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924-62
SUMÁRIO

OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DO ATUAL ESTADO DE PERNAMBUCO ................5


O USO DO TERMO PRÉ-HISTÓRIA................................................................................................................... 5
CIÊNCIAS QUE AUXILIAM A HISTÓRIA.......................................................................................................................... 5
IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA ............................................................................................................................................5
ÁREA ARQUEOLÓGICA E SÍTIO ARQUEOLÓGICO ...................................................................................................... 5

CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS QUE


HABITAVAM O ATUAL ESTADO DE PERNAMBUCO ANTES DOS PRIMEIROS
CONTATOS EURO-AMERICANOS................................................................................7
O “DESCOBRIMENTO” ................................................................................................................................................................7
TRATADO DE TORDESILHAS ......................................................................................................................................... 7
CHEGADA DOS PORTUGUESES .................................................................................................................................... 7
PERÍODO PRÉ-COLONIAL .............................................................................................................................................. 7
ATIVIDADE ECONÔMICA................................................................................................................................................. 8
INDÍGENAS EM PERNAMBUCO ...................................................................................................................................... 8

A CAPITANIA DE PERNAMBUCO E A LAVOURA AÇUCAREIRA.............................9


A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUSA (1530 -1532) .............................................................................................9
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS........................................................................................................................................ 10
CAPITANIAS E DONATÁRIOS ....................................................................................................................................... 11
DIREITOS DOS DONATÁRIOS....................................................................................................................................... 11
DEVERES DOS DONATÁRIOS ...................................................................................................................................... 11
SISTEMA PLANTATION ................................................................................................................................................. 12

A CAPITANIA DE PERNAMBUCO: A SOCIEDADE AÇUCAREIRA E A RELAÇÃO


COM OS HOLANDESES ............................................................................................... 12
SOCIEDADE PATRIARCAL............................................................................................................................................ 12
ESTRUTURA SOCIAL ..................................................................................................................................................... 12
SENHORES DE ENGENHO E AGRICULTORES ........................................................................................................... 12
A IMPORTÂNCIA DO AÇÚCAR ..................................................................................................................................... 13
O FINANCIAMENTO HOLANDÊS .................................................................................................................................. 13
A UNIÃO IBÉRICA .......................................................................................................................................................... 13
A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA E A CRISE DA LAVOURA CANAVIEIRA ................................................................ 13
INSATISFAÇÃO HOLANDESA ................................................................................................................................................... 13
HOLANDESES EM SALVADOR ..................................................................................................................................... 14
HOLANDESES EM PERNAMBUCO ............................................................................................................................... 14
GOVERNO DE NASSAU ................................................................................................................................................. 14
CRISE HOLANDESA....................................................................................................................................................... 15
INSATISFAÇÃO COM OS HOLANDESES ..................................................................................................................... 15
A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA ........................................................................................................................................ 15
“DERROTA” HOLANDESA ....................................................................................................................................................... 15
CONSEQUÊNCIAS ......................................................................................................................................................... 15
GUERRA DOS BÁRBAROS E GUERRA DOS MASCATES .......................................................................................... 16
GUERRA DOS BÁRBAROS ........................................................................................................................................... 16

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REAÇÃO PORTUGUESA ............................................................................................................................................... 16
OS CONFLITOS .............................................................................................................................................................. 16
GUERRA DOS MASCATES ............................................................................................................................................ 16
MOVIMENTOS NATIVISTAS........................................................................................................................................... 16
ADVENTO DA BURGUESIA ........................................................................................................................................... 17
DECADÊNCIA DA ARISTOCRACIA .......................................................................................................................................... 17
A LUTA E SUAS CONSEQUÊNCIAS ............................................................................................................................. 17

A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO I E II REINADO ............................................. 18


PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: REVOLUÇ ÃO PERNAMBUCANA ..................... 18
PRESENÇA DA CORTE PORTUGUESA .................................................................................................................................. 18
PORTUGUESES EM POSTOS DE COMANDO .............................................................................................................. 18
IDEIAS REPUBLICANAS ................................................................................................................................................ 18
IDEIAS ILUMINISTAS ..................................................................................................................................................... 18
HISTÓRICO DE DESCONTENTAMENTO ................................................................................................................................. 18
INÍCIO DO MOVIMENTO ................................................................................................................................................. 18
MUDANÇAS .................................................................................................................................................................... 19
REAÇÃO DA COROA ..................................................................................................................................................... 19
REPRESSÃO................................................................................................................................................................... 19
PUNIÇÃO......................................................................................................................................................................... 19
MOVIMENTOS LIBERAIS: CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR ............................................................................................. 19
“CONSTITUIÇÃO DA MANDIOCA” ....................................................................................................................................................... 19
CONSTITUIÇÃO DE 1824 ............................................................................................................................................... 20
DIVISÃO PERNAMBUCANA........................................................................................................................................... 20
INÍCIO DO MOVIMENTO ................................................................................................................................................. 20
REAÇÃO DA COROA ..................................................................................................................................................... 20
REPRESSÃO................................................................................................................................................................... 20

A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO I E II REINADO (CONTINUAÇÃO) .............. 21


CONTEXTO BRASILEIRO ........................................................................................................................................................... 21
CONTEXTO PERNAMBUCANO ................................................................................................................................................. 21
PARTIDO DA PRAIA ....................................................................................................................................................... 21
CHEGADA AO PODER ................................................................................................................................................... 22
INÍCIO DO CONFLITO..................................................................................................................................................... 22
MANIFESTO AO MUNDO, DE BORGES DA FONSECA, CONTENDO AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS
REBELDES PRAIEIROS ................................................................................................................................................. 22
DESENROLAR DO CONFLITO....................................................................................................................................... 22
FIM DO MOVIMENTO...................................................................................................................................................... 22
O TRÁFEGO TRANSATLÂNTICO DE ESCRAVOS PARA TERRAS PERNAMBUCANAS ............................................... 23
INÍCIO DA ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL ............................................................................................................. 23
ALGUNS IMPACTOS DA ESCRAVIDÃO .................................................................................................................................. 23
CARTAS DE ALFORRIA ................................................................................................................................................. 23
RESISTÊNCIA ................................................................................................................................................................. 23
QUILOMBOS ................................................................................................................................................................... 23
A PARTICIPAÇÃO DE POLÍTICOS PERNAMBUCANOS NO PROCESSO DE ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO ............ 23
MOVIMENTO ABOLICIONISTA ...................................................................................................................................... 24
LEI ÁUREA ...................................................................................................................................................................... 24

PERNAMBUCO REPUBLICANO ................................................................................. 24


FIM DO SEGUNDO REINADO E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ........................................................................ 24

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POLÍTICA DOS GOVERNADORES E VOTO DE CABRESTO ....................................................................................... 25
POLÍTICA DOS GOVERNADORES ................................................................................................................................ 25
VOTO DE CABRESTO .................................................................................................................................................... 25
A "DEGOLA" ................................................................................................................................................................... 25
GOVERNOS QUE USARAM O SISTEMA DA POLÍTICA DOS GOVERNADORES ....................................................... 25
FIM DA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA ....................................................................................................................................... 26

PERNAMBUCO SOB A INTERVENTORIA DE AGAMENON MAGALHÃES ............ 26


O PERÍODO ..................................................................................................................................................................... 26
GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934) ........................................................................................................................... 26
GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937) ................................................................................................................. 26
ESTADO NOVO (1937-1945) .......................................................................................................................................... 27

MOVIMENTOSOCIAIS E REPRESSÃO DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR


EM PERNAMBUCO ....................................................................................................... 27
O PERÍODO ..................................................................................................................................................................... 27
GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967).............................................................................................................. 28
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) ...................................................................................................................... 28
GOVERNO MEDICI (1969-1974) ..................................................................................................................................... 28
GOVERNO GEISEL (1974-1979) .................................................................................................................................... 29
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) ........................................................................................................................... 29

PROCESSO POLÍTICO EM PERNAMBUCO (2001-2015) ......................................... 29


JARBAS DE ANDRADE VASCONCELOS (1999-2006) .................................................................................. 29
JOSÉ MENDONÇA BEZERRA FILHO (2006-2007) ....................................................................................................... 30
EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS (2007-2014) ............................................................................................. 30

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antigas) entre outras.
OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DO
ATUAL ESTADO DE PERNAMBUCO IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA

A arqueologia está diretamente ligada à nossa


O USO DO TERMO PRÉ-HISTÓRIA memória, às nossas possibilidades de
conhecer aspectos do nosso passado, através
Do ponto de vista formal, a expressão “pré- de vestígios deixados por indivíduos ou
história” designa tudo que houve antes da comunidades inteiras, bem como ao nosso
história humana se desenrolar. Na prática, direito à preservação dessa memória, ao nosso
esse mesmo termo abarca o período que vai direito de deixar para as gerações posteriores
desde o surgimento da vida da Terra, a provas da nossa história e pré-história.
evolução da espécie humana, indo até o
aparecimento da escrita. Dessa forma,
ÁREA ARQUEOLÓGICA E SÍTIO
percebemos uma curiosa contradição: como o
termo pré-história é utilizado para se definir um
ARQUEOLÓGICO
tempo em que os seres humanos já existiam
Área Arqueológica é o nome dado a uma
na Terra?
determinada localidade, na qual são
encontrados vários sítios arqueológicos. Já
Sítio arqueológico é o local onde se encontram
registros de indivíduos ou grupos de indivíduos
significativos para a história ou pré-história do
homem. O Brasil possui mais de 12 mil sítios
arqueológicos de uma importância única,
destes, há muitos que se encontram no estado
de Pernambuco, no nordeste do país.

TEORIAS MAIS ACEITAS SOBRE A


OCUPAÇÃO DA AMÉRICA:

▪ Teoria transoceânica;
▪ Teoria de Bering.

CIÊNCIAS QUE AUXILIAM A HISTÓRIA

A história se utiliza de outras ciências em seus


estudos podemos citar: ✓ FURNA DO ESTRAGO
• Antropologia (estuda o fator humano e
suas relações), No município do Brejo da Madre de Deus,
• Paleontologia (estudo dos fósseis), situado no Agreste de Pernambuco, distante
• Heráldica (estudo de brasões e de Recife cerca de 195 km, encontram-se
emblemas), vários sítios arqueológicos, dentre eles a Furna
do Estrago, um dos mais importantes sítios no
• Numismática (estudo das moedas e
medalhas), Brasil. A diferença entre furna e caverna está
na sua formação geológica. A caverna é
• Psicologia (estudo do comportamento
formada pela erosão, ou seja, vento ou água
humano),
que por muitos séculos e milênios agridem
• Arqueologia (estudo da cultura
uma rocha e acabam por causar buracos ou
material de povos antigos),
galerias. A furna é formada pela sobreposição
• Paleografia (estudo das escritas
de rochas. Na década de 80 foram

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encontrados 83 esqueletos, entre adultos e Neste local, há indícios de ter havido intensas
crianças, na Furna do Estrago pela professora ocupações, em decorrência do acúmulo de
Janette Lima e sua equipe de arqueologia da vestígios humanos e registros rupestres. O
Universidade Católica de Pernambuco, dentre sítio está situado em um pé de monte e teve,
os quais, encontra-se o Flautista, talvez o mais em vários momentos, desmoronamentos de
famoso esqueleto do local, que é chamado blocos que se desprenderam do teto. Dentre as
assim por ter sido encontrado com uma flauta pinturas rupestres há grafismos puros e
além de pinturas rupestres, artefatos utilizados antropomórficos. Há enterramentos
pelos grupos humanos que habitaram o local secundários de ossos, ou seja, como o local foi
em diversas épocas, restos de fogueiras e ocupado em várias épocas por povos distintos
alimentos. e usado como cemitério muitas vezes, há
enterramentos sobre enterramentos. Num
✓ SÍTIO PERI-PERI dado momento, houve o ritual de queimar os
ossos dos mortos antes de enterrá-los.
Situado em Venturosa, no Agreste Também forma encontrados cestos e um
pernambucano, é formado por dois grandes conjunto de cascas de coco, cerâmicas, dentre
matações de Granito. Sua importância cultural outros objetos, no local.
está nas paredes cobertas de pinturas
rupestres, no cemitério indígena e nos achados Em Pernambuco, mais de 700 sítios
arqueológicos. É constituído por dois arqueológicos históricos e pré-históricos, foram
pequenos abrigos: Boqueirão e Morro dos registrados no Cadastro Nacional de Sítios
Ossos. No primeiro se acumula água da chuva Arqueológicos (CNSA) do Iphan. Protegidos
durante quase o ano inteiro, formando um pela lei 3.924 de 25 de Julho de 1961, os
açude. O segundo, menor do que o primeiro, achados funerários, as grutas, as pinturas
foi usado como cemitério por grupos indígenas. rupestres e outros, são reconhecidos pela
A primeira ocupação que ocorreu na região foi União como Patrimônio Cultural Brasileiro e
por caçadores que preparavam seus artefatos quando identificados, devem ser informados ao
com pedras. Da segunda ocupação, já foram Iphan para o cadastramento num prazo de 60
encontrados restos de cerâmica e ossos. No dias.
local, foram encontradas duas fogueiras que
continham restos de ocre, lascas de quartzo, O PARQUE NACIONAL DA SERRA DO
seixos, com sinais evidentes de uso para a CATIMBAU
preparação de tintas e para as pinturas
rupestres. Este sítio contribui para a primeira O Parque Nacional da Serra do Catimbau,
datação relativa de pinturas rupestres. antigo Vale do Catimbau, está localizado entre o
Agreste e o Sertão do Estado de
✓ O SÍTIO PEDRA DO TUBARÃO Pernambucano, na região Nordeste o Brasil.
Neles estão inseridos os municípios de Buíque,
Situado em Venturosa é formado por um Ibimirim e Tupanatinga. O Catimbau é
matação de granito, dividido em duas partes. considerado o segundo maior parque
Lá encontramos o Cemitério do Caboclo, um arqueológico do Brasil, o primeiro é a Serra da
cemitério indígena e pinturas rupestres. Estas Capivara. É atualmente considerada uma área
pinturas, lembrando figuras geométricas, são de extrema importância arqueológica, por
chamadas de “geométrico elaboradas”. E no possuir muitos registros de pinturas rupestres e
cemitério indígena encontram-se covas resquícios da ocupação humana da nossa pré-
diversas, umas com ossos quebrados que, ao história. Estes registros datam de mais de 6.000
que se constata, já foram enterrados assim, anos. Só no Vale do Catimbau, há mais de trinta
quebrados por alguma razão desconhecida, sítios arqueológicos, nos quais, as pinturas
mas, intencional. Outros ossos, de vários rupestres foram realizadas por vários grupos
indivíduos foram queimados no local. étnicos de épocas distintas.

✓ SÍTIO DE ALCOBAÇA

Situado em Buíque, no estado de Pernambuco.

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de Tordesilhas. Os protagonistas foram Portugal
e Espanha, que delimitaram, através de uma
CARACTERÍSTICAS linha imaginária, as posses portuguesa e
SOCIOCULTURAIS DAS espanhola no território da América do Sul,
POPULAÇÕES INDÍGENAS QUE chamado de “Novo Continente”. Essa linha
imaginária passava a 370 léguas de Cabo
HABITAVAM O ATUAL ESTADO DE
Verde. O território a oeste da linha ficaria com a
PERNAMBUCO ANTES DOS Espanha e a leste, Portugal. De acordo com
PRIMEIROS CONTATOS EURO- alguns mapas, o território português no Brasil
AMERICANOS começava próximo à onde atualmente se
encontra Belém, no Pará, e descia em linha reta
O “DESCOBRIMENTO” até perto de Laguna, em Santa Catarina. O
objetivo era acabar com as disputas de território
Dia 22 de abril marca a data oficial do desde que o novo continente havia sido
Descobrimento do Brasil. Porém, uma versão “descoberto”, dois anos antes.
alternativa da história diz que quem chegou
primeiro às terras tupiniquins foi o navegador CHEGADA DOS PORTUGUESES
espanhol Vicente Yañez Pinzón. Segundo
relatos, Pinzón desembarcou no litoral A chegada dos portugueses ao Brasil aconteceu
nordestino 3 meses antes de Pedro Álvares oficialmente na expedição liderada por Pedro
Cabral — que tem os créditos da descoberta. No Álvares Cabral, que partiu de Lisboa com treze
dia 26 de janeiro de 1500, Pinzón desembarcou embarcações. O objetivo da expedição de
em um local que batizou de “Santa Maria de la Cabral era alcançar a Índia e seu valioso
Consolación”, lugar que descreveu como dono comércio de especiarias (mercadorias de luxo),
de uma beleza indizível, que seria o litoral do que eram produtos valiosos na Europa em razão
Nordeste do Brasil. A localização exata é motivo de sua raridade.
de debate entre estudiosos, já que alguns
acreditam se tratar do Cabo de Santo Agostinho, PERÍODO PRÉ-COLONIAL
em Pernambuco, e outros pensam ser a praia de
Ponta Grossa, no Ceará. O período que se iniciou em 1500 com a
chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil e foi
QUEM FOI PINZÓN? até meados da década de 1530 com a criação
do sistema de capitanias hereditárias é
chamado por muitos historiadores de período
pré-colonial em virtude da ausência de políticas
colonizadoras de Portugal e de um programa de
ocupação populacional do Brasil. A exploração
Vicente Pinzón (1462-1514) foi econômica desse período foi baseada na
um famoso navegador. Na juventude, extração do pau-brasil e na instalação de
praticava pirataria nas águas do feitorias na costa brasileira.
Mediterrâneo para roubar açúcar e distribuir
entre moradores pobres de Palos, sua cidade
natal na Espanha. Quando adulto, navegava
com seus irmãos, Martin Alonso e Francisco,
e comercializava sardinha entre o
Mediterrâneo e o Norte da Europa. Foi
comandante da “Niña”, embarcação que
guiou a viagem pioneira de Cristovão
Colombo até a América em 1492.

TRATADO DE TORDESILHAS

O Tratado de Tordesilhas foi um documento


assinado em junho de 1494, na vila espanhola

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FEITORIAS PORTUGUESAS

A exploração do pau-brasil concentrava


seus esforços nas feitorias que foram
construídas pelos portugueses no litoral da
América Portuguesa. Durante o período
pré-colonial, existiam três grandes feitorias
no Brasil: Cabo Frio, Porto Seguro e
Igarassu (Pernambuco). Essas feitorias
eram, em uma definição simples, locais
onde a madeira extraída era armazenada.
Essas feitorias, na maior parte do ano, eram Quando os primeiros europeus chegaram ao
ocupadas por pouquíssimas pessoas e, por território brasileiro, no início do século XVI,
questões de segurança, eram cercadas por vários grupos indígenas ocupavam a região
paliçadas de madeira. Essa cerca protegia Nordeste. No litoral, predominavam as tribos do
a feitoria de ataques de indígenas e de tronco linguístico tupi, como os Tupinambás,
estrangeiros, como os franceses. Tabajaras e os Caetés, os mais temíveis. No
interior, habitavam grupos dos troncos
linguísticos Jê, genericamente denominados
ATIVIDADE ECONÔMICA Tapuias. Dos grupos que povoaram
Pernambuco, salvo alguns sobreviventes, pouco
Portugal limitou-se a realizar atividades se sabe. O fato de os índios não possuírem uma
extrativistas e construir pequenos entrepostos linguagem escrita, dificultou muito a transmissão
destinados ao reconhecimento da região. O das informações.
pau-brasil era o principal produto explorado. Sua
tinta vermelha, usada no tingimento de tecidos, Com o decorrer dos anos, o contato entre
e a boa qualidade de sua madeira tinham boa portugueses e indígenas se configurou como
receptividade no mercado europeu. Os índios extremamente prejudicial para estes últimos,
eram a mão-de-obra usada na extração das uma vez que significou para eles:
toras de madeira. Em troca do serviço realizado,
recebiam pequenos utensílios e algumas ▪ Escravização;
mercadorias. Outro tipo de relação de trabalho ▪ Perda de territórios;
ou atividade exploratória não se fazia presente ▪ Mortes por doença;
em terras brasileiras. A visível negligência ▪ Mortes por confronto;
portuguesa, logo foi alvo do interesse de outras ▪ Repressões culturais e religiosas.
nações que buscavam ampliar seu comércio
através da exploração colonial. Atualmente existem legalmente em
Pernambuco, sete grupos indígenas: os Fulni-ô,
Apesar de não ter havido uma efetiva em Águas Belas; os Pankararu, nos municípios
colonização nesses primeiros anos, os de Petrolândia e Tacaratu ; os Xucuru, em
portugueses trataram de enviar dois tipos de Pesqueira; os Kambiwá, em Ibimirim, Inajá e
expedições para as terras brasileiras: Floresta; os Kapinawá, em Buíque os Atikum,
em Carnaubeira da Penha e os Truká, em
▪ Expedições exploratórias: tinham como Cabrobó. Esses três últimos grupos foram
função fazer o levantamento de possíveis identificados mais recentemente.
riquezas, mapeamento do litoral e a
exploração do pau-brasil. Um pouco dos principais grupos:
▪ Expedições de patrulha - ou guarda-
costas: eram responsáveis por fazer a ✓ Fulni-ô
proteção do litoral da colônia. A extensão População: Aproximadamente 3000
do território era um fator que dificultava
O domínio dos Fulni-ô sobre as terras de Águas
esse controle.
Belas é bastante antigo, e desenvolve-se
profundamente imbricado com o antigo
INDÍGENAS EM PERNAMBUCO aldeamento que. originaria o núcleo urbano de

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Águas Belas. Desde o século XVIII têm-se denunciando grande pressão sobre suas terras,
notícias de índios ocupando a Serra do invasores, violências da Polícia Militar de Buíque
Comunati, situada ao norte da atual cidade de e graves conflitos com o fazendeiro Romero
Águas Belas. Maranhão e seu testa-de-ferro local, o grileiro
Zuza Tavares sogro do então prefeito de
✓ Pankararu Buíque. Solicitavam ainda “reconhecimento
oficial” e regularização das suas terras.
População: Aproximadamente 5000
Os Pankararu fazem parte do grupo mais amplo ✓ Atikum-Umã
de “índios do sertão” ou Tapuia, caracterizado
historicamente por oposição aos Tupis da costa População: Aproximadamente 5000
e ao Jê dos cerrados à oeste. Muito pouco Há vários registros antigos de índios habitando
estudados etnográfica e linguisticamente, pode- a região da serra do Umã. As primeiras visitas
se apenas inferir sobre seus movimentos pré- de representantes do Serviço de Proteção ao
coloniais, quando aparentemente foram Índio àquele grupo ocorreram entre 1943 e
expulsos do litoral pela expansão no sentido 1945, conforme depoimento de índios Atikum,
Norte/Sul dos Tupis e, encontrando resistência quando funcionários desse órgão estiveram na
para o avanço à Oeste, pela presença do Jê, se área para assisti-los dançarem o "toré". A
estabeleceram no submédio São Francisco. realização do "toré" seria o Indicador de que os
habitantes daquela serra do sertão
✓ Kambiwá pernambucano eram "índios", o que Ihes daria
então o direito de receberem assistência do SPI.
População: Aproximadamente 2500 Em 1949 foi criado o Posto Indígena Aticum,
habitam a região das serras Negra e do posteriormente denominado Padre Nelson, na
Periquito (as quais constituem o mesmo aldeia Alto da Serra.
alinhamento orográfico, situado na região do
Vale do Moxotó) desde, pelo menos, o início do ✓ Truká
século XIX, época em que os "coronéis" do
chamado "Alto Sertão pernambucano" os População: Aproximadamente 3500
perseguiram e dispersaram por força das armas. Os Truká vivem na Ilha da Assunção no médio
Em seu movimento de perambulação pelo rio São Francisco no município de Cabrobó
sertão, várias foram às tentativas de retomar a estão estimados em 3.463 e tem seu território
Serra Negra, que consideram a "mãe" da qual com uma superfície de 5.769ha. A aldeia da
seus filhos foram afastados. Inúmeros relatos Assunção foi fundada provavelmente em 1722,
dão conta das sucessivas expulsões da serra, e ficava situada em uma grande ilha com esse
induzindo o grupo a um movimento de mesmo nome. Em 1761, de uma simples aldeia
permanente diáspora e consequente de índios, originalmente situada na extremidade
ocultamento da identidade étnica, sujeitos que ocidental da ilha, prosperou tanto que teve o
estavam à repressão de suas práticas rituais predicamento de paróquia. No entanto em 1789
("Toré" e "Praiá"), inclusive com o auxílio de sua população constava apenas 400 pessoas, e
forças policiais. A passagem do século XVIII uma grande enchente que ocorreu em 1792,
para o XIX foi ocasião das últimas "reduções de derrubou e arruinou todas as casas da vila,
índios" (visando o estabelecimento de invadida pelas águas, deixando sem o menor
aldeamentos) que se tem notícia, no sertão de vestígio, entre outros, a Câmara Municipal.
Pernambuco.

✓ Kapinawá A CAPITANIA DE PERNAMBUCO E A


População: Aproximadamente 2000 LAVOURA AÇUCAREIRA
Os Kapinawá são descendentes dos índios que
habitavam a aldeia de Macaco, referida desde o A EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE
século XVIII como os índios Prakió ou Paratió. O SOUSA (1530-1532)
etnônimo Kapinawá. é conhecido desde o final
dos anos setenta, quando seus representantes
Em 1530, com o propósito de realizar uma
procuraram a FUNAI e a imprensa em Recife
política de colonização efetiva, Dom João III, "O

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Colonizador", organizou uma expedição ao
Brasil. A esquadra de cinco embarcações, bem
armada e aparelhada, reunia quatrocentos
colonos e tripulantes. Comandada por Martim
Afonso de Sousa, tinha uma tríplice missão:
combater os traficantes franceses, penetrar nas
terras na direção do Rio da Prata para procurar
metais preciosos e, ainda, estabelecer núcleos
de povoamento no litoral. Portanto, iniciar o
povoamento do "grande desertão", as terras
brasileiras. Para isto traziam ferramentas,
sementes, mudas de plantas e animais
domésticos. Durante dois anos o Capitão
percorreu o litoral, armazenando importantes
conhecimentos geográficos. Ao chegar no litoral
pernambucano, em 1531, conseguiu tomar três
naus francesas carregadas de pau-brasil.

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

Tinham esse nome


pela possibilidade Duarte Coelho
de serem passadas No dia 10 de março de 1534, o fidalgo e militar
de pais para filhos. Duarte Coelho foi um dos primeiros a ser
O território do Brasil agraciado com terras no Brasil. Recebeu a
era pertencente a capitania de Pernambuco, conforme “Carta de
Portugal, quando Doação da Capitania de Pernambuco a Duarte
foram separadas Coelho” – Arquivo Nacional da Torre do Tombo
faixas de terras e – Lisboa, Portugal. Duarte Coelho chegou a
concedidas aos Pernambuco no dia 9 de março de 1535. Trouxe
nobres, que eram da sua mulher, Dona Brites de Albuquerque, o
confiança do rei D. irmão desta, Jerônimo de Albuquerque, filhos,
João III (1502 – parentes, agregados, amigos, enfim, o séquito
1557). As capitanias de um grande senhor da época. Quando Duarte
hereditárias eram um sistema de Administração Coelho chegou, já encontrou povoamentos
Territorial da América Portuguesa. Esse sistema anteriores, originários de feitorias dedicadas à
fazia parte do Império Português e foi exploração de pau-brasil. A capitania abrangia
implantado em 1534. A Coroa Portuguesa no os atuais estados de Pernambuco, Alagoas,
Brasil estava com seus recursos escassos e Sergipe e parte da Bahia.
delegou a tarefa de colonização e exploração de
algumas áreas. Povoar a colônia e dividir a Duarte Coelho e sua comitiva desembarcaram
administração colonial eram os objetivos no extremo norte da capitania. Instalou-se
principais e, apesar disso, as capitanias inicialmente nas margens do rio Santa Cruz,
hereditárias não sobreviveram por muito tempo, próximo à foz, mas parte da região era cercada
duraram apenas dezesseis anos. Elas de manguezais e bancos de areia que eram
motivaram o desenvolvimento das vilas, que aos cobertos pela maré alta. Com a ajuda de
poucos viraram províncias e depois fundaram Jerônimo de Albuquerque venceu os índios
alguns estados do Brasil. caetés que habitavam a região, Em seguida,
subiu o rio e em 27 de setembro de 1535 fundou
a vila de “Santos Cosme e Damião” e edifica a
primeira igreja do Brasil.

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Sousa.
CARTA DE DOAÇÃO E FORAL
Das 15 capitanias, apenas duas delas foram
A carta de doação da capitania era o bem-sucedidas:
documento pelo qual o rei fazia a concessão
da terra aos capitães, que gozariam do título ▪ Capitania de Pernambuco – comandada
de governadores de sua donataria, por Duarte Coelho, responsável por
enquanto o foral fixava os direitos, foros e introduzir o cultivo da cana de açúcar.
tributos que cabiam ao rei e a parte relativa
ao capitão. A carta de doação da capitania ▪ Capitania de São Vicente – comandada
de Pernambuco a Duarte Coelho continha por Martim Afonso de Sousa, graças ao
não somente suas atribuições relativas à tráfico de indígenas que realizavam
administração da terra, mas incluía seus naquelas terras.
direitos e privilégios. Seu conteúdo se
assemelhava ao das doações praticadas DIREITOS DOS DONATÁRIOS
desde longa data pela Coroa portuguesa,
mas era marcado por maior flexibilidade em ▪ Cobrar impostos dos moradores e
razão da distância de Portugal e da comerciantes que atuavam na capitania.
extensão do território. ▪ Desenvolver a agricultura, a pecuária e
obter lucro com essas atividades.
▪ Doar sesmarias para os colonos.
CAPITANIAS E DONATÁRIOS ▪ Escravizar índios para serem usados
como mão de obra.
▪ Capitania do Maranhão – lote 1: Aires da ▪ Estabelecer engenhos de açúcar.
Cunha associado a João de Barros e lote ▪ Exercer o poder judiciário (de justiça) em
2: Fernando Álvares de Andrade. sua capitania.
▪ Capitania do Ceará – Antônio Cardoso de ▪ Exercer o poder político-administrativo
Barros. em sua capitania.
▪ Capitania do Rio Grande – João de ▪ Explorar os recursos naturais e minerais
Barros associado a Aires da Cunha. da terra.
▪ Capitania de Itamaracá – Pero Lopes de
Sousa. DEVERES DOS DONATÁRIOS
▪ Capitania de Pernambuco (Nova
Lusitânia) – Duarte Coelho Pereira. ▪ Combater tribos indígenas que
▪ Capitania da Baía de Todos os Santos – dificultavam a colonização do Brasil.
Francisco Pereira Coutinho. ▪ Desenvolver a colonização dos
▪ Capitania de Ilhéus – Jorge de Figueiredo territórios.
Correia. ▪ Fazer a proteção do território, a faixa
▪ Capitania de Porto Seguro – Pero do litorânea principalmente, contra os
Campo Tourinho. invasores (holandeses, ingleses e
▪ Capitania do Espírito Santo – Vasco franceses).
Fernandes Coutinho. ▪ Fiscalizar as ações econômicas na
▪ Capitania de São Tomé – Pero de Góis capitania, com o objetivo de garantir o
da Silveira. monopólio da coroa no comércio colonial
▪ Capitania de São Vicente (dividido em e na exploração do pau-brasil.
dois lotes: São Vicente e Rio de Janeiro) ▪ Fundar vilas na colônia.
– Martim Afonso de Sousa. Ele ficou por
pouco tempo nessa capitania, por que foi Por qual razão os portugueses decidiram
conduzido a assumir um posto nas Índias. plantar cana de açúcar em terras
Sua esposa Ana Pimentel continuou na brasileiras?
administração da terra.
▪ Capitania de Santo Amaro – Pero Lopes A primeira razão se deve ao fato de os
de Sousa.
portugueses já dominarem as técnicas de
▪ Capitania de Santana – Pero Lopes de
plantio da cana-de-açúcar. Esse tipo de

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atividade era realizado nas ilhas atlânticas de convergia a vida econômica, social e política da
Madeira e Açores, que também eram época.
colonizadas por Portugal. Além disso, o açúcar
era um produto de grande aceitação na Europa
e oferecia grande lucro. Por fim, também
devemos destacar o clima e o solo brasileiro
como dois fatores naturais que favoreciam esse
tipo de atividade. Durante e após a colonização
do Brasil, a plantação de cana de açúcar foi uma
das mais importantes atividades econômicas do
país. Apesar dos vários momentos de crise e
instabilidade, o açúcar sempre teve grande
importância em nossa economia.

SISTEMA PLANTATION ESTRUTURA SOCIAL

Esse sistema é um modelo de produção agrícola


baseado na monocultura, na exportação desses
produtos e na utilização de grandes latifúndios
com mão de obra escrava. Ocorreu durante a
colonização da América e outros continentes
que eram colonizados por países europeus,
assim como a Ásia e a África. Na monocultura,
as matérias primas mais produzidas nas
lavouras tropicais eram: o café, a banana, o
cacau, o algodão e a cana-de-açúcar. Eram
plantadas quantidades volumosas de
determinado gênero, já que a adaptação ao
clima e o solo eram boas. Como essa produção
era voltada ao mercado externo, pouco ficava no
país e o que sobrava eram produtos de baixa
qualidade.

A CAPITANIA DE PERNAMBUCO: A
SOCIEDADE AÇUCAREIRA E A SENHORES DE ENGENHO E
RELAÇÃO COM OS HOLANDESES AGRICULTORES
SOCIEDADE PATRIARCAL A posse de escravos e de terras determinava o
lugar ocupado na sociedade do açúcar. Os
A maior parte dos poderes se concentrava nas senhores de engenho detinham posição mais
mãos do senhor de engenho. Com autoridade vantajosa. Possuíam, além de escravos e terras,
absoluta, submetia todos ao seu poder: mulher, o engenho. Abaixo deles situavam-se os
filhos, agregados e qualquer um que habitasse agricultores que possuíam a terra em que
seus domínios. Cabia-lhe dar proteção à família, trabalhavam, adquirida por concessão ou
recebendo, em troca, lealdade e deferência. compra. Em termos sociais podiam ser
Essa família podia incluir parentes distantes, de identificados como senhores de engenho em
status social inferior, filhos adotivos e filhos potencial, possuindo terra, escravos, bois e
ilegítimos reconhecidos. Seu poder extrapolava outros bens, menos o engenho.
os limites de suas terras, expandindo-se pelas Compartilhavam com eles as mesmas origens
vilas, dominando as Câmaras Municipais e a sociais e as mesmas aspirações. O fato de
vida colonial. A casa grande foi o símbolo desse serem proprietários independentes permitia-lhes
tipo de organização familiar implantado na considerável flexibilidade nas negociações da
sociedade colonial. Para o núcleo doméstico

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moagem da cana com os senhores de engenho.
Eram uma espécie de elite entre os agricultores, O FINANCIAMENTO HOLANDÊS
apesar de haver entre eles um grupo que tinha
condições e recursos bem mais modestos. Não tendo todo o capital exigido para o negócio
Esses dois grupos - senhores de engenho e açucareiro, Portugal contou com o auxílio de
agricultores -, unidos pelo interesse e pela banqueiros europeus que financiavam uma
dependência em relação ao mercado considerável parte deste empreendimento.
internacional, formaram o setor açucareiro. Dentre esses financiadores se destacavam os
banqueiros holandeses, que, com o passar do
A ESCRAVIDÃO INDÍGENA tempo, passaram também a intermediar a
negociação do produto em diferentes pontos da
O período de 1540 até 1570 marcou o apogeu Europa. Assumindo o papel de atravessadores,
da escravidão indígena nos engenhos acabavam abocanhando uma considerável
brasileiros, especialmente naqueles localizados parcela dos lucros. O expressivo papel
em Pernambuco e na Bahia. Nessas capitanias desempenhado pelos holandeses na
os colonos conseguiam escravos índios consolidação da empresa açucareira foi de
roubando-os de tribos que os tinham grande importância para a expansão da classe
aprisionado em suas guerras e, também, mercantil daquele país. Além disso, o ritmo de
atacando as próprias tribos aliadas. Essas exploração e desenvolvimento dos centros de
incursões às tribos, conhecidas como "saltos", produção no Brasil provavelmente não teria
foram consideradas ilegais, tanto pelos jesuítas alcançado o mesmo ritmo sem essa mesma
como pela Coroa. Mas o interesse econômico participação do capital holandês. Apesar do bom
falou mais alto e, dessa forma, fazia-se vista relacionamento comercial que se desenvolvia
grossa às investidas. O regime de trabalho nos entre Portugal e Holanda, essa parceria tomou
canaviais era árduo. Os jesuítas pressionaram outros rumos no final do século XVI.
a Coroa e conseguiram que os senhores
dessem folga aos índios aos domingos, com o A UNIÃO IBÉRICA
objetivo de que assistissem à missa. Mas,
esgotados pelo ritmo de trabalho, eles O rei de Portugal, D. Sebastião, desapareceu na
preferiam descansar ou ir caçar e pescar, como batalha de Alcácer-Quibir contra os mouros no
forma de suplementar sua alimentação. Muitos Marrocos, em 1578. Como o rei não havia
senhores não atenderam a essa determinação deixado herdeiros para sucedê-lo, quem
régia e os índios continuaram trabalhando aos assumiu foi seu tio-avô, D. Henrique. No
domingos e dias santos. Tentando resolver entanto, D. Henrique acabou morrendo dois
essa situação, os jesuítas intensificaram as anos depois e, como também não possuía
ações contra a escravidão, promovendo intenso herdeiros diretos, foi iniciada uma crise de
programa de catequização nos pequenos sucessão do trono português. Após a morte de
povoados e aldeias da região. D. Henrique, três pretendentes alegaram
parentesco com D. Sebastião e lançaram-se na
luta pelo trono. Entre os pretendentes, estava o
A IMPORTÂNCIA DO AÇÚCAR rei espanhol, Filipe II, que possuía grande apoio
entre os membros da nobreza portuguesa.
No século XVI o açúcar tornou-se o principal Depois de invadir Portugal e vencer pequenos
produto de exportação brasileiro. Apesar da conflitos contra um dos pretendentes ao trono,
atividade mineradora do século XVIII e da chamado Antônio, o rei Filipe II foi coroado como
concorrência do açúcar produzido nas Antilhas, rei de Portugal.
essa posição manteve-se até o início do século
XIX. Em todo esse tempo houve tanto bons A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
quanto maus períodos e, embora o Brasil nunca E A CRISE DA LAVOURA
recuperasse sua posição relativa como CANAVIEIRA
fornecedor de açúcar no mercado internacional,
a indústria açucareira e a classe dos senhores INSATISFAÇÃO HOLANDESA
de engenho permaneceram dominantes em
regiões como Bahia e Pernambuco. Com a união dos reinos ibéricos, as decisões

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sobre a administração das colônias para isso com a ajuda de um colono português
portuguesas, como o Brasil, passaram a ser que conhecia bem a região: Domingos
tomadas pelos espanhóis. Uma das medidas Fernandes Calabar. Pela ajuda que deu aos
tomadas pela Espanha foi excluir a Holanda dos holandeses, Calabar foi enforcado em 1635,
negócios açucareiros no Brasil. Para retomar o acusado de traição. Os holandeses
controle do açúcar, os holandeses fundaram em consolidaram seu domínio no Nordeste e
1621 a Companhia das Índias Ocidentais. Era fundaram ali uma colônia, a Nova Holanda. A
uma empresa comercial autorizada a operar o presença holandesa no Brasil se estendeu de
comércio e a navegação na América e na África. 1630 a 1654.
Seu projeto, na verdade, era ocupar as regiões
produtoras de açúcar. Em 1624, navios
holandeses financiados pela Companhia das
Índias Ocidentais chegaram ao Brasil trazendo
homens fortemente armados.

HOLANDESES EM SALVADOR

Em 1624, aconteceu a primeira tentativa de


invadir o território brasileiro ao atacarem
Salvador, então capital do Brasil. Entretanto, os
holandeses foram derrotados pelos colonos,
que se organizaram no interior da Bahia,
evitando a expansão dos invasores para além
da capital colonial. Com a derrota, Holanda GOVERNO DE NASSAU
abandonou Salvador, mas não o desejo de
conquistar o Nordeste. Logo após a vitória sobre
os colonos, a Holanda
concedeu empréstimo aos
senhores de engenho para
que a produção açucareira
fosse retomada. Em 1637,
desembarcava no Recife,
Maurício de Nassau, novo
administrador do território
holandês. Nassau tratou
de ampliar o domínio
holandês para outras
regiões do Nordeste, como o Ceará e o Sergipe.
Ele investiu na capital de Pernambuco ao
construir pontes nos moldes da cidade de
HOLANDESES EM PERNAMBUCO Amsterdã.

Em 1630, os holandeses voltaram ao Brasil. O


alvo dessa vez foi a capitania de Pernambuco, o
maior centro produtor de açúcar da colônia. A
primeira invasão se deu pela cidade de Olinda,
que conquistaram e em seguida incendiaram.
Os holandeses acabaram sendo combatidos e
novamente expulsos. Determinados a ocupar
uma parte do Brasil, eles voltaram à capitania
com uma esquadra de setenta navios. Dessa
vez conseguiram vencer as tropas do governo e
instalar-se em uma vasta região, de
Pernambuco ao Rio Grande do Norte. Contaram

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UM NOVO OLHAR SOBRE O BRASIL As tropas comandadas por João Fernandes
Vieira receberam o apoio de Antônio Felipe
Outra medida de Nassau foi a vinda de uma Camarão, índio potiguar conhecido como Poti
missão cultural composta por artistas e que auxiliou no combate aos holandeses junto a
cientistas para estudar a natureza centenas de índios sob seu comando. Outro
pernambucana, até então desconhecida para auxílio recebido veio do africano liberto
os europeus, e retratar em pinturas o cotidiano Henrique Dias. A Batalha do Monte Tabocas foi
do domínio holandês na América. A liberdade o principal enfrentamento ocorrido nesse início
religiosa foi concedida em Pernambuco, e da Insurreição. Os portugueses conseguiram
outras religiões que não fossem católicas infligir uma retumbante derrota aos holandeses,
poderiam realizar seus cultos religiosos garantindo uma elevação da moral para a
livremente. continuidade dos conflitos. Além disso, os
insurrectos receberam apoio de tropas vindas
principalmente da Bahia.
CRISE HOLANDESA
O CONTEXTO EUROPEU
Em meados do século XVII, a Companhia das
Índias Ocidentais entrou em falência e o Outro componente envolvido na Insurreição
financiamento da permanência holandesa no Pernambucana estava ligado às disputas que
Nordeste tornou-se escasso. Para reverter essa havia entre vários países europeus à época.
situação, os empréstimos concedidos aos Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648),
senhores de engenho foram cobrados, e isso os espanhóis estavam em confronto com os
provocou revolta entre os colonos. A demissão holandeses pelos territórios dos Países Baixos.
de Maurício de Nassau do cargo de Era ainda o período da União Ibérica, em que o
administrador de Pernambuco trouxe reações Reino Português estava subjugado ao Reino
negativas à presença holandesa na região. Espanhol. Nesse sentido, a posição holandesa
Outro fator que impactou na decadência em relação a Portugal era dúbia. Em solo
holandesa foi a Restauração Portuguesa europeu, os holandeses apoiavam os
ocorrida em 1640. Os portugueses conseguiram portugueses contra o domínio espanhol, mas,
derrotar os espanhóis e recuperar a soberania ao mesmo tempo, ocupavam territórios
do reino de Portugal com a ascensão de Dom portugueses na África Ocidental e no Brasil,
João IV ao trono e o início da dinastia dos sendo que além da região pernambucana, os
Bragança. holandeses tentaram ainda conquistar algumas
localidades no Maranhão e em Sergipe.
INSATISFAÇÃO COM OS HOLANDESES

A oposição dos portugueses aos holandeses “DERROTA” HOLANDESA


ocorreu em decorrência da intensificação da
cobrança de impostos e também da cobrança No início de 1648, Holanda e Espanha
dos empréstimos realizados pelos senhores de selaram a paz, e os espanhóis aceitaram
engenho de origem portuguesa com os entregar aos holandeses as terras tomadas
banqueiros holandeses e com a Companhia das pelos insurrectos portugueses em
Índias Ocidentais, empresa que administrava as Pernambuco. Frente a tal situação, o conflito
possessões holandesas fora da Europa. Outro continuou. Em abril de 1648, ocorreu a
fato que acirrou a rivalidade entre portugueses e primeira Batalha dos Guararapes, em que os
holandeses foi a questão religiosa. Boa parte holandeses sofreram dura derrota, abrindo
dos holandeses que estava na região de Recife caminho para o ressurgimento do domínio
e Olinda era formada por judeus ou português a partir de 1654.
protestantes.
CONSEQUÊNCIAS
A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
Após a derrota no Nordeste brasileiro, em
Os conflitos iniciaram-se em maio de 1645, após 1654, os holandeses foram para as Antilhas
o regresso de Maurício de Nassau à Holanda. para produzir açúcar e manter seu êxito no

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comércio açucareiro na Europa. Dessa caripus, icós, caratiús e cariris, uniram-se em
forma, a Holanda conseguiu recompor as aliança e confrontaram os portugueses nas
perdas com as guerras contra os brasileiros. tentativas de dominar as terras dos nativos. A
No Brasil, a expulsão dos holandeses aliança das tribos tapuias, denominada pelos
desencadeou uma crise econômica no portugueses como Confederação dos Cariris
Nordeste. Portugal não tinha condições ou Confederação dos Bárbaros, foi derrotada
financeiras para reerguer os engenhos de somente em 1713.
açúcar, nem espaço no mercado externo
para comercializar o produto. O ciclo OS CONFLITOS
econômico do açúcar, que tanto lucro deu
aos portugueses, terminava. Era preciso A introdução de forças portuguesas nos
explorar o interior do Brasil e descobrir outro sertões brasileiros foi a fonte de diversos
produto ou outra riqueza que trouxesse lucro confrontos entre os conquistadores e grupos
para eles. indígenas. Apesar das particularidades de
cada conflito, as autoridades reais passaram
GUERRA DOS BÁRBAROS E generalizar os levantes nativos no sertão
GUERRA DOS MASCATES como "Guerra dos Bárbaros". As primeiras
destas batalhas deram-se no Recôncavo
GUERRA DOS BÁRBAROS Baiano entre os anos de 1651 e 1679. O
segundo maior confronto deste conjunto
Motivos dos Conflitos bélico foi a Guerra do Açu, lutada nos sertões
das capitanias do Rio Grande, Paraíba e
Guerra dos Bárbaros foram os conflitos, Ceará, entre os anos de 1687 e 1720. Essas
rebeliões e confrontos envolvendo os duas áreas são tidas como as principais
colonizadores portugueses e várias etnias localizações dessa violência, mas a verdade
indígenas tapuias que aconteceram nas é que estes se espalharam pelos interiores do
capitanias do Nordeste do Brasil, a partir de Maranhão, Piauí e Pernambuco.
1683. Com a expulsão dos holandeses do
território no ano de 1654, os portugueses
puderam retomar o avanço em direção ao
interior nordestino, expandindo as fazendas
de gado e perseguindo as etnias indígenas.
Porém a resistência de diversas etnias
indígenas, que tinham sido aliados dos
holandeses, foi um elemento-surpresa para
os lusos.

GUERRA DOS MASCATES

MOVIMENTOS NATIVISTAS

Foi no final do século XVII e início do século


XVIII que surgiram uma série de movimentos
REAÇÃO PORTUGUESA conhecidos como Movimentos Nativistas na
historiografia brasileira. Essas revoltas
Os portugueses fortificaram o efetivo militar, nativistas tiveram como principal causa os
inclusive com a vinda de bandeirantes descontentamentos que havia entre os
paulistas como Domingos Jorge Velho. Já as colonos brasileiros com relação as medidas
etnias indígenas tapuias do interior que eram tomadas pela Coroa Portuguesa.
nordestino, como os janduís, paiacus,

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Essas medidas ficaram mais endurecidas A RESTAURAÇÃO
após a chamada Restauração, ou seja, após
Portugal se separar da Espanha, depois de Os senhores de engenho consideravam o
60 anos sob domínio espanhol (União movimento que lideravam para a expulsão
Ibérica). É interessante deixar claro que dos holandeses como uma Restauração – à
esses movimentos nativistas são semelhança da Restauração que devolvera a
caracterizados pelos historiadores não como independência ao Reino português em 1640.
movimentos que foram de contestação ao Por essa razão, autodenominavam-se
domínio de Portugal, mas sim como "restauradores". A partir da segunda metade
movimentos de rebeldias e conflitos regionais do século XVII, os senhores de engenho
contra alguns pontos do colonialismo que não descendentes desses homens reivindicaram
satisfaziam os colonos brasileiros. o estatuto de uma "nobreza da terra". A
restauração tornou-se a bandeira das suas
ADVENTO DA BURGUESIA reivindicações junto à Coroa portuguesa. Isso
significava distinguir claramente aqueles que,
Com a evolução do capitalismo mundial, a à custa de "sangue, vidas e fazendas",
velha aristocracia europeia foi perdendo enfrentaram os holandeses na luta pela
espaço para uma nova camada social: a restituição da capitania de Pernambuco à
burguesia. Nos países colonizados pela Coroa daqueles que chegaram depois para
Europa ou sob sua influência, o processo se aproveitar-se da nova situação.
repetiu. Esse foi o caso do Brasil. Na
capitania de Pernambuco, a burguesia
comercial se desenvolveu no povoado do A LUTA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Recife e, com o tempo, passou a reivindicar
participação política. Na época, o Recife era A guerra teve início em 1710, com a vitória
subordinado a Olinda, cuja câmara municipal dos holandeses que conseguiram invadir e
esteve dominada pela aristocracia açucareira controlar a nova cidade pernambucana. Logo
durante cerca de duzentos anos. em seguida, os recifenses conseguiram
retomar o controle de sua cidade em uma
DECADÊNCIA DA ARISTOCRACIA reação militar apoiada por autoridades
políticas de outras capitanias. O
No final do século XVII, o setor açucareiro prolongamento da guerra só foi interrompido
entrou em crise, devido à concorrência da no momento em que a Coroa Portuguesa
produção de cana de açúcar nas Antilhas e à indicou, em 1711, a nomeação de um novo
expulsão dos holandeses, que tinham governante que teria como principal missão
investido na economia. Como consequência, estabelecer um ponto final ao conflito. O
muitos senhores de engenho passaram a escolhido para essa tarefa foi Félix José de
depender economicamente dos mercadores Mendonça, que apoiou os mascates
portugueses, de quem tomavam altos portugueses e estipulou a prisão de todos os
empréstimos para tocar seus engenhos em latifundiários olindenses envolvidos com a
Olinda. A aristocracia pernambucana se guerra. Além disso, visando evitar futuros
endividava com o dinheiro da burguesia. Com conflitos, o novo governador de Pernambuco
o poder econômico nas mãos, esses decidiu transferir semestralmente a
mercadores passaram a reivindicar também administração para cada uma das cidades.
o poder político, para participar das principais Dessa maneira, não haveria razões para que
decisões locais, como a definição dos preços uma cidade fosse politicamente favorecida
das mercadorias e dos impostos. Tudo isso por Félix José.
era decidido dentro da Câmara Municipal de
Olinda, dominada pelos senhores de
engenho. Assim que os mercadores
começaram a cobiçar os cargos da câmara, o
conflito se intensificou, culminando na luta
armada.

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A PROVÍNCIA DE
PERNAMBUCO NO I E II
REINADO

PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL:
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA
IDEIAS REPUBLICANAS
PRESENÇA DA CORTE PORTUGUESA As ideias republicanas alcançaram a região,
e as recentes nações formadas na América,
Em 1808 com a vinda da família real para o que deixaram de ser colônias e se tornaram
Rio de Janeiro, devido a invasão repúblicas, serviram de exemplo para os
napoleônica, e em 1810 com a abertura dos pernambucanos. Caso fosse implantada a
portos no Brasil, o comércio português sofreu república, as províncias teriam mais
uma séria mudança, alterando toda a sua autonomia e mais liberdade para se governar,
conjuntura. A liberação do comércio permitiu não dependendo tanto do governo central. Os
a multiplicação de relações comerciais entre gastos com a sustentação de Dom João VI e
o Nordeste brasileiro e outras nações. Por toda a sua corte no Brasil demonstravam o
Pernambuco ser a capitania mais lucrativa, peso econômico do governo central sobre as
foi a mais solicitada no pagamento de demais províncias.
impostos. Muitos desses impostos tornaram-
se impopulares, como o caso da tributação
IDEIAS ILUMINISTAS
sobre os produtos comercializados,
principalmente os alimentos e para custear os
Para intensificar esse clima político nessa
gastos extravagantes da Corte, já situada no
região, houve também a forte influência dos
Rio de Janeiro.
ideais iluministas e das revoluções
liberais que tinham acontecido na França e
PORTUGUESES EM POSTOS DE nos Estados Unidos. A divulgação dos ideais
COMANDO iluministas em Pernambuco foi feita por uma
loja maçônica chamada Areópago de
Dom João VI reforçou a presença Itambé, que reunia as elites locais. O
portuguesa nos postos de comando dos Seminário de Olinda também foi um
governos locais e das chefias das tropas importante centro irradiador desses ideais.
militares. Isso desagradou à elite local, que
se sentiu desprestigiada. Ao longo de todo o HISTÓRICO DE DESCONTENTAMENTO
processo de independência do Brasil e nos
primeiros anos do Primeiro Reinado, Por fim, havia ainda um histórico de rebeliões
brasileiros e portugueses disputavam postos na região de Pernambuco, como a
de comando nos governos e o domínio do Insurreição Pernambucana e a Guerra dos
comércio nas cidades. Com o rei português Mascates. No século XIX, a insatisfação
no Brasil, a presença lusitana intensificou-se, pernambucana com as medidas da Coroa
desagradando aos brasileiros, que já levou também a uma conspiração conhecida
começavam a organizar movimentos como Conspiração dos Suassunas que, no
armados para depor os chefes portugueses entanto, foi denunciada e desmontada pelas
de seus postos. autoridades em 1801.

INÍCIO DO MOVIMENTO

A revolta foi deflagrada em 6 de março de


1817, quando o capitão José de Barros
Lima assassinou o brigadeiro português

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Manoel Joaquim Barbosa de Castro. e proprietários rurais, ocuparam Recife, em
Barros Lima reagiu ao receber voz de prisão maio de 1817.
do brigadeiro por estar envolvido em uma
conspiração contra as autoridades REPRESSÃO
portuguesas. Depois disso, a rebelião
espalhou-se por Recife, e os revolucionários Os governos da Bahia e do Ceará também
conseguiram conquistar a cidade. O reagiram à revolução, prendendo os
governador local, Caetano Pinto de Miranda revoltosos que para lá se dirigiram buscando
Montenegro, assim que o movimento adesão ao movimento. A luta durou mais de
estourou, escondeu -se no Forte do Brum e dois meses, até as forças governistas
logo em seguida embarcou para a cidade do conseguirem derrotar os revoltosos. A
Rio de Janeiro. repressão foi extremamente violenta.
Muitos dos líderes receberam a pena de
MUDANÇAS morte, como Domingos José Martins, José
Luís de Mendonça, Domingos Teotônio Jorge
Os revolucionários, vitoriosos, implantaram e os padres Miguelinho e Pedro de Sousa
um Governo Provisório que realizou Tenório.
diversas mudanças na Capitania de
Pernambuco: PUNIÇÃO

▪ Foi proclamada a República na Para o governo português, a punição


Capitania; deveria ser exemplar, para desestimular
▪ Implantada a liberdade de imprensa; movimentos similares. Depois de mortos, os
▪ Implantada a liberdade de credo; réus tiveram suas mãos cortadas e as
▪ Aumento no soldo dos soldados; cabeças decepadas. Os restos dos
▪ Mantida a escravidão africana. cadáveres foram arrastados por cavalos até
o cemitério. Em 1818, por ocasião da
aclamação do rei D. João VI, foram
OUTRAS MUDANÇAS ordenados o encerramento da devassa, a
A Revolução Pernambucana também suspensão de novas prisões e a libertação
elaborou um projeto constitucional e uma dos prisioneiros sem culpa formada.
nova bandeira para Pernambuco – bandeira
essa que, com pequenas diferenças, é até DATA MAGNA
hoje utilizada para representar esse estado.
Com o movimento vitorioso, os Em Pernambuco, o dia 6 de março é feriado
revolucionários procuraram expandir a porque se recorda o dia em que, em 1817,
revolta e buscar apoio. Com isso, eles começava a revolução contra o domínio
buscaram estender a revolta para as português e a instalação de um governo
localidades vizinhas como Paraíba, Rio republicano na região. Apesar da curta
Grande do Norte e Ceará. duração, apenas 75 dias, o movimento
deixou raízes na história de Pernambuco e
confirmava a capitania como sendo um local
de revolta contra o domínio do governo
REAÇÃO DA COROA central.

Quando a notícia sobre a revolução chegou


MOVIMENTOS LIBERAIS:
ao Rio de Janeiro, D. João promoveu uma
violenta repressão, buscando evitar, de CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
qualquer modo, a ameaça à união do império.
Os revoltosos entraram pelo sertão “CONSTITUIÇÃO DA MANDIOCA”
nordestino, mas, logo em seguida, as tropas
enviadas por D. João, acrescidas das forças Logo após a proclamação da independência
organizadas pelos comerciantes portugueses do Brasil, foi convocada uma Assembleia
Constituinte, em 1823, com o intuito de

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elaborar a primeira Constituição RELAÇÃO COM D. PEDRO I
brasileira. Na abertura dos trabalhos da
assembleia, o imperador Dom Pedro I fez um Na época, todas as províncias eram
discurso e afirmou que a Constituição deveria subordinadas ao Rio de Janeiro, que era a
ser “digna do Brasil e de mim mesmo”, uma sede do império. As províncias desejavam
clara demonstração de que o texto mais autonomia em relação ao governo do
constitucional deveria seguir as vontades do imperador D. Pedro I. Porém, ainda em 1822,
monarca. Ao votarem os poderes do o imperador havia lançado medidas ainda
imperador, os Constituintes decidiram pela mais centralizadoras. Além disso, mesmo
limitação, o que provocou violenta reação de com a independência, os portugueses
Dom Pedro, ordenando o fechamento da continuavam a ter muito poder nas decisões
Assembleia e a prisão dos constituintes. das províncias nordestinas. Em Pernambuco,
formou-se um governo provisório fiel ao
CONSTITUIÇÃO DE 1824 imperador, a Junta dos Matutos, que em 1824
foi deposta.
Em 1824, Dom Pedro I outorgou a
Constituição do império brasileiro que lhe
garantiu amplos poderes por meio da criação INÍCIO DO MOVIMENTO
do Poder Moderador. Ao fechar a assembleia
e elaborar uma Constituição sem nenhuma D. Pedro I nomeou Francisco Pais Barreto
discussão, ele mostrou os perigos do seu para assumir o governo da província, mas
autoritarismo. Contudo, o Nordeste não Manuel Carvalho Pais de Andrade já havia
aceitaria a centralização do poder político de sido eleito localmente pelos representantes
forma passiva. Os pernambucanos decidiram do comércio, da agricultura e do clero. Esse
pegar em armas para lutar contra o foi o ponto inicial do conflito entre a província
autoritarismo do governo central. de Pernambuco e o governo imperial. Os
pernambucanos recusaram-se a aceitar Pais
DIVISÃO PERNAMBUCANA Barreto como governador e, em resposta,
dom Pedro I mandou forças navais, que
No início do século XIX, a província de bloquearam o porto de Recife. Pais de
Pernambuco estava dividida entre os que Andrade lançou um manifesto, incentivando a
apoiavam o domínio dos portugueses no população a unir-se ao movimento
Brasil e os que desejavam vê-los fora do revolucionário. O bloqueio naval foi suspenso
poder. No sul da província, cultivava-se e a rebelião logo ganhou o apoio de
principalmente a cana-de-açúcar; no Norte, a províncias vizinhas (Ceará, Rio Grande do
economia era mais diversificada, baseando- Norte e Paraíba), que viviam situação
se sobretudo no cultivo do algodão além da semelhante à de Pernambuco. Surgiu assim
cana-de-açúcar. Os donos dos engenhos de a Confederação do Equador, com Pais de
açúcar apoiavam os portugueses, pois Andrade na chefia de um governo
sentiam que as ideias liberais (dentre elas o independente na região.
abolicionismo) ameaçavam suas
propriedades. Já a aristocracia ligada ao REAÇÃO DA COROA
algodão desejava ver-se livre da influência
portuguesa, pois queria autonomia para O Governo central, no Rio de Janeiro,
realizar comércio, a partir da abertura dos observava com atenção do desenrolar da
portos. revolta e preparava desde o começo a
repressão. Para esse intento, se utilizaram de
uma força militar, organizada e liderada pelo
brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que
chefiava as forças terrestres e o Lord
Cochrane, mercenário inglês que estruturou
e comandou a ofensiva naval.

REPRESSÃO

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Praieira, cujo nome homenageava o Partido
Em 1824, forças governistas tomam dos da Praia, fundado pelos revolucionários.
rebeldes os dois maiores centros de
resistência, Recife e Olinda. Dois meses
depois, a ofensiva toma o Ceará. Os
revoltosos são presos e recebem severas
punições, sem direito a clemência do
Imperador. Frei Caneca foi condenado à
forca, mas diante da recusa do carrasco em
executar a pena, acaba por ser fuzilado.
Muitos outros rebeldes receberam a mesma
pena, outros, poucos, fugiram.

AURORA FLUMINENSE CONTEXTO PERNAMBUCANO


O fim da revolta não representa o fim do A política pernambucana na época era
descontentamento com o Imperador. O dominada pelos membros da família
Jornal “Aurora Fluminense” de Evaristo Veiga Cavalcanti, tradicional e rica. Os Cavalcanti
era a voz da oposição, representado por seu exerciam seu poder no estado de modo
líder, Bernardo Pereira de Vasconcelos. bastante absoluto e agressivo. Esse
Através desse veículo, uma parcela da corriqueiro desmando gerou, com o tempo,
sociedade fazia a defesa da monarquia uma grande insatisfação popular na região,
constitucional, críticas à autocracia do que só cresceu quando somada à
Imperador e ao favorecimento à aristocracia monopolização do comércio pela elite
na distribuição de cargos públicos, uma vez portuguesa. No entanto, os Cavalcanti
que pregavam a conquista de cargos por disputavam poder com a ascendente família
mérito. Rego de Barros. Essa disputa adquiriu
contornos institucionais quando os
Cavalcanti se alinham ao Partido Liberal, e
A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO a família rego de Barros se faz representar
pelo Partido Conservador.
I E II REINADO (CONTINUAÇÃO)
PARTIDO DA PRAIA
MOVIMENTOS LIBERAIS: A
REVOLUÇÃO PRAIEIRA Em 1842 ocorrem algumas divergências
entre membros do Partido Liberal que
consideravam que Barros dava preferência à
CONTEXTO BRASILEIRO família Cavalcanti em suas decisões
políticas. Então seus dissidentes acabam por
A monarquia brasileira era duramente fundar outro partido, denominado Partido
contestada pelas novas ideias liberais da Nacional Pernambucano (Partido da
época. Era muito grande a insatisfação com Praia). Outro fator que colabora com a
o governo imperial, pois todas as decisões insatisfação e com as disputas entre os
tomadas no período regencial (de 1831 a grupos políticos era a questão escravagista.
1840) tinham que ser submetidas ao A essa altura, a Inglaterra pressionava seus
imperador. Os brasileiros reivindicavam aliados na direção do fim do tráfico de negros
maior força frente aos comerciantes e mesmo da escravidão. Essa pressão surte
portugueses (que ainda dominavam a efeitos em toda a sociedade, elevando o
economia local) e a população pobre lutava preço dos escravos e gerando problemas.
por melhores condições de vida. As lutas Porém, para as famílias Cavalcanti e Rego de
internas entre os partidos e os grupos Barros, as medidas não surtiam efeitos, pois
políticos da época que disputavam o poder recorriam sem pudor ao contrabando de mão
culminaram numa série de revoltas de obra negra.
provinciais, e a última delas foi a Revolução

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contendo as principais reivindicações dos
DOIS JORNAIS rebeldes praieiros.

O Partido da Praia pregava a revolta porque ▪ Extinção dos juros;


o presidente da província, do Partido ▪ Direito ao trabalho;
Conservador, distribuía os melhores cargos ▪ Voto livre e universal:
administrativos aos membros de seu partido ▪ Adoção do Federalismo;
e a uma pequena cúpula do Partido Liberal, ▪ Expulsão dos portugueses;
deixando os demais de fora. Os contratos ▪ Reforma do Poder Judiciário;
para realizar obras públicas também eram ▪ Liberdade total de Imprensa;
manipulados. Havia dois jornais: o Diário de ▪ Abolição do Poder Moderador;
Pernambuco (dos conservadores, também ▪ Nacionalização do comércio varejista;
chamados de “gabirus”, uma espécie de rato, ▪ Abolição do sistema de recrutamento;
por serem acusados de ladrões pelos ▪ Supressão da vitaliciedade do Senado;
praieiros) e o Diário Novo (dos rebeldes ▪ Inteira e efetiva autonomia dos poderes
praieiros). Todas as denúncias eram constituídos.
divulgadas na imprensa, mas quando as
divergências se tornaram mais violentas a CHICHORRO DA GAMA
guerra começou.
O clima de insurreição iniciara-se durante o
CHEGADA AO PODER governo liberal de Chichorro da Gama, que
afastou, temporariamente, o predomínio dos
Em 1844, o Partido da Praia cresceu mais, conservadores pernambucanos solidificando
até chegar ao poder. Uma vez no governo as posições praieiras. Seu mandato foi
local, seus líderes agiram como os antigos pontilhado por uma intensificação da
conservadores: demitiram todos os violência e deflagrou luta aberta quando
funcionários e nomearam seus aliados, ocorreu sua destituição, em virtude da
gerando um verdadeiro caos administrativo. derrubada dos liberais no plano nacional, em
Como os gastos na administração pública 1848 e, novamente, a ascensão dos
eram muito altos, o presidente da província conservadores. A sucessão de Chichorro da
de Pernambuco aumentou os impostos para Gama foi acompanhada de uma forte
arrecadar mais verbas, gerando a alta no oposição em toda a província. O novo
preço dos alimentos. A situação gerou presidente, Ferreira Pena, não teve pulso
insatisfação nas camadas populares, que para controlar a revolta que teve como ponto
depredaram os estabelecimentos comerciais, de partida a cidade de Olinda, sendo
que pertenciam a portugueses. substituído por Vieira Tosta, que conseguiu
organizar a resistência legalista.
INÍCIO DO CONFLITO

A luta entre gabirus e praieiros acirrou -se em DESENROLAR DO CONFLITO


1847, quando os praieiros venceram as
eleições para o Senado. No ano seguinte, o Enquanto a Revolução espalhava-se pela
governo foi assumido por um presidente “zona de mata”, os praieiros resolveram
(como se chamava o cargo de governador na atacar Recife. Contudo, próximo aos bairros
época) de ideias moderadas. Com isso, os de Soledade e dos Afogados, foram vencidos
praieiros foram afastados da administração, por Vieira Tosta. Neste combate morreu
causando a revolta. As demissões dos Nunes Machado e Borges da Fonseca
praieiros os levaram a atacar Recife, dando retirou-se para o interior; tentando espalhar a
início à luta armada. A rebelião se iniciou em revolta na Paraíba, enquanto Pedro Ivo
Olinda, em 7 de novembro de 1848; nesse tentou instalar-se no sul de Pernambuco.
dia, os líderes praieiros lançaram o Esta dispersão os enfraqueceu.
“Manifesto ao Mundo”.
FIM DO MOVIMENTO
Manifesto ao mundo, de borges da fonseca,

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Após cinco meses a rebelião estava
sufocada, apesar de Pedro Ivo ter No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos
conseguido algumas vitórias sobre as forças conseguiam comprar sua liberdade após
imperiais. Acabou sendo preso em Alagoas e adquirirem a carta de alforria. Jun tando
transferido para o Rio de Janeiro de onde alguns "trocados" durante toda a vida,
fugiu, de maneira espetacular. Pedro Ivo, conseguiam tornar-se livres. Porém, as
exilado num barco inglês, veio a falecer a poucas oportunidades e o preconceito da
caminho da Europa, vítima de tuberculose. sociedade acabavam fechando as portas
Em 1852, foram anistiados todos os para estas pessoas.
implicados na revolução praieira que foi
reprimida até com certa facilidade. RESISTÊNCIA

O TRÁFEGO TRANSATLÂNTICO DE A resistência contra a escravidão já


ESCRAVOS PARA TERRAS começava no embarque dos africanos nos
PERNAMBUCANAS navios negreiros. O risco de revoltas dos
africanos nos navios negreiros era tão alto
que os traficantes de escravos diminuíam,
INÍCIO DA ESCRAVIDÃO NEGRA NO
deliberadamente, as porções de comida para
BRASIL reduzir as possibilidades de revoltas, que
aconteciam, geralmente, quando o navio
A escravidão no Brasil foi implantada no início estava próximo da costa. Entre as diferentes
do século XVI. Em 1535 chegou a Salvador formas de resistência dos escravos podem
(BA), o primeiro navio com negros ser mencionadas as fugas coletivas, ou
escravizados. Este ano é o marco do início da individuais, as revoltas contra feitores e seus
escravidão no Brasil que só terminaria 353 senhores (que poderia ou não ter o
anos depois em 13 de maio de 1888, com a assassinato desses), a recusa em trabalhar,
Lei Áurea. As primeiras pessoas a serem a execução do trabalho de maneira
escravizadas na colônia foram os indígenas. inadequada, criação de quilombos e
Posteriormente, negros africanos seriam mocambos etc.
capturados em possessões portuguesas
como Angola e Moçambique, e regiões como
QUILOMBOS
o Reino do Daomé, e trazidos à força ao
Brasil para serem escravizados.
O primeiro quilombo registrado, conforme
afirma o historiador Flávio dos Santos
ALGUNS IMPACTOS DA ESCRAVIDÃO Gomes, surgiu em 1575 na Bahia. Na visão
dos portugueses e colonos, os quilombos
Ao longo dos 300 anos de existência do eram basicamente agrupamentos que
tráfico negreiro, cerca de 4,8 milhões de reuniam escravos fugidos. Os quilombos
africanos foram trazidos para o Brasil, o que mantinham relações comerciais importantes
significa que nosso país foi o que mais com outros quilombos e também com
recebeu africanos para serem escravizados pessoas livres. Alguns quilombos de
ao longo de três séculos em todo o continente destaque na história do Brasil foram o
americano. O trabalho dos escravos Quilombo dos Palmares, Quilombo do
africanos, a princípio, foi utilizado para Jabaquara, Quilombo Buraco do Tatu,
atender as demandas da produção de açúcar Quilombo do Leblon. O Quilombo dos
nos engenhos. A vida de um escravo era dura Palmares foi o maior quilombo da história da
e era marcada pela violência dos senhores e resistência à escravidão no Brasil e chegou a
das autoridades coloniais. A jornada diária de contar com 20 mil habitantes. Foram
trabalho poderia se estender por até 20 horas realizados ataques contra esse quilombo, ao
por dia e o trabalho no engenho era mais longo de todo o século XVII, e o último
pesado e perigoso que trabalhar nas ataque, realizado em 1694, colocou fim a
plantações. esse quilombo.
CARTAS DE ALFORRIA
A PARTICIPAÇÃO DE POLÍTICOS

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PERNAMBUCANOS NO PROCESSO
DE ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

MOVIMENTO ABOLICIONISTA

• Pressão Inglesa: Com o objetivo de


ampliar o seu mercado consumidor no
mundo, a Inglaterra passou a contestar
a escravidão em meados do século
XIX. Uma vez que o regime de
escravidão era incompatível com a nova
dinâmica capitalista, era mais
interessante que fosse colocado um fim
ao sistema. Desse modo, em 1845 o
Parlamento Inglês aprovou uma lei que
proibia o tráfico de escravos e JOAQUIM NABUCO
autorizava os ingleses abordarem e
aprisionarem navios de países que Representou uma das figuras mais
continuassem com a prática. importantes do movimento abolicionista no
Brasil em prol da libertação dos escravos.
• Proibição do Tráfico: A partir da Destacou-se na política, literatura, história e
atitude da Inglaterra, surgiram outras na carreira diplomática. Foi membro do
movimentações em prol da causa Instituto Histórico Brasileiro e um dos
abolicionista. Em 1850, o Brasil cedeu criadores da Sociedade Anti escravidão
às pressões inglesas e promulgou a Lei Brasileira (1880) e da Academia Brasileira de
Eusébio de Queirós, que visava Letras (1897), do qual foi fundador da cadeira
acabar com o tráfico de escravos n.º 27. Embora fosse monarquista e
transportados da África para o Brasil pertencente a uma família escravocrata,
nos navios negreiros. Joaquim Nabuco lutou pelos direitos dos
escravos. Foi Deputado Geral da Província
• Ventre Livre e Sexagenário: Em (1878) e, mais tarde, foi eleito novamente
seguida, outras duas leis abolicionistas Deputado de Pernambuco (1887). Nabuco
foram aprovadas. Em 28 de setembro teve forte atuação política, contudo,
1871, a Lei do Ventre Livre foi destacou-se também na carreira diplomática.
sancionada, garantindo que os filhos de Em Londres (Reino Unido), ele foi Ministro da
escravos, nascidos a partir daquela República, e em Washington (EUA), exerceu
data, não poderiam ser mantidos em o cargo de Embaixador do Brasil entre 1905
cativeiros. No ano de 1885 foi e 1910. Faleceu em Washington, com 60
promulgada a Lei dos Sexagenários, anos, dia 17 de janeiro de 1910, vítima de
que garantia liberdade aos escravos uma doença congênita chamada “policitemia
com mais de 60 anos. vera”.

LEI ÁUREA

No final da década de 1880, as campanhas PERNAMBUCO REPUBLICANO


abolicionistas e as pressões pelo fim da
escravidão se intensificaram. O Brasil era o FIM DO SEGUNDO REINADO E A
único país independente da América Latina PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
que ainda vivia no regime de escravidão.
Depois de pressões políticas, de lutas sociais Ao longo do seu governo, D. Pedro II se
e campanhas abolicionistas com o contrapôs com a igreja, com os militares e com
envolvimento decisivo dos escravizados, no a elite rural. Tudo isso foi retirando o apoio das
dia 13 de maio de 1888, foi promulgada a Lei figuras importantes do país ao trono. Alguns
Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil.

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episódios direcionaram os acontecimentos por meio de abuso de autoridade, compra de
para um golpe militar. São exemplos a votos ou utilização da máquina pública. As
exigência de que a igreja não acatasse as regiões controladas politicamente pelos
ordens papais, sem elas terem de ter sido coronéis eram conhecidas como currais
aprovadas pelo imperador, no que passou à eleitorais, sendo o povo coagido a votar nele
História como a Questão Religiosa. ou no seu candidato. Eram verdadeiros
espaços de mando e desmando, onde a
No entanto, foi a desvalorização dos militares decisão dos coronéis locais determinava a
e o fim da escravatura que mais incomodaram ação da população.
as elites e forçaram sua deposição. Os
militares reclamavam mais reconhecimento, O voto naquela época era aberto, de tal modo
aumento de salário e promoções que não eram que era possível ver em quem o eleitor iria
realizadas. Tudo isso fez com que alguns votar. Valendo-se dessa “brecha legal”, os
oficiais aderissem aos ideais republicanos. coronéis deslocavam jagunços para os locais
Igualmente, a elite latifundiária não pôde de votação para ver em quem qual candidato
suportar a ideia da abolição da escravidão. o eleitor iria votar. Caso contrariasse os
interesses dos patrões, o eleitor sofria
Com a Proclamação da República, em 1889, retaliações, como: agressões físicas, perda do
inaugurou-se um novo período na história emprego, despejos de suas casas e suas
política do Brasil: o poder político passou a ser famílias eram castigadas.
controlado pelas oligarquias rurais,
principalmente as oligarquias cafeeiras. A "DEGOLA"
Entretanto, o controle político exercido pelas
oligarquias não aconteceu logo em seguida à Um dos principais mecanismos de
Proclamação da República – os dois primeiros manutenção da política dos governadores foi a
governos (1889-1894) corresponderam à Comissão Verificadora dos Poderes. Esta
chamada República da Espada, ou seja, o comissão era chefiada por um político de
Brasil esteve sob o comando do exército. confiança do presidente da República e seus
Marechal Deodoro da Fonseca liderou o país integrantes eram con gressistas que apoiavam
durante o Governo Provisório (1889-1891). o governo federal. Cabia a esta comissão
Após a saída de Deodoro, o Marechal Floriano verificar a legitimidade da eleição dos
Peixoto esteve à frente do governo brasileiro deputados e senadores. Quando estes eram
até 1894. de oposição, quase sempre eram impedidos
de assumir o mandato (não eram diplomados),
POLÍTICA DOS GOVERNADORES E pois a comissão considerava ilegais suas
VOTO DE CABRESTO eleições. Quando isso ocorria, diziam que o
político havia sofrido a “degola”. Desta forma,
o governo federal inviabilizava o mandato de
POLÍTICA DOS GOVERNADORES políticos de oposição.
A política dos governadores foi um sistema
político não oficial, idealizado e colocado em
GOVERNOS QUE USARAM O SISTEMA
prática pelo presidente Campos Sales (1898 – DA POLÍTICA DOS GOVERNADORES:
1902), que consistia na troca de favores
políticos entre o presidente da República e os ▪ 1898 a 1902 - Campos Sales (criador do
governadores dos estados. De acordo com sistema)
esta política, o presidente da República não ▪ 1902 a 1906 - Rodrigues Alves
interferia nas questões estaduais e, em troca, ▪ 1906 a 1909 - Afonso Pena
os governadores davam apoio político ao ▪ 1909 a 1910 - Nilo Peçanha
executivo federal. ▪ 1910 a 1914 - Marechal Hermes da
Fonseca
VOTO DE CABRESTO ▪ 1914 a 1918 - Wenceslau Brás
▪ 1918 a 1919 - Delfim Moreira
O voto de cabresto foi a ferramenta utilizada ▪ 1919 a 1922 - Epitácio Pessoa
pelos coronéis para controlar o voto popular, ▪ 1922 a 1926 - Arthur Bernardes

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▪ 1926 a 1930 - Washington Luís enfraquecimento de sua ditadura levou -o a ser
deposto pelos militares, em 1945.
FIM DA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
A Era Vargas divide-se em:
Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas
assumiu o poder após um golpe político que ▪ Governo Provisório: 1930 - 1934;
liderou juntamente com os militares brasileiros. ▪ Governo Constitucional: 1934 - 1937;
Os motivos do golpe foram as eleições ▪ Estado Novo: 1937 - 1945.
manipuladas para presidência da República,
as quais o candidato paulista Júlio Prestes GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934)
havia ganhado, de forma obscura, em relação
ao outro candidato, o gaúcho Getúlio Vargas, Nessa fase, Vargas já realizou as primeiras
que, não aceitando a situação posta, efetivou medidas de centralização do poder e, assim,
o golpe político, acabando de vez com a dissolveu o Congresso Nacional, por exemplo.
República Oligárquica e com a supremacia A demora de Vargas em realizar eleições e
política da oligarquia paulista e mineira. convocar uma Constituinte teve impactos em
alguns locais do país, como São Paulo, que se
rebelou contra o governo em 1932 no que ficou
conhecido como Revolução Constitucionalista
de 1932. O movimento foi um fracasso e, após
a sua derrota, Getúlio Vargas atendeu as
demandas dos paulistas, nomeando para o
estado um interventor (governador) civil e
nascido em São Paulo, além de garantir a
realização de uma eleição em 1933 para
compor a Constituinte. Dessa Constituinte, foi
promulgada a Constituição de 1934.

As principais características do início da


atuação de Vargas como presidente foram:
PERNAMBUCO SOB A
INTERVENTORIA DE AGAMENON 1. a centralização do poder político e o
MAGALHÃES consequente enfraquecimento das
oligarquias regionais, especialmente a
paulista;
O PERÍODO 2. a modernização econômica, sobretudo
após a Crise de 1929, que exigiu uma
A Era Vargas foi o período em que a república aceleração na política de substituição
brasileira foi presidida por Getúlio Vargas, de importações, isto é, a produção de
estendendo-se de 1930 a 1945. Politicamente maquinário industrial em solo brasileiro,
falando, uma das grandes características da que resultou no desenvolvimento dos
Era Vargas foi o autoritarismo sob o qual o setores de siderurgia e metalurgia;
Brasil foi governado. Os governos de Vargas 3. o enfrentamento da insatisfação de São
nesse período (foram três) são muito Paulo, que exigia uma Assembleia
associados, dentro da história, com o conceito Constituinte – já que Vargas governava
de populismo. “provisoriamente” como apoio do
Exército e havia dissolvido o Poder
Vargas ascendeu ao poder por meio da Legislativo.
Revolução de 1930, foi eleito presidente de
maneira indireta a partir de 1934, e, em 1937, GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-
implantou uma ditadura com censura e 1937)
perseguição de opositores. A partir da década
de 1940, ele inaugurou um projeto político de Na fase constitucional, o governo de Vargas,
aproximação dos trabalhadores, mas o em teoria, estender-se-ia até 1938, pois o

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presidente não poderia concorrer à reeleição. o Congresso e as Assembleias Estaduais e
No entanto, a política brasileira como um todo Câmaras Municipais foram fechadas. Todos os
– o próprio Vargas, inclusive – caminhava para partidos políticos foram fechados e colocados
a radicalização. Assim, surgiram grupos que na ilegalidade. A censura instituída ficou a
expressavam essa radicalização do nosso cargo do Departamento de Imprensa e
país. Propaganda (DIP), responsável por censurar
as opiniões contrárias ao governo e produzir a
▪ Ação Integralista Brasileiro (AIB): propaganda que ressaltava o regime e o líder.
grupo de extrema-direita que surgiu em Para fazer a propaganda do governo, foi criado
São Paulo em 1932. Esse grupo um jornal diário na rádio chamado “A Hora do
possuía inspiração no fascismo italiano, Brasil”.
expressando valores nacionalistas e até
mesmo antissemitas. Tinha como líder
Plínio Salgado. Agamenon Magalhães

▪ Aliança Libertadora Nacional (ANL): Fiel seguidor de Vargas, foi nomeado, então,
grupo de orientação comunista que interventor em Pernambuco, substituindo um
surgiu como frente de luta antifascista antigo aliado, o governador Carlos Lima
no Brasil e converteu-se em um Cavalcanti, que vinha flertando com a
movimento que buscava tomar o poder oposição. Ele voltou à sua terra anunciando
do país pela via revolucionária. O que trazia consigo “a emoção do Estado
grande líder desse grupo era Luís Novo” — ou seja, o espírito do regime
Carlos Prestes. autoritário recém-implantado. E falava a
verdade. O “agamenonismo” foi uma cópia
A ANL, inclusive, foi a responsável por uma regional do populismo varguista, buscando
tentativa de tomada do poder aqui no Brasil em uma falsa paz social e a unanimidade a
1935. Esse movimento ficou conhecido como qualquer custo. Para isso, o interventor não
Intentona Comunista e foi deflagrado em três economizou na repressão aos adversários,
cidades (Rio de Janeiro, Natal e Recife), mas assim como na perseguição às prostitutas,
foi um fracasso completo. Após a Intentona aos homossexuais, às religiões afro-
Comunista, Getúlio Vargas ampliou as brasileiras etc. E ainda caprichou no culto à
medidas centralizadoras e autoritárias, o que sua própria figura, tal como seu líder se fazia
resultou no Estado Novo. cultuar, nacionalmente. Mas também
combateu o cangaço, fez obras contra as
ESTADO NOVO (1937-1945) secas e construiu moradias populares,
beneficiando as populações mais pobres.
Foi a fase explicitamente ditatorial de Getúlio
Vargas – foi instituído no dia 10 de novembro
de 1937. A Constituição de 1934 foi revogada, MOVIMENTO SOCIAIS E
e o país viu-se privado de eleições e de REPRESSÃO DURANTE A
liberdade de expressão, além de submetido ao DITADURA CIVIL-MILITAR EM
controle de caráter fascista fortemente PERNAMBUCO
inspirado nos líderes autoritários europeus da
mesma época, Mussolini e Hitler. Contudo, um O PERÍODO
dos destaques do período do “Estado Novo” foi
a criação das leis trabalhistas através da CLT A Ditadura militar no Brasil teve seu início com
(Consolidação das Leis do Trabalho), o golpe militar de 31 de março de 1964,
aprovada em 1º de maio de 1943. resultando no afastamento do Presidente da
República, João Goulart, e tomando o poder o
No campo político, Vargas governou a partir de Marechal Castelo Branco. Este golpe de
decretos-leis, ou seja, as determinações de estado, caracterizado por personagens
Vargas não precisavam de aprovação do afinados como uma revolução instituiu no país
Legislativo, pois já possuíam força de lei. O uma ditadura militar, que durou até a eleição
Legislativo, por sua vez, foi suprimido e, assim, de Tancredo Neves em 1985. Os militares na

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época justificaram o golpe, sob a alegação de presidente, além de dissolver os partidos
que havia uma ameaça comunista no país. políticos. Vários parlamentares federais e
estaduais tiveram seus mandatos cassados,
Imediatamente após a tomada de poder pelos cidadãos tiveram seus direitos políticos e
militares, foi estabelecido o AI-1. Com 11 constitucionais cancelados e os sindicatos
artigos, ele dava ao governo militar o poder de receberam intervenção do governo militar. Em
modificar a constituição, anular mandatos seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só
legislativos, interromper direitos políticos por estavam autorizados o funcionamento de dois
10 anos e demitir, colocar em disponibilidade partidos: Movimento Democrático Brasileiro
ou aposentar compulsoriamente qualquer (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional
pessoa que fosse contra a segurança do país, (ARENA). Enquanto o primeiro era de
o regime democrático e a probidade da oposição, de certa forma controlada, o
administração pública, além de determinar segundo representava os militares. O governo
eleições indiretas para a presidência da militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova
República. Constituição para o país. Aprovada neste
mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma
Dom Hélder Câmara e institucionaliza o regime militar e suas formas
de atuação.
Foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife
em 12 de março de 1964, cargo que ocupou GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
até dia 2 de abril de 1985. Durante este
apostolado ele organizou um governo Em 1967, assume a presidência o general
colegiado na diocese pela qual era Arthur da Costa e Silva, após ser eleito
responsável, dividindo-a em esferas indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu
pastorais; instituiu o Movimento Encontro de governo é marcado por protestos e
Irmãos, o Banco da Providência e a manifestações sociais. A oposição ao regime
Comissão de Justiça e Paz desta militar cresce no país. A UNE (União Nacional
circunscrição territorial; bem como dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a
consolidou as Comunidades Eclesiais de Passeata dos Cem Mil. Em Contagem (MG) e
Base. Por sua clara atuação na luta pelos Osasco (SP), greves de operários paralisam
direitos humanos, pela justiça e contra o fábricas em protesto ao regime militar.
autoritarismo, Dom Hélder entrou em choque
com a Ditadura Militar. A guerrilha urbana começa a se organizar.
Formada por jovens idealistas de esquerda,
Perseguido pelos militares, impedido de se assaltam bancos e sequestram embaixadores
expressar na mídia e considerado comunista para obterem fundos para o movimento de
pelo governo, não deixou de resistir aos oposição armada. No dia 13 de dezembro de
abusos estatais e de se comprometer com os 1968, o governo decreta o Ato Institucional
explorados e com os condenados pela Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do
Ditadura. Carismático orador, celebrizou-se governo militar, pois aposentou juízes, cassou
rapidamente, especialmente fora do país, mandatos, acabou com as garantias do
onde suas idéias disseminaram-se habeas-corpus e aumentou a repressão militar
amplamente. Elaborou vários projetos e e policial.
instituições, muitas delas não-
governamentais, voltadas para combater a GOVERNO MEDICI (1969-1974)
fome no Nordeste, ao mesmo tempo que
defendia os ideais cristãos de humildade e Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo
caridade. presidente: o general Emílio Garrastazu
Medici. Seu governo é considerado o mais
duro e repressivo do período, conhecido como
GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964- "anos de chumbo". A repressão à luta armada
1967) cresce e uma severa política de censura é
colocada em execução. Jornais, revistas,
Estabeleceu eleições indiretas para livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras

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formas de expressão artística são censuradas. de abril de 1981, uma bomba explode durante
Muitos professores, políticos, músicos, artistas um show no centro de convenções do Rio
e escritores são investigados, presos, Centro. O atentado fora provavelmente
torturados ou exilados do país. O DOI-Codi promovido por militares de linha dura, embora
(Destacamento de Operações e Informações e até hoje nada tenha sido provado.
ao Centro de Operações de Defesa Interna)
atua como centro de investigação e repressão Em 1979, o governo aprova lei que restabelece
do governo militar. Ganha força no campo a o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam
guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A a funcionar dentro da normalidade. A ARENA
guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o
pelas forças militares. MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são
criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT)
GOVERNO GEISEL (1974-1979) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Em 1974 assume a presidência o general PROCESSO POLÍTICO EM


Ernesto Geisel que começa um lento processo PERNAMBUCO (2001-2015)
de transição rumo à democracia. Seu governo
coincide com o fim do milagre econômico e JARBAS DE ANDRADE VASCONCELOS
com a insatisfação popular em altas taxas. A (1999-2006)
crise do petróleo e a recessão mundial
interferem na economia brasileira, quando os
Em outubro de 1998
créditos e empréstimos internacionais
disputou o governo de
diminuem. Geisel anuncia a abertura política
Pernambuco à frente
lenta, gradual e segura. A oposição política
de uma coligação que
começa a ganhar espaço.
reunia o PMDB, o PFL,
o Partido Progressista
Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% Brasileiro (PPB) e
dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos outras agremiações
Deputados e ganha a prefeitura da maioria das menores, denominada
grandes cidades. Os militares de linha dura, “União por
não contentes com os caminhos do governo
Pernambuco”. Elegeu-
Geisel, começam a promover ataques se já no primeiro turno da disputa com cerca
clandestinos aos membros da esquerda. Em de 65% dos votos válidos, derrotando o
1975, o jornalista Vladimir Herzog á
governador Miguel Arrais, que tentava a
assassinado nas dependências do DOI-Codi reeleição, por uma diferença de mais de um
em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário milhão de votos. Em janeiro do ano seguinte,
Manuel Fiel Filho aparece morto em situação tomou posse no governo pernambucano, em
semelhante. Em 1978, Geisel acaba com o AI- uma cerimônia que não contou com a
5, restaura o habeas-corpus e abre caminho presença do ex-governador para lhe passar o
para a volta da democracia no Brasil. cargo.
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) Durante seu primeiro ano de governo, Jarbas
Vasconcelos dedicou-se especialmente a
A vitória do MDB nas eleições em 1978 reajustar as contas do estado, a realizar obras
começa a acelerar o processo de de infraestrutura para atrair investimentos e a
redemocratização. O general João Baptista concluir o processo de privatização da
Figueiredo decreta a Lei da Anistia, Companhia Elétrica de Pernambuco (CELPE),
concedendo o direito de retorno ao Brasil para iniciado durante o governo de Miguel Arraes.
os políticos, artistas e demais brasileiros Em fevereiro de 2000, a CELPE foi leiloada e
exilados e condenados por crimes políticos. Os gerou recursos da ordem de 1 bilhão de
militares de linha dura continuam com a dólares para os cofres do estado de
repressão clandestina. Cartas-bomba são Pernambuco, o que permitiu dar início a uma
colocadas em órgãos da imprensa e da OAB série de obras de infraestrutura, destacando-
(Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 se as obras em barragens e adutoras no

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interior do estado e a duplicação da BR 232, empreendimentos: a construção do estaleiro
estrada federal de ligação entre Recife e Hemisfério Sul e do Pólo de Poliéster. Na área
Caruaru, que foi a maior e mais visível obra do social, deu continuidade às realizações dos
primeiro mandato do governo Jarbas programas Governo nos municípios e
Vasconcelos. Renascer.

Em julho de 2000, foi implantado em Recife o Em março de 2006, renunciou ao cargo, que
Porto Digital, que consistia em um polo de passou a ser ocupado pelo então vice-
desenvolvimento de softwares reconhecido governador Mendonça Filho (PFL), para se
como o maior parque tecnológico do Brasil, em candidatar ao Senado Federal nas eleições de
termos de faturamento e número de empresas. outubro daquele ano. Elegeu-se senador pelo
estado de Pernambuco, na legenda do PMDB,
Na área social implantou o Programa Governo e tomou posse do cargo em fevereiro de 2007.
nos Municípios, que permitiu às lideranças da Apesar do PMDB integrar a base governista do
sociedade civil, dentro de cada uma das 12 segundo Governo Luiz Inácio Lula da Silva
microrregiões em que o estado foi dividido, (2007-2011), Vasconcelos caracterizou -se por
participar da definição das ações e das obras assumir uma postura independente em relação
consideradas estratégicas para o às decisões do Executivo e do seu partido.
desenvolvimento local. Durante este seu
primeiro mandato, o Programa Governo nos JOSÉ MENDONÇA BEZERRA FILHO
Municípios priorizou, especialmente, a (2006-2007)
realização de obras de infraestrutura para o
desenvolvimento regional. Outro programa No mês de março de 2006 Mendonça Filho
que se destacou na área social foi o Projeto assumiu o governo de Pernambuco após
Renascer, voltado para o combate à pobreza Jarbas Vasconcelos deixar o cargo para
rural, tendo como principal estratégia concorrer a um mandato de senador nas
incentivar e empreender a concepção do eleições de outubro. Nesse mesmo ano,
desenvolvimento local, com o objetivo de Mendonça Filho decidiu disputar o pleito para
superar a vulnerabilidade dos segmentos mais o governo do estado. Apoiado pela coligação
pobres da zona rural pernambucana. que reunia, além do PMDB e do PFL, as
legendas do Partido da Social Democracia
Após declinar do convite para compor a chapa Brasileira (PSDB), do Partido Trabalhista
do tucano José Serra à Presidência da Nacional (PTN), do Partido Popular Socialista
República como seu vice, nas eleições de (PPS) e do Partido Humanista da
2002, Jarbas Vasconcelos optou por disputar Solidariedade (PHS), Mendonça Filho perdeu
a reeleição ao cargo. Foi reeleito ainda no as eleições no segundo turno. Apesar de ter
primeiro turno, com 60,41% dos votos válidos, recebido na primeira etapa uma votação maior
contra os 34,1% dos votos obtidos por do que a do adversário Eduardo Campos, do
Humberto Sérgio Costa Lima (PT), segundo Partido Socialista Brasileiro (PSB), isto é
candidato mais votado, e deu início ao novo 39,31% contra 33,18% dos votos, a situação
mandato em janeiro de 2003. Dentre as se reverteu no segundo turno. Eduardo
principais iniciativas do seu segundo governo, Campos conseguiu 65,36% dos votos e
esteve a complementação das obras de infra- venceu as eleições com ampla vantagem.
estrutura no complexo industrial portuário de
Suape, destacando-se, em 2005, o início das EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY
obras de construção da Refinaria General José CAMPOS (2007-2014)
Inácio Abreu e Lima, resultado de uma parceria
entre a Petrobras e a Petróleos da Venezuela
S. A. (PDVSA), tendo em vista a construção da
primeira refinaria do país projetada para
processar petróleo pesado, com capacidade
para gerar 200 mil barris de petróleo por dia.
Além disso, os investimentos no porto de
Suape viabilizaram outros dois grandes

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desempenho do
No pleito realizado em outubro de 2006, PSB, que
venceu a disputa no 2º turno com um total de conquistou seis
65,36% dos votos, contra os 34,64% obtidos governos entre eles
pelo então governador Mendonça Filho, Pernambuco:
candidato à Campos foi reeleito
já no primeiro turno,
com 3.450.874
reeleição pelo Partido da Frente Liberal (PFL). votos, referentes a
Tomou posse em janeiro de 2007. Em 2008, 82, 84% dos votos
Eduardo Campos foi reeleito para o cargo de válidos, contra
presidente do Partido Socialista Brasileiro Jarbas
(PSB). Vasconcelos, do PMDB, que recebeu a
preferência de 525.724 (14,05%) dos eleitores.
No decorrer de seu mandato frente ao governo
pernambucano deu ênfase à reformulação dos Eduardo Campos tomou posse do segundo
serviços de saúde pública e à gestão de mandato em janeiro do ano seguinte. Durante
projetos de qualificação profissional. Durante essa gestão novamente se destacaram o
sua gestão destacam-se a criação de crescimento do PIB e a redução dos índices de
programas sociais como o “Pacto pela Vida”, violência. Em junho de 2012, os projetos
promovido pela Secretaria Estadual de “Todos por Pernambuco” e “Chapéu de Palha
Segurança com vistas à redução dos índices Mulher”, realizados pelo governo estadual,
de violência, que alcançou queda de 39% no foram condecorados com o Prêmio de Serviço
índice de homicídios; e o programa “Mãe Público das Nações Unidas (UNPSA). O
Coruja Pernambucana”, criado para diminuir a primeiro consistia em promover, através de
taxa de mortalidade infantil, mais tarde seminários, a consulta da população sobre
condecorado pela Organização das Nações temas prioritários ao governo; o segundo
Unidas (ONU) e posteriormente agraciado com priorizava a assistência à mulher trabalhadora
o Prêmio Interamericano da Inovação para a rural, promovendo sua capacitação ao
Gestão Pública Efetiva. No âmbito econômico, mercado de trabalho e auxiliando no período
Pernambuco registrou índices de crescimento de entressafra.
maiores que a média nacional, tendo por base
a aplicação de políticas incentivos fiscais Em julho de 2013 uma pesquisa da
visando atrair novos negócios para o estado. Confederação Nacional da Industria (CNI) em
parceria com o IBOPE apontou o governo de
Chegando ao término de seu mandato como Eduardo Campos como o mais popular entre
governador de Pernambuco, Eduardo Campos os 11 demais estados pesquisados. De acordo
decidiu lançar-se como candidato à reeleição com os dados divulgados na ocasião, 76% dos
no pleito eleitoral de outubro de 2010, para o eleitores pernambucanos aprovavam sua
que contou com o apoio do então presidente maneira de governar e 68% da população do
da República Luiz Inácio Lula da Silva. estado teria dito confiar no governador, cuja
Primeira eleição sem a participação direta de gestão foi considerada ótima ou boa por 58%
Lula desde 1989, este pleito foi vencido por dos entrevistados.
sua ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, à frente de uma coligação que reuniu Em virtude do lançamento de sua pré-
10 partidos, incluindo o PSB de Campos: candidatura à presidência da República, em
Partido dos Trabalhadores-PT; PMDB; Partido abril de 2014 Eduardo Campos se desligou do
Democrático Trabalhista-PDT; Partido governo de Pernambuco, passado ao vice
Comunista do Brasil-PCdoB; Partido João Lyra Neto, também do PSB. Candidatou-
Republicano Brasileiro-PRB; Partido da se à presidência do Brasil em chapa
República-PR; Partido Trabalhista Nacional- constituída com Marina Silva, recém-filiada ao
PTN; Partido Social Cristão-PSC e Partido PSB, candidata a vice. No mês de maio,
Trabalhista Cristão-PTC. Nas disputas segundo pesquisa realizada pelo Datafolha,
estaduais, a grande surpresa foi o ótimo Campos estava em terceiro lugar entre os pré-

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candidatos à presidência, com 10% das
intenções de voto, atrás de Aécio Neves, do
Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), que somava 16% das intenções e de
Dilma Rousseff, candidata à reeleição, com
38% da preferência do eleitorado pesquisado.

Eduardo Campos faleceu aos 49 anos na


cidade de Santos (SP), no dia 13 de agosto de
2014, em decorrência de um acidente aéreo
enquanto viajava do Rio de Janeiro ao Guarujá
no meio da campanha presidencial.

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