harmonia e o ritmo; é a mais velha composição do
A literatura está ligada à escrita, portanto sua origem mundo. Com o surgimento do livro em placas de argila,
perde-se nos tempos. Não há um único marco histórico do começaram também as primeiras aulas. Tudo teria que
surgimento da escrita, já que os desenhos das cavernas ser decorado, pois não havia material onde escrever
são considerados escritos antigos. O hieróglifo é uma escri- tudo e a toda hora. Nas casas-escola, os alunos decora-
ta do antigo Egito. vam os poemas com os conhecimentos, números, gra-
Desde que apareceu o ser humano, ele teve vontade mática, filosofia, etc.
de deixar resquícios de sua passagem pelo mundo. O ho- Com os livros de argila e o uso de poemas, poder-se-
mem sempre quis deixar sua marca para a posteridade, -ia transmitir muita coisa com pouco material. Estes livros
como é que ele fazia para caçar, mostrar seus feitos, seu ficavam nas bibliotecas, já que não se poderia carregar
heroísmo, sua força, dinamismo, coragem. Também quis um livro de dez quilos pra lá e pra cá.
mostrar como era o seu povo, os animais, o meio ambien- Prosa é a linguagem objetiva, usual, veículo natural
te da época. Já se estava definindo o que seria literatura. do pensamento humano. A PROSA pode ser escrita de
A Literatura é a arte de compor escritos artísticos, em diversas formas como: romances, crítica, novela, conto,
prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e etc. Vejamos as diferenças entre um texto em forma de
práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência e poesia. poesia e outro em forma de prosa:
A palavra “Literatura” vem do latim “litteris” que sig-
nifica “Letras”, e possivelmente uma tradução do grego Poema
“grammatikee”. Em latim, literatura significa uma instrução  Frases curtas.
ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever  Destaque para a beleza dos versos.
e ler bem, e se relaciona com as artes da gramática, da  Uso de rimas: Porta/importa, minha/vizinha.
retórica e da poética. Por extensão, refere-se especifica-  Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas.
mente à arte ou ofício de escrever de forma artística. O  Texto escrito em forma de versos.
termo “Literatura” também é usado como referência a
um corpo ou um conjunto escolhido de textos como, por Prosa 89
exemplo, a literatura médica, a literatura inglesa, literatura  Frases longas, num só período.
 Não há beleza no texto, somente a informação.
portuguesa, literatura japonesa etc.
 Texto objetivo: transmitir uma mensagem.
Mais produtivo do que tentar definir Literatura talvez
 Não há métrica, nem rima, nem ritmo.
seja encontrar um caminho para decidir o que torna um
 Texto escrito em forma de parágrafos.
texto, em sentido lato, literário. A definição de literatura
está comumente associada à ideia de estética, ou me-
1. A Linguagem Literária e a não Literária
lhor, da ocorrência de algum procedimento estético. Um
texto é literário, portanto, quando consegue produzir um
A linguagem literária é bem diferente da lingua-
efeito estético e quando provoca catarse, o efeito de
gem não literária. A linguagem literária é bela, emoti-
definição aristotélica, no receptor. A própria natureza do
va, sentimental, trazendo as figuras de linguagem como
caráter estético, contudo, reconduz à dificuldade de ela-
a metáfora, a metonímia, a inversão, etc. Apresenta o
borar alguma definição verdadeiramente estável para o fantástico que precisa ser descoberto através de uma
texto literário. Para simplificar, pode-se exemplificar através leitura atenta. A linguagem não literária é própria para a
de uma comparação por oposição. Vamos opor o texto transmissão do conhecimento, da informação, no âmbi-
científico ao texto artístico: o texto científico emprega as to das necessidades da comunicação social. É a língua
palavras sem preocupação com a beleza, o efeito emo- na sua função pragmática, empregada pela ciência,
cional. No texto artístico, ao contrário, essa será a preo- pela técnica, pelo jornalismo, pela conversação entre
cupação maior do artista. É óbvio que também o escritor os falantes.
busca instruir e perpassar ao leitor uma determinada ideia;
mas, diferentemente do texto científico, o literário une essa 2. Gêneros Literários
instrução à necessidade estética que toda obra de arte
exige. O texto científico emprega as palavras no seu sen- O estudo dos gêneros literários preocupa-se em
tido dicionarizado, denotativo, enquanto o texto artístico agrupar as diversas modalidades de expressão literária
busca empregar as palavras com liberdade, preferindo pelas suas características de forma e conteúdo. Cada
o seu sentido conotativo, figurado. O texto literário é, por- gênero pressupõe uma técnica, um estilo, um modo de
tanto, aquele que pretende emocionar e que, para isso, ser do artista. A classificação básica dos gêneros com-
emprega a língua com liberdade e beleza, utilizando-se, preende: o lírico, o épico e o dramático.
muitas vezes, do sentido metafórico das palavras.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

A) Gênero Lírico - Na Grécia Antiga, a poesia era de- VERSIFICAÇÃO


clamada ao som da lira, daí a origem da palavra
lírico. Pela tradição literária esse instrumento pas- Versificação é a arte ou técnica de escrever em for-
sou a simbolizar a poesia. ma de versos. Pode ser também o estudo dos recursos
No gênero lírico predomina o sentimento, a emoção, que constituem o poema.
a subjetividade, a expressão do “eu”. É a manifestação Verso é cada linha de um poema, com um número
do mundo interior através de uma visão pessoal do mun- determinado de sílabas e sonoridade harmoniosa entre
do. as sílabas átonas e tônicas.
O tema lírico por excelência é o amor, os demais lhe
são, de certa forma, correlatos: a solidão, a angústia, a Da tribo pujante
saudade, a tristeza. Que agora anda errante
A linguagem lírica prima pela elaboração artística; Por fado inconstante,
mostra-se densamente metafórica, explora a sonorida-
Guerreiro nasci:
de e o arranjo das palavras.
Sou bravo, sou forte,
O lirismo identifica-se com a própria poesia, mas
Sou filho do Norte,
pode ocorrer num romance, num filme, num quadro e
Guerreiros, ouvi.
em outras formas de arte.
(Gonçalves Dias)
B) Gênero Dramático - A palavra “drama”, em gre-
go, significa “ação”. O gênero dramático abran- É um texto que apresenta palavras cujos sons são
ge os textos em forma de diálogo destinados à semelhantes a partir da vogal tônica: pujante, errante e
encenação. outras. Além disso, cada linha possui o mesmo número
Os fatos não são narrados como num romance, de sílabas e a 5.ª sílaba de cada linha é a última sílaba
posto que os autores assumem papel das personagens tônica. Esses são recursos de que o poeta Gonçalves
diante de um público que assim é envolvido com os Dias utilizou-se para estruturar seu poema.
acontecimentos. O uso de recursos como o citado com a finalidade
Uma peça é uma obra literária enquanto texto des- de estruturar um poema chama-se versificação.
tinado à leitura. Por outro lado, enquanto espetáculo Os versos podem ser classificados em tradicionais ou
teatral depende dos meios técnicos empregados na livres.
apresentação: imposição de voz, maquilagem, cenário, São tradicionais quando possuem o mesmo número
90 figurino, iluminação. de sílabas e o espaço entre as sílabas tônicas ocorre no
mesmo ritmo.
C) Gênero Épico ou Narrativo - Ao gênero narrativo São livres quando os versos não possuem o mesmo
pertencem aqueles textos em que alguém narra número de sílabas; ou quando as pausas entre as síla-
uma história, procurando retratar o mundo exte- bas tônicas são irregulares.
rior. Vejamos um exemplo
Na antiguidade, a forma narrativa consagrada era
a épica em que se faziam relatos de versos sobre as ori- “Tu choraste em presença da morte?
gens das nacionalidades, os acontecimentos históricos Na presença da morte choraste?
que mudaram o curso da humanidade. Os heróis épicos Não descende o cobarde do forte;
eram personagens históricas ou semideuses que se des-
Pois choraste, meu filho não és!”
tacaram por excepcionais façanhas. Cumpre ressaltar
(Gonçalves Dias)
as mais célebres epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de
Homero; a “Eneida”, de Vergílio; “Os Lusíadas”, de Ca-
Esses versos são tradicionais porque possuem o mes-
mões.
mo número de sílabas, e as pausas que dão ritmo a eles
As formas narrativas modernas resultam da evolução
do gênero épico. São elas: o romance, o conto, a nove- são regulares.
la e a crônica. O romance e a novela apresentam uma Observe, agora, um exemplo de versos livres que
estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza a não possuem essas características:
pluralidade de ações. Em contrapartida, o conto gira
em torno de um único conflito, decorre disso a unidade Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
de ações. A crônica, nascida das colunas dos jornais, Tempo de absoluta depuração.
exploram fatos da atualidade. Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
REFERÊNCIA DE SITES
Disponível em: <http://www.webartigos.com/arti- E os olhos não choram.
gos/introducao-a-literatura/39801/> E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatu- E o coração está seco.
ra> (Carlos Drummond de Andrade)
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A Estrofe a gente toma a iniciativa


viola na rua a cantar,
Estrofe ou estância: é o conjunto de versos de um mas eis que chega a roda viva
poema que, de acordo com o número de versos que e carrega a viola pra lá.
tenha, recebe uma classificação: (Chico Buarque)
 monóstico: estrofe de um verso;
 dístico: estrofe de dois versos; As estrofes podem ser simples ou compostas. As que
 terceto: estrofe de três versos; contêm versos de uma só medida são chamadas de sim-
 quadra ou quarteto: estrofe de quatro versos; ples. No exemplo a seguir, todos os versos são heptassíla-
 quintilha: estrofe de cinco versos; bos. Observe:
 sextilha: estrofe de seis versos;
 sétima ou septilha: estrofe de sete versos; Canção do amor perfeito
 oitava: estrofe de oito versos;
 nona: estrofe de nove versos; O tempo seca a beleza,
 décima: estrofe de dez versos. seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
Vejamos um exemplo de dístico. desunido para sempre
como as areias nas águas
Poema do beco O tempo seca a saudade
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha seca as lembranças e as lágrimas.
do horizonte? Deixa algum retrato, apenas,
- O que eu vejo é o beco. vagando seco e vazio
(Manoel Bandeira) como estas conchas das praias.
(Cecília Meireles)
1.2 Estribilho ou Refrão
As compostas são as que associam versos maiores com
Alguns poemas, no fim das estrofes, apresentam um menores. As combinações mais encontradas em nossa lín-
verso ou um grupo de versos que se repete e que rece- gua são: versos decassílabos com hexassílabos; versos de-
be o nome de estribilho ou refrão. cassílabos com octossílabos, hexassílabos ou tetrassílabos;
versos heptassílabos com trissílabos ou dissílabos.
Roda viva Veja um exemplo do primeiro tipo de combinação:
“Debruçada nas águas dum regato (decassílabo) 91
Tem dias que a gente se sente A flor dizia em vão (hexassílabo)
como quem partiu ou morreu, À corrente, onde bela se mirava (decassílabo)
a gente estancou de repente ‘Ai, não me deixes, não!” (hexassílabo)
ou foi o mundo então que cresceu.
Poemas de Forma Fixa
A gente quer ter voz ativa
no nosso destino mandar, Existem poemas que têm forma fixa, isto é, obedecem
mas eis que chega a roda viva a regras quanto ao número de estrofes e de versos e quan-
e carrega o destino pra lá. to à disposição das rimas. Dentre eles temos:
A) Balada: composto por três oitavas ou três décimas,
Roda mundo, roda-gigante que têm as mesmas rimas, seguidas de uma quadra
rodamoinho, roda pião, ou quintilha.
o tempo rodou num instante (refrão) B) Haicai: poema de origem japonesa, composto por
nas voltas do meu coração. três versos, sendo o primeiro e o último pentassílabos
e o segundo, heptassílabo. Originalmente não pos-
A gente vai contra a corrente sui rima; no Brasil, Guilherme de Almeida adaptou-o
até não poder resistir, com dois pares de rimas. Rimam o 1.º com o 3.º verso
na volta do barco é que sente e a 2.ª com a 7.ª sílaba do segundo verso.
o quanto deixou de cumprir. C) Rondó: formado de três estrofes: uma quintilha, um
terceto e outra quintilha, com estribilho constante.
Faz tempo que a gente cultiva D) Sextina: composição de seis sextilhas e um terceto;
a mais linda roseira que há, apresenta versos decassílabos.
mas eis que chega a roda viva E) Vilancete: composto por um terceto e duas oitavas.
e carrega a roseira pra lá. F) Soneto: poema composto de catorze versos, sendo
dois quartetos e dois tercetos, que apresenta, geral-
A roda da saia, a mulata mente, versos decassílabos ou alexandrinos.
não quer mais rodar, não senhor,
não posso fazer serenata De todas essas formas, o soneto tem sido a mais cultiva-
a roda de samba acabou. da na literatura, tanto na portuguesa quanto na brasileira.
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O Metro

Metro é a extensão da linha poética do verso. Na poética tradicional, há doze tipos de versos, de acordo com
o número de sílabas poéticas que o verso possui: monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos,
hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
Paralelamente a essas denominações, certos versos podem receber nomes especiais:
 redondilha menor: versos de cinco sílabas ou pentassílabos;
 redondilha maior: versos de sete sílabas ou heptassílabos;
 heroico: versos de dez sílabas ou decassílabos;
 alexandrino: verso de doze sílabas ou dodecassílabos.

Sílabas Métricas
As sílabas métricas, também chamadas de poéticas, são as sílabas dos versos e têm uma contagem diferente
da sílaba gramatical. Dividir o verso em sílabas métricas chama-se escandir.

Escandir um verso é dividi-lo em sílabas métricas. Veja a escansão dos versos a seguir:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“Al / ma/ mi / nha/ gen / til,/ que / te/ par / tis/ (te)” = esta sílaba não é contada (Camões)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A / mor,/ que o/ ges/to hu / ma / no / na al / ma es/cre/ (ve) = não conta
(Camões)

A contagem das sílabas métricas é feita auditivamente, obedecendo aos seguintes preceitos:
A) Não são contadas as sílabas métricas que se apresentam após a última sílaba tônica do verso. Veja o exem-
plo acima.

B) Os ditongos crescentes, em geral, têm o valor de uma só sílaba métrica:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
92 “- Co/mo/ fi/zes/te,/ por-/se a/ tal/ fe / ri / (da?) = não conta a última
“cia” = uma sílaba métrica (ditongação)

C) Duas ou mais vogais átonas, ou tônicas, podem fundir-se em uma só sílaba métrica, quando se encontram
no fim de uma palavra e início de outra:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A / mor,/ que o/ ges/to hu/ma/no/ na al/ma es/cre/ (ve)” = não conta (Camões)

Perceba a diferença entre a sílaba gramatical e a métrica ou poética: neste verso temos 15 sílabas gramaticais,
mas só 10 sílabas poéticas.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
“A /mor,/ que /o /ges /to / hu / ma / no / na/ al /ma / es / crê / ve”

Licenças Poéticas

Os poetas podem recorrer a vários processos fonéticos para que o metro seja perfeito. Os principais são:
A) crase: é a fusão de duas vogais numa só: mi/nha al/ma ( mi-nhal-ma).
B) elisão ou sinalefa: é a quebra de uma vogal átona final de uma palavra, quando a seguinte começa por
vogal: can/ta um (can-tum).
C) ditongação: é a fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo: gran/de a/mor (gran/
dia/mor); cam/po al/ca/ti/fa/do ( cam-pual-ca-ti-fa-do).
D) Sinérise: é a transformação de um hiato em ditongo: cru/el/da/de ( cruel-da-de); vi/o/le/ta ( vio-le-ta).
E) deérise: é a transformação de um ditongo em hiato: sau/da/de (sa-u-da-de); vai/da/de ( va-i-da-de).
F) ectilipse: é a queda de um fonema nasal final para que haja crase ou ditongação: com o = (co); com os =
(cós); com a = (coa); com as = (côas).
G) aférese:é a queda de fonemas ou sílabas iniciais: inda (em vez de ainda), ‘stamos (em vez de estamos)
H) síncope: é a queda de um fonema no meio da palavra: esp’rança (por esperança); dev’ria ( por deveria);
per’la ( por pérola);
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I) apócope: é a queda de fonema no fim da palavra:  Versos dissílabos geralmente se empregam ao


mármor (em vez de mármore); cárcer (por cárce- lado de outros, para obtenção de maior valor expres-
re); val (por vale). sivo. Veja:
J) prótese: é o acréscimo de fonema no início da pa-
lavra: alevanta (por levantar); amostra (por mos- “Antiga
tra); cantiga
K) paragoge ou epítese: é o acréscimo de fonema da amiga
no final da palavra: mártire (por mártir); cantare deixada.
(por cantar); Musgo de piscina
L) diástole: é a deslocação do acento para a sílaba De uma água tão fina, (versos de 5 sílabas)
seguinte: Cleopatra (em vez de Cleópatra); Sobre a qual se inclina a 5.ª é sempre acentua-
M) sístole: é o inverso da diástole: deslocação do da
acento para a sílaba anterior: Dário (por Dario); A lua exilada.
calmária (por calmaria). A sístole e a diástole re- Antiga
cebem o nome genérico de hiperbibasmo; Cantiga
N) metátese: é a transposição de um fonema na pró- Da amiga
pria palavra: vairo (por vário); rosairo (por rosário); Chamada.”
trata-se de um recurso fonético pouquíssimo usa- (Cecília Meireles)
do pelos poetas, que só para ele apelam quando
desejam satisfazer as exigências de rima.  Versos de três sílabas: trissílabos - usados iso-
ladamente são raríssimos na poesia brasileira. Quando
Todos esses recursos são usados pelos poetas, no ver- ocorrem, costumam ser mais encontrados também em
so tradicional, para que o metro seja perfeito. Convém estrofes compostas, como os versos monossílabos e os
dissílabos. Veja o exemplo:
observar que, no verso tradicional, a métrica é fixa: os
versos de um poema terão, cada um deles, de uma a
“Agora sim
doze sílabas poéticas. No verso moderno, a métrica é
Café com pão (versos de 4 sílabas)
livre, isto é, cada verso pode ter o número de sílabas
Agora sim a 4.ª é sempre tônica
poéticas que o autor desejar. Em função disso, o ritmo
Voa, fumaça
também é estabelecido livremente, de acordo com a
Corre, cerca
vontade do autor.
Ai se foguista 93
Bota fogo
O Ritmo
Na fornalha
que eu preciso
O ritmo de uma poesia é estabelecido pela regulari- Muita força
dade na sucessão de sílabas átonas e tônicas. É o ritmo Muita força
que determina a melodia fundamental e indispensável Muita força”
na estrutura de um verso ou poema. Muita força”
Há, portanto, necessidade de repetirem-se as sílabas (Manuel Bandeira)
tônicas, com pausas regulares entre elas, o que dá, ao
verso, uma cadência mais musical e melodiosa. Em nossa Literatura, é este poema de Gonçalves
Assim, de acordo com a métrica do verso, a sílaba Dias um dos exemplos de versos trissílabos mais conhe-
tônica recai em determinadas sílabas poéticas, consi- cidos.
derando-se os seguintes preceitos básicos:
A) Nos versos de uma a sete sílabas, a tônica re- “Vem a aurora
cai sobre a última. Assim, em versos com três sílabas, por pressurosa
exemplo, deve haver acento tônico na terceira sílaba; cor-de-rosa
em versos com seis sílabas, deverá haver acento tônico, que se cora
obrigatoriamente, na sexta sílaba. Vejamos os exemplos de carmim;
para esses casos: a seus raios
as estrelas
 Verso de uma sílaba: monossílabos que eram belas
“Pingo têm desmaios
d’água, já por fim.”
pinga, (Gonçalves Dias)
bate
tua
mágoa!”
(Cassiano Ricardo)
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 Versos de quatro sílabas: tetrassílabos “Caminhando contra o vento


sem lenço e sem documento
“Noites perdidas, no sol de quase dezembro
não te lamento: eu vou.”
embarco a vida (Caetano Veloso)
no pensamento,
busco a alvorada Entre os poetas portugueses, a redondilha maior
do sonho isento, também é frequente:
puro e sem nada,
- rosa encarnada, “Outros haverão de ter
intacta ao vento.” O que houvemos de perder.
(Cecília Meireles) Outros poderão achar
O que no nosso encontrar,
 Versos de cinco sílabas: pentassílabos ou re- Foi achado ou não achado
dondilha menor - são muito frequentes nos poemas da Segundo o destino dado.
Literatura em Língua Portuguesa. Dão ritmo e leveza (Fernando Pessoa)
ao texto.
B) Nos versos de oito a dez sílabas, além do acento
“Enfunando os papos, tônico na última sílaba poética, deve haver outro que
saem da penumbra, recaia no meio do verso. No entanto, se não houver sí-
aos pulos os sapos, laba tônica no meio, deverá haver duas outras que se
a luz os deslumbra. distribuam da seguinte maneira:
1. verso de 8 sílabas: tônica na 8.ª e na 4.ª; ou tônica
Em ronco que aterra, na 8.ª e na 5.ª;
Berra o sapo-boi: 2. verso de 9 sílabas: tônica na 9.ª e na 4.ª; ou tônica
- ‘Meu pai foi à guerra!’ na 9.ª, na 3.ª e 6.ª;
- ‘não foi!’ – ‘Foi!’ – ‘Não foi!’ 3. verso de dez sílabas: tônica na 10.ª e na 6.ª; ou
(Manuel Bandeira)
tônica na 10.ª, 4.ª e 8.ª .
Vejamos os exemplos para esses tipos de versos.
 Versos de seis sílabas: Hexassílabos

94  Versos de oito sílabas: octossílabos


“O menino ambicioso
não de poder ou glória
“Ó solidão do boi no campo,
mas de soltar a coisa
ó solidão do homem na rua!
oculta no seu peito
Entre carros, trens, telefones,
escreve no caderno
Entre gritos, o ermo profundo.”
e vagamente conta
à maneira de sonho (Carlos Drummond de Andrade)
sem sentido sem forma
aquilo que não sabe.” “O samba, a viola, a roseira
(Carlos Drummond de Andrade) um dia a fogueira queimou
foi tudo ilusão passageira
 Versos de sete sílabas: heptassílabos ou re- que a brisa primeira levou.
dondilha maior - é largamente usado na literatura em (Chico Buarque)
Língua Portuguesa. Dele se serviram os poetas desde a
Idade Média até os nossos dias.  Versos de nove sílabas: eneassílabos

“Belo belo minha bela “Ó guerreiro da Taba sagrada,


tenho tudo que não quero Ó guerreiro da tribo Tupi,
não tenho nada que quero Falam Deuses nos cantos da Piaga,
Não quero óculos nem tosse Ó guerreiros meus cantos ouvi.”
Nem obrigação de voto.” (Gonçalves Dias)
(Manuel Bandeira)
“Na tênue casca de verde arbusto
A redondilha maior é também a medida preferida Gravei teu nome, depois parti.
dos compositores de música popular brasileira. Foram-se os anos, foram-se os meses,
Foram-se os dias, acho-me aqui.”
“Estava à-toa na vida (Fagundes Varela)
o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor.”
(Chico Buarque)
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 Versos de dez sílabas: decassílabos - versos Há, também, versos sem rima, chamados de versos
decassílabos têm grande ritmo. São encontrados prin- brancos ou soltos:
cipalmente em poemas épicos e no soneto. Veja esse
exemplo: “Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
“Dorme, ruazinha...É tudo escuro... Pela janela, como um rio enorme
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los? De áureas ondas tranquilas e impalpáveis
Dorme o teu sono, sossegado e puro, Profusamente a luz do meio dia
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...” Entra e se espalha palpitante e viva.”
(Mário Quintana) (Olavo Bilac)

C) Nos versos de onze e doze sílabas, deve haver, Quanto à qualidade, as rimas podem classificar-se
além do acento tônico na última sílaba, outros assim dis- em:
tribuídos; A) Pobres: rimas formadas com palavras da mesma
1. versos de onze sílabas: tônica na 11.ª e na 5.ª; classe gramatical:
2. versos de doze sílabas: tônica na 12.ª e na 6.ª; “Não acabava, quando uma figura” (substantivo)
Veja a seguir exemplos desses versos: Se nos mostra no ar, robusta e válida, (adjetivo)
De disforme e grandíssima estatura; (substantivo)
 Versos de onze sílabas: hendecassílabos O rosto carregado, a barba esquálida. (adjetivo)

“Meus olhos são garços, são cor de safiras B) Ricas: Rimas formadas com palavras de classes
- Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; gramatical diferente:
Imitam as nuvens de um céu anilado, “Alma minha gentil que te partiste
As cores imitam das vagas do mar!” tão cedo desta vida descontente,
(Gonçalves Dias) repousa lá no céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
 Versos de doze sílabas: dodecassílabos ou ale- (Luís Vaz de Camões)
xandrinos
C) Raras: formadas entre palavras para as quais há
“É, quando ela passar, tudo o que eu não sentia poucas rimas possíveis:
da vida há de acordar no coração, que vela... “Para que não ter por ti desprezo? Por que não per- 95
E ela irá como o sol, e eu iremos atrás dela dê-lo?...
Como sombra feliz... – Tudo isso eu me dizia.” Ah, deixa que eu te ignore... O teu silêncio é um le-
(Guilherme de Almeida) que –
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão
 Versos bárbaros - São aqueles que têm mais de belo, tão belo,
doze sílabas. São bastante raros. Veja: Mas mais belo é não abrir, para que a Hora não pe-
que...”
“Às vezes, quando à tarde, nas tardes brasileiras, (Fernando
A cisma e a sombra descem das altas cordilheiras; Pessoa)
Quando a viola acorda na choça o sertanejo
E a linda lavadeira cantando deixa o brejo, D) Preciosas: são rimas obtidas de forma artificial,
E a noite- a freira santa - no órgão das florestas construídas com palavras combinadas:
Um salmo preludia nos troncos, nas giestas.” “Brilha uma voz na noute...
(Castro Alves) De dentro de Fora ouvi...
Ó Universo, eu sou-te
A Rima Oh, o horror da alegria
Deste pavor, do archote
É a semelhança de sons entre as palavras que se lo- De apagar, que me guia!”
calizam no fim ou no meio de versos diferentes. Observe: (Fernando Pessoa)

“Cambiando a luz em mil cores, Quanto à disposição, as rimas podem classificar-se


Deus – de infinitas facetas – em:
Concebeu os Beija-flores, A) Encadeadas: rima de fim de verso com o interior
As Rosas e as Borboletas.” do verso seguinte:
(Maria Madalena Ferreira) “Quando a alta noite n’amplidão flutua
Pálida a lua com fatal palor,
“Donzela bela, que me inspira à lira Não sabes, virgem, que eu por ti suspiro
um canto santo de fremente amor.” E que deliro a suspirar de amor”
(Castro Alves) (Castro Alves)
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B) Cruzadas ou alternadas: apresenta-se em versos Características das Cantigas


alternadas:
Minha terra sem palmeiras Cantiga de amigo = voz lírica feminina; o tratamen-
Nos longes de mim se faz to dado ao namorado era o de “amigo”; expressão da
E morre pelas ladeiras vida campesina e urbana; amor possível; paralelismo e
E desvãos o nunca mais. refrão; origem popular.
(José Inaldo Alonso)
Cantiga de amor = voz lírica feminina; tratamento
C) Intercaladas, interpoladas ou opostas: rimam os dado à mulher: mia senhor; expressão da vida da corte;
versos extremos de uma estrofe: amor cortês; idealização da mulher; origem provençal.
“Disse um dia Jeová
“Vai Colombo, abre a cortina Cantigas satíricas
Da minha eterna oficina... 1. de escárnio = indiretas; uso da ironia e do equívoco.
Tira a América de lá!” 2. de maldizer = diretas; intenção difamatória; pala-
(Castro Alves) vrões e xingamentos.

D) Emparelhadas: sucedem-se duas a duas. Veja: Humanismo


“- Dize, Juca Mulato, o mal que te tortura.
- Roque, eu mesmo não sei se esse meu mal tem cura. A transição do mundo medieval para o mundo mo-
- Sei rezas com que venço a qualquer mau olhado, derno influenciou as artes e proporcionou o Renasci-
- Breves para deixar o corpo fechado.” mento cultural. Na literatura, a prosa historiográfica, o
(Menotti del Picchia) teatro e a poesia palaciana foram consolidados, tendo
como principais representantes os escritores Gil Vicente
REFERÊNCIA DE SITE e Fernão Lopes.
Disponível em: <http://www.recantodasletras.com. Escrita em 1517, Auto da Barca do Inferno é das obras
mais representativas do teatro vicentino. Nela, o autor
br/teorialiteraria/2033272>
aproveita a temática religiosa como pretexto para a
crítica de costumes. Em um braço de mar estão ancora-
das duas barcas. A primeira, capitaneada pelo diabo,
MOVIMENTOS LITERÁRIOS – PORTUGAL E faz a travessia para o inferno; a segunda, chefiada por
BRASIL um anjo, vai para o céu. Uma a uma vão chegando
96 as almas – um fidalgo, um onzeneiro (agiota), um parvo
(bobo), um sapateiro, um frade - levando sua amante,
uma alcoviteira, um judeu, um corregedor (juiz), um pro-
Resumo - Literatura Portuguesa
curador (advogado do Estado), um enforcado e quatro
Cavaleiros de Cristo (cruzados) que morreram em poder
Os primeiros registros da literatura portuguesa datam
dos mouros. Todos tentam evitar a barca do diabo, mas
do século XII. Em virtude da integração cultural e linguís-
apenas o parvo e os cruzados conseguem embarcar
tica entre Portugal e Galícia que havia à época, esses
para o céu.
registros foram feitos em galego-português. Atualmente,
a Galícia, região localizada na Península Ibérica, per- Era Clássica
tence ao território espanhol.
Para melhor estudar e compreender a literatura por- Renascimento
tuguesa, ela também foi dividida em escolas literárias
cujos autores se encontram cronológica e tematica- Inspirado na cultura clássica greco-latina, o Renasci-
mente agrupados. mento foi marcado pela introdução de novos gêneros li-
terários, entre eles os romances de cavalaria e a literatu-
Era Medieval ra de viagens. Luís de Camões, Sá de Miranda e Fernão
Mendes Pinto estão entre seus principais representantes.
Trovadorismo
Características do Classicismo = imitação dos clás-
Primeiro movimento literário da língua portuguesa. sicos; equilíbrio; obediência a regras; impessoalidade;
Surgiu em um período no qual a escrita era pouco difun- universalismo; ideal de perfeição formal; racionalismo;
dida, por esse motivo, os poetas transmitiam suas poe- valores ideais.
sias oralmente, na maioria das vezes cantando-as. Assim
sendo, os primeiros textos receberam o nome de canti- A épica camoniana
gas, tradicionalmente divididas em cantigas de amor,
de amigo, escárnio e maldizer, representadas por no- Os Lusíadas - uma das principais obras literárias do
mes como Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Tavei- Renascimento europeu. Quanto ao assunto, trata sobre
rós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre outros. a História de Portugal e os grandes feitos de seu povo.
Possui versos decassílabos heroicos (8 816 versos); estro-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

fes de oitava rima (de oito versos – 1 102 estrofes); as Enquanto o Romantismo se caracteriza fundamental-
rimas seguem o esquema ABABABCC; o poema se di- mente pela ideia de liberdade, entendida no sentido de
vide em dez cantos, de extensão irregular. O núcleo da libertação da subjetividade, dos sentimentos, da imagi-
narração é a viagem de Vasco da Gama às Índias. Já nação criadora e da fantasia, e, portanto, de libertação
o herói, diferentemente de seus modelos clássicos (Ho- das regras clássicas, o Realismo se baseia nas ideias de
mero e Virgílio), Os Lusíadas celebra um herói coletivo (o racionalidade, objetividade, propondo retratar fielmen-
povo português). Vasco da Gama é o símbolo e porta- te a vida contemporânea (a sociedade burguesa e seus
-voz do povo. valores) para desnudá-la, criticá-la, transformá-la.

Barroco Simbolismo

Surgido em um período de lutas de classes sociais Corrente que se opôs à temática do realismo, o sim-
e de crises religiosas, o Barroco português foi marcado bolismo teve início com a publicação do livro Oaristos,
por uma linguagem que refletia os estados de tensão de Eugênio de Castro. Nessa estética está presente a
da alma humana, permeada pelo rebuscamento e por idealização da infância e do campo. Seus principais re-
figuras de linguagem de difícil compreensão. Seus prin- presentantes foram Antônio Nobre e Camilo Pessanha.
cipais representantes foram o Padre Antônio Vieira, Frei As palavras poéticas se transformam em símbolos de
Luís de Souza e Antônio José da Silva. vivências místicas e sensoriais indizíveis, intraduzíveis, mas
passíveis de ser evocadas, sugeridas, aludidas, por meio
Características = pessimismo; desequilíbrio entre a razão de metáforas, analogias e sinestesias: correspondências
e a emoção; subjetividade; predomínio de figuras como a secretas entre os sentidos, harmonia entre sons, perfu-
metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato. mes e cores, tudo convergindo para o ritmo e a musica-
lidade do verso.
Neoclassicismo O poeta simbolista sugere em vez de descrever; sim-
boliza em vez de nomear; usa imagens sensoriais; pre-
Caracterizado pela revalorização dos valores artís- fere as sinestesias, aliterações, assonâncias, paralelismo,
ticos gregos e romanos, o Neoclassicismo foi marcado repetições, prosopopeias; utiliza letras maiúsculas em
também pela doutrinação estética e pela intensa cria- substantivos comuns, para torná-los absolutos.
ção literária. À Arcádia Lusitana, academia literária de
Portugal fundada em 1756, coube a tarefa de restabe- Modernismo
lecer o equilíbrio na literatura, afastando-a dos exage- 97
ros próprios do Barroco. Seus principais nomes foram Ma- O marco do Modernismo português foi a publica-
nuel Maria Barbosa du Bocage, Curvo Semedo e José ção, em 1915, da revista Orpheu, responsável por vei-
Agostinho de Macedo. cular uma produção literária inovadora e irreverente in-
fluenciada pelas concepções estéticas que circulavam
Características = personagens mitológicas utilizadas à época em toda a Europa. Seus principais representan-
alegoricamente; bucolismo e pastoralismo; idealização tes foram Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.
da natureza (locus amoenos); a cidade é vista como
lugar de sofrimento (fugere urbem); desprezo dos praze- Quanto aos heterônimos de Fernando Pessoa: não
res, do luxo e da riqueza. se confundem com pseudônimos. Pessoa não inventou
personagens-poetas, mas criou obras de poetas, e, em
Era Romântica função delas, as biografias de Álvaro de Campos, Ricar-
do Reis e Alberto Caeiro.
Romantismo Álvaro de Campos – o poeta das sensações do ho-
mem moderno
O romantismo português marcou o fim do neoclassi- Ricardo Reis – o poeta neoclássico
cismo, apresentando como principais temas o amor, a Alberto Caeiro – o poeta-pastor
nostalgia e a melancolia, proporcionando a combina- Fernando Pessoa – o poeta-filósofo, que conjuga lu-
ção de vários gêneros literários. No subjetivismo, nomes cidez e vidência
como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo
Castelo Branco e Júlio Dinis encontraram sua forma de REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
expressão. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Realismo e Naturalismo
REFERÊNCIA DE SITES:
Surgidos como reação ao subjetivismo e idealismo Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.
presentes na estética romântica, o Realismo e o Natura- com.br/literatura/literatura-portuguesa.htm>
lismo português tiveram como principais representantes Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/litera-
os escritores Antero de Quental, Cesário Verde e Eça de tura/primeira-segunda-epoca-medieval.htm>
Queirós.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Destacaram-se:
 Gregório de Matos - apelidado de “Boca do In-
ESTILOS LITERÁRIOS
ferno”. Oscilou entre o sagrado e o profano. Poeta lírico,
satírico, reflexivo, filosófico, sacro, encomiástico, obsceno.
Não foi poeta épico.
RESUMO DA LITERATURA BRASILEIRA  Bento Teixeira
 Pe. Antonio Vieira - Expoente máximo da Literatura
CARACTERÍSTICAS GERAIS Brasileira e da Literatura Portuguesa, pois durante sua estada
em Portugal aderiu a temas nacionais portugueses e durante a
Era Colonial / Quinhentismo - (século XVI) sua permanência no Brasil aderiu a temas nacionais brasileiros.
Início: A Carta de Caminha Era prosador e não poeta, e conceptista, pois atacou o cultis-
mo. Escreveu sermões, entre eles o “Sermão da Sexagésima”.
Contexto histórico:
Os portugueses chegam ao Brasil. Arcadismo - (século XVIII)
A chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil. Início: Publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio
Manuel da Costa, obra inicial do Arcadismo brasileiro.
Característica: Literatura documental, histórica, de O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia
caráter informativo. e de seus valores. Esse fato influenciou na produção das
obras desta época. Enquanto as preocupações e confli-
A Carta de Caminha é o primeiro documento lite- tos do barroco são deixados de lado, entram em cena o
rário brasileiro. Carta descritiva com espírito ufanista e objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada
nativista. O Quinhentismo serviu de inspiração literária por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no cam-
para alguns poetas e escritores do Romantismo e do po são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades )
Modernismo. e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a
idealização da natureza e da mulher amada.
Destacaram-se durante o Quinhentismo:
 Pero Vaz de Caminha - A Carta de Caminha Contexto histórico:
 Pe. José de Anchieta - escreveu textos religio- A Inconfidência Mineira.
sos, um teatro religioso. Tinha devoção ao culto maria- A Revolução Farroupilha.
A vinda da Família Real para o Brasil.
no. Recebeu influência da tradição medieval.
98 Observação: Não recebeu influência da poesia lírica
Características:
de Camões (soneto).
Pastoralismo, bucolismo. Ideal de vida simples, junto à
 Pe. Manuel da Nóbrega
natureza (locus amoenus).
Fugere urbem (“evitar a cidade”, “fugir da civiliza-
Barroco - (século XVII)
ção”). Busca do equilíbrio e da naturalidade, no contato
Início: “Prosopopeia” - poema épico de Bento Teixei-
com a natureza.
ra
Carpe diem (“aproveite o dia”). Consciência da fuga-
cidade do tempo.
Contexto histórico: Simplicidade, clareza e equilíbrio. Emprego moderado
 Essa época foi marcada pelas oposições e pe- de figuras de linguagem.
los conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou Natureza racional (é vista como um cenário, como
influenciando na produção literária, gerando o fenôme- uma fotografia, como um pano de fundo).
no do barroco. As obras são marcadas pela angústia Pseudônimos.
e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Fingimento / Artificialismo
Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de lin-
guagem mais usadas neste período. Destacaram-se:
 As invasões holandesas no Brasil.  Tomás Antonio Gonzaga - poeta maior do Arca-
 Os bandeirantes. dismo brasileiro com suas liras “Marília de Dirceu”. Pseudô-
nimo como poeta lírico: Dirceu; pseudônimo como poeta
Características: rebuscamento, virtuosismo, orna- satírico: Critilo (“Cartas Chilenas”).
mentação exagerada, jogo sutil de palavras e ideias,
ousadia de metáforas e associações. Autores épicos do Arcadismo brasileiro:
Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas, hipér-  Cláudio Manuel da Costa - Poeta lírico e épico.
boles e antíteses. Obsessão pela linguagem culta, jogo Seu pseudônimo é Glauceste Satúrnio. Seus sonetos são
de palavras. de imitação Camoniana. Obra: “Vila Rica”.
Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa e  Basílio da Gama - Obra: “O Uraguai”.
essência íntima.  Santa Rita Durão - Obra: “Caramuru”. Obs.: O
Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade índio, antes de José de Alencar, aparece nos poemas
do tempo e incerteza da vida. épicos “O Uraguai” e “Caramuru”. Portanto, o Arcadismo
preparou o Romantismo.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Era Nacional / Romantismo - (século XIX) Realismo / Naturalismo - (segunda metade do século
Início: publicação de “Suspiros Poéticos”, de Gonçal- XIX)
ves de Magalhães Realismo - Início: “Memórias Póstumas de Brás
A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da Cubas”, de Machado de Assis, publicado em 1881.
família real portuguesa em 1808, e a Independência do Naturalismo - Início: “O Mulato”, de Aluísio Azevedo
Brasil, em 1822, são dois fatos históricos que influenciaram
na literatura do período. Na segunda metade do século XIX, a literatura ro-
mântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os
Contexto histórico: escritores e poetas realistas começam a falar da reali-
A Imprensa no Brasil. dade social e dos principais problemas e conflitos do ser
A crise do 2.º Reinado. humano. Como características desta fase, temos: obje-
A abolição da escravidão. tivismo, linguagem popular, trama psicológica, valoriza-
ção de personagens inspirados na realidade, uso de ce-
Características: nas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade.
Predomínio da emoção, do sentimento (subjetivismo);
evasão ou escapismo (fuga à realidade). Nacionalismo, Contexto histórico:
religiosidade, ilogismo, idealização da mulher, amor pla- A Proclamação da República.
tônico. Liberdade de criação e despreocupação com a A Primeira República.
forma; predomínio da metáfora.
Realismo
1.ª geração romântica: 1840/50 - indianista ou nacio- Literatura de combate social, crítica à burguesia, ao
nalista. A temática era o índio, a pátria. adultério e ao clero.
Destacou-se: Análise psicológica dos personagens.
 Gonçalves Dias - Obras: “Canção do Exílio” e
Objetividade, temas contemporâneos.
“I-Juca Pirama”.
Destacou-se:
Machado de Assis - trilogia: “Memórias Póstumas de
2.ª geração romântica: 1850/60 - byroniana, mal-do-sécu-
Brás Cubas” (narrado em 1.ª pessoa); “Quincas Borba”
lo, individualista ou ultrarromântica. A temática era a morte.
(“ao vencedor as batatas”); “Dom Casmurro” (narrado
Destacou-se:
em 1.ª pessoa - enigma de traição).
 Álvares de Azevedo - poeta da dúvida, tinha ob-
sessão pela morte. Recebeu influência de Byron e Shakes-
Naturalismo 99
peare. Oscila entre a realidade e a fantasia. Obra: Livro de
Desdobramento do Realismo.
contos “Noite na taverna”.
Escritores naturalistas retratam pessoas marginaliza-
3.ª geração romântica: 1860/70 - condoreira, social. A das pela sociedade.
temática é a abolição e a república. O Naturalismo é fruto da experiência.
Destacaram-se: Análise biológica e patológica das personagens.
Poesia: Determinismo acentuado.
 Castro Alves - poeta representante da burguesia As personagens são comparadas aos animais (zoo-
liberal. Obras: “Espumas Flutuantes”, “O Navio Negreiro”, morfismo).
“Vozes d’África”. Destacaram-se:
 Aluísio Azevedo - Obras: “O Mulato”, “O Corti-
Prosa: ço” (romance social, personagem principal do roman-
 José de Alencar (representante maior) - defensor ce é o próprio cortiço).
do “falar brasileiro” / dá forma ao herói / amalgamando a  Raul Pompeia - Obra: “O Ateneu”.
sua vida à natureza.
 Joaquim Manuel de Macedo - Obra: “A Moreni- 1.6 Parnasianismo - (final do século XIX e início do
nha”. século XX)
 Bernardo Guimarães - Obra: “A escrava Isaura”. Início: “Fanfarras”, de Teófilo Dias.
 Manuel Antônio de Almeida - Obra: “Memórias
de um sargento de milícias”. O parnasianismo buscou os temas clássicos, valori-
zando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores
Modalidades do Romantismo: parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, voca-
 Romance de folhetim - Teixeira e Sousa, “O filho bulário culto, temas mitológicos e descrições detalha-
do pescador”. das. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças a esta
 Romance urbano - Joaquim Manuel de Macedo, postura foram chamados de criadores de uma literatura
“A Moreninha”. alienada, pois não retratavam os problemas sociais que
 Romance regionalista: Bernardo Guimarães, “O ocorriam naquela época. Os principais autores parna-
ermitão de Muquém”, “Escrava Isaura”. sianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de
 Romance indianista e histórico - José de Alencar, Oliveira e Vicente de Carvalho.
“O Guarani”.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Contexto histórico: A desigualdade social culminou em diversos movimen-


Contemporâneo do Realismo - Naturalismo tos sociais pelo Brasil - como a Revolta de Canudos, ocor-
Estilo especificamente poético, desenvolveu-se junto rida no final do século XIX no sertão da Bahia, sob lideran-
com o Realismo - Naturalismo. ça de Antônio Conselheiro -, dentre outros movimentos de
A maior preocupação dos poetas parnasianos é com protesto às condições de vida no Nordeste. Além disso,
o fazer poético. ocorreram os movimentos protestantes no meio urbano,
Arte pela arte. como a Revolta da Chibata, em 1910 - contra o maltrato
Poesia descritiva sem conteúdo; vocabulário nobre; da Marinha à corporação - e as greves de operários.
objetividade. Já no começo do século XX começa a surgir os pri-
Os poetas parnasianos são considerados “os mestres meiros indícios da crise cafeeira com a superprodução de
do passado”. Por suas manias de precisão, foram critica- café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.
dos severamente pelos poetas do 1.º Tempo Modernista. É em meio a este quadro na sociedade brasileira que
Destacou-se: começa no Brasil uma nova produção literária, intitulada
Olavo Bilac (poeta representante) – “Profissão de Fé”.
de Pré-Modernismo pelo crítico literário Tristão de Ataíde.
Destacam-se neste período as obras Os sertões (Euclides
Simbolismo
da Cunha) e Canaã (Graça Aranha). Contudo, o Pré-
Início: “Missal” e “Broquéis”, de Cruz e Souza
-Modernismo não é tido como uma “escola literária”, pois
Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abs- apresenta características individuais muito marcantes. No
trata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e entanto, há características comuns às obras desse perío-
religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e do: a ruptura com a linguagem pomposa parnasiana; a
dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os prin- exposição da realidade social brasileira; o regionalismo;
cipais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza a marginalidade exposta nas personagens e associação
e Alphonsus de Guimaraens. aos fatos políticos, econômicos e sociais.
Os principais autores pré-modernistas são: Euclides da
Contexto histórico: Cunha, Augusto dos Anjos, Lima Barreto, Graça Aranha,
Fundação da Academia Brasileira de Letras. Monteiro Lobato.
Origem: a poesia de Baudelaire.
Características: desmistificação da poesia, sinestesia, Vanguardas europeias
musicalidade, preferência pela cor branca, sensualismo,
dor e revolta. As vanguardas europeias foram manifestações artísti-
100 Destacou-se: co-literárias surgidas na Europa, nas duas primeiras déca-
Cruz e Souza (poeta representante) - Obra: “Missal” e das do Século XX, e vieram provocar uma ruptura da arte
“Broquéis”. moderna com a tradição cultural do século anterior.
Com o advento da tecnologia, as consequências da
REFERÊNCIA DE SITES Revolução Industrial, a Primeira Guerra Mundial e atmos-
Disponível em: <http://www.passeiweb.com/na_pon- fera política que resultou destes grandes acontecimentos,
ta_lingua/sala_de_aula/portugues/literatura_brasileira/ surgiu um sentimento nacionalista, um progresso espan-
estilos_literarios/cronologia_quadro> toso das grandes potências mundiais e uma disputa pelo
Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/litera- poder. Várias correntes ideológicas foram criadas, como
turabrasil/> o nazismo, o fascismo e o comunismo, e também com a
mesma terminação “ismo” surgiram os movimentos artísti-
Pré-Modernismo
cos que chamamos de vanguardas. Todos se pautavam
no mesmo objetivo: o questionamento, a quebra dos pa-
O Pré-Modernismo acontece anos antes da Semana
drões, o protesto contra a arte conservadora, a criação
da Arte Moderna, em 1922, e é o período de transição
entre as tendências do final do Simbolismo ou Parnasia- de novos padrões estéticos que fossem mais coerentes
nismo, século XIX, e o Modernismo. com a realidade histórica e social do século que surgia.
Neste período, alguns anos após a abolição da escra- Estas manifestações se destacaram por sua radicali-
vatura, muitos imigrantes - a maioria italianos - vêm ao dade, que influenciou a arte em todo o mundo.
Brasil substituir a mão de obra rural e escrava. Os movimentos e as tendências artísticas, tais como
A urbanização de São Paulo faz surgir uma nova clas- o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Futurismo, o
se social: a operária, enquanto os ex-escravos são margi- Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, a Op art e a
nalizados nos centros urbanos. Pop art expressam a perplexidade do homem contem-
Os estados brasileiros passam por transformações na porâneo.
economia: a ascensão do café no Sul e Sudeste, e o de- O Expressionismo surge como uma reação ao Impres-
clínio da cana-de-açúcar no Nordeste. sionismo, pois naquele a preocupação está em expressar
O governo republicano não promovia as esperadas as emoções humanas, transparecendo em linhas e cores
mudanças sociais - a sociedade se encontrava dividi- vibrantes os sentimentos e angústias do homem moderno;
da entre a elite detentora de dinheiro, respeito e poder neste, o enfoque se resumia na busca pela sensação de
das oligarquias rurais e a classe trabalhadora rural, bem luz e sombra.
como dos marginalizados nos centros urbanos.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

O Fauvismo foi um movimento que teve basicamen- da Op Art foi a evolução da ciência, que está presente
te dois princípios: a simplificação das formas das figuras em praticamente todos os trabalhos, baseando-se prin-
e o emprego das cores puras, sem mistura. As figuras não cipalmente nos estudos psicológicos sobre a vida mo-
são representadas tal qual a forma real, ao passo que as derna e da Física sobre a Óptica. A alteração das cida-
cores são usadas da maneira que saem do tubo de tinta. des modernas e o sofrimento do homem com a alteração
O nome deriva de “fauves” (feras, no francês), devido à constante em seus ritmos de vida.
agressividade no emprego das cores.
No Cubismo há a mesma despreocupação em re- As principais características da Op Art são:
presentar realisticamente as formas de um objeto, po-  Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões
rém a intenção era representá-lo de vários ângulos, em de óticas;
um único plano. Com o tempo, o Cubismo evoluiu em  Defender para arte “menos expressão e mais vi-
duas grandes tendências chamadas Cubismo Analítico sualização”;
e Cubismo Sintético. O movimento teve o seu melhor mo-  Quando as obras são observadas, dão a impres-
mento entre 1907 e 1914, e mudou para sempre a forma são de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes pa-
de ver a realidade. recem inchar ou deformar-se;
O Futurismo abrange sua criação em expressar o real,  Oposição de estruturas idênticas que interagem
assinalando a velocidade exposta pelas figuras em mo- umas com as outras, produzindo o efeito ótico;
vimento no espaço. Foi um movimento que se desenvol-  Observador participante;
veu em todas as artes e exerceu influência sobre vários  Busca nos efeitos ópticos sua constante altera-
artistas que, posteriormente, criaram outros movimentos ção;
de arte moderna. Repercutiu principalmente na França  As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas
e na Itália. ao observador.
O Abstracionismo é a arte que se opõe à arte figurati-
va ou objetiva. A principal característica da pintura abs-
trata é a ausência de relação imediata entre suas formas
e cores e as formas e cores de um ser. A pintura abstrata
é uma manifestação artística que despreza completa-
mente a simples cópia das formas naturais.
No Dadaísmo, encontra-se um movimento que abran-
ge a arte em todos os seus campos, pois não foi apenas
O termo Pop Art (abreviação das palavras em inglês
uma corrente artística, mas um verdadeiro movimento 101
Popular Art) foi utilizado pela primeira vez em 1954, pelo crí-
literário, musical, filosófico e até mesmo político. Embora
tico inglês Lawrence Alloway, para denominar a arte popu-
a palavra dada em francês signifique cavalo de madei-
lar que estava sendo criada em publicidade, no desenho
ra, sua utilização marca o nonsense ou falta de sentido
industrial, nos cartazes e nas revistas ilustradas. Representa-
que pode ter a linguagem (como na fala de um bebê).
va os componentes mais ostensivos da cultura popular, de
A princípio, o movimento não envolveu uma estética poderosa influência na vida cotidiana na segunda meta-
específica, mas provavelmente as principais expressões de do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em opo-
do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o ready sição ao expressionismo abstrato que dominava a cena
made. O intuito deste movimento era protestar contra estética desde o final da Segunda Guerra Mundial. Sua ico-
os estragos trazidos da guerra, denunciando de forma nografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos,
irônica toda aquela loucura que estava acontecendo. do cinema e da publicidade.
Como negação total da cultura, o Dadaísmo defende o Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamen-
absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. to da sociedade pelos objetos de consumo, operava com
O Surrealismo foi um movimento artístico e literário sur- signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos,
gido primeiramente em Paris nos anos 20, inserido no con- ilustrações. Muito do que era considerado brega, virou
texto das vanguardas que viriam a definir o modernismo moda. A Pop Art proporcionou a transformação do que
no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. era considerado vulgar em refinado, e aproximou a arte
A palavra Op Art deriva do inglês Optical Art e signifi- das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de objetos
ca Arte Óptica. Simboliza um mundo precário e instável, próprios e populares.
que se modifica a cada instante. Apesar de ter ganhado
força na metade da década de 1950, a Op Art passou Suas principais características são:
por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não  Linguagem figurativa e realista se referindo aos
tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art, pois costumes, ideias e aparências do mundo contemporâneo;
é excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima  Temática extraída do meio ambiente urbano das
das ciências do que das humanidades. Por outro lado, grandes cidades, de seus aspectos sociais e culturais: histó-
suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto às ria em quadrinhos, revistas, jornais sensacionalistas, fotogra-
da ciência e da tecnologia. fias, anúncios publicitários, cinema, rádio, televisão, músi-
A razão da Op Art é a representação do movimento ca, espetáculos populares, elementos da sociedade de
através da pintura apenas com a utilização de elemen- consumo e de conveniências (alimentos enlatados, ge-
tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação ladeiras, carros, estradas, postos de gasolina etc.);
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

 Ausência de planejamento crítico: os temas Características do Modernismo


são concebidos como simples motivos que justificam a
realização da pintura;  Libertação estética;
 Representação de caráter inexpressivo, prefe-  Ruptura com o tradicionalismo;
rencialmente frontal e repetitiva;  Experimentações artísticas;
 Combinação da pintura com objetos reais inte-  Liberdade formal (versos livres, abandono das
grados na composição da obra como flores de plástico, formas fixas, ausência de pontuação);
garrafas etc., como uma nova forma dadaísta em con-  Linguagem com humor;
sonância aos novos tempos;  Valorização do cotidiano.
 Formas e figuras em escala natural e ampliada;
 Preferência por referências ao status social, A preocupação dos autores modernos era substituir
fama, violência e desastres, a sensualidade e o erotis- os antigos valores. As principais características desta es-
mo, aos símbolos da tecnologia industrial e a sociedade cola literária são o progresso, a sensação de instabilida-
de consumo; de e transitoriedade, a criação e investigação pessoal,
 Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e o livre exame e o futuro. Com esta configuração, o Mo-
látex, produzindo cores puras, brilhantes e fosforescen- dernismo se fixa na historiografia literária brasileira com o
tes inspiradas na indústria e nos objetos de consumo; início da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocor-
 Reprodução de objetos do cotidiano em tama- reu nos dias 13, 15 e 17 daquele ano no Teatro Municipal
nho maior, transformando o real em hiper-real. de São Paulo. Entretanto, antes destes dias de manifes-
tação de obras e ideias modernistas, o espírito literário
já havia começado um processo de preparação anos
antes. Uma das primeiras manifestações do pré-moder-
nismo no Brasil foi o Futurismo, termo presente no país
entre 1915 e 1921, ano em que Oswald de Andrade pu-
blicou um artigo no qual chamou Mário de Andrade de
“o meu poeta futurista”.
A origem da Semana de Arte Moderna de 1922 foi
uma sugestão do pintor Di Cavalcanti feita a Paulo Pra-
REFERÊNCIA DE SITES
do. A proposta era iniciar uma “série de escândalos da
Disponível em: <https://www.infoescola.com/artes/
Semana de Elegância de Deauville”.
principais-movimentos-artisticos-do-seculo-xx/>
102 Vinte anos após o final do movimento, Mário de An-
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.
drade traçou quais foram seus rumos iniciais: estabilizar
com.br/literatura/premodernismo.htm>
uma nova forma de consciência criadora brasileira,
Disponível em: <https://www.infoescola.com/artes/
vanguardas-europeias/> atualizar a inteligência artística do país e conquistar o
Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/ direito à pesquisa estética.
nomundo/arte-seculo-20/op-art/> Tradicionalmente, a literatura modernista é dividida
Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/ em três fases. São elas:
nomundo/arte-seculo-20/pop-art/> 1. Primeira fase (ou primeira geração modernista): A
fase heroica é representada pela tríade modernista, isto
Modernismo é, os escritores Manuel Bandeira, Mário e Oswald de An-
drade. O trio deu continuidade aos postulados de 1922,
O Modernismo no Brasil teve como marco inicial a apresentando uma estética transgressora, testando os
Semana de Arte Moderna, em 1922, momento marca- limites da forma e do conteúdo e combatendo as esco-
do pela efervescência de novas ideias e modelos. Foi las tradicionais de nossa literatura;
um movimento cultural, artístico e literário da primeira 2. Segunda fase (geração de 1930): Os escritores
metade do século XX. Situa-se entre o Simbolismo e o da literatura modernista nos anos 30 deram continuida-
Pós-Modernismo. de às conquistas da primeira fase, contudo, diante de
um contexto histórico beligerante, era preciso voltar as
Contexto Histórico atenções para a realidade e utilizar a literatura como
instrumento de denúncia e análise social, tanto na pro-
O Modernismo surge em um momento de insatisfa- sa quanto na poesia. Entre os principais representantes
ção política no Brasil, em decorrência do aumento da dessa fase estão os escritores Graciliano Ramos, Rachel
inflação que fazia aumentar a crise e propulsionava gre- de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Mei-
ves e protestos. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) reles, Vinícius de Moraes;
também trouxe reflexos para a sociedade brasileira. Em 3. Terceira fase (geração de 1945): A pesquisa esté-
uma tentativa de reestruturar o país politicamente, tam- tica e a renovação das formas de expressão literária,
bém no campo das artes - estimulado pelas Vanguar- tanto na poesia quanto na prosa, foram as principais
das Europeias - encontra-se a motivação para romper características da geração de 45. Caminhando em di-
com o tradicionalismo. A “Semana de arte moderna” reção à experimentação, os autores da terceira fase do
que marca a essa tentativa de mudança artística. Modernismo vislumbraram outras possibilidades temá-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

ticas, deixando em segundo plano as preocupações (desde copos a maridos/ou esposas). A publicidade ma-
políticas, ideológicas e culturais que marcaram a gera- nipula desejos, promove a sedução, cria novas imagens
ção de 30. Seus principais representantes foram Clarice e signos, eventos como espetáculos, valorizando o que
Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, a mídia dá ao transitório da vida. As telecomunicações
Ariano Suassuna, Mario Quintana. possibilitam imagens vistas em todas as partes do planeta,
facilitando a mercadificação de coisas e gostos. A infor-
REFERÊNCIA DE SITES matização, o computador, o caixa 24 horas e a telemáti-
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol. ca são compulsivamente disseminadas. As lutas mudam:
com.br/literatura/modernismo.htm> agora não é contra o patrão, mas contra a falta deles. Os
Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/ pobres só dizem presente nos acontecimentos de massa,
modernismo-no-brasil/> lugar de deslocamento das energias de revolta.
Disponível em: <https://www.infoescola.com/litera- O pós-modernismo invadiu o cotidiano com a tecno-
tura/modernismo-brasileiro/> logia eletrônica em massa e individual, onde a saturação
de informações, diversões e serviços, causam um “rebu”
Pós-Modernismo pós-moderno, com a tecnologia programando cada vez
mais o dia a dia dos indivíduos.
O conceito de pós-modernidade se tornou um dos A importância do pós-modernismo na economia foi
mais discutidos nas questões relativas à arte, à literatura “mostrar” aos indivíduos a capacidade de consumo, a
ou à teoria social, mas a noção de pós-modernidade adotarem estilos de vida e de filosofias, o consumo perso-
reúne uma rede de conceitos e modelos de pensamen- nalizado, usar bens e serviços e se entregarem ao presen-
to em “pós”, dentre os quais: sociedade pós-industrial, te e ao prazer.
pós-estruturalismo, pós-fordismo, pós-comunismo, pós- Os pós-modernistas querem rir levianamente de tudo,
-marxismo, pós-hierárquico, pós-liberalismo, pós-imperia- encaram uma ideia de ausência de valores, de vazio, do
nada, e do sentido para a vida.
lismo, pós-urbano, pós-capitalismo. A pós-modernidade
O ambiente pós-moderno significa simulação, ele não
se coloca também em relação com o feminismo, a eco-
nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua maneira, hi-
logia, o ambiente, a religião, a planificação, o espaço,
per-realiza o mundo, transformando-o em um espetáculo.
o marketing, a administração. O geógrafo Georges Ben-
No pós-modernismo o homem vive imerso em um rio
ko afirma que o “pós” é incontornável, o fim do século
de testes permanentes, em que a informação e a comu-
XX se conjuga em “pós”.
nicação transportam a impulsividade para o consumo.
As características da pós-modernidade podem ser
Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em 1945. 103
resumidas em alguns pontos: propensão a se deixar do-
Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e desco-
minar pela imaginação das mídias eletrônicas; coloniza-
bertas tecnológicas, sociais, artísticas, científicas e arqui-
ção do seu universo pelos mercados (econômico, políti-
tetônicas.
co, cultural e social); celebração do consumo como ex- A sociedade industrial descende da máquina, de ar-
pressão pessoal; pluralidade cultural; polarização social tigos de série padronizados – o ferro celebra a liberdade
devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimen- individual do burguês capitalista para o progresso, foi
tos; falências das metanarrativas emancipadoras como criado o Projeto Iluminista da modernidade, o desenvol-
aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberdade, vimento material e moral do homem pelo conhecimento,
igualdade e fraternidade. foi creditado o imenso progresso das nações capitalistas
A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos, nos séculos XIX e XX, progresso fundado nas grandes fá-
conduzindo, em um único e mesmo movimento, a uma bricas, ferrovias, navegação e na exploração, com elas
lógica cultural que valoriza o relativismo e a (in)diferen- vieram o automóvel, o telefone, a TV, etc.
ça, a um conjunto de processos intelectuais flutuantes e Completando o cenário moderno as metrópoles in-
indeterminados, a uma configuração de traços sociais dustriais, as classes médias consumidoras de moda e de
que significaria a erupção de um movimento de des- lazer, surgiram a família nuclear - pessoas isoladas em
continuidade da condição moderna: mudanças dos sis- apartamentos - e a cultura de massa (revistas, filmes, no-
temas produtivos e crise do trabalho, eclipse da historici- velas), dando vitória à razão técnico-científica, inspirada
dade, crise do individualismo e onipresença da cultura no Iluminismo, a máquina fez a humanidade recuar seus
narcisista de massa. Em outras palavras: a pós-moder- hábitos religiosos, morais e foi ditado novos valores, mais
nidade tem predomínio do instantâneo, da perda de livres, urbanos, mas sempre atrelados no progresso social.
fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada Com a sociedade industrial e a multinacional, chega-
vez menor através do avanço da tecnologia. ram os serviços da tecnologia em geral, como informa-
No campo urbano, a cidade é vendida aos pedaços ções e comunicações em tempo real, o que proporciona
porque nela há caos, (des)ordem: padrões de diferen- uma economia pela informação.
tes graus de complexidade: o efêmero, o fragmentário, Codificar e manipular o conhecimento e a informa-
o descontínuo, o caótico predomina. Mudam-se valo- ção é vital para as sociedades pós-industriais, ou também
res: é o novo, o fugidio, o efêmero, o fulgaz e o indivi- chamadas de sociedades programadas, onde a pro-
dualismo que valem. A aceleração transforma o consu- gramação da produção do consumo e da vida social
mo numa rapidez nunca vivenciada: tudo é descartável significa projetar o comportamento.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética, a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina
nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicológicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o
trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos.
Os indivíduos na condição pós-moderno são um sujeito “blip”, alguém submetido a um bombardeio maciço
e aleatório de informações parcelares, que nunca formam um todo, e com importantes efeitos culturais, sociais e
políticos.
O pós-modernismo pode ser definido como as características de natureza sociocultural e estética que marcam
o capitalismo da era contemporânea. Este movimento, que também pode ser chamado de pós-industrial ou fi-
nanceiro, predomina mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é caracterizado pela avalanche recente de
inovações tecnológicas, pela subversão dos meios de comunicação e da informática, com a crescente influência
do universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista que seduz o homem pós-moderno.
O homem pós-moderno habita em um universo imagético, repleto de signos e ícones, privilegiados em detri-
mento dos objetos.
Tudo é fluido na pós-modernidade, daí o termo preferido pelo polonês Zygmunt Bauman, que tornou popular
esta expressão, e prefere traduzi-la como ‘modernidade líquida’, uma vez que nada mais é realmente concreto
na era atual. Tempo e espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade predomina sobre o coletivo e o ser
humano é guiado pela ética do prazer imediato como objetivo prioritário, denominado hedonismo.
A humanidade é induzida a levar sua liberdade ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de proba-
bilidades, desde que sua escolha recaia sempre no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetividade também
ser incessantemente fracionada.

Épocas Literárias

A literatura, como as outras artes, é o resultado do trabalho de um artista que vive as consequências da História.
A criação literária está diretamente relacionada ao momento histórico em que se insere.
As idades literárias recebem denominações variadas: escolas literárias, períodos, estilos e movimentos.
Os estilos de época do Ocidente, desde a Idade Média, podem ser classificados da seguinte forma:

Estilo/movimento Abrangência da época Aspectos históricos Principais linhas


Poemas de amor,
104 Teocentrismo, grande
cavalheirescos,
Séculos XII a XV, na temor a Deus,
Medievalismo/Trovadorismo cantigas, novelas de
Europa Feudal grande domínio da
cavalara, exaltação do
Igreja, feudalismo.
guerreiro cristão.
Ordem, regularidade,
Antropocentrismo,
precisão formal,
volta aos padrões
predomínio das
Séculos XV a XVI, na clássicos (greco-
Renascimento/Quinhentismo/ epopeias, para
Europa de Estados latinos) da cultura,
Classicismo enfatizar a força do
Nacionais grandes descobertas
Homem, predomínio de
(América, caminho
formas fixas na poesia
para as Índias).
lírica.
Irregularidade,
Volta ao
Séculos XVI e XVII, na rebuscamento formal, o
conservadorismo da
Europa de Estados homem dividido entre o
Igreja, forte presença
Barroco absolutistas. Século XVII e céu e a terra, dualismos,
da Companhia de
meados do séc. XVIII na predominância da
Jesus na União Ibérica
América luso-espanhola poesia lírica e da
(domínio espanhol).
oratória sacra.
Iluminismo, ideais Volta à regularidade
liberais principiantes, c l á s s i c a ,
Arcadismo/Neoclassicismo Século XVIII grande crise das neoclassicismo,
sociedades coloniais, predominância da
ideologias burguesas. poesia pastoril.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Ênfase sobre a
Identificações individualidade,
com ideais da desprezo aos padrões
França (Revolução rígidos dos clássicos,
Romantismo Século XIX
F r a n c e s a ) , n a c i o n a l i s m o ,
Independência do predominância do
Brasil. romance e da poesia
lírica.
C a m p a n h a s
Ênfase nos aspectos
Realismo/Naturalismo/ socialistas, Marxismo,
sociais, nas narrativas,
Parnasianismo – no Brasil, teorias determinista
nos aspectos formais,
movimentos contemporâneos Século XIX (2.ª metade) e evolucionista,
na poesia, primado
à República e abolição da p r o l e t a r i a d o
do cotidiano na cena
escravatura. emergente e mais
literária.
organizado.
Ênfase na sensibilidade,
Transição para o
utilização da força
Século XIX (última século XX, tendências
Simbolismo sonora da palavra,
década) decadentistas em
predominância da
geral, Belle époque.
poesia lírica.
Ruptura com os
parnasianos, força
Modernismo – No Brasil, a Semana de Arte para as vanguardas,
comemoração dos 100 anos Moderna em 1922, d e s d o b r a m e n t o s
Século XX (1.ª metade)
da Independência é decisiva grandes rupturas com múltiplos: Movimento
para “Reformas”. a arte tradicional. A n t r o p ó f a g o ,
Movimento Pau-Brasil,
Verde-Amarelo etc.
Pós-guerra, Guerra Convivência de
Fria, mundo dividido muitas tendências
105
em blocos de direita discrepantes, maior
e de esquerda, aceitação de todas
Século XX (anos 50: acentuação das as vanguardas,
Pós-modernismo
contemporaneidade) diferenças entre movimentos de rupturas
mundo desenvolvido e retomadas, arte
e subdesenvolvido, feita de bricolagens
muitos movimentos (aproveitamento de
jovens de rebelião. restos), incertezas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002.

REFERÊNCIA DE SITES

Disponível em: <https://www.infoescola.com/movimentos-artisticos/pos-modernismo/>


Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/geografia/o-conceito-posmodernidade-na-socieda-
de-atual.htm>
Disponível em: <https://www.coladaweb.com/literatura/pos-modernismo>
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

crever em qualquer lugar em que haja espaço para


sentar com o computador. Por exemplo, nas salas de
HORA DE PRATICAR! embarque durante as viagens de bate e volta que sou
obrigado a fazer. Consigo me concentrar apesar das
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - SOLDA- vozes esganiçadas que anunciam os voos, os atrasos,
DO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) as trocas de portões, a ordem nas filas, os nomes dos
retardatários.
Autobiografia e memória Mal o avião levanta voo, puxo a mesinha e abro o com-
putador. Estou nas nuvens, às portas do paraíso celestial.
Rita Lee acaba de publicar um livro delicioso, que cha- O telefone não vai tocar, ninguém me cobrará o tex-
mou de Uma autobiografia. É uma narrativa, na primei- to que prometi, a presença na palestra para a qual fui
ra pessoa, de sua vida como mulher e cantora, escrita convidado, os e-mails atrasados.
com humor e franqueza incomuns em artistas brasileiros Minha carreira de escritor começou com “Estação Ca-
do seu porte. randiru”, publicado quando eu tinha 56 anos. Foi tão
Exemplos. Foi presa grávida e salva por Elis Regina de grande o prazer de contar aquelas histórias, que senti
abortar. Teve LPs lançados com faixas riscadas a tesoura ódio de mim mesmo por ter vivido meio século sem es-
pela Censura. crever livros.
É um apanhado e tanto, com final feliz. Mas será uma A dificuldade vinha da timidez e da autocrítica. Para
“autobiografia”? Supõe-se que uma autobiografia seja mim, o que eu escrevesse seria fatalmente comparado
uma biografia escrita pela própria pessoa, não? E será, com Machado de Assis, Gógol, Faulkner, Joyce, Pushkin,
mas só se ela usar as armas de um biógrafo, entre as Turgenev ou Dante Alighieri. Depois do que disseram es-
quais ouvir um mínimo de 200 fontes de informações. Na ses e outros gênios, que livro valeria a pena ser escrito?
verdade, a “autobiografia”, entre nós, é mais uma me- A resposta encontrei em “On Writing”, livro que reúne
mória, em que o autor ouve apenas a si mesmo. entrevistas e textos de Ernest Hemingway sobre o ato de
Não há nenhum mal nisto, e eu gostaria que mais canto- escrever. Em conversa com um estudante, Hemingway
res publicassem suas memórias. Mas só uma biografia de diz que, ao escritor de nossos tempos, cabem duas al-
verdade oferece o quadro completo. No livro de Rita, ternativas: escrever melhor do que os grandes mestres já
ela fala, por exemplo, de um show na gafieira Som de falecidos ou contar histórias que nunca foram contadas.
Cristal, em 1968, com os tropicalistas e astros da velha De fato, se eu escrevesse melhor do que Machado de
guarda. Na passagem de som, à tarde, Sérgio e Arnal- Assis, poderia recriar personagens como Dom Casmurro
106 do, “intencionalmente, ligaram os instrumentos no volu- ou descrever com mais poesia o olhar de ressaca de
me máximo, quase explodindo os vidros da gafieira”, e Capitu.
o veterano cantor Vicente Celestino “lá presente, teve Restava a outra alternativa: a vida numa cadeia com
um piripaque”. Fim. mais de 7.000 presidiários, na cidade de São Paulo, nas
Uma biografia contaria o resto da história – que Celes- últimas décadas do século 20, não poderia ser descrita
tino foi para o Hotel Normandie, a fim de se preparar por Tchékhov, Homero ou pelo padre Antonio Vieira. O
para o show, e lá teve o infarto que o matou. médico que atendia pacientes no Carandiru havia dez
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 26.11.2016. Adaptado) anos era quem reunia as condições para fazê-lo.
Seguindo o mesmo critério, publiquei outros livros. Às co-
A partir da leitura do texto, conclui-se que, para o autor, toveladas, a literatura abriu espaço em minha agenda.
Há escritores talentosos que se queixam dos tormentos e
a) a linguagem de Rita Lee é excessivamente informal. da angústia inerentes ao processo de criação. Não é o
b) o título do livro de Rita Lee é inadequado. meu caso, escrever só me traz alegria.
c) o discurso de Rita Lee é marcadamente jornalístico. Diante da tela do computador, fico atrás das palavras,
d) a leitura do livro de Rita Lee é enfadonha. encontro algumas, apago outras, corrijo, leio e releio até
e). a história de Rita Lee é pouco relevante. sentir que o texto está pronto. Às vezes, ficou melhor do
Competência ENEM: H18 que eu imaginava. Nesse momento sou invadido por
uma sensação de felicidade plena que vai e volta por
2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017) Leia vários dias.
o texto de Drauzio Varella para responder às questões. (www.folha.uol.com.br, 13.05.2017. Adaptado)

Passei dois anos escrevendo o livro que acabo de termi- Em seu texto, o autor fala
nar. A tarefa não foi realizada em tempo integral, mas
nos momentos livres que ainda me restam. a) de seu prazer em escrever.
Há escritores que precisam de silêncio, solidão e am- b) da dificuldade em publicar o novo livro.
biente adequado para a prática do ofício. Se fosse c) do assunto de seu último livro.
esperar por essas condições, teria demorado 20 anos d) de seus planos para o futuro.
para publicá-lo, tempo de vida de que não disponho, e) da linguagem usada em seus textos.
infelizmente. Por força da necessidade, aprendi a es- Competência ENEM: H23
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

3. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017) Após c) os filmes de Hermano Penna são fruto de um encontro
ler o livro que reúne entrevistas e textos de Ernest Hemin- feliz com o povo de Poço Redondo, que lhe permitiu
gway sobre o ato de escrever, o autor Drauzio Varella enfocar o cangaço não como um fenômeno coleti-
vo simplesmente, mas como um movimento compos-
a) propôs-se a desenvolver uma escrita tão boa quanto to por seres complexos e com histórias individuais.
a de Machado de Assis. d) Hermano Penna chegou a Poço Redondo com o pro-
b) procurou reproduzir os estilos de Tchékhov, Homero e pósito de realizar um documentário sobre Lampião
padre Antônio Vieira. e Maria Bonita, mas, por meio do relato oral de seu
c) dedicou-se a treinar a escrita continuamente até que amigo Alcino Alves Costa, descobriu que lá havia um
chegou à perfeição. cangaceiro mais célebre, chamado Zé de Julião.
d) convenceu-se de que era capaz de escrever tão e) o material colhido por Hermano Penna acerca do
bem quanto seus autores preferidos. cangaço em Poço Redondo foi tão vasto que o dire-
e) resolveu escrever um livro sobre uma história que só tor decidiu distribuí-lo em dois filmes: “Aos ventos que
cabia a ele contar. virão” e “Zé de Julião, muito além do cangaço”, sen-
Competência ENEM: H23 do este último continuação direta do primeiro.
Competência ENEM: H15
4. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA AD-
MINISTRATIVA – FCC-2016)
5. (ENEM-2015)

Zé de Julião, muito além do cangaço
Cântico VI
Em 1977 estava em Sergipe para realizar um episódio do
Globo Repórter; adentrei os sertões e cheguei a Poço Tu tens um medo de
Redondo. A pequenez da cidade contrastava com a Acabar.
riqueza cultural e a hospitalidade dos seus moradores. Não vês que acabas todo o dia.
A alegria do encontro com sua gente guardava outras Que morres no amor.
surpresas. Poço Redondo é o epicentro simbólico da his- Na tristeza.
tória do cangaço. Aí morreram Lampião e Maria Bonita, Na dúvida.
e muitos outros. Aí conheci o escritor e historiador de sua No desejo.
gente, meu saudoso amigo Alcino Alves Costa. E foi dele Que te renovas todo dia.
que ouvi oralmente a história de Zé de Julião. No amor.
Nesse momento, o cangaço deixou de ser um coletivo Na tristeza. 107
para mim e passei a ver nele a dimensão dos seus integran- Na dúvida.
tes como pessoas reais em suas individualidades, grandezas No desejo.
e misérias. Foi aí também que nos prometemos, eu e Alcino, Que és sempre outro.
a realizar um filme sobre a extraordinária vida daquele ho- Que és sempre o mesmo.
mem, que de alguma forma une os dois grandes símbolos Que morrerás por idades imensas.
da cultura brasileira: o cangaço e Brasília. O cangaço, re- Até não teres medo de morrer.
presentativo da insubmissão violenta à opressão, e Brasília, E então serás eterno.
esse marco da grande utopia de uma nação democrática,
justa para todos, e pela qual continuamos a lutar. MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record,
Aconteceu; e não foi só um filme, são dois. Em 2012, reali- 1963 (fragmento).
zei o ficção “Aos ventos que virão”. Hoje entrego ao povo
sergipano o “Zé de Julião, muito além do cangaço”, do-
A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o
cumentário que busca contar a vida desse homem de ca-
homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu
minhos com tantas alegrias, tragédias e símbolos.
lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente
(Adaptado de: PENNA, Hermano. Disponível em: http://
à condição humana,
expressaosergipana.com.br)

A partir da leitura do texto, conclui-se corretamente que a) a sublimação espiritual graças ao poder de se emo-
cionar.
a) “Aos ventos que virão” e “Zé de Julião, muito além do b) o desalento irremediável em face do cotidiano re-
cangaço” são documentários produzidos por Herma- petitivo.
no Penna, com o auxílio de Alcino Alves Costa, visan- c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes
do preservar a memória dos cangaceiros que passa- humanas.
ram por Poço Redondo em seu trajeto rumo a Brasília. d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado
b) a hospitalidade dos moradores de Poço Redondo fez adolescente.
com que Hermano Penna se interessasse pela história e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade
do local, que guarda uma série de registros de can- das coisas.
gaceiros e políticos chegados de Brasília para aca- Competência ENEM: H17
lentar o sonho de prosperidade na capital do país.
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6. (ENEM-2015) do candidato a uma oportunidade de emprego. Para


chegar a essa conclusão, uma equipe de pesquisado-
Embora particularidades na produção mediada pela res da Northern Illinois University, University of Evansville
tecnologia aproximem a escrita da oralidade, isso não e Auburn University pediu a um professor universitário e
significa que as pessoas estejam escrevendo errado. dois alunos para analisarem perfis de um grupo de uni-
Muitos buscam, tão somente, adaptar o uso da lingua- versitários.
gem ao suporte utilizado: “O contexto é que define o Após checar fotos, postagens, número de amigos e inte-
registro de língua. Se existe um limite de espaço, natu- resses por 10 minutos, o trio considerou itens como cons-
ralmente, o sujeito irá usar mais abreviaturas, como fa- ciência, afabilidade, extroversão, estabilidade emocio-
ria no papel”, afirma um professor do Departamento de nal e receptividade. Seis meses depois, as impressões do
Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG. Da mesma for- grupo foram comparadas com a análise de desempe-
ma, é preciso considerar a capacidade do destinatário nho feita pelos chefes dos jovens que tiveram seus perfis
de interpretar corretamente a mensagem emitida. No analisados. Os pesquisadores encontraram uma forte
entendimento do pesquisador, a escola, às vezes, insis- correlação entre as características descritas a partir dos
te em ensinar um registro utilizado apenas em contex- dados da rede e o comportamento dos universitários no
tos específicos, o que acaba por desestimular o aluno, ambiente de trabalho.
que não vê sentido em empregar tal modelo em outras Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em:
situações. Independentemente dos aparatos tecno- 29 fev. 2012 (adaptado).
lógicos da atualidade, o emprego social da língua re-
vela-se muito mais significativo do que seu uso escolar, As redes sociais são espaços de comunicação e intera-
conforme ressalta a diretora de Divulgação Científica ção on-line que possibilitam o conhecimento de aspec-
da UFMG: “A dinâmica da língua oral é sempre presen- tos da privacidade de seus usuários. Segundo o texto, no
te. Não falamos ou escrevemos da mesma forma que mundo do trabalho, esse conhecimento permite
nossos avós”. Some-se a isso o fato de os jovens se reve-
larem os principais usuários das novas tecnologias, por a) identificar a capacidade física atribuída ao candida-
meio das quais conseguem se comunicar com facilida- to.
de. A professora ressalta, porém, que as pessoas preci- b) certificar a competência profissional do candidato.
sam ter discernimento quanto às distintas situações, a c) controlar o comportamento virtual e real do candi-
fim de dominar outros códigos. dato.
SILVA JR., M. G.; FONSECA, V. Revista Minas Faz Ciência, d) avaliar informações pessoais e comportamentais so-
108 n. 51, set.-nov. 2012 (adaptado). bre o candidato.
e) aferir a capacidade intelectual do candidato na re-
Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de infor- solução de problemas.
mação e de comunicação, usos particulares da escrita Competência ENEM: H30
foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segundo
o texto, cabe à escola levar o aluno a 8. (ENEM-2015)

a) interagir por meio da linguagem formal no contexto Palavras jogadas fora


digital.
b) buscar alternativas para estabelecer melhores con- Quando criança, convivia no interior de São Paulo com
tatos on-line. o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá esporadi-
c) adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes camente. O sentido da palavra é o de “jogar fora” (pin-
suportes tecnológicos. cha fora essa porcaria) ou “mandar embora” (pincha
d) desenvolver habilidades para compreender os textos esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras
postados na web. que ouvi menos na capital do estado e, por conseguin-
e) perceber as especificidades da linguagem em dife- te, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhe-
rentes ambientes digitais. cem esse verbo, comumente escuto respostas como
Competência ENEM: H28 “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos fa-
lantes, verbo é algo do passado, que deixará de existir
7. (ENEM-2015) tão logo essa geração antiga morrer.
As palavras são, em sua grande maioria, resultados
Rede social pode prever desempenho profissional de uma tradição: elas já estavam lá antes de nascer-
diz pesquisa mos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entre-
gar, de passar adiante, de transmitir (sobretudo valores
Pense duas vezes antes de postar qualquer item em seu culturais). O rompimento da tradição de uma palavra
perfil nas redes sociais. O conselho, repetido à exaustão equivale à sua extinção. A gramática normativa muitas
por consultores de carreira por aí, acaba de ganhar vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais
um status, digamos, mais científico. De acordo com re- forte que motiva os falantes a extinguirem uma palavra
sultados da pesquisa, uma rápida análise do perfil nas é associar a palavra, influenciados direta ou indireta-
redes sociais pode prever o desempenho profissional mente pela visão normativa, a um grupo que julga não
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde d) preconceito contra a pessoa obesa, pois ela sofre dis-
há pouca escolaridade e refinamento citadino, está fa- criminação em diversos espaços sociais.
dado à extinção? e) desempenho na realização das atividades cotidia-
É louvável que nos preocupemos com a extinção de nas, pois a obesidade interfere na performance.
ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a extin- Competência ENEM: H28
ção de uma palavra não promove nenhuma comoção,
como não nos comovemos com a extinção de insetos, 10. (ENEM-2015)
a não ser dos extraordinariamente belos. Pelo contrário,
muitas vezes a extinção das palavras é incentivada. Posso mandar por e-mail?
VIARO, M. E. Língua Portuguesa, n. 77,
mar. 2012 (adaptado). Atualmente, é comum disparar currículos na internet
com a expectativa de alcançar o maior número pos-
A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo sível de selecionadores. Essa, no entanto, é uma ideia
“pinchar” nos traz uma reflexão sobre a linguagem e equivocada: é preciso saber quem vai receber seu cur-
seus usos, a partir da qual compreende-se que rículo e se a vaga é realmente indicada para seu perfil,
sob o risco de “estar queimando o filme” com seu futu-
a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser des- ro empregador. Ao enviar o currículo por e-mail, tente
cartadas dos dicionários, conforme sugere o título. saber quem vai recebê-lo e faça um texto sucinto de
b) o cuidado com espécies animais em extinção é mais apresentação, com a sugestão a seguir:
urgente do que a preservação de palavras. Assunto: Currículo para a vaga de gerente de marketing
c) o abandono de determinados vocábulos está asso- Mensagem: Boa tarde. Meu nome é José da Silva e gos-
ciado a preconceitos socioculturais. taria de me candidatar à vaga de gerente de marke-
d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventá- ting. Meu currículo segue anexo.
rio de uma língua. Guia da língua 2010: modelos e técnicas. Língua Portu-
e) o mundo contemporâneo exige a inovação do vo- guesa, 2010 (adaptado).
cabulário das línguas.
Competência ENEM: H20 O texto integra um guia de modelos e técnicas de ela-
boração de textos e cumpre a função social de
9. (ENEM-2015)
a) divulgar um padrão oficial de redação e envio de
Obesidade causa doença currículos.
b) indicar um modelo de currículo para pleitear uma 109
A obesidade tornou-se uma epidemia global, segundo vaga de emprego.
a Organização Mundial da Saúde, ligada à Organiza- c) instruir o leitor sobre como ser eficiente no envio de
ção das Nações Unidas. O problema vem atingindo um currículo por e-mail.
número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, d) responder a uma pergunta de um assinante da revis-
e entre as principais causas desse crescimento estão o ta sobre o envio de currículo por e-mail.
modo de vida sedentário e a má alimentação. e) orientar o leitor sobre como alcançar o maior número
Segundo um médico especialista em cirurgia de redu- possível de selecionadores de currículos.
ção de estômago, a taxa de mortalidade entre homens Competência ENEM: H17
obesos de 25 a 40 anos é 12 vezes maior quando com-
parada à taxa de mortalidade entre indivíduos de peso 11. (ENEM-2015)
normal. O excesso de peso e de gordura no corpo de-
sencadeia e piora problemas de saúde que poderiam Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe bei-
ser evitados. Em alguns casos, a boa notícia é que a per- jou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e
da de peso leva à cura, como no caso da asma, mas eu parti.
em outros, como o infarto, não há solução. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instala-
FERREIRA, T. Disponível em: http://revistaepoca.globo. ção.
com. Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado). Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por
um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor
O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta que de tempos a tempos reformava o estabelecimento,
o excesso de peso e de gordura corporal dos indivíduos pintando-o jeitosamente de novidade, como os nego-
como um problema, relacionando-o ao ciantes que liquidam para recomeçar com artigos de
última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolida-
a) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante do crédito na preferência dos pais, sem levar em con-
na sociedade requer corpos magros. ta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o
b) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro bombo vistoso dos anúncios.
interfere na autoestima das pessoas. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família
c) quadro clínico da população, pois a obesidade é um do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com
fator de risco para o surgimento de diversas doenças o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propa-
crônicas. ganda pelas províncias, conferências em diversos pon-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

tos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a c) apresentar informações acerca das ondas eletro-
imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros ele- magnéticas e de seu uso.
mentares, fabricados às pressas com o ofegante e esba- d) alertar o leitor sobre os riscos de usar as micro-ondas
forido concurso de professores prudentemente anôni- em seu dia a dia.
mos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em e) apontar diferenças fisiológicas entre formigas e seres
Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte humanos.
com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em Competência ENEM: H23
que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se
ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos 13. (ENEM-NOVEMBRO-2016)
confins da pátria. Os lugares que os não procuravam
eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratui- Soneto VII
ta, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a
farinha daquela marca para o pão do espírito. Onde estou? Este sítio desconheço:
POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005. Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o E em contemplá-lo tímido esmoreço.
narrador revela um olhar sobre a inserção social do co-
légio demarcado pela Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas Ali em vale um monte está mudado:
vaidades pessoais. Quanto pode dos anos o progresso!
b) interferência afetiva das famílias, determinantes no
processo educacional. Árvores aqui vi tão florescentes,
c) produção pioneira de material didático, responsável Que faziam perpétua a primavera:
pela facilitação do ensino. Nem troncos vejo agora decadentes.
d) ampliação do acesso à educação, com a negocia-
ção dos custos escolares. Eu me engano: a região esta não era;
e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos Mas que venho a estranhar, se estão presentes
pelo interesse comum do avanço social. Meus males, com que tudo degenera!
Competência ENEM: H15
110 COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopu-
12. (ENEM-2015) blico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.

Por que as formigas não morrem quando postas em No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contempla-
forno de micro-ondas? ção da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em
que transparece uma
As micro-ondas são ondas eletromagnéticas com fre-
quência muito alta. Elas causam vibração nas molécu- a) angústia provocada pela sensação de solidão.
las de água, e é isso que aquece a comida. Se o prato b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
estiver seco, sua temperatura não se altera. Da mesma c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
maneira, se as formigas tiverem pouca água em seu d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
corpo, podem sair incólumes. Já um ser humano não se e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
sairia tão bem quanto esses insetos dentro de um forno Competência ENEM: H22
de micro-ondas superdimensionado: a água que com-
põe 70% do seu corpo aqueceria. Micro-ondas de baixa 14. (ENEM-NOVEMBRO-2016)
intensidade, porém, estão por toda a parte, oriundas
da telefonia celular, mas não há comprovação de que Sem acessórios nem som
causem problemas para a população humana.
OKUNO, E. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp. Escrever só para me livrar
br. Acesso em: 11 dez. 2013. de escrever.
Escrever sem ver, com riscos
Os textos constroem-se com recursos linguísticos que sentindo falta dos acompanhamentos
materializam diferentes propósitos comunicativos. Ao com as mesmas lesmas
responder à pergunta que dá título ao texto, o autor e figuras sem força de expressão.
tem como objetivo principal Mas tudo desafina:
o pensamento pesa
a) defender o ponto de vista de que as ondas eletro- tanto quanto o corpo
magnéticas são inofensivas. enquanto corto os conectivos
b) divulgar resultados de recentes pesquisas científicas corto as palavras rentes
para a sociedade. com tesoura de jardim
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

cega e bruta 16. (ENEM-1.ª APLICAÇÃO-2017)


com facão de mato.
Mas a marca deste corte Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço
tem que ficar e contemplara por alguns instantes as feições defuntas.
nas palavras que sobraram. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se
Qualquer coisa do que desapareceu e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato
continuou nas margens, nos talos chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o
no atalho aberto a talhe de foice beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúl-
no caminho de rato. tero [...].
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez
FREITAS FILHO, A. Máquina de escrever: poesia reunida e o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou
revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas,
que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e
Nesse texto, a reflexão sobre o processo criativo aponta irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara,
para uma concepção de atividade poética que põe em saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi
evidência o(a) longa, muito longa, deliciosamente longa.
ASSIS, M. A causa secreta. Disponível em: www.domi-
a) angustiante necessidade de produção, presente em niopublico.gov.br. Acesso em: 9 out. 2015.
“Escrever só para me livrar/de escrever”.
b) imprevisível percurso da composição, presente em “no No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que
atalho aberto a talhe de foice/no caminho de rato”. acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singula-
c) agressivo trabalho de supressão, presente em “corto as riza esse procedimento narrativo é o registro do(a)
com tesoura de jardim/cega e bruta”
d) inevitável frustração diante do poema, presente em “Mas a) indignação face à suspeita do adultério da esposa.
tudo desafina:/o pensamento pesa/tanto quanto o corpo”. b) tristeza compartilhada pela perda da mulher amada.
e) conflituosa relação com a inspiração, presente em c) espanto diante da demonstração de afeto de Garcia.
“sentindo falta dos acompanhamentos/e figuras sem d) prazer da personagem em relação ao sofrimento
força de expressão”. alheio.
Competência ENEM: H22 e) superação do ciúme pela comoção decorrente da
morte.
15. (ENEM-DEZEMBRO-2016) Competência ENEM: H23
111
O que é Web Semântica? 17. (ENEM-1.ª APLICAÇÃO-2017)

Web Semântica é um projeto para aplicar conceitos inteli- TEXTO I


gentes na internet atual. Nela, cada informação vem com
um significado bem definido e não se encontra mais solta no Terezinha de Jesus
mar de conteúdo, permitindo uma melhor interação com De uma queda foi ao chão
o usuário. Novos motores de busca, interfaces inovadoras, Acudiu três cavalheiros
criação de dicionários de sinônimos e a organização inteli- Todos os três de chapéu na mão
gente de conteúdos são alguns exemplos de aprimoramen- O primeiro foi seu pai
to. Dessa forma, você não vai mais precisar minerar a inter- O segundo, seu irmão
net em busca daquilo que você procura, ela vai passar a se O terceiro foi aquele
comportar como um todo, e não mais como um monte de A quem Tereza deu a mão
informação empilhada. A implementação deste paradig-
ma começou recentemente, e ainda vai levar mais alguns BATISTA, M. F. B. M. ; I. M. F. (Org.). Cancioneiro da Paraí-
anos até que entre completamente em vigor e dê um jeito ba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).
em toda a enorme bagunça que a internet se tornou.
Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 6 TEXTO II
ago. 2013 (adaptado).
Outra interpretação é feita a partir das condições sociais
Ao analisar o texto sobre a Web Semântica, deduz-se que daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem
esse novo paradigma auxiliará os usuários a cantava a cantiga, a música falava do casamento como
um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasi-
a) armazenar grandes volumes de dados de modo mais leira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A música
disperso. prepara a moça para o seu destino não apenas inexorá-
b) localizar informações na internet com mais precisão. vel, mas desejável: o casamento, estabelecendo uma hie-
c) captar os dados na internet com mais velocidade. rarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de
d) publicar dados com significados não definidos. acordo com a época e circunstâncias de sua vida.
e) navegar apenas sobre dados já organizados. Disponível em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso
Competência ENEM: H30 em: 5 dez. 2012.
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O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca a mobili- Homem comum, igual


zação da língua oral que, em determinados contextos, a você,
[...]
a) assegura a existência de pensamentos contrários à Mas somos muitos milhões de homens
ordem vigente. comuns
b) mantém a heterogeneidade das formas de relações e podemos formar uma muralha
sociais. com nossos corpos de sonhos e margaridas.
c) conserva a influência religiosa sobre certas culturas.
d) preserva a diversidade cultural e comportamental. FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro:
e) reforça comportamentos e padrões culturais. José Olympio, 2013 (fragmento).
Competência ENEM: H17
No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade
18. (ENEM-1.ª APLICAÇÃO-2017) social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa
aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de
João/Zero (Wagner Moura) é um cientista genial, mas
infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado publica- a) agregação construtiva e poder de intervenção na
mente durante uma festa e perdeu Helena (Alinne ordem instituída.
Moraes), uma antiga e eterna paixão. Certo dia, uma b) força emotiva e capacidade de preservação da me-
experiência com um de seus inventos permite que ele mória social.
faça uma viagem no tempo, retornando para aquela c) denúncia retórica e habilidade para sedimentar so-
época e podendo interferir no seu destino. Mas quando nhos e utopias.
ele retorna, descobre que sua vida mudou totalmente e d) ampliação do universo cultural e intervenção nos va-
agora precisa encontrar um jeito de mudar essa história, lores humanos.
nem que para isso tenha que voltar novamente ao pas-
e) identificação com o discurso masculino e questiona-
sado. Será que ele conseguirá acertar as coisas?
mento dos temas líricos.
Disponível em: http://adorocinema.com. Acesso em: 4
Competência ENEM: H16
out. 2011.
20. (ENEM- 2.ª APLICAÇÃO-2017)
Qual aspecto da organização gramatical atualiza os
eventos apresentados na resenha, contribuindo para
O jornal vai morrer. É a ameaça mais constante dos es-
despertar o interesse do leitor pelo filme?
112 pecialistas. E essa nem é uma profecia nova. Há anos a
frase é repetida. Experiências são feitas para atrair leito-
a) O emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 20
anos atrás foi humilhado”. res na era da comunicação nervosa, rápida, multicolori-
b) A descrição dos fatos com verbos no presente do in- da, performática. Mas o que é o jornal? Onde mora seu
dicativo, como “retorna” e “descobre”. encanto?
c) A repetição do emprego da conjunção “mas” para O que é sedutor no jornal é ser ele mesmo e nenhum
contrapor ideias. outro formato de comunicação de ideias, histórias, ima-
d) A finalização do texto com a frase de efeito: “Será gens e notícias. No tempo das muitas mídias, o que pre-
que ele conseguirá acertar as coisas?” cisa ser entendido é que cada um tem um espaço, um
e) O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do jeito, uma personalidade.
texto para fazer referência ao protagonista João/Zero”. Quando surge uma nova mídia, há sempre os que a
Competência ENEM: H24 apresentam como tendência irreversível, modelado-
ra do futuro inevitável e fatal. Depois se descobre que
19. (ENEM- 2.ª APLICAÇÃO-2017) nada é substituído e o novo se agrega ao mesmo con-
junto de seres através dos quais nos comunicamos.
Sou um homem comum Os jornais vão acabar, garantem os especialistas. E, por
brasileiro, maior, casado, reservista, isso, dizem que é preciso fazer jornal parecer com as ou-
e não vejo na vida, amigo tras formas da comunicação mais rápida, eletrônica, di-
nenhum sentido, senão gital. Assim, eles morrerão mais rapidamente. Jornal tem
lutarmos juntos por um mundo melhor. seu jeito. É imagem, palavra, informação, ideia, opinião,
Poeta fui de rápido destino humor, debate, de uma forma só dele.
Mas a poesia é rara e não comove Nesse tempo tão mutante em que se tuíta para milha-
nem move o pau de arara. res, que retuítam para outros milhares o que foi postado
Quero, por isso, falar com você nos blogs, o que está nos sites dos veículos on-line, que
de homem para homem, chance tem um jornal de papel que traz uma notícia es-
apoiar-me em você tática, uma foto parada, um infográfico fixo? Terá mais
oferecer-lhe meu braço chance se continuar sendo jornal.
que o tempo é pouco LEITÃO, M. Jornal de papel. O Tempo, n. 5 684, 8 jul.
e o latifúndio está aí matando 2012 (adaptado).
[...]
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Muito se fala sobre o impacto causado pelas tecnolo- c) as ações políticas e pedagógicas implementadas até
gias da comunicação e da informação nas diferentes o momento são suficientes para a preservação da lín-
mídias. A partir da análise do texto, conclui-se que essas gua geral amazônica.
tecnologias d) a diversidade do patrimônio cultural brasileiro, histori-
camente, tem se construído com base na unidade da
a) mantêm inalterados os modos de produção e veicu- língua portuguesa.
lação do conhecimento. e) o Brasil precisa se diferenciar de países vizinhos, como
b) provocam rupturas entre novas e velhas formas de Venezuela e Colômbia, por meio de um idioma co-
comunicar o conhecimento. mum na Amazônia brasileira.
c) modernizam práticas de divulgação do conhecimen- Competência ENEM: H20
to hoje consideradas obsoletas.
d) substituem os modos de produção de conhecimen- 22. (ENEM- 2.ª APLICAÇÃO-2017)
tos oriundos da oralidade e da escrita.
e) contribuem para a coexistência de diversos modos Querido Sr. Clemens,
de produção e veiculação de conhecimento.
Competência ENEM: H30 Sei que o ofendi porque sua carta, não datada de outro
dia, mas que parece ter sido escrita em 5 de julho, foi muito
21. (ENEM- 2.ª APLICAÇÃO-2017) abrupta; eu a li e reli com os olhos turvos de lágrimas. Não
usarei meu maravilhoso broche de peixe-anjo se o senhor
O último refúgio da língua geral no Brasil não quiser; devolverei ao senhor, se assim me for pedido...
OATES, J. C. Descanse em paz. São Paulo: Leya, 2008.
No coração da Floresta Amazônica é falada uma língua
que participou intensamente da história da maior região Nesse fragmento de carta pessoal, quanto à sequencia-
do Brasil. Trata-se da língua geral, também conhecida ção dos eventos, reconhece-se a norma-padrão pelo(a)
como nheengatu ou tupi moderno. A língua geral foi ali
a) colocação pronominal em próclise.
mais falada que o próprio português, inclusive por não
b) uso recorrente de marcas de negação.
índios, até o ano de 1877. Alguns fatores contribuíram
c) emprego adequado dos tempos verbais.
para o desaparecimento dessa língua de grande parte
d) preferência por arcaísmos, como “abrupta” e “turvo”.
da Amazônia, como perseguições oficiais no século XVIII
e) presença de qualificadores, como “maravilhoso” e
e a chegada maciça de falantes de português durante
“peixe-anjo”.
o ciclo da borracha, no século XIX. Língua-testemunho 113
Competência ENEM: H27
de um passado em que a Amazônia brasileira alargava
seus territórios, a língua geral hoje é falada por mais de
23. (ENEM-2018)
6 mil pessoas, num território que se estende pelo Brasil,
Venezuela e Colômbia. Em 2002, o município de São “A Declaração Universal dos Direitos Humanos está com-
Gabriel da Cachoeira ficou conhecido por ter oficiali- pletando 70 anos em tempos de desafios crescentes,
zado as três línguas indígenas mais usadas ali: o nheen- quando o ódio, a discriminação e a violência permane-
gatu, o baníua e o tucano. Foi a primeira vez que outras cem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das
línguas, além do português, ascendiam à condição de Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
línguas oficiais no Brasil. Embora a oficialização dessas (Unesco), Audrey Azoulay.
línguas não tenha obtido todos os resultados esperados, “Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade in-
redundou no ensino de nheengatu nas escolas munici- teira resolveu promover a dignidade humana em todos
pais daquele município e em muitas escolas estaduais os lugares e para sempre. Nesse espírito, as Nações Uni-
nele situadas. É fundamental que essa língua de tradi- das adotaram a Declaração Universal dos Direitos Huma-
ção eminentemente oral tenha agora sua gramática nos como um padrão comum de conquistas para todos
estudada e que textos de diversas naturezas sejam es- os povos e todas as nações”, disse Audrey.
critos, justamente para enfrentar os novos tempos que “Centenas de milhões de mulheres e homens são desti-
chegaram. tuídos e privados de condições básicas de subsistência
NAVARRO, E. Estudos Avançados, n. 26, 2012 (adapta- e de oportunidades. Movimentos populacionais forçados
do). geram violações aos direitos em uma escala sem prece-
dentes. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Susten-
O esforço de preservação do nheengatu, uma Língua tável promete não deixar ninguém para trás – e os direitos
que sofre com o risco de extinção, significa o reconhe- humanos devem ser o alicerce para todo o progresso.”
cimento de que Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto
antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco
a) as línguas de origem indígena têm seus próprios me- lidera a educação em direitos humanos para assegurar
canismos de autoconservação. que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e
b) a construção da cultura amazônica, ao longo dos os direitos dos outros.
anos, constituiu-se, em parte, pela expressão em lín- Disponível em: https://nacoesunidas.org. Acesso em: 3
guas de origem indígena. abr. 2018 (adaptado).
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Defendendo a ideia de que “os direitos humanos de- Quanto à materialização da linguagem, a apresenta-
vem ser o alicerce para todo o progresso”, a diretora- ção de dados relativos à violência contra a mulher
-geral da Unesco aponta, como estratégia para atingir
esse fim, a a) configura uma discussão sobre os altos índices de
abuso físico contra as peruanas.
a) inclusão de todos na Agenda 2030. b) propõe um novo formato no enredo dos concursos
b) extinção da intolerância entre os indivíduos. de beleza feminina.
c) discussão desse tema desde a educação básica. c) condena o rigor estético exigido pelos concursos tra-
d) conquista de direitos para todos os povos e nações. dicionais.
e) promoção da dignidade humana em todos os lugares. d) recupera informações sensacionalistas a respeito
Competência ENEM: H23 desse tema.
e) subverte a função social da fala das candidatas a
24. (ENEM-2018) miss.
Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tra- Competência ENEM: H24
tado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que
acontece nas redes sociais: a democracia racial apre- 26. (ENEM-2015)
goada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acon-
tece diariamente nas comunidades virtuais do país. Le- Essa pequena
vantamento inédito realizado pelo projeto Comunica
que Muda [...] mostra em números a intolerância do Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
vasculhou plataformas [...] atrás de mensagens e textos Temo que não dure muito a nossa novela, mas
sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento Eu sou tão feliz com ela
político e homofobia. Foram identificadas 393 284 men- Meu dia voa e ela não acorda
ções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
exposição do preconceito e da discriminação. Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 Não canso de contemplá-la
dez. 2017 (adaptado). Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Ao abordar a postura do internauta brasileiro, mapea- Cuidando dela, que anda noutro mundo
114 da por meio de uma pesquisa em plataformas virtuais, Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
o texto Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
a) minimiza o alcance da comunicação digital. Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro. O blues já valeu a pena
c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respei-
to. CHICO BUARQUE. Disponível em: www.chicobuarque.
d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na so- com.br. Acesso em: 31 jun. 2012.
ciologia.
e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal com- O texto Essa pequena registra a expressão subjetiva do
portamento. enunciador, trabalhada em uma linguagem informal,
Competência ENEM: H28 comum na música popular. Observa-se, como marca
da variedade coloquial da linguagem presente no tex-
25. (ENEM-2018) to, o uso de

No tradicional concurso de miss, as candidatas apresen- a) palavras emprestadas de língua estrangeira, de uso
taram dados de feminicídio, abuso sexual e estupro no inusitado no português.
país. b) expressões populares, que reforçam a proximidade
No lugar das medidas de altura, peso, busto, cintura e entre o autor e o leitor.
quadril, dados da violência contra as mulheres no Peru. c) palavras polissêmicas, que geram ambiguidade.
Foi assim que as 23 candidatas ao Miss Peru 2017 pro- d) formas pronominais em primeira pessoa.
testaram contra os altos índices de feminicídio e abuso e) repetição sonora no final dos versos.
sexual no país no tradicional desfile em trajes de banho. Competência ENEM: H25
O tom político, porém, marcou a atração desde o co-
meço: logo no início, quando as peruanas se apresen-
taram, uma a uma, denunciaram os abusos morais e físi-
cos, a exploração sexual, o assédio, entre outros crimes
contra as mulheres.
Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em:
29 nov. 2017.
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27. (ENEM-DEZEMBRO-2016) sentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de


Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas
Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem que pipocavam por seu corpo, provocando pequenas
Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções pústulas de bordas avermelhadas.
Cariocas GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.
br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado).
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento
que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como A variedade linguística da narrativa é adequada à des-
também o ‘vacilão’.” crição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer palavras e expressões usadas no texto está a serviço da
‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer
um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.” a) localização dos eventos de fala no tempo ficcional.
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.” b) composição da verossimilhança do ambiente retra-
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um tado.
carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem c) restrição do papel do narrador à observação das ce-
ainda não se conhece direito.” nas relatadas.
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de d) construção mística das personagens femininas pelo
elogiar quem já é conhecido.” autor do texto.
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. e) caracterização das preferências linguísticas da perso-
Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado). nagem masculina.
Competência ENEM: H26
Entre as sugestões apresentadas para o Museu das In-
venções Cariocas, destaca-se o variado repertório lin-
guístico empregado pelos falantes cariocas nas diferen- 29. (ENEM-2015)
tes situações específicas de uso social. A respeito desse
repertório, atesta-se o(a) 14 coisas que você não deve jogar na privada

a) desobediência à norma-padrão, requerida em am- Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que con-
bientes urbanos. tamina o ambiente e os animais. Também deixa mais
b) inadequação linguística das expressões cariocas às difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns
situações sociais apresentadas. produtos podem causar entupimentos: 115
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o - cotonete e fio dental;
grau de escolaridade dos falantes. - medicamento e preservativo;
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradição - óleo de cozinha;
cultural carioca. - ponta de cigarro;
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa - poeira de varrição de casa;
etária dos falantes. - fio de cabelo e pelos de animais;
Competência ENEM: H25 - tinta que não seja à base de água;
- querosene, gasolina, solvente, tíner.
28. (ENEM-1.ª APLICAÇÃO-2017) Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles,
como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem
Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chu- ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a
va torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o destinação final adequada.
sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta
movimentos da vida na roça. Num demorou nem um Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado).
tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona
Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar da- O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do
quela rema letárgica derivada da longa noite de sono. foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa
Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de da linguagem, predomina também nele a função refe-
bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em rencial, que busca
frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o
impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instan- a) despertar no leitor sentimentos de amor pela nature-
tes, mas o despertador foi imediato. Já aceso, entrei na za, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que bene-
cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar ficiarão a sustentabilidade do planeta.
do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando b) informar o leitor sobre as consequências da destina-
dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora ção inadequada do lixo, orientando-o sobre como
acompanhada de um garoto aparentando uns cinco fazer o correto descarte de alguns dejetos.
anos de idade já aboletada na ponta da mesa em pro- c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mos-
seio íntimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso trando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do
“Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas apre- texto em relação ao planeta.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procu- a) apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país.
rando certificar-se de que a mensagem sobre ações b) alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do
de sustentabilidade está sendo compreendida. mercado de recicláveis.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalha- c) divulgar a quantidade de produtos reciclados retira-
damente os termos utilizados de forma a proporcio- dos das rodovias brasileiras.
nar melhor compreensão do texto. d) revelar os altos índices de acidentes nas rodovias bra-
Competência ENEM: H19 sileiras poluídas nos últimos anos.
e) conscientizar sobre a necessidade de preservação
30. (ENEM-NOVEMBRO-2016) ambiental e de segurança nas rodovias.
Competência ENEM: H21
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o
sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de 32. (ENEM-2015)
atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os
outros textos significativos para cada um, reconhecer João Antônio de Barros (Jota Barros) nasceu aos 24 de
nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono junho de 1935, em Glória de Goitá (PE). Marceneiro, en-
da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebe- talhador, xilógrafo, poeta repentista e escritor de litera-
lar-se contra ela, propondo uma outra não prevista. tura de cordel, já publicou 33 folhetos e ainda tem vários
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mun- inéditos. Reside em São Paulo desde 1973, vivendo ex-
do. São Paulo: Ática, 1993. clusivamente da venda de livretos de cordel e das can-
tigas de improviso, ao som da viola. Grande divulgador
Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o pro- da poesia popular nordestina no Sul, tem dado frequen-
cesso de produção de sentidos, valendo-se da metalin- temente entrevistas à imprensa paulista sobre o assunto.
guagem. Essa função da linguagem torna-se evidente EVARISTO, M. C. O cordel em sala de aula. In: BRAN-
pelo fato de o texto DÃO, H. N. (Coord.). Gêneros do discurso na escola:
mito, conto, cordel, discurso político, divulgação cientí-
a) ressaltar a importância da intertextualidade. fica. São Paulo: Cortez, 2000.
b) propor leituras diferentes das previsíveis.
c) apresentar o ponto de vista da autora. A biografia é um gênero textual que descreve a trajetó-
d) discorrer sobre o ato de leitura. ria de determinado indivíduo, evidenciando sua singu-
e) focar a participação do leitor. laridade. No caso específico de uma biografia como a
116 Competência ENEM: H19 de João Antônio de Barros, um dos principais elementos
que a constitui é
31. (ENEM-2015)
a) a estilização dos eventos reais de sua vida, para que
Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados o relato biográfico surta os efeitos desejados.
adequadamente. Todos os meses são recolhidas das ro- b) o relato de eventos de sua vida em perspectiva histó-
dovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de rica, que valorize seu percurso artístico.
lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são c) a narração de eventos de sua vida que demonstrem
41,5 mil toneladas. O hábito de descartar embalagens, a qualidade de sua obra.
garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias per- d) uma retórica que enfatize alguns eventos da vida
siste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é exemplar da pessoa biografada.
que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o e) uma exposição de eventos de sua vida que mescle
meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, objetividade e construção ficcional.
contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atra- Competência ENEM: H21
palhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos peri-
gos que o lixo representa para os motoristas, o material 33. (ENEM-NOVEMBRO-2016)
descartado poderia ser devolvido para a cadeia pro-
dutiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodo- Querido diário
vias poderia ter melhor destino. Isso também vale para Hoje topei com alguns conhecidos meus
os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em Me dão bom-dia, cheios de carinho
sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
carros. Eles têm pena de eu viver sozinho
Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso [...]
em: 31 jul. 2012. Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na curva do rio
Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de Trouxe um porrete a mó de me quebrar
composição de texto, determinados pelo contexto em Mas eu não quebro porque sou macio, viu
que são produzidos, pelo público a que eles se desti-
nam, por sua finalidade. Pela leitura do texto apresenta- HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino,
do, reconhece-se que sua função é 2013 (fragmento).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Uma característica do gênero diário que aparece na TEXTO II


letra da canção de Chico Buarque é o(a)
Existe coisa mais descabida do que chamar de sambó-
a) diálogo com interlocutores próximos. dromo uma passarela para desfiles de escolas de sam-
b) recorrência de verbos no infinitivo. ba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar
c) predominância de tom poético. de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É
d) uso de rimas na composição. certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa
e) narrativa autorreflexiva. e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não
Competência ENEM: H22 se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um
carro de Fórmula 1.
34. (ENEM-NOVEMBRO-2016) GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br.
Acesso em: 3 ago. 2012.
Receita
Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Em-
Tome-se um poeta não cansado, bora o Texto II apresente um julgamento de valor sobre
Uma nuvem de sonho e uma flor, a formação da palavra sambódromo, o processo de
Três gotas de tristeza, um tom dourado, formação dessa palavra reflete
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
Deita-se a luz dum corpo de mulher, b) uma nova realidade limitando o aparecimento de
Duma pitada de morte se reforce, novas palavras.
Que um amor de poeta assim requer. c) a apropriação inadequada de mecanismos de cria-
ção de palavras por leigos.
SARAMAGO, J. Os poemas possíveis. Alfragide: Cami- d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos
nho, 1997. neologismos.
e) a restrição na produção de novas palavras com o
Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativa- radical grego.
mente estáveis e podem reconfigurar-se em função do Competência ENEM: H20
propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla
de gêneros, pois 36. (ENEM-2015)
117
a) introduz procedimentos prescritivos na composição Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de
do poema. me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel,
b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma perto de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara
receita. João Luso, que ali passara um inverno com a senhora.
c) explora elementos temáticos presentes em uma re- Mais tarde vim a saber que antes de existir no lugar um
ceita. sanatório, lá estivera por algum tempo Antônio Nobre.
d) apresenta organização estrutural típica de um poe- “Ao cair das folhas”, um de seus mais belos sonetos, tal-
ma. vez o meu predileto, está datado de “Clavadel, outu-
e) utiliza linguagem figurada na construção o poema. bro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914.
Competência ENEM: H22 BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1985.
35. (ENEM-2015)
No relato de memórias do autor, entre os recursos usa-
TEXTO I dos para organizar a sequência dos eventos narrados,
destaca-se a
Um ato de criatividade pode, contudo, gerar um mode-
lo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambó- a) construção de frases curtas a fim de conferir dinami-
dromo, criativamente formada com a terminação -(ó) cidade ao texto.
dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódro- b) presença de advérbios de lugar para indicar a pro-
mo, cartódromo, formas que designam itens culturais da gressão dos fatos.
alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os
então, formas populares como rangódromo, beijódro- acontecimentos.
mo, camelódromo. d) inclusão de enunciados com comentários e avalia-
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portugue- ções pessoais.
sa. São Paulo: Publifolha, 2008. e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do
escritor.
Competência ENEM: H22
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37. (ENEM-NOVEMBRO-2016) 38. (ENEM-DEZEMBRO-2016)

TEXTO I Apesar de

Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a profes- Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pes-
sora A. D. ... o português então não é uma língua difícil? soa não por causa de, mas apesar de. Gostar daquilo
Professora — olha se você parte do princípio… que a que é gostável é fácil: gentileza, bom humor, inteligên-
língua portuguesa não é só regras gramaticais… não cia, simpatia, tudo isso a gente tem em estoque na hora
se você se apaixona pela língua que você… já domina em que conhece uma pessoa e resolve conquistá-la.
que você já fala ao chegar na escola se o teu profes- Os defeitos ficam guardadinhos nos primeiros dias e só
sor cativa você a ler obras da literatura… obras da/dos então, com a convivência, vão saindo do esconderijo
meios de comunicação… se você tem acesso a revis- e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que
tas… é... a livros didáticos… a... livros de literatura o mais ele não é apenas gentil e doce, mas também um tre-
formal o e/o difícil é porque a escola transforma como mendo casca-grossa quando trata os próprios funcio-
eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises nários. E ela não é apenas segura e determinada, mas
gramaticais. uma chorona que passa 20 dias por mês com TPM. E que
ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é
TEXTO II supersticioso por bobagens, e que ela enjoa na estrada,
e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta
Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. de cachorro, e agora? Agora, convoquem o amor para
O português é uma língua difícil? resolver essa encrenca.
Professora — Não, se você parte do princípio que a lín- MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011
gua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar (adaptado).
à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o pro-
fessor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a Há elementos de coesão textual que retomam informa-
revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. ções no texto e outros que as antecipam. Nos trechos,
O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de o elemento de coesão sublinhado que antecipa uma
língua portuguesa em análises gramaticais. informação do texto é
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de
retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado). a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil [...]”.
118 b) “[...] tudo isso a gente tem em estoque [...]”.
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida c) “[...] na hora em que conhece uma pessoa [...]”.
por uma professora de português a um programa de rá- d) “[...] resolve conquistá-la.”
dio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a e) “[...] para resolver essa encrenca.”
modalidade escrita. Em comum, esses textos Competência ENEM: H18

a) apresentam ocorrências de hesitações e reformula-


ções.
b) são modelos de emprego de regras gramaticais.
c) são exemplos de uso não planejado da língua.
d) apresentam marcas da linguagem literária.
e) são amostras do português culto urbano.
Competência ENEM: H25
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39. (ENEM- 1.ª APLICAÇÃO-2017)

O mundo revivido GABARITO

Sobre esta casa e as árvores que o tempo 1 B


esqueceu de levar. Sobre o curral
de pedra e paz e de outras vacas tristes 2 A
chorando a lua e a noite sem bezerros. 3 E
4 C
Sobre a parede larga deste açude
onde outras cobras verdes se arrastavam, 5 A
e pondo o sol nos seus olhos parados 6 E
iam colhendo sua safra de sapos.
7 D
Sob as constelações do sul que a noite 8 C
armava e desarmava: as Três Marias,
9 C
o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo.
10 C
Sobre este mundo revivido em vão, 11 A
a lembrança de primos, de cavalos,
de silêncio perdido para sempre. 12 C
13 E
DOBAL, H. A província deserta. Rio de Janeiro: Arteno-
14 C
va, 1974.
15 B
No processo de reconstituição do tempo vivido, o eu lí- 16 D
rico projeta um conjunto de imagens cujo lirismo se fun-
damenta no 17 E
18 B
a) inventário das memórias evocadas afetivamente. 19 A
b) reflexo da saudade no desejo de voltar à infância. 119
c) sentimento de inadequação com o presente vivido. 20 E
d) ressentimento com as perdas materiais e humanas. 21 B
e) lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos à cena.
22 C
Competência ENEM: H18
23 C
24 B
25 E
26 B
27 D
28 B
29 B
30 D
31 E
32 B
33 E
34 A
35 A
36 C
37 E
38 A
39 A
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sites da internet, pesquise coisas curiosas, assista a pro-


LÍNGUA INGLESA: TÉCNICA DE LEITURA gramas de TV jornalísticos, de variedades, de humor, de
esportes, de ciência, de religião, de saúde, de entreteni-
DE TEXTO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL mento, converse com pessoas de opiniões, idades e clas-
ses sociais diferentes da sua, dê valor a todos os assuntos
porque você nunca sabe qual tema será abordado num
No Brasil, de um modo geral, o inglês instrumental é texto de uma prova. Esteja preparado para todos eles.
uma das abordagens do ensino do Inglês que centraliza Desta forma podemos agilizar sua compreensão acerca
a língua técnica e científica focalizando o emprego de de um texto, você terá mais prazer ao ler, pois compreen-
estratégias específicas voltadas à leitura. Seu foco é de- derá os mais variados textos; verá que é capaz de ad-
senvolver a capacidade de compreensão de textos de quirir conhecimento em uma língua estrangeira, além de
diversas áreas do conhecimento. O estudo da gramática alcançar melhor desempenho em provas como o Enem.
restringe-se a um mínimo necessário normalmente asso-
ciado a um texto atual ou similar que foi veiculado em 2. Skimming (ler ou examinar superficialmente; reti-
periódicos. O conhecimento de uma boa quantidade rar aquilo de maior peso ou importância)
de palavras também faz parte das técnicas que serão É uma técnica que permite rapidez e eficiência na
relacionadas abaixo. Dependendo do objetivo de sua busca de algum direcionamento inicial acerca do texto.
leitura, você terá que saber utilizar algum dos três níveis Realizar o skimming significa ler rapidamente o texto para
diferentes de compreensão: saber o assunto principal trabalhado pelo autor. Esta
1. Compreensão Geral: obtida através de uma leitura atividade de leitura nos proporciona um nível de com-
rápida, “uma passada de olho rápida no texto”, para preensão geral, visando nos dar uma visão global, aberta
captarmos as informações gerais acerca dele, ou seja, e ampla do texto. Ao realizarmos o skimming, não pode-
aquilo que é de maior importância, seu tema geral, mos nos deter em detalhes como palavras novas nem
seu assunto principal. palavras das quais nos esquecemos. Estamos em busca
2. Compreensão de Pontos Principais: exige que te- do assunto principal e do sentido geral do texto.
nhamos maior atenção na busca das informações
principais espalhadas pelo texto, observando cada 3. Prediction (previsão)
parágrafo distintamente para identificar dados espe- Com esta estratégia o leitor lança mão do seu pró-
cíficos que o autor quis destacar. prio conhecimento, através das experiências de vida que
3. Compreensão Detalhada: requer um nível de leitu- possui, e da informação linguística e contextual. Após
ra mais aprofundado que nos níveis anteriores. Exige a realizar o skimming, o leitor precisa concentrar-se para
120 compreensão de detalhes do texto, minúcias, palavra tentar ativar as informações que já possui sobre o tema
por palavra, e demanda, assim, mais tempo e aten- e prever que tipos de palavras, frases ou argumentos po-
ção do leitor. Para tanto, em alguns casos, será preciso dem estar presentes naquele texto. É um momento de re-
reler várias vezes o texto. Para obter um bom nível de flexão. É a hora de buscar na memória tudo o que foi lido,
acerto durante os níveis de compreensão, temos que estudado, discutido, e visto na mídia a respeito daquele
pôr em prática algumas técnicas. tema. Além do mais, esta é uma estratégia de leitura que
também permite ao leitor prever o que vem a seguir em
TÉCNICAS DE AUXÍLIO À LEITURA INSTRUMENTAL um texto. Trata-se do desenvolvimento sequenciado do
pensamento. Isso só é possível porque quem escreve, o
1. Background knowledge (conhecimento prévio) faz de maneira organizada, porque as pessoas pensam
Para que um leitor consiga identificar e entender de maneira semelhante e porque alguns tipos de textos
certas informações em qualquer tipo de texto, torna-se possuem estruturas previsíveis levando-nos a atingir certas
extremamente importante que ele possua algum conhe- formas de compreensão. Quanto mais experiente for o
cimento prévio sobre seu assunto. Podemos comparar leitor, maior será sua capacidade de prever. Nesta eta-
esta situação com a de um estudante tentando fazer pa, passamos a associar o assunto do texto com as dicas
uma prova de redação. Se ele nunca tiver lido, discuti- tipográficas usadas pelo autor para transmitir significados.
do, estudado ou ouvido falar do tema daquela redação, Grife palavras cognatas, as palavras já conhecidas pelo
como poderá dissertar? Suas ideias podem até ir para leitor e as repetidas. Grifar todas estas palavras em um
o papel, mas correrá um grande risco de não ter o vo- texto é um recurso psicológico e técnico que visa mostrar
cabulário necessário, consistência, profundidade, argu- e provar visualmente para o leitor que ele tem conheci-
mentos, conhecimento de causa, exemplos a citar, etc. mento de muitas das palavras daquele texto e de que,
sua redação será pobre. Da mesma maneira, se o leitor assim, ele é capaz de fazer uso dessas informações para
de um texto técnico em língua inglesa não tiver conhe- responder às questões propostas. Trata-se de um recurso
cimento de mundo, vivência, experiências variadas de que usamos para dar mais relevância e importância às
vida, conhecimento prévio sobre o assunto, seu nível de palavras que já sabemos em um texto, pois é nelas que
compreensão será mais superficial. Por isso, o ponto de nos apoiaremos para resolver exercícios e para entender
partida para uma leitura eficiente está sempre em você. os textos. É muito mais inteligente voltar nosso foco para
Mas também não adianta buscar apenas informação de as palavras que têm algum significado para nós do que
coisas que te atraem, coisas que você gosta de saber. É destacar aquelas que não conhecemos. Além disso, ao
preciso ampliar sua visão de mundo. Leia jornais, revistas, grifar, você acaba relendo as informações de uma ma-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

neira mais lenta, o que faz com que perceba certos de-
talhes que não havia percebido antes. É uma forma de SE LIGA!
quantificar em porcentagem aproximada o quanto se Aproveite a praticidade da Internet para
sabe daquele texto. manter contato com a língua inglesa. Há
muitas redes sociais, aplicativos, é páginas
4. Scanning (ler rapidamente) web onde é possível obter vocabulário,
Esta técnica de leitura visa dar agilidade na busca por informação e leituras sobre os temas
informações específicas. Muitas vezes, após ler um texto, propostos no Enem (performance corporal e
nós queremos reencontrar alguma frase ou alguma pala- identidades juvenis, esportes, danças, lutas,
vra já lida anteriormente. Para efetuar esta busca não pre- jogos, artes visuais, músicas, danças, etc.).
cisamos ler o texto inteiro de novo, podemos simplesmente Entre outras atividades, leia jornais, revistas,
ir direto ao ponto aonde podemos encontrar tal informa- assista a filmes e escute podcasts.
ção. Isso é o scanning, significa encontrar respostas de
uma forma rápida e direta sem perder tempo relendo o
texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após
uma ou mais leituras completas do texto em questão. Se
desejar, o estudante pode ler o que os exercícios pedirão EXERCÍCIO COMENTADO
antes de fazer o scanning, pois assim ele irá selecionar
mais facilmente o que for mais importante para responder 1. (ENEM 1ª APLICAÇÃO - 2016)
àquelas questões direcionando-se melhor.

5. Lexical Inference (inferência lexical)


Inferir significa deduzir. Às vezes será preciso deduzir o
sentido de um termo, decifrando o que ele quer dizer. Mas
isso não pode ser feito de qualquer maneira. Para inferirmos
bem, é necessário entender o significado daquela palavra
desconhecida através do contexto no qual ela está inse-
rida, observando as palavras vizinhas, as frases anteriores
e posteriores, o parágrafo onde ela está, as noções gerais
que temos do texto, etc. Precisamos observar o meio no
qual a palavra está posta. Neste caso teremos de nos fa-
zer valer de nossos conhecimentos de classes gramaticais 121
(substantivos, adjetivos, preposições, verbo, etc.), de afixos,
de singular e plural, conhecimento sobre a estrutura de tex-
tos, etc. Tudo isso em conjunto pode ajudar numa aproxi-
mação do sentido real daquele termo que não sabemos.
Normalmente o enunciado proposto definirá se o es- Disponível em: <www.ct.gov.> Acesso em: 30 jul. 2012
tudante terá que deduzir certa informação a partir do (adaptado).
tema sugerido ou, então, obter algum tipo de informa-
ção diretamente no texto proposto. Orientações à população são encontradas também
É preciso lembrar que estas estratégias serão mais ou em Sites oficiais. Ao clicar no endereço eletrônico men-
menos eficazes dependendo do tamanho do vocabulá- cionado no cartaz disponível na internet, o leitor tem
rio que você possui e também do seu nível de conheci- acesso aos (às)
mento gramatical.
a) ações do governo local referentes a calamidades.
Como posso ler textos em línguas estrangeiras? b) relatos de sobreviventes em tragédias marcantes.
- Preste atenção nos títulos e subtítulos; c) tipos de desastres naturais possíveis de acontecer.
- Observe imagens, figuras, layout do texto, cores, en- d) informações sobre acidentes ocorridos em Connec-
fim, qualquer mensagem não verbal. ticut.
- Procure identificar o tipo e o tema do texto; e) medidas de emergência a serem tomadas em ca-
- Oriente-se pelo que você entende; tástrofes.
- Pense sempre nas intenções de quem escreve e
para quem o texto foi escrito; Resposta: Letra E. A imagem fornecida de um livro,
- Quando necessário, consulte um dicionário para re- cujo título é Connecticut Guide to Emergency não
solver suas dúvidas; nos deixam dúvidas de que o endereço eletrônico
- Evite traduzir o texto na íntegra; mencionado no mesmo cartaz tratará de medidas
- Não se prenda às palavras que você desconhece; de emergência em catástrofes.
- Foque nas palavras similares que lhe confirmarão se
sua leitura está indo na direção correta;
- Faça inferências;
- Use seus conhecimentos de Língua Portuguesa e de
outras línguas na hora da leitura.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

2. (UNESP – VESTIBULAR PRIMEIRO SEMESTRE – VUNESP - 2018) Resposta: Letra E. Esta questão de vestibular foi introduzida
Entre 11 de fevereiro e 03 de junho de 2018, o Museu de por um trecho em português que nos informa sobre seu
Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) abrigou a primeira tema: uma exposição de Tarsila do Amaral nos Estados
exposição nos Estados Unidos dedicada à pintora brasileira Unidos. O trecho em inglês nos remete a uma das pinturas
Tarsila do Amaral. Leia a apresentação de uma das pintu- da artista brasileira fornecidas nas alternativas. Observe
ras expostas para responder a seguinte questão: palavras cognatas e similares, como tropical, repetition,
The painting Sleep (1928) is a dreamlike representation of repetitive figure e não haverá dificuldade nenhuma em
tropical landscape, with this major motif of her repetitive fi- encontrar a obra descrita no trecho em inglês.
gure that disappears in the background.
This painting is an example of Tarsila’s venture into surrealism.
Elements such as repetition, random association, and dreamli-
ke figures are typical of surrealism that we can see as main
ARTIGOS
elements of this composition. She was never a truly surrealist
painter, but she was totally aware of surrealism’s legacy.
(www.moma.org. Adaptado.)
SE LIGA!
A apresentação refere-se à pintura: Embora tenhamos visto até agora
ferramentas de leituras importantes.
a) Não podemos negar a necessidade de
conhecermos a estrutura de uma frase em
inglês, pois só assim conseguiremos aumentar
nossos conhecimentos sobre a língua e
ganhar segurança quanto à realização de
provas e de outras leituras em busca de
desenvolvimento pessoal e profissional.

b)
ARTIGO DEFINIDO

Em geral, emprega-se o artigo definido the antes de


122 substantivos com a finalidade de especificá-los:
The boy is late. (O menino está atrasado)

Às vezes, pode ocorrer a presença de um ou mais adje-


c) tivos ou advérbios entre o artigo the e o substantivo. Exem-
plos: The little boy is late. (O pequeno garoto está atrasado)
The little good boy is late. (O pequeno menino bonzi-
nho está atrasado)
“The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore” is an
animated short film (Os Fantásticos Livros Voadores do Se-
nhor Lessmore é um filme de animação de curta-metra-
gem.

d) O artigo the pode introduzir determinadas locuções:


a) Com superlativos: The best player has just arrived.
(O melhor jogador acabou de chegar)

b) Com comparativos: The more I see you, the more I


love you. (Quanto mais eu te vejo mais eu te amo)

c) Com números: This is the first idea we had. (Esta foi


a primeira ideia que tivemos)
They are the number 1 bank agency (Eles são a agên-
e) cia bancária número 1)

d) Com substantivos ligados a uma ação: (the + ver-


bo ing + of + substantivo)
The meaning of this word depends on the author’s in-
tention. (O significado dessa palavra depende da inten-
ção do autor)
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ARTIGOS INDEFINIDOS TEXTO II


I didn’t have a problem with Khan Academy site until
Os artigos indefinidos são: a e an. Ambos são traduzi- very recently. For me, the problem is the way Khan Aca-
dos como: um ou uma. demy is being promoted. The way the media sees it as
Utilizamos a antes de palavras iniciadas com som de “revolutionizing education”. The way people with power
consoante e an antes de palavras que iniciam com som and Money view education as simply “sit-and-get”, If
de vogal. your philosophy of education is “sit-and-get”, i.e., tea-
ching is telling and learning is listening, then Khan Aca-
demy is way more efficient than classroom lecturing.
SE LIGA! Khan Academy does it better. But TRUE progressive edu-
Ás vezes, as letras “o” e “u” tem som de cators, TRUE education visionaries and revolutionaries
vogal: /w/ como em one, e /y/ como em don’t want to do these things better. We want to DO
universe. E são precedidas de a ou de an, BETTER THINGS.
respectivamente. Já a letra “h” por vezes é Disponível em: http://fnoschese.wordpress.com. Acesso
pronunciada como em hotel, ou é muda, em: 2 mar. 2012.
assim como em heir, sendo que no singular
usa-se: a hotel e an heir. Com o impacto das tecnologias e a ampliação das re-
des sociais, consumidores encontram na internet pos-
sibilidades de opinar sobre serviços oferecidos. Nesse
Exemplos: sentido, o segundo texto, que é um comentário sobre
A cow; A walk; A one-hundred-dollar bill; An ele- o site divulgado no primeiro, apresenta a intenção do
phant; An envelope; An ordinary day autor de

OMISSÃO DOS ARTIGOS a) elogiar o trabalho proposto para a educação nessa


era tecnológica.
A omissão de artigos, que representaremos pelo sím- b) reforçar como a mídia pode contribuir para revolu-
bolo Ø, acontece com substantivos no plural ou subs- cionar a educação.
tantivos incontáveis para fazer referências genéricas; ao c) chamar a atenção das pessoas influentes para o sig-
mencionarmos refeições e quando fizermos referência a nificado da educação
alguns lugares, em um sentido geral. Nomes próprios e a d) destacar que o site tem melhores resultados do que a
maioria de nomes de países e cidades também omitem educação tradicional. 123
o artigo. e) criticar a concepção de educação em que se ba-
Exemplos: seia a organização.
Ø Elephants have an extraordinary memory.
Ø Brazilians are always happy. Resposta: Letra E. O texto II apresenta a opinião de um
We had Ø dinner with him yesterday. consumidor que não concorda com a forma em que
Here, every kid goes to Ø school. a Khan Academy é promovida. No começo, seu au-
tor expressa não ter tido problema com a instituição
REFERENCIA DE SITE até pouco tempo atrás: I didn’t have a problem (não
Disponível em: https://www.merriam-webster.com/ tinha Ø problema) note que o uso do artigo em por-
words-at-play/is-it-a-or-an tuguês não seria necessário, mas a foi provavelmente
usado com o propósito de generalizar, de marcar a
inexistência de qualquer problema prévio. Depois, o
autor justifica seu pensamento ao passar a detalhar
EXERCÍCIO COMENTADO aquilo que o incomoda: “the problem is the way Khan
Academy is being promoted” e “the way the media
1. (ENEM – 2018) sees it...”. Estas últimas frases são justificativas especí-
ficas do autor para reclamar; por isso o uso de the (o
TEXTO I problema é a forma em que a academia é promovia
e a forma como a mídia a vê)
A Free World-class Education for Anyone Anywhere
The Khan Academy is an organization on a mission.
We’re not-for-profit with the goal of changing education
for the better by providing a free world-class education
anyone anywhere. All of the site’s resources are availa-
ble to anyone. The Khan Academy’s materials and re-
sources are available to you completely free of charge.
Disponível em: www.khanacademy.org. Acesso em: 24
fev. 2012 (adaptado)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

2. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018) – TEXT III

MOUNT RORAIMA

Mount Roraima is surrounded by three different countries (Venezuela, Brazil, and Guyana) whose borderlines inter-
sect on the massive shelf, with all four sides being sheer 400-meter high cliffs. While its cliff walls are only scalable by
the most experienced of climbers, there is a path up the mountain’s natural ramp-like path (usually a two-day hike).
However, the mountain is worth a visit for more reasons than its impressive cliffs. Mount Roraima, part of Venezuela’s
30000-square-kilometer Canaima National Park, is the site of the highest peak of the country of Guyana’s Highland
Range. The mountains
of this range, including Roraima, are considered to be some of the oldest geological formations known, some dating
back to two billion years ago. Its near daily rains have also created a unique ecosystem which includes several en-
demic species, such as a unique carnivorous pitcher plant, and some of the highest waterfalls in the world. Culturally,
the mountain has long held significance to the indigenous people of the area and features prominently in their myths
and folklore. […]

Adaptado de: https://www.atlasobscura.com/places/mount-roraima Acesso em: 05 out. 2018.

O Monte Roraima, bem como a cadeia de montanhas do Parque Nacional Canaima, possui diversos atributos que
impressionam e atraem visitantes, como a dimensão dos penhascos, por exemplo. Outras características também
mencionadas no texto III são:

a) o fluxo anual de visitantes e turistas, o tamanho da cadeia montanhosa e as espécies endêmicas.


b) a antiguidade das formações geológicas, o ecossistema e a importância para a cultura indígena.
c) o entorno formado por três países, a recente formação rochosa e os mitos relacionados à região.
d) a ameaça de desmatamento, o ecossistema próprio da região e as cachoeiras mais altas do mundo.
e) o tamanho do parque, a necessidade de experiência para as escaladas e a falta de conservação local.

Resposta: Letra B. Por exigir que se extraia a informação do texto em si. Confira a alternativa que apresente
o vocabulário mencionado. Comece por procurar “a antiguidade das formações geológicas” que pode ser
124 confirmada por: “the oldest geological formations known”; depois, busque uma menção à importância do ecos-
sistema desse lugar e verá que ele é descrito como um ecossistema único “a unique ecosystem”. Por fim, em
destaque, uma frase começada por um artigo que especifica a importância do Monte Roraima: “the mountain
has long held significance to the indigenous people of the area”.

PRONOMES

PRONOMES SUJEITOS E OBJETOS

Os pronomes pessoais sujeitos vêm antes do verbo, como sujeito da frase.


Os pronomes pessoais objetos vêm depois de verbo ou de preposição.
Estes tipos de pronomes indicam quem/que está realizando uma ação ou então quem/que a recebe.

Pronome Pessoal Sujeito: Tradução: Pronome Pessoal Objeto:


I eu Me
You você You
He ele Him
She ela Her
It ele/ela (para coisas ou animais) It
We nós Us
You vocês You
They eles/elas Them
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

#FicaDica
O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a pessoas quando não se sabe o sexo.
Exemplos:
She loves him a lot. (Ela o ama, ou “ela ama ele”)
I saw her at the party yesterday. (Eu a vi na festa ontem, ou “Eu vi ela na festa ontem”, literalmente)
What is it? A boy or a girl? (O que é? Um menino ou uma menina?)
We are going to meet them in front of the stadium. (Nós vamos encontrá-las(los) na frente do estádio)
They waited for us for two hours. (Eles esperaram por nós durante duas horas)
Can you send this e-mail for me, please? (Você pode enviar esse e-mail para mim, por favor?)

PRONOMES ADJETIVOS E SUBSTANTIVOS


Os pronomes possessivos adjetivos sempre acompanham um substantivo.
Os pronomes possessivos substantivos reduzem a frase substituindo o pronome possessivo adjetivo e o substanti-
vo que ele acompanha:

This is my friend X the friend is mine.


(Este é meu amigo) (O amigo é meu)

Pronome Possessivo Adjetivo: Tradução: Pronome Possessivo Substantivo:


My meu(s)/minha(s) Mine
Your seu/sua Yours
His dele His
Her dela Hers
Its dele/dela (coisas ou animais) Its
Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
Your seus/suas Yours
125
Their deles/delas Theirs

His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando com o dela)
Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza)
My friends went to the club with yours. (Meus amigos foram ao clube com os seus)
Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a apresentação dele ou a dela?)

PRONOMES REFLEXIVOS

Os Reflexive Pronouns são usados quando a ação do verbo recai sobre o próprio sujeito. Assim, o pronome refle-
xivo vem logo após o verbo e concorda com o sujeito. Eles se caracterizam pelas terminações -self (nas pessoas do
singular) e -selves (nas pessoas do plural).

myself (a mim mesmo, -me)


yourself [a ti, a você mesmo(a), -te,-se]
himself (a si, a ele mesmo, -se)
herself (a si, a ela mesma, -se)
itself [a si mesmo(a), -se] → para coisas ou animais
ourselves [a nós mesmos(as), -nos]
yourselves (a vós, a vocês mesmos(as), -vos,-se)
themselves (a si, a eles mesmos, a elas mesmas, -se)

Exemplos: He hurt himself with a knife. (He se feriu com uma faca)
She is looking at herself in the mirror. (Ela está olhando-se no espelho)

O Pronome Reflexivo também é empregado para marcar a pessoa que pratica a ação dizendo que ele mesmo
por si só praticou tal ação. Para tanto, podemos posicioná-lo logo após o sujeito ou no fim da frase. Veja:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Carlos himself did the homework. → O próprio Carlos fez a tarefa.


Marilyn herself wrote that message. → A própria Marilyn escreveu aquela mensagem.

Os Pronomes Reflexivos podem ser precedidos pela preposição by. Nesse caso, dão o sentido de que alguém
fez algo sozinho, sem ajuda ou companhia de ninguém.
Exemplos:
Did you go to the party by yourself? → Você foi à festa sozinho?
That old man wants to live by himself. → Aquele senhor quer viver sozinho.

PRONOMES INDEFINIDOS

Os principais pronomes indefinidos são: some, any e no (outros: none, every). Dependendo da frase, eles po-
dem ser traduzidos como algum(a), nenhum(a). Além disso, existem também os pronomes indefinidos compostos
que são palavras derivadas de some, any e no e que são utilizadas nas mesmas circunstâncias gramaticais. Veja-
mos o uso geral:

Em frases afirmativas: Em frases negativas: Em frases interrogativas:


I have some money. I don’t need any help. Do you need any money?
I went somewhere fantastic. I didn’t go anywhere. Did you go anywhere last night?
I need somebody to love. I didn’t see anybody strange. Was anybody crying here?
She met someone special. I don’t know anyone near here. Will you meet anyone there?
I have something bad to say. I didn’t do anything there. Do you have anything to say?

Em casos mais específicos, podemos usar some e seus derivados também em perguntas quando se deseja ou
se espera uma resposta afirmativa e também quando se oferece algo:
Would you like some coffee? (você gostaria de um pouco de café?)
Do you need some help with your homework? (você precisa de alguma ajuda com sua lição?)

126 Any e seus derivados também podem ser usados em frases afirmativas quando expressam qualquer um ou qual-
quer lugar ou coisa sem distinção:

Anyone can sing like that. (Qualquer um pode cantar desse jeito)
You can drink anything you want, OK! (Você pode beber qualquer coisa que desejar)

Casos especiais:

a) Tanto o pronome indefinido any quanto seus derivados podem ser utilizados quando o verbo estiver na
forma afirmativa e a frase contiver algum termo de sentido negativo como a palavra never. Veja:

He never buys any fruit. (Ele nunca compra fruta nenhuma)


I seldom had anything to complain about him. (Eu quase nunca tive nada para reclamar dele)
She never met anybody/anyone special. (Ela nunca conheceu ninguém especial)
You never take me anywhere interesting. (Você nunca me leva a nenhum lugar interessante)

b) Tanto o pronome indefinido no quanto seus derivados podem ser utilizados quando o verbo estiver na for-
ma afirmativa. A frase não pode conter nenhuma outra palavra de sentido negativo:
I have no idea to give you. (Não tenho nenhuma ideia para te dar)
I have nothing to do today. (Não tenho nada para fazer hoje)
I have nowhere to go on my vacation. (Não tenho nenhum lugar para ir durante minhas férias)
No one/Nobody wants to work in the holiday. (Ninguém quer trabalhar no feriado)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

4. Which – Qual, quais (usado para questões com


#FicaDica opções limitadas de resposta):
Which of those girls is your sister? (Qual daquelas me-
O pronome it é usado para coisas e animais. ninas é a sua irmã?)
Pode referir-se a pessoas quando não se sabe Which color do you prefer: yellow or blue? (Qual cor
o sexo. você prefere: amarelo ou azul?)
Exemplos:
She loves him a lot. (Ela o ama, ou “ela ama 5. What – O que, que, qual (usado para questões
ele”) com opções mais amplas de resposta):
I saw her at the party yesterday. (Eu a vi na What time is it now? (Que horas são agora?)
festa ontem, ou “Eu vi ela na festa ontem”, What are you doing here? (O que você está fazendo
literalmente) aqui?)
What is it? A boy or a girl? (O que é? Um
menino ou uma menina?) 6. Where – Onde: Where do you work? (Onde
We are going to meet them in front of the você trabalha?)
stadium. (Nós vamos encontrá-las(los) na Where do your kids study? (Onde seus filhos estu-
frente do estádio) dam?)
They waited for us for two hours. (Eles
esperaram por nós durante duas horas) 7. Why – Por que: Why did you cry? (Por que você
Can you send this e-mail for me, please? (Você chorou?)
pode enviar esse e-mail para mim, por favor?) Why are you late for class? (Por que você está atra-
sado para a aula?)

Os pronomes indefinidos podem atuar como subs- 8. When – Quando: When did they move? (Quan-
tantivos (indefinite pronouns), quando os substituem, do eles se mudaram?)
ou podem atuar como adjetivos (indefinite adjectives), When did you travel to Europe? (Quando você viajou
quando qualificam os substantivos. Portanto, serão as para a Europa?)
mesmas palavras, mas vistas em funções diferentes, Existem diversas formas compostas dos pronomes in-
como veremos adiante. terrogativos. Podemos juntar outras palavras a eles an-
tes dos verbos auxiliares, para especificar alguma infor-
PRONOMES INTERROGATIVOS mação. Veja: 127
Também chamados de Question Words, são utiliza- What kind of movies do you like? (Que tipo de filmes
dos para obtermos informações mais específicas a res- você gosta?)
peito de algo ou alguém. Suas perguntas são formadas What soccer team are you a fan of? (Para que time
por wh-questions porque todos os pronomes interrogati- de futebol você torce?)
vos possuem as letras wh. Na grande maioria das vezes, How often do you go to the gym? (Com que frequên-
os Interrogativos são posicionados antes de verbos au- cia você vai à academia?)
xiliares ou modais, no início de frases. Vamos compreen- How long is the Amazon river? (Qual o comprimento
dê-los detalhadamente a seguir. do rio Amazonas?)
How much does this newspaper cost? (Quanto custa
1. Who – Quem: Who is that girl? (Quem é aquela este jornal?)
garota?) How many brothers do you have? (Quantos irmãos
Who arrived first? (Quem chegou primeiro?) você tem?)
How good are you at tennis? (O quanto você é bom
2. Whom – Quem (mais formal, geralmente ante- em tênis?)
cedido de preposição e remete ao objeto de um ter- How old are you? (Quantos anos você tem?)
mo, a quem recebe a ação): How far is São Paulo from Rio? (Qual a distância entre
With whom did you go to the park? (Com quem você São Paulo e Rio?)
foi ao parque?) * Note que o sujeito na frase é you. How deep is this river? (Quão profundo é este rio?)
To whom was Nancy speaking last night? (Com
quem a Nancy estava falando ontem à noite?) * O su- Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da
jeito, neste caso é Nancy. oração, não se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome in-
terrogativo, inicia a pergunta seguido das outras pala-
3. Whose – De quem: Whose pen is this? (De quem vras na ordem afirmativa. Observe:
é esta caneta?)
Whose mansion is that? (De quem é aquela mansão?) Who knows? (Quem sabe?)
What happened? (O que aconteceu?)
Which came first: the egg or the chicken? (O que
veio primeiro: o ovo ou a galinha?)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Em muitos casos, as perguntas são finalizadas por


preposições que complementam seu sentido:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Where are you from? (De onde você é?)
What is your city like? (Como é a sua cidade?) 1. (ENEM 2ª APLICAÇÃO/2016)
Where did you send the letter to? (Para onde você
enviou a carta?)
What is this for? (Para que é isto?)

PRONOMES RELATIVOS

Os Relative Pronouns são usados quando queremos


identificar ou adicionar alguém ou alguma coisa em
uma oração; quando queremos informações que com-
plementem a oração anterior. Podemos também dizer
que os pronomes relativos unem duas orações, estabe-
lecendo uma “relação” entre elas. Por isso, são chama-
dos “relativos”.

1. Who (quem, que): usado para pessoas.


That is the girl. → She gave a kiss.
That is the girl who gave me a kiss. Anúncios publicitários buscam chamar a atenção do
(Aquela é a garota que me deu um beijo) consumidor por meio de recursos diversos. Nesse pôster,
os números indicados correspondem ao(à)
2. Whom (que, quem, o qual, a qual): usado para
pessoas, normalmente após preposição. a) comprimento do cigarro.
We need to talk to someone. → The manager b) tempo de queima do cigarro.
is the one. c) idade de quem começa a fumar.
The manager is the one to whom we need to talk. d) expectativa de vida de um fumante.
(O gerente é aquele com quem precisamos falar) e) quantidade de cigarros consumidos.
128
3. Which (que): usado para coisas e animais. Resposta: Letra D. A questão how long anuncia sem
I watched a film. → The film was delongas o objetivo do anúncio: perguntar até quan-
fantastic. do podemos viver consumindo cigarros. A interroga-
The film which I watched was fantastic. ção how (como) junta-se ao adjetivo long (demora-
(O filme a que eu assisti foi fantástico) do, longo, extenso) para exprimir a ideia de “quanto
tempo”, ou “por quanto tempo”.
4. Where (onde, em que, no qual, na qual): refere-se
a lugares. 2. (UNIOESTE – 1a ETAPA MANHÃ – 2018)
I stayed in a hotel. → The hotel was very ex- As France clinched its second-ever World Cup win over
pensive. Croatia thanks to goals by migrants and a Muslim, fans
The hotel where I stayed was very expensive. and onlookers quickly pointed out the need for the cou-
(O hotel onde eu fiquei era muito caro) ntry to apply its victories on the field to life off the field.
Often in the spotlight for its xenophobic and Islamopho-
5. Whose (cujo, cuja, de quem): usado para indicar bic social policies, France didn’t seem to mind when it
posse. came to good footballers, stocking 78.3 percent of its
This is the boy. → The boy’s fa- team with immigrants, a third of whom are Muslim. That
ther is my boss. was the highest percentage among any qualifying team
This is the boy whose father is my boss. in this year’s World Cup. Immigrants make up 6.8 of Fran-
(Este é o garoto cujo pai é meu patrão) ce’s overall population.
Of the four goals France scored against Croatia, two
6. That (que): Refere-se a coisas e pessoas. Pode were scored by the sons of African immigrants – Paul Po-
substituir who e which. gba, whose parents immigrated from Guinea, and Kylian
I saw a little girl. → I saw the little Mbappe, whose mother is Algerian and father is Came-
girl a minute ago. roonian.
Where is the little girl that I saw a minute ago? Pogba is a practicing Muslim, along with six of his
teammates including starting midfielder N’Golo Kante.
Only a third of the World Cup champion team has white-
-European ancestry, and less than a quarter have French
ancestry.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Football fans quickly took to Twitter on Sunday evening


to call on France to put an end to its “hypocrisy” and CONJUNÇÕES
acknowledge the foundational, positive role immigrants
and Muslims play in developing its society. […]
France’s win on Sunday was its first in 20 years, after win- Uma conjunção é uma palavra ou grupo de pala-
ning on its home turf in 1998. It was the highest-scoring vras (locuções conjuntivas ou locuções adverbiais) que
final since England beat West Germany 4-2 after extra- juntam duas partes de uma sentença ou que unem uma
-time in 1966 and the highest in normal time since Brazil cláusula dependente subordinada a uma cláusula prin-
beat Sweden 5-2 60 years ago. cipal. As conjunções auxiliam na coesão textual, garan-
Source: https://www.dailysabah.com/foo- tindo a interligação de ideias. Inicialmente, podemos
tball/2018/07/15/calls-for-france-to-end-xenophobia-is- considerar as conjunções sob três aspectos básicos:
lamophobia-as-migrant-muslim-players-clinch-world-cu- a) Conjunções podem ser apenas uma palavra: And,
p-win but, because, although, or, nor, for, yet, so, since,
unless, however, though.
Assinale a alternativa CORRETA com relação à ideia b) Conjunções podem ser compostas de mais de
central do texto. uma palavra: Provided that, as long as, in order to,
in spite of.
a) Descendentes de imigrantes acusaram a França de c) Conjunções podem ser correlativas, cercando um
hipocrisia com relação às políticas de imigração pra- advérbio ou adjetivo: So... that, neither… nor.
ticadas no país, já que proíbe práticas islâmicas em
seu território, mas se beneficia quando os muçulma- FINALIDADE DAS CONJUNÇÕES
nos fazem algo positivo ao país, como a vitória na
Copa do Mundo. a) Tempo: after, as, while, when, before, until, till, next,
b) Após a vitória da França na Copa do Mundo, joga- meanwhile, finally.
dores de futebol de origem africana e praticantes do b) Acréscimo de ideias: and, also, furthermore, as
islamismo apelam para que o país acabe com a xe- well as, in other words, in addition to, besides, mo-
nofobia e a islamofobia com mudanças na política reover, both...and, not only... but also.
de imigração. c) Alternativa: or, either... or.
c) Com a vitória da França na Copa do Mundo, torcedo- d) Negação: neither... nor.
res de futebol apelam para que o país acabe com a e) Condição: if, as long as, provided that, unless,
xenofobia e a islamofobia, acusando a França de ser hi- whether.
pócrita, já que muitos jogadores que fizeram gols eram f) Causa ou razão: as, because, since, for. 129
descendentes de imigrantes e praticantes do Islã. g) Consequência ou resultado: so, therefore, then,
d) Após a vitória da França na Copa do Mundo, joga- accordingly, thus, for this reason, as a result of,
dores de futebol de origem africana e praticantes consequently, hence.
do islamismo foram alvos de ataques xenofóbicos e h) Contraste: although, instead of, rather than, thou-
islamofóbicos, cujo conflito foi contornado pela polí- gh, but, yet, even though, however, in spite of that,
cia francesa, fato que repercutiu negativamente no nevertheless, whereas, while, on the other hand.
Twitter. i) Finalidade ou propósito: so that, so.
e) Com a vitória na Copa do Mundo, em grande parte j) Modo: as, as if, as though.
graças aos gols praticados por descendentes de imi- k) Comparação: like, alike, likewise, correspondingly,
grantes africanos e praticantes do islamismo, a Fran- similarly, in the same way, in this manner.
ça anunciou abrandamento das políticas de imigra-
ção com relação a esses grupos, mas torcedores de
futebol acusaram a França de hipocrisia. SE LIGA!
Por conta de sua função de unir duas
Resposta: Letra C. Sobre a França, veja as seguin-
sentenças, as conjunções são uma parte
tes informações: Ela obteve seu segundo título (“its
importante para o entendimento das ideias
second-ever World Cup win”); ela está nos holofotes
expostas em um texto, pois elas podem dar
pela sua xenofobia e islamofobia (“Often in the spo-
continuidade a um mesmo tema, ou então
tlight for its xenophobic and Islamophobic social poli-
virar o jogo e apresentar ideias contrárias ao
cies...”); o país é acusado de hipocrisia em: “Football
mesmo. Portanto, muitas vezes Os exercícios
fans quickly (...) call on France to put an end to its
de compreensão de texto se dão em relação
‘hypocrisy’ and acknowledge the foundational”. Em
a este tipo de ligação textual. Pense nisso: Se
cada uma dessas frases, com o propósito de indicar
alguém começar uma frase dizendo “gosto
que se trata da França, o pronome escolhido foi its,
muito de você, e....” (pausa para ficarmos
pois o substantivo a que se refere é um país, um ser
felizes com o que virá); contudo, se alguém
inanimado, em oposição aos pronomes his ou her
nos dizer “gosto muito de você, porém...”
que seriam usados caso se tratasse de um homem ou
começaremos a nos preparar para escutar
de uma mulher.
a bomba que está por vir.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Exemplos: Jack and Jill went to the mountains. (O Impact on Human Health
Jack e a Jill foram às montanhas) Many pollutants have a negative impact on human
The water was warm, but I didn’t enter. (A água foi health. For example, pollutants in the air, such as ozone
aquecida, mas eu não entrei) or particulates in the air, may lead to respiratory health
I went swimming although it was cold. (Eu fui nadar problems such as asthma, chronic bronchitis and de-
apesar de estar frio) creased lung function. Drinking contaminated water
Russia is a beautiful country. It’s very cold, though. (A may lead to stomach and other digestive problems.
Rússia é um país lindo. E muito gelado, no entanto) Pollutants such as mercury can accumulate in fish and
I don’t care what you did as long as you love me. seafood and can lead to serious health problems, es-
(Não ligo para o que fez, desde que você me ame) pecially for vulnerable populations such as children or
He is so strong that broke the brick with his fist. (Ele é pregnant women. Pollutants in the soil, such as conta-
tão forte que quebrou o tijolo com o punho) mination by heavy metals, toxins or lead, can lead to
serious health problems, including cancer and develop-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mental problems in children.

1. (ENEM – 2017) Impact on Air


One of the things that made an incredible impression on One of the most common sources of air pollution results
me in the film was Frida’s comfort in and celebration of from the burning of fossil fuels, such as vehicle and fac-
her own unique beauty. She didn’t try to fit into conven- tory emissions. These emissions are a major contributor
tional ideas or images about womanhood or what makes to smog, a mass of particulate matter than hangs like
someone or something beautiful. lnstead, she fully inha- a cloud over many major cities and industrial areas. A
bited her own unique gifts, not particularly caring what second effect of air pollution is acid rain, which forms
other people thought. She was magnetic and beautiful when sulfur dioxide and nitrogen oxide in the air com-
in her own right. She painted for years, not to be a com- bine with oxygen, water and other chemicals in the air.
mercial success or to be discovered, but to express her
This combination decreases the pH of rainwater, which
own inner pain, joy, family, lave and culture. She absolu-
is typically pH neutral, and turns it acid. Acid rain can
tely and resolutely was who she was. The trueness of her
lead to the death of trees, fish kills in lakes and damage
own unique vision and her ability to stand firmly in her
to statues, monuments and building faces.
own truth was what made her successful in the end.
HUTZLER, L. Disponível em: www.etbscreenwriting.com.
Impact on Water
130 Acesso em: 6 maio 2013.
Water pollution may result from run-off from places such
as agricultural fields, construction sites or factories; oil
A autora desse comentário sobre o filme Frida mostra-se
spills; sewage disposals; and the accumulation of trash.
impressionada com o fato de a pintora
Water pollution has a deleterious effect on the nati-
a) ter uma aparência exótica. ve plant and animal species that call bodies of water
b) vender bem a sua imagem. home. Run-off from agricultural fields can lead to algal
c) ter grande poder de sedução. blooms which choke out other plants and decrease the
d) assumir sua beleza singular. amount of available oxygen for species of fish and other
e) recriar-se por meio da pintura. organisms. Chemicals in the water can affect animal
development, leading to deformities, such as extra legs
Resposta: Letra D. A estrutura or... or... or... acaba in frogs. Oil spills kill native species of animals including
sendo utilizada para enfatizar de que foi uma opção waterfowl and mammal species. Sewage overflow can
da artista Frida o fato de não ajustar-se a nenhuma contaminate sources of human drinking water, leading
das ideias ou imagens convencionais sobre a femini- to serious health problems, as mentioned above. The
dade ou sobre o que torna algo ou alguém bonito: accumulation of trash in bodies of water may also lead
“She didn’t try to fit into conventional ideas or images to animal deaths resulting from becoming tangled in
about womanhood or what makes someone or some- plastic items such as plastic bags, fishing wire and other
thing beautiful” debris.

2. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO – CURSOS DE Impact on Land


GRADUAÇÃO 2019) Pollutants in the soil most often result from industrial sour-
ces. Particularly insidious soil pollutants include lead,
NEGATIVE EFFECTS OF POLLUTION PCBs and asbestos. These pollutants may negatively af-
fect human health and native plant and animal health.
The term “pollutant” refers to any substance that, when Pesticide use can also impact the land. One undesired
introduced to an area, has a negative impact on the impact of using pesticides is the death of native plant
environment and its organisms. Pollution can impact hu- and animal species that also reside in the area.
man health, air, water, land and entire ecosystems. Most
sources of pollution result from human activity.
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Impact on Ecosystems
Because each type of pollution (air, water, land) does not occur separately from one another, entire ecosystems
are often impacted. For example, the use of pesticides or fertilizers on land may negatively impact terrestrial spe-
cies of plants and animals. When these materials are introduced to nearby bodies of water, they impact aquatic
species of plants and animals. Thus, curbing pollution in one area of an ecosystem can also help protect another
part of the ecosystem.

Analise as assertivas a seguir e marque a alternativa CORRETA.


I - A poluição do ar, da água e do solo ocorre separadamente. Por isso, os ecossistemas não são inteiramente
impactados.
II - A maioria das fontes de poluição resulta da atividade humana.
III - Reduzir a poluição em uma área de um ecossistema também pode ajudar a proteger outra parte do ecossis-
tema.

a) Apenas a assertiva III está correta.


b) Apenas a assertiva II está correta.
c) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
d) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas.

Resposta: Letra C. O aluno deve notar que duas destas alternativas surgem a partir de frases unidas por conjun-
ções. Assim, sabemos que a alternativa I está incorreta ao observar o último parágrafo: “Because each type of
pollution (air, water, land) does not occur separately from one another, entire ecossystems are often impacted”
(porque cada tipo de poluição (...) não acontece separadamente, ecossistemas inteiros são frequentemente
impactados). Confirmamos que II está certa no 1º parágrafo: “Most sources of pollution result from human ac-
tivity.”, que é extamente a tradução desse enunciado. Desta forma, perceba a importância de conhecer a
função de indicar causa e consequência ou resultado que transmitem because e result from.

SUBSTANTIVOS 131

Os substantivos em inglês denominam:


Lugares: zoo, school, office, etc.
Pessoas (people): adult, father, friend, etc.
Coisas e animais, sentimentos, conceitos: car, love, hope, etc.

O GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS


Substantivos que representam profissões, ocupações e pessoas têm a mesma palavra para feminino e mas-
culino (gênero comum ou um gênero neutro): president, dentist, reporter, etc.
Alguns substantivos que descrevem pessoas ou animais fazem distinção entre masculino e feminino utilizando
palavras diferentes, mas também há uma palavra neutra para eles:
Dog bitch - dog
Fox vixen - fox
Stallion mare - horse
Boy girl - child
Man woman - person
Father mother - parent

Alguns usam derivação sufixal, ou adicionam male (homem) ou female (mulher), para diferenciar feminino de
masculino
Policeman policewoman
Prince princess
Male nurse female nurse
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1. O número dos substantivos


Quanto ao seu número, existem dois tipos de substantivos em inglês: Contáveis e incontáveis.

1.2. Substantivos contáveis


Podem ser usados em sua forma singular ou plural.
Exemplos: I need a dicitionary
The teacher needs many dictionaries for this class.

1.3. Substantivos contáveis no plural


Para a formação do substantivo no plural temos algumas situações:
A maioria dos substantivos formam seu plural com o acréscimo de s. Assim também acontece com substanti-
vos terminados em vogal + y, ou palavras terminadas em o.
Exemplos:
Substantivo= + s vogal + y=s o + oes
car - cars boy - boys tomato - tomatoes
hospital - hospitals essay - essays potato - potatoes
chief – chiefs tray – trays hero - heroes
pin – pins valley – valleys echo - echoes

1. Os plurais em inglês também apresentam exceções:

a) Substantivos terminados em Consoante + y: -ies


consoante+y = consoante +ies
Lady ladies
Penny pennies
Story stories

b) Muitos Substantivos terminados em sh, ch, s, ss, x e z: têm o acréscimo de -es.


topaz – topazes
Kiss – kisses
132 watch – watches
tax – taxes
Há exceções com alguns substantivos terminados em ch e z:

c) Quando o +ch é pronunciado como /k/, basta acrescentar s:


stomach /ˈstʌmək/ - stomachs
epoch /ˈepək/ - epochs
monarch /ˈmɑːnɑːrk/ - monarchs
As palavras quiz e whiz têm seu plural formado por -zes: quizzes, whizzes.

d) Nacionalidades terminadas em -ch, -ese, -ish, -iss não mudam sua forma no plural.
Singular form X Plural form
This is a Portuguese wine. The Portuguese produce a lot of wine.
(Este é um vinho português) (os Portugueses produzem muito vinho.)

The Peruvian president is here. The Peruvians have arrived.
(O presidente peruano está aqui) (Os peruanos chegaram)

e) O plural de algumas palavras difere do seu singular:


Mouse – mice / Louse – lice / Goose – geese / Tooth – teeth / Foot – feet

f) O plural de algumas palavras é exatamente igual a seu singular:


Fish – fish / Deer – deer / Sheep - sheep

g) Algumas palavras terminadas em -f ou -fe, e seus compostos, tem seu plural em terminado em -ves, assim
como seus derivados:
wife – wives / knife – knives / shelf – shelves / wolf – wolves / life – lives / half – halves / leaf – leaves / loaf – loa-
ves / elf – elves / calf – calves

h) Palavras de origem estrangeiro:


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Existem mais de cem palavras de origem latino ou The unconventional nudes of A Negra, a painting pro-
grego emprestadas à língua inglesa. duced in 1923, and Abaporu unite in Tarsila’s final great
Exemplos: criterion, phenomenon, cactus, bacterium, painting, Antropofagia, a marriage of two figures that is
thesis, analysis, datum, memorandum, referendum, gym- also
nasium, virus, appendix, larva, nucleus, campus, etc. a marriage of Old World and New. The couple sit entan-
O plural destas palavras pode seguir a regra do plural gled, her breast drooping over his knee, their giant feet
de sua língua original ou então seguir a regra em inglês. crossed one over the other, while, behind them, a bana-
A escolha será norteada pelo tipo de texto em que apa- na leaf grows as large as a cactus. The sun, high above
recem. Se for um texto formal ou científico, a primeira the primordial couple, is a wedge of lemon.
possibilidade será a mais adequada.
Em alguns casos, a palavra é escolhida de acordo (Jason Farago. www.nytimes.com, 15.02.2018.
com seu campo científico: appendixes é usado por ci- Adaptado.)
rurgiões, enquanto que appendices aparece em men-
ções a livros. A obra Antropofagia (“Cannibalism”) de Tarsila do Ama-
Algumas palavras mantêm seu plural apenas em sua ral, apresentada na imagem, é interpretada pelo autor
forma latina: do artigo como
Alga – algae / Desideratum – desiderata / Larva – lar-
vae / Nucleus – nuclei a) o casamento tradicional entre um homem e uma mulher.
b) uma referência aos trabalhadores rurais, evidencia-
dos pelo tamanho dos pés.
c) a agrura implacável da natureza, representada pelo
EXERCÍCIOS COMENTADOS Sol sobre o sertão.
d) uma expressão de contraste entre a suavidade da
bananeira e os espinhos do cacto mandacaru.
1. (VUNESP – PROVA UNESP – 2018)
e) uma mistura entre a Europa e a América.
Leia o trecho do artigo de Jason Farago, publicado pelo
jornal The New York Times.
Resposta: Letra E. A descrição de Antropofagia é de-
senvolvida pela expressão “marriage of two figures”
She led Latin American Art in a bold new direction
(casamento de duas figuras) e também “Old world
and New”. O substantivo “world” acabou sendo omi-
tido após o que normalmente chamaríamos de adje- 133
tivo (new), mas, por ter sido grafado com letra maiús-
cula, vemos que se trata de um substantivo: mundo,
usado também depois de um outro adjetivo com
maiúscula (old). Isto em referência aos dois mundos
unidos pela obra: O Novo Mundo e o Velho mundo (a
Europa e as Américas)

VERBOS

Antropofagia (“Cannibalism”), 1929, a seminal work of


Brazilian Modernism by Tarsila do Amaral that is part of a
SE LIGA!
new show of her work at MoMA.
Os verbos são normalmente acompanhados
In 1928, Tarsila do Amaral painted Abaporu, a landmark de um pronome pessoal, que determinam a
work of Brazilian Modernism, in which a nude figure, hal- forma em que serão usados e que devem
f-human and half-animal, looks down at his massive, ser sempre levados em conta, quando se
swollen foot, several times the size of his head. Abaporu trata da leitura de um texto em inglês. Por
exemplo, “When she hits a bump, she turns
inspired Tarsila’s husband at the time, the poet Oswald
around” é diferente de “When she hit a
de Andrade, to write his celebrated “Cannibal Manifes-
bump and turned around”. O “s” a mais
to,” which flayed Brazil’s belletrist writers and called for
no verbo hit e no verbo turn indica que o
an embrace of local influences – in fact, for a devou-
verbo está no presente, enquanto que sua
ring of them. The European stereotype of native Brazilians
ausência, no segundo exemplo, nos indica
as cannibals would be reformatted as a cultural virtue.
que a situação aconteceu em um tempo
More than a social and literary reform movement, canni-
passado. A tradução de cada frase é
balism would form the basis for a new Brazilian nationa-
“Quando ela atinge um obstáculo, ela virou”
lism, in which, as de Andrade wrote, “we made Christ to
be born in Bahia.”
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TEMPOS VERBAIS She was making lunch.


It was playing with a ball.
1. Presente Contínuo Were we learning together?
Indica algo que acontece no exato momento da You weren’t studying English.
fala. As frases neste tempo verbal mostram o que al- They were traveling.
guém está fazendo (gerúndio). Necessita do verbo to
be (am, is, are) e mais algum outro verbo com a termi- 3. Futuro Contínuo
nação -ing (-ando, endo, -indo, -ondo): Para relatar aquilo que alguém estará fazendo em
I am writing a book. (Eu estou escrevendo um livro) um determinado momento no futuro, é só utilizar will be
You are reading. (Você está lendo) e mais qualquer outro verbo terminado em -ing.
He is listening to music. (Ele está escutando música)
She is making lunch. (Ela está fazendo o almoço) I will be writing a book.
You will be reading.
It is playing with a ball. (Ele/Ela está brincando com
He will be listening to music.
uma bola.)
She will be making lunch.
We are learning together. (Nós estamos aprendendo
It will be playing with a ball.
juntos)
We will be learning together.
You are studying English. (Vocês estão estudando In- You will be studying English.
glês) They will be traveling.
They are traveling. (Eles estão viajando)
Para tornar todas estas frases negativas, basta posi- Nas negativas, simplesmente posicionamos not logo
cionar a palavra not após o to be, ou fazer uma contra- após o auxiliar will, ou fazemos uma contração com eles
ção ente eles (am not, isn’t, aren’t). (will+not= won’t).
Para interrogar, faz-se a colocação do auxiliar will
I am not writing a book. *Apenas esta forma não antes do sujeito das frases (Will I...?, Will you...?).
pode ser contraída
You aren’t reading. 4. Futuro Simples
He isn’t listening to music. Formado pela utilização do auxiliar will após o sujeito
She isn’t making lunch. seguido de algum verbo. A negativa é obtida com will
It isn’t playing with a ball. not ou com a contração won’t. Para perguntar no futu-
We aren’t learning together. ro simples, coloque will antes do sujeito. Esta opção de
134 You aren’t studying English. tempo verbal denota pouca certeza quando a ação
They aren’t traveling. a ser realizada, ou indica que a decisão foi tomada no
momento de sua formação.
Agora, para transformarmos as frases em interroga- Exemplos: I will buy a car. (Comprarei um carro)
ções, devemos mudar a posição do to be. Precisamos You will have a baby. (Você terá um bebê)
posicioná-lo (am, is, are) antes dos sujeitos das frases. As He will study abroad. (Ele vai estudar no exterior)
outras palavras permanecem em suas posições originais She will go to the park. (Ela irá ao parque)
e finalizamos com “?”. Veja: It will stay at the veterinarian. (Eu ficarei no veterinário)
Am I writing a book? We will make a barbecue. (Nós faremos um churrasco)
You will help me now. (Você me ajudará agora)
Are you reading?
They will be partners. (Eles serão seus parceiros)
Is he listening to music?
Is she making lunch?
5. Going to
Is It playing with a ball?
A diferença do futuro simples, o a formação to be +
Are we learning together?
going to + verbo principal no infinitivo, indica intenção
Are you studying English? futura, porém denotando que esta intenção foi plane-
Are they traveling? jada ou pelo menos premeditada, mostrando um senti-
mento de certeza quando à ação em questão:
2. Passado Contínuo He is going to have a raise next month. (Ele vai ter um
Para relatar o que alguém estava fazendo, é muito aumento no mês que vem)
simples. Basta trocar am, is e are no presente pelo to The concert is going to start in a few minutes. (O show
be no passado (was, were). I, he, she e it acompanham vai começar em alguns minutos)
was; you, we, they usam were. Agora, para formar a
negativa (wasn’t, weren’t) e a interrogativa (Was I...?, 6. Presente Simples
Were you...?), basta proceder da mesma forma que vi- Este tempo verbal nos fala de situações que acon-
mos no caso do Presente Contínuo. tecem rotineiramente e não acontecem no exato mo-
Exemplos: mento da fala, mas usualmente durante o dia a dia. Por
I was writing a book. exemplo, você pode dizer em português “eu trabalho”.
You were reading. Essas suas palavras indicam algo rotineiro para você,
He wasn’t listening to music. não querem dizer que você esteja trabalhando agora,
neste exato momento.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Exemplos: I work in the evening. (Eu trabalho à noite)


You like to dance. (Você gosta de dançar)
He sleeps a lot. (Ele dorme muito)
She cooks well. (Ela cozinha bem)
It barks too much. (Ele/ela – um cachorro, por exemplo – late muito)
We speak English fluently. (Nós falamos inglês fluentemente)
You drive fast. (você dirige rápido)
They drink beer. (Eles bebem cerveja)

Todas as vezes em que o sujeito da frase for a 3ª pessoa do singular (he/she/it), devemos acrescentar um -s no
final do verbo. Em algumas situações será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma será has.
As formas negativas precisam fazer o uso dos verbos auxiliares do e does, acrescidos de not (do+not = don’t /
does+not= doesn’t). Doesn’t será usado somente com a 3ª pessoa singular. Exemplos:
I don’t work in the evening.
You don’t like to dance.
He doesn’t sleep a lot.
She doesn’t cook well.
It doesn’t bark too much.
We don’t speak English fluently.
You don’t drive fast.
They don’t drink beer.

#FicaDica
A ordem “sujeito + verbo no infinitivo (sem to) + complemento segue a mesma regra formação de
sentenças simples em português. Se você souber uma boa gama de verbos, poderá montar muitas frases
para praticar.
Para fazermos perguntas, posicionaremos do e does antes do sujeito da frase e acrescentaremos o ponto
de interrogação.
135
Do I work in the evening?
Do you like to dance?
Does he sleep a lot?
Does she cook well?
Does it bark too much?
Do we speak English fluently?
Do you drive fast?
Do they drink beer?

7. Passado Simples
Indica alguma ação completa no passado, ou seja, algo já finalizado. O passado simples caracteriza-se pela
adição da terminação -ed aos verbos regulares nas afirmativas. Nas interrogativas, usamos did antes dos sujeitos
das frases e, nas negativas, did not ou didn’t.
Vejamos alguns exemplos de verbos regulares:

Infinitivo Simple Past tense Past Participle Tradução


to accept accepted accepted aceitar
to add added added adicionar, somar
to arrive arrived arrived chegar
to like liked liked gostar
to stay stayed stayed Ficar
to watch watched watched assistir
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a) Forma afirmativa
I worked yesterday. (Eu trabalhei ontem)
You answered my e-mail. (Você respondeu ao meu e-mail)
He traveled a lot. (Ele viajou muito)
She watched the movie. (Ela assitiu o filme)
It barked all night. (Ele/Ela latiu a noite toda)
We stayed here. (Nós ficamos aqui)
You played very well. (Vocês jogaram muito bem)
They parked far. (Eles estacionaram longe)

b) Forma negativa
I didn’t work yesterday. (Eu não trabalhei ontem)
You didn’t answer my e-mail. (Você não respondeu ao meu e-mail)
He didn’t travel a lot. (Ele não viajou muito)
She didn’t watch the movie. (Ela não assistiu o filme)
It didn’t bark all night. (Ele/Ela não latiu a noite toda)
We didn’t stay here. (Nós não ficamos aqui)
You didn’t play very well. (Vocês não jogaram muito bem)
They didn’t park far. (Eles não estacionaram longe)

c) Forma interrogativa
Did I work yesterday? (Eu trabalhei ontem?)
Did you answer my e-mail? (Você respondeu ao meu e-mail?)
Did he travel a lot, before he got married? (Ele viajou muito antes de casar?)
Did she watch the movie? (Ela assistiu o filme?)
Did it bark all night? (Ele/Ela latiu a noite toda?)
Did we stay here? (Nós ficamos aqui?)
Did you play very well? (Vocês jogaram muito bem?)
Did they park far? (Eles estacionaram longe?)

136 Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mesma forma. A única diferença é nas afirmações, pois eles
não recebem terminação -ed. É essencial conhecer as formas irregulares. Vejamos:

to go → I went to the beach lasts year. (to go: ir – Eu fui à praia o ano passado)
to leave → You left early. (to leave: sair, deixar – Você saiu cedo)
to drink → He drank too much at the party. (to drink: beber – Ele bebeu demais na festa)
to have → She had a sister before she turned 5. (to have: ter – Ela teve uma irmã antes de fazer 5 anos.)
to sleep → It slept under the bed. (to sleep: dormir – Dormiu debaixo da cama)
to stand → We stood in line. (to stand: ficar de pé – Nós ficamos na fila
to win → You won together. (to win: vencer, ganhar)
to cut → They cut the meat. (to cut: cortar)

#FicaDica
Marcadores de tempo, como yesterday, at the party, all night, before she got married, vão te ajudar a
reconhecer a necessidade de utilizar o Passado simples, por se tratar de ações já acabadas ou que não
continuam na atualidade.

8. Presente Perfeito

Formado pela utilização do auxiliar have ou has (para he, she, it) mais a forma do particípio de outro verbo.
Indica situações contínuas, coisas que têm acontecido por um certo período e que ainda não acabaram.

I have worked here for five years. (Tenho trabalhado aqui há cinco anos)
She has gone to the club a lot lately. (Ela tem ido muito ao clube ultimamente)
Dave and Mike have studied together since 2010. (Dave e Mike têm estudado juntos desde 2010)
O particípio dos verbos regulares permanece com o final -ed do passado simples. Quanto aos verbos irregulares,
estude também suas formas, pois podem mudar em relação ao passado simples. Veja alguns exemplos:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Infinitive Simple Past Past Participle Translation


be was/were been ser, estar, ter (idade)
begin began begun começar
break Broke broken quebrar
choose Chose chosen escolher
go Went gone ir, partir, seguir
do Did done fazer
drive Drove driven dirigir
ride Rode ridden andar, montar
take took taken pegar, demorar

SE LIGA!
Existem muitas páginas onde você poderá aprender mais sobre as diferenças dos tempos verbais e da
conjugação de verbos em inglês, como em https://web2.uvcs.uvic.ca/courses/elc/studyzone/410/
grammar/ppvpast.htm

O Present Perfect também é usado para descrever situações que já ocorreram, mas que não sabemos quando.
O tempo é indefinido, não interessa, ou simplesmente não importa, pois o que importa é o fato acontecido.

Mike has seen the ocean for the first time. (Mike viu o oceano pela primeira vez)
Sheila and Susan have already been to New York. (Sheila e Susan já estiveram em Nova Iorque)
I have already made my bed. (Eu já arrumei minha cama)

As formas negativas podem serão:


137
I haven’t made my bed. (Eu não arrumei minha cama)
Mike hasn’t seen the ocean. (Mike não viu o oceano)
Sheila and Susan haven’t been to New York. (Sheila e Susan não foram a Nova Iorque)

Palavras como yet, already, never, ever costumam acompanhar este tipo de oração:

I haven’t made my bed yet. (Eu ainda não arrumei minha cama)
Mike has never seen the ocean. (Mike nunca viu o oceano)
Sheila and Susan have already visited New York. (Sheila e Susan já foram a Nova Iorque)
Have you ever seen a famous person? (Você alguma vez viu uma pessoa famosa?)

Para fazermos perguntas no Present Perfect, basta colocar have ou has antes do sujeito da frase.

Have you bought Milk for the baby? (Você comprou leite para o bebê?)
Has he talked to the police officer? (Ele falou com o policial?)
Has Tina ever traveled to Salvador? (A Tina viajou a Salvador alguma vez?)

9. Passado Perfeito

É usado para dizer que alguma coisa ocorreu antes de outra no passado. Formado por had mais o particípio de
algum verbo. Veja no próximo exemplo que há duas situações acontecendo, mas, aquela que aconteceu primeiro
está usando o past perfect. Ambas orações estão unidas por when.

I had already left when my father called home. (Eu já tinha saído quando meu pai ligou para casa)
Não é extremamente necessário que haja duas orações. Pode haver apenas uma. Veja;

David had bought meat for the barbecue this morning. (David tinha comprado carne para o churrasco hoje de
manhã)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

A negativa é formada com had not ou hadn’t. Para per- f) May e Might podem ser empregados na negati-
guntar, devemos posicionar o had antes do sujeito. Exemplos: va, mas sem contração:
He hadn’t gone to the bar. (Ele não tinha ido ao bar) He may or may not agree with you. (Ele pode con-
Had you brought me those documents? (Você tinha me cordar ou não com você)
trazido aqueles documentos?)
2. Must (precisar, dever, ter que)
VERBOS MODAIS
a) Must é usado no presente e no futuro. Ele pode
Os verbos modais são distintos dos regulares e irregulares exprimir ordem, necessidade, obrigação, dever. É equi-
pois possuem características próprias: valente a have to (ter que):
a) Não precisam de auxiliares na formação de nega- I must go now. (Preciso ir agora)
tivas e interrogativas; You must obey your parents. (Você deve obedecer
b) Sempre após os modais, usamos um verbo regular a seus pais)
ou irregular no infinitivo, mas sem o “to”; You must follow your doctor’s advice. (Você tem que
c) Não sofrem alteração na terceira pessoa do singu- seguir os conselhos do seu médico)
lar do presente. Logo, nunca recebem “s”, “es” ou He has worked a lot; he must be tired. (Ele trabalhou
“ies” para he/she/it. muito; deve estar cansado)

São verbos modais: can, could, may, might, should, b) A forma negativa mustn’t (must not) exprime
must, ought to. uma proibição ou faz uma advertência:
Visitors must not feed the animals. (Visitantes estão
1. May, Might (poder) proibidos de alimentar os animais)
You mustn’t miss the 9:00 train. (Você não pode per-
a) May pode ser usado para pedir permissão: der o trem das 9:00)
May I open the window? (Posso abrir a janela?)
May I use your bathroom? (Posso usar seu banheiro?) 2. Can (poder)
a) Pode ser usado para expressar talentos e habili-
b) May e Might podem indicar possibilidade mais cer- dades no presente:
ta ou probabilidade mais remota: They can sing really well. (Eles podem cantar real-
It may rain. (Pode chover) => may indica algo com mais mente muito bem)
certeza do que might. I can speak English. (Eu sei falar Inglês)
138 It might rain. (Pode chover) => a probabilidade de cho-
ver é pequena. b) Pode ser usado para pedir permissão:
He might come to the party, but I don’t think he will. (Ele Can I drink water, teacher? (Posso ir beber água, pro-
pode vir à festa, mas não creio que virá) fessor?)
Can I see your homework? (Posso ver sua tarefa?)
c) May e might podem ser usados para exprimir um
propósito, uma aspiração ou uma esperança: c) Há duas formas negativas, can’t e cannot:
May he rest in peace. (Que ele repouse em paz) He can’t dance at all. (Ele não sabe dançar nada)
I hope that he might like this cake. (Espero que ele possa Tim cannot control his feelings. (Tim não consegue
gostar deste bolo) controlar seus sentimentos)
May all your dreams come true. (Que todos os seus so-
nhos se realizem) 1. Could (conseguia, podia, poderia)
a) Usamos could para expressar ideias como sen-
d) Para dizermos algo no passado e no futuro, ao do o passado de can:
invés de may e might, normalmente usamos os verbos “to When I was a teenager I could swim better. (Quando
be allowed to” ou “to be permitted to”, que significam “ser eu era adolescente eu podia nadar melhor)
permitido”: I could run, now I can’t anymore. (Eu podia correr,
He will be allowed to leave prison. (Ser-lhe-á permitido mas agora não consigo mais)
sair da prisão) b) Para pedir permissão, could é mais educado e
I wasn’t allowed to enter without a uniform. (Não me dei- formal que can:
xaram entrar sem um uniforme) Could you help me? (Você poderia me ajudar?)
Could I borrow your cell phone? (Eu poderia pegar
e) May e might não costumam ser usados na interro- emprestado seu celular?)
gativa exprimindo probabilidade ou possibilidade. Em seu
lugar, usamos to think, to be likely e can: 4. Should e Ought to (deveria)
Do you think he is listening for us? (Você acha que ele
está nos ouvindo?) a) Usamo-los para expressar nossa opinião, para
Is it likely to happen? (É possível/provável que isso aconteça?) recomendar, dar sugestão ou conselho:
Can this plan come true? (Poderá este plano se tornar He should travel more. (Ele deveria viajar mais)
realidade?) I ought to go right now. (Eu deveria ir imediatamente)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

b) As formas negativas são Shouldn’t e Ought not to.


You shouldn’t talk like that. (Você não deveria falar daquele jeito)
I ought not to see her. (Eu não deveria vê-la)

VOZ PASSIVA

Em uma oração comum, o objeto recebe a ação do verbo. Observe os exemplos sob a ótica da ordem normal
das palavras numa frase
Sujeito + verbo + objeto)
Cats eat fish. (Gatos comem peixes)

A voz passiva é mais formal e menos comum. Usa-se quando o sujeito da ação não é importante ou desconhe-
cido. Se compararmos com a voz ativa, veremos uma inversão no posicionamento do sujeito e do objeto.
Objeto (da voz ativa) + to be + verbo principal no particípio +
Fish are eaten (by cats).
(Peixes são comidos por gatos)

A formação by + sujeito da voz ativa é optativa e funciona apenas para mencionar quem realizou a ação.
• No exemplo dado acima, fish torna-se o sujeito da voz passiva, enquanto que cats faz as vezes de objeto
da passiva.
Outros exemplos:
Parks are destroyed by our bad habits. (Parques são destruídos por nossos maus hábitos)
Many people were called by this company. (Muitas pessoas foram chamadas por esta empresa)
Kennedy was killed by Lee Harvey Oswald. (Kennedy foi morto por Lee Harvey Oswald)
My wallet has been stolen. (Minha carteira foi roubada)
Podemos conjugar a voz passiva em qualquer tempo. Por exemplo:
a) Present Simple:
It is made in Brazil. (É feito no Brasil)
b) Present Continuous:
It is being made in Brazil. (Está sendo feito no Brasil)
c) Present Perfect: 139
It has been made in Brazil. (Tem sido feito no Brasil)

INFINITIVO E GERÚNDIO

1. O Infinitivo
O infinitivo é a forma base do verbo (to be, to go, to love, to have, etc.), tal qual é encontrada nos dicionários.
O verbo no infinitivo pode ser antecedido pela partícula “to” ou não. Deve-se utilizar o infinitivo sem o “to” após:

a) Verbos modais (can, could, must, should, may, might)


You can work today. (Você pode trabalhar hoje)

b) Verbos auxiliares (do, does, did, will)


We do help at home. (Nós realmente ajudamos em casa)
He did go to the party. (Ele realmente foi à festa)
He will call you tomorrow morning. (Ele te ligará amanhã de manhã)

c) Conjunções but e except


My supervisor said I could do everything on the company except arrive late. (Meu supervisor disse que eu pode-
ria fazer qualquer coisa na empresa, menos chegar atrasado)

d) Had better, would rather, rather that


He’d better leave now or he’ll miss the bus.(Ele deveria partir agora ou perderá o ônibus)
I’d rather learn English than French. (Eu prefiro aprender Inglês a aprender Francês)

e) Verbos make e let


This place makes me feel brand new. (Este lugar mei deixa renovado).
Let me help you! (Deixe-me ajudar você!).

Usa-se o infinitivo com o “to” nas seguintes situações:


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

a) Após os verbos tell, invite, teach, want, invite, re-


mind, wish, desire.
I invited my grandmother to have dinner with me. (Eu EXERCÍCIOS COMENTADOS
convidei minha avó para jantar comigo).
We want to see the art exhibit. (Nós queremos ver a
exibição de arte).

b) Após adjetivos e após as palavras too, enough, 1. (UFRR – 2018)


the first, the last, the only.
You are too young to work here. (Você é muito jovem
para trabalhar aqui).

c) Para indicar propósito, finalidade


They went there to buy a skirt. (Elas foram lá para
comprar uma saia).

2. O Gerúndio
Além de servir para formar o Presente Contínuo, al-
guns verbos acompanham outro verbo se colocados no
gerúndio.
Outros, como see, notice, feel, hear e observe, po-
dem ser seguidos tanto pelo infinitivo quanto pelo ge-
rúndio sem o “to”.

They heard the people singing. (Eles ouviram as pes-


soas conversando).
They heard the people sing. (Eles ouviram as pessoas
cantar).

Há também alguns verbos (advise, try, neglect,


140 dislike, begin, forget, remember, hate, start, attempt,
continue, love, stop, try, allow, prefer) que podem ser
seguidos de gerúndio ou infinitivo com o “to”. É preciso
observar que em alguns casos há alteração de sentido
das frases. Disponível em: https://www.cartoonstock.com/direc-
tory/l/library_books.asp. Acesso em: 05 out. 2018.
I started loving you. (Eu comecei a amar você).
I started to love you. (Eu comecei a amar você). This text presents an interaction between a father and
I stopped to help her. (Eu parei - o que estava fazen- his child in which they talk about reasons for supporting
do - para ajudá-la). candidates in politics. The expression “should” in the girl’s
I stopped helping her. (Eu parei de ajudá-la). question and in her father’s answer indicates:

a) advice, suggestion or recommendation.


b) a remote possibility or probability.
c) lack of obligation or prohibition.
d) a request for permission.
e) ability or capacity.

Resposta: Letra A. Como visto nesta seção, usa-se o


verbo should para dar conselho (advice), para sugerir
(sugestão), dar uma recomendação (recommenda-
tion). Neste cartoon, tanto a pergunta: “should we su-
pport a supreme court candidate just because she´s
latino like us?” (Deveriamos apoiar uma candidate
ao supremo tribunal só porque é latina, como nós?),
como a afirmação “we should support people who
do a good job at whatever they do” (Nós deveríamos
apoiar qualquer pessoa que faça um bom trabalho
em qualquer coisa que faça) utilizam o verbo should
para pedir uma sugestão ou para sugerir respectiva-
mente.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

2. (UFRR – 2018) – TEXT V


Emergency after 70,000 Venezuelan migrants cross Bra- PREPOSIÇÕES
zil border
A state of “social emergency” has been declared in
Brazil in response to the massive influx of Venezuelan mi- Preposições são palavras que usamos junto aos no-
grants fleeing economic meltdown at home. President mes e pronomes para mostrar sua relação com outros
Temer said that funds could be immediately transferred elementos da frase. Apresentamos as principais prepo-
to the northern state of Roraima, which shares a border sições e seu uso:
with Venezuela, and that troops patrolling the border
would be doubled to 200. About 70,000 Venezuelans IN, ON, AT
have crossed into Roraima in recent months, with at least
40,000 settling in Boa Vista, the state capital, according 1. In: Usamos in com nomes de meses, anos, esta-
to migration authorities. Many arrive on foot with almost ções, partes do dia, cidades, estados, países, continentes.
nothing, lacking enough money to pay for food and I was Born in January. (Nasci em janeiro)
shelter. […] He lived here in 2012. (Ele morou aqui em 2012)
The classes start in the summer. (As aulas começam
Adaptado de: https://www.thetimes.co.uk/article/bra- no verão)
zil-declares-state-ofemergency- He works in the morning/in the afternoon, in the eve-
on-venezuela-border-over-migrant-influx-52fnsb7wg ning. (Ele trabalha de manhã/ de tarde/de noite)
Acesso em: 12 Steven has worked in Europe since 2011. (O Steven
out. 2018. trabalha na Europa desde 2011)
Nesse texto é possível observar uma preocupação so-
cial com tal movimento migratório, salientada pelo tre- 2. On: É usado para dias da semana, datas (dia,
cho A state of “social emergency” has been declared in mês+dia), datas comemorativas, ruas, praças e avenidas.
Brazil(...). Esse fragmento está estruturado na voz passi- I go to the church on Saturdays and on Sundays. (Vou
va, cuja voz ativa corresponde a: para a igreja aos sábados e aos domingos)
Their baby was born on April 10th. (O bebê deles nas-
a) Brazilian people have declared a state of “social ceu no dia 10 de abril)
emergency” in Brazil. I always have fun on New Year’s Day. (Eu sempre me
b) President Temer has been declared a state of “social divirto no dia do ano novo)
emergency” in Brazil. The supermarket is on Oxford street. (O supermerca- 141
c) The government has declared a state of “social emer- do fica na rua Oxford)
gency” in Brazil. The shopping mall is on Portugal square. (O shopping
d) The government has being declared a state of “social fica na praça Portugal)
emergency” in Brazil.
e) President Temer has being declared a state of “social 3. At: É usado com horas, com a palavra night,
emergency” in Brazil. com endereços (rua+número), lugares numa cidade.
I got up at 7:00. (Levantei às 7:00)
Resposta: Letra C. Em primeiro lugar, verifique se há The store is at 456 Lincoln street. (A loja fica na rua
alguma menção a quem realizou ação e, depois in- Lincoln, 456 – note que o número vai primeiro)
verta a ordem da voz passiva, para obter a voz ativa He arrived late at night. (Chegou tarde à noite)
da frase. No texto acima não há nenhuma informa- My father is at the airport now. (Meu pai está no ae-
ção a respeito, por tanto o aluno deverá conferir a roporto agora)
formação da frase para ter certeza.
Voz Passiva: Na dúvida, algumas das seguintes sugestões podem
(sujeito da passiva+ to be + verbo principal no particí- ajudar, mas lembre-se:
pio + informação extra)
A state of “social emergency” + has been + declared a) Sobre a posição de algo:
+ in Brazil. Use in para indicar “dentro de alguma coisa”:
(???) has declared a state of “social emergency” in In the box
Brazil In the refrigerator
Voz Ativa: In a shop
(quem realizou a ação + verbo principal sem to be +
sujeito da passiva + informação extra) Use on para indicar contato:
On a bookshelf / On a plate / On the grass

Use at para indicar um lugar definido. Nesse caso,


seu sentido é o de “junto a”, “na”:

At the bus stop / At the top / At the bottom


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

b) Sobre tempo, horário, datas comemorativas: The little boy was among many criminals. (O garoti-
Use on quando o dia é mencionado, para aniversá- nho estava entre muitos criminais)
rios, datas específicas e outros: Around: em volta de:
On Monday, on Tuesday… They traveled all around the country. (Eles viajavam
On July 2nd, On September 9th pelo país)
On her birthday, on that birthday… Before: antes de:
On Christmas, On Martin Luther King day, etc. She always arrives before 7 o’clock. (Ela sempre che-
On weekday, On weekends. ga antes das 7)
Behind: atrás de:
c) Horários e outros: Tim sits behind Peter. (O Tim senta atrás do Peter)
At midday, (at noon) Below: abaixo de:
at lunch time, etc. Answer the questions below. (Responda as questões
At night. abaixo)
Beside/Next to: ao lado de:
Acontecem algumas exceções quanto ao uso em The microphone is beside/next to the monitor.
relação a pronomes: Besides: além de: Besides English, she can also speak
Spanish.
a) Uso de in the way X on the way: Between: entre (dois ítens): He was sitting between
In the way (no caminho) – indica que há algo blo- two beautiful girls.
queando o caminho, a estrada, etc. impedindo a pas- Beyond: além de, após, atrás de: The lake is beyond
sagem do maio de transporte ou da pessoa para conti- the mountains.
nuar em frente. But: exceto: Everybody went to the party, but Chris.
On the way (a caminho) – evidência que alguma By: por, junto, ao lado de: Let’s sleep by the firepla-
coisa está por vir. ce.
There’s a big rock in the way. (Tem uma rocha enor- Down: abaixo, para baixo: Their house is down the
me no caminho / bloqueando o caminho) hill.
Don’t worry, I’m already on my way to the meeting. Up: acima, para cima: Their house is halfway up the
(Não se preocupe, já estou a caminho da reunião) hill.
During: durante: He was in the army during the war.
b) Uso de on a bus, on an airplane, on a train X in a For: a favor de: Who’s not for us is against us.
142 car, in a helicopter X by car, by bus, by train. For: por, para, há (tempo): Do it for me! Fish is good
Escolha on quando não for necessário que o passa- for health. They’ve lived here for many years.
geiro se sente para poder andar no meio de transporte, From: de (origem): Where is he from?
como é o caso de bus, de airplane, etc. In front of: na frente de: Peter sits in front of the tea-
Use in quando for necessário sentar-se no meio de cher in the classroom.
transporte, como a car, a truck. Inside/outside: dentro de/fora de: Let the dog sleep
Use by para relatar o meio de transporte que se esco- inside/outside the house.
lheu para transporte: Instead of: em vez de: You should study more instead
We are going by car, but my parents decided to go of playing video-games.
by motorcycle. (nós vamos de carro, mas meus pais vão Into: para dentro, em: The plane disappeared into
de moto) the cloud.
Near: perto de: The post office is near here.
OUTRAS PREPOSIÇÕES: Off: para fora (de uma superfície): Mark fell off his
motorcycle.
About: sobre, a respeito de: Out of: para fora de: Put these books out of the box.
Tell me about your experiences. Over: sobre, acima de, por cima de, mais que: There
(Me conte sobre suas experiencias) were over 1.000 people in the show.
Above: acima de: Through: através de: The guys walked through the
John’s apartment is above mine. forest.
(O apartamento do John está acima do meu.) Till/until: até (tempo): The message will arrive until to-
Across: através de, do outro lado: morrow.
The dog ran across the forest. To: para: Teresa will go to Italy next week.
(O cachorro correu através da floresta) Towards: para, em direção a: The boy threw the rock
After: depois de: towards the window.
She always wakes up after 9:00. (Ela sempre acorda Under: em baixo de: The cat sleeps under the bed.
depois das 9:00) With/without: com/sem: Come with me. I can’t live
Against: contra: without you.
The car crashed against the wall. (O carro bateu Within: dentro de: I will go there within a week.
contra o muro)
Among: entre (vários ítens):
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

PHRASAL VERBS

Quando agrupam-se verbos + preposição/advérbio,


temos um phrasal verb, cujo significado difere do que sig-
nificaria o verbo sem tais companhias. Phrasal Verbs são
bastante usados em inglês de forma oral ou escrita e seu
estudo é bastante necessário.
Por exemplo,
To give = dar
+ up = give up = desistir
+ back = give back = devolver
+ away = give away = doar (The UN estimates 2.3 million Venezuelans have fled since
2015 with Colombia expecting 2 million more to follow by
To turn = virar 2020. Photograph: Evelin Rosas/EPA)
+ down = abaixar o volume
+ up = aumentar o volume The UN estimates 2.3 million Venezuelans have fled since
+ off = desligar um aparelho 2015 with Colombia expecting 2 million more to follow
+ on = ligar um aparelho by 2020. That would mean 4.3 million people – 14% of
Venezuela’s population – had left. Last week, the UN’s
Assim acontece com muitos verbos, entre eles, look, migration agency warned the mass migration is nearing
get, put, make, give, go, call, get etc. Perceba que real- a “crisis moment” comparable to events involving refu-
mente, sozinhos, seu significado é bem diferente em rela- gees in the Mediterranean. Many of those now heading
ção à sua forma composta. into neighbouring countries such as Brazil and Colombia
are so impoverished they do so on foot.
REFERENCIAS DE SITE: On Tuesday, Venezuelan state media trumpeted the
http://learnersdictionary.com/qa/the-difference-bet-
“repatriation” of 89 migrants who had reportedly been
ween-in-the-way-and-on-the-way
flown home from Peru free of charge after suffering ex-
https://www.todamateria.com.br/phrasal-verbs/
ploitation abroad.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Phrasal_verb
Disponível em https://www.theguardian.com/
world/2018/aug/28/venezuela- diosdado-cabello-refu-
gee-footage-fake. Acessado em 22/10/2018 143
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O jornal The Guardian retrata um problema social vivido,
sobretudo, em 2018, pelos venezuelanos. Com base no
1. (UNESPAR – PARANÁ – 2018)
texto lido, aponte a alternativa que retrata mais ade-
Venezuelan official suggests migrant crisis is staged to un-
dermine government quadamente a posição do governo da Venezuela so-
Diosdado Cabello implied that photos and news of refu- bre o assunto:
gees fleeing through South America on foot are fake as the
UN warns the situation is nearing a ‘crisis moment’ a) Oficiais do governo confirmam as notícias de que a
Tom Phillips Latin America correspondent Venezuela está vivendo uma crise social sem prece-
dentes;
Venezuela’s number two official has suggested his coun- b) A ONU está solicitando ajuda para abrigar os jovens
try’s escalating migration crisis – described by the United venezuelanos que querem deixar o país em busca de
Nations as one of the worst in Latin American history – is outros regimes políticos;
being staged as part of a rightwing ruse to undermine his c) O governo diz que as fotos e notícias de venezuela-
government. nos, deixando o país a pé em direção a outros países
Speaking at a congress of the ruling United Social party da América do Sul, são montagens e objetivam minar
this week, Diosdado Cabello implied that images of Vene- seu governo;
zuelans fleeing through South America on foot had been d) A mídia estatal da Venezuela diz que apenas 89 pes-
manufactured. “It’s as if it was: ‘Lights, camera, action!’ It is soas deixaram o país em 2018, mas que poderão vol-
a campaign against our country – a campaign of extraor- tar, sem problemas, caso desejarem;
dinary dimensions,” Cabello added. e) O governo venezuelano admite o problema e pede
ajuda à ONU para reorganizar o país.

Resposta: Letra C. O movimento migratório que o go-


verno deseja realçar é o da volta de alguns cidadãos
venezuelanos desde outros países: “89 migrants from
Peru”, por sofrerem “exploração no exterior” (suffering
exploitation abroad). Assim, a preposição from (des-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

de/de) torna-se informação chave para entender os Quando o(s) adjetivo(s) aparece(m) junto a um subs-
propósitos da mídia estatal de realçar o movimento tantivo, aquele(s) sempre precede(m) este:
de retorno ao país, e esquecendo o grande número This is a big city. (big = adj. / city = substantivo)
de pessoas fugindo dele. (Esta é uma cidade grande)

2. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018) – TEXT I They live in a huge white house. (huge = adj. / white
= adj. / house = substantivo)
(Eles moram em uma casa branca enorme)

GRAU DOS ADJETIVOS

Existem os graus comparativos e superlativos. En-


quanto que o grau comparativo normalmente usa
apenas dois pontos de referência, o grau superlativo
leva em conta aquele que se destaca em um grupo.
1. Grau Comparativo de Igualdade: (as + adjeti-
vo + as) = (tão/tanto... quanto) * O adjetivo permanece
sem modificação

Dereck is as short as Fred. (Dereck é tão baixo quanto


Fred)
https://floridafinancialliteracy.weebly.com/blog/fake- That motorcycle is as fast as this one. (Aquela moto é
news-political-cartoon - acesso em 14/10/2018. tão rápida quanto esta)
Julie is as beautiful as Sharon. (Julie é tão bela quanto
Em se desejando criar uma frase verbal para constar Sharon)
da placa presente no cartum, sem alterar o sentido ori-
ginal veiculado pelo texto I, seria possível que se escre- 2. Grau Comparativo de Inferioridade: (less + adje-
vesse o seguinte na sinalização: tivo + than) = (menos... do que...) * O adjetivo permane-
ce sem modificação
a) Dangerous hole caused by fake news may provoke
144 severe physical accidents. Christopher is less famous than Brad. (Christopher é
b) Pay attention! Technology may be harmful for your menos famoso do que Brad)
health. Your city is less hot than mine. (Sua cidade é menos
c) Watch out for fake news. You may be led into a wrong quente do que a minha)
path. This language is less difficult than the others. (Esta lín-
d) What a terrible fake news hole! Attention! gua é menos difícil do que as outras)
e) Danger. Fake news on the road.
3. Grau Comparativo de Superioridade com adje-
Resposta: Letra C. O verbo watch, mais a preposição tivos curtos: Adjetivos curtos, como strong, tall e thin →
out, formam a ideia perfeita (watch out = cuidado, -er + than = (mais... do que..)
preste atenção) para substituir a mensagem de peri-
go que aparece no cartaz deste cartum. Tim is stronger than Peter. (Tim é mais forte do que
Peter)
An elephant is taller than a lion. (Um elefante é mais
alto que um leão)
ADJETIVOS
Nancy is thinner than Sue. (Nancy é mais magra do
que Sue)

Adjetivos são palavras ou grupo de palavras que 4. Grau Comparativo de Superioridade com adje-
indicam características dos substantivos, definindo-os, tivos curtos: Adjetivos longos, como intelligent, careful e
delimitando-os ou modificando-os. Ao contrário do que comfortable → more + adjetivo longo + than = (mais...
ocorre na língua portuguesa, os adjetivos em inglês não do que...)
possuem forma plural, forma masculina, nem feminina.
Dave is more intelligent than his brother. (Dave é mais
She is beautiful. → They are beautiful. (Ela é linda / intelligente que seu irmão)
eles são lindos) He is more careful than his father as a driver. (Ele é
His car is red. → Their cars are red. (Seu – dele – carro mais cuidadoso que seu pai como motorista)
é vermelho / Seus carros são vermelhos) This house is more comfortable than the other. (Esta
*Note que os vocábulos beautiful e red permanece- casa é mais confortável que a outra)
ram sem mudança na frase em inglês.
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5. Grau Superlativo de Inferioridade: (the least + adjetivo) = (o menos...) * O adjetivo permanece sem modifi-
cação
This is the least important detail. (Este é o detalhe menos importante)
I’m always the least nervous during the tests. (Sempre sou o menos nervoso durante as provas)
That region is the least safe of the city. (Aquela região é a menos segura da cidade)

6. Grau Superlativo de Superioridade com adjetivos curtos: Adjetivos curtos, como cheap, tall e dry → the +
adjetivo curto + est = o mais...
This is the cheapest restaurant in town. (Este é o restaurante mais barato da cidade)
Jennifer is the tallest girl in the group. (Jennifer é a garota mais alta do grupo)
This is the driest region of the state. (Esta é a região mais seca do estado)

7. Grau Superlativo de Superioridade com adjetivos longos: Adjetivos curtos, como modern, handsome e
famous → the most + adjetivo longo = o mais...
This is the most modern TV set nowadays. (Este é o aparelho de TV mais moderno do momento)
He is the most handsome actor in the movies. (Ele é o ator mais bonito do cinema)
Messi is the most famous soccer player now. (Messi é o jogador de futebol mais famoso agora)
Modificações em alguns adjetivos:
Adjetivos terminados em -e: Acrescenta-se -r (no comparativo) ou -st (no superlativo):

a) Adjetivos curtos terminados em -y: Substituímos o -y por -i e depois colocamos -er ou -est:
Pretty – prettier – the prettiest
Dirty – dirtier – the dirtiest

b) Adjetivos curtos terminados em consoante+vogal+consoante. Dobra-se a última consoante antes de acres-


centar -er ou -est:
thin (magro/fino) thinner the thinnest
fat (gordo) fatter the fattest

8. Adjetivos irregulares
145
Adjetivo Tradução Comparativo Superlativo
Bad (mau) worse the worst
Good (bom) better the best

the farthest
Far (longe) (mais/adicional) farther further
the furtherst

Little (pouco) less the least


Many (muitos/as) more the most
Much (muito/a) More the most
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EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (UNESPAR – PARANÁ – 2018)

Mafalda, personagem famosa por seu pensamento crítico, discute um tema de grande importância para o mundo.
Aponte a alternativa que melhor explica o contido na tirinha lida.

a) Mafalda, do alto de um púlpito, faz um discurso persuasivo pela paz mundial;


b) A personagem discute com as pessoas à sua volta sobre a necessidade da paz no mundo;
c) Mafalda discursa em nome de grandes organizações mundiais, como o Vaticano e a ONU, em busca de con-
vencer os países sobre a importância da paz no mundo;
146 d) A personagem conclui que, atualmente, ela e outras organizações mundiais reconhecidas têm o mesmo poder
de persuasão sobre a paz no mundo;
e) Mafalda busca desenvolver uma crítica quanto à paz mundial, mas fica triste ao perceber que ninguém se inte-
ressa pelo assunto.

Resposta: Letra D. Falando sobre uma pequena e humilde cadeira (“from this humble little chair”) a Mafalda per-
cebe possuir os mesmos poderes (“the same powers”) de persuasão que o Vaticano e a ONU. Embora pequeno.
Este texto possui vários exemplos da inversão dos adjetivos em relação ao português, por vezes, com mais de um
adjetivo ao mesmo tempo: humble little chair; impressioned call; world peace; the same powers of impression.

2. (ENEM – 2017) – British Government to Recruit Teens as Next

Generation of Spies

ln the 50 years since the first James Bond movie created a lasting impression of a British secret agent, a completely
different character is about to emerge. Britain’s intelligence agencies are to recruit their next generation of cyber
spies by harnessing the talents of the “Xbox generation”.
ln an’ expansion of a pilot program, Foreign Secretary William Hague announced Thursday that up to 100 18-year-
-olds will be given the chance to train for a career in Britain’s secret services. The move to recruit school-leavers marks
a break with the past, when agencies mainly drew their staff from among university graduates. “
Young people are the key to our country’s future success, just as they were during the War”, Hague said. “Today
we are not at war, but I see evidence every day of deliberate, organized attacks against intellectual property and
government networks in the United Kingdom.”
The new recruitment program, called the Single lntelligence Account apprenticeship scheme will enable students
with suitable qualifications in science, technology or engineering, to spend two years learning about communica-
tions, security and engineering through formal education, technical training and work placements.
JEARY, P. Disponível em: http://worldnews.nbcnews.com. Acesso em: 19 noy. 2012.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Segundo informações veiculadas pela NBC News, a gera- 4. Advérbios de Intensidade – Completely, com-
ção digital já tem seu espaço conquistado nas agências pletamente; enough, suficientemente, bastante;
britânicas de inteligência. O governo britânico decidiu que entirely, inteiramente; much, muito; nearly, quase,
aproximadamente; pretty, bastante; quite, comple-
a) enfrentará a guerra vigente e deliberada contra a pro- tamente; slightly, ligeiramente; equally, igualmente;
priedade intelectual no Reino Unido. exactly, exatamente; greatly, grandemente; very,
b) abandonará a política de contratação de universitá- muito; sufficiently, suficientemente; too, muito, de-
rios como agentes secretos. masiadamente; largely, grandemente; little, pouco;
c) recrutará jovens jogadores de Xbox como ciberespi- merely, meramente; etc.
ões das agências de inteligência. 5. Advérbios de Lugar – Anywhere, em qualquer lu-
d) implantará um esquema de capacitação de adoles- gar; around, ao redor; below, abaixo; everywhere,
centes para atuarem como agentes secretos. em todo lugar; far, longe; here, aqui; near, perto;
e) anunciará os nomes dos jovens a serem contratados nowhere, em nenhum lugar; there, lá; where, onde;
pelas agências de inteligência. etc.
6. Advérbios de Modo – Actively, ativamente; wrongly,
Resposta: Letra D. Além de observarmos que o título erroneamente; badly, mal; faithfully, fielmente; fast,
apresenta-nos o substantivo teen, que remete a todo rapidamente; gladly, alegremente; quickly, rapida-
jovem que tem entre 13 a 19 anos (thirteen, fourteen, mente; simply, simplesmente; steadily, firmemente;
fifteen, sixteen, senventeen, eighteen, nineteen), ou truly, verdadeiramente; well, bem; etc.
seja aos adolescentes, ou teenagers em inglês, alguns 7. Advérbios de Negação – No, not, no; hardly, sel-
adjetivos que acompanham substantivos chaves no dom, raramente; etc.
texto confirmam-nos o fato de que as agências de 8. Advérbios de Ordem – Firstly, primeiramente; secon-
governo inserirão jovens ao setor de inteligência: next dly, em segundo lugar; thirdly, em terceiro lugar;
generation, Xbox generation, Young people (próxima etc.
geração, geração Xbox e pessoas jovens) 9. Advérbios de Tempo – Already, já; always, sempre;
early, cedo; immediately, imediatamente; late, tar-
de; lately, ultimamente; never, nunca; now, agora;
soon, em breve, brevemente; still, ainda; then, en-
ADVÉRBIOS tão; today, hoje; tomorrow, amanhã; when, quan-
do; yesterday, ontem; etc.
10. Advérbios Interrogativ os –How, como; when, quan-
Advérbios são palavras que... do; where, onde; why, por que; etc. 147

a) Modificam um verbo Alguns exemplos:


He ate slowly. → Ele comeu lentamente - Como ele She moved slowly and spoke quietly. (Ela se moveu
comeu? lentamente e falou sussurrando)
She still lives there now. (Ela ainda mora lá agora)
b) Modificam um adjetivo It’s starting to get dark now. (Está começando a ficar
He drove a very slow car. → Ele pilotou um carro muito escuro agora)
lento - Como era a rapidez do carro? She finished her tea first. (Primeiramente ela terminou
seu chá)
c) Outro advérbio She left early. (Ela saiu cedo)
She walked quite slowly down the aisle. → Ela andou Oscar is a very bright man. (Oscar é um homem muito
bem lentamente pelo corredor - Com que lentidão ela brilhante)
andou? This apartment is too small for us. (Esse apartamento é
pequeno demais para nós)
Advérbios frequentemente nos dizem quando, onde, The coffee is too sweet. (O café está doce demais)
por que, ou em quais condições alguma coisa acontece ou Jack is much taller than Peter. (Jack é muito mais alto
aconteceu. Os advérbios são geralmente classificados em: do que Peter)
1. Advérbios de Afirmação – Certainly, certamente; São Paulo is far bigger than Recife. (São Paulo é muito
indeed, sem dúvida; obviously, obviamente; yes, maior que Recife)
sim; surely, certamente; etc. The test was pretty easy. (A prova estava um tanto fácil)
2. Advérbios de Dúvida – Maybe, possivelmente;
perhaps, talvez; possibly, possivelmente; Duas ou mais palavras podem ser usadas em conjunto,
3. Advérbios de Frequência – Daily, diariamente; mon- formando, assim, as Locuções Adverbiais, como:
thly, mensalmente; occasionally, ocasionalmente; 1. Locução Adverbial de Afirmação – By all means,
often/frequently, frequentemente; yearly, anual- certamente; in fact, de fato, na verdade; no doubt,
mente; seldom/rarely, raramente; weekly, semanal- sem dúvida; of course, com certeza, certamente,
mente; always, sempre; never, nunca; sometimes, naturalmente; etc.
às vezes; hardly ever, quase nunca, raramente; 2. Locução Adverbial de Dúvida – Very likely, prova-
usually/generally, geralmente; etc. velmente.
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3. Locução Adverbial de Frequência – Again and


again, repetidamente; day by day, dia a dia;
every other day, dia sim, dia não; hardly ever, ra- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ramente; every now and then, once in a while, de
quando em quando; etc. 1. (ENEM 2017)
4. Locução Adverbial de Intensidade –At most, no
máximo; little by little, pouco a pouco; more or less,
mais ou menos; next to nothing, quase nada; on
the whole, ao todo; to a certain extent, até certo
ponto; to a great extent, em grande parte; etc.
5. Locução Adverbial de Lugar: at home, em casa;
at the seaside, à beira-mar; far and near, por toda
parte; on board, a bordo; on shore, em terra firme;
to and from, para lá e para cá.
6. Locução Adverbial de Modo arm in arm, de bra-
ços dados; at random, ao acaso; fairly well, razoa-
velmente; hand in hand, de mãos dadas; head
over heels, de cabeça para baixo; just so, assim
mesmo; neck and neck, emparelhados; on credit,
a crédito. Reader’s Digest, set. 1993.
7. Locução Adverbial de Negação by no means, de
maneira alguma; in no case, em hipótese alguma; Nesse texto publicitário são utilizados recursos verbais e
none of that, nada disso; not at all, absolutamen- não verbais para transmitir a mensagem. Ao associar os
te; etc. termos anyplace e regret à imagem do texto, consta-
8. Locução Adverbial de Tempo all of a sudden, subi- ta-se que o tema da propaganda é a importância da
tamente; at first, a princípio; at present, atualmen-
te; at once, imediatamente; from now on, dora- a) preservação do meio ambiente.
vante; in after years, em anos vindouros; sooner b) manutenção do motor.
or late, mais cedo ou mais tarde; up to now, até
c) escolha da empresa certa.
agora; in a jiffy, in a trice, in a twinkling of an eye,
d) consistência do produto.
in two shakes of a dog’s tail, in two ticks, em um
148 e) conservação do carro.
momento, num abrir e fechar de olhos; etc.
Resposta: Letra C. O advérbio anyplace é utilizado
Exemplos: She has lived on the island all her life. (Ela
para informar o leitor que se levar o carro a “qualquer
viveu na ilha a vida toda)
lugar”, haverá um lamento down the road (locução
She takes the boat every day. (Ela pega o barco to-
adverbial que significa “pela estrada”). Isto nos leva a
dos os dias)
entender que a escolha de uma boa empresa para
He ate too much and felt sick. (Ele comeu em exces-
so e ficou enjoado) a manutenção de seu carro é crucial para evitarmos
I like studying English very much. (Gosto muito de qualquer dor de cabeça.
estudar Inglês)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

2. (UNESPAR – 2018)

Texto 3:

Born Too Soon in a Country at War. T


heir Only Hope? This Clinic.
By Kassie Bracken and Megan Special

August 27, 2018

The baby girl has stopped breathing. She was born prematurely and is only 3 weeks old. Her mother, Restina Bonifa-
ce, took her to the only public neonatal clinic in South Sudan. The country is one of the toughest places in the world
for newborns with health problems to survive. Ten feet away sits a donated respiratory machine that could save the
baby. But lacking a critical part, it goes unused. The doctor tries to resuscitate the baby for several minutes. Finally,
she begins breathing on her own. One in 10 babies brought to this clinic will die, most from treatable conditions. But
many mothers have nowhere else to go.
South Sudan, the world’s youngest nation, is in the midst of a humanitarian crisis. A brutal civil war has drained the
economy. As hospitals closed, doctors were forced to flee. Inside the clinic, many babies remain nameless. Their mo-
thers know they may not make it. “Our mothers here, they come for help,” said Rose Tongan, a pediatrician. “And
you pity them. You can’t do anything.” Electricity cuts out for days at a time. There is no formula for the premature
babies, no lab for blood tests, no facility for X-rays. There are no beds for breast-feeding mothers. They must sleep
outside, where they are at risk of infection and vulnerable to assault. “I feel like: What can I do?” Dr. Tongan said.
Hellen Sitima’s 3-day-old daughter is sick. “When we get home, then that’s the time to name the baby,” she says. Dr.
Tongan has no access to lab tests, but she determines that Ms. Sitima’s baby has a respiratory infection. The infection
clears, and Ms. Sitima takes her daughter home. She names her Gift.
Disponível em https://www.nytimes.com/interactive/2018/08/28/multimedia/south-sudan-babies.html. Acessado
em 22/10/2018
O texto relata a situação crítica em que se encontram hospitais no Sudão do Sul e de alguns pacientes que deles
precisam para sobreviver. Assim sendo, assinale a alternativa que corresponde ao lido:

a) No texto são relatados dois casos específicos de recém-nascidos, um com infecção respiratória e outro com 149
problemas cardiovasculares. Ambos não sobreviveram;
b) As mães procuram por ajuda no único hospital para recém-nascidos prematuros do país, mesmo sabendo que
eles não sobreviverão;
c) Apesar de muitas dificuldades e de falta de leitos, as mães dos bebês ficam em quartos próximos para amamen-
tá-los adequadamente;
d) Não há laboratórios para testes, nem facilidade para usar a máquina de Raio-X, contudo, o aparelho usado
para ajudar a respiração dos bebes prematuros ainda está funcionando bem.
e) É comum encontrar bebês ainda sem nome na clínica, aguardando por sua sobrevivência, para, então, em seus
lares, ganharem um nome.

Resposta: Letra E. “When we get home then that’s the time to name the baby,” (quando chegarmos em casa,
esse é o momento de dar nome ao bebê). Esta é a frase a ser observada, já que, iniciada pela locução adverbial
when we get home, conta o que precisávamos saber. Caso deseje maiores confirmações, não se esqueça de
observar o título do texto, que começa com “Born too soon”, onde o advérbio too complementa outro advérbio:
soon (formando a ideia de “cedo demais”) em referência ao destino trágico de se nascer em um país em guerra
e sem estrutura, que obriga o recém-nascido inclusive a esperar pelo seu nome.
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HORA DE PRATICAR!

1. (ENEM 2017) – Letters

Children and Guns


Published: May 7, 2013
To the Editor: Re “Girl’s Death by Gunshot Is Rejected as Symbol” (news article, May 6):
I find it abhorrent that the people of Burkesville, Ky., are not willing to learn a lesson from the tragic shooting of a
2-year-old girl by her 5-year-old brother. I am not judging their lifestyle of introducing guns to children at a young age,
but I do feel that it’s irresponsible not to practice basic safety with anything potentially lethal – guns, knives, fire and
so on. How can anyone justify leaving guns lying around, unlocked and possibly loaded, in a home with two young
children? I wish the family of the victim comfort during this difficult time, but to dismiss this as a simple accident leaves
open the potential for many more such “accidents” to occur. I hope this doesn’t have to happen several more times
for legislators to realize that something needs to be changed.
EMILY LOUBATON
Brooklyn, May 6, 2013
Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 10 maio 2013.

No que diz respeito à tragédia ocorrida em Burkesville, a autora da carta enviada ao The New York Times busca

a) reconhecer o acidente noticiado como um fato isolado.


b) responsabilizar o irmão da vítima pelo incidente ocorrido.
c) apresentar versão diferente da notícia publicada pelo jornal.
d) expor sua indignação com a negligência de portadores de armas.
e) reforçar a necessidade de proibição do uso de armas por crianças.

2. (ENEM – 2010)

150

Disponível em: http://www.meganbergdesigns.com/andrill/iceberg07/postcards/index.html.


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Os cartões-postais costumam ser utilizados por viajan- 4. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) Examine a char-
tes que desejam enviar notícias dos lugares que visitam ge do cartunista Angeli, publicada originalmente em
a parentes e amigos. Publicado no site do projeto AN- 2003, e as afirmações que se seguem
DRILL, o texto em formato de cartão-postal tem o pro-
pósito de:

a) comunicar o endereço da nova sede de projeto nos


Estados Unidos
b) convidar colecionadores de cartões-postais a se reu-
nirem em um evento.
c) anunciar uma nova coleção de selos para angariar
fundos para a Antártica.
d) divulgar às pessoas a possibilidade de receberem um
cartão-postal da Antártica.
e) solicitar que as pessoas visitem o site do mencionado
projeto com maior frequência.

3. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) Examine o car-


tum de Mick Stevens, publicado pela revista The New
Yorker em 15.02.2018 e em seu Instagram, e as afirma-
ções que se seguem.

(O lixo da história, 2013.)

I. A figuração dos líderes políticos como “reticências”


sugere que esses líderes constituem entrave à deman-
da sugerida pela “palavra”.
II. Na medida em que, frente a uma multidão de anô-
nimos, poucos indivíduos são nomeados, depreende-
-se da charge uma crítica, sobretudo, ao processo de 151
massificação
da sociedade moderna.
III. A charge satiriza as manifestações contrárias à
“You’re calling it love, but it’s really just static electricity.” guerra no Iraque lideradas por políticos dos EUA e do
Reino Unido.
I. Depreende-se do cartum uma concepção platônica
do amor. Está correto apenas o que se afirma em
II. No cartum, o conceito físico mencionado reforça a
ideia de amor platônico. a) III.
III. No cartum, nota-se a atribuição de características hu-
b) II.
manas a seres inanimados.
c) I e III.
d) I.
Está correto apenas o que se afirma em
e) II e III.
a) I e II.
b) I e II. 5. (ENEM – 2017) - Israel Travel Guide
c) II. Israel has always been a standout destination. From the
d) I days of prophets to the modem day nomad this tiny sli-
e) III. ce of land on the eastern Mediterranean has long at-
tracted visitors. While some arrive in the ‘Holy Land’ on a
spiritual quest, many others are on cultural tours, beach
holidays and eco-tourism trips. Weeding through Israel’s
convoluted history is both exhilarating and exhausting.
There are crumbling temples, ruined cities, abandoned
forts and hundreds of places associated with the Bib-
le. And while a sense of adventure is required, most si-
tes are safe and easily accessible. Most of all, Israel is
about its incredibly diverse population. Jews come from
all over the world to live here, while about 20% of the
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

population is Muslim. Politics are hard to get away from can study that involved 10 000 patients from around
in Israel as everyone has an opinion on how to move the the world has found that people who leave school be-
country forward - with a ready ear you’re sure to hear fore the age of 16 are five times more likely to suffer a
opinions from every side of the political spectrum. heart attack and die than university graduates.
Disponível em: www.worldtravelguide.net. Acesso em: World Report News. Magazine Speak Up. Ano XIV, nº
15 jun. 2012. 170. Editora Camelot, 2001

Antes de viajar, turistas geralmente buscam informações Em relação às pesquisas, a utilização da expressão uni-
sobre o local para onde pretendem ir. O trecho do guia versity graduates evidencia a intenção de informar que
de viagens de Israel
a) as doenças do coração atacam dez mil pacientes.
a) descreve a história desse local para que turistas valo- b) as doenças do coração ocorrem na faixa dos dezes-
rizem seus costumes milenares. seis anos.
b) informa hábitos religiosos para auxiliar turistas a en- c) as pesquisas sobre doenças são divulgadas no meio
tenderem as diferenças culturais. acadêmico.
c) divulga os principais pontos turísticos para ajudar turis- d) jovens americanos são alertados dos riscos de doen-
tas a planejarem sua viagem. ças do coração.
d) recomenda medidas de segurança para alertar turis- e) maior nível de estudo reduz riscos de ataques do co-
tas sobre possíveis riscos locais. ração.
e) apresenta aspectos gerais da cultura do país para
continuar a atrair turistas estrangeiros. 8. (CEDERJ – 1º SEMESTRE - 2018) - Fake news could ruin
social media, but there’s still hope
6. (ENEM – 2016) – Frankentissue: printable cell techno-
logy by: Guðrun í Jákupsstovu
In November, researchers from the University of Wollon-
gong in Australia announced a new bio-ink that is a step Camille Francois, director of research and analysis at
toward really printing living human tissue on an inkjet Graphika, told the audience of her talk at TNW Confe-
printer. It is like printing tissue dot-by-dot. A drop of bio- rence:
-ink contains 10,000 to 30,000 cells. The focus of much of “Disinformation campaigns, or fake news is a concept
this research is the eventual production of tailored tissues we’ve known about for years, but few people realize
152 suitable for surgery, like living Band-Aids, which could be how varied the concept can be and how many forms it
printed on the inkjet. comes in. When the first instances of fake news started to
However, it is still nearly impossible to effectively replicate surface, they were connected with bots. These flooded
nature`s ingenious patterns on a home office accessory. conversations with alternative stories in order to create
Consider that the liver is a series of globules, the kidney noise and, in turn, silence what was actually being said”.
a set of pyramids. Those kinds of structures demand 3D According to Francois, today’s disinformation campaig-
printers that can build them up, layer by layer. At the mo- ns are far more varied than just bots – and much harder
ment, skin and other flat tissues are most promising for the to detect. For example, targeted harassment campaig-
inkjet. ns are carried out against journalists and human-rights
activists who are critical of governments or big organi-
Disponível em: <http://discovermagazine.com.> Acesso zations.
em: 2 dez. 2012. “We see this kind of campaigns happening at large sca-
le in countries like the Philippines, Turkey, Ecuador, and
O texto relata perspectivas no campo da tecnologia Venezuela. The point of these campaigns is to flood the
para cirurgias em geral, e a mais promissora para este narrative these people try to create with so much noise
momento enfoca o (a) that their original message gets silenced, their reputa-
tion gets damaged, and their credibility undermined. I
a) uso de um produto natural com milhares de células call this patriotic trolling.”
para reparar tecidos humanos. There are also examples of disinformation campaigns
b) criação de uma impressora especial para traçar ma- mobilizing people. This was evident during the US elec-
pas cirúrgicos detalhados. tions in 2016 when many fake events suddenly started
c) desenvolvimento de uma tinta para produzir pele e popping up on Facebook. One Russian Facebook page
tecidos humanos finos “organized” an anti-Islam event, while another “orga-
d) reprodução de células em 3D para ajudar nas cirur- nized” a pro-Islam demonstration. The two fake events
gias de recuperação dos rins. gathered activists to the same street in Texas, leading to
e) extração de glóbulos do fígado para serem reprodu- a stand-off.
zidos em laboratório. Francois explains how amazed she is that, in spite of so-
cial media being the main medium for these different
7. (ENEM – 2011) Going to university seems to reduce the disinformation campaigns, actual people also still use it
risk of dying from coronary heart disease. An Ameri- to protest properly.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

If we look at countries, like Turkey – where there’s a huge amount of censorship and smear campaigns directed at
human right defenders and journalists – citizens around the world and in those places still use social media to denou-
nce corruption, to organize human rights movements and this proves that we still haven’t lost the battle of who owns
social media.
This is an ongoing battle, and it lets us recognize the actors who are trying to remove the option for people to use
social media for good. But everyday you still have people all over the world turning to social media to support their
democratic activities. This gives me hope and a desire to protect people’s ability to use social media for good, for
denouncing corruption and protecting human rights.
Adapted from: <https://thenextweb.com/socialmedia/2018/05/25/ >. Access 09 Oct. 2018.

Glossary:
bot: (short for “robot”): um programa automático que roda na Internet; to flood: inundar; trolling: fazer postagem
deliberadamente ofensiva para provocar alguém; popping up: surgir, aparecer; stand-off: impasse: smear cam-
paigns: campanhas de difamação.

In the text, Turkey is used as an example of a country where

a) battles of who owns social media are constantly lost.


b) social media is used to combat corruption and defend human rights.
c) smear campaigns are organized by social media movements.
d) citizens cannot use social media to expose their views.

9. (CEDERJ – 1º SEMESTRE - 2018) – Despite the polarization it brings about,

a) democratic activities serve only governmental purposes.


b) disinformation campaigns may protect human rights.
c) fake news are the only means of denouncing corruption.
d) social media is a means of democratic expression.

10. (ENEM – 2016) – Ebony and ivory


153
Ebony and ivory live together in perfect harmony
Side by side on my piano keyboard, oh Lord, why don’t we?
We all know that people are the same wherever we go
There is good and bad in ev’ryone,
We learn to live, we learn to give
Each other what we need to survive together alive

McCARTNEY, P. Disponível em: <www.paulmccartney.com.> Acesso em: 30 maio 2016.

Em diferentes épocas e lugares, compositores têm utilizado seu espaço de produção musical para expressar e pro-
blematizar perspectivas de mundo. Paul McCartney, na letra dessa canção, defende

a) o aprendizado compartilhado.
b) a necessidade de donativos.
c) as manifestações culturais.
d) o bem em relação ao mal.
e) o respeito étnico.
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11. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018) – TEXT IV

Taken from: http://www.thatdeafguy.com/?p=184. Acessed on: Oct 17th, 2018.

Text IV pictures ordinary events about a mixed deaf and hearing family: a deaf father (Desmond), a mother who’s an
American Sign Language interpreter (Helen), and their hearing son (Cedric). In this comic stripe, Cedric talks about
his father to his playmates, who are afraid of Desmond because:

a) Desmond is using gesturing language to tell his son Cedric that he doesn’t like his playmates to look at him funny
like that.
b) Cedric asks Desmond to take his playmates to the planet “Eyeth” to teach them a gesturing language spoken by
CIA alien agents.
c) Desmond comes from another planet called “Eyeth”, where people have eyes hidden in the back of their head
154 and speak in a gesturing language.
d) Cedric made them think Desmond’s a CIA alien agent who speaks a top secret language and can see without
looking straight to the person’s eyes.
e) Desmond is looking at them using his hidden eyes he keeps in the back of his head while conspiring against them
in a gesturing language with his son Cedric.

12. (ENEM – 2017) One of the things that made an incredible impression on me in the film was Frida’s comfort in and ce-
lebration of her own unique beauty. She didn’t try to fit into conventional ideas or images about womanhood or what
makes someone or something beautiful. lnstead, she fully inhabited her own unique gifts, not particularly caring what
other people thought. She was magnetic and beautiful in her own right. She painted for years, not to be a commercial
success or to be discovered, but to express her own inner pain, joy, family, lave and culture. She absolutely and resolutely
was who she was. The trueness of her own unique vision and her ability to stand firmly in her own truth was what made
her successful in the end.
HUTZLER, L. Disponível em: www.etbscreenwriting.com. Acesso em: 6 maio 2013.

A autora desse comentário sobre o filme Frida mostra-se impressionada com o fato de a pintora
a) ter uma aparência exótica.
b) vender bem a sua imagem.
c) ter grande poder de sedução.
d) assumir sua beleza singular.
e) recriar-se por meio da pintura.

13. (ENEM – 2010) – THE WEATHER MAN

They say that the British love talking about the weather. For other nationalities this can be a banal and boring subject
of conversation, something that people talk about when
they have nothing else to say to each other. And yet the weather is a very important part of our lives. That at least
is the opinion of Barry Gromett, press officer for the Met Office. This is located in Exeter, a pretty cathedral city in the
southwest of England. Here employees – and computers – supply weather forecasts for much of the world.
Speak Up. Ano XXIII, nº 275.
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Ao conversar sobre a previsão do tempo, o texto mostra c) as mutações que os germes sofrem geralmente ate-
nuam a sua letalidade.
a) o aborrecimento do cidadão britânico ao falar sobre d) doenças presentes em animais e aves podem se
banalidades. transformar em doenças humanas.
b) a falta de ter o que falar em situações de avaliação e) as aves são as principais transmissoras de patógenos,
de línguas. devido à sua mobilidade.
c) a importância de se entender sobre meteorologia
para falar inglês. 15. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) No trecho do
d) as diferenças e as particularidades culturais no uso de primeiro parágrafo “Yet, success in conquering them re-
uma língua. mains patchy”, o termo sublinhado equivale, em portu-
e) O conflito entre diferentes ideias e opiniões ao se co- guês, a
municar em inglês.
a) assim mesmo.
14. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018) – Prescriptions b) portanto.
for fighting epidemics c) além disso.
d) ao invés disso.
e) no entanto.

16. (ENEM – 2016) – Italian university switches to English

By Sean Coughlan, BBC News education


correspondent
16 May 2012 Last updated at 09:49 GMT

Milan is crowded with Italian icons, which makes it even


more of a cultural earthquake that one of Italy’s lea-
ding universities — the Politecnico di Milano — is going
(Getty Images) to switch to the English language. The university has an-
nounced that from 2014 most of its degree courses —
Epidemics have plagued humanity since the dawn of including all its graduate courses — will be taught and
settled life. Yet, success in conquering them remains pat- assessed entirely in English rather than Italian. 155
chy. Experts predict that a global one that could kill more The waters of globalisation are rising around higher edu-
than 300 million people would come round in the next 20 cation — and the university believes that if it remains Ita-
to 40 years. lian-speaking it risks isolation and will be unable to com-
What pathogen would cause it is anybody’s guess. pete as an international institution. “We strongly believe
Chances are that it will be a virus that lurks in birds or our classes should be international classes — and the
mammals, or one that that has not yet hatched. The only way to have international classes is to use the English
scariest are both highly lethal and spread easily among language”, says the university`s rector, Giovanni Azzone.
humans. Thankfully, bugs that excel at the first tend to COUGHLAN, S. Disponivel em <www.bbc.co.uk.> Aces-
be weak at the other. But mutations – ordinary business so em: 31 jul. 2012.
for germs – can change that in a blink. Moreover, when
humans get too close to beasts, either wild or packed As línguas têm um papel importante na comunicação
in farms, an animal disease can become a human one. entre pessoas de diferentes culturas. Diante do movi-
A front-runner for global pandemics is the seasonal influenza mento de internacionalização no ensino superior, a uni-
virus, which mutates so much that a vaccine must be cus- versidade Politecnico di Milano decidiu
tom-made every year. The Spanish flu pandemic of 1918,
which killed 50 million to 100 million people, was a potent a) elaborar exames em língua inglesa para o ingresso na
version of the “swine flu” that emerged in 2009. The H5N1 universidade.
“avian flu” strain, deadly in 60% of cases, came about in the b) ampliar a oferta de vagas na graduação para alunos
1990s when a virus that sickened birds made the jump to a estrangeiros.
human. Ebola, HIV and Zika took a similar route. c) investir na divulgação da universidade no mercado
(www.economist.com, 08.02.2018. Adaptado.) internacional.
d) substituir a língua nacional para se inserir no contexto
De acordo com o primeiro parágrafo da globalização.
e) estabelecer metas para melhorar a qualidade do en-
a) há perspectivas de erradicar as epidemias nos pró- sino de italiano.
ximos
40 anos.
b) as epidemias assolaram principalmente os povos an-
cestrais nômades.
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17. (ENEM 2ª APLICAÇÃO – 2016) – New vaccine could 18. (ENEM – 2010)
fight nicotine addiction

Cigarette smokers who are having trouble quitting be-


cause of nicotine’s addictive power may some day be
able to receive a novel antibody-producing vaccine to
help them kick the habit.
The average cigarette contains about 4 000 different
chemicals that — when burned and inhaled — cause
the serious health problems associated with smoking. But
it is the nicotine in cigarettes that, like other addictive
substances, stimulates rewards centers in the brain and
hooks smokers to the pleasurable but dangerous routine.
Ronald Crystal, who chairs the department of genetic
medicine at Weill-Cornell Medical College in New York,
where researchers are developing a nicotine vaccine,
said the idea is to stimulate the smoker’s immune system
to produce antibodies or immune proteins to destroy the
nicotine molecule before it reaches the brain.
BERMAN, J. Disponível em: <www.voanews.com>. Aces-
so em: 2 jul. 2012.
Muitas pessoas tentam parar de fumar, mas fracassam
e sucumbem ao vício. Na tentativa de ajudar os fuman-
tes, pesquisadores da Weill-Cornell Medical College es-
tão desenvolvendo uma vacina que

a) diminua o risco de o fumante se tornar dependente


da nicotina.
b) seja produzida a partir de moléculas de nicotina.
c) substitua a sensação de prazer oferecida pelo cigar-
156 ro.
d) ative a produção de anticorpos para combater a ni-
cotina.
Ao optar por ler a reportagem completa sobre o assun-
e) controle os estímulos cerebrais do hábito de fumar.
to anunciado, tem-se acesso a duas palavras que Bill
Gates não quer que o leitor conheça e que se referem

a) aos responsáveis pela divulgação desta informação


na internet.
b) às marcas mais importantes de microcomputadores
do mercado.
c) aos nomes dos americanos que inventaram a supos-
ta tecnologia.
d) aos sites da internet pelos quais o produto já pode
ser conhecido.
e) às empresas que levam vantagem para serem suas
concorrentes.

19. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018) – In-


creasing Our Efforts to Fight False News

By Tessa Lyons, Product Manager - June 21, 2018

Over the last year and half, we have been committed to


fighting false news through a combination of technolo-
gy and human review, including removing fake accou-
nts, partnering with fact-checkers, and promoting news
literacy. This effort will never be finished and we have a
lot more to do. Today, we’re announcing several upda-
tes as part of this work:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

• Expanding our fact-checking program to new 20. (ENEM 2ª APLICAÇÃO – 2016)


countries
• Expanding our test to fact-check photos and vi-
deos
• Increasing the impact of fact-checking by using
new techniques, including identifying duplicates and
using Claim Review
• Taking action against new kinds of repeat offen-
ders
• Improving measurement and transparency by
partnering with academics

(...)
We’re currently working with the commission to develop
privacy-protected data sets, which will include a sample
of links that people engage with on Facebook. The aca-
demics selected by the commission will be able to stu-
dy these links to better understand the kinds of content
being shared on Facebook. Over time, this externally Bansky é um grafiteiro famoso. Na obra pintada em um
validated research will help keep us accountable and muro da cidade de Claremont, Califórnia, em 2007, ele
track our progress. fez uso de um trocadilho com a palavra “change”, o
que caracteriza seu grafite como um protesto contra a
https://newsroom.fb.com/news/2018/06/increasing-our-
-efforts-to-fightfalse-news/ a) escolha da mendicância como forma de vida.
Considerando que a fonte do texto II é uma publicação b) condição de vida das pessoas em miséria.
do próprio Facebook, assinale a alternativa que apre- c) falta de solidariedade dos mais favorecidos.
sente, em primeiro lugar, um trecho através do qual é d) marginalização das pessoas desabrigadas.
possível perceber que a empresa se coloca como res- e) incapacidade de os mendigos mudarem de vida.
ponsável pelo problema que vem tentando resolver e,
em seguida, uma medida possível de ser encontrada no 21. (ENEM – 2016) BOGOF is used as a noun as in ‘The-
texto: re are some great bogofs on at the supermarket’ or an 157
adjective, usually with a word such as ‘offer’ or ‘deal’ ̶
a) “The academics selected by the commission will be ‘there are some great bogof offers in store’.
able to study these links” / expandir a checagem de When you combine the first letters of the words in a phra-
fotos e vídeos publicados. se or the name of an organisation, you have an acronym.
b) “The academics selected by the commission will be Acronyms are spoken as a word so NATO (North Atlantic
able to study these links” / expandir o programa de Treaty Organisation) is not pronounced N-A-T-O. We say
checagem de fatos para outros países. NATO. Bogof, when said out loud, is quite comical for a
c) “Over the last year and half, we have been commit- native speaker, as it sounds like an insult, ‘Bog off!’ mea-
ted to fighting false news” / associar recursos huma- ning go away, leave me alone, slightly childish and a litt-
nos e de outras naturezas para o combate à veicula- le old-fashioned.
ção de notícias falsas. BOGOF is the best-known of the supermarket marketing
d) “Over the last year and half, we have been commit- strategies. The concept was first imported from the USA
ted to fighting false news” / promover a demissão de during the 1970s recession, when food prices were very
pessoal envolvido com o vazamento de notícias fal- high. It came back into fashion in the late 1990s, led by
sas big supermarket chains trying to gain a competitive ad-
e) “We’re currently working with the commission to de- vantage over each other. Consumers were attracted by
velop privacy-protected data sets” combater a vei- the idea that they could get something for nothing. Who
culação de notícias falsas por meio da associação às could possibly say ‘no’?
polícias federais dos diferentes países. Disponível em: <www.bbc.co.uk.> Acesso em: 2 ago.
2012 (adaptado).

Considerando-se as informações do texto, a expressão


“bogof” é usada para

a) anunciar mercadorias em promoção.


b) pedir para uma pessoa se retirar.
c) comprar produtos fora de moda.
d) indicar recessão na economia.
e) chamar alguém em voz alta.
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22. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016) – New vaccine could c) reduzir os prejuízos causados por motoristas alcooli-
fight nicotine addiction zadas.
d) fazer uma crítica à falta de habilidade das mulheres
Cigarette smokers who are having trouble quitting be- ao volante.
cause of nicotine’s addictive power may some day be e) evitar os acidentes de trânsito envolvendo mulheres.
able to receive a novel antibody-producing vaccine to
help them kick the habit. 24. (ENEM - 2010)
The average cigarette contains about 4 000 different
chemicals that — when burned and inhaled — cause Viva la Vida
the serious health problems associated with smoking. But I used to rule the world
it is the nicotine in cigarettes that, like other addictive Seas would rise when I gave the word
substances, stimulates rewards centers in the brain and Now in the morning and I sleep alone
hooks smokers to the pleasurable but dangerous routine. Sweep the streets I used to own
Ronald Crystal, who chairs the department of genetic
medicine at Weill-Cornell Medical College in New York, I used to roll the dice
where researchers are developing a nicotine vaccine, Feel the fear in my enemy’s eyes
said the idea is to stimulate the smoker’s immune system Listen as the crowd would sing
to produce antibodies or immune proteins to destroy the “Now the old king is dead! Long live the king!”
nicotine molecule before it reaches the brain.
BERMAN, J. Disponível em: <www.voanews.com>. Aces- One minute I held the key
so em: 2 jul. 2012. Next the walls were closed on me
And I discovered that my castles stand
Muitas pessoas tentam parar de fumar, mas fracassam Upon pillars of salt and pillars of sand
e sucumbem ao vício. Na tentativa de ajudar os fuman- […]
tes, pesquisadores da Weill-Cornell Medical College es-
MARTIN, C. Viva la vida, Coldplay. In: Viva la vida or
tão desenvolvendo uma vacina que
Death and all his friends. Parlophone, 2008.
a) diminua o risco de o fumante se tornar dependente
Letras de músicas abordam temas que, de certa forma,
da nicotina.
podem ser reforçados pela repetição de trechos ou pa-
b) seja produzida a partir de moléculas de nicotina.
158 lavras. O fragmento da canção Viva la vida, por exem-
c) substitua a sensação de prazer oferecida pelo cigar-
plo, permite conhecer o relato de alguém que
ro.
d) ative a produção de anticorpos para combater a ni-
a) costumava ter o mundo aos seus pés e, de repente,
cotina.
se viu sem nada.
e) controle os estímulos cerebrais do hábito de fumar. b) almeja o título de rei e, por ele, tem enfrentado inú-
meros inimigos
23. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016) c) causa pouco temor a seus inimigos, embora tenha
muito poder.
d) limpava as ruas e, com seu esforço, tornou-se rei de
seu povo.
e) tinha a chave para todos os castelos nos quais dese-
java morar.

A campanha desse pôster, direcionada aos croatas,


tem como propósito

a) alertar os cidadãos sobre a lei em vigor contra a dis-


criminação.
b) conscientizar sobre as consequências do preconcei-
to na sociedade.
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25. (ENEM – 2010)

MILLENIUM GOALS

Disponível em: http://www.chris-alexander.co.uk/1191. Acesso em: 28 jul. 2010 (adaptado).

Definidos pelos países membros da Organização das Nações Unidas e por organizações internacionais, as metas de
desenvolvimento do milênio envolvem oito objetivos a serem alcançados até 2015. Apesar da diversidade cultural,
esses objetivos, mostrados na imagem, são comuns ao mundo todo, sendo dois deles:

a) O combate à AIDS e a melhoria do ensino universitário.


b) A redução da mortalidade adulta e a criação de parcerias globais.
c) A promoção da igualdade de gêneros e a erradicação da pobreza.
d) A parceria global para o desenvolvimento e a valorização das crianças 159
e) A garantia da sustentabilidade ambiental e combate ao trabalho infantil

26. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016) – Mauritius: gender roles and statuses


Division of Labor by Gender. The economic success of industry has led to low unemployment rates. This has changed
the workplace and home life as women joined the workforce. This industrialization also led to women being promo-
ted faster. According to the Minister of Women, Family Welfare, and Child Development, a quarter of all managers
are now women.
Women are the traditional homekeepers of the society. Between 1985 and 1991 the number of women working out-
side the home increased from 22 percent to 41 percent. With that trend continuing, hired housekeeping and child
care have become relatively new and important industries.
The Relative Status of Women and Men. Historically, women have had subordinate roles in Mauritian society. Howe-
ver, the Constitution specifically prohibits discrimination based on sex, and women now have access to education,
employment, and governmental services.
In March 1998 the Domestic Violence Act was passed. This gave greater protection and legal authority to combat
domestic abuse. In that same year it also became a crime to abandon one’s family or pregnant spouse for more
than two months, not to pay food support, or to engage in sexual harassment.
Women are underrepresented in the government. The National Assembly has seventy seats, of which women hold five
Disponível em: <www.everyculture.com>. Acesso em: 4 fev. 2013.

Questões como o papel de homens e mulheres na sociedade contemporânea vêm sendo debatidas de diferentes
pontos de vista, influenciados por valores culturais específicos de cada sociedade. No caso das Ilhas Maurício, esses
valores sustentam a tomada de decisão em torno da

a) importância do reconhecimento da presença feminina na estrutura familiar.


b) manutenção da igualdade entre mulheres e homens no trabalho.
c) proteção legal da mulher contra atos discriminatórios.
d) representatividade da mulher em cargos políticos.
e) criação de auxílio à mulher abandonada pelo cônjuge.
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27. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018)

160

(global.oup.com)

Based on the information presented by the map, one can say


that, from 1731 to 1775,

a)) the majority of enslaved Africans were taken to the British and French Caribbean colonies.
b) enslaved Africans from Senegambia were mainly smuggled to Brazil.
c) a great part of enslaved Africans were forced to work in other African regions.
d) most enslaved Africans from West Central Africa were taken to British colonies in the Caribbean.
e) the northern region of the Americas, colonized by the British, received more enslaved Africans than the south.

28. (UNESPAR – 2018) – Are LED lights making us ill?

By Lucy Jones

Over the last decade, much of Europe and the US have changed the way they illuminate city and town streets.
They have replaced high-energy sodium bulbs (the warmer, yellow ones) with energy-saving LED bulbs (with a blue
light emitting diode, which can feel harsh in comparison). As well as street lights, most of us are exposed to blue light
through smartphones, computers, TVs, and in the home.
The World Journal of Biological Psychiatry published a paper that warned of the potential effects of LED lighting on
mental illness. It raised concerns about the influence of blue light on sleep, other circadian-mediated symptoms,
use of digital healthcare apps and devices, and the higher sensitivity of teenagers to blue light. Specifically, the
researchers are concerned about the relationship between light exposure and the occurrence of manic and mixed
symptoms in bipolar disorder, having adverse effects on manic states and the sleep-wake cycle. For example, the
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use of smartphones or computers by those people befo- For an interesting attempt to measure cause and effect
re bed could have a bad effect on their sleep, circadian try Mappiness, a project run by the London School of
rhythms and health. Economics, which offers a phone app that prompts you
Studies of the impact of blue light on healthy adults show to record your mood and situation.
it inhibits melatonin secretion which disrupts sleep and The mappiness webstsite says: We’re particularly interes-
can affect quality of life, physical and mental health and ted in how people’s happiness is affected by their local
susceptibility to illness. environment – air pollution, noise, green spaces, and so
Previous studies of sleep disorders in children and adoles- on – which the data from Mappiness will be absolutely
cents show a clear and consistent relationship between great for investigating.”
sleep disorders and frequency of digital device usage. Will it work? With enough people, it might. But there are
Currently, the National Sleep Foundation guidelines other problems. We’ve been using happiness and wel-
suggest not using technology 30 minutes before bed and l-being interchangeably. Is that ok? The difference co-
removing technology for the bedroom. However, there mes out in a sentiment like the war.” But was our well-
are currently no specific guidelines for people with an un- -being also greater then?
derlying mental illness or sensitivity to circadian disruption. Disponível em: http://www.bbc.co.uk. Acesso em: 27
As LED technology has rapidly spread across the globe, jun. 2011 (adaptado).
the focus has been on the visual element and the ener-
gysaving element. Now, scientists, health professionals O projeto Mappiness, idealizado pela London School of
and the LED industry are working to minimise the blue light Economics, ocupa-se do tema relacionado
in LEDs and create customisable lights that won’t harm
those suffering from psychiatric disorders. a) ao nível de felicidade das pessoas em tempos de
guerra.
Disponível em https://www.bbcearth.com/blog/?arti- b) à dificuldade de medir o nível de felicidade das pes-
cle=are-led-lights-making-us-ill Acessado em 22/10/2018 soas a partir do seu humor
c) ao nível de felicidade das pessoas enquanto falam
A rápida substituição de lâmpadas comuns por lâmpa- ao celular com seus familiares.
das de LED em todos os setores e locais tiveram duas d) à relação entre o nível de felicidade das pessoas e o
razões principais: a visual e a economia de energia. Po- ambiente no qual se encontram.
rém, importantes estudos estão investigando se há con- e) à influência das imagens grafitadas pelas ruas no au-
sequências deste uso para a saúde. Assim, de acordo mento do nível de felicidade das pessoas
com o texto, é possível dizer que:
TEXTO PARA AS QUESTÕES 30, 31 e 32: 161
a) Cientistas, profissionais da saúde e a indústria de lâm-
padas de LED estão trabalhando para diminuir a luz 30 (UNIMONTES - 1ª ETAPA – MANHÃ - 2018) – The age
azul existente nelas, criando luzes que não prejudi- you feel means more than your actual birthdate
quem as pessoas portadoras dos transtornos psiquiá-
tricos mencionados; Most people feel younger or older than they really are
b) Ainda não foi demonstrada cientificamente a relação – and this ‘subjective age’ has a big effect on their phy-
existente entre transtornos do sono e a frequência no sical and mental health.
uso de aparelhos digitais antes de dormir; Imagine, for a moment, that you had no birth certificate
c) Estudos sobre o impacto da luz azul em adultos saudá- and your age was simply based on the way you feel insi-
veis demonstram haver apenas uma pequena altera- de. How old would you say you are?
ção na produção de melanina; Like your height or shoe size, the number of years that
d) Estudos feitos por psiquiatras revelam que a luz azul have passed since you first entered the world is an un-
emitida pelas lâmpadas LED pode acalmar pessoas changeable fact. But everyday experience suggests
portadoras de transtorno bipolar, ajudando-as a rela- that we often don’t experience ageing the same way,
xar; with many people feeling older or younger than they
e) A Fundação Nacional do Sono já elaborou um ma- really are.
nual sobre o uso de aparelhos digitais à noite. Scientists are increasingly interested in this quality. They
are finding that your ‘subjective age’ may be essential
29. (ENEM – 2011) – How´s your mood? for understanding the reasons that some people appear
to flourish as they age – while others fade.
“The extent to which older adults feel much younger
than they are may determine important daily or life de-
cisions for what they will do next,” says Brian Nosek at the
University of Virginia.
Its importance doesn’t end there. Various studies have
even shown that your subjective age also can predict
various important health outcomes, including your risk of
death. In some very real ways, you really are ‘only as old
as you feel’.
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Given these enticing results, many researchers are now According to the text, studies have shown that:
trying to unpick the many biological, psychological,
and social factors that shape the individual experience a) The younger you feel the more you seem to flourish.
of ageing – and how this knowledge might help us live b) The older you feel the more you seem to flourish.
longer, healthier lives. c) The more you live, the younger you die.
d) The older you feel, the younger you are.

31. According to the text, “subjective age” is:

a) The age registered in the birth certificate.


b) The subject you wish you had.
c) The subjective you wanted to have.
d) The age you feel inside.

32. (UNIMONTES - 1ª ETAPA – MANHÃ - 2018)


We may affirm that Brian Nosek
After their mid-20s, most people feel younger than their
true age (Credit: Javier Hirschfeld/Getty Images) a) is an American psychologist and researcher at the
This new understanding of the ageing process has been University of Montpellier.
decades in the making. Some of the earliest studies b) claims that your “chronological age” may be impor-
charting the gap between felt and chronological age tant to understand the reasons why some people
appeared in the 1970s and 1980s. That trickle of initial appear to be depressed while they age.
interest has now turned into a flood. A torrent of new stu- c) claims that the age older adults feel they have may
dies during the last 10 years have explored the potential determine important life decisions.
psychological and physiological consequences of this d) claims that you are old as you are chronologically.
discrepancy.
One of the most intriguing strands of this research has 33. (ENEM – 2016) – Frankentissue: printable cell techno-
explored the way subjective age interacts with our per- logy
sonality. It is now well accepted that people tend to
mellow as they get older, becoming less extroverted In November, researchers from the University of Wollon-
162 and less open to new experiences – personality changes gong in Australia announced a new bio-ink that is a step
which are less pronounced in people who are younger toward really printing living human tissue on an inkjet
at heart and accentuated in people with older subjec- printer. It is like printing tissue dot-by-dot. A drop of bio-
tive ages. -ink contains 10,000 to 30,000 cells. The focus of much of
Interestingly, however, the people with younger sub- this research is the eventual production of tailored tissues
jective ages also became more conscientious and suitable for surgery, like living Band-Aids, which could be
less neurotic – positive changes that come with normal printed on the inkjet.
ageing. So they still seem to gain the wisdom that comes However, it is still nearly impossible to effectively replicate
with greater life experience. But it doesn’t come at the nature`s ingenious patterns on a home office accessory.
cost of the energy and exuberance of youth. It’s not as if Consider that the liver is a series of globules, the kidney
having a lower subjective age leaves us frozen in a state a set of pyramids. Those kinds of structures demand 3D
of permanent immaturity. printers that can build them up, layer by layer. At the mo-
Feeling younger than your years also seems to come ment, skin and other flat tissues are most promising for the
with a lower risk of depression and greater mental wel- inkjet.
lbeing as we age. It also means better physical health,
including your risk of dementia, and less of a chance Disponível em: <http://discovermagazine.com.> Acesso
that you will be hospitalised for illness. em: 2 dez. 2012.
Yannick Stephan at the University of Montpellier exami-
ned the data from three longitudinal studies which toge-
ther tracked more than 17,000 middle-aged and elderly
participants. […]
Fonte: ROBSON, David. The age you feel means more
than your actual birthdate. Disponível em: <http://
www.bbc.com/future/story/20180712-the-age-you-fee-
l-means-more-than-your-actual-birthdate>. Publicado
em: 19 jul.2018. Acesso em: 21 jul. 2018.
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O texto relata perspectivas no campo da tecnologia para cirurgias em geral, e a mais promissora para este mo-
mento enfoca o (a)

a) uso de um produto natural com milhares de células para reparar tecidos humanos.
b) criação de uma impressora especial para traçar mapas cirúrgicos detalhados.
c) desenvolvimento de uma tinta para produzir pele e tecidos humanos finos
d) reprodução de células em 3D para ajudar nas cirurgias de recuperação dos rins.
e) extração de glóbulos do fígado para serem reproduzidos em laboratório.

34. (ENEM – 2011)

Disponível em: http://www.garfield.com. Acesso em 29 de jul. 2010

A tira definida como um segmento de história em quadrinhos, pode transmitir uma mensagem com efeito de hu-
mor. A presença desse efeito no diálogo entre Jon e Garfield acontece porque
a) Jon pensa que sua ex-namorada é maluca e que Garfield não sabia disso.
b) Jodell é a única namorada maluca que Jon teve, e Garfield acha isso estranho.
c) Garfield tem certeza de que a ex-namorada de Jon é sensata, o maluco é o amigo.
d) Garfield conhece as ex-namoradas de Jon e considera mais de uma como maluca.
e) Jon caracteriza a ex-namorada como maluca e não entende a cara de Garfield.

TEXTO PARA AS QUESTÕES 35, 36 E 37: 163

35. (VUNESP – VESTIBULAR UNESP – 2018)

Prescriptions for fighting epidemics

(Getty Images)

Epidemics have plagued humanity since the dawn of settled life. Yet, success in conquering them remains patchy.
Experts predict that a global one that could kill more than 300 million people would come round in the next 20 to 40
years.
What pathogen would cause it is anybody’s guess. Chances are that it will be a virus that lurks in birds or mammals,
or one that that has not yet hatched. The scariest are both highly lethal and spread easily among humans. Thankfully,
bugs that excel at the first tend to be weak at the other. But mutations – ordinary business for germs – can change
that in a blink. Moreover, when humans get too close to beasts, either wild or packed in farms, an animal disease
can become a human one.
A front-runner for global pandemics is the seasonal influenza virus, which mutates so much that a vaccine must be
custom-made every year. The Spanish flu pandemic of 1918, which killed 50 million to 100 million people, was a po-
tent version of the “swine flu” that emerged in 2009. The H5N1 “avian flu” strain, deadly in 60% of cases, came about
in the 1990s when a virus that sickened birds made the jump to a human. Ebola, HIV and Zika took a similar route.
(www.economist.com, 08.02.2018. Adaptado.)
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De acordo com o texto, os especialistas

a) pressupõem que haverá uma pandemia futura, ainda GABARITO


sem patógeno identificado.
b) identificaram o vírus que poderá matar mais de 300 mi-
1 D
lhões de pessoas.
c) presumem que vacinas sejam capazes de conter epi- 2 D
demias, ainda que sem evidências. 3 E
d) acreditam que os vírus mais letais não são transmitidos
para os humanos. 4 D
e) estão criando patógenos mutantes em laboratórios 5 E
para produzir vacinas.
6 C
36. No trecho do primeiro parágrafo “can change that in 7 E
a blink”, a expressão sublinhada tem sentido de 8 B
a) confiança. 9 D
b) previsibilidade. 10 E
c) expectativa.
d) desalento. 11 D
e) rapidez. 12 D
13 D
37. No trecho do primeiro parágrafo “Moreover, when hu-
mans get too close to beasts”, o termo sublinhado indica 14 D
15 E
a) acréscimo.
b) decorrência. 16 D
c) comparação. 17 D
d) condição.
18 E
e) finalidade.
19 C
164 6. 38. (ENEM – 2011) 20 B
21 A
22 D
23 A
24 A
25 C
26 C
27 A
28 A
29 E
30 A
31 D
32 C
GLASBERGEN, R. Today’s cartoon. Disponível em: http://
www.glasbergen.com. Acesso em: 23 jul. 2010. 33 C
34 D
Na fase escolar, é prática comum que os professores pas-
sem atividades extraclasse e marquem uma data para 35 A
que as mesmas sejam entregues para correção. No caso 36 E
da cena da charge, a professora ouve uma estudante
37 A
apresentando argumentos para
a) discutir sobre o conteúdo do seu trabalho já entregue. 38 B
b) elogiar o tema proposto para o relatório solicitado.
c) sugerir temas para novas pesquisas e relatórios.
d) reclamar do curto prazo para entrega do trabalho.
e) convencer de que fez o relatório solicitado.
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nem palavras das quais nos esquecemos. Estamos em


LÍNGUA ESPANHOLA: INTERPRETAÇÃO busca do assunto principal e do sentido geral do texto.
TEXTUAL EM ESPANHOL
2. Prediction (previsão)
Com esta estratégia o leitor lança mão do seu pró-
prio conhecimento, através das experiências de vida
Em relação a uma boa interpretação de leitura en- que possui, e da informação linguística e contextual.
quanto realiza a prova do Enem, saber utilizar algum dos Após realizar o skimming, o leitor precisa concentrar-se
três níveis diferentes de compreensão pode ajudar bas- para tentar ativar as informações que já possui sobre o
tante: tema e prever que tipos de palavras, frases ou argumen-
1. Compreensão Geral: obtida através de uma leitu- tos podem estar presentes naquele texto. É um momen-
ra rápida, “uma passada de olho rápida no tex- to de reflexão. É a hora de buscar na memória tudo o
to”, para captarmos as informações gerais acerca que foi lido, estudado, discutido, e visto na mídia a res-
dele, ou seja, aquilo que é de maior importância, peito daquele tema para prever o que vem a seguir em
seu tema geral, seu assunto principal. um texto. Trata-se do desenvolvimento sequenciado do
2. Compreensão de Pontos Principais: exige que te- pensamento. Isso só é possível porque quem escreve, o
nhamos maior atenção na busca das informações faz de maneira organizada, porque as pessoas pensam
principais espalhadas pelo texto, observando de maneira semelhante e porque alguns tipos de textos
cada parágrafo distintamente para identificar da- possuem estruturas previsíveis levando-nos a atingir cer-
dos específicos que o autor quis destacar. tas formas de compreensão. Quanto mais experiente
3. Compreensão Detalhada: requer um nível de lei- for o leitor, maior será sua capacidade de prever. Nes-
tura mais aprofundado que nos níveis anteriores. ta etapa, passamos a associar o assunto do texto com
Exige a compreensão de detalhes do texto, minú- as dicas tipográficas usadas pelo autor para transmitir
cias, palavra por palavra, e demanda, assim, mais significados. Grife palavras cognatas, as palavras já co-
tempo e atenção do leitor. Para tanto, em alguns nhecidas pelo leitor e as repetidas. No caso da língua
casos, será preciso reler várias vezes o texto. espanhola, esta será sua oportunidade de buscar vo-
cabulário semelhante e de demarcar aquele que possa
Além disso, coloque em prática algumas técnicas e interferir em sua interpretação geral do tema, ou seja,
estratégias de leitura, resumidas a continuação. buscar falsos cognatos. Ao grifar, você acaba relendo
as informações de uma maneira mais lenta, o que faz
TÉCNICAS DE AUXÍLIO À LEITURA INSTRUMENTAL com que perceba certos detalhes que não havia per- 165
cebido antes.
1. Background knowledge (conhecimento prévio)
Para que um leitor consiga identificar e entender Scanning (ler rapidamente)
certas informações em qualquer tipo de texto, torna-se Esta técnica de leitura visa dar agilidade na busca
extremamente importante que ele possua algum co- por informações específicas. Muitas vezes, após ler um
nhecimento prévio sobre seu assunto. Por isso, o ponto texto, nós queremos reencontrar alguma frase ou algu-
de partida para uma leitura eficiente está sempre em ma palavra já lida anteriormente. Para efetuar esta bus-
você, em sua preparação para a leitura de mundo e ca não precisamos ler o texto inteiro de novo, podemos
a respeito de temas variados, pois não adianta buscar simplesmente ir direto ao ponto aonde podemos encon-
apenas informação de coisas que te atraem, coisas que trar tal informação. Esta técnica em geral deve ser apli-
você gosta de saber. Leia jornais, revistas, sites da inter- cada após uma ou mais leituras completas do texto em
net, pesquise coisas curiosas, assista a programas de TV questão. Recomenda-se que, nesta etapa, o estudante
jornalísticos, de variedades, de humor, de esportes, de leia o que é que o exercício está pedindo antes de fazer
ciência, de religião, de saúde, de entretenimento, con- o scanning, e assim selecionar mais facilmente o que for
verse com pessoas de opiniões, idades e classes sociais mais importante para responder àquelas questões dire-
diferentes da sua, dê valor a todos os assuntos porque cionando-se melhor.
você nunca sabe qual tema será abordado num texto
de uma prova. 3. Lexical Inference (inferência lexical)
Caso encontre alguma palavra desconhecida ou
Skimming (ler ou examinar superficialmente; retirar que não pareça ter o mesmo sentido em espanhol, esta
aquilo de maior peso ou importância) técnica poderá ser aplicada. Inferir significa deduzir. Às
É uma técnica que permite rapidez e eficiência na vezes será preciso deduzir o sentido de um termo, de-
busca de algum direcionamento inicial acerca do tex- cifrando o que ele quer dizer. É necessário entender o
to. Realizar o skimming significa ler rapidamente o texto contexto no qual ela está inserida, observando as pa-
para saber o assunto principal trabalhado pelo autor. lavras vizinhas, as frases anteriores e posteriores, o pa-
Esta atividade de leitura nos proporciona um nível de rágrafo onde ela está, as noções gerais que temos do
compreensão geral, visando nos dar uma visão global, texto, etc. Precisamos observar o meio no qual a pala-
aberta e ampla do texto. Ao realizarmos o skimming, não vra está posta. Neste caso teremos de nos fazer valer de
podemos nos deter em detalhes como palavras novas nossos conhecimentos de classes gramaticais (substan-
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tivos, adjetivos, preposições, verbo, etc.), de singular e


de plural, conhecimento sobre a estrutura de textos, etc.
Tudo isso em conjunto pode ajudar numa aproximação EXERCÍCIO COMENTADO
do sentido real daquele termo que não sabemos.
Normalmente o enunciado proposto definirá se o es- 1. (ENEM – 2010)
tudante terá que deduzir certa informação a partir do
tema sugerido ou, então, obter algum tipo de informa-
ção diretamente no texto proposto.
É preciso lembrar que estas estratégias serão mais ou
menos eficazes dependendo do tamanho do vocabu-
lário que você possui e também do seu nível de conhe-
cimento gramatical.

Como posso ler textos em línguas estrangeiras?


- Preste atenção nos títulos e subtítulos;
- Observe imagens, figuras, layout do texto, cores, en-
fim, qualquer mensagem não verbal.
- Procure identificar o tipo e o tema do texto;
- Oriente-se pelo que você entende;
- Pense sempre nas intenções de quem escreve e
para quem o texto foi escrito;
- Quando necessário, consulte um dicionário para re-
solver suas dúvidas;
- Evite traduzir o texto na íntegra;
- Não se prenda às palavras que você desconhece;
- Foque nas palavras similares que lhe confirmarão se Revista Glamour Latino américa. México, mar. 2010.
sua leitura está indo na direção correta;
- Faça inferências; O texto publicitário utiliza diversas estratégias para
- Use seus conhecimentos de Língua Portuguesa e de enfatizar as características do produto que pretende
outras línguas na hora da leitura. vender. Assim, no texto, o uso de vários termos de outras
166 línguas, que não a espanhola, tem a intenção de
A leitura de um texto em espanhol, para um falante
nativo da língua portuguesa, não deverá trazer muitas a) atrair a atenção do público alvo dessa propaganda.
dificuldades por conta da similaridade de grafia, de vo- b) popularizar a prática de exercícios esportivos.
cabulário e de estrutura gramatical muito. No entanto, c) agradar aos compradores ingleses desse tênis.
nem sempre o que parece de fácil entendimento terá d) incentivar os espanhóis a falarem outras línguas.
seu significado confirmado em sua interpretação, e o e) enfatizar o conhecimento de mundo do autor do texto.
que costuma ser aceito em português pode não ser tão
normal em espanhol. Por isso, o estudante deve tomar Resposta. Letra A. Esta questão foca na habilidade
algumas medidas para não cair em “pegadinhas” e do leitor de entender as escolhas linguísticas do autor
para não cometer erros de interpretação que incorre- de um texto. Veja, portanto, que as palavras estran-
rão em não acertar a alternativa correta de determina- geiras colocadas no texto estão destacadas e que
da questão. chamam a atenção e provavelmente induzem com
maior facilidade à leitura do anúncio.
REFERÊNCIAS DE SITE
Internet: https://www.infoescola.com/espanhol/plu-
ral-em-espanhol/ SUBSTANTIVOS
www.rae.es

Os substantivos, em espanhol, seguem regras quan-


to a gênero e número e nem sempre estas regras são
iguais ao português.

GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS

1. REGRA GERAL.
Masculino Feminino
el tío la tía
el pato la pata
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2. SUBSTANTIVOS DIFERENTES PARA CADA GÊNERO


Masculino Feminino
El macho la hembra
el rey la reina
el caballo la yegua

3. COSTUMAM SER MASCULINOS


a) Substantivos que terminam em NORSEL (-n, -o, -r, -s, -e, -l)
el guidón; el enfermeiro; el trabajador; el lunes; el elefante; el cordel

b) Substantivos compostos normalmente terminam em -s:


el paraguas ; el sacacorchos

c) Substantivos de origem grego, que costumam terminar em -ma, -pa, -ta e -a:
el clima el dilema el tema el diagrama el problema
el mapa
el planeta el poeta
el tranvía

4. COSTUMAM SER FEMININOS


a) Palavras terminadas em -a:
la belleza; la naturaleza
b) Substantivos terminados em -dad, -eza, -esa, -isa, -iz, -ción, -sión, -cia, -ncia, entre outros:
la hermandad; la grandeza; la poetisa; la inocencia

5. SUBSTANTIVOS INVARIÁVES E COM A MESMA TERMINAÇÃO


a) Algumas profissões:
el médico la médico
el intérprete la intérprete
• algumas destas palavras hoje em dia aceitam uma forma feminina: la presidenta, la médica, etc.
167
b) No caso de animais, especifica-se o sexo pela adição de “macho” e “hembra”:
Masculino Feminino
la tortuga macho la tortuga hembra
el elefante macho el elefante hembra
la araña macho la araña hembra

c) Que terminam com -sta:


el artista la artista
el dentista la dentista

a) Que terminam com -nte:


el estudiante la estudiante
el cantante la cantante

6. OUTROS CASOS
Palavras femininas começadas com a letra a, ou há, cuja sílaba é tônica, adotam o artigo masculino “el”, “un”,
etc. para evitar repetição de som, mas no plural usam o artigo feminino no plural (“las”, “unas”).
el agua (las aguas)
un águila (unas águilas)
el hacha (las hachas)

7. HETEROGENÉRICOS (palavras que tem gênero diferente em espanhol)


a) Dias da semana
el lunes, el martes, el miércoles, el jueves, el viernes, el sábado, el domingo.

b) Letras
la A, la B, la C, la D, etc.
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c) Substantivos terminados em -umbre, -aje:


Espanhol Português
la cumbre o cume
el equipaje a equipagem
el pasaje a passagem
el paisaje a paisagem

d) Outros
Português (Masculino) Espanhol (Feminino)
o costume la costumbre
o protesto la protesta
o rádio la radio
o sal la sal
o nariz la nariz
o leite la leche
o sangue la sangre
o sorriso la sonrisa

Português (Feminino) Espanhol (Masculino)


a árvore el árbol
a dor el dolor
a cor el color
a equipe el equipo
a desordem el desorden
a ponte el puente

NÚMERO DOS SUBSTANTIVOS

1. REGRA GERAL
Normalmente, substantivos no plural tem -s no final, após vogal e -es, após consoante:
Singular plural
168 manzana manzanas
plátano plátanos
café cafés
Singular plural
pantalón pantalones
flor flores
televisor televisores

2. SUBSTANTIVOS INVARIÁVEIS
a) Palavras terminadas em -s
la equis las equis
el lunes los lunes
la dosis las dosis

• as palabras monosílabas e oxítonas não seguem esta regra:


el gas - los gases; el interés - los intereses

b) substantivos compostos terminados em -s não variam:


el parabrisas los parabrisas
el pararrayos los pararrayos

3. CASOS ESPECIAIS
a) Palavras terminadas em -i ou -u são acrescidas de -es:
javalí javalíes
rubí rubíes
bambú bambúes

b) Palavras terminadas em -z mudam seu final para -ces:


cruz cruces
matriz matrices
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ACENTUAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS • Todas as palavras que terminam em -mente e


que já tinham acento gráfico, antes da sua composi-
ção, mantém o acento gráfico.
#FicaDica
c) Hiato: É o encontro entre duas vogais fortes, que
Só existe um acento em espanhol, a tilde (´), não podem ficar na mesma silaba e se centuam grafi-
que tem regras básicas bastante definidas camente apenas se a regras de acentuação assim o
para seu uso, portanto conhecer suas regras exigir: o-í-do; pa-ís; a-e-ro-puer-to, etc
ajudarão o leitor inclusive a descobrir a sílaba
tônica a ser marcada durante uma leitura. FALSOS COGNATOS E HETEROSEMÁNTICOS
Uma das maiores dificuldades durante a leitura em
espanhol é a existência de falsos cognatos, palavras
As palavras com mais de uma sílaba são acentuadas que parecem ser iguais em espanhol e português, mas
de acordo com as seguintes regras: não possuem o mesmo significado. Há também palavras
que possuem vários significados em uma destas duas
1. Palavras AGUDAS (oxítonas com acento tônico línguas, mas que em algum momento podem diferir do
na última sílaba). Só levam acento gráfico quando: seu significado em espanhol. Seguem alguns exemplos:
a) Terminam em vogal: amé, puré, café, etc.
b) Teminam em -s: adiós, Jesús, jamás, etc. Português Espanhol
c) Terminam em -n: corazón, canción, también, berros berros (agrião pl.)
etc. apelido apellido (sobrenome)
brincar brincar (pular)
2. Palavras GRAVES (paroxítonas com acento tôni- criança crianza (criação)
co na penúltima sílaba). Só levam acento gráfico quan- débil débil (fraco)
do não terminam em vogal, -n ou -s: azúcar, útil, lápiz latir latir (pulsar – relativo ao coração)
largo largo (longo, comprido)
3. ESDRÚJULAS: Todas as palavras proparoxítonas oficina oficina (escritório)
são acentuadas graficamente: presunto presunto (suposto culpado)
Esdrújula, óptimo, ética, etc. pronto pronto (logo)
rato rato (momento)
4. Palavras SOBREESDÚJULAS: São palavras cuja sí- sítio sitio (lugar) 169
laba tônica acontecem antes da antepenúltima sílaba. sobrenome sobrenombre (apelido)
¡Contéstamelo luego, por favor!; fácilmente, etc. sótão sótano (porão)
surdo zurdo (canhoto)
• Todas as palavras que terminam em -mente e
que já tinham acento gráfico, antes da sua composi-
ção, mantém o acento gráfico. Exemplos: Fácil + mente
= facilmente ; ágil + mente = agilmente; rápido + mente EXERCÍCIOS COMENTADOS
= rapidamente

5. Regras especiais: Quando há encontro de duas 1. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO – 2018)
vogais marcando uma sílaba tônica, devem ser toma-
dos alguns cuidados em relação à sua acentuação grá- La presunta abuelita - Guillermo Alvez de Olyveira María
fica. Eulalia Alzueta Bartaburu

a) Ditongo: no encontro de uma vogal débil (fra- Había una vez una niña que fue a pasear al bosque. De
ca) e uma vogal fuerte (forte), onde a forte é a vogal tô- repente se acordó de que no le había comprado nin-
nica acontece um ditongo e segue as regras de acen- gún regalo a su abuelita. Pasó por un parque y arrancó
tuação gráfica descritas anteriormente. unos lindos pimpollos rojos. Cuando llegó al bosque vio
Vogais fracas: i / u una carpa entre los árboles y alrededor unos cachorros
Vogais tônicas: a / e / o de león comiendo carne. El corazón le empezó a latir
oi-ga (não tem acento gráfico por ser palavra paro- muy fuerte. En cuanto pasó, los leones se pararon y em-
xítona terminada em vogal) pezaron a caminar atrás de ella. Buscó algún sitio para
can-táis (tem acento gráfico por ser oxítona termina- refugiarse y no lo encontró. Eso le pareció espantoso.
da em vogal) A lo lejos vio un bulto que se movía y pensó que había
ac-ción (oxítona terminada em -n) alguien que la podría ayudar. Cuando se acercó vio un
oso de espalda. Se quedó en silencio un rato hasta que
b) Tritongo: são vogais fortes precedidas e segui- el oso desapareció y luego, como la noche llegaba, se
das de vogais fracas. Também seguem as regras nor- decidió a prender fuego para cocinar un pastel de ber-
mais de acentuação: Continuáis; Miau ro que sacó del bolso.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Empezó a preparar el estofado y lavó también unas c) O homem pelado apareceu de repente, com a sa-
ciruelas. De repente apareció un hombre pelado con cola cheia de polvo e perguntou se ela poderia fazer
el saco lleno de polvo que le dijo si podía compartir la seu jantar
cena con él. La niña, aunque muy asustada, le preguntó d) De repente, um homem sem cabelo apareceu com
su apellido. Él le respondió que su apellido era Gutiérrez, o terno cheio de lama e disse se ela poderia fazer-lhe
pero que era más conocido por el sobrenombre Pepe. companhia no jantar.
El señor le dijo que la salsa del estofado estaba exquisita e) De repente, um homem careca apareceu com o pa-
aunque un poco salada. El hombre le dio un vaso de letó cheio de pó e disse se ela poderia dividir o jantar
vino y cuando ella se enderezó se sintió un poco ma- com ele.
reada. El señor Gutiérrez, al verla borracha, se ofreció a
llevarla hasta la casa de su abuela. Resposta: Letra E. Já sabendo o significado de polvo,
Ella se peinó su largo pelo y, agarrados del brazo, se fue- poderá ver que saco é paletó e cena é jantar. Perce-
ron rumbo a la casita del bosque. Mientras caminaban be a importância de conhecer falsos cognatos?
vieron unas huellas que parecían de zorro que iban en
dirección al sótano de la casa. El olor de una rica salsa
llegaba hasta la puerta. ARTIGOS E CONTRAÇÕES
Al entrar tuvieron una mala impresión: la abuelita, de
espalda, estaba borrando algo en una hoja, sentada
frente al escritorio. Con espanto vieron que bajo su saco Os artículos acompanham os substantivos e deter-
asomaba una cola peluda. El hombre agarró una es- minam ou indeterminam seu gênero e número. Seu uso
coba y le pegó a la presunta abuela partiéndole una é determinado pelo substantivo que os acompanham,
muela. La niña, al verse engañada por el lobo, quiso com exceção do artigo neutro.
desquitarse aplicándole distintos golpes. Entre tanto, la
abuela que estaba amordazada, empezó a golpear la ARTIGOS
tapa del sótano para que la sacaran de allí. Al descubrir
de dónde venían los golpes, consiguieron unas tenazas 1. ARTIGOS DETERMINADOS
para poder abrir el cerrojo que estaba todo herrumbra-
do. Cuando la abuela salió, con la ropa toda sucia de
polvo, llamaron a los guardas del bosque para contar Singular Plural
todo lo que había sucedido.
Masculino el Los
(http://www.portalsaofrancisco.com.br)
170 Feminino la Los
Marque a opção em que há apenas uma referência a Neutro lo -
alimento, dentre as palavras de cada alternativa.
2. ARTIGOS INDETERMINADOS
a) pimpollos, oso, pelo, presunta, tenazas.
b) huella, carpa, escoba, ciruelas, cerrojo.
c) salada, regalo, borracha, huellas, cena. Singular Plural
d) espalda, vino, olor, sótano, rato.
Masculino un unos
e) zorro, cachorros, carpa, sitio, polvo.
Feminino una Unas
Resposta: Letra B. Normalmente a questão pediria
que encontrássemos uma alternativa onde todas as 3. ARTIGO NEUTRO LO
palavras fazem referência a alimentos, mas desta vez Este artigo transforma adjetivos ou advérbios em
devemos achar apenas um alimento, entre todos os substantivos. Pelo fato de que essa classe de palavras
outros vocábulos. Esta palavra é ciruelas (ameixas). não possui gênero, deve ser acompanhado de um ar-
Recomendo que pesquise o significado das palavras tigo neutro.
que ficaram, pois muitas são falsos cognatos. Como Exemplos:
presuntas, que significa supostas, ou polvo, que sig- La linda mujer camina feliz por la vida. → (la = adje-
nifica pó. tivo)
Lo lindo de la vida es caminar feliz por ella. → (Artigo
2. (INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO – 2018) neutro + substantivação de linda)
Marque a opção que traduz a frase, “[...] De repente Hacer el bien sin mirar a quién es mi filosofía de vida.
apareció un hombre pelado con el saco lleno de polvo → (artigo + advérbio)
que le dijo si podía compartir la cena con él”. No sabes lo bien que me hace ayudarte. → (artigo
neutro + substantivação de bien)
a) Repentinamente um homem sem roupa com o saco A formação lo + que equivale a “o que” “aquilo
cheio de peixe disse a ela se poderia fazer uma cena que”:
com ele no horário do jantar. Lo que me has dicho me asustó.
b) De repente um homem apareceu e perguntou se ha-
via algo que ela pudesse oferecer a ele para comer.
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CONTRAÇÕES poco más de una semana que hemos terminado el ro-


Em espanhol, ocorrem apenas duas contrações e daje y todavía no he salido de la película para poder
ambas incluem um artigo: hablar de ella con un mínimo de distancia. No me gus-
taría dar pistas falsas, los primeros comentarios no son
1. Contração de a (preposição) + el: a + el = al necesariamente los más certeros y después te persiguen
Voy (a + el) aeropuerto. - Voy al aeropuerto. durante toda la promoción. No sé todavía qué película
Contração de de (preposição) + el: de + el = del hemos hecho, pero sí puedo hablar de la excelencia de
Vengo (de + el) aeropuerto. - Vengo del aeropuerto. los actores y de que ha sido un rodaje idílico. Desde el
primer día, la primera lectura del guion y el primer día de
ensayo, Dolor y gloria ha sido una película bendecida
por la suerte. Un rodaje, por naturaleza, es una fábrica
EXERCÍCIOS COMENTADOS de conflictos. Esta vez no ha sido así.
Dolor y Gloria habla, entre otros temas, de dos historias
1. (ENEM – 2014) de amor que han marcado al protagonista, Salvador
En un año de campaña paraguaya, he visto muchas Mallo (Antonio Banderas), dos historias marcadas (per-
cosas tristes... dón por la redundancia, pero en esta película todo es
He visto la tierra, con su fertilidad incoercible y salvaje, intenso y deja huella), dos historias de amor marcadas
sofocar al hombre, que arroja una semilla y obtiene cien por el tiempo, el azar y la ficción. (…) La película está
plantas diferentes y no sabe cuál es la suya. He visto los en posproducción y esperamos estrenar algún día de
viejos caminos que abrió la tiranía devorados por la ve- febrero del próximo año. Para entonces tendré muchas
getación, desleídos por las inundaciones, borrados por más cosas que decir. No habrá quien me calle.
el abandono. Extraído de: http://www.elmundo.es/cultura/laesfera-
BARRET, R. Lo que he visto. Cuba: XX Feria Internacional depapel/2018/09/30/5bace1e1ca4741e4438b466f.html
del Libro de la Habana, 2011.
Se puede afirmar que las tres películas que hacen parte
Rafael Barret nasceu na Espanha e, ainda jovem, foi vi- de la trilogía NO presentan
ver no Paraguai. O fragmento do texto Lo que he visto
revela um pouco da percepção do escritor sobre a rea- a) el mismo pilar de las historias.
lidade paraguaia, marcada, em essência, pelo(a) b) el deseo como tema.
c) la misma relación entre ficción y realidad.
a) desalento frente às adversidades naturais. d) directores de cine como protagonistas. 171
b) amplo conhecimento da flora paraguaia . e) la ficción y la vida como parte de la misma moneda.
c) impossibilidade de cultivo da terra.
d) necessidade de se construírem novos caminhos. Resposta: Letra C. “la forma en que la ficción se en-
e) despreparo do agricultor no trato com a terra. trevera con la realidad de cada uno es muy distinta
en las tres narraciones.” Eis, então, aquilo em que os
Resposta: Letra A. De acordo com o texto, Rafael três filmes não têm a mesma base, o mesmo pilar. A
Barret relata lo que ha visto (o artigo neutro lo + que escolha (ou não) dos artigos definidos é o que chama
indica “aquilo que” no interior do Paraguai. Palavras a atenção no texto de Almodóvar. Veja a frase: “el
como sofocar, tiranía, devorados, desleído, borrados, deseo y la ficción cinematográfica son los pilares de
abandono denotam o desalento de Barret. la historia.”, onde “el deseo” e “la ficción”, quando
específicos (cinematográficos), tem os artigos el/la.
2. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018) Quando ele fala de ficção e vida no sentido geral,
o artigo não aparece: “Ficción y vida forman parte
Dolor y gloria: no habrá quien me calle de la misma moneda, y la vida siempre incluye dolor
Pedro Almodóvar 30 sep. 2018 y deseo”

Sin haberlo pretendido, Dolor y gloria es la tercera parte


de una trilogía de creación espontánea que ha tardado
32años en completarse. La trilogía a la que me refiero
está
compuesta por La ley del deseo y La mala educación.
Dolor y gloria sería la tercera parte de esta trilogía en la
que el deseo y la ficción cinematográfica son los pilares
de la historia. En las tres los protagonistas son directores
de cine, pero la forma en que la ficción se entrevera
con la realidad de cada uno es muy distinta en las tres
narraciones. Ficción y vida forman parte de la misma
moneda, y la vida siempre incluye dolor y deseo. Hace
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ADVÉRBIOS E ADJETIVOS

ADVÉRBIOS
Advérbios são uma palavra ou conjunto de palavras (locução) que modifica o sentido de outro advérbio, ad-
jetivos ou verbos. São classificados de acordo com sua função comunicativa.

CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS:

Classificação Formas simples Formas compostas


ciertamente, efectivamente, obviamente,
de afirmação cierto, claro, exacto, sí, seguro, también, etc.
seguramente, etc.
a lo mejor, puede ser (que),
de dúvida acaso, puede, tal vez, quizá(s), etc.
probablemente, posiblemente, etc.
sobremanera, extremamente,
algo, bastante, bien, cuanto, demasiado, más,
notablemente, solamente,
de quantidade menos, mucho, muy, nada, poco, regular, solo,
a más no poder, al máximo, a todo
tan, tanto, etc.
pulmón, etc.
abajo, acá, ahí, afuera, allá, allí, aquí, arriba,
ahí fuera, de ahí en adelante, dentro de
de lugar atrás, cerca, debajo, delante, dentro, derecha,
poco, en breve, por ahí, etc.
detrás, encima, fuera, lejos, etc.
a escondidas, a gatas, punto por
punto, difícilmente, especialmente,
alto, así, bajo, bien, deprisa, despacio, mal,
de modo estupendamente, fácilmente,
mejor, peor, regular, tal, etc.
rápidamente, fácilmente, óptimamente,
etc.
172 En absoluto, negativamente, de ninguna
de negação Jamás, no, nunca, tampoco, etc.
manera, ni por asomo, etc.
Ahora, actualmente, a menudo, antes,
anteayer, aún, ayer, después, entonces, hoy, Dentro de poco, en breve, hasta cuando,
de tempo jamás, luego, mañana, mientras, nunca, de aquí en adelante, nunca jamás, de vez
pronto, siempre, tarde, temprano, todavía, en cuando, en el futuro, etc.
siempre, ya,
¿Cuándo?, ¿dónde, ¿cómo?, ¿por qué?
de interrogação (Perguntas que exprimem a ideia de causa,
tempo, modo ou de lugar?)

USO DE MUY E MUCHO

1. MUCHO:
a) É usado antes ou depois de verbos.
Me duele mucho. - (isso me dói muito)
¡Mucho me alegra tu promoción! - (Fico muito feliz com sua promoção)

b) Antes destes quatro adjetivos:


Mayor: La inversión será mucho mayor.
(O investimento será muito maior)
Menor: Necesito una camisa mucho menor.
(Preciso de uma camisa muito menor)
Mejor: Le fue mucho mejor de lo que esperaba.
(Foi muito melhor do que esperava)
Peor: La noticia es mucho peor.
(A notícia é muito pior)
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c) Antes destes quatro advérbios: 3. COMPARATIVOS ESPECIALES


Antes: Salimos mucho antes que tú.
(Saímos bem antes que vocês)
Comparativos superlativos
Después: Me lo dijo mucho después.
(Ele me disse muito depois) bueno Mejor óptimo / el mejor
Más: Exigieron plazos mucho más breves. malo Peor pésimo / el peor
(Exigiram prazos muito mais curtos)
Menos: Era mucho menos sencillo. grande Mayor máximo / el mayor
(Era bem menos simples) pequeño Menor mínimo / el menor

2. MUY: ADJETIVOS POSSESSIVOS


É uma apócope de mucho. Usa-se antes de Sempre antecedem o substantivo:
a) Outro advérbio: muy cerca, muy fácil, muy difí-
cil, muy malo, muy muy bien, etc. Singular Plural
b) Adjetivos: muy cansada, muy alegre, muy triste, etc.
Mi Mis
ADJETIVOS tu Tus
Mudam quanto a gênero (masculino ou feminino) e Su Sus
número (singular ou plural) de acordo com o substanti-
vo, que sempre o precedem. Há, porém, algumas exe- nuestro Nuestros
ções. nuestra Nuestras
vuestro Vuestros
1. Adjetivos variáveis: vuestra Vuestras
Vimos un león blanco en el zoológico. Su Sus
Tenemos un coche grande para andar con la familia.
Nos dieron muchos consejos. A APÓCOPE
Él tiene muchas amigas. Consiste na perda de uma ou várias letras em detri-
• Note que neste caso as palavras mucho(s) e mento da palavra que vier a continuação:
mucha(s) tornam-se adjetivo, por acompanhar um subs- a) Mucho → muy: nos casos relatados anterior-
tantivo, o que justifica sua mudança de gênero. mente
173
2. Adjetivos invariáveis: Costumam terminar em -e: b) Diante de advérbios e adjetivos:
Alegre, triste, inteligente, amable, amigable, etc. tanto → tan
GRAU DOS ADJETIVOS E DOS ADVÉRBIOS ¡He trabajado tanto!
Ellos son tan exigentes. (tan + adjetivo)
1. GRAU COMPARATIVO cuanto (cuánto) → cuan (cuán)
a) Comparativo de inferioridade: ¿Sabes cuánto cuesta eso?
menos... que: Juan es menos inteligente que usted. Aún no descubrimos cuán lejos estamos. (cuán +
menos que: Usted estudia menos que Juan. advérbio)
b) Comparativo de superioridade
más... que: Alejandra es más rápida que mi mamá. c) Diante de qualquer substantivo (feminino ou
más que: Alejandra anda más que mi mamá. masculino)
c) Comparativo de igualdade Ciento → cien
tan... como: ¡Tú eres tan simpática como mi hermana! Cientos de hombres caminaron juntos
tanto como: Quiero ganar tanto como tú. Cien hombres caminaron juntos
cualquiera → cualquier
2. GRAU SUPERLATIVO pido a cualquiera que nos pregunten cuando sea
a) Pode ser formado com... necesario.
más... que: Este libro vende más que todos. Cualquier persona puede hacer preguntas.
más... de: Este libro es el más extenso de todos. grande → gran
Esta historia es muy grande.
b) Pode terminar em -ísimo(s) ou ísima(s) (alguns Esa es una gran historia.
modificam um pouco o adjetivo ou advérbio); érrimo(s);
pobre – pobríssimo; paupérrimo; rico – riquísimo; amable d) Diante de substantivos masculinos
– amabilísimo; antiguo – antiquísimo. Alguno → algún
Bueno → buen
Malo → mal
Ninguno → ningún
Tercero → tercer
Uno → un
Santo → san
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• Não se apocopa santo com nomes começados em “To” e “Do”: Santo Tomé, Santo Tomás, Santo Domingo,
etc., para não afetar sua pronúncia.
Exemplos:
Llegó tercero en la corrida.
El tercer candidato ha llegado.
Santo Domingo no era tan conocido.
San Antonio era un gran santo.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - 2018)

UNA INVASIÓN BORRÓ DEL MAPA A LOS HOMBRES DE LO QUE HOY ES ESPAÑA HACE 4.500 AÑOS

Hace más de 5.000 años, grupos de pastores a lomos de caballos se lanzaron desde las estepas del este de Europa
a la conquista del resto del continente. Los jinetes, conocidos hoy como yamnayas, llevaban consigo una innova-
ción tecnológica: carretas con ruedas que facilitaban la rápida ocupación de nuevas tierras. Hace 4.500 años, los
descendientes de estos habitantes de las estepas llegaron a la península Ibérica y borraron del mapa a los locales,
según una nueva investigación de un equipo internacional de científicos. “La colisión de estas dos poblaciones
no fue amistosa, sino que los hombres llegados del exterior desplazaron a los hombres locales casi por completo”,
según el genetista estadounidense David Reich, que adelantó sus resultados el 22 de septiembre en un evento or-
ganizado por la revista New Scientist.
La llegada de los invasores a lo que hoy es España y Portugal tuvo “un rápido y generalizado impacto genético”,
según afirmó el genetista español Íñigo Olalde hace dos semanas en un congreso científico en Jena (Alemania).
Las posteriores poblaciones de la Edad del Bronce presentaban “un 40% de la información genética y el 100% de sus
cromosomas Y procedentes de estos migrantes”, según la charla de Olalde. Dado que el cromosoma Y se hereda
de los padres, “esto significa que los hombres que llegaron tenían un acceso preferente a las mujeres locales, una
174 y otra vez”, describió Reich en el acto de New Scientist.
El nuevo estudio, que analiza el ADN de los restos de 153 individuos desenterrados en la península Ibérica, está pen-
diente de publicación en una de las revistas científicas más importantes del mundo. Ni Reich ni Olalde, ambos de la
Universidad de Harvard (EE UU), quieren ofrecer más detalles por el momento. En el trabajo también há participado
el genetista Carles Lalueza-Fox, del Instituto de Biología Evolutiva de Barcelona.
(…)
Extraído de: https://elpais.com/elpais/2018/10/01/ciencia/1538416630_736638.html
CUESTIÓN 65
¿Cuál es la mejor opción para sustituir las palabras subrayadas por otras sin perder el sentido original del texto?

a) Exterminaron – algunas veces


b) Aniquilaron – de nuevo
c) Deslocaron - pocas veces
d) Aniquilaron – algunas veces
e) Deslocaron – de forma frecuente

Resposta: Letra E. Considerando “deslocar” como sinônimo de “desplazar” e “de forma frecuente” como o termo
mais próximo de “casi por completo”, aparecendo na frase “los hombres llegados el exterior desplazaron a los
hombres locales casi por completo”, podemos assumir que a alternativa E) seja a alternativa mais adequada.
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PRONOMES

Esta classe de palavra é bastante extensa e adquire funções variadas dentro de uma frase, muito embora
seu nome expresse que os pronomes existam para “substituir” (pro em latim significa “no lugar de”) o nome
(substantivos).

DEMONSTRATIVOS

a) Podem adquirir a função de adjetivo ou de pronome. Se o demonstrativo acompanhar um substantivo, é


adjetivo. Caso contrário, será um pronome demonstrativo.

Masculino Feminino Neutro


este/estos esta/estas esto/ ø perto
esse/esos esa/essas eso/ ø não tão perto
aquel/aquellos aquella/aqueelas aquello/ ø Longe

SE LIGA!
Antigamente, pronomes e adjetivos diferenciavam-se pelo uso de acentuação gráfica, mas a partir
da nova lei de ortografia espanhola de 2010 esta diferenciação foi abolida.

Exemplos:
En esta casa hay dos cocinas. (esta + substantivo = adjetivo demonstrativo)
Esta (cocina) es más grande que la otra. (esta + ø = pronome demonstrativo)
175
PRONOMES PESSOAIS

Singular Plural
1ª pessoa Yo nosotros/nosotras eu/ nós
2ª pessoa Tú vosotros/vosotras você (tu)/vocês
ele, ela, o sr., a sra./ eles, elas, os senhores,
3ª pessoa él, ella, usted ellos, ellas, ustedes
as senhoras
Tú, em alguns países é
substituído por “vos”,

PRONOMES COMPLEMENTO DIRETO E INDIRETO


1. Pronome complemento direto.
Normalmente responde às perguntas “a que?” ou “a quem?”; “que?” ou “quem?”

Pronomes (Sing./ Pl.) Pronome Complemento


1ª pessoa Yo / nosotros (as) Me
2ª pessoa Tú / vosotros (as) te / os
él, ella, usted /
3ª pessoa Lo, la / los; las
Ellos(as), ustedes

Exemplos:
Singular: Ella dijo una mentira a mí. Ella me dijo una mentira.
Ella dijo una mentira a vosotros. Ella os dijo una mentira.
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• A preposição “a” é a única preposição admitida com complemento direto.

Complemento Direto Feminino Complemento Direto masculino


Ella dijo una mentira.
Ella contó un cuento.
Ella la dijo.
Ella lo contó.
Ella lo dijo. (disse aquilo, isso – no sentido neutro)
Ella dijo mentiras. Ella contó unos cuentos.
Ella las dijo. Ella los contó.
Ella lo dijo (aquilo, isso – no sentido neutro)

2. PRONOMES INDIRETOS
Os pronomes complemento indireto substituem o nome em uma oração com complemento indireto. Normal-
mente respondem a “com/ para / de / a quê”, “com/ para / a quem” ou “de quê”.

Pronomes (Sing./ Pl.) Pronome Complemento


1ª pessoa Yo / nosotros (as) Me / nos
2ª pessoa Tú / vosotros (as) Te / os
3ª pessoa él, ella, usted / Ellos(as), ustedes Le (se) ; / les (se); las

Outros Exemplos:

Complemento Direto Feminino Complemento Direto masculino
Ella dijo una mentira para María.
Ella contó un cuento para José.
Ella le dijo una mentira.
Ella le contó un cuento
Ella se la dijo.
Ella se lo contó.
Ella se lo dijo
Ella dijo mentiras para María y
176 Ella contó cuentos para María y José.
José.
Ella les contó cuentos.
Ella les dijo unas mentiras.
Ella se los contó
Ella se las dijo.

PRONOMES POSSESSIVOS
A diferença dos adjetivos possessivos, os pronomes não antecedem um substantivo e todos possuem formas
feminina e masculina:

SINGULAR PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
mío Mía míos mías
tuyo tuya tuyos tuyas
suyo suya suyos suyas
nuestro nuestra nuestros nuestras
vuestro vuestra vuestros vuestras
suyo suya suyos suyas

PRONOMES INDEFINIDOS
Substituem pessoas ou coisas de forma indefinida. Atenção. Não confunda com adjetivos indefinidos, que an-
tecedem um substantivo.
Exemplo:
– Ustedes tienen mucho orgullo de sus alumnos. (adjetivo + substantivo)
– Sí. mucho. (pronome)

São, entre outros: algo; alguno; alguien; bastante; cualquier; cualquiera; nada; nadie; poco; ninguno(a) (existe
também ningún, mas é adjetivo pois vem antes de um substantivo masculino)
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PRONOMES INTERROGATIVOS E EXCLAMATIVOS mos cualquier cosa que tengamos a mano: una pelota
Em espanhol começam e encerram a oração com o una sábana para divertirnos. Esa pequeña terapia de
o signo interrogativo e exclamativo risa es altamente curativa contra los bajones anímicos,
Qué; Quién / quiénes; Cuál / cuales; Cuánto / cuán- contra el estrés, contra los pequeños enojos cotidianos,
ta / cuántos / cuántas contra todo.
Exemplos: OVIEDO, P. Sophia, n. 130, ago. 2012 (adaptado).
¿Qué me cuentas sobre Ana?
¡Qué alegría haber visto a Ana! O texto é uma carta de leitor sobre a reportagem “De-
¿cuánto cuestan estos zapatos? senchúfalo… ¡a jugar!”, publicada em uma revista. Ao
¡Cuánta gente! relatar sua experiência pessoal, a leitora retoma o tema
da reportagem e confirma a necessidade de:
PRONOMES RELATIVOS
Coincidem com os pronomes interrogativos e ex- a) cercar as crianças da tecnologia disponível e treiná-
clamativos, mas não são acentuadas. Além disso, tem -las a usá-la.
também o pronome cuyo e suas variações. Sua função b) desconectar as crianças dos aparelhos tecnológicos
consiste em remeter a termos já mencionados: e brincar com elas.
cuyo / cuya / cuyos / cuyas; que / quien / quienes / c) oferecer às crianças uma variedade de brinquedos
cual / cuales / cuanto / cuanta / cuantos / cuantas não tecnológicos.
Exemplos: d) revezar o tempo que cada um dedica às brincadei-
El hombre, cuyo nombre no recuerdo, volvió a pre- ras com os filhos
guntar por ti. e) Controlar o tempo de que os filhos dispõem para usar
la casa que me mostraste ya fue vendida. os aparelhos tecnológicos.
PRONOMES JUNTO A IMPERATIVOS
Resposta: Letra B. Esta é uma ótima chance para re-
Os pronomes reflexivos ou outros pronomes pessoais
forçarmos que é muito comum a junção de prono-
também são adicionados diretamente à forma verbal.
mes e imperativos. O verbo desenchufar (desconec-
me – te – se – nos – os – se
tar), ligado ao pronome lo, faz referência a um texto
el – los – la – las – les, etc.
que incentiva aos pais a passar mais tempo com o
filho e afastá-las de aparelhos eletrônicos (ele ou filho
Podem ser unidos à forma imperativa, como nos
assume o pronome lo junto ao imperativo).
exemplos a seguir: 177
Pon las compras en la mesa (pon + las cartas = las)
2. (ENEM – 2016)
Ponlas en la mesa.
Pon las compras en la mesa, para mí, por favor. (para
mí = me) Preámbulo a las instrucciones para dar cuerda al reloj
Pónmelas sobre la mesa. Piensa en esto: cuando te regalan un reloj te regalan un
¿Le doy el libro a José? pequeño infierno florido, una cadena de rosas, un cala-
- Dáselo. bozo de aire. No te dan solamente el reloj, que los cum-
plas muy felices y esperamos que te dure porque es de
• Na forma negativa dos pronomes pessoais, sem- buena marca, suizo con áncora de rubíes; no te regalan
pre vai antes do verbo. solamente ese menudo picapedrero que te atarás a la
Pon las compras en la mesa (afirmativo) muñeca y pasearás contigo. Te regalan — no lo saben,
No pongas las compras en la mesa. lo terrible es que no lo saben —, te regalan un nuevo
No las pongas en la mesa. pedazo frágil y precario de ti mismo, algo que es tuyo
No me las pongas en la mesa. pero no es tu cuerpo, que hay que atar a tu cuerpo con
su correa como un bracito desesperado colgándose de
tu muñeca. Te regalan la necesidad de darle cuerda to-
dos los días, la obligación de darle cuerda para que siga
EXERCÍCIOS COMENTADOS siendo un reloj; te regalan la obsesión de atender a la
hora exacta en las vitrinas de las joyerías, en el anuncio
1. (ENEM – 2015) por la radio, en el servicio telefónico. Te regalan el mie-
Soy madre de un pequeño de 3 años y a partir del artí- do de perderlo, de que te lo roben, de que se te caiga
culo “Desenchúfalo… ¡a jugar!”, me puse a pensar en el al suelo y se rompa. Te regalan su marca, y la seguridad
tiempo que le dedico a mi hijo. Todos los días, cuando de que es una marca mejor que las otras, te regalan la
llego a mi casa, mi prioridad es mi hijo y nos turnamos tendencia de comparar tu reloj con los demás relojes.
con mi marido para ver quién cocina y quién se tira en No te regalan un reloj, tú eres el regalado, a ti te ofrecen
el piso a jugar con Santiago. Nuestro hijo tiene toda tec- para el cumpleaños del reloj.
nología a su disposición, porque su papá es técnico en CORTÁZAR, J. Historias de cronopios y de famas. Buenos
sistemas, pero cuando llegamos a casa después de un Aires: Sudamericana, 1963 (fragmento).
agotador día laboral, nos desenchufamos los tres y usa-
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Nesse texto, Júlio Cortázar transforma pequenas ações cotidianas em criação literária,

a) denunciando a má qualidade dos relógios modernos em relação aos antigos.


b) apresentando possibilidades de sermos presenteados com um relógio.
c) convidando o leitor a refletir sobre a coisificação do ser humano.
d) desafiando o leitor a pensar sobre a efemeridade do tempo.
e) criticando o leitor por ignorar os malefícios do relógio.

Resposta: Letra C. A reflexão sobre a importância que adquirem as coisas, por cima das necessidades do próprio
ser humano, está recheada de reflexões sobre o que é que acontece quando alguém ganha um relógio: Não
será você quem “usará” o objeto, senão que é ele que “te” influenciará: “te regalan... la necedidad de darle
cuerda todos los días; te regalan la tendencia de comparar tu reloj con los demás relojes; te regalan un nuevo
pedazo frágil y precario de ti mismo”, e assim por diante.

VERBOS

Os verbos possuem três tipos de conjugação, que são:

a) Primeira conjugação:
Verbos que terminam em -ar, tais como andar /amar / hablar /arreglar / parar, etc.

b) Segunda conjugação:
São os verbos terminados em -er, tais como comer / vender/ hacer / oferecer, etc.

c) Terceira conjugação:
Verbos terminados em -ir, tais como partir / traduzir / sentir / dividir, etc.

178 MODOS DO VERBO

Os tempos verbais se identificam de acordo com os modos (indicativo, subjuntivo e imperativo)

1. MODO INDICATIVO
No modo indicativo temos os tempos verbais do Presente, Pretérito perfeito (ou indefinido), Pretérito Imperfeito
e Futuro simples, que apresentamos a seguir:

PRESENTE DO INDICATIVO
Usamos o Presente do Indicativo para relatar ações corriqueiras no presente. Muitos de seus verbos são regula-
res, como na tabela a seguir:

Amar Comer Partir


Yo amo como parto
Tú amas comes partes
él/ella/usted ama come parte
nosotros(as) amamos comemos partimos
vosotros(as) amáis coméis partís
ellos/ellas/ustedes aman comen parten

Outros verbos regulares: comprar, hablar, estudiar, trabajar, cantar, bailar, confiar, llamar; beber, correr, tomar,
leer, creer, comprender, barrer, ver, temer, aprender; abrir, subir, recibir, escribir, añadir, reunir, asistir, presumir, divi-
dir, existir, sufrir, discutir, etc.
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VERBOS IRREGULARES
A respeito dos verbos irregulares, muitos mantém a mesmo final que os verbos regulares, porém mudam certas
vogais anteriores à conjugação.

a) Da 1ª conjugação:
Mudam “o” por “ue”: contar, concordar, sonar, soñar, concordar, probar, colgar, rogar, volar, soltar, almorzar,
etc.
Mudam “e” por “ie”: apretar, cerrar, empezar, negar, sentar, despertar, atravesar, gobernar, helar, concertar,
tropezar, etc.
Exemplos:

Contar Negar
Yo cuento niego
Tú cuentas niegas
él/ella/usted cuenta niega
nosotros(as) contamos negamos
vosotros(as) contáis negáis
ellos/ellas/ustedes cuentan niegan

A 1ª e 2ª pessoa do plural não segue esta irregularidade.

b) Da 2ª conjugação:
Mudam “o” por “eu”: cocer, comover, devolver, doler, envolver, disolver, torcer, morder, volver, etc.
Mudam “e” por “ie”: atender, defender, entender, atender, extender, ascender, perder, querer, etc.
Exemplos:

Contar Negar
Yo cuento niego 179
Tú cuentas niegas
él/ella/usted cuenta niega
nosotros(as) contamos negamos
vosotros(as) contáis negáis
ellos/ellas/ustedes cuentan niegan

A 1ª e 2ª pessoa do plural não segue esta irregularidade.

c) Da 3ª conjugação:
Mudam “o” por “eu”: só acontece com os verbos dormir e morir.
Mudam “e” por “i”: corregir, despedir, elegir, impedir, seguir, repetir, teñir, sonreír, servir, derretir, vestir, etc.
Mudam “e” por “ie”: advertir, arrepentir, adherir, consentir, convertir, conferir, digerir, herir, preferir, etc.
Exemplos:

Morir Dormir Preferir


yo muero duermo prefiero
tú mueres duermes prefieres
él/ella/usted muere duerme prefiere
nosotros(as) morimos dormimos preferimos
vosotros(as) morís dormís preferís
ellos/ellas/ustedes mueren duermen prefieren

A 1ª e 2ª pessoa do plural não segue esta irregularidade.


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OUTRAS IRREGULARIDADES

a) Incluem a letra “g” na 1ª pessoa do singular:


caer (caigo); decir (digo); hacer (hago); oír (oigo); poner (pongo); salir (salgo); tener (tengo); traer (traigo); valer
(valgo); venir (vengo);

b) Incluem “zc” na 1ª conjugação:


Deducir (deduzco) - *assim também são conjugados todos os verbos terminados em -ducir)
conducir (conduzco); conocer (conozco); crecer (crezco); nacer (nazco); merecer (merezco); ofrecer (ofrez-
co); padecer (padezco)

c) Verbos estar e ir:

Estar Ir
yo Estoy Voy
tú Estás Vas
él/ella/usted Está Va
nosotros(as) Estamos Vamos
vosotros(as) Estáis Vais
ellos/ellas/ustedes estamos vamos

d) Terminações especiais:
Mudam apenas na 1ª conjugação os seguintes verbos:

Dar Saber Caber


yo doy sé quepo
tú das sabes cabes
180
él/ella/usted da sabe cabe
nosotros(as) damos sabemos cabemos
vosotros(as) dais sabéis cabéis
ellos/ellas/ustedes dan saben caben

VERBOS HABER E GUSTAR


No Presente do Indicativo, o verbo haber, no sentido de “existir” (existe, existem), sempre é usado no singular
(hay):
Hay una rosa en el jardín.
En ese jardín hay muchas rosas.
Para formar tempos compostos, o verbo haber é conjugado da seguinte forma:

Haber
yo He
tú Has
él/ella/usted Ha
nosotros(as) Hemos
vosotros(as) Habéis
ellos/ellas/ustedes han

O verbo gustar, no sentido de “agradar”, é conjugado apenas na 3ª pessoa do singular ou na 3ª pessoa do


plural), de acordo com seu sujeito.
A mí me gusta el agua caliente. (sujeito: agua caliente – singular)
A tí te gustan los perros. (sujeito: los perros – plural)
• Também conjugados deste jeito os verbos apetecer, parecer, entre outros.
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O PRETÉRITO PERFECTO OU INDEFINIDO


Seu uso remete a ações passadas em um tempo definido. Normalmente é acampanhado por locuções de
tempo, como ayer, anteayer, anoche, la semana pasada, el mes pasado, el año pasado, etc.

FORMAS REGULARES
Amar Vender Partir
yo amé vendí partí
tú amaste vendiste partiste
él/ella/usted amó vendió partió
nosotros(as) amamos vendimos partimos
vosotros(as) amasteis vendisteis partisteis
ellos/ellas/ustedes amaron vendieron partieron

Assim são conjugados: amar, bailar, cantar, cerrar, estudiar, llamar, llevar, nadar, soñar; beber, comer, correr,
encender, morder, nacer; abrir, dirgir, prohibir, sufrir, etc.

IRREGULARES (1ª conjugação)


Andar Dar Estar
yo anduve di estuve
tú anduviste diste estuviste
él/ella/usted anduvo dio estuvo
nosotros(as) anduvimos dimos estuvimos
vosotros(as) anduvisteis disteis estuvisteis
ellos/ellas/ustedes anduvieron dieron estuvieron

181
IRREGULARES– (2ª conjugação)
Caber Haber Tener Poder Poner
yo cupe hube tuve pude puso
tú cupiste hubiste tuviste pudiste pusiste
él/ella/usted cupo hubo tuvo pudo puso
nosotros(as) cupimos hubimos tuvimos pudimos pusimos
vosotros(as) cupisteis hubisteis tuvisteis pudisteis pusisteis
ellos/ellas/ustedes cupieron hubieron tuvieron pudieron pusieron

IRREGULARES – 2ª CONJUGAÇÃO
Ser Hacer Querer Traer
yo fui Hice quise traje
tú fuiste Hiciste quisiste trajiste
él/ella/usted fue Hizo quiso trajo
nosotros(as) fuimos hicimos quisimos trajimos
vosotros(as) fuisteis hicisteis quisisteis trajistes
ellos/ellas/ustedes fueron hicieron quisieron trajeron
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IRREGULARES – 3ª CONJUGAÇÃO
Ir Venir Decir Producir
yo fui vine dije produje
tú fuiste viniste dijiste produjiste
él/ella/usted fue vino dijo produjo
nosotros(as) fuimos vinieron dijeron produjeron
vosotros(as) fuisteis vinisteis dijiste produjiste
ellos/ellas/ustedes fueron vinieron dijeron produjeron

Todos os derivados destes verbos são conjugados da mesma forma.

PRETÉRITO PERFECTO COMPOSTO

Verbo haber Amar Vender Partir


yo He amado vendido partido
tú Has amado vendido partido
él/ella/usted Há amado vendido partido
nosotros(as) Hemos amado vendido partido
vosotros(as) habéis amado vendido partido
ellos/ellas/ustedes han amado vendido partido

Este tempo verbal serve para mencionar ações acontecidas recentemente e utiliza a conjugação do verbo
haber + particípio do verbo principal.
Usam expressões de tempo que indique a ideia de um tempo não muito distante:
Hace poco, has ahora, hoy, esta mañana, esta semana, etc.
A 1ª conjugação dos verbos não apresenta nenhuma irregularidade para a formação de sua forma composta,
182 no entanto, a 2ª e a 3ª conjugação tem algumas exceções:
a) IRREGULARIDADES DA 2ª CONJUGAÇÃO:
Mudam -er por outras formas, como -uesto; -uelto; -echo; -oto; -visto:
poner – compuesto
hacer – hecho
volver - vuelto
romper – roto
ver – visto

O mesmo acontece com todos os verbos derivados destes verbos.

a) IRREGULARIDADES DA 3ª CONJUGAÇÃO:
A terminação -ir é mudada para -ierto; -icho; -ito; -uerto:
abrir – abierto
cubrir – cubierto
decir – dicho
escribir – escrito
morir – muerto

FUTURO SIMPLES

Amar Comer Vivir


yo amaré comeré viviré
tú amarás comerás vivirás
él/ella/usted amará comerá vivirá
nosotros(as) amaremos comeremos viviremos
vosotros(as) amaréis comeréis viviréis
ellos/ellas/ustedes amarán comerán vivirán
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Entre outros verbos regulares temos: cantar, empezar, lavar, comprar, trabajar, estudiar, nadar, pensar, hablar,
llorar, encerrar, bailar, comer, deber, beber, correr, ler, entender, morder, crer, conocer, perder, nascer, vender,
crecer, ver, etc.

PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO


Utilizamos o imperfeito quando queremos descrever uma situação que tem relação com alguma ação passada.
1. Quando falamos de uma atividade realizada dentro de um período de tempo no passado.
2. Para descrever os estados emocionais do passado.
3. Para pedir algo com gentileza.

FORMAS REGULARES
Amar Comer Partir
yo amaba comía partía
tú amabas comías partías
él/ella/usted amaba comía partía
nosotros(as) amábamos comíamos partíamos
vosotros(as) amábais comíais partíais
ellos/ellas/ustedes amaban comían partían

O Pretérito Perfeito só apresenta irregularidade nos verbos ir, ser e ver:

FORMAS IRREGULARES
Ser Ir Ver
yo era iba veía
tú eras ibas veías
él/ella/usted era iba veía
183
nosotros(as) éramos íbamos veíamos
vosotros(as) érais íbais veíais
ellos/ellas/ustedes eran iban veían

FUTURO IMPERFEITO
Para expressar ações futuras, utilizamos no cotidiano a estrutura “ir a + infinitivo”.
Exemplo: Juan pronto va a pensar en una solución
Mas em espanhol também existe o futuro imperfeito que é utilizado para expressar ações futuras.
Ellos irán a México por su trabajo.
Formam-se a partir do infinitivo de cada verbo:

amar comer partir


yo amaré comeré Partiré
tú amarás comerás Partirás
él/ella/usted amará comerá Partirá
nosotros(as) amaremos comeremos Partiremos
vosotros(as) Amaréis comeréis Partiréis
ellos/ellas/ustedes amarán comerán Partirán

USOS DO FUTURO IMPERFEITO

a) O futuro imperfeito é usado para expressar ações futuras


La próxima semana sabremos lo que pasa.

b) Para expressar probabilidades ou suposições.


¿Quién verá esa película?
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FORMAS IRREGULARES
Caber Haber Saber Hacer Decir
yo cabré habré sabré haré diré
tú cabrás habrás sabrás harás dirás
él/ella/usted cabrá habrá sabrá hará dirá
nosotros(as) cabremos habremos sabremos haremos diremos
vosotros(as) cabréis habréis sabréis haréis diréis
ellos/ellas/ustedes cabrán habrán sabrán harán dirán

Querer Saber Poder Poner Tener


yo querré sabré podré pondré tendré
tú querrás sabrás podrás pondrás tendrás
él/ella/usted querrá sabrá podrá pondrá tendrá
nosotros(as) queremos sabremos podremos pondremos tendremos
vosotros(as) querréis sabréis podréis pondréis tendréis
ellos/ellas/ustedes querrán sabrán podrán pondrán tendrán

Como o verbo tener são conjugados os verbos poder, salir, valer, venir e derivados.

IMPERATIVO

O modo imperativo se usa para dar ordens, pedir ou expressar desejos. O imperativo possui suas próprias formas
apenas na segunda pessoa do plural e no singular. Para as demais conjugações utiliza-se o modo subjuntivo.

1. VERBOS REGULARES
184 São conjugados como em amar comer e partir

Amar comer Partir


yo - - -
tú ama come parte
él/ella/usted ame coma parta
nosotros(as) amemos comamos partamos
vosotros(as) amad comed partíd
ellos/ellas/ustedes amen coman partan

IMPERATIVO NEGATIVO

Amar Comer Partir


yo - - -
tú no ames no comas no partas
él/ella/usted no ame no coma no parta
nosotros(as) no amemos no comamos no partamos
vosotros(as) no améis no comáis no partáis
ellos/ellas/ustedes no amen no coman no partan
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VERBOS COM DITONGO E VERBOS COM MUDANÇA DE VOGAL

a) Os verbos com ditongos e com mudança de vogal na 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo man-
tém o ditongo ou a mudança de vogal nas pessoas tú, usted, utedes:

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


yo - -
tú miente no mientas
él/ella/usted mienta no mienta
nosotros(as) mintamos no mintamos
vosotros(as) mentid no mintáis
ellos/ellas/ustedes mientan no mientan

b) Inclusão de “g” no Presente do indicativo:

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


yo - -
tú Pon no pongas
él/ella/usted Ponga no ponga
nosotros(as) pongamos no pongamos
vosotros(as) Poned no pongáis
ellos/ellas/ustedes pongan no pongan

VERBO IR
O imperativo de ir (muitas vezes o verbo ir se usa em sua forma reflexiva).
185
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
yo - -
tú ve, vete no (te) vayas
él/ella/usted vaya, váyase no (se) vaya
nosotros(as) vayamos, vayámonos No (nos) vayamos
vosotros(as) id, idos (iros) no (as) vayáis
ellos/ellas/ustedes vayan, váyanse No (se) vayan

VERBO SER

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


yo - -
tú sé no seas
él/ella/usted sea no sea
nosotros(as) seamos no seamos
vosotros(as) sed no séais
ellos/ellas/ustedes sean no sean
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VERBO SABER

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Yo - -
tú sepas no sepan
él/ella/usted sepa no sepa
nosotros(as) sepamos no sepamos
vosotros(as) sabed no sepáis
ellos/ellas/ustedes sepan no sepan

FORMAS ESPECIAIS DO IMPERATIVO DE “TÚ”:

decir hacer poner salir ser tener venir


Di haz pon sal sé ten ven

MODO SUBJUNTIVO

1. PRESENTE DO SUBJUNTIVO
O modo subjuntivo tem a característica de ressaltar a ideia de irreal, de probabilidade, de incerteza na concre-
tização de uma ação.
O presente do subjuntivo expressa uma ação não consumada, no presente ou no futuro, de acordo com o
contexto. Expressam dúvida, pedido, ordem, desejo:
Espero que te vaya bien mañana.

SE LIGA!
186 Gosto de usar a locução “espero que” para pensar no subjuntivo, já que normalmente me traz à
mente precisamente um verbo nessa conjugação:
Espero que amanhã não chova – Espero que mañana no llueva.

Verbos Regulares

hablar comer partir


Yo hable coma parta
Tú hables comas partas
él/ella/usted hable coma parta
nosotros(as) hablemos comamos partamos
vosotros(as) habléis comáis partáis
ellos/ellas/ustedes hablen coman partan

Verbos terminados em –acer, -ecer, -ocer, -ucir. Como no verbo conocer com a adição de zc:

Yo conozca
Tú conozcas
él/ella/usted conozca
nosotros(as) conozcamos
vosotros(as) Conozcáis
ellos/ellas/ustedes conozcan
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Verbos ser/ir/estar/haber/hacer

ser ir estar haber hacer dar saber


yo sea vaya esté haya haga dé sepa
tú seas vayas estes hayas hagas des sepas
él/ella/usted sea vaya este haya haga dé sepa
nosotros(as) seamos vayamos estemos hayamos hagamos demos sepamos
vosotros(as) seáis vayáis estéis hayáis hagáis déis sepáis
ellos/ellas/ustedes sean vayan estén hayan hagan den sepan

PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO


Apresenta duas formas. Expressa uma ação não consumada, no momento presente, passado ou futuro em
relação ao verbo principal. É empregado para expressar desejo ou dúvida:

hablar comer partir


yo hablara/hablase comiera/comiese partiera/partiese
tú hablaras/hablases comieras/comieses partieras/partieses
él/ella/usted hablara/hablase comiera/comiese partiera/partiese
nosotros(as) habláramos/hablásemos comiéramos/comiésemos partiéramos/partiésemos
vosotros(as) hablarais/hablaseis comierais/comieseis partierais/partieseis
ellos/ellas/ustedes Hablaran/hablaseis comieran/comiesen partieran/partiesen

EXERCÍCIOS COMENTADOS
187
1. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018)

Apuestas por la educación bilíngue


Tantos modelos como realidades

Algunos de los países de habla hispana en los que conviven dos lenguas han puesto em marcha sistemas educati-
vos cuyo objetivo es garantizar la educación em esos dos idiomas. Sin embargo, en cada lugar se há encontrado
una solución específica.
Uno de los modelos es el que se ofrece en el País Vasco (España). Aquí existen tres modelos lingüísticos: en las es-
cuelas que ofrecen el modelo A, los alumnos reciben toda la educación en castellano, excepto en la asignatura
en lengua vasca (euskera); en el modelo D sucede a la inversa, estudian todas las materas en vasco, excepto la
asignatura de lengua española; y en el modelo B algunas asignaturas se imparten en castellano y otras en euskera.
Este modelo permite a los padres elegir la lengua en la que quieren que estudien sus hijos, pero según la opinión de
algunas personas, no contribuye a la cohesión de la sociedad vasca porque divide a los ciudadanos desde niños.
En Cataluña (España), la enseñanza en las escuelas primarias y secundarias es en catalán, aunque existe una asig-
natura de lengua castellana en todos los cursos.
Este modelo de educación bilingüe responde al concepto de discriminación positiva. La enseñanza en catalán fue
prohibida durante la dictadura franquista (1939-75). A finales de los años 80 se consideró que la única manera de
que los catalanes aprendieran su lengua (que habían continuado hablando en sus casas, pero que muchos no sa-
bían escribir) era que la enseñanza fuera en catalán. Este modelo ha recibido críticas de los que creen que debería
ser posible que un niño fuera educado en español. Aunque se propuso crear un modelo como el vasco, se rechazó
esa opción al considerar que podría dividir a la sociedad catalana entre catalano y castellano parlantes. (…)

Texto adaptado de CHAMORRO, César et. al. Todas las Vozes – Curso de Cultura y Civilización B1. Barcelona: Difu-
sión, 2012. p. 73-74.

Sobre el fragmento “Este modelo ha recibido críticas de los que creen que debería ser posible que un niño fuera
educado en español. Aunque se propuso crear un modelo como el vasco, se rechazó esa opción al considerar que
podría dividir a la sociedad catalana entre catalano y castellanoparlantes.”, es CORRECTO afirmar:
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a) Los verbos “propuso” y “rechazó” están conjugados Resposta: Letra D. A Azaral, Asociación Canária de
em el pretérito perfecto de indicativo. Crianza natural, é a promotora do anúncio que, por
b) Los verbos “debería” y “podría” están conjugados almejar promover a criação (crianza) natural infantil,
em el pretérito indefinido de indicativo. mostra a outras mães que elas podem fazer parte do
c) “Ha recibido” es una forma verbal compuesta y está grupo ao apoiar o aleitamento materno e proceder
conjugada en el presente de indicativo. como elas. Além do nosotras (3ª pessoa do plural), o
d) El verbo “propuso” está conjugado en el pretérito in- adjetivo possessivo nuestros acompanha esta reflexão.
defino de indicativo.
e) “Rechazó” es una forma verbal simples y está conju-
gada en el pretérito imperfecto de indicativo. PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES
Resposta: Letra D. O verbo proponer, que é derivado
do verbo poner, cuja terminação é irregular no Pre- PREPOSIÇÕES
térito Perfeito (ou indefinido), foi conjugado correta-
mente nesse tempo verbal: yo propuse, tú propusiste, Estabelecem relações entre duas palavras, conce-
él propuso, etc. dendo-lhes significação de acordo com seu propósito
(lugar, tempo, modo, exceção, velocidade, de tempo,
2. (ENEM – 2014) de causa, etc).
São, entre outros:
a, ante, bajo, con, contra, de, desde, durante, en,
entre, excepto, incluso, salvo, según, hacia, hasta, para,
por, sobre, sin, tras, no obstante, etc.

Os dois tipos de palavras unidas pelas preposições


podem ser:

a) Um adjetivo e um verbo:
¿Estás preparada para viajar? (adjetivo + para + ver-
bo)

188 b) Um adjetivo e um substantivo:


Él caminó de prisa hacia la mesa (adjetivo + hacia +
substantivo)

c) Um substantivo e um verbo:
Tráeme la tabla de cortar. (sustantivo + de + verbo)

d) Um verbo e um substantivo:
No bailes en el dormitorio. (verbo + en + substantivo)

e) Um substantivo mais outro substantivo:


Disponível em: http://azaral-canarias.blogspot.com. “Ojo por ojo, diente por diente” (substantivo + prepo-
Acesso em: 28 maio 2014 (adaptado). sição + substantivo)
• Não confie apenas na tradução das prepo-
As marcas de primeira pessoa do plural no texto da sições. Algumas delas são usadas de forma diferente.
campanha de amamentação têm como finalidade: Exemplos: Ir de carro – ir en coche.

a) incluir o enunciador no discurso para expressar for- CONJUNÇÕES


malidade. Servem de ligação entre palavras e orações. Não
b) agregar diversas vozes para impor valores às lactan- possuem conteúdo significativo, porém unem conteú-
tes. do das duas partes a que se ligam. Existem dois tipos de
c) forjar uma voz coletiva para garantir adesão à cam- conjunções:
panha. 1. Conjunções subordinadas: Formam uma ligação
d) promover uma identificação entre o enunciador e o entre uma oração que depende da outra e, sem
leitor para aproximá-los. ela, não forma uma mensagem completa. Entre
e) remeter à voz institucional promotora da campanha outros:
para conferir-lhe credibilidade. a) de tempo: cuando – em cuanto – em el instante
em que - antes (de) que – em primer – mientras
(que, tanto), etc.
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b) de causa: porque – puesto que – ya que – en vista O texto aborda a temática do HPV. Ao discorrer sobre
de que – pues, etc. o contágio e a prevenção do papiloma humano, a
c) de comparação: tanto… como – igual… que – autora informa aos leitores que esse vírus é
como… si, etc.
d) de lugar: donde a) estudado pela Academia Americana de Pediatria
e) de modo: como – según (que), etc. por seus efeitos em crianças.
f) Consecutivas: por lo tanto – conque – por consi- b) responsável pelo aumento de casos de câncer na
guiente – así (es que) – luego população jovem mexicana.
g) Concesivas: A pesar (de) que – aunque – si bien c) ignorado pelos homens por se restringir à população
– aun si – así, etc. feminina.
Como, cuando a menos que – sí, etc. d) combatido por vacinas que devem ser aplicadas
h) Finales: Con el objetivo de que – para que – para tanto em mulheres quanto em homens.
(que), etc. e) classificado como um problema superável pela facili-
dade com que se enfrenta a infecção.
2. Conjunções coordinantes
As palavras ou orações a serem coordenadas por Resposta: Letra: D. A função adversativa da locução
estas conjunções não dependem uma da outra, se “no sólo... sino”, ajuda a construir uma boa razão para
complementam. São: que os homens também apoiem a vacinação mas-
a) Adversativas: aunque – no obstante – sin em- culina contra o HPV. A locução (no sólo) informa o
bargo – pero, etc. leitor homem que não vacinar-se não apenas ajuda
b) Copulativas: y (e) – ni – que, etc. a propagar o papiloma em mulheres, como também
c) Distributivas: ya... ya – bien... bien, etc (sino también) provoca outros problemas de saúde
d) Disyuntivas: o (u) – bien – ora, etc. tanto a homens como a mulheres.
e) Explicativas: o sea – es decir – esto es, etc.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM 2017) – El virus del papiloma humano (HPV)


también es un problema de hombres 189
Para algunos hombres, el virus del papiloma humano
(HPV) es algo muy lejano. Se olvidan de que ellos tam-
bién se infectan y de que, al contagiarnos, nos están
regalando un pasaporte mágico para el cáncer cér-
vico-uterino – segunda causa de muerte entre las mu-
jeres de México –; incluso me ha tocado escuchar en
boca de algunos de ellos que “sólo se trata de una
infeccioncita”. Pues bien, el HPV también es un proble-
ma de hombres, no sólo porque propaga la infección
entre la población femenina, sino también porque este
virus produce otros problemas de salud tanto en hom-
bres como en mujeres, incluyendo verrugas genitales
y cáncer de boca y garganta que, si bien no son tan
conocidos o alarmantes por su cantidad, como otros
tipos de cáncer, también constituyen un riesgo. Por lo
anterior, la Academia Americana de Pediatría decidió
enfrentarse al HPV mediante vacunas que se ponen
tanto a mujeres como hombres. Los especialistas afir-
man que la vacuna es más efectiva si se administra
antes de que el niño se vuelva sexualmente activo, y
responde mejor en el organismo de varones entre 9 y
15 años.
ALBITER, K. Disponível em: http://vivirmexico.com.
Acesso em: 10 jul. 2012 (adaptado).
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O texto jornalístico caracteriza-se basicamente por


apresentar informações a respeito dos mais variados as-
HORA DE PRATICAR! suntos, e seu título antecipa o tema que será tratado. To-
mando como base o fragmento, qual proposição iden-
1. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016) tifica o tema central e poderia ser usado como título?

a) Estilo de vida interfere no ganho de peso.


b) Estudo mostra expectativa de vida dos fumantes.
c) Pessoas que fumam podem se tornar anoréxicas.
d) Fumantes engordam mais que não fumantes.
e) Tabagismo como fator de emagrecimento.

3. (ENEM - 2011)

Es posible reducir la basura

En México se producen más de 10 millones de m3 de ba-


sura mensualmente, depositados en más de 50 mil tira-
deros de basura legales y clandestinos, que afectan de
manera directa nuestra calidad de vida, pues nuestros
recursos naturales son utilizados desproporcionalmente,
como materias primas que luego desechamos y tiramos
convirtiéndolos en materiales inútiles y focos de infec-
ción.
Si la basura se compone de varios desperdicios y si como
desperdicios no fueron basura, si los separamos adecua-
damente, podremos controlarlos y evitar posteriores pro-
blemas. Reciclar se traduce en importantes ahorros de
Essa propaganda foi criada para uma campanha de energía, ahorro de agua potable, ahorro de materias
conscientização sobre a violência contra a mulher. As primas, menor impacto em los ecosistemas y sus recursos
190 palavras que compõem a imagem indicam que a naturales y ahorro de tiempo, dinero y esfuerzo.
Es necesario saber para empezar a actuar...
a) violência contra a mulher está aumentando.
b) agressão à mulher acontece de forma física e verbal. Disponível em: http://www.tododecarton.com. Acesso
c) violência contra a mulher é praticada por homens. em: 27 abr. 2010 (adaptado).
d) agressão à mulher é um fenômeno mundial.
e) violência contra a mulher ocorre no ambiente do- A partir do que se afirma no último parágrafo: “Es nece-
méstico. sario saber para empezar a actuar...”, pode-se consta-
tar que o texto foi escrito com a intenção de
2. (ENEM - 2010)
a) informar o leitor a respeito da importância da recicla-
Dejar de fumar engorda, pero seguir haciéndolo, tam- gem para a conservação do meio ambiente.
bién. Esa esta conclusión a la que han llegado investi- b) indicar os cuidados que se deve ter para não consu-
gadores de la Universidad de Navarra que han hecho mir alimentos que podem ser focos de infecção.
un seguimiento de 7.565 personas durante 50 meses. Los c) denunciar o quanto o consumismo é nocivo, pois é o
datos “se han ajustado por edad, sexo, índice de masa gerador dos dejetos produzidos no México.
corporal inicial y estilo de vida”, ha explicado el director d) ensinar como economizar tempo, dinheiro e esforço
del ensayo, Javier Basterra-Gortari, por lo que “el único a partir dos 50 mil depósitos de lixo legalizados.
factor que queda es el tabaquismo”. El estudio se ha e) alertar a população mexicana para os perigos causa-
publicado em la Revista Española de Cardiología. dos pelos consumidores de matéria-prima reciclável.
“El tabaco es un anorexígeno [quita el apetito], y por
eso las personas que dejan de fumar engordan”, aña- 4. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA – 2018)
de Basterra-Gortari. Eso hace mucho más relevante el
hallazgo del estudio. Puesto en orden, los que más peso Extraños en la noche
ganan son los que dejan de fumar, luego, los que siguen
haciéndolo, y, por último, los que nunca han fumado, Son las doce de la noche. Noticias en Radio Nacional
indica el investigador. “Por eso lo mejor para mantener de España. El murmullo de la radio acompaña (...) como
una vida saludable es no fumar nunca”, añade. una banda sonora, el recuerdo de las noches de mi in-
BENITO, E. Disponível em: http://elpais.com/articulo/so- fancia. Yo escuchaba mientras cenaba o, mientras me
ciedad. Acesso em: 23 abr. 2010 (Fragmento) dormía, desde la cama e imaginaba cómo serían los
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países y las ciudades desde los que llegaban aquellas 5. (ENEM – 2ª APLICAÇÃO – 2016)
voces que cada noche venían a acompañarme. Pen-
saba que aquellas voces no eran reales, o por lo me- Canción con todos
nos no como la mía, pues siempre decían lo mismo y
sonaban casi iguales, pero a mí eso, entonces, no me Salgo a caminar
importaba. Lo que me importaba a mí era saber cómo Por la cintura cósmica del sur
sería Madrid, o París, o el Vaticano, cuya emisora mi Piso en la región
padre conectaba algunas noches para escuchar al Más vegetal del tiempo y de la luz
Papa, y, sobre todo, aquel extraño país que se llamaba Siento al caminar
el Principado de Andorra y que yo imaginaba tan irreal Toda la piel de América en mi piel
como la voz de su locutora porque, aparte de sonar a Y anda en mi sangre un río
país de cuento, ni siquiera venía en el mapa. Y en esos Que libera en mi voz
pensamientos iban pasando las noches, todas iguales y Su caudal.
repetidas, todas igual de monótonas que las voces de Sol de alto Perú
la radio. Rostro Bolivia, estaño y soledad
Una noche, sin embargo, una noticia vino a romper la Un verde Brasil besa a mi Chile
rutina de la radio y de mi casa. Recuerdo aún que está- Cobre y mineral
bamos cenando. De repente, la música se interrumpió Subo desde el sur
y una voz grave anunció escuetamente, tras la corres- Hacia la entraña América y total
pondiente señal de alarma, que el presidente de los Es- Pura raíz de un grito
tados Unidos había sido asesinado. (…) Destinado a crecer
Yo no sabía lo que pasaba. Sabía que era algo grave Y a estallar.
por el tono de voz de los locutores y por la seriedad y Todas las voces, todas
el miedo de mis padres, pero no comprendía qué te- Todas las manos, todas
nía que ver el presidente de los Estados Unidos con ellos Toda la sangre puede
ni por qué les preocupaba tanto (casi tanto como la Ser canción en el viento.
muerte del abuelo, que había sucedido meses antes) ¡Canta conmigo, canta
lo que acabara de pasar en un país que, como el Prin- Hermano americano
cipado de Andorra, imaginaba que tampoco vendría Libera tu esperanza
siquiera en el mapa. (…) Con un grito en la voz!
Al día siguiente, en la escuela, descubrí con sorpresa 191
que nadie sabía nada: ni quién era Kennedy, ni en qué GÓMEZ, A. T. Mercedes Sosa: 30 años. Buenos Aires:
país gobernaba, ni lo que le había pasado. Y, sobre Polygram, 1994.
todo, lo más sorprendente, que a nadie le importaba
nada. (...) Canción con todos é uma canção latino-americana
(Recuerdo que) su nombre quedó impreso en mi memo- muito difundida e consagrada pela voz da cantora ar-
ria, y unido para siempre al de la radio, porque fue gra- gentina Mercedes Sosa. Com relação à América Latina,
cias a él como yo supe que aquellas voces que hasta seus versos expressam
aquel día creía irreales porque siempre decían lo mismo
y sonaban casi igual eran voces de personas que exis- a) desejo de integração entre os povos.
tían realmente, (...) igual que también lo eran los países b) entusiasmo por caminhar pela região.
de que hablaban, aunque algunos, como Andorra, ni c) valorização dos recursos naturais.
siquiera figuraran en el mapa. Es decir: que, mientras yo d) esforço para libertar os oprimidos.
vivía em Olleros rodeado de minas y de montañas, ha- e) vontade de cantar os tipos humanos.
bía gente que vivía, trabajaba y moría, como nosotros,
en otros muchos lugares. 6. (ENEM 2ª APLICAÇÃO/2016)
Llamazares, J. Escenas de cine mudo [fragmento].
CUESTIÓN 70 Ante las situaciones adversas algunas personas sufren
Marque la alternativa que describe la idea central del secuelas a lo largo de toda la vida. Otras, la mayoría, se
texto: sobreponen y la intensidad de las emociones negativas
van decreciendo con el tiempo y se adaptan a la nue-
a) El texto presenta los tiempos de la radio en España. va situación.
b) El texto denuncia la inhabilidad de los niños para in- Hay un tercer grupo de personas a las cuales la vivencia
terpretar textos periodísticos. del trauma las hace crecer personalmente y sus vidas
c) El texto narra el proceso de descubrimiento del mun- adquieren un nuevo sentido y salen fortalecidas.
do por el niño. Investigadores de la Unidad de Psicología Básica de la
d) El texto expone el desconocimiento geográfico de Universidad Autónoma de Barcelona (UAB) han anali-
los niños. zado las respuestas de 254 estudiantes de la Facultad
e) El texto describe las relaciones sociales de un niño es- de Psicología en diferentes cuestionarios para evaluar
pañol en una determinada época. su nivel de satisfacción con la vida y encontrar relacio-
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nes con su resiliencia y con la capacidad de reparación O título da palestra, citado no texto, antecipa o tema
emocional, uno de los componentes de la inteligencia que será tratado e mostra que o autor tem a intenção de
emocional, que consiste en la habilidad de controlar las
propias emociones y las de los demás. a) relatar novas experiências em tratamento de saúde.
“Algunas de las características de las personas resilien- b) alertar sobre os riscos mortais de determinados sof-
tes pueden ser entrenadas y mejoradas, como la au- twares de uso médico para o ser humano.
toestima y la regulación de las propias emociones. Con c) denunciar falhas médicas na implantação de softwa-
este aprendizaje se podría dotar de recursos a las perso- res em seres humanos.
nas para facilitar su adaptación y mejorar su calidad de d) divulgar novos softwares presentes em aparelhos mé-
vida”, explica Joaquín T. Limonero, profesor del Grupo dicos lançados no mercado.
de Investigación en Estrés y Salud de la UAB y coordina- e) apresentar os defeitos mais comuns de softwares em
dor del estudio. aparelhos médicos.

Disponível em: <www.tendencias21.net>. Acesso em: 8. (UNESPAR 2018)


28 jul. 2012 (adaptado).
VIOLENCIA MACHISTA
A reportagem cita uma pesquisa que tem como tema
o comportamento das pessoas diante das adversida- La carta de la hija de la última víctima de violencia ma-
des. De acordo com o texto, um dos objetivos da inves- chista en España: “Me niego a que esto pase en vano”
tigação com os alunos da Faculdade de Psicologia é Ivana Gil Varela, de 23 años, escribió este miércoles em
su cuenta de Facebook una publicación en la que se
a) entender de que forma os traumas sofridos servem despide de su madre y pide que su asesinato sirva para
de suporte para a resolução dos problemas que sur- concienciar
girão ao longo da vida.
EL PAÍS - Madrid 23 AGO 2018 - 15:33 BRT
b) compreender como a adaptação das emoções ne-
gativas contribui para o desenvolvimento da inteli-
Ivana Gil Varela, la hija de la última víctima mortal em
gência emocional.
España de la violencia de género, A.B.V.O., de 56 años,
c) analisar os vínculos entre a satisfação existencial, a
escribió este miércoles en su cuenta de Facebook una
flexibilidade e a habilidade de recuperar-se emocio-
carta abierta en la que se despide de su madre y pide
nalmente.
192 que no sea en vano su asesinato —su marido, que res-
d) verificar de que forma as pessoas exercitam e melho-
ponde a las iniciales de J.G.P. y tiene 56 años, le disparó
ram a autoestima e o controle das emoções.
tres tiros por la espalda el pasado domingo—.“Ma, te
e) sistematizar maneiras de dotar as pessoas de recursos
hablo para decirte que hoy te toca ser ejemplo tam-
para lidar com as emoções próprias e alheias. bién para toda España, para todo el mundo, para todas
las mujeres. Porque me niego a que todo esto pase en
7. (ENEM – 2011) vano. Necesito que no seas una más, sino que seas ELLA,
la que conciencie, la que quite vendas, la que motive,
Los fallos de software en aparatos médicos, como mar- la que haga entender que hay que actuar YA, porque
capasos, van a ser una creciente amenaza para la sa- lo que hoy es una amenaza sin credibilidad mañana es
lud pública, según el informe de Software Freedom Law una noticia tras una pantalla. Tú desde ahí arriba y yo
Center (SFLC) que ha sido presentado hoy en Portland desde aquí abajo tenemos que gritarlo, ¡TOLERANCIA
(EEUU), en la Open Source Convention (OSCON). CERO, DESPIERTA, MUÉVETE!”, escribió Gil Varela, de 23
La ponencia “Muerto por el código: transparencia de años, en esta red social.
software en los dispositivos médicos implantables” abor-
da el riesgo potencialmente mortal de los defectos in- Adaptado de: https://elpais.com/politica/2018/08/23
formáticos en los aparatos médicos implantados en las actualidad/1535010421_327167.html. Accedido en
personas. 26/08/2018.
Según SFLC, millones de personas con condiciones cró-
nicas del corazón, epilepsia, diabetes, obesidad e, in- Partir de la lectura del texto, señale la alternativa COR-
cluso, la depresión dependen de implantes, pero el soft- RECTA.
ware permanece oculto a los pacientes y sus médicos.
La SFLC recuerda graves fallos informáticos ocurridos en a) Ivana Gil Varela fue muerta por su marido;
otros campos, como en elecciones, en la fabricación b) La intención de Ivana, al escribir en su cuenta de Fa-
de coches, em las líneas aéreas comerciales o en los cebook, fue de prevenir otras mujeres que sufren vio-
mercados financieros. lencia machista;
c) Ivana escribió en su cuenta de Facebook para no
Disponível em: http://www.elpais.com. Acesso em: 24 aconsejar otras mujeres que sufren violencia machista;
jul. 2010 (adaptado). d) El marido de la víctima fue capturado por la policía;
e) Esta violencia machista sólo ocurre en España
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9. (UNESPAR 2018)

De acuerdo con el texto, Ivana Gil Varela es:

a) La víctima de violencia machista;


b) Una persona que no conoce la víctima;
c) La asesina de la víctima;
d) La hija de la víctima;
e) Es una desconocida.

10. (UNESPAR 2018)

De acuerdo con el texto, las palabras “miércoles” y “espalda”, pueden ser traducidas al portugués, respectivamen-
te por:

a) quarta-feira e costas;
b) quarta-feira e espada;
c) quinta-feira e costas;
d) sexta-feira e costas;
e) quarta-feira e chapéu.

11. (UNESPAR 2018)

193

Tras la lectura del cómic, es posible inferir que:

I. La joven le presenta un nuevo novio a su padre.


II. Al padre le gusta más el segundo novio de su hija.
III. La aparente fuerza física del nuevo novio le impide al padre de decirle lo que piensa.
IV. El novio anterior era más simpático, por eso al padre le pareció más adecuado.
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Señale la alternativa CORRECTA: de Mujeres de Sur y senadora suplente de Casa Grande,


parte del gobernante Frente Amplio, considera “espe-
a) Solo la afirmación I está correcta; ranzador” que las luchas sean “cada vez más cuestiona-
b) Las afirmaciones I y II están correctas; doras de las relaciones de poder en todos los ámbitos”.
c) Las afirmaciones I y III están correctas; IPS: ¿Qué movimientos contra la violencia machista des-
d) Las afirmaciones III y IV están correctas; tacaría de Uruguay, por tener características propias?
e) Las afirmaciones I, II y IV están correcta. CARMEN BERAMENDI: Fueron las organizaciones femi-
nistas las que colocaron este problema como un tema
12. (ENEM - 2011) que requería ser objeto de políticas públicas; fueron lu-
chas pacíficas contra la muerte llevadas adelante por
‘Desmachupizar’ el turismo una coordinación de organizaciones no gubernamen-
tales contra la violencia de género, nucleadas en la Red
Es ya un lugar común escuchar aquello de que hay que Uruguaya contra la Violencia Doméstica y Sexual entre
desmachupizar el turismo en Perú y buscar visitantes otras. Las primeras campañas públicas que nuclearon
en las demás atracciones (y son muchas) que tiene el deportistas, artistas y referentes culturales las promovió
país, naturales y arqueológicas, pero da ciudadela inca esta Red.
tiene un imán innegable. La Cámara Nacional de Turis- Hoy se han ido articulando con otras luchas que le han
mo considera que Machu Picchu significa el 70% de los dado una impronta distinta, sumando a mujeres más jó-
ingresos por turismo em Perú, ya que cada turista que venes que se sienten convocadas a salir a la calle, que
tiene como primer destino la ciudadela inca visita entre se expresan en torno a la consigna #NiUnaMenos, con-
tres y cinco lugares más (la ciudad de Cuzco, la de Are- tra el acoso callejero, contra la trata y otros (surgida en
quipa, las líneas de Nazca, el Lago Titicaca y la selva) y Argentina y diseminada por otros países latinoamerica-
deja en el país un promedio de 2 200 dólares (unos 1 538 nos).
euros). Es como si se fuera dando paso a una nueva expresión
Carlos Canales, presidente de Canatur, señaló que la de un sujeto colectivo feminista diverso, como si hubiera
ciudadela tiene capacidad para recibir más visitantes una verdadera primavera feminista que desafía las ba-
que en la actualidad (un máximo de 3 000) con un siste- ses de un patriarcado fuerte, violento y poderoso. Las
ma planificado de horarios y rutas, pero no quiso avan- luchas son cada vez más cuestionadoras de las relacio-
zar una cifra. Sin embargo, la Unesco ha advertido en nes de poder en todos los ámbitos y se entrelazan con
varias ocasiones que el monumento se encuentra cer- la defensa de las democracias en lo público y en lo pri-
194 cano al punto de saturación y con lo que coincide el vado. Y esto es muy esperanzador; se mueve, se mueve.
viceministro Roca Rey. [...]
IPS: ¿Cómo han incidido esos movimientos en las polí-
Disponível em: http://www.elpais.com. Acesso em: 21 ticas públicas y resultados sobre violencia de género?
jun. 2011. CB: Las políticas públicas son ese espacio privilegiado
de articulación del Estado con la sociedad. En la medi-
A reportagem do jornal espanhol mostra a preocupa- da que la violencia de género es la expresión más brutal
ção diante de um problema no Peru, que pode ser re- de la desigualdad, del uso de la fuerza y el poder para
sumido pelo vocábulo “desmanchupizar”, referindo-se dominar, todas las políticas que contribuyan a una so-
ciedad más igualitaria, con mayor participación de las
a) à escassez de turistas no país. mujeres en las decisiones importan, sumadas a las más
b) ao difícil acesso ao lago Titicaca. específicas de la Ley sobre Femicidios o la Ley Integral
c) à destruição da arqueologia no país. contra la Violencia hacia las Mujeres.
d) ao excesso de turistas na terra dos incas. Contamos con ellas porque hubo movilización social
e) à falta de atrativos turísticos em Arequipa. pero también porque hay mujeres en los parlamentos
que dieron lucha, mujeres en el Estado trabajando por
13. (CEDERJ - 2019) transversalizar esta perspectiva, con planes de acción
concretos, con servicios de atención en todo el país,
“Hay una verdadera primavera feminista” con tobilleras para los agresores, mujeres en la acade-
mia promoviendo posgrados, especializaciones, inves-
Por Fabiana Frayssinet tigaciones cuestionadoras del orden de género domi-
nante. Hoy la batalla es porque la ley integral cuente
BUENOS AIRES, 6 mar 2018 (IPS) - Carmen Beramendi, di- con presupuesto para su ejecución. Hay una estrategia
rectora de la Facultad de Ciencias Sociales (Flacso) en nacional por la igualdad en marcha.
Uruguay y docente e investigadora en género y políti- [...]
cas de igualdad, cree que la efervescencia de los movi- Editado por Estrella Gutiérrez
mientos contra la violencia hacia las mujeres constituye Fonte: http://www.ipsnoticias.net/2018/03/una-verda-
“una verdadera primavera feminista”. dera-primavera-feminista/ - Acesso em 23/10/2018.
En una entrevista con IPS desde Montevideo, esta histó-
rica activista feminista de Uruguay, consejera del Fondo
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El título de la entrevista corresponde a una parte de las A letra de canção coloca em cena um dilema por ve-
declaraciones de la entrevistada. Con el término “pri- zes vivenciado por imigrantes. Esse dilema se configura
mavera feminista”, Carmen Beramendi se refiere a la no sentimento do pai em relação ao(à)
proliferación de
a) diluição de sua identidade latino-americana, advin-
a) diputadas en los parlamentos de todo el mundo. da do contato cotidiano com o outro.
b) movimientos contra la violencia hacia las mujeres. b) distanciamento dos filhos, gerado pela apropriação
c) activistas feministas en varias instancias del Estado. da língua e da cultura do outro.
d) eventos académicos para discutir cuestiones de gé- b) preconceito étnico-racial sofrido pelos imigrantes me-
nero. xicanos no novo país.
d) desejo de se integrar à nova cultura e de se comuni-
14. (CEDERJ - 2018) car na outra língua.
e) vergonha perante os filhos de viver ilegalmente em
Según el texto, violencia de género es outro país.

a) el prejuicio institucional hacia la población transexual. 17. (ENEM - 2016)


b) la agresión física o psicológica de hombres hacia las
mujeres. Inestabilidad estable
c) la discriminación de toda la sociedad hacia los ho-
mosexuales. Los que llevan toda la vida esforzándose por conseguir
d) las ofensas dirigidas de hombres a mujeres y de muje- un pensamiento estable, con suficiente solidez como
res a hombres. para evitar que la incertidumbre se apodere de sus ha-
bilidades, todas esas lecciones sobre cómo asegurar-
15. (CEDERJ - 2018) se el porvenir, aquellos que nos aconsejaban que nos
dejáramos de bagatelas poéticas y encontráramos un
trabajo fijo y etcétera, abuelos, padres, maestros, sue-
Beramendi afirma que las luchas contra la violencia de
gros, bancos y seguradoras, nos estaban dando gato
género constituyen una defensa de
por liebre.
Y el mundo, este mundo que nos han creado, que al
a) la democracia en todos los ámbitos.
tocarlo en la pantalla creemos estar transformando a
b) las organizaciones y colectivos feministas.
medida de nuestro deseo, nos está modelando según
c) la fuerza política que gobierna en Uruguay. 195
un coeficiente de rentabilidad, nos está licuando para
d) los deportistas, artistas y referentes culturales.
integrarnos a su metabolismo reflejo.
16. (ENEM 2017) FERNÁNDEZ ROJANO, G. Disponivel em: <http://diario-
jaen.es.> Acesso em: 23 maio 2012.
Aquí estoy establecido,
En los Estados Unidos, O título do texto antecipa a opinião do autor pelo uso
Diez años pasaron ya, de dois termos contraditórios que expressam o sentido de
En que crucé de mojado,
Papeles no he arreglado, a) competitividade e busca do lucro, que caracterizam
Sigo siendo un ilegal. a sociedade contemporânea.
Tengo mi esposa y mis hijos, b) busca de estabilidade financeira e emocional, que
Que me los traje muy chicos, marca o mundo atual.
Y se han olvidado ya, c) negação dos valores defendidos pelas gerações an-
De mi México querido, teriores em relação ao trabalho.
Del que yo nunca me olvido, d) necessidade de realização pessoal e profissional no
Y no puedo regresar. sistema vigente.
[...] e) permanência da inconstância em uma sociedade
Mis hijos no hablan conmigo, marcada por contínuas mudanças.
Otro idioma han aprendido,
Y olvidado el español, 18. (ENEM - 2017)
Piensan como americanos,
Niegan que son mexicanos, El eclipse
Aunque tengan mi color.
Cuando Fray Bartolomé Arrazola se sintió perdido acep-
LOS TIGRES DEL NORTE. Jaula de oro. Woodland Hills, tó que ya nada podría salvarlo. La selva poderosa de
Califórnia: Fonovisa, 1986 (fragmento). Guatemala lo había apresado, implacable y definitiva.
Ante su ignorancia topográfica se sentó con tranquili-
dad a esperar la muerte. Al despertar se encontró ro-
deado por un grupo de indígenas de rostro impasible
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que se disponía a sacrificarlo ante un altar, un altar que 19. (UNIMONTES 2018)
a Bartolomé le pareció como el lecho en que descan-
saría, al fin, de sus temores, de su destino, de sí mismo. El laboratorio de un alquimista
Tres años en el país le habían conferido un mediano do-
minio de las lenguas nativas. Intentó algo. Dijo algunas Pocas disciplinas científicas definían la complejidad del
palabras que fueron comprendidas. Entonces floreció renacimiento tanto como la alquimia, donde se unían
en él una idea que tuvo por digna de su talento y de su filosofía, ciencia, teología y magia. La tradición data del
cultura universal y de su arduo conocimiento de Aristó- periodo helenístico, cuando los antiguos alquimistas tra-
teles. Recordó que para ese día se esperaba un eclipse taban de crear gemas artificiales y convertir los metales
total de sol. Y dispuso, en lo más íntimo, valerse de aquel base en oro y plata. En la Edad Media, la práctica se
conocimiento para engañar a sus opresores y salvar la extendió por Europa, donde los teólogos animaban a su
vida. – Si me matáis – les dijo – puedo hacer que el sol se reconciliación con el cristianismo.
oscurezca en su altura. Los indígenas lo miraron fijamen- Con la llegada del Renacimiento, la alquimia se convir-
te y Bartolomé sorprendió la incredulidad en sus ojos. Vio tió en una actividad pseudo empresarial, muchos reci-
que se produjo un pequeño consejo, y esperó confiado, bían grandes cantidades de los nobles por sus servicios
no sin cierto desdén. Dos horas después el corazón de médicos, por la producción de metales preciosos y, por
Fray Bartolomé Arrazola chorreaba su sangre vehemen- supuesto, por el “elixir de la vida”. Aparecieron infinidad
te sobre la piedra de los sacrificios (brillante bajo la opa- de estafadores que utilizaban trucos de magia y de ilu-
ca luz de un sol eclipsado), mientras uno de los indíge- sionismo para “crear” oro y conseguir el patrocinio de los
nas recitaba sin ninguna inflexión de voz, sin prisa, una más pudientes. A los que eran desenmascarados se los
por una las infinitas fechas en que se producirían eclipses apresaba, torturaba y ejecutaba.
solares y lunares, que los astrónomos de la comunidad Muchos alquimistas fueron injustamente acusados de
maya habían previsto y anotado en sus códices sin la adorar al diablo y de brujería. Pero no fueron los alqui-
valiosa ayuda de Aristóteles. mistas los únicos que sufrieron. Los clientes que busca-
MONTERROSO, A. Obras completas y otros cuentos. ban curas para sus enfermedades a menudo eran tra-
Bogotá: Norma, 1994 (adaptado). tados con metales como mercurio y plomo, con conse-
cuencias fatales.
No texto, confrontam-se duas visões de mundo: a da
cultura ocidental, representada por Frei Bartolomé Ar- Fonte: Vive la Historia, 2017.
razola, e a da mítica pré-hispânica, representada pela
comunidade indígena maia. Segundo a narrativa, Sobre a alquimia, podemos afirmar, EXCETO
196
a) os catequizadores espanhóis avalizam os saberes pro-
a) O uso de elementos como mercúrio em remédios,
duzidos pelas comunidades indígenas hispano-america-
frequentemente, tinha consequências ruins.
nas.
b) Ela foi patrocinada pelas igrejas.
b) os indígenas da comunidade maia mostram-se per-
c) Ela unia ciência, misticismo e religião.
plexos diante da superioridade do conhecimento aristo-
d) Em dada época, foi considerada atividade subordi-
télico do frei espanhol.
nada a interesses dos nobres.
c) o catequizador espanhol Arrazola apresenta-se
adaptado às culturas autóctones, ao promover a inter-
20. (UNIMONTES 2018)
locução entre os conhecimentos aristotélico e indígena.
d) o episódio representa, de forma neutra, o significado
do conhecimento ancestral indígena, quando compa- De acordo com o texto, podemos afirmar que
rado ao conhecimento ocidental. a) os antigos alquimistas criavam pedras semelhantes
e) os conhecimentos acadêmicos de Arrazola são insu- às naturais.
ficientes para salvá-lo da morte, ante a sabedoria astro- b) os alquimistas e os seus clientes foram perseguidos.
nômica da cultura maia. c) todos os alquimistas foram presos.
d) o ilusionismo começou a partir da alquimia.
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21. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - 2018) ta. La inclusión de la lengua guaraní en el proceso de
educación escolar fue sin duda un avance de la Refor-
ma Educativa.
Gracias precisamente a los programas escolares, aun
en contextos urbanos, el bilingüismo ha sido potenciado.
Los guaraní hablantes se han acercado con mayor fuer-
za a la adquisición del castellano, y algunos castellano
hablantes perdieron el miedo al guaraní y superaron los
prejuicios en contra de él. Dejar fuera de la Educación
Media al guaraní seria echar por la borda tanto trabajo
realizado, tanta esperanza acumulada.
Cualquier intento de marginación del guaraní en la edu-
cación paraguaya merece la más viva y decidida pro-
testa, pero esta postura ética no puede encubrir el con-
tinuismo de una forma de enseñanza del guaraní que
ya ha causado demasiados estragos contra la lengua,
contra la cultura y aun contra la lealtad que las para-
guayas y paraguayos sienten por su querida lengua. El
guaraní, lengua de comunicación si y mil veces sí; len-
gua de imposición, no.

MÉLIÀ, B. Disponível em: http://staff.uni-mainz.de. Aces-


so em: 27 abr. 2010 (adaptado).

No último parágrafo do fragmento sobre o bilinguismo


no Paraguai, o autor afirma que a língua guarani, nas
escolas, deve ser tratada como língua de comunicação
ESTIÓN 69 e não de imposição. Qual dos argumentos abaixo foi
Extraído de http://elicaespanhol.blogspot. usado pelo autor para defender essa ideia?
com/2011/09/personajes-del-mundo-hispano.html>.
Acceso en 05/10/2018. a) O guarani continua sendo usado pelos paraguaios, 197
mesmo sem a escola e apesar dela.
Sobre este texto, todas las afirmativas están CORREC- b) O ensino médio no Paraguai, sem o guarani, desme-
TAS, EXCEPTO: receria todo o trabalho realizado e as esperanças
acumuladas.
a) En el 3º cuadro hay un pronombre complemento em c) A língua guarani encontrou uma funcionalidade real
función de objeto directo de la 3ª persona del plural: que assegura sua reprodução e continuidade, mas só
los. isso não basta.
b) En el cómic se utiliza el tratamiento informal en la 2ª d) A introdução do guarani nas escolas potencializou
persona del singular: tú a difusão da língua, mas é necessário que haja uma
c) En el 4º cuadro hay un pronombre complemento em postura ética em seu ensino.
función de objeto indirecto de la 3ª persona del plu- e) O bilinguismo na maneira de ensinar o guarani tem
ral: les. causado estragos contra a língua, a cultura e a leal-
d) El verbo entendés (3º cuadro) está conjugado en la dade dos paraguaios ao guarani.
segunda persona del singular: vos.
e) En ¡Si quisieras a tus amigos los defenderías! (2º cua-
dro) el vocablo “los” se refiere al complemento direc- 23. (IFMT 2018)
to “a tus amigos”.
La presunta abuelita
22. (ENEM – 2010)
Guillermo Alvez de Olyveira María Eulalia Alzueta Barta-
Bilingüismo en la Educación Media buru
Continuidad, no continuísmo
Había una vez una niña que fue a pasear al bosque. De
Aun sin escuela e incluso a pesar de la escuela, para- repente se acordó de que no le había comprado nin-
guayos y paraguayas se están comunicando en gua- gún regalo a su abuelita. Pasó por un parque y arrancó
raní. La comunidad paraguaya ha encontrado en la unos lindos pimpollos rojos. Cuando llegó al bosque vio
lengua guaraní una funcionalidad real que asegura su una carpa entre los árboles y alrededor unos cachorros
reproducción y continuidad. Esto, sin embargo, no bas- de león comiendo carne. El corazón le empezó a latir
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muy fuerte. En cuanto pasó, los leones se pararon y em- 24. (IFMT 2018)
pezaron a caminar atrás de ella. Buscó algún sitio para
refugiarse y no lo encontró. Eso le pareció espantoso. Marque a opção que traduz a frase, “[...] De repente
A lo lejos vio un bulto que se movía y pensó que había apareció un hombre pelado con el saco lleno de polvo
alguien que la podría ayudar. Cuando se acercó vio un que le dijo si podía compartir la cena con él”.
oso de espalda. Se quedó en silencio un rato hasta que
el oso desapareció y luego, como la noche llegaba, se a) Repentinamente um homem sem roupa com o saco
decidió a prender fuego para cocinar un pastel de ber- cheio de peixe disse a ela se poderia fazer uma cena
ro que sacó del bolso. com ele no horário do jantar.
Empezó a preparar el estofado y lavó también unas b) De repente um homem apareceu e perguntou se ha-
ciruelas. De repente apareció un hombre pelado con via algo que ela pudesse oferecer a ele para comer.
el saco lleno de polvo que le dijo si podía compartir la c) O homem pelado apareceu de repente, com a sa-
cena con él. La niña, aunque muy asustada, le preguntó cola cheia de polvo e perguntou se ela poderia fazer
su apellido. Él le respondió que su apellido era Gutiérrez, seu jantar
pero que era más conocido por el sobrenombre Pepe. d) De repente, um homem sem cabelo apareceu com
El señor le dijo que la salsa del estofado estaba exquisita o terno cheio de lama e disse se ela poderia fazer- lhe
aunque un poco salada. El hombre le dio un vaso de companhia no jantar.
vino y cuando ella se enderezó se sintió un poco ma- e) De repente, um homem careca apareceu com o pa-
reada. El señor Gutiérrez, al verla borracha, se ofreció a letó cheio de pó e disse se ela poderia dividir o jantar
llevarla hasta la casa de su abuela. com ele.
Ella se peinó su largo pelo y, agarrados del brazo, se fue-
ron rumbo a la casita del bosque. Mientras caminaban 25. (ENEM 2015)
vieron unas huellas que parecían de zorro que iban en
dirección al sótano de la casa. El olor de una rica salsa
llegaba hasta la puerta.
Al entrar tuvieron una mala impresión: la abuelita, de
espalda, estaba borrando algo en una hoja, sentada
frente al escritorio. Con espanto vieron que bajo su saco
asomaba una cola peluda. El hombre agarró una es-
coba y le pegó a la presunta abuela partiéndole una
198 muela. La niña, al verse engañada por el lobo, quiso
desquitarse aplicándole distintos golpes. Entre tanto, la
abuela que estaba amordazada, empezó a golpear la
tapa del sótano para que la sacaran de allí. Al descubrir
de dónde venían los golpes, consiguieron unas tenazas
para poder abrir el cerrojo que estaba todo herrumbra-
do. Cuando la abuela salió, con la ropa toda sucia de
polvo, llamaron a los guardas del bosque para contar
todo lo que había sucedido.
Tapar bien los recipientes donde guardarmos el agua
(http://www.portalsaofrancisco.com.br) para nuestro consumo(1).
Lavar periódicamente las pilas y en caso de almacenar
Na frase: “El señor Gutiérrez, al verla borracha, se ofre- el agua utilizar bolsa matalarva (2).
ció a llevarla hasta la casa de su abuela.”, retirada do Eliminar de nuestro hogar cualquier objeto inservible:
texto “La presunta abuelita”, o complemento “la” faz botellas, latas o llantas donde se acumula agua (3).
referência a: Cambiar el agua del bebedero de los animales diaria-
mente (4).
a) la niña. Limpiar canaletas y evitar cualquier agua estancada
b) la casa. (5).
c) la salsa. Cambiar el agua de los floreros cada tres días (6).
d) la abuelita.
e) la presunta.
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Disponível em: www.mspas.gob.sv. Acesso em: 14 dez. 2009

Os programas de prevenção à dengue não estão restritos a cidades brasileiras. No material elaborado sobre esse
tema pelo Ministério da Saúde de El Salvador, país da América Central, objetiva-se:

a) apresentar a sequência de ações necessárias à prevenção da doença.


b) instruir o leitor sobre como impedir a formação de criadouros do mosquito.
c) descrever como se dá a proliferação do Aedes aegypti em El Salvador.
d) convencer o leitor sobre a necessidade do tratamento da doença.
e) relatar experiências sobre como lidar com a multiplicação do Aedes aegypti. 199
26. (ENEM – 2010)

Los animales

En la Unión Europea desde el 1º de octubre de 2004 el uso de un pasaporte es obligatorio para los animales que
viajan con su dueño en cualquier compañía.
AVISO ESPECIAL: en España los animales deben haber sido vacunados contra la rabia antes de su dueño solicitar la
documentación. Consultar a un veterinario.

Disponível em: http://www.agencedelattre.com. Acesso em: 2 maio 2009 (adaptado).

De acordo com as informações sobre aeroportos e estações ferroviárias na Europa, uma pessoa que more na Es-
panha e queira viajar para a Alemanha com o seu cachorro deve

a) Consultar as autoridades para verificar possibilidade de viagem.


b) Ter um certificado especial tirado em outubro de 2004.
c) tirar o passaporte do animal e logo vaciná-lo.
d) vacinar o animal contra todas as doenças.
e) vacinar o animal e depois solicitar o passaporte dele.
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27. (ENEM – 2015) 29. (ENEM 2017)

Siete crisantemos Emotivo encuentro en la universidad pública

A las buenas costumbres nunca me he El entonces mandatario uruguayo recibió el cariño de


acostumbrado, sus compatriotas residentes en Nueva York e informó so-
del calor de la lumbre del hogar me aburrí. bre la evolución del país, las políticas de gobierno, los
También en el infierno llueve sobre mojado, avances y cuentas pendientes. Como en ocasiones si-
lo sé porque he pasado más de una noche allí. milares, se multiplicaron las muestras de respeto y emo-
ción. “Una nación es un formidable sentimiento de un
SABINA, J. Esta boca es mía. Madri: Ariola, 1994 (frag- ‘nosotros’”, dijo.
mento). Mujica comenzó su discurso relatando lo recogido de
otras experiencias de comunidades en el exilio. “Mu-
Nessa estrofe da canção Siete crisantemos, do cantor chos de ustedes echaron raíces, tienen hijos y no pue-
espanhol Joaquín Sabina, a expressão “llueve sobre mo- den cometer la agresión de descuajarle la vida. Tienen
jado” faz referência ao (a): que cargar con esa nostalgia de ser de allá, pero estar
acá”, dijo.
a) constância necessária para viver. “Estamos metidos en la lucha por mejorar las circunstan-
b) esperança de uma vida melhor. cias, con el sueño de que las generaciones que vengan,
c) desprezo pelos bons costumes. puedan venir con más soltura, con más apoyo”, dijo el
d) rotina entediante da vida. Presidente.
e) rechaço a uma vida confortável Mujica se refirió a algunas críticas que reciben algunas
políticas sociales. “Nos acusan de que damos sin con-
28. (ENEM – 2016) trapartida. Nos dicen ‘a la gente no hay que darle pes-
cado, sino enseñarle a pescar’. Sí – razonó el Presidente
Agua –, pero cuando le afanaste la caña, le afanaste el bote,
¿qué le vas a pedir? Para atrás no arreglamos, arregla-
al soñar que un cántaro mos para adelante”.
en la cabeza acarreas, Disponível em: www.republica.com.uy. Acesso em: 26
será éxito y triunfo lo que tú veas. set. 2013 (adaptado).
200 Bañarse en un río
donde el agua escalda, No discurso dirigido aos compatriotas radicados em
es augurio de enemigos Nova York, o então presidente Mujica expressa o desejo
y de cuchillo en la espalda. de que os cidadãos que vivem no Uruguai
Bañarse en un río de agua puerca,
es perder a alguien cerca. a) apoiem as políticas públicas afirmativas.
b) integrem-se ao processo de globalização.
ORTIZ, A.; FLORES FARFÁN, J. A. Sueños mexicanos. Mé- c) cultivem o sentimento nacionalista.
xico: Artes de México, 2012. d) ofereçam uma contrapartida à nação.
e) tenham melhores condições de vida.
O poema retoma elementos da cultura popular mexica-
na que reflete um dos aspectos que a constitui, carac- 30. (ENEM 2ª APLICAÇÃO/2016)
terizado pela
Ante las situaciones adversas algunas personas sufren
a) percepção dos perigos de banhar-se em rios de secuelas a lo largo de toda la vida. Otras, la mayoría, se
águas poluídas. sobreponen y la intensidad de las emociones negativas
b) crença na relevância dos sonhos como premonições van decreciendo con el tiempo y se adaptan a la nue-
ou conselhos. va situación.
c) necessidade de resgate da tradição de carregar Hay un tercer grupo de personas a las cuales la vivencia
água em cântaros. del trauma las hace crecer personalmente y sus vidas
d) exaltação da importância da preservação da água. adquieren un nuevo sentido y salen fortalecidas.
e) cautela no trato com inimigos e pessoas traiçoeiras. Investigadores de la Unidad de Psicología Básica de la
Universidad Autónoma de Barcelona (UAB) han anali-
zado las respuestas de 254 estudiantes de la Facultad
de Psicología en diferentes cuestionarios para evaluar
su nivel de satisfacción con la vida y encontrar relacio-
nes con su resiliencia y con la capacidad de reparación
emocional, uno de los componentes de la inteligencia
emocional, que consiste en la habilidad de controlar las
propias emociones y las de los demás.
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“Algunas de las características de las personas resilientes 32. ENEM 2011


pueden ser entrenadas y mejoradas, como la autoestima
y la regulación de las propias emociones. Con este apren- Bienvenido a Brasília
dizaje se podría dotar de recursos a las personas para faci-
litar su adaptación y mejorar su calidad de vida”, explica El Gobierno de Brasil, por medio del Ministerio de la Cul-
Joaquín T. Limonero, profesor del Grupo de Investigación tura y del instituto del Patrimonio Histórico y Artístico Na-
en Estrés y Salud de la UAB y coordinador del estudio. cional (IPHAN), de la bienvenida a los participantes de la
34ª Sesión del Comité del Patrimonio Mundial, encuentro
Disponível em: <www.tendencias21.net>. Acesso em: 28 realizado por la Organización de las Naciones Unidas
jul. 2012 (adaptado). para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO).
Respaldado por la Convención del Patrimonio Mundial
A reportagem cita uma pesquisa que tem como tema o de 180 delegaciones nacionales para deliberar sobre las
comportamento das pessoas diante das adversidades. nuevas candidaturas y el estado de conservación y de
De acordo com o texto, um dos objetivos da investigação riesgo de los bienes ya declarados Patrimonio Mundial,
com os alunos da Faculdade de Psicologia é con base en los análisis del Consejo Internacional de
Monumentos y Sitios (Icomos), del Centro Internacional
a) entender de que forma os traumas sofridos servem de para el Estudio de la Presevación y la Restauración del
suporte para a resolução dos problemas que surgirão ao Patrimonio Cultural (ICCROM) y de la Unión Internacio-
longo da vida. nal para la Conservación de la Naturaleza (IUCN).
b) compreender como a adaptação das emoções ne-
gativas contribui para o desenvolvimento da inteligência Disponível em: http://www.34whc.brasilia2010.org.br.
emocional.
Acesso em: 28 jul. 2010.
c) analisar os vínculos entre a satisfação existencial, a
flexibilidade e a habilidade de recuperar-se emocional-
O comitê do Patrimônio Mundial reúne-se regularmente
mente.
para deliberar sobre ações que visem à conservação e
d) verificar de que forma as pessoas exercitam e melho-
à preservação do patrimônio mundial. Entre as tarefas
ram a autoestima e o controle das emoções.
atribuídas às delegações nacionais que participaram
e) sistematizar maneiras de dotar as pessoas de recursos
da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, des-
para lidar com as emoções próprias e alheias.
taca-se a:
31. (ENEM 2017)
a) participação em reuniões do Conselho Internacional 201
El carpintero de Monumentos e Sítios.
b) realização da cerimônia de recepção da Conven-
Orlando Goicoechea reconoce las maderas por el olor, ção do Patrimônio Mundial
de qué árboles vienen, qué edad tienen, y oliéndolas c) organização das análises feitas pelo Ministério da Cul-
sabe si fueron cortadas a tiempo o a destiempo y les adi- tura brasileiro
vina los posibles contratiempos. d) discussão sobre o estado de conservação dos bens já
Al cabo de tantos años de trabajo, Orlando se ha dado declarados patrimônios mundiais
el lujo de comprarse un video, y ve una película tras otra. e) estrutura da próxima reunião do Comitê do Patrimô-
No sabía que eras loco por cine le dice el vecino. nio Mundial
Y Orlando le explica que no, que a él ni le va ni le viene,
pero gracias al video puede detener las películas para es-
tudiar los muebles.

GALEANO, E. Disponível em: http://elcajondesastre.blog-


cindarrio.com. Acesso em: 18 abr. 2012.

No conto de Galeano, a expressão ni le va ni le viene en-


cerra uma opinião a respeito de cinema que

a) desconstrói a ideia central do conto sobre a importân-


cia das atividades de lazer.
b) contradiz a percepção que o narrador tem em rela-
ção à profissão exercida por Orlando.
c) revela o descaso do narrador com relação ao ofício
desempenhado por Orlando.
d) reforça a impressão do vizinho de que Orlando gostava
de filmes.
e) evidencia a extrema devoção do carpinteiro ao seu
ofício.
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33. (UFRR – 2018)


GABARITO

1. B
2. D
3. A
4. C
5. A
6. C
7. B
8. b
9. A
10 E
11. C
12. D
13 B
14 B
15 A
16 A
Fuente:https://www.vix.com/es/btg/comics/65051/via- 17 D
je-a-la-infanciarepasamos-11-tiras-comicas-clasicas-de- 18 E
-periodicos, acceso en 02/10/2018.
19 A
Considerando el fragmento del texto ‘… ya razona lo 20 D
202
mismo que la gente grande’, marque la opción COR- 21 B
RECTA:
22 D
a) Hay un sujeto que se identifica por la terminación ver- 23 A
bal. 24 E
b) La partícula ‘lo’ indica loísmo.
25 B
c) ‘Ya’ es una forma apocopada.
d) Hay dos oraciones independientes. 26 E
e) Es posible considerar que hay un verbo no expreso 27 D
formando una oración subordinada adverbial de re-
28 B
lativo.
29 E
30 C
31 E
32 D
33 A
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ARTES: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA ARTE

A história da arte é muito vasta e cheia de estilos e momentos. Obviamente tratar um conteúdo tão grande em
pouco tempo pode ser desgastante e não será o objetivo desta apostila. O que será buscado neste conteúdo são
resumos dos tópicos, abordando os principais conceitos dos estilos, o que facilitará ao aluno conseguir relacionar e
responder corretamente as questões.

1. História da arte no mundo


A arte caminha em paralelo com o desenvolvimento da humanidade. A arte rupestre na pré-história são os
primeiros registros da tentativa do homem de perpetuar aquilo que pensa e aquilo que vê.
Com o desenvolvimento das grandes civilizações, alguns estilos característicos passaram a ser notados, seguin-
do a linha da organização da sociedade no local. Destaca-se a arte egípcias, mesopotâmica, persa, grega, roma-
na, bizantina e arte cristã primitiva, desenvolvida nas catacumbas romanas, ainda quando o cristianismo não era
a religião oficial do império.
Devido ao período negro na idade média, pautado no feudalismo, destaca-se poucos movimentos artísticos,
destacando-se principalmente a arte gótica, implantada na construção de igrejas e catedrais.
Chegando ao renascimento, o que vemos é uma explosão artística de estilos, com o centro deste momento lo-
calizado na Itália. A arte barroca também se desenvolve, onde podemos considerar como o primeiro estilo artístico
implantado no Brasil após o seu descobrimento.
Após isso, nota-se um salto até o séc. XVIIII, com o desenvolvimento do Romantismo, Simbolismo e Impressionis-
mo, trazendo as bases para um dos temas mais cobrados no ENEM: A arte moderna, a partir do séc. XX.

2. História da arte no Brasil


No Brasil, a arte também está presente na pintura rupestre na Pré-História, com incríveis registros de mais de 10
mil anos. Utilizava-se na arte aquilo que era recurso no momento: Ossos, chifres, argila e pedras.
Uma das variâncias dessa arte brasileira obviamente está nos índios, moradores naturais do continente. Sua arte
estava pautada em objetos de adorno e rituais de iniciação masculina e feminina, além também de adereços
para diferenciar a hierarquia dentro da tribo (Pagé e Cacique). 203
Com a colonização iniciada no séc XVI, até a consolidação portuguesa, o Brasil recebeu influencias de ho-
landeses, ingleses e franceses. Porém, foi o Barroco que se destacou no Brasil colônia. O ponto importante a se
destacar neste estilo no Brasil é seu financiamento por parte da igreja, pois não haviam pessoas de posses que pa-
trocinariam elementos de arte profana. Assim, os grandes artistas deste período ficaram notórios com seus trabalhos
para a igreja: Gregório de Matos e Pe. Antônio Vieira na literatura e Aleijadinho nas esculturas.
Esse estilo perpetuou-se até meados do séc XIX até a chegada da família real no Brasil. Com ela, veio o neo-
classicismo, proporcionando uma guinada relevante de estilo. Após isso, o Brasil se destaca na arte moderna, com
a semana de 1922, que influenciou literatura e artes plásticas.
Finalmente, chega-se a arte contemporânea, rompendo com o estilo moderno, em meados da década de 60,
criando estilos próprios que perpetuam até hoje.

RESUMO DOS ESTILOS ARTÍSTICOS - MUNDO

Após essa breve introdução, o foco da apostila agora será em descrever cada estilo artístico, com seus pontos
principais que devem ser memorizados.

1. Pré-Histórica
Relembrando a divisão de períodos da Pré-História, temos o Paleolítico, Neolítico e idade dos metais, com seus
períodos de duração variando de região para região. Nesta etapa, a arte era concentrada em retratar o cotidiano
ou em outras palavras, o que se enxergava.
A maioria dos registros compõem pinturas em cavernas, as primeiras moradias do homem. Retratava-se a caça,
os fenômenos naturais, inclusive há registros de eventos astronômicos, como cometas e eclipses.
Outra vertente está relacionada aos primeiros rituais religiosos, muito concentrado em fenômenos da natureza
como variação de estações do ano, migrações de animais, o nascimento e morte de membros da tribo, dentre
outras.
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Pintura rupestre localizada na Serra do Capivara, Piauí, Brasil.


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-pre-historia.htm

EXERCÍCIO COMENTADO

1.(UFPE)

204

Observando os grafismos, assinale a alternativa correta:

a) Não havia animais nesse período específico


b) Essas manifestações culturais não podem ser consideradas arte
c) Nada sabemos sobre as populações humanas
d) Inexistiam técnicas para a produção de pigmentos
e) Há grande relevância artística e história

Resposta: Letra E. As pinturas rupestres são as bases de estudo para a civilização humana pré-histórica e os pri-
meiros registros artísticos da história humana.
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2. Egito Antigo Com a força da arte, tem-se também seu uso para fins
No Egito antigo, arte e religião eram praticamente a políticos, destacando um dos Faraós mais conhecidos do
mesma coisa. Retratar o poder dos deuses e tratar o Fa- Egito: Tutancamôn. O objetivo era registrar seus feitos e per-
raó como seu representante máximo era praticamente petuar seu legado para sempre, crendo na ressurreição.
obrigatório para se ter recursos. Concentra-se também
a descrição da morte e da vida eterna, com seus sar-
cófagos e túmulos especiais para seus líderes e grandes
sacerdotes. Tumbas, estatuetas e vasos passavam a
crença de vida após a morte.

Sarcófago Egípcio. Museu de História Natural, Nova


York, EUA. Foto tirada por Bruno Galelli Chieregatti em
28/12/2014. Cortesia do autor.

A grande esfinge de Gizé.


https://www.todamateria.com.br/arte-egipcia/ EXERCÍCIO COMENTADO
Com a crescente centralização do Faraó como um
1. (UFMS) Sobre a arte egípcia, é incorreto afirmar:
“deus na terra”, grandes obras arquitetônicas foram 205
construídas, como as pirâmides, a esfinge e gigantescos
a) As grandes manifestações da arquitetura egípcia fo-
templos em suas cidades-estado. As pintura das pessoas
ram os magníficos templos religiosos, as pirâmides, os
nas partes destes templos tinham a particularidade do
hipogeus e as mastabas.
perfil, mostrando o rosto virado de lado, sem estilos de
b) Na pintura, as figuras eram representadas com os
profundidade. A única grande diferença era o tamanho olhos e os ombros em perfil, embora com o restante
dos corpos, pois independente da estatura das pessoas, do corpo de frente.
quanto mais alto seu cargo na sociedade, maior era seu c) A escultura egípcia obedecia a uma orientação pre-
tamanho na pintura. dominantemente religiosa. Eram numerosas as está-
tuas esculpidas com a finalidade de ficar dentro de
túmulos. A escultura egípcia atingiu seu desenvolvi-
mento máximo com os sarcófagos, esculpidos em pe-
dra ou madeira.
d) A cultura egípcia foi profundamente marcada pela reli-
gião e pela supremacia política do faraó. Esses dois ele-
mentos exerceram grande influência nas artes (arquitetu-
ra, escultura, pintura, literatura) e na atividade científica.
e) A gradação, a mistura de tonalidades e o claro-escu-
ro não eram utilizados.

Resposta: Letra B. Os ombros não ficavam em perfil,


todo o corpo tinha frontalidade, exceto a cabeça..

3. Mesopotâmia
A Mesopotâmia foi um local de grandes disputas.
Localizada entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque,
suas terras sempre foram alvo de guerras e de diferentes
povos dominantes. Isso obviamente influenciou a arte,
sempre gerando transformações a cada mudança de
Exemplo de pintura egípcia. domínio. Sumérios, Assírios e Babilônicos se destacam
https://www.todamateria.com.br/arte-egipcia/ dentre as civilizações dominantes.
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O grande destaque do estilo mesopotâmico é a arqui- 5. Grécia


tetura, com seus gigantescos palácios (denominados Zigu- Se há um estilo artístico que influencia até hoje a arte gre-
rates) feitos de tijolos, devido à escassez de pedras. O estilo ga. Até por este motivo, é um dos mais estudados. Outra ca-
de retratação do corpo era bem simples, com membros racterística marcante é que antes de sua unificação, cada
próximos ao corpo, normalmente coberto por mantos. cidade-estado (destacando-se Atenas e Esparta) tinha sua
autonomia para determinar os rumos de sua cultura.
Os gregos foram um dos primeiros povos a descen-
tralizar o desenvolvimento da arte, não monopolizando
na religião por exemplo. Isso difundiu seu estilo entre os
mais poderosos e mais humildes, democratizando sua
cultura, o que justifica também como este estilo se di-
fundiu pela Europa, influenciando as culturas da idade
média (Iluminismo e Renascimento).
Na Grécia, cultuou-se muito os feitos e as lendas dos
heróis. A mitologia grega é vasta, sendo alvo até hoje
de histórias e filmes vistos em cinemas.

Representação artística do Zigurate de Ur, período


neossumério (c. 2100 a.C.).
https://www.coladaweb.com/artes/
arte-e-arquitetura-da-mesopotamia

4. Pérsia
A Pérsia normalmente não é muito estudada no Bra-
sil ficando sempre em segundo plano. Entretanto, sua
cultura é riquíssima pois dada a extensão do seu impé-
rio, capturou essências de diversas civilizações, como a
Egípcia e as mesopotâmicas.
Na escultura, os assírios tiveram maior influência,
respaldados pela sua grandeza e arte voltada para os
feitos de guerra. Neste ponto, destaca-se o Behistum (fi-
206 gura abaixo), com 456 metros de altura e registros do
feitos persas: Estátua de Perseu com a cabeça da Medusa.
museu de história Natural, Nova York, EUA.
Foto tirada por Bruno Galelli Chieregatti em 28/12/2014.
Cortesia do autor.

Além de arquitetura e esculturas, os gregos influen-


ciam até hoje as artes cênicas, com seus teatros em céu
aberto e alguns gêneros que organizam a arte teatral.

6. Roma
Em Roma, o grande destaque certamente é sua ar-
quitetura. Grandes palácios e arenas, onde gladiadores
se tornavam lendas, foram construídas, destacando-se
obviamente o conhecido coliseu.

O Monumento de Behistum, Irã.


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-persa.htm

Relacionado a religião, a arte Persa concentra-se


apenas em grandes altares para a realização de seus
cultos a céu aberto, sem grandes templos voltados para
este fim. A religião Zoroástrica, fundada pelo profeta Za-
raustra, usou sistematicamente essas estruturas.
Avançando no tempo, a cultura grega que será vista
a seguir influenciou a arte Persa após a conquista de Coliseu, localizado em Roma, Itália.
Alexandre Magno. https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-romana.htm
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Como a cultura grega, a arte romana possui fases, Resposta: Letra A. As grandes casas de espetáculos
que seguem a linha de sua divisão histórica: Roma an- romanas tinham como objetivo o entretenimento,
tiga, república e império. Na Roma antiga, a Grécia in- para buscar a distração do público em relação aos
fluencia diretamente, onde a própria mitologia se asse- problemas do cotidiano.
melha com a cultura grega.
Durante a expansão da República ou do Império, a 7. Bizantinos
grande característica era aliar beleza com funcionali- Com a divisão do império romano em duas partes
dade em suas construções. Diques, pontes e canais de (Oriente e Ocidente), a parte oriental ficou com sua admi-
água ou esgoto foram construídos com suas caracterís- nistração na cidade de Constantinopla (atual cidade de
ticas estruturadas em arco, mostrando a importância de Istambul, Turquia). Foi nela que a cultura bizantina se de-
se ter uma sociedade organizada. senvolveu, sob influência também das culturas asiáticas.
Na escultura, o culto as pessoas se destacou, sobretu- O cristianismo foi aceito como religião oficial e isso
do no império, no período conhecido com pax romana, interferiu na construção de grandes basílicas (com desta-
no qual era governado pelo imperador Otávio Augusto. que para a Hagia Sofia, na foto abaixo) e catedrais, onde
o imperador usava o conceito de ser um representante
de Deus na Terra. Cúpulas gigantescas, sustentadas por
imensas colunas caracterizaram o estilo arquitetônico.
Outra arte desenvolvida a partir das igrejas foram os
gigantescos mosaicos, que coloriam e davam vida às
estrutura cinzentas.

207

Estátua do Imperador Otávio Augusto.


Catedral de Hagia Sophia ou Santa Sofia,
https://brasilescola.uol.com.br/ Istambul (antiga Bizâncio), Turquia.
historiag/arte-romana.htm https://www.arkiplus.com/arquitectura-bizantina/

8. Cristianismo
A religião cristã, a partir da pregação de Jesus Cristo,
EXERCÍCIO COMENTADO
iniciou-se de maneira clandestina, devido à persegui-
ção do império romano. Assim, as primeiras artes rela-
1. (STOODI) Sobre a arte romana e a sua relação com cionadas estão presentes em cavernas e catacumbas.
manifestações artísticas de outros períodos e civiliza-
ções, marque a alternativa correta.

a) A exemplo do Coliseu, os anfiteatros romanos foram


cenários de festas e espetáculos, e tiveram grande
importância em práticas como a política de pão e
circo
b) Os romanos, como a maioria dos povos da antigui-
dade, nunca conheceram a arte do retrato, uma vez
que o rosto das esculturas era idealizado
c) Os afrescos romanos não serviram de inspiração aos
artistas renascentistas, uma vez que a maior parte
desses só foi conhecida depois do séc. XVIII
d) Os construtores romanos, assim como os gregos, as-
sentavam o auditório dos teatros nas encostas das Afresco feito numa catacumba que ficava na
colinas porque isso lhes garantia maior solidez da Via Latina, antiga estrada romana.
construção e economia de material. https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-crista.htm
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Com a aceitação da religião a partir do Édito de Mi-


lão, a arquitetura cristã se desenvolveu a partir do estilo
romano, com tetos gigantescos, divididos em abóbadas
sustentadas por imensas colunas.
A pintura teve um certo grau de desenvolvimento
no cristianismo, voltado principalmente para registro da
imagem de seus profetas e santos.

Vitrais coloridos, uma das características


da arte gótica.
http://obviousmag.org/archives
/2014/03/vitrais_goticos.html

Em relação as esculturas, a figura humana foi ressal-


tada, sobretudo nas entradas das catedrais. Além disso,
a posição dos corpos também buscava transmitir uma
Representação de Jesus Cristo numa
mensagem, indicando para onde as esculturas estavam
das catabumbas romanas.
olhando, às vezes entre si, para dar um ar de represen-
https://galeria419.com.br/arte-crista-cristo-pantocrator/
tação de uma cena.
A arte gótica seguiu se desenvolvendo mesmo du-
9. Góticos
rante o período do renascimento, com o restabeleci-
A arte gótica certamente está ressaltada na cons-
mento de relações comerciais entre as regiões da Eu-
trução das grandes catedrais (como a de Notre-Dame,
208 ropa. Um exemplo é o Palácio de Doges (Ducal), em
apresentada abaixo). Proveniente de uma região onde
atualmente é a França, ela ressalta o trunfo da igreja Veneza, um dos berços do Renascimento.
católica e sua expansão por toda a Europa, sendo do-
minante durante o período do feudalismo.
Uma mudança de estilo notadamente percebida é
a busca pelo aumento da iluminação interna das cons-
truções, com vãos mais amplos e janelas formadas a
partir de vitrais que permitiam a passagem de luz, além
de ressaltar o desenho feito.

Palácio de Ducal, localizado no canal de entrada de


Veneza, Itália.
https://pt.wikipedia.org/wiki/
Pal%C3%A1cio_Ducal_(Veneza)

EXERCÍCIO COMENTADO
1.(UNIFESP SP) Houve, nos últimos séculos da Idade Média
Um dos símbolos da arte gótica, a Catedral de Notre- ocidental, um grande florescimento no campo da litera-
-Dame, Paris, Roma. tura e da arquitetura. Contudo, se no âmbito da primeira
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-gotica.htm predominou a diversidade (literária), no da segunda pre-
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

dominou a unidade (arquitetônica). O estilo que marcou Já Michelangelo concentrou-se nas esculturas, mas
essa unidade arquitetônica corresponde ao não podemos deixar de mencionar a pintura da Capela
a) renascentista. Sistina no Vaticano.
b) românico.
c) clássico.
d) barroco.
e) gótico

Resposta: Letra E. O estilo gótico surgiu na França,


porção ocidental da Europa e norteou o estilo arqui-
tetônico das construções da época.

10. Renascimento
Além da arte grega, um estilo que até hoje influen-
cia diretamente a nossa sociedade certamente é o re-
nascimento econômico e cultural da Europa a partir do
séc XI. A primeira grande transformação foi a busca de
se desvencilhar da arte da igreja que influenciou os últi-
mos séculos, trazendo de volta uma releitura da cultura
Capela Sistina, afresco de Michelangelo.
clássica das culturas gregas e romana, destacando-se o
Museu do Vaticano, Itália.
racionalismo e o naturalismo.
É na Capela Sistina que ocorre o conclave
Com a racionalidade, as artes começaram a ter a
de eleição papal.
característica harmoniosa entre suas dimensões, além
https://www.infoescola.com/arquitetura/capela-sistina/
da busca da perfeição, algo condenável pela igreja
que santificava a perfeição apenas a Deus. Neste pon- 11. Barroco
to, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael de Santi se Em resposta ao Renascimento cultural, a igreja bus-
destacaram. ca uma modernização de estilo, atraindo artistas e in-
Adicionalmente, da Vinci, por ter estudado música, fluências. Surge assim o Barroco, que em contrapartida
arquitetura e engenharia, se tornou um gênio a frente ao racionalismo, traz a ideia de colocar novamente às
de sua época. Suas pinturas são verdadeiras obras de artes um caráter de emoção e de cotidiano.
arte na perfeição de suas proporções e mensagens su- Tendo origem na Itália, o estilo ganhou muito espaço 209
bliminares (gerando mitos até hoje). principalmente na península ibérica, não sendo a toa
que ele foi um dos primeiros estilos artísticos presentes no
Brasil após o descobrimento. Novamente buscou-se a
retratação das figuras notórias da igreja católica, como
santos e mártires, mas agora buscando retratar um pou-
co também da vida cotidiana das pessoas, transmitindo
a ideia de proximidade entre igreja e seu clero.

A Ceia em Emaús (1600-01), de Caravaggio.


Óleo sobre tela, 140 × 195 cm. Galeria Nacional,
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Londres, Inglaterra.
Museu do Louvre, Paris, França. http://barrocoitalia.blogspot.com/2013/11/pintura-bar-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mona_Lisa roca-e-suas-caracteristicas.html
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Nas esculturas, a ideia de santificação novamente A literatura se destaca no Romantismo, pois há uma
foi ressaltada, gerando obras que são vistas até hoje em ruptura da figura do patrocinador (Mecenas) para a
Portugal, Espanha e Itália. crítica de um editor, buscando contagiar o público em
geral e não o financiador.

13. Simbolismo
O Simbolismo fica mais relacionado a literatura. Em
Portugal, destaca-se as obras de Eugênio de Castro, Ca-
milo Pessanha, Antonio Nobre, Augusto Gil e Eugênio de
Castro.
Na pintura e escultura, há ainda forte influência do ro-
mantismo, com a figura humana como elemento principal.

O êxtase de Santa Teresa ou Transverberação


de Santa Teresa (1647–1652), de Bernini.
http://barrocoemgeral.blogspot.com/2008/09/esculto-
res-barrocos.html

12. Romantismo
210 O Romantismo surgiu no séc. XIX com a ideia de li-
bertar os artistas de convenções impostas por religião
ou por estilos mais centrados, valorizando a individuali-
dade. Cultua-se fortemente a emoção e o sentimento.
Na pintura, percebe-se sempre uma pessoa no cen-
tro da imagem, valorizando o individual e não há melhor
exemplo que a pintura La liberte guidant le peuple (A
liberdade guiando as pessoas) de Delacroix. Jeunes Filles au bord de la mer (1879), de
Chavannes. Óleo sobre tela. Museu d’Orsay, Paris,
França.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Simbolismo#/media/
File:On_the_Edge_of_the_Sea.jpg

14. Arte Moderna


Como o próprio nome diz, trata-se da ascensão da
sociedade humana à modernidade, fortemente pau-
tada na revolução industrial. As grandes invenções do
século XX, como o rádio, o cinema e a fotografia pau-
taram o estilo.
Novamente busca-se um rompimento com os estilos
anteriores, para buscar melhores maneiras de se retratar
a vida moderna. O Cubismo e o Futurismo surgem como
grandes vertentes. Em relação a parte sentimental, bus-
cou-se não somente representar o visível, mas também
a emoção e a sensibilidade, como o próprio Simbolismo
La liberte guidant le peuple ou A liberdade guiando o descrito anteriormente. Além dele, o Surrealismo desta-
povo (1830), de Eugène Delacroix. Óleo sobre tela, 260 ca-se nesse quesito, com Salvador Dali sendo seu artista
× 325. Museu do Louvre, Paris, França. principal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eug%C3%A8ne_
Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg
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RESUMO DOS ESTILOS ARTÍSTICOS - BRASIL

1. Pré - colonial
Antes da chegada dos europeus no Brasil, os regis-
tros artísticos possuem duas vertentes: A primeira são os
registros pré-históricos, com características semelhantes
ao que se encontraram em outros lugares do mundo,
como as figuras rupestres, onde destaca-se o parque
nacional da serra da capivara, no Piauí:

Uma das obras de Salvador Dalí, em que há


características peculiares do Surrealismo. Museu Dalí,
em Figuera, Espanha.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/surrealismo.htm

O Surrealismo trouxe uma crítica à racionalidade,


buscando algo relacionado ao abstrato, a maravilha e
os sonhos. Inclusive, o Surrealismo traz influências da pes-
quisa de Sigmund Freud na área de psicanálise, como
forma de explicação dessa nova realidade. Por possuir
um caráter revolucionário, utilizou-se muito este estilo Pintura Rupestre localizada no Parque Nacional da
na parte política, sobretudo na ideologia marxista, pois Serra da Capivara, Piauí, Brasil.
atraiu muitos seguidores com esta ideologia. http://lealtudo.blogspot.com/2012/05/arte-pre-histori-
ca-no-brasil-parque.html
211
Já a segunda parte, vem da cultura indígena, pau-
EXERCÍCIO COMENTADO tada principalmente na sociedade da aldeia. Adornos,
vasos e pintura corporais tinham seu significado, trazen-
do hierarquia e organização dos índios.
1. (UECE) Considere as afirmativas abaixo a respeito das
Artes na cultura ocidental:
I) A regra da arte europeia, a partir das primeiras déca-
das do século XX, era a liberdade absoluta de criação.
II) Na segunda metade do século XIX o Realismo/Natura-
lismo se contrapôs ao Romantismo, exigindo que a obra
de arte expressasse fielmente a natureza e a realidade.
III) A torre Eiffel, em Paris, é um dos testemunhos das con-
cepções arquitetônicas, contrárias ao modernismo.
Marque a opção verdadeira:
a) I e II são corretas;
b) II e III são corretas;
c) II e III são incorretas;
d) I e III são incorretas.
Urna funerária decorada com apliques modelados e
Resposta: Letra A. As afirmações I e III retratam o mo- pintura vermelha e preta sobre engobo branco. Acervo
dernismo cuja a característica era a liberdade de Museu Paraense Emílio Goeldi, ilustração do livro Unkno-
criação e seu surgimento foi justamente na época da wn Amazon, editado por C. McEwan, Cristiana Barreto
construção da Torre Eiffel no começo do séc. XX. Já a e Eduardo Neves, Londres: British Museum Press, 2001.
afirmação II retrava o Realismo-Naturalismo, que con- http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/
trapõe veementemente ao Romantismo. viewFile/380/316
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Já para a pintura, o destaque vai para Mestre Ataí-


de, que financiado pela igreja decorou diversos tem-
plos, destacando a igreja de São Francisco de Assis, em
Ouro Preto.

Pintura em corpos de indígenas ianomani.


https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/
album-interpretacoes-arte-corporal-plumaria-indigena/

2. Barroco
Quando o Brasil é descoberto, a península ibérica
estava sob forte influência do Barroco e não é estranho
imaginar que este foi o primeiro grande estilo artístico
brasileiro. A igreja católica trouxe as linhas de pensa-
mento no séc XVII, financiando a confecção de escultu-
ras e a construção principalmente de igrejas.
Apresentação do teto da Igreja de São Francisco de
Aleijadinho é o grande ícone da arte barroca brasi-
Assis em Ouro Preto, de Mestre Ataíde.
212 leira, com obras preservadas até hoje nas cidades histó-
http://mestreataidebarroco.blogspot.com/p/obras.html
ricas de Minas Gerais.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM – 2015 ) Na região mineira, a separação entre


cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes
liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como
exemplo os valores europeus, e o grupo popular, forma-
do pela fusão de várias culturas: portugueses aventurei-
ros ou degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo
as sofisticações da arte erudita ao entendimento do
artífice popular, consegue fazer essa síntese caracterís-
tica deste momento único na história da arte brasileira:
o barroco colonial.
MAJORA, C. BrHistória, n. 3, mar. 2007 (adaptado).
Obras feitas por Aleijadinho localizadas próximas à igre-
ja, em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a
https://turismoadaptado.com.br/aleijadinho-a-beleza- de Minas Gerais, apresentava a valorização da técnica
-de-suas-obras-nos-faz-esquecer-sua-deficiencia/ e um estilo próprio, incluindo a escolha dos materiais. Ar-
tistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde têm suas obras
caracterizadas por peculiaridades que são identifica-
das por meio

a) Do emprego de materiais oriundos da Europa e da


interpretação realista dos objetos representados.
b) Do uso de recursos materiais disponíveis no local e
da interpretação formal com características próprias.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

c) Da utilização de recursos materiais vindos da Europa e Isoladamente, não durou muito tempo, fundindo-se
da homogeneização e linearidade representacional. ao Romantismo e posteriormente ao Realismo. Houve
d) Da observação e da cópia detalhada do objeto re- destaque também para algumas obras de arquitetura,
presentado e do emprego de materiais disponíveis na como a santa casa de misericórdia do Rio de Janeiro
região.
e) Da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da
interpretação idealizada e linear dos objetos repre-
sentados.

Resposta: Letra B. Devido a distância entre a metró-


pole e colônia, o estilo Barroco brasileiro é baseado
em materiais locais, interpretando o estilo que vinha
da Europa.

3. Neoclassicismo
O Barroco ficou por muito tempo como o principal
estilo artístico brasileiro, mas um marco acabou trazen-
do a ascensão do Neoclassicismo no Brasil: A chegada
da família real, que trouxe consigo a influência euro-
peia. Adicionalmente, a fundação da Escola real de
ciências, artes e ofícios foi realizada em 1816, trazendo
a influência francesa para o país.
Como o próprio nome, o Neoclassicismo buscou tra- Frente da Santa Casa de Misericórdia do
zer a essência da arte clássica grega e romana, também Rio de Janeiro, Brasil.
incorporando o iluminismo e o renascimento. Seu conteú- https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoclassicismo_no_Brasil#/
do inspirou inclusive revoltas aqui no Brasil, como a incon- media/File:Sta_casa_misericordia_rio_janeiro.JPG
fidência mineira, lastreada na revolução francesa.
4. Romantismo
Certamente a literatura foi a grande expressão ar-
tística do romantismo no Brasil. Considera-se o início do
movimento o ano de 1833, com a publicação do livro 213
Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Maga-
lhães. O romantismo francês interferiu diretamente no
estilo dos autores brasileiros, com foco total na emoção,
amor platônico e repúdio a Portugal em sua fase inicial.
Passados os anos de independência, o romantis-
mo chega na sua segunda geração, bem mais radical
quanto ao seu apelo sentimental, ressaltando os senti-
mentos e fugindo em grande parte dos momentos, da
própria realidade. Também se ressalta o mal do século
(a tuberculose) que vitimava as pessoas daquela épo-
ca. Os principais autores dessa época foram Álvares de
Azevedo e Casemiro de Abreu.
Já a terceira geração, já em uma transição para o
Realismo, mais ponderada, foca principalmente nos even-
tos do período, como abolição da escravatura e a cons-
tituição de nossa república. Possui também uma aborda-
gem de futuro, que remete alguns traços do modernismo
que surgirá alguns anos depois. Destaca-se como autor,
Martírio de Tiradentes (1893), de Figueiredo e Melo. Castro Alves, conhecido como “Autor dos escravos”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoclassicismo_no_Bra-
sil#/media/File:Figueiredo-MHN-Tiradentes.jpg

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (PUC-RS) Considere o texto abaixo, extraído do roman-
ce “Iracema”, de José de Alencar, publicado em 1865.
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo conhecido grupo dos cinco: Anita Malfati, Mário de An-
da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha drade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila
recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais do Amaral que pintou Abaporu, trazendo toda a des-
rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o proporção do Surrealismo de Dalí:
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a
terra com as primeiras águas”. (ALENCAR, José. Irace-
ma, p. 14)
A partir da leitura do texto acima, é correto concluir que
uma importante característica da cultura e da mentali-
dade brasileiras, influenciadas pelo Romantismo, na se-
gunda metade do século XIX, foi

a) o desprezo pelos índios brasileiros, vistos como um en-


trave ao desenvolvimento nacional, exemplificado,
no texto, pela comparação de Iracema a uma ema
selvagem.
b) o preconceito em relação aos valores e caracterís-
ticas tipicamente nacionais, dado o caráter tropical
e “selvagem” do Brasil, como afirma Alencar, o que
demonstra a forte influência europeia sobre a cultura
brasileira.
c) a descrição minuciosa e realista da cultura e do
modo de vida indígena, como forma de tornar co-
nhecidas as origens da nação brasileira a partir da
Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral. Óleo sobre tela,
herança recebida dos índios da tribo tabajara.
85 cm × 72 cm. MALBA, Buenos Aires, Argentina.
d) a ruptura entre os modelos clássicos da cultura euro-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tarsila_do_Amaral
peia e o tropicalismo brasileiro, o que pode ser per-
cebido em comparações simbólicas como: “nem a
A primeira fase do modernismo é mais radical, vol-
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfu-
214 tada principalmente à negação do realismo e à críti-
mado”.
ca a sociedade burguesa, aproximando-se das ideias
e) o indianismo e a idealização de ambientes e perso-
nagens, pela exaltação de valores nacionais em de- marxistas. Não obstante, o partido comunista brasileiro é
trimento das influências europeias, com o objetivo de fundado nesta época, sob forte influência dos ideais da
construir uma cultura e uma identidade brasileiras. revolução russa de 1917.
Já a segunda fase, muito mais ponderada que a pri-
Resposta: Letra E. O romantismo teve características meira, foi muito mais construtiva para as bases da so-
nacionalistas, valorizando as origens da sociedade ciedade brasileira, pois buscava estudar o bem-estar do
brasileira oriundas da cultura indígena.. homem e sua atuação no mundo. Não é à toa que seus
dois principais artistas são mais conhecidos dentro da
5. Realismo-Naturalismo sociedade brasileira: Carlos Drummond de Andrade e
Este estilo artístico também pautou e se destacou na Vinícius de Morais. Outro grande ponto desta geração
literatura brasileira. Eliminou-se a abstração e as obras é o uso dos pilares do modernismo apoiado na região
ficaram mais em caráter psicológico, com personagens em que o autor se encontrava. Rachel de Queiroz, Jor-
muito mais próximos da realidade. Considera-se o ano ge Amado, Érico Veríssimo e Graciliano Ramos se des-
de 1881 como fundação do Realismo no Brasil, com a tacaram. Havia claramente uma consciência crítica e
publicação de memórias póstumas de Brás Cubas, de os autores trabalharam muito bem os problemas sociais
Machado de Assis, ícone do estilo realista. do país, trazendo para a sociedade a necessidade de
Outro autor relevante é Aluísio de Azevedo, autor de serem discutidos.
O Mulato, que trabalhava muito mais o estilo naturalista, A terceira geração é uma oposição clara à primeira,
trazendo a realidade com inserção da natureza, usan- sendo às vezes chamada de pós-moderna ou parnasiana.
do até a zoomorfização das personagens. Outra obra O fim da Era Vargas, a bipolarização de superpotências
do autor, o Cortiço, retrata exatamente isso, através de (EUA e URSS) e a ditadura militar nortearam o estilo. Uma
uma análise dos comportamentos sociais. de suas principais autoras, Clarice Lispector, trabalhou
muito bem a parte subjetiva, trazendo as personagens
6. Modernismo “gente como a gente”. Guimarães Rosa também se
Certamente, a semana de arte moderna de 1922 destaca, mantendo ainda o estilo regional, com a fala
foi o marco para a ascensão do modernismo no Brasil. do sertanejo.
Influenciado fortemente pelo Cubismo e Futurismo eu-
ropeu. A semana de arte moderna foi idealizada pelo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

8. (ENEM 2011) Observe as imagens abaixo: 1. (ENEM 1ª APLICAÇÃO/2016)

TOZZI, C. Colcha de retalhos. Mosaico figurativo. Esta-


ção de Metrô Sé. Disponível em: <www.arteforadomu-
seu.com.br.> Acesso em: 8 mar. 2013.

Colcha de retalhos representa a essência do mural e 215


convida o público a

A) apreciar a estética do cotidiano.


B) interagir com os elementos da composição.
C) refletir sobre elementos do inconsciente do artista.
D) reconhecer a estética clássica das formas.
E) contemplar a obra por meio da movimentação física.
Competência ENEM: H12

Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores cujas te-


las foram expostas durante a Semana da Arte Moderna.
Tal como Michelangelo, ele se inspirou em temas bíbli-
cos, porém, com um estilo peculiar. Considerando-se as
obras apresentadas, o artista brasileiro.

a) Estava preocupado em retratar detalhes da cena.


b) Demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.
c) Optou por fazer uma escultura minimalista, diferente-
mente de Michelangelo.
d) Deu aos personagens traços cubistas, em vez dos tra-
ços europeus, típicos de Michelangelo.
e) Reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo,
uma vez que retratou a mesma cena bíblica.

Resposta: Letra D. É importante lembrar que o cubis-


mo foi grande influenciador da arte moderna.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

2. (ENEM 2015) 3. (ENEM 2015)

Na exposição “A Artista está presente”, no MoMA em


Nova Iorque, a performer Marina Abramovic fez uma
retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protago-
nizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de
março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de
736 horas, ela repetia a mesma postura. Sentada numa
sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com
cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao redor,
o público assistia a essas cenas recorrentes.

ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Dispo-


nível em: <http://blogs.estadao.com.br.>
Acesso em: 4 nov. 2013.

O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramo-


vic, cuja performance se alinha a tendências contem-
porâneas e se caracteriza pela

A) inovação de uma proposta de arte relacional que


adentra um museu.
B) abordagem educacional estabelecida na relação
da artista com o público.
MAGRITTE, R. A reprodução proibida. Óleo sobre tela, C) redistribuição do espaço do museu, que integra di-
81,3 x 65 cm. Museum Boijmans Van Buningen, Holan- versas linguagens artísticas.
da,1937. D) negociação colaborativa de sentidos entre a artista
O surrealismo configurou-se como uma das vanguardas e a pessoa com quem interage.
artísticas europeias do início do século XX. René Magrit- E) aproximação entre artista e público, o que rompe
te, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda com a elitização dessa forma de arte.
216 em suas produções. Um traço do Surrealismo presente Competência ENEM: H13
nessa pintura é o (a)

A) justaposição de elementos díspares, observada na


imagem do homem no espelho. GABARITO
B) crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do
homem olhando sempre para frente. 1 A
C) construção de perspectiva, apresentada na sobre-
posição de planos visuais. 2 A
D) processo de automatismo, indicado na repetição da 3 D
imagem do homem.
E) procedimento de colagem, identificando no reflexo
do livro no espelho.
Competência ENEM: H13
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

mordial sobre a natureza de seus problemas. A postura é


EDUCAÇÃO FISICA: LINGUAGEM a chave não verbal mais fácil de descobrir, e observá-la
CORPORAL pode ser muito interessante.
Com surpreendente frequência, as pessoas imitam as
atitudes corporais de outras. Dois amigos se sentam exa-
A lista de definições de “comunicação” é muito tamente da mesma maneira, a perna direita cruzada
grande. Podemos denominar comunicação o processo sobre a esquerda, por exemplo, e as mãos entrelaçadas
pelo qual, seres, pessoas, atribuem significados aos fatos atrás da cabeça; ou um deles o faz ao contrário, a per-
produzidos e, entre eles muito especialmente ao com- na esquerda cruzada sobre a direita, como se fosse uma
portamento dos outros seres ou pessoas. A primeira con- imagem refletida em um espelho. Denomina-se a esse
dição para que haja comunicação é a presença de um fenômeno posturas congruentes. Acredita-se que duas
emissor e um receptor. O estudo dos símbolos sempre pessoas que compartilham um mesmo ponto de vista,
esteve relacionado com o conceito de comunicação. acabam compartilhando também uma mesma postura.
Como é natural, a expressão corporal, que abrange
os movimentos do corpo e a postura, está relacionada
com as características físicas da pessoa. Há três classes
de movimentos observáveis: os faciais, gesticulares e os
de postura. Embora possamos categorizar estes tipos de
movimentos, a verdade é que estão fortemente entre-
laçados, e muito frequentemente se torna difícil dar um
significado a um, prescindindo dos outros.
Na comunicação verbal, sendo a linguagem o fa-
tor mais importante, reconhecemos que produzimos e
recebemos uma quantidade muito grande de mensa-
gens que não vêm expressas em palavras. Estas men-
sagens são os que denominamos não verbais, e vão da
cor dos olhos, comprimento do cabelo, movimentos do
corpo, postura, e até o tom da voz, passando por obje-
tos, roupas, distribuição do espaço e do tempo. O estu-
do rigoroso desses sistemas de comunicação não co- Estudar a postura das pessoas durante uma discus-
meçou até bastante tempo depois da Segunda Guerra são é extremamente interessante, já que muitas vezes
Mundial. Isto não quer dizer que não encontremos algu- poderemos detectar quem está a favor de quem, antes 217
ma referência já nos antigos mundos Grego e Chinês, ou que cada um fale. Observou-se que as pessoas que não
em trabalhos sobre dança, teatro ou liturgia. se conhecem evitam cuidadosamente adotar as mes-
A comunicação não verbal, geralmente, mantém mas posições. A importância da imitação pode chegar
uma relação de interdependência com a interação a ser uma das lições mais significativas que podemos
verbal. Com frequência as mensagens não verbais têm aprender, pois é a forma com que outros nos expressam
mais significação que as mensagens verbais. Em qual- que coincidem conosco ou que lhes agradamos. Tam-
quer situação comunicativa, a comunicação não ver- bém é a forma com que comunicamos aos outros que
bal é inevitável. Nas mensagens não verbais, preponde- realmente nos agradam.
ra a função expressiva ou emotiva sobre a referencial. Se um chefe deseja estabelecer rapidamente uma
Em culturas diferentes, há sistemas não verbais diferen- boa relação e criar um ambiente tranquilo com um em-
tes. Existe uma especialização de certos comportamen- pregado, basta copiar a postura deste para obter seus
tos para a comunicação. O estudo em que se encontra objetivos. Da mesma maneira que as posturas congruen-
este tipo de busca é o descritivo. tes expressam acordo, os nãos congruentes podem ser
O conhecimento das formas não verbais de comu- utilizados para estabelecer distâncias psicológicas.
nicação serve para converter o encontro com outra Ao ver um casal de jovens sentados um ao lado do
pessoa em uma experiência interessante. Quando se outro em um sofá. A garota está olhando para o moço,
começou a estudar a comunicação não verbal, esta que está sentado olhando para fora, os braços e as per-
era dirigida ao pessoal de vendas, gerentes e execu- nas como formando uma barreira entre ambos e este
tivos, mas mais tarde se foi ampliando de tal maneira permanece sentado assim durante oito longos minutos
que toda pessoa, qualquer que seja sua vocação e sua e só de tempos em tempos vira a cabeça para a garota
posição social, pode usá-la para compreender melhor para falar com ela. Ao término desse tempo entra outra
o acontecimento mais complexo que se apresenta na jovem no local e o moço fica de pé e sai com ela; me-
vida: o encontro cara a cara com outra pessoa. diante sua postura tinha estabelecido que a garota que
estava sentada a seu lado não era seu par.
A INTERPRETAÇÃO DA POSTURA Algumas vezes, quando as pessoas se veem forçadas
Para a maioria de nós, a postura é um tema pouco a sentar-se muito juntas, inconscientemente desdobram
agradável sobre a maneira como nossa mãe costuma- seus braços e pernas como barreiras. Dois homens senta-
va nos repreender. Mas para um psicanalista a postura dos muito juntos em um sofá girarão o corpo levemente
de um paciente muitas vezes constitui uma chave pri- e cruzarão as pernas de dentro para fora, ou porão uma
mão ou um braço para proteger o lado comum do rosto.
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Um homem e uma mulher sentados frente a frente a O tato é provavelmente o mais primitivo dos sentidos.
uma distância muito próxima, cruzarão os braços e talvez O bebê recém-nascido explora mediante o tato; é assim
as pernas, e se virarão para trás em seus assentos. que descobre onde termina seu próprio corpo e começa
A postura não é somente uma chave sobre o caráter, o mundo exterior. À medida que a criança cresce, apren-
é também uma expressão da atitude. Com efeito, muitos de que há objetos e partes de seu próprio corpo e do das
dos estudos psicológicos que se tem feito sobre a postura, a outras pessoas, que se podem tocar e outras que não.
analisam segundo o que revela a respeito dos sentimentos Quando o indivíduo descobre as relações sexuais, na reali-
de um indivíduo com respeito às pessoas que o rodeiam. dade está redescobrindo a comunicação tátil.
Um investigador observou que quando um homem se Se interromper uma conversa, a pessoa que o faz po-
inclina levemente para frente, com as costas um pouco derá pôr sua mão no braço de seu interlocutor, já que este
encurvadas, provavelmente simpatiza com a pessoa que gesto poderá ser interpretado como o pedido de “um
está com ele. momento” e evidentemente faz parte do mecanismo da
A postura é, como já dissemos, o elemento mais fácil de conversação.
observar e de interpretar de todo o comportamento não Também é importante a parte do corpo que se toca.
verbal. De certo modo, é preocupante saber que alguns Uma mão que repousa suavemente sobre um antebraço
movimentos corporais que tínhamos por arbitrários são tão terá um impacto totalmente diferente do que teria se co-
circunscritos, previsíveis e, às vezes, reveladores; mas por locada sobre um joelho.
outra parte, é muito agradável saber que todo nosso cor- O contato — pelo menos o mais impessoal — produz-se
po responde continuamente ao desenvolvimento de qual- em todo nosso entorno, percebamos isso ou não. Vincula-
quer encontro humano. mos o contato físico com o sexo, exceto quando se nota
Por exemplo, os vendedores, em casas de casais casa- claramente que não há conexão entre ambos; por isso o
dos devem observar os gestos dos cônjuges para ver quem utilizamos escassamente para expressar amizade e afeto.
os inicia e quem os copia. Se o marido for o que mantém a Nas ruas dos Estados Unidos não é costume ver-se ho-
mens nem mulheres que caminhem de braços dados.
conversação e a mulher não diz nada, mas você observa
Entretanto, este é um costume bastante comum na Amé-
que ele copia os gestos da mulher, descobrirá que é ela
rica do Sul. Aos norte-americanos parece um indício de
quem decide e assina os cheques, assim, convém ao ven-
homossexualidade. Até os pais e filhos maiores têm entre
dedor dirigir sua conversa à senhora.
si um contato mais superficial. O tato, o paladar e o olfato
são sentidos de proximidade. A audição e a visão, em tro-
A COMUNICAÇÃO E OS SENTIDOS
ca, podem proporcionar experiências à distância.
O tato é o sentido que está presente em todos os ou-
218 tros. A luz e os aromas nos envolvem. Nos sentimos muitas
MOVIMENTOS CORPORAIS
vezes embalados pela música. Imaginemos o que aconte-
As investigações a respeito da comunicação huma-
ceria a uma criança a quem fosse impedida sua relação
na frequentemente descuidaram do indivíduo em si. Não
por meio do tato. Possivelmente terminaria sendo uma per- obstante, é óbvio que qualquer de nós pode fazer uma
feita inválida. análise aproximada do caráter de um indivíduo apoian-
Nossa pele é usualmente um fiel reflexo de nossas emo- do-se em sua maneira de mover-se — rígido, desenvolto,
ções, como o medo, a ira, o ódio. O tato possui uma classe vigoroso, — e a maneira como o faça representará um
especial de proximidade, posto que quando uma pessoa traço bastante estável de sua personalidade.
toca a outra, a experiência é totalmente mútua. A pele fica Tomemos por exemplo a simples ação de caminhar.
em contato com a pele, de forma direta ou através da ves- Este só feito nos pode indicar muitas coisas. O homem
timenta, e se estabelece uma imediata tomada de cons- que habitualmente pise com força ao caminhar nos dará
ciência de ambas as partes. Esta tomada de consciência é a impressão de ser um indivíduo decidido. Se caminhar
mais aguda quando o contato é pouco frequente. ligeiro, poderá parecer impaciente ou agressivo, embo-
O que o homem experimenta através da pele é muito ra se com o mesmo impulso o faz mais lentamente, de
mais importante do que a maioria de nós pensa. Prova dis- maneira mais homogênea, nos fará pensar que se trata
so é o surpreendente tamanho das áreas táteis do cérebro, de uma pessoa paciente e perseverante. Outra o fará
a sensorial e a motora. com muito pouco impulso, como se cruzando um grama-
Os lábios, o dedo indicador e o polegar, sobretudo, do cuidando de não arruiná-lo e nos dará uma ideia de
ocupam uma parte desproporcional do espaço cerebral. falta de segurança.
A experiência tátil, portanto, deve ser considerada muito O fato de levantar os quadris exageradamente dá im-
complexa e de grande significado. Todo ser humano está pressão de confiança em si mesmo; se ao mesmo tempo
em contato constante com o mundo exterior através da se produz uma leve rotação, estamos diante de alguém
pele. Apesar de que não se é consciente disso até que se garboso e desenvolto. Se a isto se adiciona-lhe um pouco
detém a pensá-lo, sempre existe, pelo menos, a pressão do mais de ritmo, mais ênfase e uma figura em forma de vio-
pavimento contra a planta do pé, ou a do assento contra lão, teremos a maneira de caminhar que, em uma mulher,
as nádegas. faz os homens se virarem para olhar, na rua.
Na realidade, todo o meio ambiente o afeta através Isto representa o “como” do movimento corporal, em
da pele; sente a pressão do ar, o vento, a luz do sol, a né- contraste com o “que”: não o ato de caminhar em si, mas
voa, as ondas acústicas e, algumas vezes, outros seres sim a maneira como é feito; não o ato de estreitar a mão,
humanos. mas sim a forma de fazê-lo.
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A proporção entre gesto e postura é uma forma de Outras evidências de que o que escuta analisa criti-
avaliar o grau de participação de um indivíduo em uma camente o que fala, são proporcionadas pelas pernas
determinada situação. Um homem que sacode energi- muito cruzadas e o braço cruzado sobre o peito (defe-
camente os braços não parecerá convincente se seus sa), enquanto a cabeça e o queixo estão um pouco
movimentos não se estendem ao resto do corpo. inclinados para baixo (hostilidade). A “frase não verbal”
O que importa é a proporção existente entre os movi- diz algo assim como “eu não gosto do que está dizendo
mentos posturais e os gestuais, mais que o mero número e não estou de acordo”.
de movimentos posturais. Um homem pode estar senta- A observação dos grupos de gestos e a congruência
do muito quieto, escutando, mas se, ao se mover, o faz entre os canais verbais e não verbais de comunicação
com todo seu corpo, parecerá estar prestando muita são as chaves para interpretar corretamente a lingua-
atenção; muito mais que se estivesse continuamente em gem do corpo.
movimento, jogando talvez constantemente com algu-
ma parte de seu corpo.
As atitudes corporais refletem as atitudes e orienta-
ções persistentes no indivíduo. Uma pessoa pode estar
imóvel ou sentada para a frente de maneira ativa, ou
afundada em si mesma, e assim sucessivamente. Estas
posições ou posturas, e suas variações ou a falta delas,
representam a forma com que alguém se relaciona e
orienta com as outras.
Há uma maneira de aprender a controlar a qualida-
de do movimento?
“Seria como o problema da centopeia. Se alguma
vez começasse a pensar qual pata deve mover primeiro,
ficaria totalmente paralisada”.

O CONJUNTO DE GESTOS Além de considerar o conjunto dos gestos e de ter em


Um dos enganos mais graves que um novato na lin- conta a congruência entre o que é dito e o movimento
guagem do corpo pode cometer é interpretar um gesto corporal, todos os gestos devem ser considerados dentro
isolado de outros e das circunstâncias. Coçar a cabeça, do contexto em que se produzem. Por exemplo, se al-
por exemplo, pode significar muitas coisas: caspa, pio- guém estiver de pé na parada do ônibus, com os braços 219
lhos, suor, insegurança, esquecimento ou mentira, em e as pernas cruzados e o queixo baixo, em um dia de in-
função de outros gestos que se façam simultaneamente. verno, o mais provável é que tenha frio e não que esteja
Para chegar a conclusões acertadas, deveremos obser- na defensiva. Mas se essa pessoa faz os mesmos gestos
var os gestos em seu conjunto. quando está sentada em frente a um homem, com uma
Como qualquer outra linguagem, o do corpo tem mesa entre os dois, e esse homem está tentando conven-
também palavras, frases e pontuação. Cada gesto é cer o outro de algo, de lhe vender uma ideia, um produto
como uma só palavra e uma palavra podem ter vários ou um serviço, a interpretação correta é que a pessoa
significados. Só quando a palavra forma parte de uma está na defensiva e com atitude negativa.
frase, pode se saber seu significado correto. A velocidade de alguns gestos e o modo como se
A pessoa perceptiva é a que lê bem as frases não ver- tornam óbvios para os outros está relacionada com a
bais e as compara com as expressas verbalmente. idade dos indivíduos.
A figura mostra um conjunto de gestos que expressam Se uma menina de cinco anos diz uma mentira a
avaliação crítica. O principal é o da mão no rosto, com seus pais, tapará imediatamente a boca com uma ou
o indicador levantando a bochecha e outro dedo tam- as duas mãos. O gesto indica aos pais que a menina
pando a boca enquanto o polegar sustenta o queixo. mentiu e esse gesto continua sendo usado toda a vida,
variando somente sua velocidade.
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Quando a adolescente diz uma mentira, também Aquelas pautas de comportamento comunicativo,
leva a mão à boca como a menina de cinco anos, mas, aquelas regras de interação que pomos em funciona-
em lugar de tapá-la bruscamente, seus dedos como mento para expressar ou negociar a intimidade, são
que roçam sua boca. as que fazemos para fazer saber a uma pessoa se nós
gostarmos dela ou não. E raramente fazemos isso de
maneira verbal.

RITMOS CORPORAIS
Cada vez que uma pessoa fala, os movimentos de
suas mãos e dedos, as sacudidas de cabeça, os pisca-
das, todos os movimentos do corpo coincidem com o
compasso de seu discurso. Esse ritmo se altera quando
há enfermidades ou transtornos cerebrais.

OS TERRITÓRIOS E AS ZONAS - O ESPAÇO PESSOAL

Distâncias Zonais
O raio ao redor do indivíduo branco de classe mé-
dia que vive na Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra ou
América do Norte pode dividir-se em quatro distâncias
zonais bem claras:
O gesto de tapar a boca se torna mais refinado na I) Zona íntima (de 15 a 45 cm) É a mais importante e
idade adulta. é a que a pessoa cuida como sua propriedade. Só se
permite a entrada aos que estão muito perto emocio-
nalmente da pessoa, como o amante, pais, filhos, ami-
gos íntimos e parentes.
II) Zona pessoal (entre 46cm e 1,2 metros): é a distân-
cia que separa as pessoas em uma reunião social, ou
de escritório, e nas festas.
III) Zona social (entre 1,2 e 3,6 metros): essa é a dis-
220 tância que nos separa dos estranhos, do encanador,
de quem faz reparos na casa, dos fornecedores, das
pessoas que não conhecemos bem.
IV) Zona pública (a mais de 3,6 metros): é a distância
cômoda para nos dirigir a um grupo de pessoas.
Embora toleremos intrusos na zona pessoal e social,
a intromissão de um estranho na zona íntima ocasiona
mudanças fisiológicas em nossos corpos. Por isso rodear
com o braço os ombros de alguém que se acaba de
Quando o adulto diz uma mentira, o cérebro ordena conhecer, embora seja de maneira muito amistosa,
à mão que tampe a boca para bloquear a saída das pode fazer que a pessoa tome uma atitude negativa
palavras falsas, como ocorria com a menina e a ado- em relação a você.
lescente, mas no último momento, tira a mão da boca A aglomeração nos concertos, elevadores, ônibus,
e o resultado é um gesto tocando o nariz. Esse gesto ocasiona a intromissão inevitável nas zonas íntimas de
não é mais que a versão refinada, adulta, do gesto de outras pessoas. Há uma série de regras não escritas que
tampar a boca que se usou na infância. Isto serve de os ocidentais respeitam fielmente quando se encon-
exemplo para mostrar que quando um indivíduo se faz tram nestas situações, como por ex.:
maior, muitos de seus gestos se tornam mais elaborados I) Não é correto falar com ninguém, nem sequer com
e menos óbvios. É mais difícil identificar as atitudes de alguém conhecido.
quem os faz. II) Deve-se evitar encarar as pessoas. Deve-se man-
ter “cara de paisagem”, totalmente inexpressiva.
GESTOS AO INÍCIO DE UMA CONVERSAÇÃO Se carregar um livro ou um jornal, simulará estar
O encontro é um momento fundamental da con- lendo.
versa e, a partir dele, desencadeia-se uma série de es- III) Quanto mais pessoas houver no lugar, menos mo-
tratégias através de sutis negociações não verbais que vimentos deve efetuar.
têm lugar dos primeiros momentos. Os primeiros 15 a 45 IV) Nos elevadores se deve ficar olhando o painel in-
segundos são fundamentais, já que representam a afir- dicador dos andares.
mação de uma relação que preexista ou uma nego-
ciação.
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Os rituais de uso de espaço


Quando uma pessoa procura espaço entre estra-
nhos o faz sempre procurando o maior espaço dispo-
nível entre dois espaços ocupados e reclamar a zona
do centro. No cinema, escolherá um assento que esteja
na metade do caminho entre a extremidade da fila e o
da pessoa que esteja sentada. O propósito deste ritual
é não incomodar as outras pessoas aproximando-se ou
afastando-se demais delas.
A distância normal para observar entre habitantes
urbanos.

A atitude negativa de uma mulher sobre cujo territó-


rio um homem tenha avançado: anda para atrás para
manter uma distancia confortável.
GESTOS COM AS MÃOS
Zonas espaciais urbanas e rurais É uma antiga brincadeira dizer que “Fulano ficaria 221
mudo se lhe atassem as mãos”. Entretanto, é certo que
todos ficaríamos bastante incomodados se tivéssemos
que renunciar aos gestos com que tão frequentemente
acompanhamos e ilustramos nossas palavras.
A maioria das pessoas são conscientes dos movimen-
tos das mãos dos outros, mas geralmente os ignoram,
encarando-os como não se tratando de mais do que
gestos sem sentido. Entretanto, os gestos comunicam.
Às vezes, contribuem para esclarecer uma mensagem
verbal pouco clara.

A palma da mão
O gesto de exibir as palmas das mãos sempre foi as-
sociado com a verdade, a honestidade, a lealdade e a
deferência. Muitos juramentos são efetuados colocan-
do a palma da mão sobre o coração; a mão se levan-
ta com a palma para fora quando alguém declara em
um tribunal; diante dos membros do tribunal, a Bíblia é
Os que cresceram em zonas rurais pouco povoa- sustentada com a mão esquerda e se levanta a palma
das precisam de mais espaço que os que cresceram direita.
em lugares densamente povoados. Observar o quanto
alguém estende o braço para dar a mão dá a chave
para saber se foi criada na cidade ou no campo. O ha-
bitante da cidade tem sua área privativa de 46 cm, e
até essa distância estende o braço para saudar.
A pessoa criada no campo pode ter seu espaço pes-
soal de 1 metro ou mais e até essa distância estenderá
a mão.
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A palma fechada em um punho, com o dedo assi-


Na vida cotidiana, as pessoas usam duas posições nalando a direção, é o plano simbólico com que um
fundamentais das palmas das mãos: palmas para cima ordena ao que o escuta para fazer que lhe obedeça.
na posição do mendigo que pede dinheiro ou comida,
e a outra é a das palmas para baixo como se tratasse O APERTO DE MÃOS
de se conter, de manter algo. Quando alguém deseja Apertar as mãos é um vestígio que ficou do homem
ser franco e honesto, levanta uma ou ambas as palmas das cavernas. Quando dois cavernícolas se encontra-
para a outra pessoa e diz algo assim como: “vou ser vam, levantavam os braços com as palmas à vista para
franco com você”. demonstrar que não escondiam nenhuma arma. Com o
Quando alguém começa a confiar em outro, expor- transcorrer dos séculos, esse gesto de exibição das pal-
-lhe as palmas ou partes delas é um gesto inconsciente mas foi transformando-se em outros como o da palma
como quase todas as linguagens do corpo, um gesto levantada para a saudação, a palma sobre o coração
222 que proporciona ao que o vê a sensação ou o pressen- e muitos outros.
timento de que estão lhe dizendo a verdade. A forma moderna desse ancestral gesto de saudação
é estreitar as palmas e sacudi-las. No Ocidente se pratica
essa saudação ao encontrar-se e ao despedir-se.

Apertos de mãos submissos e dominantes


Tendo em conta o que já foi dito sobre a força de
uma petição feita com as palmas para cima ou para
baixo, estudemos a importância dessas posições no
aperto de mãos.
Suponhamos que acabam de nos apresentar a al-
guém e se realiza um aperto de mãos. Três atitudes po-
dem transmitir-se no aperto:

Há três gestos principais de gestos com as palmas: a


palma para cima (já comentada), para baixo e a palma
fechada com um dedo apontando em uma direção.
A palma para cima é um gesto não ameaçador que
denota submissão. A atitude de domínio: “Esse indivíduo está tentando
Quando alguém coloca a palma para baixo adquire me submeter. Vou estar alerta.”
imediatamente autoridade. A pessoa receptora sente A atitude de submissão: “Posso fazer o que quiser
que está lhe dando uma ordem. com essa pessoa.” E a atitude de igualdade: “Eu gosto,
nos daremos bem.”
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Essas atitudes se transmitem de forma inconsciente A trituração dos nódulos é a marca do tipo rude e
mas, com a prática e a aplicação conscientes, as seguin- agressivo.
tes técnicas para estreitar a mão podem ter um efeito
imediato no resultado de um encontro com outra pessoa.
O domínio se transmite quando a palma (a da manga
escura na figura) fica para baixo.
Não é necessário que a palma fique para o chão; bas-
ta com que esteja para baixo sobre a palma da outra
pessoa. Esta posição indica para um que o outro quer to-
mar o controle dessa reunião.
O contrário do aperto dominante é oferecer a mão
com a palma para cima. Esse gesto resulta especialmen-
te efetivo quando se deseja ceder ao outro o controle da
situação, ou lhe fazer sentir que o tem.
Quando duas pessoas dominantes se estreitam as
mãos tem lugar uma luta simbólica, já que cada uma
tenta pôr a palma da outra em posição de submissão. O A intenção que se manifesta ao estender as duas
resultado é um aperto de mãos vertical no qual cada um mãos para o receptor demonstra sinceridade, confian-
transmite ao outro um sentimento de respeito e simpatia. ça ou um sentimento profundo para o receptor.

Os estilos para estreitar a mão


Estender o braço com a mão esticada e a palma para
baixo é o estilo mais agressivo de iniciação da saudação,
pois não dá oportunidade à outra pessoa de estabelecer
uma relação em igualdade de condições. Essa forma de
dar a mão é típica do macho dominante e agressivo que
sempre inicia a saudação. Seu braço rígido e a palma
para baixo obrigam o outro indivíduo a ficar em situação
totalmente submissa, pois tem que responder com sua
palma para cima. Pegar na parte superior do braço transmite mais sen-
timento do que pegar o pulso. E mais até transmite o 223
tirar do ombro. Pegar no pulso e no cotovelo é aceito
somente entre amigos íntimos ou parentes. Se um políti-
co ou um vendedor fizer isso com um eventual cliente,
isso desloca o receptor e não é bom.

MÃOS COM OS DEDOS ENTRELAÇADOS


A princípio pode parecer que esse é um gesto de
bem-estar porque a pessoa que o usa frequentemen-
te está sorrindo ao mesmo tempo, e parece feliz. Mas
realmente é um gesto de frustração ou atitude hostil e a
pessoa que o faz está dissimulando uma atitude negati-
va. É preciso provocar alguma ação para desenlaçar os
O aperto de mãos “tipo luva” se chama às vezes dedos e expor as palmas e a parte dianteira do corpo,
“aperto de mãos do político”. O iniciador trata de dar a senão permanecerá a atitude hostil.
impressão de ser uma pessoa digna de confiança e ho- Parece que existe uma relação entre a altura a que
nesta, mas quando usa essa técnica com alguém que se se sustentam as mãos e a intensidade da atitude nega-
acaba de conhecer, o efeito é oposto. tiva. Quanto mais altas estão as mãos, mais difícil será o
trato com a pessoa.
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MÃOS EM OGIVA
A pessoa que se tem confiança, que é superior, ou a
que usa mínima gesticulação, com frequência faz este
gesto, e com ele expressa sua atitude de segurança.
Também é um gesto comum entre os contadores, ad-
vogados, gerentes e outros profissionais.
A ogiva para cima se usa quando esta pessoa opi-
nando, quando é a que fala. A ogiva para baixo se usa
mais quando se está escutando.

MÃOS, BRAÇOS E PULSOS


Caminhar com a cabeça levantada, o queixo para
diante e as mãos para trás das costas são gestos co-
muns nos policiais que percorrem as ruas, do diretor da
escola, dos militares e de todas as pessoas que tenham
autoridade. É um gesto de superioridade e segurança. Com frequência os polegares saem dos bolsos, às
Mas não se deve confundir esse gesto, pegando no pul- vezes dos bolsos posteriores, como para dissimular a ati-
so ou no braço, já que estes últimos mostram frustração tude dominante da pessoa. As mulheres agressivas ou
e intenção de autocontrolar-se. dominantes usam também este gesto.
Os que mostram os polegares costumam acrescen-
tar a esse gesto o balanço sobre os pés para dar a im-
pressão de ter maior estatura.
Outra posição conhecida é a dos braços cruzados
com os polegares para cima. É um sinal duplo pois os
braços indicam uma atitude defensiva ou negativa, en-
quanto que os polegares representam uma atitude de
superioridade. A pessoa que usa este gesto duplo está
acostumada a gesticular com os polegares e, quando
está parada, se balança sobre os pés.

224

OS GESTOS COM O POLEGAR


Em quiromancia, os polegares assinalam a força do
caráter e o ego.
O uso dos polegares na expressão não verbal confir-
ma o anterior. Usam-se para expressar domínio, superio-
ridade e inclusive agressão; os gestos com os polegares O polegar pode ser usado também como um gesto
são secundários, formam parte de um grupo de gestos. de ridículo quando aponta para outra pessoa. O po-
Representam expressões positivas usadas frequente- legar que assinala deste modo resulta irritante para a
mente nas posições típicas do gerente “frio” diante de maioria das mulheres.
seus subordinados.
O homem que corteja a uma mulher os emprega AS MÃOS NO ROSTO
diante dela e são de uso comum também entre as
pessoas de prestígio, de alto status e bem vestidas. As
pessoas que usam roupas novas e atraentes fazem mais
gestos com os polegares do que as que usam roupas
fora de moda.
Os polegares, que expressam superioridade, se tor-
nam mais evidentes quando uma pessoa está dando
uma mensagem verbal contraditória.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Como se pode saber que alguém está mentindo?


Reconhecer os gestos de engano pode ser uma das ha-
bilidades mais importantes que se pode adquirir. Quais
são os sinais que delatam os mentirosos?
As posições das mãos no roso são a base dos gestos
humanos para enganar.
Em outras palavras, quando vemos, dizemos ou escu-
tamos uma mentira, frequentemente tentamos tampar
os olhos, a boca ou os ouvidos com as mãos.
Quando alguém faz um gesto de levar as mãos ao
rosto nem sempre significa que está mentindo, mas indi-
ca que esta pessoa pode estar enganando. A observa-
ção ulterior de outros grupos de gestos pode confirmar
as suspeitas. É importante não interpretar isoladamente Esfregar o olho
os gestos com as mãos no rosto. O gesto representa a tentativa do cérebro de blo-
quear a visão do engano ou de evitar ter que olhar a
O guardião da boca face da pessoa a quem se está mentindo.
Tampar a boca é um dos gestos tão óbvios nos adul- O mesmo acontece com o esfregar a orelha. É a
tos como nas crianças. A mão cobre a boca e o pole- tentativa de quem escuta de “não ouvir o mau”, de
gar se aperta contra a bochecha, quando o cérebro bloquear as palavras de mentira. É a versão adulta do
ordena, em forma subconsciente, que se suprimam as gesto dos meninos de tampar os ouvidos com as duas
palavras enganosas que acabam de se dizer. Às vezes, mãos para não ouvir uma reprimenda.
o gesto se faz tampando a boca com alguns dedos ou
com o punho, mas o significado é o mesmo. Se a pessoa
que está falando usa este gesto, denota que está dizen-
do uma mentira.

225
Esfregar o pescoço
Neste caso o indicador da mão direita esfrega de-
baixo do lóbulo da orelha ou do flanco do pescoço.
Nossas observações desse gesto revelam algo interes-
sante: a pessoa se esfrega umas cinco vezes. É estranho
que o faça mais ou menos vezes.
O gesto indica dúvida, incerteza, e é característico
da pessoa que diz:
“Não sei se estou de acordo”. É muito notório quan-
do a linguagem verbal contradiz o gesto; por exemplo,
quando a pessoa diz: “Entendo como se sente”.
Tocar o nariz Algumas pessoas quando dizem uma mentira e sus-
O gesto de tocar o nariz é, essencialmente, uma ver- peitam que foram descobertas, realizam o gesto de pu-
são dissimulada de tocar a boca. Pode consistir em ficar xar o colarinho da camisa.
roçando suavemente debaixo do nariz ou pode ser um
toque rápido e quase imperceptível.
Uma explicação da origem do gesto de tocar o nariz
é que, quando a mente tem o pensamento negativo, o
subconsciente ordena à mão que tampe a boca, mas,
no último instante, para que não seja um gesto tão ób-
vio, a mão se retira da boca e toca rapidamente o nariz.
Outra explicação é que mentir produz coceira nas
delicadas terminações nervosas do nariz e, para que
passe se faz necessário esfrega-lo.

Se perceber isso, pode lhe pedir que repita ou que


explique novamente o que falou.
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Os dedos na boca cima. O gesto de passar a mão no queixo é um sinal que


O gesto da pessoa que fica os dedos na boca quando indica que o que o faz está tomando uma decisão. Quan-
se sente pressionada é a tentativa inconsciente da pessoa do uma pessoa fica com um objeto na boca (cigarro, la-
de voltar para a segurança do recém-nascido que suga piseira, etc.) quando lhe pede que tome uma decisão,
o peito materno. A criança substitui o peito da mãe pelo esse gesto indica que não está seguro sobre a decisão a
polegar, e o adulto não fica com os dedos na boca, mas adotar e que vai a ser necessário lhe dar mais segurança
substitui por inserir nela coisas como cigarros, lapiseiras, etc. porque o objeto que tem na boca lhe faz ganhar tempo.

Os gestos de esfregar-se ou espalmar a cabeça


A versão exagerada de puxar a gola da camisa é esfre-
gar a nuca com a palma da mão. A pessoa que faz esse
gesto quando mente, em geral evita o olhar direto e olha
para baixo. Esse gesto expressa também zanga ou frustra-
ção. Se ao mostrar um engano a alguém, essa pessoa re-
conhecer o esquecimento cometido e se golpear a testa, é
porque não se sentiu intimidada por sua observação.

Embora quase todos os gestos feitos com as mãos no


rosto expressem mentira ou desilusão, meter os dedos na
boca é uma manifestação de necessidade de seguran-
ça. É adequado dar garantias e segurança à pessoa que
faz este gesto.

O aborrecimento

226 Se, ao contrário, se dá a palmada na nuca, reflete


que se sentiu constrangida por você lhe haver exposto o
engano.
Os que habitualmente esfregam a nuca têm tendên-
cia a ser negativos e a criticar, enquanto que os que esfre-
gam a testa para não verbalizar um engano são pessoas
mais abertas e com as quais se trabalha mais facilmente.

OS GESTOS COM OS BRAÇOS CRUZADOS


Quando o que está escutando começa a apoiar a Esconder-se detrás de uma barreira é uma resposta
cabeça na mão, está dando sinais de aborrecimento: a humana normal que aprendemos em tenra idade para
mão sustenta a cabeça para tentar não dormir. O grau de nos proteger.
aborrecimento está em relação direta com a força com Ao cruzar um ou os dois braços sobre o peito se forma
que o braço e a mão estão sustentando a cabeça. Um uma barreira que, em essência, é a tentativa de deixar
movimento simples como o de entregar algo ao ouvinte fora de nós a ameaça pendente ou as circunstâncias in-
para lhe alterar a posição pode produzir uma mudança desejáveis.
de atitude. Quando uma pessoa tem uma atitude defensiva, ne-
gativa ou nervosa, cruzar os braços demonstra que se
sente ameaçada.

Gesto padrão de braços cruzados


O gesto padrão é universal e expressa a mesma atitu-
de defensiva ou negativa, quase em todas partes.
Costuma ser visto quando a pessoa está entre desco-
nhecidos em reuniões públicas, filas, cafeterias, eleva-
dores ou em qualquer lugar onde se sinta insegura.
Quando o ouvinte cruza os braços, não somente tem
A primeira das três figuras mostra o gesto de avalia- pensamentos negativos sobre o que fala, mas também
ção”. A avaliação se demonstra com a mão fechada presta menos atenção ao que diz. Os oradores com ex-
apoiada na bochecha, em geral com o indicador para periência sabem que esse gesto demonstra a necessi-
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dade urgente de quebrar o gelo para que os ouvintes ço sobre o outro, uma mão sustenta uma bolsa, segura
adotem atitudes mais receptivas, por exemplo: lhe al- o relógio, o punho da camisa, etc. Desta maneira se
cançar um livro, lhe fazer alguma pergunta para que forma a barreira e se obtém a sensação de segurança.
participe, etc.
EXPRESSÃO FACIAL
Cruzamento de braços reforçado Os sinais faciais têm um papel chave na comunica-
Se, além de ter cruzado os braços, a pessoa fechou ção. Basta ver como nas conversas telefônicas a au-
os punhos, os sinais são de defesa e hostilidade. Este gru- sência destas expressões reduzem significativamente a
po de gestos se combina às vezes com dentes aperta- disposição do receptor para interpretar as mensagens.
dos e rosto avermelhado. Nesse caso, pode ser iminente Essas expressões são, também, os indícios mais preci-
um ataque verbal ou físico. sos do estado emocional de uma pessoa.
Assim interpretamos a alegria, a tristeza, o medo, a
O gesto de segurar os braços raiva, a surpresa, o asco ou o afeto, pela simples obser-
Este estilo se observa usualmente nas pessoas que es- vação dos movimentos do rosto de nosso interlocutor.
tão na sala de espera de um médico ou de um dentista, Provavelmente, o ponto mais importante da comu-
ou nas que viajam de avião pela primeira vez e espe- nicação facial encontraremos nos olhos, o foco mais
ram a decolagem. É uma atitude negativa de restrição, expressivo da face. O contato ocular é um sinal chave
como querendo sujeitar os braços e não permitindo dei- em nossa comunicação com outros. Assim, a longitude
xar o corpo exposto. do olhar, quer dizer, a duração do contato ininterrupto
entre os olhares, sugere uma união de mensagens.
A comunicação ocular é, possivelmente, a mais sutil
das formas de expressão corporal.

OS SINAIS COM OS OLHOS


Nas mesmas condições de luminosidade as pupilas
se dilatam ou se contraem segundo a atitude da pes-
soa. Quando alguém se entusiasma as pupilas se dila-
tam até ter quatro vezes o tamanho normal. Mas quan-
do alguém esta de mau humor, zangado ou tem uma
atitude negativa, as pupilas se contraem Os olhos são
muito usados na conquista amorosa. 227
Aristóteles Onassis usava óculos escuros para seus en-
tendimentos comerciais a fim que seus olhos não reve-
Cruzamento parcial de braços lassem seus pensamentos.
Outra versão da barreira é segurar um braço com Quando uma pessoa é desonesta ou tenta ocultar
a mão. Esta atitude é comum nas pessoas que devem algo, seu olhar enfrenta o nosso menos que um terço
enfrentar o público quando recebem um título, um prê- do tempo. Mas, quando alguém sustenta o olhar mias
mio, ou tem que dizer umas palavras. É como reviver a que dois terços do tempo, acha o interlocutor atraente
sensação de segurança que se experimentava quando ou sente hostilidade e está enviando uma mensagem
a gente era menino e os pais o levavam pela mão em não verbal de desafio. Para conseguir uma boa relação
situações de temor. com outra pessoa, deve-se olhar para ela durante 60 ou
70% do tempo, assim a pessoa começa a sentir simpatia
Cruzamento de braços dissimulado pela outra.

O olhar de negócio
Quando se está falando de negócios deve-se ima-
ginar um triângulo na testa da outra pessoa. Então se
mantém o olhar dirigido a essa zona e não desce para
baixo, e o outro perceberá que você fala a sério.

O olhar social
Quando o olhar vai para baixo do nível dos olhos se
desenvolve uma atmosfera social. Nos encontros sociais
o olhar se dirige ao triângulo formado entre os olhos e a
boca.

É usado por pessoas que estão continuamente ex- O olhar íntimo


postas ao público, como políticos, vendedores, etc. que Percorre os olhos, passa pelo queixo e se dirige para
não desejam que o público perceba que estão nervo- outras partes do corpo. Se a pessoa estiver interessada
sas ou inseguras. Em vez de cruzar diretamente um bra- devolverá um olhar do mesmo estilo.
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As olhadas de esguelha Este cruzamento de pernas indica que existe uma


Usam-se para transmitir interesse amoroso se forem atitude de competência ou discussão. É a posição que
combinadas com uma elevação nas sobrancelhas e um usam os norte-americanos. Isso significa que é um gesto
sorriso, ou hostilidade se combinarem com as sobrance- de difícil interpretação se efetuado por um norte-ameri-
lhas franzidas ou para baixo. cano durante uma conversa, mas é muito claro quando
feito por um súdito britânico.
GESTOS COM AS PERNAS - CRUZAMENTO DE PERNAS Quando as pessoas não se conhecem e estão con-
As pernas cruzadas, como os braços cruzados, indicam versando, seus corpos com braços e pernas cruzadas
a possível existência de uma atitude negativa ou defensi- estão demonstrando uma atitude fechada, enquanto
va. A princípio, o propósito de cruzar os braços sobre o pei- que à medida que comecem a sentir-se confortáveis e
to era defender o coração e a região superior do corpo. a conhecer-se, começa o processo de abertura e ado-
Cruzar as pernas é a tentativa de proteger a zona genital. tarão uma posição mais relaxada e aberta.
O cruzamento de braços assinala uma atitude mais ne-
gativa que cruzar as pernas, e é mais evidente. Terá que CRUZAMENTO DE TORNOZELOS
tomar cuidado quando se interpretam os gestos de cru- Tanto o cruzar de braços como de pernas assinala
zar as pernas de uma mulher, pois muitas foram ensinadas a existência de uma atitude negativa ou defensiva, e
que “assim se sentam as damas”. o cruzamento de tornozelos indica o mesmo. A versão
Há duas maneiras fundamentais de cruzar as pernas masculina do cruzamento de tornozelos se combina fre-
estando sentado: o cruzamento padrão e o cruzamento quentemente com os punhos apoiados sobre os joelhos
em que as pernas desenham um 4. ou com as mãos segurando com força os braços da pol-
trona. A versão feminina é apenas diferente: mantêm os
O Cruzamento de pernas padrão joelhos juntos; os pés podem estar para um lado, e as
Uma perna se cruza nitidamente por cima da outra; mãos descansam uma ao lado da outra ou uma sobre
em geral, a direita sobre a esquerda. Este é o cruzamen- a outra, apoiadas nos coxas.
to normal para os europeus, britânicos, australianos e neo-
zelandeses, e indica uma atitude defensiva, reservada ou
nervosa. Entretanto, este gesto é de apoio a outros gestos
negativos e não deve ser interpretado isolado do contexto.

228

Em uma entrevista de venda, quando o entrevistado


cruza os tornozelos está “mordendo os lábios” mental-
mente. O gesto assinala a dissimulação de uma atitude
ou emoção negativa: nervosismo ou temor.

O Cruzamento de pernas norteamericano em 4


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CRUZAMENTO DE PÉS GESTOS DE AGRESSÃO


É um gesto quase exclusivamente feminino. Um pé Com as mãos nos quadris se busca parecer maior
se engancha na outra perna para fortalecer a atitude quando se está brigando. O casaco aberto e jogado
defensiva. Quando aparece este gesto, pode estar cer- para trás assinala uma atitude de agressão direta, já
to de que a mulher se fechou nela mesma, retraindo-se que o indivíduo expõe o coração e a garganta em um
como uma tartaruga em sua carapaça. Um enfoque desdobramento não verbal de valor.
discreto, amistoso e quente é o que você necessita, se Com o gesto característico das mãos nos quadris, e
deseja abrir a carapaça. Esta posição é própria das mu- os polegares enganchados no cinto, e localizados cada
lheres tímidas. um em ângulo com o outro assinalam estar avaliando-
-se ser cordial, mas enquanto não tirarem as mãos dos
quadris, o ambiente não será aliviado.

AS POSIÇÕES FUNDAMENTAIS DA CABEÇA


Há três posições básicas da cabeça. A cabeça para
cima é adotada pela pessoa que tem atitude neutra
em relação ao que está escutando. Quando a cabeça
se inclina para um lado significa uma demonstração de
interesse. Quando esta cabeça inclinada para baixo as-
IMAGEM CORPORAL
sinala que a atitude é negativa e até oposta.

A imagem corporal pode ser conceituada como 229


uma construção multidimensional que representa como
os indivíduos pensam, sentem e se comportam a respei-
to de seus atributos físicos.
Atualmente, não existe consenso na literatura sobre
as dimensões da imagem corporal e suas nomenclatu-
ras. As mais frequentemente citadas são a perceptiva, a
cognitiva, a comportamental e a afetiva.
A percepção da imagem corporal é definida como
As duas mãos atrás da cabeça a acurácia do julgamento do indivíduo sobre seu tama-
Esse gesto é típico dos contadores, advogados, ge- nho, forma e peso relativos à sua atual proporção.
rentes de vendas ou pessoas em geral que sentem con- Uma das formas de avaliação da percepção da
fiança em si mesmas, ou são dominadores, ou se sentem imagem corporal é pela escala de silhueta. A dimensão
superiores em algum aspecto. Como se interiormente afetiva pode ser conceituada como os sentimentos indi-
dissessem: “talvez algum dia chegue a ser tão inteligen- viduais em relação à aparência de seu corpo e como a
te como eu”. É um gesto que irrita muita gente. pessoa se sente. O componente cognitivo se relaciona
a pensamentos e crenças quanto à forma e aparên-
cia do corpo ou ao que o indivíduo pensa sobre o seu
corpo. O aspecto comportamental está relacionado a
atitudes tomadas com o objetivo de mudar o corpo. Al-
guns autores sugerem que essa seria uma manifestação
ou consequência de outra dimensão.
Afeto e cognição negativos podem levar a distúrbios
de comportamento. Por outro lado, distúrbios compor-
tamentais podem levar a problemas nas dimensões afe-
tivas e cognitivas da imagem corporal. Por exemplo, um
ciclo de dietas malsucedidas pode trazer afetos negati-
vos e sentimentos de estar gordo.
A imagem corporal exerce papel mediador em
todas as coisas, desde a escolha de vestimentas, pas-
sando por preferências estéticas, até a habilidade de
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empatizar com as emoções dos outros. Enfim, entre as A imagem do corpo humano é a figura de nosso pró-
diversas maneiras que o indivíduo possui para pensar prio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o
a respeito de si mesmo, nenhuma é tão essencialmen- modo pelo qual o corpo aparece para nós mesmos. Nós
te imediata e central como a imagem de seu próprio vemos partes da superfície corporal. Temos impressões
corpo. táteis, térmicas e dolorosas. Há sensações provenientes
O corpo concretiza a existência do indivíduo. A par- dos músculos e seus envoltórios e sensações viscerais.
tir dele, percebe-se, é percebido e interage-se com o Além de tudo isso há a experiência imediata da existên-
mundo que o cerca. Pode-se dizer que a identidade hu- cia de uma unidade corporal. Esta unidade é percebida
mana é inseparável de seu substrato somático. O modo e é mais do que uma percepção, nós a denominamos
como as pessoas existem nesse substrato acaba por de- um esquema de nosso corpo ou modelo postural do cor-
terminar sua forma de existir no mundo. Fronteira entre po. Cada emoção modifica a imagem corporal. O cor-
o eu e o mundo, o corpo é linguagem e comunicação. po se contrai quando sentimos raiva, torna-se mais firme
Fatores históricos e atuais levam os indivíduos a se e suas linhas de contato com o mundo ficam mais inten-
relacionar com seu corpo de modo satisfatoriamen- samente marcadas. Nós expandimos o corpo quando
te positivo ou não. Os fatores históricos são as circuns- nos sentimos felizes e apaixonados. Abrimos os braços,
tâncias do passado que moldam a forma de cada um gostaríamos de envolver a humanidade neles. Nós cres-
enxergar a própria aparência. Os fatores atuais são as cemos e os limites de nossa imagem corporal perdem
experiências de vida cotidiana que determinam como sua característica de demarcação. Expandimos e con-
as pessoas pensam, sentem e reagem à sua aparência. traímos o modelo postural do corpo; subtraímos e adicio-
Também são importantes na formação da imagem cor- namos partes; nós o reconstruímos; juntamos os detalhes;
poral e no modo como o indivíduo se relaciona consi- criamos novos detalhes; fazemos isto com nosso corpo
go, os padrões culturais de beleza muitas vezes impostos e com as expressões do corpo. Estamos continuamente
pela sociedade. Sabe-se, porém, que as adversidades experienciando-o. O esquema corporal é a imagem tri-
infringidas aos indivíduos pela cultura, família ou amigos dimensional que todos têm sobre si mesmos e nós pode-
não atingem suas imagens corporais de forma idêntica. mos chamá-la de imagem corporal.
A forma de pensar, sentir e reagir frente à percepção O trabalho de Schilder veio mostrar a grande impor-
de atributos físicos influencia na caracterização da per- tância das atitudes e sentimentos corporais na deter-
sonalidade. minação do comportamento. Foi também o primeiro a
O interesse na insatisfação corporal vem crescendo, mostrar que os conceitos sobre imagem corporal se apli-
motivado, em grande parte, pelo reconhecimento cres- cavam não apenas às misteriosas distorções associadas
230 cente dos transtornos alimentares (anorexia nervosa e a doenças orgânicas cerebrais, mas também a quase
bulimia) como um dos principais problemas de saúde todas as facetas da vida normal cotidiana. Do nascimen-
mental entre adolescentes e adultas jovens. to à morte, a aparência física é parte importante do que
Os transtornos alimentares, como a anorexia, bulimia somos, tanto para os outros quanto para nós mesmos.
e excesso de dietas, podem levar a consequências em Ele afirma que a imagem corporal é construída de um
longo prazo na saúde física e mental e são hoje uma corpo em contato com a realidade externa. Esse conta-
das doenças mais comum em jovens. to é uma experiência ativa em que partes são aceitas e
Na pesquisa bibliográfica realizada para este estudo, outras rejeitadas. A imagem corporal é resultado de um
não foi encontrado, até o momento, no Brasil, nenhum esforço contínuo e nunca é estática ou completa. Há
estudo que tivesse relacionado a imagem corporal com tendências à ruptura e à reestruturação coerentes com
variáveis sociodemográficas, hábitos alimentares e ati- as constantes mudanças das situações vitais. A imagem
vidade física em grandes amostras representativas de corporal não se baseia apenas em associações, memó-
crianças e adolescentes e numa faixa etária tão ampla. rias e experiências, mas também em intenções, aspira-
ções e tendências.
CONCEITO DA IMAGEM CORPORAL Os seres humanos possuem concepções e atitudes
A revisão da literatura foi feita com base em consulta sobre estética e beleza que vêm influenciar o modo de
ao Centro Latino Americano e Caribenho de Informa- caracterizar e se relacionar com os outros. Percebe-se
ção de Ciência e Saúde (BIREME e LILACS) e ao Centro que o mundo social claramente discrimina os indivíduos
da Biblioteca de Medicina de Washington (MEDLINE) não atraentes numa série de situações cotidianas impor-
no período de 1970 a 2007. Além dessas fontes, foram tantes. Pessoas atraentes parecem receber mais supor-
consultados também livros-textos e outras publicações. te e encorajamento no desenvolvimento de repertórios
A definição de imagem corporal mais aceita até hoje é cognitivos socialmente seguros e competentes. Em con-
a de Paul Schilder de 1935 e foi a primeira a ultrapassar traste, indivíduos não atraentes estão mais sujeitos a en-
as perspectivas neurológicas. Ela inclui elementos cons- contrar ambientes sociais que variam do não responsivo
cientes e inconscientes, todas as variedades de sensa- ao rejeitador e que desencorajam o desenvolvimento
ções e percepções corporais, estando mais próxima de de habilidades sociais e de um autoconceito favorável.
uma experiência de totalidade. O autor enfatiza que a Com isso, apresentam com mais frequência ansiedade
imagem corporal não é apenas uma construção cog- e medo de rejeição social. Acredita-se, ainda, que o
nitiva, mas também um reflexo de desejos, emoções e fato de não ser fisicamente atraente possa representar
interação com os outros. um fator de risco para doenças psíquicas de um modo
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geral, porém, ter boa aparência não significa ter uma As crianças aprendem cedo, com suas famílias e
imagem corporal positiva. A imagem corporal é, na ver- com o meio social, a valorizar o corpo delgado e muitas
dade, um estado de espírito. Certas crenças básicas ou vezes, mesmo com peso adequado, relatam insatisfa-
assunções sobre o significado da aparência na vida são ção com seu corpo, engajando-se em condutas para
aprendidas, quer através de insultos traumáticos, men- perder peso.
sagens familiares ou socialização cultural. Estas deter- Alguns estudos sugerem que garotas com cinco anos
minam a forma como a pessoa interpreta a realidade, de idade já expressam preocupações com seu corpo e
funcionando como modelos ou guias que influenciam a possuem conhecimento sobre dietas alimentares.
determinação do seu foco de atenção, como pensa so- Vários estudos realizados com crianças nos Estados
bre os eventos da vida e sobre si mesmo. Unidos e Inglaterra têm revelado que a maioria das ga-
O ser humano é pressionado, em inúmeras circuns- rotas entre sete e nove anos concorda que é ruim ser
tâncias, a concretizar, no próprio corpo, o corpo ideal gorda. A metade expressa desejo de ser mais magra e
de sua cultura. É pressionado para essa representação aproximadamente um terço sente medo de se tornar
por castigos (desprezo, críticas) e gratificações (dinheiro, gorda.
poder, admiração). Os ganhos secundários podem ser Estudos com escolares brasileiros também têm des-
tão poderosos que se renuncia ao contato interno e per- crito alta prevalência de insatisfação com o corpo e
de-se a conexão com o corpo real. comportamento, às vezes inadequados, que visam à
A imagem corporal é um processo em constante redução de peso.
transformação, que integra múltiplas dimensões, vulne- Além disso, pesquisas mostram que a insatisfação
rável aos processos dinâmicos internos e externos que se corporal está associada ao início da alimentação restri-
encontram em relação a cada instante, reconhecendo, tiva entre garotas já com sete anos de idade.
no entanto, seu caráter singular e indivisível. Ela reflete
a história de uma vida, o percurso de um corpo, cujas ETIOLOGIA DA INSATISFAÇÃO CORPORAL
percepções integram sua unidade e marcam sua exis- A construção da imagem corporal ocorre pelo con-
tência no mundo a cada instante. A imagem corporal é tato com o mundo externo. Além do interesse pelo cor-
vivência humana, individual e dinâmica. po, tem-se interesse pelo corpo do outro. É importante o
interesse pelo próprio corpo, demonstrado pelas pessoas
FORMAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL mediante ações, palavras ou atitudes, mas também é
O desenvolvimento da imagem corporal encontra importantíssimo o que aquelas que nos rodeiam fazem
paralelo no desenvolvimento da identidade do próprio com seus próprios corpos. As imagens corporais são di-
corpo, tendo relações com os aspectos fisiológicos, afe- nâmicas e mutáveis em razão de representar o corpo
tivos e sociais. É um processo que ocorre durante toda um objeto em constante modificação. Se as pessoas se 231
a vida. A construção da identidade corporal é sempre desconectam de sensações advindas do próprio corpo,
um processo em construção. As primeiras experiências param de refletir o fluxo de energia interna, tendem a se
infantis são fundamentais no desenvolvimento da ima- afastar do corpo real e, refletindo predominantemente
gem corporal, mas as experiências e o explorar o corpo um ideal de cultura, apresentam-se de forma estagna-
nunca param. da. O indivíduo toma como referencial de si o ideal cul-
Aos dois anos, a maioria das crianças possui auto tural e nega seus sentimentos, sua realidade corporal.
percepção e pode reconhecer a imagem de seu corpo Esse desvio lhe garante uma inserção no meio social,
refletida num espelho. Gradualmente, o corpo vai repre- mas sob uma força esmagadora da manifestação de
sentando, aos seus próprios olhos, a sua identidade e, aos sua subjetividade.
poucos, elas começam a pensar sobre como os outros Estudos prévios estimam que 25 a 80% das adoles-
veem a sua aparência. Os pré escolares vão aprenden- centes estão insatisfeitas com seus corpos. Um estudo
do como a sociedade enxerga diferentes características realizado em Porto Alegre-RS, em 2003, constatou que
físicas e a imagem corporal vai, cada vez mais, tomando somente um terço das mulheres entre 12 e 29 anos que
forma, à medida que eles absorvem conceitos do que é desejavam pesar menos tinha índice de massa corporal
valorizado como atraente, ou seja, como “deveria” ser (IMC) compatível com sobrepeso/obesidade.
sua aparência. As crianças também formam imagens A ideia de que a insatisfação corporal é um compo-
do que não é atraente, ou seja, de como não “deve- nente padronizado das mulheres que vivem em socieda-
riam” se parecer. Mais importante ainda é o fato delas des ocidentais. Essa baixa satisfação corporal tem sido
julgarem de que forma sua própria aparência corporal atribuída cada vez mais a pressões socioculturais que
se adequa ao modelo que lhes é transmitido, o que traz enfatizam, particularmente através da mídia, o ideal de
consequências aos sentimentos de autovalor. forma física, que frequentemente é uma magreza irreal
Já os adolescentes estão num estágio do ciclo de para as mulheres e um corpo musculoso para os ho-
vida caracterizado por mudanças psicológicas, emocio- mens, imagens as quais os jovens estão constantemente
nais, somáticas e cognitivas e pelo aumento da preocu- expostos nos comerciais, vídeos musicais e filmes.
pação com a aparência física. Durante a adolescência, Além da mídia, as pressões socioculturais também
que é um período crítico de formação de identidade, o são exercidas pelos pais e pelos amigos.
risco de insatisfação corporal ainda é maior e isto pertur- Essas pressões para se ter um corpo ideal são mais
ba a autoimagem e a autoestima, podendo predispor a sentidas pelos adolescentes e por adultos jovens, por
transtornos psicológicos. esse ser o tempo do desenvolvimento da identidade
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de gênero e de exploração do papel sexual, porém as filhas. Um estudo com crianças de cinco anos de idade
crianças também sofrem muito, pois suas imagens cor- mostrou que pais de garotas com sobrepeso relatam sig-
porais estão em formação. Garotas com cinco anos de nificantemente níveis mais altos de preocupação com o
idade já têm conhecimento de como seus pais perce- peso de suas filhas que pais de garotas sem sobrepeso e
bem sua forma corporal e essa percepção pode influen- que essas altas preocupações estão associadas à baixa
ciar a sua auto avaliação. A família é o primeiro agente estima corporal, independentemente do peso (DAVI-
socializante que transmite mensagens da aparência e SON;BIRCH, 2001).
dos hábitos alimentares para a criança. Durante a adolescência, os amigos passam a ter
Em particular, as mães exercem o papel de modelo influência importante na socialização (CROCKETT; LO-
e reforçam as relações sociais da criança com a comi- SOFF; PETTERSEN, 1984; LATTIMORE; BUTTERWORTH, 1999;
da e seu comportamento. RAFFAELLI; DUCKETT, 1989).
Pais influenciam na insatisfação corporal e preocu- Taylor et al. (1998) sugerem que os amigos são a in-
pações em relação ao peso de seus filhos de várias fluência mais forte em relação a preocupações com o
formas. Primeiro, podem expressar insatisfação com o peso entre as adolescentes do Ensino Médio. Um dos
peso deles tanto implicitamente, monitorizando ou res- mecanismos muito utilizados por eles é a comparação
tringindo o acesso à comida quanto explicitamente, cri- social (DURKIN, 1995). Adolescentes do sexo femini-
ticando ou fazendo comparações com outras crianças no encorajadas por amigas do mesmo sexo têm mais
Davison e Birch (2001) mostraram que essas mensagens, chances de fazer dietas (PYLE; MITCHELL; ECKERT, 1981).
quando combinadas com o estar com sobrepeso, po- Além disso, amigas do mesmo sexo exercem mais in-
dem ter impacto negativo no desenvolvimento da au- fluência do que as mães em meninas na adolescência
to-imagem. Segundo, pais que estão de dieta têm mais tardia, em relação a atitudes e comportamentos rela-
probabilidade de estimular seus filhos a perder peso cionados à alimentação (MUKAI, 1996).
(STRIEGEL-MOORE; SILBERSTEIN; RODIN, 1994) e esse estí- O’Koon (1997) mostrou que, apesar da ligação com
mulo está associado positivamente à frequência de die- os pais ser importante para o adolescente do sexo mas-
tas entre as adolescentes (PIKE; RODIN, 1991). culino, são os amigos que exercem mais ascendência
Terceiro, pais que expressam insatisfação corporal e na imagem corporal. Ricciardelli, McCabe e Banfield
preocupação com seus pesos podem, por isso, fornecer (2000) relataram que tanto os amigos quanto a mídia
oportunidades para seus filhos imitarem esses valores, têm papel mais significante na insatisfação corporal en-
atitudes e comportamentos. Pesquisas revelam associa- tre os adolescentes do sexo masculino do que os pais.
ções positivas entre preocupações das mães e de suas Em relação à mídia, dois sistemas teóricos explicam bem
232 filhas com o peso (PIKE; RODIN, 1991) e com o uso de a sua influência nas maneiras de lidar com o corpo. A
dietas restritivas (HILL; WEAVER; BLUNDEL, 1990). teoria sociocultural tenta explicar diferenças na avalia-
Essas preocupações independem do peso e da sa- ção da imagem corporal e a teoria da comparação so-
tisfação corporal, sugerindo que esse tipo de preocu- cial tenta explicar os diferentes graus de investimento na
pação por parte das filhas não é influenciado somente imagem do corpo (STORMER; THOMPSON, 1996).
pela autopercepção corporal, mas pelo comportamen- A teoria sociocultural afirma que a insatisfação da
to de suas mães. Alta preocupação da mãe com o mulher com sua aparência física origina dos seguintes
peso de suas filhas foi associada à baixa percepção de conceitos sociais: a) o ideal de um corpo magro valori-
habilidade física e cognitiva entre as meninas, indepen- zado nas sociedades ocidentais; b) a tendência da mu-
dentemente do peso delas (DAVISON; BIRCH, 2001). lher em adotar o corpo como objeto e não como um
Mesmo na idade pré-escolar, as meninas têm consciên- instrumento produtor; e c) o conceito de que a pessoa
cia e são incutidas pelas opiniões e atitudes de suas mães que é magra é boa e que pessoas fisicamente atraentes
em relação ao peso (DAVISON; MARKEY; BIRCH, 2000). (magras) recebem mais recompensas e, concomitante-
Num estudo realizado com crianças entre oito e 11 mente, custos são associados a não ser atraente (gor-
anos em Porto Alegre (RS), a variável que se mostrou do). Pesquisadores afirmam que o mais forte condutor
mais fortemente associada a sentir-se gordo entre as de cada um desses conceitos é a mídia (STICE et al.,
crianças sem sobrepeso foi a percepção da expecta- 1994).
tiva dos seus pais em relação ao peso delas (PINHEIRO; A ênfase que ela dá à aparência física da mulher
GIUGLIANI, 2006). e a forma como representa o corpo feminino contribui
Esse achado corrobora a ideia de que, até os pri- para a adoção do corpo como objeto. Rudman e Verdi
meiros anos da adolescência, os pais exercem muita in- (1993) analisaram anúncios selecionados de forma ran-
fluência na aparência e no estilo de seus filhos (SMOLAK; domizada de publicações de moda e de boa forma e
LEVINE; SCHERMER, 1999; STRIEGEL-MOORE; KEARNEY- os resultados indicaram que os anúncios retratando mo-
-COOKE, 1994; THELEN; CORMIER, 1995). delos femininas enfatizavam mais frequentemente par-
Pouco se sabe especificamente sobre a influência tes do corpo (olhos, pernas ou mãos) do que o corpo
do pai na imagem corporal dos filhos. Pesquisas indicam inteiramente.
que ele tem papel central no desenvolvimento do gê- Similarmente, Duquin (1989) examinou os níveis de
nero (ATTIE;BROOKS-GUNN, 1989; KATZMAN;WOLCHIK, atividade de modelos masculinos e femininos que apa-
1984; LEON et al., 1993) e na aceitação de modelos receram em 14 revistas femininas populares e descre-
alimentares (GRANNER; BLACK; ABOOD, 2002) de suas veu que as mulheres tinham mais probabilidade que os
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homens de estarem imóveis, ou seja, o corpo foi mos- Os resultados de um estudo realizado por Silverstein
trado sentado, deitado ou de pé. Esse autor argumenta et al. (1986b) indicaram que homens magros e acima do
que representações inativas da mulher reforçam a visão peso estão sub representados na televisão.
de que o corpo serve mais como um ornamento do que Já a teoria da comparação social de Festinger (1954)
um instrumento. A mídia promove a visão de que quem é afirma que:
magro é bom. a) os indivíduos avaliam suas opiniões e habilidades;
Silverstein et al. (1986b) constataram que somente 5% b) os indivíduos fazem comparações sociais, ou seja,
das atrizes com papéis frequentes na televisão são classifi- comparam suas opiniões e habilidades com as de ou-
cadas como gordas em comparação a 25,5% dos atores. tros; e
Para Tiggemann e Pickering (1996), a insatisfação corporal c) sempre que possível, comparações sociais são fei-
correlaciona-se positivamente com o total de horas que tas com outros parecidos.
adolescentes do sexo feminino passam assistindo a nove-
las na televisão. Levine, Smolak e Hayden (1994) observa- As consequências afetivas do processo comparativo
ram que as adolescentes que consideravam revistas de são influenciadas pela direção das comparações (para
moda importantes fontes de informações sobre beleza e mais ou para menos) e por características do alvo (se é
boa forma evidenciavam altos níveis de insatisfação cor- universal ou particular). Acredita-se que se comparar a
poral, tinham mais probabilidade de mudar seus compor- alguém pior na dimensão de interesse aumenta o bem-
tamentos para modificar o peso, como fazer exercícios -estar subjetivo, enquanto que comparar- se a alguém
físicos e saltar refeições, quando comparadas com aque- melhor diminui esse bem-estar (WHEELER; MIYAKE, 1992).
las que não consideravam essas revistas importantes. Alvos universais (forças distantes de influência, tal
Similarmente, Stice et al. (1994) encontraram que como a mídia) são percebidos como poderosas forças
quanto mais as mulheres se expõem à mídia contendo de pressão para se adequar a padrões ideais de atra-
ção em comparação a alvos particulares (amigos e fa-
alta proporção de imagens corporais ideais, maior é a
mília) - (IRVING, 1990).
probabilidade de apresentarem atitudes e comporta-
Pesquisadores afirmam que comparações sociais da
mentos característicos de anorexia e bulimia. Já para os
aparência física tendem a ser para mais (WHEELER; MIYA-
homens, Morrison, Kalin e Morrison (2004) propuseram que:
KE, 1992) e usualmente produzem decréscimos na auto
a) a mídia pública um corpo masculino musculoso
percepção de atratividade. Thornton e Moore (1993)
como ideal;
perceberam que homens e mulheres participantes ex-
b) a disseminação desse ideal também incentiva os
postos a modelos profissionais do mesmo sexo obtiveram
homens a adotarem o corpo mais como objeto do que
escores mais baixos de auto -avaliação de atração físi- 233
como instrumento produtor; e
ca que os controles. Martin e Kennedy (1993) e Richins
c) homens que se desviam deste ideal por serem mui-
(1991) também descreveram que a tendência a se com-
to magros ou muito gordos experimentam avaliação parar fisicamente com modelos de comercial de revistas
da imagem corporal negativa e/ou investem de forma correlaciona-se negativamente com a auto avaliação
agressiva na auto-imagem. de atratividade. Mulheres participantes que considera-
Murray, Touyz e Beumont (1996) referenciaram que vam celebridades (alvo universal) um grupo importante
72% das pessoas de comparação de aparência física tinham mais proba-
acreditam que a sociedade tem um ideal de corpo bilidade de engajar-se em práticas de controle de peso
masculino. Para aproximadamente 74% esse corpo ideal anormais, tal como vômitos para perder peso, do que
é musculoso e para apenas 8% ele é magro. aquelas para quem esse grupo não era bom parâmetro
Num estudo realizado por Thompsom e Tantleff (1992), de comparação (HEINBERG; THOMPSIN, 1992).
participantes de ambos os sexos avaliaram figuras mas- A relação entre comparação universal e transtornos
culinas com o peito musculoso como mais afirmativo, alimentares não foi significativa para os homens. Um estu-
atlético, sexualmente atrativo, confiante e popular. Petrie do realizado com 1.543 adolescentes de 15 a 19 anos, no
et al. (1996) sugeriram que pressões e preocupações so- Canadá, para avaliar essas teorias e a força da influência
cioculturais com a saúde e boa forma do homem estão da mídia na auto avaliação da imagem corporal, reve-
se intensificando. Um estudo longitudinal conduzido por lou que as mulheres: a) apresentaram grande exposição
esses autores, de avaliação de duas revistas populares à mídia contendo representações idealistas do corpo; b)
masculinas, mostraram que, num período de mais de 32 estiveram mais provavelmente engajadas em compara-
anos (1960- 1992), o número de artigos dedicados a força, ções sociais universais quando avaliaram sua aparência
tônus e construção de massa muscular aumentou signifi- física; c) mostraram baixos níveis de auto estima em rela-
cativamente. Evidências sugerem que a mídia incentiva ção à aparência. Quanto aos homens, verificou-se que
adolescentes e adultos jovens a verem o corpo masculino eles se exercitam mais vezes por semana e tiveram mais
como objeto. probabilidade de usar esteroides para aumentar mas-
Sommers-Flanagan, Sommers- Flanagan e Davis (1993) sa muscular. O sexo masculino (44,5%) apresentou mais
investigaram o conteúdo de 40 clipes selecionados de chances do que o feminino (7,8%) de se considerar mais
forma randomizada da MTV, concluindo que os níveis de magro que os atores e modelos, enquanto as mulheres
desconstrução não diferiram significantemente entre os (82,5%) tenderam mais (37,8%) a se perceberem mais gor-
homens e as mulheres que apareceram nos vídeos. das. Os resultados indicaram que tanto para os homens
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quanto para as mulheres comparações sociais univer- No início do século XVI, qualquer artifício buscando
sais têm relação inversa com a avaliação da imagem a beleza era condenado, pois a beleza era dada por
corporal, auto estima e satisfação corporal e é positiva- Deus. A partir da sua segunda metade, começaram a
mente relacionada com o grau de investimento nessas surgir maquiagens para valorizar as partes altas do cor-
comparações (MORRISON; KALIN; MORRISON, 2004). po e até podiam ser usadas de forma honesta ou para
“arranjar um marido”.
EVOLUÇÃO DOS PADRÕES DE BELEZA (VIGARELLO, No século XVII, o ressurgimento da sociedade urba-
2006) na e as normas da corte valorizaram etiqueta e postura.
O conceito do belo nunca foi estático. A atração Ainda a parte de baixo servia de pedestal do busto e o
física e os esforços em se ater ao ideal cultural têm sido rosto continuava valorizado, mas não mais por sua pro-
uma tradição mais feminina do que masculina, exce- ximidade com o céu e sim por sua identidade com o
ção feita à cultura grega. No final da Idade Média, espiritual, com a alma e com a interioridade.
o ideal de corpo feminino era a “figura reprodutiva”: O olhar passou a ser relacionado ao sentimento, à
corpulenta, com ênfase na “plenitude” do estômago acolhida. O cuidado para se enfeitar era censurado se
como símbolo de fertilidade e maternidade. A gordura fosse extremado, porém apertar o corpo e prepará-lo
era considerada erótica e sedutora. A mulher bela era ganhavam legitimidade. A exigência em relação a si
representada por uma senhora roliça, com seios gran- próprio se intensificava.
des e fartos (“Nascimento de Vênus”, 1485, Botticelli) - Com o advento das máquinas, o espartilho “se mo-
(CASTILHO, 2001). dernizou” e tornou-se o instrumento cotidiano da ele-
No século XVI, as partes altas do corpo (busto, mãos gância e da manutenção. Até as crianças usavam-no
e rosto) eram valorizadas porque remetiam ao celeste. para orientar precocemente a postura.
As partes baixas serviam somente como sustentação e A beleza permaneceu prioritariamente feminina,
não deveriam ser vistas; as saias eram transformadas mas a estética masculina se afastou dos sinais de força.
em pedestais com anquinhas com lâminas de ferro ou Com a urbanização, o exemplo da corte e o crescimen-
de madeira. O busto deveria ter o formato de uma pera to do teatro, a maquiagem se impôs, apesar de ainda
invertida; as mãos longas, brancas e leves; o rosto deve- gerar certa desconfiança.
ria transmitir a brancura da alma e se tingir de cor-de- No século XVIII, as luzes separaram a visão da beleza
-rosa para mostrar o pudor; os olhos eram capazes de humana da visão divina. Uma ruptura se afirmou, a ideia
emitir raios de fogo, daí vem o poder do mau- olhado. de humanidade substituiu a cristandade. A mulher era
Só a beleza feminina era evocada. “igual” ao homem, porém a finalidade e a forma de seu
234 Vem do século XVI o conceito antigo da hierarquiza- corpo e sua beleza a mantiveram dominada.
ção da beleza segundo critérios de moralidade, que diz Seu esqueleto era para a maternidade. A rigidez re-
que a perfeição estética estaria ligada ao bem. Segun- grediu e a beleza exigiu partes mais móveis e movimen-
do Courtisan, “a beleza vem de Deus, a beleza exterior tos mais rápidos.
é o verdadeiro sinal de beleza interior e é raro que uma Os espartilhos para crianças foram abandonados e
alma má habite um corpo belo”. os das mulheres tornaram-se “mais confortáveis”. Surgi-
A mulher, pela primeira vez, aproxima-se da perfei- ram os espelhos de corpo todo e começou-se a olhar
ção, parcialmente libertada da tradição que a demo- para baixo, para o conjunto da silhueta, seu equilíbrio e
nizava (“Deus reuniu na mulher o que o universo possui seu movimento.
de mais belo”). A profissão de cabeleireiro foi reconhecida oficial-
É a primeira forma moderna de um reconhecimento mente em 1769, em Paris. O uso da maquiagem des-
social da mulher, porém sua beleza era para servir ao pertava menos falatórios alarmantes, sua composição
homem. Ela deveria ser controlada, ou seja, deveria ter se tornou menos agressiva para a pele (anteriormente
pouco movimento, dignidade no gesto, um riso limitado o chumbo era um dos seus ingredientes, passando a ser
e moderado. Segundo o Tratado de Beleza de Liébault feita de materiais vegetais). As caminhadas passaram a
da época, a tríade da beleza era modéstia, humildade ser recomendadas por médicos para reforçar a postura
e castidade. e mobilizar pernas e braços.
A liberdade dos gestos era socialmente deprecia- Como forma de renovar a sociedade e lutar contra
da, a mulher aldeã possuía um corpo de contornos ar- a decadência, surgiu o desejo de substituir o velho mo-
redondados, enquanto a mulher esguia indicava refi- delo aristocrático de manutenção física por um modelo
namento. O corpete bem apertado ajudava-a a ficar mais ativo, de fazer da atitude e do movimento um sinal
esbelta e a dar ao busto uma forma graciosa. Já o ho- de vigor e de saúde. No século XIX, a parte baixa do
mem deveria ser mais terrível que belo, engendrar mais corpo adquiriu um lugar que não tinha.
o terror que o amor, ter um corpo robusto e forte para A beleza romântica fez aumentar a atenção aos
o trabalho e para o combate aos inimigos. A beleza do efeitos da interioridade, às formas e ao contorno. O efei-
homem era incompreensível ao espírito humano, pois to da beleza não era mais o de alguma revelação de
era a imagem da majestade divina, mais perfeito que Deus, como no século XVI, nem mesmo o de alguma
qualquer outro animal. revelação de sensibilidade, como no século XVIII, e sim
o de uma revelação de si: consciência de uma interiori-
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dade bruscamente ampliada pela beleza. O consumo de cosméticos e maquiagem cresceu com o século e con-
firmou as distâncias sociais, refletindo as hierarquias. Segundo o jornal “La Mode” (1836- 1848), existia uma beleza
“voluntária” e uma beleza “involuntária”, uma beleza social feita de inteligência e de saber.
A beleza trabalhada seria mais importante e preciosa do que a outra julgada muito espontânea. O modelo
físico de aristocracia para o homem se subverteu: não mais a saliência da barriga, ombros repuxados para trás
evocando qualquer “nobreza”, mas o busto reto, densificado, cintura comprimida, evocando qualquer determi-
nação “burguesa”. Menos arrogância e mais eficácia. É o que simbolizava a sobrecasaca: pinçada na cintura,
aberta no torso. Transformou-se também a silhueta feminina: cintura comprimida e busto dilatado. Mangas em
forma de balão e “saia em sino”. A largura da parte alta passou em mais do dobro a largura da parte baixa. Após
a descoberta do oxigênio, o peito grande simbolizava vida.
Surgiu um novo personagem, a parisiense que simbolizava a oscilação de um mundo: a capital não mais domi-
nava a província pela proximidade com o rei e sim pela iniciativa política, pelos seus seres mais inventivos e mais
atraentes. A parisiense fundamentou uma beleza ativa, ávida de exercícios e apressada, porém essas atividades
eram mais sonhadas do que efetuadas.
A mulher ainda era dominada e estava sob a autoridade do marido. Porém, com a mudança para uma beleza
feminina mais ativa, no começo do século, a beleza masculina também foi revisada e ocorreu uma fragilidade
até então recusada. No final do século, houve banalização do nu, exposto primeiramente nos espetáculos, carta-
zes e jornais. E com a ascensão da praia como lugar de descanso e lazer, diminuiu-se o arqueamento do corpo,
que era conseguido com o espartilho, e foi dada mais importância às pernas. Em 1880, a ginástica tornou-se obri-
gatória nas escolas públicas da
Europa e Estados Unidos da América (EUA) e ela mudou o padrão postural: peito erguido e rins retos. A curva-
tura lombar passou a ser sinal de fraqueza. Em 1908, surgiram várias campanhas “pela beleza natural da mulher,
contra a mutilação do espartilho”. Ele não era mais apenas perigo, era obstáculo, pois a mulher não conseguia
ficar sentada e nesse período o número de empregadas de escritório multiplicou-se (95 mil para 843 mil de 1860
a 1914). No início do século XX, a mulher idealizada incluía dois polos opostos, o padrão erotizado dos cafés-con-
certo, de contornos arqueados e coxas acentuadas e o modelo de elegância mundana, de perfil mais estendido.
O segundo se impôs em definitivo ao primeiro. Cresceram os anúncios de “adelgaçadores” na publicidade e
surgiram várias massagens para eliminarem-se as redondezas. Admitia-se que o indivíduo dos 20 aos 50 anos de-
vesse pesar tantos quilos quanto sua altura tinha de centímetros acima de um metro. Ainda no princípio do século,
surgiram os salões de beleza, em espaços muitos luxuosos, e um ramo incipiente da cirurgia se propôs a corrigir as
fealdades e deformidades. Ao final da Primeira Guerra Mundial, o ideal curvilíneo foi substituído por formas planas 235
e soltas. Os vestidos da década de 20 eram sem curvas e o corpo ideal era quase como o de um rapaz. Foram
removidos os enchimentos e os espartilhos e as mulheres começaram a prender os seios com roupas que achatas-
sem a silhueta. A beleza daquela época era notada pela quase ausência de características sexuais secundárias
femininas.
A partir de 1920, a silhueta tornou-se mais estendida, as pernas se exibiram e os penteados se elevaram. To-
das as mulheres deram a impressão de ter crescido. A altura do pé à cintura, durante muito tempo conservada
o dobro do tronco nas revistas de moda do século XIX, atingiu agora o triplo desta altura nas mesmas revistas. A
estética feminina foi um sintoma marcante da evolução da civilização, pois buscou concorrer com o homem e
aumentar sua liberdade. As revistas de moda mostraram esse lento deslocamento, cotejando a elegância com a
vida ativa, a beleza com a fadiga, o trabalho evocando um cotidiano feminino constituído por um duplo aspecto,
associando profissão a cuidados de beleza. A coqueteria tornou-se uma necessidade essencial. A praia passou a
ser mais frequentada e as férias fabricaram estética. Essa apresentação de corpos ensolarados, ativos e seminus
teve consequências sobre as imagens comedidas: ela misturou magreza e vigor. O que fazia a beleza era um
corpo magro e musculoso que se movimentava com leveza. As mulheres seguiam dietas rigorosas e exercícios
físicos extenuantes a fim de diminuir-se o peso. Em 1926, o New York Times anunciou que a Academia de Ciências
de Nova Iorque convocara uma conferência de dois dias para estudar a “explosão dos transtornos alimentares”.
A tabela 1 mostra uma série histórica de 10 anos de sugestão de peso ideal para mulheres de 1,60 metro, de
acordo com a revista “Votre Beauté”.
Já a tabela 2 exibe a evolução da silhueta de uma mulher de 1,60 metro, segundo algumas revistas feminina.
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Ao longo dos anos, as modelos ganharam importância e confirmaram um adelgaçamento progressivo, o IMC
reduziu-se de 21,2 em 1921 para 19,5 no Concurso de Miss América em 1940. O cinema aumentou sua difusão e
mostrou rostos com maquiagem e tezes perfeitas na tela.
Os cabelos ganharam importância e sugeriam liberdade. A loira se tornou sinônimo de aristocracia e beleza. A
perfeição da atriz a irrealizava, porém as revistas traziam seus conselhos de beleza e afirmavam que, com disciplina,
236 cultura física e regime qualquer mulher poderia ser bela. Afirmavam que “não havia mulher feia, só as que não se
cuidavam”.
Surgiu uma literatura psicológica da perseverança, que propôs total soberania sobre si e jogava com a culpa-
bilidade e a responsabilidade do indivíduo. Cada pessoa era responsável de forma positiva ou negativa por sua
imagem. Para ser belo, o indivíduo teria que se sentir bem com seu corpo. O mercado da beleza cresceu e se
democratizou. A maquiagem tornou se objeto fundamental, o rosto sem ela mostrava-se mal cuidado. Surgiu a
preocupação com a celulite e com as rugas. Uma cirurgia estética pura se juntou à cirurgia reparadora reinventa-
da com a Primeira Guerra Mundial.
A partir da segunda metade do século XX, o culto ao corpo ganhou dimensão social inédita: entrou na era das
massas. A mídia adquiriu imenso poder de influência sobre os indivíduos, generalizou a paixão pela moda, expandiu
o consumo de produtos de beleza, anunciou transformações nos corpos de pessoas famosas - por meio da cirur-
gia plástica - e tornou a aparência uma dimensão essencial da identidade para um maior número de mulheres e
homens.
Em 1960, a publicidade ocupava 60-70% das páginas das melhores revistas de moda, quase o dobro de 1930.
O tema do andrógeno agradou depois dos anos 1960, o corpo do homem se adelgaçou, suavizou e ele passou a
se preocupar cada vez mais com a estética. Ao mesmo tempo ocorreu a feminilização da musculação. Impossível
medir essa mudança sem associá-la à presença gay. A beleza não mais definia o gênero, podia ser cultivada e
reivindicada pelos dois sexos. Formas mais lineares tornaram-se garantia de eficácia, agilidade, elegância e flexibi-
lidade. Qualquer mulher - e homem - pode oferecer de si mesmo uma imagem atraente com o uso de cosméticos,
maquiagem, cirurgia estética, exercícios de manutenção do corpo e artifícios da elegância; não há mais desculpa
para estar “fora de forma”. Cada indivíduo é considerado responsável (e culpado) por sua juventude, beleza e
saúde: só é feio quem quer e só envelhece quem não se cuida.
Cada um deve buscar em si as imperfeições que podem (e devem!) ser corrigidas. O corpo “em forma” se
apresenta como um sucesso pessoal, ao qual qualquer mulher ou homem pode aspirar, se realmente se dedicar
a isso. “Não existem indivíduos gordos e feios, apenas indivíduos preguiçosos” poderia ser o slogan desse mercado
do corpo.
Consequentemente, as pessoas podem adotar qualquer tipo de estratégia para “adquirir” o corpo tão dese-
jado, incluindo dietas muito restritivas, abuso de medicamentos para emagrecer, laxativos e diuréticos, ou para
ganhar massa muscular, como hormônios, atividade física exagerada e inúmeras cirurgias para corrigir pequenos
defeitos. Tudo parece feito para que a escolha individual se sobressaia até o fim, para que a responsabilidade de
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cada um, até mesmo seu sentimento de fracasso, pre-


valeça em caso de embelezamento limitado. Emagre-
cer é uma obrigação rigorosa, generalizada, no entan- EXERCÍCIO COMENTADO
to, nada há de individual e personalizado. A obesidade
é reconhecida como uma escolha de vida. 1. (ENEM – 2017) Apesar de muitas crianças e adoles-
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, centes terem a Barbie como um exemplo de beleza,
durante os últimos 10 anos houve aumento de 10-20% um infográfico feito pelo site Rehabs.com comprovou
por ano no volume de procedimentos. O Brasil só fica que, caso uma mulher tivesse as medidas da boneca
atrás dos EUA em número de cirurgias plásticas cosmé- de plástico, ela nem estaria viva.
ticas. Os homens representam 30% dos clientes. Durante Não é exatamente uma novidade que as proporções
as duas últimas décadas, a idade média dos candidatos da boneca mais famosa do mundo são absurdas para
à cirurgia caiu de 55 para 35 anos e, de forma alarman- o mundo real. Ativistas que lutam pela construção de
te, 10 a 15 em cada 100 brasileiros submetidos à cirurgia uma autoimagem mais saudável, pesquisadores de dis-
plástica estão abaixo dos 18 anos. Num estudo realizado túrbios alimentares e pessoas que se preocupam com o
em São Paulo com 346 homens e mulheres com peso impacto da indústria cultural na psique humana apon-
normal, 50% estavam insatisfeitos com seus corpos e 67% tam, há anos, a influência de modelos como a Barbie na
das mulheres e 28% dos homens gostariam de se subme- distorção do corpo feminino.
ter a cirurgias plásticas.
O ideal do corpo feminino e as formas atuais das mu- Pescoço
lheres estão se distanciando gradativamente. Com um pescoço duas vezes mais longo e 15 centíme-
Enquanto a mulher abaixo dos 30 anos de idade tem tros mais fino do que o de uma mulher, a Barbie seria
se tornado cada vez mais gorda, sua imagem na mídia incapaz de manter sua cabeça levantada.
tem se tornado progressivamente mais magra.
No século XX, o consumo de comida com altas ta- Cintura
xas de gorduras saturadas tem aumentado e ao mesmo Com uma cintura de 40 centímetros (menor do que a
tempo o gasto de energia tem diminuído devido ao au- sua cabeça), a Barbie da vida real só teria espaço em
mento do estilo de vida sedentário. seu corpo para acomodar metade de um rim e alguns
Com isso, vê-se a obesidade crescer dramatica- centímetros .de intestino.
mente nos países do Ocidente, inclusive no Brasil, nas
últimas duas, em todas as faixas etárias. Principalmente Quadril
em crianças e adolescentes, ela representa uma das O índice que mede a relação entre a cintura e o qua- 237
mais frustrantes e difíceis doenças para se tratar. Além dril da Barbie é de 0,56, o que significa que a medida
das consequências físicas da obesidade, que são bem da sua cintura representa 56% da circunferência de seu
descritas, as consequências psicossociais são também quadril. Esse mesmo índice, em uma mulher americana
muito comuns. média, é de 0,8.
Estudos têm mostrado que com o aumento do peso, Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 2
a insatisfação corporal aumenta. Dada a epidemia de maio 2015.
obesidade entre crianças e adultos, pode-se supor se- Ao abordar as possíveis influências da indústria de brin-
guramente que a insatisfação corporal será experimen- quedos sobre a representação do corpo feminino, o tex-
tada por um número crescente de indivíduos. to analisa a

a) noção de beleza globalizada veiculada pela indús-


tria cultural.
b) influência da mídia para a adoção de um estilo de
vida salutar pelas mulheres.
c) relação entre a alimentação saudável e o padrão de
corpo instituído pela boneca.
d) proporcionalidade entre a representação do corpo
da boneca e a do corpo humano.
e) influência mercadológica na construção de uma au-
toimagem positiva do corpo feminino.
.
Resposta: Letra D. O texto apresenta os padrões de
uma boneca Barbie que é vista, por algumas crian-
ças, como padrão de beleza a ser seguido. Porém, o
texto frisa que uma pessoa que possuísse as medidas
proporcionais àquelas de uma Barbie, não consegui-
ria sobreviver.
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2. (ENEM 2015) (ENEM 1ª APLICAÇÃO/2016) O filme Me-


nina de ouro conta a história de Maggie Fitzgerald, uma
HORA DE PRATICAR! garçonete de 31 anos que vive sozinha em condições
humildes e sonha em se tornar uma profissional treinada
1. (ENEM 2015) por Frankie Dunn.
Em uma cena, assim que o treinador atravessa a porta
Obesidade causa doença do corredor onde ela se encontra, Maggie o aborda e,
A obesidade tornou-se uma epidemia global, segundo a caminho da saída, pergunta a ele se está interessado
a Organização Mundial da Saúde, ligada à Organiza- em treiná-la. Frankie respondeu: “Eu não treino garotas”
ção das Nações Unidas. O problema vem atingindo um Após essa fala, ele vira as costas e vai embora. Aqui,
número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, percebemos, em Frankie, um comportamento ancora-
e entre as principais causas desse crescimento estão o do na representação de que boxe é esporte de homem
modo de vida sedentário e a má alimentação. e, em Maggie, a superação da concepção de que os
Segundo um médico especialista em cirurgia de redu- ringues são tradicionalmente masculinos.
ção de estômago, a taxa de mortalidade entre homens Historicamente construída, a feminilidade dominante
obesos de 25 a 40 anos é 12 vezes maior quando com- atribui a submissão, a fragilidade e a passividade a uma
parada à taxa de mortalidade entre indivíduos de peso “natureza feminina”. Numa concepção hegemônica
normal. O excesso de peso e de gordura no corpo de- dos gêneros, feminilidades e masculinidades encon-
sencadeia e piora problemas de saúde que poderiam tram-se em extremidades opostas.
ser evitados. Em alguns casos, a boa notícia é que a per- No entanto, algumas mulheres, indiferentes às conven-
da de peso leva à cura, como no caso da asma, mas ções sociais, sentem-se seduzidas e desafiadas a ade-
em outros, como o infarto, não há solução. rirem à prática das modalidades consideradas mascu-
FERREIRA, T. Disponível em: <http://revistaepoca.globo. linas. É o que observamos em Maggie, que se mostra
com.> Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado). determinada e insiste em seu objetivo de ser treinada
por Frankie.
O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta
o excesso de peso e de gordura corporal dos indivíduos FERNANDES, V.; MOURÃO, L. Menina de ouro e a re-
como um problema, relacionando-o ao presentação de feminilidades plurais. Movimento, n. 4,
out.-dez. 2014 (adaptado).
a) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante
na sociedade requer corpos magros. A inserção da personagem Maggie na prática corporal
238 b) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro do boxe indica a possibilidade da construção de uma
interfere na autoestima das pessoas. feminilidade marcada pela
c) quadro clínico da população, pois a obesidade é um
fator de risco para o surgimento de diversas doenças a) adequação da mulher a uma modalidade esportiva
crônicas. alinhada a seu gênero.
d) preconceito contra a pessoa obesa, pois ela sofre dis- b) valorização de comportamentos e atitudes normal-
criminação em diversos espaços sociais. mente associados à mulher.
e) desempenho na realização das atividades cotidia- c) transposição de limites impostos à mulher num espa-
nas, pois a obesidade interfere na performance. ço de predomínio masculino.
Competência ENEM: H10 d) aceitação de padrões sociais acerca da participa-
ção da mulher nas lutas corporais.
e) naturalização de barreiras socioculturais responsáveis
pela exclusão da mulher no boxe.
Competência ENEM: H10
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3. (ENEM 2018) O segundo texto, que propõe uma reflexão sobre o pri-
meiro acerca do impacto de mudanças no estilo de
TEXTO I vida na saúde, apresenta uma visão:

a) medicalizada, que relaciona a prática de exercícios


físicos por qualquer indivíduo à promoção da saúde.
b) ampliada, que considera aspectos sociais interve-
nientes na prática de exercícios no cotidiano.
c) crítica, que associa a interferência das tarefas da
casa ao sedentarismo do indivíduo.
d) focalizada, que atribui ao indivíduo a responsabilida-
de pela prevenção de doenças.
e) geracional, que preconiza a representação do culto
à jovialidade.
Competência ENEM: H10

GABARITO

1 C
2 C
Disponível em: http//revistaiiqb.usac.edu.gt. Acesso 3 B
em: 25 abr. 2018 (adaptado)

TEXTO II
239
Imaginemos um cidadão, residente na periferia de um
grande centro urbano, que diariamente acorda às 5h
para trabalhar, enfrenta em média 2h de transporte pú-
blico, em geral lotado, para chegar às 8h ao trabalho.
Termina o expediente às 17h e chega em casa às 19h,
para, aí sim, cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos
etc. Como dizer a essa pessoa que ela deve praticar
exercícios, pois é importante para sua saúde? Como ela
irá entender a mensagem da importância do exercício
físico? A probabilidade de essa pessoa praticar exercí-
cios regularmente é significativamente menor que a de
pessoas da classe média/alta que vivem outra realida-
de. Nesse caso, a abordagem individual do problema
tende a fazer com que a pessoa se sinta impotente em
não conseguir praticar exercícios e, consequentemen-
te, culpada pelo fato de ser ou estar sedentária.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação
física escolar: ampliando o enfoque.
RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado)
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

ANOTAÇÕES

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Matemática
E SUAS TECNOLOGIAS
Matemática e suas Tecnologias

Ex. 15 é múltiplo de 5, pois 15=3 ∙ 5


NÚMEROS PRIMOS, MÚLTIPLOS E
DIVISORES Quando a=k∙b, segue que a é múltiplo de b, mas
também, a é múltiplo de k, como é o caso do número
35 que é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 ∙5.
O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo Quando a=k∙b, então a é múltiplo de b e se
comum são ferramentas extremamente importantes na conhecemos b e queremos obter todos os seus múltiplos,
matemática. Através deles, podemos resolver alguns basta fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
problemas simples, além de utilizar seus conceitos em Como conclusão às assertivas propostas acima, tem-
outros temas, como frações, simplicação de fatoriais, etc. -se que:
Porém, antes de apresentarmos esta teoria, é • Um número b é sempre múltiplo dele mesmo →
importante conhecermos primeiramente uma classe de a = 1� b ↔ a = b .
números muito importante: Os números primos. • Para obter os múltiplos de dois, isto é, os núme-
ros da forma a = k � 2 , k seria substituído por todos os
NÚMEROS PRIMOS números naturais possíveis.

Um número natural é definido como primo se ele tem A definição de divisor está relacionada com a de
exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo. múltiplo.
Já nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente Um número natural b é divisor do número natural a,
quatro divisores: ±1 e ±𝑝 . se a é múltiplo de b.
Ex. 3 é divisor de 15, pois 15 = 3 ∙5, logo 15 é múltiplo
de 3 e também é múltiplo de 5.
#FicaDica
Por definição, 0, 1 e − 1 não são números SE LIGA!
primos. Um número natural tem uma quantidade finita
de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá
Existem infinitos números primos, como demonstrado ter no máximo 6 divisores, pois trabalhando no
por  Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade de conjunto dos números naturais não podemos
ser um primo é chamada “primalidade”, e a palavra dividir 6 por um número maior do que ele.
“primo” também é utilizada como substantivo ou Os divisores naturais de 6 são os números 1, 1
adjetivo. Como “dois” é o único número primo par, o 2, 3, 6, o que significa que o número 6 tem 4
termo “primo ímpar” refere-se a todo primo maior do divisores.
que dois.
O conceito de número primo é muito importante
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria dos MDC
números é o Teorema Fundamental da Aritmética, que
afirma que qualquer número natural diferente de 1 pode Agora que sabemos o que são números primos, múl-
ser escrito de forma única (desconsiderando a ordem) tiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor co-
como um produto de números primos (chamados fatores mum de dois ou mais números é o maior número que é
primos): este processo se chama decomposição em divisor comum de todos os números dados.
fatores primos (fatoração). É exatamente este conceito Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24.
que utilizaremos no MDC e MMC. Para caráter de Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}.
memorização, seguem os 100 primeiros números primos Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.
positivos. Recomenda-se que memorizem ao menos os Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e
10 primeiros para MDC e MMC: 24: D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59
, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, 127,  Observando os divisores comuns, podemos identifi-
131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, 191, car o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja:
193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, 257, MDC (18,24) = 6.
263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, 331,
337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, 401, Outra técnica para o cálculo do MDC:
409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, 467,
479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541 Decomposição em fatores primos: Para obter o MDC
de dois ou mais números por esse processo, procede-se
MÚLTIPLOS E DIVISORES da seguinte maneira:
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos,
natural b, se existe um número natural k tal que:
cada um deles elevado ao seu menor expoente.
𝑎 = 𝑘. 𝑏
Matemática e suas Tecnologias

Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ENEM 2015) Um arquiteto está reformando uma casa.


De modo a contribuir com o meio ambiente, decide
reaproveitar tábuas de madeira retiradas da casa. Ele
dispõe de 40 tábuas de 540 cm, 30 de 810 cm e 10 de 1
080 cm, todas de mesma largura e espessura. Ele pediu
a um carpinteiro que cortasse as tábuas em pedaços
de mesmo comprimento, sem deixar sobras, e de modo
Temos que: que as novas peças ficassem com maior tamanho possí-
300 = 22.3 .52 vel, mas de comprimento menor que 2 m.
504 = 23.32 .7
Atendendo o pedido do arquiteto, o carpinteiro deverá
O MDC será os fatores comuns com seus menores produzir
expoentes:
mdc (300,504)= 22.3 = 4 .3=12 a) 105 peças.
b) 120 peças.
MMC c) 210 peças.
d) 243 peças.
O mínimo múltiplo comum de dois ou mais números e) 420 peças.
é o menor número positivo que é múltiplo comum de
todos os números dados. Consideremos: Resposta: Letra e. Encontrando o MDC entre os nú-
meros 540, 810 e 1080, achaomos 270. Assim, o com-
Ex. Encontrar o MMC entre 8 e 6 primento de cada peça deverá ser divisor de 270 cm,
Múltiplos positivos de 6: M(6) = logo, cada peça terá 135 cm. Logo, a quantidade de
{6,12,18,24,30,36,42,48,54,...} peças obtidas é de: (40 . 540 + 30 . 810 + 10 . 1080) /
135 = 420 peças.
Múltiplos positivos de 8: M(8) = {8,16,24,32,40,48,56,64,...}
2 2. (FEPESE-2016) João trabalha 5 dias e folga 1, enquanto
Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos co- Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e Maria folgam
muns: M(6)∩M(8) = {24,48,72,...} no mesmo dia, então quantos dias, no mínimo, passarão
Observando os múltiplos comuns, pode-se identificar para que eles folguem no mesmo dia novamente?
o mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja:
Outra técnica para o cálculo do MMC: mmc(6,8) = 24 a) 8
b) 10
Decomposição isolada em fatores primos: Para obter c) 12
o MMC de dois ou mais números por esse processo, pro- d) 15
cedemos da seguinte maneira: e) 24
- Decompomos cada número dado em fatores pri-
mos. Resposta: Letra c. O período em que João trabalha e
- O MMC é o produto dos fatores comuns e não-co- folga corresponde a 6 dias enquanto o mesmo perío-
muns, cada um deles elevado ao seu maior expoente. do, para Maria, corresponde a 4 dias. Assim, o proble-
ma consiste em encontrar o mmc entre 6 e 4. Logo,
Ex. Achar o MMC entre 18 e 120. eles folgarão no mesmo dia novamente após 12 dias
pois mmc(6,4)=12.

3. (Projeto Medicina – 2016) Numa linha de produção,


certo tipo de manutenção é feita na máquina A a cada
3 dias, na máquina B, a cada 4 dias, e na máquina C, a
cada 6 dias. Se no dia 2 de dezembro foi feita a manu-
tenção nas três máquinas, após quantos dias as máqui-
nas receberão manutenção no mesmo dia?

a) 10 dias
18 = 2 .32 b) 12 dias
120 = 23.3 .5 c) 14 dias
d) 15 dias
mmc (18, 120) = 23 � 32 � 5 = 8 � 9 � 5 = 360 e) 16 dias
Matemática e suas Tecnologias

Resposta: Letra b. Temos que determinar o MMC entre Propriedades da Adição de Números Racionais
os números 3, 4 e 6.
No caso, mmc (3,4,6)=2 ∙2∙3=12. O conjunto é fechado para a operação de adição,
Conclui-se, portanto, que após 12 dias a manutenção isto é, a soma de dois números racionais resulta em um
será feita nas três máquinas. número racional.
- Associativa: Para todos em
a+(b+c)=(a+b)+c
NÚMEROS RACIONAIS: FRAÇÕES, - Comutativa: Para todos em : a + b = b + a
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a todo
NÚMEROS DECIMAIS E SUAS OPERAÇÕES
em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
tal que q + (–q) = 0
NÚMEROS RACIONAIS
Subtração de Números Racionais
Um número racional é o que pode ser escrito na for-
m A subtração de dois números racionais e é a própria
ma , onde m e n são números inteiros, sendo que n
n operação de adição do número com o oposto de q,
m
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos isto é: p – q = p + (–q)
n
para significar a divisão de m por n .
Como podemos observar, números racionais podem MULTIPLICAÇÃO (PRODUTO) DE NÚMEROS RACIONAIS
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
Como todo número racional é uma fração ou pode
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio- ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto
a c
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos de dois números racionais b e d , da mesma forma que o
na literatura a notação: produto de frações, através de:

Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero } a c a�c
� =
b d b� d
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:

• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
• 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos; O produto dos números racionais a e b também

• 𝑄+ = conjunto dos racionais positivos; pode ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem ne- 3
𝑄
• − = conjunto dos racionais não positivos; nhum sinal entre as letras.
• 𝑄−∗
= conjunto dos racionais negativos. Para realizar a multiplicação de números racionais,
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto em toda a Matemática:
que representa esse número ao ponto de abscissa zero. (+1)�(+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo
(+1)�(-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo
33 3 3 (-1)�(+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − =
2 2 (-1)� (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo

Módulo de+ 3 é 3 . Indica-se 3 =


3
#FicaDica
2 2 2 2
O produto de dois números com o mesmo sinal
3 3
Números Opostos: Dizemos que − 2 e são núme-
2
é positivo, mas o produto de dois números
ros racionais opostos ou simétricos e cada um deles é com sinais diferentes é negativo.
o oposto do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3 ao
2 2
ponto zero da reta são iguais. Propriedades da Multiplicação de Números Racionais

SOMA (ADIÇÃO) DE NÚMEROS RACIONAIS O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,


o produto de dois números racionais resultaem um nú-
Como todo número racional é uma fração ou pode mero racional.
ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição - Associativa: Para todos a,b,c em
a c
entre os números racionais e , , da mesma forma que Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a ∙ b ) ∙ c
b d - Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a
a soma de frações, através de: - Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado
por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ∙ 1 = q
a c a�d+b�c
+ =
b d b�d
Matemática e suas Tecnologias

a b
q= q−1 = a b
- Elemento inverso: Para todo b em Q, a diferente de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja, × =1
b a
- Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a ∙ b ) + ( a∙ c )

DIVISÃO DE NÚMEROS RACIONAIS

A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, isto é: p ÷ q = p × q-1
De maneira prática costuma-se dizer que em uma divisão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
multiplica-se pelo inverso da segunda:
a
Observação: É possível encontrar divisão de frações da seguinte forma: b c
. O procedimento de cálculo é o .
mesmo.
d
POTENCIAÇÃO DE NÚMEROS RACIONAIS
𝐧
A potência q do número racional é um produto de fatores iguais. O número é denominado a base e o nú-
mero é o expoente.
n
q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes)

Exs:

.  2  .  2  =
3
a)  2  =  2 
8
125
5 5 5 5
3
b)  − 1  =  − 1  .  − 1  .  − 1  = 1
        −
 2  2  2  2 8

c) (–
4 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25

d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25

Propriedades da Potenciação aplicadas aos números racionais:

Toda potência com expoente 0 é igual a 1.

0
 2
+  =1
 5
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base.

1
 9 9
−  =−
 4 4
- Toda potência com expoente negativo de um número racional diferente de zero é igual a outra potência que
tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expoente anterior.

 3
−2
 5
2
25
−  = −  =
 5  3 9
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da base.

2
3
2 2 2 8
  =   .  .   =
3 3 3 3 27
Matemática e suas Tecnologias

- Toda potência com expoente par é um número positivo.

2
 1  1  1 1
−  = −  .−  =
 5  5  5 25

- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um produto de potências de mesma base a uma só potên-
cia, conservamos a base e somamos os expoentes.

2 3 2+3 5
2 2  2 2 2 2 2  2 2
  .   =  . . . .  =   = 
5 5 5 55 5 5 5 5
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um quociente de potências de mesma base a uma só
potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.

3 3 3 3 3
5 . . . . 2 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
  :  = =  = 
2 2 3 3 2 2
.
2 2
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de potência a uma potência de um só expoente, conserva-
mos a base e multiplicamos os expoentes.

2 3 2 2 2 2+2+2 6
3 3 3 3 3 3
= � � = =
2 2 2 2 2 2
5

RADICIAÇÃO DE NÚMEROS RACIONAIS

Se um número representa um produto de dois ou mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do nú-
mero. Vejamos alguns exemplos:

Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
Ex:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
Representa o produto . ou   .Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
9 3 3 3 3 9 9 3
Ex: 3
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .

Assim, podemos construir o diagrama:


Matemática e suas Tecnologias

SE LIGA!
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o número zero ou um número racional positivo.
Logo, os números racionais negativos não têm raiz quadrada em .

100
O número − não tem raiz quadrada em Q, pois tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
9 3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto dos números racionais se ele for um quadrado perfeito.

O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 3
FRAÇÕES

Frações são representações de partes iguais de um todo. São expressas como um quociente de dois números
x
, sendo x o numerador e y o denominador da fração, com y ≠ 0 .
y

Frações Equivalentes

São frações que, embora diferentes, representam a mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
a outra quando pode ser obtida multiplicando o numerador e o denominador da primeira fração pelo mesmo
número.

Ex: 3 e 6 .
5 10

3
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o numerador e denominador de por 2:
5
6 3�2 6
=
5 � 2 10

6 3
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a
10 5
OPERAÇÕES COM FRAÇÕES

Adição e Subtração

Frações com denominadores iguais:

Ex:
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel 5 desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de
8 8
chocolate que Jorge e Miguel comeram juntos?

A figura abaixo representa o tablete de chocolate. Nela também estão representadas as frações do tablete
que Jorge e Miguel comeram:

3 2 5
Observe que = =
8 8 8

Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5 do tablete de chocolate.


8

Na adição e subtração de duas ou mais frações que têm denominadores iguais, conservamos o denominador
comum e somamos ou subtraímos os numeradores.
Matemática e suas Tecnologias

Outro Exemplo:

3 5 7 3+5−7 1
+ − = =
2 2 2 2 2

Frações com denominadores diferentes:


3 5
Calcular o valor de 8 + 6 Inicialmente, devemos reduzir as frações ao mesmo denominador comum. Para isso,

encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) entre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em seguida,
encontramos as frações equivalentes com o novo denominador:

3 5 9 20
mmc (8,6) = 24 = = =
8 6 24 24

24 ∶ 8 � 3 = 9
24 ∶ 6 � 5 = 20

Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, simplificando o resultado, quando possível:

9 20 29
+ =
24 24 24

3 5 9 20 29
Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
7
Deste modo, é importante lembrar que na adição e na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações ao menor denominador comum, após o que procedemos
como no primeiro caso.

Multiplicação

Ex:
4 2
De uma caixa de frutas, são bananas. Do total de bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas
5 3
da caixa que estão estragadas?

Representa 4/5 do conteúdo da caixa

Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.


2 4
Repare que o problema proposto consiste em calcular o valor de de que, de acordo com a figura, equiva-
3 5
2 4 2 4 8
le a 8 do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2 de 4 equivale a � . Assim sendo: � =
15 3 5 3 5 3 5 15
Matemática e suas Tecnologias

Ou seja:
2 de 4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
3 5 3

O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
minador é o produto dos denominadores das frações dadas.
2 4 7 2�4�7 56
Outro exemplo: � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135

#FicaDica
Sempre que possível, antes de efetuar a multiplicação, podemos simplificar as frações entre si, dividindo os
numeradores e os denominadores por um fator comum. Esse processo de simplificação recebe o nome de
cancelamento.

Divisão

Duas frações são inversas ou recíprocas quando o numerador de uma é o denominador da outra e vice-versa.

Exemplo
2 é a fração inversa de 3
3 2

5 1
5 ou é a fração inversa de
1 5
8
Considere a seguinte situação:
4
Lúcia recebeu de seu pai os 5 dos chocolates contidos em uma caixa. Do total de chocolates recebidos, Lúcia deu

a terça parte para o seu namorado. Que fração dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado de Lúcia?
4
A solução do problema consiste em dividir o total de chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja, :3
5

Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 desse algo.
3
4 1
Portanto: : 3 = de 4
5 3 5

1 4 1 4 4 1 4 4 3 4 1
Como de = � 5 = 5 � 3 , resulta que : 3 = : = �
3 5 3 5 5 1 5 3

3 1
Observando que as frações e são frações inversas, podemos afirmar que:
1 3
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a primeira pelo inverso da segunda.

4 4 3 4 1 4
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15

4
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu do total de chocolates contidos na caixa.
15

4 8 41 5 5
Outro exemplo: : = . =
3 5 3 82 6
Matemática e suas Tecnologias

Observação:
3 1
Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão :
2 5

Portanto

NÚMEROS DECIMAIS

De maneira direta, números decimais são números que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587;
0,004; etc.

Operações com Números Decimais

Adição e Subtração

Vamos calcular o valor da seguinte soma: 5,32 + 12,5 + 0,034

Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

532 125 34 5320 12500 34 17854


5,32 + 12,5 + 0,034 = + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000 1000 1000

Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854

Na prática, a adição e a subtração de números decimais são obtidas de acordo com a seguinte regra:
- Igualamos o número de casas decimais, acrescentando zeros.
- Colocamos os números um abaixo do outro, deixando vírgula embaixo de vírgula. 9
- Somamos ou subtraímos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vírgula dos números dados.

Exemplo

2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5

Disposição prática:

2,3500
14,3000
+ 0,0075
5,0000
21,6575

Multiplicação

Vamos calcular o valor do seguinte produto: 2,58 � 3,4 .

Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 10 1000

Portanto 2,58 ∙ 3,4 = 8,772


Matemática e suas Tecnologias

Consideração importante: Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida de acordo com as se-
guintes regras:
• Multiplicamos os números decimais como se eles fossem números naturais.
• No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas forem as do primeiro fator somadas às do segundo
fator.

Exemplo: 652,2∙ 2,03

Disposição prática:

652,2  1 casa decimal


X 2,03  2 casas decimais
19 566

1 304 4
1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais

Divisão:

10

Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão: 24 ∶ 0,5


Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor da divisão dada por 10.

24∶ 0,5 = (24 ∙ 10)∶ (0,5 ∙ 10) = 240∶ 5

A vantagem de tal procedimento foi a de transformarmos em número natural o número decimal que aparecia
na divisão. Com isso, a divisão entre números decimais se transforma numa equivalente com números naturais.

Portanto: 24∶ 0,5 = 240∶ 5 = 48

Consideração importante: Na prática, a divisão entre números decimais é obtida de acordo com as seguintes
regras:
• Igualamos o número de casas decimais do dividendo e do divisor.
• Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão como se os números fossem naturais.

Ex: 24∶ 0,5

Disposição prática:

Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quociente
é exato.
Matemática e suas Tecnologias

Ex: 9,775∶ 4,25

Disposição prática:

Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada e
o quociente é aproximado.
Se quisermos continuar uma divisão aproximada, devemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividindo
cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto, coloca-
mos uma vírgula no quociente.

Ex: 0,14∶ 28

Ex: 2∶ 16
11

Representação Decimal das Frações


p
Tomemos um número racional q tal que não seja múltiplo de . Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar

a divisão do numerador pelo denominador.

Nessa divisão podem ocorrer dois casos:

1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

1
= 0,25
4

35
= 8,75
4

153
= 3,06
50
Matemática e suas Tecnologias

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodi-
camente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
3
= 0,333 …

1
= 0,04545 …
22

167
66
= 2,53030 …

Observação: Se após as vírgulas os algarismos não são periódicos, então esse número decimal não está contido
no conjunto dos números racionais.

Representação Fracionária dos Números Decimais

Trata-se do problema inverso: estando o número racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na
forma de fração. Temos dois casos:

1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador
é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado:

9
0,9 = 10

57
5,7 =
12 10

76
0,76 = 100

348
3,48 = 100

5 1
0,005 = 1000 = 200

2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
alguns exemplos:

Ex:
Seja a dízima 0,333...

Façamos e multipliquemos ambos os membros por 10:


10x = 0,333

Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da segunda:

3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
Matemática e suas Tecnologias

3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...

Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .

Subtraindo membro a membro, temos:

99x = 512 x = 512⁄99


512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Ex:

Seja a dízima 1,23434...

Façamos x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …

Subtraindo membro a membro, temos:


1222
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
990
611
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz da dízima 1,23434...
495
Analisando todos os exemplos, nota-se que a ideia consiste em deixar após a vírgula somente a parte periódica
(que se repete) de cada igualdade para, após a subtração membro a membro, ambas se cancelarem.

13
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ENEM 2017) Em um parque há dois mirantes de alturas distintas que são acessados por elevador panorâmico. O
topo do mirante 1 é acessado pelo elevador 1, enquanto que o topo do mirante 2 é acessado pelo elevador 2. Eles
encontram-se a uma distância possível de ser percorrida a pé, e entre os mirantes há um teleférico que os liga que
pode ou não ser utilizado pelo visitante.

O acesso aos elevadores tem os seguintes custos:


• Subir pelo elevador 1: R$ 0,15;
• Subir pelo elevador 2: R$ 1,80;
• Descer pelo elevador 1: R$ 0,10;
• Descer pelo elevador 2: R$ 2,30.

O custo da passagem do teleférico partindo do topo do mirante 1 para o topo do mirante 2 é de R$ 2,00, e do topo
do mirante 2 para o topo do mirante 1 é de R$ 2,50.
Matemática e suas Tecnologias

Qual é o menor custo, em real, para uma pessoa visitar os topos dos dois mirantes e retornar ao solo?

a) 2,25
b) 3,90
c) 4,35
d) 4,40
e) 4,45

Resposta: Letra c. O menor custo será dado por:


• subir no elevador 1= 0,15
• descer no elevador 1= 0,10
• subir no elevador 2= 1,80
• descer no elevador 2= 2,30

O custo total será a soma dos custos apresentados. Logo, será de R$4,35.

2. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, leu mais
2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:
a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480

Resposta: Letra d.

1 2 3 + 10 13 13 15−13 2
+ = =
Mara leu 5 3 15 15 do livro. Logo, ainda falta 1 − 15 = 15
=
15 para ser lido. Essa fração que

falta ser lida equivale a 60 páginas

14 2 1
Assim: → 60 páginas. Portanto, → 30 páginas.
15 15

Logo o livro todo (15/15) possui: 15 ∙ 30=450 páginas

PORCENTAGEM

A definição de porcentagem passa pelo seu próprio nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”.
50
Deste modo, a fração
100 ou qualquer uma equivalente a ela é uma porcentagem que podemos representar
por 50%.

A porcentagem nada mais é do que uma razão, que representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:
𝑝
𝐴= .𝑉
100

Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
gem se resumem a três tipos:

CÁLCULO DA PARTE (“Conheço p e V e quero achar A”)

Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, basta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja,
𝑝
100
por V. Assim:
Matemática e suas Tecnologias

𝑝 Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus


P% de V =A= 100 .V tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
quantos tiros ele deu no total?
Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2 Neste caso, o problema gostaria de saber quanto
100 vale o “todo”, assim:

Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se 𝐴 15


que 67% de uma amostra assistem a certo programa 𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
de TV. Se a população é de 56.000 habitantes, quantas 𝑝 75
pessoas assistem ao tal programa?
Aqui, queremos saber a “parte” da população que FORMA DECIMAL
assiste ao programa de TV, como temos a porcentagem
e o total, basta realizarmos a multiplicação: Outra forma de representação de porcentagens
67 é através de números decimais, pois todos eles
67% de 56000=A= 56000=37520 pertencem à mesma classe de números, que são os
100
números racionais. Assim, para cada porcentagem,
Resp. 37 520 pessoas. há um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35%
na forma decimal seriam representados por 0,35. A
CÁLCULO DA PORCENTAGEM (“conheço A e V e que- conversão é muito simples: basta fazer a divisão por 100
ro achar p”) que está representada na forma de fração:
75
Utilizaremos a mesma relação para achar o valor de 75% = = 0,75
p e apenas precisamos rearranjar a mesma: 100

𝑝 𝐴 AUMENTO E DESCONTO PERCENTUAL


𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
100 𝑉
Outra classe de problemas bem comuns sobre
porcentagem está relacionada ao aumento e a
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos. redução percentual de um determinado valor. Usaremos
Qual foi sua porcentagem de vitórias? as definições apresentadas anteriormente para mostrar
Neste caso, o exercício quer saber qual a a teoria envolvida
porcentagem de vitórias que esse time obteve, assim:
15
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
𝐴 10 V que deve sofrer um aumento de de seu valor.
𝑝 = . 100 = . 100 = 62,5%
𝑉 16 Chamemos de VA o valor após o aumento. Assim:

Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos. p


VA = V + .V
100
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário Fatorando:
acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
aprovado? p
VA = ( 1 + ) .V
Para sabermos se o candidato passou, é necessário 100
calcular sua porcentagem de acertos:
p
𝐴 48 Em que (1 + ) será definido como fator de
𝑝 = . 100 = . 100 = 60% > 55% 100
𝑉 80 aumento, que pode estar representado tanto na forma
de fração ou decimal.
Logo, o candidato foi aprovado.
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial
CÁLCULO DO TODO (“conheço p e A e quero achar V”) V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor.
Chamemos de VD o valor após o desconto.
No terceiro caso, temos interesse em achar o total
(Nosso 100%) e para isso basta rearranjar a equação p
VD = V – .V
novamente: 100

𝑝 𝐴 𝐴 Fatorando:
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
100 𝑉 𝑝
p
VD = (1 – ) .V
100
Matemática e suas Tecnologias

p Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos


Em que (1 – ) será definido como fator de um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
100
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor
desconto, que pode estar representado tanto na forma
após o primeiro aumento, temos:
de fração ou decimal.
𝑝1
Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês V1 = V .(1 + )
de janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% 100
de aumento. Se a empresa deseja que o salário desse
funcionário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja,
salário deve admiti-lo? após já ter aumentado uma vez, temos que:
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
𝑝2
saber o valor de V, assim: V2 = V1 .(1 + )
100
p
VA = ( 1 + 100 ).V Como temos também uma expressão para V1, basta
40 substituir:
3500 = ( 1 + ).V 𝑝1 𝑝2
100
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
3500 =(1+0,4).V 100 100

3500 =1,4.V Assim, para cada aumento, temos um fator


3500 correspondente e basta ir multiplicando os fatores para
V= =2500 chegar ao resultado final.
1,4
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V
Resp. R$ 2 500,00 um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
descontos sucessivos de p1% e p2%.
Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
deles é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
𝑝1
16 V1 = V.(1 – )
Aqui, basta calcular o valor de VD : 100
p
VD = (1 – ) .V Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
100
após já ter descontado uma vez, temos que:
20 𝑝2
VD = (1 – ) .250,00 V2 = V1 .(1 – )
100 100
VD = (1 –0,2) .250,00
Como temos também uma expressão para , basta
VD = (0,8) .250,00 substituir:
𝑝1 𝑝2
VD = 200,00 V2 = V .(1 – ) .(1 – )
100 100
Resp. R$ 200,00
Além disso, essa formulação também funciona para
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas
SE LIGA a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
Em alguns problemas de porcentagem são ne- um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
cessários cálculos sucessivos de aumentos ou aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
descontos percentuais. Nesses casos é neces-
sário ter atenção ao problema, pois erros cos- Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
tumeiros ocorrem quando se calculam as por-
centagens do valor inicial para obter todos os
𝑝1
V1 = V .(1+ )
valores finais com descontos ou aumentos. Na 100
verdade, esse cálculo só pode ser feito quando
o problema diz que TODOS os descontos ou Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
aumentos são dados a uma porcentagem do 𝑝2
valor inicial. Mas em geral, os cálculos são fei- V2 = V1 .(1 – )
tos como apresentados no texto a seguir. 100
Matemática e suas Tecnologias

Como temos uma expressão para , basta substituir: 2. (VUNESP 2013) Suponhamos que, para uma dada elei-
𝑝1 𝑝2 ção, uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Supo-
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) nhamos ainda que, para essa eleição, no caso de se ve-
100 100 rificar um índice de abstenções de 6% entre os homens e
de 9% entre as mulheres, o número de votantes do sexo
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois masculino será exatamente igual ao número de votan-
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará tes do sexo feminino. Determine o número de eleitores
ao seu valor original. de cada sexo.

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: 9400 mulheres e 9100 homens


Denotamos o número de eleitores do sexo femininos
Este problema clássico tem como finalidade de F e de votantes masculinos de M. Pelo enunciado
conceituar esta parte de aumento e redução percentual do exercícios, F+M = 18500. Além disso, o índice de
e evitar o erro do leitor ao achar que aumentando p%
abstenções entre os homens foi de 6% e de 9% entre
e diminuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o
as mulheres, ou seja, 94% dos homens e 91% das mu-
que aprendemos, temos que:
lheres compareceram a votação, onde 94%M = 91%F
𝑝1 𝑝2 ou 0,94M = 0,91F. Assim, para determinar o número
V2 = V . 1+ . 1–
100 100 de eleitores de cada sexo temos os seguinte sistema
𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 para resolver:

20 20 F + M = 18500
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) �
100 100 0,94M = 0,91F
0,91
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 ) M = F.
Da segunda equação, temos que 0,94 . Ago-
V2 = V .(1,2) .(0,8) ra, substituindo M na primeira equação do sistema en-
contra-se F =  9400 e por fim determina-se M = 9100.
96
V2 = 0,96.V= V=96% de V 3. (UFMG 2017) Uma pessoa comprou, fora do Brasil,
100 um produto por U$S 80,00 Sobre esse valor foi cobrada
Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e uma taxa de 45% (frete) para o envio da mercadoria. 17
não 100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se Chegando ao Brasil, esse produto foi tarifado com 15%
assinalar a opção ERRADO de imposto sobre importação que incidiu sobre o valor
do produto e do frete. Desta forma, o aumento percen-
tual do produto em relação ao preço de compra foi de,
EXERCÍCIOS COMENTADOS aproximadamente,
a) 12
b) 37
1. (ENEM 2017) Uma fábrica de papel higiênico produz c) 60
embalagens com quatro rolos de 30 m cada, cujo pre-
d) 67
ço para o consumidor é R$ 3,60. Uma nova embalagem
com dez rolos de 50 m cada, de mesma largura, será
Resposta: Letra d. Considerando o valor de U$S 80,00
lançada no mercado. O preço do produto na nova em-
para o produto, temos:
balagem deve ser equivalente ao já produzido, mas,
para incentivar as vendas, inicialmente o preço de ven- Valor com a taxa de 45%: 80+80∙0,45=80∙1,45
da terá um desconto de 10%. Valor com a tarifa de 15% 80∙1,45+80∙1,45∙0,15=80∙1,67

Para que isso aconteça, o preço de venda da nova em- Portanto, o aumento percentual será dado por:
balagem, em real, deve ser 80∙1,67-80 ou seja 67% de 80.

a) 8,10.
b) 9,00. POTENCIAÇÃO
c) 9,90.
d) 13,50.
e) 15,00. Define-se potenciação como o resultado da multi-
plicação de fatores iguais, denominada base, sendo o
Resposta: Letra d. O total produzido será 4 ∙ 30 = 120, as- número de fatores igual a outro número, denominado
3,6 expoente. Diz-se “b elevado a c”, cuja notação é:
sim o preço será = 𝑅$ 0,03 . O preço de venda
120 bc = b � b � ⋯ � b
da nova embalagem será: 0,9 ∙ 0,03 ∙ 10 ∙ 50 = R$ 13,50. c vezes
Matemática e suas Tecnologias

Por exemplo: 43=4∙4∙4=64, sendo a base igual a 4 e o Em resumo: xa:xb=x(a-b)


expoente igual a 3.
Esta operação não passa de uma multiplicação Exemplos:
com fatores iguais, como por exemplo: 23 = 2 ∙ 2 ∙ 2 = 8 → a) 25:23 = 2(5-3)=22
53 = 5 ∙ 5 ∙ 5 = 125 b) 39:36 = 3(9-6)=33
c) 1512:154 = 15(12-4)=158
PROPRIEDADES DA POTENCIAÇÃO

Propriedade 1: potenciação com base 1 SE LIGA!


Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente Dada uma potência xA, onde o número real A
natural é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1. Em
resumo, 1n=1 é negativo, o resultado dessa potência é igual
1
Exemplos: ao inverso de x elevado a A, isto é,x A = se
xA
a) 13 = 1∙1∙1 = 1
1
b) 17 = 1∙1∙1∙1∙1∙1∙1 = 1 A<0 . Por exemplo, 2−3 = , 5 −1 = 1
..
23 51
Propriedade 2: potenciação com expoente nulo
Se n é um número natural não nulo, então temos
que n0=1 Propriedade 7: potência de potência
Quando uma potência está elevado a outro ex-
Exemplos: poente, o expoente resultante é obtido multiplicando-se
a) 5º = 1 os expoentes
b) 9º = 1 Em resumo: (xa )b=x(a×b)

Exemplos:
Propriedade 3: potenciação com expoente 1
a) (25)3 = 2(5∙3)=215
Qualquer que seja a potência em que a base é o
b) (39)2 = 3(9∙2)=318
número natural n e o expoente é igual a 1, denotada
c) (612)4= 6(12∙4)=648
por , é igual ao próprio n. Em resumo, n1=n

18 Propriedade 8: potência de produto


Exemplos:
Quando um produto está elevado a uma potência,
a) 5¹ = 5
o resultado é um produto com cada um dos fatores ele-
b) 64¹ = 64
vado ao expoente
Em resumo: (x∙y)a=xa∙ya
Propriedade 4: potenciação de base 10
Toda potência 10n é o número formado pelo algaris- Exemplos:
mo 1 seguido de n zeros. a) (2∙3)3 = 23∙33
b) (3∙4)2 = 32∙42
Exemplos: c) (6∙5)4= 64∙54
a) 103 = 1000
b) 108 = 100.000.000
c) 104 = 10.000 #FicaDica
Em alguns casos podemos ter uma
Propriedade 5: multiplicação de potências de mes-
multiplicação ou divisão potência que não
ma base
está na mesma base (como nas propriedades
Em uma multiplicação de duas potências de mesma
5 e 6), mas pode ser simplificada.
base, o resultado é obtido conservando-se a base e so-
Por exemplo,43∙25 =(22)3∙25= 26∙25= 2(6+5)=211 e
mando-se os expoentes.
33:9 =33:32= 31
Em resumo: xa∙xb=x(a+b)

Exemplos:
a) 23∙24 = 2(3+4)=27
RADICIAÇÃO
b) 34∙36 = 3(4+6)=310
c) 152∙154 = 15(2+4)=156
Define-se radiciação como a operação inversa à
Propriedade 6: divisão de potências de mesma base potenciação. Sabe-se, da potenciação que:
Em uma divisão de duas potências de mesma base,
o resultado é obtido conservando-se a base e subtrain- 52=25
do-se os expoentes.
Matemática e suas Tecnologias

Assim, a radiciação determina qual número elevado a um determinado número resulta no número que apare-
ce internamente na raiz. No exemplo acima, qual número elevado ao quadrado resulta em 25. Matematicamente:

2
25 = 5

O número “2” que aparece ao lado esquerdo e “em cima” da raiz indica a ordem da mesma, nesse caso uma
raiz quadrada. É possível calcular raízes de ordens superiores: 3 (cúbica), 4 (quarta) e assim por diante. Por exemplo:

3
27

Nesse caso deseja-se saber qual número elevado ao cubo resulta em 27. Esse número é 3, pois 33=27. Quando
não houver nenhum índice escrito na raiz, entende-se ser uma raiz quadrada. Portanto 4 = 2 4 = 2

Observações Importantes:
• Quando a ordem da raiz é par (2,4,6...) o número que está dentro da raiz (radicando) deve ser positivo.
Caso contrário não existirá raiz. Por exemplo: −9 significa encontrar qual número elevado ao quadrado resulta em
-9. Porém todo número elevado ao quadrado (positivo ou negativo) resulta em um número positivo. Assim, a raiz
pedida não existe.
• Nem todas as raízes são exatas. Podemos listar várias: √8, √24 e tantas outras. Porém é possível simplifica-las,
realizando a decomposição em fatores primos dos radicandos.

EXEMPLOS:

• 8 Decompondo em fatores primos, é possível escrever 8=23. Porém, vamos agrupar os fatores primos
(quando possível) em grupos de 2 (ordem da raiz). Então, 8=22∙2
Assim, a raiz é dada por: 8 = 22 � 2 = 2 2 pois o 2 que está elevado ao quadrado e multiplicando o outro dois
“sai” da raiz pois tem o expoente igual à ordem da raiz.

• 200 Decompondo em fatores primos, é possível escrever 200=23∙52. Porém, vamos agrupar os fatores pri-
19
mos em grupos de 2 (ordem da raiz). Então, 200=22∙2∙52

Assim, a raiz é dada por: 200 = 22 � 2 � 52 = 2 � 5 2 = 10 2


3
• 432.Decompondo em fatores primos vem: 432=24∙33 . Como a raiz, agora, é cúbica, agrupamos os fatores
primos em grupos de 3: 432=23∙2∙33

Assim, a raiz é dada por: 432 = 23 � 2 � 33 = 2 � 3 2 = 6 2

PROPRIEDADES DA RADICIAÇÃO:

y
ay = ax
x
a)

y
ay
x x
b) a =

x
x a a
c) b
= x
b

a. b = ax � b x
x
d)

RACIONALIZAÇÃO DE DENOMINADORES

A racionalização de denominadores é uma convenção matemática para não se ter radicais nos denominado-
res das frações. Existem dois tipos, quando o radical ocupa todo o denominador ou quando ele está somado (ou
subtraído) de algum número. Cada tipo tem sua estratégia de operação que será apresentada a seguir, apenas
para os casos de onde as raízes são quadradas:
Matemática e suas Tecnologias

Tipo 1: Radical Ocupa todo o denominador

Tipo 2: Radical somado (subtraído) de algum número

20 EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ENEM – 2012) A Agência Espacial Norte Americana (NASA) informou que o asteroide YU 55 cruzou o espaço entre
a Terra e a Lua no mês de novembro de 2011. A ilustração a seguir sugere que o asteroide percorreu sua trajetória
no mesmo plano que contém a órbita descrita pela Lua em torno da Terra. Na figura, está indicada a proximidade
do asteroide em relação à Terra, ou seja, a menor distância que ele passou da superfície terrestre.
Matemática e suas Tecnologias

Com base nessas informações, a menor distância que o asteroide YU 55 passou da superfície da Terra é igual a

a) 3,25 ∙ 102 km
b) 3,25 ∙ 103 km
c) 3,25 ∙ 104 km
d) 3,25 ∙ 105 km
e) 3,25 ∙ 106 km

Resposta: Letra d. A distância de 325 mil quilômetros é a menor distância que o asteroide passou da superfície da
Terra. Ela deve ser escrita em notação científica

325000 km = 3,25 ∙105 km.

2. (CPCAR 2002) Ao se resolver a expressão numérica

o valor encontrado é
a) 3 2
b) 3 3
c) 1
d) 0,1

Resposta: Letra a. A fim de simplicar a expressão dada nesse exercício, vamos rescrever alguns números da ex-
pressão usando a definição de radiciação e as propriedades de potenciação.

3 25�10−6 �0,000075 3 52� 2�5 −6 �75�10−6 21


52 . 2 � 5 −6
� 75 � 10−7 = ⋯
3
10
= 10
=

…= 3
2−6 5−4 � 3 � 52 � (2 � 5)−7 = 3
3 � 2−12 � 5−9 = 2−4 � 5−3� 3 3

3 3
5 1,5 5 1,5
=
104 (2.5)4

(−0,0010)0= 1

Agora, agrupando todos os termos , temos:

3 4 3 3 3 3
5 1,5 2�5 5 3 3 3 3
2−4 � 5−3 � 3 3 : = 2−4 � 5−3� 3 3 � 3 = 3 = = = 3
3
2= 3
2
2�5 4 5 1,5 5 1,5 3
3⁄2 3 3
3
3 2

3
Resultado final dessa expressão é 2.
Matemática e suas Tecnologias

RAZÃO E PROPORÇÃO

RAZÃO

Quando se utiliza a matemática na resolução de problemas, os números precisam ser relacionados para se
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar os números é através da razão. Sejam dois números reais
𝑎
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a ÷ b, ou .
𝑏

A razão basicamente é uma fração, e como sabem, frações são números racionais. Entretanto, a leitura deste
número é diferente, justamente para diferenciarmos quando estamos falando de fração ou de razão.
3
a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de fração, lê-se: “três quintos”.

3
b) Quando temos o número 5 e estamos tratando de razão, lê-se: “3 para 5”.

Além disso, a nomenclatura dos termos também é diferente:

O número 3 é numerador

3
a) Na fração 5

O número 5 é denominador
O número 3 é antecedente

22
3
b) Na razão
5

O número 5 é consequente
20 2 50 5
Ex. A razão entre 20 e 50 é = 5 já a razão entre 50 e 20 é = . Ou seja, deve-se sempre indicar o antecedente
50 20 2
e o consequente para sabermos qual a ordem de montarmos a razão.

Ex.Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 moças. A razão entre o número de rapazes e o número de
15 5
moças é 21
, se simplificarmos, temos que a fração equivalente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7
15 5
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapazes e o total de alunos é dada por = , o que equivale
36 12
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”.

Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
dos números que expressam as medidas dessas grandezas numa mesma unidade.
Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de 360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
distância percorrida em relação ao total?
Como os dois números são da mesma espécie (distância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a razão:

240 𝑘𝑚 2
𝑟= =
360 𝑘𝑚 3

No caso de mesma espécie, porém em unidades diferentes, deve-se escolher uma das unidades e converter a outra.
Matemática e suas Tecnologias

Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio
de extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de
a razão entre o que falta para percorrer em relação à 927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
extensão da prova? aproximadamente, segundo estimativas projetadas
Veja que agora estamos tentando relacionar metros pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das para o ano de 1995. Qual a razão entre o número de
unidades, vamos utilizar “km”: habitantes e a área total?
Dividindo-se o número de habitantes pela área,
36000 m=36 km obteremos o número de habitantes por km2 (hab./km2):

Como é pedida a razão entre o que falta em relação 66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏
ao total, temos que: 𝑑= = 71,5
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1
𝑟= = =
42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7

Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse #FicaDica


comprimento é representado num desenho por 20 cm.
A razão entre o número de habitantes e a área
Qual é a razão entre o comprimento representado no
deste local é denominada densidade demográ-
desenho e o comprimento real?
fica.
Convertendo o comprimento real para cm, temos que:

20 𝑐𝑚 1 Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com


𝑒= =
800 𝑐𝑚 40 8 L de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros
percorridos pelo número de litros de combustível
consumidos, teremos o número de quilômetros que esse
#FicaDica carro percorre com um litro de gasolina:
A razão entre um comprimento no desenho e
o correspondente comprimento real, chama-se 83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚
escala
𝑐= = 10,47
8𝑙 𝑙
23
Razão entre grandezas de espécies diferentes: É possí-
vel também relacionar espécies diferentes e isto está nor- #FicaDica
malmente relacionado a unidades utilizadas na física:
A razão entre a distância percorrida em relação
a uma quantidade de combustível é definida
Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo
como “consumo médio”
quilômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo
quilômetro 170. Qual a razão entre a distância percorrida
e o tempo gasto no translado? PROPORÇÃO
Para montarmos a razão, precisamos obter as
informações: A definição de proporção é muito simples, pois se
trata apenas da igualdade de razões.
Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
3 6
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim
5 10
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o como 6 está para 10”).
tempo gasto para isso:
Observemos que o produto 3 x 10=30 é igual ao
140 𝑘𝑚 70
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ produto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade
2ℎ 1 fundamental das proporções

Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas


será uma espécie totalmente diferente das outras duas. #FicaDica
Se multiplicarmos em cruz (ou em x), teremos
#FicaDica que os produtos entre o numeradores e os de-
nominadores da outra razão serão iguais.
A razão entre uma distância e uma medida de
tempo é chamada de velocidade.
Matemática e suas Tecnologias

2 6 Agora vamos apresentar algumas propriedades da


Ex. Na igualdade = , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo, proporção:
3 9
temos uma proporção. a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro-
porcionais, podemos criar outra proporção somando os
Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda- numeradores com os denominadores e dividindo pelos
se a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do numeradores (ou denominadores) das razões originais:
“peso” da criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será
a dosagem correta?
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
Como temos que seguir a receita, temos que atender = → = → =
a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de 2 4 5 10 5 10
gotas a serem ministradas: ou

7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
= 5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔 = → = → =
2 4 2 4 2 4

Logo, para atendermos a proporção, precisaremos b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te-
encontrar qual o número que atenderá a proporção. mos também que se realizarmos a diferença entre os ter-
Multiplicando em cruz, temos que: mos, também chegaremos em outras proporções:

3x=105
4 8 4−3 8−6 1 2
= → = → =
3 6 4 8 4 8
105
𝑥= ou
3
4 8 4−3 8−6 1 2
x=35 gotas = → = → =
3 6 3 6 3 6
Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
24 35 gotas do remédio, atendendo a proporção. c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
dos antecedentes está para a soma dos consequentes
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma assim como cada antecedente está para o seu conse-
proporção é verdadeira quando realizamos a multipli- quente:
cação em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois
produtos. Outra maneira de verificar a proporção é ve- 12 3 12 + 3 15 12 3
rificar se a duas razões que estão sendo igualadas são = → = = =
frações equivalentes. Lembra deste conceito? 8 2 8+2 10 8 2

d) Diferença dos antecedentes e consequentes: A


SE LIGA! soma dos antecedentes está para a soma dos conse-
Uma fração é equivalente a outra quando po- quentes assim como cada antecedente está para o seu
demos multiplicar (ou dividir) o numerador e o consequente:
denominador da fração por um mesmo núme-
ro, chegando ao numerador e denominador 12 3 12 − 3 9 12 3
da outra fração. = → = = =
8 2 8−2 6 8 2
4 12
Ex. e são frações equivalentes, pois: SE LIGA!
3 9
Usamos razão para fazer comparação entre
4x=12 →x=3
duas grandezas. Assim, quando dividimos uma
3x=9 →x=3
grandeza pela outra estamos comparando a
4 primeira com a segunda. Enquanto proporção
Ou seja, o numerador e o denominador de
3 é a igualdade entre duas razões.
quando multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao
numerador e denominador da outra fração, logo, elas
são equivalentes e consequentemente, proporcionais.
Matemática e suas Tecnologias

3. (CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016) Dois


amigos decidem fazer um investimento conjunto por
EXERCÍCIOS COMENTADOS um prazo determinado. Um investe R$  9.000 e o outro
R$ 16.000. Ao final do prazo estipulado obtêm um lucro
de R$  2.222 e decidem dividir o lucro de maneira pro-
1. (ENEM - 2012) Há, em virtude da demanda crescen- porcional ao investimento inicial de cada um. Portanto
te de economia de água, equipamentos e utensílios o amigo que investiu a menor quantia obtém com o in-
como, por exemplo, as bacias sanitárias ecológicas, vestimento um lucro:
que utilizam 6 litros de água por descarga em vez dos
15 litros utilizados por bacias sanitárias não ecológicas, a) Maior que R$ 810,00
conforme dados da Associação Brasileira de Normas b) Maior que R$ 805,00 e menor que R$ 810,00
Técnicas (ABNT). c) Maior que R$ 800,00 e menor que R$ 805,00
Qual será a economia diária de água obtida por meio d) Maior que R$ 795,00 e menor que R$ 800,00
da substituição de uma bacia sanitária não ecológica, e) Menor que R$ 795,00
que gasta cerca de 60 litros por dia com a descarga,
por uma bacia sanitária ecológica?  Resposta Letra e. Ambos aplicaram R$ 9000,00+R$
16000,00=R$ 25000,00 e o lucro de R$ 2222,00 foi sobre
a) 24 litros este valor. Assim, constrói-se uma proporção entre o
b) 36 litros valor aplicado (neste caso, R$ 9000,00 , pois o exercí-
c) 40 litros cio quer o lucro de quem aplicou menos) e seu res-
d) 42 litros pectivo lucro:
e) 50 litros
9000 25000
Resposta: Letra b. Se x for o número de litros de água = → 25x = 18998 → x = R$ 759,92
x 2222
despejadas pela bacia ecológica, tem-se que:

Então, a economia de água foi de (60-24) = 36 litros.


REGRA DE TRÊS SIMPLES

15 6
= → 15x = 6 � 60 → 15x = 360 Os problemas que envolvem duas grandezas direta- 25
60 x
mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
360 vidos através de um processo prático, chamado regra
Logo: x = = 24 litros.
15 de três simples.

2. (VUNESP – MODIFICADA - 2018) O estado de Tocan- Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos
tins ocupa uma área aproximada de 278.500 km². De litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
acordo com o Censo/2000 o Tocantins tinha uma popu-
lação de aproximadamente 1.156.000 habitantes. Qual Solução:
é a densidade demográfica do estado de Tocantins?
O problema envolve duas grandezas: distância e li-
a) 4,00 hab/km² tros de álcool.
b) 4,05 hab/km² Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
c) 4,10 hab/km² consumido.
d) 4,15 hab/km² Coloquemos as grandezas de mesma espécie em
e) 4,25 hab/km² uma mesma coluna e as grandezas de espécies dife-
rentes que se correspondem em uma mesma linha:

Resposta: Letra d. A densidade demográfica é defini- Distância (km) Litros de álcool


da como a razão entre o número de habitantes e a 180 15
área ocupada: 210 x

Na coluna em que aparece a variável x (“litros de


1 156 000 hab. álcool”), vamos colocar uma flecha:
d= = 4,15 hab ⁄k m²
278 500 km²
Matemática e suas Tecnologias

Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se
de álcool também duplica. Então, as grandezas distân- na coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrá-
cia e litros de álcool são diretamente proporcionais. No rio ao da flecha da coluna “tempo”:
esquema que estamos montando, indicamos esse fato
colocando uma flecha na coluna “distância” no mes-
mo sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:

Na montagem da proporção devemos seguir o sen-


tido das flechas. Assim, temos:

Armando a proporção pela orientação das flechas,


temos:

Resposta: Farei esse percurso em 3 h.

Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. REGRA DE TRÊS COMPOSTA

SE LIGA! O processo usado para resolver problemas que en-


26 Procure manter essa linha de raciocínio nos volvem mais de duas grandezas, diretamente ou inver-
diversos problemas que envolvem regra de samente proporcionais, é chamado regra de três com-
três simples ! Identifique as variáveis, verifique posta.
qual é a relação de proporcionalidade e siga
este exemplo ! Ex: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em
quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produzi-
riam 300 dessas peças?
Ex: Viajando de automóvel, à velocidade de 60 Solução: Indiquemos o número de dias por x. Colo-
km/h, eu gastaria 4 h para fazer certo percurso. Aumen- quemos as grandezas de mesma espécie em uma só
tando a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
farei esse percurso? correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
Solução: Indicando por x o número de horas e colo- aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha:
cando as grandezas de mesma espécie em uma mes-
ma coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha, temos:

Velocidade (km/h) Tempo (h)


60 4 Comparemos cada grandeza com aquela em que
80 x está o x.

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), As grandezas peças e dias são diretamente propor-
vamos colocar uma flecha: cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan-
do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido
Velocidade (km/h) Tempo (h) da flecha da coluna “dias”:
60 4
80 x

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo


fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
velocidade e tempo são inversamente proporcionais.
Matemática e suas Tecnologias

As grandezas máquinas e dias são inversamente proporcionais (duplicando o número de máquinas, o número de
dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma flecha no
sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:

4
Agora vamos montar a proporção, igualando a razão que contém o x, que é , com o produto das outras razões,
x
obtidas segundo a orientação das flechas 6 � 160 :
8 300

4 2 4�5
= → x =
x 5 → 2x = 4 � 5 2 → x = 10

Resposta: Em 10 dias.

#FicaDica
Repare que a regra de três composta, embora tenha formulação próxima à regra de três simples, é
conceitualmente distinta devido à presença de mais de duas grandezas proporcionais.

EXERCÍCIOS COMENTADOS 27
1. (ENEM 2017) A baixa procura por carne bovina e o aumento de oferta de animais para abate fizeram com que
o preço da arroba do boi apresentasse queda para o consumidor. No ano de 2012, o preço da arroba do boi caiu
de R$ 100,00 para R$ 93,00.
Disponível em: www.diariodemarilia.com.br. Acesso em: 14 ago. 2012.

Com o mesmo valor destinado à aquisição de carne, em termos de perda ou ganho, o consumidor

a) ganhou 6,5% em poder aquisitivo de carne.


b) ganhou 7% em poder aquisitivo de carne.
c) ganhou 7,5% em poder aquisitivo de carne.
d) perdeu 7% em poder aquisitivo de carne.
e) perdeu 7,5% em poder aquisitivo de carne.

Resposta: Letra c. O consumidor poderá comprar (100 – 93)/93 = 0,0753 = 7,53%

2. (FUMARC 2016) Dona Geralda comprou 4 m de tecido importado a R$ 12,00 o metro linear. No entanto, o metro
linear do lojista media 2 cm a mais. A quantia que o lojista deixou de ganhar com a venda do tecido foi:

a) R$ 0,69
b) R$ 0,96
c) R$ 1,08
d) R$ 1,20

Resposta: Letra b. As grandezas (comprimento e preço) são diretamente proporcionais. Assim, a regra de três é
direta: 1∙x=0,02 ∙ 12→x=R$ 0,24

Note que foi necessário passar 2 cm para metros, para que as unidades de comprimento fiquei iguais. Assim, cada
2 cm custaram R$ 0,24 para o vendedor. Como ele vendeu 4 m de tecido, esses 2 cm não foram considerados
quatro vezes. Assim, ele deixou de ganhar 4∙0,24=R$ 0,96
Matemática e suas Tecnologias

3. (VUNESP 2014) Quarenta digitadores preenchem 2 400 formulários de 12 linhas, em 2,5 horas. Para preencher 5 616
formulários de 18 linhas, em 3 horas, e admitindo-se que o ritmo de trabalho dos digitadores seja o mesmo, o número
de digitadores necessários será

a) 105
b) 117
c) 123
d) 131
e) 149

Resposta: Letra b. A tabela com os dados do enunciado fica:

Digitadores Formulários Linhas Horas


40 2400 12 2,5
x 5616 18 3

Comparando-se as grandezas duas a duas, nota-se que:


Digitadores e formulários são diretamente proporcionais, pois se o número de digitadores aumenta, a quantidade
de formulários que pode ser digitada também aumenta.
Digitadores e linhas são diretamente proporcionais, pois se a quantidade de digitadores aumenta, o número de
linhas que pode ser digitado também aumenta.
Digitadores e horas são inversamente proporcionais, pois se o número de horas trabalhadas aumenta, então são
necessários menos digitadores para o serviço e, portanto, a quantidade de digitadores diminui.
A regra de três fica:

40 2400 12 3 40 86400
x
= 5616 � 18 � 2,5 → x
= 252720 → 86400x = 10108800 → x = 117 digitadores

28
SISTEMAS DE UNIDADES DE MEDIDAS

O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser
gigantesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.

MEDIDAS DE COMPRIMENTO
A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir di-
mensões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou
dividir), utiliza-se a regra do , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você
andou para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir
exemplificam as conversões:

Exemplo 1: Conversão de 2,3 metros para centímetros


Matemática e suas Tecnologias

Exemplo 2: Conversão de 125 000 mm para decâmetro:

29

MEDIDAS DE ÁREA (SUPERFÍCIE)


As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se
a regra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica ou
divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Exemplo 3: Conversão de 2 km² para m²


Matemática e suas Tecnologias

Exemplo 4: Conversão de 20 mm² para cm²

30

MEDIDAS DE VOLUME(CAPACIDADE)
As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é
o metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que utiliza-se o número de casas
que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou divide segue a mesma regra: Andou para a
direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
Matemática e suas Tecnologias

Exemplo 5: Conversão de 3,7 m³ para cm³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

Exemplo 6: Conversão de 50000 dm³ para m³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

31

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

kL hL dal³ ml³ dl³ cl³ ml³


(quilolitro) (hectolitro) (decalitro) (litro) (decilitro) (centilitro) (mililitro)

Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores.
A diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por
10 (igual para unidades de comprimento).

MEDIDAS DE MASSA
As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g)
e suas seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:

kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)
Matemática e suas Tecnologias

Os passos para conversão de unidades segue o


mesm
o das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do EXERCÍCIOS COMENTADOS
, multiplicando se caminha para a direita e divide quan-
do caminha para a esquerda. 1. (ENEM 2011) O medidor de energia elétrica de uma
residência, conhecido por “relógio de luz”, é constituído
SE LIGA! de quatro pequenos relógios, cujos sentidos de rotação
Outras unidades importantes: estão indicados conforme a figura:
Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada
vale 1000 kg.
Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro
cúbico (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³.
Área: O hectare (ha) que vale 1 hectômetro
quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, (varia
de região para região e normalmente a
conversão desejada é dada na prova).

MEDIDAS DE TEMPO
A medida é expressa em kWh. O número obtido na lei-
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que tura é composto por 4 algarismos. Cada posição do nú-
mede intervalos de tempo, é o mais conhecido. mero é formada pelo último algarismo ultrapassado pelo
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s ponteiro.

Para passar de uma unidade para a menor seguinte, O número obtido pela leitura em kWh, na imagem, é 
multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 a) 2 614.
décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se b) 3 624.
que 0,3h = 18min. c) 2 715.
d) 3 725.
32 Para medir ângulos, também temos um sistema não e) 4 162.
decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na as-
tronomia, na cartografia e na navegação são necessá- Resposta: Letra a. Basta notar que o “relógio de luz”
rias medidas inferiores a 1º. Temos, então: funciona como um relógio comum independente do
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) sentido de rotação. Depois basta fazer a composição
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) das classes de algarismos, baseada nas ilustrações.

Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é cla- Então:


ro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Há • Milhar = 2
uma coincidência de nomes, mas até os símbolos que • Centena = 6
os indicam são diferentes: • Dezena = 1
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante • Unidade = 4
do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. Compondo todos os fatores, resulta que o consumo
foi de 2614 kWh.

2. (NOVA 2017) Raquel saiu de casa às 13h 45min, ca-


#FicaDica minhando até o curso de inglês que fica a 15 minutos
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora de sua casa, e chegou na hora da aula cuja duração é
– minuto – segundo são similares a cálculos de uma hora e meia. A que horas terminará a aula de
no sistema grau – minuto – segundo, embora inglês?
esses sistemas correspondam a grandezas
distintas. a) 14h
b) 14h 30min
c) 15h 15min
d) 15h 30min
e) 15h 45min
Matemática e suas Tecnologias

Resposta: Letra d. Aplicando a regra 5, simplifica-se as expressões em


ambos os membros. Simplificar significa “juntar” todos os
Basta somarmos todos os valores mencionados no termos com incógnitas em um único termo no 1º mem-
enunciado do teste, ou seja: bro e fazer o mesmo com todos os temos que conte-
13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min nham somente números no 2º membro: 3x=12

Aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º mem-


bro. Para isso, divide-se ambos os lados da equação por
EQUAÇÃO DO 1º GRAU 3, fazendo com que no 1º membro reste apenas :

Uma equação é uma igualdade na qual uma ou


mais variáveis, conhecidas por incógnitas, são desco-
nhecidas. Resolver uma equação significa encontrar
o valor das incógnitas. Equações do primeiro grau são
equações onde há somente uma incógnita a ser encon- 2x
trada e seu expoente é igual a 1. A forma geral de uma Exemplo: Resolva a equação 3 + 2 x − 4 = x + 1
equação do primeiro grau é: ax+b=0
Aplicando a regra 1, eliminam-se os parênteses. Para
Onde e são números reais. isso, aplica-se a distributiva no termo com parênteses:

O “lado esquerdo” da equação é denominado 1º 2x


+ 2x − 8 = x + 1
membro enquanto o “lado direito” é denominado 2º 3
membro.
Aplicando a regra 2, igualam-se os denominadores
de todos os termos. Nessa equação, o denominador co-
#FicaDica mum é “3”:
Para resolver uma equação do primeiro grau,
costuma-se concentrar todos os termos que 2x 6x 24 3x 3
+ − = +
contenham incógnitas no 1º membro e todos 3 3 3 3 3
os termos que contenham somente números 33
no 2º membro.
Como há o mesmo denominador em todos os ter-
mos, eles podem ser “cortados”: 2x+6x-24=3x+3
Há diversas formas de equações do primeiro grau
Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “” para o 1º
e a seguir serão apresentados alguns deles. Antes, há
membro: 2x+6x-3x-24=3
uma lista de “regras” para a solução de equações do
primeiro grau:
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “” para o 2º
membro: 2x+6x-3x=24+3
Regra 1 – Eliminar os parênteses
Regra 2 – Igualar os denominadores de todos os ter- Aplicando a regra 5, simplificam-se as expressões em
mos caso haja frações ambos os membros: 5x=27
Regra 3 – Transferir todos os termos que contenham
incógnitas para o 1º membro Por fim, aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º
Regra 4 – Transferir todos os termos que contenham
membro: x =
27 27
somente números para o 2º membro →S =
Regra 5 – Simplificar as expressões em ambos os 5 5
membros
Regra 5 – Isolar a incógnita no 1º membro
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
Exemplo: Resolva a equação 5x-4=2x+8

As regras 1 e 2 não se aplicam pois não há parênte- Equações do segundo grau são equações nas quais
ses, nem frações. Aplicando a regra 3, transfere-se o ter- o maior expoente de é igual a 2. Sua forma geral é
mo “” para o 1º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo expressa por: ax2+bx+c=0
no 1º membro com o sinal trocado: 5x-4-2x=8
Onde a,b e c e são números reais e a≠0. Os números
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “” para o 2º a, b e c são chamados coeficientes da equação:
membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º membro - a é sempre o coeficiente do termo em X2 .
com o sinal trocado: 5x-2x=8+4 - b é sempre o coeficiente do termo em X.
- c é sempre o coeficiente ou termo independente.
Matemática e suas Tecnologias

EQUAÇÃO COMPLETA E INCOMPLETA: Observações importantes:


- Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz • Para utilizar a Fórmula de Bhaskara a equa-
completa. ção deve estar obrigatoriamente no formato
ax2+bx+c=0. Caso não esteja, é necessário colo-
Exemplos: car a equação nesse formato para, em seguida,
5x2 – 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5,b aplicar a fórmula!
= – 8,c = 3). • Quando b=0 diz-se que as raízes das equações
y2 + 12y + 20 = 0 é uma equação completa (a = 1,b são simétricas.
= 12,c = 20.
As regras para solução de uma equação do 2º grau
Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º são as seguintes:
grau se diz incompleta. Regra 1 – Identificar os números e
Regra 2 – Calcular o discriminante
Exemplos : Regra 3 – Caso o discriminante não seja negativo, uti-
x2 – 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1,b = 0 lizar a Fórmula de Bhaskara
e c = – 81).
10t2 +2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10,b = Exemplo: Resolva a equação
2 e c = 0). Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-1 e c=-6
5y2 = 0 é uma equação incompleta (a = 5,b = 0 e c = 0). Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
Δ=b^2-4∙a∙c=(-1)2-4∙1∙(-6)=1+24=25
Todas essas equações estão escritas na forma ax2 +
bx + c = 0 , que é denominada forma normal ou forma Como o discriminante não é negativo, aplica-se a
reduzida de uma equação do 2º grau com uma incóg- regra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bhaskara:
nita.
Há, porém, algumas equações do 2º grau que não 1 +5 6
estão escritas na forma ax2 + bx + c = 0 ; por meio de −b ± Δ − −1 ± 25 1 ± 5 = =3
x= = = = 2 2
transformações convenientes, em que aplicamos o prin- 2a 2 ×1 2 1 −5 −4
cípio aditivo para reduzi-las a essa forma. = = −2
2 2
Ex:
34 Dada a equação: 2x2 – 7x + 4 = 1 – x^2, vamos escre- Assim, S={-2,3}
vê-la na forma normal ou reduzida.
2x2 – 7x + 4 – 1 + x2 = 0 Exemplo: Resolva a equação x2-4x+4=0
2x2 + x2 – 7x + 4 – 1 = 0 Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-4 e c=4
3x2 – 7x + 3 = 0 Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante: Δ=b-
2
-4∙a∙c=(-4)2-4∙1∙4=16-16=0
RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU: FÓRMULA DE
BHASKARA Como o discriminante não é negativo, aplica-se a
regra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bhaskara:
Para encontras as soluções de equações do segun-
do grau, é necessário conhecer seu discriminante, re- −b ± Δ − −4 ± 0 4 ± 0 4
presentado pela letra grega Δ (delta). x= = = = =2
2a 2×1 2 2
Δ=b2 - 4∙a∙c Assim, S={2}
Note que, como o discriminante é nulo, a equação
possui duas raízes reais e idênticas iguais a 2.
SE LIGA!
O discriminante fornece importantes Exemplo: Resolva a equação x2+2x+3=0
informações de uma equação do 2ª grau: Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=2 e c=3
Se Δ>0→ A equação possui duas raízes reais Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
e distintas Δ=b2-4∙a∙c=(2)2-4∙1∙3=4-12=-8
Se Δ=0→ A equação possui duas raízes reais
e idênticas Como o discriminante é negativo, a equação não
Se Δ<0→ A equação não possui raízes reais possui raízes reais.
Assim, S=∅ (solução vazia).

A solução é dada pela Fórmula de Bhaskara:


−b± Δ válida para os casos onde Δ>0 ou Δ=0.
x= 2a
,
Matemática e suas Tecnologias

Resolução: Letra d. De acordo com o enunciado, te-

EXERCÍCIOS COMENTADOS mos a equação T t = −


t2
4
+ 400 e a informação

1. (ENEM 2009) Um grupo de 50 pessoas fez um orçamen- de que o forno só pode ser aberto quando T = 39.
to inicial para organizar uma festa, que seria dividido en-
Vamos igualar a equação a esse valor:
tre elas em cotas iguais. Verificou-se ao final que, para
arcar com todas as despesas, faltavam R$ 510,00, e que
t2
5 novas pessoas haviam ingressado no grupo. No acerto 39 = − + 400
foi decidido que a despesa total seria dividida em partes 4
iguais pelas 55 pessoas. Quem não havia ainda contri-
Novamente, para facilitar os cálculos, multiplicare-
buído pagaria a sua parte, e cada uma das 50 pessoas
mos toda a equação por 4:
do grupo inicial deveria contribuir com mais R$ 7,00.
De acordo com essas informações, qual foi o valor da
cota calculada no acerto final para cada uma das 55 – t² + 1600 = 156
pessoas? – t² = – 1444

a) R$ 14,00. Multiplicando toda a equação por  (– 1), teremos a


b) R$ 17,00. seguinte equação do 2° grau incompleta:
c) R$ 22,00. t² = 1444
d) R$ 32,00. 𝑡 = 1444
e) R$ 57,00. t = ± 38

Resolução: Letra d. De acordo com o enunciado da Como estamos procurando um valor para o “tempo”,
questão, 50 pessoas já haviam pagado sua parte da podemos desconsiderar a resposta negativa. Portan-
despesa total, por isso não consideraremos o valor to- to, t = 38 minutos.
tal para elas, apenas o valor de R$ 7,00 adicional, que
deverá ser multiplicado por 50 pessoas. Além desse
pessoal, outros cinco juntaram-se ao grupo e preci- EXPRESSÕES ALGÉBRICAS
sam pagar sua parte, um valor que não conhecemos
e, portanto, podemos identificar como  x. Somando-
-se o valor que essas pessoas pagarão ao valor acres- DEFINIÇÕES 35
centado ao restante do grupo, teremos um recolhi-
mento de R$ 510,00. Podemos então montar uma Expressões Algébricas: São aquelas que contêm nú-
equação do 1° grau: meros e letras.
Ex: 2ax² + bx
(50 · 7) + (5 · x) = 510
350 + 5x = 510 Variáveis: São as letras das expressões algébricas
5x = 510 – 350 que representam um número real e que de princípio
5x = 160 não possuem um valor definido.
x = 32
Valor numérico: É o número que obtemos substituindo
Portanto, cada um pagou o valor total de R$ 32,00. as variáveis por números e efetuamos suas operações.
Ex: Sendo x=1 e y=2, calcule o valor numérico (VN)
2. (ENEM 2013) A temperatura T de um forno (em graus da expressão:
centígrados) é reduzida por um sistema a partir do ins-
Substituindo os valores: : x² + y → 1² + 2 = 3. Portanto
tante de seu desligamento (t = 0) e varia de acordo com
o valor numérico da expressão é 3.
t2
a expressão T t = − 4 + 400 com t em minutos. Por moti-
Monômio: Os números e letras estão ligados apenas
vos de segurança, a trava do forno só é liberada para por produtos.
abertura quando o forno atinge a temperatura de 39 Ex: 4x
ºC. Qual o tempo mínimo de espera, em minutos, após
Polinômio: É a soma ou subtração de dois ou mais
se desligar o forno, para que a porta possa ser aberta? monômios.  
Ex: 4x+2y
a) 19,0.
b) 19,8. Termos semelhantes: São aqueles que possuem par-
c) 20,0. tes literais iguais (variáveis)
d) 38,0. Ex: 2x³y²z e 3x³y²z são termos semelhantes pois pos-
e) 39,0. suem a mesma parte literal (x3y2z).
Matemática e suas Tecnologias

ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE MONÔMIOS POTENCIAÇÃO DE MONÔMIOS

Na potenciação de monômios devemos novamente


SE LIGA! utilizar uma propriedade da potenciação:
Só podemos efetuar a adição e subtração I - (ab)m = am bm
de monômios entre termos semelhantes. E II - (am )n = a(m∙n )
quando os termos envolvidos na operação de
adição ou subtração não forem semelhantes, Exemplo: (-5x2 b6 )2
deixamos apenas a operação indicada.
Aplicando as propriedades:
(-5x2 b6 )2= (-5)2∙(x2 )2∙(b6)2
Exemplo: Dado os termos 5xy², 20xy², como os dois (-5x2 b6 )2=+25x4 b12
termos são semelhantes, é possível efetuar a adição e a
subtração deles: 5xy² + 20xy²=25xy^2 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE EXPRESSÕES ALGÉBRICAS

Exemplo: Já para 5xy² - 20xy² devemos subtrair ape- Para determinarmos a soma ou subtração de expressões
nas os coeficientes e conservar a parte literal. 5xy²- algébricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
20xy^2=-15xy^2 Exemplo: 2x³y²z + 3x³y²z = 5x³y²z
Exemplo: 2a²b - 3a²b = -a²b
MULTIPLICAÇÃO DE MONÔMIOS
MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE EXPRESSÕES ALGÉBRICAS
Para multiplicarmos monômios não é necessário que
eles sejam semelhantes, basta multiplicarmos coeficien- Na multiplicação e divisão de expressões algébricas,
devemos usar a propriedade distributiva.
te com coeficiente e parte literal com parte literal. Sen-
do que quando multiplicamos as partes literais devemos
Exemplo: a (x + y) = ax + ay
usar a propriedade da potência que diz: am ∙ a^n = a(m+n)
Exemplo: (a + b)∙(x + y) = ax + ay + bx + by
(bases iguais na multiplicação, repetimos a base e so-
Exemplo: x(x² + y) = x³ + xy
mamos os expoentes).

Exemplo: (3a²b)∙(- 5ab³) #FicaDica


36
Na multiplicação dos dois monômios, devemos mul- Para multiplicarmos potências de mesma base,
tiplicar os coeficientes 3 e -5 e na parte literal multipli- conservamos a base e somamos os expoentes.
camos os termos que contém a mesma base para que
possamos usar a propriedade de soma dos expoentes:
(3a2 b)∙(- 5ab3 )=3∙(-5)∙(a2∙a)∙(b∙b3) Na divisão de potências devemos conservar a base
(3a2 b)∙(- 5ab3 )=-15∙(a(2+1) )∙(b(1+3)) e subtrair os expoentes
(3a2 b)∙(- 5ab3 )=-15 a3 b4
2
Exemplo: 4x = 2x
2x
DIVISÃO DE MONÔMIOS
6x 3 − 8x
Exemplo: = 3x² − 4
Para dividirmos os monômios não é necessário que 2x
eles sejam semelhantes, basta dividirmos coeficiente
com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo x 4 − 5x 3 + 9x 2 − 7x + 2
Exemplo:
que quando dividirmos as partes literais devemos usar a x 2 − 2x + 1
propriedade da potência que diz: am∶an = a(m-n) (bases
iguais na divisão repetimos a base e diminuímos os ex- Neste exemplo mais sofisticado, devemos usar a divi-
poentes), sendo que a ≠ 0. são por chaves:
Exemplo: (-20x²y³)∶ (- 4xy³)

Na divisão dos dois monômios, devemos dividir os


coeficientes -20 e -4 e na parte literal dividirmos os ter-
mos que contém a mesma base para que possamos
usar a propriedade am∶an = a(m-n)

(-20x2 y3 ): (- 4xy3 )=(-20):(-4)∙(x2:x)∙(y3:y3)


(-20x2 y3 ): (- 4xy3 )=+5(x(2-1) )∙(y(3-3))
(-20x2 y3 ): (- 4xy3 )=+5(x1 )∙(y0)
(-20x2 y3 ): (- 4xy3 )=+5x
Matemática e suas Tecnologias

Nestas condições, a área perdida do forro, após a pri-


meira lavagem, será expressa por
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 2xy
1.(ENEM 2016) Uma empresa europeia construiu um b) 15 − 3x
avião solar, como na figura, objetivando dar uma volta c) 15 − 5y
ao mundo utilizando somente energia solar. O avião so- d) −5y − 3x
lar tem comprimento AB igual a 20 m e uma envergadu- e) 5y + 3x − xy
ra de asas CD igual a 60 m.
Resposta: Letra e. Para calcular a área perdida AP (
faz-se a diferença entre a área antes da lavagem
A1, pela área depois da lavagem A2. Logo:

A1=5 ∙3=15
A2=(5-x)(3-y)=15-5y-3x+xy
A_P=15-(15-5y-3x+xy)=5y+3x-xy

FATORAÇÃO

DEFINIÇÃO DE FATORAÇÃO
Para uma feira de ciências, uma equipe de alunos fez
uma maquete desse avião. A escala utilizada pelos alu- Fatorar uma expressão algébrica é modificar sua
nos foi de 3 : 400. forma de soma algébrica para um produto entre um
A envergadura CD na referida maquete, em centíme-
fator comum e o restante da expressão. Os conceitos
tro, é igual a
principais da fatoração são os seguintes:
a) Seja equivalente à expressão dada;
a) 5.
b) O resultado deve ser composto por um produto
b) 20.
entre dois ou mais termos ou um produto notável
c) 45. 37
de expressão conhecida.
d) 55.
e) 80.
A modificação de uma expressão algébrica, fre-
quentemente pode simplificar a expressão. Sendo as-
Resposta: Letra c. Esta é uma questão de escala, e
sim, é um artifício matemático para o cálculo de ex-
para esta poderemos utilizar de uma regra de três.
pressões algébricas complexas.
maquete real
3cm ———————————— 400 cm
X ———————————— 6000 cm TIPOS DE FATORAÇÃO

400x = 18000 Fator comum: Devemos reconhecer o fator comum,


x = 18000/400 seja ele numérico, literal ou misto; em seguida coloca-
x = 45 mos em evidência esse fator comum, simplificamos a
expressão deixando em parênteses a soma algébrica.
2.(ENEM 2012) Um forro retangular de tecido traz em sua Observe os exemplos abaixo:
etiqueta a informação de que encolherá após a pri- Exemplo: ax + ay = a ∙(x + y)
meira lavagem mantendo, entretanto, seu formato. A
figura a seguir mostra as medidas originais do forro e o Observe que neste exemplo, os termos algébricos
tamanho do encolhimento (x) no comprimento e (y) na possuem o fator “a” comum e assim pode-se fatorar
largura. A expressão algébrica que representa a área colocando ele em evidência. Em outras palavras, é
do forro após ser lavado é (5 – x) (3 – y). como se você fizesse a operação distributiva no sentido
inverso.
Exemplo: 12x2 y + 4 xy2= 4xy∙(3x + y²)

Aqui, o fator comum é uma expressão algébrica, ou


seja, 4xy. Colocando em evidência, chega-se a forma
fatorada.
Matemática e suas Tecnologias

Agrupamento: Devemos dispor os termos da expressão Soma e Diferença de Cubos: Se efetuarmos o produ-
algébrica de modo que formem dois ou mais grupos entre to do binômio a + b pelo trinômio a² – ab + b², obtemos
os quais haja um fator comum, em seguida, colocar o fator o seguinte desenvolvimento:
comum em evidência. Observe: (a + b)∙(a² – ab + b²) = a³ – a²b + ab² + a²b – ab² + b³
Exemplo: ax + ay + bx + by (a + b)∙(a² - ab + b²) = a³ + b³

Temos nesse caso, a,b,x e y como fatores comuns de


dois em dois termos. Assim, coloca-se a e b em evidência
primeiro: ax + ay + bx + by= a (x + y) +b (x + y) Analogamente, se calcularmos o produto de a – b
por a² + ab + b² , obtemos a³ – b³.
Depois usa o termo (x+y) como fator comum e agru- O que acabamos de desenvolver foram produtos
pam-se as duas expressões: a (x + y) +b (x + y)= (a + b) (x + y) notáveis que nos permitem concluir que, para fatorar-
mos uma soma ou diferença de cubos, basta-nos inver-
Diferença de Quadrados : utilizamos a fatoração pelo ter o processo anteriormente demonstrado.
método de diferença de quadrados sempre que dispuser- a³ + b³ = (a + b)∙(a² - ab + b²)
mos da diferença entre dois monômios cujas literais tenham a³ - b³ = (a - b)∙(a² + ab + b²)
expoentes pares. A fatoração algébrica de tais expressões
é obtida com os seguintes passos:
a) Extraímos as raízes quadradas dos fatores numéri- PRODUTOS NOTÁVEIS
cos de cada monômio;
b) Dividimos por dois os expoentes das literais;
c) Escrevemos a expressão como produto da soma Os produtos notáveis obedecem a leis especiais de
pela diferença dos novos monômios assim obtidos. formação e, por isso, não são efetuados pelas regras
normais da multiplicação de polinômios. Apresentam-
Exemplo: A expressão a2 – b2 é fatorada da seguinte forma: -se em grande número e dão origem a um conjunto de
identidades de grande aplicação.
Raízes quadradas dos fatores numéricos de cada mo-
nômio: a² = a e b² = b
2 SE LIGA!
Dividimos por dois os expoentes das literais; =1 Os produtos notáveis merecem atenção, pois
2
38 seu uso pode facilitar cálculos, reduzir o tempo
Escrevemos a expressão como produto da soma pela de resolução e agiliza o aprendizado. O uso
diferença dos novos monômios: a² – b² = (a1+ b1 )∙(a1–b1 de produtos notáveis não implica dizer que
)=(a+b)∙(a-b) não necessitamos saber o desenvolvimento
do cálculo proposto, apenas que temos mais
Trinômio Quadrado Perfeito: uma expressão algébrica caminhos de resolução à mesma solução.
pode ser identificada como trinômio quadrado perfeito
sempre que resultar do quadrado da soma ou diferença
entre dois monômios. Considere a e b, expressões no conjunto dos núme-
ros reais R, representando polinômios quaisquer, apre-
Exemplo: O trinômio x4 + 4x² + 4 é quadrado perfeito, sentamos a seguir os produtos notáveis.
uma vez que corresponde a (x² + 2)².
Quadrado da Soma de Dois Termos:
Logo, são trinômios quadrados perfeitos todas as expres- (a + b)² = a² + 2ab + b²
sões da forma a² ± 2ab + b² , fatoráveis nas formas seguintes:
a² + 2ab + b² = (a + b)² Quadrado da Diferença de Dois Termos:
a² - 2ab + b² = (a - b)² (a - b)² = a² - 2ab + b²

Trinômio Quadrado da Forma ax²+ bx + c: Supondo sejam Produto da Soma pela Diferença de Dois Termos:
e as raízes reais da equação de segundo grau ax² + bx + c = 0 (a + b) (a – b) = a² - b²
(a ≠ 0), podemos dizer que: ax² + bx + c = a∙(x – x1)∙(x – x2)
Cubo da Soma de Dois Termos:
(a + b)³ = a³ + 3a²b + 3ab² + b³
#FicaDica
Cubo da Diferença de Dois Termos:
Lembre-se de que as raízes de uma equação
(a - b)³ = a³ - 3a²b + 3ab² - b³
de segundo grau podem ser calculadas através
da fórmula de Bháskara: ( x = −b ± ∆ , onde ∆
= b² – 4ac).
2a
Matemática e suas Tecnologias

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (UFPR 2017) Um fazendeiro possui dois terrenos quadrados de a e b sendo a>b. Represente na forma de um pro-
duto notável a diferença das áreas destes quadrados.

a) (a+b)∙(a+b)
b) (a+b)∙(a-b)
c) (a-b)∙(a-b)
d) (a+b)2
e) (a-b)2

Resposta: Letra b. Sendo a área do quadrado o produto dos lados, temos que:

Área terreno 1 = a²
Área terreno 2 = b²

Logo, como a>b a diferença entre as áreas é dada por: a2-b2=(a-b)(a+b)

2. (NUCEPE 2016) Qual o valor de a3 – b³ , sabendo que a e b são números reais inteiros positivos tais que, a – b = 3
e ab² – a²b = -12

a) 62
b) 63
c) 64
d) 65
e) 66

Resposta: Letra b. Afim de resolver esse exercício, vamos usar o Cubo da Diferença de Dois Termos. O qual é es-
crito da forma: (a - b)³ = a³ - 3a²b + 3ab² - b³ 39
Usando as igualdades dadas do exercícios a – b = 3 e ab² – a²b = -12, então: (a – b)3=(3)3 e
a³ - 3a2 b + 3ab2- b3=a3-b3+ 3(ab2 – a2 b)= a3-b3-3(12)
Portanto, a3-b3=3∙(12)+27=36+27= 63.

FUNÇÃO EXPONENCIAL

A função exponencial, como o nome mostra, é uma função onde a variável independente é um expoente: f(x)=a^

SE LIGA!
Com “a” sendo um número real. Possui dois tipos básicos, quando a>1 (crescente) e 0<a<1 (decrescente).

As figuras a seguir apresentam seus respectivos gráficos:

É importante ressaltar que o gráfico da função exponencial (na forma que foi apresentado) não toca o eixo x,
pois a função f(x)=a^x com a>0 é sempre positiva.
Matemática e suas Tecnologias

EQUAÇÕES EXPONENCIAIS Logo,a=2.


Então, a função é y(t)=2(t-1).
As equações exponenciais são funções exponen- Como cresceu 7,5m, o eucalipto chegou a 8 m. Deste
ciais relacionadas a números ou expressões. O princípio modo, faz-se:
fundamental para a resolução das mesmas é lembrar y(t)=8=2(t-1)
que dois expoentes serão iguais se as respectivas bases 2^3=2(t-1)
também forem iguais, sigam os exemplos abaixo: Portanto, t = 4 anos.

Exemplo: Resolva 3x=27


Resolução: Seguindo o princípio que bases iguais terão FUNÇÃO LOGARÍTMICA
expoentes iguais, temos que lembrar que 27=33 , assim:
3x=33
x=3 DEFINIÇÃO DE LOGARITMO
S={3} A definição de logaritmo está diretamente ligada à
potenciação. Sejam dois números reais e positivos e tais
que a e b e que a>0 e b>0 e b≠1, o logaritmo de a na
base b é dado por:
EXERCÍCIO COMENTADO
logb a = x ⇔ b x = a
1. (ENEM 2016) Admita que um tipo de eucalipto tenha
expectativa de crescimento exponencial, nos primeiros onde a é o logaritmando, b é a base e x é o logarit-
anos após seu plantio, modelado pela função , na qual mo. As condições para a e b são as condições de exis-
y representa a altura da planta em metro, t é considera- tência de um logaritmo.
do em ano, e a é uma constante maior que 1. O gráfico
representa a função y. Exemplo:
Calcule: log23
log28=x→2x=8→2x=23→x=3
Assim, log28=3

CONSEQUÊNCIAS DA DEFINIÇÃO
40
A definição de logaritmo traz consequências diretas
que podem (e devem) ser usadas sempre que possível
na resolução de exercícios que envolvem logaritmos.
São elas:
a) logb1=0 (O logaritmo de 1 em qualquer base é
sempre zero)
b) logbb=1 (Quando base e logaritmando são iguais
o logaritmo é unitário)
c) logb a = log b c → a = c (Se dois logaritmos de mesma
base são iguais então os logaritmandos são iguais)
d) b logb a = a (Uma potência de base elevada a um
logaritmo de também na base resulta em a)
Admita ainda que y(0) fornece a altura da muda quan-
do plantada, e deseja-se cortar os eucaliptos quando
#FicaDica
as mudas crescerem 7,5 m após o plantio.
Quando um logaritmo aparecer escrito sem a
O tempo entre a plantação e o corte, em ano, é igual a base (log a) subentende-se que a sua base seja
igual a .
a) 3.
b) 4.
c) 6. PROPRIEDADES DOS LOGARITMOS
d) log27.
e) log215 Em todas as propriedades abaixo, considera-se que
as condições de existência estão atendidas.
Resposta: Letra b.
a) Logaritmo do produto: o logaritmo de um pro-
Se t=0:  duto de dois números é igual à soma dos logaritmos
y(0)=a^0-1)=0,5.
1a=12 logb a � c = log b a + logb c
Matemática e suas Tecnologias

b) Logaritmo do quociente: o logaritmo de um quociente de dois números é igual à diferença dos logaritmos

a
logb = logb a − logb c
c
c) Logaritmo da potência: o logaritmo de uma potência é igual ao produto do expoente dessa potência e
do logaritmo:

logb ac = c � logb a

d) Logaritmo cuja base está elevada a uma potência: o logaritmo cuja base está elevada a uma potência é
igual ao produto do inverso do expoente da base e do logaritmo:

1
log b c a = log a
c b
e) Mudança de base: para mudar a base de um logaritmo na base para um logaritmo na base :

logc a
logb a =
logc b

Exemplo: log3(9.27)=log39 +log327=log332 +log333 =2∙log_33+3∙log33=2+3=5

Exemplo:

1 3 3
log 4 8 = log 22 23 = log2 23 = log 2 2 =
2 2 2

FUNÇÃO LOGARÍTMICA
As funções logarítmicas têm como base o operador matemático log: f(x)=loga x , com a>0,a≠1 e x>0 41

#FicaDica
Observe que há restrições importantes para os valores de (logaritmando) e (base) e será essas restrições
que poderá determinar o conjunto solução das equações logarítmicas.

O gráfico da função logarítmica terá dois formatos, baseado nos possíveis valores de a. Será crescente quando
a>1 e decrescente quando 0<a<1:

EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS

As equações logarítmicas adotarão um princípio semelhante as equações exponenciais. Para se achar o mes-
mo logaritmando, dois logaritmos deverão ter a mesma base ou vice-versa. Ressalta-se apenas que as condições
de existência de um logaritmo devem ser respeitadas. Veja o exemplo:
Matemática e suas Tecnologias

Ex:
Resolva log2 x − 2 = 4
Primeiramente, será importante transformar o número 4 em um log. Como a base do log que contém x é dois,
vamos transformar 4 em um log na base 2 da seguinte forma: log2 16 = 4

Igualando isso a equação:

log2 x − 2 = log2 16

x − 2 = 16
x = 18

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2016) Em 2011, um terremoto de magnitude 9,0 na escala Richter causou um devastador tsunami no Ja-
pão, provocando um alerta na usina nuclear de Fukushima. Em 2013, outro terremoto, de magnitude 7,0 na mesma
escala, sacudiu Sichuan (sudoeste da China), deixando centenas de mortos e milhares de feridos. A magnitude de
2 𝐸
um terremoto na escala Richter pode ser calculada por 𝑀 = log sendo E a energia, em kWh, liberada pelo
3 𝐸0

terremoto e E0 uma constante real positiva. Considere que E1 e E2 representam as energias liberadas nos terremotos
ocorridos no Japão e na China, respectivamente.

Qual a relação entre E1 e E2?


42
a) E1 = E2 + 2
b) E1 = 102∙E2
c) E1 = 103∙E2
d) E1 = 10(9/7)∙E2

e) E
9
1 = �E
7 2

Resposta: Letra c.

E1
9 = ⅔. log E0
Temos que:

27 E1
= log
2 E0

Além disso,

E
7 = ⅔. log E2
0

E2
21⁄2 = log
E0

E1 E1
Subtraindo (1)de (2),tem-se: 3 = log
E2
então,
E2
= 10³

Logo , a relação é: E1 = 10³.E2


Matemática e suas Tecnologias

2. (FUNDEP 2014) O conjunto solução da equação log (4x+2)=log(3x+3) é:

a) S={1}
b) S={2}
c) S={3}
d) S={4}

Resposta: Letra a. Como as bases são iguais, os logaritmandos devem ser iguais. Portanto, pode-se escrever:
4x+2=3x+3→4x-3x=3-2→x=1

FUNÇÃO MODULAR

MÓDULO

As funções modulares são desenvolvidas através de um operador matemático chamado de “Módulo”. Sua definição
está apresentada abaixo:

𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 0
x = �
−𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 0

Sua representação é através de duas barras verticais e lê-se “Módulo de x”.

SE LIGA!
Módulo também conhecido como valor absoluto pode ser entendido como uma distância e por isso |x|<0
não existe para todo x.
43
Exemplo: |3| = 3 e |-3| = 3.

FUNÇÃO MODULAR
𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≥ 0
A função modular, segue a mesma representação, trocando apenas x por f(x): f(x) = �−𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≤ 0

#FicaDica
A representação gráfica será feita através de duas retas, dependendo de como é a forma de f(x).

Abaixo segue alguns exemplos:


Exemplo:
Desenhar o gráfico de f(x)=|x|
Resolução: O gráfico de f(x)=|x| forma uma ponta na origem e segue uma reta espelhada tanto para o sentido
positivo quanto para o negativo:
Matemática e suas Tecnologias

Exemplo:
Desenhar o gráfico de f(x)=|x-a|
Resolução: Quando há um termo subtraindo o valor de x dentro do módulo, o gráfico original acima se desloca,
com a “ponta” se movendo para a coordenada “a”. Seguem os dois casos, para a>0 e a<0 respectivamente:

EQUAÇÕES MODULARES

As equações modulares são funções modulares igualadas a algum número ou expressão. Ela será resolvida
decompondo a mesma em dois casos, com domínios pré-determinados. Este tipo de solução é apresentada no
Exercício Comentado 1, a seguir:

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (NOVA 2017) O conjunto solução da equação |x-3|=7 é:

44 a) S={-4,10}
b) S={-2,10}
c) S={0,10}
d) S={2,10}
e) S={4,10}

Resposta: Letra a.
Conforme foi mencionado, vamos resolver dois casos, usando a definição de módulo:
a) x-3=7 ,para x-3≥0
b) -(x-3)=7 ,para x-3≤0

Resolvendo:
a) x=7+3=10, para x≥3
b) –x+3=7⇔x=-4, para x ≤3

Observe que as duas soluções estão dentro dos domínios pré-estabelecidos, assim: S={-4,10}

2. (FGV 2014) Assinale a única função, dentre as opções seguintes, que pode estar representada no gráfico a seguir: 
Matemática e suas Tecnologias

a) y = 1 – |x – 1|; c) Imagem
b) y = 1 – |x + 1|; A imagem de uma função, ou imagem de f(x), é um
c) y = 1 + |x – 1|; subconjunto do contradomínio que contém apenas os
d) y = 1 + |x + 1|; valores de y que tiveram algum elemento de x associado.
e) y = |x – 1| + |x + 1|. Usando o diagrama esquemático representado an-
teriormente, podemos descrever as 3 definições nele:
Resposta: Letra a. Domínio: Todos os valores de A: f(x):Dom={2,4,7,10}
Pelo gráfico se x = 0 implica em y = 0, se x = 2 implica Contradomínio: Todos os valores de B: f(x):Contra-
em y = 0 e se x = 1 implica em y=1. Analisando o itens Dom= {0,4,8,10,12,16}
acima, verifica-se que essas condições são satisfeitas Imagem: Todos os valores de B que tiveram associa-
se y = 1 – |x – 1|. ção com A: f(x):Imagem={0,4,10,16}

Observe que o elemento “8” do conjunto B não per-


FUNÇÃO DO 1˚ GRAU tence a imagem, pois não há nenhum valor do conjun-
to A associado a ele. Deste modo, verifique que nem
sempre a imagem e o contradomínio terão o mesmo
CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE FUNÇÕES tamanho.

Uma função é uma relação entre dois conjuntos A e FUNÇÃO CRESCENTE


B de modo que cada elemento do conjunto A está as-
sociado a um único elemento de B. Sua representação A função f(x), num determinado intervalo, é crescen-
matemática é bem simples: te se, para quaisquer x_1 e x_2 pertencentes a este inter-
valo, com x_1<x_2, tivermos f(x_1 )<f(x_2 ).
y=f(x):A→B

Onde y são os elementos do conjunto B e x são os


elementos do conjunto A. f(x) é a chamada “função de
x”, que basicamente é uma expressão matemática que
quantifica o valor de y, dado um valor de x. Outra ma-
neira de representarmos uma função é através de um
modelo esquemático: 45

x1<x2→f(x1 )<f(x2 )

FUNÇÃO DECRESCENTE

Função f(x), num determinado intervalo, é decrescente


se, para quaisquer x1 e x2 pertencente a este intervalo, com
x1<x2, tivermos f(x1 )>f(x2 ).

Neste modelo esquemático, temos o conjunto A sen-


do representado a esquerda e o conjunto B sendo repre-
sentado a direita, mostrando a relação de função entre
eles. A partir destas definições, podemos definir 3 concei-
tos fundamentais das funções: Domínio, Contradomínio
e Imagem.

a) Domínio
O domínio da função, ou domínio de f(x), é o conjunto
de todos os valores que podem ser atribuídos a x, ou seja,
todos os elementos do conjunto A.
x1<x2→f(x1 )>f(x2 )
b) Contradomínio
O contradomínio da função, ou contradomínio de ,
são todos os valores possíveis que podem ser atribuídos
a y, ou seja, trata-se do conjunto B,
Matemática e suas Tecnologias

FUNÇÃO CONSTANTE

A função f(x), num determinado intervalo, é constante se, para quaisquer x1<x2, tivermos f(x1 )=f(x2 ).

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

A função f(x) pode ser representada no plano cartesiano, através de um par ordenado (x,y). O lugar geométrico
dos pares ordenados para os quais x∈Dom e y∈Imagem formam, no plano cartesiano, o gráfico da função. Um
exemplo de plano cartesiano é apresentado abaixo:

46

SE LIGA!
A apresentação de uma função por meio de seu gráfico é muito importante, não só na Matemática
como nos diversos ramos dos estudos científicos.

FUNÇÃO DO 1º GRAU

As funções de 1° grau, conhecidas também como funções lineares, são expressões matemáticas onde a variá-
vel independente x possui grau igual a 1 e não está no denominador, em outras palavras, a forma geral de uma
função de primeiro grau é a seguinte: f(x)=ax+b a≠0
Onde “a” e “b” são números reais e são denominados respectivamente de coeficientes angular e linear. Nas
funções de primeiro grau, tanto o domínio, contradomínio e imagem são todos os números reais, uma vez que não
há nenhum tipo de restrição de valor nas mesmas.
Matemática e suas Tecnologias

a) Zeros da Função do 1º grau:


Chama-se zero ou raiz da função do 1º grau y = ax + b o valor de x que anula a função, isto é, o valor de x para
que y seja igual à zero.
Assim, para achar o zero da função y = ax + b, basta resolver a equação ax + b = 0.
Exemplo:
Determinar o zero da função: y = 2x – 4.
2x – 4 = 0
2x = 4

4
x =
2
x=2

O zero da função y = 2x – 4 é 2.

b) Gráfico da Função do 1º Grau


A forma desta função, como o próprio nome diz, será linear ou uma reta, e terá três tipos:

• Crescente: a>0
Quando o coeficiente angular da função for positivo, os valores de y aumentarão quando o valor de x também
aumentar. A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função do valor de b, está abaixo:

47

• Decrescente: a<0
A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função do valor de b, está abaixo:

• Constante: a=0
Algumas referências não tratam a função constante como uma função linear e na teoria, realmente ela não é.
Entretanto, como sua forma também é uma reta e trata-se de um caso específico do valor de a, colocamos nesta
seção para ficar de maneira mais didática ao leitor. A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta,
em função do valor de b, está abaixo:
Matemática e suas Tecnologias

c) Estudo do sinal da função do 1º grau:


Estudar o sinal da função do 1º grau y = ax + b é de-
terminar os valores reais de x para que:
- A função se anule (y = 0);
- A função seja positiva (y > 0);
- A função seja negativa (y < 0).

Exemplo:
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0).

1) Qual o valor de x que anula a função?


y=0
2x – 4 = 0
2x = 4

4 - Para x = 2 temos y = 0;
x =
2 - Para x > 2 temos y > 0;
- Para x < 2 temos y < 0.
x=2

A função se anula para x = 2.


EXERCÍCIO COMENTADO
2) Quais valores de x tornam positiva a função?
y>0
1.(ENEM 2011) O prefeito de uma cidade deseja cons-
2x – 4 > 0
truir uma rodovia para dar acesso a outro município.
2x > 4
Para isso, foi aberta uma licitação na qual concorreram
duas empresas. A primeira cobrou R$ 100 000,00 por km
4 construído (n), acrescidos de um valor fixo de R$ 350
x >
2 000,00, enquanto a segunda cobrou R$ 120 000,00 por
km construído (n), acrescidos de um valor fixo de R$ 150
48 x>2
000,00. As duas empresas apresentam o mesmo padrão
de qualidade dos serviços prestados, mas apenas uma
A função é positiva para todo x real maior que 2.
delas poderá ser contratada.
3) Quais valores de x tornam negativa a função? Do ponto de vista econômico, qual equação possibili-
y<0 taria encontrar a extensão da rodovia que tornaria in-
2x – 4 < 0 diferente para a prefeitura escolher qualquer uma das
2x < 4 propostas apresentadas?

a) 100n + 350 = 120n + 150


4
x < b) 100n + 150 = 120n + 350
2 c) 100(n + 350) = 120(n + 150)
x<2 d) 100(n + 350 000) = 120(n + 150 000)
e) 350(n + 100 000) = 150(n + 120 000)
A função é negativa para todo x real menor que 2.
Resolução: Letra a. Vamos identificar a primeira em-
Podemos também estudar o sinal da função por presa descrita como Empresa A e a segunda como
meio de seu gráfico: Empresa B. Podemos utilizar funções do 1° grau para
descrever o preço cobrado por cada empresa. A
empresa A tem um custo fixo de R$ 350 000,00 e co-
bra
R$ 100 000,00 por km construído (n), então 350000 é o
termo constante e 100000 é o coeficiente da variável
n. A função que representa a empresa A é:
yA = a n + b
yA = 100000n + 350000

Para a empresa B, podemos afirmar que o custo fixo


de R$ 150 000,00 é o termo constante e o valor de R$
120 000,00 por km construído (n) é o coeficiente da
Matemática e suas Tecnologias

variável n. Portanto, a função do preço cobrado pela


empresa B é:
yB = an + b
yB = 120000n + 150000
O valor cobrado pelas duas empresas será o mesmo
quando yA = yB, então, temos:
yA = yB
100000n + 350000 = 120000n + 150000

Dividindo ambos os membros da equação por 1000, a>0 a<0


teremos:
100n + 350 = 120n + 150 COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA

A parábola que representa graficamente a função


do 2º grau apresenta como eixo de simetria uma reta
FUNÇÃO DO 2˚ GRAU vertical que intercepta o gráfico num ponto chamado
de vértice.
As coordenadas do vértice (xV,yV ) são:
DEFINIÇÃO

Chama-se função do 2º grau ou função quadrática toda xV = −


b
e yV = −
Δ

função de em definida por um polinômio do 2º 2a 4a

grau da forma com a , b e c reais e


. O gráfico de uma função do 2º grau é uma parábola.

Exs:

49
ZEROS DA FUNÇÃO DO 2º GRAU
O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está
As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 +
associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada
bx + c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portan-
do vértice (yV).
to, as soluções da equação do 2º grau.
2
ax + bx + c = 0
A resolução de uma equação do 2º grau é feita utili-
zando a fórmula de Bháskara como já visto.

SE LIGA!
As raízes (quando são reais), o vértice e a
intersecção com o eixo y são fundamentais
para traçarmos um esboço do gráfico de uma Exemplo:
função do 2º grau.
Vamos determinar as coordenadas do vértice da pa-
rábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.
CONCAVIDADE DA PARÁBOLA
Cálculo da abscissa do vértice:
No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter
b −8 8
sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada xV = − =− = =4
2a 2�1 2
para baixo (a < 0).

Cálculo da ordenada do vértice:


Substituindo x por 4 na função dada: yV=42-8∙4=15=16-
32=15=-1
Logo, o ponto V, vértice dessa parábola, é dado por
V (4,–1).
Matemática e suas Tecnologias

Observação Importante: Como observado, a ordenada do vértice (yV) pode ser calculada de duas formas dis-
Δ
tintas: substituindo o valor de na função ou usando a fórmula dada anteriormente yV = − . Costuma-se utilizar a
4a
primeira forma (apresentada no exemplo) por exigir menos cálculos e com isso ganha-se tempo na prova. Mas fica
a cargo do aluno qual forma utilizar. Para fins ilustrativos, vamos encontrar o utilizando a fórmula:

Δ = b 2 − 4 � a � c = −8 2
− 4 � 1 � 15 = 64 − 60 = 4
Δ 4 4
yV = − =− = − = −1 que é idêntico (como não poderia deixar de ser) ao valor encontrado
4a 4�1 4
anteriormente.

DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO DO 2º GRAU

O domínio de uma função do 2º grau é o conjunto dos números reais, ou seja Dom = ℝ

Como visto acima, a imagem de uma função do 2º grau está diretamente relacionada à ordenada do vértice (yV).

Para a > 0 → Im = y ∈ ℝ y ≥ yV }
Para a < 0 → Im = y ∈ ℝ y ≤ yV }

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA – DIFERENTES CASOS

Para sabermos a posição e orientação desta parábola, precisaremos além de analisar o sinal do discriminante,
teremos que analisar também o sinal do coeficiente “a”. Vejam os casos:

a) a>0 e Δ>0: Neste caso, teremos a “boca” da parábola apontada para cima, e como temos duas raízes
50 distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza-se pelo ponto de mí-
nimo da mesma. Seguem as representações para duas raízes positivas, uma positiva e outra negativa, e as duas
negativas, respectivamente:

b) a<0 e Δ>0: Neste caso, temos a “boca” da parábola apontada para baixo, e como temos duas raízes
distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza o ponto de máximo
da mesma. Seguem as representações para as duas raízes positivas, uma positiva e outra negativa, e as duas ne-
gativas, respectivamente:
Matemática e suas Tecnologias

c) a>0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue apontada para cima, mas a mesma toca o eixo x
apenas uma vez, já que a raízes são idênticas. Além disso, o vértice desta parábola é exatamente o ponto de tan-
gência, a figura a seguir apresenta os casos para a raiz positiva e negativa respectivamente:

d) a<0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue apontada para baixo, mas a mesma toca o eixo x
apenas uma vez, já que a raízes são idênticas. Além disso, o vértice desta parábola é exatamente o ponto de tan-
gência, a figura a seguir apresenta os casos para a raiz positiva e negativa respectivamente:

51

e) a>0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da parábola
segue para cima e as figuras a seguir apresentam os gráficos para vértices com coordenada x positiva e negativa
respectivamente:

f) a<0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da parábola
segue para baixo e as figuras a seguir apresentam os gráficos para vértices com coordenada x positiva e negativa
respectivamente:
Matemática e suas Tecnologias

VALOR MÁXIMO E VALOR MÍNIMO DA FUNÇÃO DO


(b² – 4 � a � c)
2º GRAU yv = –
4a
- Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem
ordenada mínima. Nesse caso, o vértice é chamado 82– 4 � – 2 � 0
yv = –
ponto de mínimo e a ordenada do vértice é chamada 4� – 2
valor mínimo da função;
- Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem yv = 8
ordenada máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de
máximo e a ordenada do vértice é chamada valor má-
ximo da função. Portanto, a altura máxima atingida pela bola foi de 8
metros.

INEQUAÇÃO DO 1˚ GRAU
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (UFSCAR–SP) Uma bola, ao ser chutada num tiro de INEQUAÇÕES DO 1º GRAU - DEFINIÇÃO


meta por um goleiro, numa partida de futebol, teve sua
trajetória descrita pela equação h(t) = – 2t² + 8t (t ≥0) , Inequação é toda sentença aberta expressa por
onde t é o tempo medido em segundo e h(t) é a altu- uma desigualdade. Ao invés do sinal de igualdade ( =
ra em metros da bola no instante t. Determine, após o ) relacionando duas expressões matemáticas, teremos
os sinais de maior ( > ), menor ( < ), maior ou igual ( ≥ ) ou
chute:
menor ou igual ( ≤ ). Abaixo seguem alguns exemplos:
a) o instante em que a bola retornará ao solo.
x+1>0
b) a altura atingida pela bola.
2x-3≤5
-3x+7<2x+3
Resposta:
x-2≤4x-1
a) Houve dois momentos em que a bola tocou o chão:
o primeiro foi antes de ela ser chutada e o segundo
As inequações acima são do primeiro grau pois o ex-
foi quando ela terminou sua trajetória e retornou para
poente da variável x é igual a 1.
52 o chão. Em ambos os momentos a altura h(t) era igual
a zero, sendo assim:
h(t)= – 2t^2+ 8t SE LIGA!
0 = – 2t^2+ 8t
O método de resolução das inequações de
2t^2– 8t = 0
primeiro grau é o mesmo do método de
2t(t – 4)= 0
equações.
t’ = 0
t’’ – 4 = 0
t’’ = 4 PROPRIEDADES DA DESIGUALDADE
Portanto, o segundo momento em que a bola tocou
no chão foi no instante de quatro segundos. a) Propriedade Aditiva:

b) A altura máxima atingida pela bola é dada pelo Mesmo sentido
vértice da parábola. As coordenadas do seu vértice
podem ser encontradas através de:
b Exemplo: Se 8 > 3, então 8 + 2 > 3 + 2, isto é: 10 > 5
xv = –
2a
Somamos +2 aos dois membros da desigualdade
Δ
yv = –
4a b) Propriedade Multiplicativa:
No caso apresentado, é interessante encontrar ape- Mesmo sentido
nas yv:

Δ Exemplo: Se 8 > 3, então 8∙ 2 > 3 ∙ 2, isto é: 16 > 6.


yv = –
4a

Multiplicamos os dois membros por 2


Matemática e suas Tecnologias

Mudou de sentido Passando o +1 para o lado direito: x>-1

Ou seja, o conjunto solução desta inequação serão


Exemplo: Se 8 > 3, então 8 ∙ (–2) < 3 ∙ (–2), isto é: –16 < –6 todos os valores de x pertencente ao domínio (neste caso,
vamos utilizar todo o conjunto dos números reais) maio-
res que -1, assim a solução fica: S = x ∈ ℝ ⁄ x > −1
Multiplicamos os dois membros por –2
Uma outra maneira é a representação entre colche-
tes, que fica da seguinte forma: S = −1, +∞

SE LIGA! Vamos explicar essa representação. A representa-


Uma desigualdade não muda de sentido ção dos colchetes para fora indica que o número de
quando adicionamos ou subtraímos um dentro não pertence a solução e também representa
mesmo número aos seus dois membros, nem quando há a presença do infinito (seja “mais” ou “me-
quando multiplicamos ou dividimos seus dois nos” infinito). Assim, -1 não está na solução mas é o limite
membros por um mesmo número positivo ou inferior da mesma.
negativo. Resolvendo agora o segundo exemplo, temos que:

2x − 3 ≤ 5
CONJUNTO UNIVERSO
2x ≤ 5 + 3
Toda inequação (assim como toda equação) deve
ser resolvida em um conjunto universo dado. O conjunto
universo () corresponde ao conjunto de todos os valores 2x ≤ 8
possíveis para a varíavel (ou outra incógnita).
8
Vejamos, através do exemplo, a resolução de ine- x≤2
quações do 1º grau.
x≤4
a) x < 5, sendo U = ℕ
53
Os números naturais que tornam a desigualdade ver- Colocando na solução tradicional:
dadeira são: 0, 1, 2, 3 ou 4. Então V = {0, 1, 2, 3, 4}. S = x∈ ℝ ⁄ x ≤ 4
b) x < 5, sendo U = ℤ
Já a solução em colchetes fica:
Todo número inteiro menor que 5 satisfaz a desigual-
dade. Logo, V = {..., –2, –1, 0, 1, 2, 3, 4}.
S = −∞, 4

c) x < 5, sendo U = ℚ Ou seja, neste caso, o colchete é fechado no lado


do número 4 pois ele é o limite superior (todos os valores
Todo número racional menor que 5 é solução da ine- da solução devem ser maiores ou iguais a ele) e nes-
quação dada. Como não é possível representar os infi- te caso, ele também é solução (devido a ser maior ou
nitos números racionais menores que 5 nomeando seus igual e não somente maior), já o limite inferior vai para
elementos, nós o faremos por meio da propriedade que menos infinito e permanece com colchete aberto.
caracteriza seus elementos. Assim:

V = {X ∈ Q|x<5 } EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(FGV 2010). O conjunto de todas as soluções reais da


RESOLUÇÃO DE INEQUAÇÕES DO 1º GRAU inequação 2x + 1 < 3x + 2 é

Como mencionado, a resolução de inequações a) ]-∞, -1[


ocorre de forma similar à de equações. A diferença b) ]-∞, 1[
está na representação do conjunto solução. Para mos- c) ]-1, +∞[
trarmos essa diferença, vamos resolver os dois primeiros d) ]1, +∞[
exemplos apresentados sem U = ℝ e) ]-1, 1[
 
x+1>0
Matemática e suas Tecnologias

Resposta: Letra c. Resolvendo a inequação do primei- a) a>0 e Δ>0: Observe neste tipo de gráfico que os
ro grau: valores de y menores que x1 e maiores que x_]2 possuem
2x + 1 < 3x + 2 y positivo e entre x_1 e x2, y é negativo. Assim, uma repre-
2x – 3x < 2 – 1 sentação na reta real indicará o seguinte:
-x < 1
x > -1

A solução da inequação é o conjunto de números


reais maiores que -1.
Logo, S = ]-1,+∞[. ou

2.(CESGRANRIO 2012) Qual é o menor valor inteiro que


satisfaz a desigualdade apresentada a seguir?
9x + 2(3x – 4) > 11x – 14

a) -2
b) -1
c) 0 SE LIGA!
d) 1 A diferença das duas representações está
e) 2 se a inequação será apenas maior ou menor
  (“bolinha vazia” nas raízes, ou seja, elas não
Resposta: Letra b. Resolvendo a inequação do primei- entrarão no conjunto solução) ou maior ou
ro grau: igual ou menor ou igual (“bolinha cheia” nas
9x + 2(3x – 4) > 11x – 14 raízes, elas entrarão no conjunto solução).
9x + 6x – 8 > 11x – 14
15x – 8 > 11x – 14
15x – 11x > – 14 + 8 Exemplo:
4x > – 6 Resolva a seguinte inequação: x2-3x+2<0
x > -6/4 Resolução: As raízes dessa função de segundo grau são
x > -3/2 1 e 2 (Verifique!). Com isso, temos que Δ>0 e pela expres-
54 são, temos que a>0. Colocando na reta real, temos que
Como -3/2 = -1,5, o menor valor inteiro que satisfaz a
inequação é -1.

INEQUAÇÕES DO 2˚ GRAU
Como desejamos valores menores que zero, as raízes
não entram no conjunto solução (“Bolinha vazia”). As-
sim, os valores possíveis que atendem a inequação são
INEQUAÇÕES DO 2º GRAU - DEFINIÇÃO os valores entre 1 e 2. Pela representação dos colchetes,
temos que: S = 1,2
As inequações de segundo grau seguem exatamen-
te o que foi visto nos diversos tipos de posição que a pa-
rábola pode ter no plano cartesiano. Basicamente uma Ou por outra representação: S = x ∈ ℝ 1 < 𝑥 < 2 }
inequação de segundo grau possui a seguinte forma:
ax2+bx+c >0 b) a<0 e Δ>0: Observe neste tipo de gráfico que os
ax2+bx+c<0 valores de y menores que x1 e maiores que x2 possuem
ax2+bx+c ≥0 y negativo e entre x1 e x2, y é positivo. Assim, uma repre-
ax2+bx+c ≤0 sentação na reta real indicará o seguinte:

ou
FORMAS DA INEQUAÇÃO DO 2º GRAU

Vamos analisar novamente os seis casos possíveis de


combinações de valores de “a” e Δ e verificar o que
ocorre com o sinal de “y”:
Matemática e suas Tecnologias

A diferença das duas representações está se a ine- e) a>0 e Δ<0: Os dois últimos tipos serão os mais
quação será apenas maior ou menor (“bolinha vazia” nas simples. Como a parábola não toca no eixo x, apenas o
raízes, ou seja, elas não entrarão no conjunto solução) ou sinal de “a” determina todo o sinal da parábola, assim,
maior ou igual ou menor ou igual (“bolinha cheia” nas raí- para “a” positivo temos a parábola toda positiva:
zes, elas entrarão no conjunto solução)

Exemplo:
Resolva a seguinte inequação: -x2+5x-4≤0
Resolução: Se você resolver a função do segundo
grau, encontrará como raízes, os números 1 e 4, ou seja, f) a<0 e Δ<0: Como a parábola não toca no eixo x,
Δ>0. Como a<0, temos a seguinte representação na apenas o sinal de “a” determina todo o sinal da parábola,
reta real: assim, para “a” negativo temos a parábola toda negativa:

Como desejamos valores menores ou iguais a zero, te- SE LIGA!


mos como solução, todos os valores abaixo de 1 e todos os Em resumo, para resolver uma inequação,
valores acima de 4. Assim, na representação por colche- inicialmente calculamos os zeros da equação
tes: S = −∞, 1 ∪ 4, +∞ de segundo grau, ou seja, os pontos em que
o gráfico toca o eixo x. Em seguida, sabendo
Ou por outra representação: S = x ∈ ℝ x ≤ 1ou x ≥ 4 } qual a concavidade da parábola e os zeros da
equação, o gráfico pode ser esboçado e a
c) a>0 e Δ=0: Nos casos onde Δ=0, há apenas um análise do sinal pode ser feita.
toque da parábola no eixo x. Assim, o sinal de “a” determi-
na se os valores da parábola serão positivos ou negativos.
No caso de “a” positivo, temos toda a parábola positiva:

EXERCÍCIOS COMENTADOS 55
1.(CESGRANRIO) O conjunto-solução da inequação 9 –
x² > 0 é:

ou a) – 3 > x > 3
b) – 3 < x < 3
c) x = 3
d) x < 3
e) x > 3
 
A única diferença é se a raiz entrará ou não no conjun- Resposta: Letra b. Sabemos que a função f(x) = 9 – x² é
to solução. uma função quadrática, onde a=-1, b=0 e c=9.
Podemos concluir que o gráfico de f é uma parábola
d) a<0 e Δ=0: Nos casos onde Δ=0, há apenas um to- com a concavidade para baixo, pois a<0.
que da parábola no eixo x. Assim, o sinal de “a” determina Vamos agora descobrir as raízes da função f resolven-
se os valores da parábola serão positivos ou negativos. No do a equação:
caso de “a” negativo, temos toda a parábola negativa: 9 – x² = 0
x² = 9
x = ± √9
x=±3

Daí, o conjunto solução da equação é S = {-3, 3}.


ou
O gráfico de f com as informações obtidas é apresen-
tado a seguir.

A única diferença é se a raiz entrará ou não no conjun-


to solução.
Matemática e suas Tecnologias

A última linha já está resolvida. Como foi feito? Anali-


sando o sinal de f(x), nota-se que ela é negativa para x≤-2
enquanto g(x) é positiva nesse mesmo intervalo. Assim, o
Logo, como queremos os valores de x onde produto de sinais (-)∙(+) resulta em (-), que foi colocado na
f(x) > 0, temos que o conjunto solução é: última reta. Seguindo com os produtos, nota-se que para
S = {x ∈ R | − 3 < 𝑥 < 3 } -2≤x≤2, ambas as funções são negativas. Assim, o produ-
to é (-)∙(-) que resulta em (+). Para 2≤x≤3, f(x) é positiva e
g(x), negativa. O produto é dado por (+)∙(-) que resulta em
INEQUAÇÕES PRODUTO E QUOCIENTE (-). Por fim, para x≥3, f(x) e g(x) são positivas e o produto
dos sinais (+)∙(+) resulta em (+). Analisando a última reta
e sabendo do enunciado que deseja-se saber para quais
INEQUAÇÃO PRODUTO valores de x o produto é positivo (≥0), a solução consiste
nos intervalos onde o produto é positivo (tem o sinal de
As inequações produto são inequações nas quais o (+) marcado). Do “varal” nota-se que esses intervalos são:
produto de uma ou mais funções deve ser maior/maior -2≤x≤2 e x≥3. Assim a solução pode ser dada por:
ou igual/menor/menor ou igual a zero. Para resolvê-las
56 é necessário saber resolver equações do 1º e 2º graus. S = x ∈ ℝ − 2 ≤ x ≤ 2 ou x ≥ 3} ou S = [−2,2] ∪ [3, +∞[
O método de solução é simples: estuda-se o sinal de
cada uma das funções envolvidas no produto e depois
realiza-se o produto dos sinais. Vamos aprender a resol- INEQUAÇÃO QUOCIENTE
ver com um exemplo:
As inequações quociente são inequações nas quais
Ex: (x-2)∙(x2-x-6)≥0 o quociente de uma ou mais funções deve ser maior/
maior ou igual/menor/menor ou igual a zero. A manei-
No exemplo acima há duas funções: f(x)=x-2 e ra de resolvê-las é idêntica à das inequações produto,
g(x)=x2-x-6. Como mencionado, vamos analisar o sinal com a diferença de se tratar de um quociente de fun-
de cada uma delas separadamente. Começando ções, muito embora as regras de sinais para produto e
pela função f(x)=x-2 quociente sejam as mesmas.

SE LIGA!
O único cuidado que é necessário nesse tipo de
inequação é com a(s) raiz(es) da(s) função(ões)
Agora, analisa-se o sinal da função g(x)=x2-x-6: que está(ão) no denominador. Elas não poderão
ser parte da solução, pois o denominador nunca
pode ser nulo.

x 2 + x − 20
Ex: ≤0
O último passo é encontrar o sinal do produto dos x +4
sinais das funções. Para isso, é útil montar o chamado
“varal de sinais”. Consiste em colocar as duas retas aci- Antes de iniciar o estudo dos sinais das funções
ma alinhadas e reservar uma reta para o produto das f(x)=x2+x-20 e g(x)=x+4, vamos nos atentar para a raiz do
funções. denominador: x=-4. Isso implica que, embora o sinal da
desigualdade da inequação seja menor ou igual, x não
poderá ser igual a -4.
Matemática e suas Tecnologias

Analisando o sinal de : Resposta: Letra b.

Montando o “varal” de sinais para as inequações e


lembrando que a raiz do denominador não faz parte
da solução: S = x ∈ ℝ x < 1 𝑜𝑢 𝑥 > 2 }

Agora, analisa-se o sinal de

Note que, -4 não é parte da solução, a “bolinha”


nele está aberta. Montando o “varal de sinais”:

Fazendo a análise de sinal chega-se a solução é

TEORIA DOS CONJUNTOS

CONCEITOS BÁSICOS
Como o enunciado pede valores menores ou iguais 57
a zero e considerando que não faz parte da solução, a Conjuntos: Não existe uma definição de conjunto
solução é dada por: pois trata-se de um conceito primitivo. Um cacho de
bananas, um cardume de peixes, uma porção de livros,
S = x ∈ ℝ x ≤ −5 ou − 4 < 𝑥 ≤ 4} ou S =] − ∞, 5] ∪] − 4,4] uma coleção de objetos ou equipes são todos exemplos
de conjuntos.

Note que, nos casos de quocientes, as raízes do de- Elemento: É todo componente de um conjunto. Em
nominador são tão importante quanto as raízes do nu- um cacho de bananas (conjunto), um elemento é uma
merador, pois em torno delas também pode haver mu- banana, por exemplo. Convém frisar que um conjunto
dança de sinal. pode ele mesmo ser elemento de algum outro conjunto

Tipos de Conjuntos

EXERCÍCIO COMENTADO Finito: É todo conjunto que possui um número finito


de elementos. Por exemplo, o conjunto dos números
1. (IDECAN 2016) O conjunto solução da inequação naturais pares e menores do que 10. Esse conjunto é
dado por:
x 2 − 4x + 4
>0 em ℝ é S = {x ∈ ℝ|_________________ } . Assinale 2,4,6,8 e possui 4 elementos.
x 2 − 3x + 2

a alternativa que completa corretamente a afirmativa Infinito: É todo conjunto que possui infinitos elementos.
interior. Por exemplo, o conjunto dos números naturais pares.
Esse conjunto é dado por: 2,4,6,8,10,12, … e possui
a) 1<x<2 infinitos elementos.
b) x<1 ou 2<x
c) x<-1 ou 1<x Unitário: É todo conjunto que possui um único
d) x<-1 ou 2<x elemento. Por exemplo, o conjunto dos números naturais
pares e menores do que 4. Esse conjunto é dado por
2 e possui um único elemento.
Matemática e suas Tecnologias

Vazio: É todo conjunto que não possui elementos. Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjun-
Por exemplo, o conjunto dos números naturais ímpares to de B ou A não é parte de B ou, ainda, A não está
e menores do que 1. Como não existe nenhum número contido em B.
natural ímpar menor do que 1, esse conjunto é vazio. A Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo
representação de um conjunto vazio pode ser feita de menos, um elemento de A que não é elemento de B.
duas formas: ∅ ou { }. Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃x )( ∈ A e ∉ B) ( ∃ =existe)

Representação de Conjuntos Ex:


{2, 4} ⊂ {2, 3, 4} , pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
Os conjuntos podem ser representados de três formas {2, 3, 4} ⊄ {2, 4} , pois 3 ∉ {2, 4}
diferentes: {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6}

Extensão: Nessa forma, o conjunto é nomeado por Igualdade entre Conjuntos


uma letra maiúscula e os elementos são escritos entre
chaves. Por exemplo: A = {1,3,5,7,9}. Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B
e indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto
Graficamente: Os conjuntos são representados por de B e B é também subconjunto de A.
formas geométricas onde os elementos são escritos no Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A
seu interior. Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais equi-
vale, segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B e
B ⊂ A.
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se,
e somente se, possuem os mesmos elementos.
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Por-
tanto A ≠ B se, e somente se, A não é subconjunto de B
ou B não é subconjunto de A.
Simbolicamente: A ≠ B ⇔ A ⊄ B ou B ⊄ A
Compreensão: aqui é indicada uma característica
comum a todos os elementos. Operações
Por exemplo: B = x x é natural e par}.
58 (Lê-se x, tal que x é par). Ou seja, o conjunto B possui União de conjuntos
elementos (representados por x) que são números
naturais pares. A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjun-
to formado por todos os elementos que pertencem a A
Relações ou a B. Representa-se por A ∪ B .
Simbolicamente: A ∪ B = { x |x ∈ A ou x ∈ B}
Pertinência: expressa a relação entre ELEMENTO e
CONJUNTO. É representada pelos símbolos (pertence)
ou (não pertence)

Se x é um elemento de um conjunto A, escrevemos


x∈A
Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.

Se x não é um elemento de um conjunto A,


escreveremos x ∉ A
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A.

Continência: expressa a relação entre CONJUNTOS.


Aqui nasce o conceito de subconjunto. Exs:
2,3 ∪ {4,5,6} = {2,3,4,5,6}
Subconjunto
2,3,4 ∪ {3,4,5} = {2,3,4,5}
Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A
é também elemento de B, dizemos que A é um subcon-
junto de B ou A é a parte de B ou, ainda, A está contido
2,3 ∪ {1,2,3,4} = {1,2,3,4}
em B e indicamos por A ⊂ B.
Simbolicamente: AB ⇔ ( ∀x )( ∈ A ⇒ ∈ B) ( ∀ = para a, b ∪ ∅ = {a, b}
todo)
Matemática e suas Tecnologias

Intersecção de conjuntos Se B ⊂ A, o conjunto A-B é também chamado de


conjunto complementar de B em relação a A, represen-
A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto for- tado por C B
mado por todos os elementos que pertencem, simulta- A
neamente, a A e a B. Simbolicamente: CA B = { x |x ∈ A ou x ∉ B}
Representa-se por A ∩ B .
Simbolicamente: A ∩ B = { x |x ∈ A ou x ∈ B} Exs:

A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}
A – B = {1,3}, CAB = {1,3} e CB A = B – A = ∅

A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4}
A – B = {1}
A = {0, 2, 4} e B = {1 , 3 , 5}
A – B = {0,2,4}

Número de elementos de um conjunto


Exemplos
Sendo X um conjunto com um número finito de ele-
2,3,4 ∩ {3,5} = {3}
mentos, representa-se por o número de elementos de .
Sendo, ainda, e dois conjuntos quaisquer, com número
1,2,3 ∩ {2,3,4} = {2,3} finito de elementos temos:
n(A ∪ B) = n(A) + n(B) − n(A ∩ B)
2,3 ∩ {1,2,3,5} = {2,3}
Se A ∩ B = ∅ → n(A ∪ B) = n(A) + n(B
2,4 ∩ {3,5,7} = ∅ n(A − B) = n(A) − n(A ∩ B)
B ⊂ A ⇒ ( B )∩ B)
n(A − B) = n(A) − n(A 59
Observação: Se A ∩ B = ∅ , dizemos que A e B são
conjuntos disjuntos. Número de Elementos da União e da Intersecção de
Conjuntos

Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura


abaixo, podemos estabelecer uma relação entre os
respectivos números de elementos.

Diferença

A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto


formado por todos os elementos que pertencem a A e
não pertencem a B.
Representa-se por A-B.
Simbolicamente: A- B = { x |x ∈ A ou x ∉ B}
n A ∪ B = n A + n B − n(A ∩ B)

Note que ao subtrairmos os elementos comuns


n A∩B evitamos que eles sejam contados duas vezes.

SE LIGA!
Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se
mesmo um deles estiver contido no outro,
ainda assim a relação dada será verdadeira.
Matemática e suas Tecnologias

Podemos ampliar a relação do número de elementos


para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência. PROGRESSÃO ARITMÉTICA (PA)
Veja o exemplo abaixo:

DEFINIÇÃO

As progressões aritméticas, conhecidas com “PA”,


são sequências de números, que seguem um determi-
nado padrão. Este padrão caracteriza-se pelo termo
seguinte da sequência ser o termo anterior adicionado
de um valor fixo, que chamaremos de constante da PA,
representado pela letra “r”.
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima:
a) S={1,2,3,4,5…} : Esta sequência é caracterizada
por sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja,
trata-se de uma PA com razão . Se , classificaremos com
PA crescente.
n A∪B∪C = n A +n B + n C −n A∩B − b) S={13,11,9,7,5…}: Também podemos ter sequên-
−n A ∩ C − n B ∩ C + n(A ∩ B ∩ C) cias onde ao invés de somar, estaremos subtraindo um
valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte é o termo
anterior subtraído 2, assim, trata-se de uma PA com ra-
zão . Se , classificaremos com PA decrescente.
EXERCÍCIO COMENTADO c) S={4,4,4,4,4…}: Além disso, podemos ter uma se-
quência de valores constantes, nesse caso, é como se
1.(ENEM 2015) Alguns medicamentos para felinos são estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se , classifica-
remos com PA constante.
administrados com base na superfície corporal do ani-
mal. Foi receitado a um felino pesando 3,0 kg um medi-
TERMO GERAL
camento na dosagem diária de 250 mg por metro qua-
drado de superfície corporal. 
Dado esta lógica de formação das progressões arit-
O quadro apresenta a relação entre a massa do felino,
méticas, pode-se definir o que chamamos de “expres-
60 em quilogramas, e a área de sua superfície corporal, em
são do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemá-
metros quadrados.
tica que relaciona dois termos de uma PA com a razão r:

an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ ∗

Onde e são termos quaisquer da PA. Essa expressão


geral pode ser utilizada de 2 formas:

a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-


trar outro termo.
Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3,
qual é o quinto termo?
Temos então a_1=7 e r=3 e queremos achar a_5.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = 1
A dose diária, em miligramas, que esse felino deverá re- e n = 5. Assim:
ceber é de a_n=a_p+(n-p)∙r
a_5=a1+(5-1)∙r
a) 0,624.5 a_5=7+(4)∙3
b) 52,0. a_5=19
c) 156,0.
d) 750,0. Ou seja, o quinto termo desta PA é 19.
e) 1 201,9.
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter
Resposta: Letra b. Temos que a dosagem é de 250 mg a razão da PA.
por m². Além disso, o felino pesa 3kg e tem 0,208 m² de Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será
área. Basta multiplicar um pelo outro 250 x 0,208 = 52. a razão da PA?
Temos então a_3=2 e a_6=-1 e queremos achar r.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
3 e n = 6. Assim
Matemática e suas Tecnologias

a_n=a_p+(n-p)∙r P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa sequên-


a_6=a_3+(6-3)∙r cia finita, dizemos que dois termos são equidistantes dos
-1=2+(3)∙r extremos se a quantidade de termos que precederem
3r=-3 o primeiro deles for igual à quantidade de termos que
r=-1 sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão:

Ou seja, a razão desta PA é -1. (a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ),


− − −

SOMA DOS TERMOS


Temos:
Outro ponto importante de uma progressão arit-
mética é a soma dos termos. Considerando uma PA a2 e an-1 são termos equidistantes dos extremos;
que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos: a3 e an-2 são termos equidistantes dos extremos;
S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to- a4 e an-3 são termos equidistantes dos extremos.
dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
= 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei-
ro e o quinto termo, ou seja: a1=2 e a_5=10. Como você Nota-se que sempre que dois termos são equidistan-
calcularia a soma dos 5 termos? tes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao va-
O jeito que você aprendeu até agora seria obter os lor de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, se os
outros termos e a razão a partir da expressão do termo termos e são equidistantes dos extremos, então:
geral, porém você teria que fazer muitas contas para
chegar ao resultado, gastando tempo. Como a PA se-
gue um padrão, foi possível deduzir uma expressão que p + k = n+1
dependa apenas do primeiro termo e do último:
a1 + an � n SE LIGA!
Sn =
2 Com as considerações anteriores, temos que
numa PA com termos, a soma de dois termos
equidistantes dos extremos é constante e igual
Assim, com a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos calcu-
a soma do primeiro termo com o último termo.
lar a soma:

2 + 10 � 5 12 � 5 60 61
Sn = = = = 30
2 2 2 Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos equi-
distantes dos extremos, teremos, então:
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
para acharmos a soma. ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r
ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r
PROPRIEDADES

P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo Somando as expressões:
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
considerar três termos consecutivos de uma PA sendo ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
do termo geral que:
Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com:
an = an−1 + r
an = an+1 – r ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r
Somando as duas expressões: ap + ak = a1 + an
2an = an−1 + r + an +1 − r
2an = an−1 + an + 1

O que leva a:
an−1 + an + 1
an =
2
Matemática e suas Tecnologias

c) S={-1,-2,-4,-8 ,-16,…}: Esta sequência é caracteri-


zada por sempre multiplicar o termo anterior por uma
EXERCÍCIO COMENTADO constante q=-2. Assim, como os termos subsequentes
são menores, temos outro caso de PG decrescente (ca-
1.(ENEM 2011) O número mensal de passageiros de uma racterizada por a1 < 0 e q > 1 ).
determinada empresa aérea aumentou no ano passa- d) S={1,-4,16,-64,256…}: Esta sequência mostra alter-
do nas seguintes condições: em janeiro foram vendidas nância de sinal entre os termos. A razão neste caso é q=-4
33000 passagens; em fevereiro, 34500; em março, 36000. e quando isto ocorre, definimos como PG alternada. (ca-
Esse padrão de crescimento se mantém para os meses racterizada por q < 0 ).
subsequentes. Quantas passagens foram vendidas por e) S={5,5,5,5,5,5,…}: Esta sequência possui termos
essa empresa em julho do ano passado? constantes e é caracterizada por ter uma razão q=1. Nes-
te caso, é definido o que chamamos de PG constante.
a) 38000
b) 40500 TERMO GERAL
c) 41000 Dado esta lógica de formação das progressões geo-
d) 42000 métricas, podemos também definir a “expressão do ter-
mo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática que re-
e) 48000
laciona dois termos de uma PG com a razão q:
Resposta: Letra d. Podemos construir a seguinte PA: an = ap � qn−p , n ∈ ℕ∗ , q ∈ ℝ
(33000, 34500, 36000,…) de razão r =34500-33000=1500
Onde an e ap são termos quaisquer da PG. Essa ex-
e a_1=33000. Onde o primeiro termo representa a
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
quantidade de passagens do mês de janeiro, o se-
gundo termo a quantidade do mês de fevereiro, o a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
terceiro a quantidade de março, a assim por diante. trar outro termo. Exemplo: O primeiro termo da PG igual a
Como queremos encontrar a quantidade de passa- 5 e a razão é 2, qual é o quarto termo?
gens vendidas no mês de julho (mês 7), queremos Resolução: Temos então a1 = 5 e q = 2 e queremos
encontrar qual é o elemento dessa PA que ocupa a achar a4 . Substituindo na fórmula do termo geral, temos
posição 7, ou seja, queremos encontrar o a_7.
Pela fórmula do termo geral da PA temos: que p = 1 e n = 4. Assim:

62 𝑎7 = 𝑎1 + 𝑛 − 1 𝑟 = 33000 + 7 − 1 � 1500 = 42000 an = ap � qn−p


a4 = a1 � q4−1
a4 = 5 � 23
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (PG)
a4 = 5 � 8 = 40

Ou seja, o quarto termo desta PG é 40.


DEFINIÇÃO
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter a ra-
As progressões geométricas, conhecidas com “PG”, zão da PG. Exemplo: O segundo termo da PG é 3 e o quarto
são sequências de números, como as PA, mas seu pa- é 1/3, qual será a razão da PG, sabendo que q < 0 ?
drão está relacionado com a operação de multiplica-
1
ção e divisão. Ou seja, o termo seguinte de uma PG Resolução: Temos então a2 = 3 e a4 = 3 e que-
é composto pelo termo anterior multiplicado por uma
razão constante, que será chamada de “q”. remos achar q. Substituindo na fórmula do termo geral,
Os exemplos a seguir ilustrarão melhor essas definições: temos que p = 2 e n = 4. Assim:
a) S={2,4,8,16,32…}: Esta sequência é caracterizada por
sempre multiplicar o termo anterior por uma razão constan-
an = ap � qn−p
te, q = 2. Como os termos subsequentes são maiores, te- a4 = a2 � q4−2
mos uma PG crescente (caracterizada por q > 0 ) 1
1 1 1 = 3 � q2
b) S = {9,3,1, 3 , 9 , 27 … }: Esta sequência é caracteri- 3
zada por sempre multiplicar o termo anterior por uma 1
q2 =
razão constante q = 1 , ou seja, estar sendo dividida sem- 9
3
pre por 3. Assim, como os termos subsequentes são me-
nores, temos uma PG decrescente (caracterizada por
a1 > 0 e 0 < q < 1 ).

Como q < 0 , temos que a razão dessa PG é -1/3.


Matemática e suas Tecnologias

SOMA FINITA DOS TERMOS


SE LIGA!
Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a so- A fórmula é bem simples e como na fórmula
matória dos “n” primeiros termos também. Uma fórmula da soma dos “n” primeiros termos, temos
foi deduzida e está apresentada a seguir: dependência apenas do primeiro termo e da
razão.
a1 � qn − 1
Sn =
q−1
Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG:
O ponto interessante desta fórmula é que ela depen-
de apenas da razão e do primeiro termo, sem a necessi- 1 1 1 1 1
dade de obter o termo . Caso você tenha qualquer outro S = {1, , , , , ,…�
termo e a razão q, você obtém primeiramente o primeiro 2 4 8 16 32
termo com a fórmula do termo geral e depois obtém a
soma. O exemplo a seguir ilustra isso: Resolução: Como se trata de uma PG decrescen-
1
Exemplo: Calcule a soma dos quatro primeiros temos te com a1 = 1 e q = 2 , ela atende aos requisitos da
de uma PG, com q = 3 e a2 = 12
soma infinita: Substituindo na fórmula:
Resolução: Para aplicar a fórmula da soma, é neces-
sário obter o primeiro termo da PG. Usando o termo geral a1
(com n=2 e p=1): S∞ =
1−q
an = ap � qn−p
a2 = a1 � q2−1 1
S∞ =
12 = a1 � 31 1
1−
a1 = 4 2

Com o primeiro termo obtido, podemos encontrar a 1


somatória (com n=4): S∞ = =2
1 63
2
a1 qn − 1
Sn =
q−1
Ou seja, a soma dos termos desta PG infinita vale 2.

a1 q4 − 1
S4 =
EXERCÍCIO COMENTADO
q−1

4 34 − 1
S4 = 1.(ENEM 2015) O acréscimo de tecnologias no siste-
3−1 ma produtivo industrial tem por objetivo reduzir custos
e aumentar a produtividade. No primeiro ano de fun-
4 � 343 − 1 cionamento, uma indústria fabricou 8 000 unidades de
S4 = = 2 � 342 = 684
2 um determinado produto. No ano seguinte, investiu em
tecnologia adquirindo novas máquinas e aumentou a
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG é produção em 50%.
igual a 684. Estima-se que esse aumento percentual se repita nos pró-
ximos anos, garantindo um crescimento anual de 50%.
SOMA DA PG INFINITA Considere P a quantidade anual de produtos fabrica-
dos no ano t de funcionamento da indústria.
Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres- Se a estimativa for alcançada, qual é a expressão que
sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG determina o número de unidades produzidas P em fun-
com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, po- ção de t, para t ≥1?
demos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras,
se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1 , po- a) P(t) = 0,5 · t^(-1) + 8 000
demos obter a somar todos eles e obter um valor finito. A b) P(t) = 50 · t^(-1) + 8 000
fórmula da PG infinita é apresentada a seguir: c) P(t) = 4 000 · t^(-1) + 8 000
a1 d) P(t)= 8 000 · (0,5) t^(-1)
S∞ = e) P(t) = 8 000 · (1,5)t^(-1)
1−q
Matemática e suas Tecnologias

Resposta: Letra e. Ex: (1,2,3,4,…)→ Essa sequência pode ser descrita


como sendo: an = n . Ou seja, qualquer termo da se-
O número de unidades produzidas forma uma PG em quência é exatamente o valor de sua posição.
função do tempo decorrido, em que o primeiro termo Ex: (5,8,11,14,…)→ Essa sequência pode ser descrita
é 8000 e a razão é 1,5. Assim, a lei de formação desse como sendo: an = 3n + 2 . Ou seja, qualquer termo da
número de unidades é dada por P(t)= 8 000 · (1,5) t(-1). sequência é o triplo da sua posição somado 2.
Ex: (0,3,8,15,…)→ Essa sequência pode ser descrita
como sendo: an = n2 − 1 . Ou seja, qualquer termo da
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS sequência é o quadrado da sua posição subtraído 1.

Essa expressão de an é definida como expressão do


DEFINIÇÃO termo geral da sequência.

O diário do professor é composto pelos nomes de


seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem
(são escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes EXERCÍCIOS COMENTADOS
(diário) pode ser considerada uma sequência. Os dias
do mês são dispostos no calendário obedecendo a cer-
ta ordem que também é um tipo de sequência. Assim, 1.(FCC-2016 – Modificado) Determine o termo geral an
sequências estão presentes no nosso dia a dia com mais
1 3 5 7
frequência que você pode imaginar. da sequência numérica , , , , … , an
2 4 6 8
A definição formal de sequência é todo conjunto ou
grupo no qual os seus elementos estão escritos em uma
determinada ordem ou padrão. No estudo da matemá-
tica estudamos obviamente, as sequências numéricas. 2n − 1
Ao representarmos uma sequência numérica, deve- Resposta: an =
mos colocar seus elementos entre parênteses. Veja al- 2n
guns exemplos de sequências numéricas:
Ex: (2,4,6,8,10,12,…)→ números pares positivos. Mediante análise dos termos da sequência, nota-se
Ex: (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11...)→ números naturais.
Ex: (10,20,30,40,50...)→ números múltiplos de 10. 2n − 1
que termo geral é an =
64 Ex: (10,15,20,30)→ múltiplos de 5, maiores que 5 e me- 2n
nores que 35.
2. (FCC-2016) A sequência numérica 1/2, 3/4, 5/6, 7/8;...é
Pelos exemplos, observou-se dois tipos básicos de se-
ilimitada e criada seguindo o mesmo padrão lógico. A
quências:
diferença entre o 500º e o 50º termos dessa sequência
Sequência finita: Sequência numérica onde a quan-
é igual a:
tidade dos elementos é finita.
a) 0,9
Sequência infinita: Sequência que seus elementos se-
b) 9
guem ao infinito.
c) 0,009
d) 0,09
REPRESENTAÇÃO
e) 0,0009
Em uma sequência numérica qualquer, o primeiro
termo será representado por uma letra minúscula segui- Resposta: Letra C.
do de sua posição na sequência. Assim, o primeiro ter-
mo é representado por , o segundo termo é , o terceiro Utilizando o termo geral dessa sequência an , facil-
e assim por diante. 2n − 1
mente an = são identificados. Substituindo
2n
SE LIGA! para n=500 e n=50, chega-se ao resultado.
Em uma sequência numérica finita desconhe-
cida, o último elemento (chamado por exem-
plo de n-ésimo termo) é representado por an . CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM


Na matemática, achar uma expressão que possa
descrever a sequência numérica em função da posição
O princípio fundamental da contagem permite
do termo na mesma torna-se conveniente e necessário
quantificar situações ou casos de uma determinada si-
para se usar essa teoria. Os exemplos a seguir exemplifi-
tuação ou evento. Em outras palavras, é uma maneira
cam esse conceito:
sistemática de “contar” a quantidade de “coisas”.
Matemática e suas Tecnologias

A base deste princípio se dá pela separação de ca- Já estamos na casa dos milhões! Para não
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma multi- trabalharmos com valores tão altos, as operações com
plicação de todos estes números é feita para achar a fatoriais são normalmente feitas por último, procurando
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir fazer o maior número de simplificações possíveis.
irá ilustrar isso. Observe este exemplo:
Exemplo: João foi almoçar em um restaurante no
10!
centro da cidade, ao chegar no local, percebeu que Calcule
7!
oferecem 3 tipos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas
diferentes e 5 sobremesas diferentes. De quantas manei- Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
ras distintas ele pode fazer um pedido, pegando apenas separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
1 tipo de cada alimento? muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro. Pela
Resolução: O princípio da contagem depende forte- definição de fatorial, temos o seguinte:
mente de uma organização do problema. A sugestão é
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a
quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos distintos 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
=
(salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer 4 traços: 7! 7 ∙6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1

Observe que o denominador pode ser inteiramente


cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
é uma particularidade interessante e facilitará demais
Agora, preencheremos a quantidade de possibilida- a simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um
des de cada caso: produto de 3 termos:

10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
= = 10 ∙ 9 ∙ 8 = 720
7! 7 ∙6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1

Essa operação é muito mais fácil que calcular os


Finalmente, multiplicamos os números: fatoriais desde o começo!
Agora que sabemos o que é fatorial e como
simplificá-lo, podemos passar para os casos particulares
de contagem: Permutações, Combinações e Arranjos.
65

Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se PERMUTAÇÕES


montar um prato.
As permutações são definidas como situações onde
FATORIAL o número de elementos é igual ao número de posições
que podemos colocá-los. Considere o exemplo onde
Antes de definirmos casos particulares de contagem, temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber
iremos definir uma operação matemática que será de quantas maneiras diferentes podemos posicionar
utilizada nas próximas seções, o fatorial. Define-se o sinal essas pessoas. Esquematizando o problema, chamando
de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja “ ! “. de P as pessoas e C as cadeiras:
Assim, quando encontrarmos 2! Significa que estaremos
calculando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição
de fatorial está apresentada a seguir:

n! = n ∙ n − 1 ∙ n − 2 ∙ n − 3 … 3 ∙ 2 ∙ 1

Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado


pelo produto deste número e seus antecessores, até se
chegar no número 1. Vejam os exemplos abaixo: Em problemas onde o número de elementos é igual
3! = 3 ∙ 2 ∙ 1 = 6 ao número de posições, teremos uma permutação.
A fórmula da permutação, considerando que não há
5! = 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120 repetição de elementos é a seguinte:

Pn = n!
Assim, basta ir multiplicando os números até se chegar
ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam muito Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições,
rápido, veja quanto é 10!: basta eu calcular o fatorial de 5:
10! = 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 3628800 P5 = 5! = 120
Matemática e suas Tecnologias

Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos
maneiras diferentes na fileira de cadeiras. com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
Observe que a fórmula da permutação é utilizada letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
como não há repetição de elementos, mas e quando
ocorre repetição? Neste caso, a fórmula da permutação 7! 7 ∙6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1
P73 = = = 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 = 840
terá uma complementação, para desconsiderar casos 3! 3∙2∙1
repetidos que serão contados 2 ou mais vezes se
utilizarmos a fórmula diretamente.
O exemplo mais comum destes casos é o que Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas possíveis.
chamamos de Anagrama. Os anagramas são Outro exemplo para deixar este conceito bem claro, é
permutações das letras de uma palavra, formando quando temos dois elementos se repetindo. Por exemplo,
novas palavras, sem a necessidade de terem sentido ou calcule os anagramas da palavra TALITA:
não. Usando primeiramente um exemplo sem repetição,
conte quantos anagramas podemos formar com o
nome BRUNO.

Montando a esquematização:

Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”


também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
com repetição, faremos duas divisões:
n!
Pna,b =
a! b!
Ou seja, temos que posicionar as letras nas 5 casas
Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo, a
correspondentes e neste caso, é um problema de
correção é feita, dividindo pelas repetições de cada um.
permutação sem repetição:
Como ambos repetem duas vezes:
P5 = 5! = 120 6! 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 360
P62,2 = = = = = 180
66 2! 2! 2∙1 ∙ 2∙1 2∙1 2
Logo, podemos formar 120 anagramas com a
palavra BRUNO. Agora, vamos olhar a palavra MARIANA. Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas.
Ela possui 7 letras, logo teremos 7 posições:
COMBINAÇÕES

As combinações e os arranjos, que serão apresentados


a seguir, possuem uma característica diferente da
permutação. A diferença está no fato do número de
posições ser MENOR que o número de elementos, ou seja,
quando os elementos forem agrupados, sobrarão alguns.
Veja este exemplo: De quantas maneiras podemos formar
Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que uma comissão de 3 membros, dentro os 7 funcionários de
acontece quando montarmos um anagrama qualquer uma empresa?
da palavra: Resolução: Este exemplo mostrará também como
diferenciar combinação de arranjo. Logo de início,
podemos ver que não se trata de um problema de
permutação, pois temos 3 posições para 7 elementos. Para
diferenciar combinação e arranjo, temos que verificar se
a ordem de escolha dos elementos importa ou não. Neste
Não conseguimos saber qual letra “A” foi utilizada caso, a ordem não importa, pois estamos escolhendo 3
nas posições C1,C3 e C5. Se trocarmos as mesmas de pessoas e não importa a ordem que escolhemos elas pois
posição entre si, ficaremos com os mesmos anagramas, a comissão será a mesma. Observe a esquematização:
caracterizando uma repetição. Assim, para saber a
quantidade de anagramas com repetição, corrigiremos
a fórmula da permutação da seguinte forma:

n!
Pna =
a!
Matemática e suas Tecnologias

As pessoas foram chamadas pelas letras de A até G. Vamos supor que escolheremos as pessoas A,D e G mas
em ordens diferentes:

É importante notar que as comissões ADG e GAD não possuem diferenças, já que as casas C1,C2 e C3 não
possuem nenhuma particularidade descrita no enunciado. Assim, trata-se de um problema de combinação. A
fórmula da combinação depende do número de elementos “n” e o número de posições “p”:

n!
Cn,p =
p! (n − p)!

No exemplo, temos 7 elementos e 3 posições, assim:

n! 7! 7! 7∙6∙5∙4∙3∙2∙1 7∙6∙5
Cn,p = = = = = = 7 ∙ 5 = 35
p! (n − p)! 4! 7 − 4 ! 4! .3! 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 3 ∙ 2 ∙ 1
67
Ou seja, podemos formar 35 comissões distintas.

ARRANJOS

Os arranjos seguem a mesma linha da combinação, onde o número de elementos deve ser maior que o número
de posições possíveis, mas com a diferença que a ordem de escolha dos elementos deve ser considerada. Vamos
utilizar o mesmo exemplo descrito na combinação, mas com algumas diferenças:
De quantas maneiras podemos formar uma comissão de 3 membros, composta por um presidente, um vice-
presidente e um secretário, dentro os 7 funcionários de uma empresa?
Observe que agora o enunciado classifica explicitamente as posições, e podemos montar o esquema da
seguinte forma:

As posições agora foram classificadas de acordo com a posição que foi pedida no enunciado. Vamos observar
agora o que acontece quando selecionando novamente as pessoas A,D e G:
Matemática e suas Tecnologias

2.(IF-BA – Professor – AOCP/2016) Na sequência cres-


cente de todos os números obtidos, permutando-se os
algarismos 1, 2, 3, 7, 8, a posição do número 78.312 é a :

a) 94ª
b) 95ª
c) 96ª
Neste caso, as duas comissões são diferentes, pois d) 97ª
em uma a pessoa A é presidente e na outra ela é vice- e) 98ª
presidente. Como a ordem importa, temos um problema
de arranjo. A fórmula de arranjo é mais simples que a Resposta: Letra b.
fórmula de combinação: Deve-se contar todos os números anteriores a ele.
Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4! = 24 números;
n! iniciando com 2 _ _ _ _ temos outros 24 números;
An,p =
(n − p)! iniciando com 3_ _ _ _.

Tomando n=7 e p = 3 novamente: Depois temos os números iniciados com “71_ _ _” que
n! 7! 7! 7 ∙ 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 são 6 (3!),
An,p = = = = = 7 ∙ 6 ∙ 5 = 210 assim como os iniciados em “72_ _ _” e “73_ _ _”.
(n − p)! 7 − 3 ! 4! 4∙3∙2∙1

Depois aparece o iniciado com “781_ _” que são 2


Ou seja, é possível formar 210 comissões neste números, assim como o “782 _ _”.
caso. Veja que o número é maior que o número da
combinação. A razão é que comissões que antes eram O próximo já será o 78312. Somando:
repetidas na combinação, deixaram de ser no arranjo. 24+24+24+6+6+6+2+2=94. Logo, ele será o 95ª número.

EXERCÍCIOS COMENTADOS ESTATÍSTICA

68 1.(ENEM 2012) O diretor de uma escola convidou os 280


DEFINIÇÕES BÁSICAS
alunos de terceiro ano a participarem de uma brinca-
deira. Suponha que existem 5 objetos e 6 personagens
Estatística: ciência que tem como objetivo auxiliar
numa casa de 9 cômodos; um dos personagens escon-
na tomada de decisões por meio da obtenção, análise,
de um dos objetos em um dos cômodos da casa. O ob-
organização e interpretação de dados.
jetivo da brincadeira é adivinhar qual objeto foi escon-
População: conjunto de entidades (pessoas, objetos,
dido por qual personagem e em qual cômodo da casa
cidades, países, classes de trabalhadores, etc.) que
o objeto foi escondido.
Todos os alunos decidiram participar. A cada vez um apresentem no mínimo uma característica em comum.
aluno é sorteado e dá a sua resposta. As respostas de- Exemplos: pessoas de uma determinada cidade, preços
vem ser sempre distintas das anteriores, e um mesmo de um produto, médicos de um hospital, estudantes que
aluno não pode ser sorteado mais de uma vez. Se a prestam determinado concurso, etc.
resposta do aluno estiver correta, ele é declarado ven- Amostra: É uma parte da população que será
cedor e a brincadeira é encerrada. objeto do estudo. Como em muitos casos não é possível
O diretor sabe que algum aluno acertará a resposta estudar a população inteira, estuda-se uma amostra de
porque há tamanho significativo (há métodos para determinar isso)
que retrate o comportamento da população. Exemplo:
a) 10 alunos a mais do que possíveis respostas distintas. pesquisa de intenção de votos de uma eleição.
b) 20 alunos a mais do que possíveis respostas distintas. Algumas pessoas são entrevistadas e a pesquisa retrata
c) 119 alunos a mais do que possíveis respostas distintas. a intenção de votos da população.
d) 260 alunos a mais do que possíveis respostas distintas. Variável: é o dado a ser analisado. Aqui, será
e) 270 alunos a mais do que possíveis respostas distintas. chamado de e cada valor desse dado será chamado
de . Essa variável pode ser quantitativa (assume valores)
ou qualitativa (assume características ou propriedades).
Resposta: Letra a. O número total de possibilidades de
uma personagem esconder um dos 5 brinquedos em MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL
um dos 9 cômodos é 6 ∙ 5 ∙ 9 = 270. Já que as respostas
devem ser sempre diferentes, algum aluno acertou a São medidas que auxiliam na análise e interpretação
resposta porque “há 10 alunos a mais do que possíveis de dados para a tomada de decisões. As três medidas
respostas distintas”. de tendência central são:
Matemática e suas Tecnologias

Média aritmética simples: razão entre a soma de todos os valores de uma mostra e o número de elementos da
amostra. Expressa por . Calculada por:
∑xi
x� =
n
Média aritmética ponderada: muito parecida com média aritmética simples, porém aqui cada variável tem um
peso diferente que é levado em conta no cálculo da média.
∑xi pi
x� =
∑pi
Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em caso de número para de elementos, a mediana é a média
entre os elementos intermediários

Moda: valor que aparece mais vezes dentro de uma amostra.


Ex: Dada a amostra {1,3,1,2,5,7,8,7,6,5,4,1,3,2} calcule a média, a mediana e a moda.

Solução
Média:
1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55
x� = = = 3,92
14 14

Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente:
{1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}

Como a amostra tem 14 valores (número par), os elementos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse
3+4 7
exemplo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a média entre eles:
2
= 2 = 3,5
69
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 1 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.

Ex: Dada a amostra {2,4,8,10,15,6,9,11,7,4,15,15,11,6,10} calcule a média, a mediana e a moda.


Solução:

Média:
2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133
x� = = = 8,867
15 14

Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15}
Como a amostra tem 15 valores (número par), o elemento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana é
igual a 9.

Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.

Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da média ponderada de três provas. A primeira tem peso
3, a segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a média de um aluno que obteve nota 8 na primeira
prova, 5 na segunda e 6 na terceira.

Solução:
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada.

∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12
Matemática e suas Tecnologias

TABELAS E GRÁFICOS Homem 700


Medicina
a) Tabelas Mulher 800
Tabelas podem ser utilizadas para expressar os mais Homem 400
Psicologia
diversos tipos de dados. O mais importante é saber Mulher 600
interpretá-las e para isso é conveniente saber como TOTAL 15300
uma tabela é estruturada. Toda tabela possui um título
que indica sobre o que se trata a tabela. Toda tabela é Nesse caso, as colunas são: curso, gênero e número
dividida em linhas e colunas onde, no começo de uma de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos
linha ou de uma coluna, está indicado qual o tipo de da Universidade com o respectivo número de alunos de
dado que aquela linha/coluna exibe. cada curso separados por gênero.

Ex:
Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade #FicaDica
ALFA divididos por curso
Acima foram exibidas duas tabelas como
exemplos. Há uma infinidade de tabelas
Curso Número de Estudantes cada uma com sua particularidade o
Administração 2000 que torna impossível exibir todos os tipos
de tabelas aqui. Porém em todas será
Arquitetura 1450
necessário identificar linhas, colunas e o
Direito 2500 que cada valor exibido representa.
Economia 1800
Enfermagem 800
b) Gráficos
Engenharia 3500
Letras 750 Para falar de gráficos em estatística é importante
Medicina 1500 apresentar o conceito de frequência.
Psicologia 1000 Frequência: Quantifica a repetição de valores de
70 TOTAL 15300 uma variável estatística.

Nesse caso, as colunas são: curso e número de Tipos de frequência


estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos Absoluta: mede a quantidade de repetições.
da Universidade com o respectivo número de alunos de Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota
cada curso. possui freqüência absoluta:

Tabela 2 - Número de estudantes da Universidade fi = 4


ALFA divididos por curso e gênero

Relativa: Relaciona a quantidade de repetições


Número de
Curso Gênero com o total (expresso em porcentagem)
Estudantes Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota
Homem 1200 possui freqüência relativa:
Administração
Mulher 800
Homem 850 6
Arquitetura fr = ∙ 100 = 20%
Mulher 600 30
Homem 1600
Direito
Mulher 900 c) Tipos de Gráficos
Homem 800
Economia Gráficos de coluna: gráficos que têm como objetivo
Mulher 1000 atribuir quantidades a certos tipos de grupos. Na horizontal
Homem 350 são apresentados os grupos (dados qualitativos) dos
Enfermagem quais deseja-se apresentar dados enquanto na vertical
Mulher 450
são apresentados os valores referentes a cada grupo
Homem 2500
Engenharia (dados quantitativos ou frequências absolutas)
Mulher 1000 Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
Homem 200 todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade
Letras de estudantes separados pelos seus continentes de
Mulher 550
origem:
Matemática e suas Tecnologias

Gráficos em pizzas: gráficos nos quais são expressas


Estudantes da Universidade ALFA relações entre grandezas em relação a um todo.
700 Nesse gráfico é possível visualizar a relação de
600 proporcionalidade entre as grandezas. Recebe esse
nome pois lembram uma pizza pelo formato redondo
500
com seus pedaços (frequências relativas).
400 Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
300 todo. A seguir há um gráfico que mostra a distribuição de
200
estudantes de acordo com seus continentes de origem

100 Estudantes da Universidade ALFA


0 30
América do América do América Europa Ásia África Oceania
Norte Sul Central 150

260 630

Gráficos de barras: gráficos bastante similares aos de


colunas, porém, nesse tipo de gráfico, na horizontal são
440
apresentados os valores referentes a cada grupo (dados
quantitativos) enquanto na vertical são apresentados os 520
150
grupos (dados qualitativos)
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade América do Norte América do Sul América Central Europa Ásia África Oceania
de estudantes separados pelos seus continentes de
origem: Ex: Foi feito um levantamento do idioma falado pelos
alunos de um curso da Universidade ALFA.
Estudantes da Universidade ALFA
Frequências absolutas:
Oceania

África

Ásia 71
Europa

América Central

América do Sul

América do Norte

0 100 200 300 400 500 600 700

Gráficos de linhas: gráficos nos quais são exibidas


séries históricas de dados e mostram a evolução dessas
séries ao longo do tempo.
Ex: A Universidade ALFA tem 10 anos de existências
e seu reitor apresentou um gráfico mostrando o número Frequências relativas:
de alunos da Universidade ao longo desses 10 anos.

Estudantes da Universidade ALFA ao longo de 10 anos

2500

2000

1500

1000

500

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Matemática e suas Tecnologias

Assim, sendo C(a,b) o centro e P(x,y) um ponto qual-


quer da circunferência, a distância de C a P(d_CP) é o
EXERCÍCIO COMENTADO raio dessa circunferência. Então:

1.(ENEM 2016) Preocupada com seus resultados, uma


empresa fez um balanço dos lucros obtidos nos últimos
sete meses, conforme dados do quadro.

Avaliando os resultados, o conselho diretor da empresa


decidiu comprar, nos dois meses subsequentes, a mes-
ma quantidade de matéria-prima comprada no mê-
sem que o lucro mais se aproximou da média dos lucros
mensais dessa empresa nesse período de sete meses.
Nos próximos dois meses, essa empresa deverá comprar
a mesma quantidade de matéria-prima comprada no
mês 2 2 2 2
dCP = x − xC + y − yC = x −a + y− b =r
a) I
b) II Assim: (x-a)2+(y-b)2=r2
c) IV
2 2 2
d) V Portanto, x − a + y − b = r é a equação re-
e) VII duzida da circunferência e permite determinar os ele-
mentos essenciais para a construção da circunferência:
Resposta: Letra d. as coordenadas do centro e o raio.
72
A média é dada por:
SE LIGA!
37 + 33 + 35 + 22 + 30 + 35 + 25 Quando o centro da circunferência estiver na
= 31.
7 origem (C(0,0)), a equação da circunferência
será x2 + y2 = r2.
Sendo assim, a empresa deverá comprar, nos dois próxi-
mos meses, a mesma quantidade comprada no mês V.
EQUAÇÃO GERAL

GEOMETRIA ANALÍTICA: Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a


equação geral da circunferência:
CIRCUNFERÊNCIA
(x-a)2+(y-b)2=r2→x2-2ax+a2+y2-2by+b2=r2

Assim a equação geral da circunferência é dada por:


EQUAÇÃO REDUZIDA x2+y2-2ax-2by+a2+b2-r2=0

Circunferência é o conjunto de todos os pontos de Ex:


um plano equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo Determinar as equações reduzida e geral da circun-
plano, denominado centro da circunferência: ferência de centro C(2,-3) e raio r = 4.
(x-2)2+(y-(-3))2=42→(x-2)2+(y+3)2=16

A equação geral da circunferência é obtida com o


desenvolvimento da equação reduzida:
x2-4x+4+y2+6y+9=16→x2+y2-4x+6y-3=0
Matemática e suas Tecnologias

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE UM PONTO E UMA


CIRCUNFERÊNCIA
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em relação à circunferência de equação , o ponto
pode ocupar três posições distintas, exibidas a seguir. 1. (FUNCERN-2015) A circunferência de equação carte-
Para avaliar a posição basta calcular a distância do siana (x – 1)² + (y – 1)² = 5 intercepta os eixos coordena-
ponto ao centro e verificar se essa distância é maior, dos nos pontos (a,b),(c,d),(e,f)e (g,h). O valor absoluto
igual ou inferior ao raio da circunferência. da soma a + b + c + d + e + f + g + h é igual a

a) 1
a) P é exterior à circunferência
b) 2
c) 3
d) 4

Resposta: Letra d. Os pontos de intersecção com o


eixo x é quando y=0
(x-1)2+(0-1)2=5→(x-1)2+1=5→(x-1)2=4
dPC>r
Resolvendo (x-1)2=4→x-1=2 ou x-1= -2
Logo, x=3 ou x=-1. Assim, os pontos de intersecção com
o eixo x são (3,0) e (-1,0). Ou seja, a=3,b=0,c=-1,d=0

Pontos de intersecção com o eixo y é quando x=0


(0-1)2+(y-1)2=5→1+(y-1)2=5→(y-1)2=4
Resolvendo (y-1)2=4→y-1=2 ou y-1= -2
 
Logo, y=3 ou y=-1. Assim, os pontos de intersecção com
b) P pertence à circunferência o eixo x são (0,3) e (0,-1). Ou seja, e=0,f=3,g=0,h=-1.

A soma pedida é:
a+b+c+d+e+f+g+h=3+0+(-1)+0+0+3+0+(-1)=4

2. (NOVA 2017) O centro de uma circunferência é o pon- 73


to médio do segmento AB, sendo A(4; –7) e B(–8; –3). Se
dPC=r o raio dessa circunferência é 3, determine sua equação.

Resposta: (x + 2)² + (y + 5)² = 9.

Calculando o centro C através da equação do pon-


to médio de um segmento, cujas extremidades tem
as coordenadas: A(4; –7) e   B(–8; –3).
De acordo com a lei de formação da equação de
c) P é interior à circunferência uma circunferência (x – a)² + (y – b)² = r², temos que
de acordo com o ponto médio o centro da circunfe-
rência é (–2; –5), isto é,
a = –2 e b = –5. Então:
(x + 2)² + (y + 5)² = 3²
(x + 2)² + (y + 5)² = 9
dPC<r A equação da circunferência é dada por (x + 2)² +
(y + 5)² = 9.

ESTUDO DO PONTO

INTRODUÇÃO

Estudo do ponto é o primeiro tópico a ser estudado


em Geometria Analítica. A Geometria Analítica é a par-
te da Matemática que trata de resolver problemas cujo
enunciado é geométrico, empregando processos algé-
bricos.
Matemática e suas Tecnologias

Criada por René Descartes (1596-1650), a Geometria Ex: Os pontos, no sistema cartesiano abaixo, têm suas
Analítica contribui para a visão moderna da Matemáti- coordenadas escritas ao lado da figura.
ca como um todo, substituindo assim a visão parcelada
das chamadas “matemáticas”, que colocava em com- A (3, 2)
partilhamentos separados Geometria, Álgebra e Trigo- B (0, 2)
nometria. C (-3, 2)
D (-3, 0)
PLANO CARTESIANO E (-3, -2)
F (0, -2)
Sejam e dois eixos perpendiculares entre si e com G (3, -2)
origem comum, conforme a figura abaixo. Nessas con- H (3, 0)
dições, diz-se que e formam um sistema cartesiano re- O (0, 0)
tangular (ou ortogonal), e o plano por eles determinado
é chamado plano cartesiano.

Eixo (ou ): eixo das abscissas


Eixo (ou ): eixo das ordenadas
O: origem do sistema

74 Observações
• Os eixos x e y dividem o plano cartesiano em
quatro regiões ou quadrantes (Q), que são numeradas,
como na figura abaixo.

A cada ponto P do plano corresponderão dois nú-


meros: a (abscissa) e b (ordenada), associados às pro-
jeções ortogonais de P sobre o eixo x e sobre o eixo y,
respectivamente.
Assim, o ponto P tem coordenadas a e b e será indi-
cado analiticamente pelo par ordenado (a, b).

Os sinais das coordenadas dos pontos são descritos a seguir:

QUADRANTE ABSCISSA (x) ORDENADA (y)


1º + +
2° - +
3° - -
4° + -
Matemática e suas Tecnologias

Os pontos que estão sobre o eixo x tem ordenada A distância entre os pontos A e B qie se indica por d
nula (y=0) enquanto que os pontos que estão sobre o é tal que
eixo t tem abscissa nula (x=0).
d2 = AC 2 + BC 2
BISSETRIZES DOS QUADRANTES
2
= ∆x 2 + ∆y
A reta suporte das bissetrizes do 1º e 3º quadrantes
= xB − xA 2 + yB − yA 2
será chamada bissetriz dos quandrantes ímpares e indi-
ca-se por bi.a do 2º e 4º quadrantes será chamado bis-
setriz dos quadrantes pares e indica-se por bp.
2 2
Portanto: d = xB − xA + yB − yA

#Fica a dica:
Como (xB - xA )2 = (xA - xB )2, a ordem escolhida para
a diferença das abscissas não altera o cálculo de d. O
mesmo ocorre com a diferença das ordenadas.

Ex:

Calcular a distância entre os pontos A e B, nos se-


guintes casos:

a) A(1,8) e B(4,12)

2 2
Todo ponto P(a,b) da bissetriz dos quadrantes ímpa- Resolução: d = 4−1 + 12 − 8 = 9 + 16 = 25 = 5
res tem abscissa e ordenada iguais (a = b) e reciproca-
mente. Ou seja: P(a,b) ∈ bi ⇔ a = b b) A(0,2) e B(-1,-1)
2 2
75
Todo ponto P(a,b) da bissetriz dos quadrantes pares Resolução: d = 0 − −1 + 2 − −1 = 1 + 9 = 10
tem abscissa e ordenada opostas (a = -b) e reciproca-
mente. Ou seja: P(a,b) ∈ bp ⇔ a = -b

DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS

Considerem-se dois pontos distintos A(xA,yA) e B(xB,yB),


tais que o segmento ( AB ) não seja paralelo a algum dos
eixos coordenados.
Traçando-se por A e B as retas paralelas aos eixos
coordenados que se interceptam em C, tem-se o triân-
gulo ACB, retângulo em C.

y
yB
∆y B
y
A

d

y
A SE LIGA!

C A fórmula para o cálculo da distância continua
∆ válida se o segmento AB é paralelo a um dos
y x eixos, ou ainda se os pontos A e B coincidem,
xA ∆x xB caso em que d =
0
Matemática e suas Tecnologias

PONTO MÉDIO

Considerem-se os pontoa A(xA,yA) e B(xB,yB). Sendo


M(xM,yM) o ponto médio de (AB ) (ou ( BA ), tem-se:

xA +xB yA +yB
xM = e yM = ,
2 2

o ponto médio é dado por: M=xA+xB2, yA+yB2

B’’ (yB)

M’’ (yM)
A família pretende que esse imóvel tenha a mesma dis-
tância de percurso até o local de trabalho da mãe, lo-
calizado na rua 6 com a rua E, o consultório do pai, na
A’’ (yA ) rua 2 com a rua E, e a escola das crianças, na rua 4 com
a rua A.
Com base nesses dados, o imóvel que atende as pre-
x tensões da família deverá ser localizado no encontro
das ruas
0 A’ (yA ) M’ (yM) B’ (yB)
a) 3 e C.
76 b) 4 e C.
Ex: c) 4 e D.
Obter o ponto médio M do segmento AB,, sendo da- d) 4 e E.
dos: A(-1,3) e B(0,1). e) 5 e C.

Resolução: Resposta: Letra c.

Como o local de trabalho da mãe e o consultório do


pai se localizam na rua E, o imóvel deverá ser localiza-
do na rua 4, que é a mediatriz dos pontos correspon-
dentes e deixa os caminhos com a mesma distância
por simetria. A distância do consultório até a escola
é de 6 quarteirões, logo o imóvel deverá ser localiza-
do a 3 quarteirões de cada. Se partirmos da escola e
1
Resposta: M − , 2 andarmos 3 quarteirões na rua 4, chegaremos na rua
2 D. Por isso o imóvel deverá ser localizado no encontro
das ruas 4 e D.

EXERCÍCIOS COMENTADOS EQUAÇÕES DA RETA

1.(ENEM 2016) Uma família resolveu comprar um imóvel INCLINAÇÃO DE UMA RETA
num bairro cujas ruas estão representadas nas figura. As
ruas com nomes de letras são paralelas entre si e per- Considerando, no plano cartesiano, uma reta r con-
pendiculares às ruas identificadas com números. Todos corrente com o eixo x no ponto P. Chama-se inclinação
os quarteirões são quadrados, com as mesmas medidas, de r, a medida α do ângulo que r forma como semieixo
e todas as ruas têm a mesma largura, permitindo cami- Px no sentido de OP , sendo esse ângulo medido a partir
nhar somente nas direções vertical e horizontal. Descon- do eixo x no sentido anti-horário.
sidere a largura das ruas.
Matemática e suas Tecnologias

Assim, na figura,

α
x
0 P
α=90° - Reto

onde α é a inclinação da reta r.


y
Sendo r paralela ao eixo a (horizontal), define-se com
inclinação de r o retângulo de medida zero, isto é, α = 0°.

Então:

α 77
x

0

90°<α<180° - Obtuso
x COEFICIENTE ANGULAR DE UMA RETA
0
Considere-se uma reta r não perpendicular ao eixo x
(não vertical), ou seja, tal que α ≠ 90°.
α=0° - Nulo Chama-se coeficiente angular (ou declive) da reta r
o número tal que .
y
y
r

α
x α
x
0
0 P
0°<α<90° - agudo

α
Matemática e suas Tecnologias

Se α = 90°, então a reta não tem coeficiente angular.


Tem-se:

y y

∄ m

⊡ m=0

x ⊡
x
0 0

y y

78 m<0
m>0

x x
0 0

Isto é:
a) se α = 0°, então m = 0
b) se α = 90°, então não existe m
c) se 0 < α < 90°, então m > 0
d) se 90° < α < 180°, então m < 0
Matemática e suas Tecnologias

Ex: Dar os coeficientes angulares das retas r, s, t e u:

y y
s

⊡ r

x ⊡
x
0 0

y y
t
u

79

135°
60°
x x
0 0

Solução

αr = 0° ∴ mr = tg 0° ⇒ mr = 0
αs = 90° ∴ ∄ ms
αt = 60° ∴ mt = tg 60° ⇒ mt = 3
αu = 135° ∴ mu = tg 135° ⇒ mu = –1

COEFICIENTE ANGULAR DE UMA RETA QUE PASSA POR DOIS PONTOS DADOS

Considerando dois pontos A(x_A,y_A) e B(x_B,y_B) tais que x_A x_B e y_A y_B, isto é, a reta ( AB ) não é paralela
a nenhum dos eixos coordenados. O coeficiente angular da reta é dado por:

yB − yA
m=
xB − xA
Matemática e suas Tecnologias

#FicaDica
yB − yA
O coeficiente angular pode ser calculado também por m = .
xB − xA

A fórmula acima vale para retas com quaisquer inclinações (exceto 90°)

B
yB

β A
yA ⊡
C

α x
β
0
XB XA

Ex: Calcule o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos:

80 a) A(2,1) e B(4,9)
b) A(-1,2) e B(0,5)

Solução:
yB −yA 9−1 8
a) mAB = = = =4
xB−xA 4−2 2

yB −yA 5−2 3
b) mAB = xB−xA
= 0− −1
=1=3

Ex:
Qual o coeficiente angular da reta r na figura?

y
r
B
1

A x
0 2
Matemática e suas Tecnologias

Solução: Logo:
A reta passa pelos pontos A(2,0) e B(0,1). Logo, o Uma equação da reta que passa pelo ponto P(x0,y0)
coeficiente angular é dado por: e não tem coeficiente angular (reta vertical) é; x = x0

yB − yA 1 − 0 1 Exemplo 7
m= = =− Encontre a equação da reta que passa pelo ponto
xB − xA 0 − 2 2
P(2, 5) e é perpendicular ao eixo x.
Solução
EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA RETA
No plano cartesiano, uma reta fica determinada por
um dos dois modos:
• 1º modo: conhecendo-se um de seus pontos e
sua direção, que é dada pela inclinação da reta.
• 2º modo: conhecendo-se dois pontos distintos
que pertencem a ela.

Vejamos então como se obtém uma equação de


uma reta.

1º modo: temos dois casos a considerar:

a) A reta tem coeficiente angular.


Obter uma equação da reta r que passa pelo pon-
to P(x0,y0) e tem coeficiente angular m (conhecido). A
equação fundamental da reta é dada por:
x = x0 isto é, x = 2. Portanto, reta tem equação, x=2
y-y0=m(x-x0 )
2º modo: obter uma equação da reta que passa por
Ex: dois pontos distintos
a) Obter uma equação da reta r que passa pelo A(xA,yA) e B(xB,yB).
ponto P(1,5) e tem coeficiente angular igual a 2. 81
Solução O procedimento é semelhante ao exibido no pri-
a) y – y0 = m(x – x0 ) meiro modo, porém é necessário, com os dois pontos
y-5=2(x-1)→y-5=2x-2→y=2x+3 dados, calcular o coeficiente angular da reta. De posse
do valor do coeficiente basta utilizar a equação funda-
b) A reta não tem coeficiente angular. mental apresentada anteriormente.
Obter uma equação da reta r que passa pelo ponto
P(x0, y0) e tem inclinação 90° (reta vertical). Ex:
Obter uma equação da reta que passa pelos pontos
A(1,2) e B(3,8).

y Solução:
r 8 −2
O coeficiente angular da reta é m= =3 .
3 −1
y Q
Tomando-se o ponto A(1, 2), tem-se:

A(1, 2)
� y − 2 = 3 x − 1 , ou seja, 3x − y − 1 = 0
m= 3
y0 P
Resposta: 3x – y – 1 = 0.


x
0 x0 = x

Sendo r uma reta vertical e Q(x,y) um ponto genérico


de r, tem-se: x = x0
Matemática e suas Tecnologias

EQUAÇÃO REDUZIDA DA RETA Ex:


Obter o coeficiente angular m de cada uma das re-
Considere-se a reta r que passa pelo ponto P(0,q) e tas abaixo, dadas pela equação geral.
tem coeficiente angular m. a) 2x + y – 3 = 0
b) 2x – 3y + 6 = 0

y Solução:
r
Passando as equações para a forma reduzida (y =
mx + q), tem-se:
mr = m a) 2x + y – 3 = 0 ⇒ y = -2x + 3
logo, m = –2

b) 2x – 3y – 6 = 0 ⇒ - 3y = -2x + 6, ou seja,

P (0, q) 2 6
3y = 2x − 6 ∴ y = x −
x 3 3

0 2
Logo, m = 3

Sua equação fundamental é: y – q = m(x – 0)


POSIÇÕES RELATIVAS DE DUAS RETAS
Segue-se que: y=mx+q
Duas retas r e s de um plano podem ser:
Essa é chamada equação reduzida da reta.

SE LIGA!
A equação reduzida de uma reta fornece
diretamente o coeficiente angular (m) e
a ordenada (q) do ponto onde essa reta
82 intercepta o eixo y. A ordenada q é chamada
coeficiente linear.
As retas de inclinação igual a 90° não possuem
equação reduzida.
A inclinação a de uma reta é tal que 0° ≤ α < 180°.
Considerem-se, então, no plano cartesiano, duas re-
No plano cartesiano, duas retas paralelas têm
tas (r) e (s) com coeficientes angulares mr e ms e coefi-
a mesma inclinação. cientes lineares qr e qs. A posição relativa entre as retas
é obtida analisando a relação entre os coeficientes an-
gulares:
Ex:
Considere a reta de equação reduzida . Encontre seu 1) Se mr = ms e q_r qs, as retas r e s são paralelas
coeficiente angular e o ponto no qual ela intercepta o distintas. Se qr=qs as retas são paralelas coincidentes.
eixo das ordenadas.
Solução: 2) Se mr ms , as retas r e s são concorrentes,
Comparando a equação dada com a forma geral,
segue-se que e , ou seja, a reta tem coeficiente angular
igual a 2 e intercepta o eixo das ordenadas no ponto (0, 5).

EQUAÇÃO GERAL DA RETA

No plano cartesiano, toda equação de uma reta


pode ser escrita na forma ax + by + c = 0, com a 0 ou b
0. Essa forma é conhecida por equação geral da reta.
Observação Importante: Toda reta no plano cartesia-
no possui infinitas equações na forma geral. Assim, se ax +
by + c = 0 é a equação de uma reta, então a equação
k(ax + by + c) = 0, k 0 representa a mesma reta, pois
são equações equivalentes, isto é, possuem as mesmas
soluções. Assim, por exemplo, x + 2y + 3 = 0 e 3 (x +2y + 3)
= 0, representam a mesma reta.
Matemática e suas Tecnologias

Ex:
Obter uma equação da reta r que passa pelo ponto P(1, 3) e é paralela à reta (s) y = 5x + 7.

O coeficiente angular de s é ms = 5.
Equação de r:

P(1,3)
� y−3=5∙ x−1 ,
mr=5 ou seja,5x−y−2=0

Resposta: (r) 5x – y – 2 = 0.

Retas Perpendiculares
Um caso particular de retas concorrentes ocorre quando elas são perpendiculares entre si. Duas retas r e s são
perpendiculares entre si se, e somente se, são concorrentes e formam um ângulo reto.

r s

No plano cartesiano, duas retas r e s de coeficientes angulares mr e ms são perpendiculares entre si se, e somente 83
se, mr ∙ ms = -1.
Ex:

x
Verificar se as retas (r) y = 3x + 1 e (s) y = – + 5 são perpendiculares.
3
Solução:
Tem-se

mr = 3
1�mr � ms = −1
ms = −
3

Como mr ∙ ms = -1, então as retas r e s são perpendiculares.

Ex:
Dar uma equação da reta r que passa pelo ponto P(2,3) e é perpendicular à reta (s) 5x + y – 1 = 0.

Resolução
(s) (r)

P(2, 3)
Matemática e suas Tecnologias

(s) 5x + y – 1 = 0 ⇒ y = –5x + 1 m_s = –5

Sendo o coeficiente angular da reta r, tem-se:

1
mr � ms = – 1 ⇒ mr � (– 5) = –1 mr =
5
P(2, 3) y − 3 = 1 x − 2 ⇒
Equação de r: 5
1� x − 5y + 13 = 0
mr = 5

Resposta: (r) x – 5y + 13 = 0

ÁREA DE UM TRIÂNGULO

A área S de um triângulo de vértices A(x_A,y_A), B(x_B,y_B) e C(x_C,y_C) é dada por:

xA yA 1
1
S= D onde D = xB yB 1
2
xC yC 1

Ex:
Calcular a área do triângulo de vértices A(0, 1), B(4, 2) e C(6, 6).

Solução:

84

1
Logo, S = 14 = 7
2

Resposta: 7

EXERCÍCIO COMENTADO

1.(ENEM 2016) Para uma feira de ciências, dois projéteis de foguetes, A e B, estão sendo construídos para serem
lançados. O planejamento é que eles sejam lançados juntos, com o objetivo de o projétil B interceptar o A quando
esse alcançar sua altura máxima. Para que isso aconteça, um dos projéteis descreverá uma trajetória parabólica,
enquanto o outro irá descrever uma trajetória supostamente retilínea. O gráfico mostra as alturas alcançadas por
esses projéteis em função do tempo, nas simulações realizadas.
Matemática e suas Tecnologias

Com base nessas simulações, observou-se que a trajetória do projétil B deveria ser alterada para que o objetivo
fosse alcançado. Para alcançar o objetivo, o coeficiente angular da reta representa a trajetória de B deverá

a) diminuir em 2 unidades.
b) diminuir em 4 unidades.
c) aumentar em 2 unidades.
d) aumentar em 4 unidades.
e) aumentar em 8 unidades.

Resposta: Letra c.

O coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (0,0) e (6,12) é 12/6 = 2. Sendo 16/4 = 4 o coeficiente angu-
lar da reta que passa pelos pontos (0,0) e (4,16), podemos concluir que o coeficiente angular deverá aumentar
em 4 – 2 = 2 unidades.

GEOMETRIA ESPACIAL

POLIEDROS

Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quando
as faces do poliedro são polígonos regulares e todas as faces possuem o mesmo número de arestas, temos um
poliedro regular. Há 5 tipos de poliedros regulares, a saber:

Tetraedro: poliedro de quatro faces


Hexaedro: poliedro de seis faces (cubo)
Octaedro: poliedro de oito faces
Dodecaedro: poliedro de doze faces
Icosaedro: poliedro de vinte faces 85

Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo
número de arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmides (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção
do cubo).
Relação de Euler: relação entre o número de arestas (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É
dada por:

V− A+F = 2

PRISMAS

Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces planas, no qual as bases se situam em planos paralelos.
Quanto à inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.

a) Prisma reto
• As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
• As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
• As faces laterais são retangulares.
Matemática e suas Tecnologias

b) Prisma oblíquo
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
As arestas laterais são oblíquas (formam um ângulo diferente de um ângulo reto) ao plano da base.
As faces laterais não são retangulares.

Bases: regiões poligonais congruentes

Altura: distância entre as bases

Arestas laterais paralelas: mesmas


medidas

Faces laterais: paralelogramos

Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo

Prismas regulares: prismas que possuem como base, polígonos regulares (todos os lados iguais).

Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polígono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada
86 pela soma das áreas dos retângulos formados entre as duas bases, temos que:

Área total: AT = AL + 2 � AB

Volume: V = AB . h , onde h é a altura, caracterizada pela distância entre as duas bases

CILINDROS

São sólidos parecidos com prismas, que apresentam bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.

Sendo R o raio da base, a altura do cilindro, temos que:

Área da base: AB = πR2

Área lateral: AL = 2πRh

Área total: AT = AL + 2AB

Volume: V = AB � h
Matemática e suas Tecnologias

PIRÂMIDES ESFERA

Pirâmides possuem somente uma base e as faces la- A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distân-
terais são triângulos. A distância do vértice de encontro cia em relação a um centro é menor ou igual ao raio
dos triângulos com a base é o que determina a altura da esfera R. A esfera é popularmente conhecida como
da pirâmide (h). “bola” pois seu formato é o mesmo de uma bola de fu-
tebol, por exemplo.

Área da Superfície Esférica: A = 4πR2

4πR3
Sendo a área da base, determinada pelo polígo- Volume: V =
3
no que forma a base, a área lateral, determinada pela
soma das áreas dos triângulos laterais, temos que:

Área total: AT = AL + AB #FicaDica


Na área total dos prismas e cilindros, multipli-
A � h 87
Volume: V = B camos a área da base por 2 pois temos duas
3 bases formando o sólido. Já no caso das pirâ-
mides e dos cones isto não ocorre, pois há ape-
CONES nas uma base em ambos.

Os cones são sólidos possuem uma única base (cír-


culo). A distância do vértice à circunferência (contorno
da base) é chamada de geratriz (g) e a distância entre EXERCÍCIO COMENTADO
o vértice e o centro do círculo é a altura do cone (h).
1.(ENEM 2010) Uma fábrica produz barras de chocola-
tes no formato de paralelepípedos e de cubos, com o
mesmo volume. As arestas da barra de chocolate no
formato de paralelepípedo medem 3 cm de largura, 18
cm de comprimento e 4 cm de espessura.
Analisando as características das figuras geométricas
descritas, a medida das arestas dos chocolates que têm
o formato de cubo é igual a
a) 5 cm.
b) 6 cm.
c) 12 cm
Geratriz: g 2 = R2 + h2 d) 24 cm.
e) 25 cm.
Área da Base: AB = πR2
Resposta: Letra a.
Área Lateral: AL = πgR
Sendo VP  e VC  os volumes das barras de chocola-
Área Total: AT = AL + AB te de formato “paralelepípedo” e “cubo”, respecti-
vamente, e sendo a a medida da aresta do cubo,
AB � h
Volume: V= temos:
3
Matemática e suas Tecnologias

VP = 3∙18∙ 4 = 216 cm³ - Pontos colineares pertencem à mesma reta.


VC = a³
VP = VC

Logo:
a3= 216 cm^3
a = 6 cm

INTRODUÇÃO À GEOMETRIA PLANA


- Três pontos determinam um único plano.

PONTO, RETA E PLANO

A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano é


quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será
o mais importante é sua representação geométrica e
espacial.

Representação, (notação)

→ Pontos serão representados por letras latinas - Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta
maiúsculas; ex: A, B, C,… reta está contida neste plano.
→ Retas serão representados por letras latinas minús-
culas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas mi-
núsculas; ex: β,∞,α,...

Representação gráfica
88

- Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um


ponto em comum.

Postulados primitivos da geometria, qualquer postu-


lado ou axioma é aceito sem que seja necessária a pro-
va, contanto que não exista a contraprova.
- Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos
distintos.
- Dois pontos determinam uma única reta (uma e so-
mente uma reta). Observe que . Sendo que H está contido na reta r e
na reta s.

Um plano é um subconjunto do espaço de tal modo


que quaisquer dois pontos desse conjunto podem ser li-
gados por um segmento de reta inteiramente contida
no conjunto.
Um plano no espaço pode ser determinado por
qualquer uma das situações:
- Três pontos não colineares (não pertencentes à
mesma reta);
- Um ponto e uma reta que não contem o ponto;
- Um ponto e um segmento de reta que não contem
o ponto;
Matemática e suas Tecnologias

- Duas retas paralelas que não se sobrepõe; RAZÃO ENTRE SEGMENTOS DE RETA
- Dois segmentos de reta paralelos que não se sobrepõe;
- Duas retas concorrentes; Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos
- Dois segmentos de reta concorrentes. de uma reta que estão limitados por dois pontos que
são as extremidades do segmento, sendo um deles o
Duas retas (segmentos de reta) no espaço podem ser: ponto inicial e o outro o ponto final. Denotamos um seg-
paralelas, concorrentes ou reversas. mento por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem in- o início e B o final do segmento.
terseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa.

SEGMENTOS PROPORCIONAIS

Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-


lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
números racionais, é possível estabelecer a proporcio-
Uma reta é perpendicular a um plano no espaço , se nalidade entre segmentos de reta, através das medidas
ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento desse segmentos.
de reta contido no plano que tem P como uma de suas Vamos considerar primeiramente um caso particular
extremidades é perpendicular à reta. com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
sentadas na tabela a seguir:

m(AB) = 2cm m(PQ) =4 cm


m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm

A razão entre os segmentos e e a razão entre os


Uma reta r é paralela a um plano no espaço , se existe segmentos e , são dadas por frações equivalentes, isto
uma reta s inteiramente contida no plano que é paralela é: ; PQ/RS = 4/6 e como , segue a existência de uma pro-
à reta dada. porção entre esses quatro segmentos de reta. Isto nos
Seja P um ponto localizado fora de um plano. A dis- conduz à definição de segmentos proporcionais. 89
tância do ponto ao plano é a medida do segmento de Diremos que quatro segmentos de reta, , , e , nesta
reta perpendicular ao plano em que uma extremidade é ordem, são proporcionais se: .
o ponto P e a outra extremidade é o ponto que é a inter- Os segmentos e são os segmentos extremos e os
seção entre o plano e o segmento. segmentos e são os segmentos meios.
Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula. A proporcionalidade acima é garantida pelo fato
que existe uma proporção entre os números reais que
representam as medidas dos segmentos:

FEIXE DE RETAS PARALELAS

Um conjunto de três ou mais retas paralelas num pla-


Planos concorrentes no espaço são planos cuja inter- no é chamado feixe de retas paralelas. A reta que inter-
seção é uma reta. cepta as retas do feixe é chamada de reta transversal.
Planos paralelos no espaço são planos que não tem As retas a, b, c e d que aparecem no desenho anexado,
interseção. formam um feixe de retas paralelas enquanto que as re-
Quando dois planos são concorrentes, dizemos que tais tas s e t são retas transversais.
planos formam um diedro e o ângulo formado entre estes
dois planos é denominado ângulo diedral. Para obter este
ângulo diedral, basta tomar o ângulo formado por quais-
quer duas retas perpendiculares aos planos concorrentes.

Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um


ângulo reto (90°).
Matemática e suas Tecnologias

Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de- ÂNGULOS


termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
proporcionais. A figura abaixo representa uma situação Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego
onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas - gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
por duas retas transversais. não colineares.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

Identificamos na sequência algumas proporções:

Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de


retas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indi-
cadas em centímetros.

Ângulo Central

90 a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o


centro da circunferência;
b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro
do polígono regular e cujos lados passam por vér-
tices consecutivos do polígono.

Assim:
B C⁄A B = E F⁄D E
A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C

#FicaDica
Uma proporção entre segmentos pode Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per-
ser formulada de várias maneiras. Se tence à circunferência e os lados são tangentes à ela.
um dos segmentos do feixe de paralelas
for desconhecido, a sua dimensão pode
ser determinada com o uso de razões
proporcionais.
Matemática e suas Tecnologias

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple-
uma circunferência e seus lados são secantes a ela. mentares se a soma das suas medidas é 900.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º. Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a
mesma medida.

Ângulo Raso: Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são opos-
tos pelo vértice se os lados de um são as respectivas se-
- É o ângulo cuja medida é 180º; mi-retas opostas aos lados do outro.
91

- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Ângulo Reto:

- É o ângulo cuja medida é 90º;


- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpen-
diculares. Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos suple-
mentares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º.

Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência


em 360 partes iguais, cada arco unitário que correspon-
de a 1/360 da circunferência denominamos de grau.
Matemática e suas Tecnologias

Ângulos formados por duas retas paralelas com uma Ângulos colaterais externos: O termo colateral signifi-
transversal ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma des-
tes ângulos será sempre 180°
Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no
mesmo plano e não possuem ponto em comum.

Vamos observar a figura abaixo:

Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas


estão descritas a seguir:

Ângulos colaterais internos: O termo colateral signifi-


ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma des-
tes ângulos será sempre 180°
Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos
ângulos 1 e 8 também será 180°

Ângulos alternos internos: O termo alterno significa


lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre
92 serão congruentes

Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos


ângulos 3 e 6 também será 180°

Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é


igual ao ângulo 5
Matemática e suas Tecnologias

Ângulos alternos externos: O termo alterno significa


lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre
serão congruentes EXERCÍCIO COMENTADO

1.(ENEM 2016) Um marceneiro está construindo um ma-


terial didático que corresponde ao encaixe de peças
de madeira com 10 cm de altura e formas geométricas
variadas, num bloco de madeira em que cada peça
se posicione na perfuração com seu formato correspon-
dente, conforme ilustra a figura. O bloco de madeira já
possui três perfurações prontas de bases distintas: uma
quadrada (Q), de lado 4 cm, uma retangular (R), com
base 3 cm e altura 4 cm, e uma em forma de um triân-
gulo equilátero (T), de lado 6,8 cm. Falta realizar uma
perfuração de base circular (C).
O marceneiro não quer que as outras peças caibam na
perfuração circular e nem que a peça de base circu-
lar caiba nas demais perfurações e, para isso, escolherá
odiâmetro do círculo que atenda a tais condições. Pro-
curou em suas ferramentas uma serra copo (broca com
formato circular) para perfurar a base em madeira, en-
contrando cinco exemplares, com diferentes medidas
de diâmetros, como segue: (I) 3,8 cm; (II) 4,7 cm; (III) 5,6
cm; (IV) 7,2 cm e (V) 9,4 cm.
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é
igual ao ângulo 8

Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam


uma mesma posição na reta transversal, um na região
interna e o outro na região externa. 93

Considere 1,4 e 1,7 como aproximações para √2 e √3 ,


respectivamente. Para que seja atingido o seu objetivo,
qual dos exemplares de serra copo o marceneiro deve-
rá escolher?

a) I
b) II
c) III
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é d) IV
igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o e) V
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.
Resposta: Letra b.
FIQUE ATENTO! Quadrado: 4 < diâmetro < 5,6 Triângulo Equilátero: 4
< Diâmetro < 8 Retângulo: 4 < Diâmetro < 5. Logo, o
Há cinco classificações distintas para os ân- único diâmetro possível é 4,7 cm.
gulos formados por duas retas paralelas que
intersectam uma transversal. Então, procure
visualizar bem as imagens para associá-las a
cada classificação existente.
Matemática e suas Tecnologias

POLÍGONOS

Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono”
advém do grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).

LINHAS POLIGONAIS E POLÍGONOS

Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:

Linha poligonal fechada simples:

Linha poligonal fechada não-simples:

Linha poligonal aberta simples:

94

Linha poligonal aberta não-simples:

FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra em duas regiões (a
interior e a exterior), sem pontos comuns.

ELEMENTOS DE UM POLÍGONO
Matemática e suas Tecnologias

Um polígono possui os seguintes elementos:

Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.

Vértices: Ponto de encontro de dois lados consecutivos: A, B, C, D, E

Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE

� , c� , d
Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b � , e� .

Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1

CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍGONOS QUANTO AO NÚMERO DE LADOS

Nome Número de lados Nome Número de lados


triângulo 3 quadrilátero 4
pentágono 5 hexágono 6
heptágono 7 octógono 8
eneágono 9 decágono 10
hendecágono 11 dodecágono 12
tridecágono 13 tetradecágono 14
pentadecágono 15 hexadecágono 16
heptadecágono 17 octodecágono 18
eneadecágono 19 icoságono 20

A classificação dos polígonos pode ser ilustrada pela seguinte árvore:


95

Um polígono é denominado simples se ele for descrito por uma fronteira simples e que não se cruza (daí divide
o plano em uma região interna e externa), caso o contrário é denominado complexo.
Um polígono simples é denominado convexo se não tiver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 180°,
caso o contrário é denominado côncavo.
Um polígono convexo é denominado circunscrito a uma circunferência ou polígono circunscrito se todos os
vértices pertencerem a uma mesma circunferência.
Um polígono inscritível é denominado regular se todos os seus lados e todos os seus ângulos forem congruentes.

Alguns polígonos regulares:

a) triângulo equilátero
b) quadrado
c) pentágono regular
d) hexágono regular
Matemática e suas Tecnologias

PROPRIEDADES DOS POLÍGONOS


#FicaDica
De cada vértice de um polígono de n lados, saem
dv = n – 3 Polígonos regulares são formas de polígonos
O número de diagonais de um polígono é dado por: mais estudadas e cobradas em questões de
concursos.
n n−3
d=
2

Onde n é o número de lados do polígono. EXERCÍCIO COMENTADO

A soma das medidas dos ângulos internos de um po- 1.(ENEM 2016) É comum os artistas plásticos se apropria-
lígono de n lados (Si) é dada por: rem de entes matemáticos para produzirem, por exem-
plo, formas e imagens por meio de manipulações. Um
Si = n − 2 � 180° artista plástico, em uma de suas obras, pretende retratar
os diversos polígonos obtidos pelas intersecções de um
A soma das medidas dos ângulos externos de um po- plano com uma pirâmide regular de base quadrada.
lígono de n lados (Se) é igual a: Segundo a classificação dos polígonos, quais deles são
possíveis de serem obtidos pelo artista plástico?
360°
Se = a) Quadrados, apenas.
n b) Triângulos e quadrados, apenas.
c) Triângulos, quadrados e trapézios, apenas.
Em um polígono convexo de n lados, o número de d) Triângulos, quadrados, trapézios e quadriláteros irre-
triângulos formados por diagonais que saem de cada gulares, apenas.
vértice é dado por n - 2. e) Triângulos, quadrados, trapézios, quadriláteros irregu-
lares e pentágonos, apenas.
A medida do ângulo interno de um polígono regular
de n lados (ai ) é dada por: Resposta: Letra e. O número de polígonos formados
96 depende do número de faces da pirâmide. Como
n − 2 � 180° podemos cortar suas faces em 3, 4 ou 5 pontos, pode-
ai =
n mos criar triângulos (3 pontos), quadrados, trapézio,
quadriláteros irregulares (todos 4 pontos) e Pentágo-
A medida do ângulo externo de um polígono regular nos (5 pontos).
de n lados (ae ) é dada por:
360° QUADRILÁTEROS, CIRCUNFERÊNCIA E
ae =
n CÍRCULO
A soma das medidas dos ângulos centrais de um po-
lígono regular de n lados (Sc ) é igual a 360º. QUADRILÁTEROS

A medida do ângulo central de um polígono regular São figuras que possuem quatro lados dentre os quais
de n lados () é dada por: temos os seguintes subgrupos:

360° Paralelogramo
ac =
n

Polígonos regulares

Os polígonos regulares são aqueles que possuem to-


dos os lados congruentes e todos os ângulos congruen-
tes. Todas as propriedades anteriores são válidas para
os polígonos regulares, a diferença é que todos os va-
lores são distribuídos uniformemente, ou seja, todos os
ângulos terão o mesmo valor e todas as medidas terão
o mesmo valor.
Matemática e suas Tecnologias

Características: Losango

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:


AB // DC e AD // BC .

Além de paralelos, os lados paralelos possuem a


mesma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC

A altura é medida em relação a distância entre os


segmentos paralelos, ou seja: B : altura = h

A base é justamente a medida dos lados que se me-


diu a altura: AD: base = b

A área é calculada como o produto da base pela


altura: Área= b∙h Características:

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:


O perímetro é calculado como a soma das medidas
AB // DC e AD // BC
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA

Retângulo Possuem os quatro lados com medidas iguais:


AB = DC = AD = BC

No losango, definem-se diagonais como a distância


entre vértices opostos, assim:
BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d

A área é calculada a partir das diagonais e não dos


97
D�d
lados: Área =
2

Características: O perímetro é calculado como a soma das medidas


de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC Quadrado

Além de paralelos, os lados paralelos possuem a


mesma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC

Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos


�=B
do retângulo medem 90°: A � = C� = D
� = 90°

No retângulo, um par de lados paralelos


será a base e o outro será a altura, no desenho:
AB: altura = h e AD: base = b

A área é calculada como o produto da base pela Características:


altura: Área= b∙h
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
O perímetro é calculado como a soma das medidas AB // DC e AD // BC
de todos os quatro lados:
Possuem os quatro lados com medidas iguais:
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 2b + 2h AB = DC = AD = BC
Matemática e suas Tecnologias

Diferentemente do losango, todos os ângulos do Circunferência e Círculo


�=B
quadrado medem 90°: A � = C� = D
� = 90°
Uma circunferência é definida como o conjunto de
pontos cuja distância de um ponto, denominado de
Seguindo a lógica do retângulo, temos o valor da base
centro, O é igual a R, definido como raio.
e da altura iguais neste caso: BC: lado = L e AB: lado =

A área é calculada de maneira simples: Área = L2

O perímetro é calculado como a soma


das medidas de todos os quatro lados:
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L

Trapézio

Já um círculo é definido como um conjunto de pon-


tos cuja distância de O é menor ou igual a R.

Características:
98
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão
chamados de bases maior e menor:

AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b


Características:

A altura será definida como a distância entre as ba- A medida relevante da circunferência é o raio (R)
ses: B : altura = h que é a distância de qualquer ponto da circunferência
em relação ao centro C.

A área é calculada em função das bases e da altura: A área é calculada em função do raio: Área = πR2
B+b
Área = �h O perímetro, também chamado de comprimento
2
da circunferência, é calculado em função do raio tam-
bém: Perímetro = 2πR
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA Setor Circular

Um Setor Circular é uma região de um círculo com-


preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam
no centro e vão até a circunferência.

#FicaDica
Em termos práticos, um setor circular é um “pe-
daço” de um círculo.
Matemática e suas Tecnologias

Reta Tangente: Reta e circunferência possuem ape-


nas um ponto em comum (dOP = R)

Características:

O ângulo α é definido como ângulo central


απR2
Área do Setor Circular (para α em graus): A=
360
Reta Exterior: Reta e circunferência não possuem
αR2 pontos em comum (dOP > R)
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2

Segmento Circular

Um Segmento Circular é uma região de um círculo


compreendida entre um segmento que liga os pontos
de cruzamento dos segmentos de reta com a circunfe-
rência, ao qual definimos como corda AB e a circun-
ferência.
99

Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois


pontos em comum (dOP < R)

Características:

A Área do Setor Circular (para α em radianos):


R2
A= α − sen α
2
3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências

Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’


cuja distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos
as seguintes posições relativas:
Matemática e suas Tecnologias

JUROS SIMPLES
EXERCÍCIO COMENTADO

1.(ENEM 2016) A London Eye é uma enorme roda-gigan- Toda vez que falamos em juros estamos nos referindo
te na capital inglesa. Por ser um dos monumentos cons- a uma quantia em dinheiro que deve ser paga por
truídos para celebrar a entrada do terceiro milênio, ela um devedor, pela utilização de dinheiro de um credor
também é conhecida como Roda do Milênio. Um turista (aquele que empresta).
brasileiro,em visita à Inglaterra, perguntou a um londrino
o diâmetro (destacado na imagem) da Roda do Milênio 1. Nomenclatura
e ele respondeu que ele tem 443 pés.
a) Os juros são representados pela letra J.
b) O dinheiro que se deposita ou se empresta cha-
mamos de capital e é representado pela letra C.
c) O tempo de depósito ou de empréstimo é repre-
sentado pela letra t.
d) A taxa de juros é a razão centesimal que incide
sobre um capital durante certo tempo. É representado
pela letra i e utilizada para calcular juros.

Chamamos de simples os juros que são somados ao


capital inicial no final da aplicação.

FIQUE ATENTO!
Devemos sempre relacionar taxa e tempo
numa mesma unidade:
Taxa anual --------------------- tempo em anos
Taxa mensal-------------------- tempo em meses
Não habituado com a unidade pé, e querendo satisfa- Taxa diária---------------------- tempo em dias
100 zer sua curiosidade, esse turista consultou um manual de
unidades de medidas e constatou que 1 pé equivale a
12 polegadas, e que 1 polegada equivale a 2,54 cm. Exemplo: Uma pessoa empresta a outra, a juros
Após alguns cálculos de conversão, o turista ficou sur- simples, a quantia de R$ 3000,00, pelo prazo de 4 meses,
preendido com o resultado obtido em metros. Qual a à taxa de 2% ao mês. Quanto deverá ser pago de juros?
medida que mais se aproxima do diâmetro da Roda do
Milênio, em metro? Resolução:

a) 53 - Capital aplicado (C): R$ 3.000,00


b) 94 - Tempo de aplicação (t): 4 meses
c) 113 - Taxa (i): 2% ou 0,02 a.m. (= ao mês)
d) 135
e) 145 Fazendo o cálculo, mês a mês:

Resposta: Letra d. No final do 1º período (1 mês), os juros serão: 0,02 R$


3.000,00 = R$ 60,00
Como foi dito no enunciado, 1 pé = 12 ⋅ 2,54 cm = No final do 2º período (2 meses), os juros serão: R$
30,48 cm. 60,00 + R$ 60,00 = R$ 120,00
Dessa maneira, o diâmetro da roda-gigante, em me- No final do 3º período (3 meses), os juros serão: R$
tros, é (443 ⋅ 30,48)/100 = 135,026 m. Assim, o valor que 120,00 + R$ 60,00 = R$ 180,00
mais se aproxima é 135. No final do 4º período (4 meses), os juros serão: R$
180,00 + R$ 60,00 = R$ 240,00

Para evitar essa sequência de cálculos toda vez que


vamos calcular os juros simples, existe uma fórmula que
quantifica o total de juros simples do período, e ela está
apresentada abaixo:

J=C ∙ i ∙ t
Matemática e suas Tecnologias

Além disso, quando quisermos saber o total que será pago de um empréstimo, ou o quanto se resgatará do
investimento, o qual definimos como Montante (M), basta somar o capital com os juros, usando o conceito funda-
mental da matemática financeira:

M=C+J

Ou

M=C(1+i . t)

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(ENEM 2015) Um casal realiza um financiamento imobiliário de R$ 180 000,00, a ser pago em 360 prestações
mensais, com taxa de juros efetiva de 1% ao mês. A primeira prestação é paga um mês após a liberação dos re-
cursos e o valor da prestação mensal é de R$ 500,00 mais juro de 1% sobre o saldo devedor (valor devido antes do
pagamento). Observe que, a cada pagamento, o saldo devedor se reduz em R$ 500,00 e considere que não há
prestação em atraso.

Efetuando o pagamento dessa forma, o valor, em reais, a ser pago ao banco na décima prestação é de

a) 2 075,00.
b) 2 093,00.
c) 2 138,00.
d) 2 255,00.
e) 2 300,00.

Resposta: Letra d. Temos que, na décima prestação, o valor devido é de 175 500. Calculando os juros, temos 1%
de 175500 = 1755. Logo, na décima prestação o valor será de 1755 + 500 = 2255.

2.(NUCEPE 2009) Um investidor possui R$ 80.000,00. Ele aplica 30% desse dinheiro em um investimento que rende juros 101
simples a uma taxa de 3% a.m., durante 2 meses, e aplica o restante em investimento que rende 2% a.m., durante
2 meses também. Ao fim desse período, esse investidor possui:
A) R$ 83.680,00
B) R$ 84.000,00
C) R$ 84.320,00
D) R$ 84.400,00
E) R$ 88.000,00

Resposta: Letra a. Temos neste problema um capital sendo investido em duas etapas. Vamos realizar os cálculos
separadamente:

1º investimento
30% de R$ 80.000,00 = R$ 24.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 3% a.m., durante um período t = 2 meses.
Lembrando que i = 3% = 0,03.
Cálculo dos juros J, onde J=C∙i∙t:
J = 24000∙ (0,03) ∙2 = 1440.
Juros do 1º investimento = R$ 1440,00.

2º investimento
R$ 80.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 56.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 2% a.m., durante um período t = 2
meses.
J = 56000∙ (0,02) ∙ 2 = 2240.
Juros do 2º investimento = R$ 2.240,00.
Portanto, o montante final será de
R$ 80.00,00 + R$ 1.440,00 + R$ 2.240,00 = R$ 83.680,00.
Matemática e suas Tecnologias

JUROS COMPOSTOS

O capital inicial (principal) pode crescer como já sabemos, devido aos juros. Basicamente, há duas modalida-
des de como se calcular os juros:
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros.
Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render
juros. Também conhecido como “juros sobre juros”.

Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e juros compostos, com um
exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao ano) Teremos:

Capital = 100 Juros Simples Juros Compostos


N° de Anos Montante Simples Montante Composto
1 100 + 0,1 ∙ 100 = 110 100,00 + 0,1 ∙ (100,00) = 110,00
2 110 + 0,1 ∙ 100 = 120 110,00 + 0,1 ∙ (110,00) = 121,00
3 120 + 0,1 ∙ 100 = 130 121,00 + 0,1 ∙ (121,00) = 133,10
4 130 + 0,1 ∙ 100 = 140 133,10 + 0,1 ∙ (133,10) = 146,41
5 140 + 0,1 ∙ 100 = 150 146,41 + 0,1 ∙ (146,41) = 161,05

Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo
juros compostos é EXPONENCIAL, e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”. Isto poderia ser ilustrado
graficamente da seguinte forma:

102

Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores particulares costumam reinvestir as quantias


geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego mais comum de juros compostos na Economia. Na
verdade, o uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos.

Fórmula para o cálculo de Juros compostos

Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos (i) de 10% (i =
10% a.m.). Vamos calcular os montantes (capital + juros), mês a mês:
Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 ∙ 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1)
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 ∙1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2
Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 ∙ 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3
.....................................................................................................
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos evidentemente: M = 1000(1 + 0,1)n
Matemática e suas Tecnologias

De uma forma genérica, teremos para um capital


C, aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o M
período n : log = n � log 1 + i →
M = C(1 + i)n C

Onde M = montante, C = Capital, i = taxa de juros e


n = número de períodos que o principal C foi aplicado.

A fórmula envolve logaritmos e você tem dois


#FicaDica caminhos: Memorize ou sempre lembre da dedução a
partir da fórmula do montante. Substituindo os valores:
Na fórmula acima, as unidades de tempo refe-
rentes à taxa de juros (i) e do período (n), tem
de ser necessariamente iguais. Este é um deta-
lhe importantíssimo, que não pode ser esque-
cido! Assim, por exemplo, se a taxa for 2% ao
mês e o período 3 anos, deveremos considerar
2% ao mês durante 3 ∙ 12=36 meses.
Exemplo: Calcule o montante de uma aplicação EXERCÍCIOS COMENTADOS
financeira de R$ 2000,00 aplicada a juros com-
postos de 2% ao mês durante 2 meses: 1. (NOVA 2017) Calcule o montante de um empréstimo
a juros compostos de R$ 10000,00 a uma taxa de 0,5%
a.m durante 6 meses. Dado: 1,0056 = 1,0304
Resolução:
a) R$ 10303,77
M = C∙(1 + i)n→M = 2000∙(1 +0,02)2→M = 2000∙(1,02)2=R$ b) R$ 10090,90
2080,80 c) R$ 13030,77
d) R$ 13250,80
Com aplicação da fórmula, obtém-se o montante. e) NDA
Agora, se quisermos os juros? Como se calcula os juros
desta aplicação sendo que agora não temos uma Resposta: Letra a. M = C(1 + i)^n→M = 10000∙(1 103
fórmula para J como nos juros simples? Para resolver isso, +0,005)^6→M = 10000∙(1,005)^6=R$ 10303,77
basta relembrar o conceito fundamental:

M=C+J→J=M-C LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS


Como calculamos o montante e temos o capital:
LEI DOS SENOS
J=M-C→2080,80-2000,00=R$ 80,80
A Lei dos senos relaciona os senos dos ângulos de
Esse exemplo é a aplicação básica de juros um triângulo qualquer (não precisa necessariamente ser
compostos. retângulo) com os seus respectivos lados opostos. Além
disso, há uma relação direta com o raio da circunferên-
cia circunscrita neste triângulo:
FIQUE ATENTO!
Alguns concursos podem complicar um
pouco as questões, deixando como incóg-
nita o período da operação “n”.

Exemplo: Em quanto tempo devo deixar R$ 3000,00


em uma aplicação para que renda um montante de R$
3376,53 a uma taxa de 3% ao mês.

Resolução: Neste caso, precisamos saber n, vamos


isolá-lo na fórmula do montante:

n M n M n a b c
M=C 1+i → = 1+i → log = log 1 + i = = = 2R
C C sen A sen B sen C�
� �
Matemática e suas Tecnologias

Lei dos Cossenos Resposta: Letra a.

A lei dos cossenos é considerada uma generaliza- Aplicando a lei dos senos, lembrando que ela se rela-
ção do teorema de Pitágoras, onde para qualquer ciona com a circunferência circunscrita ao triângulo:
triângulo, conseguimos relacionar seus lados com a
subtração de um termo que possui o ângulo oposto do
x
lado de referência. = 2R
sen 60°

x
=2 3
3/2

x=3

MATRIZ

EXEMPLO PRÁTICO

A tabela seguinte mostra a situação das equipes no


a2 = b2 c2
+ − 2 � b � c � cos A � Campeonato Paulista de Basquete masculino.

b2 = a2 + c 2 − 2 � a � c � cos B
Campeonato Paulista – Classificação
c 2 = a2 + b2 − 2 � a � b � cos C�
Time Pontos
1º Tilibra/Copimax/Bauru 20
FIQUE ATENTO!
2º COC/Ribeirão Preto 20
Há três formas distintas de utilizar a Lei
dos Cossenos. Quando for utilizá-la, tenha 3º Unimed/Franca 19
104 cuidado ao expressar os termos conhecidos 4º Hebraica/Blue Life 17
e a incógnita em uma das três equações 5º Uniara/Fundesport 16
propostas. Note que o termo à esquerda do
sinal de igual é o lado oposto ao ângulo que 6º Pinheiros 16
deve aparecer na equação. 7º São Caetano 16
8º Rio Pardo/Sadia 15
9º Valtra/UBC 14

EXERCÍCIOS COMENTADOS 10º Unisanta 14


11º Leitor/Casa Branca 14
1.(NOVA 2016) De acordo com a figura abaixo, o valor 12º Palmeiras 13
de x é
: 13º Santo André 13
14º Corinthians 12
15º São José 12

Fonte: FPB (Federação Paulista de Basquete)


Folha de S. Paulo – 23/10/01

Observando a tabela, podemos tirar conclusões por


meio de comparações das informações apresentadas,
por exemplo:

→ COC/Ribeirão lidera a classificação com 20 pon-


a) 3 tos juntamente com Tilibra/Bauru
b) 4 → Essa informação encontra-se na 2ª linha e 3ª coluna.
c) 5
d) 9 Ou seja, esta tabela nos oferece valores numéricos
e) 15 nos quais podemos tirar determinadas conclusões.
Matemática e suas Tecnologias

DEFINIÇÕES MATRIZES ESPECIAIS


∗ ∗
Chamamos de matriz m x n (m Є N e n Є N ) qual- Apresentamos aqui a nomenclatura de algumas ma-
quer tabela formada por m x n (m

ЄN e nЄN
elementos

)
(informa- trizes especiais:
ções) dispostos em m linhas e n colunas.
a) Matriz Linha: É a matriz que possui uma única linha.
Exemplos:
Exemplos:

1 0 −2 3 é uma matriz 2 x 4 (duas linhas e A = −1 0


a)
1 1 3 2 B= 1 0 0 2
por quatro colunas)
b) Matriz Coluna: É a matriz que possui uma única co-
1 0 1 luna.
b) 2 3 3 é uma matriz 3x3 (três linhas por três Exemplos:
1 4 2 2
colunas) A=
1
c) 1 0 3 é uma matriz 1x3 (uma linha e três colunas) 0
2 B = −1
d) é uma matriz 2x1 (duas linhas e uma coluna)
0 3

O nome de uma matriz é dado utilizando letras c) Matriz Nula: É a matriz que possui todos os elemen-
maiúsculas do alfabeto latino, (A,B,C,D... por exemplo), tos iguais a zero.
enquanto os elementos da matriz são indicados por le- Exemplos:
tras latinas minúsculas (a,b,c,d...), a mesma do nome de
matriz, com dois índices, que indicam a linha e a coluna
0 0
que o elemento ocupa na matriz. A=
Assim, um elemento genérico da matriz é represen- 0 0
tado por aij . 0 0 0 105
B=
O primeiro índice, i, indica a linha que esse elemento
0 0 0
ocupa na matriz, e o segundo índice, j, a coluna desse
comando. d) Matriz Quadrada: É a matriz que possui o número
de linhas igual ao número de linhas igual ao número de
Exemplo: colunas.
Exemplo:
Na matriz B de ordem 2x3 temos:
1 0
A=
1 0 3
3 −2
B=
2 −1 4
Vale destacar que quando uma matriz não é qua-
b11 = 1; b12 = 0; b13 = 3; drada, ela é chamada de matriz retangular.
b21 = 2; b22 = −1; b23 = 4.
e) Matriz Diagonal: Dada uma matriz quadrada de
ordem n, chamamos de diagonal principal da matriz ao
Observação: O elemento b23, por exemplo, possui a conjunto dos elementos que possuem índices iguais.
seguinte leitura: “b dois três”. Exemplo:
{a11 , a22 , a33 , a44 }
De uma forma geral, a matriz A, de ordem m x n, é é a diagonal principal da matriz
representada por: A (4x4).
a11 ⋯ a1n
Além disso, a matriz quadrada que apresenta todos
A= ⋮ ⋱ ⋮
os elementos, não pertencentes à diagonal principal,
am1 ⋯ amn
iguais a zero, é definida como matriz diagonal.

Ou com a notação abreviada: A = aij


mxn
Matemática e suas Tecnologias

Exemplo:
IMPORTANTE: Dada uma matriz A = aij ,
mxn
2 0 0 dizemos que uma matriz B = bij é oposta de A
A= 0 1 0 mxn
quando bij = −aij para todo i, 1 ≤ i ≤ m, e todo j, 1
0 0 3 ≤ j ≤ n.

f) Matriz Identidade: É a matriz diagonal que apresen- Exemplo:


ta todos os elementos da diagonal principal iguais
a 1 e os outros iguais a 0. Representamos a matriz 3 −1 −3 1
identidade de ordem n por In. A= , temos que: B = −A =
2 4 −2 −4
Exemplo:
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE MATRIZES
1 0
I2 = Dadas duas matrizes A e B, de mesma ordem m x n,
0 1
denominamos soma da matriz A com a matriz B à matriz
1 0 0 C, de ordem m x n, cujos elementos são obtidos quando
I3 = 0 1 0 somamos os elementos correspondentes das matrizes A
e B. Indicamos:
0 0 1
C = A + B
Observação: Para uma matriz identidade In = (aij)n x n
Assim:
g) Matriz Transposta: Dada uma matriz A, chamamos 1 3 4 2 1 1 3 4 5
de matriz transposta de A à matriz obtida de A trocan- + =
2 1 −2 3 2 3 5 3 1
do-se “ordenadamente”, suas linhas por colunas. Indi-
camos a matriz transposta de A por At.
Exemplo: Propriedades da Adição: Sendo A, B e C matrizes m
x n e O a matriz nula m x n , valem as seguintes proprie-
1 2 dades.
106 1 0 3
Se, A = t
, então: A = 0 1 a) A + B = B + A (Comutativa)
2 1 4
3 4 b) A + B + C = A + (B + C) (Associativa)
c) A + O = O + A = A (Elemento Neutro)
Observação importante: Se uma matriz A é de ordem
m x n, a matriz At, transposta de A, é de ordem n x m. d) A + −A = O (Elemento Oposto)
e) A + B t = At + B t
IGUALDADE DE MATRIZES

Sendo A e B duas matriz de mesma ordem, dizemos Metodologia: Consideremos duas matrizes A e B, am-
que um elemento de matriz A é correspondente a um bas de mesma ordem . Chamamos de diferença entre
elemento de B quando eles ocupam a mesma posição A e B (indicamos com ) a soma de A com a oposta de B.
nas respectivas matrizes. A – B = A + (−B)
Exemplo:

Sendo A e B duas matrizes de ordem 2 x 2, Exemplo:


a11 a12 b11 b12 3 2 4 5
A= a a22 e B = A= eB=
21 b21 b22 1 −2 −2 1

São elementos correspondentes de A e B, os pares: 3 2 −4 −5


a11 e b11; a12 e b12; a21 e b21; a22 e b22.
A − B = A + −B = +
1 −2 2 −1
3−4 2−5 −1 −3
Assim, duas matrizes A e B são iguais se, e somente se, = =
1 + 2 −2 − 1 3 −3
têm a mesma ordem e os elementos correspondentes
são iguais.
Na prática, para obtermos a subtração de matrizes
Indica-se, portanto: A = B ou A = (aij)n x n e B = (bij)p x q de mesma ordem, basta subtrairmos os elementos cor-
respondentes.
Matemática e suas Tecnologias

MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES POR UM NÚMERO REAL MATRIZ INVERSA


No conjunto dos números reais, para todo a ≠ 0, exis-
Consideremos uma matriz A, de ordem m x n, e um te um número b, denominado inverso de a, satisfazendo
número real c . O produto de por A é uma matriz B, de a condição:
ordem m x n, obtida quando multiplicamos cada ele-
a � b = b � a = 1
mento de A por c .

Indicamos: Normalmente
− indicamos o inverso de a por
1 1
ou a
B = c � A a
Analogamente para as matrizes temos que uma ma-
Exemplo: triz A, quadrada de ordem n, é dita inversível se, e so-
mente se, existir uma matriz B, quadrada de ordem n,
1 3 tal que:
A= e c = 2, temos que:
2 5
A � B = B � A = In
2�1 2�3 2 6
c�A= 2�A = =
2�2 2�5 4 10 A matriz B é denominada inversa de A e indicada
por A−1 .
PRODUTO ENTRE MATRIZES
Exemplo:
4 −3
O produto (linha por coluna) de uma matriz Verifique que a matriz B = é a inversa
−1 1
A = aij por uma matriz B = bij pxn
é uma matriz , 1 3
m xp
da matriz A = . Para isso, basta realizar o pro-
de modo que cada elemento cij é obtido multiplican- 1 4
do-se ordenadamente os elementos da linha i de A pe- duto entre elas e verificar se o resultado será a matriz
los elementos da coluna j de B, e somando-se os produ-
identidade:
tos assim obtidos. 107

FIQUE ATENTO! 1 3 4 −3 1 0
A�B= � =
Só existe o produto de uma matriz A por uma 1 4 −1 1 0 1
matriz B se o número de colunas de A é igual Ou
ao número de linhas de B.
4 −3 1 3 1 0
B�A = � =
−1 1 1 4 0 1
Propriedades: Sendo A uma matriz de ordem m x n, B
e C matrizes convenientes (ou seja, o produto entre elas
Como A � B = B � A = I2 , a matriz B é a inversa
é possível), são válidas as seguintes propriedades.
de A, isto é, B = A−1 .
a) A � B � C = A � (B � C) – Associativa
IMPORTANTE: É bom observarmos que, de acordo
b) C � A + B = C � A + C � B – Distributiva pela esquerda
com a definição, a matriz A também
− −é a inversa de B,
c) A + B � C = A � C + B � C – Distributiva pela direita isto é, A = B −1 , ou seja, A = A
1 1
.
d) A � In = Im � A = A – Elemento neutro
e) A � B t = B t � At Exemplo:
3 1
Encontre a matriz inversa da matriz A = 2 1 , se exis-
tir. Neste caso, teremos que encontrar individualmente
os termos da matriz inversa, que chamaremos de B.
#FicaDica
Para a multiplicação de matrizes não vale Supondo que B = a b é a matriz inversa de A, te-
c d
a propriedade comutativa A � B ≠ B � A . Esta mos:
propriedade só é verdadeira em situações
especiais, quando dizemos que as matrizes são A�B=
3 1 a
.
b
=
1 0
2 1 c d 0 1
comutáveis.
Matemática e suas Tecnologias

Fazendo a multiplicação, encontraremos o seguinte Exemplos:


resultado:
A = −2 → det A = −2
3a + c 3b + d 1 0 B = 5 → det B = 5
=
2a + c 2b + d 0 1
C = [0] → det C = 0
Logo, teremos dois sistemas lineares, 2x2:
DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE ORDEM 2
3a + c = 1 3b + d = 0 a11 a12
� e�
2a + c = 0 2b + d = 1 Seja a matriz quadrada de ordem 2: A= a a22
21
Resolvendo os sistemas, encontramos: . O determinante dessa matriz será o número:
a = 1, b = −1, c = 2 e d = 3 a11 a12
1 −1 det A = a a22 = a11 � a22 − a21 � a12
Assim, B = 21
−2 3

Portanto, a matriz A é inversível e sua inversa é única,


cuja matriz é: #FicaDica
1 −1 Para facilitar a memorização desse número,
B = A−1 = podemos dizer que o determinante é a
−2 3
diferença entre o produto dos elementos da
Propriedades: Sendo A e B matrizes quadradas de
diagonal principal e o produto dos elementos
ordem n e inversíveis, temos as seguintes propriedades:
da diagonal secundária.

a) A−1 −1 = A
Exemplos:
b) A−1 t = At −1
c) A � B −1 = B −1 � A−1 1 2
A=
5 3
det A = 1 � 3 − 5 � 2 = 3 − 10 = −7
108
DETERMINANTES
2 −1
B=
Chamamos de determinante a teoria desenvolvida 2 3
por matemáticos dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz e det B = 2 � 3 − 2 � −1 = 6 + 2 = 8
Seki Shinsuke Kowa, que procuravam uma fórmula para
determinar as soluções de Sistemas Lineares. DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE ORDEM 3
Esta teoria consiste em associar a cada matriz qua-
drada A, um único número real que denominamos de- Seja a matriz quadrada de ordem 3:
terminante de A e que indicamos por “det A” ou co-
locamos os elementos da matriz A entre duas barras a11 a12 a13
verticais, como no exemplo abaixo:
A = a21 a22 a23
a31 a32 a33
1 2 1 2
A= → det A =
4 5 4 5 O determinante desta matriz será uma soma de pro-
dutos intercalados de três em três números, ou seja:
No estudo de determinantes, vamos analisar diversos
tamanhos de matrizes, iniciando, pelo menor, ou seja, det A
uma matriz de ordem 1 passando pela ordem 2 e ordem
= a11 � a22 � a33 + a12 � a23
3. Determinantes maiores são muito raros de serem co-
brados em concursos públicos. � a31 + a21 � a32 � a13 − a31
� a22 � a13 − a21 � a12 � a33
DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE ORDEM 1 − a11 � a32 � a23
Seja a matriz quadrada de ordem 1: A = [a ] , o deter-
11
Para memorizarmos a definição de determinante de
minante dessa matriz é o próprio número dentro da matriz:
ordem 3, usamos a regra prática denominada Regra de
det A = a11 = a11 Sarrus:
Matemática e suas Tecnologias

1) Repetimos a 1º e a 2º colunas às direita da matriz. B foi obtida trocando de posição a primeira e segun-
da coluna de A. Assim:
a11 a12 a13 a11 a13
det A = a21 a22 a23 a21 a23 det A = a � d − b � c
a31 a32 a33 a31 a31 det B = c � b − a � d = − det A

2) Multiplicando os termos entre si, seguindo os traços Um ponto importante é se por exemplo, montarmos
em diagonal e associando o sinal indicado dos uma matriz C trocando de posição agora a primeira e
produtos, temos: segunda linha de B:

d b
C=
det A = a11 � a22 � a33 + a12 � c a
a23 � a31 + a21 � a32 � a13 −
Calculando o determinante:
a31 � a22 � a13 − a21 � a12 �
a33 − a11 � a32 � a23 detC = a � d − b � c = −detB = det A

Assim, cada troca de linha ou coluna irá acarretar


uma troca de sinal do determinante. Logo, se fizemos
uma quantidade par de trocas (2,4,6,...) o determinan-
te permanece com o mesmo sinal. Já se fizermos uma
quantidade de trocas ímpar (1,3,5...) o determinante in-
verte de sinal.
PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES
c) Seguindo a propriedade 2, se uma matriz possuir
Apresentamos, a seguir, algumas propriedades que duas linhas ou colunas idênticas, o seu determi-
visam a simplificar o cálculo dos determinantes: nante será 0. Justificativa: A matriz que obtemos
de A, quando trocamos entre si as duas filas (li-
a) O determinante de uma matriz A é igual ao de sua nha ou coluna “iguais”, é igual a A. Assim, de 109
transposta At. acordo com a propriedade 2, escrevemos que
detA = −detA . O único resultado possível para
Exemplo: isso é detA = 0.−detA
Demonstração no determinante 2x2:
a b a c d) Sendo A uma matriz quadrada de ordem n, e uma
A= e At = matriz k.A é obtida multiplicando todos os elemen-
c d b d
tos de A por k, então:

det A = a � d − b � c det(k � A) = k n � detA


det At = a � d − b � c = det A a b c ka kb kc
Exemplo: A = d e f → k � A = kd ke kf
b) Se B é a matriz que se obtém de uma matriz qua- g h i kg kh ki
drada A, quando trocamos entre si a posição de
duas filas (linhas ou colunas) paralelas, então: Se você calcular o determinante, encontrará
detB = −detA k 3 � det A

e) Teorema de Jacobi: O determinante não se alte-


Exemplo. ra, quando adicionamos uma fila qualquer com
outra fila paralela multiplicada por um número.
Demonstração no determinante 2x2:
Exemplo:
a b c a Considere o determinante
A= eB=
c d d b a b c
det A = d e f
g h i
Matemática e suas Tecnologias

Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m, teremos: Para obter essas médias, ele multiplicou a matriz obtida
a partir da tabela por

𝟏𝟏𝟏𝟏
a)
𝟐𝟐𝟐𝟐

𝟏𝟏𝟏𝟏
Calculando o determinante, você verá que b) [𝟒 𝟒 𝟒 𝟒 ]
det B = det A
𝟏
f) Uma consequência do teorema de Jacobi é que
se uma fila de uma matriz é a soma de múltiplos de c) 𝟏
𝟏
filas paralelas (combinação linear de filas parale-
las), o determinante é igual a zero.
𝟏
𝟏
g) Teorema de Binet: Sendo A e B matrizes quadra- 𝟐
das de mesma ordem, então: 𝟏
𝟐
det(A � B) = detA � detB d) 𝟏
𝟐
1 2 4 3 8 5 𝟏
Exemplo: A = ,B= , logo: A � B = 𝟐
0 3 2 1 6 3
𝟏
1 2
det A = =3 𝟒
0 3 𝟏
𝟒
e) 𝟏
4 3
det B = = 4 − 6 = −2 𝟒
2 1
𝟏
𝟒
8 5
det AB = = 24 − 30 = −6 = 3 � (−2)
6 3
110 Resposta: Letra e. Para calcular a média aritmética
Consequências: Sendo A uma matriz quadrada e de quatro notas, devemos somar as quatro notas e
, temos: dividi-la por 4. A matriz 4×4 obtida pelas notas deve
ser multiplicada por uma matriz coluna 4×1, no qual
det(An) = detA n cada um dos quatro elementos é igual 1/4, que é a
matriz da alternativa E.
E no caso da matriz inversa:
1
detA−1 = PROBABILIDADE
det A

PONTO AMOSTRAL, ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO


EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em uma tentativa com um número limitado de
1.(ENEM 2012) Um aluno registrou as notas bimestrais de resultados, todos com chances iguais, devemos
algumas de suas disciplinas numa tabela. Ele observou considerar três definições fundamentais:
que as entradas numéricas da tabela formavam uma Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos
matriz  4x4, e que poderia calcular as médias anuais resultados possíveis.
dessas disciplinas usando produto de matrizes. Todas as Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos
provas possuíam o mesmo peso, e a tabela que ele con- resultados possíveis; será representado por S e o número
seguiu é mostrada a seguir. de elementos do espaço amostra por n(S).
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do
espaço amostral; será representado por A e o número
de elementos do evento por n(A).

Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,


portanto são eventos.
Ø = evento impossível.
S = evento certo.
Matemática e suas Tecnologias

CONCEITO DE PROBABILIDADE UNIÃO DE EVENTOS

As probabilidades têm a função de mostrar a Considere A e B como dois eventos de um espaço


chance de ocorrência de um evento. A probabilidade amostral S, finito e não vazio, temos:
de ocorrer um determinado evento A, que é simbolizada
por P(A), de um espaço amostral S≠ Ø , é dada pelo
quociente entre o número de elementos A e o número
de elemento S. Representando:
n(A)
P A =
N(S)

Ex: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1 n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)↔


a 6, e observar o lado virado para cima, temos:
a) um espaço amostral, que seria o conjunto S n(A ∪ B) n(A) n(B) n(A ∩ B)
{1,2,3,4,5,6}.. ↔ = + −
n(S) n(S) n(S) n(S)
b) um evento número par, que seria o conjunto A1 =
{2,4,6} C S.
c) o número de elementos do evento número par é Logo: P(A ∪ B) = P(A) + P(B) - P(A ∩ B)
n(A1) = 3.
d) a probabilidade do evento número par é 1/2, pois
EVENTOS MUTUAMENTE EXCLUSIVOS
n(A1 ) 3 1
P A = = =
N(S) 6 2

PROPRIEDADES DE UM ESPAÇO AMOSTRAL FINITO E


NÃO VAZIO

a) Em um evento impossível a probabilidade é igual


a zero. Em um evento certo S a probabilidade é
igual a 1. Simbolicamente: P( Ø ) = 0 e P(S)= 1 111
b) Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão
P(A) ≤ 1. denominados mutuamente exclusivos. Observe que
c) Se A for o complemento de A em S, neste caso A ∩ B = 0, portanto: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). Quando os
P(A) = 1 - P(A) eventos A1 , A2 , A3 , … , An de S forem, de dois em dois,
sempre mutuamente exclusivos, nesse caso temos,
DEMONSTRAÇÃO DAS PROPRIEDADES analogicamente:

Considerando S como um espaço finito e não vazio,


P(A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An ) = P(A1 ) + P(A2 ) + P(A3 ) + . . . + P(An )
temos:

EVENTOS EXAUSTIVOS

Quando os eventos A , A , A , … , A de S forem,


1 2 3 n
de dois em dois, mutuamente exclusivos, estes serão
denominados exaustivos se:

A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An = S

� A ∪ �A = S
A∩A =∅ PROBABILIDADE CONDICIONADA

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral


S, finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada
a A é dada pela probabilidade de ocorrência de B
sabendo que já ocorreu A. É representada por P(B/A).

n(A ∩ B)
Veja: P(B/A) =
n(A)
Matemática e suas Tecnologias

EXERCÍCIO COMENTADO

1.(ENEM 2015) Em uma central de atendimento, cem


pessoas receberam senhas numeradas de 1 até 100.
Uma das senhas é sorteada ao acaso. Qual é a proba-
bilidade de a senha sorteada ser um número de 1 a 20? 

a) 1/100
b) 19/100
c) 20/100
EVENTOS INDEPENDENTES d) 21/100
e) 80/100
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral
S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente Resposta: Letra c. Como o que queremos são os nú-
quando: meros de 1 a 20, temos 20 números desejáveis em 100
P(A/B) = P(A) casos totais. Assim, o resultado é 20/100.
P(B/A) = P(B)
SISTEMAS LINEARES
INTERSECÇÃO DE EVENTOS

Considerando A e B como dois eventos de um DEFINIÇÃO


espaço amostral S, finito e não vazio, logo:
Sistemas lineares são conjuntos de 2 ou mais equa-
n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B) ções lineares, onde procura-se valores das incógnitas,
P(B/A) = = =
n(A) n A + n(S) P(A) chamadas de X = x1 , x2, x3 … e xn que atendam si-
multaneamente todas as equações lineares:
n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B)
P(A/B) = = =
112 n(B) n B + n(S) P(B)

Assim sendo:
P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B/A)
P A ∩ B = P B ∙ P(A/B)
Onde
Considerando A e B como eventos independentes,
logo P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A a11 , a12 , … , ann e b1, b2 , … , bn
∩ B) = P(A)∙ P(B). Para saber se os eventos A e B são
independentes, podemos utilizar a definição ou calcular são números reais.
a probabilidade de A ∩ B. Veja a representação:
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS LINEARES
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou
A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B) Considerando um sistema de n equações lineares,
podemos classificá-lo de 3 formas possíveis:

FIQUE ATENTO! Impossível: Quando não existem valores de


Um exercício de probabilidade pode envol-
ver aspectos relativos à análise combinató- X = (x1 , x2, x3 … e xn) que satisfaçam todas as n
ria. É importante ter em mente a diferença
equações lineares.
conceitual que existe entre ambos.
Possível e Indeterminado: Quando existem infinitas

possibilidades para X = (x1 , x2, x3 … e xn) que aten-

dem todas as equações;


Matemática e suas Tecnologias

Possível e determinado: Quando apenas um único


conjunto de X = (x1 , x2, x3 … e xn) satisfaz as equa-
ções lineares.

ASSOCIAÇÃO DE SISTEMAS LINEARES COM MATRIZES


Somando-se ambas as equações após multiplicar a
Podemos escrever qualquer sistema linear da seguin- primeira equação por 2, tem-se:
te forma, separando as constantes das incógnitas:
6x − 2y + 2x + 2y = 12 + 20
→ 8x = 32
→x=4

Após encontrar o valor de uma das variáveis, basta


substituir esse valor em qualquer uma das equações e
encontrar o valor da outra variável. Substituindo na pri-
meira equação:
Se det A ≠ 0 , a matriz possui inversa e assim pode-
mos isolar X da seguinte maneira: 3x − y = 6
→ 3×4−y =6
A � X = B ⇒ A−1 � A � X = A−1 � B → 12 − y = 6
⇒ I � X = A−1 � B →y=6
Assim, S = 4,6
⇒ X = A−1 � B

SISTEMAS LINEARES 2X2


MÉTODO DA SUBSTITUIÇÃO
Um exemplo de sistema 2 x 2, possui duas equações
e duas incógnitas (x e y) é: Este método consiste em isolar uma das incógnitas em 113
Este método consiste em isolar uma das incógnitas
3𝑥 − 𝑦 = 6 em uma das equações e substituir na outra equação.
� Retomando o mesmo exemplo:
2𝑥 + 2𝑦 = 20
3𝑥 − 𝑦 = 6

Há diversos métodos utilizados para resolver um sis- 2𝑥 + 2𝑦 = 20
tema linear 2 x 2. Aqui, destacam-se dois deles: método
da adição e método da substituição.
É possível isolar qualquer uma das variáveis em qual-
MÉTODO DA ADIÇÃO quer uma das equações. Isolando a variável “y” na pri-
meira equação:
O método da adição consiste em multiplicar uma (ou y = 3x − 6
ambas) das equações por um valor de modo que, ao so-
mar-se as duas equações, uma das incógnitas seja elimi-
nada. Para isso, a incógnita a ser eliminada deve possuir Substitui-se essa expressão para “y” na segunda
o mesmo número multiplicando-a em ambas as equa- equação:
ções, porém com sinais opostos. Utilizando o exemplo: 2x + 2 3x − 6 = 20
3𝑥 − 𝑦 = 6
� Agora, resolve-se essa equação do primeiro grau:
2𝑥 + 2𝑦 = 20

2x + 6x − 12 = 20
Uma maneira de resolver o sistema pelo método
2x + 6x = 20 + 12
da adição consiste em eliminar a variável “y”. Na pri-
meira equação a variável “y” está multiplicada por -1, 8x = 32
enquanto que na segunda equação, está multiplicada 32
por 2. Se a primeira equação for multiplicada por , em x= =4
8
ambas as equações a variável “y” estará multiplicada
por 2 porém com sinais opostos.
Matemática e suas Tecnologias

Utiliza-se a expressão encontrada anteriormente para “y” para encontrar o valor dessa incógnita:
y = 3x − 6
→ y = 3 × 4 − 6 = 12 − 6
→y=6
Assim: S = 4,6

SISTEMAS LINEARES 3X3 OU MAIORES

Todos os sistemas lineares podem ser resolvidos pelo método da substituição apresentado acima. Porém, com
mais equações, ele vai se tornando bem trabalhoso. Desta forma, um método mais rápido é sugerido, chamado de
método de Cramer. Utiliza-se a notação matricial e o conceito de determinantes para resolver:

Ex:

Primeiro, calcula-se DA = det A . Também serão calculados determinantes auxiliares, substituindo uma coluna
correspondente da matriz A, pela matriz B:

, e

Os valores das incógnitas são calculados da seguinte maneira:

114
Dx1 Dx2 Dx3
x1 = DA
, x2 = DA
, x3 = DA

Exemplo: Resolva pelo método de Cramer o seguinte Sistema Linear:

Transformando em forma matricial:

1 2 −1 x 2
2 −1 1 y = 3
1 1 1 z 6
Matemática e suas Tecnologias

Calculando os determinantes: a) 10,80 km/L


b) 12,65 km/L
c) 12,82 km/L
1 2 −1
d) 14,15 km/L
DA = 2 −1 1 = −7 e) 14,40 km/L
1 1 1

2 2 −1 Resposta: Letra e.
Dx = 3 −1 1 = −7
6 1 1 A estimativa da média de desempenho após a re-
dução de álcool anidrido no combustível é:
1 2 −1
Dy = 2 3 1 = −14 80% − 75%
1 6 1 1+ � 13,5 = 14,4 k m⁄L
75%
1 2 2
Dz = 2 −1 3 = −21
1 1 6
TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS
Logo:
DEFINIÇÃO
Dx −7
x= = =1 Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono
DA −7
que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí-
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui
Dy −14 alguns elementos e os principais são: vértices, lados, ân-
y= = =2
DA −7 gulos, alturas, medianas e bissetrizes.
Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
Dz −21 sobre os mesmos.
z= = =3 115
DA −7

#FicaDica
Sistemas lineares de ordem 3×3 ou maiores
não precisam ser necessariamente resolvidos
usando o método de Cramer. Fica a cargo do
estudante escolher um forma que pareça ser a) Vértices: A,B,C.
mais fácil. b) Lados: AB,BC e AC.
c) Ângulos internos: a, b e c.

Altura: É um segmento de reta traçada a partir de


um vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vérti-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ce formando um ângulo reto. BH é uma altura do triân-
gulo.

1.(ENEM 2017) O governo decidiu reduzir de 25%


para 20% o teor de álcool anidro misturado a gasolina
vendida nos postos do país. Considere que a média de
desempenho, ou seja, a quantidade de quilômetros
(km) que um carro anda com 1 litro de combustível, é
diretamente proporcional a porcentagem de gasolina
presente no combustível, e que a média de desempe-
nho de um carro antes da decisão do governo era de
13,5 km/L.
Nas condições do texto, qual será a estimativa da
média de desempenho após a redução de álcool ani-
dro no combustível?
Matemática e suas Tecnologias

Mediana: É o segmento que une um vértice ao pon- Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas
to médio do lado oposto. BM é uma mediana. diferentes.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIÂNGULOS QUANTO ÀS MEDI-


DAS DOS ÂNGULOS
Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas
partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos são agu-
caso Ê = Ô. dos, isto é, as medidas dos ângulos são menores do que 90º.

Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,


Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângu- isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.
lo. Todo triângulo possui três ângulos internos.

Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-


gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).

116

Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto


(90 graus). Atenção a esse tipo de triângulo pois ele é
muito cobrado!

Classificação dos triângulos quanto ao número de


lados

Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas iguais. .

m(AB) = m(BC) = m(CA)

MEDIDAS DOS ÂNGULOS DE UM TRIÂNGULO

Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po-


deremos identificar com as letras a, b e c as medidas
dos ângulos internos desse triângulo.

Triângulo Isósceles: Dois lados têm medidas iguais. #FicaDica


m(AB) = m(AC).
Em alguns locais escrevemos as letras
maiúsculas, acompanhadas de acento () para
representar os ângulos.
Matemática e suas Tecnologias

CONGRUÊNCIA DE TRIÂNGULOS

Duas figuras planas são congruentes quando têm a


mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mesmo
tamanho. Para escrever que dois triângulos ABC e DEF
Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângu- são congruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF
los internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180
Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruên-
graus, isto é: a + b + c = 180°
cia entre os lados, tal que: AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T
Ex: Considerando o triângulo abai- e entre os ângulos:
xo, podemos achar o valor de x, escrevendo:
70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos
x = 180º − 70º − 60º = 50º

Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, es-


�~R
crevemos: A � , B� ~ S� , C� ~ �T
Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.
Como observamos no desenho, as letras minúsculas
representam os ângulos internos e as respectivas letras FIQUE ATENTO!
maiúsculas os ângulos externos. Dois triângulos são congruentes, se os seus
elementos correspondentes são ordenada-
mente congruentes, isto é, os três lados e os
três ângulos de cada triângulo têm respecti-
vamente as mesmas medidas. Deste modo, 117
para verificar se um triângulo é congruente a
outro, não é necessário saber a medida de to-
dos os seis elementos, basta conhecerem três
Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma elementos, entre os quais esteja presente pelo
menos um lado. Para facilitar o estudo, indica-
dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
remos os lados correspondentes congruentes
externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b marcados com símbolos gráficos iguais.

Ex: No triângulo desenhado, podemos achar


a medida do ângulo externo x, escrevendo: CASOS DE CONGRUÊNCIA DE TRIÂNGULOS

x = 50º + 80º = 130°. LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.
Dois triângulos são congruentes quando têm, respecti-
vamente, os três lados congruentes. Observe que os ele-
mentos congruentes têm a mesma marca.
Matemática e suas Tecnologias

LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ân- CASOS DE SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
gulo. Dois triângulos são congruentes quando têm dois
lados congruentes e os ângulos formados por eles tam- Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem dois
bém são congruentes. ângulos correspondentes congruentes, então os triân-
gulos são semelhantes.

ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e


um lado. Dois triângulos são congruentes quando têm
um lado e dois ângulos adjacentes a esse lado, respec- Se A~D e C~F então: ABC =
� DEF
tivamente, congruentes.
Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem dois
lados correspondentes proporcionais e os ângulos for-
mados por esses lados também são congruentes, então
os triângulos são semelhantes.

LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um


lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois triân-
gulos são congruentes quando têm um lado, um ân-
gulo, um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse
118 lado respectivamente congruente.
Como m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(F ) = 2 ,

então ABC =
� EF

Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo


pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângu-
los semelhantes e o valor de x será igual a 8.
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma


forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se
duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: .

Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são fi-


guras semelhantes. Para os triângulos:

Os três ângulos são respectivamente congruentes,


isto é: A~R, B~S, C~T
Matemática e suas Tecnologias

Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes.

TEOREMA DE PITÁGORAS

Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a
intuição do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.

119
Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:

Triângulo ABC Triângulo A`B`C` Triângulo A``B``C``


Área do quadrado construído
4 8 16
sobre a hipotenusa
Área do quadrado construído
2 4 8
sobre um cateto
Área do quadrado construído
2 4 9
sobre o outro cateto

Como 4 = 2 + 2 � 8 = 4 + 4 � 16 = 8 + 8 , Pitágoras observou que a área do quadrado construído so-


bre a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.

A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos
realizados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos
os triângulos retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:
Matemática e suas Tecnologias

Onde os catetos são os segmentos que formam o ân- No triângulo equilátero, a altura e a mediana coinci-
gulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. dem. Logo, é ponto médio do lado BC. No triângulo re-
Chamando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a tângulo AHC, é ângulo reto. De acordo com o teorema
medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais de Pitágoras, podemos escrever:
conhecidos da matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2

Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos


é igual ao quadrado da hipotenusa.

TEOREMA DE PITÁGORAS NO QUADRADO

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabeA-


plicando o teorema de Pitágoras, podemos estabelecer 3l2
uma relação importante entre a medida d da diagonal e h² =
a medida l do lado de um quadrado. 4

l 3
h=
2

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(VUNESP 2014) Duas estacas de madeira, perpendicu-


lares ao solo e de alturas diferentes, estão distantes uma
da outra, 1,5 m. Será colocada entre elas uma outra es-
d= medida da diagonal taca de 1,7 m de comprimento, que ficará apoiada nos
120 l= medida do lado pontos A e B, conforme mostra a figura.

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retân-


gulo ABC, temos:

d² = l² + l²
d = √2l²
d=l 2

TEOREMA DE PITÁGORAS NO TRIÂNGULO EQUILÁTERO

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabele-


cer uma relação importante entre a medida h da altura e
a medida l do lado de um triângulo equilátero.

A diferença entre a altura da maior estaca e a altura da


menor estaca, nessa ordem, em cm, é:

(A) 95.
(B) 75.
(C) 85.
(D) 80.
l= medida do lado (E) 90.
h= medida da altura
Matemática e suas Tecnologias

Resposta: Letra D. Note que x é exatamente a diferen-


ça que queremos, e podemos calculá-lo através do #FicaDica
Teorema de Pitágoras:
Vale lembrar que a hipotenusa será sempre
1,7² = 1,5² + x² o lado oposto ao ângulo reto e, ainda, o
2,89 = 2,25 + x² lado maior do triângulo. Podemos relacioná-
los através do Teorema de Pitágoras, o qual
x² = 2,89 – 2,25 enuncia que o quadrado sobre a hipotenusa
x² = 0,64 de um triângulo retângulo é igual à soma dos
x = 0,8 m ou 80 cm quadrados sobre os catetos.

SENO, COSSENO E TANGENTE DE UM ÂNGULO AGUDO


TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO
RETÂNGULO A figura abaixo ilustra um triângulo retângulo com
suas medidas de lados:

RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Definiremos algumas relações e números obtidos a


partir dos lados de triângulos retângulos. Antes, porém,

precisamos revisar seus conceitos básicos. A figura abai-


xo apresenta um triângulo onde um de seus ângulos in-
π
ternos é reto (de medida 90º ou rad), o que nos per-
2 De fato, as medidas de seus lados (3, 4 e 5 unidades
mite classificá-lo como um triângulo retângulo. de comprimento) satisfazem a sentença do teorema de
Pitágoras: 52 = 32 + 42.
Agora, definiremos três importantes relações entre 121
os lados do triângulo, aos quais chamaremos de seno,
cosseno e tangente. Essas propriedades serão sempre
relativas a um determinado ângulo, assim, precisaremos
especificar de qual ângulo estamos falando. A expres-
são geral é apresentada abaixo, com as abreviações
as propriedades:

cateto oposto ao ângulo


Lembremo-nos de que, qualquer que seja o triângu- sen Ângulo =
lo, a soma dos seus três ângulos internos vale 180º. Logo,
hipotenusa
a respeito do triângulo ABC apresentado, dizemos que:
cateto adjacente ao ângulo
α + β + 90° = 180° → α + β = 90° cos Ângulo =
hipotenusa

Com isso, podemos concluir:


cateto oposto ao ângulo
tg Ângulo =
a) Que os ângulos α e β são complementares, isto é, cateto adjacente ao ângulo
são ângulos cujas medidas somam 90º;
b) Uma vez que são complementares ambos terão
sempre medida inferior a 90º, ou seja, serão ângu-
los agudos.

FIQUE ATENTO!
Dizemos que todo triângulo retângulo tem
um ângulo interno reto e dois agudos,
complementares entre si.
Matemática e suas Tecnologias

A partir dessas definições, podemos calcular o seno, Primeiramente, vamos calcular os comprimentos da
cosseno e tangente do ângulo α, do triângulo da figura: diagonal do quadrado e a altura h, do triângulo equi-
látero. Como já vimos as fórmulas na seção anterior de
triângulos, vamos apenas indicar os valores:
cateto oposto a α
sen α =
hipotenusa
d=a 2
l 3
cateto adjacente a α h=
cos α = 2
hipotenusa
Sabemos, agora, que o triângulo hachurado no in-
cateto oposto a α terior do quadrado tem catetos de medida 𝐚 e2hipote-
tg α =
cateto adjacente a α nusa 𝐚 2 . Para o outro triângulo sombreado, teremos
catetos e medidas 1 e l 3 , enquanto sua hipotenusa
No caso de , o cateto oposto a ele será aquele que 2 2
não forma o ângulo, ou seja, o segmento AC. Já o cate- tem comprimento 1.
to adjacente será o cateto que junto com a hipotenusa,
forma o ângulo, assim, ele será AB. Substituindo os valores: Passemos, agora, ao cálculo de seno, cosseno e tan-
gente dos ângulos de 30o, 45o e 60o.
cateto oposto a α 3
sen α = = = 0,6
hipotenusa 5 SENO, COSSENO E TANGENTE DE 30° E 60°.

Tomando por base o triângulo equilátero da figura


cateto adjacente a α 4 acima, e conhecendo as medidas de seus lados, temos:
cos α = = = 0,8
hipotenusa 5
cateto oposto a 30° l/2 1
122 sen 30° = = =
cateto oposto a α 3 hipotenusa l 2
tg α = = = 0,75 l 3
cateto adjacente a α 4 cateto adjacente a 30° 3
cos 30° = hipotenusa
= 2
l
= 2
SENO, COSSENO E TANGENTE DOS ÂNGULOS NOTÁVEIS cateto oposto a 30° l/2 3
tg 30° = =l 3 =
cateto adjacente a 30° 3
Uma vez definidos os conceitos de seno, cosseno e 2
tangente de ângulos agudos internos a um triângulo re-
tângulo, passaremos a determinar seus valores para ân- E
gulos de grande utilização em diversas atividades profis-
sionais e encontrados facilmente em situações cotidianas.
Observemos, nas figuras abaixo, que a diagonal de
um quadrado divide ângulos internos opostos, que são
retos, em duas partes de 45 + o+, e que o segmento
l
que define a bissetriz (e altura) de um ângulo interno do cateto adjacente a 60° 1
triângulo equilátero permite-nos reconhecer, em qual- cos 60° = hipotenusa
= 2l = 2
quer das metades em que este é dividido, ângulos de
medidas 30o e 60o. cateto oposto a 60°
l 3
tg 60° = = 2
l = 3
cateto adjacente a 60°
2

Observação Importante: Observe que os ângulos de


30° e 60° são complementares, e isso provoca a troca
dos valores de seno e cosseno. Já a tangente, temos
exatamente o valor inverso.
Matemática e suas Tecnologias

SENO, COSSENO E TANGENTE DE 45° O CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO

A partir do quadrado representado na figura acima, Definidas principais propriedades e o ângulos notáveis,
de lado a e diagonal 𝐚 2 , podemos calcular: podemos expandir essa análise para todos os ângulos de
um círculo, indo de 0 a 360° ou de 0 a 2π rad. Para isso,
usamos o circulo trigonométrico apresentado a seguir:

cateto oposto a 45° a


tg 45° = = =1
cateto adjacente a 45° a

Note que o ângulo de 45° tem valores iguais de seno


e cosseno, o que implica em uma tangente igual a 1.
Isso se deve pois o complementar deste ângulo é ele
mesmo.
Os resultados que obtivemos nos permitem definir, a
seguir, uma tabela de valores de seno, cosseno e tangen-
te dos ângulos notáveis, que nos será extremamente útil.

30o 45o 60o


Nele, podemos ver a divisão do círculo em quadran-
sen 3 tes e em cada quadrante, podemos ver as posições do
1 2
seno e cosseno dos ângulos. É importante memorizar os 123
2 2 2
sinais dos senos e cossenos, pois eles se alteram confor-
me mudamos de quadrante.
cos 3 2 1 Também é importante notar os limites de valores
2 para o seno e cosseno. Para qualquer ângulo x, os va-
2 2
lores de seno e cosseno estarão sempre entre -1 e 1 e
tg
3 1 3 isto está representado nos valores para os ângulos de
3 2 π 3π
0, , π, e 2π
2 2

OUTRAS RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS – COTANGENTE,


SECANTE E COSSECANTE

Além das razões com que trabalhamos até aqui, são


definidas a cotangente, secante e cossecante de um
ângulo agudo de triângulo retângulo através de rela-
ções entre seus lados, como definimos a seguir, com
suas respectivas abreviações

cateto adjacente ao ângulo


cotg Ângulo =
cateto oposto ao ângulo
hipotenusa
sec Ângulo =
cateto adjacente ao ângulo
hipotenusa
cossec Ângulo = cateto oposto ao ângulo
Matemática e suas Tecnologias

Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados Logo, como sempre teremos a soma dos quadrados
3, 4 e 5 unidades de comprimento que apresentamos de seno e cosseno de um ângulo. Essa identidade vale-
anteriormente, temos para o ângulo α: rá para qualquer ângulo x:

cateto adjacente a α 4 sen2x + cos 2 x = 1


cotg α = =
cateto oposto a α 3
Essa relação, é conhecida como relação fundamen-
hipotenusa 5
sec α = cateto adjacente a α = 4 tal da trigonometria.

hipotenusa 5 Façamos agora outro desenvolvimento. Tomemos


cossec α = = um dos ângulos agudos do triângulo ABC, da figura. Por
cateto oposto a α 3
exemplo, α. Dividindo-se sen α por cos α, obtemos:

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS sen α b⁄a b


= = = tg α
cos α c⁄a c
É comum a necessidade de obtermos uma razão tri-
gonométrica, para um ângulo, a partir de outra razão
cujo valor seja conhecido, ou mesmo simplificar expres- De forma análoga, o leitor obterá o mesmo resultado
sões extensas envolvendo várias relações trigonométri- se tomar o ângulo β. Dizemos, portanto, que, para um
cas para um mesmo ângulo. Nesses casos, as identida- ângulo x, cujo cosseno não será nulo:
des trigonométricas que iremos deduzir neste tópico são
ferramentas de grande aplicabilidade. sen x
Identidade em uma ou mais variáveis é toda igual- tg x =
dade verdadeira para quaisquer valores a elas atribuí-
cos x
dos, desde que verifiquem as condições de existência
de expressão. Podemos observar, também, que a razão b , que re-
Vamos iniciar então, mostrando um triângulo retân- c
c
presenta tg α , se invertida (passando a ), vem a cons-
gulo qualquer: b
tituir cotg α . Em virtude disso, e aproveitando a identida-
124 de enunciada anteriormente, podemos dizer que, para
todo ângulo x de seno não-nulo:
1 cos x
cotg x = =
tg x sen x

Tais inversões ocorrem também e se tratando das rela-


Aplicando as medidas de seus lados no teorema de ções seno, cosseno, secante e cossecante. Vejamos que:
Pitágoras, obtemos a seguinte igualdade:

b2 + c 2 = a2

Dividindo os seus membros por , não alteraremos a


igualdade. Assim, teremos:

2 e
b2 c 2 a2 b c 2
2 + 2= 2→ + =1
a a a a a

Se utilizarmos as relações trigonométricas que defini-


mos (seno, cosseno e tangente), podemos simplificar a
expressão de duas maneiras possíveis, em função de ou
:
2 2
sen α + cos α = 1
ou
2 2
cos β + sen β = 1
Matemática e suas Tecnologias

Teríamos encontrado inversões análogas se utilizássemos o ângulo β. Assim, essas relações também valerão
para qualquer ângulo x, desde que seja respeitada a condição de os denominadores dos segundos membros
dessas identidades não serem nulos.

Aplicando essas relações no teorema de Pitágoras, chegamos as outras duas importantes identidades trigono-
métricas:
2
tg x + 1 = sec 2 x
2
cotg x + 1 = cosec2 x

ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE ARCOS

Outras identidades trigonométricas estão relacionadas a operações com ângulos. As fórmulas a seguir foram
deduzidas para facilitar algumas operações matemáticas. Sejam e ângulos quaisquer. Temos que:

Seno da Soma: sen α + β = sen α � cos β + sen β � cos α

Seno da Diferença: sen α − β = sen α � cos β − sen β � cos α

Cosseno da Soma: cos α + β = cos α � cos β − sen α � sen β

Cosseno da Diferença: cos α − β = cos α � cos β + sen α � sen β

tg α+tg β
Tangente da Soma: tg α + β = 1−tgα � tgβ

tg α−tg β
Tangente da Diferença: tg α − β = 1+tgα.tg β 125

Dessas fórmulas, podemos deduzir uma variação importante, que são as fórmulas dos arcos duplos:

sen 2θ = 2 � sen θ � cos θ


cos 2θ = cos2 θ − sen ²θ
Matemática e suas Tecnologias

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(NOVA 2017) Assinale a alternativa que representa os valores de sen (75°) e cos (75°)

a)

b)

c)

d)

Resposta: Letra C. Usando a fórmula de soma de arcos para seno e cosseno e considerando que 75° = 30° + 45°:

6+ 2
sen75° = sen 30° + 45° = sen 30° � cos 45° + sen 45° � cos 30° =
4
]
6− 2
cos 45° = cos 30° + 45° = cos 30° � cos 45° − sen 30° � sen 45° =
4

126
Matemática e suas Tecnologias

a) II
b) I e II
HORA DE PRATICAR! c) I e III
d) II e III
1. (VUNESP 2016) Para iniciar uma visita monitorada a um e) Todos os itens
museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos do 9º ano de
certa escola foram divididos em grupos, todos com o Competência ENEM:H1
mesmo número de alunos, sendo esse número o maior
possível, de modo que cada grupo tivesse somente 5. (SAAE MG 2016) Misturam-se 30 litros de álcool com
alunos de um único ano e que não restasse nenhum 20 litros de gasolina. A porcentagem de gasolina na
aluno fora de um grupo. Nessas condições, é correto mistura é igual a: 
afirmar que o número total de grupos formados foi
a) 40%
a) 8 b) 20%
b) 12 c) 30%
c) 13 d) 10%
d) 15
e) 18 Competência ENEM:H2

Competência ENEM: H2 6. (MS CONCURSOS 2017) Certo estabelecimento de


ensino possui em seu quadro de estudantes alunos de
2. (IDHTEC 2016) Um ciclista consegue fazer um percurso várias idades. A quantidade de alunos matriculados
em 12 min, enquanto outro faz o mesmo percurso 15 neste estabelecimento é de 1300. Sabendo que deste
min. Considerando que o percurso é circular e que os total 20% são alunos maiores de idade, podemos
ciclistas partem ao mesmo tempo do mesmo local, após concluir que a quantidade de alunos menores de idade
quanto tempo eles se encontrarão? que estão matriculados é:
a) 15 min
a) 160
b) 30 min
b) 1040
c) 1 hora
c) 1100
d) 1,5 horas
d) 1300 127
e) 2 horas
Competência ENEM:H2
Competência ENEM: H2
7. (TRF-SP – Técnico Judiciário – FCC/2014) O resultado
3. (VUNESP 2016) No ano de 2014, três em cada cinco
estudantes, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, estavam da expressão numérica é igual a :
cursando o ensino superior, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Supondo-se que naquele a) 120.
ano 2,4 milhões de estudantes, naquela faixa etária, não b) 1/5
estivesse cursando aquele nível de ensino, o número dos c) 55.
que cursariam o ensino superior, em milhões, seria: d) 25.
e) 620.
a) 3,0
b) 3,2 Competência ENEM:H4
c) 3,4
d) 3,6 8. (FEI-SP) O valor da expressão B = 5 108  4 10-3 é:
e) 4,0
a) 206
Competência ENEM:H1 b) 2 . 106
c) 2 . 109
4. (OBJETIVA 2016) Três funcionários (Fernando, Gabriel d) 20 . 10-4
e Henrique) de determinada empresa deverão dividir
o valor de R$ 950,00 entre eles, de forma diretamente Competência ENEM:H4
proporcional aos dias trabalhos em certo mês. Sabendo-
se que Fernando trabalhou 10 dias, Gabriel, 12, e
Henrique, 16, analisar os itens abaixo: 
I - Fernando deverá receber R$ 260,00.
II - Gabriel deverá receber R$ 300,00.
III - Henrique deverá receber R$ 410,00.
Está(ão) CORRETO(S):
Matemática e suas Tecnologias

9. (VUNESP 2016) No ano de 2014, três em cada cinco c) 7,0.


estudantes, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, estavam d) 6,5.
cursando o ensino superior, segundo dados do Instituto e) 6,0.
Brasileiro de Geografia e Estatística. Supondo-se que
naquele ano 2,4 milhões de estudantes, naquela faixa Competência ENEM: H18
etária, não estivesse cursando aquele nível de ensino, o
número dos que cursariam o ensino superior, em milhões, 13. (FCC 2018) Um determinado antibiótico é vendido
seria: na forma de pó. Para uso, deve ser misturado com
água, conforme as indicações da bula abaixo.
a) 3,0
b) 3,2
c) 3,4
d) 3,6
e ) 4,0

Competência ENEM:H15
Com esse preparo, cada 5 mL da suspensão oral
10. (OBJETIVA 2016) Três funcionários (Fernando, Gabriel reconstituída terá 200 mg do princípio ativo desse
e Henrique) de determinada empresa deverão dividir antibiótico. Se, entretanto, uma pessoa adicionar 85 mL
o valor de R$ 950,00 entre eles, de forma diretamente de água ao pó (em vez de 65 mL), então, a quantidade
proporcional aos dias trabalhos em certo mês. Sabendo- de miligramas do princípio ativo contida em 5 mL dessa
se que Fernando trabalhou 10 dias, Gabriel, 12, e suspensão oral passará a ser, aproximadamente, de
Henrique, 16, analisar os itens abaixo: 
I - Fernando deverá receber R$ 260,00. a) 124.
II - Gabriel deverá receber R$ 300,00. b) 225.
III - Henrique deverá receber R$ 410,00. c) 180.
Está(ão) CORRETO(S): d) 156.
e) 135.
a) II
b) I e II Competência ENEM: H10
128 c) I e III
d) II e III 14. (UFLA 2018) “Uma das etapas de tratamento de
e) Todos os itens águas de piscinas, de águas para o consumo, e outros
usos, é a adição de “cloro”, etapa denominada de
Competência ENEM: H16 cloração. Nesse processo, nem sempre se adiciona o
cloro Cl2 diretamente na água, utiliza-se uma solução de
11. (FGV 2018) No setor de digitação da Assembleia hipoclorito de sódio, conhecida como “cloro líquido”.
Legislativa todos os digitadores possuem mesma Dependendo do objetivo que se pretende, são utilizadas
eficiência no trabalho e, portanto, digitam a mesma soluções com concentrações diferentes. Por exemplo,
quantidade de páginas em cada hora. Sabe-se que 3 se for na água para beber, a solução de hipoclorito
digitadores produziram 72 páginas digitadas em 4 horas. adicionada possui concentração de 0,4 mg/l; já em
O número de páginas que 4 digitadores produzirão em soluções para limpeza de vegetais, a concentração é
5 horas é de de 4 mg/l; para limpeza de utensílios é de 8 mg/l e como
produto para limpeza, conhecido como água sanitária,
a) 120. a concentração fica entre 25 e 50 g/l.”
b) 124. (http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/
c) 144. adicao-cloro-na-agua.htm)
d) 156.  Num laboratório, havia 10 litros de solução para
e) 180. cada tipo de uso (água para beber, para limpeza
de vegetais, para limpeza de utensílios e produto
Competência ENEM: H18 líquido para limpeza). Esses 40 litros foram misturados.
A concentração de hipoclorito de sódio da solução
12. (VUNESP 2018) Para imprimir um lote de panfletos, obtida pela mistura é:
uma gráfica utiliza apenas uma máquina, trabalhando
5 horas por dia durante 3 dias. O número de horas diárias a) Entre 9,35 g/l e 15,60 g/l
que essa máquina teria que trabalhar para imprimir esse b) Entre 6,2531 g/l e 12,5031 g/l
mesmo lote em 2 dias seria  c) Entre 9,2531 mg/l e 15,5031 mg/l
d) Entre 9253,1 mg/l e 1560,0 mg/l
a) 8,0.
b) 7,5. Competência ENEM: H11
Matemática e suas Tecnologias

15. (FUMARC 2016) Dois quintos de certa quantia inicial,


em reais, somados aos seus três quartos e o resultado 3
2

acrescido de cinco, fornecem o dobro da quantia 19. (Ceron-RO 2016) Se , 2x − = 68 então:


x
inicial. Essa quantia é, aproximadamente, igual a
9
a) 4x 2 + = 12
a) R$ 1,58 x2
b) R$ 5,88
9
c) R$ 6,80 b) 4x 2 + = 56
e) R$ 8,00 x2
9
Competência ENEM: H23 c) 4x 2 + 2 = 68
x
16. (Pref. Cipotânea-MG – Auxiliar Administrativo – 9
REIS&REIS/2016) Resolva a equação abaixo: d) 4x 2 + = 80
x2
2 x + 3 + 3 = 31 − 3(x − 1)
Competência ENEM: H21
a) x=4
b) x=-5 20. (CIS-AMOSC-SC – Técnico Administrativo –
c) x=5 Cursiva/2016) Simplificando a expressão , obtém-se:
d)x= -2 x 2 − 2x − 3
Competência ENEM: H21 x2 − 9
x+1
17. (Pref. Cipotânea-MG – Auxiliar Administrativo – a)
REIS&REIS/2016) Subtraia os polinômios abaixo: x+2
(-12ab + 6a) - (-13ab+5a)
x+1
b)
a) 2ab+a x+3
b) a+b
x+2
c) ab+a c) 129
d) ab+2a x+1

Competência ENEM: H21 d)


x+2
x+3
18. (ENEM 2017) Uma escola organizou uma corrida de
revezamento 4 x 400 metros, que consiste em uma prova Competência ENEM: H21
esportiva na qual os atletas correm 400 metros cada um
deles, segurando um bastão, repassando-o de um atleta
para outro da mesma equipe, realizando três trocas ao 21. (IF-ES 2016) Em um período longo de seca, o valor
longo do percurso, até o quarto atleta, que cruzará a médio de água presente em um reservatório pode ser
linha de chegada com o bastão. A equipe ganhadora estimado de acordo com a função: Q (t)=4000.2-,05t ,
realizou a prova em um tempo total de 325 segundos. onde t é medido em meses e Q(t) em metros cúbicos.
O segundo corredor da equipe ganhadora correu seus Para um valor de Q(t)=500, pode-se dizer que o valor
400 metros 15 segundos mais rápido do que o primeiro; de é
já o terceiro realizou seus 400 metros 5 segundos mais
rápido que o segundo corredor, e o último realizou seu a) 6 meses’
percurso em 3/4 do tempo realizado pelo primeiro. b) 8 meses
Qual foi o tempo, em segundo, em que o último atleta c) 5 meses
da equipe ganhadora realizou seu percurso de 400 d) 10 meses
metros? e) 4 meses

a) 58 Competência ENEM: H21


b) 61
c) 69
d) 72
e) 96

Competência ENEM: H21


Matemática e suas Tecnologias

22. (IBFC 2015) Para que a imagem da função 27. (CETREDE 2016) O gráfico da função f(x)= 3x-9 en-
exponencial f(x)=2x+3 seja igual a 512, o valor de x deve contra o eixo das abscissas (horizontal) quando x é igual
ser igual a: a:

a) 6 a) -1
b) 7 b) 1
c) 8 c) 6
d) 9 d) -3
e) 3
Competência ENEM: H21
Competência ENEM: H20
23. (CETREDE-2016) Qual o valor de xna equação log
(2x+6)=2?
28. (FGV 2016) O gráfico da função  y=f(x)  é uma reta.
Sabe-se que f(-3)=5 e que f(12). O valor de f (2016) é 
a) 47
b) 17
a) 656
c) 64
d) 24 b) 664
e) 39 c) 670
d) 678
Competência ENEM: H21 e) 682

24. (Correios – Agente de Correios-Atendente Comercial Competência ENEM: H20


– CONSULPLAN/2008) A equação n(t) = 20 + 15 log125
(t+5) representa uma estimativa sobre o número de 29. (Pref. Cipotânea-MG – Auxiliar Administrativo –
funcionários de uma Agência dos Correios de uma REIS&REIS-2016) O resultado da inequação 5(x-2)>6(4+x)
certa cidade, em função de seu tempo de vida, em é:
que n(t) é o número de funcionários no t- enésimo ano
de existência dessa empresa(t = 0, 1, 2...). Quantos a) X>-34
funcionários essa Agência possuía quando foi fundada? b) x>34
c) x>-34
a) 105 d) x<34
130
b) 11
c) 45 Competência ENEM: H21
d) 65
e) 25 30. (PERFAS 2016) O dobro de um número somado com
a sua terça parte é maior que 14. Os números racionais
Competência ENEM: H20 que satisfazem essa sentença são:
25.(IF-RS 2015) Sejam as funções reais definidas por: f( x
a) x>2
) = |x2 - 6x| - 3 e g(x)= -x+3. O número de soluções reais
b) x<2
para equação f(x)=g(x) é: 
c) x>6
d) x<6
a) 3. 
b) 4.  e) N.D.A.
c) 5.
d) 2 . Competência ENEM: H21
e) 1 .
31. (UFMS – Assistente Administrativo – COPEVE 2016)
Competência ENEM: H20 Considere a função f(x)=x2+2x-3. O conjunto solução da
inequação f(x)<f(2) em ℝ é dado por:
26. (CETRO 2014) É correto afirmar que a soma das
soluções da equação |sen x | = 0,5, sendo que 0 ≤ x ≤ a) { x ∈ ℝ |-5<x<2}
2 π , é igual a b) { x ∈ ℝ |-4<x<3}
c) { x ∈ ℝ |-4<x<2}
a) π d) { x ∈ ℝ |-3<x<1}
b) 2π e) { x ∈ ℝ -3<x<2}
c) 3π
d) 4π Competência ENEM: H21
e) 5π

Competência ENEM: H21


Matemática e suas Tecnologias

32. (FAEPESUL 2016) Assinale a alternativa em que apre- a) 70


senta o conjunto solução da inequação x2 ≤ 4.  b) 30
a) S =  Ø c) 50
b) S = x ∈ ℝ|x ≤ 2 d) 80
c) S = x ∈ ℝ|x ≥ 2 e) 100
d) S = x ∈ ℝ|x ≤ −2 ou x ≥ 2
e) S = x ∈ ℝ| − 2 ≤ x ≥ 2 Competência ENEM: H2

Competência ENEM: H21 37. (INSTITUTO AOCP 2016) Considere uma sequência de
números pares consecutivos iniciada pelo número 12.
33. (Unitau-SP) A inequação (x – 2)2(x – 5) > 0 é satisfeita Qual é a diferença entre o oitavo e o quinto termos?
para:
a) 8
a) IR. b) 6
b) x < 5 c) 4
c) 2 < x < 5 d) 3
d) x > 5 e) 2
e) x < 5 e x ≠ 2
Competência ENEM: H23
Competência ENEM: H21
38. (CS-UFG-2016) Uma pessoa utiliza o seguinte
34.(FUNCAB/2014) O maior número inteiro que pertence procedimento para fazer a leitura de um livro de 1024
2
ao conjunto solução da inequação x + 9x + 18 > 0 é páginas: no primeiro dia, lê uma página, no segundo
−x − 3
dia, três páginas, de modo que o número de páginas
a) 0 lidas em cada dia coincida com o termo da progressão
b) -1 aritmética com primeiro termo igual a 1 e razão igual
c) -3 a 2. Nestas condições, esse livro será lido em quantos
d) -6 dias?
e) -7
a) 32
Competência ENEM: H20 b) 64 131
c) 128
35. (FUVEST) - Depois de n dias de férias, um estudante d) 512
observa que:
- Choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde; Competência ENEM: H23
- Quando chove de manhã não chove à tarde;
- Houve 5 tardes sem chuva; 39. (AMEOSC 2016) Qual a soma dos 12 primeiros termos
- Houve 6 manhãs sem chuva. da sequência

Podemos afirmar então que n é igual a: a) 236.196


b) 354.292
a)7 c) 708.588
b)8 d) 1.062.880
c)9
d)10 Competência ENEM: H23
e)11
40.(VUNESP 2016) Ao completar 36 anos de idade,
Competência ENEM: H2 no dia x do mês (x+5), um aluno percebeu que a
sequência formada, respectivamente, pelos números
36. (VUNESP 2014) Para um seminário de artes marciais, que representavam o dia, o mês de seu aniversário e a
inscreveram-se 500 pessoas. Do total de inscritos, 200 sua idade era uma progressão geométrica. O mês de
praticam caratê, 250 praticam kung fu e 300 praticam nascimento desse aluno é: 
aikido. Todos os praticantes de kung fu também
praticam uma das outras duas modalidades, e nenhum a) Dezembro
dos inscritos pratica as três modalidades. Sabendo-se b) Outubro
que, nesse seminário, 70 pessoas praticam tanto caratê c) Agosto
quanto aikido e que 80 pessoas praticam apenas d) Junho
aikido, o número de inscritos que não praticam essas
modalidades é Competência ENEM: H23
Matemática e suas Tecnologias

41. (FCC-2016) Na sequência 2-1; 3-1; 4-1; 5-1 , que é ilimitada 45.(UNESP 2017) Utilize os dados do gráfico a seguir, que
e segue um padrão, a diferença entre o 8º  termo e o mostra o número de rascunho vendas realizadas pelo
11º termo é igual a vendedor Carlos em seis dias de uma semana, para res-
ponder à questão.
a) 3-1
b) 1/3
c) 1/9
d)1/36
e) 12-1

Competência ENEM: H23

42. (RBO 2017) Observe a sequência abaixo:

A média diária de vendas de Carlos, nessa semana, é,


Seguindo um padrão lógico, o número que representa aproximadamente, igual a:

a) 12
a) 16 b) 15
b) 15 c) 18
c) 14 d) 20
d) 13 e) 21
e) 12
Competência ENEM: H27
Competência ENEM: H23
46.(TJM-SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
43.(SESAU-RO - Técnico em Informática – FUNRIO/2017) NESP/2017) Leia o enunciado a seguir para responder
Numa vila, há quatro caminhos que ligam o campo de a questão.
futebol ao mercado central e há quatro caminhos que A tabela apresenta o número de acertos dos 600 can-
132 ligam o mercado central à sede da prefeitura. João está didatos que realizaram a prova da segunda fase de um
no campo de futebol e pretende ir à sede da prefeitura
concurso, que continha 5 questões de múltipla escolha.
passando primeiro pelo mercado central. O número de
maneiras diferentes de João fazer o percurso é igual a:

a) 8
b) 10
c) 12
d)14
e) 16

Competência ENEM: H28

44.(SESAU-RO - Técnico em Informática – FUNRIO/2017) Analisando-se as informações apresentadas na tabela,


Um anagrama é uma reordenação das letras de uma é correto afirmar que:
palavra. Por exemplo: MOCA e AOCM são anagramas
da palavra COMA. O número de anagramas que a a) mais da metade dos candidatos acertou menos de
palavra COMA possui é igual a: 50% da prova.
b) menos da metade dos candidatos acertou mais de
a) 12 50% da prova.
b) 24 c) exatamente 168 candidatos acertaram, no mínimo,
c) 30 2 questões.
d) 36 d) 264 candidatos acertaram, no máximo, 3 questões.
e) 42 e) 132 candidatos acertaram a questão de número 4.

Competência ENEM: H28 Competência ENEM: H27


Matemática e suas Tecnologias

47.(IBFC 2016) O valor da medida do diâmetro da 52.(Câmara de Araraquara – Assistente de Departamento


circunferência de equação (x-3)2 + (y + 4)2 é: Pessoal – IBFC/2016) O coeficiente angular da reta cuja
equação é 4x+ 2 y - 7 = 0 é igual a:
a) 4
b) 8 a) 0,5
c) 10 b) -0,5
d) 5 c) 2
d) -2
Competência ENEM: H20 Competência ENEM: H21
48.(IBFC 2016) A medida do diâmetro da circunferência 53. (FGV 2018) Um barril com a forma de um cilindro
de equação x2 + y2 - 6x + 4y - 3 = 0 é: circular reto com 60 cm de diâmetro e 1 m de altura
tem, aproximadamente, a capacidade de
a) 4
b) 6 a) 210 litros.
c) 8 b) 280 litros.
d) 12 c) 320 litros.
d) 400 litros.
Competência ENEM: H21 e) 520 litros.

Competência ENEM: H9
49. (NOVA 2017) Seja o ponto A(3p – 1, p – 3) um ponto
pertencente à bissetriz dos quadrantes ímpares, então a
ordenada do ponto A é: 54. (FGV 2018) Uma pirâmide quadrangular regular
tem altura 30 e aresta da base também igual a 30. A
a) 0 distância do centro da base dessa pirâmide a uma das
b) –1 suas faces laterais é
c) –2
d) − 83 a) 10√2. 
e) –4 b) 8√2.
c)10√3.
Competência ENEM: H20 d) 4√5.
e) 6√5. 133
50.(NOVA 2017) O ponto A(p – 2, 2p – 3) pertence ao
Competência ENEM: H9
eixo das ordenadas. Obter o ponto B’ simétrico de B(3p
– 1, p – 5) em relação ao eixo das abscissas. 55.(Pref. Taquarituba-SP – Agente comunitário de Saúde
– Instituto Excelência/2016) Analise a figura abaixo, classi-
a) B(5, 3) fique o ângulo indicado e assinale a alternativa CORRETA:
b) B(5, 4)
c) B(5, 5)
d) B(3, 3)
e) B(3, 5)

Competência ENEM: H20

51.(EBSERH – Analista Administrativo – AOCP/2016) Seja a) Ângulo Obtuso


b) Ângulo Agudo
a reta cuja equação é dada por y – 2x -10 = 0, é correto
c) Ângulo Reto
afirmar que essa reta passa por quais dos dois pontos d) Nenhuma das alternativas
citados a seguir?
Competência ENEM: H8
a) A(5;0) e B(-20;35)
b) C(12;21) e D(0;20) 56.(Pref. Tarrafas-CE – Fisioterapeuta – CONSULPAM/2015)
c) E(14;-15) e F(-7;-7) Dois ângulos suplementares medem respectivamente 3x
d) G(5;30) e H(0,5;4) − 40º e 2x + 60º. O menor desses ângulos mede:
e) A(0;10) e B(-13;-16)
a) 108°
Competência ENEM: H21 b) 132°
c) 124°
d) Nda

Competência ENEM: H8
Matemática e suas Tecnologias

57.(IESES 2017) Um eneágono tem um de seus lados com 62.(IESES 2017) Deverá ser pago o montante de $ 6.300,00
125 cm, como todos os lados são iguais o seu perímetro originado de um financiamento contraído no valor de $
será de:  4.800,00 no regime dos juros simples. Sabendo-se que a
taxa de juros empregada foi de 75% ao ano, pergunta-
a) 625 cm se qual foi o prazo do financiamento? 
b) 750 cm
c) 1500 cm a) 5 meses
d) 1125 cm b) 4 meses
c) 7 meses
Competência ENEM: H7 d) 6 meses

58.(UVA 2016) Um hexágono regular tem perímetro me- Competência ENEM: H3


dindo 84 cm. Dividindo-se tal polígono exatamente ao
meio, obtém-se dois trapézios iguais. O perímetro de 63. (FCC 2018) O preço à vista de um apartamento é R$
cada um destes é:  210.000,00. Jorge fez uma proposta ao proprietário para
adquirir esse imóvel pagando-o em três parcelas iguais,
a) 28 cm a primeira à vista, a segunda após 1 ano e a terceira
b) 42 cm depois de 2 anos. O proprietário aceitou a proposta,
c) 56 cm desde que fossem cobrados juros compostos de 100% ao
d) 70 cm ano sobre o saldo devedor após o pagamento de cada
parcela. Nas condições impostas pelo proprietário, o
Competência ENEM: H7 valor de cada uma das três parcelas a serem pagas por
Jorge, em reais, deverá ser igual a 
59.(UEM 2017) Rui fez um canteiro retangular de 12,5 m
de comprimento por 6 m de largura. Então a área deste
a) 120.000,00. 
canteiro, em m², é igual a 
b) 90.000,00. 
c) 100.000,00. 
a) 18,5
d) 70.000,00. 
b) 37
e) 130.000,00. 
c) 72
d) 74
134 Competência ENEM: H5
e) 75

Competência ENEM: H9 64. (UFLA 2018) A alternativa que apresenta o valor


futuro correto de uma aplicação de R$ 100,00 à taxa
60.(VUNESP 2017) Em um terreno retangular, a medida de juros compostos de 10% ao ano pelo período de dois
do lado maior tem 1 metro a mais que a medida do anos é:
lado menor. Se a área desse terreno é de 182 metros
quadrados, então é correto afirmar que o seu perímetro, a) R$ 121,00
em metros, é igual a: b) R$ 112,00
c) R$ 120,00
a) 54 d) R$ 110,00
b) 55
c) 56 Competência ENEM: H5
d) 57
e) 58 65. (SEPLAG-RJ – Especialista em Políticas Públicas – CE-
PERJ 2013) Observe o terreno triangular mostrado a se-
Competência ENEM: H9 guir, visto em planta: 

61.(Secretário Auxiliar – MPE-GO/2017) Carlos aplicou R$


5.000,00, pelo prazo de 3 meses, à taxa de juros simples
de 5% ao mês. Qual o valor do montante aplicado por
Carlos ao final dos 3 meses? 

a) R$ 5250,00
b) R$ 5500,00
c) R$ 5788,13
d) R$ 5450,00 A distância x indicada na fi gura equivale a:
e) R$ 5750,00

Competência ENEM: H5
Matemática e suas Tecnologias

a) 16,7m 69. (Polícia Ciêntífica – Perito Criminal – IBFC/2017) A


b) 20,0m probabilidade de se sortear um número múltiplo de 5 de
c) 25,0m uma urna que contém 40 bolas numeradas de 1 a 40, é:
d) 32,3m
e) 34,5m a) 0,2
b) 0,4
Competência ENEM: H7 c) 0,6
d) 0,7
66. (FGV 2013) A figura a seguir mostra o perfil de um e) 0,8
muro de uma represa. A primeira parte da rampa tem
inclinação de 20° com a horizontal e a segunda parte Competência ENEM: H28
tem inclinação de 50°.
70.(Professor – IFB-2017) Um professor de Matemática
      tem em sua sala de aula 7 alunos, sendo 5 homens e
2 mulheres. Destes 7 alunos, o professor precisa indicar
3 deles para representar a turma em uma olimpíada
na área de exatas, que serão escolhidos por meio de
sorteio. A probabilidade do professor obter uma equipe
com 2 (dois) alunos e 1 (uma) aluna é: 
         
Considerando, sen 20° = 0,34 e cos 20° = 0,94, o valor a) 4/7
aproximado da altura total do muro (h) é de  b) 1/5
c) 2/5
d) 9/10
d) 2/7
a) 9,4m.
b) 10,2m. Competência ENEM: H28
c) 11,1m.
d) 12,3m. 71.(VUNESP 2017) Os preços de venda de um
e) 13,0m. mesmo produto nas lojas x, y e z são números inteiros
representados, respectivamente, por x, y e z. Sabendo-
Competência ENEM: H9 se que , e , então a razão é:
135
−1 3 1 2 a) 3/8
67. (IBFC 2017) Dada a matriz A = 4 2 e B = 3 4 ,
, assinale a alternativa que apresenta a matriz C que b) 1/3
representa o produto da matriz A e B, ou seja, C = A . B: c) 3/5
d) 2/3
2 10 e) 4/9
a)
a)
a)
C=
C==
2
2 10
10
a) C 2
10 10
16
a) C= 10
2
10 16
10
a) C 1 216
b) C== 10
1
10 2 16
Competência ENEM: H3
b)
b)
b) C=
C = 1
1
0 216
2
b) C= 0
1
0 2
2
b) C= 3
0 20
c) C= 3
0
3 0
20
c)
c)
c)
c)
C=
C
C=
= 3
4
4
3
0
16
16
0 72.(FGV 2017) O número de balas de menta que Júlia
c) C= 4
2
4 16
2
16
d) C= 2
4 2
16 tinha era o dobro do número de balas de morango.
d) C== 2
2
4 2
2
15
d)
d)
d) C
C= 4
2
4 15
2
15 Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores para
d) C= 48 1510
e) C= 8
48 1510
10 sua irmã, agora o número de balas de menta que Júlia
e)
e) C=
C = 8
10 10
16
e) C= 10
8 16
10
e)
e) C= 10
10 16
16 tem é o triplo do número de balas de morango. O
10 16
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era: 
Competência ENEM: H3
a) 42
68. (IFB 2017) Seja A uma matriz 3x3. Sabendo-se que o b) 36
determinante de A é igual a 2, isto é, , então os valores c) 30
de det (2A-1) e det[(2A2] são, respectivamente: d) 27
e) 24
a) 4 e 256
b) 1 e 16 Competência ENEM: H3
c) 1 e 256
d) 4 e 16 73.(IBFC 2017) Com relação à semelhança de triângulos,
e) 2 e 8 analise as afirmativas a seguir:
I. Dois triângulos são semelhantes se, e se somente se,
Competência ENEM: H3 possuem os três ângulos ordenadamente congruentes.
II. Dois triângulos são semelhantes se, e se somente se,
possuem os lados homólogos proporcionais.
Matemática e suas Tecnologias

III. Dois triângulos são semelhantes se, e se somente se,


possuem os três ângulos ordenadamente congruentes e
os lados homólogos proporcionais. GABARITO
Nessas condições, está correto o que se afirma em:
1 D
a) I e II apenas
b) II e III apenas 2 C
c) I e III apenas 3 D
d) I, II e III
4 A
e) II, apenas
5 A
Competência ENEM: H8 6 B

74.(IBFC 2017) Em um triângulo equilátero de lado igual 7 A


a 4 cm, a medida de sua altura é igual a: 8 B
9 D
a) 2 cm
b)√12 cm 10 A
c) 8 cm 11 A
d) 16 cm
e) 10 cm 12 B
13 A
Competência ENEM: H7
14 C
75. (CONSESP 2012) Assinale a alternativa que não 15 B
contém um valor positivo: 16 C

a) tg (45°) 17 C
b) sen (135° ) 18 D
c) cos(290°) 19 D
136 d) sen (30°)
e) cos(180°) 20 B
21 A
Competência ENEM: H8
22 A
cos2 θ 23 A
76.(VUNESP 2013) A expressão , com sen θ ≠ 1 é
igual a: 1−senθ
24 E

a) sen θ 25 A
b) sen θ+1 26 B
c) tg θ.cos θ
27 E
d)1
28 D
Competência ENEM: H8 29 C
30 C
31 C
32 E
33 D
34 E
35 C
36 A
37 D
38 A
39 D
40 D
Matemática e suas Tecnologias

41 D ANOTAÇÕES
42 B
__________________________________________________
43 E
___________________________________________________
44 B
45 C ___________________________________________________
46 D ___________________________________________________
47 A
___________________________________________________
48 C
___________________________________________________
49 E
50 A ___________________________________________________
51 E ___________________________________________________
52 D
___________________________________________________
53 B
___________________________________________________
54 E
55 A ___________________________________________________
56 E ___________________________________________________
57 E
___________________________________________________
58 A
___________________________________________________
59 D
60 D ___________________________________________________
61 E ___________________________________________________
62 A
___________________________________________________ 137
63 C
___________________________________________________
64 C
65 C ___________________________________________________
66 C ___________________________________________________
67 E
___________________________________________________
68 B
___________________________________________________
69 A
70 A ___________________________________________________
71 D ___________________________________________________
72 C ___________________________________________________
73 D
___________________________________________________
74 B
75 E ___________________________________________________
76 B ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
___________________________________________________
Matemática e suas Tecnologias

ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

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138 ___________________________________________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________________________________________
CIÊNCIAS DA NATUREZA
E SUAS TECNOLOGIAS
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

FÍSICA: GRANDEZAS FÍSICAS

No estudo da Física, as grandezas são as maneiras de quantificar os fenômenos observados na natureza.


Basicamente, existem dois tipos:
• Grandezas Escalares: Necessitam apenas de sua magnitude para serem caracterizadas. Exemplos: Massa,
Temperatura, Energia.
• Grandezas Vetoriais: Necessitam de três informações para serem caracterizadas: magnitude (módulo), dire-
ção e sentido. Exemplos: Velocidade, Força, Campo Elétrico, Campo Magnético.

#FicaDica
Quando estiver estudando os diversos tópicos de Física e as grandezas forem apresentadas, procure se
questionar se as mesmas são escalares ou vetoriais, isso facilitará o entendimento da matéria.

SISTEMAS DE UNIDADES

As grandezas, além quantificar os fenômenos observados, também são adjetivadas com “unidades”, ou seja, um
nome que irá caracterizar aquela grandeza. Diversos sistemas de unidades foram elaborados ao longo da história
e para padronização, criou uma convenção internacional, chamada de “Sistema Internacional de Unidades”, ou
SI. A tabela a seguir apresenta as principais grandezas com as suas respectivas unidades:

Grandeza Unidade SI (nome por extenso)


Comprimento m (metro)
Massa kg (kilograma)
Tempo s (segundo) 1
Força N (Newton)
Temperatura K (Kelvin)
Pressão Pa (Pascal)
Energia J (Joule)
Potência W (Watt)
Corrente Elétrica A (Ampere)
Potencial Elétrico V (Volt)
Campo Magnético T (Tesla)
Frequência Hz (Hertz)

Existem outros dois sistemas de unidades que são bastante utilizados, que são o CGS e o MKS. Algumas unidades
são diferentes e são apresentadas a seguir:

Grandeza Unidade CGS (nome por extenso) Unidade MKS (nome por extenso)
Comprimento cm (centímetro) m (metro)
Massa g (grama) utm (unidade de massa)
Tempo s (segundo) s (segundo)
Força dyn (Dynar) kgf (kilograma-força)
Pressão dyn/cm² (Dynar por centímetro kgf/m² (kilograma-força por metro quadrado)
quadrado)
Energia erg (“erg”) kgfm (kilograma-força-metro)
Potência erg/s (erg por segundo) kgfm/s (kilograma-força-metro por segundo)
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

As relações entre as unidades da tabela acima, com as unidades do SI são as seguintes:


1 N = 105 dyn
1 kgf = 9,8 N
1 utm = 9,8 kg

#FicaDica
Para o estudo de sistema de medidas, não há segredo, a memorização é o melhor caminho. Essas unidades
ficarão naturalmente na sua memória conforme o aprendizado dos conteúdos de Física.

OUTRAS UNIDADES DE MEDIDA


Conforme dito anteriormente, o sistema internacional buscou padronizar as unidades, de maneira que cientistas
do mundo todo pudessem trabalhar sob as mesmas medidas, facilitando a troca de informações. Entretanto, ainda
existem outras unidades que são utilizadas. A tabela abaixo apresenta seus nomes, bem como suas conversões em
relação as unidades mais conhecidas:

Unidade Símbolo Conversão com unidade conhecida


Polegada in 1 in = 25,4 mm
Pé ft 1 ft = 0,3048 m
Milha mi 1 mi = 1,609 km
Litro L 1 L = 1 dm³
Libra lb 1 lb = 0,4536 kg
Onça oz 1 oz = 28,35 g
Eletrovolt eV 1 eV = 1,6.10-19 J
Atmosfera atm 1 atm = 101.325 Pa
Milímetro de Mercúrio mmHg 1 mmHg = 1/760 atm
2

EXERCÍCIO COMENTADO

(SABESP – Técnico em Sistemas de Saneamento - FCC/2014) No sistema Internacional (SI), a grandeza de massa
específica é expressa em:

a) kg/m³
b) utm/m³
c) g/cm³
d) kgf/m³
e) dyn/cm³

Resposta: Letra APara resolver esse exercício, é necessário saber que massa específica é a relação entre a massa
de um corpo e o volume ocupado por ele. No SI, a unidade de massa é kg e o volume é expresso em m³ (metros
cúbicos), já que a unidade de comprimento é o metro. Assim, dividindo um pelo outro, chega-se a kg/m³

VETORES

Quando se estuda grandezas físicas, sabe-se que há dois tipos: Escalares e vetoriais. A primeira, basta apenas
uma única informação (valor) para ela ser determinada. Já as grandezas vetoriais, necessitam de três informações,
valor, direção e sentindo.
Vamos tomar como exemplo a velocidade de um carro. Normalmente, fala-se apenas do seu valor, por exemplo,
100 km/h, considerando uma rodovia. Mas, essa informação é suficiente? Se considerarmos que só queremos saber
o quanto o carro está rápido, este valor é suficiente, mas se quisermos saber para onde o carro está indo? Um carro
andando a 100 km/h para o norte é a mesma coisa que andar a 100 km/h para o sul?
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Fisicamente, não é a mesma coisa, e dizemos que Conforme dito anteriormente, o tamanho do vetor é
nos dois carros, temos sentidos opostos, ou seja, cada ligado ao seu módulo. Nesse caso, pode-se afirmar que
carro está indo no movimento diametralmente oposto o módulo do vetor é menor que o módulo do vetor
ao outro. Assim, grandezas vetoriais precisarão de mais
informações para ser totalmente determinadas. • Vetores com módulo e direção iguais, mas sentidos
Para colocar todas as informações organizadas, diferentes:
temos a seguir a caracterização das três informações
que compõe um vetor:
• Módulo (ou magnitude): É o valor da grandeza em
si e irá determinar o tamanho de um vetor, ou seja,
vetores maiores terão módulos maiores.
• Direção: Descreve o plano onde o vetor se
localiza. Por exemplo, uma pessoa andando em
uma rua plana, tem direção horizontal, no caso
de uma rua inclinada, o ângulo de inclinação
indicará a direção. Aqui temos dois vetores que possuem uma única
• Sentido: É a informação complementar da diferença: Estão apontados para sentidos opostos.
direção, uma vez que para cada direção, temos Caso esses vetores fossem forças, uma anularia a outra,
dois sentidos possíveis. Por exemplo, em um plano resultando em uma resultante nula.
horizontal, podemos estar indo para esquerda ou
direita; na direção vertical, para cima ou para • Vetores com módulo iguais, mas direção e sentido
baixo, etc. diferentes:

Com as três informações caracterizadas, define-se


agora a geometria de um vetor, que está apresentada
na figura a seguir:

3
Nesse caso, temos dois vetores com o mesmo
Geometricamente, o vetor é uma seta, onde seu tamanho, mas apontado para direções diferentes, o
tamanho indicará o módulo e há as indicações de que por consequência gera direções diferentes.
direção e sentido. Nesse caso, temos um vetor de
direção horizontal, e sentido para a direita. Vejam agora
outros exemplos. #FicaDica
• Vetores de mesmo módulo, direção e sentido:
Vetores são utilizados principalmente em
Dinâmica, quando se trata de equilíbrio de
forças. As operações vetores descritas a seguir
serão fundamentais para o entendimento desta
parte da Física.

OPERAÇÕES COM VETORES


Neste exemplo, os vetores e são idênticos, pois Agora que são conhecidas as características dos
possuem as três informações iguais. vetores, serão descritas as operações que são possíveis
com essas grandezas.
• Vetores de módulos diferentes, mas mesma
direção e sentido: a) Soma e subtração de vetores
Em concursos e vestibulares, as operações mais
cobradas são soma e subtração de vetores.
Para iniciar, vamos apresenta-la de uma maneira
simples, dois vetores com módulos diferentes, mas
com direções e sentidos iguais:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

São dois vetores com módulo, direção e sentido


diferentes, como soma-los? A estratégia é simples:
Como estamos fazendo (𝑎 + 𝑏) , vamos copiar o primeiro
vetor, ou seja, 𝑎⃗ :

Se pensarmos esses vetores como forças, é fácil


perceber que se tivermos uma força 𝑎⃗ valendo 10N e
uma força 𝑏 valendo 5N, a soma será de 10+5 = 15N.
Vetorialmente, como o tamanho é diretamente ligado Após isso, coloca-se o início do vetor 𝑏 , no final do
ao módulo do vetor, assim: vetor 𝑎⃗ , conforme visto a seguir:

O vetor soma (𝑎 + 𝑏) será justamente o vetor for-


mado pelo início do vetor 𝑎⃗ e o final do vetor 𝑏 :

O vetor (𝑎 + 𝑏) foi formado a partir da junção dos dois


vetores. Agora, e se quisermos subtrair os vetores, como
fica a operação 𝑎 − 𝑏 ? Se pensarmos novamente
em força, temos uma força 𝑎⃗ de 10 N apontado
para a direita e uma força 𝑏 de 5N apontada para a Esse método também vale para a soma de três ou
esquerda, resultando uma força de 10 - 5 = 5N para a mais vetores:
direita. Vetorialmente:

Seguindo a mesma metodologia, os três vetores


unidos ficam:

O vetor (𝑎 + 𝑏) também foi formado a partir da junção


dos dois vetores. Observe que nas duas operações, o
início do vetor 𝑏 foi colocado no final do vetor 𝑎⃗ . Esse é A mesma regra vale para subtração. Para seguir
um dos métodos para se calcular a soma ou subtração a mesma metodologia, temos que fazer a seguinte
de dois ou mais vetores e ele pode ser extrapolado para consideração matemática:
vetores de direções diferentes. Veja o exemplo a seguir:
𝑎 − 𝑏 = 𝑎⃗ − 𝑏 = 𝑎⃗ + (−𝑏�
Ou seja, a subtração de vetores será uma soma
do primeiro vetor com o oposto do segundo, veja na
figura a seguir:

Novamente temos dois vetores 𝑎⃗ e 𝑏 . Para apli-


car o método, primeiro temos que montar o vetor - 𝑏 ,
que é o mesmo vetor 𝑏 , mas de sentido contrário:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Agora basta aplicar o método, colocando o início


do vetor - 𝑏 no final do vetor 𝑎⃗ :

Os pontos de cruzamento das linhas pontilhadas


com os eixos marcam os finais das componentes 𝑎𝑥 e
#FicaDica 𝑎𝑦 . Para construir os vetores, inicia-se do mesmo ponto
Existe um outro método de soma e subtração onde o vetor 𝑎⃗ está desenhado:
de vetores chamado método da poligonal.
Como ele é específico para soma de apenas
dois vetores, optou-se por apresentar apenas
o caso geral, que funciona em qualquer
exercício.

b) Decomposição de vetores
A decomposição de vetores é uma ferramenta
importante aplicada na Física, pois permite que
se separe um vetor específico em diferentes
componentes, que pode facilitar o entendimento
de alguns fenômenos ou para estudar casos
específicos. A ideia consiste em dividir o vetor
em dois (em problemas no plano) ou três (em 5
problemas tridimensionais) componentes paralelas
aos eixos de coordenadas. Veja o exemplo a #FicaDica
seguir: Você pode verificar que 𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦 usando
o método de soma de vetores apresentado
anteriormente.

As magnitudes das componentes, serão em função


do ângulo 𝜃 . Como esse ângulo é formado entre o ve-
tor principal e o eixo x, então o vetor 𝑎𝑥 terá a magnitu-
de proporcional ao cosseno do ângulo:
𝑎𝑥 = 𝑎. 𝑐𝑜𝑠𝜃

Já a componente y, será proporcional ao seno do


A figura apresenta um vetor 𝑎⃗ localizado no plano ângulo:
xy, formando um ângulo 𝜃 com o eixo x. Em certos
𝑎𝑦 = 𝑎. 𝑠𝑒𝑛𝜃
problemas da Física, principalmente os relacionados
com equilíbrio de forças, é conveniente decompor esse
vetor em uma soma:
𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦 SE LIGA!
Observe sempre qual eixo está formando o
Onde 𝑎𝑥 é um vetor paralelo ao eixo x e 𝑎𝑦 é um ângulo 𝜃 . Se ele estivesse formado pelo vetor
vetor paralelo ao eixo y. Para fazer essa decomposição, 𝑎⃗ e o eixo y, as proporcionalidades de seno e
basta traçarmos linhas pontilhadas paralelas aos eixos x cosseno se inverteriam.
e y, partindo do final do vetor, conforme visto na figura:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a)
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (FUNDEP 2017) Durante um estudo de deslocamento,


um estudante encontra três vetores, como os
representados na figura.

b)

c)
Suponha que cada quadrado da figura represente uma
distância de 1,0 cm de aresta.
Nesse caso, o vetor deslocamento resultante terá módu-
lo, direção e sentido indicados em:

a), diagonal, nordeste


b) , diagonal, sudeste
c) , diagonal, nordeste
d), diagonal, nordeste d)

Resposta: Letra C. O exercício não passou a direção


6 do norte, mas o bom senso deve prevalecer e ado-
taremos o norte para cima. Chamando os vetores de
a,b e c conforme a figura e aplicando o método da
soma, chega-se a direção diagonal para o nordeste.
O módulo fica fácil de calcular usando teorema de
Pitágoras, chegando a 5cm.
e)

Resposta: Letra D. As condições de equilíbrio para cor-


pos extensos são vetor força resultante igual a zero e o
momento resultante dessas forças também seja zero.
As dobradiças realizam forças verticais para cima para
equilibrar o peso da porta, satisfazendo a primeira con-
dição de equilíbrio, força resultante na porta igual a
zero. A porta tende a girar no sentido, logo as dobra-
2.(ENEM 2012) O mecanismo que permite articular uma diças devem realizar forças na horizontal que gerem
porta (de um móvel ou de acesso) é a dobradiça. momento no sentido anti-horário para satisfazer a se-
Normalmente, são necessárias duas ou mais dobradiças gunda condição de equilíbrio. Portanto a dobradiça
para que a porta seja fixada no móvel ou no portal, superior deve fazer uma força horizontal para a es-
permanecendo em equilíbrio e podendo ser articulada querda e a inferior para a direita. A força resultante
com facilidade. exercida por cada dobradiça é representada pela
No plano, o diagrama vetorial das forças que as soma vetorial das componentes vertical e horizontal,
dobradiças exercem na porta está representado em conforme a figura.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

#FicaDica
É possível converter uma velocidade em km/h
para m/s e vice-versa. Para converter uma
velocidade de km/h para m/s basta DIVIDIR
por 3.6. Já para converter uma velocidade de
m/s para km/h basta MULTIPLICAR por 3,6.

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME


Movimento retilíneo uniforme (MRU) é o movimento
CINEMÁTICA ESCALAR no qual o corpo (móvel) percorre uma trajetória reta
com velocidade constante. Ou seja, em um mesmo
intervalo de tempo ele percorre distâncias iguais.
Denomina-se cinemática escalar o ramo da Física que a) Classificação do Movimento Retilíneo Uniforme
estuda o movimento dos corpos. Para tal, é importante O MRU pode ser classificado em dois movimentos
conhecer algumas grandezas que caracterizam os distintos, a saber:
• Movimento Progressivo: denomina-se movimento
movimentos e ajudam a estuda-los. São elas
progressivo o movimento no qual o corpo se
movimenta no sentido positivo da trajetória. Por
DESLOCAMENTO ESCALAR
sentido positivo, entende-se o sentido no qual
O deslocamento escalar é a diferença entre os pontos
a posição da trajetória aumenta. Por exemplo,
finais e iniciais de um espaço (trajetória). É denotado
recuperando o exemplo do carro que vai da
por Δ𝑆 . Para calculá-lo basta fazer a diferença entre a
cidade A para a cidade B, como a cidade A
posição final (Sf) de um corpo e a posição inicial (S0) do
está na posição e a cidade B está na posição ,
mesmo. Por exemplo: um carro parte de uma cidade A
nota-se que de A para a B a posição aumentou.
em direção à cidade B. Olhando no mapa rodoviário a
Portanto, o sentido da trajetória é positivo de A
cidade A encontra-se no quilômetro 20 de uma rodovia
para B. Em um movimento progressivo diz-se que
e a cidade B encontra-se no quilômetro 140 da mesma
rodovia. Se um carro se desloca de A para B, ele parte a velocidade é positiva, ou seja v>0.
da posição S0= 20 km e chega em Sf = 140 km. Logo o seu • Movimento Retrógrado: denomina-se movimento
deslocamento foi de Δ𝑆 =.140 - 20 = 120 km Conclui-se progressivo o movimento no qual o corpo se 7
que o deslocamento é calculado por: movimenta no sentido negativo da trajetória.
Por sentido negativo, entende-se o sentido no
Δ𝑆 = 𝑆𝑓 − 𝑆0 qual a posição da trajetória diminui. Novamente
utilizando o exemplo das cidades A e B. Nota-se
VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA que A está na posição e a cidade B está na posição
A velocidade escalar média (Vm) é a razão entre o , nota-se que de B para a A a posição diminuiu.
deslocamento escalar (Δ𝑆 ) e o tempo transcorrido ( Δ𝑡) Portanto, o sentido da trajetória é negativo de B
para realizar esse deslocamento. Ou seja: para A. Em um movimento retrógrado diz-se que a
velocidade é negativa, ou seja v<0.
A unidade de velocidade média no Sistema
Internacional é . Porém, é possível expressá-la em outras SE LIGA!
unidades. A mais comum delas é o . Voltando ao exemplo Velocidade positiva significa que o corpo está
anterior do carro que se desloca entre as cidades A e B, se deslocando no sentido positivo da trajetória
sabe-se que ele realizou esse deslocamento em . Logo, e velocidade negativa significa que o corpo
a velocidade média do carro nesse trajeto foi de: está se deslocando no sentido negativo da
Δ𝑆 120 trajetória. Velocidade negativa não significa
𝑣𝑚 = = = 60 𝑘 𝑚 ⁄ℎ que o corpo está “freando”!
Δ𝑡 2

Note que o deslocamento foi calculado em km e o b) Função Horária do Espaço (posição)


tempo transcorrido em h e, portanto, a velocidade foi É a função que permite obter a posição do corpo
calculada em km/h. em movimento uniforme em função do tempo
transcorrido. É dada por:
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. ∆𝑡
Onde:
S= Posição do móvel em função do tempo
S0=Posição inicial do móvel
v= Velocidade do móvel
Δ𝑡=Intervalo de tempo transcorrido
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

c) Gráficos do Movimento Retilíneo Uniforme


As grandezas do movimento retilíneo uniforme são #FicaDica
expressas na forma de gráficos. São eles: Para MRU o gráfico S×t é sempre uma reta (cres-
Gráfico S×t cente ou decrescente) e o gráfico v×t é sempre
uma reta horizontal (acima ou abaixo do eixo x)

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2016) Dois veículos que trafegam com veloci-


dade constante em uma estrada, na mesma direção e
sentido, devem manter entre si uma distância mínima.
Isso porque o movimento de um veículo, até que ele
pare totalmente, ocorre em duas etapas, a partir do mo-
mento em que o motorista detecta um problema que
exige uma freada brusca. A primeira etapa é associada
à distância que o veículo percorre entre o intervalo de
tempo da detecção do problema e o acionamento dos
freios. Já a segunda se relaciona com a distância que o
automóvel percorre enquanto os freios agem com de-
saceleração constante.
Considerando a situação descrita, qual esboço gráfico
representa a velocidade do automóvel em relação à
distância percorrida até parar totalmente?
No movimento progressivo, o gráfico Sxt é crescente,
a)
ou seja, conforme aumenta o tempo, o valor de S
aumenta. Por outro lado, no movimento retrógrado,
o gráfico Sxt é decrescente, ou seja, aumentando o
8 tempo, o valor de S diminui.
Gráfico v×t

b)

c)

Em ambos os movimentos, a velocidade é constante


e forma uma linha horizontal. A diferença é que no
movimento progressivo, o valor da velocidade é positivo
e no movimento retrógrado, é negativo.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

d) até o ouvido de João, pode-se fazer (I)=(II)→340Δ-


t2=200Δt1. Substituindo Δt1=2,7-Δt2 na primeira equa-
ção, vem que: Δt1=1,7s e Δt2=1s. Assim, ΔS=340Δ-
t2→ΔS=340×1→ΔS=340 m.

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO


Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV ou
MUV) é o movimento no qual o corpo (móvel) percorre
uma trajetória reta com velocidade não constante. Mais
do que a velocidade não ser constante (o que caracteriza
e) apenas um movimento variado), a velocidade varia de
maneira uniforme, ou seja, a velocidade aumenta a uma
taxa constante. À taxa de variação da velocidade dá-se
o nome de aceleração (a), calculada por:

Onde:
vf= velocidade final do corpo no trecho considerado
v0=velocidade inicial do corpo no trecho considerado
Δ𝑡= intervalo de tempo transcorrido no trecho
considerado
Resposta: Letra D. O tempo de reação é o tempo en-
tre o motorista avistar o perigo e pisar o freio. Duran- Quando a aceleração é positiva ( 𝑎 > 0 ) significa
te o tempo de reação, o veículo permanece com a que a velocidade do corpo aumenta com o tempo.
mesma velocidade. Em seguida, o movimento retar- Já quando a aceleração é negativa ( 𝑎 < 0 ) significa
dado provoca uma redução de velocidade, que é que a velocidade do corpo diminui com o tempo.
dado pela equação de Torricelli. V²=Vo² + 2a.Δ𝑆 . (o O MRUV pode ser classificado de acordo com duas
gráfico fazia relação V x d ) grandezas (velocidade e aceleração) e dentro de
Isso faz com que a relação entre velocidade e distân- cada uma delas de duas maneiras diferentes:
cia não seja linear, mas quadrática. • Movimento acelerado ou retardado: diz respeito
ao sinal da aceleração do corpo. Quando
2. (NUCEPE 2015) João, que é um atleta de tiro ao alvo, a aceleração é positiva o movimento é dito
acelerado e quando a aceleração é negativa o
9
dispara um projétil horizontalmente com uma veloci-
dade de 200 m/s em direção a um alvo. João escuta movimento é dito retardado.
o impacto do projétil no alvo, 2.7 s depois do disparo. • Movimento progressivo ou retrógrado: segue a
Sabendo que a velocidade do som no ar é 340 m/s, a mesma classificação do MRU. O movimento é dito
distância de João ao alvo é de: progressivo quando o corpo se desloca no sentido
positivo da trajetória e retrógrado quando o corpo
a) 74 m se desloca no sentido negativo da trajetória.
b) 125 m
c) 200 m SE LIGA!
d) 340 m
e) 540 m Há 4 classificações possíveis para o MUV:
progressivo e acelerado, progressivo e
Resposta: Letra D. Note que há dois momentos que retrógrado, retardado e progressivo ou
devem ser considerados, o trecho do projétil assim retardado e retrógrado.
que é disparado até o alvo e a propagação do som
do alvo até o ouvido de João. Chamando de Δt1 o
FUNÇÃO HORÁRIA DO ESPAÇO (POSIÇÃO)
intervalo de tempo transcorrido entre o disparo e o
É a função que permite obter a posição do corpo em
projétil atingir o alvo, de ΔS, a distância de João até
movimento uniforme em função do tempo transcorrido.
o alvo, vale: v=ΔS/Δt→200=ΔS/(Δt1 ). Logo, tem-se É dada por:
que: ΔS=200Δt1 (I). Considerando agora a propa-
gação do som do alvo até o ouvido de João, vale: 1
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0. 𝑡 + 𝑎𝑡 2
340=ΔS/(Δt2 ), onde Δt2 é o tempo que o som demo- 2
ra para percorrer a mesma distância ΔS. Assim, vem:
ΔS=340Δt2 (II). O tempo total entre o disparo e João Onde:
ouvir o impacto do projétil é de 2,7s que é exatamen- S= posição do móvel em função do tempo
te igual à somatória dos intervalos Δt1 e Δt2, ou seja: S0= posição inicial do corpo
Δt1+Δt2=2,7→Δt1=2,7-Δt2. v0= velocidade inicial do corpo
Como a distância percorrida pelo projétil até o alvo t= tempo transcorrido
é a mesma distância percorrida pelo som do alvo a= aceleração do corpo
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

FUNÇÃO HORÁRIA DA VELOCIDADE Os gráficos Sxt são parábolas, onde o movimento


É a função que permite obter a velocidade do acelerado (boca para cima) tem parábola crescente
corpo em movimento uniforme em função do tempo e o movimento retardado tem a parábola decrescente
transcorrido. É dada por: (boca para baixo)
Gráfico v×t
𝑣 = 𝑣0 + 𝑎. 𝑡

Onde:
v= velocidade do corpo
v0= velocidade inicial do corpo
t = tempo transcorrido
a= aceleração do corpo

EQUAÇÃO DE TORRICELLI
Equação que relaciona distância percorrida com
velocidades inicial e final e aceleração, sem relacionar
explicitamente com o tempo. Costuma ser utilizada
quando o tempo no qual o corpo realiza o movimento é
desconhecido. É a seguinte equação:
𝑣 2 = 𝑣02 + 2. 𝑎. Δ𝑆

Onde:
v= velocidade do corpo
v0 velocidade inicial do corpo
ΔS = deslocamento
a= aceleração do corpo

GRÁFICOS DO MOVIMENTO RETILÍNEO


UNIFORMEMENTE VARIADO
10 As grandezas do movimento retilíneo uniformemente
variado são expressas na forma de gráficos. São eles: Os gráficos vxt são retas, onde o movimento
Gráfico S×t acelerado é caracterizado por uma reta crescente. Já
o movimento retardado é caracterizado por uma reta
decrescente.
Gráfico a×t

Gráfico
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

c)
#FicaDica
Para MRUV o gráfico é sempre uma parábola
(concavidade para cima ou para baixo), o
gráfico S×t é sempre uma reta (crescente ou
decrescente) e o gráfico v×t é sempre uma reta
horizontal (acima ou abaixo do eixo )

EXERCÍCIO COMENTADO

1.(ENEM 2012) Para melhorar a mobilidade urbana na d)


rede metroviária é necessário minimizar o tempo entre
estações. Para isso a administração do metrô de uma
grande cidade adotou o seguinte procedimento en-
tre duas estações: a locomotiva parte do repouso com
aceleração constante por um terço do tempo de per-
curso, mantém a velocidade constante por outro terço
e reduz sua velocidade com desaceleração constante
no trecho final, até parar.
Qual é o gráfico de posição (eixo vertical) em função
do tempo (eixo horizontal) que representa o movimento
desse trem?

a) e)

11

b) Resposta: Letra C. Vamos dividir o gráfico em 3 partes:


1° parte: Inicialmente o enunciado diz: “a locomotiva
parte do repouso com aceleração constante por um
terço do tempo de percurso”. Logo o movimento é
uniformemente acelerado, como temos um gráfico
de posição x tempo nas alternativas, devemos usar a
at 2
equação correspondente (S = S0 + V0t + ) , que é
2
uma equação do 2° grau. Então teremos a forma de
um arco de parabolas nessa parte.
2° parte:Em seguida o enunciado diz: “mantém a
velocidade constante por outro terço”. Nesse caso,
temos um movimento uniforme, onde a equação
que descreve esse movimento 𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. ∆𝑡 ) é uma
equação do 1° grau. Então teremos a forma crescen-
te uniforme.
3° parte: Por fim o enunciado diz: “reduz sua velocidade
com desaceleração constante no trecho final, até pa-
rar.”. Já que a velocidade esta variando, voltamos para
a situação de um movimento uniformemente acelerado,
porém, ele é retardado (a velocidade diminui). Fazendo
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

uso da mesma equação da 1° parte (mas para o caso a resistência do ar, a velocidade na direção horizontal
retardado). Porém, quando o trem para, a o gráfico fica- da bola de tênis se mantém constante, portanto na
rá constante já que a posição não muda com o tempo. horizontal a bola de tênis realiza um movimento retilíneo
e uniforme. Já na vertical, quando a bola começa a cair
2.(IBFC 2017) Um carro trafega a uma velocidade de 36 ela está sob ação da gravidade e, portanto, realiza um
km/h. Quando freado, para somente após percorrer 25 movimento acelerado. Assim conclui-se que, na vertical
metros. Nessas condições, a aceleração introduzida pe- o movimento realizado é uniformemente variado.
los freios será de:
a) Equações do movimento
a) 5 m/s2 Na horizontal, como apresentado, o movimento é
b) -5 m/s2 uniforme com velocidade v0x. Assim, a equação
c) 2 m/s2 horária do espaço será dada por:
d) -2 m/s2
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0𝑥 𝑡
e) -4 m/s2
que é a mesma equação apresentada para o
Resposta: Letra D: Como o tempo não é conhecido, movimento retilíneo uniforme. O subscrito “x” significa
será utilizada a equação de Torricelli. A velocidade fi- que é a velocidade horizontal (direção x). É possível
nal é nula pois no instante final o carro estará parado. simplificar essa equação. Considerando que o
A velocidade inicial foi dada mas deve ser convertida lançamento se inicia a partir do momento que o
36
para 𝑚/𝑠: = 10 𝑚/𝑠 :.Assim, vem: corpo inicia o movimento composto (no exemplo é o
3,6
momento em que a bola deixa a mesa), o espaço inicial
S0, é igual à zero. O espaço percorrido , recebe o nome
𝑣 2 = 𝑣02 + 2𝑎Δ𝑆 → 02 = 102 + 2. 𝑎. 25 → 𝑎 = −2 𝑚/𝑠² de alcance do lançamento, denotado por A:
𝐴 = 𝑣0𝑥 . 𝑡
LANÇAMENTOS
Para estudar lançamentos, que são movimentos mais
Na vertical, valem as equações do movimento
complexos, é importante conhecer e utilizar o princípio
uniformemente variado:
da composição de movimentos. Segundo Galileu,
todo movimento complexo pode ser decomposto
em diversos movimentos mais simples de serem
12 estudados. Pensando em lançamentos, há dois tipos:
lançamento horizontal e oblíquo. Como lançamentos
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑎. 𝑡
são movimentos complexos, para estuda-los cada
𝑣𝑦2 = 𝑣02𝑦 + 2. 𝑎. Δ𝑆𝑦
um desses lançamentos será decomposto em dois
movimentos conhecidos.

LANÇAMENTO HORIZONTAL O subscrito “y” significa que as grandezas são


Nesse movimento, um corpo é lançado de uma verticais (velocidade vertical, deslocamento vertical –
determinada altura com velocidade horizontal (V0) direção ). Para simplificar as equações, vale o que foi
constante. Por exemplo, uma bola de tênis rolando sobre adotado para o movimento horizontal (S0=0) e também
uma mesa com velocidade constante. Até a borda da que a velocidade inicial do corpo na vertical é nula.
mesa, a bola realiza um movimento retilíneo e uniforme. Por fim, sabe-se que, na vertical, a aceleração é igual
Porém, ao abandonar a mesa, o movimento realizado é à aceleração da gravidade g. Ao espaço percorrido
um lançamento horizontal. Veja a figura a seguir na vertical, chama-se de altura do lançamento H. Com
essas simplificações as equações ficam dadas por:

𝑣𝑦 = 𝑔. 𝑡
𝑣𝑦2 = 2. 𝑔. H

SE LIGA!
O tempo é a única grandeza que é comum aos
dois movimentos. Ou seja, o tempo que o cor-
O lançamento horizontal é a composição de dois po leva para realizar o movimento horizontal
movimentos, um movimento na vertical e outro na é o mesmo gasto para realizar o movimento
horizontal. Consideremos o exemplo da bola de tênis. uniforme.
Analisando apenas o movimento horizontal, desprezando
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LANÇAMENTO OBLÍQUO
O lançamento oblíquo também é a composição de
um movimento uniforme (na horizontal) e uniformemente EXERCÍCIOS COMENTADOS
variado (na vertical). O que o caracteriza como oblíquo
é o fato da velocidade inicial do movimento ser diferente 1.(IFB 2017) Um objeto é lançado obliquamente de uma
de zero na vertical e na horizontal e o vetor velocidade altura de 10m do solo. A velocidade de lançamento é
formar uma ângulo com a horizontal, conforme figura de 10m/s e o ângulo de lançamento é de 30°. Podemos
abaixo: afirmar que o tempo de voo do objeto até chegar no
solo é de:

a) 1s
b) 2s
c) 3s
d) 4s
e) 5s

Resposta: Letra B: Trata-se de um lançamento oblí-


quo, com posição inicial igual a 10m. A aceleração
é negativa e vale -10 m/s2, pois o corpo irá subir e
depois descer. A velocidade inicial do movimento
vertical (MUV) vale 𝑉0𝑦 = 𝑉0 sen 30° = 10.0,5 = 5 𝑚 ⁄𝑠 .
10𝑡 2
Assim, função horária do espaço é: 𝐻 = 10 + 5𝑡 −
2
Ao chegar ao solo, a posição do objeto será
𝐻 = 0 → 0 = 10 + 5𝑡 − 5𝑡 → 𝑡 = 2 𝑠 .
2

Conhecendo o ângulo e o módulo de velocidade 2.(ENEM 2016) Para um salto no Grand Canyon usando
inicial , é possível obter o valor das velocidades iniciais motos, dois paraquedistas vão utilizar uma moto cada,
dos movimentos horizontal e vertical: sendo que uma delas possui massa três vezes maior.
𝑣0𝑥 = 𝑣0. cos 𝜃 Foram construídas duas pistas idênticas até a beira do
precipício, de forma que no momento do salto as motos
𝑣0𝑦 = 𝑣0. sen 𝜃 13
deixem a pista horizontalmente e ao mesmo tempo. No
instante em que saltam, os paraquedistas abandonam
Para os movimentos vertical e horizontal, valem suas motos e elas caem praticamente sem resistência
as equações apresentadas anteriormente para o do ar.
movimento horizontal sem a simplificação de que As motos atingem o solo simultaneamente porque
a velocidade inicial na vertical (𝑣 0𝑦 ) é nula, pois no
lançamento oblíquo ela não é. As equações são: a) possuem a mesma inércia.
𝐴 = 𝑣0𝑥 . 𝑡 b) estão sujeitas à mesma força resultante.
c) têm a mesma quantidade de movimento inicial.
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda.
e) são lançadas com a mesma velocidade horizontal.
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑦 + 𝑔. 𝑡 Resposta: Letra D: As motos atingem o solo ao mesmo
tempo porque partem de uma mesma altura H com
𝑣𝑦2 = 𝑣02𝑦 + 2. 𝑔. H
velocidade horizontal e ficam sujeitas à mesma ace-
leração vertical, que é a da gravidade. O tempo de
queda não depende da velocidade horizontal nem
#FicaDica da massa da moto.

O lançamento oblíquo tem duas etapas: MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME


subida e descida. Na subida o corpo se move Movimento circular é definido como todo movimento
no sentido contrário à gravidade e, portanto, no qual a trajetória descrita pelo móvel é circular. Um
nas equações para o trecho de subida deve-se satélite em órbita em torno da Terra, o movimento de
utilizar g= -10 m/s2. Já para a descida rotação de uma roda de bicicleta, são exemplos de
g= 10 m/s2 movimentos circulares.

GRAUS E RADIANOS
No Sistema Internacional de Medidas (SI), a unidade
de medida para ângulos é o radiano. A definição de
radiano é a seguinte: medida do ângulo que determina
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

um arco de comprimento igual ao raio. É importante


que seja conhecida a correspondência entre ângulos #FicaDica
e radianos, para conversão de valores. A equivalência
é a seguinte: Para converter um frequência em rotações
por minuto (rpm) para rotações por segundo
𝜋 𝑟𝑎𝑑 = 180° (Hz), basta dividir a quantidade de rotações
por minuto por 60. No exemplo do motor, a
2400
Assim, é possível obter outros ângulos notáveis em frequência em Hz é igual a 𝑓 = = 40 𝐻𝑧 .
radianos, tais como: 60

𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
90° = ; 60° = ; 45° = ; 30° =
2 3 4 6 Período e frequência estão relacionados, da seguinte
forma: fT=1, ou:
Para outros ângulos, basta utilizar a equivalência 1 1
apresentada e encontrar o outro ângulo utilizando regra 𝑓 = 𝑇 ou 𝑇 = 𝑓
de três.

a) Deslocamento Linear (Espaço) Pelas expressões acima, nota-se que o período é o


Um móvel percorrendo uma trajetória circular com inverso da frequência e vice-versa.
raio , descreve um ângulo e percorre um espaço
, que é calculado por: VELOCIDADE ANGULAR
A velocidade angular de um movimento circular
uniforme, denotada por , é calculada por:

Δ𝜑
𝜔=
Δ𝑡 Δ𝜑
𝜔=
onde Δ𝜑 é o ângulo descrito pelo móvel e Δ𝑡 é
𝜔 = de tempo transcorrido. Considerando uma
o intervalo
Δ𝑡
volta completa, na qual o móvel percorre 360° (ou 2𝜋
𝜔 = T, a
radianos) e o tempo transcorrido é igual ao período
14 𝑇
velocidade angular pode ser expressa por:
2𝜋
Δ𝑆 = 𝜑𝑅em radianos.
Δ𝑆 = 𝜑𝑅 sendo 𝜔=
𝑇
b) Período e Frequência
Em movimento circular uniforme, o tempo gasto VELOCIDADE LINEAR
para o móvel completar uma volta é constante. A velocidade linear de um movimento circular
Ou seja, a cada intervalo de tempo fixo, o móvel uniforme, denotada por , é calculada por:
completa uma volta. A esse intervalo de tempo Δ𝑆
𝑣=
fixo, dá-se o nome de período, denotado pela Δ𝑡 Δ𝜑
letra T. Se um satélite leva 50h para dar a volta 𝜔=
na Terra, diz-se que o período desse satélite é onde Δ𝑆 é o deslocamento linear e Δ𝑡 é o tempo
𝑣=
transcorrido.
T=50h. Um movimento com período constante, é Δ𝑡 Considerando uma volta completa onde
chamado de periódico. o móvel percorre uma volta completa, o deslocamento
é igual ao comprimento da trajetória circular que é
Em um movimento periódico, dá-se o nome de calculado por Δ𝑆 = 2𝜋𝑅 . Novamente, em uma volta
frequência à grandeza que mede a quantidade de completa, o tempo transcorrido é igual ao período
eventos (voltas) ocorridas em um intervalo de tempo. É e, consequentemente velocidade linear pode ser
denotada pela letra f. Por exemplo, o motor de um carro expressa por:
produz 2400 rotações por minuto. Note que foram 2400 2𝜋𝑅
eventos (voltas, rotações) em um intervalo de tempo 𝑣=
𝑇
(minuto). Assim, diz-se que a frequência do motor é f=
2400 rpm. No SI, a unidade de frequência é s-1ou Hz que
corresponde a rotações por segundo.
SE LIGA!
Há uma relação entre as velocidades linear e
angular. Analisando as duas fórmulas nota-se
que a relação entre elas é dada por 𝑣 = 𝜔𝑅
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ACELERAÇÃO CENTRÍPETA Resposta: Letra C A roda descreve um movimen-


Embora o movimento seja uniforme, ele possui uma to circular uniforme com velocidade linear igual a
aceleração na direção do centro da trajetória, que 36
= 10 𝑚 ⁄𝑠 . O raio da trajetória é igual a 25 cm, ou
ocorre em virtude da variação da direção do vetor 3,6
velocidade durante a trajetória. A essa aceleração 0,25 m. A velocidade linear se relaciona com a rota-
dá-se o nome de aceleração centrípeta que é ção em rad/s por meio da fórmula:
calculada da seguinte forma: 𝑣 = 𝜔𝑅 → 10 = 𝜔. 0,25 → 𝜔 = 40 𝑟𝑎 𝑑 ⁄𝑠
𝑣2 2.(ENEM 2013) Para serrar ossos e carnes congeladas, um
𝑎𝐶𝑃 =
𝑅 açougueiro utiliza uma serra de fita que possui três polias
e um motor. O equipamento pode ser montado de duas
TRANSMISSÃO DO MOVIMENTO CIRCULAR – CORREIAS formas diferentes, P e Q. Por questão de segurança, é
E ENGRENAGENS necessário que a serra possua menor velocidade linear
É possível realizar a transmissão de movimento circular
entre dois discos, rodas, engrenagens, polias, etc. Um
exemplo prático é a transmissão entre as duas catracas
da bicicleta, que é feita por uma corrente metálica.

Por qual montagem o açougueiro deve optar e qual a


justificativa desta opção?

a) Q, pois as polias 1 e 3 giram com velocidades lineares


iguais em pontos periféricos e a que tiver maior raio
terá menor frequência.
b) Q, pois as polias 1 e 3 giram com frequências iguais
e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear
15
em um ponto periférico.
c) P, pois as polias 2 e 3 giram com frequências diferen-
tes e a que tiver maior raio terá menor velocidade
linear em um ponto periférico.
d) P, pois as polias 1 e 2 giram com diferentes velocida-
des lineares em pontos periféricos e a que tiver menor
raio terá maior frequência.
Considerando dois pontos A e B, cada um em uma e) Q, pois as polias 2 e 3 giram com diferentes velocida-
engrenagem ou disco, vale a seguinte relação: des lineares em pontos periféricos e a que tiver maior
raio terá menor frequência.
𝑣𝐴 = 𝑣𝐵
Assim: 𝜔𝐴 𝑅𝐴 = 𝜔𝐵 𝑅𝐵 ↔ 𝑓𝐴 𝑅𝐴 = 𝑓𝐵 𝑅𝐵 Resposta: Letra A. Já que o açougueiro quer diminuir
a velocidade linear da serra, a frequência entre as
polias 2 e 3 devem ser a menor possível. Lembrando
que as polias têm velocidades lineares iguais e
EXERCÍCIOS COMENTADOS frequências inversamente proporcionais ao raio. Na
montagem P, as polias 1 e 2 possuem a mesma
1.(CESGRANRIO 2018) Um veículo de passeio movimen- velocidade linear, já que estão ligadas por uma
ta-se em linha reta a uma velocidade de 36 km/h. Con- correia. O mesmo acontece com as polias 1 e 3 na
siderando-se que não haja deslizamento entre o pneu montagem Q. Porem, o raio da polia 3 é maior, logo,
e a pista, e que o diâmetro do pneu seja de 50 cm, a a montagem que devemos escolher deve usar a
rotação da roda, expressa em rad/s, é de polia 3 ligada a 1, para que tenhamos uma menor
velocidade linear.
a) 10
b) 20
c) 40
d) 50
e) 80
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LEIS DE NEWTON

Em primeiro lugar, para entender as famosas leis de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de
força. De início, é mais simples buscar entender observando alguns exemplos que podem definir tal conceito, como
a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões, a força exercida pelos jatos d’água para que se
acionem as turbinas ou a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua superfície. Vale lembrar
também que força será uma grandeza vetorial, com módulo, direção e sentido.
Assim, podemos definir força como sendo o fenômeno que gera alteração no movimento dos corpos. Se um
corpo receber a ação de uma força, ele terá seu estado alterado, passando a se movimentar em função da
mesma.
De posse desse conceito elementar, o Físico Isaac Newton (1643-1727) elaborou leis fundamentais, que modelam
nossa Física até hoje. Ele também tem contribuições em outras áreas da ciência, como a gravitação universal e o
cálculo diferencial, mas sua fama veio de 3 conceitos importantes, chamamos de leis de Newton.

a) 1ª Lei – Lei da Inércia


Conforme visto acima, o conceito de força vem da natureza de se alterar o movimento do corpo. A primeira lei
formula exatamente esse conceito:
“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que
seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele.”
Em outras palavras, a Lei da Inércia nos diz que se não houver nenhuma força sobre o corpo, ele permanecerá
no estado em que encontra, seja parado, ou em movimento retilíneo uniforme (MRU).
Para a grande maioria das pessoas, é fácil entender que se um corpo está parado e a soma das forças atuando
sobre ele é nula, ele permanecerá parado. Mas como explicar que um corpo em MRU permanecerá assim
se não houver forças sobre ele? O exemplo clássico para verificar esta parte da primeira lei é o uso do cinto
de segurança.
Considere uma pessoa sem cinto de segurança, andando com seu carro e repentinamente ocorre uma
batida frontal. O que ocorre com essa pessoa? Certamente, muitos dos leitores irão falar que a pessoa será
“arremessada” até o para-brisa do carro. Porém, este conceito está errado, pois ser “arremessado”, remete
16 que ela sofreu ação de uma força e isso não ocorre. O fenômeno é explicado corretamente usando a
primeira lei de Newton. Observe este esquema bem simples:

SE LIGA!
A principal pegadinha da 1ª lei é justamente não se lembrar que um corpo em MRU permanecerá assim caso
não haja forças aplicadas sobre ele, nunca esqueça dessa parte da teoria!

b) 2ª Lei – Lei da Resultante


A 1ª Lei de Newton formula a questão de ausência de forças ou se as forças aplicadas no corpo se anulam.
Agora, a 2ª lei irá formular o que acontece quando há uma força resultante sobre o corpo e ela irá alterar o
movimento do mesmo. Veja os exemplos:
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Neste primeiro exemplo, observa-se o caso mais simples, com um corpo parado recebendo uma força e
acelerando na mesma direção da força.

No segundo exemplo, o corpo está inicialmente em movimento e é desacelerado por uma força . Mesmo nesse
caso, a aceleração do corpo (frenagem) está na direção da força, como no primeiro exemplo.
A conclusão que se obtém desses dois casos é que a força resultante no corpo e a aceleração estarão sempre
na mesma direção e sentido. Isso também foi visto por Isaac Newton e adicionalmente, ele quantificou a relação
de proporcionalidade entre essas grandezas, que é justamente a massa do corpo, assim:
𝑅 = 𝑚. 𝑎⃗
Logo, a segunda lei de Newton, quantifica o valor da força resultante do corpo como sendo o produto de sua
massa pela aceleração que ele desenvolve.

c) 3ª Lei – Lei da Ação e Reação


A terceira lei de Newton formula um importante conceito, dentro deste modelo da Física: “Ao se aplicar uma
força, surge outra de mesma natureza e intensidade, mas de sentido oposto”. Pode parecer estranho em um
primeiro momento, pois você deve pensar que quando aplica uma força em um objeto, você não recebe
essa força de volta, porém é exatamente isso que acontece. Veja o esquema a seguir: 17

Usando como exemplo o bloco em repouso no plano horizontal, vamos fazer o diagrama de corpo livre no
mesmo:

No bloco, temos a forças Peso e Normal se equilibrando. O enunciado da terceira lei diz que as forças de reação
são de mesma natureza, o que não é o caso, já que a força peso é de natureza gravitacional e a força normal é
devido ao contato. Então, onde está a outra força peso? E a outra força Normal?
O principal equívoco quando se estuda a terceira lei de Newton é achar que as forças de reação são aplicadas
no mesmo corpo e isso não é verdade. Como o diagrama de corpo livre mostra apenas as forças aplicadas no
corpo correspondente, as forças de reação não aparecem. Para achar essas forças, deve-se pensar nos corpos
que estão aplicando as forças no bloco.
Começando pela força peso, qual é o corpo que está aplicando a força peso no bloco? É o planeta Terra, que
gera a gravidade. Portanto a força peso de reação está aplicada no planeta. Obviamente essa força não tem
relevância sobre o planeta pois ele é muito grande, mas por menor que ela seja, ela existe. Já a força normal, por
ser uma força de contato, certamente terá as forças aplicadas nas superfícies dos corpos que estão em contato.
Assim, a reação da força normal aplicada no bloco está aplicada no plano horizontal onde ele está apoiado, que
pode ser uma mesa ou o próprio chão.
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Resposta: Letra D. A sensação de ausência de peso


#FicaDica dita pelo astronauta não é causada pela falta de
gravidade, mesmo porque nesta região (560 km de
Importante saber os nomes e as aplicações das altura) é de 90% da gravidade na superfície terrestre.
Leis de Newton, pois já ocorreram questões O que acontece é que o astronauta sente o peso apa-
teóricas em concursos perguntando esses rente do telescópio, resultante da subtração da força
conceitos fundamentais. peso (centrípeta) pela centrífuga gerada pela rotação
do telescópio em torno da Terra. Portanto o peso do
telescópio não é pequeno e a frase não se justifica.

EXERCÍCIOS COMENTADOS 2.(CESGRANRIO 2017) Uma carga é colocada em um


elevador, que está parado no primeiro andar de um
prédio. Esse elevador sobe do primeiro ao quinto andar
1.(ENEM 2009) O ônibus espacial Atlantis foi lançado ao com velocidade constante, sendo acelerado ao iniciar
espaço com cinco astronautas a bordo e uma câme- seu movimento no primeiro andar e desacelerado ao
ra nova, que iria substituir uma outra danificada por um chegar ao quinto andar até parar.
curto-circuito no telescópio Hubble. Depois de entrarem Se a carga conduzida pesa P newtons, a força que ela
em órbita a 560 km de altura, os astronautas se aproxi- exerce no piso do elevador é
maram do Hubble. Dois astronautas saíram da Atlantis e
se dirigiram ao telescópio. Ao abrir a porta de acesso, a) Maior que P no instante em que o elevador começa
um deles exclamou: “Esse telescópio tem a massa gran- a subir, no primeiro andar.
de, mas o peso é pequeno.” b) Maior que P no instante em que o elevador chega ao
quinto andar.
c) Menor que P, enquanto o elevador sobe do primeiro
ao quinto andar.
d) Igual a P durante todo o trajeto.
e) Igual apenas no instante em que o elevador chega
ao quinto andar.

Resposta: Letra A. Ótima questão teórica que nos faz


18 lembrar a primeira e segunda lei de Newton. Para o
elevador sair do repouso até sua velocidade de su-
bida constante, é necessária uma aceleração, da
mesma forma que para parar no quinto andar será
necessária uma desaceleração. Assim, nessas situa-
ções, pela segunda lei de Newton, deverá existir uma
força resultante maior que P no primeiro andar (para
o elevador acelerar para cima) e menor que P no
quinto andar (para ele parar). Durante o período de
Considerando o texto e as leis de Kepler, pode-se afir- velocidade constante, pela primeira lei, a resultante é
mar que a frase dita pelo astronauta nula e assim a força do elevador será igual a P.

a) se justifica porque o tamanho do telescópio determi-


na a sua massa, enquanto seu pequeno peso decor- TIPOS DE FORÇAS E O PLANO INCLINADO
re da falta de ação da aceleração da gravidade.
b) se justifica ao verificar que a inércia do telescópio é
grande comparada à dele próprio, e que o peso do No estudo da mecânica clássica, existem diversos
telescópio é pequeno porque a atração gravitacio- tipos de forças de diferentes naturezas. É importante
nal criada por sua massa era pequena. saber as características de cada uma delas, para saber
c) não se justifica, porque a avaliação da massa e do quais estão aplicadas ou não em um corpo. A seguir,
peso de objetos em órbita tem por base as leis de Ke- seguem os diversos tipos de forças existentes:
pler, que não se aplicam a satélites artificiais.
d) não se justifica, porque a força-peso é a força exer- FORÇA PESO
cida pela gravidade terrestre, neste caso, sobre o te- A Força Peso, geralmente representada pela letra
lescópio e é a responsável por manter o próprio teles- P, é de natureza gravitacional, ou seja, existe devido
cópio em órbita. a atração de dois corpos com massa. Um deles
e) não se justifica, pois a ação da força-peso implica normalmente é o planeta Terra, onde vivemos, mas isso
a ação de uma força de reação contrária, que não pode ser diferente se os problemas forem no espaço.
existe naquele ambiente. A massa do telescópio po- Neste caso, existe um conteúdo da Física específico,
deria ser avaliada simplesmente pelo seu volume. chamado gravitação universal.
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Nos problemas de mecânica, a força peso será No primeiro exemplo, temos o contato entre o
simplesmente um vetor, posicionado na direção corpo e a superfície no plano horizontal, assim, a força
vertical e para baixo. Seu módulo é calculado a partir normal será aplicada na perpendicular (vertical) e na
do produto da massa do corpo pela aceleração da direção de afastamento das superfícies, ou seja, como
gravidade g, assim: a superfície está abaixo do bloco, então a normal deve
ser para cima, para afastá-los.
Para o caso do plano inclinado, a questão principal
permanece, será perpendicular ao plano de contato,
assim, a força normal também se inclina junto com o
plano, diferentemente da força peso que será sempre
𝑃 = 𝑚𝑔
vertical e para baixo.
No terceiro caso, temos mais de uma força normal.
Cada corpo terá sua própria força peso, assim, A primeira, para o bloco A é idêntica ao primeiro caso,
quando o problema tiver mais de um corpo, quando com contato na superfície horizontal, já a segunda, vem
o diagrama de corpo livre de cada um for montado, do contato dos blocos A e B. Como o plano de contato
deve-se considerar as forças peso individualmente em também é horizontal, as duas forças são verticais. A
cada um deles. diferença está no sentido pois a convenção é sempre
aplicar no sentido dos corpos se afastarem.
FORÇA NORMAL OU DE CONTATO
A Força Normal só perde para a Força Peso em termos
de popularidade, mas apresenta uma característica #FicaDica
interessante em relação a sua direção de aplicação.
Neste segundo caso, observa-se claramente
Primeiramente, vamos explicar a sua natureza: As Forças
a terceira lei de Newton, já que as forças de
Normais aparecem quando há contato entre dois
contato entre os blocos A e B são de mesma
corpos ou entre um corpo e uma superfície. Vejam os
natureza e são devidas ao contato entre eles.
exemplos a seguir:

No quarto caso, temos os dois blocos apoiados no


plano horizontal, assim cada um terá sua força normal
i) ii) correspondente com a superfície. Além disso, como há
o contato entre eles, também aparecerá uma normal
19
nos blocos, na direção horizontal, já que o contato
desta vez é no plano vertical.
Por fim, o quinto caso, que mantém a verdade
iii) iv) v) da força normal ser aplicada perpendicularmente à
direção de contato. Como desta vez o contato é no
Tem-se 5 casos: Corpo apoiado em superfície plano vertical, a normal deverá ser aplicada no plano
horizontal, corpo apoiado em plano inclinado, dois horizontal e com a direção de separação do contato,
corpos um sobre o outro, apoiados em superfície ou seja, para a direita, nesse caso.
horizontal, dois corpos apoiados na superfície e
encostados e por último, um corpo apoiado em uma
superfície vertical. Agora, vejam como fica a aplicação
#FicaDica
apenas das forças de contato nos diagramas de corpo É por causa dessa força normal e do atrito na
livre dos exemplos: parede que conseguimos segurar um corpo
apoiado na parede, exercendo uma força
horizontal.

FORÇA TRAÇÃO
i) ii) iii) A Força de Tração tem a natureza de existência
devido à presença de um fio ou um cabo. Geralmente
esse cabo é inextensível, ou seja, não se deforma, e
possui massa desprezível. Logo, a tração é apenas uma
força transmitida pelo cabo e terá sempre a direção
dela mesmo. A diferença estará no sentido, que deve ser
iv) v) sempre na ideia de “puxar” o corpo. Veja os exemplos:

Observando os 5 casos, é possível verificar que a


natureza da força normal será sempre perpendicular ao
plano de contato entre os corpos ou superfícies.
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FORÇA ELÁSTICA
A força elástica é caracterizada pela presença de
uma mola. A mola é um dispositivo armazenador de
energia, devido ao seu poder de contração e extensão.
Quando a mola é estimulada a um desses movimentos,
i) ii) ela armazenará a energia, para depois devolvê-la no
sentido contrário, ou seja, se a mola se estender, ela terá
a tendência de se contrair para restaurar o comprimento
inicial; já o contrário, se a mola se contrair, ela terá a
tendência de se estender, até restaurar o comprimento
inicial. Vejam os exemplos a seguir:

iii) iv)

v)

No primeiro caso, temos um corpo suspenso por um Temos três casos, sendo de cima para baixo, a mola
fio na vertical. Já o segundo, é um corpo preso a um fio em sua posição original, no meio, a mola estendida e
na horizontal; o terceiro caso é um corpo preso a outro, embaixo, a mola contraída. No primeiro, a Força Elástica
através de um fio; o quarto caso é um corpo preso a um será nula, uma vez que a mola não sofreu contração
fio no plano inclinado e no quinto, um corpo preso a dois ou extensão, já no segundo e terceiro casos, vejam o
fios. Vejam como ficam as forças de tração aplicada diagrama de corpo livre:
aos corpos:

20
i) ii) iii)

No caso da mola estendida para a direita, a força


iv) v) de restauração será para a esquerda. Já no terceiro
caso, com a contração sendo para a esquerda, a força
Observando os diagramas de corpo livre, percebe-se elástica será para a direita, restaurando o comprimento
a característica fundamental da Força de Tração, que é original do primeiro caso.
a força estar aplicada exatamente na direção do fio. O Para se calcular a força elástica, considera-se
sentido, por convenção será com a intenção de puxar sempre por hipótese, que a mola tem comportamento
o corpo. No primeiro caso, como o fio está na vertical e linear, ou seja, o quanto se estende ou se contrai da
suspende o corpo, a tração será aplicado ao corpo no mesma é proporcional a força elástica. Essas duas
sentido para cima. No segundo, como está prendendo variáveis são ligadas através da constante da mola, que
o corpo na horizontal, ela irá impedir que ele vá para a é um parâmetro em função da geometria e do material
direita, assim, a força será para a esquerda. No terceiro que é feito o dispositivo. Com isso, define-se a Lei Hooke
caso, temos diferentes situações para os corpos A e B. para o cálculo de uma força devida ao estímulo de
Como o corpo A está pendurado, sua força será vertical uma mola:
para cima e o corpo B por estar sendo puxado pelo fio
𝐹𝑒𝑙 = 𝑘𝑥
preso a A, terá sua tração apontada para a direita. No Onde Fel é a força elástica, k é a constante da mola
quarto caso, temos um plano inclinado, onde a força e x é o quanto a mola se estendeu/contraiu em relação
segue a direção do fio e por fim, o quinto, onde cada ao comprimento original.
fio tem sua força de tração particular apontada para a
direção dos mesmos, apresentará duas forças inclinadas
que deverão ser decompostas nas direções vertical e
horizontal para serem solucionadas.
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SE LIGA! #FicaDica
O erro mais comum quando se estuda força
O atrito estático pode variar de valor, até chegar
elástica é achar que x é o comprimento total
ao limite que é calculado por 𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁.
da mola, mas não é. Supondo uma mola de
Após esse limite, o corpo irá se movimentar e
10 cm de comprimento e foi contraída para 7
o atrito será o dinâmico, que será constante e
cm. Nesse caso, x= 10-7= 3cm, ou seja, a mola
igual a 𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁 .
contraiu 3 cm.

DIAGRAMA DE CORPO LIVRE


FORÇA DE RESISTÊNCIA – ATRITO No estudo de forças aplicadas a um corpo, pode
As forças de resistência tem por característica haver casos onde a quantidade de vetores é alta e isso
fundamental, como o próprio nome diz, resistir ao pode gerar alguma confusão. Para evitar esse tipo de
movimento do corpo. O atrito é um exemplo dessas problema, criou-se uma estratégia, chamada Diagrama
forças e será sempre contrário a tendência do de corpo livre. A ideia baseia-se em isolar o corpo de
movimento. Além disso, o atrito possui duas naturezas, superfícies e corpos e nele colocar apenas as forças
estático e dinâmico, vamos a elas: que estão sendo aplicadas ao mesmo. Veja o exemplo
Atrito estático. Neste tipo de atrito, a força tem a a seguir:
tendência de manter o corpo em repouso, ou seja,
parado. O atrito estático, equilibra com a força que
está sendo aplicada ao corpo, deixando a resultante
nula. Veja o exemplo:
Na figura, temos um corpo apoiado em uma
superfície plana horizontal, sem atrito. Uma força F
está sendo aplicada nele na direção horizontal. Neste
caso, o diagrama de corpo livre será apenas do corpo,
Na figura, temos um bloco em uma superfície com sem a superfície horizontal, e serão indicadas as forças
atrito, com uma força F aplicada ao mesmo. Observa- atuantes nele:
se que o corpo permanece em repouso. O que ocorre?
Neste caso, para o corpo permanecer em repouso,
a primeira lei de Newton deve valer, ou seja, a resultante 21
das forças deve ser nula. Para isso, existe uma força de
mesma magnitude de F, mas em sentido oposto. Essa
força é o atrito estático:

Como praticamente todos os problemas estudados


na mecânica clássica estão localizados no planeta
Terra, a força peso (gravitacional) sempre aparecerá.
Porém, o atrito estático tem um limite, que é Adicionalmente, devido ao contato entre o corpo e
calculado da seguinte maneira: a superfície, aparece uma força Normal. Além disso,
𝑓𝑎𝑡𝑒 = 𝜇𝑒 . 𝑁 deve-se indicar a força F aplicada na horizontal.
Este foi um exemplo simples, agora vamos considerar
Onde 𝜇𝑒 é o coeficiente de atrito estático, dado em um mesmo problema, mas com 2 blocos, A e B
função da superfície e N é a força normal do corpo com
a superfície de contato.
Se F ultrapassar o limite do atrito estático, o corpo
irá se movimentar. Porém, o atrito não deixará de
existir, apenas mudará de natureza, passando de atrito
estático para atrito dinâmico. Neste caso, temos a força F aplicada ao corpo A
O atrito dinâmico é calculado pela mesma fórmula que por sua vez irá empurrar o corpo B. Considerando
do atrito estático, com a diferença que seu coeficiente novamente a superfície horizontal sem atrito, veja como
é diferente, assim: fica os diagramas de corpo livre dos elementos A e B:
𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁
𝑓𝑎𝑡𝑑 = 𝜇𝑑 . 𝑁é o coeficiente de atrito dinâmico, que
Onde
sempre é menor que o atrito estático 𝜇𝑒 . . Devido a esse
fato que quando estamos arrastando um móvel, é mais
difícil retirá-lo do lugar do que continuar empurrando o
mesmo.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Se observarmos os dois diagramas, certamente Observação Importante: Quando um corpo está


não haverá dúvidas sobre as aplicações das forças apoiado sobre um plano inclinado, a força normal não
normais e peso. O que pode gerar alguma confusão é a é igual à forma peso, mas sim à componente normal da
presença das forças 𝐹𝐴𝐵 e 𝐹𝐵𝐴 e o fato da força F não força peso, Pn.
estar aplicar no corpo B.
A explicação é simples. Primeiramente, uma força
aplicada ao corpo é única e exclusivamente aplicada
a ele, ou seja, qualquer corpo em contato não irá
EXERCÍCIOS COMENTADOS
receber necessariamente a força F como consequência
do movimento. Assim, o corpo A irá aplicar uma força 1.(CESGRANRIO 2014) Considere três blocos que se mo-
diferente em B, que é a força 𝐹𝐴𝐵 . Mas e a força 𝐹𝐵𝐴 ? vem sobre uma superfície horizontal em virtude da ação
Se você recordar o enunciado da terceira lei de de uma força horizontal de módulo 360 N, como mos-
Newton, quando um corpo aplica uma força em outro, tra a Figura abaixo.
ele recebe de volta a mesma com direção oposta. Logo,
Se A aplica uma força em B, receberá como reação, a
mesma força em sentido contrário, assim: 𝐹𝐴𝐵 = −𝐹𝐵𝐴 .
Dados esses exemplos, o diagrama de corpo livre se
mostra importante justamente para avaliar se a pessoa As massas dos blocos P, Q e R valem, respectivamente,
consegue identificar corretamente as forças e aplica- 12,0 kg, 18,0 kg e 30,0 kg, e o valor do coeficiente de
las nos corpos corretos. Se esse procedimento é bem atrito cinético entre os blocos e a superfície é 0,200. O
dominado, a aplicação da segunda lei de Newton para módulo da força de interação entre os blocos P e Q,
calcular a aceleração dos corpos se torna trivial. em N, é ()

a) 120
#FicaDica b) 180
c) 240
Muitas questões do Enem e concursos públicos
d) 288
podem tratar sobre sincretismo na cultura
e) 324
brasileira, que não quer dizer apenas aspectos
religiosos, mas cultural como um todo.
Resposta: Letra D. Essa questão remete exatamente
22 ao que foi discutido no conceito do diagrama de cor-
po livre. Montando o diagrama de corpo livre dos três
PLANO INCLINADO
blocos, temos:
Em um corpo apoiado sobre um plano inclinado,
sem atrito, atuam as seguintes forças, conforme figura
abaixo:

É comum decompor a força Peso em duas


componentes: uma componente paralela ao plano
inclinado e uma perpendicular a ele. São elas,
respectivamente, (peso tangencial) e (peso relativo à
normal). As componentes estão exibidas abaixo:

Com as massas dos corpos, pode-se calcular suas for-


ças peso e igualá-las as forças normais, uma vez que
na vertical, temos equilíbrio, assim: N_P=P_P=120N,
N_Q=P_Q=180N e N_R=P_R=300N. A partir das forças
Cada uma delas pode ser calculada da seguinte
normais e com os coeficientes de atrito, pode-se cal-
forma:
cular as respectivas forças: fat_p=μ.N_p=24 N, fat_
𝑃𝑡 = 𝑃. sen 𝜃 Q=μ.N_Q=36N e fat_R=μ.N_R=60N. Como não temos
os valores das forças de contato entre os corpos, não
𝑃𝑛 = 𝑃. cos 𝜃 é possível achar a aceleração do conjunto isolada-
mente. Será necessário um sistema de 3 equações e
Para um corpo apoiado sobre um plano inclinado
3 incógnitas, lembrando que
tem-se que: N=Pn
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

𝑑. cos 𝜃. é o ângulo formado entre a direção do


𝜏 =O𝐹.ângulo
e : deslocamento e a linha de ação da força. Ele pode
variar de 0 a 180°. O que muda nesses casos?
Quando 0 ≤ 𝜃 < 90 , a força é favorável ao
movimento, ou seja, tem alguma de suas componentes
na direção do deslocamento. Assim, diz-se que o
trabalho de uma força nessas condições é positivo
𝜏 > 0 . Recebe o nome de trabalho motor.
Quando 90 < 𝜃 ≤ 180 , a força é desfavorável ao
movimento, ou seja, tem alguma de suas componentes
Resolvendo, tem-se que ,
na direção contrária ao deslocamento. Assim, diz-se que
a = 4m/s 2, FQP = 288 N e FRQ = 180N. o trabalho de uma força nessas condições é negativo
𝜏 < 0 . Recebe o nome de trabalho resistente.
E quando 𝜃 = 90°?
2.(IBFC 2017) Um corpo de massa 10 Kg desce um pla-
no inclinado que faz um ângulo α (alfa) com o plano
horizontal. O coeficiente de atrito entre as superfícies é SE LIGA!
de 0,4. Dados g = 10 m/s² , sen α = 0,8 e cos α = 0,6. A
aceleração do corpo é igual a: Quando 𝜃 = 90°?, o trabalho é nulo! Ou seja,
quando a força é perpendicular à direção do
a) 1,4 m/s2 deslocamento ela não realiza trabalho. Um
b) 2,8 m/s2 exemplo disso é um corpo se deslocando sobre
c) 5,6 m/s2 um plano sob ação de uma força F. Nessas
d) 7,2, m/s2 condições a sua força peso é perpendicular
e) 8,3 m/s2 à direção do deslocamento e não realiza
trabalho.
Resposta: Letra C: A resultante de for-
ças que atua sobre o corpo é igual a :
TRABALHO DA FORÇA PESO
𝐹𝑅 = 𝑃𝑡 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑁 . Como a força nor-
Quando um corpo de massa está em queda livre, ou
mal é igual à componentes normal da força peso, vem: desloca-se sobre um plano inclinado, ou em trajetórias 23
𝐹𝑅 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑃𝑛 = 𝑃. sen 𝜃 − 𝜇𝑃. cos 𝜃 nas quais ele realize algum deslocamento vertical
Substituindo valores, a força resultante é (começo e final do movimento em alturas diferentes)
𝐹𝑅 = 10.10.0,8 − 0,4.10.10.0,6 = 80 − 24 = 56 𝑁 . há realização de trabalho pela força peso. A força
peso é uma força conservativa, ou seja, o trabalho dela
Aplicando a segunda lei de Newton:
independe da trajetória do corpo e depende somente
𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎 → 56 = 10. 𝑎 → 𝑎 = 5,6 𝑚 ⁄𝑠 ² dos pontos final e inicial da trajetória. Nesse caso,
importa apenas, para o cálculo do trabalho da força
peso, a altura inicial e a altura final.
TRABALHO DE UMA FORÇA

O trabalho de uma força é definido como a


quantidade de energia necessária para que essa
força provoque um deslocamento em um móvel. O
trabalho, denotado pela letra grega “tau” , é função
do deslocamento d e da força aplicada sobre o corpo.
Seja uma força F aplicada a um corpo e deslocando-o
de uma distância d, conforme figura abaixo:

O trabalho da força peso é calculado como:


𝜏 = 𝑚. 𝑔. 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

#FicaDica
A fórmula acima pode parecer estranha, mas
é isso mesmo: diferença entre altura inicial
O trabalho é calculado por: 𝜏 = 𝐹. 𝑑. cos 𝜃. A e final, nessa ordem. É uma característica do
unidade de trabalho, no SI, é o Joule (J). trabalho de forças conservativas
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

dissipativas (resistência do ar, atrito, perdas) nem


Assim, quando o corpo está “subindo” 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 < 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 forças que acrescem energia ao sistema. Quando o
o trabalho da força peso é negativo. Já quando o sistema é conservativo, a energia mecânica é constante.
corpo está “descendo” 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 > 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 , o trabalho da Considerando, por exemplo, um carrinho em uma
força peso é positivo. montanha russa desprezando-se todas as formas de perdas.
O carrinho da montanha russa vai de um ponto A para
TRABALHO DA FORÇA ELÁSTICA 𝑘Δ𝑥 2 um ponto B. Como não há perdas, diz-se que o sistema é
O trabalho realizado pela força elástica, 𝜏𝐹𝑒𝑙 ,=depende
2 conservativo e, portanto, a energia mecânica se conserva.
da constante elástica da mola e do elongamento da
mola Δ𝑥 . O trabalho é calculado da seguinte forma:

𝑘Δ𝑥 2
𝜏𝐹𝑒𝑙 =
2

ENERGIA
Energia é um conceito comum a todos nós pois
lidamos com energia diariamente. Energia elétrica, 𝐴
Assim, vale: 𝐸𝑚 𝐵
= 𝐸𝑚
energia solar, energia dos alimentos, enfim, diferentes
𝐸𝑝𝐴 + 𝐸𝑐𝐴 = 𝐸𝑝𝐵 + 𝐸𝑐𝐵
formas de energia. Aqui serão apresentadas formas de Ou seja:
energia relativas ao ramo da Mecânica.
a) Energia Cinética TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA
É a forma de energia associada ao movimento. Um Esse teorema relaciona o trabalho da força
corpo de massa em movimento com velocidade resultante (ou trabalho resultante) com a variação da
𝑚𝑣 2
possui energia cinética 𝐸𝑐 =igual a: energia cinética de um corpo. Define-se trabalho da
2
força resultante como o produto da força resultante
𝑚𝑣 2 pelo deslocamento do corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝐹𝑅 . 𝑑 ou como a
𝐸𝑐 =
2 somatória do trabalho de cada uma das forças que
atua sobre o corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝜏𝐹1 + 𝜏𝐹2 + ⋯
b) Energia Potencial Gravitacional
É a forma de energia associada ao trabalho da
força peso. Um corpo de massa que está a uma #FicaDica
24
altura de um plano horizontal de referência possui
As duas formas de calcular o trabalho da
energia potencial gravitacional 𝐸𝑝 =
igual
𝑚. 𝑔.a:

força resultante são equivalentes. A primeira
𝐸𝑝 = 𝑚. 𝑔. ℎ é mais apropriada quando a força resultante
é conhecida ou fácil de ser calculada. Já
a segunda, é mais apropriada quando os
c) Energia Potencial Elástica
trabalhos de cada uma das forças que atua
É a forma de energia associada ao trabalho da
sobre o corpo são conhecidos.
força elástica. Uma mola de constante elástica
comprimida/estendida em 2 Δ𝑥 , possui energia
𝑘Δ𝑥
potencial elástica 𝐸𝑝𝑒𝑙 =
igual a: O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que:
2
𝜏𝐹𝑅 = Δ𝐸𝑐
𝑘Δ𝑥 2
𝐸𝑝𝑒𝑙 =
2 𝜏𝐹𝑅 = 𝐸𝑐𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

d) Energia Mecânica
É a energia de um corpo que corresponde à soma
da energia cinética e de todas as formas de onde 𝑣𝑓 e 𝑣𝑖 são, respectivamente, as velocidades
energia potenciais. A energia mecânica 𝐸𝑚 =de
𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙
final e inicial do corpo.
um corpo é igual a:
𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 POTÊNCIA
Para entender o conceito de potência e sua relação
com trabalho, vamos dar um exemplo prático. Duas
Evidentemente, 𝐸a
𝑚 =parcela
𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 só irá existir em
pessoas vão arrastar, cada uma, um bloco. A força
sistemas onde haja mola(s).
necessária para arrastar esse bloco é de 1000 N. Uma
das pessoas consegue arrastar esse bloco por 2 m
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA
enquanto outra pessoa consegue arrastá-lo por 5 m.
Um sistema é dito conservativo quando agem
Qual das duas pessoas “gastou” mais energia?
sobre ele forças conservativas. Em linhas gerais,
Olhando para as duas, ambas realizaram a mesma
um sistema é conservativo quando não há forças
força (1000 N) pois ambas conseguiram arrastar o
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

bloco. Porém cada uma delas arrastou o bloco por uma Resposta: Letra A. Aplicação direta da definição de
distância diferente e realizaram, portanto, trabalhos 40
diferentes. A energia “gasta” por cada pessoa é igual trabalho: 𝜏 = 𝐹. 𝑑 → 40 = 𝐹. 10 → 𝐹 = =4𝑁
10
ao trabalho da força.
Assim, a pessoa que arrastou o bloco por 5 metros
realizou um trabalho maior. Mas consideremos o mesmo IMPULSO, QUANTIDADE DE MOVIMENTO
caso novamente. Porém, agora, as duas pessoas E CHOQUES
arrastam o bloco por 5 metros. A diferença é que uma
pessoa levou 2 segundos para arrastar o bloco e a outra
levou 5 segundos. Quem realizou o maior trabalho? IMPULSO DE UMA FORÇA
Nenhuma! Pois ambas arrastaram o bloco (mesma O impulso de uma força é definido como o produto
força) pela mesma distância e, portanto, realizaram o 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡
dessa força 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 em que ela é aplicada.
pelo tempo
mesmo trabalho. Qual a diferença? Cada uma realizou Denota-se da seguinte forma:
esse trabalho com uma potência diferente! Então, com
isso define-se potência como a taxa de realização de 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡
trabalho ou simplesmente a razão entre trabalho e o O impulso é uma grandeza vetorial, possui direção,
tempo gasto na realização de trabalho: sentido e intensidade. A intensidade é calculada pelo
𝜏 produto 𝐼 = 𝐹Δ𝑡 , a direção e o sentido são os mesmos
𝑃𝑜𝑡 = da força. A unidade do impulso, no SI, é N.s .
Δ𝑡 𝜏
𝑃𝑜𝑡 =
como a unidade de 𝜏 é J e a unidade de Δ𝑡 é s, a QUANTIDADE DE MOVIMENTO
𝑃𝑜𝑡 =
unidade de potência éoΔ𝑡Watt (W). A quantidade de movimento Q de um corpo é
definida da seguinte forma:
𝑄 = 𝑚. 𝑣⃗
EXERCÍCIOS COMENTADOS onde
𝑄 = 𝑚. 𝑣é
⃗ a massa do corpo e 𝑣⃗ é a velocidade
𝑄 = 𝑚.
do corpo. Também é uma grandeza vetorial, com
1.(ENEM 2010) Com o objetivo de se testar a eficiência de intensidade igual a 𝑄𝑄 =
= 𝑚.
𝑚.𝑣𝑣
⃗⃗ e direção e sentido iguais
fornos de micro-ondas, planejou-se o aquecimento em 10 aos da velocidade. A unidade da quantidade de
𝑚
ºC de amostras de diferentes substâncias, cada uma com movimento é o 𝑘𝑔. 𝑠 .
determinada massa, em cinco fornos de marcas distintas.
Nesse teste, cada forno operou à potência máxima. 1. Teorema do Impulso 25
O forno mais eficiente foi aquele que O Teorema do Impulso relaciona o impulso da
força resultante que atua sobre um corpo com
a) forneceu a maior quantidade de energia às amostras. a variação da quantidade de movimento desse
b) cedeu energia à amostra de maior massa em mais corpo. Em resumo, o impulso da força resultante
tempo. faz com que a quantidade de movimento desse
c) forneceu a maior quantidade de energia em menos corpo varie. Assim: 𝐼⃗𝑅 = Δ𝑄 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖
tempo.
d) cedeu energia à amostra de menor calor específico
2. Conservação da Quantidade de Movimento
mais lentamente.
Para enunciar o princípio de conservação da
e) forneceu a menor quantidade de energia às amos-
quantidade de movimento, é necessário definir o
tras em menos tempo.
conceito de sistema isolado. Um sistema isolado é
todo sistema composto por mais de um corpo no
Resposta: Letra C. A eficiência do forno é a razão
qual não há atuação de forças externas. Por isso o
entre a quantidade de calor (energia) cedida pelo
nome “isolado”, pois o sistema é isolado de forças
tempo para ceder este calor, independente da mas-
externas. Em um sistema isolado, há somente
sa da substância. Quanto maior esta razão, maior a
forças internas ou, quando há forças externas elas
eficiência do forno micro-ondas, ou seja, é mais efi-
são tão pequenas que podem ser desprezadas.
ciente aquele forno que forneceu maior quantidade
de energia em menos tempo.
SE LIGA!
2.(IBFC 2017) Uma força realiza trabalho de 40 J, atuando Em um sistema isolado, a força resultante FR
sobre um corpo na mesma direção e no mesmo sentido é nula e, consequentemente, seu impulso IR
do seu deslocamento. Sabendo que o deslocamento é também é.
de 10 m, a intensidade da força aplicada é igual a:
O princípio de conservação da quantidade de
a) 4 N
movimento estabelece que em um sistema isolado
b) 8 N
a quantidade de movimento se conserva, ou seja, a
c) 12 N
variação da quantidade de movimento é nula:
d) 16 N
e) 20 N Δ𝑄 = 0 → 𝑄𝑓 = 𝑄𝑖
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

3. Choques
Choques (ou colisões) são interações entre corpos onde cada um exerce uma força sobre o outro. Aqui iremos
considerar colisões como sistemas isolados e, por consequência disso, em todos os choques a quantidade de
movimento irá se conservar, ainda que a energia mecânica não se conserve necessariamente.

É possível classificar os choques em três categorias. A seguir serão apresentadas todas elas. Para tal,
consideraremos dois corpos A e B, de massas ma e mb, com velocidades va e vb antes do choque e velocidades
𝑣𝐴′ e 𝑣𝐵′ e após o choque. Os tipos de choques são os seguintes:

i) ii) iii)

Perfeitamente elásticos: choques nos quais ocorre conservação da energia cinética


Parcialmente elásticos: choques nos quais há dissipação parcial de energia cinética
Perfeitamente inelásticos (anelásticos): choques nos quais há máxima dissipação de energia mecânica. Após os
choque os corpos permanecem unidos e possuem a mesma velocidade final, ou seja:

#FicaDica
Se em algum exercício aparecer no enunciado algo como “após os choques os corpos têm a mesma
velocidade” ou “saem unidos após o choque”, trate o choque como inelástico. Vale atenção a termos
parecidos com esses nos enunciados em exercícios sobre choques.

Para caracterizar choques há uma grandeza denominada coeficiente de restituição (e) que corresponde à
razão da velocidade relativa de afastamento (depois do choque) e da velocidade relativa de aproximação (antes
26 do choque). É calculada por:
𝑣𝐵′ − 𝑣𝐴′
𝑒=
𝑣𝐴 − 𝑣𝐵

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2016) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que
corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezivel. A figura ilustra um trilho horizontal com dois car-
rinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1,
de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento
em que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar
constante. Os sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes
associados à passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Com base nos dados experimentais, o valor da massa


do carrinho 2 é igual a

a) 50,0 g
b) 250,0 g
c) 300,0 g
d) 450,0 g
e) 600,0 g

Resposta: Letra C. A questão trata de uma colisão inelásti-


ca, afinal os corpos saem juntos após o contato. Em qual- SE LIGA!
quer colisão, a quantidade de movimento se conserva. Respeitando a Lei de Ação e Reação, a força
𝑄𝐴 = 𝑄𝐷 𝑚1 𝑉1 que o corpo de massa M1 exerce no corpo de
= 𝑚1 + 𝑚2 𝑉’150 � 15 massa M2 tem a mesma intensidade, direção e
= 𝑚1 + 𝑚2 � 5 𝑚1 + 𝑚2 sentido oposto à força que M2 exerce em M1-.
= 450𝑔
Como o carrinho 1 possui massa de 150g, o carrinho 2 CAMPO GRAVITACIONAL
possui massa de 300g. A partir da expressão para o cálculo da força
gravitacional, é possível obter uma expressão para
2.(IGP-RS 2017) Um projétil, de 5g, é disparado por uma o campo gravitacional de um determinado corpo
pistola a uma velocidade de 350 m/s contra um alvo (um planeta, por exemplo). Entende-se por campo
metálico disposto sobre uma base móvel de massa to- gravitacional uma região no espaço, em torno de um
tal de 65g. Sabendo que a bala fica alojada no alvo,
corpo de massa , na qual um outro corpo, de massa
desprezando a resistência do ar e supondo a distância
, será submetido à força . A expressão para o campo
de disparo suficientemente curta a ponto de ignorarmos
gravitacional do corpo de massa é dada por:
efeitos gravitacionais sobre a bala, qual a velocidade
aproximada do recuo do alvo? 𝐺. 𝑀1
𝑔=
𝑟2
a) 23 m/s
onde R é a distância do centro de gravidade de
b) 25 m/s
M1 até o ponto no qual deseja-se calcular o valor do 27
c) 27 m/s
campo gravitacional.
d) 30 m/s
e) 32 m/s
1. Leis de Kepler
Resposta: Letra B. Aplicando a conserva- O astrônomo Johanes Kepler dedicou-se a estudar o
ção da quantidade de movimento, tem- movimento planetário. Como conclusão dos seus
-se que: 𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = 𝑚𝑎 𝑣´𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣´𝑏. estudos, enunciou três leis. Essas leis são aplicadas
Como a bala se funde ao alvo, temos que: para planetas se movimentando ao redor do Sol
𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = (𝑚𝑎 + 𝑚𝑏 )𝑣 . Como vb=0, tem-se e para satélites em órbita em torno de planeta. As
que: 5.350 = 5 + 65 𝑣´ → 𝑣´ = 25 𝑚 ⁄𝑠 Leis de Kepler são as seguintes:
a) 1ª Lei ou Lei das Órbitas: a órbita de planetas ao
redor do Sol possui formato elíptico, onde o sol
ocupa um dos focos.
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
#FicaDica
FORÇA GRAVITACIONAL Isso não significa que não existam órbitas
A Lei da Gravitação Universal, proposta por Newton, circulares, pois uma circunferência nada mais
diz que dois corpos se atraem mutuamente por uma é do que um caso particular da elipse onde
força que é diretamente proporcional às suas massas e ambos os focos estão na mesma posição.
inversamente proporcional à distância entre eles. Essa
força é calculada da seguinte forma:
𝐺. 𝑀1 . 𝑀2
𝐹𝑔 =
𝑟2
onde G é a constante de gravitação universal e vale
𝐺 = 6,67.10−11𝑁 𝑚2 ⁄𝑘 𝑔² , M1 e M2 são as massas dos
corpos e R é a distância entre os centros de gravidade
dos corpos, conforme exemplificado na figura abaixo:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O ponto no qual o planeta se encontra mais próximo por cerca de trinta anos, verificou que a sua órbita é
do sol é denominado periélio (P) enquanto que o ponto elíptica. Esse resultado generalizou-se para os demais
mais afastado do sol é denominado afélio (A). planetas.
A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afir-
mar que
#FicaDica
a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por se-
Para gravar esses nomes, basta gravar as rem mais antigas e tradicionais.
primeiras letras das palavras: PERiélio lembra b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentrismo
PERto e AFélio lembra AFastado. inspirado no contexto político do Rei Sol.
c) Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa
b) 2º Lei ou Lei das Áreas: o segmento que une o científica era livre e amplamente incentivada pelas
astro ao Sol varre áreas iguais no mesmo intervalo autoridades.
de tempo. Em resumo, a velocidade com que a d) Kepler estudou o planeta Marte para atender às ne-
área é varrida é constante. cessidades de expansão econômica e científica da
Alemanha.
e) Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos
métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada.

Resposta: Letra E. As leis de Kepler dizem respeito aos


estudos dos corpos celestes que gravitam em torno
do Sol. Kelper não foi o pioneiro nessa área, logo, seus
estudos foram generalizados e testados graças a me-
didas já feitas pelo astrônomo Tycho Brahe

2.(CESGRANRIO/2018) Considerando que o raio da Terra


é, aproximadamente, 4 vezes maior do que o raio da
Com isso, conclui-se que o astro tem uma velocidade
Lua, assim como as respectivas massas possuem uma ra-
maior no periélio em relação á velocidade no afélio.
zão de cerca de 100 vezes, a aceleração da gravidade
na Lua, em relação à da Terra, é
c) 3ª Lei ou Lei dos Períodos: o quadrado dos períodos
28 dos astros que orbitam em torno do mesmo corpo
a) cerca de 3 vezes maior
(sol) é diretamente proporcional ao cubo dos raios
b) cerca de 6 vezes maior
médios de suas órbitas. Matematicamente, vêm: c) aproximadamente 6 vezes menor
𝑇12 𝑇22 d) aproximadamente 3 vezes menor
= = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 e) praticamente igual
𝑅13 𝑅23
Resposta: Letra C. A gravidade na Terra vale
onde T1 e R1 são, respectivamente, o período e o 𝐺𝑀𝑇 𝐺𝑀𝐿
raio da órbita do primeiro astro enquanto T2 e T2 são, 𝑔𝑇 = . A gravidade da lua vale 𝑔𝐿 = 2
𝑅2𝑇 𝑅𝐿
respectivamente, o período e o raio da órbita do 𝑀𝑇 𝑅𝑇
segundo astro. . Do enunciado, 𝑀𝐿 =
100
e 𝑅𝐿 = 4 . Substituindo

ML e RL na equação do campo gravitacional na lia:

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2009) Na linha de uma tradição antiga, o astrô-


nomo grego Ptolomeu (100-170 d.C.) afirmou a tese do
geocentrismo, segundo a qual a Terra seria o centro do
universo, sendo que o Sol, a Lua e os planetas girariam ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS
em seu redor em órbitas circulares. A teoria de Ptolomeu
resolvia de modo razoável os problemas astronômicos
da sua época. Vários séculos mais tarde, o clérigo e
Até agora, os tópicos de física consideravam um
astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao
corpo como um ponto material, onde todas as forças
encontrar inexatidões na teoria de Ptolomeu, formulou eram aplicadas neste ponto, independentemente do
a teoria do heliocentrismo, segundo a qual o Sol deve- tamanho que o mesmo tinha. Obviamente que essa
ria ser considerado o centro do universo, com a Terra, a suposição é válida para alguns casos, mas que no
Lua e os planetas girando circularmente em torno dele. mundo real, essa prática nem sempre irá funcionar,
Por fim, o astrônomo e matemático alemão Johannes sobretudo quando tivermos corpos muito compridos,
Kepler (1571-1630), depois de estudar o planeta Marte como barras e vigas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Neste caso, adota-se o conceito de corpos rígidos, onde


sua dimensão será relevante para o resultado final. A base SE LIGA!
da estática dos corpos rígidos é o momento que uma força O equilíbrio de momentos deverá ser calculado
aplica no corpo e sua definição será apresentada a seguir. SEMPRE no mesmo ponto de apoio, ou seja,
escolhe-se um ponto de apoio e calcula-se o
MOMENTO DE UMA FORÇA momento das forças aplicadas ao corpo em
Observe a figura a seguir onde temos uma barra relação a esse apoio.
presa a um apoio e ela está submetida a uma força 𝐹⃗
aplicada a uma distância b desse apoio:
Para exemplificar, vamos começar do exemplo
mais simples, duas forças aplicadas sobre uma barra
apoiada:

O momento de uma força 𝐹⃗ em relação ao apoio


é definido como sendo o produto da própria força pela
distância do ponto de apoio:
𝑀𝐹 = 𝐹. 𝑏
O equilíbrio de momentos nesse caso pode ser
Esta distância b é chamada de braço e é definida calculado no ponto de apoio, assim:
como a distância entre o ponto de aplicação da força
e o ponto de apoio. � 𝑀𝐹𝑖 = 0 → −𝐹1. 𝑏1 + 𝐹2. 𝑏2 = 0
𝑖
O momento relativo a força 𝐹1 tem sinal negativo
#FicaDica pois tem a tendência de girar a barra no sentido horário,
o que gera um momento negativo. Já a força 𝐹2 gera
Preste sempre atenção se a massa da barra é um momento positivo pois gira a barra no sentido anti-
desprezível para o problema, pois se não for, a horário. Logo:
força peso pode gerar um momento no apoio. 𝐹1. 𝑏1 = 𝐹2 . 𝑏2
No caso geral, se tivermos n forças aplicadas a barra: 29
CONVENÇÃO DE SINAIS
Um momento é dito positivo quando a força aplicada
tem a tendência de girar o corpo no sentido anti-horário
e negativo no sentido horário. Para você verificar essa
tendência de giro, basta imaginar o ponto de apoio como
um “pivot” e verificar como a barra giraria com a aplicação
da força. No exemplo acima, você pode verificar que a
força tem a tendência de girar a barra no sentido horário, Aplicando o equilíbrio:
ou seja, irá gerar um momento com sinal negativo.
� 𝑀𝐹𝑖 = 0 → � 𝐹𝑖 . 𝑏𝑖 = 0
EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO 𝑖 𝑖

Agora que a definição de momento está fixada,


vamos para o ponto mais importante do capítulo que é
o estudo do equilíbrio do corpo. O nome “estática” tem EXERCÍCIOS COMENTADOS
o significado de parado, imóvel e quando um corpo é
submetido a um conjunto de forças, para ele se manter 1.(ENEM 2015) Em um experimento, um professor levou
parado, terá que atender algumas condições para a sala de aula um saco de arroz, um pedaço de
A primeira condição você já sabe, que é a força madeira triangular e uma barra de ferro cilíndrica e ho-
resultante ser nula, o que segue a primeira e segunda mogênea. Ele propôs que fizessem a mediação da mas-
leis de Newton: sa da barra utilizando esses objetos. Para isso, os alunos
fizeram marcações na barra, dividindo-a em oito partes
� 𝐹𝑖 = 0
iguais, e em seguida apoiaram-na sobre a base triangu-
𝑖 lar, com o saco de arroz pendurado em uma de suas
A segunda, que virá justamente da estática, diz que extremidades, até atingir a situação de equilíbrio.
para um corpo estar em equilíbrio, deverá também ter
uma somatória de momentos nula, assim:
� 𝑀𝐹𝑖 = 0
𝑖
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Resposta: Letra A: Aplicando o equilíbrio de momen-


tos em relação ao apoio B:
−𝑅𝐴 . 5 + 2.4 + 4.3 + 4.1 = 0 → 5𝑅𝐴 = 24 → 𝑅𝐴 = 4,8 𝑡

HIDROSTÁTICA
Nessa situação, qual foi a massa da barra obtida pelos
alunos? PARÂMETROS E DEFINIÇÕES
Esta é uma área da Física que estuda fluidos (no caso
a) 3,00 kg de hidrostática, trata especificamente de líquidos) que
b) 3,75 kg estão em repouso. Para tal, é importante apresentar
c) 5,00 kg algumas definições
d) 6,00 kg a) Pressão: estabelece a relação entre a força
e) 15,00 kg exercida e a área na qual ela é exercida. A
definição matemática é a seguinte:
Resposta: Letra E. Quando falamos agora em estáti-
ca, o primeiro passo é desenhar as forças que a barra 𝐹
𝑝=
sofre. Entendendo que: a tração que a corda puxan- 𝐴
do o arroz exerce sobre a barra de ferro é igual ao onde F é a força aplicada em N, A é a área em m2
peso do arroz. Podemos, a partir daí, desenhar as for- e p, a pressão em N/m2. A unidade é conhecida por
ças do problema que irão entrar em equilíbrio pelo Pascal (). Para entender esse conceito basta pensar
fato de a barra não rodar e nem se mover.
no seguinte caso: o que “dói” mais, pressionar a parte
de trás do lápis contra a nossa pele ou a ponta dele
(aplicando a mesma força). Evidentemente que
sentiremos mais quando pressionarmos a ponta do lápis
pois a área de contato é menor e, portanto, a pressão
exercida será maior. (Não façam esse teste em casa!)
Lembrando que M = F � d
30 SE LIGA!
Parroz � darroz – Pcm � dcm = 0 A unidade de pressão, no SI, é o Pascal. Mas
existem outras unidades. São elas: atm,mmHg,
bar entre outras. Como converter essas
5 � g � 3 = Mcm � g � 1 unidades para Pascal? 1 atm= 105 Pa, 760
mmHg=105 Pa e 1 bar=105 Pa

Mcm = 15 kg b) Densidade (ou massa específica): definida como


a razão entre a massa de uma substância (em
qualquer estado) e o volume ocupado por ela.
2.(UFF – Técnico – Coseac/2015) Dado o esquema abaixo: Matematicamente vem:
𝑚
𝑑=
𝑉
onde m é a massa em kg e V, o volume em m3. Assim,
a unidade da densidade no SI é kg/m3.

LEI DE STEVIN
A Lei de Stevin relaciona a pressão entre dois pontos
distintos de um líquido, relacionando essas pressões com
a diferença de altura entre esses dois pontos:
O valor da reação RA, em t (toneladas), é:

a) 4,8
b) 5,4
c) 5,0
d) 4,0
e) 6,0
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A Lei de Stevin estabelece que: PB=PA+d.g.H


Ou seja, a pressão devido à coluna de líquido entre #FicaDica
os pontos A e B depende da densidade do líquido, da
aceleração da gravidade e da diferença de altura Sempre considerar somente o volume submerso
entre eles. Um exemplo de aplicação da Lei de Stevin do corpo no cálculo do empuxo. Muitos erros
são os vasos comunicantes. Pelo princípio dos vasos são cometidos no cálculo do empuxo pois
comunicantes, a pressão em uma mesma linha horizontal consideram o volume total do corpo. Só será
de vasos comunicantes é constante. Veja o exemplo a utilizado o volume total do corpo se o mesmo
seguir, de vasos comunicantes com diferentes fluidos: estiver totalmente submerso.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

PRINCÍPIO DE PASCAL 1.(Petrobras – Engenheiro de Equipamentos – CESGRAN-


O Princípio de Pascal estabelece que uma alteração RIO/2018) Os princípios da hidrostática ou estática dos
de pressão ocorrida em um fluido é transmitida a todo o fluidos envolvem o estudo dos fluidos em repouso e das
fluido. Esse é o princípio por trás das prensas hidráulicas, forças sobre objetos submersos.
muito utilizadas em oficinas mecânicas e postos de Nesse estudo, NÃO se constata que a(o)
gasolina:
a) Diferença de pressões entre dois pontos de uma massa
líquida em equilíbrio estático é igual a diferença de pro-
fundidade multiplicada pelo peso específico do fluído
b) Altura de um líquido incompressível em equilíbrio está-
tico preenchendo diversos vasos que se comunicam
independente da forma dos mesmos, obedecido o
princípio dos vasos comunicantes
c) Pressão manométrica é medida a partir da pressão
absoluta e seu valor tanto pode ser negativo quanto
positivo.
d) Altura metacêntrica é a medida de estabilidade da 31
O Princípio de Pascal estabelece que: p1 = p2 embarcação
e) Empuxo será tanto maior quanto mais denso for o fluído
𝐹1 𝐹2
Logo: =
𝐴1 𝐴2 Resposta: Letra C Como o concurso era específico
onde A1 E A2, são as áreas das seções da prensa para a parte marítima, o candidato poderia ter dú-
hidráulica. vidas em relação ao item D, mas se observar o item
C, verá um erro conceitual importante, pois pressão
PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES absoluta nunca pode ter valor negativo e isso deixa a
Este é o princípio estabelece que todo corpo imerso alternativa errada.
(total ou parcialmente) em um fluido sofre a ação de
uma força vertical para cima, exercida pelo fluido. A 2.(ENEM 2011) Em um experimento realizado para deter-
essa força, dá-se o nome de empuxo. minar a densidade da água de um lago, foram utilizados
alguns materiais conforme ilustrado: um dinamômetro D
com graduação de 0 N a 50 N e um cubo maciço e ho-
mogêneo de 10 cm de aresta e 3 kg de massa. Inicial-
mente, foi conferida a calibração do dinamômetro, cons-
tatando se a leitura de 30 N quando o cubo era preso
ao dinamômetro e suspenso no ar. Ao mergulhar o cubo
na água do lago,até que metade do seu volume ficasse
submersa, foi registrada a leitura de 24 N no dinamômetro.

O empuxo é calculado da seguinte forma:


𝐸 = 𝑑. 𝑔. 𝑉
onde d é a densidade do fluido, g é a aceleração
da gravidade e V é o volume submerso do corpo (ou
volume de líquido deslocado).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Considerando que a aceleração da gravidade local é


de 10 m/s2, a densidade da água do lago, em g/cm3, é
𝜃𝐶 − 0 𝜃𝐹 − 32 𝜃𝐾 − 273
= =
100 − 0 212 − 32 373 − 273
a) 0,6.
b) 1,2. Simplificando as expressões, é possível estabelecer a
c) 1,5. relação entre as temperaturas. Serão apresentadas as
d) 2,4. relações entre Celsius e Fahrenheit e Celsius e Kelvin.
e) 4,8.

Resposta: Letra B. Considerando a intensidade da for-


ça medida pelo dinamômetro antes: Fdin=P=30 N 𝜃𝐶 = 𝜃𝐾 − 273
A intensidade da força medida pelo dinamômetro
depois: F’din=P-E
24=30-E #FicaDica
E=6 N A conversão entre Kelvin e Celsius se dá
De acordo com o principio de Arquimedes: simplesmente pela adição/subtração de 273.

𝐸 = �𝑎 𝑉𝑖 𝑔
3 A escala Kelvin é chamada de escala absoluta de
0,1 𝑘𝑔
6 = �𝑎 � 10 � �𝑎 = 12 � 103 ou temperatura e a temperatura 0 K é chamado de zero
2 𝑚3 absoluto, uma temperatura que é impossível de ser
𝑔
�𝑎 = 1,2 atingida.
𝑐𝑚3

ESCALAS TERMOMÉTRICAS EXERCÍCIOS COMENTADOS

(SEDF – Professor de Física – Quadrix/2017) Um profes-


Uma grandeza importante para o estudo na área sor encontrou um termômetro com uma nomenclatura
térmica é a temperatura, que mede o grau de agitação X. No manual de instruções, o professor verificou que a
32 das moléculas de determinada substância. Assim, é escala termométrica do termômetro possui as seguintes
necessário medir a temperatura e para tal é necessário convenções: ponto de gelo e ponto de vapor,. Com
que haja escalas de medidas. Há diversas escalas de base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
temperatura, mas três são as principais: Celsius (°C), A equação de conversão para a temperatura medida
Fahrenheit (°F) e Kelvin (K). A seguir será apresentada na escala X (tx) e na escala Celsius (tc) é expressa por
a relação entre as escalas. A relação entre as escalas tx= 2tc + 30..
é obtida quando são conhecidas as temperaturas
de uma mesma substância em diferentes escalas. A a) Certo
substância mais fácil de ser utilizadas é a água e as b) Errado
temperaturas de fusão e ebulição da mesma. Assim c) Não é possível concluir, devido à falta de informações
sabe-se que essas temperaturas são, respectivamente, d) NDA
0 e 100 em Celsius, 32 e 212 em Fahrenheit, 273 e 373 em
Kelvin. Correlacionando-as: Resposta: Letra B. Aplicando a relação de proporcio-
nalidade entre quaisquer escalas de temperatura,
tem-se que:
𝑡𝑥 − 30 𝑡𝑐 − 0 50𝑡𝑐 𝑡𝑐
= → 𝑡𝑥 − 30 = → 𝑡𝑥 = + 30
80 − 30 100 − 0 100 2

2.(URCA 2013) Se o mundo ficar de braços cruzados, um


aumento de até 39,2ºF na temperatura média do plane-
ta pode ocorrer até o ano de 2060, afirma um novo rela-
tório encomendado pelo Banco Mundial. O valor dessa
Como encontrar a relação? A relação que deseja- temperatura, na escala Celsius, equivale a:
se encontrar é uma temperatura em função da outra,
por exemplo 𝜃𝐶 = 𝑓 𝜃𝐹 , ou seja, uma função a) 4,0 ºC
que relaciona a temperatura em Celsius, 𝜃𝐶 , com b) 5,0 ºC
a temperatura, 𝜃𝐹 . Suponha uma temperatura nas c) 7,0 ºC
três escalas que esteja entre os valores apresentados. d) 7,2 ºC
Fazendo a relação entre as escalas vem: e) 39,2 ºC
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Resposta: Letra A. Aplicando a relação de proporcio-


nalidade entre as escalas de temperatura Celsius e
Fahrenheit, tem-se:

DILATAÇÃO TÉRMICA
A variação da área é calculada da seguinte forma:
Δ𝐴 = 𝐴0𝛽Δ𝜃
Dilatação é o fenômeno no qual os corpos
aumentam de tamanho (ou diminuem no fenômeno Δ𝐴onde
= 𝐴0𝛽Δ𝜃
é o coeficiente de dilatação superficial do
de contração) quando são aquecidos. O fenômeno material e é a variação de temperatura a qual o corpo
ocorre devido ao aumento da agitação das moléculas foi submetida. A área final da placa será:
do material o que aumenta o espaço entre as moléculas 𝐴 = 𝐴0 + ΔA
e consequentemente as dimensões do material (corpo).
Pode ocorrer de três formas: linearmente (comprimento), DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA
superficialmente (comprimento e largura) e Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento,
volumetricamente (comprimento, largura e altura). largura e altura do corpo, aumentando seu volume.
Considere um bloco de volume V0 que, após
aquecimento, passa a ter um volume V após aumentar
SE LIGA! seu volume em Δ𝑉 :
Na prática quando ocorre dilatação, ela
sempre ocorre nas três dimensões. Porém para
alguns materiais a dilatação ocorre mais em
uma direção então considera-se que as demais
dimensões não dilatam e por isso a distinção 33
entre dilatação linear, superficial e volumétrica.

DILATAÇÃO LINEAR
Nessa forma, ocorre dilatação apenas do
comprimento do corpo. Considere uma barra de
comprimento L0 que, após aquecimento, passa a ter um
comprimento após aumentar seu comprimento em Δ𝐿 : A variação do volume é calculada da seguinte
forma:
Δ𝑉 = 𝑉0𝛾Δ𝜃
onde 𝛾 é o coeficiente de dilatação volumétrica do
Δ𝑉 = 𝑉e
material 0𝛾Δ𝜃 é a variação de temperatura a qual o
corpo foi submetida. O volume final do bloco será:
A variação do comprimento é calculada da seguinte
forma:
#FicaDica
Δ𝐿 = 𝐿0𝛼Δ𝜃
Para um mesmo material os valores de e são
Δ𝐿onde
= 𝐿0𝛼Δ𝜃
é o coeficiente de dilatação linear do
diferentes.
Δ𝐿 = 𝐿0e𝛼Δ𝜃 é a variação de temperatura a qual o
material
corpo foi submetida. O comprimento final da barra será:
𝐿 = 𝐿0 + Δ𝐿

DILATAÇÃO SUPERFICIAL EXERCÍCIOS COMENTADOS


Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento e da
largura do corpo, aumentando a sua área. Considere 1.(CESGRANRIO 2017) Duas barras de comprimentos
uma placa de área A0 que, após aquecimento, passa a iguais, sendo uma de cobre e a outra de alumínio, são
ter uma área A após aumentar sua área em Δ𝐴 = : 𝐴0𝛽Δ𝜃 coladas a 20°C, formando um único conjunto, confor-
me mostrado na Figura abaixo.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Esse valor encontrado corresponde a dilatação do


álcool. Isso significa que a bomba vai identificar que
tem uma quantidade maior de que a verdadeira. O
lucro que o posto ganhar com essa ação é de:
R: 42001,60
R: R$6720,00.

O conjunto é então aquecido até 120°C.


Sabendo-se que a 120°C a deformação térmica do CALORIMETRIA
alumínio é maior que a deformação térmica do cobre,
a configuração final do conjunto a 120°C apresentará
uma deformação axial CALOR SENSÍVEL
Calor é definido como energia em trânsito entre
a) igual ao cobre quando aquecido a 120°C dois corpos que possuem temperaturas diferentes. A
b) igual ao alumínio quando aquecido a 120°C quantidade de calor trocada por um corpo é calculada
c) inferior ao do cobre quando aquecido a 120°C da seguinte forma:
d) superior á do alumínio quando aquecido a 120°C 𝑄 = 𝑚. 𝑐. Δ𝜃
e) superior á do cobre quando aquecido a 120°C
onde m é a massa do corpo, c é o calor específico e
Resposta: Letra E. Como o alumínio deforma mais𝑄 =que
𝑚. 𝑐. Δ𝜃 é a variação de temperatura. A unidade do calor
o cobre, a parte de baixo da peça irá dilatar mais, específico determinará em quais unidades deverão
envergando a peça para cima e deixando a mesma estar as outras grandezas. Algumas unidades possíveis
maior que a dilatação do cobre a 120°C. para o calor específico:: J/g°C, kJ/kg°C, cal/g°C, etc...
Então, por exemplo, se o calor específico for dado em J/
2.(ENEM 2009) Durante uma ação de fiscalização em g°C , a massa deve estar em gramas (g), a temperatura
postos de combustíveis, foi encontrado um mecanismo em graus Celsius (°C) e o calor transferido será calculado
inusitado para enganar o consumidor. Durante o inver- em Joules (J). Vale o mesmo raciocínio para as demais
no, o responsável por um posto de combustível compra unidades. A unidade cal é chamada de caloria e vale,
álcool por R$ 0,50/litro, a uma temperatura de 5 °C. Para aproximadamente, 4,18 J.
revender o líquido aos motoristas, instalou um mecanis- O calor calculado pela expressão acima é
34 mo na bomba de combustível para aquecê-lo, para denominado calor sensível, pois há variação de
que atinja a temperatura de 35 °C, sendo o litro de álco- temperatura do corpo.
ol revendido a R$ 1,60. Diariamente o posto compra 20 a) Convenção de sinais
mil litros de álcool a 5 ºC e os revende. O calor calculado Q pode ser positivo ou negativo.
Com relação à situação hipotética descrita no texto e O significado do sinal representa o sentido da
dado que o coeficiente de dilatação volumétrica do transferência de calor:
−1
álcool é de 1 × 10 − 3 °𝑪 , desprezando-se o custo • 𝑄 > 0 → Calor é recebido pelo corpo
da energia gasta no aquecimento do combustível, o • 𝑄 < 0 → Calor é cedido pelo corpo
ganho financeiro que o dono do posto teria obtido de-
vido ao aquecimento do álcool após uma semana de
vendas estaria entre #FicaDica
O produto é também chamado de capacidade
a) R$ 500,00 e R$ 1.000,00.
térmica, denotado pela letra C. Assim, C=m.c.
b) R$ 1.050,00 e R$ 1.250,00.
É comum utilizar capacidade térmica para
c) R$ 4.000,00 e R$ 5.000,00.
reservatórios, recipientes, etc.
d) R$ 6.000,00 e R$ 6.900,00.
e) R$ 7.000,00 e R$ 7.950,00.
CALOR LATENTE
Resposta: Letra D. O enunciado disse que o posto com-
Calor latente é a quantidade de calor necessária
pra e revende 20 mil litros (20000L) de álcool por dia.
para que uma substância mude de fase. As fases da
Logo, durante a semana temos: V0=7∙20000=140000 L
matéria são: sólido, líquido e gasoso. Considerando
O álcool, como todo liquido, não tem uma forma bem
uma substância pura, durante a mudança de fase
definido. Logo, ele depende do formato do recipien-
a temperatura não se altera até que a mudança de
te que esta inserido. Como os recipientes possuem
fase se complete. Por exemplo, sabe-se que a água
formato tridimensional, atribuímos características vo-
evapora, ao nível do mar, a 100°C. Quando a água
lumétricas aos líquidos. Então, para uma dilatação
atinge 100°C ela começa a evaporar. Enquanto
volumetria temos:
toda a água não tiver se transformado em vapor, a
𝛥𝑉 = 𝑉0 � 𝛾 � 𝛥𝛩 temperatura do sistema permanece igual a 100°C. Após
𝛥𝑉 = 140000 � 1 � 10−3 � 35 − 5 toda a água ter se transformado em vapor, seguindo
𝛥𝑉 = 4200 𝐿 o aquecimento o vapor começa a aumentar a sua
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

temperatura. Esse processo pode ser visualizado em captada por um painel solar com área de . O valor do
uma curva de aquecimento. A seguir é exibida a curva calor específico da água é igual 4,2 kJ/(kg ºC).
de aquecimento de uma substância pura Nessa situação, em quanto tempo é possível aquecer 1
litro de água de 20 ºC até 70 ºC?

a) 490 s
b) 2 800 s
c) 6 300 s
d) 7 000 s
e) 9 800 s

Resposta: Letra D. Quantidade de energia necessária


para o aquecimento da água:
Q = m � c � ∆� = 1 � 4,2 � 50Q = 210 kJ
Potência requerida: P = 0,03 � 1 = 0,03 kW
Q 210
P = ∆t = ∆t = 7000 s
O calor latente é calculado da seguinte forma: ∆t 0,03
𝑄 = 𝑚. 𝐿
2.(UFF – Técnico em Laboratório – COSEAC/2017) Massas
onde m é a massa da substância e L é a constante iguais de cinco líquidos distintos, cujos calores específi-
de calor latente que depende da mudança de fase cos estão dados na tabela adiante, encontram-se ar-
(fusão/solidificação ou evaporação/condensação) e da
mazenadas, separadamente e à mesma temperatura,
substância. O calor Q acima é interpretado como o calor
dentro de cinco recipientes com boa isolação e capa-
absorvido/emitido pela substância para mudar de fase.
cidade térmica desprezível.

#FicaDica
O cálculo do calor latente não leva em conta
variação de temperatura pois durante a
mudança de fase não ocorre variação de 35
temperatura.

TROCAS DE CALOR
Aqui consideraremos substâncias colocadas
dentro de um calorímetro, um recipiente fechado e
que não troca calor com o meio exterior. Assim, todas Se cada líquido receber a mesma quantidade de calor,
as substâncias dentro do calorímetro trocarão calor suficiente apenas para aquecê-lo, mas sem alcançar
apenas entre si até atingirem o equilíbrio térmico, ou seu ponto de ebulição, aquele que apresentará tempe-
seja, atingirem a mesma temperatura final. Assim, ratura menor, após o aquecimento, será:
conclui-se que a soma de todas as trocas de calor
dentro do calorímetro é igual a zero pois a quantidade a) a água
de calor que uma substância perde é absorvida por b) o petróleo
outra e assim por diante. Em resumo: c) a glicerina
d) o leite
Σ𝑄 = 0 e) o mercúrio
Ou seja: Q1+Q2+Q3+ ⋯ =0
Onde Q1, Q2 são os calores trocados pelas substâncias Resposta: Letra A O calor específico é a proprieda-
dentro do calorímetro. de que determina o quanto de energia é necessá-
ria para alterar a temperatura de uma unidade de
massa de uma substância. Nesse caso a substância
que tiver o calor específico maior, irá variar menos em
EXERCÍCIOS COMENTADOS temperatura. Na tabela, quem tem o maior calor es-
pecífico é a água.
1.(ENEM 2017) O aproveitamento da luz solar como fon-
te de energia renovável tem aumentado significativa-
mente nos últimos anos. Uma das aplicações e o aque-
cimento de água ( = 1 kg/L) para uso residencial. Em
um local, a intensidade da radiação solar efetivamente
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GASES PERFEITOS SE LIGA!


Na expressão anterior e nas demais que serão
apresentadas aqui, a temperatura deve estar
DEFINIÇÃO em Kelvin (K).
A teoria dos gases perfeitos é uma modelagem
matemática encontrada para uma determinada faixa
de pressão e temperatura do gás que será estudado. b) Transformação isocórica ou isovolumétrica:
Basicamente, um gás é dito como perfeito quando transformação na qual o volume se mantém
suas propriedades de pressão, volume ocupado e constante entre os estados, ou seja V1=V2. A
temperatura respeitam a equação de Clayperon. pressão e a temperatura variam obedecendo a
seguinte relação:
EQUAÇÃO DE CLAYPERON 𝑃1 𝑃2
Considere uma determinada massa de gás. =
𝑇1 𝑇2

c) Transformação isotérmica: transformação na qual


a temperatura se mantém constante entre os
estados, ou seja T1=T2. A pressão e volume variam
obedecendo a seguinte relação:
P1 V1=P2 V2
A equação de Clayperon relaciona, para um estado
do gás, a pressão (), volume (), temperatura () e número Essas três expressões apresentadas são casos
de mols () desse gás. A equação é a seguinte: particulares da Lei Geral dos Gases Perfeitos, que
P.V=n.R.T relaciona dois estados de uma mesma massa gasosa:
onde R é a constante dos gases ideais. O valor de 𝑃1 𝑉1 𝑃2𝑉2
depende das unidades das variáveis do gás. Os valores
=
𝑇1 𝑇2
mais comuns são

𝑅 = 0,082 𝑎𝑡𝑚. 𝐿. 𝑚𝑜𝑙 −1𝐾 −1


36 𝑅 = 8,31 𝐽. 𝑚𝑜𝑙 −1𝐾 −1 EXERCÍCIO COMENTADO
A última está no Sistema Internacional.
1. (CESPE 2015) No estudo do comportamento dos ga-
ses, há uma conhecida equação de estado de um gás
#FicaDica ideal, expressa pela relação , em que P é a pressão do
gás, V é o volume ocupado pelo gás, n é o número de
𝑚 mols do gás, T é a temperatura absoluta do gás, medi-
O número de mols é calculado por 𝑛 = da em Kelvin (K); e R, com valor igual a , é a constante
𝑀
onde m é a massa do gás e M, a massa molar universal dos gases.
Tendo como referência as informações acima, e saben-
do mesmo. do que zero Kelvin corresponde a - 273,15 ºC, julgue o
item a seguir.
Se 2 mols de um gás rarefeito, que se comporta como
TRANSFORMAÇÕES GASOSAS
um gás ideal, ocupa um espaço de 30 litros e está sob
Considerando uma massa fixa de gás, serão
uma pressão de 2,0 atm, então a sua temperatura é su-
apresentadas as transformações que os gases
perior a 100 ºC.
podem sofrer. Quando um gás sofre algum tipo de
transformação de um estado para outro, pelo menos
( ) CERTO ( ) ERRADO
duas variáveis (entre pressão, volume e temperatura)
irão se modificar entre esses estados. É possível que
Resposta: Errado. Aplicando a equação de Cla-
as três se modifiquem ou que uma delas permaneça
peyron, temos que: 2.30 = 2.0.082.T . Isolando:
constante na transformação.
a) Transformação isobárica: transformação na qual 30
a pressão se mantém constante entre os estados, 𝑇= = 365,85𝐾 = 92,70°𝐶.
0,082
ou seja P1 = P2. O volume e a temperatura variam
obedecendo a seguinte relação:
𝑉1 𝑉2
=
𝑇1 𝑇2
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

TERMODINÂMICA

Em linhas gerais, a termodinâmica estuda a relação


entre as quantidades de calor trocadas por determinada
substância e o meio, e as demais trocas energéticas.

TRABALHO DE UMA TRANSFORMAÇÃO GASOSA


Seja uma determinada massa de gás contida em um
cilindro com um êmbolo que pode se mover livremente.
Sobre este êmbolo é colocado um peso de massa
, de modo que a pressão no interior do cilindro seja
constante. SE LIGA!
Quando a pressão variar linearmente com
o volume (gráfico for uma reta) a figura que
se forma abaixo da curva é um trapézio (se a
pressão inicial não for nula) ou um triângulo
(se a pressão inicial for nula).

CONVENÇÃO DE SINAIS
Quando o trabalho é positivo: 𝜏 > 0 , diz-se que o
gás realiza trabalho
Quanto o trabalho é negativo: 𝜏 < 0 , diz-se que o
Se esse gás for aquecido, a temperatura irá aumentar trabalho é realizado sobre o gás
e, dado que a pressão é constante, o volume também.
Ao expandir, o gás elevará o peso o de uma distância PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA
, realizando, assim, um trabalho. Um exemplo prático A primeira lei da termodinâmica relaciona a
disso é o cilindro do motor de um carro, que contém um quantidade de calor trocada (Q) por determinada
pistão que se move realizando trabalho que movimenta substância com o meio, o trabalho ( 𝜏 )>realizado
0 por 37
o carro. (ou sobre) essa substância e a variação da energia
O trabalho realizado por um gás, a pressão constante, interna ( Δ𝑈 ) dessa substância:
é calculado da seguinte forma:

𝜏 = 𝑃. 𝑉𝑓 − 𝑉𝑖
onde VI e VF são, respectivamente, os volumes inicial
e final do gás. É possível representar esse processo em
um diagrama PxV: 𝑄 = 𝜏 + Δ𝑈

CONVENÇÃO DE SINAIS:
Quando 𝑄 > 0 , diz-se que calor é absorvido pela
substância
Quando 𝑄 < 0 , diz-se que calor é cedido pela
substância

SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA


Para enunciar a segunda lei, define-se o conceito de
máquina térmica. Entende-se por máquina térmica um
dispositivo que realiza trabalho ao receber calor (QH) de
O trabalho é numericamente igual à área sob a uma fonte quente à temperatura TH e rejeitar calor (QL)
curva. Embora a fórmula apresentada seja válida para uma fonte fria à temperatura TL.
apenas quando a pressão é constante, o trabalho
sempre será a área sob a curva PxV, mesmo quando a
pressão não for constante:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

De acordo com o texto, as transformações de energia


que ocorrem durante o funcionamento do motor são
decorrentes de a

a) liberação de calor dentro do motor ser impossível.


b) realização de trabalho pelo motor ser incontrolável.
c) conversão integral de calor em trabalho ser impossí-
vel.
c) transformação de energia térmica em cinética ser
impossível.
O rendimento de uma máquina térmica é calculado d) utilização de energia potencial do combustível ser
como a razão do trabalho produzido e o calor fornecido incontrolável.
para a realização de trabalho:
𝜏 Resposta: Letra C. De acordo com a 2° lei da termodi-
𝜂= nâmica. Nenhuma maquina térmica pode chegar a
𝑄𝐻
um rendimento de 100%. Isso significa que não existe
Fazendo um balanço energético nota-se que transformação integral de calor em trabalho.
𝜏 = 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿 . Assim:
𝑄𝐻 − 𝑄𝐿 𝑄𝐿 2. (CESGRANRIO 2018) Um motor térmico operando se-
𝜂= =1− gundo um ciclo de Carnot possui rendimento de 45%. Se
𝑄𝐻 𝑄𝐻
a temperatura da fonte quente é de 60°C, qual é o valor
De acordo com a segunda lei da termodinâmica, da temperatura da fonte fria desse sistema, em °C?
é impossível construir uma máquina que converta todo
o calor fornecido em trabalho, ou seja, não existem a) -89,92
máquinas térmicas com rendimentos de 100%. O maior b) -33,00
rendimento de uma máquina térmica que opera entre c) -95,27
duas temperaturas TH E TL é chamado de rendimento d) 15,75
de Carnot e é calculado por (temperaturas em Kelvin): e) 33,00

𝑇𝐿 Resposta: Letra A Aplicando a relação do rendimento


𝜂𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = 1 − de Carnot: .
38 𝑇𝐻
𝑇𝐿 𝑇𝐿 𝑇𝐿
Carnot é o nome de um engenheiro (Nicolas Sadi 𝜂 =1− → 0,45 = 1 − → = 0,55
𝑇𝐻 333,15 333,15
Carnot) que estudos máquinas térmicas e estabeleceu
o ciclo térmico que proporciona o máximo rendimento
→ 𝑇𝐿 = 183,23𝐾 → 𝑇𝐿 = −89,91°𝐶
para uma máquina que opere entre duas fontes com
temperaturas constantes.
ÓPTICA GEOMÉTRICA
#FicaDica
Uma máquina térmica que opera entre duas Esta área da Física dedica-se a estudar fenômenos
fontes com temperaturas constantes, terá seu nos quais não é necessário conhecer a natureza da
rendimento menor ou igual ao rendimento de luz. É necessário apenas ter a noção de um raio de luz,
Carnot calculado com essas temperaturas. Ou conhecimentos de geometria e conhecer os princípios
seja, 𝜂𝑟𝑒𝑎𝑙 < 𝜂𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 . de propagação da luz. Um raio de luz é representado
como retas orientadas, cuja orientação representa a
direção de propagação da luz.

PRINCÍPIOS DA PROPAGAÇÃO DA LUZ


EXERCÍCIOS COMENTADOS a) 1º - Princípio da propagação retilínea: em meios
transparentes e homogêneos, a luz se propaga
1.(ENEM 2011) Um motor só poderá realizar trabalho se em linha reta
receber uma quantidade de energia de outro sistema. b) 2º - Princípio da independência dos raios de luz:
No caso, a energia armazenada no combustível é, em os raios de luz podem se cruzar sem interferir na
parte, liberada durante a combustão para que o apa- trajetória um do outro
relho possa funcionar. Quando o motor funciona, parte c) 3º - Princípio da reversibilidade dos raios de luz:
da energia convertida ou transformada na combustão se o sentido de propagação de um raio de luz for
não pode ser utilizada para a realização de trabalho. invertido, ele percorre exatamente a mesma traje-
Isso significa dizer que há vazamento da energia em ou- tória, porém em sentido contrário.
tra forma.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

SOMBRA E PENUMBRA
As ocorrências de sombra e penumbra podem ser
explicadas com o princípio de propagação retilínea da
luz. Em ambos os casos a luz se propaga e encontra um
corpo. Após o corpo haverá a formação de sombra e/
ou penumbra, dependendo do tipo de fonte luminosa.
Quando a fonte luminosa é puntiforme, ocorre a
formação apenas de sombra.

𝑖 𝑑𝑖
A relação é: =
𝑜 𝑑𝑜

SE LIGA!
Utilize sempre a mesma unidade de comprimento
para todas as medidas quando utilizar a relação acima.

Já quando a fonte luminosa é extensa, ocorre a EXERCÍCIO COMENTADO


formação de sombra e penumbra.
1.(FEI 2015) Uma câmara escura de orifício fornece a
imagem de um prédio, o qual se apresenta com altura
de 5 cm. Aumentando-se em 100m a distância do pré-
dio à câmara, a imagem se reduz para 4cm de altura.
Qual é a distância entre o prédio e a câmara na primei-
ra posição?

a) 100 m
b) 200 m 39
c) 300 m
d) 400 m
e) 500 m

#FicaDica Resposta: Letra D Como a câmera é a mesma e o ob-


jeto é o mesmo, temos que para os dois casos, temos
Uma fonte é chamada de puntiforme quando a
as variáveis o e di iguais, assim: i1.do1=i2.d02. .
sua dimensão é muito pequena em relação ao
Calculando:
objeto a ser iluminado. Um exemplo disso seria
uma vela iluminando um objeto bem afastado 5. 𝑑𝑜1 = 4. (100 + 𝑑01) → 𝑑𝑜1 = 400𝑚
dela, ou um pequeno led. Já uma fonte extensa
é uma fonte na qual a dimensão é relevante.
Um exemplo disso é uma lâmpada tubular
REFLEXÃO DA LUZ - ESPELHOS PLANOS
(comumente utilizada em cozinhas).

Dá-se o nome de reflexão ao fenômeno no qual a luz


CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO
incide sobre uma superfície (superfície refletora) e retorna
Consiste em uma caixa com um pequeno orifício
ao meio de propagação. De maneira mais direta: a luz se
em uma das faces. Por esse orifício passam os raios
propaga no ar em direção a um espelho. Após refletir no
de luz que partem de um objeto fora da caixa. Após
espelho, volta a propagar-se no ar (meio de propagação).
passar pelo orifício, os raios atingem uma das faces
A reflexão ocorre seguindo duas leis principais:
da câmara, formando a imagem desse objeto. Esse
1ª lei – Os raios de luz incidente e refletido e a reta
é o princípio de diversos aparelhos ópticos, como por
normal, são coplanares.
exemplo a máquina fotográfica. É possível estabelecer
2ª lei – Os ângulos de incidência e reflexão têm a
uma relação matemática entre as distância de objeto
mesma medida
e imagem ao orifício e entre as dimensões do objeto (o)
e imagem (i)
Entende-se por reta normal a reta que passa pelo
ponto de incidência (local onde o raio de luz incide) e
forma um ângulo reto com a superfície refletora.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

o dia-a-dia. No carro há alguns espelhos, por exemplo,


SE LIGA! os retrovisores laterais. Um motorista, quando olha nesses
As leis acima são válidas para qualquer espelhos, consegue enxergar uma região na lateral e
superfície refletora, seja um espelho plano ou traseira do carro. Essa região que o motorista consegue
não. enxergar é o campo visual do espelho. Porém há os
chamados “pontos cegos”, que são pontos fora do campo
visual. Esses pontos não são visíveis pelo motorista. A seguir,
ESPELHOS PLANOS a representação do campo visual de um espelho plano
Um espelho plano consiste em uma superfície
refletora plana. A principal característica dos espelhos
planos é o fato da distância do objeto até o espelho
é igual à distância da imagem ao espelho. Em outras
palavras, objeto (P) e imagem (P’) são simétricos em
relação ao espelho. A seguir são apresentados objeto e
imagem, sendo o objeto puntiforme.

#FicaDica
Para traçar o campo visual de um espelho,
basta marcar o ponto , que corresponde à
imagem do observador, depois do espelho e
traçar duas semirretas do ponto O’ que passem
Considerando um objeto extenso, o mesmo e sua pelas extremidades do espelho. A região, antes
imagem são representados da seguinte forma: do espelho, compreendida entre essas linhas é
o campo visual.

40
ESPELHOS PLANOS OBLÍQUOS
Um fenômeno interessante na física ocorre quando
se posiciona dois espelhos planos com um certo ângulo
e inserimos um objeto conforme a figura a seguir:

Para o espelho plano, o tamanho do objeto é igual ao


tamanho da imagem, ou seja, . E, como já mencionado,
a distância entre objeto e espelho () é igual à distância Devido a presença dos espelhos, múltiplas imagens
da imagem ao espelho (). Ou seja, . são formadas e quantidade delas, pode ser calculada
Para o espelho plano, a 2ª lei da reflexão é assim com a seguinte fórmula:
representada
360°
𝑁= −1
360° 𝜃
𝑁= −1
Onde 𝜃 deverá ser colocado em graus. Por exemplo,
se os dois espelhos estão perpendiculares, o número de
imagens será:
360°
𝑁= − 1 = 4 − 1 = 3 𝑖𝑚𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠
90°
A figura a seguir ilustra o resultado:

CAMPO VISUAL
Define-se por campo visual do espelho, a região do
espaço que um certo observador consegue visualizar
por reflexão no espelho. Fazendo uma analogia com
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

REFLEXÃO DA LUZ - ESPELHOS ESFÉRICOS

Imagine uma esfera espelhada por dentro e por fora. Ao cortar uma calota esférica (parte da esfera obtida ao
cortar a esfera por um plano), haverá duas superfícies espelhadas. A superfície interna é uma superfície côncava,
já a parte externa é convexa. Essas são as duas formas de espelhos esféricos: côncavos e convexos. Veja a figura
a seguir para exemplificar:

Se pela definição não ficou claro, basta pensar em uma colher, como exemplo ilustrativo (pois a colher não
tem formato de calota esférica). A superfície da colher em que utilizamos para colocar alimentos, é a superfície
côncava. A superfície “de baixo” da colher é a convexa.

41

Os espelhos esféricos possuem alguns elementos que são importantes para o estudo dos mesmos:
Centro (C) – centro da esfera da qual pertence a calota esférica
Raio de curvatura (R) – raio da esfera da qual pertence a calota esférica
Vértice (V) – ponto mais extremo do espelho (calota esférica)
Foco (F) – ponto localizado na metade do segmento de reta que une o centro e o vértice

ESPELHOS CÔNCAVOS
A seguir será apresentada a formação de imagens em um espelho côncavo. Em seguida, será mostrada a
análise analítica de espelhos côncavos.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

RAIOS PRINCIPAIS CONSTRUÇÃO DE IMAGENS


1 – Raios incidentes pelo centro (raios que passam Conhecendo os raios principais, é possível fazer a
pelo ponto C), são refletidos na mesma direção construção geométrica das imagens. Partindo de um
ponto do objeto, a imagem desse ponto ocorrerá na
intersecção de pelo menos dois raios principais. Antes
de analisar os diferentes casos, é importante conhecer
as naturezas de imagens existentes
Imagem Real x Imagem Virtual: em linhas gerais,
uma imagem é dita real quando se forma na frente do
espelho e virtual quando se forma atrás do espelho.
Imagem Direita x Imagem Invertida: uma imagem
é direita, quando imagem e objeto estão no mesmo
semiplano em relação ao eixo do espelho. Ou seja,
ambos estão “em cima” ou ambos “em baixo”. Por
outro lado, uma imagem é invertida quando objeto e
imagem estão em semiplanos opostos.
2 – Raios incidentes paralelamente ao eixo do espe- Imagem Maior x Imagem Menor: este caso é
lho refletem na direção do foco mais intuitivo, pois uma imagem é maior quando sua
dimensão é maior que a do objeto, e menor quando
sua dimensão é menor do que a do objeto.
Essas descrições ficarão mais claras a seguir. Há
diferentes possibilidades para o espelho côncavo, que
se diferenciam pela posição do objeto.

• Objeto antes do centro


A imagem formada é REAL, INVERTIDA, MENOR que o
objeto e está posicionada entre o centro e o foco

42
3 – Raios em direção ao foco são refletidos paralela-
mente ao eixo do espelho

• Objeto sobre o centro


A imagem formada é REAL, INVERTIDA, DO MESMO
TAMANHO que o objeto e está posicionada no
centro também.

4 – Raios incidentes no vértice, são simétricos em re-


lação ao eixo do espelho

• Objeto entre o centro e o foco


A imagem formada é REAL, INVERTIDA, MAIOR que o
objeto e está localizada após o centro
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

• Objeto sobre o foco


A imagem é IMPRÓPRIA (não forma imagem).
f: distância focal
p: distância do objeto ao vértice
p’: distância da imagem ao vértice
o: tamanho do objeto
i: tamanho da imagem

A convenção de sinais adotada é simples: As


distâncias medidas a esquerda do espelho são positivas,
ou seja, os valores de p,p’ e f na figura são positivas. Em
resumo, a distância focal de um espelho côncavo é
positiva ( 𝑓 > 0 ), e quando 𝑝′ > 0 a imagem é real e
quando 𝑝′ < 0 , a imagem é virtual.
A equação que relaciona essas grandezas é
conhecida por Lei de Gauss ou Equação dos Pontos
• Objeto entre o foco e o vértice Conjugados:
A imagem é VIRTUAL, DIREITA e MAIOR que o objeto 1 1 1
= +
𝑓 𝑝 𝑝′
43
É possível também calcular o aumento linear
transversal (A), que representa o quanto a imagem
aumentou/diminuiu em relação ao objeto.
𝑝′ 𝑓
𝐴=− 𝑜𝑢 𝐴 =
𝑝 𝑓 −𝑝
O aumento é, também, calculado por:
𝑖
𝐴=
𝑜
Usualmente, calcula-se o aumento pela primeira
equação de A e, em seguida, utiliza-se a segunda
equação de A para encontrar o tamanho da imagem
ESTUDO ANALÍTICO DO ESPELHO CÔNCAVO ou do objeto.
O estudo analítico consiste em utilizar relações
matemáticas para encontrar medidas de interesse
(dependendo de cada problema). Medidas de #FicaDica
interesse são: distância do objeto ao vértice, distância
da imagem ao vértice, tamanho do objeto, tamanho O sinal de “-“ no aumento não significa que a
da imagem, distância focal do espelho (distância entre imagem diminuiu. O sinal de “-“ indica que a
o centro e o foco. Corresponde à metade do raio do imagem é invertida. Por exemplo, um aumento
espelho). Essas medidas de interessa são denotadas por: A = -2, significa que a imagem é invertida e
2 vezes maior que o objeto. Imagens menores
que o objeto tem valores de aumento entre 0
e1→0<𝐴<1
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ESPELHOS CONVEXOS
A seguir será apresentada a formação de imagens
em um espelho convexo. A ideia geral é parecida
com aquela apresentada em espelhos côncavos, Em
seguida, será mostrada a análise analítica de espelhos
côncavos.

RAIOS PRINCIPAIS
1 – Raios incidentes pelo centro, são refletidos na
mesma direção

CONSTRUÇÃO DE IMAGENS
O espelho convexo, em comparação com o espelho
côncavo, é mais simples pois forma apenas um tipo de
imagem, independentemente da posição do objeto.

2 – Raios incidentes paralelamente ao eixo do


espelho, são refletidos na direção do foco

44

A imagem é VIRTUAL, DIREITA e MENOR que o objeto.

ESTUDO ANALÍTICO DO ESPELHO CONVEXO


O estudo analítico é idêntico ao apresentado para o
espelho côncavo. A única diferença ocorre no valor da
distância focal, pois, para o espelho convexo esse valor
3 – Raios incidentes passando pelo foco, são refletidos é negativo ( 𝑓 < 0 ). As demais considerações, bem
paralelamente ao eixo como as equações, são as mesmas já apresentadas.

EXERCÍCIO COMENTADO

1.(ENEM 2014) Uma proposta de dispositivo capaz de


indicar a qualidade da gasolina vendida em postos e,
consequentemente, evitar fraudes, poderia utilizar o
conceito de refração luminosa. Nesse sentido, a gasoli-
na não adulterada, na temperatura ambiente, apresen-
ta razão entre os senos dos raios incidente e refratado
igual a 1,4. Desse modo, fazendo incidir o feixe de luz
proveniente do ar com um ângulo fixo e maior que zero,
qualquer modificação no ângulo do feixe refratado in-
dicará adulteração no combustível.
4 – Raios incidentes no vértice, são simétricos em Em uma fiscalização rotineira, o teste apresentou valor
relação ao eixo do espelho de 1,9. Qual foi o comportamento do raio refratado?
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a) Mudou de sentido.
b) Sofreu reflexão total. REFRAÇÃO DA LUZ
c) Atingiu o valor do ângulo limite.
d) Direcionou-se para a superfície de separação.
e) Aproximou-se da normal à superfície de separação. A refração da luz é um fenômeno no qual a luz
muda de velocidade ao passar de um meio para o
Resposta: Letra E. A razão mencionada no texto cor- outro. Ocorre refração, por exemplo, quando a luz está
responde à razão entre os índices de refração abso- se propagando no ar e passa a se propagar na água.
lutos da gasolina e do ar nesta ordem, segundo a lei Essa mudança de velocidade pode ser acompanhada
de Snell-Descartes. Como o ângulo de incidência foi também de uma mudança de direção. Alguns meios
mantido fixo, quando a razão aumenta o índice de no qual a luz se propaga podem oferecer mais ou
refração da gasolina aumenta, indicando uma adul- menos resistência à propagação. Essa resistência é
teração. O aumento da razão representa também caracterizada pelo índice de refração (n) que será
uma diminuição do ângulo de refração, ou seja, o apresentado a seguir.
raio de luz refratado se aproxima da linha normal.
ÍNDICE DE REFRAÇÃO
2.(FUNDEP 2016) Considere um observador (O) diante de O índice de refração de um meio é definido como
um espelho plano (E) e alguns objetos situados nos pon- a razão entre a velocidade da luz no vácuo (c) e a
tos 1, 2, 3 e 4, conforme representado na figura a seguir. velocidade da luz nesse meio (v). A expressão é dada por:
𝑐
𝑛=
𝑣
A velocidade da luz no vácuo vale c= 3.108 m/s.
Geralmente, adota-se a velocidade de propagação
da luz no ar como muito próxima da velocidade da luz
no vácuo (𝑣 ≈ 𝑐) . Com isso, o índice de refração do ar
nar vale
𝑐
𝑛𝑎𝑟 = =1
𝑐
45
#FicaDica
Nessa situação, o observador não conseguirá enxergar, Em exercícios, é comum não mencionarem que
através do espelho plano, o objeto situado no ponto: o nar=1 e isso ser necessário para resolver o
problema. Então ao encontrar um exercício de
a) 1 refração e um dos meios for o ar, lembre-se
b) 2 que nar=1.
c) 3
d) 4
LEI DE SNELL-DESCARTES
Resposta: Letra D Desenhando a imagem do espelho Aqui será apresentada a relação matemática que
plano e ligando os pontos, temos que: caracteriza o fenômeno da refração. Considere um raio
de luz que se propaga no ar e passa se propagar na água:

Ou seja, a ligação entre a imagem e o observador 4


não passa pelo espelho, assim ele não irá visualizá-la.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Os ângulos indicados acima são os ângulos de


incidência
𝑛1. sen( 𝚤̂ )=e𝑛o2. sen
ângulo
𝑟̂ de refração ( 𝑟̂ ). O primeiro
corresponde ao ângulo que o raio de luz incidente forma
com a reta normal enquanto o segundo corresponde
ao ângulo entre o raio de luz refratado e a reta normal.
Vale ressaltar que a reta normal é uma reta que passa
pelo ponto de incidência e forma um ângulo reto com
a interface entre os meios (nesse caso ar e água). A lei
que relaciona os ângulos citados bem como os índices
de refração dos meios é a Lei de Snell-Descartes:
𝑛1. sen 𝚤̂ = 𝑛2. sen 𝑟̂
Analisando essa expressão pode-se chegar a algumas
conclusões importantes. Nos dois casos considere a luz
se propagando de um meio 1 para um meio 2:

• Quando um raio de luz se propaga de um meio


menos refringente para um meio mais refringente
( 𝑛1 < 𝑛2 ), ele se APROXIMA da reta normal. O caso
é o mesmo da figura anterior. SE LIGA!
No caso de o ângulo de incidência ser nulo,
embora não ocorra mudança de direção, ocorre
refração da luz pois ela muda de velocidade.

REFLEXÃO TOTAL – ÂNGULO LIMITE


Nesse caso, considera-se um raio de luz que se
propaga de um meio mais refringente para um menos
refringente, por exemplo, se propagando da água para
o ar. Existe um valor para o ângulo de incidência para
46 o qual, qualquer ângulo de incidência maior que esse
valor, a luz não sofrerá refração, mas sim reflexão. A esse
fenômeno dá-se o nome de𝑛reflexão total e ao ângulo
𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
citado, ângulo limite sen( 𝐿� ).= O seno do ângulo limite é
calculado da seguinte forma: 𝑛𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟

• Quando um raio de luz se propaga de um meio


𝑛𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
sen 𝐿� =
mais refringente para um meio menos refringente 𝑛𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟
( 𝑛1 > 𝑛2 ), ele se AFASTA da reta normal.
𝑛𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
𝑛𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
� =� =
onde𝐿 é o menor índice de refração entre os
sensen
dois 𝐿
meios e 𝑛𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 , o maior índice.
𝑛𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟

Note que, quando o ângulo de incidência é igual a


zero, o ângulo de refração também será e, portanto, a
luz não sofre mudança de direção.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

EXERCÍCIOS COMENTADOS LENTES

1.(ENEM 2012) Alguns povos indígenas ainda preservam Lentes são sistemas ou dispositivos ópticos que
suas tradições realizando a pesca com lanças, demons- funcionam com o princípio da refração da luz. São
trando uma notável habilidade. Para fisgar um peixe em muito úteis no nosso dia-a-dia, sendo utilizadas em
um lago com águas tranquilas o índio deve mirar abaixo óculos, máquinas fotográficas e outros aparelhos.
da posição em que enxerga o peixe. Aqui será apresentada a classificação das lentes, a
Ele deve proceder dessa forma porque os raios de luz construção geométrica de imagens e o estudo analítico
das mesmas.
a) refletidos pelo peixe não descrevem uma trajetória
retilínea no interior da água. CLASSIFICAÇÃO
b) emitidos pelos olhos do índio desviam sua trajetória As lentes podem ser divididas em dois grandes
quando passam do ar para a água. grupos: convergentes e divergentes. O primeiro grupo
c) espalhados pelo peixe são refletidos pela superfície consiste em lentes também chamadas de delgadas
da água. pois tem suas bordas mais finas do que seu centro:
d) emitidos pelos olhos do índio são espalhados pela su-
perfície da água.
e) refletidos pelo peixe desviam sua trajetória quando
passam da água para o ar.

Resposta: Letra E. A mudança de meio sofrido pela luz


modifica a sua trajetória em um efeito chamado de
refração. Esse efeito faz com que o Índio não enxer-
gue a posição real do peixe, logo, tendo uma ima-
gem virtual, a uma profundidade menor que a real.

2.(CESGRANRIO 2018) Um raio luminoso propagando-se Nesse tipo de lentes, considerando que o índice de
no ar incide sobre uma superfície plana feita de óxido refração da lente é maior do que o índice do meio no qual
de zircônio cujo índice de refração é desconhecido. ela está inserida, quando raios de luz incidem paralelamente 47
Os ângulos de incidência e de refração, medidos para sobre elas, eles convergem em um único ponto
uma onda cujo comprimento de onda é 500nm, são de
60° e 30°, respectivamente.

Dados
𝜂𝑎𝑟 = 1,0
𝑐 = 3,0𝑥108 𝑚/𝑠
√3 = 1,7
2 = 1,4
Qual é a velocidade de propagação da onda, em m/s,
no óxido de zircônio?

a) 5,7.107
b) 8,9.107
c) 1,7. 107 Dentre as lentes convergentes há os seguintes tipos:
d) 3,0.108 biconvexa, plano-convexa e côncavo-convexa
e) 5,1. 108

Resposta: Letra C Aplicando a Lei de Snell, tem-se


que: 𝑛1. sen 𝚤̂ = 𝑛2. sen 𝑟̂ .Substituindo os valores:
3 1
1. = 𝑛2. → 𝑛2 = 1,7 . A razão entre os índices de
2 2
refração é inversamente proporcional a relação das
velocidades da luz nos dois meios, assim:
𝑛2 𝑣1 1,7 3.108
= → = → 𝑣2 = 1,7.108 𝑚 ⁄𝑠
𝑛1 𝑣2 1,0 𝑣2
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Já o segundo grupo, das lentes divergentes, consiste Centros de curvatura das faces da lente ( 01 e 02 )
em lentes também chamadas de espessas pois tem suas Raios de curvatura das faces da lente (R1 e R2)
bordas mais grossas do que seu centro: Eixo principal – reta que contém os pontos 01 e 02
Vértices – intersecção das faces da lente com o eixo
principal
Focos objeto e imagem – focos das lentes, um de
cada lado da lente

a) Lentes Convergentes
A seguir será apresentada a formação de imagens
em uma lente convergente. Em seguida, será
mostrada a análise analítica desse tipo de lentes.

RAIOS PRINCIPAIS
1 – Raios incidentes pelo centro, são refratados sem
sofrer desvio

Nesse tipo de lentes, considerando que o índice


de refração da lente é maior do que o índice do meio
no qual ela está inserida, quando raios de luz incidem
paralelamente sobre elas, eles divergem.

48
2 – Raios incidentes paralelamente ao eixo da lente,
são refratados na direção do foco e vice-versa

Dentre as lentes divergentes há os seguintes tipos:


bicôncava, plano-côncava e convexa-côncava.

CONSTRUÇÃO DE IMAGENS
Conhecendo os raios principais, é possível fazer
a construção geométrica das imagens. Partindo de
um ponto do objeto, a imagem desse ponto ocorrerá
na intersecção de pelo menos dois raios principais. A
natureza das imagens (real, virtual, direita, invertida,
Em exercícios, as lentes são representadas das maior, menor) é a mesma apresentada para espelhos
formas a seguir, independentemente do tipo de cada esféricos. A diferença é que agora, imagens formadas
uma delas apenas importando se são convergentes ou após a lente são reais e as imagens formadas antes, são
divergentes. virtuais.
As lentes possuem alguns elementos que são
importantes para o estudo das mesmas:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

• Objeto antes do centro • Objeto sobre o foco


A imagem formada é REAL, INVERTIDA e MENOR que
o objeto

A imagem é IMPRÓPRIA (não forma imagem).

• Objeto sobre o centro • Objeto entre o foco e o vértice

A imagem formada é REAL, INVERTIDA e DO MESMO


TAMANHO que o objeto 49
• Objeto entre o centro e o foco A imagem é VIRTUAL, DIREITA e MAIOR que o objeto

ESTUDO ANALÍTICO DA LENTE CONVERGENTE


A equação utilizada é, novamente, a Lei de Gauss
com os mesmos elementos que foram apresentados
para espelhos: f,p e p’.
f: distância focal
p: distância do objeto ao vértice
p’: distância da imagem ao vértice
o: tamanho do objeto
i: tamanho da imagem

A convenção de sinais adotada é:

A imagem formada é REAL, INVERTIDA e MAIOR que


o objeto

Em resumo, a distância focal de uma lente


convergente é positiva ( 𝑓 > 0 ), e quando 𝑝′ > 0 a

imagem é real e quando 𝑝 < 0 , a imagem é virtual.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A equação que relaciona essas grandezas é


conhecida por Lei de Gauss ou Equação dos Pontos
Conjugados:
1 1 1
= +
𝑓 𝑝 𝑝′
É possível também calcular o aumento linear
transversal (), que representa o quanto a imagem
aumentou/diminuiu em relação ao objeto.
𝑝′ 𝑓
𝐴=− 𝑜𝑢 𝐴 =
𝑝 𝑓 −𝑝

O aumento é, também, calculado por:


𝑖
𝐴=
𝑜 CONSTRUÇÃO DE IMAGENS
Usualmente, calcula-se o aumento pela primeira A lente divergente, em comparação com a
equação de e, em seguida, utiliza-se a segunda convergente, é mais simples pois forma apenas um tipo
equação de para encontrar o tamanho da imagem de imagem, independentemente da posição do objeto.
ou do objeto.

#FicaDica
O sinal de “-“ no aumento não significa que a
imagem diminuiu. O sinal de “-“ indica que a
imagem é invertida. Por exemplo, um aumento
, significa que a imagem é invertida e 2 vezes
maior que o objeto. Imagens menores que o
objeto tem valores de aumento entre 0 e 1
50 →0<𝐴<1
A imagem é VIRTUAL, DIREITA e MENOR que o objeto.
b) Lentes Divergentes
A seguir será apresentada a formação de imagens ESTUDO ANALÍTICO DA LENTE CONVERGENTE
em uma lente divergente. Em seguida, será O estudo analítico é idêntico ao apresentado para
mostrada a análise analítica desse tipo de lentes. a lente convergente. A única diferença ocorre no valor
da distância focal, pois, para a lente divergente esse
RAIOS PRINCIPAIS valor é negativo ( 𝑓 < 0 ). As demais considerações, bem
1 – Raios incidentes pelo centro, são refratados sem como as equações, são as mesmas já apresentadas.
sofrer desvio
SE LIGA!
Alguns exercícios costumam fornecer a
distância focal da lente divergente como um
valor positivo, porém quando for resolver
o exercício você substituir, na Lei de Gauss,
como um valor negativo.

VERGÊNCIA DE UMA LENTE


A vergência (D) de uma lente é definida como o
inverso da distância focal:
1
𝐷=
𝑓
2 – Raios incidentes paralelamente ao eixo da lente,
são refratados na direção do foco e vice-versa A unidade da vergência é a dioptria (di).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Resposta: Letra A. Aplicando a lei de Gauss para a


condição estabelecida:
EXERCÍCIOS COMENTADOS 1 1 1 2 1 1 1 1
= + ′ → ′ = + ′ → ′ = → 𝑝′ = 𝑝 = 1𝑐𝑚
𝑓 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝 𝑝
1.(ENEM 2014) As lentes fotocromáticas escurecem
quando expostas à luz solar por causa de reações
químicas reversíveis entre uma espécie incolor e ou-
tra colorida. Diversas reações podem ser utilizadas, VISÃO
e a escolha do melhor reagente para esse fim se ba-
seia em três principais aspectos: (i) o quanto escure-
ce a lente; (ii) o tempo de escurecimento quando O olho humano é um sistema óptico que funciona
exposta à luz solar; e (iii) o tempo de esmaecimento com os princípios apresentados na teoria da óptica
em ambiente sem forte luz solar. A transmitância indi- geométrica. O olho humano é composto por diversas
ca a razão entre a quantidade de luz que atravessa partes. Aqui o olho humano será apresentado de forma
o meio e a quantidade de luz que incide sobre ele. simplificada, apenas com os elementos que interessam
Durante um teste de controle para o desenvolvimento para os estudos que aqui serão apresentados.
de novas lentes fotocromáticas, foram analisadas cinco
amostras, que utilizam reagentes químicos diferentes. No ELEMENTOS DO OLHO HUMANO
quadro, são apresentados os resultados. Em linhas gerais, o olho humano possui uma estrutura
denominada cristalino que funciona como uma lente
convergente. Quando um objeto é observado pelo
olho, é formada uma imagem real desse objeto em
outro componente do olho humano, a retina. As células
que compõem a retina transmitem à imagem ao
cérebro pelo nervo óptico. Um esquema simplificado do
olho humano é exibido a seguir:

Considerando os três aspectos, qual é a melhor amostra 51


de lente fotocromática para se utilizar em óculos?

a) 1 Como sabemos, considerando um olho normal (sem


b) 2 problemas de visão) é possível enxergar objetos próximos
c) 3 do olho humano e ao longe. Isso é possível pelo fato do
d) 4 cristalino ser uma lente de distância focal variável que,
e) 5 dependendo da posição do objeto, assume diferentes
valores de distância focal se acomodando a cada
Resposta: Letra C. O escurecimento das lentes foto- situação. A isso dá-se o nome de acomodação visual.
cromáticas tem a finalidade de evitar uma exposição Assim, para um olho considerado normal pode-se definir
excessiva dos olhos à luz solar. Para que se possa cum- dois pontos: ponto remoto e ponto próximo
prir com este propósito, deve-se privilegiar a escolha
de amostras de reagentes químicos que permitam PONTO REMOTO ( 𝒑𝑹 )
menor transmitância e que escureçam e esmaeçam Ponto no qual o olho humano não realiza esforço
no menor tempo possível. Portanto, a amostra que de acomodação para ver um objeto ali colocado. Um
melhor atende a esses requisitos é a número 3. objeto colocado muito distante do olho (no infinito) está
no ponto remoto. Para um olho normal: 𝑝𝑅 = ∞
2.(UFF 2017 /Adaptada ) Situa-se um objeto a uma dis-
tância p = 1 cm diante de uma lente convergente de PONTO PRÓXIMO ( 𝒑𝑷 )
distância focal f, de modo a obter uma imagem real a Ponto no qual o olho humano realiza o maior esforço
uma distância p’ da lente. Considerando-se a condição de acomodação para ver um objeto ali colocado.
de mínima distância entre imagem e objeto (p’=2f), o Um objeto colocado a 25 cm do olho humano está no
valor de p’, em centímetros, é: ponto próximo.

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

MIOPIA 2.(UFRR 2013) “Podemos definir o defeito visual hiperme-


A miopia é um defeito da visão no qual a pessoa tropia como sendo um defeito oposto ao defeito visual
que a possui não enxerga bem de longe. Fisicamente miopia (não permite visão nítida de um objeto distante).
significa que o ponto remoto de um olho míope não A hipermetropia caracteriza-se por um achatamento
está localizado no infinito e sim a uma distância finita. A do olho na direção do eixo anteroposterior ou por uma
correção da miopia se dá com lentes divergentes convergência diminuída em relação ao olho normal. No
Quando diz-se no popular que uma pessoa tem caso da hipermetropia, a imagem é formada depois da
“três graus de miopia”, significa que ele usa uma lente retina e isso provoca falta de nitidez na formação de ima-
divergente com vergência igual a -3 di. O sinal negativo gens próximas. Para que uma pessoa hipermétrope consi-
ocorre porque a lente é divergente. A distância focal ga enxergar com nitidez os objetos que estão próximos a
da lente divergente varia do grau de miopia que cada ela, é necessário aumentar a convergência de seu olho.
pessoa possui. Ela é calculada por: 𝑓 = −𝑝𝑅 onde é o Uma pessoa que possui hipermetropia pode utilizar len-
ponto remoto do olho ou a maior distância que ele pode tes para corrigir esse defeito visual. Nesse caso, pode-se
enxergar nitidamente. Por exemplo, uma pessoa míope utilizar
enxerga nitidamente objetos colocados a 0,5 m do seu
olho. Acima de 0,5 m ela não enxerga nitidamente. a) lentes biconvexas;
Então diz-se que, para essa pessoa 𝑝𝑅 = 0,5 𝑚 . b) lentes planas e paralelas;
c) espelhos convexos;
HIPERMETROPIA d) lentes bicôncavas;
A hipermetropia é um defeito da visão no qual e) lentes plano-côncavas.
a pessoa que a possui não enxerga bem de perto.
Fisicamente significa que o ponto próximo de um olho Resposta: Letra A: Para corrigir hipermetropia, neces-
míope não está localizado a 25 cm do olho e sim a uma sita-se de lentes convergentes, a única alternativa
distância superior. A correção da miopia se dá com que é uma lente convergente é a lente biconvexa.
lentes convergentes.
Em um olho hipermetrope, 𝑝𝑃 > 25 𝑐𝑚 . A distância
focal da lente a ser utilizada para cada pessoal é ONDULATÓRIA
encontrada pela Lei de Gauss:
1 1 1 DEFINIÇÕES
= −
1 1 1 𝑓 0,25 𝑝𝑃 Uma onda é uma perturbação que se propaga
52 = −
𝑓 onde
0,25 𝑝𝑃 é o ponto próximo da pessoa com em um meio. Ao jogar uma pedra em um lago, a
hipermetropia. Esse ponto próximo é a menor distância perturbação causada pela pedra se propaga na água
do olho na qual ela consegue enxergar nitidamente um e pode-se ver essa perturbação como ondas na água.
objeto. Há diversos tipos de ondas que serão apresentados
gradativamente, mas pode-se destacar a luz (que se
propaga como onda) e o som.
Ondas podem ser classificadas de algumas formas.
EXERCÍCIO COMENTADO Uma delas é a seguinte:
• Ondas mecânicas: ondas que necessitam de um
1.(ENEM 2017) A retina é um tecido sensível à luz, locali- meio material para se propagar. Por exemplo, o som.
• Ondas eletromagnéticas: ondas que podem se
zado na parte posterior do olho, onde ocorre o proces-
propagar no vácuo. Por exemplo, a luz.
so de formação de imagem. Nesse tecido, encontram-
-se vários tipos celulares específicos. Um desses tipos
Ondas também podem ser classificadas em relação
celulares são os cones, os quais convertem os diferentes
à direção de propagação:
comprimentos de onda da luz visível em sinais elétricos,
• Ondas longitudinais: ondas nas quais as vibrações
que são transmitidos pelo nervo óptico até o cérebro.
ocorrem na direção de propagação. Um exemplo
Em relação à visão, a degeneração desse tipo celular irá:
é o som:
a) comprometer a capacidade de visão em cores.
b) impedir a projeção dos raios luminosos na retina.
c) provocar a formação de imagens invertidas na retina.
d) causar dificuldade de visualização de objetos próximos.
e) acarretar a perda da capacidade de alterar o diâ-
metro da pupila.

Resposta: Letra A. A degeneração das células côni-


• Ondas transversais: ondas nas quais as vibrações
cas (cones), que são responsáveis pela identificação
ocorrem na direção perpendicular à direção de
das cores, compromete a visão das cores.
propagação. Um exemplo é a luz:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ONDAS PERIÓDICAS
São ondas que ocorrem quando uma fonte de ondas
emite pulsos de mesma intensidade no mesmo intervalo
de tempo. Têm o seguinte formato e pontos:

• Interferência destrutiva: ocorre quando as ondas


estão em oposição de fase e geram uma onda
resultante com amplitude intermediária entre as
amplitudes das ondas originais

onde C1 e C2 são as cristas enquanto V1 e V2


são os vales. A distância entre duas cristas ou dois
vales é o comprimento de onda, denotado por 𝜆 . O
tempo transcorrido entre duas cristas ou dois𝑣 vales
= 𝑜𝑢
𝑇 é
𝑣 = 𝜆𝑓
denominado período da onda, denotado por T. A
velocidade de propagação de uma onda nessas 53
condições é calculada pela equação fundamental da
ondulatória:
𝜆
𝑣= 𝑜𝑢 𝑣 = 𝜆𝑓
𝑇
1
pois 𝑓=
𝑇 é a frequência da onda, em Hz.

SE LIGA!
A unidade de comprimento de onda ( 𝜆 ) INTERFERÊNCIA EM DUAS DIMENSÕES
𝑣 =
é metro (m) e a unidade do período (T) é𝑇o 𝑜𝑢 𝑣 = 𝜆𝑓
Sejam duas ondas em concordância de fase, emitidas
segundo (s). Assim a velocidade será calculada por duas fontes F1 e F2, ambas com comprimento de
em m/s. onda igual a 𝜆 . Os pontos , nos quais ocorre interferência
𝑣 =são𝑜𝑢
construtiva, 𝑣 = 𝜆𝑓
𝑇 calculados por:
𝑝𝜆
INTERFERÊNCIA DE ONDAS 𝑃𝐹2 − 𝑃𝐹1 = , (𝑝 = 0,2,4,6,8, … �
2
Uma onda pode interferir na outra. O resultado dessa
interferência é obtido pelo princípio da superposição, Já os pontos Q, nos quais ocorre interferência
no qual o resultado da interferência (perturbação destrutiva, são calculados por:
resultante) é calculado como a soma de cada onda
𝑖𝜆
(perturbações individuais). A interferência pode ser 𝑄𝐹2 − 𝑄𝐹1 = , (𝑖 = 1,3,5,7, … �
2
construtiva ou destrutiva.
Caso as ondas estejam em oposição de fase, os
• Interferência construtiva: ocorre quando as ondas pontos P, nos quais ocorre interferência construtiva, são
estão em concordância de fase e geram uma calculados por:
onda resultante com amplitude maior do que as 𝑖𝜆
ondas originais 𝑃𝐹2 − 𝑃𝐹1 = , (𝑖 = 1,3,5,7, … �
2
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Já os pontos Q, nos quais ocorre interferência


destrutiva, são calculados por:
𝑝𝜆
𝑄𝐹2 − 𝑄𝐹1 = , (𝑝 = 0,2,4,6,8, … �
2

PRINCÍPIO DE HUYGENS
Esse princípio passa pela definição de frente de
onda. Entende-se por frente de onda o conjunto de
todos os pontos que, em um dado instante de tempo, é
atingido pela onda propagada. O Princípio de Huygens
estabelece que cada ponto de uma frente de onda se
comporta como uma nova fonte de ondas elementares.
Essas ondas elementares, ao se propagarem originam
uma nova frente de onda e assim sucessivamente. Isso
está exibido na figura abaixo:

REFLEXÃO E REFRAÇÃO DE ONDAS Note que há alteração do comprimento de onda da


Ondas sofrem os fenômenos de reflexão e refração. onda refratada em relação ao comprimento de onda
Na reflexão, a frente de onda forma, com a superfície da onda incidente.
refletora, um ângulo de incidência 𝚤̂ = , 𝑟̂enquanto
a frente de onda refletida forma, com a mesma
superfície, um ângulo de reflexão . Na reflexão, 𝚤̂ = 𝑟̂ .
#FicaDica
Os mesmos ângulos 𝚤̂ 𝚤̂=e=𝑟̂ 𝑟̂ são os ângulos formados, A frequência da onda não se altera na refração
respectivamente, pelas direções de propagação da pois a frequência depende da fonte emissora e
onda incidente e refletida, com a reta normal. não do meio de propagação. Assim, f1=f2.

54

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM 2013) Em viagens de avião, é solicitado aos


passageiros o desligamento de todos os aparelhos cujo
funcionamento envolva a emissão ou a recepção de
ondas eletromagnéticas. O procedimento é utilizado
para eliminar fontes de radiação que possam interferir
nas comunicações via rádio dos pilotos com a torre de
controle.
É importante ressaltar que os comprimentos de onda
das ondas incidente e refletida são iguais, bem como A propriedade das ondas emitidas que justifica o proce-
suas frequências. Já na refração, ocorre mudança de dimento adotado é o fato de
velocidade da onda ao mudar o meio de propagação.
A refração é regida pela Lei de Snell: a) terem fases opostas.
b) serem ambas audíveis.
sen 𝚤̂ 𝑣1 c) terem intensidades inversas.
= d) serem da mesma amplitude.
sen 𝑟̂ 𝑣2
e) terem frequências próximas.
onde v1 e v2 são as velocidades da onda no meio 1
e no meio 2. Se o ângulo de incidência for maior que Resposta: Letra E. Ondas de rádio ou celular possuem
zero, haverá mudança de direção na onda refratada. características semelhantes, podendo interagir. A in-
Dependendo do índice de refração dos meios de teração entre essas ondas é de característica destru-
propagação, a onda irá se aproximar ou se afastar da tiva, onde uma onda destruí o sinal da outra onda,
reta normal. Considerando uma onda que se propaga levando a uma perda no sinal do avião. Para que isso
do meio 1 para o meio 2, a onda irá se aproximar da reta seja possível, é necessário que as ondas possuem a
normal se 𝑛2 > 𝑛1 e se afastará da normal se 𝑛2 < 𝑛1 . mesma frequência ou frequências próximas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

2.(FUNDEP 2017)  Em um tanque, de profundidade cons- 𝑃


tante e preenchido com água, um estudante bate uma 𝐼=
régua, em uma de suas extremidades, uma vez a cada
𝐴
2,0 segundos. Ao atingir a extremidade oposta do tan- Onde P é a potência da onda e A é a área da
que de 60,0 cm, nota-se que o tanque possui 7 cristas, cuja superfície atravessada pela onda. Sua unidade
𝐼 é .W/m2
distância total entre elas é o comprimento do tanque. A intensidade auditiva 𝛽 =(ou 10 log
nível sonoro) é
𝐼0
Nessas condições, é possível concluir que o comprimen- calculada por:
to de onda e a velocidade da onda nesse meio são de, 𝐼
respectivamente: 𝛽 = 10 log
𝐼 𝐼0
𝛽 = 10 log
a) 8,6 cm e 4,3 cm/s Onde 𝐼0 é uma constante e representa a menor
b) 10,0 cm e 5,0 cm/s intensidade física de som audível. A intensidade auditiva
c) 17,2 cm e 8,6 cm/s é medida em decibel (dB).
d) 20,0 cm e 10,0 cm/s
TUBOS SONOROS
Resposta: Letra B. Se o tanque possui 7 cristas que São tubos que contém ar nos quais o som irá se
medem o comprimento total do tanque, conclui-se propagar dentro. Exemplos de tubos sonoros são
que o tanque possui 6 comprimentos de onda. As- instrumentos musicais como instrumentos de sopro:
sim, 6𝜆 = 60 → 𝜆 = 10 𝑐𝑚 . Como a régua bate flauta, oboé, clarinete, etc. ou tubos de órgão. Os tubos
a cada 2s na água, o período é igual a 2s. Logo, a sonoros podem ser abertos ou fechados. Aqui serão
𝜆 10 apresentados os dois casos, com tubos de comprimento
velocidade é igual a 𝑣 = = = 5,0 𝑐 𝑚 ⁄𝑠 . L, e os modos de propagação que se diferenciam pela
𝑇 2
frequência sonora
a) Tubos abertos

ACÚSTICA

Aqui são estudadas as ondas sonoras, ondas mecânicas


que se propagam no ar com a velocidade de 340 m/s.

CARACTERÍSTICAS DA ONDA SONORA 55


Uma onda sonora pode ser caracterizada pela sua
altura, frequência, intensidade e timbre. A altura de uma
onda permite distinguir sons graves de agudos. A altura
está diretamente ligada à frequência da onda, quanto
maior a frequência da onda menor a sua altura (e mais
agudo o som) e quanto menor a frequência do som, De cima para baixo foram apresentados, o primeiro,
maior sua altura (e mais grave o som). A intensidade de segundo e quarto modo de propagação. A frequência
uma onda sonora distingue sons fortes de sons fracos. a onda para tubos abertos é dado por:
O som de uma britadeira é mais forte do que o som de
𝑛𝑣
um estalar de dedos, o som da turbina de um avião é 𝑓= , 𝑛 = 1,2,3 …
mais forte que o som de um carro de passeio e assim por 2𝐿
diante. Por fim, o timbre distingue fontes emissoras de sons onde n é o modo de propagação e v é a velocidade
que emitem som de mesma intensidade e frequência. do som.
O melhor exemplo para explicar timbre é comparar a
mesma nota musical emitida por instrumentos musicais b) Tubos fechados
diferentes, pois cada instrumento possui seu próprio
timbre o que permite identificar, por exemplo, a nota
emitida por um piano e por um violino.
A intensidade sonora é bastante importante
pois há normas que regulamentam intensidades
sonoras máximas permitidas para diversas atividades,
baseando-se no limite suportado pelo ouvido humano.
Assim, quando uma pessoa é submetida a intensidades
superiores às recomendáveis, deve utilizar equipamentos
de proteção auditiva. Um controlador de tráfego aéreo
que trabalha em um aeroporto deve utilizar protetores
auriculares pois ficam muito próximos de aviões com
turbinas acionadas. A intensidade sonora pode ser
calculada:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

De cima para baixo foram apresentados, o primeiro, Resposta: Letra A. A frequência é definida como a ra-
terceiro e quinto modo de propagação. A frequência a zão entre o número de ciclos efetuados por uma onda
onda para tubos abertos é dado por: 𝑛
e o tempo de execução desses ciclos. 𝑓 =
𝛥𝑡
𝑘𝑣 De acordo com a figura, percebe-se que para o mes-
𝑓= , 𝑛 = 1,3,5 …
4𝐿 mo tempo T, a onda sonora do Dó central faz 1 ciclo,
enquanto no Dó maior são 2 ciclos. Logo, ao fazer a
onde n é o modo de propagação e v é a velocidade
relação entre elas, encontraremos o valor de 1/2, já
do som.
que o intervalo de tempo é o mesmo.
EFEITO DOPPLER
2.(CESGRANRIO 2017) Um experimento para medir fre-
Considere uma fonte emissora de uma onda sonora
quências consiste em um sensor preso a uma bancada
e um receptor de forma que haja um movimento relativo
e um carro, com fonte sonora, que se desloca em um
entre fonte e emissor. Há três casos possíveis: fonte em
trilho, à velocidade constante e igual a 25% da veloci-
repouso e receptor em movimento; fonte movimento e
dade do som, como mostra a Figura abaixo.
receptor em repouso e ambos em movimento. Quando
isso ocorre, a frequência percebida pelo receptor,
denominada frequência aparente f’ é diferente da
frequência real da fonte sonora f. A esse efeito dá-se
o nome de Efeito Doppler. A frequência aparente é
calculada por:
𝑓 ′ 𝑣 + 𝑣0
=
𝑓 𝑣 − 𝑣𝑓
onde v é a velocidade da onda sonora, é a
velocidade do receptor e é a velocidade da fonte. A
figura a seguir apresenta as convenções de sinais:
Qual é a razão entre a frequência da onda percebida
pelo sensor e a frequência da onda emitida pela fonte?
SE LIGA!
Os sinais de ± dependem do movimento a) 0,75
relativo entre fonte e receptor em relação a b) 0,80
56 c) 1,00
um eixo orientado que vai do receptor para a
fonte. d) 1,25
e) 1,33

Resposta: Letra B. É um exercício sobre Efeito Doppler,


onde o observador (sensor) está parado e a fonte,
EXERCÍCIOS COMENTADOS se movendo. A razão entre a frequência percebida
pelo sensor (aparente) e a frequência da onda emi-
tida pela fonte (real) é calculada da seguinte forma:
1.(ENEM 2013) Em um piano, o Dó central e a próxima
nota Dó (Dó maior) apresentam sons parecidos, mas 𝑓′ 𝑣 𝑣 𝑣 1
= = = = = 0,80
não idênticos. É possível utilizar programas computacio- 𝑓 𝑣 + 𝑣𝐹 𝑣 + 0,25𝑣 1,25𝑣 1,25
nais para expressar o formato dessas ondas sonoras em
cada uma das situações como apresentado nas figuras,
em que estão indicados intervalos de tempo idênticos (T).
ELETROESTÁTICA

A eletrostática é a área de eletricidade que estuda


cargas elétricas em repouso.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A eletrostática conta com dois princípios
fundamentais
a) ½
• Cargas que possuam sinais opostos se atraem
b) 2
enquanto cargas com sinais iguais se repelem.
c) 1
• Em um sistema isolado eletricamente, a carga
d) ¼
total é constante
e) 4
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ELETRIZAÇÃO
Eletrização é o processo no qual elétrons são adicionados ou retirados de um corpo neutro. Há três formas
(processos) de eletrização:
• Eletrização por atrito: eletrização que decorre do atrito em corpos de materiais distintos. Ao final do processo
ambos ficam com cargas iguais em módulo, mas de sinais opostos. O sinal da carga depende do material, e
obedece uma ordem conhecida como série triboelétrica. Uma parte da série é apresentada a seguir:
..., Vidro, lã, seda, madeira, cobre, vinil, ...

Como funciona a série? Por exemplo: se a madeira for atritada com vidro, ela irá se eletrizar negativamente. Já
se for atritada com vinil, irá se eletrizar positivamente. A figura a seguir apresenta o caso de lã com vidro

• Eletrização por contato: transferência de elétrons devido ao contato de corpos de modo a atingir uma carga
de equilíbrio. Para condutores de dimensões iguais, a carga final de cada um será igual à média aritmética
das cargas antes do contato.
• Eletrização por indução: nesse processo um corpo externo (indutor) eletrizado se aproxima (mas sem encostar)
de um outro condutor neutro de modo a polarizar as cargas. Em seguida o condutor é aterrado de modo
que atraia/libere elétrons para a terra. O aterramento é removido e o condutor estará eletrizado com carga
oposta à do indutor.

57

FORÇA ELÉTRICA – LEI DE COULOMB


A Lei de Coulomb estabelece que entre duas cargas elétricas de cargas e , separadas por uma distância , há
uma força de atração ou repulsão que é chamada de força elétrica.

A intensidade força elétrica é calculada por:


𝐾. 𝑄1 . 𝑄2
𝐹𝑒𝑙 =
𝑑2
onde K é a constante eletrostática e vale
𝐾 = 9.102 𝑁 𝑚2 ⁄𝐶2 . Quando as cargas possuem sinais iguais, a força será
de repulsão e quando as cargas possuem sinais opostos, a força será de atração.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

CAMPO ELÉTRICO 𝐾. 𝑄. 𝑞
Campo elétrico é a região do espaço em volta Ou: 𝐸𝑝𝑒𝑙 =
𝑑
de uma carga puntiforme , na qual uma outra carga
será atraída ou repelida ao adentrar essa região. A
intensidade do campo elétrico depende da carga que b) Trabalho da força elétrica
o gera e da distância da carga . É denotado por e é Representa o trabalho necessário para deslocar
calculado da seguinte forma: uma carga elétrica entre dois pontos P1 e P2 com
𝐾. 𝑄 potenciais elétricos, respectivamente, iguais a V1
𝐸= e V2:
𝑑2
𝜏𝐹𝑒𝑙 = 𝑞 𝑉1 − 𝑉2
A unidade do campo elétrico é o N/C. O sentido do
campo elétrico de uma carga puntiforme depende do
sinal da carga Q:
#FicaDica
𝜏𝐹𝑒𝑙 = 𝑞 𝑉1 − 𝑉2 é chamada de diferença
A diferença
de potencial, ou ddp. É denotada pela letra U.

CAMPO ELÉTRICO UNIFORME


Uma região de campo elétrico uniforme está
compreendida entre duas placas paralelas e
carregadas com cargas de mesma intensidade e sinais
Nota-se que para cargas positivas o sentido do opostos, separadas de uma distância :
campo elétrico é de afastamento, enquanto para
cargas negativas, o sentido é de aproximação. Se uma
carga for colocada numa região de campo elétrico E,
a força elétrica a que ela estará submetida vale:
𝐹𝑒𝑙 = 𝑞. 𝐸
58 O sentido da força dependerá do sinal de .q Se q>0,
a força terá o mesmo sentido do campo elétrico. Já se
q<0, a força terá sentido oposto ao do campo elétrico.

POTENCIAL ELÉTRICO
Grandeza escalar que caracteriza o campo elétrico
gerado por uma carga Q. O potencial elétrico Vp em Nota-se que as linhas de força (campo elétrico)
um ponto P localizado a uma distância d da carga Q é são igualmente espaçadas e paralelas. A diferença
calculado da seguinte forma: de potencial se relaciona com o campo elétrico e a
𝐾. 𝑄 distância , da seguinte forma:
𝑉𝑃 =
𝑑 𝑈 = 𝐸𝑑
A unidade de potencial elétrico é o Volt (V). Dessa equação, nota-se que há outra unidade
possível para o campo elétrico,

SE LIGA! #FicaDica
Por ser uma grandeza escalar, o sinal potencial
elétrico será o mesmo sinal da carga que o As unidades N/C e V/M são equivalentes..
gera.

Se houver mais de uma carga em torno do ponto P,


o potencial resultante será o somatório dos potenciais
EXERCÍCIOS COMENTADOS
de cada uma dar cargas.
a) Energia potencial elétrica 1.(ENEM 2017) Em algumas residências, cercas eletrifi-
Também é uma grandeza escalar e representa a cadas são utilizadas com o objetivo de afastar possíveis
energia adquirida por uma carga ao ser colocada invasores. Uma cerca eletrificada funciona com uma di-
em uma região de potencial Vp: ferença de potencial elétrico de aproximadamente 10
000 V. Para que não seja letal, a corrente que pode ser
𝐸𝑝𝑒𝑙 = 𝑞. 𝑉𝑃
transmitida através de uma pessoa não deve ser maior
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

do que 0,01 A. Já a resistência elétrica corporal entre as


mãos e os pés de uma pessoa é da ordem de 1 000 Ω. ELETRODINÂMICA
Para que a corrente não seja letal a uma pessoa que
toca a cerca eletrificada, o gerador de tensão deve
possuir uma resistência interna que, em relação à do A eletrodinâmica é a área de eletricidade que
corpo humano, é estuda cargas elétricas em movimento.

a) praticamente nula. CORRENTE ELÉTRICA


b) aproximadamente igual. Corrente elétrica (i) é o movimento ordenado de
c) milhares de vezes maior. elétrons. Sua unidade é o Ampère (A) e é calculada da
d) da ordem de 10 vezes maior. seguinte forma:
e) da ordem de 10 vezes menor. Δ𝑄
𝑖=
Resposta: Letra C. A pessoa ao entrar em contato Δ𝑡
com a cerca elétrica forma um circuito tal que sua onde Δ𝑄 é a quantidade de cargas que atravessa
resistência corporal (R) está em série com a resistên- 𝑖 = transversal de um condutor e é o tempo gasto
a seção
cia interna (r’) do gerador cuja tensão é de U = 10.000 para que Δ𝑡
essas cargas atravessem essa seção.
V. Pela primeira lei de Ohm, donde
−2
1 � 104 = r + 1.103 � 1 � 10 SE LIGA!
r + 1.103 = 1 � 106 = 1.103. 103 Para a corrente ser calculada em Ampère, a
r = 1 � 103 − 1 � 1 � 103 = 1 � 103 − 1 R carga deve estar em Coulombs (C) e o tempo
r = 999R em segundos (s).
r ≅ 1000R
A quantidade de cargas que atravessa a seção de
2.(IDECAN 2016) Uma carga elétrica Q puntiforme si- um condutor pode ser calculada da seguinte forma:
tuada no plano indicado a seguir cria no ponto M um Δ𝑄 = 𝑛. 𝑒
campo elétrico cujo módulo é 5 N/C. A intensidade do
campo elétrico criado por essa carga no ponto P é: onde n é o número de cargas e é a carga elementar,
que vale e=1,6.10-19 C 59
RESISTORES E LEIS DE OHM
Resistores são elementos de circuitos elétricos que
têm como função converter energia elétrica térmica.
O exemplo mais comum de um resistor é aquele que
fica dentro de chuveiros elétricos para aquecer a água
utilizada para banho. É popularmente chamado de
“resistência do chuveiro”, mas é na verdade um resistor.
Um resistor possui uma resistência , que caracteriza a
dificuldade que esse resistor oferece à passagem de
corrente elétrica. Um resistor é dito ôhmico quando
sua resistência é constante e ele, consequentemente,
satisfaz a 1ª Lei de Ohm. Essa lei relaciona a resistência
a) 3,0 N/C de um resistor com a corrente elétrica que passa por
b) 3,2 N/C ele em virtude de uma diferença de potencial entre os
c) 3,6 N/C terminais do resistor:
d) 4,0 N/C

Resposta: Letra B. Observando a figura, a distância


entre Q e M é de 8 quadrados, e a distância entre Q A 1ª Lei de Ohm estabelece que:
e P são 10 quadrados. Como a intensidade do cam- U=R.i
po é inversamente proporcional a distância ao qua- A unidade de resistência é o ohm (Ω). A 2ª Lei de
drado, basta dividir o campo em M pela razão das Ohm é utilizada para calcular a resistência de um
distâncias ao quadrado, assim: condutor de comprimento , área da seção transversal 𝐿
𝐸𝑀 5 𝑅 = 𝜌.. A
A e constituído de um material de resistividade
𝐸𝑃 = = = 3,2 𝑁⁄𝐶 resistência R desse condutor é calculada por: 𝐴
2 1,252
10
8 𝐿
𝑅 = 𝜌.
𝐴
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Para que a resistência seja calculada em Ω, a 𝐸 = 𝑃𝑒𝑙 . Δ𝑡 = 𝑅𝑖 2Δ𝑡


resistividade deve estar em Ω, o comprimento em m e
a área, em m2.
GERADORES
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES Geradores são aparelhos que convertem algum
Em circuitos elétricos, é comum haver mais de um tipo de energia (mecânica, química, etc) em energia
resistor ou componentes que apresentem resistência. elétrica. A bateria de um carro é um gerador, pois
O princípio básico de solução de um circuito elétrico converte energia química em energia elétrica. O mesmo
é utilizar a Lei de Ohm para encontrar a corrente que princípio vale para pilhas, baterias de Lítio entre outras.
percorre o circuito elétrico e suas diferentes ramificações. Um gerador possui dois polos (positivo e negativo), uma
Como existem infinitos circuitos elétricos, não é possível resistência interna () e uma força eletromotriz () que
estabelecer um caminho de solução para todos. Porém, representa a capacidade que esse gerador tem de
quando há mais de um resistor a primeira etapa deve ser produzir corrente. Corresponde à diferença de potencial
a mesma: encontrar a resistência equivalente. Entende- máxima que esse gerador é capaz de fornecer. Quando
se por resistência equivalente, uma resistência fictícia na caixa de uma pilha vem escrito que ela é de “9V”,
que substituiria todos os resistores mantendo a mesma significa que a força eletromotriz dela é 9V. Um gerador
resistência. Há duas maneiras de associar resistores: ligado a um circuito de resistência equivalente está
• Associação em série: resistores ligados representado a seguir:
sequencialmente, um após o outro. Assim, a
corrente elétrica que passa por cada resistor é a
mesma, ao passo que a diferença de potencial
em cada resistor é diferente.

A resistência equivalente de uma associação em


série corresponde à soma de todas as resistências: A corrente que percorre o circuito é calculada pela
Req=R1+R2 Lei de Pouillet:
𝜖
• Associação em paralelo: resistores ligados entre os 𝑖=
mesmos terminais de forma paralela. Assim, a ddp
𝑅𝑒𝑞 + 𝑟
60 entre os terminais de cada resistor é a mesma, ao passo E a diferença de potencial nos terminais do gerador
que a corrente elétrica em cada resistor é diferente. é calculada por:
𝑈 = 𝜖 − 𝑟. 𝑖
A potência total fornecida pelo gerador é dada por:
𝑃𝑜𝑡𝑇 = 𝜖. 𝑖
Já a potência útil é calculada por:

A resistência equivalente de uma associação em 𝑃𝑜𝑡𝑈 = 𝑈. 𝑖


paralelo é calculada da seguinte forma: O rendimento do gerador é calculado por:
1 1 1
= + 𝑃𝑜𝑡𝑈 𝑈
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝜂= =
𝑃𝑜𝑡𝑇 𝜖
POTÊNCIA ELÉTRICA E EFEITO JOULE Por fim, a corrente de curto circuito, que corresponde
A potência elétrica é a potência associada à
à máxima corrente elétrica que pode atravessar um
corrente elétrica. Pode ser calculada de três formas
gerador é calculada por:
distintas, porém equivalentes.
𝜖
• 𝑃𝑒𝑙 = 𝑈. 𝑖 𝑖𝐶𝐶 =
• 𝑃𝑒𝑙 = 𝑅
𝑈2 𝑟
• 𝑃𝑒𝑙 = 𝑅. 𝑖 2
#FicaDica
A última forma corresponde à potência dissipada em
um resistor. O Efeito Joule é o princípio de funcionamento
A corrente de curto circuito ocorre quando
de um resistor, ou seja, converte energia elétrica em U=0.
energia térmica. A energia térmica transformada em
um resistor de resistência , percorrido por uma corrente
elétrica i em um intervalo de
𝐸 = 𝑃𝑒𝑙 = 𝑅𝑖 2Δ𝑡 é calculada por:
. Δ𝑡tempo
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

sistemas oscilantes não varia de maneira contínua,


mas sim discreta, em certas quantidades conhecidas
EXERCÍCIOS COMENTADOS como “quanta” de energia. Os “quanta” são pequenos
“pacotes de energis”. As partículas de energia recebem
1.(ENEM 2017) Uma lâmpada é conectada a duas pilhas o nome de fótons. A energia transportada por um fóton
de tensão nominal 1,5 V, ligadas em série. Um voItímetro, é calculada por:
utilizado para medir a diferença de potencial na lâm- E=f.h
pada, fornece uma leitura de 2,78 V e um amperímetro
indica que a corrente no circuito e de 94,2 mA. onde h é a constante de Planck e f é a frequências
O valor da resistência interna das pilhas é mais próximo de da onda eletromagnética associada ao fóton. A
constante de Planck é igual a 6,63.10−34 𝑚²𝑘 𝑔⁄𝑠 .
a) 0,021 Ω. a) Efeito fotoelétrico
b) 0,22 Ω. Possível retirada de elétrons da superfície de um
c) 0,26 Ω. determinado metal devido à incidência de luz
d) 2,3 Ω. sobre o mesmo. Para que essa retirada seja possível
e) 29 Ω. a energia transportada por um fóton deve ser
maior que a função trabalho do metal. Denomina-
Resposta: Letra D. Tensão equivalente das pilhas em se função trabalho
ℎ𝑓 ≥( 𝜙 ) e energia mínima necessária
série: 1,5V + 1,5V = 3V para retirar o elétron do metal. Ou seja, para que
Queda de tensão devido à resistência interna das pi- ocorra efeito fotoelétrico é necessário que ℎ𝑓 ≥ 𝜙 .
lhas: 3V – 2,78V = 0,22V
Portanto, o valor da resistência interna das pilhas é de: Caso a energia transportada pelo fóton seja maior
r = 0,22/0,0942 que a função trabalho, pelo princípio de conservação
r = 2,3 Ω da energia, a energia excedente se converte em
energia cinética para o elétron. Assim, ele adquire uma
2.(IF-PE/2017) Dado o circuito abaixo CC, marque a velocidade que pode ser calculada por:
alternativa CORRETA que representa o valor da corrente. 2
𝑚𝑣𝑚á𝑥
= ℎ𝑓 − 𝜙
2

61

a) 1A
b) 800 mA
c) 0,5 A
d) 5A
e) 10A

Resposta: Letra C. Como se trata de uma associação TEORIA DA RELATIVIDADE


em série, basta somar as resistências para se obter a A teoria da relatividade formulada por Einstein tem
resistência equivalente, o que dá 20 Ω. Usando a pri- os seguintes postulados
meira lei de ohm: 1- As leis da Física são válidas para qualquer
referencial inercial
𝑈 = 𝑅. 𝑖 → 10 = 20. 𝑖 → 𝑖 = 0,5 𝐴
2- A velocidade da luz no vácuo é uma constante
universal para quaisquer sistemas inerciais.

FÍSICA MODERNA a) Contração do Comprimento


Considere um corpo que se move juntamente
com um referencial R’, ambos com velocidade
Aqui serão apresentadas noções de Física Moderna, constante u. O comprimento do corpo em R’,
passando por Física Quântica e Teoria da Relatividade medido em um referencial , em repouso, será
menor do que o comprimento do mesmo corpo
FÍSICA QUÂNTICA se ele estivesse em R. Sendo L’ o comprimento
A Física Quântica tem como base a Teoria dos do corpo no referencial L’, o comprimento L do
Quanta, que dá nome à área. A Teoria dos Quanta mesmo corpo, porém medido no referencial R
foi formulada por Max Planck, e diz que a energia de será de:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

HORA DE PRATICAR!

1. (Polícia Científica – PE – Papiloscopista – CESPE/2016)


b) Dilatação do Tempo Assinale a opção que apresenta associação correta en-
Considere um fenômeno que ocorre em um tre a grandeza física e sua unidade de base correspon-
intervalo de tempo Δ𝑡′ , medido por um relógio dente, de acordo com o sistema internacional de pesos
Δ𝑡 =R’ que se move com velocidade
no referencial e medidas.
constante u. O mesmo 𝑢2
1 − fenômeno ocorrerá no
𝑐 2 em um intervalo de
referencial R, em repouso, a) Corrente Elétrica: Candela
tempo Δ𝑡′ maior do que Δ𝑡′ : b) Temperatura Termodinâmica: Kelvin
Δ𝑡 = Δ𝑡 = c) Quantidade de Substância: %/kg
Δ𝑡′𝑢 2 𝑢2
Δ𝑡 = 1 − 22 1− d) Intensidade Luminosa: Ampere
𝑐𝑢 𝑐2 e) Massa: mol
1− 2
𝑐
2. (IF-RS - Professor – IF-RS/2015) O Brasil, a partir de 1962,
c) Dilatação da Massa passou a adotar para expressão de medidas de gran-
Considere um corpo que apresenta uma massa de deza o sistema internacional de unidades (SI). Assinale
repouso (massa do corpo em repouso em relação a alternativa que apresenta corretamente as unidades
a um referencial inercial) m0 medida no referencial que correspondem às grandezas de base, adotadas
R. A massa do mesmo corpo, quando ele se move pelo SI:
com velocidade constante u, em relação ao
mesmo sistema R é dada por: a) m, kg, s, A, K, mol, cd
b) m, g, s, C, K, mol, lm
m0 c) cm, kg, s, A, K, mol, lm
m=
𝑢2 d) cm, g, s, A, °C, eq, cd
1− e) m, kg, C, A, °C, eq, J
𝑐2
d) Equivalência massa-energia 3. (Nova Concursos 2018) Observe a figura e determine
62 Uma consequência da Teoria da Relatividade é que quais vetores possuem a mesma direção:
massa é uma forma de energia. Essa consequência
é expressa pela famosa equação:
E=mc2

Onde c é a velocidade da luz que vale 300,000 km/s.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (Brasil Escola 2018) Sobre o efeito fotoelétrico, marque


a alternativa correta:

a) O efeito fotoelétrico depende da intensidade da ra-


diação incidente sobre a placa metálica. a) A e B/ C e D / E e F;
b) Não há frequência mínima necessária para a ocor- b) A, E e F / C e D / B e G;
rência desse fenômeno. c) C e D / E e F;
c) A frequência de corte é fruto da razão entre a função d) A e F / C e D;
trabalho e a constante de Planck.
d) A energia cinética dos fotoelétrons é diretamente 4. (UFC-CE 2014) Analisando a disposição dos vetores
proporcional ao comprimento de onda da radiação BA,EA,CB, CD e DE, conforme figura a seguir, analise a
incidente. alternativa que contém a relação vetorial correta

Resposta:Letra C. A frequência de corte é a mínima


frequência necessária para que ocorra o efeito foto-
elétrico. Na iminência do efeito, a energia cinética é
nula, logo, igualando a 0 esse termo, temos que f é a
razão da função trabalho pela constante de Planck.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

a) CB + CD + DE = BA + EA 8. (CETRO 2014) Um modelo de foguete é lançado a 50


b) BA + EA + CB = DE + CD m/s2 por 2s antes da queima total do propelente. O fo-
c) EA – DE + CB = BA + CD guete continua subindo. Assumindo a resistência do ar
d) EA – CB + DE = BA - CD como nula, assinale a alternativa que apresenta a altura
e) BA – DE – CB = EA + CD máxima que ele alcança.
Obs.: considere g=10 m/s2
5. (CESGRANRIO 2014) Um ônibus e um carro partem si-
multaneamente do início de uma estrada de 120 km. a) 100 m
Ambos trafegam com velocidade constante. O carro b) 500 m
e o ônibus demoram, respectivamente, 1,50 h e 2,00 h c) 600 m
para chegar ao fim da estrada. Quando o carro tiver d) 1000 m
percorrido os primeiros 100 km na estrada, qual a distân- e) 1200 m
cia, em km, que o separa do ônibus?
9. (CESPE 2016) Considere que um projétil tenha sido dis-
a) 25 parado de uma pistola com velocidade inicial de módulo
b) 33 igual a e em ângulo (ascendente) em relação à hori-
c) 60 zontal. Desprezando a resistência do ar, assinale a opção
d) 75 correta acerca do movimento realizado por esse projétil.
e) 80
a) No ponto de altura máxima, a velocidade resultante
6. (CESPE 2010) Suponha que, simultaneamente, um car- do projétil será nula.
ro parta de São Paulo para o Rio de Janeiro com veloci- b) A aceleração do projétil será nula no ponto de altura
dade constante de 120 km.h-1, e outro,do Rio de Janeiro máxima.
c) A única força atuante no projétil durante todo o mo-
para São Paulo com a velocidade constante 100 km.h-1
vimento é o seu peso.
de , ambos seguindo pela mesma estrada. Com base
d) O alcance horizontal que o projétil pode atingir de-
nessas informações e sabendo que a distância entre
pende de sua massa
São Paulo e Rio de Janeiro é de 400 km, julgue o próxi-
e) A componente horizontal da velocidade do projétil
mo item:
varia de ponto a ponto na trajetória, porém sua com-
Se o carro que partiu de São Paulo percorrer 100 km com
ponente vertical é invariável.
uma velocidade de 100 km.h-1 e 200 km com velocida-
de de 50 km.h-1, então, para conseguir fazer o trajeto em 63
10. (CESGRANRIO 2012) Um objeto é lançado a partir da
5 horas e 30minutos, o motorista deverá, no último tre-
origem de um sistema de coordenadas, com velocida-
cho, desenvolve ruma velocidade superior a 180 km.h-1. de inicial de 8,0 m/s, fazendo um ângulo de 60 graus em
relação à horizontal.
a) Afirmação correta O alcance do objeto lançado, em metros, é de
b) Afirmação errada Dados:
c) Não é possível classificá-la, devido à falta de infor-
𝑔 = 10,0 𝑚/𝑠 2
mações
d) NDA 31/2 = 1,7

7.(CESGRANRIO 2014) Um motorista não sabe o cami- 21/2 = 1,4


nho para uma cidade. Ele resolve ficar parado na es-
trada esperando passar um ônibus para aquele desti- a) 2,8
no. Quando finalmente isso acontece, o ônibus passa e b) 4,0
mantém velocidade constante de 72,0 km/h. O motoris- c) 5,4
ta entra no carro e, 75,0 s depois de o ônibus passar, par- d) 11,2
te atrás dele com aceleração constante de 2,00 m.s-2 . e) 22,4
Qual é, aproximadamente, em metros, a distância per-
corrida pelo carro até alcançar o ônibus? 11. (CESGRANRIO 2018) A transmissão do movimento de
rotação entre os eixos E1 e E2 de uma máquina é reali-
a) 4,00 X 102 zada pelas engrenagens 1, 2 e 3, conforme ilustrado na
b) 1,00 X 103 Figura abaixo.
c) 1,50 X 103
d) 2,50 X 103
e) 3,00 X 103
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Os diâmetros das engrenagens são D1 = 10 cm, D2 = 20 cm 16. (IFB 2017) Um bloco de 2kg desliza numa superfície
e D3 = 15 cm, e a relação de transmissão é tal que n2 0,5n1. horizontal puxado por uma força de 20N que faz um ân-
Se a engrenagem 3 for substituída por outra com 20 cm gulo de 45° com o solo. O coeficiente de atrito cinético
de diâmetro, a relação de transmissão será entre o bloco e a superfície vale 0,4. Qual é o valor da
aceleração do bloco?
a) mantida. Obs.: considere sen(45°)=0,7 e cos(45°)=0,7
b) n2=n1
c) n2=2n1 a) 5,2 m/s²
d) n2=4n1 b) 5,4 m/s²
e) n2=8n1 c) 5,6 m/s²
d) 5,8 m/s²
12. (CESGRANRIO 2017) A rotação de um motor é ex- e) 6,0 m/s²
pressa em RPM (rotações por minuto). Um motor desba-
lanceado gera uma vibração cuja frequência é igual à 17. (CESGRANRIO 2015) Um carro e uma motocicleta
sua rotação expressa em hertz (Hz), uma unidade deri- trafegam por uma estrada. A massa do carro é o dobro
vada do Sistema Internacional de Unidades. Se um mo- da massa da motocicleta. Num determinado instante,
tor possui uma rotação de 1.200 RPM, a vibração produ- o carro e a motocicleta possuem a mesma energia ci-
zida terá uma frequência, expressa em Hz, de nética. Nesse instante, a razão imagem-051.jpg entre as
velocidades da motocicleta e do carro vale.
a) 10
b) 20 a) 0,5
c) 120 b) 1
d) 200 c) 2
e) 400 d) 1⁄ 2
e)
1⁄ 2
13. (IBFC 2017) A aceleração adquirida por um corpo
de massa de 4 kg, sabendo que sobre ele atua uma for- 18. (VUNESP 2014) O contexto apresentado a seguir
ça resultante de intensidade de 16 N, é igual a:  deve ser utilizado para responder à próxima questão.

a) 4 m/s² Um acidente fatal em uma estrada fez com que um


64 b) 8 m/s² veículo caísse por uma ribanceira. No local, um guincho
c) 12 m/s² começava a subir o carro até o nível da pista.
d) 16 m/s²
e) 20 m/s²

14. (IF-CE/2017) Sobre as três leis de Newton, é  corre-


to afirmar-se que

a) se a Terra atrai um pacote de feijão com força de


50N, o pacote de feijão é atraído pela Terra com uma
força 9,8 vezes menor por causa da gravidade.
b) a resultante das forças que atuam sobre uma partícu-
la em movimento circular uniforme é nula.
c) se a força resultante sobre um corpo for nula, o seu O trabalho resistente do peso do carro, sabendo que
vetor velocidade permanecerá constante. sua massa era de 800 kg e considerando que a acelera-
d) a lei de ação e reação explica por que sentimos que so- ção da gravidade tem valor 10 m/s² , no processo total
mos jogados para fora, quando um carro faz uma curva. de içamento do carro, do local em que se encontrava,
e) a velocidade de um corpo tem sempre a mesma direção na base da ribanceira, até o nível da pista, foi, em joules,
e o mesmo sentido que a força resultante que nele atua.
a) 32.000
15.(IBFC 2017) A constante elástica de uma mola é de b) 80.000
60 N/cm. Nessas circunstâncias, a deformação sofrida c) 24.000
pela mola ao ser solicitada por uma força de intensida- d) 18.000
de 240 N é:  e) 40.000

a) 1 cm
b) 2 cm
c) 3 cm
d) 4 cm
e) 5 cm
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19. (CESGRANRIO 2015) Dois automóveis de mesma mas- a) Certo


sa deslocavam-se na mesma direção e no mesmo sen- b) Errado
tido em uma autoestrada, quando colidem. Considere c) Não é possível classificar, devido à falta de informa-
desprezíveis as forças externas no instante da colisão. ções
Se, após a colisão, a velocidade dos dois é a mesma, é d) NDA
correto afirmar que a colisão é:

a) Inelástica, pois não conserva o momento linear ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS
b) Elástica, pois conserva o momento linear
c) Elástica, pois conserva a energia mecânica total 23. (CESPE 2015/Adaptado) A figura abaixo ilustra, de
d) Inelástica, pois não conserva a energia mecânica to- forma simplificada, uma gangorra construída com uma
tal tábua homogênea de massa de 10 kg e comprimento
igual a 3,0 m, apoiada no centro por uma cunha fixa no
20. (IFB 2017) Um projétil de massa m e velocidade ini- chão. Tendo como referência as informações apresen-
cial V atinge um bloco de massa M inicialmente parado. tadas acima, julgue o item a seguir. Se um corpo de 5,0
O projétil atravessa o bloco e sai com uma velocida- kg for colocado a uma distância de 140 cm à esquerda
de igual a V/3 no mesmo sentido da velocidade inicial. da cunha, então o sistema ficará em equilíbrio ao ser
Qual é a velocidade final do bloco? colocado um corpo de 7,0 kg a uma distância de 100
𝑚𝑣 cm à direita da cunha
a)
3𝑀
2𝑚𝑣
b) 3𝑀
2𝑚𝑣
c)
𝑀
3𝑚𝑣
d) a) Certo
𝑀
b) Errado
3𝑚𝑣
e) 2𝑀 c) Não é possível concluir, devido à falta de informações
d) NDA
Texto para as questões 21 e 22:
Obviamente a Terra exerce uma atração sobre os obje- 24. (CESGRANRIO 2014) O sistema de alavancas mostra- 65
tos que estão sobre sua superfície. Newton se deu conta do na Figura a seguir é utilizado para suspender uma
de que esta força se estendia até a Lua e produzia a carga de 1.000 N.
aceleração centrípeta necessária para manter a Lua
em órbita. O mesmo acontece com o Sol e os plane-
tas. Então Newton formulou a hipótese da existência
de uma força de atração universal entre os corpos em
qualquer parte do Universo.
Fonte: <http://astro.if.ufrgs.br> (com adaptações).

21.(SEDF – Prof. Física – Quadrix/2017) Com base nas in-


formações fornecidas no texto e nos conhecimentos re-
lacionados à gravitação, julgue o item subsecutivo. 
De acordo com a Lei de Gravitação Universal de Newton,
se a distância entre um par de objetos for dobrada, a for- Considerando as dimensões indicadas, a carga será sus-
ça corresponderá a um quarto do valor original. pensa se a força F, em N, aplicada na extremidade da
alavanca, for superior a
a) Certo
b) Errado a) 200
c) Não é possível classificar, devido à falta de informa- b) 400
ções c) 500
d) NDA d) 600
e) 800
22. (SEDF – Prof. Física – Quadrix/2017) Com base nas in-
formações fornecidas no texto e nos conhecimentos re- 25. (CESGRANRIO 2017) Considere o texto abaixo para
lacionados à gravitação, julgue o item subsecutivo. Um responder a questão. A hidrostática estabelece uma re-
satélite orbita a Terra, em um movimento circular, com lação entre a pressão p atuante em um corpo submerso
uma velocidade  . Para escapar do planeta, o satélite e a profundidade  h  em que se encontra esse corpo (
precisará atingir velocidade igual a � 2)𝑣𝑠 : 𝑝 = 𝜌. 𝑔. ℎ ). Essa relação depende da massa específi-
ca do fluido e da aceleração da gravidade local.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Considerando-se g=10 m/s2, a pressão manométrica a) 3,6


atuante na válvula de um reservatório de óleo lubrifi- b) 5,4
𝑝 =( 𝜌.=880
cante 𝑔. ℎ kg/m3), posicionada a 5 m abaixo da su- c) 7,2
perfície livre do óleo, expressa em kPa, é d) 8,5
e) 14,4
a) 44
b) 88 30. (IFB 2017) Uma haste de comprimento inicial Lo e
c) 400 temperatura inicial To é aquecida até chegar a uma
d) 440 temperatura igual a 9To. Sabendo que o comprimento
e) 880 da haste aumentou em 4%, o coeficiente de dilatação
linear desta haste vale:
26. (CESGRANRIO 2017) Em uma determinada pesqui- 4
sa, é necessário levar à superfície uma caixa de 200 kg a) . 10−3
𝑇0
e  8,00.10-2 m3 que se encontra no fundo do mar. Para 4,5
facilitar a subida, amarra-se à caixa um balão inexten- b) . 10−3
𝑇0
sível totalmente cheio de ar. Dessa forma, o conjunto 5
sobe com velocidade constante. c) . 10−3
𝑇0
Desprezando-se o peso do balão e do ar no seu interior,
d) 7
bem como a viscosidade do mar, o valor aproximado . 10 −3
do volume do balão, em m³, é 𝑇0
e) 9
Dados aceleração da gravidade = 10,0 m/s2
𝑇0
. 10−3
densidade da água do mar = 1,00.103 kg/m3
31. (IFB 2017) Um calorímetro de capacidade térmica 80
a) 8,0.10-2
cal/ºC, contendo 400g de água a 10ºC, é utilizado para
b) 12,0.10-2
determinação do calor específico de uma barra de liga
c) 20,0.10-2
metálica de 300g. A barra é inicialmente aquecida a
d) 28,0.10-2
100ºC e imediatamente colocada dentro do caloríme-
e) 40,0.10-2
tro. Suponha que a água, a barra de liga metálica e o
calorímetro formam um sistema isolado.
27. (IF-CE 2017) A temperatura de uma substância medi-
Sabendo que a temperatura de equilíbrio térmico atin-
66 da na escala Fahrenheit vale 32°F. A temperatura dessa
gida no calorímetro foi de 20ºC, determine o calor espe-
substância, na escala absoluta (Kelvin), vale 
cífico do material da barra.
Considere o calor específico da água 1,0 cal/ (g°C)
a) 0
b) 17,7 a) 0,17 cal/g°C
c) 32 b) 0,20 cal/g°C
d) 273 c) 0,25 cal/g°C
e) 212 d) 0,30 cal/g°C
e) 0,45 cal/g°C
28.(CESPE 2016) Considerando-se que a temperatura de
100 ºC corresponde a +10 ºE em um termômetro com es- 32. (CESPE 2016) Em um laboratório, 300 g de gelo que
cala linear E e que a temperatura de 0 ºC corresponde se encontra a -10 ºC deverá ser transformado em água
a -50 ºE nessa escala E, é correto afirmar que a tempera- a +50 ºC. Considerando o calor latente de fusão do gelo
tura de 400 ºC corresponderá, na escala E, a igual a 80 cal/g, o calor específico do gelo igual a 0,5
cal/g ºC e o calor específico da água igual a 1 cal /g ºC,
a) 190 ºE julgue o item subsequente.
b) 150 ºE A quantidade total de calor necessária para que todo
c) 140 ºE o gelo a -10 ºC se transforme em água a +50 ºC é maior
d) 130 ºE que 40.000 cal.
e) 180 ºE
a) Certo
29. (CESGRANRIO 2017) A dilatação térmica dos mate- b) Errado
riais é um fenômeno que deve ser considerado em di- c) Não é possível afirmar, devido à falta de informações
versos projetos de equipamentos e estruturas. d) NDA
Um cabo de aço ( 𝛼𝑎ç𝑜 = 0,00012 ⁄° 𝐶 ) de 30 m é uti-
lizado em um elevador de carga. Texto para as questões 33 e 34

Se, ao longo de um dia de trabalho, esse cabo sofrer No estudo do comportamento dos gases, há uma co-
uma variação de temperatura de 20°C, seu comprimen- nhecida equação de estado de um gás ideal, expressa
to, em cm, será alterado em: pela relação PV=nRT, em que P é a pressão do gás, V é
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o volume ocupado pelo gás, n é o número de mols do


gás, T é a temperatura absoluta do gás, medida em Kel-
vin (K); e  R, com valor igual a 0,082 atm.L/(mol.k), é a
constante universal dos gases. Tendo como referência
as informações acima, e sabendo que zero Kelvin cor-
responde a - 273,15 ºC, julgue os exercícios a seguir.

33. (FUB – Técnico em Laboratório – CESPE/2015) Em uma


transformação isocórica sem perda, se a pressão e a
temperatura iniciais de um gás forem, respectivamente,
de 2,0 atm e 300 K, então a pressão e a temperatura Após a análise do gráfico, o calor absorvido pelo gás,
finais podem ser de 3,0 atm e 450 K. nesta expansão, é: 

a) Certo a) 2U + 2PV
b) Errado b) U – PV
c) Não é possível concluir, devido à falta de informação c) U + 2PV
d) NDA d) U - 2PV
e) U + PV
34. (FUB – Técnico em Laboratório – CESPE/2015) A pres-
são de um gás ideal, confinado em um recipiente fe- 37. (IBFC 2016) A luz, por ser uma energia radiante com-
chado, dobrará se a temperatura passar de 100 ºC para posta por ondas eletromagnéticas e se comportar como
200 ºC. uma onda no espaço e, como uma partícula quando
incide em uma superfície, possui algumas proposições
a) Certo básicas. Essas proposições são chamadas de princípios
b) Errado da óptica geométrica. Assinale a alternativa que apre-
c) Não é possível concluir, devido à falta de informação senta esses princípios.
d) NDA
a) Propagação retilínea da luz, princípio da dependên-
35. (UFF 2017) Para determinada aplicação, é necessá- cia da luz e princípio da irreversibilidade da luz.
ria a utilização de um motor térmico com potência útil b) Propagação retilínea da luz, princípio da indepen-
de 5kW. Para isso, duas alternativas de motor foram pro- dência da luz e princípio da irreversibilidade da luz. 67
postas, com o motor I, que consome 10.000J/s de taxa c) Propagação oblíqua da luz, princípio da indepen-
de calor e trabalha com T1  = 300K   e T2  = 1.200K , ou dência da luz e princípio da irreversibilidade da luz.
com o motor II, que consome 8.000J/s de taxa de calor d) Propagação oblíqua da luz, princípio da dependên-
e trabalha com T1  = 300K e T2  = 900K. Denotando por cia da luz e princípio da irreversibilidade da luz.
T1, T2 , W e Q, respectivamente, a temperatura da fonte e) Propagação retilínea da luz, princípio da indepen-
fria, a temperatura da fonte quente, a potência desen- dência da luz e princípio da reversibilidade da luz.
volvida e a taxa de calor fornecida, e considerando que
a máxima eficiência teórica que uma máquina térmica 38. (IFB 2017) A imagem formada em uma câmara escu-
pode desenvolver corresponde à do ciclo de Carnot, é ra de um objeto com altura H, posicionado a uma distân-
correto afirmar que: cia D, é h. Se o objeto for reposicionado e colocado em
uma nova distância (D’), a imagem formada na câmara
a) apenas o motor II é teoricamente viável, pois seu ren- será h’. Sendo assim, determine a razão entre h e h’.
dimento é menor do que sua eficiência de Carnot.
b) apenas o motor I é teoricamente viável, pois seu ren- a) D.D’
dimento é menor do que sua eficiência de Carnot. b) D+D’
c) nenhum motor é viável, pois ferem a 2ª Lei da Termo- c) D-D’
dinâmica 𝐷
d)
d) os dois motores são teoricamente viáveis e estão de 𝐷´
acordo com a 2ª Lei da Termodinâmica e)
𝐷´
e) a melhor escolha é o motor I, pois das duas opções é 𝐷
o que apresenta melhor rendimento. 39. (FUNCAB 2014) O ângulo de incidência de um raio
de luz em um espelho plano é 30 .Oângulo entre o raio
36. (UFF 2017) Um gás, com um volume inicial V, uma refletido e a superfície do espelho será, portanto, de:
energia interna U e uma pressão P, expande-se isoba-
ricamente até um volume final 2V, alcançando uma a) 30°
energia interna 2U. A expansão está representada abai- b) 50°
xo. c) 60°
d) 80°
e) 10°
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40. (FUNCAB 2013) Afigura a seguir mostra um raio de 43. (IBFC 2016) Uma lente divergente é colocada em
luz incidindo sobre um espelho plano. Qual o valor do frente a um objeto cujo tamanho é 0,05 metros. Tal lente
ângulo de reflexão desse raio? tem ponto focal em -0,10 metros. Se o objeto está a 0,30
metros da lente, assinale a alternativa que apresenta
qual será o tamanho da imagem:

a) 0,2 metros
b) 0,0125 metros
c) 0,02 metros
a) 60° d) 0,125 metros
b) 25° e) 0,05 metros
c) 37°
d) 45° 44.(Brasil Escola – Exercícios para praticar 2018) Pedro é
e) 53° o filho mais novo de Renata. O garoto reclama a alguns
dias de que não consegue enxergar o que sua professora
41. (UniRV-GO 2017) A figura a seguir representa um raio escreve no quadro-negro, mesmo que ele se sente na pri-
de luz (r1) se propagando do meio 1 para o meio 2. Sa- meira carteira. Ao levar seu filho ao oftalmologista, Renata
bendo que α > β, marque a opção correta. teve a notícia de que o garoto tinha dificuldade de enxer-
gar de perto. Assinale a alternativa que contém o nome do
problema de visão e o tipo de lente que vai ajudar Pedro.

a) Hipermetropia, lente esférica


b) Presbiopia, lente convergente
c) Miopia, lente convergente
d) Hipermetropia, lente convergente
e) Estrabismo, lente cilíndrica

45.(FUNDEP 2016) Em uma corda ideal, uma pessoa cria


pulsos que são refletidos, produzindo assim uma onda
a) O meio 1 é mais refringente que o meio 2. estacionária, como indicado na figura a seguir:
b) A velocidade da luz no meio 2 é menor que a veloci-
68 dade da luz no meio 1.
c) O índice de refração do meio 1 é maior que o índice
de refração do meio 2.
d) O meio 1 pode ser considerado um líquido como
água enquanto o meio 2 pode ser considerado o ar Nessas condições, é correto afirmar:

42. (IF-CE 2017) Um raio de luz monocromática incide a) O comprimento de onda da onda estacionária repre-
sob ângulo (i) de 60° numa lâmina de vidro de índice sentada na figura é de 2 L.
de refração n2 = 1,5 e de espessura e = 8,7 mm, sofren- b) O comprimento de onda do próximo harmônico será de 2.L/3.
do refração sob ângulo (r) de 30°. O desvio lateral sofri- c) Se a frequência de oscilação da corda for aumenta-
do pelo raio de luz, ao ser refratado pela lâmina, vale da, a onda poderá atingir o modo fundamental.
[Dado: Índice de refração do ar = 1,0] d) Se a frequência de oscilação da corda for diminuída,
a onda poderá atingir o terceiro harmônico (n = 3).

46. (UFF 2017) O som é produzido por corpos quando


colocados em vibração. Essa vibração se transfere no
ar de molécula a molécula até alcançar nossos ouvidos.
Tem-se uma característica sonora que permite distinguir
sons de mesma frequência e mesma intensidade, desde
que as ondas sonoras correspondentes a esses sons se-
jam diferentes. Dois aparelhos musicais, violão e violino,
por exemplo, podem emitir sons com a mesma frequên-
cia, porém as ondas sonoras possuem formas diferentes.
Esta característica refere-se ao(à):

a) 4,0 mm a) intensidade
b) 5,0 mm b) timbre
c) 6,0 mm c) altura
d) 6,0 mm d) eco
e) 6,5 mm e) ressonância
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47. (FGV 2016) Três pequenas esferas idênticas, A, B e C,


carregadas com cargas respectivamente iguais a QA,
QB  e QC  são abandonadas, alinhadas, sobre uma su-
perfície plana e horizontal, com a esfera C mais próxima
de A do que de B, como ilustra a figura a seguir.

a) O campo magnético total no ponto P é paralelo ao


plano do papel, apontando para o fio 1.
b) O campo magnético total no ponto P é paralelo ao
Verifica-se que, assim abandonadas, apesar de serem plano do papel, apresentando a mesma direção e
desprezíveis os atritos entre elas e a superfície de apoio, o mesmo sentido que a corrente elétrica que passa
as três permanecem em repouso. no fio 2.
Nesse caso, se |QB |=4|QA | e a distância entre as es- c) O campo magnético total no ponto P é perpendi-
feras A e B for d, a distância x entre as esferas A e C será cular ao plano do papel, apontando para fora do
mesmo.
a) d/2 d) O campo magnético total no ponto P é perpendi-
b) 2d/5 cular ao plano do papel, apontando para dentro do
c) d/3 mesmo.
d) d/4 e) O campo magnético total no ponto P é nulo.
e) d/5

48. (CESGRANRIO 2017) Uma máquina utiliza um peque- 50. (Brasil Escola 2018) A tabela abaixo mostra as frequ-
no aquecedor composto por um resistor de potência e ências para três tipos distintos de ondas eletromagné-
tensão nominais 15,0 W e 9,00 V. Para alimentar o aque- ticas que irão atingir uma placa metálica cuja função
cedor, é utilizada uma fonte de corrente contínua ideal trabalho corresponde a 4,5eV. A partir dos valores das
de 30,0 V em série com um resistor R, como mostra a frequências podemos afirmar que: 69
Figura abaixo.

Dados: Considere a constante de Planck como


h = 4,0.10–15 eV.s, e a velocidade da luz no vácuo
O valor aproximado da resistência elétrica de R, em Q, c=3,0.108 m/s
para que o aquecedor trabalhe com potência e tensão
nominais, é  a) A onda C possui frequência menor que a frequência
de corte.
a) 5,4 b) A energia cinética do fotoelétron atingido pela onda
b) 12,6 D é de 13,5eV.
c) 16,2 c) O efeito fotoelétrico não ocorrerá com nenhuma das
d) 18,0 ondas.
e) 21,0 d) A razão entre a frequência de corte e a frequência
da onda A é 0,085.
49. (Projeto Medicina 2018) A figura ilustra dois fios con- e) O comprimento de onda referente à onda B é
dutores retilíneos, muito longos (fios 1 e 2) que são pa- 2,0.10 –10 m.
ralelos entre si. Os fios estão situados no plano do papel
e são percorridos por correntes elétricas constantes, de
intensidade i e sentidos opostos. Sabe-se que o ponto
P é eqüidistante dos fios. Com relação a tal situação,
assinale a alternativa correta.
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42 B
GABARITO 43 B
44 D
1 B 45 B
2 A 46 B
3 B 47 C
4 D 48 B
5 A 49 E
6 A 50 E
7 D
8 C
9 C
10 C
11 A
12 B
13 A
14 C
15 D
16 D
17 E
18 C
19 B
70 20 B
21 A
22 A
23 A
24 E
25 A
26 B
27 D
28 A
29 C
30 C
31 B
32 B
33 A
34 B
35 D
36 E
37 B
38 E
39 A
40 C
41 B
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PROPRIEDADES FUNCIONAIS
QUÍMICA: ÁTOMOS E MATÉRIA São propriedades comuns a determinados grupos de
matéria, identificadas pela função que desempenham.
A Química se preocupa particularmente com estas pro-
PROPRIEDADES DA MATÉRIA priedades. Podemos citar como exemplo de proprieda-
des funcionais a acidez, a basicidade e a salinidade de
DEFINIÇÃO algumas espécies de matéria.
Denomina-se matéria tudo aquilo que tem massa e
ocupa lugar no espaço e, desse modo, possui volume. Po- PROPRIEDADES ESPECÍFICAS
demos citar como exemplos de matéria a madeira, o fer- Dependem dos elementos químicos que compõem
ro, a água, o ar e tudo o mais que imaginemos dentro da a matéria.
definição acima. A ausência total de matéria é o vácuo. 
ORGANOLÉPTICAS
CORPO São aquelas capazes de impressionar os nossos sen-
É uma  porção limitada da matéria. Por exemplo, tidos, como cor, odor, brilho, sabor, textura.
conforme dito, uma árvore é uma matéria; assim, quan-
do cortamos toras de madeira, temos que essas toras FÍSICAS
podem ser designadas como corpos ou como matéria São certos valores constantes, encontrados experi-
também. mentalmente, para o comportamento de cada tipo de
matéria, quando submetida a determinadas condições.
OBJETO Essas condições não alteram a constituição da maté-
É um corpo produzido para utilização do homem. Se ria, por mais adversas que sejam. Por exemplo: dureza,
as toras de madeira mencionadas no item anterior fo- condutibilidade, magnetismo, maleabilidade, ductibili-
rem transformadas em algum móvel, como uma mesa, dade, tenacidade, rigidez, solubilidade.
teremos um objeto. As propriedades físicas também podem ser classifi-
cadas, de acordo com a quantidade da amostra, em
PROPRIEDADES DA MATÉRIA extensivas e intensivas.
Propriedades são uma série de características que, As propriedades extensivas variam conforme a
em conjunto, definem a espécie de matéria. Podemos quantidade de material contido na amostra. É o caso
dividi-las em 3 grupos: gerais, funcionais e específicas. da energia liberada em uma combustão: duplicando,
por exemplo, a quantidade de combustível, duplica-se 71
PROPRIEDADES GERAIS a quantidade de energia liberada.
Presentes em todas as espécies de matéria. As propriedades intensivas são as que não depen-
- Massa: grandeza utilizada para medir a quantida- dem da quantidade de material contido na amostra. É
de de matéria de um corpo ou objeto; o caso da temperatura e da densidade, que não se al-
- Extensão: espaço que a matéria ocupa, seu volu- teram quando a quantidade de material é modificada.
me;
- Inércia: a matéria permanece na situação em que QUÍMICAS
se encontra – movimento ou repouso; Referem-se àquelas que alteram a composição
- Impenetrabilidade: dois corpos não podem ocupar química da matéria, ou seja, a capacidade que uma
o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo; substância tem de transformar-se em outra por meio de
- Divisibilidade: toda matéria pode ser dividida sem reações químicas. Essas transformações resultam na pro-
alterar a sua constituição (até um certo limite); dução permanente e irreversível de um novo material
- Indestrutibilidade: a matéria não pode ser destruí- (produto), com características distintas do inicial (rea-
da nem criada, só transformada (Lei de Lavoisier: gente). Por exemplo: calor de combustão, inflamabili-
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo dade, estado de oxidação, reatividade, radioatividade,
se transforma”); hidrólise, entre outras;
- Compressibilidade: o volume ocupado por uma Uma maneira de comprovar a existência de uma
porção de matéria pode diminuir quando sob transformação química é através da comparação do
pressão; estado inicial e final do sistema. Algumas evidências po-
- Elasticidade: a matéria volta ao volume e à forma dem ser observadas, permitindo verificar a ocorrência
iniciais quando a força feita sobre ela é interrom- dessas transformações, como: desprendimento de gás
pida; e luz, mudança de coloração e odor, formação de pre-
- Descontinuidade ou porosidade: toda matéria é cipitados, entre outras .
descontínua, ou seja, existem espaços vazios (po- Entretanto, a ausência dessas evidências não signifi-
rosidade) entre uma molécula e outra da matéria, ca que não ocorreu uma transformação química, pois
por mais compacta que ela pareça. Quanto me- algumas ocorrem sem que haja mudança perceptível
nores esses espaços, mais compacta e mais dura entre o estado inicial e o final. Para se ter certeza de que
é a matéria. ocorreu a transformação química é necessário isolar os
materiais obtidos e verificar suas propriedades específi-
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cas, como densidade, pontos de ebulição e fusão, solu- A energia que o corpo armazena é a energia potencial. 
bilidade e outras. Para que as transformações químicas A energia mecânica é toda forma de energia rela-
possam acontecer, as ligações entre átomos e molécu- cionada com o movimento de corpos ou com a capa-
las precisam ser rompidas e devem ser restabelecidas cidade de colocá-los em movimento ou de deformá-los.
de outro modo. Como essas ligações podem ser muito A energia química é baseada na força de atração e
fortes, geralmente é necessária energia na forma de ca- repulsão nas ligações químicas, presente na formação
lor para iniciar a reação. da matéria. As trocas de calor são energias térmicas. 
As transformações químicas podem ocorrer de distin- A  condução de eletricidade é uma  energia elétri-
tas maneiras, sendo estas: ca e a energia na forma de luz é a energia luminosa.

-Por ação do calor SUBSTÂNCIAS E MISTURAS


Muitas substâncias são transformadas quando sub-
metidas a uma fonte de calor. O cozimento de SUBSTÂNCIA PURA
alimentos é um exemplo. É formada por apenas um tipo de moléculas ou áto-
Quando há decomposição de um material devido mos, com um conjunto definido de propriedades, isto é,
ao calor, chamamos o processo de termólise. Ex: com composição fixa. Exemplos de substâncias puras são:
Termólise do magnésio a água, o sal, o ferro, o açúcar comestível e o oxigênio.
As substâncias puras possuem constantes físicas –
Magnésio + oxigênio → óxido de magnésio como ponto de fusão e de ebulição – bem definidas:

-Por ação de uma corrente elétrica


Algumas substâncias necessitam de energia elétrica
para que possam se transformar. A esse processo
damos o nome de eletrólise.
Para a decomposição da água, em hidrogênio e oxi-
gênio, por exemplo, utilizamos uma corrente elétri-
ca para esta transformação.

-Por ação da luz


A fotossíntese é um exemplo de reação química que
72 ocorre na presença da luz, onde a água e o dió-
xido de carbono do ar são transformados em oxi-
gênio e glicose.
A transformação do oxigênio em ozônio acontece As substâncias puras podem ser classificadas como
através da luz ultravioleta. Essa reação por ação simples ou compostas.
da luz também é de extrema importância, pois as-
sim é formada a camada de ozônio que protege SUBSTÂNCIA (PURA) SIMPLES
a Terra dos raios ultravioletas. É formada por um ou mais átomos de um mesmo ele-
mento químico.
-Por ação mecânica
Uma ação mecânica (atrito ou choque) é capaz de ALOTROPIA
desencadear transformações em certas substân- É a propriedade que alguns elementos químicos têm
cias. Um exemplo é o palito de fósforo, que quan- de formar mais de uma substância química.
do entra em atrito com a caixinha que o contém, Exemplo: Oxigênio: 2 formas alotrópicas: - gás oxigê-
produz uma faísca, que faz as substâncias inflamá- nio (O2) e gás ozônio (O3).
veis do palito entrarem em combustão.
SUBSTÂNCIA (PURA) COMPOSTA
-Pela junção de substâncias São formadas por dois ou mais elementos químicos.
Através da junção de duas substâncias podem ocor-
rer reações químicas. Isso frequentemente ocorre SÍMBOLOS E FÓRMULAS
em laboratórios de química. A adição do sódio -Símbolo: representa um elemento químico
metálico em água é um exemplo. -Fórmula: representa uma substância pura, simples
ou composta.
ENERGIA 
É a medida da capacidade de realizar um trabalho. MISTURA
É um sistema formado por duas ou mais substâncias
Existem vários tipos de energia, dependendo do tipo puras, denominadas componentes, sem constantes físi-
de trabalho realizado. Por exemplo, a energia que um cas bem definidas.
corpo adquire quando está em movimento é a energia
cinética.
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Em uma mistura a fusão e/ou ebulição não ocorrem As misturas homogêneas são normalmente chama-
em temperaturas constantes. A temperatura varia du- da de solução.
rante a fusão ou durante a ebulição, ou durante ambas.
Estas não possuem ponto de fusão e ponto de ebulição,
e sim intervalo de fusão e intervalo de ebulição: SE LIGA!
Todas as misturas gasosas são homogêneas.

MISTURA HETEROGÊNEA
Apresenta duas ou mais fases. Por exemplo: o grani-
to, onde se observa grãos de quartzo branco, mica pre-
ta e feldspato rosa.

SISTEMAS
Sistema é tudo aquilo que é estudado e observado;
pode ser uma mistura de etanol e gasolina, uma solução
aquosa de sal, entre outros. Os sistemas podem ser
Existem misturas que, como exceção, comportam-se classificados das seguintes maneiras:
como se fossem substâncias puras durante a fusão: são
as chamadas misturas eutéticas. SISTEMA ABERTO
Está em contato com o ambiente e faz trocas de
energia e massa com ele. Por exemplo, a água em
uma panela sem tampa é um sistema aberto, pois, ao
ser aquecida, ela ganha energia do ambiente e perde
massa (ao ferver) para o ambiente.

SISTEMA FECHADO
Não está em contato com o ambiente, fazendo
apenas trocas de energia com ele.
Por exemplo, a água em uma panela com tampa
não perde massa para o ambiente, mas pode trocar 73
energia com ele (perder ou receber calor).

Por outro lado, também existem misturas que, como SISTEMA ISOLADO
exceção, comportam-se como se fossem substâncias Não está em contato com o ambiente e não faz
puras durante o processo de ebulição; são chamadas trocas de calor e de massa com ele.
de misturas azeotrópicas. A garrafa térmica e a geladeira são sistemas pseudo
isolados, pois praticamente não há trocas de energia
nem de massa com o ambiente.

SISTEMA HOMOGÊNEO
Apresenta as mesmas propriedades em qualquer
parte de sua extensão em que seja examinado. Pode
ser uma mistura homogênea (solução) ou uma substân-
cia pura.

SISTEMA HETEROGÊNEO
Há variação de propriedades dependendo da parte
de sua extensão em que seja examinado. Pode ser uma
substância pura em mudança de estado físico (fusão,
As misturas podem ser classificadas quanto ao nú- vaporização, etc...) ou uma mistura heterogênea.
mero de fases apresentado. Consistem, portanto em um
sistema cujos componentes de cada fase possuem as
mesmas propriedades, como densidade e estado físico. SE LIGA!
Na maioria das vezes, o sistema heterôgeneo
MISTURA HOMOGÊNEA apresenta pelo menos um dos seus
Apresenta apenas uma fase. Fase é cada porção componentes no estado sólido.
que apresenta aspecto visual uniforme. Nesse tipo de
mistura não há superfícies de separação visíveis entre
seus componentes. Por exemplo: solução de água e sal.
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SISTEMA MONOFÁSICO SEPARAÇÃO DE MISTURAS HOMOGÊNEAS


Apresenta sempre uma única fase – é, portanto, um
sistema homogêneo.

SISTEMA POLIFÁSICO
Apresenta diferentes porções limitadas por superfí-
cies de separação visíveis (fases) – é, portanto, um siste-
ma heterogêneo.

PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS


Na natureza, raramente encontramos substâncias
puras. Assim, para obtermos uma determinada substân-
cia, é necessário usar métodos de separação. O conjun-
to de processos físicos que não alteram a natureza das
substâncias é denominado análise imediata. Para cada
tipo de mistura — heterogênea ou homogênea — usa-
mos métodos diferentes.
Observe nas tabelas a seguir os principais métodos
de separação de misturas heterogêneas e homogêneas

74

SEPARAÇÃO DE MISTURAS HETEROGÊNEAS

FENÔMENOS E MUDANÇAS DE ESTADO DA MATÉRIA


Um sistema material está sujeito a alterações no am-
biente, e essas transformações são chamadas de fenô-
menos. Existem dois tipos de fenômenos:

FENÔMENO QUÍMICO
Ocorre quando há alteração das propriedades quí-
micas da matéria.
Dizemos que ocorreu uma reação química, pois no-
vas substâncias foram obtidas.

FENÔMENO FÍSICO
É toda alteração na estrutura física da matéria, tais
como forma, tamanho, aparência e estado físico, mas
que não gere alteração em sua natureza, isto é, na sua
composição. Compreende basicamente as alterações
do estado físico da matéria.

Fenômenos fìsicos Fenômenos químicos


Quebrar um copo de Produzir vinho a partir da
vidro uva
Aquecer uma panela de Acender um fósforo
alumínio
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ATOMÍSTICA
Ferver a água Queimar o açúcar para
A preocupação com a constituição da matéria sur-
fazer caramelo
giu em meados do século V a. C., na Grécia. Alguns filó-
Explosão de uma panela Queima do carvão sofos gregos, como Aristóteles, acreditavam que toda a
de pressão matéria era formada por quatro elementos.
Roupa secando no varal Explosão após uma ba- Entretanto por volta de 400 a. C., os filósofos Leucipo
tida e Demócrito elaboraram uma teoria filosófica (sem base
experimental) segundo a qual toda matéria era forma-
Derretimento de metais, Enferrujamento da palha
da devido a junção de pequenas partículas denomina-
como o cobre de aço
das átomos (que em grego significa indivisível) – que
Dissolver açúcar em água Queima de uma vela seriam infinitamente pequenas, indivisíveis, compactas,
homogêneas, sem poros nem compressibilidade. Para
ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA estes filósofos, toda a natureza seria formada por áto-
A matéria pode se apresentar em diferentes estados mos e vácuo.
físicos, conforme a agregação das moléculas:
- Sólido: apresenta forma e volume constantes; MODELOS ATÔMICOS
- Líquido: apenas volume constante; São representações que não correspondem exata-
- Gasoso: forma e volume variáveis. mente à realidade, mas permitem explicar o comporta-
mento e o funcionamento do átomo, suas propriedades
As passagens entre os três estados físicos têm o nome e características.
de mudanças de estado físico.
As definições dos processos de mudança de estado DALTON
físico são as seguintes: Em 1808, o químico inglês John Dalton criou o primei-
- Fusão: mudança do estado sólido para o estado ro modelo atômico científico, sendo o primeiro a atribuir
líquido. É o caso do derretimento de metais. uma definição química para o átomo: a menor unidade
- Vaporização: mudança de estado líquido para o constituinte da matéria a conservar suas propriedades,
estado gasoso (vapor). consistindo em uma esfera maciça, homogênea, indivi-
sível e de carga elétrica neutra.
#FicaDica
THOMSON
A vaporização pode ocorrer de três formas: 75
- Evaporação: quando em temperatura A DESCOBERTA DO ELÉTRON
ambiente, lenta e não perceptível – roupa A natureza elétrica da matéria já era conhecida
secando no varal; pelos antigos filósofos gregos. Tales de Mileto havia de-
- Ebulição: quando o sistema é aquecido a uma monstrado que, ao atritar âmbar com um pedaço de lã,
temperatura específica (ponto de ebulição), este passa a atrair objetos leves. Porém somente no final
rápida e com formação de bolhas – fervura da do século XIX foi comprovada a existência de partículas
água; com carga elétrica negativa – os elétrons. Isso impulsio-
- Calefação: quando o líquido se aproxima de nou o surgimento de novas propostas de modelos atô-
uma superfície muito quente, é a passagem micos, na tentativa de explicar porque a matéria (que
mais rápida e abrupta para o estado de vapor – segundo Dalton seria neutra) podia ficar eletrizada.
ao encostarmos o ferro quente em uma roupa
úmida. O MODELO ATÔMICO DE THOMSON
Para o físico inglês John Thomson, o átomo era uma
- Condensação ou liquefação: mudança do estado esfera de carga elétrica positiva incrustada de elétrons
gasoso para o estado líquido. A formação de nu- de carga negativa, com a carga total nula.
vens pelos vapores de água é um exemplo desse Com isso, foi derrubada a ideia de que o átomo seria
tipo de mudança de estado. maciço e indivisível e introduzida a natureza elétrica da
- Solidificação: mudança de estado líquido para o matéria.
estado sólido. No dia a dia, quando colocamos
água no congelador para obtermos gelo, esta- RUTHERFORD
mos realizando o processo de solidificação. Em meados do século XX, o neozelandês Ernest Ru-
- Sublimição: mudança do estado sólido diretamen- therford observou, com base em experiências envolven-
te para o estado gasoso, sem passar pelo estado do a natureza radiotiva de átomos de determinados
líquido. Quando colocamos uma bolinha de naf- elementos, que o átomo deve ser constituído por duas
talina no guarda-roupa e ela “some”, é porque regiões:
sublimou. 1 – Um núcleo, pequeno, constituído de prótons de
carga positiva e com praticamente toda a massa
do átomo;
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

2 – Uma região negativa, praticamente sem massa, que orbita em volta do núcleo. A essa região contendo os
elétrons se deu o nome de eletrosfera.

Rutherford também concluiu que, embora os prótons contivessem toda a carga do núcleo, eles sozinhos não
poderiam compor toda sua massa. Esse problema só foi resolvido quando, em 1932,o físico inglês J. Chadwick des-
cobriu uma partícula que tinha aproximadamente a mesma massa de um próton, mas não era carregada eletrica-
mente. Por ser a partícula eletricamente neutra, Chadwick a denominou de nêutron.

RUTHERFORD-BOHR

OS NÍVEIS DE ENERGIA
De acordo com os conhecimentos de eletromagnetismo da época dos experimentos de Rutherford, já se sabia
que, segundo o seu modelo, os elétrons deveriam perder energia se chocar com o núcleo.
Em 1913, para explicar porque isso não acontecia, um dos integrantes do grupo de pesquisa de Rutherford, Niels
Bohr, propôs um novo modelo atômico, relacionando a distribuição dos elétrons na eletrosfera com sua quantida-
de de energia. Esse modelo baseia-se nos seguintes postulados:
a) Os elétrons descrevem órbitas circulares ao redor do núcleo.
b) Cada uma dessas órbitas tem energia constante (órbita estacionária). Os elétrons que estão situados em
órbitas mais afastadas do núcleo apresentarão maior quantidade de energia.
c) Quando um elétron absorve certa quantidade de energia, salta para uma órbita mais energética. Quando
ele retorna à sua órbita original, libera a mesma quantidade de energia, na forma de onda eletromagnética
(luz).

Essas órbitas foram denominadas níveis de energia. Hoje são conhecidos sete níveis de energia ou camadas,
denominadas K, L, M, N, O, P e Q.
O modelo de Böhr permite relacionar as órbitas (níveis de energia) com os espectros descontínuos dos elementos.

OS SUBNÍVEIS
O trabalho de Böhr despertou o interesse de vários cientistas para o estudo dos espectros descontínuos. Um
deles, Sommerfield, percebeu, em 1916, que as raias obtidas por Böhr eram na verdade um conjunto de raias mais
76 finas e supôs então que os níveis de energia estariam divididos em regiões ainda menores, por ele denominadas
subníveis de energia.
O número de cada nível indica a quantidade de subníveis nele existentes. Por exemplo, o nível 1 apresenta um
subnível, o nível 2 apresenta dois subníveis, e assim por diante. Esses subníveis são representados pelas letras s, p, d,
f, g, h –siglas em inglês das palavras sharp, principal, diffuse e fine, respectivamente.
Estudos específicos para determinar a energia dos subníveis mostraram que:
- existe uma ordem crescente de energia nos subníveis;
- os elétrons de um mesmo subnível contêm a mesma quantidade de energia;
- os elétrons se distribuem pela eletrosfera ocupando o subnível de menor energia disponível.

A criação de uma representação gráfica para os subníveis facilitou a visualização da sua ordem crescente de
energia. Essa representação é conhecida como diagrama de Linus Pauling.

O preenchimento da eletrosfera pelos elétrons em subníveis obedece à ordem crescente de energia definida
pelo diagrama de Pauling.
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Cada um desses subníveis pode acomodar um número máximo de elétrons:

DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA POR SUBNÍVEL


Como num átomo o número de prótons é igual ao número de elétrons, conhecendo o número atômico pode-
remos fazer a distribuição dos elétrons nos subníveis. Vejamos alguns exemplos:

Perceba que o subnível 4s2 aparece antes do subnível 3d1, de acordo com a ordem crescente de energia. No
entanto, pode-se escrever essa mesma configuração eletrônica ordenando os subníveis pelo número quântico
principal. Assim, obteremos a chamada ordem geométrica ou ordem de distância:

Note que, na ordem geométrica, o último subnível — mais externo do núcleo — é o 4s2, sendo que esse subnível
mais distante indica a camada de valência do átomo. Portanto:
O subnível mais energético nem sempre é o mais afastado do núcleo. 77
No caso do escândio, o subnível mais energético é o 3d1, apresentando 1 elétron, enquanto o mais externo é
o 4s2, com 2 elétrons. A distribuição eletrônica do 21Sc por camadas pode ser obtida tanto pela ordem energética
como pela ordem geométrica e é expressa por:
K = 2; L = 8; M = 9; N = 2

MODELO ATÔMICO ATUAL


Em resumo: podemos descrever um átomo como apresentando um núcleo central, que é pequeníssimo, mas
que contém a maior parte da massa do átomo e é circundado por uma enorme região extranuclear contendo
elétrons (carga -1). O núcleo contém prótons (carga +1) e nêutrons (carga 0). O átomo como um todo não tem
carga devido ao número de prótons ser igual ao número de elétrons. A soma das massas dos elétrons em um átomo
é praticamente desprezível em comparação com a massa dos prótons e nêutrons.
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EVOLUÇÃO DO MODELO ATÔMICO ÂNIONS (ÍONS NEGATIVOS)


Em um ânion, o número de prótons é sempre menor
NÚMERO ATÔMICO E NÚMERO DE MASSA do que o número de elétrons.
Um átomo individual (ou seu núcleo) é geralmente
identificado especificando dois números inteiros: o nú- O ELEMENTO QUÍMICO
mero atômico (Z) e o número de massa (A). Um elemento químico é definido como sendo o con-
O número atômico (Z) é o número de prótons no junto formado por átomos de mesmo número atômico (Z).
núcleo. Como um átomo é um sistema eletricamente A cada elemento químico atribui-se um nome; a cada
neutro, se conhecermos o seu número atômico, teremos nome corresponde um símbolo e, consequentemente, a
então duas informações: o número de prótons e o nú- cada símbolo corresponde um número atômico.
mero de elétrons.
Número de prótons (+) = número de elétrons (-) RELAÇÕES ATÔMICAS

O número de massa (A) é o número total de núcleons ISÓTOPOS


(prótons mais nêutrons) no núcleo. Átomos de um dado elemento podem ter o mesmo
Número de massa = número de prótons + número número de prótons, mas diferentes números de massa e,
portanto, massas diferentes porque podem ter diferen-
de nêutrons tes números de nêutrons em seu núcleo.
Pode-se ver destas definições que o número de nêu- ISÓBAROS
trons no núcleo é igual a A - Z. São átomos de diferentes números de próton, mas que
Um átomo específico é identificado pelo símbolo do possuem o mesmo número de massa (A). Assim, são átomos
elemento com número atômico Z como um índice infe- de elementos químicos diferentes, mas que têm mesma mas-
rior e o número de massa como um índice superior: sa, já que um maior número de prótons será compensado
por um menor número de nêutrons, e assim por diante. Desse
modo, terão propriedades físicas e químicas diferentes.

ISÓTONOS
São átomos de diferentes números de prótons e de
Átomo do elemento X com o número atômico Z e massa, mas que possuem mesmo número de nêutrons.
número de massa A. Ou seja, são elementos diferentes, com propriedades fí-
78 Por exemplo: sicas e químicas diferentes.

TABELA PERIÓDICA

CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS


Refere-se a um átomo de oxigênio comum número Em meados de 1869, Lothar Meyer e Dimitri Ivanovich
atômico 8 e um número de massa 16. Mendeleev, independentemente, criaram tabelas perió-
Todos os átomos de um dado elemento têm o mes- dicas dos elementos (semelhantes às usadas atualmente)
mo número atômico, porque todos têm o mesmo núme- onde os elementos eram colocados em ordem crescente
ro de prótons no núcleo. Por esta razão, o índice inferior de massas atômicas. Essas tabelas foram criadas quando
representando o número atômico é algumas vezes omi- tinham conhecimento de apenas 63 elementos químicos.
tido na identificação de um átomo individual. Por exem-
Mendeleev ordenou os elementos em linhas horizon-
plo, em vez de escrever 16O8, é suficiente escrever 16O,
tais, chamadas de períodos, e em linhas verticais, de
para representar um átomo de oxigênio – l6.
grupos, contendo elementos com propriedades simila-
res. Veja a seguir a tabela de Mendeleev.
ÍONS
Os átomos podem perder ou ganhar elétrons, ori-
ginando novos sistemas, carregados eletricamente: os
íons. Isso ocorre inicialmente com os elétrons da cama-
da de valência (mais externa).
Íons : Número de prótons ≠ Número de elétrons

Os átomos, ao ganharem elétrons, originam íons ne-


gativos, ou ânions, e, ao perderem elétrons, originam
íons positivos, os cátions.
Nesta tabela é possível observar que existem espa-
CÁTIONS (ÍONS POSITIVOS)
ços vazios e asteriscos. Estes espaços representam ele-
Em um cátion, o número de prótons é sempre maior mentos não conhecidos e os asteriscos os elementos
do que o número de elétrons. que foram previstos por Mendeleev.
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Esta classificação proposta por Mendeleev foi utilizada até 1913, quando Mosely verificou que as propriedades
dos elementos eram dadas pela sua carga nuclear (número atômico – Z). Sabendo-se que em um átomo o número
de prótons é igual ao número de elétrons, ao fazermos suas distribuições eletrônicas, verificamos que a semelhança
de suas propriedades químicas está relacionada com o número de elétrons de sua camada de valência, ou seja,
pertencem à mesma família.
Com base nessa constatação, foi proposta a tabela periódica atual, na qual os elementos químicos estão dis-
postos em ordem crescente de número atômico (Z).

COMO UTILIZAR A TABELA PERIÓDICA?


Cada quadrado da tabela fornece os dados referentes ao elemento químico: símbolo, massa atômica, número
atômico, nome do elemento, elétrons nas camadas e se o elemento é radioativo.
As colunas verticais constituem as famílias ou grupos, nas quais os elementos estão reunidos segundo suas pro-
priedades químicas.
As fileiras horizontais são denominadas períodos. O número da ordem do período indica o número de níveis
energéticos ou camadas eletrônicas do elemento.

FAMÍLIAS OU GRUPOS
As Famílias da Tabela Periódica são distribuídas de forma vertical, em 18 colunas. Os elementos químicos que
estão localizados na mesma coluna da Tabela Periódica são considerados da mesma família pois possuem pro-
priedades físicas e químicas semelhantes. Esses elementos fazem parte de um mesmo grupo porque apresentam a
mesma configuração de elétrons na última camada.
A tabela periódica atual é constituída por 18 famílias. A numeração das Famílias da Tabela Periódica se inicia no
1A (representado em nossa tabela periódica com o número 1) e continua até o 0 ou 8A (representado em nossa
tabela periódica pelo número 18). Existe também a Família B.

– Famílias A ou zero

79

TABELA PERIÓDICA ATUAL (2018)

#FicaDica
1) A família 0 recebeu esse número para indicar que sua reatividade nas condições ambientes é nula.
2) O elemento hidrogênio (H), embora não faça parte da família dos metais alcalinos, está representado na
coluna IA por apresentar 1 elétron no subnível s na camada de valência.
3) O único gás nobre que não apresenta 8 elétrons na camada de valência é o He: 1s2.
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Os elementos que constituem essas famílias são denominados elementos representativos, e seus elétrons mais
energéticos estão situados em subníveis s ou p. Nas famílias A, o número da família indica a quantidade de elétrons
na camada de valência. Elas recebem ainda nomes característicos.

– Famílias B
Os elementos dessas famílias são denominados genericamente elementos de transição. Uma parte deles ocupa o
bloco central da tabela periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), e apresenta seu elétron mais energético em subníveis d.

A outra parte deles está deslocada do corpo central, constituindo as séries dos lantanídeos e dos actinídeos.
Essas séries apresentam 14 colunas. O elétron mais energético está contido em subnível f (f1 a f14).
80 O esquema a seguir mostra o subnível ocupado pelo elétron mais energético dos elementos da tabela periódica.

PERÍODOS OU SÉRIES
Cada fila horizontal da tabela periódica constitui o que chamados de período ou série de elementos.
Cada período corresponde ao número de camadas eletrônicas existentes nos elementos que os constituem. Os
períodos são sete conforme pode ser observado no esquema abaixo.
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Períodos Camadas eletrônicas


1 1 (K)
2 2 (K, L)
3 3 (K, L, M)
4 4 (K, L, M, N)
5 5 (K, L, M, N, O)
6 6 (K, L, M, N, O, P)
7 7 (K, L, M, N, O, P)

LANTANÍDEOS E ACTINÍDEOS
As séries dos lantanídeos e dos actinídeos correspondem, respectivamente, aos apêndices embaixo da tabela.

#FicaDica
a) Lantânio (La) e Actíneo (Ac) não pertencem às séries.
b) Essas séries são chamadas Elementos de transição Interna.
c) Os lantanídeos também são chamados lantanoides ou terras-raras.
d) Os actinídeos também são chamados actinoides.
e) O uso dos termos “lantanoide” e “actinoide” foi reconhecido pela IUPAC.

CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS QUÍMICOS 81


Uma outra maneira de classificar os elementos pode ser feita relacionando o subnível energético de cada um.
Assim temos:
Elementos Subnível mais energético Localização
Representativos s ou p Grupos A e gases nobres
De transição d Grupos B
De transição interna f Lantanídeos e Actinídeos

Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas e químicas, em: me-
tais, ametais, semimetais, gases nobres e hidrogênio.
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– Gases nobres
Apresentam grande estabilidade, ou seja, possuem
pequena capacidade de se combinar com ou-
tros elementos.

– Elementos Cisurânicos
Apresentam número atômico inferior ao 92, sendo
portanto anteriores ao urânio na Tabela Periódi-
ca. São todos elementos naturais, encontrados na
superfície terrestre, com exceção dos quatros se-
SE LIGA! guintes, que são artificiais:
A linha vermelha, de acordo com sugestão da - Tecnécio (43)
Sociedade Brasileira de Química, separa os - Promécio (61)
metais dos ametais. Os elementos próximos à - Astato (85)
linha são conhecidos por semimetais. - Frâncio (87)

– Elementos Transurânicos
– Metais Apresentam número atômico superior ao 92, sendo
Os metais, em número de 84, são os elementos mais portanto posteriores ao urânio. São todos átomos
numerosos. Estão situados do centro para a es- de elementos químicos não naturais, mas que fo-
querda da Tabela Periódica. ram sintetizados, isto é, desenvolvidos em labora-
Características gerais: tório.
- Apresentam brilho metálico;
- São bons condutores de corrente elétrica; – Elementos radioativos
- Podem ser reduzidos a fios (ductibilidade) e lâminas Os elementos radioativos são aqueles cujos isótopos
(maleabilidade); mais abundantes encontram-se, na tabela, do po-
- Apresentam, geralmente, poucos elétrons (menos lônio em diante.
de 4) na na camada de valência;
- Tendem a perder elétrons em uma ligação química PROPRIEDADES APERIÓDICAS E PERIÓDICAS
(cátions); A tabela periódica pode ser utilizada para relacio-
82 - São sólidos à temperatura ambiente (25°C), com nar as propriedades dos elementos com suas estruturas
exceção do mercúrio (líquido). atômicas. Essas propriedades podem ser de dois tipos:
aperiódicas e periódicas.
– Ametais ou não-metais
São poucos (11 elementos). Estão situados à direita PROPRIEDADES APERIÓDICAS
da Tabela Periódica, uma família antes dos gases As propriedades aperiódicas são aquelas cujos va-
nobres. lores variam (crescem ou decrescem) à medida que o
Características gerais: número atômico aumenta e que não se repetem em
- Propriedades contrárias às vistas anteriormente; períodos determinados ou regulares. Exemplos: a massa
- Tendem a ganhar elétrons em uma ligação química atômica de um elemento sempre aumenta de acordo
(ânions); com o número atômico desse elemento, o calor especí-
- Podem ser gasosos ou líquidos à temperatura am- fico, a dureza, o índice de refração etc.
biente (25°C).
MASSA ATÔMICA
– Semimetais
São poucos (7) e estão situados na Tabela Periódica A massa atômica é a unidade de peso de átomos
entre os metais e os não metais. feita por comparação com uma grandeza padrão
Características gerais: (1/12 da massa de um átomo isótopo do carbono-12).
- Apresentam brilho metálico; Esta propriedade sempre aumenta de acordo com o
- Têm pequena condutibilidade elétrica; aumento do número atômico, sem fazer referência à lo-
- Fragmentam-se; calização do elemento na tabela periódica.
- Propriedades intermediárias às vistas anteriormente.

– Hidrogênio
Elemento atípico, pois possui a propriedade de se
combinar com metais, ametais e semimetais. Nas
condições ambientes, é um gás extremamente in-
flamável.
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CALOR ESPECÍFICO Exemplo:


O calor específico é a quantidade de calor que 1
grama de uma substância precisa absorver para au-
mentar sua temperatura em 1 °C, sem que haja altera-
ção no seu estado físico. O calor específico de um ele-
mento no estado sólido sempre diminui com o aumento
do número atômico.

DUREZA
A dureza é uma propriedade mecânica característi-
SE LIGA!
ca de materiais sólidos que representa a resistência des- Raio do átomo > raio do cátion
tes materiais ao risco ou à penetração quando pressio-
nados. Esta propriedade muito depende do estado em
que se encontra o material, bem como das forças de – Raio do ânion: quando um átomo ganha elétron,
ligação entre os seus átomos, moléculas ou íons. Quanto aumenta a repulsão da nuvem eletrônica, au-
maior é o número atômico, maior também é a dureza mentando o seu tamanho.
do elemento químico. Exemplo:

ÍNDICE DE REFRAÇÃO
O índice de refração é uma propriedade física des-
crita como sendo a razão entre a velocidade da luz em
dois meios diferentes (no ar e num corpo transparente
mais denso). Tal propriedade também aumenta com o
aumento do número atômico.

PROPRIEDADES PERIÓDICAS
As propriedades periódicas são aquelas que, à me-
dida que o número atômico aumenta, assumem valores
crescentes ou decrescentes em cada período, ou seja, SE LIGA!
repetem-se periodicamente. Exemplo: o número de elé- 83
Raio do átomo < raio do ânion
trons na camada de valência.
Vamos agora detalhar algumas propriedades perió-
dicas da Tabela.
ENERGIA DE IONIZAÇÃO
RAIO ATÔMICO A maior ou menor facilidade com que o átomo de
um elemento perde elétrons é importante para a de-
O raio atômico é uma propriedade periódica difícil
terminação do seu comportamento. Um átomo (ou íon)
de ser medida. Pode-se considerar que corresponde à
em fase gasosa perde elétron(s) quando recebe ener-
metade da distância (d) entre dois núcleos vizinhos de
gia suficiente. Essa energia é chamada de energia (ou
átomos do mesmo elemento químico ligados entre si.
potencial) de ionização.
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração
exercida pelo núcleo sobre o elétron mais afastado;
portanto, menor será a energia necessária para remo-
ver esse elétron.

SE LIGA!
RAIO IÔNICO Quanto maior o tamanho do átomo, menor
será a 1ª energia de ionização.
Quando um átomo ganha ou perde elétrons, trans-
forma-se em íon. Nessa transformação, há aumento ou
diminuição das dimensões do tamanho do átomo ini-
cial.
– Raio do cátion: Quando um átomo perde elétron, a
repulsão da nuvem eletrônica diminui, diminuindo
o seu tamanho. Inclusive pode ocorrer perda do
último nível de energia e quanto menor a quanti-
dade de níveis, menor o raio.
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Ao retirarmos o primeiro elétron de um átomo, ocorre – Eletronegatividade: a força de atração exercida


uma diminuição do raio. Por esse motivo, a energia ne- sobre os elétrons de uma ligação.
cessária para retirar o segundo elétron é maior. A eletronegatividade dos elementos não é uma
grandeza absoluta, mas, sim, relativa. Ao estudá-la,
AFINIDADE ELETRÔNICA (AE) OU ELETROAFINIDADE na verdade estamos comparando a força de atração
A Eletroafinidade é a energia liberada quando um exercida pelos átomos sobre os elétrons de uma liga-
átomo isolado, no estado gasoso, “captura” um elétron. ção. Essa força de atração tem relação com o raio atô-
X 0 (g) + e–  X– (g) + energia mico: quanto menor o tamanho do átomo, maior será
a força de atração, pois a distância núcleo-elétron da
ligação é menor. A eletronegatividade não é definida
A medida experimental da afinidade eletrônica é para os gases nobres.
muito difícil e, por isso, seus valores foram determinados
para poucos elementos. Veja na tabela abaixo alguns
valores conhecidos de eletroafinidade.

SE LIGA!
Numa família ou num período, quanto menor
o raio, maior a afinidade eletrônica. O cientista Linus Pauling propôs a seguinte escala de
valores para a eletronegatividade:

DENSIDADE
Conforme podemos observar no esquema abaixo,
ELETRONEGATIVIDADE E ELETROPOSITIVIDADE os elementos de maior densidade estão situados na par-
A eletronegatividade e a eletropositividade são duas te central e inferior da tabela periódica, sendo o ósmio
propriedades periódicas que indicam a tendência de (Os) o elemento mais denso (22,5 g/cm3).
84 um átomo, numa ligação química, em atrair elétrons
compartilhados. Ou ainda, podem representar a força
com que o núcleo atrai a eletrosfera.
– Eletropositividade: tendência que um átomo tem
de perder elétrons. É muito característico dos me-
tais. Pode ser também chamado de caráter metá-
lico. É o inverso da eletronegatividade.

SE LIGA! TEMPERATURA DE FUSÃO (TF) E TEMPERATURA DE EBU-


LIÇÃO (TE)
A eletropositividade aumenta conforme o raio
atômico aumenta.

Quanto maior o raio atômico, menor será a atração do


núcleo pelo elétron mais afastado, maior a facilidade do áto-
mo em doar elétrons, então, maior será a eletropositividade.
Os gases nobres também não são considerados, por
conta da sua estabilidade. VOLUME ATÔMICO
É o volume ocupado por uma quantidade fixa de nú-
mero de átomos.
#FicaDica
O volume atômico sempre se refere ao volume ocu-
A eletropositividade aumenta nas famílias, de pado por 6,02 x 1023 átomos, e pode ser calculado rela-
cima para baixo, e nos períodos, da direita para cionando-se a massa desse número de átomos com a
a esquerda. sua densidade.
Assim, temos:
O elemento mais eletropositivo é o frâncio (Fr), que
possui eletronegatividade 0,70.
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d) entre 12 e 24 nêutrons a mais que o número de pró-


tons.
e) entre 0 e 12 nêutrons a menos que o número de pró-
tons.

Resposta: Letra C. Os núcleos que estão sobre alinha


dos 50 prótons rebatem em aproximadamente entre
62 e 74 nêutrons, logo, o antimônio tem de 12 a 24 nêu-
trons a mais do que o número de prótons que é 50.

EXERCÍCIOS COMENTADOS LIGAÇÕES QUÍMICAS

1. (ENEM 2009) Os núcleos dos átomos são constituídos


Os átomos dificilmente ficam sozinhos na natureza.
de prótons e nêutrons, sendo ambos os principais
Eles tendem a se unir uns aos outros, formando assim
responsáveis pela sua massa. Nota-se que, na maioria
tudo o que existe hoje.
dos núcleos, essas partículas não estão presentes na
Alguns átomos são estáveis, ou seja, pouco reativos.
mesma proporção. O gráfico mostra a quantidade de
Já outros não podem ficar isolados, precisam se ligar
nêutrons (N) em função da quantidade de prótons (Z)
a outros elementos. As forças que mantêm os átomos
para os núcleos estáveis conhecidos.
unidos são fundamentalmente de natureza elétrica e
são chamadas de ligações químicas.
Toda ligação envolve o movimento de elétrons nas
camadas mais externas dos átomos, mas nunca atinge
o núcleo.

ESTABILIDADE DOS GASES NOBRES


De todos os elementos químicos conhecidos, apenas
6, os gases nobres ou raros, são encontrados na natureza
na forma de átomos isolados. Os demais se encontram
sempre ligados uns aos outros, de diversas maneiras, nas 85
mais diversas combinações.
Os gases nobres são encontrados na natureza na
forma de átomos isolados porque eles têm a última
camada da eletrosfera completa, ou seja, com 8
elétrons. Mesmo o hélio, com 2 elétrons, está completo
porque o nível K só permite, no máximo, 2 elétrons.
Regra do Octeto – Os elementos químicos devem
sempre conter 8 elétrons na última camada eletrônica
ou camada de valência. Na camada K pode haver no
máximo 2 elétrons. Desta forma os átomos ficam estáveis,
com a configuração idêntica à dos gases nobres.
A estabilidade dos gases nobres deve-se ao fato
de que possuem a última camada completa, ou seja,
com o número máximo de elétrons que essa camada
pode conter, enquanto última. Os átomos dos demais
elementos químicos, para ficarem estáveis, devem
adquirir, através das ligações químicas, eletrosferas
iguais às dos gases nobres.
Há três tipos de ligações químicas:
- Ligação iônica – perda ou ganho de elétrons.
O antimônio é um elemento químico que possui 50
- Ligação covalente – compartilhamento de elétrons.
prótons e possui vários isótopos ― átomos que só se dife-
- Ligação metálica – átomos neutros e cátions mer-
rem pelo número de nêutrons. De acordo com o gráfico,
gulhados numa “nuvem” de elétrons.
os isótopos estáveis do antimônio possuem
LIGAÇÃO IÔNICA
a) entre 12 e 24 nêutrons a menos que o número de pró-
A ligação iônica é resultado da alteração entre íons
tons.
de cargas elétricas contrárias (ânions e cátions). Esta
b) exatamente o mesmo número de prótons e nêutrons.
ligação acontece, geralmente, entre os metais e não
c) Estômago.entre 0 e 12 nêutrons a mais que o número
metais.
de prótons.
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Metais – 1 a 3 elétrons na última camada; tendência Cl–Cl


a perder elétrons e formar cátions. Elementos mais Fórmula Estrutural Plana
eletropositivos ou menos eletronegativos.
Não metais – 5 a 7 elétrons na última camada; Cl2
tendência a ganhar elétrons e formar ânions. Elementos Fórmula Molecular
mais eletronegativos ou menos eletropositivos. Então:
METAL + NÃO METAL → LIGAÇÃO IÔNICA Conforme o número de elétrons que os átomos
compartilham, eles podem ser mono, bi, tri ou
tetravalentes.
A ligação covalente pode ocorrer também entre
átomos de diferentes elementos, por exemplo, a água.
As ligações iônicas formam compostos iônicos que H 2O
são constituídos de cátions e ânions. Tais compostos Fórmula Molecular
iônicos formam-se de acordo com a capacidade
de cada átomo de ganhar ou perder elétrons. Essa
capacidade é a valência.

LIGAÇÃO COVALENTE Fórmula Estrutural


A ligação covalente geralmente é feita entre os
não metais e não metais, hidrogênio e não metais e
hidrogênio e hidrogênio. Esta ligação é caracterizada
pelo compartilhamento de elétrons.
O hidrogênio possui um elétron na sua camada de Fórmula de Lewis
valência. Para ficar idêntico ao gás nobre hélio, com
2 elétrons na última camada, ele precisa de mais um A água, no exemplo, faz três ligações covalentes,
elétron. Então, 2 átomos de hidrogênio compartilham formando a molécula H2O.
seus elétrons, ficando estáveis. O oxigênio tem 6 elétrons na última camada e
Nessa situação, tudo se passa como se cada precisa de 2 elétrons para ficar estável.
átomo tivesse 2 elétrons em sua eletrosfera. Os elétrons O hidrogênio tem 1 elétron e precisa de mais 1 para
pertencem ao mesmo tempo aos dois átomos, ou seja, se estabilizar.
86 os dois átomos compartilham os 2 elétrons. A menor Sobram ainda dois pares de elétrons sobre o átomo
porção de uma substância resultante de ligação de oxigênio.
covalente é chamada de molécula.
A ligação covalente pode ser representada de LIGAÇÃO METÁLICA
várias formas. Ligação metálica é a ligação entre metais e metais.
As fórmulas em que os elétrons aparecem indicados Formam as chamadas ligas metálicas.
pelos sinais . . ou x são chamadas de fórmula de Lewis No estado sólido, os metais se agrupam de forma
ou fórmula eletrônica. A fórmula eletrônica representa geometricamente ordenados, formando o retículo
os elétrons nas camadas de valência dos átomos. cristalino.
Quando os pares de elétrons são representados Na ligação entre átomos de um elemento metálico,
por traços (–) chamamos de fórmula estrutural plana, ocorre liberação parcial dos elétrons mais externos,
mostrando o número de ligações e quais átomos com a consequente formação de cátions, que formam
estão ligados. O traço representa o par de elétrons o retículo cristalino. Esses cátions têm suas cargas
compartilhados. estabilizadas pelos elétrons que foram liberados e
A fórmula molecular é a mais simplificada, mostrando que ficam envolvendo a estrutura como uma nuvem
apenas quais e quantos átomos têm a molécula. eletrônica. São dotados de um certo movimento e, por
Veja o exemplo: isso, chamados de elétrons livres.
H . . H (fórmula de Lewis ou eletrônica) Essa movimentação dos elétrons livres explica por
H – H (fórmula estrutural plana) que os metais são bons condutores elétricos e térmicos.
H2 (fórmula molecular) A consideração de que a corrente elétrica é um
fluxo de elétrons levou à criação da Teoria da Nuvem
Observe a ligação covalente entre dois átomos de Eletrônica ou Teoria do “Mar” de elétrons.
cloro: Pode-se dizer que o metal seria um aglomerado de
átomos neutros e cátions, mergulhados numa nuvem
ou “mar” de elétrons livres. Esta nuvem de elétrons
funcionaria como a ligação metálica, que mantém os
átomos unidos.
Devido a estas ligações e suas estruturas que os
Fórmula de Lewis ou Fórmula Eletrônica metais apresentam uma série de propriedades bem
características, como por exemplo o brilho metálico, a
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condutividade elétrica, o alto ponto de fusão e ebulição, É a ligação mais forte de todas, devido à
a maleabilidade, a ductilidade, a alta densidade e a alta eletropositividade do hidrogênio e à alta
resistência à tração. eletronegatividade do flúor, oxigênio e nitrogênio.
As ligas metálicas são a união de dois ou mais metais. De um lado, um átomo muito positivo e, do outro,
Às vezes com não-metais e metais. um átomo muito negativo. Isto faz com que a atração
entre estes átomos seja muito forte. Por isso, em geral
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES QUÍMICAS são sólidos ou líquidos. Exemplos: H2O, HF, NH3.
A eletronegatividade é a capacidade que um Uma consequência das pontes de hidrogênio que
átomo tem de atrair para si o par de elétrons que existem na água é a sua elevada tensão superficial. As
ele compartilha com outro átomo em uma ligação moléculas que estão no interior do líquido atraem e são
covalente. atraídas por todas as moléculas vizinhas, de tal modo
As medidas experimentais foram feitas pelo que as essas forças se equilibram.
cientista Linus Pauling, que criou uma escala de Já as moléculas da superfície só são atraídas pelas
eletronegatividade. moléculas de baixo e dos lados. Consequentemente,
De acordo com a diferença de eletronegatividade essas moléculas se atraem mais fortemente e criam
dos elementos, pode-se classificar a ligação covalente uma película parecida com uma película elástica na
em polar ou apolar. superfície da água.
= diferença de eletronegatividade Este fenômeno ocorre com todos os líquidos, mas
com a água acontece mais intensamente.
1. Ligação apolar ( =0) A tensão superficial explica alguns fenômenos, como
A diferença de eletronegatividade tem que ser igual por exemplo o fato de alguns insetos caminharem sobre
a zero. Geralmente, acontece em moléculas de a água, e a forma esférica das gotas de água.
átomos iguais.
2. Ligação polar ( ) 2. Dipolo-dipolo
A diferença de eletronegatividade tem que ser Esta interação intermolecular pode ser chamada
diferente de zero. Geralmente, acontece em também de dipolo-permanente ou dipolar.
moléculas de átomos diferentes. Ocorre em moléculas polares. É menos intensa que
3. Polaridade das moléculas as pontes de hidrogênio.
Durante as ligações químicas, podem sobrar elétrons Quando a molécula é polar, há de um lado um
do átomo central. Então: átomo mais eletropositivo e, do outro, um átomo mais
- molécula polar – quando não sobram elétrons do eletronegativo. 87
átomo central. Estabelece-se de modo que a extremidade negativa
- molécula apolar – quando sobram elétrons do do dipolo de uma molécula se orienta na direção da
átomo central. extremidade positiva do dipolo de outra molécula.
Exemplos: HCl, HBr, HI.
LIGAÇÕES INTERMOLECULARES
Os sólidos iônicos estão unidos por causa da forte 3. Forças de London
atração entre seus íons cátions e seus íons ânions. Esta interação intermolecular pode ser chamada
A maioria dos metais são sólidos à temperatura também de dipolo-induzido ou Forças de Van der Waals.
ambiente por causa da ligação metálica. É a interação mais fraca de todas e ocorre em molécu-
As substâncias que têm ligações covalentes podem las apolares. Neste caso, não há atração elétrica entre
ser, em temperatura ambiente, sólidas, liquidas ou estas moléculas. Deveriam permanecer sempre isoladas
gasosas. Isto mostra que as interações entre estas e é o que realmente acontece, porque em temperatura
moléculas podem ser maiores ou menores. ambiente estão no estado gasoso. São cerca de dez
Existem três tipos de interações intermoleculares. vezes mais fracas que as ligações dipolo-dipolo. A mo-
Elas servem somente para as substâncias que possuem lécula, mesmo sendo apolar, possui muitos elétrons, que
ligações covalentes. se movimentam rapidamente. Pode acontecer, em um
São elas: dado momento, de uma molécula estar com mais elétrons
- Pontes de hidrogênio ou ligações de hidrogênio; de um lado do que do outro. Esta molécula estará portan-
- Forças dipolo-dipolo, dipolo-permanente ou dipolar; to momentaneamente polarizada e, por indução elétrica,
- Forças de London, Forças de Van der Waals ou irá provocar a polarização de uma molécula vizinha (dipo-
dipolo-induzido. lo induzido), resultando uma fraca atração entre ambas.
Esta atração é a Força de London. Exemplos: Cl2, CO2, H2.
1. Pontes de hidrogênio Geralmente, usa-se a regra que semelhante
Esta interação intermolecular pode ser chamada dissolve semelhante. Isto quer dizer que solvente polar
também de ligações de hidrogênio. dissolve substância polar e que solvente apolar dissolve
É realizada sempre entre o hidrogênio e um átomo substância apolar.
mais eletronegativo, como flúor, oxigênio e nitrogênio. Mas nem sempre esta regra está correta. A água,
É característico em moléculas polares. Podem ser por exemplo, é uma substância polar e pode dissolver o
encontradas no estado sólido e liquido. álcool etílico, que é apolar.
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GEOMETRIA MOLECULAR
A geometria molecular explica como estão dispostos os átomos dentro da molécula.
Os átomos tendem a ficar na posição mais espaçada possível. Assim, conseguem adquirir estabilidade.
As geometrias moleculares são: linear, angular, trigonal plana, piramidal, tetraédrica, octaédrica, forma de T,
bipirâmide trigonal, gangorra ou tetraédrica distorcida, quadrado planar e pirâmide de base quadrática.
Veja as principais geometrias moleculares a seguir.

1. Linear
-Para moléculas diatômicas (com 2 átomos)
Polar – átomos diferentes: HCl    H – Cl 
Apolar – átomos iguais: H2    H – H

-Para moléculas triatômicas (com 3 átomos)


Apolares – sem sobra de elétrons do elemento central.
CO2       O – C – O 

2. Angular
-Para moléculas triatômicas
Polares – com sobra de elétrons.

3. Trigonal plana
-Para moléculas tetratômicas (com 4 átomos)
Apolares – sem sobra de elétrons.

4. Piramidal
-Para moléculas tetratômicas
Polares – com sobra de um par de elétrons.

5. Tetraédrica
-Para moléculas pentatômicas (com 5 átomos)
88 Apolares.

FUNÇÕES INORGÂNICAS

ÁCIDOS
De acordo com a teoria de Arrhenius, ácidos são todos os compostos moleculares que, ao se dissolverem em
água, apresentam os mesmos íons positivos, H+.

NOMENCLATURA DOS ÁCIDOS


Para efeito de nomenclatura, os ácidos são divididos em dois grupos:
- Hidrácidos;
- Oxiácidos.

1) Hidrácidos (HxE): Ácidos sem oxigênio.


Seus nomes são dados da seguinte maneira:

2) Oxiácidos: ácidos com oxigênio.


Uma das maneiras mais simples de dar nome a esses ácidos é a partir do nome e da fórmula dos ácidos-padrão
de cada família.
Com base nessas fórmulas e com a variação do número de átomos de oxigênio, determinam-se as fórmulas e
os nomes de outros ácidos, com o uso de prefixos e sufixos.
Observe:
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Alguns ácidos de um mesmo elemento têm os prefixos de seus nomes atribuídos em função de seu grau de
hidratação.

Grau de hidratação: Orto > Piro > Meta


O prefixo orto é dispensável.
Exemplo: (H3PO4):
- 2H3PO4 – 1 H2O: H4P2O7 (ácido pirofosfórico)
- 1H3PO4 – 1 H2O: HPO3 (ácido metafosfórico)

CLASSIFICAÇÃO DOS ÁCIDOS


Além da classificação baseada na presença de oxigênio na molécula, os ácidos podem ser classificados se-
gundo outros critérios:

-Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis:


Hidrogênio ionizável é aquele que está ligado a um átomo da molécula com eletronegatividade significativa- 89
mente maior que a sua, formando, assim, um polo positivo e um negativo dentro da molécula. Ao serem adicio-
nados na água, sofrerão força eletrostática pelos respectivos polos negativos e positivos da água, sendo, então,
separados por ela. Com isso, há a formação de cátions H+, ou seja, houve a ionização de hidrogênios.

#FicaDica
Nos hidrácidos todos os hidrogênios são ionizáveis, já nos oxiácidos, apenas aqueles que estão ligados a
átomos de oxigênio é que serão ionizáveis.

-Hidrácidos:

-Oxiácidos:

Em soluções aquosas, os ácidos podem liberar um ou mais íons H+ para cada molécula de ácido ionizado, e
cada íon H+ liberado corresponde a uma etapa de ionização.
Exemplo: a ionização do H2SO4:
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-Reagem com carbonatos e bicarbonatos, para pro-


duzir dióxido de carbono gasoso (CO2).
-As suas soluções aquosas conduzem eletricidade.

PRINCIPAIS ÁCIDOS E SUAS APLICAÇÕES NO COTI-


DIANO

-Grau De Ionização - Ácido fluorídrico — HF


O Grau de ionização de um ácido (α) consiste na Nas condições ambientes, é um gás incolor que tem
relação entre o número de moléculas ionizadas e a característica de corroer o vidro, quando em
o número total de moléculas dissolvidas. Para re- solução aquosa. Por esse motivo, em laboratórios,
alizar o cálculo dessa relação, usamos a seguinte deve ser guardado em frascos plásticos. É usado
equação: para fazer gravações em cristais e vidros.

- Ácido sulfídrico — H2S


O ácido sulfídrico é um gás venenoso, incolor, forma-
Comparando os graus de ionização temos: do na putrefação de substâncias orgânicas natu-
-Ácidos fortes: aqueles que possuem um grau de io- rais que contenham enxofre, sendo responsável
nização igual ou maior que 50%. Exemplos a 18°C: em grande parte pelo cheiro de ovo podre.
HCl (α = 92,5%), H2SO4 (α = 61%); Alguns animais como o gambá e a maritaca, liberam
-Ácidos moderados ou semifortes: seu grau de ioni- uma mistura de substâncias de odor desagradável, en-
zação é maior que 5% e menor que 50%. Exemplos tre as quais o H2S.
a 18°C: HF (α = 8,5%), H3PO4(α = 27%);
ÁCIDO SULFÚRICO (H2SO4)
-Ácidos fracos: possui grau de ionização igual ou me-
É o ácido mais importante na indústria e no labora-
nor que 5%. Exemplos a 18°C: HCN (α = 0,008%),
tório. É utilizado nas baterias de automóvel, consumido
H2CO3 (α = 0,18%).
em enormes quantidades em inúmeros processos indus-
Exemplo:
triais, como processos da indústria petroquímica, na fa-
De cada 100 moléculas de HCl dissolvidas, 92 molé-
bricação de corantes, tintas, explosivos e papel.
culas sofrem ionização:
É tambem usado na indústria de fertilizantes agríco-
92 las, permitindo a fabricação de produtos como os fosfa-
90 α= tos e o sulfato de amônio.
100
O ácido sulfúrico concentrado é um dos desidratantes
𝛂 =0,92% Ácido forte mais enérgicos. Assim, ele carboniza os hidratos de carbono
como os açúcares, amido e celulose; a carbonização é de-
vido à desidratação desses materiais; O ácido sulfúrico “des-
- Volatilidade trói” o papel, o tecido de algodão, a madeira, o açúcar e
Volatilidade é a capacidade das substâncias passa- outros materiais devido à sua enérgica ação desidratante.
rem do estado líquido para o gasoso em tempe- O ácido sulfúrico concentrado tem ação corrosiva sobre os
ratura ambiente. Desse modo, para classificar os tecidos dos organismos vivos também devido à sua ação
ácidos quanto à volatilidade é preciso considerar desidratante. Produz sérias queimaduras na pele. Por isso, é
os pontos de ebulição dos ácidos: necessário extremo cuidado ao manusear esse ácido.
-Ácidos voláteis: a grande maioria dos ácidos: HF, As chuvas ácidas em ambiente poluídos com dió-
HCl, HCN, H2S, HNO3 etc. xido de enxofre (SO2) contêm H2SO4 e causam grande
O ácido acético, componente do vinagre, é o ácido impacto ambiental.
volátil mais comum no nosso dia-a-dia. Ao abrir-
mos um frasco com vinagre, logo percebemos seu -Ácido clorídrico (HCl)
cheiro característico. O ácido clorídrico consiste no gás cloreto de hidrogê-
-Ácidos fixos: Os dois ácidos pouco voláteis mais co- nio dissolvido em água. Quando impuro, é vendi-
muns são o H2SO4 e o H3PO4. do com o nome de ácido muriático, sendo usado
principalmente na limpeza de pisos e de superfí-
PROPRIEDADES DOS ÁCIDOS cies metálicas antes do processo de soldagem.
O sabor azedo é uma das características comuns O ácido clorídrico também pode ser encontrado em
aos ácidos. nosso próprio organismo, estando presente no suco
Vamos abordar agora outras propriedades apresen- gástrico do estômago, produzido pelas células parie-
tadas por eles e que nos permitem identificá-los: tais, cuja ação é ajudar na digestão dos alimentos.
-Causam mudanças de cor nos corantes vegetais
(por exemplo: alteram a cor da tintura azul de tor- -Ácido cianídrico (HCN)
nesol, de azul para vermelho). É um ácido extremamente tóxico. Este gás foi utili-
-Reagem com certos metais (como o zinco, o mag- zando contra os judeus durante a segunda guerra
nésio e o ferro) produzindo hidrogênio gasoso. mundial para a execução da pena de morte.
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-Ácido acético (CH3-COOH) Hidróxido de + nome do cátion + carga do cátion


É o ácido do vinagre, e, como sua fórmula nos indi- Ou
ca, trata-se de um ácido orgânico, à exceção da maio- Hidróxido de + nome do cátion + ICO (carga maior)
ria dos ácidos, inorgânicos. Hidróxido de + nome do cátion + OSO (carga me-
nor)
-Ácido nítrico (HNO3)
Depois do ácido sulfúrico, é o ácido mais fabricado e Exemplo:
mais consumido na indústria. É usado na fabricação de -Ferro:
explosivos como o trinitrotolueno (TNT) e a nitroglicerina Fe2+ Fe(OH)2 = Hidróxido de ferro (II) ou hidróxido fer-
(dinamite); é muito útil para a indústria de fertilizantes roso.
agrícolas, permitindo a obtenção do salitre. Fe3+: Fe(OH)3 = Hidróxido de ferro (III) ou hidróxido fér-
O ácido nítrico concentrado é um líquido muito vo- rico.
látil; seus vapores são muito tóxicos. É um ácido muito
corrosivo e, assim como o ácido sulfúrico, é necessário CLASSIFICAÇÃO DAS BASES
muito cuidado para manuseá-lo.
-Quanto ao número de hidroxilas (OH-)
-Ácido fosfórico (H3PO4)
- Os seus sais (fosfatos) têm grande aplicação como Classificação Número de Exemplos
fertilizantes na agricultura; hidroxilas
-É usado como aditivo em alguns refrigerantes. (OH-)
BASES Monobase 1 OH- NaOH, LiOH, NH4OH
Antes da teoria de Arrhenius, as bases eram determi- Dibase 2 OH- Ca(OH)2, Fe(OH)2
nadas por uma série de propriedades comuns, como:
Tribase 3 OH -
Al(OH)3, Fe(OH)3
-Sabor adstringente, isto é, “que amarra na boca”;
-Tornar a pele lisa e escorregadia; Tetrabase 4 OH -
Sn(OH)4, Pb(OH)4
-Tornar azul o papel de tornassol róseo;
-Conduzir corrente elétrica. - Classificação quanto à força
Após as contribuições de Arrhenius, foi possível en- Fracas: possui grau de dissociação iônica inferior a
tender que essas propriedades comuns se devem ao íon 5%, é o caso do NH4 e dos metais em geral (desde que
negativo OH- (hidroxila ou hidróxido), presente em todas estes não sejam alcalinos ou alcalinos terrosos) 91
as bases. Fortes: possui grau de dissociação iônica de pratica-
Os hidróxidos metálicos são compostos iônicos, e por mente 100%, é o caso das bases de metais alcalinos e
isso, quando se dissolvem em água, há dissociação iô- metais alcalinos terrosos, exceto os hidróxidos de berílio
nica. Na época de Arrhenius acreditava-se que esses e magnésio.
hidróxidos eram formados por moléculas e que a água
separava-se em íons. Por ser iônica, essa dissociação
pode ser esquematizada como: Tipo de base Força básica
De metais alcalinos Fortes e solúveis
De metais alcalinoter- Fortes e parcialmente so-
rosos lúveis,

Exceto a de magnésio,
que é fraca
SE LIGA! Demais bases Fracas e praticamente
Base é toda substância que, em solução insolúveis
aquosa, sofre dissociação, liberando como
único tipo de ânion o OH–. - Quanto à Solubilidade em água
O esquema a seguir mostra a variação genérica da
NOMENCLATURA DAS BASES solubilidade das bases em água.
O nome das bases é obtido a partir da seguinte re-
gra:

Quando um mesmo elemento forma cátions com dife-


rentes eletrovalências (cargas), acrescenta-se ao final do
nome, em algarismos romanos, o número da carga do íon.
Outra maneira de dar nome é acrescentar o sufi-
xo -oso ao íon de menor carga, e -ico ao íon de maior
carga.
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Solúveis: NH4OH e as bases de metais alcalinos (da misturadas à água. A esse líquido damos o nome
família 1ª) de suspensão, sendo conhecido também por leite
Pouco solúveis: as bases de metais alcalinos terrosos de magnésia, cuja principal aplicação consiste no
(da família 2ª) uso como antiácido e laxante.
Praticamente insolúveis: as demais
- Hidróxido de amônio (NH4OH)
PROPRIEDADES DAS BASES É obtido ao se borbulhar amônia (NH3) em água,
conforme a reação abaixo:
-Reações com ácidos NH3+ H2O ↔ NH4+ (aq) + OH- (aq)
Como já sabemos:
Assim, não existe uma substância hidróxido de amô-
nio, mas sim soluções aquosas de amônia interagindo
Assim, se misturarmos um ácido e uma base, os íons com a água, originando os íons amônio (NH4+ ) e hidró-
H+ e OH– interagem, produzindo água (H2O). Essa xido (OH-).
reação é denominada neutralização. O cátion da O hidróxido de amônio é conhecido comercialmen-
base e o ânion do ácido darão origem a um sal, te por amoníaco, sendo muito utilizado na produção de
num processo chamado salificação. ácido nítrico para a produção de fertilizantes e explosi-
vos.
-Ação sobre indicadores Ele também é usado em limpeza doméstica, na pro-
Tanto os ácidos como as bases alteram a cor de um dução de compostos orgânicos e como gás de refrige-
indicador. A maioria dos indicadores usados em ração.
laboratório são encontrados na natureza, como
repolho roxo, beterraba, pétalas de rosas verme- TEORIA MODERNA DE ÁCIDO E BASE (BRÖNSTED-LO-
lhas, chá-mate, amoras etc., sendo sua extração WRY)
bastante fácil. Foi proposta de forma independente por G. Lewis,
por T. Lowry e por J. Brønsted. Mas foi Brønsted um dos
PRINCIPAIS BASES E SUAS APLICAÇÕES NO COTIDIA- que mais contribuiu para o seu desenvolvimento.
NO Essa teoria é chamada de teoria protônica porque
se baseia na transferência de prótons, iguais ao íon H+,
-Hidróxido de sódio — NaOH o núcleo do hidrogênio, mas que ao ser chamado de
92 O hidróxido de sódio é popularmente conhecido próton, ajuda a diferenciar da teoria de Arrhenius. Além
como soda cáustica, cujo termo cáustica significa disso, nessa teoria não há necessidade da presença de
que pode corroer ou, de qualquer modo, destruir água.
os tecidos vivos. É um sólido branco, cristalino e hi- Segundo essa teoria:
groscópico, ou seja, tem a propriedade de absor- “Ácido é toda espécie química, íon ou molécula ca-
ver água. Por isso, quando exposto ao meio am- paz de doar um próton, enquanto a base é capaz de
biente, ele se transforma, após certo tempo, em receber um próton”
um líquido incolor. As substâncias que têm essa Exemplos de ácidos e bases segundo a teoria de
propriedade são denominadas deliquescentes. Brønsted e Lowry:
Quando preparamos soluções concentradas dessa
base, elas devem ser conservadas em frascos plás- NH3+ HCℓ → NH4+ + Cℓ-
ticos, pois lentamente reagem com o vidro. Tais base ácido ácido base
soluções também reagem com óleos e gorduras forte forte fraco fraca
e, por isso, são muito utilizadas na fabricação de
sabão e de produtos para desentupir pias e ralos. Observe que a amônia (NH3) é base porque ela re-
cebe um próton (H+) do ácido clorídrico (HCℓ).
-Hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 Nessa teoria, a reação de neutralização seria uma
É popularmente conhecido como cal hidratada ou transferência de prótons entre um ácido e uma base,
cal extinta ou cal apagada; como a reação explica acima.
- É utilizado na construção civil no preparo da arga- Apesar de ser uma teoria que também permitiu o es-
massa, usada na alvenaria, e na caiação (pintura tudo e desenvolvimento de várias áreas e de ser uma
a cal) o que fazem os pedreiros ao preparar a ar- definição bastante utilizada e atual, ela também tinha
gamassa. uma limitação: não permitia prever o caráter ácido ou
o caráter básico de espécies químicas sem a presença
-Hidróxido de magnésio — Mg(OH)2 de hidrogênio.
O hidróxido de magnésio é um sólido branco, pouco
solúvel em água. Quando dissolvido em água, a SAL
uma concentração de aproximadamente 7% em Sal é um composto resultante da reação de neutra-
massa, o hidróxido de magnésio origina um líquido lização mútua entre um ácido e uma base. Assim, o cá-
branco e espesso que contém partículas sólidas tion da base e o ânion do ácido formam o sal.
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Ácido + Base  Sal + H2O REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO


Quando misturamos um ácido e uma base, ocorrem
Conceito teórico segundo Arrhenius: É todo o com- as reações de neutralização de modo que o pH do meio
posto iônico que possui, pelo menos, um cátion diferen- é neutralizado e se produz água e um sal. Nessa reação
te do H+ e um ânion diferente do OH-. Exemplos: o ácido libera cátions H+ que se juntam aos ânions OH-
NaCl ou Na+Cl- liberados pela base e, assim, formam-se as moléculas de
HCl + NaOH → NaCl + H2O água. O sal é então formado pela união do ânion do
Ácido Base Sal Água ácido com o cátion da base.
Assim, temos:
FORMULAÇÃO DE UM SAL HA + BOH → H2O + BA
Os sais são substâncias neutras formadas a partir da Ácido Base Água Sal
ligação entre o ânion de um ácido e o cátion de uma
base. Assim, para que ocorra a igualdade de cargas -Neutralização total
positivas e negativas, basta inverter as cargas dos íons Ocorre quando a quantidade de cátions H+ prove-
pelos seus índices no sal. O índice é, na fórmula unitária, nientes do ácido é igual à quantidade de ânions
o número que vem subscrito (no canto inferior direito) do OH- provenientes da base. Nesse tipo de reação
elemento ou do grupo de elementos, conforme mostra- são sempre formados sais neutros. Dessa forma, a
do na fórmula a seguir: reação ocorre entre ácidos e bases em que am-
bos são fracos ou, então, ambos são fortes.

Exemplos:
-Reações entre ácidos e bases fortes:
HCl + NaOH → NaCl + H2O
Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon
H+ e cada molécula da base produziu também
Observe que o valor da carga do cátion torna-se o apenas 1 íon OH-.
índice do ânion, enquanto a carga do ânion torna-se 3 HCl + Al(OH)3 → Al(Cl)3 + 3H2O
o índice do cátion. Observe também que é somente o Cada molécula do ácido produziu 3 íons H+ e cada mo-
valor da carga que é invertido, os sinais negativos e po- lécula da base produziu também apenas 3 íons OH-.
sitivos não vão para o índice.
Exemplo: -Reações entre ácido e base fracos: 93
-Nitrato de potássio: 2 HNO3 + Mg(OH) 2 → Mg(NO3)2 + 2 H2O
K+ + NO3-: KNO3 Cada molécula do ácido produziu 2 íons H+ e cada
molécula da base produziu também apenas 2 íons
Observe que tanto o índice quanto a carga são OH-.
iguais a 1, logo, não precisam ser escritos. HCN + NH4OH → NH4CN+ H2O
Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon
FORMULAÇÃO DO SAL A PARTIR DE SEU NOME H+ e cada molécula da base produziu também
Para se determinar a fórmula do sal a partir do seu apenas 1 íon OH-.
nome, segue-se os seguintes passos:
Exemplo: Sulfato de ferro-III -Neutralização parcial
1º Passo: determinar a fórmula do ácido e da base Ocorre quando a quantidade de cátions H+ s do
que originaram o sal. ácido não é a mesma quantidade de ânions OH-
Ânion sulfato ác. sulfúrico = H2SO4 da base. Assim, a neutralização não ocorre por
Cátion ferro-III hidróxido de ferro-III = Fe(OH)3 completo e, dependendo de quais íons estão em
maior quantidade no meio, o sal formado pode
2º Passo: a partir das fórmulas do ácido e da base, de- ser básico ou ácido.
termina-se a carga do cátion base e do ânion do ácido.
H2SO4 = SO42- Ânion sulfato Exemplo:
Fe(OH)3 = Fe3+ Cátion ferro-III HCl + Mg(OH)2 → Mg(OH)Cl + H2O
No exemplo acima, o ácido libera apenas 1 cátion
3º Passo: juntar o cátion da base com o ânion do áci- H+ e a base libera 2 ânions OH-. Assim, os ânions OH- não
do. são neutralizados totalmente e é formado um sal básico,
que também é chamado de hidroxissal.
Fe3+ SO42- H3PO4 + NaOH → NaH2PO4 + H2O
Nesse exemplo, o ácido liberou mais íons (3) que a
4º Passo: inverter as cargas dos íons para que a soma base (1). Portanto, os cátions H+ não foram totalmente
das cargas se anule. neutralizados e um sal ácido foi originado, que também
é denominado de hidrogenossal.
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Os sais ácidos também podem ser formados atra- 1) Determinação da fórmula a partir do nome do sal.
vés de reações de neutralização entre um ácido forte Exemplo: carbonato de cálcio
(HCl, HNO3, HClO4 etc.) e uma base fraca (NH3, C6H5NH2 Ânion: carbonato — CO2–3
- anilina - etc.). Por outro lado, os sais básicos podem Cátion: sódio — Na+
ser formados em reações de neutralização entre um
ácido fraco (CH3COOH, HF, HCN etc.) e uma base forte
(NaOH, LiOH, KOH etc.).
-Reação entre ácido forte e base fraca→ Sal de ca-
ráter ácido: 2) Determinação do nome a partir da fórmula do sal.
HNO3 + AgOH → AgNO3 + H2O Exemplo: Fe2(SO4)3
-Reação entre ácido fraco e base forte→ Sal de ca- Cátion: Fe3+
ráter básico: Ânion: SO2–
2H3BO3 + 3 Ca(OH)2 → Ca3(BO3)2 + 6 H2O

NOMENCLATURA DOS SAIS


A nomenclatura dos sais é obtida a partir da nomen- Assim, o nome do sal é sulfato de ferro III ou sulfato
clatura do ácido que originou o ânion participante do férrico.
sal, pela mudança de sufixos. Assim, temos:
Sufixo do ácido -ídrico -ico -oso CLASSIFICAÇÃO DOS SAIS
A classificação dos sais é realizada de acordo com
Sufixo do ânion -eto -ato -ito a natureza ou tipo de íons que os constituem. Dessa for-
ma, os sais inorgânicos são classificados em neutros (nor-
Para determinar os nomes dos sais, pode-se utilizar o mais), ácidos (hidrogeno sal) e básicos (hidroxi sal).
seguinte esquema:
Nome do sal ⇒ nome do ânion de nome do cátion 1) A natureza dos íons
Sal neutro (normais)
Exemplos: É o sal resultante de uma reação entre uma base e
um ácido fortes ou entre uma base e um ácido fracos.
Este é o sal cujo ânion não possui H ionizável e é diferente
de OH-. Resulta de uma reação de neutralização total.
94 Exemplos:
-NaCl: cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio,
NaOH, uma base forte); ânion → Cl- (vem do ácido
clorídrico, HCl, um ácido forte).
-Na2SO4: cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio,
Uma outra forma de dar nomes aos sais é consultan- NaOH, uma base forte); ânion → SO42- (vem do
do as tabelas de cátions e ânions. Nas tabelas a seguir, ácido sulfúrico, H2SO4, um ácido forte).
apresentamos alguns deles: -NH4CN: cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amô-
nio, NH4OH, uma base fraca); ânion → CO3-2 (vem
Ânions do ácido cianídrico, HCN, um ácido fraco).
Esses sais são considerados neutros porque, quando
Acetato: H3C- Bicarbonato: Bissulfato: HSO4- eles são adicionados à água, o pH do meio não sofre
COO- HCO3- nenhuma alteração. Além disso, eles não liberam em
Brometo: Br- Carbonato: Cianeto: CN- solução aquosa o cátion H+, que indica acidez, e nem o
CO32- ânion OH-, que indica basicidade.
Cloreto: Cl- Floreto: F- Fosfato: PO43-
Hidrogeno sal (Sal ácido)
Hipocloreto: ClO- Iodeto: I- Nitratp: NO3- É o sal cujo ânion tem um ou mais H ionizáveis e não
Nitrito: NO2- Permanganato: Pirofosfato: apresenta o ânion OH- Resulta de uma neutralização
MnO4- P2O74- parcial do ácido.
Exemplos:
Sulfato: SO2-4 Sulfeto: S2- Sulfito: S2-
-NH4Cl(s): cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amô-
nio, NH4OH, uma base fraca); ânion → Cl- (vem do
Cátions ácido clorídrico, HCl, um ácido forte).
+1 Li Na+, K+, Ag+, NH4+, Cu+
+, -Al2(SO4)3: cátion → Al3+ (vem do hidróxido de alumí-
nio, Al(OH)3, uma base fraca); ânion → SO42- (vem
+2 Mg2+, Ca2+, Ba2+, Zn2+, Cu2+, Fe2+ do ácido sulfúrico, H2SO4, um ácido forte).
+3 Al3+, Fe3+ -NH4NO3: cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amô-
nio, NH4OH, uma base fraca); ânion → NO3- (vem
Exemplos de como utilizar as tabelas: do ácido nítrico, HNO3, um ácido forte).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Hidróxi sal (Sal básico) Bicarbonato de sódio – NaHCO3 (hidrogenocarbo-


É o sal cujo ânion não apresenta H ionizável e no nato de sódio)
qual, além desse ânion há o OH-. Resulta da neutraliza- É um sal branco é usado principalmente em antiáci-
ção parcial da base. dos estomacais, pois ele reage com o ácido clorídrico
Exemplo: (HCl) presente no suco gástrico e neutraliza o meio:
-NaOOCCH3:
Cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, NaHCO3 + HCl → NaCl + H2O + CO2
uma base forte); Ele também é muito usado como fermento de bolos,
Ânion → CH3COO– (vem do ácido etanoico, CH- pães e biscoitos, pois sua decomposição libera o CO2
3
COOH, H2CO3, um ácido fraco). que faz a massa crescer. Além disso, é usado em extinto-
No exemplo acima, o ânion acetato (CH3COO–) hi- res de incêndios, em cremes dentais para clareamento
drolisa-se em meio aquoso e forma o ácido acético e dos dentes, em balas e gomas de mascar que “explo-
íons hidroxila (OH–), o que torna a solução básica. dem” na boca e em talcos e desodorantes.

2) Solubilidade dos sais Fluoreto de sódio – NaF


O estudo da solubilidade dos sais determina se um Anticárie que entra na composição do creme dental
sal se dissolverá ou não em água. Assim, um sal e também na fluoretação da água potável, pois inibe
pode ser classificado em solúvel ou praticamente o processo de desmineralização dos dentes, conferindo
insolúvel. proteção contra a ação das cáries.
-Sal solúvel (sal que apresenta boa solubilidade em
água): Sulfato de cálcio — CaSO4
-Sal praticamente insolúvel (sal que se dissolve em Este sal pode ser encontrado na forma de sal anidro,
quantidade extremamente desprezível em água, ou seja, sem água (CaSO4), ou de sal hidratado, isto é,
mas ocorre algum tipo de dissolução, por menor com água (CaSO4.2 H2O), sendo essa forma conhecida
que seja): por gipsita.

Para determinar a solubilidade dos sais em água, Sulfato de magnésio – MgSO4


basta conhecer o ânion presente no sal. Veja as regras É conhecido como sal amargo ou sal de Epsom. Utili-
que se dirigem aos tipos de ânions: zado em Medicina como purgativo ou laxante.
-Nitrato (NO3-) e Nitrito (NO2-): todo sal que apresenta
esses ânions são solúveis; Sulfato de bário – BaSO4 95
-Carbonato (CO3-2), Fosfato (PO4-3) e Sulfeto (S-2): so- É conhecido como contraste, pois atua como meio
lúvel apenas com elementos da família IA e com opaco na radiografia gastrointestinal
o NH4+;
-Halogenetos (F-, Cl-, Br-, I-): com os cátions Ag+ Cu+, - Carbonato de sódio – Na2CO3
Hg2+2 e Pb+2 são insolúveis; Este sal é popularmente conhecido como soda ou
-Acetato (H3C2O2-): com os cátions Ag+ e Hg2+2 são in- barrilha. Sua a principal aplicação é na produção de
solúveis; vidro, segundo a seguinte reação:
-Sulfato (SO4-2): com os cátions Ag+, metais alcalino- barrilha + calcário + areia → vidro comum + gás car-
terrosos (IIA, com exceção do magnésio), Hg2+2 e bônico
Pb+2 são insolúveis; Na2CO3 + CaCO3 + SiO2 → silicatos de sódio e cálcio
+ gás carbônico
Qualquer outro ânion: solúvel apenas com elemen- Outras aplicações desse sal são: na produção de
tos da família IA e com o NH4-. corantes, no tratamento de piscinas, na produção de
sabão e detergentes, de papel e celulose, nas indústrias
APLICAÇÕES DOS SAIS NO COTIDIANO têxteis e siderúrgicas.
- Nitrato de sódio – NaNO3
Cloreto de sódio — NaCl Também conhecido como salitre do Chile é encon-
Sal obtido pela evaporação da água do mar. É o trado em abundância em grandes depósitos na-
principal componente do sal de cozinha, usado na nos- turais nos desertos chilenos. É muito empregado
sa alimentação. No sal de cozinha, além do NaCl, exis- para produzir fertilizantes e na fabricação de pól-
tem outros sais, como os iodetos ou iodatos de sódio e vora negra. É também usado como conservante
potássio (NaI, NaIO3; KI, KIO3), cuja presença é obriga- de carnes enlatadas e defumadas.
tória por lei. Sua falta pode acarretar a doença denomi- - Sulfato de cálcio – CaSO4
nada bócio, vulgarmente conhecida como papo. Na forma anidra (sem água) é usado como matéria-
O sal de cozinha pode ser utilizado na conservação -prima do giz; já na forma hidratada é conhecido
de carnes, de pescados e de peles. Na Medicina, é uti- como gesso, usado na construção civil e em imo-
lizado na fabricação do soro fisiológico, que consiste bilização ortopédica.
numa solução aquosa com 0,92% .de NaCl.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

ÓXIDOS 3) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um


Os óxidos são substâncias presentes no nosso dia-a- metal com a carga variável.
-dia. Um bom exemplo de óxido é o gás carbônico, ex-
pelido na respiração, principal responsável pelo efeito Óxido de + nome do metal + carga do metal
estufa. Ou
Definição :Óxido é todo composto binário que con- Óxido de+ nome do metal + ICO (carga maior)
tém oxigênio e no qual ele é o elemento mais eletrone- Óxido de + nome do metal + OSO (carga menor)
gativo.
Exemplos: Cl2O; SO2; CO2; NO; P2O; K2O; CaO; Fe2O3 Metais com carga variável:
O único elemento mais eletronegativo que o oxigê- -Ouro (Au1+ e Au3+)
nio é o flúor; por isso o OF2, não é um óxido, mas sim, um -Cobre (Cu1+ e Cu2+)
fluoreto de oxigênio . - Ferro (Fe2+ e Fe3+)
- Chumbo (Pb2+ e Pb4+)
NOMENCLATURA Exemplos:
Regra geral: Au2O3 → óxido de ouro-III ou áurico
Cu2O → óxido de cobre-I ou cuproso
1) Para um óxido ExOy: PbO2 → óxido de chumbo-IV ou plúmbico

CLASSIFICAÇÃO DOS ÓXIDOS


Os óxidos são classificados em função do seu com-
portamento na presença de água, bases e ácidos.

-Óxidos Básicos
São óxidos com caráter básico. São iônicos e o ânion
é O2-. As reações dos óxidos básicos com água e ácidos
podem ser esquematizados da seguinte maneira:

Os prefixos mono, di, tri, etc. indicam os valores de x e


y na fórmula do óxido. O prefixo mono diante do nome E
é comumente omitido.
96
Fórmula Nome do óxido
molecular
CO Monóxido de monocarbono ou
monóxido de carbono Exemplo 1:

CO2 Dióxido de monocarbono ou dió-


xido de carbono
N2O3 Trióxido de dinotrogênio
Fe3O4 Tetróxido de triferro Exemplo 2:

2) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um


metal com a carga fixa.
Metais com carga fixa:
-Metais alcalinos (1A) e Ag = +1
-Metais alcalinos terrosos (2A) e Zn = +2
- Alumínio = +3 -Óxidos Ácidos
Óxidos ácidos apresentam caráter covalente e ge-
Exemplo: ralmente são formados por ametais. Estes óxidos tam-
Na2O → óxido de sódio bém chamados de anidridos e reagem com a água for-
Al2O3 → óxido de alumínio mando um ácido ou reagem com uma base e dando
Para montar a fórmula do óxido a partir do nome, é origem a água e sal.
só lembrar a carga do metal, a carga do oxigênio -2 e
fazer com que a soma das cargas se anule. Exemplos:
Óxido de lítio → Li1+O2- invertendo as cargas: Li2O
Óxido de prata → Ag1+O2-, invertendo as cargas:
Ag2O
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3-

Óxido de alumínio (Al2O3)


O óxido de alumínio constitui o minério conhecido
como bauxita (Al2O3.2H2O) ou alumina (Al2O3). É tam-
bém empregado na obtenção do alumínio e como
pedras preciosas em joalherias (rubi, safira, esmeralda,
topázio, turquesa, etc.).
Exemplo1:
Óxido de silício – (SiO2)
Este óxido é conhecido comercialmente como sílica.
É o constituinte químico da areia, considerado o óxido
Exemplo 2: mais abundante da crosta terrestre. Apresenta-se nas va-
riedades de quartzo, ametista, ágata, ônix, opala, etc;
Utilizado na fabricação do vidro, porcelana, tijolos refra-
tários para fornos, argamassa, lixas, fósforos, saponáceos.

-Óxidos Neutros -Óxido de cálcio (CaO)


São óxidos que não reagem com água, base ou áci- Na preparação da argamassa, a cal viva ou virgem
do. (CaO) é misturada à água, ocorrendo uma reação que
São basicamente três óxidos: CO3, NO3, N2O. libera grande quantidade de calor:

-Óxidos Anfóteros
São óxidos que podem se comportar tanto como óxi-
do básico quanto óxido ácido.
A cal virgem é obtida pelo aquecimento do CaCO3,
Exemplos:
que é encontrado na natureza como constituinte do
ZnO3 Al2O3, SnO, SnO2, PbO e PbO2.
mármore, do calcário e da calcita:
ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O
ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O
97
-Óxidos Duplos ou Mistos
Onde o solo é ácido, a cal viva é empregada para
Óxidos que se comportam como se fossem formados diminuir sua acidez.
por dois outros óxidos, do mesmo elemento quími-
co. Exemplos:
Fe3O4 → FeO + Fe2O3
Pb3O4 → 2PbO + PbO2 EXERCÍCIO COMENTADO
-Peróxidos 1. (ENEM 2009) O processo de industrialização tem gerado
Os peróxidos apresentam em sua estrutura o grupo sérios problemas de ordem ambiental, econômica e
(O2)2–. social, entre os quais se pode citar a chuva ácida. Os
Os peróxidos mais comuns são formados por hidro- ácidos usualmente presentes em maiores proporções na
gênio, metais alcalinos e metais alcalino-terrosos. água da chuva são o H2CO3, formado pela reação do
CO2 atmosférico com a água, o HNO3 , o HNO2 , o H2SO4 e
Exemplo: o H2SO3 . Esses quatro últimos são formados principalmente
-Peróxido de hidrogênio: H2O2 a partir da reação da água com os óxidos de nitrogênio e
É líquido e molecular. Quando dissolvido em água, de enxofre gerados pela queima de combustíveis fósseis.
origina uma solução conhecida como água oxigenada, A formação de chuva mais ou menos ácida depende
muito comum em nosso cotidiano. não só da concentração do ácido formado, como
também do tipo de ácido. Essa pode ser uma informação
APLICAÇÕES DOS ÓXIDOS NO COTIDIANO útil na elaboração de estratégias para minimizar esse
problema ambiental. Se consideradas concentrações
Dióxido de carbono (CO2) idênticas, quais dos ácidos citados no texto conferem
Também conhecido como gás carbônico, é um gás maior acidez às águas das chuvas?
incolor, inodoro, mais denso que o ar. Não é combustível
e nem comburente, por isso, é usado como extintor de a) HNO3 e HNO2.
incêndio.O CO2 é o gás usado nos refrigerantes e nas b) H2SO4 e H2SO3.
águas minerais gaseificadas. O gás carbônico é um óxi- c) H2SO3 e HNO2.
do de característica ácida, pois ao reagir com a água d) H2SO4 e HNO3.
produz ácido carbônico. e) H2CO3 e H2SO3.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Resposta: Letra D. No enunciado foi dito que, na água da chuva, são encontrados os seguintes ácidos:
H2CO3,HNO3,HNO2,H2SO4 e H2SO3, logo, em uma mesma concentração, podemos dizer que o ácido mais forte
dará uma maior acidez à água da chuva, no caso, o H2SO4 e HNO3.

EQUILÍBRIO IÔNICO DA ÁGUA

Medidas experimentais de condutibilidade elétrica e outras evidências mostram que a água, quando pura ou
quando usada como solvente, se ioniza numa extensão muito pequena, originando a condição de equilíbrio:
H2O(l) + H2O(l) H3O+ (aq) + OH–(aq)

As concentrações de íons H+ e OH– presentes no equilíbrio variam com a temperatura, mas serão sempre iguais
entre si:
Água pura ⇒ [H+] = [OH–]
A 25 ºC, as concentrações em mol/L de H+ e OH– na água pura são iguais entre si e apresentam o valor 10–7 mol L–1.
Água pura a 25 ºC ⇒ [H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1

PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA (KW)


Considerando o equilíbrio da água:
H2O(l) H+(aq) + OH–(aq)

A constante de ionização correspondente ao Kw e é expressa por:


Kw = [H+] . [OH–] a 25 ºC; Kw = (10–7) . (10–7) ⇒ Kw = 10–49

Na água, as concentrações de H+ e OH– são sempre iguais, independentemente da temperatura; por esse mo-
tivo, a água é neutra. Quaisquer soluções aquosas em que [H+] = [OH–] também serão neutras.
Em soluções ácidas ou básicas notamos que:
-Quanto maior a [H+] ⇒ mais ácida é a solução.
-Quanto maior a [OH–] ⇒ mais básica (alcalina) é a solução.
98
INDICADORES ÁCIDO-BASE
Existe uma escala da medida da acidez e basicidade das substâncias, denominada escala de pH, que é nu-
merada do 0 ao 14. O termo pH (potencial hidrogeniônico) foi introduzido em 1909, pelo bioquímico dinamarquês
Soren Peter Lauritz Sorensen (1868-1939), com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle de qualidade de
cervejas.
O esquema a seguir mostra uma relação ente os valores de pH e as concentrações de H+ e OH– em água, a 25 ºC.

Quanto menor o valor do pH, mais ácida é a substância. Quando maior for o pH, mais básica é a substância. O
valor 7, exatamente na metade da escala, indica as substâncias neutras ou seja, nem ácidas nem básicas.
Algumas substâncias naturais ou sintéticas adquirem coloração diferente em solução ácida e em solução bási-
ca. São os indicadores ácido-base, utilizados para reconhecer o caráter de uma solução. Como exemplo temos:-
fenolftaleína, papel de tornassol, alaranjado de metila, azul de bromotimol, repolho roxo, hortênsia, dentre outros.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

GRAU DE IONIZAÇÃO
Considere um ácido fraco genérico HkA. Ao dissolver
M mols desse ácido em água, de maneira que forme 1
litro de solução, a concentração em mol/L e a normali-
dade serão:
O grau de ionização do ácido é:
Podemos então observar que quem sofre a hidrólise
Logo, a quantidade em mols que ioniza = α . M. não é o sal, mas sim o íon NH4+ (da base fraca), liberan-
Considere o equilíbrio da ionização: do íons H+, que conferem à solução caráter ácido com
pH menor que 7.
2) Sal de Ácido Fraco e Base Forte
A concentração hidrogeniônica no equilíbrio final é:
n K. α. M
H+ = = α. K. M = α. N
v 1
Assim: [H+] = α . N ou [H+] = α . k . M
Sendo que k é o número de hidrogênios ionizáveis. Então ficamos com:

EFEITO DO ÍON COMUM


-Quando adicionado a um ácido (HA), um sal com o
mesmo ânion (A-) produz:
Diminuição do grau de ionização de HA ou enfra-
quecimento de HA;
Diminuição da [H+], portanto aumento do pH da solu- Observamos, então, que quem sofre a hidrólise, nes-
ção. O íon comum não altera a constante de ionização te caso, é o íon CN– (do ácido fraco), liberando íons OH–
do ácido. que conferem à solução caráter básico com pH maior
-Quando adicionado a uma base (BOH), um sal com que 7.
o mesmo cátion (B+) produz:
Diminuição do grau de ionização de BOH ou enfra- 3) Sal de Ácido Fraco e Base Fraca
quecimento de BOH;
Diminuição da [OH-], portanto diminuição do pH da 99
solução. O íon comum não altera a constante de ioni-
zação da base. Então ficamos com:

HIDRÓLISE DE SAIS

ACIDEZ E BASICIDADE DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DOS SAIS


Chamamos hidrólise salina a reação entre um sal e a
água, produzindo o ácido e a base correspondentes. A hi- Como tanto o ácido quanto a base são fracos, ocor-
drólise do sal é, portanto, a reação inversa da neutralização. re realmente a hidrólise do sal e não apenas de um dos
íons (como nos dois casos anteriores). Podemos concluir
que quem sofre hidrólise são os íons correspondentes ao
ácido e/ou base fracos. Neste caso, o meio pode ficar
ácido, básico ou neutro.
- O meio será ligeiramente ácido se a ionização do
ácido for maior que a da base (Ka > Kb);
Para simplificar a análise dos fenômenos da hidrólise - O meio será ligeiramente básico se a ionização do
salina, os sais são divididos em 4 tipos, a saber: ácido for menor que a da base (Ka < Kb).
- O meio será neutro se a ionização do ácido apre-
1) Sal de Ácido Forte e Base Fraca sentar mesma intensidade que a da base (Ka
Kb).

4) Sal de Ácido Forte e Base Forte

Assim ficamos com:

Então ficamos com:


Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Sendo o NaOH uma base forte, os íons Na+ não cap- EQUILÍBRIOS HETEROGÊNEOS
tam os íons OH– da água. Do mesmo modo, sendo o
HBr um ácido forte, os íons Br– não captam os íons H+ da PRODUTO DE SOLUBILIDADE (PS OU KPS)
água. Portanto, neste caso, não há hidrólise. A solução O equilíbrio químico pode ocorrer em sistemas con-
terá caráter neutro, com pH igual a 7. Concluímos que, tendo mais de uma fase, ou seja, em sistemas heterogê-
na solução salina, predomina sempre o caráter do mais neos. Esta situação pode ser encontrada em sistemas
forte. Quando o sal é formado por ácido/base de mes- onde ocorre a dissolução ou precipitação de sólidos.
ma força (2 fortes), a solução final é neutra.
CONSTANTE DO PRODUTO DE SOLUBILIDADE (PS OU KPS
OU KS)
Suponha uma solução do eletrólito A2B3, pouco so-
lúvel, em presença de seu corpo de chão (parte insolú-
vel). A parte que se dissolveu está sob a forma de íons
A+++ e B- -, enquanto a parte não-solúvel está na forma
não-ionizada A2B3. Existe, assim, um equilíbrio dinâmico
entre A2B3 e seus íons na solução, que pode ser represen-
tada pela equação:

Como todo equilíbrio, este também deve obedecer


à lei:

Grau de Hidrólise (αh) - Define-se o grau de hidrólise (


) de um sal como:
número de mols hidrolisados
𝛂𝐡 = Como a concentração de um sólido tem valor cons-
número de mols dissolvidos tante, o produto Ki . [A2B3] da fórmula acima também
100 é constante e é chamado de produto de solubilidade.
A variação de αh é: KPS = [A3+]2 . [B2-]3
0 < αh < 1 ou 0% < αh < 100%
Portanto, o produto de solubilidade (Kps ou PS) é o
Constante de Hidrólise (Kh) - Para os equilíbrios quí- produto das concentrações molares dos íons existentes
micos das reações de hidrólise, define-se uma constan- em uma solução saturada, onde cada concentração é
te de equilíbrio chamada constante de hidrólise (Kh). elevada a um expoente igual ao respectivo coeficiente
Dado o equilíbrio de hidrólise: do íon na correspondente equação de dissociação.
A expressão do Kps é utilizada somente para soluções
saturadas de eletrólitos considerados insolúveis, porque
a concentração de íons em solução é pequena, resul-
A constante de hidrólise será: tando em soluções diluídas. Quanto mais solúvel o ele-
trólito, maior a concentração de íons em solução, maior
o valor de Kps; quanto menos solúvel o eletrólito, menor a
concentração de íons em solução, menor o valor de Kps,
desde que as substâncias comparadas apresentem a
mesma proporção entre os íons. Quando as substâncias
comparadas possuem proporção em íons diferentes, a
Observação: A água não entra na expressão porque mais solúvel é aquela que apresenta maior solubilidade.
é o solvente e sua concentração molar é praticamente Observação:
constante. - Os valores do Kps permanecem constantes somen-
Assim: te em soluções saturadas de eletrólitos pouco so-
lúveis.
- Se a dissociação iônica for endotérmica e aumen-
tarmos a temperatura, este aumento acarretará
Onde p e r são os coeficientes da equação. em um aumento de solubilidade, portanto, o valor
Lembre-se: a água não entra na expressão e a Kh é do Kps aumentará. Se a dissolução for exotérmica
obtida sempre a partir da equação iônica de hidrólise. acontecerá o contrário. Podemos então concluir
que a temperatura altera o valor do Kps.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

SOLUÇÃO TAMPÃO (Na solução predominam fórmulas da base BOH)


Considere as seguintes situações: - Dissociação total do sal: BA → B+ + A-
(Na solução predominam íons B+ e A-)

Observação: Note que o íon B+ é comum à base e


ao sal. Ao juntarmos a esta solução uma base forte, esta
irá liberar íons OH-, que serão consumidos pelo equilíbrio.
Como consequência, este equilíbrio desloca-se para
a esquerda, e com isso a basicidade da solução não au-
menta e o pH não sofre variação significativa. Perceba
que não irá faltar o íon B+ para que o equilíbrio acima se
desloque para a esquerda, uma vez que a dissociação
do sal BA → B+ + A- fornece uma boa reserva deste íon.
Se juntarmos à solução tampão um ácido qualquer,
este irá se ionizar colocando íons H+ em solução. Estes
íons H+ serão consumidos pelos íons OH- resultantes da
dissociação da base e, desta forma, a acidez não au-
menta e o pH praticamente não varia.
H+ + OH- → H2O

Perceba que não irão faltar íons OH- para reagir com
o H+ do ácido, pois a base BOH é fraca, e o estoque
de fórmulas BOH que continuará se dissociando e for-
necendo OH- é muito grande. Desta forma, consegui-
mos compreender que a solução tampão só resistirá às
variações de pH até que toda base BOH ou todo sal
BA sejam consumidos. A resistência que uma solução
tampão oferece às variações de pH recebe o nome de
efeito tampão.
Caso a solução tampão fosse constituída por um áci-
do fraco e um sal derivado deste ácido, a explicação 101
para o comportamento desta solução seria semelhante
à anterior. Concluímos, então, que uma solução tam-
pão é usada sempre que se necessita de um meio com
pH praticamente constante e, preparada, dissolvendo-
-se em água:
- um ácido fraco e um sal derivado deste ácido
OU
Perceba que a adição de uma pequena quantida- - uma base fraca e um sal derivado desta base.
de de um ácido forte ou de uma base forte à água pura
provoca uma alteração brusca no pH do meio. Verifi- HIDRÓLISE SALINA
que, também, que a adição da mesma quantidade do
ácido ou da base à solução formada pelo ácido acético Soluções ácidas ou básicas podem ser obtidas pela
e acetato de sódio provoca uma alteração muito pe- dissolução de sais em água. Nesses sistemas, os sais es-
quena no pH desta solução (variação de 0,1 unidade). A tão dissociados em cátions e ânions, que podem intera-
solução formada por ácido acético e acetato de sódio gir com a água por meio de um processo denominado
recebe o nome de solução tampão. Portanto temos: hidrólise salina, produzindo soluções com diferentes va-
“Solução tampão é aquela que, ao adicionarmos lores de pH.
uma pequena quantidade de ácido ou base, mesmo Hidrólise salina é o processo em que o(s) íon(s) pro-
que fortes, mantém o seu pH praticamente invariável.” veniente(s) de um sal reage(m) com a água.
É provável que a observação destes fatos levem ao A reação de hidrólise de um cátion genérico (C+)
seguinte questionamento: com a água pode ser representada pela equação a
Como as soluções tampão conseguem manter o seu seguir:
pH praticamente constante?
Vamos imaginar uma solução tampão constituída
por uma base fraca (BOH) e um sal (BA) derivado desta
base. Nesta solução, ocorrem os seguintes fenômenos:
- Pequena dissociação da base: Note que ocorreu a formação de íons H+, o que ca-
racteriza as soluções ácidas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A reação de hidrólise de um ânion genérico (A–) com da ocorrência de uma reação química são mudança
a água pode ser representada pela equação a seguir: de cor, evolução de calor ou luz, formação de uma
substância volátil, formação de um gás, entre outros.
No nosso cotidiano, há muitas reações químicas en-
volvidas, como por exemplo, no preparo de alimentos,
a própria digestão destes alimentos no nosso organismo,
Note que ocorreu a formação de OH–, o que carac- a combustão nos automóveis, o aparecimento da ferru-
teriza as soluções básicas. gem, a fabricação de remédios, etc.

EQUAÇÕES QUÍMICAS
A equação química é a forma de se escrever uma
EXERCÍCIO COMENTADO reação química que envolve os reagentes e produtos.
As substâncias iniciais de uma reação química, as que
1. (ENEM 2009) Sabões são sais de ácidos carboxílicos de reagem, são por isso chamadas de reagentes. Já as
cadeia longa utilizados com a finalidade de facilitar, du- substâncias finais de uma reação, as que se formam,
rante processos de lavagem, a remoção de substâncias são chamadas de produto.
de baixa solubilidade em água, por exemplo, óleos e -Representação de uma Equação Química:
gorduras. A figura a seguir representa a estrutura de Reagentes → Produtos
uma molécula de sabão.
Nas equações químicas são utilizados símbolos e nú-
meros para descrever os nomes e as proporções das di-
ferentes substâncias que entram nessas reações. Os rea-
Em solução, os ânions do sabão podem hidrolisar a gentes são mostrados no lado esquerdo da equação e
água e, desse modo, formar o ácido carboxílico corres- os produtos no lado direito. Na reação a matéria não
pondente. Por exemplo, para o estearato de sódio, é e criada e nem destruída, os átomos somente são reor-
estabelecido o seguinte equilíbrio: ganizados de forma diferente, por isso, uma equação
química deve ser balanceada: o número de átomos da
esquerda precisa ser igual o número de átomos da direi-
Uma vez que o ácido carboxílico formado é pouco solúvel ta. Sendo assim, balancear uma equação é fazer com
em água e menos eficiente na remoção de gorduras, o que ela entre em equilíbrio.
102 pH do meio deve ser controlado de maneira a evitar que -Exemplo de uma Equação Química não equilibrada:
o equilíbrio acima seja deslocado para a direita. H2 + Cl2 → HCl
Com base nas informações do texto, é correto concluir
que os sabões atuam de maneira: A equação acima está desbalanceada, pois temos
nos reagentes (H2 e Cl2) 2 átomos de cada elemento, e
a) mais eficiente em pH básico. no produto (HCl) somente 1 molécula.
b) mais eficiente em pH ácido. -Exemplo de uma Equação Química equilibrada:
c) mais eficiente em pH neutro. H2 + Cl2 → 2 HCl
d) eficiente em qualquer faixa de pH.
e) mais eficiente em pH ácido ou neutro. Agora, a equação representada acima está balan-
ceada, uma vez que a adição do coeficiente 2 nos pro-
Resposta: Letra A. Para uma boa remoção de gordu- dutos que indica a existência de 2 moléculas de ácido
ras é necessário que parte da molécula seja lipofílica clorídrico (HCl). Esse número que antecede o elemento,
e a outra hidrofílica, logo devemos fazer com que o no caso o número 2, é chamado de coeficiente estequio-
equilíbrio se desloque para a esquerda, pois como diz métrico. A função desse coeficiente é indicar a quanti-
no enunciado, o ácido carboxílico é menos eficiente dade de cada substância que participa da reação.
na remoção de gorduras, logo, o equilíbrio se des- Podemos saber praticamente tudo sobre uma rea-
locando para a direita o meio ficará básico, sendo ção química através de sua equação, ela pode ofere-
assim mais eficiência em pH mais altos, meio básico. cer, por exemplo, as seguintes informações através de
símbolos tais como:
-Quando a reação é reversível: ↔
TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA -Presença de luz: λ
-Catalisadores ou aquecimento: ?
-Formação de um precipitado: ↓
REAÇÕES QUÍMICAS
As reações químicas são transformações que envol- A Equação Química pode ainda demonstrar o esta-
vem alterações, quebra e/ou formação, nas ligações do físico do átomo participante da reação, através das
entre partículas (átomos, moléculas ou íons) da matéria, letras respectivas entre parênteses:
resultando na formação de nova substância com pro- Gás (g) Vapor (v) Líquido (l)
priedades diferentes da anterior. Algumas evidências Sólido (s) Cristal (c).
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

TIPOS DE REAÇÕES Importante: Para a ocorrência da reação de dupla troca,


pelo menos uma das três condições abaixo deve ocorrer:
REAÇÃO DE SÍNTESE OU ADIÇÃO -Formar-se pelo menos um produto insolúvel;
Na reação de síntese, uma substância composta é -Formar-se pelo menos um produto menos ionizado
formada pela junção de duas ou mais substâncias (sim- (mais fraco);
ples ou compostas). -Formar-se pelo menos um produto menos volátil.
A+B→C Exemplo: a reação entre o ácido sulfúrico com hidró-
Exemplo: Reação do óxido de cálcio com a água, xido de bário produz água e sulfato de bário.
produz o hidróxido de cálcio: H2SO4 (aq) + Ba(OH)2(aq) → 2 H2O(l) + BaSO4(s)
CaO + H2O → Ca(OH)2 O produto sulfato de bário: BaSO4(s) é um sal branco
insolúvel.
REAÇÃO DE ANÁLISE OU DECOMPOSIÇÃO
Na reação de decomposição ou de análise, deter- BALANCEAMENTO DAS REAÇÕES QUÍMICAS
minado composto, por ação espontânea, se instável e Segundo Dalton os átomos normalmente se conser-
não espontânea, se estável, ao se desfragmentar qui- vam nas transformações químicas, mas nem sempre
micamente, dá origem à pelo menos dois produtos di- uma equação é indicada de forma que fique aparente.
ferentes. Isso porque é preciso fazer um “acerto”, o balancea-
Exemplo: Ocorre na decomposição do NaCl em só- mento químico do número de átomos que constituem
dio sólido e cloro gasoso: como o NaCl é extremamente os reagentes e os produtos. Para melhor entendimento,
estável, é necessário algum processo (geralmente ele- recomendamos o uso dos símbolos criados por Dalton.
troquímico) para que os átomos de cada molécula-íon
sejam separados.
Vários fatores podem causar a decomposição de
um composto, entre eles, vamos destacar três:
Vamos balancear a equação da formação da
(1) Pirólise: Quando algumas substâncias compostas
água. Tendo como reagentes 1 molécula de hidrogênio
são submetidas ao aquecimento, elas se decom-
com 2 átomos e 1 molécula de gás oxigênio, também
põem. Esse tipo de reação é chamado de pirólise,
com 2 átomos, precisamos chegar à fórmula H2O.
isto é, quebra de um composto por meio do fogo.
Repare que sobra 1 átomo de oxigênio e, para que
Exemplo: Esse tipo de reação ocorre na produção
ocorra o balanceamento, não pode haver sobra. Por
do bio-óleo ou alcatrão pirolítico, que é considerado
isso é preciso acrescentar outra molécula de hidrogênio
uma alternativa energética para os combustíveis deri- 103
com 2 átomos. Assim, ao invés de 1, serão produzidas 2
vados do petróleo.
moléculas de água.
(2) Fotólise: Esse tipo de reação quando a luz causa
a decomposição dos compostos.
Exemplo: A fotólise ocorre no processo fotossintéti-
co realizado pelos vegetais a fim de produzir energia. A
reação mais importante da fotossíntese é a fotólise da
água, que ocorre na fase clara: 2 moléculas de H2 + 1 molécula deO2→ 2 moléculas
2H2O → O2 + 4H+ + 4e- de H2O

(3) Eletrólise: Nas reações de eletrólise as substâncias A equação balanceada ficaria da seguinte forma:
se decompõem pela passagem de corrente elé-
trica.
2H2 + O2 → 2H2O
REAÇÃO DE SIMPLES TROCA OU DESLOCAMENTO
Na reação de simples troca, uma substância simples Repare que a soma dos átomos dos reagentes é
reage com uma composta originando novas substân- igual ao número de átomos do produto. É isso que con-
cias: uma simples e outra composta. firma: a equação foi balanceada.
Exemplo: Quando uma lâmina de zinco é introduzida
em uma solução aquosa de ácido clorídrico, vai ocorrer FÓRMULAS DAS SUBSTÂNCIAS
a formação de cloreto de zinco e o gás hidrogênio vai As ciências se comunicam por meio de códigos. A
ser liberado. Química também possui os seus códigos e, sem dúvida,
Zn (s) + 2 HCl (aq) → ZnCl2(aq) + H2 (g) os mais importantes são os símbolos dos elementos quími-
A reação é classificada como de deslocamento cos e as fórmulas das substâncias. No caso da substância
uma vez que o zinco “deslocou” o hidrogênio. água, foi verificado experimentalmente, que:
→ A água era formada pelos elementos químicos hi-
REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO OU DUPLA TROCA drogênio e oxigênio.
Na reação de dupla troca, dois reagentes formam → Em qualquer quantidade de água, os átomos de hi-
dois produtos, ou seja, duas substâncias compostas dão drogênio e oxigênio estavam combinados na pro-
origem a novas substâncias compostas. porção de 2:1, respectivamente.
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Em função destas observações, concluiu-se que a Assim, a fórmula mínima é CH3.


água passou a ser representada pela fórmula H2O.
H2O1ou H2O -Fórmula molecular
Os números 1 e 2, denominados de índice, indicam a A fórmula molecular indica o número real de átomos
quantidade de átomos de cada elemento químico. Nor- de cada elemento na molécula.
malmente, o índice 1 não precisa escrito. Exemplo: A fórmula molecular da água é H2O, o que
significa que em cada molécula de água há 2 átomos
DETERMINAÇÃO DE FÓRMULAS QUÍMICAS de hidrogênio ligados a 1 átomo de oxigênio. Já no
caso do benzeno, a sua fórmula molecular é C6H6, ou
-Fórmula percentual (centesimal) seja, para cada 6 átomos de carbono há exatamente 6
A fórmula percentual indica a porcentagem, em átomos de hidrogênio ligados.
massa, de cada elemento que constitui a substância. Citamos esses dois exemplos para mostrar que algu-
Uma forma de determinar a fórmula percentual é partir mas vezes a fórmula molecular é igual à fórmula mínima
da fórmula molecular da substância, aplicando os con- ou empírica, como acontece no caso da água. Mas,
ceitos de massa atômica e massa molecular. isso nem sempre é verdade, como indica o exemplo do
Exemplo: sabendo que a fórmula molecular do me- benzeno, que possui fórmula mínima igual a CH, pois a
tano é CH4 e que as massas atômicas do carbono e do proporção entre esses elementos é de 1: 1.
hidrogênio são, respectivamente, 12 e 1, temos:
Assim, a fórmula molecular é um múltiplo inteiro da
fórmula mínima, sendo que no caso do benzeno esse
múltiplo é igual a 6.
Em algumas situações, a fórmula molecular é igual à
fórmula mínima; em outros, porém, é um múltiplo inteiro
da fórmula mínima.
Assim, na massa molecular igual a 16, o carbono par- Fórmula molecular = (fórmula mínima) n
ticipa com 12 e o hidrogênio com 4. Onde n é sempre um número inteiro.
Logo:
Para determinarmos a fórmula molecular de qual-
quer composto é necessário sabermos primeiro a sua
massa molecular. Com esse dado podemos calcular a
104 fórmula molecular de várias maneiras. Vejamos algumas
delas:
Desse modo, temos: C75% H25% 1) Por meio da fórmula mínima;
2) Por meio da fórmula percentual;
-Fórmula mínima ou empírica 3) Relacionando a porcentagem em massa com a
A fórmula mínima indica a menor proporção, em nú- massa molecular.
meros inteiros de mol, dos átomos dos elementos que
constituem uma substância. 1º método: A partir da porcentagem em massa, cal-
Para calcular a fórmula mínima, é necessário: culando a fórmula mínima.
a) Calcular o número de mol de átomos de cada Exemplo: Vitamina C (massa molecular = 176)
elemento;
b) Dividir os resultados pelo menor valor encontrado.
Exemplo: Uma amostra apresenta 2,4 g de carbono
e 0,6 g de hidrogênio (Dados: massas atômicas:
C = 12, H = 1). Para determinar a fórmula mínima
do composto, devemos inicialmente calcular o
número de mol (n) de átomos de cada elemento.

Posteriormente devemos determinar as menores pro-


porções possíveis, em números inteiros: Para que os valores encontrados sejam inteiro, de-
ve-se multiplicá-los por um mesmo número que permi-
ta obter a menor proporção de números inteiros. Nesse
exemplo, o número adequado é 3. Assim:
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Fórmula mínima: C3H4O3

A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

Logo, temos que:

n = 2 →(C3H4O3)2 → fórmula molecular : C6H8O6

2º método: Relacionando as porcentagens em massa com a massa molecular do composto.


C = 40,9%
H = 4,55%
O = 54,6%
MM = 176 Considerando que sua fórmula molecular seja: CxHyOz,

Agora iremos relacionar as porcentagens em massa com as massas atômicas e a massa molecular:

105

Fórmula molecular: C6H8O6


Para a prática das atividades laboratoriais e industriais é necessário que seja realizado um cálculo prévio das
quantidades de reagentes que devemos usar para obter a quantidade desejada de produtos.
Entretanto, a previsão das quantidades só é possível através de cálculos das massas e dos volumes das substân-
cias envolvidas nas reações químicas. Assim, muitas vezes é necessário determinar também o número de átomos
ou de moléculas das substâncias que reagem ou são produzidas. Para tal é preciso conhecer a massa dos átomos.
Uma vez que os átomos ou moléculas são muito pequenos para serem “pesados” isoladamente, foi estabeleci-
do um padrão para comparar suas massas.

GRANDEZAS QUÍMICAS

UNIDADE DE MASSA ATÔMICA


A massa atômica é a massa de um átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada por “u”. 1
u equivale a 1/12 da massa de um átomo de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais abundante que possui
seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de massa igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054 .
10-24 g.
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MASSA ATÔMICA (MA) MOL E CONSTANTE DE AVOGADRO


A massa atômica de um átomo é sua massa deter- Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
minada em u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 -Mol é a unidade de quantidade de matéria
da massa do 12C. -Mol é a quantidade de matéria que contém tantas
As massas atômicas dos diferentes átomos podem entidades elementares quantos são os átomos de
ser determinadas experimentalmente com grande pre- 12
C contidos em 0,12Kg de 12C.
cisão, usando um aparelho denominado espectrômetro -Constante de Avogadro é o número de átomo
de massa. de 12C contidos em 0,012Kg de 12C. Seu valor é
6,02x1023 mol-1.
MASSA ATÔMICA DE UM ELEMENTO Exemplos:
Massa atômica de um elemento é a média ponde- 1 mol de átomos são 6,02x1023 átomos.
rada das massas atômicas dos átomos de seus isótopos 1 mol de moléculas são 6,02x1023 moléculas.
constituintes. 1 mol de elétrons são 6,02x1023 elétrons.
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37C, na 1 mol de prótons são 6,02x1023 prótons.
proporção: 1 mol de íons são 6,02x1023 íons.
35
Cl= 75,4% MA= 34,997u 1 mol de fórmulas são 6,02x1023 fórmulas.
37
Cl= 24,6% MA= 36,975u
MA do elemento MASSA MOLAR (M)
A massa molar de um elemento é a massa de 1 mol
34,997 x 75,4+36,975x24,6
Cl = 100
≅ 35,453u de átomos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemento. A
unidade mais usada para a massa molar é g.mol-1.
Como a massa atômica de um isótopo é aproxima- Numericamente, a massa molar de um elemento é
damente igual ao seu número de massa, a massa atô- igual à sua massa atômica.
Exemplos:
mica de um elemento é aproximadamente igual à mé-
1) Massa atômica do Cl=35,453u
dia ponderada dos números de massa de seus isótopos
Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.
constituintes.
Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl
Assim, podemos afirmar:
(mistura dos isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023 áto-
-Massa média do átomo de Cl=35,5u
mos do elemento Cl pesam 35,453 gramas.
-Massa média do átomo de Cl=35,5 x massa de 1/12
do átomo de 12C.
VOLUME MOLAR
106 35,5 Conforme o próprio nome indica, o volume molar
Massa média do átomo de C𝑙 = x massa do
12 corresponde ao volume ocupado por um mol da espé-
átomo de 12C, cie química.
Observe que não existe átomo de Cl com massa Exemplo:
igual a 35,5 u; esse é o valor médio da massa do átomo Água no estado líquido (d=g/ml) a 25°C
de 12C. Massa molar=18g/mol
A maioria dos elementos é formada por mistura de O cálculo do volume molar poderá ser realizado
diferentes isótopos, em proporção constante. Essa pro- através da proporção:
porção varia de um elemento para outro, mas para um d=1,0g/mL
elemento é constante. Desse maneira, a massa atômica 1,0 mL---------1g
dos elementos é também constante. V----------------18g
Nos elementos formados por um único isótopo, a V=18mL
massa atômica do seu único isótopo será também a
massa atômica do elemento.
Exemplo: Elemento químico flúor SE LIGA!
19
F→ MA=19u Para Gases Ideais nas CNTP, o volume molar
vale 22,4L/mol.
MASSA MOLECULAR (MM)
A massa molecular de uma substância é a massa da
molécula dessa substância expressa em unidades de
massa atômica (u). ESTEQUIOMETRIA
Numericamente, a massa molecular é igual à soma
das massas atômicas de todos os átomos constituintes
da molécula. O cálculo das quantidades das substâncias envolvi-
Exemplos: das numa reação química é chamado de cálculo es-
- H2→H = 1u , como são dois hidrogênios = 2u tequiométrico — palavra derivada do grego stoicheia
- O = 16u = partes mais simples e metreim = medida. São cálculos
- H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u que envolvem proporções de átomos em uma substân-
cia ou que relacionam-se com proporções de coefi-
cientes de uma equação química.
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As bases para o estudo da estequiometria das rea- uma mesma substância tem sempre a mesma composi-
ções químicas foram lançadas por cientistas que con- ção qualitativa e quantitativa.
seguiram expressar matematicamente as regularidades Exemplo: No caso da água, temos:
que ocorrem nas reações químicas, através das Leis das 90 g de água fornece 10 g de Hidrogênio e 80 g de
Combinações Químicas. oxigênio.
Essas leis foram divididas em dois grupos:
- Leis ponderais: relacionam as massas dos partici-
pantes de uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos partici-
pantes de uma reação. x = 11,11% de Hidrogênio

LEIS PONDERAIS
As Leis Ponderais das Reações Químicas são um con-
junto de postulados que regem a lógica das reações
químicas, relacionando a massa dos produtos e reagen- x = 88,88% de oxigênio
tes e também fazendo menção à quantidade de maté-
ria dos mesmos. Outra consequência da lei de Proust é o cálculo es-
tequiométrico.
LEI DE LAVOISIER Hidrogênio + oxigênio → água
A Lei da Conservação das Massas ou conservação
das matérias, postulada por Lavoisier no final do século
XVIII, é uma das leis ponderais e diz o seguinte:
“Em uma reação química, a soma das massas dos
reagentes é igual à soma das massas dos produtos.”
Ou seja, a massa é sempre conservada em qualquer
reação química.
A partir disso, lembre-se da célebre frase dita por La- Para 10 g de Hidrogênio é necessário de 80 g de oxi-
voisier: gênio para que ocorra a reação, em 30g de Hidrogênio
“ Na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se precisamos de 240 g de oxigênio. Assim, a proporção,
transforma”. em massa, com que o Hidrogênio reage com o oxigênio
Deve-se ressaltar, a título de observação, que em é a mesma nas duas reações. 107
uma reação atômica (que não é reação química), a
massa dos produtos é diferente da massa dos reagentes LEI DE GAY-LUSSAC
apenas se não se considerar prótons e neutrons como O físico e químico Gay-Lussac, teve suas contribui-
produtos ou reagentes. ções na Química, e uma delas é a Lei da combinação
Exemplos: de volumes, que é também conhecida como Lei volu-
métrica, que define o seguinte princípio:
“Nas mesmas condições de temperatura e pressão,
os volumes dos gases participantes de uma reação têm
entre si uma relação de números inteiros e pequenos.”

CONDUTA DE RESOLUÇÃO
Conclusão: De acordo com os postulados de Lavoi- Conforme observado nos itens acima, na estequio-
sier, a massa total das substâncias, antes da transforma- metria, os cálculos serão estabelecidos em função da
ção química, é igual à massa total após a transforma- lei de Proust e Gay-Lussac – neste último caso para rea-
ção. ções envolvendo gases e desde que estejam todos nas
mesmas condições de pressão e temperatura.
LEI DE PROUST Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devi-
A Lei de Proust é conhecida como Lei das propor- damente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a pro-
ções constantes ou Lei das proporções definidas. Esta lei porção em mols dos elementos ou substâncias da reação.
foi postulada pelo químico francês Joseph Louis Proust Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:
(1754-1826), que realizou experimentos com substâncias C2H6O + O2 → CO2 + H2O
puras e concluiu que independentemente do processo Após balancear a equação, ficamos com:
usado para obtê-las, a composição em massa dessas
substâncias era constante.
A Lei de Proust é definida da seguinte maneira:
“As massas dos reagentes e produtos participantes
de uma reação mantêm uma proporção constante.” Após o balanceamento da equação, pode-se realizar
Através de análises de inúmeras substâncias adqui- os cálculo, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa
ridas por diferentes processos foi possível verificar que reação, combinando as relações de várias maneiras:
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Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o
acerto, ela apresenta significado quantitativo.
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos
coeficientes da equação química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da
massa, em volume, número de moléculas, entre outros, conforme dados do problema.

TIPOS DE CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS

Relação de Quantida- Relação entre Quantidade em Relação entre Massa e Relação Entre Massa e
de em Mols Mols e Massa Massa Volume
Os dados do proble- Os dados do problema são Os dados do problema e Os dados do problema
ma e as quantidades expressos em termos de quan- as quantidades incógni- são expressos em termos
incógnitas pedidas são tidade em mols (ou massa) e a tas pedidas são expressos de massa e a quantidade
expressos em termos quantidade incógnita é pedi- em termos de massa. incógnita é pedida em
108 de quantidade em da em massa (ou quantidade volume**
mols. em mols).
**Caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através
da equação de estado, determinar o volume correspondente.

CÁLCULOS ENVOLVENDO EXCESSO DE REAGENTE


Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de 2 reagentes, precisamos verificar qual deles estará
em excesso, após terminada a reação.As quantidades de substâncias que participam da reação química são sem-
pre proporcionais aos coeficientes da equação. Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção indicada
pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se encontra de acordo com a proporção; a parte
que estiver a mais não reage e é considerada excesso.
Por outro lado, o reagente que for totalmente consumido (o que não estiver em excesso) pode ser denominado de
reagente limitante porque ele determina o final da reação química no momento em que for totalmente consumido.

CÁLCULOS ENVOLVENDO PUREZA


Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos esquematica-
mente dividir uma amostra em duas partes: a parte útil e as impurezas.
-Parte útil ou parte pura: reage no problema → p%
-Impurezas: não reagem no processo do problema→ i%

Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não partici-
pam da reação. Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra
(substância impura).

SISTEMA EM QUE O RENDIMENTO NÃO É TOTAL


Quando uma reação química não produz as quantidades de produto esperadas, de acordo com a proporção da
reação química, dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma reação é o quociente entre a quanti-
dade de produto realmente obtida e a quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação química.
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Assim, a combustão de 1 mol de glicose libera 673


TERMOQUÍMICA kcal.
O ΔH nesse caso é sempre negativo, pois as combus-
tões são sempre exotérmicas.
A termoquímica é uma parte da termodinâmica que
estuda as trocas de calor desenvolvidas durante uma ENTALPIA (ΔH)
reação química entre o sistema e o meio ambiente, Entalpia é o conteúdo de calor de um sistema, à pres-
além do possível aproveitamento desse calor na reali- são constante. Não é possível fazer a medida absoluta
zação de trabalho. da entalpia de um sistema, mas podemos medir (com
Vamos agora definir alguns conceitos importantes na calorímetros), a variação de entalpia, ΔH, que ocorre
termoquímica: em uma reação. Esta variação é entendida como a di-
ferença entre a entalpia final (dos produtos da reação)
-Caloria e a entalpia inicial (dos reagentes da reação), confor-
Uma caloria é a quantidade de calor necessá- me observado abaixo:
ria para aquecer 1 grama de água de 14,5°C a Estado inicial → Estado final
15,5°C. Seu múltiplo é a quilocaloria, (kcal). ∆H = HP – HR

-Calor TIPOS DE ENTALPIA


Calor é a energia térmica que se transfere entre dois
corpos com diferentes temperaturas. ENTALPIA DE FORMAÇÃO
É a quantidade de energia absorvida ou liberada
-Temperatura quando 1 mol de substâncias simples reage e o produto
Temperatura é uma grandeza que permite mensurar final é uma única substância composta.
o calor. Exemplo:
H2 + 1/2 O2 → H2O
-Calor de reação
Calor de reação representa à variação de entalpia ENTALPIA DE COMBUSTÃO
(calor absorvido) observada em uma reação, e É quantidade de energia envolvida na queima de 1
sua classificação depende do tipo de reação de- mol de uma determinada substância na presença de
corrente. Esse calor de reação recebe, conforme gás oxigênio. Nesse caso, todas as substâncias envolvi-
a reação, as seguintes denominações: calor de das estão no estado padrão. 109
formação, calor de combustão, calor de neutra- Exemplo:
lização, entre outros. CH4 + O2 → CO2 + H2O

- Calor de Formação ENTALPIA DE NEUTRALIZAÇÃO


É a quantidade de calor liberada ou absorvida du- É a quantidade de energia liberada ou absorvida
rante a formação de 1 mol de um composto, a quando 1 mol de hidrônio (H+) reage com 1 mol de hi-
partir de substâncias simples, no estado padrão. dróxido (OH-), estando ambos presentes em soluções
Por exemplo: a 25 °C e 1 atm, temos: diluídas. De uma forma geral, teremos uma entalpia de
H2(g) + 1/2 O2(g) → 1 H2O(l) ΔH = –68,4 kcal / mol neutralização sempre que uma solução ácida for mistu-
rada com uma solução básica.
Interpretação: para formar um mol de água líquida, Exemplo:
a partir de substâncias simples, H2(g) e O2(g), no es- HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O
tado padrão (25 °C, e 1 atm, estado físico e alo-
trópico mais estável) há a liberação de 68,4 kcal. ENTALPIA DE DECOMPOSIÇÃO
Os valores das entalpias de formação são muito im- É a quantidade de energia absorvida ou liberada
portantes, pois representam a própria entalpia de quando 1 mol de uma substância composta decom-
1 mol da substância que está sendo formada, já põe-se e o produto final são várias substâncias simples.
que, nas reações de formação, Hi é sempre zero.
TIPOS DE REAÇÕES
- Calor de Combustão Vamos estudar as trocas de energia, na forma de ca-
A reação entre uma substância e o oxigênio chama- lor, envolvidas nas reações químicas e nas mudanças
-se reação de combustão. A energia liberada na de estado físico das substâncias. São dois os processos
combustão completa no estado padrão é cha- em que há troca de energia na forma de calor: reações
mada de entalpia de combustão. É a variação de exotérmicas e o endotérmicas.
entalpia (ΔH) na combustão de 1 mol de substân-
cia a 25°C e 1 atm. REAÇÕES EXOTÉRMICAS
Exemplo: São as que ocorrem com liberação de calor para o
C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l) ΔHc = ambiente e diminuição da sua entalpia. Essas reações
– 673 kcal/mol possuem um balanço negativo de energia quando se
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compara a entalpia total dos reagentes com a dos pro- EQUAÇÕES TERMOQUÍMICAS
dutos. Assim, a variação na entalpia final é negativa As equações termoquímicas representam as reações
(produtos menos energéticos do que os reagentes) e ou processos que envolvem trocas de calor, cujo valor
indica que houve mais liberação de energia, na forma é mostrado na variação da entalpia (ΔH). Nessas equa-
de calor, para o meio externo que absorção – também ções aparecem os mesmos símbolos (como as fórmulas
sob forma de calor. e os estados físicos das substâncias) e números (como
índices e coeficientes) que aparecem em uma equa-
ção química normal.
S(rômbico) + 1 O2(g) → 1SO2(g) ΔH =
–70,92Kcal (a 25ºC e 1atm)

Exemplo: Interpretação: 1 mol de enxofre rômbico reage com


-½ O2(g) + H2(g) -> H2O(l) (ΔH = -68,3 Kcal/mol ou 1 mol de oxigênio gasoso, liberndo 70,92 kcal para for-
-285,49 KJ/mol) mar 1 mol de dióxido de enxofre gasoso.

DIAGRAMA DE ENTALPIA DAS REAÇÕES EXOTÉRMICAS LEI DE HESS


No diagrama de entalpia, relacionamos num eixo Germain Herman Hess, ao estudar os calores de rea-
vertical os valores de Hp e Hr e podemos, portanto, cal- ção, constatou que:
cular o valor de ΔH. “A variação de entalpia (ΔH) de uma reação quí-
mica depende apenas dos estados final e inicial, não
importando o caminho da reação”.
Esta importante lei experimental foi chamada de Lei
dos estados final ou inicial, Lei de adição de calores ou
Lei de Hess.
Seja uma reação genérica A → B da qual se quer
determinar o ΔH. Esta reação pode ser realizada por di-
versos caminhos, onde, para cada um deles, os estados
inicial e final são os mesmos.

110
REAÇÕES ENDOTÉRMICAS
São as que ocorrem com absorção de calor e au-
mento da sua entalpia. Assim, a variação dessa energia
(variação de entalpia) possui sinal positivo (+ΔH) e indi- Para que A se transforme em B temos 3 caminhos:
ca que houve mais absorção de energia do meio exter- A→B
no que liberação. Ambas em forma de calor. A→C→D→B
A→E→B

Sendo que: ΔHx = ΔH1 + ΔH2 + ΔH3 ou ΔHx = ΔH4 + ΔH5

Diante disso, não importa o número de etapas que


o processo apresenta, o ΔH da reação total será a
Exemplo: soma dos ΔH das diversas etapas, e em consequência
-2C(s) + H2(g) -> C2H2(g) (ΔH = +53,5 Kcal/mol ou a equação termoquímica pode ser tratada como uma
+223,63 KJ/mol) equação matemática. Assim, quando usamos a Lei de
Hess no cálculo do ΔH de uma reação, devemos arru-
DIAGRAMA DE ENTALPIA DAS REAÇÕES ENDOTÉRMICAS mar as equações fornecidas de modo que a soma delas
seja a equação cujo ΔH estamos procurando. Para isso,
usamos os seguintes procedimentos:
- Somando várias equações, somamos também os
respectivos ΔH;
- Invertendo a equação, invertemos também o sinal do ΔH;
- Multiplicando uma equação por um número qual-
quer (diferente de zero), multiplicamos também o
ΔH, pelo mesmo número.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

CÁLCULO DO ∆H DE UMA REAÇÃO, USANDO A LEI DE da energia livre, o que por sua vez é favorecido por um
HESS valor pequeno e positivo deT∆Sº. Se a  ∆Gº=0  o sistema
Podemos calcular o ∆H de uma reação trabalhando está em equilíbrio, tendência de toda reação química.
algebricamente as equações termoquímicas. Conside- Exemplo:
re as reações abaixo, a 25°C e 1 atm Calcule a variação de energia livre da formação
1) C(grafita) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,1 kcal da amônia a 25ºC e 1atm. Quando  ∆Hº=-46,11KJ∙-
2) H2(g) + 1/2 O2(g) → H2O (l) ∆H = - 68,3 kcal mol-1 e ∆Sº=-99,37 J∙K-1∙mol-1, de acordo com a reação:
3) CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O (ι) ∆H = - 212,8
kcal

Vamos determinar o ∆H da reação:


C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g) ∆H = ? Passo 1: Transformar a temperatura que está em
Siga os passos abaixo: Celsius para Kelvin e a variação de entropia de J∙K-1∙-
a) escreva a equação 1. mol-1 para KJ∙K-1∙mol-1.
b) escreva a equação 2 multiplicada por 2.
c) escreva a equação inversa de 3.

Assim, basta somá-las


C(grafita) + O2(g) → CO2(g); ∆H = - 94,1 kcal
2H2(g) + O2(g) → 2H2O(l); ∆H = - 136,6 kcal
CO2(g) + 2H2O(l) → CH4(g) + 2O2(g); ∆H = + 212,8 kcal Passo 2: substituir na equação os dados:
C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g); ∆H = - 17,9 kcal

Através da lei de Hess, as equações termoquímicas


podem ser somadas como se fossem equações mate-
máticas ou algébricas.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A REAÇÃO ESPONTÂNEA E NÃO-ESPONTÂNEA
A reação espontânea é aquela que ocorre por si 1. (ENEM 2009) Nas últimas décadas, o efeito estufa
mesma. Toda reação espontânea libera energia livre, en- tem-se intensificado de maneira preocupante, sendo
quanto a energia não-espontânea absorve energia livre. esse efeito muitas vezes atribuído à intensa liberação 111
A energia livre de Gibbs (∆Gº), é uma grandeza ter- de CO2 durante a queima de combustíveis fósseis para
modinâmica definida como a diferença entre varia- geração de energia. O quadro traz as entalpias-padrão
ção de entalpia (∆Hº) e a temperatura (T) X  a variação de combustão a 25  oC (ΔHo25) do metano, do butano e
de entropia (∆Sº) em uma reação. do octano.
De acordo com a equação abaixo:
∆Gº=∆Hº - T∆Sº

onde:
∆Hº=  é a variação de entalpia, função de estado
que informa a variação de energia em pressão cons-
tante. À medida que aumenta a consciência sobre os im-
T=  a temperatura é uma grandeza física intensiva pactos ambientais relacionados ao uso da energia,
que é influenciada ou sofre influência das variações cresce a importância de se criar políticas de incentivo
energéticas durante a movimentação das partículas. ao uso de combustíveis mais eficientes. Nesse sentido,
∆Sº= a variação de entropia é uma função de esta- considerando-se que o metano, o butano e o octano
do que informa a variação de energia em função do sejam representativos do gás natural, do gás liquefei-
estado de liberdade das partículas. to de petróleo (GLP) e da gasolina, respectivamente,
então, a partir dos dados fornecidos, é possível concluir
A energia livre é simplesmente um método de medi- que, do ponto de vista da quantidade de calor obtido
ção do trabalho máximo realizado durante um proces- por mol de CO2 gerado, a ordem crescente desses três
so. Essa função é uma das mais usadas na química e combustíveis é
na bioquímica em virtude desta acompanhar a maioria
dos processos reacionais, em virtude de a energia livre a) gasolina, GLP e gás natural.
ser capaz de predizer se uma reação é espontânea, isto b) gás natural, gasolina e GLP.
é, caso a temperatura e a pressão sejam constantes. c) gasolina, gás natural e GLP.
Para que um processo ocorra espontaneamente ∆Gº d) gás natural, GLP e gasolina.
deve ser negativa como, por exemplo, uma reação e) GLP, gás natural e gasolina.
exotérmica que apresenta um alto valor negativo de
entalpia, onde a entalpia é decisiva na determinação
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Resposta: Letra A. Primeiro,montamos a reação de Exemplo:


combustão para cada combustível e depois calcu- Fe2O3(s) + 3 CO(g) → Fe2 (s) + 3 CO2(g)
lamos a quantidade de calor obtido por mol de CO2.
Metano: A reação de oxidorredução acima ocorre em fornos
CH4(g) + 2 O2(g) → 4 CO2(g) + 2 H2O(l) siderúrgicos, em que o minério hematita (Fe2O3(s)) reage
1 mol de CH4 produz 1mol CO2(g) e libera 890kJ com o monóxido de carbono (CO), obtendo-se assim o ferro
metálico. A partir das variações dos números de oxidação
Butano (Nox) das espécies reagentes e dos produtos é possível
C4H10(g) + 13/2 O2(g) → 4 CO2(g) + 5 H2O(l) verificar quem sofre redução e quem sofre oxidação:
4 mols de CO2 ————— 2878 kJ
1 mol de CO2 ————— x
x = 719,5 kJ

Octano
C8H18(g) + 25/2 O2(g) → 2 CO2(g) + 9 H2O(l) Observe que o Nox do ferro diminuiu de +3 para 0.
8mol de CO2 ————— 5471kJ Isso significa que ele recebeu elétrons (que possuem
1mol de CO2 ————— y carga negativa, por isso o valor diminui), ou seja, ele
y = 683,9kJ sofre uma redução. Mas, para que o ferro da hematita
ganhe elétrons e reduza é necessário que outra espécie
Então, a ordem crescente de calor produzido por mol química forneça esses elétrons para ela. No caso, a
de CO2 é: gasolina < GLP < gás natural. substância que faz isso é o monóxido de carbono (CO).
Sabemos disso, porque o Nox do carbono aumentou
de +2 para +4, isso quer dizer que ele perdeu elétrons.
ELETROQUÍMICA Portanto, visto que o CO causou a redução da hematita,
então ele é considerado o agente redutor.
Podemos seguir a mesma linha de raciocínio no
A eletroquímica é a parte da Química que estuda não caso da oxidação do CO: sua oxidação foi causada
só os fenômenos envolvidos na produção de corrente por alguma espécie, que no caso foi a hematita. Desse
elétrica a partir da transferência de elétrons em reações modo, a hematita é o agente oxidante.
de óxido-redução, mas também a utilização de corrente
112 elétrica na produção dessas reações. O seu estudo pode CÁLCULO DO NÚMERO DE OXIDAÇÃO
ser dividido em duas partes: pilhas e eletrólise. Número de oxidação é uma carga formal que pode
Pilhas: São dispositivos nos quais uma reação espon- ser tanto real quanto imaginaria. Devemos entendê-
tânea de óxido-redução produz corrente elétrica la como a carga que um átomo teria se tivesse
Eletrólise é o processo no qual uma corrente elétrica participando de uma ligação iônica.
produz uma reação de óxidoredução.
Em eletroquímica ocorrem reações de conversão de REGRAS PRÁTICAS
energia química em energia elétrica e vice-versa. Para saber qual é o Nox de um átomo dentro de
uma molécula, devemos seguir 4 regras:
1ª regra:
Todo elemento em uma substância simples tem Nox
igual a 0.

2ª regra:
OXIRREDUÇÃO O Nox de alguns elementos em substâncias
Uma reação de oxirredução é aquela em que compostas é constante.
há transferência de elétrons (oxidação e redução); Exceções importantes
com isso, uma espécie química ganha elétrons e -Nos hidretos metálicos o “hidrogênio” possui Nox
simultaneamente outra espécie química perde elétrons. igual a -1.
-Nos peróxidos o “oxigênio” possui Nox igual a -1.
OXIDAÇÃO
A oxidação ocorre quando o número de oxidação 3ª regra:
de um átomo aumenta. E para que ocorra um aumento A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em
no número de oxidação, o átomo precisa perder uma espécie química neutra é igual a 0. Esta regra
elétrons. permite realizar o cálculo do Nox de um elemento
químico que não possui Nox constante.
REDUÇÃO
A redução ocorre quando o número de oxidação 4ª regra:
diminui. Para que ocorra essa diminuição, o átomo A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em
precisa receber elétrons. um íon é igual à carga do íon.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O Δoxid se torna o coeficiente da substância que con-


tém o átomo que se reduz.
O Δred se torna o coeficiente da substância que con-
tém o átomo que se oxida.
6º) Os coeficientes das demais substâncias são de-
terminados por tentativas, baseando-se na con-
servação dos átomos.
Exemplo:
Uma lâmina de alumínio (Al) foi mergulhada numa
solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4), ocorrendo
a formação de cobre metálico (Cu) e de sulfato de
alumínio [Al2(SO4)3].
A reação pode ser representada, na forma iônica,
da seguinte maneira:
Al(s) + Cu2+ (aq) →Al3+ (aq) + Cu(s)

Primeiramente, devemos determinar o Nox de cada


espécie e suas variações da seguinte maneira:

O Al perde 3 e– ΔNox = 3
O Cu2+ recebe 2 e– ΔNox = 2
BALANCEAMENTO DAS EQUAÇÕES QUÍMICAS POR A seguir devemos igualar o número de elétrons:
OXI-REDUÇÃO 1 átomo de Al perde 3 e– → 2 átomos de Al perdem 6 e–
Como nas reações de óxido-redução ocorre 1 íon de Cu2+ recebe 2 e– → 3 íons de Cu2+ recebem 6 e– 113
transferência de elétrons, para balanceá-las devemos Esses números de átomos correspondem aos
igualar o número de elétrons perdidos e recebidos. coeficientes dessas espécies; a partir deles determinamos
Para isso, devemos inicialmente determinar o número os coeficientes das outras espécies, obtendo a equação
de elétrons perdidos ou recebidos para cada espécie balanceada:
química, que corresponde à variação do Nox (ΔNox). 2Al(s) + Cu2+ (aq)→ 2 Al3+ (aq) + 3 Cu(s)
Com base nesse conhecimento, vamos determinar a
quantidade necessária de cada espécie para obter a PILHAS
igualdade do número de elétrons. Muitas reações de oxirredução ocorrem esponta-
neamente. Uma situação ilustrativa é a reação do me-
REGRAS PARA REALIZAR O BALANCEAMENTO DAS tal zinco – Zn (s) – com uma solução aquosa contendo
EQUAÇÕES POR OXI-REDUÇÃO cátions de cobre – Cu2+ (aq).
O balanceamento tem como fundamento que o Uma grande vantagem dessas reações de oxirredu-
total de elétrons cedidos pelo redutor seja igual ao total ção espontâneas é que podem ser utilizadas para gerar
de elétrons recebidos pelo oxidante. eletrecidade. Na pilha, os agentes oxidantes e reduto-
1º) Determinar, na equação química, os valores de res são mantidos em compartimentos separados. Cada
todos os Nox e verificar qual espécie se oxida e compartimento é chamado de semicélula eletroquími-
qual se reduz, analisando os valores dos Nox dos ca. Para que o dispositivo gere corrente elétrica, de-
elementos nos reagentes e nos produtos. vem existir dois contatos elétricos entre as células. Um
2º) Escolher entre as espécies que sofrem redução e contato é feito por um fio metálico e possibilita a circu-
oxidação uma delas para iniciar o balanceamen- lação de elétrons entre as semicélulas. O outro contato,
to. é denominado ponte salina, que permite a circulação
3º) Calcular os Δoxid e Δred . Veja abaixo: de íons entre as semicélulas.
Δoxid = número de elétrons perdidos x atomicidade do
elemento A PILHA DE DANIEL
Δred = número de elétrons recebidos x atomicidade Pilhas ou célula voltaicas são dispositivos que transfor-
do elemento mam energia química em energia elétrica por meio de um
4º) Se possível, os Δoxid e Δred devem ser simplificados. sistema apropriado e montado para aproveitar o fluxo de
5º) Para igualar os elétrons nos processos de oxida- elétrons provenientes de uma reação química de oxirre-
ção e redução: dução. A pilha de Daniell é um exemplo deste sistema.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

É formado por uma placa de zinco mergulhada em O ELETRODO DE REFERÊNCIA


uma solução de sulfato de zinco, e uma placa de cobre Um eletrodo de referência, ou eletrodo-padrão,
imersa em uma solução de sulfato de cobre. As duas apresenta as seguintes condições:
placas (eletrodos) são conectadas por um fio metálico, -25°C
que permite a passagem de elétrons de um eletrodo ao -1 atm
outro. As duas soluções são interligadas por uma ponte -soluções com concentração 1 molar
salina, um tubo de vidro recurvado que contém uma so-
lução de um sal (sulfato de sódio, neste caso) e possui Adotou-se, o eletrodo de gás hidrogênio com o ele-
pedaços umedecidos de algodão nas extremidades. trodo de referência. Nele, encontramos um fio de platina
que serve como suporte para o H2. A platina, nesse caso,
é um eletrodo inerte, já que não participa da reação.

COMO MEDIR OS POTENCIAIS DOS ELETRODOS?


O potencial de cada eletrodo-padrão é determinado
acoplando-se a ele outro eletrodo-padrão de hidrogênio
e medindo-se a diferença de potencial. Para tal, chama-
remos de E0 o potencial do eletrodo padrão e ΔE0 à dife-
rença de potencial entre dois eletrodos-padrão.
Assim, podemos prever a ocorrência dos seguintes Por convenção, temos que:
semi-reações: O eletrodo padrão de hidrogênio apresentam po-
-Oxidação: Zn0(s)→ Zn2+(aq) + 2e- tencial igual a 0.
-Redução: Cu2+ + 2e-→ Cu0(s) E0(H2)= 0
Vamos medir, por exemplo, o potencial do eletrodo-
Somando as semi-reações acima, obtemos a reação -padrão de zinco.
de oxirredução ocorrida entre a barra de zinco e a so-
lução de Cu2+.
Zn0 (s)+ Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu0(s)

A FUNÇÃO DA PONTE SALINA


Conforme aumenta a concentração de Zn2+, a so-
114 lução passa a adquirir um excesso de cargas positivas.
Por outro lado, uma diminuição da quantidade de íons
Cu2+ faz com que a solução adquira excesso de carga
negativa.
Diante disso, a ponte salina atua como “veículo iôni-
co”, permitindo a passagem de íons de uma sequência De acordo com o sentido dos elétrons, fica claro que
para outra. Assim, a cada instante, as duas soluções per- teremos as seguintes semi-reações:
manecem eletricamente neutras. -Eletrodo de hidrogênio: 2H+ + 2e- -→ H2 (redução)
-Eletrodo de zinco: Zn0 → Zn2+ + 2e- (oxidação)
SENTIDO DOS ELÉTRONS
Os elétrons circulam do eletrodo de maior potencial Assim, concluídos que o eletrodo de hidrogênio possui
de oxidação para o de menor potencial de oxidação. maior capacidade de sofrer redução que o eletrodo de
No caso da pilha de Daniell os elétrons vão do zinco zinco. Em outros termos, o eletrodo de hidrogênio apre-
para o cobre. senta maior potencial de redução do que o de zinco.
-Pólo positivo = Cátodo = Placa de menor potencial E0red Hidrogênio> E0red Zinco
de oxidação – Cu. Onde ocorre redução. Varia-
ção de massa aumenta. A diferença de potencial da pilha (ΔE0) sempre será
-Pólo negativo = Ânodo = Placa de maior potencial dada pela diferença entre o potencial maior e menor.
de oxidação – Zn. Onde ocorre oxidação. Varia- ΔE= E0red (maior) - E0red (menor)
ção de massa diminui.
Assim, teremos:
POTENCIAL DOS ELETRODOS 0,76= E0red - E0red→ 0,76= zero- E0red zinco
Ao instalar um voltímetro em uma pilha, pode-se me- E0red zinco= -0,76V
dir apenas a diferença de potencial que existe entre
seus eletrodos. Entretanto, é impossível medir o poten- INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE POTENCIAIS DOS
cial de cada eletrodo. Por outros lado, é importante que ELETRODOS
cada eletrodo apresente um valor numérico correspon- -O potencial de redução mede a capacidade que o
dente ao seu potencial. Por isso, escolhe-ser um eletro- eletrodo apresenta de sofrer redução.
do de referência, em função do qual são medidos os -Eletrodos com potenciais de redução positivos sofrem
potenciais dos demais eletrodos. redução mais fácil que o eletrodo de hidrogênio.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

-Eletrodos com potenciais de redução negativos sofrem redução mais difícil que o eletrodo de hidrogênio.
Com base na tabela a seguir, que mostra a tendência que cada eletrodo tem de sofrer oxidação e redução,
podemos dizer que:
-eletrodo com E0red maior → sofre redução
-eletrodo com E0red menor →sofre oxidação

115

Tabela de potenciais de oxidação e redução

PREVISÃO DE REAÇÕES DE OXI-REDUÇÃO


É possível prever a espontaneidade de uma reação de oxi-redução através dos potenciais de oxidação ou de
redução E0 das semi-reações.
Exemplo:
Zn0 + Cu2+ → Zn2+ + Cu0

Para confirmar se uma reação de oxi-red ocorre ou não espontaneamente, é necessário observar os potenciais
de redução de cada semi-reação.
Zn2+ +2e- ↔ Zn0 E0red=-0,76V
Cu2+ 2e- ↔Cu2+ E0red=+0,34V

Esses valores de E0red mostram que o Cu2+ reduz mais facilmente que o Zn2+, pois tem maior E0red. Já o Zn2+ oxida
melhor que o Cu2+, uma vez que possui menor E0red, e assim apresenta maior E0oxi.

SENTIDO DAS SEMI-REAÇÕES


As semi-reações de maior E0 ocorrerá da esquerda para a direita, e a de menor E0 da direita para a esquerda.
Isso ocorre tanto para as reações de redução quando as de oxidação.
→ Maior E0
→ Menor E0
Exemplo:
Ni2+ + 2Ag0 → Ni0 + 2Ag+
Ni0 ↔ Ni2+ +2e-(oxidação) Eoxid= +0,23V
Ag0 ↔ Ag+ +e- (redução) Eoxid= -0,80V
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Os processos espontâneos serão: Os íons negativos são atraídos pelo polo positivo (+)
Ni0 →Ni2+ + 2e- (oxidação) ; Maior E0 (ânodo), onde irão perder elétrons (oxidação). Os elé-
Ag0→ Ag+ +e- (redução) ; Menor E0 trons cedidos ao polo (+) migram através do circuito ex-
terno até o polo (-) (cátodo). Lá, estes serão “ganhos”
Para que a reação se torne espontânea é necessário pelos íons positivos (redução).
inverter a semi-reação da prata e multiplica-la por dois:
Ni0 → Ni2+ + 2e- (mantida)
2Ag+ + 2e- → 2Ah0 (reação invertida)
Ni0 + 2Ag+ → Ni2+ + 2Ag0 (processo espontâneo)

Calculo do ΔE:
ΔE= E0maior- E0menor
ΔE= (+0,23) – (-0,80)= 1,03V SE LIGA!
OBS: Embora a semi-reação da prata tenha sido mul- Para que ocorra a eletrólise é necessária a
tiplicada por dois, o valor não se alterou. presença de íons livres.

ELETRÓLISE
É um processo não espontâneo, em que a passagem #FicaDica
de uma corrente elétrica através de um sistema líquido,
no qual existam íons, produz reações químicas. A eletrólise é basicamente o inverso da reação
As eletrólises são realizadas em cubas eletrolíticas, nas de uma pilha. Assim, para que ocorra uma
quais a corrente elétrica é produzida por um gerador (pilha). hidrólise, é necessário que o gerador forneça
Nesse sistema, os eletrodos são geralmente inertes, uma ddp superior à reação da pilha. Se isso não
formados por platina ou grafita (carvão). ocorrer, não temos a ocorrência da eletrólise.
As substâncias que serão submetidas à eletrólise po-
dem estar liquefeitas (fundidas) ou em solução aquosa.
A seguir, vamos estudar essas duas possibilidades. ELETRÓLISE ÍGNEA
Esse tipo de eletrólise ocorre quando a passagem de
corrente elétrica se dá em uma substância iônica lique-
feita, isto é, fundida. Esse tipo de reação é muito utili-
116 zado na indústria, principalmente para a produção de
metais. Veja o exemplo de eletrólise do NaCl (cloreto de
sódio – sal de cozinha), com produção do sódio metáli-
co e do gás cloro:
Semirreação no cátodo: Na+ + e- → Na . (2)
Semirreação no ânodo: 2 Cl- → Cl2 + 2e-
Reação global: 2 Na+ + 2 Cl- → 2 Na + Cl2

ELETRÓLISE AQUOSA
Na eletrólise aquosa participam os íons da substân-
Importante: No processo de eletrólise, os elétrons cia dissolvida (soluto) e da água. Na eletrólise do cloreto
emergem da pilha (gerador) pelo ânodo (–) e entram de sódio em meio aquoso são produzidos a soda cáusti-
na célula eletrolítica pelo cátodo (–) no qual produzem ca (NaOH), o gás hidrogênio (H2) e o gás cloro (Cl2).
redução. Na célula eletrolítica, os elétrons emergem Dissociação do NaCl: 2NaCl- → 2Na+ + 2Cl-
pelo ânodo (+ ), no qual ocorre oxidação, e chegam à Autoionização da água: 2H2O → 2 H+ + 2OH-
pilha pelo seu cátodo (+). Semirreação no cátodo: 2H+ + 2e- → H2
Semirreação no ânodo: 2Cl- → Cl2 + 2e-
ESQUEMA DA ELETRÓLISE Reação global: 2 NaCl- + 2H2O → 2 Na++ 2OH- + H2
+ Cl2

Observe que foram formados dois cátions (Na+ e H+)


e dois ânions (Cl- e OH-). Porém, apenas um cátion (H+) e
um ânion (Cl-) sofreram as descargas do eletrodo.
Isso ocorre em todas as eletrólises em meio aquoso:
apenas um dos cátions e um dos ânions são participan-
tes. Para determinarmos quais serão os participantes e
quais serão os espectadores, existe uma ordem de faci-
lidade de descarga, conforme mostrado na lista abaixo:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

processadas, e sua comercialização gera receita que


ajuda a cobrir os custos do processo. A série eletroquími-
ca a seguir lista o cobre e alguns metais presentes como
impurezas no cobre bruto de acordo com suas forças
redutoras relativas.

Entre as impurezas metálicas que constam na série apre-


METAL DE SACRIFÍCIO sentada, as que se sedimentam abaixo do ânodo de
O metal de sacrifício (ânodo de sacrifício) pode ser cobre são
definido como qualquer metal utilizado em estruturas
submetidas a ambientes oxidantes (um agente ou a) Au, Pt, Ag, Zn, Ni e Pb.
substância responsável por causar oxidação), com o b) Au, Pt e Ag.
objetivo de ser oxidado em seu lugar, isto é, sacrificado c) Zn, Ni e Pb.
em seu lugar. Esse metal deve obrigatoriamente possuir d) Au e Zn.
menor poder de redução do que o material utilizado na e) Ag e Pb.
estrutura, para que possa ser “sacrificado” e de desse
modo protegê-la. Existem distintos metais que podem Resposta: Letra B. Quanto maior a força redutora,
ser utilizado com essa finalidade, e dois bons exemplos maior a capacidade desse elemento reduzir um ou-
desses são o zinco e magnésio. tro elemento e maior sua capacidade de oxidação.
O ferro, metal utilizado em cascos de navio, quando Sendo assim, as que reduzem (ficam no seu estado
colocado em contato com a água do mar, se oxidaria de nox=0 ,ou seja,sedimentam) com maior facilidade
com maior facilidade caso não houvesse um metal de são os metais nobres, os mais acima da tabela.
sacrifício. Cascos de navio são protegidos da corrosão 117
mediante a colocação de placas de zinco, que se oxida
mais facilmente que o ferro. A técnica é denominada CINÉTICA QUÍMICA
“proteção catódica”, pois o ferro é protegido justamente
por se tornar o cátodo da cela galvânica formada
por zinco e ferro. E o zinco é denominado “metal de FATORES QUE ALTERAM A VELOCIDADE DAS REAÇÕES
sacrifício” ou “ânodo de sacrifício”, pois, atuando como QUÍMICAS
o ânodo da cela, oxida-se, preservando, assim, o ferro. A velocidade das reações químicas é uma área es-
A proteção é eficiente desde que o metal de sacrifício tudada pela Cinética Química. Esse estudo é importan-
seja reposto à medida que vai sendo consumido. te porque permite encontrar meios de controlar o tem-
O metal utilizado em grande escala como ânodo po de desenvolvimento das reações, tornando-as mais
de sacrifício é o zinco. Este além de ser relativamente lentas ou mais rápidas, conforme a necessidade.
barato, apresenta potencial de redução menor que a Alguns dos fatores que interferem na velocidade das
maioria dos metais. reações são:

TEMPERATURA
Um aumento na temperatura provoca um aumento
EXERCÍCIO COMENTADO na velocidade das reações químicas, sejam elas endo-
térmicas ou exotérmicas, pois isso faz com que se atinja
1. (ENEM 2009) Para que apresente condutividade elétri- mais rápido o complexo ativado;
ca adequada a muitas aplicações, o cobre bruto obti-
do por métodos térmicos é purificado eletroliticamente. CONCENTRAÇÃO
Nesse processo, o cobre bruto impuro constitui o ânodo Um aumento na concentração dos reagentes acele-
da célula, que está imerso em uma solução de CuSO4. ra a reação, pois haverá um maior número de partículas
À medida que o cobre impuro é oxidado no ânodo, íons dos reagentes por unidade de volume, aumentando a
Cu2+ da solução são depositados na forma pura no probabilidade de ocorrerem colisões efetivas entre elas;
cátodo. Quanto às impurezas metálicas, algumas são
oxidadas, passando à solução, enquanto outras simples-
mente se desprendem do ânodo e se sedimentam abai-
xo dele. As impurezas sedimentadas são posteriormente
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PRESSÃO Assim:
Esse fator interfere unicamente em sistemas gasosos. v1=v2 → [A], [B], [C] ,[D] → Equilíbrio químico
O aumento da pressão aumenta também a rapidez da
reação, pois deixa as partículas dos reagentes em maior
contato;

SUPERFÍCIE DE CONTATO
Quanto maior a superfície de contato, maior a velo-
cidade com que a reação se processa, pois a reação
depende do contato entre as substâncias reagentes;

CATALISADOR
O uso de catalisadores específicos para determina-
das reações pode acelerá-las. Essas substâncias não Um exemplo de processo reversível é o que ocorre
participam da reação em si, pois são totalmente rege- com a água líquida contida num frasco fechado. Nesse
neradas ao final dela. sistema, temos moléculas de água passando continua-
mente do estado líquido para o de vapor e do de vapor
para o líquido.
EQUILÍBRIO QUÍMICO

Algumas reações ocorrem somente enquanto exis-


tem reagentes. Por exemplo, digamos que você acen-
da um palito de fósforo, ele começa a reagir com o oxi-
gênio do ar proporcionando a queima total do mesmo.
Sabemos também que essa reação irá cessar depois O fato de as duas velocidades serem iguais na situa-
que todo o reagente for consumido. Outro ponto é que ção de equilíbrio gera uma consequência que é a cons-
não conseguimos regenerar o fósforo queimando. Por- tância nas quantidades dos participantes, embora não
tanto, esse tipo de reação é chamada de irreversível. seja obrigatoriamente iguais.
Consideremos uma reação representada pela equa- Nas reações reversíveis, a velocidade inicial (t = 0)
118 ção geral: da reação direta é máxima, pois a concentração em
mol/L do reagente também é máxima. Com o decorrer
do tempo, a velocidade da reação direta diminui ao
passo que a velocidade da inversa aumenta.
Sejam v1 e v2 as velocidades das reações direta e Ao atingir o equilíbrio, essas velocidades se igualam.
inversa, respectivamente. Suponde que essas reações
sejam elementares, temos: Condições para que ocorra o equilíbrio químico:
v1= K1[A] [B] e v2=K2[C] [D] -Sistema fechado.
-Reação reversível.
No momento em que misturamos a mols de A e b -Velocidade da reação direta igual a velocidade da
mols de B, v1 assume o seu valor máximo, porque [A] e reação inversa.
[B] têm seus valores máximos. Com o decorrer do tem- -Concentrações ou pressões parciais (no caso gases)
po, [A] e [B] vão diminuindo, pois A e B vão sendo con- constantes com o tempo.
sumidos na reação direta e, consequentemente, v1(di-
reta) vai diminuindo. Conforme C e D vão-se formando TIPOS DE EQUILÍBRIO
na reação, suas concentrações vão aumentando e, Os equilíbrios químicos são atingidos, no caso de
consequentemente, v2 (inversa) aumenta com o passar reações reversíveis, quando a taxa de desenvolvimento
do tempo. Uma vez que v1 diminui e v2 aumenta, após da reação direta é igual à taxa de desenvolvimento da
algum tempo v1=v2. reação inversa, em temperatura constante.
A partir desse instante, [A], [B], [C] e [D] permane- Existem equilíbrios químicos homogêneos e equilíbrios
cem constantes, porque, em um mesmo intervalo de químicos heterogêneos. Veja o que os diferencia:
tempo, o número de mols de cada substância consumi- -Equilíbrios químicos homogêneos: São aqueles em
dos numa reação é igual ao número de mols formados que todos os participantes da reação (reagentes
na reação de sentido contrário. Quando v1=v2, dizemos e produtos) encontram-se em um mesmo estado
que o sistema alcançou o equilíbrio. A partir desse ins- físico e, dessa forma, o sistema fica com uma úni-
tante, o sistema constitui um equilíbrio químico. ca fase.
O Equilíbrio Químico é uma reação reversível que
atingiu o ponto em que as reações direta e inversa ocor-
rem com a mesma velocidade.
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Exemplo: QUOCIENTE DE EQUILÍBRIO (QC)


O quociente de equilíbrio (Qc) é a relação entre as
concentrações em mol/L dos participantes em qualquer
situação, mesmo que o equilíbrio ainda não esteja es-
tabelecido. É expresso da mesma maneira que a cons-
tante de equilíbrio (Kc). Se estabelecermos uma relação
entre Qc e Kc, podemos ter:
Q c =1: sistema em equilíbrio
-Equilíbrios químicos heterogêneos: ocorrem quando Kc
os constituintes do sistema (reagentes e produtos)
Qc
se encontram em fases diferentes. ≠1 : o sistema não está em equilíbrio
K
Exemplo:
DESLOCAMENTO DO EQUILÍBRIO
Em um sistema em equilíbrio, a velocidade da reação
direta é igual à velocidade da inversa, e as concentra-
ções em mol/L de todos os participantes permanecem
constantes. Se, sobre esse equilíbrio, não ocorrer a ação
de nenhum agente externo, ele tende a permanecer
CONSTANTE DE EQUILÍBRIO EM TERMOS DAS CONCEN- nessa situação indefinidamente. Porém, se for exercida
TRAÇÕES MOLARES (KC) uma ação externa sobre esse equilíbrio, ele tende a rea-
Considerando o equilíbrio dado por uma equação gir de maneira a minimizar os efeitos dessa ação.
geral qualquer:

SE LIGA!
aA + bB cC + dD Princípio de Le Chatelier:
temos: “Quando se aplica uma força em um sistema
Para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b em equilíbrio, ele tende a se reajustar no
sentido de diminuir os efeitos dessa força”.
-Para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d
No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d Os fatores que podem modificar a condição de 119
equilíbrio de um sistema são: concentração, pressão e
temperatura.
O Princípio de Le Chatelier é fácil de ser entendido
quando se considera que a constante de equilíbrio de-
pende somente da temperatura.
Agora vamos analisar cada um dos fatores que po-
A relação é constante e denomia-se constante dem afetar o equilíbrio.
de equilíbrio em termos de concentração molar (Kc):
CONCENTRAÇÃO
Considere o seguinte equilíbrio:
C(s) + CO2(g) 2 CO(g)

1) Ao adicionar CO2(g) ao equilíbrio, imediatamente


A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das ocorre um aumento na concentração do com-
concentrações dos produtos da reação e das concen- posto, que irá acarretar aumento do número de
trações dos reagentes da reação, todas elevadas a ex- choques entre o C(s) e o CO2(g). Isso favorece a for-
poentes que correspondem aos coeficientes da reação. mação de CO(g), ou seja, o equilíbrio se desloca
para o lado direito.
Importante: 2) Ao adicionar CO(g) ao equilíbrio, ocorre um au-
1) A constante de equilíbrio Kc varia com a tempe- mento na concentração do composto, transfor-
ratura mando-o parcialmente em CO2(g) e em C(s). Nesse
2) Quanto maior o valor de Kc , maior o rendimento caso, o equilíbrio se desloca para a esquerda.
da reação, uma vez que no numerador temos os 3) Ao retirar parte do CO(g) presente no equilíbrio,
produtos e no denominador os reagentes. Portan- imediatamente ocorre uma diminuição na con-
to, comparando valores de Kc em duas tempera- centração do composto e, como consequência,
turas diferentes, podemos saber em qual destas a a velocidade da reação inversa diminui. Logo, a
reação direta apresenta maior rendimento; velocidade da reação direta será maior, favore-
cendo a formação de CO(g), ou seja, o equilíbrio
se desloca para a direita.
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PRESSÃO
Ao aumentar a pressão sobre um equilíbrio gasoso,
à temperatura constante, ele se desloca no sentido da
reação capaz de diminuir esse aumento da pressão e vi-
ce-versa. Para averiguar os efeitos da variação de pres- Kc diminui
são em um equilíbrio, vamos avaliar o equilíbrio seguinte,
a uma temperatura constante:

Quando aumentamos a pressão, o equilíbrio se deslo-


ca para a direita, favorecendo a formação do SO3(g), já
que nesse sentido há uma diminuição do número de mol
de gás e, consequentemente, uma redução da pressão. Lei de Van’t Hoof: “A cada aumento de 10°C na tem-
Pode-se analisar o efeito produzido pela variação de peratura de uma reação química, a velocidade da rea-
pressão pela associação do número de mol ao volume. ção duplica ou até mesmo triplica.”
Assim, nas mesmas condições, temos: Observação: Van’t Hoof não considerou que cada
reação tem um ótimo de temperatura para ocorrer
(temperatura ideal) e após atingido esse ótimo, o au-
mento da temperatura pode não mais influenciar a ve-
locidade da reação ou até mesmo prejudicá-la. Exem-
plo: Reações Enzimáticas.

CONCENTRAÇÃO DO EQUILÍBRIO
Um aumento na concentração de qualquer substân-
cia (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no sen-
Exemplo: tido de consumir a substância adicionada. O aumento
Aumento de Pressão: desloca o equilíbrio para a di- na concentração provoca aumento na velocidade, fa-
reita (menor volume). zendo com que a reação ocorra em maior escala no
Diminuição de Pressão: desloca o equilíbrio para a sentido direto ou inverso.
120 esquerda (maior volume). Diminuindo a concentração de qualquer substância
(reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no sen-
TEMPERATURA tido de refazer a substância retirada. A diminuição na
A temperatura, além de provocar deslocamento do concentração provoca uma queda na velocidade da
equilíbrio, é o único fator responsável por alterações na reação direta ou inversa, fazendo com que a reação
constante de equilíbrio (Kc). ocorra em menor escala nesse sentido.
Num sistema em equilíbrio, sempre temos duas rea- Exemplos:
ções: a endotérmica, que absorve calor, e a exotérmi-
ca, que libera calor.
Quando aumentamos a temperatura, favorecemos 1o) 2 CO(g) + O2(g) 2 CO(g)
a reação que absorve calor (endotérmica). Por outro O aumento na concentração de CO ou O2 provo-
lado, quando há diminuição da temperatura, favorece- ca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto,
mos a reação que libera calor (exotérmica). o equilíbrio desloca-se para a direita. A diminuição na
Exemplo: concentração de CO ou O2 provoca queda em v1, fa-
zendo com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se
para a esquerda.
C(s) + CO2(g) 2 CO(g)

Para equilíbrio em sistema heterogêneo, a adição de só-


-Aumento da temperatura: desloca o equilíbrio no sen- lido (C(s)) não altera o estado de equilíbrio, pois a concentra-
tido da reação endotérmica (para a esquerda); ção do sólido é constante e não depende da quantidade.
- Diminuição da temperatura: desloca o equilíbrio no
sentido da reação exotérmica (para a direita). Observações:
- Aumento na pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio
Se também desejamos relacionar a variação da desloca-se para a direita.
temperatura com a constante de equilíbrio (Kc), de- - Diminuindo a pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio
vemos considerar que uma elevação da temperatura desloca-se para a esquerda.
favorece a reação endotérmica. Então, [N2] e [H2] au-
mentam e [NH3] diminui:
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Importante: Os compostos orgânicos são, na sua maioria, forma-


-Substância sólida não desloca um equilíbrio quími- dos por C, H, O e N e estão presentes na constituição
co, pois a concentração de um sólido em termos dos seres vivos – o que levou a essa parte da Química ser
de velocidade é considerada constante, porque denominada “orgânica”.
a reação se dá na superfície do sólido. Entretanto em 1828, Wohler obteve o primeiro com-
posto orgânico em laboratório. Ele sintetizou ureia, uma
substância orgânica, a partir de amônio, uma substân-
-Alterando-se a concentração de uma substância cia inorgânica.
presente no equilíbrio, o equilíbrio se desloca, po-
rém, sua constante de equilíbrio permanece inal-
terada (a constante permanece sem ter seu valor
modificado porque a temperatura não variou).
Clanato de amônio Ureia
GRAU DE EQUILÍBRIO (substância inorgânica) (substância orgânica)
Grau de equilíbrio (α) representa a relação entre o
número de mols consumidos de um reagente e o núme- Com isto, a Química Orgânica deixou de ser o es-
ro de mols inicial desse reagente. tudo exclusivo de moléculas presentes nos organismos
vivos e atualmente é definida simplesmente como o es-
n° de mols consumidos de um reagente
𝐠𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐞𝐪𝐮𝐢𝐥í𝐛𝐫𝐢𝐨 = tudo das cadeias carbônicas, mesmo que estas não es-
n° de mols inicial desse reagente
tejam em um ser vivo – é o caso do álcool e da gasolina,
por exemplo.
No caso de um equilíbrio de dissociação, temos o Em 1858, KeKulé e Couper enunciaram a teoria es-
grau de dissociação: trutural da Química orgânica através de três postulados:
n° de mols dissociados de um reagente 1) O carbono é tetravalente.
𝐠𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐝𝐢𝐬𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚çã𝐨 = 2) As quatro valências são equivalentes.
n° de mols inicial desse reagente
3) Os átomos de carbono formam cadeias carbôni-
cas longas e estáveis.
O grau de dissociação é um número puro, sem uni-
dade, e sempre menor que 1 (α<1). É comumente ex-
presso em %.
É importante que não haja confusão entre grau de 121
equilíbrio e constante de equilíbrio. O grau de equilíbrio
varia com a temperatura e com as concentrações das
substâncias participantes. No caso de um equilíbrio do O ÁTOMO DE CARBONO
qual participam gases, o grau de equilíbrio varia tam-
bém com a pressão. PROPRIEDADES
O átomo de carbono possui massa atômica (A) igual
Constante de equilíbrio Grau de equilíbrio (α) a 12,01u e número atômico (Z) igual a 6.
Veja a sua configuração eletrônica:
Varia com a tempera- Varia com a temperatura
tura
Não varia com as con- Varia com as concentra-
centrações das substân- ções das substâncias
cias TIPOS DE CARBONO
Os átomos de carbono que constituem uma cadeia
Não varia com a pres- Varia com a pressão,
carbônica podem ser classificados de acordo com a
são, mesmo que no quando pelo menos uma
quantos outros átomos de carbono eles estão ligados
equilíbrio haja substan- das substâncias for gasosa.
diretamente. Diante disso, podemos ter em uma cadeia
cias gasosas
os seguintes tipos de átomos de carbono:
-Carbono primário: Liga-se diretamente a 1 átomo
de carbono.
QUÍMICA ORGÂNICA -Carbono secundário: Liga-se diretamente a 2 áto-
mos de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente a 3 áto-
É a parte da Química que estuda os compostos que mos de carbono.
contém carbono. -Carbono quaternário: Liga-se diretamente a 4 áto-
Porém nem toda substância que contém carbono mos de carbono.
é parte da Química Orgânica. Há algumas exceções Exemplo:
– compostos que, apesar de conter carbono, se com-
portam como uma substância inorgânica. São eles: C
(grafite), C (diamante), CO, CO2, HCN, H2CO3, Na2CO3.
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RETAS OU NORMAIS
Esse tipo de cadeia ocorre quando só existem carbo-
nos primários e secundários na cadeia. Estando em uma
única sequência, possuem apenas duas extremidades.
Exemplo:

CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBÔNICAS


As cadeias carbônicas podem ser classificadas de
acordo com a disposição dos átomos de carbono: RAMIFICADAS
São aquelas cadeias que possuem três ou mais extre-
CADEIA ABERTA, ACÍCLICA OU ALIFÁTICA midades, com carbonos terciários ou quaternários.
Possui extremidades livres, sem os átomos de carbo- Exemplo:
no estarem todos ligados entre si.

Exemplos:

TIPO DE LIGAÇÃO ENTRE OS ÁTOMOS DE CARBONO


Quanto ao tipo de ligação entre os átomos de carbono,
as cadeias são classificadas em saturadas e insaturadas.

CADEIA SATURADA
Essa classificação é utilizada para as cadeias que
possuem somente ligações simples entre os carbonos.
Exemplos:

122

CADEIA FECHADA OU CÍCLICA


Não possui nenhuma extremidade livre; seus átomos
estão unidos, fechando a cadeia e formando um enca- CADEIA INSATURADA
deamento, ciclo, núcleo ou anel. Nesse tipo de cadeia existe pelo menos uma instaura-
Exemplos: ção (dupla ou tripla ligação) entre os átomos de carbono.
Exemplos:

CADEIA MISTA
Possui pelo menos um ciclo (anel) e uma extremidade. NATUREZA DOS ÁTOMOS DAS CADEIAS CARBÔNICAS
Exemplos: Quanto à natureza dos átomos que as constituem,
as cadeias carbônicas dividem-se em homogêneas e
heterogêneas.

CADEIA HOMOGÊNEA
Esse tipo de cadeia não possui nenhum heteroátomo
entre os carbonos, ou seja, essas cadeias são constituí-
das somente por carbonos.
Quanto à disposição dos átomos de carbono, as
cabeias abertas podem ser classificadas como retas ou
normais e ramificadas.
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Exemplos: QUANTIDADE DE CICLOS


Um outro critério que pode ser utilizado para classifi-
car as cadeias cíclicas está relacionado com a quanti-
dade de ciclos (anéis ou núcleo).
Assim temos:

CADEIA MONOCÍCLICA OU MONONUCLEAR


Apresenta um único ciclo em toda sua estrutura
CADEIA HETEROGÊNEA Exemplos:
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos um heteroá-
tomo entre os átomos de carbono, sendo que os hete-
roátomos mais comuns são O, N, S e P.
Exemplos:

CADEIA POLICÍCLICA OU POLINUCLEAR


Apresenta no mínimo dois ciclos em sua estrutura.
Exemplos:
CADEIAS FECHADAS OU CÍCLICAS
As cadeias cíclicas subdividem-se em aromáticas e
alicíclicas ou não aromáticas.

AROMÁTICAS
São consideradas cadeias aromáticas aquelas que
possuem em sua estrutura pelo menos um núcleo ben-
zênico, também denominado anel aromático (C6H6).

Resumo 123

Exemplos:

ALICÍCLICA, NÃO-AROMÁTICAS OU CICLO-ALIFÁTI-


CAS
Esse tipo de cadeia são fechadas porem não apre-
sentam o núcleo aromático (anel benzênico).
Exemplo:
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FUNÇÕES ORGÂNICAS

Devido ao elevado número de compostos orgânicos que existem, foi necessário agrupá-los em funções orgânicas.
As substâncias foram classificadas de acordo com suas propriedades semelhantes e composição para melhorar
o estudo destes compostos, assim como os compostos inorgânicos.
As principais funções orgânicas e sua nomenclatura são listadas a seguir:

124 Exemplo:

Prop + en + o = Propeno
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FUNÇÕES OXIGENADAS

125
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• Sal de cozinha (cloreto de sódio)


QUÍMICA NO COTIDIANO • Água oxigenada (peróxido de hidrogênio)
• Álcool (etanol)
• Formol (metanal)
A Química está presente em inúmeras situações de • Soda cáustica (hidróxido de sódio)
nossas vidas. No entanto, muitas pessoas têm dificulda- • Ácido acético (componente do vinagre)
de em relacionar a teoria estudada com as aplicações
práticas do conteúdo em nosso cotidiano. Dessa maneira, percebe-se que as atividades sim-
A água que é um elemento essencial à vida só tor- ples que exercemos como, tomar banho, lavar os cabe-
na-se potável através de muitos processos químicos, los, escovar os dentes, e até cozinhar, andar de carro,
que tratam a água imprópria para o consumo garantin- entre muitas outras coisas envolvem a química e quase
do o abastecimento à população. ninguém sabe o que acontece realmente durante toda
O nosso corpo, por exemplo, é formado por diversas essa rotina diária.
substâncias em constante transformação que possibi- Na agricultura, a química é importante pois permi-
litam o ser humano continuar vivo. Sem essas reações te produzir adubos (fertilizante) que enriquece o solo
não haveria vida. Ao consumirmos alimentos, água, en- (geralmente com azoto, fósforo, potássio, enxofre, cál-
tre outros, o nosso sistema digestivo produz substâncias cio e magnésio) e pesticidas (antigamente produzidos
químicas capazes de transformar esses materiais ingeri- com chumbo, mercúrio e arsénico, materiais altamen-
dos em nutrientes necessários para diversas funções do te tóxicos) que permitem, por um lado o crescimento
organismo, como produção de energia, manutenção da planta rápido devido ao adubo, e, por outro lado,
dos órgãos, tecidos, ossos, etc.  Em todas as ações co- o crescimento saudável, sem as pestes de insetos que
mandadas pelo nosso cérebro, como por exemplo, nos- destroem as plantações e culturas. Com o desenvolvi-
sas emoções, o que ocorre é química. mento do conhecimento técnico-científico nossa socie-
Uma árvore, quando é exposta à luz do sol, começa dade foi optando por consumir produtos cada vez mais
o processo da fotossíntese, que é a absorção da energia dependentes das novas tecnologias.
luminosa e sua transformação em energia, indispensá- A agricultura orgânica pode ser um caminho a ser
vel para a vida das plantas. A fotossíntese é de extrema percorrido para a busca da sobrevivência harmônica
importância para a manutenção do equilíbrio biológico do ser humano com o seu planeta. Hoje, o termo agri-
nos diversos ecossistemas de nosso planeta. Tudo que cultura orgânica possui uma conotação nova e mais
ocorre durante este processo é química. abrangente. Nesta condição, a expressão agricultura
126 A equação da fotossíntese pode ser representada orgânica abrange todas as demais definições que aten-
da seguinte maneira: tem para o problema de desenvolver a agricultura de
6 CO2 + 6 H2O → C6H12O6 + 6 O6 forma economicamente viável, social justa e ambiental
correta.
Outros exemplos que provam como a química está É através de produtos químicos que se fertiliza a terra,
presente em nosso cotidiano são: conservando e aumentando o seu potencial produtivo.
-Nos alimentos: os alimentos naturais precisam dos A reposição de elementos como o nitrogênio, fósfo-
produtos químicos que fertilizam a terra para sua ro, potássio e cálcio, entre outros, retirados pela ação
produção. Os pesticidas também são de grande de chuvas, ventos, queimadas e constantes colheitas,
importância na tarefa de garantir a qualidade dos é fundamental para manter a produtividade da terra.
alimentos, pois sua ação combate as pragas im- Sem os fertilizantes químicos, áreas esgotadas ou im-
pedindo a disseminação de doenças e destruição próprias à agricultura teriam sido abandonadas, com
das plantações. consequente queda na produção de alimentos. Mais:
-No vestuário: a maioria das roupas que usamos novas áreas agrícolas teriam de ser abertas, reduzindo
apresenta fios artificiais (náilon, poliéster) mistura- as reservas de matas e florestas. Também os defensivos
dos a fibras naturais (algodão, lã). químicos têm um importante papel nessa tarefa. Com
-Na saúde: o desenvolvimento da indústria farma- eles, o agricultor garante a qualidade dos alimentos, a
cêutica e da medicina fortalece a saúde humana, produtividade das plantações e evita a disseminação
aumentando a expectativa de vida do homem. de doenças.
-No desenvolvimento econômico e tecnológico: a Na saúde, a Química está profundamente relaciona-
indústria petroquímica transforma elementos pre- da com a área da saúde e Medicina, pois a química
sentes na natureza em produtos úteis ao homem. permite estudar os tecidos (órgãos e pele), estruturas
Desde a fabricação de bens como computado- (ossos) e líquidos internos (Sangue, bílis, suco pancreá-
res e automóveis até itens como plásticos, com- tico, linfa…) e do ponto de vista da sua composição e
bustíveis e tintas são resultados de transformações funcionamento, interligando-se assim com a Biologia
químicas sofridas pelo petróleo. (formando assim a Bioquímica), para achar tratamentos
mais eficazes a diversas doenças, tendo em conta os
Muitas substâncias químicas são comuns no nosso conhecimentos em termos da química do nosso corpo
dia a dia, por exemplo: assim como a biologia humana.
• Acetona (propanona)
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A Química é também utilizada na concessão de me-


dicamentos e vacinas, que nos permite combater as
doenças e epidemias, como é o caso da dengue, da HORA DE PRATICAR!
malária, etc.. Tem tido uma participação essencial na
melhoria da Saúde Humana ao longo dos tempos, mes- 1. (EsPECx) Considerando três recipientes distintos que
mo quando a sua presença não é perceptível. Ela par- possuem, no seu interior, exclusivamente, água mineral,
ticipa nas diversas fases da Saúde, desde a prevenção etanol e soro fisiológico, é correto afirmar que os conte-
(desde a simples assepsia e limpeza), ao diagnóstico, à údos são, respectivamente:
manutenção e ao tratamento das diversas patologias,
com o uso de fármacos. Hoje a Química está presen- a) mistura heterogênea, substância composta e subs-
te na área da Saúde, em cada comprimido tomado, tância simples.
em cada colher de xarope engolida, em cada injeção b) mistura homogênea, mistura homogênea e mistura
administrada. Está presente na prevenção, na identifi- homogênea.
cação e no tratamento das mais diversas patologias. A c) substância composta, substância composta e mistura
Química (juntamente com diversas ciências) continua a heterogênea.
ser a esperança e o caminho para os diversos desafios d) mistura homogênea, substância composta e mistura
que as atuais ou as novas patologias apresentam. A ob- homogênea.
tenção de novos medicamentos ou de novos meios de
diagnóstico passou da simples “tentativa e erro” para 2. (E.M. Santa Casa/Vitória-ES) Excluindo-se o recipiente
uma ciência que, com a participação da Química, os e a atmosfera, quantas fases deve apresentar um sis-
desenha, os desenvolve e os produz. Hoje, a Química tema constituído por: óleo + gelo + água + sal de cozi-
continua a ser a grande fonte dos medicamentos e a nha em quantidade superior ao ponto de saturação na
água + granito (mica, feldspato, quartzo)?
dar uma contribuição única para a Saúde e a qualida-
de de vida do Homem; mesmo que seja numa simples
a) 3
Aspirina (ácido acetilsalicílico), utilizada como eficaz
b) 4
analgésico há mais de 100 anos.
c) 6
A química está presente em praticamente todos os
d) 7
medicamentos modernos, sem ela, os cientistas não po-
e) 9
deriam sintetizar novas moléculas, que curam doenças
e fortalecem a saúde humana. Mas a aplicação da
3. (U. Alfenas-MG) Se em um copo contendo água for
química vai além dos medicamentos, pois, ela cerca o 127
colocado uma bolinha de naftalina (naftaleno), obser-
homem de outros cuidados que prolongam e protegem va-se que a mesma afunda. Acrescentando-se a esse
a vida. sistema sal de frutas, a naftalina passa a boiar. Esse fe-
Fornecedor de uma quantidade fantástica de pro- nômeno se deve ao fato de que:
dutos básicos para outras indústrias, o setor químico
também desenvolveu matérias-primas específicas para a) a naftalina torna-se menos densa, pois começa a se
a medicina. Válvulas cardíacas, próteses anatômicas, dissolver na água;
seringas descartáveis, luvas cirúrgicas, recipientes para b) há formação de gás carbônico, o qual interage com
soro, tubos flexíveis e atóxicos e embalagens para co- a naftalina, deixando-a menos densa;
leta e armazenamento de sangue são apenas alguns c) com a adição do sal de frutas, gera-se uma solução
dos exemplos dos produtos de origem química que re- mais densa que a naftalina, fazendo com que esta bóie;
volucionaram a medicina. Hospitais, clínicas, laborató- d) a naftalina tem uma grande facilidade para sofrer o
rios, enfermarias e unidades de terapia intensiva têm na processo de sublimação.
química uma parceira indispensável. Os modernos equi- e) forma-se uma mistura heterogênea instável que ten-
pamentos utilizados em cirurgias ou diagnósticos foram de a se tornar homogênea com a expulsão da nafta-
fabricados com matérias-primas químicas. Avançados lina do meio, facilitando sua sublimação.
desinfetantes combatem o risco de infecções. Reagen-
tes aceleram o resultado de exames laboratoriais. 4. (UPE) Em relação às substâncias puras e misturas, é
correto afirmar:

a) as substâncias puras apresentam composição quími-


ca constante apenas quando submetidas às CNTP.
b) as misturas azeotrópicas comportam-se como subs-
tâncias puras em relação á fusão.
c) quando uma substância pura muda de estado físico,
a temperatura permanece constante apenas no iní-
cio do processo.
d) os constituintes de uma mistura homogênea podem
ser separados apenas por decantação, seguida por
uma centrifugação.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

e) as substâncias puras são homogêneas, apresentam c) sódio é o elemento mais eletronegativo do 3º período.
composição química constante e propriedades físicas d) mercúrio é um ametal líquido à temperatura ambiente.
peculiares. e) potássio tem maior raio atômico que o Br.

5. (PUC - RS/1-2002) O átomo, na visão de Thomson, é 11. (PUC-Campinas-2005) O mármore branco é constitu-
constituído de ído principalmente pelo mineral calcita, CaCO3. Nesse
mineral, as ligações químicas são
a) níveis e subníveis de energia.
b) cargas positivas e negativas. a) iônicas entre Ca2+ e CO3-2 e covalentes nos íons CO3-2
c) núcleo e eletrosfera. b) iônicas entre Ca2+ e CO3-2 e metálicas nos íons Ca2+.
d) grandes espaços vazios. c) iônicas entre todos os átomos.
e) orbitais. d) covalentes entre todos os átomos.
e) metálicas entre todos os átomos.
6. (PUC-MG) Considerando os elementos da coluna VA,
na ordem crescente de números atômicos, é CORRETO 12. (UNIFESP-2006) A geometria molecular e a polari-
afirmar que: dade das moléculas são conceitos importantes para
predizer o tipo de força de interação entre elas. Dentre
a) o ponto de fusão aumenta. os compostos moleculares nitrogênio, dióxido de enxo-
b) o caráter metálico diminui. fre, amônia, sulfeto de hidrogênio e água, aqueles que
c) a eletronegatividade aumenta. apresentam o menor e o maior ponto de ebulição são,
d) o raio atômico diminui. respectivamente,
e) o potencial de ionização aumenta.
a)SO2 e H2S.
b) N2 e H2O.
7. (Cesgranrio-RJ-adapatado/2015) Na Tabela Periódi-
c) NH3 e H2O.
ca, os elementos estão organizados em ordem crescen-
d)N2 e H2S.
te de:
e) SO2 e NH3.
a) Número de massa
13. (UFLA-2001) O sal de cozinha (NaCl), o ácido clorí-
b) Massa atômica
drico (HCl) e a glicose (C6H12O6) apresentam em suas
c) Número atômico
estruturas, respectivamente, ligações do tipo
128 d) Raio atômico
e) Eletronegatividade
a) iônica, iônica e iônica.
b) covalente, covalente e covalente.
8. (UFPA) Um átomo, cujo número atômico é 18, está c) metálica, covalente e covalente.
classificado na Tabela Periódica como: d) iônica, covalente e covalente.
e) iônica, metálica e covalente.
a) metal alcalino
b) metal alcalinoterroso 14. (PUC-PR) Muitos produtos químicos estão presentes
c) metal terroso no nosso cotidiano, como por exemplo, o leite de mag-
d) ametal nésio, vinagre, calcáreo e a soda cáustica.
e) gás nobre Estas substâncias citadas pertencem, respectivamente,
às funções químicas:
9. (PUC - RS/2-2001) Os metais alcalinos-terrosos, à tem-
peratura e pressão ambiente, são sólidos prateados, de a) ácido, base, base e sal.
baixa dureza, e reagem facilmente com a água e o oxi- b) sal, ácido, sal e base.
gênio do ar. À medida que aumenta o número atômico c) ácido, base, sal e base.
desses metais, d) base, sal, ácido e base.
e) base, ácido, sal e base.
a) aumenta a energia de ionização.
b) diminui o número de oxidação. 15. (UFSE – adaptado) A respeito das funções inorgâni-
c) diminui o caráter metálico. cas é correto afirmar:
d) aumenta a afinidade eletrônica.
e) diminui a eletronegatividade. a) Cal viva é um óxido que possui propriedades básicas.
b) Metano, CH4, constituinte do gás natural, pode ser
10. (PUC-RS/1-2001) Com relação à classificação perió- considerado um ácido de Arrhenius.
dica dos elementos, pode-se afirmar que o c) No vinagre, o ácido acético está totalmente ioniza-
do.
a) hidrogênio é um metal alcalino localizado na 1ª coluna. d) Sulfato de amônio é um sal, fertilizante. A amônia é
b) nitrogênio é o elemento mais eletropositivo da 15ª co- uma das matérias-primas necessárias a sua produção.
luna. e) Ácido nítrico é utilizado na produção de explosivos.
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16.(VUNESP) Os compostos NO2, NaNO2, HNO2 e NH4OH, a) oxirredução


quanto às funções químicas,podem ser classificadas, b) dupla troca
respectivamente, como c) síntese
d) deslocamento
a) óxido, ácido, sal e base. e) decomposição
b) óxido, sal, ácido e base. Competência ENEM: H24
c) ácido, óxido, sal e base.
d) óxido, ácido, base e sal. 22. (Mackenzie-SP)
e) ácido, sal, base e óxido. I. SO3 + H2O → H2SO4
II. H2 + 1 O2 → H2O
17. (PUC) Para conseguirmos aumentar o pH de uma so- Das sínteses expressas pelas equações acima, realizadas
lução aquosa, devemos nela borbulhar o gás: em condições adequadas, é INCORRETO afirmar que:

a) clorídrico a) na reação I tanto os reagentes como o produto são


b) amônia substâncias compostas.
c) cianídrico b) na síntese da água, o balanceamento da equação
d) carbônico está incorreto.
e) hidrogênio c) na reação I forma-se um ácido.
d) a soma dos menores coeficientes inteiros do balan-
18. (Fei 96) Considere uma solução de um ácido HA de ceamento na equação I é igual a 3.
constante de ionização Ka a uma dada temperatura. e) na reação II os reagentes são substâncias simples.
Relativamente a adição de um sal solúvel que possui o
íon A- (íon comum), assinale alternativa correta: 23. (UFF RJ) O propano, um gás combustível reage com
o oxigênio segundo a equação:
a) o íon comum não desloca o equilíbrio C3H8 + O2 → CO2(g) + 4H2O(g)
b) a concentração de íons H+ aumenta Logo, o volume de CO2 obtido, nas CNTP, a partir da
c) o grau de ionização do ácido não se altera combustão de 0,20 mol de C3H8 será aproximadamente:
d) a constante de ionização Ka do ácido não se altera
pois ela depende apenas da temperatura a) 4,80 L
e) o pH da solução não se altera b) 6,72 L
Competência ENEM: H24 c) 13,43 L 129
d) 14,42 L
19. (FURRN) No filme fotográfico, quando exposto à luz, e) 14,66 L
ocorre a reação:
2 AgBr →2 Ag + Br2 24. (Cesgranrio 95) De acordo com a Lei de Lavoisier,
Essa reação pode ser classificada como: quando fizermos reagir completamente, em ambiente
fechado, 1,12g de ferro com 0,64g de enxofre, a massa,
a) pirólise. em g, de sulfeto de ferro obtida será de: (Fe=56; S=32)
b) eletrólise.
c) fotólise. a) 2,76.
d) síntese. b) 2,24.
e) simples troca c) 1,76.
d) 1,28.
20. (UFCE) A equação: e) 0,48.
Al + H2SO4 → Al2(SO4)3 + H2
mostra que: 25. (UFMG-1999) O álcool etílico e o éter dimetílico são
isômeros de fórmula molecular C2H6O. Embora essas
a) a reação está balanceada. duas substâncias tenham a mesma fórmula molecular,
b) há maior quantidade de átomos de alumínio nos rea- os calores de combustão de seus vapores são diferen-
gentes que nos produtos. tes. Todas as afirmativas abaixo apresentam um fator re-
c) os coeficientes que ajustam a equação são 2 , 3 , 1 levante para explicar a diferença dos calores de com-
e 3. bustão desses dois compostos, EXCETO:
d) a massa dos reagentes é igual à dos produtos.
a) As suas moléculas apresentam diferentes ligações
21.(UFRJ) A reação que representa a formação do cro- químicas.
mato de chumbo II, que é um pigmento amarelo usado b) As suas temperaturas de ebulição são diferentes.
em tintas, é representada pela equação: c) As suas fórmulas estruturais são diferentes.
Pb(CH3COO)2 + Na2CrO4 → PbCrO4 + 2 NaCHDUCOO d) As suas moléculas correspondem a diferentes fun-
Que é uma reação de: ções orgânicas.
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26. (UFMG-2002) Ao se sair molhado em local aberto, 30. (UFC-CE) As reações químicas metabólicas são for-
mesmo em dias quentes, sente-se uma sensação de frio. temente dependentes da temperatura do meio. Como
Esse fenômeno está relacionado com a evaporação da consequência, os animais de sangue frio possuem me-
água que, no caso, está em contato com o corpo hu- tabolismo retardado, fazendo com que os mesmos se
mano. Essa sensação de frio explica-se CORRETAMENTE movimentem muito mais lentamente em climas frios. Isso
pelo fato de que a evaporação da água os torna mais expostos aos predadores em regiões tem-
peradas do que em regiões tropicais.
a) é um processo endotérmico e cede calor ao corpo. Assinale a alternativa que justifica corretamente esse fe-
b) é um processo endotérmico e retira calor do corpo. nômeno.
c) é um processo exotérmico e cede calor ao corpo.
d) é um processo exotérmico e retira calor do corpo. a) Um aumento na temperatura aumenta a energia
de ativação das reações metabólicas, aumentando
27. (Unifor-CE) Considere algumas transformações que suas velocidades.
ocorrem no ambiente: b) Um aumento na temperatura aumenta a energia ci-
I. Formação de dióxido de enxofre: S(s) + O2 (g)→ SO2(g) nética média das moléculas reagentes, aumentando
II. Interação da “chuva ácida” com mármore: 2H+ (aq) + as velocidades das reações metabólicas.
CaCO3(s)→ CO2(g) + H2O(l) + Ca2+(aq) c) Em temperaturas elevadas, as moléculas se movem
III. Interação do monóxido de nitrogênio com ozônio (na mais lentamente, aumentando a frequência dos cho-
estratosfera): ques e a velocidade das reações metabólicas.
NO(g) + O3(g) → NO2(g) + O2(g) d) Em baixas temperaturas, ocorre o aumento da ener-
Dos processos descritos, reconhece-se interação que gia de ativação das reações metabólicas, aumen-
envolve oxirredução em: tando suas velocidades.
e) A frequência de choques entre as moléculas rea-
a) I, somente gentes não depende da temperatura do meio, e a
b) II, somente velocidade da reação não depende da energia de
c) III, somente ativação.
d) I e III, somente
e) I, II e III 31. (UFMG-2007) O paracetamol, empregado na fabri-
cação de antitérmicos e analgésicos, tem esta estrutu-
28. (Fuvest) Numa pilha do tipo comumente encontrado ra:
130 nos supermercados, o pólo negativo é constituído pelo
revestimento externo de zinco. A semi-reação que per-
mite ao zinco funcionar como pólo negativo é:

a) Zn+ + e- → Zn
b) Zn2+ + 2e- → Zn
c) Zn → Zn+ + e-
d) Zn → Zn2+ + 2e-
e) Zn2+ + Zn → 2Zn+

29. (UDESC SC) Se um comprimido efervescente que


contém ácido cítrico e carbonato de sódio for coloca-
do em um copo com água e mantiver-se o copo aberto, É INCORRETO afirmar que, entre os grupamentos mole-
observa-se a dissolução do comprimido acompanhada culares presentes nessa estrutura, se inclui o grupo
pela liberação de um gás. Assinale a alternativa correta
sobre esse fenômeno. a) amino.
b) carbonila.
a) A massa do sistema se manterá inalterada durante a c) hidroxila.
dissolução. d) metila.
b) A velocidade de liberação das bolhas aumenta com
a elevação da temperatura da água.
c) Se o comprimido for pulverizado, a velocidade de dis-
solução será mais lenta.
d) O gás liberado é o oxigênio molecular.
e) O fenômeno corresponde a um processo físico.
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32. (SENAC-SP-VESTIBULAR-INGLÊS- SENAC-SP-2014) O 35. (PUC-RS) A “fluoxetina”, presente na composição


composto representado abaixo é um poderoso antis- química do Prozac®, apresenta fórmula estrutural:
séptico usado em odontologia.

Esse composto Com relação a esse composto, é correto afirmar que


I. possui anel aromático. ele apresenta:
II. apresenta a função fenol.
III. forma ligações de hidrogênio com a água. a) cadeia carbônica cíclica e saturada
Está correto o que se afirma em b) cadeia carbônica aromática e homogênea
c) cadeia carbônica mista e heterogênea
a) I, apenas. d) somente átomos de carbonos primários e secundários
b) II, apenas. e) fórmula molecular C17H16ONF
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas. 36. (Unitau -SP) Observe a fórmula
e) I, II e III.

33. (UFAM-PSC) O pau-rosa, típico da região amazônica,


é uma rica fonte natural do óleo essencial conhecido por
linalol, o qual também pode ser isolado do óleo de alfa-
zema. Esse óleo apresenta a seguinte fórmula estrutural: As quantidades totais de átomos de carbono primário,
secundário e terciário são, respectivamente:

a) 5, 2 e 2. 131
b) 3, 2 e 2.
c) 3, 3 e 2.
d) 2, 3 e 4.
e) 5, 1 e 3.
Sua cadeia carbônica deve ser classificada como:

a) acíclica, ramificada, saturada e heterogênea.


b) acíclica, normal, insaturada e homogênea.
c) alicíclica, ramificada, insaturada e homogênea.
d) acíclica, ramificada, insaturada e homogênea.
e) alicíclica, normal, saturada e heterogênea.

34. (PUC-RS) O ácido etilenodiaminotetracético, conhe-


cido como EDTA, utilizado como antioxidante em mar-
garinas, de fórmula

apresenta cadeia carbônica:

a) acíclica, insaturada e homogênea.


b) acíclica, saturada e homogênea.
c) cíclica, insaturada e homogênea.
d) acíclica, saturada e heterogênea.
e) cíclica, saturada e heterogênea.
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ANOTAÇÕES
GABARITO

1 B __________________________________________________
2 D ___________________________________________________
3 B ___________________________________________________
4 E
___________________________________________________
5 B
6 A ___________________________________________________
7 C ___________________________________________________
8 E
___________________________________________________
9 E
___________________________________________________
10 E
11 A ___________________________________________________
12 B ___________________________________________________
13 D
___________________________________________________
14 E
15 E ___________________________________________________
16 B ___________________________________________________
17 B ___________________________________________________
18 D
___________________________________________________
19 C
132 20 C ___________________________________________________
21 B ___________________________________________________
22 D
___________________________________________________
23 C
___________________________________________________
24 C
25 B ___________________________________________________
26 B ___________________________________________________
27 C
___________________________________________________
28 D
29 A ___________________________________________________
30 B ___________________________________________________
31 A ___________________________________________________
32 E
___________________________________________________
33 D
34 C ___________________________________________________
35 C ___________________________________________________
36 A
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
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2.1 Membrana plasmática


BIOLOGIA: CITOLOGIA É o envoltório flexível e extremamente fino que reves-
te todas as células, formado por uma bicamada fosfoli-
pídica – estrutura conhecida como modelo do mosaico
Citologia é o ramo da biologia que estuda as células, fluido, onde estão mergulhadas proteínas que fazem a
quanto a sua forma, componentes, funções e importân- ligação do meio extracelular com o meio intracelular.
cia na complexidade dos seres vivos. A membrana plasmática desempenha diversas fun-
Esse estudo só foi possível após o desenvolvimento ções, dentre as quais se destacam a permeabilidade
de instrumentos ópticos como o microscópio composto, seletiva, o reconhecimento e o transporte de substân-
inventado em 1590. A primeira observação de uma cé- cias.
lula foi feita em 1665 pelo cientista inglês Robert Hooke,
ao examinar uma delgada fatia de cortiça (tecido ve- 2.1.1 Transporte através da membrana
getal morto). Hooke observou a presença de pequenas
cavidades semelhantes às celas onde viviam os mon- A célula, sendo uma estrutura viva, precisa receber
ges, e por isso as denominou células. nutrientes para a realização de suas funções vitais. Pre-
cisa, também, eliminar os seus resíduos metabólicos. A
Porém, o trabalho de Hooke ficou esquecido até
membrana permite essas trocas entre o interior e o exte-
1838, quando os naturalistas alemães Schleiden e Sch-
rior da célula, como também a passagem livre de água
wan verificaram a presença de células em todos os te-
e de pequenas moléculas, como o oxigênio; e dificulta,
cidos vegetais e animais. Dessa forma, eles estabelece-
ou mesmo impede a passagem de moléculas grandes,
ram a Teoria Celular que afirma:
como as proteínas.
“Todo ser vivo é formado por células e essas, originá-
Os transportes através da membrana podem ser
rias de células preexistentes.”
agrupados em três categorias:
- Transportes Passivos – ocorrem sem gasto de ener-
FIQUE ATENTO! gia: difusão, difusão facilitada e osmose;
Conforme a teoria celular, os seres vivos são - Transporte Ativo – ocorre com gasto de energia:
classificados em organismos unicelulares ou bomba de sódio e potássio;
pluricelulares.
Os vírus são acelulares, e, portanto, não são - Transporte em Bloco – é a entrada e a saída de
considerados seres vivos! substâncias grandes demais para atravessarem a mem-
brana. Nesse caso, as partículas são englobadas. Envol- 133
ve os processos de endocitose (fagocitose, com partí-
CÉLULA: CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURAS culas sólidas e pinocitose, com partículas líquidas) e
exocitose.
1. Definição
É a unidade morfológica (do grego morphos, forma) 2.2 Citoplasma
e fisiológica (do grego physis, função) dos seres vivos. Região da célula entre o núcleo e a membrana plas-
Ou seja, é a menos estrutura viva em que as reações mática. O citoplasma das células eucarióticas é forma-
metabólicas ocorrem de maneira organizada e eficien- do pelo citosol, pelo citoesqueleto e pelas organelas
te. citoplasmáticas. Nas células procarióticas, o citoplasma
não possui citoesqueleto e apresenta apenas ribosso-
2. Partes da célula mos como organelas.
Observe na figura abaixo a representação das três - Citosol: material gelatinoso no qual as organelas fi-
partes fundamentais que constituem a célula e que va- cam mergulhadas; é composto de água, sais minerais,
mos estudar cada uma detalhadamente: membra plas- proteínas, carboidratos, bases nitrogenadas e aminoá-
mática, citoplasma e núcleo. cidos. No citosol ocorrem diversas reações importantes
para o funcionamento celular e, também, o transporte
de substâncias.
- Citoesqueleto: rede de tubos e fibras proteicas que
se estende por todo citoplasma. Suas principais funções
são:
- dar forma e sustentação à célula;
- ancorar as organelas mantendo a organização in-
terna da célula;
- participar de diversos movimentos celulares, como
a contração das células musculares e o batimento de
Partes que constituem a célula cílios e flagelos.
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- Organelas: existem as mais diversas no citoplasma das células eucarióticas, cada uma desempenhando fun-
ções específicas. São as principais:
- Ribossomos: produção (síntese) de proteínas;
- Retículo Endoplasmático Granular: transporte de substâncias;
- Retículo Endoplasmático Liso: síntese de lipídios;
- Complexo Golgiense: armazenamento e secreção de substâncias;
- Lisossomos: digestão celular;
- Mitocôndria: respiração celular.

FIQUE ATENTO!
Existem organelas exclusivas das células animais e outras, exclusivas das células vegetais!
Compare os dois tipos de células, representadas abaixo:

Comparação entre a célula animal e a célula vegetal

134 Como pudemos observar, ambas as células apresentam mitocôndrias. Entretanto, apenas a célula vegetal
apresenta cloroplastos. Isso se deve às diferentes formas de obtenção de energia, conforme veremos mais adiante.

2.3 Núcleo
É responsável pelo controle das atividades celulares e onde está armazenado o material genético. Também
coordena o processo de divisão celular. Nos organismos eucariontes é envolto por uma membrana, a carioteca, e
apresenta o nucléolo – ambas as estruturas ausentes nos procariontes, que não possuem núcleo organizado, estan-
do o material genético disperso no citoplasma.

Comparação entre uma bactéria e o núcleo de um eucarionte.

DIVISÃO CELULAR

A capacidade de reprodução é uma das principais características que distinguem os seres vivos da matéria
inanimada e depende, fundamentalmente, da divisão celular.
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Em organismos unicelulares, como bactérias e proto- 1.3 Meiose


zoários, a divisão de uma célula pode ser considerada Processo de divisão celular reducional; produz célu-
um processo reprodutivo, pois leva ao surgimento de las-filhas diferentes da célula-mãe, contendo metade
novos indivíduos, aumentando o número da população do número de cromossomos. Apresenta as seguintes
original. fases:
Já em organismos pluricelulares, a divisão celular está Prófase I – Os cromossomos condensam-se e os ho-
relacionada ao crescimento, desenvolvimento e rege- mólogos se juntam formando tétrades; a carioteca e os
neração do organismo (em se tratando da mitose); e, nucléolos se desintegram; os centríolos duplicam e diri-
sendo uma meiose, à produção de células reprodutivas gem-se para os pólos da célula; forma-se o fuso mitótico.
(gametas, em organismos com reprodução sexuada; e Esta é a fase mais longa e nela ocorrem os eventos mais
esporos, em organismos com reprodução assexuada). importantes da meiose. Subdivide-se em cinco períodos:
Leptóteno – Os cromossomos condensam-se e tor-
1. Ciclo celular nam-se visíveis.
Este compreende toda a vida da célula. Nele Zigóteno – Os cromossomos homólogos juntam-se
podemos distinguir o período em que a célula não está aos pares.
se dividindo (intérfase) e o período em que ocorre a Paquíteno – Os cromossomos tornam-se mais curtos e
divisão celular (mitose e meiose). espessos, formando tétrades.
Diplóteno – Os cromossomos homólogos iniciam a se-
1.1. Intérfase paração; podem ser observados os quiasmas, que evi-
A intérfase apresenta os seguintes períodos: denciam trocas de pedaços entre os homólogos, pro-
- G1: (do inglês gap, intervalo) fase que antecede a cesso conhecido como permuta ou crossing-over.
duplicação do material genético da célula; Diacinese – Os cromossomos migram para o equa-
- S: fase em que ocorre a síntese, ou seja, a duplica- dor da célula.
ção do DNA; Metáfase I – As tétrades se distribuem-se no equador
- G2: fase posterior à duplicação do material gené- da célula.
tico celular. Anáfase I – Os cromossomos homólogos separam-se
e migram para os pólos da célula.
1.2 Mitose Telófase I – Ocorre a citocinese e formam-se duas cé-
Processo de divisão celular equacional; produz célu- lulas-filhas com número igual de cromossomos.
las-filhas idênticas à célula-mãe, contendo exatamente Intercinese – Curto intervalo entre as duas etapas da
o mesmo número de cromossomos. Apresenta as se- divisão.
guintes fases: Prófase II – Os centríolos se dividem e formam-se no-
135
Prófase – Ou fase anterior, de “mobilização” para a vos fusos de divisão nas duas células-filhas.
ação. Os cromossomos condensam-se, tornando-se visí- Metáfase II – Os cromossomos dispõem-se no equa-
veis; a carioteca e os nucléolos desintegram-se; os cen- dor das células.
tríolos dividem-se e dirigem-se para os pólos da célula; é Anáfase II – Os centrômeros dividem-se, as cromáti-
formado o fuso mitótico a partir dos centríolos. des-irmãs se separam migrando para os pólos das cé-
Metáfase – Ou fase do meio, a mais propícia para lulas.
estudos da morfologia dos cromossomos, pois estes Telófase II – O citoplasma se divide e os núcleos re-
apresentam o grau máximo de condensação. Os cro- constituem-se nas quatro células-filhas.
mossomos, presos às fibras do fuso, migram para a zona
equatorial da célula. No final da metáfase, os centrô- METABOLISMO ENERGÉTICO
meros se duplicam e se partem longitudinalmente, de
modo a liberar as cromátides-irmãs. É o conjunto de transformações que ocorrem nos
Anáfase – Ou fase de oposição. As cromátides-irmãs, seres vivos. As substâncias que constituem o organismo
agora como novos cromossomos, afastam-se e migram dos seres vivos estão em contínua modificação. Rea-
para os pólos da célula, puxados pelos respectivos cen- gem umas com as outras e se alteram. Essas reações
trômeros, devido ao encurtamento das fibras do fuso. são reguladas por enzimas, proteínas que aceleram tais
Telófase – Ou fase mais distante. Os dois cromosso- processos. Em algumas reações, chamadas de anabó-
mos aproximam-se dos pólos e se agregam. Ocorre o licas, as enzimas consomem energia para realizar sua
inverso à Prófase: os cromossomos descondensam- se função e ocorre a quebra de substâncias – é o caso da
(tornando-se pouco visíveis); os nucléolos reaparecem; respiração. Nas reações catabólicas ocorre o inverso,
duas novas cariotecas são constituídas a partir das vesí- há liberação de energia e substâncias são sintetizadas
culas do retículo endoplasmático. Terminadas a divisão (produzidas) – é o caso da fotossíntese.
do núcleo (cariocinese), desaparecem as fibras do fuso,
Todos os seres vivos utilizam a glicose como combus-
ocorre a distribuição das organelas e a divisão do cito- tível celular. Diante disso podemos perguntar: como é
plasma (citosinese), que isola as duas células-filhas. Estas produzida a glicose na natureza? Existem diversos pro-
entram em intérfase e se preparam para uma nova di- cessos bioquímicos responsáveis pela disponibilização
visão. da energia para os seres vivos.
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Nos organismos autótrofos (do grego auto, próprio e trophos, alimento), a fotossíntese (do grego photo, luz) resul-
ta da transformação da energia da luz solar, na forma de ondas eletromagnéticas, em energia química, na forma
das ligações químicas de compostos orgânicos.
A quimiossíntese, por sua vez, gera esses compostos sem utilização da luz solar, mas oxidando moléculas inorgâ-
nicas presentes na natureza.
Já nos organismos heterótrofos (do grego hetero, diferente), os processos de fermentação e respiração trans-
formam a glicose disponibilizada por seres autotróficos em outros compostos, dos quais consigam utilizar a energia
diretamente.
A respiração consiste no processo de síntese de ATP (Adenosina Trifosfato) – “moeda” energética celular, que
envolve uma cadeia respiratória. Pode ocorrer na presença de oxigênio, sendo aeróbia, ou na ausência de oxigê-
nio, sendo anaeróbia.
A respiração aeróbia tem um maior rendimento, mas necessita de um aceptor de elétrons, o oxigênio. A respira-
ção anaeróbia ou fermentação, por sua vez, gera uma quantidade menor de ATP, mas ocorre mesmo na ausência
de um aceptor de elétrons e de forma mais rápida e simplificada. Esse processo também é importante por possibi-
litar que microrganismos reciclem a matéria orgânica, quebrando suas ligações, utilizando sua energia e liberando
compostos inorgânicos para o ambiente.

1. Fotossíntese
Em plantas superiores (gimnospermas e angiospermas) a folha é o órgão fotossintetizador mais ativo, pois seus
tecidos são constituídos por células com um maior número de cloroplastos – organelas citoplasmáticas contendo
pigmentos fotossintéticos, principalmente a clorofila, que ficam imersos na membrana dos tilacóides, formando o
complexo-antena, responsáveis por captar a energia luminosa.
A fotossíntese consiste na oxidação da água e na redução do CO2 (gás carbônico ou dióxido de carbono) para
formar compostos orgânicos, como os carboidratos. O processo da fotossíntese pode ser expresso pela seguinte
equação:

A fotossíntese pode ser dividida em 2 etapas:


- Etapa fotoquímica, clara ou luminosa ( ocorre no grana do cloroplasto)
136
- Etapa química, escura ou enzimática (ocorre no estroma do cloroplasto)

2. Quimiossíntese
Trata-se de um processo autotrófico de síntese de compostos orgânicos que ocorre na ausência de luz solar
(portanto sem a utilização de pigmentos), realizado por algumas bactérias.
A energia química é obtida a partir da oxidação de compostos inorgânicos. Quando liberada, esta energia
química é empregada na produção de compostos orgânicos e O2, a partir da reação entre CO2 e água molecular
(H2O), conforme podemos observar no esquema abaixo:
3. Respiração aeróbia
Aeróbio é um termo proveniente da palavra francesa aérobie, utilizada pelo grande cientista Louis Pasteur du-
rante suas pesquisas em Microbiologia. Esta, por sua vez, tem origem no grego − aero, ar, e bio, vida. A respiração
aeróbia, portanto, é realizada na presença de oxigênio, por representantes de todos os Reinos dos seres vivos.
Existem 3 etapas interligadas nesse tipo de respiração:
1) Glicólise, que não depende de O2 – em procariontes ocorre no citoplasma celular, e em eucariontes no cito-
sol;
2) Ciclo de Krebs, que depende de O2 – em procariontes ocorre no citoplasma celular, e em eucariontes no
interior das mitocôndrias;
3) Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa – em procariontes ocorrem na face interna da membrana plas-
mática e em eucariontes ocorrem no interior das mitocôndrias.

3.1 Glicólise
O ponto de partida da respiração celular é a glicólise. Em eucariontes, a glicólise (quebra da molécula de gli-
cose em 2 ácidos pirúvicos/piruvatos) acontece no citossol, em várias etapas comandadas por diferentes enzimas.
São elas:
1. ativação: a molécula de glicose recebe 1 fosfato (ATP -> ADP) e vira glicose-6-fosfato;
2. mudança conformacional: frutose-6-fosfato (fórmula idêntica à glicose);
3. recebimento de novo fosfato: frutose-1,6-difosfato (ATP -> ADP);
4. fragmentação: formação de 2 compostos de 3 carbonos (gliceraldeído-3-fosfato);
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5. oxidação dos gliceraldeídos: perdem átomos de 3.4 Balanço energético


hidrogênio energizados para moléculas de NAD, que so- Sabendo que cada par de elétrons proveniente do
frem redução (NAD -> NADH2). Além disso, esta reação NADH2 possui energia suficiente para a produção de
libera energia suficiente para que 1 fosfato seja incorpo- 3 ATPs; e cada par de elétrons proveniente do FADH2,
rado aos carbonos de ambas as moléculas de gliceral- para 2 ATPs, temos:
deído (ligações energéticas). Obtêm-se 2 moléculas de - Glicólise: 2 NADH2 x 3 ATP + 2 ATP = 8 ATP
1,3-difosfoglicerato; 2 Ácidos pirúvicos → Acetil CoA: 2 NADH2 x 3 ATP= 6
6. formação de ATP: os fosfatos recém-incorporados ATP
pelas moléculas de difosfoglicerato são liberados para
- Ciclo de Krebs: : (6 NADH2 x 3 ATP) + (2 FADH2 x 2
formação de 2 ATPs (ADP + Pi -> ATP);
ATP) + 2 ATP = 24 ATP
7. desidratação: pela perda de 1 molécula de água,
forma-se o ácido fosfoglicérico (fosfoenolpiruvato). Estas Total: 38 ATPs
alterações tornam o fosfato altamente energético;
8. formação de ATP: os fosfatos são transferidos para 4. Respiração anaeróbia
2 moléculas de ADP. Formação de ATP e piruvato (áci- Na fermentação, a glicose é degradada somen-
do pirúvico). te até piruvato, que é convertido em outra substân-
cia, conforme o organismo em que o processo ocorre.
Produtos resultantes da glicólise: 2 ácidos pirúvicos, 2 Quando o piruvato é transformado em ácido láctico, di-
ADPs, 4 ATPs e 2 NADH2. zemos que ocorreu uma fermentação láctica; quando
se transforma em álcool etílico, a fermentação é cha-
3.2 Ciclo de Krebs mada de alcoólica. Tanto na fermentação alcoólica
Utiliza o piruvato produzido ao final da glicólise. Co- quanto na lática o NADH doa seus elétrons e é converti-
meça e termina pelo ácido oxalacético. Apresenta as do em NAD+. O saldo energético final é de apenas 2 ATP
seguintes etapas: por molécula de glicose degradada.
1. Oxidação do piruvato: as moléculas de ácido pi- Esses processos são os mais importantes por serem
rúvico (3C) perdem o grupo carboxila (COOH), trans- utilizados na indústria alimentícia – a ação bacteria-
formando-se em acetila e liberando CO2 . Para cada
na na fermentação lática, para a produção de iogur-
piruvato oxidado são liberados 2 hidrogênios, formando
tes, queijos, coalhadas, entre outros laticínios. E a ação
NADH2;
de leveduras (espécie de fungo unicelular) na fermen-
2. Coenzima A: unindo-se à acetila, gera a acetil-
-coenzima A, ou apenas Acetil – CoA; tação alcoólica (que além de etanol também produz
3. Coenzima A: entrega a acetila ao ácido oxaloa- CO2) , para a produção de bebidas alcoólicas, massas
cético (4C), que origina o ácido cítrico; e pães. 137
4. – em diante: o ciclo prossegue com reações que Há ainda outros tipos de fermentação, como por
liberam 2 CO2, culminando com a regeneração do áci- exemplo a fermentação acética, que consiste na oxida-
do oxalacético. A energia liberada por essas reações é ção parcial do álcool etílico, produzindo ácido acético
utilizada para a síntese de ATP, de 3 moléculas de NADH2 (vinagre); a fermentação butírica, realizada por bacté-
e 1 molécula de FADH2 – outra coenzima aceptora de hi- rias responsáveis por deixar a manteiga rançosa e de-
drogênios participante desse processo. teriorar os alimentos; a fermentação cítrica, através da
Produtos resultantes do Ciclo de Krebs: Como cada qual se forma o ácido cítrico (presente nas frutas cítricas,
molécula de glicose é convertida em 2 moléculas de como a laranja), dentre outras.
acetila, o ganho, por molécula de glicose, é de: 2 ATP,
6 NADH2 e 2 NADH2. BIOLOGIA MOLECULAR: DNA

3.3 Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa 1. DNA – o código da vida


Os elétrons energizados que foram armazenados Todas as atividades realizadas pela célula são con-
nas ligações químicas com as coenzimas NADH2 FADH2 troladas por seu conteúdo genético armazenado no
serão oxidados – cederão os elétrons juntamente com núcleo – os cromossomos. Estes são passados de uma
os prótons de hidrogênio (íons H+) para uma cadeia de geração para a próxima, de modo que uma prole her-
citocromos, através da qual a energia é gradativamen- da uma série de características de seus genitores.
te liberada. Esta energia é utilizada na síntese de ATP a Os cromossomos são a forma mais condensada do
partir de ADP e Pi (fosforilação oxidativa). DNA (Ácido Desoxiribonucleico). O gene é um segmen-
Ao final da cadeia de citocromos, os elétrons em seu to desta molécula contendo informações específicas
estado fundamental (sem energia) se combinam com 1 para uma determinada característica. Cada ser vivo
molécula de O2 e com íons H+, produzindo moléculas de traz em suas células um código genético exclusivo, que
água (H2O). o diferencia de todas as outras espécies.
Desta forma, podemos dizer que o processo de de-
gradação da glicose envolve a liberação de moléculas
de CO2, a utilização de O2 como aceptor final de elé-
trons e a formação de 1 molécula de H2O.
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Diferenciação entre cromossomo, DNA e gene

1.1 Ácidos nucleicos


O DNA é uma molécula longa, disposta em uma estrutura espiral formando uma dupla hélice. Cada gene codi-
fica uma proteína em particular. Proteínas, como o DNA, também são moléculas longas, formadas por 20 diferentes
aminoácidos ligados uns aos outros pelas denominadas ligações peptídicas. São moléculas extremamente versá-
teis que podem possuir dezenas ou centenas de aminoácidos. Ao contrário do DNA, as proteínas assumem uma
enorme variedade de formas tridimensionais. O corpo humano possui aproximadamente 30.000 tipos diferentes de
proteínas e cada uma desempenha um papel específico, estrutural ou fisiológico. A hemoglobina, por exemplo,
transporta oxigênio no sangue; o colágeno é uma proteína estrutural encontrada nos tendões e nos lóbulos das ore-
lhas; actina e miosina interagem para promover a contração muscular e a insulina, um hormônio proteico, controla
o transporte de açúcar do sangue para o interior das células.
O código genético é traduzido em sequências de aminoácidos através do RNA (Ácido Ribonucleico), mais pre-
cisamente o RNA mensageiro – uma molécula similar ao DNA, porém com uma estrutura mais simples. Entretanto,
138 para compreendermos o processo de produção de proteínas, precisamos compreender em detalhes a estrutura
dos ácidos nucleicos.
A molécula de DNA é constituída por subunidades chamadas nucleotídeos. Cada nucleotídeo é composto por
uma pentose (desoxirribose), um grupamento fosfato e uma de quatro diferentes bases nitrogenadas – as púricas
[adenina (A) e guanina (G)] e as pirimídicas [citosina (C) e timina (T)].
A interação entre as duas fitas é feita através de pontes de hidrogênio, sendo que as guaninas sempre pareiam-se
com as citosinas através de 3 pontes de hidrogênio enquanto as adeninas pareiam-se com as timinas através de duas.
A molécula de RNA difere da molécula de DNA por apresentar uma fita simples, a pentose ribose e a base nitro-
genada pirimídica uracila em vez da timina.
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2. Dogma Central da Biologia Molecular


Postulado por Francis Crick, em 1958, explica como ocorre o fluxo de informações do código genético. Demonstra
que uma sequência de um ácido nucleico pode formar uma proteína, entretanto o inverso não é possível.

Dogma Central da Biologia Molecular

Existem três processos de codificação do material genético até a síntese proteica:


1) Duplicação
2) Transcrição
3) Tradução

2.1 Duplicação
Durante a divisão celular mitótica, uma célula-mãe origina duas células-filha, contendo o mesmo material genético.
Isso é possível pois a replicação do DNA é semiconservativa, sendo que uma das moléculas recém-formadas conserva
uma cadeia de filamentos de polinucleotídios precedente da molécula-mãe e produz uma nova, complementar àquela
que lhe serviu de molde. Para que isso ocorra, são rompidas as pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas com-
plementares, separando-se os dois filamentos de DNA a partir da ação da enzima DNA-polimerase.

139

Replicação semiconservativa do DNA


2.2 Transcrição
É o processo de síntese de uma molécula de RNA a partir de uma molécula de DNA. Ao contrário do que ocorre na du-
plicação, apenas uma das cadeias do DNA serve de molde para a produção da molécula de RNA, enquanto a outra não
é transcrita. Há também as diferenças estruturais entre os dois ácidos nucleicos e a participação da enzima RNA-polimerase.
Imaginando um segmento hipotético de um filamento de DNA com a sequência de bases:
DNA − ATGCCGAAATTTGCG
O segmento de RNA formado na transcrição terá a sequência de bases:
RNA – UACGGCUUUAAACGC

Transcrição do DNA em RNA


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2.3 Tradução
Cada sequência de 3 bases ao longo da fita de DNA (agora na versão simplificada, RNA) é denominada códon,
um código químico característico para cada um dos 20 aminoácidos que compõem as proteínas.
O código contendo a instrução para a síntese proteica é traduzido pelo RNA transportador (tRNA) em uma se-
quência específica de aminoácidos.
Em sua estrutura, os ribossomos são constituídos por moléculas de RNA ribossômico (rRNA), responsável por cata-
lisar o processo de tradução e adicionar um a um os aminoácidos à proteína que está sendo produzida.

Tradução do RNA e síntese proteica

BIOTECNOLOGIA

Embora muitas vezes possa parecer se tratar de descobertas recentes com o que há de mais moderno em
tecnologia, os produtos biotecnológicos estão há muito tempo presentes em nossas vidas. Podemos citá-los sendo
utilizados na fabricação de alimentos, fármacos e outros produtos do cotidiano há muito tempo.
A Biotecnologia (bio, em grego = vida) é simplesmente a utilização de moléculas (como o DNA) ou os próprios
organismos vivos e os processos químicos naturais que estes desenvolvem na produção de itens úteis para.o ser
140 humano.
Os primeiros produtos biotecnológicos foram decobertos ao acaso, sem a compreensão dos processos bioló-
gicos envolvidos, apenas com a percepção dos resultados. Leveduras (fungos unicelulares), por exemplo, já são
utilizadas desde 6.000 A.C. na produção de vinhos, pães e queijos.
Com a descoberta da lei da hereditariedade e a natureza química do material genético surgiu a biotecnologia
moderna, que por meio de métodos de desenvolvimento da biologia molecular permitiram a manipulação do ma-
terial genético, buscando os caracteres almejados e retirando os indesejados – o chamado melhoramento gené-
tico. Um dos objetivos primordiais da biotecnologia é, portanto, estabelecer técnicas que possam gerar resultados
previsíveis e de forma controlada.

1. DNA recombinante
Essa técnica da engenharia genética envolve o transporte de genes de sua localização normal em um organis-
mo para outro, ou retornando ao organismo original após manipulação. Desta forma, os cientistas podem retirar
genes importantes de plantas e animais e transferir para microrganismos que são fáceis de serem cultivados em
grandes quantidades. Assim, produtos que estão disponíveis apenas em pequenas quantidades nos organismos de
origem (plantas ou animais) podem ser obtidos em grandes quantidades a partir de microrganismos que se repro-
duzem rapidamente. Um exemplo são bactérias manipuladas geneticamente para produzir insulina humana para
tratar a diabetes. Um segundo benefício está relacionado com a transferência de características de uma planta,
animal ou microrganismo para uma outra espécie não relacionada.
Para tanto, os cientistas utilizam técnicas bioquímicas envolvendo enzimas especiais para quebrar a fita de DNA em
pontos específicos, inserir novos fragmentos e ligar as fitas novamente. O resultado, conhecido como DNA recombinan-
te, é o DNA que incorpora fragmentos extras contendo genes que ele não continha. A inserção de genes em diferentes
organismos é facilitada pela existência de plasmídeos bacterianos – pequenos DNAs circulares bem menores que o
DNA bacteriano capazes de se replicarem de forma autônoma na célula. Alguns destes plasmídeos podem passar
facilmente de uma célula para outra, até mesmo quando estas células estão distantes na escala evolutiva.
Embora o código genético seja basicamente o mesmo em todos os organismos, existem detalhes no controle
da expressão gênica que diferem de uma espécie para a outra. Um gene bacteriano não funcionará corretamen-
te se colocado em uma planta ou animal se não possuir uma região controladora destes últimos. Um transgene é
um gene a ser introduzido com uma sequência controladora. Todos os genes são controlados por segmentos de
DNA chamados sequências promotoras. Na construção de um transgene o promotor original é substituído por um
promotor da espécie que receberá o transgene.
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2. Transgênicos Também existem as discussões relacionadas a con-


Em relação à agricultura, o desenvolvimento de or- flitos éticos quanto a reprodução artificial, fertilização in
ganismos geneticamente modificados (OGM) produz vitro, uso de células-tronco, clonagem e produção de
plantas mais nutritivas, que necessitem de menos agro- alimentos transgênicos. Em 2005 a Comest estabeleceu
tóxicos e que sejam mais resistentes às pragas, redu- o Princípio da Precaução, que afirma: “ Quando ativi-
zindo o uso de pesticidas. Como em plantas todas as dades podem conduzir a dano moralmente inaceitável,
células detêm a capacidade de desenvolver um novo
que seja cientificamente plausível, ainda que incerto,
indivíduo, a inserção de transgenes é mais simples que
devem ser empreendidas ações para evitar ou diminuir
em animais.
aquele dano”.
2.1 Indústria
Os transgenes estão presentes não apenas na pro- 6. Identificação
dução de alimentos, mas também nas indústrias farma- Os testes de identificação por DNA são bem recen-
cêutica, têxtil, química, petrolífera, ambiental e de mi- tes, tendo sido criados em 1985 por um cientista forense
neração. No nosso dia-a-dia, convivemos com inúmeros britânico para solucionar problemas de paternidade,
produtos industriais fabricados por meio da aplicação imigração, e investigações criminais. Atualmente apre-
de microrganismos transgênicos, desde roupas até pro- sentam inúmeras outras aplicações práticas, como aná-
dutos de limpeza. lises de parentescos evolutivos entre populações em es-
tudos de conservação ambiental.
3. Clonagem A técnica de análise de DNA é denominada impres-
A clonagem é um mecanismo comum de repro-
são digital do DNA e apresenta um grau de confiabi-
dução assexuada em microrganismos, plantas (enxer-
lidade bastante alto, ultrapassando 99,9% de certeza
tos,por exemplo) e animais com pouca diferenciação
celular (brotamento em esponjas e hidras). Um clone em seu resultado. Também tem como vantagens em
pode ser definido como moléculas, células ou organis- relação a outros métodos de identificação a estabili-
mos que se originaram de uma única célula e que são dade química da molécula de DNA, mesmo após lon-
idênticas à célula original. Em humanos, os clones natu- go período de tempo, e a sua ocorrência em todas as
rais são os gêmeos idênticos ou univitelinos, originários células nucleadas do organismo; o que permite obter
da divisão de um único óvulo fertilizado. uma identificação conclusiva com uma única gota de
Em laboratório, a clonagem consiste na remoção do sangue ou um único fio de cabelo. E, o mais importante,
núcleo de um óvulo, o qual será substituído pelo núcleo com exceção dos gêmeos univitelinos, o DNA de cada
de uma célula adulta. Existem dois processos de clona- pessoa é único. A probabilidade de se encontrar duas
gem: a clonagem reprodutiva e a clonagem terapêutica. pessoas com as mesmas sequências de fragmentos de 141
Na clonagem reprodutiva, o óvulo com o seu novo DNA é de 1 em 6 bilhões.
núcleo é implantado em um útero. O primeiro animal
Para realizar este procedimento, primeiramente o
obtido utilizand[o esta tecnologia foi a ovelha “Dolly”
DNA deverá ser extraído das células da amostra. Em
em 1997. Esta técnica é utilizada na pecuária, no desen-
volvimento de embriões portando as caractéristicas a seguida, o DNA será tratado com enzimas de restrição.
serem reproduzidas, tais como maior produção de leite. Estas enzimas de restrição se ligam a determinadas se-
A clonagem terapêutica cultiva o óvulo até ele so- quências específicas de DNA e quebram o DNA em
frer as primeiras divisões celulares, formando as células- pedacinhos. Logo após, a amostra de DNA é colocada
-tronco. na extremidade de um gel e submetida a uma corrente
elétrica (eletroforese). A corrente elétrica e o gel sepa-
4. Células-tronco ram os pedaços de DNA formando bandas semelhantes
São células com capacidade de autorrenovação e a um código de barras. Quanto maior a coincidência
o potencial de se diferenciar em todos os tipos de teci- entre as bandas, maior a similaridade das amostras.
dos quando embrionárias. Em se trantando de células Observe o exemplo a seguir. O pai mais provável se-
adultas, estas são capazes de desenvolver células es- ria o pai I, pois há mais bandas coincidindo (quatro ban-
pecializadas do seu tecido de origem., o que permite a das) do que o pai II.
reparação e regeneração de órgãos.

5. Aspectos éticos
Com os avanços nas diversas áreas da Biotecnolo-
gia surgiu a necessidade de regulamentação – através
da Comissão Mundial sobre Ética da Ciência e da Tec-
nologia da Unesco (Comest) e da Lei de Biossegurança
no Brasil. Dessa forma são analisados os possíveis riscos
destas tecnologias, pois não há controle pleno da forma
que os transgenes se expressam no organismo em que
foram inseridos. Há ainda que se considerar o desconhe-
cimento acerca dos impactos ambientais produzidos
pelos organismos geneticamente modificados.
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2. (ENEM 2009) A fotossíntese é importante para a vida


na Terra. Nos cloroplastos dos organismos fotossinteti-
zantes, a energia solar é convertida em energia química
que, juntamente com água e gás carbônico (CO2), é
utilizada para a síntese de compostos orgânicos (carboi-
dratos). A fotossíntese é o único processo de importân-
cia biológica capaz de realizar essa conversão. Todos
os organismos, incluindo os produtores, aproveitam a
energia armazenada nos carboidratos para impulsionar
os processos celulares, liberando CO2 para a atmosfera
e água para a célula por meio da respiração celular.
Além disso, grande fração dos recursos energéticos do
planeta, produzidos tanto no presente (biomassa) como
em tempos remotos (combustível fóssil), é resultante da
atividade fotossintética.
As informações sobre obtenção e transformação dos re-
cursos naturais por meio dos processos vitais de fotossín-
tese e respiração, descritas no texto, permitem concluir
que

a) o CO2 e a água são moléculas de alto teor energé-


tico.
b) os carboidratos convertem energia solar em energia
química.
c) a vida na Terra depende, em última análise, da ener-
gia proveniente do Sol.
Teste de paternidade por análise de DNA
d) o processo respiratório é responsável pela retirada de
carbono da atmosfera.
e) a produção de biomassa e de combustível fóssil, por
EXERCÍCIO COMENTADO si, é responsável pelo aumento de CO2 atmosférico.
142
1. (ENEM 2005) A estratégia de obtenção de plantas Resposta: Letra A.
transgênicas pela inserção de transgenes em cloroplas- A fotossíntese é fundamental para a vida na Terra,
tos, em substituição à metodologia clássica de inserção tendo em vista que é o principal processo de fixação
do transgene no núcleo da célula hospedeira, resultou da matéria inorgânica em matéria orgânica no pla-
no aumento quantitativo da produção de proteínas re- neta, sendo a maioria dos autotróficos seres fotossin-
combinantes com diversas finalidades biotecnológicas. tetizantes.
O mesmo tipo de estratégia poderia ser utilizada para
produzir proteínas recombinantes em células de orga- 3. (ENEM 2012) Há milhares de anos o homem faz uso
nismos eucarióticos não fotossintetizantes, como as le- da biotecnologia para a produção de alimentos como
veduras, que são usadas para produção comercial de pães, cervejas e vinhos. Na fabricação de pães, por
várias proteínas recombinantes e que podem ser culti- exemplo, são usados fungos unicelulares, chamados de
vadas em grandes fermentadores. leveduras, que são comercializados como fermento bio-
Considerando a estratégia metodológica descrita, qual
lógico. Eles são usados para promover o crescimento da
organela celular poderia ser utilizada para inserção de
massa, deixando-a leve e macia.
transgenes em leveduras?
O crescimento da massa do pão pelo processo citado
a) Lisossomo. é resultante da
b) Mitocôndria.
c) Peroxissomo. a) liberação de gás carbônico.
d) Complexo golgiense. b) formação de ácido lático.
e) Retículo endoplasmático. c) formação de água.
d) produção de ATP.
Resposta: Letra B. e) liberação de calor.
A mitocôndria, devido a sua origem endossimbiótica,
possui DNA próprio. A presença deste DNA próprio Resposta: Letra A.
favorece que essa organela seja utilizada para trans- As leveduras realizam como forma de respiração
genia. anaeróbia a fermentação alcoólica, cujo produto,
além do etanol, é o CO2.
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4. (ENEM 2005) Um fabricante afirma que um produto tes, capazes de se cruzar em condições naturais, produ-
disponível comercialmente possui DNA vegetal, elemen- zindo descendentes férteis.
to que proporcionaria melhor hidratação dos cabelos.
Sobre as características químicas dessa molécula essen- Populações: Conjunto de seres da mesma espécie
cial à vida, é correto afirmar que o DNA que habitam determinada região em um determinado
período.
a) de qualquer espécie serviria, já que têm a mesma
composição. Comunidades (biocenose): Conjunto de populações
b) de origem vegetal é diferente quimicamente dos de- de diversas espécies que habitam uma mesma região
mais, pois possui clorofila. em um determinado período.
c) das bactérias poderia causar mutações no couro ca-
beludo. Ecossistemas: Conjunto formado pelos fatores abióti-
d) dos animais encontra-se sempre enovelado e é de cos (ambiente físico) e bióticos (seres vivos). São exem-
difícil absorção. plos de ecossistemas: uma floresta, uma lagoa, uma
e) de características básicas assegura sua eficiência hi- campina, uma poça d´ água, um aquário, a massa de
dratante. agua superficial do mar, entre outros.
Os ecossistemas estão em constante equilíbrio. As-
Resposta: Letra A. sim, por exemplo, um ecossistema consome certa quan-
O DNA está presente em todos os seres vivos e em to- tidade de gás carbônico e água, enquanto produz um
dos é formado por sequências nucleotídicas compos- determinado valor de oxigênio e alimento. Qualquer
tas por fosfato, desoxirriboses e quatro tipos de bases mudança na entrada ou saída desses elementos dese-
nitrogenadas: adenina, timina, guanina e citosina. quilibra o ecossistema, alterando a produção e o consu-
mo dos recursos essenciais à sua sobrevivência.
Cada espécie tem o seu papel no funcionamento
ECOLOGIA do ecossistema a que pertence. Como vimos no início,
quase todos vegetal que se reproduz por meio de flores
(angiosperma) necessita de alguma espécie de inseto
Ecologia (do grego oikos, casa e logos, estudo) é para promover a polinização (transporte dos grãos de
o ramo da biologia que estuda as as interações entre pólen, que são os gametas masculinos, de uma flor para
os seres vivos e o meio onde vivem, envolvendo a de- outra). O extermínio de tal inseto provocará consequen-
pendência da água, do solo e do ar. Dessa forma, as temente a extinção do vegetal polinizado por este. 143
relações vão além do comportamento individual e a in-
fluência causada pelos fatores ambientais (temperatu- Biosfera: Conjunto de todos os ecossistemas da Terra.
ra, umidade, pressão). Mas se estendem à organização Ainda não temos conhecimento da existência de
das espécies em populações, comunidades, formando outro lugar no Universo, além do nosso planeta, onde
um ecossistema e toda a biosfera. aconteça o fenômeno a que chamamos de vida. A vida
A ecologia é um assunto diário na empresa, no rá- na Terra só é possível graças a sua posição em relação
dio e televisão, constituindo um dos temas mais comen- ao Sol, absorvendo uma quantidade de energia solar
tados na atualidade. Em virtude dos grandes desastres que permite a existência da água em estado líquido, e
ecológicos que se sucedem, tal ciência passa a ad- não apenas em estado sólido (gelo) ou gasoso (vapor).
quirir grande importância de forma a evitar que outros A presença de água possibilita a vida das plantas e
mais ocorram . O homem é o ser vivo que mais agride permite também, indiretamente, a sobrevivência de to-
o ambiente. Até certo tempo atrás, o homem acredita- dos os outros seres vivos a elas relacionados na busca
va que podia interferir à vontade. Aos poucos, porém, por alimento.
percebeu que os subprodutos de sua indústria, ao des- Podemos dizer, portanto, que o Sol é a fonte de ener-
truírem vegetais, diminuíam a quantidade de alimento gia para todo ser vivo.
dos ecossistemas e baixavam a produção de oxigênio. A superfície da Terra pode ser dividida assim:
E que, por exemplo, matando indiscriminadamente inse- - Litosfera (crosta terrestre) – parte sólida formada a
tos através de pesticidas, impedia a polinização e repro- partir das rochas;
dução de plantas, provocando a morte das aves que se - Hidrosfera – conjunto total de água do planeta
alimentavam daquelas plantas. A morte das aves trazia, (seus rios, lagos e oceanos);
por sua vez, novas alterações ao ecossistema atacado – - Atmosfera – a camada de ar que envolve o pla-
esse é apenas um exemplo dentre incontáveis impactos neta;
ambientais causados pelas ações humanas. - Biosfera – as regiões habitadas do planeta.
A biosfera inclui, portanto, todos os ecossistemas que
CONCEITOS FUNDAMENTAIS estão presentes desde as altas montanhas (até 10.000
m de altura) até o fundo do mar (até cerca de 10.000
1. Níveis de organização biológica m de profundidade). Nesse diferentes locais, as condi-
Espécie (organismo): Unidade fundamental da eco- ções ambientais também variam. Assim, a seleção na-
logia, consiste em um conjunto de indivíduos semelhan- tural atua de modo diversificado sobre os seres vivos em
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cada região. Sob grandes profundidades no mar, por reações nos animais e até nos seres humanos que ali
exemplo, só sobrevivem seres adaptados à grande pres- habitam – são os chamados controles biológicos. Por
são que a água exerce sobre eles e a baixa (ou ausen- exemplo, a utilização de joaninhas que se alimentam
te) luminosidade. Já nas grandes altitudes montanhosas, naturalmente de pulgões para eliminá-los de uma plan-
sobrevivem seres adaptados a baixas temperaturas e tação.
ao ar rarefeito. Na biosfera, portanto, o ar, a água, o
solo e a luz são fatores abióticos diretamente relaciona- 2. Teia alimentar
dos à vida. Reunião das diversas cadeias alimentares existentes
nos ecossistemas. Em uma teia alimentar, a posição de
alguns consumidores pode variar de acordo com a ca-
2. Habitat e Nicho Ecológico
deia alimentar da qual participam – é o caso dos orga-
Costuma-se dizer que habitat corresponde ao “ende-
nismos onívoros, que podem se alimentar tanto de plan-
reço” de uma espécie - o lugar específico onde aquele
tas quanto de animais.
organismo vive; enquanto o nicho ecológico representa
3. Pirâmides ecológicas
sua “profissão” – o papel que exerce no ecossistema.
Pirâmides ecológicas representam, graficamente, a
Então, se pretendemos encontrar uma espécie, não
estrutura trófica de um ecossistema. Para tal, cada re-
basta saber-lhe o hábitat: apenas conhecendo o seu
tângulo representa, de forma proporcional, o parâme-
nicho temos condições de dizer como, onde e à custo
tro a ser analisado.
de quem se alimenta, para quem serve de alimento e
como se reproduz. As pirâmides ecológicas podem ser de três tipos prin-
Quando dizemos que a abelha pode ser encontrada cipais:
na flor de maracujá, estamos nos referindo ao seu hábi- 1) Pirâmides de número
tat. Se, ao contrário, citarmos seus hábitos, alimentação 2) Pirâmides de biomassa
e reprodução, salientamos o seu nicho ecológico. 3) Pirâmides de energia.

FLUXO DE ENERGIA E MATÉRIA 3.1 Pirâmides de número


Quando falamos em pirâmides de números, estamos
1. Cadeias alimentares nos referindo ao número de indivíduos envolvidos em
As cadeias alimentares, ou cadeias tróficas, são uma uma cadeia alimentar. Nessa representação gráfica,
sequência de seres vivos relacionados entre si através são indicados quantos indivíduos existem em cada nível
da alimentação. Representam, portanto,o fluxo de trófico.
energia (unidirecional) e de matéria (cíclico – ciclo do Suponhamos que sejam necessárias cinco mil plan-
144 carbono). tas para alimentar 500 insetos. Esses insetos servirão de
Os elos que unem a cadeia alimentar são os níveis alimento para 25 pássaros, que, por sua vez, serão co-
tróficos, representados por:
midos por uma única cobra. Nesse exemplo, você pode
Produtores: organismos autótrofos (do grego auto,
perceber que a base apresenta um número maior de
próprio e trophos, alimento – aqueles que produzem seu
próprio alimento), que transformam a matéria inorgâni- indivíduos, quando comparado aos outros níveis trófi-
ca presente no ambiente em matéria orgânica; cos. Quando isso acontece, dizemos que a pirâmide é
Consumidores primários: heterótrofos (do grego he- direta.
teros, diferente) herbívoros, isto é, os seres que se alimen- Algumas vezes, a base não se apresenta larga, como
tam de plantas; nos casos em que um único produtor serve de alimento
Consumidores secundários: carnívoros que se ali- para uma grande quantidade de consumidores primá-
mentam dos herbívoros. rios. Ela ocorre normalmente quando há poucos pro-
– Poderá, ainda, haver consumidores terciários e dutores ou o produtor apresenta grande porte – uma
quaternários que se alimentam, respectivamente, de árvore, por exemplo. Nesses casos, temos uma pirâmide
consumidores secundários e terciários. invertida.
Decompositores: bactérias e fungos que reciclam
a matéria ao se alimentar dos restos de plantas e ani- 3.2 Pirâmides de biomassa
mais, devolvendo-a ao ambiente. Estes microrganismos, Quando nos referimos a uma pirâmide de biomassa,
conhecidos como saprófitos, transformam matéria or- estamos falando da quantidade de matéria orgânica
gânica em matéria inorgânica, reduzindo compostos disponível em cada nível trófico. A biomassa é expres-
complexos em moléculas simples, de modo que retor-
sa em massa do organismo por unidade de área, por
nem ao solo para serem utilizados novamente por outro
exemplo, kg/m2 ou g/m2.
organismo produtor, originando assim uma nova cadeia
A pirâmide de biomassa só se apresenta invertida nos
alimentar.
ecossistemas aquáticos, onde os produtores possuem
1.1 Importância de se conhecer as cadeias alimen- uma vida muito curta, são pequenos e multiplicam-se
tares rapidamente, acumulando, assim, pouca matéria.
Justifica-se pela possibilidade do uso natural de ani-
mais ou plantas a fim de controlar ou equilibrar o ecossis- 3.2 Pirâmides de energia
tema, de forma a evitar o uso de pesticidas e de quais- A pirâmide de energia representa a quantidade de
quer outras formas artificiais que possam desequilibrar energia distribuída em cada nível trófico. Esse tipo, di-
em longo prazo o ambiente, ou ainda, provocar sérias ferentemente dos outros apresentados, não pode ser
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representado de forma invertida. Ele é sempre direto, - Mortalidade


pois representa a produtividade energética em cada
ecossistema. Normalmente o tamanho de uma população deve
Os produtores sempre representam o nível energéti- manter-se mais ou menos constante, ao longo do tem-
co mais elevado, sendo que os outros seres da cadeia po, em ecossistemas em equilíbrio. Alterações no tama-
ficam dependentes dessa energia. Conclui-se, portan- nho de uma população podem determinar alterações
to, que parte da energia dos produtores será transmiti- em outras populações que com ela coexistem e intera-
da para os herbívoros e apenas parte da energia destes gem em uma comunidade estável, provocando dese-
passará para os carnívoros. Sendo assim, cadeias ali- quilíbrios ecológicos.
mentares menores possuem um maior aproveitamento O potencial biótico de uma população corresponde
de energia. Representamos a quantidade de energia à sua capacidade potencial para aumentar seu núme-
disponível em cada nível trófico por Kcal/m2.ano. ro de indivíduos em condições ideais, isto é, sem que
nada haja para impedir esse aumento. Na natureza, en-
4. Produtividade do ecossistema tretanto, verifica-se que o tamanho das populações em
Necessidades Energéticas comunidades estáveis não aumenta indefinidamente,
Todo ser vivo necessita de energia, que é utilizada mas permanece relativamente constante. Isto se deve
para: a um conjunto de fatores que se opõem ao potencial
- Construção do organismo; biótico e regulam o tamanho das populações – a cha-
- Realização de suas atividades (metabolismo). mada resistência ambiental. Para determinar a resistên-
Os seres vivos são constituídos por moléculas orgâ- cia ambiental calcula-se a diferença entre a taxa teó-
nicas, ou seja, macromoléculas, formadas por exten- rica de crescimento de uma população sob condições
sas cadeias de carbono. Quanto maior for a molécula, ideais (potencial biótico) e a taxa real observada na
maior será a quantidade de energia nela armazenada natureza.
e disponível para as necessidades metabólicas do ser A densidade corresponde ao número de indivíduos
vivo. Assim, temos: de uma população em uma determinada área ou vo-
lume:
- Produtividade primária Bruta (PPB): total de maté-
ria orgânica produzida, durante determinado tempo, 𝑫𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑫
numa certa área ambiental. Permite avaliar a atividade 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣í𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 (𝑁)
de um ecossistema; =
- Produtividade primária líquida (PPL): PPL=PPB-R –
𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 á𝑟𝑒𝑎 𝑜𝑢 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 (𝐴)
145
em que R corresponde a quantidade de energia consu-
mida pelo vegetal na respiração (R); O crescimento de uma população depende de dois
- Produtividade Secundária Bruta (PSB): quantidade conjuntos de fatores: um que contribui para o aumento
de energia obtida pelos consumidores primários ao se da densidade, do qual fazem parte a taxa de natalida-
alimentarem dos produtores; de e a taxa de imigração; e outro que contribui para a
- Produtividade Secundária Líquida (PSL): PSL= PSB-R diminuição da densidade, do qual fazem parte a taxa
– em que R corresponde quantidade de energia consu- de mortalidade e a taxa de emigração. O modo como
mida pelos consumidores na respiração (R); esses fatores interagem determina se e como o cresci-
mento da população sofre variação.
4.1 Eficiência ecológica A taxa de natalidade corresponde à velocidade
Representa a porcentagem de energia transferida com que novos indivíduos são adicionados à popula-
de um nível trófico para o outro, em uma cadeia alimen- ção, por meio da reprodução. A taxa de mortalidade
tar. De modo geral, essa eficiência é, aproximadamen- corresponde à velocidade com que indivíduos são eli-
te, de apenas 10%, ou seja, cerca de 90% da energia minados da população, por morte. Em ambas as taxas
total disponível em um determinado nível trófico não o fator tempo é importante.
são transferidos para a seguinte, sendo consumidos na Em populações naturais em geral, a taxa de mor-
atividade metabólica dos organismos do próprio nível talidade é mais alta em populações com alta taxa de
ou perdidos como resíduos metabólicos. Em algumas natalidade. Uma população de ostras, por exemplo,
comunidades, porém a eficiência pode chegar a 20%. produz milhares de ovos em cada estação reprodutiva,
mas, dentre estes, apenas alguns formam indivíduos que
DINÂMICA DE POPULAÇÕES E COMUNIDADES atingem a idade adulta ou reprodutiva. Nos grandes
mamíferos, entretanto, a taxa de natalidade é menor
1. Atributos das Populações do que as obtidas em populações de ostras, mas a taxa
Ao se estudar as populações ecológicas, os princi- de mortalidade também é menor.
pais atributos que devem ser analisados são: Cada uma dessas taxas, isoladamente, diz pouco
- Tamanho de uma população sobre o crescimento da população. Para isso, deve-se
- Potencial biótico calcular seu índice de crescimento, assim definido:
- Densidade
- Natalidade
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3.1.1 Sucessão primária


Taxa de natalidade
𝐈. 𝐂. = Uma sucessão pode iniciar-se de diversas maneiras:
Taxa de mortalidade numa rocha nua, numa lagoa, num terreno formando
Quando a taxa de natalidade é alta e a de mortali- por sedimentação etc. Exemplificaremos através das su-
dade é baixa, a população está crescendo e o índice cessões que ocorrem nas rochas.
de crescimento é maior que 1. Ao contrário, quando a
taxa de mortalidade é mais alta do que a de natalida- Sucessão numa rocha nua
de, a população está diminuindo e o índice é menor O primeiro passo é a migração de espécies vegetais
que 1. Em países desenvolvidos, por exemplo, a taxa de de outras áreas para a região onde irá iniciar-se a su-
natalidade e a de mortalidade da espécie humana se cessão. As espécies chegam a essa região através dos
aproximam, daí resultando um índice de crescimento elementos de reprodução (esporos ou sementes).
próximo de 1. As condições desfavoráveis – excesso ou falta de ilu-
minação, solo muito úmido ou seco, temperatura eleva-
2. Propriedades das Comunidades da do solo – só permitem o desenvolvimento de algu-
As comunidades biológicas exibem certas proprie- mas espécies.
dades estruturais e funcionais cujo entendimento pode Essas espécies que se desenvolvem inicialmente no
facilitar o seu estudo bem como a compreensão do uso ambiente inóspito são chamadas de pioneiras. São es-
operacional do conceito. As principais propriedades pécies de grande amplitude, isto é, não são muito exi-
gentes, não tolerando apenas as grandes densidades.
são:
Os organismos pioneiros são representados pelos lí-
quens (associação entre fungos e algas) – o tipo mais
presença de muitas espécies numa determinada área;
simples de produtores. Através de ácidos orgânicos pro-
recorrência da “comunidade” no tempo e no espaço;
duzidos pelos líquens, a superfície da rocha vai sendo
presença de mecanismos homeostáticos: estabilidade
decomposta. A morte destes organismos, associada à
dinâmica/ steady state (superorganismo).
decomposição da rocha, forma um substrato, deixan-
do-o úmido e rico em sais minerais.
2.1 Atributos das comunidades
A partir de então as condições, já não tão desfavo-
Assim como a população, a comunidade pode ter
ráveis, permitem o aparecimento de plantas de peque-
vários de seus atributos mensuráveis, sendo estes: no porte, como musgos, que necessitam de pequena
Composição específica: relação das espécies que quantidade de nutrientes para se desenvolverem e atin-
compõem a comunidade. girem o estágio de reprodução. Novas e constantes mo-
146 Diversidade (riqueza e equitabilidade): número total dificações se sucedem permitindo o aparecimento de
de espécies de uma comunidade e a importância das plantas de maior porte como samambaias, bromélias,
espécies dominantes e não-dominantes na determina- gramíneas e arbustos. Também começam a aparecer
ção da estrutura desta comunidade. pequenos animais como insetos e moluscos (consumi-
Abundância Relativa: proporções das diferentes es- dores primários). Estes, por sua vez, permitem o apareci-
pécies dentro da comunidade. mento de espécies maiores, de consumidores secundá-
rios, terciários e quaternários.
3. Sucessão ecológica Dessa forma, etapa após etapa a comunidade pio-
Desenvolvimento de uma comunidade, compreen- neira evolui, até que a velocidade do processo começa
dendo a sua origem, crescimento, até o alcance de um a diminuir gradativamente, chegando a um ponto de
estado de equilíbrio dinâmico com o meio ambiente. Tal equilíbrio, no qual a sucessão ecológica atinge seu de-
dinamismo é uma característica essencial das comuni- senvolvimento máximo compatível com as condições
dades. físicas do local (solo, clima, umidade). Essa comunidade
Estágios da sucessão ecológica é a etapa final do processo de sucessão, a comunidade
A sucessão não surge repentinamente, de forma clímax. Cada etapa intermediária entre a comunidade
abrupta, mais sim em um aumento crescente de espé- pioneira e a clímax é chamada de série.
cies da comunidade, até atingir uma situação que não
mais se modifica com o ambiente, mantendo-se estável 3.2 Características de uma sucessão ecológica
– quando então é denominada comunidade clímax. Em todas as sucessões, pode-se observar que:
- aumenta a biomassa e a diversidade de espécies;
3.1 Tipos de sucessão ecológica - nos estágios iniciais, a atividade autotrófica supera
1) Sucessões ecológicas primárias: instalações dos a heterotrófica. Daí a produção bruta (P) ser maior que
seres vivos em um ambiente que nunca foi habitado. a respiração (R) e a relação entre P e R ser maior do
2) Sucessões ecológicas secundárias: surgem em que 1;
um meio que já foi povoado, mas em que os seres vivos - nos estágios de clímax há equilíbrio e a relação P/R
foram eliminados por modificações climáticas (glacia- = 1.
ções, incêndios), geológicas (erosão) ou pela interven- 3.3 O ecótono
ção do homem. Uma sucessão secundária leva muitas Geralmente a passagem de um ecossistema para
vezes à formação de um disclímax, diferente do clímax outro nunca ocorre de forma abrupta; costuma haver
que existia anteriormente. uma zona de transição, designada ecótono. Em tal re-
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gião o número de espécies é grande, existindo, além 1.2.2 Protocoperação


das espécies próprias, outras provenientes das comuni- Relação facultativa, podendo cada espécie viver
dades limítrofes. isoladamente.
Como exemplo, o pássaro-palito se alimenta dos
INTERAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS restos alimentares e de vermes existentes na boca do
crocodilo. A vantagem é mútua, porque, em troca do
Nos ecossistemas, os fatores bióticos são constituídos alimento, o pássaro livra o crocodilo dos parasitas.
pelas interações que se manifestam entre os seres vivos 1.2.3 Comensalismo
que habitam um determinado meio. Essas interações Nessa relação, a primeira espécie, chamada de co-
são classificadas da seguinte maneira: mensal, é a única beneficiada na relação, já a segunda
espécie, chamada de hospedeira, não recebe vanta-
1. Relações harmônicas gem, mas também não é prejudicada.
Nas relações harmônicas não existe desvantagem Como exemplo, a rêmora se fixa no tubarão por
para nenhuma das espécies consideradas e há benefí- meio de sua ventosa, e ali se alimenta dos restos alimen-
cio pelo menos para uma delas. Tais relações podem ser tares do tubarão, além de economizar energia no deslo-
divididas em intra-específicas e interespecíficas. camento; para o tubarão, este processo da rêmora não
lhe é vantajoso, nem prejudicial.
1.1 Relações harmônicas intraespecíficas
Ocorrem entre organismos da mesma espécie. São 2. Relações desarmônicas
as colônias e as sociedades. Nas relações desarmônicas há prejuízo para uma das
espécies consideradas. Tais relações também podem
1.1.1 Colônias ser divididas em intra-específicas e interespecíficas.
São organismos da mesma espécie que se mantêm
anatomaticamente unidos entre si. 2.1 Relações desarmônicas intra-específicas
Ocorrem entre organismos da mesma espécie. São o
1.1.2 Sociedades canibalismo e a competição.
São associações de indivíduos das mesma espécie
que não estão unidos anatomicamente e formam uma 2.1.1 Canibalismo
organização social que se expressa através do coope- Relação em que um animal se alimenta de outro da
mesma espécie. Ex: viúva-negra fêmea que, após o ato
rativismo.
reprodutivo, arranca e devora a cabeça do macho. Fê-
Sociedades altamente desenvolvidas são encontra- 147
meas de louva-a-deus também devoram seus machos.
das entre os chamados insetos sociais, representados
por cupins, vespas, formigas e abelhas.
2.1.2 Competição intra-específica
Na sociedades das abelhas, por exemplo, distin-
Indivíduos da mesma espécie competem por um
guem-se três castas: a rainha, o zangão e as operárias.
ou mais recursos que, na maioria das vezes, não estão
A rainha é a única fêmea fértil da colmeia; os zangões
disponíveis em quantidade suficiente no ecossistema.
são os machos férteis, enquanto as operárias são fê-
Pode delinear uma população, principalmente em seu
meas estéreis. As operárias são encarregadas de obter
tamanho. Quando o ambiente não permite a migração
o alimento (pólen ou néctar) e produzir a cera e o mel; a de indivíduos e o alimento começa a ficar escasso, na-
cera é usada para construir as celas hexagonais, onde são turalmente os mais velhos e os menos aptos são prejudi-
postos os ovos; o mel é fabricado por transformação do cados e acabam morrendo.
néctar. A única atividade dos zangões é a fecundação
da rainha; após o voo nupcial, são expulsos da colmeia. 2.2 Relações desarmônicas interespecíficas
Ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes. São
1.2 Relações harmônicas interespecíficas a competição interespecífica, o amensalismo, o preda-
Ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes. São tismo e o parasitismo.
o mutualismo, a protocooperação e o comensalismo.
2.2.1 Competição interespecífica
1.2.1 Mutualismo
Ocorre quando diferentes espécies, com o mesmo
Relação obrigatória, sendo necessária à sobrevivên- hábitat e o mesmo nicho ecológico, competem pelos
cia das espécies envolvidas, que não podem viver iso- mesmos recursos.
ladamente.
Como exemplo, há os líquens, constituídos por algas 2.2.2 Amensalismo
clorofiladas e fungos que vivem em estreita associação.
Associação em que uma espécie, chamada de
As algas, por meio da fotossíntese, fornecem alimento amensal, é inibida no crescimento ou na reprodução
ao fungo. Por sua vez, o fungo consegue reter umida- por substâncias secretadas por uma outra espécie, cha-
de e nutrientes que a alga utiliza, além de lhe conferir mada inibidora.
proteção. O mutualismo entre a alga e o fungo permite
Como exemplo, há os fungos que produzem substân-
que os líquens sobrevivam em ambientes em que nem
cias antibióticas que inibem o crescimento de bactérias.
a alga e nem o fungo conseguiriam sobreviver sozinhos.
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2.2.3 Predatismo 1.2. Taiga


Associação em que os consumidores de uma cadeia Localiza-se no norte do Alasca, Canadá, sul da
alimentar, alocados em um nível trófico superior (preda- Groelândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia e Si-
dores), se alimentam do nível trófico inferior – a presa, em béria. Partindo-se da Tundra, à medida que se desloca
se tratando de carnivoria, ou o produtor, na herbivoria. para o sul a estação favorável torna-se mais longa e o
2.2.4 Parasitismo clima mais ameno. Em consequência, a vegetação é
Associação em que uma espécie se instala no orga- mais rica, surgindo a Taiga.
nismo de outra, dela retirando matéria para a sua nu- Na Taiga os abetos e os pinheiros formam uma den-
trição e causando-lhe, em consequência, danos cuja sa cobertura, impedindo o solo de receber luz intensa.
gravidade pode ser muito variável, desde pequenos A vegetação rasteira é pouco representada. O período
distúrbios até a própria morte do indivíduo parasitado.
de crescimento dura 3 meses e as chuvas são poucas.
Dá-se o nome de hospedeiro ao organismo que abriga
Os animais são representados principalmente por ho-
o parasita. De um modo geral, a morte do hospedeiro
meotermos: aves, alces, lobos, martas, linces, roedores,
não é conveniente ao parasita. Mas, a despeito disso,
entre outros.
muitas vezes ela ocorre.

BIOMAS TERRESTRES 1.3. Floresta Caducifólia ou Decídua Temperada


Esse tipo de bioma é predominante do hemisfério
Bioma é conceituado no mapa como um conjunto norte, leste dos Estados Unidos, oeste da Europa, leste
de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamen- da Ásia, Coreia, Japão e partes da China. A quantida-
to de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em de de energia radiante é maior e a pluviosidade atin-
escala regional, com condições geoclimáticas similares ge de 750 a 1.000 mm, distribuída durante todo o ano.
e história compartilhada de mudanças, o que resulta Nítidas estações do ano. Neste Bioma, a maioria dos
em uma diversidade biológica própria. arbustos e árvores perde as suas folhas no outono e os
1. Biomas mundiais animais migram, hibernam ou apresentam adaptações
Os principais biomas do ambiente terrestre são: especiais para suportar o frio intenso. As plantas são re-
- Tundra; presentadas por árvores angiospermas dicotiledôneas
- Taiga ou Floresta de Coníferas ou Floresta Boreal; como nogueiras, carvalhos, faias. Os animais são repre-
- Floresta Caducifólia ou Floresta Decídua Temperada; sentados por alguns invertebrados, como artrópodes, e
- Floresta Tropical ou Floresta Pluvial ou Floresta Lati- os homeotermos – aves, roedores, cervos, ursos, lobos,
foliada; linces, ente outros.
- Campos;
148 - Deserto; 1.4. Floresta Tropical, Pluvial ou Latifoliada
- Savanas. As florestas tropicais situam-se na região intertropical.
A maior área encontra-se na Amazônia, a segunda nas
1.1 Tundra Índias Orientais e a menor na Bacia do Congo (África).
Localiza-se no Círculo Polar Ártico. Compreende O suprimento de energia e as chuvas são regulares e
Norte do Alasca e do Canadá, Groelândia, Noruega, abundantes – estas podendo ultrapassar 3.000 mm
Suécia, Finlândia, Sibéria. Recebe pouca energia solar e
anuais.
pouca precipitação, esta ocorre geralmente sob forma
A principal característica da floresta tropical é a sua
de neve e o solo permanece a maior parte do ano ge- estratificação. A parte superior é formada por árvores
lado. Durante a curta estação quente (2 meses) ocorre que atingem 40 m de altura ou mais, formando um dos-
o degelo da parte superior, rica em matéria orgânica, sel espesso de ramos e folhas. No topo a temperatura é
permitindo o crescimento dos vegetais. O subsolo fica alta e seca. Debaixo desta cobertura ocorre outra ca-
permanentemente congelado (permafrost). mada de árvores, que chegam a 20 m de altura, outras
A Tundra caracteriza-se por apresentar poucas es- a 10 m e 5 m de altura. Este estrato médio é quente,
pécies capazes de suportar as condições desfavorá- mais escuro e mais úmido, apresentando pequena ve-
veis. Os produtores são responsáveis por capim rasteiro getação. O estrato médio caracteriza-se pela presença
e com extensas áreas cobertas por camadas baixas de de cipós e epífitas. A diversificação de espécies vege-
liquens e musgos. Existem raras plantas lenhosas (de por- tais e animais é muito grande. Os animais, dependen-
te arbóreo), como os salgueiros, mas são excessivamen- do da região, podem ser: artrópodes, anfíbios, répteis,
te baixas (rasteiras). As plantas completam o ciclo de aves, tigres, leopardos, roedores, macacos, entre outros.
vida num espaço de tempo muito curto: germinam as
sementes, crescem, produzem grandes flores (compa- 1.5. Campos
radas com o tamanho das plantas), são fecundadas e Os campos são biomas que se caracterizam por
frutificam, dispersando rapidamente as suas sementes. apresentarem um único estrato de vegetação. O nú-
No verão, com as condições ambientais mais favo- mero de espécies é muito grande, mas representado
ráveis, a Tundra fica mais repleta de animais exclusiva- por pequeno número de indivíduos de cada espécie.
mente homeotérmicos (que mantém a temperatura do A localização dos campos é muito variada: centro-oes-
organismo constante, independente da temperatura te dos Estados Unidos, centro-leste da Eurásia, parte da
do ambiente): aves, raposas, doninhas, renas, caribus, América do Sul (Brasil, Argentina e Uruguai) e Austrália.
ursos polares, entre outros. Durante o dia a temperatura é alta, porém a noite
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a temperatura é muito baixa. Muita luz e vento, pouca


umidade. Predominam as gramíneas. Os animais, de-
pendendo da região, podem ser: bisões, cervos, pu-
mas, roedores, aves de rapina, entre outros.

1.6. Deserto
Os desertos apresentam localização muito variada e
se caracterizam por apresentar vegetação muito espar-
sa e rara. O solo é muito árido e a pluviosidade baixa e
irregular, abaixo de 250 mm de água anuais. Durante o
dia a temperatura é alta, mas à noite ocorre perda rápi-
da de calor, que se irradia para a atmosfera e a tempe-
ratura torna-se excessivamente baixa.
As plantas que se adaptam ao deserto geralmente
apresentam um ciclo de vida curto. Durante o período
favorável (chuvoso) germinam as sementes, crescem,
florescem, frutificam, dispersam as sementes e morrem.
As plantas perenes como os cactos apresentam siste-
mas radiculares superficiais que cobrem grandes áreas.
Estas raízes estão adaptadas para absorver as águas 2.1 Floresta Amazônica
das chuvas passageiras. O armazenamento de água Corresponde à mata fechada com árvores de gran-
é muito grande (parênquimas aquíferos). As folhas são de, médio e pequeno porte, a densidade da vegeta-
transformadas em espinhos e o caule passa a realizar ção sendo proveniente do clima quente e úmido que
fotossíntese. No hemisfério norte é muito comum encon- favorece o desenvolvimento da biodiversidade. Na Flo-
trar-se, nos desertos, arbustos distribuídos uniformemen- resta Amazônica prevalece o relevo plano, clima com
te, como se tivessem sido plantados em espaços regula- elevadas temperaturas com baixa amplitude térmica
res. Este fato explica-se como um caso de amensalismo, e chuvas frequentes bem distribuídas durante todos os
isto é, os vegetais produzem substâncias que eliminam meses do ano. As temperaturas mantém-se elevadas
outros indivíduos que crescem ao seu redor. Os consu- a maior parte do tempo e os índices pluviométricos são
midores obtém água do próprio alimento que ingerem superiores a 2.000 mm.
ou do orvalho. São predominantemente aracnídeos, Calcula-se que dentro da floresta amazônica con-
répteis e roedores, além de alguns poucos carnívoros, vivem em harmonia mais de 20% de todas as espécies 149
como coiotes e chacais. vivas do planeta, sendo 20 mil de vegetais superiores,
1400 de peixes, 300 de mamíferos e 1300 de pássaros,
1.7. Savanas sem falar das dezenas de milhares de espécies de inse-
Savana é nome dado a um tipo de cobertura vege- tos e outros invertebrados. Para se ter ideia do que isso
tal constituída, em geral, por gramíneas e árvores espar- significa, existem mais espécies vegetais em um hectare
sas. A topografia geralmente é plana com clima tropi- de floresta amazônica do que em todo o território euro-
cal, apresentando duas estações bem definidas, sendo peu. A castanheira é o exemplo mais típico de árvore
uma chuvosa e uma seca. As Savanas ocorrem, prin- amazônica, sendo uma das mais imponentes da mata.
cipalmente, na zona intertropical do planeta, por esse De toda essa variedade, metade permanece ainda
motivo recebe uma enorme quantidade de luz solar. desconhecida da ciência, havendo muitas espécies en-
A espécie de savana mais conhecida é a africana, dêmicas, ou seja, que vivem apenas numa localidade
no entanto, há outras: savanas tropicais (cerrado, por restrita, não ocorrendo em outras regiões.
exemplo), savanas subtropicais, savanas temperadas, A vegetação pode ser classificada em: mata de iga-
savanas mediterrâneas, savanas pantanosas e savanas pó (sempre alagada), mata de várzea (que se alaga na
montanhosas. época das chuvas) e mata de terra firme (sempre seca).
Os animais, dependendo da região, podem ser: Existem, também, em menor quantidade, áreas de cer-
aves, répteis, mamíferos herbívoros e carnívoros de gran- rado, campos e vegetação litorânea.
de porte. Mata de Igapó: Essa composição vegetativa ocorre
em áreas de baixo relevo próximas a rios e por causa
2. Biomas brasileiros disso permanecem perenemente alagadas; as árvores
O Brasil possui um território de dimensões continentais, dessas áreas apresentam estatura máxima de 20 me-
apresentando diversos tipos de vegetação, clima, re- tros, além de haver cipós e plantas aquáticas.
levo e hidrografia. Cada região possui uma variação Mata de Várzea: Vegetação que se estabelece em
correspondente à interrelação entre todos estes fatores áreas mais elevadas em relação às matas de igapó;
abióticos. Observe no mapa abaixo os biomas existen- mesmo assim sofre inundações, porém somente nos pe-
tes no país. ríodos de cheias. Plantas de porte arbóreo e arbustivo.
Mata de Terra Firme ou Mata Verdadeira (Caaeté):
Ocorre nas regiões que não sofrem com as ações das
cheias. Nessa parte da floresta as árvores apresentam
alturas que alcançam de 30 a 60 metros e se desenvol-
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vem com pouca distância entre si – fato que dificulta a mas totalmente diferentes, como o equatorial superúmi-
inserção de luz nos substratos inferiores, quase não exis- do e o semiárido. Sua flora é composta por espécies en-
tindo vegetação arbustiva. dêmicas altamente ameaçadas de extinção pela ação
antrópica – como as árvores de grande porte carnaúba
2.2 Mata Atlântica e oiticica; e palmeiras como babaçu, açaí e buriti.
Considerada um dos biomas mais ameaçados do
planeta, a Mata Atlântica é o domínio de natureza mais 2.5 Matas-Galerias ou Matas Ciliares
devastado do Brasil. Estende-se por quase toda a costa São vegetações associadas a cursos d´agua, acom-
litorânea, do Piauí ao Rio Grande do Sul. Correspondia panhando os rios de médio e grande porte, geralmente
a, aproximadamente, 15% do território nacional. No en- em terrenos acidentados, constituindo uma mata estrei-
tanto, a intensa devastação pela ação antrópica re- ta.
duziu drasticamente essa cobertura vegetal, restando, A mata de galeria possui dois subtipos, a não-inun-
atualmente, apenas 7% da mata original, localizada dável e a inundável. Há maior resistência das folhas nas
principalmente na Serra do Mar. Da área original desse estações secas. É comum a existência de plantas epífi-
bioma (1,3 milhão de km2) só restam 52.000 km2. tas, que utilizam uma árvore como suporte ao seu cres-
A Mata Atlântica é composta por um conjunto de cimento – como, por exemplo, as bromélias e orquídeas.
fisionomias e formações florestais, com estruturas e in-
terações ecológicas distintas em cada região, estando 2.6 Caatinga
na faixa de transição com os demais biomas brasileiros. A caatinga – palavra originária do tupi-guarani, que
Seu clima predominante é o tropical úmido, no entanto, significa “mata branca” – é o único sistema ambien-
existem outros microclimas ao longo da mata. Apresen- tal exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial
ta temperaturas médias elevadas durante o ano todo; de 734.478 quilômetros quadrados, correspondendo a
a média de umidade relativa do ar também é elevada. cerca de 10% do território nacional, estando presente
As precipitações pluviométricas são regulares e bem dis- nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
tribuídas nesse bioma. Quanto ao relevo, é carateriza- Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de
do por planaltos e serras. A importância hidrográfica da Minas Gerais. As temperaturas médias anuais são eleva-
Mata Atlântica é grande, pois essa região abriga sete das, oscilam entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido;
das nove maiores bacias hidrográficas do país, entre e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos
elas estão: Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Je- diferentes de rochas. A ação do homem já alterou 80%
quitinhonha e São Francisco. da cobertura original da caatinga, que atualmente tem
A Mata Atlântica possui uma das maiores biodiversi- menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades
150 dades do planeta. Suas fauna e flora apresentam gran- de conservação, que não permitem a exploração de
de quantidade de espécies endêmicas e ameaçadas recursos naturais.
de extinção. As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de
Das 200 espécies vegetais brasileiras ameaçadas, maneira direta na vida de uma população de, aproxi-
117 são desse bioma – árvores de grande porte como madamente, 25 milhões de habitantes. As chuvas ocor-
peroba, ipê, quaresmeira, jambo, jatobá, imbaúba, je- rem no início do ano e o poder de recuperação do
quitibá-rosa, jacarandá, pau-brasil, entre outras. bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as
Dos animais ameaçados, 383 das 633 espécies com árvores ficam cobertas de folhas.
risco de extinção pertencem a esse bioma: anfíbios,on- As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adap-
ça-pintada,suçuarana, jaguatirica, mico-leão, saguis, tadas ao clima seco e à pouca quantidade de água.
anta, bicho-preguiça, araponga, jacutinga, jacu, ma- Algumas armazenam água, outras possuem raízes su-
cuco, entre tantos outros. perficiais para captar o máximo de água da chuva. E há
ainda as que contam com recursos pra diminuir a perda
2.3 Mata dos Pinhais ou Floresta de Araucária de água por transpiração, como espinhos e poucas fo-
As Matas de Araucárias são encontradas na Região lhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbó-
Sul do Brasil e nos pontos de relevo mais elevado da Re- reo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo,
gião Sudeste. Essa cobertura vegetal se desenvolve em com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo
regiões nas quais predomina o clima subtropical, que de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a am-
apresenta invernos rigorosos e verões quentes, com índi- burana, o umbuzeiro e o mandacaru.
ces pluviométricos relativamente elevados e bem distri- A fauna da caatinga é bem diversificada, também
buídos durante o ano. O Pinheiro-do-Paraná ou Araucá- composta por animais adaptados ao ambiente semi-
ria (Araucaria angustifolia), encontrado em abundância -árido – répteis (principalmente lagartos e cobras), roe-
no passado, atualmente corre sério risco de extinção, dores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, ararinha-
restando apenas 3% da cobertura vegetal original. -azul (praticamente extinta, com menos de uma dezena
de indivíduos restantes) sapo-cururu, asa branca, cutia,
2.4 Mata dos Cocais
cangambá, preá, veado catingueiro, tatupeba, sagui-
A Mata dos Cocais ocorre entre as regiões norte e
-do-nordeste, entre outros.
nordeste do Brasil. Corresponde a uma área de transi-
ção entre a Amazônia e a Caatinga denominada de
meio-norte, compreendendo vegetações distintas e cli-
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2.7 Cerrado (ou Savana brasileira) tende do Rio Grande do Sul à Argentina e ao Uruguai. A
Esse bioma já ocupou 25% do território brasileiro, fato vegetação campestre forma um tapete herbáceo com
que lhe dá a condição de segunda maior cobertura menos de 1 metro de altura, com pouca variedade de
vegetal do país, superada somente pela floresta Ama- espécies. A terra possui condições adequadas para o
zônica. No entanto, com a ação antrópica, a extensão desenvolvimento da agricultura, além de comportar
do Cerrado diminuiu significativamente. Dos 2 milhões água em abundância. Em decorrência, muitas áreas
de km2 originais, hoje restam aproximadamente 800 desse bioma já foram degradadas em razão da interfe-
mil km2. A vegetação do Cerrado se encontra em uma rência humana no ecossistema. Alguns animais caracte-
região onde o clima que predomina é o tropical, com rísticos são a ema e o veado-campeiro.
duas estações bem definidas: uma chuvosa, entre ou-
tubro e abril; e outra seca, entre maio e setembro. O 2.9 Pantanal
Cerrado abrange os Estados da região Centro-Oeste O Brasil apresenta ao longo de seu território diver-
(Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Fede- sas composições vegetais, dentre elas o Pantanal, que
ral), além do sul do Pará e Maranhão, interior do Tocan- é conhecido também por Complexo do Pantanal; sua
tins, oeste da Bahia e Minas Gerais e norte de São Paulo. formação vegetal recebe influência da floresta Amazô-
A vegetação predominante é constituída por espé- nica, Mata Atlântica, Chaco e do Cerrado. Ocupando
cies do tipo tropófilas (vegetais que se adaptam às duas uma área de 210 mil km2, o Pantanal é considerado a
estações distintas, como ocorre no Centro-Oeste), além maior planície alagável do mundo, estando situado so-
disso, são caducifólias (que caem as folhas no período bre uma enorme depressão cuja altitude não ultrapassa
de estiagem) com raízes profundas. A vegetação é, os 100 metros em relação ao nível do mar. Esse domínio
em geral, de pequeno porte com galhos retorcidos e encontra-se ao sul do Estado de Mato Grosso e noroes-
folhas grossas. Apesar dessa definição generalizada, o te do Mato Grosso do Sul. O alagamento do Pantanal
cerrado é constituído por várias caraterísticas de vege- acontece no período chuvoso; nas épocas de estiagem
tação, sendo classificado em subsistemas: de campo, formam-se pastagens naturais, situação que favorece a
de cerrado, de cerradão, de matas, de matas ciliares e ocupação para criação de gado. A inundação do Pan-
de veredas e ambientes alagadiços. Em geral, os solos tanal acontece por causa das cheias do rio Paraguai e
são pobres e muito ácidos. Apresentam fauna endêmi- afluentes.
ca – por exemplo, o lobo-guará, o cachorro-vinagre e o As superfícies pantaneiras mais elevadas abrangem
tamanduá-bandeira. a vegetação do Cerrado e, em áreas mais úmidas,
apresentam florestas tropicais do tipo arbóreas. Essa
2.8 Campos (ou Estepes Brasileiros) parte da fitogeografia brasileira foi reconhecida pela 151
Os campos são formados por herbáceas, gramíneas UNESCO como um Patrimônio Natural da Humanidade,
e pequenos arbustos esparsos com caraterísticas diver- devido ao fato de ser um dos ecossistemas mais bem
sas, conforme a região. Esse bioma pode ser classificado preservados do mundo. Além disso, abriga uma imen-
da seguinte forma: sa biodiversidade – são cerca de 670 espécies de ves,
- Campos limpos – Predomínio das gramíneas. 242 de peixes, 110 de mamíferos, 50 de répteis – como
- Campos sujos – Há a presença de arbustos, além exemplo podemos citar o tuiuiú, o jacaré-do-papo-
das gramíneas. -amarelo, a ariranha e o ratão-do-banhado. Apresenta
- Campos de altitude – Áreas com altitudes superio- ainda aproximadamente 1500 espécies de plantas.
res a 1,4 mil metros, encontrados na serra da Man-
tiqueira e no Planalto das Guianas. 2.10 Manguezais
- Campos da hileia – É um tipo de formação rasteira Composição característica de áreas costeiras e es-
encontrado na Amazônia, é caraterizado pelas tuarinas, compreende uma faixa de transição entre am-
áreas inundáveis da Amazônia oriental, como a bientes terrestres e marinhos. Ocorre em todo o litoral
ilha de Marajó, por exemplo. brasileiro, do Amapá até Santa Catarina. O clima pre-
- Campos meridionais – Não há presença arbustiva, dominante é o tropical e o subtropical.
predomina uma extensa área com gramíneas, Os mangues, por se encontrarem em ambientes ala-
propícia para o desenvolvimento da atividade gados com águas salobras, são árvores com raízes-escora
agropecuária. Destaca-se a Campanha Gaúcha, proporcionando maior fixação (mangue-vermelho e man-
no Rio Grande do Sul e os Campos de Vacaria, gue-branco) e pneumatóforos, raízes aéreas que favore-
no Mato Grosso do Sul. Os campos ocupam áreas cem uma maior retirada de oxigênio (mangue-preto).
descontínuas do Brasil, na Região Norte esse bio- Essa composição vegetal é fundamental na produ-
ma está presente sob a forma de savanas de gra- ção de alimentos para suprir as necessidades de diver-
míneas baixas, nas terras firmes do Amazonas, de sos animais marinhos. São extremamente importantes
Roraima e do Pará. Na Região Sul, surge como as para a preservação da biodiversidade, servindo de
pradarias mistas subtropicais. “berçário” para diversas espécies aquáticas e terrestres.
Os campos do Sul são formados principalmente pe- Seus animais mais característicos são os caranguejos.
los pampas gaúchos, com clima subtropical, região pla- Apesar da importância dos manguezais na manu-
na de vegetação aberta e de pequeno porte que se es- tenção da vida marinha, esse ambiente tem sofrido
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profundas alterações promovidas principalmente pela urbanização das regiões litorâneas, especialmente para
atender a especulação imobiliária. Dos 172.000 km2 de manguezais existentes no mundo, o Brasil responde por 15%
do total, ou seja, 26.000 km2.

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

São a transferência contínua de elementos químicos que ocorre entre os seres vivos e o meio ambiente. Eis os
principais:
- Ciclo da água;
- Ciclo do carbono;
- Ciclo do oxigênio;
- Ciclo do nitrogênio;
- Ciclo do fósforo.

1. Ciclo da água ou ciclo hidrológico


Descreve o constante movimento da água sobre nosso planeta. Devido à intensa ação do Sol, a água contida
nos oceanos, lagos e rios sofre vaporização. Animais e plantas também liberam vapor de água no ambiente por
meio da respiração e da transpiração. O vapor de água sobe para a atmosfera e, quando se encontra nas cama-
das de ar frias, sofre condensação. As gotículas de água formadas nesse processo se aglomeram, dando origem às
nuvens. Condições ambientais favoráveis fazem com que ocorra a precipitação da água encontrada nas nuvens,
fenômeno pelo qual a água volta à superfície terrestre na forma de chuva. Dependendo do local e das condições
climáticas, essa precipitação também pode ocorrer na forma de neve ou granizo.
Uma parte das águas das chuvas cai diretamente sobre rios, oceanos e lagos ou chega até estes por escoamen-
to. A precipitação sobre o mar é cerca de três vezes superior à que cai sobre a terra. Caindo nas massas terrestres, a
água pode infiltrar-se no solo, ser absorvida pelos vegetais, empregada na fotossíntese, consumida pelos animais e,
afinal, devolvida à atmosfera pela respiração e transpiração. Outra parte atinge as camadas mais internas do solo,
dando origem aos lençois de água subterrânea, que podem formar um aquífero ou voltar à superfície até por fim
retornar aos oceanos. Assim, o ciclo da água se completa e recomeça a todo momento.
Cerca de 97% do suprimento de água está nos oceanos, 2% nas geleiras e menos de 1% na atmosfera (0,001%).
Aproximadamente 1% do total da água contida nos rios, lagos e lençóis freáticos é adequada ao consumo huma-
152 no.

2. Ciclo do carbono
O carbono é um importante elemento químico por participar da formação de todos os compostos orgânicos
que constituem os seres vivos.
Os seres vivos só conseguem aproveitar o carbono na natureza sob a forma de dióxido de carbono (CO2), en-
contrado na atmosfera; ou de bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO3-), dissolvido na água.
O carbono é disponibilizado aos seres vivos ao longo da cadeia alimentar, desde a síntese de compostos orgâ-
nicos pelos organismos produtores, passando pelos consumidores, até ser devolvido ao ambiente novamente na
forma inorgânica pelos decompositores.
É importante lembrar que a queima de combustíveis orgânicos (petróleo, carvão e lenha) também é um meca-
nismo de retorno do carbono ao meio ambiente, na forma de CO2, CO e outros gases.
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3. Ciclo do oxigênio
O oxigênio pode ser encontrado na atmosfera sob várias formas. Seja na forma de oxigênio molecular (O2) ou
em composição com outros elementos (CO2, NO2, SO2 etc.), o oxigênio é o elemento mais abundante na crosta
terrestre e nos oceanos (que contêm 99,5% do oxigênio); e o segundo mais abundante na atmosfera, onde se en-
contra 0,49% do oxigênio existente – os outros 0.01% estão contidos nos seres vivos. O ciclo de transformações do
oxigênio por estes reservatórios (atmosfera, oceano e crosta terrestre) constitui o chamado ciclo do oxigênio, que 153
é mantido por processos biológicos, físicos, geológicos e hidrológicos.
O ciclo do oxigênio está estritamente relacionado com o ciclo do carbono, uma vez que o fluxo de ambos está
associado aos processos fotossintéticos e respiratórios. Os processos de fotossíntese liberam oxigênio para a atmos-
fera, enquanto os processos de respiração e combustão o consomem. Parte do O2 da estratosfera é transformado
pela ação de raios ultravioletas em ozônio (O3). Este forma a camada de ozônio, que funciona como um filtro, evi-
tando a penetração de 80% dos raios ultravioletas, com alto teor cancerígeno.

4. Ciclo do nitrogênio
O nitrogênio participa da formação das moléculas de proteínas, ácidos nucleicos e vitaminas. Embora seja
abundante na atmosfera (78% dos gases), a forma gasosa (N2) é muito instável, sendo inaproveitável para a maio-
ria dos seres vivos. O processo que remove N2 do ar e torna o nitrogênio acessível aos seres vivos é denominado
fixação do nitrogênio.
A fixação de N2 em íons nitrato (NO3-) é a mais importante, pois é principalmente sob a forma desse íon que as
plantas absorvem nitrogênio do solo. A fixação pode ocorrer por processos físicos, como sob ação de relâmpagos
durante tempestades, e também por processos industriais, quando se criam situações de altíssima pressão e tempe-
ratura para a produção de fertilizantes comerciais. A fixação biológica, porém, é a mais importante, representando
90% da que se realiza no planeta.
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A fixação biológica do nitrogênio é realizada por bactérias de vida livre no solo, por bactérias fotossintéticas,
por cianofíceas (algas azuis), e principalmente por bactérias do gênero Rhizobium, que somente o fazem quando
associadas às raízes de plantas leguminosas – soja, feijão, ervilha, etc. Nessas raízes formam-se nódulos densamen-
te povoados pelas bactérias, onde ocorre a fixação de N2 até a formação de nitrato. Essas plantas podem assim
desenvolver-se mesmo em solos pobres desse composto. Além da atmosfera, outro reservatório de nitrogênio é a
própria matéria orgânica. Os decompositores transformam compostos nitrogenados em amônia (NH3), processo
denominado amonificação. As bactérias Nitrosomonas transformam a amônia em nitrito (NO2-) (nitrosação) e as
Nitrobacter o transformam em nitrato (nitratação). Esse processo todo é denominado nitrificação, e estas bactérias
são conhecidas genericamente como nitrificantes.
O retorno do nitrogênio a atmosfera é promovido no processo de desnitrificação, realizado por bactérias desnitrifi-
cantes, que transformam o nitrato em nitrogênio gasoso (N2). O solo, fonte de nitrato para as plantas terrestres, é também
importante exportador de sais para os ecossistemas aquáticos, geralmente veiculados pela água de chuvas.

5. Ciclo do fósforo
O fósforo é um dos elementos essenciais à vida, estando presente na constituição dos ácidos nucleicos (DNA e
RNA) e das moléculas energéticas de ATP.
Em certos aspectos, o ciclo do fósforo é mais simples do que os ciclos do carbono e do nitrogênio, pois não exis-
tem compostos gasosos de fósforo e, portanto, não há passagem pela atmosfera. Outra razão para a simplicidade
154 do ciclo do fósforo é a existência de apenas um composto de fósforo realmente importante para os seres vivos: o
íon fosfato.

As plantas obtêm fósforo do ambiente absorvendo os fosfatos dissolvidos na água e no solo. Os animais obtêm
fosfatos na água e no alimento.

A decomposição devolve o fósforo que fazia parte da matéria orgânica ao solo ou à água. Daí, parte dele é
arrastada pelas chuvas para os lagos e mares, onde acaba se incorporando às rochas. Nesse caso, o fósforo só
retornará aos ecossistemas bem mais tarde, quando essas rochas se elevarem em consequência de processos
geológicos e, na superfície, forem decompostas e transformadas em solo.
Assim, existem dois ciclos do fósforo que acontecem em escalas de tempo bem diferentes. Uma parte do ele-
mento recicla-se localmente entre o solo, as plantas, consumidores e decompositores, em uma escala de tempo
relativamente curta, que podemos chamar “ciclo de tempo ecológico”. Outra parte do fósforo ambiental sedi-
menta-se e é incorporada às rochas; seu ciclo envolve uma escala de tempo muito mais longa, que pode ser cha-
mada “ciclo de tempo geológico”.
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DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL produtoras de gametas podem ser transmitidas ao lon-


go das gerações. Ex.: Chernobyl, Goiânia e Japão.
Quando falamos de desequilíbrio ambiental, nos re- A poluição por substâncias não biodegradáveis, ou
ferimos principalmente aos efeitos das ações humanas seja, produtos que não sofrem decomposição (como
no meio ambiente. A natureza é fluída e dinâmica, sen- as substâncias organocloradas e os metais pesados) faz
do as extinções e mudanças inatas a esse processo, re- com que esses produtos se acumulem nos tecidos dos
sultantes das constantes modificações dos ecossistemas organismos ao serem consumidos e vão se concentran-
e da seleção adaptativa. O problema é que o ser hu- do ao longo das cadeias alimentares, acarretando sé-
mano interfere nessa dinâmica de forma drástica, ace- rios problemas aos organismos. Ex.: DDT, metilmercúrio.
lerando muitos processos de extinção e mudanças em A poluição por derramamento de petróleo ocorre
ecossistemas que talvez nem aconteceriam se não fosse quando o petróleo derramado forma extensas manchas
por essa intervenção. na camada superficial das águas e, com isso, bloqueia
Entre os impactos ambientais causados pela ação a passagem de luz, afetando a fotossíntese; também im-
antrópica podemos citar: pede as trocas de gases entre a água e o ar. O petróleo
- aquecimento global; se impregna na superfície dos corpos dos animais mari-
- redução da camada de ozônio; nhos, matando-os por intoxicação. Se a impregnação
- efeito estufa; ocorre nas brânquias, há morte por asfixia. As aves mari-
- chuva ácida; nhas perdem a capacidade de voar e de realizar a ter-
- poluição; morregulação, morrendo em seguida ao contato com
- contaminação; o óleo. Dentre os maiores desastres ambientais causa-
- esgotamento de recursos naturais não renováveis; dos por derramamento de petróleo estão os do Golfo
do México e da Bacia de Campos, ambos em 2010; e os
- desmatamento;
da Baía de Guanabara (1975, 1997 e 2000).
- queimadas;
A poluição por eutrofização ocorre em ambientes
- erosão;
aquáticos pelo aumento excessivo de nutrientes na
- ameaça à biodiversidade;
água, especialmente fosfatos e nitratos. Pode ser natu-
ral ou provocada por resíduos urbanos.
1. Poluições
A poluição da água, não só das águas superficiais
A poluição sonora afeta a saúde mental (irritabilida-
como também das subterrâneas. Uma das principais
de) e, a longo prazo, provoca diminuição da audição
fontes de poluição das águas são os resíduos urbanos –
e até surdez.
domésticos (esgoto), industriais e rurais.
A poluição visual, sendo a degradação do ambien- A poluição do solo ocorre pela infiltração de resíduos 155
te natural ou artificial, como, por exemplo, o excesso de e efluentes industriais, agrotóxicos e a deposição de lixo.
outdoors, propagandas, cartazes etc. Além do incômo-
do visual, contribui com uma maior produção de lixo. Os lixões a céu aberto são responsáveis pela intensa
A poluição térmica consiste no aumento da tempe- proliferação de insetos e outros animais que transmitem
ratura da água, que provoca alteração no meio e pode diversas doenças, além da contaminação dos lençóis
freáticos. Algumas alternativas aos lixões são os aterros
causar doenças de origem fúngica e bacteriana em
sanitários (o solo é preparado de modo a receber uma
peixes e outros organismos, além de diminuir o teor de
impermeabilização e impedir que o lixo o contamine),
oxigênio dissolvido na água, o que pode causar morte
a incineração (usada em casos de lixo contaminado) e
de animais aeróbios. A poluição térmica pode ser cau-
a compostagem (transforma parte do lixo orgânico em
sada por usinas elétricas e atômicas que usam sistemas
um composto que pode ser utilizado como fertilizante
de resfriamento de reatores durante a geração de ener-
para o solo –adubação).
gia com água retirada (e posteriormente devolvida) de
ambientes naturais. Quando esta água retorna aqueci-
2. Impactos agrícolas
da ao ambiente natural, o problema se instala.
A poluição atmosférica consiste no aumento da A agricultura moderna está baseada na monocul-
quantidade de gás carbônico (CO2), na introdução de tura. O padrão de produção de monocultura provoca
partículas que ficam em suspensão no ar e de outros ga- impactos ambientais com a destruição das florestas e
ses poluentes, como o monóxido de carbono (CO), o da biodiversidade genética, esgotamento e erosão dos
dióxido de enxofre (SO2), o ozônio (O3), o dióxido de ni- solos e a contaminação dos recursos hídricos (eutrofiza-
trogênio (NO2) e hidrocarbonetos, liberados por diversos ção) e dos alimentos (agrotóxicos).
agentes poluidores. Essa modificação na composição Os desmatamentos, as queimadas e o uso de subs-
da atmosfera causa prejuízo ao equilíbrio do meio am- tâncias não-biodegradáveis, na maior parte pesticidas,
biente e, consequentemente, à saúde dos seres vivos. são algumas das práticas agrícolas associadas a esses
Entre as mais graves consequências da poluição at- tipos de impactos ambientais.
mosférica, podemos citar a chuva ácida, o efeito estufa, a
redução da camada de ozônio e o aquecimento global. 3. Silvicultura
A poluição por radioatividade causa mutações ge- Devido à grave situação ambiental causada pelo
néticas que podem desencadear doenças como o desmatamento, o governo passou a incentivar o reflo-
câncer. Além disso, mutações que ocorrem nas células restamento. Concomitante a isso, houve grande de-
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senvolvimento da silvicultura, voltada para a produção seres humanos e o planeta. É o desenvolvimento susten-
de matéria-prima para as fábricas de papel, papelão, tável. Neste modelo de desenvolvimento, considera-se
resinas, madeira aglomerada e móveis. Geralmente, o que o avanço econômico e a conservação da nature-
plantio de árvores é feito em terrenos desfavoráveis à za são compatíveis e devem estar intimamente relacio-
agricultura, como encostas de vales e áreas de solos nados, tomando medidas que modifiquem a economia
pobres, pedregosos e arenosos. As espécies preferidas consumista que conhecemos hoje e contribuam para
para o reflorestamento têm sido o eucalipto, o Pinus uma melhor qualidade de vida às gerações futuras e
eliotti e a acácia-negra, diferentes das que formavam ao planeta.
matas originais, sendo consideradas exóticas.
Sob o ponto de vista econômico, o reflorestamento 6. Agroecologia
tem trazido bons resultados. O Pinus eliotti, por exemplo, A proposta agroecológica defende técnicas e for-
cresce mais rapidamente que o pinheiro-do-paraná e mas de cultivo em harmonia com o meio ambiente.
sua madeira dá bons lucros aos produtores. No entan- Com uma abordagem consciente na dinâmica da na-
to, esse tipo de reflorestamento não restaura o antigo tureza, a agroecologia permite a recuperação da ferti-
ambiente ecológico, com sua biodiversidade original. lidade dos solos sem o uso de fertilizantes minerais, assim
Numa plantação de eucaliptos, por exemplo, não se como o cultivo sem o uso de agrotóxicos. A agroecolo-
ouve o canto de aves. gia permite uma atividade economicamente viável e
ecologicamente sustentável.
4. Categorias de conservação Os termos “agricultura orgânica” ou “agricultura
A União Internacional para a Conservação da Na- biológica” são utilizados para descrever a produção
tureza e dos Recursos Naturais (IUCN) criou, em 1964, o de produtos alimentícios e vegetais sem o uso de fertili-
maior catálogo sobre o estado de conservação de or- zantes, pesticidas, reguladores de crescimento e outros
ganismos vivos de todo o planeta: a Lista Vermelha de produtos químicos ou sintéticos. Geralmente também
Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red aderem a outras práticas como banimento de organis-
Data List). O objetivo é fornecer informações com base mos geneticamente modificados (transgênicos), além
científica sobre o estado das espécies em um nível glo- de considerarem os princípios da agricultura sustentá-
bal; chamar a atenção do público para a magnitude e vel. Em diversos países, estas práticas estão sendo regu-
a importância da biodiversidade ameaçada; influenciar lamentadas e amplamente adotadas.
legislações e políticas nacionais e internacionais; e for- Alguma das técnicas são possíveis graças ao uso de
necer informações para orientar as ações para conser- esterco animal, adubação “verde”, controles biológicos
156 var a diversidade biológica. para combate de doenças e pragas, compostagem e
As principais categorias, em ordem crescente de cri- rotação de culturas.
ticidade, são: pouco preocupante, quase ameaçada,
vulnerável, em perigo, criticamente em perigo, extinto 6.1 Sistemas agroflorestais
da natureza e extinto. Os critérios para a classificação Os sistemas agroflorestais (SAF’s) são consórcios de
envolvem a redução da população, fragmentação de culturas agrícolas com espécies arbóreas que podem
habitats, distribuição restrita, além de análise quantitati- ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas
va de risco de extinção. degradadas. A tecnologia ameniza limitações do ter-
Tomemos como exemplo o lobo-guará, canídeo reno, minimiza riscos de degradação inerentes à ativi-
brasileiro que é encontrado, principalmente, no Cerra- dade agrícola e otimiza a produtividade a ser obtida.
do e no Pampa, sendo classificado como Vulnerável Há diminuição na perda de fertilidade do solo e no ata-
e Criticamente em Perigo, respectivamente. Isso se dá que de pragas. A utilização de árvores é fundamental
através da análise do tempo de geração da espécie, a para a recuperação das funções ecológicas, uma vez
taxa de degradação do bioma, os atropelamentos e as que possibilita o restabelecimento de boa parte das re-
doenças. A estimativa é de que 30% da população seja lações entre as plantas e os animais. Os componentes
reduzida até 2034. arbóreos são inseridos como estratégia para o combate
da erosão e o aporte de matéria orgânica, restaurando
5. Sustentabilidade a fertilidade do solo.
É extremamente necessário, então, que a visão dos Na mesma área, é possível estabelecer consórcios
seres humanos em relação ao meio ambiente e à natu- entre espécies de importância econômica: frutíferas e
reza mude. Precisamos perceber que também fazemos hortaliças. Podem ser introduzidas espécies de legumi-
parte da natureza e tudo que fazemos afeta a nós, a nosas para uso como adubo verde, as quais são roça-
todos os outros seres vivos e ao meio ambiente. É preciso das, e espécies de leguminosas arbóreas, que, com a
rever hábitos, mudar pensamentos e compartilhar co- mesma finalidade, são podadas, visando à deposição
nhecimentos para um modo de vida mais sustentável, de material orgânico sobre o solo.
em harmonia com o meio ambiente e os outros seres
vivos. 7. Saneamento básico
Nessa linha de pensamento, existe um modelo eco- Como consequência da utilização da água para
nômico que acredita na conversação da biodiversida- abastecimento, há a geração de esgotos. Caso não
de e em uma convivência melhor entre a economia, os seja dada uma destinação adequada aos mesmos, es-
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tes acabam poluindo o solo, contaminando as águas o primeiro é beneficiado pela remoção a vegetação,
superficiais e subterrâneas e frequentemente passam a o que diminui os seus custos de incorporação de terras
escoar a céu aberto, constituindo-se em perigosos focos para cultivo.
de disseminação de doenças. A Mata Atlântica é o segundo bioma mais ameaça-
do do planeta, perdendo apenas para as florestas de
8. Desmatamento Madagascar. Desde o período colonial, a concentra-
O desmatamento é um processo que ocorre no mun- ção demográfica e econômica da sociedade brasileira
do todo, resultado do crescimento das atividades pro- na costa atlântica resultou na quase completa destrui-
dutivas e econômicas e, principalmente, pelo aumento ção da Mata Atlântica. Os fragmentos remanescentes
da densidade demográfica em escala mundial, pois não chegam a mais de 7% da cobertura original e não
isso coloca em risco as regiões compostas por florestas. estão distribuídos de forma equilibrada entre as várias
A exploração que naturalmente propicia devastação fisionomias do bioma. Considerando áreas que passam
através das atividades humanas já dizimou, em cerca por estágios médios de regeneração, os remanescentes
de 300 anos, mais de 50% de toda área de vegetação saltam de 7% para 27%.
natural em todo mundo. O Bioma Pampa fica restrito ao estado do Rio Gran-
O desmatamento de florestas tropicais no Brasil é o de do Sul, ocupando 63,17% da área do estado e 2,08%
maior do mundo (em termos absolutos), de acordo com do território nacional. O Pampa já perdeu quase a me-
dados do relatório da Organização das Nações Unidas tade da cobertura vegetal nativa dos seus 178.243 km²
para a Agricultura e a Alimentação (Fao) sobre a ava- originais, sendo o segundo bioma brasileiro mais antropi-
liação dos recursos florestais mundiais (Global Forest Re- zado. O avanço do cultivo de exóticas (principalmente
sources Assessment). Apesar dos avanços obtidos pelo Pinus e eucalipto) e a contaminação biológica promo-
país no combate à destruição da Floresta Amazônica, vida por elas e a expansão da cultura da soja e do arroz
nesta última década a Amazônia brasileira perdeu em são os principais promotores do desmatamento no Pam-
média, a cada ano, 17.600 km2 de florestas. Essa área pa. O avanço da soja convencional e transgênica re-
equivale à de Taiwan e é pouco maior do que o Havaí, duz o espaço dos campos naturais e podem degradar
o solo com o uso de herbicidas. O cultivo do arroz muitas
ou mais da metade da Holanda (no Brasil, é quase do
vezes é feito com a drenagem de banhados (charcos),
tamanho do estado de Sergipe ou três vezes a área do
espaços protegidos pela legislação e fundamentais
Distrito Federal).
para a reprodução e a alimentação de várias espécies
Na época do seu “descobrimento”, a vegetação do
da fauna silvestre.
Brasil se caracterizava pelas formações florestais, que 157
O bioma Pantanal é a maior planície inundável do
cobriam cerca de 90% do seu território. Elas eram repre-
mundo. No Brasil ele se estende por 150.689 km², reunin-
sentadas nas tipologias equatorial, tropical, subtropical,
do um mosaico de diferentes ambientes que abrigam
cerrado e caatinga. Os 10% restantes eram basicamen-
rica biota terrestre e aquática. Dos biomas extra-amazô-
te formações campestres.
nicos, é o mais preservado, com 86,8% de sua cobertura
nativa intacta, muito embora o seu frágil equilíbrio esteja
Segundo dados do IBGE e MMA (Ministério do Meio ameaçado pelas novas tendências do desenvolvimen-
Ambiente) o Bioma Caatinga é um dos mais alterados to econômico regional. Os modelos tradicionais de pes-
pelas atividades humanas. As áreas extremamente ca e pecuária estão sendo substituídos pela exploração
antropizadas na Caatinga correspondem a 35,5% e as intensiva, acompanhada de desmatamentos e altera-
muito antropizadas chegam a 13,7%. Entre as principais ção de áreas naturais.
causas de degradação ambiental da Caatinga estão o A Amazônia tem como vocação o uso sustentável
desmatamento, especialmente para a obtenção de le- baseado no aproveitamento de recursos madeireiros e
nha, e a agricultura de irrigação, que avança ao longo não-madeireiros, e não a conversão de florestas ainda
do rio São Francisco. Os principais efeitos desta degra- existentes em áreas abertas. Já nos biomas de forma-
dação se dão no assoreamento de áreas especificas, ções abertas, como o Pampa e o Pantanal, têm como
tal como o pólo gesseiro da Chapada do Araripe (CE), vocação o uso sustentável dos seus campos em ativi-
e no processo de desertificação nas regiões de Gilbués dades pastoris, com o aproveitamento dos recursos
(PI), Seridó (RN), Irauçuba (CE) e Cabrobó (PE). forrageiros de espécies herbáceas nativas. Por sua vez,
No Bioma Cerrado, dados sobre o estado da cober- os biomas Cerrrado e Caatinga apresentam perdas de
tura vegetal apontam para uma perda de vegetação cobertura natural mais acelerada que a Amazônia sem
nativa entre 38,9% e 54,9% até o ano 2002. Conforme que haja uma prévia discussão mais aprofundada de
ISA (2008), a diferença entre estes dados se relaciona como poderia se dar a sua utilização de modo a conci-
à dificuldade de mapeamento dos diferentes ecossis- liar a uso econômico com a preservação.
temas do Cerrado, sobretudo na diferenciação entre
pastagens naturais e plantadas. A dinâmica do desma- 9. O lixo
tamento no Cerrado inicia-se pela associação entre fa- De uma forma sintetizada, o lixo corresponde a to-
zendeiro e carvoeiro, na qual o segundo é pago com a dos os resíduos gerados pelas atividades humanas que
vegetação usada para o fabrico de carvão vegetal, e é considerado sem utilidade e que entrou em desuso.
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O lixo pode ser classificado das seguintes maneiras: gem, ajuda a amenizar um dos maiores problemas da
atualidade: o lixo. Estima-se que o Brasil produz 240 mil
Lixo doméstico :Também chamado de lixo domici- toneladas de lixo por dia. Destes, apenas 160 mil são co-
liar ou residencial, é produzido pelas pessoas em suas letados e o destino de 76% desses restos tidos como “inú-
residências. Constituído principalmente de restos de ali- teis” e “indesejáveis” ainda são os lixões a céu aberto.
mentos, embalagens plásticas, papéis em geral, plásti-
cos, entre outros. Produtos recicláveis
Lixo comercial: Gerado pelo setor terceiro (comércio Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio
em geral). É composto especialmente por papéis, pa- pode ser reciclado com um nível de reaproveitamento
pelões e plásticos. de quase 100%. Derretido, ele retorna para as linhas de
Lixo industrial: Original das atividades do setor se- produção das indústrias de embalagens, reduzindo os
cundário (indústrias), pode conter restos de alimentos, custos para as empresas.
madeiras, tecidos, couros, metais, produtos químicos e Assim como nas cidades, na zona rural a reciclagem
outros. também acontece. O lixo orgânico é utilizado na fabri-
Lixo hospitalar: Proveniente de hospitais, farmácias, cação de adubo orgânico para ser utilizado na agricul-
postos de saúde e casas veterinárias. Composto por tura.
seringas, vidros de remédios, algodão, gaze, órgãos hu- É importante destacar que a reciclagem é um pro-
manos, etc. Este tipo de lixo é muito perigoso e deve ter cesso em que determinados tipos de materiais, que no
um tratamento diferenciado, desde a coleta até a sua cotidiano são reconhecidos como lixos são reutilizados
deposição final. como matéria-prima para a criação e\ou fabricação
Lixo nuclear: decorrentes de atividades que envol- de novos produtos. Além de se apresentarem com pro-
vem produtos radioativos, entre outros. priedades físicas diferentes, estes também possuem uma
Lixo público: Composto por folhas em geral, galhos nova composição química – fator principal que difere o
reaproveitamento da reciclagem, conceitos esses mui-
de árvores, papéis, plásticos, entulhos de construção,
tas vezes confundidos.
terras, animais mortos, madeiras e móveis danificados
Tempo de vida dos produtos
9.1 Reciclagem
Na natureza todas as plantas e animais mortos apo-
O termo reciclar significa transformar objetos mate-
drecem e se decompõe. São destruídos por larvas mi-
riais usados em novos produtos para o consumo. Esta
nhocas, bactérias e fungos, e os elementos químicos
necessidade foi despertada pelos seres humanos, a par-
que eles contêm voltam a terra. Podem ficar no solo,
158 tir do momento em que se verificaram os benefícios que
nos mares ou rios e serão usados novamente por plan-
este procedimento traz para o planeta Terra.
tas e animais. É um processo natural de reutilização de
materiais.
Histórico Enquanto a natureza se mostra eficiente em reapro-
Após a década de 1980, a produção de embala- veitamento e reciclagem, os homens o são em produ-
gens e produtos descartáveis aumentou significativa- ção de lixo. Uma grande parte deste lixo sobrecarrega o
mente, assim como a produção de lixo, principalmente sistema. O problema se agrava porque muitas das subs-
nos países desenvolvidos. Muitos governos e ONGs estão tâncias manufaturadas pelo homem não são biodegra-
cobrando de empresas posturas responsáveis: o cresci- dáveis, isto é não se decompõe facilmente. Vidros, latas
mento econômico deve estar aliado à preservação do e alguns plásticos não são biodegradáveis e levam mui-
meio ambiente. Atividades como campanhas de cole- tos anos para se decompor.
ta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio e papel, já São grandes os problemas gerados pelo lixo que pro-
são comuns em várias partes do mundo. duzimos diariamente em quantidades imensas. Atual-
mente, costuma-se dizer que os inconvenientes do lixo
Benefícios
podem ser solucionados a partir da regra dos quatro Rs:
No processo de reciclagem, que além de preservar o
reduzir, reutilizar, reciclar e repensar.
meio ambiente também gera riquezas, os materiais mais
reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico.
Reduzir e reutilizar são soluções que acontecem
Esta reciclagem contribui para a diminuição significativa
da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias quase paralelamente. Trata-se da redução da quanti-
estão reciclando materiais como uma forma de reduzir dade de lixo produzida, principalmente evitando produ-
os custos de produção. tos descartáveis e dando preferência aos que podem
Outro benefício da reciclagem é a quantidade de ser reutilizados. Ao mesmo tempo, a questão implica
empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. também a melhor utilização dos diversos objetos de que
Muitos desempregados estão buscando trabalho neste nos valemos no dia-a-dia, para adiar sua transformação
setor e conseguindo renda para manterem suas famí- em lixo.
lias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já
é realidade nos centros urbanos do Brasil. Repensar
Além de ser extremamente importante para reduzir a O problema do lixo - assim como os diversos proble-
extração de recursos naturais para atender à crescente mas ambientais relacionados à organização socioe-
demanda por matéria prima das indústrias, a recicla- conômica da humanidade - deve ser constantemente
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repensado - daí outro dos “R”, para que se encontrem


novas soluções que minimizem o problema - cuja solu-
ção definitiva pode até não existir. EXERCÍCIO COMENTADO

Reciclar 1. (ENEM 2013) No Brasil, cerca de 80% da energia elé-


O “R” de reciclagem, ao menos até o momento, tem trica advém de hidrelétricas, cuja construção implica o
se revelado muito eficaz e já tem produzido uma série represamento de rios. A formação de um reservatório
de resultados concretos em diversos lugares do Brasil e para esse fim, por sua vez, pode modificar a ictiofau-
do mundo. Basicamente são reciclados os seguintes na local. Um exemplo é o represamento do Rio Paraná,
materiais: vidros, alumínio, plásticos, papel e papelão.
onde se observou o desaparecimento de peixes cascu-
dos quase que simultaneamente ao aumento do núme-
10. Conferências ambientais
ro de peixes de espécies exóticas introduzidas, como o
Conferência de Estocolmo mapará e a corvina, as três espécies com nichos ecoló-
Aconteceu na Suécia, em 1972, e teve como resul- gicos semelhantes.
tado uma declaração final oficial na qual designava PETESSE, M. L.; PETRERE JR., M. Ciência Hoje, São Paulo, n.
a premissa de que as gerações futuras e a população 293, v. 49, jun. 2012 (adaptado).
mundial teriam o direito incontornável de viverem em Nessa modificação da ictiofauna, o desaparecimento
um ambiente com saúde e sem degradações. de cascudos é explicado pelo(a)

ECO-92 a) redução do fluxo gênico da espécie nativa.


Aconteceu no Rio de Janeiro. Foi elaborado um do- b) diminuição da competição intraespecífica.
cumento chamado de Agenda-21, um plano de ação c) aumento da competição interespecífica.
global para o século XXI. Ele defende a necessidade de d) isolamento geográfico dos peixes.
investimentos em programas de desenvolvimento sus- e) extinção de nichos ecológicos.
tentável.
Resposta: Letra C. Quando os nichos ecológicos são
RIO+5 semelhantes e os seres estão no mesmo habitat, essa
Aconteceu na ONU, cinco anos após a ECO-92, sen-
sobreposição de nichos gera competição. Por se tra-
do apontadas lacunas que ficaram no documento for-
tarem de espécies diferentes, é uma competição in-
mulado. 159
terespecífica.
Protocolo de Kyoto
O encontro aconteceu em 1997, no Japão, e esta- 2. (ENEM 2013) Estudos de fluxo de energia em ecossiste-
beleceu que os países industrializados, até 2012, deve- mas demonstram que a alta produtividade nos mangue-
riam reduzir em média 5,2% das emissões de gases cau- zais está diretamente relacionada às taxas de produção
sadores do efeito estufa, principalmente o dióxido de primária líquida e à rápida reciclagem dos nutrientes.
carbono. Como exemplo de seres vivos encontrados nesse ambien-
RIO+10 te, temos: aves, caranguejos, insetos, peixes e algas.
Aconteceu em 2002, na África do Sul, e foi decep- Dos grupos de seres vivos citados, os que contribuem di-
cionante. O melhor resultado foi a adesão da Rússia, retamente para a manutenção dessa produtividade no
Canadá e China ao Protocolo de Kyoto. referido ecossistema são

RIO+20 a) aves.
Aconteceu no Rio de Janeiro, em 2012. Produziu o b) algas.
c) peixes.
documento “O futuro que queremos”, porém não apre-
d) insetos.
sentou metas concretas para redução de poluentes e
e) caranguejos.
recuperação de áreas.
Resposta: Letra B. A manutenção da produtividade e
COP21
o maior nível energético encontram-se nos produto-
A 21ª Conferência do Clima (COP 21) ocorreu em
res da cadeia, devido a fotossíntese, sendo estes as
dezembro de 2015, em Paris, e teve como principal ob- algas, no caso citado.
jetivo costurar um novo acordo entre os países para di-
minuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo 3. (ENEM 2009) O ciclo biogeoquímico do carbono com-
o aquecimento global e, em consequência, limitando preende diversos compartimentos, entre os quais a Ter-
o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100. Os ra, a atmosfera e os oceanos, e diversos processos que
países assumiram metas voluntárias, ao invés de obriga- permitem a transferência de compostos entre esses re-
tórias, como em Kyoto, porém foram insuficientes. servatórios. Os estoques de carbono armazenados na
forma de recursos não renováveis, por exemplo, o pe-
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tróleo, são limitados, sendo de grande relevância que se


perceba a importância da substituição de combustíveis GENÉTICA
fósseis por combustíveis de fontes renováveis.
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do
carbono, pois provoca A observação de que características dos seres vivos
podem ser transmitidas aos seus descendentes é muito
a) aumento da porcentagem de carbono contido na antiga. O processo de domesticação de plantas e ani-
Terra. mais pelo homem foi feito através da seleção de orga-
b) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais supe- nismos e seu cruzamento, de forma a obter as varieda-
riores. des desejadas.
c) aumento da produção de carboidratos de origem Para explicar como essas características eram her-
vegetal. dadas, afirmava-se que eram transmitidas através do
d) aumento na quantidade de carbono presente na at- sangue e carregadas pelos gametas. Diante desse con-
mosfera. ceito equivocado, surgiram expressões como “animal
e) redução da quantidade global de carbono armaze- puro-sangue”, utilizadas até hoje, mas sem correção
nado nos oceanos. biológica.
Os processos hereditários só foram explicados no sé-
Resposta: Letra D. A queima de combustíveis fósseis culo XIX, com base nos estudos e experimentos de um
é responsável pela liberação de CO2, pertencente à monge agostiniano da atual República Tcheca, Gregor
reserva terrestre, liberado em uma velocidade maior Mendel – e que, por isso, é considerado o “pai da Ge-
que a reposição (geração de novas reservas fósseis), nética”.
ocasionando assim um desequilíbrio no ciclo do car-
bono, com o aumento do carbono na atmosfera. LEIS DE MENDEL E HEREDITARIEDADE

4. (ENEM 2011) O professor Paulo Saldiva pedala 6 km 1. As ervilhas


em 22 minutos de casa para o trabalho, todos os dias. A ervilha é uma planta herbácea leguminosa que
Nunca foi atingido por um carro. Mesmo assim, é vítima pertence ao mesmo grupo do feijão e da soja. Na re-
diária do trânsito de São Paulo: a cada minuto sobre a produção, surgem vagens contendo sementes, as ervi-
lhas. Sua escolha como material de experiência não foi
bicicleta, seus pulmões são envenenados com 3,3 mi-
casual: uma planta fácil de cultivar, de ciclo reprodutivo
crogramas de poluição particulada – poeira, fumaça,
160 curto e que produz muitas sementes. Desde os tempos
fuligem, partículas de metal em suspensão, sulfatos, ni-
de Mendel existiam muitas variedades disponíveis, dota-
tratos, carbono, compostos orgânicos e outras substân-
das de características de fácil comparação. Por exem-
cias nocivas.
plo, a variedade que flores púrpuras podia ser compa-
ESCOBAR, H. Sem Ar. O Estado de São Paulo. Ago. 2008.
rada com a que produzia flores brancas; a que produzia
A população de uma metrópole brasileira que vive nas
sementes lisas poderia ser comparada cm a que produ-
mesmas condições socioambientais das do professor ci-
zia sementes rugosas, e assim por diante. Outra vanta-
tado no texto apresentará uma tendência de
gem dessas plantas é que estame e pistilo, os compo-
nentes envolvidos na reprodução sexuada do vegetal,
a) ampliação da taxa de fecundidade.
ficam encerrados no interior da mesma flor, protegidas
b) diminuição da expectativa de vida.
pelas pétalas. Isso favorece a autopolinização e, por
c) elevação do crescimento vegetativo.
extensão, a autofecundação, formando descendentes
d) aumento na participação relativa de idosos.
com as mesmas características das plantas genitoras.
e) redução na proporção de jovens na sociedade.
A partir da autopolinização, Mendel produziu e sepa-
rou diversas linhagens puras de ervilhas para as caracte-
Resposta: Letra B. A questão pode ser lida como co-
rísticas que ele pretendia estudar. Por exemplo, para cor
nhecimentos gerais ou atualidades. Para resolve-la,
da flor, plantas de flores de cor púrpura sempre produ-
precisa-se interpretar o texto inferindo as informações
ziam como descendentes plantas de flores púrpuras, o
de que até mesmo um ciclista que foge do transito
mesmo ocorrendo com o cruzamento de plantas cujas
paulista é afetado pela fumaça nos pulmões. A única
flores eram brancas. Mendel estudou sete característi-
alternativa que corresponde a uma consequência
cas nas plantas de ervilhas: cor da flor, posição da flor
negativa dessa poluição é a redução da expectati-
no caule, cor da semente, aspecto externo da semente,
va de vida.
forma da vagem, cor da vagem e altura da planta.

2. Os Cruzamentos
Depois de obter linhagens puras, Mendel efetuou
um cruzamento diferente. Cortou os estames de uma
flor proveniente de semente verde e depois depositou,
nos estigmas dessa flor, pólen de uma planta prove-
niente de semente amarela. Efetuou, então, artificial-
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mente, uma polinização cruzada. Pólen de uma planta tações) na transmissão desses códigos são responsáveis
que produzia apenas semente amarela foi depositado pela variação biológica que, sob a ação da seleção
no estigma de outra planta que só produzia semente natural, permite a evolução das espécies.
verde, ou seja, cruzou duas plantas puras entre si. Essas No processo de fecundação, quando o espermato-
duas plantas foram consideradas como a geração pa- zoide paterno se une ao óvulo materno, metade das in-
rental (P), isto é, a dos genitores. formações genéticas de cada progenitor se unem para
Após repetir o mesmo procedimento diversas vezes, formar o genoma da célula embrionária resultante. A
Mendel verificou que todas as sementes originadas des- formação do embrião se dá por subdivisões celulares su-
ses cruzamentos eram amarelas – a cor verde havia apa- cessivas a partir dessa primeira célula. Na divisão celular,
rentemente “desaparecido” nos descendentes híbridos as informações genéticas são replicadas. Assim, cada
(resultantes do cruzamento das plantas), que Mendel nova célula do indivíduo possui a mesma informação
chamou de F1 (primeira geração filial). Concluiu, então, genética presente na primeira célula zigótica.
que a cor amarela “dominava” a cor verde. Chamou Genes: São as unidades hereditárias – estruturas
o caráter cor amarela da semente de dominante e o responsáveis por determinarem as características bio-
verde de recessivo. lógicas dos seres vivos. Cada gene possui um número
A seguir, Mendel fez germinar as sementes obtidas diferente de nucleotídeos e está situado em um locus
em F1 até surgirem as plantas e as flores. Deixou que se (posição específica) distinto do cromossomo. Genes
auto-fertilizassem e aí houve a surpresa: a cor verde das são representados por letras do alfabeto romano ou por
sementes reapareceu na F2 (segunda geração filial), só abreviações das designações recebidas por caracteres.
que em proporção menor do que as de cor amarela: Genes alelos: Segmentos de DNA (ácido desoxirribo-
surgiram 6.022 sementes amarelas para 2.001 verdes, o nucleico) que encontram-se no mesmo locus dos cro-
que levava à proporção 3:1. Concluiu que, na verdade, mossomos homólogos sendo, sobretudo, constituídos
a cor verde das sementes não havia “desaparecido” de pares adquiridos dos progenitores, o qual um deles
nas sementes da geração F1. O que ocorreu é que ela é proveniente da mãe (óvulo) e outro do pai (esperma-
não tinha se manifestado, uma vez que, sendo uma ca- tozoide).
ráter recessivo, era apenas “dominado” (nas palavras Gene dominante: Gene que manifesta o mesmo fe-
de Mendel) pela cor amarela. Mendel concluiu que nótipo, tanto em homozigose (AA) quanto em heterozi-
a cor das sementes era determinada por dois fatores, gose (Aa).
cada um determinando o surgimento de uma cor, ama- Gene recessivo: Gene que só manifesta o caráter
rela ou verde. em homozigose (aa).
Homozigoto: Os indivíduos homozigotos são chama- 161
3. 1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores dos de “puros”, visto que são caracterizados por pares
A comprovação da hipótese de dominância e re- de genes alelos idênticos. Ou seja, os alelos análogos
cessividade nos vários experimentos efetuados por Men- produzirão apenas um tipo de gameta, representado
del levou, mais tarde à formulação da sua Primeira Lei: por letras iguais (AA, aa, BB, bb, VV, vv), sendo que as
“Cada característica é determinada por dois fatores maiúsculas indicam o caráter dominante, enquanto
que se separam na formação dos gametas, onde ocor- que as minúsculas são as do caráter recessivo.
rem em dose simples”. Heterozigoto: Os indivíduos heterozigotos correspon-
Isto é, para cada gameta masculino ou feminino dem aos indivíduos que possuem pares de alelos distin-
encaminha-se apenas um fator, em um processo de- tos para determinada característica. Assim, são repre-
nominado monoibridismo. Mendel não sabia qual era sentados pela união das letras maiúsculas e minúsculas,
a constituição desses fatores, nem onde se localizavam. por exemplo, Aa, Bb, Vv.
Dois conceitos importantes para o desenvolvimento
FIQUE ATENTO! da genética, no começo do século XX, foram os de fe-
Antes de prosseguirmos com o estudo das nótipo e genótipo, elaborados pelo pesquisador dina-
ervilhas de Mendel sob a compreensão atual marquês Wilhelm L. Johannsen.
da Genética, vamos dar uma olhada Nos O fenótipo (do grego pheno, evidente, brilhante, e
conceitos que fundamentam essa ciência, a typos, característico) está relacionado com as caracte-
começar PELOS fatores − que hoje sabemos rística externas dos indivíduos. Ou seja, o fenótipo resulta
serem os genes. da interação do meio com o conjunto de genes (genó-
tipo). Exemplos de fenótipo são o formato dos olhos, a
pigmentação da pele, cor e textura do cabelo, dentre
CONCEITOS BÁSICOS DA GENÉTICA
outros.
Hereditariedade: Processo pelo qual um organismo
4. As Leis de Mendel e os genes
adquire características semelhantes às características
Em 1902, enquanto estudava a formação dos ga-
do organismo que o gerou, através de informações co-
metas em gafanhotos, o pesquisador norte americano
dificadas (código genético) que são transmitidas à des-
Walter S. Sutton notou surpreendente semelhança entre
cendência. A combinação entre os códigos genéticos
o comportamento dos cromossomos homólogos, que se
dos progenitores (em espécies sexuadas) e erros (mu-
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separavam durante a meiose, e os fatores imaginados 5.2 Segregação independente de 3 pares de alelos
por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares Ao estudar 3 pares de características simultanea-
de fatores hereditários estavam localizados em pares de mente, Mendel verificou que a distribuição dos tipos de
cromossomos homólogos, de tal maneira que a separa- indivíduos em F2 seguia a proporção de 27: 9: 9: 9: 3: 3: 3:
ção dos homólogos levava à segregação dos fatores. 1. Isso indica que os genes para as 3 características con-
Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se refe- sideradas segregam-se independentemente nos indiví-
riu são os genes (do grego genos, originar), e que real- duos F1, originando 8 tipos de gametas. Em um dos seus
mente estão localizados nos cromossomos, como Sutton experimentos, Mendel considerou simultaneamente a
havia proposto. As diferentes formas sob as quais um cor (amarela ou verde), a textura da casca (lisa ou rugo-
gene pode se apresentar são denominadas alelos. A sa) e a cor da casca da semente (cinza ou branca).O
cor amarela e a cor verde da semente de ervilha, por cruzamento entre uma planta originada de semente ho-
exemplo, são determinadas por dois alelos, isto é, duas mozigota dominante para as três características (ama-
diferentes formas do gene para cor da semente. relo-liso-cinza) e uma planta originada de semente com
traços recessivos (verde-rugosa-branca) produz apenas
5. 2ª Lei de Mendel: Lei da Segregação Independente ervilhas com fenótipo dominante, amarelas, lisas e cin-
za. Esses indivíduos são heterozigotos para os três pares
Além de estudar isoladamente diversas característi- de genes (VvRrBb). A segregação independente desses
cas fenotípicas da ervilha, Mendel estudou também a três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva à
transmissão combinada de duas ou mais característi- formação de 8 tipos de gametas.
cas. Em um de seus experimentos, por exemplo, foram
considerados simultaneamente a cor da semente, que 5.3 Modificações nas proporções fenotípicas men-
pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da delianas do monoibridismo
semente, que pode ser lisa ou rugosa. Plantas originadas A descoberta de que os genes estão situados nos
de sementes amarelas e lisas, ambos traços dominan- cromossomos gerou um impasse no entendimento da
tes, foram cruzadas com plantas originadas de semen- 2ª Lei de Mendel. Como vimos, segundo essa lei, dois
tes verdes e rugosas, traços recessivos. Todas as semen- ou mais genes não-alelos segregam-se independente-
tes produzidas na geração F1 eram amarelas e lisas. A mente, desde que estejam localizados em cromosso-
geração F2, obtida pela autofecundação das plantas mos diferentes. Surge, no entanto, um problema. Men-
originadas das sementes de F1, era composta por quatro del afirmava que os genes relacionados a duas ou mais
tipos de sementes: amarelo-lisas; amarelo-rugosas; ver- características sempre apresentavam segregação inde-
162 de-lisas e verde-rugosas. O que resultava na proporção pendente. Se essa premissa fosse verdadeira, então ha-
9:3:3:1. veria um cromossomo para cada gene. Se considerar-
Com base nesse e em outros experimentos, Mendel mos que existe uma infinidade de genes, haveria, então,
aventou a hipótese de que, na formação dos gametas, uma quantidade assombrosa de cromossomos, dentro
os alelos para a cor da semente (Vv) segregam-se in- de uma célula, o que não é verdade. Logo, como exis-
dependentemente dos alelos que condicionam a for- tem relativamente poucos cromossomos no núcleo
ma da semente (Rr). De acordo com isso, um gameta das células e inúmeros genes, é intuitivo concluir que,
portador do alelo V pode conter tanto o alelo R como em cada cromossomo, existe uma infinidade de genes,
o alelo r, com igual chance, e o mesmo ocorre com os responsáveis pelas inúmeras características típicas de
gametas portadores do alelo v. Uma planta duplo-he- cada espécie. Dizemos que esses genes presentes em
terozigota VvRr formaria, de acordo com a hipótese da um mesmo cromossomo estão ligados ou em linkage e
segregação independente, quatro tipos de gameta em caminham juntos para a formação dos gametas.
igual proporção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr. T. H. Morgan e seus colaboradores trabalha-
Mendel concluiu que a segregação independente ram com a mosca da fruta, Drosophila melanogaster, e
dos fatores para duas ou mais características era um realizaram cruzamentos em que estudaram dois ou mais
princípio geral, constituindo uma segunda lei da heran- pares de genes, verificando que, realmente, nem sem-
ça. Assim, ele denominou esse princípio Segunda Lei da pre a 2ª Lei de Mendel era obedecida. Concluíram que
Herança ou Lei da Segregação Independente, posterior- esses genes não estavam em cromossomos diferentes,
mente chamada Segunda Lei de Mendel: mas, sim, encontravam-se no mesmo cromossomo (em
“Os fatores para duas ou mais características segre- linkage).
gam-se no híbrido, distribuindo-se independentemente Em um dos seus experimentos, Morgan cruzou mos-
para os gametas, onde se combinam ao acaso.” cas selvagens de corpo cinza e asas longas com mu-
tantes de corpo preto e asas curtas (chamadas de asas
5.1 A proporção 9:3:3:1 vestigiais). Todos os descendentes de F1 apresentavam
Ao estudar a herança simultânea de diversos pares corpo cinza e asas longas, atestando que o gene que
de características, Mendel sempre observou, em F2, a condiciona corpo cinza (P) domina o que determina
proporção fenotípica 9:3:3:1, consequência da segre- corpo preto (p), assim como o gene para asas longas
gação independente ocorrida no duplo-heterozigoto, (V) é dominante sobre o (v) que condiciona surgimento
que origina quatro tipos de gameta. de asas vestigiais. Morgan cruzou descendentes de F1
com duplo-recessivos (ou seja, realizou cruzamentos tes-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

tes). Para Morgan, os resultados dos cruzamentos-teste 1. Dominância incompleta


revelariam se os genes estavam localizados em cromos- Não há relação de dominância e recessividade en-
somos diferentes (segregação-independente) ou em tre os alelos de um gene responsável por uma caracte-
um mesmo cromossomo (linkage). Surpreendentemen- rística; surge no heterozigoto um fenótipo intermediário.
te, porém, nenhum dos resultados esperados foi obtido. Exemplo – flor maravilha:
A separação e a contagem dos descendentes de F2
revelou o seguinte resultado:
41,5% de moscas com o corpo cinza e asas longas;
41,5% de moscas com o corpo preto e asas vestigiais;
8,5% de moscas com o corpo preto e asas longas;
8,5% de moscas com o corpo cinza e asas vestigiais.
Ao analisar esse resultado, Morgan convenceu-se de
que os genes P e V localizavam-se no mesmo cromosso-
mo. Se estivessem localizados em cromossomos diferentes,
a proporção esperada seria outra (1: 1: 1: 1). No entanto,
restava a dúvida: como explicar a ocorrência dos fenóti-
pos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas?
A resposta não foi difícil de ser obtida. Por essa épo-
ca já estava razoavelmente esclarecido o processo
da meiose. Em 1909, o citologista F. A. Janssens (1863-
1964) descreveu o fenômeno cromossômico conhecido
como permutação ou crossing over, que ocorre durante 2. Alelos letais
a prófase I da meiose e consiste na troca de fragmentos Quando determinada disposição de alelos é fatal.
entre cromossomos homólogos. Em 1911, Morgan usou
Exemplo: herança da cor do pelo em camundongos em
essa observação para concluir que os fenótipos corpo
que AA é letal, enquanto Aa e aa sobrevivem.
cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas eram re-
combinantes e devido a ocorrência de crossing over.
3. Codominância
Não há relação de dominância entre os alelos do
6. Os arranjos “cis” e “trans” dos genes ligados
gene, os heterozigotos apresentam ao mesmo tempo
Considerando dois pares de genes ligados, como,
ambos os fenótipos dos homozigotos.
por exemplo, A/a e B/b, um indivíduo duplo heterozigo-
to pode ter os alelos arranjados de duas maneiras nos 163
4. Alelos múltiplos ou polialelia
cromossomos. Os alelos dominantes A e B se situam em
um mesmo cromossomo, enquanto os alelos recessivos Quando há mais de dois alelos para cada gene.
a e b se situam no homólogo correspondente. Esse tipo Para exemplificar, vamos apresentar a herança da
de arranjo é chamado de cis. O alelo dominante A e o cor do pelo em coelhos. Existem quatro fenótipos para
alelo recessivo b se situam em um mesmo cromossomo, esse caráter, onde podemos observar a manifestação
enquanto o alelo recessivo a e o alelo dominante B, se genética de uma série com quatro genes alelos: o pri-
situam no homólogo correspondente. Esse tipo de arran- meiro C, expressando a cor Aguti ou Selvagem; o se-
jo é chamado de trans. gundo Cch, transmitindo a cor Chinchila; o terceiro Ch,
Podemos descrever esses arranjos, usando um traço representando a cor Himalaia; e o quarto alelo Ca, res-
duplo ou simples para descrever o cromossomo, ou mais ponsável pela cor Albina.
simplificadamente, o arranjo pode ser descrito como
AB/ab para cis e Ab/aB para trans. O arranjo cis e trans Sendo a relação de dominância:
dos alelos no duplo-heterozigoto pode ser facilmente
identificado em um cruzamento teste. No caso dos ma-
chos de drosófila, se o arranjo for cis (PV/pv), o duplo he-
terozigoto forma 50% de gametas PV e 50% de gametas
pv. Se o arranjo for trans (Pv/pV), o duplo heterozigoto
forma 50% de gametas Pv e 50% de pV.
Nas fêmeas de drosófila em que ocorre permuta-
ções, o arranjo cis ou trans pode ser identificado pela
frequência das classes de gametas. As classes mais fre-
quentes indicam as combinações parentais e as menos
frequentes as recombinantes. Dizemos portanto que o gene C é dominante sobre
todos os outros três, o Cch dominante em relação ao hi-
PADRÕES DE HERANÇA malaia e ao albino, porém recessivo perante o aguti, e
Na natureza existem relações alélicas diferenciadas assim sucessivamente.
das estudadas até aqui, onde as proporções fenotípicas As possíveis combinações entre eles e os fenótipos
não obedecem necessariamente às proporções genotí- resultantes serão os seguintes:
picas mendelianas. Vejamos algumas.
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TIPOS SANGUÍNEOS
1. Sistema ABO
A herança dos tipos sanguíneos constitui um exemplo de alelos múltiplos na espécie humana.

1.1 A descoberta dos grupos sanguíneos


Em meados do século XX, o imunologista austríaco Karl Landsteiner observou que em determinadas transfusões
o sangue era incompatível de um paciente a outro. Nesses casos, ocorria uma reação de aglutinição; ou seja,
uma aglomeração de hemácias que formava um coágulo, obstruindo os capilares, comprometendo a circulação
do sangue e podendo levar a óbito. Landsteiner assim descobriu o primeiro e mais importante sistema de grupo
sanguíneo: o ABO.

1.2 Aglutinogênios e Aglutininas


No sistema ABO existem quatro tipos sanguíneos: A, B, AB e O. Esses tipos são caracterizados pela presença ou
não de aglutinogênios na membrana das hemácias, e pela presença ou ausência de aglutininas no plasma san-
guíneo.
A aglutinação que ocorre no sangue ao entrar contato com um tipo sanguíneo diferente deve-se a presença
do aglutinogênio. Este reage com as aglutininas, que atuam como anticorpos, atacando os aglutinogênios que
consideram corpos estranhos, ativando o sistema de defesa do organismo.

Grupo sanguíneo Aglutinogênio Aglutinina


A A Anti-B
164
B B Anti-A
AB AeB nenhuma
O Nenhum Anti-A e Anti-B

1.3 Determinação do genótipo dos grupos sanguíneos


A produção de aglutinogênios e o grupo ao qual uma pessoa pertence são determinados por uma série de 3
alelos múltiplos:
IA - determina a produção do aglutinogênio A
IB - determina a produção do aglutinogênio B
i - determina a ausência de aglutinogênios

Genótipos Fenótipos
I I ,I i
A A A
Grupo A
I I,I i
B B B
Grupo B
I I
A B
Grupo AB
ii Grupo O

Entre eles, há a seguinte relação de dominância:


IA = IB > i entre os genes IA e IB não há dominância, mas ambos dominam o gene i.
Observe na figura a seguir os tipos possíveis de transfusão entre os tipos sanguíneos.

O sangue do tipo O é chamado doador universal, por não possuir nenhum aglutinogênio nas hemácias.
O sangue do tipo AB é chamado receptor universal, por não possuir nenhuma aglutinina no plasma.
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anticorpos anti-Rh, e a mulher torna-se sensibilizada. Em


uma próxima gestação, se ela novamente gerar uma
criança Rh+, deve ocorrer a passagem desses anticor-
pos anti-Rh para a circulação fetal, que passam a ata-
car as células vermelhas do feto, destruindo-as.
Habitualmente, o primeiro feto Rh+ não corre risco,
pois a sensibilização acontece durante o trabalho de
parto e não há tempo para que os anticorpos maternos
atravessem a placenta. O mais comum é que o primeiro
filho Rh+ torne a mãe sensibilizada, e que os próximos fi-
Possibilidades de doação entre os tipos sanguíneos lhos Rh+ apresentem a doença. Entretanto, mesmo o pri-
meiro filho pode desenvolver a eritroblastose fetal caso
2. O sistema MN a mãe tenha sido sensibilizada previamente por uma
Sistema proposto em 1927, por Landsteiner e Levine, transfusão de sangue Rh+.
observando a capacidade de aglutinação de hemá-
cias humanas em teste realizado em coelhos, sendo a 5. Pleiotropia
partir de então possível a caracterização de dois tipos A pleiotropia é um mecanismo no qual um único par
de aglutinogênios presentes conjuntamente ou isolados de genes condiciona vários caracteres ao mesmo tem-
na membrana dos eritrócitos: o antígeno M e o antíge- po. Mendel observou, em ervilhas, um caso de pleiotro-
no N. Portanto, trata-se de uma herança codominante pia. Quando a flor de ervilha é colorida, caráter que de-
(sem ação dominante ou recessiva) do grupo sanguí- pende de um par de genes, a casca da semente, após
neo, formado pelos alelos LM e LN. seu cozimento, é marrom; se a flor é branca, a casca da
Nesse sistema, existem três tipos de genótipos para semente e incolor. O mesmo par de genes controla dois
caracteres: cor da flor e cor da casca depois de cozida.
seus correspondentes fenótipos: dois homozigóticos,
sendo o primeiro deles LMLM do grupo M, o segundo LNLN
6. Interação gênica
do grupo N e o terceiro heterozigótico LMLN do grupo MN.
São os casos em que vários pares de genes intera-
gem para a determinação de apenas um caráter. Exis-
3. O fator Rh
tem vários casos de interações gênicas que podem ser
O fator Rh foi descoberto em 1940 por Landsteiner
agrupados em duas categorias: interações epistáticas
e Wiener, quando trabalhavam com o sangue de um
e interações não epistáticas. É chamada de epistasia
macaco da espécie Rhesus. Este, quando injetado na 165
quando um gene inibe a ação de outro gene não-ho-
cobaia, provocava produção gradativa de antircorpos.
mólogo. O gene que inibe é chamado de gene epistá-
Concluiu-se que havia um antígeno nas hemácias do
tico e o que é inibido é chamado de hipostático. Nas
macaco Rhesus, por isso chamado de fator Rh. Ao an-
interações não epistáticas os alelos de locus diferentes
ticorpo produzido pela cobaia, denominou-se anti-Rh.
interagem na determinação de um só caráter.
3.1 Os genótipos do fator Rh 6.1 Epistasia dominante
Três pares de genes estão envolvidos na herança
O alelo dominante de um par inibe a ação de alelos
do fator Rh, tratando-se portanto, de casos de alelos
do outro par. Um exemplo de epistasia dominante é a
múltiplos. Para simplificar, no entanto, considera-se o
herança da cor dos pelos de cavalos, que depende,
envolvimento de apenas um desses pares na produ-
entre outros fatores, da ação de dois alelos: W e w, e B
ção do fator Rh, motivo pelo qual passa a ser consi-
e b. W inibe a manifestação de cor, enquanto o alelo
derado um caso de herança mendeliana simples. O w a permite. O efeito destes alelos influencia a manifes-
gene R, dominante, determina a presença do fator Rh, tação dos alelos B (determina pelos pretos) e b (pelos
enquanto o gene r, recessivo, condiciona a ausência marrons). A proporção fenotípica do cruzamento entre
do referido fator. diíbridos é 12:3:1.

Genótipos Fenótipos 6.2 Epistasia recessiva


RR Rh+ (positivo) Um par de alelos recessivos inibe a ação de alelos de
outro par. A cor dos pelos de cães labradores é um bom
Rr Rh+ (positivo) exemplo: o alelo dominante B codifica o pigmento pre-
rr Rh- (negativo) to e o recessivo bb, o pigmento marrom. Alelos de outro
locus interferem na deposição do pigmento produzido:
3.2 Doença Hemolítica do Recém-Nascido ou Eritro- o alelo dominante E permite a deposição do pigmento
blastose Fetal no pelo, enquanto o recessivo e a impede. A presença
No final da gestação, particularmente durante o par- de dois alelos recessivos ee no genótipo mascara a ex-
pressão dos alelos que determinam a cor do pelo – pre-
to, pode acontecer a passagem de pequenas quanti-
to ou chocolate. Nesse caso, surgem cães com pelos
dades de sangue fetal para a circulação materna. Ao
amarelos. Proporção fenotípica do cruzamento entre
entrar em contato com glóbulos vermelhos que contém
cães diíbridos: 9:3:4.
o fator Rh, o sistema de defesa da mulher Rh- irá produzir
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6.3 Herança quantitativa sentados, de modo geral, por X e Y. O cromossomo Y


Existe um caso especial de interação gênica conhe- é exclusivo do sexo masculino. O cromossomo X existe
cida como herança quantitativa ou polimeria, em que na mulher em forma dupla, enquanto no homem ele se
vários pares de genes determinam variação gradual de encontra em forma simples.
uma característica. A manifestação fenotípica, portan- O cromossomo Y contém uma porção encurtada,
to, resulta do efeito cumulativo dos genes envolvidos, em que existem genes exclusivos do sexo masculino.
conhecidos por poligenes. Observe na figura abaixo que uma parte do cromosso-
Características como a produção de leite ou de mo X não possui alelos em Y, isto é, entre os dois cromos-
carne do gado bovino, a cor da pele ou a estatura de
somos há uma região não-homóloga.
uma pessoa apresentam variações apenas de grau ou
A herança ligada ao sexo é determinada por ge-
quantidade.
A cor da pele humana constitui um caso clássico de nes localizados na região heteróloga do cromossomo
herança quantitativa. Pode-se considerar a cor da pele X. Como as mulheres possuem dois cromossomos X,
como dependente de dois pares de genes, Aa e Bb. Os elas possuem duas dessas regiões. Já os homens, como
genes A e B controlariam cada um a síntese de grande possuem apenas um cromossomo X (pois são XY), têm
quantidade de melanina, enquanto os genes a e b con- apenas um de cada gene. Um gene recessivo presente
dicionariam a produção de pequena quantidade. Os no cromossomo X de um homem irá se manifestar, uma
efeitos cumulativos desses genes determinam os fenóti- vez que não há um alelo dominante que impeça a sua
pos: preto, mulato escuro, mulato médio, mulato claro, expressão.
e branco. Na espécie humana os principais exemplos de he-
As proporções esperadas entre os descendentes de rança ligada ao sexo são:
um casal e mulatos médios com genótipo AaBb estão
representadas abaixo. As cinco classes fenotípicas se 7.1.1 Daltonismo
distribuem na proporção 1:4:6:4:1. O daltonismo é caracterizado pela confusão na per-
A determinação do número de pares de genes en- cepção das cores (como o vermelho e verde, ou verde
volvidos na transmissão de uma característica quantita- e marrom), sendo determinado por um gene recessivo
tiva, bem como a do número de classes fenotípicas e
d, enquanto que o alelo dominante D condiciona a vi-
das proporções de cada uma, é feita por métodos es-
são normal das cores.
tatísticos complexos. A previsão do número aproximado
de classes fenotípicas na descendência de heterozigo-
tos pode ser obtida a partir da expressão 2n+1, em que Genótipo Fenótipo
n= número de pares de genes envolvidos na herança. XDXD mulher normal
166 Por exemplo, quando o número de pares de genes for
igual a 2, teremos 2n+1 ou (2.2) +1=5 classe fenotípicas. XDXd mulher normal portadora
Quando n=4, serão 9 classes fenotípicas; quando igual a XX
d d
mulher daltônica
12, serão 25 classes, e assim por diante.
Assim, quanto maior for o número de pares de ge- X Y
D
homem normal
nes envolvidos, maior será a variabilidade fenotípica X Y
d
homem daltônico
possível. Como em muitos casos estão envolvidos vários
pares de genes, o número de fenótipos pode ser muita
7.1.2 Hemofilia
grande.
A hemofilia é um distúrbio hereditário que se carac-
teriza pelo retardo no tempo de coagulação sanguínea
7. Cromossomos sexuais
em função da deficiência na produção do fator VIII,
uma proteína codificada pelo gene dominante H e não
7.1 Herança ligada ao sexo
codificada pelo seu alelo recessivo h, ambos localizados
Se os genes responsáveis pela expressão de uma
no cromossomo X.
determinada característica estão nos cromossomos se-
xuais, dizemos se tratar de um caso de herança ligada
ao sexo. Sexo Genótipo → Fenótipo
Em condições normais, qualquer célula diploide hu- XHY → homem normal
mana contém 23 pares de cromossomos homólogos, Masculino
XhY → homem hemofílico
isto é, 2n = 46. Desses cromossomos, 44 são autossomos
e 2 são os cromossomos sexuais, também conhecidos
XHXH → mulher normal
como heterossomos.
Feminino XHXh → mulher normal portadora
XhXh → mulher hemofílica
Autossomos e Heterossomos
Os cromossomos autossômicos são aqueles rela-
cionados às características comuns aos dois sexos, en- 7.2 Herança holândrica, ligada ao cromossomo Y ou
quanto os sexuais são os responsáveis pelas caracte- herança restrita ao sexo
rísticas próprias de cada sexo. O conjunto haploide de Herança relacionada aos genes localizados no cro-
autossomos de uma célula é representado pela letra mossomo Y, no segmento sem homologia. O cromos-
A e os cromossomos sexuais (heterossomos) são repre- somo Y é o principal determinante das características
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masculinas na espécie humana e em outros mamíferos. (a) plantas monoicas – possuem órgãos masculinos e
Dessa forma, todo homem afetado é filho de um homem femininos em flores separadas porém, na mesma planta;
também afetado; todos os seus filhos serão afetados, e (b) plantas dioicas – possuem órgãos masculinos e
as filhas serão normais. Como exemplo, pode-se citar a femininos em plantas diferentes.
hipertricose (excesso de pêlos revestindo o organismo).
8. Heredogramas
7.3 Herança autossômica influenciada pelo sexo Como em seres humanos é eticamente inaceitável a
Nessa categoria, incluem-se as características deter- realização de cruzamentos dirigidos, a determinação do
minadas por genes localizados nos cromossomos autos- padrão de herança depende de um levantamento do
somos cuja expressão é, de alguma forma, influenciada histórico das famílias em que certas características apa-
pelo sexo do portador. Nesse grupo, há diversas moda- recem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada
lidades de herança, das quais ressaltaremos a mais co- característica é ou não hereditária e de que modo ela
nhecida, a dominância influenciada pelo sexo, herança é herdada. Esse levantamento é feito na forma de uma
em que, dentro do par de genes autossômicos, um de- representação gráfica denominada heredograma (do
les é dominante nos homens e recessivo nas mulheres, e latim heredium, herança), também conhecida como
o inverso ocorre com o seu alelo. Na espécie humana, genealogia ou árvore genealógica.
temos o caso da calvície. Construir um heredograma consiste em representar,
Outras formas de herança autossômica influenciada usando símbolos, as relações de parentesco entre os in-
pelo sexo são a penetrância influenciada pelo sexo e a divíduos de uma família. Cada indivíduo é representado
expressividade influenciada pelo sexo. Na espécie hu- por um símbolo que indica as suas características par-
mana, a ocorrência de má-formações de vias urinárias ticulares e sua relação de parentesco com os demais.
apresenta uma penetrância muito maior entre os ho- Indivíduos do sexo masculino são representados por um
mens do que entre as mulheres, que, embora possuam quadrado, e os do sexo feminino, por um círculo. O ca-
o genótipo causador da anormalidade, podem não vir samento, no sentido biológico de procriação, é indica-
a manifestá-la. A expressividade também pode ser in- do por um traço horizontal que une os dois membros do
fluenciada pelo sexo. Um exemplo bem conhecido é o casal. Os filhos de um casamento são representados por
do lábio leporino, falha de fechamento dos lábios. Entre traços verticais unidos ao traço horizontal do casal. Os
os meninos, a doença assume intensidade maior que principais símbolos são os seguintes:
nas meninas, nas quais os defeitos geralmente são mais
discretos.
167
7.4 O sistema X0
Esse sistema ocorre em espécies onde não existe o
cromossomo Y. Os machos são, portanto, X0 e as fê-
meas são XX. Esse tipo de herança ocorre em alguns
insetos, como os gafanhotos. Os machos possuem um
número ímpar de cromossomos em seu cariótipo e as
fêmeas possuem um número par.

7.5 O sistema ZW
No sistema ZW os cromossomos sexuais são invertidos,
isto é, o macho apresenta dois cromossomos sexuais
iguais, ZZ, enquanto a fêmea apresenta dois diferentes, A montagem de um heredograma obedece a algu-
um Z e outro W. Este sistema aparece em lepidópteros mas regras:
(borboletas e mariposas), peixes e aves. 1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à
esquerda, e a mulher à direita, sempre que for possível.
7.6 O sistema ZO 2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nas-
Ocorre em galinhas domésticas e répteis. Os machos cimento, da esquerda para a direita.
são homogaméticos, com dois cromossomos sexuais 3ª) Cada geração que se sucede é indicada por
iguais (ZZ) e as fêmeas são heterogaméticas, apresen- algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada ge-
tando apenas um cromossomo sexual Z. ração, os indivíduos são indicados por algarismos ará-
bicos, começando-se pelo primeiro da esquerda, da
7.7 Determinação do sexo em plantas primeira geração.
O dimorfismo sexual em plantas superiores é uma ca-
racterística de menor importância quando comparada
com os animais. De fato, a grande maioria das plantas
são hermafroditas e portanto, apresentam os dois sexos
em uma mesma flor. Existe entretanto, outros tipos de
expressões sexuais tais como:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

8.1 Interpretação dos Heredogramas


A análise dos heredogramas pode permitir determinar o padrão de herança de uma certa característica (se é
dominante ou recessiva, por exemplo). Permite, ainda, descobrir o genótipo das pessoas envolvidas, se não de to-
das, pelo menos de parte delas. Quando um dos membros de uma genealogia manifesta um fenótipo dominante,
e não conseguimos determinar se ele é homozigoto dominante ou heterozigoto, habitualmente o seu genótipo é
indicado como A_, B_ou C_, por exemplo.
A primeira informação que se procura obter, na análise de um heredograma, é se o caráter em questão é
condicionado por um gene dominante ou recessivo. Para isso, devemos procurar, no heredograma, casais que
são fenotipicamente iguais e tiveram um ou mais filhos diferentes deles. Se a característica permaneceu oculta no
casal, e se manifestou no filho, só pode ser determinada por um gene recessivo. Pais fenotipicamente iguais, com
um filho diferente deles, indicam que o caráter presente no filho é recessivo. Observe no exemplo abaixo:

168 Heredograma

MUTAÇÕES GÊNICAS E CROMOSSÔMICAS

1. Aberrações cromossômicas
São alterações estruturais (inversão e translocação) ou numéricas (duplicação e deleção) de cromossomos nas
células.
Inversão: Um segmento do cromossomo se quebra e solda-se novamente em posição invertida. A alteração da
ordem dos genes afeta o pareamento dos cromossomos homólogos na meiose.

Translocação: quebra simultânea de dois cromossomos não homólogos com troca de segmentos. Na meiose, os
dois pares de cromossomos não-homólogos emparelham-se em cruz, pois têm “segmentos homólogos” em função
da translocação.
Duplicação: Há a formação de um segmento adicional em um dos cromossomos. De modo geral, as conse-
quências de uma duplicação são bem toleradas pois não há falta de material genético.
Deleção: Um segmento de cromossomo é perdido,em função de quebras. Deficiências acentuadas podem ser
letais.

2. Aneuploidias
Principais causas de síndromes genéticas, são alterações cromossômicas numéricas, com o aumento ou diminui-
ção do cariótipo (número de cromossomos que constituem o genoma de um organismo).
Veja nas figuras abaixo representações de cariótipos de síndromes genéticas humanas causadas por aneuploi-
dias:
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Cariótipos, respectivamente, das Síndromes de Down, Klinefelter e Turner

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM 2018) O cruzamento de duas espécies da família das Anonáceas, a cherimoia (Annona cherimoia) com a
fruta-pinha (Annona squamosa), resultou em uma planta híbrida denominada de atemoia. Recomenda-se que o
seu plantio seja por meio de enxertia.
Um dos benefícios dessa forma de plantio é a
a) ampliação da variabilidade genética.
b) produção de frutos das duas espécies.
c) manutenção do genótipo da planta híbrida.
d) reprodução de clones das plantas parentais.
e) modificação do genoma decorrente da transgenia.
169
Resposta: Letra C. A enxertia é um tipo de reprodução assexuada que mantém a carga genética, podendo ter
alterações somente por mutações (processo que gera variabilidade genética, porém ocorre de maneira rara
e aleatória). Como a atemoia é a planta de interesse, este tipo de plantio manterá as mesmas características
genéticas nas próximas gerações.

2. (ENEM - 2017) A Distrofia muscular Duchenne (DMD) é uma doença causada por uma mutação em um gene
localizado no cromossomo X. Pesquisadores estudaram uma família na qual gêmeas monozigóticas eram portado-
ras de um alelo mutante recessivo para esse gene (heterozigóticas). O interessante é que uma das gêmeas apre-
sentava o fenótipo relacionado ao alelo mutante, isto é, DMD, enquanto a sua irmã apresentava fenótipo normal.
RICHARDS, C. S. et al. The American Journal of Human Genetics, n. 4, 1990 (adaptado).

A diferença na manifestação da DMD entre as gêmeas pode ser explicada pela


a) dominância incompleta do alelo mutante em relação ao alelo normal.
b) falha na separação dos cromossomos X no momento da separação dos dois embriões.
c) recombinação cromossômica em uma divisão celular embrionária anterior à separação dos dois embriões.
d) inativação aleatória de um dos cromossomos X em fase posterior à divisão que resulta nos dois embriões.
e) origem paterna do cromossomo portador do alelo mutante em uma das gêmeas e origem materna na outra.

Resposta: Letra D. O enunciado nos diz que o gene mutante é recessivo. Dessa forma ele não pode exercer uma
dominância incompleta sobre o outro. Também não poderia ter havido falha na separação dos cromossomos X,
pois quando os dois embriões se separam, os cromossomos X não se separam, uma vez que não ocorre meiose
nesse processo. A recombinação cromossômica também só ocorreria se houvesse uma meiose no embrião an-
tes da separação dos dois embriões, fato que não ocorre. Como as gêmeas são monozigóticas, elas possuem
exatamente o mesmo DNA e, portanto, os mesmos cromossomos de origem paterna e materna, o que descarta
a opção E. Por fim, sabemos que uma forma de compensar a dupla carga genética atribuída aos 2 cromosso-
mos X em mulheres é a inativação aleatória de 1 deles em cada célula, formando a chamada cromatina sexual
ou corpúsculo de Barr. Assim, em uma das gêmeas a inativação aleatória do cromossomo mutante fez com
que ela não manifestasse a síndrome, enquanto que a outra inativou aleatoriamente o cromossomo normal e
apresentou a síndrome.
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3. (ENEM 2015) Um importante princípio da biologia, relacionado à transmissão de caracteres e à embriogênese hu-
mana, foi quebrado com a descoberta do microquimerismo fetal. Microquimerismo é o nome dado ao fenômeno
biológico referente a uma pequena população de células ou DNA presente em um indivíduo, mas derivada de um
organismo geneticamente distinto. Investigando-se a presença do cromossomo Y foi revelado que diversos tecidos
de mulheres continham células masculinas. A análise do histórico médico revelou uma correlação extremamente
curiosa: apenas as mulheres que antes tiveram filhos homens apresentaram microquimerismo masculino. Essa corre-
lação levou à interpretação de que existe uma troca natural entre células do feto e maternas durante a gravidez.
MUOTRI, A. Você não é só você: carregamos células maternas na maioria de nossos órgãos. Disponível em: http://
g1.globo.com. Acesso em: 4 jan. 2019 (adaptado).
O princípio contestado com essa descoberta, relacionado ao desenvolvimento do corpo humano, é o de que

a) o fenótipo das nossas células pode mudar por influência do meio ambiente.
b) a dominância genética determina a expressão de alguns genes.
c) as mutações genéticas introduzem variabilidade no genoma.
d) mitocôndrias e o seu DNA provêm do gameta materno.
e) as nossas células corporais provêm de um único zigoto.

Resposta: Letra E. A questão depende da interpretação do texto que cita a presença de células com cromosso-
mo sexual Y (cromossomo sexual masculino) em mulheres que geraram crianças do sexo masculino. Dessa ma-
neira, uma mulher apresenta células provenientes do zigoto que a originou como também células provenientes
do zigoto que gerou seu filho. Sendo assim, essa informação contesta o paradigma de que todas as células de
um indivíduo são fruto da proliferação de apenas sua célula-ovo (ou zigoto).

CORPO HUMANO E SAÚDE

FISIOLOGIA
A Fisiologia é a parte da Biologia que estuda o funcionamento do corpo como um todo. Ao estudar Fisiologia,
compreendemos melhor como cada órgão e sistema funcionam para garantir o equilíbrio do organismo.

170
Sistemas que constituem o corpo humano.

1. Sistema Digestório
O sistema digestório tem a função primordial de promover nutrientes para o corpo. O alimento, após passar
pela boca, é propelido, por meio do esôfago, para o estômago e, em seguida para os intestinos delgado e grosso,
antes de ser esvaziado pelo ânus. O sistema digestório prepara o alimento para ser usado pelas células por meio
de cinco atividades básicas.

1.1 Boca
A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo é a boca. Aí encontram-se os dentes e a língua, que
preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação. Os dentes reduzem os alimentos em pequenos
pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Os dentes O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro,


Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas transparente, altamente ácido, que contêm ácido
ao maxilar superior e mandíbula, cuja atividade princi- clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico
pal é a mastigação. mantém o pH do interior do estômago entre 0,9 e 2,0
(ácido). Também dissolve o cimento intercelular dos
A língua tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação
A língua movimenta o alimento empurrando-o em di- mecânica iniciada pela mastigação.
reção a garganta, para que seja engolido. Na superfície A pepsina, promove o rompimento das ligações
da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas peptídicas que unem os aminoácidos e o resultado
células sensoriais percebem os quatro sabores primários: do trabalho dessa enzima são oligopeptídeos e
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce aminoácidos livres.
(D). De sua combinação resultam centenas de sabores A mucosa gástrica é recoberta por uma camada
distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores de muco, que a protege da agressão do suco gástrico,
gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por
essa densa camada de muco, as células da mucosa
As glândulas salivares estomacal são continuamente lesadas e mortas pela
A presença de alimento na boca, assim como sua ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre
visão e cheiro, estimulam as glândulas salivares a se- sendo regenerada. Estima-se que nossa superfície
cretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou estomacal seja totalmente reconstituída a cada três
ptialina, além de sais e outras substâncias. A amilase sa- dias. Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque
livar digere o amido e outros polissacarídeos (como o e a proteção, o que resulta em inflamação difusa da
glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dis- mucosa (gastrite) ou mesmo no aparecimento de
sacarídeo). Três pares de glândulas salivares lançam sua feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas).
secreção na cavidade bucal: parótida, submandibular A mucosa gástrica produz também o fator intrínseco,
e sublingual. necessário à absorção da vitamina B12.
Os sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e O bolo alimentar pode permanecer no estômago
mantêm, na boca, um pH neutro (7,0) a levemente áci- por até quatro horas ou mais e, ao se misturar ao suco
do (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura
se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela lín- estomacal, transforma-se em uma massa acidificada e
gua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para semilíquida, o quimo.
o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas, levan- Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o 171
do entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Atra- quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino
vés dos peristaltismo, você pode ficar de cabeça para delgado, onde ocorre a maior parte da digestão.
baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará ao intestino.
Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evi- 1.4 Intestino delgado
tando que o alimento penetre nas vias respiratórias. O intestino delgado consiste em um tubo com pouco
Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se rela- mais de 6 m de comprimento por 4cm de diâmetro e
xa, permite a passagem do alimento para o interior do pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de
estômago. 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm).
A porção superior ou duodeno tem a forma de fer-
1.2 Faringe e esôfago radura e compreende o piloro, esfíncter muscular da
A faringe, situada no final da cavidade bucal, é um parte inferior do estômago pela qual este esvazia seu
canal comum aos sistemas digestório e respiratório: por conteúdo no intestino.
ela passam o alimento, que se dirige ao esôfago, e o ar, A digestão do quimo ocorre predominantemente no
que se dirige à laringe. duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duode-
O esôfago, canal que liga a faringe ao estômago, no atua também o suco pancreático, produzido pelo
localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e atra- pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas. Ou-
vessa o músculo diafragma, que separa o tórax do ab- tra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida
dômen. no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile
oscila entre 8,0 e 8,5 (básico). Os sais biliares têm ação
1.3 Estômago e suco gástrico detergente, emulsificando (quebrando) as gorduras.
O estômago é uma bolsa de parede musculosa, lo-
O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, con-
calizada no lado esquerdo abaixo do abdome, logo
tém água, enzimas e grandes quantidades de bicarbo-
abaixo das últimas costelas. É um órgão muscular que
nato de sódio. O pH do suco pancreático oscila entre
liga o esôfago ao intestino delgado. Sua função princi-
8,5 e 9. Sua secreção digestiva é responsável pela hidró-
pal é a digestão de alimentos proteicos. Um músculo cir-
lise da maioria das moléculas de alimento, como car-
cular, que existe na parte inferior, permite ao estômago
boidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucleicos.
guardar quase um litro e meio de comida, possibilitan-
do que não se tenha que ingerir alimento de pouco em A mucosa do intestino delgado secreta o suco enté-
pouco tempo. rico, solução rica em enzimas e de pH aproximadamen-
te neutro.
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No intestino, os movimentos peristálticos das paredes A bile é um fluido produzido pelo fígado, que fica
musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo armazenada na vesícula biliar e atua na digestão de
em que este é atingido pela bile, enzimas e outras se- gorduras, de alguns alimentos e na absorção de subs-
creções, sendo transformado em quilo. tâncias nutritivas da dieta ao passarem pelo intestino.
A absorção dos nutrientes ocorre nas regiões do je- Ela é excretada pelo fígado, segue pelos ductos biliares,
juno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas passa à vesícula, indo ao intestino, onde emulsiona as
regiões, apresenta, além de inúmeros dobramentos gorduras.
maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões), A vesícula biliar tem de 7 a 10 cm de comprimento e
chamadas vilosidades; um traçado que aumenta a su- tem capacidade para até 50 ml de bile.
perfície de absorção intestinal. As membranas das pró-
prias células do epitélio intestinal apresentam, por sua 2. Sistema respiratório
vez, dobrinhas microscópicas denominadas microvilo- O sistema respiratório humano é constituído por um
sidades. O intestino delgado também absorve a água par de pulmões e por vários órgãos que conduzem o
ingerida, os íons e as vitaminas. ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares.
Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do Esses órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a
intestino passam ao fígado para serem distribuídos pelo laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os al-
resto do organismo. Os produtos da digestão de gor- véolos – estes três últimos localizados nos pulmões.
duras (principalmente glicerol e ácidos graxos isolados)
chegam ao sangue sem passar pelo fígado, como ocor- 2.1.1 Fossas nasais
re com outros nutrientes. As fossas nasais são duas cavidades paralelas que
começam nas narinas e terminam na faringe. Elas são
1.5 Intestino grosso separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa
É o local de absorção de água, tanto a ingerida denominada septo nasal. Em seu interior possuem um
quanto a das secreções digestivas. Uma pessoa bebe
revestimento dotado de células produtoras de muco e
cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou
células ciliadas, também presentes nas porções inferio-
9 litros de água das secreções. Glândulas da mucosa do
res das vias aéreas, como traqueia, brônquios e porção
intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes,
inicial dos bronquíolos. No teto das fossas nasais existem
facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus.
células sensoriais, responsáveis pelo sentido do olfato.
Têm as funções de filtrar, umedecer e aquecer o ar.
1.6 Glândulas anexas

172 1.6.1Pâncreas 2.1.2 Faringe


O pâncreas é uma glândula de aproximadamente 15 A faringe é um canal comum aos sistemas digestório
cm de extensão e se localiza atrás do estômago, entre o e respiratório e comunica-se com a boca e com as fossas
duodeno e o baço. Ele é tanto exócrino (secretando suco nasais. O ar inspirado pelas narinas ou pela boca passa
pancreático, que contém enzimas digestivas) quanto en- necessariamente pela faringe, antes de atingir a laringe.
dócrino (produzindo hormônios como insulina, glucagon
e somatostatina). O suco pancreático atua no processo 2.1.3 Laringe
digestivo e, através do ducto pancreático é lançado na A laringe é um tubo sustentado por peças de cartila-
cavidade do duodeno. Sua secreção digestiva é respon- gem articuladas, situado na parte superior do pescoço,
sável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimen- em continuação à faringe.
to, como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nu- A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela
cleicos. O pH do suco pancreático oscila entre 8 e 8,3. encontra-se a epiglote, que funciona como válvula.
O pâncreas tem as seguintes funções: Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada
- Dissolver carboidrato (amilase pancreática); é fechada pela epiglote. Isso impede que o alimento
- Dissolver proteínas (tripsina, quimotripsina, carboxi- ingerido penetre nas vias respiratórias.
peptidase e elastáse); O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as
- Dissolver triglicerídios nos adultos (lípase pancreá- cordas vocais, capazes de produzir sons durante a pas-
tica); sagem de ar.
- Dissolver ácido nucleicos (ribonuclease e desoxirri-
bonuclease). 2.1.4 Traqueia
Consiste em um tubo de aproximadamente 1,5 cm
1.6.2 Fígado de diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento,
O fígado é uma das glândulas anexas do sistema di- cujas paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos.
gestório do corpo humano e se localiza no abdômen,
Bifurca-se na sua região inferior, originando os brônquios,
sob o diafragma, e é a maior glândula do corpo. Ele
que penetram nos pulmões. Seu epitélio de revestimen-
armazena substâncias, como glicose, ferro e vitaminas;
to muco-ciliar adere partículas de poeira e bactérias
sintetiza proteínas; inativa produtos tóxicos; metaboliza
presentes em suspensão no ar inalado, que são poste-
e elimina resíduos gerados no próprio corpo (como a
riormente varridas para fora (graças ao movimento dos
ureia, o ácido úrico e o ácido lácteo).
cílios) e engolidas ou expelidas.
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2.1.5 Pulmões Por fim, o sangue arterial (oxigenado) é levado dos pul-
Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com mões ao coração, através das veias pulmonares, que se
aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo en- conectam no átrio esquerdo.
volvidos por uma membrana serosa denominada pleura. A Grande Circulação ou Circulação Sistêmica é o
Nos pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, caminho do sangue que sai do coração até as demais
dando origem a tubos cada vez mais finos, os bronquío- células do corpo, e vice-versa. No coração, o sangue
los. O conjunto altamente ramificado de bronquíolos é arterial, vindo dos pulmões, é bombeado do átrio es-
a árvore brônquica ou árvore respiratória. Cada bron- querdo para o ventrículo esquerdo e deste para a arté-
quíolo termina em pequenas bolsas formadas por célu- ria aorta responsável por transportar esse sangue para
las epiteliais achatadas recobertas por capilares sanguí- todo o organismo.
neos, denominadas alvéolos pulmonares. Assim, quando esse sangue oxigenado chega aos
O diafragma serve como base de cada pulmão. Este tecidos, os vasos capilares refazem as trocas dos gases:
absorvem o gás oxigênio e liberam o gás carbônico, tor-
fino músculo que separa o tórax do abdômen (presen-
nando o sangue venoso. Por fim,o sangue venoso faz o
te apenas em mamíferos) promove, juntamente com os
caminho de volta ao coração e chega ao átrio direito
músculos intercostais, os movimentos respiratórios.
pelas veias cavas superiores e inferiores, completando
o sistema cardiovascular.
2.2 Mecânica da respiração
Os pulmões ocupam a maior parte da cavidade to- 3.2 Componentes do Sistema Cardiovascular
rácica. Neles ocorre o processos de renovação do ar
conhecido como mecânica da respiração. 3.2.1 Sangue
O sangue é um tecido conjuntivo líquido altamente
2.2.1 Movimentos respiratórios especializado, produzido na medula óssea vermelha, que
Na inspiração, os músculos da caixa toráxica (dia- flui pelas veias, artérias e capilares sanguíneos. O sangue
fragma e músculos intercostais) se contraem e se acha- é formado por alguns tipos de células (parte figurada) dis-
tam; o tórax se expande, a pressão interna diminui em tibruídas em um meio liquido chamado de plasma.
relação a atmosférica, e o ar entra. Os constituintes celulares são os glóbulos vermelhos
Na expiração, todos os músculos relaxam, voltando (eritrócitos ou hemácias), os glóbulos brancos (leucóci-
a posição inicial, a pressão interna na da caixa torácica tos) e as plaquetas (trombócitos). O plasma compõe-se
aumenta, e o ar é expelido. principalmente de água com diversas substâncias dis-
solvidas, que são transportadas através do corpo. 173
2.2.2 Regulação dos movimentos respiratórios
Os movimentos respiratórios são involuntários, mas Hemácias
podem ser alterados de forma voluntária. Continuamente produzidas pela medula vermelha
O centro nervoso, que controla os músculos do tórax (tecido hematopoiético) dos ossos longos; são
e o diafragma, localiza-se numa parte do sistema nervo- armazenadas no baço, destruídas no fígado e na
so central denominado bulbo. medula óssea. Tem duração média de 120 dias. Na
fase embrionária, são produzidos pelo fígado. Contêm
3. Sistema Cardiovascular hemoglobina, pigmento vermelho que tem função de
O principal órgão desse sistema é o coração, que se combinar e transportar oxigênio.
bombeia o sangue, de forma que ele possa circular por
todas as células do organismo pelos vasos sanguíneos, Leucócitos
levando oxigênio; e retorne ao coração trazendo gás Continuamente produzidos pela medula óssea,
carbônico. O tempo médio para que o sangue com- baço e gânglios linfáticos, apresentam grande
plete um ciclo completo de circulação é de um minuto. variedade morfológica,relacionada a função exercida
Os nutrientes, hormônios e resíduos metabólicos tam- no sistema de defesa do organismo. Os mais frequentes
bém tem a contribuição do sistema cardiovascular para são os neutrófilos (70%), que defendem o organismo
serem transportados aos órgãos de destino. contra os agentes estranhos, como fungos e bactérias;
em seguida há os linfócitos, que participam do sistema
3.1 Circulaçõoes imunológico com a produção de anticorpos.
O sangue flui por duas circulações: a circulação pul-
monar e a circulação sistêmica. Plaquetas
A Pequena Circulação ou Circulação Pulmonar é o Produzidas pela medula óssea, têm um papel
caminho que o sangue percorre do coração aos pul- importante na coagulação do sangue.
mões, e dos pulmões ao coração. Assim, o sangue ve-
noso é bombeado do ventrículo direito para a artéria 3.2.2 Coração
pulmonar que se ramifica de maneira que uma segue O coração é um órgão muscular do sistema cardio-
para o pulmão direito e outra para o pulmão esquerdo. vascular, que se localiza na caixa torácica entre os pul-
Já nos pulmões, o sangue presente nos capilares dos al- mões e funciona como uma bomba dupla de modo que
véolos libera o gás carbônico e absorve o gás oxigênio. o lado esquerdo bombeia o sangue arterial para diver-
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sas partes do corpo, enquanto o lado direito bombeia Veias


o sangue venoso para os pulmões. O coração funciona As veias são vasos do sistema cardiovascular, que
impulsionando o sangue por meio de dois movimentos: chegam ao coração trazendo de volta sangue dos
de contração, denominado sístole e de relaxamento, tecidos do corpo. Suas paredes são mais finas que as
denominado diástole. artérias e apresentam válvulas para evitar o retorno do
fluxo sanguíneo devido a gravidade. O sangue venoso,
Estrutura do Coração rico em gás carbônico, é levado do corpo para o cora-
- Átrios: cavidades superiores por onde o sangue ção através das veias cavas; enquanto o sangue arte-
chega ao coração. rial, rico em gás oxigênio, é transportado dos pulmões
- Ventrículos: cavidades inferiores por onde o sangue para o coração através das veias pulmonares. As veias,
sai do coração. ao se aproximarem do coração, ficam mais espessas,
- Válvula Tricúspide: impede o refluxo de sangue do sendo formadas pela junção das vênulas, provenientes
átrio direito para o ventrículo direito. dos capilares.
- Válvula Mitral: impede o refluxo de sangue do átrio
esquerdo para o ventrículo esquerdo. Capilares
Os capilares são ramificações microscópicas de ar-
térias e veias do sistema cardiovascular. Suas paredes
apresentam apenas uma camada de células, que per-
mitem a troca de substâncias entre o sangue e as cé-
lulas.

4. Sistema linfático
O sistema linfático está representado por um sistema
de vasos que recolhe o liquido intercelular e o devolve
ao sangue. O líquido intercelular (intersticial) é seme-
lhante ao plasma sanguíneo, embora contenha bem
menos proteínas. A pressão sanguínea faz com que o
plasma sanguíneo atravesse a parede dos capilares,
com exceção das proteínas de grande peso molecular,
e passe para os espaços intercelulares.
174 O liquido intercelular é mantido normalmente em
equilíbrio entre o sangue e o fluido dos tecidos, uma vez
que ele é continuamente reconduzido à corrente san-
Os batimentos cardíacos guínea pelo sistema de vasos linfáticos. O fluido, agora
Os batimentos cardíacos tem origem num impulso rítmi- dentro dos vasos passa a ser chamado de linfa e, ao
co que partem de um grupo de células especializadas da contrário do sangue, circula em apenas um sentido, isto
própria parede muscular do coração, chamado de nó- é, da periferia em direção ao coração.
dulo sino-atrial, que funciona como um marca-passo. En- De acordo com o calibre, os canais do sistema são
tretanto, o ritmo das pulsações é controlado pelo sistema chamados capilares (menor calibre), vasos e ductos lin-
fáticos (maior calibre).A parede dos dutos linfáticos tem
nervoso autônomo, através de um nervo inibidor que libe-
estrutura semelhante à das veias.
ra acetilcolina, e de um acelerador, que libera adrenalina.
No trajeto dos vasos linfáticos, encontram-se dilata-
ções denominadas gânglios linfáticos ou linfonodos. Tais
3.2.3 Vasos Sanguíneos
gânglios são constituídos de tecido conjuntivo hema-
Os vasos sanguíneos são tubos do sistema cardiovas-
topoiético linfoide. Por sua riqueza em macrófagos os
cular, distribuídos por todo o corpo, por onde circula o
linfonodos representam filtros para a linfa, fagocitando
sangue. São formados por uma rede de artérias e veias
elementos estranhos. Neles, formam-se glóbulos brancos
que se ramificam formando os capilares.
do tipo monócitos e, principalmente, linfócitos. Além dis-
so, por sua riqueza em plasmócitos, representam locais
Artérias de formação de anticorpos.
As artérias são vasos do sistema cardiovascular, que As proteínas plasmáticas desempenham um papel
saem do coração e transportam o sangue para todas as importante na transferência de liquido através da pa-
células do corpo. A parede da artéria é espessa e forma- rede do capilar. O líquido pode sair da corrente sanguí-
da de tecido muscular elástico, que suporta a pressão nea para o liquido intercelular e também pode passar
do sangue. O sangue venoso, rico em gás carbônico, dos espaços intercelulares para a corrente sanguínea.
é bombeado do coração para os pulmões através das O sentido da passagens desses líquidos é determinado
artérias pulmonares; enquanto o sangue arterial, rico em pela pressão sanguínea dos capilares e pela pressão os-
gás oxigênio, é bombeado do coração para os tecidos mótica das proteínas do plasma.
do corpo, através da artéria aorta. As artérias se ramifi- Pressão sanguínea: em razão da sístole ventricular, o
cam pelo corpo, ficam mais finas, formam as arteríolas, sangue é bombeado pelo sistema arterial sob alta pres-
que se ramificam ainda mais, originando os capilares. são. Essa pressão decresce à medida que o sangue se
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distancia do coração, de tal modo que, ao passar das O filtrado glomerular passa em seguida para o túbu-
arteríolas para os capilares, atinge valores de 35 mmHg. lo contorcido proximal. Nesse túbulo, ocorre reabsorção
Na saída dos capilares, o valor da pressão sanguínea é ativa de sódio. A saída desses íons provoca a remoção
de apenas 15mmHg, em média. Desse modo, a pressão de cloro, fazendo com que a concentração do líquido
sanguínea média nos capilares é da ordem de 25 mmHg. dentro desse tubo fique menor (hipotônico) do que do
Esta pressão é suficiente para fazer o líquido extravasar plasma dos capilares que o envolvem. Com isso, quan-
o plasma sanguíneo (sem a maior parte das proteínas) e do o líquido percorre o ramo descendente da alça de
chegar aos espaços intercelulares (interstício). Henle, há passagem de água por osmose do líquido
Em virtude da maior concentração do plasma san-
tubular (hipotônico) para os capilares sanguíneos (hi-
guíneo (apresenta proteínas) em relação ao liquido
pertônicos) – ao que chamamos reabsorção. O ramo
intercelular, há uma maior pressão osmótica no interior
descendente percorre regiões do rim com gradientes
do vaso. Em consequência dessa diferença, tem-se
movimento do liquido dos espaços intercelulares para crescentes de concentração. Consequentemente, ele
o interior da parede capilar (semipermeável). A pres- perde ainda mais água para os tecidos, de forma que,
são osmótica das proteínas plasmática é da ordem de na curvatura da alça de Henle, a concentração do lí-
25mmHg. Desse modo, observa-se um equilíbrio dinâmi- quido tubular é alta.
co do movimento do liquido entre o sangue dos capila- Esse líquido muito concentrado passa então a per-
res e do liquido intercelular dos tecido. correr o ramo ascendente da alça de Henle, que é for-
A pressão sanguínea força o fluido para fora do ca- mado por células impermeáveis à água e que estão
pilar, de maneira decrescente, da terminação arterial adaptadas ao transporte ativo de sais. Nessa região,
para a terminação venosa. A pressão osmótica das pro- ocorre remoção ativa de sódio, ficando o líquido tubu-
teínas força o fluido dos espaços intercelulares para o lar hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal,
interior do capilar. Na terminação arterial sai mais flui- que é permeável à água, ocorre reabsorção por osmo-
do do que entra e, na terminação venosa, verifica-se o se para os capilares sanguíneos. Ao sair do néfron, a uri-
contrário. na entra nos dutos coletores, onde ocorre a reabsorção
final de água.
5. Sistema excretor Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados
O sistema excretor é formado por um conjunto de
cerca de 180 litros de fluido do plasma; porém são for-
órgãos que filtram o sangue, produzem e excretam a
mados apenas 1 a 2 litros de urina por dia.
urina - o principal líquido de excreção do organismo. É
Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao
constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela
longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoá-
bexiga urinária e pela uretra. 175
cidos e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal,
Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo
essas substâncias já não são mais encontradas.
abaixo do diafragma, um de cada lado da coluna ver-
tebral.Cada rim é formado de tecido conjuntivo, que
5. 2 Regulação da função renal
sustenta e dá forma ao órgão, e por milhares ou milhões
A regulação da função renal relaciona-se basica-
de unidades filtradoras, os néfrons, localizados na região
mente com a regulação da quantidade de líquidos do
renal.
corpo. Havendo necessidade de reter água no interior
O néfron é uma longa estrutura tubular microscópica
do corpo, a urina fica mais concentrada, em função da
que possui, em uma das extremidades, uma expansão
maior reabsorção de água; havendo excesso de água
em forma de taça, denominada cápsula de Bowman,
no corpo, a urina fica menos concentrada, em função
que se conecta com o túbulo contorcido proximal, que
da menor reabsorção de água.
continua pela alça de Henle e pelo túbulo contorcido dis-
O principal agente regulador do equilíbrio hídrico
tal; este desemboca em um tubo coletor. São responsá-
no corpo humano é o hormônio ADH (antidiurético),
veis pela filtração do sangue e remoção das excreções.
produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. A
concentração do plasma sanguíneo é detectada por
5.1 Funcionamento dos rins receptores osmóticos localizados no hipotálamo. Ha-
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que vendo aumento na concentração do plasma (pouca
se ramifica muito no interior do órgão, originando gran- água), esses osmorreguladores estimulam a produção
de número de arteríolas aferentes, onde cada uma ra- de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar
mifica-se no interior da cápsula de Bowman do néfron, sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores do
formando um enovelado de capilares denominado glo- néfron, tornando as células desses tubos mais permeá-
mérulo. O sangue arterial é conduzido sob alta pressão veis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de
nos capilares do glomérulo. Essa pressão tem intensida- água e a urina fica mais concentrada. Quando a con-
de suficiente para que parte do plasma passe para a centração do plasma é baixa (muita água), há inibição
cápsula de Bowman, processo denominado filtração. da produção do ADH e, consequentemente, menor ab-
Essas substâncias extravasadas para a cápsula de Bo- sorção de água nos túbulos distais e coletores, possibili-
wman constituem o filtrado glomerular, que é semelhan- tando a excreção do excesso de água, o que torna a
te, em composição química, ao plasma sanguíneo, com urina mais diluída.
a diferença de que não possui proteínas, incapazes de
atravessar os capilares glomerulares.
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6. Sistema nervoso O impulso nervoso


A coordenação nervosa refere-se ao controle de Em um neurônio, os estímulos se propagam sempre
funções de um organismo, desempenhado pelo sistema no mesmo sentido: são recebidos pelos dendritos, se-
nervoso. guem pelo corpo celular, percorrem o axônio e, da ex-
tremidade deste, são passados à célula seguinte (den-
6. 1 A célula nervosa drito – corpo celular – axônio). O impulso nervoso que
O sistema nervoso é constituído por elementos alta- se propaga através do neurônio é de origem elétrica e
mente diferenciados, as células nervosas, ou neurônios. resulta de alterações nas cargas elétricas das superfícies
Os neurônios podem variar em forma e tamanho. Todos externa e interna da membrana celular.
tem em comum, entretanto, um corpo celular, os den- A membrana de um neurônio em repouso apresen-
dritos e o axônio. ta-se com carga elétrica positiva do lado externo (vol-
tado para fora da célula) e negativa do lado interno
(em contato com o citoplasma da célula). Quando essa
membrana se encontra em tal situação, diz-se que está
polarizada. Essa diferença de cargas elétricas é manti-
da pela bomba de sódio e potássio. Assim separadas, as
cargas elétricas estabelecem uma energia elétrica po-
tencial através da membrana: o potencial de membra-
na ou potencial de repouso (diferença entre as cargas
elétricas através da membrana).
Quando um estímulo químico, mecânico ou elétri-
co chega ao neurônio, pode ocorrer a alteração da
permeabilidade da membrana, permitindo grande en-
trada de sódio na célula e pequena saída de potássio
dela. Com isso, ocorre uma inversão das cargas ao re-
dor dessa membrana, que fica despolarizada gerando
Os dendritos e o axônio são prolongamentos do cor-
um potencial de ação. Essa despolarização propaga-se
po celular. Os dendritos são, geralmente, expansões
pelo neurônio caracterizando o impulso nervoso.
curtas e muito ramificadas (dendron = árvores). O axô-
Imediatamente após a passagem do impulso, a
nio é geralmente longo e pouco ramificado.
membrana sofre repolarização, recuperando seu esta-
do de repouso, e a transmissão do impulso cessa.
176 Há neurônios cujo axônio apresenta um envoltório O estímulo que gera o impulso nervoso deve ser for-
chamado bainha de mielina. Esta bainha é formada por te o suficiente, acima de determinado valor crítico, que
células especiais, as células de Schwann, que envolvem varia entre os diferentes tipos de neurônios, para induzir
os axônio e os revestem com várias camadas de proteí- a despolarização que transforma o potencial de repou-
nas e lipídeos. A bainha funciona como isolante elétrico so em potencial de ação. Esse é o estímulo limiar. Abai-
e permite condução mais rápida de impulso. xo desse valor o estímulo só provoca alterações locais
Os corpos celulares dos neurônios se localizam no cen- na membrana, que logo cessam e não desencadeiam
tros nervosos, como o cérebro, a medula e os gânglios; os o impulso nervoso.
nervos por exemplo, são formados por feixes de axônios. Qualquer estímulo acima do limiar gera o mesmo po-
As células nervosas se comunicam umas com as tencial de ação que é transmitido ao longo do neurô-
outras através de seus prolongamentos: as terminações nio. Assim, não existe variação de intensidade de um
dos axônios com as ramificações dos dendritos, sendo impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o
este o sentido obedecido na propagação do impulso neurônio obedece à regra do “tudo ou nada”.
nervoso. De um ponto de vista funcional o sistema nervoso
humano está dividido em somático e autônomo.
6.1.2 Tipos de neurônios
Os neurônios sensitivos conduzem o impulso nervoso 6.2 Sistema Nervoso Somático
das células para o Sistema Nervoso Central. A porção somática do sistema nervoso compreende
Os neurônios motores conduzem o impulso nervoso do todas as partes envolvidas no controle voluntário. Dos
Sistema Nervoso Central para os músculos ou glândulas. organismos. Compreende o sistema nervoso central, for-
Os neurônios de associação encontram-se no Siste- mado pelo encéfalo e pela medula nervosa, onde ocor-
ma Nervoso Central e servem de ligação entre os neu- rem a interpretação e a integração dos impulsos nervo-
rónios sensitivos e os motores que processam e coorde- so, e de onde partem ordens para todo o organismo. O
sistema nervoso central é protegido por um sistemas de
nam a informação.
membranas, as meninges: pia-mater, em contato direto
com os órgãos do sistema nervoso; dura-máter, sob os
6.1.3 Sinapse
ossos do crânio e da coluna vertebral e aracnoide, que
As sinapses são regiões de conexão química estabe-
situa-se entre as duas anteriores.
lecidas entre um neurônio e outro; entre um neurônio e
uma fibra muscular ou entre um neurônio e uma célula
glandular.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

O sistema nervoso somático inclui, também, o sistema nervoso periférico, que compreende os nervos formados
por prolongamentos de neurônios sensoriais e efetuadores, que conduzem, respectivamente, impulsos dos recep-
tores sensoriais ao sistema nervoso central e, deste, de volta para as parte periféricas do corpo, onde estão os
efetuadores de respostas.
O encéfalo forma-se a partir de um dilatação do tubo neural, que se subdivide em três porções: anterior, pos-
terior e médio. Num estágio posterior, a porção anterior do encéfalo se subdivide, constituindo o cérebro (grande-
mente expandido sob a forma de hemisférios cerebrais) e o diencéfalo (tálamo, hipotálamo e hipófise posterior).
O cérebro é a sede de todas as ações voluntárias e cognitivas, como raciocínio e memória.
O diencéfalo estabelece numerosas conexões com outras partes do encéfalo. O tálamo contém feixes ascen-
dentes e descendentes que ligam o cérebro a medula. O hipotálamo engloba os centros que controlam o sono,
vigília, fome, sede, osmorregulação, temperatura, instinto sexual, prazer e dor. A parte superior da hipófise, conside-
rada a glândula mestra do sistema endócrino, é formada por uma projeção do diencéfalo, abaixo do hipotálamo.
Ela armazena secreções produzidas por células neuro-secretoras.
O cerebelo é o órgão responsável pela coordenação das atividades dos músculos esqueléticos, do tato, visão
e audição, em nível inconsciente, a partir de informações recebidas. Indivíduos com lesão no cerebelo exibem fra-
queza e perda do tônus muscular, assim como movimentos descoordenados. Suas atividades estão relacionadas
com o equilíbrio e postura corporal. O cerebelo trabalha em conexão com o córtex cerebral e o tronco encefálico.
O bulbo, além de ser caminho para todos os feixes nervosos que ligam a medula espinhal ao cérebro, contêm
centros de controle das funções vegetativas,como respiração, deglutição e circulação.

177

A medula espinhal é uma extensão do encéfalo, estendendo-se da base do crânio até logo abaixo das cos-
telas. E uma haste de tecido cerebral, com um pequeno canal passando através de todo seu comprimento, que
contém o líquido céfalo-raquidiano, e coloração branca por fora e cinzento por dentro. É uma importante via de
comunicação com os centros nervosos superiores, contendo inúmeros feixes ascendentes e descendentes. Além
disso, atua como centro de coordenação autônoma, que controlam algumas ações reflexas.

6.3 Sistema nervoso autônomo


O sistema nervoso autônomo controla a função involuntária de diversos órgãos, já que a maior parte da sua
atividade não chega ao córtex. Divide-se em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. Estes
trabalham de forma antagônica, podendo-se afirmar que o sistema parassimpático restaura os níveis de equilíbrio
alterados pelo simpático.
A função do sistema nervoso simpático (SNS) é a de preparar o corpo para uma emergência, de responder a
um estímulo do ambiente quando o organismo se encontra ameaçado, excitando e ativando os órgãos necessá-
rios às respostas.
Já o sistema nervoso parassimpático (SNP) visa reorganizar as atividades desencadeadas pelo SNS, relaxando
as atividades. Relaciona-se diretamente com a capacidade de regulação do organismo face às condições am-
bientais em que se encontra – homeostasia, equilíbrio interno mantido pelo hipotálamo. Por exemplo, se o SNS faz
com que o ritmo cardíaco acelere, a função do SNP é estabilizar esse ritmo.
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7. Sistema sensorial
O Sistema sensorial consiste nos receptores sensoriais, nos neurônios aferentes, e nas partes do cérebro envolvi-
178 das no processamento da informação.
Os sentidos são os meios através dos quais se percebem e reconhecem os estímulos do ambiente em que se
encontram – em outras palavras, são as traduções do mundo físico para a mente. Os mais conhecidos são cinco: a
visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato; havendo ainda outros mais, como a propiocepção, as percepções
térmicas e de pressão, entre outras.
Os estímulos provenientes do ambiente são captados através de células altamente especializadas, chama-
das de células sensoriais; ou através de simples terminações nervosas dos neurônios. Essas células ou terminações
nervosas podem ser encontradas espalhadas pelo corpo e nos órgãos dos sentidos (olfato, paladar, tato, visão e
audição), formando o sistema sensorial.
Embora cada órgão do sentido apresente um tipo de célula sensorial diferente, elas funcionam de maneira
muito semelhante. Ao serem estimuladas, ocorre uma alteração na permeabilidade da membrana plasmática da
célula sensorial, gerando impulsos nervosos que chegam até o sistema nervoso central, onde serão interpretados.
Esses impulsos nervosos gerados pelas células sensoriais (através de uma luz que atinge os olhos ou de um odor que
chega às narinas) são muito semelhantes. Somente quando chegam às áreas do cérebro responsáveis, nesse caso,
pela visão e pelo olfato, é que os impulsos serão interpretados como sensações visuais e olfativas. Dessa forma,
quem na verdade vê e cheira não são os olhos e o nariz, e sim o cérebro.
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8.1 Controle hormonal


Hormônios são substâncias produzidas por glândulas
endócrinas. Eles são liberados dessas glândulas direta-
mente no sangue e atuam em células-alvo geralmente
distantes do seu local de produção. Uma vez recebidos
pelo alvo, os hormônios desencadeiam uma série de
reações químicas, regulando o metabolismo das cé-
lulas; seu efeito pode ser imediato ou levar vários dias
para aparecer, persistindo por meses ou até anos, de-
pendendo do hormônio.
Ao contrário das glândulas endócrinas, as glândulas
exócrinas não produzem hormônios e liberam suas se-
creções por dutos ou canais, como é o caso das glân-
dulas lacrimais, sudoríparas e salivares. Existe ainda glân-
dula mista, representada pelo pâncreas, que apresenta
uma porção endócrina que secreta hormônios e uma
porção exócrina, que secreta suco pancreático no duo-
deno através do duto pancreático.
Além das glândulas endócrinas, existem órgãos que
também secretam hormônios, como é o caso do co-
A nossa pele é responsável pelo tato e nela pode- ração, do estômago, do intestino delgado e dos rins.
mos encontrar mecanoceptores que captam estímulos Os hormônios secretados por esses órgãos geralmente
apresentam efeitos locais.
mecânicos, transmitindo-os ao sistema nervoso central.
O controle hormonal é realizado por um sistema de
Em nossa língua estão as papilas gustativas, que são
retroalimentação (feedback). Observe no exemplo
as responsáveis pelo nosso paladar. Há papilas gusta-
abaixo como ocorre esse processo.
tivas especializadas na percepção dos quatro sabores
(azedo, salgado, doce e amargo). O olfato também
tem papel importante na percepção dos sabores, pois
também apresenta quimiorreceptores.
Nossas narinas são as responsáveis pelo sentido do
179
olfato. Nelas está o epitélio olfativo, um tecido especia-
lizado onde encontramos milhares de células olfativas,
que possuem pelos que captam moléculas dissolvidas
no ar que respiramos.
Os ouvidos são os órgãos responsáveis pela audição
e pelo equilíbrio. Nele encontramos mecanoceptores
que captam estímulos mecânicos retransmitindo-os ao
sistema nervoso central.
Já nos olhos encontramos células sensoriais que são
estimuladas pela luminosidade, chamadas de fotocep-
tores, responsáveis pelo sentido da visão. Essas células 8.2 Glândulas do Sistema Endócrino
são encontradas na retina e podem ser do tipo cone As glândulas endócrinas estão localizadas em dife-
ou bastonete. Os bastonetes são muito sensíveis a va- rentes partes do corpo: hipófise, tireoide e paratireoides,
riações na luminosidade, mas não distinguem cores, en- suprarrenais, pâncreas e as glândulas sexuais.
quanto que os cones as distinguem.
Hipófise
A hipófise também denominada glândula pituitária,
8. Sistema Endócrino
é uma pequena glândula com cerca de 1 cm de diâ-
O Sistema Endócrino é o conjunto de glândulas res- metro localizada na base do cérebro. A hipófise é con-
ponsáveis pela produção dos hormônios que são lan- siderada uma glândula mestra, pois secreta hormônios
çados no sangue e percorrem o corpo até chegar aos que controlam o funcionamento de outras glândulas,
órgãos-alvo sobre os quais atuam. Junto com o sistema sendo grande parte de suas funções reguladas pelo hi-
nervoso, o sistema endócrino coordena todas as fun- potálamo.
ções do nosso corpo. O hipotálamo, grupo de células A hipófise é dividida anatomicamente e funcional-
nervosas localizadas na base do encéfalo, faz a integra- mente em duas partes (anterior e posterior). Cada parte
ção entre esses dois sistemas. será responsável por funções fisiológicas diferenciadas.
Sendo assim, reconhece -se na hipófise:
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Adeno-hipófise (hipófise anterior):Secreta os hormô- da pessoa é deficiente, provocando excesso de urina e


nios que controlam o funcionamento de outras glându- muita sede. A esse quadro damos o nome de diabetes
las endócrinas, quando estimuladas a fazer isso pelo hor- insípida.
mônios do hipotálamo.
- TSH (hormônio tireotrófico): estimula e regula a ati- Tireoide
vidade da tireoide na produção dos hormônios T3 Glândula localizada na parte anterior pescoço. Age
e T4; na função de órgãos importantes como o coração, cé-
- ACTH (hormônio adrenocorticotrófico): controla a rebro, fígado e rins. Interfere, também, no crescimento
atividade do córtex da glândula suprarrenal, es- e desenvolvimento das crianças e adolescentes; na re-
timulando a liberação de cortisol e aldosterona; gulação dos ciclos menstruais; na fertilidade; no peso;
- LH (hormônio luteinizante): regula as atividades das na memória; na concentração; no humor; e no controle
gônadas masculinas e femininas, como a produ- emocional.
ção de testosterona nos testículos e estrogênio A tireoide utiliza o iodo para produzir os hormônios
vitais, sendo que os principais são a tiroxina (T4) e a trii-
nos ovários, indução da ovulação e formação do
odotironina (T3). Esses hormônios são responsáveis pelo
corpo lúteo.
nosso metabolismo basal, ou seja, estimulam as células
- FSH (hormônio folículo-estimulante): atua na produ-
a trabalharem e garantem que tudo funcione correta-
ção dos folículos, nos ovários; e dos espermatozoi-
mente no corpo.
des, nos testículos. A função da tireoide, bem como das demais glân-
- Prolactina: promove a produção de progesterona dulas endócrinas, é regulada por um mecanismo de
nos ovários femininos e também a produção de auto controle que envolve o cérebro – o feedback ou
leite nas glândulas mamárias, durante a gravidez retroalimentação. Quando os níveis de hormônios da ti-
e a amamentação. roide estão baixos, o hipotálamo no cérebro produz um
- Somatotrofina, hormônio do crescimento ou GH: hormônio conhecido como liberador de tirotrofina (TRH),
hormônio que promove a captação de aminoáci- que faz com que a adenoipóifise libere o hormônio esti-
dos para a formação de proteínas. Com isso, esse mulador da tireoide (TSH).
hormônio atua no crescimento de todo o orga-
nismo, incluindo tecidos, ossos e cartilagens, pro- Problemas relacionados a tireoide
movendo o aumento na estatura principalmente Os distúrbios da tireoide ocorrem quando essa glân-
dos jovens na puberdade. Após a puberdade, a dula para de funcionar corretamente, podendo pro-
produção desse hormônio cai consideravelmente. duzir mais ou menos hormônios do que o normal. Uma
Há casos em que, em virtude de uma disfunção vez que a glândula tireoide é controlada pela hipófise
180
na hipófise, a pessoa continua a produzir esse hormô- e pelo hipotálamo, distúrbios nestes órgãos endócrinos
nio mesmo após a puberdade. Quando isso ocorre, há também podem afetar a função da tireoide.
aumento da estatura, mas os ossos do crânio, da face,
das mãos e dos pés aumentam, causando uma doença Hipertireoidismo
que chamamos de acromegalia. O hipertiroidismo, também conhecido como hiper-
O excesso do hormônio do crescimento provoca funcionamento da tiroide, é uma doença metabólica
o aumento exagerado no tamanho do corpo, o que caracterizada pela produção excessiva de hormônios
chamamos de gigantismo; já a sua deficiência (que ge- tireoidianos (chamados T3 e T4). Esses hormônios desem-
ralmente é causada por fatores genéticos), provoca o penham um papel fundamental da regulação do me-
nanismo. Algumas crianças que têm deficiência na pro- tabolismo, incluindo funções vitais como as frequências
dução do hormônio do crescimento podem ser trata- cardíaca e respiratória.
das com injeções desse hormônio para promover o seu
crescimento. Hipotireoidismo
Neuro- Hipófise (hipófise posterior): Só armazena hor- Assim como o hipertireoidismo, o hipotireoidismo
mônios produzido pelo hipotálamo. também causa um aumento de volume da tireóide (bó-
Os hormônios secretados pela hipófise posterior são: cio). Contudo, esse aumento não é acompanhado de
- Ocitocina: hormônio que atua nas contrações do mais produção dos hormônios tireoidianos, mas sim pela
útero durante o parto, estimulando a expulsão do bebê. queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e
Também promove a liberação de leite durante a ama- T4 (tiroxina).
mentação.
- ADH (hormônio antidiurético): esse hormônio atua Paratireoide
no controle da eliminação de água pelos rins, portanto As paratireóides são quatro pequenas glândulas que
tem efeito antidiurético, ou seja, é liberado quando a se localizam atrás da glândula da tireoide, na região do
quantidade de água no sangue diminui, provocando pescoço. Essas glândulas secretam um hormônio cha-
uma maior absorção de água no túbulo renal e dimi- mado de paratormônio (PTH) e são responsáveis pelo
nuindo a urina. Quando o nível desse hormônio está aci- equilíbrio do cálcio e manutenção da massa óssea.
ma do normal, ocorre a contração das arteríolas, provo- Além de aumentar a concentração de Ca2+ plasmá-
cando um aumento da pressão arterial, por isso o outro tico, o hormônio da paratireóide reduz a concentração
nome que esse hormônio é conhecido – vasopressina. de fosfato sanguíneo. Este efeito resulta da atividade do
Há casos em que a quantidade de ADH no organismo paratormônio em células dos túbulos renais, diminuindo
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a reabsorção de fosfato e aumentando sua excreção Diabetes


na urina. O paratormônio aumenta indiretamente a ab- O diabetes é uma síndrome metabólica de origem
sorção de Ca2+ no trato digestivo, estimulando a síntese múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da inca-
de vitamina D, que é necessária para esta absorção. pacidade de a insulina exercer adequadamente seus
A secreção das células paratireóides é regulada pelos efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no
níveis sanguíneos de Ca2+. sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não
é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade
Hipoparatireoidismo suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou
É a doença resultante da falta de produção de pa- porque este hormônio não é capaz de agir de maneira
ratormônio pelas glândulas paratireóides. A falta desse adequada (resistência à insulina). A insulina promove a
hormônio causa a redução do cálcio no sangue. redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está
presente no sangue possa penetrar dentro das células,
Hiperparatireoidismo para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se
É a doença resultante do excesso de produção de houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir
paratormonio pelas glândulas paratireóides. O excesso corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e,
deste hormônio causa o aumento do cálcio no sangue consequentemente, o diabetes.
e na urina. As células do pâncreas são incapazes de produzir
insulina e se não há insulina circulante a absorção de
Pâncreas glicose fica prejudicada e ocorre o aumento de glicose
O pâncreas é uma glândula mista situada acima do no sangue. Neste caso é necessário injetar insulina sub-
estômago, que pode ser classificado de acordo com
cutânea para que possa ser absorvida pelo sangue.
seu funcionamento:
Pâncreas Exócrino: Tem a função de produzir sucos
digestivos e enzimas que ajudam a partir em pedaços Diabetes tipo II
menores as proteínas, os açúcares e as gorduras, para As células musculares e adiposas são incapazes de
que possam passar para o intestino, auxiliando na diges- utilizar toda a insulina secretada pelo pâncreas. Assim,
tão dos alimentos e metabolismo dos nutrientes; a glicose no sangue é pouco aproveitada por essas cé-
Pâncreas Endócrino: Tem uma função importante na lulas.
produção de hormônios, como a insulina e glucagon,
os quais regulam a forma como o organismo utiliza os Hiperinsulinemia
açúcares.
Por terem funções diferentes, o pâncreas exócrino
Algumas das causas da hiperinsulinemia são: obe- 181
e endócrino são formados por células diferentes, por sidade, sedentarismo e consumo elevado de carboi-
exemplo, o pâncreas endócrino é formado por conglo- dratos refinados, que provoca aumento de glicose no
merados de células chamadas ácinos que irão produzir sangue e consequentemente aumento na produção
o suco pancreático. Misturados com os ácinos, encon- de insulina.
tram-se os Ilhotas de Langerhans, que são grupos isola-
dos de células que produzem os hormônios que fazem o Resistência à insulina
controle dos níveis de açúcar no sangue.
Ocorre dificuldade de penetração da glicose nas
Insulina células e dessa forma é produzido mais insulina, já que
A insulina é um hormônio sintetizado no pâncreas, este é o seu papel, levar glicose à célula, só que devi-
que promove a entrada de glicose nas células e tam- do a essa dificuldade este hormônio não atua de forma
bém desempenha papel importante no metabolismo ideal, não desempenha sua função por completo. Esse
de lipídeos e proteínas. Existem algumas patologias re- excesso de insulina pode gerar um estado de pré-diabe-
lacionadas à função da insulina no corpo, como: dia- tes ou diabetes mesmo.
betes, resistência à insulina e hiperinsulinemia. Conheça
agora um pouco mais sobre a importância deste hor-
Suprarrenais
mônio para nossa saúde.
Atuação no organismo: Os carboidratos que inge- As glândulas supra-renais têm este nome devido ao fato
rimos através dos alimentos (pão, massas, açúcares, de se situarem sobre os rins, apesar de terem pouca rela-
cereais) são mais rapidamente convertidos em glicose ção com estes em termos de função. As supra-renais são
quando precisamos de energia. Para a glicose penetrar glândulas vitais para o ser humano, já que possuem funções
em cada célula do corpo é necessário que haja insulina muito importantes, como regular o metabolismo do sódio,
circulante, que faz com que o hormônio chegue aos re- do potássio e da água, regular o metabolismo dos carboi-
ceptores de insulina nas células. dratos e regular as reações do corpo humano ao stress.
Quando a glicemia (taxa de glicose no sangue) au-
menta após uma refeição, a quantidade de insulina
Hormônios produzidos pelas suprarrenais:
também aumenta para que o excesso de glicose possa
ser rapidamente absorvido pelas células. - Aldosterona: A principal ação da aldosterona é a
retenção de sódio. Onde há sódio, estão associados
íons e água. Portanto, a aldosterona age profundamen-
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

te no equilíbrio dos líquidos, afetando o volume intrace- e dos ossos, entre outras. Também é a testosterona que
lular e extracelular dos mesmos. Glândulas salivares e induz o amadurecimento dos órgãos genitais, além de
sudoríparas também são influenciadas pela aldosterona promover o impulso sexual.
para reter sódio. O intestino aumenta a absorção de só- A testosterona começa a ser produzida ainda na
dio como reação à aldosterona. fase embrionária e é a presença dela que determina
- Adrenalina e Noradrenalina: Tais hormônios são se- o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos.
Se houver ausência desse hormônio, ou a falta de
cretados em resposta à estimulação simpática e são
receptores compatíveis a ele nas células do embrião, o
considerados como hormônios gerais. Liberados em sexo que se desenvolverá será o feminino.
grandes quantidades depois de fortes reações emocio-
nais como, por exemplo, susto ou medo, estes hormônios Ovários
são transportados pelo sangue para todas as partes do Na mulher o aumento de LH e FSH é o estímulo para a
corpo, onde provocam reações diversas, principalmen- maturação folicular. O folículo, em processo de amadu-
te constrição dos vasos, elevação da pressão arterial, recimento, passa a secretar estrógeno, o qual prepara
aumento dos batimentos cardíacos, etc. o útero para receber o embrião, provocando espessa-
Tais reações resultam no aumento do suprimento mento da parede do endométrio, aumento da irrigação
de oxigênio às células. Além disso, a adrenalina, que sanguínea e da produção de muco. Quando o folículo
rompe, o nível de estrógeno cai e, como ele tem efeito
aumenta a glicogenólise hepática e muscular e a libe-
inibitório sobre a secreção de LH e FSH, esses hormônios
ração de glicose para o sangue, eleva o metabolismo
têm um pico, provocando a liberação do óvulo de 16
celular. A combinação dessas reações possibilita, por a 24 horas depois. Forma-se, então, o corpo lúteo, que
exemplo, reações rápidas de fuga ou de luta frente a começa a secretar progesterona.
diferentes situações ameaçadoras. Caso haja a fecundação, os níveis de estrógeno e
Cortisol: O cortisol serve para ajudar o organismo a con- de progesterona seguem aumentando, inibindo o eixo
trolar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o fun- hipotálamo-hipófise ao longo da gestação. Assim, nesse
cionamento do sistema imune e manter os níveis de açúcar período, o LH e o FSH se mantêm baixos, e a mulher se
no sangue constantes, assim como a pressão arterial. torna anovulatória. Se não houver a fecundação, o óvu-
lo entra em involução em até 72 horas. A progesterona
Glândulas sexuais e o estrógeno começam a cair e o estímulo para manu-
O hipotálamo produz GnRH, que estimula a adeno- tenção da parede do endométrio cessa, provocando
-hipófise a liberar LH e FSH que, por sua vez, agirão sobre sua descamação, caracterizando a menstruação. En-
182 tão, o LH e o FSH, que estavam baixos, começam a subir
as gônadas, estimulando a produção de testosterona,
novamente, iniciando um novo ciclo.
estrógeno e progesterona.
A Ovulação
A ovulação é a liberação de um óvulo maduro feita
Testículos por um dos ovários por volta do 14º dia do ciclo mens-
Os hormônios do sistema genital masculino são trual, contado a partir do primeiro dia de menstruação.
produzidos nas gônadas masculinas, conhecidas No ovário (o local de onde sai o óvulo) surge o corpo
como testículos. São os hormônios que determinam as lúteo ou amarelo – uma estrutura amarelada que passa
características sexuais secundárias, induzem a formação a produzir o estrogênio e progesterona. Esses hormônios
dos gametas masculinos e promovem o impulso sexual. atuam juntos, preparando o útero para uma possível
É na puberdade, aproximadamente entre os 11 gravidez, além disso, o estrogênio estimula o apareci-
e os 14 anos, que começam a ocorrer as mudanças mento das características sexuais femininas secundá-
fisiológicas no corpo dos meninos. Nessa fase da vida, dois rias. O óvulo liberado é “captado” por uma das tubas
hormônios produzidos pela adeno-hipófise agem sobre uterinas, que ligam os ovários ao útero. Revestindo essas
os testículos, estimulando a produção de testosterona. tubas internamente, existem células com cílios que fa-
Esses hormônios são o hormônio folículo-estimulante vorecem o deslocamento do óvulo até a cavidade do
(FSH) e o hormônio luteinizante (LH), também chamados útero.
de gonadotrofinas por atuarem sobre as gônadas. A Fecundação
No homem, o hormônio luteinizante também pode A mulher pode ficar grávida se, quando o óvulo es-
tiver nesses tubos, ela mantiver relação sexual com o
ser chamado de hormônio estimulador das células
parceiro e um espermatozoide (célula reprodutora mas-
intersticiais (ICSH), porque age estimulando as células
culina) entrar no óvulo. O encontro de gametas (óvulo
intersticiais, ou de Leydig, a produzirem testosterona.
e espermatozoide), na tuba uterina, chama-se fecun-
A testosterona e os hormônios gonadotróficos FSH e
dação. Apenas um dos milhões de espermatozoides
LH atuam juntos na ativação da espermatogênese
contidos no esperma penetra no óvulo, na fecundação.
(produção de espermatozoides).
Depois da fecundação, ocorre então a formação da
A testosterona é o principal hormônio masculino.
célula-ovo ou zigoto. Essa primeira célula de um novo
Ela determina o desenvolvimento dos órgãos genitais,
ser sofre divisões durante o seu trajeto pelo tubo até o
a descida dos testículos para a bolsa escrotal e o
útero. O sexo biológico desse novo ser humano – ou
aparecimento das características sexuais secundárias
seja, o sexo do bebê – é definido na fecundação pelos
masculinas, como a distribuição de pelos pelo corpo,
cromossomos X ou Y.
engrossamento da voz, desenvolvimento dos músculos
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Os seres humanos, salvo raras exceções possuem 46 Epiderme


cromossomos, sendo que dois deles são os cromossomos A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas
sexuais (que definem o sexo). As mulheres possuem dois células apresentam diferentes formatos e funções. Na
cromossomos X (portanto ela á XX) e os homens, um X e camada mais superficial (camada córnea) as células
um Y (portanto XY). estão mortas (e sem núcleo) e são compostas em gran-
Na divisão celular (meiose) para a formação dos de parte por queratina.
gametas (óvulo e espermatozoide) a mulher só gera ga-
metas (óvulos) X enquanto que o homem pode gerar Derme
gametas (espermatozoides) X e Y. Então: Também chamada de pele verdadeira, a derme é
- Se o espermatozoide que contém o cromossomo X elástica, rija e flexível. É a camada intermediária da pele
fecundar o óvulo (X), o embrião será do sexo feminino que fica abaixo da epiderme. Nela encontra-se a elasti-
(XX). na e o colagénio responsáveis pela elasticidade.
- Se o espermatozoide que contém o cromossomo Y
Tecido Subcutâneo
fecundar o óvulo (X), o embrião será do sexo masculino
Esse parte não é considerado como parte da pele
(XY).
e por isso recebe o nome de hipoderme ou tecido sub-
cutâneo. Ele é formado essencialmente pelo tecido
A Menstruação adiposo e tecido conjuntivo frouxo. Possui as seguintes
A menstruação ocorre quando não há fecundação funções: fixar a pele e isolar o corpo de mudanças ex-
e o óvulo é eliminado pelo canal vaginal com o san- tremas no meio ambiente.
gue e o material resultante da descamação da mucosa
uterina. O ciclo menstrual é o período entre o início de 10. Sistema esquelético
uma menstruação e outra. Esse período dura, em mé- O sistema esquelético é constituído de ossos e carti-
dia 28 dias, mas pode ser mais curto ou mais longo. A lagens, além dos ligamentos e tendões. O esqueleto sus-
primeira menstruação se chama menarca e, na maioria tenta e dá forma ao corpo, além de proteger os órgãos
das vezes ocorre entre 11 e 13 anos, embora não exista internos e atua em conjunto com os sistemas muscular e
uma idade determinada para isso. A menstruação re- articular para permitir o movimento. Outras funções são
presenta o início da vida fértil, isto é, o período em que a produção de células sanguíneas na medula óssea e
a mulher pode, se não houver problemas, engravidar. armazenamento de sais minerais, como o cálcio. O osso
Por volta dos 50 anos o “estoque” de óvulos se esgo- é uma estrutura viva, muito resistente e dinâmica pois
ta, pois alguns foram liberados nas ovulações e outros tem a capacidade de se regenerar quando sofre uma
se degeneraram. Cessam as menstruações e, com isso fratura.
183
a fertilidade da mulher −essa fase é denominada me-
Tipos de células do osso
nopausa.
As células ósseas quando jovens são chamadas os-
teoblastos. Quando a célula óssea se torna madura,
9. Sistema tegumentar transforma-se em osteócito. Existem outras células im-
O sistema tegumentar reveste o corpo, protegen- portantes no tecido ósseo: os osteoclástos. Essas células
do-o contra o atrito, a perda de água, a invasão de são especialmente ativas na destruição de áreas lesa-
micro-organismos e a radiação ultravioleta. Tem papel das ou envelhecidas do osso, abrindo caminho para a
na percepção sensorial (tato, calor, pressão e dor), na regeneração do tecido pelos osteoblastos.
síntese de vitamina D, na termorregulação, na excreção
de íons e na secreção de lipídios protetores e de leite. Estrutura dos Ossos
A estrutura óssea é constituída de diversos tipos de
Constituintes tecido conjuntivo (denso, ósseo, adiposo, cartilaginoso
O sistema tegumentar (ou tegumento) é constituído e sanguíneo) e de tecido nervoso.
pela pele e os seus anexos: pelos, unhas, glândulas se- Os ossos longos são formados por distintas camadas,
báceas, sudoríparas e mamárias. sendo estas:
A pele é o maior órgão do corpo. É composta pela - Periósteo: a mais externa, é uma membrana fina
epiderme, de epitélio estratificado pavimentoso querati- e fibrosa (tecido conjuntivo denso) que envolve o
nizado, e pela derme, de tecido conjuntivo. Subjacente, osso, exceto nas regiões de articulação (epífises).
unindo-a aos órgãos, há a hipoderme (ou tecido sub- É no periósteo que se inserem os músculos e ten-
cutâneo), de tecido conjuntivo frouxo e adiposo. dões.
A pele apresenta diferenças segundo a sua localiza- - Osso compacto: O tecido ósseo compacto é com-
ção. A palma das mãos e a planta dos pés, que sofrem um posto de cálcio, fósforo e fibras de colágeno que
atrito maior, possuem uma epiderme constituída por várias lhe dão resistência. É a parte mais rígida do osso,
camadas celulares e por uma camada superficial de que- formada por pequenos canais que circulam ner-
ratina bastante espessa. Esse tipo de pele não possui pelos vos e vasos, entre estes canais estão espaços
e glândulas sebáceas, mas as glândulas sudoríparas são onde se encontram os osteocitos.
abundantes. A pele do restante do corpo tem uma epider- - Osso esponjoso: o tecido ósseo esponjoso é uma
me com poucas camadas celulares e uma camada de camada menos densa. Em alguns ossos apenas
queratina delgada. A epiderme da pele grossa mede 0,8 a essa estrutura está presente e pode conter medu-
1,4mm, enquanto a da pele fina, 0,07 a 0,12mm. la óssea.
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- Canal medular: é a cavidade onde se encontra a -Estriado esquelético: formado por fibras musculares,
medula óssea, geralmente presente nos ossos lon- apresenta terminações nervosas e está diretamente li-
gos. gado ao movimento e à postura corporal. Recebe esse
-Medula óssea: A medula vermelha (tecido sanguí- nome por apresentar estriações formadas pelas proteí-
neo) produz células sanguíneas (processo chama- nas actina e miosina.
do de hematopoiese), mas em alguns ossos deixa
de existir e há somente a medula amarela (tecido A contração muscular
adiposo) que armazena gordura. -Os miofilamentos: actina e miosina
Toda a célula muscular contém filamentos protéicos
Esqueleto contráteis de dois tipos: actina e miosina. Esses miofila-
É o conjunto formado pelos 206 ossos que constituem mentos (ou miofibrilas) são diferenciados um do outro
o Sistema Esquelético humano, sendo estes: pelo peso molecular, maior no filamento de miosina. Ao
microscópio eletrônico, a actina aparece sob a forma
Classificação dos ossos: de filamentos finos, enquanto a miosina e representa-
Os ossos são classificados de acordo com a sua for- da por filamentos grossos. A interação da actina com
ma em: a miosina é o grande evento desencadeador da con-
- Longos: têm duas extremidades ou epífises; o corpo
tração muscular. A disposição regular dessas proteínas
do osso é a diáfise; entre a diáfise e cada epífi-
ao longo da fibra produz o padrão de faixas claras e
se fica a metáfise. A diáfise é formada por tecido
escuras alternadas, típicas do músculo estriado.
ósseo compacto, enquanto a epífise e a metáfi-
As unidades de actina e miosina que se repetem ao
se, por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur,
úmero. longo da miofibrila são chamadas sarcômeros. As faixas
- Curtos: têm as três extremidades praticamente mais externas dos sarcômeros, claras, são denominadas
equivalentes e são encontrados nas mãos e nos de banda I e contêm apenas filamentos de actina. A
pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. faixa central mais escura é denominada banda A. As
Exemplos: calcâneo, tarsos, carpos. extremidades da banda A são formadas por filamentos
-Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de actina e miosina sobrepostos, enquanto a sua região
de tecido ósseo compacto, tendo entre elas uma mediana mais clara, denominada banda H, contém
camada de tecido ósseo esponjoso e de medula apenas miosina.
óssea Exemplos: esterno, ossos do crânio, ossos da
bacia, escápula. DOENÇAS
184
11. Sistema muscular 1. Doenças transmitidas pela água
A nossa capacidade de locomoção depende da As principais doenças causadas pela falta de trata-
ação conjunta de ossos, articulações e músculos, sob o mento da água são:
controle do sistema nervoso.
O corpo possui mais de 600 músculos, que, além Leptospirose
de promoverem a movimentação do corpo, também A infecção humana na maioria das vezes está asso-
apresentam outras importantes funções, tais como a ciada ao contato com água, alimentos ou solo conta-
manutenção da temperatura corporal (por isso que tre- minados pela urina de animais portadores do Leptos-
memos de frio) e garantir o fluxo sanguíneo. pira. As bactérias são ingeridas ou entram em contato
com a mucosa ou pele que apresentem solução de
Os músculos são classificados em: continuidade. Os animais classicamente lembrados são
- Liso ou visceral: é composto por células fusiformes os roedores mas bovinos, equinos, suínos, cães, e vários
com apenas um núcleo, apresenta contração involun- animais selvagens são responsabilizados pela difusão da
tária e é encontrado na parede de vasos sanguíneos, doença. A contaminação entre pessoas doentes é ab-
bexiga, intestino e útero, ou seja, estruturas ocas do cor- solutamente rara.
po. Responsável pela impulsão de líquidos como san-
gue, urina, bile, entre outros. As células do músculo liso Cólera
reagem a sinais químicos oriundos de outras células ou O cólera é uma doença infectocontagiosa do intes-
hormônios. A principal das funções desse músculo é a tino delgado causada pela bactéria Vibrio cholerae,
compressão do conteúdo das cavidades a que perten- geralmente transmitida por meio de alimento ou água
cem, participando, assim, de processos como digestão contaminados.
e regulação da pressão arterial. São chamados de lisos
porque suas fibras não apresentam estriações. Amebíase e giardíase
-Estriado cardíaco: Formado por uma rede de fibras São infecções intestinais parasitária causadas, res-
conjugadas e ramificadas que compõe o miocárdio, pectivamente, pelos protozoários Entamoeba histolytica
revestimento muscular do coração. Produz contrações e Giardia sp. São bastante comuns em áreas do mundo
involuntárias, sendo controlado pelo sistema nervoso ve- onde o saneamento básico é deficiente, permitindo que
getativo. alimentos e água sejam expostos à contaminação fecal.
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Esquistossomose O vírus infecta humanos e outros vertebrados, prin-


A esquistossomose é uma doença que leva a proble- cipalmente macacos. Os vetores são fêmeas de perni-
mas de saúde crônica. A infecção é adquirida quan- longos.
do as pessoas entram em contato com água doce que Na febre amarela urbana das Américas, o vírus é
está infectada com as formas larvais de vermes pla- transmitido de um homem a outro pela picada de fê-
telmintos da espécie Schistosoma mansoni. Os vermes meas infectadas de Aedes aegypti. Este mosquito de
adultos microscópicos vivem nos vasos linfáticos do trato hábitos predominantemente urbanos, procria-se ao
urinário e dos intestinos. A maioria de seus ovos fica pre- redor das habitações, em recipientes que acumulam
sa nos tecidos e a reação do corpo a eles pode causar água parada. É condição necessária para a ocorrên-
grandes danos à saúde. cia de transmissão urbana natural de febre amarela a
Quando uma pessoa infectada urina ou defeca na existência de um caso pelo menos, de portador da for-
água, ela contamina o líquido com os ovos de Schisto- ma silvestre proveniente de área endêmica brasileira ou
soma. Esses ovos eclodem e invadem os tecidos de ca- de um caso importado de outro país em área infestada
racóis que vivem naquele lago ou rio. Os parasitas então pelo A. aegypti. Os mosquitos pertencentes ao gênero
crescem e se desenvolvem no interior desses animais. Aedes apresentam duas fases de vida. Uma que envol-
Após crescerem, as larvas deixam o caracol e penetram ve ovos, larvas e pupas e se passa na água e outra que
na água, onde podem sobreviver durante cerca de 48 compreende os mosquitos adultos.
horas. O Schistosoma é capaz de penetrar na pele de
pessoas que pisam descalças, nadam, tomam banho Dengue
ou lavam roupas e objetos na água infectada. A dengue é um dos principais problemas de saúde
Dentro de algumas semanas, os vermes crescem pública no mundo. A Organização Mundial da Saúde
no interior dos vasos sanguíneos do corpo e produzem (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se
ovos. Alguns desses ovos viajam para a bexiga ou intes- infectem anualmente, em mais de 100 países, de todos
tinos e são passados para a urina ou fezes. os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doen-
tes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em
2. Doenças transmitidas por mosquitos consequência da dengue. Em nosso país, as condições
socioambientais favoráveis à expansão do Aedes ae-
Malária gypti possibilitaram a dispersão do vetor, principalmente
Malária ou paludismo é uma doença infecciosa nas áreas urbanas.
transmitida por mosquitos e provocada por protozoários Sua forma de transmissão e seus sintomas são simi-
parasitários do gênero Plasmodium. A doença é geral- lares aos de várias outras infecções virais que possuem 185
mente transmitida através da picada de uma fêmea mosquitos como vetores: febre amarela, zika e chikun-
infectada do mosquito Anopheles, a qual introduz no sis- gunya – todas estas epidêmicas no Brasil.
tema circulatório do hospedeiro os microrganismos pre-
sentes na sua saliva, os quais se depositam no fígado, Filariose ou elefantíase
onde maturam e se reproduzem. A malária manifesta-se A filariose ou elefantiase é a doença causada pelos
através de sintomas como febre e dores de cabeça, parasitas nemátodes da espécie Wuchereria bancrofti,
que em casos graves podem progredir para coma ou comumente chamados filária, que se alojam nos vasos
morte. A doença encontra-se disseminada em regiões linfáticos, cujo inchaço levou a denominação popular
tropicais e subtropicais ao longo de uma larga faixa em desta doença como elefantíase. Tem como transmissor
redor do equador, englobando grande parte da África os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles ou Aedes e
subsariana, Ásia e América. a mosca Chrysomya ,conhecida como varejeira, pre-
A malária é prevalente em regiões tropicais e subtro- sentes nas regiões tropicais e subtropicais.
picais devido à chuva abundante, temperatura quente O mosquito é infectado quando pica um ser humano
e grande quantidade de água estagnada, o que pro- doente. Dentro do mosquito as microfilárias modificam-
porciona habitats ideais para as larvas do mosquito. A -se ao fim de alguns dias em formas infectantes, que mi-
transmissão da doença pode ser combatida através gram principalmente para a cabeça do mosquito.
da prevenção das picadas de mosquito, usando redes
mosquiteiras ou repelente de insetos, ou através de me-
didas de erradicação, como o uso de inseticidas ou o
escoamento de águas estagnadas. EXERCÍCIO COMENTADO

Febre amarela 1. (ENEM - 2011) Durante as estações chuvosas, aumen-


A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, tam no Brasil as campanhas de prevenção à dengue,
febril, de natureza viral, encontrada em países da Áfri- que têm como objetivo a redução da proliferação do
ca e Américas Central e do Sul. Caracteriza-se clinica- mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da den-
mente por manifestações de insuficiência hepática e gue. Que proposta preventiva poderia ser efetivada
renal, que pode levar à morte, em cerca de uma sema- para diminuir a reprodução desse mosquito?
na. Apresenta-se como febre amarela urbana ou febre
amarela silvestre.
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a) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mos- tos astronômicos. Não podemos nos esquecer de que
quito necessita de ambientes cobertos e fechados egípcios e chineses, assim como incas, maias e astecas
para a sua reprodução. também sabiam interpretar os movimentos dos astros.
b) Substituição das casas de barro por casas de alvena-
ria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede 1. A Teoria do Big Bang
das casas de barro. Na década de 1920, o astrônomo americano Edwin
c) Remoção dos recipientes que possam acumular Hubble procurou es-tabelecer uma relação entre a dis-
água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem tância de uma galáxia e a velocidade com que ela se
nesse meio. aproxima e se afasta de nós. A velocidade da galáxia
d) Higienização adequada de alimentos, visto que as se mede com relativa facilidade, mas a distância requer
larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de uma série de trabalhos encadeados e, por isso, é tra-
substrato. balhoso e relativamente impreciso. Após muito traba-
e) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a lho, ele descobriu uma correlação entre a distância e
reprodução do mosquito acontece em águas con- a velocidade das galáxias que ele estava estudando.
taminadas. Quanto maior a distância, com mais velocidade ela se
afasta de nós. É a chamada Lei de Hubble. Portanto, as
Resposta: Letra C. Essa questão é uma dentre várias galáxias próximas se afastam lentamente e as galáxias
que abordam problemas de saúde pública – forma distantes se afastam rapidamente? Como explicar essa
como as doenças são cobradas no ENEM. Observe lei?
que o que você precisa saber para responder a essa De acodo com a Teoria do Big Bang, o universo sur-
questão é que o mosquito da dengue coloca seus giu de uma explosão no passadoDesde então, ele está
ovos em água parada. se expandindo, até hoje, e a Lei de Hubble é a confirma-
ção disso. As indicações mais recentes são de que o Big
Bang ocorreu há 13,7 (± 0,2) bilhões de anos.
De fato, trabalhos teóricos do abade belga Georges
EVOLUÇÃO Lemaitre, de 1927, mostraram que a Teoria da Relativi-
dade Geral de Albert Einstein é compatível com a re-
cessão das Nebulae (como eram então chamadas as
A ORIGEM DO UNIVERSO galáxias) e ele foi o primeiro a propor que o universo te-
A origem “das coisas” sempre foi uma preocupação ria surgido de uma explosão, de um “átomo primordial”.
186 central da humanidade; a origem das pedras, dos ani-
mais, das plantas, dos planetas, das estrelas e de nós A ORIGEM DA VIDA
mesmos. Mas a origem mais fundamental de todas pa-
rece ser a origem do universo como um todo – tudo o 1. Abiogênese x Biogênese
que existe. Sem esse, nenhum dos seres e objetos cita- Uma ideia bastante antiga, do tempo de Aristóteles,
dos nem nós mesmos poderíamos existir. é a de que os seres vivos podem surgir por geração es-
Talvez por essa razão, a existência do universo como pontânea (abiogênese). Apesar de conhecer a impor-
um todo, sua natureza e origem foram assuntos de ex- tância da reprodução, admitia-se que certos organis-
plicação em quase todas as civilizações e culturas. De mos vivos pudesse surgir espontaneamente da matéria
fato, cada civilização conhecida da antropologia teve bruta. Observações do cotidiano mostravam, por exem-
uma cosmogonia – uma história de como o mundo co- plo, que larvas de moscas apareciam no meio do lixo e
poças de lama podiam exibir pequenos animais. A con-
meçou e continua, de como os homens surgiram e do
clusão a que se chegava era a de que o lixo e a lama
que os deuses esperam de nós. O entendimento do uni-
haviam gerado diretamente os organismos.
verso foi, para essas civilizações, algo muito distinto do
Entretanto, reconhecia-se que nem toda matéria
que nos é ensinado hoje pela ciência. Mas a ausência
bruta podia gerar vida. Assim, de um pedaço de ferro
de uma cosmologia para essas sociedades, uma expli-
ou pedra não surgia vida; mais de um pedaço de car-
cação do mundo em que vivemos, seria tão inconcebí-
ne, uma porção de lama ou uma poça d´agua eram
vel quanto a ausência da própria linguagem. Essas ex-
capazes de gerar vida. Explicava-se esta capacidade
plicações, por falta de outras formas de entendimento
de gerar ou não vida entre os distintos materiais brutos
da questão, sempre tiveram fundamentos religiosos, mi-
alegando-se a necessidade de um “princípio ativo”
tológicos ou filosóficos. Só recentemente a ciência pôde
que não esteja presente em qualquer matéria bruta. O
oferecer sua versão para os fatos. A razão principal para princípio ativo não era considerado algo concreto, mas
isso é que a própria ciência é recente. Como método uma capacidade ou potencialidade de gerar vida.
científico experimental, podemos nos referir a Galileu As ideias a respeito da geração espontânea perdu-
Galilei (1564-1642, astrônomo, físico e matemático ita- raram por muito tempo, apesar da sua forma original ter
liano) como um marco importante. Não obstante, já os evoluído aos poucos; ainda nos meados do século pas-
gregos haviam desenvolvido métodos geométricos so- sado, havia numerosos partidários dessa teoria, que só
fisticados e precisos para determinar órbitas e tamanhos foi definitivamente destruída pelos trabalhos de Pasteur.
de corpos celestes, bem como para previsão de even-
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Em meados do século XVII, Francesco Redi realizou 2. Hipóteses sobre a origem da vida
uma experiência que representou a primeira tentativa Há três posições “filosóficas” em relação à origem da
experimental com finalidade de derrubar a geração vida.
espontânea. Redi colocara pedaços de carne em dois A primeira relaciona-se aos mitos da “criação”, ideia
grupos de frascos; um dos grupos permanece aber- criacionista, que afirmam que a vida foi criada por uma
to, enquanto o outro é recoberto por um pedaço de força suprema ou ser superior; essa hipótese, evidente-
gaze. Sobre a carne dos frascos abertos, após alguns mente, foge ao campo de ação do raciocínio científi-
dias, surgem larvas de moscas; nos frascos cobertos não co, não podendo ser testada e nem refutada pelos mé-
aparecem larvas. Redi concluiu que a carne não gera todos usados pela ciência.
as larvas; moscas adultas devem ter sido atraídas pelo Uma segunda posição, a panspermia, se refere à
cheiro de material em decomposição e desovaram possibilidade de a vida ter se originado fora do plane-
sobre a carne. As larvas nasceram, portanto, dos ovos ta Terra e ter sido “semeada” por pedaços de rochas,
postos pelas moscas. Essa ideia é ainda reforçada pela como meteoritos, que teriam trazido “esporos” ou ou-
observação dos frascos cobertos: sobre a gaze, do lado tras formas de vida alienígena. Esses teriam evoluído nas
externo do frasco, algumas larvas apareceram. À ideia condições favoráveis da Terra, até originar a diversida-
de que os seres vivos se originam sempre de seres vivos de de seres vivos que conhecemos.
chamamos biogênese. A terceira posição, a mais em voga hoje, aceita que
a vida pode ter surgido espontaneamente sobre o pla-
1.2. Os experimentos de Pasteur neta Terra, através da evolução química de substâncias
Por volta de 1860, O cientista francês Louis Pasteur não vivas. Não é fácil ou seguro verificar eventos que
conseguiu derrubar definitivamente as ideias sobre a ocorreram há bilhões de anos, quando nosso planeta era
geração espontânea da vida. Vejamos como Pasteur muito diferente do que é hoje; no entanto, os cientistas
descreve suas experiências. conseguiram reproduzir algumas das condições originais
em laboratório e descobriram muitas evidências geoló-
“Coloquei em frascos de vidro os seguintes líquidos,
gicas, químicas e biológicas que reforçam essa hipótese.
todos facilmente alteráveis, em contato com o ar co-
Essa terceira posição foi defendida pela primeira vez pelo
mum: suspensão de lêvedo de cerveja em água, sus-
cientista russo Oparin, em 1936, como veremos a seguir.
pensão de lêvedo de cerveja em água e açúcar, urina,
suco de beterraba, água de pimenta. Aqueci e puxei o 3. A Evolução das Substâncias Químicas
gargalo do frasco de maneira a dar-lhe curvatura; dei- Nos últimos 120 anos, várias ideias sobre a origem da
xei o líquido ferver durante vários minutos até que os va- Terra, sua idade, as condições primitivas da atmosfera
pores saíssem livremente pela estreita abertura superior foram surgindo. Em particular, verificou-se que os mes- 187
do gargalo, sem tomar nenhuma outra precaução. Em mos elementos que predominam nos organismos vivos
seguida, deixei o frasco esfriar. É uma coisa notável, ca- (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) também
paz de assombrar qualquer pessoa acostumada com a existem fora deles; nos organismos vivos estes elementos
delicadeza das experiências relacionadas à assim cha- estão combinados de maneira a formar moléculas com-
mada geração espontânea, o fato de o líquido em tal plexas, como proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos
frasco permanecer imutável indefinidamente… Parecia nucleicos. A diferença básica, então, entre matéria viva
que o ar comum, entrando com força durante os pri- e matéria bruta estaria sobretudo ao nível da organiza-
meiros momentos (do resfriamento), deveria penetrar ção desses elementos. O químico Wöhler, em 1828, já
no frasco num estado de completa impureza. Isto é ver- havia fornecido a seguinte pista: substâncias “orgâni-
dade, mas ele encontra um líquido numa temperatura cas” ou complexas, como a ureia, podem ser formadas
ainda próxima do ponto de ebulição. em condições de laboratório a partir de substâncias
A entrada do ar ocorre, então, mais vagarosamente simples, “inorgânicas”. Se as condições adequadas sur-
e, quando o líquido se resfriou suficientemente, a ponto giram da Terra, no passado, então a vida poderia ter
de não mais ser capaz de tirar a vitalidade dos germes, aparecido do inorgânico.
a entrada do ar será suficientemente lenta, de maneira Uma simples análise das características que os seres
a deixar nas curvas úmidas do pescoço toda a poeira (e vivos exibem hoje mostra, independentemente de sua
germes) capaz de agir nas infusões… forma ou tamanho, a presença dos mesmos “tijolos”
Depois de um ou vários meses no incubador, o pes- básicos em todos eles: açúcares simples, os 20 tipos de
aminoácidos, os 4 nucleotídeos de DNA e os 4 de RNA, e
coço do frasco foi removido por golpe dado de tal
os lipídios. Ora, depois da pista dada por Wöhler, a que
modo que nada, a não ser as ferramentas, o tocasse,
nos referimos, os químicos descobriram que esses com-
e depois de 24, 36 ou 48 horas, bolores se tornavam visí-
postos podem ser feitos em laboratório, se houver uma
veis, exatamente como no frasco aberto ou como se o
fonte de carbono, de nitrogênio, e uma certa quantida-
frasco tivesse sido inoculado com poeira do ar.” de de energia disponível. Assim sendo, se as condições
Com esta experiência engenhosa, Pasteur também adequadas tivessem estado presentes, no passado da
demonstrava que o líquido não havia perdido pela Terra, essas substâncias poderiam ter se formado sem
fervura suas propriedades de abrigar vida, como argu- grandes dificuldades.
mentaram alguns de seus opositores. Além disso, não se Várias dessas ideias foram organizadas e apresentadas
podia alegar a ausência do ar, uma vez que este entra- de forma clara e coerente pelo bioquímico russo Aleksan-
va e saía livremente (apenas estava sendo filtrado). dr I. Oparin, em 1936, no seu livro “A origem da vida.
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3.1 As ideias de Oparin A comprovação experimental


Aleksandr Oparin (1894-1980) foi um bioquímico russo
que retomou e aprofundou os estudos sobre a origem O bioquímico Miller tentou reproduzir em laboratório
da vida, por volta de 1920, segundo a Teoria da evo- algumas das condições previstas por Oparin. Construiu
lução química, juntamente com o biólogo inglês John um aparelho, que era um sistema fechado, no qual fez
Burdon S. Haldane (1892-1964). Essa teoria foi proposta circular durante 7 dias uma mistura de gases: metano,
inicialmente por Thomas Huxley (1825-1895). hidrogênio, amônia e vapor de água estavam presen-
Nessa teoria, a vida teve origem a partir da evolu- tes. Um reservatório de água aquecido à temperatura
ção de compostos químicos inorgânicos, que se com- de ebulição permitia a formação de mais vapor de
binaram formando diversos tipos de moléculas orgâni- água, que circulava arrastando os outros gases.
cas simples, como aminoácidos, carboidratos, bases Num certo lugar do aparelho, a mistura era sub-
nitrogenadas, etc., que por sua vez se combinaram for- metida a descargas elétricas constantes, simulando os
mando moléculas mais complexas como lipídios, ácidos “raios” das tempestades que se acredita terem existido
nucleicos, proteínas, que se agruparam formando estru- na época. Um pouco adiante, a mistura era esfriada e,
turas complexas, dando origem aos seres vivos. ocorrendo condensação, tornava-se novamente líqui-
Segundo Oparin, a Terra tem cerca de 4,5 bilhões de da. Ao fim da semana, a água do reservatório, analisa-
anos e no início sua temperatura era muito elevada. O da pelo método da cromatografia, mostrou a presença
resfriamento e a solidificação da crosta ocorreram mais de muitas moléculas orgânicas, entre as quais alguns
tarde, por volta de 2,5 bilhões de anos. As temperaturas aminoácidos.
do planeta iam diminuindo gradativamente, e com isso, Miller, com esta experiência, não provava que ami-
a água que evaporava se condensava na atmosfera e noácidos realmente se formaram na atmosfera primi-
caía novamente, sob a forma de chuva, que evapora- tiva; apenas demonstrava que, caso as condições de
vam novamente, pois as temperaturas ainda eram mui- Oparin tivessem se verificado, a síntese de aminoácidos
to elevadas. Nessa época aconteceram tempestades teria sido perfeitamente possível.
torrenciais todos os dias, durante milhões de anos. Fox, em 1957, realiza a seguinte experiência: aquece
Alguns cientistas acreditam que cerca de 1018 to- uma mistura seca de aminoácidos e verifica que entre
neladas de matéria foram agregadas ao planeta Terra muitos deles acontecem ligações peptídicas, forman-
através de colisões com asteróides. Essas colisões provo- do-se moléculas semelhantes a proteínas (lembre-se de
cavam um aumento na temperatura. que na ligação peptídica ocorre perda de água ou de-
A atmosfera primitiva era composta por átomos de sidratação). Os resultados de Fox reforçam a seguinte
carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, que se li- ideia: se, de fato, aminoácidos caíram sobre as rochas
188 garam formando os compostos amônia (NH3), metano quentes, trazidos pela água da chuva, eles poderiam
(CH4), hidrogênio (H2) e vapor de água (H2O). Nessa ter sofrido combinações formando moléculas maiores,
época ainda não havia gás oxigênio (O2), nem nitrogê- os proteinoides, que acabariam sendo carregadas aos
nio (N2). mares em formação. Percebe-se que Fox tenta testar
Com o ciclo de chuvas e tempestades havia muitas parte das ideias de Oparin, e seu ponto de partida foi,
descargas elétricas. Essas descargas atuavam sobre as sem dúvida, a experiência de Miller.
moléculas, promovendo ligações químicas e formando A química dos coloides explica e prevê a reunião de
moléculas mais complexas, como os aminoácidos. grandes moléculas em certas condições, formando os
Com o resfriamento da Terra, começou a formação agregados que chamamos coacervados.
de áreas alagadas e exposição das rochas. Essas imen- É evidente, porém, que a última etapa da hipótese
sas áreas alagadas deram origem aos oceanos. A água de Oparin nunca poderá ser testada em laboratório; em
da chuva arrastava os compostos para as rochas. O outros termos, para conseguirmos que um entre trilhões
calor das rochas promoveu ligações químicas entre as de coacervados se transformasse, por acaso, em um ser
moléculas presentes, originando proteinoides, cadeias vivo muito simples, teríamos de dispor de um laboratório
de aminoácidos, etc. tão grande quanto os mares primitivos, que contivesse,
Essa moléculas, conforme a temperatura da terra ia portanto, um número infinitamente grande de coacer-
diminuindo, iam se tornando mais complexas e fazen- vados; além disso, teríamos de dispor de um tempo in-
do cada vez mais ligações, transformando a água dos finitamente grande, que possibilitasse inúmeras colisões
oceanos em grandes sopas orgânicas. As proteínas for- e reações químicas que foram necessárias para se obter
madas foram se aglomerando, até formar os coacer- pelo menos um sucesso.
vados.
Será que, devido à impossibilidade de teste experi-
Em algum momento dessa evolução, os coacerva- mental, devemos repelir “a priori” esta fase? Podemos
dos evoluíram e adquiriram a capacidade de se alimen- pelo menos pensar nela em termos estatísticos. Vamos
tar e reproduzir, dando origem a um ser vivo primitivo dar a palavra a um célebre biólogo, George Wald, que
muito simples. examinou minuciosamente o assunto.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

3.2 Ideias recentes sobre a origem da vida a ênfase que Oparin dá ao aparecimento da proteína.
Acredita-se hoje que, provavelmente, a composição No entanto a hipótese original foi readaptada quando
da atmosfera primitiva foi diferente do que acreditava ficou patente a identidade entre genes e ácidos nuclei-
Oparin; ela teria contido CO, CO2, H2, N2 e vapor de cos.
água (não haveria, portanto, metano nem amônia; as Acredita-se hoje que a primeira molécula informa-
fontes de carbono seriam o CO e o CO2, enquanto a de cional tenha sido o RNA, e não o DNA. Foi feita a interes-
nitrogênio seria o N2). Vapor de água e de gás carbôni- santíssima descoberta de que certos “pedaços” de RNA
co teriam sido produzidos pela intensa atividade vulcâ- têm uma atividade catalítica: eles permitem a produ-
nica. Mesmo assim, isso não invalida experimentos como ção, a partir de um molde de RNA e de nucleotídeos, de
o de Miller. Na realidade, foram feitas desde então mui- outras fitas de RNA idênticas ao molde! A esses pedaços
tas variantes dessa experiência, modificando-se os ga- de RNA com atividade “enzimática”, os biólogos cha-
ses utilizados e colocando-se algumas substâncias mine- mam de ribozimas. Isso permite explicar o eventual sur-
rais; os cientistas chegaram a obter mais de 100 tipos de gimento e duplicação dos ácidos nucleicos, mesmo na
“tijolos” orgânicos simples, incluindo nucleotídeos e ATP. ausência das sofisticadas polimerases que atuam hoje.
O DNA deve ter sido um estágio mais avançado na
confecção de um material genético estável; evidente-
O poder da argila mente, os primeiros DNA teriam sido feitos a partir de um
Algumas teorias recentes dão conta de que os lon- molde de RNA original. Isso lembra bastante, você vai
gos polímeros, como proteinoides e fitas de ácidos nu- concordar, o modo de atuação do retrovírus, como o
cleicos, podem ter se formado, como alternativa às da AIDS!
rochas quentes da crosta, em “moldes” de argila. De De qualquer forma, esses “genes nus”, isto é, envol-
fato, para ocorrer polimerização, deve haver uma alta vidos por nada, mas livres na argila ou na água, podem
concentração das unidades constituintes; na argila, ter num período posterior “fixado residência” numa es-
essa concentração pode ter sido alta. Além disso, a ar- trutura maior, como um coacervado ou uma microes-
gila pode ter agido como “catalisadora” e promovido o fera…
aparecimento de ligações simples, como as peptídicas, Um dos problemas ainda mais perturbadores nes-
com perda de água. Alguns biólogos acreditam ainda sa história toda, relaciona-se ao surgimento do código
que a argila foi o meio em que se formaram moléculas genético. Em outras palavras, o aparecimento de pro-
RNA, a partir de nucleotídeos simples. A energia para teínas ou de moléculas de ácidos nucleicos com a ca-
essa polimerização poderia ter sido proveniente do ca- pacidade de duplicação, nas condições postuladas,
lor da crosta; ou do calor do sol, ou ainda da radiação pode ser imaginado sem muita dificuldade, mas per- 189
ultravioleta. manece extremamente misterioso o método pelo qual
as moléculas de ácidos nucleicos teriam tomado conta
Coacervados ou microesferas? do controle da produção de proteínas específicas, que
Há mais de um modelo, além da ideia de coacerva- tivessem um valor biológico e de sobrevivência. Quem
dos, para explicar como moléculas grandes, tipo protei- sabe o tempo se encarregará de nos fornecer novas
noides, teriam se agregado na água, formando estrutu- evidências…
ras maiores. O pesquisador Fox, colocando proteinoides
em água, obteve a formação de pequeninas esferas. 4. A evolução do metabolismo
Bilhões de microesferas podem ser obtidas a partir Analisamos até agora o surgimento das primeiras for-
da mistura de um grama de aminoácidos aquecidos, mas vivas, e você deve ter notado que já mencionamos,
algumas delas formando cadeias, de forma muito se- para essas formas, algumas características importantes
melhante a algumas bactérias atuais. Cada microesfe- para conceituar um ser vivo. Esses primeiros organismos
ra tem uma camada externa de moléculas de água e possuem compostos orgânicos na constituição de seus
proteínas e um meio interno aquoso, que mostra algum corpos, são celulares (unicelulares, no caso) e têm ca-
movimento, semelhante à ciclose. Essas microesferas pacidade de reprodução.
podem absorver e concentrar outras moléculas existen- Não discutimos ainda uma outra característica dos
tes na solução ao seu redor. Podem também se fundir seres vivos: o metabolismo. Vamos, então, analisar como
entre si, formando estruturas maiores; em algumas con- deve ter sido a provável evolução das vias metabólicas
dições, aparecem na superfície “brotos” minúsculos que nos seres vivos.
podem se destacar e crescer. Todo o ser vivo precisa de alimentos, que são de-
gradados nos processos metabólicos para a liberação
Como apareceu o gene? de energia e realização das funções. Esses alimentos
Uma coisa que é importante entender: na hipótese degradados também podem ser utilizados como ma-
original de Oparin, não há referência aos ácidos nuclei- téria-prima na síntese de outras substâncias orgânicas,
cos; não se sabia na época que eles constituem os ge- possibilitando o crescimento e a reposição de perdas.
nes. Muita gente então acreditava que os genes fossem Vamos analisar, então, como esses primeiros seres
de natureza proteica; afinal, havia sido demonstrada a conseguiam obter e degradar o alimento para a sua
enorme importância das proteínas como enzimas, ma- sobrevivência. Duas hipóteses têm sido discutidas pelos
terial construtor e anticorpos. Dá para entender, por isso, cientistas: a hipótese heterotrófica e a autotrófica.
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Para entender claramente esta discussão, é útil recordar as equações de três processos biológicos básicos,
fermentação, respiração e fotossíntese, que reproduzimos a seguir.
Existem duas hipóteses sobre a origem da vida: a hipótese autotrófica, que propõe que o primeiro ser vivo foi
capaz de sintetizar seu próprio alimento orgânico, possivelmente por fotossíntese, e a hipótese heterotrófica, que
prevê que os primeiros organismos se nutriam de material orgânico já pronto, que retiravam de seu meio. A maio-
ria dos biólogos atuais acha a hipótese autotrófica pouco aceitável devido a um fato simples: para a realização
da fotossíntese, uma célula deve dispor de um equipamento bioquímico mais sofisticado do que o equipamen-
to de um heterótrofo. Como admitir que o primeiro ser vivo, produzido através de reações químicas casuais, já
possuísse esse grau de sofisticação? É claro que o primeiro ser vivo poderia ter surgido complexo; porém é muito
menos provável que isso tenha acontecido.
Por outro lado, se o primeiro organismo era heterótrofo, o que ele comeria? Hoje os heterótrofos dependem,
para sua nutrição, direta ou indiretamente, dos autótrofos autossintetizantes. No entanto não se esqueça de que,
de acordo com a hipótese de Oparin, o primeiro organismo surgiu num mar repleto de coacervados orgânicos,
que não haviam chegado ao nível de complexidade adequada. Esses coacervados representam então uma
fonte abundante de alimento para nosso primeiro organismo, que passaria a comer seus “irmãos” menos bem
sucedidos.
Admitamos um primeiro organismo heterótrofo, para o qual alimento não era problema. Pode-se obter ener-
gia do alimento através de dois processos: a respiração que depende de O2 molecular, inexistente na época, e
a fermentação, processo mais simples, cuja realização dispensa a presença de oxigênio.
Estabeleçamos, a título de hipótese mais provável, que o primeiro organismo deva ter sido um heterótrofo
fermentador. A abundância inicial de alimento permite que os primeiros organismos se reproduzam com rapidez;
não se esqueça também de que todos os mecanismos da evolução biológica, como a mutação e seleção
natural, estão atuando, adaptando os organismos e permitindo o aparecimento de características divergentes.

4.1 Surge a fotossíntese


A velocidade de consumo do alimento, no entanto, cresce continuamente, já que o número de organismos
aumenta; a reposição desse alimento orgânico através das reações químicas que descrevemos é obviamente
muito mais lenta que o seu consumo. Perceba que, se não surgissem por evolução os autótrofos, a vida poderia
ter chegado num beco sem saída por falta de alimento.
Em algum momento anterior ao esgotamento total do alimento nos mares, devem ter aparecido os primeiros
190 organismos capazes de realizar fotossíntese; possivelmente usaram como matéria prima o CO2 residual dos pro-
cessos de fermentação. Sua capacidade de produzir alimento fechava o ciclo produtor/consumidor e permitia
o prosseguimento da vida.

4.2 Surge a respiração


Um resíduo do processo fotossintético é o oxigênio molecular; por evolução devem ter surgido mais tarde os
organismos capazes de respirar aerobicamente, que utilizaram o O2 acumulado durante milhões de anos pelos
primeiros autótrofos.

Fermentação (alcoólica): glicose → álcool etílico + CO2 + energia


Respiração: glicose + oxigênio → CO2 + H2O + energia
Fotossíntese: CO2 + H2O + luz → (Clorofila) → glicose e O2

A respiração, não se esqueça, permite extrair do alimento maior quantidade de energia do que a fermenta-
ção. Seguramente o modo de vida “respirador” representa, na maioria dos casos, uma grande vantagem sobre
o método “fermentador”; não devemos estranhar que a maioria dos organismos atuais respire, apesar de ter
conservado a capacidade de fermentar.
Lembre-se, ainda, de que a presença de oxigênio molecular na atmosfera acaba permitindo o aparecimento
na atmosfera da camada de ozônio, que permite a filtração de grande parte da radiação ultravioleta emitida
pelo sol. Essa radiação é fortemente mutagênica; porém os organismos aquáticos estariam parcialmente prote-
gidos, já que a água funciona como um filtro para ela. De qualquer maneira, o aparecimento do ozônio prepara
o terreno para uma futura conquista do ambiente seco, caso alguns organismo um dia se aventurem a fazer
experiência.

5. Vida multicelular
Como surgiram os seres multicelulares? Evidências obtidas de estudos geológicos sugerem que os primeiros
multicelulares simples surgiram na Terra há cerca de 750 milhões de anos! Antes disso houve o predomínio de vida
unicelular, como formas eucarióticas simples. A partir dessa data, surgem os primeiros multicelulares, originados
dos unicelulares eucariotos existentes.
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5.1 Aparece a membrana celular 5.3 A origem de algumas organelas celulares


É muito provável que os primeiros organismos te- Uma teoria muito em voga atualmente a respeito
nham sido mais complexos do que os vírus atuais, porém da origem das organelas celulares é a endossimbiose.
mais simples do que as células mais simples que se co- Trata-se da seguinte ideia: alguns organismos proca-
nhecem. riontes teriam sido “engolidos” por células maiores de
Um citologista chamado Robertson acredita que, eucariontes, ficando no interior da célula, mas com ca-
por evolução, os organismos iniciais devam ter “experi- pacidade de reprodução independente e realizando
mentado” vários tipos de membranas. A vantagem de determinadas funções. Acredita-se que mitocôndrias
uma membrana envolvente é clara: ela fornece prote- e cloroplastos possam ter se originado dessa forma. As
ção contra choques mecânicos e, portanto, maior esta- mitocôndrias podem ter sido um dia bactérias indepen-
bilidade à estrutura; porém ela representa uma barreira dentes; os cloroplastos, talvez cianofíceas ou baterias
entre o organismo e o alimento a seu redor, o que é uma fotossintetizantes.
desvantagem. Os argumentos a favor dessa ideia são muito fortes:
Assim, a membrana ideal deveria ser resistente, com cloroplastos e mitocôndrias possuem material genéti-
um certo grau de elasticidade, sem deixar de ser sufi- co próprio, semelhante ao DNA de bactéria. Esse DNA
cientemente permeável. Num certo estágio da evolu- tem capacidade de duplicação, de transcrição; ribos-
ção dos seres vivos, apareceu a membrana lipoprotei- somos existentes no interior desses orgânulos produzem
ca, que reúne todos esses atributos e certamente foi um também proteínas próprias. Por fim, ambos os orgânulos
sucesso total, já que todos os seres vivos atuais de estru- têm a capacidade de se reproduzir no interior da célula
tura celular a possuem. “hospedeira”.
Nesse estágio, pode-se falar em organismos proca- Uma “troca de favores” poderia ter se estabelecido
riontes, muito semelhantes às mais simples bactérias entre a célula maior e a menor. No caso da mitocôndria,
atuais. que teria obtido proteção e alimento, sua presença te-
ria permitido que a célula maior aprendesse a respirar
5.2 Procariontes originam eucariontes oxigênio, com todas as vantagens inerentes. A simbiose
Uma membrana traz, entretanto, alguns problemas com um procarionte fotossintetizante faria que os eu-
adicionais: ela se constitui, de certa forma, num obstá- cariontes hospedeiros tivessem síntese de alimento “em
culo para o crescimento da estrutura viva. Vamos expli- domicílio”, obviamente um processo muito vantajoso.
car: à medida que a célula cresce, seu volume aumen-
ta, assim como a superfície de sua membrana; porém a A EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
superfície cresce MENOS proporcionalmente, do que o 191
volume. Desse modo, a célula MAIOR se alimenta PIOR. Atualmente os seres vivos estão adaptados ao meio
A única forma de restabelecer a relação favorável en- em que vivem, isto é, entre os seres vivos e o ambiente
tre superfície e volume é a divisão da célula, que, assim, há um ajuste com papel fundamental para a sua sobre-
nunca pode passar de um certo tamanho. vivência. O flamingo rosa se alimenta de cabeça para
Portanto o volume dos primeiros organismos é limita- baixo, adaptando-se à procura de alimento no lodo em
do, já que a partir de um certo tamanho tem de aconte- que vive; os cactos suportam o meio desértico seco gra-
cer divisão celular. Robertson propõe que, por evolução ças às adaptações nele existentes; os beija-flores, com
biológica, alguns organismos devem ter adquirido a ca- seus longos bicos, estão adaptados à coleta do néctar
pacidade genética de dobrar sua membrana para fora contido nas flores tubulosas que visitam. Esses e numero-
(evaginação). Dessa forma, sem mudanças apreciáveis sos outros exemplos são reveladores da perfeita sintonia
de volume, aumentaria a superfície em contado como que existe entre os seres e os seus ambientes de vida.
meio. Perceba que na proposta de Robertson fica implí-
cita a ideia de que todos os orgânulos celulares mem- 1. Fixismo
branosos tiveram a mesma origem; membranas nuclea- Antigamente, a ideia de que as espécies seriam fixas
res, do retículo, do Golgi e plasmática nada mais seriam e imutáveis foi defendida pelos filósofos gregos chama-
do que dobramentos de uma primitiva membrana. dos de fixistas. Estes propunham que as espécies vivas
Na célula atual, de fato, verificam-se dois fatos que já existiam desde a origem do planeta e a extinção de
apoiam fortemente as ideias de Robertson: muitas delas deveu-se a eventos especiais como, por
Há comunicação entre todas as membranas celula- exemplo, catástrofes, que teriam exterminado grupos
res, que se apresentam formando um sistema membra- inteiros de seres vivos. O filósofo grego Aristóteles, gran-
noso único. de estudioso da natureza, não admitia a ocorrência de
Todas as membranas celulares têm a mesma com- transformação das espécies, pois acreditava que os
posição e são lipoproteicas. organismos eram distribuídos segundo uma escala de
Assim teriam aparecido, muito provavelmente, as pri- complexidade, em que cada ser vivo tinha seu lugar
meiras células eucarióticas, que, em alguns casos, leva- definido.
ram vantagem quando competiam com os procarion-
tes. Apesar disso, os procariontes continuaram existindo:
são, como sabemos, as inúmeras espécies de bactérias
e as cianofíceas atuais.
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2.2 Adaptação: a espécie em mudança


Dentre os exemplos que ilustram a adaptação das
espécies às mudanças do meio, destacam-se por seu
caráter clássico:

A resistência de bactérias aos antibióticos


O problema da resistência bacteriana a antibióticos
caracteriza um caso de adaptação de um grupo de
organismos frente a mudanças ambientais. À medida
que antibióticos são inadequadamente utilizados no
combate a infecções causadas por bactérias, o que na
realidade se está fazendo é uma seleção de indivíduos
resistentes a determinado antibiótico. Sendo favoreci-
dos, os indivíduos resistentes, pouco abundantes de iní-
cio, proliferam, aumentando novamente a população
de micro-organismos.

A coloração protetora das mariposas


Em meados do século passado, a população de cer-
Visão aristotélica de que as espécies eram fixas e to tipo de mariposa nos arredores de Londres era consti-
imutáveis tuída predominantemente por indivíduos de asas claras,
embora entre elas se encontrassem algumas de asas
2. Evolucionismo escuras. A explicação para esse fato fica lógica se lem-
A partir do século XIX, uma série de pensadores pas- brarmos que nessa época os troncos das árvores eram
sou a admitir a ideia da substituição gradual de espé- recobertos por certo tipo de vegetais, os líquenes, que
cies por outras através de adaptações a ambientes em conferiam-lhes uma cor acinzentada. Na medida em
contínuo processo de mudança. Essa corrente de pen- que a industrialização provocou aumento de resíduos
samento, transformista, explicava a adaptação como poluentes gasosos, os troncos das árvores passaram a
um processo dinâmico, ao contrário do que propunham ficar escurecidos, como consequência da morte dos lí-
os fixistas. Para o transformismo, a adaptação das espé- quenes e do excesso de fuligem. Nessa região, passou
192 cies é alcançada a medida que muda o meio. Nessa a haver predominância de mariposas de asas escuras,
concepção, os serres mais adaptados ao ambiente em o que denota outro caso de adaptação de um grupo
mudança sobrevivem, já os menos adaptados são elimi- de indivíduos frente a uma mudança ambiental. Pro-
nados. Essa ideia deu origem ao evolucionismo. cure entender a semelhança existente entre esses dois
exemplos de adaptação e o exemplo da resistência de
insetos a inseticidas.

2.1 Evolução biológica 3. As evidências da evolução


Trata-se da adaptação das espécies a meios Durante a fase polêmica da discussão evolucionista,
continuamente em mudança. Entretanto, essa mudança muitos argumentos foram utilizados. Uma das evidências
das espécies nem sempre implica aperfeiçoamento ou mais importantes da ocorrência de Evolução biológica é
melhora, podendo acarretar, em alguns casos a uma dada pelos fósseis, que podem ser conceituados como
simplificação. É o caso das tênias, vermes achatados “restos ou vestígios de seres vivos de épocas remotas”.
parasitas: embora nelas não exista tubo digestivo, Por meio deles, verifica-se que havia organismos com-
estão perfeitamente adaptadas ao parasitismo no tubo pletamente diferentes dos atuais, argumento poderoso
digestivo do homem e de muitos outros vertebrados. para os defensores do transformismo. Outras evidências
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evolutivas podem ser citadas: a semelhança embrioló- neana da Londres, na Inglaterra. Foram lidos manuscri-
gica e anatômica existente entre os componentes de tos de Darwin e a carta de Wallace, sem a presença
alguns grupos animais, notadamente os vertebrados; a dos autores.
existência de estruturas vestigiais, como, por exemplo, No ano seguinte, Darwin publicou seu livro A Origem
o apêndice vermiforme humano, desprovido de função das Espécies, que gerou burburinho e lhe rendeu muito
quando comparado aos apêndices funcionais de ou- mais fama do que Wallace jamais teve. Os dois, no en-
tros vertebrados. tanto, tornaram-se amigos por toda a vida – unidos pela
A evidência molecular, nos mostra a semelhança na teoria que formularam ao mesmo tempo e que até hoje
estrutura molecular de diversos organismos sendo que, esclarece a sociedade sobre o surgimento dos seres vi-
quanto maior as semelhanças entre as sequências das vos no planeta.
bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos ou quanto
maior a semelhança entre as proteínas destas espécies, 4.1.2 A teoria de Darwin
A partir da ideia de adaptação de populações a seus
maior o parentesco e, portanto, a proximidade evoluti-
ambientes, fica fácil entender as propostas de Charles
va entre as espécies.
Darwin (1809-1882), inglês, autor da teoria da Seleção
Natural. Imaginando-se dois ratos, um cinzento e outro
4. Lamarck x Darwin
albino, é provável que em muitos tipos de ambientes o
A partir do século XIX, surgiram algumas tentativas cinzento leve vantagem sobre o albino. Se isto realmen-
de explicação para a Evolução biológica. Jean Baptiste te acontecer, é sinal de que o ambiente em questão fa-
Lamarck, francês, e Charles Darwin, inglês, foram os que vorece a sobrevivência de indivíduos cinzentos ao per-
mais coerentemente elaboraram teorias sobre o me- mitir que, por exemplo, eles fiquem camuflados entre as
canismo evolutivo. Foi Darwin, no entanto, o autor do folhagens de uma mata. Os albinos, sendo mais visíveis,
monumental trabalho científico que revolucionou a Bio- são mais atacados por predadores. Com o tempo, a po-
logia e que até hoje persiste como a Teoria da Seleção pulação de ratos cinzentos, menos visada pelos atacan-
Natural das espécies. tes, começa a aumentar, o que denota seu sucesso. É
como se o ambiente tivesse escolhido, dentre os ratos,
4.1 A história do Darwinismo aqueles que dispunham de mais recursos para enfren-
Em meados de 1930, Charles Darwin visitou diferentes tar os problemas oferecidos pelo meio. A esse processo
locais da América do Sul (inclusive o Brasil) e da Aus- de escolha, Darwin chamou Seleção Natural. Note que
trália, além de vários arquipélagos tropicais abordo do a escolha pressupõe a existência de uma variabilidade
navio inglês H. S. S. Beagle. Durante essa viagem, Darwin entre organismos da mesma espécie. Darwin reconhe-
percebeu que na Argentina havia fósseis de espécies cia a existência dessa variabilidade. Sabia também que 193
gigantes que eram semelhantes às espécies existentes na natureza, a quantidade de indivíduos de certa espé-
naquele período e que também notava algumas dife- cie que nascem é maior que aquela que o ambiente
renças destacadas de acordo com a região em que pode suportar. Além disso, era conhecido o fato de que
eram encontrados, originando a dúvida entre as seme- o número de indivíduos da população fica sempre em
lhanças das espécies antigas fossilizadas e de espécies torno de uma certa quantidade ótima, estável, devido,
atuais. principalmente, a altas taxas de mortalidade.
No Equador, mais precisamente no arquipélago de É óbvio que a mortalidade seria maior entre indiví-
duos menos adaptados a seu meio, pelo processo de
Galápagos, havia inúmeras espécies de uma mesma
escolha ou “seleção natural”. Perceba, então, que a
ave localizadas em diferentes regiões, o que levou Dar-
ideia de Darwin parte do princípio importante de que
win a pensar que tais diferenças partiram de um mes-
existe variabilidade entre os indivíduos de uma mesma
mo ancestral que após migrar para diferentes regiões
espécie e que essa variabilidade pode permitir que indi-
com diferenciações climáticas e ecológicas precisou se víduos se adaptem ao ambiente.
adaptar a estas, originando novas espécies. Assim, para Darwin, a adaptação é resultado de um
Após recolher muitas informações e materiais no de- processo de escolha dos que já possuem a adaptação.
correr de sua viagem, Darwin começou a organizar suas Essa escolha, efetuada pelo meio, é a Seleção Natural
hipóteses sobre a origem das espécies. Assim, escreveu e pressupõe a existência prévia de uma diversidade es-
alguns ensaios iniciais, mas manteve as questões mais pecífica. Então, muda o meio. Havendo o que escolher
revolucionárias em segredo e só as comentou com al- (variabilidade), a seleção natural entra em ação e pro-
guns amigos. Até que, em 1858, recebeu uma carta que move a adaptação da espécie ao meio. Quem não se
o fez mudar de ideia. adapta, desaparece.
O remetente da carta era Wallace, que também É claro que, em ambientes diferentes, variações dis-
usou as observações de viagem para formular sua teo- tintas serão valorizadas. Isso explica por que duas popu-
ria da evolução por meio da seleção natural. Quando lações da mesma espécie podem se adaptar de ma-
leu a correspondência, Darwin tomou um susto: as ideias neiras bastante diversificadas em ambientes diferentes.
eram praticamente iguais às dele!
Diante disso, Darwin contou o acontecido a amigos 4.1.3 A teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo
cientistas, que sugeriram organizar uma sessão na qual O trabalho de Darwin despertou muita atenção mas
os dois naturalistas pudessem apresentar sua teoria. Ela também suscitou críticas. A principal era relativa à ori-
aconteceu no dia 1 de julho de 1858, na Sociedade Li- gem da variabilidade existente entre os organismos de
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uma espécie. Darwin não teve recursos para entender por que os seres vivos apresentam diferenças individuais.
Não chegou sequer a ter conhecimento dos trabalhos que um monge chamado Mendel realizava, cruzando plan-
tas de ervilha. O problema só foi resolvido a partir do início do século XX, com o advento da ideia de gene. E só
então ficou fácil entender que mutações e recombinação gênica são as duas importantes fontes de variabilidade
entre as espécies. Assim, o darwinismo foi complementado, surgindo o que os evolucionistas modernos conhecem
como Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução e que se apoia nas ideias básicas de Darwin.
Fica fácil entender, agora, o mecanismo da resistência bacteriana aos antibióticos usados para o seu combate.
Partindo do princípio da existência prévia de variabilidade, uma população bacteriana deve ser formada por dois
tipos de indivíduos: os sensíveis e os resistentes. O uso inadequado de um antibiótico deve eliminar as bactérias sen-
síveis, favorecendo as resistentes, que são selecionadas. As bactérias resistentes proliferam e promovem a adapta-
ção da espécie ao ambiente modificado. Qualquer outro problema de adaptação das espécies a ambientes em
modificação pode ser explicado utilizando-se o raciocínio neodarwinista.

4.2 A ideia de Lamarck


Um dos primeiros adeptos do transformismo foi o biólogo francês Lamarck, que, como você verá, elaborou uma
teoria da Evolução, embora totalmente desprovida de fundamento científico.
No mesmo ano em que nascia Darwin, Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) propunha uma ideia elaborada e ló-
gica. Segundo ele, uma grande mudança no ambiente provocaria numa espécie a necessidade de se modificar,
o que a levaria a mudanças de hábitos.
Se o vento e as águas podem esculpir uma rocha, modificando consideravelmente sua forma, será que os seres
vivos não poderiam ser também moldados pelo ambiente? Teria o ambiente o poder de provocar modificações
adaptativas nos seres vivos?
Lamarck acreditava que sim. Considerava, por exemplo, que mudanças das circunstâncias do ambiente de um
animal provocariam modificações suas necessidades, fazendo que ele passasse a adotar novos hábitos de vida
para satisfazê-las. Com isso o animal passaria a utilizar mais frequentemente certas partes do corpo, que cresce-
riam e se desenvolveriam, enquanto outras partes não seriam solicitadas, ficando mais reduzidas, até se atrofiarem.
Assim, o ambiente seria o responsável direto pelas modificações nos seres vivos, que transmitiriam essas mudanças
aos seus descendentes, produzindo um aperfeiçoamento da espécie ao longo das gerações.
Com base nessa premissa, postulou duas leis. A primeira, chamada Lei do Uso e Desuso, afirmava que, se para
viver em determinado ambiente fosse necessário certo órgão, os seres vivos dessa espécie tenderiam a valorizá-lo
194 cada vez mais, utilizando-o com maior frequência, o que o levaria a hipertrofiar. Ao contrário, o não uso de deter-
minado órgão levaria à sua atrofia e desaparecimento completo ao longo de algum tempo.
A segunda lei, Lamarck chamou de Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos. Através dela postulou que qual-
quer aquisição benéfica durante a vida dos seres vivos seria transmitida aos descendentes, que passariam a tê-la,
transmitindo-a, por sua vez, às gerações seguintes, até que ocorresse sua estabilização.
A partir dessas suas leis, Lamarck formulou sua teoria da evolução, apoiado apenas em alguns exemplos que
observara na natureza. Por exemplo, as membranas existentes entre os dedos dos pés das aves nadadoras, ele as
explicava como decorrentes da necessidade que elas tinham de nadar. Cornos e chifres teriam surgindo como
consequência das cabeçadas que os animais davam em suas brigas. A forma do corpo de uma planta de deserto
seria explicada pela necessidade de economizar água.

4.2.1 Por que não podemos aceitar as teses de Lamarck?


Na verdade não podemos simplesmente achar erradas as ideias de Lamarck sem dizer exatamente o porquê
do erro. É preciso saber criticá-las com argumentos que evidenciam o erro nelas contido. Assim, pode-se dizer que
a lei do uso e desuso só será válida se a alteração que ela propõe estiver relacionada a alterações em órgãos de
natureza muscular e, ainda, alterações que não envolvam mudanças no material genético do indivíduo. A cauda
de um macaco sul-americano não cresceu porque o animal manifestou o desejo de se prender os galhos de uma
árvore. Tal mudança deveria envolver antes uma alteração nos genes encarregados da confecção da cauda.
Com relação à lei da transmissão das características adquiridas, é preciso deixar bem claro que eventos que
ocorrem durante a vida de um organismo, alterando alguma sua característica, não podem ser transmissíveis à
geração seguinte. O que uma geração transmite a outra são genes. E os genes transmissíveis já existem em um
indivíduo desde o momento em que ele foi um zigoto. E, fatos que ocorram durante sua vida não influenciarão
exatamente aqueles genes que ele deseja que sejam alterados.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

4.3 Lamarck e Darwin frente a frente: o tamanho do pescoço das girafas:

5. Especiação
Especiação é o nome dado ao processo de surgimento de novas espécies a partir de uma espécie ancestral.
De modo geral, para que isso ocorra é imprescindível que grupos da espécie original se separem e deixem de se
cruzar. Essa separação constitui o isolamento geográfico e pode ocorrer por migração de grupos de organismos
para locais diferentes e distantes, ou pelo surgimento súbito de barreiras naturais intransponíveis, como rios, vales, 195
montanhas, etc., que impeçam o encontro dos componentes da espécie original. O isolamento geográfico, então,
é a separação física de organismos da mesma espécie por barreiras geográficas intransponíveis e que impedem o
seu encontro e cruzamento.
A mudança de ambiente favorece a ação da seleção natural, o que pode levar a uma mudança inicial de
composição dos grupos. A ocorrência de mutações casuais do material genético ao longo do tempo leva a um
aumento da variabilidade e permite a continuidade da atuação da seleção natural. Se após certo tempo de
isolamento geográfico os descendentes dos grupos originais voltarem a se encontrar, pode não haver mais a possi-
bilidade de reprodução entre eles. Nesse caso, eles constituem novas espécies. Isso pode ser evidenciado através
da observação de diferenças no comportamento reprodutor, da incompatibilidade na estrutura e tamanho dos
órgãos reprodutores, da inexistência de descendentes ou, ainda, da esterilidade dos descendentes, no caso de
eles existirem. Acontecendo alguma dessas possibilidades, as novas espécies assim formadas estarão em isolamen-
to reprodutivo, confirmando, desse modo, o sucesso do processo de especiação.
Podemos dividir a especiação em três tipos, que serão explicados a seguir:
1) Especiação alopátrica;
2) Especiação simpátrica;
3) Especiação parapátrica.

5.1. Especiação alopátrica


A especiação alopátrica ocorre quando duas espécies são separadas por um isolamento geográfico. O iso-
lamento pode ocorrer devido à grande distância ou uma barreira física, como um deserto, rio ou montanha. A
especiação bem-sucedida é vista na figura abaixo. Os tentilhões observados por Darwin é um exemplo dessa es-
peciação na qual ele observou que, nas ilhas Galápagos, eles se diferenciavam pelo tipo de bico. Além disso, seria
uma forma de adaptação à dieta alimentar de cada uma das 14 espécies.

5.2. Especiação simpátrica


A especiação simpátrica diferencia-se da alopátrica pela ausência da separação geográfica. Nessa especia-
ção, duas populações de uma mesma espécie vivem na mesma área, mas não há cruzamento entre as mesmas,
resultando em diferenças que levarão à especiação, ou seja, a uma nova espécie. Isso pode ocorrer pelo fato
dos indivíduos explorarem outros nichos, como insetos herbívoros que experimentam uma nova planta hospedeira.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

5.3. Especiação parapátrica


A especiação parapátrica ocorre em duas populações da mesma espécie que também não possuem nenhu-
ma barreira física, mas sim uma barreira ao fluxo gênico (migração de genes) entre as espécies. É uma população
contínua, mas que não se cruza aleatoriamente, caso tenha o intercruzamento, o resultado são descendentes híbri-
dos. Um exemplo dessa especiação é o caso das gramíneas Anthoxanthum, que se diferenciou por certas espécies
estarem fixadas em um substrato contaminado com metais pesados.
Dessa forma, houve a seleção natural para esses indivíduos, que foram se adaptando para genótipos tolerantes
a esses metais pesados. Ao longo prazo, essas espécies foram adquirindo características diferentes, como a mudan-
ça de floração impossibilitando o cruzamento, acabando com o fluxo gênico entre esses grupos.

6. Irradiação adaptativa
Há muitos indícios de que a evolução dos grandes grupos de seres vivos foi possível a partir de um grupo ances-
tral cujos componentes, através do processo de especiação, possibilitaram o surgimento de espécies relacionadas.
Assim, a partir de uma espécie inicial, pequenos grupos iniciaram a conquista de novos ambientes, sofrendo uma
adaptação que lhes possibilitou a sobrevivência nesses meios. Desse modo teriam surgido novas espécies que em
muitas características apresentavam semelhanças com espécies relacionadas e com a ancestral. Esse fenômeno
evolutivo é conhecido como Irradiação Adaptativa, e um dos melhores exemplos corresponde aos pássaros fringilí-
deos de Galápagos estudados por Darwin. Originários do continente sul-americano, irradiaram-se para diversas ilhas
do arquipélago, cada grupo adaptando-se às condições peculiares de cada ilha e, consequentemente, originan-
do as diferentes espécies hoje lá existentes.
Para que a irradiação possa ocorrer, é necessário em primeiro lugar que os organismos já possuam em seu equi-
pamento genético as condições necessárias para a ocupação do novo meio. Este, por sua vez, constitui-se num
segundo fator importante, já que a seleção natural adaptará a composição do grupo ao meio de vida.

7. Convergência adaptativa
Processo que é resultante da adaptação de grupos de organismos de espécies diferentes a um mesmo hábitat.
Por estarem adaptados ao mesmo hábitat, possuem semelhanças em relação à organização de corpo sem ne-
cessariamente possuírem grau de parentesco.
Estes organismos, por viverem num mesmo tipo de ambiente e estarem adaptados ao mesmo, possuem estru-
turas que apresentam a mesma função que são chamadas órgãos análogos, como, por exemplo as asas de um
196 morcego e as patas de um leão.

São semelhantes pela função e não por terem uma mesma origem embrionária ou pelos organismos possuírem
ancestral comum.

8. Homologia e analogia
Agora que sabemos o que é irradiação adaptativa e convergência adaptativa, fica fácil entender o significado
dos termos homologia e analogia. Ambos utilizados para comparar órgãos ou estruturas existentes nos seres vivos.
Por homologia entende-se semelhança entre estruturas de diferentes organismos, unicamente a uma mesma ori-
gem embriológica. As estruturas homólogas podem exercer ou não a mesma função.
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O braço do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e a nadadeira da baleia são estruturas homólogas
entre si, pois todas têm a mesma origem embriológica. Nesses casos, não há similaridade funcional.
Ao analisar, entretanto, a asa do morcego e a asa da ave, verifica-se que ambas têm a mesma origem embrio-
lógica e estão ainda associadas a mesma função.
A analogia refere-se à semelhança morfológica entre estruturas, em função de adaptação à execução da
mesma função.
As asas dos insetos e das aves são estruturas diferentes quanto à origem embriológica, mas ambas estão adap-
tadas à execução de uma mesma função: o voo. São, portanto, estruturas análogas.

197

9. Evolução humana
De acordo com diversas pesquisas cientificas, o aparecimento dos primeiros ancestrais do homem surgiu a cer-
ca de 3,5 – 4 milhões de anos atrás. Os primeiros hominídeos pertenciam ao gênero Australopithecus e se diferen-
ciavam dos demais primatas por conta de sua postura ereta, locomoção bípede e uma arcada mais próxima da
atual espécie humana. Apesar de ser considerado o primeiro ancestral humano, não existe um estudo conclusivo
sobre a escala evolutiva.
Segundo alguns estudos, os sucessores do Australopithecus foram os Homo habilis (2,4 milhões de anos) e o
Homo erectus, o qual haveria surgido há aproximadamente 1,8 milhões de anos atrás. O seu maxilar apresentaria
uma consistência maior e seus dentes seriam mais largos. Além disso, tinha uma caixa craniana de maior porte e
uma postura mais ereta. Segundo consta, este teria habitado regiões diversas da África e da Ásia como o Java,
China, Etiópia e Tanzânia.
A partir do processo evolutivo sofrido por esse último espécime, haveria surgido o chamado Homo sapiens, uma
espécie da qual descenderia o Homo neanderthalensis. Este integrante do processo evolutivo humano teria vivido
entre 230 e 30 mil anos atrás. De acordo com os estudos a seu respeito, o neanderthalensis produzia armas e uten-
sílios com maior sofisticação e realizavam rituais funerários simples. Durante algum tempo, teria vivido juntamente
como o Homo sapiens moderno.
Este último corresponde a nossa espécie e teria surgido no planeta há cerca de 150 mil anos atrás. De acordo
com os estudos sobre esse último estágio da escala evolutiva, o Homo sapiens moderno teve a incrível capacidade
de se espalhar em outras regiões do mundo em um relativo curto espaço de tempo. Aproveitando das conquistas
consolidadas por seus ancestrais, teve a capacidade de desenvolver a linguagem, dominar o fogo e construir ins-
trumentos diversos.
Com a interrupção desse processo, dava-se início a outros processos que empreenderiam a formação de ma-
nifestações e organizações sociais mais completas. Depois disso, ocorreriam as transformações que encerrariam o
extenso Período Paleolítico, que termina em 8000 a.C. Logo em seguida, ocorreria o desenvolvimento do Período
Neolítico (8000 a.C. – 5000 a.C.) e a Idade dos Metais, que vai de 5000 a.C. até o surgimento da escrita, que encerra
a Pré-história.
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198

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM 2010) Alguns anfíbios e répteis são adaptados à vida subterrânea. Nessa situação, apresentam algumas
características corporais como, por exemplo, ausência de patas, corpo anelado que facilita o deslocamento no
subsolo e, em alguns casos, ausência de olhos.
Suponha que um biólogo tentasse explicar a origem das adaptações mencionadas no texto utilizando conceitos
da teoria evolutiva de Lamarck. Ao adotar esse ponto de vista, ele diria que

a) características citadas no texto foram originadas pela seleção natural.


b) a ausência de olhos teria sido causada pela falta de uso dos mesmos, segundo a lei do uso e desuso.
c) o corpo anelado é uma característica fortemente adaptativa, mas transmitida apenas à primeira geração de
descendentes.
d) as patas teriam sido perdidas pela falta de uso e, em seguida, essa característica foi incorporada ao patrimônio
genético e então transmitidas aos descendentes.
e) as características citadas no texto foram adquiridas por meio de mutações e depois, ao longo do tempo, foram
selecionadas por serem mais adaptadas ao ambiente em que os organismos se encontram.

Resposta: Letra B. Segundo a Lei do Uso e Desuso, a falta de uso dos olhos na vida subterrânea (tendo em vista
que a falta de luz os tornaria inúteis) é decorrente de uma adaptação a esse meio, considerando que eles foram
atrofiados por não serem utilizados.
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-Tipos de digestão:
FISIOLOGIA ANIMAL Digestão Intracelular
Há organismos heterotróficos mais simples, em cuja
organização não existe tubo digestivo. Nesse caso, as
Todos os seres vivos, sejam eles animais ou vegetais, partículas de alimento que não entram em suas células
unicelulares ou pluricelulares, têm, para a manutenção por difusão através da membrana, devem ser engloba-
da vida, necessidades semelhantes, relacionadas a: das ativamente por fagocitose ou pinocitose e, então,
- Alimentação: há dois tipos fundamentais de alimen- digeridas por enzimas em vacúolos digestivos, dentro
tos que os organismos precisam obter ou produzir das células. Este processo é chama­do digestão intrace-
– os energéticos, que como o próprio nome diz lular.
fornecem energia para as reações químicas vitais,
e os estruturais, que garantem o crescimento e re- Digestão Extracelular
paros do organismo. Quando o organismo apresenta em sua organização
- Oxigênio: os organismos aeróbios usam-no para a um tubo digestivo, e o alimento é digerido antes de ser
oxidação ou queima dos alimentos energéticos, absorvido pelas células, a digestão é chamada extrace-
liberando energia. lular, pois se completa fora das células. Os primeiros ani-
- Transporte: alimentos, O2 e hormônios devem ser mais na escala evolutiva zoológica a apresentarem ca-
conduzidos por todo o organismo para os locais vidade digestiva são os celenterarados (do grego koilos
em que são necessários. = oco + enteron = intestino). Entretanto, essa cavidade
- Excreção: resíduos metabólicos, CO2 e toxinas de-
tem só uma abertura — a boca — por onde são tam-
vem ser eliminados do organismo.
bém eliminados os resíduos da digestão. São exemplos
- Coordenação: as diversas funções desempenha-
de celenterados: as hidras da água doce e as medu-
das pelos seres vivos atuam em conjunto e devem
sas e corais marinhos. Eles não fazem apenas digestão
ser ordenadas como um todo.
extracelular; depois que o alimento é desdobrado em
- Reprodução: é a única função não vital para o or-
ganismo, mas fundamental para a sobrevivência partículas menores, estas são englobadas por células
da espécie. que revestem a cavidade digestiva, onde a digestão
Nos organismos unicelulares a realização das fun- termina.
ções que satisfazem a essas necessidades são re- Embora de organização pouco mais complexa que
alizadas em uma única célula que os constitui. Já os celenterados, os platelmintos (vermes achatados),
os pluricelulares apresentam células especializa- como a planária, também têm o tubo digestivo incom- 199
das para a realização de cada função. A grande pleto, isto é, sem ânus.
vantagem da divisão do trabalho é que ela contri- Platelmintos parasitas, como as tênias, não apresen-
bui para maior eficiência do organismo como um tam aparelho digestivo. Vivem no intestino do hospedei-
todo. Mas também há algumas desvantagens – à ro, absorvendo, através da superfície do corpo, alimen-
medida que o organismo pluricelular cresce, suas tos já digeridos.
células internas ficam cada vez mais distantes do O ânus só aparece a partir dos vermes cilíndricos ou
meio de onde são retiradas as substâncias essen- nematelmintos, como a lombriga, que também é pa-
ciais e para o qual são eliminadas outras tantas. rasita e tem um tubo digestivo extremamente simples,
Através da evolução, apareceram sistemas com- suficiente apenas para absorver alimentos já digeridos
plexos com canais e órgãos que serviram para pelo hospedeiro.
diminuir essas distâncias, permitindo desse movo, A complexidade do tubo digestivo de outros organis-
trocas mais rápidas. mos permitiu que eles se adaptassem a diferentes mo-
Diante disso, surgiram os sistemas: cardiovascular, dos de alimentação.
respiratório, digestório, nervoso, sensorial, endócrino, Certos animais iniciam a digestão fora de seu corpo.
excretor, urinário, reprodutor, esquelético, muscular, As aranhas, por exemplo, liquefazem as partes moles de
imunológico, linfático, tegumentar, os quais veremos de- suas vítimas, por ação de um veneno composto de flui-
talhadamente a partir de agora.
dos digestivos. O líquido é sugado, e a digestão se com-
pleta no tubo digestivo.
1. Digestão
Assim como nem todos os vertebrados possuem
A digestão é o conjunto das transformações quími-
glândulas salivares, outros órgãos também podem fal-
cas e físicas que os alimentos orgânicos sofrem ao longo
tar, como os dentes nos anfíbios, quelônios, aves e ta-
de um sistema digestivo, para se converterem em com-
postos menores hidrossolúveis e absorvíveis. Ela tem a manduás. Nos peixes, encontramos adaptações do in-
função de manter o suprimento de água, eletrólitos e testino para aumentar a superfície de absorção. Essas
nutrientes do organismo, num fluxo contínuo. adaptações podem ser de dois tipos: cecos (expansões
em forma de luva encontrados no intestino de peixes
ósseos) e o tiflosole ou válvula espiral (pregas que retar-
dam a passagem do alimento, encontradas no intestino
delgado dos peixes cartilaginosos).
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As aves apresentam algumas peculiaridades relacio- Existe uma diferença com relação a disponibilidade
nadas ao tubo digestivo: papo (dilatação do esôfago de gases para os seres vivos, quando comparamos o
para amolecimento do alimento), estômago subdividi- ambiente terrestre com o aquático. A atmosfera seca
do em duas partes (pró-ventrículo, ou estômago quími- contém, aproximadamente, 21% de O2, 79% de N2 e
co, que secreta o suco gástrico e a moela, ou estôma- 0,03% de CO2. O O2 é um gás muito pouco solúvel em
go mecânico, que tritura alimentos); o intestino termina água: apenas 1% à temperatura de 0°C, o que o carac-
numa cloaca (presente também nos peixes cartilagino- teriza como o principal fator limitante da respiração em
sos, anfíbios e répteis), ligada à uretra, sendo um canal meio aquático.
em comum com o sistema excretor. Os animais sofreram mudanças adaptativas para a
conquista do meio ambiente. Ao entrar em contato di-
reto como o ar atmosférico, puderam dispor de concen-
tração mais alta e constante de oxigênio, num ambien-
te em que sua difusão é mais rápida do que na água.

Órgãos respiratórios
Muitos organismos não têm órgãos especializados
para realizar as trocas gasosas. Diante disso as trocas
são realizadas por difusão, através da superfície do cor-
po. É o caso de pequenos seres que vivem na água ou
em ambientes úmidos, como os protozoários, as espon-
jas (ou poríferos), os celenterados (ou cnidários) e os ver-
mes (planaria, lombriga e minhoca).
Para os animais de maior tamanho, ou mais ativos, a
difusão não é suficiente para fornecer a quantidade de
oxigênio necessária para manutenção de suas ativida-
des. Nesse caso, os organismos utilizam órgãos respira-
tórios que resultam geralmente de dobramentos em in-
vaginações ou expansões externas do revestimento do
Nos mamíferos, surgem adaptações para a digestão corpo, aumentando deste modo a superfície disponível
de substâncias especiais como a celulose. Os ruminan- para as trocas gasosas.
200 tes possuem em seu estômago bactérias capazes de Existem três tipos de órgãos respiratórios especializa-
produzir a enzima celulase. O estômago dos ruminantes dos: as brânquias, as traqueias e os pulmões. A pele per-
é composto de pança ou rúmem, barrete ou retículo, meável de certos animais pluricelulares também pode
folhoso ou ômaso e coagulador ou abomaso (estôma- ser considerada um quarto órgão respiratório (respira-
go químico). Nesses animais, o alimento é deglutido sem ção cutânea).
mastigação, indo para o rumem, onde sofre a ação das
bactérias. O barrete separa pequenas porções do ali-
mento, que voltam para a boca, onde ocorre a mas-
tigação prolongada (ruminação), com separação das
fibras celulósicas e maior contato com as bactérias. Es-
ses bocados são, então, reingeridos, passando para o
folhoso, onde o excesso de água é reabsorvido. No coa-
gulador, entram em contato com enzimas digestivas e,
finalmente, passam para o intestino delgado.
Nos invertebrados, como os cupins, a digestão de
celulose é feita por protozoários que vivem no intestino.

2. Respiração Respiração tegumentar (cutânea)


Todos os organismos precisam de energia para viver. Também chamada de respiração cutânea, é aque-
O fato de ser obtida, em geral, pela energia de oxida-
la que ocorre através da pele do animal. Logo, neste
ção de moléculas orgânicas, torna o oxigênio tão im-
tipo, as trocas gasosas acontecem na superfície do cor-
portante quanto os alimentos para a manutenção da
po. Como a presença de oxigênio é maior no meio ex-
vida da maioria das espécies.
terno do que no interior do corpo do animal, este gás
Os protozoários, os vermes intestinais e certos fungos
e bactérias, podem viver em condições anaeróbicas, entra no corpo através da pele. Quando a concentra-
pois obtêm energia através da fermentação. ção do gás carbônico é maior no interior do animal do
Em seres aeróbios muito pequenos, aquáticos ou de que no meio externo, então este gás sai através da pele.
ambiente úmido, o oxigênio pode ser obtido por difusão,
através da superfície do corpo em quantidades suficien-
tes; na maioria dos organismos, porém, são necessários
órgãos respiratórios especiais para as trocas gasosas.
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Respiração branquial
As brânquias são órgãos que apresentam pregas e possuem inúmeros filamentos permeáveis aos gases, que
adaptam os animais para as trocas gasosas em meio aquático. Em alguns casos, como nos tatuzinhos-de-jardim, as
brânquias são dotadas de adaptações que as permitem realizar respiração aérea.
As brânquias estão recobertas por um opérculo, como nos peixes ósseos, ou protegidas numa câmara bran-
quial, como nos caranguejos. Nos peixes ósseos, a agua entra pela boca, passa pelas brânquias e sai pelo orifício
opercular. A direção do fluxo é sempre a mesma: a água flui sobre os filamentos branquiais e o sangue flui em sen-
tido oposto, no interior dos filamentos, permitindo desse modo, melhor oxigenação (mecanismo contra-corrente).

Respiração traqueal
Alguns organismos evoluíram com o desenvolvimento de órgãos que os possibilitaram realizar a respiração aé-
rea. Diversos artrópodos terrestres, tais como insetos, quilópodos, diplópodos, alguns carrapatos e algumas aranhas,
respiram por meio de traqueias.
As traqueias dos insetos são finíssimos túbulos condutores. Originam-se de minúsculos orifícios, os espiráculos, lo-
calizados nas regiões laterais do tórax e abdômen e terminam nas células. As contrações da musculatura corporal
funcionam como fole, bombeando e expulsando ar dos túbulos. Dessa forma o ar entra com oxigênio e sai com
gás carbônico.
As traqueias estão diretamente em contato com os tecidos. Isso quer dizer que, nos insetos, o sistema respiratório 201
funciona independentemente do sistema circulatório.

Respiração pulmonar
As trocas gasosas mais eficientes se fazem por meio dos pulmões. Não é de se surpreender, portanto, que os
animais de sangue quente (aves e mamíferos), cujas taxas metabólicas e demandas de oxigênio são muito altas,
tenham desenvolvido os tipos de pulmão mais eficientes.
Respiram por pulmões os anfíbios adultos, os répteis, as aves e os mamíferos. Os anfíbios apresentam o tipo mais
primitivo de pulmão. Já os répteis têm, em relação aos anfíbios, superfície pulmonar aumentada e melhor vascu-
larizada.

Adaptações respiratórias
Em uma grande quantidade de peixes ósseos, existe um órgãos especial chamado vesícula gasosa ou bexiga
natatória que auxilia a flutuação. Nos chamados peixes pulmonados, como a piramboia da Bacia Amazônica,
essa bexiga é ricamente vascularizada, ligada a faringe, e funciona como um pulmão, retirando ar da atmosfera
e auxiliando ou substituindo as brânquias nas trocas de gases, quando há escassez de oxigênio no meio aquático.
Os anfíbios utilizam mais de um sistema respiratório. Quando em fase larval (girino), ainda vive dentro d`agua,
respirando por meio de brânquias. Passando por uma metamorfose, as brânquias desaparecem, e se formam os
pulmões na fase adulta. Entretanto, uma eficiente troca gasosa também se faz através da pele, que e mantida
sempre úmida para facilitar a difusão dos gases.
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Entre os moluscos, há uma classe com representan- O coração é um órgãos musculoso que recebe san-
tes adaptados ao meio terrestre: são os gastrópodes gue das veias e o impulsiona através das artérias.
(lesmas e caracóis). Um dos motivos que permitiu essa O coração mais simples é o dos peixes, que apresen-
adaptação foi a transformação da cavidade de seu ta duas câmaras, um átrio e um ventrículo. O sangue
manto numa espécie de pulmão chamado de saco venoso (rico em CO2) entra no átrio, em seguida, segue
pulmonar. para o ventrículo, que o impulsiona em direção as brân-
Nos aracnídeos (aranhas e escorpiões) também en- quias, onde se transforma em sangue arterial (rico em
contramos tipos especiais de pulmões. O2). De lá, se distribui por todo o corpo, sem retornar ao
coração. Portanto, pelo coração só passa sangue ve-
3. Sistema Circulatório noso.
Tanto as células animais, quanto as vegetais, preci- A circulação é simples porque, o sangue passa ape-
sam receber e eliminar resíduos metabólicos Em organis- nas uma vez pelo coração para dar a volta completa
mos de grande porte, em que as células estão distantes no organismo.
das áreas de absorção de substâncias, desenvolveram-
Nos anfíbios e na maioria dos répteis, o coração
-se os sistemas de transporte que estabelecem comuni-
apresenta três cavidades: dois átrios e um ventrículo, no
cação entre todas as células do organismo.
qual o sangue arterial e venoso se misturam (circulação
Em organismos unicelulares, como os protozoários, o
incompleta).
material absorvido se difunde por toda a célula através
Nesses organismos a circulação é dupla, pois há uma
da corrente citoplasmática. Já em organismos pluricelu-
lares, de organização muito simples, não existe, ainda, pequena circulação (pulmonar) que percorre o cora-
um sistema de transporte especializado, e assim, a distri- ção e os pulmões, e uma grande circulação que faz o
buição é feita por difusão, como é o caso das esponjas. trajeto entre o coração e as demais partes do corpo.
Os celenterados (hidras) e os platelmintos (planá- O coração dos répteis possui três cavidades, sen-
ria) já apresentam uma cavidade digestiva ramificada, do dois átrios e um ventrículo parcialmente dividido. O
que, além da digestão, se encarrega da distribuição de sangue venoso vindo dos tecidos do corpo chega ao
nutrientes por todo o corpo. átrio direito do coração através da veia cava. O sangue
Nos organismos mais complexos, os nutrientes e as arterial vindo dos pulmões chega ao átrio esquerdo do
substâncias inúteis são transportados por meio de líqui- coração através de duas veias pulmonares, uma para
dos que circulam pelo organismo. Existe, então, um ver- cada pulmão. Dos átrios, o sangue venoso e arterial vão
dadeiro sistema circulatório, no qual o sangue se movi- para o ventrículo onde são parcialmente misturados. O
menta. sangue venoso é bombeado no ventrículo, indo para
202 Os animais apresentam dois tipos de sistemas cir- os pulmões para serem oxigenados, através da artéria
culatórios: abertos (lacunar) ou fechados. No primeiro pulmonar; o sangue arterial é bombeado para os teci-
caso, o líquido bombeado pelo coração periodicamen- dos do corpo, através de dois troncos aórticos, que de-
te abandona os vasos e cai em lacunas ou hemoce- pois se unem em uma artéria aorta. Os répteis crocodi-
las- hemocélios corporais. Nessas cavidades, as trocas lianos, ao contrário dos outros répteis, apresentam dois
de substâncias entre o líquido e as células são lentas. ventrículos, mesmo assim há mistura de sangue arterial e
Vagarosamente, o líquido retorna para o coração, que venoso no coração, só que em menor quantidade em
novamente o bombeia para os tecidos. Esse sistema é relação aos outros répteis.
encontrado entre os artrópodes e na maioria dos molus- Nas aves e mamíferos, o coração apresentam qua-
cos. A lentidão de transporte de materiais é fator limitan- tro cavidades: dois átrios e dois ventrículos (cujas pare-
te ao tamanho dos animais. Além disso, por se tratar de des não são igualmente musculadas), sem possibilidade
um sistema aberto, a pressão não é grande, suficiente
de mistura de sangue arterial e venoso.
apenas para o sangue alcançar pequenas distâncias.
Nos sistemas circulatórios fechados, apresentados
4. Sistema Excretor
por todos os anelídeos, alguns moluscos (cefalópodes)
A constante atividade das células (metabolismo)
e por todos os vertebrados, o sangue nunca abandona
os vasos, que se ramificam até atingir o diâmetro ca- gera um acúmulo de resíduos, que precisam ser elimina-
pilar. No lugar das lacunas corporais, existe uma gran- dos constantemente. Os principais são: CO2, compostos
de rede de vasos de paredes finas, os capilares, pelos nitrogenados derivados do metabolismo proteicos e ex-
quais ocorrem troca de substâncias entre o sangue e cesso de água. Portanto, as célula remove o material re-
os tecidos. Nesse tipo de sistemas, o líquido circulante sidual e tóxico para manter constante e o seu meio inter-
fica constantemente em movimento, a circulação é rá- no. Isto é conseguido através do processo de excreção.
pida. A pressão desenvolvida pela bomba cardíaca é A excreção pode ocorrer por simples difusão, através
elevada e o sangue pode alcançar grandes distâncias. das membranas das células para o meio, ou através de
O tamanho dos animais pode ser maior. estruturas ou sistemas especiais, como rins, por exemplo.
Os mecanismos de excreção, permitem, portanto,
Circulação nos vertebrados manter a constância do meio interno, por dois mecanis-
O sistema circulatório de qualquer vertebrado e for- mos principais: a eliminação de resíduos metabólicos e
mado por: coração, vasos sanguíneos (artérias, veias e a manutenção do equilíbrios hidrosalino do organismo
capilares) e, ainda, de vasos e gânglios linfáticos (osmorregulação).
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O termo excrementos não deve ser confundido com A excreção nos vertebrados
o termo excretas. O primeiro refere-se a restos de alimen- A excreção nos vertebrados se faz através de um
tares não digeridos, e corresponde às fezes. Excretas são sistema excretor formados por rins. Cada rim apresenta
produtos residuais, “lixo”, resultante do metabolismo ce- um ducto coletor, o ureter, a bexiga e a uretra.
lular. A urina, por exemplo, é um líquidos que contém 5. Sistema nervoso
muitos excretas como, por exemplo, a ureia.
Tipos de sistema nervosos nos invertebrados
Mecanismos excretores em unicelulares Com relação aos unicelulares não se pode falar pro-
Vacúolos contráteis priamente, em sistema nervoso. Alguns protozoários ci-
Ocorre em organismos unicelulares, como proto- liados, como o paramécios, por exemplo, apresentam
zoários de água doce, para eliminação do excesso de neurofibrilas, que coordenam os batimentos ciliares. Se
água que entra na célula. Nesses animais hipertônicos essas fibrilas forem seccionadas, o animal passa a se mo-
em relação ao meio externo, a água tende a entrar por ver de modo irregular
osmose, e diante disso e eliminada através dessas estru- Em relação aos pluricelulares, o grupo acreditado
turas que pulsam de forma rítmica. como o primeiro a possuir um sistema nervoso é o filo dos
Cnidários (corais, anêmonas, hidras e medusas). Os Po-
Mecanismos excretores em pluricelulares ríferos (esponjas) - mais primitivos - não possuem sistema
Difusão simples nervoso. Nos Cnidários, há uma rede desordenada de
Os organismos unicelulares mais simples podem ex- neurônios. E, se um pulso nervoso é desencadeado em
cretar água e substâncias residuais através de toda su- um deles, é transmitido a todas as células que com ele
perfície do corpo. As esponjas e os celenterados não se comunicam através de sinapses, e destas a outras,
apresentam órgãos especializados para a a excreção. resultando em respostas pouco elaboradas - como os
Diante disso, os resíduos como o dióxido de carbono e movimentos de “pulsação” em uma água viva quando
a amônia (resíduo nitrogenado) são eliminados por di- está nadando. Trata-se do mais primitivo tipo de sistema
fusão. O excesso de água e o material tóxico são elimi- nervoso, denominado Sistema Nervoso Difuso.
nados por transporte ativo, que requer gasto de grande É nos platelmintos (vermes achatados) que se pode
quantidade de energia. falar, pela primeira vez; em sistema nervoso central.
Os organismos pluricelulares mais complexos dispões Numa planária, por exemplo, é possível observar que
de uma série de mecanismos elaborados que atuam existe uma aglomeração de massas ganglionares (gân-
como verdadeiros órgãos excretores, sendo estes: glios cerebroides) na região da cabeça. De lá partem
Células-flama dois cordões nervosos ventrais, bilateralmente dispostos, 203
Nas planárias, vermes de água doce, a excreção se ligados por inúmeras conexões nervosas.
faz principalmente por difusão. Entretanto, elas apre- Nos anelídeos e artrópodes, o sistema nervoso é mais
sentam também células especializadas, células flamas, complexo, sendo constituídos por massas ganglionares
ligadas a uma série de tubos por meio de poros. Cada dorsais, de onde parte um anel nervoso que circunda o
célula flama apresentam flagelos cuja principal função tubo digestivo e se estende ao longo da região ventral
é remover o excesso de água. sob a forma de um cordão ganglionar.
Nefrídios
Na minhoca, a excreção é um pouco mais com- Sistema nervoso dos vertebrados
plexa. A água e os demais resíduos são eliminados por Nos vertebrados, o sistema nervoso está localizado
um sistema especial chamado de nefrídios. Os nefrídios na região dorsal e protegido pela caixa craniana e pela
consiste em um par de túbulos (metanefrídios) em cada coluna vertebral. Compreende: encéfalo, medula e
segmento do corpo. Na extremidade mais interna, cada nervos.
nefrídio se abre diretamente na cavidade do corpo por O encéfalo médio parece ser a parte menos impor-
meio de um funil ciliado, o nefróstoma. Na extremidade tante do encéfalo dos mamíferos, equivalendo aos lo-
externa, o nefrídio termina num nefridióporo. Cada ne- bos ópticos dos vertebrados inferiores.
frídio é envolvido por uma rede de capilar, que absorve
parte do líquido recolhido pelo nefróstoma.
Túbulos de Malpighi EXERCÍCIO COMENTADO
Os insetos, maior classe de animais viventes, princi-
palmente no meio terrestre, têm que resolver seus pro-
1.(ENEM 2015) Uma enzima foi retirada de um dos ór-
blemas de balanço hídrico, como por exemplo a perda
gãos do sistema digestório de um cachorro e, após ser
de água. Para tal, apresentam órgãos especiais de ex-
purificada, foi diluída em solução fisiológica e distribuída
creção, chamados de túbulos de malpighi. Esses túbulos
em três tubos de ensaio com os seguintes conteúdos:
estão mergulhados na cavidade do corpo e se abrem
Tubo 1: carne
na parte final do tubo digestivo. Do líquido circulante na
Tubo 2: macarrão
cavidade do corpo, retiram os produtos de excreção
Tubo 3: banha
(ácido úrico) que são eliminados através do intestino.
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Em todos os tubos foi adicionado ácido clorídrico (HCl),


e o pH da solução baixou para um valor próximo a 2.
Além disso, os tubos foram mantidos por duas horas a HORA DE PRATICAR!
uma temperatura de 37 °C. A digestão do alimento
ocorreu somente no tubo 1. 1. (PUC-PR) No início da década de 70, dois cientis-
De qual órgão do cachorro a enzima foi retirada? tas (Singer e Nicholson) esclareceram definitivamente
como é a estrutura das membranas celulares, propondo
a) Fígado. o modelo denominado mosaico fluído. Neste conceito,
b) Pâncreas. todas as membranas presentes nas células animais e
c) Estômago. vegetais são constituídas basicamente pelos seguintes
d) Vesícula biliar. componentes:
e) Intestino delgado.
a) ácidos nuclicos e proteínas;
Resposta: Letra C. Houve a digestão de um composto b) ácidos nucleicos e enzimas;
proteico (carne) em um ambiente de pH ácido (pró- c) lipídios e enzimas;
ximo a 2). O estômago é o órgão que possui essas d) enzimas e glicídios;
características, sendo a enzima pepsina responsável e) lipídios e proteínas
pela digestão de proteínas.
2. (U.F. Viçosa-MG) Nossas células podem ser imagina-
das como pequenos seres vivos que se agruparam e se
diferenciaram para formar um indivíduo. Assim sendo,
elas deverão absorver e digerir alimentos para assimilar
seus nutrientes. Deverão também sintetizar proteínas,
respirar e excretar. Associe corretamente a segunda co-
luna de acordo com a primeira, e assinale a alternativa
que possui a sequência correspondente:

I. pinocitose
II. retículo endoplasmático rugoso
III. lisossomos
204 IV. mitocôndrias
V. exocitose
( ) síntese proteica
( ) excreção
( ) respiração
( ) absorção
( ) digestão

a) III, II, IV, I, V


b) III, II, I, V, IV
c) II, V, IV, III, I
d) II, V, IV, I, III
e) I, V, II, IV, III

3. (UFla/ PAS-2001) Nos seres multicelulares, a mitose é


um processo que tem como principal função

a) o movimento celular.
b) a produção de gametas.
c) a produção de energia.
d) a expressão gênica.
e) o crescimento.
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4. (PUC-RJ-2003) Durante a meiose, o pareamento dos 9. (UEMS) Em relação aos ácidos nucléicos, a única afir-
cromossomos homólogos é importante porque garante: mativa INCORRETA é:

a) a separação dos cromossomos não homólogos. a) Participam da síntese proteica que ocorre nos polis-
b) a duplicação do DNA, indispensável a esse processo. somos, localizados no citoplasma das células euca-
c) a formação de células filhas geneticamente idênti- riontes.
cas à célula mãe. b) A síntese de RNA a partir de DNA recebe o nome de
d) a possibilidade de permuta gênica. transcrição.
e) a menor variabilidade dos gametas. c) Adenina, timina, citosina e guanina são as bases nitro-
genadas do DNA.
5. (PUC-RS-1999) Para fazer o estudo de um cariótipo, d) Hoje em dia, técnicas modernas de estudo do DNA
qual a fase da mitose que seria mais adequada usar, estão sendo muito usadas em paternidades duvido-
tendo em vista a necessidade de se obter a maior niti- sas e crimes.
dez dos cromossomos, em função do seu maior grau de e) Em seres como os vírus, encontramos os dois tipos de
espiralização? ácidos nucleicos, DNA e RNA, espalhados no citoplas-
ma viral.
a) Prófase.
b) Pró-Metáfase. 10. (Mackenzie-SP) Os códons UGC, UAU, GCC e AGC
c) Anáfase. codificam, respectivamente os aminoácidos cisteína,
d) Telófase. tirosina, alanina e serina; o códon UAG é terminal, ou
e) Metáfase. seja, indica a interrupção da tradução. Um fragmento
de DNA, que codifica a sequência serina – cisteína – ti-
6. (PUC - RJ) São processos biológicos relacionados dire- rosina – alanina, sofreu a perda da 9ª base nitrogenada.
tamente a transformações energéticas celulares: Assinale a alternativa que descreve o que acontecerá
com a sequência de aminoácidos.
a) respiração e fotossíntese.
b) digestão e excreção. a) A tradução será interrompida no 2º aminoácido.
c) respiração e excreção. b) A sequência não será traduzida, pois essa molécu-
d) fotossíntese e osmose. la de DNA alterada não é capaz de comandar esse
e) digestão e osmose. processo.
c) O aminoácido tirosina será substituído por outro ami- 205
7. (PUC-SP) A propriedade de “captar vida na luz” que noácido.
as plantas apresentam se deve à capacidade de uti- d) A seqüência não sofrerá prejuízo, pois qualquer mo-
lizar a energia luminosa para a síntese de alimento. A dificação na fita de DNA é imediatamente corrigida.
organela (I), onde ocorre esse processo (II), contém um e) O aminoácido tirosina não será traduzido, resultando
pigmento (III) capaz de captar a energia luminosa, que numa molécula com 3 aminoácidos
é posteriormente transformada em energia química. As
indicações I, II e III referem-se, respectivamente a: 11. (UMC-SP) Em um laboratório, ao tentar realizar, ex-
perimentalmente, a síntese “in vitro” de uma proteína,
a) Mitocôndria, respiração, citocromo. um grupo de pesquisadores verificou que dispunha, no
b) Cloroplasto, fotossíntese, citocromo. laboratório, de ribossomos de sapo, de RNA mensageiro
c) Cloroplasto, respiração, clorofila. de rato, de RNAs transportadores de hamster e de uma
d) Mitocôndria, fotossíntese, citocromo. solução de diversos aminoácidos de origem bacteriana.
e) Cloroplasto, fotossíntese, clorofila. Ao fim do experimento, ao analisar a estrutura primária
(sequência de aminoácidos) da proteína obtida, os pes-
8. (UFRN) Durante o processo de fotossíntese, a ação da quisadores deverão encontrar maior similaridade com
luz sobre a clorofila libera elétrons que são capturados uma proteína de
por uma cadeia transportadora. Durante esse processo
de transporte ocorre: a) bactéria
b) sapo
a) formação de quantidades elevadas do aceptor c) rato
NADP+ a partir da captura de elétrons e prótons. d) hamster
b) transferência dos elétrons entre moléculas organiza- e) várias das espécies acima
das em ordem decrescente de energia.
c) fotólise de moléculas de CO2 que liberam elétrons e
cedem o carbono para a formação da glicose.
d) quebra da molécula de água a partir da conversão
de ATP em ADP, com liberação de prótons.
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12. (PUC - SP-2006) O gato doméstico (Felis catus do- d) os camundongos transgênicos, ao se reproduzirem,
mestica) apresenta 38 cromossomos em suas células so- transmitiram os genes do coelho aos seus descenden-
máticas. No núcleo do óvulo normal de uma gata são tes.
esperados: e) o RNAm foi incorporado ao zigoto dos embriões em
formação.
a) 19 cromossomos simples e 19 moléculas de DNA.
b) 19 cromossomos duplicados e 38 moléculas de DNA. 16. (UEPB-2006) Pesquisadores do Departamento de Bio-
c) 38 cromossomos simples e 38 moléculas de DNA. logia da UEPB realizaram um estudo da macrofauna do
d) 38 cromossomos simples e 19 moléculas de DNA. açude do Bodocongó, localizado na cidade de Cam-
e) 19 cromossomos duplicados e 19 moléculas de DNA. pina Grande-PB, coletando os seguintes organismos: 5
gastrópodes (caramujos), 8 caraciformes (peixes), 10
13. (FUVEST-SP) O anúncio do sequenciamento do ge- dípteros (insetos), 2 chelonios (cágados), 2 ciconiformes
noma humano, em 21 de junho de 2000, significa que os (garças), anuros (3 sapos e 5 rãs). Esse pequeno açude
cientistas determinaram contém:

a) a seqüência de nucleotídeos dos cromossomos hu- a) Sete comunidades e uma população.


manos. b) Duas comunidades e sete populações.
b) todos os tipos de proteína codificados pelos genes c) Uma comunidade e sete populações.
humanos. d) Cinco comunidades e três populações.
c) a sequência de aminoácidos do DNA humano. e) Uma comunidade e uma população.
d) a seqüência de aminoácidos de todas as proteínas
humanas. 17. (VUNESP-2009) Sr. José Horácio, um morador de
e) o número correto de cromossomos da espécie hu- Ipatinga, MG, flagrou uma cena curiosa, filmou-a e
mana. mandou-a para um telejornal. Da ponte de um lago no
parque da cidade, pessoas atiravam migalhas de pão
aos peixes. Um socozinho (Butorides striata), ave que se
14. (PUC-PR) Um pesquisador retirou o núcleo de uma
alimenta de peixes, recolhia com seu bico algumas mi-
célula da espécie A e implantou numa célula da espé-
galhas de pão e as levava para um lugar mais calmo,
cie B, cujo núcleo havia sido previamente removido.
à beira do lago e longe das pessoas. Atirava essas mi-
Caso esta célula ovo se desenvolva até a formação de
galhas “roubadas” no lago e, quando os peixes vinham
um novo indivíduo, ele terá as características:
para comê-las, capturava e engolia esses peixes. Sobre
206 os organismos presentes na cena, pode-se afirmar que
a) da espécie B, pois predominarão as informações da
célula-ovo;
a) o socozinho é um parasita, os homens e os peixes são
b) totalmente distintas, tanto da espécie A quanto da os organismos parasitados.
espécie B; b) o socozinho é um predador, que pode ocupar o ter-
c) de ambas as espécies, pois ocorrerá a interação ge- ceiro nível trófico dessa cadeia alimentar.
nética entre as espécies; c) o homem é produtor, os peixes são consumidores pri-
d) da espécie A, pois o núcleo controlará as caracte- mários e o socozinho é consumidor secundário.
rísticas; d) os peixes e o socozinho são consumidores secundá-
e) de uma nova espécie, sem qualquer semelhança rios, enquanto o homem ocupa o último nível trófico
com as espécies anteriores. dessa cadeia alimentar.
e) os peixes são detritívoros e o socozinho é consumidor
15. (Vunesp-2001) O primeiro transplante de genes bem primário.
sucedido foi realizado em 1981, por J.W. Gurdon e F.H.
Ruddle, para obtenção de camundongos transgênicos, 18. (FGV - SP-2007) Considere uma população de ver-
injetando genes da hemoglobina de coelho em zigotos tebrados ocorrendo em determinada área. Esta popu-
de camundongos, resultando camundongos com he- lação já atingiu seu ponto de equilíbrio, onde o poten-
moglobina de coelho em suas hemácias. A partir destas cial biótico (tendência ao crescimento populacional)
informações, pode-se deduzir que equivale à resistência ambiental. Porém, a distribuição
de indivíduos ao longo da área não é a mesma: quanto
a) o DNA injetado foi incorporado apenas às hemácias mais próximo dos limites da área de distribuição, menos
dos camundongos, mas não foi incorporado aos seus freqüentemente são encontrados indivíduos dessa es-
genomas. pécie.
b) o DNA injetado nos camundongos poderia passar aos Pode-se afirmar corretamente que a densidade popula-
seus descendentes somente se fosse incorporado às cional decresce em direção às áreas periféricas devido à
células somáticas das fêmeas dos camundongos.
c) os camundongos receptores dos genes do coelho a) crescente descaracterização das condições am-
tiveram suas hemácias modificadas, mas não pode- bientais requeridas pela espécie.
riam transmitir essa característica aos seus descen- b) diminuição progressiva dos fatores reguladores da
dentes. densidade populacional.
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c) ausência de resistência ambiental. 22. (UFC-2007) O território brasileiro, devido a sua mag-
d) crescente imigração de indivíduos para as áreas pe- nitude espacial, comporta um mostruário bastante
riféricas. completo de paisagens e ecologias do Mundo Tropical
e) competição intra-específica. (AB’SÁBER, Aziz. Domínios de natureza no Brasil. 2003).
Uma dessas paisagens, a floresta tropical amazônica,
19. (UECE-2001) A avoante, também conhecida como vem sendo objeto de inúmeras discussões em virtude de
arribaçã (Zenaida auriculata noronha) é uma ave mi- sua crescente exploração. Esse bioma caracteriza-se
gratória que se desloca no Nordeste, acompanhando por apresentar:
o ritmo das chuvas, encontrando-se ameaçada de ex-
tinção, em decorrência da caça indiscriminada. A rela- a) solo com uma camada superficial pobre em matéria
ção do homem com esta ave é: orgânica.
b) solo dificilmente lixiviado, após destruição de sua co-
a) harmônica, intra-específica e de predação bertura vegetal.
b) desarmônica, intra-específica e de comensalismo c) grande diversidade biológica, em virtude da varieda-
c) harmônica, inter-específica e de parasitismo de de nichos ecológicos.
d) desarmônica, inter-específica e de predação d) vegetação com grandes árvores lenhosas e decidu-
Competência ENEM: H12 ais com adaptações xeromórficas.
e) árvores cujas folhas possuem cutícula bastante imper-
20. (Mack-2005) O “branqueamento dos recifes de co- meável, caracterizando plantas perenifólias.
ral” tem sido um dos desastres ambientais mais preocu-
pantes. O fenômeno caracteriza-se pela morte de al- 23. (Fuvest-1998) A maior parte do nitrogênio que com-
gas microscópicas que vivem, de forma mutualística, na põe as moléculas orgânicas ingressa nos ecossistemas
cavidade gastrovascular de cnidários. A respeito desse pela ação de:
processo, considere as seguintes afirmativas. a) algas marinhas.
I. A destruição de recifes afeta grande parte da teia b) animais.
alimentar marinha, uma vez que eles são impor- c) bactérias.
tantes locais de abrigo e reprodução de várias es- d) fungos.
pécies marinhas. e) plantas terrestres.
II. As algas, ao realizarem fotossíntese, fornecem par-
te da matéria orgânica para o cnidário e este, por 24. (FMTM-2001) “A Amazônia não está em chamas,
sua vez, fornece abrigo e elementos necessários pelo menos não na proporção dos anos anteriores. En- 207
para a fotossíntese. tre junho e agosto, a queda foi de 9%, em comparação
III. Como se trata de uma relação mutualística, os co- com o mesmo período de 1999. As queimadas da Ama-
rais não são capazes de sobreviver sem as algas zônia são um desastre para o planeta inteiro. Estima-se
em seu interior. que, por ano, as queimadas na região produzam a mes-
ma quantidade de gás carbônico que a grande São
Assinale: Paulo”. (Folha de S. Paulo, 24/09/2000)
O desequilíbrio ecológico que o aumento da taxa de
a) se somente as afirmativas I e II forem corretas. gás carbônico na atmosfera pode provocar é
b) se somente as afirmativas II e III forem corretas.
c) se todas as afirmativas forem corretas. a) a destruição da camada de ozônio.
d) se somente a afirmativa I for correta. b) a diminuição da fertilidade do solo.
e) se somente as afirmativas I e III forem corretas. c) o aumento da temperatura no planeta.
d) a diminuição da temperatura no planeta.
21. (Fuvest-2002) e) insignificante para ser motivo de preocupação.
I. As florestas tropicais possuem maior diversidade
biológica que as temperadas. 25. (ETEs-2007) Uma comunidade de uma determinada
II. As florestas tropicais possuem maior diversidade ve- cidade resolveu adotar um rio para que ele continue
getal e menor diversidade animal que as savanas. sendo vital ao ecossistema de sua região. Para identifi-
III. As florestas temperadas possuem maior biomassa car os passos a serem dados visando à elaboração de
que a tundra. um plano de recuperação de um rio, é necessário verifi-
IV. As savanas possuem maior biomassa que as flo- car as seguintes possibilidades:
restas tropicais.
Está correto apenas o que se afirma em I. Água Verde: pode significar algas demais na água;
isso torna difícil a existência de qualquer outra
a) I e II vida no rio.
b) I e III II. Água Turva: terra demais na água; isso torna difícil
c) I e IV a respiração dos peixes.
d) II e III III. Cheiro de ovo podre: esgotos podem estar sendo
e) III e IV descarregados no rio.
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IV. Camada laranja ou vermelha sobre a água: pode 28. (Fuvest-1999) Em uma população de mariposas, 96%
indicar que uma fábrica está despejando poluen- dos indivíduos têm cor clara e 4%, cor escura. Indivíduos
tes no rio. escuros cruzados entre si produzem, na maioria das ve-
V. Espumas ou bolhas na água: podem ser o sinal de zes, descendentes claros e escuros. Já os cruzamentos
um vazamento de sabão de residências ou fábri- entre indivíduos claros produzem sempre apenas des-
cas. cendentes de cor clara. Esses resultados sugerem que a
(Adaptado de: 50 pequenas coisas que você pode cor dessas mariposas é condicionada por:
fazer para salvar a Terra, Rio de Janeiro: Record,
s/d. p. 94) a) um par de alelos, sendo o alelo para cor clara domi-
I nante sobre o que condiciona cor escura.
dentifique a alternativa que apresenta uma proposta b) um par de alelos, sendo o alelo para cor escura domi-
adequada para melhorar a vida de um rio. nante sobre o que condiciona cor clara.
c) um par de alelos, que não apresentam dominância
a) Para combater as algas mencionadas no item I, é um sobre o outro.
preciso derramar grande quantidade de óleo diesel d) dois genes ligados com alta taxa de recombinação
a fim de eliminá-las. entre si.
b) Para diminuir a quantidade de terra na água, confor- e) fatores ambientais, como a coloração dos troncos
me o item II, torna-se importante plantar mais plantas onde elas pousam.
nativas nas margens a fim de evitar a erosão.
c) O problema descrito no item III pode ser facilmente 29. (UFTM-2007) Um cachorro poodle de pêlo branco foi
resolvido, colocando-se água sanitária nas margens cruzado com uma fêmea poodle de pêlo preto e nas-
do rio. ceram 6 filhotes, 3 de pêlo branco e 3 de pêlo preto.
d) O problema presente no item IV somente poderá ser O mesmo macho foi cruzado com outra fêmea poodle,
solucionado com uma proposta apresentada à Câ- agora de pêlo branco, e nasceram 4 filhotes: 3 de pêlo
mara Municipal de retirar as indústrias da cidade. branco e 1 de pêlo preto. Admitindo-se que essa carac-
e) Com o objetivo de resolver a situação presente no terística fenotípica seja determinada por dois alelos de
item V, deve-se substituir o consumo de sabão por de- um mesmo locus, pode-se dizer que o macho é
tergente líquido.
a) heterozigoto e as duas fêmeas são homozigotas.
26. (PUC - SP-2008) (…) Como se não bastasse a sujeira b) heterozigoto, assim como a fêmea branca. A fêmea
208 no ar, os chineses convivem com outra praga ecológica, preta é homozigota.
a poluição das águas por algas tóxicas. Há vários anos c) heterozigoto, como a fêmea preta. A fêmea branca
as marés vermelhas, formadas por essas algas, ocupam é homozigota.
vastas áreas do litoral chinês, reduzindo drasticamente a d) homozigoto, assim como a fêmea branca. A fêmea
pesca e afugentando os turistas. (“O Avanço das Algas preta é heterozigota.
Tóxicas” in Revista Veja, 3 de outubro de 2007) e) homozigoto e as duas fêmeas são heterozigotas.
O trecho acima faz referência a um fenômeno causado
pela 30. (Fuvest-2003) Em plantas de ervilha ocorre, normal-
mente, autofecundação. Para estudar os mecanismos
a) multiplicação acentuada de várias espécies de pro- de herança, Mendel fez fecundações cruzadas, remo-
dutores e consumidores marinhos, geralmente devida vendo as anteras da flor de uma planta homozigótica
à eutrofização do ambiente. de alta estatura e colocando, sobre seu estigma, pólen
b) multiplicação acentuada de dinoflagelados, geral- recolhido da flor de uma planta homozigótica de baixa
mente devida à eutrofização do ambiente. estatura. Com esse procedimento, o pesquisador
c) multiplicação acentuada de várias espécies de pro-
dutores e consumidores marinhos devida ao aumen- a) impediu o amadurecimento dos gametas femininos.
to do nível de oxigênio no ambiente. b) trouxe gametas femininos com alelos para baixa es-
d) baixa capacidade de reprodução de dinoflagela- tatura.
dos, geralmente devida à eutrofização do ambiente. c) trouxe gametas masculinos com alelos para baixa es-
tatura.
27. (FUC-MT) Cruzando-se ervilhas verdes vv com ervi- d) promoveu o encontro de gametas com os mesmos
lhas amarelas Vv, os descendentes serão: alelos para estatura.
e) impediu o encontro de gametas com alelos diferen-
a) 100% vv, verdes; tes para estatura.
b) 100% VV, amarelas;
c) 50% Vv, amarelas; 50% vv, verdes;
d) 25% Vv, amarelas; 50% vv, verdes; 25% VV, amarelas;
e) 25% vv, verdes; 50% Vv, amarelas; 25% VV, verdes.
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31. (PUC - SP-2007) Em uma certa espécie de mamífe- 35. (FGV - SP-2009) AUSTRALIANA MUDA DE GRUPO SAN-
ros, há um caráter mendeliano com co-dominância e GUÍNEO APÓS TRANSPLANTE.
genótipos EE, EC e CC. Sabe-se que animais heterozi- A australiana Demi-Lee Brennan, 15, mudou de grupo
góticos são mais resistentes a um dado vírus X do que sangüíneo, O Rh–, e adotou o tipo sanguíneo de seu do-
os homozigóticos. Animais com os três genótipos foram ador, O Rh+, após ter sido submetida a um transplante
introduzidos em duas regiões diferentes designadas por de fígado, informou a equipe médica do hospital infantil
I e II, onde há predadores naturais da espécie. Nos dois de Westmead, Sydney. A garota tinha nove anos quan-
ambientes, os animais de genótipo CC são mais facil- do fez o transplante. Nove meses depois, os médicos
mente capturados pelos predadores. Em I não há regis- descobriram que havia mudado de grupo sanguíneo,
tro da presença do vírus X e em II ele é transmitido por depois que as células-tronco do novo fígado migraram
contato com as presas da espécie. Pode-se prever que para sua medula óssea. O fato contribuiu para que seu
organismo não rejeitasse o órgão transplantado. (Folha
a) haverá igual chance de adaptação de animais com on line, 24.01.2008)
os três genótipos nas duas regiões. Sobre esse fato, pode-se dizer que a garota
b) haverá igual chance de adaptação de animais com
os três genótipos apenas na região I. a) não apresentava aglutinogênios anti-A e anti-B em
c)haverá maior número de animais com genótipos EE e suas hemácias, mas depois do transplante passou a
CC do que com genótipo EC na região I apresentá-los.
d) a seleção natural será mais favorável aos animais b) apresentava aglutininas do sistema ABO em seu plas-
ma sanguíneo, mas depois do transplante deixou de
com genótipo EC na região II.
apresentá- las.
c) apresentava o fator Rh, mas não apresentava agluti-
32. (Fuvest-2001) O daltonismo é causado por um alelo ninas anti-Rh em seu sangue, e depois do transplante
recessivo de um gene localizado no cromossomo X. Em passou a apresentá-las.
uma amostra representativa da população, entre 1000 d) quando adulta, se engravidar de um rapaz de tipo
homens analisados, 90 são daltônicos. Qual é a porcen- sanguíneo Rh–, poderá gerar uma criança de tipo
tagem esperada de mulheres daltônicas nessa popula- sanguíneo Rh+.
ção? e) quando adulta, se engravidar de um rapaz de tipo
sanguíneo Rh+, não corre o risco de gerar uma crian-
a) 0,81 %. ça com eritroblastose fetal.
c) 9 %.
e) 83 %. 36. (UNIFESP-2006) Os gatos possuem 38 cromossomos,
b) 4,5 %. com o sistema XX/XY de determinação sexual. No de- 209
d) 16 %. senvolvimento embrionário de fêmeas, um dos cromos-
somos X é inativado aleatoriamente em todas as células
33. (FUVEST) Um homem do grupo sanguíneo AB é ca- do organismo. Em gatos domésticos, a pelagem de cor
sado com uma mulher cujos avós paternos e maternos preta (dominante) e amarela (recessiva) são determina-
das por alelos de um gene localizado no cromossomo X.
pertencem ao grupo sanguíneo O. Esse casal poderá ter
Fêmeas heterozigóticas para cor da pelagem são man-
apenas descendentes:
chadas de amarelo e preto. Um geneticista colocou um
anúncio oferecendo recompensa por gatos machos
a) do grupo O; manchados de amarelo e preto. A constituição cromos-
b) do grupo AB; sômica desses gatos é
c) dos grupos AB e O;
d) dos grupos A e B; a) 37, Y0.
e) dos grupos A, B e AB b) 37, X0.
c) 38, XX.
34. (UEL) Os tipos sanguíneos do sistema ABO de três ca- d) 39, XXY.
sais e três crianças são mostrados a seguir. e) 39, XXX.
CASAIS CRIANÇAS
I. AB X AB a. A 37. (Mack-2005) Assinale a alternativa correta.
II. BxB b. O
III. AXO c. AB a) Os indivíduos com síndrome de Klinefelter possuem
cariótipo 47, XXY, e o cromossomo a mais pode ter
Sabendo-se que cada criança é filha de um dos casais, sido herdado da mãe ou do pai.
b) Por meio da observação de hemácias da corrente
a alternativa que associa corretamente cada casal a
sanguínea, é possível determinar se um indivíduo tem
seu filho é:
número normal de cromossomos.
c) Os indivíduos com síndrome de Down apresentam um
a) I-a; II-b; III-c; par de cromossomos nº 21 a mais.
b) I-a; II-c; III-b; d) As aberrações cromossômicas só podem ser diagnos-
c) I-b; II-a; III-c; ticadas após o parto.
d) I-c; II-a; III-b; e) Desde que um indivíduo da espécie humana tenha
e) I-c; II-b; III-a 46 cromossomos em suas células, ele será normal.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

38. (PUC - MG-2007) Alterações no material genético, 42. (FUVEST- SP) Além da sustentação do corpo, são fun-
quantitativas ou qualitativas, podem ocorrer durante os ções dos ossos:
processos de preparação para duplicação e mesmo
durante as divisões mitóticas ou meióticas. a) armazenar cálcio e fósforo; produzir hemácias e leu-
A esse respeito, é correto afirmar, EXCETO: cócitos.
b) armazenar cálcio e fósforo; produzir glicogênio.
a) Recombinações cromossômicas ocorrem somente c) armazenar glicogênio; produzir hemácias e leucóci-
durante a primeira divisão meiótica. tos;
b) Mutações gênicas ocorrem somente durante as divi- d) armazenar vitaminas; produzir hemácias e leucócitos.
sões celulares. e) armazenar vitaminas; produzir proteínas do plasma
c) Recombinações gênicas iniciam-se na prófase da pri-
meira divisão meiótica. 43. (PUC- Campinas-SP) Quando se come um cozido,
d) Alterações cromossômicas, como as aneuploidias, as batatas e a carne começam a ser digeridas, respec-
podem ocorrer devido a não-disjunções tanto na pri- tivamente:
meira quanto na segunda divisão da meiose.
a) no estômago e na boca.
39. (UFPE) Assinale a alternativa que indica um hormônio b) na boca e no estômago.
muito importante para o equilíbrio hídrico no corpo hu- c) na boca e no duodeno.
mano, conhecido como ‘hormônio poupador de água’. d) no estômago e no duodeno.
e) no duodeno e no estômago.
a) acetilcolina.
b) timosina. 44. (PUC-MG) As trocas gasosas no pulmão humano, em
c) ADH. condições normais, ocorrem:
d) adrenalina.
e) o glucagon a) nos alvéolos.
b) nos bronquíolos.
40. (UFT) A homeostase em animais é mantida por dois c) nos brônquios.
sistemas de controle: o neural e o endócrino. Os hor- d) na traqueia.
mônios exercem efeitos impressionantes nos processos e) na laringe.
da reprodução, de desenvolvimento e metabólicos. A
hipófise é uma glândula endócrina dividida em dois lo- 45. (UFRN) Durante a respiração, quando o diafragma se
210 bos, adeno-hipófise e neurohipófise, e produz uma série contrai e desce, o volume da caixa torácica aumenta,
de hormônios que modula outras glândulas, entre elas, por conseguinte a pressão intrapulmonar:
a tireóide. O hormônio ........... produzido pela ..................
a) diminui e facilita a entrada de ar.
estimula a tireóide, modulando a secreção dos hormô-
b) aumenta e facilita a entrada de ar.
nios..................... e ......................, através de um refinado
c) diminui e dificulta a entrada de ar.
mecanismo de controle recíproco, conhecido por retro- d) aumenta e dificulta a entrada de ar.
alimentação. e) aumenta e expulsa o ar dos pulmões.
Entre as alternativas a seguir, qual descreve adequada- Competência ENEM: H14
mente a complementação das lacunas acima?
46. (VUNESP) O sanduíche que João comeu foi feito
a) TSH, neuro-hipófise, tireoxina (T4) e triiodotireonina com duas fatias de pão, bife, alface, tomate e bacon.
(T3). Sobre a digestão desse sanduíche, pode-se afirmar que
b) TSH, adeno-hipófise, tireoxina (T4) e triiodotireonina
(T3). a) os carboidratos do pão começam a ser digeridos na
c) tireoxina (T4), adeno-hipófise, TSH e triiodotireonina boca e sua digestão continua no intestino.
(T3). b) as proteínas do bife são totalmente digeridas pela
d) TSH, adeno-hipófise, calcitonina e tireoxina (T4). ação do suco gástrico no estômago.
Competência ENEM: H14 c) a alface é rica em fibras, mas não tem qualquer valor
nutricional, uma vez que o organismo humano não
41. (UFRGS) A secreção do hormônio de crescimento digere a celulose.
STH produz quais dos seguintes efeitos? d) as vitaminas do tomate, por serem hidrossolúveis, têm
sua digestão iniciada na boca, e são totalmente ab-
a) lipólise aumenta, absorção de cálcio aumenta e sín- sorvidas ao longo do intestino delgado.
tese proteica diminui. e) a maior parte da gordura do bacon é emulsificada
b) lipólise aumenta, absorção de cálcio aumenta e sín- pelo suco pancreático, facilitando a ação das lípases.
tese proteica aumenta.
c) lipólise diminui, absorção de cálcio diminui e síntese
proteica diminui.
d) lipólise diminui, absorção de cálcio aumenta e síntese
proteica aumenta.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

47. (Mackenzie) Um estudante observou que um deter- 51. (Unesp) Segundo a teoria de Oparin, a vida na Terra
minado vaso sanguíneo apresentava paredes espessas poderia ter sido originada a partir de substâncias orgâ-
e que o sangue que circulava em seu interior era de um nicas formadas pela combinação de moléculas, como
vermelho escuro. Podemos afirmar corretamente que o metano, amônia, hidrogênio e vapor d’água, que com-
vaso em questão era a: punham a atmosfera primitiva da Terra. A esse processo
a) veia pulmonar, que leva sangue venoso do coração seguiram-se a síntese proteica nos mares primitivos, a
para o pulmão. formação dos coacervados e o surgimento das primei-
b) veia cava, que traz sangue venoso do corpo em di- ras células. Considerando os processos de formação e
reção ao coração. as formas de utilização dos gases oxigênio e dióxido de
c) veia pulmonar, que leva sangue arterial do pulmão carbono, a sequência mais provável dos primeiros seres
para o coração. vivos na Terra foi:
d) artéria pulmonar, que leva sangue venoso do cora-
ção para o pulmão. a) autotróficos, heterotróficos anaeróbicos e heterotró-
e) artéria pulmonar, que leva sangue arterial do pulmão ficos aeróbicos.
para o coração. b) heterotróficos anaeróbicos, heterotróficos aeróbicos
e autotróficos.
48. (UFAC-1997) As células típicas dos tecidos ósseo, car- c) autotróficos, heterotróficos aeróbicos e heterotróficos
tilaginoso e nervoso recebem, a denominação de: anaeróbicos.
d) heterotróficos anaeróbicos, autotróficos e heterotró-
a) oligodendrócito, eritrócito e mastócito ficos aeróbicos.
b) osteócito, neurônio e eosinófilo e) heterotróficos aeróbicos, autotróficos e heterotróficos
c) granulócito, basófilo e eosinófilo anaeróbicos.
d) histiócito, condrócito e osteócito
e) osteócito, condrócito e neurônio 52. (Cesgranrio) Entre as modificações que ocorreram
nas condições ambientais de nosso planeta, algumas
49. (Univali-SC) O complexo funcionamento hormonal foram causadas pela própria atividade dos seres. Os or-
na mulher pode levá-la a cometer loucuras, como mos- ganismos iniciais, ao realizarem a fermentação, deter-
tra a revista VEJA, no início de setembro deste ano, em minaram uma grande alteração na atmosfera da Terra
‘Loucuras pósparto’. Trata-se de mulheres que, após primitiva, porque nela introduziram o:
darem à luz, entram em depressão, rejeitando o próprio
filho, ao ponto de sacrificá-los. Médicos apontam ex- a) gás oxigênio.
plicações físicas. “Depois do parto, o corpo da mulher b) gás carbônico. 211
passa por uma revolução hormonal meteórica. O orga- c) gás metano.
nismo que mudou ao longo de meses volta ao normal d) gás nitrogênio.
de repente. O resultado é uma descompensação dos e) vapor d’água.
hormônios. É nesse momento que a depressão aparece,
principalmente nas mulheres que já possuem casos na 53. (UFSCAR) “O meio ambiente cria a necessidade de
família.” Os hormônios femininos que podem ser encon- uma determinada estrutura em um organismo. Este se
trados no sangue da mulher, antes, durante e depois da esforça para responder a essa necessidade. Como res-
gravidez são: posta a esse esforço, há uma modificação na estrutura
do organismo. Tal modificação é transmitida aos des-
a) progesterona, estrógeno, ADH e calciotonina. cendentes.”
b) estrógeno, adrenalina, ADH e ACTH. O texto sintetiza as principais ideias relacionadas ao:
c) ocitocina, prolactina, FSH e adrenalina.
d) FSH, LH, tiroxina e prolactina. a) fixismo.
e) estrógeno, progesterona, prolactina e LH. b) darwinismo.
c) mendelismo.
50. (Unesp) Os meios de comunicação têm veiculado d) criacionismo.
inúmeras reportagens em que equipes de saúde visitam e) lamarckismo.
borracharias, depósitos de ferro-velho e até cemitérios,
eliminando recipientes que possam reter águas de chu- 54.(Mackenzie-SP) A teoria moderna da evolução, ou
va. Esta condição propicia o aparecimento das seguin- teoria sintética da evolução, incorpora os seguintes
tes doenças: conceitos à teoria original proposta por Darwin
a) doença de Chagas, encefalite e dengue. a) mutação e seleção natural.
b) dengue, malária e esquistossomose. b) mutação e adaptação.
c) febre amarela, doença de Chagas e giardíase. c) mutação e recombinação gênica.
d) malária, giardíase e amarelão. d) recombinação gênica e seleção natural.
e) dengue, febre amarela e malária. e) adaptação e seleção natural.
Competência ENEM: H30
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

55. (PUC-RS) Quais dos cientistas abaixo deram as maio- 58.(PUC - RJ-2006) Os sistemas celulares do corpo dos
res contribuições para o desenvolvimento da teoria da heterotróficos pluricelulares (animais) dispõem de dois
evolução? sistemas de sinalização para integração dos sistemas
corporais. São eles:
a) Mendel, Newton e Darwin.
b) Lineu, Aristóteles e Wallace. a) sistema circulatório e respiratório.
c) Pasteur, Lavoisier e Darwin. b) sistema circulatório e excretor.
d) Lamarck, Darwin e Lavoisier. c) sistema nervoso e hormonal.
e) Darwin, Wallace e Lamarck. d) sistema respiratório e nervoso.
e) sistema locomotor e hormonal.
56. (UFC) Um problema para a teoria da evolução pro-
posta por Charles Darwin no século XIX dizia respeito 59. (FGV - SP-2007) Paulo não é vegetariano, mas recu-
ao surgimento da variabilidade sobre a qual a seleção sa-se a comer carne vermelha. Do frango, come ape-
poderia atuar. Segundo a Teoria Sintética da Evolução, nas o peito e recusa a coxa, que alega ser carne ver-
proposta no século XX, dois fatores que contribuem para melha. Para fundamentar ainda mais sua opção, Paulo
o surgimento da variabilidade genética das populações procurou saber no que difere a carne do peito da carne
naturais são: da coxa do frango. Verificou que a carne do peito
a) mutação e recombinação genética.
b) deriva genética e mutação. a) é formada por fibras musculares de contração len-
c) seleção natural e especiação. ta, pobres em hemoglobina. Já a carne da coxa do
d) migração e frequência gênica. frango é formada por fibras musculares de contração
e) adaptação e seleção natural. rápida, ricas em mitocôndrias e mioglobina. A asso-
ciação da mioglobina, que contém ferro, com o oxi-
57. (UFTM) Um estudante do ensino médio, ao ler sobre gênio confere à carne da coxa uma cor mais escura.
o tegumento humano, fez a seguinte afirmação ao seu b) é formada por fibras musculares de contração rápi-
professor: “o homem moderno não apresenta tantos pe- da, pobres em mioglobina. Já a carne da coxa é for-
los como os seus ancestrais, pois deixou de usar esses mada por fibras musculares de contração lenta, ricas
anexos como isolante térmico. Isso só foi possível porque em mitocôndrias e mioglobina. A associação da mio-
o homem adquiriu uma inteligência que permitiu a con- globina, que contém ferro, com o oxigênio confere à
fecção de roupas, protegendo-o do frio.” Diante dessa in- carne da coxa uma cor mais escura.
formação dada pelo aluno, o professor explicou que isso: c) é formada por fibras musculares de contração rápi-
212
da, ricas em mioglobina. Já a carne da coxa é for-
a) não ocorreu e a informação está de acordo com a mada por fibras musculares de contração lenta, ricas
teoria evolutiva de Lamarck, que pressupõe que es- em mitocôndrias e hemoglobina. A associação da
truturas do corpo que não são solicitadas desapare- hemoglobina, que contém ferro, com o oxigênio con-
cem e essas características adquiridas são transmiti- fere à carne da coxa uma cor mais escura.
das aos descendentes. d) é formada por fibras musculares de contração rápi-
b) não ocorreu e a informação está de acordo com a da, ricas em mioglobina. Já a carne da coxa é for-
teoria evolutiva de Lamarck, que pressupõe que exis- mada por fibras musculares de contração lenta, ri-
te variação genotípica entre indivíduos, sendo que cas em mitocôndrias e hemoglobina. A associação
aqueles portadores de características adaptativas da hemoglobina, que contém ferro, com o oxigênio
conseguem sobreviver e deixar descendentes. confere à carne da coxa uma cor mais escura. Já a
c) não ocorreu e a informação está de acordo com a mioglobina, que não contém ferro, confere à carne
teoria evolutiva de Stephen Jay Gould, que pressu- do peito do frango uma coloração pálida.
põe que os seres vivos não se modificam por interfe- e) e a carne da coxa não diferem na composição de
rência ambiental, mas sim por alterações genéticas fibras musculares: em ambas, predominam as fibras
intrínsecas. de contração lenta, pobres em mioglobina. Contu-
d) ocorreu de fato e a informação está de acordo com do, por se tratar de uma ave doméstica e criada sob
a teoria evolutiva de Darwin, que pressupõe que os confinamento, a musculatura peitoral, que dá supor-
seres vivos com características adaptativas favorá- te ao vôo, não é exercitada. Deste modo recebe me-
veis têm maiores chances de viver. nor aporte sanguíneo e apresenta-se de coloração
e) ocorreu de fato e a informação está de acordo com mais clara.
a teoria evolutiva de Darwin, que pressupõe que os
seres vivos por necessidade vão se modificando ao
longo do tempo.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

60 (Fuvest) Um camundongo foi alimentado com uma


ração contendo proteínas marcadas com um isótopo
radioativo.Depois de certo tempo, constatou-se a pre- GABARITO
sença de hemoglobina radioativa no sangue do animal.
Isso aconteceu porque as proteínas do alimento foram 1 E
a) absorvidas pelas células sanguíneas. 2 D
b) absorvidas pelo plasma sanguíneo. 3 E
c) digeridas e os aminoácidos marcados foram utiliza-
4 D
dos na síntese de carboidratos.
d) digeridas e os aminoácidos marcados foram utiliza- 5 E
dos na síntese de lipídios. 6 A
e) digeridas e os aminoácidos marcados foram utiliza-
7 E
dos na síntese de proteínas.
8 B
61. (Mack-2003) Células-flama e néfrons estão envolvidos: 9 E

a) no controle osmótico do corpo e na eliminação de 10 A


excretas. 11 C
b) nas trocas gasosas com o meio. 12 A
c) na quebra de moléculas grandes.
d) no transporte de substâncias dentro do corpo. 13 A
e) no controle hormonal das funções. 14 D
15 D
62. (FATEC-2006) Considere as seguintes características:
16 C
I. O embrião desenvolve-se no interior de um ovo com 17 B
casca calcária.
18 A
II. As trocas gasosas ocorrem no ambiente aéreo, por
meio de pulmões. 19 D
III. O coração é formado por dois átrios e dois ventrícu- 20 C 213
los.
21 B
IV. O principal resíduo da excreção nitrogenada é o áci-
do úrico. 22 C
23 C
Um pombo e um gato compartilham SOMENTE as ca-
racterísticas indicadas em 24 C
25 B
a) I e II. 26 B
b) I e III.
c) II e III. 27 C
d) II e IV. 28 B
e) III e IV. 29 B
30 C
31 D
32 A
33 D
34 E
35 E
36 D
37 A
38 B
39 C
40 B
41 B
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

42 A ANOTAÇÕES
43 B
44 A
__________________________________________________
45 A
46 A ___________________________________________________
47 D ___________________________________________________
48 E
___________________________________________________
49 C
50 E ___________________________________________________
51 B ___________________________________________________
52 B ___________________________________________________
53 E
___________________________________________________
54 C
55 E ___________________________________________________
56 A ___________________________________________________
57 A
___________________________________________________
58 C
___________________________________________________
59 B
60 E ___________________________________________________
61 A ___________________________________________________
62 C
___________________________________________________

214 ___________________________________________________

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CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS
Ciências Humanas e suas Tecnologias

mente importante. Ela se desenvolveu em uma região


HISTÓRIA: IDADE ANTIGA árida no nordeste africano graças à presença do ex-
tenso rio Nilo. Neste, há um período de fortes chuvas
em sua nascente. Essa maior quantidade de água
1. Objeto da História segue até a foz do rio, carregando também grande
Para iniciarmos os estudos de História, é preciso quantidade de material orgânico. Após o período
antes de tudo compreender qual o objeto de estudo de cheias, o rio volta a seu volume médio. Porém, as
desta disciplina e suas ferramentas. A História estuda regiões que foram inundadas conservam grande de-
os fatos passados, a partir de resquícios arqueológi- pósito de material orgânico, o que enriquece o solo
cos como construções, artesanatos, alimentos fossi- para a agricultura. Com a produção agrícola, sobre-
lizados, documentos escritos e também da memória tudo de trigo, diversas comunidades se estabelece-
oral. A presença de textos feitos por determinada ram ao longo da encosta do rio - são as chamadas
civilização é sempre um material fundamental na in- nomos, unidades autônomas e descentralizadas. Mais
vestigação histórica - a partir deles, os pesquisadores adiante aconteceram processos de centralização e
conseguem averiguar exatamente quais os temas de unificação em torno de um único império, com um
maior destaque em determinada região, em deter- chefe tido como um Deus - o faraó. Os momentos de
minada época. Por conta desta importância, usou- maior crescimento da sociedade egípcia foram nos
-se por muito tempo uma divisão entre pré-história e momentos de unificação, pois assim tinham mais força
história - o marco divisório era o surgimento da escrita para guerras. Contudo, o preço dessa unificação era
cuneiforme em aproximadamente 4000 a.c. pelos su- uma grande subjugação de diversas comunidades
mérios, na região da Mesopotâmia. O problema des- em um regime de servidão coletiva - o que gerava
ta divisão é que deixa fora da “história” muitos povos revoltas internas. Ao longa da história do Egito Anti-
que não tinham ou até hoje não tem um sistema or- go, houve processos de centralização e descentrali-
ganizado de escrita, como se, por conta disso, não zação. A grande sociedade egípcia sobreviveu de
fossem “evoluídos”. Por óbvio, a escrita tem um pa- aproximadamente 3.100 a.c., época de sua primeira
pel fundamental em nossa e em muitas sociedades, unificação, até 30 a.c. quando é definitivamente der-
mas, isso não significa que sua ausência retrate seres rotada pelo Império Romano.
humanos incautos, sem criatividade e capacidade
mental. Cada sociedade tem seu próprio processo 2. Mesopotâmia
de desenvolvimento e, por essa razão, abandonou- Outro importante destaque da Antiguidade Orien-
-se o termo “pré-história”. Todo povo tem uma histó- tal é a Mesopotâmia. Seu nome vem do grego meso 1
ria, inclusive os não letrados. = meio e potamos = água, pois se desenvolveu em
uma região entre dois importantes rios - o Tigres e o
2. Períodos Eufrates. O Iraque compreende hoje a maior parte
A partir de então, consolidou-se a seguinte divisão das terras nas quais se situava a Mesopotâmia. Assim
da história pelos povos ocidentais: 1) Idade Antiga como no Egito, a presença destes rios foi fundamen-
(4000 a.c. - 476 d.c.); 2) Idade Média (476 d.c. - 1453 tal para o advento da agricultura, o que gera esta-
d.c.); 3) Idade Moderna (1453 d.c. - 1789 d.c.); 4) Ida- bilidade alimentar. Contudo, os regimes de cheias
de Contemporânea (1789 d.c. - atual). Esta classifica- não eram tão regulares quanto os do Nilo - o que po-
ção foi elaborada com a ideia de englobar épocas deria ocasionar inundações ou secas inesperadas. A
históricas que tivessem características próximas e se- geografia da região também não era tão favorável
pará-las em momentos de ruptura. Isso não significa quanto a do Egito. Esta é mais isolada por se estrutu-
que elementos de um não possam estar na outra. rar na “borda” do continente. A região mesopotâmi-
A Idade Antiga é o período que vai do surgimento ca se situava em uma vasta planície, possibilitando
da escrita entre os sumérios até a queda do Império recorrentes invasões. Também em oposição ao Egito
Romano do Ocidente em 476 d.c. Divide-se, ainda, que se estruturou em torno das figuras dos faraós, na
esta época entre Antiguidade Oriental - representa- Mesopotâmia o centro de unificação eram as cida-
da pelos egípcios, hebreus, mesopotâmicos, persas des. Um de seus períodos mais importantes de unifi-
e fenícios; e Antiguidade Clássica - com Grécia e cação foi em torno do Império Babilônico. Como já
Roma como seus representantes. apontamos anteriormente, os sumérios, que ficavam
nesta região, desenvolveram a escrita. O primeiro có-
Antiguidade Oriental digo de leis escritas que se tem conhecimento foi ela-
borado neste período, sob o governo de Hamurabi,
1. Civilização Egípcia amparado nos princípios da lei de talião - “olho por
Em relação à Antiguidade Oriental, os egípcios tal- olho, dente por dente”. Sua importância arquitetôni-
vez sejam os mais conhecidos graças à divulgação ca também foi enorme - a famosa torre de Babel e
atual de sua arte com as pinturas parietais, sua arqui- os jardins suspensos da Babilônia foram elaborados
tetura sofisticada mundialmente conhecida pelas pi- neste período. Seu fim definitivo foi com a conquista
râmides, e também o processo de mumificação dos de seu território pelos persas em 539 a.c.
corpos. Definitivamente, esta civilização foi extrema-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

3. Hebreus onde deriva a palavra política - o debate para a orga-


As outras três civilizações da Antiguidade Orien- nização da cidade -, eram unidades políticas autôno-
tal aqui abordadas também apresentaram contri- mas e soberanas de seus territórios. Como apontamos
buições de destaque. Os hebreus têm grande parte acima, elas se unificavam pelo compartilhamento da
de sua história conhecida através do livro do Velho língua e dos deuses. Contudo, se afastavam pelas dife-
Testamento da Bíblia. Desenvolveram-se na Palesti- renças culturais e, sobretudo, de organização política.
na, região onde fica atualmente o estado de Israel, ao As duas mais importantes foram Atenas e Esparta.
redor do Rio Jordão. Contudo, a localização era inós- 2. Atenas
pita à agricultura. Por essa razão, migraram para a fér- A Pólis Ateniense experienciou ao longo de sua história,
til região do Nilo, onde, porém, foram subjugados pelo regimes de governo monárquico, aristocrático, oligárqui-
Império Egípcio. A servidão coletiva, a fuga de volta à co, tirânico e democrático. É justamente a experiência
Palestina aliaram-se à formulação religiosa que iria se so- do governo democrático que eleva sua importância e
lidificar entre os hebreus - o monoteísmo, a crença em distinção. A sociedade ateniense era dividida em cinco
apenas um Deus. Nunca conseguiram se estruturar en- classes de pessoas: 1) os eupátridas (grandes proprietários
quanto um Império, vivendo grande parte do período de terra); 2) os georgóis (pequenos proprietários); 3) os de-
da Idade Antiga sob o jugo de outros povos. Sua grande miurgos (artesãos e comerciantes); 4) os metecos (estran-
contribuição foi, sem dúvida, a religiosidade monoteísta geiros); e 5) os escravos (prisioneiros de guerra ou dívida).
- base de outras futuras grandes religiões como o catoli-
cismo e o islamismo. SE LIGA!
4. Fenícios e persas Democracia significa o governo dos cidadãos.
Os fenícios eram um povo voltado ao comércio ma- Em Atenas, os cidadãos se reuniam na Ágora
rítimo, se aproveitando das riquezas produzidas nos di- para debater e deliberar coletivamente
versos reinos da região. Foram importantes para o inter- questões relativas à cidade. Porém, eram
câmbio cultural e tecnológico entre os territórios, além considerados cidadãos apenas os eupátridas,
da invenção de um alfabeto fonético com apenas 22 os georgóis e os demiurgos. As mulheres, os
letras - a base de nosso atual alfabeto. Já os persas têm metecos e os escravos não participavam da
seu destaque pela sua enorme força militar e a cons- cidadania – eram excluídos deste processo.
trução de um grande império, só derrotado depois de Contudo, pela primeira vez na história dos
séculos pelos gregos. povos da região se organizava uma forma de
governo mais amplo – por isso o destaque à
2 democracia ateniense.
Antiguidade Clássica

1. Civilização Grega 3. Esparta


O que chamamos de Civilização Grega é um con-
A Pólis de Esparta, ao contrário da ateniense, era
junto de povos situados nas regiões da península balcâ-
aristocrática e formada por um governo diárquico, al-
nica, das ilhas do mar Egeu e do litoral da Ásia Menor.
tamente hierarquizada e militarizada. A sociedade era
Entre eles estão os jônios, os aqueus e os dórios. O que
dividida em três classes: 1) os espartanos (aristocracia
os unificava era o fato de praticarem a mesma língua
com monopólio do poder militar, político e religioso);
e adorarem os mesmos deuses. Contudo, não viviam
2) periecos (pessoas livres, comércio e artesanato, sem
sob um governo centralizado. Cada cidade tinha sua
direitos políticos); 3) os hilotas (escravos espartanos que
autonomia, graças a isso as nomeamos de cidades-es-
trabalhavam na agricultura).
tado - como se cada cidade fosse o que hoje entende-
mos como um país. Esse tipo de organização foi possí-
vel também graças à geografia local - montanhosa e 4. Guerra do Peloponeso
cercada por mares, que permitia um maior isolamento A Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta,
e segurança. O comércio marítimo foi atividade muito pela disputa da hegemonia política e comercial da re-
fomentada. gião foi o estopim para o declínio das cidades-estado
A história da Civilização Grega pode ser dividida em gregas. Após 27 anos de guerra, com um rastro de mor-
cinco partes: 1) período Pré-Homérico (séc. XV a.c. - séc te e destruição, Esparta saiu vencedora. Contudo, com
XII a.c.): período de povoamento; 2) período Homérico ambas enfraquecidas, abriu-se espaço para a invasão
(séc. XII - séc. VIII): formação das comunidades gentíli- macedônica. O grande Império Macedônico con-
cas; 3) período Arcaico (séc. VIII - séc. VI): a solidificação quistou os territórios e disseminou a cultura grega pelo
das Cidades-Estados; 4) período Clássico (558 a.c. - 338 nordeste da África e pela Ásia Menor, porque Filipe II e
a.c.): apogeu grego e guerras greco-pérsicas; e 5) pe- Alexandre, o Grande, seus imperadores eram admira-
ríodo Helenístico (336 a.c. - 323 a.c.): decadência das dores dos hábitos gregos. Com a morte de Alexandre
Cidades-Estado e expansão cultural via macedônios. tem fim a civilização grega da antiguidade. Contudo,
A forma de organização social grega se desenvolve- suas contribuições na filosofia, na arquitetura, no teatro,
rá a partir de pequenas comunidades gentílicas, ligadas na escultura e na política são importantes até os dias
a um núcleo familiar, até à solidificação das Cidades- de hoje.
-Estado. Estas, também chamadas à época de Pólis, de
Ciências Humanas e suas Tecnologias

5. Civilização Romana torial prosseguia e uma nova fonte de sustentação


A Civilização Romana é, em partes, tributária à Civi- econômica se colocava - o trabalho escravo dos
lização Grega, sobretudo em seus aspectos culturais e povos conquistados. Formou-se então uma camada
religiosos. Muitos de seus deuses eram os mesmos que de pessoas sem trabalho e de milhares de escravos.
o dos gregos, apenas com nomes diferentes. A arqui- Uma das maneiras encontradas para controlar a si-
tetura, o teatro, a poesia gregas influenciaram os ro- tuação foi a política do “pão e circo” - distribuição
manos. A periodização da civilização romana é feita de alimentos aos pobres e grandes festas para en-
da seguinte maneira: 1) a Monarquia (da fundação de tretê-los. Ao mesmo tempo, surge uma nova religião,
Roma em 753 a.c. até o século VI a.c.); 2) a República oposta à religião oficial romana. A nova religião ne-
(do século VI a.c. ao século I a.c.); 3) o Alto Império (do gava os prazeres terrenos apontando que a verda-
século I a.c. ao século III d.c.); 4) o Baixo Império (do deira vida se daria na eternidade após a morte. Em
século III d.c. ao século V d.c.). uma sociedade em que a vida terrena se mostrava
Roma surgiu na região central da península itálica, muito difícil à maioria, ter a possibilidade de ser feliz,
sendo formada por diversos povos, entre eles os etrus- mesmo que após a morte, já era um consolo. Era o
cos, os sabinos e os latinos. Seu mito de origem conta cristianismo que surgia e prosperava rapidamente
que, por conta de uma disputa pelo poder em um entre os pobres. Em seus primeiros anos foi proibido e
povoado, duas crianças foram abandonadas dentro perseguido - passou a ser permitido seu culto e, mais
de um cesto em um rio, sendo resgatadas e criadas adiante, se tornou religião oficial do Império, graças
por uma loba. As crianças se chamavam Rômulo e a sua popularidade.
Remo - os pais fundadores de Roma.
9. Crise Império romano
6. Monarquia romana A dificuldade para controlar um império tão vas-
Em seu início, Roma era uma monarquia em uma to, a crise do escravismo (sem expansão, sem novos
pequena cidade-estado agrícola. Dois eram seus escravos, sem dinheiro), as rebeliões internas, junto
principais grupos sociais: os patrícios - detentores de às invasões de povos estrangeiros colocou o Império
terra, e os plebeus, homens livres sem direitos políti- Romano próximo do fim. Tentaram até mesmo dividi-
cos. Roma não era uma monarquia absoluta - o rei, -lo entre Império Romano do Ocidente, com capital
chefe do executivo, precisava prestar contas ao Se- em Roma, e Império Romano do Oriente, com capi-
nado, que era um conselho de anciãos patrícios, e tal em Constantinopla. Contudo, em 476 d.c., Roma
ter suas decisões ratificadas pela Assembleia, institui- foi invadida e saqueada, resultando no fim do Impé-
ção formada pelos cidadãos em idade militar. Após rio Romano do Ocidente. 3
um tempo de dominação etrusca, os romanos se
rebelam e põem fim à monarquia, dando início ao
período da República - marcado pelo domínio do Se-
nado e, portanto, dos grandes detentores de terras. EXERCÍCIOS COMENTADOS

7. República romana 1 (Enem 2015) O que implica o sistema da pólis é uma


Ao longo dos anos, a população romana crescia extraordinária preeminência da palavra sobre todos
- detidamente entre os plebeus. A convulsão social os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o
aumentava, pois estes também desejavam partici- debate contraditório, a discussão, a argumentação
pação política. Para acalmar a situação, foi criado e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual,
o cargo de Tribuno da Plebe - com poder de veto às assim como do jogo político.
decisões do Senado; o direito a um cônsul plebeu; a VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio
elaboração da lei das doze terras e até uma tentati- de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
va de reforma agrária proposta pelos Irmãos Graco. Na configuração política da democracia grega, em
Externamente, o período republicano foi de enorme especial a ateniense, a ágora tinha por função
expansão territorial - o que implicou em mais terras
aos patrícios e aumento de sua produção agrícola, a) agregar os cidadãos em torno de reis que gover-
o que impossibilitou a subsistência de milhares de pe- navam em prol da cidade.
quenos proprietários, que acabaram se deslocando b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do
para a cidade de Roma - a qual passava a ter um Estado expostas por seus magistrados.
crescimento desmedido. c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se
reunia para deliberar sobre as questões da comu-
8. Império romano nidade.
Como a convulsão social não se acalmava, os d) reunir os exercícios para decidir em assembleias
patrícios junto aos militares instituíram o Império Ro- fechadas os rumos a serem tomados em caso de
mano - configuração de poder concentrado na mão guerra.
de uma pessoa. A partir deste período, além da alta e) congregar a comunidade para eleger represen-
concentração de funções, o Imperador também se tantes com direito a pronunciar-se em assem-
assemelhava à figura de um deus. A expansão terri- bleias.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Resposta: Letra C.
A ágora era o local definido para os cidadãos de- IDADE MÉDIA
batere e encaminharem questões relativas à or-
ganização social.
A ruptura entre o fim da Idade Antiga e o início da
2. (Ufrs) A chamada Revolução Urbana foi antece- Idade Média ocorre com a queda do Império Roma-
dida pelos avanços verificados no período neolítico, no do Ocidente. Vimos que, à beira do colapso, O
a saber, a sedentarização das comunidades huma- Império Romano foi dividido em dois. A parte Orien-
nas, a domesticação de animais e o surgimento da tal, sediada em Constantinopla, sobreviveu ao declí-
agricultura. Porém, há cerca de cinco mil anos ocor- nio imperial e passou a se chamar Império Bizantino.
reram novos avanços, quase simultaneamente, em Constantinopla era o novo nome da antiga Bizâncio
pelo menos duas regiões do Oriente Próximo: na Me- e que, futuramente, se tornaria Istambul. Os bizanti-
sopotâmia e no Egito. nos não só sobreviveram, como no início expandiram
Assinale a única alternativa que NÃO corresponde a seu território. Porém, este avanço durou pouco. Dis-
transformações ocorridas nesse período. putas em suas fronteiras com os ocidentais e com os
turco-otomanos, junto a dificuldades econômicas,
reduziu o Império Bizantino a poucas possessões.
a) Diversificação social: ocorreu o surgimento de uma
Com a queda romana, a situação não se acal-
elite social composta por sacerdotes, príncipes e
mara. Ao contrário, seguiu-se um período de instabi-
escribas, diretamente ligada ao poder político e
lidade - invasões e estado de guerra constante en-
afastada da tarefa primária de produzir alimentos. tre os povos. Os bárbaros1 (dentre eles, os visigodos,
b) Expansão populacional: verificou-se o surgimento anglo-saxões, francos e vândalos) vão continuar em
de grandes cidades, densamente povoadas, es- sua batalha por territórios. Os turco-otomanos conse-
pecialmente na região mesopotâmica. guem parte da ásia menor e dos balcãs e um novo
c) Desenvolvimento econômico: a economia deixou personagem histórico também surgirá - os árabes e o
de estar baseada somente na produção auto-sufi- islamismo.
ciente de alimentos para basear-se na manufatura
especializada e no comércio externo de matérias- 1. Islamismo
-primas ou de manufaturados. O islamismo surgiu no século VI na península ará-
d) Descentralização político-econômica: o controle bica, graças à elaboração de um homem de família
econômico passou a ser feito pelos poderes locais, humilde chamado Maomé que começou a professar
4 sediados nas comunidades aldeãs, que funciona- uma nova fé - como que uma síntese do cristianismo
vam como centros de redistribuição da produção. e do judaísmo. Ele dizia que só havia um Deus, de
e) Surgimento da escrita: foi uma decorrência do nome Alá, e era contrário à adoração de vários deu-
aumento da complexidade contábil. Serviu inicial- ses (politeísmo). Acontece que a região onde nasce-
mente para controlar as atividades econômicas ra, a cidade de Meca, era ponto de peregrinação
dos templos e palácios, mas depois teve profun- politeísta de diversos povos da península. Preocupa-
das implicações culturais, como o surgimento da dos com o crescimento dos seguidores de Maomé
literatura. e sua intolerância com os peregrinos politeístas, os
comerciantes de Meca expulsam Maomé da cida-
Resposta: Letra D. de. Ele foge para Iatreb, cidade vizinha e de grande
Essas sociedades se destacam pela centralização importância na península. Lá, ele é bem recebido e
– promovida tanto nas cidades-estado da região organiza um grupo para conquistar Meca, no que
também tem sucesso. Após sua morte, em 632 d.c.
mesopotâmica, quanto no Império Egípcio.
, o poder político e religioso dos muçulmanos fica
na mão dos califas (herdeiros de Maomé), que dão
cabo ao jihad, a guerra santa em busca da conver-
são das pessoas ao islamismo. Rapidamente, a nova
religião se espalha por toda a península arábica e,
já no século seguinte, por todo o norte da África e a
parte ibérica da Europa. Seu expansionismo dentro
da Europa só é freado em 732, quando são derro-
tados na Batalha de Poitiers, em batalha contra os
francos.

2. Cristianismo
Dentro da Europa, a unidade fomentada pelo
Império Romano é substituída pela fragmentação
em diversos reinos. O perigo de se morar nas cida-

1 Povos indo-europeus estrangeiros ao Império Romano eram


agrupados em um único grupo - os bárbaros, como se todos fossem
a mesma coisa.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

des com os constantes saques e invasões e o fim do e obrigações ao senhor de engenho, que em troca
emprego da mão de obra escrava no campo, impul- também os protegia de saqueadores e invasores. A
siona uma ruralização na Europa medieval. Fortifica- terra do feudo era dividida em três partes: o manso
ções e castelos passam a isolar os diferentes grupos, senhorial, terra trabalhada pelos servos em benefício
o que foi um golpe letal no comércio europeu, assim exclusivo do senhor; o manso servil, terras cedidas aos
como o domínio muçulmano do mar mediterrâneo. servos para exploração própria; e manso comunal,
O único fio que busca perpassar os diferentes reinos bosques e pastos de uso comum dos servos e senho-
europeus é o do cristianismo, que cresceu demasia- res. Dentre as obrigações devidas pelos servos aos se-
damente nos últimos anos do Império Romano. Por nhores estava o trabalho no manso senhorial e taxas
exemplo, no caso acima que citamos da Batalha e partes da produção no manso servil dedicadas aos
de Poitiers. Os francos lutaram contra os muçulma- senhores.
nos para defender seu território e também a fé cris-
tã. Pelo apoio papal em disputas internas dos reinos, 4. Baixa Idade Média
dinastias cediam enormes porções de terra à Igreja. A chamada Baixa Idade Média é o período que
A unidade em torno de reinos e até mesmo uma ten- vai do século XI ao XV. Até então, a busca por estabi-
tativa de reinventar o Império Romano do Ocidente, lidade e paz havia sido alcançada. Após um período
contudo, fracassaram. A instabilidade do estado de turbulento, com a fixação dos feudos e de sua ordem
guerra constante era a regra. Desta maneira, a des- social, foi possível até mesmo a melhora da qualida-
centralização prosperou e iniciava-se o feudalismo. de de vida e o crescimento populacional. Contudo,
o que parecia bom, não era tanto, graças à estrutura
feudal. A produção agrícola nos feudos não era volta-
SE LIGA! da para produzir excedente - produzia-se o necessário
Feudalismo é o nome dado à ordem social para o consumo local. A taxa de crescimento popu-
que prosperou na Europa durante a Alta Idade lacional não foi acompanhada de taxa correspon-
Média (século V ao século X). Ele é marcado dente da produção agrícola. Servos começaram a
por uma ausência do comércio e por uma fugir dos feudos por conta da fome. Este processo não
agricultura voltada ao consumo local – interno afetou apenas os servos. Pelo direito de primogenitura,
aos feudos. Estes eram dominados pelos somente o filho mais velho de um senhor herdaria suas
senhores feudais. A sociedade feudal era terras. Com a escassez de terras, formou-se um con-
estamental, ou seja, era quase impossível haver junto de cavaleiros sem sustento.
mobilidade social. Nascia-se em um estamento Ao mesmo tempo, ocorria dentro da Igreja um 5
e morria-se nele. Eram três os estamentos do reavivamento para a retomada de Jerusalém da
período: a nobreza, especializada em guerrar mão dos muçulmanos. Iniciava-se, a partir do sécu-
e defender seu território; o clero, responsável lo XI, As Cruzadas. As expedições cruzadistas mobi-
por cuidar das almas; e os servos, que deveriam lizam milhares de pessoas. Os cavaleiros sem terra
trabalhar a terra. Embora a função do clero eram seus principais braços militares, assim como os
seja religiosa, a expansão de terras em nome
servos que haviam fugido da terra de seus senhores
da Igreja e de seu alto sacerdócio, colocava
representavam o grosso do corpo de combate. Um
esta como a maior detentora de terras do
contingente enorme de mulheres, crianças e velhos
período. Havia, além das questões espirituais,
seguiam os cruzadistas em busca de possibilidades
um interesse material dos membros do clero
melhores de vida.
no regime feudal.
5. Alta Idade Média
3. Suserania e vassalagem Jerusalém não foi retomada, nem o problema
Os diversos membros da nobreza se relacionavam da produção agrícola e da falta de terras resolvido.
pelos acordos de suserania e vassalagem. Estes acor- Contudo, as expedições foram importantes no resga-
dos se estruturavam da seguinte forma: um nobre te de uma mobilidade comercial no interior do con-
mais rico, com mais terras, cedia parte de suas terras
tinente europeu e da reabertura do comércio medi-
a outro nobre, que não tinha tanta. Em troca, o que
terrâneo. Nas rotas cruzadistas, cidades renasciam e
recebeu as terras deveria fidelidade e encargos ao
feiras eram formadas. Mesmo após e além às cruza-
que cedeu. Este era o suserano, aquele o vassalo.
das, o contato entre mercadores de diversas regiões
Cabia também ao suserano a defesa de seu vassalo
foi retomado. Cidades como Gênova e Veneza
em caso de agressão externa. O ritual de suserania
movimentavam o comércio marítimo no mediterrâ-
e vassalagem era firmado sempre na presença de
neo. Ao norte, criou-se a Liga Hanseática de cidades
um figura clerical. Portanto, desta maneira se amar-
mercantis alemãs. Problemas como a insegurança
ravam os acordos sociais que estruturaram o período.
Os servos não eram escravos. Eles estavam presos em torno das rotas levaram à criação de fortes or-
à terra de seu feudo, porém não eram mercadorias ganizações de defesa - processo importante no pos-
que poderiam ser comercializadas ou aprisionadas terior movimento de surgimento dos estados-nação.
por um terceiro. Eles deviam obediência, trabalho As moedas voltam a ser utilizadas para possibilitar um
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comércio melhor e mais dinâmico. textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
Também as cidades voltam a apresentar impor- A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi
tância. Antigas cidades romanas abandonadas vol- produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal
tam a ser ocupadas e também ao redor dos feudos ideologia e um processo que a ela se opôs estão in-
formam-se burgos. Os burgos deviam obrigações aos dicados, respectivamente, em:
senhores da terra, contudo movimentos comunais
se desenvolveram em busca da emancipação dos a) Justificar a dominação estamental/ revoltas cam-
burgos - e são vitoriosos. Os burgos passam a ter au- ponesas.
tonomia política, econômica, jurídica. Em seu interior, b) Subverter a hierarquia social/ centralização burgue-
organizações de ofício reúnem artesãos responsáveis sas.
pela produção de mercadorias para a troca e ven- c) Impedir a igualdade jurídica/ revoluções burgue-
da. O enriquecimento dos comerciantes e de uma sas.
parcela dos mestres artesãos levou ao surgimento de d) Controlar a exploração econômica/ unificação
uma nova classe social - a dos burgueses. No interior monetária.
da ordem feudal, gestava-se, através do comércio, e) Questionar a ordem divina/ Reforma Católica.
da economia monetarizada, da possibilidade do lu-
cro individual, a ordem que viria substituí-la - o capi- Resposta: Letra A.
talismo. A ideologia busca justificar a sociedade dividida
em três ordens de pessoas – os nobres, os clérigos
6. Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453) e os servos. As revoltas camponesas significavam
Um caso marcante deste processo foi a Guerra descontentamento com o modelo servil.
dos Cem Anos (1337 - 1453), entre o Reino da França
e o Reino da Inglaterra. Lembremos que o modelo
de sucessão real era por primogenitura - o filho mais IDADE MODERNA
velho herdava o trono do pai. Acontece que anti-
gas relações reais ligavam o então rei da Inglaterra,
Eduardo III, ao rei da França, Carlos IV, que morreu Como vimos no tópico anterior, começava a sur-
sem deixar herdeiros. Eduardo, que era sobrinho de gir no interior da Europa, um movimento que viria
Carlos, reivindicou o trono francês. Porém, os nobres substituir a antiga ordem feudal. De fato, elementos
franceses, receosos de perder sua influência, indica- importantes se desenvolveram no contexto europeu.
6 ram um conde de nome Felipe ao cargo. Este assu- Um primeiro elemento a ser considerado foi a cria-
me e passa a se chamar Felipe VI. Eduardo não con- ção de exércitos tanto para as cruzadas, quanto
corda e os dois reinos entram em guerra - uma guerra para a defesa das rotas comerciais. Esses exércitos,
que perdurou por 116 anos. Os ingleses começaram formados por uma quantidade considerável de no-
vitoriosos e anexaram a região norte da atual França. bres decadentes, começaram a ser centralizados ao
Ao longo dos anos, houve períodos mais acalorados, redor de reis. Com isso, a descentralização caracte-
outros menos. O ponto que nos importa é o seguinte: rística do feudalismo é substituída por reinos fortes em
para os franceses reverterem o jogo precisaram se desenvolvimento.
unir em torno da figura do monarca. Para tanto, os
nobres precisaram cada vez mais ceder seu poder
em favor do rei. Um exército nacional foi criado. Veja 1. A Reconquista
que até agora não tínhamos falado em nações - fa- Os muçulmanos desde o século VIII ocupavam a
lamos em comunidades, civilizações, impérios, reinos. península ibérica (nos atuais territórios de Portugal e
O crucial dessa disputa foi a formação dos estados Espanha). A partir do século XI, se iniciaram as cru-
nacionais. Este processo aconteceu tanto na França, zadas cristãs contra os muçulmanos. Neste contexto,
quanto na Inglaterra, mas também em outras regiões. quatro reinos cristãos - Leão, Castela, Navarra e Ara-
gão - se juntaram para combater os ocupantes islâ-
micos que estavam na península. Esta disputa durou
séculos - só terminou no século XV com a expulsão
EXERCÍCIO COMENTADO total dos muçulmanos. Contudo, ao longo dos anos,
os cristãos foram conquistando territórios. Os quatro
1 (ENEM 2015) A casa de Deus, que acreditam una, reinos pediram auxílio ao nobre francês Henrique de
está, portanto, dividida em três: uns oram, outros Borgonha (nobres eram contratados para disputas,
combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes ainda não haviam se estruturado os exércitos nacio-
que coexistem não suportam ser separadas; os servi- nais). Sua intervenção na guerra foi fundamental e,
ços prestados por uma são a condição das obras das em troca, cederam a ele um condado - o conda-
outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de do portucalense. Na região do condado, atual norte
aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mun- de Portugal, os comerciantes prosperavam pelo fato
do gozar da paz. dali ser um importante entreposto entre o mar medi-
ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de terrâneo e o mar do norte. Após a morte de Henri-
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que, seu filho, Alfonso Henriques, luta por mais auto- ca. As práticas econômicas adotadas se inserem em
nomia do condado. Alfonso não tem filhos e, depois um conceito chamado mercantilismo. Este conceito
de também morrer, a burguesia portucalense sente- representa a prática comercial da época promovi-
-se ameaçada pela possibilidade de voltar ao reino da pelas nações: 1) o Estado precisa ser forte e ter o
de Castela - e perder a autonomia conquistada. Bur- monopólio das atividades comerciais; 2) metalismo:
gueses se unem a um grupo de nobres e, em 1383, os a riqueza de um país se mede pela quantidade de
portucalenses promovem a Revolução de Avis, tor- prata e ouro em reserva, portanto é importante bus-
nando-se independentes - nascia Portugal. car sempre novas fontes; 3) Balança comercial favo-
rável: a prosperidade era alcançada exportando-se
2. Antigo Regime mais do que se importa.
Este modelo de aliança entre setores mercantis
em ascensão, a chamada burguesia, e nobres será 4. Colonialismo
o modelo principal de organização social do século O colonialismo português, em seu princípio, foi or-
XV ao XVIII, ou seja, o modelo da Idade Moderna. ganizado pelo modelo das Capitanias Hereditárias.
Este ordenamento ficou conhecido como o Antigo A nação dividia suas novas possessões em grandes
Regime - formação de monarquias nacionais com a pedaços de terra. Cada um desses grandes pedaços
aliança de burgueses e nobres. A Igreja perde parte seria oferecido a um nobre que teria direito ao usu-
de seu poder neste período. A passagem oficial da fruto da terra - não seria o dono da terra, a terra con-
Idade Média para a Idade Moderna se dá com a to- tinuaria pertencendo à Coroa Portuguesa. Contudo,
mada de Constantinopla pelos turcos-otomanos, em o nobre teria o direito à exploração da terra. Colo-
1453. Porém, o importante é que se compreenda que cou-se em prática o modelo de plantation: grandes
o movimento histórico amplo que define essa passa- propriedades em nome de uma só pessoa (latifún-
gem é a formação de estados nacionais, crescimen- dios), com a produção de apenas um item agrícola
to do comércio e ascensão da burguesia. (monocultura) e mão de obra escrava. O tráfico de
escravos se tornará no período uma das práticas co-
O surgimento do estado nacional português se dá
merciais mais lucrativas, se não a mais. Capturar pes-
ao mesmo tempo em que a Guerra dos Cem Anos se
soas e vendê-las enquanto mercadorias que seriam
desenvolvia - impedindo os deslocamentos terrestres
mão de obra nas colônias rendeu muito dinheiro.
pelo interior da Europa; ao mesmo tempo em que os
comerciantes marítimos italianos, sobretudo de Gê-
5. O Absolutismo
nova e Veneza, hegemonizavam o comércio no mar
Na Europa, novos acontecimentos surgiam. A
mediterrâneo e o mar do norte era controlado pela 7
parceria inicial entre burgueses e nobres começava
Liga Hanseática. Para este pequeno país se manter a a se desgastar. A crescente centralização do poder
saída encontrada foi buscar rotas no Oceano Atlânti- nas mãos do monarca, instituiu um novo conceito:
co. Portugal será pioneiro nas Grandes Navegações. o absolutismo. O absolutismo é tipo de governo em
que o poder fica todo concentrado nas mãos do
monarca. Concomitantemente, a burguesia am-
SE LIGA! pliava seu papel de grande força econômica com
As Grandes Navegações foram o processo a revolução comercial que seguia. Nobres concen-
de busca por novas rotas comerciais pela trando o poder político, burguesia concentrando o
costa africana até às Índias. Os mercadores poder econômico. Quem paga a banda quer esco-
portugueses viram aí a possibilidade de ganhar lher a música. A burguesia queria participar também
mais dinheiro. Este empreendimento só foi da vida política. Na Inglaterra, acontece, durante
possível porque foi um processo centralizado o século XVII, a Revolução Inglesa - disputa que ti-
– o dinheiro arrecadado pelo governo foi nha raízes religiosas, mas, sobretudo, determinações
investido na empreitada. Saldo positivo econômicas. A Revolução, após intensos embates
tanto para os burgueses, pois ganhavam internos, conquistou um novo modelo político para a
mais dinheiro, quanto para os nobres, que nação: a monarquia parlamentarista. A monarquia
aumentavam seu poder. ficava submetida às prerrogativas do parlamento.
Ao mesmo tempo, os comerciantes ingleses se lan-
çavam às grandes navegações e buscavam melho-
3. As Grandes Navegações rar suas técnicas produtivas - processo que culmina-
O processo das Grandes Navegações culmina na rá com a Revolução Industrial.
descoberta, para os europeus, de um novo continente Na França, no século XVIII, a concentração de
- a América. Há uma verdadeira Revolução Comercial poder nas mãos do rei chegou em limites tão absur-
em curso com a expansão de mercados. Em princípio, dos que, um de seus reis, Luís XIV chegou a dizer: “o
portugueses e espanhóis buscavam relações de tro- Estado sou eu”. A nobreza vivendo na luxuosidade
ca com os povos costeiros tanto da África, quanto conquistada através dos altos impostos sobre a popu-
da América. Contudo, com o passar do tempo, ini- lação civil. A luxúria acabaria na guilhotina durante
ciaram o modelo colonial - prática de ocupação e a Revolução Francesa. Outras mudanças importan-
exploração de territórios, destacadamente na Améri- tes aconteceram durante a Idade Moderna, dentre
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elas, a Reforma Religiosa, o Renascimento Cultural e ideais iluministas, as treze colônias se unem contra a
o Iluminismo. metrópole. Inicia-se uma guerra de independência.
Os colonizados, com o apoio francês, libertam-se de
6. Reforma Religiosa sua condição e, em 1783, finalmente decretam sua
A Reforma Religiosa também se relaciona aos ou- emancipação. Nasce os Estados Unidos com uma
tros processos pelos quais a Europa passava. A cen- constituição republicana e federalista.
tralização do poder nas mãos dos reis incomodava A Idade Moderna é uma Idade de transição: o
a Igreja. Assim como a capacidade de intromissão novo estava muito próximo de nascer, mas o velho
da Igreja também incomodava parte da nobreza. Di- ainda persistia. Só assim podemos compreender a exis-
versos conflitos surgiram por conta disso. Ao mesmo tência simultânea de forças diversas como a nobreza e
tempo, a prática dos membros da Igreja Católica era a burguesia. O feudalismo não havia de todo deixado
contraditória: condenavam o lucro e a usura, mas de existir, mas o capitalismo também não havia se es-
detinham grandes possessões e viviam uma vida lu- truturado totalmente. É neste campo de negação do
xuosa. Vendiam indulgências - o perdão divino pelos passado e acumulação de experiências, ideias e rique-
pecados praticados através de pagamentos à Igre- zas que será possível o surgimento da Idade Contem-
ja. Um padre chamado Martinho Lutero se revoltou porânea, com as bases que edificam até hoje nossas
e deu origem à doutrina luterana. Dentre seus pon- sociedades.
tos principais, podemos destacar: a livre leitura da Bí-
blia; utilização da língua nativa ao invés do latim; a
manutenção de apenas dois sacramentos: batismo
e eucaristia; e submissão da Igreja ao Estado. Lutero EXERCÍCIOS COMENTADOS
foi condenado como herege pela Igreja e persegui-
do. Sobreviveu graças ao apoio de parte da nobreza 1. (FUVEST) No processo de formação dos Estados Na-
germânica. Suas ideias correram rápido pelo conti- cionais da França e da Inglaterra podem ser identifica-
nente. Seus ideais de que a salvação viria por uma dos os seguintes aspectos:
vida regrada, de disciplina e ordenamento, iam ao
encontro da necessidade burguesa de trabalho e a) fortalecimento do poder da nobreza e retardamento
acumulação. A Igreja não aceitou impassível - iniciou da formação do Estado Moderno
a contra-reforma, movimento de retomada da evan- b) ampliação da dependência do rei em relação aos
gelização católica e perseguição aos dissidentes por
senhores feudais e à Igreja
8 meio da Inquisição.
c) desagregação do feudalismo e centralização políti-
ca
7. Renascimento Cultural
d) diminuição do poder real e crise do capitalismo co-
O Renascimento Cultural foi um processo ligado
mercial
à retomada do comércio e da vida urbana. Com as
e) enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre o
intensas trocas, artistas e pensadores se voltam a con-
Estado e a Igreja
ceitos do período clássico grego e romano em que o
ser humano tinha papel central - movimento conhe-
cido como humanismo. Forjava-se um novo universo Resposta: alternativa C.
cultural, alinhado às demandas da nova época. No- Os Estados Nacionais se formam de maneira centra-
mes como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Luís Ca- lizada politicamente na figura do monarca, em opo-
mões, se destacam nesse período. Ao mesmo tempo, sição ao contexto de descentralização que marcou
um movimento intelectual chamado Iluminismo sur- o feudalismo.
ge: é preciso iluminar o pensamento à luz da razão,
do pensamento científico e racional. A fé não pode 2. (FUVEST) Deve-se notar que a ênfase dada à faceta
ser a base última de sustentação de nosso pensar e, cruzadística da expansão portuguesa não implica, de
consequentemente, de nosso agir. modo algum, que os interesses comerciais estivessem
dela ausentes – como tampouco o haviam estado das
8. Independência dos Estados Unidos cruzadas do Levante, em boa parte manejadas e finan-
Em 1775, as treze colônias britânicas na América ciadas pela burguesia das repúblicas marítimas da Itália.
do Norte se rebelam contra o poder colonial. Estas Tão mesclados andavam os desejos de dilatar o território
colônias, em seu início, não receberam grande peso cristão com as aspirações por lucro mercantil que, na sua
da metrópole - puderam, por essa razão, se desenvol- oração de obediência ao pontífice romano, D. João II
ver de maneira mais livre. Contudo, os ingleses em fins não hesitava em mencionar entre os serviços prestados
do século XVIII necessitavam de mais dinheiro para por Portugal à cristandade o trato do ouro da Mina, “co-
remediar as contas públicas que sofriam por conta mércio tão santo, tão seguro e tão ativo” que o nome do
das constantes guerras com os franceses. Aumenta- Salvador, “nunca antes nem de ouvir dizer conhecido”,
ram taxas e impostos sobre produtos importados e ex- ressoava agora nas plagas africanas…
portados em suas colônias. Tal medida não foi acei- Luiz Felipe Thomaz, “D. Manuel, a Índia e o Brasil”. Revis-
ta de maneira pacífica. Revoltados e inspirados nos ta de História (USP), 161, 2º Semestre de 2009, p.16-17.
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Adaptado.
Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que a IDADE CONTEMPORÂNEA
expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um em-
preendimento
Como formulamos no tópico anterior, após um
a) puramente religioso, bem diferente das cruzadas dos período de relativa tranquilidade e baixa movimen-
séculos anteriores, já que essas eram, na realidade, tação social e política, que caracterizou parte da
grandes empresas comerciais financiadas pela bur- Idade Média, os contatos e deslocamentos se ace-
guesia italiana. leraram na Idade Moderna. A aliança entre nobres
b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era e burgueses ficava cada vez mais tensa, assim tam-
comum, à época, a concepção de que a expan- bém entre as nações. França, Holanda e Inglaterra
são da cristandade servia à expansão econômica também entraram na disputa por terras na América.
e vice-versa. Portugal e Espanha haviam firmado um tratado, vali-
c) por meio do qual os desejos por expansão territo- dado pelo Papa, que dividia o novo mundo em duas
rial portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista partes - uma pertencente aos portugueses; outra, aos
de novos mercados para a economia europeia espanhóis. Mais gente queria participar da festa da
mostrar-se-iam incompatíveis. exploração: os novos países navegantes não aceita-
d) militar, assim como as cruzadas dos séculos ante- ram o acordo e buscaram conquistar terras.
riores, e no qual objetivos econômicos e religiosos Os ingleses tiveram grande sucesso na empreita-
surgiriam como complemento apenas ocasional. da, sobretudo por terem desenvolvido uma marinha
e) que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio forte e bem equipada, que se tornou a principal do
intercontinental, a despeito de, oficialmente, auto- mundo. Por terem saído tarde ao mar, conquistaram
ridades políticas e religiosas afirmarem que seu úni- pouco ouro e pouca prata. Porém, para reverter este
co objetivo era a expansão da fé cristã. quadro, investiram fortemente na produção de mer-
cadorias. Portugueses e espanhóis ,mais preocupa-
Resposta: alternativa B. dos em acumular metais, acabaram dependentes da
Interessava tanto à Igreja, quanto aos comercian- produção inglesa. Na prática, ao longo dos anos, o
tes a expansão marítima implementada pelos por- ouro e a prata dos países ibéricos se direcionara para
tugueses. a Inglaterra. Os ingleses puderam, então, promover a
chamada Revolução Industrial, no século XVIII.
9
1. Revolução Industrial
A Revolução Industrial foi um processo de modifi-
cação do modelo produtivo, ocorrido na Inglaterra,
mais intensamente na segunda metade do Século
XVIII. Podemos elencar alguns dos fatores mais impor-
tantes para que ela se desenvolvesse. Em primeiro
lugar, ao transformar sua armada marinha na mais
forte do globo, passaram também a monopolizar o
tráfico de escravos, atividade altamente lucrativa. O
saque colonial foi também outra importante fonte de
recursos - invadiam territórios e de lá extraiam rique-
zas. Como já apontado acima, os metais conquista-
dos nas relações comerciais com os ibéricos também
foram importantes. Eram os comerciantes que reali-
zavam as transações comerciais, ou seja, a burgue-
sia começa a acumular muito dinheiro. O governo
taxava, cobrava imposto sobre as mercadorias e
movimentações, mas o grosso do dinheiro ficava nas
mãos dos burgueses. Todo esse dinheiro conquistado
implicará na criação de bancos. Estes vão direcionar
grandes investimentos na produção de mercadorias
- fato que será crucial à Revolução.
Outro ponto importante foi o chamado cerca-
mento de terras. Você se lembra que as terras feudais
eram repartidas em três partes - o manso senhorial,
o manso servil e o manso comunal? Essa estrutura
pouco a pouco passou a mudar - os senhores pas-
saram a se preocupar com uma produção agrária
voltada para o lucro e não para o sustento alimentar
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dos membros de seu terra. Nas cidades inglesas, a quena e média burguesia. Os primeiros negociavam
produção de tecidos crescia vertiginosamente. Por mais com a nobreza, enquanto os segundos eram
isso, no campo passou-se a cercar as terras e nelas radicais e negavam esse contato. De 1793 a 1794,
colocar ovelhas. Das ovelhas sairia a matéria-prima os jacobinos estiveram no poder e implementaram
dos tecidos - a lã. Para a criação dos ovinos, não é uma agenda de taxação dos mais ricos, separação
necessário grande mão-de-obra: é só deixá-los em oficial do Estado com a Igreja, enfrentaram exérci-
um pasto. Muitos campesinos perderam espaço em tos estrangeiros invasores que desejavam restaurar a
sua própria plantação, caça e coleta - ficaram, as- monarquia e perseguiu opositores internos - mais de
sim, sem condições de sobreviver na zona rural. Ao 35 mil franceses morreram por conta desta persegui-
mesmo tempo, havia uma demanda crescente nas ção. Foi o chamado período do terror. No meio do
cidades por mão de obra. Portanto, os homens e mu- ano de 1794, os girondinos derrubam os jacobinos do
lheres do campo começam a se dirigir às cidades, poder e governam até 1799. Este período se caracte-
que, contudo, não conseguem absorvê-los a todos riza como de controle das demandas e insurgências
em postos de trabalho. populares. O general Napoleão Bonaparte foi o res-
Um último e importantíssimo ponto foi a criação da ponsável pela defesa interna do país, na qual teve
máquina a vapor por James Watt - a grande mudan- grande êxito. Em 1799, o mesmo Napoleão dá um
ça tecnológica que marcou a Revolução Industrial. golpe de Estado nos girondinos e assume o poder na
A partir desse momento, a produção de mercado- França. Era o fim da Revolução Francesa e o início da
rias aumentou desenfreadamente. Grandes fábricas Era Napoleônica.
eram formadas e muita riqueza gerada. Contudo, a
distribuição dessa riqueza era muito desigual - criou-se
uma massa de pobres operários nunca vista na histó- SE LIGA!
ria. A Revolução Industrial avançava e criava a neces- A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra
sidade de se buscar novos mercados para absorver a e a Revolução Francesa abriram o século XIX.
enorme produção. 1789, ano de início da Revolução Francesa, é o
ano em que se inicia a Idade Contemporânea.
2. Revolução Francesa A partir de então, a estrutura capitalista
Ao mesmo tempo, na França, a burguesia vinha estava solidificada, tanto em termos técnico-
em maus lençóis. Vale lembrar que a Revolução econômicos, quanto em termos políticos. A
Inglesa aconteceu no final do século XVII, sendo burguesia se torna a grande classe dominante
10 fundamental para controlar a nobreza e projetar da sociedade.
politicamente os burgueses. Ao contrário, na França
a nobreza e o alto clero deitavam e rolavam - viviam
dos altos impostos pagos pelo povo, se metiam em 3. Século XIX
guerras desnecessárias e investiam mal o capital. A Ao longo do século XIX, a disputa entre nobres
situação de crise econômica chegou a tal ponto e burgueses continua. Em 1814, após frear a ofensi-
que não era mais possível controlar a rebelião social va expansionista da Era Napoleônica e derrotá-lo, as
- amponeses famintos, habitantes das cidades monarquias europeias se reuniram no Congresso de
paupérrimos e a burguesia francesa vendo seu Viena. Este congresso teve como função primeira,
progresso ser impedido pela falta de apoio estatal. reorganizar as fronteiras entre as nações aos moldes
Após tentativas de negociação com o rei Luís XVI, das que haviam antes de Napoleão. Também alça-
este se mostrou irredutível. No dia 14 de julho de 1789, ram a França novamente a uma monarquia - Luís
a população francesa se levantou contra o governo, XVIII, irmão de Luís XVI, foi coroado rei francês. Mas,
tomou a Bastilha, antiga prisão política, e formou o objetivo principal do Congresso era organizar a no-
uma Assembleia Constituinte. A Assembleia aboliu breza contra o avanço liberal. As ideias iluministas de
leis e privilégios feudais que sustentavam a nobreza e liberdade, igualdade e fraternidade, que motivaram
o clero; estabeleceu-se a liberdade e igualdade de a Revolução Francesa se espalharam pelo continen-
todos perante a lei. te e até para fora dele. Criou-se a Santa Aliança -
O processo revolucionário transcorreria até 1799. um exército em defesa das famílias reais. Contudo,
Nesses dez anos, a França viveu grande agitação a força do vento dos novos tempos era irresistível. Na
política e social. Em 1791, uma nova constituição foi América, processos de independência das antigas
redigida - uma monarquia constitucional, semelhan- colônias pipocavam. Na Europa, as sociedades se
te à inglesa, foi estabelecida. Após tentativa de fuga organizavam em vista a maior participação política
no mesmo ano, o rei foi preso sob acusação de cons- e social. Pouco a pouco, as monarquias foram cain-
piração contra o Estado. Em 1792, foi proclamada a do em definitivo.
República e, no ano seguinte, Luís XVI foi guilhotinado A Revolução Industrial, que começou na Inglater-
em praça pública. ra, se espalhou por toda a Europa e também para os
Dois principais grupos disputavam os rumos da Estados Unidos, antiga colônia inglesa que se emanci-
Revolução: os girondinos, representantes da alta para em 1783. A cada dia se produzia mais. Os gran-
burguesia, e os jacobinos, representantes da pe- des capitalistas concentraram uma enorme quantia
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de capital. Porém, os grandes capitalistas eram pou- trono. Descontentes com a possibilidade de uma for-
cos - e os que não faziam parte desse grupo tinham mação hispano-prussiana, a França declarou guerra,
grandes dificuldades para competir. Iniciou-se a fase caso o príncipe não renunciasse à candidatura. Não
do capitalismo financeiro (porque muito ligado aos renunciou e a guerra estava formada. Todos os reinos
bancos), industrial e monopolista (a competição de da região se aliaram e, liderados por Bismarck, derro-
mercado era muito pequena). taram os franceses. O caminho da unificação alemã
Vamos imaginar o seguinte caso: você é dono estava sedimentado. Além disso, anexaram parte do
de uma fábrica de tapetes. Antes da máquina a va- território francês, Alsácia e Lorena, e impuseram uma
por, a fábrica produzia cinco tapetes por semana - o pesada indenização - com ocupação militar da Fran-
necessário para a demanda de sua cidade. Com a ça pelo exército alemão até a quitação da dívida.
máquina a vapor, a produção salta para cinquenta A guerra e as humilhantes condições impostas
tapetes semanais. Você precisará ampliar mercado. pelos alemães, deixaram os franceses com um sen-
Com as melhoras tecnológicas ao longo do século timento de revanche. Também a disputa por novos
XIX, a produção vai para cem tapetes semanais. Será territórios na corrida imperialista era um fator de ten-
necessário ampliar mais e mais o mercado consumi- são. A Inglaterra, maior potência econômica do pe-
dor. ríodo, também se preocupava e formou uma aliança
4. Imperialismo militar com os franceses e russos. Os russos estavam
O exemplo acima foi mais ou menos o que se pas- preocupados sobretudo com os processos de inde-
sou com os burgueses europeus. A demanda interna pendência e formação de nações no leste europeu
da Europa era insuficiente. Novos mercados eram - região que vive este tipo de disputa até hoje. Ao
necessários, ainda mais após a Segunda Revolução mesmo tempo, os alemães se uniam ao Império Aus-
Industrial, que aconteceu na segunda metade do sé- tro-Húngaro, que tinha interesses na mesma região
culo XIX. Ferro, alumínio, energia elétrica, óleo diesel que os russos, e aos italianos. De um lado, a Tríplice
- novas descobertas do período. Inicia-se a fase do Aliança - Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. De ou-
Imperialismo (ou Neocolonialismo) europeu - ocupa- tro, a Tríplice Entente - França, Inglaterra e Rússia. A
ção política e militar de territórios na África, Ásia e Europa era um barril de pólvora prestes a explodir. A
Oceania. Seus objetivos eram 1) garantir reserva de centelha foi o assassinato do arquiduque Francisco
mercado para a produção industrial; 2) garantir tam- Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, pela
bém fornecimento de matérias-primas como carvão, organização secreta sérvia Mão Negra. Áustria-Hun-
ferro, petróleo e metais não-ferrosos; 3) controle dos gria declarou guerra à Sérvia. Os russos se posiciona-
mercados externos para investimento de capitais ex- ram a favor dos sérvios. O sistema de alianças milita-
cedentes. res foi ativado e se iniciou a 1ª Guerra Mundial.
11
Inglaterra e França são os dois principais países na
expansão imperialista. Contudo, dois importantes e 6. 1ª Guerra Mundial (1914 - 1918)
ricos países surgiam na Europa após processos inter- A 1ª Guerra Mundial (1914 - 1918) tem esse nome
nos de unificação - a Alemanha e a Itália. E eles tam- por envolver as principais potências ocidentais do
bém queriam os benefícios de ter novos territórios. Em período. Ela basicamente teve dois períodos: o pri-
1884, foi realizada a Conferência de Berlim, na qual meiro caracterizado como a guerra de movimento,
14 nações europeias dividiram o continente africano. por conta da tentativa de ataques rápidos dos ale-
A justificativa principal utilizada para ocupar o conti- mães; a segunda, guerra de trincheiras - cada país
nente foi levar os progressos civilizatórios aos africa- defendendo cada pedaço de seu território. A Ale-
nos. Ao contrário, levaram uma ocupação violenta
manha conquistou importantes vitórias até 1917 - ano
que durou quase cem anos.
em que dois acontecimentos mudaram o rumo da
Guerra: a Revolução Russa e a entrada dos Estados
5. Século XX
Unidos na batalha. A Revolução Russa foi a primeira
O século XX começou com um desenho distinto
revolução socialista da história. Com o lema de Paz
do que foi o início do século anterior. Com os avan-
(saída da Guerra, que já havia vitimado milhares de
ços tecnológicos, a população mundial aumentou
russos), Pão (a fome era generalizada) e Terra (país
muito, assim como a urbanização também era cres-
cente. agrário em que os campesinos não tinham terra pró-
Em 1870, ocorreu uma guerra entre a França e a pria), os revolucionários derrubaram o governo cza-
Prússia, nação que seria a base para a formação da rista (modelo próximo a uma monarquia) e implan-
Alemanha. Alarmados pelo crescimento econômico taram o socialismo. A entrada dos norte-americanos
dos germânicos e inseguros quanto às consequên- na Guerra se deu porque os alemães intensificaram o
cias da união dos reinos daquela região, os franceses bloqueio marítimo à Inglaterra - chegando a atacar
tentavam desarticular a união alemã. Contudo, Otto navios comerciais dos Estados Unidos. Ao entrarem
Von Bismarck, primeiro-ministro prussiano, articulou na Guerra, trouxeram consigo enorme contingente
de maneira estratégica a unificação: criando um ini- de armamentos e de soldados.
migo em comum. Por conta da sucessão do trono Em 1918, a Tríplice Aliança é finalmente derrota-
espanhol, que se tornara vago, o príncipe de um dos da. Assim como os alemães fizeram na Guerra Fran-
reinos próximos à Prússia se declarou candidato ao co-Prussiana, os franceses e ingleses impuseram um
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humilhante tratado. Os alemães pagariam uma pe- um pacto de não-agressão com a URSS. A partir de
sada multa, e enquanto não quitassem a dívida os então colocaram todas as suas forças para anexar a
franceses ocupariam seu território, o exército alemão maior quantidade de territórios possíveis sob influên-
foi limitado a cem mil homens e foi proibido de cons- cia inglesa e francesa.
truir navios e ter repartição aérea, além de verem a Em 1941, os alemães rompem o pacto com os
região da Alsácia-Lorena passar novamente ao do- soviéticos e invadem a URSS. No mesmo ano, os ja-
mínio francês. poneses iniciam ataques às bases navais norte-ame-
ricanas no Pacífico. A partir de então, o jogo virou.
7. O Período do Entre-Guerras Formou-se o grande bloco dos Aliados - Inglaterra,
O que se seguiu na Europa durante a década de França, Estados Unidos, URSS e China. Estes dois últi-
1920 foi um período de grande abalo econômico. Des- mos, após um primeiro período de derrotas, invertem
troçados pela guerra mais violenta da história até en- a situação e partem para a ofensiva. Em maio de
tão, as nações tentavam se reerguer. Os governos libe- 1943, a Itália é derrotada. Em 1945, os soviéticos ocu-
rais, amparados nos paradigmas de não-intervenção pam Berlim. Três meses depois, sob o argumento de
estatal na economia e livre mercado, se abalavam. duas bombas atômicas, os norte-americanos obtêm
De um lado, o espectro do comunismo vindo da União a rendição incondicional do Japão.
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS - centrada
na antiga Rússia). De outro, um novo campo político 9. A Guerra Fria (1946 - 1991)
- o fascismo. O fascismo foi um projeto que negava o Eixo derrotado, era hora de reorganizar a política
modelo democrático vigente - era contra os liberais, e internacional. Em 1946, cria-se a Organização das
também rejeitava radicalmente o socialismo. Carrega- Nações Unidas - com a participação da quase totali-
va um gérmen totalitário - grande mobilização popular dade dos países do mundo. Dentro da Organização,
em torno de um líder, um nacionalismo exacerbado fez-se o Conselho de Segurança formado por Estados
e um desejo expansionista. A Itália com Mussolini e a Unidos, França, Inglaterra, URSS e China - países ven-
Alemanha com Hitler serão os grande modelos deste cedores da Guerra. Cada um dos membros do Con-
projeto. A Alemanha em específico carregava um for- selho tem o direito de vetar unilateralmente qualquer
te aspecto anti semita - ódio aos judeus. Junto a esse decisão da ONU. O mundo entrava numa nova fase.
exacerbamento das tensões europeias veio a crise
econômica que assolou os Estados Unidos.
Após a Primeira Guerra, os EEUU se alçaram ao SE LIGA!
12 posto de maior potência econômica mundial - ti- Estados Unidos e URSS, após se aliarem na
nham ⅓ da produção industrial do mundo e foram os Guerra, passam a disputar a hegemonia do
grandes credores para a reconstrução europeia. A poder global. É a disputa entre duas ordem
cada dia se produzia mais mercadorias. Contudo, o sociais: a capitalista, representada pelos EEUU;
crescimento de produção não foi acompanhado de a socialista, representada pelos soviéticos. Com
consumo, porque a Europa não tinha dinheiro para o advento das armas atômicas, um conflito
comprar mais e, no mercado interno norte-america- militar entre ambos seria apocalíptico. Por
no, o consumo chegou ao limite. A especulação na essa impossibilidade, inicia-se a Guerra Fria –
Bolsa de Valores era enorme e mais e mais pessoas período de enorme tensão pela possibilidade
compravam ações. Quando perceberam a crise de da guerra direta entre ambos. Recebe o nome
superprodução, todos tentaram vender suas ações de “fria”, pois ela se dará de outras maneiras,
ao mesmo tempo. Era tarde - veio a Crise de 1929. que não o confronto direto.
Mais de 80 mil empresas fecharam nos EEUU e mais
de 12 milhões de pessoas ficaram desempregadas. A
crise se expandiu internacionalmente - só não afetou Em 1949, os EEUU lideram a criação da Organiza-
a URSS, pois esta estava com uma política internalista. ção do Tratado do Atlântico Norte - bloco político
militar com outras potências capitalistas, como In-
8. A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) glaterra e França. Em resposta, no ano de 1955, os
O resultado foi que dez anos após o surgimento soviéticos formalizam o Pacto de Varsóvia - aliança
da crise econômica rompeu a Segunda Guerra Mun- político militar com os países de orientação socialista.
dial. A Alemanha não respeitou o acordo de limi- A disputa entre os capitalistas e socialistas se deu
tação de seu exército e passou a anexar territórios em vários aspectos. Um deles foi a chamada “guer-
próximos. França e Inglaterra novamente se uniram ra nas periferias do mundo”. Cada espaço do globo
pela preocupação em torno de tais atos. Em 1939, era disputado. Desta maneira, norte-americanos e
os alemães invadem a Polônia - a gota d’água para soviéticos apoiaram direta ou indiretamente diferen-
desencadear o conflito. tes golpes e governos, ao sabor do alinhamento a
Em 1940, Alemanha e Itália, na Europa, se aliaram suas perspectivas. Assim aconteceu nas guerras do
aos japoneses, que seguiam a mesma política ex- Vietnã, do Afeganistão, em alguns golpes militares
pansionista na Ásia. Estruturava-se o Eixo - Alemanha, que aconteceram na década de 1960 e 1970, na
Itália e Japão. No ano anterior, os alemães assinaram América Latina.
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Cabe destacar que em meio à polarização da 2. (Fuvest) Identifique, entre as afirmativas a seguir, a
Guerra Fria, povos asiáticos e africanos que ainda se que se refere a consequências da Revolução Indus-
viam sob o jugo imperialista iniciado pelos europeus trial:
no século XIX se levantam e põem em prática lutas
pela independência. Várias nações se formam da a) redução do processo de urbanização, aumento
década de 1960 em diante. da população dos campos e sensível êxodo urba-
Outro ponto da disputa foi a corrida espacial. A no.
ciência cumpriu um papel de destaque. O exemplo b) maior divisão técnica do trabalho, utilização cons-
máximo disso foram os progressos espaciais - os russos tante de máquinas e afirmação do capitalismo
lançam o primeiro homem ao espaço e, depois, os como modo de produção dominante.
norte-americanos lançam o primeiro homem à lua. c) declínio do proletariado como classe na nova es-
Ideologicamente, também se disputava o mundo - trutura social, valorização das corporações e ma-
o modelo cultural norte-americano conseguiu muito
nufaturas.
mais sucesso também nesse ponto.
d) formação, nos grandes centros de produção, das
Economicamente, a URSS privilegiou a indústria
associações de operários denominadas “trade
pesada, enquanto nos pólos capitalista, destacada-
mente da década de 1970 em diante, a indústria do unions”, que promoveram a conciliação entre pa-
consumo de bens ganha destaque - o modelo ca- trões e empregados.
pitalista consumista brilhava aos olhos dos cidadãos e) manutenção da estrutura das grandes proprieda-
sob o regime soviético. A URSS se desintegraria em des, com as terras comunais, e da garantia plena
1991, marcando o fim da Guerra Fria. Os soviéticos dos direitos dos arrendatários agrícolas.
saíram derrotados por não conseguir 1) externamen-
te, competir economicamente com os capitalistas e Resposta: alternativa B.
2) internamente, não conseguirem sufocar amplos A Revolução Industrial representou as mudanças
movimentos no interior dos países soviéticos que exi- técnicas e econômicas que iriam marcar a ordem
giam maior autonomia política e abertura de conta- social capitalista – divisão do trabalho e automoção.
tos com países capitalistas.
Inicia-se a Nova Ordem Mundial com hegemonia
norte-americana e seu modelo neoliberal - ode ao
Estado Mínimo, queda de barreiras alfandegárias,
formação de transnacionais. A palavra da moda se
torna para uns, flexibilização, para outros, precariza- 13
ção dos direitos dos trabalhadores ao redor do mun-
do, sobretudo para os mais pobres.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1.(Enem - 2014) Três décadas – de 1884 a 1914 - se-
param o século XIX – que terminou com a corrida dos
países europeus para a África e com o surgimento
dos movimentos de unificação nacional na Europa
- do século XX, que começou com a Primeira Guer-
ra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude
estagnante na Europa e dos acontecimentos empol-
gantes na Ásia e na África.
ARENDT. H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia.
das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão
da Primeira Grande Guerra na medida em que

a) difundiu as teorias socialistas.


b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.

Resposta: alternativa B.
A corrida imperialista colocou em choque as po-
tências europeias que desejavam colonizar os ter-
ritórios asiáticos e africanos.
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A segunda hipótese aponta que um dos cami-


BRASIL COLONIAL nhos de chegada ao continente americano foi por
meio da navegação da Oceania para cá. Por meio
de pequenas embarcações, os grupos humanos se
1. O povoamento da América deslocaram entre as muitas ilhas da região até che-
Ao nos referirmos ao continente no qual habita- gar à costa oeste do sul da América.
mos, já somos obrigados a lidar com alguns proble- Cabe destacar que ambas as possibilidades não
mas que decorrem da nomenclatura. Primeiro, da são excludentes - é possível que os dois caminhos
onde vem o nome América? Ele decorre de uma ho- tenham sido feitos, sempre por pequenos grupos de
menagem prestada ao navegador italiano Américo homens e mulheres, nômades, que viviam da caça e
Vespúcio (1454 - 1512), que foi o primeiro europeu a da coleta.
afirmar e divulgar a existência de um novo continen-
te, até então desconhecido para eles. O segundo
problema: não foi outro italiano, de nome Cristóvão
Colombo, o primeiro europeu a chegar ao novo con- SE LIGA!
tinente? Foi. Mas, então, por que não foi dada a ele As provas para a ocupação milenar do
a homenagem? Porque ele, ao chegar à região que continente americano estão nos diversos sítios
hoje conhecemos como América Central, julgou ter arqueológicos presentes no continente. No
chegado às Índias e não a um novo continente. Cris- Brasil, vale destacar o sítio arqueológico da
tóvão viu primeiro, mas foi Américo quem conceituou Serra da Capivara no Piauí. Lá se encontram
a existência. O terceiro problema é que havia aqui, vestígios de civilização humana datados de
à época da chegada dos europeus, diversos povos aproximadamente 40 mil anos. Um desses
por todo o continente. Por que, então, se nomeou o vestígios são as pinturas rupestres. No Brasil,
continente em homenagem a um europeu e, não, a o fóssil humano mais antigo, nomeado Luzia,
um nativo? Aqui entramos no campo das relações foi encontrado em Minas Gerais. Um fóssil de
sociopolíticas - os europeus subjugaram os povos na- 12 mil anos.
tivos por meio da colonização, processo caracteri-
zado pela escravidão, pela violência e exploração
dos homens e mulheres e também exploração da
terra. Portanto, ao falarmos da América pré-colom-
14 biana, nos referimos à história do continente antes da
chegada dos europeus em 1492, por intermédio das
Grandes Navegações.
Estudos arqueológicos apontam que, muito pro-
vavelmente, os primeiros membros de nossa espécie
Homo sapiens sapiens se desenvolveram em regiões
quentes e tropicais do interior do continente africano
há cerca de 500 mil anos. Pode-se dizer, então, que o
ser humano “surge” na África. Deste continente, em
um processo longo de milhares de anos, nossa espé-
cie se irradiou para todo o planeta. Se “surgimos” na
África, para chegar a nosso continente, precisamos
realizar um enorme deslocamento.
Duas são as possibilidades aventadas hoje para
a chegada dos seres humanos à América: a primei- Pintura rupestre na Serra da Capivara
ra considera que a passagem se deu do continen-
te asiático para cá, através do estreito de Bering à 2. Sociedades pré-colombianas
época da glaciação. Glaciação foi um período da Dentre as sociedades que se estruturaram em
história do mundo em que as temperaturas caíram nosso continente antes da chegada dos europeus,
consideravelmente, resultando em diminuição dos podemos dividi-las em duas: 1) sociedades simples
níveis dos mares e congelamento de grandes áreas. em sua organização social e política, com poucos
Para sobreviver a este clima inóspito, os seres huma- membros por tribo e muitas vezes nômades, sobre-
nos precisaram se deslocar em busca de melhores vivendo graças à caça, pesca, coleta e agricultura
regiões para habitar. O estreito de Bering, pequena rudimentar; 2) sociedades complexas em sua organi-
região que separa os dois continentes, é em épocas zação social e política, fixas, com território e popula-
normais descongelado. Porém, na glaciação, formou ção grandes comparados às sociedades simples, e
uma camada de gelo que permitiu o deslocamento com uma agricultura avançada.
da Ásia para a América. Esta hipótese coloca o início
da ocupação americana pela sua região norte.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

3. Os astecas Brasil Colônia


No grupo das sociedades complexas, vale des-
tacar três muito importantes - a Asteca, a Maia e 6. O escambo
a Inca. O povo asteca se desenvolveu na região Ao se lançarem às Grandes Navegações, os
centro-sul do território atual do México. Era uma so- portugueses iniciam seu projeto colonial e com as
ciedade organizada em torno de um império, forte- caravelas de Pedro Álvares Cabral chegam à re-
mente militarizada e hierarquizada - três os conjuntos gião do atual estado da Bahia, em 1500. Os trinta
de grupos principais: 1) nobres, sacerdotes e milita- primeiros anos foram de relativo desinteresse portu-
res; 2) comerciantes e artesãos; 3) camponeses. De- guês pela terra, pois não acharam de pronto o que
senvolveram uma importante técnica de agricultura mais lhes interessava: ouro e prata. O primeiro con-
para regiões alagadas, as chamadas chinampas, e tato dos portugueses com os nativos se deu com
também técnicas de irrigação para regiões mais os povos da raiz tupi (tamoios, guaranis, tupiniquins,
secas. Comércio era outra atividade de destaque. tabajaras), pois eles viviam no litoral. Estes povos
Calcula-se que sua população chegou à casa dos eram amistosos e tiveram um primeiro contato de
400 mil indivíduos. afetuosidade e curiosidade com os navegadores.
Estabeleceu-se o escambo, prática que consiste na
4. Os maias troca de objetos, não na compra e venda. Primeiro
A sociedade Maia era organizada de maneira trocavam-se alimentos, utensílios de vestuário, en-
diversa da sociedade asteca, embora ficassem em tre outras coisas. A prática do escambo irá se apro-
territórios próximos. Os maias se desenvolveram na fundar quando os portugueses percebem que de
região dos atuais sul do México, Honduras e Guate- dentro da madeira de uma das árvores nativas sai
mala. Tinham uma organização política descentra- um pigmento vermelho que poderia ser usado para
lizada, ou seja, dentro de seu conjunto havia várias o tingimento de tecidos - daqui surge o nome de
unidades autônomas - como se fossem diversas ci- Brasil. Ao longo dos anos, o interesse de Portugal e
dades-estado. Sua organização social era próxima de outras nações europeias só aumenta no chama-
à asteca na hierarquia com três grupos principais: 1) do Novo Mundo. A opressão e genocídio de contin-
nobres, sacerdotes e militares; 2) funcionários públi- gentes enormes de indígenas caminhou no mesmo
cos; 3) camponeses, artesãos e comerciantes. Des- sentido do aumento de interesse dos europeus so-
taque-se duas importantes técnicas de agricultura: bre as riquezas daqui.
a rotação de culturas e as queimadas. Esta última, A partir de 1530, começa-se a estabelecer uma
nova relação portuguesa com sua colônia ame- 15
aliada à vulnerabilidade militar por conta da des-
ricana. O comércio com o Oriente se dificulta, as
centralização, é um dos fatores levantados para o
tentativas de ocupação territorial do Brasil por es-
declínio da sociedade maia. Das contribuições dei-
trangeiros começam a aumentar, então Portugal
xadas à humanidade está um complexo sistema as-
vê-se obrigado a investir e proteger melhor a re-
tronômico e matemático.
gião. A primeira medida neste sentido é a criação
das capitanias hereditárias - enormes porções de
5. Os incas
terra doadas a um donatário, que passaria a pro-
A sociedade Inca foi a maior e mais complexa
duzir e defender a terra, podendo também trans-
que se desenvolveu na parte sul do continente. Sua feri-la a seu filho. Contudo, este sistema se mostra
região se estendia pela Cordilheira dos Andes, por pouco eficiente. O governo português passa a um
isso também chamada de civilização andina, nos processo mais centralizador com a implantação de
territórios que hoje compreendem parte do Peru, um governo-geral e institui, em 1581, Salvador como
do Equador, da Bolívia e do Chile. Era uma socie- a primeira capital do Brasil.
dade centralizadora e hierárquica com três grupos
principais: 1) os sacerdotes, chamados de “Grande 7. Plantation
Inca”; 2) os nobres; 3) os escravos. Desenvolveram, Diferente do que ocorreu nas colônias espanho-
também, importantes técnicas agrícolas (como as las da América, no Brasil a escolha foi pelo uso de
curvas de nível, por exemplo) e de irrigação. Suas mão de obra escrava africana (em sua maioria
técnicas de ourivesaria também são de destaque dos povos jejes, nagôs, bantos, hauçás e malês) e
até hoje. não de mão de obra indígena nativa. As razões
Dentre as sociedades mais simples, podemos internas foram a resistência indígena por meio de
encontrar as que se encontravam no atual territó- guerras, recusa ao trabalho e muitas mortes por
rio brasileiro. Estima-se que em 1500 havia de 1 a 10 doenças europeias (sarampo, varíola, gripe); e as
milhões de habitantes nesta região. Divide-se, geral- razões externas foram a enorme lucratividade de
mente, os nativos em dois grandes grupos: dos tu- executar o tráfico de escravos e também os afri-
pi-guaranis (tupis, tupis-guaranis, munduruku, juruna, canos serem exímios agricultores e terem contato
tupari, mondé, entre outros) e dos jês (jês, maxokolis, com técnicas de cultivo da cana-de-açúcar, a pri-
kariri, bororô, entre outros). meira mercadoria a ser explorada intensivamente
na colônia brasileira.
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Como apontado no parágrafo acima, a cana- continua existindo, mas novas formas ganham desta-
-de-açúcar será o primeiro gênero explorado de que. Não só de senhores e escravos se constituia a
maneira mais sistemática na colônia, detidamente sociedade - homens livres, em trabalhos artesãos e de
na região da capitania de Pernambuco. O centro comércio, surgem.
político e econômico se forma nesta região. Impor- O centro político-econômico do Brasil se desloca
tantes eventos históricos do século XVII ocorreram para a região centro-sul. Em 1763, substitui-se a capi-
lá, como a formação do Quilombo dos Palmares e tal da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Por-
a Invasão Holandesa. A produção de cana segui- tugal queria ficar mais próximo à fonte do ouro, por-
rá o modelo de plantation: grandes propriedades que queria ganhar mais com as taxações. A todo ouro
produzindo um tipo exclusivo de gênero comercial extraído da terra, era devido ⅕ para os portugueses.
com mão de obra escrava e voltado à exportação. Quem extraísse 1 kg de ouro, deveria deixar 200g com
Ao longo dos anos, uma estrutura básica passa a administração portuguesa. Havia muito contraban-
a formar a colônia: a dicotomia entre Casa-Grande do e, a partir de 1770, a produção de ouro começa a
e Senzala. Na Casa-Grande vivia o senhor de en- despencar. De tanto se extrair, já quase não se achava
genho e seus familiares. Na Senzala, os escravos e ouro. Portugal aumenta o controle e passa até mes-
as escravas. Pelo relativo isolamento entre os enge- mo a invadir as casas em busca de ouro escondido. Os
nhos em uma colônia de proporções continentais, o desmandos da metrópole não passaram em branco.
senhor de engenho encarnava a lei e a ordem em
sua propriedade. A população escravizada atuava 10. Revoltas coloniais
na produção agrícola e nos cuidados com a mora- Durante o período colonial, aconteceram diversas
dia dos senhores. revoltas. Elas podem ser classificadas em dois tipos:
nativistas, aquelas que buscavam lutar contra alguma
8. Pacto Colonial medida específica da metrópole portuguesa; e as se-
Portugal firmou o Pacto Colonial - medida exclusi- paratistas - estas, mais do que lutar contra uma medida
vista sobre a exploração e comércio colonial. Ou seja, específica da metrópole, queriam a emancipação da
a colônia só poderia comercializar com a própria me- colônia em relação aos portugueses. Dentre as revoltas
trópole portuguesa. Ao longo dos séculos XVI e início nativistas, podemos destacar a Revolta de Beckman,
do XVII, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de em 1684, em São Luís do Maranhão; a Guerra dos Mas-
açúcar. Este açúcar saía da colônia pelas mãos por- cates, em 1654, em Pernambuco; a Guerra dos Em-
tuguesas que o comercializariam com os holandeses boabas, em 1704, nas Minas Gerais; e a Revolta de Vila
16 - responsáveis por boas rotas comerciais no interior da Rica, em 1720. Sobre esta última: ela ocorreu justamen-
Europa, além do refino final. Foi um período de grande te porque as autoridades locais se rebelaram contra as
lucratividade. Porém, se encerrou a partir do momento altas cargas de impostos estabelecidos pela Coroa. Em
em que a Espanha anexa Portugal entre 1580 e 1640, relação às revoltas separatistas, podemos destacar a
por direitos de sucessão real. A relação entre Espanha Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789; a Inconfidên-
e Holanda é marcada por muitos conflitos. Os holan- cia Baiana, em 1798; e a Revolução Pernambucana,
deses, então, partem para a produção de açúcar em em 1817. Ambas desejavam a emancipação colonial.
suas colônias nas Antilhas, ilhas na América Central.
Com um conhecimento técnico-produtivo mais avan- 11. Monarcas no Brasil
çado que o existente no Brasil e em uma região mais A dinâmica política na Europa em fins do século
próxima à Europa, a produção açucareira holandesa XVIII e início do XIX afetou diretamente o Brasil. Após a
dá um golpe na produção açucareira brasileira, que Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte dá um gol-
perde parte significativa de sua potência econômica pe de estado e assume o poder na França. Ele, a partir
. Mesmo após a emancipação portuguesa em 1640, a de então, buscou uma política expansionista em vistas
situação não se reverteu. O fim do século XVII foi de- a tornar seu país o mais forte do globo. Essa posição
cadente na colônia. entrava em choque com a preponderância inglesa.
Napoleão expande seu controle pelo continente eu-
9. Ciclo do Ouro ropeu, mas ao tentar enfrentar os ingleses, sofre uma
Em fins do século XVII, grupos de bandeirantes, ho- dura derrota marítima. Ciente de que não conseguiria
mens responsáveis por buscar novas riquezas no inte- derrotá-los pelo mar, o francês busca uma outra solu-
rior do Brasil, descobrem ouro na região do atual esta- ção: a criação de um bloqueio continental contra a
do de Minas Gerais. A notícia rapidamente se espalha Inglaterra, que impedia os países sob domínio e influên-
e durante todo o século XVIII, a colônia se modifica cia francesa a comercializar com os ingleses.
radicalmente. De uma população estimada em 300 Portugal tinha uma relação econômica de depen-
mil pessoas em 1700, chegou em 1800 a mais de 3 dência com os ingleses. Por isso, tinha uma política
milhões. Milhares de pessoas migravam para o Brasil, externa dúbia - mantinha as relações comerciais com
sobretudo portugueses, em busca do ouro na região os ingleses, ao mesmo tempo em que não negava as
das Minas. Vilas e cidades se formam, fomentando o investidas francesas. Até que em fins de 1807, france-
comércio. A velha estrutura Casa-Grande e Senzala ses se aliam a espanhóis e invadem Portugal. A Coroa
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portuguesa, com mais de 15 mil pessoas, entre nobres a) A Revolução Farroupilha, ocorrida no sul do Brasil,
e funcionários, foge para o Brasil, sob proteção inglesa. tinha como principal objetivo expulsar a Corte por-
No começo de 1808 chegam ao Brasil e se fixam na tuguesa e proclamar a independência da colônia
capital, Rio de Janeiro. americana.
A primeira medida de impacto tomada por D. João, b) A presença da Corte portuguesa no Brasil, exercen-
príncipe-regente português, é dar fim ao Pacto Colonial do um governo absolutista e conservador, contri-
através do decreto de “abertura dos portos às nações buiu para retardar a Independência do Brasil, pois
amigas”. Na prática, tal medida beneficiava exclusiva- as melhorias administrativas e econômicas deixa-
mente aos ingleses, que passariam a comercializar seus ram a elite liberal brasileira satisfeita.
produtos diretamente com o Brasil. Como garantia de c) Chegando ao Brasil, D. João VI tratou logo de cum-
ampliar ainda mais seu predomínio econômico, Ingla- prir o prometido aos ingleses e decretou a abertura
terra impõe à Portugal a assinatura de novos tratados dos portos, em 1808, para as nações amigas comer-
que garantiriam privilégios àquele país: produtos ingle- cializarem diretamente com a colônia.
ses pagariam taxa de 15% de importação para ingres- d) Em 1821, os franceses foram expulsos de Portugal e
sarem no Brasil, enquanto os produtos portugueses pa- D. João VI foi chamado para assumir o trono portu-
gariam 16% e os dos demais países, 24%. guês, mas ele preferiu ficar no Brasil. Esse fato ficou
Alçada à posição de capital do império português, conhecido como “Dia do Fico”.
a cidade do Rio de Janeiro passou por importantes e) A chegada da Família Real no Brasil inverteu o Pac-
transformações. Criou-se a Casa da Moeda e o Ban- to Colonial. A partir de então, o Brasil se tornava a
co do Brasil, o Jardim Botânico, escolas de medicina, Metrópole e Portugal, a colônia.
Imprensa Real, Teatro Real. Em 1815, o Brasil deixa defi-
nitivamente de ser colônia e é elevado à categoria de Resposta: alternativa C.
Reino Unido de Portugal e Algarves. A fuga dos portugueses para o Brasil contou com a
Também em 1815, Napoleão é finalmente derrota- segurança da marinha inglesa. Além disso, Portugal
do. Já não havia mais razões para a família real portu- tinha uma relação de dependência econômica
guesa se manter no Brasil. Contudo, se mantém. Portu- com os ingleses.
gal começa a viver uma agitação social, amparado
nos ideais iluministas. Em 1820, irrompe a Revolução Li-
2. (Fuvest 2012) Os indígenas foram também utilizados
beral do Porto, que exige a volta imediata de D. João.
em determinados momentos, e sobretudo na fase ini-
Em 1821, receoso de ser destronado, Dom João retorna
cial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar 17
a Portugal e deixa seu filho, Dom Pedro, como príncipe-
problema nenhum de maior ou melhor “aptidão” ao
-regente do Brasil. Os portugueses membros da Revolu-
trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado
ção ambicionavam que o Brasil voltasse a ser colônia,
é a rarefação demográfica dos aborígines, e as difi-
fato que não interessava à elite agrária brasileira. Em
culdades de seu apresamento, transporte, etc. Mas
1822, após pressões e ameaças de ataque das tropas
na “preferência” pelo africano revela-se, mais uma
portuguesas, Dom Pedro declara a independência do
vez, a engrenagem do sistema mercantilista de co-
Brasil.
lonização; esta se processa num sistema de relações
O Brasil se torna independente após expulsar tropas
tendentes a promover a acumulação primitiva de ca-
portuguesas resistentes no território. A independência
do Brasil vem pelas mãos de um português, amparado pitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto é, o
na elite agrária nacional. A estrutura agrária exporta- abastecimento das colônias com escravos, abria um
dora, assentada na mão de obra escrava se mantém. novo e importante setor do comércio colonial, en-
Assim como se mantém a relação de dependência quanto o apresamento dos indígenas era um negó-
com a Inglaterra. cio interno da colônia. Assim, os ganhos comerciais
resultantes da preação dos aborígines mantinham-se
na colônia, com os colonos empenhados nesse “gê-
nero de vida”; a acumulação gerada no comércio de
EXERCÍCIOS COMENTADOS africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realiza-
vam-na os mercadores metropolitanos, engajados no
1. (IFSC - 2015 - adaptada) Em 1806, o Imperador fran- abastecimento dessa “mercadoria”. Esse talvez seja
cês Napoleão Bonaparte anunciou o Bloqueio Conti- o segredo da melhor “adaptação” do negro à lavou-
nental à Inglaterra, estabelecendo que nenhum país ra ... escravista. Paradoxalmente, é a partir do tráfico
europeu poderia comercializar com os ingleses. O rei negreiro que se pode entender a escravidão africana
de Portugal, pressionado pela onda liberal da Revolu- colonial, e não o contrário.
ção Francesa e apoiado pela Inglaterra, fugiu para a Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Anti-
colônia portuguesa, na América, para esperar a situa- go Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979, p. 105.
ção se normalizar. Adaptado.
Com relação à presença da Família Real portuguesa
no Brasil é CORRETO afirmar que:
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Nesse trecho, o autor afirma que, na América portu- eram feitos para contrabalançar a balança comercial
guesa, deficitária. A função do Brasil no mercado internacio-
nal era de simples exportador de produtos primários.
a) os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção Em 1823, formou-se uma Assembleia Constituin-
do que os de origem africana, e por isso a metrópole te para escrever a primeira constituição do Brasil. Ela
optou pelo uso dos primeiros, já que eram mais pro- foi formada por 90 deputados, todos da aristocracia
dutivos e mais rentáveis. - eram juristas, membros da Igreja e grandes proprie-
b) os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho tários de terra. Um dos primeiros projetos propostos
duro dos canaviais do que os indígenas, o que justi- colocava o Imperador sob controle do parlamento, à
ficava o empenho de comerciantes metropolitanos maneira inglesa, e instituia o voto censitário - para po-
em gastar mais para a obtenção, na África, daque- der votar ou ser votado seria necessário um mínimo de
les trabalhadores. renda, um mínimo que excluía a maioria da população
c) o comércio negreiro só pôde prosperar porque al- da vida política. Não aceitando a possibilidade de ver
guns mercadores metropolitanos preocupavam-se seu poder limitado pelo parlamento, D. Pedro, pelo uso
com as condições de vida dos trabalhadores afri- da força, dissolve a Assembleia Constituinte.
canos, enquanto que outros os consideravam uma Junto a outros dez nomes de sua confiança, D. Pe-
“mercadoria”. dro redige o texto da Constituição que seria promul-
gada em 1824. Nesta, divide o poder em quatro partes:
d) a rentabilidade propiciada pelo emprego da mão
o poder executivo (Imperador e ministros de Estado -
de obra indígena contribuiu decisivamente para
executores das leis), o poder legislativo (Câmara dos
que, a partir de certo momento, também escravos
Deputados e Senado - criadores das leis), o poder ju-
africanos fossem empregados na lavoura, o que re-
diciário (juízes e tribunais - fiscalizadores da lei e julga-
sultou em um lucrativo comércio de pessoas.
dores dos transgressores) e o poder moderador (poder
e) o principal motivo da adoção da mão de obra de que se situava acima de todos os outros e era de uso
origem africana era o fato de que esta precisava ser exclusivo do Imperador). Também implementou o voto
transportada de outro continente, o que implicava a censitário, instituiu a religião católica como oficial, po-
abertura de um rentável comércio para a metrópo- rém subordinada ao Estado e dividiu o país em provín-
le, que se articulava perfeitamente às estruturas do cias - cada província teria um presidente nomeado
sistema de colonização. pelo Imperador. Na prática, era uma constituição com
elementos absolutistas e liberais.
Resposta: alternativa E. A atitude autoritária do Imperador em dissolver a
18
O tráfico de escravos era a atividade mais lucrativa Assembleia Constituinte e impor uma Constituição na
do período, portanto todas as medidas para que ele qual o poder se concentrava em suas mãos, revoltou
crescesse e se solidificasse foram realizadas. parte da população. No nordeste aconteceu a princi-
pal revolta. Após nomear um presidente da província
de Pernambuco a contragosto dos locais, organizou-se
um movimento separatista que contou com o apoio
BRASIL IMPERIAL
também das províncias do Rio Grande do Norte, Cea-
rá e Paraíba. Formou-se a Confederação do Equador,
que carregava esse nome pela posição geográfica
1. Independência das províncias próximas à linha do Equador. O movi-
Após a Independência, era necessário formar o que mento foi duramente reprimido e derrotado.
seria o Estado Nacional brasileiro e buscar o reconhe- A situação econômica do país só piorava. Os cres-
cimento da nova nação pela comunidade internacio- centes empréstimos e o consequente aumento da dí-
nal. O primeiro país a reconhecer a independência vida, a queda nas exportações nacionais, e o ingresso
do Brasil foi os Estados Unidos, em 1824. Estes queriam em duas guerras - a Cisplatina, movimento de emanci-
evitar tentativas de recolonização da América e con- pação uruguaia em relação ao Império brasileiro, e a
comitantemente formar uma zona de influência na de Sucessão do trono português, aumentavam o des-
região. No ano seguinte foi a vez do reconhecimento contentamento entre os cidadãos. O caráter autoritá-
português, após negociações desenvolvidas pela In- rio do Imperador, inclusive assassinando Líbero Bada-
glaterra. A mesma Inglaterra emprestou 2 milhões de ró, jornalista de prestígio e um de seus mais ferrenhos
libras esterlinas ao Brasil para pagar o ressarcimento críticos, colocou a própria elite agrária em estado de
exigido por Portugal. Depois de Portugal reconhecer alerta. Passou-se a correr a ideia de que D. Pedro era
oficialmente o Brasil como uma nação soberana, a In- antibrasileiro e queria transformar novamente o Brasil
glaterra também o fez, seguida de outros países euro- em colônia. Em abril de 1831, D. Pedro abdica do trono
peus e americanos. em favor de seu filho, então com cinco anos, embarca
A Inglaterra manteve sua influência, inclusive man- para Portugal e assume o trono português após enfren-
tendo a baixa taxa de importação de seus produtos. tar seu próprio irmão. Como o filho ainda não podia
assumir por conta da lei da maioridade, institui-se o Pe-
Além disso, o Brasil se tornava cada vez mais depen-
ríodo Regencial.
dente da economia inglesa - sucessivos empréstimos
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2. Período Regencial Quatro rebeliões merecem destaque: 1) a Cabana-


O Período Regencial (1831 - 1840) foi um período de gem (1835 - 1840), no Pará, formada pela população
enorme tensão social. Logo após a abdicação de D. ribeirinha que habitava cabanas e vivia em condições
Pedro, a Assembleia Geral instituiu uma Regência Trina miseráveis; 2) a Sabinada (1837 - 1838), na Bahia, com-
Provisória para assumir as funções até então exercidas posta por elementos da classe média urbana e setores
pelo imperador. Ela durou apenas dois meses - de abril populares; 3) a Balaiada (1838 - 1841), no Maranhão,
a junho de 1831. Logo após, deputados e senadores dirigida pela população pobre e escravizada; e 4) a
elegeram uma Regência Trina Permanente (1831 - Revolução Farroupilha (1835 - 1845), no Rio Grande do
1835). Das principais medidas desta Regência, pode- Sul, liderada por fazendeiros locais. Em comum, ocorre-
mos destacar: 1) a formação da Guarda Nacional, mi- ram longe do centro político do país. As três primeiras
lícia, de caráter municipal, criada para combater os concentravam motivos mais desesperadores, como a
levantes populares. O comando de cada Guarda fica- miséria, enquanto a última tinha um caráter mais à fa-
va sob responsabilidade de um “coronel”, geralmente vor dos interesses da elite agrária, ainda que contasse
o grande fazendeiro local; 2) aprovação do Código de com apoio popular.
Processo Criminal, responsável pela autoridade policial Feijó, incapaz de controlar as revoltas e muito pres-
e judiciária em alçada municipal, o que fortalecia a sionado, renuncia ao cargo. Vem ao poder a Regência
aristocracia fundiária. Essas medidas, junto à aprova- Una de Araújo Lima, conservador. Ele traz de volta ao
ção do Ato Adicional de 1834, que decretava, entre poder central os órgãos da polícia e da justiça e repri-
outras coisas, o fim do Poder Moderador, enquanto du- me brutalmente as revoltas. Milhares de mortes susten-
rasse a Regência, tinham caráter descentralizador. tam a coesão nacional. Só no Pará, aproximadamente
No período regencial, os indivíduos de posses divi- 20% da população, cerca de 30 mil pessoas, foi morta.
diam-se em três grupos: a) o grupo restaurador, que Em 1840, os liberais, desejosos de voltar ao poder,
defendia a volta de D. Pedro I ao Brasil e era compos- promovem uma campanha para que D. Pedro II, en-
to, majoritariamente por comerciantes portugueses, tão com 14 anos, assuma o trono. A justificativa é de
funcionários públicos de alto escalão e militares con- que ele seria capaz de dar fim às revoltas regionais e
servadores; b) o grupo liberal moderado, formado por sustentaria a unidade nacional. A campanha é vitorio-
membros da aristocracia rural, que era contra a volta sa e, em julho do mesmo ano, D. Pedro II é coroado
do ex-imperador, mas desejava um governo centraliza- Imperador. Este evento ficou conhecido como o Golpe
do, reivindicava a unidade nacional e a ordem vigente da Maioridade.
- monarquia e escravidão; c) o grupo liberal exaltado,
composto por proprietários rurais, classe média urba- 3. Segundo Reinado 19
na e exército, defendia a descentralização política e Politicamente, o Segundo Reinado pode ser divi-
maior autonomia às províncias. dido em três períodos: 1) a consolidação oligárquica
Durante a Regência Una do padre Diogo A. Feijó (1840 - 1850); 2) a conciliação oligárquica (1850 - 1870);
(1835 - 1837), o grupo moderado se dividiu em dois: a crise (1870 - 1889). No primeiro período, o da conso-
o grupo dos progressistas, formado por elementos da lidação oligárquica, Dom Pedro II formou ora ministé-
classe média urbana e de proprietários rurais do Sudes- rios liberais, ora conservadores. Buscou continuamente
te e do Sul, que daria origem ao Partido Liberal, favo- acalmar a situação interna do país. Em 1847, institui o
ráveis à manutenção do projeto de descentralização; parlamentarismo. Mas, ao contrário do modelo clássi-
e o grupo dos regressistas, composto pela elite agrária, co, aqui o parlamento era subordinado ao Executivo,
comerciantes e burocratas, que originaria o Partido processo que ficou conhecido como parlamentarismo
Conservador, eram defensores da centralização polí- às avessas.
tica. Partido Liberal e Partido Conservador se tornaram No século XIX, década por década, o Brasil come-
as duas grandes forças políticas do período. Porém, ça a elevar sua produção de café. Em princípio, as
cabe destacar, nenhum deles questionava a estrutura plantações se concentravam na Baixada Fluminense,
econômica brasileira - agrária e escravista. estendendo-se depois pelo Vale do Ribeira, região que
liga o Rio de Janeiro a São Paulo. A produção cresceu
tanto que se tornou o principal produto de exportação
SE LIGA! nacional, a frente do açúcar, do cacau, da borracha.
As revoltas populares eram intensas no novo Ao mesmo tempo, o Brasil passava por mudanças em
país. Esta era a principal preocupação das seu modelo produtivo. Em 1850, após anos de pressão
elites no período regencial. Se durante o inglesa, o Brasil institui a lei Eusébio de Queirós, sob
governo de D. Pedro as elites desejavam maior pressão inglesa, interessada na ampliação de traba-
descentralização para não deixar o poder nas lhadores assalariados e, portanto, consumidores. Esta
mãos da alta burocracia do Estado, formado lei proibia o tráfico internacional de escravos, ou seja,
à época sobretudo por portugueses, agora, a os escravistas brasileiros já não podiam mais comprar
centralização parecia o melhor caminho, pois sua principal mão de obra. Imigrantes europeus come-
um Estado forte e uno teria maiores condições çam a vir para o Brasil ora para substituir a mão de obra
de conter as revoltas. escrava, ora para complementar a mão de obra que
faltava nas plantações de café.
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Vive-se um período de tranquilidade social, sem a instabilidade que caracterizou o período regencial, no
período de conciliação oligárquica (1850 - 1870). Porém, já no fim deste período, de 1864 a 1870, o Brasil se en-
volveu em uma guerra de grandes proporções. Brasil, Argentina e Uruguai, apoiados pela Inglaterra, entraram
em conflito com o Paraguai, que buscava ampliar seus territórios. Após destruir o Paraguai e sua população, os
três países saem vencedores da guerra. Porém, economicamente foi péssimo para o Brasil, pois precisou tomar
diversos empréstimos dos ingleses.
Ao mesmo tempo, surgia, liderado pelos modernos cafeicultores paulistas, distantes das oligarquias coloniais
do açúcar, o Partido da República. Produtores de grande parte da riqueza nacional viam-se excluídos da par-
ticipação política, burocrática e centralizada no Rio de Janeiro. Aliaram-se a eles camadas importantes das
classes médias urbanas, cada vez mais dinâmicas, e também oficiais do Exército - prestigiados e estruturados
após a Guerra do Paraguai. A monarquia se sustentava pelo apoio das antigas oligarquias agrárias. O apoio
destas àquela residia destacadamente na manutenção da escravidão. Na década de 1880, o movimento aboli-
cionista ganha enorme destaque - a luta das populações escravizadas com fugas em massa, o apoio de setores
progressistas das classes médias, como os jornalistas, a pressão internacional, todos esses fatores impeliram a
monarquia a decretar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Sem escravidão, sem apoio da antiga elite agrária.
No ano seguinte, com apoio dos cafeicultores paulistas e também da antiga elite agrária, coincidentemente
recém republicana, membros do exército dão um golpe de Estado, exilam Dom Pedro II e instituem a República.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(ENEM – 2014) Em 1879, cerca de cinco mil pessoas reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogação de
uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano. O vintém era a moeda de menor valor da época. A
polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes
espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo
contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta,
de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande
explosão social, detonada por um pobre vintém.
Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 abro 2014 (adaptado).
20
A leitura do trecho indica que a coibição violenta das manifestações representou uma tentativa de

a) capturar os ativistas radicais.


b) proteger o patrimônio privado.
c) salvaguardar o espaço público.
d) conservar o exercício do poder.
e) sustentar o regime democrático.

Resposta: alternativa E. As manifestações de descontentamento popular eram reprimidas de maneira violenta


para impedir que o poder, e as oligarquias que se beneficiavam dele, não fosse posto em xeque.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

2. IMPÉRIO (Ufrs) A partir da gravura a seguir, é possível afirmar que, logo após a emancipação política do Brasil.

I - os escravos estavam gratificados porque, desde aquele momento, não podiam ser recomprados pelos comer-
ciantes de escravos e vendidos em outras partes da América.
II - a abdicação do primeiro Imperador determinou o fim da escravidão.
III - a situação dos escravos permaneceu essencialmente a mesma do período colonial.
21
Quais afirmativas completam corretamente a frase inicial?

a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) Apenas I e III

Resposta: alternativa C. A monarquia tem fim em 1889, porém a estrutura fundiária brasileira permanece
inalterada.

1ª REPÚBLICA

Após derrubar a Monarquia, cabia aos dois principais setores que impulsionaram a República, oligarcas do café
paulista e exército, definir como se organizaria institucionalmente o novo período. No primeiro momento, receosos
de sublevações que pusessem em jogo o novo regime, como a volta dos monarcas ao poder, os paulistas acharam
de bom tom que os militares assumissem a transição em vistas da manutenção da ordem. De 1889 a 1894 estabe-
leceu-se o que ficou conhecido como a República da Espada.

1. República da Espada
O governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca foi estabelecido. Ele revogou a Constituição de 1824
- e suas instituições, promoveu a separação da Igreja com o Estado, e convocou eleições para uma assembleia
constituinte. A nova constituição brasileira foi promulgada em 1891, inspirada na constituição norte-americana.
Dentre suas principais características, podemos citar: a) a transformação do país em uma República federativa
com um governo central e vinte estados (antigas províncias) - fato que fomentou a descentralização do poder; b)
equilíbrio em três poderes - executivo, legislativo e judiciário - nos âmbitos federal, estadual e municipal; c) voto
universal masculino, não-secreto, proibido a analfabetos, padres e soldados. A maior parcela da sociedade estava
excluída da política.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

A assembleia constituinte elegeu o novo presidente 2. Apogeu da ordem oligárquica


- o próprio Deodoro da Fonseca, que governou apenas Dois foram os principais mecanismos políticos do po-
um ano. A política econômica proposta em seu gover- der oligárquico. O primeiro, a política Café com Leite. O
no provisório e continuada agora, aumentou de manei- título desta se deve à aliança costurada entre paulistas e
ra exorbitante a inflação, prejudicando as exportações mineiros pela hegemonia na presidência do país. Os pau-
e, consequentemente, os cafeicultores. A oposição a listas detinham o poder econômico derivado do café. Os
seu governo estava escancarada. Para tentar debelar mineiros, além de certo poder econômico, eram respon-
os oposicionistas, decretou estado de sítio, fechou o sáveis pelo maior colégio eleitoral do país, ou seja, tinham
congresso e prendeu opositores. A reação foi imedia- grande poder político.
ta: estados pegaram em armas, a oposição dentro do O segundo mecanismo foi a política dos governado-
próprio exército aumentou, e até mesmo a marinha po- res. Lembre-se que vivíamos uma república presidencia-
sicionou seus navios na Baía da Guanabara para atacar lista e, nesta, o poder executivo precisa negociar com o
o governo. Não suportando a pressão, Deodoro renun- legislativo. Somente com o apoio das bancadas paulis-
ciou. Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente tas e mineiras, governar se tornaria impraticável. É para
Marechal Floriano Peixoto, eleito na chapa de oposição contornar este problema que Campos Sales (1898 - 1902)
a Deodoro (presidente e vice-presidente eram votações implementa a política dos governadores. Sua ideia era
separadas). simples: o presidente deixaria os estados à vontade, com
O governo de Floriano foi muito hábil no equilíbrio de a maior autonomia possível, desde que os governadores
interesses - agradou setores do exército, os cafeicultores destes estados elegessem bancadas favoráveis ao go-
paulistas e mesmo setores populares. Apesar da tênue verno federal. O projeto era interessante tanto para os
costura promovida pelo governo, a situação voltou a governadores, quanto para o presidente. Para que o go-
se conturbar. Disputas regionais no Rio Grande do Sul vernador pudesse obter o êxito eleitoral, ele precisaria do
desembocaram em um conflito civil entre republicanos apoio das lideranças locais de seu estado, as lideranças
(apoiadores de Floriano) e federalistas (opositores). A dos municípios. Estas eram formadas pelos chamados
marinha, sentindo-se desprestigiada e fomentada por coronéis, homens que detinham o poder econômico da
setores monarquias, repetiu o que fez com Deodoro localidade. O processo se desenvolvia da seguinte ma-
apontando seus canhões para a cidade. Floriano não neira: o coronel valia-se da prática do clientelismo, ou
se abalou e enfrentou os revoltosos. A situação de guer- seja, trocava favores com a população local - isso era
ra civil perdurou por seis meses, de setembro de 1893 a possível pela completa ausência de serviços públicos. O
março de 1894, até que as forças governistas debela- voto não era secreto: quem não votasse nos candida-
22 ram os revoltosos e normalizaram a situação. tos do coronel, perdia os favores. E mais: se os favores
O fim da República da Espada se dá com a eleição não bastassem, os contrários eram ameaçados violen-
do civil paulista Prudente de Morais. O governo de Mo- tamente. No plano local, os coronéis garantiam a elei-
rais (1894 - 1898) tinha como um de seus objetivos pa- ção da oligarquia estadual e da oligarquia federal. Em
cificar de vez a nação. Não foi o que aconteceu. Seu troca, o governo federal deixava o governo estadual dos
governo ficou marcado pela guerra de Canudos (1896 apoiadores à vontade com sua autonomia e o governo
- 1897). Canudos é uma região do sertão baiano. À épo- estadual privilegiaria os interesses dos coronéis locais que
ca, os sertanejos viviam na mais completa miséria, en- o apoiassem. A estrutura política e social do país ficava
quanto ao seu redor viviam enormes latifúndios impro- assim fixada.
dutivos. Um líder religioso de nome Antônio Conselheiro Coincidentemente, no período em que a ordem oli-
peregrinava pelo sertão e seu discurso conseguia atrair gárquica se fixa, a economia cafeeira começa a entrar
multidões. Por onde passava, ele buscava ajudar em em crise. O preço do café cai no mercado internacional
obras públicas, reformando igrejas, construindo cemité- e impossibilita o pagamento da dívida externa, que só
rios. Seguidores começaram a acompanhá-lo. Fixaram- cresce. Uma das saídas buscadas para a crise foi o fun-
-se em uma fazenda abandonada, a fazenda de Canu- ding-loan, acordo firmado entre o governo brasileiro e os
dos, e ali ergueram a aldeia de Belo Monte - uma aldeia bancos credores. Na prática, ele implicava um novo em-
livre, que chegou a contar com aproximadamente 30 préstimo, agora só para pagar os juros e um corte profun-
mil moradores, que sobrevivia por meio de uma agri- do nos gastos do governo com aumento dos impostos.
cultura de subsistência. Alegando que o líder religioso De um lado, a inflação foi controlada, a moeda valoriza-
era monarquista, o governo mandou uma expedição da e o pagamento dos juros realizado de maneira sagra-
do exército para acabar com a aldeia. A primeira ex- da. De outro, o país entrou em recessão, o desemprego
pedição de 100 homens foi derrotada. A segunda com aumentou e a população, sobretudo a mais humilde, fi-
500 teve o mesmo destino. A terceira com 1300 homens, cou ainda mais desassistida.
também. Canudos só foi derrotada, ou melhor, massa- Uma outra política implementada para a salvação do
crada, quando o exército levou 15000 homens, lidera- café foi tocada por governos estaduais. Os governos de
dos pelo próprio ministro da Guerra. O exército, força Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro (os três principais
que desejava voltar ao governo, saiu desmoralizado da produtores de café) se reuniram e firmaram o Convênio
campanha. Com o fim do governo de Prudente de Mo- de Taubaté. Este garantia que os governos comprariam
rais, iniciava-se o período de apogeu da ordem oligár- a um preço fixo toda a produção cafeeira, que ficaria
quica (1898 - 1914), definitivamente estabelecida. estocada. Quando o preço subisse no mercado interna-
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cional, o governo venderia. Quando não, manteria esto- York, em 1929, pôs fim a qualquer possibilidade de recu-
cado ocasionando a falta do café internacionalmente e peração econômica. Com o preço do café empurrado
provocando o aumento de seu preço. Na prática, esta a um abismo, os cafeicultores, principais fiadores do presi-
política só salvou o lucro dos barões do café. Com a falta dente, buscaram seu auxílio para novamente seus lucros
no mercado externo, outros países passaram a produzir serem salvos. Washington não aceitou.
o café, e os governos precisaram realizar vultuosos em- Em 1930, novas eleições aconteceram. O candidato
préstimos, enquanto deliberadamente os oligarcas super escolhido por Washington Luís foi o paulista Júlio Prestes.
produziam, cientes de que não perderiam um centavo. Do outro lado, a crescente frente de oposição se formou
Este período de apogeu também ficou conhecido em torno do gaúcho Getúlio Vargas, candidato a presi-
pelas revoltas - que não cessaram ao longo de toda a 1ª dente, e João Pessoa como candidato a vice-presiden-
República. As mais importantes foram 1) a Revolta da Va- te, da Paraíba. Júlio Prestes, em novas eleições marcadas
cina, ocorrida em 1904, no Rio de Janeiro - revolta popu- pelas fraudes, ganhou o pleito. Dias antes da posse de
lar contra os desmandos e autoritarismo do governo; 2) a Prestes, João Pessoa foi assassinado a tiros. A agitação
Revolta da Chibata, em 1910, também no Rio de Janeiro social se tornou insustentável. Oligarquias dissidentes com
- marinheiros se levantaram contra as condições desuma- apoio popular e aliadas ao exército depuseram Washin-
nas a que eram submetidos no exercício de seus ofícios; 3) gton Luís e nomearam Getúlio Vargas como o novo pre-
a Revolta do Contestado, em 1914, na região interiorana sidente do Brasil.
entre Santa Catarina e Paraná - semelhante ao massacre
acontecido em Canudos, o governo se elevou contra a
organização do povo em torno do líder José Maria. SE LIGA!
O advento da 1ª República atualizou em
3. Declínio da ordem oligárquica novas linguagens as formas de subordina-
A 1ª República tem o seu declínio no período entre ção e inferiorização da massa trabalha-
1914 a 1930. O controle do poder político significa con- dora de origem mestiça e escrava. Dentre
trole dos investimentos - significa dinheiro. Oligarquias suas armas ideológicas para moldar uma
secundárias nos estados e outras oligarquias que não as política de reconstrução nacional, pode-
mineiras e paulistas se sentiam desprestigiadas no plano mos citar: a) reurbanização; b) sanitaris-
federal. Essas oligarquias começavam a formar um grupo mo; c) federalismo político; d) imigração
de oligarquias dissidentes. de camponeses europeus. Sobretudo,
Outras mudanças também impactaram o tecido de queria-se dar fim à continuada mobiliza-
controle oligárquico. O Brasil começava a se urbanizar e ção social das massas urbanas, que se 23
industrializar. As cidades se tornaram importantes pontos iniciou nos anos 1880 com a campanha
no contexto político - ainda não tinham o peso da áreas abolicionista. Em 1930, o regime centrado
rurais, mas crescente. Em 1914, explode a 1ª Guerra Mun- no autoritarismo e marcado pelo domínio
dial na Europa, o que implicou no desabastecimento de das oligarquias cafeeiras chegava ao fim.
gêneros manufaturados em nosso país. Foi a oportunida-
de para a indústria começar a crescer. São Paulo con-
centra este processo. Com a urbanização e industrializa-
ção, ao menos três setores surgem com peso político: a
burguesia industrial, o operariado (a primeira grande gre- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ve brasileira foi realizada em 1917) e as camadas médias
urbanas. Do interior do exército, surge um movimento de 1.(ENCCEJA - 2017 - adaptada)
oficiais de baixa patente - o tenentismo, que questionava
a imoralidade na administração pública. Texto I
A década de 1920 bota à prova a estrutura da 1ª Re-
pública. A sucessão mineira-paulista no governo federal
começa a ser combatida pelas oligarquias dissidentes,
pelo tenentismo, pelas classes médias urbanas. Inclusi-
ve, com levantes internos - como a Revolta do Forte de
Copacabana em 1922, a Revolução Gaúcha de 1923, a
Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes por toda
a década pelo interior do Brasil. Durante quase todo o
governo de Artur Bernardes (1922 - 1926), o Brasil viveu
sob estado de sítio.
O próximo e último presidente da 1ª República foi
Washington Luís (1926 - 1930). Seu governo foi mais conci-
liador que o anterior - finalizou o estado de sítio e desfez
prisões políticas. Contudo, seu principal objetivo era for-
talecer a moeda nacional, a partir da formação de um
enorme depósito de ouro. A quebra da bolsa de Nova STORNI. Careta, n. 974, 1927.
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Texto II 1. Governo Provisório


Durante a chamada República Velha (1889 a 1930), as Um dos primeiros atos do Governo Provisório de Vargas
eleições, apesar de diretas e periódicas, serviam tão só foi a suspensão da Constituição de 1891. Desta forma,
para legitimar o controle do governo pelas elites políticas Vargas acaba concentrando poderes discricionários.
estaduais através do poder dos coronéis. As fraudes ocor- A suspensão interessava aos revolucionários de 1930,
riam em todas as fases do processo eleitoral (alistamento, pois havia o receio de que, convocada novas eleições
voto, apuração, reconhecimento dos eleitos), de forma aos moldes da primeira república, as oligarquias Café
institucionalizada e estatizada. com Leite assumissem novamente o comando do país.
MACIEL, A. R. R. Disponível em: www.boletimjuridico. Obviamente, estas oligarquias se desgostaram da atitude
com.br e buscavam maneiras de se opor ao processo.
Em seu período provisório, a disputa política de Var-
No período a que a imagem e o texto se referem, o pro- gas esteve ao redor da formação de uma assembleia
cesso eleitoral limitava a constituinte para a elaboração de uma nova constitui-
ção. O então presidente retardava ao máximo a con-
a) força da elite. vocação de eleições para representantes de tal assem-
b) renda do eleitor. bleia, porque seu interesse não era de rever uma ordem
c) liberdade de escolha. democrática. Vargas e os tenentistas que o acompa-
d) jurisdição do governo. nhavam acreditavam ser necessário um governo forte
e) fraude eleitoral. e centralizado em oposição à descentralização que foi
marca da 1ª República. Buscando centralizar ainda mais
Resposta: alternativa C. O voto neste período ficou o poder, o governo provisório decretou a dissolução do
conhecido como “voto de cabresto”. O voto não era Congresso Nacional e das Assembleias estaduais e mu-
secreto, ficando o eleitor sob a pressão do líder local. nicipais, e substituiu governadores estaduais eleitos por
interventores nomeados pelo próprio Presidente.
2. (Enem 2014)  O problema central a ser resolvido pelo Das medidas concretas, o governo provisório co-
Novo Regime era a organização de outro pacto de po- meçou a organizar uma legislação trabalhista para ga-
der que pudesse substituir o arranjo imperial com grau nhar apoio das crescentes massas urbanas e iniciou um
suficiente de estabilidade. O próprio presidente Campos processo de fomento estatal à indústria para substituir
Sales resumiu claramente seu objetivo: “É de lá, dos esta- importações. Em relação ao café, principal mercado-
dos, que se governa a República, por cima das multidões ria de exportação nacional, Vargas retirou o poder de-
que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A cisório de São Paulo ao criar o Conselho Nacional do
24 política dos estados é a política nacional”. Café, em 1931, e assim enfraquecer o Instituto do Café
CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a do Estado de São Paulo. Cabia, a partir desse momento,
República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, ao governo federal elaborar as políticas em torno des-
1987 (adaptado). te produto, que passava por grave crise após a quebra
Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. O governo
uma estratégia política no sentido de provisório não rompe com o modelo anterior de subsídio
e compra das sacas excedentes de café. Ao contrário,
a) governar com a adesão popular.    mantém a compra de parte da safra de café paulista,
b) atrair o apoio das oligarquias regionais.    queima toneladas de café para evitar a queda nos pre-
c) conferir maior autonomia às prefeituras.    ços internacionais e estabelece acordos de venda com
d) democratizar o poder do governo central.    diversos países. Este foi um aceno para acalmar os ca-
e) ampliar a influência da capital no cenário nacional. feicultores paulistas. Aceno contraditório, pois ao mes-
mo tempo em que mantinha os lucros destes, retirava
Resposta: alternativa B. A política dos governadores – ali- das mãos dos mesmos o poder decisório sobre a política
cerçando uma gama de interesses nos níveis federais, cafeeira e passa a fomentar outras atividades econômi-
estaduais e municipais – foi a tônica da 1ª República. cas, como a indústria já citada, mas também a produ-
ção de açúcar, cacau, borracha e algodão.
A agitação entre os paulistas em torno da convoca-
ERA VARGAS ção da assembleia constituinte não diminuía. Em 1932,
o governo provisório elaborou um novo Código Eleitoral.
Neste, houve a criação da Justiça Eleitoral, adoção do
voto secreto e obrigatório para todos os maiores de 21
O período identificado como Era Vargas se estende anos e voto universal para homens, mulheres, alfabeti-
do momento em que Getúlio Vargas toma posse em 3 zados e não-alfabetizados. Tal atitude não foi suficien-
de novembro de 1930, após a deposição de Washing- te para acalmar os ânimos paulistas, também porque
ton Luís, até o dia em que o próprio Getúlio é deposto Vargas nomeou um interventor militar e não-paulista no
por uma junta militar em 29 de outubro de 1945. Divide- estado, o que só agravou a situação. Em fins de 1932,
-se o período em três partes: Governo Provisório (1930 inicia-se uma guerra civil que durou apenas três meses -
- 1934), Governo Constitucional (1934 - 1937) e Estado era o Movimento Constitucionalista de 1932. O levante
Novo (1937 - 1945). foi derrotado pelas forças federais, contudo seu objetivo
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político surtiu efeito: Vargas indicou um novo interventor No Brasil, até mesmo embates físicos entre membros
para o estado - paulista e civil, e convocou as eleições da AIB e ANL estavam ocorrendo. Ambos desejavam
para a assembleia constituinte em 1933. conduzir as massas e tomar o poder. Em novembro de
No ano seguinte, a Assembleia Constituinte promul- 1935, os partidários da ANL, muitos deles jovens tenentes,
gou a Constituição de 1934, de características mo- junto ao Partido Comunista Brasileiro iniciaram um levan-
dernas como o sufrágio universal, fortalecimento do te para a deposição de Vargas e a tomada do poder
Judiciário com a independência da Corte Suprema, ga- - a Revolta Comunista de 1935. Quartéis no Rio Grande
rantia de liberdades básicas e direitos trabalhistas, como do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro se sublevaram
o salário mínimo, limite de 8 horas de trabalho diário, fol- junto a greves de trabalhadores. A força do movimen-
gas semanais, férias anuais remuneradas e proibição do to foi, contudo, bem abaixo da necessária aos objetivos
trabalho de menores de 14 anos. Após a promulgação, desejados. Rapidamente o governo federal derrotou os
Vargas foi reeleito presidente em eleição indireta reali- revoltosos e ganhou o argumento do “Perigo Comunista”
zada pela própria Assembleia Constituinte. Iniciava-se o para reforçar características autoritárias, sempre almeja-
período do Governo Constitucional (1934 - 1937). das, como a censura e as prisões políticas. A AIB coopera-
va com o governo Vargas neste sentido. Em setembro de
2. Governo Constitucional 1937, o capitão Olympio Mourão Filho, membro da AIB,
O Governo Constitucional foi marcado pela instabili- criou um documento chamado Plano Cohen. Sintetica-
dade política e manutenção da política econômica do mente, este documento dizia das intenções comunistas
governo provisório. Dois grupos antagônicos, além das de tomar o poder à força e assassinar diversos políticos.
forças políticas tradicionais, disputavam e polarizavam a Cohen é o fictício comunista que assina o documento.
sociedade - a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Alian- Logo, o governo, valendo-se de seu controle sobre os
ça Nacional Libertadora (ANL). A primeira é ligada aos meios de comunicação, divulgou amplamente os obje-
ideais fascistas, enquanto a segunda aos comunistas. tivos do plano. No dia 2 de outubro de 1937, Vargas de-
Para entendermos o significado de se aproximar dos creta estado de guerra devido à ameaça comunista e
fascistas ou dos comunistas, vamos fazer uma digressão. em 10 de novembro do mesmo ano, com o apoio do alto
Com o advento da ordem social capitalista, marcada escalão das Forças Armadas, instaura o Estado Novo.
sobretudo pela Revolução Industrial (em seus aspec-
tos técnicos e econômicos) e pela Revolução France-
sa (em seu aspecto político), três concepções sobre a SE LIGA!
nova sociedade se estruturam no século XIX: o liberalis- O Estado Novo (1937 – 1945) foi o perío-
mo, o conservadorismo e o comunismo. Os liberais vão do ditatorial de Getúlio Vargas. Desde sua
elogiar a nova sociedade - apontavam o rompimento chegada ao poder em 1930, desejava 25
das amarras do Antigo Regime e, a partir daí, os indi- governar com máximos poderes em uma
víduos poderão disputar as posições sociais através do estrutura política nacional centralizada
próprio mérito, e não do sangue. Os conservadores re- no governo federal. Exemplo máximo da
jeitavam a nova sociedade - para eles, era a época da ideia de “um povo, uma nação, um Esta-
desagregação social e rompimento com os costumes do” foi a cerimônia da queima das ban-
construídos há séculos; defendiam a volta à ordem an- deiras estaduais em 27 de novembro de
terior, queriam conservar as características do Antigo 1937 – agora, como em toda ditadura,
Regime. Os comunistas encaravam a nova ordem de as disposições só poderiam se voltar um
maneira contraditória: ao mesmo tempo em que era único tipo de orgulho, de desejo – neste
um avanço em relação à ordem anterior do Antigo Re- momento, ao Brasil e a seu líder, Getúlio
gime, a desigualdade econômica colocada pelo capi- Vargas.
talismo era algo nunca visto na história e inaceitável. A
polarização principal entre liberais e comunistas residia,
e até hoje reside, na maneira como encarar a proprie- 3. O Estado Novo
dade privada. Para os liberais, o direito à propriedade Como marca do novo período, construiu-se a Consti-
privada é característica essencial da sociedade - sendo tuição de 1937. Esta constituição ficou conhecida como
mesmo sagrado. Para os socialistas, a propriedade pri- Constituição Polaca, pois inspirada na Constituição de
vada deve ser abolida. 1935 da Polônia, de caráter antiliberal, próxima ao fascis-
No século XX, com o advento das eleições que en- mo. Os partidos políticos estavam proibidos, o parlamen-
volviam contingentes enormes da população, surge na to perdia sua função e o judiciário se torna um simples
Europa, especificamente na Itália, o movimento fascista. referendador do executivo. Criou-se, em 1939, o Depar-
Este negava tanto os liberais, quanto os comunistas. Ne- tamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Sua função
gavam os primeiros, pois creditavam a eles a defesa de era criar e fomentar uma identidade nacional - a valo-
uma classe burguesa parasitária, que em nada conhe- rização do Brasil alegre e miscigenado, e reivindicar a fi-
cia a realidade dos trabalhadores. Negava os segundos, gura de Getúlio Vargas como o grande líder da nação, o
pois carregavam um ideal de igualdade entre os seres “pai dos pobres”. O DIP agia nas cartilhas escolares, pro-
humanos que os fascistas discordavam. Os fascistas sur- pagandas públicas em rádio e rua, construção de datas
gem como um movimento de características de massas, comemorativas - todo lugar era lugar para reivindicar a
militarista, nacionalista e de viés antidemocrático. figura varguista.
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Politicamente, o período se caracterizou pela per- ordem “queremos Vargas”. Receosos de alguma ma-
seguição a opositores - com direito a prisões e torturas. nobra varguista, a cúpula do exército dá um golpe de
Até mesmo a AIB foi proibida de atuar, o que revela o estado em 29 de outubro de 1945 para garantir as elei-
caráter do governo varguista - de posições e alianças ções, que ocorrem em 2 de dezembro do mesmo ano.
sempre ao sabor do jogo político. Em 1938, membros da Dutra, apoiado por Vargas, é eleito presidente com 55%
AIB ligados às Forças Armadas tentaram um golpe para dos votos. Estava extinto o Estado Novo.
retirar Vargas do poder - no qual foram mal sucedidos.
Vargas equilibrou também outro grupo conflitante:
o dos operários e industriais. Ao mesmo tempo em que
permitia àqueles a representação por meio de sindica- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tos e interlocução com o governo, só era permitido um
sindicato por categoria - e o sindicato só poderia atuar 1.(ENEM – 2014) Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929,
depois de regulamentado pelo mesmo governo. Ou a situação da economia cafeeira se apresentava como
seja, só existiam os sindicatos que seguissem as ordens se segue. A produção, que se encontrava em altos
governamentais. Os industriais, por sua vez, viam seu ca- níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores
pital crescer com o estímulo à indústria. haviam continuado a expandir as plantações até
Vargas é considerado o grande mentor nacional do aquele momento. Com efeito, a produção máxima
populismo - política na qual o governante equilibra os seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo
conflitos sociais, ora cedendo a um, ora a outro, sem da depressão, como reflexo das grandes plantações de
nunca alterar radicalmente a organização econômica. 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter
Se os trabalhadores urbanos ganharam direitos, os indus- crédito no exterior para financiar a retenção de novos
triais ganhavam mais dinheiro com o estímulo estatal. estoques, pois o mercado internacional de capitais se
No campo econômico, Vargas inicia o projeto nacio- encontrava em profunda depressão, e o crédito do go-
verno desaparecera com a evaporação das reservas.
nal desenvolvimentista - fomento à criação de uma ver-
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo:
dadeira indústria de base nacional. Ao mesmo tempo,
Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).
em 1939, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial, o que
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econô-
deixava mais fácil o caminho para essa política. Recur-
mica mencionada foi o(a)
sos naturais, fontes de energia e riquezas foram nacio-
nalizadas. Criou-se a Companhia Siderúrgica Nacional
a) atração de empresas estrangeiras.   
(1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica
b) reformulação do sistema fundiário.   
26 Nacional de Motores (1942), a Companhia Hidrelétrica
c) incremento da mão de obra imigrante.   
do São Francisco (1945) - todas estatais.
d) desenvolvimento de política industrial.   
A característica dúbia do varguismo também pode e) financiamento de pequenos agricultores.   
ser notada em relação à Segunda Guerra Mundial. A
Constituição de 1937 é de inspiração fascista, assim Resposta: alternativa D. A crise internacional de super-
como muitas das medidas de Vargas. Porém, até 1941, produção, possibilitou que o Brasil iniciasse sua pró-
ele não havia declarado apoio do Brasil nem ao Eixo, pria industrialização.
nem aos Aliados. Sua declaração só surgiu depois da
entrada dos Estados Unidos na Guerra e à leitura política 2. (ENEM – 2015) Bandeira do Brasil, és hoje a única. Has-
de que seria muito difícil uma vitória do Eixo. teada a esta hora em todo o território nacional, única
Em 1945, com a Segunda Guerra quase decidida, o e só, não há lugar no cora ção do Brasil para outras
Estado Novo já não conseguia mais manter sua elevada flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros
centralização e autoritarismo. Cedendo à pressão inter- se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez
na, Vargas decreta o fim da censura à imprensa, a liber- com determ inação de não consentir que a discórdia
tação de presos políticos, a volta dos partidos políticos volte novamente a dividi-lo!”
e eleições em dezembro do mesmo ano. Quatro impor- (Discurso do Ministro da Justiça Francisco Campos na
tantes partidos são criados: 1) a União Democrática Na- cerim ônia da festa da bandeira, em novembro de 1937.
cional (UDN), fortemente liberal; 2) o Partido Trabalhista In: OLIVEN G. R. A p a rte e o to do : a diversidade cultu-
Brasileiro (PTB), liderado por Vargas; 3) O Partido Social ral do Brasil nação. Petrópolis: Vozes, 1992.)
Democrático (PSD), formado por tradicionais políticos O discurso proferido em uma celebração em que as
brasileiros, desejosos de voltar ou se manter no poder, bandeiras estaduais eram queimadas diante da ban-
no caso dos interventores; 4) o Partido Comunista Brasi- deira nacional revela o pacto nacional proposto pelo
leiro (PCB), com nome autoexplicativo. Estado Novo, que se associa à
PTB e PSD se unem em torno da candidatura do ge-
neral Eurico Gaspar Dutra. A UDN lança o brigadeiro a) supressão das diferenças socioeconômicas entre as
Eduardo Gomes e o PCB lança Yedo Fiúza. Contudo, regiões do Brasil, priorizando as regiões estaduais ca-
setores populares rejeitam as eleições e iniciam uma rentes.
campanha pela continuidade do governo Vargas. b) orientação do regime quanto ao reforço do federalis-
Este movimento ficou conhecido como “queremismo”, mo, espelhando-se na experiência política norte-am
pois inscreviam nas paredes das cidades a palavra de ericana.
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c) adoção de práticas políticas autoritárias, consideran- Em 1950, as candidaturas se organizavam para no-
do a contenção dos interesses regionais dispersivos. vas eleições. PSD, partido de Dutra, lançou Cristiano Ma-
d) propagação de uma cultura política avessa aos ritos chado a presidente, a UDN foi novamente com Eduardo
cívicos, cultivados pela cultura regional brasileira. Gomes e o PTB com Getúlio Vargas. Nenhuma força po-
e) defesa da unidade do território nacional, ameaça- lítica conseguia rivalizar com o carisma construído em 15
do por movimentos separatistas contrários à política anos de política centralizada na figura de Vargas. Com
varguista. 48% dos votos, ele foi eleito novamente presidente da
República.
Resposta: alternativa C. A Era Vargas se notabilizou
por sua enorme centralização política. 2. Segundo Governo Vargas
O segundo governo de Getúlio Vargas (1951 - 1954)
foi de grande instabilidade. O primeiro ponto de disten-
são política foi em torno do debate entre liberalismo e
PERÍODO DEMOCRÁTICO (1946 – 1964) nacionalismo. De um lado, setores da sociedade acre-
ditavam que a melhor maneira de desenvolver o país
era através da política liberal, que apregoava portas
Após a deposição de Vargas e a realização de elei- abertas ao capital internacional. A burguesia nacional e
ções, o Estado Novo estava definitivamente acabado. o Estado brasileiro não teriam dinheiro, nem tecnologia
Dutra, o presidente eleito, comandou as Forças Expedi- suficiente para dinamizar a economia. Com a abertura,
cionárias Brasileiras na 2ª Guerra, era ligado ao Estado empréstimos internacionais aos industriais brasileiros se-
Novo e tinha o apoio de Vargas - sua eleição era certa, riam facilitados, assim como o investimento direto das
neste contexto. Junto a ele, foram eleitos os parlamen- grandes indústrias norte-americanas e europeias.
tares constituintes. Cabe destacar que Getúlio foi eleito Por outro lado, os nacionalistas argumentavam que
para senador e o PCB elegeu 15 deputados e um se- a abertura ao capital internacional enfraqueceria nos-
nador - com um total de 500 mil votos, número muito sa economia e nos tornaria dependentes das políticas
expressivo. O novo período terá também forte influência econômicas dos países centrais. Os grandes investidores
da Guerra Fria. estrangeiros só aportariam seus recursos aqui na medida
Em 1946, promulgava-se mais uma constituição do em que conseguissem explorar tanto os recursos natu-
Brasil. O voto manteve-se secreto e universal, porém rais, quanto a mão de obra. Não ficaria nenhum legado
restrito aos alfabetizados, o que excluía considerável ao país, a não ser a dependência econômica.
parcela da sociedade, sobretudo a mais pobre. A orga- Vargas, de bases nacionalistas, na composição de
seu governo se aliou ao PSD para ter a base legislativa 27
nização sindical ainda mantinha parte do atrelamento
necessária para governar, o que acabou enfraquecen-
imposto no período anterior e os três poderes (executi-
do sua política nacionalista. A grande disputa entre li-
vo, legislativo e judiciário) voltaram a se equilibrar.
berais e nacionalistas se deu em torno da criação da
Petrobrás. Os primeiros queriam formar uma empresa de
1. Governo Dutra
capital privado, sem interferência do Estado. Os segun-
O governo Dutra (1946 - 1951) foi social e politica-
dos desejavam uma empresa estatal com monopólio
mente calmo. Não houve levantes populares, nem mo-
da extração e uso dos derivados do petróleo - argu-
bilizações políticas para derrubá-lo. Economicamente,
mentavam em torno da soberania nacional. Em 1953, a
sobretudo em seus primeiros anos de governo, aplicou a
Petrobras foi criada aos moldes nacionalistas.
cartilha liberal de não-intervenção estatal na economia A instabilidade do governo se deu porque a econo-
e abertura do mercado aos produtos importados, mar- mia ia mal. Desde que Vargas assumiu a presidência,
cadamente produtos norte-americanos. O resultado a inflação mais que dobrou, impactando em perda do
dessa política econômica foi a desvalorização da moe- poder de compra dos trabalhadores. Greves acontece-
da nacional, aumento da dívida externa e diminuição ram e na tentativa de acalmar a situação, o governo
da produção industrial nacional. Ciente da necessida- nomeou João Goulart como ministro do trabalho. Ao
de de proteção da economia nacional, Dutra propõe, contrário, a situação se agravou: Goulart propôs um au-
em 1947, o Plano Salte - investimentos do governo nas mento de 100% no salário mínimo para repor as perdas
áreas de saúde, alimentação, transporte e energia. A inflacionárias, o que revoltou os patrões e parte das For-
valorização do café no mercado externo também aju- ças Armadas, que viam nessa medida uma “tendência
dou as finanças públicas ao fim do mandato. comunista” que o governo tomava.
Dutra se alinhou aos norte-americanos não apenas A UDN era o partido que mais combatia o governo.
nas relações comerciais. Politicamente, agiu fortemente Carlos Lacerda, o líder udenista, fazia discursos inflama-
para enfraquecer os comunistas, que ganhavam força. dos contra Vargas e acusava duramente o governo de
Interveio em sindicatos e conseguiu a cassação do PCB corrupção. Para elevar ainda mais a tensão, no dia 5
- uma das justificativas para a ação era a de que cons- de agosto de 1954, Lacerda sofreu uma emboscada e
tava no programa político do partido a revolução co- tentativa de assassinato. Seu guarda-costas foi morto.
munista, fato que não coadunava, na argumentação As investigações levaram à pessoa de Gregório Fortuna-
de Dutra e dos conservadores, com um sistema demo- to como o mentor do atentado. Gregório era chefe da
crático. guarda pessoal de Vargas. Pressionado pelo Parlamen-
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to e pelas Forças Armadas, que exigiam sua renúncia, 4. Jânio Quadros, João Goulart e o fim da demo-
Getúlio resistiu por 19 dias. Na manhã de 24 de agos- cracia
to, o país acordou com o informe de que o presidente, Jânio Quadros agia de maneira distinta dos políticos
o “pai dos pobres”, havia se suicidado com um tiro no tradicionais, e talvez seja esse o seu grande feito. Poli-
coração. A comoção popular foi enorme e violenta - ticamente, não se atrelava a nenhum grupo ou ideo-
todos os símbolos antivarguistas foram atacados. Se ha- logia. Sua bandeira era a da moralidade - limpar a su-
via uma movimentação golpista para retirar Vargas do jeirada da política. Construía seu próprio personagem
poder à força, ela precisou ser abortada. com discursos rebuscados, ternos desalinhados, caspa
Café Filho, o vice-presidente, assumiu a cadeira prin- nos ombros e, na frente dos populares, comia um belo
cipal. Seu governo ficou marcado não tanto pelas suas sanduíche de mortadela. Em sua carreira política no es-
políticas, mas mais pela sucessão presidencial. Em 1955, tado de São Paulo, fazia visitas surpresas a repartições
as eleições ocorreram em meio a enorme tensão. O PTB, públicas como se fosse um grande fiscal. A população,
desgastado pelo último período, não lançou candidatu- cansada dos mesmos quadros políticos de sempre, gos-
ra a presidente. Firmou-se uma chapa entre PSD-PTB. O tava de seu jeito. Assim ele foi eleito e assim governou
candidato a presidente era Juscelino Kubitschek (PSD), - amparado em polêmicas e sem um direcionamento
o candidato a vice era João Goulart (PTB). A UDN lan- claro na economia, nem na política. Dentre seus “gran-
çou Juarez Tavora e do PSP (Partido Social Progressista) des” feitos estão a proibição do uso de lança-perfume
veio Ademar de Barros. e das brigas de galo.
Jânio não se importava com as negociações con-
3. O governo de JK gressuais, bem ao estilo autoritário. Sua política econô-
Juscelino venceu o pleito com 36%, somente 6 pon- mica aliada à herança de JK em poucos meses levou o
tos percentuais a mais que o segundo colocado, Juarez país à recessão. Ao mesmo tempo em que era conser-
Tavora (UDN). Os udenistas não aceitaram o resultado, vador nos costumes e aplicava a cartilha liberal do FMI
alegando fraude, e convocaram as Forças Armadas a na economia, na política externa se alinhava a setores
se sublevar contra os “corruptos comunistas” que que- da esquerda. Chegou mesmo a convidar Ernesto Che
riam chegar ao poder. Foi através da ação do então Guevara, líder da revolução cubana, e condecorá-lo
ministro da Guerra, Teixeira Lott, militar legalista, que o
com a mais importante medalha nacional. Governava
resultado foi cumprido e Juscelino empossado.
como um Frankenstein.
O governo Juscelino esteve longe de ser comunista.
Sem maiores explicações, apenas oito meses trans-
Ao contrário, implementou uma política desenvolvimen-
corridos de seu mandato, enviou o vice-presidente em
tista que aliava tanto investimentos estatais, quanto pri-
28 missão oficial à China comunista, e no dia 25 de agosto
vados. Houve mesmo uma política estatal direcionada
de 1961 renunciou para se defender contra “forças ter-
para atrair o capital estrangeiro - nunca antes este tinha
ríveis” que se organizavam contra ele. Até hoje não se
sido tão presente. A industrialização do país crescia a
sabe quais eram essas “forças terríveis”. Supõe-se que a
passos largos com a presença pungente das multina-
renúncia foi uma manobra política de Jânio: sem apoio
cionais. A indústria automobilística é fortemente fomen-
tada, assim como a criação e ampliação de estradas. político no Congresso, nem nas Forças Armadas, com
Uma das facetas mais visíveis de seu desenvolvimentis- a população descontente com a recessão, renunciou
mo, do desejo por grandes obras, é explicitado na cons- crendo que todos o procurariam para rever a decisão
trução de Brasília como nova capital federal. com medo de que o trabalhista João Goulart assumisse
O PIB nacional crescia a 7% ao ano. Contudo, esse a presidência com seus ideais de esquerda.
forte crescimento escondia a grave crise econômica O Congresso aceitou sem grandes problemas a re-
que se desenhava. O crescimento nacional se deu gra- núncia. Os militares se mobilizaram para impedir que
ças a investimentos e empréstimos internacionais - na Goulart assumisse. O Congresso, contudo, rejeitou a
hora de pagá-los, a conta não fechava, pois as nossas ideia. As Forças Armadas estavam divididas entre os
exportações não conseguiam crescer na mesma velo- que defendiam a legalidade da posse e os que exigiam
cidade que a dívida avançava. Para pagar a dívida, um golpe. Para contornar a crise, os congressistas apro-
novos empréstimos. Assim a dívida externa foi galgando varam que Goulart assumiria, contudo em um regime
cifras enormes. Apesar dos problemas deixados para o parlamentarista, não presidencialista. O regime parla-
próximo governo, social e politicamente o governo JK mentarista diminui o poder do presidente, pois cabe ao
transcorreu e terminou tranquilamente. primeiro-ministro, eleito indiretamente pelo congresso, a
Em 1960, ocorreu a última eleição presidencial do prerrogativa de muitas ações.
período democrático (1946 - 1964). PSD e PTB mantive- O regime parlamentarista não vingou: entre setem-
ram a aliança vitoriosa no pleito anterior e lançaram o bro de 1961 e janeiro de 1963, foram três os primeiros-mi-
general Lott como candidato a presidente e novamen- nistros. A instabilidade política e na administração dos
te João Goulart como vice-presidente. O PSP foi mais órgãos públicos implicou negativamente na economia,
uma vez com a candidatura do paulista Ademar de Bar- que já não ia bem. No início de 1963, a população foi
ros e a UDN apoiou o candidato independente, e então consultada em plebiscito se desejava a manutenção
governador de São Paulo, Jânio Quadros. Com 48% dos do parlamentarismo ou a volta do presidencialismo. A
votos, o candidato a presidente apoiado pela UDN foi volta do presidencialismo ganhou com mais de 90% dos
eleito. O eleito para a vice-presidência foi João Goulart. votos.
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Resposta: alternativa A. O período de JK à frente da


SE LIGA! presidência da República ficou marcado pelo enor-
Na prática, Goulart governou por pouco me crescimento econômico, ainda que amparado
mais de um ano com poderes de presi- no endividamento externo.
dente, do plebiscito no início de 1963 até
o golpe militar que o destituiu do poder, 2. (FGV)  A eleição de Jânio Quadros, em 1960, signifi-
em 31 de março de 1964. cou certa alteração de rumos da política brasileira com
relação ao período iniciado em 1945. Tal alteração ba-
seou-se:
Goulart tinha um ousado projeto socioeconômico. A
primeira parte deste se concentrava no Plano Trienal - a a) No apoio que os comunistas emprestaram à candi-
partir do investimento estatal no mercado interno, gra-
datura de Jânio em troca da legalização do PCB,
dualmente substituiria-se a importação de mercadorias.
que ocorreria em 1961.   
As consequências que se esperava obter como o con-
b) Na primeira vitória das forças trabalhistas em pleitos
trole da inflação que rondava a casa dos 70% ao ano, a
volta do crescimento do PIB e distribuição de renda, não nacionais e no fortalecimento de novas lideranças
foram alcançadas. O ano de 1964 começou com uma sindicais.   
inflação ainda maior - acima de 90%. c) No rompimento da hegemonia paulista e no descon-
O insucesso do Plano Trienal se aliou às polêmicas em tentamento militar provocado pelas propostas elei-
torno das Reformas de Base. Desejava-se alterar profun- torais janistas.   
damente quatro pontos da organização social - as es- d) Na vitória de uma candidatura da UDN, que inter-
truturas agrária, financeira, administrativa e tributária. O rompeu a série de vitórias do PSD e do PTB, em arran-
Brasil estava à flor da pele. Os congressistas não conse- jo político orquestrado por Getúlio Vargas.   
guiam encaminhar mínimos consensos. As ruas passaram e) Na inauguração de um novo estilo político baseado
a ser tomadas por mobilizações. Em 13 de março de na valorização das estruturas partidárias e na defini-
1964, Goulart fez um inflamado e radical discurso para ção clara de propostas políticas programáticas.  
uma plateia de mais de 150 mil pessoas na Central do
Brasil, no Rio de Janeiro. Defendeu uma profunda refor- Resposta: alternativa D. Dutra, Getúlio e JK, os presi-
ma agrária e urbana. dentes anteriores a Jânio, foram eleitos em uma coli-
Em 19 de março do mesmo ano, em São Paulo se de- gação que unia PSD – PTB. Jânio rompe este cenário.
senrolou a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
500 mil pessoas estavam presentes e pediam a deposi- 29
ção de Goulart. Doze dias depois, as Forças Armadas
com o apoio de importantes políticos depõe o então DITADURA E REDEMOCRATIZAÇÃO
presidente. Era o fim do curto período democrático.

Com a deposição de Goulart em 31 de março de


1964, os militares tomaram o poder e decretaram o Ato
EXERCÍCIOS COMENTADOS Institucional número 1. Ele autorizava o poder executivo
a cassar mandatos de representantes eleitos, suspender
1.(Unesp 2012)   Sob a presidência de Juscelino Kubits- direitos políticos e decretar estado de sítio sem neces-
chek (1955-1961), a nação brasileira assistiu à criação de sidade do aval do congresso nacional. O AI-1 também
Brasília, – considerada, pela UNESCO, patrimônio cultural decretava eleição indireta para presidente e nova elei-
da humanidade – e vivenciou: ção direta após um ano. O congresso, com os oposi-
cionistas suspensos e perseguidos, por meio de eleição
a) momentos de euforia resultantes, em boa parte, da indireta elegeu o general do exército Humberto Castelo
política desenvolvimentista de incremento à indústria Branco para assumir a presidência da República. Seu
nacional e aumento do poder aquisitivo da classe mé- governo era apoiado pela UDN e por setores conserva-
dia.    dores das classes médias.
b) importante papel político para a aproximação dos
Ao analisar os anos em que os militares estiveram no
países da América Latina com os Estados Unidos, em
poder é possível realizar sempre dois recortes: em rela-
vista da estratégica posição do Brasil no Atlântico Sul.   
ção à política econômico e em relação à política de
c) época de forte repressão política ao operariado e des-
caso para com a interiorização do desenvolvimento segurança nacional.
econômico.   
d) um período predominantemente liberal, em termos 1. Governo Castelo Branco
econômicos, o que pode ser exemplificado pelo início No campo econômico, o governo Castelo Branco
da construção da Companhia Siderúrgica Nacional.    (1964 - 1967) se caracterizou pelo alinhamento com os
e) uma forte recessão econômica em que a indústria na- norte-americanos, aliás, fiadores do golpe militar execu-
cional não deu sinais de crescimento e o poder aquisi- tado no Brasil. O primeiro ponto atacado foi o do déficit
tivo da classe média caiu.    público. Para alterar a situação que se agravava ano
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a ano, o governo elevou impostos e reduziu gastos em que pedia diminuição nos preços de um restaurante
empresas públicas, o que acabou elevando o custo de estudantil comoveu a sociedade. Setores urbanos e da
vida. Logo após, buscou controlar a crescente inflação Igreja se sensibilizaram com o movimento em ascensão.
através da indexação da economia - processo no qual Em junho do mesmo ano, ocorreu a Passeata dos Cem
o governo regula os reajustes dos preços através de Mil, grande ato de oposição à ditadura, com diversos
índices oficiais. Inflação controlada significa oferta de setores sociais.
crédito pelos bancos. No mesmo sentido das outras me- Cada vez mais incomodados com a oposição ao
didas, salários foram arrochados e funcionários públicos regime, o governo militar de Costa e Silva (1967 - 1969)
perderam a estabilidade do cargo. decreta o mais pesado dos atos institucionais no dia 13
A política de segurança nacional ia ao encontro da de dezembro de 1968: o AI-5. Este ato decretava a sus-
política econômica. Os opositores tinham seus direitos pensão do Congresso Nacional, Assembleias estaduais e
políticos cassados. As medidas impopulares do governo câmaras municipais - pelo tempo que o presidente dese-
puderam ser postas em prática também pelo autorita- jasse. Cabia ao presidente além de executar as leis, tam-
rismo do presidente - a oposição estava desmantelada. bém editá-las. O artigo décimo do Ato permitiu prisões
Em relação à implementação do arrocho salarial, nada arbitrárias e torturas como prática de Estado - o direito
os sindicalistas puderam fazer - a maioria dos dirigentes ao habeas corpus estava suspenso. O AI-5 é mantido por
estava presa. Mesmo os apoiadores de primeira hora, onze anos. Poucos meses depois, Costa e Silva sofre um
como os udenistas, começaram a demonstrar insatisfa- derrame cerebral e morre. Seu vice, civil, Pedro Aleixo é
ção. O mandato de Castelo Branco, que deveria ir até impedido de assumir. Inicia-se, então, o governo do ge-
31 de janeiro de 1966, foi estendido por mais um ano neral Emílio Garrastazu Médici (1969 - 1974).
através de emenda à constituição.
Em 27 de outubro de 1965, após avanços da opo- 3. O Governo Médici
O governo Médici é marcado como o período de
sição nas eleições estaduais e municipais, o governo
maior violência de todo o regime militar. Com a intensi-
decreta o Ato Institucional número 2. Muito mais radical
ficação do autoritarismo e da repressão, surgem movi-
que o anterior, ele aponta a “revolução” como o poder
mentos de luta armada contra o governo. É sobre o ar-
constituinte, que se legitima a si mesmo. Na prática, o
gumento do perigo que estes movimentos representam
AI-2 concentra ainda mais poder nas mãos do executi-
que Médici executa suas ações. As ações de guerrilha
vo - facultando ao presidente encerrar os trabalhos dos
nos interiores rurais são reprimidas pelo governo rapida-
legislativos federal, estaduais e municipais. As eleições
mente. O movimento de guerrilha urbana criado por
que seriam diretas em fins de 1965, passam a ser indire-
30 Carlos Marighella, no entanto, se mostra mais difícil de
tas. Os partidos políticos são extintos. No entanto, criam-
ser exterminado. Fortalecem-se para este objetivo os
-se dois: a Arena (partido de apoio ao regime) e MDB
serviços de inteligência do governo. O estado de vigília
(partido de oposição consentida). e suspeição é constante. A censura toma conta da im-
A ditadura dia após dia se radicalizava. Em feverei- prensa e das expressões artísticas e culturais.
ro de 1966, novo decreto: o Ato Institucional número 3, No plano econômico, o Brasil se caracterizou no pe-
que estendia eleições indiretas também nas esferas es- ríodo pelo Milagre Econômico. Este foi possível graças à
taduais e municipais. Com direitos políticos reservados continuidade de ações já iniciadas no governo Castelo
apenas aos apoiadores ou opositores “que não se opu- Branco. Incentivou-se as exportações nacionais e a en-
nham”, as eleições perdem seu sentido representativo. trada de capital estrangeiro no país. A balança de pa-
Em dezembro de 1966, o Ato Institucional número 4 é gamentos (diferença entre o dinheiro que entra e o que
editado para a formulação de uma nova constituição. sai), deficitária no início dos governos militares, passava
agora a ser superavitária. Os juros baixos no mercado
2. Governo Costa e Silva internacional, na casa dos 2,2% ao ano, favoreciam
O general Castelo Branco é substituído, após elei- os empréstimos e a consequente expansão de inves-
ção indireta, pelo também militar marechal Artur da timentos internos. Os baixos salários também se manti-
Costa e Silva, no início de 1967. A oposição parlamentar nham - qualquer movimentação contrária dos operá-
era definitivamente uma farsa. Nomes como Juscelino rias era duramente reprimida. Os maiores beneficiários
Kubitschek, Carlos Lacerda e João Goulart - antigos ri- do crescimento econômico, além da elite econômica
vais políticos, se unem em torno de uma organização do país, são os membros da classe média. O incentivo
supraideológica denominada Frente Ampla, em vistas ao consumo era feito sobretudo para os trabalhadores
à defesa da democracia. A Frente é desmontada pelo mais especializados. Apesar do autoritarismo, o gover-
governo com seus principais líderes sendo exilados. no Médici gozava de apoio de setores importantes da
O último gueto de resistência ao regime autoritário população.
foi a rua. Capitaneados por jovens lideranças estudan- O milagre econômico deixa de ser milagroso a partir
tis, o ano de 1968 foi marcado por atos de rua e tensão. da crise internacional do petróleo em 1973. A crise foi
No campo da cultura também se resistia - o teatro se uma retaliação dos países árabes produtores de petró-
reinventava, assim como o cinema e a música. A morte leo aos países que apoiaram direta ou indiretamente o
do estudante Edson Luís em março de 1968, na cidade Estado de Israel na Guerra do Yom Kippur. A retaliação
do Rio de Janeiro, após brutal repressão contra um ato foi um aumento de mais de 400% no preço do barril de
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petróleo. O Brasil, que importava 80% do petróleo utili- 6. A saída dos militares do poder
zado, tomou um duro golpe em seu crescimento eco- Em 1985, aproveitando-se de um racha político no
nômico. Os juros internacionais voltaram a subir, con- interior do PSL, que originaria um novo partido cha-
sequentemente a dívida externa também. A inflação, mado PFL, Tancredo Neves (PMDB) vence Paulo Ma-
controlada até então, mostrava sinais de descontrole. luf (PSL) nas eleições indiretas. Tancredo teve como
No ano de 1974, finda-se o governo Médici. Inicia- vice de sua chapa José Sarney(ex-PDS, atual PMDB). A
-se, então, o governo do general Ernesto Geisel (1974 aliança com setores dissidentes do PSL foi fundamental
- 1979). para conseguir derrotar a candidatura de Maluf. Após
21 anos, o Brasil tinha um novo presidente civil. Era o fim
4. Governo Geisel da ditadura militar (1964 - 1985) e o início do processo
O governo Geisel é marcado por um abrandamento de redemocratização.
do autoritarismo e uma abertura à redemocratização Dias antes de assumir a presidência, Tancredo foi
de maneira “lenta, gradual e segura”. O perigo de le-
acometido por uma grave infecção generalizada e
vantes armados tinha sido definitivamente derrotado
acabou vindo a óbito. Em meio à tensão instaurada
no governo anterior. A desaceleração da economia
por possível uma retomada do poder pelos militares,
aliada à falta de possibilidade de mudança política
o vice Sarney assume e governa até 1990. Duas são
voltava a incomodar parcelas da sociedade. A aber-
as características principais de seu governo: a criação
tura tornava-se algo vislumbrável a longo prazo. Os em-
pecilhos para tal processo vinham de dentro do próprio de uma Assembleia Constituinte para a formulação de
governo: a dificuldade da linha mais dura das Forças uma nova constituição para o Brasil, e a luta contra a
Armadas em aceitar novos rumos políticos e também inflação. Em relação a esta última, Sarney lança alguns
possíveis apurações de crimes cometidos pelos agentes planos ao longo de seu mandato - todos ineficientes.
nos processos repressivos. Geisel desempenhou impor- De 367% ao ano em 1986, a inflação chegou a 1764%
tante função na desmontagem do aparelho repressivo, ao ano no fim do mandato.
inclusive revogando o AI-5. O governo continuava ma-
nobrando as regras eleitorais para manter a maioria no
congresso e assembleias estaduais e municipais. Con- SE LIGA!
tudo, cada vez era mais difícil evitar o caminho para o
fim da ditadura.
A Constituinte promulgou a Constituição
de 1988, conhecida como Constituição
5. Governo Figueiredo
Cidadã. Ela é um longo texto, formulado
com ampla participação popular, com 31
Em março de 1979, assumiu o general João Batista
Figueiredo. Seu governo seguiria no processo de aber-
artigos sobre diversos temas e de caráter
tura política. Figueiredo promove a lei da anistia aos exi-
progressista na garantia de direitos e liber-
lados políticos, com exceção dos que fossem acusados
dades individuais, bem como o respeito a
de terrorismo. Cada vez mais se organizava frentes de
direitos sociais, como educação, saúde e
resistência. As greves do ABC, em fins da década de
moradia dignos a todos.
1970, com a mobilização de mais de 300 mil metalúrgi-
cos, sob a liderança do jovem líder sindical Luís Inácio 7. Redemocratização
da Silva, o Lula, são um exemplo disso. Em seu gover- Em 1989 ocorre eleição direta para Presidente da
no também há a volta do pluripartidarismo: a criação
República, após 29 anos. 22 candidatos concorriam ao
do PMDB, liderado por Ulysses Guimarães; do PDT, de
pleito - o que mostra o quadro de renovação política
Leonel Brizola; do PT, dos novos sindicalistas destaca-
e disputa por projetos hegemônicos. Dois candidatos
damente Lula; e o PDS, novo nome da antiga Arena.
passam ao segundo turno: Fernando Collor, um out-
No campo econômico, o governo Figueiredo vê a es-
sider político, que se portava como o oposto à velha
tagnação econômica e o crescimento desenfreado da
inflação, na casa dos 200%, corroer a já cambaleante política e com capacidade de moralizar o país; e Luís
popularidade do governo. Inácio Lula da Silva, candidato do PT. Em uma eleição
Em 1982, após anos de intervencionismo federal, marcada por polêmicas, sobretudo pela cobertura da
acontecem eleições diretas para os cargos de gover- imprensa, Collor é eleito presidente.
nadores - e a oposição conquista importantes resul-
tados. O governo militar havia determinado também 8. Governo Collor
eleições indiretas para presidente em 1985 e diretas em O governo Collor (1990 - 1992) iniciou de maneira
1989. Pelos bons resultados nas eleições de 1982 e pelo mais destacada a nova política econômica apregoa-
descontentamento cada vez maior da população, no da pelos Estados Unidos - o neoliberalismo. Flexibiliza-
ano de 1983 tem início o movimento das Diretas Já!, va-se taxas alfandegárias e incentivava-se a entrada
que levam milhares de pessoas às ruas de todo o Brasil. do capital privado no país, com respectiva diminuição
O movimento queria que já em 1985 fossem realizadas do Estado e dos gastos públicos. O país entrou em re-
eleições diretas. O Congresso, ainda controlado pelas cessão e dentre suas medidas mais polêmicas esteve o
forças ligadas ao regime, rejeitou o projeto. congelamento dos saques das poupanças. Seu gover-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

no teve um fim prematuro por conta de denúncias de


corrupção que, após intensas manifestações popula-
res (o movimento dos caras pintadas), levou à aprova- EXERCÍCIO COMENTADO
ção de seu impeachment. Pouco antes de confirmado
o impeachment, Collor renuncia em fins de 1992. 1.(ENEM – 2015)

9. Governos Itamar Franco e FHC


Em janeiro de 1993, o então vice-presidente Itamar
Franco assume o governo. Dois eram os grandes desa-
fios do governo Franco (1993 - 1994) - não deixar que a
crise política incendiasse e resolver a longa crise eco-
nômica, que não fora resolvida desde o fim da década
de 1970. Com costuras políticas entre diversos partidos,
sobretudo PMDB e PSDB, o primeiro desafio foi resolvido.
Em relação aos problemas econômicos, ficou a cargo
do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso
(FHC), a implementação do Plano Real. Este seguia a
tendência neoliberal. Houve forte redução dos gastos
públicos, privatização de empresas públicas e maior fis-
calização em relação às evasões de divisas, aumento
das taxas de juros e a criação de uma nova moeda,
o Real - que seria pareado com o dólar. A inflação foi
controlada, ainda que para isso a economia nacional
precisasse ficar em situação de dependência com o
capital internacional.
Graças ao sucesso do Plano Real, em 1994, FHC lan-
ça-se candidato a Presidente pelo PSDB. Ele vence o
pleito em primeiro turno com 54% dos votos. Lula fica em
segundo com 27%. Em seu primeiro mandato consegue
a aprovação de uma Emenda à Constituição que per- ZIRALDO. 20 anos de prontidão. In: LEMOS, R. (Org.). Uma
32 mitiria a reeleição presidencial. Em 1998, é reeleito pre- história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio
sidente com 53% dos votos válidos, novamente a frente de Janeiro: Letras & Expressões, 2001.
de Lula, que ficou com 31%. Seus dois mandatos man- No período de 1964 a 1985, a estratégia do Regime Mili-
tém a política neoliberal na economia. tar abordada na charge foi caracterizada pela

10. Governos brasileiros no Século XXI a) priorização da segurança nacional.


Em 2003, Lula, após três derrotas eleitorais, é eleito b) captação de financiamentos estrangeiros.
presidente do Brasil com 61% dos votos válidos, derrotan- c) execução de cortes nos gastos públicos.
do no segundo turno José Serra (PSDB). Seus governos d) nacionalização de empresas multinacionais.
mantém a estrutura econômica herdada do governo e) promoção de políticas de distribuição de renda.
anterior de subordinação do orçamento ao pagamen-
to de juros e da dívida pública, porém busca uma maior Resposta: alternativa B. O Regime Militar se caracte-
intervenção estatal e mecanismos mais fortes de distri- rizou pela enorme abertura ao capital internacional.
buição de renda. Lula é reeleito em 2006 com 60% dos
votos válidos, também em segundo turno, com vitória
sobre Geraldo Alckmin (PSDB).
Em 2010, sustentado por massivo apoio popular, Lula
consegue eleger sua sucessora Dilma Rousseff, que ha-
via sido ministra de Minas e Energia e depois ministra da
Casa Civil em seus governos, derrotando em segundo
turno, José Serra (PSDB). Dilma é reeleita em 2014 com
apertada vitória em segundo turno sobre o tucano Aé-
cio Neves. Em 2016 com seu governo em meio a uma
crise econômica e política sofre um processo de im-
peachment. Em seu lugar, assume Michel Temer (2016
- 2018). Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro (PSL) dá fim
a mais de 20 anos de polarização PT-PSDB e é eleito pre-
sidente do Brasil para o período 2018 - 2022.
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c) depois da morte a alma podia voltar ao corpo mumi-


ficado.
HORA DE PRATICAR! d) construíram túmulos, em forma de pirâmides trunca-
das, erigidos para a eternidade.
1. (PUC - PR) Algumas civilizações da Idade Antiga, embo- e) os camponeses constituíam categoria social inferior.
ra brilhantes, não formaram estados unificados, ou seja, Competência ENEM: Idade Antiga
sempre foram politicamente fragmentadas, mostrando o
predomínio periódico de algumas cidades. São exemplos 5. (PUCCAMP) “É precisamente para assegurar o reino da
desse enunciado as civilizações: igualdade, para permitir que os mais humildes cidadãos
assumam uma parte legítima na vida política, que o Es-
a) persa e egípcia. tado concede uma remuneração àqueles que se colo-
b) romana e hebraica. cam ao seu serviço e na participação das Assembleias.”
c) sumeriana e romana. O texto referente à Atenas, no século V, expressa:
d) acadiana e persa.
e) grega e fenícia. a) o interesse do Estado em criar uma sociedade igua-
Competência ENEM: Idade Antiga litária, remunerando melhor os funcionários públicos.
b) a necessidade de estimular os desinteressados habi-
2. (FUVEST) A partir do III milênio a. C. desenvolveram-se, tantes da das Assembleias políticas.
nos vales dos grandes rios do Oriente Próximo, como o c) a fragilidade da democracia ateniense, uma vez que
Nilo, o Tigre e o Eufrates, estados teocráticos, fortemente aos cidadãos não correspondiam direitos políticos,
organizados e centralizados e com extensa burocracia. apenas obrigações.
Uma explicação para seu surgimento é d) a preocupação do regime democrático em garantir
o direito de igualdade política aos cidadãos atenien-
a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos ses mais pobres.
nas cidades, que só puderam ser contidas pela imposi- e) a determinação dos tribunais atenienses em banir a
ção dos governos autoritários. escravidão no vasto território grego sob o seu domí-
b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes nio.
contingentes humanos, para realizar obras de irrigação. Competência ENEM: Idade Antiga
c) a influência das grandes civilizações do Extremo Orien-
te, que chegou ao Oriente Próximo através das cara- 6. (Fatec) A expansão romana pelo Mar Mediterrâneo
vanas de seda. gerou importantes transformações políticas, econômi-
d) a expansão das religiões monoteístas, que fundamen- cas e sociais. 33
tavam o caráter divino da realeza e o poder absoluto Dentre elas temos:
do monarca.
e) a introdução de instrumentos de ferro e a consequente a) fortalecimento da família; desenvolvimento das ativi-
revolução tecnológica, que transformou a agricultura dades agropastoris; grande afluxo de riquezas, prove-
dos vales e levou à centralização do poder. nientes das conquistas.
Competência ENEM: Idade Antiga b) aumento do trabalho livre; maior concentração po-
pulacional nos campos e enriquecimento da elite pa-
3. (UEL) “ ... essencialmente mercadores, exportavam pes- trícia.
cado, vinhos, ouro e prata, armas, praticavam a pirataria, c) influência bastante grande da cultura grega; domínio
e desenvolviam um intenso comércio de escravos no Me- político dos plebeus; grande moralização dos costu-
diterrâneo...” mes.
O texto refere-se a características que identificam, na An- d) fim do trabalho escravo; concentração da plebe no
tiguidade Oriental, os campo; domínio político dos militares.
e) grande número de escravos; predomínio do comér-
a) fenícios. cio; êxodo rural, gerando o empobrecimento da ple-
b) hebreus. be.
c) caldeus. Competência ENEM: Idade Antiga
d) egípcios.
e) persas. 7. (Fuvest) A expansão de Roma durante a República,
Competência ENEM: Idade Antiga com o consequente domínio da bacia do Mediterrâ-
neo, provocou sensíveis transformações sociais e eco-
4. (Unesp) Os Estados Teocráticos da Mesopotâmia e do nômicas, dentre as quais:
Egito evoluíram acumulando características comuns e
peculiaridades culturais. Os Egípcios desenvolveram a a) marcado processo de industrialização, êxodo urba-
prática de embalsamar o corpo humano porque: no, endividamento do Estado.
b) fortalecimento da classe plebeia, expansão da pe-
a) se opunham ao politeísmo dominante na época. quena propriedade, propagação do cristianismo.
b) os seus deuses, sempre prontos para castigar os peca- c) crescimento da economia agropastoril, intensifica-
dores, desencadearam o dilúvio. ção das exportações, aumento do trabalho livre.
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d) enriquecimento do Estado romano, aparecimento de 10. (FGV) Para explicar a rápida expansão muçulmana,
uma poderosa classe de comerciantes, aumento do ou do Islão, há vários fatores. Qual dos tópicos a seguir
número de escravos. não é explicativo disso:
e) diminuição da produção nos latifúndios, acentuado
processo inflacionário, escassez de mão de obra es- a) o crescimento demográfico da população árabe,
crava. que pressionava o povo a procurar terras favoráveis
Competência ENEM: Idade Antiga à agricultura;
b) à fraqueza defensiva do Ocidente, devida à política
8. (Fuvest) “O Feudalismo medieval nasceu no seio de de paz e tolerância da Igreja Católica;
uma época infinitamente perturbada. Em certa medi- c) o império Bizantino e o Império Persa guerrearam du-
da, ele nasceu dessas mesmas perturbações. Ora, en- rante séculos, enfraquecendo-se mutuamente;
tre as causas que contribuíram para criar ou manter um d) no Ocidente a expansão árabe soube aproveitar
ambiente tão tumultuado, algumas existiram comple- as fraquezas dos Estados bárbaros descentralizados,
tamente estranhas à evolução interior das sociedades que sucederam o Império Romano;
europeias.” e) o estímulo muçulmano à Guerra Santa (Jihad), coor-
(Marc Bloch, A SOCIEDADE FEUDAL) denado pelos califas, em nome da expansão da fé
islâmica.
O texto refere-se: Competência ENEM: Idade Média

a) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis que a 11. (Faap) As cruzadas no Oriente Médio (séculos XI-XIII)
Europa sofreu nos séculos IX e X, depois do esfacela- tiveram profunda repercussão sobre o feudalismo por-
mento do Império Carolíngio. que, entre outros motivos,
b) às invasões prolongadas e devastadoras dos sarra-
cenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculos IX e a) diminuíram o prestígio da Santa Sé, em virtude da se-
X (ao Sul, Leste e Norte respectivamente), depois do paração das Igrejas cristãs de Roma e de Bizâncio.
esfacelamento do Império Carolíngio.
b) impediram os contatos culturais com civilizações refi-
c) às lutas entre camponeses e senhores no campo e
nadas como a bizantina e a árabe.
entre trabalhadores e burgueses nas cidades, impe-
c) aceleraram o comércio e o desenvolvimento de ma-
dindo qualquer estabilidade social e política.
nufaturas, promovendo o crescimento de uma nova
d) aos tumultos e perturbações provocadas pelas cons-
camada social.
34 tantes fomes, pestes e rebeliões que assolavam as
d) desintegraram o sistema de comércio com o Oriente,
áreas mais densamente povoadas da Europa.
gerando a decadência dos portos de Veneza, Gêno-
e) à combinação de fatores externos (invasões e intro-
va e Marselha.
dução de novas doutrinas e heresias) e internos (es-
e) estimularam a expansão da economia agrária, que
cassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
minou a economia monetária dos centros urbanos.
Competência ENEM: Idade Média
Competência ENEM: Idade Média
9. (Mackenzie) A respeito do Sistema Feudal, assinale a
alternativa correta. 12. (Fuvest) A peste, a fome e a guerra constituíram os
elementos mais visíveis e terríveis do que se conhece
a) A sociedade feudal era estática e não permitia a mo- como a crise do século XIV. Como consequência dessa
bilidade social, era uma sociedade de castas - dela crise, ocorrida na Baixa Idade Média,
faziam parte quatro ordens hierarquizadas: os nobres,
o clero, os servos e os escravos. a) o movimento de reforma do cristianismo foi interrom-
b) Consistia em um sistema de relações onde os vassa- pido por mais de um século, antes de reaparecer
los doavam terras aos seus suseranos, que ficavam com Lutero e iniciar a modernidade;
obrigados a pagar impostos nas formas de produtos b) o campesinato, que estava em vias de conquistar a
e serviços. liberdade, voltou novamente a cair, por mais de um
c) Esse sistema foi condenado pela Igreja Católica, que século, na servidão feudal;
não concordava com as exigências senhoriais que c) o processo de centralização e concentração do po-
sobrecarregavam os camponeses. der político intensificou-se até se tornar absoluto, no
d) Através do domínio político, exercido por meio da início da modernidade;
violência e da obediência aos costumes, o servo era d) o feudalismo entrou em colapso no campo, mas
obrigado a prestar trabalhos e serviços ao Senhor manteve sua dominação sobre a economia urbana
Feudal. até o fim do Antigo Regime;
e) A principal fonte de lucro era o excedente de produ- e) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos preju-
ção, oriundo do trabalho servil e livremente comer- dicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com
cializado pelos senhores feudais e servos. a burguesia.
Competência ENEM: Idade Média Competência ENEM: Idade Média
Ciências Humanas e suas Tecnologias

13. (Cesgranrio) Com a expansão marítima dos séculos 16. (Enem - 2014) Todo homem de bom juizo, depois que
XV/XVI, os países ibéricos desenvolveram a ideia de “im- tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um mila-
pério ultramarino” significando: gre manifesto ter podido escapar de todos os perigos
que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais
a) a ocupação de pontos estratégicos e o domínio das que há tantos outros acidentes que diariamente podem
rotas marítimas, a fim de assegurar a acumulação do aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí nave-
capital mercantil; gam querer pô-los todos diante dos olhos quando que-
b) o estabelecimento das regras que definem o Sistema rem empreender suas viagens.
Colonial nas relações entre as metrópoles e as de- J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In:
mais áreas do “império” para estabelecer as ideias DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300·1800.
de liberdade comercial; São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
c) a integração econômica entre várias partes de cada
“império” através do comércio intercolonial e da livre Esse relato, associado ao imaginário das viagens maríti-
circulação dos indivíduos; mas da época moderna, expressa um sentimento de
d) a projeção da autoridade soberana e centralizadora
das respectivas coroas sobre tudo e todos situados no a) gosto pela aventura.
interior desse “império”; b) fascínio pelo fantástico.
e) a junção da autoridade temporal com a espiritual c) temor do desconhecido.
através da criação do Império da Cristandade. d) interesse pela natureza.
Competência ENEM: Idade Média e) purgação dos pecados.
Competência ENEM: Idade Moderna
14. (Unesp) A Baixa Idade Média tem sua importância
ligada à dissolução de um modo de produção e o início 17. (Puccamp) Como características gerais dos Estados
da longa fase de transição que levará ao desenvolvi- Modernos, que se organizavam na Europa Ocidental no
mento de um outro. Assinale a alternativa diretamente
período que vai do século XV ao XVIII, pode-se mencio-
relacionada com a crise e a desagregação do sistema
nar entre outros, a
feudal:
a) consolidação da burguesia industrial no poder e a
a) Condenação do modo de produção feudal pela
descentralização administrativa.
Igreja Católica Apostólica Romana.
b) centralização e unificação administrativa, bem como
b) Declínio do comércio a longa distância, florescimen-
o desenvolvimento do mercantilismo. 35
to da pequena indústria e enfraquecimento do po-
c) confirmação das obrigações feudais e o estímulo à
der central dos monarcas.
produção urbano-industrial.
c) Equilíbrio entre o ritmo da produção e do consumo.
d) Exigências senhoriais sobrecarregando os campone- d) superação das relações feudais e a não intervenção
ses e a substituição de obrigações antigas por con- na economia.
tratos de arrendamento da terra e por pagamento e) consolidação do localismo político e a montagem de
em dinheiro. um exército nacional.
e) Predomínio do modo assalariado de trabalho acar- Competência ENEM: Idade Moderna
retando, em curto prazo, mudanças profundas na
Europa Oriental. 18. (Fuvest) “Um comerciante está acostumado a em-
Competência ENEM: Idade Média pregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucra-
tivos, ao passo que um simples cavalheiro rural costuma
15. (Cesgranrio) Foram inúmeras as consequências da empregar o seu em despesas. Um frequentemente vê
expansão ultramarina dos europeus, gerando uma ra- seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro;
dical transformação no panorama da história da huma- o outro, quando se separa do dinheiro, raramente espe-
nidade. ra vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam natu-
Sobressai como UMA importante consequência: ralmente os seus temperamentos e disposições em toda
espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um
a) a constituição de impérios coloniais embasados pelo empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido
espírito mercantil. em seus empreendimentos...”
b) a manutenção do eixo econômico do Mar Mediterrâ- (Adam Smith, A RIQUEZA DAS NAÇÕES, Livro III, capítulo 4)
neo com acesso fácil ao Oceano Atlântico.
c) a dependência do comércio com o Oriente, fornece- Neste pequeno trecho, Adam Smith
dor de produtos de luxo como sândalo, porcelanas e
pedras preciosas. a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades
d) o pioneirismo de Portugal, explicado pela posição e modos de vida distintos.
geográfica favorável. b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em
e) a manutenção dos níveis de afluxo de metais precio- face da estagnação medieval.
sos para a Europa. c) defende a lucratividade do comércio contra os bai-
Competência ENEM: Idade Moderna xos rendimentos do campo.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lu- d) do século XVII, na França, no qual se consolidavam as
cros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas. monarquias nacionais.
e) expõe as causas da estagnação da agricultura no e) do século XVI, na Espanha, no momento da união dos
final do século XVIII. tronos de Aragão e Castela.
Competência ENEM: Idade Moderna Competência ENEM: Idade Moderna

19. (Mackenzie) “É preciso ensinar aos cristãos que 22. (Puccamp) Dentre as consequências sociais forjadas
aquele que dá aos pobres, ou empresta a quem está pela Revolução Industrial pode-se mencionar:
necessitado, faz melhor do que se comprasse indulgên-
cias”. a) o desenvolvimento de uma camada social de tra-
(Martinho Lutero) balhadores, que destituídos dos meios de produção,
passaram a sobreviver apenas da venda de sua for-
As Indulgências eram: ça de trabalho.
a) documentos de compra e venda de cargos e títulos b) a melhoria das condições de habitação e sobrevi-
eclesiásticos a qualquer pessoa que os desejasse. vência para o operariado, proporcionada pelo surto
b) cartas que permitiam a negociação de relíquias sa- de desenvolvimento econômico.
gradas, usadas por Cristo, Maria ou Santos. c) a ascensão social dos artesãos que reuniram seus
c) dispensas, isenções de algumas regras da Igreja Ca- capitais e suas ferramentas em oficinas ou domicílios
tólica ou de votos feitos anteriormente pelos fiéis. rurais dispersos, aumentando os núcleos domésticos
d) proibições de receber o dízimo oferecido pelos fiéis e de produção.
incentivo à prática da usura pelo alto clero. d) a criação do Banco da Inglaterra, com o objetivo de
e) absolvições dos pecados de vivos e mortos, concedi- financiar a monarquia e ser também, uma instituição
das através de cartas vendidas aos fiéis. geradora de empregos.
Competência ENEM: Idade Moderna e) o desenvolvimento de indústrias petroquímicas favo-
recendo a organização do mercado de trabalho, de
maneira a assegurar emprego a todos os assalaria-
20. (Mackenzie) O Humanismo foi um movimento que
dos.
não pode ser definido por:
Competência ENEM: Idade Contemporânea
a) ser um movimento diretamente ligado ao Renasci-
mento, por suas características antropocentristas e
23. (Enem) Algumas transformações que antecederam
individuais.
a Revolução Francesa podem ser exemplificadas pela
36 b) ter uma visão do mundo que recupera a herança
mudança de significado da palavra “restaurante”. Des-
greco-romana, utilizando-a como tema de inspira-
de o final da Idade Média, a palavra ‘restaurant’ desig-
ção.
nava caldos ricos, com carne de aves e de boi, legu-
c) ter valorizado o misticismo, o geocentrismo e as reali- mes, raízes e ervas. Em 1765 surgiu, em Paris, um local
zações culturais medievais. onde se vendiam esses caldos, usados para restaurar as
d) centrar-se no homem, em oposição ao teocentrismo, forças dos trabalhadores. Nos anos que precederam a
encarando-o como “medida comum de todas as Revolução, em 1789, multiplicaram-se diversos ‘restau-
coisas”. rateurs’, que serviam pratos requintados, descritos em
e) romper os limites religiosos impostos pela Igreja às ma- páginas emolduradas e servidos não mais em mesas co-
nifestações culturais. letivas e mal cuidadas, mas individuais e com toalhas
Competência ENEM: Idade Moderna limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da
nobreza perderam seus patrões, refugiados no exterior
21. (Pucsp) “O trono real não é o trono de um homem, ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por con-
mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses e parti- ta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia
cipam de alguma maneira da independência divina. O Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante
rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se com o sentido atual.
que ele vê melhor...” A mudança do significado da palavra restaurante ilustra
(Jacques Bossuet.)
a) a ascensão das classes populares aos mesmos pa-
Essas afirmações de Bossuet referem-se ao contexto drões de vida da burguesia e da nobreza.
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de
a) do século XII, na França, no qual ocorria uma profun- hábitos populares e dos valores da nobreza.
da ruptura entre Igreja e Estado pelo fato de o Papa c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos
almejar o exercício do poder monárquico por ser re- ideais e da visão de mundo da burguesia.
presentante de Deus. d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais
b) do século X, na Inglaterra, no qual a Igreja Católica revolucionários, cujas origens remontam à Idade Mé-
atuava em total acordo com a nobreza feudal. dia.
c) do século XVIII, na Inglaterra, no qual foi desenvolvi- e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas cole-
da a concepção iluminista de governo, como está tivas e de uma visão de mundo igualitária.
exposta. Competência ENEM: Idade Contemporânea
Ciências Humanas e suas Tecnologias

24. (Fuvest) A expansão colonialista europeia do século 27. (Fei) Não pode ser considerado um fator que propi-
XIX foi um dos fatores que levaram: ciou a eclosão da Segunda Guerra Mundial:

a) à diminuição dos contingentes militares europeus. a) A ascensão de regimes totalitários na Itália e na Ale-
b) à eliminação da liderança industrial da Inglaterra. manha nos anos 20 e 30.
c) ao predomínio da prática mercantilista semelhante à b) Os efeitos da crise de 29 na economia europeia.
do colonialismo do século XVI. c) As cláusulas punitivas do Tratado de Versalhes, impos-
d) à implantação do regime de monopólio. to à Alemanha ao final da Primeira Guerra Mundial.
e) ao rompimento do equilíbrio europeu, dando origem d) A vitória dos republicanos na Guerra Civil Espanhola
à Primeira Guerra Mundial. barrando o avanço do fascismo na Espanha.
Competência ENEM: Idade Contemporânea e) A união entre a Áustria e a Alemanha empreendida
por Hitler.
25. (Unesp) A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) resul- Competência ENEM: Idade Contemporânea
tou de uma alteração da ordem institucional vigente
em longo período do século XIX. Entre os motivos desta 28. (Puccamp) “... foi um período em que a guerra era
alteração, destacam-se improvável, mas a paz era impossível. A paz era impossí-
vel porque não havia maneira de conciliar os interesses
a) a divisão do mundo em dois blocos ideologicamente de capitalistas e comunistas. Um sistema só poderia so-
antagônicos e a constituição de países industrializa- breviver à custa da destruição total do outro. E a guerra
dos na América. era improvável porque os dois blocos tinham acumula-
b) a desestabilização da sociedade europeia com a do tamanho poder de destruição, que se acontecesse
emergência do socialismo e a constituição de gover- um conflito generalizado seria, com certeza, o último...”
nos fascistas nos países europeus.
c) o domínio econômico dos mercados do continente O texto descreve uma problemática que, na história re-
europeu pela Inglaterra e o cerco da Rússia pelo ca- cente da humanidade,
pitalismo.
d) a oposição da França à divisão de seu território após a) identifica as tensões internacionais durante a Revolu-
as guerras napoleônicas e a aproximação entre a In- ção Russa.
glaterra e a Alemanha. b) ilustra as relações americano-soviéticas durante a
e) a unificação da Alemanha e os conflitos entre as po- Guerra Fria.
tências suscitados pela anexação de áreas coloniais c) caracteriza o panorama mundial durante a Guerra 37
na Ásia e na África. do Golfo Pérsico.
Competência ENEM: Idade Contemporânea d) revela o perigo da corrida armamentista durante a
Revolução Chinesa.
26. (FUVEST) “A crise atingiu o mundo inteiro. O operário e) explica os movimentos pacifistas no Leste Europeu du-
metalúrgico de Pittsburgo, o plantador de café brasilei- rante a Guerra do Vietnã.
ro, o artesão de Paris e o banqueiro de Londres, todos Competência ENEM: Idade Contemporânea
foram atingidos”.
(Paul Raynaud - LA FRANCE A SAUVÉ L’EUROPE, T. I. Fla- 29. (Encceja - 2017 - adaptada) A imagem do rapaz
marion). de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lam-
bretas, na década de 1960, mostrava uma rebeldia in-
O autor se refere à crise mundial de 1929, iniciada nos gênua sintonizada com ídolos do cinema como James
Estados Unidos, da qual resultou: Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já
começavam a abandonar as saias rodadas e ataca-
a) o abalo do liberalismo econômico e a tendência vam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade.
para a prática da intervenção do Estado na econo- Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br.
mia.
b) o aumento do número das sociedades acionárias e A comercialização dos produtos descritos no texto fa-
da especulação financeira. voreceu a
c) a expansão do sistema de crédito e do financiamen- a) difusão da cultura norte-americana.
to ao consumidor. b) oposição ao modelo consumista.
d) a imediata valorização dos preços da produção in- c) adesão ao movimento feminista.
dustrial e fim da acumulação de estoques. d) contestação da ordem política.
e) o crescimento acelerado das atividades de empresas e) formação socialista.
industriais e comerciais, e o pleno emprego. Competência ENEM: Idade Contemporânea
Competência ENEM: Idade Contemporânea
Ciências Humanas e suas Tecnologias

30. (Encceja - 2017 - adaptada) Os homens e mulheres Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conver-
africanos, embarcados na Costa da Mina, na África, são dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos
com destino ao Brasil colonial, eram tradicionais conhe- jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela
cedores de técnicas de mineração do ouro e do ferro,
além de dominarem antigas técnicas de fundição des- a) demarcação do território indígena.
ses metais. Eles conheciam muito mais sobre a matéria b) manutenção da organização familiar.
que os portugueses. c) valorização dos líderes religiosos indígenas.
PAIVA, E. F. Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração d) preservação do costume das moradias coletivas.
africana e mestiçagem no Novo Mundo. In: PAIVA, E. F.; e) comunicação pela língua geral baseada no Tupi.
ANASTASIA, C. M. J. (Org.). O trabalho mestiço: manei- Competência ENEM: Brasil Colonial
ras de pensar e formas de viver - século XVI a XIX. Belo
Horizonte: Annablume, 2002. 33. (Pucrs 2010) Entre 1500 e 1530, os interesses da co-
roa portuguesa, no Brasil, focavam o pau-brasil, madei-
No processo de formação histórica do Brasil, as caracte- ra abundante na Mata Atlântica e existente em quase
rísticas das pessoas apresentadas no texto favoreceram todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio
a de Janeiro. A extração era feita de maneira predatória
e assistemática, com o objetivo de abastecer o merca-
a) ocupação do litoral nordestino. do europeu, especialmente as manufaturas de tecido,
b) exploração de recursos naturais. pois a tinta avermelhada da seiva dessa madeira era
c) proibição do tráfico de escravos. utilizada para tingir tecidos. A aquisição dessa matéria-
d) aplicação de experiências indígenas. -prima brasileira era feita por meio da
e) conexão com povos andinos.
Competência ENEM: Brasil Colonial a) exploração escravocrata dos europeus em relação
aos índios brasileiros.
31. (Encceja - 2017 - adaptada) Minha intenção era fi-
b) criação de núcleos povoadores, com utilização de
car mesmo no brejo para esperar que um dia as chuvas
trabalho servil.
voltassem a cair no sertão, e eu também voltasse para
c) utilização de escravos africanos, que trabalhavam
a minha terra. Não tinha intenção de abandoná-la.
nas feitorias.
Mas não vi jeito de me acomodar na zona de açúcar
d) exploração da mão de obra livre dos imigrantes por-
para esperar que a seca abrandasse. Descia uma serra,
tugueses, franceses e holandeses.
38 quando vi embaixo, no vale, um imenso mar de verde.
e) exploração do trabalho indígena, no estabelecimen-
Pensei que já estava na costa e que aquilo tudo era
to de uma relação de troca, o conhecido escambo.
água. Mas não era não. Era um mar de cana. Era cana
Competência ENEM: Brasil Colonial
que não acabava mais, até perder de vista. Nunca ti-
nha visto plantação tão descomunal.
CASTRO, J. Homens e caranguejos. Rio de Janeiro: Civi- 34. (Ufc 2010) Por aproximadamente três séculos, as re-
lização Brasileira, 2010. lações de produção escravistas predominaram no Brasil,
em especial nas áreas de plantation e de mineração.
A paisagem rural descrita no texto se refere a um mode- Sobre este sistema escravista, é correto afirmar que:
lo agrícola baseado em que aspecto?
a) impediu as negociações entre escravos e senhores,
a) produção orgânica. daí o grande número de fugas.
b) extrativismo vegetal. b) favoreceu ao longo dos anos a acumulação de ca-
c) cultivo de subsistência. pital em razão do tráfico negreiro
d) lavoura de monocultura. c) possibilitou a cristianização dos escravos, fazendo de-
e) biocombustíveis. saparecer as culturas africanas.
Competência ENEM: Brasil Colonial d) foi combatido por inúmeras revoltas escravas, como
a dos Malês e a do Contestado.
32. (ENEM - 2014) “O índio era o único elemento então e) foi alimentado pelo fluxo contínuo de mão de obra
disponí­vel para ajudar o colonizador como agricultor, africana até o momento de sua extinção em 1822.
pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, Competência ENEM: Brasil Colonial
para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter re-
conhecidas sua inocência e alma na medida do possí- 35. (Unesp 2012) Os africanos não escravizavam africa-
vel. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites nos, nem se reconheciam então como africanos. Eles se
da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa viam como membros de uma aldeia, de um conjunto
entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a
como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça mesma língua, tinha os mesmos costumes e adorava os
desenfreada dos colonos. mesmos deuses. (...) Quando um chefe (...) entregava
CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora a um navio europeu um grupo de cativos, não estava
34,1999. (Adaptado) vendendo africanos nem negros, mas (...) uma gente
Ciências Humanas e suas Tecnologias

que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. (...) O comércio transatlântico (...) fazia
parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em
grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais, um processo no qual a Europa entrava
com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa.
(Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.)

Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de escravos por africanos para europeus nos séculos XVI a XIX,
o texto

a) reconhece que a escravidão era uma instituição presente em todo o planeta e que a diferenciação entre ho-
mens livres e homens escravos era definida pelas características raciais dos indivíduos.
b) critica a interferência europeia nas disputas internas do continente africano e demonstra a rejeição do comércio
escravagista pelos líderes dos reinos e aldeias então existentes na África.
c) diferencia a escravidão que havia na África da que existia na Europa ou nas colônias americanas, a partir da
constatação da heterogeneidade do continente africano e dos povos que lá viviam.
d) afirma que a presença europeia na África e na América provocou profundas mudanças nas relações entre os
povos nativos desses continentes e permitiu maior integração e colaboração interna.
e) considera que os únicos responsáveis pela escravização de africanos foram os próprios africanos, que aprovei-
taram as disputas tribais para obter ganhos financeiros.
Competência ENEM: Brasil Colonial

36. (Fuvest) O ideário da Revolução Francesa, que entre outras coisas defendia o governo representativo, a liber-
dade de expressão, a liberdade de produção e de comércio, influenciou no Brasil a Inconfidência Mineira e a
Conjuração Baiana, porque:

a) cedia às pressões de intelectuais estrangeiros que queriam divulgar suas obras no Brasil.
b) servia aos interesses de comerciantes holandeses aqui estabelecidos que desejavam influir no governo colonial.
c) satisfazia aos brasileiros e aos portugueses, que desta forma conseguiram conciliar suas diferenças econômicas
e políticas.
d) apesar de expressar as aspirações de uma minoria da sociedade francesa, aqui foi adaptado pelos positivistas
aos objetivos dos militares. 39
e) foi adotado por proprietários, comerciantes, profissionais liberais, padres, pequenos lavradores, libertos e escra-
vos, como justificativa para sua oposição ao absolutismo e ao sistema colonial.
Competência ENEM: Brasil Colonial

37. (Enem 2014) Respeitar a diversidade de circunstâncias entre as pequenas sociedades locais que constituem
uma mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam
as cartas de cada povoação doadas pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento,
alteradas segundo os conselhos da experiência. Então, administrar-se-ia de perto, governar-se-ia de longe, alvo a
que jamais se atingirá de outra sorte.

BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937 (adaptado).

O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil, tinha como meta a implantação do

a) regime monárquico representativo.


b) sistema educacional democrático.
c) modelo territorial federalista.
d) padrão político autoritário.
e) poder oligárquico regional.
Competência ENEM: Brasil Imperial

38. (ENEM 2014) TEXTO I Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população
de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a
importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a ex-
tinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa
não cabe em cifras.
ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009
(adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

TEXTO II Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numero-
sa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente
não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não
é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser
encontrados em toda parte.
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das
Letras, 1990 (adaptado).

Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresen-
tados no Texto II é o

a)A variedade das estratégias de resistência dos cativos.


b) controle jurídico exercido pelos proprietários.
c) inovação social representada pela lei.
d) ineficácia prática da libertação.
e) significado político da Abolição.
Competência ENEM: Brasil Imperial

39. (Fuvest) O reconhecimento da independência brasileira por Portugal foi devido principalmente:
a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atribuição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a D.João VI.
b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos comerciais de 1810 com a Inglaterra.
c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das Cortes Portuguesas.
d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no Reino
Unido.
e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à Inglaterra de indenização pelas invasões napoleônicas.
Competência ENEM: Brasil Imperial

40. (Fuvest) Podemos afirmar que tanto na Revolução Pernambucana de 1817, quanto na Confederação do Equa-
dor de 1824,
a) o descontentamento com as barreiras econômicas vigentes foi decisivo para a eclosão dos movimentos.
40 b) os proprietários rurais e os comerciantes monopolistas estavam entre as principais lideranças dos movimentos.
c) a proposta de uma república era acompanhada de um forte sentimento antilusitano.
d) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa de suas principais bandeiras.
e) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de Recife, não se espalhando pelo interior.
Competência ENEM: Brasil Imperial

41. (Uel)
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Na visão do cartunista, a Independência do Brasil, ocorrida em 1822,

a) foi resultado das manifestações populares ocorridas nas ruas das principais cidades do país.
b) resultou dos interesses dos intelectuais que participaram das conjurações e revoltas.
c) decorreu da visão humanitária dos ingleses em relação à exploração da colônia.
d) representou um negócio comercial favorável aos interesses dos ingleses.
e) não passou de uma encenação, já que os portugueses continuaram explorando o país.
Competência ENEM: Brasil Imperial

42. (Unesp) A respeito da independência do Brasil, pode-se afirmar que:

a) consubstanciou os ideais propostos na Confederação do Equador.


b) instituiu a monarquia como forma de governo, a partir de amplo movimento popular.
c) propôs, a partir das ideias liberais das elites políticas, a extinção do tráfico de escravos, contrariando os interesses
da Inglaterra.
d) provocou, a partir da Constituição de 1824, profundas transformações na estruturas econômicas e sociais do
País.
e) implicou na adoção da forma monárquica de governo e preservou os interesses básicos dos proprietários de
terras e de escravos.
Competência ENEM: Brasil Imperial

43. (Cesgranrio) A Proclamação da República, em 1889, está ligada a um conjunto de transformações econômi-
cas, sociais e políticas ocorridas no Brasil, a partir de 1870, dentre as quais se inclui:

a) a universalização do voto com a reforma eleitoral de 1881, efetivada pelo Partido Liberal.
b) o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro e de São Paulo, criando uma classe operária combativa.
c) a progressiva substituição do trabalho escravo, culminando com a Abolição em 1888.
d) a concessão de autonomia provincial, que enfraqueceu o governo imperial.
e) o enfraquecimento do Exército, após as dificuldades e os insucessos durante a Guerra do Paraguai.
Competência ENEM: Brasil Imperial
41
44. (Fuvest) O Bill Aberdeen, aprovado pelo Parlamento inglês em 1845, foi:

a) uma lei que abolia a escravidão nas colônias inglesas do Caribe e da África.
b) uma lei que autorizava a marinha inglesa a apresar navios negreiros em qualquer parte do oceano.
c) um tratado pelo qual o governo brasileiro privilegiava a importação de mercadorias britânicas.
d) uma imposição legal de libertação dos rescém-nascidos, filhos de mãe escrava.
e) uma proibição de importação de produtos brasileiros para que não concorressem com os das colônias an-
tilhanas.
Competência ENEM: Brasil Imperial

45. (Mackenzie) Segundo o historiador Bóris Fausto, o fim do regime monárquico resultou de uma série de fatores de
diferentes relevâncias, destacando-se:

a) unicamente o xenofobismo despertado pelo Conde d’Eu, nos meios nacionalistas.


b) a disputa entre a Igreja e o Estado, sem dúvida, o fator prioritário na queda do regime.
c) a maior força política da época: os barões fluminenses, defensores da Abolição.
d) a aliança entre exército e burguesia cafeeira que, além da derrubada da monarquia, constituíram uma base
social estável para o novo regime.
e) a doutrina positivista, defendida pelas elites e que se opunha a um executivo forte e reformista.
Competência ENEM: Brasil Imperial
Ciências Humanas e suas Tecnologias

46. (ENEM - 2014) A charge, datada de 1910, ao retratar 48. (ENEM - 2015)
a implantação da rede telefônica no Brasil, indica
Texto I

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a


história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido
palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no
dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos de-
fensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um
velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos
quais rugiam raivosamente cinco mil soldados/7 CUNHA,
E. Os se rtõ e s. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.

Texto II

“Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam qua-


tro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho,
coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Cató-
lica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro,
e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as ar-
A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação mas, investiram com enorme fúria. Assim estava termina-
da rede telefônica no Brasil, indica que esta da e de maneira tão trá­gica a sanguinosa guerra, que o
banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos me-
a) permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel. ses, naquele recanto do território nacional”. SOARES, H.
b) ampliaria o contato entre a diversidade de povos in- M. A Guerra d e Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.
dígenas. Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem
c) faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais uso de representações que se perpetuariam na memó-
distintos. ria construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor
d) restringiria a sua área de atendimento aos estados do caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente,
norte do país. como fruto da
42 e) possibilitaria a integração das diferentes regiões do
território nacional. a) manipulação e incompetência.
Competência ENEM: Brasil 1ª República b) ignorância e solidariedade.
c) hesitação e obstinação.
47. (ENEM 2014) A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, d) esperança e valentia.
que começa a ser construída apenas em 1905, foi cria- e) bravura e loucura.
da, ao contrário das outras grandes ferrovias paulistas, Competência ENEM: Brasil 1ª República
para ser uma ferrovia de penetração, buscando no-
vas áreas para a agricultura e povoamento. Até 1890,
o café era quem ditava o traçado das ferrovias, que 49. (ENCCEJA - 2017 - adaptado) Em junho de 1917, uma
eram vistas apenas como auxiliadoras da produção ca- greve geral paralisou totalmente a cidade de São Paulo
feeira. por oito dias. As principais reivindicações eram o aumen-
CARVALHO, D. F. Café, ferrovias e crescimento popula- to de salários, a redução de jornada - trabalhava-se de
cional noroeste paulista. Disponível em: www.historica. 12 a 16 horas diárias - , o fim da exploração de menores
arquivoestado.sp.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2012. e mulheres, e a transformação das condições gerais de
Essa nova orientação dada à expansão ferroviária, du- trabalho. Vitorioso, o movimento assustou as elites.
rante a Primeira República, tinha como objetivo a IPEA. Disponível em: www.ipea.gov.br.

a) articulação de polos produtores para exportação. A iniciativa que viabilizou a conquista dos direitos men-
b) criação de infraestrutura para atividade industrial. cionados no texto partiu dos
c) integração de pequenas propriedades policultoras.
d)valorização de regiões de baixa densidade demográfica. a) grupos empresariais receosos de retaliação.
e) promoção de fluxos migratórios do campo para a ci- b) partidos políticos atuantes nas causas sociais.
dade. c) trabalhadores organizados em sindicatos de classe.
Competência ENEM: Brasil 1ª República d) líderes religiosos preocupados com o avanço socia-
lista.
e) empresários republicanos.
Competência ENEM: Brasil 1ª República
Ciências Humanas e suas Tecnologias

50. (Fuvest) O período de 1900 a 1930, identificado no


24 E
processo histórico brasileiro como República Velha, teve
por traço marcante: 25 E
26 A
a) o fortalecimento da burguesia mercantil, que se uti-
27 D
lizou do Estado como instrumento coordenador do
desenvolvimento. 28 B
b) a abertura para o capital estrangeiro, principal ala- 29 A
vanca do rápido desenvolvimento da região amazô-
nica. 30 B
c) a modificação da composição social dos grandes 31 D
centros urbanos, com a transferência de mão-de-
32 E
-obra do Centro-Sul para áreas do Nordeste.
d) o pleno enquadramento do Brasil às exigências do 33 E
capitalismo inglês, ao qual o país se mantinha cada 34 B
vez mais atrelado.
e) o predomínio das oligarquias dos grandes Estados, 35 C
que procuravam assegurar a supremacia do setor 36 E
agrário-exportador.
37 C
Competência ENEM: Brasil 1ª República
38 A
39 D
40 C
41 D
GABARITO
42 E
43 C
1 E 44 B
2 B 45 D
43
3 A 46 E
4 C 47 D
5 D 48 E
6 E 49 C
7 D 50 E
8 B
9 D
10 B
11 C
12 C
13 D
14 D
15 A
16 C
17 B
18 B
19 E
20 C
21 D
22 A
23 B
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cuaristas sabem que problemas ambientais como esses


GEOGRAFIA: ENTENDENDO OS podem provocar restrições à pecuária nessas áreas, a
CONCEITOS IDENTIDADE CULTURAL E exemplo do que ocorreu em 2006 com o plantio da soja,
o qual, posteriormente, foi proibido em áreas de floresta.
CULTURA Época, 3/3/2008 e 9/6/2008 (com adaptações).

A partir da situação-problema descrita, conclui-se que


PRODUTO DA CULTURA a) o desmatamento na Amazônia decorre principalmen-
Pode- se dizer que identidade cultural é um conceito te da exploração ilegal de árvores de valor comercial.
que existe desde o início da humanidade, à medida que b) um dos problemas que os pecuaristas vêm enfrentan-
as pessoas se organizavam em grupos, com surgimento do na Amazônia é a proibição do plantio de soja.
de sociedades ao longo da história do mundo. As defi- c) a mobilização de máquinas e de força humana torna
nições de identidade cultural são reflexos da cultura e o desmatamento mais caro que o aumento da produtivi-
hábitos de um grupo, povo ou etnia. Em primeiro lugar, dade de pastagens.
todos os signos, hábitos, artes, costumes adquiridos ou d) o superavit comercial decorrente da exportação de
desenvolvidos podem ser entendidos como cultura. carne produzida na Amazônia compensa a possível de-
A identidade cultural tende a ser entendida como gradação ambiental.
um produto da cultura, sendo um conjunto de valores e e) a recuperação de áreas desmatadas e o aumento de
crenças que moldam um grupo ou indivíduo. Em linhas produtividade das pastagens podem contribuir para a re-
gerais, a identidade cultural traz sensação de pertenci- dução do desmatamento na Amazônia
mento a uma cultura específica.
Antes, havia conceito de que as novas tecnologias Resposta: Letra E. A devastação nas áreas de pasta-
representavam ameaça aos valores étnicos e identida- gens e plantações tem contribuído sensivelmente para
de cultural de um povo. Os mais tradicionalistas defen- os impactos ambientais e aumento da poluição. Cui-
diam a preservação das tradições e folclore. dar dessas áreas é um ganho contra o desmatamento.
Hoje, as ciências humanas já discutem outro panora-
ma, com as novas tecnologias, a identidade cultural pode
ser moldada, o que quer dizer que não é imutável. Com DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL
esse conceito, as mudanças não devem ser entendidas
como algo ameaçador para cultura, mas sendo elemen-
44 tos que representam a sociedade atual, como ela é. Sincretismo
O Brasil é um país conhecido em todo mundo por sua
diversidade cultural e étnica, fruto da miscigenação de
seu povo. A população brasileira é constituída pelas ma-
SE LIGA!
trizes étnicas: indígena, africana e europeia, retratadas
O Termo “Nem Todos Têm Cultura” É Equi- em vários elementos na constituição da sociedade bra-
vocado, Já Que A Definição De Cultura sileira.
Se Aplica A Tudo Que Representa A Iden- No Brasil, a diversidade cultural é percebida na músi-
tidade De Um Povo. Logo, Todos Têm, Sim, ca, nas artes, artesanato, dança, na gastronomia e até
Cultura. nas crenças religiosas. O sincretismo religioso é parte da
identidade cultural brasileira.
Samba, uma das grandes referências culturais tam-
bém carrega elementos africanos e define a musicalida-
EXERCÍCIO COMENTADO de brasileira. Mas também é possível notar outras influên-
cias da cultura africana no modo de ser do brasileiro, co-
nhecido como um povo festeiro e extrovertido.

1. (ENEM -2008) MATRIZ EUROPEIA MISCIGENADA


Assinale a opção correta a respeito da linguagem em- Além disso, vale considerar que mesmo culturas euro-
pregada no texto A Ema. peias predominantes por aqui, como portuguesa, espa-
Calcula-se que 78% do desmatamento na Amazônia nhola ou italiana, tratam-se de grupos étnicos que carre-
tenha sido motivado pela pecuária — cerca de 35% do gam miscigenação. A Península Ibérica, por exemplo –
rebanho nacional está na região — e que pelo menos que compreende Espanha e Portugal –, tem populações
50 milhões de hectares de pastos são pouco produtivos. com ancestralidade da porção árabe no norte da África.
Enquanto o custo médio para aumentar a produtividade Por séculos, ao menos por 800 anos, “os mouros”, ára-
de 1 hectare de pastagem é de 2 mil reais, o custo para bes do Norte da África, habitaram essa região. A influên-
derrubar igual área de floresta é estimado em 800 reais, cia pode ser detectada na arquitetura, música, comida e
o que estimula novos desmatamentos. Adicionalmente, aspectos físicos da população. Comparada a outras par-
madeireiras retiram as árvores de valor comercial que tes da Europa, a península ibérica conta com população
foram abatidas para a criação de pastagens. Os pe- com pele “mais morena”, com cabelos e olhos negros.
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PRIMEIROS AFRICANOS
#FicaDica Com o desenvolvimento da cultura canavieira, os
primeiros escravos africanos vieram para o país, cum-
Muitas questões do Enem e concursos públicos prindo uma jornada longa e precária da África ao Brasil,
podem tratar sobre sincretismo na cultura entre os séculos 16 e 19. Por quase dois meses em em-
brasileira, que não quer dizer apenas aspectos barcações precárias, muitos não sobreviviam à chega-
religiosos, mas cultural como um todo. da. Deu-se início a séculos de explorações, violência e
privações direcionados aos negros.
Estima-se que mais de cinco milhões de africanos
SE LIGA! chegaram ao Brasil para serem escravizados. Angola
Não ignore a gastronomia brasileira como um era a nação africana que mais fornecia escravos para
elemento ligado às matrizes étnicas no brasil, o Brasil, seguido por Moçambique.
as quais constituíram a população do país ao
longo de sua história. FLUXOS MIGRATÓRIOS
Ao longo dos anos, o Brasil tem feito parte do mapa
de nações que sempre receberam contingentes de
populações estrangeiras. No início do século 16, as po-
pulações portuguesas começaram a se estabelecer no
EXERCÍCIO COMENTADO país. Com o passar do tempo, outros europeus, como
espanhóis, franceses e holandeses também chegaram
1. (ENEM– 2010) ao Brasil, mas em menor quantidade. No século 19, imi-
As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da grantes italianos, alemães e poloneses vieram para as
Bahia, além de significativas para a identidade cultural plantações de café, muitos dos quais, se estabeleceram
dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra no Sudeste, sobretudo no Sul.
de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. No século 21, o Brasil tem recebido haitianos, africa-
Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultu- nos, bolivianos e venezuelanos, em busca de melhores
ral material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico condições de vida. Nos últimos tempos, tem crescido ín-
e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de dice de xenofobia registrado no país, muitas vezes, em
direção aos haitianos, africanos e bolivianos.
a) acervos museológicos e bibliográficos.
b) objetos arqueológicos e paisagísticos. 45
c) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
d) núcleos urbanos e etnográficos. EXERCÍCIO COMENTADO
e) práticas e representações de uma sociedade.
1. (ENEM –2009)
Resposta: Letra B. São objetos bastante significativos No início do século XVIII, a Coroa portuguesa introdu-
para a constituição da identidade cultural da época ziu uma série de medidas administrativas para deter a
retratada. anarquia, que caracterizava a zona de mineração, e
instaurar certa estabilidade. O instrumento fundamental
dessa política era a vila.
RUSSELL- WOOD, A. J. R.. O Brasil colonial; o ciclo do
POVO BRASILEIRO: NATIVOS, NEGROS E
ouro (1690-1750) In: História da América. São Paulo:
IMIGRANTES Edusp, 1999, v. II, p. 484 (com adaptações).

A zona de mineração a que o autor se refere localizava-


OS ÍNDIOS EM 1500 -se
Quando os portugueses chegaram ao Brasil encon- a) nos Andes, no antigo Império Inca.
traram por aqui, no ano de 1500, grupos étnicos indíge- b) em Minas Gerais, região centro-sul da Colônia.
nas ao longo do litoral brasileiro. Boa parte falava tupi, c) no chamado Alto Mato Grosso, na atual Bolívia.
mas havia divisão considerável entre os grupos, com tri- d) na região das Missões jesuíticas, no Rio Grande do Sul.
bos bem distintas, marcado pela rivalidade. Na época e) em Pernambuco, onde havia o ouro amarelo e o
do descobrimento, boa parte dos grupos étnicos tupi, branco (o açúcar).
macro-gê e tapuias, viviam de caça e produção agrí-
cola de culturas como mandioca, batata doce, feijão, Resposta: Letra B. Minas Gerais era o centro econô-
entre outros. mico da colônia portuguesa e fornecia ouro à Coroa
Alguns estudos apontam que nas Américas havia Portuguesa.
mais de 100 milhões de indígenas, antes da chegada
da exploração europeia. No Brasil, o número chegava a
mais de cinco milhões aproximadamente. Hoje, o índice
a chega a 800 mil indígenas no território nacional.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

a) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir


GLOBALIZAÇÃO E CULTURA MUNDIAL os sindicatos como instituição de pressão política so-
bre o governo.
b) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Esta-
do, ao pretender educar o povo por meio da cultura.
Novas tecnologias c) prestava um serviço importante à sociedade brasi-
Globalização é um tema bastante discutido nos últi- leira, ao incentivar a participação política dos mais
mos tempos, desde o início dos anos 80, embora o fenô- pobres.
meno seja associado às expansões marítimas, quando d) contribuía com a valorização da genuína cultura na-
nações puderam conhecer outras culturas pelo plane- cional, ao encenar peças de cunho popular.
ta, mesmo que por meio da colonização e exploração e) constituía mais uma ameaça para a democracia
dos colonizados. O conceito básico relaciona a globa- brasileira, ao difundir a ideologia comunista.
lização à aldeia global, bem como, a inexistência de
fronteiras – onde há espaço para aproximação cultural Resposta: letra E. Com base nessa crença, os setores
favorecida pelas novas tecnologias. conservadores deram impulso ao golpe militar de
Por meio da internet, pessoas de todo o mundo se 1964, culminando na ditadura, que durou até 1985.
conectam, trocam experiências e aprendem umas
com as outras, como se não houvesse fronteiras. Mas a
globalização pode ser entendida como um fenômeno ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
que favorece as nações mais ricas, à medida que esses
países também exportam suas identidades a outras na-
ções, além de ampliarem seus mercados de consumo. Conceitos básicos
Basicamente, a orientação é fundamental para ob-
CONCEITOS ATUAIS ter localização e ter referências de lugares, aonde ir e
É importante tomar cuidado ao associar a globalização aonde chegar. Se orientar pelo nascer ou por do sol
apenas à integração, sem levar em conta as diferenças so- também é eficaz para apontar direções.
ciais e econômicas entre os países que mostram as vanta- Antigamente, as pessoas não contavam com plata-
gens desse fenômeno para quem tem mais poder e dinhei- formas digitais para conseguirem se localizar, mas havia
ro. As nações mais ricas detêm o capital e a tecnologia. o entendimento de se localizar por meio do sol, seu nas-
Com isso, se estabelece uma relação de dependência em cer, o pôr do sol e nascer da lua, as estrelas e constela-
46 relação aos países mais pobres, que passam a depender ções no céu. Se guiar pela natureza era o elemento que
dessas tecnologias providas pelos países ricos. prevalecia e ainda é usado, sobretudo, por quem não
A globalização de hoje é amplamente dominada conta com aparelhos tecnológicos. A orientação, ba-
pelas multinacionais. Num mundo globalizado, aparen- sicamente, é norteada por onde nasce e se põe o sol.
temente, “sem fronteiras”, multinacionais se instalam No mundo atual, além da tradicional bússola que
em países mais pobres com melhores incentivos fiscais e aponta os pontos cardiais leste, oeste, norte e sul, com
mão de obra barata. as novas tecnologias, obter localização se tornou bem
mais prático, com uso de GPS nos aparelhos móveis, in-
cluindo dispositivos como smartphones. Há ainda cen-
tenas de aplicativos que podem ajudar na localização.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (ENEM –2011) #FicaDica
Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos
anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências Questões que falam sobre localização básica
de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. podem citar a rosa dos ventos, que na verdade
O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional se trata de uma imagem que representa os
dos Estudantes (UNE) encenava peças de teatro que pontos cardiais e colaterais (nordeste, noroeste,
faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas sudeste e sudoeste).
reformas de base e satirizavam o “imperialismo” e seus
“aliados internos”.
KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São
Paulo: Expressão Popular, 2003. EXERCÍCIO COMENTADO
No início da década de 1960, enquanto vários setores
1. (ENEM–2008)
da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE
O sistema de fusos horários foi proposto na Conferência
era uma importante forma de conscientização das clas-
Internacional do Meridiano, realizada em Washington,
ses trabalhadoras, os setores conservadores e de direita
em 1884. Cada fuso corresponde a uma faixa de 15º
(políticos vinculados à União Democrática Nacional -
entre dois meridianos. O meridiano de Greenwich foi es-
UDN -, Igreja Católica, grandes empresários etc.) enten-
colhido para ser a linha mediana do fuso zero. Passan-
diam que esta organização
Ciências Humanas e suas Tecnologias

do-se um meridiano pela linha mediana de cada fuso, FUSOS HORÁRIOS


enumeram-se 12 fusos para leste e 12 fusos para oeste Justamente em Greenwich, no Reino Unido, se en-
do fuso zero, obtendo-se, assim, os 24 fusos e o sistema contra a referência para a determinação das horas.
de zonas de horas. O fuso inicial recebe o nome de GMT e por meio dele
Para cada fuso a leste do fuso zero, soma-se 1 hora, e, surgiram outros fusos pelo planeta. A configuração dos
para cada fuso a oeste do fuso zero, subtrai-se 1 hora. fusos horários foi determinada no século 19 em reunião,
A partir da Lei n.° 11.662/2008, o Brasil, que fica a oeste nos Estados Unidos, com representantes de mais de 20
de Greenwich e tinha quatro fusos, passa a ter somente nações.
3 fusos horários. Países de grande extensão territorial contam com
Em relação ao fuso zero, o Brasil abrange os fusos 2, 3 e mais de um fuso, como Rússia ou China, por exemplo.
4. Por exemplo, Fernando de Noronha está no fuso 2, o No caso, se trata dos horários de Brasília, Fernando de
Estado do Amapá está no fuso 3 e o Acre, no fuso 4. Noronha, Amazonas e Acre.
A cidade de Pequim, que sediou os XXIX Jogos Olímpi-
cos de Verão, fica a leste de Greenwich, no fuso 8. Con-
siderando-se que a cerimônia de abertura dos jogos #FicaDica
tenha ocorrido às 20 h 8 min, no horário de Pequim, do
No Brasil, a linha do Equador corta Macapá, no
dia 8 de agosto de 2008, a que horas os brasileiros que
Amapá.
moram no Estado do Amapá devem ter ligado seus tele-
visores para assistir ao início da cerimônia de abertura?

a) 9 h 8 min, do dia 8 de agosto. SE LIGA!


b) 12 h 8 min, do dia 8 de agosto. o horário de brasília acaba sendo bastante
c) 15 h 8 min, do dia 8 de agosto. usado como referência por abranger estados
d) 1 h 8 min, do dia 9 de agosto. importantes, como são paulo, minas gerais e
e) 4 h 8 min, do dia 9 de agosto. rio de janeiro. importante ficar de olho nesse
dado.
Resposta: Letra A. O Amapá está a uma hora menos
em relação ao horário de Brasília durante o Horário
de Verão. No Brasil, existe quatro fusos horários.

EXERCÍCIO COMENTADO 47
COORDENADAS GEOGRÁFICAS
1. (ENEM– 2014)
Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amur-
darya e Sydarya, mantiveram o nível e o volume do mar
LATITUDE E LONGITUDE por muitos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e
Pontos imaginários que cortam a Terra e servem expandir a produção de algodão irrigado aumentou a de-
como referência para localização. Essa é uma das prin- pendência de várias repúblicas da Ásia Central da irrigação
cipais definições de coordenadas geográficas. A men- e monocultura. O aumento da demanda resultou no desvio
suração dessas coordenadas é feita em graus, e são crescente de água para a irrigação, acarretando redução
divididas em latitude e longitude (verticais e horizontais). drástica do volume de tributários do Mar de Aral. Foi criado
Graças à linha do Equador tem-se a divisão do pla- na Ásia Central um novo deserto, com mais de 5 milhões de
neta em dois hemisférios: Norte e Sul. Referência geo- hectares, como resultado da redução em volume.
gráfica importante, tanto do ponto de vista da localiza- TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escas-
ção, quanto em termos de referências geopolíticas e sez. São Carlos: Rima, 2003
sociais.
É importante também se atentar ao conceito de A intensa interferência humana na região descrita pro-
meridianos, que são semicírculos que dividem o pla- vocou o surgimento de uma área desértica em decor-
neta. Para entender o significado eles, basta imaginar rência da
que dividem o globo como se fosse uma laranja. Já os
paralelos são linhas traçadas horizontalmente, então, os a) erosão.
meridianos são linhas verticais. b) salinização.
E são os meridianos que dividem a Terra em Ociden- c) laterização.
tal e Oriental, por meio de um meridiano em especial, d) compactação.
o Greenwich. Tido como o meridiano zero, ele pode ser e) sedimentação.
localizado no mapa numa linha de norte a sul, cruzando
países como Reino Unido, Espanha, França, países afri- Resposta: Letra B. A erosão provoca modificações
canos, entre outros. significativas na paisagem. Por meio de ventos ou
chuvas, a crosta da terrestre se movimenta e traz mu-
danças lentas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Resposta: Letra D. Época de fomento a políticas de in-


ESCALA CARTOGRÁFICA centivo à indústria, que coincide com a decadência
na economia cafeeira.

CONCEITOS BÁSICOS
A representação da realidade e as medidas de um PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
mapa ou planta são definidas como escala cartográfica.
Para se ter uma ideia, se refere à relação entre as medi-
das de linhas de um mapa e o espaço real. A escala é ELABORAR MAPAS
fundamental para saber interpretar bem os mapas. A Terra é redonda e representar os dados numa su-
Em geral, existem dois tipos de escalas, a numérica perfície plana somente é possível graças às projeções
e a gráfica. Uma das funções da escala cartográfica é cartográficas, o que facilita na composição de um
facilitar a compreensão entre o espaço real e a repre- mapa. Se não fossem as projeções, não seria possível,
sentação desse espaço. A escala de mapeamento é de fato, elaborar mapas da superfície da Terra.
apresentada por um gráfico, e a escala numerada, no As projeções buscam reduzir as distorções no mapa.
caso, é apresentada por números. As projeções cartográficas compõem representação
dos mapas com as linhas latitude e longitude para bus-
PROPORÇÕES car a melhor precisão nos dados.
Para compreender melhor a importância e função
da escala, observe o exemplo: se um mapa é de 1:500, TIPOS DE PROJEÇÕES
quer dizer que cada centímetro do mapa, no caso, re- Existem projeções: cilíndrica, cônica, plana, entre
presenta 500 centímetros do espaço real. Dessa forma, a outras. Confira abaixo as definições dessas projeções
proporção observada é de 1 por 500. A escala, de fato, principais:
é uma visão aproximada do espaço real representado. • Cilíndrica: tipo de projeção que se baseia num
Dependendo da quantidade de informações, não são cilindro. A projeção dos paralelos e meridianos é
abordados mais detalhes do espaço real.
feita com base em um cilindro.
O mapa do planeta Terra, o mapa mundi, tem muitos
• Cônica: tipo de plano de projeção ligado a um
dados – com registros de nações e continentes –, desse
cone. A superfície da Terra é representada com
modo, apresenta menos detalhes, se comparado a um
base em um cone imaginário.
mapa que seja focado apenas em um item. O mapa de
• Plana ou azimutal: a superfície é representada
48 um Estado, por exemplo, possui menos dados gerais e
acúmulo de informações, por isso, fica mais fácil abordar num plano tangente à esfera do planeta.
determinados temas e focar nos detalhes.

EXERCÍCIO COMENTADO
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (ENEM– 2014)
1. (ENEM– 2014) Mas plantar pra dividir
Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da Não faço mais isso, não.
economia cafeeira se apresentava como se segue. A pro- Eu sou um pobre caboclo,
dução, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir Ganho a vida na enxada.
crescendo, pois os produtores haviam continuado a expan- O que eu colho é dividido
dir as plantações até aquele momento. Com efeito, a pro- Com quem não planta nada.
dução máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto Se assim continuar
mais baixo da depressão, como reflexo das grandes plan- vou deixar o meu sertão,
tações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível mesmo os olhos cheios d’água
obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos e com dor no coração.
estoques, pois o mercado internacional de capitais se en- Vou pro Rio carregar massas
contrava em profunda depressão, e o crédito do governo pros pedreiros em construção.
desaparecera com a evaporação das reservas. Deus até está ajudando:
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: está chovendo no sertão!
Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado) Mas plantar pra dividir,
Não faço mais isso, não.
Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômi-
VALE, J . ; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo:
ca mencionada foi o (a)
Polygram, 1994 (fragmento)
a) atração de empresas estrangeiras.
b) reformulação do sistema fundiário.
c) incremento da mão de obra imigrante.
d) desenvolvimento de política industrial.
e) financiamento de pequenos agricultores.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

No trecho da canção, composta na década de 1960,


retrata-se a insatisfação do trabalhador rural com SE LIGA!
Atenção a questões que trazem mapas, muitas
a) a distribuição desigual da produção. vezes, as respostas podem estar nas próprias
b) os financiamentos feitos ao produtor rural. imagens.
c) a ausência de escolas técnicas no campo.
d) os empecilhos advindos das secas prolongadas.
e) a precariedade de insumos no trabalho do campo.

Resposta: Letra A. No caso, tem a ver com cenário EXERCÍCIO COMENTADO


desigual na relação entre o trabalhador e o dono das
terras, em que vigora falta de distribuição igualitária 1. (ENEM– 2014)
no ambiente de produção. O cidadão norte-americano desperta num leito construído
segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modifi-
cado na Europa Setentrional antes de ser transmitido à Amé-
rica. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta
MAPAS TEMÁTICOS se tornou doméstica na Índia. No restaurante, toda uma série
de elementos tomada de empréstimo o espera. O prato é
feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A
O que são? faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o
Informações relativas ao relevo, hidrografia, estados, garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um
países ou clima, entre outros, são representadas por original romano. Lê notícias do dia impressas em caracteres
meio de mapas que buscam retratar a realidade. Os inventados pelos antigos semitas, em material inventado na
mapas são essenciais para apoiar pesquisas, estudos e China e por um processo inventado na Alemanha.
fornecer base para conteúdos de diversos. LINTON, R. O homem: uma introdução à antropologia.
Essas ferramentas trazem detalhes importantes e da- São Paulo: Martins, 1959 (adaptado)
dos para melhor compreensão do espaço geográfico.
A representação dos mapas é fundamental para a in- A situação descrita é um exemplo de como os costumes
terpretação de fenômenos e questões importantes ge- resultam da
ograficamente.
Para a criação dos mapas temáticos, os dados são a) assimilação de valores de povos exóticos.
organizados por geógrafos ou cartógrafos, com uso de b) experimentação de hábitos sociais variados. 49
informações desde localização a escalas. Todos esses c) recuperação de heranças da Antiguidade Clássica.
elementos são fundamentais no processo. d) fusão de elementos de tradições culturais diferentes.
e) valorização de comportamento de grupos privilegiados.
TIPOS DE MAPAS
Os mapas temáticos podem ser classificados em ma- Resposta: Letra D. Muitos costumes são constituídos
pas: político, físico, econômico e histórico. de mosaicos étnicos e referências de outras culturas.
Político = divisões territoriais de continentes, países,
estados e cidades.
Físico = dados sobre características como relevo, cli-
DIVISÕES REGIONAIS: BRASIL E MUNDO
ma, vegetação, entre outros.
Econômico = informa as riquezas naturais de um território
TRATADO DE TORDESILHAS
Histórico = relata um determinando lugar no passado
Em 1494, antes do Descobrimento do Brasil, Portugal
e Espanha já celebravam o Tratado de Tordesilhas, que
dividia as áreas já conquistadas e futuros territórios a se-
#FicaDica rem conquistados por cada nação. Muitos teóricos já
consideram esse fato como a primeira divisão territorial
Para entender melhor as diferenças entre do Brasil. Em linhas gerais, a parte leste ficou sob domínio
mapas políticos e físicos, saiba que os mapas português e a porção oeste sob domínio espanhol. Em
políticos trazem informações gerais, é o mapa 1534, o Brasil que já era uma colônia da Coroa Portu-
com Estados e capitais, por exemplo. Os guesa, seria dividido nas capitanias hereditárias, onde o
mapas físicos trazem outros detalhes, como domínio das regiões era passado de pai para filho.
vegetação, clima e relevo.
DIVISÕES NO SÉCULO 20
Até chegar às atuais divisões regionais, o Brasil pas-
sou por outras versões desde a primeira década do
século 20. Parte dessas divisões tem buscado levar em
conta questões econômicas, sociais e culturais para a
divisão das regiões.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

As primeiras definições, em 1913, levaram em conta Resposta: Letra C. Esse cenário é bem comum nos dias
aspectos como clima, vegetação e outros dados na- atuais. Em muitas situações, esses profissionais encontram
turais. O Brasil já teve as seguintes divisões: Setentrional, situações vantajosas de oportunidades profissionais.
Norte Oriental, Oriental e Meridional. Isso na primeira dé-
cada do século 20.
Em 1940, o país passaria por uma nova divisão, des- TERRITÓRIO, TERRITORIALIDADE, FRONTEIRA
sa vez, considerando dados socioeconômicos, com as E CONFLITO
seguintes divisões: Norte (Amazonas, Pará, Maranhão e
Piauí e Acre), Centro (Goiás, Mato Grosso e Minas Ge-
rais), Leste (Bahia, Sergipe e Espírito Santo), Nordeste (Ce- ORIGEM
ará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Ala- Na história da humanidade, desde o início das civiliza-
goas) e a região Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande ções, guerras e confrontos foram motivados pela disputa
do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro). Houve ainda mais por território, em demarcações imaginárias que estabe-
duas mudanças, em 1945 e 1950. lecem fronteiras. Muitas civilizações buscaram expansão
de seus territórios, além reforçar com rigorosidade suas
ATUAIS DIVISÕES demarcações, a fim de evitar invasão de outros povos.
Já em 1970, ocorreu a divisão mais próxima da atual A civilização romana, grande referência da cultura
realidade, com a criação da região Sudeste, com os Es- ocidental, travou batalhas épicas para ampliar seu terri-
tados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito tório e domínio de outras nações. Em seu apogeu, Roma
Santo. O Nordeste contava agora com a Bahia e Ser- conquistou territórios da Europa à Ásia, se reafirmando
gipe. Goiás era integrado ao Centro-Oeste. Já a atual como a principal civilização da história do Ocidente.
configuração foi definida nos anos 90, com a integração
de um novo Estado: Tocantins, inserido na região Norte. OUTROS ASPECTOS
O conceito de território também pode estar atrelado
DIVISÕES GEOECONÔMICAS
a vários níveis, não apenas em divisões de Estados, paí-
Essas divisões não priorizam a questão territorial, ou
ses ou continentes, mas há divisões de redes específicas,
seja, a divisão entre os Estados, mas agrupa localida-
como narcotráfico, comércio de armas e redes de pros-
des semelhantes quanto a aspectos geoeconômicos.
tituição.
As divisões são as seguintes: Amazônia (todos os Estados
do Norte, além de uma porção do Mato Grosso e Ma-
DIAS ATUAIS
ranhão), Nordeste (todos os Estados do Nordeste, mais
50 Um dos conflitos mais impactantes no atual cenário
o Norte de Minas Gerais) e o Centro-Sul (Sudeste, Sul e
mundial é a disputa por territórios como a Caxemira, dis-
Centro-Oeste, incluindo ainda porção sul do Tocantins).
putada há tempos por Índia e Paquistão. A região é rica
em recursos hídricos e traz nascentes de importantes rios
indianos e paquistaneses. E nessa disputa, a China tam-
EXERCÍCIO COMENTADO bém é citada. A gigante nação reconhece Aksai Chin,
como parte de seu território, algo contestado pela Índia.
1. (ENEM– 2014) Outra temática bastante significativa é a questão pa-
O jovem espanhol Daniel se sente perdido. Seu diploma lestina. Desde a instalação do Estado de Israel, pós-Guer-
de desenhista industrial e seu alto conhecimento de in- ra, palestinos têm sofrido com expulsão e ocupação de
glês devem ajudá-lo a tomar um rumo. Mas a taxa de territórios destinados aos colonos israelenses, num clima
desemprego, que supera 52% entre os que têm menos de apartheid. O cenário desde então tem fomentado
de 25 anos, o desnorteia. Ele está convencido de que conflitos e atentados entre as culturas. A fronteira entre
seu futuro profissional não está na Espanha, como o de, Gaza e Israel registrou confrontos extremamente violentos
pelo menos, 120 mil conterrâneos que emigraram nos nos últimos anos, com morte de civis.
últimos dois anos. O irmão dele, que é engenheiro-agrô-
nomo, conseguiu emprego no Chile. Atualmente, Daniel #FicaDica
participa de uma “oficina de procura de emprego” em
países como Brasil, Alemanha e China. A oficina é ofere- Entenda que a divisão de territórios pode ser
cida por uma universidade espanhola. algo muito além da delimitação de nações,
GUILAYN, P. Na Espanha, universidade ensina a emigrar. não apenas do espaço físico. Os processos de
O Globo, 17 fev. 2013 (adaptado) delimitação podem ser bem subjetivos, como
rede de tráfico e exemplos citados acima.
A situação ilustra uma crise econômica que implica

a) valorização do trabalho fabril. SE LIGA!


b) expansão dos recursos tecnológicos. Uma dica para entender melhor o conceito de
c) exportação de mão de obra qualificada. territoriedade: a delimitação está muito ligada
d) diversificação dos mercados produtivos. às relações de poder.
e) intensificação dos intercâmbios estudantis.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXERCÍCIO COMENTADO EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM– 2014) 1. (ENEM– 2017)


Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o Sol, todo mun- A segurança alimentar perseguida por cada agrupa-
do sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à Fran- mento humano ao longo da história passa a depender
ça num minuto para assistir ao pôr do sol. atualmente de algumas poucas corporações multina-
SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: cionais que passam a deter uma posição privilegiada
Agir, 1996. nas novas relações sociais e de poder. Essa concentra-
ção de dependência no ano de 2001 se aplica a cada
A diferença espacial citada é causada por qual carac- um dos quatro principais grãos — trigo, arroz, milho e
terística física da Terra? soja, — de forma que cerca de 90% da alimentação da
população mundial procede de apenas 15 espécies de
a) achatamento de suas regiões polares. plantas e de 8 espécies de animais.
b) movimento em torno de seu próprio eixo. PORTO-GONÇALVES, C. W. Geografia da riqueza, fome
c) arredondamento de sua forma geométrica. e meio ambiente. In: OLIVEIRA, A. U.; MARQUES, M. I.
d) variação periódica de sua distância do Sol. M. (Org.). O campo no século XXI: território de vida, de
e) inclinação em relação ao seu plano de órbita. luta e de construção da justiça social. São Paulo: Casa
Amarela; Paz e Terra, 2004 (adaptado).
Resposta: letra B. O movimento de rotação é o movi-
mento que a Terra faz em torno dela mesma, em seu Uma medida de segurança alimentar que contesta o
próprio eixo. modelo descrito é o(a)

a) estímulo à mecanização rural.


GEOPOLÍTICA E A VELHA ORDEM b) ampliação de áreas de plantio.
c) incentivo à produção orgânica.
MUNDIAL d) manutenção da estrutura fundiária.
e) formalização do trabalhador do campo

COMO SURGIU? Resposta Letra C. A produção orgânica de alimentos 51


O mundo após Segunda Guerra Mundial (1939-1945) dispensa o uso de agrotóxico e reforçam os pilares da
se transformou de forma significativa, em meio a uma segurança alimentar.
Europa destroçada pelo conflito e ascensão dos Esta-
dos Unidos como potência econômica e militar. Esse é o
cenário da Velha Ordem Mundial, onde também se si- GEOPOLÍTICA E A NOVA ORDEM MUNDIAL
tua a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Por mais de 46 anos, o mundo viveu a Guerra Fria,
embate econômico e ideológico entre os blocos: capi- FIM DO MUNDO DIVIDIDO EM DOIS BLOCOS
talista (EUA) e socialistas (URSS). As nações mergulharam Com a queda do bloco socialista, nos anos 90, e a
em rivalidade, disputa pelo poder e influência no mun- ascensão do capitalismo, os Estados Unidos se firmaram
do. Vale ressaltar: nunca houve confronto direto entre no mundo geopolítico como a nação mais poderosa do
as nações, por isso o termo “Guerra Fria”. mundo. Na Nova Ordem Mundial não vigora, então, um
mundo dividido em dois blocos, mas com uma potência
DISPUTA ESPACIAL mundial de destaque.
Um dos ápices dessa rivalidade se localiza na corrida Nesse contexto verifica-se ainda o crescimento do
espacial. Na chegada dos anos 60, ambas as nações Japão e União Europeia como gigantes da economia.
investiram pesado em tecnologias, cada uma tinha o Além do domínio econômico, o mundo unipolar – li-
objetivo de mostrar ao mundo o poderio nesse setor, derado pelos Estados Unidos –, também é influenciado
buscando superioridade frente ao rival. pela dominação cultural norte-americana. A indústria
Em 1957, a Rússia sai na frente ao lançar o Sputnik, cultural tem influenciado nações em toda parte do glo-
o primeiro satélite na superfície da Terra. Pela primeira bo com a disseminação da música, hábitos e estilo de
vez, a humanidade envia ao espaço um objeto criado vida estadunidense.
por ela. Um ano depois, os estadunidenses lançaram o
Explorer 1, para não ficarem longe da disputa. CRESCIMENTO CHINÊS
E foi no início dos anos 60 que o russo Yuri Gagarin se A China, com crescimento acima da média desde
tornou o primeiro homem a chegar ao espaço. E quase os anos 2000, se firma a cada ano como poderosa na-
dez anos depois, Neil Armstrong chegaria à Lua, para a ção e, cada vez mais, ameaça o trono estadunidense
felicidade dos Estados Unidos. no âmbito econômico e até na diplomacia. Em pouco
tempo já terá superado os EUA, apontam especialistas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Porém embora a China, de fato, possa desbancar os O fator apresentado no texto para o agravamento da
norte-americanos na questão econômica, os chineses seca no Sudeste está identificado no(a)
dificilmente conseguirão impactar no domínio cultural.
Isso significa que os estadunidenses podem até perder a) redirecionamento dos ventos alísios.
o trono como principal potência global, mas no âmbi- b) redução do volume dos rios voadores.
to da indústria cultural exercem ainda grande força no c) deslocamento das massas de ar polares.
mundo. d) retenção da umidade na Cordilheira dos Andes.
e) alteração no gradiente de pressão entre as áreas.
CRISES FINANCEIRAS
Por volta de 2006 a 2008, o mundo vivenciou uma Resposta Letra B. Com a umidade na Amazônia, o
crise financeira latente que impactou diretamente os fenômeno rios voadores se dispersam para outras re-
mercados. Por volta de 2007, o planeta testemunhou a giões brasileiras, até no Sul do Brasil.
explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos. O mer-
cado de hipotecas gerou colapso econômico com alta
de juros, em negócios de alto risco para os cidadãos. GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO
Como consequência, houve aumento de desemprego
e perda de renda.
Em 2011, a Europa mergulhou numa crise financeira ORIGENS
dilacerante. Nações como Grécia, Portugal, Espanha A globalização e o neoliberalismo são produtos do
e Irlanda contraíram dívida pública altíssima, e a União capitalismo e marcas significativas do mundo atual. Um
Europeia não conseguiu estabelecer melhores políticas mundo globalizado implica no encurtamento das fron-
para conter o cenário. Essa crise impactou todo o mun- teiras, à medida que as pessoas se sentem mais conec-
do, inclusive o Brasil. A estabilização das economias eu- tadas na aldeia global. Com as novas tecnologias, a
ropéias ocorreu a partir de 2017 a 2018.
integração é mais latente. Os países ricos exportam sua
cultura e produtos por meio de multinacionais que se
espalham pelo mundo.
#FicaDica Com a abertura das fronteiras e a partir do fim do
bloco socialista, o neoliberalismo ganha espaço. Esse
Muitas questões podem abordar a crise
conceito implica em maior liberdade de mercado e
financeira europeia, portanto, é importante
pouca ou quase nenhuma interferência do Estado. E
52 estar ciente que esse fato é um dos mais
toda a liberdade de mercado conquistada é a marca
marcantes da Nova Ordem Mundial no
do neoliberalismo.
século 21.
O Termo neoliberalismo surgiu no fim dos anos 80. Um
dos nomes mais importantes do movimento é Marga-
ret Thatcher, ex-premiê britânica. Muitas vezes, ela tida
SE LIGA!
como a “mãe do neoliberalismo”.
quando a economia é desacelerada em
nações ricas, naturalmente, isso impacta LIBERALISMO CLÁSSICO
todos os mercados. pois Ocorre um “efei- A doutrina liberal surgiu no século 17, muito influen-
to dominó”. ciada pelo filósofo inglês John Locke e começou a
se espalhar pelo mundo após a Revolução Francesa
(1789). Outro expoente da corrente, no século 18, é o
economista escocês Adam Smith.
EXERCÍCIO COMENTADO No liberalismo clássico, o indivíduo é localizado
como “o centro das coisas”. Os liberais também de-
1. (ENEM– 2017) fendem alguns princípios: liberdade e igualdade aos
O ganhador do Prêmio Nobel, Philip Fearnside, já aler- valores individuais. Além do livre mercado, tolerância e
tava em estudos de 2004 que, como consequência do liberdade de se expressar.
desmatamento em grande escala, menos água da
Amazônia seria transportada pelos ventos para o Su-
deste durante a temporada de chuvas, o que reduziria
a água das chuvas de verão nos reservatórios de São EXERCÍCIO COMENTADO
Paulo.
SERVA, L. Para ganhador do Prêmio Nobel, cheias no 1. (ENEM– 2017)
Norte e seca no Sudeste estão conectadas. Disponível A destruição, o transporte e a deposição de pequenos
em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 10 nov. 2014. fragmentos rochosos dependem da direção e intensi-
dade com que este agente atua na superfície terrestre,
sobretudo em regiões áridas e semiáridas, com pouca
presença de vegetação. É nesse ambiente que se ve-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

rifica o constante trabalho de formação, destruição e MERCOSUL


reconstrução de elevações de areia que recebem o Criado para fortalecer o mercado sul-americano,
nome de dunas. o Mercosul uniu Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. São Paulo: Cia. em prol de benefícios para o comércio regional. Fun-
Editora Nacional, 1995 (adaptado). dado em 1991, o bloco regional hoje conta com outros
membros, que são considerados associados: Chile Bo-
A modelagem do relevo apresentado relaciona-se ao lívia, Colômbia, Equador e Peru, além de duas nações
processo de erosão decorrente da ação como observadoras: Nova Zelândia e México. Apenas
os membros plenos ou efetivos contam com a integral
a) glacial. da Tarifa Externa Comum (TEC).
b) fluvial. A Venezuela foi suspensa em 2017, por conta da
c) eólica. instabilidade social, econômica e política vivenciada
d) pluvial. no país. Uma das cláusulas do bloco prevê essa medi-
da. Segundo os membros plenos, o país teria praticado
e) marinha.
“ruptura da ordem democrática”.
Resposta: Letra C. A ação eólica ocorre por meio da
ação dos ventos e influencia a modificação na pai-
sagem. EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM– 2017)
INTEGRAÇÃO REGIONAL OU FORMAÇÃO A tecelagem é numa sala com quatro janelas e 150
DE BLOCOS ECONÔMICOS operários. O salário é por obra. No começo da fábrica,
os tecelões ganhavam em média 170$000 réis mensais.
Mais tarde não conseguiam ganhar mais do que 90$000;
e pelo último rebaixamento, a média era de 75$000! E se
CONCEITO DE BLOCOS ECONÔMICOS a vida fosse barata! Mas as casas que a fábrica aluga,
Na geopolítica mundial e relações internacionais com dois quartos e cozinha, são a 20$000 réis por mês;
faz muita diferença privilegiar a integração regional. as outras são de 25$ a 30$000 réis. Quanto aos gêneros
O fortalecimento de blocos regionais no mundo é um de primeira necessidade, em regra custam mais do que
importante mecanismo para integração das nações e em São Paulo. 53
também fortalecimento nas relações comerciais e eco- CARONE, E. Movimento operário no Brasil. São Paulo:
nômicas. Difel, 1979.
Os blocos se caracterizam pela união de nações em
prol da defesa de interesses em comum. As regras tam- Essas condições de trabalho, próprias de uma socieda-
bém podem abranger aspectos sociais. O foco é bus- de em processo de industrialização como a brasileira do
car a integração entre os países fomentar as ligações. início do século XX, indicam a
No mundo, o bloco mais importante e influente é a UE
(União Europeia). a) exploração burguesa.
b) organização dos sindicatos.
UNIÃO EUROPEIA c) ausência de especialização.
Exemplo de integração bem-sucedida, o bloco d) industrialização acelerada.
europeu é um conglomerado econômico com algu- e) alta de preços.
mas das nações mais importante do mundo. O mote é
buscar a maior integração regional possível, com uma Resposta: Letra A. Contexto de exploração do traba-
lho que fomentam a precariedade.
moeda sólida (euro) e elementos para tornar a Europa
mais forte do ponto de vista geopolítico.
Fundada em 1993, o bloco é hoje o maior mercado
MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO, EMIGRAÇÃO E
importador de centenas de países, além de também
ser um grande exportador de bens e serviços no mundo TIPOS DE MIGRAÇÃO
global. No aspecto diplomático, o bloco exerce gran-
de influência nas negociações, políticas e demandas
INTRODUÇÃO E DIFERENÇAS CONCEITUAIS
importantes para a sociedade mundial. Desde os primórdios, o ser humano tem circulado por
Após o resultado do Brexit, em 2016, com a saída territórios em fluxos migratórios milhões de anos atrás,
do Reino Unido do bloco, a União Europeia deve pas- constituindo novas fronteiras, culturas e civilizações.
sar por mudanças, após a perda de um membro vital. Hoje, os processos migratórios prevalecem e, dentro
Porém, os britânicos também tendem a enfrentar situa- desse contexto, existem algumas particularidades nos
ções desafiantes no âmbito econômico e social. termos: migração, imigração e emigração. Confira
abaixo:
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Migração = processos migratórios e deslocamentos Resposta: Letra A. O cultivo de commodities contribui


dentro ou fora e um território. para fomentar a participação no mercado global,
Imigração = leitura por parte da nação que recebe num contexto de exportação.
o imigrante. Processo de entrada de uma ou mais pes-
soas a um país estrangeiro.
Emigração = é leitura feita pelo país de origem do FLUXOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL E NO
indivíduo que se desloca para tentar a vida em outra MUNDO
nação.

OUTROS TIPOS DE MIGRAÇÕES SUDESTE E CENTRO-OESTE


Vale ressaltar ainda os tipos de migrações existentes, Com o advento dos transportes rodoviários, aéreos e
as quais podem ser: sazonal (não é uma mudança fixa, ferroviários, os fluxos migratórios ganharam impulso em
algo que pode ser temporário), êxodo rural (desloca- todo o mundo. No Brasil, um dos contextos mais habituais
mento do campo para a cidade), nomadismo (deslo- é o deslocamento de pessoas em direção ao Sudeste,
camento constante), entre outros. sobretudo São Paulo, em busca de melhores oportunida-
des de emprego e renda na “locomotiva” do Brasil.
REFUGIADOS Nos anos 60 e 70, era também bem habitual migrantes
Atualmente, calcula-se que mais de 25 milhões de re- do Sul buscarem oportunidades no Centro-Oeste e Norte,
fugiados em todo o mundo, segundo a Acnur, agência especialmente ao estabelecerem fronteiras agrícolas e
da ONU para refugiados. Essas populações são obriga- em busca de terras para cultivo e criação de gado. Com
das a deixar seus países de forma involuntária por moti- o passar do tempo, a concentração de terras se acen-
vo de desastres naturais ou conflitos e guerras. O Brasil tuou e, isso possibilitou que esse índice fosse reduzido.
recebeu mais de 400 pedidos de refúgio, entre 2010 e
2016, especialmente haitianos, sírios, venezuelanos, con-
VOLTA À TERRA DE ORIGEM
goleses, entre outras populações.
São Paulo por muito tempo foi o destino principal de
Em meio a esse cenário, surge a aversão ao diferen-
milhões de brasileiros. Porém nos últimos anos, a migração
te, elementos que caracterizam a xenofobia. Na Euro-
desacelerou, com aumento de pessoas que retornaram
pa, por exemplo, é grande a quantidade de pessoas de
chamado “lugar de origem”, motivados pelo desempre-
origem africana, árabe e outras etnias, vítimas de pre-
go em São Paulo e aumento de oportunidades de renda
conceito. Um dos grandes desafios para a Europa do
em suas terras de origem, especialmente a partir de 2009
54 século, justamente, é saber lidar com essas questões, ao
com políticas de transferência de renda.
passo que muitos dos países que recebem contingentes
Um dos destinos principais são os Estados da região
de imigrantes e refugiados também enfrentam proble-
Nordeste. Mesmo assim, a região Sudeste permanece
mas econômicos, com desemprego e perda de renda.
recebendo grande quantidade de brasileiros de outras
partes da nação em busca de uma vida melhor.

EXERCÍCIO COMENTADO NO MUNDO


No mundo, é habitual a movimentação em direção
1. (ENEM– 2017) às nações mais ricas do mundo, como EUA, Canadá,
A expansão da fronteira agrícola chega ao semiárido países europeus, Japão e Austrália. Milhões de pessoas
do Nordeste do Brasil com a implantação de empresas vivem fora de seus países de origem. Há ainda casos de
transnacionais e nacionais que, beneficiando-se do fácil fluxos migratórios fomentados por conflitos, guerras ou de-
acesso à terra e água, se voltam especialmente para a sastres naturais, trazendo grande parcela de refugiados.
fruticultura irrigada e o cultivo de camarões. O modelo de Hoje, Portugal tem sido um dos destinos mais procu-
produção do agro-hidronegócio caracteriza-se pelo culti- rados pelos brasileiros que sonham com uma vida me-
vo em extensas áreas, antecedido pelo desmatamento e lhor no exterior. O país europeu vive um bom momento
consequente comprometimento da biodiversidade. econômico, o que tem atraído também investimentos de
Disponível em: www.abrasco.org.br empresas.
. Acesso em: 22 out. 2015 (adaptado).

As atividades econômicas citadas no texto representam


uma inovação técnica que trouxe como consequência EXERCÍCIO COMENTADO
para a região a

a) intensificação da participação no mercado global. 1. (ENEM– 2017)


b) ampliação do processo de redistribuição fundiária. Está cada vez mais difícil delimitar o que é rural e o que é
c) valorização da diversidade biológica. urbano. Pode-se dizer que o rural hoje só pode ser enten-
d) implementação do cultivo orgânico. dido como um continuum do urbano do ponto de vista
e) expansão da agricultura familiar. espacial; e do ponto de vista da organização da ativida-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

de econômica, as cidades não podem mais ser identifi- LEIS RÍGIDAS QUANTO À IMIGRAÇÃO
cadas apenas com a atividade industrial, nem os campos O endurecimento de regras migratórias nos países
com a agricultura e a pecuária. mais almejados pelos imigrantes tem provocado rela-
SILVA, J. G. O novo rural brasileiro. ções turbulentas entre os estrangeiros, os governos e as
Nova Economia, n. 7, maio 1997. populações. Com a chegada ao poder de líderes mais
conservadores, como o presidente dos Estados Unidos,
As articulações espaciais tratadas no texto resultam do(a) Donald Trump, os estrangeiros vivenciam restrições quan-
to à entrada e permanência em território norte-america-
a) aumento da geração de riquezas nas propriedades no. E a tendência é buscar endurecer cada vez mais a
agrícolas. chegada dessas populações.
b) crescimento da oferta de empregos nas áreas cultiváveis.
c) integração dos diferentes lugares nas cadeias produtivas.
d) redução das desigualdades sociais nas regiões agrárias.
e) ocorrência de crises financeiras nos grandes centros.
EXERCÍCIO COMENTADO

Resposta: Letra C. Retrata cenários que podem sofrer 1. (ENEM– 2017)


variações e ganhar outras especificidades. O garfo muito grande, com dois dentes, que era usado
para servir as carnes aos convidados, é antigo, mas não
o garfo individual. Este data mais ou menos do século XVI
e difundiu-se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas
CONFLITOS MIGRATÓRIOS, REFUGIADOS com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de 1750.
E XENOFOBIA BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capita-
lismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano. São
Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado).
ORIGEM DO PRECONCEITO
Quando se fala de fluxos migratórios e imigração, um No processo de transição para a modernidade, o uso do
tema bem recorrente é o preconceito sofrido pelos grupos objeto descrito relaciona-se à
que chegam às nações. Cada vez mais aumentam ca-
sos de xenofobia, sobretudo na Europa e Estados Unidos, a) construção de hábitos sociais.
b) introdução de medidas sanitárias.
onde a presença do estrangeiro fomenta movimentos ul-
c) ampliação das refeições familiares.
tranacionalistas e reacionários que, definitivamente, não 55
d) valorização da cultura renascentista.
escondem o desejo de expulsar essas populações de seus
e) incorporação do comportamento laico.
países.
Nesse contexto, os imigrantes são considerados, por
Resposta: Letra A. Os hábitos sociais são constituídos,
parte de uma parcela da população, como responsáveis
modelados e modificados. As mudanças estão sem-
pela crise financeira, desemprego e pobreza de um deter-
pre presentes.
minado país. Essa discriminação e preconceito originam
grupos extremistas que defendem a “pureza” de suas na-
ções, como skinheads e até neonazistas, para citar ape- PAÍSES EMERGENTES E IMPORTÂNCIA DOS
nas alguns dos mais conhecidos movimentos.
O preconceito é, sobretudo, direcionado a imigrantes
BRICS
de nações mais pobres, especialmente africanas, além de
países que passam por tragédias, como o caso da Síria, COMO SURGIU?
que mergulhada em um guerra civil, trouxe miséria ao seu As nações emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e
povo, produzindo milhões de refugiados em todo mundo. África do Sul são as iniciais de BRICS, economias com
potencial de se destacarem no mundo geopolítico. O
CASOS NO BRASIL termo foi usado pela primeira vez pelo economista britâ-
No Brasil, a situação não é diferente. Embora os índi- nico Jim O’Neill, cerca de 17 anos atrás. Na visão dele,
ces sejam menores, a xenofobia tem ganhado espaço essas nações teriam grande aptidão para se tornarem
a cada dia. Os grupos que mais sofrem preconceito são potências mundiais no século 21 e ameaçarem a hege-
haitianos, bolivianos, venezuelanos e cidadãos de países monia dos Estados Unidos, Europa e Japão.
africanos, como Congo ou Angola. O grupo, formalmente, não é um bloco econômico
Muitas vezes, por não haver regulamentações claras e nem político ou tampouco militar, mas cria cenário
para os estrangeiros vítimas desse crime, pairam dúvidas de integração e práticas que podem beneficiar seus in-
de como proceder quanto a denúncias e busca de jus- tegrantes. Embora, os BRICS sejam bastante relevantes
tiça. Uma das alternativas, porém, é simples, bastando no cenário global, é preciso ainda avançar muito para
registrar um boletim de ocorrência, como orientam espe- consolidá-lo no cenário global, na visão de especialistas.
cialistas no assunto. Esse dado, inclusive, é pouco desco- Vale ressaltar que integrantes do grupo são gigantes em
nhecido por parte do imigrante ou refugiado que reside termos de território e representam 15% do PIB mundial e
no país. quase metade da população mundial.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

CHINA As características morfológicas do terreno estão repre-


Ao avaliar o cenário atual, é notória a ascensão da sentadas no bloco diagrama, que mostra uma região
China, o que indica que a nação vem se destacando acometida por processos erosivos decorrentes da
ainda mais quando em comparação aos outros países
e, sobretudo, já é encarada como potência mundial a) resistência geológica.
que superará os Estados Unidos em poucos anos. A Chi- b) instabilidade do terreno.
na, inclusive, tem-se destacado bastante como agente c) profundidade do solo.
essencial nas relações internacionais e diplomacia, con- d) intervenção antrópica.
quistando mais espaço como potência mundial, diante e) ação de cursos de água.
das demandas globais.
Por ser mais favorável, por exemplo, a questões de Resposta: Letra E. Esse processo impacta modifica-
redução de impactos ambientais do que os Estados Uni- ção do terreno com grandes transformações na es-
dos na era Donald Trump, a China vem conquistando trutura.
a confiança de lideranças estratégicas, como a chan-
celer alemã Angela Merkel e o presidente francês Em-
manuel Macron. Esses líderes têm criticado duramente CIDADE, ESPAÇO URBANO E ESPAÇO
a posição norte-americana em não priorizar os acordos
globais relativos ao clima e meio ambiente.
RURAL: DEFINIÇÃO E FUNÇÃO

BRASIL Delimitações dos espaços


Nos últimos dois anos, o Brasil tem registrado retração Espaços definidos subjetivamente do ponto de vis-
no crescimento com pouco destaque frente aos demais ta geográfico, mas as delimitações são bem significa-
países do BRICS. Inclusive, a desigualdade econômica tivas. A cidade compreende espaço urbano provido
entre os membros, frente à gigante China, pode favo- de grandes populações, ruas, bairros, locais e todos os
recer relações limitadas. Embora, a China se mantém
aspectos que norteiam o cenário urbano, em meio a
como principal parceiro comercial do Brasil.
questões sociais e econômicas.
No espaço rural existe outra leitura, com pouca po-
#FicaDica pulação local e foco nas atividades rurais e predomi-
nantemente agrárias. O cenário tem outro ritmo e é
Não se trata de um bloco como Mercosul completamente diferente da atmosfera urbana, além
56 e União Europeia, ao focarem nas questões de privilegiar atividades primárias. No espaço rural tam-
econômicas e políticas, mas promove bém há grandes extensões de território, bem superiores
integração. Não se esqueça que a integração quando em comparação ao espaço urbano.
e, sobretudo, a aproximação existe aqui
nesse cenário.
CENÁRIO ATUAL
Ambos os espaços (urbano e rural) são distintos, mas
representam dois tipos de rotina e cenários da socieda-
SE LIGA! de, são elementos cruciais para as relações sociais e o
Para entender melhor a função dos BRICS, cotidiano das pessoas, de maneira geral. Os espaços
é como se fosse um grupo que foca ainda se diferem nas práticas econômicas.
relações diplomáticas. Enquanto o espaço urbano conta com industrializa-
ção, o espaço rural ainda tem base nas práticas agrí-
colas, porém ambos podem estabelecer uma relação
de convivência que garanta o funcionamento dos pro-
EXERCÍCIO COMENTADO cessos na sociedade. Um exemplo claro é a produção
agrícola que fornece produtos para as cadeias de su-
1. (ENEM– 2017) permercados que fomentam o mercado consumidor
nas cidades.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM– 2017)
Empreende-se um programa de investimentos em
infraestrutura para oferecer as condições materiais ne-
cessárias ao processo de transformação do território
nacional em um espaço da economia global. Nessa
configuração territorial, destacam-se hoje pontos de
Ciências Humanas e suas Tecnologias

concentração de tecnologias de ponta. É o caso da Nesse contexto, verifica-se que o crescimento desorde-
chamada agricultura de precisão. Nos pomares paulis- nado das cidades propiciou o surgimento das áreas periféri-
tas, começou a ser utilizada uma máquina, de origem cas, que em muitos casos contribuíram para piora nas con-
norte-americana, capaz de colher cem pés de laranja dições de vida das pessoas, em meio à precariedade de
por hora, sob o controle de computadores. moradias e falta de saneamento básico, com coleta e tra-
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e socie- tamento de esgoto adequado. Tudo isso impacta na busca
dade no início do séc. XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. por sustentabilidade e melhor condições de vida para todos.

Qual a consequência socioambiental, no Brasil, da


implementação da tecnologia exemplificada no texto?
EXERCÍCIO COMENTADO
a) A diminuição do uso intensivo do solo.
b) O rebaixamento do nível dos aquíferos locais. 1. (ENEM– 2017)
c) A desestimulação do modelo orgânico de cultivo. As rochas são desagregadas e decompostas e os materiais re-
d) A redução da competitividade do pequeno produtor. sultantes de sua ação, tais como seixos, cascalhos, areias, siltes
e) O enfraquecimento da atividade policultora de expor- e argilas, são carregados e depois depositados e, também,
tação. substâncias dissolvidas na água podem precipitar. Em virtude
de sua atuação, quaisquer rochas, independentemente de
Resposta: Letra D. O cenário descrito promove desi- suas características, podem ficar destacadas no relevo.
gualdade na competição pelo mercado. BELLOMO, H. R. et al. (Org.). Rio Grande do Sul: aspectos
da geografia. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997 (adap-
tado).
INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO
O texto refere-se à modelagem do relevo pelos proces-
sos naturais de

CENTROS INDUSTRIAIS E GLOBALIZAÇÃO a) magmatismo e fusão.


Um território industrializado é o combustível para con- b) vulcanismo e erupção.
figurar a urbanização, esses dois elementos, de fato, dia- c) intemperismo e erosão.
logam entre si. No Brasil, as cidades mais industrializadas d) tectonismo e subducção.
proveram parques industriais que alimentam a economia e) metamorfismo e recristalização. 57
nacional, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Fica estabelecida ainda uma sociedade de consumo Resposta: Letra C. Intemperismo e erosão são proces-
de produtos industrializados. Porém com a globalização, sos interligados, mas conceitualmente diferentes.
novas tecnologias e melhoria nos sistemas de transpor-
tes, cidades de todas as partes têm acesso aos produtos
da indústria. E justamente nesses centros industriais que
a população busca melhores condições de vida, o que URBANIZAÇÃO BRASILEIRA E REGIÕES
fomenta os processos migratórios. METROPOLITANAS
NOVOS CENTROS INDUSTRIAIS
Um cenário comum nos dias atuais é o fenômeno, mes- ORIGEM E INÍCIO
mo que lento e gradual, de desconcentração industrial O Brasil industrializado nasceu no século 20 e foi mo-
de São Paulo, o pólo industrial da América Latina. Regiões tivado pelo êxodo rural, que implica na saída de popu-
como Nordeste, por exemplo, têm atraído desde o final lações do campo em busca de melhores condições de
dos anos 90 diversas empresas que encontraram nesses lo- renda e trabalho na cidade. Nesse cenário, a urbaniza-
cais, certa redução de tributos e incentivos fiscais. ção brasileira começou a ganhar forma, à medida que o
Todavia, essa desconcentração não tende a amea- Brasil passou a dar importância à industrialização.
çar, ao menos pelos próximos anos, a hegemonia pau- São Paulo despontou como polo industrial e econô-
lista. A indústria em São Paulo tem se aperfeiçoado e se mico, ao passo que sua urbanização se iniciou de forma
especializado em setores que a coloca em pé de igual- rápida, mesmo que tardia – quando em comparação a
dade com outros mercados internacionais. cidades de outros países. Na sequência, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte e Porto Alegre também se firmaram como
Sustentabilidade e moradias precárias grandes centros urbanos do país.
Com os processos industriais e impactos da urbaniza-
ção nas cidades, é relevante relacioná-los à sustentabili- DADOS POPULACIONAIS
dade. É interessante avaliar de que forma as metrópoles Só na cidade de São Paulo são mais de 12 milhões
têm contribuído para práticas sustentáveis, desde a ques- de pessoas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
tão de emissão de gases danosos ao meio ambiente à Geografia e Estatística). A cidade com menor população
promoção de qualidade de vida e bem-estar das pessoas. é Serra da Saudade (MG), são mais de 786 habitantes.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Os brasileiros hoje já são mais de 208,5 milhões de c) tendência de equilíbrio no comércio entre os dois pa-
habitantes, como apontam dados divulgados pelo IBGE íses, que indica estabilidade no curto prazo.
em agosto de 2018. O Brasil é hoje o quinto país mais po- d) política de importação da Argentina, que demonstra
puloso do mundo. Os Estados mais populosos são: São interesse em buscar outros parceiros comerciais.
Paulo (mais de 45 milhões), Minas Gerais (mais de 21 mi- e) estratégia da indústria brasileira, que buscou acom-
lhões) e Rio de Janeiro (mais de 17 milhões). panhar as demandas do mercado consumidor ar-
gentino.
REGIÕES METROPOLITANAS
O país possui cerca de 35 regiões consideradas me- Resposta: letra B. Um dos entraves nas relações co-
tropolitanas. Esses locais abrigam cidades localizadas merciais nos blocos econômicos dizem respeito a po-
nas proximidades de um município dominante, mais in- líticas protecionistas.
dustrializado e desenvolvido economicamente.
Na região metropolitana de São Paulo a população
é de mais de 20 milhões de pessoas, e é a mais populosa A QUESTÃO AGRÁRIA E CONFLITOS NO
do Brasil. A região metropolitana do Rio de Janeiro se- CAMPO NO BRASIL
gue em segundo lugar com mais de 12 milhões de pes-
soas e, em terceiro, está Belo Horizonte com quase seis
milhões de habitantes. CONCEITOS BÁSICOS
Uma das características de cidades das regiões Problemas sociais e desigualdade de renda têm sido
metropolitanas é o caráter que muitas delas adquirem problemáticas constantes na cidade e no campo. A
como “dormitório”, quando as pessoas residem em um questão agrária e conflitos fomentam discussões sobre
a terra, a reforma agrária e redução dos embates san-
determinado município, mas trabalham em outro, so-
grentos e confrontos no interior do Brasil. Em linhas ge-
bretudo, numa cidade maior e mais desenvolvida. Na
rais, a reforma agrária é a reorganização fundiária para
Grande São Paulo, por exemplo, Carapicuíba exemplifi-
distribuir terras para trabalhadores rurais e suas famílias,
ca essa realidade. Não há muita geração de emprego,
para que possam trabalhar e produzir.
já que boa parte da população trabalha nas cidades
vizinhas, como Osasco ou Barueri, ou mesmo, na mega-
MOVIMENTOS
lópole São Paulo.
Nesse cenário, cresce um movimento que divide a
população, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
58 Terra (MST), que nasceu em 1984, levantando a bandei-
EXERCÍCIO COMENTADO ra da reforma agrária e expansão da fronteira agrícola
para garantir terras a pequenos produtores e trabalha-
dores rurais. O MST está presente em 24 Estados e, se-
gundo o movimento, ajudou mais de 350 mil famílias a
1. (ENEM– 2017) conquistarem terras.
“As recentes crises entre o Brasil e a Argentina mostram Nesse contexto, existe ainda disputa de terras entre
o esgotamento do modelo mercantilista no Mercosul”, integrantes do movimento e fazendeiros. Não raro, esses
afirma o diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações embates promovem confrontos violentos com registro
Internacionais (Ibri). A imposição argentina de cotas de mortos e feridos.
para produtos brasileiros, como os de linha branca, e a
ameaça de adoção de salvaguardas comerciais indi- REFORMA AGRÁRIA NA PRÁTICA
cam que o Mercosul foi construído sobre bases equivo- A reforma agrária visa expropriação de terras impro-
cadas. Segundo o diretor, a noção de que é possível dutivas e busca cumprir função social, ao promover in-
exportar “sem limites” para um determinado parceiro tegração de pequenos produtores rurais ao cultivo de
comercial representa uma mentalidade “fenícia”, ou produtos, geração de renda e adesão a programas. No
seja, uma visão comercial de curto prazo. Brasil, a concessão de assentamentos que priorizam a
JULIBONI, M. Disponível em: http://exame.abril.com.br. reforma agrária é feita por meio do Incra (Instituto Na-
Acesso em: 7 dez. 2012 (adaptado). cional de Colonização e Reforma Agrária).
Uma das polêmicas quanto à expropriação de terras
Nas últimas décadas foram adotadas várias medidas tem a ver com a queixa de fazendeiros e proprietários
que objetivavam pôr fim às desconfianças mútuas exis- de territórios que alegam haver “invasão à base da for-
tentes entre o Brasil e a Argentina. Os conflitos no interior ça” em áreas que não são improdutivas, na concepção
do bloco têm se intensificado, como na relação analisa- deles. Justamente nesse cenário são fomentados confli-
da, caracterizada pela tos entre os grupos, em embates sangrentos nos rincões
do Brasil. Do lado dos movimentos, existe ainda a queixa
a) saturação dos produtos industriais brasileiros, que o de sofrerem violência, com homicídios e ataques patro-
mercado argentino tem demonstrado. cinados por fazendeiros nos assentamentos.
b) adoção de barreiras por parte da Argentina, que in-
tenciona proteger o seu setor industrial.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

HIERARQUIAS
SE LIGA! Nas configurações da rede urbana encontra-se a
A questão agrária é uma das temáticas hierarquia que traz as divisões: grande metrópole nacio-
mais desafiantes para o brasil nos últimos nal (São Paulo), metrópoles nacionais (Rio de Janeiro e
anos e para os últimos governos desde a Brasília) e metrópole (Manaus, Belém, Fortaleza, Recife,
redemocatização. Essa leitura tende a ser Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Ale-
citada nas provas do ENEM e demais con- gre). São Paulo é a única cidade no quesito grande me-
cursos. trópole nacional por exercer influência em todo o país,
mas também se destaca na América do Sul.
Além disso, a hierarquia também traz as capitais
regionais, grupo com 70 municípios que exercem influ-
ência regional e também estadual. Para esse grupo vi-
EXERCÍCIO COMENTADO goram três subdivisões: capital regional A (cidades com
mais de 950 mil habitantes), B (populações com mais
1. (ENEM– 2017) 430 mil habitantes) e C (cidades com mais de 250 mil
Os produtores de Nova Europa (SP) estão insatisfeitos habitantes).
com a proibição da queima e do corte manual de Existem ainda outros grupos além das divisões cita-
cana, que começou no sábado (01/03/2014) em todo o das (grande metrópole nacional, metrópoles nacionais
Estado de São Paulo. Para eles, a produção se torna in- e capitais regionais). No caso, se tratam das opções:
viável, já que uma máquina chega a custar R$ 800 mil e centro sub-regional, centro de zona e centro local. Em
o preço do corte dobraria. Além disso, a mecanização geral, esses grupos trazem cidades com influência em
cortou milhares de postos de trabalho. relação a cidades vizinhas.
Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das
Produções Agropecuárias e Agroindustrial (SBERA). Com
proibição da queima, produtores dizem que corte da
cana fica inviável. Disponível em: http://sbera.org.br. EXERCÍCIO COMENTADO
Acesso em: 25 mar. 2014.
1. (ENEM– 2017)
A proibição imposta aos produtores de cana tem como A luta contra o racismo, no Brasil, tomou um rumo con-
objetivo trário ao imaginário nacional e ao consenso científico,
formado a partir dos anos 1930. Por um lado, o Movi- 59
a) restringir o fluxo migratório e o povoamento da região. mento Negro Unificado, assim como as demais organi-
b) aumentar a lucratividade dos canaviais e do setor su- zações negras, priorizaram em sua luta a desmistifica-
croenergético. ção do credo da democracia racial, negando o ca-
c) reduzir a emissão de poluentes e o agravamento dos ráter cordial das relações raciais e afirmando que, no
problemas ambientais. Brasil, o racismo está entranhado nas relações sociais.
d) promover o desenvolvimento e a sustentabilidade da O movimento aprofundou, por outro lado, sua política
indústria intermediária. de construção de identidade racial, chamando de “ne-
e) estimulara qualificação e a promoção da mão de gros” todos aqueles com alguma ascendência africa-
obra presente nos canaviais. na, e não apenas os “pretos”.
GUIMARÃES, A. S. A. Classes, raças e democracia. São
Resposta: Letra C. As queimadas ameaçam a biodi-
Paulo: Editora 34, 2012.
versidades além de outros impactos ambientais.
A estratégia utilizada por esse movimento tinha como
objetivo
REDE E HIERARQUIA URBANA BRASILEIRA
a) eliminar privilégios de classe.
b) alterar injustiças econômicas.
AS CIDADES c) combater discriminações étnicas.
As cidades são como órgãos de um corpo humano d) identificar preconceitos religiosos.
com suas funções, atividades, serviços, comércio, in- e) reduzir as desigualdades culturais.
dústria e relações entre as pessoas. Tudo isso garante
o funcionamento do espaço urbano, bem como, e as Resposta: Letra C. O combate a discriminações étni-
configurações que garantem a existência dos municí- cas é a bandeira de muitos movimentos que defen-
pios como se apresentam. dem a igualdade e respeito.
Dentro desse panorama, existem as grandes metró-
poles nacionais que exercem influência econômica, so-
cial e cultural, não apenas nas cidades da região ou no
Estado, mas em todo o país. Um exemplo disso é São
Paulo, considerada a maior cidade da América Latina.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

A demarcação de terras indígenas, conforme o texto,


CONCENTRAÇÃO E evidencia a
DESCONCENTRAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
a) ampliação da população indígena na região.
NO BRASIL b) função do Direito na organização da sociedade.
c) mobilização da sociedade civil pela causa indígena.
d) diminuição do preconceito contra os índios no Brasil.
INDUSTRIALIZAÇÃO e) pressão de organismos internacionais em defesa dos
A industrialização brasileira teve início no século 20, e índios brasileiros.
mesmo sendo considerado tardio esse processo, o Brasil
conseguiu se destacar como polo industrial de referência na
Resposta: Letra B. A Constituição garante a preserva-
América Latina. O processo industrial brasileiro teve incentivo
ção de áreas indígenas e dos direitos dos índios.
após a crise financeira de 1929, que atingiu todo o mundo.
Foi durante o Estado Novo, entre 1937 e 1945, que a
nação passaria por políticas de fomentação à indústria. ESTRUTURA E MÉTODOS DE PRODUÇÃO
Nesse contexto, a industrialização foi uma medida em re-
lação à substituição de produtos importados, itens cada INDUSTRIAL: FORDISMO E TOYOTISMO
vez mais escassos por conta da crise mundial.
Hoje, a maior parte da concentração industrial brasilei-
CONCEITOS BÁSICOS
ra e geração de empregos está em São Paulo, a locomo-
O mundo capitalista apresenta diversos conceitos e
tiva nacional. Rio de Janeiro e Minas Gerais figuram como
métodos de produção. Um deles se trata do fordismo
segundo e terceiro maiores parques industriais. É possível
notar a força da região Sudeste quando se trata de con- (em referência ao método da empresa Ford) surgido
centração industrial. nos anos 20, além do toyotismo (relativo ao conceito de
Porém, vale citar a zona franca de Manaus, importante produção da Toyota), nos anos 70. Os conceitos trouxe-
polo industrial da região Norte, que emprega mais de 500 ram novas configurações nas cadeias produtivas indus-
mil pessoas. O pólo industrial da zona franca de Manaus triais e romperam paradigmas.
comporta mais de 600 indústrias. Isso gera mais de meio Em linhas gerais, no toyotismo, o operário pode exer-
milhão de empregos diretos e indiretos. cer várias funções e ainda conta com robótica. O siste-
ma começou nos anos 70. Já no fordismo, ocorre produ-
DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL ção em massa, redução de custos e gastos.
60 E nos dias atuais, é notável a desconcentração de in-
dústrias, que tem ocasionado a migração de empresas PRINCIPAIS ASPECTOS
dos grandes centros para o interior, especialmente do Su- Em relação às semelhanças, ambos os métodos es-
deste para o Nordeste. O processo de desconcentração tão focados em métodos iniciais de produção, mas se
começou nos anos 70, com foco, por parte do governo, diferem na maneira como as atividades são executa-
em ampliar as áreas industriais. das, com menos ou mais aparatos tecnológicos. O for-
Nesse cenário, o poder público sinaliza a possibilidade dismo, por exemplo, busca atingir maior produção de
dos Estados aplicarem incentivos tributários, surge a cha- massa e estabelece funções para executar as tarefas.
mada guerra fiscal. Cada cidade se empenha em manter Outro foco é trabalhar com custo mínimo e aumento
ou atrair determinada empresa. Dessa forma, as empresas produtivo, em larga escala. Isso traz baixa precificação
são incentivadas por benefícios fiscais, mais oferta de mão nos produtos vendidos.
de obra barata e disponibilidade de grandes terrenos. Já o toyotismo abrange a produção seguindo a de-
manda, a necessidade pelo produto. O foco pela qua-
lidade e melhor acabamento do produto, de fato, au-
menta – já que o método busca mobilizar pessoas que
EXERCÍCIO COMENTADO possam garantir esses processos de qualidade.

TAYLORISMO
1. (ENEM– 2017) Antes mesmo do fordismo ou toyotismo existia o
No primeiro semestre do ano de 2009, o Supremo Tribunal taylorismo, o conceito era focado em trabalhos e fun-
Federal (STF), a mais alta corte judicial brasileira, prolatou ções bem divididas entre os trabalhadores e surgiu no
decisão referente ao polêmico caso envolvendo a de- início do século 20. Como consequência, tem-se au-
marcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, onde mento na produção, mais funções de trabalho e maior
habitam aproximadamente dezenove mil índios aldeados quantidade de profissionais subordinados, já que existe
nas tribos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Para- a fragmentação de funções.
mona — em julgamento paradigmático que estabeleceu
uma série de conceitos e diretrizes válidas não só para o
caso em questão, mas para todas as reservas indígenas
demarcadas ou em processo de demarcação no Brasil.
SALLES, D. J. P C. Disponível em: www.ambito-juridico.
com.br. Acesso em: 30 jul. 2013 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXEMPLOS DE SISTEMAS PRECÁRIOS


#FicaDica Um exemplo da precarização são as oficinas clandes-
tinas de costura, na região central de São Paulo. Em geral,
Não confundir os três conceitos como parte dos funcionários, de origem boliviana, trabalha por
regras obrigatórias adotadas por todas as horas em situações análogas à escravidão, sendo contra-
empresas, mas se tratam de sistemas de tados por essas oficinas que mantêm contato com gran-
produção usados como referência quanto a des empresas do setor de moda.
garantir resultados desejados. Outra questão sobre a precarização se observa na ex-
ploração em áreas de cultivos de produtos agrícolas em
regiões pelo interior do Brasil, distante dos grandes centros
SE LIGA! e da fiscalização. Comumente, a mídia retrata de denún-
O Frodismo E Taylorismo São Mais Seme- cias de exploração de pessoas.
lhantes Por Focarem Mais No Aumento
Produtivo. O Toyotismo Já Foca Mais Na INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Qualidade E É Mais Tecnológico. Essa atual revolução industrial amplia espaço para a in-
teligência artificial, que busca executar práticas exercidas
pelas pessoas. Isso suscita debates sobre a extinção de de-
terminadas vagas de trabalhos, já que algumas dessas fun-
ções são comandadas por programas de computadores.
EXERCÍCIO COMENTADO Imagine, por exemplo, sistemas que substituem o tra-
balho de recepcionistas para agendamentos de consul-
1. (ENEM– 2017) tas em clínicas. Hoje, empresas já investem em atendimen-
A conclusão tardia e perversa para o meio ambiente é tos automáticos semelhantes. Operadoras de telefonia já
o verdadeiro desastre ecológico e econômico ocasio- possuem sistema automático de atendimento ao cliente,
nado pelo plantio de café em terrenos declivosos. E o que direciona a pessoa a serviços e opções desejadas.
mais grave é que tal lavoura continua a ser praticada Cada vez mais são criadas plataformas, sistemas e re-
em moldes não muito diferentes daqueles que arrasa- cursos com intuito de trazer praticidade no cotidiano das
ram florestas, solos e águas no século XIX. pessoas. A inteligência artificial ganha espaço e tende a
SOFIATTI, A. Destruição e proteção da Mata Atlântica no se desenvolver cada vez mais daqui pra frente.
Rio de Janeiro: ensaio bibliográfico acerca da eco-histó-
ria. História, Ciências, Saúde, n. 2, jul.-out. 1997.
SE LIGA! 61
A atividade agrícola mencionada no texto provocou im- Para entender melhor o conceito de inteli-
pactos ambientais ao longo do século XIX porque gência artificial saiba que se trata de uma
inteligência que busca substituir ativida-
a) reforçava a ocupação extensiva. des humanas. o software siri, da apple, é
b) utilizava o solo do tipo terra roxa. um exemplo disso.
c) necessitava de recursos hídricos.
d) estimulava investimentos estrangeiros.
e) empregava mão de obra desqualificada.

Resposta: letra A. Essas práticas contribuíram muito para EXERCÍCIO COMENTADO


os impactos ambientais citados.
1. (ENEM– 2017)

TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O


MUNDO DO TRABALHO

PANORAMA ATUAL
Ainda em processo constante, a Terceira Revolução
Industrial começou no século 20 e segue nos dias de hoje,
sendo marcada pelo aprimoramento das tecnologias em te-
lecomunicação, informática e robótica. É perceptível cada
vez mais o uso de máquinas e softwares capazes de execu-
tar funções e atividades antes exercidas pelas pessoas.
E como nas demais era das revoluções industriais, a
precarização no trabalho é ainda um retrato atual, espe-
cialmente devido às terceirizações. Muitas multinacionais
contratam trabalhos de empresas terceiras encarregadas
de buscar mão de obra.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

O padrão da pirâmide etária ilustrada apresenta deman- nhora do Rosário. Na fachada, colocaram um oratório
da de investimentos socioeconômicos para a com a imagem de São Benedito. A comunidade do sé-
culo XVIII era organizada mediante a cor, por isso cada
a) redução da mortalidade infantil. grupo tinha sua irmandade: a dos brancos, dos crioulos,
b) promoção da saúde dos idosos. dos mulatos, dos pardos. Em cada localidade se cons-
c) resolução do déficit habitacional. truía uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário.
d) garantia da segurança alimentar. Com a decadência da mineração, a população negra
e) universalização da educação básica. foi levada para arraiais com atividades lucrativas diver-
sas. Eles se foram e ficou a igreja. Mas, hoje, está sendo
Resposta: letra B. Em alguns anos, o Brasil terá mais ido- resgatada a festa do Rosário e o Terno de Congado.
sos do que populações mais jovens, o que implica em CRUZ, L. Fé e identidade cultural. Disponível em: www.
políticas públicas voltadas a esses cidadãos. revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 jul. 2012.

Na lógica analisada, as duas festividades retomadas


MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA, recentemente, na cidade mineira de Tiradentes, têm
AGRONEGÓCIO E AGRICULTURA como propósito
FAMILIAR
a) valorizar a cultura afrodescendente e suas tradições
religiosas.
PRODUÇÕES AGRÍCOLAS b) retomar a veneração católica aos valores do passa-
As produções agrícolas acompanham modernização do colonial.
e mecanização nas frentes de cultivo, com mudanças c) reunir os elementos constitutivos da história econômi-
nas configurações de trabalho. O agronegócio é hoje um ca regional.
mix de atividades agrárias, econômicas e de mercado. A d) combater o preconceito contra os adeptos do cato-
agricultura é também responsável pela exportação de licismo popular.
commodities agrícolas como açúcar, soja e laranja, en- e) produzir eventos turísticos voltados a religiões de ori-
tre outros. O setor agrícola corresponde a cerca de 5% gem africana.
do PIB nacional e representa bilhões em exportações.
O Brasil tem bastante destaque no cenário agrícola, Resposta: letra A. De modo geral, a cultura brasileira
sendo o maior produtor de açúcar do planeta. O produ- é profundamente influenciada por referências africa-
62 to brasileiro segue para diversos mercados, desde Euro- nas, também presentes na culinária e identidade do
pa, Ásia, dentre outros. O café também tem grande des- brasileiro.
taque, sendo maior produtor mundial, O produto é desti-
nado ao mercado dos Estados Unidos, Japão e Europa.
O setor agrícola ainda conta com modernização TEMPO E CLIMA BRASILEIRO
tecnológica. No caso, o setor produtivo de açúcar, por
exemplo, conta com mecanização de processos no cul-
tivo e plantio de cana, além de laboratórios que atestam CONCEITOS
a qualidade do produto. Essencialmente tropical, o Brasil conta com seis cli-
mas em seu território: Equatorial, Tropical, Tropical Semi-
AGRICULTURA FAMILIAR árido, Tropical de Altitude, Tropical Litorâneo e Subtropi-
Nesse panorama, verifica-se a agricultura familiar, cal. As temperaturas mais elevadas se concentram no
que implica no cultivo de produtos e atividades agríco- Tropical Semiárido, onde também há locais com raras
las exercidas pelos membros de um núcleo familiar. Essas chuvas. Esse clima é típico da região Nordeste.
modalidades têm simbologia sustentável e representam
parte da produção de alimentos no Brasil. ASPECTOS GERAIS
Porém, ainda existe bastante concentração fundiá- No clima tropical, que predomina em quase todo o
ria, reduzindo as chances da agricultura familiar. Um dos país, durante o inverno, as temperaturas são mais ame-
grandes desafios, porém, é buscar políticas públicas mais nas e com pouca ou sem chuva. Durante o verão, as
eficazes para fomentar a atividade. temperaturas são mais altas, mas com chuvas ao fim do
dia. Justamente nesse período, é comum haver desliza-
mentos de terras e enchentes, por conta dos temporais.
No clima subtropical, no Sul, a temperatura, em ge-
EXERCÍCIO COMENTADO ral, é amena na maior parte do ano e com queda nos
índices durante o inverno. As temperaturas mais baixas
1. (ENEM– 2017) se relacionam a esse tipo clima, onde o verão e o inver-
Na antiga Vila de São José del Rei, a atual cidade de no são estações bem distintas. Nessa região, o inverno
Tiradentes (MG), na primeira metade do século XVIII, pode ser rigoroso para os padrões brasileiros. Há cida-
mais de cinco mil escravos trabalhavam na mineração des que chegam a nevar, como em São Joaquim (SC).
aurífera. Construíram sua capela, dedicada a Nossa Se-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

AQUECIMENTO GLOBAL formações que podem surgir por influência do ser huma-
De fato, muitos especialistas concordam que o aque- no, com modificação da paisagem, ou seja, a vegeta-
cimento global tem provocado mudanças climáticas ção pode ser alterada, com margem para surgimento de
significativas. Anualmente, a Terra vivencia aumento de outras características na paisagem.
temperatura, sobretudo, nos oceanos.
Nesse cenário, a biodiversidade é comprometida. VEGETAÇÕES
Pesquisadores confirmam a tese de que se as emissões Com biomas complexos e ricos em fauna e flora,
de CO2 (Dióxido de Carbono) não forem contidas, em o Brasil conta com oito tipo de vegetações:  Floresta
menos de 100 anos, a Terra vivenciará altas temperaturas Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pan-
que comprometerão a vida no planeta. tanal, Campos Sulinos, Mata de Araucária e Mangues.
Das oito vegetações brasileiras, a Floresta Amazônica é
a que possui maior extensão territorial. A vegetação ain-
da ocupa partes de países da América do Sul.
EXERCÍCIO COMENTADO
BIOMAS
1. (ENEM– 2012) Além de contar com oito tipos de vegetação, dentro
As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos desse panorama, é possível localizar ainda seis biomas:
mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apre- Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Panta-
sentam uma grande complexidade litológica, prevale- nal e Pampa. Os biomas são complexos, trazem biodi-
cendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré- Cam- versidade própria e ecossistemas. Confira abaixo mais
briano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusi- informações sobre cada um deles.
vas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as
áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, AMAZÔNIA
a Sul-Amazônica e a do São Francisco. Dentre os biomas brasileiros, a Amazônia é um dos
ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. destaques por se tratar da maior reserva de biodiversi-
São Paulo: Edusp, 1998. dade do planeta. Sendo ainda, o maior bioma do Brasil,
ocupando quase metade do território nacional.
As regiões cratônicas das Guianas e a Sul Amazônica têm
como arcabouço geológico vastas extensões de escu- CERRADO
dos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de O Cerrado também se destaca e é considerado
empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração o segundo maior bioma da América do Sul. A sua ve- 63
e destacam-se pela sua história geológica por getação cobre cerca de 22% do país. Ambientalistas,
atualmente, demonstram grande preocupação quanto
a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em a espécies de animais ameaçados de extinção dentro
jazidas minerais (ferro, manganês). desse bioma.
b) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que origi-
naram a maior planície do país. CAATINGA
c) o serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, Encontrada apenas no Brasil, a Caatinga é um tipo
decorrente da variação de temperatura. de bioma degradado, foi bastante explorado desde a
d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em chegada dos portugueses ao Brasil. Esse tipo de vegeta-
reservas de petróleo e gás natural. ção é o menos conservado do país.
e) corresponderem ao principal evento geológico do Ce-
nozoico no território brasileiro. MATA ATLÂNTICA
Esse tipo de bioma contempla planícies e monta-
Resposta: letra A. Essas regiões são bastante ricas em nhas. Esse complexo de biodiversidade sofreu diversas
minerais e se destacam no cenário mundial. alterações de paisagem ao longo dos anos e, assim
como a Caatinga, foi um dos espaços mais explorados
pelos colonizadores, o que transformou sua paisagem.
VEGETAÇÃO DO BRASIL
PAMPA
Com vegetação concentrada no Sul do Brasil, o bio-
CONCEITOS GERAIS ma ocupa mais de 60% do Estado do Rio Grande do Sul.
O surgimento de vegetações em um território implica O bioma é também encontrado no Uruguai e Argentina.
no tipo de relevo e clima de uma determinada região. E
por conta de sua diversidade natural e extensão territorial, PANTANAL
o Brasil possui vários tipos de vegetação. Presente em parte do território dos Estados de Mato
Porém, vale ressaltar que a determinação do tipo de Grosso e Mato Grosso do Sul, esse bioma também conta
vegetação originada conforme o clima se aplica apenas com pequeno território que se estende a Bolívia e Para-
a vegetações nativas. Não se pode ignorar, porém, outras guai. A vegetação que predomina é um tipo de savana.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

#FicaDica DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS


Biomas e vegetação não compartilham
BRASILEIROS
o mesmo conceito, mas são termos que
se relacionam. Para entender melhor, a SURGIMENTO DO CONCEITO
vegetação é a cobertura de um determinado Vegetação, clima e relevo em interação e, dessa
território desenvolvida com base no clima. junção, surge uma paisagem única. Essa é a definição
O bioma abriga essa vegetação, além clássica dos domínios morfoclimáticos. O geógrafo bra-
de organismo da flora, fauna e todo um sileiro Aziz Ab’Saber é o idealizador do conceito.
ecossistema. Aziz Ab’Saber faleceu em 2012 e acumulou prestígio
internacional, sendo um dos geógrafos e pesquisado-
res mais respeitados do mundo.Segundo o especialista,
existem seis tipos de domínios morfoclimáticos no país:
equatorial amazônico, cerrados, mares de morros, caa-
EXERCÍCIO COMENTADO tingas, araucárias e pradarias.

1. (ENEM– 2016) DOMÍNIO EQUATORIAL AMAZÔNICO


Esse tipo de domínio é caracterizado por predomi-
nância de chuvas intensas, além de relevo com depres-
sões e baixas altitudes. O clima é quente e úmido nessa
região.

DOMÍNIO EQUATORIAL DO CERRADO


Com vegetação predominantemente de Cerrado,
esse domínio possui chapadões, conjunto de planaltos
acima de 600 metros, aproximadamente.

DOMÍNIO EQUATORIAL DOS MARES DE MORROS


Tipo de domínio muito presente nas áreas litorâneas
64 do Brasil. Essas paisagens contemplam áreas cobertas
por mata atlântica, entre outras vegetações.

DOMÍNIO EQUATORIAL DAS CAATINGAS


Com clima semiárido e chuvas escassas, esse domí-
nio conta com relevos com depressão e se trata de uma
área historicamente bastante explorada desde a che-
Inspirada em fantasias de Carnaval, a arte apresentada
gada dos europeus às Américas.
se opunha à concepção de patrimônio vigente nas dé-
cadas de 1960 e 1970 na medida em que
DOMÍNIO EQUATORIAL DAS ARAUCÁRIAS
Domínio com clima subtropical encontrado desde o
a) se apropriava das expressões da cultura popular para
sul do Estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul, na por-
produzir uma arte efêmera destinada ao protesto.
ção norte do território gaúcho. A paisagem conta com
b) resgatava símbolos ameríndios e africanos para se
chuvas bem distribuídas ao longo do ano.
adaptar a exposições em espaços públicos.
c) absorvia elementos gráficos da propaganda para
DOMÍNIO EQUATORIAL DAS PRADARIAS
criar objetos comercializáveis pelas galerias.
d) valorizava elementos da arte popular para construir Marcado por vegetação rasteira, esse domínio se
representações da identidade brasileira. encontra na região dos Pampas, no Rio Grande do Sul.
e) incorporava elementos da cultura de massa para O local é marcado por atividades como a pecuária.
atender às exigências dos museus.

Resposta: letra A. A arte pode abraçar manifestação,


protestos ou ativismo em defesa de determinada
EXERCÍCIO COMENTADO
bandeira.
1. (ENEM– 2017)
A utilização dos métodos da Revolução Verde (RV) fez
com que aumentasse dramaticamente a produção
mundial de alimentos nas quatro últimas décadas, tanto
assim que agora se produz comida suficiente para ali-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

mentar todas as pessoas do mundo. Mas o fundamental


é que, apesar de todo esse avanço, a fome continua a
assolar vastas regiões do planeta. EXERCÍCIO COMENTADO
LACEY, H.; OLIVEIRA, M. B. Prefácio. In: SHIVA, V. Biopi-
rataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento. 1. (ENEM– 2017)
Petrópolis: Vozes, 2001. As intervenções da urbanização, com a modificação
das formas ou substituição de materiais superficiais, alte-
O texto considera que para erradicar a fome é neces- ram de maneira radical e irreversível os processos hidro-
sário dinâmicos nos sistemas geomorfológicos, sobretudo no
meio tropical úmido, em que a dinâmica de circulação
a) distribuir a renda. de água desempenha papel fundamental.
b) expandir a lavoura. GUERRA, A. J. T.; JORGE, M. C. O. Processos erosivos e
c) estimular a migração. recuperação de áreas degradadas. São Paulo: Oficina
d) aumentar a produtividade. de Textos, 2013 (adaptado).
e) desenvolver a infraestrutura.
Nesse contexto, a influência da urbanização, por meio
Resposta: letra A. A distribuição de renda combate a das intervenções técnicas nesse ambiente, favorece o
concentração de riqueza e pode ajudar a construir
uma sociedade menos desigual. a) abastecimento do lençol freático.
b) escoamento superficial concentrado.
c) acontecimento da evapotranspiração.
d) movimento de água em subsuperfície.
ESTRUTURA GEOLÓGICA
e) armazenamento das bacias hidrográficas.

Resposta: letra B. Existem aspectos da urbanização


CONSTITUIÇÃO que tendem a alterar processos naturais.
A Terra tem camadas específicas em sua constitui-
ção, uma delas é a litosfera, a porção mais sólida do
planeta. A litosfera está ligada à crosta terrestre, que é GEOMORFOLOGIA
a camada mais externa do planeta.
E são as classificações da litosfera que compõem a 65
estrutura geológica do planeta. Com base nesses da- CONCEITOS BÁSICOS
dos, a Terra possui três estruturas geológicas: crátons, as Os aspectos morfológicos e formatos de relevos mais
bacias sedimentares e os dobramentos modernos. superficiais podem ser estudados por meio da geomor-
fologia. Em linhas, gerais a geomorfologia estuda as for-
CRÁTONS mas superficiais da Terra.
Formações geológicas extremamente ancestrais, os Os primeiros estudos na área foram desenvolvidos
crátons surgiram praticamente juntamente com a ori- por Morris Davis, pai da geografia nos EUA, no final do
gem da Terra. São dos crátons que originaram minerais século 19. Ele é a referência principal em geomorfologia
bastante preciosos para a humanidade, desde ouro e em todo o mundo.
ferro. A junção de geografia e geologia ainda estuda as-
pectos geológicos, processos históricos relacionados e
AS BACIAS SEDIMENTARES modificações sofridas por esses relevos. A geomorfolo-
Surgiram milhões de anos atrás, sendo depressões na gia também vai analisar outros aspectos relacionados
superfície da Terra, bem como, formações rochosas. As às transformações do relevo.
rochas quando desgastadas dão origem a sedimentos.
O processo de sedimentação por milhões de anos IMPORTÂNCIA
foi acumulando materiais orgânicos e corpos de seres Por meio da geomorfologia é possível compreender
vivos. Os fósseis então se tornam líquidos, por meio de melhor elementos ligados às composições naturais da
processos de temperatura e pressão no fundo dos ma- Terra. Graças à geomorfologia, a ciência pode estudar
res e oceanos. Esse cenário, com base em aspectos de relevos e aspectos naturais, a fim de, inclusive, ter emba-
armazenamento, deu origem ao petróleo. samento e melhor compreensão sobre desastres como
inundações, erosões ou deslizamentos em localidades
OS DOBRAMENTOS MODERNOS originadas de forma desordenada em morros das gran-
São formações rochosas recentes quando compa- des cidades, por exemplo.
rados a outras constituições. As formações não ocorre- Em linhas gerais, ela é essencial como norteadora
ram antes de 250 milhões de anos atrás. Como exemplo das ocupações humanas nos espaços. Além disso, o
desses desdobramentos, tem-se: a Cordilheira dos An- estudo do relevo em geomorfologia não é superficial,
des, os Alpes na Europa, entre outros. mas leva em conta vários elementos que o compõe e o
transformam.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

O território nacional abriga as seguintes bacias hi-


#FicaDica drográficas: bacia Amazônica, bacia do São Francisco,
doTocantins-Araguaia, bacia do Paraná, do Parnaíba,
Sempre bom reforçar, a geomorfologia é um do Uruguai, do Paraguai, do Atlântico Nordeste Oriental,
importante ferramenta para compreender além da bacias hidrográficas Atlântico Nordeste Oci-
a realidade. Aspectos do solo têm muito dental, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste e Atlântico Sul.
impacto em situações habituais nas cidades
como inundações e deslizamentos de terras, RECURSOS HÍDRICOS
sobretudo, em áreas ocupadas de forma A bacia amazônica sozinha drena um território que
desordenada. corresponde a cerca de sete milhões de km². Ela con-
templa rios, córregos e ribeirões. Essa bacia também
ultrapassa territórios além da fronteira na região Norte
SE LIGA! e chega a países como Colômbia, Venezuela, Peru e
Questões sobre geomoforfologia podem Equador.
trazer mapas sobre relevos. por isso, é Outra bacia bastante relevante para o país é a São
fundamental compreender o contexto e Francisco, que compreende parte do Sudeste até o Nor-
manter atenção às legendas. interpreta- deste. Uma das questões mais desafiantes para a biodi-
ção de texto conta também. versidade tem a ver com os danos ambientais sofridos
pelos rios da bacia, em meio ao garimpo e mineração.

RIO AMAZONAS
Um dos rios mais importantes do mundo, o Amazonas
EXERCÍCIO COMENTADO tem capacidade para abastecer mais de 70% do país, de-
vido ao alto volume de suas águas. Se trata do maior rio
1. (ENEM– 2017) da Terra, em termos de extensão e volume. Ele conta ain-
Em um governo que deriva sua legitimidade de eleições da com milhares de afluentes e mais de 6 milhões de km.
livres e regulares, a ativação de uma corrente comuni-
cativa entre a sociedade política e a civil é essencial e
constitutiva, não apenas inevitável. As múltiplas fontes EXERCÍCIO COMENTADO
de informação e as variadas formas de comunicação
66 e influência que os cidadãos ativam através da mídia,
1. (ENEM– 2011)
movimentos sociais e partidos políticos dão o tom da re-
Eleições, no Império, eram um acontecimento muito es-
presentação em uma sociedade democrática.
pecial. Nesses dias o mais modesto cidadão vestia sua
URBINATI, N. O que torna a representação democráti-
melhor roupa, ou a menos surrada, e exibia até sapatos,
ca? Lua Nova, n. 67, 2006.
peças do vestuário tão valorizadas entre aqueles que
pouco tinham. Em contraste com essa maioria, vesti-
Esse papel exercido pelos meios de comunicação favo- mentas de gala de autoridades civis, militares e eclesi-
rece uma transformação democrática em função do(a) ásticas ― tudo do bom e do melhor compunha a indu-
mentária de quem era mais que um cidadão qualquer e
a) limitação dos gastos públicos. queria exibir em público essa sua privilegiada condição.
b) interesse de grupos corporativos. CAVANI, S. Às urnas, cidadãos! In: Revista de História da
c) dissolução de conflitos ideológicos. Biblioteca Nacional. Ano 3, nº 26, nov. 2007.
d) fortalecimento da participação popular.
e) autonomia dos órgãos governamentais. No Brasil do século XIX, a noção de cidadania estava
vinculada à participação nos processos eleitorais. As
Resposta: letra D. A participação popular pode ser eleições revelavam um tipo de cidadania carente da
fomentada e incentivada com ajuda dos meios de igualdade jurídica defendida nesse mesmo período por
comunicação. Em tempos de redes sociais, pode-se muitos movimentos europeus herdeiros do Iluminismo
criar correntes de mobilização. devido à

a) exclusão dos analfabetos, que impedia a maioria da


BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS população de participar das eleições.
b) raridade das eleições, que criava apenas a ilusão de
participação entre os cidadãos.
Particularidades c) vigência da Constituição do Império, que definia
No Brasil se localiza a maior bacia hidrográfica do como cidadãos apenas aqueles que eram eleitos.
mundo, a bacia amazônica. As bacias hidrográficas d) presença do Poder Moderador, que significava, na
são extensões de escoamento de rios, elas se posicio- prática, a inutilidade das eleições legislativas.
nam em maiores altitudes. Cerca de 12% das reservas e) existência do voto censitário, que reafirmava as hie-
de água doce do mundo está no Brasil. Por isso, o país rarquias sociais.
é a nação que possui mais recursos hídricos do planeta.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Resposta: letra E. Conceitualmente, o voto censitário TEXTO II


é concedido a um restrito grupo de pessoas e pode Um cidadão integral pode ser definido por nada me-
considerar aspectos econômicos. nos que pelo direito de administrar justiça e exercer
funções públicas; algumas destas, todavia, são limita-
das quanto ao tempo de exercício, de tal modo que
FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS E NÃO não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes
pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois
RENOVÁVEIS
de certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no
Quando se trata de fontes de energias renováveis, o século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
Brasil é referência mundial nesse quesito, devido às suas a.C.), a cidadania era definida pelo (a)
matrizes energéticas, que incluem hidrelétricas, biocom-
bustíveis e biomassa. Essas fontes são consideradas re- a) prestígio social.
nováveis, pois não se esgotam e são sustentáveis, em b) acúmulo de riqueza.
alinhamento às demandas ambientais da sociedade c) participação política.
mundial, especialmente quando se trata de etanol, em
d) local de nascimento.
substituição à gasolina e diesel.
e) grupo de parentesco.
Em geral, as principais fontes energias renováveis
são: hidráulica, energia solar, eólica, geotérmica e bio-
Resposta: letra C. Esse conceito implica no entendi-
combustíveis. No Brasil, as usinas hidrelétricas represen-
mento de política como um todo, e de que a po-
tam 90% da energia elétrica produzida no país.
lítica está em tudo, como nas relações sociais, na
A energia eólica é também uma alternativa para for-
luta por melhorias de vida, na fiscalização do poder
talecer as matrizes energéticas e buscar soluções mais
público e na formação.
sustentáveis. O Brasil tem grande potencial para gerar
esse tipo de energia que provém do sol. Contudo, essa
opção ainda é pouco aproveitada e tem alto custo em
termos de investimentos. FONTES ENERGÉTICAS NO BRASIL E
PRODUÇÃO DE ENERGIA
FONTES DE ENERGIA NÃO RENOVÁVEIS 67
As fontes não renováveis são esgotáveis, como pe-
tróleo, carvão e gás natural. Esses recursos podem se
esgotar algum dia, em algum período da Terra. O petró- BRASIL, REFERÊNCIA MUNDIAL
leo, por exemplo, que sempre motivou disputas e confli- O petróleo ainda é uma fonte de energia bastan-
tos entre nações, assim como outras fontes de energia te importante para o Brasil, apesar de ser um exemplo
não renováveis, também contribui para a degradação de fonte não renovável e contribuinte da poluição no
ambiental, sobretudo, o efeito estufa. planeta.
Hoje, ainda representa a principal fonte de energia Porém, mesmo assim, o Brasil é referência mundial
para o planeta, nos meios de transportes, assim como em fontes de energias sustentáveis ou renováveis.
na indústria, de forma geral. O Brasil tem produção con- Como exemplo dessas fontes, tem-se as hidráulicas,
siderável de petróleo, mas não é o principal produtor fontes de energia eólica, biomassa e solar. Lembran-
mundial. A Rússia lidera esse posto. do que 45% das fontes de energia usadas no Brasil é
renovável.

USINAS HIDRELÉTRICAS
EXERCÍCIO COMENTADO Como a maior parte da energia consumida provém
das hidrelétricas, de alguma forma, o país mantém
1. (ENEM– 2014) certa dependência na quantidade de chuvas, o que
abastece as hidrelétricas. Mesmo assim, esse tipo de
TEXTO I fonte de energia tem menos impacto ambiental, por
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não utilizar como recurso uma fonte renovável, a água.
como alguém que cuida apenas de seus próprios inte- Outra desvantagem observada é a desapropriação
resses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, de- de diversas reservas ambientais e indígenas em prol da
cidimos as questões públicas por nós mesmos na crença construção de usinas hidrelétricas, além de desmata-
de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim mento durante as obras. Ambientalistas alertam para a
o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de necessidade de estudos mais profundos sobre impac-
chegar a hora da ação. tos ambientais, quando se trata de construir esses em-
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: preendimentos.
UnB, 1987 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

BIOCOMBUSTÍVEIS c) da diminuição acelerada do uso de recursos naturais,


Setor que cresce cada vez mais no Brasil, os biocom- ainda que isso represente perda da qualidade de vida
bustíveis ganham espaço como alternativa de com- de milhões de pessoas.
bustível sustentável e renovável. Solução para quebrar d) da fabricação de produtos reutilizáveis e biodegradá-
a hegemonia de combustíveis fósseis, que são danosos veis, evitando-se substituições e descartes, como medi-
ao meio ambiente. Os biocombustíveis compreendem das para a redução da degradação ambiental.
etanol e o biodiesel. e) da transferência dos aterros sanitários para as partes
O etanol é obtido no Brasil por meio da cana-de- mais periféricas das grandes cidades, visando-se à pre-
-açúcar. Já o biodiesel é originado por meio de óleos servação dos ambientes naturais.
vegetais e é adicionado ao diesel.
O mercado de etanol brasileiro tem crescido signi- Resposta: letra D. Práticas sustentáveis no dia a dia in-
ficativamente no país. Ao lado dos Estados Unidos, o centivam melhorias na qualidade de vida e preserva-
Brasil se firma como grande produtor mundial do setor e ção do meio ambiente.
busca crescer ainda mais.

BIOMASSA MODELO DE DESENVOLVIMENTO, VIDA


Proveniente de matéria vegetal ou orgânica para a URBANA E IMPACTOS AMBIENTAIS
geração de energia, a biomassa é bastante usada no
país, sendo a terceira fonte mais empregada. É alterna-
tiva renovável e sustentável e vem se firmando no mer- SUSTENTABILIDADE
cado gradualmente. Cada vez mais, a sociedade discute formas de aliar o
cotidiano corrido nas cidades às políticas sustentáveis, na
promoção de saúde e bem-estar à população. Nesses con-
SE LIGA! ceitos, cabe falar de sustentabilidade, que não é um discur-
Biocombustível é a mesma coisa que eta- so apenas relativo a impactos ambientais, mas contempla
nol? teroricamente, sim. porém, saiba saúde e promoção da qualidade de vida no planeta.
que etanol é um dos tipos de biocombus- Centros urbanos voltados a práticas embasadas nes-
tíveis produzidos hoje. lembre-se de que o ses conceitos conseguem adotar modelos de desenvol-
biodiesel é também um biocombustível. vimento, com a proposta de melhoria nas relações entre
as pessoas, nas relações com a cidade e na busca por
saúde e bem-estar.
68 Existem diversos modelos implementados seguindo
essa lógica. Conheça dois exemplos de práticas susten-
EXERCÍCIO COMENTADO táveis alinhadas a esses conceitos e que são usadas hoje:

1. (ENEM–2010) HORTAS URBANAS


O crescimento rápido das cidades nem sempre é As maiores metrópoles do mundo contam com políti-
acompanhado, no mesmo ritmo, pelo atendimento de cas sustentáveis e colaborativas que integram a popula-
infraestrutura para a melhoria da qualidade de vida. ção e priorizam ações de bem-estar e sustentabilidade.
A deficiência de redes de água tratada, de coleta e As hortas urbanas são exemplos dessa dinâmica, onde
tratamento de esgoto, de pavimentação de ruas, de promovem espaços de cultivos de produtos em caráter
galerias de águas pluviais, de áreas de lazer, de áreas totalmente colaborativo.
verdes, de núcleos de formação educacional e profis- Em São Paulo, algumas hortas foram erguidas em tra-
sional, de núcleos de atendimento médico-sanitário é balho conjunto e comunitário e parte dos produtos cul-
comum nessas cidades. tivados é consumido pelos participantes da ação, mas
ROSS, J. L. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: também pode ser comercializado. A ideia é integrar as
Edusp, 2009 (adaptado). pessoas e promover cada vez mais ações em consonân-
cia com práticas sustentáveis.
Sabendo que o acelerado crescimento populacional
urbano está articulado com a escassez de recursos fi- ORGÂNICOS
nanceiros e a dificuldade de implementação de leis de O consumo de produtos orgânicos, livres de agrotóxi-
proteção ao meio ambiente, pode-se estabelecer o es- cos, faz também parte das ações que visam sustentabili-
tímulo a uma relação sustentável entre conservação e dade, com alimentos saudáveis e sem insumos químicos.
produção a partir E tudo isso ainda está relacionado ao direito das pessoas
em conhecerem a origem dos alimentos que consomem,
a) do aumento do consumo, pela população mais po- priorizando a saúde e qualidade de vida para a popula-
bre, de produtos industrializados para o equilíbrio da ção de hoje e futuras gerais.
capacidade de consumo entre as classes. Em expansão, o mercado de produtos orgânicos vem
b) da seleção e recuperação do lixo urbano, que já é se consolidando no país. Em 2017, o setor faturou mais de
uma prática rotineira nos grandes centros urbanos R$ 3,5 bilhões. Os dados são do Conselho Brasileiro da Pro-
dos países em desenvolvimento. dução Orgânica e Sustentável (Organis).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXERCÍCIO COMENTADO EXERCÍCIO COMENTADO

1. (ENEM– 2016) 1. (ENEM– 2009)


Tendo se livrado do entulho do maquinário volumoso e A liderança política do processo de independência das
das enormes equipes de fábrica, o capital viaja leve, colônias foi decisiva para os rumos que as novas nações
apenas com a bagagem de mão, pasta, compu- tomaram, pois as elites evitaram que as reivindicações
tador portátil e telefone celular. O novo atributo da vo- mais radicais fossem atendidas, marginalizando, assim,
latilidade fez de todo compromisso, especialmente do política e socialmente, a maioria. A ruptura dos laços
compromisso estável, algo ao mesmo tempo redundan- coloniais não significou o surgimento de uma socieda-
te e pouco inteligente: seu estabelecimento paralisaria de democrática e autônoma. A respeito da formação
o movimento e fugiria da desejada competitividade, do Estado Nacional na América Latina, é correto asso-
reduzindo a priori as opções que poderiam levar ao au- ciar ao texto acima
mento da produtividade.
BAUMAN. Z. Modemidade líquida Rio a) o governo de D. Pedro I no Brasil, que provocou ade-
de Janeiro: Zahar. 2001. sões daqueles que queriam mais garantias constitu-
cionais, o que conferiu ao imperador reconhecimen-
No texto,faz-se referência a um processo de transforma- to e apoio da elite latifundiária.
ção do mundo produtivo cuja consequência é o(a) b) a unidade administrativa do império português, por
haver características comuns entre as regiões coloni-
a) regulamentação de leis trabalhistas mais rígidas. zadas e homogeneidade na ocupação.
b) fragilização das relações hierárquicas de trabalho. c) a falta de líderes para os movimentos nacionalistas
c) decréscimo do número de funcionários das empresas. contra o domínio português, em oposição à América
d) incentivo ao investimento de longos planos de car- Espanhola.
reiras. d) os partidos políticos que se formaram no final do sé-
e) desvalorização dos postos de gerenciamento cor- culo XVIII e assumiram os controles político e admi-
porativo. nistrativo dos Estados se ergueram contra os grandes
proprietários de terra e rebanhos.
Resposta: letra C. Em muitas cenários, a tendência é en- e) o ordenamento jurídico-político e as diretrizes eco-
xugar as estruturas nos postos de trabalhos e flexibilizar nômicas no início do século XIX beneficiaram os seg- 69
as relações entre o contratado e o contratante. mentos sociais não proprietários, devido ao incre-
mento na produção manufatureira.

USO DOS RECURSOS HÍDRICOS E Resposta: letra A. O governo de D.Pedro I também foi
IMPACTOS AMBIENTAIS palco de muitas revoltas regionais.

MUDANÇA CLIMÁTICA E POLUIÇÃO


DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ATMOSFÉRICA
A degradação ambiental nos rios e seus afluentes
impacta diretamente no cotidiano das cidades e pode
representar um futuro catastrófico, numa ameaça à EFEITOS DA POLUIÇÃO
escassez de água. Sistemas de esgotos e saneamento A cada ano, a temperatura na Terra aumenta, os
ineficazes também contribuem para a poluição hídrica. efeitos do aquecimento global podem trazer danos à
A poluição nos rios é decorrente das práticas huma- biodiversidade, sobretudo nos mares e rios. Esse aque-
nas, que favorece a presença de entulhos e lixos. Polui- cimento é originado pela emissão de gases poluentes
ção nos rios também contribui para a extinção de mui- provocada pela ação humana.
tas espécies de peixes e outros seres vivos. O uso intenso de carros movidos a combustível fós-
Nos oceanos, a degradação também é realidade. sil também tem contribuído muito com a poluição. A
Estima-se que mais de 25 milhões de toneladas de lixo liberação de gases poluentes por meio do uso dessas
chegam aos mares de todo o mundo anualmente. O fontes também fomenta altos índices de doenças res-
Brasil contribui com mais de dois milhões desse índice. piratórias.
Os dados são da Associação Internacional de Resíduos O aquecimento global é uma ameaça real, muitas
Sólidos (Iswa, na sigla em inglês). regiões do planeta têm sentido esses efeitos. Algumas
pesquisas já atestaram, por exemplo, redução de ge-
leiras na Antártida. Entre 1992 e 2017, foram perdidos
três trilhões de toneladas de gelo, segundo artigo da
Nature.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS Fria, num momento de integração entre muitas nações


Durante a greve dos caminhoneiros, em 2018, a po- dispostas a contribuir com as questões de preservação
luição em São Paulo reduziu pela metade, segundo a do planeta.
Agência Fapesp. Isso mostra o quanto a redução de veí- Nações que não buscam medidas para se alinhar a
culos nas ruas e estradas pode contribuir para amenizar os essas demandas perdem notoriedade na dinâmica da
efeitos de CO2 (Dióxido de Carbono) no planeta. Nova Ordem Mundial. A falta de alinhamento compro-
Foco no transporte público, a diminuição do uso do mete as relações diplomáticas e isso traz consequências
carro, adoção do etanol como combustível e até utili- futuras na dinâmica geopolítica, com isolamento que
zação de meios como a bicicleta são ações entendidas não oferece vantagens, visto que discutir demandas
como significativas para amenizar o cenário. Em cidades ambientais é cada vez mais prioridade.
europeias, que estão mais alinhadas às práticas sustentá-
veis, utilizar veículo em determinados locais requer autori- ACORDOS CLIMÁTICOS
zação do poder público e prevê multas para descumpri- Em busca de um cenário menos negativo para as
mento da ação, tudo isso para incentivar outras formas gerações futuras, quando se trata de impactos am-
de se locomover e reduzir a frota de carros nas ruas. bientais, os acordos climáticos têm surgido para forçar
o comprometimento da comunidade internacional em
torno de uma demanda importante. A primeira confe-
rência de renome se realizou nos anos 70, em Estocolmo,
EXERCÍCIO COMENTADO na Suécia.
Desde então houve outros encontros, especialmente
1. (ENEM– 2017) mediados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A configuração do espaço urbano da região do Entorno Destaque para a Eco-92, em 1992, no Rio de Janeiro,
do Distrito Federal assemelha-se às demais aglomerações considerada um marco, onde nasceu insumo para um
urbanas e regiões metropolitanas do país, onde é facil- tratado internacional.
mente identificável a constituição de um centro dinâmico Outras conferencias surgiram, uma delas, o Protoco-
e desenvolvido, onde se concentram as oportunidades lo de Kyoto, no Japão, em 1997, que estabeleceu metas
de trabalho e os principais serviços, e a constituição de para redução de CO2. Em 2015, houve um passo impor-
uma região periférica concentradora de população de tante com o Acordo de Paris, COP-21, as metas do milê-
baixa renda, com acesso restrito às principais atividades nio. Essa conferência é uma atualização de Kyoto e traz
com capacidade de acumulação e produtividade, e aos um discurso ainda mais incisivo em relação às questões
70 serviços sociais e infraestrutura básica. climáticas e exige mais empenho das nações em reduzir
CAIADO, M. C. A migração intrametropolitana e o pro- as emissões de CO2.
cesso de estruturação do espaço urbano da Região
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e En-
torno. ln: HOGAN, D. J. et ai. (Org.). Migração e ambiente
nas aglomerações urbanas. Campinas: Nepo/Unicamp, EXERCÍCIO COMENTADO
2002.
1. (ENEM– 2010)
A organização interna do aglomerado urbano descrito é
resultado da ocorrência do processo de
a) expansão vertical.
b) polarização nacional.
c) emancipação municipal.
d) segregação socioespacial.
e) desregulamentação comercial.

Resposta: Letra D. A segregação socioespacial fomenta


marginalização da periferia e de quem faz parte dela.

NOVA ORDEM AMBIENTAL E AS


CONFERÊNCIAS AMBIENTAIS
INTERNACIONAIS
A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-
1975), conflito militar cuja cobertura jornalística utilizou,
MEIO AMBIENTE COMO PAUTA em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos
Por mais que o planeta esteja em alerta quanto às papéis exercidos pelos meios de comunicação na co-
questões ambientais, nunca se falou tanto sobre a pre- bertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi
servação do meio ambiente como neste século. A Nova
Ordem Ambiental surge nesse cenário, após a Guerra
Ciências Humanas e suas Tecnologias

a) demonstrar as diferenças culturais existentes entre http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambien-


norte-americanos e vietnamitas. te/2009/10/biomas-brasileiros - Acesso: 10/01/2019 -
b) defender a necessidade de intervenções armadas 11:48
em países comunistas. https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/
c) denunciar os abusos cometidos pela intervenção mi- bacias-sedimentares.htm - Acesso: 10/01/2019 - 13:19
litar norte-americana. http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
d) divulgar valores que questionavam as ações do go- cia/2018-08/producao-organica-esta-em-expansao-no-
verno vietnamita. -pais - Acesso: 10/01/2019 - 19:19
e) revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-
América. -ambiente/80-residuos-oceanos-origem-cidades/
- Acesso: 10/01/2019 – 20:00
Resposta: letra C. Foto icônica chocou o mundo e https://www.terra.com.br/noticias/educacao/info-
até hoje é usada como referência desse conflito que graficos/dia-da-agua/ - Acesso: 10/01/2019 – 20:15
trouxe mais de um milhão de vietnamitas mortos. https://www.nexojornal.com.br/
grafico/2017/11/17/O-hist%C3%B3rico-dos-principais-en-
contros-e-acordos-clim%C3%A1ticos-mundiais - Acesso:
Referências
10/01/2019 – 20:15
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4135505/
mod_resource/content/1/A%20Identidade%20Cul-
tural%20na%20P%C3%B3s-Modernidade%20-%20Stu-
art%20Hall.pdf- Acesso: 27/11/2018 – 22:11
Ribeiro, Darcy - O Povo Brasileiro. A Formação e o
Sentido do Brasil. São Paulo: Editora Global, 2014
https://docente.ifrn.edu.br/jordanacosta/discipli-
nas/caico-1o-ano-2014/informatica/escala-cartografi-
ca - Acesso: 28/11/2018 –23:00
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41115877 -
Acesso: 28/11/2018 - 17:00
https://nacoesunidas.org/atual-modelo-de-urbani-
zacao-e-insustentavel-onu-habitat-relatorio/ - Acesso:
28/11/2018 – 18: 15 71
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/pa-
norama - Acesso: 28/11/2018 – 18: 25
https://www.unisc.br/site/sidr/2013/Textos/112.pdf -
Acesso: 30/11/2018 - 23:30
http://epe.gov.br/pt/abcdenergia/fontes-de-ener-
gia - Acesso: 01/12/2018 - 00:01
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambien-
te/2010/11/matriz-energetica - Acesso: 01/12/2018 -
00:30
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0104-42302007000300004 - Acesso: 01/12/2018 -
00:55
http://agencia.fapesp.br/poluicao-em-sao-paulo-
-diminuiu-pela-metade-com-greve-dos-caminhonei-
ros/27927/ - Acesso: 01/12/2018 - 01:19
https://www.infoescola.com/geografia/divisao-
-geoeconomica-do-brasil/- Acesso: 08/01/2019 – 09:51
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/05/econo-
mia/1501927439_342599.html - Acesso: 08/01/2019 –
11:59
https://www.suapesquisa.com/uniaoeuropeia/crise.
htm- Acesso: 08/01/2019 –12:00
https://g1.globo.com/economia/noti-
cia/2018/08/29/brasil-tem-mais-de-208-milhoes-de-ha-
bitantes-segundo-o-ibge.ghtml - Acesso: 09/01/2018 -
12:20
http://www.suframa.gov.br/zfm_o_que_e_o_proje-
to_zfm.cfm - Acesso: 09/01/2018
Ciências Humanas e suas Tecnologias

conhece muito de Shengzhou, mas sabe de algo impor-


tante: “Lá estão as gravatas mais baratas do mundo. Na
HORA DE PRATICAR! Índia, são 15% mais caras. Na Europa, 300%”.

1. (ENEM -2017) Superinteressante. Nº 271, nov. 2009.


Art.231. São reconhecidos aos índios sua organização so-
cial, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos A coesão é uma estratégia espacial adotada pelas indústrias
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, para reduzir o custo de comercialização. No caso chinês, a
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer res- interação socioespacial ocorre com diversas partes do mun-
peitar todos os seus bens. do, inclusive com São Paulo. De acordo com as informações
da reportagem, é possível identificar essa coesão na
BRASIL. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br.
a) diminuição do custo da mão de obra intelectualizada.
Acesso em: 27 abr. 2017.
b) redução das redes de telecomunicações mundiais.
c) distribuição global da montagem do produto.
A persistência das reivindicações relativas à aplicação d) ampliação das distâncias continentais.
desse preceito normativo tem em vista a vinculação his- e) especialização produtiva da indústria local.
tórica fundamental entre
4. (ENEM – 2009)
a) etnia e miscigenação racial. Na democracia estado-unidense, os cidadãos são incluí-
b) sociedade e igualdade jurídica. dos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políti-
c) espaço e sobrevivência cultural. cos e também pela ideia geral de direito de propriedade.
d) progresso e educação ambiental. Compete ao governo garantir que esse direito não seja
e) bem-estar e modernização econômica. violado. Como consequência, mesmo aqueles que pos-
suem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de
2. (ENEM -2016) pleno direito. Na tradição política dos EUA, uma forma de
Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtu- incluir socialmente os cidadãos é
de da lei civil, seja da lei comum dos povos; em
virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte a) vincular democracia e possibilidades econômicas indi-
viduais.
anos permitir a venda de si própria com a finalidade de
b) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
72 lucrar conservando uma parte do preço da compra; e
c) submeter o indivíduo à proteção do governo.
em virtude da lei comum dos povos, são nossos escra-
d) defender a obrigação de que todos os indivíduos te-
vos aqueles que foram capturados na guerra e aqueles nham propriedades.
que são filhos de nossas escravas. e) estimular a formação de propriedades comunais.
CARDOSO,C. F. Trabalho compulsório na Antiguidade.
São Paulo: Graal, 2003. 5. (ENEM–2016)

A obra lnstitutas, do jurista Aelius Marcianus (século III TEXTO I


d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma antiga. No di- Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos
reito e na sociedade romana desse período, os escravos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília”
compunham uma e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era
a eles aplicado, mas as referências ao status econômico
a) mão de obra especializada protegida pela lei. e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os ter-
b) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos. mos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais
c) categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos po- frequência do que qualquer outro.
vos. SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação.
d) condição legal independente da origem étnica do Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA,
C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira
indivíduo.
(1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
e) comunidade criada a partir do estabelecimento das
leis escritas.
TEXTO II
Índio é um conceito construído no processo de conquista
3. (ENEM – 2011) da América pelos europeus. Desinteressados pela diversi-
A cada 80 dias, 20 mil gravatas chegam a uma lojinha dade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o
do Brás, bairro comercial de São Paulo. É o fim de uma outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugue-
viagem e tanto para elas ― navegam por um mês des- ses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar
de Shengzhou, uma cidade no leste chinês. Mas a para- da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinam-
da no Brás não deve demorar. Pelo menos se depender bás e os astecas.
de Márcio, o dono da loja. Ele costuma vender todo o SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos.
estoque até a chegada da carga seguinte. Márcio não São Paulo: Contexto, 2005.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Ao comparar os textos, as formas de designação dos gru- A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social
pos nativos pelos europeus, durante o período analisado, da África Ocidental pode ser relacionada a uma carac-
são reveladoras da terística marcante das cidades no Brasil escravista nos
séculos XVIII e XIX, que se observa pela
a) concepção idealizada do território, entendido como
geograficamente indiferenciado. a) restrição à realização do comércio ambulante por
b) percepção corrente de uma ancestralidade comum africanos escravizados e seus descendentes.
às populações ameríndias. b) convivência entre homens e mulheres livres, de diver-
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações sas origens, no pequeno comércio.
dos territórios conquistados. c) presença de mulheres negras no comércio de rua de
d) transposição direta das categorias originadas no ima- diversos produtos e alimentos.
ginário medieval. d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continen-
e) visão utópica configurada a partir de fantasias de ri- te de origem dos escravizados.
queza. e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades li-
gadas ao pequeno comércio urbano.
6. (ENEM–2013)
Trata-se de um gigantesco movimento de construção 8. (ENEM–2015)
de cidades, necessário para o assentamento residencial Algumas regiões do Brasil passam por uma crise de água
dessa população, bem como de suas necessidades de por causa da seca. Mas, uma região de Minas Gerais
trabalho, abastecimento, transportes, saúde, energia, está enfrentando a falta de água no campo tanto em
água etc. Ainda que o rumo tomado pelo crescimento tempo de chuva como na seca. As veredas estão se-
urbano não tenha respondido satisfatoriamente a todas cando no norte e no noroeste mineiro. Ano após ano,
essas necessidades, o território foi ocupado e foram cons- elas vêm perdendo a capacidade de ser a caixa-
-d’água do grande sertão de Minas.
truídas as condições para viver nesse espaço.
VIEIRA, C. Degradação do solo causa perda de
MARICATO. E. Brasil, cidades: alternativas para a crise
fontes de água de famílias de MG.
urbana. Petrópolis Vozes. 2001.
Disponível em: http://g1.globo.com.
Acesso em: 1 nov. 2014.
A dinâmica de transformação das cidades tende a apre-
sentar como consequência a expansão das áreas perifé-
As veredas têm um papel fundamental no equilíbrio hi-
ricas pelo(a)
drológico dos cursos de água no ambiente do Cerrado, 73
a) crescimento da população urbana e aumento da es-
pois
peculação imobiliária.
b) direcionamento maior do fluxo de pessoas, devido à
a) colaboram para formação de vegetação Xerófila.
existência de um grande número de serviços. b) formam os leques aluviais nas planícies das bacias.
c) delimitação de áreas para uma ocupação organiza- c) fornecem sumidouro para as águas de recarga da
da do espaço físico, melhorando a qualidade de vida. bacia.
d) implantação de políticas públicas que promovem a d) contribuem para o aprofundamento dos talvegues à
moradia e o direito à cidade aos seus moradores. jusante.
e) reurbanização de moradias nas áreas centrais, man- e) constituem um sistema represador da água na cha-
tendo o trabalhador próximo ao seu emprego, diminuin- pada.
do os deslocamentos para a periferia.
9. (ENEM–2015)
7. (ENEM – 2016) Os movimentos de massa constituem-se no desloca-
A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mento de material (solo e rocha) vertente
mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, au- abaixo pela influencia da gravidade. As condições que
tonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atesta- favorecem os movimentos de massa dependem prin-
da por viajantes e por missionários portugueses que visi- cipalmente da estrutura geológica, da declividade da
taram a costa a partir do século XV, consta também na vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação
ampla documentação sobre a região. A literatura é rica e da atividade antrópica.
em referências às grandes mulheres como as vendedo- BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens
ras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC,
autonomia e mobilidade, é tão típico da região. 2003 (adaptado). Em relação ao processo descrito, sua
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: ocorrência é minimizada em locais onde há
a agência feminina e representações em mudança na
Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA, S. (Org.). Identi- a) exposição do solo.
dades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: b) drenagem eficiente.
LGE; Luanda: Nzila, 2006. c) rocha matriz resistente.
d) agricultura mecanizada.
e) média pluviométrica elevada.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

10. (ENEM–2013) a) ataque feito pelos japoneses à base militar america-


A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma na de Pearl Harbor.
guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados b) desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivali-
locais. Não deve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, dades entre nações.
como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, c) morte de milhões de soldados nos combates da Se-
talvez, depois de uma revolução, como aconteceu na gunda Guerra Mundial.
França, sendo essa revolução obra exclusiva da popu- d) execução de judeus e eslavos presos em guetos e
lação livre. É no Parlamento e não em fazendas ou qui- campos de concentração nazistas.
lombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, e) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e
que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade. Nagasaki pelas forças norte-americanas.
NABUCO, J. O abolicionismo (1883). Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; 13. (ENEM–2015)
São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado). Diante de ameaças surgidas com a engenharia ge-
No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político nética de alimentos, vários grupos da sociedade civil
sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Bra- conceberam o chamado “princípio da precaução”. O
sil, no qual fundamento desse princípio é: quando uma tecnologia
ou produto comporta alguma ameaça à saúde ou ao
a) copiava o modelo haitiano de emancipação negra. ambiente, ainda que não se possa avaliar a natureza
b) incentivava a conquista de alforrias por meio de precisa ou a magnitude do dano que venha a ser cau-
ações judiciais. sado por eles, deve-se evitá-los ou deixá-los de quaren-
c) optava pela via legalista de libertação. tena para maiores estudos e avaliações antes de sua
d) priorizava a negociação em torno das indenizações liberação.
aos senhores. SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da
e) antecipava a libertação paternalista dos cativos. montanha-russa.
São Paulo: Cia. das Letras, 2001 (adaptado).
11. (ENEM–2013)
O texto expõe uma tendência representativa do pen-
Os solos tropicais são naturalmente ácidos, em razão da
samento social contemporâneo, na qual o desenvolvi-
pobreza do material de origem ou devido aos proces-
mento de mecanismos de acautelamento ou adminis-
sos de gênese. Além disso, o manejo das áreas agrícolas
tração de riscos tem como objetivo:
pode conduzir os solos à acidificação.
74 SOUZA, H. A. et al. Calagem e adubação boratada na
a) priorizar os interesses econômicos em relação aos se-
produção de feijoeiro. Revista Ciência Agronômica, v.
res humanos e à natureza.
42, n. 2, abr.-jun. 2011.
b) negar a perceptiva cientifica e suas conquistas por
causa de riscos ecológicos.
Em solos ácidos como os brasileiros, o método mais in- c) instituir o diálogo público sobre mudanças tecnológi-
dicado, com o elemento utilizado para a correção do cas e suas consequências.
problema descrito no texto é o(a) d) combater a introdução de tecnologias para travar o
curso das mudanças sociais.
a) descanso do solo a partir da técnica de pousio. e) romper o equilíbrio entre benefícios e riscos do avan-
b) uso da calagem pela introdução de calcário no solo. ço tecnológico e cientifico.
c) aração do solo para realizar a sua descompactação.
d) plantio direto para diversificar as culturas 14. (ENEM–2009)
e) rotação de culturas para manter os nutrientes no solo. Os faraós das primeiras dinastias construíam grandes
pirâmides para proteger as suas câmaras mortuárias.
12. (ENEM–2017) Conforme a crença egípcia antiga, a alma vagaria sem
Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela destino se o corpo, sua habitação, fosse destruído. No
ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas Egito contemporâneo, os muçulmanos são sepultados
de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas ra- envoltos apenas em mortalhas, poucas horas após a
cistas e demonstraram a unidade do gênero humano. morte, em túmulos simples e sem identificação indivi-
Desde então, a maioria dos próprios cientistas europeus dual.
passou a reconhecer o caráter discriminatório da pre- A diferença entre as grandes pirâmides de outrora e os
tensa superioridade racial do homem branco e a con- ritos e túmulos simples de hoje deve-se ao fato de a reli-
denar as aberrações cometidas em seu nome. gião muçulmana
SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do
racismo científico na montagem da hegemonia oci- a) ser descrente quanto à existência de vida após a
dental. Afro-Ásia, n. 23, 1999 (adaptado). morte.
b) ter surgido, precisamente, como reação contra a re-
Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ligião dos faraós.
ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas c) entender como errado construir pirâmides só para os
de todo o mundo que desqualificaram as ricos, e não, para todos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

d) querer evitar os assaltos aos monumentos funerários, Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início
que eram comuns no Egito antigo. dos anos 1960 decorreram principalmente
e) ignorar o corpo como morada da alma e considerar
os homens como iguais frente à morte. a) da desmobilização das classes dominantes frente ao
avanço das greves.
15. (ENEM–2011) b) da manipulação política empreendida pelo governo
João Goulart.
Texto I c) das contradições econômicas do modelo desenvol-
A bandeira no estádio é um estandarte/A flâmula pen- vimentista.
durada na parede do quarto/ O distintivo na camisa do d) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na
uniforme/ Que coisa linda é uma partida de futebol/ legislação trabalhista.
Posso morrer pelo meu time/ Se ele perder, que dor, e) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.
imenso crime/ Posso chorar se ele não ganhar/ Mas se
ele ganha, não adianta/ Não há garganta que não 17. (ENEM–2012)
pare de berrar/ A chuteira veste o pé descalço/ O ta- O fechamento de seis unidades de uma empresa cal-
pete da realeza é verde/ Olhando para a bola eu vejo o çadista na Bahia deve resultar na demissão de 1 800
sol/ Está rolando agora, é uma partida de futebol funcionários. Enquanto demite no Brasil, a empresa abre
SKANK. Uma partida de futebol. Disponível em: www.le- uma fábrica na Índia. Nas seis unidades fechadas na
tras.terra.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (fragmento). Bahia eram produzidos cabedais de calçados esporti-
vos que serão fabricados também na Índia.
Texto II O Globo, 17 dez. 2011 (adaptado).
O “gostar de futebol” no Brasil existe fora das consciên-
cias individuais dos brasileiros. O gosto ou a paixão por A estratégia produtiva adotada pela empresa, que ex-
um determinado esporte não existe naturalmente em plica o processo econômico descrito, está indicada na:
nosso “sangue”, como supõe o senso comum. Ele existe
na coletividade, em nosso meio social, que nos transmi-
a) Redução dos custos logísticos.
te esse sentimento da mesma forma que a escola nos
b) Expansão dos benefícios sociais.
ensina a ler e a escrever.
c) Planificação da produção industrial.
HELAL, R. O que é Sociologia do Esporte? São Paulo:
d) Modificação da estrutura societária.
Brasiliense, 1990.
e) Ampliação da qualificação profissional.
Chamado de ópio do povo por uns, paixão nacional 75
18. (ENEM–2014)
por outros, o futebol, além de esporte mais praticado no
A Praça da Concórdia, antiga Praça Luís XV, é a maior
Brasil, pode ser considerado fato social, culturalmente
praça pública de Paris. Inaugurada em 1763, tinha em
apreendido, seja por seus praticantes, seja pelos torce-
dores. Nesse sentido, as fontes acima apresentam ideias seu centro uma estátua do rei. Situada ao longo do
semelhantes, pois o Sena, ela é a intersecção de dois eixos monumentais.
Bem nesse cruzamento está o Obelisco de Luxor, deco-
a) futebol aparece como elemento integrante da cul- rado com hieróglifos que contam os reinados dos faraós
tura brasileira. Ramsés II e Ramsés III. Em 1829, foi oferecido pelo vice-rei
b) lazer aparece em ambos como a principal função do Egito ao povo francês e, em 1836, instalado na pra-
social do futebol. ça diante de mais de 200 mil espectadores e da família
c) “tapete verde” e a “bola–sol” são metáforas do na- real.
cionalismo. NOBLAT, R. Disponível em: www.oglobo.com. Acesso
d) esporte é visto como instrumento de divulgação de em: 12 dez. 2012.
valores sociais.
e) futebol é visto como um instante de supressão da de- A constituição do espaço público da Praça da Concór-
sigualdade social. dia ao longo dos anos manifesta o(a)

16. (ENEM–2010) a) lugar da memória na história nacional.


Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos b) caráter espontâneo das festas populares.
imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A c) lembrança da antiguidade da cultura local.
diminuição da oferta de empregos e a desvalorização d) triunfo da nação sobre os países africanos.
dos salários, provocadas pela inflação, levaram a uma e) declínio do regime de monarquia absolutista.
intensa mobilização política popular, marcada por su-
cessivas ondas grevistas de várias categorias profissio- 19. (ENEM–2013)
nais, o que aprofundou as tensões sociais. Dessa vez, as Imagine uma festa. São centenas de pessoas aparen-
classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pe- temente viajadas, inteligentes, abertas a novas amiza-
las “sobras” do modelo econômico juscelinista. des. Você seleciona uma delas e começa um diálogo.
MENDONÇA, S. R. A Industrialização Brasileira. São Pau- Apesar do assunto envolvente, você olha para o lado,
lo: Moderna, 2002 (adaptado). perde o foco e dá início a um novo bate-papo. Trinta
Ciências Humanas e suas Tecnologias

segundos depois, outra pessoa desperta a sua atenção. vero para uma economia de base tão estreita. Lopez
Você repete a mesma ação. Lá pelas tantas você se dá precisava de uma vitória rápida e, se não conseguis-
conta de que não lembra o nome de nenhuma das pes- se vencer rapidamente, provavelmente não venceria
soas com quem conversou. A internet é mais ou menos nunca.
assim, repleta de coisas legais, informações relevantes. LYNCH, J. As Repúblicas do Prata: da Independência
São janelas e mais janelas abertas. à Guerra do Paraguai. BETHELL, Leslie (Org). História da
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com. Acesso América Latina: da Independência até 1870, v. III. São
em: 19 fev. 2013 (adaptado). Paulo: Edusp , 2004.

Refletindo sobre a correlação entre meios de comuni- A Guerra do Paraguai teve consequências políticas im-
cação e vida social, o texto associa a internet a um pa- portantes para o Brasil, pois
drão de sociabilidade que se caracteriza pelo(a)
a) representou a afirmação do Exército Brasileiro como
a) isolamento das pessoas. um ator político de primeira ordem.
b) intelectualização dos internautas. b) confirmou a conquista da hegemonia brasileira sobre
c) superficialidade das interações. a Bacia Platina.
d) mercantilização das relações. c) concretizou a emancipação dos escravos negros.
e) massificação dos gostos. d) incentivou a adoção de um regime constitucional
monárquico.
20. (ENEM–2009) e) solucionou a crise financeira, em razão das indeniza-
A análise histórica dos problemas que envolvem a cida- ções recebidas.
dania no Brasil possibilita considerar-se que a herança
colonial pesou mais na área dos direitos civis. O novo 22 . (ENEM– 2012)
país herdou a escravidão, que negava a condição hu-
A irrigação da agricultura é responsável pelo consumo
mana do escravo, herdou a grande propriedade rural,
de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos
fechada à ação da lei, e herdou um Estado compro-
e lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde
metido com o poder privado. Esses três empecilhos ao
achamos que temos muita água, os agricultores que
exercício da cidadania civil revelaram-se persistentes.
tentam produzir alimentos também enfrentam secas pe-
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O lon-
riódicas e uma competição crescente por água.
go caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004,
MARAFON, G. J. et aI. O desencanto da terra:
76 p. 45 (adaptado).
produção de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de
Janeiro: Garamond, 2011.
Com base na herança colonial, tratada no texto acima,
deve-se considerar que
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultu-
a) a prevalência dos latifúndios alimentou a migração e ra produziram impactos socioambientais como
propiciou a criação do Movimento dos Trabalhado-
res Rurais Sem-Terra (MST). a) redirecionamento dos cursos fluviais.
b) Abolição da Escravatura permitiu que os ex-escravos b) redução do custo de produção.
alcançassem direitos políticos, civis e sociais, sendo c) agravamento da poluição hídrica.
estes reforçados, posteriormente, na Constituição de d) compactação do material do solo.
1891. e) aceleração da fertilização natural.
c) direitos civis, aqueles que dizem respeito às liberdades
e garantias individuais, foram estabelecidos no Brasil, 23 . (ENEM–2015)
pela primeira vez, na Constituição de 1988.
d) exemplo de “Estado comprometido com o poder pri- A Unesco condenou a destruição da antiga capital as-
vado” é a República Velha, período em que os coro- síria de Nimrod, no Iraque, pelo Estado Islâmico, com a
néis dominavam o poder público, ao adotarem uma agência da ONU considerando o ato como um crime
política patrimonialista, a qual Getúlio Vargas conse- de guerra. O grupo iniciou um processo de demolição
guiu eliminar do país após 1930. em vários sítios arqueológicos em uma área reconheci-
e) Antônio Conselheiro, líder do movimento messiânico da como um dos berços da civilização.
de Canudos, pode ser identificado como precursor Unesco e especialistas condenam destruição de cidade
na luta pelos direitos civis no Brasil, uma vez que de- assíria pelo Estado Islâmico.
fendia o direito de seus liderados se expressarem li- Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 30
vremente. mar. 2015 (adaptado).

21. (ENEM–2010) O tipo de atentado descrito no texto tem como conse-


Para o Paraguai, portanto, essa foi uma guerra pela quência para as populações de países como o Iraque a
sobrevivência. De todo modo, uma guerra contra dois desestruturação do(a)
gigantes estava fadada a ser um teste debilitante e se-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

a) homogeneidade cultural. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais exce-


b) patrimônio histórico. lentes atributos, Aristoteles a identifica como
c) controle ocidental.
d) unidade étnica. a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
e) religião oficial. b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
24 . (ENEM–2009) d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos e) expressão do sucesso individual e reconhecimento
é uma prática quase íntima, que diz respeito apenas à público.
família. A menos, é claro, que se trate de uma personali-
dade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. 27. (ENEM–2011)
Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte de A confusão era grande e ficou ainda maior depois do
informações importantes para que se compreenda, por discurso do presidente norte-americano Barack Obama
exemplo, a vida política das sociedades. No que se refe- em defesa da guerra, ao receber o Prêmio Nobel da
re às práticas sociais ligadas aos Sepultamentos, Paz de 2009. Como liberal, Obama poderia ter utilizado
os argumentos do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-
a) na época da Reforma, o catolicismo condenou os 1804), que também defendeu, na sua época, a legitimi-
excessos de gastos que a burguesia fazia para sepul- dade das guerras como meio de difusão da civilização
tar seus mortos. europeia.
b) no período posterior à Revolução Francesa, devido FIORI, J. L. A moral internacional e o poder. Revista
as grandes perturbações sociais, abandona-se a prá- CULT. Nº 145. São Paulo: Bregantini, abr. 2010.
tica do luto.
c) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram des- O argumento utilizado por Barack Obama ao defender
valorizadas, porque o mais importante era a demo- a guerra em nome da paz constitui um tipo de raciocínio
cracia experimentada pelos vivos
d) no Brasil colônia, o sepultamento dos mortos nas igre- a) indutivo.
jas era regido pela observância da hierarquia Social. b) dedutivo.
e) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência so- c) paradoxal.
bre os rituais fúnebres, preocupando-se mais com a d) metafórico.
salvação da alma. e) analógico.

25. (ENEM–2016) 28. (ENEM–2011) 77


Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advin- O homem chega, já desfaz a natureza
da do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. O São Francisco lá pra cima da Bahia
A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna her- Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
dada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocu- E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que
pações. dizia que o Sertão ia alagar.
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta.
São Paulo: Martins Fontes, 2005. Som Livre, 1977 (adaptado).

O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tra- O trecho da música faz referência a uma importante
dição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade obra na região do rio São Francisco. Uma consequência
se mostra indissociavelmente ligada à: socioespacial dessa construção foi

a) consagração de relacionamentos afetivos. a) a preservação da memória histórica da região.


b) administração da independência interior. b) a migração forçada da população ribeirinha.
c) fugacidade do conhecimento empírico. c) a ampliação das áreas de clima árido.
d) liberdade de expressão religiosa. d) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
e) busca de prazeres efêmeros. e) a redução das áreas de agricultura irrigada.

26. (ENEM–2013) 29. (ENEM– 2017)


A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais O comércio soube extrair um bom proveito da intera-
aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem tividade própria do meio tecnológico. A possibilidade
estar separados como na inscrição existente em Delfos de se obter um alto desenho do perfil de interesses do
“das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a usuário, que deverá levar às últimas consequências o
saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos princípio da oferta como isca para o desejo consumista,
estes atributos estão presentes nas mais excelentes ativi- foi o principal deles.
dades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como SANTAELLA, L. Culturas e artes do pós-humano: da cul-
felicidade. tura das midias à cibercultura.
ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010. São Paulo: Paulus, 2003 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Do ponto de vista comercial, o avanço das novas d) instabilidade das instituições políticas democráticas,
tecnologias, indicado no texto, está associado à como eleições e parlamentos.
e) consolidação das corporações transnacionais mono-
a) atuação dos consumidores como fiscalizadores da polistas, como petrolíferas e mineradoras
produção.
b) exigência de consumidores conscientes de seus di- 32. (ENEM– 2013)
reitos. A África também já serviu como ponto de partida para
c) relação direta entre fabricantes e consumidores. comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como
d) individualização das mensagens publicitárias. Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco
e) manutenção das preferências de consumo. na África; em ambas, a África parece um lugar cheio de
tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação
30. (ENEM– 2011) O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme ame-
A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não ricano ambientado na África, não chegava a contar
vai estar aí para sempre. Foi preciso alcançar toda essa com elenco de seres humanos.
taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no
quadrados ao ano, na última década do século XX, clichê. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso
em 17 abr, 2010.
para que uma pequena parcela de brasileiros se desse
conta de que o maior patrimônio natural do país está
A produção cinematográfica referida no texto contri-
sendo torrado.
bui para a constituição de uma memória sobre a África
AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo:
e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia,
EdUSP, 1996. respectivamente, os seguintes aspectos do continente
africano:
Um processo econômico que tem contribuído na atua-
lidade para acelerar o problema ambiental descrito é: a) a história e a natureza.
b) o exotismo e as culturas.
a) Ampliação do polo industrial da Zona Franca de Ma- c) a sociedade e a economia.
naus, visando atrair empresas nacionais e estrangei- d) o comércio e o ambiente.
ras. e) a diversidade e a política.
b) Construção da rodovia Transamazônica, com o ob-
jetivo de interligar a região Norte ao restante do país 33. (ENEM– 2015)
78 c) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o ho-
à chegada de novas empresas mineradoras. mem moderno está esmagado por um profundo senti-
d) Criação de áreas extrativistas do látex das seringuei- mento
ras para os chamados povos da floresta paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por
e) Difusão do cultivo da soja com a implantação de mo- isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma perma-
noculturas mecanizadas. nente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem
realizará sua vocação natural de integrar-se, superan-
31. (ENEM– 2013) do a atitude do simples ajustamento ou acomodação,
Ao longo das três últimas décadas, houve uma explosão apreendendo temas e tarefas de sua época.
de movimentos sociais pelo mundo. Essa diversidade de FREIRE, P. Educação como prática da liberdade.
movimentos — que vão desde os movimentos por direi- Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
tos civis e os movimentos feministas dos anos de 1960 e
1970, até os movimentos antinucleares e ecológicos dos A apreensão da realidade atual será obtida pelo(a)
anos de 1980 e a campanha pelos direitos homossexuais
a) desenvolvimento do pensamento autônomo.
da década de 1990 — é normalmente denominado pe-
b) Obtenção de qualificação profissional.
los comentadores do tema como novos movimentos
c) resgate de valores tradicionais.
sociais.
d) realização de desejos pessoais.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005 e) aumento da renda familiar.
(adaptado).
34. (IRBR - CESPE -2017)
Uma explicação para a expansão dos chamados novos Julgue (C ou E) os itens subsequentes, a respeito da eco-
movimentos sociais nas últimas três décadas é a nomia espacial brasileira ao longo dos séculos XX e XXI.
A construção de Brasília como nova capital brasileira, a
a) fragilidade das redes globais comunicacionais, como partir de 1956, foi motivada, entre outros aspectos, pelo
internet e telefonia. crescimento da indústria automobilística, pelo protago-
b) garantia dos direitos sociais constitucionais, como nismo do capital financeiro na economia e pela emer-
educação e previdência. gência das cidades do campo na região Centro-Oeste.
c) crise das organizações representativas tradicionais,
como partidos e sindicatos. ( ) Certo ( ) Errado
Ciências Humanas e suas Tecnologias

35. (ENEM– 2010) 37. (ENEM– 2016)


Opinião As camadas dirigentes paulistas na segunda metade
Podem me prender do século XIX recorriam à história e à figura dos bandei-
Podem me bater rantes. Para os paulistas, desde o início da colonização,
Podem até deixar-me sem comer os habitantes de Piratininga (antigo nome de São Paulo)
Que eu não mudo de opinião. tinham sido responsáveis pela ampliação do território
Aqui do morro eu não saio não nacional, enriquecendo a metrópole portuguesa com
Aqui do morro eu não saio não. o ouro e expandindo suas possessões. Graças à integra-
Se não tem água ção territorial que promoveram, os bandeirantes eram
Eu furo um poço tidos ainda como fundadores da unidade nacional. Re-
Se não tem carne presentavam a lealdade à província de São Paulo e ao
Eu compro um osso e ponho na sopa Brasil.
E deixa andar, deixa andar... ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Bi-
Falem de mim blioteca Nacional, n. 34, 1jul. 2008 (adaptado).
Quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel No período da história nacional analisado, a estratégia
Se eu morrer amanhã seu doutor, descrita tinha como objetivo
Estou pertinho do céu
Zé Ketti.Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet. a) promover o pioneirismo industrial pela substituição de
com.br.Acesso em: 28 abr. 2010. importações.
b) questionar o governo regencial após a descentraliza-
Essa música fez parte de um importante espetáculo tea- ção administrativa.
tral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O c) recuperar a hegemonia perdida com o fim da políti-
papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nes- ca do café com leite.
se contexto, evidenciado pela letra de música citada, d) aumentar a participação política em função da ex-
foi o de pansão cafeeira.
e) legitimar o movimento abolicionista durante a crise
a) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura do escravismo.
Militar.
b) valorização do progresso econômico do país. 38. (ENEM– 2009)
c) denúncia da situação social e política do país. Em outubro de 1973, uma nova guerra entre árabes e 79
d) entretenimento para os grupos intelectuais. israelenses acabou deflagrando um embargo dos for-
e) crítica à passividade dos setores populares. necedores de petróleo ao Ocidente, seguido de brusca
elevação de preços, que atingiu duramente o Brasil. A
36. (ENEM–2015) moeda do país era fraca e, na época, produzia-se in-
Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas ternamente só um terço do petróleo necessário. A cri-
como a nossa, é compreensível que os simples víncu- se revelou a postura ambígua do país sobre a questão
los de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos ferroviária. Por um lado, era desejável que os meios de
de qualquer tendência para a cooperação autêntica transporte não dependessem demasiadamente do pe-
entre os indivíduos, tenham sido quase sempre os mais tróleo, um combustível cuja disponibilidade passou a ser
decisivos. As agregações e relações pessoais, embora inconstante, ao sabor da dinâmica política do Oriente
por vezes precárias, e, de outro lado, as lutas entre fac- Médio. O preço aumentou e as cotações disparavam
ções, entre famílias, entre regionalismos, faziam dela um ao menor sintoma de crise internacional, o que criava
todo incoerente e amorfo. O peculiar da vida brasileira problemas sérios no balanço de pagamentos do país e
parece ter sido, por essa época, uma acentuação sin- aumentava a dívida externa. Por outro lado, os gover-
gularmente enérgica do afetivo, do irracional, do pas- nos não conseguiam redefinir o papel das ferrovias na
sional e uma estagnação ou antes uma disciplinadoras, rede de transportes nacional, como forma de suplantar
racionalizadoras. o problema do petróleo.
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Disponível em:<www.geocities.com>. Acesso em: 4
Cia. das Letras, 1995. nov. 2008 (adaptado).

Um traço formador da vida pública brasileira expressa- A partir das informações apresentadas, é possível con-
-se, segundo a análise do historiador, na cluir que

a) rigidez das normas jurídicas. a) a deflagração dos conflitos do Oriente Médio foi mo-
b) prevalência dos interesses privados. tivada pela ganância dos países produtores de pe-
c) solidez da organização institucional. tróleo.
d) legitimidade das ações burocráticas. b) a crise provocou desequilíbrio no balanço de paga-
e) estabilidade das estruturas políticas. mentos porque o Brasil exportava mais petróleo do
que importava.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

c) a solução pela rede ferroviária era inviável devido ao c) no número de casamentos, que cresceu nos últimos
alto consumo de dísel pelas locomotivas e à poluição anos, reforçando a estrutura familiar tradicional.
ambiental. d) no fornecimento de pensões de aposentadoria, em
d) o “choque do petróleo”, como ficou conhecida a queda diante de uma população de maioria jovem.
crise, teve implicações sociais, derivadas da instabi- e) na taxa de mortalidade infantil europeia, em contínua
lidade econômica. ascensão, decorrente de pandemias na primeira infân-
e) a autonomia energética e o isolamento do Brasil em cia.
relação aos demais países do mundo o livrariam de
crises dessa natureza. 41. (ENEM–2009)
A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de
39. (ENEM– 2010) uma cidade, como Brasília, é que o seu desenvolvimento
Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria,
período marcado por inúmeras crises: as diversas forças pois provém de uma concepção de vida fundamental:
políticas lutavam pelo poder e as reivindicações popu- a de que a atividade social e cultural não pode ser uma
lares eram por melhores condições de vida e pelo direi- construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal
to de participação na vida política do país. Os conflitos crítica, que o Brasil, como praticamente toda a América,
representavam também o protesto contra a centraliza- é criação do homem ocidental.
ção do governo. Nesse período, ocorreu também a ex- PEDROSA, M. Utopia: obra de arte.
pansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso Vis – Revista do Programa de Pós-graduação em
grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamen- Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado).
tal a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
O contexto do Período Regencial foi marcado As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque

a) por revoltas populares que reclamavam a volta da a) a primeira entende que as cidades devem ser orga-
monarquia. nismos vivos, que nascem de forma espontânea, e a
b) pela convulsão política e por novas realidades eco- segunda mostra que há exemplos históricos que de-
nômicas que exigiam o reforço de velhas realidades monstram o contrário.
b) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemá-
sociais.
ticos que não encontram respaldo na história do Brasil
c) pelo governo dos chamados regentes, que promove-
ou da América.
ram a ascensão social dos “barões do café”.
80 c) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser
d) pela luta entre os principais grupos políticos que rei-
inventadas, é negada logo em seguida pelo exemplo
vindicavam melhores condições de vida.
utópico da colonização da América.
e) por várias crises e pela submissão das forças políticas
d) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais
ao poder central.
fraco na vida social, enquanto a América é mostrada
como um exemplo a ser evitado.
40. (ENEM– 2010)
e) a concepção fundamental da primeira afirmação de-
Um fenômeno importante que vem ocorrendo nas últi-
fende a construção de cidades e a segunda mostra,
mas quatro décadas é o baixo crescimento populacio- historicamente, que essa estratégia acarretou sérios
nal na Europa, principalmente em alguns países como Problemas.
Alemanha e Áustria, onde houve uma brusca queda na
taxa de natalidade. Esse fenômeno é especialmente
preocupante pelo fato de a maioria desses países já ter 42. (ENEM–2013)
chegado a um índice inferior ao “nível de renovação da Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que re-
população”, estimado em 2,1 filhos por mulher. A dimi- petem logo o que a gente diz e creio que depressa se
nuição da natalidade europeia tem várias causas, algu- fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma
mas de caráter demográfico, outras de caráter cultural religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui,
e socioeconômico. por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas Ma-
OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. São Paulo: jestades, para que aprendam a falar
Ática, 2004 (adaptado). COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as
quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984.
As tendências populacionais nesses países estão rela-
cionadas a uma transformação O documento destaca um aspecto cultural relevante
em torno da conquista da América, que se encontra
a) na estrutura familiar dessas sociedades, impactada expresso em:
por mudanças nos projetos de vida das novas gera-
ções. a) deslumbramento do homem branco diante do com-
b) no comportamento das mulheres mais jovens, que portamento exótico das tribos autóctones.
têm imposto seus planos de maternidade aos ho- b) violência militarizada do europeu diante da necessi-
mens. dade de imposição de regras aos ameríndios.
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c) cruzada civilizacional frente à tarefa de educar os po- 45. (ENEM– 2011)


vos nativos pelos parâmetros ocidentais. O despotismo é o governo em que o chefe do Estado
d) comportamento caridoso dos governos europeus executa arbitrariamente as leis que ele dá a si mesmo
diante da receptividade das comunidades indígenas. e em que substitui a vontade pública por sua vontade
e) compromisso dos agentes religiosos diante da necessi- particular.
dade de respeitar a diversidade social dos índios KANT, I. Despotismo. In: JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D.
Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
43. (ENEM–2014) 2006.
Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem
humana — transferiu embriões para o útero de mulheres, O conceito de despotismo elaborado pelo filósofo
que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúme- Immanuel Kant pode ser aplicado na interpretação do
ros países. Aparentemente, o médico possuía um labo- contexto político brasileiro posterior ao AI-5, porque des-
ratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não creve
tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada
irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que a) o autoritarismo nas relações de poder.
irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos b) as relações democráticas de poder.
esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um c) a usurpação do poder pelo povo.
ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pres- d) a sociedade sem classes sociais.
são para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofre- e) a divisão dos poderes de Estado.
mos pressão para entregar um bebê clonado saudável
ao mundo.” 46. (ENEM– 2018)
CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na
Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado). década de I960, esgueirando-se pela fresta aberta pela
imediata hostilidade norte-americana em relação ao
A clonagem humana é um importante assunto de processo social revolucionário. Durante três décadas os
soviéticos mantiveram sua presença em Cuba com ba-
a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da ses e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apoio
vida e os valores éticos do homem. econômico que, como saberíamos anos mais tarde,
b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida
demais espécies animais no planeta. com os irmãos soviéticos - e depois com seus herdeiros
c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos russos - por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou 81
valores de certo e errado, de bem e mal. seja, o que era oferecido em nome da solidariedade so-
d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os pro- cialista tinha um preço definido.
cessos de reprodução humana e animal. PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de
e) fundamentar técnica e economicamente as pesqui- São Paulo, 19jul. 2014 (adaptado).
sas sobre células-tronco para uso em seres humanos.
O texto indica que durante a Guerra Fria as relações
44. (ENEM–2013) internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a)
A cessação do tráfico lançou sobre a escravidão uma
sentença definitiva. Mais cedo ou mais tarde estaria ex- a)busca da neutralidade política.
tinta, tanto mais quanto os índices de natalidade entre b) estímulo à competição comercial.
os escravos eram extremamente baixos e os de mortali- c) subordinação à potência hegemônica.
dade, elevados. Era necessário melhorar as condições d) elasticidade das fronteiras geográficas.
de vida da escravaria existente e, ao mesmo tempo, e) compartilhamento de pesquisas científicas.
pensar numa outra solução para o problema da mão
de obra. 47. (ENEM– 2010)
COSTA, E. V. Da Monarquia à República: Os lixões são o pior tipo de disposição final dos resíduos
momentos decisivos. São Paulo: Unesp, 2010. sólidos de uma cidade, representando um grave pro-
blema ambiental e de saúde pública. Nesses locais, o
Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós determinou a extin- lixo é jogado diretamente no solo e a céu aberto, sem
ção do tráfico transatlântico de cativos e colocou em nenhuma norma de controle, o que causa, entre outros
evidência o problema da falta de mão de obra para a problemas, a contaminação do solo e das águas pelo
lavoura. Para os cafeicultores paulistas, a medida que re- chorume (líquido escuro com alta carga poluidora, pro-
presentou uma solução efetiva desse problema foi o (a) veniente da decomposição da matéria orgânica pre-
sente no lixo).
a) valorização dos trabalhadores nacionais livres. RICARDO, B.; CANPANILLI, M. Almanaque Brasil So-
b) busca por novas fontes fornecedoras de cativos. cioambiental 2008. São Paulo, Instituto
c) desenvolvimento de uma economia urbano-industrial. Sociambiental, 2007.
d) incentivo à imigração europeia.
e) escravização das populações indígenas.
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Considere um município que deposita os resíduos sólidos A preservação do solo, principalmente em áreas de en-
produzidos por sua população em um lixão. Esse proce- costas, pode ser uma solução para evitar catástrofes
dimento é considerado um problema de saúde pública em função da intensidade do fluxo hídrico. A prática hu-
porque os lixões mana que segue no caminho contrário a essa solução é

a) causam problemas respiratórios, devido ao mau chei- a) o terraceamento.


ro que provém da decomposição. b) o desmatamento
b) são responsáveis pelo desaparecimento das nascen- c) a drenagem.
tes na região onde são instalados, o que leva à escas- d) a aração.
sez de água. e) o pousio.
c) provocam o fenômeno da chuva ácida, devido aos
gases oriundos da decomposição da matéria orgâ- 50. (ENEM– 2015)
nica O processo de concentração urbana no Brasil em deter-
d) são locais propícios a proliferação de vetores de minados locais teve momentos de maior intensidade e,
doenças, além de contaminarem o solo e as águas. ao que tudo indica, atualmente passa por uma desa-
e) são instalados próximos ao centro das cidades, afe- celeração no ritmo de crescimento populacional nos
tando toda a população que circula diariamente na grandes
Área. centros urbanos.
BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desaceleração
48. (ENEM– 2012) no crescimento populacional e novos arranjos regio-
O Ofício das Baianas de Acarajé constitui um bem cul- nais. Disponível em: www.sbsociologia.com.br.
tural de natureza imaterial, inscrito no Livro dos Saberes Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado).
em 2005, que consiste em uma prática tradicional de
produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comi- Uma causa para o processo socioespacial mencionado
das de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao no texto é o(a)
culto dos orixás, amplamente disseminadas na cidade
de Salvador, Bahia. a) carência de matérias-primas.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. b) degradação da rede rodoviária.
Acesso em: 29 fev. 2012 (adaptado). c) aumento do crescimento vegetativo.
d) centralização do poder político.
O texto contém a descrição de um bem cultural que foi e) realocação da atividade industrial.
82 reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histó-
rico Artístico Nacional) como patrimônio imaterial, pois 51. (ENEM– 2014)
representa No sistema democrático de Schumpeter, os únicos par-
ticipantes plenos são os membros de elites políticas em
a) uma técnica culinária com valor comercial e atrativi- partidos e em instituições públicas. O papel dos cida-
dade turística. dãos ordinários é não apenas altamente limitado, mas
b) um símbolo da vitalidade dessas mulheres e de suas frequentemente retratado como uma intrusão indese-
comunidades. jada no funcionamento tranquilo do processo “público”
c) uma manifestação artística antiga e de abrangência de tomada de decisões.
nacional. HELD, D. Modelos de democracia .
d) um modo de fazer e viver ligado a uma identidade Belo Horizonte: Paideia, 1987.
étnica e regional.
e) uma fusão de ritos das diferentes heranças e tradi- O modelo do sistema democrático apresentado pelo
ções religiosas do país. texto pressupõe a

49. (ENEM –2011) a) consolidação da racionalidade comunicativa.


Um dos principais objetivos de se dar continuidade às b) adoção dos institutos do plebiscito e do referendo.
pesquisas em erosão dos solos é o de procurar resolver c) condução de debates entre cidadãos iguais e o Es-
os problemas oriundos desse processo, que, em última tado.
análise, geram uma série de impactos ambientais. Além d) substituição da dinâmica representativa pela cívico-
disso, para a adoção de técnicas de conservação dos -participativa.
solos, é preciso conhecer como a água executa seu e) deliberação dos líderes políticos com restrição da
trabalho de remoção, transporte e deposição de sedi- participação das massas.
mentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de
problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em 52. (ENEM– 2011)
grandes áreas. A memória não é um simples lembrar ou recordar, mas
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: revela uma das formas fundamentais de nossa existên-
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma cia, que é a relação com o tempo, e, no tempo, com
atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Ber- aquilo que está invisível, ausente e distante, isto é, o pas-
trand Brasil, 2007 (adaptado). sado. A memória é o que confere sentido ao passado
Ciências Humanas e suas Tecnologias

como diferente do presente (mas fazendo ou podendo O problema ambiental descrito tem sua causa
fazer parte dele) e do futuro (mas podendo permitir es- associada à
perá-lo e compreendê-lo).
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: a) a ineficiência de ecobarreiras.
Ática, 1995 (fragmento). b) desorganização do turismo local.
c) inadequação da coleta domiciliar.
Com base no texto, qual é o significado da memória? d) movimentação das áreas portuárias.
e) rarefação da ocupação populacional.
a) É a prospecção e retenção de lembranças e recor-
dações. 55. (ENEM– 2012)
b) É a perda de nossa relação com o presente, preser- Apesar de todo o esforço em prol de um língua inter-
vando o passado. nacional artificial, até o momento a sensação é de
c) É a capacidade mais alargada para lembrar e recor- relativo fracasso. Praticamente nenhum país adotou o
dar fatos passados. ensino obrigatório de uma língua artificial, a comunida-
d) É o esforço de apagar o passado e inaugurar o pre- de científica continua a se comunicar em inglês, e as
sente. línguas mais difundidas internacionalmente continuam
e) É o esforço de apagar o passado e inaugurar o pre- a ser as de países política ou economicamente domi-
sente. nantes, como inglês, francês, espanhol, russo e chinês.
Nem mesmo organismos supranacionais como a ONU e
53. (ENEM– 2010) a União Europeia, onde reina uma babel de línguas, se
Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente mostraram até agora inclinados a adotar uma língua
Alvará virem: que desejando promover e adiantar a ri- artificial.
queza nacional, e sendo um dos mananciais dela as BIZZOCCH, A. Línguas de laboratório.
manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br.
toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Acesso em: 19 ago. 2011(adaptado).
Estado do Brasil.
O esperanto, inventado no século XIX, é a língua artifi-
Alvará de liberdade para as indústrias (1o de Abril de
cial mais difundida atualmente. Entretanto, como o tex-
1808), in Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da
to sugere, o desequilíbrio atual de poder entre os países
História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002
impõe a
(adaptado).
83
a) busca de nova língua global.
O projeto industrializante de D. João, conforme expres-
b) recuperação das línguas mortas.
so no alvará, não se concretizou. Que características
c) adoção de uma língua unificada.
desse período explicam esse fato?
d) valorização das línguas nacionais.
e) supremacia de algumas línguas naturais.
a) a dependência portuguesa da Inglaterra e o predo-
mínio industrial inglês sobre suas redes de comércio. 56. (ENEM– 2016)
b) b desconfiança da burguesia industrial colonial dian- O mercado tende a gerir e regulamentar todas as ativi-
te da chegada da família real portuguesa. dades humanas. Até há pouco, certos campos — cul-
c) c ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o tura, esporte, religião — ficavam fora do seu alcance.
fechamento das manufaturas portuguesas. Agora, são absorvidos pela esfera do mercado. Os go-
d) o atraso industrial da colônia provocado pela perda vernos confiam cada vez mais nele (abandono dos se-
de mercados para as indústrias portuguesas. tores de Estado, privatizações).
e) o confronto entre a França e a Inglaterra e a posição RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e
dúbia assumida por Portugal no comércio internacio- novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.
nal.
No texto é apresentada uma lógica que constitui uma
54. (ENEM– 2016) característica central do seguinte sistema socioeconô-
A cena, de tão cotidiana, já não causa mais mico:
estranheza a Isabel Swan. Ao botar o barco nas águas
da Baía de Guanabara, a velejadora precisa se des- a) Socialismo.
vencilhar de sacos plásticos, tampinhas de refrigeran- b) Feudalismo.
tes, latas, palitos de sorvete. Um dos cartões-postais c) Capitalismo.
cariocas recebe diariamente uma média de cem d) Anarquismo.
toneladas de lixo flutuante, carregado pelos rios que e) Comunitarismo.
cortam a região metropolitana do Rio de Janeiro.
ALENCAR. E.Toneladas de descaso. O Globo. 28 abr.
2013 (adaptado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

57. (ENEM– 2012) 59. (ENEM– 2013)


Em março de 2004, o Brasil reconheceu na Organização Pense no crescimento tecnológico de sua cidade nos
das Nações Unidas a existência, no país, de pelo menos últimos 10 ou 15 anos e perceberá que, embora ela te-
25 mil pessoas em condição análoga à escravidão ― e nha crescido, a maioria dos novos bairros é moradia de
esse é um índice considerado otimista. De 1995 a agosto pessoas humildes que, ou foram expulsas da área mais
de 2009, cerca de 35 mil pessoas foram libertadas em central pelo progresso técnico-científico, ou vieram do
ações dos grupos móveis de fiscalização do Ministério campo ou de outras regiões buscando melhores condi-
do Trabalho e Emprego. ções de vida, mas agora residem em lugares desprovi-
Mentiras mais contadas sobre trabalho escravo. Disponí- dos dos serviços básicos.
vel em: www.reporterbrasil.com.br. Acesso em: 22 ago. SOUZA, A. J. Texto e sugestões de atividades para abor-
2011 (adaptado). dar os conceitos de progresso e desenvolvimento. In:
Ciência Geográfica, AGB, dez. 1995 (adaptado).
TEXTO II
O Brasil subiu quatro posições entre 2009 e 2010 no ran- Com as transformações ocorridas nas áreas rurais e ur-
king do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divul- banas das cidades pelo advento das tecnologias, as
gado pelo Programa das Nações Unidas para Desen- pessoas procuram se beneficiar de novas formas de so-
volvimento. Mas, se o IDH levasse em conta apenas a brevivência. Para isso, apropriam-se dos espaços irregu-
questão da escolaridade, a posição do Brasil no ranking larmente. Diante dessa situação, o poder público deve
mundial ficaria pior, passando de 73 para 93. criar políticas capazes de gerar
UCHINAKA, F.; CHAVES-SCARELLI, T. Brasil é o país
que mais avança, apesar da variável “educação” a) adaptação das moradias para oferecer qualidade
puxar IDH para baixo. Disponível em: http://noticias. de vida às pessoas.
uol.com.br. Acesso em: 22 ago. 2011 (adaptado). b) locais de moradia dignos e infraestrutura adequada
para esses novos moradores.
Estão sugeridas nos textos duas situações de exclusão c) mutirões entre os moradores para o melhoramento
social, cuja superação exige, respectivamente, medi- estético das moradias populares.
das de d) financiamentos para novas construções e acompa-
nhamento dos serviços técnicos.
a) redução de impostos e políticas de ações afirmativas. e) situações de regularização de seus terrenos, mesmo
b) geração de empregos e aprimoramento do poder que em áreas inadequadas.
84 judiciário.
c) fiscalização do Estado e incremento da educação
nacional. 60. (ENEM– 2010)
d) nacionalização de empresas e aumento da distribui- No século XX, o transporte rodoviário e a aviação civil
ção de renda. aceleraram o intercâmbio de pessoas e mercadorias,
e) sindicalização dos trabalhadores e contenção da mi- fazendo com que as distâncias e a percepção subjetiva
gração interna. das mesmas se reduzissem constantemente. É possível
apontar uma tendência de universalização em vários
58. (ENEM– 2017) campos, por exemplo, na globalização da economia,
México, Colômbia, Peru e Chile decidiram seguir um ca- no armamentismo nuclear, na manipulação genética,
minho mais curto para a integração regional. Os quatro entre outros.
países, em meados de 2012, criaram a Aliança do Pa- HABERMAS, J. A constelação pós-nacional: ensaios polí-
cífico e eliminaram, em 2013, as tarifas aduaneiras de ticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001 (adaptado).
90% do total de produtos comercializados entre suas
fronteiras. Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme
OLIVEIRA, E. Aliança do Pacífico se fortalece e descritos no texto, podem ser analisados do ponto de
Mercosul fica à sua sombra. vista moral, o que leva à defesa da criação de normas
O Globo, 24 fev. 2013 (adaptado). universais que estejam de acordo com

O acordo descrito no texto teve como objetivo econô- a) os valores culturais praticados pelos diferentes povos
mico para os países-membros em suas tradições e costumes locais.
b) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os
a) promover a livre circulação de trabalhadores. quais dispõem de condições para tomar decisões.
b) fomentar a competitividade no mercado externo. c) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de
c) restringir investimentos de empresas multinacionais. valores religiosos relativos à justiça divina.
d) adotar medidas cambiais para subsidiar o setor agrí- d) os sistemas políticos e seus processos consensuais e
cola. democráticos de formação de normas gerais.
e) reduzir a fiscalização alfandegária para incentivar o e) os imperativos técnico-científicos, que determinam
consumo com exatidão o grau de justiça das normas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

61. (ENEM– 2018) te transicionais, que a pressão sobre a biomassa se faz


Foi-se o tempo em que era possível mostrar um mundo sentir com muita força, devido à retirada da cobertura
econômico organizado em camadas bem definidas, florestal, ao superpastoreio e às atividades mineradoras
onde grandes centros urbanos se ligavam, por si próprios, não controladas, desencadeando um quadro agudo
a economias adjacentes “lentas”, com o ritmo muito de degradação ambiental, refletido pela incapacidade
mais rápido do comércio e das finanças de longo alcan- de suporte para o desenvolvimento de espécies vege-
ce. Hoje tudo ocorre como se essas camadas sobrepos- tais, seja uma floresta natural ou plantações agrícolas.
tas estivessem mescladas e interpermeadas. Interdepen- CONTI, J. B. A geografia fisica e as relações sociedade-
dências de curto e longo alcance não podem mais ser -natureza no mundo tropical. In: CARLOS, A F. A (Org.).
separadas umas das outras. Novos caminhos da geografia. São Paulo: Contexto,
BRENNER, N. A globalização como reterritorialização. 1999 (adaptado).
Cadernos Metrópole, n. 24, jul.-dez. 2010 (adaptado).
O texto enfatiza uma consequência da relação confli-
A maior complexidade dos espaços urbanos contempo- tuosa entre a sociedade humana e o ambiente, que diz
râneos ressaltada no texto explica-se pela respeito ao processo de

a) expansão de áreas metropolitanas. a) inversão térmica.


b) emancipação de novos municípios. b) poluição atmosférica.
c) consolidação de domínios jurídicos. c) eutrofização da água.
d) articulação de redes multiescalares. d) contaminação dos solos.
e) redefinição de regiões administrativas. e) desertificação de ecossistemas.

62. (ENEM– 2009) 64. (ENEM– 2010)


Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram liber- Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra
tados de fazendas onde trabalhavam como se fossem de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos tra-
escravos. O governo criou uma lista em que ficaram ex-
ziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de
postos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscali-
encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta
zação. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que
inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os
mais sofrem com a fraqueza do poder público, o blo-
beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos bran-
queio dos canais de financiamento agrícola para tais fa-
cos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios.
zendeiros tem sido a principal arma de combate a esse
CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela his- 85
problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de
tória do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das
informações, provocada pelas distâncias e pelo poder
Letras, 1997 (adaptado).
intimidador dos proprietários. Organizações não gover-
namentais e grupos como a Pastoral da Terra têm agido
corajosamente, acionando as autoridades públicas e O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Ca-
ministrando aulas sobre direitos sociais e trabalhistas. minha, documento fundamental para a formação da
“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escra- identidade brasileira. Tratando da relação que, desde
vo”. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em: esse primeiro contato, se estabeleceu entre portugueses
17 mar. 2009 (adaptado). e indígenas, esse trecho da carta revela a

Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos a) preocupação em garantir a integridade do coloniza-
de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, dor diante da resistência dos índios à ocupação da
porque eles terra.
b) postura etnocêntrica do europeu diante das caracte-
a) substituem as autoridades policiais e jurídicas na reso- rísticas físicas e práticas culturais do indígena.
lução dos conflitos entre patrões e empregados c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto
b) defendem os direitos dos consumidores junto aos ar- à utilização dos nativos como mão de obra para co-
mazéns e mercados das fazendas e carvoarias. lonizar a nova terra.
c) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorá- d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que
rios e a redução da carga horária de trabalho. dificultava o trabalho catequético e exigia amplos re-
d) fortalecem a administração pública ao ministrarem cursos para a defesa da posse da nova terra.
aulas aos seus servidores. e) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a
e) encaminham denúncias ao Ministério Público e pro- sua incorporação aos interesses mercantis portugue-
movem ções de conscientização dos trabalhadores. ses, por meio da exploração econômica dos índios.

63. (ENEM– 2017) 65. (ENEM– 2018)


Trata-se da perda progressiva da produtividade de Os portos sempre foram respostas ao comércio pratica-
biomas inteiros, afetando parcelas muito expressivas do em grande volume, que se dá via marítima, lacustre
dos domínios subúmidos e semiáridos em todas as re- e fluvial, e sofreram adaptações, ou modernizações, de
giões quentes do mundo. É nessas áreas, ecologicamen- acordo com um conjunto de fatores que vão desde a
Ciências Humanas e suas Tecnologias

sua localização privilegiada frente a extensas hinterlân- 67. (ENEM– 2018)


dias, passando por sua conectividade com modernas
redes de transportes que garantam acessibilidade, as- TEXTO I
sociados, no atual momento, à tecnologia, que os trans- Quando um exército atravessa montanhas, florestas,
formam em pontas de lança de uma economia globali- zonas de precipícios, ou marcha ao longo de desfila-
zada que comprime o tempo em nome da produtivida- deiros, alagadiços ou pântanos, ou qualquer outro ter-
de e da competitividade. reno onde a deslocação é árdua, está em terreno difícil.
ROCHA NETO, J. M.; CRAVIDÃO, F. D. Portos no con- O terreno onde é apertado e a sua saída é tortuosa e
texto do meio técnico. Mercator, n. 2, maio-ago. 2014 onde uma pequena força inimiga pode atacar a mi-
(adaptado). nha, embora maior, é cercado.
TZU, S. A arte da guerra. São Paulo: Martin Claret, 2001.
Uma mudança que permitiu aos portos adequarem-se
às novas necessidades comerciais apontadas no texto TEXTO II
foi a O objetivo principal era encontrar e matar Osama Bin
Laden. Onde ele se esconde? Não podemos esquecer a
a) intensificação do uso de contêineres. dificuldade de ocupação do país, que possui um relevo
b) compactação das áreas de estocagem. montanhoso, cheio de cavernas, onde fica fácil, para
c) burocratização dos serviços de alfândega. quem está acostumado com esse relevo, esconder-se.
d) redução da profundidade dos atracadouros. OLIVEIRA, M. G.; SANTOS, M. S. Ásia: uma visão histórica,
e) superação da especialização dos cargueiros. política e econômica do continente. Rio de Janeiro:
E-Papers, 2009 (adaptado).
66. (ENEM– 2018)
Uma pesquisa realizada por Carolina Levis, especialis- As situações apresentadas atestam a importância da re-
ta em ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da lação entre a topografia e o(a)
Amazônia, e publicada na revista Science, demonstra
que as espécies vegetais domesticadas pelas civiliza- a) construção de vias terrestres.
ções pré-colombianas são as mais dominantes. “A do- b) preservação do meio ambiente.
mesticação de plantas na floresta começou há mais de c) emprego de armamentos sofisticados.
8 000 anos. Primeiro eram selecionadas as plantas com d) intimidação contínua da população local.
características que poderiam ser úteis ao homem e em e) domínio cognitivo da configuração espacial.
86 um segundo momento era feita a propagação dessas
espécies. Começaram a cultivá-las em pátios e jardins, 68. (ENEM– 2018)
por meio de um processo quase intuitivo de seleção”. Os países industriais adotaram uma concepção diferen-
OLIVEIRA, J. Indígenas foram os primeiros a te das relações familiares e do lugar da fecundidade na
alterar o ecossistema da Amazônia. Disponível em: ht- vida familiar e social. A preocupação de garantir uma
tps://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 dez. 2017 (adap- transmissão integral das vantagens econômicas e sociais
tado). adquiridas tem como resultado uma ação voluntária de
limitação do número de nascimentos.
O texto apresenta um novo olhar sobre a configuração GEORGE, P Panorama do mundo atual. São Paulo: Difu-
da Floresta Amazônica por romper com a ideia de são Europeia do Livro, 1968 (adaptado).

a) primazia de saberes locais. Em meados do século XX, o fenômeno social descrito


b) ausência de ação antrópica. contribuiu para o processo europeu de
c) insuficiência de recursos naturais.
d) necessidade de manejo ambiental. a) estabilização da pirâmide etária.
e) predominância de práticas agropecuárias. b) conclusão da transição demográfica.
c) contenção da entrada de imigrantes.
d) elevação do crescimento vegetativo.
e) formação de espaços superpovoados.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

69. (ENEM– 2018) SHELLEY. Os homens da Inglaterra Apud HUBERMAN, L.


Em algumas línguas de Moçambique não existe a pa- História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar,
lavra “pobre”. O indivíduo é pobre quando não tem 1982.
parentes. A pobreza é a solidão, a ruptura das relações A análise do trecho permite identificar que o poeta ro-
familiares que, na sociedade rural, servem de apoio à so- mântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição
brevivência. Os consultores internacionais, especialistas nas condições socioeconômicas da nascente classe
em elaborar relatórios sobre a miséria, talvez não tenham trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal
em conta o impacto dramático da destruição dos laços contradição está identificada
familiares e das relações de entreajuda. Nações inteiras
estão tornando-se “órfãs”, e a mendicidade parece ser a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada
a única via de uma agonizante sobrevivência. na riqueza dos patrões.
COUTO, M. E se Obama fosse africano? & outras inter- b) no trabalho, que era considerado uma garantia de
venções. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado). liberdade.
c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados
Em uma leitura que extrapola a esfera econômica, o au- pelo proletariado.
tor associa o acirramento da pobreza à d) no salário dos operários, que era proporcional aos
seus esforços nas indústrias.
a) afirmação das origens ancestrais. e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a
b) fragilização das redes de sociabilidade. produziam.
c) padronização das políticas educacionais.
d) fragmentação das propriedades agrícolas. 72. (ENEM– 2011)
e) globalização das tecnologias de comunicação. A introdução de novas tecnologias desencadeou uma
série de efeitos sociais que afetaram os trabalhadores
70. (ENEM– 2018) e sua organização. O uso de novas tecnologias trouxe
a diminuição do trabalho necessário que se traduz na
TEXTO I economia líquida do tempo de trabalho, uma vez que,
As fronteiras, ao mesmo tempo que se separam, unem com a presença da automação microeletrônica, co-
e articulam, por elas passando discursos de legitimação meçou a ocorrer a diminuição dos coletivos operários
da ordem social tanto quanto do conflito. e uma mudança na organização dos processos de tra-
CUNHA, L. Terras lusitanas e gentes dos brasis: a nação balho.
e o seu retrato literário. Revista Ciências Sociais, n. 2, Revista Eletrônica de Geografia Y Ciências Sociales. Uni- 87
2009. versidad de Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004.
A utilização de novas tecnologias tem causado inúme-
TEXTO II ras alterações no mundo do trabalho. Essas mudanças
As últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e são observadas em um modelo de produção caracte-
das mercadorias e informação que rendem dinheiro an- rizado
dam de mãos dadas com a pressão para cavar novos
fossos e erigir novas muralhas que barrem o movimento a) pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de tra-
daqueles que em consequência perdem, física ou espi- balho no setor industrial.
ritualmente, suas raízes. b) pelo aumento na oferta de vagas para trabalhado-
BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. res especializados em funções repetitivas.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. c) pelo uso intensivo do trabalho manual para desen-
volver produtos autênticos e personalizados.
A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira d) pela manutenção de estoques de larga escala em
compreende a função da alta produtividade.
e) pela participação ativa das empresas e dos próprios
a) liberação da circulação de pessoas. trabalhadores no processo de qualificação laboral.
b) preponderância dos limites naturais.
73. (ENEM– 2014)
c) supressão dos obstáculos aduaneiros
A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que
d) desvalorização da noção de nacionalismo.
continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o
e) seletividade dos mecanismos segregadores
universo), que não se pode compreender antes de en-
tender a língua e conhecer os caracteres com os quais
71. (ENEM– 2010)
está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os
Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores
caracteres são triângulos, circunferências e outras figu-
que vos mantêm na miséria?
ras geométricas sem, cujos meios é impossível entender
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas
humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos
que vossos tiranos vestem?
dentro de um obscuro labirinto.
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo
GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril
esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah,
Cultural, 1978.
que bebem vosso sangue?
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No contexto da Revolução Científica do século XVII, as- 76. (ENEM– 2009)


sumir a posição de Galileu significava defender a À medida que a demanda por água aumenta, as reservas
desse recurso vão se tornando imprevisíveis. Modelos ma-
a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominan- temáticos que analisam os efeitos das mudanças climá-
te na Idade Média. ticas sobre a disponibilidade de água no futuro indicam
b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanha- que haverá escassez em muitas regiões do planeta. São
do do exame matemático. esperadas mudanças nos padrões de precipitação, pois
c) oposição da nova física quantitativa aos pressupos-
tos da filosofia escolástica. a) as modificações decorrentes do aumento da tem-
d) importância da independência da investigação peratura do ar diminuirão a umidade e, portanto, au-
científica pretendida pela Igreja. mentarão a aridez em todo o planeta.
e) inadequação da matemática para elaborar uma ex- b) o maior aquecimento implica menor formação de
plicação racional da natureza. nuvens e, consequentemente, a eliminação de áreas
úmidas e subúmidas do globo.
74. (ENEM– 2016) c) a elevação do nível dos mares pelo derretimento das
Cúpula dos Povos começa como contraponto à Rio+20 geleiras acarretará redução na ocorrência de chu-
Enquanto a conferência oficial no Riocentro, na Barra, vas nos continentes, o que implicará a escassez de
é restrita a participantes credenciados, que só entram água para abastecimento.
depois de passar por um forte controle de segurança, d) a origem da chuva está diretamente relacionada
a Cúpula dos Povos é aberta ao público, em tendas ao com a temperatura do ar, sendo que atividades an-
ar livre no Aterro do Flamengo. Ela é aberta também às tropogênicas são capazes de provocar interferências
tribos e discussões mais diversas, em mesas de debate e em escala local e global.
painéis geridos pelos próprios participantes, buscando e) as chuvas frontais ficarão restritas ao tempo de perma-
nência da frente em uma determinada localidade, o
promover a mobilização social. Problemas ambientais,
que limitará a produtividade das atividades agrícolas.
econômicos, sociais, políticos e de minoria serão discuti-
dos no evento, afirma uma ativista norte-americana, em
77. (ENEM– 2016)
alusão ao movimento que ocupou Wall Street, em Nova
O Mar de Arai, localizado entre o Cazaquistão e o Uz-
York, no ano passado.
bequistão, era até 1960 o quarto maior lago do mundo,
Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 14 ago.
cobrindo uma área de 66 mil quilômetros quadrados,
2012.
com umvolume estimado de mais de 1 OOOquilôme-
88 Uma articulação entre as agendas ambientalistas e a
troscúbicos. O Arai e toda a bacia do lago ga-
antiglobalização indica a
nharam notoriedade mundial como uma das maiores
degradações ambientais do século XX causadas pelo
a) humanização do sistema capitalista financeiro. homem. É referida como a “Chernobyl Calada”, uma
b) consolidação do movimento operário internacional. catástrofe silenciosa que evoluiu lentamente, de forma
c) promoção de consenso com as elites políticas locais. quase imperceptível, ao longo das últimas décadas. O
d) constituição de espaços de debates transversais glo- futuro do Arai é incerto. A única certeza é que o lago é
bais. agora cenário de uma catástrofe ambiental à medida
e) construção das pautas com os partidos políticos so- que o nível de água declina e o ecossistema degrada-
cialistas. -se, provocando um ambiente de deterioração e condi-
ções de vida e de saúde precárias para os povos que
75. (ENEM– 2012) vivem às margens do lago.
O uso da água aumenta de acordo com as necessida-
des da população no mundo. Porém, diferentemente SANTIAGO, E. Disponívelem:
do que se possa imaginar, o aumento do consumo de www.infoescola.com. Acesso em: 12 dez. 2012 (adap-
água superou em duas vezes o crescimento populacio- tado).
nal durante o século XX.
TEIXEIRA, W. et aI. Decifrando a Terra. São Paulo: Cia. Edi- Os impactos ambientais no Mar de Aral são diretamen-
tora Nacional, 2009. te resultantes da
Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para
alterar a lógica de uso da água apresentada no texto a) exploração de petróleo em águas profundas desse
éa mar para atender à demanda centro-asiática.
b) aplicação de pesticidas nas lavouras de seu entorno
a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica para aumentar a produtividade.
b) criação de incentivos fiscais para o cultivo de produ- c) construção de edificações em suas margens para
tos orgânicos. desenvolver a atividade turística.
c) intensificação do controle do desmatamento de Flo- d) utilização de suas águas para atender às necessida-
restas. des da indústria pesqueira.
d) expansão da irrigação por aspersão das lavouras. e) extração das águas de seus afluentes para a irriga-
e) adoção de técnicas tradicionais de produção. ção de lavouras.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

78. (ENEM– 2014) 80. (ENEM– 2016)


De modo geral, os logradouros de Fortaleza, até mea- Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia
dos do século XIX, eram conhecidos por designações tinha acabado de passar por uma explosão populacio-
surgidas da tradição ou de funções e edificações que nal. Em pouco mais de cem anos, o número de habitan-
lhes caracterizavam. Assim chamava-se Travessa da tes aumentara dez vezes.
Municipalidade (atual Guilherme Rocha) por ladear o GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe
prédio da Intendência Municipal; São Bernardo (hoje medroso e uma Corte corrupta enganaram Napoleão
Pedro Pereira) por conta da igreja homônima; Rua do e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo:
Cajueiro (atual Pedro Borges) por abrigar uma das mais Planeta do Brasil, 2008 (adaptado).
antigas e populares árvores da capital. Já a Praça José A alteração demográfica destacada no período teve
de Alencar, na década de 1850, era popularmente de- como causa a atividade:
signada por Praça do Patrocínio, pois em seu lado norte
se encontrava uma igreja homônima. a) cafeeira, com a atração da imigração europeia.
Silva Filho A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortale- b) industrial, com a intensificação do êxodo rural.
za: Museu do Ceará; Secult-CE, 2001 (adaptado). c) mineradora, com a ampliação do tráfico africano.
Os atos de nomeação dos logradouros, analisados de d) canavieira, com o aumento do apresamento indí-
um perspectiva histórica, constituem gena.
e) manufatureira, com a incorporação do trabalho as-
a) formas de promover os nomes das autoridades im- salariado
periais.
b) modos oficiais e populares de produção da memória 81. (NC - UFPR – nível Técnico i – itaipu- 2017)
nas cidades. Sobre nivelamento trigonométrico, é correto afirmar:
c) recursos arquitetônicos funcionais à racionalização
do espaço urbano. a) é o método que possibilita maior precisão; em contra-
d) maneiras de hierarquizar estratos sociais e dividir as partida, é o de menor rendimento.
populações urbanas. b) para lances maiores que 250 metros, tornam-se ne-
e) mecanismos de imposição dos itinerários sociais e flu- cessárias as correções relativas à curvatura terrestre e
xos econômicos na cidade à refração atmosférica.
c) dispensa a medida da altura do instrumento no méto-
79. (ENEM– 2010) do das visadas iguais.
Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do d) os equipamentos utilizados são: miras, tripé e nível. 89
Cerrado, um recente e marcante gesto simbólico: a re- e) a luneta do equipamento será posicionada em ângu-
alização de sua tradicional corrida de toras (de buriti) los zenitais menores que 90° para declives e maiores
em plena Avenida Paulista (SP), para denunciar o cerco que 90° para aclives.
de suas terras e a degradação de seus entornos pelo
avanço do agronegócio. 82. (COSANPA/PA - Técnico Industrial – FADESP – 2017)
RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos Indígenas do Brasil: O gerenciamento integrado do lixo municipal deve co-
2001-2005. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 meçar pela sua caracterização. Entre os fatores que
(adaptado). não influenciam este fato, destaca(m)-se
A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia
a relação dos usos socioculturais da terra com os atuais a)o número de habitantes do município.
problemas socioambientais, caracterizados pelas ten- b) o poder aquisitivo, os hábitos e costumes da popu-
sões entre lação.
c) o nível educacional e as condições climáticas.
a) os povos indígenas do Cerrado e os polos econômi- d) a quantidade de garis.
cos representados pelas elites industriais paulistas.
b) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que 83. (COSANPA/PA - Técnico Industrial – FADESP – 2017)
as terras indígenas dali sejam alvo de invasões urba- Fazem parte do projeto de microdrenagem urbana os
nas. seguintes dispositivos hidráulicos:
c) os grileiros articuladores do agronegócio e os povos
indígenas pouco organizados no Cerrado. a) sarjetões.
d) a expansão territorial do agronegócio, em especial b) bocas de lobo.
nas regiões Centro-Oeste e Norte, e as leis de prote- c) galerias subterrâneas com diâmetros superiores a 2,0
ção indígena e ambiental. metros.
e) as leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio d) poços de visitas.
ambiente e as severas leis sobre o uso capitalista do
meio ambiente.
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84. (COSANPA/PA - TÉCNICO INDUSTRIAL – FADESP – b) o ferro é comumente encontrado nas águas naturais,
2017) superficiais e subterrâneas, apresentando-se nas for-
O parâmetro DBO é utilizado no tratamento de esgoto mas insolúvel e dissolvida.
para determinar a quantidade de matéria orgânica pre- c) a forma insolúvel desses elementos é frequente no
sente. Com base em seus conceitos, é correto afirmar que fundo de lagos e reservatórios de acumulação, pois
para lá se precipitam e se acumulam.
a) DQO é considerada padrão de lançamento de d) a remoção do ferro pode se realizar por aeração
efluentes em corpos d’água. para favorecer a oxidação à forma insolúvel; entre-
b) sua determinação é importante para se conhecer o tanto, por se apresentar mais estável na forma reduzi-
grau de poluição de uma água residuária e a eficiên- da do que o ferro, a oxidação do manganês torna-se
cia de uma ETE. mais difícil, e a simples aeração não é exitosa para
c) o padrão para um esgoto predominantemente do- sua remoção.
méstico está em torno de 300 gDBO/hab.dia.
d) uma das vantagens da realização deste teste é a ra- 88. (UFVJM/MG -Técnico – FUNDEP – 2017)
pidez com que o resultado é conhecido, facilitando Os grandes projetos de irrigação podem trazer prospe-
o controle operacional de uma ETE. ridade a uma área, porém o consequente uso intensivo
das terras e água pode também criar situações inde-
85. (COSANPA/PA - TÉCNICO INDUSTRIAL – FADESP – sejáveis. Entre essas situações tem-se a alteração e de-
2017) gradação da qualidade da água como resultado de
Não deve(m) ser considerada(s), no estudo de concep- seu uso intensivo – uso e reuso – dentro de sua bacia
ção de um sistema de abastecimento de água, hidrológica. A drenagem agrícola pode constituir ame-
aça especialmente para as regiões situadas à jusante
a) a planta de localização com topografia, principais desses projetos.
vias e geologia.
Em relação a grandes projetos de irrigação , assinale a
b) as atividades econômicas e os indicadores sócio-
alternativa INCORRETA.
-econômicos.
c) a vazão de infiltração da rede coletora.
a) as águas residuais geradas pela agricultura e no âm-
d) a definição da existência e característica de energia
bito urbano podem degradar a qualidade das águas.
elétrica no local.
b) o efluente da drenagem subsuperficial das terras agrí-
colas não constitui ameaça à qualidade das águas.
86. (UFVJM/MG - Técnico – FUNDEP – 2017)
90 c) a drenagem é o meio que se pode propor para elimi-
As águas subterrâneas podem ser afetadas pela irriga-
nar os perigos de salinidade e alagamento das terras
ção realizada sem os devidos cuidados.
Em relação à qualidade das águas subterrâneas, assina- agrícolas, devendo o efluente dessa drenagem rece-
le a alternativa INCORRETA. ber cuidados adequados para evitar a contamina-
ção das águas.
a) nas regiões rurais, a contaminação das águas sub- d) devido ao alto custo de transporte das águas exce-
terrâneas também se realiza por meio da infiltração dentes aos pontos de eliminação (mar, rios, lagoas
de pesticidas e nitratos extensivamente utilizados na de água salina), é conveniente utilizá-las o máximo
agricultura. possível no projeto de irrigação, antes de eliminá-las.
b) significativa redução nas concentrações de nitratos
em águas subterrâneas tem sido verificada principal- 89. (UFVJM/MG -Técnico – FUNDEP – 2017)
mente em solos arenosos submetidos à irrigação. Quanto à relação solo–água–planta–atmosfera, é incor-
c) os fatores mais comumente associados à presença reto afirmar:
de pesticidas em águas subterrâneas relacionam-se
às áreas de uso mais intensivo e à magnitude da re- a) ao longo da história, o solo tem sido um elemento
carga no aquífero – por precipitação ou irrigação. bastante familiar ao homem, pois daquele sempre
d) a irrigação realizada em larga escala em regiões ári- dependeu para satisfazer suas necessidades básicas
das ou semiáridas pode concorrer com o progressivo de locomoção, abrigo e alimentação.
aumento da salinidade do solo e, por consequência, b) solo, planta e água são fatores críticos e interdepen-
das águas subterrâneas. dentes na prática da irrigação: o balanço adequado
desse trio deve propiciar sucesso nessa prática.
87. (UFVJM/MG - Técnico – FUNDEP – 2017) c) disponibilidade de água, nutrientes e ar nos solos va-
Ferro e manganês estão entre os elementos mais abun- riam bastante, condicionando, nos vários solos, uma
dantes da crosta terrestre. produtividade diferente das culturas, quando outros
Em relação ao ferro e ao manganês, assinale a alterna- fatores são considerados constantes.
tiva INCORRETA. d) a água é o substrato principal da produção de ali-
mentos e uma das principais fontes de nutrientes e
a) de modo geral, estão presentes nas águas naturais e sedimentos que têm sua origem nos rios e mares.
originam-se da dissolução de compostos de rochas
e solos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

90. (UFVJM/MG -Técnico – FUNDEP – 2017) d) o carreamento de contaminantes da superfície do


Os movimentos de massa são processos pelos quais solo pela água infiltrada é menor nos solos arenosos
massas de rocha e solo se deslocam encosta abaixo do que nos solos argilosos.
devido à influência da força da gravidade. Tais massas
podem ser carreadas mais adiante por vários agentes 93. (PREFEITURA DE PRESIDENTE PRUDENTE - SP - TÉCNICO
de transporte. As observações de campo levam os ge- AMBIENTAL- VUNESP-2016)
ólogos a identificarem fatores primários que influenciam Nas cidades, a poluição dos ambientes aquáticos é
tais movimentos. evitada com a estruturação de uma rede de esgota-
São fatores de influência nos movimentos de massa, EX- mento sanitário e tratamento adequado dos esgotos
CETO: domésticos e industriais, mas outras medidas também
devem ser adotadas visando ao controle da poluição
a) natureza dos materiais da encosta. das águas, tal como:
b) declividade e estabilidade das encostas.
c) quantidade de água contida nos materiais. a) proximidade entre sistemas de fossa negra e poços
d) velocidade do vento sobre a encosta. cacimba.
b) uso do chorume produzido em aterros sanitários para
91. (UFVJM/MG -Técnico – FUNDEP – 2017) fertilização dos rios e lagos.
Na atualidade, há diversos estágios de processos bioló- c) disciplinamento do uso do solo nas proximidades dos
gicos que podem ser aplicados ao controle ambiental. mananciais.
Geralmente, esses processos são divididos em dois gran- d) eliminação das matas ciliares dos rios que cortam a
des grupos chamados de tratamento ativo e tratamen- cidade.
to passivo. e) aplicação de larvicidas e herbicidas nos rios para im-
Analise as afirmativas a seguir sobre esses processos. pedir a proliferação de insetos e de plantas, respec-
I. O tratamento ativo maximiza a taxa de remoção do tivamente.
poluente pela otimização da atividade metabólica das
espécies biológicas envolvidas.
94. (PREFEITURA DE PRESIDENTE PRUDENTE - SP - TÉCNICO
II. O tratamento passivo se utiliza das espécies biológicas
AMBIENTAL- VUNESP-2016)
em condições naturais, requerendo controles básicos,
São exemplos de rochas metamórficas:
manutenção e monitoramento periódicos.
III. O tratamento ativo requer controle de processo, pes-
a) granito, mármore, basalto e arenito.
soal e infraestrutura semelhante ao de uma unidade de
b) silito, argelito, ambrolito e obsediana. 91
tratamento convencional. I
c) periodito, conglomerado, brecha e argila.
V. O tratamento passivo usa processos de precipitação
d) diorito, migmatito, cloritaxisto e periodito.
de hidróxidos em condições aeróbicas, remoção de
metal em biomassas, filtração de material suspenso, en- e) quartzo, ardósia, gnaisse e filito.
tre outros, para remoção de contaminantes.
95. (UFPB/PB - Assistente Administrativo – IDECAN – 2016)
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): A Antártida é um continente que representa uma ques-
tão da geopolítica internacional. Em seus 14 milhões de
a). I, II, III e IV. quilômetros quadrados estão localizadas importantes
b). I, II e III, apenas. reservas de cobre, urânio e carvão natural, sem contar
c). I e II, apenas. que dispõe de 90% da água doce do Planeta em suas
d). I, apenas. geleiras. Uma resolução geopolítica sobre esse conti-
nente foi estabelecida pelo Tratado:
92. (PREFEITURA DE SANTA CECÍLIA - SC- FISCAL DE VIGI-
LÂNCIA AMBIENTAL – 2016) a) Antártico.
A captação de águas subterrâneas é uma prática mui- b) Polar do Sul.
to utilizada no fornecimento para cidades, fábricas e c) Ártico-Antártico.
para a produção rural Assinale a alternativa correta le- d) Continental-austral.
vando em conta o efeito da estrutura pedológica sobre
a captação de águas subterrâneas: 96. (CESAN/ES - Auxiliar de Laboratório- CONSULPLAN
-2011)
a) de forma geral, as águas subterrâneas requerem um A evolução do homem está intrinsecamente relaciona-
tratamento mais rigoroso do que as superficiais, pois o da à sua capacidade de gerar energia, por isso, pode-
solo abriga uma infinidade de contaminantes. mos afirmar que “a energia é a ferramenta do desenvol-
b) a água residual é aquela que se encontra de forma vimento das civilizações”. No entanto, algumas fontes
livre no solo, ou seja, não foi fortemente absorvida e não são consideradas renováveis e vêm preocupando
está disponível para o uso. as autoridades internacionais, devido à sua grande im-
c) poços artesianos são aqueles cavados em regiões portância na manutenção de todo um sistema moder-
onde a altura piezométrica se encontra acima do ní- no de existência. NÃO se pode considerar fonte renová-
vel do lençol freático. vel de energia:
Ciências Humanas e suas Tecnologias

a) carvão mineral e derivados. O texto apresenta três tipos de poder que podem ser
b) cana-de-açúcar e derivados. identificados em momentos históricos distintos. Identifi-
c) hidráulica. que o período em que a obediência esteve associada
d) carvão vegetal e lenha. predominantemente ao poder carismático:
e) à base do Vento e da luz solar.
a) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
97. (Polícia Civil – PR - Auxiliar de Anatomia e Necropsia b) República Federalista Norte-Americana.
– UFPR – 2007) c) República Fascista Italiana no século XX.
Sobre a indústria brasileira, é correto afirmar: d) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.
e) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
a) a indústria nacional, embora seja um setor financeiro
desenvolvido, apresenta fragilidades resultantes da 100. (ENEM– 2012)
infra-estrutura de transportes e energia. As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados
b) as indústrias de base são controladas pelo Estado por do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande
uma questão de segurança nacional. maioria, vivem numa situação de exclusão e subalterni-
c) nos últimos dez anos, os segmentos de refino de petró- dade. O termo quebradeira de coco assume o caráter
leo e produção de álcool foram os que mais perde- de identidade coletiva na medida em que as mulheres
ram em relação ao valor de transformação industrial. que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua po-
d) o Sudeste deixou de ser o pólo industrial mais impor- sição e condição desvalorizada pela lógica da domina-
tante do país, tendo em vista a migração de indús- ção, se organizam em movimentos de resistência e de
trias para o Nordeste. luta pela conquista da terra, pela libertação dos baba-
e) os resultados atuais de valorização da moeda bra- çuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam
sileira demonstram que não existe mais remessa de a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experi-
lucros das indústrias multinacionais instaladas no Brasil
ências, tendo como principal referência sua condição
para o exterior.
preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
98. (ENEM– 2017)
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de co-
E venham, então, os alegres incendiários de dedos car-
co-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse
bonizados! Vamos! Ateiem fogo às estantes das biblio-
da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de
tecas! Desviem o curso dos canais, para inundar os mu-
Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).
seus! Empunhem as picaretas, os machados,os martelos
92 e deitem abaixo sem piedade as cidades veneradas!
A organização do movimento das quebradeiras de
coco de babaçu é resultante da
MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. Disponível em: www.
sibila.com.br.
a) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no
Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado).
acesso aos babaçuais localizados no interior de suas
Propriedades.
Que princípio marcante do Futurismo e comum a várias
b) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no
correntes artísticas e culturais das primeiras três décadas
acesso aos babaçuais localizados no interior de suas
do século XX está destacado no texto?
Propriedades.
c) constante violência nos babaçuais na confluência
a) a tradição é uma força incontornável.
de terras maranhenses, piauienses, paraenses e to-
b) a arte é expressão da memória coletiva.
cantinenses, região com elevado índice de Homicí-
c) a modernidade é a superação decisiva da história.
dios
d) a realidade cultural é determinada economicamen-
d) progressiva devastação das matas dos cocais, em
te.
função do avanço da sojicultura nos chapadões do
e) a memória é um elemento crucial da identidade cul-
Meio-Norte brasileiro.
tural.
e) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, mi-
grantes das cidades e com pouco vínculo histórico
99. (ENEM– 2011)
com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Ma-
Os três tipos de poder representam três diversos tipos de
ranhão e Piauí.
motivações: no poder tradicional, o motivo da obediên-
cia é a crença na sacralidade da pessoa do soberano;
101. (ENEM– 2015)
no poder racional, o motivo da obediência deriva da
A crescente intelectualização e racionalização não in-
crença na racionalidade do comportamento conforme
dicam um conhecimento maior e geral das condições
a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes
sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se qui-
extraordinários do chefe.
séssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qual-
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teo-
quer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis;
ria geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adap-
podemos dominar todas as coisas pelo cálculo.
tado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; a) Exigência de mão de obra com qualificação.
MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio b) Implementação da atividade do ecoturismo.
de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). c) Aumento do número de famílias assentadas.
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max d) Demarcação de terras para povos indígenas.
Weber a respeito do processo de desencantamento do e) Ampliação do crédito à agricultura familiar.
mundo evidencia o(a):
104. (ENEM– 2013)
a) progresso civilizatório como decorrência da expan-
são do industrialismo. TEXTO I
b) extinção do pensamento mítico como um desdobra- A nossa luta é pela democratização da propriedade da
mento do capitalismo. terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca
c) emancipação como consequência do processo de de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras.
racionalização da vida. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios
d) afastamento de crenças tradicionais como uma ca- improdutivos e grandes propriedades, que não cum-
racterística da modernidade. prem a função social, como determina a Constituição
e) fim do monoteísmo como condição para a consoli- de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm ori-
dação da ciência. gem na grilagem de terras públicas.

102. (ENEM– 2016) Disponível em: www.mst.org.br.


As convicções religiosas dos escravos eram entretanto Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
colocadas a duras provas quando de sua chegada ao
Novo Mundo, onde eram batizados obrigatoriamente TEXTO II
“para a salvação de sua alma” e deviam curvar-se às O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno pro-
doutrinas religiosas de seus mestres. Iemanjá, mãe de prietário de loja: quanto menor o negócio, mais difícil
numerosos outros orixás, foi sincretizada com Nossa Se- de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são
nhora da Conceição, e Nanã Buruku, a mais idosa das difíceis de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas
divindades das águas, foi comparada a Sant’Ana, mãe e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma em-
da Virgem Maria. presa produtiva que gere emprego é muito mais barato
e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.
VERGER, P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo
Mundo. São Paulo: Corrupio, 1981. LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolitico.org.br. 93
Acesso em: 25 ago 2011 (adaptado).
O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma estraté-
gia utilizada pelos negros escravizados para Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em rela-
ção à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque
a) compreender o papel do sagrado para a cultura eu- os autores associam a reforma agrária, respectivamen-
ropeia. te, à
b) garantir a aceitação pelas comunidades dos conver-
tidos. a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio
c) preservar as crenças e a sua relação com o sagrado. componês.
d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo. b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mer-
e) possibilitar a adoração de santos católicos. cado externo.
c) contenção da mecanização agrícola e ao combate
103. (ENEM– 2012) ao êxodo rural.
A necessidade de se especializar, de forma talvez indire- d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao
ta, aproximou significativamente o campo e a cidade, crescimento econômico.
na medida em que vários aparatos tecnológicos advin- e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao
dos do espaço urbano foram incorporados às práticas agronegócio.
agrícolas. Maquinários altamente modernos, insumos
industrializados na lavoura são fatores que contribuíram 105. (ENEM– 2016)
para uma nova forma de produzir no campo, cada vez A eugenia, tal como originalmente concebida, era a
com maior rapidez e especialização. aplicação de “boas práticas de melhoramento” ao
aprimoramento da espécie humana. Francis Galton foi
OLIVEIRA, E. B. S. Nova relação campo-cidade: tendên- o primeiro a sugerir com destaque o valor da reprodu-
cias do novo rural brasileiro. Revista Geografia. São Pau- ção humana controlada, considerando-a produtora do
lo: Escala Educacional, maio 2011 (adaptado). aperfeiçoamento da espécie.

Com base na aproximação indicada no texto, uma ROSE, M. O


consequência da modernização técnica para os siste- espectro de Darvin. Rio de Janeiro: Zahar, 2000 (adap-
mas produtivos dos espaços rurais encontra-se em: tado).
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Um resultado da aplicação dessa teoria, disseminada a 107. (ENEM– 2011)


partir da segunda metade do século XIX, foi o(a) O fenômeno de ilha de calor é o exemplo mais mar-
cante da modificação das condições iniciais do clima
a) aprovação de medidas de inclusão social. pelo processo de urbanização, caracterizado pela mo-
b) adoção de crianças com diferentes características dificação do solo e pelo calor antropogênico,o qual in-
físicas. clui todas as atividades humanas inerentes à sua vida
c) estabelecimento de legislação que combatia as di- na cidade.
visões sociais.
d) prisão e esterilização de pessoas com características BARBOSA, R. V. R. Áreas verdes e qualidade térmica em
consideradas inferiores. ambientes urbanos estudo em microclimas em Maceió.
e) desenvolvimento de próteses que possibilitavam a São Paulo: EdUSP, 2005.
reabilitação de pessoas deficientes.
O texto exemplifica ante alteração socioambiental, co-
106. (ENEM– 2012) mum aos centros urbanos. A maximização desse fenô-
Na regulação de matérias culturalmente delicadas, meno ocorre
como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da
educação pública, o status das Igrejas e das comunida- a) pela construção de vias expressas e gerenciamento
des religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, de tráfego terrestre.
quanto ao aborto), mas também em assuntos menos b) pela recomposição de áreas verdes nas áreas cen-
chamativos, como, por exemplo, a posição da família trais dos centros urbanos.
e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a acei- c) pelo processo de impermeabilização do solo nas áre-
tação de normas de segurança ou a delimitação das as centrais das cidades.
esferas pública e privada - em tudo isso reflete-se ami- d) pelo uso de materiais com alta capacidade de refle-
úde apenas o autoentendimento ético-político de uma xão no topo dos edifícios.
cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por e) pela reconstrução dos leitos originais dos cursos
causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo d’água antes canalizados.
dentro de uma comunidade republicana que garanta
formalmente a igualdade de direitos para todos, pode 108. (ENEM– 2016)
eclodir um conflito cultural movido pelas minorias des- O número de votantes potenciais em 1872 era de 1 097
prezadas contra a cultura da maioria. 698, o que correspondia a 10,8% da população total.
94 Esse número poderia chegar a 13%, quando separamos
HABERMAS, J, A inclusão do outro: estudos de teoria po- os escravos dos demais indivíduos. Em 1886, cinco anos
lítica. São Paulo: Loyola, 2002. depois de a Lei Saraiva ter sido aprovada, o número de
cidadãos que poderiam se qualificar eleitores era de
A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como 117 022, isto é, 0,8% da população.
exposto por Habermas, encontra amparo nas democra-
cias contemporâneas, na medida em que se alcança CASTELLUCCI, A. A. S. Trabalhadores, máquina política
e eleições na Primeira República. Disponível em: www.
a) a coexistência das diferenças, considerando a possi- ifch.unicamp.br. Acesso em: 28 jul. 2012.
bilidade de os discursos de autoentendimento se sub-
meterem ao debate público, cientes de que estarão A explicação para a alteração envolvendo o número
vinculados à coerção do melhor argumento. de eleitores no período é a
b) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à
vida adulta, tenham condições de se libertar das tra- a) criação da Justiça Eleitoral.
dições de suas origens em nome da harmonia da po- b) exigência da alfabetização.
lítica Nacional. c) redução da renda nacional.
c) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria d) exclusão do voto feminino.
a igualdade de direitos na condição da sua concen- e) coibição do voto de cabresto.
tração espacial, num tipo de independência Nacio-
nal.
d) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais
como linguagem política ou distintas convenções de
comportamento, para compor a arena política a ser
Compartilhada.
e) a reunificação da sociedade que se encontra frag-
mentada em grupos de diferentes comunidades étni-
cas, confissões religiosas e formas de vida, em torno
da coesão de uma cultura política nacional.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

41 A
GABARITO 42 C
43 A
1 E 44 D
2 D 45 A
3 E 46 C
4 A 47 D
5 C 48 D
6 A 49 B
7 C 50 E
8 E 51 E
9 B 52 E
10 C 53 A
11 B 54 C
12 D 55 E
13 C 56 C
14 E 57 C
15 A 58 B
16 C 59 B
17 A 60 D
18 A 61 D
19 C 62 E
20 A 95
63 E
21 A 64 B
22 A 65 A
23 B 66 B
24 D 67 E
25 B 68 B
26 C 69 B
27 C 70 E
28 B 71 E
29 D 72 E
30 E 73 C
31 C 74 D
32 B 75 A
33 A 76 D
34 Errado 77 E
35 C 78 B
36 B 79 D
37 D 80 C
38 D 81 B
39 B 82 D
40 A 83 C
Ciências Humanas e suas Tecnologias

84 B
FILOSOFIA: INTRODUÇÃO
85 C
86 B
Quem veio antes, o ovo ou a galinha? O filósofo ou
87 C
a filosofia? Não imagine a filosofia como algo de outro
88 B mundo ou ultrapassado: a gente pode estudá-la de uma
89 D maneira criativa, por isso a provocação do começo. Res-
pondendo à pergunta, o filósofo veio antes da filosofia.
90 D Na Grécia Antiga, por volta de 400 A.C.2, um homem era
91 A considerado por todos como muito sábio, seu nome era
92 C Sócrates. Ele dizia: “não sou sábio, porque a única coi-
sa que sei é que nada sei”. Contudo, continuava, “sábio
93 C não sou, mas gosto de ser amigo da sabedoria”. E qual
94 E a etimologia3 de filósofo? Vem da composição de duas
palavras gregas: philia4, que significa amizade, amor fra-
95 A
terno; e sophia, que significa sabedoria. Filósofo, então, é
96 A o amigo da sabedoria. Quem não gosta de viver próximo
97 B à sabedoria?
É justamente na direção apontada acima que a filo-
98 C
sofia se forma - ela é a busca pela sabedoria, pelo co-
99 C nhecimento. Mas nem toda busca pelo conhecimento é
100 B filosofia. Por exemplo, no dia a dia conversamos e forma-
mos opiniões sobre o mundo, assim promovemos aquilo
101 D
que se estabeleceu como o senso-comum. Uma frase
102 C que represente o descrito anteriormente pode ser: “olha,
103 A quando o vento vira assim pode saber que vem chuva”.
A experiência pode nos orientar, mas não é uma afirma-
104 E
ção sustentada após um estudo sistemático de algo - por
isso está no campo do senso-comum.
96
Há também outras formas de buscar conhecimento,
como a religião e a mitologia. Historicamente, a filosofia
dialoga com estes dois campos, mas não se limita, nem
se confunde com eles. Podemos definir religião como
um conjunto de dogmas5 e normas6 para a conduta do
fiel com uma estrutura ideológica que se assenta numa
origem do mundo e dos seres humanos. Já a mitologia
pode ser entendida como um conjunto de histórias que
orientam a reflexão dos seres humanos e buscam dar
sentido às coisas todas do mundo. Uma diferença entre
religião e mitologia é que a primeira necessariamente en-
volve uma prática, enquanto a segunda não.
A filosofia se afasta da religião por não ser em essên-
cia dogmática - uma ideia filosófica pode superar a ou-
tra, ou mesmo conviverem sem se excluírem; também
se afasta da mitologia por não se amparar em histórias
inventadas e sem uma base crível de veracidade. A filo-
sofia é o estudo que se orienta por conceitos, ou seja, a
formulação de ideias por meio de palavras. Cabe desta-

2 Nosso calendário é baseado em um marco cristão - o nas-


cimento de Jesus Cristo. Os termos A.C. e D.C. significam, res-
pectivamente, Antes de Cristo e Depois de Cristo. Portanto, Só-
crates viveu aproximadamente 400 anos antes do nascimento
de Cristo.
3 Estudo da origem da palavra.
4 Já parou para pensar qual a etimologia das palavras pedófilo
e cinéfilo?
5 Dogmas são ideias indiscutíveis e fundamentais.
6 Normas são regras que devem ser seguidas
Ciências Humanas e suas Tecnologias

car que a filosofia não se propõe como maior ou melhor


do que o senso-comum, a religião ou a mitologia. Ela é CONCEITOS POLÍTICOS
apenas uma outra maneira de se encarar o mundo e a
humanidade, com sua especificidade e seu valor como
meio de melhor nos conhecermos e nos relacionarmos. Com as formulações desenvolvidas nos itens anterio-
res, podemos pensar alguns conceitos políticos. Cabe um
destaque: como apontado acima, a filosofia não pode
COMO DEVEMOS NOS RELACIONAR? ser um pensamento dogmático, ou seja, para um mesmo
debate diversos conceitos podem ser municiados sem
que nenhum deles represente uma verdade inquestioná-
O filósofo grego Aristóteles, que veio alguns anos de- vel. Vamos então a uma primeira questão: o que é o
pois de Sócrates, conceituava que a característica distin- poder?
tiva do ser humano em relação aos outros seres vivos é a Primeiramente, devemos entender poder como um
linguagem. É justamente nossa capacidade de formular conceito relacional, ou seja, ele só pode ser definido em
ideias abstratas como justiça, respeito, coragem, medo, relação a algo, ele não existe por si só. Por exemplo, um
que possibilita que nos organizemos em sociedade. Para marido que agride e constrange verbalmente sua espo-
ele, o ser humano é um ser político. Analisemos novamen- sa e filhos em casa está exercendo poder sobre estas
te a etimologia da palavra: político deriva de pólis, pa- pessoas. Entretanto, este mesmo marido ao chegar em
lavra grega para cidade; e também se relaciona a poli- seu local de serviço receberá ordens de seu gerente. Ve-
tikos, palavra grega que se aproxima de nossa noção de mos que uma mesma pessoa pode estar em um local de
cidadão. Desta forma, podemos compreender a ideia agente ativo de poder ou em um local de agente pas-
de que o ser humano é antes de tudo um ser político, sivo do poder. Não sejamos oito ou oitenta, em ambas
porque é através da linguagem que pode se constituir as situações apresentadas quem “sofre” o poder buscará
em comunidade, como em uma cidade, e desenvolver
maneiras de resistir e contornar as desigualdades colo-
a prática cidadã de definir os rumos de sua própria exis-
cadas.
tência. Esta prática, contudo, só é possível se a pessoa
Contudo, outra questão se coloca: o poder só se exer-
buscar o autoconhecimento - é só com autonomia7 que
ce pela base da ameaça e coerção? Se acrescentar-
podemos exercer nossa cidadania. Autonomia é a capa-
mos a esta pergunta, uma outra variável - pr’além de um
cidade de decidir por si mesmo as regras que orientarão
caso local como uma casa ou uma empresa, o poder
o seu viver. Aristóteles afirmava que o autoconhecimento
em uma sociedade só se exerce pela base da ameaça
verdadeiro só é possível através da filosofia - por isso seu
e coerção? O sociólogo Max Weber nos aponta um con- 97
lugar central na constituição de uma sociedade.
ceito interessante para pensar como o poder se exerce
Não à toa, é no contexto de uma cidade-estado gre-
ga, Atenas, que surge a primeira experiência democráti- - é o conceito de dominação. Ele define este conceito
ca de governo da história ocidental. A ideia era simples: como “a probabilidade de encontrar obediência em um
os cidadãos definiriam as questões políticas da cidade a grupo de pessoas”. A obediência pode ser encontrada
partir de debates e deliberações coletivas na ágora8. A através da ameaça, porém para ele esse modo é sem-
ideia não era tão simples: a sociedade ateniense era divi- pre instável - um governo que se mantém apenas pela
dida em cinco grupos - eupátridas (grandes proprietários ameaça dura pouco. O melhor modo de executar a do-
de terra), georgóis (pequenos proprietários de terra), de- minação é através da legitimidade. Ao aceitarmos um
miurgos (comerciantes e artesãos), metecos (estrangei- governo porque respeitamos a figura que está no poder:
ros) e escravos (prisioneiros de guerra ou por dívida), e “nesse presidente eu confio!”, ao aceitarmos um governo
apenas os eupátridas, georgóis e demiurgos eram con- porque respeitamos a estrutura legal: “vou aceitar essa
siderados cidadãos. Metecos, escravos e mulheres não lei porque a constituição deve sempre ser respeitada”,
eram considerados cidadãos - o que significava que estamos validando uma dominação legítima.
aproximadamente 90% da população que vivia em Ate- A dominação acima é executada sobretudo através
nas não participava da vida política. Com suas contradi- do Estado. Duas questões se levantam: o que é o Estado?
ções, uma ideia fora lançada: era possível um modo de Como ele surge? Um grupo de pensadores, englobados
governo que não se restringisse à decisão de uma ou de a posteriori como um grupo único, visto que não intera-
poucas pessoas, monarquia e oligarquia, respectivamen- giam diretamente, refletiu sobre essas questões - são os
te. A democracia se torna um caminho possível. chamados Contratualistas. Vamos analisar três deles:
O que foi apresentado até aqui é a base filosófica Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.
para a constituição de uma filosofia política. Em outras Ambos pensavam um chamado estado de natureza, an-
palavras, a base para que outros/as filósofos/as refletis- terior à formação da sociedade. Hobbes aponta que a
sem sobre como as sociedades surgem, quais suas ca- única premissa inalienável do ser humano é seu direito
racterísticas essenciais e/ou condicionadas, e quais me- à própria vida. No estado de natureza, todos buscariam
canismos são necessários para uma boa convivência as melhores condições para sua própria vida, ainda que
entre os cidadãos e entre os diferentes Estados. isso implicasse prejudicar o outro. Mas como todos têm
7 Etimologia de autonomia. Auto deriva da palavra grega au- essa premissa inalienável, haveria no estado de natureza
tós, que significa por si mesmo; e nomos, que significa regras. um estado constante de guerra, pois a todo momento al-
8 Praça principal da cidade, na qual que aconteciam as as-
guém poderia atentar contra a sua vida. Para evitar este
sembleias dos cidadãos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

conflito permanente, as pessoas alienariam, entregariam, as coisas – a arkhé. Os quatro elementos (água, fogo, ar
todos os seus direitos ao Estado. Este exerceria seu poder e terra) eram municiados para pensar a origem primeira
para fazer valer a paz e a lei. A segurança promovida das coisas, assim como os números também foram utili-
pelo Estado faz valer a pena seu surgimento (à custa da zados. Estes filósofos buscavam entender o mundo para
perda de direitos), na visão de Hobbes. compreender o homem.
Locke imaginava o estado de natureza melhor do O filósofo Sócrates colocará o homem como medi-
que Hobbes. Para Locke, neste estado as pessoas vive- da central de todas as coisas: “conhece-te a ti mesmo
riam bem e teriam direito a tudo que fosse produto de e conhecerás os homens, o mundo e os deuses”. Neste
seu esforço e reconheceriam o direito à terra de cada mesmo sentido, um seu discípulo chamado Platão propo-
um. Mas se imagine no estado de natureza: você tem rá uma importante reflexão – a formulação do que cha-
uma terra, seu vizinho tem outra. Na divisa dela nasce maríamos posteriormente de dualismo psicofísico. Para o
uma mangueira com as mangas mais doces da região. filósofo grego, o ser humano poderia ser dividido em duas
De quem é a árvore - sua ou de seu vizinho? Locke dizia partes: o corpo físico que é material, mortal e imperfeito;
que esse tipo de conflito era um problema, pois ninguém a alma, imaterial, imortal e imperfeita. Ambas as partes
é bom juiz de si próprio. As pessoas criariam o Estado para são importantes e merecem cuidado, mas é justamente
ele mediar os conflitos e garantir os direitos à propriedade na alma que se sustenta o pensamento racional e, por-
e à liberdade. Caso ele não faça suas ações neste sen- tanto, é ela quem deve nos guiar. A famosa alegoria da
tido, o povo tem o direito a se rebelar contra o Estado. caverna pode melhor nos ilustrar a concepção platônica
Rousseau considerava o estado de natureza um es- de mundo.
tado de liberdade e vida plena entre os seres humanos. A alegoria da caverna explica que o ser humano vive
O fim desse bom estado seria dado quando surgisse a em uma caverna escura. Fora desta caverna há o plano
propriedade privada. Ao apontar que isso é só meu e das ideias. A luz que ilumina o plano das ideias é refleti-
de mais ninguém, as relações começam a se complicar. da na parede da caverna. Porém, aquilo que os seres
Para evitar isto, as pessoas entregam todos os seus direi- humanos conseguem ver na parede é só uma projeção
tos umas às outras (e não somente ao governante, como equivocada – nunca chegam realmente ao plano das
Hobbes apontava) e criam o Estado. Este deve legislar ideias, inatingível. Cabe ao pensamento racional buscar
e executar suas ações a partir da vontade geral, que é a aproximação mais fina do ser humano com o plano
a vontade do conjunto dos cidadãos daquele território. das ideias.
Podemos, a partir destas concepções, pensar o Esta- Aristóteles pensava a distinção do ser humano de to-
do e todas as suas instituições (polícias, redes de saúde, dos os outros seres a partir do conceito de logos. A pala-
98 escolas) como criação do povo e para o povo. Um filó- vra grega logos significa tanto “pensamento” e “razão”,
sofo chamado Charles Montesquieu tentou sistematizar quanto “palavra” e “linguagem”. Para Aristóteles, a na-
como o Estado pode se equilibrar e não se tornar um ente tureza, a essência humana se dá pela realização do lo-
fora do controle dos cidadãos. É o que hoje entendemos gos.
como o equilíbrio dos poderes - o executivo (presidentes, Porém, nós somos ou estamos? Para determinados fi-
governadores, prefeitos), o legislativo (deputados, sena- lósofos modernos e contemporâneos, não há uma essên-
dores, vereadores) e o judiciário (juízes, desembargado- cia única e imutável da humanidade. Ao invés da busca
res, promotores) precisam ter pesos e contrapesos para de uma natureza humana, estes filósofos pensam a con-
nenhum ter mais poder do que o outro. dição humana.
Muitos outros conceitos foram levantados e apro- A filósofa alemã de origem judia, Hannah Arendt (1906
fundados ao longo da história da filosofia política. Esta – 1975) pensa que a vida ativa dos homens e mulheres do
é apenas uma introdução sobre alguns tópicos. Porém, mundo se dá através de três atividades humanas funda-
com estes conceitos já conseguimos melhorar nossa mentais: 1) o trabalho, aspecto biológico que assegura
compreensão do mundo e da realidade política ao nos- a própria vida; 2) a obra, a transformação da natureza
so redor. A função da filosofia é justamente essa: criar em cultura, a criação do mundo dos seres humanos; 3)
conceitos, ideias através das palavras, para buscarmos a ação, que é a atividade coletiva dos seres humanos
nos conhecer melhor e melhorar a convivência em so- – o campo da política. A condição humana, exercida
ciedade. através de uma vida ativa, é o que nos permite nos reco-
nhecer como humanos de fato. Essa noção não aponta
nossa essência, ao contrário, aponta horizontes possíveis
O SER HUMANO E A CONDIÇÃO HUMANA da construção da própria vida – variáveis em diferentes
épocas, em diferentes sociedades. A natureza humana
é algo possível apenas a um Deus criador. A condição
Outro campo filosófico é o que se debruça sobre as humana, diferentemente, são os referenciais que promo-
definições do que é o ser humano. Neste sentido, algu- vemos para nos conhecer e nos criar no mundo.
mas reflexões sobre a formação do mundo serão úteis O alemão Martin Heidegger se situa no meio termo
para pensar a nós próprios. Por exemplo, houve um gru- desta disputa: para ele uma distinção fundamental é en-
po de pensadores diversos, que não necessariamente ti- tre o ser e o ente. Ente é tudo que existe; ser é aquele que
nham contato entre si, chamados de pré-socráticos. Eles questiona a si mesmo. Um violão, um copo, um pássa-
desejavam compreender a natureza do mundo. Dese- ro, todos são entes. Só o ser humano é um ser. O filósofo
javam mais: compreender o princípio universal de todas
Ciências Humanas e suas Tecnologias

acredita que a existência é o meio de se chegar ao ser,


ou seja, existindo enquanto humanos podemos buscar
nossa essência humana. Ao se descobrir como um ser no HORA DE PRATICAR!
tempo, podendo se olhar de fora, o ser humano se tor-
na um ser-aí – aquele que se conhecendo no caminho 1. (Enem 2015) A natureza fez os homens tão iguais,
pode dar sentido à própria existência. quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, em-
Observe abaixo o quadro A Clarividência (1936) de bora por vezes se encontre um homem manifestamen-
René Magritte (1898 – 1967). Você acha que ele pode se te mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que
relacionar aos conceitos filosóficos de natureza e condi- outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em
ção humana vistos até aqui? conjunto, a diferença entre um e outro homem não é
suficientemente considerável para que um deles possa
com base nela reclamar algum benefício a que outro
não possa igualmente aspirar.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003

Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil,


quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles

a) entravam em conflito.
b) recorriam aos clérigos.
c) consultavam os anciãos.
d) apelavam aos governantes.
e) exerciam a solidariedade.

2. (Encceja - 2017 - adaptada) Nos principais centros ur-


banos do Brasil, os movimentos populares passaram a
desenvolver ações contestatórias a partir da metade
dos anos 1970, tendo por eixo a posse da terra e o aces-
so aos serviços urbanos.
BAIERLE, S. A explosão da experiência de um n
Por último, o filósofo francês Jean-Paul Sartre ficou co- ovo princípio ético-político nos movimentos p 99
nhecido como existencialista. Aristóteles apontava que o opulares urbanos em Porto Alegre.
ser humano nascia com sua essência e ia realizando-a In: ALVAREZ, S.; DAGNINO, E.; ESCOBAR, A. (Org.).
ao longo da vida. Sartre discordava: para este, o ser hu- Cultura e política nos movimentos sociais
mano nasce apenas com um corpo, sem essência e sem latino-americanos. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
identidade. É no correr da vida que construímos pouco
a pouco quem somos, nossos valores e desejos. Estar no Os objetivos da mobilização dos grupos citados estão
mundo é uma condição para a consciência, portanto associados à busca de
a existência é anterior à essência. Não se pode falar em
uma natureza humana universal. É preciso falar em con- a) auxílio de obras de caridade.
dição humana. b) obtenção de favores do Estado.
Estas reflexões são fundamentais para refletirmos so- c) garantia de exercício da cidadania.
bre diversos debates polêmicos de nosso cotidiano. Por d) reconhecimento de privilégios de classe.
exemplo, se há uma essência humana, ela é a mesma e) fraudar a legislação.
para homens e mulheres? Ou há algo na natureza dos
seres humanos que distingua homens e mulheres? E em
relação à sexualidade – nascemos com nosso objeto
de desejo formado ou também o construímos ao longo
da vida? A criminalidade também pode ser parte deste
debate. Quem comete um crime merece uma segunda
chance – alguém é essencialmente criminoso ou pode
mudar? O conhecimento filosófico é crucial para termos
reflexões profundas sobre os temas que nos cercam. Fi-
losofe!
Ciências Humanas e suas Tecnologias

3. (ENEM 2014) Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no sé-
culo V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.),
a cidadania era definida pelo(a)

a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.

5. (Enem PPL 2016) A importância do argumento de


Hobbes está em parte no fato de que ele se ampara
em suposições bastante plausíveis sobre as condições
normais da vida humana. Para exemplificar: o argumen-
to não supõe que todos sejam de fato movidos por or-
gulho e vaidade para buscar o domínio sobre os outros;
essa seria uma suposição discutível que possibilitaria a
conclusão pretendida por Hobbes, mas de modo fácil
demais. O que torna o argumento assustador e lhe atri-
A discussão levantada na charge, publicada logo após bui importância e força dramática é que ele acredita
a promulgação da Constituição de 1988, faz referência que pessoas normais, até mesmo as mais agradáveis,
ao seguinte conjunto de direitos: podem ser inadvertidamente lançadas nesse tipo de si-
tuação, que resvalará, então, em um estado de guerra.
a) Civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão RAWLS, J. Conferências sobre a história
e à propriedade. da filosofia política.
b) Sociais, como direito à educação, ao trabalho e à São Paulo: WMF, 2012 (adaptado).
proteção à maternidade e à infância.
c) Difusos, como direito à paz, ao desenvolvimento sus- O texto apresenta uma concepção de filosofia política
tentável e ao meio ambiente saudável. conhecida como
d) Coletivos, como direito à organização sindical, à par-
100 ticipação partidária e à expressão religiosa. a) alienação ideológica.
e) Políticos, como o direito de votar e ser votado, à so- b) microfísica do poder.
berania popular e à participação democrática. c) estado de natureza.
d) contrato social.
4. (ENEM - 2014) e) vontade geral.

TEXTO I 6. (Ufsm 2013) Sem leis e sem Estado, você poderia fazer
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não o que quisesse. Os outros também poderiam fazer com
como alguém que cuida apenas de seus próprios inte- você o que quisessem. Esse é o “estado de natureza”
resses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, de- descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo durante as
cidimos as questões públicas por nós mesmos na crença guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu em primei-
de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim ra mão como esse cenário poderia ser assustador. Sem
o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de uma autoridade soberana não pode haver nenhuma
chegar a hora da ação. segurança, nenhuma paz.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar:
UnB, 1987 (adaptado). Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

TEXTO II Considere as afirmações:


nada menos que pelo direito de administrar justiça e I. A argumentação hobbesiana em favor de uma au-
exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são toridade soberana, instituída por um pacto, representa
limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo inequivocamente a defesa de um regime político mo-
que não podem de forma alguma ser exercidas duas narquista.
vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo de- II. Dois dos grandes teóricos sobre o estado de nature-
pois de certos intervalos de tempo fixados. za”, Hobbes e Rousseau, partilham a convicção de que
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. o afeto predominante nesse “estado” é o medo.
III. Um traço comum da filosofia política moderna é a
idealização de um pacto que estabeleceria a passa-
gem do estado de natureza para o estado de socieda-
de.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Está(ão) correta(s)
SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III. O termo sociologia, que está no currículo do ensino
d) apenas I e II. médio e é cobrado nos vestibulares, engloba, na verda-
e) apenas II e III. de, três campos de estudo - a sociologia, a antropologia
e a ciência política. São temas que se relacionam, mas
apresentam especificidades. Vamos entender um pou-
co sobre cada um!
A sociologia surge como uma ciência propriamente
GABARITO dita só no final do século XIX, na Europa. Seu surgimento
só foi possível graças ao contexto social do período. A
1 A Europa viveu por muitos anos alicerçada em socieda-
des com pouca mobilidade social e baixa circulação
2 C comercial - foi o período da Idade Média. O crescimen-
3 B to vegetativo nos feudos maior do que a produção agrí-
cola, o reavivamento do comércio, as Grandes Nave-
4 C
gações, entre outros eventos, colocaram na ordem do
5 C dia um outro jeito da sociedade se organizar.
6 C No século XVIII, duas revoluções vão dar o golpe
definitivo para enterrar a antiga ordem e iniciar a mo-
dernidade. São elas: a Revolução Industrial, ocorrida no
Reino Unido; e a Revolução Francesa.
A Revolução Industrial foi uma revolução sobretudo
técnico-econômica. Três foram as principais razões para
que ela se desenvolvesse no Reino Unido: 1) o dinheiro
acumulado com o saque colonial e o tráfico de escra-
vos; 2) a política de cercamento de terras, que expul-
sou pessoas do campo para as cidades; 3) inovação
tecnológica com a criação da máquina à vapor por 101
James Watt. Se um artesão produzia cinco tapetes em
uma semana, com a máquina à vapor passa a produzir
cinquenta tapetes. Seu espectro comercial se amplia
enormemente, assim como a necessidade de mais gen-
te para o trabalho. Milhares de pessoas saem dos cam-
pos para as cidades e nem todos conseguem trabalho.
Novas ideias e conceitos começam a surgir - emprego e
desemprego, por exemplo. Como gerir milhares de pes-
soas em uma zona urbana? Essa pergunta também pas-
sou na cabeça dos políticos da época. Surgem, então,
instituições como escolas, hospitais, cemitérios. Daqui
em diante, é preciso gerir populações - taxas de mortali-
dade, natalidade, crescimento vegetativo, criminalida-
de, epidemias. O conceito de biopoder, de Michel Fou-
cault, é justamente esse - a maneira como os governos
gestionam as vidas.
Já a Revolução Francesa foi uma revolução notada-
mente política. Em síntese, foi a substituição da aristo-
cracia monárquica pelo advento da classe social mais
poderosa dali em diante - a burguesia.
Ciências Humanas e suas Tecnologias

capa da revista. A exploração se dá dentro das fábricas


CONCEITOS SOCIOLÓGICOS - o dinheiro que o trabalhador recebe é o básico para
sobreviver, mas, com seu trabalho, ele produz mais ao
dono da fábrica do que é seu soldo. Isso é a mais-valia:
o trabalhador produz mais valor para o burguês do que
1. Émile Durkheim recebe. Por exemplo, uma trabalhadora em uma fábri-
Apresentamos o norte da sociologia: compreender a ca de sapatos produz um valor mensal de cinquenta
sociedade moderna. Você percebeu que para explicar sapatos, porém seu salário condiz à produção de trinta
um conceito precisamos analisar o contexto histórico e sapatos. Esses vinte sapatos que excederam de valor
social do período? Um fato social só se explica por ou- para o capitalista é a mais-valia - a maneira da explo-
tro fato social, diria Émile Durkheim (1858 - 1917), consi- ração acontecer na nova ordem que surgira.
derado o “pai” da sociologia por ter sistematizado um
método sociológico. Ele definiu fato social como modos 3. Max Weber
de agir, pensar e sentir que exercem determinada força Outro pensador importante que estruturou a so-
sobre os indivíduos. Nem tudo o que fazemos é um fato ciologia foi o alemão Max Weber. Diferentemente de
social. Por exemplo, coçar o braço não é um fato so- Durkheim, ele dará mais espaço às escolhas dos indiví-
cial. Para algo ser um fato social precisa responder a três duos. Weber compreendia a sociologia como a ciên-
características: ser exterior ao indivíduo, ou seja, existir cia que deveria interpretar a ação social. Esta pode
antes e independente dele, como as leis de nossa cons-
ser compreendida como o comportamento humano
tituição; ser generalizável a todo um grupo - neste caso,
- modo de agir ou de pensar, ação ou omissão - im-
podemos exemplificar os vestuários específicos das ceri-
buído de significado compartilhado para si e para os
mônias religiosas; e coercitivo - a sociedade como que
outros. Vamos exemplificar: se estamos andando na
impõe aquela maneira de agir, pensar ou sentir ao in-
rua, começa a chover e abrimos nossos guarda-chuva
divíduo. Pensemos uma situação: um homem resolve ir
- isso seria uma ação social? Para Weber, não, pois foi
vestido apenas com uma sunga ao shopping. Ele não
um movimento totalmente reativo - não impregnamos
caminhará tranquilamente - algumas pessoas irão rir,
aquela ação de sentido subjetivo. Uma piscada, ao
outras se revoltar, até que a segurança venha e o reti-
contrário, pode ser uma ação social - com um signifi-
re dali. Isso acontece porque nossa sociedade tem um
cado em um jogo de cartas, com outro em uma festa.
conjunto de instituições existentes antes e independen-
te dos indivíduos com regras, normas e leis que valem Um dos campos de pesquisa de Weber foi justamente
para todos e que devemos seguir para sermos aceitos a maneira como as interações entre as pessoas podem
102 acontecer.
em sociedade. Na sociedade com intensas mudanças
como era a França da virada do século XIX para o XX, Apontamos acima as razões histórico-sociais para o
É. Durkheim queria entender como as coisas se mantém. surgimento da sociologia e alguns elementos das obras
de três importantes pensadores - É. Durkheim, K. Marx e
2. Karl Marx M. Weber. Compreender como a sociedade se modi-
Outro pensador importante buscava compreender fica, como se mantém, de que maneira as pessoas se
como as sociedades mudam. Seu nome era Karl Marx relacionam - alguns pontos centrais da disciplina.
(1818 - 1883). Este autor compreendia a história de to-
das as sociedades como a história das lutas de classe:
“homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feu- CONCEITOS ANTROPOLÓGICOS
dal e servo, (...), em resumo, opressores e oprimidos, em
constante oposição, têm vivido uma guerra ininterrup-
ta, ora franca, ora disfarçada” (Marx, 2010, p. 40). Se as 1. O evolucionismo social
sociedades sempre se movem no combate entre dois A antropologia vai olhar menos para a nossa pró-
pólos opostos, qual a especificidade da sociedade mo- pria sociedade - buscará compreender “o outro”, as so-
derna que se estruturava? Para o pensador alemão, ciedades não-ocidentais e não-capitalistas. O primeiro
nunca antes a distância entre eles foi tão grande. A re- grupo importante será o dos evolucionistas sociais. Estes
volução industrial colocou a produção de riquezas em autores do início do século XX, como E. Taylor, L. Mor-
uma linha de crescimento exponencial, porém a con- gan e J. Frazer, buscaram classificar as sociedades em
centração dessas mesmas riquezas na mão de tão pou- escalas evolutivas. A partir de inventários que recebiam
cos criou uma sociedade enormemente desigual. Bur- sobre os tipos de armamentos, os hábitos alimentares,
gueses e proletários - eis os dois pólos desta sociedade. a estrutura religiosa e social de diversos povos ao redor
Os burgueses são aqueles que detém os meios sociais do mundo, elencavam-nos entre selvagens, bárbaros e
de produção - fábricas, fazendas; os proletários são os civilizados. O principal critério classificatório era o pro-
trabalhadores que detém, e vendem, sua própria força gresso tecnológico. Ou seja, sociedades que se manti-
de trabalho. Aqui outra característica da sociedade ca- nham pela caça e coleta, produziam seus instrumentos
pitalista para Marx: a ordem social capitalista se carac- de maneira artesanal, eram selvagens. As civilizadas,
teriza pela forma mercadoria. Tudo se torna mercado- ao contrário, eram as urbanizadas e industrializadas - as
ria - uma planta, uma força de trabalho, um corpo na próprias sociedades dos autores. O critério classificató-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

rio era etnocêntrico: eu escolho um elemento da minha Com o tempo, os indígenas tiveram sua imagem figu-
cultura e o universalizo como algo positivo e necessário rada, essa que é elaborada por artistas e governantes,
para todas as sociedades. Vamos imaginar que o critério metamorfoseada em duas: 1) empecilhos para o pro-
classificatório, ao contrário, fosse sustentabilidade. Quem gresso; 2) os guardiões da natureza. Os primeiros consi-
seriam os civilizados e quem seriam os selvagens? deram os indígenas um entrave ao progresso econômi-
co do país: “pra que essa terra toda pra esse bando de
2. O culturalismo índio que não faz nada!”, “tem que inundar essa terra
De encontro a essa leitura evolucionista, que coloca toda mesmo!”, “tem que derrubar árvore pra abrir estra-
as diferentes sociedades numa linha única de desenvolvi- da, sim!”, são algumas falas que ouvimos no senso-co-
mento, e etnocêntrica, surgiram os culturalistas liderados mum de pessoas que concordam com a primeira ideia.
por F. Boas. Seu argumento era muito simples: é preciso fa- Desconhecem, entretanto, a história de expulsão e mas-
lar não em cultura, mas, sim, em culturas - no plural. Cada sacre dos povos indígenas e desrespeitam hoje suas ca-
povo se desenvolve e se altera por diferentes razões e racterísticas - muitos não vivem de agricultura intensiva
contingências. O relativismo cultural também argumenta pois preferem manter seus hábitos de caça e coleta,
nesse sentido - devemos respeitar os critérios e os modos para isso é fundamental um enorme espaço de terra;
de vida de outros povos e sociedades. A antropologia outro número enorme considera as regiões em que vi-
tem contribuído fortemente também com os debates re- vem sagradas - as árvores e os rios são mesmo deuses e
lacionados às relações de gênero e sobre sexualidade. a sua poluição ou destruição é um ataque enorme aos
fundamentos da vida dessas pessoas. Suponhamos que
3. Povos indígenas no Brasil – um olhar histórico da você é evangélico e o governo surge e diz: “vamos der-
antropologia rubar o seu templo para abrir uma rua, quer você queira
Diferente do que ocorreu nas colônias espanholas da ou não”. Seu templo é sagrado e deve ser respeitado.
América, no Brasil a escolha foi pelo uso de mão de obra Você aceitaria passivamente esta situação?
escrava africana e não de mão de obra indígena na- A segunda perspectiva é a dos que consideram os
tiva. As razões internas foram a resistência indígena por indígenas o último ponto dentro da nossa sociedade
meio de guerras, recusa ao trabalho e muitas mortes por capaz de ter uma relação equilibrada com a natureza.
doenças europeias (sarampo, varíola, gripe); e as razões
De fato, é uma leitura correta, porém acaba-se perden-
externas foram a enorme lucratividade de executar o
do a complexidade destas populações - elas precisam
tráfico de escravos e também os africanos serem exímios
ser respeitadas porque são indivíduos com direitos, não
agricultores e terem contato com técnicas de cultivo da
apenas pela boa relação que travam com a natureza.
cana-de-açúcar, a primeira mercadoria a ser explorada
Conhecer a história e o desenvolvimento dos povos 103
intensivamente na colônia brasileira.
indígenas no Brasil e as diferentes leituras sobre suas re-
Neste contexto, os povos indígenas deslocavam seus
presentações hoje é fundamental para que se possa
contatos entre dois grupos: os jesuítas e os bandeirantes.
promover espaços de diálogo e construção coletiva
Os jesuítas buscavam catequizar os indígenas e cons-
entre os diversos setores da sociedade - reconhecendo
truíam uma relação de dominação através do diálogo
e da hegemonia econômica. Os bandeirantes, no pro- e entendendo as especificidades de um grupo que é
cesso de ampliação de estradas para o interior, agiam atacado e vilipendiado há mais de quinhentos anos. É
de maneira cruel com os indígenas - saqueavam seus preciso buscar fontes alternativas de conhecimento e
povoados, escravizavam os homens, estupravam as mu- não apenas vociferar preconceitos e ideias errôneas
lheres e hoje recebem honras em avenidas, estradas e que nos são passadas durante toda a vida.
monumentos de muitas cidades brasileiras.
A independência do Brasil jogava luz a uma nova
questão: se até ontem éramos uma colônia, uma terra CONCEITOS DA CIÊNCIA POLÍTICA
portuguesa, o que nos constitui como um povo, como o
povo brasileiro? O que é característico de nossa identi-
dade? A ciência política se relaciona e tem suas origens na
Em um primeiro momento, os intelectuais brasileiros filosofia política, tema que abordamos na apostila de
buscaram uma resposta no mesmo sentido: o que é ca- filosofia da Nova Concursos. Hoje em dia, busca com-
racterístico do Brasil é a formação de um povo que mistu- preender como as diferentes sociedades se estruturam
rou a valentia descobridora portuguesa com a coragem institucionalmente: a forma de governo, o tipo de regi-
inocente e afetuosa dos indígenas. Autores como Gon- me, os critérios para a cidadania.
çalves Dias e José de Alencar desenvolveram obras neste
sentido. O indígena figurado, o indígena que vive em um 1. Formas e regimes de governo
passado longínquo, carregava a figura do herói nacio- Dentre as formas de governo, podemos elencar: 1)
nal. Contudo, o indígena real vivia de mal a pior - cada Monarquia - poder concentrado na mão de apenas
vez mais marginalizado na sociedade brasileira. Dentre os uma pessoa; 2) Oligarquia - poder concentrado na mão
que não foram mortos, eram duas as principais saídas: ir de poucas pessoas; 3) Democracia - poder oferecido a
para os centros urbanos ou rurais e se tornar mão de obra representantes através da vontade popular. Esta última,
extremamente barata ou se deslocar para regiões muito a democracia, é a mais presente nos dias de hoje. Ela,
afastadas do contato com o homem branco. porém, pode ter diferentes regimes de governo. Um de-
Ciências Humanas e suas Tecnologias

les é o presidencialismo, modelo atual de nosso país. Por


meio da eleição direta escolhemos os representantes do
poder executivo. Outro modelo, o parlamentarista, que HORA DE PRATICAR!
ocorre no Reino Unido (uma monarquia parlamentaris-
ta!), se desenrola pela eleição indireta. Neste modelo, 1. (Encceja - 2017)
vota-se nos representantes do poder legislativo e, estes, Todo dia é dia de índio
através de eleição interna escolhem o primeiro-ministro, Preconceitos em nossa sociedade nutrem esteriótipos
aquele que será o chefe do executivo. sobre as populações indígenas. O resultado é um jeito
de enxergar os índios, condenando-os a serem “primiti-
4. Cidadania vos” ou considerando que o fato de os nossos contem-
E a cidadania, o que é? O sociólogo britânico T. H. porâneos usarem celulares, aparelhos de televisão ou
Marshall define a cidadania como o conjunto de três computadores os torna “menos índios”. Como se mais
direitos - os civis, os políticos e os sociais. Os direitos civis de 500 anos de contatos entre os índios e a sociedade
se referem a nossas liberdades individuais: o direito de ir não indígena não tivessem consequências e fosse pos-
e vir, o direito à liberdade de expressão, à autonomia do sível esperar que os atikuns, terenas, xavantes, baniwas,
próprio corpo, à propriedade. Os direitos políticos são os kaingangs e tantos outros apresentem comportamentos
que se relacionam com o direito a poder participar ati- e cultura material semelhantes aos de seus ancestrais.
vamente da vida política - votar e ser votado, se organi- SILVA, G. J. Revista de História da Biblioteca Nacional,
zar por meio de partidos. Os direitos sociais são todos os n. 82, julho de 2012.
direitos indispensáveis para que as pessoas tenham uma
vida digna - direito à habitação, à saúde, à educação, O preconceito descrito no texto reforça a
ao transporte, a boas condições de trabalho. A cida- a) separação de tribos locais.
dania plena só pode ser exercida a partir do momento b) exclusão de grupos minoritários.
que o indivíduo estiver munido de todos estes direitos. Se
c) preservação das identidades regionais.
pensarmos sobre nosso país, perceberemos que ainda
d) valorização das inovações tecnológicas.
há um longo caminha a se seguir!
e) mensagem de tolerância.
Buscamos nesta apostila apresentar os principais
pontos da disciplina de sociologia e aqueles mais abor-
2. (ENEM - 2014) O cidadão norte-americano desper-
dados nos exames vestibulares. Boa sorte!
ta num leito construído segundo padrão originário do
Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrio-
104 nal antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de
cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou do-
méstica na Índia. No restaurante, toda uma série de
elementos tomada de empréstimo o espera. O prato é
feito de uma espécie de cerâmica inventada na China.
A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do
Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem
de um original romano. Lê notícias do dia impressas em
caracteres inventados pelos antigos semitas, em mate-
rial inventado na China e por um processo inventado na
Alemanha.
LINTON. R. O homem: uma introdução
à antropologia.
São Paulo: Martins. 1959 (adaptado).

A situação descrita é um exemplo de como os costumes


resultam da:

a) assimilação de valores de povos exóticos.


b) experimentação de hábitos sociais variados.
c) recuperação de heranças da Antiguidade Clássica.
d) fusão de elementos de tradições culturais diferentes.
e) valorização de comportamento de grupos privilegia-
dos.

3. (ENEM - 2014)
“A língua de que usam, por toda a costa, carece de
três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L,
nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordena- Ilustrando uma proposição básica da sociologia do co-
damente, sem terem além disto conta, nem peso, nem nhecimento, o argumento de Karl Mannheim defende
medida.” que o (a):
GÂNDAVO, R M. A primeira história do Brasil: história da
província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos a) Conhecimento sobre a realidade é condicionado so-
Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 200A. (Adaptado) cialmente.
b)Submissão ao grupo manipula o conhecimento do
A observação do cronista português Pero de Maga- mundo.
lhães Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, c) Divergência é uma forma de privilégio de indivíduos
L e R na língua mencionada, demonstra a excepcionais.
d) Educação Formal determina o conhecimento do
a) simplicidade da organização social das tribos brasi- idioma.
leiras. e) Domínio das línguas universaliza o conhecimento.
b) dominação portuguesa imposta aos índios no iní­cio
da colonização. 6. (Enem - 2014)
c) superioridade da sociedade europeia em relação à
sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas
pelos portugueses.
e) dificuldade experimentada pelos portugueses no
aprendizado da língua nativa.

4. (ENEM - 2015) A crescente intelectualização e racio-


nalização não indicam um conhecimento maior e geral
das condições sob as quais vivemos. Significa a crença
em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conheci-
mento a qualquer momento. Não há forças misteriosas
incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo
cálculo.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.,
MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. 105
Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organi-
zação do trabalho, a representação contida no cartum
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max é caracterizada pelo pessimismo em relação à
Weber a respeito do processo de desencantamento do
mundo evidencia o(a) a) ideia de progresso.
b) concentração do capital.
a) progresso civilizatório como decorrência da expan- c) noção de sustentabilidade.
são do industrialismo. d) organização dos sindicatos.
b) extinção do pensamento mítico como um desdobra- e) obsolescência dos equipamentos.
mento do capitalismo.
c) emancipação como consequência do processo de
racionalização da vida.
d) afastamento de crenças tradicionais como uma ca- GABARITO
racterística da modernidade.
e) fim do monoteísmo como condição para a consoli-
dação da ciência. 1 B
5. (ENEM 2015) “Só num sentido muito restrito, o indiví- 2 D
duo cria com seus próprios recursos o modo de falar e 3 D
de pensar que lhe são atribuídos. Fala o idioma de seu
4 D
grupo; pensa à maneira de seu grupo. Encontra a dis-
posição apenas determinadas palavras e significados. 5 A
Estas não só determinam, em grau considerável, as vias 6 A
de acesso ao mundo circulante, mas também mostram,
ao mesmo tempo, sob que ângulo e em que contexto
de atividade os objetos foram até agora perceptíveis ao
grupo ou ao indivíduo”.
MANNHEIM, K. Ideologia e utopia.
Porto Alegre: Globo, 1950 (adaptado)
Ciências Humanas e suas Tecnologias

ANOTAÇÕES

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