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a solução para o seu concurso!

PETROBRAS
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.

Comum a todas as Ênfases


- Conhecimentos Básicos

EDITAL Nº 1 - PETROBRAS/PSP RH 2023.2

CÓD: SL-092JN-24
7908433247531
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados................................................................................................... 7
2. Reconhecimento de tipos textuais: narração, descrição, dissertação........................................................................................ 10
3. Domínio da ortografia oficial...................................................................................................................................................... 17
4. Emprego das classes de palavras: substantivos, adjetivos, verbos, conjunções, preposições, pronomes, advérbios................ 18
5. Reconhecimento e emprego das estruturas morfossintáticas do texto..................................................................................... 27
6. Relações de regência entre termos............................................................................................................................................. 30
7. Relações de concordância entre termos..................................................................................................................................... 33
8. Sinais de pontuação.................................................................................................................................................................... 34
9. Reescritura de frases e parágrafos do texto................................................................................................................................ 36

Matemática
1. Teoria dos conjuntos. Conjuntos numéricos. Relações entre conjuntos..................................................................................... 47
2. Funções exponenciais, logarítmicas e trigonométricas.............................................................................................................. 62
3. Equações de 1º grau. Equações polinomiais reduzidas ao 2º grau............................................................................................. 63
4. Equações exponenciais, logarítmicas e trigonométricas............................................................................................................ 67
5. Análise combinatória: permutação, arranjo, combinação. Eventos independentes................................................................... 71
6. Progressão aritmética. Progressão geométrica.......................................................................................................................... 75
7. Matrizes. Determinantes. Sistemas lineares............................................................................................................................... 77
8. Trigonometria............................................................................................................................................................................. 85
9. Geometria plana......................................................................................................................................................................... 91
10. Geometria espacial..................................................................................................................................................................... 95
11. Geometria analítica: equação da reta, parábola e círculo.......................................................................................................... 96
12. Matemática financeira: capital, juros simples, juros compostos, montante............................................................................... 102

Questões Cebraspe - Língua Portuguesa


1. Questões..................................................................................................................................................................................... 109
2. Gabarito...................................................................................................................................................................................... 177

Questões Cebraspe - Matemática


1. Questões..................................................................................................................................................................................... 181
2. Gabarito...................................................................................................................................................................................... 209

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNE-
ROS VARIADOS.

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do
“A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem.
inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso
deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender.
menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo,
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos
1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado
severas.
evento.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os
incluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução.
Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se
Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de
com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade. =
texto, seja ele escrito, oral ou visual.
afirmativa correta.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado
Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado
“deficiências de toda ordem”, não às leis. = afirmativa incorreta.
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva,
Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/
podendo ser diferente entre leitores.
adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à educação,
além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos
Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de
texto destaca que podem ser “permanentes ou temporárias”. =
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em
afirmativa correta.
um texto misto (verbal e visual):
Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. =
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Esco-
afirmativa correta.
lar Especial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão,
visto que é a única que contém uma afirmativa incorreta sobre o
texto.

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IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia TEXTOS VARIADOS
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- Ironia
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
significativo, que é o texto. com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre novo sentido, gerando um efeito de humor.
o assunto que será tratado no texto. Exemplo:
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-
do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso- dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens. Ironia verbal
As informações que se relacionam com o tema chamamos de Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram, nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida- intenção são diferentes.
de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Ironia de situação
Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o
capaz de identificar o tema do texto! resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i- uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li-
deias-secundarias/ vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-

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so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
morte. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Ironia dramática (ou satírica) Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten-
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Busca de sentidos
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- apreensão do conteúdo exposto.
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
da narrativa. relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o citadas ou apresentando novos conceitos.
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.

Humor Importância da interpretação


Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- específicos, aprimora a escrita.
rer algo fora do esperado numa situação. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
acessadas como forma de gerar o riso. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Exemplo: são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au-
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão,
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.

Diferença entre compreensão e interpretação


A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ- leitor tira conclusões subjetivas do texto.
NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que Gêneros Discursivos
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter- Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
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novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No Interpretação


romance nós temos uma história central e várias histórias secun- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
dárias. quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
sas, previmos suas consequências.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações ças sejam detectáveis.
encaminham-se diretamente para um desfecho.
Exemplos de interpretação:
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a tro país.
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- do que com a filha.
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais Opinião
curto. A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que que fazemos do fato.
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
como horas ou mesmo minutos. pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.

Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, anteriores:
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
imagens. tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a do que com a filha. Ela foi egoísta.
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
vencer o leitor a concordar com ele. Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. mos expressando nosso julgamento.
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
de destaque sobre algum assunto de interesse. principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as Exemplo:
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. com o sofrimento da filha.

Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo


de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li- RECONHECIMENTO DE TIPOS TEXTUAIS: NARRAÇÃO, DES-
berdade para quem recebe a informação. CRIÇÃO, DISSERTAÇÃO.

DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO


Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais
Fato são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato é uma da estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua
coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma maneira, classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros
através de algum documento, números, vídeo ou registro. são variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos
dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir
Exemplo de fato: dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica.
A mãe foi viajar. Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos.

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Como se classificam os tipos e os gêneros textuais tas a realização de uma crítica social). Para exemplo, destacamos
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças os seguintes romancistas brasileiros: Machado de Assis, Guimarães
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance, Rosa, Eça de Queiroz, entre outros.
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos Conto
tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa,
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmen-
são: narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. te, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-
Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto -lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.
as tipologias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe Ele é um gênero da esfera literária e se caracteriza por ser uma
abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se narrativa densa e concisa, a qual se desenvolve em torno de uma
inserem em cada tipo textual: única ação. Geralmente, o leitor é colocado no interior de uma ação
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, já em desenvolvimento. Não há muita especificação sobre o antes
desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracterizam e nem sobre o depois desse recorte que é narrado no conto. Há a
pela apresentação das ações de personagens em um tempo e construção de uma tensão ao longo de todo o conto.
espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem Diversos contos são desenvolvidos na tipologia textual narrati-
ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas va: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia;
e fábulas. contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular); con-
lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de tos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto
texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de misté-
em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de rio, que envolvem o suspense e a solução de um mistério.
restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir Fábula
ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição, É um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As
conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, personagens principais não são humanos e a finalidade é transmitir
jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos alguma lição de moral.
expositivos.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo Novela
de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é, É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevi-
caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é dade do romance e a brevidade do conto. Esse gênero é constituído
composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos por uma grande quantidade de personagens organizadas em dife-
argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e rentes núcleos, os quais nem sempre convivem ao longo do enredo.
abaixo-assinado. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista,
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de Crônica
verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem É uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com
a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de
de instruções, entre outros. crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou arti-
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir go de jornal, revistas e programas da TV. Há na literatura brasileira
o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma, vários cronistas renomados, dentre eles citamos para seu conhe-
impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele cimento: Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabido
siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de entre outros.
texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
Diário
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual narra- É escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não
tivo há um destinatário específico, geralmente, é para a própria pessoa
que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O
Romance objetivo desse tipo de texto é guardar as lembranças e em alguns
É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem momentos desabafar. Veja um exemplo:
definidosl. Pode ter partes em que o tipo narrativo dá lugar ao des-
critivo em função da caracterização de personagens e lugares. As “Domingo, 14 de junho de 1942
ações são mais extensas e complexas. Pode contar as façanhas de Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando
um herói em uma história de amor vivida por ele e uma mulher, o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de aniversário. (Eu
muitas vezes, “proibida” para ele. Entretanto, existem romances estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
com diferentes temáticas: romances históricos (tratam de fatos li-
gados a períodos históricos), romances psicológicos (envolvem as Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é
reflexões e conflitos internos de um personagem), romances sociais de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me deixam le-
(retratam comportamentos de uma parcela da sociedade com vis- vantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até
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quinze para as sete. Quando não dava mais para esperar, fui até a Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem
sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as boas-vindas, esfre- a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa
gando-se em minhas pernas.” apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opini-
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”. ões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual descri- do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar.
tivo
Discurso Político
Currículo O discurso político2 é um texto argumentativo, fortemente per-
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. suasivo, em nome do bem comum, alicerçado por pontos de vista
Nele são descritas as qualificações e as atividades profissionais de do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações
uma determinada pessoa. compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos
e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva
Laudo que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. e constituir norma de futuro. Está inserido numa dinâmica social
Sua função é descrever o resultado de análises, exames e perícias, que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em
tanto em questões médicas como em questões técnicas. períodos eleitorais, a sua maleabilidade permite sempre uma res-
posta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.
descritivos são: folhetos turísticos; cardápios de restaurantes; clas- Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o dis-
sificados; etc. curso político tem por finalidade a persuasão do outro, quer para
que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual expo- Para isso, necessita da argumentação, que envolve o raciocínio, e
sitivo da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afetos
e sentimentos.
Resumos e Resenhas O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida
O autor faz uma descrição breve sobre a obra (pode ser cine- do ser humano em sociedade. Na Grécia antiga, o político era o
matográfica, musical, teatral ou literária) a fim de divulgar este tra- cidadão da “pólis” (cidade, vida em sociedade), que, responsável
balho de forma resumida. pelos negócios públicos, decidia tudo em diálogo na “agora” (praça
Na verdade resumo e/ou resenha é uma análise sobre a obra, onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante pala-
com uma linguagem mais ou menos formal, geralmente os rese- vras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado
nhistas são pessoas da área devido o vocabulário específico, são na retórica e na oratória, orientado para convencer o povo.
estudiosos do assunto, e podem influenciar a venda do produto de- O discurso político implica um espaço de visibilidade para o ci-
vido a suas críticas ou elogios. dadão, que procura impor as suas ideias, os seus valores e projetos,
recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo
Verbete de dicionário de sedução, através de recursos estéticos como certas construções,
Gênero predominantemente expositivo. O objetivo é expor metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se da persuasão e
conceitos e significados de palavras de uma língua. da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prome-
tendo o que pode ser feito.
Relatório Científico
Gênero predominantemente expositivo. Descreve etapas de Requerimento
pesquisa, bem como caracteriza procedimentos realizados. Predominantemente dissertativo-argumentativo. O requeri-
mento tem a função de solicitar determinada coisa ou procedimen-
Conferência to. Ele é dissertativo-argumentativo pela presença de argumenta-
Predominantemente expositivo. Pode ser argumentativo tam- ção com vistas ao convencimento
bém. Expõe conhecimentos e pontos de vistas sobre determinado
assunto. Gênero executado, muitas vezes, na modalidade oral. Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos
argumentativos são: abaixo-assinados; manifestos; sermões; etc.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos
expositivos são: enciclopédias; resumos escolares; etc. Gêneros textuais predominantemente do tipo textual injun-
tivo
Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos
Bulas de remédio
Artigo de Opinião A bula de remédio traz também o tipo textual descritivo. Nela
É comum1 encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, aparecem as descrições sobre a composição do remédio bem como
nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte instruções quanto ao seu uso.
dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmen-
te apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através
do artigo de opinião. -SIMPATICO
1 http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS- 2 https://www.infopedia.pt/$discurso-politico
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Manual de instruções Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam


O manual de instruções tem como objetivo instruir sobre os as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a assinatura do au-
procedimentos de uso ou montagem de um determinado equipa- tor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação
mento. (revista, jornal, rádio, etc.).
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os edi-
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos injunti- toriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do Editor”.
vos são: receitas culinárias, instruções em geral. Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar
em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E quando falamos
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual prescri- em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo
tivo em se tratando de impressões pessoais, o predomínio do padrão
formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do sin-
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos prescri- gular, ocupa lugar de destaque.
tivos são: leis; cláusulas contratuais; edital de concursos públicos;
receitas médicas, etc. Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos
Outros Exemplos meios de comunicação de massa. A reportagem informa, de modo
mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no ques-
Carta tionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, so-
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é mando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem intimidade. E A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmen-
formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se tenha te costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no
intimidade. que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes es- fato principal, ampliada e composta por meio de citações, trechos
tilos de escrita, podendo ser dissertativa, narrativa ou descritiva. As de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resu-
cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo mos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como
da carta e para finalizar a despedida. todo texto jornalístico.
O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias
Propaganda versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e contri-
Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maio- buindo para formar sua opinião.
ria dos outros gêneros. Suas principais características são a lingua- A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmi-
gem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é ca e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos meios de
fazer com que o destinatário se interesse pelo produto da propa- comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem
ganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais
claro e objetivo. informal dependendo do público a que se destina. Embora seja im-
pessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os
Notícia fatos ou sua interpretação.3
Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua
linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo desse texto é infor- Gêneros Textuais e Gêneros Literários
mar algo que aconteceu.
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos exis- Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe-
tentes e tem como intenção nos informar acerca de determinada rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re-
ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em ge- ferem apenas aos textos literários.
ral, seja na televisão, em sites pela internet ou impresso em jornais Os gêneros literários são divisões feitas segundo características
ou revistas. formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité-
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara, rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
objetiva e precisa, pautando-se no relato de fatos que interessam - Gênero lírico;
ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma - Gênero épico ou narrativo;
vez que se trata de uma informação. - Gênero dramático.

Editorial Gênero Lírico


O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente apa- É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po-
rece no início das colunas. Diferente dos outros textos que com- ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo-
põem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente
opinativos. os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar função emotiva da linguagem.
certa objetividade. Isso porque são os editoriais que apresentam
os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja,
Política, Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classifi-
cados, entre outros. 3 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação.
São Paulo, Atual Editora, 2000
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Elegia Soneto
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor- É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa tos e dois tercetos.
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Vilancete
Shakespeare. São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
nio e de maldizer); satíricas, portanto.
Epitalâmia
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro- Gênero Épico ou Narrativo
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos,
o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
Ode (ou hino) gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto,
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a a crônica, a fábula.
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom-
panhamento musical. Épico (ou Epopeia)
Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de
Idílio (ou écloga) um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens,
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem-
bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais
a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com Ensaio
diálogos (muito rara). É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
Sátira certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun- cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
tos políticos, ou pessoas de relevância social. malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
Acalanto cke.
Canção de ninar.
Gênero Dramático
Acróstico Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for- tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte-
mam uma palavra ou frase. Ex.: ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
papéis das personagens nas cenas.
Amigos são
Muitas vezes os Tragédia
Irmãos que escolhemos. É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar
Zelosos, eles nos compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re-
Ajudam e presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando
Eterna dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
https://www.todamateria.com.br/acrostico/
Farsa
Balada A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca-
de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
destinam à dança. engano.

Canção (ou Cantiga, Trova) Comédia


Poema oral com acompanhamento musical. É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento
comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas popu-
Gazal (ou Gazel) lares.
Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.

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Tragicomédia - Escopo do discurso religioso. A fé separa os fiéis dos não-fiéis,


Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômi- “os convictos dos não-convictos. Logo, é o parâmetro pelo qual de-
cos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. limita a comunidade e constitui o escopo do discurso religioso em
suas duas formações características: para os que creem, o discurso
Poesia de cordel religioso é uma promessa, para os que não creem é uma ameaça.
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo
linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da Os discursos religiosos, como já vimos, se mostram com estru-
realidade vivida por este povo. turas rígidas quanto aos papéis dos interlocutores (a divindade e os
seres humanos). Os dogmas sagrados, por exemplos, fé e Deus, são
Discurso Religioso4 intocáveis. “Deus define-se (...) a si mesmo como sujeito por exce-
lência, aquele que é por si e para si (Sou aquele que É) e aquele que
A Análise Crítica do Discurso (ADC) tem como fulcro a aborda- interpela seu sujeito (...) eis quem tu és: é Pedro.”
gem das relações (internas e recíprocas) entre linguagem e socie- Outros traços do DR se configuram com o uso do imperativo e
dade. Os textos produzidos socialmente em eventos autênticos são do vocativo – características inerentes de discursos de doutrinação;
resultantes da estruturação social da linguagem que os consome uso de metáforas – explicitadas por paráfrases que indicam a leitura
e os faz circular. Por outro lado, esses mesmos textos são também apropriada para as metáforas utilizadas; uso de citações no original
potencialmente transformadores dessa estruturação social da lin- (grego, hebraico, latim) – traduzidas para a língua em uso através de
guagem, assim como os eventos sociais são tanto resultado quanto perífrases extensas e explicativas em que se busca aproveitar o má-
substrato dessas estruturas sociais. ximo o efeito de sentido advindo da língua original; o uso de perfor-
O discurso religioso é “aquele em que há uma relação espon- mativos – uso de verbos em que o ‘dizer’ representa o ‘fazer’; o uso
tânea com o sagrado” sendo, portanto, “mais informal”; enquanto de sintagmas cristalizados – usadas em orações e funções fáticas.
o teológico é o tipo de “discurso em que a mediação entre a alma Ainda em relação às unidades textuais, podemos acrescentar o
religiosa e o sagrado se faz por uma sistematização dogmática das uso de determinadas formas simbólicas do DR como as parábolas, a
verdades religiosas, e onde o teólogo (...) aparece como aquele que utilização de certos temas, como a efemeridade da vida humana, a
faz a relação entre os dois mundos: o mundo hebraico e o mundo vida eterna, o galardão, entre outros. Acrescenta-se também como
cristão”, sendo, assim, “mais formal”. Porém, podemos falar em DR marca a intertextualidade.
de maneira globalizante.
Assim, temos: Discurso Jurídico5
- Desnivelamento, assimetria na relação entre o locutor e o ou-
vinte – o locutor está no plano espiritual (Deus), e o ouvinte está no O discurso legal caracteriza-se como um discurso hierárquico
plano temporal (os adoradores). As duas ordens de mundo são to- e dominante, baseado numa estrutura de exclusão e discriminação
talmente diferentes para os sujeitos, e essa ordem é afetada por um de várias minorias sociais, como os pobres, os negros, os homos-
valor hierárquico, por uma desigualdade, por um desnivelamento. sexuais, as mulheres, etc. A especificidade da linguagem jurídica,
Deus, o locutor, é imortal, eterno, onipotente, onipresente, onis- e as restrições educacionais quanto a quem pode militar na Área
ciente, em resumo, o todo-poderoso. Os seres humanos, os ouvin- (advogados, promotores, juízes, etc.), são apenas algumas das es-
tes, são mortais, efêmeros e finitos. tratégias utilizadas pelo sistema jurídico para manter o discurso le-
- Modos de representação. A voz no discurso religioso (DR) se gal inacessível à maioria das pessoas, e desta forma protege-lo de
fala em seus representantes (Padre, pastor, profeta), essa é uma análises e críticas.
forma de relação simbólica. Essa apropriação ocorre sem explicitar Como em todo discurso dominante, as posições de poder cria-
os mecanismos de incorporação da voz, aspecto que caracteriza a das para os participantes de textos legais são particularmente assi-
mistificação. métricas, como é o caso num julgamento (e.g. entre o juiz e o réu;
- O ideal do DR é que o ‘representante’, o que se apropria do entre o juiz e as testemunhas; etc.). Os juízes, por exemplo, detêm
discurso de Deus’, não o modifique. Ele deve seguir regras restritas um poder especial devido ao seu status social e ao seu acesso privi-
reguladas pelo texto sagrado, pela Igreja, pelas liturgias. Deve-se legiado ao discurso legal (são eles que produzem a forma final dos
manter distância entre ‘o dito de Deus’ e ‘o dizer do homem’. textos legais). Portanto, é a visão de mundo do juiz que prevalece
- A interpretação da palavra de Deus é regulada. “Os sentidos nas sentenças, em detrimento de outras posições alternativas.
não podem ser quaisquer sentidos: o discurso religioso tende forte- Além de relações de poder, os textos legais também expressam
mente para a monossemia”. relações de gênero. A lei e a cultura masculina estão intimamen-
- Dualismos, as formas da ilusão da reversibilidade: plano hu- te ligadas; o sistema jurídico é quase que inteiramente dominado
mano e plano divino; ordem temporal e ordem espiritual; sujeitos e por homens (só recentemente as mulheres passaram a fazer parte
Sujeito; homem e Deus. A ilusão ocorre na passagem de um plano de instituições jurídicas) e, de forma geral, ele expressa uma visão
para outro e pode ter duas direções: de cima para baixo, ou seja, masculina do mundo. As mulheres que são parte em processos le-
de Deus para os homens, momento em que Ele compartilha suas gais (e.g. reclamantes, rés, testemunhas, etc.) estão expostas a um
propriedades (ministração de sacramentos, bênçãos); de baixo para duplo grau de discriminação e exclusão: primeiro, como leigas, elas
cima, quando o homem se alça a Deus, principalmente, através da ocupam uma posição desfavorecida se comparadas com militantes
visão, da profecia. Estas são formas de ‘ultrapassagem’. legais (advogados, juízes, promotores, etc.); segundo, elas são estig-
4 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/downloa- matizadas também por serem mulheres, e têm seu comportamento
d/4694/3461#:~:text=O%20discurso%20religioso%20%C3%A9%20aquele,discur- social e sexual avaliado e controlado pelo discurso jurídico.
so%20(Orlandi%2C%201996).&text=locutor%20est%C3%A1%20no%20plano%20
espiritual,plano%20temporal%20(os%20adoradores). 5 https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/23353/21030/0
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Discurso Técnico6 ração do textual e do discursivo é essencialmente metodológica”,


o que leva à distinção entre os dois a anular-se. Neste caso, texto e
Para o desempenho de tal papel, eles contam com suas carac- discurso são unidades complementares.
terísticas intrínsecas, as quais são responsáveis pelo “rótulo” que A partir da compreensão de discurso, passa-se a refletir sobre
cada tipo textual carrega. o que vem ser discurso científico. Para Guimarães é aquele em que
Tais características se evidenciam formal e funcionalmente e “o autor pretende fazer o leitor saber.” Ou seja, a intenção do autor
são percebidas, de maneira mais ou menos clara pelo leitor/ouvin- é fazer o leitor ou pesquisador saber como os resultados daquela
te. Afinal, todos os tipos de texto têm um público fiel, ao qual se pesquisa foram alcançados, dando-lhe oportunidade de repetir os
destinam. procedimentos metodológicos em outras pesquisas similares.
Os autores que têm o texto técnico como objeto de estudo con- Para Carioca, “o discurso científico é a forma de apresentação
cordam que ele apresenta as seguintes características: da linguagem que circula na comunidade científica em todo o mun-
• Linguagem monossêmica; do. Sua formulação depende de uma pesquisa minuciosa e efetiva
• Vocabulário específico ou léxico especializado; sobre um objeto, que é metodologicamente analisado à luz de uma
• Objetividade; teoria.” Outra posição é que o discurso científico não se dá apenas
• Emprego de voz passiva; pela comprovação ou refutação do que foi escrito, dá-se também
• Preferência pelo emprego do tempo verbal presente. pela aceitabilidade dos pares que compõem a comunidade espe-
cífica.
As características apontadas acima coadunam-se com o obje- Desse modo, pode-se dizer que a estrutura global da comunica-
tivo principal de qualquer produção de cunho técnico: transmissão ção científica está respaldada em parâmetros normativos referen-
de conhecimentos de forma clara e imparcial. Embora a objetivida- tes à produção de gêneros e à produção da linguagem, ou seja, o
de e a neutralidade sejam fiéis parceiras do texto técnico, não se discurso acadêmico se estabeleceu dentro de convenções instituí-
pode afirmar que esse tipo textual seja isento das marcas de seu das pela comunidade científica, que, ao longo do tempo, se expres-
autor, enquanto produtor de ideias e veiculador de informações. sa por características, como impessoalidade, objetividade, clareza,
Quando há a troca da 3ª pessoa do singular pela 1ª pessoa do plu- precisão, modéstia, simplicidade, fluência, dentre outros.
ral, por exemplo, o autor tem a intenção de conquistar o seu in- É importante apresentar a posição de Charaudeau sobre a
terlocutor, tornando-o um parceiro “na assunção das informações problemática entre o discurso informativo (DI) e discurso científico
dadas, numa forma de estratégia argumentativa.” (DC). Para o autor, o que eles têm em comum é a problemática da
Todo tipo textual possui a argumentatividade, porém essa apa- prova. “[...] o primeiro se atém essencialmente a uma prova pela
rece de modo mais intenso e explícito em alguns textos e de modo designação e pela figuração (a ordem da constatação, do testemu-
menos intenso e explícito em outros. Para complementar a afirma- nho, do relato de reconstituição dos fatos), o segundo inscreve a
ção dessas autoras, cita-se Benveniste para o qual, o sujeito está prova num programa de demonstração racional.”.
sempre presente no texto, não havendo, portanto, texto neutro ou Percebe-se que o interesse principal do discurso informativo é
imparcial. transmitir uma verdade através dos fatos. Já o discurso científico se
Percebe-se, então, que o texto técnico possui características impõe pela prova da racionalidade que reside na força da argumen-
que o diferenciam dos demais tipos de textos. No entanto, não se tatividade. E mais, este deve se comprometer com a logicidade das
deve afirmar que ele seja desprovido de marcas autorais. Tanto é ideias para estas se tornem mais convincentes.
verdade, que alguns autores de textos técnicos não dispensam o Como se viu, o discurso acadêmico é produzido dentro de uma
uso de certos advérbios e conjunções, por exemplo, expedientes esfera de comunicação relativamente definida chamada de comuni-
que têm a função de modalizar o discurso. dade científica. Em geral, no ensino superior, vão se encontrar mo-
A modalização, nesse tipo de texto, pode aparecer de forma delos de discurso acadêmico que já se tornaram consagrados para
implícita e/ou explícita. Sob essa última forma, verificam-se o apa- essa comunidade. Na subseção que segue se mostrará especifica-
recimento de construções específicas, tais como as nominalizações, mente alguns deles.
a voz passiva, o emprego de determinadas conjunções e preposi- O primeiro modelo, monografia de análise teórica, evidencia
ções. uma organização de ideias advindas de bibliografias selecionadas
sobre um determinado assunto. Nesse tipo, pode-se fazer uma aná-
Discurso Acadêmico/Científico7 lise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo já consagrado
pela comunidade científica. O modelo metodológico indicado pelos
O texto como objeto abstrato se configura no campo da lin- autores é: escolha do assunto/ delimitação do tema; bibliografia
guística como teoria geral. Já discurso é uma realidade de intera- pertinente ao tema; levantamento de dados específicos da área sob
ção-enunciação objeto de análises discursivas. Enquanto os textos, estudo; fundamentação teórica; metodologia e modelos aplicáveis;
como objetos concretos, são aqueles que se apresentam completos análise e interpretação das informações; conclusões e resultados.
constituídos de um ato de enunciação que visa à interação entre No segundo modelo, monografia de análise teórico-empírica,
produtor e interlocutor. Partindo dessas concepções, percebe- se faz-se uma análise interpretativa de dados primários, com apoio de
que texto e discurso se complementam, pois, para o autor, “a sepa- fontes secundárias, passando-se para o teste de hipóteses, mode-
los ou teorias. A partir dos dados primários e secundários, o autor
/pesquisador mostrará um trabalho inovador. Quanto ao modelo
6 https://revistas.ufg.br/lep/article/download/32601/17331/ metodológico, tem-se: realidade observável; pergunta problema e
7 http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4823/ objetivo proposto; bibliografia e dados secundários; teoria perti-
MARIA%20DE%20F%c3%81TIMA%20RIBEIRO%20DOS%20SANTOS_.pdf?se-
quence=1&isAllowed=y
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nente ao tema (conceitos, técnicas, constructos) e dados secundá- adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia
rios; instrumentos de pesquisa (questionário); pesquisa empírica; são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas,
análise; conclusões e resultados. abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave);
No terceiro modelo, monografia de estudo de caso, o autor/ os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e
pesquisador faz uma análise específica da relação existente entre decorrentes dessas funções, entre outros.  
um caso e hipóteses, modelos e teorias. O modelo metodológico Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre
adotado obedece aos seguintes passos: escolha do assunto/delimi- a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
tação do tema; bibliografia pertinente ao tema (área específica sob ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados
estudo); fundamentação teórica; levantamento de dados da organi- distintos.  Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da
zação sob estudo; caracterização da organização; análise e interpre- vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz
tação das informações; conclusões e resultados. com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
Observa-se que esses modelos possuem suas particularidades, O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão
mas também aspectos que coincidem. Este é o caso da pesquisa estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada
bibliográfica, que é imprescindível em qualquer trabalho científico. um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras
Discurso Literário8 foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português
brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
O discurso literário pode não ser apenas ligado aos procedi- As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
mentos adotados pelo autor, mas também, e talvez mais direta- para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
mente do que se pensa, ligado ao contexto sociocultural no qual – Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
está inserido, evidenciando-se, nem sempre claramente, uma influ- (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
ência das instituições que o cercam na escolha de determinados – Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus
procedimentos de linguagem. derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova
A ideia de que o discurso literário constrói-se a partir de ele- York.  
mentos intrínsecos ao texto literário tomou corpo com os estudos
realizados no início do século XX. Foram os formalistas russos que Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos
demonstraram uma preocupação com a materialidade do texto lite- do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais
rário, recusando, num primeiro momento, explicações de base ex- regras:
traliterária. Neste sentido, o que importava para os integrantes do
movimento era o procedimento, ou seja, o princípio da organização «ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
da obra como produto estético. Assim, a preocupação dos formalis- – Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum,
tas era investigar e explicar o que faz de uma determinada obra uma abacaxi.  
obra literária, nas palavras de Jakobson: “a poesia é linguagem em – Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é – Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determina- – Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer,
da obra uma obra literária”. A questão da literariedade como pro- mexerica.   
cesso ou procedimento de elaboração está centrado nas estruturas
que diferenciam o texto literário de outros textos. s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
A literariedade é conceituada não só pela linguagem diferen- – Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa,
ciada que gera o estranhamento, mas também histórica e cultural- verminose.
mente. Uma obra literária não pode ser apenas uma construção – Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos.
bem elaborada, mas deve também retratar o homem de sua época Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
ou época anterior, com todas as suas angústias, desejos e forma de – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
pensar. Tornando-se, assim, não apenas um material para ser estu- nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
dado linguisticamente, mas também e, principalmente, uma obra burguês/burguesa.
viva em que toda vez que se relê encontre-se algo novo e represen- – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
tativo do ser humano. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.

Porque, Por que, Porquê ou Por quê?


DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL. – Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
— Definições que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, porque/pois nada está molhado.  
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
8 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Lin- cancelamento do show.  
guaPortuguesa/artigo12.pdf
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– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome ou
numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.  
– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente. Por quê?  

Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver (perdoar)
e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e “gosto”
(verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVOS, ADJETIVOS, VERBOS, CONJUNÇÕES, PREPOSIÇÕES, PRONOMES,
ADVÉRBIOS.

— Definição
As classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


– Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para se referirem a um ser específico por já ter sido mencionado ou
por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
– Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento
não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


– Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.
– Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo: “No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”  
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronomes possessivo dela.
– Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe: “Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.” e Acrescente aproximadamente umas três ou quatro
gotas de baunilha.”

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Contração de artigos com preposições – Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que
Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.”/”Menina
uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse travessa”.
processo ocorre:
O número dos adjetivos
Por concordarem com o número do substantivo a que se
referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim,
a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa
instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos
formosos.

O grau dos adjetivos


Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).
– Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom
quanto o anterior.”  
– Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do
que Luciana.”
— Substantivo
– Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais,
do que a equipe.”   
qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os
– Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo,
substantivos se subdividem em:
podendo ser:
– Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que
• Analítico: “A modelo é extremamente bonita.”
nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula)
• Sintético: “Pedro é uma pessoa boníssima.”
ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na
– Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:
sua generalidade (garoto, caneta, cachorro).
• Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”
– Primitivos ou derivados: se não for formado por outra
• Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”  
palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por
outra palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Pronome adjetivo
– Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses
reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que
pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer
– Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres
concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é
pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de
a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o
gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de
substantivo comum professora).
cães).  
Locução adjetiva
— Adjetivo
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar
que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma
consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Exemplos:
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
ou extensão à palavra, locução, oração ou pronome.
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
– Associação de comércios (associação comercial).
Os tipos de adjetivos
– Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo
— Verbo
simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo,
mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente,
fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
amarelo-limão).  
– Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados,
– Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos
não têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo,
verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.:
“-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe
substantivo morte → adjetivo mortal; verbo lamentar → adjetivo
o exemplo do verbo “nutrir”:
lamentável).
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
– Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou
significado).
origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).  

O gênero dos adjetivos


– Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino,
isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.”
/ “Ana é uma amiga leal.”  
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– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular ou
plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse no presente
do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações, tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; tu nutre; ele/
ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e/ou têm
desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma. Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito do indicativo: Eu
disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda conjugação (-er) tem seu
radical, diz, alterado, além de apresentar duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer fosse regular, sua conjugação
no pretérito perfeito do indicativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.

— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo ou
acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos.

Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como complemento), sendo que, para cada o caso reto, existe
um correspondente oblíquo.

CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nós, conosco.
Vós Vós, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  

Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3a pessoa – Ele / Ela Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se de termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação).
São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de
expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos
pronomes dve tratamento, os verbos devem ser usados na 3a pessoa.

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Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo, ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


Os seres ou objetos estão
Este, esta, estes, estas,
1a pessoa próximos da pessoa que
isto.
fala.

Os seres ou objetos estão


Esse, essa, esses, essas,
2a pessoa próximos da pessoa com
isso.
quem se fala.

Aquele, aquela, aqueles,


3a pessoa De quem/ do que se fala.
aquelas, aquilo.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada.
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.

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Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS

Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo,


VARIÁVEIS
um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.

Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais,


INVARIÁVEIS
outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, ou seja, para prevenir a repetição
indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto,
VARIÁVEIS
quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
vlugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior,
“Coloquei-o cuidadosamente
depressa, devagar. Grande parte
no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO das palavras que terminam em
“Andou depressa por causa
“-mente”, como cuidadosamente,
da chuva.”
calmamente, tristemente.
“O carro está fora.”
“Procurei pelas chaves aqui e
Perto, longe, dentro, fora, acolá, mas elas estavam aqui, na
ADVÉRBIO DE LUGAR
aqui, lá, atrás. gaveta”
“Demorou, mas chegou
longe.”
Antes, depois, hoje, ontem, “Sempre que precisar de
ADVÉRBIO DE TEMPO amanhã, sempre, nunca, cedo, algo, basta chamar-me.” “Cedo ou
tarde tarde, far-se-á justiça.”

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“Eles formam um casal tão


Muito, pouco, bastante, tão, bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE
demais, tanto “Elas conversam demais!”
“Você saiu muito depressa.”
Sim e decerto; palavras
afirmativas com sufixo “-mente”
“Decerto passaram por aqui.”
(certamente, realmente). Palavras
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
como claro e positivo podem
“Entendi, sim.”
ser advérbio, dependendo do
contexto
Não e nem; palavras como
“Jamais reatarei meu namoro
negativo, nenhum, nunca, jamais,
com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO entre outras, podem ser advér-
“Sequer pensou para falar.”
bio de negação, dependendo do
“Não pediu ajuda.”
contexto.
Talvez, quiçá, porventura, e “Quiçá seremos recebidas.”
palavras que expressem dúvida, “Provavelmente, sairei mais
ADVÉRBIO DE DÚVIDA
acrescidas do sufixo “: -mente”, cedo.”
como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?”
(Oração interrogativa direta, que
Quando, como, onde, aonde,
indica causa)
donde, por que; esse advérbio
“Quando posso sair?” (oração
ADVÉRBIO DE INTERROGA- pode indicar circunstâncias de
interrogativa direta que indica
ÇÃO modo, tempo, lugar e causa; é
tempo)
usado somente em frases interro-
“Explica como você fez is-
gativas diretas ou indiretas.
so.”(oração interrogativa indireta,
que indica modo.

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado maior clareza e precisão.

– Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

– Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
– Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função
o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

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Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:
“É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

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Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência.
Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três...), ordinais (primeiro, segundo, terceiro...), fracionários (meio, terço, quarto...) e
multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo...). Antes de nos profundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais e suas três
principais finalidades:
1 – indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10° (Parágrafo 10).
2 – indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – indicar capítulos, séculos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo utiliza-se
o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).

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Os tipos de numerais – Exemplo 1) ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.”


– Cardinais: são os números em sua forma fundamental e Em ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo
exprimem quantidades. preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil. linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas
– alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, conforme o contexto.
quinhentos/quinhentas). – Exemplo 2) “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
– alguns números cardinais variam em número, como é o caso: o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma
milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante. preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
– a palavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste, que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
mas os dois/ambos foram reprovados. valor estrutural (gramática).
– Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro,
segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a Classificação das preposições
ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de – Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
objetos. apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
– os numerais ordinais variam em gênero (masculino e podem assumir essa atribuição. São elas:
feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas,
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.
– alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo.
Exemplo: A carne de segunda está na promoção. Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
– Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que,
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
quartos (¾), 1/12 avos. por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.
– os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de Locuções prepositivas
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo. Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
– Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo. prepositivas.
– em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
duplos sentidos.
– Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem
quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12
unidades).
– os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.

— Preposição
Essa classe de palavras tem o objetivo de marcar as relações
gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e
advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas
relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado,
as preposições não possuem significado próprio se isoladas no
discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe
gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização
e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico,
— Interjeição
que gera significado e sentido, esteja presente, apenas possui um
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que
menor valor.
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc.,
Classificação das preposições
por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades
Preposições essenciais: só aparecem na língua propriamente
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
como preposições, sem outra função. São elas:
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas
também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do
interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
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– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”. ser compreendida pelo interlocutor.
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!” Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
Os tipos de interjeição verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
De acordo com as reações que expressam, as interjeições desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
podem ser de: sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
contém verbo.
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
como oração.

Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma


oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
“Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
sintática diferente.

Classificação das orações: as orações podem ser simples ou


compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
RECONHECIMENTO E EMPREGO DAS ESTRUTURAS MOR- duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
FOSSINTÁTICAS DO TEXTO. – Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o
noticiário”.
Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao
estudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um Período
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que sentido completo. Assim como as orações, o período também pode
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e de orações que apresenta: o período simples contém apenas uma
orações, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é uma
Para que se possa compreender a análise sintática, é importante frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à
retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período. classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.
Vejamos: – Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” -
apresenta apenas um verbo.
Frase – Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo ficarei preocupada.” - contém dois verbos.
que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente
uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou — Análise Sintática
não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu estrutura de um período e das orações que compõem um período.
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”. Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais
a disposição das palavras na frase também é fundamental para a se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe
compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da a seguir as especificidades de cada tipo.
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,

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1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração – Verbo de ligação: servem para expressar características de
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
respectivos exemplos a seguir: esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
sobre o sujeito). Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
respectivos casos: inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
“Fred fez um lindo discurso.” é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Um lindo discurso Fred fez.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
“Fez um lindo discurso, Fred.” atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela palavra substantivada.
concordância verbal. – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. aula. Por isso, estavam contentes.
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a 2 – Termos integrantes da oração
concordância do verbo o destaca de forma indireta. Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
determiná-lo. – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
Esse sujeito pode aparecer com: – Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
padeiro.”». isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você seja compreendido.
estiver lá.”
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da acontecido.”
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos: os aparelhos.»
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”. – Complementos Nominais: esses termos completam o sentido
de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos,
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe
verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, os exemplos:
também recebem sua classificação, conforme abaixo: – “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento
para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo nominal.
que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa – “O entregador atravessou rapidamente pela viela. –
compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser “rapidamente” é advérbio de modo.
direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e – “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e substantivo.
complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
cair, mergulhar, correr.

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– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. apelo. Observe:
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
passiva: “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.” “Vista o casaco, filha!”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” — Estudo da relação entre as orações
Os períodos compostos são formados por várias orações.
3 – Termos acessórios da oração As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos subordinação.
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem – Período composto por coordenação: é formado por
para complementar a informação, exprimindo circunstância, orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
abaixo quais são eles: individualmente porque apresentam sentidos completos.
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
“Dormimos muito.” doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. preparei os doces.”
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
preparo os doces.”
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” – Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
“Maria escreve bastante bem.” logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”. porque estudou bastante.”

Os adjuntos adverbiais podem ser: – Período composto por subordinação: são constituídos por
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
tempo). substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, que o suspeito era realmente o culpado.”
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou queria que isso acontecesse.”
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
de escola.” – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
– Sujeito: “jovem apaixonado” expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” é que meus pais são saudáveis.”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais:
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
adjuntos adnominais de “colega”. – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
felizes que pulamos de alegria.”
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma para que nós chegássemos a casa em segurança.”
informação já completa. Observe os exemplos: – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.” cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.” – Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo,
espero por você.»
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem – Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que
com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento estivesse cansado, concluiu a maratona.”
ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa – Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia
como se ainda vivesse no interior.”

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– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”

RELAÇÕES DE REGÊNCIA ENTRE TERMOS.

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou
oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses
termos denominamos regência.

— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

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REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.  

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No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo
NÃO “Isso não procede.”
Proceder instransitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar transitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”
convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”
apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
indireto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito e
Informar complemento sem e “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
outro com preposição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto
Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”
Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

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Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo,


RELAÇÕES DE CONCORDÂNCIA ENTRE TERMOS. ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou
permanece na 3a pessoa do singular:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal
estudam a sintonia entre os componentes de uma oração. Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao concorda com o termo que antecede o pronome:
sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar – “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, – “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é
flexionado para concordar com o sujeito. Concordância verbal com a partícula de indeterminação do
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do
(flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos
da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos ou por verbos transitivos indiretos:
e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas – «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal
concordância ocorre em gênero e pessoa Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo
concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
Casos específicos de concordância verbal paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três – Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
situações em que o verbo no infinitivo é flexionado:
I – Quando houver um sujeito definido; Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria,
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito; a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode
forem distintos. ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos
Observe os exemplos: entraram.”
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.” – “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das
“Isto é para nós solicitarmos.” pessoas entenderam.”

Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo,
da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo mas também concordar com a forma no masculino plural:
em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos – “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
imperativos. – “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”

Exemplos: Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo


“Os membros conseguiram fazer a solicitação.” concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
“Foram proibidos de realizar o atendimento.” – “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos,
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular, Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois
tendo em vista que não existe um sujeito. ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular,
Observe os casos a seguir: se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, substantivo deve estar no plural:
nevar, amanhecer.
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.» – “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o
xadrez.”
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas – “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e
professoras vigiando as crianças.” xadrez.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz
duas horas que estamos esperando.” Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas
expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino
verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer singular:
no singular ou no plural: – “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.” proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos – “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada
do que ocorreria.” de crianças acompanhadas.”
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Concordância nominal com menos: a palavra menos 2 – Isolar o vocativo


permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela “Crianças, venham almoçar!”
advérbio ou adjetivo: “Quando será a prova, professora?”
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.” 3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe,
barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em 4 – Isolar expressões explicativas:
gênero e número com o substantivo quando exercem função de “As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi
adjetivo: responsabilizado.”
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”. 5 – Separar conjunções intercaladas
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes. “Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”

6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:


SINAIS DE PONTUAÇÃO. “Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos
funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
— Visão Geral 7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais “Estas alegações, não as considero legítimas.”
gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas 8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas
e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias) por conjunções)
em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os “Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
compreensão da frase. 9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades: “São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
tipos textuais; 10 – Marcar a omissão de um termo:
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados; “Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
– Demarcar das unidades de um texto; “fazer”).
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
• Entre as sentenças
— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um 1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
enunciado “Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
Vírgula 2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, ajudasse.”
se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes
não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em principal:
outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser “Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
empregada:
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas
• No interior da sentença ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal:
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:

Por ser sempre assim, ninguém dá


ENUMERAÇÃO Reduzida
atenção!
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. Porque é sempre assim, já ninguém dá
Desenvolvida
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás. atenção!

5 – Separar as sentenças intercaladas:


REPETIÇÃO
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu
Os arranjos estão lindos, lindos! leito, até que você se recupere por completo.”
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.

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• Antes da conjunção “e” 2 – Para introduzirem citação direta:


1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire “Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente
valores que não expressam adição, como consequência ou muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se
diversidade, por exemplo. transforma’.”
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.” 3 – Para iniciar fala de personagens:
“Ele gritava repetidamente:
2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre – Sou inocente!”
que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar
alguma ideia, por exemplo: Reticências
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; 1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta
e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o sintaticamente:
esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha) “Quem sabe um dia...”

3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas 2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
apresentam sujeitos distintos, por exemplo: “Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.” ainda.”

O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito 3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o
e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome objetivo de prolongar o raciocínio:
e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).
apositiva nem se apresente inversamente).
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
Ponto “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
1 – Para indicar final de frase declarativa: Raimundo Fagner).
“O almoço está pronto e será servido.”
Ponto de Interrogação
2 – Abrevia palavras: 1 – Para perguntas diretas:
– “p.” (página) “Quando você pode comparecer?”
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor) 2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para
destacar o enunciado:
3 – Para separar períodos: “Não brinca, é sério?!”
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
Ponto de Exclamação
Ponto e Vírgula 1 – Após interjeição:
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou “Nossa Que legal!”
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; 2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
nossa amiga, de praticar esportes.” “Infelizmente!”

2 – Para separar os itens de uma sequência de itens: 3 – Após vocativo


“Os planetas que compõem o Sistema Solar são: “Ana, boa tarde!”
Mercúrio;
Vênus; 4 – Para fechar de frases imperativas:
Terra; “Entre já!”
Marte;
Júpiter; Parênteses
Saturno; a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases
Urano; intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou
Netuno.” a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como
Dois Pontos sempre)
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, quem seria promovido.”
enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem
ideias anteriores. Travessão
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.” 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela “O rapaz perguntou ao padre:
grande ofensa.” — Amar demais é pecado?”

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2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos: - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
“— Vou partir em breve. mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
— Vá com Deus!” ma, ou sobre conjuntos generalizados.
- Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários: dificar sua ordem no processo de encadeamento.
“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
Graus de Formalismo
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas: São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.” como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
Aspas construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos, de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
arcaísmos, palavrões, e neologismos. entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.” As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
2 – Para indicar uma citação direta: expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
Assis) cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
cífico de algum campo científico, por exemplo).

REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. Expressões que demandam atenção


– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- aceito
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos – acendido, aceso (formas similares) – idem
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – à custa de – e não às custas de
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. forme
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não – a meu ver – e não ao meu ver
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. – a ponto de – e não ao ponto de
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces- – em termos de – modismo; evitar
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor – enquanto que – o que é redundância
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – implicar em – a regência é direta (sem em)
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- – ir de encontro a – chocar-se com
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer – ir ao encontro de – concordar com
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
parado; quando não se pode, junto
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja – todo mundo – todos
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa – todo o mundo – o mundo inteiro
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento – não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
do processo de escrever do aluno. for substantivo
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
Operações linguísticas de reescrita: presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope- – esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons- (tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
trução do texto escrito. sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
- Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam- Expressões não recomendadas
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
várias frases. – a partir de (a não ser com valor temporal).
- Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi- Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...
do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases. – através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se-
gundo...
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– devido a. 2. CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça


Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. Substituto (fase vespertina)- Texto 2A2-III
Justiça é justiça social. É atualização dos princípios conduto-
– dito. res, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de uma so-
Opção: citado, mencionado. ciedade em que cessem a exploração e a opressão do homem
pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do que a ex-
– enquanto. pressão daqueles princípios supremos, como modelo avançado
Opção: ao passo que. de legítima organização social da liberdade. Mas até a injustiça
como também o antidireito (isto é, a constituição de normas
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). ilegítimas e sua imposição em sociedades mal organizadas)
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. fazem parte do processo, pois nem a sociedade justa, nem a
justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, o legítimo,
– no sentido de, com vistas a. nascem de um berço metafísico ou são presente generoso dos
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, no caminho pe-
noso do progresso, com avanços e recuos.
– pois (no início da oração). Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é uma
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se enri-
quece nos movimentos de libertação das classes e dos grupos
– principalmente. ascendentes e que definha nas explorações e opressões que o
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particula contradizem, mas de cujas próprias contradições brotarão as
novas conquistas.
Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense,
QUESTÕES 2003, p. 86 (com adaptações).
Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item
subsequente.
1. CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça Em “opressão do homem” (segundo período do primeiro pará-
Substituto (fase vespertina)- Texto 2A2-III grafo) e “presente generoso dos deuses” (último período do primei-
Justiça é justiça social. É atualização dos princípios conduto- ro parágrafo), a substituição das locuções adjetivas “do homem” e
res, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de uma so- “dos deuses” pelos adjetivos humana e divino, respectivamente,
ciedade em que cessem a exploração e a opressão do homem manteria a correção gramatical e as relações coesivas do texto ori-
pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do que a ex- ginal.
pressão daqueles princípios supremos, como modelo avançado ( )CERTO
de legítima organização social da liberdade. Mas até a injustiça ( )ERRADO
como também o antidireito (isto é, a constituição de normas
ilegítimas e sua imposição em sociedades mal organizadas) 3. CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça
fazem parte do processo, pois nem a sociedade justa, nem a Substituto (fase vespertina)- Texto 2A2-III
justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, o legítimo, Justiça é justiça social. É atualização dos princípios conduto-
nascem de um berço metafísico ou são presente generoso dos res, emergindo nas lutas sociais, para levar à criação de uma so-
deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, no caminho pe- ciedade em que cessem a exploração e a opressão do homem
noso do progresso, com avanços e recuos. pelo homem. O direito não é mais, nem menos, do que a ex-
Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é uma pressão daqueles princípios supremos, como modelo avançado
coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se enri- de legítima organização social da liberdade. Mas até a injustiça
quece nos movimentos de libertação das classes e dos grupos como também o antidireito (isto é, a constituição de normas
ascendentes e que definha nas explorações e opressões que o ilegítimas e sua imposição em sociedades mal organizadas)
contradizem, mas de cujas próprias contradições brotarão as fazem parte do processo, pois nem a sociedade justa, nem a
novas conquistas. justiça corretamente vista, nem o direito mesmo, o legítimo,
Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense, nascem de um berço metafísico ou são presente generoso dos
2003, p. 86 (com adaptações). deuses: eles brotam nas oposições, no conflito, no caminho pe-
Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item noso do progresso, com avanços e recuos.
subsequente. Direito é processo, dentro do processo histórico. Não é uma
No último período do primeiro parágrafo, a flexão de plural e coisa feita, perfeita e acabada. É aquele vir a ser que se enri-
de gênero masculino na forma pronominal “eles” justifica-se pelo quece nos movimentos de libertação das classes e dos grupos
fato de o referente desse pronome, no texto, ser constituído por ascendentes e que definha nas explorações e opressões que o
mais de um termo e apresentar diferentes gêneros gramaticais. contradizem, mas de cujas próprias contradições brotarão as
( )CERTO novas conquistas.
( )ERRADO Roberto Lyra Filho. O que é direito. São Paulo: Brasiliense,
2003, p. 86 (com adaptações).
Acerca de aspectos gramaticais do texto 2A2-III, julgue o item
subsequente.

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No último período do texto, a forma pronominal “cujas” resulta lituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade
da contração do pronome relativo cujo com o artigo feminino de- da culpa na responsabilidade civil se encontra desafiada pela
finido as. realidade de sistemas de inteligência artificial.
( )CERTO Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de
( )ERRADO IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma
dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro hu-
4. CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça mano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada
Substituto (fase vespertina) Texto 2A2-II realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O
A origem da instituição Ministério Público (MP) não é facil- comportamento emergente da máquina, em função do proces-
mente situada na história, não sendo possível precisar ou afir- so de aprendizado profundo, sem receber qualquer controle da
mar com certeza a data e o local nos quais se tenha originado. parte de um agente humano, torna difícil indicar quem seria o
No Brasil, a figura do promotor de justiça só surge em 1609, responsável pelo dano, uma vez que o processo decisório de-
quando é regulamentado o Tribunal de Relação na Bahia. No correu de um aprendizado automático que culminou com esco-
Império, tratava-se a instituição no Código de Processo Crimi- lhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há evidentes
nal, sem nenhuma referência constitucional. Somente na Cons- situações em que se pode vislumbrar a existência de culpa do
tituição de 1824, foram criados o Supremo Tribunal de Justiça operador do sistema, como naquelas em que não foram reali-
e os tribunais de relação, nomeando-se desembargadores, pro- zadas atualizações de software ou, até mesmo, de quebra de
curadores da Coroa, conhecidos como “chefe do parquet”. No deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que
entanto, a expressão “Ministério Público” só seria utilizada no hackers interfiram no sistema. Entretanto, excluídas essas si-
Decreto n.º 5.618, de 2 de maio de 1874. tuações, estará ausente o juízo de censura necessário para a
Foi na Constituição de 1891 que, pela primeira vez, o MP me- responsabilização com base na culpa.
receu uma referência no texto fundamental. Já a Constituição B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas
Federal de 16 de julho de 1934 dispensou um tratamento mais de inteligência artificial e responsabilidade civil: uma análise da
alentador ao MP, definindo-lhe algumas atribuições básicas. As proposta europeia acerca da atribuição de personalidade civil. In:
Constituições de 1946 a 1967 pouco disseram acerca do MP. Revista Brasileira de Direitos Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020,
A grande fase do MP foi inaugurada com a Constituição Fede- p. 93-4 (com adaptações).
ral de 1988 (CF), cujos termos são absolutamente inovadores, À luz das normas de regência nominal e verbal, julgue o item
mesmo no nível internacional. A Constituição de 1988 é dota- seguinte, em relação ao texto 2A1-I.
da de um capítulo próprio sobre o MP. Atendendo às caracte- Haja vista a regência de “confrontado” (primeiro período do
rísticas federais do Estado brasileiro, a CF trata do Ministério primeiro parágrafo) admitida no texto, o complemento regido por
Público da União e daquele dos diversos estados-membros da esse termo só pode ser introduzido pela preposição “com”.
Federação. A CF declara o MP como instituição permanente e ( )CERTO
essencial à função jurídica, incumbindo-lhe a defesa da ordem ( )ERRADO
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indi-
viduais indisponíveis. 6. CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área
Internet: www.anpr.org.br (com adaptações). Administrativa- Texto CG1A1-I
Julgue o item subsequente, relativos a aspectos gramaticais do A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes se
texto 2A2-II. iniciava com alguma alegação genérica de que os povos forra-
Estaria preservada a correção gramatical do texto caso a oração geadores viviam em um estado de natureza — o que signifi-
“Atendendo às características federais do Estado brasileiro” (último cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum
parágrafo) fosse reescrita da seguinte maneira: Atendendo a carac- direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por
terísticas federais do Estado brasileiro. sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes da-
( )CERTO quelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao
( )ERRADO Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Locke, em
que o autor defendia que os direitos de propriedade decorrem
5. CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indivíduo
Substituto (fase vespertina)- Texto associado “mistura seu trabalho” a ela; nesse sentido, a terra se torna, de
Texto 2A1-I certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nativos preguiço-
O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as ino- sos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. Não eram,
vações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligência segundo os lockianos, “proprietários de terras que faziam me-
artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vi- lhorias”; apenas as usavam para atender às suas necessidades
vencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no básicas com o mínimo de esforço.
cotidiano, como também se observa a existência de robôs com James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, aponta
sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais as implicações históricas desse pensamento: considera-se vaga
os algoritmos passam a decidir autonomamente, superando a a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aboríge-
programação original. Nesse contexto, um dos grandes desa- nes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou
fios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteligência defender os territórios que durante milhares de anos tinham
artificial é a questão da responsabilidade civil advinda de danos erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam
decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os sistemas de- o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como
animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo
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indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições A expressão “Da mesma forma”, no último período do segun-
materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi- do parágrafo, reforça a continuidade da argumentação do período
nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na anterior.
Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto ( )CERTO
para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam ( )ERRADO
desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas pu-
nitivas, corveias e servidão por dívida. 8. Texto CG1A1-I
David Graeber e David Wengrow. O despertar de tudo: uma A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes se
nova história da humanidade. São Paulo: Cia das Letras, 2022, p. iniciava com alguma alegação genérica de que os povos forra-
169-170 (com adaptações). geadores viviam em um estado de natureza — o que signifi-
Considerando as estruturas morfossintáticas e os aspectos se- cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum
mânticos do texto CG1A1-I, julgue o seguinte item. direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por
A correção gramatical e a coerência das ideias do quarto perí- sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes da-
odo do primeiro parágrafo seriam preservadas caso ele fosse rees- quelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao
crito da seguinte maneira O sujeito “mistura seu trabalho” à terra Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Locke, em
quando a cultiva, e, assim, ela, em alguma medida, passa a ser uma que o autor defendia que os direitos de propriedade decorrem
parte dele. necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indivíduo
( )CERTO “mistura seu trabalho” a ela; nesse sentido, a terra se torna, de
( )ERRADO certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nativos preguiço-
sos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. Não eram,
7. CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área segundo os lockianos, “proprietários de terras que faziam me-
Administrativa- Texto CG1A1-I lhorias”; apenas as usavam para atender às suas necessidades
A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes se básicas com o mínimo de esforço.
iniciava com alguma alegação genérica de que os povos forra- James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, aponta
geadores viviam em um estado de natureza — o que signifi- as implicações históricas desse pensamento: considera-se vaga
cava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aboríge-
direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por nes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou
sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes da- defender os territórios que durante milhares de anos tinham
quelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam
Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Locke, em o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como
que o autor defendia que os direitos de propriedade decorrem animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo
necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indivíduo indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições
“mistura seu trabalho” a ela; nesse sentido, a terra se torna, de materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi-
certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nativos preguiço- nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na
sos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. Não eram, Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto
segundo os lockianos, “proprietários de terras que faziam me- para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam
lhorias”; apenas as usavam para atender às suas necessidades desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas pu-
básicas com o mínimo de esforço. nitivas, corveias e servidão por dívida.
James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, aponta David Graeber e David Wengrow. O despertar de tudo: uma
as implicações históricas desse pensamento: considera-se vaga nova história da humanidade. São Paulo: Cia das Letras, 2022, p.
a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aboríge- 169-170 (com adaptações).
nes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou Com base nas ideias veiculadas no texto CG1A1-I, julgue o item
defender os territórios que durante milhares de anos tinham a seguir.
erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam Infere-se do texto que seus autores corroboram a explicação
o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como de James Tully acerca do direito de propriedade aplicado às terras
animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo colonizadas.
indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições ( )CERTO
materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, admi- ( )ERRADO
nistradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na
Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto
para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam
desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas pu-
nitivas, corveias e servidão por dívida.
David Graeber e David Wengrow. O despertar de tudo: uma
nova história da humanidade. São Paulo: Cia das Letras, 2022, p.
169-170 (com adaptações).
Acerca dos sentidos e dos mecanismos de coesão empregados
no texto CG1A1-I, julgue o próximo item.

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9. CESPE / CEBRASPE - 2023 - SEPLAN-RR - Analista de Planeja- A correção gramatical do texto seria preservada caso o termo
mento e Orçamento - Especialidade: Planejamento e Orçamento- “públicas” (primeiro período do último parágrafo) estivesse flexio-
Texto CB1A1 nado no singular, da seguinte forma: pública.
A governabilidade refere-se à capacidade política de gover- ( )CERTO
nar, que deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu ( )ERRADO
governo com a sociedade. Está presente quando a população
legitima o exercício do poder pelo Estado. A legitimidade, nes- 10. CESPE / CEBRASPE - 2023 - SEPLAN-RR - Analista de Plane-
se contexto, deve ser entendida como a aceitação do poder do jamento e Orçamento - Especialidade: Planejamento e Orçamento-
governo ou do Estado pela sociedade. Texto CB1A1
Nesse sentido, os cidadãos e a cidadania organizada são A governabilidade refere-se à capacidade política de gover-
a fonte ou a origem principal da governabilidade, ou seja, é a nar, que deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu
partir deles (e de sua capacidade de articulação em partidos, governo com a sociedade. Está presente quando a população
associações e demais instituições representativas) que surgem legitima o exercício do poder pelo Estado. A legitimidade, nes-
e se desenvolvem as condições para a governabilidade plena. se contexto, deve ser entendida como a aceitação do poder do
Vinculada à dimensão estatal, governabilidade diz respei- governo ou do Estado pela sociedade.
to às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá Nesse sentido, os cidadãos e a cidadania organizada são
o exercício do poder, tais como as características do sistema a fonte ou a origem principal da governabilidade, ou seja, é a
político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o partir deles (e de sua capacidade de articulação em partidos,
sistema de intermediação de interesses. Representa, assim, um associações e demais instituições representativas) que surgem
conjunto de atributos essenciais ao exercício do governo, sem e se desenvolvem as condições para a governabilidade plena.
os quais nenhum poder pode ser exercido. Vinculada à dimensão estatal, governabilidade diz respei-
Há três dimensões inerentes ao conceito de governabilida- to às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá
de: capacidade do governo de identificar problemas críticos e o exercício do poder, tais como as características do sistema
de formular políticas adequadas ao enfrentamento desses pro- político, a forma de governo, as relações entre os poderes, o
blemas, capacidade de mobilizar meios e recursos necessários sistema de intermediação de interesses. Representa, assim, um
à execução e à implantação das políticas públicas e capacida- conjunto de atributos essenciais ao exercício do governo, sem
de de liderança do Estado, sem a qual as decisões se tornam os quais nenhum poder pode ser exercido.
ineficientes. A governabilidade, então, significa que o governo Há três dimensões inerentes ao conceito de governabilida-
deve tomar decisões amparadas em um processo que inclua de: capacidade do governo de identificar problemas críticos e
a participação dos diversos setores da sociedade, dos poderes de formular políticas adequadas ao enfrentamento desses pro-
constituídos, das instituições públicas e privadas e dos segmen- blemas, capacidade de mobilizar meios e recursos necessários
tos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas à execução e à implantação das políticas públicas e capacida-
atendam aos anseios da sociedade e contem com seu apoio na de de liderança do Estado, sem a qual as decisões se tornam
implementação de programas e projetos e na fiscalização dos ineficientes. A governabilidade, então, significa que o governo
serviços públicos. deve tomar decisões amparadas em um processo que inclua
Sob esse enfoque, significa a participação dos diversos seto- a participação dos diversos setores da sociedade, dos poderes
res da sociedade nos processos decisórios que dizem respeito constituídos, das instituições públicas e privadas e dos segmen-
às ações do poder público, uma vez que incorpora a articula- tos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas
ção do aparelho estatal ao sistema político de uma sociedade, atendam aos anseios da sociedade e contem com seu apoio na
ampliando o leque possível e indispensável à legitimidade e ao implementação de programas e projetos e na fiscalização dos
suporte das ações governamentais em busca de sua eficácia. serviços públicos.
Em resumo, governabilidade refere-se às condições do Sob esse enfoque, significa a participação dos diversos seto-
ambiente político em que se efetivam ou se devem efetivar as res da sociedade nos processos decisórios que dizem respeito
ações da administração, à base de legitimidade dos governos, à às ações do poder público, uma vez que incorpora a articula-
credibilidade e à imagem públicas da burocracia. Desse modo, ção do aparelho estatal ao sistema político de uma sociedade,
o desafio da governabilidade consiste em conciliar os muitos ampliando o leque possível e indispensável à legitimidade e ao
interesses desses atores (na maioria, divergentes) e reuni-los suporte das ações governamentais em busca de sua eficácia.
em um objetivo comum (ou em vários objetivos comuns) a ser Em resumo, governabilidade refere-se às condições do
perseguido por todos. Assim, a capacidade de articular-se em ambiente político em que se efetivam ou se devem efetivar as
alianças políticas e pactos sociais constitui-se em fator crítico ações da administração, à base de legitimidade dos governos, à
para a viabilização dos objetivos do Estado. Essa tentativa de credibilidade e à imagem públicas da burocracia. Desse modo,
articulação que a governabilidade procura é uma forma de in- o desafio da governabilidade consiste em conciliar os muitos
termediação de interesses. interesses desses atores (na maioria, divergentes) e reuni-los
Thiago Antunes da Silva. Conceitos e evolução da administra- em um objetivo comum (ou em vários objetivos comuns) a ser
ção pública: o desenvolvimento do papel administrativo, 2017. In- perseguido por todos. Assim, a capacidade de articular-se em
ternet:<www.online.unisc.br> Texto (com adaptações). alianças políticas e pactos sociais constitui-se em fator crítico
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto CB1A1, jul- para a viabilização dos objetivos do Estado. Essa tentativa de
gue o próximo item. articulação que a governabilidade procura é uma forma de in-
termediação de interesses.

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Thiago Antunes da Silva. Conceitos e evolução da administra- (A) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preser-
ção pública: o desenvolvimento do papel administrativo, 2017. In- vadas, caso a vírgula empregada logo após o vocábulo “mas”
ternet:<www.online.unisc.br> Texto (com adaptações). (primeiro período do quarto parágrafo) fosse eliminada.
Acerca das ideias do texto CB1A1, julgue o item que se segue. (B) A forma verbal “tiveram” (primeiro período do terceiro pa-
O texto é uma descrição dos aspectos relacionados à capacida- rágrafo) poderia ser substituída por “obtiveram” sem prejuízo
de política de governar o Estado com mão forte. aos sentidos e à correção gramatical do texto.
( )CERTO (C) A forma verbal “continuou” (primeiro período do quarto
( )ERRADO parágrafo) está flexionada no singular para concordar com o
artigo definido “a”, mas poderia ser substituída, sem prejuízo
11. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Mé- à correção gramatical, pela forma verbal “continuaram”, que
dico- Texto CG1A1 estabeleceria concordância com o termo “Libras”.
(D) A forma verbal “acreditarem” (quarto período do terceiro
Por muitos séculos, pessoas surdas ao redor do mundo eram parágrafo) concorda com “educadores” e por isso está flexio-
consideradas incapazes de aprender simplesmente por possu- nada no plural.
írem uma deficiência. No Brasil, infelizmente, isso não era di- (E) No primeiro período do terceiro parágrafo do texto, é facul-
ferente. Essa visão capacitista só começou a mudar a partir do tativo o emprego da vírgula imediatamente após “Libras”.
século XVI, com transformações que ocorreram, num primeiro
momento, na Europa, quando educadores, por conta própria, 12. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Mé-
começaram a se preocupar com esse grupo. dico- Texto CG1A1
Um dos educadores mais marcantes na luta pela educação
dos surdos foi Ernest Huet, ou Eduard Huet, como também era Por muitos séculos, pessoas surdas ao redor do mundo eram
conhecido. Huet, acometido por uma doença, perdeu a audi- consideradas incapazes de aprender simplesmente por possu-
ção ainda aos 12 anos; contudo, como era membro de uma írem uma deficiência. No Brasil, infelizmente, isso não era di-
família nobre da França, teve, desde cedo, acesso à melhor ferente. Essa visão capacitista só começou a mudar a partir do
educação possível de sua época e, assim, aprendeu a língua de século XVI, com transformações que ocorreram, num primeiro
sinais francesa no Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Pa- momento, na Europa, quando educadores, por conta própria,
ris. No Brasil, tomando-se como inspiração a iniciativa de Huet, começaram a se preocupar com esse grupo.
fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Imperial Instituto de Um dos educadores mais marcantes na luta pela educação
SurdosMudos, instituição de caráter privado. No seu percur- dos surdos foi Ernest Huet, ou Eduard Huet, como também era
so, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança mais conhecido. Huet, acometido por uma doença, perdeu a audi-
significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto ção ainda aos 12 anos; contudo, como era membro de uma
Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funcio- família nobre da França, teve, desde cedo, acesso à melhor
namento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de moder- educação possível de sua época e, assim, aprendeu a língua de
nização da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com sinais francesa no Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Pa-
suas discussões sobre educação de surdos. ris. No Brasil, tomando-se como inspiração a iniciativa de Huet,
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Imperial Instituto de
grande influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que SurdosMudos, instituição de caráter privado. No seu percur-
foi ganhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada so, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança mais
pelos surdos brasileiros. Contudo, nesse mesmo período, mui- significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto
tos educadores ainda defendiam a ideia de que a melhor ma- Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funcio-
neira de ensinar era pelo método oralizado, ou seja, pessoas namento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de moder-
surdas seriam educadas por meio de línguas orais. Nesse caso, nização da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com
a comunicação acontecia nas modalidades de escrita, leitura, suas discussões sobre educação de surdos.
leitura labial e também oral. No Congresso de Milão, em 11 de Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram
setembro de 1880, muitos educadores votaram pela proibição grande influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que
da utilização da língua de sinais por não acreditarem na efetivi- foi ganhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada
dade desse método na educação das pessoas surdas. pelos surdos brasileiros. Contudo, nesse mesmo período, mui-
Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da tos educadores ainda defendiam a ideia de que a melhor ma-
Língua Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição, neira de ensinar era pelo método oralizado, ou seja, pessoas
a Libras continuou sendo utilizada devido à persistência dos surdas seriam educadas por meio de línguas orais. Nesse caso,
surdos. Posteriormente, buscou-se a legitimidade da Língua a comunicação acontecia nas modalidades de escrita, leitura,
Brasileira de Sinais, e os surdos continuaram lutando pelo seu leitura labial e também oral. No Congresso de Milão, em 11 de
reconhecimento e regulamentação por meio de um projeto de setembro de 1880, muitos educadores votaram pela proibição
lei escrito em 1993. Porém, apenas em 2002, foi aprovada a da utilização da língua de sinais por não acreditarem na efetivi-
Lei 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais dade desse método na educação das pessoas surdas.
(Libras) como meio legal de comunicação e expressão no país. Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações) Língua Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição,
Assinale a opção correta a respeito do emprego das formas ver- a Libras continuou sendo utilizada devido à persistência dos
bais e dos sinais de pontuação no texto CG1A1. surdos. Posteriormente, buscou-se a legitimidade da Língua
Brasileira de Sinais, e os surdos continuaram lutando pelo seu
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reconhecimento e regulamentação por meio de um projeto de neira de ensinar era pelo método oralizado, ou seja, pessoas
lei escrito em 1993. Porém, apenas em 2002, foi aprovada a surdas seriam educadas por meio de línguas orais. Nesse caso,
Lei 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais a comunicação acontecia nas modalidades de escrita, leitura,
(Libras) como meio legal de comunicação e expressão no país. leitura labial e também oral. No Congresso de Milão, em 11 de
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações) setembro de 1880, muitos educadores votaram pela proibição
Os sentidos originais e a correção gramatical do texto CG1A1 da utilização da língua de sinais por não acreditarem na efetivi-
seriam mantidos caso o primeiro período do terceiro parágrafo fos- dade desse método na educação das pessoas surdas.
se reescrito como Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da
(A) Huet e a Língua de Sinais Francesa tiveram grande influên- Língua Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição,
cia sob a Libras, Língua Brasileira de Sinais, já que ela foi ga- a Libras continuou sendo utilizada devido à persistência dos
nhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos surdos. Posteriormente, buscou-se a legitimidade da Língua
surdos brasileiros. Brasileira de Sinais, e os surdos continuaram lutando pelo seu
(B) Assim, devido à grande influência de Huet e a Língua de reconhecimento e regulamentação por meio de um projeto de
Sinais Francesa, a Língua Brasileira de Sinais, a Libras, foi ga- lei escrito em 1993. Porém, apenas em 2002, foi aprovada a
nhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos Lei 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais
surdos brasileiros. (Libras) como meio legal de comunicação e expressão no país.
(C) Contudo, a Língua Brasileira de Sinais, a Libras, que foi ga- Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações)
nhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos Assinale a opção correta acerca do emprego dos elementos de
surdos brasileiros, por isso Huet e a Língua de Sinais Francesa coesão no texto CG1A1.
tiveram grande influência. (A) A expressão “esse grupo”, no final do terceiro período do
(D) Todavia, a Língua Brasileira de Sinais, Libras, foi ganhando primeiro parágrafo, retoma o vocábulo “educadores”, no mes-
espaço aos poucos, já que passou a ser utilizada pelos surdos mo período.
brasileiros, uma vez que Huet e a Língua de Sinais Francesa ti- (B) A palavra “assim”, no segundo período do segundo parágra-
veram grande influência sobre ela. fo, é empregada para estabelecer uma relação de comparação
(E) A Língua Brasileira de Sinais, a Libras, porém foi ganhando com a oração imediatamente anterior.
espaço aos poucos, já que passou a ser utilizada pelos surdos (C) A expressão “pelo qual” (quinto período do segundo pará-
brasileiros e dessa forma Huet e a Língua de Sinais Francesa grafo) faz referência ao trecho “princípio de modernização da
tiveram grande influência sob ela. década de 1950”, no mesmo período.
(D) A coerência e a correção gramatical do texto não seriam
13. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Mé- prejudicadas se o pronome “que” (primeiro período do terceiro
dico- Texto CG1A1 parágrafo) fosse substituído por onde.
(E) A expressão “No seu percurso” (quarto período do segundo
Por muitos séculos, pessoas surdas ao redor do mundo eram parágrafo) foi empregada com sentido locativo.
consideradas incapazes de aprender simplesmente por possu-
írem uma deficiência. No Brasil, infelizmente, isso não era di- 14.(CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/ADMINIS-
ferente. Essa visão capacitista só começou a mudar a partir do TRAÇÃO/2022)
século XVI, com transformações que ocorreram, num primeiro Texto CG1A1-I
momento, na Europa, quando educadores, por conta própria, O terror torna-se total quando independe de toda oposição;
começaram a se preocupar com esse grupo. reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a le-
Um dos educadores mais marcantes na luta pela educação galidade é a essência do governo não tirânico e a ilegalidade é a es-
dos surdos foi Ernest Huet, ou Eduard Huet, como também era sência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitário.
conhecido. Huet, acometido por uma doença, perdeu a audi- O terror é a realização da lei do movimento.
ção ainda aos 12 anos; contudo, como era membro de uma O seu principal objetivo é tornar possível, à força da nature-
família nobre da França, teve, desde cedo, acesso à melhor za ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade,
educação possível de sua época e, assim, aprendeu a língua de sem o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o
sinais francesa no Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Pa- terror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da
ris. No Brasil, tomando-se como inspiração a iniciativa de Huet, natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da
fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Imperial Instituto de humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode
SurdosMudos, instituição de caráter privado. No seu percur- permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia, in-
so, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança mais terfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram conceitos
Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funcio- vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do processo natural
namento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de moder- ou histórico que já emitiu julgamento quanto às “raças inferiores”,
nização da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes agonizan-
suas discussões sobre educação de surdos. tes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses julgamen-
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram tos, mas no seu tribunal todos os interessados são subjetivamente
grande influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que inocentes: os assassinados porque nada fizeram contra o regime,
foi ganhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada e os assassinos porque realmente não assassinaram, mas executa-
pelos surdos brasileiros. Contudo, nesse mesmo período, mui- ram uma sentença de morte pronunciada por um tribunal superior.
tos educadores ainda defendiam a ideia de que a melhor ma-
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Os próprios governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais
apenas executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis, semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável
mas executam um movimento segundo a sua lei inerente. dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen-
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais,
fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens, esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo
cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir
homens que nela nascem. A estabilidade das leis corresponde ao em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante.
constante movimento de todas as coisas humanas, um movimento O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro
que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam e morram. território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode
As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo tempo, as- ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no
seguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade de algo exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante,
inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positivas são ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer
para a existência política do homem o que a memória é para a sua chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira,
existência histórica: garantem a preexistência de um mundo co- o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas
mum, a realidade de certa continuidade que transcende a duração convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o
individual de cada geração, absorve todas as novas origens e delas que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o
se alimenta. que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no
Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun-
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a
uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei feita pelos homens. vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade arbi- imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
trária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico de um Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
homem contra todos, muito menos a uma guerra de todos contra matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a
todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação entre palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
os homens individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lei sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
entre os homens um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
— como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
espaço entre os homens, delimitado pelas leis, é o espaço vital da estaria destruída.
liberdade. Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www. ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
dhnet.org.br> (com adaptações). sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
No parágrafo do texto CG1A1-I, o verbo “erigir” tem o mesmo nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
sentido de de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
(A) manter. tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
(B) derrubar. a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
(C) alargar. uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
(D) construir. e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto
(E) reduzir. oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
15.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN- dos que nos ouvem.
GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
ORTOGRÁFICA/2021) nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
Texto 14A1-I nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito como certa ou errada (exceto
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema Considere as seguintes frases.
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa I “A característica comum de todos os artistas representa-
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa tivos é que incluem todas as espécies de tendências e correntes.”
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- (Fernando Pessoa)
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país II “Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua
inteiro. atividade se não pode aferir pelos métodos correntes.” (Agostinho
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- da Silva)
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma-
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações,
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III “Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer
alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade dos ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações).
outros.” (Nelson Mandela) Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto
IV “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o 14A1-I, julgue o item a seguir.
prendem.” (Rosa Luxemburgo) No último parágrafo, o verbo correr está empregado com sen-
Contêm homônimos da palavra “corrente” empregada no ter- tido denotativo.
ceiro período do segundo parágrafo do texto 14A1-I apenas os itens ( ) CERTO
(A) I e III. ( ) ERRADO
(B) I e IV.
(C) II e IV. 17.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022)
(D) I, II e III. Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali-
(E) II, III e IV. zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu-
midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele
16.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/ segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema.
PORTUGUÊS/2021) Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o
Texto 14A1-I consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessida-
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalen- de, da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsio-
tes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade nou o descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso
(embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto, tem transformado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos
dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos as- não apenas para as futuras gerações, como também para as
suntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário; outro, subjetivo, atuais, o que resulta em problemas sociais, crises humanitárias
a existência de preconceitos. e degradação do meio ambiente ecologicamente equilibrado,
É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma língua além de afetar o desenvolvimento humano, ao se precificar o
dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela ser- ser racional, dissolvendo-se toda solidez social e trazendo-se
ve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é particu- à tona uma sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores
larmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa seja vorazes e indiferentes às consequências de seus atos sobre o
superior às outras línguas para a expressão literária. O desenvolvi- meio ambiente ecologicamente equilibrado e sobre as gera-
mento de uma literatura é decorrência de fatores históricos inde- ções atuais e futuras.
pendentes da estrutura da língua; a qualidade da literatura francesa O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo,
diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua francesa, não pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais
de uma imaginária vantagem literária de se utilizar o francês como coisas, mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há
veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido tão importante alguma coisa melhor, maior e mais rápida do que no presente.
quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde que pertencesse Ao mesmo tempo, as coisas que se possuem e se consomem
a uma cultura equivalente, em grau de adiantamento, riqueza de enchem não apenas os armários, as garagens, as casas e as vi-
tradição intelectual etc., à cultura francesa de seu tempo. das, mas também as mentes das pessoas.
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos científicos Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o
da contemporaneidade são as instituições e os pesquisadores nor- desejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultra-
te-americanos; isso fez do inglês a língua científica internacional. passado; o fim de um consumo significa a vontade de iniciar
Todavia, se os fatores históricos que produziram a supremacia cien- qualquer outro. Nessa vida de hiperconsumo e para o hipercon-
tífica norte-americana se tivessem verificado, por exemplo, na Ho- sumo, a pessoa natural fica tentada com a gratificação própria
landa, o holandês nos estaria servindo exatamente tão bem quanto imediata, mas, ao mesmo tempo, os cérebros não conseguem
o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estruturais intrínsecos compreender o impacto cumulativo em um nível coletivo. As-
que o façam superior ao holandês como língua adequada à expres- sim, um desejo satisfeito torna-se quase tão prazeroso e exci-
são de conceitos científicos. tante quanto uma flor murcha ou uma garrafa de plástico vazia.
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superiori- O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica en-
dade literária ou científica de um povo possa ser claramente atri- tre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a
buído à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes moral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, des-
literaturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes cartável e indiferente.
nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento e Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colabora-
também — ai de nós! — as mais poderosas política e militarmen- tivo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na socieda-
te). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais e culturais de líquido-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações).
de uma nação se dá mais ou menos harmoniosamente; a ciência e Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto prece-
a arte são também produtos da riqueza e da estabilidade de uma dente, julgue o item que se seguem.
sociedade. Sem prejuízo da correção gramatical e da coerência do texto, a
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de oração “que se possuem e se consomem” poderia ser reescrita da
não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para seguinte maneira: que são possuídas e consumidas
acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser ( ) CERTO
muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar ( ) ERRADO
uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e téc-
nicos.
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18. CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Anaista Judiciário - Espe- pelo de n.º 4.887/2003, que, por sua vez, aboliu a exigência de
cialidade: Licenciatura em Letras- Texto 15A2-I permanência no território e, com base no critério de autode-
Em uma linha de estudos, um dos fatores apontados fre- finição previsto na Convenção 169 da Organização Internacio-
quentemente como possível solução para a diminuição da de- nal do Trabalho (OIT) para povos indígenas e tribais, definiu a
manda nos tribunais diz respeito aos mecanismos de resolução categoria “remanescentes de quilombos” como “grupos étni-
alternativa de conflitos. O relatório Fazendo com que a justiça co-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória
conte: medindo e aprimorando o desempenho do Judiciário no histórica própria, dotados de relações territoriais específicas,
Brasil, produzido pelo Banco Mundial, já apontava em 2004 a com presunção de ancestralidade negra relacionada com a re-
maior difusão do instituto da conciliação como uma possível sistência à opressão histórica sofrida” (Decreto n.º 4.887/2003,
solução para a excessiva sobrecarga de processos na justiça art. 2.°). O decreto também estabeleceu a necessidade de
estadual. Segundo o relatório, tal medida poderia ser um im- desapropriação das áreas reivindicadas por particulares, bem
portante mecanismo de diminuição das demandas hoje parali- como a titulação coletiva das terras dos quilombos, e impediu
sadas no Poder Judiciário estadual. a alienação das propriedades tituladas.
Ribeiro (2008), em análise acerca do acesso ao sistema judi- A previsão de autodefinição é de suma relevância porquanto
ciário no Brasil, destaca o papel do Conselho Nacional de Justi- parte do pressuposto de que não cabe ao poder público, nem
ça (CNJ) como órgão encarregado de desenvolver ações que vi- a nenhum pesquisador, imputar identidades sociais. Esse prin-
sem à redução da morosidade processual e à simplificação dos cípio vai de par com o Decreto Federal n.º 6.040/2007, que ins-
procedimentos judiciais. A autora destaca dentre os projetos tituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
desenvolvidos pelo CNJ a ênfase nos procedimentos alternati- Povos e Comunidades Tradicionais, definindo-os como “grupos
vos de justiça, entre os quais figura o instituto da conciliação. culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais,
Em mesmo sentido, Veronese (2007) realizou análise da que possuem formas próprias de organização social, que ocu-
evolução de experiências alternativas de resolução de confli- pam e usam territórios e recursos naturais como condição para
tos, descrevendo os projetos e as questões políticas implicadas sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômi-
nesse fenômeno. Segundo o autor, apesar do consenso de que ca, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
o Brasil se insere em um contexto de tradição jurídica forma- transmitidos pela tradição”.
lista, ocorre atualmente um movimento descrito como “per- F. Vieira et al. Sob o rufar dos ng’oma: o judiciário em disputa
meabilidade às novas referências institucionais para a solução pelos quilombolas. Revista Direito e Práxis, v. 8, jan. 2017, p. 560–1
dos conflitos e ao discurso de intervenção social” (2007, p. 19), (com adaptações).
agenda que, segundo Veronese, vem-se desenvolvendo de Acerca de aspectos linguísticos do texto CB1A1, julgue o item
modo célere no Brasil. Um exemplo citado por ele diz respeito que se segue.
à realização do Dia Nacional da Conciliação, evento promovido Estariam mantidos os sentidos e a correção do segundo perío-
pelo CNJ com o intuito de difundir nos tribunais a cultura da do do último parágrafo do texto caso o segmento “vai de par com”
realização de acordos entre os litigantes com vistas a extinguir fosse substituído por segue par à par com.
demandas judiciárias. ( ) CERTO
Renato Máximo Sátiro e Marcos de Moraes Sousa. Determinan- ( ) ERRADO
tes quantitativos do desempenho judicial: fatores associados à pro-
dutividade dos tribunais de justiça. In: Revista Direito GV, v. 7, n.º 1, 20. CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça
2021, p. 8-9 (com adaptações). Substituto (fase vespertina)- Texto 2A1-I
A respeito das relações de concordância e de regência no texto O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as ino-
15A2-I, julgue o item a seguir. vações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligência
Em “ações que visem à redução da morosidade processual e artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vi-
à simplificação dos procedimentos judiciais” (segundo parágrafo), vencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no
o uso do sinal indicativo de crase no vocábulo “à”, nas suas duas cotidiano, como também se observa a existência de robôs com
ocorrências, é facultativo. sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais
( ) CERTO os algoritmos passam a decidir autonomamente, superando a
( ) ERRADO programação original. Nesse contexto, um dos grandes desa-
fios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteligência
19. CESPE / CEBRASPE - 2023 - CNMP - Analista do CNMP – artificial é a questão da responsabilidade civil advinda de danos
Àrea: Apoio Técnico Especializado – Especialidade: Comunicação decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os sistemas de-
Social lituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade
Texto CB1A1 da culpa na responsabilidade civil se encontra desafiada pela
A regulamentação do direito quilombola — reconhecido no realidade de sistemas de inteligência artificial.
artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de
(ADCT) da Constituição Federal de 1988 (CF) — passou anos IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma
sem qualquer instrumento legal de abrangência nacional que dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro hu-
guiasse sua efetivação. Em 2001, o Decreto n.º 3.912 delimitou mano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada
o período entre 1888 até 5 de outubro de 1988 para a caracte- realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O
rização das comunidades “remanescentes de quilombos”, uti- comportamento emergente da máquina, em função do proces-
lizando uma noção de quilombo vinculada à definição colonial so de aprendizado profundo, sem receber qualquer controle da
da Convenção Ultramarina de 1740. Tal decreto foi revogado parte de um agente humano, torna difícil indicar quem seria o
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

responsável pelo dano, uma vez que o processo decisório de-


correu de um aprendizado automático que culminou com esco-
ANOTAÇÕES
lhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há evidentes
situações em que se pode vislumbrar a existência de culpa do ______________________________________________________
operador do sistema, como naquelas em que não foram reali-
zadas atualizações de software ou, até mesmo, de quebra de ______________________________________________________
deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que
hackers interfiram no sistema. Entretanto, excluídas essas si- ______________________________________________________
tuações, estará ausente o juízo de censura necessário para a
responsabilização com base na culpa. ______________________________________________________
B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de in-
______________________________________________________
teligência artificial e responsabilidade civil: uma análise da propos-
ta europeia acerca da atribuição de personalidade civil. In: Revista ______________________________________________________
Brasileira de Direitos Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4
(com adaptações). ______________________________________________________
Com base nas regras de concordância nominal e verbal, julgue
o seguinte item, relativo ao texto 2A1-I. ______________________________________________________
No último período do primeiro parágrafo, o termo “desafiada”
concorda com “centralidade”. ______________________________________________________
( ) CERTO
______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

_____________________________________________________
1 CERTO _____________________________________________________
2 ERRADO
______________________________________________________
3 ERRADO
4 CERTO ______________________________________________________

5 CERTO ______________________________________________________
6 CERTO
______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 CERTO
9 CERTO ______________________________________________________
10 ERRADO ______________________________________________________
11 D
______________________________________________________
12 D
13 A ______________________________________________________

14 D ______________________________________________________
15 E ______________________________________________________
16 ERRADO
______________________________________________________
17 CERTO
18 CERTO ______________________________________________________
19 ERRADO ______________________________________________________
20 CERTO
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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46
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Logo:
TEORIA DOS CONJUNTOS. CONJUNTOS NUMÉRICOS. RE- A C B (A está contido em B, ou seja, todos os elementos de A
LAÇÕES ENTRE CONJUNTOS. estão em B);
C Ȼ B (C não está contido em B, na medida em que os elementos
do conjunto são diferentes);
A teoria dos conjuntos é a teoria matemática capaz de agrupar B Ɔ A (B contém A, donde os elementos de A estão em B).
elementos1.
Dessa forma, os elementos (que podem ser qualquer coisa: — Conjunto Vazio
números, pessoas, frutas) são indicados por letra minúscula e O conjunto vazio é o conjunto em que não há elementos; é
definidos como um dos componentes do conjunto. representado por duas chaves { } ou pelo símbolo Ø. Note que o
conjunto vazio está contido (C) em todos os conjuntos.
Exemplo: o elemento “a” ou a pessoa “x”
— União, Intersecção e Diferença entre Conjuntos
Assim, enquanto os elementos do conjunto são indicados A união dos conjuntos, representada pela letra (U), corresponde
pela letra minúscula, os conjuntos, são representados por letras a união dos elementos de dois conjuntos, por exemplo:
maiúsculas e, normalmente, dentro de chaves ({ }). A = {a,e,i,o,u}
Além disso, os elementos são separados por vírgula ou ponto e B = {1,2,3,4}
vírgula, por exemplo:
A = {a,e,i,o,u} Logo:
AB = {a,e,i,o,u,1,2,3,4}.
— Diagrama de Euler-Venn
No modelo de Diagrama de Euler-Venn (Diagrama de Venn), os
conjuntos são representados graficamente:

A intersecção dos conjuntos, representada pelo símbolo (∩),


corresponde aos elementos em comum de dois conjuntos, por
— Relação de Pertinência exemplo:
A relação de pertinência é um conceito muito importante na C = {a, b, c, d, e} ∩ D = {b, c, d}
“Teoria dos Conjuntos”.
Ela indica se o elemento pertence (e) ou não pertence (ɇ) ao Logo:
determinado conjunto, por exemplo: CD = {b, c, d}
D = {w,x,y,z}
Logo:
w e D (w pertence ao conjunto D);
j ɇ D (j não pertence ao conjunto D).

— Relação de Inclusão
A relação de inclusão aponta se tal conjunto está contido (C),
não está contido (Ȼ) ou se um conjunto contém o outro (Ɔ), por
exemplo:
A = {a,e,i,o,u}
B = {a,e,i,o,u,m,n,o}
C = {p,q,r,s,t}

1 https://www.todamateria.com.br/teoria-dos-conjuntos/
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MATEMÁTICA

A diferença entre conjuntos corresponde ao conjunto de


elementos que estão no primeiro conjunto, e não aparecem no
segundo, por exemplo:
A = {a, b, c, d, e} – B = {b, c, d}

Logo:
A-B = {a,e}

— Igualdade dos Conjuntos


Na igualdade dos conjuntos, os elementos de dois conjuntos
são idênticos, por exemplo nos conjuntos A e B:
— Conjunto dos Números Naturais (N)
A = {1,2,3,4,5}
O conjunto dos números naturais é simbolizado pela letra N
B = {3,5,4,1,2}
e abrange os números que utilizamos para realizar contagem,
incluindo o zero. Esse conjunto é infinito. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3,
Logo:
4…}
A = B (A igual a B).
O conjunto dos números naturais pode ser dividido em
— Conjuntos Numéricos2
subconjuntos:
O agrupamento de termos ou elementos que associam
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números
características semelhantes é denominado conjunto. Quando
naturais não nulos, ou sem o zero.
aplicamos essa ideia à matemática, se os elementos com
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais
características semelhantes são números, referimo-nos a esses
pares.
agrupamentos como conjuntos numéricos.
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais
Em geral, os conjuntos numéricos podem ser representados
ímpares.
graficamente ou de maneira extensiva, sendo esta última a
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos.
forma mais comum ao lidar com operações matemáticas. Na
representação extensiva, os números são listados entre chaves {}.
Caso o conjunto seja infinito, ou seja, contenha uma quantidade
incontável de números, utilizamos reticências após listar alguns
exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}.
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois são
os mais utilizados em problemas e questões durante o estudo da
Matemática. Esses conjuntos são os Naturais, Inteiros, Racionais,
Operações com Números Naturais
Irracionais e Reais.
Praticamente, toda a Matemática é edificada sobre essas duas
operações fundamentais: adição e multiplicação.

Adição de Números Naturais


A primeira operação essencial da Aritmética tem como objetivo
reunir em um único número todas as unidades de dois ou mais
números.
Exemplo: 6 + 4 = 10, onde 6 e 4 são as parcelas e 10 é a soma
ou o total.

Subtração de Números Naturais


É utilizada quando precisamos retirar uma quantidade de outra;
2 IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único é a operação inversa da adição. A subtração é válida apenas nos
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 01 – Conjuntos números naturais quando subtraímos o maior número do menor,
e Funções ou seja, quando quando a-b tal que a≥b.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplo: 200 – 193 = 7, onde 200 é o Minuendo, o 193 9) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um
Subtraendo e 7 a diferença. número natural por outro número natural, continua como resultado
um número natural.
Obs.: o minuendo também é conhecido como aditivo e o
subtraendo como subtrativo. Exemplos:
1) Em uma gráfica, a máquina utilizada para imprimir certo
Multiplicação de Números Naturais tipo de calendário está com defeito, e, após imprimir 5 calendários
É a operação que visa adicionar o primeiro número, denominado perfeitos (P), o próximo sai com defeito (D), conforme mostra o
multiplicando ou parcela, tantas vezes quantas são as unidades do esquema.
segundo número, chamado multiplicador. Considerando que, ao se imprimir um lote com 5 000
Exemplo: 3 x 5 = 15, onde 3 e 5 são os fatores e o 15 produto. calendários, os cinco primeiros saíram perfeitos e o sexto saiu com
- 3 vezes 5 é somar o número 3 cinco vezes: 3 x 5 = 3 + 3 + 3 + 3 defeito e que essa mesma sequência se manteve durante toda a
+ 3 = 15. Podemos no lugar do “x” (vezes) utilizar o ponto “. “, para impressão do lote, é correto dizer que o número de calendários
indicar a multiplicação). perfeitos desse lote foi
(A) 3 642.
Divisão de Números Naturais (B) 3 828.
Dados dois números naturais, às vezes precisamos saber (C) 4 093.
quantas vezes o segundo está contido no primeiro. O primeiro (D) 4 167.
número, que é o maior, é chamado de dividendo, e o outro (E) 4 256.
número, que é menor, é o divisor. O resultado da divisão é chamado
quociente. Se multiplicarmos o divisor pelo quociente, obtemos o Solução: Resposta: D.
dividendo. Vamos dividir 5000 pela sequência repetida (6):
No conjunto dos números naturais, a divisão não é fechada, 5000 / 6 = 833 + resto 2.
pois nem sempre é possível dividir um número natural por outro Isto significa que saíram 833. 5 = 4165 calendários perfeitos,
número natural, e, nesses casos, a divisão não é exata. mais 2 calendários perfeitos que restaram na conta de divisão.
Assim, são 4167 calendários perfeitos.

2) João e Maria disputaram a prefeitura de uma determinada


cidade que possui apenas duas zonas eleitorais. Ao final da sua
apuração o Tribunal Regional Eleitoral divulgou a seguinte tabela
com os resultados da eleição. A quantidade de eleitores desta
cidade é:

1ª Zona Eleitoral 2ª Zona Eleitoral


Princípios fundamentais em uma divisão de números naturais João 1750 2245
– Em uma divisão exata de números naturais, o divisor deve ser
menor do que o dividendo. 45 : 9 = 5 Maria 850 2320
– Em uma divisão exata de números naturais, o dividendo é o Nulos 150 217
produto do divisor pelo quociente. 45 = 5 x 9
Brancos 18 25
– A divisão de um número natural n por zero não é possível,
pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então poderíamos Abstenções 183 175
escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0 x q = 0 o que não é
correto! Assim, a divisão de n por 0 não tem sentido ou ainda é dita (A) 3995
impossível. (B) 7165
(C) 7532
Propriedades da Adição e da Multiplicação dos números (D) 7575
Naturais (E) 7933
Para todo a, b e c ∈N
1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c) Solução: Resposta: E.
2) Comutativa da adição: a + b = b + a Vamos somar a 1ª Zona: 1750 + 850 + 150 + 18 + 183 = 2951
3) Elemento neutro da adição: a + 0 = a 2ª Zona: 2245 + 2320 + 217 + 25 + 175 = 4982
4) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c) Somando os dois: 2951 + 4982 = 7933
5) Comutativa da multiplicação: a.b = b.a
6) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a — Conjunto dos Números Inteiros (Z)
7) Distributiva da multiplicação relativamente à adição: a.(b +c O conjunto dos números inteiros é denotado pela letra
) = ab + ac maiúscula Z e compreende os números inteiros negativos, positivos
8) Distributiva da multiplicação relativamente à subtração: a .(b e o zero.
–c) = ab – ac

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MATEMÁTICA

Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…}

— Operações com Números Inteiros

Adição de Números Inteiros


Para facilitar a compreensão dessa operação, associamos a
ideia de ganhar aos números inteiros positivos e a ideia de perder
aos números inteiros negativos.
Ganhar 3 + ganhar 5 = ganhar 8 (3 + 5 = 8)
Perder 4 + perder 3 = perder 7 (-4 + (-3) = -7)
Ganhar 5 + perder 3 = ganhar 2 (5 + (-3) = 2)
Perder 5 + ganhar 3 = perder 2 (-5 + 3 = -2)

Observação: O sinal (+) antes do número positivo pode ser


omitido, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

Subtração de Números Inteiros


O conjunto dos números inteiros também possui alguns A subtração é utilizada nos seguintes casos:
subconjuntos: – Ao retirarmos uma quantidade de outra quantidade;
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não – Quando temos duas quantidades e queremos saber a
negativos. diferença entre elas;
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não – Quando temos duas quantidades e desejamos saber quanto
positivos. falta para que uma delas atinja a outra.
Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negativos
e não nulos, ou seja, sem o zero. A subtração é a operação inversa da adição. Concluímos que
Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não subtrair dois números inteiros é equivalente a adicionar o primeiro
positivos e não nulos. com o oposto do segundo.

Módulo Observação: todos os parênteses, colchetes, chaves, números,


O módulo de um número inteiro é a distância ou afastamento etc., precedidos de sinal negativo têm seu sinal invertido, ou seja,
desse número até o zero, na reta numérica inteira. Ele é representado representam o seu oposto.
pelo símbolo | |.
O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 Multiplicação de Números Inteiros
O módulo de +6 é 6 e indica-se |+6| = 6 A multiplicação funciona como uma forma simplificada de
O módulo de –3 é 3 e indica-se |–3| = 3 adição quando os números são repetidos. Podemos entender
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é essa situação como ganhar repetidamente uma determinada
sempre positivo. quantidade. Por exemplo, ganhar 1 objeto 15 vezes consecutivas
significa ganhar 30 objetos, e essa repetição pode ser indicada pelo
Números Opostos símbolo “x”, ou seja: 1+ 1 +1 + ... + 1 = 15 x 1 = 15.
Dois números inteiros são considerados opostos quando sua Se substituirmos o número 1 pelo número 2, obtemos: 2 + 2 +
soma resulta em zero; dessa forma, os pontos que os representam 2 + ... + 2 = 15 x 2 = 30
na reta numérica estão equidistantes da origem. Na multiplicação, o produto dos números “a” e “b” pode ser
Exemplo: o oposto do número 4 é -4, e o oposto de -4 é 4, pois indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as
4 + (-4) = (-4) + 4 = 0. Em termos gerais, o oposto, ou simétrico, de letras.
“a” é “-a”, e vice-versa; notavelmente, o oposto de zero é o próprio
zero.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Divisão de Números Inteiros

Divisão exata de números inteiros


Considere o cálculo: - 15/3 = q à 3q = - 15 à q = -5
No exemplo dado, podemos concluir que, para realizar a divisão exata de um número inteiro por outro número inteiro (diferente de
zero), dividimos o módulo do dividendo pelo módulo do divisor.
No conjunto dos números inteiros Z, a divisão não é comutativa, não é associativa, e não possui a propriedade da existência do
elemento neutro. Além disso, não é possível realizar a divisão por zero. Quando dividimos zero por qualquer número inteiro (diferente de
zero), o resultado é sempre zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual a zero.

Regra de sinais

Potenciação de Números Inteiros


A potência an do número inteiro a, é definida como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a base e o número n é
o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multiplicado por a n vezes.

– Qualquer potência com uma base positiva resulta em um número inteiro positivo.
– Se a base da potência é negativa e o expoente é par, então o resultado é um número inteiro positivo.
– Se a base da potência é negativa e o expoente é ímpar, então o resultado é um número inteiro negativo.

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MATEMÁTICA

Radiciação de Números Inteiros


A radiciação de números inteiros envolve a obtenção da raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a. Esse processo resulta em
outro número inteiro não negativo, representado por b, que, quando elevado à potência n, reproduz o número original a. O índice da raiz
é representado por n, e o número a é conhecido como radicando, posicionado sob o sinal do radical.
A raiz quadrada, de ordem 2, é um exemplo comum. Ela produz um número inteiro não negativo cujo quadrado é igual ao número
original a.
Importante observação: não é possível calcular a raiz quadrada de um número inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
É importante notar que não há um número inteiro não negativo cujo produto consigo mesmo resulte em um número negativo.
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a operação que gera outro número inteiro. Esse número, quando elevado ao cubo,
é igual ao número original a. É crucial observar que, ao contrário da raiz quadrada, não restringimos nossos cálculos apenas a números
não negativos.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Propriedades da Adição e da Multiplicação dos números Inteiros


Para todo a, b e c ∈Z
1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
2) Comutativa da adição: a + b = b +a
3) Elemento neutro da adição : a + 0 = a
4) Elemento oposto da adição: a + (-a) = 0
5) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
6) Comutativa da multiplicação : a.b = b.a
7) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
8) Distributiva da multiplicação relativamente à adição: a.(b +c ) = ab + ac
9) Distributiva da multiplicação relativamente à subtração: a .(b –c) = ab –ac
10) Elemento inverso da multiplicação: Para todo inteiro z diferente de zero, existe um inverso z –1 = 1/z em Z, tal que, z x z–1 = z x
(1/z) = 1
11) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um número natural por outro número natural, continua como resultado um
número natural.

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53
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplos:
1) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do
uso adequado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em
atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-
se uma dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes
negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se
que cada um classificasse suas atitudes como positiva ou negativa,
atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude
negativa. Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50
atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36. Representação na reta:
(E) 32.

Solução: Resposta: A.
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50

2) Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior Também temos subconjuntos dos números racionais:
quantidade possível, sem ficar devendo na loja. Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
Verificou o preço de alguns produtos: pelos números racionais sem o zero.
TV: R$ 562,00 Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos,
DVD: R$ 399,00 formado pelos números racionais positivos.
Micro-ondas: R$ 429,00 Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
Geladeira: R$ 1.213,00 pelos números racionais positivos e não nulos.
Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, formado
Na aquisição dos produtos, conforme as condições pelos números racionais negativos e o zero.
mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco recebido Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
será de: pelos números racionais negativos e não nulos.
(A) R$ 84,00
(B) R$ 74,00 Representação Decimal das Frações
(C) R$ 36,00 Tomemos um número racional a/b, tal que a não seja múltiplo
(D) R$ 26,00 de b. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão do
(E) R$ 16,00 numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
Solução: Resposta: D. 1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um
Geladeira + Micro-ondas + DVD = 1213 + 429 + 399 = 2041 número finito de algarismos. Decimais Exatos:
Geladeira + Micro-ondas + TV = 1213 + 429 + 562 = 2204, 2/5 = 0,4
extrapola o orçamento 1/4 = 0,25
Geladeira + TV + DVD = 1213 + 562 + 399 = 2174, é a maior
quantidade gasta possível dentro do orçamento. 2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
Troco:2200 – 2174 = 26 reais algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente
Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
— Conjunto dos Números Racionais (Q) 1/3 = 0,333...
Os números racionais são aqueles que podem ser expressos na 167/66 = 2,53030...
forma de fração. Nessa representação, tanto o numerador quanto
o denominador pertencem ao conjunto dos números inteiros, e é Existem frações muito simples que são representadas por
fundamental observar que o denominador não pode ser zero, pois formas decimais infinitas, com uma característica especial: existe
a divisão por zero não está definida. um período.
O conjunto dos números racionais é simbolizado por Q.
Vale ressaltar que os conjuntos dos números naturais e inteiros
são subconjuntos dos números racionais, uma vez que todos os
números naturais e inteiros podem ser representados por frações.
Além desses, os números decimais e as dízimas periódicas também
fazem parte do conjunto dos números racionais.

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MATEMÁTICA

Para converter uma dízima periódica simples em fração, é Módulo ou valor absoluto
suficiente utilizar o dígito 9 no denominador para cada quantidade Refere-se à distância do ponto que representa esse número até
de dígitos que compõe o período da dízima. o ponto de abscissa zero.
Exemplos:
1) Seja a dízima 0, 333....
Veja que o período que se repete é apenas 1(formado pelo 3),
então vamos colocar um 9 no denominador e repetir no numerador
o período.

Inverso de um Número Racional

3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
2) Seja a dízima 1, 23434...
O número 234 é formado pela combinação do ante período — Operações com números Racionais
com o período. Trata-se de uma dízima periódica composta, onde
há uma parte não repetitiva (ante período) e outra que se repete Soma (Adição) de Números Racionais
(período). No exemplo dado, o ante período é representado pelo Como cada número racional pode ser expresso como uma fra-
número 2, enquanto o período é representado por 34. ção, ou seja, na forma de a/b, onde “a” e “b” são números inteiros
Para converter esse número em fração, podemos realizar a e “b” não é zero, podemos definir a adição entre números racionais
seguinte operação: subtrair o ante período do número original (234
- 2) para obter o numerador, que é 232. O denominador é formado
por tantos dígitos 9 quanto o período (dois noves, neste caso) e um
a c
da seguinte forma: e , da mesma forma que a soma de fra-
dígito 0 para cada dígito no ante período (um zero, neste caso). ções, através de: b d
Assim, a fração equivalente ao número 234 é 232/990

Subtração de Números Racionais


A subtração de dois números racionais, representados por a e
b, é equivalente à operação de adição do número p com o oposto
de q. Em outras palavras, a – b = a + (-b)

a c ad − b
c
- =
b d bd
Multiplicação (Produto) de Números Racionais
O produto de dois números racionais é definido considerando
que todo número racional pode ser expresso na forma de uma
fração. Dessa forma, o produto de dois números racionais,
611 representados por a e b é obtido multiplicando-se seus
Simplificando por 2, obtemos x = , a fração geratriz da
dízima 1, 23434... 495 numeradores e denominadores, respectivamente. A expressão
geral para o produto de dois números racionais é a.b. O produto
dos números racionais a/b e c/d também pode ser indicado por a/b
× c/d, a/b.c/d. Para realizar a multiplicação de números racionais,
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em toda a
Matemática:
Podemos assim concluir que o produto de dois números com o
mesmo sinal é positivo, mas o produto de dois números com sinais
diferentes é negativo.

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MATEMÁTICA

Divisão (Quociente) de Números Racionais 10) Distributiva da multiplicação: Para todos a, b, c em Q: a × (


A divisão de dois números racionais p e q é a própria operação b+c)=(a×b)+(a×c)
de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p ÷ q = p × q-1
Exemplos:
Potenciação de Números Racionais 1) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua portuguesa
A potência qn do número racional q é um produto de n como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como favorita e
fatores iguais. O número q é denominado a base e o número n é o os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual fração
expoente. Vale as mesmas propriedades que usamos no conjunto representa os alunos que têm ciências como disciplina favorita?
dos Números Inteiros. (A) 1/4
qn = q × q × q × q × ... × q,    (q aparece n vezes) (B) 3/10
(C) 2/9
Radiciação de Números Racionais (D) 4/5
Se um número é representado como o produto de dois ou (E) 3/2
mais fatores iguais, cada um desses fatores é denominado raiz do
número. Vale as mesmas propriedades que usamos no conjunto Solução: Resposta: B.
dos Números Inteiros. Somando português e matemática:

O que resta gosta de ciências:

2) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
Propriedades da Adição e Multiplicação de Números Racionais (C) 3/2
1) Fechamento: o conjunto Q é fechado para a operação de (D) 2
adição e multiplicação, isto é, a soma e a multiplicação de dois (E) 3
números racionais ainda é um número racional.
2) Associativa da adição: para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = Solução: Resposta: B.
(a+b)+c 1,3333...= 12/9 = 4/3
3) Comutativa da adição: para todos a, b em Q: a + b = b + a 1,5 = 15/10 = 3/2
4) Elemento neutro da adição: existe 0 em Q, que adicionado a
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
5) Elemento oposto: para todo q em Q, existe -q em Q, tal que
q + (–q) = 0
6) Associativa da multiplicação: para todos a, b, c em Q: a × ( b
×c)=(a×b)×c
7) Comutativa da multiplicação: para todos a, b em Q: a × b = — Conjunto dos Números Irracionais (I)
b×a O conceito de números irracionais está vinculado à definição
8) Elemento neutro da multiplicação: existe 1 em Q, que de números racionais. Dessa forma, pertencem ao conjunto dos
multiplicado por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × números irracionais aqueles que não fazem parte do conjunto dos
1=q racionais. Em outras palavras, um número é ou racional ou irracional,
não podendo pertencer a ambos os conjuntos simultaneamente.
Portanto, o conjunto dos números irracionais é o complemento
a do conjunto dos números racionais no universo dos números
9) Elemento inverso da multiplicação: Para todo q = em Q, q
diferente de zero, existe : b reais. Outra maneira de identificar os números que compõem o
conjunto dos números irracionais é observar que eles não podem
ser expressos na forma de fração. Isso ocorre, por exemplo, com
b a b decimais infinitos e raízes não exatas.
q-1 = em Q: q × q-1 = 1 x =1
a b a

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MATEMÁTICA

A combinação do conjunto dos números irracionais com o – A soma de um número racional com um número irracional é
conjunto dos números racionais forma um conjunto denominado sempre um número irracional.
conjunto dos números reais, representado por R. – A diferença de dois números irracionais pode ser um número
A interseção do conjunto dos números racionais com o racional.
conjunto dos números irracionais não possui elementos em comum
e, portanto, é igual ao conjunto vazio (∅). Exemplos:
De maneira simbólica, temos: 1) Considere as seguintes afirmações:
I. Para todo número inteiro x, tem-se

II.

III. Efetuando-se obtém-se um


número maior que 5.

Relativamente a essas afirmações, é certo que


(A) I,II, e III são verdadeiras.
Q I=R (B) Apenas I e II são verdadeiras.
(C) Apenas II e III são verdadeiras.
Q I= (D) Apenas uma é verdadeira.
(E) I,II e III são falsas.
Classificação dos Números Irracionais
Os números irracionais podem ser classificados em dois tipos Solução: Resposta: B.
principais:
– Números reais algébricos irracionais: Esses números são
raízes de polinômios com coeficientes inteiros. Um número real é I
considerado algébrico se puder ser expresso por uma quantidade
finita de operações como soma, subtração, multiplicação, divisão e
raízes de grau inteiro, utilizando os números inteiros. Por exemplo:

II

É importante observar que a recíproca não é verdadeira; 10x = 4,4444...


ou seja, nem todo número algébrico pode ser expresso usando - x = 0,4444.....
radicais, conforme afirmado pelo teorema de Abel-Ruffini. 9x = 4
x = 4/9
– Números reais transcendentes: esses números não são raízes
de polinômios com coeficientes inteiros. Constantes matemáticas
como pi (π) e o número de Euler (e) são exemplos de números
transcendentes. Pode-se dizer que há mais números transcendentes III
do que números algébricos, uma comparação feita na teoria dos
conjuntos usando conjuntos infinitos.
A definição mais abrangente de números algébricos e
transcendentes envolve números complexos.
Portanto, apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
Identificação de números irracionais
Com base nas explicações anteriores, podemos afirmar que: 2) Sejam os números irracionais: x = √3, y = √6, z = √12 e w
– Todas as dízimas periódicas são números racionais. = √24. Qual das expressões apresenta como resultado um número
– Todos os números inteiros são racionais. natural?
– Todas as frações ordinárias são números racionais. (A) yw – xz.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais. (B) xw + yz.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais. (C) xy(w – z).
(D) xz(y + w).
Solução: Resposta: A.
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MATEMÁTICA

Vamos testar as alternativas:


A)

— Conjunto dos Números Reais (R)


O conjunto dos números reais, representado por R, é a fusão do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números
irracionais. Vale ressaltar que o conjunto dos números racionais é a combinação dos conjuntos dos números naturais e inteiros. Podemos
afirmar que entre quaisquer dois números reais há uma infinidade de outros números.

R = Q U I, sendo Q ∩ I = Ø ( Se um número real é racional, não irracional, e vice-versa).

Lembrando que N Ϲ Z Ϲ Q, podemos construir o diagrama abaixo:

Entre os conjuntos números reais, temos:


R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos.
R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos.
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.

Valem todas as propriedades anteriormente discutidas nos conjuntos anteriores, incluindo os conceitos de módulo, números opostos
e números inversos (quando aplicável).
A representação dos números reais permite estabelecer uma relação de ordem entre eles. Os números reais positivos são maiores
que zero, enquanto os negativos são menores. Expressamos a relação de ordem da seguinte maneira: Dados dois números reais, a e b,
a≤b↔b–a≥0

Operações com números Reais


Operando com as aproximações, obtemos uma sequência de intervalos fixos que determinam um número real. Assim, vamos abordar
as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão.

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MATEMÁTICA

Intervalos reais
O conjunto dos números reais possui subconjuntos chamados intervalos, determinados por meio de desigualdades. Dados os números
a e b, com a < b, temos os seguintes intervalos:
– Bolinha aberta: representa o intervalo aberto (excluindo o número), utilizando os símbolos:
> ;< ; ] ; [

– Bolinha fechada: representa o intervalo fechado (incluindo o número), utilizando os símbolos:


≥;≤;[;]

Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] para indicar as extremidades abertas dos intervalos:
[a, b[ = (a, b);
]a, b] = (a, b];
]a, b[ = (a, b).

a) Em algumas situações, é necessário registrar numericamente variações de valores em sentidos opostos, ou seja, maiores ou
acima de zero (positivos), como as medidas de temperatura ou valores em débito ou em haver, etc. Esses números, que se estendem
indefinidamente tanto para o lado direito (positivos) quanto para o lado esquerdo (negativos), são chamados números relativos.
b) O valor absoluto de um número relativo é o valor numérico desse número sem levar em consideração o sinal.
c) O valor simétrico de um número é o mesmo numeral, diferindo apenas no sinal.

— Operações com Números Relativos

Adição e Subtração de Números Relativos


a) Quando os numerais possuem o mesmo sinal, adicione os valores absolutos e conserve o sinal.
b) Se os numerais têm sinais diferentes, subtraia o numeral de menor valor e atribua o sinal do numeral de maior valor.

Multiplicação e Divisão de Números Relativos


a) Se dois números relativos têm o mesmo sinal, o produto e o quociente são sempre positivos.
b) Se os números relativos têm sinais diferentes, o produto e o quociente são sempre negativos.

Exemplos:
1) Na figura abaixo, o ponto que melhor representa a diferença na reta dos números reais é:

(A) P.
(B) Q.
(C) R.
(D) S.
Solução: Resposta: A.

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MATEMÁTICA

2) Considere m um número real menor que 20 e avalie as Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas
afirmações I, II e III: poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista
I- (20 – m) é um número menor que 20. de múltiplos é gerada pela multiplicação do número por todos os
II- (20 m) é um número maior que 20. inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito.
III- (20 m) é um número menor que 20. Para verificar se um número é múltiplo de outro, é necessário
encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação entre
É correto afirmar que: eles resulte no primeiro número. Em outras palavras, a é múltiplo
A) I, II e III são verdadeiras. de b se existir um número inteiro k tal que a=b⋅k. Veja os exemplos:
B) apenas I e II são verdadeiras. – O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que,
C) I, II e III são falsas. multiplicado por 7, resulta em 49. 49 = 7 · 7
D) apenas II e III são falsas. – O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro
que, multiplicado por 3, resulta em 324.
Solução: Resposta: C. 324 = 3 · 108
I. Falso, pois m é Real e pode ser negativo.
II. Falso, pois m é Real e pode ser negativo. – O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número
III. Falso, pois m é Real e pode ser positivo. inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
523 = 2 · ?”
— Múltiplos e Divisores
Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural – Múltiplos de 4
podem ser estendidos para o conjunto dos números inteiros3. Ao Como observamos, para identificar os múltiplos do número 4, é
abordar múltiplos e divisores, estamos nos referindo a conjuntos necessário multiplicar o 4 por números inteiros. Portanto:
numéricos que satisfazem certas condições. Múltiplos são obtidos 4·1=4
pela multiplicação por números inteiros, enquanto divisores são 4·2=8
números pelos quais um determinado número é divisível. 4 · 3 = 12
Esses conceitos conduzem a subconjuntos dos números 4 · 4 = 16
inteiros, pois os elementos dos conjuntos de múltiplos e divisores 4 · 5 = 20
pertencem ao conjunto dos números inteiros. Para compreender 4 · 6 = 24
o que são números primos, é fundamental ter uma compreensão 4 · 7 = 28
sólida do conceito de divisores. 4 · 8 = 32
4 · 9 = 36
Múltiplos de um Número 4 · 10 = 40
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a 4 · 11 = 44
é múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal 4 · 12 = 48
que a=b⋅k. Portanto, o conjunto dos múltiplos de a é obtido
multiplicando a por todos os números inteiros, e os resultados ...
dessas multiplicações são os múltiplos de a.
Por exemplo, podemos listar os 12 primeiros múltiplos de 2 Portanto, os múltiplos de 4 são:
da seguinte maneira, multiplicando o número 2 pelos 12 primeiros M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
números inteiros: 2⋅1,2⋅2,2⋅3,…,2⋅12
Isso resulta nos seguintes múltiplos de 2: 2,4,6,…,24 Divisores de um Número
2·1=2 Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
2·2=4 b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
2·3=6 entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2·4=8 Veja alguns exemplos:
2 · 5 = 10 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2 · 6 = 12 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 7 = 14
2 · 8 = 16 Critérios de divisibilidade
2 · 9 = 18 Critérios de divisibilidade são diretrizes práticas que permitem
2 · 10 = 20 determinar se um número é divisível por outro sem realizar a
2 · 11 = 22 operação de divisão.
2 · 12 = 24 – Divisibilidade por 2 ocorre quando um número termina em 0,
2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando é um número par.
Portanto, os múltiplos de 2 são: – A divisibilidade por 3 ocorre quando a soma dos valores
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} absolutos dos algarismos de um número é divisível por 3.
– Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando seus
dois últimos algarismos formam um número divisível por 4.
– Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando
termina em 0 ou 5.
3 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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– Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando é (D) 2


divisível por 2 e por 3 simultaneamente. (E) 20
– Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando
o dobro do seu último algarismo, subtraído do número sem esse Solução: Resposta: A.
algarismo, resulta em um número múltiplo de 7. Esse processo é Vamos decompor o número 40 em fatores primos.
repetido até verificar a divisibilidade. 40 = 23 . 51 ; pela regra temos que devemos adicionar 1 a cada
– Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando seus expoente:
três últimos algarismos formam um número divisível por 8. 3 + 1 = 4 e 1 + 1 = 2 ; então pegamos os resultados e
– Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando a multiplicamos 4.2 = 8, logo temos 8 divisores de 40.
soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por 9.
– Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 quando o 2) Considere um número divisível por 6, composto por 3
algarismo da unidade termina em zero. algarismos distintos e pertencentes ao conjunto A={3,4,5,6,7}.A
– Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11 quando a quantidade de números que podem ser formados sob tais condições
diferença entre a soma dos algarismos de posição ímpar e a soma é:
dos algarismos de posição par resulta em um número divisível por (A) 6
11, ou quando essas somas são iguais. (B) 7
– Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é (C) 9
divisível por 3 e por 4 simultaneamente. (D) 8
– Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é (E) 10
divisível por 3 e por 5 simultaneamente.
Solução: Resposta: D.
Para listar os divisores de um número, devemos buscar os Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao mesmo
números que o dividem. Veja: tempo, e por isso deverá ser par também, e a soma dos seus
– Liste os divisores de 2, 3 e 20. algarismos deve ser um múltiplo de 3.
D(2) = {1, 2} Logo os finais devem ser 4 e 6:
D(3) = {1, 3} 354, 456, 534, 546, 564, 576, 654, 756, logo temos 8 números.
D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20}
— Números Primos
Propriedade dos Múltiplos e Divisores Os números primos4 pertencem ao conjunto dos números
Essas propriedades estão associadas à divisão entre dois naturais e são caracterizados por possuir apenas dois divisores: o
inteiros. É importante notar que quando um inteiro é múltiplo de número um e ele mesmo. Por exemplo, o número 2 é primo, pois é
outro, ele é também divisível por esse outro número. divisível apenas por 1 e 2.
Quando um número tem mais de dois divisores, é classificado
Vamos considerar o algoritmo da divisão para uma melhor como composto e pode ser expresso como o produto de números
compreensão das propriedades: primos. Por exemplo, o número 6 é composto, pois possui os
N=d⋅q+r, onde q e r são números inteiros. divisores 1, 2 e 3, e pode ser representado como o produto dos
Lembre-se de que: números primos 2 x 3 = 6.
N: dividendo; Algumas considerações sobre os números primos incluem:
d, divisor; – O número 1 não é considerado primo, pois só é divisível por
q: quociente; ele mesmo.
r: resto. – O número 2 é o menor e único número primo par.
– O número 5 é o único primo terminado em 5.
– Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N−r) – Os demais números primos são ímpares e terminam nos
é um múltiplo do divisor, ou seja, o número d é um divisor de N−r. algarismos 1, 3, 7 e 9.
– Propriedade 2: A soma entre o dividendo e o resto, acrescida
do divisor (N−r+d), é um múltiplo de d, indicando que d é um divisor Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando
de (N−r+d). divisões com o número investigado. Para facilitar o processo
fazemos uso dos critérios de divisibilidade:
Alguns exemplos: Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as
Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e divisões com os próximos números primos menores que o número
resto r = 5. até que:
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que as – Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número
propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível por não é primo.
8 e: 528 = 8 · 66 – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
quociente for menor que o divisor, então o número é primo.
Exemplos: – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
1) O número de divisores positivos do número 40 é: quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
(A) 8
(B) 6
(C) 4 4 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/
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Exemplo: verificar se o número 113 é primo. Para chegarmos a alguns números que possuem por fatores
Sobre o número 113, temos: apenas os números 2 e 3 não precisamos escolher um número e
– Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é fatorá-lo. O meio mais rápido de encontrar um número que possui
divisível por 2; por únicos fatores os números 2 e 3 é “criá-lo” multiplicando 2 e 3
– A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número quantas vezes quisermos.
divisível por 3; Exemplos:
– Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5. 2 x 2 x 3 = 12
3 x 3 x 2 = 18
Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber 2 x 2 x 3 x 3 x 3 = 108.
se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
operação de divisão. 2) Qual é o menor número primo com dois algarismos?

Divisão pelo número primo 7: Solução: Resposta “número 11”.

FUNÇÕES EXPONENCIAIS, LOGARÍTMICAS E TRIGONOMÉ-


TRICAS

FUNÇÃO LOGARÍTMICA
Uma função dada por , em que a constante a é
Divisão pelo número primo 11: positiva e diferente de 1, denomina-se função logarítmica.

Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente


é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.

Fatoração numérica
A fatoração numérica ocorre por meio da decomposição em
fatores primos. Para decompor um número natural em fatores
primos, realizamos divisões sucessivas pelo menor divisor primo.
Em seguida, repetimos o processo com os quocientes obtidos
até alcançar o quociente 1. O produto de todos os fatores primos
resultantes representa a fatoração do número.
Exemplo:
FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Função seno
A função seno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco de
medida x ϵ R associa a ordenada y’ do ponto M.

! ! = !"#!! !

Exemplos: D=R e Im=[-1,1]


1) Escreva três números diferentes cujos únicos fatores primos
são os números 2 e 3.

Solução: Resposta “12, 18, 108”.


A resposta pode ser muito variada. Alguns exemplos estão na
justificativa abaixo.

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MATEMÁTICA

Exemplo Considerados dois arcos quaisquer de medidas a e b, as ope-


Sem construir o gráfico, determine o conjunto imagem da rações da soma e da diferença entre esses arcos será dada pelas
função f(x)=2sen x. seguintes identidades:
Solução
-1 ≤ sen x ≤ 1 !"# ! + ! = !"#!! ∙ cos ! + cos ! ∙ !"#!!
-2 ≤ 2 sen x ≤ 2
-2 ≤ f (x) ≤ 2 cos ! + ! = cos ! ∙ cos ! − !"#!! ∙ !"#!!

Im = [-2,2] !"!! + !"!!


!" ! + ! =
1 − !"!! ∙ !"!!
Função Cosseno !
A função cosseno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco de
Duplicação de arcos
medida x ϵ R associa a abscissa x do ponto M.

!"#2! = 2!"#$! ∙ !"#$

!"#2! = !"! ! ! − !"!! !

2!"#
!"2! =
1 − !!! !
!

D=R EQUAÇÕES DE 1º GRAU. EQUAÇÕES POLINOMIAIS REDU-


Im = [-1,1] ZIDAS AO 2º GRAU.
Exemplo
Determine o conjunto imagem da função f (x) = 2 + cos x.
EQUAÇÃO DO 1° GRAU
Na Matemática, a equação é uma igualdade que envolve uma
Solução
ou mais incógnitas. Quem determina o “grau” dessa equação é o
-1 ≤ cos x ≤ 1
expoente dessa incógnita, ou seja, se o expoente for 1, temos a
-1 + 2 ≤ 2 + cos x ≤ 1 + 2
equação do 1º grau. Se o expoente for 2, a equação será do 2º grau;
1 ≤ f (x) ≤ 3
se o expoente for 3, a equação será de 3º grau. Exemplos:
4x + 2 = 16 (equação do 1º grau)
Logo, Im = [1,3]
x² + 2x + 4 = 0 (equação do 2º grau)
x³ + 2x² + 5x – 2 = 0 (equação do 3º grau)
Função Tangente
A todo arco de medida x associa a ordenada yT do pontoT. O
A equação do 1º grau é apresentada da seguinte forma:
ponto T é a interseção da reta com o eixo das tangentes.

! ! = !"!! !
É importante dizer que a e b representam qualquer número real
e a é diferente de zero (a 0). A incógnita x pode ser representada por
qualquer letra, contudo, usualmente, utilizamos x ou y como valor
a ser encontrado para o resultado da equação. O primeiro membro
da equação são os números do lado esquerdo da igualdade, e o
segundo membro, o que estão do lado direito da igualdade.

Como resolver uma equação do primeiro grau


Para resolvermos uma equação do primeiro grau, devemos
achar o valor da incógnita (que vamos chamar de x) e, para que isso
seja possível, é só isolar o valor do x na igualdade, ou seja, o x deve
! ficar sozinho em um dos membros da equação.
!= !∈!!≠ + !", ! ∈ ! !
2 O próximo passo é analisar qual operação está sendo feita no
Im = R mesmo membro em que se encontra x e “jogar” para o outro lado
da igualdade fazendo a operação oposta e isolando x.

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MATEMÁTICA

1° exemplo: Passando o número 3, que está multiplicando x, para o outro


lado, teremos:

Nesse caso, o número que aparece do mesmo lado de x é o 4 e


ele está somando. Para isolar a incógnita, ele vai para o outro lado
da igualdade fazendo a operação inversa (subtração):

— Propriedade Fundamental das Equações


A propriedade fundamental das equações é também chamada
de regra da balança. Não é muito utilizada no Brasil, mas tem
2° exemplo: a vantagem de ser uma única regra. A ideia é que tudo que for
feito no primeiro membro da equação deve também ser feito no
segundo membro com o objetivo de isolar a incógnita para se obter
o resultado. Veja a demonstração nesse exemplo:
O número que está do mesmo lado de x é o 12 e ele está
subtraindo. Nesse exemplo, ele vai para o outro lado da igualdade
com a operação inversa, que é a soma:
Começaremos com a eliminação do número 12. Como ele
está somando, vamos subtrair o número 12 nos dois membros da
equação:

3° exemplo:

Para finalizar, o número 3 que está multiplicando a incógnita


será dividido por 3 nos dois membros da equação:
Vamos analisar os números que estão no mesmo lado da
incógnita, o 4 e o 2. O número 2 está somando e vai para o outro
lado da igualdade subtraindo e o número 4, que está multiplicando,
passa para o outro lado dividindo.

EQUAÇÃO DO 2° GRAU
Toda equação que puder ser escrita na forma ax2 + bx + c = 0
será chamada equação do segundo grau5. O único detalhe é que
a, b e c devem ser números reais, e a não pode ser igual a zero em
hipótese alguma.
Uma equação é uma expressão que relaciona números
conhecidos (chamados coeficientes) a números desconhecidos
(chamados incógnitas), por meio de uma igualdade. Resolver uma
equação é usar as propriedades dessa igualdade para descobrir
4° exemplo: o valor numérico desses números desconhecidos. Como eles
Esse exemplo envolve números negativos e, antes de passar são representados pela letra x, podemos dizer que resolver uma
o número para o outro lado, devemos sempre deixar o lado da equação é encontrar os valores que x pode assumir, fazendo com
incógnita positivo, por isso vamos multiplicar toda a equação por -1. que a igualdade seja verdadeira.

— Como resolver equações do 2º grau?


Conhecemos como soluções ou raízes da equação ax² + bx + c =
0 os valores de x que fazem com que essa equação seja verdadeira6.
Uma equação do 2º grau pode ter no máximo dois números reais
que sejam raízes dela. Para resolver equações do 2º grau completas,
existem dois métodos mais comuns:
5 https://escolakids.uol.com.br/matematica/equacoes-segundo-grau.
htm#:~:text=Toda%20equa%C3%A7%C3%A3o%20que%20puder%20
ser,a%20zero%20em%20hip%C3%B3tese%20alguma.
6 https://www.preparaenem.com/matematica/equacao-do-2-grau.
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MATEMÁTICA

- Fórmula de Bhaskara; 3) Encontrar as soluções da equação


- Soma e produto. Para encontrar as soluções de uma equação do segundo
grau usando fórmula de Bhaskara, basta substituir coeficientes e
O primeiro método é bastante mecânico, o que faz com discriminante na seguinte expressão:
que muitos o prefiram. Já para utilizar o segundo, é necessário o
conhecimento de múltiplos e divisores. Além disso, quando as
soluções da equação são números quebrados, soma e produto não
é uma alternativa boa.

— Fórmula de Bhaskara Observe a presença de um sinal ± na fórmula de Bhaskara.


Esse sinal indica que deveremos fazer um cálculo para √Δ positivo
1) Determinar os coeficientes da equação e outro para √Δ negativo. Ainda no exemplo 4x2 – 4x – 24 = 0,
Os coeficientes de uma equação são todos os números que não substituiremos seus coeficientes e seu discriminante na fórmula de
são a incógnita dessa equação, sejam eles conhecidos ou não. Para Bhaskara:
isso, é mais fácil comparar a equação dada com a forma geral das
equações do segundo grau, que é: ax2 + bx + c = 0. Observe que
o coeficiente “a” multiplica x2, o coeficiente “b” multiplica x, e o
coeficiente “c” é constante.
Por exemplo, na seguinte equação:
x² + 3x + 9 = 0

O coeficiente a = 1, o coeficiente b = 3 e o coeficiente c = 9.

Na equação:
– x² + x = 0

O coeficiente a = – 1, o coeficiente b = 1 e o coeficiente c = 0.


2) Encontrar o discriminante
O discriminante de uma equação do segundo grau é
representado pela letra grega Δ e pode ser encontrado pela seguinte
fórmula:
Δ = b² – 4·a·c

Nessa fórmula, a, b e c são os coeficientes da equação do Então, as soluções dessa equação são 3 e – 2, e seu conjunto de
segundo grau. Na equação: 4x² – 4x – 24 = 0, por exemplo, os solução é: S = {3, – 2}.
coeficientes são: a = 4, b = – 4 e c = – 24. Substituindo esses números
na fórmula do discriminante, teremos: — Soma e Produto
Δ = b² – 4 · a · c Nesse método é importante conhecer os divisores de um
Δ= (– 4)² – 4 · 4 · (– 24) número. Ele se torna interessante quando as raízes da equação são
Δ = 16 – 16 · (– 24) números inteiros, porém, quando são um número decimal, esse
Δ = 16 + 384 método fica bastante complicado.
Δ = 400
A soma e o produto é uma relação entre as raízes x1 e x2 da
— Quantidade de soluções de uma equação equação do segundo grau, logo devemos buscar quais são os
As equações do segundo grau podem ter até duas soluções possíveis valores para as raízes que satisfazem a seguinte relação:
reais7. Por meio do discriminante, é possível descobrir quantas
soluções a equação terá. Muitas vezes, o exercício solicita isso em
vez de perguntar quais as soluções de uma equação. Então, nesse
caso, não é necessário resolvê-la, mas apenas fazer o seguinte:
Se Δ < 0, a equação não possui soluções reais.
Se Δ = 0, a equação possui apenas uma solução real.
Se Δ > 0, a equação possui duas soluções reais.
Exemplo: Encontre as soluções para a equação x² – 5x + 6 = 0.
Isso acontece porque, na fórmula de Bhaskara, calcularemos a 1º passo: encontrar a, b e c.
raiz de Δ. Se o discriminante é negativo, é impossível calcular essas a=1
raízes. b = -5
c=6
htm
7 https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/discriminante-u-
ma-equacao-segundo-grau.htm
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MATEMÁTICA

2º passo: substituir os valores de a, b e c na fórmula. Exemplo: Encontre as soluções da equação 2x² + 5x = 0.


1º passo: colocar x em evidência.
Reescrevendo a equação colocando x em evidência, temos que:
2x² + 5x = 0
x · (2x + 5) = 0

2º passo: separar a equação produto em dois casos.


Para que a multiplicação entre dois números seja igual a zero,
um deles tem que ser igual a zero, no caso, temos que:
x · (2x + 5) = 0
x = 0 ou 2x + 5 = 0

3º passo: encontrar as soluções.


Já encontramos a primeira solução, x = 0, agora falta encontrar
3º passo: encontrar o valor de x1 e x2 analisando a equação. o valor de x que faz com que 2x + 5 seja igual a zero, então, temos
Nesse caso, estamos procurando dois números cujo produto que:
seja igual a 6 e a soma seja igual a 5. 2x + 5 = 0
Os números cuja multiplicação é igual a 6 são: 2x = -5
I. 6 x 1 = 6 x = -5/2
II. 3 x 2 =6
III. (-6) x (-1) = 6 Então encontramos as duas soluções da equação, x = 0 ou x =
IV. (-3) x (-2) = 6 -5/2.

Dos possíveis resultados, vamos buscar aquele em que a soma Quando b = 0


seja igual a 5. Note que somente a II possui soma igual a 5, logo as Quando b = 0, encontramos uma equação incompleta do tipo
raízes da equação são x1 = 3 e x2 = 2. ax² + c = 0. Nesse caso, vamos isolar a variável x até encontrar as
possíveis soluções da equação. Vejamos um exemplo:
— Equação do 2º Grau Incompleta Exemplo: Encontre as soluções da equação 3x² – 12 = 0.
Equação do 2º grau é incompleta quando ela possui b e/ou c Para encontrar as soluções, vamos isolar a variável.
iguais a zero. Existem três tipos dessas equações, cada um com um 3x² – 12 = 0
método mais adequado para sua resolução. 3x² = 12
Uma equação do 2º grau é conhecida como incompleta quando x² = 12 : 3
um dos seus coeficientes, b ou c, é igual a zero. Existem três casos x² = 4
possíveis de equações incompletas, que são:
- Equações que possuem b = 0, ou seja, ax² + c = 0; Ao extrair a raiz no segundo membro, é importante lembrar que
- Equações que possuem c = 0, ou seja, ax² + bx = 0; existem sempre dois números e que, ao elevarmos ao quadrado,
- Equações em que b = 0 e c = 0, então a equação será ax² = 0. encontramos como solução o número 4 e, por isso, colocamos o
símbolo de ±.
Em cada caso, é possível utilizar métodos diferentes para x = ±√4
encontrar o conjunto de soluções da equação. Por mais que seja x = ±2
possível resolvê-la utilizando a fórmula de Bhaskara, os métodos Então as soluções possíveis são x = 2 e x = -2.
específicos de cada equação incompleta acabam sendo menos
trabalhosos. A diferença entre a equação completa e a equação Quando b = 0 e c = 0
incompleta é que naquela todos os coeficientes são diferentes de 0, Quando tanto o coeficiente b quanto o coeficiente c são iguais
já nesta pelo menos um dos seus coeficientes é zero. a zero, a equação será do tipo ax² = 0 e terá sempre como única
solução x = 0. Vejamos um exemplo a seguir.
Como Resolver Equações do 2º Grau Incompletas Exemplo:
Para encontrar as soluções de uma equação do 2º grau, é 3x² = 0
bastante comum a utilização da fórmula de Bhaskara, porém x² = 0 : 3
existem métodos específicos para cada um dos casos de equações x² = 0
incompletas, a seguir veremos cada um deles. x = ±√0
x = ±0
Quando c = 0 x=0
Quando o c = 0, a equação do 2º grau é incompleta e é uma
equação do tipo ax² + bx = 0. Para encontrar seu conjunto de
soluções, colocamos a variável x em evidência, reescrevendo essa
equação como uma equação produto. Vejamos um exemplo a
seguir.

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MATEMÁTICA

EQUAÇÕES EXPONENCIAIS, LOGARÍTMICAS E TRIGONOMÉTRICAS.

EQUAÇÃO LOGARÍTMICA

Existem equações que não podem ser reduzidas a uma igualdade de mesma base pela simples aplicação das propriedades das potên-
cias. A resolução de uma equação desse tipo baseia-se na definição de logaritmo.

Existem quatro tipos de equações logarítmicas:

1º) Equações redutíveis a uma igualdade entre dois logaritmos de mesma base:

A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = g(x) > 0.

Exemplo

Temos que:
2x + 4 = 3x + 1
2x – 3x = 1 – 4
–x=–3
x=3
Portanto, S = {3}

2º) Equações redutíveis a uma igualdade entre dois logaritmos e um número real:

A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = ar.

Exemplo

Pela definição de logaritmo temos:


5x + 2 = 33
5x + 2 = 27
5x = 27 – 2
5x = 25
x=5
Portanto S = {5}.

3º) Equações que são resolvidas por meio de uma mudança de incógnita:

Exemplo

Vamos fazer a seguinte mudança de incógnita:

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MATEMÁTICA

Substituindo na equação inicial, ficaremos com:

4º) Equações que envolvem utilização de propriedades ou de mudança de base:

Exemplo

Usando as propriedades do logaritmo, podemos reescrever a equação acima da seguinte forma:

Note que para isso utilizamos as seguintes propriedades:

Vamos retornar à equação:

Como ficamos com uma igualdade entre dois logaritmos, segue que:
(2x + 3)(x + 2) = x2
ou
2x2 + 4x + 3x + 6 = x2
2x2 – x2 + 7x + 6 = 0
x2 + 7x + 6 = 0

x = -1 ou x = - 6

Lembre-se que para o logaritmo existir o logaritmando e a base devem ser positivos. Com os valores encontrados para x, o logaritman-
do ficará negativo. Sendo assim, a equação não tem solução ou S = ø.

EQUAÇÃO EXPONENCIAL
Chama-se equação exponencial8, toda equação onde a variável x se encontra no expoente.

Exemplos

8 colegioweb.com.br
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática – Volume 1
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
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68
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MATEMÁTICA

Para resolução, precisamos encontrar os valores da variável Agora, para ser uma equação trigonométrica é preciso que,
que a torna uma sentença numérica verdadeira. Vamos relembrar além de ter essas características gerais, é preciso que a função tri-
algumas das propriedades da potenciação para darmos continuida- gonométrica seja a função de uma incógnita.
de: sen x = cos 2x
sen 2x – cos 4x = 0
4 . sen3 x – 3 . sen x = 0

São exemplos de equações trigonométricas, pois a incógnita


pertence à função trigonométrica.
x2 + sen 30° . (x + 1) = 15
Esse é um exemplo de equação do segundo grau e não de uma
equação trigonométrica, pois a incógnita não pertence à função tri-
gonométrica.

Grande parte das equações trigonométricas é escrita na forma


de equações trigonométricas elementares ou equações trigonomé-
tricas fundamentais, representadas da seguinte forma:
Vamos ver o passo a passo para resolução de uma equação ex- sen x = sen α
ponencial: cos x = cos α
tg x = tg α
Exemplos
Cada uma dessas equações acima possui um tipo de solução,
1) 2x = 8 ou seja, de um conjunto de valores que a incógnita deverá assumir
1º) Algumas equações podem ser transformadas em outras em cada equação.
equivalentes, as quais possuem nos dois membros potências de
mesma base. Neste caso o 8 pode ser transformado em potência de Resolução da 1ª equação fundamental
base 2. Fatorando o 8 obtemos 23 = 8. - sen x = sen α
Para que dois arcos x e α da primeira volta possuam o mesmo
2º) Aplicando a propriedade da potenciação: • base
seno, é necessário que suas extremidades estejam sobre uma única
iguais, igualamos os expoentes, logo
horizontal. Podemos dizer também que basta que suas extremida-
x=3
des coincidam ou sejam simétricas em relação ao eixo dos senos.
Assim, os valores de x que resolvem a equação sen x = sen α
2) 2m . 24 = 210
(com α conhecido) são x = α ou x = π- α. Veja a figura:
2 m + 4 = 210 • m + 4 = 10 • m = 10 - 4 • m = 6
S = {6}

3) 6 2m – 1 : 6 m – 3 = 64
6 (2m – 1 ) – (m – 3) = 64 • 2m – 1 – m + 3 = 4 • 2m – m = 4 + 1 – 3 • m
=5–3•m=2
S = {2}

4) 32x - 4.3x + 3 = 0.
A expressão dada pode ser escrita na forma:
(3x)2 – 4.3x + 3 = 0
Criamos argumentos para resolução da equação exponencial. - cos x = cos α
Fazendo 3x = y, temos: Para que x e α possuam o mesmo cosseno, é necessário que
y2 – 4y + 3 = 0, assim y = 1 ou y = 3 (Foi resolvida a equação do suas extremidades coincidam ou sejam simétricas em relação ao
segundo grau) eixo dos cossenos, ou, em outras palavras, que ocupem no ciclo a
Como 3x= y, então mesma vertical.
3x = 1
x = 0 ou

3x = 3 1
x=1

S = {0,1}

EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Para que exista uma equação qualquer é preciso que tenha
pelo menos uma incógnita e uma igualdade.

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Nessas condições, com α dado, os valores de x que resolvem a No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida
equação cos x = cos α são: x = a ou x = 2π- α. que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos
que a curva da função é crescente.
- tg x = tg α
Dois arcos possuem a mesma tangente quando são iguais ou
diferem π radianos, ou seja, têm as extremidades coincidentes ou
simétricas em relação ao centro do ciclo.

Função decrescente
Assim temos x = α ou x = α ±π como raízes da equação tg x =
tg α
Se 0 < a < 1 temos uma função exponencial decrescente em
todo o domínio da função.
Solução geral de uma equação
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
Quando resolvemos uma equação considerando o conjunto
menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
universo mais amplo possível, encontramos a sua solução geral.
é decrescente.
Essa solução é composta de todos os valores que podem ser atribu-
ído à incógnita de modo que a sentença se torne verdadeira.
Exemplo:
Ao resolver a equação sen x = ½ no conjunto dos reais ( U=R),
fazemos:
sen x = ½ • sen x = sen π/6 •

Obtendo todos os arcos x (por meio da expressão geral dos ar-


cos x) que tornam verdadeira a sentença sen x = ½

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)

O número e é um número irracional e positivo e em função da


Portanto: S = { x ϵ R | x = π/6 + 2kπ ou x = 5π/6 + 2kπ, k ϵ Z) definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1
FUNÇÃO EXPONENCIAL
A expressão matemática que define a função exponencial é Este número é denotado por e em homenagem ao matemático
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
diferente de 1 e o expoente é uma variável. propriedades desse número.

Função crescente O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:


Se a > 1 temos uma função exponencial crescente, qualquer e = 2,7182818284
que seja o valor real de x. Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser
escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)

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70
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MATEMÁTICA

Propriedades dos expoentes


Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número racional, então:
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax

ANÁLISE COMBINATÓRIA: PERMUTAÇÃO, ARRANJO, COMBINAÇÃO. EVENTOS INDEPENDENTES.

A análise combinatória ou combinatória é a parte da Matemática que estuda métodos e técnicas que permitem resolver problemas
relacionados com contagem9.
Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise das possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto de
elementos.

— Princípio Fundamental da Contagem


O princípio fundamental da contagem, também chamado de princípio multiplicativo, postula que:
“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e independentes, de tal modo que as possibilidades da primeira etapa é x e as
possibilidades da segunda etapa é y, resulta no número total de possibilidades de o evento ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.

Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica-se o número de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas.
Exemplo: Uma lanchonete vende uma promoção de lanche a um preço único. No lanche, estão incluídos um sanduíche, uma bebida
e uma sobremesa. São oferecidas três opções de sanduíches: hambúrguer especial, sanduíche vegetariano e cachorro-quente completo.
Como opção de bebida pode-se escolher 2 tipos: suco de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem quatro opções: cupcake de cereja,
cupcake de chocolate, cupcake de morango e cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de quantas maneiras um
cliente pode escolher o seu lanche?

Solução: Podemos começar a resolução do problema apresentado, construindo uma árvore de possibilidades, conforme ilustrado
abaixo:

Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar quantos tipos diferentes de lanches podemos escolher. Assim, identificamos
que existem 24 combinações possíveis.
Podemos ainda resolver o problema usando o princípio multiplicativo. Para saber quais as diferentes possibilidades de lanches, basta
multiplicar o número de opções de sanduíches, bebidas e sobremesa.
Total de possibilidades: 3.2.4 = 24.
Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher na promoção.

9 https://www.todamateria.com.br/analise-combinatoria/
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— Tipos de Combinatória Assim a permutação é expressa pela fórmula:


O princípio fundamental da contagem pode ser usado
em grande parte dos problemas relacionados com contagem.
Entretanto, em algumas situações seu uso torna a resolução muito
trabalhosa. Exemplo: Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras
Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver diferentes 6 pessoas podem se sentar em um banco com 6 lugares.
problemas com determinadas características. Basicamente há três Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número
tipos de agrupamentos: arranjos, combinações e permutações. de lugares é igual ao número de pessoas, iremos usar a permutação:
Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálculo,
precisamos definir uma ferramenta muito utilizada em problemas
de contagem, que é o fatorial.
O fatorial de um número natural é definido como o produto
deste número por todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas se
! para indicar o fatorial de um número. sentarem neste banco.
Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.
Exemplo: — Combinações
0! = 1. As combinações são subconjuntos em que a ordem dos
1! = 1. elementos não é importante, entretanto, são caracterizadas pela
3! = 3.2.1 = 6. natureza dos mesmos.
7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5.040. Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3.628.800. tomados p a p (p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:

Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme


cresce o número. Então, frequentemente usamos simplificações
para efetuar os cálculos de análise combinatória.
Exemplo: A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de
— Arranjos 3 membros para formar uma comissão organizadora de um evento,
Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da dentre as 10 pessoas que se candidataram.
ordem e da natureza dos mesmos. De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p formada?
≤ n), utiliza-se a seguinte expressão: Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem
dos elementos não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria,
João e José é equivalente a escolher João, José e Maria.

Exemplo: Como exemplo de arranjo, podemos pensar na


votação para escolher um representante e um vice-representante
de uma turma, com 20 alunos. Sendo que o mais votado será o
representante e o segundo mais votado o vice-representante. Observe que para simplificar os cálculos, transformamos
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá o fatorial de 10 em produto, mas conservamos o fatorial de 7,
ser feita? Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que pois, desta forma, foi possível simplificar com o fatorial de 7 do
altera o resultado. denominador.
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão.

— Probabilidade e Análise Combinatória


A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de
obter determinado resultado diante de um experimento aleatório.
São exemplos as chances de um número sair em um lançamento de
Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes. dados ou a possibilidade de ganhar na loteria.
A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão entre
— Permutações o número de eventos possíveis e número de eventos favoráveis,
As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número sendo apresentada pela seguinte expressão:
de elementos (n) do agrupamento é igual ao número de elementos
disponíveis.
Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando
o número de elementos é igual ao número de agrupamentos.
Desta maneira, o denominador na fórmula do arranjo é igual a 1
na permutação.

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MATEMÁTICA

Sendo:
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A.
n (A): número de resultados favoráveis.
n (Ω): número total de resultados possíveis.

Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, muitas vezes necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em análise
combinatória.
Exemplo: Qual a probabilidade de um apostador ganhar o prêmio máximo da Mega-Sena, fazendo uma aposta mínima, ou seja,
apostar exatamente nos seis números sorteados?

Solução: Como vimos, a probabilidade é calculada pela razão entre os casos favoráveis e os casos possíveis. Nesta situação, temos
apenas um caso favorável, ou seja, apostar exatamente nos seis números sorteados.
Já o número de casos possíveis é calculado levando em consideração que serão sorteados, ao acaso, 6 números, não importando a
ordem, de um total de 60 números.
Para fazer esse cálculo, usaremos a fórmula de combinação, conforme indicado abaixo:

Assim, existem 50 063 860 modos distintos de sair o resultado. A probabilidade de acertarmos então será calculada como:

— Probabilidade
A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estuda experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível
analisar as chances de um determinado evento ocorrer10.
Quando calculamos a probabilidade, estamos associando um grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de experimentos,
cujos resultados não podem ser determinados antecipadamente. Probabilidade é a medida da chance de algo acontecer.
Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo de
1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos.

— Experimento Aleatório
Um experimento aleatório é aquele que não é possível conhecer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo.
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é
atribuída ao acaso.
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não viciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de massa) para
o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza qual das 6 faces estará voltada para cima.

— Fórmula da Probabilidade
Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de um evento são igualmente prováveis.
Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer um determinado resultado através da divisão entre o número de eventos
favoráveis e o número total de resultados possíveis:

Sendo:
P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A.
n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam (evento A).
n(Ω): número total de casos possíveis.

10 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/
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MATEMÁTICA

O resultado calculado também é conhecido como probabilidade — Espaço Amostral Equiprovável


teórica. Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem, amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma
basta multiplicar o resultado por 100. probabilidade de ocorrência.

Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,
de sair um número menor que 3? preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de
ocorrência de cada uma ser sorteada?
Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma
chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma
fórmula da probabilidade. chance de serem sorteadas.
Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1,
2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2 — Tipos de Eventos
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos: Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um
experimento aleatório.

Evento certo
O conjunto do evento é igual ao espaço amostral.
Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser
sorteada ao acaso e ser mulher.

Evento Impossível
O conjunto do evento é vazio.

Para responder na forma de uma porcentagem, basta Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas
multiplicar por 100. de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas.

O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois


todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número
Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é
de 33%. 20.

— Ponto Amostral Evento Complementar


Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral,
experimento aleatório. sendo um evento complementar ao outro.

Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço
verificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e amostral é Ω = {cara, coroa}.
coroa. Cada resultado é um ponto amostral.
Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é
— Espaço Amostral complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o
Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral próprio espaço amostral.
corresponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou,
resultados possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório. Evento Mutuamente Exclusivo
Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho, Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum.
o espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este A intersecção entre os dois conjuntos é vazia.
baralho.
Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes
dado, são as seis faces que o compõem: eventos são mutuamente exclusivos
Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}.
B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}.
A quantidade de elementos em um conjunto chama-se
cardinalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto — Probabilidade Condicional
entre parênteses. A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre
Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstâncias,
lançar um dado é n(Ω) = 6. a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a
ocorrência do evento B.

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MATEMÁTICA

A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por: — Progressão Aritmética (PA)

Uma progressão aritmética é uma sequência formada por


termos que se diferenciam um do outro por um valor constante,
que recebe o nome de razão, calculado por12:
r = a2 – a1
Onde o evento B não pode ser vazio.
Onde:
Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encontro r é a razão da PA;
de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Brasil, a2 é o segundo termo;
um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um a1 é o primeiro termo.
prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens
e mulheres. Sendo assim, os termos de uma progressão aritmética podem
ser escritos da seguinte forma:
Como evento de probabilidade condicional, podemos associar
a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja
francesa (evento B).
Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser Note que em uma PA de n termos a fórmula do termo geral (an)
mulher), apenas se for francesa (evento B). da sequência é:
an = a1 + (n – 1) . r

PROGRESSÃO ARITMÉTICA. PROGRESSÃO GEOMÉTRICA. Alguns casos particulares são: uma PA de 3 termos é
representada por (x - r, x, x + r) e uma PA de 5 termos tem seus
— Sequência Numérica componentes representados por (x - 2r, x - r, x, x + r, x + 2r).
Na matemática, a sequência numérica ou sucessão numérica
corresponde a uma função dentro de um agrupamento de números. Tipos de PA
De tal modo, os elementos agrupados numa sequência De acordo com o valor da razão, as progressões aritméticas são
numérica seguem uma sucessão, ou seja, uma ordem no conjunto11. classificadas em 3 tipos:
1. Constante: quando a razão for igual a zero e os termos da
— Classificação PA são iguais.
As sequências numéricas podem ser finitas ou infinitas, por Exemplo: PA = (2, 2, 2, 2, 2, ...), onde r = 0
exemplo:
SF = (2, 4, 6, ..., 8). 2. Crescente: quando a razão for maior que zero e um termo a
SI = (2,4,6,8...). partir do segundo é maior que o anterior;
Exemplo: PA = (2, 4, 6, 8, 10, ...), onde r = 2
Note que quando as sequências são infinitas, elas são indicadas
pelas reticências no final. Além disso, vale lembrar que os elementos 3. Decrescente: quando a razão for menor que zero e um termo
da sequência são indicados pela letra a. Por exemplo: a partir do segundo é menor que o anterior.
1° elemento: a1 = 2. Exemplo: PA = (4, 2, 0, - 2, - 4, ...), onde r = - 2
4° elemento: a4 = 8.
As progressões aritméticas ainda podem ser classificadas em
O último termo da sequência é chamado de enésimo, sendo finitas, quando possuem um determinado número de termos, e
representado por an. Nesse caso, o an da sequência finita acima infinitas, ou seja, com infinitos termos.
seria o elemento 8.
Assim, podemos representá-la da seguinte maneira: Soma dos Termos de uma PA
SF = (a1, a2, a3,...,an). A soma dos termos de uma progressão aritmética é calculada
SI = (a1, a2, a3, an...). pela fórmula:

— Lei de Formação
A Lei de Formação ou Termo Geral é utilizada para calcular
qualquer termo de uma sequência, expressa pela expressão:
an = 2n² - 1
Onde, n é o número de termos da sequência, a1 é o primeiro
termo e an é o enésimo termo. A fórmula é útil para resolver
— Lei de Recorrência
questões em que são dados o primeiro e o último termo.
A Lei da Recorrência permite calcular qualquer termo de uma
sequência numérica a partir de elementos antecessores:
an = an-1, an-2,...a1

11 https://www.todamateria.com.br/sequencia-numerica/ 12 https://www.todamateria.com.br/pa-e-pg/
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MATEMÁTICA

Quando um problema apresentar o primeiro termo e a razão Onde,


da PA, você pode utilizar a fórmula: q é a razão da PG;
a2 é o segundo termo;
a1 é o primeiro termo.

Uma progressão geométrica de n termos pode ser representada


da seguinte forma:
Essas duas fórmulas são utilizadas para somar os termos de
uma PA finita.

Termo médio da PA
Para determinar o termo médio ou central de uma PA com Sendo a1 o primeiro termo, o termo geral da PG é calculado
um número ímpar de termos calculamos a média aritmética com o por a1.q(n-1).
primeiro e último termo (a1 e an):
Tipos de PG
De acordo com o valor da razão (q), podemos classificar as
Progressões Geométricas em 4 tipos:
1. Crescente: com a razão q > 1 e termos positivos ou, 0 < q < 1
e termos negativos;
Já o termo médio entre três números consecutivos de uma PA
corresponde à média aritmética do antecessor e do sucessor. Exemplos:
Exemplo: Dada a PA (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14) vamos determinar a PG: (3, 9, 27, 81, ...), onde q = 3.
razão, o termo médio e a soma dos termos. PG: (-90, -30, -15, -5, ...), onde q = 1/3.
1. Razão da PA
2. Decrescente: com a razão q > 1 e termos negativos ou, 0 < q
< 1 e os termos positivos;

Exemplo:
PG: (-3, -9, -27, -81, ...), onde q = 3.
PG: (90, 30, 15, 5, ...), onde q = 1/3.
2. Termo médio
3. Oscilante: a razão é negativa (q < 0) e os termos são números
negativos e positivos;
Exemplo: PG: (3, -6, 12, -24, 48, -96, …), onde q = - 2.

4. Constante: a razão é sempre igual a 1 e os termos possuem


o mesmo valor.

Exemplo: PG: (3, 3, 3, 3, 3, 3, 3, ...), onde q = 1.

Soma dos Termos de uma PG


3. Soma dos termos A soma dos termos de uma progressão geométrica é calculada
pela fórmula:

Sendo a1 o primeiro termo, q a razão comum e n o número de


termos.
— Progressão Geométrica (PG) Se a razão da PG for menor que 1, então utilizaremos a fórmula
Uma progressão geométrica é formada quando uma sequência a seguir para determinar a soma dos termos.
tem um fator multiplicador resultado da divisão de dois termos
consecutivos, chamada de razão comum, que é calculada por:

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MATEMÁTICA

Essas fórmulas são utilizadas para uma PG finita. Caso a soma


pedida seja de uma PG infinita com 0 < q < 1, a fórmula utilizada é: MATRIZES. DETERMINANTES. SISTEMAS LINEARES.

— Matriz
Matriz é uma representação matemática que inclui em linhas
(horizontais) e colunas (verticais) alguns números naturais não-
Termo Médio da PG nulos13.
Para determinar o termo médio ou central de uma PG com um Os números, chamados de elementos, são representados entre
número ímpar de termos calculamos a média geométrica com o parênteses ou colchetes.
primeiro e último termo (a1 e an):

Exemplo: Dada a PG (1, 3, 9, 27 e 81) vamos determinar a razão,


o termo médio e a soma dos termos.
1. Razão da PG

— Classificação das Matrizes


Há quatro tipos de matrizes especiais:

Matriz Linha: formada por uma única linha, por exemplo:

2. Termo médio

Matriz Coluna: formada por uma única coluna, por exemplo:

3. Soma dos termos

Matriz Nula: formada por elementos iguais a zero, por exemplo:

Matriz Quadrada: formada pelo mesmo número de linhas e


colunas, por exemplo:

A é uma matriz quadrada 2 x 2 ou A é quadrada de ordem 2

13 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-matrizes/
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Matriz Transposta — Igualdade de Matrizes


A matriz transposta (indicada pela letra t) é aquela que Quando temos matrizes iguais, os elementos das linhas e das
apresenta os mesmos elementos de uma linha ou coluna comparada colunas são correspondentes:
com outra matriz.
No entanto, os elementos iguais entre as duas são invertidos,
ou seja, a linha de uma apresenta os mesmos elementos que a
coluna de outra. Ou ainda, a coluna de uma possui os mesmos
elementos da linha de outra.
Para que as matrizes A e B sejam iguais os valores devem ser:
a=3
b = -5
c=2
Matriz Oposta d=1
Na matriz oposta, os elementos entre duas matrizes apresentam
sinais diferentes, por exemplo: — Multiplicação de Matrizes
A multiplicação de matrizes corresponde ao produto entre
duas matrizes14. O número de linhas da matriz é definido pela letra
m e o número de colunas pela letra n.
Já as letras i e j representam os elementos presentes nas linhas
e colunas respectivamente.

Matriz Identidade
A matriz identidade ocorre quando os elementos da diagonal
principal são todos iguais a 1 e os outros elementos são iguais a 0
(zero): Exemplo: A3x3 (a matriz A possui três linhas e três colunas).

Matriz Inversa
Obs.: Importante ressaltar que na multiplicação de matrizes,
A matriz inversa é uma matriz quadrada. Ela ocorre quando
a ordem dos elementos afeta o resultado. Ou seja, ela não é
o produto de duas matrizes for igual a uma matriz identidade
comutativa:
quadrada de mesma ordem.
A.B≠B.A
A . B = B . A = In (quando a matriz B é inversa da matriz A)
— Cálculo: Como Multiplicar Matrizes?

Sejam as matrizes:

Onde:

Obs.: Para encontrar a matriz inversa utiliza-se a multiplicação


de matrizes.

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MATEMÁTICA

— Quando é Possível Multiplicar Matrizes?


Para ser possível multiplicar matrizes, é primordial que o número de colunas da primeira matriz seja igual ao número de linhas da
segunda matriz.

A matriz C, resultado da multiplicação A . B, tem as dimensões m x p, ou seja, o número de linhas da primeira matriz e o número de
colunas da segunda.

Exemplo de Multiplicação de Matrizes


No exemplo abaixo, temos que a matriz A é do tipo 2x3 e a matriz B é do tipo 3x2. Portanto, o produto entre elas (matriz C) resultará
numa matriz 2x2.

Assim, a matriz C genérica é:

Inicialmente, vamos multiplicar os elementos da linha 1 de A com os da coluna 1 de B. Encontrados os produtos, somamos esses
valores:
c11 = 2 . 1 + 3 . 0 + 1 . 4 = 6
Por conseguinte, vamos multiplicar e somar os elementos da linha 1 de A com a coluna 2 de B:
c12 = 2 . (-2) + 3 . 5 + 1 . 1 = 12
Depois disso, vamos passar para a linha 2 de A e multiplicar e somar com a coluna 1 de B:
c21 = (-1) . 1 + 0 . 0 + 2 . 4 = 7
Ainda na linha 2 de A, vamos multiplicar e somar com a coluna 2 de B:
c22 = (-1) . (-2) + 0 . 5 + 2 . 1 = 4
Por fim, temos que a multiplicação de A . B é:

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MATEMÁTICA

Multiplicação de um Número Real por uma Matriz Matriz B =


No caso de multiplicar um número real por uma matriz, deve-
se multiplicar cada elemento da matriz por esse número:

— Determinantes
O determinante é um número associado a uma matriz
quadrada15. Esse número é encontrado fazendo-se determinadas
operações com os elementos que compõe a matriz. Determinantes de 3.ª Ordem
Indicamos o determinante de uma matriz A por det A. As matrizes de Ordem 3 ou matriz 3x3, são aquelas que
Podemos ainda, representar o determinante por duas barras entre apresentam três linhas e três colunas:
os elementos da matriz.

Determinantes de 1.ª Ordem


O determinante de uma matriz de Ordem 1, é igual ao próprio
elemento da matriz, pois esta apresenta apenas uma linha e uma
coluna.

Exemplos:

Para calcular o determinante desse tipo de matriz, utilizamos a


Regra de Sarrus, que consiste em repetir as duas primeiras colunas
Determinantes de 2.ª Ordem logo a seguir à terceira:
As matrizes de Ordem 2 ou matriz 2x2, são aquelas que
apresentam duas linhas e duas colunas.
O determinante de uma matriz desse tipo é calculado, primeiro
multiplicando os valores constantes nas diagonais, uma principal e
outra secundária.
A seguir, subtraindo os resultados obtidos dessa multiplicação.

Exemplos:
Matriz A =

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MATEMÁTICA

Seguimos os seguintes passos: 4) Subtraímos cada um desses resultados:


1) Calculamos a multiplicação em diagonal. Para tanto,
traçamos setas diagonais que facilitam o cálculo.
As primeiras setas são traçadas da esquerda para a direita e
correspondem às diagonais principais: Logo, o determinante é: .

— Sistemas Lineares
Sistemas Lineares são conjuntos de equações associadas entre
elas que apresentam a forma a seguir16:

A chave do lado esquerdo é o símbolo usado para sinalizar que


as equações fazem parte de um sistema. O resultado do sistema é
dado pelo resultado de cada equação.
Os coeficientes am, am2, am3, ... , an3, an2, an1 das incógnitas x1, xm2,
2) Calculamos a multiplicação do outro lado da diagonal. Assim,
xm3, ... , xn3, xn2, xn1 são números reais.
traçamos novas setas.
Ao mesmo tempo, b também é um número real que é chamado
Agora, as setas são traçadas da direita para a esquerda e
de termo independente.
correspondem à diagonal secundária:
Sistemas lineares homogêneos são aqueles cujo termo
independente é igual a 0 (zero): a1x1 + a2x2 = 0.
Matriz A =
Portanto, aqueles que apresentam termo independente
diferente de 0 (zero) indica que o sistema não é homogêneo: a1x1
+ a2x2 = 3.
As matrizes associadas a um sistema linear podem ser completas
ou incompletas. São completas as matrizes que consideram os
termos independentes das equações.
Os sistemas lineares são classificados como normais quando o
número de equações é o mesmo que o número de incógnitas. Além
disso, quando o determinante da matriz incompleta desse sistema
não é igual a zero.

— Classificação
Os sistemas lineares podem ser classificados conforme o
número de soluções possíveis. Lembrando que a solução das
equações é encontrada pela substituição das variáveis por valores.
Sistema Possível e Determinado (SPD): há apenas uma solução
possível, o que acontece quando o determinante é diferente de
3) Somamos cada uma delas: zero (D ≠ 0). Isso acontecerá quando:

Sistema Possível e Indeterminado (SPI): as soluções possíveis


são infinitas. A condição para que um sistema seja desse tipo é:

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MATEMÁTICA

Sistema Impossível (SI): não é possível apresentar qualquer tipo de solução. Nesse tipo de sistema temos:

Exemplo: Classificando o sistema abaixo:

Para identificar o tipo de sistema, vamos calcular a razão entre os coeficientes das equações:

Como , então o sistema é impossível.

— Como Resolver um Sistema de Equações do 1º Grau?


Podemos resolver um sistema de equações do 1º grau, com duas incógnitas, usando o método da substituição ou o da soma.17

Método da Substituição
Esse método consiste em escolher uma das equações e isolarmos uma das incógnitas, para determinar o seu valor em relação a outra
incógnita. Depois, substituímos esse valor na outra equação.
Desta forma, a segunda equação ficará com uma única incógnita e, assim, poderemos encontrar o seu valor final. Para finalizar,
substituímos na primeira equação o valor encontrado e, assim, encontramos também o valor da outra incógnita.

Exemplo: Resolva o seguinte sistema de equações:

Solução: Vamos começar escolhendo a primeira equação do sistema, que é a equação mais simples, para isolar o x. Assim temos:

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MATEMÁTICA

Após substituir o valor de x, na segunda equação, podemos Para encontrar o valor do y, basta substituir esse valor em uma
resolvê-la, da seguinte maneira: das duas equações. Vamos substituir na mais simples:

Note que o resultado é o mesmo que já havíamos encontrado,


usando o método da substituição.
Quando as equações de um sistema não apresentam incógnitas
com coeficientes opostos, podemos multiplicar todos os termos por
um determinado valor, a fim de tornar possível utilizar esse método.
Por exemplo, no sistema abaixo, os coeficientes de x e de y não
são opostos:

Agora que encontramos o valor do y, podemos substituir esse


valor da primeira equação, para encontrar o valor do x:

Portanto, não podemos, inicialmente, anular nenhuma das


incógnitas. Neste caso, devemos multiplicar por algum número que
transforme o coeficiente em um número oposto do coeficiente da
outra equação.
Assim, a solução para o sistema dado é o par ordenado (8, 4). Podemos, por exemplo, multiplicar a primeira equação por - 2.
Repare que esse resultado torna ambas as equações verdadeiras, Contudo, devemos ter o cuidado de multiplicarmos todos os termos
pois 8 + 4 = 12 e 3.8 - 4 = 20. por - 2, para não modificarmos a igualdade.
Assim, o sistema equivalente ao que queremos calcular é:
Método da Adição
No método da adição buscamos juntar as duas equações em
uma única equação, eliminando uma das incógnitas.
Para isso, é necessário que os coeficientes de uma das
incógnitas sejam opostos, isto é, devem ter o mesmo valor e sinais
contrários. Agora, é possível resolver o sistema por adição, conforme
Exemplo: Para exemplificar o método da adição, vamos resolver apresentado abaixo:
o mesmo sistema anterior:

Note que nesse sistema a incógnita y possui coeficientes


opostos, ou seja, 1 e - 1. Então, iremos começar a calcular somando
as duas equações, conforme indicamos abaixo:

Logo, x = - 12, não podemos esquecer de substituir esse valor


em uma das equações para encontrar o valor do y. Substituindo na
primeira equação, temos:

Ao anular o y, a equação ficou apenas com o x, portanto agora,


podemos resolver a equação:

Assim, a solução para o sistema é o par ordenado (- 12, 60)

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— Escalonamento de Sistemas Lineares Podemos multiplicar todos os termos de uma equação qualquer
Escalonamento é um método para resolver sistemas de do sistema.
equações lineares, quando existe solução18. Também é usado para
classificar estes sistemas que podem possuir quaisquer ordens.

Escalonar um sistema linear é modificar suas equações e Multiplicando todos os termos por 3:
termos de modo a obter um novo sistema, escalonado, em que
ambos são equivalentes, pois possuem as mesmas soluções.

Forma Escalonada de Sistemas


Um sistema linear de equações está na forma escalonada
quando: - Multiplicação dos termos de uma equação por um número real
- As incógnitas das equações são escritas na mesma ordem; e, soma (ou subtração) do resultado aos termos correspondentes de
- O 1.º elemento diferente de zero de uma equação, está à outra equação do sistema.
esquerda do 1.º elemento diferente de zero da linha seguinte;
- Uma linha com todos os elementos nulos, deve estar abaixo
de todas as outras.

Exemplo 1: Um sistema 2x2 escalonado, com duas equações e


duas incógnitas, x e y. Na segunda equação o 1.º termo é nulo (x = Podemos multiplicar todos os elementos da equação da
0). primeira linha por 2:

Exemplo 2: Um sistema 3x3 escalonado, com três equações e Somamos a equação obtida termo a termo com a equação da
três incógnitas: x, y e z. A primeira equação possui todos os termos segunda linha e substituímos na segunda linha o resultado.
não-nulos (diferentes de zero). A segunda equação tem o 1.º termo
nulo (x=0) e, a terceira equação possui x e y iguais a zero.

Obtemos o sistema escalonado.

Repare que os sistemas escalonados estão na forma de escada,


diminuindo a quantidade de termos a cada linha.

Como Escalonar um Sistema Linear


Para escalonar um sistema linear podemos utilizar as seguintes Devemos realizar tantas transformações quanto forem
operações: necessárias, até obtermos um sistema na forma escalonada,
- Troca da ordem das equações. equivalente ao primeiro.

Resolução de Sistemas Lineares Escalonados


Resolver um sistema de equações é determinar seu conjunto
solução, os valores numéricos que ao substituí-los pelas incógnitas,
tornam verdadeiras as igualdades.
Para resolver sistemas lineares escalonados consideramos dois
Podemos passar a equação da linha 2 para a linha 1.
casos e realizamos as seguintes estratégias:

- Número de equações igual o número de incógnitas.

- Multiplicação (ou divisão) de todos os termos de uma equação


por um mesmo número real diferente de zero.

18 https://www.todamateria.com.br/escalonamento-de-sistemas-li-
neares/
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MATEMÁTICA

Começamos a resolução a partir da última equação, de baixo Como k pode assumir qualquer valor real, o sistema é possível
para cima. e indeterminado.
Substituindo z na segunda equação:

TRIGONOMETRIA.

A trigonometria é a parte da matemática que estuda as relações


existentes entre os lados e os ângulos dos triângulos19.
Ela é utilizada também em outras áreas de estudo como física,
química, biologia, geografia, astronomia, medicina, engenharia etc.
O procedimento continua até a primeira equação, determinando
— Funções Trigonométricas
todas as incógnitas.
As funções trigonométricas são as funções relacionadas aos
Substituindo y e z na primeira equação:
triângulos retângulos, que possuem um ângulo de 90°. São elas:
seno, cosseno e tangente.

- Número de equações menor que o número de incógnitas.

Exemplo: 2 equações e 3 incógnitas.

As funções trigonométricas estão baseadas nas razões


existentes entre dois lados do triângulo em função de um ângulo.
Elas são formadas por dois catetos (oposto e adjacente) e a
1. Identificamos a variável livre hipotenusa:
Variável livre é aquela que não inicia equações, no exemplo, é
a variável z.
2. Transpomos a variável livre para o outro lado da igualdade,
no segundo membro da equação.

Lê-se cateto oposto sobre a hipotenusa.

3. Atribuímos para z um valor numérico real k parêntese


esquerdo k pertence reto números reais parêntese direito, z=k.

Lê-se cateto adjacente sobre a hipotenusa.

4. Substituímos y na primeira equação pelo segundo membro


da segunda equação e resolvemos para x.

Lê-se cateto oposto sobre cateto adjacente.

5. O conjunto solução é: .
19 https://www.todamateria.com.br/trigonometria/
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85
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Ângulos Notáveis
Os chamados ângulos notáveis são os que surgem com maior frequência nos estudos de razões trigonométricas20.

Veja a tabela abaixo com o valor dos ângulos de 30°; 45° e 60°:

— Círculo Trigonométrico
O círculo trigonométrico ou círculo unitário é usado no estudo das funções trigonométricas: seno, cosseno e tangente.

— Teoria Euclidiana
Alguns conceitos importantes da geometria euclidiana nos estudos da trigonometria são:

Lei dos Senos


A Lei dos Senos estabelece que num determinado triângulo, a razão entre o valor de um lado e o seno de seu ângulo oposto, será
sempre constante.
Dessa forma, para um triângulo ABC de lados a, b, c, a Lei dos Senos é representada pela seguinte fórmula:

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Lei dos Cossenos Ele prova que no triângulo retângulo, composto por um ângulo
A Lei dos Cossenos estabelece que em qualquer triângulo, o interno de 90° (ângulo reto), a soma dos quadrados de seus catetos
quadrado de um dos lados, corresponde à soma dos quadrados dos corresponde ao quadrado de sua hipotenusa:
outros dois lados, menos o dobro do produto desses dois lados pelo
cosseno do ângulo entre eles.
Dessa maneira, sua fórmula é representada da seguinte
maneira:

a² = b² + c²

Sendo:
a: hipotenusa;
Lei das Tangentes
b e c: catetos.
A Lei das Tangentes estabelece a relação entre as tangentes
de dois ângulos de um triângulo e os comprimentos de seus lados
Relações Fundamentais
opostos.
A trigonometria ao longo dos anos foi se tornando mais
Dessa forma, para um triângulo ABC, de lados a, b, c, e ângulos
abrangente, não se restringindo apenas aos estudos dos triângulos21.
α, β e γ, opostos a estes três lados, têm-se a expressão:
Dentro deste novo contexto, define-se o círculo unitário,
também chamado de circunferência trigonométrica. Ele é utilizado
para estudar as funções trigonométricas.

Circunferência Trigonométrica
A circunferência trigonométrica é uma circunferência orientada
de raio igual a 1 unidade de comprimento. Associamos a ela um
sistema de coordenadas cartesianas.
Os eixos cartesianos dividem a circunferência em 4 partes,
chamadas de quadrantes. O sentido positivo é anti-horário,
conforme figura abaixo:

Teorema de Pitágoras
O Teorema de Pitágoras, criado pelo filósofo e matemático
grego, Pitágoras de Samos, (570 a.C. - 495 a.C.), é muito utilizado
nos estudos trigonométricos.

Usando a circunferência trigonométrica, as razões que a


princípio foram definidas para ângulos agudos (menores que 90º),
passam a ser definidas para arcos maiores de 90º.

21 https://www.todamateria.com.br/relacoes-trigonometricas/
Editora
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Para isso, associamos um ponto P, cuja abscissa é o cosseno de — Funções Trigonométricas


θ e cuja ordenada é o seno de θ. As funções trigonométricas, também chamadas de funções
circulares, estão relacionadas com as demais voltas no ciclo
trigonométrico22.
As principais funções trigonométricas são:
- Função Seno;
- Função Cosseno;
- Função Tangente.

No círculo trigonométrico temos que cada número real está


associado a um ponto da circunferência.

Como todos os pontos da circunferência trigonométrica estão


a uma distância de 1 unidade da origem, podemos usar o teorema
de Pitágoras. O que resulta na seguinte relação trigonométrica
fundamental:

Podemos definir ainda a tg x, de um arco de medida x, no


círculo trigonométrico como sendo:

— Outras Relações Fundamentais

Cotangente do Arco de Medida x Figura do Círculo Trigonométrico dos ângulos expressos em


graus e radianos.

Funções Periódicas
As funções periódicas são funções que possuem um
comportamento periódico. Ou seja, que ocorrem em determinados
Secante do Arco de Medida x intervalos de tempo.
O período corresponde ao menor intervalo de tempo em que
acontece a repetição de determinado fenômeno.
Uma função f: A → B é periódica se existir um número real
positivo p tal que
f(x) = f (x+p), ∀ x ∈ A
Cossecante do Arco de Medida x
O menor valor positivo de p é chamado de período de f.
Note que as funções trigonométricas são exemplos de funções
periódicas visto que apresentam certos fenômenos periódicos.

Função Seno
A função seno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela
é expressa por:
f(x) = sen x

22 https://www.todamateria.com.br/funcoes-trigonometricas/
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MATEMÁTICA

No círculo trigonométrico, o sinal da função seno é positivo quando x pertence ao primeiro e segundo quadrantes. Já no terceiro e
quarto quadrantes, o sinal é negativo.

Além disso, no primeiro e quarto quadrantes a função f é crescente. Já no segundo e terceiro quadrantes a função f é decrescente.
O domínio e o contradomínio da função seno são iguais a R. Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(sen)=R.
Já o conjunto da imagem da função seno corresponde ao intervalo real [-1, 1]: -1 < sen x < 1.
Em relação à simetria, a função seno é uma função ímpar: sen(-x) = -sen(x).
O gráfico da função seno f(x) = sen x é uma curva chamada de senoide:

Função Cosseno
A função cosseno é uma função periódica e seu período é 2π. Ela é expressa por:
f(x) = cos x

Editora
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

No círculo trigonométrico, o sinal da função cosseno é positivo quando x pertence ao primeiro e quarto quadrantes. Já no segundo e
terceiro quadrantes, o sinal é negativo.

Além disso, no primeiro e segundo quadrantes a função f é decrescente. Já no terceiro e quarto quadrantes a função f é crescente.
O domínio e o contradomínio da função cosseno são iguais a R. Ou seja, ela está definida para todos os valores reais: Dom(cos)=R.
Já o conjunto da imagem da função cosseno corresponde ao intervalo real [-1, 1]: -1 < cos x < 1.
Em relação à simetria, a função cosseno é uma função par: cos(-x) = cos(x).
O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva chamada de cossenoide:

Função Tangente
A função tangente é uma função periódica e seu período é π. Ela é expressa por:
f(x) = tg x

Editora
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90
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

No círculo trigonométrico, o sinal da função tangente é positiva


quando x pertence ao primeiro e terceiro quadrantes. Já no segundo GEOMETRIA PLANA.
e quarto quadrantes, o sinal é negativo.

— Geometria Plana
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem
volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)23.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o
perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
Algumas fórmulas de geometria plana:

— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente
matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma
dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é
igual ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²

— Lei dos Senos


Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para
Além disso, a função f definida por f(x) = tg x é sempre crescente triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para
em todos os quadrantes do círculo trigonométrico. facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos.
O domínio da função tangente é: Dom(tan)={x ∈ R│x ≠ de π/2 + Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
kπ; K ∈ Z}. Assim, não definimos tg x, se x = π/2 + kπ. Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de
Já o conjunto da imagem da função tangente corresponde a R, centro O e raio R, temos que:
ou seja, o conjunto dos números reais.
Em relação à simetria, a função tangente é uma função ímpar:
tg(-x) = -tg(x).
O gráfico da função tangente f(x) = tg x é uma curva chamada
de tangentoide:

— Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de
triângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta
conhecer o cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados
(arestas) do triângulo.

23 https://bityli.com/BMvcWO
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MATEMÁTICA

Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.


Para qualquer triângulo ABC, temos que:

— Relações Métricas do Triângulo Retângulo


As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmulas simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em que
o Teorema de Pitágoras é aplicável.
Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:
- Onde a é hipotenusa;
- b e c são catetos;
- m e n são projeções ortogonais;
- h é altura.

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MATEMÁTICA

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Fórmulas Básicas de Geometria Plana

Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

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MATEMÁTICA

Fórmulas da Circunferência

Editora
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MATEMÁTICA

Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:


Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.
Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²

GEOMETRIA ESPACIAL.

— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2

Fórmulas da Esfera

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

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MATEMÁTICA

Fórmulas do cilindro

Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte será 2r · h.

Fórmulas do Prisma
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma.

Diagonal de um paralelepípedo: .
Área total de um paralelepípedo: .
Volume de um paralelepípedo: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por retângulos.

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MATEMÁTICA

Volume de um prisma:
Altura da face =

Fórmulas da Pirâmide Regular Altura do tetraedro =

Área da face: AF =

Área total: AT =

Volume do tetraedro:

GEOMETRIA ANALÍTICA: EQUAÇÃO DA RETA, PARÁBOLA E


CÍRCULO

Estudo do Ponto

Para uma pirâmide regular reta, temos:


Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a
pirâmide.
Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas
triangulares.
Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL.

Volume (V): V = . AB . h.

E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um
pirâmide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral), sistema de eixos cartesianos.
temos pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos. - A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
h² + r² = t² - P ϵ 1ºQuad
h² + a² = g²

Fórmulas do Tetraedro Regular


Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:

Fonte: www.matematicadidatica.com.br

1º Quadrante: x>o e y>o


2º Quadrante: x<0 e y>0
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0

Para representar o par ordenado P(x,y)


Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o
eixo y de ordenada.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante? Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à
x>0 e y<0 IV quadrante. mesma reta.

Distância entre Dois Pontos


Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é
uma função das coordenadas de P e Q:

Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos uti-


lizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo com
suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o alinha-
mento dos pontos é através do cálculo do determinante pela regra
de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determinar
se estão alinhados.

Ponto Médio

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0

Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da


matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das co-
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a.
ordenadas de P e Q.
1º caso: 0° < a < 90°
O ponto M terá as seguintes coordenadas:

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos: 0 < a < 90° → m > 0

2º caso: 90° < a < 180°

a=0→m=0

Do triângulo retângulo ABC, vem:

a = 90° → m

Portanto, para os dois casos, temos:

Coeficiente angular A equação fundamental de r é dada por:

Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo


é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.

m = tan a Equação Geral da Reta


Ax + by + c = 0

Equação Segmentária

O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Equação reduzida da reta Assim, para r e s concorrentes, temos:


Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e
tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzi- Retas perpendiculares


da da reta, em que m é o coeficiente. Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e so-
Posições relativas de duas retas mente se, os seus coeficientes angulares são tais que
Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

De fato:
Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

Como:

Assim, para r // s, temos:


Então:

Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes. E, reciprocamente, se

ar ≠ as ↔ mr ≠ ms

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Logo,

Distância de ponto a reta


Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância
entre P e r( dPr ) é dada por:

Circunferência: Equações da circunferência e Equação reduzida


Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano
equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado
centro da circunferência:

Ângulo entre duas retas

Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r e s,


não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângulo 0
agudo formado entre elas:

Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da


circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên-
cia. Então:

Se uma das retas for vertical, teremos:

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe-


rência e permite determinar os elementos essenciais para a cons-
trução da circunferência: as coordenadas do centro e o raio.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori- 3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2. ( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16

Equação Geral 4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro


Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral e o raio
da circunferência:

MATEMÁTICA FINANCEIRA: CAPITAL, JUROS SIMPLES, JU-


ROS COMPOSTOS, MONTANTE.
Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe-
rência de centro C(2, -3) e raio r = 4.
MATEMÁTICA FINANCEIRA
A equação reduzida da circunferência é: A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16 no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos: aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas
na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés-
timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais
acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
nome de juros.
Determinação do centro e do raio da circunferência, dada a
equação geral Capital
Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro- O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan-
cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá- ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre-
-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado
da circunferência. pela tecla PV nas calculadoras financeiras).
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1; Taxa de juros e Tempo
- Não deve existir o termo xy. A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro
emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente
Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência expressa da forma percentual, em seguida da especificação do perí-
cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0. odo de tempo a que se refere:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con- 10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
dições.
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que
Assim: é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola- 0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
mos o termo independente
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6 Montante
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi-
2º passo: determinamos os termos que completam os quadra- tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
dos perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver
parcelas correspondentes questões.
M=C+J
M = montante
C = capital inicial
J = juros
M=C+C.i.n
M=C(1+i.n)

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

JUROS SIMPLES E COMPOSTO Esse valor, chamado de montante, é igual a soma do capital
com os juros, ou seja:
Os juros simples e compostos são cálculos efetuados com
o objetivo de corrigir os valores envolvidos nas transações
financeiras, isto é, a correção que se faz ao emprestar ou aplicar
uma determinada quantia durante um período de tempo24. Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e encontrar
O valor pago ou resgatado dependerá da taxa cobrada pela a seguinte expressão para o montante:
operação e do período que o dinheiro ficará emprestado ou
aplicado. Quanto maior a taxa e o tempo, maior será este valor.

— Diferença entre Juros Simples e Compostos


Nos juros simples a correção é aplicada a cada período e
considera apenas o valor inicial. Nos juros compostos a correção é A fórmula que encontramos é uma função afim, desta forma, o
feita em cima de valores já corrigidos. valor do montante cresce linearmente em função do tempo.
Por isso, os juros compostos também são chamados de juros
sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre um valor que já foi Exemplo: Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$
corrigido. 25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros simples?
Solução: Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada no
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou problema.
empréstimo a correção por juros compostos fará com que o valor
final a ser recebido ou pago seja maior que o valor obtido com juros C = R$ 1 000,00
simples. J = R$ 25,00
t = 1 mês
i=?

Agora que fizemos a identificação de todas as grandezas,


podemos substituir na fórmula dos juros:

Entretanto, observe que essa taxa é mensal, pois usamos


o período de 1 mês. Para encontrar a taxa anual precisamos
A maioria das operações financeiras utiliza a correção pelo multiplicar esse valor por 12, assim temos:
sistema de juros compostos. Os juros simples se restringem as
operações de curto período. i = 2,5.12= 30% ao ano

— Fórmula de Juros Simples — Fórmula de Juros Compostos


Os juros simples são calculados aplicando a seguinte fórmula: O montante capitalizado a juros compostos é encontrado
aplicando a seguinte fórmula:

Sendo:
J: juros. Sendo:
C: valor inicial da transação, chamado em matemática M: montante.
financeira de capital. C: capital.
i: taxa de juros (valor normalmente expresso em porcentagem). i: taxa de juros.
t: período da transação. t: período de tempo.

Podemos ainda calcular o valor total que será resgatado (no Diferente dos juros simples, neste tipo de capitalização, a fórmula
caso de uma aplicação) ou o valor a ser quitado (no caso de um para o cálculo do montante envolve uma variação exponencial.
empréstimo) ao final de um período predeterminado. Daí se explica que o valor final aumente consideravelmente para
períodos maiores.
24 https://www.todamateria.com.br/juros-simples-e-compostos/
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Exemplo: Calcule o montante produzido por R$ 2 000,00 3. CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Geral/2022
aplicado à taxa de 4% ao trimestre, após um ano, no sistema de Assunto: Equações de primeiro grau
juros compostos. De um auditório com agentes da polícia civil saíram 42 mulhe-
res e restaram agentes na razão de dois homens para cada mulher;
Solução: Identificando as informações dadas, temos: depois, 50 homens saíram do local e restaram agentes na razão de
três mulheres para cada homem. Nesse caso, o número de agentes
C = 2 000 que havia inicialmente no auditório é igual a
i = 4% ou 0,04 ao trimestre (A) 92.
t = 1 ano = 4 trimestres (B) 132.
M=? (C) 100.
(D) 112.
Substituindo esses valores na fórmula de juros compostos, (E) 120.
temos:
4. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Con-
tábeis/2022
Assunto: Conceitos iniciais: definição de capital, montante, taxa
e desconto.
Para uma aplicação prefixada, de único resgate e sujeita a juros
compostos, o valor dos juros será
(A) igual ao valor do resgate menos o valor da aplicação.
Observação: o resultado será tão melhor aproximado quanto o (B) igual ao valor da aplicação, deduzido o valor do resgate.
número de casas decimais utilizadas na potência. (C) igual à taxa de juros multiplicada pelo prazo da operação.
Portanto, ao final de um ano o montante será igual a (D) igual à taxa de juros multiplicada pelo prazo da operação e
R$ 2 339,71. somada ao valor do resgate.

5. CEBRASPE (CESPE) - TDP (DPE RO)/DPE RO/Técnico em Con-


QUESTÕES tabilidade/2022
Assunto: Juros simples
Uma pessoa fez um investimento de R$ 2.500 em uma aplica-
1. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2022 ção financeira remunerada a juros simples. Após 18 meses, o valor
Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme- resgatado foi de R$ 2.860.
ros naturais A taxa de juros anual desse investimento foi de
Considerando que, na unidade de pronto-socorro de um hospi- (A) 9,0%.
tal, quatro médicos façam atendimento aos pacientes e que haja a (B) 9,38%.
mesma probabilidade de esses pacientes serem atendidos por qual- (C) 9,6%.
quer um desses médicos, assinale a opção correta. (D) 14,4%.
Se 144 pacientes forem atendidos entre 6 h e 12 h de deter- (E) 10,03%.
minado dia, então cada médico atenderá, por hora, em média, a
quantidade de 6. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Con-
(A) 6 pacientes. tábeis/2022
(B) 12 pacientes. Assunto: Juros simples
(C) 18 pacientes. Se um empréstimo de R$ 100.000, feito à taxa de juros de 2%
(D) 24 pacientes. ao mês no regime de capitalização simples, for amortizado cinco
meses após a contratação, então o valor a ser pago ao final desse
2. CEBRASPE (CESPE) - Per Of (PC PB)/PC PB/Criminal/Área Ge- período será
ral/2022 (A) R$ 100.002.
Assunto: Equações de primeiro grau (B) R$ 102.000.
Na compra de dois coletes e três caixas de munições, um poli- (C) R$ 110.000.
cial pagou R$ 340; outro policial comprou três coletes e duas caixas (D) R$ 120.000.
de munições por R$ 360. Considerando- se que os preços unitários
dos referidos produtos tenham sido os mesmos nas duas compras, 7. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Con-
é correto afirmar que um policial que compre um colete e uma caixa tábeis/2022
de munições pagará Assunto: Juros simples
(A) R$ 60. Se um investidor tiver aplicado R$ 1.000 em um título que ren-
(B) R$ 70. de 10% ao ano em juros simples, então o prazo necessário para que
(C) R$ 80. o valor investido triplique será de
(D) R$ 140. (A) 5 anos.
(E) R$ 700. (B) 10 anos.
(C) 20 anos.
(D) 25 anos.
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104
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

8. CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Geral/2022 11. CEBRASPE (CESPE) - Tec Jud (TJ PR)/TJ PR/2019
Assunto: Análise combinatória (princípio fundamental da con- Assunto: Função exponencial e inequações exponenciais
tagem, arranjos, combinações, permutações) Um investimento em que os juros são capitalizados a cada mo-
Uma quadrilha especializada em roubo a bancos é composta mento é exemplo de aplicação da função exponencial expressa pela
por 5 homens: o chefe, o subchefe, o especialista em explosivos, equação y = f(t) = C × bt, em que C > 0 é o capital inicial, t é o tempo
o especialista em tecnologia e o especialista em armas. A polícia e b > 1 é um número real. Assinale a opção em que o gráfico apre-
descobriu que a quadrilha faria um roubo e que seus membros es- sentado pode representar a função y = f(t) dada, definida para todo
tariam usando máscaras com cores diferentes (preta, cinza, azul, t real.
verde e marrom), mas não descobriu quem estaria usando qual
máscara.
Nesse caso, é possível distribuir as máscaras entre os membros
da quadrilha de
(A) 5 formas distintas.
(B) 120 formas distintas. (A)
(C) 10 formas distintas.
(D) 25 formas distintas.
(E) 32 formas distintas.

9. CEBRASPE (CESPE) - PPE (SERES PE)/SERES PE/2022


Assunto: Análise combinatória (princípio fundamental da con-
tagem, arranjos, combinações, permutações) (B)
Uma agência de turismo oferece passeios consistentes na visita
a 12 pontos turísticos da cidade de Olinda-PE, entre os quais estão
as praias do Bairro Novo e da Casa Caiada, que são as únicas praias
da lista de pontos turísticos. A partir dessas informações, assinale a
opção que apresenta o número de maneiras possíveis de organizar
roteiros de visitas aos 12 pontos turísticos, tal que, se uma praia é (C)
visitada, então a segunda praia deve ser o próximo ponto turístico
a ser visitado.
(A) 10!
(B) 2×3×10!
(C) 2×11!
(D) 12×11×10×···×4×3 (D)
(E) 12!

10. CEBRASPE (CESPE) - Tec Jud (TJ PR)/TJ PR/2019


Assunto: Progressão aritmética
O protocolo de determinado tribunal associa, a cada dia, a or-
dem de chegada dos processos aos termos de uma progressão arit-
mética de razão 2: a cada dia, o primeiro processo que chega recebe (E)
o número 3, o segundo, o número 5, e assim sucessivamente. Se,
em determinado dia, o último processo que chegou ao protocolo 12. CEBRASPE (CESPE) - PEBTT (IFF)/IFF/Matemática/2018
recebeu o número 69, então, nesse dia, foram protocolados Assunto: Determinantes
(A) 23 processos. Considere que A, B e C sejam matrizes quadradas, de mesma
(B) 33 processos. dimensão e com entradas reais. Assinale a opção correta a respeito
(C) 34 processos. das propriedades dessas matrizes, assumindo que det(X) é o deter-
(D) 66 processos. minante da matriz X e XT é a matriz transporta da matriz X.
(E) 67 processos. (A) Se a matriz A for antissimétrica, isto é, se AT = −A, então
det(A) = 0.
(B) Se A não for matriz nula e se AB = AC, então B = C.
(C) Se (A + B)² = (B - A)², então AB = −BA.
(D) Se AB ≠ BA, então det(AB) ≠ dt(BA).
(E) det(2A) = 2det(A).

Editora
105
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

13. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci- 15. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci-
vil/Complementar/2022 vil/Complementar/2022
Assunto: Geometria espacial Assunto: Geometria analítica
Um tanque de água com a forma de um cilindro circular reto Em uma região plana da cidade sobre a qual é posicionado um
de diâmetro igual a 2 m e altura igual a 5 m, inicialmente cheio, sistema de coordenadas cartesianas com escala em quilômetros,
foi lentamente inclinado até o ângulo de inclinação com a vertical uma estrada é aproximada pela reta de equação 5x + 3y = 30. Ao
corresponder a 45°. projetar um viaduto sobre essa rodovia, um engenheiro estimou
que sua projeção sobre o plano deveria ser perpendicular à rodovia
e sua reta suporte deveria passar pela origem do sistema cartesia-
no.
Nesse caso, a equação da reta de suporte é corretamente ex-
pressa por
(A) 5x + 3y = 0.
(B) 5x – 3y = 0.
(C) 3x – 5y = 0.
(D) 3x + 5y = 0
(E) 3x – 5y = 30.

16. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti-


Nessa situação, sabendo-se que cada m3 equivale a 1000 L de ca/2021
água e considerando-se π = 3, 14, é correto afirmar que restará no Assunto: Geometria analítica
tanque um volume de água Considere a reta r : y = −3(x − 2) e o ponto P = (3, 4). Considere,
(A) superior a 15000 L. ainda, s a reta que passa por P e que é perpendicular à reta r.
(B) superior a 12000 L e inferior a 15000 L. Com base nessas informações, assinale a opção que indica o
(C) superior a 9000 L e inferior a 12000 L. ponto no qual se interceptam as retas r e s.
(D) inferior a 6000 L. (A) (9/10, 33/10)
(E) superior a 6000 L e inferior a 9000 L. (B) (9, 12/10)
(C) (3/8, 39/8)
14. CEBRASPE (CESPE) - Asst (IFF)/IFF/Alunos/2018 (D) (–9, –12)
Assunto: Geometria espacial (E) (9/8, 33/8)

17. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti-


ca/2021
Assunto: Geometria analítica
Considere a circunferência obtida pela equação
(x – 3)² + (y – 3)² = 9
e as retas f, g e h a seguir.
f: y = x/2 + 4
g: y = x/3 – 2
h: y = 6
A partir dessas informações, assinale a opção correta.
(A) A reta h é secante à circunferência, e a reta g é externa à
Um cilindro circular reto, cuja base tem diâmetro de 8 cm, foi circunferência.
cortado por um plano inclinado em relação à base, dando origem (B) A reta f é tangente à circunferência, e a reta h é externa à
ao tronco de cone apresentado. A altura maior do tronco de cone circunferência.
mede 20 cm e a menor, 16 cm. Nesse caso, o volume do tronco de (C) As retas g e h são externas à circunferência.
cone é igual a (D) A reta f é secante à circunferência, e a reta g é externa à
(A) 256π cm³. circunferência.
(B) 288π cm³. (E) As retas f e h são tangentes à circunferência.
(C) 320π cm³.
(D) 576π cm³. 18. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Gestão e Ne-
(E) 1.152π cm³. gócios/2021
Assunto: Juros compostos
Considere que determinado consumidor tenha aplicado R$
1.000,00 na poupança pelo período de dois anos. Supondo-se que a
taxa de juros da poupança seja de 6%
a.a. e que a capitalização ocorra em juros compostos, o saldo
da aplicação será de
(A) R$ 1.060,00.
(B) R$ 1.120,00.
Editora
106
106
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

(C) R$ 1.120,60. 14 B
(D) R$ 2.120,00.
(E) R$ 1.123,60. 15 C
16 A
19. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Gestão e Ne-
gócios/2021 17 D
Assunto: Juros compostos 18 E
Admitindo-se que uma operação seja capitalizada sob juros
19 A
compostos e que a taxa (i) e o prazo (n) estejam na mesma base
temporal, a expressão correspondente ao tempo necessário para 20 E
dobrar o capital investido é igual a
(A)
ANOTAÇÕES

(B) ______________________________________________________

______________________________________________________
(C)
______________________________________________________
(D)
______________________________________________________
(E)
______________________________________________________
20. CEBRASPE (CESPE) - ATM (Pref Aracaju)/Pref Aracaju/Abran-
gência Geral/2021 ______________________________________________________
Assunto: Juros compostos ______________________________________________________
No texto, caso Cláudio optasse por aplicar seu dinheiro em 9
de março de 2020, de modo a obter, em 9 de outubro de 2020, o ______________________________________________________
valor suficiente para pagar os serviços da pousada Boa Estadia, sem
desconto, em aplicação com rentabilidade mensal composta de 5%, ______________________________________________________
o valor a ser aplicado, assumindo-se 1, 057 = 1, 41, deveria ser
(A) inferior a R$ 1.000. ______________________________________________________
(B) superior a R$ 1.075.
(C) superior a R$ 1.000 e inferior a R$ 1.025. ______________________________________________________
(D) superior a R$ 1.025 e inferior a R$ 1.050.
______________________________________________________
(E) superior a R$ 1.050 e inferior a R$ 1.075.
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A ______________________________________________________
2 D
______________________________________________________
3 B
4 A ______________________________________________________

5 C ______________________________________________________
6 C ______________________________________________________
7 C
______________________________________________________
8 B
9 C ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 E
_____________________________________________________
12 C
_____________________________________________________
13 B

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

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QUESTÕES -
LÍNGUA PORTUGUESA
de-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava
QUESTÕES o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que
toquei o sino”, foi a resposta do camponês.
“Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e
1. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu- o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de
guesa/2021 gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”.
Assunto: Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar
Texto 5A2-I andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas
Socorro das suas terras. O lesado tinha começado por protestar e reclamar,
Socorro, eu não estou sentindo nada. depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às
Nem medo, nem calor, nem fogo, autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resulta-
não vai dar mais pra chorar do, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar a
nem pra rir. morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço
Socorro, alguma alma, mesmo que penada, popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios,
me empreste suas penas. ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defun-
Já não sinto amor nem dor, ta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à
já não sinto nada. triste vida de todos os dias.
Socorro, alguém me dê um coração, Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do
que esse já não bate nem apanha. mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a
Por favor, uma emoção pequena, ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça
qualquer coisa que se sinta, continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste
tem tantos sentimentos, instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está
deve ter algum que sirva. matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse
Socorro, alguma rua que me dê sentido, existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que
em qualquer cruzamento, dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar:
acostamento, encruzilhada, justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de
socorro, eu já não sinto nada. teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a
Alice Ruiz. Socorro, 1986. que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da
Assinale a opção em que a palavra apresentada está de acordo balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que
com a atual ortografia oficial da língua portuguesa. para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira
(A) seminternato cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais
(B) hiperssensibilidade rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in-
(C) contra-regra dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o
(D) mão-de-obra alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dú-
(E) autoanálise vida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e so-
bretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria
2. CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021 sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um
Assunto: Inicial maiúscula iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada
Texto CG1A1-I ser humano assiste.
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no- José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.Internet:
tável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de <dominiopublico.gov.br> (com adaptações).
Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a No trecho ‘Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei
vossa atenção para este importante acontecimento histórico por- a finados pela Justiça porque a Justiça está morta’, no parágrafo do
que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do epi- texto CG1A1-I, o vocábulo justiça está empregado com letra inicial
sódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não maiúscula porque, nesse caso, há
tarda. (A) a intenção de destacar o termo em função de sua posição
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti- sintática.
vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por (B) o uso de simbologias para ampliar o significado do termo
alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta justiça.
abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este (C) a intenção de subverter o significado do termo justiça.
o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreen-
Editora
109
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

(D) o objetivo de introduzir um neologismo. B... viu episódios interessantes, que esqueceu logo, tal foi o gri-
(E) a personificação do termo justiça. to de angústia e terror saído da boca de um homem que estava ao
pé dele. Não teve tempo nem língua em que perguntasse ao desco-
3. CEBRASPE (CESPE) - Dati Pol (PC RO)/PC RO/2022 nhecido o que era. Ali, no meio do fumo que rompia por uma das
Assunto: Acentuação janelas, destacava-se do clarão, ao fundo, a figura de uma mulher.
Texto CG1A1-I A mulher parecia hesitar entre a morte pelo fogo e a morte
Na segunda metade do século XVIII, eclodiram protestos con- pela queda. A alma generosa do oficial não se conteve, rompeu a
tra os suplícios por toda a Europa. Esses eram formas de punição multidão e enfiou pelo corredor.
que podem ser definidas como penas aplicadas sobre o corpo do Não se lembrava como pôde fazer isso; lembrava-se que, a des-
condenado, num ritual geralmente ostentoso e cruel. Nessa época, peito das dificuldades, chegou ao segundo andar. Tudo aí era fumo.
começava-se a crer que era preciso punir de outro modo, de forma O fumo rasgou-se de modo que ele pôde ver o busto da mulher...
que a justiça penal aplicasse punições sem se vingar. Essa mudança – A mulher, — disse ele ao terminar a aventura, e provavelmen-
no modo de punir, entretanto, não se deveu tanto a um sentimento te sem as reticências que Abel metia neste ponto da narração, — a
de humanidade, de piedade para com o acusado. Vários fatores, mulher era um manequim, posto ali de costume ou no começo do
especialmente de caráter econômico, contribuíramc para que os su- incêndio, como quer que fosse, era um manequim.
plícios fossem deixados de lado e substituídosb pela prisão. A morte agora, não tendo mulher que levasse, parecia esprei-
A partir do século XVIII, ocorreu uma diminuição dos crimes tá-lo a ele, salvador generoso. Desceu os degraus a quatro e quatro.
de sangue na Europa, e passaram a prevalecer os delitos pratica- Transpondo a porta da sala para o corredor, quando a multidão an-
dos contra a propriedade, como roubos e fraudes fiscais. Portanto, siosa estava a esperá-lo, na rua, uma tábua, um ferro, o que quer
houve uma suavização dos crimes antes de uma suavização das leis, que era caiu do alto e quebrou-lhe a perna...
que se tornaram mais leves para corresponder à diminuição da gra- Tratou-se a bordo e em viagem. Desembarcando aqui, no Rio
vidade dos delitos cometidos. de Janeiro, foi para o hospital onde Abel o conheceu. Contava partir
Além disso, no século XVIII se modificou tambéme o sistema em breves dias. Abel não se despediu dele. Mais tarde soube que,
econômico europeu. A Europa deixou de ser feudal e tornou-se depois de alguma demora em Inglaterra, foi mandado a Calcutá,
industrial. A prisão, como castigo institucionalizado pelo Direito onde descansou da perna quebrada, e do desejo de salvar ninguém.
Penal, apareceu nesse contexto para regulamentar o mercado de Machado de Assis. Um incêndio. In: Obra completa de Ma-
trabalho, a produção e o consumo de bens, e para proteger a pro- chado de Assis, Vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Internet:
priedade da classe social dominante. <https://www.machadodeassis.ufsc.br>(com adaptações).
A prisão foi idealizada, naquele momento histórico, como São acentuados graficamente de acordo com a mesma regra de
forma de disciplinar os delinquentes. O corpo do condenado não acentuação gráfica os vocábulos
poderia mais ser desperdiçado pelo suplício, mas deveria servir às (A) “incêndio” e “ninguém”.
demandas de trabalho das fábricas. A finalidade da prisão era suprir (B) “aí” e “Calcutá”.
a necessidade das indústrias incipientes, e expressava, assim, uma (C) “espreitá-lo” e “tábua”.
resposta à necessidade de utilização racional e intensa do trabalho (D) “pôde” e “angústia”.
humano. A economia industrial necessitava da conservação e man- (E) “saído” e “aí”.
tença da eventual mão-de-obra. Percebeu- se, nesse momento, que
vigiar é mais rentávela e eficaz do que punir. 5. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Séries Ini-
Mariana de Mello Arrigoni. A prisão: reflexão crítica a partir ciais/2021
de suas origens. In: História e Teorias Críticas do Direito. Jacarezi- Assunto: Acentuação
nho – PR: UENP, 2018, p. 148-64 (com adaptações). Texto 15A2-I
Assinale a opção em que as palavras destacadas do texto são Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e endemia,
acentuadas graficamente de acordo com a mesma regra de acentu- surge, imediatamente, a ideia de que a epidemia se caracteriza pela
ação gráfica. incidência, em curto período de tempo, de grande número de casos
(A) “rentável” e “época” de uma doença, ao passo que a endemia se traduz pelo apareci-
(B) “substituídos” e “vários” mento de menor número de casos ao longo do tempo.
(C) “contribuíram” e “econômico” A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita, en-
(D) “contribuíram” e “substituídos” tretanto, com base apenas na maior ou menor incidência de deter-
(E) “também” e “histórico” minada enfermidade em uma população. Se o elevado número de
casos novos e sua rápida difusão constituem a principal característi-
4. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Combaten- ca da epidemia, já não basta o critério quantitativo para a definição
te/2022 de endemia. O que define o caráter endêmico de uma doença é o
Assunto: Acentuação fato de ela ser peculiar a um povo, a um país ou a uma região. A pró-
Texto 2A01 pria etimologia da palavra endemia denota esse atributo: endemos,
Era um sábado de abril. B... chegara àquele porto e descera a em grego clássico, significa “originário de um país”, “referente a um
terra, deu alguns passeios. Ao dobrar uma esquina, viu certo movi- país”, “encontrado entre os habitantes de um mesmo país”. Esse
mento no fim da outra rua, e picou o passo a descobrir o que era. entendimento perdura na definição de endemia encontrada nos lé-
Era um incêndio no segundo andar de uma casa. Polícia, auto- xicos especializados em terminologia médica de várias línguas.
ridades, bombas iam começar o seu ofício. Pandemia, palavra de origem grega, formada com o prefixo
neutro pan e pelo morfema demos (povo), foi pela primeira vez em-
pregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão a usou no sentido
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcançar te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais,
toda a população. Com esse mesmo sentido, foi também utilizada esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo
por Aristóteles. a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir
O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia de em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante.
grandes proporções, que se espalha por vários países e por mais O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro
de um continente. Exemplo tantas vezes citado é o da gripe espa- território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode
nhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e 1919, ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no
e que causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas em todo exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante,
o mundo. ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer
Joffre M. de Rezende. Epidemia, endemia, pandemia, epide- chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira,
miologia. o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas
In: Revista de Patologia Tropical, v. 27, n.º 1, p. 153-155, jan.- convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o
-jun./1998 (com adaptações). que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o
Os vocábulos “países” e “línguas”, presentes no texto 15A2-I, que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no
possuem a mesma classificação quanto à tonicidade, porém um di- que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun-
fere do outro quanto à regra empregada para a utilização do acento do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a
agudo. Assinale a opção que indica a correta classificação desses vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e
vocábulos quanto à tonicidade e que explica corretamente as regras imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
de acentuação aplicadas a eles. Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
(A) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas” é matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a
acentuado porque sua última sílaba contém um ditongo cres- palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
cente átono, ao passo que “países” é acentuado porque sua lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
sílaba tônica forma um hiato com a vogal da sílaba anterior. ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
(B) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “línguas” sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
é acentuado porque sua última sílaba contém um ditongo de- um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
crescente átono, ao passo que “países” é acentuado porque isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
sua última sílaba termina com “s”. do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
(C) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas” é estaria destruída.
acentuado porque sua última sílaba termina com “s”, ao passo Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
que “países” é acentuado porque sua sílaba tônica forma um ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
hiato com a vogal da sílaba anterior. sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
(D) Ambos os vocábulos são oxítonos, contudo “línguas” é nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
acentuado porque tem três sílabas, ao passo que “países” é de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
acentuado porque sua sílaba tônica contém um ditongo cres- tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
cente. a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
(E) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “línguas” uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
é acentuado porque tem duas sílabas, ao passo que “países” é e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto
acentuado porque tem três sílabas. oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
6. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- dos que nos ouvem.
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021 Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
Assunto: Acentuação nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
Texto 14A1-I nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí-
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país dignidade poética, historicamente flutuante.
inteiro. A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun-
um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a
intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e
me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra, imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans- matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a
formar, para o escritor, na sua ética. palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta- lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
ções). ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
No primeiro parágrafo do texto 14A1-I, a forma verbal em sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
“compreendê-la” (segundo período) recebe acento circunflexo por- um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
que isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
(A) corresponde à terceira pessoa do singular do presente do do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
indicativo do verbo compreender. estaria destruída.
(B) constitui, juntamente com a forma pronominal “la”, palavra Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
paroxítona terminada com a vogal a. ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
(C) devem ser assim acentuadas todas as formais verbais com sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
ênclise pronominal. nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
(D) diferenciam-se pelo acento as flexões de plural e singular de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
do verbo compreender na terceira pessoa do presente do in- tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
dicativo. a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
(E) é vocábulo oxítono terminado em e semifechado em razão uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
da assimilação do r final do infinitivo compreender com a letra e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto
inicial da forma pronominal enclítica “la”. oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
7. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- dos que nos ouvem.
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021 Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
Assunto: Acentuação nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
Texto 14A1-I nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí-
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país dignidade poética, historicamente flutuante.
inteiro. A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no formar, para o escritor, na sua ética.
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer ções).
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, No quinto parágrafo do texto 14A1-I, a forma verbal “vêm”
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas apresenta o acento circunflexo porque
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o (A) é um monossílabo tônico.
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o (B) corresponde à terceira pessoa do plural do presente do in-
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no dicativo do verbo vir.
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(C) foi extinta a grafia veem, tendo-se substituído o hiato pelo Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
ê. ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
(D) está flexionada na terceira pessoa do plural do pretérito im- sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
perfeito do verbo ver. nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
(E) distingue-se assim da respectiva forma no singular, que re- de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
cebe acento agudo (vém). tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
8. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021 e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto
Assunto: Uso do Hifen oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
Texto 14A1-I viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- dos que nos ouvem.
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí-
inteiro. vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, dignidade poética, historicamente flutuante.
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas formar, para o escritor, na sua ética.
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o ções).
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no Assinale a opção em que a palavra apresentada está grafada
que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun- corretamente, de acordo com a vigente ortografia oficial da língua
do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a portuguesa.
vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e (A) antinflamatório
imediata que se move quem escreve, o ouvido atento. (B) semi-circular
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua (C) vai-e-vem
matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a (D) autoavaliação
palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa- (E) panamericano
lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
estaria destruída.

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9. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2022 seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido de-
Assunto: Formação e Estrutura das palavras clarada defunta, regressaram resignados,(d) de cabeça baixa e alma
Texto sucumbida, à triste vida de todos os dias.
O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. Os Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do
seres humanos compartilham essa experiência com os animais. mundo, um sino chorou a morte da Justiça.(e) Nunca mais tornou a
Os estudiosos do comportamento animal descrevem, de modo ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça
altamente detalhado, o rico repertório de reações dos animais à continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste
presença imediata de uma ameaça que ponha em risco suas vidas. instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está
Os humanos, porém, conhecem algo mais além disso: uma espé- matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse
cie de medo de “segundo grau”, um medo, por assim dizer, social existido para aqueles que nela tinham confiado,(a) para aqueles
e culturalmente “reciclado”, um “medo derivado” que orienta seu que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de espe-
comportamento, haja ou não uma ameaça imediatamente presen- rar: justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas
te. O medo secundário pode ser visto como um rastro de uma ex- de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não
periência passada de enfrentamento de uma ameaça direta — um a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos
resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado
na modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça compa-
ameaça direta à vida ou à integridade. nheira cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria
Zygmunt Bauman. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto o mais rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser
Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 9 (com adapta- tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida
ções). é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem
A respeito das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e so-
do texto anterior, faça o que se pede. bretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria
Assinale a opção que apresenta uma palavra formada pelo mes- sociedade em ação,(c) uma justiça em que se manifestasse, como
mo processo de formação da palavra “ameaça” (terceiro período). um iniludível imperativo moral,(d) o respeito pelo direito a ser que
(A) “conduta” (último período) a cada ser humano assiste.
(B) “encontro” (último período) José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.
(C) “presença” (terceiro período) Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações).
(D) “rastro” (último período) Com relação aos aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, é cor-
reto afirmar que pertencem à classe gramatical dos adjetivos os
10. CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021 termos
Assunto: Adjetivo (A) “tarda”, em “saltar-vos-á ao rosto não tarda”, e “confiado”,
Texto CG1A1-I em “é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no- nela tinham confiado”.
tável da vida camponesa(b) ocorrido numa aldeia dos arredores de (B) “camponesa”, em “um fato notável da vida camponesa”, e
Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a “extraível”, em “a lição moral extraível do episódio não terá de
vossa atenção para este importante acontecimento histórico por- esperar o fim do relato”.
que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do epi- (C) “estremas”, em “o ganancioso senhor do lugar andava des-
sódio não terá de esperar o fim do relato,(b) saltar-vos-á ao rosto de há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas das suas
não tarda.(a) terras”, e “espontânea”, em “uma justiça que fosse a emanação
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti- espontânea da própria sociedade em ação”.
vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por (D) “declarada”, em “uma vez que a Justiça havia sido declarada
alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta defunta, regressaram resignados”, e “imperativo”, em “como
abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o um iniludível imperativo moral”.
homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende- (E) “morto”, em “quem era o morto”, e “qualquer”, em “Supo-
-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o nho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do mundo,
sineiro e quem era o morto.(e) “O sineiro não está aqui, eu é que um sino chorou a morte da Justiça”.
toquei o sino”, foi a resposta do camponês.
“Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o 11. CEBRASPE (CESPE) - Tec Leg (ALECE)/ALECE/2021
camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gen- Assunto: Adjetivo
te, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”. Texto CG5A1-I
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do E de repente aquela dor intolerável no olho esquerdo, este la-
lugar andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das crimejando, e o mundo se tornando turvo. E torto: pois fechando
estremas das suas terras.(c) O lesado tinha começado por protes- um olho, o outro automaticamente se entrefecha. Quatro vezes no
tar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu decorrer de menos de um ano um objeto estranho entrou no meu
queixar-se às autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo olho esquerdo: duas vezes ciscos, uma vez um grão de areia, outra
sem resultado, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu um cílio. Das quatro vezes tive que procurar um oftalmologista de
anunciar a morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei plantão. Da última vez, perguntei ao doutor Murilo Carvalho, cirur-
se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos gião dos Oculistas Associados, e também um artista em potencial
que realiza sua vocação através de cuidar por assim dizer de nossa
visão de mundo:
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— Por que sempre o olho esquerdo? É simples coincidência? constante movimento de todas as coisas humanas, um movimento
Ele respondeu não; que, por mais normal que seja uma vista, que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam e morram.
um dos olhos vê mais que o outro e por isso é mais sensível. Cha- As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo tempo, as-
mou-o de “olho diretor”. E, por ser mais sensível, disse ele, prende seguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade de algo
o corpo estranho, não o expulsa. inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positivas são
Quer dizer que o melhor olho é aquele que mais sofre. É a um para a existência política do homem o que a memória é para a sua
só tempo mais poderoso e mais frágil, atrai problemas que, longe existência histórica: garantem a preexistência de um mundo co-
de serem imaginários, não poderiam ser mais reais que a dor in- mum, a realidade de certa continuidade que transcende a duração
suportável de um cisco ferindo e arranhando uma das partes mais individual de cada geração, absorve todas as novas origens e delas
delicadas do corpo. se alimenta.
Fiquei pensativa. Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico
Será que é só com os olhos que isso acontece? Será que a pes- é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como
soa que mais vê, portanto a mais potente, é a que mais sente e uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei feita pelos homens.
sofre. E a que mais se estraçalha com dores tão reais quanto um Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade arbi-
cisco no olho. trária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico de um
Fiquei pensativa. homem contra todos, muito menos a uma guerra de todos contra
Clarice Lispector. Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação entre
2018, p. 36 (com adaptações). os homens individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge
No texto CG5A1-I, o adjetivo “turvo”, em “o mundo se tornan- de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em
do turvo” (primeiro parágrafo), tem o mesmo sentido de Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lei
(A) sensível. entre os homens
(B) conturbado. — como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus
(C) embaçado. direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o
(D) invisível. espaço entre os homens, delimitado pelas leis, é o espaço vital da
(E) difícil liberdade.
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.
12. CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/Administra- dhnet.org.br> (com adaptações).
ção/2022 No parágrafo do texto CG1A1-I, o verbo “erigir” tem o mesmo
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos sentido de
e tempos verbais (A) manter.
Texto CG1A1-I (B) derrubar.
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; (C) alargar.
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a le- (D) construir.
galidade é a essência do governo não tirânico e a ilegalidade é a es- (E) reduzir.
sência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitário.
O terror é a realização da lei do movimento. 13. CEBRASPE (CESPE) - Dati Pol (PC RO)/PC RO/2022
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da nature- Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
za ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, e tempos verbais
sem o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o Texto CG1A1-III
terror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da Criminalística - ramo da ciência penal que estuda, investiga,
natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da descobre, comprova a existência de criminosos, usando em seus
humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode trabalhos subsídios de antropologia, psicologia, medicina legal, psi-
permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia, in- quiatria, dactiloscopia, detector de mentiras etc. Entre suas atribui-
terfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da ções, estão o levantamento do local do crime, a colheita de provas e
natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram conceitos as perícias. Também denominada jurisprudência criminal ou polícia
vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do processo natural científica.
ou histórico que já emitiu julgamento quanto às “raças inferiores”, Criminologia - estuda o crime como fenômeno social, as suas
quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes agonizan- causas e os meios de evitá-lo; classifica as figuras delituosas, trata,
tes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses julgamen- em particular, do criminoso, investiga causas, fatores individuais,
tos, mas no seu tribunal todos os interessados são subjetivamente influências determinantes de sua ação perniciosa, e indica medi-
inocentes: os assassinados porque nada fizeram contra o regime, das para reprimir-lhe as tendências criminógenas. Funda-sec nosb
e os assassinos porque realmente não assassinaram, mas executa- princípios dominantesd da biologia, endocrinologia, psicologia e so-
ram uma sentença de morte pronunciada por um tribunal superior. ciologia criminaise, assim como na medicina legal e na psiquiatria.a
Os próprios governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas Deocleciano Torrieri Guimarães. Dicionário técnico jurídico.
apenas executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis, São Paulo: Riddel, 2011, p. 249-250 (com adaptações).
mas executam um movimento segundo a sua lei inerente.
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir
fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens,
cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos
homens que nela nascem. A estabilidade das leis corresponde ao
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Estariam mantidos os sentidos e a correção gramatical do últi- 15. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021
mo período do texto referente ao verbete “Criminologia”, no texto Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
CG1A1-III, caso se substituísse e tempos verbais
(A) o segmento “assim como na Medicina Legal e na Psiquia- Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro)
tria” por tanto quanto o da Medicina Legal e da Psiquiatria. muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cida-
(B) o segmento “Funda-se nos” por Embasa os. dãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das
(C) a forma verbal “Funda-se” por Está fundamentada. suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido to-
(D) o segmento “princípios dominantes” por dogmatismos de- talmente conquistado por essas pessoas que não param de tagare-
terminantes. lar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de
(E) o vocábulo “criminais” por delusas. ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York
do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição
14. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci- inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num dia,
vil/Complementar/2022 o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia seguin-
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos te, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e desa-
e tempos verbais companhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um cigarro;
Texto 2A01 no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importante com
Era um sábado de abril. B... chegara àquele porto e descera a uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acendiam o is-
terra, deu alguns passeios. Ao dobrar uma esquina, viu certo movi- queiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles logo acio-
mento no fim da outra rua, e picou o passo a descobrir o que era. navam o celular. O custo de um maço de cigarros por dia se trans-
Era um incêndio no segundo andar de uma casa. Polícia, auto- formou em contas mensais de centenas de dólares na operadora. A
ridades, bombas iam começar o seu ofício. poluição atmosférica se transformou em poluição sonora. Embora o
B... viu episódios interessantes, que esqueceu logo, tal foi o gri- motivo da irritação tivesse mudado de uma hora para outra, o sofri-
to de angústia e terror saído da boca de um homem que estava ao mento da maioria contida, provocado por uma minoria compulsiva
pé dele. Não teve tempo nem língua em que perguntasse ao desco- em restaurantes, aeroportos e outros espaços públicos, continuou
nhecido o que era. Ali, no meio do fumo que rompia por uma das estranhamente constante. Em 1998, não muito tempo depois que
janelas, destacava-se do clarão, ao fundo, a figura de uma mulher. deixei de fumar, observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo
A mulher parecia hesitar entre a morte pelo fogo e a morte e fechando nervosamente seus celulares, mordiscando as anteni-
pela queda. A alma generosa do oficial não se conteve, rompeu a nhas. Ou apenas os segurando como se fossem a mão de uma mãe,
multidão e enfiou pelo corredor. e eu quase sentia pena delas. Para mim, era difícil prever até onde
Não se lembrava como pôde fazer isso; lembrava-se que, a des- chegaria essa tendência: Nova York queria verdadeiramente se tor-
peito das dificuldades, chegou ao segundo andar. Tudo aí era fumo. nar uma cidade de viciados em celulares deslizando pelas calçadas
O fumo rasgou-se de modo que ele pôde ver o busto da mulher... sob desagradáveis nuvenzinhas
– A mulher, — disse ele ao terminar a aventura, e provavelmen- de vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção
te sem as reticências que Abel metia neste ponto da narração, — a de que deveria haver um pouco de autocontrole em público?
mulher era um manequim, posto ali de costume ou no começo do Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo: Companhia
incêndio, como quer que fosse, era um manequim. das Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações).
A morte agora, não tendo mulher que levasse, parecia esprei- Assinale a opção que apresenta um trecho do texto 1A1-I em
tá-lo a ele, salvador generoso. Desceu os degraus a quatro e quatro. que o autor emprega um verbo no presente do indicativo em refe-
Transpondo a porta da sala para o corredor, quando a multidão an- rência a um hábito atual da sociedade.
siosa estava a esperá-lo, na rua, uma tábua, um ferro, o que quer (A) “ainda havia em Nova York (onde moro) muitos espaços pú-
que era caiu do alto e quebrou-lhe a perna... blicos mantidos coletivamente”
Tratou-se a bordo e em viagem. Desembarcando aqui, no Rio (B) “Há dez anos, o mundo não havia sido totalmente conquis-
de Janeiro, foi para o hospital onde Abel o conheceu. Contava partir tado por essas pessoas que não param de tagarelar no celular”
em breves dias. Abel não se despediu dele. Mais tarde soube que, (C) “A poluição atmosférica se transformou em poluição sono-
depois de alguma demora em Inglaterra, foi mandado a Calcutá, ra”
onde descansou da perna quebrada, e do desejo de salvar ninguém. (D) “observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo e fe-
Machado de Assis. Um incêndio. In: Obra completa de Ma- chando nervosamente seus celulares”
chado de Assis, Vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Internet: (E) “de alguma maneira iria prevalecer a noção de que deveria
<https://www.machadodeassis.ufsc.br>(com adaptações). haver um pouco de autocontrole em público?”
Os verbos empregados no primeiro período do texto 2A01 ex-
pressam
(A) continuidade de ações não limitadas no tempo.
(B) ideias invariáveis de tempo.
(C) variações do tempo pretérito.
(D) ações finalizadas em um mesmo momento.
(E) ações momentâneas determinadas no tempo.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

16. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Jurí- 17. CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021
dicos/2021 Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
e tempos verbais Texto CG1A1-I
Texto CB1A1-I Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no-
Durante um seminário sobre a antropologia do dinheiro mi- tável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de
nistrado na Escola de Economia e Ciência Política de Londres, Jock Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a
Stirratt descreveu em um gráfico os usos a que alguns pescadores vossa atenção para este importante acontecimento histórico por-
do Sri Lanka que prosperaram nos últimos anos submetiam sua ri- que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do epi-
queza recém-adquirida. A renda desses pescadores, antes muito sódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não
baixa, deu um grande salto desde que o gelo se tornou disponível, o tarda.
que possibilitou que seus peixes alcançassem, em boas condições, Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti-
os mercados distantes da costa, onde atingiram preços altos. No vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por
entanto, as aldeias de pescadores ainda permanecem isoladas e, alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta
à época do estudo, não tinham eletricidade, estradas nem água abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este
encanada. Apesar desses desincentivos aparentes, os pescadores o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreen-
mais ricos gastavam os excedentes de seus lucros na compra de de-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava
aparelhos de televisão inutilizáveis, na construção de garagens em o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que
casas a que automóveis sequer tinham acesso e na instalação de toquei o sino”, foi a resposta do camponês.
caixas-d’água jamais abastecidas. De acordo com Stirratt, isso tudo “Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o
ocorre por uma imitação entusiasmada da alta classe média das zo- camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gen-
nas urbanas do Sri Lanka. te, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”.
É fácil rir de despesas tão grosseiramente excêntricas, cuja Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar
aparente falta de propósito utilitário dá a impressão de que, por andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas
comparação, pelo menos parte de nosso próprio consumo tem um das suas terras. O lesado tinha começado por protestar e reclamar,
caráter racional. Como os objetos adquiridos por esses pescadores depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às
parecem não ter função em seu meio, não conseguimos entender autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resulta-
por que eles deveriam desejá-los. Por outro lado, se eles colecio- do, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar a
nassem peças antigas de porcelana chinesa e as enterrassem, como morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço
fazem os Ibans, seriam considerados sensatos, senão encantados, popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios,
tal como os temas antropológicos normais. Não pretendo negar as ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defun-
explicações óbvias para esse tipo de comportamento ― ou seja, ta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à
busca de status, competição entre vizinhos, e assim por diante. Mas triste vida de todos os dias.
penso que também dever-se-ia reconhecer a presença de uma cer- Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do
ta vitalidade cultural nessas atrevidas incursões a campos ainda não mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a
inexplorados do consumo: a habilidade de transcender o aspecto ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça
meramente utilitário dos bens de consumo, de modo que se tor- continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste
nem mais parecidos com obras de arte, carregados de expressão instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está
pessoal. matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse
Alfred Gell. Recém-chegados ao mundo dos bens: o consumo existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que
entre os Gonde Muria. In: Arjun Appadurai (org). A vida social das dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar:
coisas: mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Eduff, justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de
2008, teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a
p. 147-48 (com adaptações). que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da
No trecho “se eles colecionassem peças antigas de porcelana balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que
chinesa” (segundo parágrafo), do texto CB1A1-I, o modo da forma para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira
verbal “colecionassem” indica uma cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais
(A) hipótese. rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in-
(B) avaliação. dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o
(C) vontade. alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dú-
(D) ordem. vida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e so-
bretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria
sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um
iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada
ser humano assiste.
José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.
Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

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Mantendo-se os sentidos do parágrafo do texto CG1A1-I, a ex- sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um
pressão “havia sido” poderia ser substituída por iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada
(A) fosse. ser humano assiste.
(B) tinha sido. José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.
(C) tivesse sido. Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações).
(D) foi. Infere-se do texto CG1A1-I que, no trecho ‘Ninguém que tives-
(E) houvesse sido. se nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a
Justiça está morta’, está implícita após ‘gente’ a forma verbal
18. CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021 (A) morreu.
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos (B) tocou.
e tempos verbais (C) respondeu.
Texto CG1A1-I (D) apareceu.
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no- (E) pediu.
tável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de
Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a 19. CEBRASPE (CESPE) - ATM (Pref Aracaju)/Pref Aracaju/Abran-
vossa atenção para este importante acontecimento histórico por- gência Geral/2021
que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do epi- Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
sódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não e tempos verbais
tarda. De um dia para o outro, parecia que a peste se tinha instalado
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti- confortavelmente no seu paroxismo e incorporava aos seus assas-
vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por sinatos diários a precisão e a regularidade de um bom funcionário.
alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta Em princípio, segundo a opinião de pessoas competentes, era bom
abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este sinal. O gráfico da evolução da peste, com sua subida incessante,
o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreen- parecia inteiramente reconfortante ao Dr. Richard. Daqui em dian-
de-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava te, só poderia decrescer. E ele atribuía o mérito disso ao novo soro
o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que de Gastei, que acabava de obter, com efeito, alguns êxitos imprevis-
toquei o sino”, foi a resposta do camponês. tos. As formas pulmonares da infecção, que já se tinham manifesta-
“Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e do, multiplicavam-se agora nos quatro cantos da cidade. O contágio
o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de tinha agora probabilidade de ser maior, com essa nova forma de
gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”. epidemia. Na realidade, as opiniões dos especialistas tinham sem-
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar pre sido contraditórias sobre esse ponto. Havia, no entanto, outros
andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas motivos de inquietação em consequência das dificuldades de abas-
das suas terras. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, tecimento, que cresciam com o tempo. A especulação interviera e
depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às oferecia, a preços fabulosos, os gêneros de primeira necessidade
autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resulta- que faltavam no mercado habitual. As famílias pobres viam-se, as-
do, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar a sim, em uma situação muito difícil. A peste, que, pela imparciali-
morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço dade eficaz com que exercia seu ministério, deveria ter reforçado
popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, a igualdade entre nossos concidadãos pelo jogo normal dos egoís-
ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defun- mos, tornava, ao contrário, mais acentuado no coração dos homens
ta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à o sentimento da injustiça. Restava, é bem verdade, a igualdade ir-
triste vida de todos os dias. repreensível da morte, mas, esta, ninguém queria. Os pobres que
Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do sofriam de fome pensavam, com mais nostalgia ainda, nas cidades
mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a e nos campos vizinhos, onde a vida era livre e o pão não era caro.
ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça Difundira-se uma divisa que se lia, às vezes, nos muros ou se gritava
continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste à passagem do prefeito: “Pão ou ar”. Essa fórmula irônica dava o
instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está alarme de certas manifestações logo reprimidas, mas cuja gravida-
matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse de todos percebiam.
existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que Albert Camus. A peste. Internet: (com adaptações).
dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: Os sentidos do texto seriam mantidos caso, no trecho “De um
justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de dia para o outro, parecia que a peste se tinha instalado confortavel-
teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a mente no seu paroxismo”, a locução “tinha instalado” fosse substi-
que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da tuída por
balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que (A) instalara.
para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira (B) instalava.
cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais (C) instalou.
rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in- (D) instalasse.
dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o (E) instalaria.
alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dú-
vida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e so-
bretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria
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20. CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN CE)/COREN CE/2021 21. CEBRASPE (CESPE) - Ag PT (IBGE)/IBGE/2021
Assunto: Conjugaçã�. Reconhecimento e emprego dos modos Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
e tempos verbais e tempos verbais
Texto CG1A1-I Texto 1A1-I
Era o jogo da decisão final do Campeonato Mineiro: Atlético Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas
contra América. Torcíamos apaixonadamente pelo América, não só posso imaginar nosso antepassado mais remoto riscando na pare-
por ser o time de nossa predileção, mas porque meu irmão Gérson de da caverna, à luz de uma tocha, signos que indicavam quanto de
ia jogar de goleiro, em substituição ao famoso Princesa, que estava alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou,
contundido. como somos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da
Gérson me reservou a primeira surpresa: tinha me arranjado tribo e o número de caças abatidas por cada um deles.
um uniforme completo do time do América, para que eu entrasse Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez
no campo como mascote. possamos afirmar que existem dois tipos de listas: as necessárias e
Só o fato de sair do vestiário em meio aos jogadores de verdade as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessárias tornam-
já me enchia de emoção. Gérson me conduzia pela mão, quando -se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo
nos alinhamos para fazer o cumprimento de praxe à assistência. mês, enumero as coisas que faltam na despensa de minha casa an-
Depois os jogadores se espalharam, fazendo exercícios de aqueci- tes de me dirigir ao supermercado; essa lista arrolo na categoria
mento. Fiquei por ali, ciscando entre um e outro, a viver a minha das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
grande emoção. para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar,
Mas o meu maior momento de glória ainda estava para chegar. cortar em definitivo o açúcar, ser mais solidário, menos intoleran-
Aos cinco minutos do término da partida, Jico Leite se choca te... Essa elenco na categoria das inúteis.
violentamente com Nariz e rola no chão, contundido. Feitas as compras, a lista do supermercado, necessária, torna-
Pânico nas hostes americanas: todos os reservas já haviam -se então inútil. A lista contendo nossos desejos de sermos melho-
entrado em campo, não sobrara ninguém para substituições. Que res para nós mesmos e para os outros, embora inútil, pois dificil-
fazer? Segundo as regras daquele tempo, time nenhum podia jogar mente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece
desfalcado. um vínculo com o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a
Gérson vem correndo até o banco dos reservas, fala qualquer morte.
coisa ao ouvido do treinador, me apontando, e este se volta para Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me pergun-
mim, com ar grave: tou, mas resolvi organizar uma lista dos melhores romances que li
— Você vai ter de entrar, Fernando. em minha vida — escolhi o número vinte, não por motivos místicos,
Não vacilei. Pois, se o América precisava de mim, contassem mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que preferências
comigo. intelectuais, uma história afetiva das minhas leituras. Enquadro-a
E aconteceu. Jorivê deu a saída do meio de campo, atrasou para na categoria das listas inúteis, mas, quem sabe, se consultada, mu-
Pimentão, que adiantou para Jacy. Caieira rouba-lhe a bola, passan- nicie discussões, já que toda escolha é subjetiva e aleatória, ou, na
do para Chafir. Chico Preto aliviou, pondo para fora num chutão. melhor das hipóteses, suscite curiosidade a respeito de um título
Chafir fez a cobrança da lateral, dando de presente para Ne- ou de um autor. Ocorresse isso, me daria por satisfeito.
grão, que, sem perda de tempo, acionou Bezerra. Quando eu, es- Luiz Ruffato. Meus romances preferidos. Internet: <brasil.
trategicamente colocado no setor direito, já pensava que não daria elpais.com> (com adaptações).
tempo sequer de intervir numa só jogada, eis que Bezerra faz com Mantendo-se o sentido original do texto 1A1-I, a locução “for-
que a bola venha rolando até mim. mos propor” (início do segundo parágrafo) poderia ser corretamen-
Depois de dominá-la, driblei Nariz e tabelei com meu compa- te substituída pela forma verbal
nheiro. Este passou ao Jorivê, enquanto eu me deslocava para re- (A) propuséssemos.
cebê-la de volta. Então disparei num pique, sob o delírio da assis- (B) proporemos.
tência, e lá fui eu com minhas perninhas curtas, driblei um, outro, (C) propusermos.
deixei para trás a defesa adversária. Kafunga abria os braços gigan- (D) proporíamos.
tescos, achei que queria me pegar, e não a bola. Fiz que chutava, (E) propúnhamos.
como se fosse encobri-lo, ele pulou. Então passei com bola e tudo
por entre as pernas dele e marquei o gol da vitória. 22. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu-
Foi aquela ovação, a torcida delirava. Logo em seguida soou guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
o apito final, e meus companheiros de equipe correram para me Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos
abraçar e carregar em triunfo. e tempos verbais
Fernando Sabino. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Re- Texto 14A1-I
cord, 1991 (com adaptações). A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
Infere-se do período “Kafunga abria os braços gigantescos, -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
achei que queria me pegar, e não a bola”, do penúltimo parágra- compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
fo do texto CG1A1-I, que, no trecho “e não a bola”, está elíptico o línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores.
verbo Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito
(A) achar. de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema
(B) chutar. gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa
(C) pegar. sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa
(D) abrir.
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
inteiro. dignidade poética, historicamente flutuante.
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, formar, para o escritor, na sua ética.
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, ções).
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas No último período do quarto parágrafo do texto 14A1-I, as for-
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o mas verbais “dispensasse” e “rompesse” expressam
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o (A) ações no futuro do presente cuja ocorrência é iminente.
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no (B) ações no presente que o autor deseja que ocorram.
que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun- (C) ações no passado cuja ocorrência é tida como impossível
do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a pelo autor.
vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e (D) ações que ainda não aconteceram, mas que, na visão do
imediata que se move quem escreve, o ouvido atento. autor, possivelmente ocorrerão.
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua (E) ações ocorridas no passado, mas que o autor duvida que
matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a tenham realmente acontecido.
palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução 23. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu-
ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen- guesa/2021
sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta, Assunto: Locução verbal
um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o Texto 5A2-I
isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio Socorro
do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente Socorro, eu não estou sentindo nada.
estaria destruída. Nem medo, nem calor, nem fogo,
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- não vai dar mais pra chorar
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num nem pra rir.
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo me empreste suas penas.
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou- Já não sinto amor nem dor,
tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir já não sinto nada.
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são Socorro, alguém me dê um coração,
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos que esse já não bate nem apanha.
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto Por favor, uma emoção pequena,
oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou- qualquer coisa que se sinta,
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável tem tantos sentimentos,
dos que nos ouvem. deve ter algum que sirva.
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- Socorro, alguma rua que me dê sentido,
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; em qualquer cruzamento,
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da acostamento, encruzilhada,
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons socorro, eu já não sinto nada.
ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala- Alice Ruiz. Socorro, 1986.
mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos, Acerca da locução verbal presente no verso “não vai dar mais
acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem pra chorar”, da primeira estrofe do texto 5A2-I, é correto afirmar
como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como que
verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí- I. a flexão de modo é dada pelo verbo principal, que está no
vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos imperativo negativo.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

II. a flexão de número é dada pelo verbo principal, que está no No segundo período do primeiro parágrafo do texto CG4A1-I, o
singular. pronome “ela” tem como referente, no parágrafo, o termo
III. a flexão de tempo ocorre no verbo auxiliar, que está no pre- (A) “ocorrência” (primeiro período).
sente. (B) “dificuldade” (primeiro período).
IV. a flexão de pessoa ocorre no verbo auxiliar, que está na ter- (C) “doutrina” (segundo período).
ceira pessoa. (D) “poluição” (segundo período).
Estão certos apenas os itens (E) “definição” (primeiro período).
(A) I e II.
(B) I e IV. 25. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Negócios Inter-
(C) III e IV. nacionais/2021
(D) I, II e III. Assunto: Pronomes demonstrativos
(E) II, III e IV. Texto CB1A1-II
As empresas movidas a dados superam amplamente seus pa-
24. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022 res em várias medidas financeiras, obtendo 70% mais receita por
Assunto: Pronomes de tratamento funcionário e gerando 22% mais lucros, de acordo com um relatório
Texto CG4A1-I do Capgemini Research Institute. O estudo aponta que, embora a
O dano ambiental não apresenta um conceito previsto no orde- aplicação de dados e análises esteja se tornando um pré-requisito
namento jurídico brasileiro, provavelmente pela dificuldadeb de se para o sucesso, menos de 40% das organizações usam insights em-
concentrar, em uma única definiçãoe, a complexidade e a amplitude basados em dados para gerar valor aos negócios e à inovação.
do referido instituto, de forma a uniformizar tal ocorrênciaa. A dou- O domínio dos dados é fundamental para obter uma vantagem
trinac assevera que é a poluiçãod que, ultrapassando os limites do competitiva, e as organizações que não tomam medidas concretas
desprezível, causa alterações adversas no ambiente, e que o fato de para conseguir isso terão dificuldade em acompanhar o mercado.
que ela seja capaz de provocar um desvalor ambiental merece refle- Internet: <www.convergenciadigital.com.br> (com adapta-
xão. Assevera, ainda, que o dano ambiental, isto é, a consequência ções).
gravosa ao meio ambiente de um ato ilícito, não se apresenta como No último período do texto CB1A1-II, o termo “isso” faz refe-
uma realidade simples. rência a
Por ser reconhecida como uma atividade de significativo im- (A) “dados”.
pacto ambiental, a mineração impõe aos que a executam a repa- (B) “domínio dos dados”.
ração dos danos causados, já que a Constituição Federal de 1988 (C) “medidas concretas”.
reconhece tal obrigação quando afirma que “Aquele que explorar (D) “acompanhar o mercado”.
recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 26. CEBRASPE (CESPE) - PPE (SERES PE)/SERES PE/2022
competente, na forma da lei”. Assunto: Advérbio
Assim, como a atividade do garimpo é baseada na exploração Texto CG1A1-I
dos recursos minerais, tal obrigação também se estende aos garim- Uma das coisas mais difíceis, tanto para uma pessoa quanto
peiros e é reiterada pela legislação, que prevê a necessidade de re- para um país, é manter sempre presentes diante dos olhos os três
cuperar as áreas degradadas por suas atividades. elementos do tempo: passado, presente e futuro. Ter em mente es-
Até os dias de hoje, o mercúrio ainda é utilizado de forma de- ses três elementos é atribuir uma grande importância à espera, à
sordenada nas atividades minerárias. Ele tem a função de auxiliar esperança, ao futuro; é saber que nossos atos de ontem podem ter
na separação do ouro pelo processo da amalgamação, em que o consequências em dez anos e que, por isso, pode ser necessário
mercúrio adere ao ouro, formando um amálgama. justificá-los; daí a necessidade da memória, para realizar essa união
Algumas consequências ambientais decorrentes da lavra ga- de passado, presente e futuro.
rimpeira consistem na redução da biodiversidade, na alteração da Contudo, a memória não deve ser predominante na pessoa. A
paisagem e da quantidade dos bens minerais e na ausência de de- memória é, com frequência, a mãe da tradição. Ora, se é bom ter
terminados seres vivos, como mamíferos e aves, pois os instrumen- uma tradição, também é bom superar essa tradição para inventar
tos utilizados no garimpo modificam as condições ideais do hábitat um novo modo de vida. Quem considera que o presente não tem
desses animais, tanto no que se refere à degradação da área quanto valor e que somente o passado deve nos interessar é, em certo sen-
no tocante à poluição sonora. tido, uma pessoa a quem faltam duas dimensões e com a qual não
Logo, uma vez que o garimpo produz impactos no meio am- se pode contar. Quem acha que é preciso viver o agora com todo o
biente, o garimpeiro deve pleitear a permissão para o exercício da ímpeto e que não devemos nos preocupar com o amanhã nem com
atividade junto ao governo federal. Essa permissão facilita o moni- o ontem pode ser perigoso, pois crê que cada minuto é separado
toramento da área em que se desenvolverá a extração de minérios, dos minutos vindouros ou dos que o precederam e que não existe
e, posteriormente, poderá ensejar a responsabilização de quem de- nada além dele mesmo no planeta. Quem se desvia do passado e
gradou e não recuperou a área utilizada para a mineração, o que do presente, quem sonha com um futuro longínquo, desejável e de-
se faz essencial, em virtude dos impactos negativos gerados e dos sejado, também se vê privado do terreno contrário cotidiano sobre
danos causados ao meio ambiente. o qual é preciso agir para realizar o futuro desejado. Como se pode
Internet: <http://ojs.unimar.br> (com adaptações). ver, uma pessoa deve sempre ter em conta o presente, o passado
e o futuro.
Frantz Fanon. Alienação e liberdade. São Paulo: Ubu, 2020, p.
264-265 (com adaptações).
Editora
121
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

Assinale a opção em que a palavra destacada do segundo pará- 28. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022
grafo do texto CG1A1-I está empregada como advérbio que expres- Assunto: Preposição
sa circunstância de tempo. Texto CG4A1-I
(A) “presente” (quarto período). O dano ambiental não apresenta um conceito previsto no or-
(B) “Ora” (terceiro período). denamento jurídico brasileiro, provavelmente pela dificuldade de
(C) “agora” (quinto período). se concentrar, em uma única definição, a complexidade e a ampli-
(D) “sempre” (último período). tude do referido instituto, de forma a uniformizar tal ocorrência. A
(E) “amanhã” (quinto período). doutrina assevera que é a poluição que, ultrapassando os limites do
desprezível, causa alterações adversas no ambiente, e que o fato de
27. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Combaten- que ela seja capaz de provocar um desvalor ambiental merece refle-
te/2022 xão. Assevera, ainda, que o dano ambiental, isto é, a consequência
Assunto: Advérbio gravosa ao meio ambiente de um ato ilícito, não se apresenta como
Texto 2A01 uma realidade simples.
Era um sábado de abril. B... chegara àquele porto e descera a Por ser reconhecida como uma atividade de significativo im-
terra, deu alguns passeios. Ao dobrar uma esquina, viu certo movi- pacto ambiental, a mineração impõe aos que a executam a repa-
mento no fim da outra rua, e picou o passo a descobrir o que era. ração dos danos causados, já que a Constituição Federal de 1988
Era um incêndio no segundo andar de uma casa. Polícia, auto- reconhece tal obrigação quando afirma que “Aquele que explorar
ridades, bombas iam começar o seu ofício. recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
B... viu episódios interessantes, que esqueceu logoa, tal foi o gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
grito de angústia e terror saído da boca de um homem que estava competente, na forma da lei”.
ao pé dele. Não teve tempo nem língua em que perguntasse ao des- Assim, como a atividade do garimpo é baseada na exploração
conhecido o que era. Ali, no meio do fumo que rompia por uma das dos recursos minerais, tal obrigação também se estende aos garim-
janelas, destacava-se do clarão, ao fundo, a figura de uma mulher. peiros e é reiterada pela legislação, que prevê a necessidade de re-
A mulher parecia hesitar entre a morte pelo fogo e a morte cuperar as áreas degradadas por suas atividades.
pela queda. A alma generosa do oficial não se conteve, rompeu a Até os dias de hoje, o mercúrio ainda é utilizado de forma de-
multidão e enfiou pelo corredor. sordenada nas atividades minerárias. Ele tem a função de auxiliar
Não se lembrava como pôde fazer isso; lembrava-se que, a des- na separação do ouro pelo processo da amalgamação, em que o
peito das dificuldades, chegou ao segundo andar. Tudo aí era fumo. mercúrio adere ao ouro, formando um amálgama.
O fumo rasgou-se de modo que ele pôde ver o busto da mulher... Algumas consequências ambientais decorrentes da lavra ga-
– A mulher, — disse ele ao terminar a aventura, e provavelmen- rimpeira consistem na redução da biodiversidade, na alteração da
teb sem as reticências que Abel metia neste ponto da narração, — a paisagem e da quantidade dos bens minerais e na ausência de de-
mulher era um manequim, posto alid de costume ou no começo do terminados seres vivos, como mamíferos e aves, pois os instrumen-
incêndio, como quer que fosse, era um manequim. tos utilizados no garimpo modificam as condições ideais do hábitat
A morte agora, não tendo mulher que levasse, parecia esprei- desses animais, tanto no que se refere à degradação da área quanto
tá-lo a ele, salvador generoso. Desceu os degraus a quatro e quatro. no tocante à poluição sonora.
Transpondo a porta da sala para o corredor, quando a multidão an- Logo, uma vez que o garimpo produz impactos no meio am-
siosa estava a esperá-lo, na rua, uma tábua, um ferro, o que quer biente, o garimpeiro deve pleitear a permissão para o exercício da
que era caiu do alto e quebrou-lhe a perna... atividade junto ao governo federal. Essa permissão facilita o moni-
Tratou-se a bordo e em viagem. Desembarcando aquie, no Rio toramento da área em que se desenvolverá a extração de minérios,
de Janeiro, foi para o hospital onde Abel o conheceu. Contava partir e, posteriormente, poderá ensejar a responsabilização de quem de-
em breves dias. Abel não se despediu dele. Mais tarde soube que, gradou e não recuperou a área utilizada para a mineração, o que
depois de alguma demora em Inglaterra, foi mandado a Calcutá, on- se faz essencial, em virtude dos impactos negativos gerados e dos
dec descansou da perna quebrada, e do desejo de salvar ninguém. danos causados ao meio ambiente.
Machado de Assis. Um incêndio. In: Obra completa de Ma- Internet: <http://ojs.unimar.br> (com adaptações).
chado de Assis, Vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Internet: A expressão “em que” (segundo período do quarto parágrafo)
<https://www.machadodeassis.ufsc.br>(com adaptações). poderia ser substituída, com manutenção das ideias e da correção
Assinale a opção em que o termo destacado do texto 2A01 fun- gramatical do texto CG4A1-I, por
ciona como advérbio de tempo no contexto sintático- semântico (A) que.
em que se insere. (B) cujo.
(A) “logo” (primeiro período do terceiro parágrafo) (C) no qual.
(B) “provavelmente” (sexto parágrafo) (D) onde.
(C) “onde” (segundo período do último parágrafo) (E) o qual.
(D) “ali” (sexto parágrafo)
(E) “aqui” (segundo período do último parágrafo)

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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

29. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022 30. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022
Assunto: Preposição Assunto: Preposição
Texto CG4A1-I Texto CG4A1-II
O dano ambiental não apresenta um conceito previsto no or- Em 13 de maio de 1888, o Estado brasileiro aboliu oficialmen-
denamento jurídico brasileiro, provavelmente pela dificuldade de te a escravidão clássica, com a assinatura, pela princesa Isabel, da
se concentrar, em uma única definição, a complexidade e a ampli- Lei Áurea. Entretanto, tal ato estatal não significou sua extinção no
tude do referido instituto, de forma a uniformizar tal ocorrência. A mundo dos fatos, pois, apesar da proibição da possibilidade jurídica
doutrina assevera que é a poluição que, ultrapassando os limites do de se exercer o direito de propriedade sobre uma pessoa humana,
desprezível, causa alterações adversas no ambiente, e que o fato de o Estado deixou de implementar reformas sociais, principalmente
que ela seja capaz de provocar um desvalor ambiental merece refle- fundiárias e de inclusão social, que viabilizassem a reconstrução do
xão. Assevera, ainda, que o dano ambiental, isto é, a consequência país e, assim, a superação do problema, especialmente o da reinser-
gravosa ao meio ambiente de um ato ilícito, não se apresenta como ção da mão de obra outrora escrava no mercado de trabalho livre
uma realidade simples. e assalariado.
Por ser reconhecida como uma atividade de significativo im- No período pós-abolição da escravidão clássica, as condições
pacto ambiental, a mineração impõe aos que a executam a repa- de miserabilidade dos escravos recém-libertos permaneceram, es-
ração dos danos causados, já que a Constituição Federal de 1988 pecialmente pelo fato de os postos de trabalho assalariados serem
reconhece tal obrigação quando afirma que “Aquele que explorar destinados aos imigrantes europeus, conjuntura essa que desenha-
recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de- va o perfil da escravidão contemporânea. A fragilidade das leis que
gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público regulavam as relações de trabalho, à época, apesar de protagoniza-
competente, na forma da lei”. rem a “liberdade de contratar”, sucumbia à realidade dos fatos, que
Assim, como a atividade do garimpo é baseada na exploração submetia os ex-escravos e demais campesinos vulneráveis à sujei-
dos recursos minerais, tal obrigação também se estende aos garim- ção às mesmas condições de exploração exacerbada do escravismo
peiros e é reiterada pela legislação, que prevê a necessidade de re- clássico colonial.
cuperar as áreas degradadas por suas atividades. De forma semelhante ao retrato da escravidão do passado, a
Até os dias de hoje, o mercúrio ainda é utilizado de forma de- escravidão contemporânea consiste em grave violação a direitos
sordenada nas atividades minerárias. Ele tem a função de auxiliar fundamentais, ao limitar a liberdade da pessoa humana do traba-
na separação do ouro pelo processo da amalgamação, em que o lhador, atingindo-lhe o status libertatis e, com efeito, a sua dignida-
mercúrio adere ao ouro, formando um amálgama. de. Vilipendia direitos mínimos e caros à autodeterminação huma-
Algumas consequências ambientais decorrentes da lavra ga- na e viola valores e princípios sagrados e essenciais à sobrevivência
rimpeira consistem na redução da biodiversidade, na alteração da distintiva com relação aos seres irracionais e que alicerçam as bali-
paisagem e da quantidade dos bens minerais e na ausência de de- zas mínimas de dignidade.
terminados seres vivos, como mamíferos e aves, pois os instrumen- A escravidão contemporânea deve ser concebida como a coi-
tos utilizados no garimpo modificam as condições ideais do hábitat sificação, o uso e o descarte de seres humanos: o limite e o ins-
desses animais, tanto no que se refere à degradação da área quanto trumento necessários para garantir o lucro máximo. Trata-se da
no tocante à poluição sonora. superexploração gananciosa do homem pela forma mais indigna
Logo, uma vez que o garimpo produz impactos no meio am- possível: na escravidão dos dias atuais, o ser humano é transfor-
biente, o garimpeiro deve pleitear a permissão para o exercício da mado em propriedade do seu semelhante, que está em uma posi-
atividade junto ao governo federal. Essa permissão facilita o moni- ção de classe economicamente superior – e isso ocorre a tal ponto
toramento da área em que se desenvolverá a extração de minérios, que se anula o poder deliberativo da sua função de trabalhador: ele
e, posteriormente, poderá ensejar a responsabilização de quem de- pode até ter vontades, mas não pode realizá-las.
gradou e não recuperou a área utilizada para a mineração, o que Internet: <https://acervo.socioambiental.org> (com adapta-
se faz essencial, em virtude dos impactos negativos gerados e dos ções).
danos causados ao meio ambiente. No trecho “consiste em grave violação a direitos fundamentais”
Internet: <http://ojs.unimar.br> (com adaptações). (primeiro período do terceiro parágrafo do texto CG4A1-II), o termo
A coerência e a correção gramatical do texto CG4A1-I seriam “a” poderia ser corretamente substituído por
mantidas caso a expressão “em virtude dos” (último período do úl- (A) à.
timo parágrafo) fosse substituída por (B) os.
(A) dado os. (C) aos.
(B) em razão dos. (D) perante os.
(C) visto os. (E) contra.
(D) devido os.
(E) apesar dos.

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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

31. CEBRASPE (CESPE) - Ass (APEX)/ApexBrasil/Apoio Adminis- contidos acompanha a investigação de um esfaqueamento. O le-
trativo/2021 gista examinou os cortes no corpo da vítima, e então testou uma
Assunto: Preposição variedade de lâminas no cadáver de uma vacaa. Ele concluiu que a
Texto CB2A1-I arma do crime era uma foice. Apesar de descobrir o que havia cau-
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas sado os ferimentos, ainda havia um longo caminho até identificar a
oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe- mão que empunhara a armab, então ele se voltou para os possíveis
quenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança motivos. De acordo com a viúva, ele não tinha inimigos. A melhor
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e no- pista veio da revelação de que a vítima fora incapaz de satisfazer o
vas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. pagamento de uma dívida.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrôni- O legista acusou o agiota, que negou o crime. Mas, persistente
co, várias vantagens podem ser apresentadas, como a facilidade de como qualquer detetive de TV, ele ordenou que todos os adultos
estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da semana. da vizinhança se alinhassem, com suas foices a seus pés. Embora
Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresa- não houvesse sinais visíveis de sangue em nenhuma das foices, em
rial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a dimi- questão de segundos uma mosca pousou na foice do agiotae. Uma
nuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade com segunda mosca pousou, e então outra. Quando confrontado nova-
a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper). mente pelo legista, o agiota confessoud. Ele havia tentado limpar
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejis- sua lâmina, mas os insetos delatores, zumbindo silenciosamente a
tas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas atividades seus pés, frustraram sua tentativa.
pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este Daniel Cruz. A macabra história do crime. Internet: <https://
guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e servi- oavcrime.com.br> (com adaptações).
ço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se como Considerando os aspectos linguísticos do texto CG2A1-I, assi-
membro individual do público geral, que compra ou usa produtos nale a opção correta.
para fins pessoais ou finalidades domésticas. (A) Seriam mantidos o sentido e a coerência do texto caso fosse
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio inserido o termo Portanto no início do trecho “O legista exami-
eletrônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e de- nou os cortes no corpo da vítima, e então testou uma varieda-
senvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e de de lâminas no cadáver de uma vaca” (segundo parágrafo)
transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da — escrevendo-se o trecho como Portanto, o legista examinou
credibilidade desse tipo de negociação online. os cortes no corpo da vítima, e então testou uma variedade
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a plu- de lâminas no cadáver de uma vaca.
ralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao (B) No trecho “Apesar de descobrir o que havia causado os fe-
consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transa- rimentos, ainda havia um longo caminho até identificar a mão
ção eletrônica. que empunhara a arma” (segundo parágrafo), a expressão
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido “Apesar de” exprime o sentido de conclusão.
em seu comércio eletrônico! (C) Seria mantida a coerência do texto caso fosse inserido o ter-
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: mo Mas no início do segundo período do primeiro parágrafo —
gestão da qualidade – satisfação do cliente – diretrizes para tran- escrevendo-se esse período como Mas, na verdade, a história
sações de comércio eletrônico de negócio a real da ciência forense está repleta de pioneiros excêntricos e
consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações). pesquisas perigosas.
No trecho “Com a utilização do sistema B2C”, no segundo pará- (D) No trecho “Quando confrontado novamente pelo legista, o
grafo do texto CB2A1-I, o termo “Com” expressa agiota confessou” (terceiro parágrafo), o termo “Quando” in-
(A) causa. troduz oração que expressa uma condição.
(B) consequência. (E) Mantendo-se a correção gramatical do trecho “Embora não
(C) companhia. houvesse sinais visíveis de sangue em nenhuma das foices, em
(D) modo. questão de segundos uma mosca pousou na foice do agiota”
(terceiro parágrafo), o termo “Embora” poderia ser substituído
32. CEBRASPE (CESPE) - Per Of (PC PB)/PC PB/Criminal/Área por Apesar de.
Geral/2022
Assunto: Conjunção 33. CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Geral/2022
Texto CG2A1-I Assunto: Conjunção
Na cabeça do público, ciência forense significa tecnologia de úl- Texto CG2A1
tima geração, profissionais bem equipados realizando experiências A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor
complexas em laboratórios impecáveis. Na verdade, a história real da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da
da ciência forense está repleta de pioneiros excêntricos e pesquisas natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Os meios de comu-
perigosas. nicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de vio-
Por séculos, cultivou-se a suspeita de que havia muito mais lência. Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem
em um crime do que apenas depoimentos: que a cena do crime, mais que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socializa-
a arma de um homicídio ou, ainda, algumas gotas de sangue po- ção formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura da
deriam ser testemunhas da verdade. O primeiro registro do uso da paz. Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência
ciência forense na solução de um crime vem de um manual chinês funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre
para legistas escrito em 1247. Um dos diversos estudos de caso aí presente no processo cosmogênico. Viemos de uma imensa explo-
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

são, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas ção de acordos comerciais com países que estão no centro das CGV
fases. Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que é importante para facilitar a entrada do Brasil nas cadeias. Além da
instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as insti- revisão de acordos comerciais, o esforço do Brasil em ampliar sua
tuições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência presença internacional também passa necessariamente pela maior
como o Estado, as classes, o projeto da tecnociência, os processos digitalização e integração dos processos em busca do aumento da
de produção como objetivação da natureza e sua sistemática de- maturidade e da sofisticação na gestão da indústria nacional. Com
predação. Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra uma gestão mais moderna, mais robusta e mais bem planejada, é
como forma de resolução dos conflitos. Sobre essa vasta base se possível ampliar a produtividade, fortalecer o mercado brasileiro e,
formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a com- assim, expandir a participação do país nas CGV.
petição, e não a cooperação; por isso, gera guerras econômicas e Internet: <veja.abril.com.br> (com adaptações).
políticas e, com isso, desigualdades, injustiças e violências. Todas No último parágrafo do texto CB1A1-II, o vocábulo “assim” (úl-
essas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura timo período) expressa o mesmo sentido de
da violência que nos desumaniza a todos. A essa cultura da violên- (A) absolutamente.
cia há que se opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa. É impe- (B) igualmente.
rativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas (C) indefinidamente.
as partes, o pacto social mínimo sem o qual regredimos a níveis (D) consequentemente.
de barbárie. Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? A
singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas 35. CEBRASPE (CESPE) - Sup C Qual (IBGE)/IBGE/2021
superiores reside no fato de que nós, à distinção deles, somos seres Assunto: Conjunção
sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, te- Texto 1A1-I
mos capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amori- O termo “dado de pesquisa” tem uma amplitude de significa-
zação. O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos dos que vão se transformando de acordo com domínios científicos
da natureza e copilotar a marcha da evolução. Ele foi criado criador. específicos, objetos de pesquisas, metodologias de geração e cole-
Dispõe de recursos de reengenharia da violência mediante proces- ta de dados e muitas outras variáveis. Pode ser o resultado de um
sos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. Há muito que experimento realizado em um ambiente controlado de laboratório,
filósofos veem no cuidado a essência do ser humano. Tudo precisa um estudo empírico na área de ciências sociais ou a observação de
de cuidado para continuar a existir. Onde vige cuidado de uns para um fenômeno cultural ou da erupção de um vulcão em um deter-
com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violên- minado momento e lugar. Dados digitais de pesquisa ocorrem na
cia, como analisou Freud. forma de diferentes tipos de dados, como números, figuras, vídeos,
Leonardo Boff. Cultura da paz. Internet: <edisciplinas.usp.br> softwares; com diferentes níveis de agregação e de processamen-
(com adaptações). to, como dados crus ou primários, dados intermediários e dados
No trecho “Cada um estabelece como projeto pessoal e cole- processados e integrados; e em diferentes formatos de arquivos e
tivo a paz enquanto método e enquanto meta”, do texto CG2A1, mídias. Essa diversidade, que vai sendo delineada pelas especifici-
o termo “enquanto”, em suas duas ocorrências, foi empregado no dades de cada disciplina, suas condicionantes metodológicas, pro-
sentido de tocolos, workflows e seus objetivos, se torna um desafio — pelo
(A) tempo. alto grau de contextualização necessário — para o pesquisador na
(B) causa. sua tarefa de definir precisamente o que é dado de pesquisa de
(C) conformidade. uma forma transversal aos diversos domínios disciplinares.
(D) proporção. As definições encontradas nos dicionários e enciclopédias fa-
(E) concessão. lham em capturar a riqueza e a variedade dos dados no mundo da
ciência ou falham em revelar as premissas epistemológicas e on-
34. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Comunica- tológicas sobre as quais eles são baseados. Na esfera acadêmica,
ção/2022 grande parte das definições são uma enumeração de exemplos: da-
Assunto: Conjunção dos são fatos, números, letras e símbolos. Listas de exemplos não
Texto CB1A1-II são verdadeiramente definições, visto que não estabelecem uma
As exportações do Brasil dependem, cada vez mais, de recur- clara fronteira entre o que inclui e o que não inclui o conceito.
sos naturais pelo fato de o país não ter entrado nas cadeias globais Luis Fernando Sayão; Luana Farias Sales. Afinal, o que é dado
de valor (CGV). O papel do Brasil na economia global é, principal- de pesquisa? In: Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e
mente, o de exportador de commodities primárias ou de produtos da Informação, Rio Grande. v. 34, n. 02, jul.-dez./2020,
baseados em recursos naturais. Com isso, o país gera receita em p.32-33. Internet: <periodicos.furg.br>. (com adaptações).
exportações, que é relevante, mas deixa de lado uma importante A locução “visto que” (último período do texto) é usada no tex-
forma de integração ao comércio global, o que poderia gerar mais to 1A1-I com o mesmo sentido que
benefícios econômicos e sociais ao país. (A) mesmo que.
O volume de investimentos estrangeiros no país é bastante ele- (B) de modo que.
vado, porém, com empresas voltadas a atender o mercado interno (C) se bem que.
brasileiro, em muitos casos com grande conteúdo tecnológico im- (D) sempre que.
portado. A não exportação de bens de maior valor agregado signi- (E) uma vez que.
fica perda de oportunidade de ganhos de escala maiores e de am-
pliação de investimentos produtivos no país. Governo e empresas
brasileiras precisam rever acordos e relações comerciais. A celebra-
Editora
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

36. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021 Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejis-
Assunto: Conjunção tas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas atividades
Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este
muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cida- guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e servi-
dãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das ço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se como
suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido to- membro individual do público geral, que compra ou usa produtos
talmente conquistado por essas pessoas que não param de tagare- para fins pessoais ou finalidades domésticas.
lar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de Todavia, para que esse sistema de transações de comércio
ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York eletrônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e de-
do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição senvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e
inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num dia, transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da
o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia seguin- credibilidade desse tipo de negociação online.
te, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e desa- Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a plu-
companhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um cigarro; ralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao
no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importante com consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transa-
uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acendiam o is- ção eletrônica.
queiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles logo acio- Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido
navam o celular. O custo de um maço de cigarros por dia se trans- em seu comércio eletrônico!
formou em contas mensais de centenas de dólares na operadora. A ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008:
poluição atmosférica se transformou em poluição sonora. Embora o gestão da qualidade – satisfação do cliente – diretrizes para tran-
motivo da irritação tivesse mudado de uma hora para outra, o sofri- sações de comércio eletrônico de negócio a
mento da maioria contida, provocado por uma minoria compulsiva consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).
em restaurantes, aeroportos e outros espaços públicos, continuou Mantendo-se os sentidos e a correção gramatical do quarto
estranhamente constante. Em 1998, não muito tempo depois que parágrafo do texto CB2A1-I, a palavra “Todavia” poderia ser subs-
deixei de fumar, observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo tituída por
e fechando nervosamente seus celulares, mordiscando as anteni- (A) Ademais.
nhas. Ou apenas os segurando como se fossem a mão de uma mãe, (B) Enfim.
e eu quase sentia pena delas. Para mim, era difícil prever até onde (C) Portanto.
chegaria essa tendência: Nova York queria verdadeiramente se tor- (D) Entretanto.
nar uma cidade de viciados em celulares deslizando pelas calçadas
sob desagradáveis nuvenzinhas de vida privada, ou de alguma ma- 38. CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM TO)/CBM TO/2021
neira iria prevalecer a noção de que deveria haver um pouco de Assunto: Conjunção
autocontrole em público? Texto 2A1-I
Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo: Companhia Olhe para a tomada mais próxima, para um conjunto de janelas
das Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações). ou então para a traseira de um carro. Se você vê figuras parecidas
Sem prejuízo dos sentidos originais do texto 1A1-I, a expressão com rostos nesses e em outros objetos, saiba que não é o único:
“assim que”, em “viajantes acendiam o isqueiro assim que saíam do trata-se de um fenômeno bem conhecido pela ciência, chamado
avião”, poderia ser corretamente substituída por pareidolia. Basta posicionar duas formas que lembrem olhos aci-
(A) da mesma forma que. ma de outra que pareça uma boca para as pessoas começarem a
(B) de maneira que. enxergar rostos.
(C) consoante. A pareidolia já foi vista como um sinal de psicose no passado,
(D) tão logo. mas hoje se sabe que ela é uma tendência completamente normal
(E) à medida que. entre humanos. De acordo com o cientista Carl Sagan, a tendência
está provavelmente associada à necessidade evolutiva de reconhe-
37. CEBRASPE (CESPE) - Ass (APEX)/ApexBrasil/Apoio Adminis- cer rostos rapidamente.
trativo/2021 Pense na pré-história: se uma pessoa conseguisse identificar os
Assunto: Conjunção olhos e a boca de um predador escondido na mata, ela teria mais
Texto CB2A1-I chances de fugir e sobreviver. Quem tivesse dificuldade em ver um
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas rosto camuflado ali provavelmente seria pego de surpresa — e con-
oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe- sequentemente viraria jantar.
quenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Aus-
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e no- trália, investigaram o fenômeno e escreveram em um artigo que,
vas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. além da vantagem evolutiva, a pareidolia também pode estar rela-
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrôni- cionada ao mecanismo do cérebro que reconhece e processa infor-
co, várias vantagens podem ser apresentadas, como a facilidade de mações sociais em outras pessoas. “Não basta perceber a presença
estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da semana. de um rosto; precisamos reconhecer quem é aquela pessoa, ler as
Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresa- informações presentes no rosto, se ela está prestando atenção em
rial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a dimi- nós, e se está feliz ou triste”, diz o líder do estudo.
nuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade com
a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

De fato, os objetos inanimados não parecem ser apenas rostos Se queremos relações pessoais e profissionais mais saudáveis
inexpressivos. Em uma simples caminhada na rua, você pode ter a e felizes, usemos e abusemos das palavras positivas na nossa vida.
impressão de que semáforos, carros, casas e até tijolos jogados na E não nos cansemos de elogiar. Palavras de louvor e honra trazem
calçada te encaram e parecem esboçar expressões faciais — medo, felicidade não só a quem as recebe, mas também, e sobretudo, a
raiva, alegria, susto ou tristeza. quem as oferece.
Segundo os autores do estudo, os objetos são, de fato, inter- Sandra Duarte Tavares. O poder das palavras. In: Visão, ed.
pretados como rostos humanos pelo nosso cérebro. “Nós sabemos 1298, 2017.
que o objeto não tem uma mente, mas não conseguimos evitar Internet: <visao.sapo.pt> (com adaptações).
olhar para ele como se tivesse características inteligentes, como di- No texto 5A1-I, a expressão “mas também”, no trecho “Palavras
reção do olhar ou emoções; isso acontece porque os mecanismos de louvor e honra trazem felicidade não só a quem as recebe, mas
ativados pelo nosso sistema visual são os mesmos quando vemos também, e sobretudo, a quem as oferece”, está empregada com
um rosto real ou um objeto com características faciais”, diz um dos sentido
pesquisadores. (A) adversativo.
Os cientistas pretendem também investigar os mecanismos (B) concessivo.
cognitivos que levam ao oposto: a prosopagnosia (a inabilidade de (C) explicativo.
identificar rostos) ou algumas manifestações do espectro autista, o (D) conclusivo.
que inclui a dificuldade em ler rostos e interpretar as informações (E) aditivo.
presentes neles, como o estado emocional.
Maria Clara Rossini. Pareidolia: por que vemos “rostos” em ob- 40. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu-
jetos inanimados? Este estudo explica. Internet: <super.abril.com. guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
br> (com adaptações). Assunto: Conjunção
Mantendo-se o sentido e a correção gramatical do texto 2A1- Texto 14A3-I
I, o conectivo “se”, em “se uma pessoa conseguisse identificar os Um homem dado a estudos de ornitologia, por nome Macedo,
olhos e boca de um predador escondido na mata, ela teria mais referiu a alguns amigos um caso tão extraordinário que ninguém lhe
chances de fugir e sobreviver” (terceiro parágrafo), poderia ser deu crédito. Alguns chegam a supor que Macedo virou o juízo. Eis
substituído por aqui o resumo da narração.
(A) embora. No princípio do mês passado — disse ele —, indo por uma rua,
(B) caso. sucedeu que um tílburi à disparada, quase me atirou ao chão. Esca-
(C) ainda que. pei saltando para dentro de uma loja de belchior. Ia a sair, quando
(D) a menos que. vi uma gaiola pendurada da porta. Não estava vazia. Dentro pulava
um canário.
39. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu- — Quem seria o dono execrável deste bichinho, que teve âni-
guesa/2021 mo de se desfazer dele por alguns pares de níqueis? E o canário,
Assunto: Conjunção quedando-se em cima do poleiro, trilou isto:
Texto 5A1-I — Que dono? Esse homem que aí está é meu criado, dá-me
As palavras têm um poder tremendo. Repito com assertivida- água e comida todos os dias, com tal regularidade que eu, se deves-
de: as palavras têm um poder tremendo. Há palavras que edificam, se pagar-lhe os serviços, não seria com pouco; mas os canários não
outras que destroem; umas trazem bênção, outras, maldição. E é pagam criados.
entre estas duas balizas que a comunicação vai moldando a nossa Pasmado das respostas, não sabia que mais admirar, se a lin-
vida. guagem, se as ideias. Perguntei-lhe então se tinha saudades do es-
Há palavras que deviam ser escondidas num baú fechado a sete paço azul e infinito...
chaves. Porque não edificam, porque magoam, porque destroem… — Mas, caro homem, trilou o canário, que quer dizer espaço
Há uns tempos fui fazer um exame médico. Após o questio- azul e infinito?
nário clínico habitual, a médica prosseguiu: “Agora, vou fazer-lhe — Mas, perdão, que pensas deste mundo? Que coisa é o mun-
umas maldades”. Nesse instante, o meu corpo sucumbiu e o des- do?
maio tornou-se iminente. Ora, a palavra maldade magooume mais — O mundo, redarguiu o canário com certo ar de professor, o
do que o próprio exame. Teria sido muito sensato ter escondido tal mundo é uma loja de belchior, com uma pequena gaiola de taquara,
palavra num quarto escuro. Não teria magoado tanto. quadrilonga, pendente de um prego; o canário é senhor da gaiola
Mas voltemos às palavras amigas, as que mimam, as que con- que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e mentira.
fortam, as que aquecem o coração. Nisto acordou o velho, e veio a mim arrastando os pés. Per-
Sabiam que podem mudar o dia de alguém com uma caloro- guntou-me se queria comprar o canário. Indaguei se o adquirira,
sa saudação? “Bom dia, como está?” Experimentem, sempre que como o resto dos objetos que vendia, e soube que sim. Paguei-lhe
comunicam, escolher palavras com carga afetiva positiva! Por o preço, mandei comprar uma gaiola e ordenei que a pusessem na
exemplo, se substituírem a palavra “problema” por “situação”, o varanda da minha casa, de onde o passarinho podia ver o jardim e
problema parece tornar-se mais pequeno, não parece? Ou então um pouco do céu azul. Era meu intuito fazer um longo estudo do fe-
acrescentar adjetivos robustos quando agradecem a alguém: “Obri- nômeno, sem dizer nada a ninguém, até poder assombrar o século
gada pela sua preciosa, valiosa ajuda”. com a minha extraordinária descoberta.
Três semanas depois da entrada do canário em minha casa, pe-
di-lhe que me repetisse a definição do mundo.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

— O mundo, respondeu ele, é um jardim assaz largo com re- única história sobre o que os livros são. Anos mais tarde, pensei
puxo no meio, flores e arbustos, alguma grama, ar claro e um pou- nisso quando deixei a Nigéria para cursar universidade nos Estados
co de azul por cima; o canário, dono do mundo, habita uma gaiola Unidos. Minha colega de quarto americana ficou chocada comigo.
vasta, branca e circular, donde mira o resto. Tudo o mais é ilusão e Ela perguntou se podia ouvir o que ela chamou de minha “música
mentira. tribal” e, consequentemente, ficou muito desapontada quando eu
Um sábado amanheci enfermo, a cabeça e a espinha doíam- toquei minha fita da Mariah Carey! Minha colega de quarto tinha
-me. O médico ordenou absoluto repouso. Assim fiquei cinco dias; uma única história sobre a África. Uma única história de catástrofe.
no sexto levantei-me, e só então soube que o canário, estando o Nessa única história não havia possibilidade de os africanos serem
criado a tratar dele, fugira da gaiola. iguais a ela, de jeito nenhum. Então, após ter passado vários anos
Padeci muito. Tinha já recolhido as notas para compor a me- nos Estados Unidos como uma africana, eu comecei a entender a
mória, ainda que truncada e incompleta, quando me sucedeu vi- reação de minha colega para comigo. Se eu não tivesse crescido
sitar um amigo, que ocupa uma das mais belas e grandes chácaras na Nigéria, e se tudo que eu conhecesse sobre a África viesse das
dos arrabaldes. Passeávamos nela antes de jantar, quando ouvi tri- imagens populares, eu também pensaria que a África era um lugar
lar esta pergunta: de lindas paisagens, lindos animais e pessoas incompreensíveis, lu-
— Viva, sr. Macedo, por onde tem andado que desapareceu? tando em guerras sem sentido, morrendo de pobreza e AIDS, inca-
Era o canário; estava no galho de uma árvore. Falei ao canário pazes de falar por eles mesmos e esperando serem salvos por um
com ternura, pedi-lhe que viesse continuar a conversação, naquele estrangeiro branco e gentil. É assim, pois, que se cria uma única
nosso mundo composto de um jardim e repuxo, varanda e gaiola história: mostre um povo como uma coisa, como somente uma coi-
branca e circular... sa, repetidamente, e será o que eles se tornarão. É impossível falar
— Que mundo? Tu não perdes os maus costumes de professor. sobre única história sem falar sobre poder. Poder é a habilidade de
O mundo, concluiu solenemente, é um espaço infinito e azul, com não só contar a história de uma outra pessoa, mas de fazer a histó-
o sol por cima. ria definitiva daquela pessoa. Comece uma história com as flechas
Indignado, retorqui-lhe que, se eu lhe desse crédito, o mundo dos nativos americanos, e não com a chegada dos britânicos, e você
era tudo; até já fora uma loja de belchior... tem uma história totalmente diferente. Comece a história com o
— De belchior? trilou ele às bandeiras despregadas. Mas há fracasso do estado africano, e não com a criação colonial do estado
mesmo lojas de belchior? africano, e você tem uma história totalmente diferente. Histórias
Machado de Assis. Ideias do Canário. In: importam. Muitas histórias importam. Histórias podem destruir a
dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa
50 contos de Machados de Assis selecionados por John Gled- dignidade perdida. Quando nós rejeitamos uma única história,
son. São Paulo: Companhia das Letras. 2007. quando percebemos que nunca há apenas uma história sobre ne-
Nos trechos “Mas, caro homem, trilou o canário, que quer dizer nhum lugar, nós reconquistamos um tipo de paraíso.
espaço azul e infinito?” e “Mas, perdão, que pensas deste mundo?” Chimamanda Ngozi Adichie. O perigo de uma história única.
(sétimo e oitavo parágrafos do texto 14A3-I), o termo “mas”, res- Julia Romeu (Trad.). 1.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019
pectivamente, (com adaptações).
(A) acrescenta um comentário do canário e contrasta uma in- No trecho “É assim, pois, que se cria uma única história”, do
terpretação do canário. texto 14A3-III, o vocábulo “pois” expressa o sentido de
(B) introduz uma réplica do canário e introduz uma réplica do (A) explicação.
homem. (B) exemplificação.
(C) acrescenta um comentário do canário e introduz uma répli- (C) conformação.
ca do homem. (D) correlação.
(D) indica uma interpelação do canário e sinaliza uma mudança (E) conclusão.
de assunto feita pelo homem.
(E) introduz uma réplica do canário e sinaliza uma mudança de 42. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu-
assunto feita pelo homem. guesa/2021
Assunto: Frase, oração e período
41. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- Texto 5A2-II
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
Assunto: Conjunção
Texto 14A3-III
Eu sou uma contadora de histórias e gostaria de contar a vocês
algumas histórias pessoais sobre o que eu gosto de chamar “o pe-
rigo de uma única história”. Eu fui uma leitora precoce. E o que eu
lia eram livros infantis britânicos e americanos. Eu fui também uma
escritora precoce. E, quando comecei a escrever, eu escrevia exata-
mente os tipos de histórias que eu lia. Todos os meus personagens
eram brancos de olhos azuis. A meu ver, o que isso demonstra é
como nós somos impressionáveis e vulneráveis em face de uma his-
tória, principalmente quando somos crianças. Bem, as coisas muda-
ram quando eu descobri os livros africanos. Então o que a descober-
Quino. Mafalda.
ta dos escritores africanos fez por mim foi: salvou-me de ter uma
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

Nos períodos correspondentes às falas das personagens no tex- avançou pari passu a uma baixa oferta de trabalho, à escolariza-
to 5A2-II, predominam orações ção deficiente e à precarização do suporte social e institucional às
(A) intercaladas. famílias.
(B) absolutas. Sérgio Adorno e Camila Dias. Monopólio estatal da violência.
(C) coordenadas. In: Renato S. de Lima, José L. Ratton e Rodrigo G. Azevedo
(D) subordinadas. (Org.). Crime, polícia e justiça no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014
(E) reduzidas. (com adaptações).
No texto CG2A1-II, o trecho “A escalada dessa violência” (se-
43. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Jornalis- gundo período do primeiro parágrafo) exerce a mesma função sin-
mo/2021 tática que o trecho
Assunto: Frase, oração e período (A) “enclaves no seio dos centros urbanos” (último período do
Texto 13A2-IV segundo parágrafo).
Estamos acostumados à ideia de que os dados são quase um (B) “com o aumento da violência urbana” (primeiro período do
sinônimo de precisão e certeza, mas, na era digital, quanto mais primeiro parágrafo).
dados chegam ao nosso conhecimento, maiores são as nossas in- (C) “uma série de mudanças” (terceiro período do primeiro pa-
certezas e dúvidas. Em plena era dos dados, lidar com essa consta- rágrafo).
tação passa a ser um desafio que vai definir o futuro do jornalismo (D) “mudanças importantes na composição da população” (úl-
e, especialmente, a sua inserção na, cada vez mais complexa, arena timo período do primeiro parágrafo).
da informação pública. (E) “o ciclo de crescimento da violência” (primeiro período do
Internet: <www.observatoriodaimprensa.com.br> (com alte- segundo parágrafo).
rações).
A construção sintática do segundo período do texto 13A2-IV é 45. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci-
caracterizada pela presença de orações vil/Complementar/2022
(A) absolutas. Assunto: Sujeito
(B) subordinadas. Texto 2A02
(C) coordenadas. Utilizando a identificação de datação de combustíveis fósseis,
(D) correlativas. pesquisadores descobriram os incêndios florestais mais antigos já
(E) interferentes. apontados. Ao analisarem depósitos de carvão de 430 milhões de
anos do País de Gales e da Polônia, eles levantaram informações
44. CEBRASPE (CESPE) - Per Of (PC PB)/PC PB/Criminal/Área valiosas sobre como era a vida na Terra durante o período Siluriano
Geral/2022 – cerca de 440 milhões de anos atrás.
Assunto: Sujeito Naquele tempo, as plantas eram extremamente dependentes
Texto CG2A1-II da água para se reproduzir e provavelmente não chegaram a existir
Nas últimas décadas, os sentimentos de medo e de inseguran- em regiões com secas intensas. Os incêndios florestais discutidos
ça diante da violência e do crime, no Brasil, agravaram-se durante a no estudo teriam queimado vegetação rasteira, além de plantas co-
transição para o regime democrático, com o aumento da violência muns de pequeno porte – da altura do joelho ou da cintura.
urbanab. A escalada dessa violência não se limitou às metrópoles As queimadas precisam de três coisas para existir: combustível
brasileiras, verificando-se também nas pequenas e médias cidades (as plantas), uma fonte de ignição (no caso, os raios) e oxigênio su-
do interior do país. Nesse período, houve uma rápida expansão da ficiente para propagar a chama.
riqueza, pública e privada, o que provocou uma série de mudançasc. O fato de esses incêndios terem se espalhado e deixado de-
Alterou-se profundamente a infraestrutura urbana, com a dinami- pósitos de carvão sugere, segundo os pesquisadores, que os níveis
zação do comércio local, a expansão dos serviços ligados às novas de oxigênio atmosférico da Terra eram de pelo menos 16%. Com
tecnologias da informação e da comunicação e a construção de no- base na análise das amostras de carvão, eles acreditam que os ní-
vas rotas ligando os diferentes estados e facilitando o trânsito entre veis há 430 milhões de anos podem ter sido similares aos atuais
os países. Ocorreram, ainda, mudanças importantes na composição 21% – ou até superiores.
da populaçãod, provocadas pela oferta de trabalho em outras cida- A pesquisa ajuda a entender um pouco mais sobre o ciclo de
des e(ou) estados e pela rápida diversificação da estrutura social, oxigênio e a fotossíntese da vida vegetal nesse período. Ao saber
com a expansão da escolarização média e superior e da profissio- os detalhes desse ciclo ao longo do tempo, os cientistas podem ter
nalização. uma visão melhor de como a vida evoluiu até aqui.
Essas tendências da urbanização produziram inumeráveis con- Os incêndios florestais, assim como agora, teriam contribuído
sequências que agravaram o ciclo de crescimento da violênciae. também para os ciclos de carbono e fósforo e para o movimento de
Ao lado da diversificação das estruturas sociais e das mudanças na sedimentos no solo terrestre. É uma combinação complexa de pro-
composição social da população, houve aumento da mobilidade cessos, que exige um trabalho em áreas diversas do conhecimento.
social, transformaram-se os estilos de vida, assim como se diver- Esse achado recente com certeza auxilia nesses estudos. An-
sificaram os contatos interpessoais. Paralelamente a esses avanços teriormente, o recorde de incêndio florestal mais antigo registrado
e essas conquistas, foram desenvolvidos os “bolsões” de pobreza era de 10 milhões de anos. A nova data confere uma visão mais pro-
urbana, enclaves no seio dos centros urbanosa ou na periferia das funda do passado – e também destaca a importância que a pesquisa
cidades, constituídos onde a precariedade dos serviços urbanos de incêndios florestais tem no mapeamento da história geológica.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

“As queimadas têm sido um componente integral nos proces- (D) “a construção de uma sociedade justa, livre, solidária e fra-
sos do sistema terrestre por um longo tempo, mas seu papel nesses terna”
processos certamente foi subestimado” conta Ian Glasspool, pri- (E) “poder transformador da sociedade”
meiro autor do estudo.
Leo Caparroz. Revista Superinteressante. 20/6/2022. Internet: 47. CEBRASPE (CESPE) - Ana Min (MPE AP)/MPE AP/Psicolo-
<https://super.abril.com.br/...> (com adaptações). gia/2021
No primeiro período do quarto parágrafo do texto 2A02, o nú- Assunto: Sujeito
cleo do sujeito da forma verbal “eram” é o termo Texto CG1A1-II
(A) “pesquisadores”. À área da linguística que se ocupa em contribuir para a solu-
(B) “níveis”. ção de problemas judiciais e que auxilia também na compreensão
(C) “oxigênio”. de discursos e interações produzidos em ambiente jurídico chama-
(D) “depósitos”. mos de linguística forense. Pouco ainda se fala e se conhece sobre
(E) “incêndios”. a aplicação da linguística à esfera forense, apesar de muitos crimes
serem cometidos unicamente ou parcialmente por meio da língua,
46. CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC RO)/PC RO/2022 como a calúnia, a injúria, a difamação, a ameaça, o estelionato e a
Assunto: Sujeito extorsão.
Texto CG2A1-I Ao produzir um texto, oral ou escrito, o sujeito lança mão de
Direito e justiça são conceitos que se entrelaçam, a tal ponto um vasto repertório lexical e regras de ordenação sintática perten-
de serem considerados uma só coisa pela consciência social. Fala- centes à gramática de seu idioma. Entretanto, esse arranjo não é
-se no direito com o sentido de justiça, e vice-versa. Sabe-se, en- feito da mesma forma por diferentes pessoas. Ao falarmos ou ao
tretanto, que nem sempre eles andam juntos. Nem tudo o que é escrevermos, organizamos o material linguístico que está disponível
direito é justo e nem tudo o que é justo é direito. Isso acontece em nosso acervo mental de uma forma única, afinal cada indivíduo
porque a ideia de justiça engloba valores inerentes ao ser humano, constituiu seu vocabulário a partir de experiências também únicas.
transcendentais, como a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a Isso significa que imprimimos nosso estilo em nossos textos, dei-
dignidade, a equidade, a honestidade, a moralidade, a segurança, xando nele nossa “assinatura”. Esse uso individual do idioma é cha-
enfim, tudo aquilo que vem sendo chamado de direito natural des- mado de idioleto, ou seja, é como se fosse um dialeto pessoal, uma
de a Antiguidade. O direito, por seu turno, é uma invenção humana, marca identitária daquele indivíduo. Embasada nisso, a linguística
um fenômeno histórico e cultural concebido como técnica para a forense procura desenvolver metodologias que auxiliem no proces-
pacificação social e a realização da justiça. so de atribuição de autoria de um determinado texto.
Em suma, enquanto a justiça é um sistema aberto de valores, Welton Pereira e Silva. Linguística forense: como o linguista
em constante mutação, o direito é um conjunto de princípios e re- pode contribuir em uma demanda judicial? In:
gras destinado a realizá-la. E nem sempre o direito alcança esse de- Roseta, v. 2, n.º 2, 2019 (com adaptações)
siderato, quer por não ter acompanhado as transformações sociais, No primeiro período do texto CG1A1-II, o sujeito da oração
quer pela incapacidade daqueles que o conceberam, quer, ainda, principal
por falta de disposição política para implementá-lo, tornando-se, (A) está indeterminado, haja vista o emprego do vocábulo “se”.
por isso, um direito injusto. (B) é o termo “área da linguística”.
É possível dizer que a justiça está para o direito como o horizon- (C) é o termo “linguística forense”.
te está para cada um de nós. Quanto mais caminhamos em direção (D) está elíptico e corresponde à primeira pessoa do plural.
ao horizonte — dez passos, cem passos, mil passos —, mais ele se (E) é composto.
afasta de nós, na mesma proporção. Nem por isso o horizonte dei-
xa de ser importante, porque é ele que nos permite caminhar. De 48. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021
maneira análoga, o direito, na permanente busca da justiça, está Assunto: Sujeito
sempre caminhando, em constante evolução. Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse
Nesse compasso, a finalidade da justiça é a transformação so- momento estávamos juntos a qualquer hora. Há tanto tempo preci-
cial, a construção de uma sociedade justa, livre, solidária e fraterna, sávamos de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao
sem preconceitos, sem pobreza e sem desigualdades sociais. A cria- outro. Chegamos a um ponto de amizade que não podíamos mais
ção de um direito justo, com efetivo poder transformador da socie- guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro, marcando
dade, entretanto, não é obra apenas do legislador, mas também, e encontro imediato. Depois da conversa, sentíamo-nos tão conten-
principalmente, de todos os operadores do direito, de sorte que, tes como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse esta-
se ainda não temos uma sociedade justa, é porque temos falhado do de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, no dia em
nessa sagrada missão de bem interpretar e aplicar o direito. que nada tinhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição
Sergio Cavalieri Filho. Direito, justiça e sociedade. In: Revista um assuntoa. De início, quando começou a faltar assuntob, tenta-
da EMERJ, v. 5, n.º 8, 2002, p. 58-60 (com adaptações). mos comentar as pessoas. Mas bem sabiamos que já estávamos
Assinale a opção em que o segmento apresentado funciona adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar sobre nossas mútu-
como sujeito de uma oração no último parágrafo do texto CG2A1-I. as namoradas também estava fora de cogitaçãoc, pois um homem
(A) “a finalidade da justiça” não falava de seus amores. Experimentávamos ficar calados — mas
(B) “obra apenas do legislador” tornávamo-nos inquietos logo depois de nos separarmos. Minha
(C) “transformação social” solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a
ler livros apenas para poder falar deles. Mas uma amizade sincera
queria a sinceridade mais pura. À procura desta, eu começava a me
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes. 50. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu-
Minha sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sa- guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
bia, chegara ao impasse de si mesmod. Foi quando, tendo minha Assunto: Sujeito
família se mudado para São Pauloe, e ele morando sozinho, pois Texto 14A1-I
sua família era do Piauí, foi quando o convidei a morar em nosso A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
Radiantes, arrumávamos nossos livros e discos, preparávamos um compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
ambiente perfeito para a amizade. Queríamos tanto salvar o outro. línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores.
Amizade é matéria de salvação. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito
Clarice Lispector. Uma amizade sincera. In: Felicidade Clandes- de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema
tina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998. gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa
No texto precedente, o narrador emprega majoritariamente sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa
orações com sujeito elíptico. Assinale a opção em que o trecho família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque-
apresentado demonstra tal emprego. la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país
(A) “no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos inteiro.
com alguma aflição um assunto” A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá-
(B) “quando começou a faltar assunto” ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma-
(C) “Tentar falar sobre nossas mútuas namoradas também es- téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações,
tava fora de cogitação” uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais
(D) “Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmo” semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável
(E) “tendo minha família se mudado para São Paulo” dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen-
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais,
49. CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN SE)/COREN SE/2021 esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo
Assunto: Sujeito a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir
Texto CG1A1-II em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante.
Na enfermagem, o empreendedorismo ocorre quando o enfer- O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro
meiro atua como agente de mudanças e transformações positivas território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode
para pacientes e famílias. A enfermagem tradicionalmente tem po- ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no
tencial para o desenvolvimento de inovações e transformações no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante,
processo de cuidar em saúde. Sua própria história ilustra esse espí- ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer
rito empreendedor a partir da figura de Florence Nightingale, que, chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira,
no século XIX, pela sua atuação pioneira da Guerra da Crimeia e o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas
pela fundação da Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o
na Inglaterra, deu início às bases científicas da profissão e tornou- que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o
-se a precursora da enfermagem moderna. Esses feitos fizeram dela que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no
também um grande exemplo de enfermeira empreendedora. que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun-
Apesar disso, o empreendedorismo ainda está longe de ser do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a
um tema frequente na prática, no ensino e na pesquisa em enfer- vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e
magem. É necessário divulgar o tema entre os profissionais de en- imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
fermagem. O empreendedorismo não é apenas uma competência Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
importante para a busca de uma prática autônoma, mas é também matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a
uma característica que potencializa a prática dos profissionais de palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
enfermagem no cuidado às pessoas e às coletividades. Por meio lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
dele, o enfermeiro pode contribuir para inovações no cuidado em ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
saúde e, por conseguinte, ampliar a visibilidade da profissão. sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
José Luís Guedes dos Santos e Alisson Fernandes Bolina. Em- um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
preendedorismo na enfermagem: uma necessidade para inovações isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
no cuidado em saúde e visibilidade profissional. In: Enfermagem do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
em Foco, v. 11, n.º 2, 2020, p. 4-5 (com adaptações). estaria destruída.
Em “É necessário divulgar o tema entre os profissionais de Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
enfermagem”, no segundo parágrafo do texto CG1A1-II, o trecho ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
“divulgar o tema entre os profissionais de enfermagem” exerce a sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
função de nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
(A) sujeito de “É necessário”. de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
(B) complemento nominal de “necessário”. tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
(C) objeto direto do predicado “É necessário”. a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
(D) predicativo do sujeito, por se referir ao termo “necessário”. uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto

Editora
131
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou- uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável
dos que nos ouvem. dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen-
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais,
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante.
ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala- O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro
mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos, território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode
acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no
como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante,
verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí- ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer
vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira,
valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas
que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o
dignidade poética, historicamente flutuante. que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o
A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura, que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no
contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun-
outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo- do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a
zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve, vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e
nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância, imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a
que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra, sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans- isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
formar, para o escritor, na sua ética. do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta- estaria destruída.
ções). Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
No trecho “é sempre bom lembrar que, nesse trançado infinito ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros”, do sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
primeiro período do sexto parágrafo do nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
texto 14A1-I, o verbo “lembrar” de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
(A) introduz a oração principal. tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
(B) funciona como sujeito oracional. a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
(C) complementa o termo “bom”. uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
(D) é complementado por uma oração adjetiva explicativa. e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto
(E) compõe o predicado da oração principal. oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
51. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- dos que nos ouvem.
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021 Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
Assunto: Predicado nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
Texto 14A1-I nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí-
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país dignidade poética, historicamente flutuante.
inteiro. A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância, e a gestão de empresas. Na área de negócios, particularmente, o
a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do ubuntu está sendo traduzido para o mundo corporativo na forma
outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra de gestão participativa.
que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca Internet: < www.rbac.org.br > (com adaptações).
um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra No segundo parágrafo do texto CG1A1-I, o trecho “a uma hu-
intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso manidade que transcende a alteridade em todos os níveis interpes-
me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra, soais” funciona sintaticamente como complemento do termo
tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a (A) “estimula”.
natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans- (B) “conhecimento”.
formar, para o escritor, na sua ética. (C) “aplicado”.
Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta- (D) “jornada”.
ções). (E) “rumo”.
No último período do quinto parágrafo do texto 14A1-I, o ter-
mo “Mesmo solitários” funciona como 53. CEBRASPE (CESPE) - AJ TRT8/TRT 8/Apoio Especializado/
(A) predicativo do sujeito da oração principal. Medicina/2022
(B) oração subordinada adverbial concessiva. Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto ad-
(C) adjunto adnominal do sujeito da oração principal. verbial e aposto). Vocativo
(D) adjunto adverbial de modo. Texto CG1A1
(E) aposto do sujeito da oração principal. O capitalismo de vigilância é uma mutação do capitalismo da
informação, o que nos coloca diante de um desafio civilizacional.
52. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Administra- As Big Techs — seguidas por outras firmas, laboratórios e gover-
ção/2021 nos — usam tecnologias da informação e comunicação (TIC) para
Assunto: Termos integrantes (objeto direto e indireto, comple- expropriar a experiência humana, que se torna matéria-prima pro-
mento nominal e agente da passiva) cessada e mercantilizada como dados comportamentais. O usuário
Texto CG1A1-I cede gratuitamente as suas informações ao concordar com termos
Ubuntu é uma filosofia moral e humanista africana que se fun- de uso, utilizar serviços gratuitos ou, simplesmente, circular em es-
damenta nas alianças e no relacionamento mútuo entre as pessoas. paços onde as máquinas estão presentes.
Nasce da ideia ancestral (datada de 1.500 anos a.C.) de que a força A condição para a emergência do capitalismo de vigilância foi a
da comunidade vem do apoio comunitário e de que a dignidade expansão das tecnologias digitais na vida cotidiana, dado o sucesso
e a identidade são alcançadas por meio do mutualismo, da empa- do modelo de personalização de alguns produtos no início dos anos
tia, da generosidade, do compromisso comunitário e do trabalho 2000. No terço final do século XX, estavam criadas as condições
colaborativo em prol de si mesmo e dos demais. Nesse sentido, o para uma terceira modernidade, voltada a valores e expectativas
ubuntu se diferencia da filosofia ocidental derivada do racionalismo dos indivíduos.
iluminista, que coloca o indivíduo no centro da concepção de ser Outras circunstâncias foram ocasionais: o estouro da bolha da
humano. internet em 2000 e os ataques terroristas do 11 de setembro. A
Na realidade, ubuntu é a expressão compartida de vivências primeira provocou a retração dos investimentos nas startups, o que
cotidianas. Consiste em uma forma de conhecimentob aplicadoc levou a Google a explorar comercialmente os dados dos usuários de
que estimulaa a jornadad rumoe “ao tornar- se humano” ou “ao que seus serviços. Para se prevenir contra novos ataques, as autorida-
nos torna humanos” ou, em seu sentido coletivo, a uma humanida- des norte-americanas tornaram-se ávidas de programas de monito-
de que transcende a alteridade em todos os níveis interpessoais. ramento dos usuários da Internet e se associaram às empresas de
A noção fundamental da ética ubuntu é a “filosofia do nós”. tecnologia. Por sua vez, a Google passou a vender dados a empresas
Os princípios de partilha, preocupação e cuidado mútuos, além de de outros setores, criando um mercado de comportamentos futu-
solidariedade, são seus elementos constitutivos. Claramente, a éti- ros. Assim, instaurou-se uma nova divisão do aprendizado entre os
ca ubuntu está baseada no altruísmo, na fraternidade e na colabo- que controlam os meios de extração da mais-valia comportamental
ração entre as pessoas, bem como na bondade, na lealdade e na e os seus destinatários.
felicidade. Ubuntu e felicidade, inclusive, são ideias profundamente Ao se generalizar na sociedade e se aprofundar na vida cotidia-
conectadas. No conceito africano, entende-se a felicidade como na, o capitalismo de vigilância capturou e desviou o efeito demo-
aquilo que faz bem a toda a coletividade ou ao outro. cratizador da Internet, que abrira a todos o acesso à informação.
Na filosofia ubuntu, acredita-se que a pessoa só é humana por Ele passou a elaborar instrumentos para modificar e conformar os
meio de sua pertença a um coletivo humano, que a humanidade de nossos comportamentos.
uma pessoa é definida por meio de sua humanidade para com os Internet: < www.scielo.br> (com adaptações).
outros, que uma pessoa existe por meio da existência dos outros O trecho “o estouro da bolha da internet em 2000 e os ataques
em uma relação indissociável consigo mesma, que o valor da huma- terroristas do 11 de setembro” (primeiro período do terceiro pará-
nidade está diretamente ligado à forma como a pessoa apoia a hu- grafo) exerce a função de
manidade e a dignidade dos outros e, ainda, que a humanidade de (A) objeto direto.
uma pessoa é definida por seu compromisso ético com os outros, (B) objeto indireto.
sejam eles quem forem. (C) sujeito.
A ideia central de humanidade e colaboração mútua contida no (D) complemento nominal.
ubuntu permite a aplicação dessa filosofia em qualquer atividade, (E) aposto.
tal como a política, a educação, os esportes, o direito, a medicina
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54. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021 De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto ad- está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia
verbial e aposto). Vocativo civil cuida daquilo que já aconteceu e que demanda investigação,
O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia civil
ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e carac- é aquela que busca quem fez.
terizada, mostrando sua presença ostensiva e passando segurança Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações).
à sociedade. No texto 1A2-I, funciona como adjunto adverbial o termo
Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma (A) “ostensiva”, em “mostrando sua presença ostensiva” (pri-
vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo meiro parágrafo).
zelo, pela honestidade e pela correção de propósitos com a finali- (B) “administrativas”, em “coibindo os ilícitos penais e as infra-
dade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e priva- ções administrativas” (segundo parágrafo).
dos, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas. (C) “segurança”, em “gerando a sensação de segurança que a
Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições cons- comunidade anseia” (terceiro parágrafo).
titucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta ou in- (D) “direta”, em “a polícia militar (...) desempenha várias outras
diretamente, influenciam no cotidiano das pessoas, na medida em atribuições que, direta ou indiretamente, influenciam no coti-
que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuindo diano das pessoas” (terceiro parágrafo).
conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade an- (E) “anseia”, em “gerando a sensação de segurança que a co-
seia. munidade anseia” (terceiro parágrafo).
De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que
está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia 56. CEBRASPE (CESPE) - TAJ (TJ RJ)/TJ RJ/”Sem Especialida-
civil cuida daquilo que já aconteceu e que demanda investigação, de”/2021
ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia civil Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto ad-
é aquela que busca quem fez. verbial e aposto). Vocativo
Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações). Texto CG1A1
No texto 1A2-I, o adjetivo “penais”, em “coibindo os ilícitos pe- Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como
nais” (segundo parágrafo), exerce a mesma função sintática que o um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da ba-
termo talha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão
(A) “segurança”, em “passando segurança à sociedade” (pri- longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O apren-
meiro parágrafo). dizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não sou-
(B) “papel”, em “a polícia militar tem papel de relevância” (se- besse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável
gundo parágrafo). e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio
(C) “bens”, em “com a finalidade de proteger o cidadão, a so- uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intui-
ciedade e os bens públicos e privados” (segundo parágrafo). ção, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada.
(D) “conflitos”, em “diminuindo conflitos e gerando a sensação Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava joga-
de segurança que a comunidade anseia” (terceiro parágrafo). ra-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora
(E) “constitucionais”, em “a polícia militar, além de suas atribui- uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as
ções constitucionais, desempenha várias outras atribuições” mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou
(terceiro parágrafo). vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à conta-
gem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa,
55. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021 dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto ad- porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi
verbial e aposto). Vocativo conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconhe-
O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento ciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Per-
ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e carac- dera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o
terizada, mostrando sua presença ostensiva e passando segurança que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e,
à sociedade. conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade
Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”,
vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como
zelo, pela honestidade e pela correção de propósitos com a finali- a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem
dade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e priva- já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão,
dos, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas. maquinando.
Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições cons- Clarice Lispector. Preciosidade. In: Laços de Família. Rio de
titucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta ou in- Janeiro: Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações).
diretamente, influenciam no cotidiano das pessoas, na medida em No trecho “Foi conversar com a empregada, antiga sacerdoti-
que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuindo sa”, do texto CG1A1, a expressão “antiga sacerdotisa”
conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade an- (A) exerce a função de complemento indireto de “conversar”,
seia. introduzindo uma nova personagem que participa da conversa
na cozinha.
(B) exerce a função sintática de aposto e se refere à expressão
“a empregada”.
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

(C) constitui uma oração coordenada, embora não seja introdu- Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
zida pela conjunção “e”. ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
(D) funciona sintaticamente como predicativo, uma vez que se sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
refere ao sujeito de “Foi”. nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
(E) classifica-se como um vocativo, por se referir a uma possível de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
leitora do texto. tros,
que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir a
57. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021 uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto ad- e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto
verbial e aposto). Vocativo oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
Texto 14A1-I viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- dos que nos ouvem.
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí-
inteiro. vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, dignidade poética, historicamente flutuante.
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas formar, para o escritor, na sua ética.
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o ções).
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no No trecho “no exato momento em que uma palavra ganha
que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun- vida”, do terceiro período do terceiro parágrafo do texto 14A1-I,
do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a (A) a palavra “que” é uma conjunção que introduz o comple-
vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e mento do verbo ganhar.
imediata que se move quem escreve, o ouvido atento. (B) a expressão “em que” poderia ser substituída corretamente
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua por o qual.
matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a (C) a palavra “em” é uma preposição exigida pela regência do
palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa- verbo ganhar.
lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução (D) a palavra “em” poderia ser corretamente suprimida, por ser
ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen- uma partícula expletiva.
sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta, (E) a expressão “em que” funciona como adjunto adverbial de
um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o tempo.
isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
estaria destruída.

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58. CEBRASPE (CESPE) - Tec Adm (COREN CE)/COREN CE/2021 60. CEBRASPE (CESPE) - Dati Pol (PC RO)/PC RO/2022
Assunto: Orações coordenadas Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Texto CG2A1-II Texto CG1A1-I
Você pode adorar morango e lhe ser alérgico. Se comer, já sabe, Na segunda metade do século XVIII, eclodiram protestos con-
é um desastre. Outro pode ter horror a cebola e não lhe ser alérgi- tra os suplícios por toda a Europa. Esses eram formas de punição
co. Não come porque detesta. Assim como não se discutem, gostos que podem ser definidas como penas aplicadas sobre o corpo do
também não se explicam. São tabus. A alergia é uma descoberta do condenado, num ritual geralmente ostentoso e cruel. Nessa época,
princípio do século passado. O sujeito nasce com uma hipersensibi- começava-se a crer que era preciso punir de outro modo, de forma
lidade para isto ou aquilo. Os alérgenos. Há, por exemplo, quem não que a justiça penal aplicasse punições sem se vingar. Essa mudança
suporte perfume. Um determinado tipo de perfume. no modo de punir, entretanto, não se deveu tanto a um sentimento
No caso de alimento, você evita. Se a alergia é a pluma, estofa- de humanidade, de piedade para com o acusado. Vários fatores,
do de pluma sempre se pode evitar. Já perfume é mais difícil. Causa especialmente de caráter econômico, contribuíram para que os su-
a ruptura de uma amizade, ou até de um amor. Se o outro insiste, é plícios fossem deixados de lado e substituídos pela prisão.
porque não há amor nem amizade. Nada mais prosaico do que um A partir do século XVIII, ocorreu uma diminuição dos crimes
namorado ou uma namorada que se põe a espirrar à simples apro- de sangue na Europa, e passaram a prevalecer os delitos pratica-
ximação do parceiro ou da parceira. Uma tempestade alérgica pode dos contra a propriedade, como roubos e fraudes fiscais. Portanto,
liquidar com um amor. Sábia é a natureza ao impor as suas repulsas houve uma suavização dos crimes antes de uma suavização das leis,
e as suas afinidades. que se tornaram mais leves para corresponder à diminuição da gra-
Otto Lara Resende. Sufoco hipersensível. Internet: <cronicabra- vidade dos delitos cometidos.
sileira.org.br> (com adaptações). Além disso, no século XVIII se modificou também o sistema
No período “Assim como não se discutem, gostos também não econômico europeu. A Europa deixou de ser feudal e tornou-se
se explicam”, do primeiro parágrafo do texto CG2A1-II, a locução industrial. A prisão, como castigo institucionalizado pelo Direito
“Assim como” introduz uma oração Penal, apareceu nesse contexto para regulamentar o mercado de
(A) comparativa. trabalho, a produção e o consumo de bens, e para proteger a pro-
(B) aditiva. priedade da classe social dominante.
(C) explicativa. A prisão foi idealizada, naquele momento histórico, como
(D) conclusiva. forma de disciplinar os delinquentes. O corpo do condenado não
poderia mais ser desperdiçado pelo suplício, mas deveria servir às
59. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2022 demandas de trabalho das fábricas. A finalidade da prisão era suprir
Assunto: Orações subordinadas adjetivas a necessidade das indústrias incipientes, e expressava, assim, uma
Texto resposta à necessidade de utilização racional e intensa do trabalho
Quem acompanha as redes sociais no Brasil de hoje provavel- humano. A economia industrial necessitava da conservação e man-
mente já se deparou com a gíria “lacrar”. Dizer que fulano “lacrou” tença da eventual mão-de-obra. Percebeu- se, nesse momento, que
é expressar admiração por uma ação ou fala que é percebida como vigiar é mais rentável e eficaz do que punir.
o ponto final, a última palavra sobre determinado assunto ou situ- Mariana de Mello Arrigoni. A prisão: reflexão crítica a partir
ação. Depois que alguém “lacrou”, supostamente nada resta a ser de suas origens. In: História e Teorias Críticas do Direito. Jacarezi-
dito. nho – PR: UENP, 2018, p. 148-64 (com adaptações).
Além de iluminar um aspecto da experiência, a ideia de “lacre” No trecho “Portanto, houve uma suavização dos crimes antes
também ajuda a reforçar certas compreensões e comportamentos. de uma suavização das leis, que se tornaram mais leves para equi-
Ao acioná-la, reforçamos a ideia de que debates, em princípio, ad- librar a diminuição da gravidade dos delitos cometidos.” (segundo
mitem um fechamento irrevogável. Mas nada justifica essa crença. parágrafo do texto CG1A1-I), o termo “que”
Debate algum pode ser encerrado por força de um argumento su- (A) acrescenta ênfase ao sentido de “suavização”.
postamente último. (B) introduz aposto que explica “suavização das leis”.
Antonio Engelke. Pureza e poder: os paradoxos da política (C) retoma o sentido de toda a oração anterior.
identitária. In: Piauí, ed. 132, set./2017 (com adaptações). (D) refere-se a “leis” e inicia oração de função adjetiva.
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto prece- (E) retoma, por coesão, “suavização dos crimes”.
dente, assinale a opção correta.
Em relação à oração “Mas nada justifica essa crença” (segundo 61. CEBRASPE (CESPE) - Dati Pol (PC RO)/PC RO/2022
parágrafo), o último período do texto exprime sentido de Assunto: Orações subordinadas adjetivas
(A) explicação. Texto CG1A1-III
(B) oposição. Criminalística - ramo da ciência penal que estuda, investiga,
(C) conclusão. descobre, comprova a existência de criminosos, usando em seus
(D) consequência. trabalhos subsídios de antropologia, psicologia, medicina legal, psi-
quiatria, dactiloscopia, detector de mentiras etc. Entre suas atribui-
ções, estão o levantamento do local do crime, a colheita de provas e
as perícias. Também denominada jurisprudência criminal ou polícia
científica.
Criminologia - estuda o crime como fenômeno social, as suas
causas e os meios de evitá-lo; classifica as figuras delituosas, trata,
em particular, do criminoso, investiga causas, fatores individuais,
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

influências determinantes de sua ação perniciosa, e indica medidas 63. CEBRASPE (CESPE) - Tec Adm (COREN CE)/COREN CE/2021
para reprimir-lhe as tendências criminógenas. Funda-se nos princí- Assunto: Orações subordinadas adjetivas
pios dominantes da biologia, endocrinologia, psicologia e sociologia Texto CG2A1-I
criminais, assim como na medicina legal e na psiquiatria. Até o final do século XVIII, quando a produção de açúcar co-
Deocleciano Torrieri Guimarães. Dicionário técnico jurídico. meçou a ser mecanizada, a maioria das pessoas consumia muito
São Paulo: Riddel, 2011, p. 249-250 (com adaptações). pouco dos chamados açúcares livres, que são adicionados aos
No texto CG1A1-III, o trecho “ramo da ciência penal que es- alimentos. Um americano médio podia passar a vida inteira sem
tuda, investiga, descobre, comprova a existência de criminosos” comer nenhum doce industrializado, muito menos os iogurtes, ce-
contém reais matinais, bolachas e bebidas adoçadas que encontramos nos
(A) verbos empregados como transitivos diretos e indiretos. supermercados.
(B) conjunção coordenativa de sentido conclusivo. Hoje, esse mesmo americano médio ingere nada menos que
(C) oração subordinada introduzida pela conjunção integrante 19 colheres de chá, ou 76 gramas, de açúcar livre por dia. É assim,
“que”. também, porque nossos receptores gustativos que detectam o sa-
(D) oração subordinada adjetiva explicativa. bor doce são menos sensíveis do que os outros. A língua consegue
(E) orações subordinadas adjetivas coordenadas em enumera- detectar o sabor amargo mesmo em baixíssimas concentrações,
ção. de poucas partes por milhão, mas, para que um copo d’água fique
doce, precisamos colocar nele uma colherada de açúcar.
62. CEBRASPE (CESPE) - TJ TRT8/TRT 8/Administrativa/2022 Os humanos evoluíram num ambiente cheio de substâncias tó-
Assunto: Orações subordinadas adjetivas xicas, por isso são altamente sensíveis a sabores que possam signifi-
Texto CG2A1-I car perigo. Mas os venenos da natureza geralmente não são doces.
O trabalho é considerado algo central na vida dos sujeitos, Além disso, a coisa mais doce que os hominídeos primitivos tinham
ainda mais com o crescimento da expectativa de vida, sendo um para comer eram as frutas. Hoje vivemos cercados por alimentos
mediador dos ciclos da existência dos trabalhadores. E algo que é muito doces, mas nossos receptores ainda estão calibrados para a
considerado de extrema importância nesse contexto é o processo delicada doçura de uma banana.
de aposentadoria. Nos últimos anos, a aposentadoria tornou-se um Essa discrepância entre os nossos receptores gustativos, que
tema de grande relevância no estudo do planejamento de carreira. são pouco sensíveis, e a alimentação ultradoce do mundo moderno
Do ponto de vista etimológico, a palavra “aposentadoria” car- levou médicos e gurus das dietas a recomendar adoçantes artifi-
rega em si uma dualidade de significados inerentes a esse fenôme- ciais. O primeiro foi a sacarina, um derivado do alcatrão que chegou
no. Enquanto, por um lado, a aposentadoria remete à alegria e à ao mercado no final do século XIX. Depois vieram vários outros, dos
liberdade, por outro, ela está associada à ideia de retirar-se aos seus quais o mais famoso é o aspartame, lançado na década de 80 do sé-
aposentos, ao espaço de não trabalho, podendo ser frequentemen- culo passado. Os adoçantes foram ganhando má reputação — mui-
te associada ao abandono, à inatividade e à finitude. ta gente acha que o seu gosto é ruim e que eles fazem mal à saúde.
Desse modo, a aposentadoria pode ser interpretada de duas Em 1951, quando os refrigerantes e sobremesas diet começaram a
formas: a positiva e a negativa. A interpretação positiva, que, de proliferar, o ciclamato foi banido pela FDA, porque causava câncer
forma geral, se relaciona à noção de uma conquista ou de uma re- de bexiga em ratos. A sacarina também foi banida por muitos anos,
compensa do trabalhador, destaca a aposentadoria como uma li- depois que alguns estudos preocupantes surgiram na década de 70
berdade de o indivíduo gerenciar sua própria vida, de maneira a do século passado. Hoje, o consenso é que os adoçantes não são
moldar sua rotina como preferir, investindo mais em atividades cancerígenos nas quantidades em que são consumidos.
pessoais, sociais e familiares. A interpretação negativa, por sua vez, Internet: <super.abril.com.br> (com adaptações).
está vinculada a problemas financeiros, perda de status social, per- No primeiro período do último parágrafo do texto CG2A1-I, a
da de amigos, sensação de inutilidade ou desocupação, entre ou- oração “que são pouco sensíveis”
tras situações. Além disso, com a expectativa negativa em relação (A) acrescenta uma explicação sobre “os nossos receptores
à aposentadoria, surgem sentimentos de ansiedade, incertezas e gustativos”.
inquietações sobre o futuro. (B) complementa o termo “gustativos”.
Aniéli Pires. Aposentadoria, suas perspectivas e as reper- (C) qualifica a expressão “Essa discrepância”.
cussões da pandemia. In: Revista Científica Semana Acadêmica, (D) restringe o sentido do termo “receptores”.
Fortaleza, n.º 000223, 2022. Internet:
<semanaacademica.org.br> (com adaptações). 64. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu-
A oração “que, de forma geral, se relaciona à noção de uma guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
conquista ou de uma recompensa do trabalhador”, no segundo pe- Assunto: Orações subordinadas adjetivas
ríodo do terceiro parágrafo, Texto 14A1-I
(A) explica a expressão “a interpretação positiva”. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
(B) restringe o sentido da expressão “a interpretação positiva”. -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
(C) complementa o substantivo “interpretação”. compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
(D) está subordinada ao termo “aposentadoria”, no período línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores.
anterior. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito
(E) está coordenada à expressão “a interpretação positiva”. de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa

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família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
inteiro. dignidade poética, historicamente flutuante.
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, formar, para o escritor, na sua ética.
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, ções).
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas Com relação às orações subordinadas adjetivas no trecho “o pé
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o no chão, que não é qualquer chão, o espaço, que é esse espaço, e
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o não outro, o ar que se respira”, do terceiro parágrafo do texto 14A1-
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no I, assinale a opção correta.
que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun- (A) Todas as orações adjetivas no trecho são restritivas.
do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a (B) Apenas as duas primeiras orações adjetivas no trecho são
vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e restritivas.
imediata que se move quem escreve, o ouvido atento. (C) Todas as orações adjetivas no trecho são explicativas.
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua (D) Apenas as duas últimas orações adjetivas no trecho são res-
matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a tritivas.
palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa- (E) Apenas as duas primeiras orações adjetivas no trecho são
lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução explicativas.
ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta, 65. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022
um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o Assunto: Orações subordinadas adverbiais
isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio Texto CG4A1-I
do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente O dano ambiental não apresenta um conceito previsto no or-
estaria destruída. denamento jurídico brasileiro, provavelmente pela dificuldade de
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- se concentrar, em uma única definição, a complexidade e a ampli-
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num tude do referido instituto, de forma a uniformizar tal ocorrência. A
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos doutrina assevera que é a poluição que, ultrapassando os limites do
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo desprezível, causa alterações adversas no ambiente, e que o fato de
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou- que ela seja capaz de provocar um desvalor ambiental merece refle-
tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir xão. Assevera, ainda, que o dano ambiental, isto é, a consequência
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são gravosa ao meio ambiente de um ato ilícito, não se apresenta como
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos uma realidade simples.
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto Por ser reconhecida como uma atividade de significativo im-
oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou- pacto ambiental, a mineração impõe aos que a executam a repa-
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável ração dos danos causados, já que a Constituição Federal de 1988
dos que nos ouvem. reconhece tal obrigação quando afirma que “Aquele que explorar
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da competente, na forma da lei”.
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons Assim, como a atividade do garimpo é baseada na exploração
ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala- dos recursos minerais, tal obrigação também se estende aos garim-
mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos, peiros e é reiterada pela legislação, que prevê a necessidade de re-
acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem cuperar as áreas degradadas por suas atividades.
como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como Até os dias de hoje, o mercúrio ainda é utilizado de forma de-
verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí- sordenada nas atividades minerárias. Ele tem a função de auxiliar
vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos na separação do ouro pelo processo da amalgamação, em que o
mercúrio adere ao ouro, formando um amálgama.
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Algumas consequências ambientais decorrentes da lavra ga- enfrentar o desafio que estava posto: a ampliação do rol de tipos
rimpeira consistem na redução da biodiversidade, na alteração da penais que podem ser denunciados via boletim de ocorrência onli-
paisagem e da quantidade dos bens minerais e na ausência de de- ne, por exemplo, foi uma das iniciativas tomadas por praticamente
terminados seres vivos, como mamíferos e aves, pois os instrumen- todas as unidades da Federação, o que possibilitou que, em alguns
tos utilizados no garimpo modificam as condições ideais do hábitat estados, pela primeira vez, o registro de violência doméstica fosse
desses animais, tanto no que se refere à degradação da área quanto feito sem que se precisasse ir até uma delegacia, bastando, para
no tocante à poluição sonora. isso, o acesso à Internet e a um dispositivo como tablet, smartpho-
Logo, uma vez que o garimpo produz impactos no meio am- ne ou computador. Nesse sentido, campanhas de denúncia da vio-
biente, o garimpeiro deve pleitear a permissão para o exercício da lência doméstica divulgadas em farmácias e supermercados, dentro
atividade junto ao governo federal. Essa permissão facilita o moni- da lógica da Campanha Sinal Vermelho, idealizada pela Associação
toramento da área em que se desenvolverá a extração de minérios, dos Magistrados Brasileiros (AMB) e pelo Conselho Nacional da Jus-
e, posteriormente, poderá ensejar a responsabilização de quem de- tiça (CNJ), consistiram em importante ação de repercussão nacio-
gradou e não recuperou a área utilizada para a mineração, o que nal.
se faz essencial, em virtude dos impactos negativos gerados e dos Internet: <https://forumseguranca.org.br> (com adaptações).
danos causados ao meio ambiente. No primeiro período do quarto parágrafo, a oração “embora
Internet: <http://ojs.unimar.br> (com adaptações). tenha ocorrido queda nos registros” expressa circunstância de
No início do último parágrafo do texto CG4A1-I, o vocábulo (A) causa.
“Logo” introduz, em relação aos parágrafos anteriores, uma (B) conformidade.
(A) causa. (C) condição.
(B) conclusão. (D) concessão.
(C) explicação. (E) consequência.
(D) série de argumentos contrapostos.
(E) sequência temporal de fatos imediatos. 67. CEBRASPE (CESPE) - Sup C Qual (IBGE)/IBGE/2021
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
66. CEBRASPE (CESPE) - Del Pol (PC ES)/PC ES/2022 Texto 1A2-I
Assunto: Orações subordinadas adverbiais Este artigo questiona a informação histórica de que o Brasil se
Texto CG1A1-I insere na modernidade- mundo, o chamado “mundo moderno”,
Em 2020, a pandemia de covid-19 fez com que mulheres em através da realização da Semana de Arte Moderna de 1922. Tal in-
situação de violência ficassem ainda mais vulneráveis. O início da serção se daria, na verdade, pela construção do samba moderno
pandemia foi marcado por uma crescente preocupação a respeito a partir da ótica artística de Pixinguinha (1897-1973), em especial
da violência contra meninas e mulheres, as quais passaram a con- pela sua excursão com os Oito Batutas pela França, em 1921, patro-
viver mais tempo em suas residências com seus agressores, mui- cinada pelo multimilionário Arnaldo Guinle (1884-1963), apesar das
tas vezes impossibilitadas de acessar serviços públicos e redes de críticas negativas de cunho racista dos cadernos culturais da época.
apoio. O samba de Pixinguinha é resultante do amálgama das expres-
O cenário retratado no Anuário Brasileiro de Segurança Pú- sões culturais e religiosas afro-brasileiras e das trocas de experiên-
blica de 2020 evidencia a queda de crimes letais contra a mulher, cias culturais entre diferentes expressões culturais que começavam
mas não a diminuição da violência: houve um sensível aumento das a circular pelo mundo, de maneira mais ampla e rápida, graças às
denúncias de lesão corporal dolosa e das chamadas de emergência ondas sonoras de rádio, às gravações de discos e às partituras que
para o número das polícias militares, o 190, todas no contexto de chegavam ao Rio de Janeiro. Existia toda uma vida cultural que se
violência doméstica, assim como o aumento dos casos notificados desenvolvia em torno da vida portuária carioca, que funcionava
de ameaça contra mulheres. A quantidade de medidas protetivas como acesso das populações pobres e marginalizadas da cidade ao
de urgência solicitadas e concedidas também aumentou conside- que de mais moderno ocorria no mundo, de maneiras inimagina-
ravelmente. das pelas elites da época, com impactos ainda não devidamente
O ano de 2021 foi caracterizado por parte da retomada das situados e valorizados em suas importâncias e significados para a
atividades rotineiras em meio à redução dos índices de transmis- cultura brasileira. Há ainda a influência da música europeia como a
são da covid-19 e da queda das mortes decorrentes da doença, em polca ou a música de Bach, retrabalhadas e contextualizadas pelos
consequência da vacinação. Compreender as estatísticas criminais músicos negros e mestiços que deram origem ao choro e ao maxi-
de violência contra as mulheres nos anos de 2020 e 2021 nos ajuda xe, os quais seriam presenças seminais no artesanato musical de
a pensar nas políticas públicas a serem implementadas no contexto Pixinguinha.
da pandemia de covid-19 e da consequente intensificação da crise Pixinguinha e seus oito Batutas subvertem a ordem racista da
econômica vivenciada no Brasil. A pesquisa Visível e Invisível, rea- elite brasileira da época conquistando –– literalmente –– a cidade
lizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que, no luz, estabelecendo novos parâmetros culturais e de modernidade
ano de 2020, a perda de emprego e a diminuição da renda familiar para os próprios europeus. No entanto, mesmo que seu impacto no
foram sentidas de forma mais intensa pelas mulheres que sofreram exterior tenha se dado de maneira espaçada e pontual, a Semana
violência, o que tornou mais difícil para essas mulheres romper com de Arte Moderna de 1922 ficou conhecida como símbolo de nossa
parceiros abusivos ou relações violentas. inserção na modernidade- mundo vigente, em detrimento do im-
A exemplo do que vimos em outros países, embora tenha ocor- pacto imediato causado pela arte revolucionária de Pixinguinha e
rido queda nos registros, sabia-se que a violência contra a mulher sua trupe musical entre os círculos culturais europeus. Cada apre-
estava aumentando de forma silenciosa e era preciso agir rápido. sentação era uma demonstração ao mundo de uma nova forma de
Algumas ações foram realizadas pelas instituições policiais a fim de música urbana, articulada e desenvolvida, com estrutura rítmica e
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harmoniosa de alta sofisticação. Não é por acaso que as gravações Internet: <brasildefato.com.br> (com adaptações)
e partituras desse período em Paris tornaram-se referenciais para o No período “A adesão é tamanha que outras instituições, as-
cenário musical francês e para o mundo do jazz norte-americano, sociações e ligas acadêmicas ‘encomendam’ cordéis temáticos ao
como ficaria comprovado pela admiração confessa de Louis Arms- grupo”, no segundo parágrafo do texto 1A6-I, a oração introduzida
trong (1901-1971) por Pixinguinha ou pela regravação de Tico-Tico pelo vocábulo “que” classifica-se como
no fubá por Charlie Parker (1920-1955), no álbum La Paloma, em (A) subordinada adverbial causal.
1954. (B) subordinada substantiva predicativa.
Christian Ribeiro. Pixinguinha, o samba e a construção do Bra- (C) subordinada substantiva completiva nominal.
sil moderno. Internet: <www.geledes.org.br> (com adaptações). (D) subordinada adjetiva restritiva.
No trecho “No entanto, mesmo que seu impacto no exterior (E) subordinada adverbial consecutiva.
tenha se dado de maneira espaçada e pontual, a Semana de Arte
Moderna de 1922 ficou conhecida como símbolo de nossa inserção 69. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022
na modernidade- mundo vigente, em detrimento do impacto ime- Assunto: Orações reduzidas
diato causado pela arte revolucionária de Pixinguinha e sua trupe Texto CG4A1-I
musical entre os círculos culturais europeus.”, a oração “mesmo que O dano ambiental não apresenta um conceito previsto no or-
seu impacto no exterior tenha se dado de maneira espaçada e pon- denamento jurídico brasileiro, provavelmente pela dificuldade de
tual”, expressa uma ideia de se concentrar, em uma única definição, a complexidade e a ampli-
(A) causa. tude do referido instituto, de forma a uniformizar tal ocorrência. A
(B) finalidade. doutrina assevera que é a poluição que, ultrapassando os limites do
(C) concessão. desprezível, causa alterações adversas no ambiente, e que o fato de
(D) conformidade. que ela seja capaz de provocar um desvalor ambiental merece refle-
(E) condição. xão. Assevera, ainda, que o dano ambiental, isto é, a consequência
gravosa ao meio ambiente de um ato ilícito, não se apresenta como
68. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021 uma realidade simples.
Assunto: Orações subordinadas adverbiais Por ser reconhecida como uma atividade de significativo im-
Texto 1A6-I pacto ambiental, a mineração impõe aos que a executam a repa-
Em Barbalha, no interior do Ceará, uma inusitada parceria entre ração dos danos causados, já que a Constituição Federal de 1988
a poesia rimada e a medicina tradicional tem sido instrumento para reconhece tal obrigação quando afirma que “Aquele que explorar
informar e educar comunidades sobre saúde e cuidados com o cor- recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
po, sem arrodeio ou complicações. Traduzindo conceitos e termos gradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
clínicos para uma linguagem acessível e relacionável, estudantes de competente, na forma da lei”.
medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), orientados pela Assim, como a atividade do garimpo é baseada na exploração
professora Sally de França Lacerda Pinheiro, aliam cultura e infor- dos recursos minerais, tal obrigação também se estende aos garim-
mação, criando pontes eficientes de diálogo entre a comunidade e peiros e é reiterada pela legislação, que prevê a necessidade de re-
a academia sobre temas urgentes à saúde pública. cuperar as áreas degradadas por suas atividades.
A intenção é tornar as informações sobre doenças, processos Até os dias de hoje, o mercúrio ainda é utilizado de forma de-
e prevenções o mais acessível e atraente possível. Em três anos, o sordenada nas atividades minerárias. Ele tem a função de auxiliar
projeto Cordel e Saúde publicou mais de quarenta folhetos origi- na separação do ouro pelo processo da amalgamação, em que o
nais, desenvolveu oficinas, visitou dezenas de escolas e unidades mercúrio adere ao ouro, formando um amálgama.
de saúde, entregando informações corretas em saúde e prevenção, Algumas consequências ambientais decorrentes da lavra ga-
por meio de declamações da literatura popular, com a linguagem rimpeira consistem na redução da biodiversidade, na alteração da
que é a cara do povo. A adesão é tamanha que outras instituições, paisagem e da quantidade dos bens minerais e na ausência de de-
associações e ligas acadêmicas “encomendam” cordéis temáticos terminados seres vivos, como mamíferos e aves, pois os instrumen-
ao grupo. tos utilizados no garimpo modificam as condições ideais do hábitat
Essa improvável aliança entre cordel e medicina pode ser per- desses animais, tanto no que se refere à degradação da área quanto
sonificada na mentora do projeto, Sally Lacerda, professora da Fa- no tocante à poluição sonora.
culdade de Medicina da UFCA, odontóloga e doutora em biologia Logo, uma vez que o garimpo produz impactos no meio am-
molecular. Nesse projeto, ela encontrou a fórmula para escrever, biente, o garimpeiro deve pleitear a permissão para o exercício da
pesquisar e disseminar conhecimentos acadêmicos e técnicos por atividade junto ao governo federal. Essa permissão facilita o moni-
meio de sua mais antiga paixão: o cordel. toramento da área em que se desenvolverá a extração de minérios,
Certeira, Sally viu a oportunidade para divulgar a literatura à e, posteriormente, poderá ensejar a responsabilização de quem de-
medida que promove saúde e conscientização. Sem arrodeio, ex- gradou e não recuperou a área utilizada para a mineração, o que
plica a ideia: “o objetivo principal seria utilizar o cordel como uma se faz essencial, em virtude dos impactos negativos gerados e dos
ferramenta de educação e prevenção em saúde”. Driblando críticas danos causados ao meio ambiente.
de colegas academicistas, conquistou o coração de alunos que se Internet: <http://ojs.unimar.br> (com adaptações).
uniram ao projeto em 2017. Assim como Paulo Freire, defende a
adaptação do conteúdo ao meio comunitário para uma comunica-
ção eficiente. “Não adianta chegar com termos técnicos, tentando
explicar para o paciente a complexidade da sua doença. O melhor é
usar a mesma linguagem dele”, resume.
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

No segundo período do primeiro parágrafo do texto CG4A1-I, 71. CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/Administra-
a forma verbal “ultrapassando” poderia, sem comprometer a coe- ção/2022
rência das ideias ou prejudicar a correção gramatical do texto, ser Assunto: Pontuação
substituída por Texto CG1A1-I
(A) como vem ultrapassando. O terror torna-se total quando independe de toda oposição;
(B) quando ultrapassa. reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a le-
(C) a despeito de ultrapassar. galidade é a essência do governo não tirânico e a ilegalidade é a es-
(D) sem ultrapassar. sência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitário.
(E) se ultrapassasse. O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da nature-
70. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci- za ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade,
vil/Complementar/2022 sem o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o
Assunto: Orações reduzidas terror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da
Texto 2A01 natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da
Era um sábado de abril. B... chegara àquele porto e descera a humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode
terra, deu alguns passeios. Ao dobrar uma esquina, viu certo movi- permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia, in-
mento no fim da outra rua, e picou o passo a descobrir o que era. terfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
Era um incêndio no segundo andar de uma casa. Polícia, auto- natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram conceitos
ridades, bombas iam começar o seu ofício. vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do processo natural
B... viu episódios interessantes, que esqueceu logo, tal foi o gri- ou histórico que já emitiu julgamento quanto às “raças inferiores”,
to de angústia e terror saído da boca de um homem que estava ao quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes agonizan-
pé dele. Não teve tempo nem língua em que perguntasse ao desco- tes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses julgamen-
nhecido o que era. Ali, no meio do fumo que rompia por uma das tos, mas no seu tribunal todos os interessados são subjetivamente
janelas, destacava-se do clarão, ao fundo, a figura de uma mulher. inocentes: os assassinados porque nada fizeram contra o regime,
A mulher parecia hesitar entre a morte pelo fogo e a morte e os assassinos porque realmente não assassinaram, mas executa-
pela queda. A alma generosa do oficial não se conteve, rompeu a ram uma sentença de morte pronunciada por um tribunal superior.
multidão e enfiou pelo corredor. Os próprios governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas
Não se lembrava como pôde fazer isso; lembrava-se que, a des- apenas executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis,
peito das dificuldades, chegou ao segundo andar. Tudo aí era fumo. mas executam um movimento segundo a sua lei inerente.
O fumo rasgou-se de modo que ele pôde ver o busto da mulher... No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir
– A mulher, — disse ele ao terminar a aventura, e provavelmen- fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens,
te sem as reticências que Abel metia neste ponto da narração, — a cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos
mulher era um manequim, posto ali de costume ou no começo do homens que nela nascem. A estabilidade das leis corresponde ao
incêndio, como quer que fosse, era um manequim. constante movimento de todas as coisas humanas, um movimento
A morte agora, não tendo mulher que levasse, parecia esprei- que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam e morram.
tá-lo a ele, salvador generoso. Desceu os degraus a quatro e quatro. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo tempo, as-
Transpondo a porta da sala para o corredor, quando a multidão an- seguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade de algo
siosa estava a esperá-lo, na rua, uma tábua, um ferro, o que quer inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positivas são
que era caiu do alto e quebrou-lhe a perna... para a existência política do homem o que a memória é para a sua
Tratou-se a bordo e em viagem. Desembarcando aqui, no Rio existência histórica: garantem a preexistência de um mundo co-
de Janeiro, foi para o hospital onde Abel o conheceu. Contava partir mum, a realidade de certa continuidade que transcende a duração
em breves dias. Abel não se despediu dele. Mais tarde soube que, individual de cada geração, absorve todas as novas origens e delas
depois de alguma demora em Inglaterra, foi mandado a Calcutá, se alimenta.
onde descansou da perna quebrada, e do desejo de salvar ninguém. Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico
Machado de Assis. Um incêndio. In: Obra completa de Ma- é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como
chado de Assis, Vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Internet: uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei feita pelos homens.
<https://www.machadodeassis.ufsc.br>(com adaptações). Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade arbi-
No texto 2A01, a forma verbal “Transpondo” (terceiro período trária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico de um
do sétimo parágrafo), corresponde, quanto ao sentido, no contexto homem contra todos, muito menos a uma guerra de todos contra
em que é empregada, a todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação entre
(A) caso transpusesse. os homens individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge
(B) ao transpor. de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em
(C) antes de transpor. Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lei
(D) por transpor. entre os homens
(E) apesar de transpor. — como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o
espaço entre os homens, delimitado pelas leis, é o espaço vital da
liberdade.
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.
dhnet.org.br> (com adaptações).
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

No parágrafo do texto CG1A1-I, os dois-pontos empregados de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em
após “inocentes” introduzem uma Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lei
(A) conclusão. entre os homens
(B) citação. — como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus
(C) consequência direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o
(D) explicação. espaço entre os homens, delimitado pelas leis, é o espaço vital da
(E) síntese. liberdade.
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.
72. CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/Administra- dhnet.org.br> (com adaptações).
ção/2022 No parágrafo do texto CG1A1-I, a autora emprega aspas nas ex-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- pressões ‘raças inferiores’, ‘indigno de viver’ e ‘classes agonizantes
ses etc) e povos decadentes’ com a finalidade de
Texto CG1A1-I (A) destacar que trata de um pensamento alheio.
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; (B) demarcar citações.
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a le- (C) ironizar o sentido dessas expressões.
galidade é a essência do governo não tirânico e a ilegalidade é a es- (D) indicar a fala de uma personagem.
sência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitário. (E) expressar sarcasmo.
O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da nature- 73. CEBRASPE (CESPE) - TDP (DPE RO)/DPE RO/Oficial de Dili-
za ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, gência/2022
sem o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
terror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da ses etc)
natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da Texto CG2A1-I
humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode Durante os séculos XXI a XVII a.C., já era possível encontrar in-
permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia, in- dícios do direito de acesso à justiça no Código de Hamurabi, cujas
terfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da leis foram embasadas na célebre frase “Olho por olho, dente por
natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram conceitos dente”, da Lei de Talião. O código definia(b) que o interessado po-
vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do processo natural deria ser ouvido pelo soberano, que, por sua vez, teria o poder de
ou histórico que já emitiu julgamento quanto às “raças inferiores”, decisão.
quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes agonizan- Em nível global, o acesso à justiça foi ampliado(c) de forma gra-
tes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses julgamen- dual, juntamente com as transformações sociais que ocorreram du-
tos, mas no seu tribunal todos os interessados são subjetivamente rante a história da humanidade.
inocentes: os assassinados porque nada fizeram contra o regime, Com a derrota de Hitler em 1945 e, portanto, o fim da Segunda
e os assassinos porque realmente não assassinaram, mas executa- Guerra Mundial, da qual o Brasil participou contra as ditaduras na-
ram uma sentença de morte pronunciada por um tribunal superior. zifascistas —(d) devido à entrada dos Estados Unidos da América no
Os próprios governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas conflito, liderando e coordenando os esforços de guerra dos países
apenas executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis, do Eixo dos Aliados —(d), o mundo foi tomado pelas ideias demo-
mas executam um movimento segundo a sua lei inerente. cráticas, e o regime autoritário do Estado Novo (iniciado em 1937)
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir já não se podia manter.
fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens, Foi somente com a Constituição de 1946(a) que o acesso à jus-
cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos tiça foi materializado, prevendo-se que a lei não poderia excluir do
homens que nela nascem. A estabilidade das leis corresponde ao Poder Judiciário qualquer violação de direitos individuais. Esse foi
constante movimento de todas as coisas humanas, um movimento um grande avanço da legislação brasileira, mas não durou muito,
que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam e morram. já que, quase vinte anos depois, durante o regime militar (1964-
As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo tempo, as- 1985), o acesso ao Poder Judiciário foi bastante limitado. Nos anos
seguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade de algo de 1968 e 1969, com a emissão dos atos institucionais, as condu-
inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positivas são tas praticadas por membros do governo federal foram excluídas da
para a existência política do homem o que a memória é para a sua apreciação judicial.
existência histórica: garantem a preexistência de um mundo co- A partir de 1970, o Brasil começou a caminhar para a consagra-
mum, a realidade de certa continuidade que transcende a duração ção efetiva do direito de acesso à justiça, com a intensificação da
individual de cada geração, absorve todas as novas origens e delas luta dos movimentos sociais por igualdade social, cidadania plena,
se alimenta. democracia, efetivação de direitos fundamentais e sociais e efetivi-
Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico dade da justiça.
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como Em 1988, foi promulgada a atual Constituição Federal, que
uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei feita pelos homens. materializou expressamente o acesso à justiça em seu artigo 5.º,(e)
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade arbi- inciso XXXV, como direito fundamental de todos os brasileiros e es-
trária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico de um trangeiros residentes no Brasil.
homem contra todos, muito menos a uma guerra de todos contra Nesse sentido, o legislador constituinte não só concedeu a
todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação entre possibilidade de acesso aos tribunais, como também estabeleceu a
os homens individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge criação de mecanismos adequados para garanti-la e efetivá-la.
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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

O acesso à justiça deve ser compreendido, assim, como o aces- Internet: <www.politize.com.br> (com adaptações).
so obtido tanto pelos meios alternativos de solução de conflitos de No parágrafo do texto CG2A1-I, o trecho entre travessões infor-
interesses quanto pela via jurisdicional e das políticas públicas, de ma o motivo de
forma tempestiva, adequada e eficiente, a toda e qualquer pessoa. (A) o Brasil ter participado da Segunda Guerra Mundial contra
É a pacificação social com a realização do escopo da justiça. as ditaduras nazifascistas.
Internet: <www.politize.com.br> (com adaptações). (B) Hitler ter sido derrotado em 1945.
A correção gramatical do texto CG2A1-I seria preservada se (C) a Segunda Guerra Mundial ter chegado ao fim.
(A) fosse inserida uma vírgula logo após “Constituição de 1946”. (D) o regime autoritário do Estado Novo ter sucumbido.
(B) fosse inserido o sinal de dois-pontos logo após a forma ver- (E) o mundo ter sido tomado pelas ideias democráticas.
bal “definia”.
(C) fosse inserida uma vírgula logo após a palavra “ampliado”. 75. CEBRASPE (CESPE) - ATT (SEFAZ SE)/SEFAZ SE/2022
(D) fossem suprimidos os travessões empregados no parágrafo. Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
(E) fosse suprimida a vírgula empregada logo após “artigo 5.º”. ses etc)
Texto CG1A1-I
74. CEBRASPE (CESPE) - TDP (DPE RO)/DPE RO/Oficial de Dili- Somente o trabalho cria riqueza, o objetivo último do desen-
gência/2022 volvimento. É certo que, caso se desejasse sumariar em uma única
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- expressão o significado de desenvolvimento, se diria que o seu pro-
ses etc) cesso consiste no aumento continuado da produtividade do traba-
Texto CG2A1-I lho. É por meio do aumento do produto por trabalhador, propiciado
Durante os séculos XXI a XVII a.C., já era possível encontrar indí- pelo aumento da produtividade do trabalho, que se geram os recur-
cios do direito de acesso à justiça no Código de Hamurabi, cujas leis sos necessários que tornam possível atingir as demais dimensões do
foram embasadas na célebre frase “Olho por olho, dente por den- desenvolvimento. Sem esse crescimento, não há desenvolvimento,
te”, da Lei de Talião. O código definia que o interessado poderia ser embora às vezes o crescimento não propicie o desenvolvimento em
ouvido pelo soberano, que, por sua vez, teria o poder de decisão. suas demais dimensões — redução contínua da pobreza, melhoria
Em nível global, o acesso à justiça foi ampliado de forma gra- da saúde e da educação da população e aumento da expectativa de
dual, juntamente com as transformações sociais que ocorreram du- vida, entre tantas outras.
rante a história da humanidade. Certamente não há escassez de estratégias de desenvolvimen-
Com a derrota de Hitler em 1945 e, portanto, o fim da Segun- to, e elas estão disponíveis para quem delas quiser tomar conheci-
da Guerra Mundial, da qual o Brasil participou contra as ditaduras mento. Lembrou-nos recentemente Delfim Netto que Adam Smith,
nazifascistas — devido à entrada dos Estados Unidos da América em Riqueza das Nações (1776), sumariava o seu receituário para o
no conflito, liderando e coordenando os esforços de guerra dos crescimento (a “riqueza das nações”) em poucas e simples propo-
países do Eixo dos Aliados —, o mundo foi tomado pelas ideias sições. Primeiro, a carga tributária deve ser leve. Segundo, com os
democráticas, e o regime autoritário do Estado Novo (iniciado em recursos tributários arrecadados, deve-se assegurar a paz interna,
1937) já não se podia manter. já que cabe ao Estado o monopólio do uso da força para fazer valer
Foi somente com a Constituição de 1946 que o acesso à justi- o Estado de direito; fazer valer o Estado de direito significa prote-
ça foi materializado, prevendo-se que a lei não poderia excluir do ger o direito à propriedade privada, garantir a aplicação da justiça
Poder Judiciário qualquer violação de direitos individuais. Esse foi e construir e manter a infraestrutura de uso comum. Por fim, de-
um grande avanço da legislação brasileira, mas não durou muito, ve-se estimular a competição entre os agentes econômicos, salva-
já que, quase vinte anos depois, durante o regime militar (1964- guardando-se os mercados livres e punindo-se os monopólios. No
1985), o acesso ao Poder Judiciário foi bastante limitado. Nos anos dizer de Delfim, “quando isso se realiza, o crescimento econômico
de 1968 e 1969, com a emissão dos atos institucionais, as condu- acontece quase por gravidade: será o resultado da ação dos empre-
tas praticadas por membros do governo federal foram excluídas da sários em busca do lucro e do comportamento dos consumidores
apreciação judicial. na busca de melhor e maior satisfação de suas necessidades. Elas
A partir de 1970, o Brasil começou a caminhar para a consagra- se harmonizam pela liberdade de escolha de cada um por meio do
ção efetiva do direito de acesso à justiça, com a intensificação da sistema de preços dos fatores de produção e dos bens de consumo”.
luta dos movimentos sociais por igualdade social, cidadania plena, Essas mesmas ideias simples eram moeda corrente em nosso
democracia, efetivação de direitos fundamentais e sociais e efetivi- país pela época da Independência. A primeira tradução da obra Ri-
dade da justiça. queza das Nações surgiu na Espanha, em 1794, e a obra de José da
Em 1988, foi promulgada a atual Constituição Federal, que ma- Silva Lisboa, o futuro Visconde Cairu, foi significativamente influen-
terializou expressamente o acesso à justiça em seu artigo 5.º, inciso ciada por Smith, especialmente os seus Princípios de Economia
XXXV, como direito fundamental de todos os brasileiros e estrangei- Política (1804). Mas também tiveram a mesma influência a Memó-
ros residentes no Brasil. ria dos Benefícios Políticos do Governo de El-Rei Nosso Senhor D.
Nesse sentido, o legislador constituinte não só concedeu a João VI (1818) e, particularmente, os seus Estudos sobre o Bem
possibilidade de acesso aos tribunais, como também estabeleceu a Comum (18191820). Com as ideias simples smithianas, Cairu, ao
criação de mecanismos adequados para garanti-la e efetivá-la. proclamar o “deixai fazer, deixai passar, deixai vender”, de Gournay,
O acesso à justiça deve ser compreendido, assim, como o aces- legou-nos a abertura dos portos, a liberdade da indústria e a funda-
so obtido tanto pelos meios alternativos de solução de conflitos de ção de nosso primeiro banco. Não pouca coisa.
interesses quanto pela via jurisdicional e das políticas públicas, de Roberto Fendt. Desenvolvimento é o aumento persistente
forma tempestiva, adequada e eficiente, a toda e qualquer pessoa. da produtividade do trabalho. In: João Sicsú e Armando Castelar
É a pacificação social com a realização do escopo da justiça. (orgs.). Sociedade e economia: estratégias de crescimento e
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

desenvolvimento. Brasília: IPEA, 2009 (com adaptações). 77. CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Geral/2022
Com relação ao emprego dos sinais de pontuação no quarto Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
período do segundo parágrafo do texto CG1A1-I, seria correto ses etc)
(A) suprimir a vírgula após “arrecadados”. Texto CG2A1
(B) isolar entre vírgulas a expressão “ao Estado”. A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor
(C) inserir uma vírgula após “significa”. da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da
(D) incluir dois-pontos após “proteger”. natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Os meios de comu-
(E) substituir o ponto e vírgula por travessão. nicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de vio-
lência. Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem
76. CEBRASPE (CESPE) - Ag Inv (PC PB)/PC PB/2022 mais que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socializa-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- ção formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura da
ses etc) paz. Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência
Texto CG1A1-I funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre
O estreitamento das relações entre instituições policiais e co- presente no processo cosmogênico. Viemos de uma imensa explo-
munidade como um todo, em determinado espaço geográfico, se são, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas
coloca como uma forma eficaz de enfrentamento do sentimento fases. Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que
generalizado de medo, de insegurança e de descrédito em relação à instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as insti-
segurança pessoal e coletiva. Esse modo de responder ao problema tuições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência
da violência e da criminalidade de forma preventiva e com a par- como o Estado, as classes, o projeto da tecnociência, os processos
ticipação da sociedade tem recebido denominações diferenciadas, de produção como objetivação da natureza e sua sistemática de-
tais como polícia comunitária, policiamento comunitário, polícia in- predação. Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra
terativa, polícia cidadã, polícia amiga, polícia solidária, não havendo como forma de resolução dos conflitos. Sobre essa vasta base se
consenso quanto à melhor nomenclatura. No entanto, há o reco- formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a com-
nhecimento de todos que adotaram essas experiências quanto à petição, e não a cooperação; por isso, gera guerras econômicas e
sua efetividade na prevenção da violência; prova disso é que seu políticas e, com isso, desigualdades, injustiças e violências. Todas
uso tem sido muito corrente nos dias atuais. essas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura
Podemos definir polícia comunitária como um processo pelo da violência que nos desumaniza a todos. A essa cultura da violên-
qual a comunidade e a polícia compartilham informações e valores cia há que se opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa. É impe-
de maneiras mais intensas, objetivando promover maior segurança rativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas
e o bem-estar da coletividade. A Constituição Federal de 1988 foi a as partes, o pacto social mínimo sem o qual regredimos a níveis
primeira a apresentar um capítulo específico sobre segurança pú- de barbárie. Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? A
blica, no qual se encontra o artigo 144. Nessa perspectiva, ao incor- singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas
porar a segurança pública na Carta Magna, o legislador instituiu um superiores reside no fato de que nós, à distinção deles, somos seres
status de direito fundamental a essa matériab. Assim, o Estado é o sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, te-
principal garantidor da segurança públicaa, mas a responsabilidade mos capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amori-
recai sobre todos; consequentemente, em observância aos concei- zação. O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos
tos e aos princípios da filosofia de polícia comunitáriac, o cidadão da natureza e copilotar a marcha da evolução. Ele foi criado criador.
passa a ser parceiro da organização policial, envolvendo-se na iden- Dispõe de recursos de reengenharia da violência mediante proces-
tificação de problemase, apontando prioridades e indicando solu- sos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. Há muito que
ções com relação à segurança pública, em uma perspectiva cidadãd. filósofos veem no cuidado a essência do ser humano. Tudo precisa
Severino da Costa Simão. Polícia comunitária no Brasil: contri- de cuidado para continuar a existir. Onde vige cuidado de uns para
buições para democratizar a segurança pública. Internet: <www. com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violên-
cchla.ufpb.br> (com adaptações). cia, como analisou Freud.
Sem prejuízo da coerência, da coesão e da correção gramatical Leonardo Boff. Cultura da paz. Internet: <edisciplinas.usp.br>
do texto CG1A1-I, poderia ser eliminada a vírgula empregada no (com adaptações).
trecho No trecho “Viemos de uma imensa explosão, o big bang”, do
(A) “Assim, o Estado é o principal garantidor da segurança pú- texto CG2A1, na expressão “big bang” a vírgula foi empregada com
blica” (último período do segundo parágrafo). a finalidade de
(B) “ao incorporar a segurança pública na Carta Magna, o legis- (A) separar termos coordenados.
lador instituiu um status de direito fundamental a essa maté- (B) introduzir uma oração adjetiva explicativa.
ria” (penúltimo período do segundo parágrafo). (C) indicar a elipse de um termo.
(C) “consequentemente, em observância aos conceitos e aos (D) assinalar uma intercalação.
princípios da filosofia de polícia comunitária” (último período (E) introduzir um aposto
do segundo parágrafo).
(D) “com relação à segurança pública, em uma perspectiva ci-
dadã” (último período do segundo parágrafo).
(E) “o cidadão passa a ser parceiro da organização policial, en-
volvendo-se na identificação de problemas” (último período do
segundo parágrafo).

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

78. CEBRASPE (CESPE) - Ag Crim (POLITEC RO)/POLITEC 79. CEBRASPE (CESPE) - Tec Necro (PC RO)/PC RO/2022
RO/2022 Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- ses etc)
ses etc) Texto CG4A1-II
Texto LP-1-A1 Em 13 de maio de 1888, o Estado brasileiro aboliu oficialmen-
Crescimento econômico geralmente implica aumento nas ati- te a escravidão clássica, com a assinaturab, pela princesa Isabel, da
vidades em todos os setores – indústria, comércio, serviços, con- Lei Áurea. Entretanto, tal ato estatal não significou sua extinção no
sumo. Em outras palavras, significa mais extração de recursos na- mundo dos fatos, poisc, apesar da proibição da possibilidade jurídica
turais, mais produção e mais coisas devolvidas à terra na forma de de se exercer o direito de propriedade sobre uma pessoa humana,
lixo. O crescimento econômico deveria ser um meio de valor neutro o Estadod deixou de implementar reformas sociais, principalmen-
para atender às necessidades básicas de todos e criar comunidades te fundiárias e de inclusão social, que viabilizassem a reconstrução
mais saudáveis, energia mais limpa, infraestrutura mais sólida, cul- do país e, assim, a superação do problemaa, especialmente o da
tura mais vibrante etc. Durante muito tempo, ele contribuiub para reinserção da mão de obra outrora escrava no mercado de trabalho
a difusão desses objetivos fundamentais em algumas partes do pla- livre e assalariado.
neta, propiciando a abertura de estradas, a construção de moradias No período pós-abolição da escravidão clássica, as condições
etc. Agora, talvez já tenhamos coisas suficientes para atender às de miserabilidade dos escravos recém-libertos permaneceram, es-
necessidades básicas de todos; só que elas não são distribuídas de pecialmente pelo fato de os postos de trabalho assalariados serem
forma justa. destinados aos imigrantes europeus, conjuntura essa que desenha-
Uma grande parte do problema é que o sistema econômico do- va o perfil da escravidão contemporânea. A fragilidade das leis que
minante valoriza o crescimento como um objetivo em si mesmo. regulavam as relações de trabalho, à época, apesar de protagoniza-
Por issoc usamos o produto interno bruto, ou PIB, como a medi- rem a “liberdade de contratar”, sucumbia à realidade dos fatos, que
da padrão do sucesso de uma nação. O PIB contabiliza o valor dos submetia os ex-escravos e demais campesinos vulneráveis à sujei-
bens e serviços produzidos a cada ano. Mas deixa de fora facetas ção às mesmas condições de exploração exacerbada do escravismo
importantes, ao não considerar a distribuição desigual e injusta da clássico colonial.
riqueza, nem examinar quão saudáveis e satisfeitas estão as pesso- De forma semelhante ao retrato da escravidão do passado, a
as. É por isso que o PIB de um país pode seguir subindo a ótimos escravidão contemporânea consiste em grave violação a direitos
3% ao ano, e a renda dos trabalhadores ficar estagnada, caso a ri- fundamentais, ao limitar a liberdade da pessoa humana do traba-
queza emperre em um determinado ponto do sistema. Além disso, lhador, atingindo-lhe o status libertatis e, com efeito, a sua dignida-
os verdadeiros custos ecológicos e sociais do crescimento não são de. Vilipendia direitos mínimos e caros à autodeterminação huma-
incluídos no PIB. na e viola valores e princípios sagrados e essenciais à sobrevivência
A fé de nossa sociedade no crescimento econômico repousa na distintiva com relação aos seres irracionais e que alicerçam as bali-
suposiçãoa de que sua continuidade é tão possível quanto benéfica. zas mínimas de dignidade.
Mas nenhum dos dois pressupostos é verdadeiro. Primeiro porque, A escravidão contemporânea deve ser concebida como a coi-
devido aos limites do planeta, o crescimento econômicod infinito é sificação, o uso e o descarte de seres humanos: o limite e o ins-
impossível. Ultrapassado o patamare em que as necessidades hu- trumento necessários para garantir o lucro máximo. Trata-se da
manas básicas são atendidas, ele tampouco se revelou uma estraté- superexploração gananciosa do homem pela forma mais indigna
gia para aumentar o bem-estar. Registramos, hoje, nas grandes me- possível: na escravidão dos dias atuais, o ser humano é transfor-
trópoles, um alto nível de estresse, depressão, ansiedade e solidão. mado em propriedade do seu semelhante, que está em uma posi-
Annie Leonard. Uma história das coisas. ção de classe economicamente superior – e isso ocorre a tal ponto
Da natureza ao lixo, o que acontece com tudo o que consumi- que se anula o poder deliberativo da sua função de trabalhador: ele
mos. Rio de Janeiro, Zahar, 2010, p. 16-7 (com adaptações). pode até ter vontades, mas não pode realizá-las.
A correção gramatical e a coerência do texto LP-1-A1 seriam Internet: <https://acervo.socioambiental.org> (com adapta-
mantidas caso se inserisse uma vírgula logo após ções).
(A) “suposição”, no primeiro período do último parágrafo. No que se refere à pontuação, estaria mantida a correção gra-
(B) “contribuiu”, no penúltimo período do primeiro parágrafo. matical do primeiro parágrafo do texto CG4A1-II caso fosse
(C) “Por isso”, no segundo período do segundo parágrafo. (A) inserido um travessão no lugar da vírgula que segue a pala-
(D) “econômico”, no primeiro período do último parágrafo. vra “problema” (segundo período).
(E) “patamar”, no quarto período do último parágrafo. (B) omitida a vírgula que sucede a palavra “assinatura” (primei-
ro período).
(C) omitida a vírgula que sucede a palavra “pois” (segundo pe-
ríodo).
(D) inserida uma vírgula após a palavra “Estado” (segundo pe-
ríodo).
(E) omitida a vírgula que sucede a palavra “e” (segundo perí-
odo).

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

80. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci- 81. CEBRASPE (CESPE) - Del Pol (PC ES)/PC ES/2022
vil/Complementar/2022 Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- ses etc)
ses etc) Texto CG1A1-I
Texto 2A02 Em 2020, a pandemia de covid-19 fez com que mulheres em
Utilizando a identificação de datação de combustíveis fósseis, situação de violência ficassem ainda mais vulneráveis. O início da
pesquisadores descobriram os incêndios florestais mais antigos já pandemia foi marcado por uma crescente preocupação a respeito
apontados. Ao analisarem depósitos de carvão de 430 milhões de da violência contra meninas e mulheres, as quais passaram a con-
anos do País de Gales e da Polônia, eles levantaram informações viver mais tempo em suas residências com seus agressores, mui-
valiosas sobre como era a vida na Terra durante o período Siluriano tas vezes impossibilitadas de acessar serviços públicos e redes de
– cerca de 440 milhões de anos atrás. apoio.
Naquele tempo, as plantas eram extremamente dependentes O cenário retratado no Anuário Brasileiro de Segurança Pú-
da água para se reproduzir e provavelmente não chegaram a existir blica de 2020 evidencia a queda de crimes letais contra a mulher,
em regiões com secas intensas. Os incêndios florestais discutidos mas não a diminuição da violência: houve um sensível aumento das
no estudo teriam queimado vegetação rasteira, além de plantas co- denúncias de lesão corporal dolosa e das chamadas de emergência
muns de pequeno porte – da altura do joelho ou da cintura. para o número das polícias militares, o 190, todas no contexto de
As queimadas precisam de três coisas para existir: combustível violência doméstica, assim como o aumento dos casos notificados
(as plantas), uma fonte de ignição (no caso, os raios) e oxigênio su- de ameaça contra mulheres. A quantidade de medidas protetivas
ficiente para propagar a chama. de urgência solicitadas e concedidas também aumentou conside-
O fato de esses incêndios terem se espalhado e deixado depó- ravelmente.
sitos de carvão sugere, segundo os pesquisadores, que os níveis de O ano de 2021 foi caracterizado por parte da retomada das
oxigênio atmosférico da Terra eram de pelo menos 16%. Com base atividades rotineiras em meio à redução dos índices de transmis-
na análise das amostras de carvão, eles acreditam que os níveis há são da covid-19 e da queda das mortes decorrentes da doença, em
430 milhões de anos podem ter sido similares aos atuais 21% – ou consequência da vacinação. Compreender as estatísticas criminais
até superiores. de violência contra as mulheres nos anos de 2020 e 2021 nos ajuda
A pesquisa ajuda a entender um pouco mais sobre o ciclo de a pensar nas políticas públicas a serem implementadas no contexto
oxigênio e a fotossíntese da vida vegetal nesse período. Ao saber da pandemia de covid-19 e da consequente intensificação da crise
os detalhes desse ciclo ao longo do tempo, os cientistas podem ter econômica vivenciada no Brasil. A pesquisa Visível e Invisível, rea-
uma visão melhor de como a vida evoluiu até aqui. lizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que, no
Os incêndios florestais, assim como agora, teriam contribuído ano de 2020, a perda de emprego e a diminuição da renda familiar
também para os ciclos de carbono e fósforo e para o movimento de foram sentidas de forma mais intensa pelas mulheres que sofreram
sedimentos no solo terrestre. É uma combinação complexa de pro- violência, o que tornou mais difícil para essas mulheres romper com
cessos, que exige um trabalho em áreas diversas do conhecimento. parceiros abusivos ou relações violentas.
Esse achado recente com certeza auxilia nesses estudos. An- A exemplo do que vimos em outros países, embora tenha ocor-
teriormente, o recorde de incêndio florestal mais antigo registrado rido queda nos registros, sabia-se que a violência contra a mulher
era de 10 milhões de anos. A nova data confere uma visão mais pro- estava aumentando de forma silenciosa e era preciso agir rápido.
funda do passado – e também destaca a importância que a pesquisa Algumas ações foram realizadas pelas instituições policiais a fim de
de incêndios florestais tem no mapeamento da história geológica. enfrentar o desafio que estava posto: a ampliação do rol de tipos
“As queimadas têm sido um componente integral nos proces- penais que podem ser denunciados via boletim de ocorrência onli-
sos do sistema terrestre por um longo tempo, mas seu papel nesses ne, por exemplo, foi uma das iniciativas tomadas por praticamente
processos certamente foi subestimado” conta Ian Glasspool, pri- todas as unidades da Federação, o que possibilitou que, em alguns
meiro autor do estudo. estados, pela primeira vez, o registro de violência doméstica fosse
Leo Caparroz. Revista Superinteressante. 20/6/2022. Internet: feito sem que se precisasse ir até uma delegacia, bastando, para
<https://super.abril.com.br/...> (com adaptações). isso, o acesso à Internet e a um dispositivo como tablet, smartpho-
No último parágrafo do texto 2A02, as vírgulas foram emprega- ne ou computador. Nesse sentido, campanhas de denúncia da vio-
das, respectivamente, para lência doméstica divulgadas em farmácias e supermercados, dentro
(A) isolar um aposto explicativo e separar uma oração coorde- da lógica da Campanha Sinal Vermelho, idealizada pela Associação
nada. dos Magistrados Brasileiros (AMB) e pelo Conselho Nacional da Jus-
(B) separar uma oração coordenada e marcar o deslocamento tiça (CNJ), consistiram em importante ação de repercussão nacio-
de um adjunto adverbial. nal.
(C) separar termos de uma enumeração e introduzir um aposto Internet: <https://forumseguranca.org.br> (com adaptações).
explicativo. Considerando a pontuação empregada no primeiro período do
(D) separar uma oração coordenada e isolar um termo expli- segundo parágrafo do texto CG1A1-I, assinale a opção correta.
cativo. (A) A correção gramatical do texto seria mantida caso fosse in-
(E) isolar uma oração coordenada e separar termos de uma serida uma vírgula logo após a expressão “assim como”.
enumeração. (B) A inserção de vírgula logo após “Anuário Brasileiro de Segu-
rança Pública” manteria a correção gramatical do texto.
(C) A eliminação da vírgula imediatamente seguinte à palavra
“mulher” manteria a correção gramatical do texto.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

(D) A substituição do sinal de dois-pontos por ponto final preju- res representam 33,3% de todos os pesquisadores, porém apenas
dicaria a correção gramatical do texto, ainda que feito o devido 12% dos membros das academias de ciências nacionais são mulhe-
ajuste de letra inicial minúscula e maiúscula. res, e, entre os graduados em engenharia, elas representam 28%.
(E) A substituição da vírgula empregada após “190” por ponto A área da saúde segue em outra direção, especialmente entre
final prejudicaria a correção gramatical do texto, ainda que fei- profissionais dos cuidados básicos. Nessa área, as mulheres repre-
to o devido ajuste de letra inicial minúscula e maiúscula. sentam 70% do total e, apesar das dificuldades de se dedicarem à
pesquisa, elas lideraram o dos cientistas que buscaram resposta à
82. CEBRASPE (CESPE) - Ag Pol (PC RO)/PC RO/2022 pandemia, sendo este o diferencial que queremos valorar e divul-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- gar, inclusive buscando compreender quais são essas dificuldades.
ses etc) Em âmbito nacional, um estudo do IBGE apresentou essas di-
Texto CG1A1-II ficuldades imputadas às mulheres e evidencia que elas perpassam
A contínua ampliação das sociedades humanas no interior do todas as esferas da vida. O indicador “nível de ocupação” apontou
universo “físico”, alheio ao homem, contribuiu para estimular um que, em 2019, entre as entrevistadas mulheres com quinze anos
modo de falar que sugere que “sociedade” e “natureza” ocupariam de idade ou mais, 54,5% ocupavam postos de trabalho no país, ao
compartimentos separados, impressão esta que foi reforçada pelo passo que, entre o grupo de homens com a mesma faixa etária,
desenvolvimento divergente das ciências naturais e das ciências so- 73,7% tinham ocupação. Quando associamos esse indicador ao da
ciais. Todavia, o problema do tempo coloca-se em termos tais que maternidade, entre as pessoas de 25 a 49 anos com filhos de até
não podemos esperar resolvê-lo, se explorarmos suas dimensões três anos de idade, o nível de ocupação dos homens é superior ao
física e social independentemente uma da outra. Se transformar- das mulheres em 34,6%. Com relação a gênero e etnia, as mulheres
mos em verbo o substantivo “tempo”, constataremos de imediato pretas ou pardas com crianças de até três anos de idade no domicí-
que não se pode separar inteiramente a determinação temporal lio apresentaram os menores níveis de ocupação — menos de 50%
dos acontecimentos sociais e a dos acontecimentos físicos. Com o em 2019 —, ao passo que, entre as mulheres brancas, a proporção
desenvolvimento dos instrumentos de medição do tempo fabrica- foi de 62,6%.
dos pelo homem, a determinação do tempo social ganhou autono- Outro indicador relevante que se coloca como um desafio para
mia, certamente, em relação à do tempo físico. A relação entre as que mais mulheres se projetem na ciência é a representação na po-
duas foi se tornando indireta, mas nunca foi totalmente rompida, lítica. Ainda no que se refere aos dados do IBGE, o Brasil, em 2019,
porquanto não pode sê-lo. Durante muito tempo, foram as necessi- era o país da América do Sul com a menor proporção de mulheres
dades sociais que motivaram a mensuração do tempo dos “corpos em mandato parlamentar na Câmara dos Deputados, ocupando a
celestes”. É fácil mostrar como o desenvolvimento desse segundo 142.ª posição de um com dados para 190 países. Considerando-se
tipo de medida foi e continua a ser dependente do desenvolvimen- que as mulheres são a maioria da população no país, 51,8% do to-
to do primeiro tipo, a despeito das influências recíprocas. tal, a pouca representação na política, sem dúvida, leva à negligên-
Norbert Elias. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, p. cia no encaminhamento das pautas femininas.
38-9 (com adaptações). Adicionalmente, se considerarmos a ausência de políticas mais
Acerca do emprego dos sinais de pontuação no texto CG1A1-II, expressivas para a primeira infância e para o apoio ao ingresso e à
julgue os itens a seguir. permanência de mulheres mães no ensino superior e na pós-gra-
I No primeiro período, as aspas são usadas para assinalar que duação, ou, ainda, o desmonte das políticas de bolsas de pesquisa
o autor se refere a um conceito particular, pessoal, de universo, so- e das agências de fomento, é válido afirmar que há urgência em
ciedade e natureza. promover a inserção das mulheres na política e em posições de li-
II O acréscimo de uma vírgula logo após “esta” (primeiro perío- derança nos setores público e privado, sobretudo se o país quiser
do) comprometeria a correção gramatical do texto. aumentar a presença das mulheres na ciência.
III Estaria mantida a correção gramatical do último período Nesse cenário, há duas direções a seguir. Primeiramente, é pre-
caso fosse inserido um travessão imediatamente depois da forma ciso desmistificar a ciência. Nós, mulheres, temos capacidade para
verbal “foi” e outro imediatamente depois de “ser”. estar em todas as áreas e ocupar todos os espaços, como as cien-
Assinale a opção correta. tistas da área da saúde evidenciaram durante a pandemia. Depois,
(A) Nenhum item está certo. é urgente ampliar a representação nos espaços políticos de poder.
(B) Apenas os itens I e II estão certos. Roberta Kelly França e Thaís Cavalcante Martins. Elas na uni-
(C) Apenas os itens I e III estão certos. versidade: os desafios sociais e políticos. Internet: <www.soucien-
(D) Apenas os itens II e III estão certos. cia.unifesp.br> (com adaptações).
(E) Todos os itens estão certos. (A) O emprego das vírgulas no primeiro período ocorre devido
à mesma motivação sintática.
83. CEBRASPE (CESPE) - Prof (Pref Maringá)/Pref Maringá/2022 (B) No segundo período, a vírgula logo após “dia” se justifica
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- exclusivamente por questões semânticas.
ses etc) (C) No terceiro período, o uso da vírgula que antecede o trecho
Texto CG-1A1 “porém apenas 12% dos membros das academias de ciências
Em 2016, a Assembleia Geral das Nações Unidas criou o Dia nacionais são mulheres” é opcional.
Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 (D) No início do terceiro período, o emprego da vírgula logo
de fevereiro. Apesar de serem necessárias mais ações de popula- após “mundo” é facultativo.
rização do dia, a criação da data representa um importante passo (E) No final do terceiro período, o uso da vírgula logo após “e”
em direção à promoção da participação igualitária das mulheres na é obrigatório.
ciência. Em todo o mundo, de acordo com dados da ONU, as mulhe-
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84. CEBRASPE (CESPE) - TJ TRT8/TRT 8/Administrativa/2022 também advogar em prol da importância da ciência, da tecnologia
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- e da inovação como fator de integração das demais políticas de de-
ses etc) senvolvimento do Estado.
Texto CG2A1-I O Brasil possui um sistema estruturado de gestão em ciência,
O trabalho é considerado algo central na vida dos sujeitos, tecnologia e inovação, composto de um órgão central coordenador
ainda mais com o crescimento da expectativa de vida, sendo um e de agências de fomento responsáveis pelas definições e implan-
mediador dos ciclos da existência dos trabalhadores. E algo que é tação de políticas de desenvolvimento de ciência, tecnologia e ino-
considerado de extrema importância nesse contexto é o processo vação. O mesmo modelo é observado nos sistemas estaduais para a
de aposentadoria. Nos últimos anos, a aposentadoria tornou-se um gestão de políticas de desenvolvimento locais em ciência, tecnolo-
tema de grande relevância no estudo do planejamento de carreira. gia e inovaçãoe, respeitando-se as vocações regionais.
Do ponto de vista etimológico, a palavra “aposentadoria” car- O país tem capacidade material e intelectual instalada para
rega em si uma dualidade de significados inerentes a esse fenôme- promover avanços significativos nas políticas nacionais nas áreas de
no. Enquanto, por um lado, a aposentadoria remete à alegria e à ciência, tecnologia e inovação, e de meio ambiente, além de dispor
liberdade, por outro, ela está associada à ideia de retirar-se aos seus de uma sociedade civil mobilizada e de um potente setor empre-
aposentos, ao espaço de não trabalho, podendo ser frequentemen- sarial.
te associada ao abandono, à inatividade e à finitude. É preciso sensibilizar a sociedade brasileira sobre o papel da
Desse modo, a aposentadoria pode ser interpretada de duas ciência como promotora da paz e do desenvolvimento, incluindo-se
formas: a positiva e a negativa. A interpretação positiva, que, de os tomadores de decisão, gestores públicos e formadores de opi-
forma geral, se relaciona à noção de uma conquista ou de uma re- nião da iniciativa privada, devendo ser implementadas iniciativas
compensa do trabalhador, destaca a aposentadoria como uma li- com vistas a fortalecer o ensino científico nas escolas do ensino fun-
berdade de o indivíduo gerenciar sua própria vida, de maneira a damental e médio.
moldar sua rotina como preferir, investindo mais em atividades Internet: <pt.unesco.org> (com adaptações).
pessoais, sociais e familiares. A interpretação negativa, por sua vez, Estariam preservadas a correção gramatical e a coerência do
está vinculada a problemas financeiros, perda de status social, per- texto CG1A1 caso
da de amigos, sensação de inutilidade ou desocupação, entre ou- (A) uma vírgula fosse inserida imediatamente depois do termo
tras situações. Além disso, com a expectativa negativa em relação “país” (primeiro período do segundo parágrafo) dada a longa
à aposentadoria, surgem sentimentos de ansiedade, incertezas e extensão da expressão adverbial que antecede o verbo da ora-
inquietações sobre o futuro. ção “implica”.
Aniéli Pires. Aposentadoria, suas perspectivas e as reper- (B) uma vírgula fosse inserida após “inovação” (primeiro pe-
cussões da pandemia. In: Revista Científica Semana Acadêmica, ríodo do primeiro parágrafo), visto que esse termo é um dos
Fortaleza, n.º 000223, 2022. Internet: elementos de uma enumeração.
<semanaacademica.org.br> (com adaptações). (C) um ponto final fosse inserido após o termo “prazo” (primei-
O sinal de dois-pontos empregado após “duas formas” (primei- ro período do primeiro parágrafo), feito o devido ajuste de letra
ro período do terceiro parágrafo do texto CG2A1-I) introduz um(a) inicial minúscula e maiúscula, para destacar as condições da
(A) citação. política de desenvolvimento científico e tecnológico.
(B) conclusão. (D) o segmento “cada vez mais”, no segundo período do pri-
(C) diálogo. meiro parágrafo, fosse deslocado, com as vírgulas que o isolam,
(D) enumeração. para imediatamente depois de “evidencia”.
(E) concessão. (E) a vírgula empregada após “inovação”, no último período
do terceiro parágrafo, fosse substituída por ponto final, feito o
85. CEBRASPE (CESPE) - Med (Pref Maringá)/Pref Maringá/Of- devido o ajuste de letra inicial minúscula e maiúscula no novo
talmologista/2022 período.
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
ses etc) 86. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021
Texto CG1A1 Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
O maior desafio do Brasil na área de ciência, tecnologia e ino- ses etc)
vaçãob é a elaboração e a implementação de uma política de longo Texto 1A1-I
prazo que permita ao desenvolvimento científico e tecnológico al- Estou escrevendo um livro sobre a guerra...
cançar a população e que efetivamente tenha um impacto determi- Eu, que nunca gostei de ler livros de guerra, ainda que, durante
nante na melhoria das condições de vida da sociedade. Esse é um minha infância e juventude, essa fosse a leitura preferida de todo
processo que vem se aperfeiçoando com o tempo e que, cada vez mundo. De todo mundo da minha idade. E isso não surpreende —
maisc, evidencia o grande potencial de geração de desenvolvimen- éramos filhos da Vitória. Filhos dos vencedores.
to e inclusão social do investimento público e privado em ciência e Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no front;
tecnologia. minha avó, mãe do meu pai, morreu de tifo; de seus três filhos,
Eleger ciência, tecnologia e inovação como uma escolha es- dois serviram no Exército e desapareceram nos primeiros meses da
tratégica para o desenvolvimento do paísa implica priorizar inves- guerra, só um voltou. Meu pai.
timentos nesse setor, para recuperar o tempo perdido e avançar Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da
aceleradamente na geração e na difusão de conhecimentos e inova- guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram
ções, em especial quanto à sua incorporação na produção. Significa as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo,
outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?
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A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mu- Outros achados recentes também apontam que políticas mais
lheres. Não me lembro de vozes masculinas. Tanto que isso ficou extremas como o lockdown, adotadas em vários países e tão ne-
comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam cessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o colapso dos
enquanto choram. sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar nem
Na biblioteca da escola, metade dos livros era sobre a guer- no aumento dos casos de suicídio.
ra. Tanto na biblioteca rural quanto na do distrito, onde meu pai O que as pesquisas mais recentes nos apontam é que, ao me-
sempre ia pegar livros. Agora, tenho uma resposta, um porquê. nos em 2020, aquela “quarta onda” de transtornos mentais que
Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo todo em guerra ou nos era prevista pelos especialistas não aconteceu na prática graças à
preparando para ela. E rememorando como combatíamos. Nunca resiliência do ser humano e a despeito de uma piora na qualidade
tínhamos vivido de outra forma, talvez nem saibamos como fazer de vida e de um esperado aumento de sentimentos como tristeza,
isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um frustração, raiva e nervosismo.
tempo aprendendo. Em todo caso, é preciso destacar que alguns grupos foram mais
Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me as- atingidos que outros, como é o caso dos profissionais da saúde e
sustava e atraía. Desse desconhecimento da vida surgiu uma cora- das mulheres, que precisaram lidar com a sobrecarga de trabalho.
gem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada à realidade, Internet: <uol.com.br> (com adaptações).
teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: Com relação ao emprego dos sinais de pontuação, a correção
do desconhecimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intui- gramatical e a coerência do texto 1A2-II seriam mantidas caso, no
ção do caminho existe... primeiro parágrafo do texto,
Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria pos- (A) fosse empregada uma vírgula após “Brasil”.
sível transmitir o que escuto? Procurava um gênero que respondes- (B) a conjunção “e” fosse substituída por vírgula (no trecho “e
se à forma como vejo o mundo, como se estruturam meus olhos, exigiu a adoção”).
meus ouvidos. (C) a expressão “em março de 2020” fosse isolada por vírgulas.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma (D) fosse empregada uma vírgula após “saúde mental”.
vila em chamas. Tinha uma forma incomum: um romance constitu- (E) fosse empregado um ponto no lugar da vírgula após “de-
ído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara na infância, pressão”, com a devida alteração da inicial de “ansiedade” para
do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se maiúscula.
fechou. Achei o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Com- 88. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021
panhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adaptações). Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
Com relação à pontuação, a correção gramatical do texto 1A1-I ses etc)
seria mantida se O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento
(A) o travessão fosse substituído por vírgula, em “E isso não ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e carac-
surpreende — éramos filhos da Vitória” (segundo parágrafo). terizada, mostrando sua presença ostensiva e passando segurança
(B) fosse inserida uma vírgula após “vida”, em “Desse desco- à sociedade.
nhecimento da vida surgiu uma coragem” (sétimo parágrafo). Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma
(C) fosse inserida uma vírgula após “Pois”, em “Pois a intuição vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo
do caminho existe” (sétimo parágrafo). zelo, pela honestidade e pela correção de propósitos com a finali-
(D) fosse inserida uma vírgula após “infância”, em “A vila de mi- dade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e priva-
nha infância depois da guerra era feminina” (quinto parágrafo). dos, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas.
(E) a vírgula logo após “mãe” fosse substituída por travessão, Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições cons-
em “Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no titucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta ou in-
front” (terceiro parágrafo). diretamente, influenciam no cotidiano das pessoas, na medida em
que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuindo
87. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021 conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade an-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- seia.
ses etc) De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que
Texto 1A2-II está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia
Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em mar- civil cuida daquilo que já aconteceu e que demanda investigação,
ço de 2020 e exigiu a adoção de medidas mais restritivas, especia- ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia civil
listas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta onda” para é aquela que busca quem fez.
se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações).
outros transtornos psiquiátricos que viriam pela frente. No texto 1A2-I, o emprego da vírgula no trecho “Nesse contex-
Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 me- to, a polícia militar tem papel de relevância” (segundo parágrafo)
ses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doen- deve-se ao mesmo motivo que justifica o uso dessa pontuação ime-
ças: estudos publicados em março de 2021 indicam que os números diatamente após o trecho
de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início (A) “Nos dias atuais” (terceiro parágrafo).
da crise, mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante. (B) “no cotidiano das pessoas” (terceiro parágrafo).
(C) “na medida em que colabora com todos os segmentos da
sociedade” (terceiro parágrafo).

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(D) “a polícia militar cuida daquilo que está acontecendo ou Todavia, para que esse sistema de transações de comércio
que acabou de acontecer” (quarto parágrafo). eletrônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e de-
(E) “a polícia militar é aquela que cuida e previne” (quarto pa- senvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e
rágrafo). transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da
credibilidade desse tipo de negociação online.
89. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Negócios Inter- Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a plu-
nacionais/2021 ralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transa-
ses etc) ção eletrônica.
Texto CB1A1-II Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido
As empresas movidas a dados superam amplamente seus pa- em seu comércio eletrônico!
res em várias medidas financeiras, obtendo 70% mais receita por ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008:
funcionário e gerando 22% mais lucros, de acordo com um relatório gestão da qualidade – satisfação do cliente – diretrizes para tran-
do Capgemini Research Institute. O estudo aponta que, embora a sações de comércio eletrônico de negócio a
aplicação de dados e análises esteja se tornando um pré-requisito consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).
para o sucesso, menos de 40% das organizações usam insights em- Julgue os itens a seguir, relativos à pontuação do texto CB2A1-I.
basados em dados para gerar valor aos negócios e à inovação. I A supressão da vírgula empregada logo após o termo “apre-
O domínio dos dados é fundamental para obter uma vantagem sentadas” manteria a correção gramatical e o sentido do texto.
competitiva, e as organizações que não tomam medidas concretas II A inserção de uma vírgula logo após o termo “sugerido” man-
para conseguir isso terão dificuldade em acompanhar o mercado. teria a correção gramatical e o sentido do texto.
Internet: <www.convergenciadigital.com.br> (com adapta- III Caso o trecho “protegidos pela norma” fosse isolado por vír-
ções). gulas, a correção gramatical do texto seria mantida, mas seu senti-
Com relação à pontuação, o sentido original e a correção do do seria alterado.
último período do texto CB1A1-II seriam mantidos caso Assinale a opção correta.
I. fosse inserida uma vírgula após “dados”. (A) Apenas o item I está certo.
II. a vírgula empregada logo após “competitiva” fosse suprimi- (B) Apenas o item II está certo.
da. (C) Apenas o item III está certo.
III. fossem inseridas uma vírgula logo após “organizações” e (D) Todos os itens estão certos.
uma vírgula logo após “isso”.
Assinale a opção correta. 91. CEBRASPE (CESPE) - Tec Min (MPE AP)/MPE AP/Auxiliar Ad-
(A) Apenas o item I está certo. ministrativo/2021
(B) Apenas o item II está certo. Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
(C) Apenas o item III está certo. ses etc)
(D) Todos os itens estão certos. Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades den-
90. CEBRASPE (CESPE) - Ass (APEX)/ApexBrasil/Apoio Adminis- samente povoadas sejam um sinal de “excesso de população”,
trativo/2021 quando de fato é comum, em alguns países, que mais da metade
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só
ses etc) — enquanto existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas
Texto CB2A1-I nas zonas rurais. Até mesmo em uma sociedade urbana e industrial
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área são urba-
oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe- nizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão
quenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança de terra seis vezes maior do que a de todas as grandes e pequenas
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e no- cidades do país reunidas. Fotografias de favelas densamente povo-
vas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. adas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrôni- que o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na
co, várias vantagens podem ser apresentadas, como a facilidade de verdade, a pobreza é a causa da concentração de pessoas que não
estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da semana. conseguem arcar com os custos do transporte ou de um espaço am-
Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresa- plo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir
rial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a dimi- mão dos benefícios de viver na cidade.
nuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade com Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado,
a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper). quando as populações nacionais e mundial eram bem menores. A
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejis- expansão dos meios de transporte mais rápidos e baratos, com pre-
tas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas atividades ço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com
pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este que a população urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno
guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os das cidades à medida que os subúrbios se desenvolviam. Devido a
consumidores protegidos pela norma conceituam-se como mem- um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próximos,
bro individual do público geral, que compra ou usa produtos para em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade,
fins pessoais ou finalidades domésticas. embora as distâncias físicas sejam cada vez maiores. Alguém em

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Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros de distância de um Mas há outras vantagens. Durante as férias, a qualidade do
estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém sono melhora, já que também se costuma dormir mais horas: não
que, vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé. há tanta necessidade de acordar cedo ou tarefas que te deixam até
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição tarde da noite acordado. Isso também é benéfico ao cérebro.
do Kindle, p. 24-25 (com adaptações). Paula Peres. Por que o cérebro precisa de descanso? In: Revis-
A correção gramatical do texto CG2A1-I seria mantida caso, em ta Nova Escola.
“Até mesmo em uma sociedade urbana e industrial moderna como Internet: <novaescola.org.br> (com adaptações).
os Estados Unidos, menos de 5% da área são urbanizados — e ape- No parágrafo do texto CB1A1-I, os travessões foram emprega-
nas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes dos para
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país (A) isolar um trecho no contexto.
reunidas”, o travessão fosse (B) indicar uma citação.
I suprimido. (C) encerrar uma declaração.
II substituído por vírgula. (D) introduzir uma enumeração.
III substituído por parêntese. (E) indicar a interrupção de uma ideia.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo. 93. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu-
(B) Apenas o item III está certo. guesa/2021
(C) Apenas os itens I e II estão certos. Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
(D) Apenas os itens II e III estão certos. ses etc)
(E) Todos os itens estão certos. Texto 5A1-I
As palavras têm um poder tremendo. Repito com assertivida-
92. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Arte/2021 de: as palavras têm um poder tremendo. Há palavras que edificam,
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- outras que destroem; umas trazem bênção, outras, maldição. E é
ses etc) entre estas duas balizas que a comunicação vai moldando a nossa
Texto CB1A1-I vida.
Há quem valorize, mas também quem subestime o poder das Há palavras que deviam ser escondidas num baú fechado a sete
férias. Pais de alunos pedem aos professores para passar atividades chaves. Porque não edificam, porque magoam, porque destroem…
a serem feitas nos meses de férias, e os próprios docentes aprovei- Há uns tempos fui fazer um exame médico. Após o questio-
tam os dias sem aulas para estudar e planejar o próximo semes- nário clínico habitual, a médica prosseguiu: “Agora, vou fazer-lhe
tre. Manter a mente funcionando é ótimo. Mas descansar, além de umas maldades”. Nesse instante, o meu corpo sucumbiu e o des-
bom, é necessário, segundo médicos e especialistas. maio tornou-se iminente. Ora, a palavra maldade magooume mais
De acordo com Li Li Min, neurologista da Faculdade de Ciências do que o próprio exame. Teria sido muito sensato ter escondido tal
Médicas da Universidade de Campinas, o cérebro tem redes que palavra num quarto escuro. Não teria magoado tanto.
exercem diferentes funções: algumas que fazem a pessoa enxergar, Mas voltemos às palavras amigas, as que mimam, as que con-
outras que nos ajudam a nos organizar, lidar com dificuldades, ela- fortam, as que aquecem o coração.
borar estratégias. Em situações de estresse — quando nosso orga- Sabiam que podem mudar o dia de alguém com uma caloro-
nismo acha que estamos sob ameaça, de alguma maneira, ou sob sa saudação? “Bom dia, como está?” Experimentem, sempre que
pressão intensa —, “alguns circuitos particulares no cérebro são comunicam, escolher palavras com carga afetiva positiva! Por
ativados, que são os de sobrevivência. O corpo fica de prontidão, exemplo, se substituírem a palavra “problema” por “situação”, o
alerta para enfrentar qualquer situação. Só que esse é um estado problema parece tornar-se mais pequeno, não parece? Ou então
que você precisa ativar e desativar”, indica. acrescentar adjetivos robustos quando agradecem a alguém: “Obri-
O que acontece com o indivíduo que trabalha por longas jor- gada pela sua preciosa, valiosa ajuda”.
nadas, sem tirar férias, é que esse estado de alerta nunca é desli- Se queremos relações pessoais e profissionais mais saudáveis
gado. “Se você fica muito tempo nessa tensão, o seu organismo e e felizes, usemos e abusemos das palavras positivas na nossa vida.
o seu cérebro não conseguem voltar ao estado normal”, alerta Li E não nos cansemos de elogiar. Palavras de louvor e honra trazem
Li Min. “Ligado nesse circuito de estresse, ele não consegue ativar felicidade não só a quem as recebe, mas também, e sobretudo, a
as funções de criatividade ou elaboração, porque está focado na quem as oferece.
sobrevivência. Esse é um conflito perigoso”. Por isso descansar é Sandra Duarte Tavares. O poder das palavras. In: Visão, ed.
tão importante. 1298, 2017.
A doutora Gislaine Gil, coordenadora do curso Cérebro Ativo do Internet: <visao.sapo.pt> (com adaptações).
hospital Sírio Libanês, em São Paulo, explica que essa é uma primei- No texto 5A1-I, o emprego de reticências no trecho “Porque
ra vantagem das férias: a ausência de tensão. “Diante da pressão não edificam, porque magoam, porque destroem…” expressa a
dos prazos de entrega de trabalhos e provas, aumenta a ansiedade ideia de
de professores e alunos. A ansiedade aumenta o índice de cortisol (A) finalização.
no nosso organismo, uma substância liberada pelo hipotálamo”. (B) incompletude.
Com isso, temos uma sensação de desconforto e chegamos a sentir (C) descontinuidade.
dores musculares e nas costas. Nas férias, com a ausência da ansie- (D) adiamento.
dade e consequentemente do cortisol, o humor da pessoa melhora, (E) dúvida.
e ela fica mais disposta e relaxada.

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94. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu- em qualquer cruzamento,
guesa/2021 acostamento, encruzilhada,
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- socorro, eu já não sinto nada.
ses etc) Alice Ruiz. Socorro, 1986.
Texto 5A1-III No primeiro verso de cada estrofe do texto 5A2-I, o termo “So-
Chegando ao Brasil em 1500 com nossos descobridores, prati- corro”, isolado por vírgula,
camente só em 1534 foi introduzida a língua portuguesa com início (A) tem função de aposto.
efetivo da colonização, com o regime das capitanias hereditárias. (B) tem função de vocativo.
Conclui-se que a língua que chegou ao Brasil pertence à fase de (C) consiste em um advérbio deslocado nos períodos.
transição entre a arcaica e a moderna, já alicerçada literalmente. (D) consiste em uma interjeição.
No Brasil dessa época, encontraram os descobridores e coloni- (E) consiste em uma forma verbal no modo imperativo.
zadores portugueses uma variedade de falares indígenas, no côm-
puto aproximado de trezentos, hoje reduzidos a cerca de 170, na 96. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu-
opinião de um dos seus mais categorizados conhecedores, Aryon guesa/2021
Dall’Igna Rodrigues. Grande extensão territorial da nova terra era Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
ocupada pela família Tupi-Guarani, que apresentava pouca diferen- ses etc)
ciação nas línguas que a integram. Texto 5A2-I
Veio depois a contribuição das línguas africanas em suas duas Socorro
principais correntes para o Brasil: ao Norte, de procedência su- Socorro, eu não estou sentindo nada.
danesa, e ao Sul, de procedência banto; temos, assim, no Norte, Nem medo, nem calor, nem fogo,
na Bahia, a língua nagô ou iorubá; no Sul, no Rio de Janeiro e Minas não vai dar mais pra chorar
Gerais, o quimbundo. nem pra rir.
A pouco e pouco, à medida que se ia impondo, pela cultura dos Socorro, alguma alma,
europeus, o desenvolvimento e o progresso da colônia e do país in- mesmo que penada,
dependente, a língua portuguesa foi predominando sobre a “língua me empreste suas penas.
geral” de base indígena e dos falares africanos, a partir da segunda Já não sinto amor nem dor,
metade do século XVIII. já não sinto nada.
Evanildo Bechara. Breve história externa da língua portugue- Socorro, alguém me dê um coração,
sa. In: Gramática Escolar da Língua Portuguesa. 2 ed. ampliada que esse já não bate nem apanha.
e atualizada pelo novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Por favor, uma emoção pequena,
Fronteira, 2010, p. 690-691(com adaptações). qualquer coisa que se sinta,
As aspas empregadas na expressão ‘língua geral’, no parágrafo tem tantos sentimentos,
do texto 5A1-III, deve ter algum que sirva.
(A) apresentam um neologismo. Socorro, alguma rua que me dê sentido,
(B) exprimem ironia sobre as línguas indígenas e africanas. em qualquer cruzamento,
(C) mostram que a expressão é uma citação. acostamento, encruzilhada,
(D) indicam que a expressão é um arcaísmo. socorro, eu já não sinto nada.
(E) conferem destaque à expressão. Alice Ruiz. Socorro, 1986.
No texto 5A2-I, a vírgula foi empregada para separar termos da
95. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Portu- oração com a mesma função sintática no trecho
guesa/2021 (A) “alguma alma, mesmo que penada” (segunda estrofe).
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- (B) “em qualquer cruzamento, / acostamento, encruzilhada”
ses etc) (quarta estrofe).
Texto 5A2-I (C) “Já não sinto amor nem dor, / já não sinto nada” (segunda
Socorro estrofe).
Socorro, eu não estou sentindo nada. (D) “Por favor, uma emoção pequena” (terceira estrofe).
Nem medo, nem calor, nem fogo, (E) “tem tantos sentimentos, / deve ter algum que sirva” (ter-
não vai dar mais pra chorar ceira estrofe).
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada, 97. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Séries Ini-
me empreste suas penas. ciais/2021
Já não sinto amor nem dor, Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
já não sinto nada. ses etc)
Socorro, alguém me dê um coração, Texto 15A2-II
que esse já não bate nem apanha. Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e
Por favor, uma emoção pequena, realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primei-
qualquer coisa que se sinta, ra virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste
tem tantos sentimentos, dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos
deve ter algum que sirva. velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao
Socorro, alguma rua que me dê sentido, mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si nas regiões metropolitanas: em 2012, 8% dos que viviam nessas
mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensa- áreas eram adeptos ao vegetarianismo; esse índice subiu para 16%
ção penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, em 2019, maior que a média nacional.
que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a gente pode Internet: <brasil.elpais.com> (com adaptações).
sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, Seriam mantidos a correção gramatical e os sentidos do trecho
despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que “Somando-se todos os graus, 7,8% da população com mais de 18
deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, anos (mais de 3,6 milhões de pessoas) são classificados na categoria
nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O dos veggies, os promotores de um mercado que, estima-se, movi-
olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo mentará 4,4 bilhões de euros no mundo em 2020”, do texto 1A1-I,
que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda caso fosse realizada a
para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos (A) supressão da vírgula empregada logo após “graus”.
dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão (B) inserção de uma vírgula logo após o parêntese que segue o
incomensurável como o desdém dos finados. termo “pessoas”.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São (C) substituição da vírgula logo após “veggies” por dois-pontos.
Paulo: (D) inserção de uma vírgula logo após “mercado”.
Ciranda Cultural, 2018. p. 49. (E) supressão da vírgula empregada logo após “estima-se”.
No trecho “Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que
liberdade!”, do texto 15A2-II, o emprego do ponto de exclamação 99. CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021
enfatiza a expressão de um sentimento do narrador. Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
Assinale a opção que apresenta esse sentimento. ses etc)
(A) surpresa Texto CG1A1-I
(B) indignação Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no-
(C) raiva tável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de
(D) espanto Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a
(E) entusiasmo vossa atenção para este importante acontecimento histórico por-
que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do epi-
98. CEBRASPE (CESPE) - FDA (ADAPAR)/ADAPAR/Médico Vete- sódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não
rinário/2021 tarda.
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti-
ses etc) vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por
Texto 1A1-I alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta
Apesar de ser uma corrente recente na Espanha, a tendência abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este
de reduzir o consumo de produtos de origem animal — ou até mes- o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreen-
mo de abandoná-lo — se mostra como uma realidade em alta no de-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava
país. Isso pode ser notado em lojas e restaurantes, na televisão, nas o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que
revistas e em páginas de rede social coloridas com pratos à base de toquei o sino”, foi a resposta do camponês.
abacate, chia ou algum outro produto chamado de “superalimen- “Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o
to”. De acordo com uma empresa de consultoria que entrevistou camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gen-
2.000 pessoas por telefone em 2017, 6,3% da população espanhola te, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”.
se declarou “flexitariana”: três milhões de pessoas dariam prefe- Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar
rência a uma alimentação baseada em vegetais, mesmo sem re- andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas
nunciar aos produtos de origem animal. Mais ao extremo, segundo das suas terras. O lesado tinha começado por protestar e reclamar,
a mesma pesquisa, 0,2% dessa população se declarou vegana, ou depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às
seja, evita qualquer produto que tenha origem animal ou implique autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resulta-
a exploração animal (não apenas carne e laticínios, mas também do, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar a
roupas, cosméticos etc.); e 1,3% disse ser vegetariana (isto é, conso- morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço
me laticínios, ovos, mel). Somando-se todos os graus, 7,8% da po- popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios,
pulação com mais de 18 anos (mais de 3,6 milhões de pessoas) são ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defun-
classificados na categoria dos veggies, os promotores de um mer- ta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à
cado que, estima-se, movimentará 4,4 bilhões de euros no mundo triste vida de todos os dias.
em 2020. Qual é o perfil desse grupo na Espanha? Feminino (dois Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do
terços), urbano (51,2% vivem em cidades com mais de 100.000 ha- mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a
bitantes) e de diferentes idades, especialmente de 20 a 35 anos. ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça
No Brasil, os dados — menos detalhados que os da Espanha continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste
— são do Instituto IBOPE, que realizou uma pesquisa em 102 muni- instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está
cípios em abril de 2018. Cerca de 30 milhões de pessoas, 14% da po- matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse
pulação, são adeptas, em maior ou menor grau, a uma alimentação existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que
que exclui carne do cardápio. O crescimento se deu principalmente dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar:
justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de
teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da ção eficiente. “Não adianta chegar com termos técnicos, tentando
balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que explicar para o paciente a complexidade da sua doença. O melhor é
para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira usar a mesma linguagem dele”, resume.
cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais Internet: <brasildefato.com.br> (com adaptações)
rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in- Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A6-I em que
dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o o emprego de vírgula se deve ao mesmo motivo que justifica o uso
alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dú- dessa pontuação no trecho “Assim como Paulo Freire, defende a
vida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e so- adaptação do conteúdo ao meio comunitário para uma comunica-
bretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria ção eficiente” (último parágrafo).
sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um (A) “estudantes de medicina da Universidade Federal do Cariri
iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada (UFCA), orientados pela professora Sally de França Lacerda Pi-
ser humano assiste. nheiro, aliam cultura e informação” (primeiro parágrafo)
José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada. (B) “A intenção é tornar as informações sobre doenças, proces-
Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações). sos e prevenções o mais acessível e atraente possível” (segun-
No texto CG1A1-I, as aspas, em todas as suas ocorrências no do parágrafo)
parágrafo, foram usadas para (C) “Em três anos, o projeto Cordel e Saúde publicou mais de
(A) sinalizar a mudança de narrador. quarenta folhetos originais” (segundo parágrafo)
(B) realçar determinadas palavras no texto. (D) “ela encontrou a fórmula para escrever, pesquisar e disse-
(C) ironizar as falas dos personagens. minar conhecimentos” (terceiro parágrafo)
(D) relativizar o sentido de determinadas expressões no texto. (E) “‘O melhor é usar a mesma linguagem dele”, resume” (últi-
(E) indicar falas nos termos em que teriam sido proferidas na mo parágrafo)
situação narrada.
101. CEBRASPE (CESPE) - Ag PT (IBGE)/IBGE/2021
100. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021 Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- ses etc)
ses etc) Texto 1A1-I
Texto 1A6-I Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas
Em Barbalha, no interior do Ceará, uma inusitada parceria entre posso imaginar nosso antepassado mais remoto riscando na pare-
a poesia rimada e a medicina tradicional tem sido instrumento para de da caverna, à luz de uma tocha, signos que indicavam quanto de
informar e educar comunidades sobre saúde e cuidados com o cor- alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou,
po, sem arrodeio ou complicações. Traduzindo conceitos e termos como somos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da
clínicos para uma linguagem acessível e relacionável, estudantes de tribo e o número de caças abatidas por cada um deles.
medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), orientados pela Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez
professora Sally de França Lacerda Pinheiro, aliam cultura e infor- possamos afirmar que existem dois tipos de listas: as necessárias e
mação, criando pontes eficientes de diálogo entre a comunidade e as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessárias tornam-
a academia sobre temas urgentes à saúde pública. -se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo
A intenção é tornar as informações sobre doenças, processos mês, enumero as coisas que faltam na despensa de minha casa an-
e prevenções o mais acessível e atraente possível. Em três anos, o tes de me dirigir ao supermercado; essa lista arrolo na categoria
projeto Cordel e Saúde publicou mais de quarenta folhetos origi- das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
nais, desenvolveu oficinas, visitou dezenas de escolas e unidades para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar,
de saúde, entregando informações corretas em saúde e prevenção, cortar em definitivo o açúcar, ser mais solidário, menos intoleran-
por meio de declamações da literatura popular, com a linguagem te... Essa elenco na categoria das inúteis.
que é a cara do povo. A adesão é tamanha que outras instituições, Feitas as compras, a lista do supermercado, necessária, torna-
associações e ligas acadêmicas “encomendam” cordéis temáticos -se então inútil. A lista contendo nossos desejos de sermos melho-
ao grupo. res para nós mesmos e para os outros, embora inútil, pois dificil-
Essa improvável aliança entre cordel e medicina pode ser per- mente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece
sonificada na mentora do projeto, Sally Lacerda, professora da Fa- um vínculo com o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a
culdade de Medicina da UFCA, odontóloga e doutora em biologia morte.
molecular. Nesse projeto, ela encontrou a fórmula para escrever, Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me pergun-
pesquisar e disseminar conhecimentos acadêmicos e técnicos por tou, mas resolvi organizar uma lista dos melhores romances que li
meio de sua mais antiga paixão: o cordel. em minha vida — escolhi o número vinte, não por motivos místicos,
Certeira, Sally viu a oportunidade para divulgar a literatura à mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que preferências
medida que promove saúde e conscientização. Sem arrodeio, ex- intelectuais, uma história afetiva das minhas leituras. Enquadro-a
plica a ideia: “o objetivo principal seria utilizar o cordel como uma na categoria das listas inúteis, mas, quem sabe, se consultada, mu-
ferramenta de educação e prevenção em saúde”. Driblando críticas nicie discussões, já que toda escolha é subjetiva e aleatória, ou, na
de colegas academicistas, conquistou o coração de alunos que se melhor das hipóteses, suscite curiosidade a respeito de um título
uniram ao projeto em 2017. Assim como Paulo Freire, defende a ou de um autor. Ocorresse isso, me daria por satisfeito.
adaptação do conteúdo ao meio comunitário para uma comunica- Luiz Ruffato. Meus romances preferidos. Internet: <brasil.
elpais.com> (com adaptações).

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

No segundo parágrafo do texto 1A1-I, o emprego das reticên- devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”,
cias indica que pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como
(A) o autor não quis revelar todas as suas metas para o novo a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem
ano. já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão,
(B) a lista de metas apresentada não é exaustiva. maquinando.
(C) o autor mudou de ideia entre uma frase e outra. Clarice Lispector. Preciosidade. In: Laços de Família. Rio de
(D) a lista de metas para o ano novo não tem fim. Janeiro: Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações).
(E) o autor não conclui seu pensamento. No trecho “Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez:
sou vigorosa, dezesseis”, do texto CG1A1, o sinal de dois-pontos
102. CEBRASPE (CESPE) - Ag PT (IBGE)/IBGE/2021 está empregado com a finalidade de introduzir
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- (A) um pensamento.
ses etc) (B) uma síntese.
Texto 1A2-II (C) uma fala.
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o (D) um esclarecimento.
para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava (E) uma exemplificação.
do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de 104. CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN SE)/COREN SE/2021
areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte-
olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ses etc)
ficou mudo de beleza. Texto CG1A1-I
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica,
pediu ao pai: — Me ajuda a olhar! política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa
Eduardo Galeano. A função da arte/1. In: O livro dos abraços. para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe so-
Tradução de Eric Nepomuceno. 9.ª ed. Porto Alegre: L&PM, cial. Dependerá de valores individuais e de concepções científicas,
2002 (com adaptações). religiosas, filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças.
No início do texto 1A2-II, o nome “Santiago Kovadloff” foi em- Aquilo que é considerado doença varia muito.
pregado entre vírgulas porque Real ou imaginária, a doença é um antigo acompanhante da
(A) explica o vocábulo “pai”. espécie humana, como o revelam pesquisas paleontológicas. Mú-
(B) precisa o vocábulo “pai”. mias egípcias apresentam sinais de doença (como, por exemplo,
(C) caracteriza o vocábulo “pai”. a varíola do faraó Ramsés V). Não admira que, desde muito cedo,
(D) qualifica o vocábulo “pai”. a humanidade se tenha empenhado em enfrentar essa ameaça, e
(E) especifica o vocábulo “pai”. de várias formas, baseadas em diferentes conceitos do que vem a
ser a doença (e a saúde). Assim, a concepção mágico-religiosa par-
103. CEBRASPE (CESPE) - TAJ (TJ RJ)/TJ RJ/”Sem Especialida- tia, e parte, do princípio de que a doença resulta da ação de forças
de”/2021 alheias ao organismo que neste se introduzem por causa do pecado
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- ou de maldição.
ses etc) A medicina grega representa uma importante inflexão na ma-
Texto CG1A1 neira de encarar a doença. É verdade que, na mitologia grega, várias
Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como divindades estavam vinculadas à saúde. Os gregos cultuavam, além
um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da ba- da divindade da medicina, Asclepius ou Aesculapius (que é men-
talha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão cionado como figura histórica no poema épico Ilíada), duas outras
longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O apren- deusas, Higieia, a Saúde, e Panacea, a Cura. Higieia era uma das
dizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não sou- manifestações de Athena, a deusa da razão, e o seu culto, como
besse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável sugere o nome, representa uma valorização das práticas higiênicas.
e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio Se Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado — uma
uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intui- crença basicamente mágica ou religiosa —, deve-se notar que a
ção, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada. cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos
Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava joga- naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos.
ra-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora Moacyr Scliar. História do conceito de saúde. In: Physis: Revista
uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as de Saúde Coletiva, v. 17, n.º 1, 2007, p. 29-41 (com adaptações).
mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto
vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à conta- CG1A1-I, poderia ser suprimida a vírgula empregada imediatamen-
gem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa, te antes do termo
dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada (A) “como”, no primeiro período do segundo parágrafo.
porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi (B) “deve-se”, no último período do terceiro parágrafo.
conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconhe- (C) “desde”, no terceiro período do segundo parágrafo.
ciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Per- (D) “duas”, no terceiro período do terceiro parágrafo.
dera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o
que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e,
conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade
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105. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu- oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou-
guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021 viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênte- dos que nos ouvem.
ses etc) Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
Texto 14A1-I nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
-la (essa tarefa impossível)a será, portanto, um bom caminho para linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala-
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores. mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos,
Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem
de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares)b, mas como
gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí-
sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos
família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque- valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores
la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua
inteiro. dignidade poética, historicamente flutuante.
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá- A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações, outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele)e, de milhões de vo-
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve,
semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância,
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, formar, para o escritor, na sua ética.
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, ções).
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas Assinale a opção que mostra trecho do texto 14A1-I em que o
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o emprego dos parênteses tem a finalidade de isolar uma ressalva.
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe)c, mas o (A) “(essa tarefa impossível)” (primeiro parágrafo)
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no (B) “(exceto nos cadernos escolares)” (sexto parágrafo)
que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun- (C) “(isso até o dicionário sabe)” (terceiro parágrafo)
do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a (D) “(e são eles, os outros, que dão vida ao que dizemos, antes
vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e mesmo de a gente abrir a boca)” (quinto parágrafo)
imediata que se move quem escreve, o ouvido atento. (E) “(do mesmo idioma ou fora dele)” (sétimo parágrafo)
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a 106. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu-
palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa- guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)
ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen- Texto 14A1-I
sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta, A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores.
estaria destruída. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque-
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou- la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país
tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir inteiro.
a boca)d. Para a palavra e para tudo que significa, os outros não A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá-
são uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma-
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações,
uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de universais
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

semânticos como tem sido a língua para uma corrente considerável a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do
dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos, justamen- outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra
te por serem apenas fonemas e justamente por serem universais, que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca
esses elementos primeiros são desprovidos de significado: servindo um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra
a todos, não servem a ninguém. De fato, não chegam a se constituir intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso
em “língua”, face a outra parte indispensável da palavra: o falante. me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra,
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a
território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans-
ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no formar, para o escritor, na sua ética.
exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante, Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta-
ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer ções).
chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira, No sexto parágrafo do texto 14A1-I, o emprego da preposição
o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas “de”, em “de que não falamos ou escrevemos sinais”, deve-se à re-
convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o gência do
que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o (A) verbo “lembrar”, no início do parágrafo.
que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no (B) verbo “falamos”, no trecho mencionado.
que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun- (C) substantivo “sinais”, em “sinais de computador”.
do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a (D) substantivo “fato”, em “está no fato”.
vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e (E) substantivo “vida”, em “vida da linguagem”.
imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua 107. CEBRASPE (CESPE) - Ag Inv (PC PB)/PC PB/2022
matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a Assunto: Crase
palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa- Texto CG1A1-I
lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução O estreitamento das relações entre instituições policiais e co-
ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen- munidade como um todo, em determinado espaço geográfico, se
sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta, coloca como uma forma eficaz de enfrentamento do sentimento
um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o generalizado de medo, de insegurança e de descrédito em relação
isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio à segurança pessoal e coletivaI. Esse modo de responder ao pro-
do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente blema da violência e da criminalidade de forma preventiva e com
estaria destruída. a participação da sociedade tem recebido denominações diferen-
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- ciadas, tais como polícia comunitária, policiamento comunitário,
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num polícia interativa, polícia cidadã, polícia amiga, polícia solidária, não
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos havendo consenso quanto à melhor nomenclaturaII. No entanto, há
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo o reconhecimento de todos que adotaram essas experiências quan-
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou- to à sua efetividadeIII na prevenção da violência; prova disso é que
tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir seu uso tem sido muito corrente nos dias atuais.
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são Podemos definir polícia comunitária como um processo pelo
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos qual a comunidade e a polícia compartilham informações e valores
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto de maneiras mais intensas, objetivando promover maior seguran-
oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou- ça e o bem-estar da coletividade. A Constituição Federal de 1988
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável foi a primeira a apresentar um capítulo específico sobre segurança
dos que nos ouvem. pública, no qual se encontra o artigo 144. Nessa perspectiva, ao in-
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- corporar a segurança pública na Carta Magna, o legislador instituiu
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; um status de direito fundamental a essa matéria. Assim, o Estado
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da é o principal garantidor da segurança pública, mas a responsabi-
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons lidade recai sobre todos; consequentemente, em observância aos
ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala- conceitos e aos princípios da filosofia de polícia comunitária, o ci-
mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos, dadão passa a ser parceiro da organização policial, envolvendo-se
acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem na identificação de problemas, apontando prioridades e indicando
como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como soluções com relação à segurança públicaIV, em uma perspectiva
verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí- cidadã.
vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos Severino da Costa Simão. Polícia comunitária no Brasil: contri-
valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores buições para democratizar a segurança pública. Internet: <www.
que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua cchla.ufpb.br> (com adaptações).
dignidade poética, historicamente flutuante. No texto CG1A1-I, é de uso facultativo o sinal indicativo de cra-
A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura, se empregado no trecho
contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas I “em relação à segurança pessoal e coletiva” (primeiro período
outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo- do primeiro parágrafo).
zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escreve, II “quanto à melhor nomenclatura” (penúltimo período do pri-
nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância, meiro parágrafo).
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

III “quanto à sua efetividade” (último período do primeiro pa- 109. CEBRASPE (CESPE) - Tec Adm (COREN CE)/COREN CE/2021
rágrafo). Assunto: Crase
IV “com relação à segurança pública” (último período do se- Texto CG2A1-I
gundo parágrafo). Até o final do século XVIII, quando a produção de açúcar co-
Assinale a opção correta. meçou a ser mecanizadaI, a maioria das pessoas consumia mui-
(A) Apenas o item I está certo. to pouco dos chamados açúcares livres, que são adicionados aos
(B) Apenas o item II está certo. alimentos. Um americano médio podia passar a vida inteira sem
(C) Apenas o item III está certo. comer nenhum doce industrializado, muito menos os iogurtes, ce-
(D) Apenas o item IV está certo. reais matinais, bolachas e bebidas adoçadas que encontramos nos
(E) Todos os itens estão certos. supermercados.
Hoje, esse mesmo americano médio ingere nada menos que
108. CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN CE)/COREN CE/2021 19 colheres de chá, ou 76 gramas, de açúcar livre por dia. É assim,
Assunto: Crase também, porque nossos receptores gustativos que detectam o sa-
Texto CG1A1-II bor doce são menos sensíveis do que os outros. A língua consegue
A grande disparidade no padrão de saúde e doença no mun- detectar o sabor amargo mesmo em baixíssimas concentrações,
do é um chamado urgente para ações que visem à melhoria das de poucas partes por milhão, mas, para que um copo d’água fique
condições e da qualidade de vida das populações vulneráveis. Essa doce, precisamos colocar nele uma colherada de açúcar.
diferença inaceitável está associada a determinantes sociais e am- Os humanos evoluíram num ambiente cheio de substâncias tó-
bientais, insegurança alimentar e baixa educação, além do acesso xicas, por isso são altamente sensíveis a sabores que possam signifi-
limitado aos serviços de saúde e da sua qualidade precária. car perigo. Mas os venenos da natureza geralmente não são doces.
A área de trabalho e pesquisa denominada saúde global visa Além disso, a coisa mais doce que os hominídeos primitivos tinham
reduzir a desigualdade em saúde para as populações em todo o para comer eram as frutas. Hoje vivemos cercados por alimentos
mundo. A atividade científica se insere nesse contexto buscando o muito doces, mas nossos receptores ainda estão calibrados para a
desenvolvimento e a aplicação de novos métodos e produtos mais delicada doçura de uma banana.
eficientes para prevenção, diagnóstico e tratamento dos principais Essa discrepância entre os nossos receptores gustativos, que
problemas de saúde. são pouco sensíveis, e a alimentação ultradoce do mundo moder-
Destacam-se as estratégias de uso profilático de medicamentos noIII levou médicos e gurus das dietas a recomendar adoçantes
em massa para as filarioses e geohelmintíases (doenças causadas artificiais. O primeiroI foi a sacarina, um derivado do alcatrão que
por parasitas); o reposicionamento e a combinação de fármacos chegou ao mercado no final do século XIX. Depois vieram vários ou-
para o tratamento da malária resistente à cloroquina; a terapia tros, dos quais o mais famoso é o aspartame, lançado na década de
multidroga para encurtar o tratamento e evitar resistência medica- 80 do século passado. Os adoçantes foram ganhando má reputação
mentosa na tuberculose, na hanseníase e na AIDS; os testes rápidos — muita gente acha que o seu gosto é ruim e que eles fazem mal
de diagnóstico de leishmaniose, HIV e sífilis, para uso em unidades à saúdeII. Em 1951, quando os refrigerantes e sobremesas diet co-
de atenção primária; além do desenvolvimento de mosquitos mo- meçaram a proliferar, o ciclamato foi banido pela FDA, porque cau-
dificados geneticamente para controle de transmissão da malária sava câncer de bexiga em ratos. A sacarina também foi banida por
e dengue. muitos anos, depois que alguns estudos preocupantes surgiram na
As epidemias, em tempos de globalização, Internet e redes so- década de 70 do século passado. Hoje, o consenso é que os adoçan-
ciais, desnudam as iniquidades e o despreparo das estruturas po- tes não são cancerígenos nas quantidades em que são consumidos.
líticas e de serviços públicos para enfrentar a ameaça biológica. O Internet: <super.abril.com.br> (com adaptações).
mundo espera por um despertar social de maior compromisso com No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CG2A1-I,
o coletivo e com o bem-estar da humanidade no imprevisível perí- julgue os itens a seguir.
odo pós-pandemia. I A supressão da vírgula empregada logo após “mecanizada”
Fabio Zicker. Ciência em prol da saúde global. In: Ciência Ho- (primeiro período do primeiro parágrafo) manteria a coesão e a cor-
je,edição 372, dez./2020, p. 53 (com adaptações). reção textual, uma vez que seu emprego é facultativo no período.
Cada uma das próximas opções apresenta uma proposta de II O emprego do acento indicativo de crase no vocábulo “à”,
reescrita para o seguinte trecho do primeiro parágrafo do texto em “fazem mal à saúde” (quarto período do último parágrafo), é
CG1A1-II: “ações que visem à melhoria das condições e da qualida- facultativo.
de de vida das populações vulneráveis”. Assinale a opção em que a III No último parágrafo, o termo “primeiro” (segundo período)
proposta de reescrita apresentada é gramaticalmente correta com faz referência a “mundo moderno” (primeiro período).
relação ao emprego do sinal indicativo de crase. Assinale a opção correta.
(A) ações que visem à significativa melhora das condições e da (A) Apenas o item I está certo.
qualidade de vida das populações vulneráveis (B) Apenas o item II está certo.
(B) ações que visem à melhoras significativas das condições e (C) Apenas o item III está certo.
da qualidade de vida das populações vulneráveis (D) Todos os itens estão certos.
(C) ações que visem à significativo melhoramento das condi-
ções e da qualidade de vida das populações vulneráveis
(D) ações que visem à significativos melhoramentos das condi-
ções e da qualidade de vida das populações vulneráveis

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

110. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021 111. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Língua Portu-
Assunto: Crase guesa/Gramática Normativa e Revisão Ortográfica/2021
Texto 1A6-I Assunto: Crase
Em Barbalha, no interior do Ceará, uma inusitada parceria entre Texto 14A1-I
a poesia rimada e a medicina tradicional tem sido instrumento para A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
informar e educar comunidades sobre saúde e cuidados com o cor- -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
po, sem arrodeio ou complicações. Traduzindo conceitos e termos compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
clínicos para uma linguagem acessível e relacionável, estudantes de línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escritores.
medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), orientados pela Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples depósito
professora Sally de França Lacerda Pinheiro, aliam cultura e infor- de palavras que circulam em uma comunidade, nem a um sistema
mação, criando pontes eficientes de diálogo entre a comunidade e gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos estável numa
a academia sobre temas urgentes à saúde pública. sociedade, numa estação do ano, num sexo, numa região, numa
A intenção é tornar as informações sobre doenças, processos família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe social, naque-
e prevenções o mais acessível e atraente possível. Em três anos, o la rua, num determinado dia, num livro e quase nunca num país
projeto Cordel e Saúde publicou mais de quarenta folhetos origi- inteiro.
nais, desenvolveu oficinas, visitou dezenas de escolas e unidades A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade unitá-
de saúde, entregando informações corretas em saúde e prevenção, ria. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a ma-
por meio de declamações da literatura popular, com a linguagem téria da literatura não é um sistema abstrato de regras e relações,
que é a cara do povo. A adesão é tamanha que outras instituições, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de univer-
associações e ligas acadêmicas “encomendam” cordéis temáticos sais semânticos como tem sido a língua para uma corrente consi-
ao grupo. derável dos cientistas da língua. Justamente por serem abstratos,
Essa improvável aliança entre cordel e medicina pode ser per- justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem uni-
sonificada na mentora do projeto, Sally Lacerda, professora da Fa- versais, esses elementos primeiros são desprovidos de significado:
culdade de Medicina da UFCA, odontóloga e doutora em biologia servindo a todos, não servem a ninguémc. De fato, não chegam a se
molecular. Nesse projeto, ela encontrou a fórmula para escrever, constituir em “língua”b, face a outra parte indispensável da palavra:
pesquisar e disseminar conhecimentos acadêmicos e técnicos por o falantee.
meio de sua mais antiga paixão: o cordel. O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadeiro
Certeira, Sally viu a oportunidade para divulgar a literatura à território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele pode
medida que promove saúde e conscientização. Sem arrodeio, ex- ser considerado uma entidade universal? Isso interessa porque, no
plica a ideia: “o objetivo principal seria utilizar o cordel como uma exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz do falante,
ferramenta de educação e prevenção em saúde”. Driblando críticas ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que não é qualquer
de colegas academicistas, conquistou o coração de alunos que se chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, o ar que se respira,
uniram ao projeto em 2017. Assim como Paulo Freire, defende a o tempo, o dia, a hora, toda a soma das intenções muito específicas
adaptação do conteúdo ao meio comunitário para uma comunica- convertidas no impulso da palavra; e, é claro, a ninguém interessa o
ção eficiente. “Não adianta chegar com termos técnicos, tentando que a palavra quer dizer de velha (isso até o dicionário sabe), mas o
explicar para o paciente a complexidade da sua doença. O melhor é que ela quer dizer de nova, isto é, o que é novo e surpreendente no
usar a mesma linguagem dele”, resume. que se diz. Esse espetáculo das vozes que falam sem parar no mun-
Internet: <brasildefato.com.br> (com adaptações) do em torno, ou nesse mundo em torno, nesse exato momento, é a
No primeiro parágrafo do texto 1A6-I, o emprego do sinal in- vida indispensável de quem escreve. É nessa diversidade imensa e
dicativo de crase no trecho “temas urgentes à saúde pública” jus- imediata que se move quem escreve, o ouvido atento.
tifica-se Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da sua
(A) pelo emprego do substantivo feminino “saúde”, que possui matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdobramos a
sentido geral e indeterminado. palavra, descobrimos que quem lhe dá vida não é exatamente o fa-
(B) pela contração da preposição regida pelo termo “urgentes” lante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, numa redução
com o artigo feminino que confere caráter definido ao termo ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma palavra que dispen-
“saúde pública”. sasse os outros para fazer sentido, ela seria uma palavra natimorta,
(C) pela regência verbal da oração principal e pela presença de um objeto opaco à espera de um criptólogo que lhe rompesse o
artigo feminino diante da palavra “saúde”. isolamento, como um Champollion diante de uma pedra no meio
(D) pela função sintática exercida pelo termo “saúde pública” do caminho, mas então a suposta pureza original autossuficiente
no período. estaria destruídad.
(E) pela obrigatoriedade do acento grave na preposição que in- Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter-
troduz locuções adverbiais formadas por palavra feminina. ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os ou-
tros, que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais remoto

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oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, mesmo lá ou- permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia, in-
viríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria interminável terfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
dos que nos ouvem. natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram conceitos
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do processo natural
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; ou histórico que já emitiu julgamento quanto às “raças inferiores”,
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes agonizan-
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas sons tes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses julgamen-
ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que não fala- tos, mas no seu tribunal todos os interessados são subjetivamente
mos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vista, sonhos, inocentes: os assassinados porque nada fizeram contra o regime,
acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a linguagem e os assassinos porque realmente não assassinaram, mas executa-
como certa ou errada (exceto nos cadernos escolares), mas como ram uma sentença de morte pronunciada por um tribunal superior.
verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, delirante, horrí- Os próprios governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas
vel, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano inseguro dos apenas executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis,
valores que se move o escritor. E é apenas nesse terreno de valores mas executam um movimento segundo a sua lei inerente.
que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto estético, a sua No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir
dignidade poética, historicamente flutuante. fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens,
A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura, cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos
contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas homens que nela nascem. A estabilidade das leis corresponde ao
outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo- constante movimento de todas as coisas humanas, um movimento
zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escrevea, que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam e morram.
nela também está a sua fronteira necessária, e, em última instância, As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo tempo, as-
a sua ética. Para formar a minha palavra, eu preciso da palavra do seguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade de algo
outro compartilhando com ela a força e o valor de origem. A palavra inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positivas são
que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não é nunca para a existência política do homem o que a memória é para a sua
um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo nela, outra existência histórica: garantem a preexistência de um mundo co-
intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso mum, a realidade de certa continuidade que transcende a duração
me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a minha palavra, individual de cada geração, absorve todas as novas origens e delas
tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que parece a se alimenta.
natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa se trans- Confundir o terror total(a) com um sintoma de governo tirânico
formar, para o escritor, na sua ética. é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como
Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adapta- uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei feita pelos homens.
ções). Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade arbi-
No texto 14A1-I, seria gramaticalmente correto, embora impli- trária,(c) e a sua fúria(d) não visa ao benefício do poder despótico de
casse mudança de sentido, o emprego do acento grave indicativo de um homem contra todos, muito menos a uma guerra de todos con-
crase no vocábulo “a” em tra todos.(e) Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação
(A) “nessa diversidade essencial está a riqueza de quem escre- entre os homens individuais, constrói um cinturão de ferro(b) que
ve” (último parágrafo). os cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse
(B) “não chegam a se constituir em ‘língua’” (segundo parágra- em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da
fo). lei entre os homens — como o faz a tirania — significa tirar dos
(C) “não servem a ninguém” (segundo parágrafo). homens os seus direitos e destruir a liberdade como realidade polí-
(D) “mas então a suposta pureza original autossuficiente esta- tica viva, pois o espaço entre os homens, delimitado pelas leis, é o
ria destruída” (quarto parágrafo). espaço vital da liberdade.
(E) “face a outra parte indispensável da palavra: o falante” (se- Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.
gundo parágrafo). dhnet.org.br> (com adaptações).
No parágrafo do texto CG1A1-I, a forma verbal “constrói” esta-
112. CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/Administra- belece concordância com o termo
ção/2022 (A) “o terror total”.
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal) (B) “um cinturão de ferro”.
Texto CG1A1-I (C) “nenhuma ilegalidade arbitrária”.
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; (D) “a sua fúria”.
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a le- (E) “uma guerra de todos contra todos”.
galidade é a essência do governo não tirânico e a ilegalidade é a es-
sência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitário.
O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da nature-
za ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade,
sem o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o
terror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da
natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da
humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode
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113. CEBRASPE (CESPE) - PPE (SERES PE)/SERES PE/2022 e, assim como a inovação, pode facilitar a inserção em mercados
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal) estrangeiros, propiciando a abertura de caminhos para atuação em
Texto CG1A1-I diferentes ambientes.
Uma das coisas mais difíceis, tanto para uma pessoa quanto Antonio Albuquerque Filho et alii. Influência da internaciona-
para um país, é manter sempre presentes diante dos olhos os três lização e da inovação na competitividade empresarial. In: Revista
elementos do tempo: passado, presente e futuro. Ter em mente es- Eletrônica de Negócios Internacionais (Internext), v.
ses três elementos é atribuir uma grande importância à espera, à
esperança, ao futuro; é saber que nossos atos de ontem podem ter 15, n.º 1, 2020, p. 1 e 2 (com adaptações).
consequências em dez anos e que, por isso, pode ser necessário Consideradas as relações coesivas do último período do texto
justificá-los; daí a necessidade da memória, para realizar essa união CB1A1-III, é correto afirmar que a flexão da forma verbal “pode” na
de passado, presente e futuro. terceira pessoa do singular justifica-se pela concordância verbal de
Contudo, a memória não deve ser predominante na pessoa. A “pode facilitar” com
memória é, com frequência, a mãe da tradição. Ora, se é bom ter (A) “a internacionalização”.
uma tradição, também é bom superar essa tradição para inventar (B) “a inserção em mercados estrangeiros”.
um novo modo de vida. Quem considera que o presente não tem (C) “o uso da inovação”.
valor e que somente o passado deve nos interessar é, em certo sen- (D) “a inovação”.
tido, uma pessoa a quem faltam duas dimensões e com a qual não
se pode contar. Quem acha que é preciso viver o agora com todo o 115. CEBRASPE (CESPE) - Ag Pol (PC RO)/PC RO/2022
ímpeto e que não devemos nos preocupar com o amanhã nem com Texto CG1A1-I
o ontem pode ser perigoso, pois crê que cada minuto é separado No meio científico, a imaginação é conhecida como especula-
dos minutos vindouros ou dos que o precederam e que não existe ção e tratada com certa desconfiança ___ nas publicações, costuma
nada além dele mesmo no planeta. Quem se desvia do passado e ser acompanhada de uma advertência obrigatória. Parte da redação
do presente, quem sonha com um futuro longínquo, desejável e de- de uma pesquisa consiste em limpála de voos fantasiosos, de con-
sejado, também se vê privado do terreno contrário cotidiano sobre versa fiada e dos milhares de tentativas e erros que dão origem até
o qual é preciso agir para realizar o futuro desejado. Como se pode mesmo às menores descobertas. Nem todo mundo que lê um estu-
ver, uma pessoa deve sempre ter em conta o presente, o passado do quer atravessar muito espalhafato. Ainda, os cientistas precisam
e o futuro. parecer confiáveis. Entre sorrateiramente nos bastidores da ciência
Frantz Fanon. Alienação e liberdade. São Paulo: Ubu, 2020, p. e talvez você não encontre as pessoas em sua melhor aparência.
264-265 (com adaptações). Mesmo nos bastidores, nas reflexões noturnas que compartilhei
No texto CG1A1-I, existe relação de concordância do termo com colegas, era incomum entrar em detalhes de como havíamos
(A) “presentes” com “coisas mais difíceis”, no primeiro período imaginado ___ de modo acidental ou deliberado ___ os organis-
do primeiro parágrafo. mos que estudamos, fossem eles peixes, bromélias, cipós, fungos
(B) “necessário” com “isso”, no segundo período do primeiro ou bactérias. Havia algo embaraçoso em admitir que o emaranhado
parágrafo. de nossas conjecturas, fantasias e metáforas sem fundamento pu-
(C) “predominante” com “memória”, no primeiro período do desse ter ajudado a moldar a nossa pesquisa. Apesar disso, a ima-
segundo parágrafo. ginação faz parte da atividade cotidiana da pesquisa. A ciência não
(D) “perigoso” com “ontem”, no quinto período do segundo é um exercício de racionalidade a sangue-frio. Os cientistas são – e
parágrafo. sempre foram – emocionais, criativos, intuitivos, seres humanos in-
(E) “preciso” com “o qual”, no sexto período do segundo pa- teiros, lançando perguntas sobre um mundo que não foi feito para
rágrafo. ser catalogado e sistematizado. Sempre que eu perguntava o que
esses fungos faziam e elaborava estudos para tentar entender seu
114. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Comunica- comportamento, precisava imaginá-los.
ção/2022 Merlin Sheldrake. A trama da vida. Como os fungos constro-
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal) em o mundo. São Paulo: Fósforo/Ubu Editora, 2021, p. 29 (com
Texto CB1A1-III adaptações
Em um mercado cada dia mais competitivo e globalizado, tor- Considerando a correção gramatical das substituições propos-
na-se essencial que as empresas procurem adotar estratégias que tas para vocábulos e trechos do texto CG1A1-I, julgue os itens se-
lhes proporcionem maior desenvolvimento, possibilitando-lhes guintes.
destacar-se quanto à capacidade e eficiência para criar, expandir e I “dos milhares” (segundo período) por das milhares
aplicar recursos. Ressalte-se que as companhias se destacam com- II “parecer” (quarto período) por parecerem
petitivamente quando adquirem resultados satisfatórios a partir III “entrar” (sexto período) por entrarem
da adoção de práticas aceitas e valorizadas no ambiente em que Assinale a opção correta.
atuam. Assim, as estratégias competitivas refletem a maneira como (A) Nenhum item está certo.
as empresas se distinguem de suas concorrentes. Dentre as diver- (B) Apenas o item I está certo.
sas estratégias competitivas, destacam-se a internacionalização (C) Apenas o item II está certo.
e a inovação. A internacionalização é motivada pela necessidade (D) Apenas os itens I e III estão certos.
de recursos, mercados e ativos estratégicos, enquanto a inovação (E) Todos os itens estão certos.
é impulsionada pela necessidade de obtenção de maior eficiência
econômica e financeira. Ademais, a internacionalização induz o
uso da inovação e proporciona melhores resultados competitivos
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116. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Séries Ini- que não pode ser desprezada. Conforme dados de 2019, sete em
ciais/2021 cada dez brasileiros dependem, exclusivamente, do sistema público
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal) de saúde, o que equivale a 74% da população do país.
Texto 15A2-II A atenção primária à saúde integral, porta de entrada prefe-
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e rencial no SUS, que garante atenção oportuna e resolutiva, alcança
realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primei- hoje 50% dos usuários. Com base em evidências científicas inter-
ra virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste nacionais, a OMS afirma que sistemas de saúde embasados nessa
dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos premissa apresentam melhores resultados, menores custos e maior
velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao qualidade de atendimento. Nesse sentido, os inquestionáveis avan-
mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação ços do SUS a favor das necessidades e dos direitos da população
é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si constituem patamar inabdicável de realizações, conhecimentos e
mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensa- práticas, por meio do incremento da integração das ações promo-
ção penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, toras, protetoras e recuperadoras da saúde, apoiadas em diagnósti-
que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a gente pode cos epidemiológicos e sociais, formação profissional e processos de
sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, trabalho em equipe. Na prática, a resolutividade pode chegar a 90%
despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que de atendimento às necessidades de saúde.
deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, Manoel Carlos Neri da Silva e Maria Helena Machado. Sistema
nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O de saúde e trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. In:
olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n.º 1, jan./2020
que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda (com adaptações).
para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos No terceiro período do quarto parágrafo do texto CG2A1, o vo-
dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão cábulo “apoiadas” concorda com o termo
incomensurável como o desdém dos finados. (A) “necessidades”.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São (B) “realizações”.
Paulo: (C) “ações”.
Ciranda Cultural, 2018. p. 49. (D) “práticas”.
No trecho “Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos inte-
resses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, 118. CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ RJ)/TJ RJ/Assistencial/Assistente
a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as Social/2021
revelações que faz à consciência”, do texto 15A2-II, a forma verbal Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
“obrigam” estabelece concordância com Outono
(A) o termo “cobiças”. O outono de azulejo e porcelana
(B) os termos “trapos”, “rasgões” e “remendos”. Chegou! Minha janela é um céu aberto.
(C) o termo “a gente”. E esse estado de graça quotidiana
(D) os termos “olhar”, “contraste” e “luta”. Ninguém o tem sob outros céus, decerto!
(E) os termos “opinião”, “interesses” e “cobiças”. Agora, tudo transluz... tanto mais perto
Quanto mais nossa vista se alontana...
117. CEBRASPE (CESPE) - Tec (COREN SE)/COREN SE/Adminis- E o morro, além, no seu perfil tão certo,
trativo/2021 Até parece em plena via urbana!
Assunto: Concordância (Verbal e Nominal) Tuas tristezas... o que é feito delas?
Texto CG2A1 Tombaram, como as folhas amarelas
Previsto na Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Sobre os tanques azuis... Que desaponto!
Saúde (SUS) é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde E agora, esse cartaz na alma da gente:
(OMS) como o maior e mais eficiente sistema gratuito de saúde do ADIADOS OS SUICÍDIOS... Simplesmente
mundo, criado para atender a toda a coletividade brasileira, sem Porque é abril em Porto Alegre... E pronto!
distinção. Mário Quintana. Preparativos de viagem. 2.ª ed. São Paulo:
Ao criar o SUS como uma política pública, evidenciado na pauta Editora Globo, 2004 (com adaptações).
da política dos anos 80 do século passado, o Brasil deu um passo O termo “transluz”, no verso “Agora, tudo transluz... tanto mais
decisivo que mudou o modelo de atendimento à saúde, antes se- perto”, no poema Outono,
letivo e centralizado. O SUS é inclusivo e está presente em todas (A) pertence à mesma classe gramatical do vocábulo luz.
as áreas da saúde, realizando procedimentos dos mais simples aos (B) consiste em uma forma flexionada do verbo transluzir.
mais complexos. Trinta anos após sua criação, presta atendimento a (C) concorda com o termo “Agora”.
mais de 11 milhões de pessoas por dia e realiza aproximadamente (D) poderia ser substituído por translúcido, sem alteração dos
127 procedimentos por segundo. sentidos do texto. E descreve um evento passado.
O SUS sobreviveu às mudanças de governo e está associado à
redução da mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida
e à melhoria generalizada dos principais indicadores de saúde no
Brasil, nas três últimas décadas. Essa é uma conquista da população

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

119. CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/Administra- Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.
ção/2022 dhnet.org.br> (com adaptações).
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- No parágrafo do texto CG1A1-I, o termo “absorve” refere-se
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) (A) a “preexistência de um mundo comum”.
Texto CG1A1-I (B) a “o que a memória é para a sua existência histórica”.
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; (C) a “certa continuidade”.
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a le- (D) ao fato de “os limites das leis positivas” serem “para a exis-
galidade é a essência do governo não tirânico e a ilegalidade é a es- tência política do homem o que a memória é para a sua exis-
sência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitário. tência histórica”.
O terror é a realização da lei do movimento. (E) a “duração individual de cada geração”.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da nature-
za ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, 120. CEBRASPE (CESPE) - ATT (SEFAZ SE)/SEFAZ SE/2022
sem o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
terror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças da tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimigos da Texto CG1A1-I
humanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não pode Somente o trabalho cria riqueza, o objetivo último do desen-
permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia, in- volvimento. É certo que, caso se desejasse sumariar em uma única
terfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da expressão o significado de desenvolvimento, se diria que o seu pro-
natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram conceitos cesso consiste no aumento continuado da produtividade do traba-
vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do processo natural lho. É por meio do aumento do produto por trabalhador, propiciado
ou histórico que já emitiu julgamento quanto às “raças inferiores”, pelo aumento da produtividade do trabalho, que se geram os recur-
quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes agonizan- sos necessários que tornam possível atingir as demais dimensões do
tes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses julgamen- desenvolvimento. Sem esse crescimento, não há desenvolvimento,
tos, mas no seu tribunal todos os interessados são subjetivamente embora às vezes o crescimento não propicie o desenvolvimento em
inocentes: os assassinados porque nada fizeram contra o regime, suas demais dimensões — redução contínua da pobreza, melhoria
e os assassinos porque realmente não assassinaram, mas executa- da saúde e da educação da população e aumento da expectativa de
ram uma sentença de morte pronunciada por um tribunal superior. vida, entre tantas outras.
Os próprios governantes não afirmam serem justos ou sábios, mas Certamente não há escassez de estratégias de desenvolvimen-
apenas executores de leis, teóricas ou naturais; não aplicam leis, to, e elas estão disponíveis para quem delas quiser tomar conheci-
mas executam um movimento segundo a sua lei inerente. mento. Lembrou-nos recentemente Delfim Netto que Adam Smith,
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a erigir em Riqueza das Nações (1776), sumariava o seu receituário para o
fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os homens, crescimento (a “riqueza das nações”) em poucas e simples propo-
cuja comunidade é continuamente posta em perigo pelos novos sições. Primeiro, a carga tributária deve ser leve. Segundo, com os
homens que nela nascem. A estabilidade das leis corresponde ao recursos tributários arrecadados, deve-se assegurar a paz interna,
constante movimento de todas as coisas humanas, um movimento já que cabe ao Estado o monopólio do uso da força para fazer valer
que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam e morram. o Estado de direito; fazer valer o Estado de direito significa prote-
As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo tempo, as- ger o direito à propriedade privada, garantir a aplicação da justiça
seguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade de algo e construir e manter a infraestrutura de uso comum. Por fim, de-
inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positivas são ve-se estimular a competição entre os agentes econômicos, salva-
para a existência política do homem o que a memória é para a sua guardando-se os mercados livres e punindo-se os monopólios. No
existência histórica: garantem a preexistência de um mundo co- dizer de Delfim, “quando isso se realiza, o crescimento econômico
mum, a realidade de certa continuidade que transcende a duração acontece quase por gravidade: será o resultado da ação dos empre-
individual de cada geração, absorve todas as novas origens e delas sários em busca do lucro e do comportamento dos consumidores
se alimenta. na busca de melhor e maior satisfação de suas necessidades. Elas
Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico se harmonizam pela liberdade de escolha de cada um por meio do
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como sistema de preços dos fatores de produção e dos bens de consumo”.
uma tirania e põe abaixo as fronteiras da lei feita pelos homens. Essas mesmas ideias simples eram moeda corrente em nosso
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade arbi- país pela época da Independência. A primeira tradução da obra Ri-
trária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico de um queza das Nações surgiu na Espanha, em 1794, e a obra de José da
homem contra todos, muito menos a uma guerra de todos contra Silva Lisboa, o futuro Visconde Cairu, foi significativamente influen-
todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação entre ciada por Smith, especialmente os seus Princípios de Economia
os homens individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge Política (1804). Mas também tiveram a mesma influência a Memó-
de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em ria dos Benefícios Políticos do Governo de El-Rei Nosso Senhor D.
Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lei João VI (1818) e, particularmente, os seus Estudos sobre o Bem
entre os homens Comum (18191820). Com as ideias simples smithianas, Cairu, ao
— como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus proclamar o “deixai fazer, deixai passar, deixai vender”, de Gournay,
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o legou-nos a abertura dos portos, a liberdade da indústria e a funda-
espaço entre os homens, delimitado pelas leis, é o espaço vital da ção de nosso primeiro banco. Não pouca coisa.
liberdade.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

Roberto Fendt. Desenvolvimento é o aumento persistente 122. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Comunica-
da produtividade do trabalho. In: João Sicsú e Armando Castelar ção/2022
(orgs.). Sociedade e economia: estratégias de crescimento e Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
desenvolvimento. Brasília: IPEA, 2009 (com adaptações). tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
De acordo com as ideias do texto CG1A1-I, a expressão “Não Texto CB1A1-III
pouca coisa”, no final do último parágrafo, refere-se Em um mercado cada dia mais competitivo e globalizado, tor-
(A) à primeira tradução da obra Riqueza das Nações. na-se essencial que as empresas procurem adotar estratégias que
(B) ao legado de Gournay. lhes proporcionem maior desenvolvimento, possibilitando-lhes
(C) à contribuição de Adam Smith. destacar-se quanto à capacidade e eficiência para criar, expandir e
(D) ao legado do Visconde Cairu. aplicar recursos. Ressalte-se que as companhias se destacam com-
(E) ao volume da produção literária de José da Silva Lisboa. petitivamente quando adquirem resultados satisfatórios a partir
da adoção de práticas aceitas e valorizadas no ambiente em que
121. CEBRASPE (CESPE) - Ag Crim (POLITEC RO)/POLITEC atuam. Assim, as estratégias competitivas refletem a maneira como
RO/2022 as empresas se distinguem de suas concorrentes. Dentre as diver-
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- sas estratégias competitivas, destacam-se a internacionalização
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) e a inovação. A internacionalização é motivada pela necessidade
Texto LP-1-A1 de recursos, mercados e ativos estratégicos, enquanto a inovação
Crescimento econômico geralmente implica aumento nas ati- é impulsionada pela necessidade de obtenção de maior eficiência
vidades em todos os setores – indústria, comércio, serviços, con- econômica e financeira. Ademais, a internacionalização induz o
sumo. Em outras palavras, significa mais extração de recursos na- uso da inovação e proporciona melhores resultados competitivos
turais, mais produção e mais coisas devolvidas à terra na forma de e, assim como a inovação, pode facilitar a inserção em mercados
lixo. O crescimento econômico deveria ser um meio de valor neutro estrangeiros, propiciando a abertura de caminhos para atuação em
para atender às necessidades básicas de todos e criar comunidades diferentes ambientes.
mais saudáveis, energia mais limpa, infraestrutura mais sólida, cul- Antonio Albuquerque Filho et alii. Influência da internaciona-
tura mais vibrante etc. Durante muito tempo, ele contribuiu para a lização e da inovação na competitividade empresarial. In: Revista
difusão desses objetivos fundamentais em algumas partes do pla- Eletrônica de Negócios Internacionais (Internext), v. 15, n.º 1, 2020,
neta, propiciando a abertura de estradas, a construção de moradias p. 1 e 2 (com adaptações).
etc. Agora, talvez já tenhamos coisas suficientes para atender às A correção gramatical e os sentidos do texto CB1A1-III seriam
necessidades básicas de todos; só que elas não são distribuídas de mantidos caso
forma justa. (A) o acento indicativo de crase fosse empregado no “a” que
Uma grande parte do problema é que o sistema econômico do- determina “abertura” (último período), obtendo-se à abertura.
minante valoriza o crescimento como um objetivo em si mesmo. (B) o vocábulo “como” (terceiro período) fosse substituído por
Por isso usamos o produto interno bruto, ou PIB, como a medida que.
padrão do sucesso de uma nação. O PIB contabiliza o valor dos (C) a palavra “Ademais” (último período) fosse substituída pela
bens e serviços produzidos a cada ano. Mas deixa de fora facetas expressão Além disso.
importantes, ao não considerar a distribuição desigual e injusta da (D) o pronome “lhes”, em “lhes proporcionem” (primeiro pe-
riqueza, nem examinar quão saudáveis e satisfeitas estão as pesso- ríodo), fosse posto em ênclise, escrevendo-se proporcionem-
as. É por isso que o PIB de um país pode seguir subindo a ótimos -lhes.
3% ao ano, e a renda dos trabalhadores ficar estagnada, caso a ri-
queza emperre em um determinado ponto do sistema. Além disso, 123. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Administração
os verdadeiros custos ecológicos e sociais do crescimento não são de Pessoal/2022
incluídos no PIB. Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
A fé de nossa sociedade no crescimento econômico repousa na tores - Pronomes relativos, Conjunções etc
suposição de que sua continuidade é tão possível quanto benéfica. Texto CB1A1-I
Mas nenhum dos dois pressupostos é verdadeiro. Primeiro porque, A decisão de atuar em mercados externos é uma escolha es-
devido aos limites do planeta, o crescimento econômico infinito é tratégica que implica competitividade, condição que exige o me-
impossível. Ultrapassado o patamar em que as necessidades huma- lhor potencial das áreas funcionais da empresa, sendo, portanto,
nas básicas são atendidas, ele tampouco se revelou uma estratégia fundamental um gerenciamento seguro de todas elas, assim como
para aumentar o bem-estar. Registramos, hoje, nas grandes metró- o investimento em tecnologia, seja para competir no mercado ex-
poles, um alto nível de estresse, depressão, ansiedade e solidão. terno, com produtos atualizados tecnologicamente e, no mínimo,
Annie Leonard. Uma história das coisas. compatíveis com a oferta de concorrentes internacionais, seja para
Da natureza ao lixo, o que acontece com tudo o que consumi- modernizar seus processos de produção com o objetivo de aumen-
mos. Rio de Janeiro, Zahar, 2010, p. 16-7 (com adaptações). tar a produtividade e competitividade.
No último período do primeiro parágrafo do texto LP-1-A1, a No comércio internacional, as modalidades de pagamento e a
expressão “só que” introduz um argumento que expressa uma logística são mais complexas que no comércio interno, o que impli-
(A) ressalva. ca aumento do prazo do ciclo de produção, venda e recebimento do
(B) condição. pagamento, e demanda maior capital de giro da empresa exporta-
(C) ratificação. dora para a manutenção desse ciclo.
(D) redefinição.
(E) dedução.
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Ao pensar em exportação, qualquer empreendedor deve consi- dos externos deve ter pessoal próprio capacitado ou contratar as-
derar a operação completa — compra da matéria-prima, produção, sessoria para auxiliá-la na elaboração e na execução de seu projeto
saída do produto da fábrica, chegada ao consumidor ou usuário fi- de comércio exterior.
nal no país de destino — e, ao mesmo tempo, manter ou adequar Internet: www.sebrae.com.br (com adaptações).
os serviços que oferece aos clientes no Brasil, mesmo que parte Cada uma das próximas opções apresenta uma proposta de
desse trabalho seja terceirizada. Para muitos produtos, não basta reescrita para o seguinte período do texto CB1A1-I: “Conhecer a
encontrar um importador-distribuidor, é necessário definir quem legislação e a burocracia do mercado-alvo é também essencial às
prestará a assistência técnica, a reposição de peças, os serviços pós- operações de comércio internacional.” (terceiro parágrafo). Assina-
-venda etc. e como eles serão prestados. Conhecer a legislação e a le a opção em que a proposta de reescrita apresentada preserva a
burocracia do mercado-alvo é também essencial às operações de correção gramatical e a coerência do texto.
comércio internacional. A empresa interessada em acessar merca- (A) O conhecimento da legislação do mercado-alvo e de sua bu-
dos externos deve ter pessoal próprio capacitado ou contratar as- rocracia são essenciais também para as operações de comércio
sessoria para auxiliá-la na elaboração e na execução de seu projeto internacional.
de comércio exterior. (B) Assim como conhecer a legislação e a burocracia do mer-
Internet: www.sebrae.com.br (com adaptações). cado-alvo, é também essencial às operações de comércio in-
A respeito de aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, assinale a ternacional.
opção correta. (C) Tanto o conhecimento da legislação quanto a burocracia
(A) O vocábulo “sendo” (primeiro parágrafo) introduz oração do mercado-alvo é igualmente essencial para operações de co-
coordenada de sentido explicativo. mércio internacional.
(B) Estaria preservada a correção gramatical do texto caso se (D) O conhecimento da legislação do mercado-alvo e o de sua
suprimisse a vírgula empregada após “exportação” (primeiro burocracia também são essenciais para as operações de co-
período do terceiro parágrafo). mércio internacional.
(C) A forma verbal “basta” (segundo período do terceiro pa-
rágrafo) está flexionada na terceira pessoa do singular porque 125. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Administração
seu sujeito é indeterminado. de Pessoal/2022
(D) Estaria mantida a coerência das ideias do texto caso se Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
substituísse o conector “mesmo que” (primeiro período do ter- tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
ceiro parágrafo) por ainda que. Texto CB1A1-II
A Amazônia vive uma situação de distorção e desequilíbrio em
124. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Administração relação ao restante do Brasil. Por meio de suas usinas hidrelétricas,
de Pessoal/2022 a região gera a importante fatia de 26% da energia elétrica consu-
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- mida em todo o território nacional, mas, na Amazônia Legal, há 1
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) milhão de pessoas que não podem contar com luz — o fornecimen-
Texto CB1A1-I to de energia ocorre em apenas algumas horas do dia, por meio
A decisão de atuar em mercados externos é uma escolha es- de geradores. Outros 3 milhões de habitantes da região estão fora
tratégica que implica competitividade, condição que exige o me- do Sistema Interligado Nacional (SIN), que coordena e controla a
lhor potencial das áreas funcionais da empresa, sendo, portanto, produção e transmissão de energia elétrica e conecta usinas e con-
fundamental um gerenciamento seguro de todas elas, assim como sumidores. O fornecimento de energia a essa população é feito por
o investimento em tecnologia, seja para competir no mercado ex- usinas termelétricas a óleo diesel.
terno, com produtos atualizados tecnologicamente e, no mínimo, Amanda Schutze, coordenadora de avaliação de política públi-
compatíveis com a oferta de concorrentes internacionais, seja para ca da Climate Policy Initiative, organização focada em políticas am-
modernizar seus processos de produção com o objetivo de aumen- bientais e mudança climática, considera o SIN “magnífico” porque
tar a produtividade e competitividade. garante luz para o consumidor final ao gerenciar o transporte de
No comércio internacional, as modalidades de pagamento e a eletricidade de um ponto com condições de ceder energia a outro
logística são mais complexas que no comércio interno, o que impli- que, por exemplo, enfrente problemas de racionamento em decor-
ca aumento do prazo do ciclo de produção, venda e recebimento do rência de períodos de seca.
pagamento, e demanda maior capital de giro da empresa exporta- Ao mesmo tempo, o sistema apresenta, na Amazônia Legal,
dora para a manutenção desse ciclo. uma grave distorção, visto que populações que vivem próximo de
Ao pensar em exportação, qualquer empreendedor deve consi- usinas hidrelétricas da região “não estão usufruindo dessa geração
derar a operação completa — compra da matéria-prima, produção, de energia, mas pessoas, como nós, no Sudeste, sim. Esta é uma
saída do produto da fábrica, chegada ao consumidor ou usuário fi- caracterização de dois diferentes Brasis”, afirma a coordenadora.
nal no país de destino — e, ao mesmo tempo, manter ou adequar O Projeto de Lei n.º 4.248/2020 estabelece o prazo de até o
os serviços que oferece aos clientes no Brasil, mesmo que parte ano de 2025 para a universalização da energia elétrica nas regiões
desse trabalho seja terceirizada. Para muitos produtos, não basta remotas da Amazônia. O texto do projeto, que está na Comissão de
encontrar um importador-distribuidor, é necessário definir quem Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia, rece-
prestará a assistência técnica, a reposição de peças, os serviços pós- beu parecer favorável do relator da comissão. Ainda não foi feita a
-venda etc. e como eles serão prestados. Conhecer a legislação e a votação.
burocracia do mercado-alvo é também essencial às operações de Internet: <www.bbc.com> (com adaptações).
comércio internacional. A empresa interessada em acessar merca-

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Estariam preservadas a correção gramatical e a coerência das (C) Sabe-se que o pressuposto para isso é que não basta so-
ideias do texto CB1A1-II, caso se substituísse mente à equivalência jurídico-formal entre as pessoas sendo
(A) “que” (terceiro período do primeiro parágrafo) por de onde. para tanto a efetivação de igualdades substantivas críticas.
(B) “visto que” (primeiro período do terceiro parágrafo) por por (D) Nessa classificação de igualdades não se têm como sufi-
que. ciente o fato de as pessoas estarem em situação de equiva-
(C) “a óleo diesel” (último período do primeiro parágrafo) por lência na esfera jurídica-formal, mas o que deseja-se é efetivar
movidas à diesel. igualdades substantivas.
(D) “distorção” (primeiro período do terceiro parágrafo) por (E) Essa classificação alicerça-se na crença de que a existência
contradição. apenas de uma equivalência jurídico-formal entre as pessoas
não é suficiente, sendo preciso, além disso, efetivar igualdades
126. CEBRASPE (CESPE) - Dati Pol (PC RO)/PC RO/2022 substantivas.
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) 127. CEBRASPE (CESPE) - Of (CBM RO)/CBM RO/Engenheiro Ci-
Texto CG1A1-II vil/Complementar/2022
A noção jurídica de igualdade pode ser compreendida por meio Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
de diferentes dimensões acrescentadas gradualmente no fluxo his- tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
tórico. De certa indistinção da igualdade com a própria noção de Texto 2A02
legalidade — já que as características de abstração e generalidade Utilizando a identificação de datação de combustíveis fósseisa,
da lei apontam o caráter de universalidade —, a igualdade evoluiu pesquisadores descobriram os incêndios florestais mais antigosb já
para um conceito jurídico autônomo. A noção avançou para signi- apontados. Ao analisarem depósitos de carvão de 430 milhões de
ficar mais do que mera indiferenciação jurídica entre indivíduos. anos do País de Gales e da Polônia, eles levantaram informações
Ainda no período clássico, o postulado aristotélico de que a igual- valiosas sobre como era a vida na Terra durante o período Siluriano
dade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os – cerca de 440 milhões de anos atrás.
desiguais deu forma e densidade filosófica à simples intuição da Naquele tempo, as plantas eram extremamente dependentes
igualdade. da água para se reproduzir e provavelmente não chegaram a existir
No contemporâneo, uma série significativa de discussões jurí- em regiões com secas intensas. Os incêndios florestais discutidos
dicas, políticas e filosóficas estabeleceram um amplo leque teórico- no estudo teriam queimado vegetação rasteira, além de plantas co-
-conceitual para o sentido da igualdade. Nesse contexto, destaca-se muns de pequeno porte – da altura do joelho ou da cintura.
o conceito tetradimensional de igualdade proposto pela professora As queimadas precisam de três coisas para existir: combustível
Sandra Fredman, que procura sintetizar quatro correntes teóricas (as plantas), uma fonte de ignição (no caso, os raios) e oxigênio su-
contemporâneas em um conceito único e complementar. ficiente para propagar a chama.
Fredman parte da distinção entre igualdade formal e igualdade O fato de esses incêndios terem se espalhado e deixado depó-
material, também chamada de igualdade substantiva. A ideia básica sitose de carvão sugere, segundo os pesquisadoresc, que os níveis
nessa classificação é que não basta uma equivalência jurídico-for- de oxigênio atmosférico da Terra eram de pelo menos 16%. Com
mal entre as pessoas, sendo também necessária a efetivação de base na análise das amostras de carvão, eles acreditam que os ní-
igualdades substantivas. veis há 430 milhões de anos podem ter sido similares aos atuais
De acordo com Fredman, “a igualdade deve ser vista como 21% – ou até superiores.
um conceito multidimensional que busca quatro objetivos que se A pesquisa ajuda a entender um pouco mais sobre o ciclo de
sobrepõem”. Assim, o conceito de igualdade substantiva em Fred- oxigênio e a fotossíntese da vida vegetal nesse período. Ao saber
man comporta quatro dimensões, cada qual com um objetivo: (i) os detalhes desse ciclo ao longo do tempo, os cientistas podem ter
a dimensão redistributiva visa quebrar o ciclo de desvantagens as- uma visão melhor de como a vida evoluiu até aqui.
sociadas ao status ou aos grupos externos; (ii) a dimensão de reco- Os incêndios florestais, assim como agora, teriam contribuído
nhecimento visa promover o respeito pela dignidade e pelo valor, também para os ciclos de carbono e fósforo e para o movimento de
corrigindo, assim, a humilhação e a violência devida à associação a sedimentos no solo terrestre. É uma combinação complexa de pro-
um grupo de identidade; (iii) a dimensão transformadora visa alcan- cessos, que exige um trabalho em áreas diversas do conhecimento.
çar mudanças estruturais que desbloqueiem as condições que pro- Esse achado recente com certeza auxilia nesses estudos. An-
movem desigualdades; e (iv) a dimensão participativa visa facilitar a teriormente, o recorde de incêndio florestal mais antigo registrado
participação plena na sociedade, tanto social quanto politicamente. era de 10 milhões de anos. A nova data confere uma visão mais pro-
Internet: <https://veja.abril.com.br> (com adaptações). funda do passado – e também destaca a importância que a pesquisa
Assinale a opção em que proposta de reescrita para o trecho “A de incêndios florestaisd tem no mapeamento da história geológica.
ideia básica nessa classificação é que não basta uma equivalência “As queimadas têm sido um componente integral nos proces-
jurídico-formal entre as pessoas, sendo também necessária a efe- sos do sistema terrestre por um longo tempo, mas seu papel nesses
tivação de igualdades substantivas.” (terceiro parágrafo) preserva processos certamente foi subestimado” conta Ian Glasspool, pri-
a correção gramatical e a coerência das ideias do texto CG1A1-II. meiro autor do estudo.
(A) Fundamental aqui é que uma equivalência jurídica e for- Leo Caparroz. Revista Superinteressante. 20/6/2022. Internet:
mal entre os indivíduos não são bastantes para a efetivação de <https://super.abril.com.br/...> (com adaptações).
igualdades consideradas substantivas. No segundo período do primeiro parágrafo do texto 2A02, o
(B) O básico na classificação seria supor que não convêm ape- pronome “eles” retoma o termo
nas uma equivalência jurídico-formal entre as pessoas, mas (A) “fósseis”.
que é necessário efetivar a igualdade substantiva. (B) “antigos”.
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(C) “pesquisadores”. 129. CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC RO)/PC RO/2022
(D) “florestais”. Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
(E) “depósitos”. tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Texto CG2A1-I
128. CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC RO)/PC RO/2022 Direito e justiça são conceitos que se entrelaçam, a tal ponto
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- de serem considerados uma só coisa pela consciência social. Fala-
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) -se no direito com o sentido de justiça, e vice-versa. Sabe-se, en-
Texto CG2A1-I tretanto, que nem sempre eles andam juntos. Nem tudo o que é
Direito e justiça são conceitos que se entrelaçam, a tal ponto direito é justo e nem tudo o que é justo é direito. Isso acontece
de serem considerados uma só coisa pela consciência social. Fala- porque a ideia de justiça engloba valores inerentes ao ser humano,
-se no direito com o sentido de justiça, e vice-versa. Sabe-se, en- transcendentais, como a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a
tretanto, que nem sempre eles andam juntos. Nem tudo o que é dignidade, a equidade, a honestidade, a moralidade, a segurança,
direito é justo e nem tudo o que é justo é direito. Isso acontece enfim, tudo aquilo que vem sendo chamado de direito natural des-
porque a ideia de justiça engloba valores inerentes ao ser humano, de a Antiguidade. O direito, por seu turno, é uma invenção humana,
transcendentais, como a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a um fenômeno histórico e cultural concebido como técnica para a
dignidade, a equidade, a honestidade, a moralidade, a segurança, pacificação social e a realização da justiça.
enfim, tudo aquilo que vem sendo chamado de direito natural des- Em suma, enquanto a justiça é um sistema aberto de valores,
de a Antiguidade. O direito, por seu turno, é uma invenção humana, em constante mutação, o direito é um conjunto de princípios e re-
um fenômeno histórico e cultural concebido como técnica para a gras destinado a realizá-la. E nem sempre o direito alcança esse de-
pacificação social e a realização da justiça. siderato, quer por não ter acompanhado as transformações sociais,
Em suma, enquanto a justiça é um sistema aberto de valores, quer pela incapacidade daqueles que o conceberam, quer, ainda,
em constante mutação, o direito é um conjunto de princípios e re- por falta de disposição política para implementá-lo, tornando-se,
gras destinado a realizá-la. E nem sempre o direito alcança esse de- por isso, um direito injusto.
siderato, quer por não ter acompanhado as transformações sociais, É possível dizer que a justiça está para o direito como o horizon-
quer pela incapacidade daqueles que o conceberam, quer, ainda, te está para cada um de nós. Quanto mais caminhamos em direção
por falta de disposição política para implementá-lo, tornando-se, ao horizonte — dez passos, cem passos, mil passos —, mais ele se
por isso, um direito injusto. afasta de nós, na mesma proporção. Nem por isso o horizonte dei-
É possível dizer que a justiça está para o direito como o horizon- xa de ser importante, porque é ele que nos permite caminhar. De
te está para cada um de nós. Quanto mais caminhamos em direção maneira análoga, o direito, na permanente busca da justiça, está
ao horizonte — dez passos, cem passos, mil passos —, mais ele se sempre caminhando, em constante evolução.
afasta de nós, na mesma proporção. Nem por isso o horizonte dei- Nesse compasso, a finalidade da justiça é a transformação so-
xa de ser importante, porque é ele que nos permite caminhar. De cial, a construção de uma sociedade justa, livre, solidária e fraterna,
maneira análoga, o direito, na permanente busca da justiça, está sem preconceitos, sem pobreza e sem desigualdades sociais. A cria-
sempre caminhando, em constante evolução. ção de um direito justo, com efetivo poder transformador da socie-
Nesse compasso, a finalidade da justiça é a transformação so- dade, entretanto, não é obra apenas do legislador, mas também, e
cial, a construção de uma sociedade justa, livre, solidária e fraterna, principalmente, de todos os operadores do direito, de sorte que,
sem preconceitos, sem pobreza e sem desigualdades sociais. A cria- se ainda não temos uma sociedade justa, é porque temos falhado
ção de um direito justo, com efetivo poder transformador da socie- nessa sagrada missão de bem interpretar e aplicar o direito.
dade, entretanto, não é obra apenas do legislador, mas também, e Sergio Cavalieri Filho. Direito, justiça e sociedade. In: Revista
principalmente, de todos os operadores do direito, de sorte que, da EMERJ, v. 5, n.º 8, 2002, p. 58-60 (com adaptações).
se ainda não temos uma sociedade justa, é porque temos falhado No segundo parágrafo do texto CG2A1-I, nos segmentos “o
nessa sagrada missão de bem interpretar e aplicar o direito. conceberam” e “implementá-lo”, ambas as formas pronominais
Sergio Cavalieri Filho. Direito, justiça e sociedade. In: Revista têm como referente o termo
da EMERJ, v. 5, n.º 8, 2002, p. 58-60 (com adaptações). (A) “injusto”, em “um direito injusto”.
No primeiro parágrafo do texto CG2A1-I, o vocábulo “Isso” (B) “sistema”, em “um sistema aberto de valores”.
(quinto período) é empregado em referência a (C) “conjunto”, em “um conjunto de princípios e regras”.
(A) “conceitos que se entrelaçam” (primeiro período). (D) “desiderato”, em “esse desiderato”.
(B) “consciência social” (primeiro período). (E) “direito”, em “nem sempre o direito alcança”.
(C) “direito com o sentido de justiça” (segundo período).
(D) “valores inerentes ao ser humano” (quinto período).
(E) “Nem tudo o que é direito é justo e nem tudo o que é justo
é direito” (quarto período).

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130. CEBRASPE (CESPE) - Prof (Pref Maringá)/Pref Marin- Conforme as relações de coesão e coerência do texto CG-1A1,
gá/2022 (A) no segundo parágrafo, a expressão “Nessa área” (no início
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- do segundo período) refere-se à “área da saúde” (no início do
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) primeiro período).
Texto CG-1A1 (B) o pronome “elas” (início do terceiro parágrafo) refere-se às
Em 2016, a Assembleia Geral das Nações Unidas criou o Dia “mulheres na ciência” (final do segundo período do texto).
Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 (C) a expressão “Nesse cenário” (início do último parágrafo do
de fevereiro. Apesar de serem necessárias mais ações de popula- texto) retoma a expressão “urgência em promover a inserção
rização do dia, a criação da data representa um importante passo das mulheres na política e em posições de liderança” (segunda
em direção à promoção da participação igualitária das mulheres na metade do quinto parágrafo).
ciência. Em todo o mundo, de acordo com dados da ONU, as mulhe- (D) o uso de expressões como “sem dúvida” (final do quarto
res representam 33,3% de todos os pesquisadores, porém apenas parágrafo) e “Adicionalmente” (início do quinto parágrafo) ser-
12% dos membros das academias de ciências nacionais são mulhe- ve para corroborar o posicionamento pessoal das autoras so-
res, e, entre os graduados em engenharia, elas representam 28%. bre o tema.
A área da saúde segue em outra direção, especialmente entre (E) no final do terceiro parágrafo, o termo “proporção”, pre-
profissionais dos cuidados básicos. Nessa área, as mulheres repre- sente no trecho “entre as mulheres brancas, a proporção foi de
sentam 70% do total e, apesar das dificuldades de se dedicarem à 62,6%”, refere-se a “níveis de ocupação”.
pesquisa, elas lideraram o dos cientistas que buscaram resposta à
pandemia, sendo este o diferencial que queremos valorar e divul- 131. CEBRASPE (CESPE) - Geog (Pref Maringá)/Pref Marin-
gar, inclusive buscando compreender quais são essas dificuldades. gá/2022
Em âmbito nacional, um estudo do IBGE apresentou essas di- Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
ficuldades imputadas às mulheres e evidencia que elas perpassam tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
todas as esferas da vida. O indicador “nível de ocupação” apontou Texto CG1A1
que, em 2019, entre as entrevistadas mulheres com quinze anos O maior desafio do Brasil na área de ciência, tecnologia e ino-
de idade ou mais, 54,5% ocupavam postos de trabalho no país, ao vação é a elaboração e a implementação de uma política de longo
passo que, entre o grupo de homens com a mesma faixa etária, prazo que permita ao desenvolvimento científico e tecnológicoa al-
73,7% tinham ocupação. Quando associamos esse indicador ao da cançar a populaçãoe e que efetivamented tenha um impacto deter-
maternidade, entre as pessoas de 25 a 49 anos com filhos de até minantee na melhoria das condições de vida da sociedade. Esseb é
três anos de idade, o nível de ocupação dos homens é superior ao um processo que vem se aperfeiçoando com o tempo e que, cada
das mulheres em 34,6%. Com relação a gênero e etnia, as mulheres vez mais, evidencia o grande potencial de geração de desenvolvi-
pretas ou pardas com crianças de até três anos de idade no domicí- mento e inclusão social do investimento público e privado em ciên-
lio apresentaram os menores níveis de ocupação — menos de 50% cia e tecnologia.
em 2019 —, ao passo que, entre as mulheres brancas, a proporção Eleger ciência, tecnologia e inovação como uma escolha es-
foi de 62,6%. tratégica para o desenvolvimento do país implica priorizar inves-
Outro indicador relevante que se coloca como um desafio para timentos nesse setor, para recuperar o tempo perdido e avançar
que mais mulheres se projetem na ciência é a representação na po- aceleradamente na geração e na difusão de conhecimentos e inova-
lítica. Ainda no que se refere aos dados do IBGE, o Brasil, em 2019, ções, em especial quanto à sua incorporação na produção. Significa
era o país da América do Sul com a menor proporção de mulheres também advogar em prol da importância da ciência, da tecnologia
em mandato parlamentar na Câmara dos Deputados, ocupando a e da inovação como fator de integração das demais políticas de de-
142.ª posição de um com dados para 190 países. Considerando-se senvolvimento do Estado.
que as mulheres são a maioria da população no país, 51,8% do to- O Brasil possui um sistema estruturado de gestão em ciência,
tal, a pouca representação na política, sem dúvida, leva à negligên- tecnologia e inovação, composto de um órgão central coordenador
cia no encaminhamento das pautas femininas. e de agências de fomento responsáveis pelas definições e implan-
Adicionalmente, se considerarmos a ausência de políticas mais tação de políticas de desenvolvimento de ciência, tecnologia e ino-
expressivas para a primeira infância e para o apoio ao ingresso e à vação. O mesmo modelo é observado nos sistemas estaduais para a
permanência de mulheres mães no ensino superior e na pós-gra- gestão de políticas de desenvolvimento locais em ciência, tecnolo-
duação, ou, ainda, o desmonte das políticas de bolsas de pesquisa gia e inovação, respeitando-se as vocações regionais.
e das agências de fomento, é válido afirmar que há urgência em O país tem capacidade material e intelectual instalada para
promover a inserção das mulheres na política e em posições de li- promover avanços significativos nas políticas nacionais nas áreas de
derança nos setores público e privado, sobretudo se o país quiser ciência, tecnologia e inovação, e de meio ambiente, além de dispor
aumentar a presença das mulheres na ciência. de uma sociedade civil mobilizada e de um potente setor empre-
Nesse cenário, há duas direções a seguir. Primeiramente, é pre- sarial.
ciso desmistificar a ciência. Nós, mulheres, temos capacidade para É preciso sensibilizar a sociedade brasileira sobre o papel da
estar em todas as áreas e ocupar todos os espaços, como as cien- ciência como promotora da paz e do desenvolvimento, incluindo-se
tistas da área da saúde evidenciaram durante a pandemia. Depois, os tomadores de decisão, gestores públicos e formadores de opi-
é urgente ampliar a representação nos espaços políticos de poder. nião da iniciativa privada, devendo ser implementadas iniciativas
Roberta Kelly França e Thaís Cavalcante Martins. Elas na uni- com vistas a fortalecer o ensino científico nas escolas do ensino fun-
versidade: os desafios sociais e políticos. Internet: <www.soucien- damental e médio.
cia.unifesp.br> (com adaptações). Internet: <pt.unesco.org> (com adaptações).

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

Assinale a opção correta em relação a aspectos linguísticos do (C) “o mundo”.


primeiro parágrafo do texto CG1A1. (D) “preconceitos”.
(A) No primeiro período, a flexão da forma verbal “permita”, na (E) “visões políticas e ideológicas divergentes”.
terceira pessoa do singular, justifica-se pelo fato de o sujeito da
oração “que permita ao desenvolvimento científico e tecnoló- 133. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021
gico” ser uma outra oração - “alcançar a população”. Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
(B) Dadas as relações coesivas do parágrafo, o vocábulo “Esse” tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
(segundo período) está empregado em referência a “impacto” Texto 1A2-II
(primeiro período). Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em mar-
(C) Estariam mantidas a coerência e a correção gramatical do ço de 2020 e exigiu a adoção de medidas mais restritivas, especia-
último período do parágrafo caso o vocábulo “que”, em suas listas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta onda” para
duas ocorrências, fosse substituído por se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e
onde, porque o “aperfeiçoamento” e o “potencial” menciona- outros transtornos psiquiátricos que viriam pela frente.
dos ocorrem no “processo”. Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 me-
(D) Os vocábulos “efetivamente” e “determinante” (primeiro ses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doen-
período) têm função adverbial, visto que ambos modificam o ças: estudos publicados em março de 2021 indicam que os números
verbo da oração em que se inserem. de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início
(E) O vocábulo “e” empregado após “população” (primeiro pe- da crise, mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.
ríodo) liga por coordenação duas orações subordinadas adjeti- Outros achados recentes também apontam que políticas mais
vas que restringem o sentido de “uma política de longo prazo”. extremas como o lockdown, adotadas em vários países e tão ne-
cessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o colapso dos
132. CEBRASPE (CESPE) - Sup C Qual (IBGE)/IBGE/2021 sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar nem
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- no aumento dos casos de suicídio.
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) O que as pesquisas mais recentes nos apontam é que, ao me-
Texto 1A1-II nos em 2020, aquela “quarta onda” de transtornos mentais que
O conhecimento científico é muito frequentemente associado era prevista pelos especialistas não aconteceu na prática graças à
à formação escolar. Por conta disso, existe uma tendência a restrin- resiliência do ser humano e a despeito de uma piora na qualidade
gir o conhecimento oferecido pela ciência a determinadas esferas de vida e de um esperado aumento de sentimentos como tristeza,
da vida. Nada mais limitante. A ciência versa sobre a maioria dos as- frustração, raiva e nervosismo.
suntos relacionados à nossa existência, inclusive aqueles raramente Em todo caso, é preciso destacar que alguns grupos foram mais
associados ao tema. atingidos que outros, como é o caso dos profissionais da saúde e
A má compreensão da abrangência da ciência leva a outras das mulheres, que precisaram lidar com a sobrecarga de trabalho.
questões, como o argumento de que o conhecimento científico dei- Internet: <uol.com.br> (com adaptações).
xa a beleza do universo diminuída, fria, distante, pois a fragmenta Segundo o texto 1A2-II, a ‘quarta onda’ refere-se
e a torna asséptica. Isso pode ajudar a explicar por que as pessoas (A) ao quarto aumento seguido do número de casos de coro-
raramente associam o estudo de um assunto como o amor à ciên- navírus no Brasil.
cia. Uma eventual concepção de incompatibilidade entre o conhe- (B) aos problemas mentais que vêm acarretando o suicídio des-
cimento científico e os mais diferentes temas que dizem respeito à de o início da pandemia.
vida cotidiana não faz sentido. (C) aos novos casos de depressão, ansiedade e outros trans-
A maioria das pessoas subestima o alcance e as possibilidades tornos psiquiátricos decorrentes da pandemia de coronavírus.
que uma visão científico-racional de mundo possui. Um olhar cético (D) à piora na qualidade de vida e ao aumento de sentimentos
para o mundo pode permitir a redução dos preconceitos, mais tole- como tristeza, frustração, raiva e nervosismo durante a pan-
rância a visões políticas e ideológicas divergentes, maior diálogo e demia.
consideração constante de que sua compreensão pode ser equivo- (E) aos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos psi-
cada ou incompleta. Mas, ao mesmo tempo, esse exercício permite quiátricos característicos do modo de vida do século XXI.
reconhecer que, ainda que falha, a compreensão válida naquele
momento é a melhor possível à disposição. 134. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021
Ronaldo Pilati. Ciência e pseudociência: por que acreditamos Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
naquilo em que queremos acreditar. São Paulo: Editora Contexto, tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
2018, p. 26-8 (com adaptações). Texto 1A2-II
No trecho “A maioria das pessoas subestima o alcance e as Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em mar-
possibilidades que uma visão científico- racional de mundo possui. ço de 2020 e exigiu a adoção de medidas mais restritivas, especia-
Um olhar cético para o mundo pode permitir a redução dos precon- listas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta onda” para
ceitos, mais tolerância a visões políticas e ideológicas divergentes, se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e
maior diálogo e consideração constante de que sua compreensão outros transtornos psiquiátricos que viriam pela frente.
pode ser equivocada ou incompleta.”, do texto 1A1-II, o pronome Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 me-
“sua” refere-se a ses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doen-
(A) maioria das pessoas”. ças: estudos publicados em março de 2021 indicam que os números
(B) “o alcance e as possibilidades que uma visão científico- ra- de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início
cional de mundo”. da crise, mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

Outros achados recentes também apontam que políticas mais Depreende-se dos sentidos do texto 1A1-I que a expressão
extremas como o lockdown, adotadas em vários países e tão ne- “suas intimidades banais”, presente no primeiro período, refere-se
cessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o colapso dos (A) ao conteúdo das conversas das pessoas ao celular.
sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar nem (B) à exposição das compulsões das pessoas em espaços públi-
no aumento dos casos de suicídio. cos como restaurantes e aeroportos.
O que as pesquisas mais recentes nos apontam é que, ao me- (C) à vulnerabilidade das garotas que fumavam sozinhas pelas
nos em 2020, aquela “quarta onda” de transtornos mentais que ruas de Nova York.
era prevista pelos especialistas não aconteceu na prática graças à (D) à demonstração de hábitos peculiares em público, como o
resiliência do ser humano e a despeito de uma piora na qualidade de morder antenas de celulares.
de vida e de um esperado aumento de sentimentos como tristeza, (E) ao descontrole das pessoas viciadas em celulares.
frustração, raiva e nervosismo.
Em todo caso, é preciso destacar que alguns grupos foram mais 136. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021
atingidos que outros, como é o caso dos profissionais da saúde e Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
das mulheres, que precisaram lidar com a sobrecarga de trabalho. tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Internet: <uol.com.br> (com adaptações). Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio.
No segundo parágrafo do texto 1A2-II, o pronome “eles” faz Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira
referência a de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não
(A) “os primeiros 12 meses pandêmicos”. existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça,
(B) “diagnósticos dessas doenças”. os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquan-
(C) “estudos publicados em março de 2021”. to parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estra-
(D) “números de indivíduos acometidos”. nhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave
(E) “indivíduos acometidos”. se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dele, mas
logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o
135. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021 resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cru-
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) zadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos
Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas,
muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cida- novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira
dãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés
suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido to- apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aprovei-
talmente conquistado por essas pessoas que não param de tagare- tá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele
lar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a
ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos cala-
do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição dos, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangen-
inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num dia, do um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.
o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia seguin- As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligei-
te, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e desa- rou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alper-
companhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um cigarro; catas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto
no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importante com entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros
uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acendiam o is- como cascos, gretavam-se e sangravam.
queiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles logo acio- Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, encheu-
navam o celular. O custo de um maço de cigarros por dia se trans- -o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-
formou em contas mensais de centenas de dólares na operadora. A -lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar a força.
poluição atmosférica se transformou em poluição sonora. Embora o Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram
motivo da irritação tivesse mudado de uma hora para outra, o sofri- uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam
mento da maioria contida, provocado por uma minoria compulsiva sombra.
em restaurantes, aeroportos e outros espaços públicos, continuou Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adapta-
estranhamente constante. Em 1998, não muito tempo depois que ções).
deixei de fumar, observava, sentado no metrô, as pessoas abrindo No texto 1A2-II, a forma pronominal “o”, em “encheu-o” (ter-
e fechando nervosamente seus celulares, mordiscando as anteni- ceiro parágrafo), retoma o termo
nhas. Ou apenas os segurando como se fossem a mão de uma mãe, (A) “Fabiano” (segundo parágrafo).
e eu quase sentia pena delas. Para mim, era difícil prever até onde (B) “passo” (segundo parágrafo).
chegaria essa tendência: Nova York queria verdadeiramente se tor- (C) “cotovelo” (terceiro parágrafo).
nar uma cidade de viciados em celulares deslizando pelas calçadas (D) “caminho” (terceiro parágrafo).
sob desagradáveis nuvenzinhas de vida privada, ou de alguma ma- (E) “canto” (terceiro parágrafo).
neira iria prevalecer a noção de que deveria haver um pouco de
autocontrole em público?
Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações).

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137. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021 138. CEBRASPE (CESPE) - Ana Min (MPE AP)/MPE AP/Psicolo-
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- gia/2021
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira Texto CG1A1-I
de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não Há relações diversas e fundamentais entre o discurso e as ver-
existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés, a cabeça, dades. Ao longo da história, já se acreditou que a verdade existiria
os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquan- independentemente da linguagem, que nada mais seria, além de
to parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estra- sua mera expressão. Também já se afirmou que as coisas ditas se-
nhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave riam entraves ou acessos à verdadeira essência dos seres e fenôme-
se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dele, mas nos. Já foi dito ainda que as verdades consistiriam em construções
logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o históricas dos fatos, para as quais o discurso é decisivo. Mais re-
resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na centemente, vimos multiplicarem-se as alegações de que os fatos
caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cru- não existem, de sorte que haveria apenas versões e interpretações
zadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos alternativas.
antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, No que se refere às tendências contemporâneas de conceber
novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira as relações entre discurso e verdade, elas são frequentemente con-
de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés sideradas um movimento libertário, uma vez que nos permitem
apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aprovei- desprender-nos de dogmas, ortodoxias e autoridades exclusivas de
tá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele pesadas e passadas tradições. Assim, domínios e instituições que
era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a antes nos guiavam, com base em suas verdades fundamentais e
família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos cala- numa quase cega fé que depositávamos nelas, tornam-se cada vez
dos, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangen- mais suscetíveis às nossas dúvidas e críticas. A religião, a política,
do um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra. a mídia e a ciência já não são mais do mesmo modo consideradas
As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligei- como fontes das quais brotariam a certeza dos fatos e os devidos
rou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alper- caminhos a seguir. Com frequência e intensidade aparentemente
catas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto inéditas, a crença e a confiança que nelas assentávamos passaram
entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros a ser ladeadas ou suplantadas por suspeitas e por ceticismos, por
como cascos, gretavam-se e sangravam. postura crítica e por emancipações.
Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, encheu- Carlos Piovezani, Luzmara Curcino e Vanice Sargentini. O
-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu- discurso e as verdades: relações entre a fala, os feitos e os fatos.
-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar a força. In: Luzmara Curcino, Vanice Sargentini e Carlos Piovezani. Discurso
Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram e (pós)verdade. São
uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam Paulo: Parábola, 2021, p.7-18 (com adaptações).
sombra. Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A-
Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adapta- 1-I, julgue os próximos itens.
ções). I No primeiro período do segundo parágrafo, a supressão da
No texto 1A2-II, a forma pronominal “isto” presente na contra- forma pronominal “nos” empregada imediatamente antes de “per-
ção “disto”, em “não guardava lembrança disto” (primeiro parágra- mitem” preservaria a correção gramatical do texto e as informações
fo), refere-se nele veiculadas.
(A) ao fato de, no início, serem seis viventes. II No terceiro período do segundo parágrafo, a supressão do
(B) à morte do papagaio na beira do rio. vocábulo “como” empregado imediatamente após “consideradas”
(C) ao fato de Baleia ter comido os restos do papagaio. preservaria a correção gramatical do texto.
(D) à fome dos retirantes. III No segundo período do segundo parágrafo, a supressão de
(E) ao fato de os retirantes terem sentado à beira de uma poça. “antes” preservaria a coerência do texto.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item II está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.

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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

139. CEBRASPE (CESPE) - Cad (CBM TO)/CBM TO/2021 140. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Arte/2021
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Texto 1A1-I Texto CB1A1-I
A manhã era fresca na palhoça da velha dona Ana no Alto Rio Há quem valorize, mas também quem subestime o poder das
Negro, um lugar onde a história é viva e a gente é parte dessa conti- férias. Pais de alunos pedem aos professores para passar atividades
nuidade. Dona Ana explicava que “antes tinha o povo Cuchi, depois a serem feitas nos meses de férias, e os próprios docentes aprovei-
teve Baré escravizado vindo de Manaus pra cá na época do cuma- tam os dias sem aulas para estudar e planejar o próximo semes-
ru, da batala, do pau-rosa. Muitos se esconderam no rio Xié. Agora tre. Manter a mente funcionando é ótimo. Mas descansar, além de
somos nós”. Terra de gente poliglota, de encontros e desencontros bom, é necessário, segundo médicos e especialistas.
estrangeiros. De acordo com Li Li Min, neurologista da Faculdade de Ciências
No início desse mundo, havia dois tipos de cuia: a cuia de tapio- Médicas da Universidade de Campinas, o cérebro tem redes que
ca e a cuia de ipadu. Embora possam ser classificadas como perten- exercem diferentes funções:(I) algumas que fazem a pessoa enxer-
centes à mesma espécie botânica (Crescentia cujete), a primeira era gar, outras que nos ajudam a nos organizar, lidar com dificuldades,
ligada ao uso diário, ao passo que a outra era usada como veículo elaborar estratégias. Em situações de estresse — quando nosso
de acesso ao mundo espiritual em decorrência do consumo de ipa- organismo acha que estamos sob ameaça, de alguma maneira, ou
du e gaapi (cipó Banisteriopsis caapi). Os pesquisadores indígenas sob pressão intensa —, “alguns circuitos particulares no cérebro são
atuais da região também destacam essa especificidade funcional. ativados, que são os de sobrevivência. O corpo fica de prontidão,
Assim, distinguem-se até hoje dois tipos de árvore no Alto Rio Ne- alerta para enfrentar qualquer situação. Só que esse é um estado
gro: as árvores de cuiupis e as de cuias, que recebem nomes dife- que você precisa ativar e desativar”, indica.
rentes pelos falantes da língua tukano. O que acontece com o indivíduo que trabalha por longas jor-
Dona Ana me explica que os cuiupis no Alto Rio Negro são plan- nadas, sem tirar férias, é que esse estado de alerta nunca é desli-
tios muito antigos dos Cuchi, e os galhos foram trazidos da beira do gado. “Se você fica muito tempo nessa tensão, o seu organismo e
rio Cassiquiari (afluente do rio Orinoco, na fronteira entre Colômbia o seu cérebro não conseguem voltar ao estado normal”, alerta Li
e Venezuela), onde o cuiupi “tem na natureza”, pois cresce sozinho Li Min. “Ligado nesse circuito de estresse, ele não consegue ativar
e em abundância. Já a cuia redonda, diz-se que veio de Santarém as funções de criatividade ou elaboração, porque está focado na
ou de Manaus, com o povo Baré nas migrações forçadas que mar- sobrevivência. Esse é um conflito perigoso”. Por isso(II) descansar é
caram a colonização do Rio Negro. Os homens mais velhos atestam tão importante.
que em Manaus só tinha cuia. De lá, uma família chamada Coimbra A doutora Gislaine Gil, coordenadora do curso Cérebro Ativo do
chegou trazendo gado e enriqueceu vendendo cuias redondas no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, explica que essa é uma primei-
Alto Rio Negro. ra vantagem das férias: a ausência de tensão. “Diante da pressão
Cuiupis e cuias diferem na origem e também nos ritmos de dos prazos de entrega de trabalhos e provas, aumenta a ansiedade
vida. As árvores de cuiupi frutificam durante a estação chamada ki- de professores e alunos. A ansiedade aumenta o índice de cortisol
pu-wahro. Antes de produzirem frutos, perdem todas as folhas uma no nosso organismo, uma substância liberada pelo hipotálamo”.
vez por ano. A árvore de cuia, diferentemente do cuiupi, mantém as Com isso, temos uma sensação de desconforto e chegamos a sentir
folhas e a produção de frutos durante todo o ano. dores musculares e nas costas. Nas férias, com a ausência da ansie-
Priscila Ambrósio Moreira. Memórias sobre as cuias. O que dade e consequentemente do cortisol, o humor da pessoa melhora,
contam os quintais e as florestas alagáveis na Amazônia brasilei- e ela fica mais disposta e relaxada.
ra? In: Joana Cabral de Oliveira et al. (Org.). Vozes Vegetais. Mas há outras vantagens.(III) Durante as férias, a qualidade do
São Paulo: Ubu Editora, p. 155-156 (com adaptações). sono melhora, já que também se costuma dormir mais horas: não
Com relação aos aspectos linguísticos do texto 1A1-I, julgue os há tanta necessidade de acordar cedo ou tarefas que te deixam até
itens a seguir. tarde da noite acordado. Isso também é benéfico ao cérebro.
I No trecho “as árvores de cuiupis e as de cuias, que recebem Paula Peres. Por que o cérebro precisa de descanso? In: Revis-
nomes diferentes pelos falantes da língua tukano” (segundo pará- ta Nova Escola.
grafo), o termo “que” retoma “cuias”. Internet: <novaescola.org.br> (com adaptações).
II No trecho “Já a cuia redonda, diz-se que veio de Santarém Em relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue
ou de Manaus” (terceiro parágrafo), o termo “que” retoma “cuia os itens a seguir.
redonda”. I. A substituição de “que” por onde, no trecho “o cérebro tem
III No trecho “nas migrações forçadas que marcaram a colo- redes que exercem diferentes funções”, manteria a correção gra-
nização do Rio Negro” (terceiro parágrafo), o termo “que” retoma matical do texto.
“migrações forçadas”. II. O pronome “isso”, na expressão “Por isso”, no parágrafo, re-
Assinale a opção correta. toma a ideia expressa nos períodos que o antecedem no mesmo
(A) Apenas o item I está certo. parágrafo.
(B) Apenas o item II está certo. III. Em “Mas há outras vantagens”, a forma verbal “há” poderia
(C) Apenas o item III está certo. ser substituída por existem sem prejuízo da correção gramatical do
(D) Todos os itens estão certos. texto.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item II está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Apenas os itens II e III estão certos. abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este
(E) Todos os itens estão certos. o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreen-
de-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava
141. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Língua Por- o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que
tuguesa/2021 toquei o sino”, foi a resposta do camponês.
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- “Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gen-
Texto 5A1-I te, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”.
As palavras têm um poder tremendo. Repito com assertivida- Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar
de: as palavras têm um poder tremendo. Há palavras que edificam, andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas
outras que destroem; umas trazem bênção, outras, maldição. E é das suas terras. O lesado tinha começado por protestar e reclamar,
entre estas duas balizas que a comunicação vai moldando a nossa depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às
vida. autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resulta-
Há palavras que deviam ser escondidas num baú fechado a sete do, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar a
chaves. Porque não edificam, porque magoam, porque destroem… morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço
Há uns tempos fui fazer um exame médico. Após o questio- popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios,
nário clínico habitual, a médica prosseguiu: “Agora, vou fazer-lhe ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defun-
umas maldades”. Nesse instante, o meu corpo sucumbiu e o des- ta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à
maio tornou-se iminente. Ora, a palavra maldade magooume mais triste vida de todos os dias.
do que o próprio exame. Teria sido muito sensato ter escondido tal Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do
palavra num quarto escuro. Não teria magoado tanto. mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a
Mas voltemos às palavras amigas, as que mimam, as que con- ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça
fortam, as que aquecem o coração. continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste
Sabiam que podem mudar o dia de alguém com uma caloro- instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está
sa saudação? “Bom dia, como está?” Experimentem, sempre que matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse
comunicam, escolher palavras com carga afetiva positiva! Por existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que
exemplo, se substituírem a palavra “problema” por “situação”, o dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar:
problema parece tornar-se mais pequeno, não parece? Ou então justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de
acrescentar adjetivos robustos quando agradecem a alguém: “Obri- teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a
gada pela sua preciosa, valiosa ajuda”. que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da
Se queremos relações pessoais e profissionais mais saudáveis balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que
e felizes, usemos e abusemos das palavras positivas na nossa vida. para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira
E não nos cansemos de elogiar. Palavras de louvor e honra trazem cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais
felicidade não só a quem as recebe, mas também, e sobretudo, a rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in-
quem as oferece. dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o
Sandra Duarte Tavares. O poder das palavras. In: Visão, ed. alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dú-
1298, 2017. vida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e so-
Internet: <visao.sapo.pt> (com adaptações). bretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria
A repetição da frase “As palavras têm um poder tremendo”, no sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um
parágrafo do texto 5A1-I, iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada
(A) molda a ideia de comunicação apresentada. ser humano assiste.
(B) reforça a ideia apresentada. José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.
(C) explica o que havia sido dito antes. Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações).
(D) acrescenta uma informação nova. No texto CG1A1-I, a expressão “este importante acontecimento
(E) introduz um contra-argumento. histórico” faz referência
(A) à vida camponesa em uma aldeia dos arredores de Florença
142. CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021 há mais de quatrocentos anos.
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- (B) ao soar do sino da igreja quando alguém morria em uma al-
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) deia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos.
Texto CG1A1-I (C) ao anúncio da morte da Justiça feito por um camponês em
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato no- uma aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos
tável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de anos.
Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a (D) à substituição do sineiro por um camponês em uma aldeia
vossa atenção para este importante acontecimento histórico por- dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos.
que, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do epi- (E) ao movimento popular que ajudou um camponês a reaver
sódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não suas terras que haviam sido usurpadas em uma aldeia dos arre-
tarda. dores de Florença há mais de quatrocentos anos.
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos culti-
vos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por
alguns minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta
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143. CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN CE)/COREN CE/2021 (C) Jorivê, Pimentão e Jacy.
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- (D) Jorivê, Pimentão e Chafir.
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Texto CG1A1-I 144. CEBRASPE (CESPE) - Ag PT (IBGE)/IBGE/2021
Era o jogo da decisão final do Campeonato Mineiro: Atlético Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
contra América. Torcíamos apaixonadamente pelo América, não só tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
por ser o time de nossa predileção, mas porque meu irmão Gérson Texto 1A1-I
ia jogar de goleiro, em substituição ao famoso Princesa, que estava Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas
contundido. posso imaginar nosso antepassado mais remoto riscando na pare-
Gérson me reservou a primeira surpresa: tinha me arranjado de da caverna, à luz de uma tocha, signos que indicavam quanto de
um uniforme completo do time do América, para que eu entrasse alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou,
no campo como mascote. como somos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da
Só o fato de sair do vestiário em meio aos jogadores de verdade tribo e o número de caças abatidas por cada um deles.
já me enchia de emoção. Gérson me conduzia pela mão, quando Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez
nos alinhamos para fazer o cumprimento de praxe à assistência. possamos afirmar que existem dois tipos de listas: as necessárias e
Depois os jogadores se espalharam, fazendo exercícios de aqueci- as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessárias tornam-
mento. Fiquei por ali, ciscando entre um e outro, a viver a minha -se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo
grande emoção. mês, enumero as coisas que faltam na despensa de minha casa an-
Mas o meu maior momento de glória ainda estava para chegar. tes de me dirigir ao supermercado; essa lista arrolo na categoria
Aos cinco minutos do término da partida, Jico Leite se choca das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
violentamente com Nariz e rola no chão, contundido. para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar,
Pânico nas hostes americanas: todos os reservas já haviam cortar em definitivo o açúcar, ser mais solidário, menos intoleran-
entrado em campo, não sobrara ninguém para substituições. Que te... Essa elenco na categoria das inúteis.
fazer? Segundo as regras daquele tempo, time nenhum podia jogar Feitas as compras, a lista do supermercadob, necessária, torna-
desfalcado. -se então inútil. A lista contendo nossos desejos de sermos melho-
Gérson vem correndo até o banco dos reservas, fala qualquer res para nós mesmos e para os outrose, embora inútil, pois dificil-
coisa ao ouvido do treinador, me apontando, e este se volta para mente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece
mim, com ar grave: um vínculo com o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a
— Você vai ter de entrar, Fernando. morte.
Não vacilei. Pois, se o América precisava de mim, contassem Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me pergun-
comigo. tou, mas resolvi organizar uma lista dos melhores romances que li
E aconteceu. Jorivê deu a saída do meio de campo, atrasou para em minha vidac d — escolhi o número vinte, não por motivos mís-
Pimentão, que adiantou para Jacy. Caieira rouba-lhe a bola, passan- ticos, mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que pre-
do para Chafir. Chico Preto aliviou, pondo para fora num chutão. ferências intelectuais, uma história afetiva das minhas leiturasa.
Chafir fez a cobrança da lateral, dando de presente para Ne- Enquadro-a na categoria das listas inúteis, mas, quem sabe, se con-
grão, que, sem perda de tempo, acionou Bezerra. Quando eu, es- sultada, municie discussões, já que toda escolha é subjetiva e ale-
trategicamente colocado no setor direito, já pensava que não daria atória, ou, na melhor das hipóteses, suscite curiosidade a respeito
tempo sequer de intervir numa só jogada, eis que Bezerra faz com de um título ou de um autor. Ocorresse isso, me daria por satisfeito.
que a bola venha rolando até mim. Luiz Ruffato. Meus romances preferidos. Internet: <brasil.
Depois de dominá-la, driblei Nariz e tabelei com meu compa- elpais.com> (com adaptações).
nheiro. Este passou ao Jorivê, enquanto eu me deslocava para re- No texto 1A1-I, a forma pronominal “a” empregada no trecho
cebê-la de volta. Então disparei num pique, sob o delírio da assis- “Enquadro-a na categoria das listas inúteis” (último parágrafo) re-
tência, e lá fui eu com minhas perninhas curtas, driblei um, outro, fere-se a
deixei para trás a defesa adversária. Kafunga abria os braços gigan- (A) “uma história afetiva das minhas leituras” (último parágra-
tescos, achei que queria me pegar, e não a bola. Fiz que chutava, fo).
como se fosse encobri-lo, ele pulou. Então passei com bola e tudo (B) “a lista do supermercado” (penúltimo parágrafo).
por entre as pernas dele e marquei o gol da vitória. (C) “minha vida” (último parágrafo).
Foi aquela ovação, a torcida delirava. Logo em seguida soou (D) “uma lista dos melhores romances que li em minha vida”
o apito final, e meus companheiros de equipe correram para me (último parágrafo).
abraçar e carregar em triunfo. (E) “A lista contendo nossos desejos de sermos melhores para
Fernando Sabino. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Re- nós mesmos e para os outros” (penúltimo parágrafo).
cord, 1991 (com adaptações).
No trecho “Jorivê deu a saída do meio de campo, atrasou para
Pimentão, que adiantou para Jacy. Caieira rouba-lhe a bola, passan-
do para Chafir”, do décimo parágrafo do texto CG1A1-I, os sujeitos
das formas verbais “atrasou” e “adiantou” e a forma pronominal
“lhe” têm como referentes, respectivamente,
(A) Jorivê, Pimentão e Caieira.
(B) Pimentão, Jorivê e Caieira.

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145. CEBRASPE (CESPE) - TAJ (TJ RJ)/TJ RJ/”Sem Especialida- váriasformas, baseadas em diferentes conceitos do que vem a ser
de”/2021 a doença (e a saúde). Assim, a concepção mágico-religiosa partia, e
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- parte, do princípio de que a doençaresulta da ação de forças alheias
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) ao organismo que neste se introduzem por causa do pecado ou de
Texto CG1A1 maldição.
Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como A medicina grega representa uma importante inflexão na ma-
um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da ba- neira de encarar a doença. É verdade que, na mitologia grega, vá-
talha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão rias divindades estavam vinculadas àsaúde. Os gregos cultuavam,
longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O apren- além da divindade da medicina, Asclepius ou Aesculapius (que é
dizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não sou- mencionado como figura histórica no poema épico Ilíada), duas ou-
besse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável trasdeusas, Higieia, a Saúde, e Panacea, a Cura. Higieia era uma das
e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio manifestações de Athena, a deusa da razão, e o seu culto, como
uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intui- sugere o nome, representa umavalorização das práticas higiênicas.
ção, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada. Se Panacea representa a ideia de que tudo pode ser curado — uma
Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava joga- crença basicamente mágica ou religiosa —, deve-se notar que acu-
ra-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora ra, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de métodos
uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as naturais, e não apenas por procedimentos ritualísticos.
mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou Moacyr Scliar. História do conceito de saúde.
vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à conta- In: Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n.º 1, 2007, p. 29-
gem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa, 41 (com adaptações).
dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada Com relação aos aspectos linguísticos do texto CG1A1-I, é cor-
porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi reto afirmar que,
conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconhe- (A) no primeiro parágrafo, a expressão “O mesmo” se refere à
ciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Per- afirmação presente no trecho “Aquilo que é considerado doen-
dera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o ça varia muito”.
que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e, (B) no primeiro período do segundo parágrafo, o termo “o”, em
conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade “o revelam”, se refere à afirmação presente no trecho “Real ou
devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”, imaginária, a doença é um antigo acompanhante da espécie
pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como humana”.
a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem (C) no trecho “forças alheias ao organismo que neste se intro-
já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão, duzem por causa do pecado ou de maldição” (último período
maquinando. do segundo parágrafo), o termo “que” se refere a “organismo”.
Clarice Lispector. Preciosidade. In: Laços de Família. Rio de (D) no segundo parágrafo, a expressão “essa ameaça” (terceiro
Janeiro: Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações). período) se refere à expressão “a varíola” (segundo período).
No trecho “Foi conversar com a empregada, antiga sacerdotisa.
Elas se reconheciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça 147. CEBRASPE (CESPE) - Tec (COREN SE)/COREN SE/Adminis-
do fogão. Perdera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empre- trativo/2021
gada apenas o que esta já perdera, não o que ganhara.”, do texto Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
CG1A1, o vocábulo “esta” se refere a tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
(A) “empregada”. Texto CG2A1
(B) “fé”. Previsto na Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de
(C) “cozinha”. Saúde (SUS) é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde
(D) “graça”. (OMS) como o maior e mais eficiente sistema gratuito de saúde do
(E) “fumaça”. mundo, criado para atender a toda a coletividade brasileira, sem
distinção.
146. CEBRASPE (CESPE) - Enf Fisc (COREN SE)/COREN SE/2021 Ao criar o SUS como uma política pública, evidenciado na pauta
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- da política dos anos 80 do século passado, o Brasil deu um passo
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) decisivo que mudou o modelo de atendimento à saúde, antes se-
Texto CG1A1-I letivo e centralizado. O SUS é inclusivo e está presente em todas
O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, as áreas da saúde, realizando procedimentos dos mais simples aos
política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa mais complexos. Trinta anos após sua criação, presta atendimento a
para todas as pessoas. Dependerá daépoca, do lugar, da classe so- mais de 11 milhões de pessoas por dia e realiza aproximadamente
cial. Dependerá de valores individuais e de concepções científicas, 127 procedimentos por segundo.
religiosas, filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças. O SUS sobreviveu às mudanças de governo e está associado à
Aquiloque é considerado doença varia muito. redução da mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida
Real ou imaginária, a doença é um antigo acompanhante da e à melhoria generalizada dos principais indicadores de saúde no
espécie humana, como o revelam pesquisas paleontológicas. Mú- Brasil, nas três últimas décadas. Essa é uma conquista da população
mias egípcias apresentam sinais de doença(como, por exemplo, a que não pode ser desprezada. Conforme dados de 2019, sete em
varíola do faraó Ramsés V). Não admira que, desde muito cedo, a cada dez brasileiros dependem, exclusivamente, do sistema público
humanidade se tenha empenhado em enfrentar essa ameaça, e de de saúde, o que equivale a 74% da população do país.
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A atenção primária à saúde integral, porta de entrada prefe- práticas, por meio do incremento da integração das ações promo-
rencial no SUS, que garante atenção oportuna e resolutiva, alcança toras, protetoras e recuperadoras da saúde, apoiadas em diagnósti-
hoje 50% dos usuários. Com base em evidências científicas inter- cos epidemiológicos e sociais, formação profissional e processos de
nacionais, a OMS afirma que sistemas de saúde embasados nessa trabalho em equipe. Na prática, a resolutividade pode chegar a 90%
premissa apresentam melhores resultados, menores custos e maior de atendimento às necessidades de saúde.
qualidade de atendimento. Nesse sentido, os inquestionáveis avan- Manoel Carlos Neri da Silva e Maria Helena Machado. Sistema
ços do SUS a favor das necessidades e dos direitos da população de saúde e trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. In:
constituem patamar inabdicável de realizações, conhecimentos e Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n.º 1, jan./2020
práticas, por meio do incremento da integração das ações promo- (com adaptações).
toras, protetoras e recuperadoras da saúde, apoiadas em diagnósti- Texto CG2A1
cos epidemiológicos e sociais, formação profissional e processos de No primeiro parágrafo do texto CG2A1, os termos
trabalho em equipe. Na prática, a resolutividade pode chegar a 90% (A) “Previsto” e “criado” referem-se a “sistema gratuito de saú-
de atendimento às necessidades de saúde. de do mundo”.
Manoel Carlos Neri da Silva e Maria Helena Machado. Sistema (B) “Previsto” e “reconhecido” referem-se a “o Sistema Único
de saúde e trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. In: de Saúde (SUS)”.
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n.º 1, jan./2020 (C) “maior” e “eficiente” referem-se a “o Sistema Único de Saú-
(com adaptações). de (SUS)”.
Ao final do terceiro parágrafo do texto CG2A1, a expressão “o (D) “reconhecido” e “criado” referem-se a “sistema gratuito de
que” se refere, no período em que se insere, à saúde do mundo”.
(A) porcentagem de brasileiros que deveria usar o SUS de for-
ma exclusiva. 149. CEBRASPE (CESPE) - Tec (COREN SE)/COREN SE/Adminis-
(B) interdependência entre os dados da pesquisa feita em 2019 trativo/2021
e o aumento da população atual. Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
(C) quantidade de brasileiros que dependem unicamente do tores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
SUS. Texto CG2A1
(D) relação entre os brasileiros que usam o SUS e os que usam Previsto na Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de
a rede de saúde privada. Saúde (SUS) é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) como o maior e mais eficiente sistema gratuito de saúde do
148. CEBRASPE (CESPE) - Tec (COREN SE)/COREN SE/Adminis- mundo, criado para atender a toda a coletividade brasileira, sem
trativo/2021 distinção.
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec- Ao criar o SUS como uma política pública, evidenciado na pauta
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) da política dos anos 80 do século passado, o Brasil deu um passo
Previsto na Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de decisivo que mudou o modelo de atendimento à saúde, antes se-
Saúde (SUS) é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde letivo e centralizado. O SUS é inclusivo e está presente em todas
(OMS) como o maior e mais eficiente sistema gratuito de saúde do as áreas da saúde, realizando procedimentos dos mais simples aos
mundo, criado para atender a toda a coletividade brasileira, sem mais complexos. Trinta anos após sua criação, presta atendimento a
distinção. mais de 11 milhões de pessoas por dia e realiza aproximadamente
Ao criar o SUS como uma política pública, evidenciado na pauta 127 procedimentos por segundo.
da política dos anos 80 do século passado, o Brasil deu um passo O SUS sobreviveu às mudanças de governo e está associado à
decisivo que mudou o modelo de atendimento à saúde, antes se- redução da mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida
letivo e centralizado. O SUS é inclusivo e está presente em todas e à melhoria generalizada dos principais indicadores de saúde no
as áreas da saúde, realizando procedimentos dos mais simples aos Brasil, nas três últimas décadas. Essa é uma conquista da população
mais complexos. Trinta anos após sua criação, presta atendimento a que não pode ser desprezada. Conforme dados de 2019, sete em
mais de 11 milhões de pessoas por dia e realiza aproximadamente cada dez brasileiros dependem, exclusivamente, do sistema público
127 procedimentos por segundo. de saúde, o que equivale a 74% da população do país.
O SUS sobreviveu às mudanças de governo e está associado à A atenção primária à saúde integral, porta de entrada prefe-
redução da mortalidade infantil, ao aumento da expectativa de vida rencial no SUS, que garante atenção oportuna e resolutiva, alcança
e à melhoria generalizada dos principais indicadores de saúde no hoje 50% dos usuários. Com base em evidências científicas inter-
Brasil, nas três últimas décadas. Essa é uma conquista da população nacionais, a OMS afirma que sistemas de saúde embasados nessa
que não pode ser desprezada. Conforme dados de 2019, sete em premissa apresentam melhores resultados, menores custos e maior
cada dez brasileiros dependem, exclusivamente, do sistema público qualidade de atendimento. Nesse sentido, os inquestionáveis avan-
de saúde, o que equivale a 74% da população do país. ços do SUS a favor das necessidades e dos direitos da população
A atenção primária à saúde integral, porta de entrada prefe- constituem patamar inabdicável de realizações, conhecimentos e
rencial no SUS, que garante atenção oportuna e resolutiva, alcança práticas, por meio do incremento da integração das ações promo-
hoje 50% dos usuários. Com base em evidências científicas inter- toras, protetoras e recuperadoras da saúde, apoiadas em diagnósti-
nacionais, a OMS afirma que sistemas de saúde embasados nessa cos epidemiológicos e sociais, formação profissional e processos de
premissa apresentam melhores resultados, menores custos e maior trabalho em equipe. Na prática, a resolutividade pode chegar a 90%
qualidade de atendimento. Nesse sentido, os inquestionáveis avan- de atendimento às necessidades de saúde.
ços do SUS a favor das necessidades e dos direitos da população
constituem patamar inabdicável de realizações, conhecimentos e
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QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

Manoel Carlos Neri da Silva e Maria Helena Machado. Sistema No segundo parágrafo do texto CG1A1-I, o termo “que”, em
de saúde e trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. In: “que transcende a alteridade em todos os níveis interpessoais”, re-
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n.º 1, jan./2020 toma
(com adaptações). (A) “uma humanidade”.
No quarto parágrafo do texto CG2A1, o vocábulo essa, que (B) “ubuntu”.
compõe a contração “nessa”, na expressão “nessa premissa” (se- (C) “forma de conhecimento aplicado”.
gundo período), refere-se a (D) “sentido coletivo”.
(A) “A atenção primária à saúde integral” (primeiro período). (E) “jornada”.
(B) “evidências científicas internacionais” (segundo período).
(C) “porta de entrada preferencial no SUS” (primeiro período).
(D) “atenção oportuna e resolutiva” (primeiro período). GABARITO

150. CEBRASPE (CESPE) - Ana Leg (ALECE)/ALECE/Administra-


ção/2021
1 E
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conec-
tores - Pronomes relativos, Conjunções etc) 2 E
Texto CG1A1-I 3 D
Ubuntu é uma filosofia moral e humanista africana que se fun-
damenta nas alianças e no relacionamento mútuo entre as pessoas. 4 E
Nasce da ideia ancestral (datada de 1.500 anos a.C.) de que a força 5 A
da comunidade vem do apoio comunitário e de que a dignidade
6 E
e a identidade são alcançadas por meio do mutualismo, da empa-
tia, da generosidade, do compromisso comunitário e do trabalho 7 B
colaborativo em prol de si mesmo e dos demais. Nesse sentido, o 8 D
ubuntu se diferencia da filosofia ocidental derivada do racionalismo
iluminista, que coloca o indivíduo no centro da concepção de ser 9 B
humano. 10 B
Na realidade, ubuntu é a expressão compartida de vivências
cotidianas. Consiste em uma forma de conhecimento aplicadoc que 11 C
estimula a jornadae rumo “ao tornar-se humano” ou “ao que nos 12 D
torna humanos” ou, em seu sentido coletivod, a uma humanidadea
13 C
que transcende a alteridade em todos os níveis interpessoais.
A noção fundamental da ética ubuntu é a “filosofia do nós”. 14 C
Os princípios de partilha, preocupação e cuidado mútuos, além de 15 B
solidariedade, são seus elementos constitutivos. Claramente, a éti-
ca ubuntu está baseada no altruísmo, na fraternidade e na colabo- 16 A
ração entre as pessoas, bem como na bondade, na lealdade e na 17 B
felicidade. Ubuntu e felicidade, inclusive, são ideias profundamente
conectadas. No conceito africano, entende-se a felicidade como 18 A
aquilo que faz bem a toda a coletividade ou ao outro. 19 A
Na filosofia ubuntu, acredita-se que a pessoa só é humana por
20 C
meio de sua pertença a um coletivo humano, que a humanidade de
uma pessoa é definida por meio de sua humanidade para com os 21 C
outros, que uma pessoa existe por meio da existência dos outros 22 C
em uma relação indissociável consigo mesma, que o valor da huma-
nidade está diretamente ligado à forma como a pessoa apoia a hu- 23 C
manidade e a dignidade dos outros e, ainda, que a humanidade de 24 D
uma pessoa é definida por seu compromisso ético com os outros,
25 B
sejam eles quem forem.
A ideia central de humanidade e colaboração mútua contida no 26 D
ubuntu permite a aplicação dessa filosofia em qualquer atividade, 27 A
tal como a política, a educação, os esportes, o direito, a medicina
e a gestão de empresas. Na área de negócios, particularmente, o 28 C
ubuntub está sendo traduzido para o mundo corporativo na forma 29 B
de gestão participativa.
Internet: < www.rbac.org.br > (com adaptações). 30 C
31 A
32 C

Editora
177
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

33 C 75 E
34 D 76 D
35 E 77 E
36 D 78 C
37 D 79 A
38 B 80 D
39 E 81 E
40 B 82 D
41 E 83 E
42 D 84 D
43 B 85 D
44 D 86 A
45 B 87 C
46 A 88 A
47 D 89 B
48 A 90 C
49 A 91 C
50 B 92 A
51 A 93 B
52 E 94 E
53 E 95 D
54 E 96 B
55 D 97 E
56 B 98 C
57 E 99 E
58 B 100 C
59 A 101 B
60 D 102 A
61 E 103 C
62 A 104 A
63 A 105 B
64 E 106 D
65 B 107 C
66 D 108 A
67 C 109 B
68 E 110 B
69 B 111 E
70 B 112 A
71 D 113 C
72 A 114 A
73 C 115 A
74 A 116 D
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178
178
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

117 C ______________________________________________________

118 B ______________________________________________________
119 C ______________________________________________________
120 D
______________________________________________________
121 A
122 C ______________________________________________________
123 D ______________________________________________________
124 D
______________________________________________________
125 D
______________________________________________________
126 E
127 C ______________________________________________________
128 E ______________________________________________________
129 E
______________________________________________________
130 E
131 E ______________________________________________________
132 A ______________________________________________________
133 C
______________________________________________________
134 D
______________________________________________________
135 A
136 A ______________________________________________________
137 C ______________________________________________________
138 E
______________________________________________________
139 C
140 D ______________________________________________________

141 B ______________________________________________________
142 C
______________________________________________________
143 C
______________________________________________________
144 D
145 A ______________________________________________________
146 B ______________________________________________________
147 C
______________________________________________________
148 B
149 A ______________________________________________________

150 A ______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - LÍNGUA PORTUGUESA

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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

3. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021


QUESTÕES Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
ros naturais
O ciclo de vida da mosca é semelhante ao da maioria dos inse-
1. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2022 tos. Começa com um ovo, depois se desenvolve por uma fase larva,
Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme- uma fase pupa, e, por fim, torna-se um animal adulto, capaz de se
ros naturais reproduzir. O ciclo de ovo fertilizado a adulto requer de 7 a 10 dias.
Considerando que, na unidade de pronto-socorro de um hospi- Uma nova mosca adulta tem no máximo três meses para se repro-
tal, quatro médicos façam atendimento aos pacientes e que haja a duzir antes de morrer e, durante sua breve vida, cada fêmea pode
mesma probabilidade de esses pacientes serem atendidos por qual- produzir até 900 ovos. Devido aos predadores, a vida média de uma
quer um desses médicos, assinale a opção correta. mosca é de apenas 21 dias.
Se 144 pacientes forem atendidos entre 6 h e 12 h de deter- Internet <http://ciencia hsw.uol.com.br> (com adaptações)
minado dia, então cada médico atenderá, por hora, em média, a Considerando-se essas informações, é correto afirmar que, se
quantidade de uma mosca fêmea viveu 42 dias e produziu 20 ovos a cada dia de
(A) 6 pacientes. sua vida fértil, então, durante toda sua existência, ela produziu, no
(B) 12 pacientes. máximo
(C) 18 pacientes. (A) 840 ovos
(D) 24 pacientes. (B) 700 ovos
(C) 640 ovos
2. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021 (D) 420 ovos
Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme- (E) 360 ovos
ros naturais
Texto 1A4-I 4. CEBRASPE (CESPE) - Aj Ped (B Coqueiros)/Pref B dos Coquei-
Considere que a figura a seguir — que consiste de um retân- ros/2020
gulo maior subdividido em 45 retângulos menores, no qual estão Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
destacados os pontos A, B e C; ao lado do retângulo maior estão ros naturais
indicadas as direções norte (N), sul (S), leste (L) e oeste (O) — repre- Carlos cumpre a seguinte jornada de trabalho semanal:
senta um mapa, fora de escala, de parte de uma cidade onde será • segundas, quartas e sextas — das 8 horas às 12 horas e das
realizada uma pesquisa domiciliar. 14 horas às 18 horas;
• terças e quintas — das 15 horas às 19 horas;
• sábados — das 8 horas às 14 horas.
Com base nessas informações, é correto afirmar que, semanal-
mente, Carlos trabalha
(A) 24 horas.
(B) 32 horas.
(C) 38 horas.
(D) 40 horas.
(E) 44 horas.
As linhas retas representam as ruas, e os quarteirões são os
retângulos menores, que medem 300 metros na direção oeste-leste 5. CEBRASPE (CESPE) - Aj Ped (B Coqueiros)/Pref B dos Coquei-
e 60 metros na direção sul-norte. Durante os trabalhos, cada agente ros/2020
de pesquisas e mapeamento (APM), que sairá necessariamente do Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
ponto A, somente pode caminhar nos sentidos oeste-leste ou sul- ros naturais
norte. Assinale a opção que apresenta a quantidade de caminhões
Com base no texto 1A4-I, a distância percorrida por um APM basculantes de brita, com 10 m³ de capacidade, que são necessários
que saia do ponto A, passe pelo ponto B e chegue ao ponto C será para cobrir um lote de 10 m × 20 m com 1 m de espessura.
(A) inferior a mil metros. (A) 1
(B) superior a mil metros e inferior a 2 mil metros. (B) 10
(C) superior a 2 mil metros e inferior a 3 mil metros. (C) 20
(D) superior a 3 mil metros e inferior a 4 mil metros. (D) 40
(E) superior a 4 mil metros. (E) 200
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181
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

6. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019 9. CEBRASPE (CESPE) - AFA (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018
Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme- Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
ros naturais ros naturais
Ao organizar uma prova de concurso público com 24 questões, No ato de pagamento por um produto, um cliente entregou ao
uma instituição estabeleceu o seguinte critério de correção: caixa uma nota de R$ 50. Informado de que o dinheiro entregue não
• o candidato receberá 4 pontos por cada resposta correta (ou era suficiente, o cliente entregou mais uma nota de R$ 50 e recebeu
seja, em concordância com o gabarito oficial); do caixa R$ 27 de troco. O cliente reclamou que ainda faltavam R$
• o candidato perderá 1 ponto por cada resposta errada; 9 de troco e foi imediatamente atendido pelo caixa. Nessa situação
• o candidato não ganhará nem perderá pontos por questões hipotética, o valor da compra foi
deixadas por ele em branco (ou seja, sem resposta) ou por questões (A) R$ 52.
anuladas. (B) R$ 53.
Nessa situação hipotética, a quantidade máxima de respostas (C) R$ 57.
corretas que podem ser dadas por um candidato que obtiver 52 (D) R$ 63.
pontos na prova é igual a (E) R$ 64.
(A) 14.
(B) 15. 10. CEBRASPE (CESPE) - AGPP I (Pref SP)/Pref SP/Gestão Admi-
(C) 16. nistrativa/2016
(D) 17. Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
(E) 18. ros naturais
Texto VI
7. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019 A prefeitura de determinada cidade celebrou convênio com o
Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme- governo federal no valor de R$ 240.000,00 destinados à implemen-
ros naturais tação de políticas públicas voltadas para o acompanhamento da
Uma repartição com 6 auditores fiscais responsabilizou-se por saúde de crianças na primeira infância. Enquanto não eram empre-
fiscalizar 18 empresas. Cada empresa foi fiscalizada por exatamente gados na finalidade a que se destinava e desde que foram disponibi-
4 auditores, e cada auditor fiscalizou exatamente a mesma quanti- lizados pelo governo federal, os recursos foram investidos, pela pre-
dade de empresas. Nessa situação, cada auditor fiscalizou feitura, em uma aplicação financeira de curto prazo que remunera
(A) 8 empresas. à taxa de juros de 1,5% ao mês, no regime de capitalização simples.
(B) 10 empresas. O grupo de servidores da prefeitura que serão envolvidos no
(C) 12 empresas. desenvolvimento das políticas públicas mencionadas no texto VI
(D) 14 empresas. será dividido em 5 equipes, cada uma com 6 servidores. Sabe-se
(E) 16 empresas. que, nesse grupo de servidores, para cada 3 mulheres, há 2 ho-
mens. Nesse caso, no citado grupo de servidores da prefeitura há
8. CEBRASPE (CESPE) - TTRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018 (A) 12 mulheres.
Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme- (B) 18 homens.
ros naturais (C) 18 mulheres.
O professor de matemática de uma turma escreveu no quadro (D) 30 homens.
uma soma de três parcelas. Cada parcela era de três algarismos. (E) 30 mulheres.
Descuidadamente, um aluno apagou cinco algarismos. O professor,
tentando recuperar a expressão original, escreveu, no lugar desses 11. CEBRASPE (CESPE) - Tec (COREN SE)/COREN SE/Administra-
algarismos apagados, as letras T, W, X, Y e Z, como mostrado a se- tivo/2021
guir. Assunto: Divisibilidade, números primos, fatores primos, divi-
sor e múltiplo comum (MMC)
Três técnicas em enfermagem trabalham em regime de plan-
tão. Uma delas faz plantão a cada quatro dias; outra, de oito em
Considerando-se que o número XZ, em que Z é o algarismo da oito dias; e a terceira, a cada cinco dias. Se hoje todas fizerem plan-
unidade e X é o algarismo da dezena, é maior que 9, então a soma tão juntas, farão juntas novamente em, no mínimo,
T + W + X + Y + Z é igual a (A) 17 dias.
(A) 31. (B) 20 dias.
(B) 12. (C) 40 dias.
(C) 15. (D) 32 dias.
(D) 21.
(E) 23.

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a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

12. CEBRASPE (CESPE) - Aux Adm (IFF)/IFF/2018 15. CEBRASPE (CESPE) - Ag Crim (POLITEC RO)/POLITEC
Assunto: Divisibilidade, números primos, fatores primos, divi- RO/2022
sor e múltiplo comum (MMC) Assunto: Porcentagem
Uma companhia aérea fixou rodízio entre duas cidades para Em determinada região onde dos crimes cometidos anualmen-
seus comissários de bordo de determinado voo diário. A escala es- te ficam sem solução, novas medidas técnicas foram implemen-
tabelece que o comissário A trabalhe nesse voo a cada 8 dias; o tadas no final de 2020, o que acarretou um aumento percentual
comissário B, a cada 10 dias; e o comissário C, a cada 12 dias. de 40% em 2021, em relação ao ano anterior, na quantidade de
Nesse caso, se os três tiverem trabalhado juntos no voo do dia crimes solucionados. Nessa situação hipotética, se 180 crimes tive-
de hoje, então a próxima vez em que eles trabalharão novamente rem sido cometidos nessa região no ano de 2021, então a quanti-
juntos nesse voo ocorrerá daqui a dade desses crimes que ficaram sem solução nesse ano foi igual a
(A) 30 dias. (A) 3.
(B) 74 dias. (B) 30.
(C) 120 dias. (C) 33.
(D) 240 dias. (D) 42.
(E) 960 dias. (E) 45.

13. CEBRASPE (CESPE) - AFA (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018 16. CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC RO)/PC RO/2022
Assunto: Divisibilidade, números primos, fatores primos, divi- Assunto: Porcentagem
sor e múltiplo comum (MMC) Considerando-se que, em determinado processo seletivo, a
Uma assistente administrativa rasgou em n pedaços uma fo- quantidade de candidatos homens é cinco vezes maior que a de
lha de papel que continha informação considerada sigilosa. Como candidatas mulheres, é correto afirmar que a porcentagem de can-
ainda era possível ler alguma informação em um desses pedaços, didatas mulheres, em relação ao total de candidatos, é
ela rasgou-o também em n pedaços. Receosa de que a informação (A) inferior a 8%.
sigilosa pudesse ser recuperada de um desses últimos pedaços, ras- (B) superior ou igual a 18%.
gou-o também em n pedaços. (C) superior ou igual a 8% e inferior a 11%.
Assinale a opção que indica uma quantidade possível de peda- (D) superior ou igual a 11% e inferior a 15%.
ços em que a folha foi rasgada. (E) superior ou igual a 15% e inferior a 18%.
(A) 15
(B) 26 17. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021
(C) 28 Assunto: Porcentagem
(D) 30 Daniel comercializava cada unidade do produto A por R$ 100
e cada unidade do produto B por R$ 200. No dia 8/4/2021, Daniel
14. CEBRASPE (CESPE) - PNS (Pref SL)/Pref SL/Matemática/2017 aumentou o preço da unidade do produto A em 10% e o preço da
Assunto: Divisibilidade, números primos, fatores primos, divi- unidade do produto B em 30%. No dia 15/4/2021, pressionado pe-
sor e múltiplo comum (MMC) los seus clientes, Daniel reduziu os preços então vigentes, tanto do
A quantidade N de pacotes de arroz distribuídos no primeiro produto A quanto do produto B, em 20%. Nessa situação, se Ernesto
trimestre para as 6 escolas de determinado município é um número adquiriu de Daniel uma unidade do produto A e uma unidade do
de três algarismos que pode ser escrito na forma N = X3Y, em que produto B no dia 16/4/2021, ele pagou por esses produtos um valor
X e Y são dois algarismos entre 0 e 9. Sabe-se que cada escola rece- (A) inferior a R$ 300.
beu a mesma quantidade de pacotes das demais e o número N é o (B) entre R$ 300 e R$ 310.
maior possível que atende às condições descritas. (C) entre R$ 311 e R$ 340.
Nessa situação, a quantidade de pacotes de arroz distribuídos (D) entre R$ 341 e R$ 350.
no primeiro trimestre para as 6 escolas do município foi (E) superior a R$ 350.
(A) superior a 800 e inferior a 900.
(B) superior a 900. 18. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti-
(C) inferior a 600. ca/2021
(D) superior a 600 e inferior a 700. Assunto: Porcentagem
(E) superior a 700 e inferior a 800. Determinada organização pretende lançar um novo produto no
mercado de tecnologia, levando em consideração incentivos fiscais
para sua área de atuação. Ela planeja produzir 1.200 unidades des-
se produto, com preço de custo unitário de R$ 100,00, ao qual será
adicionada uma margem de lucro de 20% para a venda.
Desconsiderando eventuais impostos e tributos, assinale a op-
ção que indica o número mínimo de unidades do referido produto
que deverá ser vendido para que a empresa tenha uma arrecadação
bruta de 10% do capital total investido nesse produto.
(A) 240
(B) 200
(C) 120

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183
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

(D) 100 20. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti-


(E) 80 ca/2021
Assunto: Porcentagem
19. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti- A fim de contornar a queda no número de clientes, a direção de
ca/2021 determinada pousada decidiu fazer um empréstimo bancário para
Assunto: Porcentagem financiar investimentos em renovação e ampliação dos negócios.
Texto 6A3-I O empréstimo foi no valor de R$ 240.000,00 (capital do emprésti-
A tabela a seguir mostra o valor unitário por ação de determi- mo — CP), financiado em três anos, com prestações mensais de R$
nada empresa na bolsa de valores ao longo de dez dias úteis. 8.000,00 cada. O montante dessa transação (MP) corresponde ao
valor total pago ao final do empréstimo. Assim, o percentual total
de juros pagos pela pousada (JP) é dado pelo quociente a seguir.

Ao mesmo tempo, um dos gerentes da pousada desejava ad-


quirir um carro novo e, para isso, fez um empréstimo no valor de R$
80.000,00 (capital do segundo empréstimo — CG), financiado em
cinco anos, com prestações mensais de R$ 2.000,00 cada. O percen-
tual total de juros pagos pelo gerente (JG) é calculado pelo quocien-
te a seguir, em que MG refere-se ao valor total pago pelo gerente ao
final do empréstimo para compra do automóvel.

Se todas as prestações forem pagas sem atrasos ou multas,


após o pagamento de todas as prestações dos dois empréstimos, as
duas transações poderão ser comparadas pelo quociente a seguir,
em que JP e JG são os percentuais totais de juros definidos ante-
riormente.

Considerando as informações precedentes, assinale a opção


correta.
(A) R = 4/5
(B) R = 4
(C) R = 3
(D) R = 288/120
(E) R = 2/5

21. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti-


ca/2021
Caso uma pessoa compre ações dessa empresa pelo valor de
Assunto: Porcentagem
abertura (VA) e faça a revenda total dessas ações, ao final do mes-
Um pequeno agricultor cultiva arroz irrigado para venda no
mo dia, pelo valor de fechamento (VF), o lucro ou o prejuízo per-
mercado local de seu município. Para acompanhar o desempenho
centual diário (LP) poderá ser calculado pela seguinte fórmula, de
de sua safra e seus rendimentos, e de modo a simplificar suas ano-
modo que LP > 0 indica lucro e LP < 0 indica prejuízo.
tações, o agricultor mantém um registro da variação percentual
do total de grãos colhidos naquele ano em comparação com o ano
imediatamente anterior. A tabela a seguir mostra os registros feitos
De acordo com as informações apresentadas no texto 6A3-I, é por ele com relação aos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020.
correto afirmar que o maior lucro percentual diário aconteceu no
(A) segundo dia útil.
(B) sétimo dia útil.
(C) sexto dia útil.
(D) quinto dia útil.
(E) terceiro dia útil.

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184
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

Considerando-se que, no ano de 2016, esse agricultor tenha 24. CEBRASPE (CESPE) - ATM (Pref Aracaju)/Pref Aracaju/Abran-
colhido 800 kg de arroz, é correto afirmar que a sua safra de arroz gência Geral/2021
em 2020 será de Assunto: Porcentagem
(A) 860,0 kg. No contexto da pandemia que teve início no ano de 2020,
(B) 840,0 kg. como forma de conter o impacto em seu fluxo de caixa, a pousada
(C) 831,6 kg. Boa Estadia, que antes de 1.º de março de2020 vendia pacotes para
(D) 1.029,6 kg. fins de semana (pensão completa, das 14 h de sexta feira às 13 h
(E) 808,5 kg. de domingo) por R$ 1.490, passou, a partir desta data, a oferecer
omesmo serviço por R$ 1.000 para os clientes usufruírem a qual-
22. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Séries Ini- quer tempo, durante o ano de 2020. Acreditando poder usufruir
ciais/2021 desse serviço no período de 9 a 11 deoutubro de 2020, Cláudio o
Assunto: Porcentagem adquiriu em 9 de março de 2020, pelo valor promocional.
Em 2016, o empresário norte-americano Donald Trump foi elei- Considere que, no texto, a pousada Boa Estadia, apesar de seus
to presidente dos Estados Unidos da América, com 46,1% do total esforços para conter o impacto da pandemia em seu fluxo de caixa,
dos votos populares válidos naquele ano. Considerando que, nas tenha visto seu faturamento despencar 20% no primeiro mês, 30%
eleições presidenciais norte-americanas de 2020, ele tivesse alcan- no segundo e 40% no terceiro, com leve recuperação de 10% no
çado a marca de 48% dos votos populares válidos, julgue os itens a quarto mês, sempre em relação ao mês anterior, após as autori-
seguir. dades relaxarem um pouco as regras de isolamento. Nesse caso,
I. Em 2020, Trump teria alcançado um quantitativo de votos a queda acumulada no faturamento no período considerado, em
maior do que o obtido por ele em 2016. comparação com aquele pré- pandemia, foi
II. Se o total de votos populares válidos na eleição de 2020 ti- (A) inferior a 70%.
vesse sido igual ao total obtido em 2016, Trump teria conquistado (B) superior a 70% e inferior a 75%.
uma votação 1,9% maior do que a obtida por ele em 2016. (C) superior a 85%.
III. Se o total de votos populares válidos na eleição de 2020 (D) superior a 75% e inferior a 80%.
tivesse sido 10% maior do que o registrado em 2016, o aumento na (E) superior a 80% e inferior a 85%.
quantidade de votos obtidos por Trump em 2020 teria sido, aproxi-
madamente, 6,7% do total de votos da primeira eleição. 25. CEBRASPE (CESPE) - Ag PT (IBGE)/IBGE/2021
Assinale a opção correta. Assunto: Porcentagem
(A) Nenhum item está certo. Considere que, para determinada indústria, a produção de ja-
(B) Apenas o item II está certo. neiro/2021 tenha sido 4% superior à produção de dezembro/2020 e
(C) Apenas o item III está certo. que a produção de fevereiro/2021 tenha sido 7% inferior à produção
(D) Apenas os itens I e II estão certos. de janeiro/2021. Nessa situação, com relação a dezembro/2020, a
(E) Apenas os itens I e III estão certos. produção dessa indústria em fevereiro/2021
(A) cresceu menos de 3%.
23. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Séries Ini- (B) cresceu mais de 4%.
ciais/2021 (C) decresceu mais de 3%.
Assunto: Porcentagem (D) decresceu menos de 3%.
As placas de veículos dentro do novo modelo aprovado pelo (E) decresceu mais de 4%.
MERCOSUL possuem um padrão de letras e algarismos diferente do
das antigas placas brasileiras. No Brasil, no caso dos automóveis, as 26. CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ RJ)/TJ RJ/Gestão/Contador/2021
placas no novo padrão terão 4 letras e 3 algarismos, seguindo-se a Assunto: Porcentagem
sequência LLL ALAA (sendo L letras e A algarismos). Devido ao fato de a legislação autorizar a dedução de valores
Suponha que, para a escolha da combinação de letras e algaris- investidos em planos de previdência privada na base de cálculo do
mos de uma placa no padrão MERCOSUL, possam ser utilizados os imposto de renda até o limite de 12% da base, Maria, que ainda
algarismos de 0 a 9 e as 26 letras do alfabeto, podendo-se repetir não possui plano de previdência privada, calculou que sua renda
algarismos e letras. Nesse caso, a alteração realizada no modelo de tributável em 2021 será de R$ 224 mil.
placa representará, em relação ao modelo anterior, um aumento no Nessa situação, caso ela adquira, neste ano, um plano de pre-
total de placas que poderão ser produzidas. vidência privada, o valor a ser investido de modo a atingir o limite
Esse aumento será de permitido por lei para desconto com essa modalidade de investi-
(A) 120%. mento será
(B) 160%. (A) inferior a R$ 24 mil.
(C) 210%. (B) igual ou superior a R$ 24 mil, mas inferior a R$ 25 mil.
(D) 260%. (C) igual ou superior a R$ 25 mil, mas inferior a R$ 26 mil.
(E) 330%. (D) igual ou superior a R$ 26 mil, mas inferior a R$ 27 mil.
(E) igual ou superior a R$ 27 mil.

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27. CEBRASPE (CESPE) - Tec Jud (TJ PR)/TJ PR/2019 29. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
Assunto: Porcentagem Assunto: Porcentagem
No estado do Paraná, segundo o IBGE, entre 1970 e 2010, a Um condomínio consome, em média, 630 m³ de água por se-
densidade populacional — quantidade média de habitantes por mana, o que gera uma tarifa mensal padrão de R$ 160,00 para cada
quilômetro quadrado — cresceu à taxa média de 9% a cada 10 anos, residência do condomínio. Para tentar controlar o consumo de água
como mostra a tabela a seguir, em que os valores foram aproxima- dos moradores, foram adotadas as seguintes medidas:
dos. I efetuar desconto de x% na tarifa padrão de água de cada resi-
dência, cada mês em que o consumo médio de água, por semana,
do condomínio for x m3 inferior a 630 m3;
II efetuar desconto de x% na tarifa padrão de água de cada re-
sidência, cada mês em que o consumo mediano de água, por sema-
na, do condomínio for x m3 inferior a 630 m3;
III efetuar aumento de y% na tarifa padrão de água de cada re-
sidência, cada mês em que o consumo médio de água, por semana,
do condomínio for y m3 superior a 630 m3;
IV efetuar aumento de y% na tarifa padrão de água de cada
residência, cada mês em que o consumo mediano de água, por se-
Internet: <www.ibge.gov.br> (com adaptações). mana, do condomínio for y m3 superior a 630 m3;
Se for constatado que, a partir de 2010, houve uma queda de V manter a tarifa padrão de água de cada residência, cada mês
20% na taxa média de crescimento da densidade populacional, en- em que o consumo médio de água, por semana, do condomínio for
tão, em 2020, essa densidade será igual a 630 m3;
(A) inferior a 53 habitantes por km ². VI manter a tarifa padrão de água de cada residência, cada mês
(B) superior a 53 habitantes e inferior a 54 habitantes por km ². em que o consumo mediano de água, por semana, do condomínio
(C) superior a 54 habitantes e inferior a 55 habitantes por km ². for igual a 630 m3.
(D) superior a 55 habitantes e inferior a 56 habitantes por km ². O consumo de água desse condomínio nas quatro semanas de
(E) superior a 56 habitantes por km ². determinado mês é dado pela tabela a seguir.
Considerando-se as informações precedentes, a tarifa a ser
28. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 paga, por residência, no referido mês é de
Assunto: Porcentagem (A) R$ 48,00.
Uma pequena empresa fabrica dois tipos de smartphone: A e (B) R$ 104,00.
B. Após realizar um levantamento sobre os defeitos apresentados, (C) R$ 160,00.
em 24 meses, por esses dois tipos, a empresa forneceu as seguintes (D) R$ 200,00.
informações: (E) R$ 208,00.
I até o 18.º mês, somente os smartphones do tipo A apresenta-
ram algum defeito; 30. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
II entre o 19.º mês e o 24.º mês, 40% dos smartphones que Assunto: Porcentagem
apresentaram algum defeito eram do tipo A e 60% eram do tipo B; Na série vermelha de um hemograma — exame de sangue con-
III a quantidade total mensal de smartphones dos dois tipos vencional —, a faixa de referência da hemoglobina (Hb) para mulhe-
que apresentaram algum defeito nesses 24 meses é mostrada no res adultas não grávidas é de 12 g/dL a 16 g/dL.
gráfico a seguir. Disponível em: www.tuasaude.com. Acesso em: out. 2019
Nessa situação, considerando-se que 0,02% da quantidade (adaptado).
total dos smartphones do tipo A e 0,03% da quantidade total dos Considerando-se que a taxa de Hb registrada no hemograma de
smartphones do tipo B fabricados nesses 24 meses apresentaram uma mulher não grávida tenha sido de 15 g/dL, então a compara-
algum tipo de defeito, então a quantidade total de smartphones ção desse valor com os valores de referência apresentados anterior-
produzidos pela empresa no referido período é igual a mente indica que, percentualmente, essa taxa de Hb dessa mulher
(A) 61.000. é exatamente
(B) 70.000. (A) 20% superior ao valor mínimo de referência.
(C) 610.000. (B) 35% superior ao valor mínimo de referência.
(D) 700.000. (C) 6,7% inferior ao valor máximo de referência.
(E) 776.000. (D) 8% superior ao valor mínimo de referência e 9% inferior ao
valor máximo de referência.
(E) 25% superior ao valor mínimo de referência e 6,25% inferior
ao valor máximo de referência.

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31. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 34. CEBRASPE (CESPE) - ACP (TCE-PB)/TCE PB/Demais Áre-
Assunto: Porcentagem as/2018
Determinado cliente de uma fábrica de placas de aço sempre Assunto: Porcentagem
encomenda placas retangulares para as quais a razão entre o com- Se um lojista aumentar o preço original de um produto em 10%
primento e a largura seja igual a . e depois der um desconto de 20% sobre o preço reajustado, então,
relativamente ao preço original, o preço final do produto será
Na última encomenda, o cliente solicitou que a proporção cos- (A) 12% inferior.
tumeira entre comprimento e largura fosse mantida, mas que a (B) 18% inferior.
área das placas fosse reduzida em 19%. (C) 8% superior.
Para atender a essa solicitação, o comprimento e a largura das (D) 15% superior.
placas deverão ser reduzidos, respectivamente, em (E) 10% inferior.
(A) 8,5% e 8,5%.
(B) 9% e 9%. 35. CEBRASPE (CESPE) - Aud (CAGE RS)/SEFAZ RS/2018
(C) 10% e 10%. Assunto: Porcentagem
(D) 11,4% e 7,6%. Ao verificar que o volume de vendas, em reais, aumentou
(E) 15% e 10%. 8,02%, o gerente de uma fábrica quis publicar no relatório que a
produção havia aumentado 8,02%, o que refletiria melhora na pro-
32. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 dutividade das instalações. Porém, ao ser informado de que os pre-
Assunto: Porcentagem ços dos produtos (inflação), no mesmo período, aumentaram 10%,
As lâmpadas de LED são mais eficientes que as lâmpadas co- o gerente percebeu que, na realidade, no período, a produção
muns porque utilizam bem menos energia que estas para produzir (A) aumentou 7,218%.
uma mesma quantidade de luz (lúmen). Enquanto uma lâmpada (B) caiu 9,82%.
incandescente consome 60 watts de energia elétrica para produzir (C) caiu 1,80%.
determinada quantidade de lúmen, uma lâmpada de LED precisa de (D) aumentou 0,982%.
apenas 15 watts. (E) caiu 1,98%.
Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 3 nov.
2018 (adaptado). 36. CEBRASPE (CESPE) - TTRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018
Em uma residência na qual as lâmpadas incandescentes sejam Assunto: Porcentagem
responsáveis por 40% do consumo mensal de energia, a troca des- A tabela seguinte mostra as alíquotas para a cobrança do im-
sas lâmpadas por lâmpadas de LED diminuirá o consumo mensal de posto de renda de pessoas físicas, por faixa salarial, em uma econo-
energia em mia hipotética.
(A) 18%.
(B) 27%.
(C) 30%.
(D) 45%.
(E) 60%.

33. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019


Assunto: Porcentagem
Pedro quer aproveitar a promoção de uma loja de eletrodo- O imposto é cobrado progressivamente, isto é, sobre a parte da
mésticos para comprar uma TV, uma geladeira e um fogão. O ven- renda bruta do indivíduo que estiver em cada faixa incide o imposto
dedor propôs a Pedro um desconto de R$ 200,00 no preço da TV, de acordo com a alíquota correspondente.
um desconto de R$ 250,00 no preço da geladeira, e um desconto De acordo com essas informações, se um indivíduo paga $ 490
de R$ 150,00 no preço do fogão. Com isso, o valor final a ser pago de imposto de renda, então a sua renda bruta é
por esses três produtos seria de R$ 2 400,00. Pedro somente deseja (A) inferior a $ 1.600.
aceitar a proposta do vendedor e levar os produtos se o valor total (B) superior a $ 1.600 e inferior a $ 2.100.
do desconto corresponder a um percentual de, no mínimo, 24% do (C) superior a $ 2.100 e inferior a $ 2.600.
valor original. (D) superior a $ 2.600 e inferior a $ 3.100.
Nesse caso, Pedro deverá (E) superior a $ 3.100.
(A) aceitar a proposta, pois o desconto é de 33%.
(B) aceitar a proposta, pois o desconto é de 25%.
(C) recusar a proposta, pois o desconto é de 20%.
(D) recusar a proposta, pois o desconto é de 5%.
(E) recusar a proposta, pois o desconto é de 4%.

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37. CEBRASPE (CESPE) - Tec Ge (CPRM)/CPRM/Hidrologia/2016 40. CEBRASPE (CESPE) - AGPP I (Pref SP)/Pref SP/Gestão Admi-
Assunto: Porcentagem nistrativa/2016
Texto para a próxima questão. Assunto: Porcentagem
A represa X, que abastece de água determinada cidade, tem Texto VI
capacidade para 480 milhões de metros cúbicos de água. A prefeitura de determinada cidade celebrou convênio com o
Considere que trinta anos após o início de operação da repre- governo federal no valor de R$ 240.000,00 destinados à implemen-
sa X, a quantidade de usuários dos recursos hídricos dessa repre- tação de políticas públicas voltadas para o acompanhamento da
sa tenha quadruplicado, enquanto a quantidade de água retirada saúde de crianças na primeira infância. Enquanto não eram empre-
diariamente tenha triplicado. Nessa situação, sabendo-se que, em gados na finalidade a que se destinava e desde que foram disponibi-
determinado dia, o quociente [quantidade de água retirada da re- lizados pelo governo federal, os recursos foram investidos, pela pre-
presa]/ [quantidade de usuários] dá o consumo médio de água de feitura, em uma aplicação financeira de curto prazo que remunera
cada usuário nesse dia, é correto afirmar que, trinta anos depois do à taxa de juros de 1,5% ao mês, no regime de capitalização simples.
início de operação da represa, o consumo médio diário Considere que, na situação do texto VI, um montante corres-
(A) caiu em 25%. pondente a 5% do valor total conveniado foi destinado a um con-
(B) aumentou em 75%. junto de instituições que cuidam de crianças na primeira infância,
(C) aumentou em 33%. para a aquisição de medicamentos. Considere ainda que o montan-
(D) aumentou em 25%. te citado foi dividido igualmente entre essas instituições, cabendo a
(E) caiu em 75%. cada uma delas a quantia de R$ 750,00. Nessas condições, é correto
concluir que o referido conjunto era formado por
38. CEBRASPE (CESPE) - Tec Ge (CPRM)/CPRM/Hidrologia/2016 (A) 80 instituições.
Assunto: Porcentagem (B) 40 instituições.
Considere que 85% das residências de determinado município (C) 16 instituições.
estão ligadas à rede de abastecimento de água tratada e que 60% (D) 8 instituições.
dessas residências estão ligadas à rede de esgotamento sanitário. (E) 4 instituições.
Nessa situação, a percentagem de residências do município que são
servidas de água tratada e estão ligadas à rede de esgotamento sa- 41. CEBRASPE (CESPE) - Per Of (PC PB)/PC PB/Criminal/Área
nitário é igual a Geral/2022
(A) 40%. Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
(B) 25%. partes proporcionais
(C) 15%. Em certa localidade, o número de crimes registrados por mês
(D) 60%. é inversamente proporcional ao número de agentes de segurança
(E) 51%. em atuação no mês, e a constante de proporcionalidade depende
de fatores como recursos disponíveis para uso da força policial, ta-
39. CEBRASPE (CESPE) - AGPP I (Pref SP)/Pref SP/Gestão Admi- manho populacional e desigualdade social. Se, em dado mês, nessa
nistrativa/2016 localidade, havia um efetivo de 2.100 agentes de segurança e foram
Assunto: Porcentagem registrados 600 crimes, então, para atingir a meta de 450 registros
Texto V de crimes por mês, o número de agentes de segurança em atuação
Na cidade de São Paulo, se for constatada reforma irregular em deve ser igual a
imóvel avaliado em P reais, o proprietário será multado em valor (A) 1.575.
igual a k% de P × t, expresso em reais, em que t é o tempo, em (B) 3.150.
meses, decorrido desde a constatação da irregularidade até a re- (C) 2.550.
paração dessa irregularidade. A constante k é válida para todas as (D) 2.700.
reformas irregulares de imóveis da capital paulista e é determinada (E) 2.800.
por autoridade competente.
Em uma pesquisa relacionada às ações de fiscalização que re- 42. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Con-
sultaram em multas aplicadas de acordo com os critérios mencio- tábeis/2021
nados no texto V, 750 pessoas foram entrevistadas, e 60% delas Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
responderam que concordam com essas ações. Nessa hipótese, a partes proporcionais
quantidade de pessoas que discordaram, são indiferentes ou que Um terreno foi vendido por R$ 50.000 para três irmãos, Lu-
não responderam foi igual a cas, Mateus e Tiago, que pagaram, respectivamente, R$ 10.000, R$
(A) 60. 15.000 e R$ 25.000. Algum tempo depois, eles conseguiram vender
(B) 300. esse terreno por R$ 75.000 e decidiram dividir esse montante em
(C) 450. partes proporcionais aos recursos que cada um deles havia despen-
(D) 600. dido quando da compra do terreno.
(E) 750. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens seguin-
tes.
I O valor obtido por Tiago na venda do terreno foi superior a
R$ 37.000.
II O valor obtido por Lucas na venda do terreno foi igual ao va-
lor despendido por Mateus quando da compra desse terreno.
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III Para qualquer um dos irmãos citados, o valor obtido pela 45. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
venda do terreno foi 50% superior ao valor despendido quando da Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
compra desse terreno. partes proporcionais
Assinale a opção correta. A evasão escolar é um fenômeno que preocupa os gestores
(A) Apenas os itens I e II estão certos. das políticas públicas de educação. No caso da educação superior, o
(B) Apenas os itens I e III estão certos. problema é mundial. Em determinada turma de um curso, a razão
(C) Apenas os itens II e III estão certos. entre a quantidade de estudantes ingressantes e a quantidade de
(D) Todos os itens estão certos. estudantes concluintes é de 8 para 3, nessa ordem. Considerando-
-se que, na referida turma, 90 estudantes tenham se formado, en-
43. CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ PA)/TJ PA/Análise de Sistema/ tão a quantidade de estudantes ingressantes nessa turma foi igual a
Desenvolvimento/2020 (A) 114.
Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em (B) 240.
partes proporcionais (C) 270.
Um servidor deve digitalizar 72.000 documentos de uma pági- (D) 450.
na cada. Os documentos a serem digitalizados devem ser distribuí- (E) 720.
dos em 3 máquinas digitalizadoras com velocidades de digitalização
diferentes. Para digitalizar a mesma quantidade de documentos, 46. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
uma das máquinas menos rápidas gasta o triplo do tempo da mais Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
rápida, enquanto a outra gasta seis vezes o tempo da máquina mais partes proporcionais
rápida. Um termômetro está graduado na escala X de temperaturas
Nessa situação, para que as três máquinas, funcionando simul- (graus X). Outro termômetro está graduado na escala Y (graus Y).
taneamente, demorem o mesmo tempo para digitalizar os 72.000 Eles foram usados para medir, simultaneamente, a temperatura da
documentos, devem ser colocados na máquina mais rápida água em um copo e do café em uma xícara. O p rimeiro marcou 1
(A) 8.000 documentos. 2 graus X para a á gua e 82 graus X para o café. O segundo marcou
(B) 16.000 documentos. 32 graus Y para a água e 46 graus Y para o café. Para esses termô-
(C) 24.000 documentos. metros, uma variação de 10 graus na escala X corresponde a que
(D) 32.000 documentos. variação, em graus, na escala Y?
(E) 48.000 documentos. (A) 31,6
(B) 50
44. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 (C) 14
Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em (D) 10
partes proporcionais (E) 2
Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (ABRELPE) indicam que a tarefa de acabar com 47. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
os lixões está se revelando árdua para os municípios. Das 64 mi- Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
lhões de toneladas de resíduos gerados em 2012, 24 milhões segui- partes proporcionais
ram para destinos inadequados, como lixões, e outras 6,2 milhões Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
de toneladas sequer foram coletadas. estabelece limites de tolerância para a presença de partes micros-
Disponível em: exame.abril.com.br. Acesso em: out. 2019 cópicas de matérias estranhas em alimentos e bebidas — materiais
(adaptado). que não fazem parte da composição do alimento —, mas que não
Se, no ano de 2012, os resíduos que seguiram para destinos podem ser totalmente eliminadas, mesmo com a adoção de boas
adequados tiverem sido transportados por caminhões de lixo du- práticas. Os limites máximos aceitáveis incluem, por exemplo, 60
rante 338 dias, e se cada caminhão transporta 5 toneladas, então, fragmentos de insetos a cada 25 gramas de café torrado. Os frag-
em média, quantos milhares de caminhões foram carregados com mentos de insetos permitidos excluem os de baratas, os de moscas
esses resíduos em cada um dos 338 dias? e os de formigas.
(A) 38 Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em:
(B) 20 out. 2019 (adaptado).
(C) 24 Suponha que técnicos da ANVISA vistoriem uma indústria sem-
(D) 14 pre que algum dos limites aceitáveis é ultrapassado. Nesse caso,
(E) 4 para que uma indústria cafeeira seja dispensada de vistoria por téc-
nicos da ANVISA, a quantidade máxima de fragmentos de insetos
em um quilograma de café deve ser igual a
(A) 1.500 fragmentos/kg.
(B) 2.400 fragmentos/kg.
(C) 25.000 fragmentos/kg.
(D) 35.000 fragmentos/kg.
(E) 60.000 fragmentos/kg.

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48. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 51. CEBRASPE (CESPE) - Aud (CAGE RS)/SEFAZ RS/2018
Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
partes proporcionais partes proporcionais
Semanalmente, uma loja vende, em média, 140 camisetas nas João, Pedro e Tiago, três investidores amadores, animados com
cores branca e preta. Quando as vendas começaram, para cada 2 a popularização das criptomoedas, investiram 12, 14 e 24 mil reais,
camisetas brancas vendidas, vendiam-se 5 camisetas pretas. Para respectivamente, em moeda virtual. Após uma semana do investi-
equilibrar os estoques, o gerente da loja propôs que os vendedo- mento, eles perceberam que o prejuízo acumulado, que era de 8
res tentassem vender mais camisetas brancas e menos camisetas mil reais, deveria ser dividido entre os três, em proporção direta
pretas, de modo que a proporção chegasse a 2 camisetas brancas aos valores investidos.
vendidas para cada 3 camisetas pretas vendidas. Nessa situação, em caso de desistência do investimento após a
Para atingir a proporção proposta pelo gerente, em relação às constatação do prejuízo, João, Pedro e Tiago receberão, respectiva-
quantidades inicialmente vendidas, os vendedores deverão vender mente, as quantias, em reais, de
(A) mais 16 unidades de camisetas brancas e menos 16 unida- (A) 9.340, 11.340 e 21.340.
des de camisetas pretas. (B) 10.080, 11.760 e 20.160.
(B) mais 30 unidades de camisetas brancas e menos 30 unida- (C) 11.920, 13.240 e 22.840.
des de camisetas pretas. (D) 2.660, 2.660 e 2.660.
(C) mais 37 unidades de camisetas brancas e menos 37 unida- (E) 1.920, 2.240 e 3.840.
des de camisetas pretas.
(D) mais 20 unidades de camisetas brancas e menos 28 unida- 52. CEBRASPE (CESPE) - Asst (IFF)/IFF/Alunos/2018
des de camisetas pretas. Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em
(E) mais 28 unidades de camisetas brancas e menos 20 unida- partes proporcionais
des de camisetas pretas. A quantia de R$ 360.000 deverá ser repassada às escolas A, B
e C para complemento da merenda escolar. A distribuição será em
49. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 partes diretamente proporcionais às quantidades de alunos de cada
Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em escola. Sabe-se que a escola A tem 20% a mais de alunos que a es-
partes proporcionais cola B e que a escola C tem 20% a menos de alunos que a escola B.
Uma mãe recebeu de um médico a orientação de que seu fi- Nesse caso, a escola A deverá receber
lho deve ingerir 750 mg de paracetamol a cada 8 horas. Em uma (A) R$ 140.000.
farmácia, ela comprou o medicamento em comprimidos, em cuja (B) R$ 144.000.
embalagem constavam as seguintes especificações: (C) R$ 168.000.
I cada comprimido contém 750 mg; (D) R$ 192.000.
II cada grama desse medicamento contém 250 mg de parace- (E) R$ 216.000.
tamol.
Para cumprir a orientação médica, quantos comprimidos a mãe 53. CEBRASPE (CESPE) - Sup C Qual (IBGE)/IBGE/2021
deverá administrar, a cada 8 horas, ao filho? Assunto: Regra de três simples
(A) 1 Um rei determinou a um sábio que estipulasse uma recom-
(B) 3 pensa por tê-lo vencido em uma partida de xadrez. O sábio, então,
(C) 4 respondeu:
(D) 5 — Majestade, eu desejo como recompensa a quantidade de
(E) 8 grãos de arroz que se obtém adotando-se o seguinte procedimento:
percorrendo o tabuleiro de xadrez de cima para baixo e da direita
50. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 para a esquerda, na primeira casa do tabuleiro, coloque 1 grão de
Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em arroz; na segunda casa, 2 grãos de arroz; na terceira, 4 grãos de ar-
partes proporcionais roz e assim por diante, de modo que, na n-ésima casa do tabuleiro,
Os amigos João, Mateus e Carlos realizaram um empreendi- devam ser colocados 2n-1 grãos de arroz.
mento, em sociedade, investindo os recursos financeiros de que Considerando-se que o tabuleiro de xadrez tenha 64 casas e
dispunham nos períodos de sua permanência no empreendimento, que 1 kg de arroz tenha 50.000 grãos de arroz — de modo que uma
conforme especificado no quadro a seguir. tonelada de arroz tenha 50 milhões de grãos de arroz —, é correto
Ao final de 12 meses, o empreendimento obteve um lucro de concluir que apenas para a 31.ª casa do tabuleiro de xadrez ele de-
R$ 60 mil, que foi dividido entre os sócios em quantias diretamente verá colocar
proporcionais às investidas por cada um e ao tempo em que cada (A) menos de 1 tonelada de arroz.
um permaneceu no negócio. Se o lucro de João, Mateus e Carlos (B) menos de 10 toneladas de arroz.
foi de R$ 18 mil, R$ 12 mil e R$ 30 mil, respectivamente, então a (C) mais de 20 toneladas de arroz.
constante de proporcionalidade da divisão do lucro do empreendi- (D) mais de 30 toneladas de arroz.
mento é igual a (E) mais de 40 toneladas de arroz.
(A) 0,05.
(B) 0,06.
(C) 0,3.
(D) 0,5.
(E) 0,6.
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54. CEBRASPE (CESPE) - Ag PM (IBGE)/IBGE/2021 57. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019
Assunto: Regra de três simples Assunto: Regra de três simples
Bianca precisou estimar a distância entre o ponto A — corres- Texto 1A10-II
pondente a um domicílio — e o ponto B — correspondente a um O relógio analógico de Audir danificou-se exatamente à zero
estabelecimento comercial — e, para isso, utilizou a seguinte es- hora (meia-noite) de certo dia, e o ponteiro dos minutos passou
tratégia: a girar no sentido anti-horário, mas com a mesma velocidade que
I ela caminhou do ponto A até o ponto B contando os passos e tinha antes do defeito. O ponteiro das horas permaneceu funcio-
contabilizou 1.280 passos entre esses dois pontos; nando normalmente, girando no sentido horário.
II em seguida, sabendo que a distância entre os pontos C e D A partir das informações do texto 1A10-II, assinale a opção que
era de 15 metros, ela caminhou do ponto C até o ponto D contando apresenta a quantidade de vezes que os ponteiros do relógio de
os passos e contabilizou 20 passos; Audir se sobrepuseram no intervalo de zero hora às 23 horas e 59
III por fim, ela utilizou uma regra de três simples para estimar minutos (marcado por um relógio sem defeito) do dia em que seu
a distância, em metros, entre os pontos A e B. Com base nessas relógio quebrou.
informações, considerando-se que Bianca tenha executado seus (A) 26
cálculos corretamente, a estimativa para a distância entre A e B por (B) 25
ela encontrada foi de (C) 24
(A) 15 metros. (D) 23
(B) 20 metros. (E) 22
(C) 300 metros.
(D) 960 metros. 58. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
(E) 1.280 metros. Assunto: Regra de três simples
Após percorrer uma distância de 400 km em seu automóvel,
55. CEBRASPE (CESPE) - Ag PT (IBGE)/IBGE/2021 João constatou que, nesse percurso, o consumo de gasolina foi de
Assunto: Regra de três simples 25 L. Considerando isso, João planejou realizar uma nova viagem
Texto 1A3-I no mesmo automóvel, na qual percorrerá 640 km de um trecho em
Aldo, produtor de uvas, dispõe de 10 trabalhadores para reali- que o combustível é vendido ao preço fixo de R$ 3,50.
zar a colheita do seu plantio. Na época adequada, para acelerar o Para realizar a viagem planejada, João gastará, em combustível,
processo de colheita, Aldo contratou mais 5 trabalhadores, que se (A) menos de R$ 86,00.
juntaram aos 10 já existentes. (B) mais de R$ 86,00 e menos de R$ 113,00.
Tendo como base o texto 1A3-I, suponha que com os 10 tra- (C) mais de R$ 113,00 e menos de R$ 139,00.
balhadores originais a colheita seria realizada em 6 dias e que os 5 (D) mais de R$ 139,00 e menos de R$ 180,00.
novos trabalhadores trabalham com a mesma eficiência dos 10 ori- (E) mais de R$ 180,00.
ginais. Nessa situação, com as novas contratações, a colheita será
realizada em 59. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
(A) 1 dia. Assunto: Regra de três simples
(B) 2 dias. A lei que estabelece o tempo máximo de 15 minutos de espera
(C) 3 dias. em fila de banco, em dias normais, foi aprovada em Porto Alegre –
(D) 4 dias. RS. Um levantamento feito em uma agência bancária mostrou que,
(E) 5 dias. com 5 caixas abertos durante todo o expediente, os tempos de es-
pera variavam, conforme o horário, de acordo com a tabela abaixo.
56. CEBRASPE (CESPE) - AuxJ (TJ PA)/TJ PA/Programador de
Computador/2020
Assunto: Regra de três simples
Determinado equipamento é capaz de digitalizar 1.800 páginas
em 4 dias, funcionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa situa-
ção, a quantidade de páginas que esse mesmo equipamento é ca-
paz de digitalizar em 3 dias, operando 4 horas e 30 minutos diários
para esse fim, é igual a
(A) 2.666. Depois de analisar esses dados, o gerente da agência bancária
(B) 2.160. onde foi realizado o levantamento teve de ajustar a quantidade de
(C) 1.215. caixas abertos em cada horário, de modo a garantir a aplicação da
(D) 1.500. referida lei.
(E) 1.161. Disponível em: https://economia.terra.com.br. Acesso em: 3
nov. 2018 (adaptado).
Para atender ao disposto na legislação, as quantidades de cai-
xas abertos nesse banco nos horários H1, H2 e H3 devem ser, res-
pectivamente, iguais a
(A) 4, 6 e 7.
(B) 4, 7 e 5.

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(C) 4, 7 e 6. 63. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019


(D) 4, 8 e 5. Assunto: Regra de três composta
(E) 4, 8 e 6. Em uma fábrica de doces, 10 empregados igualmente eficien-
tes, operando 3 máquinas igualmente produtivas, produzem, em 8
60. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 horas por dia, 200 ovos de Páscoa. A demanda da fábrica aumentou
Assunto: Regra de três simples para 425 ovos por dia. Em razão dessa demanda, a fábrica adquiriu
A régua, o barbante e o mapa mostrados a seguir foram utiliza- mais uma máquina, igual às antigas, e contratou mais 5 emprega-
dos por um estudante para fazer o seguinte procedimento a fim de dos, tão eficientes quanto os outros 10.
calcular o comprimento do Rio Amazonas: Nessa situação, para atender à nova demanda, os 15 emprega-
dos, operando as 4 máquinas, deverão trabalhar durante
1. cobriu com o barbante a linha do mapa que representa o Rio (A) 8 horas por dia.
Amazonas, desde a nascente até a foz; (B) 8 horas e 30 minutos por dia.
(C) 8 horas e 50 minutos por dia.
2. esticou o barbante; (D) 9 horas e 30 minutos por dia.
(E) 9 horas e 50 minutos por dia.
3. mediu com a régua o comprimento do barbante e obteve
14,8 cm; 64. CEBRASPE (CESPE) - Aux Adm (IFF)/IFF/2018
Assunto: Regra de três composta
4. verificou que o mapa foi construído na escala 17: 800 000 Se 4 servidores, igualmente eficientes, limpam 30 salas de aula
000. em exatamente 5 horas, então, 8 servidores, trabalhando com a
Disponível em: https://upload.wikimedia.org. Acesso em: 23 mesma eficiência dos primeiros, limparão 36 salas em exatamente
nov. 2018 (adaptado). (A) 7 horas.
Considerando-se a escala utilizada na construção do mapa e o (B) 6 horas.
comprimento do barbante, qual é o valor que mais se aproxima do (C) 5 horas.
comprimento do Rio Amazonas? (D) 4 horas.
(A) 31 000 km (E) 3 horas.
(B) 25 100 km
(C) 11 800 km 65. CEBRASPE (CESPE) - TTRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018
(D) 7 000 km Assunto: Regra de três composta
(E) 2 000 km Dois marceneiros e dois aprendizes, cada um trabalhando du-
rante quatro dias, seis horas por dia, constroem três cadeiras e uma
61. CEBRASPE (CESPE) - TTRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018 mesa. Os marceneiros trabalham com a mesma eficiência, mas a
Assunto: Regra de três simples eficiência dos aprendizes é igual a 75% da eficiência dos marcenei-
Os ponteiros de dois relógios foram ajustados em determina- ros. Para construir uma mesa, gasta-se 50% a mais de tempo que
do dia, às 12 h 0 min, de acordo com o horário oficial de Brasília. para construir uma cadeira.
Após esse ajuste, a cada dia, um dos relógios atrasava 2 minutos, e Nesse caso, para construírem doze cadeiras e duas mesas em
o outro adiantava 1,6 minuto, ambos em relação ao horário oficial. oito dias, dois marceneiros e quatro aprendizes com eficiências
Caso esses relógios não sejam reajustados, seus ponteiros voltarão iguais às daqueles citados anteriormente devem trabalhar
a marcar 12 h 0 min no mesmo instante em (A) 4,2 h/dia.
(A) 60 dias. (B) 6 h/dia.
(B) 400 dias. (C) 6,3 h/dia.
(C) 720 dias. (D) 7 h/dia.
(D) 900 dias. (E) 7,5 h/dia.
(E) 3.600 dias.
66. CEBRASPE (CESPE) - Tec Ge (CPRM)/CPRM/Hidrologia/2016
62. CEBRASPE (CESPE) - Tec Ge (CPRM)/CPRM/Hidrologia/2016 Assunto: Regra de três composta
Assunto: Regra de três simples Por 10 torneiras, todas de um mesmo tipo e com igual vazão,
Três caminhões de lixo que trabalham durante doze horas com fluem 600 L de água em 40 minutos. Assim, por 12 dessas torneiras,
a mesma produtividade recolhem o lixo de determinada cidade. todas do mesmo tipo e com a mesma vazão, em 50 minutos fluirão
Nesse caso, cinco desses caminhões, todos com a mesma produtivi- (A) 625 L de água.
dade, recolherão o lixo dessa cidade trabalhando durante (B) 576 L de água.
(A) 6 horas. (C) 400 L de água.
(B) 7 horas e 12 minutos. (D) 900 L de água.
(C) 7 horas e 20 minutos. (E) 750 L de água.
(D) 8 horas.
(E) 4 horas e 48 minutos.

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67. CEBRASPE (CESPE) - Sold (CBM TO)/CBM TO/2021 71. CEBRASPE (CESPE) - Tec Ge (CPRM)/CPRM/Hidrologia/2016
Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem- Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem-
po, etc) po, etc)
Em um sistema de controle de incêndios, a vazão de uma man- Texto para a próxima questão.
gueira é de 300 litros por minuto. Esse valor corresponde a A represa X, que abastece de água determinada cidade, tem
(A) 5 cm³/seg. capacidade para 480 milhões de metros cúbicos de água.
(B) 200 cm³/seg. A capacidade da represa X é de
(C) 5.000 cm³/seg. (A) 4.800 km³.
(D) 18.000 cm³/seg. (B) 0,48 km³.
(C) 4,8 km³.
68. CEBRASPE (CESPE) - Tec Jud (TJ PR)/TJ PR/2019 (D) 48 km³.
Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem- (E) 480 km³.
po, etc)
Conforme resolução do TJ/PR, os servidores do órgão devem 72. CEBRASPE (CESPE) - Tec Ge (CPRM)/CPRM/Hidrologia/2016
cumprir a jornada das 12 h às 19 h, salvo exceções devidamente Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem-
autorizadas. Em determinado dia, o servidor Ivo, devidamente au- po, etc)
torizado, saiu antes do final do expediente e, no dia seguinte, ao Texto para a próxima questão.
conferir seu extrato do ponto eletrônico, verificou que deveria re- A represa X, que abastece de água determinada cidade, tem
por 3,28 horas de trabalho por conta dessa saída antecipada. Nesse capacidade para 480 milhões de metros cúbicos de água.
caso, se, no dia em que saiu antes do final do expediente, Ivo havia Se, em determinado dia, a água contida na represa X repre-
iniciado sua jornada às 12 h, então, nesse dia, a sua saída ocorreu às sentava 35% de sua capacidade máxima, então, nesse dia, havia na
(A) 15 h 28 min. represa
(B) 15 h 32 min. (A) 168 milhões de litros de água.
(C) 15 h 43 min 12 s. (B) 312 milhões de litros de água.
(D) 15 h 44 min 52 s. (C) 384 mil litros de água.
(E) 15 h 57 min 52 s. (D) 312 mil litros de água.
(E) 168 bilhões de litros de água.
69. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019
Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem- 73. CEBRASPE (CESPE) - Esc Pol (PC PB)/PC PB/2022
po, etc) Assunto: Equações de primeiro grau
A área total da Amazônia é de cerca de 5.000.000 km². Os in- A empresa Vila Real comercializa três tipos de vinho: Real Pra-
cêndios lá ocorridos neste ano de 2019 queimaram o equivalente ta, Real Ouro e Real Premium. O preço de uma garrafa de Real Ouro
a 0,6% dessa área, segundo informações do Instituto Nacional de é igual ao dobro do preço de uma garrafa de Real Prata. Além disso,
Pesquisas Espaciais (INPE). Frequentemente, utiliza-se um campo uma garrafa de Real Ouro é também igual à metade do preço de
de futebol retangular para comparar áreas extensas, por estar pró- uma garrafa de Real Premium. No ano passado, essa empresa ven-
ximo da realidade das pessoas. deu mil garrafas de cada um dos três tipos de vinho, tendo obtido
Considerando-se que um campo de futebol retangular possui uma receita de 350 mil reais.
medidas de 75 m por 100 m, a referida área queimada pelos incên- A partir dessas informações, conclui-se que o preço de
dios equivale à área de quantos campos de futebol? (A) uma garrafa de vinho Real Prata é superior a R$ 62,00.
(A) 4 (B) três garrafas de vinho de tipos diferentes é superior a R$
(B) 4 mil 387,00.
(C) 2,5 mil (C) uma garrafa de vinho Real Ouro é inferior a R$ 93,00.
(D) 4 milhões (D) uma garrafa de vinho Real Premium é superior a R$ 187,00.
(E) 2,5 milhões (E) duas garrafas de vinho, sendo uma do Real Prata e outra de
Real Premium, é inferior a R$ 245,00.
70. CEBRASPE (CESPE) - Aud (CAGE RS)/SEFAZ RS/2018
Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem- 74. CEBRASPE (CESPE) - Per Of (PC PB)/PC PB/Criminal/Área
po, etc) Geral/2022
O preço do litro de determinado produto de limpeza é igual a Assunto: Equações de primeiro grau
R$ 0,32. Se um recipiente tem a forma de um paralelepípedo re- Na compra de dois coletes e três caixas de munições, um poli-
tângulo reto, medindo internamente 1,2 dam × 125 cm × 0,08 hm, cial pagou R$ 340; outro policial comprou três coletes e duas caixas
então o preço que se pagará para encher esse recipiente com o re- de munições por R$ 360. Considerando- se que os preços unitários
ferido produto de limpeza será igual a dos referidos produtos tenham sido os mesmos nas duas compras,
(A) R$ 3,84. é correto afirmar que um policial que compre um colete e uma caixa
(B) R$ 38,40. de munições pagará
(C) R$ 384,00. (A) R$ 60.
(D) R$ 3.840,00. (B) R$ 70.
(E) R$ 38.400,00. (C) R$ 80.
(D) R$ 140.
(E) R$ 700.
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75. CEBRASPE (CESPE) - Tec Per (PC PB)/PC PB/Área Geral/2022 78. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Programa-
Assunto: Equações de primeiro grau ção/2021
De um auditório com agentes da polícia civil saíram 42 mulhe- Assunto: Equações de primeiro grau
res e restaram agentes na razão de dois homens para cada mulher; Um mesmo trabalho pode ser realizado por João e Pedro em
depois, 50 homens saíram do local e restaram agentes na razão de 6 dias; por Pedro e José em 8 dias; ou por João e José em 12 dias.
três mulheres para cada homem. Nesse caso, o número de agentes Nesse caso, para fazer o trabalho sozinho, João levará
que havia inicialmente no auditório é igual a (A) 32 dias.
(A) 92. (B) 26 dias.
(B) 132. (C) 20 dias.
(C) 100. (D) 16 dias.
(D) 112. (E) 14 dias.
(E) 120.
79. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021
76. CEBRASPE (CESPE) - TJ TRT8/TRT 8/Administrativa/2022 Assunto: Equações de primeiro grau
Assunto: Equações de primeiro grau O número total de médicos, enfermeiros e técnicos de saúde
Os estudantes de determinado colégio foram todos convoca- trabalhando em determinado hospital é igual a 400. O número total
dos para o pátio central. Na chegada foram entregues três bandei- de médicos e enfermeiros supera o número de técnicos em 60, e o
ras para cada um dos meninos e cinco bandeiras para cada uma das triplo do número de médicos é igual ao número total de enfermei-
meninas e assim todas as bandeiras foram distribuídas. Em seguida, ros e de técnicos de enfermagem.
todas essas bandeiras foram recolhidas e verificouse que elas po- Nesse caso, o número de médicos trabalhando nesse hospital
deriam ser redistribuídas da seguinte maneira: duas bandeiras para é igual a
cada uma das meninas e quatro bandeiras para cada um dos meni- (A) 100.
nos. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. (B) 110.
(A) O número de meninas corresponde a 50% do total de es- (C) 120.
tudantes. (D) 130.
(E) 140.
(B) O número de meninos corresponde a 75% do total de es-
tudantes. 80. CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ PA)/TJ PA/Análise de Sistema/
(C) O número de meninos é igual a do número de meninas. Desenvolvimento/2020
Assunto: Equações de primeiro grau
Determinada empresa tem 70 atendentes, divididos em 3 equi-
(D) O número de meninas é igual a do número de meninos. pes de atendimento ao público que trabalham em 3 turnos: de 7 h
às 13 h, de 11 h às 17 h e de 14 h às 20 h, de modo que, nos horários
(E) O número de meninos é igual à metade do número de me- de maior movimento, existam duas equipes em atendimento.
ninas. Se a quantidade de atendentes trabalhando às 12 h for igual a
42 e se a quantidade de atendentes trabalhando às 15 h for igual a
77. CEBRASPE (CESPE) - Sold (PM TO)/PM TO/QPE/2021 40, então a quantidade de atendentes que começam a trabalhar às
Assunto: Equações de primeiro grau 7 h será igual a
Em um distrito policial, estão lotados 30 agentes para policia- (A) 12.
mento ostensivo. Acerca do tempo de serviço desses agentes como (B) 24.
policiais, sabe-se que (C) 28.
I 6 deles têm mais de 5 anos de serviço; (D) 30.
II 12 deles têm entre 2 e 10 anos de serviço; (E) 42.
III 16 deles têm menos de 2 anos de serviço.
Considere que Pedro e Paulo sejam policiais no distrito policial 81. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019
do texto 1A6-II e que Pedro tenha começado a trabalhar na policia 6 Assunto: Equações de primeiro grau
anos antes de Paulo. Considerando-se que, daqui a 1 ano, o tempo Um grupo de 256 auditores fiscais, entre eles Antônio, saiu de
de serviço de Pedro será o dobro do tempo de serviço de Paulo, determinado órgão para realizar trabalhos individuais em campo.
então o tempo de serviço de Paulo hoje é igual a Após cumprirem suas obrigações, todos os auditores fiscais retor-
(A) 2 anos. naram ao órgão, em momentos distintos. A quantidade de audito-
(B) 3 anos. res que chegaram antes de Antônio foi igual a um quarto da quanti-
(C) 4 anos. dade de auditores que chegaram depois dele.
(D) 5 anos. Nessa situação hipotética, Antônio foi o
(E) 6 anos. (A) 46.º auditor a retornar ao órgão.
(B) 50.º auditor a retornar ao órgão.
(C) 51.º auditor a retornar ao órgão.
(D) 52.º auditor a retornar ao órgão.
(E) 64.º auditor a retornar ao órgão.

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82. CEBRASPE (CESPE) - Tec Jud (TJ PR)/TJ PR/2019 (C) R$ 75.000,00
Assunto: Equações de primeiro grau (D) R$ 90.000,00
Um grupo de técnicos do TJ/PR é composto por estudantes (E) R$ 100.000,00
universitários: a metade dos estudantes cursa administração; um
quarto deles cursa direito; e o restante, em número de quatro, faz 86. CEBRASPE (CESPE) - TTRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018
o curso de contabilidade. Nesse caso, a quantidade de estudantes Assunto: Equações de primeiro grau
desse grupo é igual a Maria fez compras em três lojas. Em cada uma das lojas em que
(A) 12. ela entrou, a compra feita foi paga, sem haver troco, com a quarta
(B) 16. parte da quantia que ela tinha na bolsa ao entrar na loja. Ao sair da
(C) 20. terceira loja, Maria tinha R$ 270 na bolsa.
(D) 24. Nesse caso, é correto afirmar que, ao entrar na primeira loja,
(E) 32. Maria tinha na bolsa
(A) R$ 810.
83. CEBRASPE (CESPE) - Tec Jud (TJ PR)/TJ PR/2019 (B) R$ 1.080.
Assunto: Equações de primeiro grau (C) R$ 2.430.
Na assembleia legislativa de um estado da Federação, há 50 (D) R$ 7.290.
parlamentares, entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputadas e 10% dos 87. CEBRASPE (CESPE) - TTRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2018
deputados, perfazendo-se um total de 7 parlamentares presentes Assunto: Equações de primeiro grau
à sessão. Um casal tem 4 filhos: Fábio, Dirceu, Alberto e Aldo. Fábio é o
Infere-se da situação apresentada que, nessa assembleia legis- mais velho. Dirceu é 4 anos mais novo que Fábio. Alberto e Aldo são
lativa, havia gêmeos e nasceram 4 anos depois de Dirceu. Todos fazem aniversá-
(A) 10 deputadas. rio no mês de junho. Em 2020, depois dos aniversários, a soma das
(B) 14 deputadas. idades dos filhos será 40 anos.
(C) 15 deputadas. Nesse caso, a respeito das idades desses filhos, assinale a op-
(D) 20 deputadas. ção correta.
(E) 25 deputadas. (A) Fábio nasceu em 2005.
(B) Em julho de 2020, a soma das idades de Fábio e Dirceu será
84. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 superior a 30 anos.
Assunto: Equações de primeiro grau (C) Em junho de 2018, Alberto e Aldo completaram 7 anos de
Trabalhando sozinho, Pedro produz camisetas personalizadas idade.
ao custo fixo de R$ 10,00 cada peça. Quando a demanda aumenta, (D) Dirceu nasceu em 2010.
ele contrata ajudantes, o que eleva o custo de cada peça em R$ (E) Alberto e Aldo nasceram antes de 2012
5,00 para cada ajudante contratado. Um empresário encomendou
a Pedro a confecção de 1.000 camisetas com o logotipo da empresa 88. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2018
para seus empregados, prometendo pagar R$ 100.000,00 pela en- Assunto: Equações de primeiro grau
comenda, com todas as despesas incluídas. A seguir são apresentados dados fictícios referentes aos públi-
Dessa forma, se Pedro desejar obter R$ 50.000,00 de lucro com cos nos cinemas de uma grande cidade brasileira nos anos de 2012,
essa encomenda, a quantidade de ajudantes que ele poderá con- 2014 e 2016.
tratar será igual a • Em 2016, verificou-se uma queda de público de 5 milhões de
(A) 3. pessoas em relação ao público verificado nos anos de 2012 e 2014
(B) 6. conjuntamente.
(C) 8. • A soma do triplo do público verificado em 2014 com o dobro
(D) 10. do público verificado em 2016 corresponde a oito vezes o público
(E) 18. verificado em 2012.
• Em 2016, o público foi superior a 10 milhões.
85. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2019 Com base nessas informações, julgue os itens 134 e 135 e assi-
Assunto: Equações de primeiro grau nale a opção correta no item 136, que é do tipo C.
Pedro quer comprar dois veículos para a sua empresa: um de Se, em 2014, o público nos cinemas da referida cidade brasilei-
carga e outro de passageiros. Ele pesquisou dois modelos e o preço ra tiver superado em 5 milhões aquele verificado em 2012, então,
à vista do veículo de carga é o triplo do preço à vista do de pas- em 2016, o público nos cinemas dessa cidade ficou
sageiros. Dando de entrada R$ 5.000,00 e R$ 10.000,00, respecti- (A) abaixo de 24 milhões.
vamente, para a compra do veículo de carga e de passageiros, a (B) acima de 25 milhões e abaixo de 26 milhões.
quantia que deverá financiar para a compra do veículo de carga é (C) acima de 27 milhões e abaixo de 28 milhões.
igual a cinco vezes a quantia necessária para a compra do veículo (D) acima de 29 milhões.
de passageiros.
Qual é a soma dos preços à vista dos veículos que Pedro quer
comprar?
(A) R$ 15.000,00
(B) R$ 30.000,00
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89. CEBRASPE (CESPE) - PNS (Pref SL)/Pref SL/Matemática/2017 (D) 1,25.


Assunto: Equações de primeiro grau (E) 1,80.
Na cidade de São Luís, em 2015, havia 142 mil alunos matri-
culados no ensino fundamental, distribuídos nas escolas estaduais 92. CEBRASPE (CESPE) - Prof (SEED PR)/SEED PR/Matemáti-
(EE), municipais (EM) e particulares (EP). A diferença entre o núme- ca/2021
ro de matriculados nas EM e o número de matriculados nas EP era Assunto: Números complexos
igual à metade do número de matriculados nas EE. Além disso, o
Considere o número complexo em que i é a uni-
número de matriculados nas EP adicionado ao número de matricu-
lados nas EE excedia o número de matriculados nas EM em 14 mil. dade imaginária tal que i² = − 1. Caso esse número complexo
Nessa situação, em 2015, o número de alunos do ensino funda- tenha a parte imaginária igual a zero, então o
mental matriculados nas EE de São Luís era valor de x é igual a
(A) superior a 25 mil e inferior a 40 mil. (A) – 7.
(B) superior a 40 mil e inferior a 55 mil. (B) – 1.
(C) superior a 55 mil. (C) 14.
(D) inferior a 10 mil. (D) 4.
(E) superior a 10 mil e inferior a 25 mil. (E) 13.
90. CEBRASPE (CESPE) - AGPP I (Pref SP)/Pref SP/Gestão Admi- 93. CEBRASPE (CESPE) - Asst (IFF)/IFF/Alunos/2018
nistrativa/2016 Assunto: Números complexos
Assunto: Equações de primeiro grau Se i é a unidade imaginária complexa, isto é, i é tal que
Texto V
Na cidade de São Paulo, se for constatada reforma irregular em i2 = − 1, então o valor absoluto no número complexo
imóvel avaliado em P reais, o proprietário será multado em valor é igual a
igual a k% de P × t, expresso em reais, em que t é o tempo, em (A) 3.
meses, decorrido desde a constatação da irregularidade até a re- (B) 4.
paração dessa irregularidade. A constante k é válida para todas as (C) 5.
reformas irregulares de imóveis da capital paulista e é determinada (D) 6.
por autoridade competente. (E) 7.
Se, de acordo com as informações do texto V, for aplicada mul-
ta de R$ 900,00 em razão de reforma irregular em imóvel localizado 94. CEBRASPE (CESPE) - PEBTT (IFF)/IFF/Matemática/2018
na capital paulista e avaliado em R$ 150.000,00, cuja irregularidade Assunto: Números complexos
foi reparada em um mês, então a multa a ser aplicada em razão de Considere os seguintes números complexos:
reforma irregular em imóvel localizado na capital paulista e avaliado
em R$ 180.000,00, cuja irregularidade também foi reparada em um
mês, será de
(A) R$ 1.080,00.
(B) R$ 1.350,00.
(C) R$ 1.500,00.
(D) R$ 1.620,00.
A respeito de u, v e w, assinale a opção correta.
(E) R$ 1.800,00.
(A) Nenhum deles é um número real.
(B) Apenas u e v são números reais.
91. CEBRASPE (CESPE) - AGPP I (Pref SP)/Pref SP/Gestão Admi-
(C) Apenas u e w são números reais.
nistrativa/2016
(D) Apenas v e w são números reais.
Assunto: Equações de primeiro grau
(E) Todos eles são números reais.
Texto V
Na cidade de São Paulo, se for constatada reforma irregular em
95. CEBRASPE (CESPE) - PNS (Pref SL)/Pref SL/Matemática/2017
imóvel avaliado em P reais, o proprietário será multado em valor
Assunto: Números complexos
igual a k% de P × t, expresso em reais, em que t é o tempo, em
Texto 11A3AAA
meses, decorrido desde a constatação da irregularidade até a re-
Considere os números complexos z = 1 + 5i e w = 5 + i e suas
paração dessa irregularidade. A constante k é válida para todas as
representações geométricas em um sistema de coordenadas carte-
reformas irregulares de imóveis da capital paulista e é determinada
sianas ortogonais xOy.
por autoridade competente.
Considerando-se o texto 11A3AAA, o polígono cujos vértices
De acordo com as informações do texto V, se foi de R$ 12.000,00
são os afixos dos números complexos z, w e z + w é um triângulo
o valor da multa aplicada em razão de reforma irregular em imóvel
(A) isósceles, e um dos seus ângulos mede mais de 90° e menos
localizado na capital paulista e avaliado em R$ 1.500.000,00, cuja ir-
de 180°.
regularidade tenha demorado dois meses para ser reparada, então
(B) isósceles e retângulo.
a constante k determinada pela autoridade competente foi igual a
(C) escaleno e retângulo.
(A) 0,40.
(D) equilátero.
(B) 0,75.
(E) isósceles, e todos os seus ângulos medem menos de 90°.
(C) 0,80.
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QUESTÕES - MATEMÁTICA

96. CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2017 (D) 14,4%.


Assunto: Números complexos (E) 10,03%.
A figura acima mostra um alvo para o jogo de dardos formado
por um quadrado, de lado 80 cm, contendo cinco círculos concêntri- 99.(CEBRASPE (CESPE) - 2022 - Técnico em Atividades Adminis-
cos, de raios iguais a 2 cm, 10 cm, 15 cm, 20 cm e 25 cm. Na figura, trativas (MP TCE-SC)
foi inserido um sistema de coordenadas cartesianas ortogonais xOy, Dada uma equipe de dez servidores, entre eles Alberto e Bru-
com a origem no centro do quadrado. A forma de pontuar implicou na, W é o conjunto de todas as listas que podem ser formadas com
na divisão do quadrado em seis regiões disjuntas, tal que as pontu- exatamente três servidores.
ações são atribuídas de acordo com a tabela a seguir. A pontuação A partir das informações anteriores, e sabendo que, nessa hi-
atribuída em uma jogada, que consiste no arremesso de 3 dardos, pótese, A é o conjunto de todas as listas em que consta o nome de
é a soma da pontuação obtida com o arremesso de cada dardo. A Alberto e B, o conjunto daquelas em que consta o nome de Bruna,
probabilidade de o dardo acertar determinada região do quadrado julgue o item que se segue.
é diretamente proporcional à área dessa região. O conjunto de listas que não apresentam os nomes de Alberto
pontos região atingida pelo dardo nem de Bruna pode ser corretamente representado por W−A∩B
( ) CERTO
100 x² + y² ≤ 4 ( ) ERRADO
60 4 < x² + y² ≤ 100
100.(CEBRASPE (CESPE) - 2022 - Técnico em Atividades Admi-
50 100 < x² + y² ≤ 225
nistrativas (MP TCE-SC)
20 225 < x² + y² ≤ 400 Dada uma equipe de dez servidores, entre eles Alberto e Bru-
10 400 < x² + y² ≤ 625 na, W é o conjunto de todas as listas que podem ser formadas com
exatamente três servidores.
0 x² + y² > 625 A partir das informações anteriores, e sabendo que, nessa hi-
Tendo como referência essas informações e considerando que pótese, A é o conjunto de todas as listas em que consta o nome de
todo dardo lançado sempre atingirá algum ponto do quadrado, as- Alberto e B, o conjunto daquelas em que consta o nome de Bruna,
sinale a opção correta. julgue o item que se segue.
Considere que, no sistema de coordenadas ortogonais xOy,
cada ponto (x, y) do plano cartesiano seja identificado pelo número O conjunto de listas que apresentam apenas um dos nomes
complexo z = x + iy, em que i² = -1. Alberto ou Bruna pode ser corretamente representado por (A−B)
Nesse caso, se, em uma jogada, os dardos acertaram U (B−A)
os pontos , então a pon- ( ) CERTO
( ) ERRADO
tuação obtida foi igual a
(A) 220. 101.(CEBRASPE (CESPE) - 2022 - Especialista Técnico (BNB)
(B) 180. O gerente de determinado banco classifica as demandas do
(C) 160. banco por soluções de TI ainda não atendidas, do seguinte modo: o
(D) 120. conjunto Dn coleciona todas as demandas não atendidas que preci-
sarão de até n analistas para o atendimento, em que n > 0.
97. CEBRASPE (CESPE) - Ana (APEX)/ApexBrasil/Processos Con- Considerando a situação hipotética apresentada, e denotando
tábeis/2022 por #(X) o número de elementos do conjunto X, julgue o item a
Assunto: Conceitos iniciais: definição de capital, montante, taxa seguir.
e desconto. Sejam D1 e D2 conjuntos não vazios, com quantidades distintas
Para uma aplicação prefixada, de único resgate e sujeita a juros de elementos, D1 – D2 é um conjunto vazio.
compostos, o valor dos juros será ( ) CERTO
(A) igual ao valor do resgate menos o valor da aplicação. ( ) ERRADO
(B) igual ao valor da aplicação, deduzido o valor do resgate.
(C) igual à taxa de juros multiplicada pelo prazo da operação. 102.(CEBRASPE (CESPE) - 2022 - Especialista Técnico (BNB)
(D) igual à taxa de juros multiplicada pelo prazo da operação e O gerente de determinado banco classifica as demandas do
somada ao valor do resgate. banco por soluções de TI ainda não atendidas, do seguinte modo: o
conjunto Dn coleciona todas as demandas não atendidas que preci-
98. CEBRASPE (CESPE) - TDP (DPE RO)/DPE RO/Técnico em Con- sarão de até n analistas para o atendimento, em que n > 0.
tabilidade/2022 Considerando a situação hipotética apresentada, e denotando
Assunto: Juros simples por #(X) o número de elementos do conjunto X, julgue o item a
Uma pessoa fez um investimento de R$ 2.500 em uma aplica- seguir.
ção financeira remunerada a juros simples. Após 18 meses, o valor
resgatado foi de R$ 2.860. Se D4 e D5 forem conjuntos não vazios e tiverem quantidades
A taxa de juros anual desse investimento foi de distintas de elementos, então #(D5 U D4) = #(D4).
(A) 9,0%. ( ) CERTO
(B) 9,38%. ( ) ERRADO
(C) 9,6%.
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QUESTÕES - MATEMÁTICA

103.(CEBRASPE (CESPE) - 2022 - Especialista Técnico (BNB)


O gerente de determinado banco classifica as demandas do banco por soluções de TI ainda não atendidas, do seguinte modo: o con-
junto Dn coleciona todas as demandas não atendidas que precisarão de até n analistas para o atendimento, em que n > 0.
Considerando a situação hipotética apresentada, e denotando por #(X) o número de elementos do conjunto X, julgue o item a seguir.
D6 ∩ D7 = D6.
( ) CERTO
( ) ERRADO

104.(CEBRASPE (CESPE) - 2021 - Agente de Polícia Federal (e mais 2 concursos)


Considere os seguintes conjuntos:
P= {todos os policiais federais em efetivo exercício no país}
P1 = {policiais federais em efetivo exercício no país e que têm até 1 ano de experiência no exercício do cargo}
P2 = {policiais federais em efetivo exercício no país e que têm até 2 anos de experiência no exercício do cargo}
P3 = {policiais federais em efetivo exercício no país e que têm até 3 anos de experiência no exercício do cargo}
e, assim, sucessivamente.
Com base nessas informações, julgue o item que se seguem.
O conjunto P é igual à união infinita dos conjuntos P1, P2, P3, ...
( ) CERTO
( ) ERRADO

105.(CEBRASPE (CESPE) - 2021 - Agente de Polícia Federal (e mais 2 concursos)


Considere os seguintes conjuntos:
P= {todos os policiais federais em efetivo exercício no país}
P1 = {policiais federais em efetivo exercício no país e que têm até 1 ano de experiência no exercício do cargo}
P2 = {policiais federais em efetivo exercício no país e que têm até 2 anos de experiência no exercício do cargo}

P3 = {policiais federais em efetivo exercício no país e que têm até 3 anos de experiência no exercício do cargo}
e, assim, sucessivamente.
Com base nessas informações, julgue o item que se seguem.
P2 é subconjunto de P1.
( ) CERTO
( ) ERRADO

106.(CEBRASPE (CESPE) - 2019 - Auditor de Controle Interno (COGE CE)


Texto CB1A5-I
Segundo o portal cearatransparente.ce.gov.br, em 2018, dos 184 municípios do estado do Ceará, 4 celebraram exatamente 1 convênio
com o governo estadual, 22 celebraram exatamente 2 convênios com o governo estadual, e 156 celebraram 3 ou mais convênios com o
governo estadual.
De acordo com o texto CB1A5-I, se, para cada j=0,1,2,...,nj
indicar a quantidade de municípios cearenses que celebraram, pelo menos, j convênios com o governo estadual, então n1 será igual a
(A) 2.
(B) 18.
(C) 134.
(D) 178.
(E) 182.

107.(CEBRASPE (CESPE) - 2018 - Auxiliar em Administração (IFF)


Em uma consulta a 600 estudantes de uma escola acerca da preferência deles entre teatro ou cinema, apenas 50 deles não gostam
de cinema nem de teatro. Entre os demais, 370 gostam de teatro e 420 gostam de cinema. Nesse caso, a quantidade desses estudantes
que gostam de teatro e cinema é igual a
(A) 50.
(B) 130.
(C) 180.
(D) 240.
(E) 370.

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108.( CEBRASPE (CESPE) - 2017 - Analista Judiciário (TRF 1ª Re- 111. CEBRASPE (CESPE) - PROF (JOINVILLE)/PREF JOINVIL-
gião) LE/MATEMÁTICA/2022
Em uma reunião de colegiado, após a aprovação de uma ma- Assunto: Matemática - Progressão aritmética
téria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 contra, um dos Suponha que uma progressão aritmética e uma progressão ge-
11 presentes fez a seguinte afirmação: “Basta um de nós mudar de ométrica têm os primeiros termos iguais a 12 e suas razões, respec-
ideia e a decisão será totalmente modificada.” tivamente, r e q são números inteiros positivos. Se os sétimos ter-
Considerando a situação apresentada e a proposição corres- mos de ambas as progressões são também iguais então podemos
pondente à afirmação feita, julgue o item. concluir que o número r será
(A) um número par apenas quando q for um número ímpar.
Se A for o conjunto dos presentes que votaram a favor e B for o (B) um número ímpar independente se o valor de q for par ou
conjunto dos presentes que votaram contra, então o conjunto dife- ímpar.
rença A\B terá exatamente um elemento. (C) um número par independente se o valor de q for par ou
( ) CERTO ímpar.
( ) ERRADO (D) um número ímpar apenas quando q for um número ímpar.
(E) um número par apenas quando q for um número par.
109. CEBRASPE (CESPE) - AIS (EMPREL)/EMPREL/BANCO DE
DADOS/2023 112 CEBRASPE (CESPE) - AG PM (IBGE)/IBGE/2021
Assunto: Matemática - Progressão aritmética Assunto: Matemática - Progressão aritmética
Considere-se que, em dado instante, um dispositivo eletrôni- No desenvolvimento de uma pesquisa, Carlos, agente de pes-
co comece a disparar pulsos luminosos pelo seguinte padrão: no quisas e mapeamento, durante 20 dias consecutivos, visitou diver-
primeiro segundo, dispara uma vez; no segundo seguinte, dispara sos domicílios distintos, de acordo com o seguinte esquema:
duas vezes; no terceiro segundo, três vezes; e, assim sucessivamen- ● no primeiro dia da pesquisa, Carlos visitou 12 domicílios dis-
te, até que se complete um minuto, quando, então, o dispositivo se tintos;
danifica e não emite mais pulsos. Nessa situação, o número total de ● do segundo ao sétimo dia da pesquisa, Carlos visitou 9 domi-
pulsos luminosos emitidos é igual a cílios distintos por dia;
(A) 60. ● do oitavo ao vigésimo dia da pesquisa, Carlos visitou 8 domi-
(B) 1.800. cílios distintos por dia.
(C) 1.830. Com base nessas informações, julgue os itens seguintes.
(D) 3.600. I Para 1 ≤ n ≤ 20, denotando-se por dn a quantidade de domicí-
(E) 3.660. lios visitados por Carlos no n-ésimo dia da pesquisa, tem-se que {d1,
d2, ..., d20} é uma progressão aritmética.
110. CEBRASPE (CESPE) - PROF (PREF MARINGÁ)/PREF MA- II Para 1 ≤ n ≤ 20, denotando-se por tn a quantidade total de
RINGÁ/2022 domicílios visitados por Carlos desde o primeiro até o n-ésimo dia
Assunto: Matemática - Progressão aritmética da pesquisa, tem-se que {t1, t2,
Treze professores de matemática estão planejando uma festa ..., t20} é uma progressão aritmética.
para comemorar o aniversário de inauguração da escola em que III No âmbito da pesquisa realizada, durante os 20 dias de sua
trabalham. Para comprar os itens necessários à festa, cada um deles duração, Carlos visitou 170 domicílios distintos.
irá pagar um valor que está diretamente relacionado à sua idade. Assinale a opção correta.
Eles combinaram que o professor mais velho pagará menos, o mais (A) Apenas o item III está certo.
novo irá pagar mais e os valores a serem pagos deveriam estar em (B) Apenas os itens I e II estão certos.
progressão aritmética. Todos os professores têm idades diferentes, (C) Apenas os itens I e III estão certos.
o segundo professor mais novo pagou R$ 220,00 e o professor que (D) Apenas os itens II e III estão certos.
tem a idade do meio pagou R$ 199,00. Na situação hipotética pre- (E) Todos os itens estão certos.
cedente, o valor total arrecadado foi igual a
(A) R$ 2.723,50. 113. CEBRASPE (CESPE) - AG PM (IBGE)/IBGE/2021
(B) R$ 1.495,00. Assunto: Matemática - Progressão aritmética
(C) R$ 2.587,00. Durante uma coleta de dados, foi observado o seguinte com-
(D) R$ 2.632,50. portamento:
(E) R$ 2.626,00. ● no dia em que foram iniciadas as observações, cada um dos
20 agentes de pesquisas e mapeamento envolvidos na coleta visi-
tou 10 domicílios distintos;
● no primeiro dia subsequente ao início das observações, ape-
nas 19 agentes participaram da coleta, mas, em compensação, cada
um deles visitou 11 domicílios distintos;
● no segundo dia subsequente ao início das observações, ape-
nas 18 agentes participaram da coleta, mas, em compensação, cada
um deles visitou 12 domicílios distintos;
● esse padrão foi mantido durante os 10 dias subsequentes
ao início das observações, ou seja, para 1 ≤ n ≤ 10, no n-ésimo dia
subsequente ao início das observações, a quantidade de agentes
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envolvidos na coleta caiu para (20 − n), mas, em compensação, cada 117. CEBRASPE (CESPE) - FDA (ADAPAR)/ADAPAR/MÉDICO
agente remanescente conseguiu visitar (10 + n) domicílios distintos VETERINÁRIO/2021
nesse dia. Assunto: Matemática - Progressão aritmética
Com base nessas informações, julgue os itens seguintes. Determinada galinha poedeira produz, em média, 286 ovos ao
I No âmbito dessa coleta de dados, a quantidade de domicílios longo de 52 semanas. Com relação a esse período, sabe-se que, na
distintos visitados pelos agentes no dia em que foram iniciadas as primeira semana, essa galinha produz, em média, um ovo por dia,
observações foi igual à quantidade de domicílios distintos visitados e que a produção de ovos reduz linearmente, com decrescimento
no décimo dia subsequente ao início das observações. constante, ao longo das semanas.
II A quantidade máxima de domicílios distintos visitados em Nessa situação hipotética, a quantidade média de ovos que
um único dia foi atingida no quinto dia subsequente ao início das essa galinha produz na última das 52 semanas é igual a
observações. (A) 1.
III No âmbito dessa coleta de dados, para 1 ≤ n ≤ 10, denotan- (B) 2.
do-se por dn a quantidade de domicílios visitados pelos agentes no (C) 3.
n-ésimo dia subsequente ao início das observações, tem-se que {d1, (D) 4.
d2, ..., d10} é uma progressão aritmética. (E) 5.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo. 118. CEBRASPE (CESPE) - AG PT (IBGE)/IBGE/2021
(B) Apenas os itens I e II estão certos. Assunto: Matemática - Progressão aritmética
(C) Apenas os itens I e III estão certos. Texto 1A3-II
(D) Apenas os itens II e III estão certos. Em 2001, a produção anual de batatas da fazenda Alfa foi de 60
(E) Todos os itens estão certos. toneladas. Nos anos seguintes, essa produção anual aumentou em
progressão aritmética de razão igual a 4 toneladas.
114. CEBRASPE (CESPE) - SOLD (CBM TO)/CBM TO/2021 A partir das informações do texto 1A3-II, conclui-se que a pro-
Assunto: Matemática - Progressão aritmética dução anual de batatas da fazenda Alfa foi igual ao dobro da produ-
Na primeira semana de uma estação seca, o corpo de bombei- ção de 2001 no ano de
ros usou 3 horas do primeiro dia para o combate a incêndios. Na- (A) 2002.
quela semana, a quantidade diária de horas usadas para o combate (B) 2006.
a incêndios aumentou em progressão aritmética com razão igual a (C) 2010.
20 minutos. (D) 2012.
Nessa situação, a quantidade de tempo usada para o combate (E) 2016.
a incêndios nos 7 dias daquela semana foi
(A) 4 horas e 40 minutos. 119. CEBRASPE (CESPE) - AG PT (IBGE)/IBGE/2021
(B) 5 horas. Assunto: Matemática - Progressão aritmética
(C) 25 horas e 20 minutos. Texto 1A3-II
(D) 28 horas. Em 2001, a produção anual de batatas da fazenda Alfa foi de 60
toneladas. Nos anos seguintes, essa produção anual aumentou em
115. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/MATE- progressão aritmética de razão igual a 4 toneladas.
MÁTICA/2021 Ainda a partir das informações do texto 1A3-II, conclui-se que
Assunto: Matemática - Progressão aritmética a produção total de batatas da fazenda Alfa, colhida desde o ano de
Suponha que cinco números estejam em progressão aritméti- 2001 até o ano de 2020, foi igual a
ca, sendo o menor deles igual a 4 e o maior igual a 16. Nesse caso, (A) 136 toneladas.
a soma desses números é igual a (B) 240 toneladas.
(A) 20. (C) 1.200 toneladas.
(B) 30. (D) 1.960 toneladas.
(C) 40. (E) 4.800 toneladas.
(D) 60.
(E) 50. 120. CEBRASPE (CESPE) - TEC JUD (TJ PR)/TJ PR/2019
Assunto: Matemática - Progressão aritmética
116. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES O protocolo de determinado tribunal associa, a cada dia, a or-
INICIAIS/2021 dem de chegada dos processos aos termos de uma progressão arit-
Assunto: Matemática - Progressão aritmética mética de razão 2: a cada dia, o primeiro processo que chega recebe
A sequência 11, 19, 27, A, B, C, ... segue um padrão, sendo A, B o número 3, o segundo, o número 5, e assim sucessivamente. Se,
e C números naturais. em determinado dia, o último processo que chegou ao protocolo
Nessa situação, caso o padrão se mantenha por toda a sequên- recebeu o número 69, então, nesse dia, foram protocolados
cia, o resultado da soma A + B + C será (A) 23 processos.
(A) 98. (B) 33 processos.
(B) 105. (C) 34 processos.
(C) 129. (D) 66 processos.
(D) 136. (E) 67 processos.
(E) 141.
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121. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNB)/UNB/REGULAR/2022 124. CEBRASPE (CESPE) - CAD (CBM TO)/CBM TO/2021
Assunto: Matemática - Progressão geométrica Assunto: Matemática - Progressão geométrica
Uma empresa de jogos online na Internet disponibiliza, em sua Um grupo de resgate precisou fazer uma trilha de 3 dias com-
plataforma, 5.000 jogos para usuários de todos os países da Amé- pletos para chegar ao local de destino. Em virtude do cansaço acu-
rica do Sul. Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção mulado, a cada dia o grupo caminhou 20% menos da distância ca-
correta. minhada no dia anterior. Se o grupo nunca parasse de caminhar,
Considere que, em determinado dia, em relação à quantidade considerando-se que caminhasse a uma taxa de 20% a menos que
Q de usuários online às 7 horas da manhã, o número de usuários na no dia anterior, ele caminharia um total de 100 km.
plataforma tenha aumentado, a cada hora, em progressão geomé- Considerando-se essas informações, é correto afirmar que, ao
trica de razão 3/2. Nessa situação, às 9 horas da manhã, a quantida- final do 3.º dia, eles caminharam
de de usuários foi superior à quantidade inicial Q em (A) 48,8 km.
(A) 225%. (B) 20 km.
(B) 125%. (C) 72,8 km.
(C) 50%. (D) 51,2 km.
(D) 25%.
125. CEBRASPE (CESPE) - TEC ADM (COREN CE)/COREN
122. CEBRASPE (CESPE) - AG CRIM (POLITEC RO)/POLITEC CE/2021
RO/2022 Assunto: Matemática - Progressão geométrica
Assunto: Matemática - Progressão geométrica Assinale a opção que apresenta o número que, posicionado en-
Considerando que a quantidade média de veículos que passa tre 1 e 2, forma com eles uma progressão geométrica.
por determinado cruzamento é medida de segunda-feira a sexta- (A) 4/3
-feira, durante o primeiro minuto dos seguintes horários: 4 h, 5 h, 6 (B) √2
h, 7 h, 8 h e 9 h da manhã; e que essa quantidade é dada por Q(n) = (C) 3/2
a(n) + b(n), n = 4,5,6,7,8,9, em que a(n) é uma progressão aritmética (D) √3
de razão 8, e b(n) é uma progressão geométrica de razão 3, então,
se a(5) = 28 e b(5) = 6, a quantidade média de veículos que passa 126. CEBRASPE (CESPE) - AJ (TJ PA)/TJ PA/ANÁLISE DE SISTE-
pelo referido cruzamento no primeiro minuto das 7 h da manhã é MA/DESENVOLVIMENTO/2020
igual a Assunto: Matemática - Progressão geométrica
(A) 34. No dia 1.º de janeiro de 2019, uma nova secretaria foi criada
(B) 98. em certo tribunal, a fim de receber todos os processos a serem pro-
(C) 306. tocolados nessa instituição. Durante o mês de janeiro de 2019, 10
(D) 1.526. processos foram protocolados nessa secretaria; a partir de então, a
(E) 1.804. quantidade mensal de processos protocolados na secretaria duran-
te esse ano formou uma progressão geométrica de razão igual a 2.
123. CEBRASPE (CESPE) - AG PM (IBGE)/IBGE/2021 Nessa situação hipotética, a quantidade de processos protoco-
Assunto: Matemática - Progressão geométrica lados nessa secretaria durante os meses de junho e julho de 2019
Um organismo vivo tem a capacidade de reproduzir-se dividin- foi igual a
do-se em dois outros organismos semelhantes a ele. A cada segun- (A) 320.
do, cada novo organismo gerado amadurece e se reproduz, geran- (B) 480.
do dois outros organismos. Em certo experimento, em um instante (C) 640.
inicial, um desses organismos foi isolado e passou-se a contabilizar (D) 960.
a população pn dos organismos gerados a partir daquele que foi iso- (E) 1.270.
lado, decorridos exatamente n segundos desde o instante inicial.
Nessa situação, supondo-se que no decorrer dos 10 primeiros 127. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019
segundos do experimento nenhum dos organismos pereceu, tem- Assunto: Matemática - Progressão geométrica
-se que O seguinte gráfico mostra a porcentagem de idosos — pessoas
(A) p10 < 400. com 60 anos de idade ou mais — em relação à população brasileira
(B) 400 ≤ p10 < 600. em três diferentes anos, conforme dados do Censo realizado pelo
(C) 600 ≤ p10 < 800. IBGE em 2010.
(D) 800 ≤ p10 < 1.000.
(E) 1.000 ≤ p10.

Editora
201
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

Suponha que, em 2010, a população brasileira de idosos fosse de 23,1 milhões de indivíduos e que os números correspondentes à
população brasileira total em 1960, 2000 e 2010 estivessem em progressão geométrica de razão 1,7. Nessa situação, o número que mais
se aproxima do total da população brasileira em 1960 é
(A) 40 milhões.
(B) 54 milhões.
(C) 61 milhões.
(D) 72 milhões.
(E) 89 milhões.

128. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019


Assunto: Matemática - Progressão geométrica
Um casal de coelhos, considerado a primeira geração de uma família (a 1 = 2), se reproduziu rapidamente. Na segunda geração, a famí-
lia aumentou para 6 coelhos (a 2 = 6); na terceira, para 12 (a 3 = 12); na quarta, para 20 (a 4 = 20); e assim sucessivamente.
Nessas condições, se não houver mortes nessa família, haverá 30 e 42 coelhos na quinta e na sexta gerações respectivamente, porque
a sequência
(A) a 1, a 2, a 3, a 4, ... forma uma progressão aritmética.
(B) a 1, a 2, a3, a 4, ... forma uma progressão geométrica.
(C) a 2 – a1, a 3 – a 2, a 4 – a 3, ... forma uma progressão geométrica de razão 2.
(D) a 2 – a 1, a3 – a 2, a 4 – a 3, a 4 – a 3, ... forma uma progressão aritmética de razão 2.
(E) a 2 – a 1, a3 – a 2, a 4 – a 3, a 4 – a 3, ... forma uma progressão aritmética de razão 4.

129. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/MATEMÁTICA/2021


Assunto: Matemática - Teorema de Tales
Considere as retas f, g, h, p e q a seguir.
f: y = 4x + 1
g: y = 4x – 2
h: y = 4x
p: y = –3x + 6
q: y = –4x + 1

No próximo gráfico, A é o ponto de interseção da reta q com a reta f; B é o ponto de interseção da reta p com a reta f; C é o ponto de
interseção da reta q com a reta h; D é o ponto de interseção da reta p com a reta h; E é o ponto de interseção da reta q com a reta g; e F é
o ponto de interseção da reta p com a reta g.
A distância aproximada de B até D é de 45/100 metros; a de D até F é de 9/10 metros; e a de C até E é de 103/100 metros.

Editora
202
202
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QUESTÕES - MATEMÁTICA

Com base nas informações anteriores, assinale a opção que contém o valor correspondente à distância de A até C.
(A) 206/81 metros
(B) 103/50 metros
(C) 50/103 metros
(D) 81/206 metros
(E) 103/200 metros

130. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019


Assunto: Matemática - Teorema de Tales
Mário e Renan têm 8 anos de idade e possuem carros elétricos infantis que podem dirigir nas cercanias de suas casas, no condomínio
onde moram. O circuito que
podem utilizar enquanto dirigem esses carros está mostrado no croqui a seguir. Renan e Mário podem sair de suas casas por qualquer
um dos trechos das ruas que as circundam. As setas indicam a direção obrigatória a ser respeitada pelos garotos em cada um dos trechos
das nove ruas do traçado. As ruas E, F, G, H e I são paralelas entre si, e as ruas B e C são transversais a essas paralelas, mas não são paralelas
entre si.

A partir das informações apresentadas, assinale a opção correta, considerando que, no croqui, as ruas e seus trechos são segmentos
de retas com a mesma unidade de medida.
(A) É possível que Renan saia de sua casa pela rua I, vire à sua esquerda na rua C, depois vire à sua esquerda na rua E e, assim, chegue
à casa de Mário.
(B) É possível que Mário saia de sua casa pela rua A, vire à sua esquerda na rua G, vire à sua direita na rua B, depois vire à sua esquerda
na rua H e, assim, chegue à casa de Renan.
(C) É possível que Renan saia de sua casa pela rua H, vire à sua esquerda na rua D e encontre Mário nesta rua, caso este tenha saído
de sua casa pela rua F, vire à sua esquerda na rua A, vire à sua esquerda na rua G e prossiga até o cruzamento com a rua D.
(D) Se Renan contornar o quarteirão composto pelas ruas C, H, B e I e Mário contornar o quarteirão formado pelas ruas B, F, C e E,
então a razão entre os segmentos das ruas paralelas percorridas por Renan será igual à razão entre os segmentos das ruas paralelas
percorridas por Mário.
(E) Se Mário sair de sua casa pela rua B, virar à sua esquerda na rua I, virar à sua esquerda na rua C e prosseguir até o cruzamento com
a rua E, então ele percorrerá um trajeto no qual os segmentos dos trechos em que as ruas paralelas E, F, G, H e I dividem a rua B são
proporcionais aos segmentos correspondentes da rua C.

131. CEBRASPE (CESPE) - OF (CBM RO)/CBM RO/ENGENHEIRO CIVIL/COMPLEMENTAR/2022


Assunto: Matemática - Definição, medida, congruência, classificação dos ângulos
O ângulo de 1 radiano equivale, em graus, a um ângulo
(A) menor que 15°.
(B) maior ou igual a 60°.
(C) maior ou igual a 15° e menor que 30°.
(D) maior ou igual a 30° e menor que 45°.
(E) maior ou igual a 45° e menor que 60°.

132. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/MATEMÁTICA/2021


Assunto: Matemática - Definição, medida, congruência, classificação dos ângulos
Assinale a opção que apresenta dois ângulos complementares.
(A) 120° e 60°
(B) 40° e 50°
(C) 75° e 25°
(D) 200° e 160°
(E) 80° e 40°

Editora
203
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

133. CEBRASPE (CESPE) - OF (CBM RO)/CBM RO/ENGENHEIRO CIVIL/COMPLEMENTAR/2022


Assunto: Matemática - Congruência e semelhança de triângulos. Razão de semelhança
Para cortar uma árvore de 20 m de altura em determinado parque, duas cordas foram amarradas na árvore em um ponto P, situado
a 16 m acima do solo, e a outros dois pontos A e B no solo, situados respectivamente a 12 m e 30 m do ponto O. Este, por sua vez, estava
situado no solo exatamente abaixo do ponto P, conforme representado na figura a seguir. O terreno em questão é plano, o caule da árvore
está posicionado de forma perpendicular ao terreno e a árvore será cortada rente ao solo.

Considere que, para evitar um provável rompimento da corda que unia o ponto P ao ponto B, uma terceira corda tenha sido amarrada
na árvore a 12 m de altura do solo e esticada até um ponto C no solo. Nessa situação, se essa nova corda tivesse ficado paralela à corda
que estava unindo os pontos P e B, então, o ponto C localizar-se-ia sobre o segmento OB
(A) a 4 m do ponto O.
(B) a 4 m do ponto B.
(C) a 18 m do ponto O.
(D) a 7,5 m do ponto O.
(E) a 7,5 m do ponto B.

134. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019


Assunto: Matemática - Congruência e semelhança de triângulos. Razão de semelhança
O Monumento ao Empresário, ilustrado na figura I a seguir, localiza-se na cidade do Porto, em Portugal, e possui características geo-
métricas marcantes. Suponha
que, inspirado nesse monumento, um projetista tenha idealizado uma pequena escultura decorativa nas dimensões apresentadas na
figura II a seguir para o triângulo retângulo ABC e para o retângulo sombreado. A escultura não vai reproduzir integralmente as cerâmicas
do monumento, mas terá uma placa retangular colada no local sombreado.

V
Disponível em: https://pt.wikipedia.org. Acesso em: dez. 2016 (adaptado).

Editora
204
204
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

Considerando-se as dimensões informadas, o lado menor da placa retangular da escultura decorativa medirá
(A) 1 cm.
(B) 1,2 cm.
(C) 1,5 cm.
(D) 2 cm.
(E) 3 cm.

135. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019


Assunto: Matemática - Soma dos ângulos internos do triângulo
A fim de medir a temperatura, a umidade, a pressão, a velocidade e a direção dos ventos na atmosfera superior, uma equipe de pesqui-
sas utilizou um balão meteorológico. Depois de algumas horas, os pesquisadores Pedro e Rafael, distantes 4 km um do outro, avistaram o
balão. Pedro avistou o balão segundo um ângulo de elevação de 30°, e Rafael avistou o balão segundo um ângulo de elevação de 60°. Am-
bos estimaram que o balão, naquele instante, estava a uma altura entre 1,5 km e 2 km. Para essa conclusão, eles usaram as informações de
que dispunham naquele instante e seus conhecimentos de geometria, de modo a representar a situação em que cada um deles estivesse
posicionado em um dos vértices da base de um triângulo e o balão meteorológico estivesse no vértice oposto, conforme a figura a seguir.

Para estimar a altura do balão, os pesquisadores utilizaram, na representação da situação, um triângulo


(A) retângulo, porque o conhecimento da base e dos ângulos de elevação permite calcular a altura.
(B) retângulo, porque o conhecimento dos ângulos de elevação é suficiente para o cálculo da altura.
(C) equilátero, porque o conhecimento do comprimento da base é suficiente para o cálculo da altura.
(D) equilátero, uma vez que a altura pode ser calculada por ser proporcional ao comprimento dos lados.
(E) retângulo e isósceles, uma vez que a altura pode ser calculada por ser proporcional ao comprimento dos catetos.

136. CEBRASPE (CESPE) - OF (CBM RO)/CBM RO/ENGENHEIRO CIVIL/COMPLEMENTAR/2022


Assunto: Matemática - Área e Perímetro do triângulo
Para cortar uma árvore de 20 m de altura em determinado parque, duas cordas foram amarradas na árvore em um ponto P, situado
a 16 m acima do solo, e a outros dois pontos A e B no solo, situados respectivamente a 12 m e 30 m do ponto O. Este, por sua vez, estava
situado no solo exatamente abaixo do ponto P, conforme representado na figura a seguir. O terreno em questão é plano, o caule da árvore
está posicionado de forma perpendicular ao terreno e a árvore será cortada rente ao solo.

Sejam respectivamente, os ângulos nos vértices O e P dos triângulos AOB e APB. Considere a ≤ π/2 e π = 3, 14
A respeito dos ângulos e as áreas dos triângulos AOB e APB, é correto afirmar que
(A) α = θ e a área do triângulo AOB é igual à área do triângulo APB.
(B) α > θ e a área do triângulo AOB é menor do que a área do triângulo APB.
(C) α > θ e a área do triângulo AOB é maior do que a área do triângulo APB.
(D) α < θ e a área do triângulo AOB é menor do que a área do triângulo APB.
(E) α < θ e a área do triângulo AOB é maior do que a área do triângulo APB.
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205
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QUESTÕES - MATEMÁTICA

137. CEBRASPE (CESPE) - AG PT (IBGE)/IBGE/2021 Nesse caso hipotético, considerando-se que o ponto A e a base
Assunto: Matemática - Área e Perímetro do triângulo do edifício estão na mesma altura, formando um triângulo retângu-
lo em ambas as configurações da escada, conforme a figura, con-
clui-se que o comprimento da escada entre os pontos A e C será de
(A) 20√2 metros.
(B) 20√2(√3 − 1) metros.
(C) 20√2(√3 + 1)metros.
(D) 40 metros.

139. CEBRASPE (CESPE) - SOLD (CBM TO)/CBM TO/2021


Assunto: Matemática - Cálculo de seno e cosseno no triângulo
retângulo

Na figura anterior, sabendo-se que a área do triângulo ABC in-


depende do tamanho do lado do quadrado que contém o ponto C,
conclui-se que a área desse triângulo é igual a
7
(A)
8
3
(B)
4
2 A inclinação de determinada rampa que tem ângulo de eleva-
(C) ção α menor do que 30º foi aumentada em 2º, conforme ilustrado
3 na figura precedente. Com base nessas informações, com relação
1 ao valor do cosseno do novo ângulo de inclinação da rampa β = α +
(D) 2º, é correto afirmar que
2 (A) o cosseno diminuirá.
1 (B) o cosseno aumentará.
(E) (C) o cosseno permanecerá inalterado.
4 (D) o cosseno de β será inferior ao seno de α.
138. CEBRASPE (CESPE) - CAD (CBM TO)/CBM TO/2023
Assunto: Matemática - Cálculo de seno e cosseno no triângulo 140. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/MATE-
retângulo MÁTICA/2021
Uma escada de incêndio extensível tem uma de suas extremi- Assunto: Matemática - Cálculo de seno e cosseno no triângulo
dades encostada ao chão, no ponto A, formando um ângulo de 30 retângulo
graus em relação ao solo, e a outra extremidade encostada a um A figura a seguir mostra um triângulo retângulo ABC, com hi-
edifício, no ponto B. Para alcançar o ponto C, que está no mesmo potenusa de 12 cm, ângulo reto no vértice B e ângulo de 60° n o
edifício, a 20 metros do solo, um bombeiro mudou a extensão da vértice A. O segmento BD é perpendicular a AC, e o segmento DE é
escada, de forma que esta passou a formar um ângulo 45 graus perpendicular a AB.
maior que aquele formado na configuração anterior.

Nesse triângulo retângulo, a medida do segmento BE, em cen-


tímetros, corresponde a
(A) 6.
(B) 4.
(C) 4,5 √3.

(D)

(E) 4,5.
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206
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

141. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019 143. CEBRASPE (CESPE) - OF (CBM RO)/CBM RO/ENGENHEI-
Assunto: Matemática - Cálculo de seno e cosseno no triângulo RO CIVIL/COMPLEMENTAR/2022
retângulo Assunto: Matemática - Relações métricas no triângulo retângu-
Para construir uma rampa de acesso a uma garagem, foi feito lo (Inclui Teorema de Pitágoras)
um projeto conforme a figura a seguir. Para cortar uma árvore de 20 m de altura em determinado
parque, duas cordas foram amarradas na árvore em um ponto P,
situado a 16 m acima do solo, e a outros dois pontos A e B no solo,
situados respectivamente a 12 m e 30 m do ponto O. Este, por sua
vez, estava situado no solo exatamente abaixo do ponto P, confor-
me representado na figura a seguir. O terreno em questão é plano,
o caule da árvore está posicionado de forma perpendicular ao ter-
reno e a árvore será cortada rente ao solo.

No projeto, a rampa é a hipotenusa AB do triângulo retângulo


ABC. A altura da rampa, representada pelo cateto BC, deverá medir
2 m. A distância AC, representada pelo outro cateto do triângulo,
deverá ser tal que a inclinação da rampa, dada pelo ângulo θ no
vértice A, não seja superior a 30º.

Nessa situação, sabendo-se que tan 30∘ = , o do cateto


AC, em metros, deverá ser tal que

(A)

(B)
Sejam α e θ, respectivamente, os ângulos nos vértices O e P dos
triângulos AOB e APB. Considere a ≤ π/2 e π = 3, 14
(C) O valor da soma da distância entre os pontos P e A com a dis-
tância entre os pontos P e B é
(A) inferior a 25 m.
(D) (B) superior a 25 m e inferior a 35 m.
(C) superior a 35 m e inferior a 45 m.
(D) superior a 55 m.
(E) (E) superior a 45 m e inferior a 55 m.
142. CEBRASPE (CESPE) - SOLD (CBM TO)/CBM TO/2023 144. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/MATE-
Assunto: Matemática - Relações métricas no triângulo retângu- MÁTICA/2021
lo (Inclui Teorema de Pitágoras) Assunto: Matemática - Relações métricas no triângulo retângu-
Uma corda presa na extremidade superior de um edifício está lo (Inclui Teorema de Pitágoras)
sendo usada para treinamento de rapel de novos bombeiros. Assinale a opção que apresenta medidas que os lados de um
A corda é 4 m mais longa que a altura do edifício. Quando a cor- triângulo retângulo podem ter.
da é totalmente esticada a partir de um ponto fixo no solo distante (A) 4 m, 4 m e 8 m
8√2 m do edifício na horizontal, ela forma um triângulo retângulo (B) 6 m, 8 m e 12 m
com o solo e o edifício. (C) 8 m, 6 m e 10 m
Nessa situação hipotética, a altura do edifício é igual a (D) 3 m, 4 m e 6 m
(A) . (E) 5 m, 7 m e 9 m

(B) .

(C) .

(D) 14 m.

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207
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

145. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019 147. CEBRASPE (CESPE) - AFRE (SEFAZ RS)/SEFAZ RS/2019
Assunto: Matemática - Relações métricas no triângulo retângu- Assunto: Matemática - Quadriláteros (propriedades, área, perí-
lo (Inclui Teorema de Pitágoras) metro, soma dos ângulos etc)
Para determinado equipamento eletrônico, os técnicos de uma Os quadrados A, B e C foram colocados lado a lado, de modo
empresa produziram um chip na forma de uma placa retangular, que uma reta contém os três vértices superiores, como mostra a
cujas dimensões deveriam atender à restrição de que o perímetro figura a seguir.
do triângulo determinado pelos lados e pela diagonal do retângulo
que modela o chip medisse 2 cm. Nas condições estabelecidas, qual
é a equação algébrica que relaciona o valor da área, H, da placa do
chip e o valor de sua diagonal, Z?
(A) H = 2(1 − Z)
(B) H = 2(2 − Z)
(C) H = 2 − Z
(D) H = 2 − Z2
(E) H = 2 + Z2

146. CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES


INICIAIS/2021
Assunto: Matemática - Quadriláteros (propriedades, área, perí- Se a área do quadrado A for 24 cm 2, e a área do quadrado C for
metro, soma dos ângulos etc) 6 cm 2, então a área do quadrado B será igual a
Um terreno quadrado de lado a foi dividido conforme ilustrado (A) 9 cm 2.
na figura a seguir. Na divisão, a área total do terreno foi dividida (B) 10 cm 2.
em lotes, ficando o lote IV com a forma de um quadrado de lado b. (C) 12 cm 2.
(D) 15 cm 2.
(E) 18 cm 2.

148. CEBRASPE (CESPE) - TEC JUD (TJ PR)/TJ PR/2019


Assunto: Matemática - Quadriláteros (propriedades, área, perí-
metro, soma dos ângulos etc)
O carpinteiro José cortou um retângulo de madeira medindo 80
cm de comprimento por 60 cm de largura. Ele precisa cortar outro
retângulo, com a mesma área do primeiro, mas com comprimento
um quarto maior que o daquele outro.
Desse modo, em relação à largura do primeiro retângulo, a lar-
gura do segundo deverá
(A) diminuir um terço.
(B) diminuir um quinto.
Com base nas informações e na figura apresentadas, assinale a (C) aumentar três vezes.
opção que mostra a expressão que representa a soma das áreas dos (D) aumentar um quinze avos.
lotes II e III indicados na figura. (E) aumentar trinta e seis quinze avos.
(A) a2 – b2
(B) 2 •( a • b – b2) 149. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019
(C) 2a2 – 2a • b Assunto: Matemática - Quadriláteros (propriedades, área, perí-
(D) a2 – 2a • b + b2 metro, soma dos ângulos etc)
(E) a2 + a • b + b2 Um terreno retangular tem 8 m de largura e perímetro igual ao
de um quadrado de 16 m de lado. Com a finalidade de utilizar parte
desse terreno para o plantio de hortaliças, dividiu-se o terreno em
dois retângulos, um deles medindo 8 m × X m e o outro medindo 8
m × Y m, conforme representado na figura a seguir.

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208
208
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QUESTÕES - MATEMÁTICA

Qual dos gráficos a seguir expressa a função Y em termos de X? 150. CEBRASPE (CESPE) - VEST (UNCISAL)/UNCISAL/2019
Assunto: Matemática - Quadriláteros (propriedades, área, perí-
metro, soma dos ângulos etc)
Um cliente encomendou a uma metalúrgica chapas de metal
retangulares, com dimensões de 75 cm × 195 cm. Depois de per-
furadas conforme mostra o esquema a seguir, as chapas deveriam
pesar, no máximo, 11,5 kg, de modo a garantir facilidade na reutili-
zação do resíduo resultante dos cortes necessário para se fazer os
furos. O metalúrgico propôs, então, trabalhar com placas cujo peso
(A) do metro quadrado, antes de perfuradas, fosse igual a 12 kg.

(B)

A proposta do metalúrgico está de acordo com as exigências


do cliente, porque o peso de cada placa, depois de perfurada, será
(A) menor que 3,9 kg.
(B) maior que 4 kg e menor que 4,9 kg.
(C) maior que 8 kg e menor que 8,7 kg.
(D) maior que 10 kg e menor que 10,4 kg.
(C) (E) maior que 11 kg e menor que 11,2 kg.

GABARITO

1 A
2 C
(D)
3 B
4 C
5 C
6 B
7 C
8 E
(E)
9 E
10 C
11 C
12 C
13 C
14 B
15 C
16 E
17 A
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209
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

18 D 57 A
19 A 58 D
20 E 59 E
21 C 60 D
22 C 61 E
23 B 62 B
24 A 63 B
25 C 64 E
26 B 65 D
27 A 66 D
28 C 67 C
29 D 68 C
30 E 69 D
31 C 70 E
32 C 71 B
33 C 72 E
34 A 73 D
35 C 74 D
36 C 75 B
37 A 76 B
38 E 77 D
39 B 78 D
40 C 79 A
41 E 80 D
42 D 81 D
43 E 82 B
44 B 83 D
45 B 84 C
46 E 85 D
47 B 86 E
48 A 87 A
49 C 88 D
50 A 89 A
51 B 90 A
52 B 91 A
53 C 92 C
54 D 93 C
55 D 94 E
56 C 95 E
Editora
210
210
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

96 C 135 A
97 A 136 B
98 C 137 D
99 ERRADO 138 B
100 CERTO 139 A
101 CERTO 140 E
102 ERRADO 141 E
103 CERTO 142 D
104 CERTO 143 E
105 ERRADO 144 C
106 E 145 A
107 D 146 B
108 ERRADO 147 C
109 C 148 B
110 C 149 A
111 C 150 E
112 A
ANOTAÇÕES
113 B
114 D ______________________________________________________
115 E
______________________________________________________
116 C
______________________________________________________
117 D
118 E ______________________________________________________

119 D ______________________________________________________
120 C ______________________________________________________
121 B
______________________________________________________
122 B
______________________________________________________
123 E
124 A ______________________________________________________

125 B ______________________________________________________
126 D ______________________________________________________
127 D
______________________________________________________
128 D
______________________________________________________
129 E
______________________________________________________
130 E
131 E ______________________________________________________
132 B ______________________________________________________
133 E
______________________________________________________
134 C
______________________________________________________
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211
a solução para o seu concurso!
QUESTÕES - MATEMÁTICA

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