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CÓD: OP-108ST-21

7908403511679

GHC-RS
GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Técnico de Enfermagem (Saúde do Trabalhador)


CONCURSO PÚBLICO Nº 03/2021
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

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Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e compreensão de textos: Assunto. Estruturação do texto. Ideias principais e secundárias. Relação entre as ideias.Efeitos de
sentido. Recursos de argumentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Figuras de linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. Informações implícitas: pressupostos e subentendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4. Coesão e coerência textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Léxico: Significação de palavras e expressões no texto. Substituição de palavras e de expressões no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Estrutura e formação de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
7. Ortografia: emprego de letras e acentuação gráfica sistema oficial vigente (inclusive o Acordo Ortográfico vigente, conforme Decreto
7.875/12). Relações entre fonemas e grafias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Aspectos linguísticos: Relações morfossintáticas. Flexões e emprego de classes gramaticais. Vozes verbais e sua conversão. . . . . 18
9. Coordenação e subordinação: emprego das conjunções, das locuções conjuntivas e dos pronomes relativos . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
10. Concordância nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
11. Regência nominal e verbal (inclusive emprego do acento indicativo de crase). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
12. Pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Informática
1. CONHECIMENTOS DO SISTEMA OPERACIONAL MICROSOFT WINDOWS XP: (1) Área de Trabalho (Exibir, Classificar, Atualizar, Resolução
da tela, Gadgets) e Menu Iniciar (Documentos, Imagens, Computador, Painel de Controle, Dispositivos e Impressoras, programa Pa-
drão, Ajuda e Suporte, Desligar, Todos os programas, Pesquisar programa e Arquivos e Ponto de Partida): saber trabalhar, exibir, alter-
ar, organizar, classificar, ver as propriedades, identificar, usar e configurar, utilizando menus rápidos ou suspensos, painéis, listas, caixa
de pesquisa, menus, ícones, janelas, teclado e/ou mouse; (2) Propriedades da Barra de Tarefas, do Menu Iniciar e do Gerenciador de
Tarefas: saber trabalhar, exibir, alterar, organizar, identificar, usar, fechar programa e configurar, utilizando as partes da janela (botões,
painéis, listas, caixa de pesquisa, caixas de marcação, menus, ícones e etc.), teclado e/ou mouse; (3) Janelas (navegação no Windows
e o trabalho com arquivos, pastas e bibliotecas), Painel de Controle e Lixeira: saber exibir, alterar, organizar, identificar, usar e con-
figurar ambientes, componentes da janela, menus, barras de ferramentas e ícones; usar as funcionalidades das janelas, programa e
aplicativos utilizando as partes da janela (botões, painéis, listas, caixa de pesquisa, caixas de marcação, menus, ícones e etc.), teclado
e/ou mouse; (4) Bibliotecas, Arquivos, Pastas, Ícones e Atalhos: realizar ações e operações sobre bibliotecas, arquivos, pastas, ícones
e atalhos: localizar, copiar, mover, criar, criar atalhos, criptografar, ocultar, excluir, recortar, colar, renomear, abrir, abrir com, editar,
enviar para, propriedades e etc.; e (5) Nomes válidos: identificar e utilizar nomes válidos para bibliotecas, arquivos, pastas, ícones e
atalhos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT WORD 2010: (1) Ambiente e Componentes do Programa: saber identificar, car-
acterizar, usar, alterar, configurar e personalizar o ambiente, componentes da janela, funcionalidades, menus, ícones, barra de ferra-
mentas, guias, grupos e botões, incluindo número de páginas e palavras, erros de revisão, idioma, modos de exibição do documento
e zoom; (2) Documentos: abrir, fechar, criar, excluir, visualizar, formatar, alterar, salvar, configurar documentos, utilizado as barras de
ferramentas, menus, ícones, botões, guias e grupos da Faixa de Opções, teclado e/ou mouse; (3) Barra de Ferramentas: identificar e
utilizar os botões e ícones das barras de ferramentas das guias e grupos Início, Inserir, Layout da Página, Referências, Correspondên-
cias, Revisão e Exibição, para formatar, personalizar, configurar, alterar e reconhecer a formatação de textos e documentos; e (4)
Ajuda: saber usar a Ajuda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT EXCEL 2010: (1) Ambiente e Componentes do Programa: saber identificar, car-
acterizar, usar, alterar, configurar e personalizar o ambiente, componentes da janela, funcionalidades, menus, ícones, barra de ferra-
mentas, guias, grupos e botões; (2) Elementos: definir e identificar célula, planilha e pasta; saber selecionar e reconhecer a seleção de
células, planilhas e pastas; (3) Planilhas e Pastas: abrir, fechar, criar, visualizar, formatar, salvar, alterar, excluir, renomear, personalizar,
configurar planilhas e pastas, utilizar fórmulas e funções, utilizar as barra de ferramentas, menus, ícones, botões, guias e grupos da
Faixa de Opções, teclado e/ou mouse; (4) Barra de Ferramentas: identificar e utilizar os ícones e botões das barras de ferramentas das
guias e grupos Início, Inserir, Layout da Página, Fórmulas, Dados, Revisão e Exibição, para formatar, alterar, selecionar células, configu-
rar, reconhecer a formatação de textos e documentos e reconhecer a seleção de células; (5) Fórmulas: saber o significado e resultado
de fórmulas; e (6) Ajuda: saber usar a Ajuda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. GOOGLE CHROME VERSÃO ATUALIZADA: (1) Ambiente e Componentes do Programa: identificar o ambiente, características e com-
ponentes da janela principal; (2) Funcionalidades: identificar e saber usar todas as funcionalidades do Google Chrome. 5. MOZZILLA
FIREFOX VERSÃO ATUALIZADA: (1) Ambiente e Componentes do Programa: identificar o ambiente, características e componentes da
janela principal; (2) Funcionalidades: identificar e saber usar todas as funcionalidades do Mozilla Firefox. 6. INTERNET EXPLORER 11:
(1) identificar o ambiente, características e componentes da janela principal do Internet Explorer; (2) identificar e usar as funcionali-
dades da barra de ferramentas e de status; (3) identificar e usar as funcionalidades dos menus; (4) identificar e usar as funcionalidades
das barras de Menus, Favoritos, Botões do Modo de Exibição de Compatibilidade, Barra de Comandos, Barra de Status; e (5) utilizar
teclas de atalho para qualquer operação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
ÍNDICE
Políticas Públicas de Saúde
1. Política Nacional de Atenção Básica aprovada pelo Ministério da Saúde do Brasil. Diretrizes e Normas para a Atenção Básica para a
Estratégia Saúde da Família e o Programa Agentes Comunitários de Saúde. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS número 2.436
de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estatuto do Idoso. BRASIL. Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003. Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras providências. . . . . 22
3. Pacto pela Saúde 2006 e consolidação do SUS. BRASIL. Portaria n° 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o pacto pela saúde
2006 - consolidação do SUS e aprova as diretrizes operacionais do referido pacto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4. Estatuto da Criança e do Adolescente. BRASIL. Lei no 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília,
1991. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5. Constituição Federal: Artigos 196, 197, 198, 199 e 200. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6. Organização do Sistema Único de Saúde - SUS, planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. BRASIL.
DECRETO Nº 7.508, DE 28 de Junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização
do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providên-
cias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7. Lei Orgânica da Saúde e condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 e suas alterações posteriores. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. . . 108
8. Participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e as transferências intergovernamentais de recursos finan-
ceiros na área da saúde. Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providên-
cias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

Conhecimentos Específicos - Parte 1


Técnico de Enfermagem (Saúde do Trabalhador)
1. Atendimento a múltiplas vítimas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Prevenção do trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Biomecânica do trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Avaliação e atendimento inicial às emergências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Suporte Básico de Vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
6. Trauma torácico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. Alterações Circulatórias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Trauma abdominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9. Trauma Cranioencefálico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
10. Trauma raquimedular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
11. Trauma Musculoesquelético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
12. Trauma Térmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
13. Trauma na Criança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
14. Trauma no Idoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
15. Triagem, transporte, materiais e equipamentos para sala de emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
16. Queimaduras - tratamento e condutas de enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
17. Síndrome de Abstinência do álcool condutas de enfermagem. Alterações metabólicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
18. Psiquiatria e condutas do enfermagem/abordagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
19. Administração de drogas em urgência e emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
20. ECG – alterações básicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
21. Desfibrilação Automática Externa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
22. Acidentes com animais peçonhentos - suporte básico de vida/ suporte avançado de vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
23. Cuidados e procedimentos gerais desenvolvidos pelo profissional Técnico de Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
24. O que são DSTs, sintomas, modos de transmissão. AIDS: Sintomas e fases da doença, tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
25. Hepatites: vacinas disponíveis, sintomas da doença. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
26. Câncer do colo de útero e mamas: Prevenção, detecção precoce, tratamento fornecido pela equipe de saúde, sintomas da
doença. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
27. Lavagem das mãos e suas implicações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
28. Responsabilidade ética e profissional em Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
29. Cuidados de enfermagem com movimentação, deambulação, aplicação de medicamentos, higiene e conforto de pacientes acama-
dos, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
30. Preparo de doentes para cirurgias, enfermagem no centro cirúrgico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
31. Relacionar vacinas às doenças, seu armazenamento, calendário e vias de administração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
ÍNDICE
32. Realização de curativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
33. Vias de administração de medicamentos, verificação de sinais vitais, registro no prontuário, cálculo de diluição de medicações, trans-
formação de grandezas matemáticas (miligramas, mililitros, gotas, horas, minutos) e suas combinações no preparo e administração
de medicações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
34. Classificação de risco nos serviços de urgência e emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
35. Doenças de notificação compulsória em território nacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
36. Termos utilizados em enfermagem e seus conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
37. Atendimento, orientação e acompanhamento à pacientes portadores de ostomias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
38. Rede de atenção à Saúde: Organização PanAmericana da Saúde, Representação Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
39. Lei nº 7498/1986 – Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

Conhecimentos Específicos - Parte 2


Técnico de Enfermagem (Saúde do Trabalhador)
1. Segurança do Trabalho: histórico da Segurança do Trabalho. Doenças relacionadas ao trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Classificação dos riscos ambientais Normas regulamentadoras da Portaria nº 3.214/1978 e suas atualizações: . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. NR – 05 - regulamenta o funcionamento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual – EPI; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. NR – 07 - implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6. NR 08; NR 08 – Edificações; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
7. NR 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
8. NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
9. NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
10. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
11. NR 16 - Atividades e Operações Perigosas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
12. NR 17 – Ergonomia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
13. NR 19 – Explosivos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
14. NR 20 - Líquidos combustíveis e inflamáveis; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
15. NR 21 - Trabalho a Céu Aberto; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
16. NR 23 - Proteção Contra Incêndios; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
17. NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
18. NR 26 - Sinalização de Segurança; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
19. NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
20. NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em espaços confinados; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
21. NR 35 - Trabalho em altura; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
22. NHO 1 – Avaliação da exposição ocupacional ao ruído; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
23. NHO 6 – Avaliação da exposição ocupacional ao calor; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
24. NHO 11 – Avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
25. Urgência e emergência em saúde ocupacional; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
26. Lei nº 7.498/1986 (lei do exercício profissional), regulamentada pelo Decreto nº 94.406/1987. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
27. Código de Ética e Deontologia da Enfermagem – análise crítica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
28. Bioética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Leitura e compreensão de textos: Assunto. Estruturação do texto. Ideias principais e secundárias. Relação entre as ideias.Efeitos de
sentido. Recursos de argumentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Figuras de linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. Informações implícitas: pressupostos e subentendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4. Coesão e coerência textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Léxico: Significação de palavras e expressões no texto. Substituição de palavras e de expressões no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Estrutura e formação de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
7. Ortografia: emprego de letras e acentuação gráfica sistema oficial vigente (inclusive o Acordo Ortográfico vigente, conforme Decreto
7.875/12). Relações entre fonemas e grafias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Aspectos linguísticos: Relações morfossintáticas. Flexões e emprego de classes gramaticais. Vozes verbais e sua conversão. . . . . 18
9. Coordenação e subordinação: emprego das conjunções, das locuções conjuntivas e dos pronomes relativos . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
10. Concordância nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
11. Regência nominal e verbal (inclusive emprego do acento indicativo de crase). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
12. Pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos textuais
LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS: ASSUNTO. A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO.IDEIAS PRINCIPAIS E SE- dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
CUNDÁRIAS. RELAÇÃO ENTRE AS IDEIAS.EFEITOS DE apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
SENTIDO. RECURSOS DE ARGUMENTAÇÃO específico para se fazer a enunciação.
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- cas:
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o Apresenta um enredo, com ações e
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido relações entre personagens, que ocorre
completo. em determinados espaço e tempo. É
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- da seguinte maneira: apresentação >
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua desenvolvimento > clímax > desfecho
interpretação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do Tem o objetivo de defender determinado
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpre- DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
tação é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do re- ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
pertório do leitor. desenvolvimento > conclusão.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, Procura expor ideias, sem a necessidade
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- de defender algum ponto de vista. Para
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido isso, usa-se comparações, informações,
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. estrutura segue a do texto dissertativo-
argumentativo.
Dicas práticas
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
de modo que sua finalidade é descrever,
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pará-
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
grafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
isso, é um texto rico em adjetivos e em
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
verbos de ligação.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- Oferece instruções, com o objetivo de
cidas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- são os verbos no modo imperativo.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de
opiniões. Gêneros textuais
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, qu- A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
estões que esperam compreensão do texto aparecem com as segu- cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
intes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
de acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
do texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do tex- podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
to que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
quando afirma que... sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
Tipologia Textual • Artigo
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Bilhete
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bula
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Carta
classificações. • Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual
• Notícia
• Poema
• Propaganda
• Receita culinária
• Resenha
• Seminário

1
LÍNGUA PORTUGUESA
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- que C é igual a A.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, Outro exemplo:
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
dade e à função social de cada texto analisado. Todo ruminante é um mamífero.
A vaca é um ruminante.
ARGUMENTAÇÃO Logo, a vaca é um mamífero.

O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem po- também será verdadeira.
sitiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteli- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
gente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plausí-
tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que vel. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
ele propõe. confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
vista defendidos. que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas outro fundado há dois ou três anos.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o der bem como eles funcionam.
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o au-
sos de linguagem. ditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças,
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer um au-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de ditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele
escolher entre duas ou mais coisas”. abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é va-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna lorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer Tipos de Argumento
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais possí-
vel que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o mento. Exemplo:
enunciador está propondo.
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. Argumento de Autoridade
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
mento de premissas e conclusões. do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
A é igual a B. dadeira. Exemplo:
A é igual a C.
Então: C é igual a A. “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”

Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso.

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Alex José Periscinoto. Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem indevidas.
acreditar que é verdade. Argumento do Atributo

Argumento de Quantidade É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior que é mais grosseiro, etc.
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
largo uso do argumento de quantidade. alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
Argumento do Consenso de.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indis- dizer dá confiabilidade ao que se diz.
cutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequ-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao ada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica. - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
Argumento de Existência por bem determinar o internamento do governador pelo período de
três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- tal por três dias.
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão
do que dois voando”. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- texto tem sempre uma orientação argumentativa.
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
comparação do número de canhões, de carros de combate, de navi- ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
os, etc., ganhava credibilidade. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
Argumento quase lógico dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
outras, etc. Veja:
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- vam abraços afetuosos.”
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:

3
LÍNGUA PORTUGUESA
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu con- mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
trário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carre- é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
gadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambi- seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
ente, injustiça, corrupção). zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir ver as seguintes habilidades:
o argumento. - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e mente contrária;
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ria contra a argumentação proposta;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
outros à sua dependência política e econômica”. ta.

A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situ- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
ação concreta do texto, que leva em conta os componentes envol- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
vidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comuni- válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
cação, o assunto, etc). não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na socie-
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, dade.
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
comportamento. da verdade:
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - evidência;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - divisão ou análise;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - ordem ou dedução;
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - enumeração.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
mica e até o choro. e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse pon- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
to de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, debate, caracteriza a universalidade. Há dois métodos fundamentais de ra-
questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a pos- ciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o particular,
sibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade de e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal
questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar um do método dedutivo é o silogismo.
texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fundamen-
tos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em uma Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
conexão descendente (do geral para o particular) que leva à con- tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
clusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ver- de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
dades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
o efeito. Exemplo: ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese,
Fulano é homem (premissa menor = particular) a classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos,
Logo, Fulano é mortal (conclusão) porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar
a pesquisa.
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
O calor dilata o ferro (particular) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o bronze (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O calor dilata o cobre (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O ferro, o bronze, o cobre são metais todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
o relógio estaria reconstruído.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas tam- meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
bém o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, po- junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
de-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, uma sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são al- operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
gumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção de- relacionadas:
liberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
de sofisma no seguinte diálogo:
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
- Lógico, concordo. de abordagens possíveis. A síntese também é importante na escol-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? ha dos elementos que farão parte do texto.
- Claro que não! Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
Exemplos de sofismas: tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
Dedução um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Todo professor tem um diploma (geral, universal) A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Fulano tem um diploma (particular) lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Indução análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
lar) Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
– conclusão falsa) empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas característi-
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- cas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens in-
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- tegrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- sabiá, torradeira.
dos nos sentimentos não ditados pela razão.
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfa- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
bética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos ou
de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importân- de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
cia, é uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimen- dida;d
to de uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
mais importante para o menos importante, ou decrescente, primei- cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
ro o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; diferenças).
é indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na vra e seus significados.
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as jus- necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
tificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
os pontos de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingu-
agem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode re-
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. conhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras ve-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição zes, as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mis-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A turando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- a reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
- o termo a ser definido; elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os
- o gênero ou espécie; processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se
- a diferença específica. que raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo
específico de relação entre as premissas e a conclusão.
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
ma espécie. Exemplo: tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir-
mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
Elemento especie diferença os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apre-
a ser definido específica sentação de causas e consequências, usando-se comumente as ex-
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, pressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, Na explicitação por definição, empregam-se expressões como:
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
ou instalação”; assim, desse ponto de vista.
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);

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LÍNGUA PORTUGUESA
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demon-
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração strando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraar-
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são gumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de- Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, dadeira;
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a univer-
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no salidade da afirmação;
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma ide- autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
ia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
que, melhor que, pior que. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contraar-
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade gumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é que
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- gera o controle demográfico”.
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a cre-
dibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para expli- da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
car ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem elaboração de um Plano de Redação.
mais caráter confirmatório que comprobatório.
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por tecnológica
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
caso, incluem-se - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
mortal, aspira à imortalidade); ta, justificar, criando um argumento básico;
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
dos e axiomas); construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão (rever tipos de argumentação);
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ide-
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que ias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
parece absurdo). podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e con-
sequência);
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- argumento básico;
cretos, estatísticos ou documentais. - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- mento básico;
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões menos a seguinte:
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, e só
os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse Introdução
uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na evidên-
cia dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos - função social da ciência e da tecnologia;
argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-ar- - definições de ciência e tecnologia;
gumentação ou refutação. São vários os processos de contra-argu- - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
mentação:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Desenvolvimento “André tornou-se um antitabagista convicto.”

- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- A informação explícita é que hoje André é um antitabagista
vimento tecnológico; convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”,
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic-
condições de vida no mundo atual; to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- um vegetal.
desenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; “Eu ainda não conheço a Europa.”
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- A informação explícita é que o enunciador não tem conheci-
sado; apontar semelhanças e diferenças; mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- a possibilidade de ele um dia conhecê-la.
banos; As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep-
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
mais a sociedade. devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais,
porque esta é uma condição para garantir a continuidade do diálo-
Conclusão go e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/con- Isso significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita
sequências maléficas; não tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos a aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa-
apresentados. receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de
um elemento inesperado.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de re- Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois
dação: é um dos possíveis. eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma
Texto: ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor-
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para
craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pen-
tem um longo caminho a trilhar (...).” samento montado pelo enunciador.
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon-
testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o
Esse texto diz explicitamente que: que segue:
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
- Neto não tem o mesmo nível desses craques; “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resol-
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente. vido o problema da seca no Nordeste.”
O texto deixa implícito que: O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos craqu- dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
es citados; problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialida- um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer-
de esportiva; teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
- Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz respe- se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
ito ao tempo disponível para evoluir.
Todos os textos transmitem explicitamente certas informações, “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?”
enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não
explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos qu- A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
atro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
implícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e
Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com
tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido.
a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implíci- A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em-
to. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro, emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa
habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes “Como vai você no seu novo emprego?”
ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que
rejeitaria se os percebesse. O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri-
Os significados implícitos costumam ser classificados em duas gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer
categorias: os pressupostos e os subentendidos. manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica- estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego
mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na diferente do anterior.
superfície da frase. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Marcadores de Pressupostos Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subenten-
dido. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre
Julinha foi minha primeira filha. necessariamente do sentido de algum elemento linguístico coloca-
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras do na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implici-
nasceram depois de Julinha. tamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabi-
Destruíram a outra igreja do povoado. lidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depre-
da usada como referência. endeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono
da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas,
- Certos verbos o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a
intensidade do frio.
Renato continua doente. O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo- se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem
mento anterior ao presente. se comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário
recémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:
Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk.
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi- “Competência e mérito continuam não valendo nada como
desque não existia em português. critério de promoção nesta empresa...”

- Certos advérbios Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:

A produção automobilística brasileira está totalmente nas “Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?”
mãos das multinacionais.
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indústria Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subenten-
automobilística nacional. dido, poderia responder:
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
- Você conferiu o resultado da loteria?
- Hoje não. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁ-
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi- GRAFOS
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje)
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
loteria. to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
cada uma de forma isolada a seguir:
- Orações adjetivas
Introdução
Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
os cruzamentos, etc. introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam Desenvolvimento
com a coletividade.
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
os cruzamentos, etc. namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
importam com a coletividade. Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti-
va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à São três principais erros que podem ser cometidos na elabo-
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que ração do desenvolvimento:
elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun- - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
segundo o pressuposto que quiser comunicar. - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
dificultando a linha de compreensão do leitor.
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um
grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita Conclusão
à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
“Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
ser fechada. tos levantados pelo autor.
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo “Sejamos simples e calmos
Como os regatos e as árvores”
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem Fernando Pessoa
esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
conter introdução, desenvolvimento e conclusão. Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
sintética de acordo com os objetivos do autor. Observe os exemplos abaixo:
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili- -autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado de
dade na discussão. Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los. -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
(o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
desenvolvimento e conclusão): - continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico- -abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o seja, mulheres grávidas).
caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações) - instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-
nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
Elemento relacionador: Nesse contexto. gadores.)
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do - lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce (Fumei um saboroso charuto.).
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação - símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas-
de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados.
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
FIGURAS DE LINGUAGEM
- indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua.
As figuras de linguagem são recursos especiais usados por (Alguns astronautas foram à Lua.).
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade - singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às
e beleza. ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma)
São três tipos:
Figuras de Palavras (tropos); - gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais
Figuras de Construção (de sintaxe); sofrem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
Figuras de Pensamento.
Figuras de Palavra - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a
matéria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).
É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui- Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida- nome de Sinédoque.
de. São as seguintes as figuras de palavras:
Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.
da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende
entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo: Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de
antonomásia.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) Exemplos:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o
Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta bem.
estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
pensamento.
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as
Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns; sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo:
semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati- No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si-
va: como, tal qual, assim como. lêncio = auditivo; negro = visual)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço
da cadeira” . As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
Figuras de Construção um verso).
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao volúpias dos violões, vozes veladas,
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior ex- vagam nos velhos vórtices velozes
pressividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
de construção:
(Cruz e Sousa)
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afir-
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- mação ou sugerir insistência, progressão:
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do “E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da caso-
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos na.” (Bernardo Élis)
e garrafas vazias). “O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun-
para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz. ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se-
Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa- gosto de português.).
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam
para dentro”, etc. se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim,
vi, venci.
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”.
Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam. Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de con-
orações com o fim de lhes dar destaque: strução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
de Andrade) e que um dia nos há de salvar
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
sei.” (Graciliano Ramos) Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
início da frase. Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.

Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim
comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tem-
da oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função porário).
sintática. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia
que consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exem- Figuras de Pensamento
plo:
O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem. Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação,
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias,
Castelo Branco) pensamentos.

Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias,
com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex- que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de
pressos. A silepse pode ser: mãos dadas.
- de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de
Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino). corresponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de to-
- de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram das as mulheres.
correndo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a pala-
vra pessoal sugere). Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as ex-
- de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito pressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a ex-
os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor- pressão “para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)
dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
que fala está incluída em os brasileiros). Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem
crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa,
Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma sentaram, comeram e dançaram.
de palavras os sons da realidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, Os significados implícitos costumam ser classificados em duas
expressa uma ideia de forma exagerada. categorias: os pressupostos e os subentendidos.
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica-
várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais). mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na
superfície da frase. Exemplo:
Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido “André tornou-se um antitabagista convicto.”
oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sar- A informação explícita é que hoje André é um antitabagista con-
cástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e victo. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”, de-
apagou o que estava gravado? corre logicamente que antes André não era antitabagista convicto.
Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que já
Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa- era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se um
radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente vegetal.
absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o
mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.) “Eu ainda não conheço a Europa.”
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de A informação explícita é que o enunciador não tem conhecimen-
ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irraci- to do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta a
onais ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa possibilidade de ele um dia conhecê-la.
manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep-
não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.) tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, porque
Exemplo: esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo e tam-
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não bém para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso signi-
sei se digo.” (Machado de Assis) fica que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem
cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a aula
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compareceu
Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de um
seria o procedimento. elemento inesperado.
Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois
eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS: PRESSUPOSTOS E aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma
SUBENTENDIDOS ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor-
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta
Texto: em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses confirmá-la. O pressuposto aprisiona o receptor no sistema de pen-
craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda samento montado pelo enunciador.
tem um longo caminho a trilhar (...).” A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon-
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o
Esse texto diz explicitamente que: que segue:
I – Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
II – Neto não tem o mesmo nível desses craques; “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resol-
III – Neto tem muito tempo de carreira pela frente. vido o problema da seca no Nordeste.”
O texto deixa implícito que: O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
I – Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
craques citados; problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
II – Esses craques são referência de alto nível em sua especiali- um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa certe-
dade esportiva; za. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo se
III – Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
respeito ao tempo disponível para evoluir.
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?”
Todos os textos transmitem explicitamente certas informações, A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos quatro vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e
futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse im- daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com
plícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre Neto pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido.
e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com tempo A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em-
para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e a pri- baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
meira oração só é possível levando em conta esse dado implícito. situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:
aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela
capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro,
o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa
habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes
ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que
rejeitaria se os percebesse.

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LÍNGUA PORTUGUESA
“Como vai você no seu novo emprego?”
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer manter
sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego diferente do
anterior.

Marcadores de Pressupostos

1. Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo

Exemplo:
I – Julinha foi minha primeira filha;
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras nasceram depois de Julinha.
II – Destruíram a outra igreja do povoado.
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além da usada como referência.

2. Certos verbos
I – Renato continua doente;
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no momento anterior ao presente.
II – Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk;
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copidesque não existia em português.

3. Certos advérbios
I – A produção automobilística brasileira está totalmente nas mãos das multinacionais;
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indústria automobilística nacional.
II – Você conferiu o resultado da loteria?
Hoje não.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) é
que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da loteria.

4. Orações adjetivas
I – Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bem-estar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade.
II – Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bem-estar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham
os cruzamentos, etc.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade.
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjunto. O
produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar.
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita à casa
de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio
terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria ser fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendido. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível tanto
para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre necessariamente do sentido de algum elemento linguístico colocado na frase.
Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabilidade do receptor. O
emissor pode esconder-se atrás do sentido literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depreendeu de suas palavras. Assim,
no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante pode dizer que também
acha e que apenas constatou a intensidade do frio.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor se proteger, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se com-
prometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário recém promovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:
“Competência e mérito continuam não valendo nada como critério de promoção nesta empresa...”

Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:


“Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?”

Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subentendido, poderia responder:


“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos)
– anafórica João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA
advérbios) – catafórica africana.
Comparativa (uso de comparações por Mais um ano igual aos outros...
semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
repetição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco
ELIPSE Omissão de um termo
convidados. (omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
relação entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL genéricos ou palavras que possuem sentido aproximado
cozinha têm janelas grandes.
e pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

LÉXICO: SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS E EXPRESSÕES NO TEXTO. SUBSTITUIÇÃO DE


PALAVRAS E DE EXPRESSÕES NO TEXTO

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Polissemia e monossemia • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). próprio – sobrenomes).

Denotação e conotação Composição


Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher. se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
da cadeira. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
Hiperonímia e hiponímia • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
ficado entre as palavras. dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: bei-
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que ja-flor / passatempo.
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- Abreviação
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
Limão é hipônimo de fruta. totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
(fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem Hibridismo
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos
farto / gatinhar – engatinhar. de línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) /
binóculo (bi – grego + oculus – latim).
Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo Combinação
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante ou radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- (aborrecer + adolescente).
mácia / franquia <—> sinceridade.
Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
Formação de Palavras colizar (em vez de protocolar).

A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- Neologismo


cos, de modo que as palavras se dividem entre: Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
palavra. Ex: flor; pedra nentes. Existem três tipos principais de neologismos:
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala- • Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
vras. Ex: floricultura; pedrada lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi- • Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
azeite compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais • Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
palavras: Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi-
Derivação mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgover-
nado (des + governar + ado)

15
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação quanto à tonicidade
ORTOGRAFIA: EMPREGO DE LETRAS E ACENTUAÇÃO As palavras podem ser:
GRÁFICA SISTEMA OFICIAL VIGENTE (INCLUSIVE O – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
ACORDO ORTOGRÁFICO VIGENTE, CONFORME DECRE- já, ra-paz, u-ru-bu...)
TO 7.875/12).RELAÇÕES ENTRE FONEMAS E GRAFIAS – Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa-
bo-ne-te, ré-gua...)
Muitas pessoas acham que fonética e fonologia são sinônimos. – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Mas, embora as duas pertençam a uma mesma área de estudo, elas (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
são diferentes.
Lembre-se que:
Fonética Tônica: a sílaba mais forte da palavra, que tem autonomia
Segundo o dicionário Houaiss, fonética “é o estudo dos sons da fonética.
fala de uma língua”. O que isso significa? A fonética é um ramo da Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autonomia
Linguística que se dedica a analisar os sons de modo físico-articu- fonética.
lador. Ou seja, ela se preocupa com o movimento dos lábios, a vi- Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são
bração das cordas vocais, a articulação e outros movimentos físicos, mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba tônica, já que é a pronunci-
mas não tem interesse em saber do conteúdo daquilo que é falado. ada com mais força.
A fonética utiliza o Alfabeto Fonético Internacional para representar
cada som. Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisamos
entender melhor como se dá a divisão silábica das palavras.
Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca,
lábios...) que cada som faz, desconsiderando o significado desses Divisão silábica
sons. A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja,
pela pronúncia. Sempre que for escrever, use o hífen para separar
Fonologia uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste pro-
A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, mas cesso:
ela se preocupa em analisar a organização e a classificação dos Não se separa:
sons, separando-os em unidades significativas. É responsabilidade • Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma
da fonologia, também, cuidar de aspectos relativos à divisão silábi- sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...)
ca, à acentuação de palavras, à ortografia e à pronúncia. • Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semi-
vogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-quer, a-ve-ri-guou...)
Sintetizando: a fonologia estuda os sons, preocupando-se com • Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na pala-
o significado de cada um e não só com sua estrutura física. vra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu (fa-cha-da, co-
lhei-ta, fro-nha, pe-guei...)
Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas • Encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, psi-có-lo-
diferentes, precisamos de entender o que é fonema e letra. go, pa-trão...)

Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da fala. Deve-se separar:


Atenção: estamos falando de menores unidades de som, não de • Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas
sílabas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira sílaba é pa-. (sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...)
Porém, o primeiro som é pê (P) e o segundo som é a (A). • Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-ce-
Letra:as letras são as menores unidades gráfica de uma palavra. ção...)
• Encontros consonantais separáveis: in-fec-ção, mag-nó-lia,
Sintetizando: na palavra pato, pa- é a primeira sílaba; pê é o rit-mo...)
primeiro som; e P é a primeira letra.
Agora que já sabemos todas essas diferenciações, vamos en- A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
tender melhor o que é e como se compõe uma sílaba. à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emi- rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
tido em um só impulso de voz e que tem como base uma vogal. também faz aumentar o vocabulário do leitor.
A sílabas são classificadas de dois modos: Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
Classificação quanto ao número de sílabas: que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
As palavras podem ser: atento!
– Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi,
luz, é...) Alfabeto
– Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí, O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é
bota, água...) conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
– Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde, alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
circuito, boneca...) consoantes (restante das letras).
– Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamento, Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípedo...) reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
têm, obtêm, contêm,
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos
vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

ASPECTOS LINGUÍSTICOS: RELAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS. FLEXÕES E EMPREGO DE CLASSES GRAMATICAIS. VOZES


VERBAIS E SUAS CONVERSÕES

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conec-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO tivos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu traba-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME lho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista do
ção alto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cac-
horro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; pri- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
meiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por per-
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
to
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- Tipos de verbos
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o Desse modo, os verbos se dividem em:
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira vender, abrir...)
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termi-
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- nações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
(ser, ir...)
Colocação pronominal • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do (falir, banir, colorir, adequar...)
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; acontecer...)
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demon- • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
strativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
gerúndio antecedidos por “em”. • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
Nada me faria mais feliz. átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
pentear-se...)
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si própri-
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. os (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
Orgulhar-me-ei de meus alunos.
Vozes verbais
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
orações, nem após ponto-e-vírgula. podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
Verbos • Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro do lago)
possuem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
(certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando). equivalente ao verbo “ser”.
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do Conjugação de verbos
presente, futuro do pretérito. Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de ou-
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im- tros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados
perfeito, futuro. são aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo
que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de ori-
Os tempos verbais compostos são formados por um verbo gem.
auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre • 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, ima-
flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti- ginar, jogar...)
cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”. • 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr,
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, erguer...)
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretéri- • 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ou-
to. vir...)
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (parti-
cípio) ou advérbio (gerúndio).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

22
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Temporais: quando, enquanto, agora.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en-
tre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO: EMPREGO DAS
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. CONJUNÇÕES, DAS LOCUÇÕES CONJUNTIVAS E DOS
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, PRONOMES RELATIVOS
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enunci-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: ados e suas unidades: frase, oração e período.
• Causa: Morreu de câncer. Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
• Lugar: O vírus veio de Portugal. bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
• Companhia: Ela saiu com a amiga. da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
• Posse: O carro de Maria é novo. opcional.
• Meio: Viajou de trem. Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
Combinações e contrações (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- lizados com a pontuação adequada.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e
havendo perda fonética (contração). Análise sintática
• Combinação: ao, aos, aonde A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
Conjunção • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- nominais, agentes da passiva)
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois biais, apostos)
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- Termos essenciais da oração
mento de redigir um texto. Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
conjunções subordinativas. predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
onde o verbo está presente.
Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
cinco grupos: centra no verbo impessoal):
• Aditivas: e, nem, bem como. Lúcio dormiu cedo.
• Adversativas: mas, porém, contudo. Aluga-se casa para réveillon.
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. Choveu bastante em janeiro.
• Conclusivas: logo, portanto, assim.
• Explicativas: que, porque, porquanto. Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
Conjunções subordinativas inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação da oração:
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
substantivas, definidas pelas palavras que e se. predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
• Causais: porque, que, como. transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Condicionais: e, caso, desde que. nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. uma qualidade sua)
• Comparativas: como, tal como, assim como. As crianças brincaram no salão de festas.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. Mariana é inteligente.
• Finais: a fim de que, para que. Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.

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Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse modo,
eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adverbial
(modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza o
sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
na oração anterior
logo, pois, portanto, assim, por isso, com
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior
isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


Esse era meu receio: que ela não discursasse outra
APOSITIVA aposto
vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.

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PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.


SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma in-
O candidato, que é do partido socialista, está
EXPLICATIVAS formação.
sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locu-
ções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a cor-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, ge- rupção.
rúndio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


Ideia de causa, motivo, razão de
CAUSAIS porque, visto que, já que, como...
efeito
como, tanto quanto, (mais / menos) que, do
COMPARATIVAS Ideia de comparação
que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
caso, se, desde que, contanto que, a menos
CONDICIONAIS Ideia de condição
que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à me-
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
dida que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

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Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há
É proibida a entrada.
É PERMITIDO presença de um artigo. Se não houver essa determinação,
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO deve permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a respeito
da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na
MENOS
existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (INCLUSIVE EMPREGO DO ACENTO INDICATIVO DE CRASE)

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vírgula Rosa Maria Torres
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada 15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia,
para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais abre 16muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto
regras de uso obrigatório da vírgula. 17
político e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar,
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, 18
e pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
mamão, manga, morango e abacaxi. reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
mineira, só tem uma linha de metrô. tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria. indesejadas.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais […]
(modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, dei- Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e
xaram o prédio. possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução
de vários problemas sociais. Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
“mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo cam-
mas não conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, po semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hi-
o motivo para a professora. perônimo, em relação à “diversidade”.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala. II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, no paradigma argumentativo do enunciado.
ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar: III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
• Sujeito de predicado. dade e identidade”.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome. Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposição(ões)
• Complemento nominal de nome. verdadeira(s).
• Predicativo do objeto do objeto. (A) I, apenas
• Oração principal da subordinada substantiva. (B) II e III
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”. (C) III, apenas
(D) II, apenas
EXERCÍCIOS (E) I e II

3. (UNIFOR CE – 2006)
1. (FMPA – MG) Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televisões
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao resgate
te aplicada: de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um rio. Assisti
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o silêncio em
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as suas ocu-
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. pações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Perguntei-me:
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, indiferença é
(E) A cessão de terras compete ao Estado. sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e de negligên-
. cia. Mas podemos considerá-la também uma forma de ceticismo e
desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada de particu-
2. (UEPB – 2010) lar”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralidade.
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis di-
maiores nomes da educação mundial na atualidade. ante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa in-
diferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, seguimos
Carlos Alberto Torres surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de massa
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diver- tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
sidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identida- estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
des que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto,
processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diver- 2001. p.68)
sidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se
a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vocá-
e a realidade fosse uma boa articulação 10dessa descrição demo- bulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se o
gráfica em termos de constante articulação 11democrática, você não contexto, é
sentiria muito a presença do tema 12diversidade neste instante. Há (A) ceticismo.
o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso (B) desdém.
e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, (C) apatia.
de classe. (D) desinteresse.
[…] (E) negligência.

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LÍNGUA PORTUGUESA
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. 6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. na salada – o meu jeito de querer bem.”
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
para os carros e os pedestres. de:
(A) objeto indireto e aposto
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de (B) objeto indireto e predicativo do sujeito
homônimos e parônimos. (C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(D) complemento nominal e aposto
(A) I e III. (E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
(B) II e III.
(C) II apenas. 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
(D) Todas incorretas. pressa esqueci o Quincas Borba”.
(A) objeto direto
5. (UFMS – 2009) (B) sujeito
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de (C) agente da passiva
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (D) adjunto adverbial
30/09/08. Em seguida, responda. (E) aposto
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sin-
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em tática do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima- (A) Sujeito
mente do jeito correto. (B) Objeto direto
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, (C) Predicativo do sujeito
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (D) Adjunto adverbial
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (E) Adjunto adnominal
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
mática na cabeça. manhã de segunda-feira”.
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na (A) Predicativo
pré-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava (B) Complemento nominal
me libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se (C) Objeto indireto
numa prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma (D) Adjunto adverbial
fórmula, lá vinham as palavras mágicas. (E) Adjunto adnominal
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. 10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. te”. O termo destacado funciona como:
– Ainda não fomos apresentados – ela disse. (A) Objeto indireto
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de (B) Objeto direto
terror. (C) Adjunto adnominal
– E ele faz o quê? (D) Vocativo
– Atrapalha a gente na hora de escrever. (E) Sujeito
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
usar trema nem se lembrava da regrinha.
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que ser-
virão ao menos para determinar minha idade.
– Esse aí é do tempo do trema.”

Assinale a alternativa correta.


(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mon-
stro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substi-
tuída por “nós”.
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa.
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.

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LÍNGUA PORTUGUESA
11. (UFRJ) Esparadrapo 15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos.
Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es- Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece
paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos
cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, (trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du-
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná- vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina
bulo*”. que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava
QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e
de Janeiro, Globo. 1987. p. 83. Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
*Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro dos dois, a mãe ficava furiosa.)
impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem. A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de
A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis
texto. Sua função resume-se em: até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando
coisa. lápis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen- seriam rompidas mais uma vez.
te. Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os pro-
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun- fessores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente,
to. queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa. que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresen- açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan-
tados. te.
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
É preciso que ela se encante por mim! Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com
oitenta ainda está ativo e presente.
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí-
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.”
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. LUFT, 2014, p.104-105
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. “(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que qu-
eria correr nas lajes do pátio (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
a orações subordinadas substantivas, exceto: Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais. apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
(B) Desejo que ela volte. (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. hora (...)”
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meni-
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se nos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando
ontem. lápis, canetas, borracha (...)”
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (...)”
um “se” que é . ________.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do ____________________.”
sujeito
(C) relativa, pronome reflexivo Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora mente a frase acima. Assinale-a.
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(B) desista da ação contra aquele salafrário.
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(E) tentamos aquele emprego novamente.

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LÍNGUA PORTUGUESA
17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente 22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen-
as lacunas do texto a seguir: te as lacunas correspondentes.
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas A arma ___ se feriu desapareceu.
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as Estas são as pessoas ___ lhe falei.
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- Aqui está a foto ___ me referi.
paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
arte.”
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a (A) que, de que, à que, cujo, que.
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em (B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
(C) bastante - por - meias - ao - a - à (C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(D) meias - para - muito - pelo - em - por (D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na (E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.

18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo 23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
com a gramática: (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. (B) Informei-lhe a nota obtida.
II - Muito obrigadas! – disseram as moças. (C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. sinais de trânsito.
IV - A pobre senhora ficou meio confusa. (D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. (E) Muita gordura não implica saúde.

(A) em I e II 24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem


(B) apenas em IV ser seguidos pela mesma preposição:
(C) apenas em III (A) ávido / bom / inconsequente
(D) em II, III e IV (B) indigno / odioso / perito
(E) apenas em II (C) leal / limpo / oneroso
(D) orgulhoso / rico / sedento
19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. (E) oposto / pálido / sábio
Hoje, só ___ ervas daninhas.
(A) fazem, havia, existe 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
(B) fazem, havia, existe tas nos itens a seguir:
(C) fazem, haviam, existem I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(D) faz, havia, existem migos de hipócritas;
(E) faz, havia, existe II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
desprezo por tudo;
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
dância verbal, de acordo com a norma culta: funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. A frase reescrita está com a regência correta em:
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (A) I apenas
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (B) II apenas
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (C) III apenas
(D) I e III apenas
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio (E) I, II e III
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
culta é: 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
líderes pefelistas. (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa- (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
íses passou despercebida. (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
social. RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- erroneamente, exceto em:
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
a aventura à repetição. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
(D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo 33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto.
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de (A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni-
classificação. cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi-
“____________ o céu é azul?” camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân- isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas.
sito pelo caminho.” (B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado L.
ao nosso encontro.” (C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L.
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mundi- (D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético –
ais. ____________?” eu.
(A) Porque – porquê – por que – Por quê (E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
(D) Porquê – porque – por quê – Por que assinale a afirmação verdadeira.
(E) Por que – porque – por quê – Porquê (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
como “também” e “porém”.
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parôni- (B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
mos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que se mesma razão.
quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma (C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio- mesma razão que a palavra “país”.
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada. (D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
Assinale-a. rem monossílabos tônicos fechados.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
(B) O infrator foi preso em flagrante. que todas as paroxítonas são acentuadas.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. vra é acentuada graficamente:
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
grafadas corretamente. (C) saudade, onix, grau, orquídea
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar (D) voo, legua, assim, tênis
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(E) flores, açucar, album, virus
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz

31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas


as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi-
na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
seguia se recompôr e viver tranquilo.
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou,
Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora,
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.

32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen-


tuadas devido à mesma regra:
(A) saí – dói
(B) relógio – própria
(C) só – sóis
(D) dá – custará
(E) até – pé

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LÍNGUA PORTUGUESA
36. (IFAL - 2011)

Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.

“Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos na pele
e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices vergonhosos
no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opinião, 12.10.2010)
O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontuado na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos, na
pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos sentimos,
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos,
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”

37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

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LÍNGUA PORTUGUESA
40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:

I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa:
a) tatuar
b) quando
c) doutor
d) ainda
e) além

42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sonoras?


(A) rosa, deve, navegador;
(B) barcos, grande, colado;
(C) luta, após, triste;
(D) ringue, tão, pinga;
(E) que, ser, tão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pará-
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- grafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
Verifique a que nível se referem as características do português usuários longe da rede social.”
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
() Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
formas com gerúndio, como estou fazendo. ticamente.
() Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
palavras como académico e antónimo, possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
() Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, raria o sentido do texto.
como em contacto e facto. (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
() Certos empregos do pretérito imperfeito para designar futu- informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
ro do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria de informação nova.
ir até lá. (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
cima para baixo, é: (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(A) 2 – 1 – 1 – 2. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(B) 2 – 1 – 2 – 1.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
(D) 1 – 1 – 2 – 2. dem a um adjetivo, exceto em:
(E) 1 – 2 – 2 – 1. (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
guintes palavras: (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas sem fim.
(B) descompõem, desempregados, desejava (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
(C) estendendo, escritório, espírito
(D) quietação, sabonete, nadador 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(E) religião, irmão, solidão só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
respectivamente:
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras (A) adjetivo, adjetivo
não é formada por prefixação: (B) advérbio, advérbio
(A) readquirir, predestinado, propor (C) advérbio, adjetivo
(B) irregular, amoral, demover (D) numeral, adjetivo
(C) remeter, conter, antegozar (E) numeral, advérbio
(D) irrestrito, antípoda, prever
(E) dever, deter, antever 49. (ITA-SP)
Beber é mal, mas é muito bom.
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p.
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? 28.)
Uma organização não governamental holandesa está propondo
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o (A) adjetivo
grau de felicidade dos usuários longe da rede social. (B) substantivo
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- (C) pronome
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que (D) advérbio
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- (E) preposição
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
um contador na rede social. 50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam pela ordem, a:
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”. (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome

37
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 43 B
44 D
45 E
1 C 46 D
2 B 47 B
3 D 48 B
4 C 49 B
5 C 50 E
6 A
7 D
8 C
9 B ANOTAÇÕES
10 E
11 C ______________________________________________________

12 B ______________________________________________________
13 E ______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 A
16 C ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 C
21 E ______________________________________________________
22 C ______________________________________________________
23 A
______________________________________________________
24 D
25 E ______________________________________________________
26 A ______________________________________________________
27 B
______________________________________________________
28 C
______________________________________________________
29 B
30 A ______________________________________________________
31 E ______________________________________________________
32 B
______________________________________________________
33 E
34 B ______________________________________________________

35 B ______________________________________________________
36 E
______________________________________________________
37 A
______________________________________________________
38 A
39 B ______________________________________________________
40 A ______________________________________________________
41 D
____________________________________________________
42 D

38
INFORMÁTICA
1. CONHECIMENTOS DO SISTEMA OPERACIONAL MICROSOFT WINDOWS XP: (1) Área de Trabalho (Exibir, Classificar, Atualizar, Resolu-
ção da tela, Gadgets) e Menu Iniciar (Documentos, Imagens, Computador, Painel de Controle, Dispositivos e Impressoras, programa
Padrão, Ajuda e Suporte, Desligar, Todos os programas, Pesquisar programa e Arquivos e Ponto de Partida): saber trabalhar, exibir,
alterar, organizar, classificar, ver as propriedades, identificar, usar e configurar, utilizando menus rápidos ou suspensos, painéis, listas,
caixa de pesquisa, menus, ícones, janelas, teclado e/ou mouse; (2) Propriedades da Barra de Tarefas, do Menu Iniciar e do Gerencia-
dor de Tarefas: saber trabalhar, exibir, alterar, organizar, identificar, usar, fechar programa e configurar, utilizando as partes da janela
(botões, painéis, listas, caixa de pesquisa, caixas de marcação, menus, ícones e etc.), teclado e/ou mouse; (3) Janelas (navegação no
Windows e o trabalho com arquivos, pastas e bibliotecas), Painel de Controle e Lixeira: saber exibir, alterar, organizar, identificar, usar e
configurar ambientes, componentes da janela, menus, barras de ferramentas e ícones; usar as funcionalidades das janelas, programa
e aplicativos utilizando as partes da janela (botões, painéis, listas, caixa de pesquisa, caixas de marcação, menus, ícones e etc.), teclado
e/ou mouse; (4) Bibliotecas, Arquivos, Pastas, Ícones e Atalhos: realizar ações e operações sobre bibliotecas, arquivos, pastas, ícones
e atalhos: localizar, copiar, mover, criar, criar atalhos, criptografar, ocultar, excluir, recortar, colar, renomear, abrir, abrir com, editar,
enviar para, propriedades e etc.; e (5) Nomes válidos: identificar e utilizar nomes válidos para bibliotecas, arquivos, pastas, ícones e
atalhos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT WORD 2010: (1) Ambiente e Componentes do Programa: saber identificar, ca-
racterizar, usar, alterar, configurar e personalizar o ambiente, componentes da janela, funcionalidades, menus, ícones, barra de ferra-
mentas, guias, grupos e botões, incluindo número de páginas e palavras, erros de revisão, idioma, modos de exibição do documento
e zoom; (2) Documentos: abrir, fechar, criar, excluir, visualizar, formatar, alterar, salvar, configurar documentos, utilizado as barras de
ferramentas, menus, ícones, botões, guias e grupos da Faixa de Opções, teclado e/ou mouse; (3) Barra de Ferramentas: identificar
e utilizar os botões e ícones das barras de ferramentas das guias e grupos Início, Inserir, Layout da Página, Referências, Correspon-
dências, Revisão e Exibição, para formatar, personalizar, configurar, alterar e reconhecer a formatação de textos e documentos; e (4)
Ajuda: saber usar a Ajuda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT EXCEL 2010: (1) Ambiente e Componentes do Programa: saber identificar, ca-
racterizar, usar, alterar, configurar e personalizar o ambiente, componentes da janela, funcionalidades, menus, ícones, barra de ferra-
mentas, guias, grupos e botões; (2) Elementos: definir e identificar célula, planilha e pasta; saber selecionar e reconhecer a seleção de
células, planilhas e pastas; (3) Planilhas e Pastas: abrir, fechar, criar, visualizar, formatar, salvar, alterar, excluir, renomear, personalizar,
configurar planilhas e pastas, utilizar fórmulas e funções, utilizar as barra de ferramentas, menus, ícones, botões, guias e grupos da
Faixa de Opções, teclado e/ou mouse; (4) Barra de Ferramentas: identificar e utilizar os ícones e botões das barras de ferramentas das
guias e grupos Início, Inserir, Layout da Página, Fórmulas, Dados, Revisão e Exibição, para formatar, alterar, selecionar células, configu-
rar, reconhecer a formatação de textos e documentos e reconhecer a seleção de células; (5) Fórmulas: saber o significado e resultado
de fórmulas; e (6) Ajuda: saber usar a Ajuda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. GOOGLE CHROME VERSÃO ATUALIZADA: (1) Ambiente e Componentes do Programa: identificar o ambiente, características e com-
ponentes da janela principal; (2) Funcionalidades: identificar e saber usar todas as funcionalidades do Google Chrome. 5. MOZZILLA
FIREFOX VERSÃO ATUALIZADA: (1) Ambiente e Componentes do Programa: identificar o ambiente, características e componentes da
janela principal; (2) Funcionalidades: identificar e saber usar todas as funcionalidades do Mozilla Firefox. 6. INTERNET EXPLORER 11:
(1) identificar o ambiente, características e componentes da janela principal do Internet Explorer; (2) identificar e usar as funcionalida-
des da barra de ferramentas e de status; (3) identificar e usar as funcionalidades dos menus; (4) identificar e usar as funcionalidades
das barras de Menus, Favoritos, Botões do Modo de Exibição de Compatibilidade, Barra de Comandos, Barra de Status; e (5) utilizar
teclas de atalho para qualquer operação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
INFORMÁTICA

CONHECIMENTOS DO SISTEMA OPERACIONAL MICROSOFT WINDOWS XP: (1) ÁREA DE TRABALHO (EXIBIR, CLAS-
SIFICAR, ATUALIZAR, RESOLUÇÃO DA TELA, GADGETS) E MENU INICIAR (DOCUMENTOS, IMAGENS, COMPUTADOR,
PAINEL DE CONTROLE, DISPOSITIVOS E IMPRESSORAS, PROGRAMA PADRÃO, AJUDA E SUPORTE, DESLIGAR, TODOS
OS PROGRAMAS, PESQUISAR PROGRAMA E ARQUIVOS E PONTO DE PARTIDA): SABER TRABALHAR, EXIBIR, ALTE-
RAR, ORGANIZAR, CLASSIFICAR, VER AS PROPRIEDADES, IDENTIFICAR, USAR E CONFIGURAR, UTILIZANDO MENUS
RÁPIDOS OU SUSPENSOS, PAINÉIS, LISTAS, CAIXA DE PESQUISA, MENUS, ÍCONES, JANELAS, TECLADO E/OU MOUSE;
(2) PROPRIEDADES DA BARRA DE TAREFAS, DO MENU INICIAR E DO GERENCIADOR DE TAREFAS: SABER TRABALHAR,
EXIBIR, ALTERAR, ORGANIZAR, IDENTIFICAR, USAR, FECHAR PROGRAMA E CONFIGURAR, UTILIZANDO AS PARTES
DA JANELA (BOTÕES, PAINÉIS, LISTAS, CAIXA DE PESQUISA, CAIXAS DE MARCAÇÃO, MENUS, ÍCONES E ETC.), TECLA-
DO E/OU MOUSE; (3) JANELAS (NAVEGAÇÃO NO WINDOWS E O TRABALHO COM ARQUIVOS, PASTAS E BIBLIOTE-
CAS), PAINEL DE CONTROLE E LIXEIRA: SABER EXIBIR, ALTERAR, ORGANIZAR, IDENTIFICAR, USAR E CONFIGURAR
AMBIENTES, COMPONENTES DA JANELA, MENUS, BARRAS DE FERRAMENTAS E ÍCONES; USAR AS FUNCIONALIDA-
DES DAS JANELAS, PROGRAMA E APLICATIVOS UTILIZANDO AS PARTES DA JANELA (BOTÕES, PAINÉIS, LISTAS, CAIXA
DE PESQUISA, CAIXAS DE MARCAÇÃO, MENUS, ÍCONES E ETC.), TECLADO E/OU MOUSE; (4) BIBLIOTECAS, ARQUI-
VOS, PASTAS, ÍCONES E ATALHOS: REALIZAR AÇÕES E OPERAÇÕES SOBRE BIBLIOTECAS, ARQUIVOS, PASTAS, ÍCONES
E ATALHOS: LOCALIZAR, COPIAR, MOVER, CRIAR, CRIAR ATALHOS, CRIPTOGRAFAR, OCULTAR, EXCLUIR, RECORTAR,
COLAR, RENOMEAR, ABRIR, ABRIR COM, EDITAR, ENVIAR PARA, PROPRIEDADES E ETC.; E (5) NOMES VÁLIDOS:
IDENTIFICAR E UTILIZAR NOMES VÁLIDOS PARA BIBLIOTECAS, ARQUIVOS, PASTAS, ÍCONES E ATALHOS

O Windows XP é um sistema operacional desenvolvido pela Microsoft. Sua primeira versão foi lançada em 2001, podendo ser encon-
trado na versão Home (para uso doméstico) ou Professional (mais recursos voltados ao ambiente corporativo).
A função do XP consiste em comandar todo o trabalho do computador através de vários aplicativos que ele traz consigo, oferecendo
uma interface de interação com o usuário bastante rica e eficiente.
O XP embute uma porção de acessórios muito úteis como: editor de textos, programas para desenho, programas de entretenimento
(jogos, música e vídeos), acesso â internet e gerenciamento de arquivos.

Inicialização do Windows XP.

Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador1.

1 https://docente.ifrn.edu.br/moisessouto/disciplinas/informatica-basica-1/apostilas/apostila-windows-xp/view

1
INFORMÁTICA

Tela de Logon.

Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho

Área de Trabalho

Área de trabalho do Windows XP.

Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:

2
INFORMÁTICA
Ícones
Figuras que representam recursos do computador, um ícone pode representar um texto, música, programa, fotos e etc. você pode adi-
cionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir. Alguns ícones são padrão do Windows: Meu Computador, Meus Documentos,
Meus Locais de Rede, Internet Explorer.

Alguns ícones de aplicativos no Windows XP.

Barra de tarefas
A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas sob
outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas ou entre programas com rapidez e facilidade.
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você esteja criando um texto em um editor de texto e um de seus colegas lhe
pede para você imprimir uma determinada planilha que está em seu micro. Você não precisa fechar o editor de textos.
Apenas salve o arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, enquanto imprime você não precisa esperar que a pla-
nilha seja totalmente impressa, deixe a impressora trabalhando e volte para o editor de textos, dando um clique no botão correspondente
na Barra de tarefas e volte a trabalhar.

Barra de tarefas do Windows XP.


Botão Iniciar
É o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus que, por sua vez,
acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

Botão Iniciar.

Alguns comandos do menu Iniciar têm uma seta para a direita, significando que há opções adicionais disponíveis em um menu secun-
dário. Se você posicionar o ponteiro sobre um item com uma seta, será exibido outro menu.
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um programa que estiver instalado no computador, ou fazer alterações nas configura-
ções do computador, localizar um arquivo, abrir um documento.

Menu Iniciar

Menu Iniciar.

O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se preferir, confi-
gurar o menu Iniciar para que tenha a aparência das versões anteriores do Windows (95/98/Me). Clique na barra de tarefas com o botão
direito do mouse e selecione propriedades e então clique na guia menu Iniciar.

3
INFORMÁTICA
Esta guia tem duas opções:
• Menu iniciar: oferece a você acesso mais rápido a e-mail e Internet, seus documentos, imagens e música e aos programas usados
recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar no botão Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows XP
• Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a aparência das versões antigas do Windows, como o Windows ME, 98 e 95.

Propriedades de Barra de tarefas e do Menu Iniciar.

Todos os programas
O menu Todos os Programas, ativa automaticamente outro submenu, no qual aparecem todas as opções de programas. Para entrar
neste submenu, arraste o mouse em linha reta para a direção em que o submenu foi aberto. Assim, você poderá selecionar o aplicativo
desejado. Para executar, por exemplo, o desfragmentador de disco, basta posicionar o ponteiro do mouse sobre a opção Acessórios. O
submenu Acessórios será aberto. Então aponte para Ferramentas de Sistemas e depois para Desfragmentador de disco.

Todos os programas.

4
INFORMÁTICA
Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: clicando neste botão, o Windows salvará o estado da área de trabalho no disco rígido e depois desligará o computador.
Desta forma, quando ele for ligado novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente como você deixou, com os programas e
arquivos que você estava usando, abertos.
• Desativar: desliga o Windows, fechando todos os programas abertos para que você possa desligar o computador com segurança.
- Reiniciar: encerra o Windows e o reinicia.

Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar a performance do computador, calculadora e etc.

Acessórios Windows XP.

5
INFORMÁTICA
Meu Computador
No Windows XP, tudo o que você tem dentro do computador – programas, documentos, arquivos de dados e unidades de disco, por
exemplo – torna-se acessível em um só local chamado Meu Computador.
O Meu computador é a porta de entrada para o usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis e CD-ROM).

Tela exibida ao clicar no ícone Meu Computador.

Windows Explorer
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Computador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos fazendo,
por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos arquivos.
Podemos criar pastas para organizar o disco de uma empresa ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indesejáveis e
muito mais.
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em cada
pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra todas
as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe o conteúdo do
item selecionado à esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz
a janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas).

Tela do Windows Explorer.

6
INFORMÁTICA
Para abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção Todos os Programas/Acessórios e clique sobre Windows Explorer ou
clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione a opção Explorar.
Na figura, o painel da esquerda todas as pastas com um sinal de + (mais) indicam que contêm outras pastas. As pastas que contêm um
sinal de – (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as subpastas).

Lixeira
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra na Área de trabalho, mas pode ser acessada através do Windows Explorer.

Ícone Lixeira.

WordPad

O Windows traz junto dele um programa para edição de textos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar textos, deixando-os
com uma boa aparência.
O WordPad é um editor de textos que nos auxiliará na criação de vários tipos de documentos. Mas poderíamos dizer que o Wordpad
é uma versão muito simplificada do Word, pois tem um número menor de recursos.

Janela do WordPad.

7
INFORMÁTICA
Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos tra-
balhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em docu-
mentos de textos.
Para abrir o Paint, siga até os Acessórios do Windows. A seguinte janela será apresentada:

Janela do Paint.

CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT WORD 2010: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PROGRAMA:
SABER IDENTIFICAR, CARACTERIZAR, USAR, ALTERAR, CONFIGURAR E PERSONALIZAR O AMBIENTE, COMPONENTES
DA JANELA, FUNCIONALIDADES, MENUS, ÍCONES, BARRA DE FERRAMENTAS, GUIAS, GRUPOS E BOTÕES, INCLUINDO
NÚMERO DE PÁGINAS E PALAVRAS, ERROS DE REVISÃO, IDIOMA, MODOS DE EXIBIÇÃO DO DOCUMENTO E ZOOM;
(2) DOCUMENTOS: ABRIR, FECHAR, CRIAR, EXCLUIR, VISUALIZAR, FORMATAR, ALTERAR, SALVAR, CONFIGURAR DO-
CUMENTOS, UTILIZADO AS BARRAS DE FERRAMENTAS, MENUS, ÍCONES, BOTÕES, GUIAS E GRUPOS DA FAIXA DE
OPÇÕES, TECLADO E/OU MOUSE; (3) BARRA DE FERRAMENTAS: IDENTIFICAR E UTILIZAR OS BOTÕES E ÍCONES DAS
BARRAS DE FERRAMENTAS DAS GUIAS E GRUPOS INÍCIO, INSERIR, LAYOUT DA PÁGINA, REFERÊNCIAS, CORRESPON-
DÊNCIAS, REVISÃO E EXIBIÇÃO, PARA FORMATAR, PERSONALIZAR, CONFIGURAR, ALTERAR E RECONHECER A FOR-
MATAÇÃO DE TEXTOS E DOCUMENTOS; E (4) AJUDA: SABER USAR A AJUDA

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte que domina o
mercado de suítes de escritório.
Word é um processador de textos versátil com recursos avançados de editoração eletrônica capaz de criar textos, elementos gráficos,
cartas, relatórios, páginas da Internet e e-mail2.
A versão 2010 trouxe muitos novos recursos úteis para o programa, junto com alterações importantes na interface do usuário que foi
projetada para aprimorar o acesso a toda a ampla variedade de recursos do Word.
A interface do Word 2010 é bem diferente da versão 2003 e bem parecida com o Word 2007. Dentre as vantagens oferecidas pelo
aplicativo, podemos destacar: efeitos de formatação como preenchimentos de gradiente e reflexos, diretamente no texto do documento,
aplicar ao texto e às formas, muitos dos mesmos efeitos que talvez já use para imagens, gráficos e elementos gráficos SmartArt, uso do
Painel de Navegação que facilita a pesquisa e até a reorganização do conteúdo do documento em poucos cliques, além de ferramentas
para trabalhos em rede.

2 Monteiro, E. Microsoft Word 2007.

8
INFORMÁTICA

Interface do Word 2010.

1. Barra de título: exibe o nome de arquivo do documento que está sendo editado e o nome do software que você está usando3. Ele
também inclui a minimizar padrão, restauração, botões e fechar.
2. Ferramentas de acesso rápido: comandos que costumam ser usados, como Salvar, Desfazer, e Refazer estão localizados aqui. No
final da barra de ferramentas de acesso rápido é um menu suspenso onde você pode adicionar outros comumente usados ou necessários
comumente comandos.
3. Guia de arquivo: clique neste botão para localizar comandos que atuam no documento, em vez do conteúdo do documento, como
o Novo, Abrir, Salvar como, Imprimir e Fechar.
4. A faixa de opções: comandos necessários para o seu trabalho estão localizados aqui. A aparência da faixa de opções será alterada
dependendo do tamanho do seu monitor. O Word irá compactar a faixa de opções alterando a organização dos controles para acomodar
monitores menores.
5. Janela de editar: mostra o conteúdo do documento que você está editando.
6. Barra de rolagem: permite a você alterar a posição de exibição do documento que você está editando.
7. Barra de status: exibe informações sobre o documento que você está editando.
8. Botões de exibição: permite a você alterar o modo de exibição do documento que você está editando para atender às suas neces-
sidades.
9. Controle de slide de zoom: permite que você alterar as configurações de zoom do documento que você está editando.

3 https://support.microsoft.com/pt-br/office/word-para-novos-usu%C3%A1rios-cace0fd8-eed9-4aa2-b3c6-07d39895886c#ID0EA-
ABAAA=Office_2010

9
INFORMÁTICA
Salvar a abrir um documento
No Word, você deve salvar seu documento para que você pode sair do programa sem perder seu trabalho. Quando você salva o
documento, ele é armazenado como um arquivo em seu computador. Posteriormente, você pode abrir o arquivo, alterá-lo e imprimi-lo.
Para salvar um documento, faça o seguinte:
1. Clique no botão Salvar na barra de ferramentas de acesso rápido.
2. Especifique o local onde deseja salvar o documento na caixa Salvar em. Na primeira vez em que você salvar o documento, a primeira
linha de texto no documento é previamente preenchida como nome do arquivo na caixa nome do arquivo. Para alterar o nome do arquivo,
digite um novo nome de arquivo.
3. Clique em Salvar.
4. O documento é salvo como um arquivo. O nome do arquivo na barra de título é alterado para refletir o nome de arquivo salvo.

É possível abrir um documento do Word para continuar seu trabalho. Para abrir um documento, faça o seguinte:
1. Clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em documentos.
2. Navegue até o local onde você armazenou o arquivo e clique duas vezes no arquivo. Aparece a tela de inicialização do Word e, em
seguida, o documento é exibido.
É possível também abrir um documento a partir do Word clicando na guia arquivo e, em seguida, clicando em Abrir. Para abrir um
documento que salvo recentemente, clique em recentes.

Criando documentos no Word


O texto padrão criado no Word é chamado de documento, quando salvos no computador, este documento recebe o nome definido
pelo usuário e a extensão .DOCX (ponto DOCX).
Ao salvar um documento do Word, você também poderá criar seus próprios modelos no Word. Bastando para isso informar que o
arquivo será salvo no formato Modelo de documento, na janela do comando Arquivo/Salvar como...
Neste caso, a extensão adotada pelo arquivo será .DOTX e serão gravados em uma pasta específica, ao invés da extensão para docu-
mentos comuns .DOCX. Também é possível usar o comando Arquivo/Salvar como para salvar seu documento em diferentes formatos como
.HTM, .PDF, .ODT e .DOC utilizado pelas versões mais antigas do Word.

Editar e formatar texto


Antes de editar ou formatar texto, primeiro selecione o texto. Siga as etapas abaixo para selecionar o texto.
1. Coloque o cursor no início do texto que você gostaria de editar ou formatar e, em seguida, pressione o botão esquerdo do mouse.
2. Ao manter pressionado o botão esquerdo do mouse, movê-la para a direita (chamada de “arrastar”) para selecionar o texto. Uma
cor de plano de fundo é adicionada no local do texto selecionado para indicar que o intervalo de seleção.
A maioria das ferramentas de formatação de texto são encontrados clicando na guia página inicial e, em seguida, escolhendo no grupo
fonte.

1. Esta é a guia página inicial.


2. Este é o grupo fonte na guia página inicial.
3. Este é o botão negrito. Consulte a tabela abaixo para os nomes e funções de todos os botões no grupo fonte.

10
INFORMÁTICA

11
INFORMÁTICA
Ícones e teclas de atalho
F1: Ajuda do Word
Novo (Ctrl + O): exibe um novo docu-
mento em branco. Alterar Estilos: exibe o painel de for-
matação de estilo.
Ctrl + A (Abrir): abre documentos an-
teriormente salvos. Ctrl+Shift+F (Fonte): apresenta uma
lista de opções para modificar a tipografia
da fonte (letra).
Ctrl + B (Salvar): grava o arquivo.
Ctrl+Shift+P (Tamanho da Fonte):
apresenta uma lista de opções para modi-
Ctrl + P (Imprimir): imprime o docu- ficar o tamanho da fonte.
mento.
Ctrl+> ou Ctrl+]: aumentar fonte.
Visualizar a impressão.

Ctrl+< ou Ctrl+[: diminuir fonte.


Verificar Ortografia e Gramática F7

Ctrl+U (Substituir): permite substituir Limpar Formatação.


um texto no documento.
Ctrl + X (Copiar): copia dados para a Ctrl+N: negrito.
Área de Transferência sem deixar de exibir
a imagem na tela.
Ctrl+I: itálico.
Ctrl + C (Copiar): copia dados para a
Área de Transferência sem deixar de exibir
a imagem na tela. Ctrl+S: sublinhado.
Ctrl + V (Colar): recupera dados envia-
dos para a Área de Transferência. Tachado.
Ctrl+Shift+C e Ctrl+Shift+V (Pincel):
copia e cola formatações de texto. Texto Subscrito.
Ctrl + Z (Desfazer): desfazer a última
ação. Ctrl+Shift++: texto sobrescrito.
Ctrl + R (Refazer): retorno ao estado
antes de ter acionado o Desfazer. Shift+F3: alternar entre maiúsculas e
minúsculas.
F4 (Repetir): repete a última ação. Funciona como uma caneta marca-tex-
to.
Ctrl + K (Inserir Hiperlink): insere links
de parágrafos, arquivos ou Web. Cor-da-fonte.
Desenhar Tabela: permite ao usuário
inserir uma tabela, desenhando linhas. Marcadores: aplica marcadores aos
parágrafos selecionados.
Colunas: formata o texto em colunas. Numeração: formata como lista nume-
rada os parágrafos selecionados.
Desenho: exibe ou oculta a Barra de
Ferramentas Desenho. Tab (para descer um nível) e Shift+Tab
(para subir um nível): numeração de Vários
Ctrl + *: exibe ou oculta caracteres não Níveis: formata os parágrafos com lista nu-
imprimíveis. merada em vários níveis.

Efeito de Texto: atribui um efeito visu- Diminuir recuo: avança o texto em di-
al (brilho, sombra ou reflexo) ao texto se- reção à margem esquerda.
lecionado.
Aumentar recuo: distancia o texto da
Shift + F3 (Maiúsculas e Minúsculas): margem esquerda.
alterna a capitalização do texto.

12
INFORMÁTICA

Classificar: coloca em ordem alfabé-


tica parágrafos iniciados por textos ou nú-
meros.
Ctrl+Shift+* (Mostrar Tudo): exibe/
Oculta caracteres não imprimíveis

Ctrl+Q: alinhar à esquerda.

Ctrl+E: centralizar.

Alinhar à Direita.

Ctrl+J: justificar

Ctrl+1 (Espaçamento Simples), Ctrl+2


(Espaçamento Duplo) e Ctrl+5 (1,5 linhas):
espaçamento entrelinhas
Sombreamento: preenche com cor o
plano de fundo.

Bordas: opções de bordas para o texto


selecionado.

CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT EXCEL 2010: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PROGRAMA:
SABER IDENTIFICAR, CARACTERIZAR, USAR, ALTERAR, CONFIGURAR E PERSONALIZAR O AMBIENTE, COMPONENTES
DA JANELA, FUNCIONALIDADES, MENUS, ÍCONES, BARRA DE FERRAMENTAS, GUIAS, GRUPOS E BOTÕES; (2) ELE-
MENTOS: DEFINIR E IDENTIFICAR CÉLULA, PLANILHA E PASTA; SABER SELECIONAR E RECONHECER A SELEÇÃO DE
CÉLULAS, PLANILHAS E PASTAS; (3) PLANILHAS E PASTAS: ABRIR, FECHAR, CRIAR, VISUALIZAR, FORMATAR, SALVAR,
ALTERAR, EXCLUIR, RENOMEAR, PERSONALIZAR, CONFIGURAR PLANILHAS E PASTAS, UTILIZAR FÓRMULAS E FUN-
ÇÕES, UTILIZAR AS BARRA DE FERRAMENTAS, MENUS, ÍCONES, BOTÕES, GUIAS E GRUPOS DA FAIXA DE OPÇÕES,
TECLADO E/OU MOUSE; (4) BARRA DE FERRAMENTAS: IDENTIFICAR E UTILIZAR OS ÍCONES E BOTÕES DAS BARRAS
DE FERRAMENTAS DAS GUIAS E GRUPOS INÍCIO, INSERIR, LAYOUT DA PÁGINA, FÓRMULAS, DADOS, REVISÃO E EXI-
BIÇÃO, PARA FORMATAR, ALTERAR, SELECIONAR CÉLULAS, CONFIGURAR, RECONHECER A FORMATAÇÃO DE TEXTOS
E DOCUMENTOS E RECONHECER A SELEÇÃO DE CÉLULAS; (5) FÓRMULAS: SABER O SIGNIFICADO E RESULTADO DE
FÓRMULAS; E (6) AJUDA: SABER USAR A AJUDA

O Microsoft Excel 2010 é um programa de planilha eletrônica de cálculos, em que as informações são digitadas em pequenos quadra-
dos chamadas de células.
É um programa voltado para construção de tabelas simples até as mais complexas. Ao abrir o aplicativo, o que se visualiza é uma folha
composta de colunas e linhas formando células.

13
INFORMÁTICA

Tela inicial do Excel 2010.

Nessa versão temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo especificamente, 1.048.576 linhas e 16.384 colunas.

As cinco principais funções do Excel são4:


– Planilhas: você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
4 http://www.prolinfo.com.br

14
INFORMÁTICA
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical.


– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal.
– Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 2 e a coluna B, então a célula será chamada B2, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


A “faixa de opções introduzida pela primeira vez no Excel 2007, foi aprimorada na versão 2010 e possui algumas diferenças que estão
listadas:

A volta do “Arquivo”: o botão “Arquivo”, que ficou amplamente divulgado nas versões anteriores à versão 2007 retorna na versão
2010. Na versão 2007 este botão havia sido substituído pelo “Botão do Office”, mas na versão 2010, ele voltou a ser chamado de “Arquivo”,
que ao receber o clique, ingressará no “modo de exibição do Microsoft Office Backstage”.
A faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao MS Excel 2007 a faixa de opções era co-
nhecida como menu.
1. Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.

15
INFORMÁTICA
2. Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
3. Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).

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INFORMÁTICA
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Copiar Fórmula para células adjacentes


Copiar uma fórmula para células vizinhas representa ganho de tempo ao trabalhar com planilhas.
Para isso, podemos usar a alça de preenchimento. Sua manipulação permite copiar rapidamente conteúdo de uma célula para outra,
inclusive fórmulas.

Alça de Preenchimento.

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

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INFORMÁTICA

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.
Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

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INFORMÁTICA
Função SOMASE
GOOGLE CHROME VERSÃO ATUALIZADA: (1) AMBIEN-
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas
TE E COMPONENTES DO PROGRAMA: IDENTIFICAR O
aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde
AMBIENTE, CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DA
que atenda a uma condição especificada:
JANELA PRINCIPAL; (2) FUNCIONALIDADES: IDENTIFI-
CAR E SABER USAR TODAS AS FUNCIONALIDADES DO
Sintaxe
GOOGLE CHROME. MOZZILLA FIREFOX VERSÃO ATUA-
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
LIZADA: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PROGRA-
Onde:
MA: IDENTIFICAR O AMBIENTE, CARACTERÍSTICAS E
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai
COMPONENTES DA JANELA PRINCIPAL; (2) FUNCIO-
analisar o critério.
NALIDADES: IDENTIFICAR E SABER USAR TODAS AS
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no inter-
FUNCIONALIDADES DO MOZILLA FIREFOX. INTERNET
valo a ser analisado.
EXPLORER 11: (1) IDENTIFICAR O AMBIENTE, CARAC-
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido
TERÍSTICAS E COMPONENTES DA JANELA PRINCIPAL
é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter
DO INTERNET EXPLORER; (2) IDENTIFICAR E USAR AS
texto neste intervalo.
FUNCIONALIDADES DA BARRA DE FERRAMENTAS E DE
STATUS; (3) IDENTIFICAR E USAR AS FUNCIONALIDA-
DES DOS MENUS; (4) IDENTIFICAR E USAR AS FUNCIO-
NALIDADES DAS BARRAS DE MENUS, FAVORITOS, BO-
TÕES DO MODO DE EXIBIÇÃO DE COMPATIBILIDADE,
BARRA DE COMANDOS, BARRA DE STATUS; E (5) UTILI-
ZAR TECLAS DE ATALHO PARA QUALQUER OPERAÇÃO

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gêne-
ro. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solici-
tado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado
e o critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai
analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no inter-
valo a ser analisado.

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-


plo.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos


contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE
(B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

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INFORMÁTICA
• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entendermos
o conceito.

Navegação e navegadores da Internet


• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

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INFORMÁTICA
• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifica-
do com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/

– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre outras.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

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INFORMÁTICA
4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

7 Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, Menu e outros)

Sincronização com a conta FireFox (Vamos detalhar adian-


8
te)

9 Mostra menu de contexto com várias opções

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado com o
seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computador público sempre desative a sincronização para manter seus dados seguros
após o uso.

22
INFORMÁTICA
Google Chrome

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementadas
por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se quiser-
mos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual
Exibe um menu de contexto que iremos relatar se-
7
guir.

O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebemos que
o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum atualmente, a
seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcionalidades.
• Favoritos

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INFORMÁTICA
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita da barra
de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para acessá-lo,
podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde pode-
mos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo dia a dia se preferir.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
• Salvando Textos e Imagens da Internet
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste caso,
o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é importante para manter atualizadas nossas operações, desta forma, se por
algum motivo trocarmos de computador, nossos dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.
No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

24
INFORMÁTICA

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

25
INFORMÁTICA

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-lo,
basta clicar em excluir.

• Histórico e Favoritos

26
INFORMÁTICA
• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste
caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto e ou-
tras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa;
Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

27
INFORMÁTICA
• Uso do correio eletrônico
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a criação
de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera Mail,
Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos tópicos
adiante, lembrando que todos funcionam de formas bastante parecidas.
• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.

• Anexação de arquivos

Uma função adicional quando criamos mensagens é de anexar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.

28
INFORMÁTICA
Computação de nuvem (Cloud Computing) • Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

• Conceito de Nuvem (Cloud)

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-


ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
mandas de usuários e empresas.

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim-


ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez
que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces-
sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
Drive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das
empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem
relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características
que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos
de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais
remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usu- como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
ários e às empresas. vem que podem ser contratados.
A computação em nuvem permite que os consumidores alu-
guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser-
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas
usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus EXERCÍCIOS
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec-
tado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em 1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
um local chamado Data Center dentro do provedor. principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro- versões em papel para o formato digital, é denominado
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem, (A) joystick.
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas (B) plotter.
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas (C) scanner.
de TI, Telecomunicações. (D) webcam.
(E) pendrive.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um


novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
adicionada para resolver o problema constatado por João.
(A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
(C) Placa usb
(D) Placa de captura
(E) Placa de vídeo

29
INFORMÁTICA
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe- 9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta são para processadores de 64 bits.
um exemplo de periférico somente de entrada. ( ) Certo
(A) Monitor ( ) Errado
(B) Impressora
(C) Caixa de som 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
(D) Headphone Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
(E) Mouse uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) Windows 7
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- (B) Windows 10
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- (C) Windows 8.1
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (D) Windows 9
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (E) Windows Server 2012
reço válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
(B) HTML:site.estado.gov Windows:
(C) html://www.mundo.com (A) Windows Gold.
(D) https://meusite.org.br (B) Windows 8.
(E) www.#social.*site.com (C) Windows 7.
(D) Windows XP.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
presencial, chamamos esse serviço de: cuta?
(A) Computação On-Line. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Computação na nuvem. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Computação em Tempo Real. (C) Capturar uma janela inteira
(D) Computação em Block Time. (D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Computação Visual (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
tos associados à Internet, julgue o próximo item. assinale a alternativa INCORRETA:
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o pela Microsoft.
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na inter-
Youtube (http://www.youtube.com). face do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sempre
() Certo visível ao usuário.
() Errado (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar Kapersky.
danos ao computador do usuário. (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
( ) Certo res x86 e 64 bits.
( ) Errado
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
cia de vírus. ( ) Certo
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser ( ) Errado
adotado no exemplo acima. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
ao administrador de rede. (A) init 0.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo (B) init 6.
de vírus. (C) exit
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. (D) ls.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- (E) cd.
toramento.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
analisá-lo posteriormente. minúsculas
( ) Certo
( ) Errado

30
INFORMÁTICA
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 12 B
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas ele-
trônicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção de 13 D
textos organizados por linhas e colunas identificadas por números 14 CERTO
e letras.
15 D
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 16 CERTO
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é 17 A
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos que
o Excel. 18 D
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 19 CERTO
gens de correio eletrônico. 20 CERTO
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web.

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-


ANOTAÇÕES
ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
na Inicial” do Word 2010. ______________________________________________________
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte ______________________________________________________
do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto. ______________________________________________________
(D) Inserir uma tabela no texto
______________________________________________________
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
______________________________________________________
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
cativo. ______________________________________________________
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so-
noros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 D
5 B ______________________________________________________

6 ERRADO ______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 C
_____________________________________________________
9 CERTO
10 D _____________________________________________________
11 A ______________________________________________________

31
INFORMÁTICA
______________________________________________________ ______________________________________________________

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32
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
1. Política Nacional de Atenção Básica aprovada pelo Ministério da Saúde do Brasil. Diretrizes e Normas para a Atenção Básica para a
Estratégia Saúde da Família e o Programa Agentes Comunitários de Saúde. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS número 2.436
de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estatuto do Idoso. BRASIL. Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003. Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras providências. . . . . 22
3. Pacto pela Saúde 2006 e consolidação do SUS. BRASIL. Portaria n° 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o pacto pela saúde
2006 - consolidação do SUS e aprova as diretrizes operacionais do referido pacto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4. Estatuto da Criança e do Adolescente. BRASIL. Lei no 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília,
1991. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5. Constituição Federal: Artigos 196, 197, 198, 199 e 200. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6. Organização do Sistema Único de Saúde - SUS, planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. BRASIL.
DECRETO Nº 7.508, DE 28 de Junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização
do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras provi-
dências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7. Lei Orgânica da Saúde e condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 e suas alterações posteriores. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. . . 108
8. Participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e as transferências intergovernamentais de recursos finan-
ceiros na área da saúde. Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providên-
cias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Bási-
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA APROVADA ca - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação
PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. DIRETRIZES E e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde
NORMAS PARA A ATENÇÃO BÁSICA PARA A ESTRATÉ- - SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo-
GIA SAÚDE DA FAMÍLIA E O PROGRAMA AGENTES CO- nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS.
MUNITÁRIOS DE SAÚDE. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚ- Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi-
DE. PORTARIA MS NÚMERO 2.436 DE 21 DE SETEMBRO dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde -
DE 2017. APROVA A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma
BÁSICA, ESTABELECENDO A REVISÃO DE DIRETRIZES a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do-
PARA A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA, NO ÂM- cumento.
BITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi-
viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção,
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com
a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini-
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária.
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora
lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons- das ações e serviços disponibilizados na rede.
tituição, e § 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui-
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dis- tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e
põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação demandas do território, considerando os determinantes e condicio-
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon- nantes de saúde.
dentes, e dá outras providências, considerando: § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero,
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida-
Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú- de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari-
de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es- dade, limitação física, intelectual, funcional e outras.
taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga- § 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas
nização e funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de
de 28 de dezembro de 1990; modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer
Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006, estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto-
que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple- nomia e na situação de saúde.
mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde; Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope-
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro racionalizados na Atenção Básica:
de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição; I - Princípios:
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro a) Universalidade;
de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde b) Equidade; e
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no c) Integralidade.
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); II - Diretrizes:
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal; a) Regionalização e Hierarquização:
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que b) Territorialização;
Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de c) População Adscrita;
dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981; d) Cuidado centrado na pessoa;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que e) Resolutividade;
regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor f) Longitudinalidade do cuidado;
sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planeja- g) Coordenação do cuidado;
mento da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfede- h) Ordenação da rede; e
rativa; i) Participação da comunidade.
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá-
2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recur- ria para expansão e consolidação da Atenção Básica.
sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de
de financiamento, com respectivo monitoramento e controle; Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes
Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser
aprova a Política de Promoção da Saúde; estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família.
Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá-
que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017 da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que
Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers-
Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e pectiva da intra e intersetorialidade.
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergesto-
res Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:

1
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for-
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação
esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS. em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida-
Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços des Básicas de Saúde;
de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces-
so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME,
CAPÍTULO I os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es-
DAS RESPONSABILIDADES pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra-
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go- lidade do cuidado;
verno: XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis
gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por- com as necessidades de saúde de cada localidade;
taria; XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá-
- ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali- ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e
ficação da Atenção Básica; XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa-
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições ção Permanente e gestão da rede assistencial.
para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de
equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência, Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da
de acordo com as normas vigentes; União:
IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci- I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co-
mento da Atenção Básica; missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio-
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde- nal de Atenção Básica;
nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui- II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia-
ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores; mento da Atenção Básica;
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri-
Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi- partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático,
zação da Atenção Básica; prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus-
VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza- teio e investimento das ações e serviços;
cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri-
à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso-
continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ- lidação da Atenção Básica;
denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto
que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona-
dos serviços ofertados às pessoas; lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica;
VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio- VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis-
nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o
de cuidado e o vínculo; processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores
IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In- e profissionais da Atenção Básica;
formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de
assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor-
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós-
do com suas responsabilidades;
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e
X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e
saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro-
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as
cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal,
resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne-
para formação e garantia de educação permanente e continuada
cessidade do território e planejamento de saúde;
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as
XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
Básica nos territórios; necessidades locais.
XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu- Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito
lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten-
pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja- ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com
mento e programação; as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa-
XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas bilidades dos Estados e do Distrito Federal:
equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia-
dados para o planejamento das ações; do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas
XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten-
e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti- ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal;
mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento
aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre-
voltados à Atenção Básica; vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e
XV - estimular a participação popular e o controle social; investimento das ações e serviços;

2
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten- XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo
ção Básica nos municípios; de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási-
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis- ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re- XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da
sultados obtidos; Atenção Básica;
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis- XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces-
temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma-
prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor- nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes
mações aos gestores municipais; que atuam na Atenção Básica implantadas;
VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con-
acesso à informação; formidade com a legislação vigente;
VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi-
implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução
de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; do conjunto de ações propostas;
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici- XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces-
pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação sário ao cuidado resolutivo da população;
da Atenção Básica; XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda- dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem
gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma- enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento
nente dos membros das equipes de gestão e de atenção; das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di-
X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com reito fundamental de acesso à informação;
as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re-
educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção
atuam na Atenção Básica; e Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e
XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos
como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica. os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção
Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde- Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis-
nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e
seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori- a modalidade de atenção.
dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá-
Distrito Federal: sica está detalhada no Anexo a esta Portaria.
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou-
I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten-
tubro de 2011.
ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
RICARDO BARROS
II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
ANEXO
em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO
nal vigente;
BÁSICA OPERACIONALIZAÇÃO
III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
CAPÍTULO I
cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís- A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da
tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado. experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his-
IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res- toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema
ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra-
com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria,
e coordenação do cuidado; conforme normatização vigente no SUS, que define a organização
V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro- em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida-
fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e do integral e direcionado às necessidades de saúde da população,
outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta
Saúde vigente, conforme regulamentação específica; de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon-
atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS; tos de atenção à saúde.
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
para a participação da comunidade no exercício do controle social;
VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen-
to tripartite da Atenção Básica;
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta-
ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur-
sos da Atenção Básica transferidos aos município;
X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi-
ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;

3
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí- - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equi-
lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten- pe de saúde que atendam às necessidades da população adscrita
ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da
da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução
e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela
progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reco-
regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de nhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas
responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da
consonância com a política de promoção da equidade em saúde. ampliação da autonomia das pessoas e coletividade.
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e 1.2 - Diretrizes
inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor- - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da
porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina- esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es-
ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes
o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro- de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar-
teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS
agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. entre si, com fluxos e referências estabelecidos.
Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas, - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o planeja-
nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência mento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de
e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi-
que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes
a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas- da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es-
sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria,
na Atenção Básica. considerasse Território a unidade geográfica única, de construção
descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina-
1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da
saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú-
Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi- de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten-
ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga- cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada
nização nos municípios, conforme descritos a seguir: unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de
1.1 - Princípios forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as
- Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a populações específicas.
serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como III - População Adscrita: população que está presente no terri-
tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações
a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga-
acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi-
rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade
lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci-
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado.
mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as pesso-
de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na as a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a
Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas confiança necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre
que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas neces-
para suas demandas e necessidades. sidades e potencialidades na busca de uma vida independente e
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são
nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinan-
das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife- tes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado.
renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida - Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser
qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona- resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida-
lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de
saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física, construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos- de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de
sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população,
impacte na autonomia e na situação de saúde. coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan-
do necessário.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas
da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili- e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros
zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo pontos da RAS.
permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven- Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular
ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evi- ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase
tando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re-
que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da ferências de seu território.
falta de coordenação do cuidado. Recomenda-se a articulação e implementação de processos
que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam
VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais
o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des-
como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten- centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu-
ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados,
destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte- com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/
grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten- ou a distância, entre outros.
ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e
saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re-
da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi- gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento
dades desta população em relação aos outros pontos de atenção servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida-
à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes
como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida- quanto se constituem como referência que modula a avaliação das
solicitações pelos médicos reguladores.
des de saúde das pessoas.
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí-
IX - Participação da comunidade: estimular a participação das
nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição
pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além
Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz
e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera.
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra- A gestão municipal deve articular e criar condições para que a
vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi- referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza-
zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon-
centradas nas pessoas e no exercício do controle social. sabilidade:
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção
2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE da RAS;
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de
Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define atenção; e
a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das
direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons- pessoas do território.
tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as- 3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA
sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri- ATENÇÃO BÁSICA
torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva
porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das
que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e UBS às necessidades de saúde da população de cada território
atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território. 3.1 Infraestrutura e ambiência
O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde- A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti-
nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos
do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”. processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá-
rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi-
Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco-
deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos
nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi-
de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a
lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à
serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde
e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha-
parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane- dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser-
jamento ascendente. viço e para a educação permanente na UBS.
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre- As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá-
ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui- rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen-
dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção, tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da
servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema
da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e acordo com as normas em vigor para tal.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de 3.3 - Funcionamento
populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas
pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu
instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais,
pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa- no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi-
nitária. bilitando acesso facilitado à população.
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô- Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados
nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter- através das instâncias de participação social, desde que atendam
pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma- expressamente a necessidade da população, observando, sempre
na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho que possível, a carga horária mínima descrita acima.
dos profissionais de saúde. Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen- o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási-
tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re- ca, recomenda-se :
comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de
ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes- Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro
soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais, do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção
horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi- Básica.
co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos
em conformidade com as normativas vigentes. de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu-
Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas, nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi-
para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces- pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de
sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de
capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que
prestada nos municípios e Distrito Federal. o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do
território, assegurando-se a qualidade do cuidado.
3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo.
São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm- iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de
bito da Atenção Básica: Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os
a) Unidade Básica de Saúde
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito
Recomenda-se os seguintes ambientes:
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros
Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000.
tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan-
farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica
de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
(eAB) seja responsável por toda população;
rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula-
profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida-
nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
equipo odontológico completo; des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res-
a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul- peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir
tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad- um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB)
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
outros ambientes conforme a necessidade. qualidade da Atenção Básica.
b) Unidade Básica de Saúde Fluvial Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin-
Recomenda-se os seguintes ambientes: gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do
a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que
assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce- permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem
dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal, ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi-
será necessário consultório odontológico com equipo odontológico dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio
completo; da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de
b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o
os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta
para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi- de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e
dade. programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos
c) Unidade Odontológica Móvel territórios e das pessoas, em parceria com o controle social.
Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida- As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões
de de atenção à saúde bucal, equipado com: essenciais e ampliados:
Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem; Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona-
aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais; dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten-
aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor ção Básica; e
com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi- - Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es-
co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló- tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e
gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla- qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais,
ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador. indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne-
controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan- rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população
ciamento regulamentado em normativa específica. com número máximo de 750 pessoas por ACS.
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga
território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti- horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio-
va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali- nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da
dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS. ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis- Família, no SCNES vigente.
ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização, 2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten-
conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras. der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici-
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan- pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com
tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial características e necessidades do município. Como modelo priori-
e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior-
Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das mente se organizar tal qual o modelo prioritário.
populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos
bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga- preferencialmente da especialidade medicina de família e comu-
rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da
atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem.
ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de
flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de
cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo- saúde e agentes de combate à endemias.
corregionais. A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis-
As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três)
processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/
atenção da RAS. semanais.
Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere- O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho
cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento
livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces-
assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas, so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor-
mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com denação e longitudinalidade do cuidado.
classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa-
com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser- bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi-
viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui- demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de-
dado estabelecidas. vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB).
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS: Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve-
- Identificação e horário de atendimento; rá contar também com profissionais de nível médio como técnico
- Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; ou auxiliar de enfermagem.
- Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos 3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor
componentes de cada equipe da UBS; as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur-
- Relação de serviços disponíveis; e gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde
- Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. bucal.
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de
3.4 - Tipos de Equipes: Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo
1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária se organizar nas seguintes modalidades:
de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país, Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal
de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e;
de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB.
favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po- Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú-
tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou
das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re- equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e
lação custo-efetividade. o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe- pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde
cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen- da Família ou Atenção Básica a qual integra.
cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os
enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei-
parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro- ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada,
fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es- modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os
pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas-
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico
com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e completo).
socioeconômicos, de acordo com definição local.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4 - Núcleo Ampliado de Saúde da A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges-
Família e Atenção Básica (Nasf-AB) tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do
territórios.
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com-
posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse- 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS):
quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu-
pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá-
maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza-
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten- ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da
ção Básica (eAB). Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção
Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia:
de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais, a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC-
garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de
diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer agentes comunitários de saúde;
e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi- b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de
são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação, acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló-
de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um. gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente.
Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro- c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema-
blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro
sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor;
profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados
Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o no SCNES vigente, vinculados à equipe;
compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta-
cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon-
de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes. sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas;
Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen-
com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre to do processo de trabalho a partir das necessidades do território,
acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne- com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade
cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten- e de risco epidemiológico;
ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba- g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida-
lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os
Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá- Básica vigente.
rias.
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de 3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA
Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB): PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que
SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi- apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên-
liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so- cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção
bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica
quanto sanitários; e possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi-
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar- nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita
tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti- intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o
cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral
de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida- à saúde.
de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à
discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo,
território. ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an-
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde
de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis- à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem
tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti- atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri-
co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé- na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes
dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico específicas, de modo que se faça uma transição para um momento
Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e
pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF.
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na
São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou
Específicas:
graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
vigente.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu- de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
do país: saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/
que desempenham parte significativa de suas funções em UBS ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni-
construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre-
adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis- ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico
persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co- ou Auxiliar em Saúde Bucal.
munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área
UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros
comunidade ribeirinha localizada na área adstrita. ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
Básica.
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei-
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro
Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po-
dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá- de custeio para logística, que considera a existência das seguintes
rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas; estruturas:
até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/ a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2 informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
(dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com- gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas a atenção de forma descentralizada; e
equipes de Nasf-AB. b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin-
enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri- culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com
deverão residir na área de atuação. composição variável, responsável por articular e prestar atenção in-
As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo, tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características
14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito) análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po-
horas diárias. dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR portaria específica.
adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to- São itens necessários para o funcionamento das equipes de
das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, Consultório na Rua (eCR):
para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne- a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e
servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó-
de Saúde da Família vinculadas. rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri- em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica
beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis- Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins-
tência das seguintes estruturas:
tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
outras instituições públicas e da sociedade civil;
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
a atenção de forma descentralizada; e
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur-
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- no e/ou noturno em todos os dias da semana; e
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem especificadas em portaria específica.
estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci- Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o
mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas. máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão
desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais agregar agentes comunitários de saúde.
(UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per-
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
O agente social, quando houver, será considerado equivalente - Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita,
ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro- prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando
fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção, necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas,
a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so- associações, entre outros), com atenção especial às populações que
cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me-
cultura das pessoas em situação de rua. dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).
Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes - Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de
requisitos: saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori-
I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca- dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na
dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB;
II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan-
Básica vigente, conforme norma específica. do a integralidade por meio da realização de ações de promoção,
Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua, proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos
o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen- e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza-
do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica, ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas
Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó- Integrativas e Complementares;
rio onde estas pessoas estão concentradas. VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi-
cada município, serão tomados como base os dados dos censos po- ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili-
pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde. mento do vínculo;
As regras estão publicadas em portarias específicas que disci- VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população
plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire- adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações
trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos,
equipes de consultório na rua entre outras disposições. permitindo a longitudinalidade do cuidado;
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas,
por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam
Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi- influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades
lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas e da própria comunidade;
privadas de liberdade. IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co-
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li- ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou-
berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto tros pontos de atenção do sistema de saúde;
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva- X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção dos serviços de saúde;;
Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or- XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati- da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
a que estiver vinculada, conforme portaria específica. e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do
4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu-
lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto- básica;
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
ou do Distrito Federal. viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que lidade do cuidado;
atuam na Atenção Básica: XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros va vigente;
dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor- XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste- tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide- tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa- de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
nhadas no planejamento local; ritório;

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur- V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces-
gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela
estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi- rede local;
nalidade pelas equipes que atuam na AB; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os
às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma- outros membros da equipe;
nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem
seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida- e ACS;
des e prioridades estabelecidas; VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e
XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e
saúde controlados/compensados com algum grau de dependência IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional,
para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação.
Unidade Básica de Saúde; 4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem:
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte- I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro-
grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS
mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba- espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);
lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar- II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para
de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou-
estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área
população); de atuação e regulamentação; e
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das na sua área de atuação.
ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan- 4.2.1 - Médico:
do a readequação constante do processo de trabalho; I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res-
XXII. Articular e participar das atividades de educação perma- ponsabilidade;
nente e educação continuada; II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads- cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens
ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
adequadas às necessidades deste público;
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es-
XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários
tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
para o adequado funcionamento da UBS;
Federal), observadas as disposições legais da profissão;
XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade,
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais,
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na
to aos demais membros da equipe;
gestão da Unidade Básica de Saúde;
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos- de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa-
sam potencializar ações intersetoriais; bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con- VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
prioridades locais, definidas pelo gestor local. na sua área de atuação.
4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
que atuam na Atenção Básica: I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
4.2.1 - Enfermeiro: saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
em todos os ciclos de vida; nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
exames complementares, prescrever medicações conforme proto- em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; disposições legais da profissão;
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
lecidos; no território;
IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
to aos demais membros da equipe;

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci- na sua área de atuação.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
dentárias (elementar, total e parcial removível); para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- e protocolos de atenção à saúde;
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar ambiente de trabalho;
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- clínicas,
liar em saúde bucal (ASB); IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos bucal;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
junto aos demais membros da equipe; e ciplinar;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
na sua área de atuação. transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): lógicos;
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das VII - Processar filme radiográfico;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VIII - Selecionar moldeiras;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos IX - Preparar modelos em gesso;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas tenção e conservação dos equipamentos;
e legais; XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- miológicos, exceto na categoria de examinador; e
tos odontológicos; XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à na sua área de atuação.
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
venção e promoção da saúde bucal; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú- cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
saúde; pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
saúde e na prevenção das doenças bucais; necessidade do território e cobertura de AB.
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
miológicos, exceto na categoria de examinador; ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
bucal; comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
nica definida pelo cirurgião-dentista; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; e dentre suas atribuições estão:
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; de trabalho na UBS;
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
rurgião Dentista; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e saúde, junto aos demais profissionais;
do ambiente de trabalho; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
antes e após atos cirúrgicos; implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
XVII - Processar filme radiográfico; envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
XVIII - Selecionar moldeiras; sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
XIX - Preparar modelos em gesso; rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
XX - Manipular materiais de uso odontológico. relacionados à segurança;

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
tidos; condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
trabalho em equipe; doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- transmissão de doenças infecciosas e agravos;
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
recursos; transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- letiva;
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
realizada na UBS; no ambiente para o controle de vetores;
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência saúde disponíveis;
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- cas voltadas para a área da saúde;
veis; X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia-
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
da para as vulnerabilidades existentes no território;
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
b) Atribuições do ACS:
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
própria UBS, ou com parceiros;
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
e lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo nhadas no planejamento local;
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com- II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
petências. apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com- III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
bate a Endemias (ACE) das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter- pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser duos e grupos sociais ou coletividades;
integradas. V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da e exames agendados;
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
a) Atribuições comuns do ACS e ACE Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- exames solicitados;
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
atuação da equipe; gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
tros profissionais da equipe quando necessário; paciente para a unidade de saúde de referência.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- saúde;
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que saúde e na prevenção das doenças bucais;
atuam na Atenção Básica; VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; miológicos, exceto na categoria de examinador;
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, bucal;
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc-
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, nica definida pelo cirurgião-dentista;
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi-
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
na sua área de atuação. riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven-
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha- XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a rurgião Dentista;
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou- do ambiente de trabalho;
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, antes e após atos cirúrgicos;
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
disposições legais da profissão; XVII - Processar filme radiográfico;
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi- XVIII - Selecionar moldeiras;
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal XIX - Preparar modelos em gesso;
no território; XX - Manipular materiais de uso odontológico.
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci- na sua área de atuação.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
dentárias (elementar, total e parcial removível); para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- e protocolos de atenção à saúde;
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar ambiente de trabalho;
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- clínicas,
liar em saúde bucal (ASB); IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos bucal;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
junto aos demais membros da equipe; e ciplinar;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
na sua área de atuação. transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): lógicos;
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das VII - Processar filme radiográfico;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VIII - Selecionar moldeiras;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos IX - Preparar modelos em gesso;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas tenção e conservação dos equipamentos;
e legais; XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- miológicos, exceto na categoria de examinador; e
tos odontológicos; XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à na sua área de atuação.
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
venção e promoção da saúde bucal;

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro- processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi- própria UBS, ou com parceiros;
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
necessidade do território e cobertura de AB. XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre- quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane- e
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja petências.
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, bate a Endemias (ACE)
e dentre suas atribuições estão: Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire- Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta- de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
de trabalho na UBS; integradas.
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós- Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian- equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de a) Atribuições comuns do ACS e ACE
saúde, junto aos demais profissionais; I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin-
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem atuação da equipe;
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven-
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco- regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
relacionados à segurança; epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou-
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas tros profissionais da equipe quando necessário;
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
tidos; víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
trabalho em equipe; IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses transmissão de doenças infecciosas e agravos;
recursos; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo letiva;
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
realizada na UBS; didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos no ambiente para o controle de vetores;
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes saúde disponíveis;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
veis; cas voltadas para a área da saúde;
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
da para as vulnerabilidades existentes no território; qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. doenças; e
b)Atribuições do ACS: VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena-
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac- dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio- compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa- localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção
nhadas no planejamento local; Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi-
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e realizada por profissional com comprovada capacidade técnica,
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local.
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
duos e grupos sociais ou coletividades;
A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do
e exames agendados;
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas.
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da
exames solicitados; saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra-
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo que possam comprometer sua autonomia.
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu- Atenção Básica se caracteriza por:
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis- I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de-
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi- finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co-
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife-
paciente para a unidade de saúde de referência. rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo-
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc.
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador)
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais
atuam na Atenção Básica; para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com na percepção dos problemas de saúde da população por parte da
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, equipe e no planejamento das estratégias de intervenção.
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter-
V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis- ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte-
tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.
gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território
procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de-
único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En-
tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal.
demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde
c) Atribuições do ACE:
I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala- e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi-
cológica ou coleta de reservatórios de doenças; cação das necessidades de saúde da população e no planejamento
II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis das intervenções clínicas e sanitárias.
para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter- Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do
venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea- território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi-
mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu-
indicado; ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência.
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me- II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem
didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras assumir em seu território de referência (adstrição), considerando
ações de manejo integrado de vetores; questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo,
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco- ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de
nhecimento geográfico de seu território; e agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu- a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe
lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme
rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais,
mesmo trabalhadores da área adstrita. ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida.
III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun- Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando
damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ-
de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento ações con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo.
às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas
ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces- relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta,
sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si-
para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces- tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan-
se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia- do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das
do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran- consultas ou atividades agendadas.
do a continuidade do cuidado. c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores
território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi-
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita-
famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re- do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás
ferência para o seu cuidado). o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto
do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia- de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades
ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço de saúde da população e território. Para isso é importante que a
em responder às necessidades de saúde da população (residente e equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega;
itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de- como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para
vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para
e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga- o cuidado; etc.
nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen- Destacam-se como importantes ações no processo de avalia-
ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento
de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b).
outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda- a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e
-se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du- comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú-
rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros, de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de
impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita
horários alternativos de funcionamento que atendam expressa- priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e
mente a necessidade da população podem ser pactuados através agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par-
das instâncias de participação social e gestão local. tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri-
Importante ressaltar também que para garantia do acesso é zes e protocolos assistenciais definidos no SUS.
necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter- O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de
ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori-
escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e dade no atendimento, independentemente do número de consul-
maximizar ofertas. tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade-
VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos
cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários, em outros pontos de atenção da RAS.
nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro- As informações obtidas no acolhimento com classificação de
blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia- risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou
ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo preferencialmente eletrônico).
que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode-
ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato;
as condições crônicas. 1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo
Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos dia;
longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati- 2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura,
vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de para usuário do território;
saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente 3. procedimento para resolução de demanda simples prevista
e com qualidade. em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi-
Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du- ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames
rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos para o seguimento de linha de cuidado bem definida;
fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median-
de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
(individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi-
individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá- município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de
sica pode se constituir como: risco não exija atendimento no momento da procura do serviço.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri- IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu-
térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados
em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma
complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di- Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor
ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí-
na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral. lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e
A estratificação de risco da população adscrita a determinada realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi-
UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações ciliar nos casos de maior complexidade.
que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne- X - Programação e implementação das atividades de atenção à
rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com
usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas
serviços de saúde. de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di- resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda
versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá- de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen-
sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas
formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas, de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário, dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane-
incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú- jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e
de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários).
possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção. XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân-
riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside-
a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser rando a determinação social dos processos saúde-doença para o
resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da planejamento das intervenções da equipe, contribui também para
AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do
escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan- andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den-
do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es- tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain-
de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi- da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação
pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de
agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im- estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu-
portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida
o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica mais saudáveis e sustentáveis.
ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú-
da resolutividade e abrangência da AB. de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do
Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade
de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na
uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes população brasileira, que devem ser considerados na abordagem
clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável;
singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi- práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta-
toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes- promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura
soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se- e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos;
gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde; promoção do desenvolvimento sustentável.
eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e
a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se-
forma humanizada. cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per-
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu- fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais,
lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra- alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados
vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional, pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in-
interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida-
buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri- de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções
saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a medicamentos.
equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen- Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten-
to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e
transdisciplinar, e a ação intersetorial. sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da-
Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento
saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi- e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção
cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e
praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada. doenças, bem como para a promoção da saúde.

18
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in-
de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges-
processos de trabalho voltados para: tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma
a. vigilância da situação de saúde da população, com análises digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente;
que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB,
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública; estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na
b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida-
resposta de saúde pública; do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do
c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis; paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica-
e ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos.
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis- XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local
síveis e acidentes. e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte- de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a
gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos
territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde conselhos locais e municipal; e
deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação
XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte
dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros
do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica.
eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza-
normas vigentes.
gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro-
cessos de trabalho de acordo com a realidade local. incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando-
A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção -se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor-
equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre- tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu-
ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co- cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões,
munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na
definição de papéis e responsabilidades. carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to-
A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su- dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores.
perior das equipes que atuam na Atenção Básica. Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio-
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi- nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam
pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos- os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los,
sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de- tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa-
senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por ção, Formação em Saúde.
qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários. Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio-
escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi- nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação
pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi-
comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do
para o desenvolvimento de uma atenção integral; cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que
de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces- ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba-
sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias.
dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui- A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre
dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi- trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên-
ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a
cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB
identificação das necessidades sociais e organização do serviço em
e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis-
função delas, entre outras;
centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde
XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como
mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen-
do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade
e município; visando à readequação do processo de trabalho e do to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços
planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos- e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele-
sibilidades analisadas. bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen-
elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu- tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação
reconhecimento das realidades presentes no território que influen- e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri-
ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração
de acordo com a necessidade/demanda da população, com base ensino-serviço- comunidade.
em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads-
crito.
As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve-
rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados
na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS.

19
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi- 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos
pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for- financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão
mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões, prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o
conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas, número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema
através dos processos de Educação Continuada, igualmente como de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com-
estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de- petência financeira.
vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio- pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica
nais. 2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos
financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas
6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi-
pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na-
cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com
respectiva competência financeira.
detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan-
O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica
tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional,
(eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo-
Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon-
nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento.
tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de 1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan-
Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten- ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção
ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves- Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal,
timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali-
das ações de Atenção Básica. dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB)
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos
em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi-
normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do nanceira.
Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de
pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e Saúde Bucal será publicado em portaria específica.
do Distrito Federal. 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais
O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve- 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos
rá ser composto por: incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri-
I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
sociodemográficos e epidemiológicos; base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re-
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra- gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior
tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe- ao da respectiva competência financeira.
cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por-
Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a
Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades
dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF) ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades.
e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca- 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos
demia da Saúde; incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais
(eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações
o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados
e serviços;
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de
pectiva competência financeira.
Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na-
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni-
cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade; dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí-
V - Recursos de investimento; fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de
conforme a regulamentação de transferência de recursos federais Saúde Fluviais.
para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm- 4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR)
bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con-
na LC 141/2012. sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês,
I - Recurso per capita: tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas
O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu- pectiva competência financeira.
nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli- Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios
cado pela população do Município. na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica.
A população de cada município e do Distrito Federal será a po- 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS-
pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB,
Ministério da Saúde. dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté- portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os
gias e programas da Atenção Básica NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como
base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) 1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá-
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS sica
(EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da
o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando:
sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec- I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e
tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação,
último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no como:
número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas- a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele-
tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên-
vigente. cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme
A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos normatização vigente; e
no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos,
responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos conforme normativas específicas.
estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe- - identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici-
rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos.
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES. Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item
III - Do credenciamento II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su-
Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios: pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito competentes, qualquer uma das seguintes situações:
Federal; I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as trabalho das equipes e/ou;
orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran- II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer
do as diretrizes da Atenção Básica; um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que
esteja impedida por legislação específica, e/ou;
atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo
III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os
Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe-
profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de
deral; e
dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente.
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in-
Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de
equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu-
saúde e programação anual.
cal.
II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia-
As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro-
a ser publicado em portaria específica, deverão realizar: fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e implantação.
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde, Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida- das irregularidades identificadas.
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten- 6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
ção básica. Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do
Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro- SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe-
deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va-
Básica do Ministério da Saúde. riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso- a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de
lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes, suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e Distrito Federal deverão:
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no- - preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi-
vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá bilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias
cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta- nos sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o plei-
belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a to de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado,
contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena pleiteando o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido
de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja no item I e documentação necessária a depender do motivo da sus-
cumprido. pensão.
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser
que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por- encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es-
taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci- pecífico a ser publicado.
mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen-
tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente,
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades.

21
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu- § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos
mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar- maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre
tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi- preferencialmente em relação aos demais idosos. (Incluído pela Lei
nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação nº 13.466, de 2017)
de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negli-
documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante gência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo
de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca- atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na
minhado diretamente ao DAB/SAS/MS. forma da lei.
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas, § 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direi-
verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas tos do idoso.
de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên- § 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven-
cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação. ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
ESTATUTO DO IDOSO. BRASIL. LEI N° 10.741, DE 1° DE Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade
OUTUBRO DE 2003. DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DO competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste-
IDOSO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS munhado ou de que tenha conhecimento.
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro
de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. nesta Lei.
TÍTULO II
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I
DO DIREITO À VIDA
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vi-
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os gente.
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a prote-
(sessenta) anos. ção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públi-
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais ineren- cas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de
tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que tra- dignidade.
ta esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e CAPÍTULO II
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
em condições de liberdade e dignidade.
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à
e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à garantidos na Constituição e nas leis.
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguin-
§ 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação dada pela tes aspectos:
Lei nº 13.466, de 2017) I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa-
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto ços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II – opinião e expressão;
II – preferência na formulação e na execução de políticas so- III – crença e culto religioso;
ciais públicas específicas; IV – prática de esportes e de diversões;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas re- V – participação na vida familiar e comunitária;
lacionadas com a proteção ao idoso; VI – participação na vida política, na forma da lei;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupa- VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
ção e convívio do idoso com as demais gerações; § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria fa- gridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da ima-
mília, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a gem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos
possuam ou careçam de condições de manutenção da própria so- espaços e dos objetos pessoais.
brevivência; § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas -o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizan-
de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; te, vexatório ou constrangedor.
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divul-
gação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biop- CAPÍTULO III
sicossociais de envelhecimento; DOS ALIMENTOS
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de as-
sistência social locais. IX – prioridade no recebimento da restituição Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da
do Imposto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008). lei civil.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável
optar entre os prestadores. pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser cele- idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades
referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde
nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737, que lhe for reputado mais favorável.
de 2008) Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proce-
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições der à opção, esta será feita:
econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
esse provimento, no âmbito da assistência social. II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este
não puder ser contatado em tempo hábil;
CAPÍTULO IV III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não
DO DIREITO À SAÚDE houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami-
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério
por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe Público.
o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios
das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e re- mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promoven-
cuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que do o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como
afetam preferencialmente os idosos. orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência pra-
efetivadas por meio de: ticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos
I – cadastramento da população idosa em base territorial; serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especiali- dos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de 2011)
zado nas áreas de geriatria e gerontologia social; I – autoridade policial;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a II – Ministério Público;
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se loco- III – Conselho Municipal do Idoso;
mover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições IV – Conselho Estadual do Idoso;
públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente con- V – Conselho Nacional do Idoso.
veniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural; § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou pri-
redução das sequelas decorrentes do agravo da saúde. vado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuita- (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
mente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória pre-
como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, vista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
habilitação ou reabilitação. outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
CAPÍTULO V
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação inca-
DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
pacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei.
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo pe-
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
rante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o seguinte
diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua pe-
procedimento: (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
culiar condição de idade.
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá o
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do
contato necessário com o idoso em sua residência; ou (Incluído pela
Lei nº 12.896, de 2013) idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará repre- didático aos programas educacionais a ele destinados.
sentar por procurador legalmente constituído. (Incluído pela Lei nº § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo
12.896, de 2013) às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecno-
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar lógicos, para sua integração à vida moderna.
pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, § 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cí-
pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, vico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às
contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde demais gerações, no sentido da preservação da memória e da iden-
- SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício tidade culturais.
de seus direitos sociais e de isenção tributária. (Incluído pela Lei nº Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
12.896, de 2013) formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe-
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta cimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o
anos terão preferência especial sobre os demais idosos, exceto em preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
caso de emergência. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017). Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50%
direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, cultu-
condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, rais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos res-
segundo o critério médico. pectivos locais.

23
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou ho- Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe-
rários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será
educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de en- atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos
velhecimento. benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe-
Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pes- ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês
soas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e do efetivo pagamento.
programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base
atividades formais e não formais. (Redação dada pela lei nº 13.535, dos aposentados e pensionistas.
de 2017)
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de univer- CAPÍTULO VIII
sidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao
idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural redução da ca- Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma
pacidade visual. (Incluído pela lei nº 13.535, de 2017) articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgâ-
nica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema
CAPÍTULO VI Único de Saúde e demais normas pertinentes.
DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que
não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la pro-
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profis- vida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um)
sional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social –
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou em- Loas. (Vide Decreto nº 6.214, de 2007)
prego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro
idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a na- da família nos termos do caput não será computado para os fins do
tureza do cargo o exigir. cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em con- Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casalar,
curso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pes-
elevada. soa idosa abrigada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: § 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casalar, é facultada
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitan- a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade.
do seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remu- § 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal
neradas; da Assistência Social estabelecerá a forma de participação previs-
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com ta no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de
antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebi-
projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento so- do pelo idoso.
bre os direitos sociais e de cidadania; § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
ao trabalho. Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social,
por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômi-
CAPÍTULO VII ca, para os efeitos legais. (Vigência)
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
CAPÍTULO IX
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime DA HABITAÇÃO
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da famí-
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. lia natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares,
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou pri-
serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, vada.
pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
último reajustamento, com base em percentual definido em regu- permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo
lamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de familiar, casalar, abandono ou carência de recursos financeiros pró-
24 de julho de 1991. prios ou da família.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de inter-
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente dição, além de atender toda a legislação pertinente.
ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do be- § 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a man-
nefício. ter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles,
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispen-
caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no 9.876, sáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas
de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contri- da lei.
buição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o dis- Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
posto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de
imóvel para moradia própria, observado o seguinte:

24
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades CAPÍTULO II
habitacionais residenciais para atendimento aos idosos; (Redação DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
dada pela Lei nº 12.418, de 2011)
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários vol- Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei
tados ao idoso; poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vín-
garantia de acessibilidade ao idoso; culos familiares e comunitários.
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimen- Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43,
tos de aposentadoria e pensão. o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele,
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no pavi- I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
mento térreo. (Incluído pela Lei nº 12.419, de 2011) responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
CAPÍTULO X III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime am-
DO TRANSPORTE bulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica asse- orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas
gurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe
e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando cause perturbação;
prestados paralelamente aos serviços regulares. V – abrigo em entidade;
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente VI – abrigo temporário.
qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este ar- TÍTULO IV
tigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
idosos, devidamente identificados com a placa de reservado prefe- CAPÍTULO I
rencialmente para idosos. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre
60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legisla- Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio
ção local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos do conjunto articulado de ações governamentais e não-governa-
meios de transporte previstos no caput deste artigo. mentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual obser- Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
var-se-á, nos termos da legislação específica: (Regulamento) (Vide I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de
Decreto nº 5.934, de 2006) janeiro de 1994;
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos II – políticas e programas de assistência social, em caráter su-
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; pletivo, para aqueles que necessitarem;
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no va- III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas
lor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opres-
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. são;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou res-
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os
ponsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições de
mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos
longa permanência;
nos incisos I e II.
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi-
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da
tos dos idosos;
lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação
públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a
dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do idoso.
garantir a melhor comodidade ao idoso.
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso
CAPÍTULO II
nos procedimentos de embarque e desembarque nos veículos do DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO
sistema de transporte coletivo. (Redação dada pela Lei nº 12.899,
de 2013) Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela
manutenção das próprias unidades, observadas as normas de pla-
TÍTULO III nejamento e execução emanadas do órgão competente da Política
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
CAPÍTULO I Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governa-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS mentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus
programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sem- Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conse-
pre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou lho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes
violados: de atendimento, observados os seguintes requisitos:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha-
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade bitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
de atendimento; II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho com-
III – em razão de sua condição pessoal. patíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;

25
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. CAPÍTULO III
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institu- DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
cionalização de longa permanência adotarão os seguintes princí-
pios: Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais
I – preservação dos vínculos familiares; de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do Ido-
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; so, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
de força maior; a seguinte redação:
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de ca- “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei
ráter interno e externo; a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da
V – observância dos direitos e garantias dos idosos; política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias po-
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de lítico-administrativas.» (NR)
ambiente de respeito e dignidade. Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de aten- recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi-
dimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos que mento.
praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções admi- Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as
nistrativas. determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsa-
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguin-
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o ido- tes penalidades, observado o devido processo legal:
so, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade I – as entidades governamentais:
e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, a) advertência;
se for o caso; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
idosos; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação II – as entidades não-governamentais:
suficiente; a) advertência;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de b) multa;
habitabilidade; c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
V – oferecer atendimento personalizado; d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami- e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse pú-
liares;
blico.
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de
visitas;
fraude em relação ao programa, caberá o afastamento provisório
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade
dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do pro-
do idoso;
grama.
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas
de lazer;
ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
dos recursos.
acordo com suas crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; § 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento,
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocor- que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato
rência de idoso portador de doenças infectocontagiosas; comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis,
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi- inclusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução
site os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do
que não os tiverem, na forma da lei; interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que pela Vigilância Sanitária.
receberem dos idosos; § 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natu-
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e cir- reza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provie-
cunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, rem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor antecedentes da entidade.
de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; CAPÍTULO IV
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
familiares; Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter-
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com forma- minações do art. 50 desta Lei:
ção específica. Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos pres- (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, poden-
tadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária gra- do haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas
tuita. as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de
longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos para ou-
tra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquan-
to durar a interdição.

26
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida-
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra ido- julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou-
so de que tiver conhecimento: tras provas.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin-
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a do a autoridade judiciária em igual prazo.
prioridade no atendimento ao idoso: § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi-
(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas-
dano sofrido pelo idoso. tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder
à substituição.
CAPÍTULO V § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi-
DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi-
ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga-
mento do mérito.
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão § 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
atualizados anualmente, na forma da lei. entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade ad-
ministrativa por infração às normas de proteção ao idoso terá início TÍTULO V
com requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado DO ACESSO À JUSTIÇA
por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas. CAPÍTULO I
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão DISPOSIÇÕES GERAIS
ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as cir-
cunstâncias da infração. Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí-
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil,
a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.
tro) horas, por motivo justificado.
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresen-
exclusivas do idoso.
tação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
lavrado na presença do infrator;
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou
II – por via postal, com aviso de recebimento.
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a auto-
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este
ridade competente aplicará à entidade de atendimento as sanções
regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori-
vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais ins- dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará
tituições legitimadas para a fiscalização. as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a em local visível nos autos do processo.
saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará § 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, es-
à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem preju- tendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou com-
ízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo panheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a § 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na
fiscalização. Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e
instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defen-
CAPÍTULO VI soria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES aos Serviços de Assistência Judiciária.
EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO § 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o
fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad- idosos em local visível e caracteres legíveis.
ministrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis nos § 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade espe-
6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999. cial aos maiores de oitenta anos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em 2017).
entidade governamental e não-governamental de atendimento ao
idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa inte- CAPÍTULO II
ressada ou iniciativa do Ministério Público. DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária,
ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento Art. 72. (VETADO)
provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante deci- serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
são fundamentada. Art. 74. Compete ao Ministério Público:
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documen- ção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indis-
tos e indicar as provas a produzir. poníveis e individuais homogêneos do idoso;

27
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdi- I – acesso às ações e serviços de saúde;
ção total ou parcial, de designação de curador especial, em circuns- II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiên-
tâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em cia ou com limitação incapacitante;
que se discutam os direitos de idosos em condições de risco; III – atendimento especializado ao idoso portador de doença
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de infectocontagiosa;
risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex-
idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando necessá- cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in-
rio ou o interesse público justificar; dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso, prote-
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo: gidos em lei.
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen- Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no- foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta
tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Fe-
ou Militar; deral e a competência originária dos Tribunais Superiores.
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di- coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se
reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves- legitimados, concorrentemente:
tigatórias; I – o Ministério Público;
c) requisitar informações e documentos particulares de insti- II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
tuições privadas; III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1
e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
infrações às normas de proteção ao idoso; interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assembleia, se houver prévia autorização estatutária.
assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extraju- § 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
diciais cabíveis;
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
de que cuida esta Lei.
dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por asso-
as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá
irregularidades porventura verificadas;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser- assumir a titularidade ativa.
viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
o desempenho de suas atribuições; esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
idosos previstos nesta Lei. pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
teses, segundo dispuser a lei. mandado de segurança.
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da
Público. obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
§ 3o O representante do Ministério Público, no exercício de prático equivalente ao adimplemento.
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
idoso. justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for-
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos ma do art. 273 do Código de Processo Civil.
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos § 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor
autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer di- multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
ligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis. suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, para o cumprimento do preceito.
será feita pessoalmente. § 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- se houver configurado.
rimento de qualquer interessado. Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal
CAPÍTULO III
de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLE-
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
TIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS
após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi- execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
nistério Público deverão ser fundamentadas. facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- daquele.
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao idoso, refe- Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
rentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: para evitar dano irreparável à parte.

28
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde- CAPÍTULO II
nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à DOS CRIMES EM ESPÉCIE
autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código
da sentença condenatória favorável ao idoso sem que o autor lhe Penal.
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando
igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou assu- seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao di-
mindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão. reito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne-
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian- cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
outras despesas. § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me-
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
Público. § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível
os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele- fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recu-
mentos de convicção. sar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa,
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ense- Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis-
jar a propositura de ação para sua defesa, devem encaminhar as pe- são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
ças pertinentes ao Ministério Público, para as providências cabíveis. a morte.
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re- Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, en-
querer às autoridades competentes as certidões e informações que tidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias. necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíqui-
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, ca, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradan-
no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) tes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando
dias. obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inade-
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di- quado:
ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro- Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
arquivamento, fazendo-o fundamentadamente. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar- § 2o Se resulta a morte:
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Públi- Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) me-
co ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. ses a 1 (um) ano e multa:
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Co- motivo de idade;
ordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitima- II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
das poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
juntados ou anexados às peças de informação. prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena- IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público esta Lei;
para o ajuizamento da ação. V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
TÍTULO VI Ministério Público.
DOS CRIMES Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
CAPÍTULO I tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
DISPOSIÇÕES GERAIS parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão
sições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação di-
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri- versa da de sua finalidade:
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro- Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
cedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entida-
do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF) de de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa § 1o............................................................................
a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente
outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou res- ou maior de 60 (sessenta) anos.
sarcimento de dívida: ............................................................................” (NR)
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. “Art. 159............................................................................
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunica- ............................................................................
ção, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
do idoso: o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos ............................................................................” (NR)
a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles “Art. 183............................................................................
dispor livremente: ............................................................................
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, superior a 60 (sessenta) anos.» (NR)
testar ou outorgar procuração: “Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem dis- trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
cernimento de seus atos, sem a devida representação legal: não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pa-
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. gamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou as-
TÍTULO VII cendente, gravemente enfermo:
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ............................................................................” (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Mi- de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do
nistério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: seguinte parágrafo único:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. “Art. 21............................................................................
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, ............................................................................
Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações: Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
“Art. 61. ............................................................................ metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
............................................................................ Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de
II - ............................................................................ abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 1o ............................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- ............................................................................
lher grávida; § 4o ............................................................................
.............................................................................” (NR) II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
“Art. 121. ............................................................................
............................................................................” (NR)
............................................................................
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter-
de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis-
“Art. 18............................................................................
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
............................................................................
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a meno-
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
res de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou superior
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminu-
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeter-
.............................................................................” (NR) minação:
“Art. 133. ............................................................................ ............................................................................” (NR)
............................................................................ Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000,
§ 3o ............................................................................ passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.» (NR) idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactan-
“Art. 140. ............................................................................ tes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendi-
............................................................................ mento prioritário, nos termos desta Lei.» (NR)
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fun-
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou do Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional do Ido-
portadora de deficiência: so seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financei-
............................................................................ (NR) ro, para aplicação em programas e ações relativos ao idoso.
“Art. 141. ............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados rela-
............................................................................ tivos à população idosa do País.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio-
deficiência, exceto no caso de injúria. nal projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de
.............................................................................” (NR) Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social,
“Art. 148. ............................................................................ de forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o
............................................................................ estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias c. Programa de Educação Permanente à Distância - implemen-
da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que tar programa de educação permanente na área do envelhecimento
vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004. e saúde do idoso, voltado para profissionais que trabalham na rede
de atenção básica à saúde, contemplando os conteúdos específi-
cos das repercussões do processo de envelhecimento populacional
para a saúde individual e para a gestão dos serviços de saúde.
PACTO PELA SAÚDE 2006 E CONSOLIDAÇÃO DO SUS. d. Acolhimento - reorganizar o processo de acolhimento à pes-
BRASIL. PORTARIA N° 399/GM/MS, DE 22 DE FEVE- soa idosa nas unidades de saúde, como uma das estratégias de en-
REIRO DE 2006. DIVULGA O PACTO PELA SAÚDE 2006 frentamento das dificuldades atuais de acesso.
- CONSOLIDAÇÃO DO SUS E APROVA AS DIRETRIZES e. Assistência Farmacêutica - desenvolver ações que visem qua-
OPERACIONAIS DO REFERIDO PACTO lificar a dispensação e o acesso da população idosa.
f. Atenção Diferenciada na Internação - instituir avaliação ge-
I. Pacto pela Vida riátrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda pessoa
O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS idosa internada em hospital que tenha aderido ao Programa de
em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação Atenção Domiciliar.
de saúde da população brasileira. g. Atenção domiciliar – instituir esta modalidade de prestação
A definição de prioridades deve ser estabelecida por meio de de serviços ao idoso, valorizando o efeito favorável do ambiente
metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Prioridades es- familiar no processo de recuperação de pacientes e os benefícios
taduais ou regionais podem ser agregadas às prioridades nacionais, adicionais para o cidadão e o sistema de saúde.
conforme pactuação local. Os estados/regiões/municípios devem
pactuar as ações necessárias para o alcance das metas e dos obje- B. Controle do Câncer do Colo do Útero e da Mama:
tivos propostos. 1. Objetivos e metas para o Controle do Câncer do Colo do Úte-
São seis as prioridades pactuadas: ro:
A. Saúde do Idoso; a. Cobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do
B. Controle do câncer do colo do útero e da mama; colo do útero, conforme protocolo, em 2006.
C. Redução da mortalidade infantil e materna; b. Incentivo para a realização da cirurgia de alta freqüência, téc-
D. Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emer- nica que utiliza um instrumental especial para a retirada de lesões
gentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculo- ou parte do colo uterino comprometido (com lesões intra-epiteliais
se, malária e influenza; de alto grau) com menor dano possível, que pode ser realizada em
E. Promoção da Saúde; ambulatório, com pagamento diferenciado, em 2006.
F. Fortalecimento da Atenção Básica.
2. Metas para o Controle do Câncer da mama:
A. Saúde do Idoso a. Ampliar para 60% a cobertura de mamografia, conforme pro-
Para efeitos deste Pacto será considerada idosa a pessoa com tocolo.
60 anos ou mais. b. Realizar a punção em 100% dos casos necessários, conforme
1. O trabalho nesta área deve seguir as seguintes diretrizes: protocolo.
a. Promoção do envelhecimento ativo e saudável; C. Redução da mortalidade infantil e materna
b. Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
c. Estímulo às ações intersetoriais, visando a integralidade da 1. Objetivos e metas para a redução da mortalidade infantil
atenção; a. Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em 2006.
d. A implantação de serviços de atenção domiciliar; b. Reduzir em 50% os óbitos por doença diarréica e 20% por
e. O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeita- pneumonia, em 2006.
do o critério de risco; c. Apoiar a elaboração de propostas de intervenção para a qua-
f. Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da lificação da atenção às doenças prevalentes.
atenção à saúde da pessoa idosa; d. Criação de comitês de vigilância do óbito em 80% dos muni-
g. Fortalecimento da participação social; cípios com população acima de 80.000 habitantes, em 2006.
h. Formação e educação permanente dos profissionais de saú-
de do SUS na área de saúde da pessoa idosa; 2. Objetivos e metas para a redução da mortalidade materna
i. Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde a. Reduzir em 5% a razão da mortalidade materna, em 2006.
da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do b. Garantir insumos e medicamentos para tratamento das sín-
SUS; dromes hipertensivas no parto.
j. Promoção da cooperação nacional e internacional das experi- c. Qualificar os pontos de distribuição de sangue para que aten-
ências na atenção à saúde da pessoa idosa; dam às necessidades das maternidades e outros locais de parto.
k. Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
D. Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças
2. Ações estratégicas: emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tu-
a. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa - instrumento de cida- berculose, malária e influenza
dania com informações relevantes sobre a saúde da pessoa idosa, 1. Objetivos e metas para o controle da dengue:
possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profis- a. Plano de Contingência para atenção aos pacientes, elabora-
sionais de saúde. do e implantado nos municípios prioritários, em 2006;
b. Manual de Atenção Básica à Saúde da Pessoa Idosa - para b. Reduzir para menos de 1% a infestação predial por Aedes
indução de ações de saúde, tendo por referência as diretrizes conti- aegypti em 30% dos municípios prioritários até 2006.
das na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

31
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
2. Meta para a eliminação da hanseníase: II. Pacto em Defesa do SUS
a. Atingir o patamar de eliminação como problema de saúde A. Diretrizes
pública, ou seja, menos de 1 caso por 10.000 habitantes em todos O trabalho dos gestores das três esferas de governo e dos ou-
os municípios prioritários, em 2006. tros atores envolvidos dentro deste Pacto deve considerar as se-
guintes diretrizes:
3. Metas para o controle da tuberculose: 1. Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a
a. Atingir pelo menos 85% de cura de casos novos de tubercu- consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
losebacilífera diagnosticados a cada ano 4. Meta para o controle da dos princípios do Sistema Único de Saúde estabelecidos na Consti-
malária tuição Federal;
a. Reduzir em 15% a Incidência Parasitária Anual, na região da 2. Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competên-
Amazônia Legal, em 2006. cia e em conjunto com os demais gestores, que visem qualificar e
5. Objetivo para o controle da Influenza assegurar o Sistema Único de Saúde como política pública.
a. Implantar Plano de Contingência, unidades sentinelas e o sis-
tema de informação - SIVEP-GRIPE, em 2006. B. Iniciativas
O Pacto em Defesa do SUS deve firmar-se através de iniciativas
E. Promoção da saúde, com ênfase na atividade física regular que busquem a:
e alimentação saudável 1. Repolitização da saúde, como um movimento que retoma a
1. Objetivos: Reforma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do
a. Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde, SUS;
de responsabilidade dos três gestores; 2. Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização so-
b. Enfatizar a mudança de comportamento da população bra- cial tendo a questão da saúde como um direito;
sileira de forma a internalizar a responsabilidade individual da prá- 3. Garantia de financiamento de acordo com as necessidades
tica de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e do Sistema.
combate ao tabagismo;
c. Articular e promover os diversos programas de promoção de C. Ações do Pacto em Defesa do SUS:
atividade física já existentes e apoiar a criação de outros; 1. Articulação e apoio à mobilização social pela promoção e de-
d. Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação senvolvimento da cidadania, tendo a questão da saúde como um
saudável; direito;
e. Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde 2. Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos limi-
que contemple as especificidades próprias dos estados e municí- tes institucionais do SUS;
pios devendo iniciar sua implementação em 2006. 3. Ampliação e fortalecimento das relações com os movimen-
tos sociais, em especial os que lutam pelos direitos da saúde e ci-
F. Fortalecimento da Atenção Básica dadania;
1. Objetivos 4. Elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários
a. Assumir a estratégia de Saúde da Família como estratégia do SUS;
prioritária para o fortalecimento da atenção básica, devendo seu 5. Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional, com
desenvolvimento considerar as diferenças loco-regionais; aprovação do PL nº 01/03;
b. Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da aten- 6. Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamen-
ção básica por meio de estratégias de educação permanente e de tos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada
oferta de cursos de especialização e residência multiprofissional e uma delas em ações e serviços de saúde de acordo com a Consti-
em medicina da família; tuição Federal.
c. Consolidar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos
pequenos e médios municípios; III. Pacto de Gestão
d. Ampliar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos Estabelece diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da
grandes centros urbanos; Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamento;
e. Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participação e
Unidades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos materiais, equi- Controle Social; Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.
pamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propos-
tas para estes serviços; A. Diretrizes para a Gestão do SUS
f. Garantir o financiamento da Atenção Básica como responsa- 1. Premissas da Descentralização
bilidade das três esferas de gestão do SUS; Buscando aprofundar o processo de descentralização, com ên-
g. Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas fase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes
redes locais de saúde, por meio de vínculos de trabalho que favore- premissas, que devem orientar este processo:
çam o provimento e fixação dos profissionais; a. Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, parti-
h. Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Aten- cipação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regu-
ção Básica nas três esferas de governo, com vistas à qualificação da lação, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos;
gestão descentralizada; b. Descentralização dos processos administrativos relativos à
i. Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento da gestão para as Comissões Intergestores Bipartite;
Atenção Básica que considere os princípios da estratégia de Saúde c. As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pac-
da Família, respeitando as especificidades loco-regionais tuação e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e
a definição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e nor-
mas pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite;
d. As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tri-
partite devem ser por consenso;

32
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
e. A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saú- b. A Região de Saúde deve organizar a rede de ações e serviços
de promoverão e apoiarão o processo de qualificação permanente de saúde a fim de assegurar o cumprimento dos princípios consti-
para as Comissões Intergestores Bipartite; tucionais de universalidade do acesso, equidade e integralidade do
f. O detalhamento deste processo, no que se refere à descen- cuidado;
tralização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será c. A organização da Região de Saúde deve favorecer a ação coo-
objeto de portaria específica perativa e solidária entre os gestores e o fortalecimento do controle
2. Regionalização social;
A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e d. Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regio-
um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descen- nalizada em uma determinada região, é necessária a pactuação, en-
tralização das ações e serviços de saúde e os processos de negocia- tre todos os gestores envolvidos, do conjunto de responsabilidades
ção e pactuação entre os gestores. não compartilhadas e das ações complementares;
Os principais instrumentos de planejamento da Regionaliza- e. O conjunto de responsabilidades não compartilhadas refere-
ção são o Plano Diretor de Regionalização – PDR –, o Plano Diretor -se à atenção básica e às ações básicas de vigilância em saúde, que
de Investimento – PDI – e a Programação Pactuada e Integrada da deverão ser assumidas em cada município;
Atenção à Saúde – PPI –, detalhados no corpo deste documento. f. As ações complementares e os meios necessários para viabi-
O PDR deverá expressar o desenho final do processo de identi- lizá-las deverão ser compartilhadas e integradas a fim de garantir a
ficação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes resolutividade e a integralidade do acesso;
formas, em cada estado e no Distrito Federal, objetivando a garan- g. Os estados e a União devem apoiar os municípios para que
tia do acesso, a promoção da eqüidade, a garantia da integralidade estes assumam o conjunto de responsabilidades;
da atenção, a qualificação do processo de descentralização e a ra- h. O corte no nível assistencial para delimitação de uma Região
cionalização de gastos e otimização de recursos. de Saúde deve estabelecer critérios que propiciem certo grau de re-
Para auxiliar na função de coordenação do processo de regio- solutividade àquele território, como suficiência em atenção básica
nalização, o PDR deverá conter os desenhos das redes regionaliza- e parte da média complexidade;
das de atenção à saúde, organizadas dentro dos territórios das re- i. Quando a suficiência em atenção básica e parte da média
giões e macrorregiões de saúde, em articulação com o processo da complexidade não forem alcançadas deverá ser considerada no pla-
Programação Pactuada e Integrada. nejamento regional a estratégia para o seu estabelecimento, junto
O PDI deve expressar os recursos de investimentos para aten- com a definição dos investimentos, quando necessário;
der às necessidades pactuadas no processo de planejamento regio- j. O planejamento regional deve considerar os parâmetros de
incorporação tecnológica que compatibilizem economia de escala
nal e estadual. No âmbito regional, este deve refletir as necessi-
com equidade no acesso;
dades para se alcançar a suficiência na atenção básica e parte da
k. Para garantir a atenção na alta complexidade e em parte da
média complexidade da assistência, conforme desenho regional e
média, as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais,
na macrorregião no que se refere à alta complexidade. O referido
com agregação de mais de uma região em uma macrorregião;
plano deve contemplar também as necessidades da área da vigilân-
l. O ponto de corte da média complexidade que deve estar na
cia em saúde e ser desenvolvido de forma articulada com o proces-
Região ou na macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da re-
so da PPI e do PDR.
alidade de cada estado. Em alguns estados com mais adensamento
tecnológico, a alta complexidade pode estar contemplada dentro
2.1. Objetivos da Regionalização: de uma Região.
a. Garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e servi- m. As regiões podem ter os seguintes formatos:
ços de saúde cuja complexidade e contingente populacional trans- I. Regiões Intraestaduais, compostas por mais de um município,
cenda a escala local/municipal; dentro de um mesmo estado;
b. Garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e II. Regiões Intramunicipais, organizadas dentro de um mesmo
territoriais e promover a equidade, ampliando a visão nacional dos município de grande extensão territorial e densidade populacional;
problemas, associada à capacidade de diagnóstico e decisão loco- III. Regiões Interestaduais, conformadas a partir de municípios
regional, que possibilite os meios adequados para a redução das limítrofes em diferentes estados
desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde existentes V. Regiões Fronteiriças, conformadas a partir de municípios li-
no país; mítrofes com países vizinhos.
c. Garantir a integralidade na atenção à saúde, ampliando o n. Nos casos de regiões fronteiriças, o Ministério da Saúde deve
conceito de cuidado à saúde no processo de reordenamento das envidar esforços no sentido de promover articulação entre os países
ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com ga- e órgãos envolvidos, na perspectiva de implementação do sis-
rantia de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema; tema de saúde e conseqüente organização da atenção nos municí-
d. Potencializar o processo de descentralização, fortalecendo pios fronteiriços, coordenando e fomentando a constituição dessas
estados e municípios para exercerem papel de gestores e para que Regiões e participando do Colegiado de Gestão Regional.
as demandas dos diferentes interesses loco-regionais possam ser
organizadas e expressadas na região; 2.3. Mecanismos de Gestão Regional
e. Racionalizar os gastos e otimizar os recursos, possibilitando a. Para qualificar o processo de Regionalização, buscando a
ganho em escala nas ações e serviços de saúde de abrangência re- garantia e o aprimoramento dos princípios do SUS, os gestores de
gional. saúde da Região deverão constituir um espaço permanente de pac-
2.2. Regiões de Saúde tuação e cogestão solidária e cooperativa através de um Colegiado
a. As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em de Gestão Regional. A denominação e o funcionamento do Colegia-
um espaço geográfico contínuo, identificadas pelos gestores muni- do devem ser acordados na CIB;
cipais e estaduais a partir de identidades culturais, econômicas e
sociais, de redes de comunicação e infraestrutura de transportes
compartilhados do território;

33
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
b. O Colegiado de Gestão Regional constitui-se num espaço b. Nas CIB regionais constituídas por representação, quando
de decisão através da identificação, definição de prioridades e de não for possível a imediata incorporação de todos os gestores de
pactuação de soluções para a organização de uma rede regional de saúde dos municípios da Região de saúde, deve ser pactuado um
ações e serviços de atenção à saúde, integrada e resolutiva; cronograma de adequação, com o menor prazo possível, para a in-
c. O Colegiado deve ser formado pelos gestores municipais de clusão de todos os gestores nos respectivos Colegiados de Gestão
saúde do conjunto de municípios e por representantes do(s) ges- Regional;
tor(es) estadual(ais), sendo as suas decisões sempre por consenso, c. Constituir uma estrutura de apoio ao colegiado, através de
pressupondo o envolvimento e comprometimento do conjunto de câmara técnica e eventualmente, grupos de trabalho formados com
gestores com os compromissos pactuados. técnicos dos municípios e do estado;
d. Nos casos onde as CIB regionais estão constituídas por re- d. Estabelecer uma agenda regular de reuniões;
presentação, e não for possível a imediata incorporação de todos os e. O funcionamento do Colegiado deve ser organizado de modo
municípios da Região de Saúde, deve ser pactuado um cronograma a exercer as funções de:
de adequação, no menor prazo possível, para a inclusão de todos os I. Instituir um processo dinâmico de planejamento regional
municípios nos respectivos colegiados regionais. II. Atualizar e acompanhar a programação pactuada e integrada
e. O Colegiado deve instituir processo de planejamento regio- da atenção à saúde
nal, que defina as prioridades, as responsabilidades de cada ente, III. Desenhar o processo regulatório, com definição de fluxos e
as bases para a programação pactuada integrada da atenção à saú- protocolos
de, o desenho do processo regulatório, as estratégias de qualifica- IV. Priorizar linhas de investimento
ção do controle social, as linhas de investimento e o apoio para o V. Estimular estratégias de qualificação do controle social
processo de planejamento local. VI. Apoiar o processo de planejamento local
f. O planejamento regional, mais que uma exigência formal, de- VII. Constituir um processo dinâmico de avaliação e monitora-
verá expressar as responsabilidades dos gestores com a saúde da mento regional
população do território e o conjunto de objetivos e ações que con-
tribuirão para a garantia do acesso e da integralidade da atenção, 2.4.3. Reconhecimento das Regiões
devendo as prioridades e responsabilidades definidas regionalmen- a. As Regiões Intramunicipais deverão ser reconhecidas como
te estar refletidas no plano de saúde de cada município e do estado; tal, não precisando ser homologadas pelas Comissões Intergesto-
g. Os colegiados de gestão regional deverão ser apoiados atra- res.
vés de câmaras técnicas permanentes que subsidiarão com infor- b. As Regiões Intraestaduais deverão ser reconhecidas nas Co-
mações e análises relevantes. missões Intergestores Bipartite e encaminhadas para conhecimento
e acompanhamento do MS.
2.4. Etapas do processo de construção da Regionalização c. As Regiões Interestaduais deverão ser reconhecidas nas res-
2.4.1. Critérios para a composição da Região de Saúde, ex- pectivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para
pressa no PDR: homologação na Comissão Intergestores Tripartite.
a. Contiguidade entre os municípios; d. As Regiões Fronteiriças deverão ser reconhecidas nas respec-
b. Respeito à identidade expressa no cotidiano social, econô- tivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para homo-
mico e cultural; logação na Comissão Intergestores Tripartite.
c. Existência de infraestrutura de transportes e de redes de co- e. O desenho das Regiões intra e interestaduais deve ser sub-
municação, que permita o trânsito das pessoas entre os municípios; metido à aprovação pelos respectivos Conselhos Estaduais de Saú-
d. Existência de fluxos assistenciais que devem ser alterados, se de.
necessário, para a organização da rede de atenção à saúde;
e. Considerar a rede de ações e serviços de saúde, onde: 3. Financiamento do Sistema Único de Saúde
I. Todos os municípios se responsabilizam pela atenção básica e 3.1. São princípios gerais do financiamento para o Sistema
pelas ações básicas de vigilância em saúde; Único de Saúde:
II. O desenho da região propicia relativo grau de resolutividade a. Responsabilidade das três esferas de gestão – União, Estados
àquele território, como a suficiência em atenção básica e parte da e Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde;
média complexidade. b. Redução das iniqüidades macrorregionais, estaduais e regio-
III. A suficiência está estabelecida ou a estratégia para alcançá- nais, a ser contemplada na metodologia de alocação de recursos,
-la está explicitada no planejamento regional, contendo, se neces- considerando também as dimensões étnico-racial e social;
sário, a definição dos investimentos. c. Repasse fundo a fundo, definido como modalidade preferen-
IV. O desenho considera os parâmetros de incorporação tec- cial de transferência de recursos entre os gestores;
nológica que compatibilizem economia de escala com equidade no d. Financiamento do custeio com recursos federais será consti-
acesso. tuído, organizado e transferido em blocos de recursos;
V. O desenho garante a integralidade da atenção e para isso as e. O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a cada
Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, se neces- bloco, atendendo às especificidades previstas nos mesmos, confor-
sário com agregação de mais de uma região em uma macrorregião; me regulamentação específica;
o ponto de corte de média e alta complexidade na região ou na f. As bases de cálculo que formam cada bloco e os montantes
macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da realidade de financeiros destinados para os municípios, Distrito Federal e esta-
cada estado. dos devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e
monitoramento.
2.4.2. Constituição, Organização e Funcionamento do Colegia- 3.2. Os blocos de financiamento para o custeio são:
do de Gestão Regional: a. Atenção Básica
a. A constituição do Colegiado de Gestão Regional deve asse- b. Atenção da Média e Alta Complexidade
gurar a presença de todos os gestores de saúde dos municípios que c. Vigilância em Saúde
compõem a Região e da(s) representação(ões) estadual(is). d. Assistência Farmacêutica

34
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
e. Gestão do SUS Os recursos financeiros correspondentes às ações de Vigilân-
a) Bloco de financiamento para a Atenção Básica cia em Saúde comporão o Limite Financeiro de Vigilância em Saúde
O financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das dos municípios, do Distrito Federal e dos estados e representam o
três esferas de gestão do SUS, sendo que os recursos federais com- agrupamento das ações da Vigilância Epidemiológica, Ambiental e
porão o Bloco Financeiro da Atenção Básica dividido em dois com- Sanitária;
ponentes: Piso da Atenção Básica e Piso da Atenção Básica Variável O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde é composto por
e seus valores serão estabelecidos em Portaria específica, com me- dois componentes: da Vigilância Epidemiológica e Ambiental em
mórias de cálculo anexas. Saúde e da Vigilância Sanitária em Saúde;
O Piso da Atenção Básica – PAB – consiste em um montante de O financiamento para as ações de vigilância sanitária deve
recursos financeiros, que agrega as estratégias destinadas ao cus- consolidar a reversão do modelo de pagamento por procedimen-
teio de ações de atenção básica à saúde; to, oferecendo cobertura para o custeio de ações coletivas visando
Os recursos financeiros do PAB serão transferidos mensalmen- garantir o controle de riscos sanitários inerentes ao objeto de ação,
te, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos avançando em ações de regulação, controle e avaliação de produtos
Fundos de Saúde dos municípios e do Distrito Federal. e serviços associados ao conjunto das atividades.
O Piso da Atenção Básica Variável – PAB Variável – consiste em O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde será transferido
um montante financeiro destinado ao custeio de estratégias especí- em parcelas mensais e o valor da transferência mensal para cada
ficas desenvolvidas no âmbito da atenção básica à saúde. um dos municípios, Distrito Federal e estados, bem como o Limite
O PAB Variável passa a ser composto pelo financiamento das Financeiro respectivo será estabelecido em Portaria específica e de-
seguintes estratégias: talhará os diferentes componentes que o formam, com memórias
I. Saúde da Família; de cálculo anexas.
II. Agentes Comunitários de Saúde; Comporá ainda, o bloco do financiamento da Vigilância em
III. Saúde Bucal; Saúde – componente Vigilância Epidemiológica, os recursos que se
IV. Compensação de Especificidades Regionais destinam às seguintes finalidades, com repasses específicos:
V. Fator de Incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas I. Fortalecimento da Gestão da Vigilância em Saúde em municí-
VI. Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário pios e estados (VIGISUS II)
II. Campanhas de Vacinação
Os recursos do PAB Variável serão transferidos ao município III. Incentivo do Programa DST/Aids
que aderir e implementar as estratégias específicas a que se des- Os recursos alocados tratados pela Portaria GM/MS nº
tinam e a utilização desses recursos deve estar definida no Plano 1349/2002, deverão ser incorporados ao Limite Financeiro da Vigi-
Municipal de Saúde; lância em Saúde do município quando o mesmo comprovar a efeti-
O PAB Variável da Assistência Farmacêutica e da Vigilância em va contratação dos agentes de campo.
Saúde passam a compor os seus Blocos de Financiamento respec- No componente da Vigilância Sanitária, os recursos do Termo
tivos. de Ajustes e Metas – TAM –, destinados e não transferidos aos mu-
Compensação de Especificidades Regionais é um montante fi- nicípios, Distrito Federal e estados, nos casos de existência de saldo
nanceiro igual a 5% do valor mínimo do PAB fixo multiplicado pela superior a 40% dos recursos repassados no período de um semes-
população do Estado, para que as CIBs definam a utilização do re- tre, constituem um Fundo de Compensação em Vigilância Sanitária,
curso de acordo com as especificidades estaduais, podendo incluir administrado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
sazonalidade, migrações, dificuldade de fixação de profissionais, e destinado ao financiamento de gestão e descentralização da Vigi-
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e indicadores de resulta- lância Sanitária.
dos. Os critérios definidos devem ser informados ao plenário da CIT. Em estados onde o valor per capita que compõe o TAM não
b) Bloco de financiamento para a Atenção da Média e Alta atinge o teto orçamentário mínimo daquele estado, a União asse-
Complexidade gurará recurso financeiro para compor o Piso Estadual de Vigilância
Os recursos correspondentes ao financiamento dos procedi-
Sanitária (Pevisa).
mentos relativos à média e alta complexidade em saúde compõem
d) Bloco de financiamento para a Assistência Farmacêutica
o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
A Assistência Farmacêutica será financiada pelos três gestores
Hospitalar dos municípios, do Distrito Federal e dos estados.
do SUS devendo agregar a aquisição de medicamentos e insumos e
Os recursos destinados ao custeio dos procedimentos pagos
a organização das ações de assistência farmacêutica necessárias, de
atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação
acordo com a organização dos serviços de saúde.
– FAEC – serão incorporados ao Limite Financeiro de cada município,
O Bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica organi-
Distrito Federal e estado, conforme pactuação entre os gestores.
za-se em três componentes: Básico, Estratégico e Medicamentos de
O Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC – desti-
Dispensação Excepcional.
na-se, assim, ao custeio de procedimentos, conforme detalhado a
seguir: O Componente Básico da Assistência Farmacêutica consiste em
I. Procedimentos regulados pela CNRAC – Central Nacional de financiamento para ações de assistência farmacêutica na atenção
Regulação da Alta Complexidade; básica em saúde e para agravos e programas de saúde específicos,
II. Transplantes; inseridos na rede de cuidados da atenção básica, sendo de respon-
III. Ações Estratégicas Emergenciais, de caráter temporário, im- sabilidade dos três gestores do SUS.
plementadas com prazo pré-definido; O Componente Básico é composto de uma Parte Fixa e de uma
IV. Novos procedimentos: cobertura financeira de aproxima- Parte Variável, sendo:
damente seis meses, quando da inclusão de novos procedimentos, I. Parte Fixa: valor com base per capita para ações de assistên-
sem correlação à tabela vigente, até à formação de série histórica cia farmacêutica para a atenção básica, transferido a municípios,
para a devida agregação ao MAC. Distrito Federal e estados, conforme pactuação nas CIB e com con-
c) Bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde trapartida financeira dos municípios e dos estados.

35
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II. Parte Variável: valor com base per capita para ações de as- Os recursos referentes a este Bloco serão transferidos fundo a
sistência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e Diabetes, fundo e regulamentados por Portaria específica.
exceto insulina; Asma e Rinite; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Ali-
mentação e Nutrição e Combate ao Tabagismo. 3.3. Financiamento para Investimentos
A parte variável do Componente Básico será transferida ao mu- Os recursos financeiros de investimento devem ser alocados
nicípio ou estado, conforme pactuação na CIB, à medida que este com vistas à superação das desigualdades de acesso e à garantia da
implementa e organiza os serviços previstos pelos Programas espe- integralidade da atenção à saúde.
cíficos. Os investimentos deverão priorizar a recuperação, a re-ade-
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica con- quação e a expansão da rede física de saúde e a constituição dos
siste em financiamento para ações de assistência farmacêutica de espaços de regulação.
programas estratégicos. Os projetos de investimento apresentados ao Ministério da
O financiamento e o fornecimento de medicamentos, produtos Saúde deverão ser aprovados nos respectivos Conselhos de Saúde e
e insumos para os Programas Estratégicos são de responsabilidade na CIB, devendo refletir uma prioridade regional.
do Ministério da Saúde e reúne:
I. Controle de Endemias: Tuberculose, Hanseníase, Malária, São eixos prioritários para aplicação de recursos de investimen-
Leischmaniose, Chagas e outras doenças endêmicas de abrangên- tos:
cia nacional ou regional; I. Estímulo à Regionalização - deverão ser priorizados projetos
II. Programa de DST/Aids (anti-retrovirais); de investimentos que fortaleçam a regionalização do
III. Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados; SUS, com base nas estratégias estaduais e nacionais, conside-
IV. Imunobiológicos; rando os PDI (Plano Diretor de Investimento) atualizados, o mapea-
V. Insulina; mento atualizado da distribuição e oferta de serviços de saúde em
O Componente Medicamentos de Dispensação Excepcional cada espaço regional e parâmetros de incorporação tecnológica
consiste em financiamento para aquisição e distribuição de Medica- que compatibilizem economia de escala e de escopo com eqüidade
mentos de Dispensação Excepcional, para tratamento de patologias no acesso.
que compõem o Grupo 36 – Medicamentos da Tabela Descritiva do II. Investimentos para a Atenção Básica - recursos para investi-
SIA/SUS. mentos na rede básica de serviços, destinados conforme disponi-
A responsabilidade pelo financiamento e aquisição dos Medi- bilidade orçamentária, transferidos fundo a fundo para municípios
camentos de Dispensação Excepcional é do Ministério da Saúde e que apresentarem projetos selecionados de acordo com critérios
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite.
dos estados, conforme pactuação, e a dispensação, responsabilida-
de do estado.
4. Planejamento do SUS
O Ministério da Saúde repassará aos estados, mensalmente,
4.1. O trabalho com o Planejamento do SUS deve seguir as
valores financeiros apurados em encontro de contas trimestrais,
seguintes diretrizes:
de acordo com as informações encaminhadas pelos estados, com
a. O processo de planejamento no âmbito do SUS deve ser de-
base nas emissões das Autorizações para Pagamento de Alto Custo
senvolvido de forma articulada, integrada e solidária entre as três
– APAC. O Componente de Medicamentos de Dispensação Excep-
esferas de gestão. Essa forma de atuação representará o Sistema
cional será readequado através de pactuação entre os gestores do
de Planejamento do Sistema Único de Saúde baseado nas respon-
SUS, das diretrizes para definição de política para Medicamentos de sabilidades de cada esfera de gestão, com definição de objetivos e
Dispensação Excepcional. conferindo direcionalidade ao processo de gestão do SUS, compre-
As Diretrizes a serem pactuadas na CIT, deverão nortear-se pe- endendo nesse sistema o monitoramento e avaliação.
las seguintes proposições: b. Este sistema de planejamento pressupõe que cada esfera de
I. Definição de critérios para inclusão e exclusão de medica- gestão realize o seu planejamento, articulando-se de forma a forta-
mentos e CID na Tabela de Procedimentos, com base nos protoco- lecer e consolidar os objetivos e diretrizes do SUS, contemplando as
los clínicos e nas diretrizes terapêuticas. peculiaridades, necessidades e realidades de saúde locorregionais.
II. Definição de percentual para o co-financiamento entre ges- c. Como parte integrante do ciclo de gestão, o sistema de pla-
tor estadual e gestor federal; nejamento buscará, de forma tripartite, a pactuação de bases fun-
III. Revisão periódica de valores da tabela; cionais do planejamento, monitoramento e avaliação do SUS, bem
IV. Forma de aquisição e execução financeira, considerandose como promoverá a participação social e a integração intra e interse-
os princípios da descentralização e economia de escala. torial, considerando os determinantes e condicionantes de saúde.
e) Bloco de financiamento para a Gestão do Sistema Único de d. No cumprimento da responsabilidade de coordenar o pro-
Saúde cesso de planejamento levar-se-á em conta as diversidades exis-
O financiamento para a Gestão destina-se ao custeio de ações tentes nas três esferas de governo, de modo a contribuir para a
específicas relacionadas com a organização dos serviços de saúde, consolidação do SUS e para a resolubilidade e qualidade, tanto da
acesso da população e aplicação dos recursos financeiros do SUS. sua gestão, quanto das ações e serviços prestados à população bra-
O financiamento deverá apoiar iniciativas de fortalecimento da sileira.
gestão, sendo composto pelos seguintes componentes:
I. Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria 4.2. Objetivos do Sistema de Planejamento do SUS:
II. Planejamento e Orçamento a. Pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no
III. Programação âmbito do SUS e o elenco dos instrumentos a serem adotados pelas
IV. Regionalização três esferas de gestão;
V Participação e Controle Social b. Formular metodologias e modelos básicos dos instrumentos
VI. Gestão do Trabalho de planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as dire-
VII. Educação na Saúde trizes do SUS, com capacidade de adaptação às particularidades de
VIII. Incentivo à implementação de políticas específicas cada esfera administrativa;

36
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
c. Promover a análise e a formulação de propostas destinadas b. Os gestores municipais e estaduais possuem flexibilidade na
a adequar o arcabouço legal no tocante ao planejamento do SUS; definição de parâmetros e prioridades que irão orientar a progra-
d. Implementar e difundir uma cultura de planejamento que in- mação, ressalvados os parâmetros pactuados estadual e nacional-
tegre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo e mente.
subsidie a tomada de decisão por parte de seus gestores; c. A programação é realizada prioritariamente por áreas de
e. Desenvolver e implementar uma rede de cooperação entre atuação, a partir das ações básicas de saúde, para compor o rol de
os três entes federados, que permita um amplo compartilhamento ações de maior complexidade;
de informações e experiências; d. A tabela unificada de procedimentos deve orientar a progra-
f. Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de plane- mação das ações que não estão organizadas por áreas de atuação,
jamento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo, com vistas considerando seus níveis de agregação, para formar as aberturas
a legitimá-lo como instrumento estratégico de gestão do SUS; programáticas;
g. Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação e. A programação da assistência devera buscar a integração
de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os com a programação da vigilância em saúde;
gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e/ f. Os recursos financeiros das três esferas de governo devem
ou redirecionamento; ser visualizados na programação.
h. Promover a capacitação contínua dos profissionais que atu- g. O processo de programação deve contribuir para a garantia
am no contexto do planejamento do SUS; de acesso aos serviços de saúde, subsidiando o processo regulató-
i. Promover a eficiência dos processos compartilhados de pla- rio da assistência;
nejamento e a eficácia dos resultados, bem como da participação h. A programação deve ser realizada a cada gestão, revisada
social nestes processos; periodicamente e sempre que necessário, em decorrência de alte-
j. Promover a integração do processo de planejamento e orça- rações no fluxo de atendimento ao usuário; na oferta de serviços;
mento no âmbito do SUS, bem como a sua intersetorialidade, de na tabela de procedimentos e no teto financeiro, dentre outras.
forma articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento; i. A programação pactuada e integrada deve subsidiar a progra-
mação físico-financeira dos estabelecimentos de saúde.
k. Monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações
j. A programação pactuada e integrada deve guardar relação
implementadas e os resultados alcançados, de modo a fortalecer
com o desenho da regionalização naquele estado.
o planejamento e contribuir para a transparência do processo de
gestão do SUS.
6. Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial
6.1. Para efeitos destas diretrizes, serão adotados os seguin-
4.3. Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento tes conceitos:
Considerando a conceituação, caracterização e objetivos preco- a. Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produ-
nizados para o sistema de planejamento do SUS, configuram-se ção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde, dirigida
como pontos essenciais de pactuação: aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações
a. Adoção das necessidades de saúde da população como crité- da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação,
rio para o processo de planejamento no âmbito do SUS; a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o
b. Integração dos instrumentos de planejamento, tanto no con- Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria
texto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo; Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e
c. Institucionalização e fortalecimento do Sistema de Planeja- Sanitária.
mento do SUS, com adoção do processo de planejamento, neste b. Contratação - conjunto de atos que envolvem desde a habi-
incluído o monitoramento e a avaliação, como instrumento estraté- litação dos serviços/prestadores até à formalização do contrato na
gico de gestão do SUS; sua forma jurídica.
d. Revisão e adoção de um elenco de instrumentos de plane- c. Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial
jamento – tais como planos, relatórios, programações – a serem - conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que interme-
adotados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instru- diama demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a
mentos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos estes.
dele resultantes; d. Complexo Regulador - estratégia da Regulação Assistencial,
e. Cooperação entre as três esferas de gestão para o fortaleci- consistindo na articulação e integração de Centrais de Atenção Pré
mento e a equidade no processo de planejamento do SUS. hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais de Consul-
tas e Exames e Protocolos Assistenciais com a contratação, controle
5. Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde – assistencial, avaliação, programação e regionalização. Os complexos
PPI reguladores podem ter abrangência intra-municipal, municipal, mi-
A PPI é um processo que visa definir a programação das ações cro ou macro regional, estadual ou nacional, devendo esta abran-
gência e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrá-
de saúde em cada território e nortear a alocação dos recursos finan-
tico e solidário, entre as três esferas de gestão do SUS.
ceiros para a saúde, a partir de critérios e parâmetros pactuados
e. Auditoria Assistencial ou Clínica – processo regular que visa
entre os gestores.
aferir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedi-
A PPI deve explicitar os pactos de referência entre municípios,
mentos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactu-
gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à ados. Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clíni-
população referenciada. cos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar
5.1. As principais diretrizes norteadoras do processo de Pro- as não conformidades.
gramação Pactuada são:
a. A programação deve estar inserida no processo de plane-
jamento e deve considerar as prioridades definidas nos planos de
saúde em cada esfera de gestão;

37
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
6.2. Como princípios orientadores do processo de Regulação, 8. Gestão do Trabalho
fica estabelecido que: 8.1. As diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS são as
a. Cada prestador responde apenas a um gestor; seguintes:
b. A regulação dos prestadores de serviços deve ser preferen- a. A política de recursos humanos para o SUS é um eixo estru-
cialmente do município conforme desenho da rede de assistência turante e deve buscar a valorização do trabalho e dos trabalhadores
pactuado na CIB, observado o Termo de Compromisso de Gestão da saúde, o tratamento dos conflitos, a humanização das relações
do Pacto e considerando: de trabalho;
I. A descentralização, municipalização e comando único; b. Municípios, Estados e União são entes autônomos para su-
II. A busca da escala adequada e da qualidade; prir suas necessidades de manutenção e expansão dos seus pró-
III. A complexidade da rede de serviços locais; prios quadros de trabalhadores da saúde;
IV. A efetiva capacidade de regulação; c. O Ministério da Saúde deve formular diretrizes de coopera-
V. O desenho da rede estadual da assistência; ção técnica para a gestão do trabalho no SUS;
VI. A primazia do interesse e da satisfação do usuário do SUS. d. Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos quanto às
c. A regulação das referências intermunicipais é responsabili- estratégias e financiamento tripartite da política de reposição da
dade do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de força de trabalho descentralizada;
construção da programação pactuada e integrada da atenção à saú- e. As diretrizes para Planos de Carreiras, Cargos e Salários do
de, do processo de regionalização e do desenho das redes; SUS - PCCS/SUS - devem ser um instrumento que visa regular as re-
d. A operação dos complexos reguladores no que se refere à lações de trabalho e o desenvolvimento do trabalhador, bem como
a consolidação da carreira como instrumento estratégico para a po-
referência intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser
lítica de recursos humanos no SUS;
operada nos seguintes modos:
f. Promover relações de trabalho que obedeçam a exigências
I. Pelo gestor estadual que se relacionará com a central munici-
do princípio de legalidade da ação do estado e de proteção dos di-
pal que faz a gestão do prestador.
reitos associados ao trabalho;
II. Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com g. Desenvolver ações voltadas para a adoção de vínculos de tra-
o prestador quando este estiver sob gestão estadual. balho que garantam os direitos sociais e previdenciários dos traba-
III. Pelo gestor municipal com co-gestão do estado e represen- lhadores da saúde, promovendo ações de adequação de vínculos,
tação dos municípios da região. onde for necessário, nas três esferas de governo, com o apoio téc-
e. Modelos que diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados nico e financeiro aos municípios, pelos estados e União, conforme
pela CIB e homologados na CIT. legislação vigente;
I. Os atores sociais envolvidos no desejo de consolidação do
6.3. São metas para este Pacto, no prazo de um ano: SUS atuarão, solidariamente, na busca do cumprimento deste item,
a. Contratualização de todos os prestadores de serviços; observadas as responsabilidades legais de cada segmento;
b. Colocação de todos os leitos e serviços ambulatoriais contra- h. Estimular processos de negociação entre gestores e traba-
tualizados sob regulação; lhadores através da instalação de Mesas de Negociação junto às
c. Extinção do pagamento dos serviços dos profissionais médi- esferas de gestão municipais e estaduais do SUS;
cos por meio do código 7. i. As Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde devem en-
vidar esforços para a criação ou fortalecimento de estruturas de
7. Participação e Controle Social recursos humanos, objetivando cumprir um papel indutor de mu-
A Participação Social no SUS é um princípio doutrinário e está danças, tanto no campo da gestão do trabalho, quanto no campo
assegurado na Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 da educação na saúde;
e 8142/90) e é parte fundamental deste pacto.
8.2. Serão priorizados os seguintes componentes na estrutu-
7.1. As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o ração da Gestão do Trabalho no SUS:
processo de participação social, dentro deste pacto são: a. Estruturação da Gestão do Trabalho no SUS - este compo-
a. Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os nente trata das necessidades exigidas para a estruturação da área
movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao de Gestão do Trabalho integrado pelos seguintes eixos: base jurí-
seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamen- dico-legal; atribuições específicas; estrutura e dimensionamento
organizacional; estrutura física e equipamentos. Serão priorizados
te os seus papéis;
para este componente, estados, capitais, Distrito Federal e municí-
b. Apoiar o processo de formação dos conselheiros;
pios com mais de 500 empregos públicos, desde que possuam ou
c. Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos servi-
venham a criar setores de Gestão do Trabalho e da Educação nas
ços de saúde;
Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde;
d. Apoiar os processos de educação popular na saúde, para am- b. Capacitação para a Gestão do Trabalho no SUS - este compo-
pliar e qualificar a participação social no SUS; nente trata da qualificação dos gestores e técnicos na perspectiva
e. Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos do fortalecimento da gestão do trabalho em saúde. Estão previstos,
municípios e estados, com vistas ao fortalecimento da gestão es- para seu desenvolvimento, a elaboração de material didático e a
tratégica do SUS; realização de oficinas, cursos presenciais ou à distância, por meio
f. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de estruturas formadoras existentes;
defesa do SUS e na discussão do pacto; c. Sistema Gerencial de Informações - este componente propõe
proceder à análise de sistemas de informação existentes e desen-
volver componentes de otimização e implantação de sistema infor-
matizado que subsidie a tomada de decisão na área de Gestão do
Trabalho.

38
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
9. Educação na Saúde a. Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
As diretrizes para o trabalho da Educação na Saúde são: ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
a. Avançar na implementação da Política Nacional de Educação indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
Permanente por meio da compreensão dos conceitos de formação do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
e educação permanente para adequá-los às distintas lógicas e es- agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
pecificidades; to das urgências;
b. Considerar a educação permanente parte essencial de uma b. Promover a eqüidade na atenção à saúde, considerando as
política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes me- quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
todologias e técnicas de ensino-aprendizagem inovadoras, entre ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
outras coisas; respeitadas as diversidades locais;
c. Considerar a Política Nacional de Educação Permanente na c. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
Saúde uma estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento Saúde;
de trabalhadores para o setor, tendo como orientação os princípios d. Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
da educação permanente; cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
d. Assumir o compromisso de discutir e avaliar os processos e e. Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
desdobramentos da implementação da Política Nacional de Educa- serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
ção Permanente para ajustes necessários, atualizando-a conforme transferidas pelo estado ou pela união;
as experiências de implementação, assegurando a inserção dos mu- f. Com apoio dos estados, identificar as necessidades da popu-
nicípios e estados neste processo; lação do seu território e fazer um reconhecimento das iniquidades,
e. Buscar a revisão da normatização vigente que institui a Polí- oportunidades e recursos;
tica Nacional de Educação Permanente na Saúde, contemplando a g. Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
consequente e efetiva descentralização das atividades de planeja- processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
mento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Edu- tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
cação Permanente para o trabalho no SUS; h. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias,
f. Centrar, o planejamento, programação e acompanhamento conforme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
das atividades educativas e consequentes alocações de recursos na i. Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qua-
lógica de fortalecimento e qualificação do SUS e atendimento das lidade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programa-
necessidades sociais em saúde; ção pactuada e integrada da atenção à saúde, bem como o acesso à
g. Considerar que a proposição de ações para formação e de- atenção à saúde no seu território, explicitando a responsabilidade,
senvolvimento dos profissionais de saúde para atender às necessi- o compromisso e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a po-
dades do SUS deve ser produto de cooperação técnica, articulação pulação do seu território, desenhando a rede de atenção e promo-
e diálogo entre os gestores das três esferas de governo, as institui- vendo a humanização do atendimento;
ções de ensino, os serviços e controle social e podem contemplar j. Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção
ações no campo da formação e do trabalho. especializada, a partir das necessidades da atenção básica, configu-
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e
B. Responsabilidade Sanitária articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do
Este capítulo define as responsabilidades sanitárias e atribui- sistema, com base no processo da programação pactuada e integra-
ções dos gestores municipais, estaduais, do Distrito Federal e do da da atenção à saúde;
gestor federal. k. Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da aten-
A gestão do Sistema Único de Saúde é construída de forma ção que ocorre fora do seu território, em cooperação com o estado,
solidária e cooperada, com apoio mútuo através de compromissos Distrito Federal e com os demais municípios envolvidos no âmbito
assumidos nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite regional e estadual, conforme a programação pactuada e integrada
(CIT). da atenção à saúde;
Algumas responsabilidades atribuídas aos municípios devem l. Garantir estas referências de acordo com a programação pac-
ser assumidas por todos os municípios. As outras responsabilidades tuada e integrada da atenção à saúde, quando dispõe de serviços
serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com a comple- de referência intermunicipal;
xidade da rede de serviços localizada no território municipal. No m. Garantir a estrutura física necessária para a realização das
que se refere às responsabilidades atribuídas aos estados devem ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen-
ser assumidas por todos eles. Com relação à gestão dos prestado- tes;
res de serviço fica mantida a normatização estabelecida na NOAS n. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga-
SUS 01/2002. As referências na NOAS SUS 01/2002 às condições de rantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da
gestão de municípios e estados ficam substituídas pelas situações população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res-
pactuadas no respectivo Termo de Compromisso de Gestão. ponsabilidade, promovendo seu uso racional, observadas as nor-
mas vigentes e pactuações estabelecidas;
1. Responsabilidades gerais da Gestão do SUS o. Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saú-
1.1. Municípios de realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilân
Todo município é responsável pela integralidade da atenção à cia epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas
saúde da sua população, exercendo essa responsabilidade de forma vigentes e pactuações estabelecidas;
solidária com o estado e a União;Todo município deve: p. Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú-
de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional.

39
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
1.2. Estados 1.3. Distrito Federal
a. Responder, solidariamente com municípios, Distrito Federal a. Responder, solidariamente com a União, pela integralidade
e União, pela integralidade da atenção à saúde da população; da atenção à saúde da população;
b. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de b. Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
Saúde; ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
c. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
conforme definido nas diferentes instâncias de pactuação; do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
d. Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
implementação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de to das urgências;
Compromisso; c. Promover a equidade na atenção à saúde, considerando as
e. Apoiar técnica e financeiramente os municípios, para que diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
estes assumam integralmente sua responsabilidade de gestor da quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
atenção à saúde dos seus munícipes; ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
f. Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da aten- respeitadas as diversidades locais;
ção básica nos municípios, considerando os cenários epidemiológi- d. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
cos, as necessidades de saúde e a articulação regional, fazendo um
Saúde;
reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos;
e. Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a im-
g. Fazer reconhecimento das necessidades da população no
plementação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de Com-
âmbito estadual e cooperar técnica e financeiramente com os mu-
promisso de Gestão;
nicípios, para que possam fazer o mesmo nos seus territórios;
h. Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um f. Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in- cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; g. Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
i. Coordenar o processo de configuração do desenho da rede serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
de atenção, nas relações intermunicipais, com a participação dos transferidas pela União;
municípios da região; h. Garantir a estrutura física necessária para a realização das
j. Organizar e pactuar com os municípios, o processo de refe- ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen-
rência intermunicipal das ações e serviços de média e alta comple- tes;
xidade a partir da atenção básica, de acordo com a programação i. Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica
pactuada e integrada da atenção à saúde; no âmbito do seu território;
k. Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica j. Identificar as necessidades da população do seu território, fa-
no âmbito do território estadual; zer um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos;
l. Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que ga- k. Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
rantam a estrutura física necessária para a realização das ações de processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
atenção básica; tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
m. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga- l. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
rantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da forme definido nas instâncias de pactuação;
população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res- m. Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qua-
ponsabilidade, fomentando seu uso racional e observando as nor- lidade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programa-
mas vigentes e pactuações estabelecidas; ção pactuada e integrada da atenção à saúde, bem como o acesso à
n. Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com- atenção à saúde no seu território, explicitando a responsabilidade,
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de o compromisso e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a po-
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; o. As- pulação do seu território, desenhando a rede de atenção e promo-
sumir transitoriamente, quando necessário, a execução das ações vendo a humanização do atendimento;
de vigilância em saúde no município, comprometendo-se em coo-
n. Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção
perar para que o município assuma, no menor prazo possível, sua
especializada a partir das necessidades da atenção básica, configu-
responsabilidade;
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e
p. Executar algumas ações de vigilância em saúde, em caráter
articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do
permanente, mediante acordo bipartite e conforme normatização
específica; sistema, com base no processo da programação pactuada e integra-
q. Supervisionar as ações de prevenção e controle da vigilância da da atenção à saúde;
em saúde, coordenando aquelas que exigem ação articulada e si- o. Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção
multânea entre os municípios; que ocorre fora do seu território, em cooperação com os estados
r. Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que exe- envolvidos no âmbito regional, conforme a programação pactuada
cutem com qualidade as ações de vigilância em saúde, compreen- e integrada da atenção à saúde;
dendo as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, p. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga-
de acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; rantir, em conjunto com a União, o acesso da população aos me-
s. Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú- dicamentos cuja dispensação esteja sob sua responsabilidade,
de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional; fomentando seu uso racional e observando as normas vigentes e
t. Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pú- pactuações estabelecidas;
blica; q. Garantir o acesso aos serviços de referência de acordo com a
u. Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- programação pactuada e integrada da atenção à saúde;
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a r. Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú-
organização e funcionamento desta rede de serviços. de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional;

40
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
s. Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saú- q. Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução
de realizadas no âmbito do seu território, compreendendo as ações das ações de vigilância em saúde nos estados, Distrito Federal e
de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com municípios, comprometendo-se em cooperar para que assumam,
as normas vigentes e pactuações estabelecidas; no menor prazo possível, suas responsabilidades;
t. Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, com- r. Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Fede-
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de ral e os municípios para que executem com qualidade as ações de
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; vigilância em saúde, compreendendo as ações de vigilância epide-
u. Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pú- miológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes
blica; e pactuações estabelecidas;
v. Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- s. Elaborar, pactuar e implementar a política de promoção da
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a saúde.
organização e funcionamento desta rede de serviços.
2. Responsabilidades na Regionalização
1.4. União 2.1. Municípios
a. Responder, solidariamente com os municípios, o Distrito Fe- Todo município deve:
deral e os estados, pela integralidade da atenção à saúde da popu- a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo
lação; de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro-
b. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de missos pactuados;
Saúde; b. Participar da constituição da regionalização, disponibilizando
c. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e financei-
conforme definido nas diferentes instâncias de pactuação; ros, conforme pactuação estabelecida;
d. Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação c. Participar dos Colegiados de Gestão Regional,, cumprindo
e avaliação do Pacto de Gestão e Pacto pela Vida e seu Termo de suas obrigações técnicas e financeiras. Nas CIBs regionais constitu-
Compromisso; ídas por representação, quando não for possível a imediata incor-
e. Apoiar o Distrito Federal, os estados e conjuntamente com poração de todos os gestores de saúde dos municípios da região de
estes, os municípios, para que assumam integralmente as suas res- saúde, deve-se pactuar um cronograma de adequação, no menor
ponsabilidades de gestores da atenção à saúde; prazo possível, para a inclusão de todos os municípios nos respecti-
f. Apoiar financeiramente o Distrito Federal e os municípios, em vos Colegiados de Gestão Regional.
conjunto com os estados, para que garantam a estrutura física ne- d. Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
conforme definido no Plano Municipal de Saúde, no planejamento
cessária para a realização das ações de atenção básica;
regional, no Plano Diretor de Regionalização e no Plano Diretor de
g. Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, ao Dis-
Investimento; A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo
trito Federal e aos municípios para o aperfeiçoamento das suas atu-
com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços loca-
ações institucionais na gestão da atenção básica;
lizada no território municipal
h. Exercer de forma pactuada as funções de normatização e de e. Executar as ações de referência regional sob sua responsabi-
coordenação no que se refere à gestão nacional da atenção básica lidade em conformidade com a programação pactuada e integrada
no SUS; da atenção à saúde acordada nos Colegiados de Gestão Regional.
i. Identificar, em articulação com os estados, Distrito Federal e
municípios, as necessidades da população para o âmbito nacional, 2.2. Estados
fazendo um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e re- a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo
cursos; e cooperar técnica e financeiramente com os gestores, para de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro-
que façam o mesmo nos seus territórios; missos pactuados;
j. Desenvolver, a partir da identificação de necessidades, um b. Coordenar a regionalização em seu território, propondo e
processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in- pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionalização, obser-
tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; vando as normas vigentes e pactuações na CIB;
k. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga- c. Coordenar o processo de organização, reconhecimento e
rantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da atualização das regiões de saúde, conformando o Plano Diretor de
população aos medicamentos que estejam sob sua responsabilida- Regionalização;
de, fomentando seu uso racional, observadas as normas vigentes e d. Participar da constituição da regionalização, disponibilizando
pactuações estabelecidas; de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e financei-
l. Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e ros, conforme pactuação estabelecida;
serviços de média e alta complexidade, a partir da atenção básica; e. Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, pro-
m. Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com- movendo a equidade inter-regional;
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de f. Participar dos Colegiados de Gestão Regional, cumprindo
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; suas obrigações técnicas e financeiras;
n. Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle g. Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
da vigilância em saúde que exijam ação articulada e simultânea en- conforme definido no Plano Estadual de Saúde, no planejamento
tre os estados, Distrito Federal e municípios; regional, no Plano Diretor de Regionalização e no Plano Diretor de
Investimento.
o. Proceder investigação complementar ou conjunta com os
demais gestores do SUS em situação de risco sanitário;
2.3. Distrito Federal
p. Apoiar e coordenar os laboratórios de saúde pública – Rede
a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo
Nacional de laboratórios de saúde Pública/RNLSP - nos aspectos re-
de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro-
lativos à vigilância em saúde; missos pactuados;

41
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
b. Coordenar o processo de organização, reconhecimento e f. Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis-
atualização das regiões de saúde, conformando o Plano Diretor de tência e vigilância em saúde, em conformidade com o Plano Muni-
Regionalização; cipal de Saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada da
c. Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, pro- atenção à saúde; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de
movendo a eqüidade inter-regional; acordo com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de servi-
d. Participar dos Colegiados de Gestão Regional, cumprindo ços localizada no território municipal
suas obrigações técnicas e financeiras, conforme pactuação esta- g. Gerir os Sistemas de Informação epidemiológica e sanitária,
belecida; bem como assegurar a divulgação de informações e análises.
e. Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
conforme definido no Plano Estadual de Saúde do Distrito Federal, 3.2. Estados
no planejamento regional, no Plano Diretor de Regionalização e no a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per-
Plano Diretor de Investimento; manente de planejamento participativo e integrado, de base local
f. Propor e pactuar diretrizes e normas gerais sobre a regiona- e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
lização, observando as normas vigentes, participando da sua cons- com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
tituição, disponibilizando de forma cooperativa os recursos huma- peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
nos, tecnológicos e financeiros, conforme pactuação estabelecida. Plano Estadual de Saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho
Estadual de Saúde;
2.4. União b. Formular, no Plano Estadual de Saúde, e pactuar no âmbi-
a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo to da Comissão Intergestores Bipartite – CIB, a política estadual de
de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro- atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro-
missos pactuados; moção da saúde;
b. Coordenar o processo de regionalização no âmbito nacional, c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub-
propondo e pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionali- metido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde;
zação, observando as normas vigentes e pactuações na CIT; d. Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios na elabora-
c. Cooperar técnica e financeiramente com as regiões de saúde, ção da programação pactuada e integrada da atenção à saúde, no
por meio dos estados e/ou municípios, priorizando as regiões mais âmbito estadual, regional e interestadual;
vulneráveis, promovendo a equidade inter-regional e interestadual; e. Apoiar, acompanhar, consolidar e operar quando couber, no
d. Apoiar e participar da constituição da regionalização, dispo- âmbito estadual e regional, a alimentação dos Sistemas de Informa-
nibilizando de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológi- ção, conforme normas do Ministério da Saúde;
cos e financeiros, conforme pactuação estabelecida; f. Operar os Sistemas de Informação epidemiológica e sanitária
e. Fomentar a constituição das regiões de saúde fronteiriças, de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa-
participando do funcionamento de seus Colegiados de Gestão Re- ções e análises e apoiar os municípios naqueles sistemas de respon-
gional. sabilidade municipal.
3.3. Distrito Federal
3. Responsabilidades no Planejamento e Programação a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per-
3.1. Municípios manente de planejamento participativo e integrado, de base local
Todo município deve:
e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per-
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
manente de planejamento participativo e integrado, de base local
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
Plano Estadual de Saúde do Distrito Federal, submetendo-o à apro-
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
vação do Conselho de Saúde do Distrito Federal;
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
b. Formular, no Plano Estadual de Saúde do Distrito Federal, a
Plano de Saúde e submetendo-o à aprovação do Conselho Munici-
política estadual de atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais
pal de Saúde;
voltadas para a promoção da saúde;
b. Formular, no Plano Municipal de Saúde, a política municipal
de atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub-
promoção da saúde; metido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde;
c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub- d. Operar os Sistemas de Informação epidemiológica e sanitária
metido à aprovação do Conselho Municipal de Saúde; de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa-
d. Operar os Sistemas de Informação referentes à atenção bá- ções e análises;
sica, conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regular- e. Operar os Sistemas de Informação referentes à atenção bá-
mente os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilida- sica, conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regular-
de pela gestão, no nível local, dos Sistemas de Informação: Sistema mente os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilida-
de Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de de pela gestão, no nível local, dos Sistemas de Informação: Sistema
Informação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de
de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informa- Informação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema
ção Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informa-
Profissionais de Saúde – CNES; e quando couber, os sistemas: Siste- ção Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e
ma de Informação Hospitalar – SIH e Sistema de Informação sobre Profissionais de Saúde – CNES; Sistema de Informação Hospitalar –
Mortalidade – SIM, bem como de outros sistemas que venham a SIH e Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, bem como
ser introduzidos; de outros sistemas que venham a ser introduzidos;
e. Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução f. Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das
das atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito do
local; seu território;

42
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
g. Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis- h. Definir a programação físico-financeira por estabelecimento
tência e vigilância em saúde, em conformidade com o Plano Estadu- de saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autoriza-
al de Saúde do Distrito Federal, no âmbito da Programação Pactua- ção dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a
da e Integrada da atenção à saúde. produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
3.4. União i. Operar o complexo regulador dos serviços presentes no seu
a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per- território, de acordo com a pactuação estabelecida, realizando a
manente de planejamento participativo e integrado, de base local co-gestão com o estado e outros municípios, das referências inter-
e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, municipais.
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu- j. Executar o controle do acesso do seu munícipe aos leitos dis-
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
Plano Nacional de Saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
Nacional de Saúde; regulação;
b. Formular, no Plano Nacional de Saúde, e pactuar no âmbi- k. Planejar e executar a regulação médica da atenção pré-hos-
to da Comissão Intergestores Tripartite – CIT, a política nacional de pitalar às urgências, conforme normas vigentes e pactuações esta-
atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro- belecidas;
moção da saúde; l. Elaborar contratos com os prestadores de serviços de acordo
c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub-
com a política nacional de contratação de serviços de saúde e em
metido à aprovação do Conselho Nacional de Saúde;
conformidade com o planejamento e a programação pactuada e in-
d. Formular, pactuar no âmbito a CIT e aprovar no Conselho Na-
tegrada da atenção à saúde;
cional de Saúde, a política nacional de atenção à saúde dos povos
m. Monitorar e fiscalizar os contratos e convênios com presta-
indígenas e executá-la, conforme pactuação com Estados e Municí-
pios, por meio da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA; dores contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
e. Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios, os estados e n. Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos reali-
Distrito Federal na elaboração da programação pactuada e integra- zados em cada estabelecimento por meio das ações de controle e
da da atenção à saúde, no âmbito nacional; avaliação hospitalar e ambulatorial;
f. Gerenciar, manter e elaborar quando necessário, no âmbito o. Monitorar e fiscalizar e o cumprimento dos critérios nacio-
nacional, os sistemas de informação, conforme normas vigentes e nais, estaduais e municipais de credenciamento de serviços;
pactuações estabelecidas, incluindo aqueles sistemas que garan- p. Implementar a avaliação das ações de saúde nos estabele-
tem a solicitação e autorização de procedimentos, o processamen- cimentos de saúde, por meio de análises de dados e indicadores e
to da produção e a preparação para a realização de pagamentos; verificação de padrões de conformidade;
g. Desenvolver e gerenciar Sistemas de Informação epidemio- q. Implementar a auditoria sobre toda a produção de serviços
lógica e sanitária, bem como assegurar a divulgação de informações de saúde, públicos e privados, sob sua gestão, tomando como refe-
e análises. rência as ações previstas no Plano Municipal de Saúde e em articu-
lação com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial;
4. Responsabilidades na Regulação, Controle, Avaliação e Au- r. Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de
ditoria saúde, públicos e privados, sob sua gestão;
4.1. Municípios s. Elaborar normas técnicas, complementares às das esferas es-
Todo município deve: tadual e federal, para o seu território.
a. Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros
provenientes de transferência regular e automática (fundo a fundo) 4.2. Estados
e por convênios; a. Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fe-
b. Realizar a identificação dos usuários do SUS, com vistas à deral, para o seu território;
vinculação de clientela e à sistematização da oferta de serviços; b. Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
c. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza- meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
das em seu território, por intermédio de indicadores de desempe- convênios;
nho, envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
c. Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros
d. Manter atualizado o Sistema Nacional de Cadastro de Esta-
transferidos aos fundos municipais;
belecimentos e Profissionais de Saúde no seu território, segundo
d. Monitorar o cumprimento pelos municípios: dos planos de
normas do Ministério da Saúde;
saúde, dos relatórios de gestão, da operação dos fundos de saúde,
e. Adotar protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, em con-
sonância com os protocolos e diretrizes nacionais e estaduais; indicadores e metas do Pacto de Gestão, da constituição dos servi-
f. Adotar protocolos de regulação de acesso, em consonância ços de regulação, controle avaliação e auditoria e da participação na
com os protocolos e diretrizes nacionais, estaduais e regionais; programação pactuada e integrada da atenção à saúde;
g. Controlar a referência a ser realizada em outros municípios, e. Apoiar a identificação dos usuários do SUS no âmbito estadu-
de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à al, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da oferta
saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando de serviços;
couber; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo f. Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços loca- Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde, bem como
lizada no território municipal coordenar e cooperar com os municípios nesta atividade;
g. Elaborar e pactuar protocolos clínicos e de regulação de
acesso, no âmbito estadual, em consonância com os protocolos e
diretrizes nacionais, apoiando os municípios na implementação dos
mesmos;

43
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
h. Controlar a referência a ser realizada em outros estados, 4.3. Distrito Federal
de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à a. Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fe-
saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando deral, para o seu território;
couber; b. Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
i. Operar a central de regulação estadual, para as referências meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de regu- convênios;
lação municipais; c. Realizar a identificação dos usuários do SUS no âmbito do
j. Coordenar e apoiar a implementação da regulação da aten- Distrito Federal, com vistas à vinculação de clientela e à sistemati-
ção pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e zação da oferta de serviços;
conforme normas vigentes e pactuações estabelecidas; d. Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
k. Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no seu terri-
municipais; tório, segundo normas do Ministério da Saúde;
l. Participar da co-gestão dos complexos reguladores munici- e. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza-
pais, no que se refere às referências intermunicipais; das em seu território, por intermédio de indicadores de desempe-
m. Operar os complexos reguladores no que se refere à refe- nho, envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
rência intermunicipal, conforme pactuação; f. Elaborar e implantar protocolos clínicos, terapêuticos e de re-
n. Monitorar a implementação e operacionalização das centrais
gulação de acesso, no âmbito do Distrito Federal, em consonância
de regulação;
com os protocolos e diretrizes nacionais;
o. Cooperar tecnicamente com os municípios para a qualifica-
g. Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de
ção das atividades de cadastramento, contratação, controle, avalia-
acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à saú-
ção, auditoria e pagamento aos prestadores de serviços localizados
no território municipal e vinculados ao SUS; de, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia;
p. Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores h. Operar a central de regulação do Distrito Federal, para as re-
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; ferências interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais
q. Elaborar contratos com os prestadores de serviços de acordo de regulação estaduais e municipais;
com a política nacional de contratação de serviços de saúde, em i. Implantar e operar o complexo regulador dos serviços pre-
conformidade com o planejamento e a programação da atenção; sentes no seu território, de acordo com a pactuação estabelecida;
r. Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e j. Coordenar e apoiar a implementação da regulação da aten-
com a regionalização e coordenar este processo em relação aos mu- ção pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e
nicípios; conforme normas vigentes e pactuações estabelecidas;
s. Fiscalizar e monitorar o cumprimento dos critérios estaduais k. Executar o controle do acesso do seu usuário aos leitos dis-
e nacionais de credenciamento de serviços pelos prestadores; poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
t. Monitorar o cumprimento, pelos municípios, das programa- veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
ções fisico-financeiras definidas na programação pactuada e inte- regulação;
grada da atenção à saúde; l. Definir a programação físico-financeira por estabelecimento
u. Fiscalizar e monitorar o cumprimento, pelos municípios, das de saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autoriza-
normas de solicitação e autorização das internações e dos procedi- ção dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a
mentos ambulatoriais especializados; produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
v. Estabelecer e monitorar a programação físico-financeira dos realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
estabelecimentos de saúde sob sua gestão; observar as normas m. Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestado-
vigentes de solicitação e autorização dos procedimentos hospita- res contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
lares e ambulatoriais, monitorando e fiscalizando a sua execução n. Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a polí-
por meio de ações de controle, avaliação e auditoria; processar a tica nacional de contratação de serviços de saúde, em conformida-
produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e de com o planejamento e a programação da atenção à saúde;
realizar o pagamento dos prestadores de serviços; o. Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e
w. Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios Inter-
coma regionalização;
municipais de Saúde;
p. Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios de Saú-
x. Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hie-
de;
rarquizadas estaduais;
q. Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hie-
y. Implementar avaliação das ações de saúde nos estabeleci-
mentos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação rarquizadas;
de padrões de conformidade; r. Implementar avaliação das ações de saúde nos estabeleci-
z. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza- mentos, por meio de análises de dados e indicadores e verificação
das pelos municípios e pelo gestor estadual; de padrões de conformidade;
a. Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que s. Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos reali-
realizam análises de interesse da saúde pública; zados em cada estabelecimento por meio das ações de controle e
b. Elaborar normas complementares para a avaliação tecnoló- avaliação hospitalar e ambulatorial;
gica em saúde; t. Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
c. Avaliar e auditar os Sistemas Municipais de Saúde; realizam análises de interesse da saúde pública;
d. Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de u. Elaborar normas complementares para a avaliação tecnoló-
saúde, pública e privada, sob sua gestão e em articulação com as gica em saúde;
ações de controle, avaliação e regulação assistencial; v. Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de
e. Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saúde, pública e privada, em articulação com as ações de controle,
saúde, públicos e privados, sob sua gestão. avaliação e regulação assistencial.

44
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4.4. União c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
a. Cooperar tecnicamente com os estados, o Distrito Federal e Conferências Municipais de Saúde;
os municípios para a qualificação das atividades de cadastramento, d. Estimular o processo de discussão e controle social no espa-
contratação, regulação, controle, avaliação, auditoria e pagamento ço regional;
aos prestadores de serviços vinculados ao SUS; e. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
b. Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros f. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
transferidos fundo a fundo e por convênio aos fundos de saúde dos SUS, junto à população em geral;
estados, do Distrito Federal e dos municípios; g. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
c. Monitorar o cumprimento pelos estados, Distrito Federal e tas ao fortalecimento da participação social do SUS; A responsabili-
municípios dos planos de saúde, dos relatórios de gestão, da ope- dade a seguir será atribuída de acordo com o pactuado e/ou com a
ração dos fundos de saúde, dos pactos de indicadores e metas, da complexidade da rede de serviços localizada no território municipal
constituição dos serviços de regulação, controle avaliação e audito- h. Implementar ouvidoria municipal com vistas ao fortaleci-
ria e da realização da programação pactuada e integrada da atenção mento da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
à saúde;
d. Coordenar, no âmbito nacional, a estratégia de identificação 5.2. Estados
dos usuários do SUS; a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
e. Coordenar e cooperar com os estados, o Distrito Federal e os defesa do SUS;
municípios no processo de cadastramento de Estabelecimentos e b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
Profissionais de Saúde; cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que
f. Definir e pactuar a política nacional de contratação de servi- deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
ços de saúde; c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
g. Propor e pactuar os critérios de credenciamento dos serviços Conferências Estaduais de Saúde;
de saúde; d. Estimular o processo de discussão e controle social no espa-
h. Propor e pactuar as normas de solicitação e autorização das ço regional;
internações e dos procedimentos ambulatoriais especializados, de e. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
acordo com as Políticas de Atenção Especializada; f. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
i. Elaborar, pactuar e manter as tabelas de procedimentos en- SUS, junto à população em geral;
quanto padrão nacional de utilização dos mesmos e de seus preços; g. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
j. Estruturar a política nacional de regulação da atenção à saú- tas ao fortalecimento da participação social do SUS;
de, conforme pactuação na CIT, contemplando apoio financeiro, h. Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimen-
tecnológico e de educação permanente; to da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
k. Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores;
l. Cooperar na implantação e implementação dos complexos 5.3. Distrito Federal
reguladores; a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
m. Coordenar e monitorar a implementação e operacionaliza- defesa do SUS;
ção das centrais de regulação interestaduais, garantindo o acesso às b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
referências pactuadas; cessárias ao funcionamento do Conselho de Saúde do Distrito Fe-
n. Coordenar a construção de protocolos clínicos e de regula- deral, que deverá ser organizado em conformidade com a legislação
vigente;
ção de acesso nacionais, em parceria com os estados, o Distrito Fe-
c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
deral e os municípios, apoiando–os na utilização dos mesmos;
Conferências Estaduais de Saúde;
o. Acompanhar, monitorar e avaliar a atenção básica, nas de-
d. Estimular o processo de discussão e controle social no espa-
mais esferas de gestão, respeitadas as competências estaduais, mu-
ço regional;
nicipais e do Distrito Federal;
e. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
p. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza-
f. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
das pelos municípios, Distrito Federal, estados e pelo gestor federal,
SUS, junto à população em geral;
incluindo a permanente avaliação dos sistemas de vigilância epide-
g. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
miológica e ambiental em saúde; tas ao fortalecimento da participação social do SUS;
q. Normatizar, definir fluxos técnico-operacionais e supervisio- h. Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimen-
nar a rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises to da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais
de interesse em saúde pública;
r. Avaliar o desempenho das redes regionais e de referências 5.4. União
interestaduais; a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
s. Responsabilizar-se pela avaliação tecnológica em saúde; defesa do SUS;
t. Avaliar e auditar os sistemas de saúde estaduais e municipais. b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
cessárias ao funcionamento do Conselho Nacional de Saúde, que
5. Responsabilidades na Participação e Controle Social deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
5.1. Municípios c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
Todo município deve: Conferências Nacionais de Saúde;
a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em d. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
defesa do SUS; e. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- SUS, junto à população em geral;
cessárias ao funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que f. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; tas ao fortalecimento da participação social do SUS;

45
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
g. Apoiar o fortalecimento dos movimentos sociais, aproximan- b. Implementar espaços de negociação permanente entre tra-
do os da organização das práticas da saúde e com as instâncias de balhadores e gestores, no âmbito do Distrito Federal e regional;
controle social da saúde; c. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais
h. Formular e pactuar a política nacional de ouvidoria e imple- e previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de ges-
mentar o componente nacional, com vistas ao fortalecimento da tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos,
gestão estratégica do SUS. onde for necessário, conforme legislação vigente;
d. Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras,
6. Responsabilidades na Gestão do Trabalho Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração,
6.1. Municípios implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários
Todo município deve: no âmbito da gestão do Distrito Federal;
a. Promover e desenvolver políticas de Gestão do Trabalho, e. Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de
considerando os princípios da humanização, da participação e da gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
democratização das relações de trabalho; balhadores de saúde, no âmbito do Distrito Federal, notadamente
b. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais em regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implan-
e previdenciários dos trabalhadores da saúde na sua esfera de ges- tação de ações estratégicas para a atenção básica.
tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos,
onde for necessário, conforme legislação vigente; As responsabi- 6.4. União
lidades a seguir serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou a. Promover, desenvolver e pactuar políticas de gestão do tra-
com a complexidade da rede de serviços localizada no território balho considerando os princípios da humanização, da participação
municipal e da democratização das relações de trabalho, apoiando os gestores
c. Estabelecer, sempre que possível, espaços de negociação estaduais e municipais na implementação das mesmas;
permanente entre trabalhadores e gestores; b. Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento
d. Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tripartite com vistas à adoção de políticas referentes à força de tra-
tripartite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu- balho descentralizada;
manos descentralizados; c. Fortalecer a Mesa Nacional de Negociação Permanente do
e. Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, SUS como um espaço de negociação entre trabalhadores e gestores
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, e contribuir para o desenvolvimento de espaços de negociação no
implementação e/ou reformulação de Planos de Carreiras, Cargos e âmbito estadual, regional e/ou municipal;
Salários no âmbito da gestão local; d. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais
f. Implementar e pactuar diretrizes para políticas de educação e previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de ges-
tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos,
e gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de
onde for necessário, conforme legislação vigente e apoiando téc-
trabalhadores da saúde, no âmbito municipal, notadamente em re-
nica e financeiramente os estados e municípios na mesma direção;
giões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
e. Formular, propor, pactuar e implementar as Diretrizes Na-
ações estratégicas para a atenção básica.
cionais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do
Sistema Único de Saúde – PCCS/SUS;
6.2. Estados
f. Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de
a. Promover e desenvolver políticas de Gestão do Trabalho,
gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
considerando os princípios da humanização, da participação e da
balhadores de saúde, no âmbito nacional, notadamente em regi-
democratização das relações de trabalho; ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
b. Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento ações estratégicas para a atenção básica.
tripartite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
manos descentralizados; 7. Responsabilidades da Educação na Saúde
c. Promover espaços de negociação permanente entre traba- 7.1. Municípios
lhadores e gestores, no âmbito estadual e regional; Todo município deve:
d. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais a. Formular e promover a gestão da Educação Permanente na
e previdenciários dos trabalhadores da saúde na sua esfera de ges- Saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
onde for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técni- denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
ca e financeiramente os municípios na mesma direção; participando no seu financiamento;
e. Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, b. Promover diretamente ou em cooperação com o estado,
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, com os municípios da sua região e com a União, processos conjun-
implementação e/ou reformulação de Planos de Carreiras, Cargos e tos de educação permanente em saúde;
Salários no âmbito da gestão estadual; c. Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de edu-
f. Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e ges- cação popular na saúde na formação dos profissionais de saúde, em
tão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de traba- consonância com as necessidades sociais em saúde;
lhadores da saúde, no âmbito estadual, notadamente em regiões d. Incentivar junto à rede de ensino, no âmbito municipal, a
onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de realização de ações educativas e de conhecimento do SUS; As res-
ações estratégicas para a atenção básica. ponsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o pactuado
e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada no territó-
6.3. Distrito Federal rio municipal
a. Desenvolver estudos quanto às estratégias e financiamento e. Articular e cooperar com a construção e implementação de
tripartite de política de reposição da força de trabalho descentrali- iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das
zada; profissões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;

46
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
f. Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma d. Articular e propor políticas de indução de mudanças na gra-
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o duação das profissões de saúde;
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; e. Propor e pactuar com o Sistema Federal de Educação, pro-
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, articu-
7.2. Estados lando os demais gestores na mesma direção.
a. Formular, promover e apoiar a gestão da Educação Perma-
nente na Saúde e processos relativos à mesma no âmbito estadual; PORTARIA Nº 399, DE 22 DE FEVEREIRO DE 2006
b. Promover a integração de todos os processos de capacita-
ção e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e apro-
permanente, no âmbito da gestão estadual do SUS; va as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto.
c. Apoiar e fortalecer a articulação com os municípios e entre O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no uso de suas
os mesmos, para os processos de educação e desenvolvimento de atribuições, e
trabalhadores para o SUS; Considerando o disposto no art. 198 da Constituição Federal
d. Articular a vinculação dos municípios às referências para o de 1988, que estabelece as ações e serviços públicos que integram
processo de formação e desenvolvimento; uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem o Sistema
e. Articular e participar das políticas regulatórias e de indução Único de Saúde - SUS;
de mudanças no campo da graduação e da especialização das pro- Considerando o art. 7º da Lei nº 8080/90 dos princípios e dire-
fissões de saúde; trizes do SUS de universalidade do acesso, integralidade da atenção
f. Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro- e descentralização político-administrativa com direção única em
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope- cada esfera de governo;
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção; Considerando a necessidade de qualificar e implementar o
g. Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica processo de descentralização, organização e gestão do SUS à luz da
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito evolução do processo de pactuação intergestores;
estadual; Considerando a necessidade do aprimoramento do processo
de pactuação intergestores objetivando a qualificação, o aperfeiço-
7.3. Distrito Federal amento e a definição das responsabilidades sanitárias e de gestão
a. Formular e promover a gestão da Educação Permanente na entre os entes federados no âmbito do SUS;
Saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade Considerando a necessidade de definição de compromisso en-
da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor- tre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentem
denação e de execução da política de formação e desenvolvimento, impacto sobre a situação de saúde da população brasileira;
participando no seu financiamento; Considerando o compromisso com a consolidação e o avanço
b. Promover a integração de todos os processos de capacita- do processo de Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
ção e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação dos princípios do SUS;
permanente; Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais do Pac-
c. Articular e participar das políticas regulatórias e de indução to pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS na reunião da Comis-
de mudanças no campo da graduação e da especialização das pro- são Intergestores Tripartite realizada no dia 26 de janeiro de 2006; e
fissões de saúde;
Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais do Pac-
d. Articular e cooperar com a construção e implementação de
to pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS, na reunião do Con-
iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das
selho Nacional de Saúde realizada no dia 9 de fevereiro de 2006,
profissões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
resolve:
e. Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro-
Art. 1º - Dar divulgação ao Pacto pela Saúde 2006 – Consolida-
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope-
ção do SUS, na forma do Anexo I a esta portaria.
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção;
Art 2º - Aprovar as Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
f. Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica
em 2006 – Consolidação do SUS com seus três componentes: Pac-
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito
do Distrito Federal; tos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, na forma do Anexo II
g. Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma a esta Portaria.
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o Art. 3º - Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de Com-
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; promisso de Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto
h. Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de edu- pela Saúde 2006, as mesmas prerrogativas e responsabilidades dos
cação popular na saúde da formação dos profissionais de saúde, em municípios e estados que estão habilitados em Gestão Plena do Sis-
consonância com as necessidades sociais em saúde; tema, conforme estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB
i. Incentivar, junto à rede de ensino, a realização de ações edu- SUS 01/96 e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS
cativas e de conhecimento do SUS; SUS 2002.
Art. 4º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
7.4. União
a. Formular, promover e pactuar políticas de educação perma- ANEXO I
nente na saúde, apoiando técnica e financeiramente estados e mu- PACTO PELA SAÚDE 2006
nicípios no desenvolvimento das mesmas; Consolidação do SUS
b. Promover a integração de todos os processos de capacita-
ção e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação O Sistema Único de Saúde - SUS é uma política pública que aca-
permanente, no âmbito da gestão nacional do SUS; ba de completar uma década e meia de existência. Nesses poucos
c. Propor e pactuar políticas regulatórias no campo da gradua- anos, foi construído no Brasil, um sólido sistema de saúde que pres-
ção e da especialização das profissões de saúde; ta bons serviços à população brasileira.

47
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
O SUS tem uma rede de mais de 63 mil unidades ambulato- PROMOÇÃO DA SAÚDE:
riais e de cerca de 6 mil unidades hospitalares, com mais de 440 Elaborar e implantar a Política Nacional de Promoção da Saúde,
mil leitos. Sua produção anual é aproximadamente de 12 milhões com ênfase na adoção de hábitos saudáveis por parte da população
de internações hospitalares; 1 bilhão de procedimentos de atenção brasileira, de forma a internalizar a responsabilidade individual da
primária à saúde; 150 milhões de consultas médicas; 2 milhões de prática de atividade física regula,r alimentação saudável e combate
partos; 300 milhões de exames laboratoriais; 132 milhões de aten- ao tabagismo.
dimentos de alta complexidade e 14 mil transplantes de órgãos.
Além de ser o segundo país do mundo em número de transplan- ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
tes, o Brasil é reconhecido internacionalmente pelo seu progresso
no atendimento universal às Doenças Sexualmente Transmissíveis/ Consolidar e qualificar a estratégia da Saúde da Família como
AIDS, na implementação do Programa Nacional de Imunização e no modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das
atendimento relativo à Atenção Básica. O SUS é avaliado positiva- redes de atenção à saúde do SUS
mente pelos que o utilizam rotineiramente e está presente em todo II – O PACTO EM DEFESA DO SUS:
território nacional.
Ao longo de sua história houve muitos avanços e também desa- O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articula-
fios permanentes a superar. Isso tem exigido, dos gestores do SUS, das pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS
um movimento constante de mudanças, pela via das reformas in- como política de Estado mais do que política de governos; e de de-
crementais. Contudo, esse modelo parece ter se esgotado, de um fender, vigorosamente, os princípios basilares dessa política públi-
lado, pela dificuldade de imporem-se normas gerais a um país tão ca, inscritos na Constituição Federal.
grande e desigual; de outro, pela sua fixação em conteúdos norma- A concretização desse Pacto passa por um movimento de re-
tivos de caráter técnico-processual, tratados, em geral, com deta- politização da saúde, com uma clara estratégia de mobilização so-
lhamento excessivo e enorme complexidade. cial envolvendo o conjunto da sociedade brasileira, extrapolando
Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os gesto- os limites do setor e vinculada ao processo de instituição da saúde
res do SUS assumem o compromisso público da construção do PAC- como direito de cidadania, tendo o financiamento público da saúde
TO PELA SAÚDE 2006, que será anualmente revisado, com base nos como um dos pontos centrais.
princípios constitucionais do SUS, ênfase nas necessidades de saú- As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são:
IMPLEMENTAR UM PROJETO PERMANENTE DE MOBILIZAÇÃO
de da população e que implicará o exercício simultâneo de defini-
SOCIAL COM A FINALIDADE DE:
ção de prioridades articuladas e integradas nos três componentes:
Mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como siste-
Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS.
ma público universal garantidor desses direitos;
Estas prioridades são expressas em objetivos e metas no Termo
Alcançar, no curto prazo, a regulamentação da Emenda Consti-
de Compromisso de Gestão e estão detalhadas no documento Dire- tucional nº 29, pelo Congresso Nacional;
trizes Operacionais do Pacto pela Saúde 2006 Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamen-
tários e financeiros para a saúde.
I – O PACTO PELA VIDA: Aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das
três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma
O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compro- delas.
missos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados
e derivados da análise da situação de saúde do País e das priorida- ELABORAR E DIVULGAR A CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁ-
des definidas pelos governos federal, estaduais e municipais. RIOS DO SUS
Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá
ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequí- III – O PACTO DE GESTÃO DO SUS
voca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance
desses resultados. O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades claras de
As prioridades do PACTO PELA VIDA e seus objetivos para 2006 cada ente federado de forma a diminuir as competências concor-
são: rentes e a tornar mais claro quem deve fazer o quê, contribuindo,
assim, para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária
SAÚDE DO IDOSO: do SUS.
Implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, bus- Esse Pacto parte de uma constatação indiscutível: o Brasil é um
cando a atenção integral. país continental e com muitas diferenças e iniquidades regionais.
Mais do que definir diretrizes nacionais é necessário avançar na re-
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA: gionalização e descentralização do SUS, a partir de uma unidade de
Contribuir para a redução da mortalidade por câncer de colo princípios e uma diversidade operativa que respeite as singularida-
do útero e de mama. des regionais.
Esse Pacto radicaliza a descentralização de atribuições do Mi-
nistério da Saúde para os estados, e para os municípios, promo-
MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA:
vendo um choque de descentralização, acompanhado da desburo-
Reduzir a mortalidade materna, infantil neonatal, infantil por
cratização dos processos normativos. Reforça a territorialização da
doença diarréica e por pneumonias.
saúde como base para organização dos sistemas, estruturando as
DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DEN-
regiões sanitárias e instituindo colegiados de gestão regional.
GUE, HANSENÍASE, TUBERCULOSE, MALÁRIA E INFLUENZA Reitera a importância da participação e do controle social com
Fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde às o compromisso de apoio à sua qualificação.
doenças emergentes e endemias.

48
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Explicita as diretrizes para o sistema de financiamento público I – PACTO PELA VIDA
tripartite: busca critérios de alocação eqüitativa dos recursos; refor-
ça os mecanismos de transferência fundo a fundo entre gestores; O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS
integra em grandes blocos o financiamento federal e estabelece re- em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação
lações contratuais entre os entes federativos. de saúde da população brasileira.
As prioridades do Pacto de Gestão são: A definição de prioridades deve ser estabelecida através de
DEFINIR DE FORMA INEQUÍVOCA A RESPONSABILIDADE SANI- metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Prioridades es-
TÁRIA DE CADA INSTÂNCIA GESTORA DO SUS: federal, estadual e taduais ou regionais podem ser agregadas às prioridades nacionais,
municipal, superando o atual processo de habilitação. conforme pactuação local.
ESTABELECER AS DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS, com ên- Os estados/região/município devem pactuar as ações necessá-
fase na Descentralização; Regionalização; Financiamento; Progra- rias para o alcance das metas e dos objetivos propostos.
mação Pactuada e Integrada; Regulação; Participação e Controle São seis as prioridades pactuadas:
Social; Planejamento; Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Saúde do idoso;
Este PACTO PELA SAÚDE 2006 aprovado pelos gestores do SUS Controle do câncer de colo de útero e de mama;
na reunião da Comissão Intergestores Tripartite do dia 26 de janeiro
Redução da mortalidade infantil e materna;
de 2006, é abaixo assinado pelo Ministro da Saúde, o Presidente do
Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emer-
Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o Presidente
gentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculo-
do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - CONA-
se, malária e influenza;
SEMS e será operacionalizado por meio do documento de Diretrizes
Operacionais do Pacto pela Saúde 2006. Promoção da Saúde;
Ministério da Saúde Fortalecimento da Atenção Básica.
Conselho Nacional de Secretários de Saúde-CONASS
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde-CONA- A – SAÚDE DO IDOSO
SEMS Para efeitos desse Pacto será considerada idosa a pessoa com
Anexo II 60 anos ou mais.
DIRETRIZES OPERACIONAIS DO PACTO PELA SAÚDE EM 2006 1 - O trabalho nesta área deve seguir as seguintes diretrizes:
– CONSOLIDAÇÃO DO SUS Promoção do envelhecimento ativo e saudável;
Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
Transcorridas quase duas décadas do processo de instituciona- Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da
lização do Sistema Único de Saúde, a sua implantação e implemen- atenção;
tação evoluíram muito, especialmente em relação aos processos de A implantação de serviços de atenção domiciliar;
descentralização e municipalização das ações e serviços de saúde. O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado
O processo de descentralização ampliou o contato do Sistema com o critério de risco;
a realidade social, política e administrativa do país e com suas es- Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da
pecificidades regionais, tornando-se mais complexo e colocando os atenção à saúde da pessoa idosa;
gestores a frente de desafios que busquem superar a fragmentação Fortalecimento da participação social;
das políticas e programas de saúde através da organização de uma Formação e educação permanente dos profissionais de saúde
rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços e da qualifi- do SUS na área de saúde da pessoa idosa;
cação da gestão. Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da
Frente a esta necessidade, o Ministério da Saúde, o Conselho Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do
Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o Conselho Nacional SUS;
de Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS, pactuaram res- Promoção de cooperação nacional e internacional das experi-
ponsabilidades entre os três gestores do SUS, no campo da gestão ências na atenção à saúde da pessoa idosa;
do Sistema e da atenção à saúde. O documento a seguir contem-
Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
pla o pacto firmado entre os três gestores do SUS a partir de uma
2 - Ações estratégicas:
unidade de princípios que, guardando coerência com a diversidade
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa - Instrumento de cida-
operativa, respeita as diferenças loco-regionais, agrega os pactos
dania com informações relevantes sobre a saúde da pessoa idosa,
anteriormente existentes, reforça a organização das regiões sanitá-
rias instituindo mecanismos de co-gestão e planejamento regional, possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profis-
fortalece os espaços e mecanismos de controle social, qualifica o sionais de saúde.
acesso da população a atenção integral à saúde, redefine os ins- Manual de Atenção Básica e Saúde para a Pessoa Idosa - Para
trumentos de regulação, programação e avaliação, valoriza a macro indução de ações de saúde, tendo por referência as diretrizes conti-
função de cooperação técnica entre os gestores e propõe um finan- das na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
ciamento tripartite que estimula critérios de equidade nas transfe- Programa de Educação Permanente à Distância - Implementar
rências fundo a fundo. programa de educação permanente na área do envelhecimento e
A implantação desse Pacto, nas suas três dimensões - Pacto saúde do idoso, voltado para profissionais que trabalham na rede
pela Vida, Pacto de Gestão e Pacto em Defesa do SUS - possibilita a de atenção básica em saúde, contemplando os conteúdos específi-
efetivação de acordos entre as três esferas de gestão do SUS para cos das repercussões do processo de envelhecimento populacional
a reforma de aspectos institucionais vigentes, promovendo inova- para a saúde individual e para a gestão dos serviços de saúde.
ções nos processos e instrumentos de gestão que visam alcançar Acolhimento - Reorganizar o processo de acolhimento à pessoa
maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas e ao idosa nas unidades de saúde, como uma das estratégias de enfren-
mesmo tempo, redefine responsabilidades coletivas por resultados tamento das dificuldades atuais de acesso.
sanitários em função das necessidades de saúde da população e na Assistência Farmacêutica - Desenvolver ações que visem quali-
busca da equidade social. ficar a dispensação e o acesso da população idosa.

49
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Atenção Diferenciada na Internação - Instituir avaliação geri- E – PROMOÇÃO DA SAÚDE
átrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda pessoa
idosa internada em hospital que tenha aderido ao Programa de 1 - Objetivos:
Atenção Domiciliar. Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde,
Atenção domiciliar – Instituir esta modalidade de prestação de de responsabilidade dos três gestores;
serviços ao idoso, valorizando o efeito favorável do ambiente fami- Enfatizar a mudança de comportamento da população brasilei-
liar no processo de recuperação de pacientes e os benefícios adicio- ra de forma a internalizar a responsabilidade individual da prática
nais para o cidadão e o sistema de saúde. de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e com-
bate ao tabagismo;
B– CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA: Articular e promover os diversos programas de promoção de
atividade física já existentes e apoiar a criação de outros;
1 - Objetivos e metas para o Controle do Câncer de Colo de Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação sau-
Útero: dável;
Cobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do colo Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde
de útero, conforme protocolo, em 2006. que contemple as especificidades próprias dos estados e municí-
Incentivo da realização da cirurgia de alta freqüência técnica pios devendo iniciar sua implementação em 2006;
que utiliza um instrumental especial para a retirada de lesões ou
parte do colo uterino comprometidas (com lesões intra-epiteliais F – FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA
de alto grau) com menor dano possível, que pode ser realizada em
ambulatório, com pagamento diferenciado, em 2006.
1 - Objetivos
2 – Metas para o Controle do Câncer de mama:
Assumir a estratégia de saúde da família como estratégia prio-
Ampliar para 60% a cobertura de mamografia, conforme pro-
ritária para o fortalecimento da atenção básica, devendo seu desen-
tocolo.
Realizar a punção em 100% dos casos necessários, conforme volvimento considerar as diferenças loco-regionais.
protocolo. Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da atenção
básica por meio de estratégias de educação permanente e de ofer-
C – REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA E INFANTIL: ta de cursos de especialização e residência multiprofissional e em
medicina da família.
1 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade infantil Consolidar e qualificar a estratégia de saúde da família nos pe-
Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em 2006. quenos e médios municípios.
Reduzir em 50% os óbitos por doença diarréica e 20% por Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da família nos gran-
pneumonia, em 2006. des centros urbanos.
Apoiar a elaboração de propostas de intervenção para a quali- Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Uni-
ficação da atenção as doenças prevalentes. dades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos materiais, equipa-
Criação de comitês de vigilância do óbito em 80% dos municí- mentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propostas
pios com população acima de 80.000 habitantes, em 2006. para esses serviços.
2 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade materna Garantir o financiamento da Atenção Básica como responsabi-
Reduzir em 5% a razão de mortalidade materna, em 2006. lidade das três esferas de gestão do SUS.
Garantir insumos e medicamentos para tratamento das síndro- Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas
mes hipertensivas no parto. redes locais de saúde, por meio de vínculos de trabalho que favore-
Qualificar os pontos de distribuição de sangue para que aten- çam o provimento e fixação dos profissionais.
dam as necessidades das maternidades e outros locais de parto. Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Aten-
ção Básica nas três esferas de governo, com vistas à qualificação da
D – FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE RESPOSTAS ÀS gestão descentralizada.
DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DENGUE, Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento da
HANSENIASE, TUBERCULOSE, MALARIA E INFLUENZA. Atenção Básica que considere os princípios da estratégia de Saúde
Objetivos e metas para o Controle da Dengue da Família, respeitando as especificidades loco-regionais.
Plano de Contingência para atenção aos pacientes, elaborado e
implantado nos municípios prioritários, em 2006;
II - PACTO EM DEFESA DO SUS
Reduzir a menos de 1% a infestação predial por Aedes aegypti
A – DIRETRIZES
em 30% dos municípios prioritários ate 2006;
2 - Meta para a Eliminação da Hanseníase:
Atingir o patamar de eliminação enquanto problema de saúde O trabalho dos gestores das três esferas de governo e dos ou-
pública, ou seja, menos de 1 caso por 10.000 habitantes em todos tros atores envolvidos dentro deste Pacto deve considerar as se-
os municípios prioritários, em 2006. guintes diretrizes:
3 - Metas para o Controle da Tuberculose: Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a
Atingir pelo menos 85% de cura de casos novos de tuberculose consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
bacilífera diagnosticados a cada ano; dos princípios do Sistema Único de Saúde estabelecidos na Consti-
4- Meta para o Controle da Malária tuição Federal.
Reduzir em 15% a Incidência Parasitária Anual, na região da Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competência
Amazônia Legal, em 2006; e em conjunto com os demais gestores, que visem qualificar e asse-
5 – Objetivo para o controle da Influenza gurar o Sistema Único de Saúde como política pública.
Implantar plano de contingência, unidades sentinelas e o siste- 2 - O Pacto em Defesa do SUS deve se firmar através de inicia-
ma de informação - SIVEP-GRIPE, em 2006. tivas que busquem:

50
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A repolitização da saúde, como um movimento que retoma a Os principais instrumentos de planejamento da Regionalização
Reforma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do são o Plano Diretor de Regionalização – PDR, o Plano Diretor de In-
SUS; vestimento – PDI e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção
A Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização so- em Saúde – PPI, detalhados no corpo deste documento.
cial tendo a questão da saúde como um direito; O PDR deverá expressar o desenho final do processo de identi-
A garantia de financiamento de acordo com as necessidades ficação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes
do Sistema; formas, em cada estado e no Distrito Federal, objetivando a garan-
3 – Ações do Pacto em Defesa do SUS: tia do acesso, a promoção da equidade, a garantia da integralidade
As ações do Pacto em Defesa do SUS devem contemplar: da atenção, a qualificação do processo de descentralização e a ra-
Articulação e apoio à mobilização social pela promoção e de- cionalização de gastos e otimização de recursos.
senvolvimento da cidadania, tendo a questão da saúde como um Para auxiliar na função de coordenação do processo de regio-
direito; nalização, o PDR deverá conter os desenhos das redes regionaliza-
Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos limites das de atenção à saúde, organizadas dentro dos territórios das re-
institucionais do SUS; giões e macrorregiões de saúde, em articulação com o processo da
Ampliação e fortalecimento das relações com os movimentos Programação Pactuada Integrada.
sociais, em especial os que lutam pelos direitos da saúde e cida- O PDI deve expressar os recursos de investimentos para aten-
dania; der as necessidades pactuadas no processo de planejamento re-
Elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários do gional e estadual. No âmbito regional deve refletir as necessidades
SUS; para se alcançar a suficiência na atenção básica e parte da média
Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional, com complexidade da assistência, conforme desenho regional e na ma-
aprovação do PL nº 01/03, já aprovado e aprimorado em três co- crorregião no que se refere à alta complexidade. Deve contemplar
missões da Câmara dos Deputados; também as necessidades da área da vigilância em saúde e ser de-
Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamen- senvolvido de forma articulada com o processo da PPI e do PDR.
tos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada 2.1- Objetivos da Regionalização:
uma delas em ações e serviços de saúde de acordo com a Consti- Garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços
tuição Federal. de saúde cuja complexidade e contingente populacional transcenda
a escala local/municipal;
III - PACTO DE GESTÃO Garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e ter-
ritoriais e promover a equidade, ampliando a visão nacional dos
Estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos problemas, associada à capacidade de diagnóstico e decisão loco-
da Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamen- -regional, que possibilite os meios adequados para a redução das
to; Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participa- desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde existentes
ção Social e Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. no país;
Garantir a integralidade na atenção a saúde, ampliando o con-
DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS ceito de cuidado à saúde no processo de reordenamento das ações
Premissas da descentralização de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com garantia
de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema;
Buscando aprofundar o processo de descentralização, com ên- Potencializar o processo de descentralização, fortalecendo es-
fase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes tados e municípios para exercerem papel de gestores e para que
premissas, que devem orientar este processo: as demandas dos diferentes interesses loco-regionais possam ser
Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, partici- organizadas e expressadas na região;
pação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regula- Racionalizar os gastos e otimizar os recursos, possibilitando
ção, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos; ganho em escala nas ações e serviços de saúde de abrangência re-
Descentralização dos processos administrativos relativos à ges- gional.
tão para as Comissões Intergestores Bipartite; - Regiões de Saúde
As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pactua- As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em um
ção e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e a de- espaço geográfico contínuo, identificadas pelos gestores municipais
finição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e normas e estaduais a partir de identidades culturais, econômicas e sociais,
pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite; de redes de comunicação e infraestrutura de transportes comparti-
As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tripar- lhados do território;
tite devem ser por consenso; A Região de Saúde deve organizar a rede de ações e serviços
A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saúde de saúde a fim de assegurar o cumprimento dos princípios consti-
promoverão e apoiarão processo de qualificação permanente para tucionais de universalidade do acesso, equidade e integralidade do
as Comissões Intergestores Bipartite; cuidado;
O detalhamento deste processo, no que se refere à descentra- A organização da Região de Saúde deve favorecer a ação coo-
lização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será ob- perativa e solidária entre os gestores e o fortalecimento do controle
jeto de portaria específica. social;
Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionali-
Regionalização zada em uma determinada região, é necessário a pactuação entre
todos os gestores envolvidos, do conjunto de responsabilidades
A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e não compartilhadas e das ações complementares;
um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descen- O conjunto de responsabilidades não compartilhadas se refere
tralização das ações e serviços de saúde e os processos de negocia- à atenção básica e às ações básicas de vigilância em saúde, que de-
ção e pactuação entre os gestores. verão ser assumidas por cada município;

51
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As ações complementares e os meios necessários para viabili- O Colegiado deve instituir processo de planejamento regional,
zá-las deverão ser compartilhados e integrados a fim de garantir a que defina as prioridades, as responsabilidades de cada ente, as ba-
resolutividade e a integralidade de acesso; ses para a programação pactuada integrada da atenção a saúde, o
Os estados e a união devem apoiar os municípios para que es- desenho do processo regulatório, as estratégias de qualificação do
tes assumam o conjunto de responsabilidades; controle social, as linhas de investimento e o apoio para o processo
O corte no nível assistencial para delimitação de uma Região de de planejamento local.
Saúde deve estabelecer critérios que propiciem certo grau de reso- O planejamento regional, mais que uma exigência formal, de-
lutividade àquele território, como suficiência em atenção básica e verá expressar as responsabilidades dos gestores com a saúde da
parte da média complexidade; população do território e o conjunto de objetivos e ações que con-
Quando a suficiência em atenção básica e parte da média com- tribuirão para a garantia do acesso e da integralidade da atenção,
plexidade não forem alcançadas deverá ser considerada no planeja- devendo as prioridades e responsabilidades definidas regionalmen-
mento regional a estratégia para o seu estabelecimento, junto com te estar refletidas no plano de saúde de cada município e do estado;
a definição dos investimentos, quando necessário; Os colegiados de gestão regional deverão ser apoiados através
O planejamento regional deve considerar os parâmetros de de câmaras técnicas permanentes que subsidiarão com informa-
incorporação tecnológica que compatibilizem economia de escala ções e análises relevantes.
com equidade no acesso; - Etapas do Processo de Construção da Regionalização
Para garantir a atenção na alta complexidade e em parte da - Critérios para a composição da Região de Saúde, expressa no
média, as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, PDR:
com agregação de mais de uma Região em uma macrorregião; Contiguidade entre os municípios;
O ponto de corte da média complexidade que deve estar na Respeito à identidade expressa no cotidiano social, econômico
Região ou na macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da re- e cultural;
alidade de cada estado. Em alguns estados com mais adensamento Existência de infraestrutura de transportes e de redes de co-
tecnológico, a alta complexidade pode estar contemplada dentro municação, que permita o trânsito das pessoas entre os municípios;
de uma Região. Existência de fluxos assistenciais que devem ser alterados, se
As regiões podem ter os seguintes formatos: necessário, para a organização da rede de atenção à saúde;
Regiões interestaduais, compostas por mais de um município, Considerar a rede de ações e serviços de saúde, onde:
dentro de um mesmo estado; Todos os municípios se responsabilizam pela atenção básica e
Regiões Intramunicipais, organizadas dentro de um mesmo pelas ações básicas de vigilância em saúde;
município de grande extensão territorial e densidade populacional; O desenho da região propicia relativo grau de resolutividade
Regiões Interestaduais, conformadas a partir de municípios li- àquele território, como a suficiência em Atenção Básica e parte da
mítrofes em diferentes estados; Média Complexidade.
Regiões Fronteiriças, conformadas a partir de municípios limí- A suficiência está estabelecida ou a estratégia para alcançá-la
trofes com países vizinhos. está explicitada no planejamento regional, contendo, se necessário,
Nos casos de regiões fronteiriças o Ministério da Saúde deve a definição dos investimentos.
envidar esforços no sentido de promover articulação entre os paí- O desenho considera os parâmetros de incorporação tecno-
ses e órgãos envolvidos, na perspectiva de implementação do siste- lógica que compatibilizem economia de escala com equidade no
ma de saúde e consequente organização da atenção nos municípios
acesso.
fronteiriços, coordenando e fomentando a constituição dessas Re-
O desenho garante a integralidade da atenção e para isso as
giões e participando do colegiado de gestão regional.
Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, se neces-
- Mecanismos de Gestão Regional
sário com agregação de mais de uma região em uma macrorregião;
Para qualificar o processo de regionalização, buscando a garan-
o ponto de corte de média e alta-complexidade na região ou na
tia e o aprimoramento dos princípios do SUS, os gestores de saúde
macroregião deve ser pactuado na CIB, a partir da realidade de cada
da Região deverão constituir um espaço permanente de pactuação
estado.
e cogestão solidária e cooperativa através de um Colegiado de Ges-
- Constituição, Organização e Funcionamento do Colegiado de
tão Regional. A denominação e o funcionamento do Colegiado de-
vem ser acordados na CIB; Gestão Regional:
O Colegiado de Gestão Regional se constitui num espaço de de- A constituição do colegiado de gestão regional deve assegurar
cisão através da identificação, definição de prioridades e de pactu- a presença de todos os gestores de saúde dos municípios que com-
ação de soluções para a organização de uma rede regional de ações põem a Região e da representação estadual.
e serviços de atenção à saúde, integrada e resolutiva; Nas CIB regionais constituídas por representação, quando não
O Colegiado deve ser formado pelos gestores municipais de for possível a imediata incorporação de todos os gestores de saúde
saúde do conjunto de municípios e por representantes do(s) ges- dos municípios da Região de saúde, deve ser pactuado um crono-
tor(es) estadual(ais), sendo as suas decisões sempre por consenso, grama de adequação, com o menor prazo possível, para a inclusão
pressupondo o envolvimento e comprometimento do conjunto de de todos os gestores nos respectivos colegiados de gestão regio-
gestores com os compromissos pactuados. nais;
Nos casos onde as CIB regionais estão constituídas por repre- Constituir uma estrutura de apoio ao colegiado, através de câ-
sentação e não for possível a imediata incorporação de todos os mara técnica e eventualmente, grupos de trabalho formados com
municípios da Região de Saúde deve ser pactuado um cronograma técnicos dos municípios e do estado;
de adequação, no menor prazo possível, para a inclusão de todos os Estabelecer uma agenda regular de reuniões;
municípios nos respectivos colegiados regionais. O funcionamento do Colegiado deve ser organizado de modo a
exercer as funções de:
Instituir um processo dinâmico de planejamento regional
Atualizar e acompanhar a programação pactuada integrada de
atenção em saúde

52
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Desenhar o processo regulatório, com definição de fluxos e Saúde da Família;
protocolos Agentes Comunitários de Saúde;
Priorizar linhas de investimento Saúde Bucal;
Estimular estratégias de qualificação do controle social Compensação de especificidades regionais
Apoiar o processo de planejamento local Fator de incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas
Constituir um processo dinâmico de avaliação e monitoramen- Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário
to regional Os recursos do PAB Variável serão transferidos ao Município
- Reconhecimento das Regiões que aderir e implementar as estratégias específicas a que se destina
As Regiões Intramunicipais deverão ser reconhecidas como tal, e a utilização desses recursos deve estar definida no Plano Munici-
não precisando ser homologadas pelas Comissões Intergestores. pal de Saúde;
As Regiões Intraestaduais deverão ser reconhecidas nas Comis- O PAB Variável da Assistência Farmacêutica e da Vigilância em
sões Intergestores Bipartite e encaminhadas para conhecimento e Saúde passam a compor os seus Blocos de Financiamento respec-
acompanhamento do MS. tivos.
As Regiões Interestaduais deverão ser reconhecidas nas res- Compensação de Especificidades Regionais é um montante fi-
pectivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para nanceiro igual a 5% do valor mínimo do PAB fixo multiplicado pela
homologação da Comissão Intergestores Tripartite. população do Estado, para que as CIBs definam a utilização do re-
As Regiões Fronteiriças deverão ser reconhecidas nas respecti- curso de acordo com as especificidades estaduais, podendo incluir
vas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para homo- sazonalidade, migrações, dificuldade de fixação de profissionais,
logação na Comissão Intergestores Tripartite. IDH, indicadores de resultados. Os critérios definidos devem ser in-
O desenho das Regiões intra e interestaduais deve ser subme- formados ao plenário da CIT.
tida a aprovação pelos respectivos Conselhos Estaduais de Saúde. b) Bloco de financiamento para a Atenção de Média e Alta
Financiamento do Sistema Único de Saúde Complexidade
3.1 - São princípios gerais do financiamento para o Sistema Úni- Os recursos correspondentes ao financiamento dos procedi-
co de Saúde: mentos relativos à média e alta complexidade em saúde compõem
Responsabilidade das três esferas de gestão – União, Estados e o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde; Hospitalar do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios.
Redução das iniquidades macrorregionais, estaduais e regio- Os recursos destinados ao custeio dos procedimentos pagos
nais, a ser contemplada na metodologia de alocação de recursos, atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensa-
considerando também as dimensões étnico-racial e social; ção – FAEC serão incorporados ao Limite Financeiro de cada Esta-
Repasse fundo a fundo, definido como modalidade preferen- do, Município e do Distrito Federal, conforme pactuação entre os
cial de transferência de recursos entre os gestores; gestores.
Financiamento de custeio com recursos federais constituído, O Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC se des-
organizados e transferidos em blocos de recursos; tina, assim, ao custeio de procedimentos, conforme detalhado a
O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a cada seguir:
bloco, atendendo as especificidades previstas nos mesmos, confor- Procedimentos regulados pela CNRAC – Central Nacional de
me regulamentação específica; Regulação da Alta Complexidade;
As bases de cálculo que formam cada Bloco e os montantes fi- Transplantes;
nanceiros destinados para os Estados, Municípios e Distrito Federal Ações Estratégicas Emergenciais, de caráter temporário, imple-
devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e moni- mentadas com prazo pré-definido;
toramento. Novos procedimentos: cobertura financeira de aproximada-
- Os blocos de financiamento para o custeio são: mente seis meses, quando da inclusão de novos procedimentos,
Atenção básica sem correlação à tabela vigente, até a formação de série histórica
Atenção de média e alta complexidade para a devida agregação ao MAC.
Vigilância em Saúde c) Bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde
Assistência Farmacêutica Os recursos financeiros correspondentes às ações de Vigilân-
Gestão do SUS cia em Saúde comporão o Limite Financeiro de Vigilância em Saú-
Bloco de financiamento para a Atenção Básica de dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e representam o
O financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das agrupamento das ações da Vigilância Epidemiológica, Ambiental e
três esferas de gestão do SUS, sendo que os recursos federais com- Sanitária;
porão o Bloco Financeiro da Atenção Básica dividido em dois com- O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde é composto por
ponentes: Piso da Atenção Básica e Piso da Atenção Básica Variável dois componentes: da Vigilância Epidemiológica e Ambiental em
e seus valores serão estabelecidos em Portaria específica, com me- Saúde e o componente da Vigilância Sanitária em Saúde;
mórias de cálculo anexas. O financiamento para as ações de vigilância sanitária deve
O Piso de Atenção Básica - PAB consiste em um montante de consolidar a reversão do modelo de pagamento por procedimen-
recursos financeiros, que agregam as estratégias destinadas ao cus- to, oferecendo cobertura para o custeio de ações coletivas visando
teio de ações de atenção básica à saúde; garantir o controle de riscos sanitários inerentes ao objeto de ação,
Os recursos financeiros do PAB serão transferidos mensalmen- avançando em ações de regulação, controle e avaliação de produtos
te, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos e serviços associados ao conjunto das atividades.
Fundos de Saúde dos Municípios e do Distrito Federal. O Limite Financeiro de Vigilância em Saúde será transferido
O Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável consiste em um em parcelas mensais e o valor da transferência mensal para cada
montante financeiro destinado ao custeio de estratégias específicas um dos Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como o Limite
desenvolvidas no âmbito da Atenção Básica em Saúde. Financeiro respectivo será estabelecido em Portaria específica e de-
O PAB Variável passa a ser composto pelo financiamento das talhará os diferentes componentes que o formam, com memórias
seguintes estratégias: de cálculo anexas.

53
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Comporão ainda, o bloco do financiamento da Vigilância em O Componente Medicamentos de Dispensação Excepcional
Saúde – Sub-bloco Vigilância Epidemiológica, os recursos que se consiste em financiamento para aquisição e distribuição de medica-
destinam às seguintes finalidades, com repasses específicos: mentos de dispensação excepcional, para tratamento de patologias
Fortalecimento da Gestão da Vigilância em Saúde em Estados e que compõem o Grupo 36 – Medicamentos da Tabela Descritiva do
Municípios (VIGISUS II) SIA/SUS.
Campanhas de Vacinação A responsabilidade pelo financiamento e aquisição dos medi-
Incentivo do Programa DST/AIDS camentos de dispensação excepcional é do Ministério da Saúde e
Os recursos alocados tratados pela Portaria MS/GM nº dos Estados, conforme pactuação e a dispensação, responsabilida-
1349/2002, deverão ser incorporados ao Limite Financeiro de Vigi- de do Estado.
lância em Saúde do Município quando o mesmo comprovar a efeti- O Ministério da Saúde repassará aos Estados, mensalmente,
va contratação dos agentes de campo. valores financeiros apurados em encontro de contas trimestrais,
No Componente da Vigilância Sanitária, os recursos do Termo de acordo com as informações encaminhadas pelos Estados, com
de Ajuste e Metas – TAM, destinados e não transferidos aos estados base nas emissões das Autorizações para Pagamento de Alto Custo
e municípios, nos casos de existência de saldo superior a 40% dos – APAC.
recursos repassados no período de um semestre, constituem um O Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional
Fundo de Compensação em VISA, administrado pela ANVISA e des- será readequado através de pactuação entre os gestores do SUS,
tinado ao financiamento de gestão e descentralização da Vigilância das diretrizes para definição de política para medicamentos de dis-
Sanitária. pensação excepcional.
Em Estados onde o valor per cápita que compõe o TAM não As Diretrizes a serem pactuadas na CIT, deverão nortear-se pe-
atinge o teto orçamentário mínimo daquele Estado, a União asse- las seguintes proposições:
gurará recurso financeiro para compor o Piso Estadual de Vigilância Definição de critérios para inclusão e exclusão de medicamen-
tos e CID na Tabela de Procedimentos, com base nos protocolos
Sanitária – PEVISA.
clínicos e nas diretrizes terapêuticas.
d) Bloco de financiamento para a Assistência Farmacêutica
Definição de percentual para o co-financiamento entre gestor
A Assistência Farmacêutica será financiada pelos três gestores
federal e gestor estadual;
do SUS devendo agregar a aquisição de medicamentos e insumos e
Revisão periódica de valores da tabela;
a organização das ações de assistência farmacêutica necessárias, de Forma de aquisição e execução financeira, considerando-se os
acordo com a organização de serviços de saúde. princípios da descentralização e economia de escala.
O Bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica se orga- e) Bloco de financiamento para a Gestão do Sistema Único de
niza em três componentes: Básico, Estratégico e Medicamentos de Saúde
Dispensação Excepcional. O financiamento para a gestão destina-se ao custeio de ações
O Componente Básico da Assistência Farmacêutica consiste em específicas relacionadas com a organização dos serviços de saúde,
financiamento para ações de assistência farmacêutica na atenção acesso da população e aplicação dos recursos financeiros do SUS.
básica em saúde e para agravos e programas de saúde específicos, O financiamento deverá apoiar iniciativas de fortalecimento da
inseridos na rede de cuidados da atenção básica, sendo de respon- gestão, sendo composto pelos seguintes sub-blocos:
sabilidade dos três gestores do SUS. Regulação, controle, avaliação e auditoria
O Componente Básico é composto de uma Parte Fixa e de uma Planejamento e Orçamento
Parte Variável, sendo: Programação
Parte Fixa: valor com base per capita para ações de assistência Regionalização
farmacêutica para a Atenção Básica, transferido Municípios, Distrito Participação e Controle Social
Federal e Estados, conforme pactuação nas CIB e com contrapartida Gestão do Trabalho
financeira dos estados e dos municípios. Educação em Saúde
Parte Variável: valor com base per capita para ações de assis- Incentivo à Implementação de políticas específicas
tência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e Diabetes, ex- Os recursos referentes a este Bloco serão transferidos fundo a
ceto insulina; Asma e Rinite; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Ali- fundo e regulamentados por portaria específica.
mentação e Nutrição e Combate ao Tabagismo. - Financiamento para Investimentos
A parte variável do Componente Básico será transferida ao mu- Os recursos financeiros de investimento devem ser alocados
nicípio ou estado, conforme pactuação na CIB, à medida que este com vistas á superação das desigualdades de acesso e à garantia da
implementa e organiza os serviços previstos pelos Programas espe- integralidade da atenção à saúde.
cíficos. Os investimentos deverão priorizar a recuperação, a re-ade-
quação e a expansão da rede física de saúde e a constituição dos
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica con-
espaços de regulação.
siste em financiamento para ações de assistência farmacêutica de
Os projetos de investimento apresentados para o Ministério da
programas estratégicos.
Saúde deverão ser aprovados nos respectivos Conselhos de Saúde e
O financiamento e o fornecimento de medicamentos, produtos
na CIB, devendo refletir uma prioridade regional.
e insumos para os Programas Estratégicos são de responsabilidade São eixos prioritários para aplicação de recursos de investimen-
do Ministério da Saúde e reúne: tos:
Controle de Endemias: Tuberculose, Hanseníase, Malária e Estímulo à Regionalização - Deverão ser priorizados projetos de
Leischmaniose, Chagas e outras doenças endêmicas de abrangên- investimentos que fortaleçam a regionalização do SUS, com base
cia nacional ou regional; nas estratégicas nacionais e estaduais, considerando os PDI (Plano
Programa de DST/AIDS (anti-retrovirais); de Desenvolvimento Integrado) atualizados, o mapeamento atuali-
Programa Nacional do Sangue e Hemoderivados; zado da distribuição e oferta de serviços de saúde em cada espaço
Imunobiológicos; regional e parâmetros de incorporação tecnológica que compati-
Insulina; bilizem economia de escala e de escopo com eqüidade no acesso.

54
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Investimentos para a Atenção Básica - recursos para investi- 4.3 - Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento
mentos na rede básica de serviços, destinados conforme disponi- Considerando a conceituação, caracterização e objetivos pre-
bilidade orçamentária, transferidos fundo a fundo para municípios conizados para o sistema de planejamento do SUS, configuram-se
que apresentarem projetos selecionados de acordo com critérios como pontos essenciais de pactuação:
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite. Adoção das necessidades de saúde da população como critério
4 – Planejamento no SUS para o processo de planejamento no âmbito do SUS;
4.1 – O trabalho com o Planejamento no SUS deve seguir as Integração dos instrumentos de planejamento, tanto no con-
seguintes diretrizes: texto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo;
O processo de planejamento no âmbito do SUS deve ser de- Institucionalização e fortalecimento do Sistema de Planeja-
senvolvido de forma articulada, integrada e solidária entre as três mento do SUS, com adoção do processo planejamento, neste inclu-
esferas de gestão. Essa forma de atuação representará o Sistema ído o monitoramento e a avaliação, como instrumento estratégico
de Planejamento do Sistema Único de Saúde baseado nas respon- de gestão do SUS;
sabilidades de cada esfera de gestão, com definição de objetivos e Revisão e adoção de um elenco de instrumentos de planeja-
conferindo direcionalidade ao processo de gestão do SUS, compre- mento – tais como planos, relatórios, programações – a serem ado-
endendo nesse sistema o monitoramento e avaliação. tados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instrumen-
Este sistema de planejamento pressupõe que cada esfera de tos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos dele
gestão realize o seu planejamento, articulando-se de forma a forta-
resultantes;
lecer e consolidar os objetivos e diretrizes do SUS, contemplando as
Cooperação entre as três esferas de gestão para o fortaleci-
peculiaridades, necessidades e realidades de saúde locorregionais.
mento e a equidade no processo de planejamento no SUS.
Como parte integrante do ciclo de gestão, o sistema de planeja-
Programação Pactuada e Integrada da Atenção em Saúde – PPI
mento buscará, de forma tripartite, a pactuação de bases funcionais
do planejamento, monitoramento e avaliação do SUS, bem como A PPI é um processo que visa definir a programação das ações
promoverá a participação social e a integração intra e intersetorial, de saúde em cada território e nortear a alocação dos recursos fi-
considerando os determinantes e condicionantes de saúde. nanceiros para saúde a partir de critérios e parâmetros pactuados
No cumprimento da responsabilidade de coordenar o processo entre os gestores.
de planejamento se levará em conta as diversidades existentes nas A PPI deve explicitar os pactos de referencia entre municípios,
três esferas de governo, de modo a contribuir para a consolidação gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à
do SUS e para a resolubilidade e qualidade, tanto da sua gestão, população referenciada.
quanto das ações e serviços prestados à população brasileira. As principais diretrizes norteadoras do processo de programa-
4.2 - Objetivos do Sistema de Planejamento do SUS: ção pactuada são:
Pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no A programação deve estar inserida no processo de planeja-
âmbito do SUS e o elenco dos instrumentos a serem adotados pelas mento e deve considerar as prioridades definidas nos planos de
três esferas de gestão; saúde em cada esfera de gestão;
Formular metodologias e modelos básicos dos instrumentos de Os gestores estaduais e municipais possuem flexibilidade na
planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as diretri- definição de parâmetros e prioridades que irão orientar a progra-
zes do SUS, com capacidade de adaptação às particularidades de mação, ressalvados os parâmetros pactuados nacional e estadual-
cada esfera administrativa; mente.
Promover a análise e a formulação de propostas destinadas a A programação é realizada prioritariamente, por áreas de atua-
adequar o arcabouço legal no tocante ao planejamento no SUS; ção a partir das ações básicas de saúde para compor o rol de ações
Implementar e difundir uma cultura de planejamento que inte- de maior complexidade;
gre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo e A tabela unificada de procedimentos deve orientar a progra-
subsidiar a tomada de decisão por parte de seus gestores; mação das ações que não estão organizadas por áreas de atuação,
Desenvolver e implementar uma rede de cooperação entre os considerando seus níveis de agregação, para formar as aberturas
três entes federados, que permita um amplo compartilhamento de programáticas;
informações e experiências; A programação da assistência devera buscar a integração com
Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de planeja-
a programação da vigilância em saúde;
mento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo, com vistas a
Os recursos financeiros das três esferas de governo devem ser
legitimá-lo como instrumento estratégico de gestão do SUS;
visualizados na programação.
Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação
O processo de programação deve contribuir para a garantia de
de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os
gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e acesso aos serviços de saúde, subsidiando o processo regulatório
ou redirecionamento; da assistência;
Promover a capacitação contínua dos profissionais que atuam A programação deve ser realizada a cada gestão, revisada pe-
no contexto do planejamento no SUS; riodicamente e sempre que necessário, em decorrência de altera-
Promover a eficiência dos processos compartilhados de pla- ções de fluxo no atendimento ao usuário; de oferta de serviços; na
nejamento e a eficácia dos resultados, bem como da participação tabela de procedimentos; e no teto financeiro, dentre outras.
social nestes processos; A programação pactuada e integrada deve subsidiar a progra-
Promover a integração do processo de planejamento e orça- mação física financeira dos estabelecimentos de saúde.
mento no âmbito do SUS, bem como a sua intersetorialidade, de A programação pactuada e integrada deve guardar relação com
forma articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento; o desenho da regionalização naquele estado.
Monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações im- Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial
plementadas e os resultados alcançados, de modo a fortalecer o Para efeitos destas diretrizes, serão adotados os seguintes con-
planejamento e a contribuir para a transparência do processo de ceitos:
gestão do SUS.

55
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produção Extinção do pagamento dos serviços dos profissionais médicos
de todas as ações diretas e finais de atenção à saúde, dirigida aos por meio do código 7.
prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações Participação e Controle Social
da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação, A participação social no SUS é um princípio doutrinário e está
a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o assegurado na Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90
Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria e 8142/90), e é parte fundamental deste pacto.
Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e 7.1 - As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o
Sanitária. processo de participação social, dentro deste pacto são:
Contratação - o conjunto de atos que envolvem desde a habi- Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os
litação dos serviços/prestadores até a formalização do contrato na movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao
sua forma jurídica. seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamen-
Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial te os seus papéis;
- conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que interme- Apoiar o processo de formação dos conselheiros;
deiam a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos serviços
estes. de saúde;
Complexos Reguladores - uma das estratégias de Regulação Apoiar os processos de educação popular em saúde, para am-
Assistencial, consistindo na articulação e integração de Centrais de pliar e qualificar a participação social no SUS;
Atenção Pré-hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos es-
de Consultas e Exames, Protocolos Assistenciais com a contratação, tados e municípios, com vistas ao fortalecimento da gestão estra-
controle assistencial e avaliação, assim como com outras funções tégica do SUS;
da gestão como programação e regionalização. Os complexos re- Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
guladores podem ter abrangência inframunicipal, municipal, micro fesa do SUS e na discussão do pacto;
ou macro regional, estadual ou nacional, devendo esta abrangência Gestão do Trabalho
e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrático e 8.1 - As diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS são as se-
solidário, entre as três esferas de gestão do SUS. guintes:
Auditoria Assistencial ou clínica – processo regular que visa afe- A política de recursos humanos para o SUS é um eixo estrutu-
rir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedimen- rante e deve buscar a valorização do trabalho e dos trabalhadores
tos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactuados. de saúde, o tratamento dos conflitos, a humanização das relações
Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clínicos com de trabalho;
vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as não Estados, Municípios e União são entes autônomos para suprir
conformidades. suas necessidades de manutenção e expansão dos seus próprios
Como princípios orientadores do processo de regulação, fica quadros de trabalhadores de saúde;
estabelecido que: O Ministério da Saúde deve formular diretrizes de cooperação
Cada prestador responde apenas a um gestor; técnica para a gestão do trabalho no SUS;
Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos quanto às
A regulação dos prestadores de serviços deve ser preferencial-
estratégias e financiamento tripartite de política de reposição da
mente do município conforme desenho da rede da assistência pac-
força de trabalho descentralizada;
tuado na CIB, observado o Termo de Compromisso de Gestão do
As Diretrizes para Planos de Cargos e Carreira do SUS devem
Pacto e os seguintes princípios:
ser um instrumento que visa regular as relações de trabalho e o
da descentralização, municipalização e comando único;
desenvolvimento do trabalhador, bem como a consolidação da car-
da busca da escala adequada e da qualidade;
reira como instrumento estratégico para a política de recursos hu-
considerar a complexidade da rede de serviços locais;
manos no Sistema;
considerar a efetiva capacidade de regulação;
Promover relações de trabalho que obedeçam a exigências do
considerar o desenho da rede estadual da assistência; princípio de legalidade da ação do Estado e de proteção dos direitos
a primazia do interesse e da satisfação do usuário do SUS. associados ao trabalho;
A regulação das referencias intermunicipais é responsabilidade Desenvolver ações voltadas para a adoção de vínculos de tra-
do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de cons- balho que garantam os direitos sociais e previdenciários dos traba-
trução da programação pactuada e integrada da atenção em saúde, lhadores de saúde, promovendo ações de adequação de vínculos,
do processo de regionalização, do desenho das redes; onde for necessário, nas três esferas de governo, com o apoio téc-
A operação dos complexos reguladores no que se refere a refe- nico e financeiro aos Municípios, pelos Estados e União, conforme
rencia intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser ope- legislação vigente;
rada nos seguintes modos: Os atores sociais envolvidos no desejo de consolidação dos SUS
Pelo gestor estadual que se relacionará com a central municipal atuarão solidariamente na busca do cumprimento deste item, ob-
que faz a gestão do prestador. servadas as responsabilidades legais de cada segmento;
Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com o Estimular processos de negociação entre gestores e trabalha-
prestador quando este estiver sob gestão estadual. dores através da instalação de Mesas de Negociação junto às esfe-
Pelo gestor municipal com cogestão do estado e representação ras de gestão estaduais e municipais do SUS;
dos municípios da região; As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde devem envidar
Modelos que diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados esforços para a criação ou fortalecimento de estruturas de Recur-
pela CIB e homologados na CIT. sos Humanos, objetivando cumprir um papel indutor de mudanças,
São metas para este Pacto, no prazo de um ano: tanto no campo da gestão do trabalho, quanto no campo da edu-
Contratualização de todos os prestadores de serviço; cação na saúde;
Colocação de todos os leitos e serviços ambulatoriais contratu- 8.2 - Serão priorizados os seguintes componentes na estrutura-
alizados sob regulação; ção da Gestão do Trabalho no SUS:

56
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Estruturação da Gestão do Trabalho no SUS - Esse componente B - RESPONSABILIDADE SANITÁRIA
trata das necessidades exigidas para a estruturação da área de Ges-
tão do Trabalho integrado pelos seguintes eixos: base jurídico-legal; Este capítulo define as Responsabilidades Sanitárias e atribui-
atribuições específicas; estrutura e dimensionamento organizacio- ções do Município, do Distrito Federal, do Estado e da União. A ges-
nal e estrutura física e equipamentos. Serão priorizados para este tão do Sistema Único de Saúde é construída de forma solidária e
Componente, Estados, Capitais, Distrito Federal e nos Municípios cooperada, com apoio mútuo através de compromissos assumidos
com mais de 500 empregos públicos, desde que possuam ou ve- nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).
nham a criar setores de Gestão do Trabalho e da Educação nas se- Algumas responsabilidades atribuídas aos municípios devem
cretarias estaduais e municipais de saúde; ser assumidas por todos os municípios. As outras responsabilidades
Capacitação de Recursos Humanos para a Gestão do Trabalho serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com a complexida-
no SUS - Esse componente trata da qualificação dos gestores e téc- de da rede de serviços localizada no território municipal.
nicos na perspectiva do fortalecimento da gestão do trabalho em No que se refere às responsabilidades atribuídas aos estados
saúde. Estão previstos, para seu desenvolvimento, a elaboração de devem ser assumidas por todos eles.
material didático e a realização de oficinas, cursos presenciais ou à Com relação à gestão dos prestadores de serviço fica mantida a
distância, por meio das estruturas formadoras existentes; normatização estabelecida na NOAS SUS 01/2002. As referências na
Sistema Gerencial de Informações - Esse componente propõe NOAS SUS 01/2002 às condições de gestão de estados e municípios
proceder à análise de sistemas de informação existentes e desen- ficam substituídas pelas situações pactuadas no respectivo Termo
volver componentes de otimização e implantação de sistema infor- de Compromisso de Gestão.
matizado que subsidie a tomada de decisão na área de Gestão do
Trabalho. RESPONSABILIDADES GERAIS DA GESTÃO DO SUS
– MUNICÍPIOS
Educação na Saúde
9.1 – A - As diretrizes para o trabalho na Educação na Saúde Todo município é responsável pela integralidade da atenção à
são: saúde da sua população, exercendo essa responsabilidade de forma
Avançar na implementação da Política Nacional de Educação solidária com o estado e a união;
Permanente por meio da compreensão dos conceitos de formação Todo município deve:
e educação permanente para adequá-los às distintas lógicas e es- - garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
pecificidades;
ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
Considerar a educação permanente parte essencial de uma
indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a
do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes me-
agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
todologias e técnicas de ensino-aprendizagem inovadoras, entre
outras coisas; to às urgências;
Considerar a Política Nacional de Educação Permanente em - promover a equidade na atenção à saúde, considerando as
Saúde uma estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
de trabalhadores para o setor, tendo como orientação os princípios quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
da educação permanente; ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
Assumir o compromisso de discutir e avaliar os processos e respeitadas as diversidades locais;
desdobramentos da implementação da Política Nacional de Educa- - participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
ção Permanente para ajustes necessários, atualizando-a conforme Saúde;
as experiências de implementação, assegurando a inserção dos mu- - assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
nicípios e estados neste processo; cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
Buscar a revisão da normatização vigente que institui a Políti- - assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
ca Nacional de Educação Permanente em Saúde, contemplando a serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
consequente e efetiva descentralização das atividades de planeja- transferidas pelo estado ou pela união;
mento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Edu- com apoio dos estados, identificar as necessidades da popu-
cação Permanente para o trabalho no SUS; lação do seu território, fazer um reconhecimento das iniquidades,
Centrar, o planejamento, programação e acompanhamento oportunidades e recursos;
das atividades educativas e consequentes alocações de recursos na - desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
lógica de fortalecimento e qualificação do SUS e atendimento das processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
necessidades sociais em saúde; tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
Considerar que a proposição de ações para formação e desen- - formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
volvimento dos profissionais de saúde para atender às necessida- forme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
des do SUS deve ser produto de cooperação técnica, articulação e - organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de quali-
diálogo entre os gestores das três esferas de governo, as institui- dade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programa-
ções de ensino, os serviços e controle social e podem contemplar ção pactuada e integrada da atenção à saúde e a atenção à saúde
ações no campo da formação e do trabalho.
no seu território, explicitando a responsabilidade, o compromisso
e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a população do seu
território, desenhando a rede de atenção e promovendo a humani-
zação do atendimento;

57
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
- organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan-
especializada a partir das necessidades da atenção básica, configu- tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da po-
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e pulação aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua respon-
articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do sabilidade, fomentando seu uso racional e observando as normas
sistema, com base no processo da programação pactuada e integra- vigentes e pactuações estabelecidas;
da da atenção à saúde; Coordenar e executar e as ações de vigilância em saúde, com-
- pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de
que ocorre fora do seu território, em cooperação com o estado, acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
Distrito Federal e com os demais municípios envolvidos no âmbito Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução das
regional e estadual, conforme a programação pactuada e integrada ações de vigilância em saúde no município, comprometendo-se em
da atenção à saúde; cooperar para que o município assuma, no menor prazo possível,
- garantir estas referências de acordo com a programação pac- sua responsabilidade;
tuada e integrada da atenção à saúde, quando dispõe de serviços Executar algumas ações de vigilância em saúde, em caráter
de referência intermunicipal; permanente, mediante acordo bipartite e conforme normatização
- garantir a estrutura física necessária para a realização das específica;
ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen- Supervisionar as ações de prevenção e controle da vigilância
tes; em saúde, coordenando aquelas que exigem ação articulada e si-
- promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan- multânea entre os municípios;
tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que exe-
população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res- cutem com qualidade as ações de vigilância em saúde, compreen-
ponsabilidade, promovendo seu uso racional, observadas as nor- dendo as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental,
mas vigentes e pactuações estabelecidas; de acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saúde Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde,
realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilância considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional;
epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vi- Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pública;
gentes e pactuações estabelecidas; Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo-
- elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú- núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a
organização e funcionamento desta rede de serviço.
de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional.
– ESTADOS
– DISTRITO FEDERAL
Responder, solidariamente com municípios, Distrito Federal e
união, pela integralidade da atenção à saúde da população;
Responder, solidariamente com a união, pela integralidade da
Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú-
atenção à saúde da população;
de;
Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
forme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a imple- do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
mentação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de Com- agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
promisso; to às urgências;
Apoiar técnica e financeiramente os municípios, para que estes Promover a equidade na atenção à saúde, considerando as di-
assumam integralmente sua responsabilidade de gestor da atenção ferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
à saúde dos seus munícipes; quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da atenção ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
básica nos municípios, considerando os cenários epidemiológicos, respeitadas as diversidades locais;
as necessidades de saúde e a articulação regional, fazendo um reco- Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú-
nhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos; de;
Fazer reconhecimento das necessidades da população no âm- Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a imple-
bito estadual e cooperar técnica e financeiramente com os municí- mentação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de Com-
pios, para que possam fazer o mesmo nos seus territórios; promisso de Gestão;
Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in- cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
Coordenar o processo de configuração do desenho da rede de serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
atenção, nas relações intermunicipais, com a participação dos mu- transferidas pela união;
nicípios da região; Garantir a estrutura física necessária para a realização das
Organizar e pactuar com os municípios, o processo de referên- ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen-
cia intermunicipal das ações e serviços de média e alta complexida- tes;
de a partir da atenção básica, de acordo com a programação pactu- Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica no
ada e integrada da atenção à saúde; âmbito do seu território;
Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica no Identificar as necessidades da população do seu território, fa-
âmbito do território estadual; zer um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos;
Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que ga- Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
rantam a estrutura física necessária para a realização das ações de processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
atenção básica; tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;

58
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con- Identificar, em articulação com os estados, Distrito Federal e
forme definido nas instâncias de pactuação; municípios, as necessidades da população para o âmbito nacional,
Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qualida- fazendo um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e re-
de na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programação cursos; e cooperar técnica e financeiramente com os gestores, para
pactuada e integrada da atenção à saúde e a atenção à saúde no que façam o mesmo nos seus territórios;
seu território, explicitando a responsabilidade, o compromisso e o Desenvolver, a partir da identificação de necessidades, um pro-
vínculo do serviço e equipe de saúde com a população do seu terri- cesso de planejamento, regulação, programação pactuada e inte-
tório, desenhando a rede de atenção e promovendo a humanização grada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
do atendimento; Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan-
Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção es- tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da
pecializada a partir das necessidades da atenção básica, configu- população aos medicamentos que estejam sob sua responsabilida-
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e de, fomentando seu uso racional, observadas as normas vigentes e
articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do pactuações estabelecidas;
sistema, com base no processo da programação pactuada e integra- Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e
da da atenção à saúde; serviços de média e alta complexidade, a partir da atenção básica;
Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com-
que ocorre fora do seu território, em cooperação com os estados preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de
envolvidos no âmbito regional, conforme a programação pactuada acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
e integrada da atenção à saúde; Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle
Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garantir, da vigilância em saúde que exijam ação articulada e simultânea en-
em conjunto com a união, o acesso da população aos medicamen- tre os estados, Distrito Federal e municípios;
tos cuja dispensação esteja sob sua responsabilidade, fomentando Proceder investigação complementar ou conjunta com os de-
seu uso racional e observando as normas vigentes e pactuações es- mais gestores do SUS em situação de risco sanitário;
tabelecidas; Apoiar e coordenar os laboratórios de saúde pública – Rede
Garantir o acesso de serviços de referência de acordo com a Nacional de laboratórios de saúde Pública/RNLSP - nos aspectos re-
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; lativos à vigilância em saúde;
Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde,
Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução das
considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional;
ações de vigilância em saúde nos estados, Distrito Federal e mu-
Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saúde
nicípios, comprometendo-se em cooperar para que assumam, no
realizadas no âmbito do seu território, compreendendo as ações de
menor prazo possível, suas responsabilidades;
vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as
normas vigentes e pactuações estabelecidas; Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Federal
Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, com- e os municípios para que executem com qualidade as ações de vigi-
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de lância em saúde, compreendendo as ações de vigilância epidemio-
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; lógica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes e
Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pública; pactuações estabelecidas;
Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- Elaborar, pactuar e implementar a política de promoção da saú-
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a de.
organização e funcionamento desta rede de serviço. RESPONSABILIDADES NA REGIONALIZAÇÃO
– MUNICÍPIOS
– UNIÃO
Todo município deve:
Responder, solidariamente com os municípios, o Distrito Fede- - contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de
ral e os estados, pela integralidade da atenção à saúde da popula- regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos
ção; pactuados;
Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú- - participar da constituição da regionalização, disponibilizando
de; de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e financei-
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con- ros, conforme pactuação estabelecida;
forme definido nas diferentes instâncias de pactuação; - participar dos colegiados de gestão regionais, cumprindo suas
Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação obrigações técnicas e financeiras. Nas CIB regionais constituídas por
e avaliação do Pacto de Gestão e Pacto pela Vida e seu Termo de representação, quando não for possível a imediata incorporação de
Compromisso; todos os gestores de saúde dos municípios da região de saúde, de-
Apoiar o Distrito Federal, os estados e conjuntamente com es- ve-se pactuar um cronograma de adequação, no menor prazo pos-
tes, os municípios, para que assumam integralmente as suas res- sível, para a inclusão de todos os municípios nos respectivos cole-
ponsabilidades de gestores da atenção à saúde; giados de gestão regionais.
Apoiar financeiramente o Distrito Federal e os municípios, em
- participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con-
conjunto com os estados, para que garantam a estrutura física ne-
forme definido no plano municipal de saúde, no plano diretor de
cessária para a realização das ações de atenção básica;
regionalização, no planejamento regional e no plano regional de
Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, ao Distrito
investimento;
Federal e aos municípios para o aperfeiçoamento das suas atuações
institucionais na gestão da atenção básica; A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
Exercer de forma pactuada as funções de normatização e de pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
coordenação no que se refere à gestão nacional da atenção básica no território municipal
no SUS;

59
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Executar as ações de referência regional sob sua responsabili- – RESPONSABILIDADES NO PLANEJAMENTO E PROGRAMA-
dade em conformidade com a programação pactuada e integrada ÇÃO
da atenção à saúde acordada nos colegiados de gestão regionais. – MUNICÍPIOS

– ESTADOS Todo município deve:


formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma-
Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de nente de planejamento participativo e integrado, de base local e
regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
pactuados; com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
Coordenar a regionalização em seu território, propondo e pac- peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
tuando diretrizes e normas gerais sobre a regionalização, observan- plano de saúde e submetendo-o à aprovação do Conselho de Saúde
do as normas vigentes e pactuações na CIB; correspondente;
Coordenar o processo de organização, reconhecimento e atu- formular, no plano municipal de saúde, a política municipal de
alização das regiões de saúde, conformando o plano diretor de re- atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a
gionalização; promoção da saúde;
Participar da constituição da regionalização, disponibilizando elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme-
de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e finan- tido à aprovação do Conselho de Saúde correspondente;
ceiros, conforme pactuação estabelecida; operar os sistemas de informação referentes à atenção básica,
Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, promo- conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regularmen-
vendo a equidade inter-regional; te os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilidade
Participar dos colegiados de gestão regional, cumprindo suas pela gestão, no nível local, dos sistemas de informação: Sistema de
obrigações técnicas e financeiras; Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de In-
Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con- formação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema
forme definido no plano estadual de saúde, no plano diretor de de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informa-
regionalização, no planejamento regional e no plano regional de ção Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e
investimento. Profissionais de Saúde – CNES; e quando couber, os sistemas: Siste-
ma de Informação Hospitalar – SIH e Sistema de Informação sobre
– DISTRITO FEDERAL Mortalidade – SIM, bem como de outros sistemas que venham a
ser introduzidos;
Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de - assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das
regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito lo-
pactuados; cal;
Coordenar o processo de organização, reconhecimento e atu- - elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis-
alização das regiões de saúde, conformando o plano diretor de re- tência e vigilância em saúde, em conformidade com o plano muni-
gionalização; cipal de saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada da
Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, promo-
Atenção à Saúde;
vendo a eqüidade inter-regional;
A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
Participar dos colegiados de gestão regional, cumprindo suas
pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
obrigações técnicas e financeiras, conforme pactuação estabeleci-
no território municipal
da;
Gerir os sistemas de informação epidemiológica e sanitária,
Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con-
bem como assegurar a divulgação de informações e análises.
forme definido no plano estadual de saúde, no plano diretor de
regionalização, no planejamento regional e no plano regional de
– ESTADOS
investimento;
Propor e pactuar diretrizes e normas gerais sobre a regionaliza-
ção, observando as normas vigentes, participando da sua constitui- Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma-
ção, disponibilizando de forma cooperativa os recursos humanos, nente de planejamento participativo e integrado, de base local e
tecnológicos e financeiros, conforme pactuação estabelecida. ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
– UNIÃO peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de plano estadual de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho
regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos Estadual de Saúde;
pactuados; Formular, no plano estadual de saúde, e pactuar no âmbito da
Coordenar o processo de regionalização no âmbito nacional, Comissão Intergestores Bipartite - CIB, a política estadual de aten-
propondo e pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionali- ção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro-
zação, observando as normas vigentes e pactuações na CIT; moção da saúde;
Cooperar técnica e financeiramente com as regiões de saúde, Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme-
por meio dos estados e/ou municípios, priorizando as regiões mais tido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde;
vulneráveis, promovendo a equidade inter-regional e interestadual; Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios na elaboração
Apoiar e participar da constituição da regionalização, disponi- da programação pactuada e integrada da atenção à saúde, no âm-
bilizando de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos bito estadual, regional e interestadual;
e financeiros, conforme pactuação estabelecida; Apoiar, acompanhar, consolidar e operar quando couber, no
Fomentar a constituição das regiões de saúde fronteiriças, par- âmbito estadual e regional, a alimentação dos sistemas de informa-
ticipando do funcionamento de seus colegiados de gestão regionais. ção, conforme normas do Ministério da Saúde;

60
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Operar os sistemas de informação epidemiológica e sanitária Gerenciar, manter, e elaborar quando necessário, no âmbito
de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa- nacional, os sistemas de informação, conforme normas vigentes e
ções e análises e apoiar os municípios naqueles de responsabilida- pactuações estabelecidas, incluindo aqueles sistemas que garan-
de municipal. tam a solicitação e autorização de procedimentos, o processamento
da produção e preparação para a realização de pagamentos;
– DISTRITO FEDERAL Desenvolver e gerenciar sistemas de informação epidemioló-
gica e sanitária, bem como assegurar a divulgação de informações
Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- e análises.
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e as-
cendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, com RESPONSABILIDADES NA REGULAÇÃO, CONTROLE, AVALIA-
a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recuperação ÇÃO E AUDITORIA
e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o plano es-
tadual de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho de Saúde 4.1- MUNICÍPIOS
do Distrito Federal; Todo município deve:
Formular, no plano estadual de saúde, a política estadual de monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros pro-
atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a venientes de transferência regular e automática (fundo a fundo) e
promoção da saúde; por convênios;
Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- realizar a identificação dos usuários do SUS, com vistas à vincu-
tido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde; lação de clientela e à sistematização da oferta dos serviços;
Operar os sistemas de informação epidemiológica e sanitária monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa- em seu território, por intermédio de indicadores de desempenho,
ções e análises; envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
Operar os sistemas de informação referentes à atenção básica, manter atualizado o Sistema Nacional de Cadastro de Estabe-
conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regularmen- lecimentos e Profissionais de Saúde no seu território, segundo nor-
te os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilidade mas do Ministério da Saúde;
pela gestão, no nível local, dos sistemas de informação: Sistema de adotar protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, em conso-
Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de Infor- nância com os protocolos e diretrizes nacionais e estaduais;
mação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema de adotar protocolos de regulação de acesso, em consonância
Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informação com os protocolos e diretrizes nacionais, estaduais e regionais;
Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e Pro- controlar a referência a ser realizada em outros municípios,
fissionais de Saúde – CNES; Sistema de Informação Hospitalar – SIH de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à
e Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, bem como de saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando
outros sistemas que venham a ser introduzidos; couber;
Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito do pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
seu território; no território municipal
Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis- Definir a programação físico-financeira por estabelecimento de
tência e vigilância em saúde, em conformidade com o plano esta- saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos
dual l de saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a produção
da Atenção à Saúde. dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e realizar o
pagamento dos prestadores de serviços;
– UNIÃO Operar o complexo regulador dos serviços presentes no seu
território, de acordo com a pactuação estabelecida, realizando a
Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- co-gestão com o Estado e outros Municípios, das referências inter-
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e municipais.
ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, Executar o controle do acesso do seu munícipe aos leitos dis-
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu- poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
plano nacional de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho regulação;
Nacional de Saúde; Planejar e executar a regulação médica da atenção pré-hospi-
Formular, no plano nacional de saúde, e pactuar no âmbito da talar às urgências, conforme normas vigentes e pactuações estabe-
Comissão Intergestores Tripartite – CIT, a política nacional de aten- lecidas;
ção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro- Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti-
moção da saúde; ca nacional de contratação de serviços de saúde e em conformida-
Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- de com o planejamento e a programação pactuada e integrada da
tido à aprovação do Conselho Nacional de Saúde; atenção à saúde;
Formular, pactuar no âmbito a CIT e aprovar no Conselho Na- Monitorar e fiscalizar os contratos e convênios com prestado-
cional de Saúde, a política nacional de atenção à saúde dos povos res contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
indígenas e executá-la, conforme pactuação com Estados e Municí- Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados
pios, por meio da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA; em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avalia-
Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios, os estados e ção hospitalar e ambulatorial;
Distrito Federal na elaboração da programação pactuada e integra- Monitorar e fiscalizar e o cumprimento dos critérios nacionais,
da da atenção em saúde, no âmbito nacional; estaduais e municipais de credenciamento de serviços;

61
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Implementar a avaliação das ações de saúde nos estabeleci- Fiscalizar e monitorar o cumprimento dos critérios estaduais e
mentos de saúde, por meio de análise de dados e indicadores e nacionais de credenciamento de serviços pelos prestadores;
verificação de padrões de conformidade; Monitorar o cumprimento, pelos municípios, das programa-
Implementar a auditoria sobre toda a produção de serviços de ções físico-financeira definidas na programação pactuada e integra-
saúde, públicos e privados, sob sua gestão, tomando como referên- da da atenção à saúde;
cia as ações previstas no plano municipal de saúde e em articulação Fiscalizar e monitorar o cumprimento, pelos municípios, das
com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial; normas de solicitação e autorização das internações e dos procedi-
Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saú- mentos ambulatoriais especializados;
de, públicos e privados, sob sua gestão; Estabelecer e monitorar a programação físico-financeira dos
Elaborar normas técnicas, complementares às das esferas esta- estabelecimentos de saúde sob sua gestão; observar as normas
dual e federal, para o seu território. vigentes de solicitação e autorização dos procedimentos hospita-
– ESTADOS lares e ambulatoriais, monitorando e fiscalizando a sua execução
Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fede- por meio de ações de controle, avaliação e auditoria; processar a
ral, para o seu território; produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios Intermu-
convênios; nicipais de Saúde;
Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hierar-
transferidos aos fundos municipais; quizadas estaduais;
Monitorar o cumprimento pelos municípios: dos planos de saú- Implementar avaliação das ações de saúde nos estabelecimen-
de, dos relatórios de gestão, da operação dos fundos de saúde, in- tos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação de
dicadores e metas do pacto de gestão, da constituição dos serviços padrões de conformidade;
de regulação, controle avaliação e auditoria e da participação na Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; pelos municípios e pelo gestor estadual;
Apoiar a identificação dos usuários do SUS no âmbito estadual, Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da oferta dos realizam análises de interesse da saúde pública;
serviços; Elaborar normas complementares para a avaliação tecnológica
Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de em saúde;
Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde, bem como Avaliar e auditar os sistemas de saúde municipais de saúde;
coordenar e cooperar com os municípios nesta atividade; Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de
Elaborar e pactuar protocolos clínicos e de regulação de acesso, saúde, pública e privada, sob sua gestão e em articulação com as
no âmbito estadual, em consonância com os protocolos e diretrizes ações de controle, avaliação e regulação assistencial;
nacionais, apoiando os Municípios na implementação dos mesmos; Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saú-
Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de de, públicos e privados, sob sua gestão.
acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à – DISTRITO FEDERAL
saúde, procedendo a solicitação e/ou autorização prévia, quando Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fede-
couber; ral, para o seu território;
Operar a central de regulação estadual, para as referências in- Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
terestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de regula- meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
ção municipais; convênios;
Coordenar e apoiar a implementação da regulação da atenção Realizar a identificação dos usuários do SUS no âmbito do Dis-
pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e con- trito Federal, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização
forme normas vigentes e pactuações estabelecidas; da oferta dos serviços;
Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
municipais; Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no seu terri-
Participar da cogestão dos complexos reguladores municipais, tório, segundo normas do Ministério da Saúde;
no que se refere às referências intermunicipais; Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
Operar os complexos reguladores no que se refere no que se em seu território, por intermédio de indicadores de desempenho,
refere à referencia intermunicipal, conforme pactuação; envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
Monitorar a implementação e operacionalização das centrais Elaborar e implantar protocolos clínicos, terapêuticos e de re-
de regulação; gulação de acesso, no âmbito do Distrito Federal, em consonância
Cooperar tecnicamente com os municípios para a qualificação com os protocolos e diretrizes nacionais;
das atividades de cadastramento, contratação, controle, avaliação, Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de
auditoria e pagamento aos prestadores dos serviços localizados no acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à saú-
território municipal e vinculados ao SUS; de, procedendo a solicitação e/ou autorização prévia;
Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores Operar a central de regulação do Distrito Federal, para as refe-
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; rências interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de
Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti- regulação estaduais e municipais;
ca nacional de contratação de serviços de saúde, em conformidade Implantar e operar o complexo regulador dos serviços presen-
com o planejamento e a programação da atenção; tes no seu território, de acordo com a pactuação estabelecida;
Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e Coordenar e apoiar a implementação da regulação da atenção
com a regionalização e coordenar este processo em relação aos pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e con-
municípios; forme normas vigentes e pactuações estabelecidas

62
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Executar o controle do acesso do seu usuário aos leitos disponí- Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores;
veis, às consultas, terapias e exames especializados, disponíveis no Cooperar na implantação e implementação dos complexos re-
seu território, que pode ser feito por meio de centrais de regulação; guladores;
Definir a programação físico-financeira por estabelecimento de Coordenar e monitorar a implementação e operacionalização
saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos das centrais de regulação interestaduais, garantindo o acesso às re-
procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a produção ferências pactuadas;
dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e realizar o Coordenar a construção de protocolos clínicos e de regulação
pagamento dos prestadores de serviços; de acesso nacionais, em parceria com os estados, o Distrito Federal
Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores e os municípios, apoiando–os na utilização dos mesmos;
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; Acompanhar, monitorar e avaliar a atenção básica, nas demais
Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti- esferas de gestão, respeitadas as competências estaduais, munici-
ca nacional de contratação de serviços de saúde, em conformidade pais e do Distrito Federal;
com o planejamento e a programação da atenção; Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e pelos municípios, Distrito Federal, estados e pelo gestor federal,
com a regionalização; incluindo a permanente avaliação dos sistemas de vigilância epide-
Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios de Saúde; miológica e ambiental em saúde;
Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hierar- Normatizar, definir fluxos técnico-operacionais e supervisionar
quizadas; a rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises de
Implementar avaliação das ações de saúde nos estabelecimen- interesse em saúde pública;
tos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação de Avaliar o desempenho das redes regionais e de referências in-
terestaduais;
padrões de conformidade;
Responsabilizar-se pela avaliação tecnológica em saúde;
Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados
Avaliar e auditar os sistemas de saúde estaduais e municipais.
em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avalia-
ção hospitalar e ambulatorial;
5 – RESPONSABILIDADES NA GESTÃO DO TRABALHO
Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
realizam análises de interesse da saúde pública; 5.1 - MUNICÍPIOS
Elaborar normas complementares para a avaliação tecnológica Todo município deve:
em saúde; promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, consi-
Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de derando os princípios da humanização, da participação e da demo-
saúde, pública e privada, em articulação com as ações de controle, cratização das relações de trabalho;
avaliação e regulação assistencial. adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e
– UNIÃO previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
Cooperar tecnicamente com os estados, o Distrito Federal e os e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
municípios para a qualificação das atividades de cadastramento, for necessário, conforme legislação vigente;
contratação, regulação, controle, avaliação, auditoria e pagamento As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
aos prestadores dos serviços vinculados ao SUS; pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros no território municipal
transferidos fundo a fundo e por convênio aos fundos de saúde dos Estabelecer, sempre que possível, espaços de negociação per-
estados, do Distrito Federal e dos municípios; manente entre trabalhadores e gestores;
Monitorar o cumprimento pelos estados, Distrito Federal e mu- Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri-
nicípios dos planos de saúde, dos relatórios de gestão, da operação partite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
dos fundos de saúde, dos pactos de indicadores e metas, da cons- manos descentralizados;
tituição dos serviços de regulação, controle avaliação e auditoria e Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras,
da realização da programação pactuada e integrada da atenção à Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração,
saúde; implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários
Coordenar, no âmbito nacional, a estratégia de identificação no âmbito da gestão local;
dos usuários do SUS; Implementar e pactuar diretrizes para políticas de educação e
Coordenar e cooperar com os estados, o Distrito Federal e os gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
balhadores de saúde, no âmbito municipal, notadamente em regi-
municípios no processo de cadastramento de Estabelecimentos e
ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
Profissionais de Saúde;
ações estratégicas para a atenção básica.
Definir e pactuar a política nacional de contratação de serviços
5.2 – ESTADOS
de saúde;
Promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, consi-
Propor e pactuar os critérios de credenciamento dos serviços derando os princípios da humanização, da participação e da demo-
de saúde; cratização das relações de trabalho;
Propor e pactuar as normas de solicitação e autorização das Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri-
internações e dos procedimentos ambulatoriais especializados, de partite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
acordo com as Políticas de Atenção Especializada; manos descentralizados;
Elaborar, pactuar e manter as tabelas de procedimentos en- Promover espaços de negociação permanente entre trabalha-
quanto padrão nacional de utilização dos mesmos e de seus preços; dores e gestores, no âmbito estadual e regional;
Estruturar a política nacional de regulação da atenção à saúde,
conforme pactuação na CIT, contemplando apoio financeiro, tecno-
lógico e de educação permanente;

63
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e RESPONSABILIDADES NA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde 6.1 - MUNICÍPIOS
for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técnica e fi- Todo município deve:
nanceiramente os municípios na mesma direção; formular e promover a gestão da educação permanente em
Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
no âmbito da gestão estadual; participando no seu financiamento;
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e gestão promover diretamente ou em cooperação com o estado, com
do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de trabalhado- os municípios da sua região e com a união, processos conjuntos de
res de saúde, no âmbito estadual, notadamente em regiões onde a educação permanente em saúde;
restrição de oferta afeta diretamente a implantação de ações estra- apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educa-
tégicas para a atenção básica. ção popular em saúde na formação dos profissionais de saúde, em
5.3 – DISTRITO FEDERAL consonância com as necessidades sociais em saúde;
Desenvolver estudos quanto às estratégias e financiamento incentivar junto à rede de ensino, no âmbito municipal, a reali-
tripartite de política de reposição da força de trabalho descentra- zação de ações educativas e de conhecimento do SUS;
lizada; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
Implementar espaços de negociação permanente entre traba-
pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
lhadores e gestores, no âmbito do Distrito Federal e regional;
no território municipal
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e
Articular e cooperar com a construção e implementação de ini-
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
ciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profis-
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
for necessário, conforme legislação vigente; sões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o
implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários SUS, diversificando os campos de aprendizagem;
no âmbito da gestão do Distrito Federal; 6.2 – ESTADOS
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de ges- Formular, promover e apoiar a gestão da educação permanen-
tão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de traba- te em saúde e processos relativos à mesma no âmbito estadual;
lhadores de saúde, no âmbito do Distrito Federal, notadamente em Promover a integração de todos os processos de capacitação e
regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per-
de ações estratégicas para a atenção básica. manente, no âmbito da gestão estadual do SUS;
5.4 – UNIÃO Apoiar e fortalecer a articulação com os municípios e entre os
Promover, desenvolver e pactuar políticas de gestão do traba- mesmos, para os processos de educação e desenvolvimento de tra-
lho considerando os princípios da humanização, da participação e balhadores para o SUS;
da democratização das relações de trabalho, apoiando os gestores Articular o processo de vinculação dos municípios às referên-
estaduais e municipais na implementação das mesmas; cias para o seu processo de formação e desenvolvimento;
Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri- Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de
partite com vistas à adoção de políticas referentes à força de traba- mudanças no campo da graduação e da especialização das profis-
lho descentralizada; sões de saúde;
Fortalecer a Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro-
como um espaço de negociação entre trabalhadores e gestores e cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope-
contribuir para o desenvolvimento de espaços de negociação no rando com os demais gestores, para processos na mesma direção;
âmbito estadual, regional e/ou municipal; Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão estadual;
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técnica e fi-
6.3 – DISTRITO FEDERAL
nanceiramente os estados e municípios na mesma direção;
Formular e promover a gestão da educação permanente em
Formular, propor, pactuar e implementar as Diretrizes Nacio-
saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
nais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do Siste-
ma Único de Saúde – PCCS/SUS; da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra- participando no seu financiamento;
balhadores de saúde, no âmbito nacional, notadamente em regi- Promover a integração de todos os processos de capacitação e
ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per-
ações estratégicas para a atenção básica. manente;
Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de
mudanças no campo da graduação e da especialização das profis-
sões de saúde;
Articular e cooperar com a construção e implementação de ini-
ciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profis-
sões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;

64
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro- Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope- junto à população em geral;
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica ao fortalecimento da participação social do SUS;
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimento
do Distrito Federal; da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma 7.3 – DISTRITO FEDERAL
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; fesa do SUS;
Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educa- Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
ção popular em saúde da formação dos profissionais de saúde, em cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que
consonância com as necessidades sociais em saúde; deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
Incentivar, junto à rede de ensino, a realização de ações educa- Organizar e prover as condições necessárias à realização de
tivas e de conhecimento do SUS; Conferências Estaduais de Saúde;
6.4 – UNIÃO Estimular o processo de discussão e controle social no espaço
Formular, promover e pactuar políticas de educação perma- regional;
nente em saúde, apoiando técnica e financeiramente estados e Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
municípios no desenvolvimento das mesmas; Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
Promover a integração de todos os processos de capacitação e junto à população em geral;
desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per- Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
manente, no âmbito da gestão nacional do SUS; ao fortalecimento da participação social do SUS;
Propor e pactuar políticas regulatórias no campo da graduação Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimento
e da especialização das profissões de saúde; da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais
Articular e propor políticas de indução de mudanças na gradu- 7.4 - UNIÃO
ação das profissões de saúde; Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
Propor e pactuar com o sistema federal de educação, processos fesa do SUS;
de formação de acordo com as necessidades do SUS, articulando os Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
demais gestores na mesma direção; cessárias ao funcionamento do Conselho Nacional de Saúde, que
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
RESPONSABILIDADES NA PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL Organizar e prover as condições necessárias à realização de
Conferências Nacionais de Saúde;
7.1 - MUNICÍPIOS Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
Todo município deve: Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
apoiar o processo de mobilização social e institucional em de- junto à população em geral;
fesa do SUS; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- ao fortalecimento da participação social do SUS;
cessárias ao funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que Apoiar o fortalecimento dos movimentos sociais, aproximan-
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; do-os da organização das práticas da saúde e com as instâncias de
organizar e prover as condições necessárias à realização de controle social da saúde;
Conferências Municipais de Saúde; Formular e pactuar a política nacional de ouvidoria e imple-
estimular o processo de discussão e controle social no espaço mentar o componente nacional, com vistas ao fortalecimento da
regional; gestão estratégica do SUS.
apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS, V - IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PACTOS PELA
junto à população em geral;
VIDA E DE GESTÃO
Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
A - PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO
ao fortalecimento da participação social do SUS;
A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
Para a implantação destes Pactos ficam acordados os seguintes
pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
pontos:
no território municipal
A implantação dos Pactos pela Vida e de Gestão, enseja uma
Implementar ouvidoria municipal com vistas ao fortalecimento
revisão normativa em várias áreas que serão regulamentadas em
da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
portarias específicas, pactuadas na CIT.
7.2 – ESTADOS
Fica definido o Termo de Compromisso de Gestão, Federal, Es-
Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
fesa do SUS; tadual, do DF e Municipal, como o documento de formalização des-
Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- te Pacto nas suas dimensões Pela Vida e de Gestão.
cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que O Termo de Compromisso de Gestão, a ser regulamentado em
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; normatização específica, contém as metas e objetivos do Pacto pela
Organizar e prover as condições necessárias à realização de Vida, referidas no item I deste documento; as responsabilidades e
Conferências Estaduais de Saúde; atribuições de cada gestor, constantes do item III e os indicadores
Estimular o processo de discussão e controle social no espaço de monitoramento.
regional; Os Termos de Compromisso de Gestão devem ser aprovados
Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde; nos respectivos Conselhos de Saúde.

65
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Nos Termos de Compromisso de Gestão Estadual e Municipal, A definição sobre o número de membros de cada CIB deve con-
podem ser acrescentadas as metas municipais, regionais e estadu- siderar as diferentes situações de cada estado, como número de
ais, conforme pactuação; municípios, número de regiões de saúde, buscando a maior repre-
Anualmente, no mês de março, devem ser revistas as metas, sentatividade possível.
os objetivos e os indicadores do Termo de Compromisso de Gestão. As decisões da CIB e CIT serão tomadas sempre por consenso.
O Termo de Compromisso de Gestão substitui o atual processo As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB serão
de habilitação, conforme detalhamento em portaria específica. formalizadas em ato próprio do gestor respectivo.
Fica extinto o processo de habilitação para estados e municí- As decisões das Comissões Intergestores que versarem sobre
pios, conforme estabelecido na NOB SUS 01/– 96 e na NOAS SUS matéria da esfera de competência dos Conselhos de Saúde deverão
2002. ser submetidas à apreciação do Conselho respectivo.
Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de Compromisso de
Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
2006, as mesmas prerrogativas e responsabilidades dos municípios ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. BRASIL.
e estados que estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, con- LEI NO 8069 DE 13 DE JULHO DE 1990. ESTATUTO DA
forme estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96 CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. BRASÍLIA, 1991
e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS SUS 2002.

B - PROCESSO DE MONITORAMENTO Lei Federal nº 8.069/90 – Dispõe sobre o Estatuto da Criança


e do Adolescente;
O processo de monitoramento dos Pactos deve seguir as se-
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
guintes diretrizes:
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
Ser um processo permanente, de cada ente com relação ao
das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
seu próprio âmbito, dos estados com relação aos municípios do seu Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par-
território, dos municípios com relação ao estado, dos municípios e tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica-
estado com relação à União e da união com relação aos estados, ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
municípios e Distrito Federal; parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute-
Ser orientado pelos indicadores, objetivos, metas e responsa- lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.
bilidades que compõem o respectivo Termo de Compromisso de A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem
Gestão; distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos
Estabelecer um processo de monitoramento dos cronogramas como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em
pactuados nas situações onde o município, estado e DF não tenham desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado.
condições de assumir plenamente suas responsabilidades no mo- O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
mento da assinatura do Termo de Compromisso de Gestão; proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
Desenvolver ações de apoio para a qualificação do processo de social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
gestão. da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
A operacionalização do processo de monitoramento deve ser O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à
objeto de regulamentação específica em cada esfera de governo, educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
considerando as pactuações realizadas. respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me-
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten-
VI - DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO DO SUS dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados
A direção do SUS, em cada esfera de governo, é composta pelo à Constituição da República de 1988.
órgão setorial do poder executivo e pelo respectivo Conselho de Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze anos
Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e Nº 8.142/1990. de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida entre
O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes ní- doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, excepcional-
veis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em dois colegiados de mente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade, em
situações que serão aqui demonstradas.
negociação: a Comissão Intergestores Tripartite - CIT e a Comissão
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será ob-
Intergestores Bipartite - CIB, que pactuarão sobre a organização, di-
jeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
reção e gestão da saúde.
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, de-
A CIT é composta, paritariamente, por representação do Mi-
vendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus
nistério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que a
- CONASS e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saú- criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde,
de – CONASEMS, sendo um espaço tripartite para a elaboração de mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam
propostas para a implantação e operacionalização do SUS. o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condi-
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada por ções dignas de existência.
representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Conse- As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguar-
lho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) ou ór- dar a família natural ou a família substituta, sendo está ultima pela
gão equivalente é a instância privilegiada de negociação e decisão guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de assistên-
quanto aos aspectos operacionais do SUS. Um dos representantes cia material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos os deve-
dos municípios é, necessariamente, o Secretário de Saúde da Capi- res da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos incom-
tal. Como parte do processo de constituição das regiões de saúde pletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos direito e
devem ser constituídos Colegiados de Gestão Regionais. deveres, inclusive sucessórios.

66
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensá- 11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações ju-
vel à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. diciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
Não sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando 12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamen-
fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas. tais que executem programas de proteção e socioeducativos.
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos fi- Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade
lhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange-
poder. dor, havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra algu-
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou ma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas ao Conselho Tutelar para providências cabíveis.
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a de-
substituta mediante guarda, tutela ou adoção. linquência é uma realidade social, principalmente nas grandes cida-
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado des, sem previsão de término, fazendo com que tenha tratamento
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, diferenciado dos crimes praticados por agentes imputáveis.
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecen- incompletos são denominados atos infracionais passíveis de apli-
tes. cação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto da
Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no de- Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o
senvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao máxi- responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem
mo a estabilidade emocional, econômica e social. atitudes, definindo sanções para os casos mais graves.
A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fa- Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta
tores que interferem diretamente no desenvolvimento das crianças sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os
e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseri- imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no
dos na entidade familiar. estatuto como medidas socioeducativas.
Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas res-
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que pondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde a
cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e co- adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou res-
mercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e ponsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e fre-
explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de quência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de
conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes. auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológi-
Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar co ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, colocação
composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, re- em família substituta.
gularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade de Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis)
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas já
O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competen- descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida socioe-
tes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas ducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do
hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus fato e a gravidade da infração, são elas:
pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na 1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assi-
legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros nada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento
Tutelares: em atos infracionais e sua reiteração,
1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro- 2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja
teção. passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví-
2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi- tima,
das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo
3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social,
serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada- 4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en-
mente, descumprir suas decisões. fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua
4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Es- juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólogos
tatuto tenha como infração administrativa ou penal. e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude,
5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes. 5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez
6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo duran-
sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores. te o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante
7. Expedir notificações em casos de sua competência. recolhimento em entidade especializada
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e 6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extre-
adolescentes, quando necessário. ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da propos- da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excep-
ta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direi- cional.
tos da criança e do adolescente. Antes da sentença, a internação somente pode ser determina-
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para da pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
que estas se defendam de programas de rádio e televisão que con- baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato infra-
trariem princípios constitucionais bem como de propaganda de cional.
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
meio ambiente. internação têm a obrigação de:

67
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os ado- Últimas alterações no ECA
lescentes;
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de As mais recentes:
restrição na decisão de internação, São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual ad-
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e ministração:
dignidade ao adolescente, - A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019;
dos vínculos familiares, - A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na
5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda lei nº 13.812, de 16 de março 2019;
infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área - A mudança na idade mínima para que uma criança ou adoles-
de lazer e atividades culturais e desportivas. cente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem autorização
6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei nº 13.812;
de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade compe- - A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares,
tente. que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos,
Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser im- em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019.
plementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contu-
do, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 al-
internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA. tera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o
Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses
no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e dis-
com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores. ciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.
Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infracio-
nal, o representante do Ministério Público poderá conceder o per- Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida
dão (remissão), como forma de exclusão do processo, se atendido Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de
às circunstâncias e consequências do fato, contexto social, perso- crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências,
nalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato e que frequentemente são expostos a condutas profissionais não
infracional. qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, ou para
Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medi- pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo desnecessaria-
das aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a pro- mente seu drama.
grama de proteção a família, inclusão em programa de orientação Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como ob-
a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a tratamento psico- jetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da
lógico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de
orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveitamen- atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado
to escolar do menor, advertência, perda da guarda, destituição da por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.
tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
O importante é observar que as crianças e os adolescentes não Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a acom-
podem ser considerados autênticas propriedades de seus genito- panhamento e orientação à mãe com relação à amamentação
res, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pes- Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade
soas, dotados de direitos e deveres como demonstrado. adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
A implantação integral do ECA sofre grande resistência de parte à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante eles
da sociedade brasileira, que o considera excessivamente paternalis- estão obrigados a acompanhar a prática do processo de amamenta-
ta em relação aos atos infracionais cometidos por crianças e ado- ção, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
lescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada vez mãe permanecer na unidade hospitalar.
mais violentos e reiterados.
Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e edu- Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de
car a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças
nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será
utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos
criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa. ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de ida-
Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se de. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam
desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de
física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal res- detecção de risco. Esse acompanhamento se dará em consulta pe-
ponsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto diátrica. Por meio de exames poderá ser detectado precocemente,
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do por exemplo, o transtorno do espectro autista, o que permitirá um
que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm melhor acompanhamento no desenvolvimento futuro da criança.
importância fundamental no comportamento dos mesmos.1

1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de


Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida
Rabelo

68
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou-
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa tras providências.
nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na-
dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos da cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dis-
trito Federal) em que foi cometido o crime. Título I
Das Disposições Preliminares
Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de
agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes con- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
tra a dignidade sexual de criança e de adolescente adolescente.
Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos cri- Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa
mes contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescen- até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
tou ao ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em doze e dezoito anos de idade.
meio cibernético. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho domés- anos de idade.
tico de adolescentes Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a regula- fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
rização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico. A ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca social, em condições de liberdade e de dignidade.
o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do traba- situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
lho infantil ilegal. deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o Es- outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni-
tatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a idade dade em que vivem.(incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
máxima para o atendimento na educação infantil.2 Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos cação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida-
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. de, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par- Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica- a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda cunstâncias;
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute- b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re-
lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. levância pública;
Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
(Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II, públicas;
capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
crimes cometidos contra crianças e adolescentes. cionadas com a proteção à infância e à juventude.
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me- e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten- do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados Título II
à Constituição da República de 1988. Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente Do Direito à Vida e à Saúde
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, ex-
ploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
seus direitos fundamentais. permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.
2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos progra- § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde desen-
mas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodu- volverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao
tivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gra- planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro-
videz, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação
pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.257, de 2016)
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de-
da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan- leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabele- Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
cimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im-
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju-
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re- ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) competente;
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi- III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado prestar orientação aos pais;
puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces-
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser pres- sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
tada também a gestantes e mães que manifestem interesse em en- neonato;
tregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada permanência junto à mãe.
pela Lei nº 13.257, de 2016) VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres-
tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa-
permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já
nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba-
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257,
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol-
de 2016)
tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Siste-
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
ma Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de-
ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria-
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi-
da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du- de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- pela Lei nº 13.257, de 2016)
-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque-
motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea-
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In- cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em de crianças na primeira infância receberão formação específica e
unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvi-
sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi- mento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen- necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclu-
Lei nº 13.257, de 2016) sive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados in-
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da termediários, deverão proporcionar condições para a permanência
Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de
que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in- internação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº
formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam 13.257, de 2016)
para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
pela Lei nº 13.798, de 2019) de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho
caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providên-
com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria- cias legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
mente ao público adolescente.(Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) § 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entre-
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro- gar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas,
piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluí-
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. do pela Lei nº 13.257, de 2016)

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entra- Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-
da, os serviços de assistência social em seu componente especia- dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
lizado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
(Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu- cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei
lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede nº 13.010, de 2014)
e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
13.257, de 2016) pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli-
assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida- cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que
des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de educação sanitária para pais, educadores e alunos. a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomen- b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
dados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo úni- II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
co pela Lei nº 13.257, de 2016) tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde pela Lei nº 13.010, de 2014)
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mu-
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
lher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
2014)
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res-
no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bu- ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeduca-
cal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tivas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de
§ 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos es- adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem
peciais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.(Incluído pela Lei castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de
nº 13.257, de 2016) correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus pri- sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes me-
meiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumen- didas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (In-
to construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consul- cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
ta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro-
desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
(Vigência) II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Capítulo II III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In-
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali-
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de- V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli-
garantidos na Constituição e nas leis. cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec- legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
tos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá- CAPÍTULO III
rios, ressalvadas as restrições legais; DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
II - opinião e expressão;
SEÇÃO I
III - crença e culto religioso;
DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e edu-
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi-
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente
gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran- que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei
gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos nº 13.257, de 2016)
valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro-
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re-
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta-
da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

71
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em progra- § 8o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu criança após o nascimento, a criança será mantida com os genito-
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju- res, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
§ 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen- (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro- § 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen-
vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos 13.509, de 2017)
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças
129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta)
§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió- 13.509, de 2017)
dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen- Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhi-
to institucional, pela entidade responsável, independentemente de mento institucional ou familiar poderão participar de programa de
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5o Será garantida a convivência integral da criança com a § 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio-
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluí- nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para
do pela Lei nº 13.509, de 2017) fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu-
multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em en- § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de
tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento
nº 13.509, de 2017) de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio- § 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescen-
nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório te a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei
à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos nº 13.509, de 2017)
do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de § 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado
2017) será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento,
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de- com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibi-
terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua lidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (In-
expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência so- cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
cial para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, § 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
de 2017) pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por
§ 3o A busca à família extensa, conforme definida nos termos órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo pela Lei nº 13.509, de 2017)
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela § 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os res-
Lei nº 13.509, de 2017) ponsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão
§ 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não imediatamente notificar a autoridade judiciária competente. (Inclu-
existir outro representante da família extensa apto a receber a guar- ído pela Lei nº 13.509, de 2017)
da, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. (In- Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de con-
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação
§ 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discor-
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser dância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução
manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art. 166 desta da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, Vigência
de 2017) Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu-
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge- cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes,
nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten- a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direi-
suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob tos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuida-
a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído do e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito
pela Lei nº 13.509, de 2017) de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados
§ 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data 13.257, de 2016)
do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui
de 2017) motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a de- § 5o A colocação da criança ou adolescente em família subs-
cretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em tituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanha-
sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída mento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política munici-
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a pal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação 12.010, de 2009) Vigência
por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igual- § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
mente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou ou- proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
tro descendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decre- I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
tadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumpri- desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
mento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de
Seção II sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído
Da Família Natural pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade forma- responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles-
da pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. (Vide Lei nº centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis-
12.010, de 2009) Vigência sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes-
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu-
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transfe-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco- rência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover-
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu- Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
mento público, qualquer que seja a origem da filiação. medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen- Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará
to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, median-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per- te termo nos autos.
sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado Subseção II
o segredo de Justiça. Da Guarda

Seção III Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,


Da Família Substituta moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de-
Subseção I tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei
Disposições Gerais nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu-
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica tela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a fal-
previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu ta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as im- de representação para a prática de atos determinados.
plicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ-
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será ne- denciários.
cessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrá-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência rio, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de pa- aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de
rentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito
ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessa-
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela do ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada Vigência
existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plena- Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência
mente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos frater- de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
nais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucio- à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos ado-
nal, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcio- tantes.
nal da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
de 2009) Vigência os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadas- de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a crian- matrimoniais.
ça ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de acolhi- concubino do adotante e os respectivos parentes.
mento em família acolhedora como política pública, os quais de- § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus des-
verão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de cendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colate-
crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, rais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde-
ção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pendentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distri- de 2009) Vigência
tais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do ado-
em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a tando.
própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me- sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprova-
diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. da a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Subseção III § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
Da Tutela velho do que o adotando.
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com-
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem
de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de con-
12.010, de 2009) Vigência vivência tenha sido iniciado na constância do período de convivên-
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia cia e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica ne- afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
cessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei nº excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu- § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado
mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda comparti-
1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, in- janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
gressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observan- 2009) Vigência
do o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após ine-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do pro-
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados cedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº
os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo 12.010, de 2009) Vigência
deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vonta- Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta-
de, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24. curatelado.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
Subseção IV representante legal do adotando.
Da Adoção § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti-
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun- tuídos do poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
do o disposto nesta Lei. de 2009) Vigência
§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manuten- será também necessário o seu consentimento.
ção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com
forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias,
12.010, de 2009)Vigência observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades
§ 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
12.010, de 2009) Vigência § 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado-
§ 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do ado- tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante
tando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Lei nº 13.509, de 2017) Vigência

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bioló-
da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº gica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a
12.010, de 2009) Vigência medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun- Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser
damentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu
de 2017) pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domi- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder fami-
(trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável liar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen- 2009) Vigência
tada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
2017) foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, deverá de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da ado- § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
ção à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equi- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi-
pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs-
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe- tas no art. 29.
cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do defe- período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi-
rimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no território na- com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu-
cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi- § 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação re-
dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) ferida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e ado-
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, lescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e
fornecerá certidão. avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimen-
bem como o nome de seus ascendentes.
to e pela execução da política municipal de garantia do direito à
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis-
convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tro original do adotado.
§ 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na-
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda-
e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons-
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residen-
tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência tes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do 5o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado- terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de in-
tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos formações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Inclu-
§§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (qua-
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga- renta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em con-
do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do dições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na
art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referi-
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele rela- dos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído
cionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazena- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conser- § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu-
vação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni-
de 2009) Vigência cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em 12.010, de 2009) Vigência
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre-
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri-
de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual pe- to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 13.509, de 2017)

75
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança
sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re- ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à
comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção inter-
programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de nacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está si-
2009) Vigência tuada sua residência habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos Vigência
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In- II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re-
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi- latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade
dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes-
desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluído
12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles- III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório
cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual- acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluído pela Lei nº
quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluí- 12.010, de 2009) Vigência
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re- convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu-
quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluí- ção, por tradutor público juramentado; (Incluído pela Lei nº 12.010,
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte- VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e so-
ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com licitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluído pela
grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
pretendente possui residência habitual em país-parte da Conven- Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio-
ção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crian- nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida
ças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promul- dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen-
gada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio-
nº 13.509, de 2017) nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluído pela Lei
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasilei- nº 12.010, de 2009) Vigência
ro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar com- VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto-
provado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In-
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a com- § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad-
provação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habi- mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam
litados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança ou intermediados por organismos credenciados. (Incluído pela Lei nº
adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; 12.010, de 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o creden-
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi ciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de
consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvi- intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com
mento, e que se encontra preparado para a medida, mediante pa- posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publica-
recer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto ção nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
Vigência do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Auto- para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluído pela Lei nº
ridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção interna- 12.010, de 2009) Vigência
cional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento pre- cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí-
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual-
e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluído quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi- gência
co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos creden-
Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central
§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e 2009) Vigência
dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re-
onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na
Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010,
gência de 2009) Vigência
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex- fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autorida- § 14. É vedado o contato direto de representantes de organis-
de Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro-
órgão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com
Vigência crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen- devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive Vigência
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In- § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que jul-
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada gar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (Inclu-
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató- ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efe-
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e esta-
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In- rão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Criança e do Adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan- Vigência
tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluído pela Lei nº sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
12.010, de 2009) Vigência de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
gência Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá 2009) Vigência
validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
gência ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Su-
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal perior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respecti- Vigência
vo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de
adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori-
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita-
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, Federal e determinará as providências necessárias à expedição do
bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria- Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010,
mente, as características da criança ou adolescente adotado, como de 2009) Vigência
idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Públi-
foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di- co, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se
reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à or-
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de dem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
2009) Vigência adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re- seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe- I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tados os recursos escolares;
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o III - elevados níveis de repetência.
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori- Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo-
na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado-
ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
CAPÍTULO IV acesso às fontes de cultura.
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es-
AO ESPORTE E AO LAZER timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro-
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi- e a juventude.
sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando- CAPÍTULO V
-se-lhes: DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
cola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição
às instâncias escolares superiores; Federal)
IV - direito de organização e participação em entidades estu- Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
dantis; por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên- Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro-
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. educação em vigor.
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)Parágrafo único. É di- Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin-
reito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, tes princípios:
bem como participar da definição das propostas educacionais. I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regu-
Art. 53-A.É dever da instituição de ensino, clubes e agremia- lar;
ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar me- II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen-
didas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou te;
dependência de drogas ilícitas.(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura-
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os da bolsa de aprendizagem.
que a ele não tiveram acesso na idade própria; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
ensino médio; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
III - atendimento educacional especializado aos portadores de trabalho protegido.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa-
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
criação artística, segundo a capacidade de cada um; cinco horas do dia seguinte;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições II - perigoso, insalubre ou penoso;
do adolescente trabalhador; III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra- desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali- IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequ-
mentação e assistência à saúde. ência à escola.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu-
subjetivo. cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú- -governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescen-
blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida- te que dele participe condições de capacitação para o exercício de
de competente. atividade regular remunerada.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsável, pela frequência à escola.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áre-
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pes- as a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus
soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados con-
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho tra crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
não desfigura o caráter educativo. Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunica-
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro- ção de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de
teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos
ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
TÍTULO III Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
DA PREVENÇÃO cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e servi-
CAPÍTULO I ços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvol-
DISPOSIÇÕES GERAIS vimento.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre-
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
violação dos direitos da criança e do adolescente. Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas Lei.
públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo CAPÍTULO II
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não DA PREVENÇÃO ESPECIAL
violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) SEÇÃO I
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER,
divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa- ESPORTES, DIVERSÕES E ESPETÁCULOS
dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma- Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regula-
nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) rá as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Minis- deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
tério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com em que sua apresentação se mostre inadequada.
os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as en- Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos
tidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es-
nº 13.010, de 2014) petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do etária.
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po-
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en- derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi-
frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o ção quando acompanhadas dos pais ou responsável.
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a ga- anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão,
rantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- apresentação ou exibição.
-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação so- empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programa-
bre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou ção em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de-
degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.
2014) Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir,
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula- no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a
ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados que se destinam.
nas famílias em situação de violência, com participação de profis- Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio
sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa-
promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adoles- das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
cente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi-
deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas das com embalagem opaca.
públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)

79
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infan- Parte Especial
to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, TÍTULO I
crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e muni- DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
ções, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
família. CAPÍTULO I
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem DISPOSIÇÕES GERAIS
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen- Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
do público. Distrito Federal e dos municípios.
Seção II Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: (Vide Lei
Dos Produtos e Serviços nº 12.010, de 2009) Vigência
I - políticas sociais básicas;
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência so-
I - armas, munições e explosivos; cial de garantia de proteção social e de prevenção e redução de vio-
II - bebidas alcoólicas; lações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação
III - produtos cujos componentes possam causar dependência dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
física ou psíquica ainda que por utilização indevida; III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração,
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano abuso, crueldade e opressão;
físico em caso de utilização indevida; IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; crianças e adolescentes desaparecidos;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente da criança e do adolescente.
em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo
exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen-
Seção III tes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Autorização para Viajar VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes- à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de
seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom- adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com de-
panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização ficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) 2009) Vigência
§ 1º A autorização não será exigida quando: Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou I - municipalização do atendimento;
do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unida- II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos
de da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Re- direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e contro-
dação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) ladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação po-
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos pular paritária por meio de organizações representativas, segundo
estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) leis federal, estaduais e municipais;
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com- III - criação e manutenção de programas específicos, observada
provado documentalmente o parentesco; a descentralização político-administrativa;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
ou responsável. vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res- adolescente;
ponsável, conceder autorização válida por dois anos. V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre-
dispensável, se a criança ou adolescente: ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa- infracional;
mente pelo outro através de documento com firma reconhecida. VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de
do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
exterior. em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista
na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se
mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família subs-
tituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável parti-
cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009)Vigência

80
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta-
que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da
incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre de- Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
senvolvimento infantil;(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) gência
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direi- III - em se tratando de programas de acolhimento institucional
tos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegra-
atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento ção familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.
integral;(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
infantil e sobre prevenção da violência.(Incluído pela Lei nº 13.257, funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi-
de 2016) tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse- Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente § 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei
é considerada de interesse público relevante e não será remunera- nº 12.010, de 2009) Vigência
da. a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
CAPÍTULO II b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí-
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO pios desta Lei;
SEÇÃO I c) esteja irregularmente constituída;
DISPOSIÇÕES GERAIS d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe-
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas
manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos
e execução de programas de proteção e sócio-educativos destina- os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos a crianças e adolescentes, em regime de: § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, caben-
I - orientação e apoio sócio-familiar; do ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observa-
III - colocação familiar; do o disposto no § 1o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 2009)Vigência
12.010, de 2009) Vigência Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi-
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí-
nº 12.594, de 2012) (Vide) pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte-
2012) (Vide) gração familiar;(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de II - integração em família substituta, quando esgotados os
2012) (Vide) recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
§ 1o As entidades governamentais e não governamentais deve- III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
rão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regi- IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
mes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho V - não desmembramento de grupos de irmãos;
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en-
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica- tidades de crianças e adolescentes abrigados;
ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei VII - participação na vida da comunidade local;
nº 12.010, de 2009) Vigência VIII - preparação gradativa para o desligamento;
§ 2o Os recursos destinados à implementação e manutenção IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu-
dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota- cativo.
ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de § 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco-
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei-
o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preco- tos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
e parágrafo único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju-
de 2009) Vigência diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo Con- acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi- família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
2009) Vigência e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex- de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009)Vigência

81
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 4o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá- XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi-
ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco- mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com-
lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do petente;
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em sua situação processual;
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de acolhimen- XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
to familiar ou institucional somente poderão receber recursos pú- adolescentes;
blicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha-
finalidades desta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mento de egressos;
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen- XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar cidadania àqueles que não os tiverem;
ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apura- XX - manter arquivo de anotações onde constem data e cir-
ção de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluí- cunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento
§ 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que
acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, § 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes des-
às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, te artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento ins-
incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, titucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
de 2016) Vigência
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi- § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto- Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou
ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter tem-
e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de res- porário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a
ponsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciá- de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
ria, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do Con-
selho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a Seção II
imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se Da Fiscalização das Entidades
por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu
encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministé-
desta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência rio Público e pelos Conselhos Tutelares.
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna- Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
ção têm as seguintes obrigações, entre outras: apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das
dotações orçamentárias.
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
lescentes;
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
restrição na decisão de internação;
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida-
I - às entidades governamentais:
des e grupos reduzidos;
a) advertência;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
dignidade ao adolescente;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
dos vínculos familiares; II - às entidades não-governamentais:
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca- a) advertência;
sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín- b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
culos familiares; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de d) cassação do registro.
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne- § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
cessários à higiene pessoal; de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou re-
à faixa etária dos adolescentes atendidos; presentado perante autoridade judiciária competente para as pro-
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e vidências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução
farmacêuticos; da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
X - propiciar escolarização e profissionalização; § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descum-
acordo com suas crenças; primento dos princípios norteadores das atividades de proteção es-
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; pecífica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência

82
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
TÍTULO II X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote-
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me-
CAPÍTULO I didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou
DISPOSIÇÕES GERAIS extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração
em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com-
ameaçados ou violados: preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
III - em razão de sua conduta. gência
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescen-
CAPÍTULO II te, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm
direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da me-
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser apli- dida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual- devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
quer tempo. observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.(Incluído
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao forta- Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98,
lecimento dos vínculos familiares e comunitários. a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se-
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação guintes medidas:
das medidas:(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi- de responsabilidade;
tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento
pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência oficial de ensino fundamental;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro- de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles-
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles- cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a co, em regime hospitalar ou ambulatorial;
plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen- VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli- VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza- 12.010, de 2009) Vigência
ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter- 12.010, de 2009) Vigência
venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran-
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, colocação em família substituta, não implicando privação de liber-
de 2009) Vigência dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên-
direito à imagem e reserva da sua vida privada;(Incluído pela Lei nº cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
12.010, de 2009) Vigência adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au-
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades com- toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministé-
petentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja co- rio Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento
nhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ex- legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela
clusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indis- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e § 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami-
do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhados às instituições que executam programas de acolhimento
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de
necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga-
adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma- toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e de seu responsável, se conhecidos;(Incluído pela Lei nº 12.010, de
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência

83
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências
pontos de referência;(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê- substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
-los sob sua guarda;(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con-
familiar.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado- Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis-
lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação
institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi- de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças
mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período
ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá- de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº
ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo- 12.010, de 2009) Vigência
cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade 12.010, de 2009) Vigência
da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen-
dos pais ou do responsável.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
Vigência § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência zando de absoluta prioridade.
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei § 3o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
nº 12.010, de 2009) Vigência procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispen-
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
sável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Vigência
2009) Vigência
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne-
cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a cer-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res-
ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional TÍTULO III
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em CAPÍTULO I
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca- Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, crime ou contravenção penal.
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu- a idade do adolescente à data do fato.
nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui- Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde-
ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.(Incluído rão as medidas previstas no art. 101.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo CAPÍTULO II
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui- Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda-
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro mentada da autoridade judiciária competente.
regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e insti- responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
tucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza- seus direitos.

84
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada. Seção II
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res- Da Advertência
ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. será reduzida a termo e assinada.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada Seção III
a necessidade imperiosa da medida. Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub-
metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote- Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa-
ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
fundada. adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
CAPÍTULO III Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
DAS GARANTIAS PROCESSUAIS poderá ser substituída por outra adequada.

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade Seção IV


sem o devido processo legal. Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se-
guintes garantias: Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na re-
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- alização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
nal, mediante citação ou meio equivalente; excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro-
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias gramas comunitários ou governamentais.
à sua defesa; Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti-
III - defesa técnica por advogado; dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má-
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
na forma da lei; em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com- jornada normal de trabalho.
petente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável Seção V
em qualquer fase do procedimento. Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi-


CAPÍTULO IV
gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar
DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS
e orientar o adolescente.
SEÇÃO I
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa-
DISPOSIÇÕES GERAIS
nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro-
grama de atendimento.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
I - advertência;
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
II - obrigação de reparar o dano; Público e o defensor.
III - prestação de serviços à comunidade; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
IV - liberdade assistida; autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre
V - inserção em regime de semi-liberdade; outros:
VI - internação em estabelecimento educacional; I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne-
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra- II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
ção. adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
prestação de trabalho forçado. e de sua inserção no mercado de trabalho;
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência IV - apresentar relatório do caso.
mental receberão tratamento individual e especializado, em local
adequado às suas condições.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria
e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão,
nos termos do art. 127.

85
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Seção VI V - ser tratado com respeito e dignidade;
Do Regime de Semi-liberdade VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos- VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
de autorização judicial. soal;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de- X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na salubridade;
comunidade. XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
no que couber, as disposições relativas à internação. XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
Seção VII de que assim o deseje;
Da Internação XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven-
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, tura depositados em poder da entidade;
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri- § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
judicial em contrário. te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado-
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no lescente.
máximo a cada seis meses. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men-
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con-
excederá a três anos. tenção e segurança.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado-
lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberda- CAPÍTULO V
de ou de liberdade assistida. DA REMISSÃO
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apu-
autorização judicial, ouvido o Ministério Público. ração de ato infracional, o representante do Ministério Público po-
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser derá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan- menor participação no ato infracional.
do: Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re-
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin-
ou violência a pessoa; ção do processo.
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
anteriormente imposta. efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada regime de semi-liberdade e a internação.
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
nº 12.594, de 2012) (Vide) revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres-
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven- so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
do outra medida adequada. Público.
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex-
clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao TÍTULO IV
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com- DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
pleição física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comu-
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en- nitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada
tre outros, os seguintes: pela Lei nº 13.257, de 2016)
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis- II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
tério Público; orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so- V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
licitada; frequência e aproveitamento escolar;

86
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata- I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
mento especializado; nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
VII - advertência; VII;
VIII - perda da guarda; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
IX - destituição da tutela; medidas previstas no art. 129, I a VII;
X - suspensão ou destituição do poder familiar. (Expressão III - promover a execução de suas decisões, podendo para tan-
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência to:
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des-
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judi- cumprimento injustificado de suas deliberações.
ciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons-
agressor da moradia comum. titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação ou adolescente;
provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adoles- V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe-
cente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de tência;
2011) VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi-
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente
TÍTULO V autor de ato infracional;
DO CONSELHO TUTELAR VII - expedir notificações;
CAPÍTULO I VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
DISPOSIÇÕES GERAIS ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri- direitos da criança e do adolescente;
mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola-
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
Federal;
va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de
como órgão integrante da administração pública local, composto de
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili-
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
escolha.(Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019) XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis-
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento
serão exigidos os seguintes requisitos: de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído
I - reconhecida idoneidade moral; pela Lei nº 13.046, de 2014)
II - idade superior a vinte e um anos; Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conse-
III - residir no município. lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar,
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à informações sobre os motivos de tal entendimento e as providên-
remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o cias tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da fa-
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) mília. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
2012) revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 interesse.
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº
12.696, de 2012) CAPÍTULO III
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) DA COMPETÊNCIA
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da constante do art. 147.
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continu- CAPÍTULO IV
ada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
de 2012)
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constitui-
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a respon-
rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneida-
sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
de moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
lescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela
Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:

87
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar CAPÍTULO II
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
(quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano sub- SEÇÃO I
sequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, DISPOSIÇÕES GERAIS
de 2012)
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao
Lei nº 12.696, de 2012) Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tute- habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimen-
lar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao to, inclusive em plantões.
eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Seção II
Do Juiz
CAPÍTULO V
DOS IMPEDIMENTOS Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infân-
cia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido de organização judiciária local.
e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, ir- Art. 147. A competência será determinada:
mãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
madrasta e enteado. II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na dos pais ou responsável.
forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao repre- § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autorida-
sentante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância de do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital. continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
TÍTULO VI competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde
DO ACESSO À JUSTIÇA sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
CAPÍTULO I § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão si-
DISPOSIÇÕES GERAIS multânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca,
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judi-
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à ciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sen-
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por tença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
qualquer de seus órgãos. respectivo estado.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado. para:
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
hipótese de litigância de má-fé. aplicando as medidas cabíveis;
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção
e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos do processo;
por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
processual. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais,
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o
criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem disposto no art. 209;
com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de repre-
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em enti-
sentação ou assistência legal ainda que eventual.
dades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e ad-
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
ministrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se
contra norma de proteção à criança ou adolescente;
atribua autoria de ato infracional.
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar,
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não pode-
aplicando as medidas cabíveis.
rá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, refe-
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente
rência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive,
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infân-
iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764,
de 12.11.2003) cia e da Juventude para o fim de:
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade ju- b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou
diciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a fi- modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei nº
nalidade. 12.010, de 2009) Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; (Expressão
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando fal-
tarem os pais;

88
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
f) designar curador especial em casos de apresentação de quei- § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
xa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extra- absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
judiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
g) conhecer de ações de alimentos; a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
registros de nascimento e óbito. procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
portaria, ou autorizar, mediante alvará: para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desa- 13.509, de 2017)
companhado dos pais ou responsável, em: Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder
a) estádio, ginásio e campo desportivo; a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judici-
b) bailes ou promoções dançantes; ária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
c) boate ou congêneres; necessárias, ouvido o Ministério Público.
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
II - a participação de criança e adolescente em: origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
a) espetáculos públicos e seus ensaios; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
b) certames de beleza. Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciá-
ria levará em conta, dentre outros fatores: Seção II
a) os princípios desta Lei; Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
b) as peculiaridades locais; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de frequência habitual ao local; Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do po-
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequ-
der familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de
ência de crianças e adolescentes;
quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei nº
f) a natureza do espetáculo.
12.010, de 2009) Vigência
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deve-
Art. 156. A petição inicial indicará:
rão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de
caráter geral. I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do reque-
Seção III rente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de
Dos Serviços Auxiliares pedido formulado por representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua pro- IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o
posta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe rol de testemunhas e documentos.
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judici-
Juventude. ária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea,
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiên- mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída pela
cia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orien- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata § 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determi-
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifesta- nará, concomitantemente ao despacho de citação e independen-
ção do ponto de vista técnico. temente de requerimento do interessado, a realização de estudo
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores pú- social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar
blicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela realização para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou
dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de ava- destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art.
liações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, 101 desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017.
a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Códi- § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é
go de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou
multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do
CAPÍTULO III
órgão federal responsável pela política indigenista, observado o dis-
DOS PROCEDIMENTOS
posto no § 6o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
SEÇÃO I
2017)
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias,
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação proces- oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
sual pertinente. § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pesso-
almente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)

89
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pro- § 4o Quando o procedimento de destituição de poder familiar
curado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de no-
deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa meação de curador especial em favor da criança ou adolescente.
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que vol- (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
tará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento
do art. 252 e seguintes da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória
(Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
§ 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local in- preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em fa-
certo ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez) mília substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a lo- Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspen-
calização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) são do poder familiar será averbada à margem do registro de nas-
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir cimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010,
advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, po- de 2009) Vigência
derá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir Seção III
da intimação do despacho de nomeação. Da Destituição da Tutela
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberda-
de, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimen-
pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela to para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que
Lei nº 12.962, de 2014) couber, o disposto na seção anterior.
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu- Seção IV
mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das par- Da Colocação em Família Substituta
tes ou do Ministério Público.
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de coloca-
o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional ção em família substituta:
ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao I - qualificação completa do requerente e de seu eventual côn-
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o reque- juge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
rente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu
de 2017)
cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi-
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
cando se tem ou não parente vivo;
partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemu-
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus
nhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão
pais, se conhecidos;
ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexan-
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24
do, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendi-
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
mentos relativos à criança ou ao adolescente.
§ 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de também os requisitos específicos.
compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou
12.010, de 2009) Vigência suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem iden- ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser for-
tificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos de mulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos pró-
não comparecimento perante a Justiça quando devidamente cita- prios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Redação
dos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a auto- § 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
ridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 12.962, de 2014) I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devi-
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará damente assistidas por advogado ou por defensor público, para
vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instru- (dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega
ção e julgamento. da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº
serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer 13.509, de 2017)
técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será pre-
sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, cedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe in-
pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial,
(dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído
§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo a autori- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura § 3o São garantidos a livre manifestação de vontade dos deten-
no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de tores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações. (Reda-
2017) ção dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

90
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá validade I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o ado-
se não for ratificado na audiência a que se refere o § 1o deste artigo. lescente;
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
§ 5o O consentimento é retratável até a data da realização da III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprova-
audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem exer- ção da materialidade e autoria da infração.
cer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura
prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circuns-
pela Lei nº 13.509, de 2017) tanciada.
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado após o Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o
nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial,
gência sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresenta-
§ 7o A família natural e a família substituta receberão a devida ção ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sen-
orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a ser- do impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
viço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o ado-
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal lescente permanecer sob internação para garantia de sua seguran-
de garantia do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei ça pessoal ou manutenção da ordem pública.
nº 13.509, de 2017) Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial enca-
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento minhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério
das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, de ocorrência.
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade
caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento,
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no
do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
prazo de vinte e quatro horas.
ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendi-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e mento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de
ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apre-
vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, deci- sentação em dependência separada da destinada a maiores, não
dindo a autoridade judiciária em igual prazo. podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pará-
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a per- grafo anterior.
da ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
da medida principal de colocação em família substituta, será ob- encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Públi-
servado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III co cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios
Vigência de participação de adolescente na prática de ato infracional, a auto-
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público
ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o relatório das investigações e demais documentos.
disposto no art. 35. Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato in-
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o dis- fracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar-
posto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. timento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar mental, sob pena de responsabilidade.
será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este res- Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Mi-
ponsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº nistério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, bole-
12.010, de 2009) Vigência tim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do ado-
Seção V lescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o represen-
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
tante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para
será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infra-
polícias civil e militar.
cional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial compe-
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo ante-
tente.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para rior, o representante do Ministério Público poderá:
atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional I - promover o arquivamento dos autos;
praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da re- II - conceder a remissão;
partição especializada, que, após as providências necessárias e con- III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medi-
forme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. da sócio-educativa.
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido me- Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a
diante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, remissão pelo representante do Ministério Público, mediante ter-
sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, de- mo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão
verá: conclusos à autoridade judiciária para homologação.

91
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medi- arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as dili-
da. gências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos au- a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor,
tos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamen- sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, pror-
tado, e este oferecerá representação, designará outro membro do rogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento seguida proferirá decisão.
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não com-
a homologar. parecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autori-
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério dade judiciária designará nova data, determinando sua condução
Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, ofe- coercitiva.
recerá representação à autoridade judiciária, propondo a instaura- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do
ção de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento,
se afigurar a mais adequada. antes da sentença.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida,
breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quan- desde que reconheça na sentença:
do necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oral- I - estar provada a inexistência do fato;
mente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária. II - não haver prova da existência do fato;
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da III - não constituir o fato ato infracional;
autoria e materialidade. IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o
ato infracional.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adoles-
procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
cente internado, será imediatamente colocado em liberdade.
será de quarenta e cinco dias.
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter-
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
nação ou regime de semi-liberdade será feita:
designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, I - ao adolescente e ao seu defensor;
desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, ob- II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
servado o disposto no art. 108 e parágrafo. responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientifica- § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unica-
dos do teor da representação, e notificados a comparecer à audiên- mente na pessoa do defensor.
cia, acompanhados de advogado. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autori- este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
dade judiciária dará curador especial ao adolescente.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judici- Seção V-A
ária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o so- (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
brestamento do feito, até a efetiva apresentação. Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente”
apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com
judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A,
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características de- 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A
finidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente trans- e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
ferido para a localidade mais próxima. Penal), obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441,
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente de 2017)
aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção I – será precedida de autorização judicial devidamente circuns-
isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo tanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração
ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsa- para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela
bilidade. Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsá- II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de
vel, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, poden-
sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou
do solicitar opinião de profissional qualificado.
apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pesso-
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
as; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem pre-
internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autorida- juízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720
de judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessida-
constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência de, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e 2017)
estudo do caso. § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requi-
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo sitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do término
de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defe- do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela
sa prévia e rol de testemunhas. Lei nº 13.441, de 2017)

92
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, iní- indicar as provas a produzir.
cio, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utili- Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
zado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamen-
de 2017) to, intimando as partes.
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e ende- § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
reço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código autoridade judiciária em igual prazo.
de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será ad- dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia-
mitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído pela rá à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado,
Lei nº 13.441, de 2017) marcando prazo para a substituição.
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi-
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi-
medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga-
2017) mento de mérito.
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado entidade ou programa de atendimento.
de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Seção VII
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua iden- Da Apuração de Infração Administrativa às Normas
tidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e ma- de Proteção à Criança e ao Adolescente
terialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B,
241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e218-B Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade admi-
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). nistrativa por infração às normas de proteção à criança e ao ado-
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) lescente terá início por representação do Ministério Público, ou do
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de ob- Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efe-
servar a estrita finalidade da investigação responderá pelos exces- tivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas,
sos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) se possível.
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, pode-
incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento si- rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
giloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessá- circunstâncias da infração.
rias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
13.441, de 2017) a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
do retardamento.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Se-
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
ção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela Lei
de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
nº 13.441, de 2017)
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
presença do requerido;
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun-
que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou
tamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441,
a seu representante legal, lavrando certidão;
de 2017)
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encon-
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no trado o requerido ou seu representante legal;
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabi-
ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegu- do o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
rando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a au-
a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído toridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
pela Lei nº 13.441, de 2017) cinco dias, decidindo em igual prazo.
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária proce-
Seção VI derá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, de-
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimen- signará audiência de instrução e julgamento. (Vide Lei nº 12.010, de
to 2009) Vigência
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão suces-
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em sivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo
entidade governamental e não-governamental terá início median- tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a
te portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá senten-
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, re- ça.
sumo dos fatos.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
fundamentada.

93
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Seção VIII § 3o É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhi-
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dos institucionalmente ou por família acolhedora sejam preparados
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação
apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciá-
12.010, de 2009) Vigência ria, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das dili-
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) gências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada
Vigência do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
gência gência
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casa- Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sen-
mento, ou declaração relativa ao período de união estável; (Incluído do essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministé-
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de rio Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído
Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos
12.010, de 2009) Vigência cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído pela Lei nº para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilita-
12.010, de 2009) Vigência ção e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes ado-
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº táveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 1o A ordem cronológica das habilitações somente poderá
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
nº 12.010, de 2009) Vigência previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº
oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no pra- 12.010, de 2009) Vigência
zo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
Vigência trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. (Re-
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe in- dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
terprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se § 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção,
refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) será dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação
Vigência por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos pos- § 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à ado-
tulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de ção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil escolhi-
2009) Vigência do, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela Lei
III - requerer a juntada de documentos complementares e a re- nº 13.509, de 2017)
alização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído § 5o A desistência do pretendente em relação à guarda para
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente de-
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe inter- pois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que sua exclusão dos cadastros de adoção (Incluído pela Lei nº 13.509,
deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que de 2017)
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual pe-
dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em programa
oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmen- CAPÍTULO IV
te com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política DOS RECURSOS
municipal de garantia do direito à convivência familiar e dos grupos
de apoio à adoção devidamente habilitados perante a Justiça da In- Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da
fância e da Juventude, que inclua preparação psicológica, orienta- Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioe-
ção e estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes ducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11 de
com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades espe- janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adap-
cíficas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada pela Lei nº tações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
13.509, de 2017) I - os recursos serão interpostos independentemente de pre-
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigató- paro;
ria da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o contato II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos gru- III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
pos de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo revisor;
programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior ins- VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
tância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclareci-
a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, manten- mentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar
do ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão reme- b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
terá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; reta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso tigatórias;
da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco c) requisitar informações e documentos a particulares e insti-
dias, contados da intimação. tuições privadas;
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
caberá recurso de apelação. e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito des- ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
de logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusiva- VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
mente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacio- assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas
nal ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação judiciais e extrajudiciais cabíveis;
ao adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao
recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, adolescente;
de 2009) Vigência X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de des- infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
tituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente penal do infrator, quando cabível;
distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação, XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência irregularidades porventura verificadas;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser-
julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua viços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresen- previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
tar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) teses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
Vigência § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
o descumprimento das providências e do prazo previstos nos arti- suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre crian-
gos anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável
pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
CAPÍTULO V
nas hipóteses legais de sigilo.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII des-
te artigo, poderá o representante do Ministério Público:
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
competente procedimento, sob sua presidência;
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade recla-
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
mada, em dia, local e horário previamente notificados ou acertados;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às in-
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços pú-
frações atribuídas a adolescentes; blicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fi-
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os proce- xando prazo razoável para sua perfeita adequação.
dimentos de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
todos os demais procedimentos da competência da Justiça da In- e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
fância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer
2009) Vigência diligências, usando os recursos cabíveis.
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de con- será feita pessoalmente.
tas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque-
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a prote- rimento de qualquer interessado.
ção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infân- Art. 205. As manifestações processuais do representante do
cia e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, Ministério Público deverão ser fundamentadas.
da Constituição Federal;

95
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
CAPÍTULO VI § 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou adoles-
DO ADVOGADO centes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos
competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeropor-
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, tos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à iden-
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através tificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)
de advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmen- Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
te ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
gratuita àqueles que dela necessitarem. a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de tribunais superiores.
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
defensor. ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado I - o Ministério Público;
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
sua preferência. territórios;
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos inte-
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. resses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar da assembleia, se houver prévia autorização estatutária.
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
de que cuida esta Lei.
CAPÍTULO VII § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por asso-
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá
INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS assumir a titularidade ativa.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exi-
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao gências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
I - do ensino obrigatório; § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
II - de atendimento educacional especializado aos portadores Código de Processo Civil.
de deficiência; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder pú-
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) blico, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do edu- ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
cando; de segurança.
V - de programas suplementares de oferta de material didáti- Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
gação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
co-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
fundamental;
prático equivalente ao do adimplemento.
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família,
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
crianças e adolescentes que dele necessitem;
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
o réu.
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes pri-
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sen-
vados de liberdade.
tença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pro-
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
moção social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito prazo razoável para o cumprimento do preceito.
à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
nº 12.010, de 2009) Vigência da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
X - de programas de atendimento para a execução das medidas se houver configurado o descumprimento.
socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à município.
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.(Incluí- § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
do pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência) julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da prote- pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciati-
ção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, pró- va aos demais legitimados.
prios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
2005) correção monetária.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, TÍTULO VII
para evitar dano irreparável à parte. DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser con- CAPÍTULO I
denação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à DOS CRIMES
autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e SEÇÃO I
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia- a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
tiva aos demais legitimados. disposto na legislação penal.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinen-
art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro- tes ao Código de Processo Penal.
cesso Civil), quando reconhecer que a pretensão é manifestamente Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública in-
infundada. condicionada
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação Art. 227-AOs efeitos da condenação prevista no inciso I do
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
responsabilidade por perdas e danos. servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não have- à ocorrência de reincidência.(Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
rá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e Parágrafo único.A perda do cargo, do mandato ou da função,
quaisquer outras despesas. nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.(Incluído
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá pela Lei nº 13.869. de 2019)
provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informa- Seção II
ções sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando- Dos Crimes em Espécie
-lhe os elementos de convicção.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es-
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro
de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as provi- das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10
dências cabíveis. desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsá-
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re- vel, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde
querer às autoridades competentes as certidões e informações que constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do ne-
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias. onato:
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presi- Pena - detenção de seis meses a dois anos.
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo Parágrafo único. Se o crime é culposo:
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias,
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabe-
úteis.
lecimento de atenção à saúde de gestante de identificar correta-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di-
mente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como
ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro-
deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
positura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamenta-
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
damente.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar-
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra-
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de ar- cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária com-
quivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério públi- petente:
co, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou ane- Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
xados às peças de informação. apreensão sem observância das formalidades legais.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apre-
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme ensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à
dispuser o seu regimento. autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção pessoa por ele indicada:
de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Público para o ajuizamento da ação. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dis- guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
posições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

97
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu-
em benefício de adolescente privado de liberdade: tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Pena - detenção de seis meses a dois anos. artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Públi- artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do
co no exercício de função prevista nesta Lei: serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao
Pena - detenção de seis meses a dois anos. conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
de colocação em lar substituto: fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
efetiva a paga ou recompensa.
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi-
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829,
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres- de 2008)
pondente à violência. I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou regis- Lei nº 11.829, de 2008)
trar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, en- II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
volvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processa-
de 2008) mento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda- parágrafo;(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) III – representante legal e funcionários responsáveis de prove-
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado-
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autori-
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda dade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído
quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de pela Lei nº 11.829, de 2008)
2008) § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 2008)
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera-
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829,
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo de 2008)
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, pre- Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
ceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, pela Lei nº 11.829, de 2008)
tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex-
pela Lei nº 11.829, de 2008)
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual-
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol-
forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829,
de 2008) Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda- quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) ato libidinoso:(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de siste- pela Lei nº 11.829, de 2008)
ma de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo pela Lei nº 11.829, de 2008)
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati-
pela Lei nº 11.829, de 2008) car ato libidinoso;(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
11.829, de 2008) fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual-
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das mente explícita.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In-
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres- Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer o dobro em caso de reincidência.
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais(In- VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- o dobro em caso de reincidência.
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-
ou explosivo: da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a crian-
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) ça ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, o dobro em caso de reincidência.
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com- § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmen-
ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação te, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracio-
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) nal, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, di-
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, reta ou indiretamente.
de 2015) § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autori-
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi- dade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou
do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utili- como da publicação do periódico até por dois números. (Expressão
zação indevida: declara inconstitucional pela ADIN 869-2).
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ine-
nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração rentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação o dobro em caso de reincidência.
(Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalva- Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
do o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da
de 2017) autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:(Re-
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou dação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa,
pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do esta-
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da belecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038,
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (In- de 2009).
cluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
praticá-la:(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
nº 12.015, de 2009)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
o dobro em caso de reincidência.
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo pú-
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
blico de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local
Lei nº 12.015, de 2009)
de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumenta-
espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classifica-
das de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. ção:
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
o dobro em caso de reincidência.
CAPÍTULO II Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer repre-
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS sentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não
se recomendem:
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por esta- Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada
belecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-es- em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espe-
cola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de táculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo
maus-tratos contra criança ou adolescente: em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promove-
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar rem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princí-
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. pios estabelecidos nesta Lei.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere clas- Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos
sificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, esta-
adolescentes admitidos ao espetáculo: duais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas inte-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci- gralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo limites:(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro- pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e(Reda-
gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pelo órgão competente: II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997.(Redação
mento do estabelecimento por até quinze dias. dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 des- § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997)
ta Lei: § 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando- os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as
-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do
revista ou publicação.
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comu-
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em-
nitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada
presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direi-
espetáculo: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao
mento do estabelecimento por até quinze dias.
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a para programas de atenção integral à primeira infância em áreas
instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade.
no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Vigência § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Eco-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil nomia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído pela
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a for-
condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à ma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos
adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento ins- da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste
titucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta- § 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249,
belecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I do
encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co- caput: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite
para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil nº 12.594, de 2012) (Vide)
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - não poderá ser computada como despesa operacional na
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de pro- apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
grama oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à con- Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de
vivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) § 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na decla-
mil reais);(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) ração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comer- I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nº 13.106, de 2015) III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído
Disposições Finais e Transitórias pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei nº
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publi- 12.594, de 2012) (Vide)
cação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a cria- I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre
ção ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendi- a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do
mento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II. art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

100
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594, § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser
de 2012) (Vide) emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) § 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou
nº 12.594, de 2012) (Vide) em relação anexa ao comprovante, informando também se houve
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluí-
12.594, de 2012) (Vide) do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:
12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi- I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documenta-
gor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ção hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, observa- quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes-
das instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. soa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei
§ 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara-
a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de merca-
devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos do; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído
(Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na De- Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será con-
claração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-ca- siderado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o
lendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional nº 12.594, de 2012) (Vide)
concomitantemente com a opção de que trata o caput, respeitado Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e
o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 (cin-
de 2012) (Vide) co) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das con-
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº 12.594,
12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente
pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do pe- II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei
ríodo a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes
ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser (Vide)
depositadas em conta específica, em instituição financeira pública, b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em
vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre-
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das con- vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará
tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor do
12.594, de 2012) (Vide)
doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do Con-
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles-
selho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594,
cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla-
de 2012) (Vide)
mente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594,
(Vide)
de 2012) (Vide)
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende-
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi-
reço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
mento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doa-
dor; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem be-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) neficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

101
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário 5) Art. 214...................................................................
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Pena - reclusão de três a nove anos.»
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados 1973, fica acrescido do seguinte item:
do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e (In- “Art. 102 ....................................................................
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na- administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e
cional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular
de 2012) (Vide) do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos criança e do adolescente.
no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divul-
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260- gação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comu-
G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro- nicação social. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requeri- Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será vei-
mento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº culada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças
12.594, de 2012) (Vide) e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal do Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publi-
Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico conten-
cação.
do a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser
Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indi-
promovidas atividades e campanhas de divulgação e esclarecimen-
cação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas
tos acerca do disposto nesta Lei.
bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as em contrário.
instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: ARTIGOS 196, 197, 198, 199
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da crian-
E 200
ça e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se
referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados
perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a enti- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
dade. DE 1988
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes PREÂMBULO
aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem-
seus respectivos níveis. bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,
atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judi- a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual-
ciária. dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater-
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
(Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
1) Art. 121 ............................................................ pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à TÍTULO VIII
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
DA ORDEM SOCIAL
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
CAPÍTULO I
menor de catorze anos.
DISPOSIÇÃO GERAL
2) Art. 129 ...............................................................
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
hipóteses do art. 121, § 4º. Art. 193. A ordem social tem como base o primado do traba-
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. lho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
3) Art. 136................................................................. Ordem social é a expressão que se refere à organização da so-
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado ciedade, proporcionando o bem-estar e a justiça social. Neste senti-
contra pessoa menor de catorze anos. do, invariavelmente seus vetores se ligam aos direitos econômicos,
4) Art. 213 .................................................................. sociais e culturais, bem como aos direitos difusos e coletivos (nota-
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: damente ambiental).
Pena - reclusão de quatro a dez anos.

102
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
CAPÍTULO II § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
DA SEGURIDADE SOCIAL manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o dispos-
to no art. 154, I.
Seção I § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá
DISPOSIÇÕES GERAIS ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.
O título VIII, que aborda a ordem social, traz este tripé no ca- § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só pode-
pítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”: saúde, previdência e rão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação
assistência social. da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando
o disposto no art. 150, III, «b».
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte- § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as
grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, entidades beneficentes de assistência social que atendam às exi-
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência gências estabelecidas em lei.
e à assistência social. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exer-
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: çam suas atividades em regime de economia familiar, sem empre-
I - universalidade da cobertura e do atendimento; gados permanentes, contribuirão para a seguridade social median-
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- te a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização
pulações urbanas e rurais; da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
e serviços; artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da
V - equidade na forma de participação no custeio; empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sen-
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em do também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas
apenas no caso das alíneas “b” e “c” do inciso I do caput.(Redação
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para
preservado o caráter contributivo da previdência social;(Redação
o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos § 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo su-
colegiados. perior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie- remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur- “a” do inciso I e o inciso II do caput.(Redação dada pela Emenda
sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Constitucional nº 103, de 2019)
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
na forma da lei, incidentes sobre: caput, serão não-cumulativas.(Incluído pela Emenda Constitucional
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos nº 42, de 19.12.2003)
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste servi- § 13. (Revogado).(Redação dada pela Emenda Constitucional
ço, mesmo sem vínculo empregatício; nº 103, de 2019)(Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de
b) a receita ou o faturamento; 2019)
c) o lucro; § 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so- contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência
cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão con- cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima men-
cedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. sal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de con-
201; tribuições.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem Seção II
a lei a ele equiparar. DA SAÚDE
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será ela-
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
borada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regu-
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, asse- lamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
gurada a cada área a gestão de seus recursos. diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segurida- jurídica de direito privado.
de social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma
Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
creditícios. organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

103
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
verno; atribuições, nos termos da lei:
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen-
III - participação da comunidade. tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insu-
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos mos;
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de bem como as de saúde do trabalhador;
outras fontes. III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli- IV - participar da formulação da política e da execução das
carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos ações de saneamento básico;
mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
I – no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo científico e tecnológico e a inovação;
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cen- VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
to); de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar- humano;
recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; tóxicos e radioativos;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos dido o do trabalho.
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e que mais
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada necessitam de investimento estatal na atualidade é o direito à saú-
cinco anos, estabelecerá: de. Não coincidentemente, a maior parte dos casos no Poder Judici-
I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; ário contra o Estado envolvem a invocação deste direito, diante da
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à recusa do Poder público em custear tratamentos médicos e cirúr-
saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, gicos. Em que pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando tem se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados re-
a progressiva redução das disparidades regionais;
cursos suficientes para fornecer um tratamento adequado a todos
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
os nacionais.
sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o aspecto re-
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
pressivo, propiciando a cura de doenças, mas também o preventivo.
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
Sendo assim, o Estado deve desenvolver políticas sociais e econô-
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
micas para reduzir o risco de doenças e agravos, bem como para
natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específi-
propiciar o acesso universal e igualitário aos serviços voltado ao seu
cos para sua atuação.
tratamento. (art. 196, CF).
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a A terceirização e a colaboração de agentes privados nas políti-
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e cas de saúde pública é autorizada pela Constituição, sem prejuízo
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da atuação direta do Estado (art. 197, CF). Sendo assim, ou o pró-
da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao prio Estado implementará as políticas ou fiscalizará, regulamentará
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido e controlará a implementação destas por terceiros.
piso salarial. O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma rede
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º hierarquizada e regionalizada de ações e serviços públicos de saú-
do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções de, devendo seguiras seguintes diretrizes: “descentralização, com
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de direção única em cada esfera de governo”, de forma que haverá
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum- direção do SUS nos âmbitos municipal, estadual e federal, não se
primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer- concentrando o sistema numa única esfera; “atendimento integral,
cício. com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. serviços assistenciais”, do que se depreende que a prevenção é a
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma com- melhor saída para um sistema eficaz, não havendo prejuízo para as
plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, atividades repressivas; e “participação da comunidade”. Com efeito,
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên- busca-se pela descentralização a abrangência ampla dos serviços de
cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. saúde, que devem em si também ser amplos – preventivos e repres-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios sivos, sendo que todos agentes públicos e a própria comunidade
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. devem se envolver no processo.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito da se-
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos guridade social, que também abrange a previdência e a assistência
casos previstos em lei. social, sendo financiado com este orçamento, nos moldes do artigo
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili- 198, §1º, CF.
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins A questão orçamentária de incumbência mínima de cada um
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces- dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º do artigo 198, CF.
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-se o arti-
todo tipo de comercialização. go 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF.

104
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no campo da IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen-
assistência à saúde, questão regulamentada no artigo 199, CF. Do sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão
dispositivo depreende-se uma das questões mais polêmicas no âm- compartilhada do SUS;
bito do SUS, que é a complementaridade do sistema por parte de V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de
instituições privadas, mediante contrato ou convênio, desde que recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo
sem fins lucrativos por parte destas instituições. Em verdade, é mui- SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala-
to comum que hospitais de ensino de instituições particulares com da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos
cursos na área de biológicas busquem este convênio, encontrando indicadores de saúde do sistema;
frequentemente entraves que não possuem natureza jurídica, mas VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
política. de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constituição, que finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;
vem a ser complementada no âmbito infraconstitucional pela Lei nº VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
8.080 de 19 de setembro de 1990, prevê o artigo 200 as atribuições específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo
do SUS. ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS, saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
PLANEJAMENTO DA SAÚDE, A ASSISTÊNCIA À SAÚDE produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
E A ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA. BRASIL. DECRE- das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
TO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. REGULAMENTA a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
A LEI NO 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990, PARA gestores do SUS.
DISPOR SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE - SUS, O PLANEJAMENTO DA SAÚDE, A AS- CAPÍTULO II
SISTÊNCIA À SAÚDE E A ARTICULAÇÃO INTERFEDERA- DA ORGANIZAÇÃO DO SUS
TIVA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser-
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a
Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o de forma regionalizada e hierarquizada.
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação inter-
federativa, e dá outras providências. SEÇÃO I
DAS REGIÕES DE SAÚDE
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em
posto na Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990, articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac-
tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o
DECRETA: inciso I do art. 30.
§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais,
CAPÍTULO I compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tivos Estados em articulação com os Municípios.
§ 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de se- fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem
tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único as relações internacionais.
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
articulação interfederativa. mínimo, ações e serviços de:
Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se: I - atenção primária;
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído II - urgência e emergência;
por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de III - atenção psicossocial;
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica- IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida- V - vigilância em saúde.
de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará
e serviços de saúde; cronograma pactuado nas Comissões Intergestores.
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transfe-
de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade rências de recursos entre os entes federativos.
de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio- Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas
nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi- no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em conso-
cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, nância com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores.
recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à elementos em relação às Regiões de Saúde:
implementação integrada das ações e serviços de saúde; I - seus limites geográficos;
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde II - população usuária das ações e serviços;
do usuário no SUS; III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e

105
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e § 2o A compatibilização de que trata o caput será efetuada no
escala para conformação dos serviços. âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja-
mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de
SEÇÃO II saúde.
DA HIERARQUIZAÇÃO § 3o O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes
a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo
Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e com as características epidemiológicas e da organização de serviços
serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com- nos entes federativos e nas Regiões de Saúde.
pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com- Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e
plexidade do serviço. as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar
Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regio-
nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: nal, estadual e nacional.
I - de atenção primária; Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das
II - de atenção de urgência e emergência; necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos
III - de atenção psicossocial; e entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas
IV - especiais de acesso aberto. de saúde.
Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser
o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po- realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos
derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde.
considerando as características da Região de Saúde. Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os
especializados, entre outros de maior complexidade e densidade prazos do planejamento municipal em consonância com os planeja-
tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que mentos estadual e nacional.
trata o art. 9o.
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços CAPÍTULO IV
de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se
com proteção especial, conforme legislação vigente. completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento
Parágrafo único. A população indígena contará com regramen- do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas
tos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades Comissões Intergestores.
e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo
com disposições do Ministério da Saúde. SEÇÃO I
Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado DA RELAÇÃO NACIONAL DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e - RENASES
em outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva
região. Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RE-
Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as re- NASES compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao
gras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde.
respectiva área de atuação. Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em
Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT.
e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde conso-
federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactua- lidará e publicará as atualizações da RENASES.
das pelas Comissões Intergestores: Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas respon-
sabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes da RE-
acesso às ações e aos serviços de saúde;
NASES.
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
saúde;
adotar relações específicas e complementares de ações e serviços
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e
de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as respon-
IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde.
sabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pac-
Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretri-
tuado nas Comissões Intergestores.
zes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federa-
tivos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13.
SEÇÃO II
DA RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS
CAPÍTULO III - RENAME
DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RE-
Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente NAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos
e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Con- indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito
selhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas do SUS.
de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário
§ 1o O planejamento da saúde é obrigatório para os entes pú- Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensa-
blicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada. ção e o uso dos seus medicamentos.

106
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dis- III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes-
por sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêu- tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde,
ticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das
CIT. ações e serviços dos entes federativos;
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde con- IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten-
solidará e publicará as atualizações da RENAME, do respectivo FTN ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen-
e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili-
Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão ado- dades individuais e as solidárias; e
tar relações específicas e complementares de medicamentos, em V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên-
entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac- cia.
tuado nas Comissões Intergestores. Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac-
Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu- tuação:
tica pressupõe, cumulativamente: I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser-
SUS; viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, da gestão; e
no exercício regular de suas funções no SUS; III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões
III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou-
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es- tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem
pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica- as relações internacionais.
mentos; e
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di- SEÇÃO II
reção do SUS. DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA
§ 1o Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário SAÚDE
à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem. Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos
§ 2o O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen- para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado. firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es-
de.
tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa-
Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de
nitária - ANVISA.
saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên-
CAPÍTULO V
cia aos usuários.
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da
SEÇÃO I
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede-
DAS COMISSÕES INTERGESTORES
rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e pactuações estabelecidas pela CIT.
o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re- Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de-
des de atenção à saúde, sendo: finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede-
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores
para efeitos administrativos e operacionais; e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle
de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio- implementação integrada das ações e serviços de saúde.
nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis- § 1o O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de
trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saú-
saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre- de.
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias § 2o O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se- de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do de-
cretarias Municipais de Saúde - COSEMS. sempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Con-
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: trato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges- de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regionais
tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de e estaduais.
saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con-
saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde; terá as seguintes disposições essenciais:
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi- I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo-
vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en- ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter-
tes federativos; -regional;

107
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe- III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
rante a população no processo de regionalização, as quais serão ceiros; e
estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento.
organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
de cada ente federativo da Região de Saúde; e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
IV - indicadores e metas de saúde; ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde; forma direta ou indireta.
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora- Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
mento permanente; zes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos partir da publicação deste Decreto.
em relação às atualizações realizadas na RENASES; Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon-
sabilidades; e
IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada LEI ORGÂNICA DA SAÚDE E CONDIÇÕES PARA A PRO-
um dos partícipes para sua execução. MOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE, A
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS
de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das CORRESPONDENTES. LEI Nº 8.080 DE 19 DE SETEMBRO
ações e serviços de saúde. DE 1990 E SUAS ALTERAÇÕES POSTERIORES. DISPÕE
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob- SOBRE AS CONDIÇÕES PARA A PROMOÇÃO, PROTE-
servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges- ÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE, A ORGANIZAÇÃO E
tão participativa: O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS CORRESPONDEN-
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação TES E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me-
lhoria;
II - apuração permanente das necessidades e interesses do usu- LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
ário; e
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
que dele participem de forma complementar. correspondentes e dá outras providências. O PRESIDENTE DA RE-
Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator PÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas ciono a seguinte lei:
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo
à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação. Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS, e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde. direito Público ou privado.
§ 1o O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4o
da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe- TÍTULO I
cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Organizativo de Ação Pública de Saúde.
§ 2o O disposto neste artigo será implementado em conformi- Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
Lei. exercício.
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula-
do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
aplicação dos recursos disponibilizados.
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao
respectivo Conselho de Saúde para monitoramento. empresas e da sociedade.
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco-
CAPÍTULO VI nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis- o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re-
tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo: dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre- por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
vistas neste Decreto; pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o social.
inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990;

108
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
TÍTULO II II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ou indiretamente com a saúde.
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po- adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei,
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi-
públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção
pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san- da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi-
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de advindos das condições de trabalho, abrangendo:
Saúde (SUS), em caráter complementar. I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
ou portador de doença profissional e do trabalho;
CAPÍTULO I II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra-
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: balho;
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
terminantes da saúde; de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con-
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri-
nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de
do art. 2º desta lei; equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo- IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi-
das ações assistenciais e das atividades preventivas. cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
Único de Saúde (SUS): avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
I - a execução de ações: e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;
a) de vigilância sanitária; VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú-
b) de vigilância epidemiológica;
blicas e privadas;
c) de saúde do trabalhador; e
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
II - a participação na formulação da política e na execução de
das entidades sindicais; e
ações de saneamento básico;
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou
saúde;
de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
endido o do trabalho; CAPÍTULO II
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a
participação na sua produção; Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân- vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
cias de interesse para a saúde; de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre-
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos
para consumo humano; seguintes princípios:
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- níveis de assistência;
vos, tóxicos e radioativos; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar-
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
científico e tecnológico; individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de- de complexidade do sistema;
rivados. III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações integridade física e moral;
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- vilégios de qualquer espécie;
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
saúde, abrangendo: VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
processos, da produção ao consumo; e prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;

109
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VIII - participação da comunidade; IV - recursos humanos;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única V - ciência e tecnologia; e
em cada esfera de governo: VI - saúde do trabalhador.
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte-
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú- gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis-
de; sional e superior.
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am- Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali-
biente e saneamento básico; dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate- educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de
riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à
Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po- pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
pulação; Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto-
de assistência; e res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli- (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
cidade de meios para fins idênticos. Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar-
XIV – organização de atendimento público específico e especia- tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de
lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que 2011).
garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi-
e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com
12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro-
de 2017) vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de
2011).
CAPÍTULO III II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela
Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação Lei nº 12.466, de 2011).
complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re- III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário,
gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função
Saúde ou órgão equivalente. social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- 2011).
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
correspondam. geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
rão sobre sua observância. § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
saúde. forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
Art. 11. (Vetado). de 2011).
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos CAPÍTULO IV
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
da sociedade civil. SEÇÃO I
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Único de Saúde (SUS). exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
vidades: II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
I - alimentação e nutrição; destinados, em cada ano, à saúde;
II - saneamento e meio ambiente; III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; da população e das condições ambientais;

110
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - organização e coordenação do sistema de informação de VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância
saúde; epidemiológica;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de
drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as- portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple-
sistência à saúde; mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
VII - participação de formulação da política e da execução das consumo e uso humano;
ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera- IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
ção do meio ambiente; calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde; sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
IX - participação na formulação e na execução da política de X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência
XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi- nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência
ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; à saúde;
XII - realização de operações externas de natureza financeira de XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; cias de interesse para a saúde;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao
transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca- Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com- atuação institucional;
petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo- Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
-lhes assegurada justa indenização; tência à saúde;
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
tes e Derivados; e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos mente, de abrangência estadual e municipal;
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- nal de Sangue, Componentes e Derivados;
ção e recuperação da saúde; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
quisa, ações e serviços de saúde; trito Federal;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância
tratégicos e de atendimento emergencial. epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na
ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
SEÇÃO II controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
que representem risco de disseminação nacional.
DA COMPETÊNCIA
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
compete:
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS)
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
compete:
e das ações de saúde;
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
II - participar na formulação e na implementação das políticas:
Sistema Único de Saúde (SUS);
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
b) de saneamento básico; e
tar supletivamente ações e serviços de saúde;
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
III - definir e coordenar os sistemas: serviços:
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; a) de vigilância epidemiológica;
b) de rede de laboratórios de saúde pública; b) de vigilância sanitária;
c) de vigilância epidemiológica; e c) de alimentação e nutrição; e
d) vigilância sanitária; d) de saúde do trabalhador;
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; VI - participar da formulação da política e da execução de ações
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para de saneamento básico;
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
a política de saúde do trabalhador; e dos ambientes de trabalho;

111
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
al e regional; 9.836, de 1999)
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
nização administrativa; nº 9.836, de 1999)
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
e substâncias de consumo humano; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
de portos, aeroportos e fronteiras; 1999)
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com- e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
pete: se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
II - participar do planejamento, programação e organização sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde 1999)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
IV - executar serviços: § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
a) de vigilância epidemiológica; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº
b) vigilância sanitária; 9.836, de 1999)
c) de alimentação e nutrição; § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
d) de saneamento básico; e Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
e) de saúde do trabalhador; na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
equipamentos para a saúde; necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente Lei nº 9.836, de 1999)
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos § 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor-
lá-las; do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária,
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- CAPÍTULO VI
dos de saúde; DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- E INTERNAÇÃO DOMICILIAR
cos de saúde no seu âmbito de atuação. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002)
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
das aos Estados e aos Municípios. Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído
pela Lei nº 10.424, de 2002)
CAPÍTULO V § 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999) cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten- em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional, § 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados
coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999) preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424,
de 2002)

112
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
CAPÍTULO VII de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005) 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. 2011)
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di- mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a pela Lei nº 12.401, de 2011)
ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
pela Lei nº 11.108, de 2005) base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu-
local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de de 2011)
2013) Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera-
CAPÍTULO VIII pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011) Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí-
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA do pela Lei nº 12.401, de 2011)
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE” § 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento,
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo
a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista
12.401, de 2011) na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para Lei nº 12.401, de 2011)
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes § 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec-
terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra- nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí-
vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade do pela Lei nº 12.401, de 2011)
com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti-
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi- vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento
ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis-
pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado. II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota- custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que
das as seguintes definições: se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar,
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
coletoras e equipamentos médicos; Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re-
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces-
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido,
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos § 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no
gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de- as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401,
verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas de 2011)
diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível,
tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa-
e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro- ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art.
vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

113
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa-
nº 12.401, de 2011) das, a respeito, as normas de direito público.
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: Sistema Único de Saúde (SUS).
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani- Conselho Nacional de Saúde.
tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol- pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio-
so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
na Anvisa.” em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua-
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de lidade de execução dos serviços contratados.
medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen- § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni-
tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges- cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único
tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do
contrato.
TÍTULO III § 3° (Vetado).
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida-
CAPÍTULO I des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou
DO FUNCIONAMENTO função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).

TÍTULO IV
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
DOS RECURSOS HUMANOS
zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será
promoção, proteção e recuperação da saúde. formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú- I - organização de um sistema de formação de recursos huma-
de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além
pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de
condições para seu funcionamento. pessoal;
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi- II - (Vetado)
ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência III - (Vetado)
à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema
2015) Único de Saúde (SUS).
I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga- Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema
nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e
de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
2015) com o sistema educacional.
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora-
explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, exercidas em regime de tempo integral.
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei § 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou
nº 13.097, de 2015) empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe-
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Lei nº 13.097, de 2015) § 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan-
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento.
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº Art. 29. (Vetado).
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço
13.097, de 2015)
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti-
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das
pela Lei nº 13.097, de 2015)
entidades profissionais correspondentes
CAPÍTULO II
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR

Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes


para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos
serviços ofertados pela iniciativa privada.

114
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
TÍTULO V tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DO FINANCIAMENTO e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
CAPÍTULO I Saúde (SUS).
DOS RECURSOS Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- e projetos:
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. I - perfil demográfico da região;
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
nientes de: III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
I - (Vetado) na área;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
tência à saúde; anterior;
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
duais e municipais;
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
outras esferas de governo.
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. § 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula-
será destinada à recuperação de viciados. cional, em especial o número de eleitores registrados.
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde § 3º (Vetado).
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- § 4º (Vetado).
tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas. § 5º (Vetado).
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas § 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação
supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia- dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe-
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas
Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro na gestão dos recursos transferidos.
da Habitação (SFH).
§ 4º (Vetado). CAPÍTULO III
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO
tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema
recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal,
externa e receita própria das instituições executoras. ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi-
§ 6º (Vetado). dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e
CAPÍTULO II da União.
DA GESTÃO FINANCEIRA § 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra-
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS),
Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen-
tária.
(SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento
atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações
lhos de Saúde.
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire-
Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União, trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em
além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú- função das características epidemiológicas e da organização dos
de, através do Fundo Nacional de Saúde. serviços em cada jurisdição administrativa.
§ 2º (Vetado). Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí-
§ 3º (Vetado). lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste- lucrativa.
ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei. Art. 39. (Vetado).
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re- § 1º (Vetado).
ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao § 2º (Vetado).
Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo § 3º (Vetado).
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do- § 4º (Vetado).

115
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 53. (Vetado).
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
mediante simples termo de recebimento. Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 7º (Vetado). Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho em contrário.
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA GESTÃO DO SIS-
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas TEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E AS TRANSFERÊNCIAS
médico-hospitalares. INTERGOVERNAMENTAIS DE RECURSOS FINANCEIROS
Art. 40. (Vetado) NA ÁREA DA SAÚDE. LEI Nº 8.142 DE 28 DE DEZEMBRO
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras DE 1990. DISPÕE SOBRE A PARTICIPAÇÃO DA COMU-
Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela NIDADE NA GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão (SUS) E SOBRE AS TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNA-
como referencial de prestação de serviços, formação de recursos MENTAIS DE RECURSOS FINANCEIROS NA ÁREA DA
humanos e para transferência de tecnologia. SAÚDE E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Art. 42. (Vetado).
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.
dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
das. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
Art. 44. (Vetado). Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante providências.
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este- cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
jam vinculados.
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação, verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde. guintes instâncias colegiadas:
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi- I - a Conferência de Saúde; e
ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema II - o Conselho de Saúde.
Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
esse fim, for firmado. com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis- tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
mos de incentivos à participação do setor privado no investimento de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais. rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es- prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará, formulação de estratégias e no controle da execução da política de
no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú- saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
epidemiológicas e de prestação de serviços. do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Art. 48. (Vetado). § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Art. 49. (Vetado). Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali- § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). mentos.
Art. 51. (Vetado). § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri- sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe- to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei. alocados como:

116
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; EXERCÍCIOS
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; 1. Acerca do princípio da equidade no Sistema Único de Saúde
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério (SUS), assinale a opção correta.
da Saúde; (A) O princípio da equidade no SUS é restrito à atenção básica,
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple- por ser esse um serviço de menor custo e de amplo alcance,
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. que atende ao cidadão brasileiro onde ele esteja.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti- (B) As modalidades atuais de repasses intergovernamentais e
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura de remuneração dos serviços em saúde atendem ao princípio
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde. de equidade no SUS.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se- (C) A promoção de equidade no SUS deve ser realizada por
rão repassados de forma regular e automática para os Municípios, meio da preferência de atendimento aos usuários de baixa ren-
Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no da.
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. (D) A oferta de serviços que privilegiam os grupos menos vul-
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios neráveis, um pressuposto do SUS, compromete a resolutivida-
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, de da atenção básica.
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério (E) A equidade no SUS pressupõe a oferta de serviços de saú-
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) de de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo caso requeira, até o limite da capacidade do sistema.
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados. 2. Assinale a alternativa correta.
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- (A) No Brasil colônia, existia um sistema de saúde estruturado e
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas a população procurava os médicos, recorrendo aos curandeiros
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. somente por crendice.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta (B) Mesmo com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil,
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar em 1808, o sistema de saúde pública no Brasil não mudou.
com: (C) Até 1900, não havia no Brasil faculdade de medicina.
I - Fundo de Saúde; (D) Em 1850, é criada a Junta Central de Higiene Pública, com
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo o objetivo de coordenar as Juntas Municipais e, especialmente,
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; atuar no combate à febre amarela. Esta junta também passou
III - plano de saúde; a coordenar as atividades de polícia sanitária, vacinação contra
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o varíola, fiscalização do exercício da medicina e a Inspetoria de
§ 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; Saúde dos Portos.
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- (E) Mesmo com a evolução da saúde pública, no final do século
mento; XVIII, a atividade dos curandeiros era respeitada e permitida.
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. 3. A respeito da evolução e das características das políticas de
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos saúde no Brasil, assinale a opção correta.
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste (A) O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena é parte do SUS
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- e, assim como este, deverá ser descentralizado, hierarquizado
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. e regionalizado.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro (B) O Sistema Nacional de Saúde implantado no regime militar
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta caracterizou-se pela hegemonia de uma burocracia técnica que
lei. valorizava a expansão do número de leitos, o fortalecimento da
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. cobertura plena dos atendimentos ambulatoriais, a vacinação
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. de toda população e o incentivo à pesquisa para melhoria da
saúde pública.
(C) As reformas previdenciárias que ocorreram no Brasil contri-
buíram para fortalecer a lógica privatista do SUS, seja por meio
da política regulatória, seja por alocação programática na aten-
ção primária.
(D) No governo de Itamar Franco, as taxas de habilitação mu-
nicipal ao SUS foram menores nos estados em que as políticas
pró-descentralização foram implantadas.
(E) O Programa Nacional de Estratégia de Saúde da Família,
proclamado no âmbito do Pacto pela Saúde, validou as diretri-
zes constitucionais de prevenção à saúde e criou especificações
inovadoras, já que a experiência acumulada anteriormente não
subsidiou a regulação e validação das estratégias pelos fóruns
decisórios do SUS.

117
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4. Os sistemas de saúde adotados em diversos países baseiam- 8. Com o advento da Nova República, o movimento político
-se em pelo menos um dos seguintes princípios: da seguridade propício em virtude da eleição indireta de um presidente não mi-
social, do seguro social e da assistência ou residual. Acerca desse litar desde 1964, além da perspectiva de uma nova Constituição,
assunto, assinale a opção correta. contribuíram para que a VIII Conferência Nacional de Saúde, em
(A) O Brasil sempre adotou um sistema de saúde baseado no 1986, em Brasília, fosse um marco e, certamente, um divisor de
princípio da assistência ou residual. águas dentro do movimento pela reforma sanitária brasileira.
(B) Com a implantação do SUS, o Brasil passou a adotar um Acerca desse tema, quanto ao princípio ou à diretriz do Siste-
sistema de saúde baseado no princípio da seguridade social. ma Único de Saúde que corresponde a essa conferência, assinale a
(C) O SUS representa um sistema de saúde especial, concebido alternativa correta.
com base nos três princípios citados. (A) Participação da comunidade.
(D) O sistema de saúde adotado no Brasil a partir da constitui- (B) Descentralização, com direção única em cada esfera de go-
ção de 1988 é semelhante ao adotado nos Estados Unidos da verno.
América, sem vinculação aos princípios citados. (C) Equidade da atenção.
(E) O sistema de saúde adotado atualmente no Brasil baseia-se (D) Rede regionalizada e hierarquizada.
no princípio da assistência ou residual. (E) Acesso universal e igualitário.

5. De acordo com o princípio da integralidade, um dos princí-


pios fundamentais do SUS, 9. Acerca dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saú-
(A) todos os hospitais do país devem integrar o SUS. de (SUS), descritos pelo artigo 7 da Lei Orgânica de Saúde, Lei no
(B) deve ser garantido ao usuário o acesso a todos os níveis de 8.080/1990, a utilização da epidemiologia é indicada para
complexidade oferecidos pelo SUS. (A) organização de atendimento público específico e especiali-
(C) homens e mulheres são iguais no momento do atendimen- zado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral.
to em serviços de saúde. (B) defesa da integridade física e moral dos indivíduos, da famí-
(D) toda a população do país deve ser atendida em serviços de lia e da comunidade.
saúde próprios. (C) estabelecimento de prioridades, alocação de recursos e
(E) as doenças de pouca complexidade devem ser tratadas nos orientação programática.
serviços de atenção básica. (D) integração em nível executivo das ações de saúde, meio
ambiente e saneamento básico.
6. Assinale a opção correta no que diz respeito à gestão e ao (E) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
financiamento do SUS no Brasil. de.
(A) Historicamente, o governo federal arca com metade dos re-
cursos gastos com a saúde pública no país. 10. Acerca do direito constitucional à saúde e à seguridade so-
(B) A participação dos estados e municípios no financiamento cial, assinale a opção correta, segundo entendimento doutrinário e
da saúde pública no país é desprezível, quando comparada à jurisprudencial.
participação do governo federal. (A) A seguridade social compreende saúde, previdência e assis-
(C) De acordo com a legislação em vigor, a gestão federal da tência social, todas prestadas independentemente de contri-
saúde é realizada pelo Ministério da Previdência e Assistência buição dos usuários.
Social. (B)De acordo com o STF, desde que seguidos os padrões re-
(D) Os governos estaduais são os principais financiadores da gulamentados pela ANVISA, não é proibido o uso industrial e
rede pública de saúde. comercial do amianto.
(E) Os governos estaduais e municipais são responsáveis por (C) Os objetivos da seguridade social não incluem equidade dos
75% de todos os gastos com saúde pública no país. benefícios entre as populações urbana e rural.
(D) De acordo com o STF, não ofende a CF a internação hospita-
7. Assinale a opção que apresenta corretamente a definição de lar em acomodações superiores, no âmbito do SUS, mediante
um dos princípios doutrinários e organizativos do SUS. pagamento da diferença de valor correspondente.
(A) Universalização é o acesso às ações e serviços de saúde ga- (E) O polo passivo de ações que versem sobre responsabilidade
rantida a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, nos tratamentos médicos pode ser ocupado por qualquer dos
ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. entes federados.
(B) Descentralização é a consideração das pessoas como um
todo, atendendo-se a todas as suas necessidades. 11 Segundo a Lei nº 8.080/90, que define as diretrizes para or-
(C) Equidade significa tratar igualmente todas as regiões do ganização e funcionamento do Sistema de Saúde brasileiro, consti-
país, investindo os recursos de forma igual, independentemen- tui um critério para o estabelecimento de valores a serem transferi-
te das necessidades específicas de cada região ou grupo popu- dos a estados, Distrito Federal e municípios:
lacional. (A) eficiência na arrecadação de impostos.
(D) Participação popular é a presença da sociedade civil nos (B) perfil epidemiológico da população a ser coberta.
conselhos e conferências de saúde por meio da representação (C) desempenho técnico, econômico e financeiro no período
exclusivamente sindical. atual.
(E) Hierarquização é a organização dos serviços de saúde par- (D)participação paritária dos usuários no conselho de saúde.
tindo dos municípios até o governo central. (E) prioridade para o atendimento hospitalar.

118
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
12. Com base na Lei no 8.142/1990, que dispõe acerca da parti- 15. Segundo a Portaria nº 2436/2017 do Ministério da Saúde
cipação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) (MS), NÃO é correto afirmar que:
e a respeito das transferências intergovernamentais de recursos (A) todas as UBS são consideradas apenas unidades para aten-
financeiros na área da saúde, e dá outras providências, assinale a dimento médico em atenção primária, não sendo consideradas
alternativa correta. potenciais espaços de educação, formação de recursos huma-
(A) O Conselho de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com nos, pesquisa ou ensino em serviço.
a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a (B) a atenção básica será a principal porta de entrada e centro
situação da saúde. de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordena-
(b) A Conferência de Saúde, em caráter permanente e delibera- dora das ações e serviços disponibilizados na Rede.
tivo, consiste em órgão colegiado composto por representantes (C) são princípios do SUS a serem operalizados na atenção bási-
do governo, prestadores de serviço e profissionais de saúde. ca: Universalidade, Equidade e Integralidade.
(c) A representação dos trabalhadores da saúde nos Conselhos (D) são algumas das diretrizes do SUS: Territorialização, Resolu-
de Saúde e em Conferências será paritária em relação ao con- tibilidade, Regionalização e Hierarquização.
junto dos demais segmentos.
(D) O SUS contará, em cada esfera de governo, com as seguin-
tes instâncias colegiadas: Conferência de Saúde e Conselho de
Saúde. GABARITO
(E) O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona- 1 E
sems) terão representação em todos os Conselhos de Saúde.
13. Acerca da participação da comunidade na gestão do SUS e 2 D
das transferências intergovernamentais de recursos financeiros na 3 A
área da saúde (Lei n.º 8.142/1990), assinale a alternativa correta.
(A) O Conselho de Saúde reunir‐se‐á a cada quatro anos para 4 B
avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formula- 5 B
ção da política de saúde.
6 A
(B) A Conferência de Saúde é um órgão colegiado atuante na
formulação de estratégias e na execução da política de saúde. 7 A
(C) A transferência de recursos de saúde para os municípios, 8 A
os estados e o Distrito Federal pode ser feita de maneira regu-
lar e automática, a depender da urgência da necessidade das 9 C
verbas. 10 E
(D)Em relação ao conjunto dos demais segmentos, a represen-
tação dos usuários do sistema de saúde nos Conselhos e nas 11 B
Conferências de saúde será paritária. 12 D
(E) Pelo menos 90% dos recursos para cobertura das ações e
13 D
dos serviços de saúde devem ser destinados aos municípios,
sendo o restante destinado ao estado. 14 B
15 A
14 No que se refere ao Decreto n o 7.508/2011, que regula-
menta a Lei no 8.080/1990, assinale a alternativa correta.
(A) A integralidade da assistência à saúde se inicia na Rede de
Atenção à Saúde, mediante referenciamento do usuário, inde-
ANOTAÇÕES
pendentemente de pactuação.
(B) O processo de planejamento da saúde é obrigatório, será ______________________________________________________
ascendente e integrado, ouvidos os respectivos Conselhos de
Saúde, e será efetuado no âmbito dos planos de saúde. ______________________________________________________
(C) Os serviços de atenção primária, de urgência e emergência
e de vigilância em saúde são portas de entrada às ações e aos ______________________________________________________
serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde.
(D) A RENAME compreende todas as ações e os serviços que o ______________________________________________________
Sistema Único de Saúde oferece ao usuário para atendimento
______________________________________________________
da integralidade da assistência à saúde.
(E) A articulação interfederativa ocorrerá mediante a assinatura ______________________________________________________
do Termo de Gestão Compartilhada.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

119
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
1. Atendimento a múltiplas vítimas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Prevenção do trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Biomecânica do trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Avaliação e atendimento inicial às emergências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Suporte Básico de Vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
6. Trauma torácico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. Alterações Circulatórias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Trauma abdominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9. Trauma Cranioencefálico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
10. Trauma raquimedular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
11. Trauma Musculoesquelético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
12. Trauma Térmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
13. Trauma na Criança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
14. Trauma no Idoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
15. Triagem, transporte, materiais e equipamentos para sala de emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
16. Queimaduras - tratamento e condutas de enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
17. Síndrome de Abstinência do álcool condutas de enfermagem. Alterações metabólicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
18. Psiquiatria e condutas do enfermagem/abordagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
19. Administração de drogas em urgência e emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
20. ECG – alterações básicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
21. Desfibrilação Automática Externa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
22. Acidentes com animais peçonhentos - suporte básico de vida/ suporte avançado de vida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
23. Cuidados e procedimentos gerais desenvolvidos pelo profissional Técnico de Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
24. O que são DSTs, sintomas, modos de transmissão. AIDS: Sintomas e fases da doença, tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
25. Hepatites: vacinas disponíveis, sintomas da doença. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
26. Câncer do colo de útero e mamas: Prevenção, detecção precoce, tratamento fornecido pela equipe de saúde, sintomas da doen-
ça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
27. Lavagem das mãos e suas implicações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
28. Responsabilidade ética e profissional em Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
29. Cuidados de enfermagem com movimentação, deambulação, aplicação de medicamentos, higiene e conforto de pacientes acama-
dos, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
30. Preparo de doentes para cirurgias, enfermagem no centro cirúrgico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
31. Relacionar vacinas às doenças, seu armazenamento, calendário e vias de administração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
32. Realização de curativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
33. Vias de administração de medicamentos, verificação de sinais vitais, registro no prontuário, cálculo de diluição de medicações, trans-
formação de grandezas matemáticas (miligramas, mililitros, gotas, horas, minutos) e suas combinações no preparo e administração
de medicações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
34. Classificação de risco nos serviços de urgência e emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
35. Doenças de notificação compulsória em território nacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
36. Termos utilizados em enfermagem e seus conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
37. Atendimento, orientação e acompanhamento à pacientes portadores de ostomias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
38. Rede de atenção à Saúde: Organização PanAmericana da Saúde, Representação Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
39. Lei nº 7498/1986 – Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A relevância desse trabalho para a enfermagem consiste na
ATENDIMENTO A MÚLTIPLAS VÍTIMAS qualificação da assistência de enfermagem em cenário com múl-
tiplas vítimas, promovendo um atendimento integral as vítimas de
Vivemos em um mundo onde acidentes, catástrofes e violên- acidente.
cias são constantes em nosso cotidiano, seja de causas naturais ou A motivação para desenvolver esta pesquisa surgiu pelo grau
provocadas. Quando algo assim ocorre, temos situações de risco às de afinidade no tema proposto além da pouca literatura encontrada
pessoas, que consequentemente necessitam de atendimento espe- o que chamou atenção e despertou interesse por parte da autora.
cializado, conhecido como atendimento pré-hospitalar. (MINAYO E O atendimento pré-hospitalar e hospitalar promove uma di-
DESLANDES, 2009). versidade de ocorrências de trauma e situações clínicas, pois, da
Antes de abordar como deve ser a assistência prestada a várias mesma forma que podemos ter um acidente individualizado, com-
vítimas precisa-se compreender e identificar o que é um Acidente prometendo uma única vítima, como nos casos de queda de moto
com Múltiplas Vitimas (AMV). Segundo a Organização Mundial de em dias chuvosos, também podemos ter a presença significativa
Saúde são aqueles que apresentam desequilíbrio entre os recursos de vítimas, oriundas de um mesmo fenômeno quando ocorre uma
disponíveis e as necessidades, e que, apesar disso, podem ser aten- colisão de dois ônibus, com isso, teremos uma quantidade maior
didos com eficiência desde que se adote a doutrina operacional de vítimas, resultado da mesma cinemática. Sob a ótica clínica, po-
protocolada. Como parâmetro de magnitude, consideramos AMV demos ter eventos epidemiológicos de doenças infectocontagiosas
aqueles eventos súbitos com mais de 5 (cinco) vítimas graves. (PA- que podem produzir múltiplas vítimas (FERNANDES, 2010).
RANÁ, 2006). Um AMV tem como pilar fundamental o princípio da triagem
De acordo com a organização mundial de saúde catástrofe é como forma de garantir uma assistência significativa às vítimas. A
um fenômeno ecológico súbito de magnitude suficiente para ne- educação permanente dos profissionais de saúde é o norte desse
cessitar de ajuda externa já os desastres são acidentesprovocados processo, possibilitando a edificação de protocolos, normas assis-
pelo homem. tenciais e espaços de reflexão profissional como meio de promover
De acordo Paraná (2006), atendimento a AMV é um desafio no ações de saúde sistematizadas e, portanto, eficazes (SALVADOR et
qual os serviços de atendimentos pré-hospitalares e os hospitais se al., 2012). Nesses casos, há necessidade de uma sistematização de
deparam com frequência. Diariamente temos em nosso país aciden- atendimento por uma equipe multiprofissional que atenda priorita-
tes dos mais variados tipos com número de vítimas superiores a cin- riamente os pacientes com maior risco de morte.
co. Diante dessas situações ocorre uma incapacidade dos serviços Para Valentim et. al. (2014) triagem é a classificação das vítimas
de lidarem com esse problema, havendo, desta forma, necessidade em categorias, não exclusivamente em relação à gravidade, mas sim
de se estar preparado e treinado para atender esses acidentes. às situações em que mais se beneficiarão do socorro prestado. O
Apesar de não haver estatísticas que revelem a proporção real objetivo é otimizar a ação de socorro, salvando o maiornúmero pos-
dos Incidentes com Múltiplas Vítimas no nosso cenário sanitário, sível de vítimas. A partir da triagem, as vítimas recebem o socorro
fica explícito que esses se apresentam atualmente como problemas no local e depois são transportadas para o atendimento hospita-
frequentes, em que os acidentes de trânsito, somados aos desastres lar. Em qualquer tipo de ambiente, pré ou intra-hospitalar, existem
naturais, configuram-se como importantes etiologias desses even- divergências e adaptações no processo de triagem que variam de
tos de consequências significativas para o Sistema Único de Saúde acordo com o cenário e a preparação dos profissionais que a execu-
brasileiro, tanto do ponto de vista de recursos humanos e materiais, tam. Portanto, não existe um critério perfeito de triagem, ele varia
quanto de recursos financeiros. Essa realidade exige, assim, estudos de um sistema para outro, e dependem de fatores como magnitu-
mais aprofundados, que possam elucidar as proporções reais dos de, tipo e área de abrangência do desastre.
Incidentes com Múltiplas Vítimas no panorama sanitário do Brasil É possível observar uma mudança no princípio de atendimen-
(SALVADOR, 2012). to das vítimas de um desastre. Quando se trata do atendimento
No Brasil alguns Eventos de massa como a Copa das Confedera- de um indivíduo vítima de um trauma isoladamente, tem-se que é
ções Brasil 2013, Jogos Mundiais primordial fazer o melhor para aquele indivíduo, inclusive utilizan-
Militares 2013, Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 e dos Jogos do todos os recursos disponíveis para tratá-lo da melhor forma. Já
Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 e tantos outros eventos de im- no atendimento de múltiplas vítimas o princípio chave da resposta
portante magnitude, requerem profissionais de saúde treinados médica é fazer o melhor para o maior número de pacientes, já que
para atuarem de forma ideal nas diversas situações que possam vir há a necessidade de se estabelecer prioridades para o atendimento
a acontecer, como até mesmo um AMV. Entendendo-se como aten- adequado (ATLS, 2008).
dimento ideal aquele que busca salvar o maior número possível de Fernandes (2010) aborda que desastres é a falta de recursos
vítimas, no momento que elas mais precisam e no menor tempo humanos e materiais, portanto há que se fazer o melhor para o
possível. Neste tipo de situação, alguns procedimentos são neces- maior número possível de vítimas. Se não nos preparamos, discu-
sários para atendimento às vítimas, como a triagem dos pacientes. timos ou planejamos como atender a vítimas do fenômeno desas-
Segundo Alcântara et al. (2005), a assistência em situações tres, certamente teremos mais perdas de vidas, sequelas temporá-
de emergência e urgência se caracterizam pela necessidadede um rias ou definitivas do que ganhos de vidas e recuperações.
cliente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo, não po- O profissional de enfermagem tem sua atuação frente a um
dendo haveruma protelação no atendimento, devendo o mesmo AMV respaldada na Lei do Exercício Profissional de Enfermagem nº.
ser imediato. 7.498 de 25 de junho de 1986, no seu artigo 11º, está determinado
Para que as ações sejam rápidas e precisas na triagem é neces- como privativo do enfermeiro no item I, inciso 1: ” cuidados direto
sário um método prático. No Brasil utiliza-se o START (Simple Triage de enfermagem a paciente grave com risco de vida; e no inciso m
And Rapid Treatment), onde é avaliado a respiração, perfusão e ní- – cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que
vel de consciência. As vítimas são identificadas por grau de compro- exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar de-
metimento sendo usados fitas, etiquetas, lonas coloridas ou cartão cisões imediatas”.
de triagem. As cores correspondentes em ordem de prioridade são:
vermelho, amarelo, verde e preto. (TEIXEIRA, 2007).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
De acordo Salvador et al. (2012) um fator essencial ao profis- Valentim et al. (2014) afirma que o método S.T.A.R.T foi desen-
sional de enfermagem que atua em uma situação emergencial é o volvido em 1983 no Hoag Hospital localizado na cidade de Newport
conhecimento teórico, a articulação dos saberes como forma de Beach- Califórnia (E.U.A.) para viabilizar uma rotina sistemática de
conduzir práticas de saúde fundamentadas. É imperativo ao profis- atendimento, sendo um método de triagem simples e rápido. Este
sional de enfermagem, do ponto de vista integral de sua formação método foi atualizado em 1994 e passou a ser usado no Brasil em
acadêmica, estar preparado para atuar em práticas acumuladoras 1999. A triagem é o foco central da aplicabilidade do S.T.A.R.T. É um
de saúde frente a um AMV, evento de importância epidemiológica processo reiterativo em que vítimas são priorizadas para tratamen-
indiscutível no atual panorama sanitário, o que requer uma forma- to e evacuação, feita repetidamente em todos os níveis de atenção.
ção educativa permanente. Triar consiste numa avaliação rápida das condições clinicas das víti-
Quando buscamos compreender quais as competências e habi- mas para estabelecer prioridades de tratamento médico. É uma tá-
lidades necessárias ao enfermeiro para atuar de forma eficaz frente tica que determina prioridades de ação que, quando bem utilizada,
a um AMV, estamos inserindo-o no contexto generalista, que visa determinam sucesso na diminuição da mortalidade e morbidade
à edificação de uma formação integral, pautada na criticidade, na das vítimas de acidentes coletivos.
autonomia, no conhecimento científico, sem negligenciar a ética e
a humanescência (SALVADOR et al. 2012). De acordo com Teixeira e Olcerenko (2007), a utilização de mé-
Em múltiplas vítimas é primordial a abordagem de um fluxo- todos como o S.T.A.R.T. por si não garantem a triagem, uma vez que
grama de atendimento para, justamente, priorizar o cuidado ao pa- eles devem ser estar associados a profissionais treinados (teorica-
ciente mais viável, o que difere de um atendimento individualizado mente e na prática), e que possuem preparo psicológico adequado
e a capacidade de tomada de decisão através da triagem, visando às situações vivenciadas, para a agilidade e acurácia da tomada de
o melhor atendimento ao maior número de pessoas possíveis (VA- decisão. Sendo assim é primordial que não só a equipe de enferma-
LENTIM et al,2014). gem, mas toda a equipe multiprofissional busque cursos preparató-
Fernandes (2010) chama atenção para que o profissional rea- rios para estar atuando nestas situações.
lize uma triagem adequada, isto é, seleção por prioridade, dando
importância ao quadro clínico e constante monitorização, para não De acordo com Morton e Fontaine (2011, p.213), na ocorrên-
haver avaliação errada quanto à gravidade das vítimas causando ia- cia de um desastre, o papel da enfermagem nos cuidados críticos é
trogenia. fundamental. Ressalta a dependência deste em relação ao impacto
do desastre sobre as estruturas das instituições, o meio ambiente
É essencial que as instituições possuam um plano de ação para
e o número de profissionais disponíveis. Com base no pensamento
situações Desastres, Catástrofes e Múltiplas Vítimas, um eficiente
crítico, as competências fundamentais da enfermagem em inciden-
sistema de controle que não transfira o caos do local para o hospital
tes com vítimas em massa incluem:
o que é muito comum em eventos dessa magnitude, é importante
A) usar uma abordagem ética e aprovada em nível nacional
também um eficiente processo de triagem que priorize quais víti- para suporte de tomada de decisões e priorização necessárias em
ma necessitam de atendimento imediato e quais podem aguardar situações de desastres;
um tratamento posterior, sempre com o objetivo de salvar o maior b) utilizar competência de julgamento clínico e tomada de de-
número possível de vidas no menor espaço de tempo, oferecendo cisão na avaliação do potencial para o cuidado individual adequado
o melhor cuidado médico para o maior número possível de vítimas após um incidente com vítimas em massa (IVM);
(TEIXEIRA E OLCERENKO, 2007). c) descrever os cuidados de enfermagem de emergência essen-
A triagem pelo método START (Simple Triage And Rapid Treat- ciais nas fases pré e pós desastres para indivíduos, famílias, grupos
ment; Triagem Simples e Tratamento Rápido) é uma técnica simples especiais (p.ex. crianças, idosos, gestantes) e comunidades;
usada para triagem rápida de um grande número de pacientes e d) descrever os princípios de triagem específicas que são acei-
deve ser utilizada em situações em que a triagem deve ser dinâmi- tos para IVM (p.ex. Sistema deTriagem Simples e Tratamento Rápi-
ca, como no AMV. (SIMÔES et al, 2012). do [START]”.
O START (simples triagem e rápido tratamento) se baseia na Finalmente, o transporte das vítimas deve ser realizado segun-
avaliação da respiração, circulação e nível de consciência, dividin- do as necessidades estabelecidas. Esse deverá ser feito de maneira
do as vítimas em quatro prioridades e utiliza cartões coloridos para organizada através de um fluxo de tráfego para evitar congestiona-
definir cada uma das prioridades. A Prioridade de Atendimento às mentos e acidentes (SALVADOR et al. 2012).
Vítimas obedece a seguinte ordem: O destino final de um atendimento pré-hospitalar é o hospital,
a) Cartão Vermelho são as Vítimas que apresentam risco ime- que é o local que terá condições de avaliar com maior propriedade
diato de vida, apresentam respiração somente após manobras de e intervir nas necessidades orgânicas das vítimas afetadas pelas le-
abertura de vias aéreas ou a respiração está maior que 30 movi- sões traumáticas e distúrbios orgânicos. Por isso, é importante que
mentos respiratórios por minuto, necessitam de algum tratamento as instituições hospitalares estejam familiarizadas com os protoco-
médico antes de um transporte rápido ao hospital; necessitam ser los de triagem, reconhecendo a classificação feita pelo atendimento
transportadas rapidamente ao hospital para cirurgia; pré-hospitalar, dando continuidade a assistência para estabelecer
b) Cartão Amarelo são as Vítimas que não apresentam risco de uma ação interna, a fim de reduzir a morbi-mortalidade das lesões
vida imediato, necessitam de algum tipo de tratamento no local en- e descompensações, com o aproveitamento dos recursos humanos
e materiais já existentes em seu ambiente (FERNANDES, 2010).
quanto aguardam transporte ao hospital;
Diante desses ares, percebemos a complexidade dos cuidados
c) Cartão Verde Vítimas com capacidade para andar, não ne-
frente a um AMV, os quais devem estar pautados na sistematização
cessitam de tratamento médico ou transporte imediato, possuem
do atendimento, somando os esforços de todos os capacitados para
lesões sem risco de vida; e
atuarem nesses eventos, visando evitar o agravamento das vítimas
d) Prioridade Preto Vítimas em óbito ou que não tenham chan- ou o surgimento de outras (SALVADOR et al., 2012).
ce de sobreviver; não respiram, mesmo após manobras simples de
abertura da via aérea (PARANÁ, 2006).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
De acordo os artigos selecionados e pesquisados foi possível Os hospitais lidam com traumas físicos em salas de emergência
destacar com facilidade a grande e fundamental importância que e unidades de trauma. As equipes de atendimento podem incluir
se tem em prestar um atendimento com qualidade às vítimas ex- enfermeiras, médicos e uma variedade de especialistas médicos
postas a algum tipo de acidente. Ficou evidente não só nos artigos que podem ser consultados para tratar de questões específicas,
selecionados para análise, mas também nos manuais do MS que o como fraturas e danos a órgãos.
método START apresenta vantagens em incidentes com múltiplas Psicólogos e profissionais de reabilitação também costumam
vítimas por ser simples e rápido. passar mais tempo com pacientes que sofreram traumas para iden-
Diante desse prisma de relevância epidemiológica dos Inciden- tificar questões que precisarão ser abordadas quando o paciente
tes com Múltiplas Vítimas, é enfático que a assistência prestada às estiver estável e em recuperação.
vítimas de tais eventos é um fator decisivo para minimizar as conse- Os prestadores de cuidados de saúde especializados em cuida-
quências catastróficas desses eventos, estabelecendo um aumento dos de trauma incluem paramédicos, enfermeiros de emergência e
nos índices de sobrevida das vítimas. É nesse sentido que a educa- cirurgiões de trauma.
ção do enfermeiro, bem como de toda a equipe multiprofissional Esses profissionais precisam ser capazes de agir rapidamente
de saúde, edifica-se como fator essencial, uma vez que o processo para avaliar e cuidar de um paciente, às vezes em situações caóticas
educativo configura-se como uma ferramenta de treinamento e de e perturbadoras.
fomento de protocolos, tendo por escopo o contínuo aperfeiçoa-
mento dos profissionais de saúde. O que é um trauma
Pode-se assim, evidenciar que no âmbito do AMV o enfermeiro A palavra “trauma” é mais comumente usada para descrever
pode atuar no cenário de Classificação de triagem, como o START, uma lesão corporal que é grave, súbita e imediatamente fatal.
que se baseia na capacidade de andar, avaliação da respiração, A comunidade médica tem todo um sistema para classificar e
circulação e nível de consciência. Após este passo há urgência na selecionar os pacientes que apresentam esses sintomas, e os profis-
transferência para um hospital para continuidade do atendimento sionais dessas áreas costumam ter uma forma mais simplificada de
às vítimas que necessitam de uma assistência precisa e de qualida- classificar os ferimentos como traumáticos ou sérios; em geral, no
de, rápida, porém eficaz. entanto, pode ser difícil definir uma definição específica por causa
de quão amplamente os casos podem variar. Uma lesão cerebral
traumática é diferente da força bruta na perna, por exemplo.
PREVENÇÃO DO TRAUMA As pessoas também podem sofrer traumas emocionais, o que
nem sempre é tão perceptível, mas pode ser tão sério quanto.
O trauma físico é uma lesão física grave e que pode colocar em
risco a vida do paciente. Categorias e causas amplas
Causas comuns de trauma físico incluem acidentes de carro, Em geral, as lesões traumáticas são aquelas que prejudicam
queimaduras, afogamentos, explosões, lesões por esmagamento e significativamente o funcionamento de pelo menos uma parte do
surras graves. corpo. Eles geralmente também ameaçam a vida, ou pelo menos
O tratamento para trauma físico geralmente precisa ocorrer correm o risco de morte como um possível resultado, e normalmen-
em um ambiente hospitalar e pode incluir cirurgia, bem como uma te acontecem como resultado de um acidente ou ato de violência.
longa reabilitação. Como resultado, os profissionais médicos geralmente reser-
O prognóstico varia dependendo da extensão das lesões, da vam a descrição “traumática” para os ferimentos mais graves ou
saúde do paciente no momento da lesão e da rapidez com que o mais complicados de resolver. Muitas coisas podem se qualificar,
tratamento é realizado. mas condições que geralmente não incluem doenças e doenças que
Há uma série de preocupações com o trauma físico. Problemas progridem ao longo do tempo; feridas superficiais; e complicações
imediatos podem incluir perda de sangue, dano cerebral, compro- ou condições que eram esperadas, como em uma cirurgia.
metimento respiratório e dor severa. As pessoas também podem sofrer trauma psicológico, que é
Os pacientes devem ser avaliados rapidamente para identificar uma lesão à saúde mental mais comumente causada por um evento
seus ferimentos e determinar quais lesões são mais graves. emocionalmente chocante, doloroso ou intensamente perturbador.
Eles também devem ser apoiados se forem instáveis com tra- É bastante comum que pessoas que testemunharam lesões
tamentos como fluidos intravenosos e transfusões de sangue para traumáticas, seja para si mesmas ou para seus entes queridos, de-
controlar a perda de sangue, ventilação se não puderem respirar senvolvam respostas psicológicas; isto é particularmente verdadei-
de forma independente, e bandagem para parar ou retardar o san- ro para sobreviventes de desastres naturais e outros eventos de
gramento. baixas em massa. Os socorristas são frequentemente afetados. Na-
Uma investigação para o trauma físico também inclui avalia- turalmente, esses tipos de respostas mentais também podem ser
ções de possíveis complicações e lesões secundárias. Isso pode in- causados por instâncias mais específicas e experiências pessoais.
cluir rastreamento neurológico para identificar sinais de lesões no As pessoas geralmente não mostram sinais externos de lesão ou
cérebro, já que danos cerebrais nem sempre são aparentes, junto sofrimento, mas o tumulto que sentem é muito real.
com estudos de imagens médicas para procurar hemorragias inter-
nas, fraturas não diagnosticadas e outras lesões que podem ser pe- Resposta Médica
rigosas se não forem tratadas. As equipes médicas geralmente são treinadas para lidar com
As feridas também precisam ser completamente limpas para lesões traumáticas de maneira ligeiramente diferente das outras le-
remover os contaminantes da cena, com o objetivo de reduzir a sões, e o pessoal da sala de emergência geralmente está nas linhas
infecção, e os pacientes podem receber antibióticos profiláticos e de frente. Em alguns hospitais, centros especiais de trauma foram
outras drogas para prevenir a inflamação e a infecção. estabelecidos para reagir rapidamente às necessidades imediatas
do paciente crítico.
As pessoas tratadas nesses tipos de unidades geralmente são
aquelas que estiveram envolvidas em vários tipos de acidentes, co-
lisões ou ataques violentos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Normalmente é composta por médicos e cirurgiões especializa- Algumas causas de lesões agudas são queimaduras, choque
dos que estão preparados para lidar com lesões extensas resultan- elétrico, acidentes de carro, quedas, entorses e distensões e brigas.
tes de força contundente. Em todos os casos, um único incidente provoca uma lesão e a gravi-
As primeiras horas após uma lesão deste calibre são as mais dade da lesão pode variar.
críticas para a chance de sobrevivência de um paciente. Pessoas com lesões leves retêm a consciência e não requerem
Certos modos de transporte médico geralmente são realmente intervenção médica extensa.
úteis quando se trata de despachar rapidamente uma equipe de Lesões mais graves podem exigir cirurgia e outras medidas de
atendimento para um local de acidente. emergência para evitar a perda de vida ou incapacidade permanen-
Não é incomum que essas equipes cheguem em um helicóp- te para a pessoa lesada.
tero médico, que normalmente é muito mais rápido que uma am- Certas lesões agudas são causas maiores de preocupação do
bulância. que outras.
Uma vez que a equipe médica está no local, seus membros tra- Lesões na cabeça devem ser cuidadosamente avaliadas, pois
balham rapidamente para estabilizar os pacientes para o transpor- podem resultar em danos cerebrais e podem colocar um paciente
te. A ressuscitação cardiopulmonar, a terapia intravenosa, a aplica- em risco de complicações no futuro.
ção de um torniquete ou outras técnicas que salvam vidas podem Contusões no abdômen, como visto em acidentes de carro, al-
ser realizadas para preparar o paciente para o serviço de resgate aé- guns tipos de quedas e espancamentos também podem ser uma
reo ao hospital. Uma vez que a vítima chega, cirurgia de emergência preocupação, pois é possível que o paciente sofra sangramento in-
ou outras medidas extraordinárias podem ser realizadas para salvar terno ou danos nos órgãos que não são aparentes.
a vida do paciente. Da mesma forma, uma lesão adquirida em um ambiente con-
taminado é preocupante para os prestadores de cuidados, porque
Recuperação e Prognóstico pode levar a infecções, se microrganismos e outros materiais conse-
Uma vez que o perigo imediato tenha sido resolvido e o pa- guiram entrar no corpo do paciente.
ciente estabilizado, ele ou ela é freqüentemente transferido para O tratamento imediato requer avaliação para determinar a lo-
um centro de atendimento padrão no hospital ou no ambulatório. calização e a natureza da lesão. O nível de consciência do paciente
Pessoas gravemente feridas muitas vezes começam a recupe- também deve ser avaliado. Se o paciente estiver respirando, falan-
ração em uma unidade de terapia intensiva (UTI), onde receberão do e sentindo dor mínima após uma lesão aguda, isso pode ser um
atenção 24 horas por dia para garantir que permaneçam estáveis. sinal de que a lesão é pequena e pode ser tratada com limpeza e
A maioria das pessoas que recebem tratamento rápido é capaz monitoramento. Pacientes que experimentam dor severa, têm difi-
de se recuperar totalmente, mas muito disso depende de como as culdade em respirar ou desenvolvem um nível alterado de consci-
coisas eram sérias no começo. ência podem exigir atenção de um médico.
A preocupação com essas lesões é que, se não forem tratadas
Dimensões emocionais adequadamente, o paciente pode desenvolver lesões secundárias.
Além de lesões físicas, os pacientes geralmente experimentam Estes podem incluir infecção, inflamação, morte do tecido, desfi-
efeitos psicológicos ou emocionais após um incidente extremamen- guração, dano muscular permanente e outros problemas. Fornecer
te angustiante ou chocante, ou mesmo uma cadeia de eventos que aos pacientes tratamento oportuno e adequado para a lesão pode
faz com que a pessoa sinta uma angústia avassaladora. Normalmen- limitar os danos que levam a problemas crônicos. Por exemplo, se
te, isso acontece quando algo horrível acontece inesperadamente e um atleta tem um ligamento rompido, o membro envolvido precisa
o indivíduo fica impotente para pará-lo. estar descansado e o paciente pode precisar de fisioterapia para
Alguém que tenha sofrido abuso infantil ou tenha sido seques- reconstruir a força.
trado também pode sofrer esses efeitos, logo após o evento ou
anos futuros. Componentes
Muitas vezes, em adultos, uma forma de neurose como essa Dentro do conceito de atenção ao paciente vítima de trauma
pode se manifestar devido a um evento traumático ocorrido duran- devem estar previstas a educação popular em saúde, as ações da
te a infância. Atenção Básica, os Serviços de Urgência/Emergência (hospitalares,
Os sintomas geralmente incluem pesadelos, revivendo aspec- componentes fixos e móveis), os Centros de Trauma, a Reabilitação,
tos assustadores do evento, paranoia ou sentimentos de perigo Cuidado Ambulatoriais e a Reintegração Social.
iminente. Estes podem consumir a vítima e afetar severamente a A Linha de Cuidado ao Trauma objetiva proporcionar cuidado
sua vida. integral e continuado, promovendo a transferência entre os pontos
O tratamento psicológico, o mais cedo possível, pode ajudar a de atenção à saúde, tendo como pressuposto que todos têm funda-
aliviar essa dor e evitar as condições mentais de longo prazo, e as mental relevância no fluxo da Linha de Cuidado.
intervenções farmacêuticas podem ajudar também. Ainda, esta Linha de Cuidado sustenta a inquestionável rele-
vância do papel exercido das ações de educação coletiva em saúde
O que é uma lesão aguda e da otimização do controle adequado dos fatores de risco na ten-
Uma lesão aguda é uma lesão de início súbito, geralmente tativa de redução da incidência do trauma.
como resultado de trauma. Quando tratados prontamente, esses Considerando a necessidade da rápida identificação da gra-
ferimentos são de duração limitada. vidade do trauma que um paciente sofreu, a rápida resolução de
Lesões não tratadas podem desenvolver complicações que po- quadros clínicos de risco de perder a vida e reduzir sequelas, além
dem levar a lesões crônicas, lesões que persistem a longo prazo sem da necessidade de estabelecer na RUE Centros de Atendimento ao
resolver e, em alguns casos, as pessoas podem morrer de lesões Trauma por complexidade, possibilitando a resolução integral da
agudas não tratadas. demanda ou transferindo-a, responsavelmente, para um serviço de
O tratamento de lesões agudas graves é a província da sala de maior complexidade, dentro de um sistema hierarquizado e regula-
emergência, enquanto lesões mais leves podem ser gerenciados em do, definem-se como constituintes da Linha de Cuidado ao Trauma
casa com os primeiros socorros. os seguintes componentes:
- Unidades de Atenção Básica à Saúde (Sala de Observação);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Componente Móvel de Urgência (Pré-hospitalar / SAMU 192); - Configurar-se como principal direcionador do fluxo regulató-
- Sala de Estabilização (SE); rio da urgência;
- Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24horas) e Pronto-So- - Dispor de Central de Regulação para encaminhamento ime-
corros de hospitais gerais (não referenciados para atendimento ao diato dos pacientes traumatizados aos hospitais habilitados para o
Trauma); atendimento de acordo com a complexidade exigida;
- Hospitais com habilitação em Centro de Trauma (CT) Tipo I, - Manter comunicação contínua entre o transporte e a unidade
Tipo II e Tipo III aos pacientes vítimas de trauma; receptora;
- Atenção Domiciliar; - Utilizar protocolo unificado de cuidado pré-hospitalares, con-
- Serviços de Reabilitação Ambulatorial e Hospitalar; forme as diretrizes clínico-assistenciais definidas pelo Ministério da
- Enfermaria de longa permanência; Saúde (MS);
- Serviços de Reintegração Social; - Capacitar as equipes de atendimento móvel de urgência: Uni-
- Centrais de Regulação; dade de Suporte Avançado (USA), Unidade de Suporte Básico (USB),
- Centros de informações toxicológicas; Veículo de Intervenção Rápida (VIR), ambulancha, aeromédico e
- Atenção Especializada Hospitalar; motolância;
- Unidades de Atenção Especializada; - Integrar sistema de regulação com o de informação e registro
É essencial que as diretrizes de atenção ao paciente vítima de de trauma;
trauma sejam definidos e pactuados pelos diferentes componentes - Atuar de forma articulada com os demais pontos de atenção
da Linha de Cuidado, de forma a uniformizar o cuidado e permitir o ao trauma.
acesso de todos os pacientes às terapias estabelecidas, respeitando Salas de estabilização
as diferenças regionais. - Fornecer retaguarda aos pacientes críticos e graves atendidos
Com o objetivo de incentivar a definição de papéis e missões em regime de urgência, em localidades de vazio assistencial e que o
entres os serviços de saúde para atender as necessidades da Rede, encaminhamento sem estabilização prévia incorra em risco de vida;
destaca-se a seguir algumas especificidades de atenção ao trauma - Realizar atendimentos e procedimentos médicos e de enfer-
nos pontos de atenção da RUE. magem adequados aos casos críticos ou de maior gravidade, estabi-
lizando os pacientes, para encaminhamento rápido para os Centros
Unidade básica de saúde ou unidade de saúde da família (es- de Trauma;
tratégia de saúde da família, núcleos de apoio à saúde da família e - Encaminhar os pacientes, após estabilização clínica, para in-
programa de saúde na escola) – sala de observação ternação em serviços hospitalares, por meio do Complexo Regula-
A Atenção Básica (AB) caracteriza-se por um conjunto de ações dor/Regulação de Urgência, ou para as Portas de Urgência referen-
de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção ciadas pela Central de Regulação das Urgências;
e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o - Serão procedimentos da sala de estabilização:
tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da 1. Manutenção das vias aéreas;
saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral à saúde 2. Respiração e ventilação;
da população de sua área de abrangência. 3. Circulação e controle de hemorragia;
A ação da AB na Linha de Cuidado ao Trauma vai além do even- 4. Imobilização cervical;
to agudo. A equipe da Unidade Básica de Saúde - UBS deve realizar 5. Avaliação neurológica;
ações, no âmbito individual e coletivo, para promoção e prevenção 6. Exposição do paciente para avaliação completa;
de acidentes e agravos. Dentre os temas para abordagem aos pa- 7. Controle da hipotermia.
cientes de vítimas de trauma, devem ser ressaltados como será e - Prover atendimento e/ou referência adequados ao serviço de
quando será necessário acionar Serviço de Atendimento Móvel de saúde hierarquizado, regulado e integrado à RUE da região, a partir
Urgência (SAMU), enfatizando para que o usuário saiba a impor- da complexidade clínica e traumática do usuário;
tância de procurar os serviços de saúde nos primeiros momentos - Referenciar e contra referenciar os pacientes para os demais
pós-acidente, possibilitando o tratamento em tempo oportuno. serviços de atenção integrantes da Rede de Atenção à Saúde, pro-
Na abordagem do evento agudo, quando o usuário procura a porcionando continuidade no tratamento com impacto positivo no
unidade com queixas sugestivas de trauma ou violência, a equipe quadro de saúde individual e coletivo;
deve realizar o primeiro atendimento, acolher e classificar o risco da - Solicitar retaguarda técnica ao SAMU 192 e a UPA de refe-
urgência, bem como avaliar sinais vitais, fazer exame neurológico rência, sempre que a gravidade/complexidade dos casos ultrapas-
e, após isso entrar em contato com a Central de Regulação de Ur- sarem a capacidade instalada da SE.
gência (ou Serviço de Urgência) para encaminhamento do usuário
quando indicado. Unidades de pronto atendimento (UPA 24 horas), salas de es-
A AB deve também: tabilização, pronto socorros de hospitais gerais e serviço de urgên-
- Promover ações de prevenção ao trauma; cia 24 horas
- Realizar acolhimento com classificação de risco e vulnerabili- - Serem integrantes e componentes da RUE, além de contarem
dade aos usuários vítimas de trauma, realizando a devida avaliação, com estrutura de complexidade intermediária para o atendimento
manejo inicial do caso e encaminhamento, seguindo o fluxo pactu- do usuário vítima de trauma. A estratégia visa atendimento inicial
ado de referência e contra referência, se houver necessidade, e de do paciente e está diretamente relacionada ao trabalho do Com-
acordo com a complexidade; ponente Móvel de Urgência, que organiza o fluxo de atendimento
- Garantir a retaguarda de transporte de urgência para encami- e encaminha o paciente ao serviço de saúde adequado à situação;
nhamento adequado do paciente ao serviço de referência, quando
necessário.
Componente móvel de urgência (pré-hospitalar/SAMU 192 e
outros)
- Acolher as chamadas de causa traumática da população por
meio do número universal de acesso gratuito 192;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Oferecer acolhimento e atendimento de Urgência e Emergên- - Pós-hospitalar: quando a Atenção Domiciliar é indicada como
cia, com classificação de risco, aos pacientes vítimas de trauma que alternativa segura e preferível para dar continuidade aos cuidados
derem entrada no Serviço, com resolutividade nos casos de menor iniciados no hospital durante uma internação hospitalar. Neste
complexidade e encaminhamento com garantia de atendimento ao caso, as equipes de Atenção Domiciliar podem realizar ações de
serviço especializado (via regulação); busca-ativa dos usuários internados ou a equipe que trabalha no
- Encaminhar os casos de maior complexidade para os Hospi- hospital pode indicar a AD e acionar a EMAD para a condução do
tais com habilitação em Centro de Atendimento ao Trauma tipo I, II caso, realizando uma alta programada.
e III, por meio das Centrais de Regulação das Urgências – Complexo Nesse sentido, as equipes que compõem os Serviços de Aten-
Regulador, após realização de procedimentos mínimos de estabili- ção Domiciliar têm o papel de, além de cuidar dos pacientes no do-
zação. micílio, auxiliar na gestão do cuidado dos mesmos e realizar a arti-
culação dos pontos de atenção, de modo a ampliar a resolutividade
Hospitais com habilitação em centro de trauma tipo I, II e III e a integralidade do cuidado.
- São estabelecimentos hospitalares integrantes da RUE, que
desempenham o papel de referência especializada para atendimen- Reabilitação (ambulatorial e hospitalar)
to aos pacientes vítimas de trauma. A Linha de Cuidado do Trauma deve oferecer o acesso à rea-
- Para fins de implementação e financiamento, os Centros serão bilitação dos pacientes vítimas de traumatismo que apresentarem
habilitados pela Coordenação Geral da Média e da Alta Complexida- sequelas físicas, auditivas, intelectuais ou visuais, sejam elas tem-
de/Departamento de Atenção Especializada/Secretaria de Atenção porárias ou permanentes, progressiva, regressiva, ou estável; inter-
à Saúde/ Ministério da Saúde, por meio de Portaria específica a ser mitente e contínua; severa e em regime de tratamento intensivo.
publicada. Neste sentido, a Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência –
Viver sem Limites, fundamentalmente os serviços especializados
Atenção domiciliar de reabilitação, bem como as equipes de reabilitação hospitalares
Caracteriza-se por um conjunto de ações de promoção à saú- devem ser acionadas com o intuito de promover os cuidados ne-
de, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em cessários para a melhoria da funcionalidade, por meio de medidas
domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às de prevenção da perda funcional, de redução do ritmo da perda
Redes de Atenção à Saúde. funcional, da melhora ou recuperação da função; da compensação
A Atenção Domiciliar pode ser realizada por equipes de saú- da função perdida; e da manutenção da função atual.
de que atuam no conjunto dos pontos de atenção que compõem a As ações reabilitação/habilitação devem ser executadas por
rede, principalmente pelas Equipes de Atenção Básica (ESF/NASF) e equipes multi e interdisciplinares e desenvolvidas a partir das ne-
Equipes de Atenção Domiciliar, que devem ofertar suporte clínico e cessidades de cada indivíduo e de acordo com o impacto da defici-
acompanhamento domiciliar aos usuários que têm indicação des- ência sobre sua funcionalidade.
te tipo de cuidado, dentre eles, os usuários vitima de trauma com Funcionalidade é um termo que indica os aspectos positivos
maior dependência, maior dificuldade de transporte, com maiores da interação entre um indivíduo (condição de saúde) e seus fatores
riscos de complicações e/ou que possuem a indicação de finalizar contextuais (ambientais e pessoais). De maneira similar, a incapaci-
seu tratamento em domicílio. dade refere-se a um termo genérico para deficiências, limitações de
De acordo com a Pt. GM/MS 2.527 de 27 de outubro de 2011, atividades e restrições de participação, indica, portanto, os aspectos
os Serviços de Atenção Domiciliar - SAD são compostos pelas Equi- negativos da interação de um indivíduo (com uma condição de saú-
pes Multidisciplinares de Atenção Domiciliar (EMAD) e pelas Equi- de) e seus fatores contextuais, ambientais e pessoais. Deficiência e
pes Multidisciplinares de Apoio (EMAP). As EMAD são formadas atividade norteiam o processo de reabilitação, enquanto a primeira
por médicos, enfermeiros, fisioterapeuta e/ou assistente social e trata de uma anormalidade de uma estrutura do corpo ou função
auxiliares/técnicos de enfermagem; e as EMAP, por, no mínimo, três fisiológica, a segunda mostra o contexto da tarefa ou ação de um
profissionais de nível superior, entre as seguintes categorias pro- indivíduo, ou seja, a perspectiva individual da funcionalidade.
fissionais: assistente social, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudi- O olhar da reabilitação no contexto da funcionalidade amplia
ólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional e farmacêutico. A lógica do os horizontes e contextualiza o indivíduo, a família, a comunidade
trabalho destas equipes deve ser centrada na família, no cuidador em uma perspectiva mais social, privilegiando aspectos relaciona-
e no usuário, como uma tríade de estreita relação, para garantia de dos à inclusão social, o desempenho das atividades e a participação
respostas concretas às necessidades dos usuários. do indivíduo na família, comunidade e sociedade.
A Atenção Domiciliar, enquanto modalidade de cuidado e com- Os pontos de atenção do componente de Atenção Especiali-
ponente da Rede de Atenção às Urgências - RUE, tem como objeti- zada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia
vo reduzir a demanda por atendimento hospitalar e/ou redução do e em Múltiplas Deficiências devem produzir, em conjunto com o
período de permanência dos pacientes traumatizados internados, usuário, seus familiares e acompanhantes, e de forma matricial na
além da humanização da atenção e a ampliação da autonomia dos Rede de Atenção à Saúde, um Projeto Terapêutico Singular (PTS),
usuários. O cuidado pode ser desenvolvido de acordo com o tipo de baseado em avaliações multidisciplinares das necessidades e capa-
serviço que a indica, em: cidades das pessoas com deficiência, incluindo dispositivos e tecno-
- Pré-hospitalar: quando a Atenção Domiciliar é indicada como logias assistivas, e com foco na produção da autonomia e o máximo
alternativa à internação hospitalar. Neste caso, os profissionais que de independência em diferentes aspectos da vida.
atuam nas portas de urgência e emergência têm o papel de indi- Além disso, é fundamental o estabelecimento de fluxos e práti-
car os cuidados no domicílio e acionar a EMAD para a condução do cas de cuidados à saúde contínua, coordenada e articulada entre os
caso. diferentes pontos de atenção da Rede de Cuidado às Pessoas com
Deficiência em cada território.
O componente de Atenção Especializada em Reabilitação é
constituído dos seguintes Pontos de Atenção:
- Serviços de Saúde Habilitados em uma modalidade de Rea-
bilitação;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Centros Especializados em Reabilitação (CER II, III e IV); Unidades de atenção especializada
- Serviços de apoio – Oficinas Ortopédicas. Serviço próprio ou referenciado para atendimento dos casos
que necessitem do especialista para atenção ambulatorial dos ca-
Enfermeiras de longa permanência sos de trauma. Casos com etiologia bem definida, estáveis, que pre-
As enfermarias de longa permanência se constituem como cisam apenas manter prevenção e cuidado por tempo determinado
unidades intermediárias entre os cuidados hospitalares de caráter ou podem ser encaminhados para acompanhamento na Rede Bási-
agudo e crônico reagudizado e a atenção básica, prévia ao retorno ca (Atenção Básica), com plano terapêutico definido pelo especialis-
do paciente ao domicílio. ta da Unidade de Referência.
Têm como objetivo a recuperação clínica e funcional, a ava-
liação e a reabilitação integral da pessoa com perda transitória ou
permanente de autonomia potencialmente recuperável de forma BIOMECÂNICA DO TRAUMA
parcial ou total e que não necessite de cuidados hospitalares inten-
sivos e em estágio agudo. TRAUMA FECHADO
São considerados pacientes em situação de perda de autono- O trauma fechado ocorre quando a força aplicada ao corpo não
mia aqueles com limitações físicas, funcionais, neurológicas e/ou é de natureza penetrante. A medicina legal refere-se a esse tipo de
motoras, restritos ao leito, ou qualquer condição clínica que indi- lesão em oposição às lesões penetrantes. Dessa forma, os ferimen-
que a necessidade de cuidados prolongados em unidade hospitalar. tos por arma de fogo (FAF) são classificados como contusos ao exa-
A normatização das enfermarias de retaguarda para longa per- me do legista porque o projétil não é um instrumento pontiagudo.
manência se dará mediante publicação de Portaria específica, em Entretanto, no centro de trauma, a classificação definida como
vias de conclusão. Além de dispor sobre organização das unidades fechado e penetrante categoriza o FAF como penetrante em razão
de cuidados e equipe multidisciplinar, versa sobre financiamento de sua ação no corpo. Os princípios da física que envolvem o trau-
diferenciado. ma, contuso ou o penetrante, são:
- Um corpo em movimento permanece em movimento até so-
Serviço de reintegração social frer a ação de uma força externa.
Objetiva contribuir efetivamente para o processo de inserção - A velocidade da carga aplicada determina o dano (força =
social das pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla massa x aceleração).
e diversificada de recursos assistenciais e de 12 cuidados, facilita- - O tecido é deslocado na mesma direção do objeto em movi-
dora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e mento (especialmente importante para a avaliação do legista).
estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de ci- - Se um objeto for deformável, o tempo do impacto será maior
dadania. e, portanto, também a deformação.
- A energia cinética transferida é aditiva (os dois objetos em
Centrais de regulação municipais e estaduais movimento); ½ massa x velocidade.
Central de Regulação das Urgências: estrutura física constituída O trauma fechado resulta em fratura, laceração e outros feri-
por profissionais capacitados em regulação dos chamados telefôni- mentos externos, lesão por cisalhamento, pressão causando lesões
cos que demandam orientação e/ou atendimento de urgência, por semelhantes a uma “explosão” e lesões de golpe-contragolpe (lado
meio de uma classificação e priorização das necessidades de assis- a lado) bilaterais causadas pelo ricochetear após o impacto inicial.
tência em urgência, além de ordenar o fluxo efetivo das referências Este capítulo discutirá os mecanismos comuns e as lesões resultan-
e contra referências dentro de uma Rede de Atenção à Saúde. tes.
Central de Regulação de Internação Hospitalar: regula o acesso
voltada às internações hospitalares eletivas e de urgência, admitin- Colisões de Veículos a Motor
do-se, no caso da urgência, o acesso por meio da Central de Regula- As colisões de veículos a motor normalmente não são inten-
ção das urgência, dependendo da organização local. cionais; no entanto, alguns indivíduos tentam suicídio ou homicídio
A regulação do acesso entre as portas de entrada da Rede de utilizando um veículo. A maioria acontece em uma rua ou estrada
Urgência e Emergência da Linha de Cuidado do Trauma se dará atra- e termina com a própria colisão. As colisões de veículos a motor
vés das Centrais de Regulação mediante as necessidades de cada também podem ocorrer fora da rodovia, como com snowmobiles,
paciente e a disponibilização do recurso assistencial mais oportuno veículos para todos os tipos de terrenos e motocicletas ou bicicletas
e adequado. motorizadas. Além disso, a posição do ocupante no momento do
impacto determina a lesão. Como a maioria das colisões é inespe-
Atenção especializada hospitalar rada, não é raro que o ocupante inspire e segure a respiração no
Constituída pela Rede hospitalar existente, com habilitação ou momento do impacto. O golpe no tórax que ocorre com o impacto
não em alta complexidade para atenção ao trauma, não classificada comprime os pulmões cheios de ar, resultando em pneumotórax.
como Centro de Trauma na RUE. Tem sua ação voltada para reali- O surfe sobre o carro e andar na caçamba de uma camionete não
zar atendimento ao paciente vítima de trauma, segundo critérios oferecem proteção ao ocupante e resultam em potencial risco para
específicos, onde não há Centro de Trauma disponível ou quando a o trauma multissistêmico.
atenção nesse serviço apenas agrega melhora clínica e cuidado ao Dependendo da escolha do dispositivo de contenção, o indi-
paciente vítima de trauma. víduo tem várias condições enquanto está no veículo. O ocupante
sem o cinto tem maior chance de ejeção do assento, pelo mecanis-
mo “para o alto e por cima”, ou de ficar preso sob o painel, com o
movimento “para baixo e por baixo”. Os cintos de segurança utiliza-
dos adequadamente (pelve e ombro) mantêm o ocupante no lugar,
com movimento mínimo e com lesão mínima.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O airbag tem espaço para insuflação ao ser ativado (a cerca Pedestre atingido por veículo
de 100 km/h) sem provocar trauma grave ao ocupante. Porém, os As lesões dos pedestres são as sofridas quando o indivíduo é
cintos de segurança utilizados para conter apenas a cintura pélvi- atingido por um veículo, mas não estava viajando no interior de ou
ca permitem contato da parte superior do corpo com os objetos à sobre um veículo a motor. Por exemplo, o indivíduo em uma cadeira
frente dele (volante, airbag) e os que contêm somente os ombros de rodas, skate, patins ou andando, quando é atingido por um veí-
resultam no deslizamento inferior da pelve, ficando o pescoço pre- culo, está na condição de pedestre.
so pelo cinto. Crianças pequenas atingidas por veículos são geralmente gol-
Os ocupantes em assentos reclinados apresentam lesão gra- peadas pelo para-choque e atropeladas pelas rodas. Isso não se
ve no tronco quando usam o cinto de segurança, assim como nos deve à intenção do condutor, mas ao baixo centro de gravidade da
membros inferiores e aumento da mortalidade (Dissanaike et al., criança que resulta em queda. A criança não é vista ao cair sob as
2008). Lesões sérias, sofridas apesar do uso adequado do cinto de rodas e é atropelada antes que o motorista possa perceber que o
segurança, provavelmente resultariam em morte na ausência dele. carro bateu em algo.
As crianças em idade escolar e os adultos de baixa estatura são
Colisão dianteira e traseira atingidos pelo para-choque na parte distal do fêmur. Quando o pe-
Em geral, na colisão dianteira e traseira a ocorrência do mo- destre é mais alto, o impacto ocorre na parte inferior da perna, em
vimento “para o alto e por cima” ou “para baixo e por baixo” é geral na tíbia. Se o indivíduo estiver de frente ou de costas para
observada se não houver contenção. Um impacto no volante a 15 o impacto, a tíbia será atingida bilateralmente. Se for atingido ao
km/h é comparável a fi car em pé contra uma parede e ter um poste caminhar, um lado sofrerá o impacto. A vítima pode ser projetada
pressionando o peito. Os órgãos fi xos por ligamentos (p. ex., aorta, para longe do veículo, sofrendo lesões nos membros, na pelve, na
fígado, baço) são especialmente suscetíveis às lesões. Na ocorrên- região toracoabdominal, na cabeça e no pescoço, ou ser arremessa-
cia do movimento “para baixo e por baixo”, o fêmur atinge o painel, da sobre a capota do veículo, atingindo o para-brisa e aumentando
pressionando o osso contra o acetábulo e causando fratura pélvica o potencial para lesão na cabeça, no pescoço e na face.
assim como luxação posterior. Sobretudo nas colisões traseiras, a Um veículo maior, como um caminhão ou um SUV (sport utility
posição do apoio da cabeça pode resultar tanto em lesão quanto vehicle), que possui um para-choque mais alto, atingirá uma região
proteção ao pescoço. A lesão dos ligamentos cervicais pode ocor- corpórea mais alta do pedestre, como a pelve ou o abdome, ou tal-
rer após a hiperextensão do pescoço sobre o apoio da cabeça. O vez o tórax da criança. Se o motorista perceber que pode ocorrer o
posicionamento adequado do apoio da cabeça deve ser na região impacto e frear, o pedestre será atingido em uma região mais baixa
média posterior do crânio. do corpo, pois a frenagem rebaixa ligeiramente o para-choque.

Impacto lateral Outros Meios de Transportes


O trauma que ocorre com impacto lateral é determinado pelo O corpo humano pode ser transportado de muitas maneiras.
grau de intrusão e por quaisquer componentes do carro que atin- Além dos veículos a motor, os meios de transporte mais comuns
jam o ocupante. Por exemplo, o painel de controle na porta do que podem resultar em lesões são as bicicletas e os animais de
condutor atingirá a pelve, se houver deslocamento em direção ao montaria, como os cavalos e os touros. Existem outros equipamen-
compartimento do passageiro e corpo do condutor em relação a tos, como os skates, esquis, snowboards e patins in-line, que pro-
sua posição. As lesões comuns no impacto lateral são determinadas vocam queda ou, se atingidos por um carro, resultam em trauma
pela posição no veículo, assim como pelo uso de dispositivos de se- semelhante ao do pedestre. Em acidentes náuticos, o profissional
gurança e assento reclinado. O condutor deve ser avaliado quanto da saúde deve considerar o mecanismo do trauma e verificar se
à lesão aórtica, do baço, fraturas de costelas, de pelve e lesão no houve imersão ou submersão, assim como exposição a intempéries
membro superior esquerdo. Para o passageiro dianteiro atingido, ambientais, como o frio. Em geral, as ocorrências com aviões ou he-
deve-se suspeitar de lesão no fígado, nas costelas, na pelve e no licópteros são graves, devido à velocidade atingida durante a queda
membro superior direito. Os ocupantes sem cinto de segurança se- ou à gravidade da colisão (no ar ou no solo). As lesões resultantes
rão empurrados para o lado oposto, contra a porta ou contra outros podem ou não incluir queimaduras, se o passageiro sobreviver ao
passageiros e terão um aumento significativo na mortalidade (Ryb evento. Isso inclui, naturalmente, os ultraleves e outros aparelhos
et al., 2007). que podem provocar quedas durante o voo.

Colisão de motocicleta e bicicleta Bicicleta


As colisões frontais com frequência resultam no condutor sen- Uma vez que esses veículos transportam a pessoa desprotegida
do ejetado ou parcialmente ejetado sobre o guidão. As lesões co- da mesma maneira que uma motocicleta, os mecanismos que cau-
muns incluem: sam a lesão são os mesmos. A velocidade e o local podem determi-
- Lesão na cabeça e no pescoço, se não estiver usando o capa- nar diferentes circunstâncias da lesão. A atenção para os detalhes
cete. do evento proporcionará os indícios para as lesões suspeitas.
- Lesão toracoabdominal pelo impacto com o guidão (comum
em crianças). Animal de montaria
- Fratura pélvica em “livro aberto” – abertura (como um livro) A pessoa lançada de um animal é similar ao pedestre atingido
da pelve anterior e posterior pelo golpe no guidão. por um veículo. O impacto é aumentado pela altura da queda e a
- Fratura bilateral do fêmur. posição em que o animal joga o indivíduo.
- Abrasões e lacerações da pele. As lesões são reduzidas quan-
do o capacete está colocado na posição correta e se a vestimenta
protetora for utilizada. As colisões angulares ou com um veículo re-
sultam em lesões múltiplas e dependem do local do impacto. Não
existe constatação da relação entre a lesão na coluna cervical e o
uso do capacete (Goslar et al., 2008). Os capacetes são conhecidos
por protegerem a cabeça.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Quedas Ferimentos por Arma de Fogo (FAFs)
As quedas permanecem um dos mecanismos de trauma mais Os FAFs são geralmente intencionais (suicídio, homicídio), mas
comuns entre todas as faixas etárias, com a maior ocorrência nas podem não ser (caçada, arma fora do coldre, limpeza da arma). Os
crianças e nos idosos. Elas podem ser simples, como tropeçar ou revólveres em geral são armas de baixa velocidade, enquanto os rifl
escorregar em uma superfície molhada, até quedas de uma altura es são de alta velocidade e provocam maior dano. Nem todos os re-
significativa, como de um paraquedas ou no bungee jumping, que vólveres, no entanto, são de baixa velocidade. O projétil forma uma
resultam em lesões graves. As lesões de mergulho podem não ser cavidade, um orifício permanente, e, devido à compressão durante
causadas pela queda da altura; no entanto, a cabeça/o pescoço são a entrada, o tecido em torno é afastado e deformado, resultando
atingidos no fundo, resultando em hiperflexão. Outras quedas in- em dano circundante. Ocorre também uma onda de choque ante-
cluem as de escadas, de brinquedos do playground ou simplesmen- rior ao projétil, com um efeito concussivo. Essa onda causa lesões
te do meio-fio, ou as lesões intencionais mais sérias, como saltar de sérias nos espaços contendo ar e líquido, como o pulmão. Outros
uma sacada ou de uma ponte. A biomecânica da queda e a posição mecanismos de trauma envolvidos nos FAFs incluem:
no solo fornecem indícios para as lesões sofridas. No caso de lesão - Yaw (ou derrapagem): desvio do projétil de seu próprio eixo
intencional, o apoio psiquiátrico deve ser precoce, além da identifi- longitudinal; pode resultar em uma área maior de impacto com o
cação e do controle das lesões. corpo, dependendo da posição do eixo do projétil no momento do
impacto.
Queda no mesmo nível - Tumbling (ou giro): rotação do projétil em torno do seu eixo
As quedas da própria altura acontecem em todas as faixas etá- transversal resultando em algumas partes da cavidade maiores do
rias; entretanto, as lesões ocorrem com mais frequência nos idosos, que outras à medida que o projétil gira ao longo do trajeto.
pois seus ossos são mais frágeis. Não é raro que a queda da pró- - Rifling: ranhuras espiraladas no cano da arma fazem o projétil
pria altura com fratura da pelve evolua para redução importante da girar ao sair do cano; proporcionam estabilidade ao longo do eixo.
função e possivelmente a morte. As lesões nas vértebras lombares - Projéteis de ponta oca: deformam com o impacto, causando
são comuns, assim como na coluna cervical, devido a hiperflexão maior área de dano.
do pescoço. A maioria das quedas resulta em fraturas ou lesão na - Shotgun (cartucheira): múltiplos pellets (grãos de chumbo) no
cabeça, dependendo da superfície e da possibilidade de um obje- cartucho; também é possível ter um grande projétil; tanto a resis-
to penetrante ou não atingir o indivíduo no trajeto até o solo. Nos tência do ar quanto a gravidade espalham os pellets a distância; os
idosos, um hematoma subdural não é raro, mas em geral evolui len- ferimentos de shotgun a pouca distância resultam em lesões gran-
tamente. O paciente e a família podem não se lembrar da queda des e sérias, pois os pellets permanecem compactados.
quando os sintomas surgem devido à lentidão do sangramento. A trajetória do projétil em geral não é reta. Isso indica a neces-
sidade de exploração, pois podem ocorrer múltiplas lesões, embora
Queda de altura a trajetória pareça ser uma linha reta. As lesões intencionais podem
As quedas de altura resultam em transferência de energia. É exigir suporte psiquiátrico (tentativa de suicídio) ou segurança (ten-
importante identificar a parte do corpo sobre a qual a vítima se tativa de homicídio).
apoiou no solo. Por exemplo, atingir o solo com os pés pode causar
fraturas dos calcâneos e dos ossos longos, assim como da coluna Ferimentos por Arma Branca (FABs)
lombar ou da torácica, pois a força é transmitida para a parte su- Normalmente, os FABs são intencionais (suicídio, homicídio);
perior do corpo. Algumas vezes, a vítima atinge algum objeto ao entretanto, podem ser acidentais (p. ex., escorregar em um piso
cair, provocando lesões a outras partes do corpo. A aorta torácica é molhado e cair sobre a lava-louça aberta com facas apontadas para
particularmente suscetível em razão de seus ligamentos. Os órgãos cima). O FAB com frequência segue uma trajetória direta, de baixa
sólidos também não toleram o estresse da carga e sofrem fraturas. velocidade, resultando sobretudo em dano ao longo do percurso
A força do impacto deve ser conhecida; por exemplo, uma queda de com profundidade variável. O tipo de lâmina caracteriza o ferimen-
3 m equivale à queda de um saco de cimento de 100 kg jogado da to, tal como a lâmina reta versus a serrilhada. A partir da perspecti-
janela do primeiro andar. va da medicina legal, o FAB é mais profundo que extenso, e o corte
é mais extenso que profundo. O FAB difere da laceração não pene-
Outros trante, porque suas bordas são regulares e a direção do ferimento
Outros mecanismos de trauma fechado incluem o windsurf, os indica a direção da força.
mecanismos de máquinas de moer, os objetos em queda ou lesões É particularmente importante examinar os FABs no tórax e no
esportivas. As lesões dependem do local do impacto, da transferên- abdome, pois o ângulo de penetração pode indicar que o ferimento
cia de energia e do ambiente. atingiu as duas cavidades, lesando o diafragma entre elas.

TRAUMA PENETRANTE Outras Lesões Penetrantes


As lesões penetrantes resultam de um objeto que penetra no Ferimentos resultantes da panetração de corpo estranho são
corpo e algumas vezes sai dele causando dano ao longo do percur- outro meio de causar uma lesão penetrante. Assim como no FAB, a
so. O objeto pode provocar apenas uma lesão externa. No entanto, ferida deve ser investigada e determinada a necessidade de cirurgia
comumente, ao penetrar, lesiona as estruturas subjacentes, provo- e/ou reparação. A lesão penetrante pode ocorrer durante o capo-
cando lesões “expostas”. Ocasionalmente, o objeto pode estar pre- tamento em colisão de veículos a motor, por pedaços de madeira
sente no corpo. A velocidade, o tamanho do objeto, a direção da ejetados da serra e por vários outros e às vezes surpreendentes me-
entrada e o percurso determinam as lesões. canismos. Essas lesões são abordadas da mesma maneira que as
perfurações por arma branca.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Outras lesões penetrantes podem ser causadas por ferramen- Em gestantes, o trauma é a principal causa de morte materna
tas e maquinaria, pás de ventilador e outros objetos com borda não obstétrica (Ikossi et al., 2005; Shah et al., 1998; ENA, 2007).
cortante. Qualquer ferimento penetrante produz lesões “abertas”, A maioria dessas mortes maternas ocorre no terceiro trimestre de
expondo o tecido subjacente ao meio externo através do trajeto do gestação (Hoyt e Selfridge-Thomas, 2007; ENA, 2007). A lesão na
ferimento. Ressalta-se que todo o trauma penetrante causa lesões cabeça e o choque são as principais causas de morte da mãe, em-
expostas, mas nem todas as lesões expostas ocorrem por trauma bora a sobrevivência do feto esteja diretamente relacionada ao cho-
penetrante. Uma fratura exposta resultante de colisão de veículo a que materno (80%) e à morte (Hoyt e Selfridge-Thomas, 2007; Pat-
motor é um trauma contuso. teson et al., 2007; Ziglar et al., 2004). A morte fetal excede a morte
materna em uma proporção de 3:1 (Ikossi et al., 2005). A idade do
QUEIMADURAS feto aumenta a suscetibilidade ao trauma, sobretudo depois de 24
Térmicas semanas, quando ele está totalmente no abdome e não mais pro-
As queimaduras térmicas são causadas por frio extremo ou lon- tegido pela pelve. A idade gestacional na ocasião do parto também
ga exposição ao frio, com ou sem umidade, ou por exposição ao afeta o resultado fetal (El-Kady et al., 2004; Shah e Kilcline, 2003).
calor ou a chamas. A exposição ao calor pode ser na forma de ar ou Os fatores de risco para a morte fetal incluem a ejeção da mãe do
água quente, substâncias químicas com uma reação exotérmica ou interior de um veículo, colisão de motocicleta, atropelamento e a
outras substâncias quentes. Por exemplo, a temperatura da água falta de contenção em uma colisão de veículo a motor (Curet et al.,
a 60ºC causa queimadura, de espessura parcial ou total, com 3 se- 2000).
gundos de exposição (Auerbach, 2007). O incêndio é a forma mais O trauma contuso é o mecanismo de lesão mais comum. No
comum de provocar lesão por queimadura e pode ser prevenido caso da gestante traumatizada, a placenta é suscetível às forças de
pelo aviso precoce do detector de fumaça, pela proibição de fumar cisalhamento devido à falta inerente de elasticidade, resultando em
na cama e pelo posicionamento adequado dos aquecedores. Mais
seu descolamento prematuro (Ziglar et al., 2004; ENA, 2007; ATLS,
de 40% dos incêndios residenciais envolvem o cigarro (ENA, 2007).
2008). Na gestação, as colisões de veículos a motor são as causas
Outras
mais comuns de trauma (Ziglar et al., 2004; Patteson et al., 2007;
As queimaduras químicas podem resultar em lesão quando a
Minow, 1999; Metz e Abbot, 2006; Mattox e Goetzi, 2005; Baerga-
substância química age sobre a pele ou quando essa substância em
uma reação exotérmica produz calor. Alguns antídotos de substân- -Varela et al., 2000). A violência doméstica ocorre em pelo menos
cias químicas produzem reação exotérmica que lesam mais do que 17 a 20% das gestantes, sendo que até 60% são acometidas por epi-
a própria exposição química. sódios repetidos de violência (Hoyt e Selfridge-Thomas, 2007; Ziglar
A exposição a radiação também pode resultar em queimadu- et al., 2004; ATLS, 2008). Essas estatísticas são provavelmente su-
ras profundas, variando segundo o tipo de radiação e a duração da bestimadas e mal-documentadas porque as mulheres não relatam a
exposição. causa ou não procuram atendimento médico. A violência doméstica
Os raios causam cerca de 100 mortes por ano nos Estados Uni- com frequência aumenta com a aproximação do parto.
dos. No entanto, a mortalidade geral é baixa, em razão de a queima- A gestante também é suscetível a quedas em razão de mudan-
dura decorrente de flashover ser mais comum que a lesão por alta ça do centro de gravidade que altera o modo de andar, provoca
voltagem elétrica. A queimadura decorrente de flashover produzida relaxamento das articulações pélvicas e fadiga (Ziglar et al, 2004;
pela exposição ao raio pode ser muito superficial. O impacto elétri- ENA, 2007). Quando ocorrem queimaduras na gestante, a morbida-
co e sonoro é mais sério, resultando em parada cardíaca, ruptura da de é de cerca de 65% no caso de 20 a 50% da superfície corpórea
membrana do tímpano e catarata. O descolamento da retina pode queimada (Ziglar et al., 2004). O parto é recomendado se a super-
ocorrer pela descarga elétrica do relâmpago mediada pelo telefone. fície corpórea queimada exceder 50%. Ressalta-se a importância
A exposição elétrica, principalmente a de alta voltagem, resul- da monitoração da gestante queimada em razão da possibilidade
ta em queimaduras graves do interior para o exterior do corpo. A de intoxicação por monóxido de carbono. A hemoglobina fetal tem
energia elétrica percorre os nervos queimando e coagulando o teci- afinidade maior pelo monóxido de carbono, o que prejudica a libe-
do ao longo do trajeto. ração do oxigênio para o feto.

h SITUAÇÕES ESPECIAIS – RISCOS Pediatria


Mais de 10 milhões de crianças são atendidas nos serviços
Mulheres de emergência devido a trauma. Mais de 10 mil crianças morrem
Em geral, o trauma nas mulheres abrange todos os mecanismos (ATLS, 2008). Cerca de 11% de todas as admissões da unidade de
possíveis, tanto os contundentes quanto os penetrantes. Os riscos cuidado intensivo pediátrico são de pacientes de trauma (Ponsky et
de lesão ao trato geniturinário das mulheres são baixos, na realida-
al., 2005). O trauma permanece sendo a principal causa de morte
de, devido a seu posicionamento seguro no interior da pelve e ao
em crianças com mais de 1 ano e a segunda em crianças com menos
comprimento curto da uretra. As fraturas pélvicas podem resultar
de 1 ano (CDC-NCIPC, 2008; Ziglar et al., 2004). O principal mecanis-
em lacerações vaginais, com exposição e contaminação óssea.
mo de trauma que resulta em morte é a colisão de veículos a motor.
Entre as mulheres em idade reprodutiva (10 a 50 anos), 1 em
cada 12 gestantes sofrerá alguma lesão, 4 em cada 1.000 necessita- Entre as crianças com até 10 anos, o afogamento e as queimaduras
rão de hospitalização para controle (Hoyt e Selfridge-Thomas, 2007; são a segunda principal causa de morte. A segunda principal causa
Mattox et al., 2000; ATLS, 2008). A gestante que sofreu trauma tam- entre as com mais de 10 anos são o homicídio por arma de fogo e os
bém tem risco, aproximadamente, duas vezes maior de parto pre- suicídios. As quedas são a principal causa de consultas e admissões
maturo (Shah e Kilcline, 2003). no serviço de emergência (Stewart et al., 2004). Nas crianças com
idade entre 10 e 14 anos, o mecanismo de trauma resulta de recre-
ações. À medida que os mecanismos passam a ser devido a colisões
de veículos a motor, observa-se aumento na gravidade das lesões.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Seria esperado que os mecanismos de trauma em crianças Obesidade
fossem focados principalmente nas brincadeiras. A principal causa A pessoa obesa está particularmente em risco nas colisões de
do trauma, entretanto, envolve os veículos a motor tendo-as como veículos a motor em razão do uso inapropriado ou a falta de uso do
passageiras ou como pedestres. O corpo de uma criança não é re- equipamento de segurança. A maioria dos indivíduos requer uma
sistente ou desenvolvido o sufi ciente para se ajustar aos cintos de extensão no cinto de segurança. A colocação desse dispositivo pode
segurança até os 8 anos de idade e, portanto, ela requer uma cadei- estar ajustada sobre o abdome, em vez da pelve, ou então o cin-
ra ou assento especial no carro. to do ombro pode estar posicionado muito próximo do pescoço.
As quedas são frequentes entre as crianças com menos de 10 A ativação do airbag pode resultar em maior incidência de lesão
anos. O andar desajeitado até os 3 anos, assim como a cabeça gran- torácica.
de, causam quedas. Além disso, à medida que as crianças se movi- Existe aumento da lesão renal no trauma abdominal, mas me-
mentam, também ficam curiosas e começam a investigar os perigos nos lesões no fígado. As fraturas pélvicas e dos membros inferiores
da casa, como fios elétricos, água quente, objetos afiados, etc. As são menos prováveis. Ocorre menos lesão facial. Devido ao andar
quedas são o mecanismo mais comum abaixo dos 5 anos, mas são relativamente instável, a probabilidade de quedas é aumentada.
a causa de morte menos frequente. Ao atingirem a idade escolar, as Existe controvérsia quanto à mortalidade aumentada ou similar en-
lesões com bicicletas e as decorrentes de esportes tornam-se mais tre os pacientes obesos e os com sobrepeso. Alguns estudos iden-
comuns. Entre as crianças acima de 10 anos, as armas de fogo têm tificam a obesidade como um fator de risco independente para a
maior participação. mortalidade após o trauma (Duane et al., 2006; Neville et al., 2004)
A maioria das mortes decorrentes de trauma em crianças resul- e aumento da morbidade causada por bacteremia, infecções do
ta da lesão na cabeça. A anatomia da criança pequena propicia a le- trato urinário e respiratório (Bochicchio et al., 2006). Outros ainda
são cefálica. A cabeça constitui 20% da área da superfície corpórea afirmam que a idade e a gravidade da lesão estão mais associadas
no primeiro ano de vida. O centro de gravidade mais alto também com mortalidade do que com obesidade (Alban et al., 2006).
leva à perda de equilíbrio e lesão cefálica. Diante da pequena mas-
sa corporal da criança, a energia do impacto resulta na aplicação Abuso de Substância
de uma força maior por unidade de superfície corpórea. A criança A lesão associada ao abuso de substância foi documentada
possui menos massa muscular e, por isso, tem menor proteção. As desde 1500 a.C., no Egito, quando as pessoas eram alertadas de
lesões penetrantes podem ser mais profundas em razão da parede que a ingestão de cerveja poderia resultar em quedas e fraturas
muscular mais fina. de ossos (Soderstrom et al., 2001). O álcool tem sido associado a
Os comportamentos arriscados aumentam à medida que as até 10% das mortes por trauma, nas quais 40 a 50% são por colisão
crianças participam das atividades escolares. As bicicletas, os atro- de veículo a motor e até 67%, por incidentes relacionados com o
pelamentos e as colisões de veículos a motor são os principais trabalho e a casa. A intoxicação também está associada com o au-
mecanismos de trauma nos quais as crianças tomam decisões ar- mento da prevalência de atos violentos. Nas situações de violência
riscadas. Nesses casos, elas devem usar o cinto de segurança, o doméstica, a intoxicação é notificada em 66% dos casos e em 33%
capacete, respeitar a velocidade, olhar para os dois lados, manter da violência contra estranhos. A intoxicação também está presente
atenção ao tráfego, e outros. em 58% dos suicídios.
A mortalidade dos pacientes intoxicados é duas vezes maior do
Geriatria que entre os não intoxicados (Dischinger et al., 2001). O usuário
As quedas não intencionais são a principal causa de morte por crônico de drogas tem lesões significativamente mais sérias, em es-
trauma nos indivíduos a partir de 65 anos. Tal estimativa é acompa- pecial os homens.
nhada pelas colisões de veículos a motor como a segunda principal
causa. O trauma é a quinta causa de morte nos idosos (Ziglar et al.,
2004). AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO INICIAL
As queimaduras também são frequentes nessa população, ge- ÀS EMERGÊNCIAS
ralmente relacionadas ao uso de álcool, ao fumar na cama ou ao
fazer fogo. Com a diminuição da sensibilidade ao toque e dos recep-
Em 1976, ao sofrer um acidente com sua família, o cirurgião
tores de dor, o idoso também é suscetível a queimaduras com água
ortopédico Jim Styner pôde perceber quão inadequados eram os
quente e ao tocar em objetos quentes, como o fogão ou o forno.
cuidados em relação aos primeiros socorros de vítimas de traumas.
Os pacientes geriátricos estão em risco de quedas causadas
Depois dessa experiência, o médico desenvolveu o protocolo ABC-
pela instabilidade postural, a diminuição da coordenação e da força
DE do trauma, que passou a ser empregado em diversas regiões do
motora e as dificuldades de equilíbrio. Outros fatores incluem a his-
mundo a partir de 1978. Também nesse ano, o primeiro curso sobre
tória da moléstia atual, os medicamentos e a diminuição da reserva
o tema foi ministrado.
física. Em geral, os idosos têm menos probabilidade de lesões do
A importância do método desenvolvido por Jim Styner não de-
que as pessoas jovens, mas maior probabilidade de ter um resulta-
morou a ser reconhecida pelas autoridades médicas, uma vez que
do fatal. Os pacientes geriátricos de trauma têm menos probabili-
dade de morrer na cena do que os jovens e maior probabilidade de só com esses cuidados é possível realmente estabilizar o paciente,
morrer no hospital com lesões de menor gravidade. Os idosos que deixando-o mais seguro para o transporte e para quaisquer outras
sofreram trauma apresentam maior mortalidade e morbidade com intervenções que se façam necessárias. O protocolo tem como prin-
menor gravidade da lesão e menos instabilidade aparente (esco- cipal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em víti-
res elevados no Revised Trauma Score). As comorbidades influem mas de qualquer tipo de trauma.
no resultado, sendo que infarto do miocárdio e doença pulmonar
prévios levam a aumento da mortalidade após o trauma. Um ponto
positivo é que 80% dos pacientes idosos de trauma retornam ao
estado de saúde anterior (ATLS, 2004).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Como funciona o método comum que a temperatura do corpo baixe, deixando os cidadãos
Tomando como base os atendimentos na rede pública, pode- mais suscetíveis à hipotermia. Com isso, outros problemas podem
mos dizer que as causas externas representam uma boa parcela do surgir. Assim, antes da remoção da vítima para o atendimento, é
número de internações. Estão incluídos nesse número os usuários preciso garantir que sua temperatura esteja estável. Por isso, é pre-
do serviço que sofreram acidentes de trânsito, afogamentos ou fo- ciso ter mantas térmicas sempre à mão.
ram vítimas de quedas e agressões físicas, entre outras possibili-
dades. Todas essas causas externas são consideradas traumas. Por
SUPORTE BÁSICO DE VIDA
isso, durante o primeiro contato com a vítima, aplica-se o ABCDE a
fim de garantir sua estabilização, sendo que qualquer lesão maior
será monitorada com a devida atenção até a chegada a um hospital Segundo Oman e Naudé (2003) acidente é um evento não in-
ou centro de atendimento apropriado. tencional e evitável, possível de ocorrer em vários ambientes, como
no lar, trabalho, trânsito, escolas, esportes e lazer, podendo resul-
Etapas tar em lesões físicas e ou emocionais resultando em traumas. Os
Como o próprio nome já sugere, o método se divide em 5 eta- traumas que levem a lesões – alterações anatomo-fisiológicas, são
pas: A, B, C, D e E. Cada letra representa uma etapa cuja inicial se características importantes a serem reconhecidas por aqueles que
refere a um termo em inglês. Que tal conhecer uma a uma? queiram prestar os primeiros socorros a vítima (NAUDÉ,2003).
Diversas pesquisas apontam que nos países em desenvolvi-
A de airway (ou via aérea) mento as crianças com idade inferior a cinco anos de idade estão
Vias aéreas e controle da coluna cervical. Nessa primeira fase mais sujeitas aos acidentes domiciliares como quedas de tanque
do atendimento, o médico deve checar se o paciente está com as de lavar roupas, aspiração por corpo estranho - asfixia, choques por
vias aéreas desobstruídas. É importante verificar se não há corpos eletricidade por objetos colocados na boca, queimaduras e afoga-
estranhos impedindo a respiração, fraturas de face ou qualquer le- mento (BRICCIUS, 2004).
são na coluna cervical. Todo o processo deve ser tátil, verificando A cada ano, a população pediátrica gasta mais de 10 milhões
sinais de edemas ou sangramentos e observando se a vítima não de dias em cuidados médicos por causa de acidentes. Lesões cere-
emite qualquer som durante a respiração, tosse ou apresenta al- brais em crianças são comuns e resultam em enorme incapacitação,
guma agitação. Garantida a permeabilização, o colar cervical deve Segundo estimativas, 29.000 pessoas com idade entre 0 a 19 anos
ser colocado. sofrem lesões cerebrais graves, causando a perda das suas funções
biológicas que podem ser provisórias quando reabilitadas ou per-
B de breathing (ou respiração) manentes dependendo das lesões traumáticas (AMERICAM HEART
Respiração e ventilação. Depois de garantir a permeabilidade ASSOCIATION,1997).
das vias respiratórias, é preciso aferir se o cidadão está, de fato, res- Inúmeras pessoas morrem no local do acidente sem receber
pirando bem. Nesse ponto, é necessário observar os movimentos atendimento e pela demora do socorro ou pela inabilidade das pes-
do tórax, fazer auscultas a fim de eliminar qualquer lesão torácica soas que presenciam o acidente e/ou não apresentam reação, até
e, se necessário, utilizar métodos de ventilação mecânica para rees- mesmo atrapalhando aquelas que conhecem os procedimentos a
tabelecer a função. serem aplicadas, em contrapartida outras pessoas apresentam ini-
ciativa de prestar os primeiros atendimentos a vítima e transportar
C de circulation (ou circulação) em veículo próprio e não aguarda um socorro adequado, às vezes
Circulação com controle de hemorragia. Após os primeiros pro- pela demora do Serviço Médico de Emergência ou por despreparo,
cedimentos, é preciso impedir que a vítima entre em quadros como só que essa reação pode causar sequelas e levar à vítima a morte.
a hipovolemia (diminuição anormal do volume do sangue de um O Suporte Básico de Vida (SBV) é um conjunto de técnicas e
indivíduo), que podem trazer como consequência o choque hemor- procedimentos considerado o primeiro atendimento a ser empre-
rágico. Assim, apalpar, verificar o dorso e identificar de onde surgiu gado em vitimas que estejam correndo risco de vida, podendo re-
a hemorragia é o primeiro passo para sua contenção. Impedir que cebê-los na rua ou em ambiente doméstico.
o cidadão continue perdendo sangue durante o atendimento pode Cada uma das etapas do SBV surgiu no decorrer do processo
ser decisivo para que o óbito não aconteça. Nessa etapa também evolutivo, até mesmo na bíblia já havia relatos de procedimentos
são aferidos o nível de consciência, a coloração da pele, a frequên- com intuito de ressuscitar a vítima.
cia e a amplitude do pulso, a perfusão periférica, a pressão arterial Com o tempo o SBV foi se aperfeiçoando e hoje consiste de
e do pulso, ainda notando se há sudorese. etapas a serem seguidas em ordem pré-determinadas e que podem
ser executadas no próprio local do acidente, como o primeiro cui-
D de disability ou (ou incapacidade) dado prestado a vitimas de traumas que estejam correndo risco de
Exame neurológico sumário. Uma avaliação primária do nível vida. É também conceituado como um conjunto de procedimentos
de consciência da vítima deve ser determinada no momento do de emergência que podem ser executados por profissionais de saú-
primeiro atendimento para que, depois, seja encaminhada e classi- de ou por leigos treinados e justifica-se pela relevância tanto social
ficada pela Escala de Glasgow. A primeira verificação deve ser feita como econômica, pois pode contribuir para diminuição da co-mor-
pelo método AVDI: Alerta, resposta a estímulo Verbal, resposta a es- bidade e morbidade da população vítima de mal súbito, parada
tímulo Doloroso ou inconsciente aos estímulos. Depois da primeira cardiorrespiratória e por desobstrução das vias aéreas por corpo
classificação, o paciente deve passar por um novo teste ao chegar estranho (PERGOLA e ARAUJO, 2008).
na unidade de atendimento. O SBV ser de fácil aprendizagem e execução, sua divulgação é
importantíssima, pois quanto mais pessoas estiverem preparadas
E de exposure (ou exposição) para ajudar outras pessoas, haverá melhora nas estatísticas e uma
Exposição com controle da hipotermia. Para identificar fraturas redução significativa nas taxas de mortalidade tanto infantil como
e hemorragias, a vítima deve ser despida. Para facilitar o trabalho de adultos, o que será extremamente benéfico à sociedade como
e impedir novos traumas, corta-se a roupa. Nesse procedimento, é um todo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Os procedimentos de primeiros socorros, ou o Suporte Básico Depois de ligado, ele dá instruções verbais para o procedimen-
de Vida (SBV) podem determinar a diferença entre a vida e morte. É to a ser executado. Identifica automaticamente o ritmo cardíaco
um conjunto de medidas e procedimentos técnicos com o objetivo normal e as arritmias potencialmente letais (Fibrilação Ventricular-
de manter o suporte de vida à vítima até a chegada da equipe de FV e Taquicardia Ventricular- TV). Além de diagnosticar, ele é capaz
emergência. de tratá-las, através da desfibrilação (aplicação de corrente elétrica
Os procedimentos de emergência visam manter as funções que interrompe a arritmia, fazendo com que o coração retome o
vitais e evitar o agravamento de uma pessoa ferida, inconsciente ciclo cardíaco normal).
ou em perigo de morrer, até que ela receba assistência qualificada.
Este atendimento imediato poderá ser realizado por qualquer pes- Figura 2 - Ritmo cardíaco sinusal (normal)
soa habilitada.
Segundo o dicionário Aurélio, Urgência é a “qualidade do que
é urgente; necessidade imediata; aperto”. Em termos médicos é
quando há uma situação que não pode ser adiada, que deve ser
resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até
mesmo de morte.
Emergência é a circunstância que necessita de intervenção
imediata. Em situações de emergência, a avaliação da vítima e seu
atendimento devem ser prontamente realizados de forma objetiva
e eficaz.
O suporte básico de vida inclui o reconhecimento precoce de
pacientes com os primeiros sinais e sintomas de síndrome corona-
riana aguda, acidente vascular cerebral e obstrução de via aérea.
Inclui as manobras de reanimação cardiopulmonar nas vítimas de
parada e manobras de desobstrução de vias aéreas por corpo es-
tranho.

ETAPAS:
- Reconhecimento imediato da Parada cardiorrespiratória (PCR)
e acionamento do Serviço de Emergência;
- A reanimação cardiopulmonar precoce, com ênfase nas com-
pressões torácicas;
- Rápida desfibrilação com uso do desfibrilador externo auto-
mático (DEA);
- Suporte Avançado de vida eficaz; Figura 3 - Taquicardia Ventricular (TV) (anormal)
- Cuidados pós-PCR.
Desfibrilador Externo Automático - DEA
O Desfibrilador Externo Automático – DEA é um equipamento
eletrônico portátil que tem como função identificar o ritmo cardía-
co. A leitura automática é realizada através de pás adesivas que são
fixadas no tórax da vítima. Ele pode ser utilizado por público leigo,
com recomendação que o operador faça um curso de Suporte Bási-
co em parada cardíaca.
Este equipamento é autoinstrutivo, ou seja, tem todas as infor-
mações de como deve ser utilizado.

Figura 1 - DEA Figura 4 - Fibrilação Ventricular (FV) (anormal)

#ATENÇÃO:
O DEA não funcionará em caso de PCR, ele só funciona em ca-
sos de FV e TV. Portanto, após a análise do ritmo cardíaco, se ele
não comandar um choque, inicie a massagem cardíaca.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Usando o DEA Avaliando o pulso da vítima
A grande maioria de PCRs em adulto envolvem pacientes com A verificação do pulso deverá ser rápida, durando de 5 a 10
ritmo inicial de Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricu- segundos. Estenda o pescoço da vítima e posicione os dedos indi-
lar (TV) sem pulso, portanto a desfibrilação precoce e a compressão cador e médio sobre a proeminência laríngea. Faça então deslizar
torácica são necessárias. Se você tiver à sua disposição o DEA, de- lateralmente a ponta dos dois dedos executando uma leve pressão
verá utilizá-lo. sobre o pescoço até que se perceba a pulsação.
1. Posicionar as placas no tórax do paciente, conforme a indica-
ção nelas existente; Figura 6 - Checando pulso.
2. Ligar o aparelho, ele fará uma análise da situação da pessoa
e dará as instruções como:
a) Continue as compressões ou;
b) Compressões ineficientes (isso quer dizer que precisa de
mais vigor e velocidade) ou;
c) Afaste-se, para que o equipamento efetue o choque.

#ATENÇÃO:
Se você não tiver um DEA, mantenha as compressões torácicas
até a chegada de uma equipe de emergência.

Avaliação inicial da vítima


A avaliação inicial da vítima é uma etapa essencial para seu Se na avaliação inicial o socorrista não perceber o pulso, deve-
diagnóstico. Permite o inicio imediato das manobras de reanimação rá iniciar as compressões torácicas. O local correto da aplicação da
e o acionamento do serviço de urgência e emergência. Esta etapa massagem cardíaca é na linha mamilar, sendo a mão posicionada
deve ser realizada em qualquer situação de urgência. Passos: sobre o esterno, apoiando-se apenas nas palmas das mãos, evitan-
- A vítima está consciente? do-se o contado dos dedos com o tórax.
- Apresenta pulso? .
- A vítima esta respirando? Figura 7 - Compressão torácica.
- A via aérea está desobstruída?

As novas diretrizes da American Heart Association AHS (2015)


preconizam a sequência:
1. Massagem cardíaca;
2. Desobstrução de vias aérea;
3. Boa ventilação

Avaliando o estado de consciência da vítima


- Toque-a no ombro com delicadeza;
- Fale alto perto do ouvido da vítima “posso ajudar?”

Figura 5 - Avaliação inicial da vítima

Os braços do socorrista devem permanecer extendidos, com as


articulações dos cotovelos retas, transmitindo ao esterno da vítima
a pressão exercida pelo peso dos seus ombros e tronco. A pressão
aplicada deve ser suficiente para comprimir o esterno cerca de 5
cm (no adulto).

Iniciando as compressões torácicas


1. Ajoelhe-se ao lado da vítima;
2. Inicie a Ressuscitação Cardiopulmonar- RCP na frequência de
100 a 120 vezes por minuto, a uma profundidade: mínima de 2 po-
legadas (5 cm) e máximo 2,4 polegadas (6 cm);
Se o acidentado estiver consciente, é preciso tranquilizá-lo, 3. Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima e
transmitindo segurança; a outra mão sobre a primeira. Os dedos devem ser entrelaçados;
Se a vitima estiver inconsciente, coloque-a em uma superfície 4. Certifique-se de que os seus ombros estão acima do centro
dura, firme e plana. Se ela estiver em decúbito lateral ou ventral, o do tórax da vítima;
socorrista deve virá-la em bloco de modo que a cabeça, pescoço e 5. Cada vez que pressionar para baixo, deixe que o tórax re-
tronco movam-se simultaneamente, sem provocar torções. torne a posição inicial. Isto permitirá que o sangue flua de volta ao
coração;
6. As mãos devem manter-se sempre em contato com o tórax;
7. Continue as manobras até a chegada de ajuda.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Figura 8 - Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP) Figura 10 - Manobra de Jaw-Thrust

A função da RCP não é despertar a vítima, mas estimular a oxi-


genação e a circulação do sangue até que seja iniciado o tratamento
definitivo.
Respiração boca a boca
Abertura de via aérea em casos clínicos #ATENÇÃO:
- Em caso de vítima de PCR clínica, fazer a hiperextensão do Na literatura atual não é recomendada a realização de respira-
pescoço da vítima; ção boca a boca, devido ao risco do contato com secreções digesti-
- Em caso de vítima de PCR pós trauma, NUNCA fazer a hiperex- vas e respiratória. Recomendamos sempre o uso de uma barreira de
tensão do pescoço da vítima; proteção (máscara). Porém, neste manual explicaremos a técnica
- Colocar uma das mãos sobre a testa da vítima e a outra com para casos em que houver necessidade de realizar a manobra em
as pontas dos dedos na mandíbula; familiares.
- A mão que estiver espalmada na testa será a responsável pela - Incline a cabeça da vítima para trás e eleve-lhe o queixo (so-
maior parte da força, apenas para apoio e direção. mente em casos em que não há suspeita de trauma);
- Coloque a mão na testa da vítima. Comprima as narinas da
Figura 9 - Abertura de via aérea em caso clínico vítima com o seu polegar e indicador;
- Com a outra mão, mantenha o queixo elevado e deixe que a
boca se abra; Inspire normalmente, incline-se para frente e coloque
a sua boca completamente sobre a boca da vítima;
- Insufle ar para dentro da boca da vítima de forma homogênea
e ao mesmo tempo verifique se o tórax se eleva. Deixe que cada
insuflação dure cerca de 01 (um) segundo;
- Mantenha a cabeça da vítima para trás com a elevação do
queixo. Eleve a sua cabeça para verificar se o tórax abaixa;
- Inspire normalmente e faça uma 2ª insuflação;
- Reposicione as suas mãos adequadamente e continue com
mais 30 compressões torácicas;
- Recomenda-se o uso de máscara de proteção individual para
ressucitação.
Abertura de via aérea em casos de trauma
O socorrista deve se colocar atrás da cabeça da vítima, com os Figura 11 - Respiração boca a boca
cotovelos apoiados na superfície na qual ela está deitada. Se a boca
da vítima permanecer fechada, o queixo e o lábio inferior devem ser
retraídos com o auxílio dos polegares. A “manobra da mandíbula”
é indicada quando há SUSPEITA DE TRAUMA cervical. Ela deve ser
realizada sem dorso flexão excessiva da cabeça. Se após estas me-
didas a respiração não se instalar espontaneamente, deve-se dar
seqüência ao atendimento.

Resumo dos principais elementos de Suporte Básico de Vida


(SBV)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Principais Urgências Clínicas


É muito importante que a vítima de PCR receba atendimento imediato. É importante para a manutenção da vida e prevenção de se-
quelas se uma equipe treinada de socorristas estiver presentes no momento da PCR.
Existem outras alterações ou quadro clínicos que, se não socorridos a tempo, podem levar a vítima a ter consequências graves ou até
a morte. Algumas dessas são comuns em ambiente de laboratórios; por isso o socorrista deverá conhecer procedimentos de primeiros
socorros:
- Desmaio;
- Obstrução das vias aéreas superiores;
- Hemorragia de grandes volumes;
- Estado de choque (pressão arterial, etc);
- Convulsões;
- Envenenamento (intoxicações exógenas)
- Queimaduras em grandes áreas do corpo.

Desmaio
O “desmaio” é provocado por falta de oxigênio no cérebro. Automaticamente o cérebro reage com falta de força muscular, queda do
corpo e perda de consciência.
- Causas: Falta de alimentação (jejum), emoção súbita, ambiente fechado e quente, mudanças bruscas de posição, doenças (tumores
cerebrais) etc.
- Sintomas: palidez, suor, vista escura, perda do controle dos músculos, perda dos sentidos.

O que fazer:
* Se a vítima estiver acordada (consciente):
1. Sente-a, abaixe a cabeça e faça leve pressão na nuca para baixo ou deite a vítima e eleve suas pernas para facilitar o retorno venoso.
2. Chame por ajuda e leve-a a uma unidade de saúde.

* Se a vítima estiver inconsciente:


1. Realizar a avaliação inicial e chamar por socorro

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Figura 12 - Conduta em caso de vitima de desmaio Se a vítima não for socorrida a tempo ela poderá evoluir para
PCR. Existe um procedimento, chamado manobra de Heimlich, que
qualquer pessoa pode fazer na tentativa de retirar o corpo estranho
de uma vítima de engasgo. Para isto, o socorrista deverá estar trei-
nado e identificar os sinais de engasgo.

Figura 14 - Vitima de engasgo

Asfixia
Asfixia é a interrupção dos movimentos respiratórios e/ou obs-
trução da entrada de ar nas vias aéreas. Pode ser devido a:
- Corpo estranho;
- Afogamento;
- Estrangulamento;
- Soterramento; Figura 15 - Manobra de Heimlinch
- Obstrução por língua (muito comum nos idosos);

- Gases tóxicos;
- Choque elétrico;
- Venenos;
- Traumatismo na cabeça;
- Alergia e outros.

Desobstrução de vias aéreas


A obstrução da via aérea pela língua é a causa mais comum de
PCR em traumas crânio encefálico, choque e em situações clínicas
com paciente inconsciente. O relaxamento da língua da vítima em
decúbito dorsal impede a passagem de ar das vias aérea superiores
para as inferiores. A inconsciência também favorece o retorno do
conteúdo gástrico para a via aérea causando asfixia.
Quando a respiração for interrompida deve-se utilizar as mano-
bras de desobstrução, elevando o queixo e inclinando a cabeça da Manobras de Heimlich
vítima para trás ou, em caso de traumatismo realizar a manobra de Esta manobra poderá ser executada em pessoas de qualquer
elevação da mandíbula. As duas manobras já foram descritas acima. idade. Quando a vítima estiver consciente.
1. Apresente-se e explique o que será feito;
Figura 13 - Desobstrução de via aérea em caso de trauma 2. Posicionar-se atrás da vítima;
3. Posicionar a mão fechada abaixo do Apêndice Xifóide;
4. Colocar a mão oposta sobre a primeira;
5. Fazer quatro compressões firmes direcionadas para cima;
6. Se não obtiver sucesso e notar que a vítima está prestes a
desmaiar, coloque-a gentilmente no chão (ela vai perder a consci-
ência e pode evoluir para Parada Respiratória);
7. Estenda o pescoço da vítima, o que facilita a passagem do ar;
8. Abra-lhe a boca e tente visualizar algo que possa estar cau-
sando a
9. obstrução. Se possível retire o corpo estranho;
10. Se não for possível, iniciar as manobras de reanimação;
11. Peça ajuda sempre.

Obstrução de via aérea por corpo estranho Em mulheres grávidas ou vítimas obesas, nas quais o reanima-
Os sinais clássicos da vítima de engasgo são: dor tenha dificuldade em envolver o abdômen, devem ser realiza-
- Tosse (na tentativa de expelir o corpo estranho); das compressões no esterno (semelhante à manobra de RCP). Po-
- Agitação (sensação de morte); dem ser aplicadas em vítimas conscientes ou inconscientes.
- Levar as mãos à garganta (a vítima não consegue falar); Em crianças e Recém-Nascidos os engasgos podem ocorrer du-
- Dificuldades para respirar; rante a amamentação, a alimentação ou pela introdução acidental
- Mudança da cor da pele (cianose/arroxeado). de objetos na boca. O reconhecimento precoce da obstrução de
vias aéreas nesse público é indispensável para o sucesso no aten-
dimento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Técnica: Queimadura
1. Utilizar a região hipotenar das mãos para aplicar até 05 pal- Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com
madas no dorso do lactente (entre as escápulas); alguma fonte de calor ou frio, produto químico, corrente elétrica,
2. Virar o lactente segurando firmemente entre suas mãos e radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-vi-
braços (em bloco); va, urtiga), entre outros. Se a queimadura atingir 10% do corpo de
3. Aplicar 05 compressões torácicas, como na técnica de rea- uma criança ela corre sério risco. Já em adultos, o risco existe se a
nimação cardiopulmonar (comprima o tórax com 02 dedos sobre o área atingida for superior a 15%.
esterno, logo abaixo da linha mamilar). As queimaduras podem ser classificadas quanto ao:
1. Agente causador;
Figura 16 - Manobra de Heimlich em bebês 2. Profundidade ou grau;
3. Extensão.

* Agente causador
1. Físicos:
- Temperatura: Vapor, objetos aquecidos, água quente, chama,
gelo, etc.
- Eletricidade: Corrente elétrica, raio, etc.
- Radiação: Sol, aparelhos de raios X, raios ultra-violetas, nu-
cleares, etc.

2. Químicos:
- Produtos químicos: São provocadas por substâncias químicas
em contato com a pele: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc.

3. Biológicos
- Animais: Lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc.
- Vegetais: O látex de certas plantas, urtiga, etc.
Figura 17 - Manobra de Heimlich em crianças
* Profundidade ou grau
1. 1º grau: Atingem as camadas superficiais da pele. Apresen-
tam vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação
de bolhas; Exemplo: queimadura de sol.
2. 2º grau: Atingem as camadas mais profundas da pele. Apre-
senta bolhas, pele avermelhada ou com coloração variável, dor, in-
chaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de
choque;
3. 3º grau: Atingem todas as camadas da pele e podem chegar
aos músculos e ossos. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele
branca ou carbonizada.

* Extensão
Quanto à extensão, as queimaduras são calculadas por área
queimada, quanto maior a área atingida, mais severa é a queima-
dura.
Figura 18 - Gestante 1. Baixa extensão: Menos de 15% da superfície corporal atin-
gida;
2. Média extensão: Entre 15 e 40% da superfície corporal atin-
gida.

Cuidados gerais para todas as queimaduras


- Em queimaduras de pequena extensão: colocar a parte quei-
mada debaixo da água corrente fria, em jato suave, por aproxima-
damente, 10 (dez) minutos. Compressas úmidas e frias também são
indicadas;
- Em caso de queimaduras extensas, colocar a vitima debaixo
do chuveiro durante 30 minutos. Após este período, retire as roupas
molhadas e proteja seu corpo com um lençol ou pano limpo. Não
retirar roupas aderidas;
- Retire também os adornos (pulseiras, anéis e outros).
- As queimaduras provocam edema. No caso de agentes quí-
micos, retirar a roupa ou parte dela que estiver contaminadas pela
substância causadora. Lave a queimadura por no mínimo 30 minu-
tos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Em caso de vestes pegando fogo não permita que pessoa cor- 2. Tórax Instável
ra, pois pode aumentar as chamas. O tórax instável é uma situação peculiar e pouco frequente no
- Abafe com um cobertor para apagar as chamas ou role o aci- qual observa-se fratura de três ou mais arcos costais contíguos, em
dentado no chão. dois pontos de cada uma das costelas ou ainda fraturas que envol-
vem a junção condrocostal. Em ambos os casos o resultando é em
No caso de queimaduras de 2º grau em grandes extensões do um fragmento da parede torácica isolado dos demais.
corpo, por calor, substâncias químicas ou eletricidade, a vítima ne- Os objetivos básicos do tratamento são fornecer oxigênio, anal-
cessita de cuidados médicos urgente. gesia e limpeza adequada da árvore traqueobrônquica, utilizando
- Nunca toque a queimadura com as mãos sem proteção; broncoscopia, se necessário. Não há evidências científicas suficien-
- Nunca fure bolhas; tes sobre o uso de métodos de compressão torácica, o que pode
- Nunca tente descolar tecidos grudados na pele queimada; agravar a situação, devido a perda de capacidade vital pulmonar,
- Nunca retire corpos estranhos ou graxa do local queimado; contribuindo assim para a formação de atelectasias e alteração da
- Nunca coloque manteiga, pó de café, creme dental ou qual- mecânica respiratória.
quer outra substância sobre a queimadura; O tratamento padrão consiste em ventilação mecânica (VM),
- Nunca dê água para vítima de queimadura extensa; também conhecida como “fixação interna”. Com ela, a parede to-
- Não use gelo diretamente sobre a área queimada. O gelo po- rácica é estabilizada até que se desenvolva fibrose perilesional, o
derá agravar mais a queimadura; que geralmente ocorre durante as primeiras três semanas após o
- Somente dê água para as vitimas conscientes com queimadu- trauma torácico.
ra de 1º ou 2º grau de pequena extensão. Em alguns pacientes com tórax instável, porém com estabali-
- Encaminhe a vítima para uma unidade de saúde, onde será dade hemodinâmica, a ventilação mecânica não invasiva no modo
indicado o tratamento necessário. CPAP demonstrou ter menos complicações e mortalidade do que a
VM convencional.
Queimadura nos olhos é sempre grave. O benefício imediato da fixação cirúrgica é pequeno, seja em
As queimaduras nos olhos (térmicas e químicas) devem ser en- termos de morbidade, mortalidade e recuperação funcional. Os
caminhadas com urgência para um atendimento oftalmológico. pacientes que mais se beneficiam da intervenção são aqueles com
- Queimadura térmica: cubra os olhos da vítima com compres- lesões anterolaterais e aqueles nos quais a intubação prolongada
sa umedecida e encaminhe a uma unidade de saúde. pode causar mais complicações. A intervenção é recomendada nos
- Queimadura por substâncias químicas: lave imediatamente casos em que a única causa para a manutenção da VM é o tórax ins-
com água corrente (lava olhos) por mais de 15 minutos. Em seguida tável, assim como naqueles que necessitam de cirurgia para outras
encaminhar a um Pronto Socorro Oftalmológico. causas, ou ainda naqueles com destruição importante de costelas,
também conhecida como “toracoplastia de trauma”.
Prestar socorro não significa somente aplicar procedimentos e
técnicas, mas principalmente solicitar ajuda, verificar a situação da 3. Traumatismo Pulmonar
vítima e as condições do local onde ela se encontra. Em diversas situações, o parênquima pulmonar é acometido de
O treinamento em primeiros socorros não deve ficar focado forma abrupta, seja por transmissão de alta energia como nos trau-
apenas nos profissionais de saúde, mas deve abranger os demais mas contusos, ou mesmo por ação direta nos traumas penetrantes.
membros da Universidade, uma vez que qualquer pessoa pode pre- Quando ocorre laceração do pulmão, observa-se ruptura do parên-
cisar de ajuda, seja no local de trabalho, no trânsito ou no próprio quima, levando ao preenchimento do espaço aéreo com diferentes
lar. graus de hemorragia, de forma localizada ou difusa.
A capacitação do leigo para atendimento precoce em situações Nestes casos, suturas simples e ressecções não anatômicas das
de urgência é fundamental para salvar vidas e prevenir sequelas, áreas lesionadas podem ser suficientes para a resolução de lesões
sendo esta a melhor maneira de reduzir os índices de traumas e periféricas. Todavia, para lesões mais profundas que comprometem
óbitos vivenciados. vasos de maior calibre e brônquios ou vasos hilares, podem ser ne-
cessárias lobectomia e até pneumonectomia.
Em algumas situações, a tractotomia, que consiste na abertura
do trajeto lesado e síntese, pode ser útil quando as lesões estão
TRAUMA TORÁCICO situadas na parte mais profunda do lobo. Nestas situações, usual-
mente seriam necessária a realização de um lobectomia. Com esta
Torácico Traumatismo da Parede Torácica técnica (tractotomia), consegue-se o “controle da lesão pulmonar”
e acesso rápido às causas de hemorragia ou vazamento de ar. As-
1. Fraturas das Costelas sim o dano é controlado e a necessidade de lobectomia pode ser
As fraturas de costela (FC) são consideradas um importante evitada.
indicador de gravidade, especialmente quando são observadas fra- A abordagem mais utilizada é a toracotomia ântero-lateral,
turas da 1a e/ou 2a costelas, denotando alta energia implicada no pois permite acesso rápido ao hilo pulmonar e aos vasos da base
acidente, podendo trazer relação com lesões mediastinais, neuro- do coração. Para evitar a passagem do sangue para o pulmão sau-
lógicas, vasculares e até mesmo extratorácicas. Mais comuns são as dável, um bloqueador brônquico é útil quando colocado através de
fraturas da 3a a 9a costelas, porém fraturas de costelas inferiores (a um tubo orotraqueal. O controle do hilo pulmonar por pinçamen-
partir da 8a costela) podem estar associados a trauma abdominal. to, mesmo que manualmente, pode ser necessário em lacerações
profundas.
Hematoma pulmonar pode iniciar a partir de um sangramento
parenquimatoso, porém geralmente não interfere nas trocas gaso-
sas. Por outro lado, podem infectar, levando ao abscesso pulmonar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Este, pode ser impercetível inicialmente, e espera-se que possa A radiografia de tórax é o exame inicial, porém o ultrasson ou a
ser identificado na radiografia de tórax até 24 a 72 horas após o tomografia de tórax apresentam maior sensibilidade. O uso indiscri-
trauma. A TC de tórax é mais precisa para o diagnóstico. A evolução minado da tomografia de tórax nos traumas torácicos fez com que
natural do hematoma leva à reabsorção em 3-4 semanas, embora fossem observados aumento no diagnóstico de hemotórax oculto,
em alguns casos o encapsulamento e a fibrose sejam produzidos. mas impacto clínico disso ainda não foi determinado. A tomografia
Contusões pulmonares podem ter uma apresentação isolada é importante na avaliação do hemotórax retido ou no hemotórax
ou evoluir com hemorragia e edema alveolar, levando a hipoxemia tardio e na definição de cirurgia nestes casos.
e comprometimento da complacência, evpor consequência, insu- Em até 80-90% dos casos, o hemotórax é resolvido com a co-
ficiência respiratória. Na TC são observados infiltrados irregulares locação de um dreno intra pleural. Os casos onde a toracotomia
que tendem à coalescência nos primeiros dias. de emergência deve ser realizada baseiamse no volume inicial de
Mesmos nas contusões menores, a internação é aconselhável, sangue drenado, no ritmo de perda de sangue e na hemodinâmica
visando para manter a oxigenação adequada, fluidificação das se- do paciente. Está indicada quando o volume do sangramento inicial
creções e ventilação, e até mesmo a VM não invasiva quando neces- é maior que 1.000-1.500 mL de imediato, ou volumes menores que
sário. O uso de antibióticos como profilaxia e corticosteroides não produzem alteração hemodinâmica, ou ainda uma drenagem contí-
demonstrou eficácia alguma. nua maior que 300 mL/hora nas primeiras três horas.
Um risco de morte três vezes maior foi relatado no sangramen-
Acumulações no Espaço Pleural to total nas primeiras 24 horas de 1.400 mL quando comparado
com outro de 500 mL. A videotoracoscopia precoce pode ser indi-
1. Pneumotórax Traumático cada em casos de hemotórax persistente em pacientes hemodina-
Aproximadamente 20% dos pacientes que sofreram trauma de micamente estáveis.
tórax desenvolvem pneumotórax ou hemo-pneumotórax, sendo o No caso do hemotórax retido, a videotoracoscopia realizada
tratamento do pneumotórax traumático a drenagem pleural (DP). precocemente pode reduzir os dias de drenagem, a permanência
Em casos selecionados, quando o pneumotórax é de pequeno vo- hospitalar e os custos hospitalares. Também poderia evitar o desen-
lume, sem repercussão clínica e sem necessidade de VM, existe a volvimento de empiema pleural (PE), mas não há estudos que ava-
possibilidade de manter o paciente sem a drenagem pleural, inter- liem especificamente esse resultado. Até o momento, o momento
nado e sob observação. em que a intervenção deveria ocorrer não foi esclarecido, embora
Por outro lado, a cirurgia deve ser indicação nos casos de vaza- nos primeiros dez dias após o trauma pareça ser um limite razoável.
mentos de ar prolongados ou na ausência de expansão pulmonar O uso de fibrinolíticos no hemotórax retido não foi suficientemente
total. estudado.

2. Pneumotórax Hipertensivo 5. Quilotórax Traumático


O diagnóstico deve ser estabelecido de imediato, através da A ruptura traumática do ducto torácico é rara. Foi descrito as-
história clínica e mecanismo de trauma, associado ao exame clínico: sociado a fraturas da clavícula, trauma esofágico e trauma na co-
dispnéia aguda, dor torácica, taquicardia, turgência jugular e hipo- luna vertebral. Geralmente é resolvido espontaneamente duas ou
tensão arterial. Hipertimpanismo à percussão simples, ausência de três semanas após o acidente. O tratamento baseia-se na drenagem
murmúrio vesicular. pleural e no suporte nutricional com a abstenção de triglicerídeos
O tratamento deve ser imediato, sem esperar pela confirmação de cadeia longa. A ligação do ducto torácico é a solução em casos
radiológica, através da descompressão do espaço pleural, transfor- sem resposta ao tratamento conservador. A pleurodese por talco
mando um pneumotórax hipertensivo em pneumotórax aberto. é uma alternativa em pacientes que não são candidatos à cirurgia.
Uma agulha de grande calibre inserida no 2o espaço intercostal
na linha hemi-clavicular permite a descompressão com segurança. 6. Trauma da Via Aérea
Posteriormente, o tratamento definitivo através da drenagem pleu- Lesões iatrogênicas da via aérea podem ser produzidas após
ral deve ser instituído intubação orotraqueal, traqueostomia ou procedimentos endoscó-
picos. Aquelas que são de origem traumática podem ocorrer mais
3. Pneumotórax Aberto frequentemente após trauma torácico fechado, com uma incidên-
Secundário a um traumatismo penetrante, por uma solução de cia que varia entre 0,5% e 3%. Em nosso meio, traumas causados
continuidade da parede torácica, onde há passagem do ar para o por esfaqueamento ou tiro são bastante são comuns.
interior da cavidade torácica. A ventilação é seriamente afetada, le- Nas lesões de origem iatrogênica, o trauma das vias aéreas é
vando a hipóxia e hipercapnia. Inicialmente, o fechamento do defei- geralmente visto na forma de lacerações da face membranosa da
to deve ser assegurado, e isso pode ser feito provisoriamente com traquéia cervical. Pode haver também rupturas cartilaginosas com
uma bandagem oclusiva estéril denominado curativo de três pon- lesões da traqueia torácica ou dos brônquios (principalmente do
tas. Isso permite que o fluxo de ar seja unidirecional de dentro da brônquio direito). O teste diagnóstico básico é a broncoscopia, que
cavidade pleural para o meio externo, impedindo o fluxo contrário. localiza e avalia a lesão e auxilia na orientação da colocação do tubo
O tratamento definitivo é feito através de uma drenagem pleural endotraqueal e na garantia da via aérea. O tratamento clínico con-
fechada. servador é uma alternativa eficaz em alguns casos, especialmente
em lesões iatrogênicas da membrana com menos de 3 cm. O uso de
4. Hemotórax antibióticos profiláticos parece razoável para evitar a mediastinite.
A presença de sangue na cavidade pleural (hemotórax) pode A estenose cicatricial está presente em 2 a 3% dos pacientes
ser decorrente de lesões do parênquima pulmonar – que tendem operados, e pode ser necessário aplicar tratamentos como dilata-
a resolver com a drenagem pleural e expansão pulmonar –, ou do ções, endopróteses, laser e reconstrução cirúrgica.
coração e vasos - o que demandam a toracotomia de emergência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
7. Traumatismo do Mediastino O uso de dobutamina no controle da hipotensão e sobrecarga
A contusão cardíaca é o trauma cardíaco fechado mais frequen- de volume só deve ser aplicado em pacientes hipovolêmicos, pois
te. Geralmente se origina no ventrículo direito devido à sua proxi- em outros pode agravar o tamponamento. A solução definitiva para
midade com a caixa torácica anterior. As lesões valvares geralmente a lesão cardio-pericárdica é a intervenção cirúrgica por toracotomia
afetam as cordas tendíneas e os músculos papilares do aparelho ou esternotomia para exploração cardíaca. Isso deve ser feito ime-
subvalvar e é a valva aórtica que é mais frequentemente lesada. A diatamente se a pericardiocentese for confirmada ou fortemente
ruptura miocárdica representa a lesão mais grave e pode ser a cau- suspeita.
sa de morte imediata ou causar tamponamento cardíaco. A ruptura
do septo interventricular é menos frequente. 8. Trauma dos Grandes Vasos Mediastinais
As rupturas valvares ou do septo interventricular causam insu- Em casos de ruptura destes vasos, produz-se uma hemorragia
ficiência cardíaca aguda. As contusões podem ser assintomáticas e maciça com óbito na cena do trauma. Aqueles que conseguem che-
passar despercebidas ou apresentar uma dor do tipo anginosa, que gar vivos ao hospital, geralmente apresentam uma laceração con-
piora com a respiração. Os níveis séricos de troponina-I e troponi- tida pela adventícia do vaso, e devem ser manejados por equipe
na-T têm baixa sensibilidade, embora os níveis normais na ausência experiente.
de alterações no eletrocardiograma possam ter um valor preditivo
negativo de 100%. 9. Trauma do Diafragma
A radiografia simples de tórax pode demonstrar alargamento Rupturas menores, especialmente secundárias a feridas pene-
da silhueta cardíaca e fratura do esterno, denotando lesão torácica trantes e que afetam o hemidiafragma direito, são ainda mais difí-
anterior de alto impacto. A ultrassonografia com Doppler é o proce- ceis de diagnosticar.
dimento diagnóstico de escolha. Uma vez diagnosticada, as lacerações diafragmáticas devem
Contusão cardíaca com poucas repercussões clínicas meramen- ser reparadas. Dado que na maioria dos casos também há lesões
te requer observação. Se aparecerem arritmias, o tratamento é in- no abdome, a laparotomia é considerada a abordagem inicial nos
dicado. Se houver instabilidade hemodinâmica, a pressão venosa e casos agudos. A toracotomia é reservada para casos com lesões tra-
da artéria pulmonar deve ser monitorada, enquanto o débito cardí- táveis no tórax, como hemotórax maciço ou suspeita de lesão cardí-
aco deve ser controlado quando da administração de fluidos e ino- aca. Também é útil em casos de ruptura do hemidiafragma direito,
trópicos. Em algumas circunstâncias, um balão de contrapulsação onde o fígado pode complicar a reparação através do abdome. A
intra-aórtico (BIA) pode ser necessário. Anticoagulação é reservada videotoracoscopia tem sido utilizada para confirmação do diagnós-
para aqueles casos com trombos intraventriculares ou se a cirurgia tico em pacientes estáveis; em mãos experientes, também pode ser
com circulação secundária é necessária. terapêutico
As indicações para cirurgia são hemopericárdio, por ruptura
cardíaca ou de artéria coronária, e lesões valvares graves ou fístu- 10. Trauma Esofágico
las interventriculares que provocam instabilidade hemodinâmica Comprometimento esofágico nos traumas são raros, geralmen-
incontrolável. te são secundários a lesões penetrantes, sendo o pescoço a área
Traumatismos cardíacos penetrantes causados por esfaquea- mais frequentemente afetada. Os sintomas geralmente são inespe-
mento ou por ferimentos de arma de fogo são comuns em nosso cíficos, ocasionalmente passando despercebidos. A dor constante
meio e podem evoluir com perda maciça de sangue. pode não aparecer até algumas horas após a produção da lesão.
A esternotomia mediana é o acesso padrão ao coração, mas Outras manifestações clínicas, como dispnéia, tosse e hematêmese,
a toracotomia ântero-lateral submamária esquerda oferece acesso podem ser confundidas no centro de um politraumatizado.
mais rápido e confortável. Após a abertura do pericárdio, a lesão A radiografia simples pode ser normal ou encontrar enfisema
miocárdica dve ser suturada com monofilamento suportado por um mediastinal e cervical. A TC helicoidal é mais específica para a de-
retalho de material bioprotético. tecção do enfisema mediastinal e pode ser completada com a admi-
A toracotomia submamária de emergência é reservada para nistração oral de contraste hidrossolúvel. O esofagograma é o teste
pacientes que apresentam sinais vitais na chegada ao pronto-socor- diagnóstico de escolha quando há alta suspeita de perfuração. A
ro, a fim de controlar a lesão, realizar manobras de ressuscitação e endoscopia digestiva só é indicada se houver dúvidas diagnósticas.
transferir o paciente para a sala de cirurgia. Mesmo assim, a sobre- O tratamento cirúrgico nas primeiras 24 horas após a perfura-
vivência é limitada. ção é a melhor opção. Dentro deste prazo, a taxa de mortalidade
O tamponamento cardíaco é uma situação que geralmente média é de 20%, embora possa chegar a mais de 60% se for deixada
ocorre em lesões pontiagudas que penetram na cavidade cardíaca, por mais tempo. A cirurgia consiste em amplo desbridamento e fe-
embora também possa ocorrer em casos de ferimentos por arma chamento primário em duas camadas: mucosa e muscular, cober-
de fogo e em trauma torácico fechado. A tríade de Beck e o sinal de ta por um enxerto bem vascularizado (pleura, músculo intercostal,
Kussmaul são dados específicos do exame físico, mas podem não etc.). O repouso esofágico é obtido com um tubo esofágico para
estar presentes ou serem difíceis de encontrar. Nesses casos, de- aspiração acima da sutura e um tubo gastrojejunal percutâneo de
ve-se atentar para dados objetivos que possam determinar o diag- duplo lúmen para evitar vômito e refluxo gástrico e permitir a nutri-
nóstico. ção enteral através da sonda jejunal.
A pericardiocentese é indicada nos casos em que não há res- As perfurações mais complicadas tratam-se por meio de desbri-
posta às medidas de reanimação e quando a suspeita de tampona- damento mediastinal e drenagem ou fistulização direcionado com
mento cardíaco é alta, por ser uma medida transitória muito eficaz. o tubo T de Kehr. Outra possibilidade é a exclusão esofágica com
Uma janela de pericárdio subxifoide é uma boa alternativa, mas isso o uso de grampeamento automático com grampos absorvíveis no
deve ser realizado na sala de cirurgia por um cirurgião experiente. pescoço e no cárdia, para posterior restabelecimento da comuni-
cação. Em todos os casos, deve haver ampla cobertura antibiótica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
11. Corpos Estranhos Intra-Torácicos Secundários ao Trauma Normalmente, 50% da quantidade de líquido corpóreo se loca-
Inicialmente, pode haver corpos estranhos impactados no tó- lizam na célula, 40% estão no interstício, 5%, nos vasos e os outros
rax secundário ao trauma torácico. Se forem grandes e o pacien- 5% compõem os ossos. Essa distribuição dos líquidos intersticial e
te estiver em situação instável, devem ser extraídos por meio de vascular é mantida às custas da existência de uma hidrodinâmica
toracotomia. Se os corpos estranhos forem enterrados em alguma entre esses dois meios, que mantêm uma troca equilibrada desses
parte do tórax e o momento agudo tiver passado, sua extração de- líquidos. O movimento do líquido do sistema intravascular para o
pende de vários fatores. Se eles são grandes, localizados perto das interstício ocorre, em grande parte, devido à ação da pressão hi-
estruturas vitais e causam sintomas, é preferível extraí-los usando drostática do sangue. Essa saída do líquido do vaso se localiza na
toracotomia. Essa intervenção também deve ser realizada se esti- extremidade arterial da rede vascular. O seu retorno do interstício
verem localizados em situação intravascular, devido à possibilidade para o vaso se dá, principalmente, às custas da pressão oncótica
de migração. sanguínea, aumentada na porção venosa. Durante essa dinâmica,
fica uma certa quantidade de líquido residual nos interstícios. Esse
12. Trauma Torácico Grave líquido é drenado pelos vasos linfáticos, retornando depois para o
O exame primário deve começar com a via aérea, estabelecen- sistema vascular.
do a existência de lesões ou obstruções por corpos estranhos. A O desequilíbrio entre os fatores que regem essa hidrodinâmica
orofaringe deve ser examinada para verificar se há lesões laríngeas. entre interstício e meio intravascular é que origina o edema. Esses
Na exploração desse tipo de lesão, é importante verificar a qualida- fatores compreendem a pressão hidrostática sanguínea e intersti-
de da voz do paciente e avaliar a presença do estridor. No trauma cial, a pressão oncótica vascular e intersticial e os vasos linfáticos:
cervicotorácico, o pescoço e a articulação esternoclavicular devem 1) Pressão hidrostática sanguínea: quando essa pressão au-
ser cuidadosamente examinados, pois uma luxação posterior pode menta, ocorre saída excessiva de líquido do vaso, situação comum
obstruir a via aérea. em estados de hipertensão e drenagem venosa defeituosa (por
Outra parte básica da revisão primária é a avaliação da respira- exemplo, em casos de varizes, insuficiência cardíaca etc).
ção enquanto examina o paciente (movimentos respiratórios, fre- 2) Pressão hidrostática intersticial: se diminuída essa força, o
quência respiratória, ritmo, presença de cianose) para descartar a líquido não retorna para o meio intravascular, acumulando-se in-
hipóxia. tersticialmente.
A avaliação inicial da circulação envolve palpar o pulso do pa- 3) Pressão oncótica sanguínea: a redução da pressão oncótica
ciente (frequência e regularidade) e a inspeção da circulação pe- provoca o não deslocamento do líquido do meio intersticial para o
riférica (coloração e temperatura da pele). É importante verificar interior do vaso. Essa variação da pressão oncótica é determinada
o pescoço veias para distensão (se houver hipovolemia e tampo- pela diminuição da quantidade de proteínas plasmáticas presentes
namento cardíaco ou pneumotórax hipertensivo, eles não podem no sangue.
ser distendidos). A pressão arterial e o pulso devem ser medidos 4) Pressão oncótica intersticial: um aumento da quantidade de
com os métodos de monitoramento correspondentes. Trauma de- proteínas no interstício provoca o aumento de sua pressão oncó-
vido a desaceleração súbita e trauma torácico central pode acarre- tica, o que favorece a retenção de líquido nesse local. Além disso,
tar lesões miocárdicas causando arritmia, especialmente se houver o aumento dessa força contribui para a dificuldade de drenagem
acidose e hipóxia. Contrações ventriculares prematuras e atividade linfática na região.
elétrica sem pulso ou dissociação eletromecânica (ritmo no eletro- 5) Vasos linfáticos: se a função destes de drenagem dos líquidos
cardiograma, mas com ausência de pulso) podem ser encontradas estiver comprometida, pode surgir o edema. Esse quadro é obser-
em tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, choque vado, por exemplo, em casos de obstrução das vias linfáticas (ex.
hipovolêmico e até mesmo em ruptura cardíaca.1 elefantíase).
6) Acúmulo de sódio no interstício: ocorre quando há ingestão
de sódio maior do que sua excreção pelo rim; o sódio em altas con-
centrações aumenta a pressão osmótica do interstício, provocando
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS maior saída de água do vaso.
Os edemas podem aparecer sob duas formas: localizado e sis-
As alterações circulatórias estão relacionadas com distúrbios têmico. O exemplo clássico de edema localizado é o edema inflama-
que acometem a irrigação sanguínea e o equilíbrio hídrico. tório, cuja constituição é rica em proteínas. Daí o líquido desse tipo
Essas alterações são comuns na clínica médica, podendo mui- de edema ser denominado de “exsudato”. O edema inflamatório
tas vezes ser causa de morte. Os fluidos do corpo transitam por três está descrito no capítulo sobre Inflamações.
compartimentos: intracelular, intersticial e intravascular. Esses com- O edema sistêmico é formado por líquido com constituição
partimentos encontram-se em homeostase; quando há rompimen- pobre em proteínas. Esse líquido é denominado de “transudato”,
to desse equilíbrio, surgem alterações, que comumente podem ser estando presente, por exemplo, no edema pulmonar. O significa-
agrupadas dentro dos distúrbios circulatórios. do clínico dos edemas sistêmicos reside no fato de que a presen-
Compreendem alterações hídricas intersticiais (edema), altera- ça desses líquidos pode originar infecções, trazendo complicações
ções no volume sanguíneo (hiperemia, hemorragia e choque) e al- maiores para o local afetado. Assim, os edemas pulmonares podem
terações por obstrução intravascular (embolia, trombose, isquemia originar pneumonias e insuficiência respiratória; o edema cerebral,
e infarto) por sua vez, pode ser mortal.

EDEMA - “Acúmulo de líquido no tecido intercelular (intersti-


cial), nos espaços ou nas cavidades do corpo”.
O edema é resultado do aumento da quantidade de líquido nos
meio extracelular, sendo externo aos meio intravascular.

1 Fonte: www.saude.es.gov.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
HIPEREMIA OU CONGESTÃO - “Aumento do volume de sangue A trombose pode evoluir para a sua total lise (devido à ação
em uma região por intensificação do aporte sanguíneo ou diminui- do sistema fibrinolítico da hemostasia), sofrer deslocamento ou
ção do escoamento venoso”. embolização, calcificar-se (calcificação distrófica) ou organizar-se (é
Ao contrário da isquemia, a lesão tecidual de causa hiperêmica invadido por capilares e fibroblastos, sofrendo recanalização). Além
é resultado de uma excessiva quantidade de sangue no local, inun- da embolia, o trombo pode obstruir as vias sanguíneas, levando à
dando essa região. A intensificação do aporte sanguíneo, citado no morte celular da região irrigada (isquemia e infarto).
conceito, caracteriza a hiperemia do tipo arterial ou ativo. O grande Os trombos podem:
volume de sangue presente nesse caso provoca eritema, pulsação - Diminuir ou obstruir o fluxo sanguíneo, causando lesão isquê-
local e calor. A hiperemia é acompanhada de prévia isquemia ou mica entre órgãos e tecidos.
pode estar sob a tríade isquemia-hiperemia-inflamação. - Deslocar-se e fragmentar-se, criando êmbolos.
A diminuição do escoamento venoso, também causa citada da O êmbolo é uma massa sólida, líquida ou gasosa carregada pela
hiperemia, caracteriza esta agora como sendo do tipo venoso ou circulação sanguínea para algum local remoto à origem ou de seu
passivo: nesse caso, não há retirada do sangue da zona em questão. ponto de entrada dentro do sistema cardiovascular. A maior parte
A hiperemia venosa pode provocar edema, estase sanguínea, hiper- dos êmbolos se origina de trombos.
pigmentação, proliferação fibrosa etc.
As causas de cada tipo de hiperemia estão citadas abaixo: HEMOSTASIA NORMAL
Hiperemia arterial: órgãos em atividade, inflamação, queima- A trombose é, até certo ponto, uma extensão patológica do
duras, radiação, venenos. mecanismo hemostático normal. Ela depende de 3 importantes fa-
Hiperemia venosa: interferência na drenagem venosa devido a tores:
doenças primárias ou secundárias a região. - Parede vascular com seu revestimento endotelial + tecido
conjuntivo subendotelial.
TROMBOSE - “Coagulação intravascular do sangue em um in- - Plaquetas - essencial para formação do trombo
divíduo vivo”. - Proteínas solúveis de coagulação presentes no plasma e em
A trombose consiste em uma alteração circulatória oriunda de certas células em formas inativas, mas posicionadas para serem
uma reação hipermétrica (heterométrica) do sistema de coagulação acionadas ao longo de uma cascata que termina no depósito do
ou de hemostasia. produto final, a fibrina.
Diante de uma lesão vascular, esse sistema de coagulação entra
em ação a fim de evitar o extravasamento sanguíneo. O aumento na Eventos da Hemostasia:
intensidade de ação desse sistema, aliado à diminuição da velocida- 1) Com a lesão vascular há um breve período de vasoconstri-
de sanguínea, induz a formação de um tampão sólido — o trombo ção, o qual nos pequenos vasos (arteríolas) serve para reduzir a
— anormal que, ao mesmo tempo que exerce sua função selante, perda de sangue.
impede também o bom funcionamento dos vasos e da circulação 2) A lesão de células endoteliais expõe o tecido conjuntivo su-
sanguínea, tal a sua grande proporção. Daí o nome trombose, indi- bendotelial altamente trombogênico, ao qual as plaquetas se ade-
cativo de uma formação anormal do trombo no vaso. rem e sofrem ativação por contato, isto é, uma alteração na forma,
A origem da trombose é multifatorial, com vários eventos re- uma reação de liberação e maior agregação de mais plaquetas. Essa
lacionados às transformações circulatórias decorrentes de lesões reação plaquetária ocorre dentro de minutos da lesão e é chamada
vasculares agindo concomitantemente. Assim, modificações ana- hemostasia primária.
tômicas da parede vascular podem originar um fluxo sanguíneo 3) Quase que simultaneamente, a liberação de fatores no lo-
turbulento (como, por exemplo, as placas de ateroma na ateros- cal da lesão, em combinação com os fatores plaquetários ativa a
clerose), levando à periferização de plaquetas, que imediatamente seqüência plasmática de coagulação, formando fibrina. Isso exige
aderem à parede e iniciam a formação do trombo; alterações da um tempo mais longo para se completar e é chamada hemostasia
composição do sangue, como a redução da atividade fibrinolítica e secundária.
aumento da viscosidade do sangue, facilitam a formação e a manu- 4) Finalmente, é produzido um tampão hemostático perma-
tenção da arquitetura do trombo; e,finalmente, a redução da velo- nente pelas atividades combinadas de:
cidade sanguínea faz com que as plaquetas, circulantes no meio do - Células endoteliais
fluxo sanguíneo, passem para a periferia, o que facilita seu contato - Plaquetas
com a parede e, consequentemente, sua adesão à ela. Todos esses - Sequência de coagulação
fatores - que também estão presentes nos mecanismos normais de
coagulação -, associados e com intensidades alteradas, contribuem ENDOTÉLIO E SUBENDOTÉLIO
para a gênese da trombose. O endotélio possui uma superfície completamente trombore-
Os trombos podem ser dos seguintes tipos: sistente, mas quando lesado ele pode promover profundamente a
1. Quanto à composição: brancos (predomínio de plaquetas), trombose. Dois mecanismos são responsáveis por esses efeitos:
vermelhos (predomínio de hemácias), mistos ou hialinos (mais co- 1) Mecanismo Passivo: Não só o endotélio é tromboresistente
muns em capilares ou vênulas). como ele também isola os elementos sanguíneos circulantes suben-
2. Quanto à localização no vaso: parietais ou murais (na parede dotélio altamente trombogênico.
vascular ou de cavidades) ou oclusivos (na luz do vaso). 2) Mecanismo Ativo: Envolvem vários fatores pró-trombóticos
3. Quanto ao local: arteriais (principalmente na aorta, nos e anti-trombóticos que as células endoteliais possuem na sua su-
membros inferiores e nas artérias viscerais, cerebrais e coronaria- perfície ou que podem elaborar ativamente. Em condições normais
nas), venosos (oriundos da estase venosa), de capilares e arteríolas essas propriedades opostas ficam em equilíbrio, sendo mantida
e cardíacos. uma superfície não trombogênica, mas um distúrbio, causado por
uma variedade de estímulos pode deslocar o equilíbrio seja em di-
reção ao lado pró-trombótico, causando coagulação/trombose, ou,
em direção ao lodo anti-trombótico, predispondo à uma hemosta-
sia ineficaz e excessivo sangramento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
PLAQUETAS: As plaquetas possuem papel central na hemos- 1. Sólida: compreende trombos (nesse caso, o processo é cha-
tasia normal e portanto também na trombose. Nos locais de lesão mado de tromboembolia), segmentos de placa de ateroma, parasi-
endotelial elas são capazes de: tas e bactérias, corpos estranhos (por exemplo, projétil de arma de
- Adesividade e mudança de forma fogo), restos de tecidos (por exemplo, de placenta durante a gesta-
- Secreção (reação de liberação) ção), células neoplásicas etc. O êmbolo se distingue do trombo por
- Agregação, coletivamente chamados ativação plaquetária não estar aderido à parede do vaso e por não assumir a anatomia
1) Adesividade: Refere-se à ligação de plaquetas a locais de le- da luz vascular, como acontece com o trombo. Os êmbolos sólidos
são celular endotelial, onde ficam expostos os elementos subendo- podem levar a morte súbita, infarto ou hemorragia.
teliais, particularmente colágeno fibrilar. É incerto se as plaquetas 2. Líquidas: os êmbolos líquidos estão principalmente sob a for-
possuem receptores específicos para colágeno, porém é necessário ma de gorduras; pacientes com extensas queimaduras corpóreas
o WWF para adesão. ou fraturas generalizadas, principalmente dos ossos longos, podem
2) Secreção: Refere-se à secreção do conteúdo dos grânulos promover a circulação de glóbulos gordurosos, os quais se deslo-
plaquetários cam da medula óssea e do tecido adiposo. A embolia gordurosa
3) Agregação Plaquetária: Refere-se à inter aderência plaque- pode causar morte rápida, devido à sua alta capacidade de pene-
ta/plaqueta. tração em arteríolas e capilares, obstruindo a microcirculação. Um
As plaquetas aderentes e ativadas liberam ADP ocasionando outro tipo de embolia líquida, agora bem mais raro, é a infusão de
uma reação autocatalítica com aceleração da agregação plaquetária líquido amniótico na circulação durante ou pós-parto.
conhecida como tampão hemostático primário. 3. Gasosa: o êmbolo gasoso pode ser de origem venosa (por
exemplo, entrada de ar nas veias durante ato cirúrgico ou exames
Sistema de coagulação angiográficos) ou arterial (por exemplo, durante o parto ou aborto,
Trombogênese: São três os fatores que predispõe à trombose: em que há grande contração do útero e rompimento de vasos).
- Lesão do endotélio A embolia pode originar isquemias — devido a obstrução dos
- Alteração do fluxo normal de sangue vasos — ou infartos, conseqüência da isquemia.
- Alterações do sangue (hipercoagulabilidade)
ISQUEMIA- “Diminuição do afluxo de sangue em uma região”.
1) Lesão Endotelial: É particularmente importante na formação O termo “isquemia” costuma ser empregado para as situações
de trombos no coração e artérias. Seja qual for a causa da lesão, ela em que ocorre ausência total de afluxo sanguíneo em um local,
é um fator trombogênico potente. devido a inúmeros fatores, a seguir descritos. Para as diminuições
2) Alteração do Fluxo Normal de Sangue: Turbulência (trombos parciais do aporte sanguíneo, costuma-se empregar o termo “oli-
arteriais) e goemia”. Usa-se “anemia” nos casos em que há diminuição total
Estase (trombos venosos) do volume sanguíneo, sendo utilizada também como sinônima da
No fluxo normal de sangue as partículas maiores (leucócitos, isquemia e da oligoemia; nesse caso, é mais adequado utilizar “ane-
hemácias), ocupam o jato axial central que se move com maior ra- mia local”.
As causas da isquemia podem ser angiomecânicas extrínsecas
pidez. As plaquetas, menores, são carregadas pelo jato laminar que
(ação mecânica sobre o sistema sanguíneo ocasionada por agente
se move mais lentamente por fora da coluna central. A periferia da
externo ao organismo, por exemplo, compressão arteriolar por pró-
circulação sanguínea adjacente à camada endotelial se move mais
teses totais sobre a mucosa) ou intrínsecas (ocasionadas por agentes
lentamente e é livre de elementos sanguíneos formados.
intrínsecos ao organismo; por exemplo, doenças vasculares, como
A estase e a turbulência (causando contracorrentes e bolsões
trombose, embolia e aterosclerose); angiospásticas (contrações
de estase) estabelecem 4 importantes dimensões:
vasculares reflexas) e distúrbios na distribuição sanguínea. Existem
- Desmancham o fluxo laminar e põe as plaquetas em contato
vários graus de isquemia, cada um deles trazendo diferentes conse-
com o endotélio.
qüências para o tecido. Estas podem variar de simples adaptações
- Impedem a diluição dos fatores de coagulação ativados pelo teciduais ao novo nível de oxigênio (comum nas isquemias relativas
sangue fresco bem como a eliminação hepática desses fatores de e transitórias), passando por alterações funcionais manifestas por
coagulação. degenerações (como a esteatose), até quadros de morte celular. Os
- Retardam a entrada de inibidores dos fatores de coagulação e fatores ligados a essa diversidade de quadros isquêmicos envolvem
permitem o desenvolvimento de trombos. o grau de afluência sanguínea comprometida, a existência ou não
- A turbulência pode lesar o endotélio, favorecendo o depósito de uma circulação colateral existente e a demanda metabólica do
de plaqueta e fibrina. tecidos atingidos pela carência de irrigação sanguínea.
- A turbulência é comum no caso de ulceração do vaso. Nas isquemia relativas prolongadas, os órgão ficam com volu-
- A estase ocorre por um aumento da viscosidade sanguínea ou me menor (atrofia), e podem evoluir para a necrose. Já nas isque-
por uma compressão do vaso por neoplasias ou outras patologias. mias absolutas, a necrose tecidual pode ser extensa, resultando em
Destino dos trombos: infarto. Casos, por exemplo, de isquemia leve e gradual nas coroná-
- Propagar-se pelo seu crescimento rias não necessariamente chegam a quadros de infarto, devido ao
- Dar origem a um êmbolo desenvolvimento de uma circulação colateral intracoronária.
- Ser removido por ação fibrinolítica
- Organizar-se e possivelmente recanalizar-se INFARTO - “Morte tecidual devido à falência vascular”.
A diminuição da quantidade de sangue ou a sua não chegada
EMBOLIA - “Presença de substância estranha ao sangue cami- aos tecidos pode provocar a morte destes. Nesse caso, o processo
nhando na circulação, levando à oclusão parcial ou completa da de irreversibilidade da vitalidade tecidual é denominado de infarto.
luz do vaso em algum ponto do sistema circulatório”.
A substância estranha referida no conceito é denominada de
êmbolo), 99% dos êmbolos são originários de trombos. Podem ser
de constituição sólida, líquida ou gasosa:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Os infartos podem ser do tipo branco ou isquêmico, no qual Sem uma circulação sanguínea ideal, os tecidos sofrem hipóxia
ocorre tumefação e palidez local. O infarto isquêmico é comum no e carência nutricional, o que leva a alterações reversíveis. A mudan-
tecido cardíaco (por exemplo, infarto do miocárdio). Há ainda o in- ça de um sistema de respiração aeróbico para um anaeróbico, em
farto vermelho ou hemorrágico, caracterizado pela permanência decorrência da falta de oxigênio, induz ao acúmulo de ácido lático
do sangue do local no momento da obstrução arterial. Pode ainda no local, provocando a instauração de lesões irreversíveis e a morte
ocorrer oclusão de veias, ocasionando também a permanência de celular.
sangue no local. Esse tipo é comum em tecidos frouxos (por exem- Os tipos de choque incluem o neurogênico, o cardiogênico, o
plo, o pulmão), onde o extravasamento sanguíneo é facilitado. traumático, o hemorrágico, por queimaduras, cirúrgico etc. A evolu-
Os fatores condicionantes ao infarto compreendem aqueles ção clínica desses tipos depende do grau de recuperação do equilí-
que predispõem ao estabelecimento da isquemia. Assim, o estado brio hemodinâmico conseguido pelos tecidos atingidos. No caso do
geral do sistema cardiovascular, a anatomia da rede vascular (cir- choque hemorrágico, por exemplo, esse equilíbrio pode ser restitu-
culação dupla ou paralela, obstrução parcial e/ou venosa da cir- ído por intermédio de uma transfusão sanguínea imediata ou pela
culação única, circulação colateral) e a vulnerabilidade do tecido a introdução de outros líquidos.2
isquemia (por exemplo, o tecido nervoso e o cardíaco) são alguns
exemplos desses fatores.
TRAUMA ABDOMINAL
HEMORRAGIA - “Saída do sangue para fora da luz dos vasos”.
As hemorragias podem ser classificadas, quanto à sua origem O abdome pode ser lesionado por vários tipos de trauma; a le-
(capilar, venosa, arterial ou cardíaca), visibilidade (externa - quando são pode ser confinada ao abdome ou ser acompanhada de trauma
o sangue é visível clinicamente; interna - não é visível) e quanto grave, multissistêmico. A natureza e a gravidade das lesões abdomi-
ao volume (petéquias - pequenas manchas; equimoses - áreas mais nais variam muito de acordo com o mecanismo e as forças envol-
extensas; hematoma - coleção de sangue, em geral coagulado, loca- vidas, portanto generalizações sobre mortalidade e necessidade de
lizada em cavidade neoformada; púrpura - empregado para hemor- intervenção cirúrgica tendem a ser enganosas.
ragias espontâneas; apoplexia - efusão intensa em um órgão, em As lesões costumam ser classificadas pelo tipo de estrutura da-
geral, o sistema nervoso central). Conforme o local, as hemorragias nificada:
recebem terminologia específica (por exemplo, epistaxe - sangra- - Parede abdominal
mento do nariz; hemartrose - sangue em uma articulação). - Órgão sólido (fígado, baço, pâncreas, rins)
- Víscera oca (estômago, intestino delgado, cólon, ureteres, be-
A patogenia da hemorragia se relaciona principalmente com xiga)
a parede vascular. A passagem dos elementos sanguíneos através - Vascularidade
dessa parede (mecanismo denominado de diapedese), devido a
descontinuidade desta (denominada rexis, que significa “rotura”) Algumas lesões específicas decorrentes de trauma abdominal
ou sua erosão (diabrose, que significa “dia = através; brosis = perfu- são discutidas em outras partes, incluindo aquelas do fígado, baço
ração”), constitui a etiopatogenia do processo hemorrágico. O au- e trato GU.
mento da permeabilidade vascular sem lesão prévia também pode
provocar a saída de hemácias para fora do sistema vascular. Traumas abdominais também são tipicamente categorizados
As causas da hemorragia incluem traumas (mecânicos ou físi- pelo mecanismo da lesão:
cos), aumento da pressão intravascular, doenças na parede vascular - Fechado
(por exemplo, aneurismas, ou seja, adelgaçamento da parede vas- - Penetrante
cular, e invasão neoplásica) e diáteses hemorrágicas (tendência à
hemorragia em múltiplos tecidos) devido a alterações no mecanis- Trauma fechado pode estar relacionado a um golpe direto (p.
mo de coagulação ou por defeito da parede vascular. ex., chute), impacto de algum objeto (p. ex., queda sobre o guidão
Se a perda de sangue for local e não envolver órgão vitais, as da bicicleta) ou desaceleração repentina (p. ex., cair do alto, aciden-
te de trânsito). O baço é o órgão mais comumente afetado, seguido
hemorragias não possuem maiores significados clínicos; a massa
do fígado e das vísceras ocas (tipicamente o intestino delgado).
sanguínea é reabsorvida sem grandes complicações. Dependendo
da extensão, podem causar pigmentação endógena ou até mesmo
Lesões penetrantes podem ou não perfurar o peritônio e, se
fibrose cicatricial. Se, por outro lado, a hemorragia for sistêmica,
perfurarem, podem não afetar nenhum órgão. É menos provável
pode originar o choque hemorrágico. Este é causado por uma di-
que as lesões por arma branca danifiquem as estruturas intra-ab-
minuição do aporte sanguíneo periférico devido a perda excessi-
dominais do que lesões por arma de fogo; nos dois casos, qualquer
va de sangue. Perdas que envolvam mais que um terço do volume
estrutura pode ser comprometida. As lesões penetrantes na parte
sanguíneo corpóreo (cerca de 1,5 a 2 litros) podem levar à morte.
inferior do tórax podem atravessar o diafragma e danificar estrutu-
É importante acrescentar que, dependendo da localização, peque- ras abdominais.
nas hemorragias podem gerar efeitos clínicos mais graves, como é o
caso das hemorragias cerebrais. Classificação
Foram criadas escalas de lesão que classificam a gravidade da
CHOQUE- “Deficiência aguda da corrente sanguínea no leito lesão nos órgãos de grau 1 (mínima) a grau 5 ou 6 (maciça); a morta-
vascular periférico”. lidade e necessidade de correção cirúrgica aumentam à medida que
O choque é provocado por uma diminuição da perfusão de nu- o grau da lesão aumenta. Existem escalas para o fígado (Graus das
trientes para a célula devido à deficiência do aporte sanguíneo. Isso lesões hepáticas), baço (Graus das lesões esplênicas) e rins (Graus
pode ser causado por uma queda do volume sanguíneo circulante de lesão renal.).
(é o que ocorre no choque hemorrágico), por uma propulsão car-
diopulmonar inadequada ou por uma grande vasodilatação perifé-
rica (de capilares e veias).
2 Fonte: www.cenapro.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Lesões associadas O extravasamento biliar e/ou biloma é uma complicação rara
Lesão fechada ou penetrante que atinge as estruturas intra-ab- da lesão hepática e, ainda menos comumente, da lesão do duto bi-
dominais também pode danificar a coluna, arcos costais e/ou pel- liar. A bile pode ser excretada da própria superfície de uma lesão he-
ve. Pacientes que sofreram desaceleração importante muitas vezes pática ou de um duto biliar lesado. Ela pode disseminar-se por toda
têm lesões em outras partes do corpo, incluindo na aorta torácica. a cavidade peritoneal ou ser delimitada formando uma coleção di-
ferenciada, ou biloma. O extravasamento de bile pode resultar em
Fisiopatologia dor, resposta inflamatória sistêmica e/ou hiperbilirrubinemia.
Trauma fechado ou penetrante pode lacerar ou romper as es- A síndrome compartimental abdominal é análoga à síndrome
truturas intra-abdominais. Lesão por trauma fechado pode alterna- compartimental nos membros após lesão ortopédica. Na síndrome
tivamente causar somente um hematoma em algum órgão sólido compartimental abdominal o extravasamento capilar mesentérico
ou na parede de uma víscera oca. e intestinal [p. ex., por choque, procedimento cirúrgico abdominal
Lacerações sangram imediatamente. Hemorragia por lesão prolongado, lesão por isquemia-reperfusão sistêmica e síndrome
de baixo grau nos órgãos sólidos, pequena laceração vascular ou da resposta inflamatória sistêmica (SRIS)] provocando edema teci-
laceração de víscera oca costuma ser de baixo volume, com con- dual intra-abdominal. Embora não haja mais espaço para expansão
sequências fisiológicas mínimas. Lesões mais graves podem causar na cavidade peritoneal do que nos membros, o edema não verifica-
hemorragia maciça com choque, acidose e coagulopatia; interven- do e, ocasionalmente a ascite, em última análise aumenta a pressão
ção é necessária. A hemorragia é interna (exceto para quantidades intra-abdominal (definida como > 20 mmHg), causando dor, disfun-
relativamente pequenas de sangramento externo por lacerações na ção e isquemia nos órgãos. A isquemia intestinal resultante agrava
parede do corpo resultante de trauma penetrante). A hemorragia o extravasamento vascular, e isso gera um círculo vicioso. Outros
interna pode ser intraperitoneal ou retroperitoneal. órgãos afetados são
A laceração ou ruptura de uma víscera oca permite que o con- - Rins (causando insuficiência renal)
teúdo gástrico, intestinal ou vesical entre na cavidade peritoneal - Pulmões (o aumento da pressão abdominal pode interferir na
causando peritonite. respiração, causando hipoxemia e hipercapnia)
- Sistema cardiovascular (o aumento da pressão abdominal
Complicações diminui o retorno venoso dos membros inferiores causando hipo-
As consequências tardias da lesão abdominal incluem tensão)
- Ruptura de hematoma - SNC (aumento da pressão intracraniana, possivelmente de-
- Empiemas epidural e subdural corrente do aumento da pressão venosa central impedindo a dre-
- Obstrução intestinal ou do íleo nagem venosa adequada do cérebro, diminuindo a perfusão cere-
- Extravasamento biliar e/ou biloma bral, o que pode agravar as lesões intracranianas)
- Síndrome compartimental abdominal A síndrome compartimental abdominal tipicamente ocorre em
condições em que há tanto extravasamento vascular como grande
Abcesso, obstrução intestinal, síndrome compartimental no quantidade de líquidos de reposição volêmica (normalmente > 10
abdome e hérnia incisional tardia também podem ser complicações L). Assim, muitas vezes ela ocorre após a laparotomia por lesão ab-
do tratamento. dominal grave acompanhada de choque, mas pode ocorrer em con-
Os hematomas costumam reabsorver espontaneamente em dições que não afetam primariamente o abdome, como queimadu-
dias a meses, dependendo do tamanho e da localização. Hemato- ras graves, sepse e pancreatite. Depois que a disfunção de múltiplos
mas esplênicos e, com menos frequência, hematomas hepáticos órgãos se desenvolve, a única maneira de prevenir a mortalidade é
podem romper-se, tipicamente nos primeiros dias após a lesão descomprimir o conteúdo abdominal, tipicamente por laparotomia.
(embora alguma vezes até meses mais tarde), às vezes causando Paracentese de grande volume pode ser eficaz quando há ascite vo-
hemorragia tardia significativa. Algumas vezes os hematomas na lumosa.
parede intestinal são perfurados, normalmente em 48 a 72 h após
a lesão, liberando conteúdo intestinal e causando peritonite, mas Sinais e sintomas
sem causar hemorragia significativa. Hematomas na parede intes- Costuma haver dor abdominal; mas a dor geralmente é leve e,
tinal raramente causam estenose intestinal, tipicamente meses a portanto, facilmente obscurecida por outras lesões mais dolorosas
anos mais tarde, embora existam relatos de casos de obstrução in- (p. ex., fraturas) e por um sistema sensorial alterado (p. ex., por cau-
testinal até 2 semanas após um trauma fechado. sa de ferimentos na cabeça, uso de entorpecentes, choque). A dor
Abcesso intra-abdominal costuma ser o resultado da perfura- da lesão esplênica algumas vezes se irradia para o ombro esquerdo.
ção não detectada de alguma víscera oca, mas pode ser uma com- A dor de uma pequena perfuração intestinal costuma ser míni-
plicação da laparotomia. O índice de formação de abcessos varia de ma no início, mas piora de forma constante ao longo das primeiras
0% após laparotomias não terapêuticas a cerca de 10% após lapa- horas. Pacientes com lesão renal podem perceber hematúria.
rotomias terapêuticas, embora essa taxa possa ser de até 50% após Ao exame, os sinais vitais podem revelar indícios de hipovole-
uma cirurgia corretiva de lacerações hepáticas graves. mia (taquicardia) ou choque (p. ex., urina escura, diaforese, altera-
Raramente ocorre obstrução intestinal semanas a anos após ção sensorial, hipotensão).
uma lesão decorrente de hematoma na parede intestinal ou de ade-
rências causadas por laceração da serosa intestinal ou do mesen- Inspeção
tério. Mais comumente, a obstrução intestinal é uma complicação Lesões penetrantes, por definição, causam ruptura da pele,
da laparotomia exploratória. Mesmo laparotomias não terapêuticas mas os médicos devem se certificar de inspecionar o dorso, região
às vezes causam aderências, que ocorrem em 0 a 2% desses casos. glútea, flanco e parte inferior do tórax além do abdome, particu-
larmente quando há lesão por arma de fogo ou explosivos. Lesões
cutâneas costumam ser pequenas, com sangramento mínimo,
embora ocasionalmente as lesões sejam extensas, algumas vezes
acompanhadas de evisceração.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Trauma fechado pode causar equimose (p. ex., a equimose Testes laboratoriais são secundários. Exame de urina para de-
transversa linear também denominada de sinal do cinto de seguran- tectar hematúria (macro ou microscópica) é útil e, para os pacientes
ça), mas essa descoberta tem baixa sensibilidade e especificidade. com lesões aparentemente graves, o hemograma é valioso para es-
Distensão abdominal após um trauma geralmente indica hemorra- tabelecer o hematócrito inicial. Os níveis de enzimas pancreáticas
gia grave (2 a 3 L), mas a distensão pode não ser visível mesmo em e hepáticas não são suficientemente sensíveis nem específicos para
pacientes que perderam várias unidades de sangue. as lesões significativas dos órgãos para serem recomendados. O
banco de sangue deve fazer tipagem e triagem se hemotransfusões
Palpação forem necessárias; tipagem e prova cruzada são feitas se a trans-
Muitas vezes há dor abdominal. Esse sinal não é muito fidedig- fusão é muito provável. Níveis séricos de lactato ou o cálculo do
no porque as contusões na parede abdominal podem ser dolorosas déficit de bases (por gasometria arterial) podem ajudar a identificar
e muitos pacientes com lesão intra-abdominal apresentam respos- choque oculto.
tas equívocas ao exame se estiverem distraídos por outras lesões O método escolhido para detectar as lesões intra-abdominais
ou tiverem alterações sensoriais, ou ainda se as lesões forem prin- varia de acordo com o mecanismo da lesão e exame clínico.
cipalmente retroperitoneais. Embora não muito sensíveis, quando
detectados, os sinais peritoneais (p. ex., defesa, rebote) sugerem Trauma abdominal penetrante
fortemente a presença intraperitoneal de sangue e/ou conteúdo Não se deve introduzir sondas às cegas nas lesões com algum
intestinal. instrumento contundente (p. ex., cotonete, ponta do dedo). Se o
peritôneo foi rompido, essa sondagem pode introduzir infecção ou
O toque retal pode revelar sangue macroscópico decorrente de
causar maiores danos.
lesão penetrante no cólon, e pode haver sangue no meato uretral
É possível fazer a exploração local das lesões por arma branca
ou hematoma perineal por lesão do trato GU. Embora esses acha-
(incluindo empalamento) no abdome anterior (entre as 2 linhas axi-
dos sejam bem específicos, não são muito sensíveis.
lares anteriores) em pacientes hemodinamicamente estáveis sem
sinais de irritação peritoneal. Tipicamente, administra-se aneste-
Diagnóstico
sia local e a lesão é aberta o suficiente para permitir a visualização
- Avaliação clínica
completa de todo o trato. Se a fáscia anterior tiver sido penetra-
- Muitas vezes, tomografia computadorizada ou ultrassonogra-
da, os pacientes são encaminhados para exames clínicos seriados;
fia
a laparotomia exploratória é indicada se houver sinais de irritação
Como para todos os pacientes com trauma importante, os peritoneal ou instabilidade hemodinâmica. Se a fáscia não estiver
médicos fazem uma avaliação completa e organizada do trauma si- rompida, a lesão é limpa, suturada e o paciente recebe alta. Al-
multânea à reanimação. Como muitas lesões intra-abdominais cica- ternativamente, alguns centros fazem TC, ou menos comumente,
trizam sem nenhum tratamento específico, o principal objetivo do lavado peritoneal diagnóstico (LPD), para avaliar os pacientes com
médico é identificar as lesões que exigem intervenção. penetração da fáscia abdominal. Recomenda-se TC para lesões por
Após a avaliação clínica, alguns pacientes claramente exigem arma branca no flanco (entre as linhas axilares anterior e posterior)
laparotomia exploratória em vez de exames, incluindo aqueles com ou no dorso (entre as 2 linhas axilares posteriores) porque as lesões
- Peritonite nas estruturas retroperitoneais subjacentes nessas regiões podem
- Instabilidade hemodinâmica por trauma abdominal penetran- não ser percebidas ao fazer exames abdominais seriados e/ou LDP.
te Para lesões por arma de fogo, a maioria dos médicos realiza
- Ferimentos por arma de fogo (a maioria) laparotomia exploratória, a menos que a lesão seja abrasiva ou tan-
- Evisceração gencial e não houver peritonite nem hipotensão. Entretanto, alguns
Por outro lado, alguns pacientes têm risco muito baixo e po- centros que adotam o tratamento conservador para determinados
dem receber alta ou ficar em observação durante curto período de pacientes com lesão somente em órgão sólido (normalmente lesão
tempo sem nenhum outro exame além da inspeção visual da urina hepática) fazem TC nos pacientes estáveis com lesão por arma de
para verificar se há sangramento macroscópico. Esses pacientes ge- fogo. Normalmente, não se faz a exploração no local da lesão para
ralmente têm trauma abdominal fechado e um mecanismo menor ferimentos por arma de fogo.
de lesão, sensório normal e nenhuma sensibilidade ou sinal perito-
neal; eles devem ser instruídos a retornar imediatamente se a dor Trauma abdominal fechado
piorar. Pacientes com ferimentos na face anterior do abdome por A maioria dos pacientes com múltiplos traumas e lesões que os
arma branca sem penetração na fáscia também podem ficar em ob- distraem e/ou alteração sensorial deve ser submetida ao exame do
servação por um curto período de tempo e receberem alta. abdome, bem como pacientes com achados ao exame. Normalmen-
Entretanto, a maioria dos pacientes não tem essas manifesta- te, os médicos usam ultrassonografia ou TC, ou, às vezes, ambas.
ções positivas ou negativas inequívocas exigindo, portanto, exames A ultrassonografia [algumas vezes chamada avaliação por ul-
complementares para avaliar a lesão intra-abdominal. As opções de trassonografia abdominal direcionada no trauma (USADT)] pode ser
exames incluem: feita durante a avaliação inicial, sem mover o paciente para a sala
- Exames de imagem (ultrassonografia, TC) de radiologia. A USADT possibilita obter imagens do pericárdio, dos
- Procedimentos (exploração da lesão, lavado peritoneal diag- quadrantes superiores direito e esquerdo e da pelve; seu principal
nóstico) objetivo é encontrar derrame pericárdico ou líquido livre na cavida-
Além disso, pacientes geralmente devem ser submetidos a de. A USADT ampliada (USADT-A) adiciona imagens do tórax para
radiografias para procurar ar livre sob o diafragma (indicando per- detectar pneumotórax. A ultrassonografia não expõe o paciente à
furação de víscera oca) e ver se uma das cúpulas diafragmáticas radiação, e tem sensibilidade para detectar grandes quantidades de
encontra-se elevada (sugerindo ruptura do diafragma). Radiografia líquido abdominal, mas não identifica bem lesões as específicas em
da pelve é feita nos pacientes com dor pélvica ou desaceleração órgãos sólidos, não detecta bem a perfuração de víscera, sendo li-
importante e um exame clínico duvidoso. mitada para os pacientes obesos e para aqueles com ar subcutâneo
(p. ex., decorrente de pneumotórax).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
TC é tipicamente feita com contraste venoso, mas não oral; Quando os pacientes com esses valores também têm sinais de
esse exame é muito sensível para detectar líquido livre e lesões disfunção orgânica (p. ex., hipotensão, hipóxia e/ou hipercapnia, di-
em órgãos sólidos, mas menos sensível para pequenas perfurações minuição do débito urinário, aumento da pressão intracraniana), é
viscerais (embora melhor do que a ultrassonografia) e pode detec- feita descompressão cirúrgica. Normalmente, o abdome é mantido
tar simultaneamente lesão na coluna ou pelve. Entretanto, a TC aberto com a ferida coberta por curativo embalado a vácuo ou ou-
expõe o paciente à radiação, o que é especialmente preocupante tro dispositivo temporário.
em crianças e pacientes que podem precisar repetir os exames (p.
ex., pacientes estáveis com pequenas quantidades de líquido livre) Tratamento
e requer que o paciente seja transportado para longe da área de - Às vezes, laparotomia para controle da hemorragia, reparo do
reanimação. órgão, ou ambos
A escolha entre a ultrassonografia e a tomografia computado- - Raramente embolização arterial
rizada baseia-se no estado do paciente. Se for necessário fazer uma Os pacientes recebem reanimação volêmica intravenosa con-
TC no paciente para avaliar outra região do corpo (p. ex., coluna cer- forme necessário, tipicamente com cristaloides, ou seja, solução
vical ou pelve), TC provavelmente será uma escolha razoável para salina a 0,9% ou solução de Ringer-lactato. Mas os pacientes que
avaliar o abdome. Alguns médicos fazem a avaliação por USADT du- parecem estar em choque hemorrágico devem receber reposição
rante a fase de reanimação e a seguir uma laparotomia se for obser- volêmica para controlar os danos até a hemorragia ser controlada.
vada grande quantidade de líquido (em pacientes hipotensos). Se A reanimação para controle de danos usa hemoderivados em uma
resultados da avaliação por USADT forem negativos ou fracamente proporção aproximada de 1:1:1 de plasma, plaquetas e hemácias a
positivos, os médicos fazem uma TC se ainda houver preocupação fim de minimizar a utilização de cristaloides.
com o abdome após o paciente ter sido estabilizado. As razões des- Alguns pacientes hemodinamicamente instáveis requerem
sa preocupação podem ser dor abdominal mais intensa ou previsão laparotomia exploratória imediata conforme descrito anteriormen-
de não poder fazer o acompanhamento clínico do paciente (p. ex., te. Para a maioria dos pacientes que não exige cirurgia imediata,
pacientes que exigem sedação profunda ou que serão submetidos mas nos quais foram identificadas lesões intra-abdominais durante
a procedimentos cirúrgicos demorados). o exame de imagem, as opções terapêuticas são a observação, a
Na lavagem peritoneal diagnóstica (LPD), um cateter de diálise embolização angiográfica e, com menos frequência, a intervenção
peritoneal é inserido na parede abdominal perto da cicatriz umbi- cirúrgica. Antibióticos profiláticos não são indicados quando os pa-
cientes recebem tratamento não cirúrgico. Entretanto, os antibi-
lical nas cavidades pélvica e/ou peritoneal. A aspiração de sangue
óticos costumam ser administrados antes da exploração cirúrgica
é considerada um sinal positivo de lesão abdominal. Se não houver
quando os pacientes tiverem indicação de cirurgia.
aspiração de sangue, 1 L de cristaloide é introduzido na cavidade
e depois drenado. A identificação de > 100.000 eritrócitos/mL do
Observação
líquido drenado é muito sensível para lesão abdominal. No entanto, Observação (iniciando na UTI) costuma ser apropriada para os
a LPD foi predominantemente substituída pela avaliação por USA- pacientes hemodinamicamente estáveis com lesão de órgão sólido,
DT e TC. A LPD tem baixa especificidade, identifica muitas lesões muitas das quais cicatrizam espontaneamente. Pacientes com líqui-
que não exigem correção cirúrgica e, portanto, resulta em uma alta do livre na cavidade observado por TC, mas sem nenhuma lesão
taxa de laparotomia branca. A LPD também não detecta lesão retro- específica identificada em algum órgão também podem ficar em
peritoneal. A LPD pode ser útil em situações clínicas limitadas, por observação, desde que não tenham sinais de irritação peritoneal.
exemplo, quando existe líquido livre na pelve na ausência de lesão No entanto, o líquido livre na cavidade sem evidências de lesão de
em órgão sólido ou quando o paciente está hipotenso com resulta- órgão sólido também é o achado radiográfico mais frequente nas
do de uma avaliação USADT duvidosa. lesões de víscera oca, embora esse achado tenha baixa especifici-
Reconhecimento das complicações do trauma abdominal dade. Como a observação não é adequada nos casos de perfuração
Os pacientes com piora súbita da dor abdominal nos dias após de víscera oca (os pacientes geralmente evoluem para sepse por
uma lesão devem suscitar suspeita de ruptura de hematoma em peritonite), os médicos devem adotar um limiar mais baixo para a
órgão sólido ou perfuração tardia de víscera oca, especialmente exploração cirúrgica quando os pacientes com líquido livre na ca-
se apresentarem taquicardia e/ou hipotensão. A piora constante vidade pioram ou não conseguem melhorar durante o período de
da dor no primeiro dia sugere perfuração de víscera oca ou, se de- observação.
pois de vários dias, formação de abscessos, principalmente quando Durante a observação, os pacientes são examinados várias ve-
acompanhada de febre e leucocitose. Nos dois casos, imagens com zes ao dia (de preferência pelo mesmo examinador), e o hemogra-
ultrassonografia ou TC é geralmente feitas em pacientes estáveis, ma é feito, tipicamente a cada 4 a 6 h. A avaliação procura identifi-
seguido de correção cirúrgica. car hemorragia e peritonite.
Após trauma abdominal grave, deve-se suspeitar de síndrome
compartimental abdominal nos pacientes com diminuição do dé- Hemorragia contínua é sugerida por:
bito urinário, insuficiência respiratória e/ou hipotensão, principal- - Piora do estado hemodinâmico
mente se houver tensão ou distensão abdominal (mas os achados - Necessidade significativa de transfusão contínuas (p. ex., mais
físicos não são muito sensíveis). Como essas manifestações também de 2 a 4 unidades ao longo de um período de 12 h)
- Diminuição significativa do hematócrito (p. ex., > 10 a 12%)
podem ser sinais de descompensação decorrente de lesões subja-
O significado das exigências para transfusão e alterações no he-
centes, é necessário um alto grau de suspeita para os pacientes de
matócrito de certa forma dependem do órgão lesionado e de outras
risco. O diagnóstico requer a aferição da pressão intra-abdominal,
lesões associadas (i.e., que também podem ter causado a perda de
normalmente com um transdutor de pressão ligado ao cateter vesi-
sangue), bem como das reservas fisiológicas do paciente. No entan-
cal; valores > 20 mmHg são diagnósticos de hipertensão intra-abdo- to, deve-se considerar em pacientes com suspeita de hemorragia
minal e são preocupantes. contínua significativa angiografia com embolização ou laparotomia
imediata.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A peritonite requer uma investigação mais aprofundada por Não se recomenda embolização angiográfica para pacientes
LPD, TC ou em alguns casos, laparotomia exploratória. instáveis porque o setor de radiologia não é um ambiente propí-
Os pacientes que permanecem estáveis em geral são transferi- cio para a prestação de atendimento a pacientes em estado crítico.
dos para o quarto ou a enfermaria após 12 a 48 horas, dependendo Além disso, deve-se desencorajar as tentativas prolongadas de em-
da gravidade da lesão abdominal e de outras lesões. Sua atividade bolização nos pacientes cujo sangramento exige transfusão contí-
e dieta avança como tolerada. Tipicamente, os pacientes podem nua; a abordagem cirúrgica é a mais indicada.
receber alta depois de 2 a 3 dias. Eles são instruídos a restringir as Mas com a disponibilidade cada vez maior de centros cirúrgicos
atividades por um período mínimo de 6 a 8 semanas. Não está claro híbridos (sala de operação com capacidade de realizar intervenção
quais pacientes assintomáticos precisam ser submetidos a exames angiográfica), alguns pacientes instáveis talvez possam ser subme-
de imagem antes que possam retomar todas as suas atividades, tidos à angiografia e à cirurgia em uma sucessão rápida, se neces-
especialmente quando há probabilidade de que farão trabalhos sário.3
pesados, esportes de contato ou trauma no tronco. Pacientes com
lesões de grau alto têm maior risco de complicações pós-lesionais
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO
e devem ter o menor limiar de repetição dos exames de imagem.

Laparotomia O trauma cranioencefálico consiste em lesão física ao tecido ce-


Faz-se laparotomia por causa da natureza inicial da lesão e do rebral que, temporária ou permanentemente, incapacita a função
estado clínico do paciente (p. ex., instabilidade hemodinâmica) ou cerebral. O diagnóstico é suspeitado clinicamente e confirmado por
por causa de descompensação clínica subsequente. A maioria dos imagens (primariamente tomografia computadorizada). Inicialmen-
pacientes pode ser submetido a um único procedimento durante o te, o tratamento consiste em suportes respiratório e manutenção
qual controla-se a hemorragia reparam-se as lesões. adequada de ventilação, oxigenação e pressão arterial (PA). Com
Entretanto, os resultados para os pacientes com lesões intra- frequência, a cirurgia é necessária em pacientes com lesões mais
graves para a colocação de monitores a fim de medir a elevação da
-abdominais extensas submetidos a um procedimento cirúrgico ini-
pressão intracraniana (PIC), descomprimir o cérebro se a PIC estiver
cial prolongado tendem a ser piores, especialmente quando tem
aumentada ou remover hematomas intracranianos. Nos primeiros
outras lesões graves, estiveram em estado de choque por um pe-
dias após a lesão, é importante manter a perfusão e oxigenação ce-
ríodo prolongado, ou ambos. Quanto mais extenso e demorado o
rebral adequadas e prevenir complicações de alteração do sensório.
procedimento cirúrgico inicial, maior a probabilidade de que esses Subsequentemente, muitos pacientes requerem reabilitação.
pacientes desenvolvam a combinação altamente letal de acidose, Em todo o mundo, o trauma cranioencefálico (TCE) é uma cau-
coagulopatia e hipotermia com subsequente disfunção de múltiplos sa comum de mortes ou deficiência.
órgãos. Nesses casos, é possível reduzir a mortalidade se o cirurgião As causas do TCE incluem
realizar inicialmente um procedimento muito mais breve (denomi- - Quedas (especialmente em adultos mais velhos e crianças pe-
nado cirurgia de controle de danos) no qual controlam-se a hemor- quenas)
ragia e o extravasamento entérico (p. ex., por compressa, ligadura, - Acidentes com veículos automotores e outras causas rela-
derivação, sutura ou grampeamento do intestino) sem reparo defi- cionadas a transporte (p. ex., acidentes de bicicleta, colisões com
nitivo e com o abdome temporariamente fechado. pedestres)
Pode-se obter o fechamento temporário com um sistema fe- - Agressões
chado de sucção a vácuo, usando toalhas, drenos e grandes curati- - Atividades esportivas (p. ex., concussões relacionadas com
vos biológicos oclusivos, ou utilizando um curativo comercialmente esportes)
disponível por pressão abdominal negativa. Os pacientes são então
estabilizados na UTI e levados para remoção dos curativos e repa- Patologia
ro cirúrgico definitivo depois do restabelecimento de sua fisiologia Alterações estruturais decorrentes de lesões cerebrais podem
normal (particularmente a correção do pH e da temperatura), tipi- ser macro ou microscópicas, dependendo do mecanismo e das
camente em 24 h, ou antes, se houver agravamento clínico apesar forças envolvidas. Pacientes com lesões menos graves podem não
da reanimação. Como os pacientes que exigem procedimentos de apresentar deficiência estrutural grave. As manifestações clínicas
controle de danos são aqueles com as lesões mais graves, a mor- variam bastante em termos de gravidade e consequências. As le-
talidade ainda é significativa e as complicações intra-abdominais sões são, normalmente, categorizadas como abertas ou fechadas.
subsequentes são comuns. As lesões abertas envolvem penetração de couro cabeludo e
crânio (e, normalmente, de meninges e tecido cerebral subjacen-
Embolização angiográfica te). Elas normalmente são causadas por balas ou objetos pontudos,
Algumas vezes o sangramento contínuo pode ser interrompido porém a fratura craniana com laceração no revestimento devido à
força direta também é considerada lesão aberta.
sem cirurgia por meio de embolização do vaso sangrante usando
As lesões fechadas normalmente ocorrem quando a cabeça é
um procedimento angiográfico percutâneo (embolização angiográ-
batida contra um objeto ou sacudida violentamente, causando ace-
fica). Obtém-se a hemostasia injetando uma substância trombogê-
leração e desaceleração cerebrais rápidas. Aceleração ou desace-
nica (p. ex., gelatina em pó) ou molas metálicas no vaso sangrante.
leração pode lesar o tecido no ponto de impacto (golpe), no polo
Embora não haja consenso, as indicações geralmente aceitas para oposto (contragolpe) ou difusamente; os lóbulos frontal e temporal
embolização angiográfica são: são especialmente vulneráveis a esse tipo de lesão. Axônios, vasos
- Pseudoaneurisma sanguíneos ou ambos podem ser cortados ou rompidos, resultan-
- Fístula arteriovenosa do em lesão axonal disfusa. Os vasos sanguíneos rompidos causam
- Lesões em órgãos sólidos (especialmente no fígado) ou fratu- contusões, hemorragias intracerebrais ou subaracnoides e hemato-
ra pélvica com sangramento grave o suficiente para exigir transfu- mas epidural ou subdural.
são após a reanimação.
3 Fonte: www.msdmanuals.com

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Concussão Um hematoma subdural crônico pode aparecer e produzir sin-
Define-se concussão como alteração pós-traumática transiente tomas gradualmente ao longo de muitas semanas após o trauma.
e reversível no estado mental (p. ex., perda de consciência ou me- Hematomas subdurais crônicos ocorrem com mais frequência em
mória, confusão), durando de segundos a minutos e, por definição pacientes alcoólicos e idosos (particularmente naqueles tomando
arbitrária, < 6 h. fármacos antiplaquetas ou anticoagulantes ou naqueles com atrofia
Não existem lesões cerebrais estruturais graves e resíduos do cérebro). Estes podem tanto considerar a lesão na cabeça relati-
neurológicos sérios na concussão, embora a incapacidade tempo- vamente trivial e até se esquecer dela. Em comparação ao hemato-
rária possa decorrer de sintomas como náuseas, cefaleia, tontura e ma subdural agudo, edema e aumento da PIC são incomuns.
distúrbios de memória (síndrome pós-concussão), bem como difi- Hematomas epidurais (coleções de sangue entre crânio e dura-
culdade de concentração (síndrome pós-concussão) que, em geral, -máter) são menos comuns que hematomas subdurais. Hematomas
desaparece em semanas. Entretanto, pensa-se que várias concus- epidurais que são grandes ou que se expandem rapidamente são
sões podem causar encefalopatia traumática crônica, que resulta normalmente causados por sangramento arterial, classicamente
em disfunção cerebral grave. devido aos danos causados na artéria meníngea por fratura óssea
temporal. Sem intervenção, pacientes com hematomas epidurais
Contusões encefálicas arteriais podem rapidamente deteriorar e morrer. Hematomas pe-
Contusões (hematomas no cérebro) podem ocorrer com lesões quenos, epidurais venosos, são raramente letais.
abertas ou fechadas e podem prejudicar a grande amplitude de fun- Hematomas intracerebrais são acúmulo de sangue dentro do
ções cerebrais, dependendo do tamanho e do local da contusão. próprio cérebro. No cenário traumático, eles resultam da coales-
Contusões maiores podem causar edema cerebral generalizado e cência das contusões. Ainda não se definiu exatamente quando
aumentar a PIC. As contusões podem aumentar nas horas ou dias uma ou mais contusões se tornam um hematoma. PIC aumentada,
após a lesão inicial e causar deterioração neurológica; cirurgia pode herniação e insuficiência do tronco cerebral podem se desenvolver
ser necessária. subsequentemente, especialmente com lesões no lobo temporal
ou cerebelo.
Lesão axonal difusa
A lesão axonial difusa (LAD) ocorre quando a desaceleração Fraturas cranianas
rotacional gera forças que resultam em rupturas generalizadas de Lesões penetrantes, por definição, envolvem fraturas. Lesões
fibras axoniais e da bainha de mielina. Algumas lesões LAD também fechadas também podem causar fraturas cranianas, as quais podem
ser lineares, com depressão óssea ou cominutiva. A presença da
podem resultar de lesão cerebral mínima. Não existem lesões ce-
fratura sugere que uma força agravante está envolvida.
rebrais graves; porém, pequenas hemorragias petequiais na massa
Embora muitos pacientes com fraturas lineares simples sem
branca são normalmente observadas em TC e exame de histopato-
deficiência neurológica não tenham alto risco de lesão intracrania-
logia.
na, pacientes com qualquer fratura associada a comprometimento
A LAD é, às vezes, definida clinicamente como perda de cons- neurológico apresentam maior risco de hematomas intracranianos.
ciência, durando > 6 h na ausência de uma lesão focal específica. Fraturas que envolvem riscos especiais incluem
O edema por lesão frequentemente aumenta a PIC, levando a - Fraturas com depressão óssea: apresentam o maior risco de
várias manifestações. laceração dural, lesando cérebro subjacente ou ambos.
A LAD normalmente consiste em lesão subjacente na síndrome - Fraturas ósseas temporais que atravessam a área da artéria
do bebê sacudido. meníngea: é provável que ocorra hematoma epidural.
- Fraturas que atravessam um dos seios durais principais: po-
Hematomas dem causar hemorragia significativa e hematoma epidural venoso
Hematomas (coleção de sangue dentro ou em volta do cé- ou subdural. Os seios venosos lesionados podem, mais tarde, cau-
rebro) podem ocorrer com lesões abertas ou fechadas e podem sar trombose e infarto cerebral.
ser epidural, subdural ou intracerebral. Hemorragia subaracnoide - Fraturas que envolvem o canal da carótida: podem causar dis-
(HSA) é comum no TCE, embora geralmente a aparência na TC não secação da artéria carótida.
seja a mesma da HSA aneurismática. - Fraturas do osso occipital e base do crânio (ossos basilares):
Hematoma subdural é acúmulo de sangue entre dura-máter e esses ossos são espessos e fortes, e fraturas nessas áreas indicam
máter aracnoide. Hematomas subdurais agudos são resultados da impacto de alta intensidade e aumento significativo do risco de
laceração da veias corticais ou avulsão das pontes das veias entre lesão intracraniana. Fraturas cranianas basilares que se estendem
córtex e seios durais. na parte petrosa do osso temporal lesionam a parte interna e mé-
Hematomas subdurais agudos ocorrem frequentemente nos dias das estruturas do ouvido e podem prejudicar as funções facial,
pacientes com acústica e do nervo vestibular.
- Traumatismo craniano causado por quedas ou acidentes com - Fraturas em crianças: as meninges podem tornar-se bloquea-
veículos motorizados das em fratura craniana linear com desenvolvimento subsequente
- Contusões cerebrais subjacentes de cisto leptomeníngeo e com crescimento de fratura original (fra-
- Hematoma epidural contralateral tura de crescimento).

Fisiopatologia
O edema ou hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo devido ao
A função cerebral pode ser imediatamente alterada por lesão
aumento do número de vasos sanguíneos) pode ocorrer como he-
direta (p. ex., esmagamento, laceração) do tecido cerebral. Uma
matoma que comprime o tecido cerebral, resultando em sinais de
lesão posterior pode ocorrer logo após, em virtude da cascata de
aumento da PIC. Quando tanto compressão como edema ocorrem,
eventos desencadeada pela lesão inicial.
a mortalidade e morbidade podem ser significantes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Qualquer tipo de TCE pode produzir edema nos tecidos lesados A predição da gravidade do TCE e do prognóstico pode ser re-
e diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro. A caixa craniana é fixa- finada considerando-se também achados em TC e outros fatores.
da em tamanho (constrangida pelo crânio) e quase completamente Alguns pacientes com início de TCE moderada pioram e alguns pa-
preenchida de líquido não compressível (PIC) e minimamente com- cientes com início de TCE leve deterioram. Para bebês e crianças jo-
pressível por tecido cerebral; consequentemente, qualquer edema vens, utiliza-se a Escala de Coma Modificada de Glasgow para Bebês
ou hematoma, o qual não tenha onde se expandir, aumenta a PIC. e Crianças. Como a hipoxia e hipotensão podem diminuir o GCS, os
O fluxo cerebral sanguíneo é proporcional à pressão de perfusão valores após a ressucitação de lesão cardiopulmonar são mais espe-
cerebral (PPC), que consiste na diferença entre pressão arterial mé- cíficos para disfunção cerebral do que valores determinados antes
dia (PAM) e PIC média. Dessa maneira, como a PIC aumenta (ou a da ressucitação. Da mesma forma, sedativos e paralisantes podem
PAM diminui), a PPC diminui. Quando ela cai abaixo de 50 mmHg, diminuir os valores de GCS e devem ser evitados antes da avaliação
o tecido cerebral pode tornar-se isquêmico. Isquemia e edema po- neurológica completa.
dem desencadear vários mecanismos secundários da lesão (p. ex.,
liberação de neurotransmissores excitatórios, cálcio intracelular, ra- Sintomas dos tipos específicos de traumatismo crânioencefá-
dicais livres e citocinas), causando dano celular adicional, mais ede- lico
ma e aumento adicional da PIC. Complicações sistêmicas advindas Os sintomas de vários tipos de TCE podem se sobrepor consi-
de trauma (p. ex., hipotensão, hipoxia) também podem contribuir deravelmente.
para isquemia cerebral, sendo chamadas com frequência de lesões Os sintomas de hematoma epidural normalmente se desenvol-
cerebrais secundárias. vem dentro de minutos ou de muitas horas após a lesão (o período
Inicialmente, PIC excessiva causa disfunção do globo cerebral. sem sintomas é chamado intervalo de lucidez) e consistem
Se não for aliviada, PIC excessiva pode impelir o tecido cerebral ao - Cefaleia aumentando de intensidade
longo do tentório ou ao longo do forame magno, causando hernia- - Diminuição do nível de consciência
ção e aumentando significantemente o risco de morbidade e mor- - Déficits neurológicos focais (p. ex., hemiparesia)
talidade. Se a PIC aumenta e iguala à PAM, a PPC torna-se zero, o Dilatação pupilar com perda da reatividade à luz geralmente in-
que resulta em isquemia cerebral completa e morte cerebral; au- dica herniação. Alguns pacientes com hematoma epidural perdem
sência de fluxo sanguíneo craniano pode ser utilizada como critério a consciência, então têm um intervalo de lucidez transiente e, em
para morte cerebral. seguida, deterioração neurológica gradual.
Hiperemia e aumento no fluxo sanguíneo no cérebro podem Hematomas subdurais costumam causar perda imediata da
resultar de lesão devido à concussão em adolescentes ou crianças. consciência.
A síndrome do segundo impacto é rara e é definida pelo sú- Hematomas intracerebrais e hematomas subdurais podem
bito aumento da PIC e, às vezes, morte após uma segunda lesão causar déficits neurológicos focais como hemiparesia, diminuição
traumática que é imposta antes da recuperação completa de uma progressiva da consciência ou ambos.
lesão simples anterior. É atribuída a perda da autorregulação do flu- A diminuição progressiva da consciência pode resultar de qual-
xo sanguíneo do cérebro que leva ao aumento vascular, aumento quer aumento do PIC (p. ex., hematoma, edema, hiperemia).
de PIC e herniação. O aumento da PIC algumas vezes provoca vômitos, mas os
vômitos são inespecíficos. Classicamente, a pressão intracraniana
Sinais e sintomas muito elevada se manifesta como uma combinação dos seguintes
Inicialmente, a maioria dos pacientes com TCE moderada ou (chamada tríade de Cushing):
grave perde a consciência (normalmente por segundos ou minu- - Hipertensão (em geral, com aumento da pressão de pulso)
tos), embora alguns pacientes apresentem lesões menores, alguns - Bradicardia
façam apenas confusões ou tenham amnésia (a amnésia é normal- - Depressão respiratória
mente retrógrada e causa perda de memória de segundos a algu- Em geral, respiração e pulsação são lentas e irregulares. Lesão
mas horas antes da lesão). Crianças jovens podem simplesmente cerebral difusa grave ou PIC marcadamente aumentada podem pro-
tornar-se irritáveis. Alguns pacientes apresentam convulsão, nor- duzir postura descorticada ou descerebrada. Ambas apresentam
malmente na primeira hora ou dia. Após esses sintomas iniciais, os mau sinal de prognóstico.
pacientes devem estar totalmente acordados e alertas ou a consci- Herniação transtentorial pode resultar em coma, pupilas uni ou
ência e a função podem ser alteradas em algum grau, variando de bilateralmente dilatadas sem reações, hemiplegia (normalmente no
confusão leve a estupor e coma. A duração da falta de consciência lado oposto à pupila unilateralmente dilatada) e tríade de Cushing.
e da gravidade do estupor são aproximadamente proporcionais à
gravidade da lesão, porém não são específicas. Fratura da base do crânio pode resultar em:
A Escala de Coma de Glasgow (GCS, Glasgow Coma Scale — Es- - Extravasamento do líquido cefalorraquidiano pelo nariz (ri-
cala de coma de Glasgow) consiste em um sistema de pontuação rá- norreia no LCR ou ouvidos (otorreia no LCR)
pida e reprodutível para ser usado durante o exame inicial para es- - Sangue atrás da membrana timpânica (hemotímpano) ou do
timar a gravidade do TCE. É baseada na abertura do olho, resposta ouvido externo se a membrana timpânica foi rompida.
verbal e melhores respostas motoras. Uma pontuação de 3 pontos - Equimose atrás da orelha (sinal de Battle) ou na área periorbi-
indica potencialmente uma lesão fatal, principalmente se ambas as tal (olhos de guaxinim)
pupilas falharem ao responder às respostas de luz e as respostas - Perda de olfato e audição, geralmente imediata, embora só
oculovestibulares estiverem ausentes. Pontuações iniciais maiores possam ser percebidas depois de o paciente recuperar a consciên-
tendem a prever melhor recuperação. Por convenção, a gravidade cia.
da lesão cerebral é inicialmente definida pelo GCS: Algumas vezes, a função do nervo facial ocorre imediata ou tar-
- Pontuação GCS de 14 a 15 consiste em TCE leve diamente. Outras fraturas na caixa craniana são, às vezes, palpáveis,
- Pontuação GCS de 9 a 13 consiste em TCE moderada especialmente por laceração do couro cabeludo, como depressão
- Pontuação GCS de 3 a 8 consiste em TCE grave ou deformidade sobressalente. No entanto, o sangue sob a gálea
aponeurótica pode mimetizar deformidade em degrau.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Hematomas subdurais crônicos podem se manifestar com au- Avaliação neurológica completa
mento da cefaleia diária, tontura flutuante ou confusão (que po- É feito assim que o paciente estiver suficientemente estável.
dem mimetizar demência precoce) e hemiparesia leve a moderada, Bebês e crianças devem ser examinados cuidadosamente para he-
outros déficits neurológicos focais e/ou convulsões. morragias retinais, as quais podem indicar síndrome do bebê sa-
cudido. O exame fundoscópico em adultos pode revelar descola-
Sintomas a longo prazo mento traumático de retina e ausência de pulso venoso na retina
A amnésia pode persistir e pode ser tanto retrógrada quanto devido a PIC elevada, mas o exame pode estar normal apesar da
anterógrada (i.e., para eventos posteriores à lesão). lesão cerebral.
Síndrome pós-concussão, que é comum após concussão mo- A concussão é diagnosticada quando a perda de consciência ou
dera a grave, inclui cefaleia persistente, tontura, fadiga, dificuldade de memória dura < 6 h e os sintomas não são explicados pela lesão
de concentração, amnésia variável, depressão, apatia e ansiedade. cerebral identificada nos exames de neuroimagem.
Normalmente, o olfato (e, às vezes, o paladar), algumas vezes a au- Suspeita-se da LAD (lesão axonial difusa) quando a perda de
dição ou raramente a visão são alterados ou perdidos. Os sintomas consciência excede 6 h e quando micro-hemorragias são detectadas
normalmente se resolvem de forma espontânea após semanas ou na TC.
meses. O diagnóstico de outros tipos de TCE é feito através de TC ou
Uma amplitude de déficits cognitivos e neuropsiquiátricos RM.
pode persistir após TCE grave, moderado e até mesmo leve, espe-
cialmente se a lesão estrutural tiver sido significante. Os problemas Neuroimagem
comuns são A imagem deve ser sempre feita em pacientes com deficiência
- Amnésia de consciência, GCS < 15, descobertas neurológicas focais, vômito
- Mudanças comportamentais (p. ex., agitação, impulsividade, persistente, história de perda de consciência, convulsões ou fratu-
desinibição, falta de motivação) ras clinicamente suspeitas. Muitos médicos fazem TC para todos os
- Labilidade emocional pacientes com mais de uma lesão cerebral trivial, pois as consequ-
- Distúrbios do sono ências clínicas e médico-legais de um hematoma despercebido são
- Diminuição da função intelectual graves, mas os médicos devem ponderar essa abordagem com o
Convulsões tardias (> 7 dias após a lesão) desenvolvem-se em possível risco dos efeitos adversos relacionados à radiação da TC em
uma pequena porcentagem de pacientes, após algumas semanas, pacientes mais jovens.
meses ou anos. Deficiência motora espástica, marcha e distúrbios Embora a radiografia possa detectar algumas fraturas crania-
de equilíbrio, ataxia e perdas sensoriais podem ocorrer. nas, ela não pode ajudar a avaliar o cérebro e pode atrasar exames
Estado vegetativo persistente pode seguir TCE que destrói as de imagem mais definitivos; dessa forma, é raramente utilizada.
funções cognitivas da parte frontal do cérebro, mas poupa o tronco A TC é a melhor escolha para imagem inicial, pois detecta he-
cerebral. A capacidade da atividade de autoconsciência mental é matomas, contusões, fraturas cranianas (cortes finos são obtidos
ausente; no entanto, reflexos motores e autônomos e ciclos nor- para revelar clinicamente fraturas cranianas basilares suspeitas, as
mais de acordar-dormir são preservados. Poucos pacientes recupe- quais, do contrário, não poderiam ser visíveis) e, algumas vezes,
ram a função neurológica normal quando o estado vegetativo per- LAD.
sistente dura 3 meses após a lesão e quase nenhuma recuperação
ocorre após 6 meses. A TC pode mostrar:
A função neurológica tende a melhorar por pelo menos 2 anos - Contusões e sangramento agudo aparecem opacos (densos)
após a TCE, mais rapidamente durante os primeiros 6 meses. em comparação com o tecido cerebral.
- Hematomas epidurais arteriais classicamente aparecem como
Diagnóstico opacidades em formato lenticular acima do tecido cerebral, fre-
- Avaliação geral e rápida do trauma quentemente no território da artéria meníngea média.
- Escala de Coma Modificada de Glasgow e exame neurológico - Hematomas subdurais classicamente aparecem como opaci-
- TC dades em formato de lua crescente que se sobrepõem ao tecido
(Para um exemplo de como fazer a triagem, diagnosticar e tra- cerebral.
tar lesões encefálicas em um sistema no qual TC e tratamento es- Hematoma subdural crônico aparece hipodenso comparado ao
pecializado de traumas são utilizados de forma mais seletiva que tecido cerebral, enquanto um hematoma subdural subagudo pode
nos EUA, ver também as diretrizes práticas do National Institute ter radiopacidade similar à do tecido cerebral (isodenso). Hema-
for Clinical Excellence of the United Kingdom Head injury: triage, toma subdural isodenso, particularmente se bilateral e simétrico,
assessment, investigation and early management of head injury in pode aparecer somente sutilmente anormal. Em pacientes com
children, young people and adults.) anemia grave, um hematoma subdural agudo pode aparecer iso-
denso com tecido cerebral. Os achados podem ser diferentes des-
Medidas iniciais sas aparências clássicas entre diferentes pacientes.
Uma avaliação geral inicial das lesões deve ser feita. Avaliam-se Sinais de efeito de massa incluem apagamento dos sulcos,
a adequação das vias respiratórias e da respiração. Diagnóstico e compressão do ventrículo e cisterna, bem como desvio da linha
tratamento do TCE ocorrem simultaneamente em pacientes seria- média. Ausência desses achados não exclui PIC aumentada e efeito
mente lesados. de massa pode estar presente com PIC normal.
Avaliação neurológica rápida focada também é parte da ava- Um desvio de > 5 mm da linha média é, geralmente, considera-
liação inicial; inclui a avaliação dos componentes da GCS e resposta do uma indicação para abordagem cirúrgica do hematoma.
oculomotora. Os pacientes são preferencialmente avaliados antes
de serem medicados com paralisantes e opioides. Os pacientes são
reavaliados em intervalos frequentes (p. ex., a cada 15 a 30 min ini-
cialmente e, então, a cada 1 h após a estabilização). Melhora ou pio-
ra subsequente ajuda a estimar gravidade e prognóstico da lesão.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
RM pode ser útil mais tarde no curso clínico para detectar con- No local da lesão, deve-se assegurar uma passagem desobstru-
tusões mais sutis, LAD e lesão do tronco cerebral. RM normalmente ída de ar e o sangramento externo deve ser controlado antes de o
é mais sensível que TC para o diagnóstico de hematomas agudos paciente ser movido. Um cuidado particular é tomado para evitar
muito pequenos, subagudos subdurais e isodensos crônicos. Evi- deslocamento da coluna ou de outros ossos para proteger a colu-
dência preliminar e não confirmada sugere que certos achados da na vertebral e os vasos sanguíneos. A imobilização correta deve ser
RM podem antecipar o prognóstico. mantida com um colar cervical e um colete ao longo da coluna até
Angiografia, angiotomografia, e angiografia por ressonância que a estabilidade de toda coluna tenha sido obtida por exame e
magnética todas ajudam na avaliação da lesão vascular. Por exem- imagem apropriados. Após a avaliação neurológica rápida inicial, a
plo, suspeitar lesão vascular quando os achados tomográficos fo- dor deve ser aliviada com pequena ação de opioide (p. ex., fenta-
rem incompatíveis com os achados ao exame físico (p. ex., hemipa- nila).
resia com TC normal ou não diagnóstica por causa da suspeita de No hospital, após rápida avaliação, os achados neurológicos
isquemia secundária em evolução a trombose vascular ou embolia (GCS e reação pupilar), PA, pulso e temperatura devem ser registra-
decorrente de dissecção da artéria carótida). dos frequentemente por várias horas, pois qualquer piora demanda
atenção imediata. GCS serial e resultados da TC estratificam a gravi-
Prognóstico dade da lesão, o que ajuda a guiar o tratamento
Nos EUA, adultos com TCE grave que são tratados apresentam A base do tratamento para todos os pacientes com TCE é:
taxa de mortalidade de cerca de 25 a 33%. A mortalidade é mais - Manutenção de ventilação adequada, oxigenação e perfusão
baixa quando classificações GCS são mais altos. As taxas de morta- cerebral para evitar lesão cerebral secundária.
lidade são mais baixas em crianças com ≥ 5 anos (≤ 10% com classi- O monitoramento precoce agressivo de hipoxia, hipercapnia,
ficação GCS de 5 a 7). Em geral, crianças se dão melhor que adultos hipotensão e aumento da PIC ajudam a evitar complicações se-
com lesões comparáveis. cundárias. Os sangramentos provenientes das lesões (internas e
A vasta maioria de pacientes com TCE leve apresenta boa fun- externas) são rapidamente controladas e o volume intravascular
ção neurológica. Com TCE moderado a grave, o prognóstico não é é prontamente substituído por cristaloide (p. ex., solução salina a
bom, porém é muito melhor do que normalmente se acredita. A 0,9%) ou, às vezes, transfusão sanguínea para manter a perfusão
escala utilizada com mais frequência para avaliar o resultado em pa- cerebral. Líquidos hipotônicos (especialmente soro glicosado a 5%)
cientes com TCE é a Escala de Resultado de Glasgow. Nessa escala, são contraindicados, pois contêm excesso de água livre, que pode
os possíveis resultados são aumentar o edema e PIC.
- Boa recuperação (retorno ao nível anterior da função) Outras complicações a serem checadas e prevenidas incluem:
- Deficiência moderada (paciente capaz de se autocuidar) hipertermia, hiponatremia, hiperglicemia e desequilíbrio de líquido.
- Deficiência grave (paciente incapaz de se autocuidar)
- Vegetativa (definida pelo paciente sem função cognitiva) Lesão leve
- Morte Pacientes com lesão leve não têm perda da consciência, que
é breve, e os sinais vitais estão estáveis, TC cerebral normal e as
Outros sistemas de classificação prognóstica, como o sistema
funções mental e neurológica normais (incluindo resolução de qual-
de classificação de Marshall e a pontuação da TC de Rotterdam,
quer intoxicação), eles podem ter alta e serem observados por fa-
mais recente, também podem ser usados para estimar a sobrevida
miliares ou amigos em casa por 24 h adicionais. Esses observadores
em longo prazo.
são instruídos a retornar com os pacientes ao hospital se qualquer
Mais de 50% dos adultos com TCE grave apresentam boa recu-
dos seguintes sintomas se desenvolverem:
peração ou deficiência moderada. A ocorrência e duração do coma
- Diminuição do nível de consciência
após oTCE são fortes indícios de incapacidade. Dos pacientes em
- Déficits neurológicos focais
coma por mais de 24 h, 50% tem sequelas neurológicas graves per-
- Agravamento da cefaleia
sistentes e 2 a 6% permanecem em estado vegetativo persistente - Vômitos
em 6 meses. Em adultos com TCE grave, a recuperação ocorre mais - Deterioração da função mental (p. ex., parece confuso, não
rapidamente dentro dos primeiros 6 meses. Poucas melhoras con- reconhece as pessoas, comporta-se de forma incomum)
tinuam ao longo de alguns poucos anos. Crianças apresentam uma - Convulsões
recuperação imediata melhor de TCE, independente da gravidade, e Pacientes que tiveram perda da consciência ou que apresenta-
continuam a melhorar por um longo período de tempo. ram pequenas anormalidades na função mental ou neurológica e
Os déficits cognitivos com deficiência da concentração, aten- não podem ser atentamente observados após a alta hospitalar em
ção, memória e várias mudanças de personalidade são a causa mais geral são observados no departamento de emergência ou durante
comum de deficiência em relações sociais e emprego se compara- a noite no hospital, com acompanhamento feito por TC, de 8 a 12
dos a deficiências motoras e sensoriais. Anosmia pós-traumática e h, se os sintomas persistirem. Pacientes sem mudanças neurológi-
cegueira traumática aguda repentina raramente se resolvem após cas, porém, com pequenas anormalidades na TC cerebral (p. ex.,
3 a 4 meses. Hemiparesia e afasia normalmente diminuem, exceto pequenas contusões, pequenos hematomas subdurais sem efeito
em idosos. de massa ou pequena hemorragia subaracnoide traumática) po-
dem precisar de acompanhamento com TC cerebral dentro de 24
Tratamento h. Com TC estável e resultados dos exames neurológicos normais,
- Para lesões leves, alta hospitalar e observação domiciliar esses pacientes podem ter alta do hospital.
- Para lesões moderadas e graves, otimização da ventilação,
oxigenação e perfusão cerebral: tratamento de complicações (p. Lesão moderada e grave
ex., PIC aumentada, convulsões, hematomas) e reabilitação Pacientes com lesão moderada normalmente não requerem in-
As lesões não cranianas múltiplas, que vêm, provavelmente, tubação e ventilação mecânica (a menos que haja outras lesões) ou
de acidentes de automóveis e quedas, requerem, com frequência, monitoramento da PIC. No entanto, como a piora é possível, esses
tratamento simultâneo. A reanimação inicial de pacientes com trau- pacientes devem ser internados e observados mesmo se a TC for
ma, será discutida em outras partes. normal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Pacientes com lesão grave são internados na unidade de tera- clínico e achados de TC (3). No entanto, a interpretação desses re-
pia intensiva. Como os reflexos protetores da passagem do ar estão sultados é controversa, em parte porque o tratamento foi realizado
normalmente deficientes e a PIC está aumentada, eles são entu- em ambiente diferentes daqueles nos EUA, o que limita a extrapo-
bados endotraquealmente enquanto medidas são tomadas para lação dos resultados.
evitar aumento da PIC. Pode-se usar sedação para prevenir agitação, atividade muscu-
Recomenda-se basear o tratamento dos pacientes com TCE lar excessiva (p. ex., decorrente de delirium) e ajudar a diminuir a
grave em informações de monitoramento da PIC para reduzir a resposta à dor e, assim, prevenir aumentos na PIC. Para sedação, é
mortalidade intra-hospitalar e 2 semanas após a lesão; no entan- normalmente usado propofol em adultos (contraindicado em crian-
to, algumas evidências sugerem que o tratamento apenas com uma ças), pois apresenta início rápido e duração na ação; a dose é de 0,3
combinação de avaliações clínicas e radiográficas resulta em acha- mg/kg/h, com infusão IV contínua aplicada gradativamente confor-
dos equivalentes. O monitoramento da PPC também tem sido re- me a necessidade (mais de 3 mg/kg/h). Não é utilizado um bolus
comendado como parte do tratamento porque evidências sugerem inicial. O efeito adverso mais comum é hipotensão. O uso prolonga-
que pode ajudar a diminuir a mortalidade em 2 semanas após a do de doses elevadas pode causar pancreatite. Benzodiazepinas (p.
lesão. No entanto, o monitoramento atento usando GCS e resposta ex., midazolam e lorazepam) podem também ser usadas para seda-
pupilar deve ser mantido, e repete-se a TC, particularmente se há ção, mas não agem tão rapidamente quanto o propofol e a dose de
aumento inexplicável da PIC. resposta individual pode ser difícil de prever. Antipsicóticos podem
retardar a recuperação e devem ser evitados, se possível. Raramen-
Aumento da pressão intracraniana te, os paralisantes são necessários; se forem, a sedação adequada
O tratamento para pacientes PIC aumentada inclui deve ser segura.
- Intubação orotraqueal de sequência rápida
- Ventilação mecânica O controle adequado da dor muitas vezes exige o uso de
- Monitoramento de PIC e PPC opioides.
- Sedação como necessário Manter a euvolemia e osmolalidade sérica normal (isosmolar
- Manutenção da euvolemia e osmolalidade sérica de 295 a 320 ou levemente hiperosmolar; (osmolalidade sérica alvo de 295 a 320
mOsm/kg mOsm/kg) é importante. Para controlar a pressão intracraniana,
- Para PIC intratável aumentada, possivelmente drenagem do estudos recentes descobriram que a solução salina hipertônica (ge-
LCR (líquido cefalorraquidiano), hiperventilação temporária, cranio- ralmente de 2% a 3%) é um agente osmótico mais eficaz do que o
tomia descompressiva ou coma induzido por pentobarbital manitol. É administrado de uma só vez na dose de 2 a 3 mL/kg IV,
conforme necessário, ou em infusão contínua de 1 mL/kg/h. O nível
Utilizar a entubação orotraqueal de sequência rápida (com pa-
sérico de sódio é monitorado e mantido ≤ 155 mEq/L.
ralisia), em vez da entubação nasotraqueal desperta, se os pacientes
Os diuréticos osmóticos (p. ex., manitol) administrados por via
com TCE precisarem de suporte das vias respiratórias ou ventilação
IV constituem uma alternativa para baixar a PIC e manter a osmola-
mecânica. A entubação nasotraqueal pode provocar tosse e engas-
lidade. No entanto, devem ser reservados para pacientes nos quais
gos, aumentando assim a PIC. Fármacos são usados para minimizar
a condição piora ou utilizados pré-operatoriamente em pacientes
o aumento da PIC quando a passagem de ar é controlada — p. ex.,
com hematomas. Solução de manitol a 20% é dada de 0,5 a 1 g/
lidocaína, 1.5 mg/kg IV, 1 a 2 min antes de fornecer o paralisante.
kg IV (2,5 a 5 mL/kg), por mais de 15 a 30 min, e repetida em dose
Etomidato é uma boa escolha para indução do agente devido aos
de cerca de 0,25 a 0,5 g/kg (1,25 a 2,5 mL/kg), dada conforme a
seus mínimos efeitos na PA; a dose IV em adultos é de 0,3 mg/kg
necessidade (normalmente a cada 6 a 8 h); isso baixa PIC por al-
(ou 20 mg para adulto de tamanho mediano) e, em crianças, é de gumas horas. Deve-se usar manitol com cautela em pacientes que
0,2 a 0,3 mg/kg. Uma alternativa, se a hipotensão estiver ausente têm doença coronariana grave, insuficiência cardíaca, insuficiência
ou for improvável, é propofol, 0,2 a 1,5 mg/kg, IV. Tipicamente, suc- renal ou congestão pulmonar vascular porque o manitol expande
cinilcolina 1,5 mg/kg IV é utilizada como paralisante. rapidamente o volume intravascular. Como os diuréticos osmóticos
Deve-se avaliar a adequação da oxigenação e da ventilação aumentam a excreção renal de água relativa ao sódio, o uso pro-
usando oximetria de pulso e gasometria arterial (se possível, CO2 longado de manitol também pode resultar em depleção de água e
expirado). A meta é um nível normal de pressão artéria lparcial de hipernatremia. Furosemida a 1 mg/kg IV, também é útil para dimi-
dióxido de carbono (Paco2) (38 a 42 mmHg). A hiperventilação pro- nuir a água total do corpo, especialmente quando a hipervolemia
filática (PaCO2 de 25 a 35 mmHg) não é mais recomendada. A Paco2 transiente associada ao manitol tiver que ser evitada. O equilíbrio
mais baixa reduz a PIC, causando vasoconstrição cerebral, além de de líquidos e eletrólitos deve ser rigorosamente monitorado quan-
diminuir a perfusão cerebral e, dessa maneira, potencializar a is- do se utilizam diuréticos osmóticos.
quemia. Portanto, usa-se hiperventilação (alvo Paco2 de 30 a 35 Pode-se considerar craniotomia ou craniectomia descompres-
mmHg) somente nas primeiras horas e apenas se a PIC não respon- siva quando o aumento da PIC for refratário a outras intervenções.
der a outras medidas. Para a craniotomia, remove-se um retalho de 12 x 15 do osso (para
Monitoramento e controle da CPP e da PIC, quando usados, ser reposto mais tarde), e a duraplastia é feita para permitir o extra-
são recomendados para os pacientes com TCE grave que não con- vasamento do edema cerebral para fora. Na craniectomia, o retalho
seguem obedecer comandos simples, especialmente aqueles com ósseo não é substituído imediatamente. Em um estudo randomiza-
alterações pela TC de crânio. A meta é manter PIC < 20 mmHg e PPC do recente comparando craniectomia e tratamento clínico, a mor-
o mais próximo de 60 mmHg. A drenagem venosa cerebral pode talidade geral em 6 meses foi menor após a craniectomia, mas os
ser aumentada (diminuindo assim a PIC) pela elevação da cabeceira índices de incapacidade grave e estado vegetativo foram maiores, e
da cama a 30° e manter a cabeça do paciente na posição mediana. o índice de boa recuperação funcional foi semelhante.
Se houver cateter ventricular, a drenagem do LCR pode abaixar a Coma pentobarbital é atualmente uma opção intricada e me-
PIC. Um estudo multicêntrico recente não encontrou nenhuma di- nos popular para PIC aumentada intratável. O coma é induzido pela
ferença na recuperação do TCE com o tratamento da PIC orientado ingestão de pentobarbital, 10 mg/kg, IV, por mais de 30 min, 5 mg/
por um monitor de PIC versus o tratamento direcionado por exame kg/h, em 3 doses e, então, 1 mg/kg/h, infusão de manutenção. A

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
dose pode ser ajustada para suprimir as salvas de atividade do EEG, Hematomas subdurais crônicos podem necessitar de drena-
que é monitorado continuamente. A hipotensão é comum e mo- gem cerebral, porém com muito menos urgência que os hemato-
nitorada por aplicação de líquidos e vasopressores, se necessário. mas subdurais agudos. Hematomas epidurais grandes ou arteriais
são tratados cirurgicamente, porém hematomas epidurais venosos
A hipotermia terapêutica sistêmica não provou ser útil. pequenos podem ser acompanhados por TC em série.
Altas doses de corticosteroides têm sido recomendadas para
diminuir o edema cerebral e PIC. Mas corticosteroides não são úteis Outros problemas cruciais do tratamento do TCE
para controlar a PIC e não são recomendados. Em um grande estu- Anemia e trombocitopenia são problemas comuns nos pacien-
do randomizado, controlado por placebo, a administração de corti- tes que tiveram TCE. No entanto, as hemotransfusões podem resul-
costeroides em até 8 horas após o TCE aumentou a mortalidade e tar significativamente em mais complicações e maior mortalidade;
incapacidade grave entre os que sobreviveram. assim, o limiar de transfusão entre os pacientes com TCE deve ser
Uma variedade de agentes neuroprotetores estão sob estudo, alto — o mesmo que para outros pacientes em tratamento inten-
mas até agora, nenhum mostrou eficácia em estudos clínicos. sivo.
A hiperglicemia prediz o maior risco de aumento da pressão
Convulsões intracraniana, do comprometimento do metabolismo cerebral,
Convulsões podem piorar a lesão cerebral e aumentar a PIC e, de infecção do trato urinário e de bacteremia; assim, foi tentado
portanto, devem ser tratadas imediatamente. Em pacientes com o controle glicêmico rigoroso nos pacientes com TCE. No entanto,
lesão estrutural significante (p. ex., grandes contusões ou hemato- em um estudo controlado randomizado comparando os esquemas
mas, laceração cerebral, fratura craniana deprimida) ou GCS < 10, intensivos (para manter a glicose entre 80 e 120 mg/dL) aos esque-
deve ser considerada a utilização de anticonvulsivo profilático. mas tradicionais (para manter a glicose < 220 mg/dL), a pontuação
Se a fenitoína for utilizada, uma dose de 20 mg/kg IV é dada pela escala de coma de Glasgow foi a mesma em 6 meses, porém
(em taxa máxima de 50 mg/min para prevenir efeitos cardiovascula- a incidência de hipoglicemia foi maior com o tratamento intensivo.
res adversos, tais como hipotensão e braquicardia). A manutenção
inicial de dose IV em adultos é de 2 a 2,7 mg/kg, 3 vezes/dia; crian- Foram recomendados diferentes graus de hipotermia para me-
ças necessitam de doses mais altas (mais de 5 mg/kg, 2 vezes/dia, lhorar a recuperação neurológica, melhorando a neuroproteção e
para crianças < 4 anos). Os níveis do soro devem ser medidos para diminuir a pressão intracraniana no período agudo após o TCE. Mas
ajustar a dose. vários ensaios clínicos randomizados controlados mostraram que a
A duração do tratamento depende do tipo de lesão e dos re- hipotermia profilática precoce (em 2,5 h), em curto prazo (48 h pós-
sultados do EEG. Se as convulsões não se desenvolverem dentro de -lesão) não melhora os desfechos dos pacientes com TCE grave em
1 semana, os anticonvulsivos devem ser suspensos, pois seu valor comparação ao tratamento clínico convencional e aumenta o risco
para prevenção de convulsões futuras não está estabelecido. de coagulopatia e instabilidade cardiovascular.
Anticonvulsivos mais novos estão sob estudo. Fosfenitoína, Os bloqueadores do canal de cálcio têm sido utilizados na ten-
uma forma de fenitoína que tem melhor solubilidade na água, está tativa de prevenir o vasoespasmo cerebral após o TCE, a fim de
sendo usada em alguns pacientes sem acesso venoso central por- manter o fluxo sanguíneo cerebral e, deste modo, prevenir danos
que diminui o risco de tromboflebite quando dada através de IV pe- adicionais. Entretanto, uma revisão dos ensaios clínicos randomiza-
riférico. A dose é a mesma para fenitoína. Levetiracetam é cada vez dos com bloqueadores do canal de cálcio para pacientes com TCE
mais usado, particularmente em pacientes com doenças hepáticas. e hemorragia subaracnóidea traumática concluiu que sua eficácia
permanece incerta.
Fraturas cranianas
Fraturas fechadas alinhadas não requerem tratamento especí- Reabilitação
fico. Fraturas depressíveis requerem, às vezes, cirurgia para, elevar Quando déficits neurológicos persistem, a reabilitação é neces-
os fragmentos, monitorar os vasos corticais lacerados, reparar a sária. Para a reabilitação pós-lesão cerebral, a melhor opção é uma
dura-máter e debridar o cérebro lesado. Fraturas abertas podem abordagem em equipe, combinando fisioterapia, terapia ocupa-
exigir desbridamento cirúrgico a menos que não haja nenhum ex- cional e fonoaudiologia, atividades de construção de habilidades e
travasamento do líquor e a fratura não esteja rebaixada mais do aconselhamento para atender as necessidades sociais e emocionais
que a espessura do crânio. do paciente. Grupos de apoio para lesão cerebral podem fornecer
O uso de antibióticos profiláticos é controverso pelos dados li- assistência às famílias de pacientes com lesão cerebral.
mitados em sua eficácia e preocupação que promova a resistência Para pacientes em que o coma excede 24 h, 50% deles apresen-
a fármacos. tam sequelas neurológicas graves persistentes, um período prolon-
gado de reabilitação, especialmente em áreas cognitivas e emocio-
Cirurgia nais, é normalmente necessário. Os serviços de reabilitação devem
Os hematomas intracranianos podem requerer drenagem ci- ser planejados precocemente.4
rúrgica para prevenir ou tratar a mudança, compressão e hernia-
ção; portanto, consulta precoce com especialista em neurocirurgia
TRAUMA RAQUIMEDULAR
é obrigatória.
No entanto, muitos hematomas não necessitam de remoção ci-
rúrgica. Hematomas intracerebrais pequenos raramente requerem Entende-se por traumatismo raquimedular (TRM) lesão de
cirurgia. Os pacientes com hematomas subdurais pequenos podem, qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a me-
com frequência, ser tratados sem cirurgia. dula ou as raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos (cervi-
Os fatores que sugerem necessidade de cirurgia incluem desvio cal, dorsal, lombossacro). Frequentemente está associado a trauma
da linha mediana do cérebro de > 5 mm, compressão das cisternas cranioencefálico ou politrauma.
basais e piora nos achados do exame neurológico).
4 Fonte: www.msdmanuals.com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As emergências relacionadas com lesões traumáticas da medula espinal e da coluna vertebral necessitam de grande atenção diante
do drástico quadro clínico acompanhado de suas repercussões sociais e econômicas geradas para o paciente e para a sociedade. Essas
lesões devem ser reconhecidas precocemente para que o diagnóstico possa ser imediatamente confirmado e o seu tratamento instituído,
evitando que a perda de função se torne permanente. Os dados mais importantes para a suspeição de uma emergência raquimedular vêm
da história e do exame clínico. O plantonista deve estar atento para os “sinais de alerta” fornecidos pela história e pelo exame clínico, os
quais contribuem para o diagnóstico de uma doença emergencial subjacente.
Os exames laboratoriais e radiológicos simples podem contribuir. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética da coluna
vertebral podem definir a anatomia, apresentando, contudo, elevados custos e altos índices de exames falso-positivos. Nos casos com-
plexos e duvidosos, o paciente deve ser encaminhado para um serviço com neurocirurgião ou ortopedista especializado em doenças da
coluna vertebral. Neste capítulo discutimos a conduta em pacientes com TRM desde a cena do acidente, assim como os mecanismos de
trauma, o atendimento especializado e as principais síndromes clínicas.

EPIDEMIOLOGIA
A epidemiologia da lesão medular vem sendo exaustivamente estudada nas últimas três décadas. De acordo com levantamento na-
cional realizado pelo autor, as fraturas da coluna vertebral são diagnósticos frequentes na maioria dos serviços de emergência. Ocorrem
aproximadamente 60 a 70 casos para cada 100 mil habitantes por ano e 10% desses pacientes apresentam déficit neurológico.
Referente à lesão medular, estima-se em mais de 11 mil vítimas anualmente, acometendo nove homens para cada mulher. A média
de idade das vítimas é de 30,4 ± 15,5 anos. O coeficiente de incidência de lesão medular no Brasil é de 71 novos casos por milhão de habi-
tantes. A região Nordeste apresentou uma incidência de 91 casos, seguida pela Centro-oeste com 79 casos e a Sudeste com 71 registrados.
As regiões Norte e Sul apresentam as mais baixas incidências, com 49 e 38 casos por milhão, respectivamente. Em cada região, as causas
mais frequentes são os acidentes de trânsitos, seguidos de mergulhos, quedas e perfurações por arma de fogo.
Os custos com a lesão medular são altíssimos. Isso se deve ao alto grau de sequela neurológica e também psicológica em pacientes
que ainda estão em idade profissional produtiva. Estima-se que o custo de um paciente tetraplégico, ao longo do resto de sua vida, possa
chegar a meio milhão de dólares.

ACHADOS CLÍNICOS
O mecanismo dessas lesões em sua maioria é a fratura ou a fratura e luxação. Metade das lesões ocorre na coluna cervical, um sexto
na região torácica e um terço na região lombossacra. O trauma é a causa mais comum da síndrome de transecção da medula espinal. Uma
hemissecção da medula (síndrome de Brown-Sequard) é rara e normalmente associada à lesão penetrante por projétil ou faca (Tabelas 1
e 2).

Tabela 1: Síndromes clínicas no TRM

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Tabela 2: Termos usados nas lesões de medula

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
TRATAMENTO Quando se obtém um bom alinhamento com a tração, a com-
Avaliação Inicial plementação do diagnóstico por imagem pode ser realizado pos-
Os cuidados com o paciente portador de lesão raquimedular teriormente, quando o estado geral do paciente e o estado neu-
iniciam-se no local do acidente onde se suspeita da presença de rológico se estabilizarem. Se a tração falha em obter um bom
fratura da coluna, devendo ser realizados por pessoal paramédico alinhamento, ou se há piora neurológica, a complementação ime-
adequadamente treinado para a retirada do indivíduo em bloco do diata do estudo está indicada. A tomografia computadorizada é re-
local do acidente. Neste momento, o acidentado deve ser imobili- alizada em intervalos de 3 mm, o que nos proporciona informações
zado, transportado com cuidado e de forma que a coluna esteja em detalhada da lesão óssea da coluna. Reconstruções tridimensionais
posição neutra como em uma maca rígida. A imobilização cervical podem ajudar na análise. A vantagem desse estudo é que ele pode
é obtida pelo uso de colar, ou então de colchões de areia, e sua ser realizado com o paciente em tração. A visualização de tecidos
cabeça fixada na maca com uso de fita adesiva. Esse procedimento não ósseos dentro do canal pode ser feita por meio de sua associa-
visa evitar a mobilização da região afetada, o que pode causar lesão ção com mielografia. Para a realização da ressonância magnética,
adicional à medula espinal. o sistema de tração deve ser confeccionado de material compatí-
Esses pacientes podem se apresentar no pronto-socorro com vel. Estudos radiológicos dinâmicos em flexão e extensão podem
lesões associadas, como traumatismo cranioencefálico, torácico e ser indicados em situações muito específicas. Não se recomenda
abdominal, além de fraturas de membros superiores e inferiores. sua realização em pacientes que apresentem déficit neurológico ou
São, portanto, admitidos dentro de um protocolo de politraumati- alterações radiológicas graves. Esses pacientes devem ser incluídos
zados, onde a prioridade no atendimento é dada aos cuidados ven- no grupo de portadores de fraturas instáveis e submetidos à estabi-
tilatórios, desobstrução de vias aéreas e reposição de volume e/ lização da coluna, seja por métodos externos ou internos.
ou estancamento de grandes hemorragias. Na fase da investigação, Os cuidados subsequentes são focalizados no sentido de pro-
esses pacientes são submetidos a avaliações da função cardiorres- mover a melhor recuperação neurológica possível e permitir a cica-
piratória, abdominal e cerebral. trização das estruturas ligamentares e ósseas da coluna, visando à
Pacientes portadores de déficit neurológico são candidatos à estabilidade sem dor ou deformidade. Para se obter essa meta, são
realização da ressonância magnética para estudo da lesão medular e necessárias descompressão do tecido neural e fixação que propor-
eventual deformidade do canal vertebral. Estes devem ser tratados cione a fusão. Os exames neurorradiológicos serão imprescindíveis
com uma dose inicial de metilprednisolona (30 mg/kg na primeira para a decisão, visto que com eles se podem detectar compressões
hora), seguida de 5,4 mg/kg/h em infusão venosa nas próximas 23 residuais em raízes ou na medula por tecido ósseo ou mesmo te-
horas. A metilprednisolona administrada dentro das primeiras oito cido discal/ligamentar. Essas deformidades podem não se alinhar
horas da lesão parece melhorar a recuperação neurológica desses satisfatoriamente com a tração. Nesses casos, a descompressão do
pacientes, comparada com o placebo, como foi demonstrado pelo tecido neural e a estabilização da coluna devem ser feitas por méto-
estudo de Bracken et al. Atualmente, essa conduta vem sendo revis- do cirúrgico. O retorno de um nível ou dois níveis radiculares abaixo
ta e hoje é colocada mais como uma sugestão que recomendação da lesão é muito comum nesses casos e pode ocorrer entre 6 a 8
pelas principais instituições. meses após a lesão, sendo significativo na reabilitação dos pacien-
tes portadores de lesão cervical.
Coluna Cervical O momento de se realizar a descompressão cirúrgica tem sido
Quando necessária, a intubação deve ser feita por via nasotra- extensivamente estudado e discutido. No presente, ainda não exis-
queal, mantendo o alinhamento axial da coluna. O paciente deve tem estudos confirmando que a intervenção cirúrgica precoce tem
permanecer imobilizado para realização da radiografia simples da valor. Mesmo nos pacientes que estão piorando sem que haja evi-
coluna cervical. Toda coluna deve ser visualizada (de C1 a T1). Esse dente compressão ou desalinhamento do canal, a indicação cirúr-
exame detectará 88% de todas as fraturas cervicais. O restante po- gica é questionável. A cirurgia precoce tem resultado em piora de
derá requerer incidências especiais. alguns pacientes, como foram os casos relatados por Marshall et al.
As fraturas mais comumente não visualizadas são as fraturas Se houver indicação para cirurgia, em nossa opinião, o procedimen-
do odontoide e da transição C7/T1, podendo necessitar de comple- to deve ser realizado tardiamente de forma a permitir a estabiliza-
mentação tomografia computadorizada. A redução da deformidade ção das funções vitais e neurológicas.
ou da luxação cervical é um ponto crítico. Essas luxações são redu- Isso ocorre geralmente cinco dias ou mais após a lesão. Pro-
zidas por tração. Após a fixação do halo ou do trator de Gardner cedimentos que visem ao tratamento da instabilidade podem ser
no crânio, utilizamos peso equivalente a10% do peso corporal para indicados ainda mais tardiamente.
início do alinhamento. Fazemos acompanhamento radiológico, se- A instabilidade da coluna pode ser diagnosticada com base no
quencial ou fluoroscópico de horário até confirmar o realinhamen- tipo de fratura. Para esta análise, dividimos a coluna cervical em
to. Se com esse procedimento observarmos um afastamento dos duas partes: a coluna cervical alta, que inclui o occípito, C1 e C2 e a
processos espinhosos, deduzimos que haja também ruptura do coluna cervical baixa que inclui os segmentos de C3 a C7.
sistema ligamentar posterior. Nesses casos há risco de uma tração
exagerada, com agravamento neurológico. 1.Coluna Cervical Alta
O exame neurológico também deve ser realizado a cada vez As fraturas do côndilo occipital podem ser consequência de
que se colocar mais peso ou se fizer um controle radiológico. Na uma compressão axial, geralmente associada a traumatismo de crâ-
maioria dos casos, o realinhamento é obtido com 15% do peso cor- nio. O impacto sobre os côndilos podem levar a uma fratura que é
poral. Alguns casos com embricamento de facetas podem requerer estável e requer apenas um colar cervical. As fraturas em avulsão do
até 50% do peso corporal. Se a redução não for obtida, indica-se ligamento alar e condilares podem estar associados a instabilidade
o procedimento cirúrgico. Como regra geral, não realizamos qual- e requerem imobilização em halo-veste ou mesmo fixação cirúrgica
quer manipulação e a maioria das reduções de fraturas é obtida por occípito-cervical.
métodos fechados. Nossa inclinação é realizar o procedimento de
estabilização tardiamente, quando o estado geral do indivíduo es-
tiver estabilizado, geralmente após a primeira ou segunda semana
da lesão.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Lesões de C1 incluem fraturas isoladas do arco posterior e/ou Para os pacientes que se apresentam sem déficit neurológico,
anterior, como a fratura de Jefferson. O tratamento inicial pode ser a tração/redução fechada pode ser traumática e arriscada. Pode re-
feito por tração/redução e fixação em halo-veste. Caso se confirme sultar na compressão medular/radicular por fragmento discal. Por
a associação com ruptura do ligamento transverso, o paciente ne- esse motivo, prefira uma abordagem inicial anterior com microdis-
cessitará de uma fixação posterior C1-C2. Rupturas traumáticas do cectomia, preparo da superfície da vértebra para fusão e, num se-
ligamento transverso resultam em instabilidade atlanto-axial. Em gundo tempo, uma abordagem posterior com redução e fixação por
adultos, a distância máxima e normal entre o odontoide e o arco amarilha e também utilização de enxertos. Esse procedimento por
anterior de C1 deve ser igual ou menor que 3 mm. Em criança abai- estar indicado em pacientes que apresentem déficit parcial ou total
xo dos 12 anos de idade, essa distância pode chegar a 5 mm. Lesões nas primeiras horas do trauma. Nos embricamentos unilaterais, há
que permitem um distanciamento maior do que este são instáveis e controvérsia quanto à indicação do procedimento cirúrgico. A maio-
necessitam de fixação e fusão posterior de C1 C2. ria dos autores considera essa lesão estável. Realizamos a redução
As fraturas do odontoide são classificadas em tipos 1, 2 e 3, posterior e fixação pela técnica já descrita quando há comprometi-
dependendo da sua localização. As fraturas do tipo 1 são raras e mento radicular.
correspondem a avulsões da ponta do odontoide; são tratadas com As fraturas em extensão da coluna cervical ocorrem em indi-
colar cervical. As fraturas do tipo 2 são as mais comuns e correspon- víduos mais idosos, que apresentam canal estreito adquirido ou
dem à lesão na base do odontoide. Podem ser tratadas com tração/ congênito. Geralmente se apresentam com quadro de lesão cen-
redução e fixação em halo-veste. Em nossa experiência, 50% dos tro-medular. A medula é comprimida entre o osteófito anterior e
pacientes requerem tratamento cirúrgico, sendo 25% feita inicial- o ligamento flavo posterior, que se dobra e aumenta de volume
mente por dificuldades na redução e 25% tardiamente por pseu- no momento da hiperextensão. Raramente ocorrem fraturas. A
doartrose. Fatores associados com essa pseudoartrose incluem o recuperação neurológica é muito boa neste grupo. Recomenda-se
espaçamento de mais de 4 mm entre os pólos da fratura, o desloca- eventualmente a imobilização externa ou uma tração suave por 5
mento posterior irredutível e idade acima de 50 anos. A alta incidên- ou 10 dias, seguida de imobilização e colar de Filadélfia por quatro
cia de cirurgia tem justificado tratamento cirúrgico inicial em todos semanas. O tratamento cirúrgico para a descompressão do canal
os pacientes portadores de fraturas do tipo 2. A técnica de escolha, pode ser necessário em metade dos casos e pode ser e não deve ser
pela simplicidade e baixa complicação, é a fixação e fusão posterior realizado na fase aguda.
de C1/C2 como idealizada por Gallie e modificada por vários outros
autores. Borne et al. indicam a fixação interna no odontoide por Tratamento Clínico
meio de parafuso, por abordagem anterior, especialmente quando O tratamento conservador das fraturas da coluna requer imobi-
associadas com a fratura do arco anterior de C1. As fraturas do tipo lização da cabeça e da região cervical até que os tecidos e os ossos
3 envolvem o corpo de C2 e evoluem com consolidação com imobi- tenham cicatrizado. O uso de halo-veste quando comparado com
lização externa realizada por um colar de Filadélfia. outros cinco colares cervicais demonstrou proporcionar grande es-
Lesões de C2/C3 são frequentes. Na sua maioria, ocorrem em tabilidade, principalmente na região cervical alta. Fraturas instáveis,
hiper-extensão e resultam na fratura da pars inter-articularis de C2. como as do tipo 2 do odontoide, requerem a imobilização em halo-
Essas lesões podem ser tratadas com imobilização externa do tipo -veste. Os outros tipos de lesões podem cicatrizar apenas com uma
colar de Filadélfia. Se a força traumática for mais intensa, poderá imobilização em colar do tipo Filadélfia.
haver uma ruptura dos ligamentos entre C1/C2/C3, causando uma A aplicação do halo é feita sob anestesia local e a colocação
fratura de Hangman instável. A redução pode ser obtida por meio de pinos é feita sobre os pilares cranianos, abaixo de uma linha do
de uma órtese em extensão por 8 a 12 semanas. Como a fratura maior diâmetro do crânio. Existem complicações com a penetração
leva a uma ampliação do canal vertebral, uma deformidade a esse dos pinos através da tábua óssea, causando lesão dural, cerebral e
nível pode ser admitida sem qualquer consequência neurológica. fístula liquórica. A complicação mais comum é a infecção ao redor
dos pinos que requer a sua troca de posição. A compressão torá-
2.Coluna Cervical Baixa cica pode reduzir a função pulmonar e ser um fator limitante para
As fraturas em explosão geralmente resultam de uma com- o seu uso naqueles pacientes que apresentam baixa ventilação ou
pressão no vértex da cabeça associado a forças de flexão. Causam lesões pulmonares associadas. O processo de reabilitação pode ser
ruptura múltipla do corpo vertebral, e eventualmente retropulsão lentificado devido ao uso de órtese externa, levando a aumento do
óssea para dentro do canal. Essas lesões geralmente se associam a período de hospitalização e do custo. Apesar dessas considerações,
lesões do ligamento longitudinal posterior e a fraturas de lâminas e o sistema é eficiente e provém uma estabilização adequada para o
facetas. Se a descompressão neural é mantida e não existe instabili- tratamento conservador da maioria das lesões da coluna cervical.
dade posterior, a maioria das fraturas irá se consolidar com sucesso
apenas com o halo-veste ou colar. Se houver apenas explosão com Tratamento Cirúrgico
projeção óssea dentro do canal, a abordagem será apenas anterior, Deve-se indicar a fusão cirúrgica quando há necessidade de
com corpectomia e interposição de enxerto. Se houver associação descompressão da medula e das raízes ou quando o sistema ex-
com ruptura grave do sistema ligamentar posterior, deveremos as- terno de imobilização não proporciona a fusão ou estabilização
sociar um segundo tempo para realizar o reforço do sistema liga- necessária. A integridade da função neurológica deve ser mantida
mentar por via posterior. Nossa preferência é utilizar amarrilhas e durante o procedimento cirúrgico. O paciente deve ser intubado
associar enxerto ósseo. acordado, por via nasotraqueal, por um anestesista experiente. Isto
As fraturas e luxações facetárias geralmente ocorrem por mo- deve permitir o exame neurológico após a intubação e o posiciona-
vimento de flexão/translação. Esse embricamento facetário pode mento do paciente. Nos casos eletivos, a tração geralmente é co-
ser unilateral em 25% dos casos, e bilateral em 50% dos casos. As locada após o posicionamento. Utilizamos o estudo radiológico da
lesões bilaterais geralmente podem ser reduzidas com tração; po- coluna cervical, no posicionamento (pré-operatório), na localização
dem requerer um reforço cirúrgico do sistema ligamentar posterior. da vértebra comprometida (per-operatório) e depois como controle
Isto também pode ser obtido com amarrilha e utilização de enxerto. após a realização do procedimento (pós-operatório).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O uso de potenciais evocados sômato-sensitivo per-operató- A unidade básica da coluna lombar consiste de duas vértebras
rios podem ser feitos naqueles pacientes que têm alguma função intactas e um disco intervertebral, duas articulações posteriores e
residual e tenham um exame semelhante realizado no pré-opera- seus ligamentos. Vários trabalhos têm analisado a aplicação de ve-
tório. O exame visa à monitoração da função neurológica durante a tores que levam à instabilidade. Mais de 50% das fraturas se locali-
realização do procedimento cirúrgico. zam entre T11/L2, sendo a maioria entre T12/L1. Isso ocorre devido
A técnica cirúrgica é definida a partir do nível e do tipo da lesão, à modificação abrupta da anatomia entre um segmento rígido (dor-
das condições locais e da habilidade do cirurgião. Na região cervical sal) e um excessivamente móvel (lombar). O diâmetro e a altura do
alta, a maioria das lesões cicatriza sem cirurgia. As fraturas do tipo corpo vertebral aumentam à medida que aproxima do sacro, o que
2 do odontoide apresentam riscos de pseudoartrose e não redução. torna a coluna progressivamente mais resistente. Isso explica tam-
Várias técnicas já foram descritas, neste caso a nossa opção é utili- bém porque a maioria das fraturas dessa região ocorre na porção
zar uma amarrilha sublaminar passando por debaixo do arco de C1, mais alta da coluna lombar. As facetas articulares dessa região estão
fixando no processo espinhoso de C2. As lâminas lateralmente são orientadas em um plano sagital, não suportam peso, mas resistem
preparadas antes da aplicação de enxerto retirado do ilíaco. Evita- aos movimentos de rotação.
mos a exposição do occipital e dos demais processos espinhosos As fraturas da coluna sacral são raras e geralmente associadas a
abaixo do nível de C1/C2. Essa técnica foi inicialmente descrita por lesões na pevis. Os traumas podem ser divididos em diretos ou indi-
Gallie modificada por Brooks e posteriormente por Sontag. Existem retos. Nos traumas diretos ocorrem mais fraturas do que luxações,
opções de fixação de C1/C2 por meio de parafusos pediculares e com maior incidência de déficit neurológico. Nos traumas indiretos,
também por via anterior a fixação do odontoide por parafuso, que como na queda de altura em posição sentada com flexão aguda,
evita a perda parcial do movimento de rotação que ocorre frequen- ocorrem mais luxações que fraturas. O termo instabilidade é apli-
temente com as fixações posteriores. cado quando existem fragmentos ósseos móveis que colocam em
Na coluna cervical, a abordagem pode ser anterior ou posterior, risco a estrutura neural durante o período de cicatrização. Estabili-
dependendo do tipo de lesão. Nas lesões por explosão do corpo dade significa uma relação sem risco entre a coluna e o seu conte-
vertebral, podemos utilizar técnicas clássicas descritas por Cloward údo. A instabilidade aguda ocorre se a função neurológica está em
ou Smith-Robinson, e mais recentemente associadas a placas, com risco nos primeiros dias da lesão e a crônica pode ocorrer ao longo
a técnica de Caspar. Do sistema inicial de Caspar aos sistemas atuais de meses ou anos. O trauma aplicado à coluna pode ser angular
de placas, houve uma grande evolução. Hoje, esses sistemas são (flexão, extensão, inclinação lateral e torção com inclinação) ou não
constituídos de placa e parafuso de titânio, que permitem controle angular (compressão, distração, rotação).
com ressonância magnética no pós-operatório. A maioria dos pacientes portadores de fratura da coluna tó-
Esses parafusos são unicorticais, a placa é moldável, os para- raco-lombar é jovem do sexo masculino. Na coluna tóraco-lombar,
fusos apresentam angulação em divergência ou convergência que a medula, o cone medular e a cauda equina ocupam o canal, e a
permite, junto com o sistema autobloqueante, a formação de um presença de todos esses elementos explica a variação do quadro clí-
bloco e reduz o risco de saída da placa ou o escape de parafusos. nico encontrado nesses pacientes e também as dificuldades quanto
Utilizam para isto quatro parafusos, com opção de um quinto ou ao seu prognóstico. No adulto, a medula termina ao nível do corpo
sexto parafuso para fixação do enxerto. Existem vários sistemas que vertebral de L1/L2 e a cauda equina se inicia em T12, o que contri-
se enquadram dentro dessas características. Utilizo enxertos autó- bui para um quadro clínico misto de lesão de primeiro e segundo
logos na maioria dos casos. Em condições de dificuldades, opto por neurônio com maior potencial de recuperação do que as da região
material obtido em banco de osso. cervical. A avaliação deve incluir um exame das extremidades in-
Abordagem posterior é apropriada quando a instabilidade feriores para sensibilidade, força muscular, reflexos profundos e
inclui o sistema ligamentar posterior. Isso pode ser observado no reflexo cremasteriano e anal. A inspeção da coluna tóraco-lombar
estudo radiológico simples, tomografia computadorizada ou res- e sacra pode demonstrar escoriações e até a gibosidade com afas-
sonância magnética, avaliando-se afastamento dos processos espi- tamento das apófises espinosas que caracterizam a instabilidade.
nhosos e ruptura dos ligamentos. Existe uma variedade de técnicas; Todos os sinais, sejam positivos ou negativos, devem ser anotados.
entre as opções destaca-se uso de placas metálicas pediculares nos A função do neurocirurgião junto à equipe de atendimento na ad-
casos em que existem fraturas das lâminas. Em termos gerais, a fi- missão é realizar um exame neurológico detalhado. O déficit do pa-
xação em curto prazo é obtida por instrumentação, mas a manu- ciente deve ser graduado segundo a escala ASIA/Frankel logo no
tenção dessa instabilidade a longo prazo depende da fusão óssea. primeiro momento (Tabela 3). Essa classificação permitirá estudos
Isso requer um trabalho cuidadoso no preparo do local receptor, no comparativos posteriores que inclusive nortearão o tratamento a
preparo do enxerto e na sua aplicação local. ser proposto. Devemos lembrar, no entanto, que a Escala de Frankel
não considera a associação de lesão do primeiro e segundo neurô-
Coluna Tóraco-lombar nio que ocorre no trauma da transição tóraco-lombar.
Referente às fraturas da coluna tóraco-lombar, ocorrem no Bra-
sil, a cada ano, mais de 10 mil casos de fraturas da coluna torácica,
lombar e sacra, estando metade associada a déficit neurológico.
Apesar desse grande número de casos, seu tratamento não está
padronizado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Tabela 3: Escala de Avaliação ASIA/Frankel (Gravidade das lesões medulares)

O paciente deve ser submetido a estudo radiológico simples da coluna e acompanhado pelo cirurgião em seu transporte, para que
não haja agravamento da lesão devido a mobilizações inadequadas. A princípio, a decisão para o tratamento cirúrgico deverá ser adiada
até que o paciente tenha condições orgânicas estáveis.
Tem-se sugerido que a maioria das cirurgias seja realizada ao longo da primeira ou segunda semana após o acidente, e raramente isso
é necessário em circunstâncias emergenciais. Isso permite que o paciente se submeta a uma avaliação detalhada, que deverá incluir, além
do estudo radiológico simples, o estudo tomográfico computadorizado e, eventualmente, a ressonância magnética da coluna. A presença
de lesão dentro do canal ou de uma rotura ligamentar pode ser mais bem avaliada na ressonância magnética do que na tomografia compu-
tadorizada ou no raio-X simples. Neste momento, o paciente poderá ter se recuperado do politraumatismo. Passada a fase aguda, ele e a
família terão sido preparados para os objetivos da cirurgia e as possibilidades de retorno ou não da função neurológica perdida. Da mesma
forma, os exames eletrofisiológicos são utilizados quando o quadro clínico do paciente deixa alguma dúvida quanto à função ou se há uma
lesão parcial que queremos documentar para posterior comparação, ou se há dúvida se a lesão é completa ou incompleta. Esses exames
são realizados em bases individuais. O uso transoperatório dos potenciais evocados pode ajudar também na monitoração da função neural
durante a realização do procedimento cirúrgico.

Tratamento Conservador Versus Cirúrgico


O tratamento das fraturas da região tóraco-lombar e sacral pode ser conservador e/ou cirúrgico. O conhecimento da biomecânica
da coluna, da causa da lesão da coluna associada à presença de déficit neurológico, avaliação radiológica e experiência do cirurgião em
realizar o procedimento são fatores que determinam a abordagem terapêutica.
Embora tenham havido relatos de sucesso com o tratamento conservador, a falta de alinhamento da coluna, a presença de compres-
são persistente do sistema nervoso, associados a longo período de hospitalização, tem indicado o tratamento cirúrgico. Mesmo sem confir-
mar uma diferença quanto à recuperação neurológica, os pacientes não-instrumentados tendem a angular progressivamente a coluna nos
meses seguintes à fratura, embora a observação de dor local e problemas de pele tenha sido igual, tanto nos grupos tratados cirurgicamen-
te quanto clinicamente. Um dado é certo: o paciente tratado cirurgicamente tem reduzido significativamente o período de hospitalização
e o período de reabilitação, embora não haja diferença quanto aos resultados obtidos em termos de recuperação neurológica. Apesar
dessa falta de consenso com relação ao tratamento cirúrgico ou clínico desses pacientes, aqueles que apresentam fraturas estáveis e sem
déficit neurológico devem ser tratados conservadoramente. Aqueles com déficit neurológico, com deformidades em angulações com mais
de 30º, que apresentam partes ósseas dentro do canal com redução de mais de 50% deste, devem ser submetidos a tratamento cirúrgico
que deverá incluir a descompressão, o alinhamento, a estabilização e o preparo para fusão.

Tratamento Conservador
Quando indicado, o tratamento conservador deve incluir repouso em leito por 7 a 10 dias com uso de analgésicos e relaxantes muscu-
lares não opioides. Quando melhorar a dor, o paciente poderá sentar e caminhar utilizando um colete por 3 ou 6 meses. Eventualmente,
em fraturas complexas, o paciente poderá ser mantido no leito por um período de semanas até que se sinta com segurança para iniciar
a mobilização. O acompanhamento radiológico será feito a cada dois meses e após a retirada do colete em base anual para avaliação do
alinhamento da coluna. A presença de cifose progressiva, dor intensa na região e déficit neurológico progressivo pode indicar instabilidade
tardia.

Tratamento Cirúrgico
Os princípios gerais do tratamento cirúrgico do paciente com TRM seguem quatro objetivos básicos: 1) descompressão do sistema
nervoso, medula e raízes; 2) alinhamento da coluna vertebral para permitir estabilização; 3) estabilização da coluna vertebral para permitir
o apoio do paciente e reduzir a deformidade; 4) início da reabilitação, o mais precocemente possível.
As opções do cirurgião incluem: 1) abordagem anterior com vertebrectomia e enxerto do ilíaco, com ou sem instrumentação; 2) instru-
mentação posterior e fusão com ou sem procedimento para descompressão; 3) uma combinação dessas (1 e 2) duas opções realizadas em
um só tempo ou separadas por alguns dias; 4) uma fenestração posterior para retirada de material de dentro do canal. Apesar de muitas
opções, a instrumentação posterior e fusão associada à descompressão é um procedimento seguro eficiente, relativamente mais econômi-
co em agressão e tempo, e ideal para o tratamento dessas fraturas, principalmente quando a abordagem cirúrgica ocorre após a primeira
semana da lesão (o que é mais frequente). Neste momento, o alinhamento da coluna não permite a ampliação do canal. De acordo com o
tipo de fratura (classificação de Gertzbein, que classifica as fraturas em tipos A, B e C), existem as seguintes opções cirúrgicas:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Tipo A – causada por compressão do corpo vertebral: trata- As consequências decorrentes da lesão ME, e se causadoras
mento conservador; fenestração para descompressão do canal es- de incapacidade, são no imediato o sofrimento, o constrangimento
tável; descompressão de fixação; fusão posterior quando instável; psicológico, a ausência de participação desportiva, laboral ou social,
Tipo B – que é causada por tração da estrutura posterior, ele- a perda de rendimento financeiro, a exclusão do ambiente habitual,
mentos posteriores ou ambos: tratamento conservador; só fusão; naturalmente variável de acordo com a dimensão e consequência
só fixação; fixação/fusão posterior em pacientes sem déficit e asso- da lesão.
ciada a descompressão nos casos de déficit; Poderão deixar “marcas” (sequelas) de curta duração mas tam-
Tipo C – que é a ruptura da estrutura anterior, posterior, com bém de longa duração, parcialmente compensadas pela atribuição
evidência de rotação: descompressão póstero-lateral (bilateral) as- de uma incapacidade parcial permanente, sendo o lesionado res-
sociada a fixação e fusão.5 sarcido de algum modo financeiramente.
Enquanto na atividade desportiva a lesão muscular é aquela
que ocorre com mais frequência, no mundo laboral são as entorses
TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO do tornozelo, as lombalgias, as contusões diretas e as feridas as que
mais acontecem.
São lesões que afetam os músculos, ossos, ligamentos, menis- As fraturas, entorses do joelho e as lesões na coluna vertebral
cos, cápsulas articulares e outras, esqueleto axial, coluna vertebral são infelizmente frequentes e com efeitos devastadores em deter-
e os membros superiores e inferiores. minadas situações.
Secundariamente a estas poderá haver lesão dos nervos e va-
sos sanguíneos que atravessam a área ME envolvida. As lesões musculares, as mialgias, ocorrem após a prática de
Por exemplo, o aparentemente simples traumatismo de uma exercício físico, especialmente se inabitual ou exagerado, e perdu-
perna, na sequência de um hematoma em desenvolvimento pode- ram alguns dias, sendo o repouso a técnica de tratamento mais efi-
rá causar compressão dos nervos e artérias da perna, causar a sín- caz.
drome do compartimento naquela perna fazendo-a perigar e com Contudo, se resultam de uma rotura muscular, a dor e a inca-
indicação cirúrgica imediata. pacidade funcional são maiores e o período de recuperação poderá
Este exemplo, significa que é preciso estar atento às complica- demorar semanas.
ções que da lesão ME podem resultar e não valorizar apenas a lesão No imediato deve comprimir-se o local da lesão, não esfregar
ME propriamente dita. pomadas e respeitar o repouso relativo (“fazer o que não dói”).
Uma dor muscular muito frequente, de caráter crónico, ocorre
É muito importante conhecer a causa e o mecanismo da lesão. ao nível do pescoço, na sua região posterior, acima das omoplatas.
Tanto pode ocorrer num contexto de trauma agudo, de aciden- Diz-se que os músculos trapézios estão tensos, dolorosos e que
te desportivo ou de trabalho ou desenvolver-se ao longo do tem- limitam os movimentos cervicais.
po – semanas ou meses –, dando origem a uma eventual lesão de São causadas por más posturas durante o lazer ou profissio-
sobrecarga crónica. nais, mas também podem ser decorrentes de patologia cervical.
Enquanto na fratura do osso ou na rotura muscular ocorrem Neste caso, estas dores são uma consequência de algo que está
de forma aguda, ou seja, quando existe um evento com relação di- mal naquela coluna cervical, que deve ser investigada e tratada en-
reta (pontapé, acidente de viação, sprint, queda de objeto sobre a quanto se vai aplicando calor e um emplastro local.
zona lesionada, etc.), a tendinite desenvolve-se ao longo do tempo O mesmo se poderá dizer para a coluna lombar, para as “dores
e quando acontece importa perceber se a causa para esta lesão cró- de costas”, onde o mal está na estrutura esquelética, mas as dores
nica resulta do gesto repetitivo no trabalho, alteração na estrutura refletem-se nos músculos paravertebrais lombares que muitas ve-
no pé ou na perna ou existe treino em excesso. zes estão contraturados e são bloqueadores dos movimentos.
A primeira condição pertence ao grupo do acidente podendo Em conclusão, a lesão ME ocorre num contexto micro(crónica)
mesmo ser rotulada de doença profissional. ou macrotraumático (agudo), em que a dor causa sofrimento ou
Contudo, às vezes é difícil distinguir, pois a muito frequente e mal estar e a incapacidade determinará a funcionalidade.
conhecida lombalgia (dor na região lombar é um sintoma e não um Exigem um diagnóstico preciso, algum repouso e tratamento
diagnóstico) ocorre de modo súbito (acidente), mas habitualmente medicamentoso e por vezes fisiátrico. Contudo, a prevenção é ainda
num contexto de doença profissional, pois existem alterações ME o método mais económico e eficaz, pelo que não deve ser negligen-
na coluna que acabam por favorecer a crise de lumbago. ciada.6
As lesões ME caraterizam-se por dor, cuja intensidade vai con-
dicionar uma eventual incapacidade motora, desportiva, profissio-
nal ou lazer, mas em que o perfil psicológico do lesionado exerce TRAUMA TÉRMICO
uma grande influência.
Duas pessoas com a mesma lesão e intensidade de dor indica- Queimadura - trauma causado por cauterização, fricções, ex-
rão incapacidades diferentes, variáveis de acordo com a estrutura plosões, eletricidade, radiações e agentes químicos.
psicológica, o contexto social ou a obtenção de eventuais benefícios Ocorre um impulso doloroso por parte do sistema nervoso
financeiros, entre outros. autônomo, a mudança de temperatura e de pH e radiação leva à
Igualmente a tumefação (o inchaço), os formigueiros, a equi- desnaturação proteica e queimaduras de grande extensão levam a
mose (o pisado), a vermelhidão ou o simples desconforto podem problemas sistêmicos.
ser sinalizadores de lesão ME.
Anatomia da pele
Órgão que cobre a área de 2m² e é dividida em duas camadas:
- Epiderme: camada não vascularizada, que possui células pro-
dutoras de queratina

5 Fonte: www.medicinanet.com.br 6 Fonte: www.jaba-recordati.pt

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Derme: camada vascularizada que possui função mecânica, sensorial e homeostática. Dividida em derme papilar e reticular.

Características da queimadura
A queimadura vai formar zonas de lesão tecidual:
- Zona de coagulação: área onde vai ocorrer a maior destruição tecidual, gerando necrose irreversível.
- Zona de estase: área intermediária onde as lesões são reversíveis
- Zona de hiperemia: zona mais externa que possui um maior fluxo sanguíneo.

As queimaduras podem ser classificadas quanto a sua extensão/profundidade:

Abordagem Inicial
Verificar se a cena é segura para PDS, deve-se interromper o processo de queimadura com lençol com água ou água corrente em
grande quantidade e evitar hipotermia.

Regra da Palma
Palma da mão = 1% da superfície corporal
Os curativos devem ser de tecidos ou toalhas estéreis com uma maior concentração de prata (acticoat).
O transporte para um centro especializado deve ser rápido para que a sobrevida do paciente aumente.
A reposição volêmica deve ser mais agressiva do que em outros tipos de trauma, pela perda de fluido provocada pela queimadura.
Deve se evitar ao máximo o choque hipovolêmico, pois ele pode gerar edema e evaporação, porém a reposição muito agressiva pode pio-
rar os ferimentos. A reposição é feita com o Ringer lactato.

Queimaduras especiais
Queimaduras elétricas
Lesões com maior grau de morbidade e representam de 3% a 5% das internações nos centros de queimados. Ela pode se apresentar
de forma isolada ou associada a um politrauma, geralmente como quedas aliadas àfalta de EPI’s.
Ocorre necrose abrangente, porém os maiores danos são internos, pois a eletricidade é conduzida internamente causando destruição
muscular, liberando potássio, que gera arritmia e mioglobina que por ser nefrotóxica gera insuficiência renal aguda. A causa mais frequen-
te de morte nesse tipo de queimadura é fibrilação ventricular. Para determinar a lesão muscular deve se analisar sua contratilidade.
O tratamento diferencial é feito com transporte com sonda urinária, manito l e NAHCO3.

Queimadura química
Sua gravidade depende da natureza da substância que provocou a queimadura, da concentração aplicada, da duração do contato da
sustância com a pele e do mecanismo de ação da queimadura. As principais substâncias que produzem essas queimaduras são: Fósforo
branco, cimento, hidrocarbonetos, ácido, álcalis, enxofre e hipoclorito
O tratamento diferencial é feito com a escovação cuidadosa para retirada da substância química com o auxilio de água corrente. Em
lesões oculares deve se usar lente de Morgan e fazer uma irrigação constante do local.
NÃO USAR AGENTES NEUTRALIZANTES, pois irão gerar reações exotérmicas que agravarão a situação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Lesões por inalação de fumaça Os acidentes com bicicletas resultam em trauma cranioencefá-
É a maior causa de morte em incêndios (vapores transmitem lico após queda do veículo em movimento sem o uso de capacete
4000x mais calor) e ocorre por contato com gases superaquecidos, ou lesões viscerais do abdome superior associadas ao impacto con-
tóxicos e particulados. Apresenta como sintomas e sinais: tra o guidão. O uso de capacetes para ciclistas pode prevenir 85%
- Queimadura em espaço confinado em face ou tórax das lesões cranianas.
- Confusão e agitação Quedas de alturas resultam em lesões cranianas, fratura de
- Chamuscamentos de sobrancelhas e vibrissas ossos longos e lesões do tronco, sendo sua gravidade diretamente
- Fuligem no escarro relacionada à magnitude do deslocamento vertical.
- Rouquidão, perda de voz e estritor O afogamento é uma causa significante de mortes e sequelas
neurológicas em crianças menores de 04 anos de idade. Para cada
Em casos de inalação de gases asfixiantes como butano, monó- criança que morre devido a submersão, outras seis crianças são
xido de carbono e cianeto, podem aparecer sinais adicionais como hospitalizadas e, aproximadamente, 20% dos sobreviventes terão
mudança da voz e salivação excessiva. sequela neurológica grave.
O tratamento diferencial é a suplementação com oxigênio umi- Cerca de 80% das mortes por queimaduras ocorrem em aciden-
dificado e ventilação com intubação orotraqueal. tes domésticos. A inalação de fumaça, queimaduras por líquidos
aquecidos e queimaduras elétricas afetam principalmente a criança
Transporte menor de 04 anos de idade.
- Critérios para transferência de queimados em unidade de As lesões penetrantes são mais frequentemente fatais e, la-
Queimados: mentavelmente, sua incidência vem aumentando. As armas de fogo
- Lesão por inalação são responsáveis por um aumento do número de lesões acidentais
- 2º grau > 10% ACST e também por aumento do número de homicídios e suicídios na
- Terceiro grau população pediátrica. O aumento na incidência de lesões por armas
- Queimaduras elétricas de fogo ocorre paralelamente a um aumento da disponibilidade
- Queimaduras químicas de armas. Nos EUA, mais de 66% das residências contêm armas de
- Doenças preexistentes fogo e cerca de 34% dos alunos do primeiro e segundo graus refe-
- Trauma concomitante rem um fácil acesso às armas, aumentando o registro de casos de
- Pacientes pediátricos em hospitais não preparados crianças levando armas de fogo à escola.
- Lesão por queimadura em doentes especiais Nos EUA, para cada criança que morre devido a traumatismos
- Face, mãos, pés, genitália7 de qualquer natureza, cerca de quatro crianças sofrem incapacida-
de permanente. O custo estimado da atenção ao trauma, nas fases
agudas e de reabilitação, é de 16 bilhões de dólares anuais.
TRAUMA NA CRIANÇA
Particularidades gerais do trauma na infância
O trauma permanece como a principal causa de morte e inca- Em comparação com os adultos, as crianças apresentam maior
pacidade nos pacientes pediátricos. frequência de lesões multissistêmicas. Isto decorre da maior ab-
Nos Estados Unidos da América do Norte, uma dentre três sorção de energia por unidade de área, porque a massa corporal é
crianças (cerca de 22 milhões) é, anualmente, vítima de trauma. Em menor. Além disso, o tecido adiposo é exíguo, o tecido conjuntivo
consequência, o trauma é responsável por aproximadamente 10% tem menor elasticidade e os órgãos são mais próximos entre si. A
e 15%, respectivamente, das internações pediátricas em hospitais relação entre superfície e volume corporais é elevada ao nascimen-
e unidades de tratamento intensivo. Para cada criança que morre, to e diminui com o crescimento. Como resultado, a perda de calor
outras 40 crianças requerem hospitalização e 1000 necessitam de torna-se um fator importante na criança. A hipotermia desenvol-
avaliação e tratamento de emergência. ve-se rapidamente, em consequência da exposição da criança às
Cerca de 80% dos traumas são contusos, representados princi- temperaturas ambientais e da infusão de líquidos endovenosos na
palmente por acidentes por veículos a motor, bicicletas e quedas. reposição volêmica que, de preferência, devem estar aquecidos.
Nos acidentes automobilísticos, as vítimas ou foram atropela- Nas crianças mais jovens, a instabilidade emocional frequente-
das ou ocupavam o veículo. Dentre os passageiros do veículo aci- mente leva a um comportamento regressivo na presença de estres-
dentado, as lesões mais comuns são os traumas cranioencefálicos se, dor ou a percepção de um ambiente hostil. A capacidade de a
e da coluna cervical. O uso adequado do cinto de segurança pode criança interagir com pessoas desconhecidas e a situações diferen-
prevenir em 65 a 75% as lesões graves e os óbitos em passageiros tes é limitada, especialmente na presença de dor.
menores de 04 anos de idade e 45 a 55% das lesões e mortes em Diferentemente dos adultos, as crianças necessitam recuperar-
pacientes pediátricos de qualquer idade. Ainda há o fato de que -se dos efeitos do trauma e continuar o processo de crescimento e
motoristas adolescentes são responsáveis por um número despro- desenvolvimento futuros. As lesões, mesmo que de pequena mon-
porcional de acidentes automobilísticos e lesões graves pela pró- ta, podem levar a um período prolongado de incapacidade, às cus-
pria inexperiência associada ao uso do álcool, que está envolvido tas de reações de natureza emocional ou orgânica, repercutindo,
em 50% dos acidentes automobilísticos fatais. Os atropelamentos inclusive, na capacidade de aprendizado.
são a principal causa de morte entre crianças de 05 a 09 anos, nos Tardiamente, distúrbios sociais, afetivos e do aprendizado po-
EUA. As vítimas de atropelamento comumente apresentam a tríade dem ser identificados em metade das crianças vítimas de trauma
de Waddell: fratura de fêmur, trauma cranioencefálico e lesões do grave.
tronco. O trauma pediátrico desarranja a estrutura familiar, com conse-
quentes distúrbios emocionais e comportamentais, além de finan-
ceiros. Cerca de dois terços dos irmãos de uma criança traumatiza-
da apresentam distúrbios emocionais e afetivos. Frequentemente,
ocorrem distúrbios entre os pais, os quais podem culminar com a
separação do casal.
7 Fonte: www.passeidireto.com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Todos estes problemas tornam indispensável uma assistência via aérea pela queda posterior da língua. A laringe da criança tem
psicológica à criança e à sua família maior angulação anterocaudal, dificultando sua visualização para
canulação direta.
Particularidades anatômicas e fisiológicas As crianças são respiradores nasais primários até os 06 meses
Devido à imaturidade da sua estrutura anatômica e de sua res- de idade. A maior resistência no fluxo aéreo ocorre ao nível das
posta fisiológica, o politraumatizado pediátrico requer atenções es- narinas. O batimento de asa de nariz é um indicador confiável de
peciais na sua avaliação inicial. insuficiência respiratória em criança.
O crânio oferece uma proteção inadequada para o cérebro da As vias aéreas pediátricas são mais estreitas em todos os ní-
criança e os traumatismos cranioencefálicos podem produzir lesão veis, principalmente no nível da cartilagem cricóide e, são mais fa-
cerebral grave, principalmente no primeiro ano de vida. cilmente obstruídas por muco, sangue ou corpos estranhos e pelos
O cérebro dobra de tamanho nos primeiros 06 meses de vida próprios tecidos moles da cavidade oral, especialmente no trauma
e atinge 80% do tamanho do cérebro adulto aos 02 anos de idade. cranioencefálico.
Apresenta um maior conteúdo aquoso e sua mielinização ainda não A traqueia tem aproximadamente 5 cm de extensão e cresce
está completa. Sendo que a mielina ajuda a proporcionar estrutura para 7 cm aos 18 meses, o que aumenta o risco de intubação sele-
ao cérebro, a sua falta torna-o mais homogêneo e muito mais sus- tiva, que pode ocorrer com igual frequência à direita e à esquerda,
ceptível às lesões difusas. diferentemente do adulto, cuja intubação seletiva direita é mais fre-
As lesões difusas do encéfalo, particularmente o edema e a le- quente devido a maior horizontalização do bronquiofonte direito.
são axonal difusa, são mais comuns na criança do que em qualquer O trauma pediátrico grave é mais uma desordem das vias aé-
outra faixa etária. O edema está associado à perda da autorregu- reas e ventilação do que da circulação. A parada cardíaca pediá-
lação da pressão arterial, resultando em anóxia (por paralisia va- trica geralmente é um evento secundário ao desenvolvimento de
somotora arteriolar e aumento do volume sanguíneo encefálico e choque circulatório progressivo ou insuficiência respiratória, com
aumento da pressão intracraniana). hipóxia e acidose concomitantes.
Em contraste, lesões focais por contusão ou laceração, que A etiologia da parada cardiorrespiratória em crianças é mais
ocorrem adjacentes a proeminências ósseas (geralmente em lobos comumente relacionada a uma desordem respiratória primária,
temporal e frontal) e, hemorragia intracraniana importante (epidu- diferentemente da dos adultos, em que a principal etiologia é por
ral, subdural ou hematomas intraparenquimatosos) são incomuns desordens cardíacas. A parada respiratória descoberta a tempo em
e, quando presentes, têm pequeno volume, insuficiente para justi- uma criança, tendo ainda os pulsos arteriais centrais palpáveis, su-
ficar a evacuação cirúrgica. põe uma sobrevida de 60 a 70% e a grande maioria dos sobreviven-
A maior relação entre o tamanho da cabeça e o restante do tes não apresenta sequelas do ponto de vista neurológico.
corpo torna mais provável uma lesão cervical, particularmente em Na caixa torácica, a estrutura óssea é mais cartilaginosa em
traumatismos cranioencefálicos e traumas multissistêmicos. No en- crianças, tendo maior complacência. O aumento de pressão intra-
tanto, a lesão medular é menos freqüente em crianças do que em torácica, durante a insuficiência respiratória, é menos eficiente em
adultos. De todas as lesões cervicais, 5% ocorrem em crianças. É aumentar o volume corrente, porque o tórax se retrai, reduzindo o
mais freqüente em subluxações atlantaxial (C1 - C2) ou na junção volume corrente e, indiretamente, aumentando o trabalho da ven-
atlantoccipital até a fase pré-escolar e, lesões mais baixas (C5 - C7) tilação. A retração dos tecidos moles, similarmente, reduz o volume
na idade escolar. As lesões que se situam acima das raízes nervosas, torácico durante esforços respiratórios vigorosos. Assim, na criança
responsáveis pela maior parte da inervação diafragmática (C4), pre- até a fase pré-escolar, o volume corrente é muito dependente do
dispõe à parada respiratória e à tetraplegia. A subluxação (com ou movimento do diafragma.
sem deslocamento) e a fratura do odontóide são bem mais comuns As costelas estão alinhadas em um plano mais horizontal, o
que a lesão do corpo vertebral. As diferenças anatômicas respon- que diminui o deslocamento inspiratório do tórax no plano antero-
sáveis por estas particularidades são: ligamentos interespinhosos e posterior. Os pontos de inserção muscular do diafragma, no tórax,
cápsulas articulares mais flexíveis; articulação uncinada pobremen- também são horizontais na criança, levando a menor excursão dia-
te desenvolvida e incompleta; corpos vertebrais encunhados ante- fragmática durante a inspiração, reduzindo o volume inspiratório,
riormente com tendência ao escorregamento lateral com a flexão; principalmente na presença de distensão abdominal e cirurgia.
facetas articulares planas; cabeça relativamente grande em relação Os músculos intercostais são imaturos e não podem manter a
aos adultos com maior angulação durante a flexão ou extensão, re- ventilação ativa por vários anos após o nascimento, aumentando a
sultando em maior transferência de energia. dependência da função e excursão do diafragma.
A pseudo-subluxação (deslocamento anterior de C2 em C3) é Contusões pulmonar e miocárdica podem ocorrer sem fraturas
vista em 40% das crianças menores de 07 anos. Apenas 20% apre- costais ou outros sinais de trauma. A presença de fraturas costais
sentam esta particularidade até os 16 anos. sugere grande transferência de energia, comumente associada a
Os centros de crescimento esquelético podem simular fraturas: lesões viscerais graves.
a sincondrose odontóide basilar aparece como área radiolucente na O tórax flácido e o pneumotórax hipertensivo (a lesão com
base da lâmina, principalmente em menores de 05 anos; a epífise maior potencial de letalidade) aumentam o risco de comprometi-
odontóide apical aparece como separação vista entre 05 e 11 anos; mento ventilatório e circulatório na criança, devido à maior mobili-
as extremidades dos processos espinhosos podem simular fraturas. dade mediastinal.
As vias aéreas representam a mais importante diferença anatô- A capacidade de compensação da insuficiência respiratória é
mica entre crianças e adultos em relação ao trauma. Quanto menor limitada pelos seguintes fatores: maior consumo de oxigênio (2 a
a criança, maior a desproporção entre o tamanho do crânio e da 3 vezes o do adulto); menor reserva funcional (que torna a criança
face, sendo mais posterior a faringe e maior a força passiva de fle- mais susceptível à hipóxia); menor complacência pulmonar; maior
xão cervical. Os tecidos moles (língua, tonsilas palatinas) são relati- complacência da parede torácica (que resulta em taquipnéia em
vamente maiores, quando comparados com a cavidade oral, o que resposta à hipóxia); maior horizontalização das costelas e muscu-
dificulta a visualização da laringe e facilita a obstrução completa da latura intercostal rudimentar. A cianose é um pobre indicador de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
hipóxia, particularmente na criança anêmica, pois tem menor nível cápsula mais espessa e elástica. Pela mesma razão, a hemorragia
de hemoglobina e a cianose ocorre apenas quando um nível crítico cessa espontaneamente com maior frequência, facilitando o trata-
de hemoglobina reduzida (5g/dL) está presente. Assim, o conteúdo mento conservador não operatório das lesões.
sanguíneo de oxigênio deve cair a níveis muito baixos antes da cia- A dilatação gástrica aguda, devida à aerofagia, predispõe a
nose ser evidente. criança ao comprometimento ventilatório pela limitação da mobi-
A diferença fisiológica fundamental em relação ao adulto é a lidade diafragmática, maior risco de aspiração e ao estímulo vagal,
capacidade da criança de compensar os transtornos hemodinâmi- que pode mascarar a taquicardia em resposta à hipovolemia.
cos induzidos pelo choque hemorrágico, mantendo a pós-carga de- O periósteo mais espesso e mais elástico e a cortical óssea
vido à vasoconstricção periférica (o que mantém a perfusão dos ór- altamente porosa e vascular, associados a maior quantidade pro-
gãos vitais). O volume sanguíneo circulante e o débito cardíaco são porcional de matriz proteica em relação ao seu conteúdo mineral,
maiores por quilograma de peso do que os adultos, porém os va- torna a constituição óssea mais maleável, justificando a ocorrência
lores absolutos são menores devido ao menor tamanho do corpo. de fraturas incompletas (torus e fratura em galho verde) e comple-
O débito cardíaco é grandemente dependente da alta frequên- tas sem desvio.
cia cardíaca, uma vez que o volume sistólico é baixo devido ao pe- Outros fatores que diferenciam o trauma esquelético pediá-
queno tamanho do coração. A bradicardia pode limitar muito a per- trico são: rápida taxa de cicatrização; tendência à remodelação da
fusão sistêmica e constitui-se um sinal de hipóxia grave ou acidose. fratura, exceto no plano rotacional; alta incidência de lesões vascu-
Lembrar que, se apesar de oxigenação e ventilação fornecidas, uma lares, particularmente no cotovelo, que, embora não representem
criança menor de 02 anos tiver frequência cardíaca menor que 80 risco imediato de perda do membro, podem ocasionar contratura
bpm ou uma criança maior que 02 anos tiver uma frequência cardí- isquêmica; baixa incidência de lesões ligamentares associadas; dis-
aca menor que 60 bpm, devemos iniciar as manobras de compres- túrbios a longo prazo do crescimento em fraturas que envolvem a
sões torácicas da ressuscitação cardiopulmonar. cartilagem de conjugação e a diáfise de ossos longos. As fraturas
A frequência cardíaca deve ser sempre valorizada em função da de ossos longos mais comuns são do fêmur e tíbia, secundárias a
idade e do quadro clínico da criança. Quanto menor a idade e maior atropelamentos, compondo a tríade de Waddell, juntamente com o
a alteração, mais elevada será a frequência cardíaca. trauma cranioencefálico e as lesões do tronco.
A criança permanece normotensa e com boa perfusão tecidual As fraturas de ossos longos em crianças podem estar associa-
até a perda de 25 a 30% do volume sanguíneo. Esta grande capaci- das a grandes sangramentos, já que as partes moles não tamponam
dade de preservação da estabilidade hemodinâmica decorre da de- adequadamente a hemorragia.
rivação do fluxo sanguíneo dos tecidos periféricos. Isto resulta em As perdas insensíveis de água são maiores do que nos adultos
metabolismo anaeróbio e acidose láctica, aumentando o trabalho em virtude da maior relação entre a área de superfície e a massa
ventilatório e diminuindo a contratilidade miocárdica, o que limita corpórea. Os estoques de glicogênio são pequenos e, associados a
esta resposta compensatória por um período prolongado. maior taxa metabólica, fazem com que a hipoglicemia seja comum
A resposta primária à hipovolemia na criança é a taquicardia, em situações de estresse. Uma infusão contínua de glicose é ne-
que também pode ocorrer por dor, medo ou estresse emocional. cessária.
A taquicardia, a má perfusão periférica e a diminuição da
pressão de pulso são fundamentais para o diagnóstico do choque Sistema de atendimento médico de emergência
circulatório. A melhor evidência clínica de diminuição da perfusão Assim como no adulto, a sobrevida de crianças envolvidas em
tecidual é a palidez cutânea, o enchimento capilar prolongado e a emergências médicas traumáticas ou não traumáticas é bastante
frialdade de extremidades. O enchimento capilar prolongado (mais influenciada por um adequado sistema de emergência pré-hospita-
de 02 segundos) pode ser causado por choque, febre ou ambien- lar. Este sistema é responsável pela identificação das emergências,
tes frios. Na avaliação do enchimento capilar, a extremidade deve liberação de veículos e recursos humanos adequados para aquele
ser elevada acima do nível do coração para assegurar que se esteja tipo de emergência, atendimento (em tempo) na cena e encami-
avaliando o enchimento dos capilares arteriolares e não a estase nhamento para o hospital mais próximo e mais preparado para o
venosa. A hipotensão arterial aparece tardiamente e indica estado atendimento daquela emergência específica, mediante contato
de choque descompensado, perda sanguínea grave, com ressusci- prévio com a equipe médica que irá recepcionar o caso.
tação inadequada, levando ao risco de parada cardiorrespiratória Devido ao significante potencial de recuperação plena das
iminente. crianças traumatizadas, os cuidados devem começar o mais breve
Reavaliações frequentes são imperativas no reconhecimento possível após o trauma, de preferência na cena do acidente.
precoce do choque circulatório na criança. Como regra, a pressão Há várias etapas que devem ser bem equacionadas para uma
sistólica em crianças deve ser 80 mmHg mais 02 vezes a idade em boa eficiência do serviço de atendimento de emergência na fase
anos e a pressão diastólica deve ser 2/3 da pressão sistólica. pré-hospitalar.
A hipotensão arterial é definida como pressão sistólica menor
que 70 mmHg mais 2 vezes a idade em anos. O volume sanguíneo - Reconhecimento do problema.
circulante é de 8 a 9% do peso corpóreo, porém em valores abso- - Acessar o sistema de emergência.
lutos tal volume é pequeno, portanto, devemos valorizar qualquer - Providenciar os primeiros socorros.
perda.
O menor tamanho do abdome predispõe a ocorrência de le- Normalmente, a identificação da emergência é feita pelos pró-
sões múltiplas em traumas contusos. As costelas flexíveis e a fina prios pais e familiares, que devem saber da existência e de como
parede abdominal proporcionam pouca proteção aos órgãos pa- acessar o sistema de atendimento médico de emergência. Devem
renquimatosos (que são proporcionalmente maiores na criança) do saber relatar adequadamente o fato ocorrido e saber iniciar os cui-
abdome superior, aumentando a incidência de lesões, inclusive do dados ou receber informações de como iniciar os cuidados até a
pâncreas (pancreatite ou pseudocisto traumático). As lesões cos- chegada da equipe de atendimento pré-hospitalar. Este contato é
tumam ser mais profundas e extensas, porque os órgãos possuem crítico e as comunidades devem se esforçar para que o nível cultural

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de sua população permita a melhor eficiência nesta comunicação, A queda e suas consequências representam um grande proble-
assim como a melhor qualidade de primeiros socorros possa ser ma de saúde dos idosos. Raina P et al. observaram ao longo de 12
prestada por quem identificou a emergência. meses que 9% das pessoas não institucionalizadas com mais de 65
A equipe que presta serviços na fase pré-hospitalar, seja ela anos de idade sofreram algum tipo de trauma, metade dos quais
composta ou não por um médico, deve ter conhecimento e experi- ocasionados por queda. Johansson B et al., estudando ao longo de
ência na abordagem do paciente pediátrico. um ano população de idosos residentes em suas próprias casas,
Protocolos de atendimento devem existir para uma padroniza- observaram a ocorrência de 1639 lesões causadas por queda; 70%
ção e melhor eficiência desse atendimento. Todos os veículos de- da população acometida era de mulheres, 47% das lesões foram
vem conter equipamentos específicos e apropriados para qualquer representadas por fraturas e a residência foi o local predominante
tipo de intervenção que venha a estar indicada a estes pacientes. dos acidentes, os quais relacionaram-se às atividades diárias roti-
Na fase pré-hospitalar ou no atendimento num hospital de pe- neiras das pessoas. A taxa de mortalidade decorrente do trauma
queno porte, as crianças com trauma multissistêmico ou com risco ocasionado pela queda não difere do trauma em geral, ou seja, é
de mortalidade significativo [Escala de trauma pediátrico de 8 ou maior na população idosa quando comparada aos jovens. Koski K et
menos ou RTS (Revised Trauma Score) de 11 ou menos] devem, se al. observaram que os fatores de risco para injúria grave decorrente
possível, ser encaminhadas para hospitais com recursos materiais de acidente por queda são diferentes entre os idosos dependentes
disponíveis e recursos humanos habituados no tratamento do trau- e os independentes. Entre os primeiros, os fatores de risco identi-
ma pediátrico grave. ficados foram o estado civil (divorciado, viúvo, solteiro), o baixo ín-
dice de massa corporal, a baixa acuidade visual para longe, alguma
Atendimento inicial dificuldade na deambulação e o uso de benzodiazepínicos de longa
É similar à abordagem dada ao adulto. A atenção inicial deve duração. Já a neuropatia periférica e a insônia foram significativas
ser dirigida para a manutenção da permeabilidade das vias aére- como fatores de risco para o grupo de idosos independentes.
as, ventilação e circulação, incluindo o controle do sangramento, Apesar de ser a segunda causa de lesão mais frequente, o aci-
tratamento do choque circulatório e das lesões torácicas com risco dente automobilístico é a principal causa de morte relacionada ao
iminente de vida. Também é importante que um cirurgião qualifica- trauma na faixa etária de 65 a 75 anos. Os homens são mais suscep-
do e experiente no manuseio do trauma pediátrico esteja envolvido tíveis ao trauma quando dirigem veículos automotivos, enquanto as
precocemente nas fases iniciais da ressuscitação, pois as principais mulheres estão mais expostas à injúria quando estão na condição
causas de iatrogenias que afetam a mortalidade no trauma pediá- de passageiras; as fraturas e as lesões de órgãos internos repre-
trico, em adição à inadequada reposição volêmica inicial, têm sido sentam 72% de todos os diagnósticos nos pacientes idosos vítimas
a falha em se reconhecer o sangramento interno (intracraniano e desse tipo de acidente. A queimadura também representa impor-
intra-abdominal) em tempo hábil, atrasando o tratamento opera- tante cauda de morte entre os idosos vítimas de acidente. A idade
tório e a falha em reconhecer a ausência de sangramento interno, avançada diminui significativamente a taxa de sobrevida decorren-
promovendo perigosa hiper-hidratação.8 te das queimaduras. Entretanto, a percentagem da área corporal
comprometida ainda é o principal fator prognóstico nesse tipo de
TRAUMA NO IDOSO acidente nos idosos. Queimaduras que comprometam mais de 10%
da superfície corporal no idoso são consideradas graves, quando a
área comprometida envolve 40%-50% o acidente tem quase sem-
O trauma é a causa mais frequente de morte em pessoas com
pre evolução fatal.
menos de 44 anos de idade. Contudo, não é condição exclusiva de
Recentemente, tem sido chamada atenção para o trauma de-
jovens. Em 1991, nos Estados Unidos da América do Norte, os ido-
corrente de maus tratos ou negligência praticadas por familiares ou
sos, definidos como pessoas com mais de 65 anos, representavam
por pessoas encarregadas de cuidar dos idosos. Outro aspecto a ser
12,7% da população e 29% das mortes devidas a trauma, bem como
considerado é o elevado índice de suicídio, principalmente entre
7,8% de todos os acidentes envolviam pessoas idosas6. Dados se-
homens, observado nessa faixa etária quando comparada à popu-
melhantes foram observados na Austrália, onde 11% da população
é de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, mas represen- lação mais jovem (4:1).
tam 25% das mortes decorrentes de trauma. No Brasil, em 1994, Os pacientes idosos apresentam maior taxa de mortalidade do
ocorreram 93144 mortes por trauma, das quais 9049 acometeram que os jovens após o trauma. Apesar do aumento na incidência do
a população geriátrica. Os acidentes de trânsito e as quedas foram trauma no idoso, poucos estudos buscam identificar fatores de risco
os principais responsáveis pelas mortes devidas ao trauma entre capazes de prever o aparecimento de complicações e a mortalidade
os idosos em nosso país, de forma idêntica ao observado em ou- nesse grupo de etário.
tros países. A maior atividade física, cada vez mais comum entre Tem sido atribuído por alguns autores que a mortalidade de-
os idosos, tem sido apontada como fator de risco crescente para corrente do trauma é mais elevada na população geriátrica devido
acidentes sofridos pelas pessoas dessa faixa etária. as doenças preexistentes, as quais são observadas com certa frequ-
As alterações estruturais e funcionais, assim como a coexis- ência nestes pacientes.
tência de doenças sistêmicas predispõem os idosos à diversos aci- Entretanto, outros autores acreditam que fatores como, por
dentes, principalmente quando comparadas àquelas pessoas com exemplo o aumento da idade, as complicações decorrentes do trau-
grande reserva fisiológica. Apesar dos idosos sofrerem as mesmas ma, a gravidade da injúria, como também as doenças preexistentes,
lesões dos indivíduos mais jovens, apresentam diferenças no que podem comprometer negativamente a evolução deste grupo de in-
diz respeito ao espectro das lesões, a dominância sexual, a duração divíduos. Para alguns, a mortalidade aumenta diretamente com a
e o resultado da evolução. A queda é o mecanismo de lesão mais idade, independentemente do mecanismo de lesão, da gravidade
frequente entre os idosos (40%), seguida pelo acidente automobi- ou da região corporal atingida. Estudos revelam que a população
lístico (28%), atropelamento (10%), ferimento por arma de fogo e geriátrica tem índice de mortalidade após o trauma maior quando
arma branca (8,0%), entre outros. comparado a pessoas com menos de 50 anos de idade, mesmo que
apresentem injúria semelhante.
8 Fonte: www.revista.fmrp.usp.br

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A utilização de índices de trauma na população geriátrica deve A massa corporal magra, constituída pelas massas celular e extra-
ser cautelosa. Em pacientes com mais de 60 anos de idade, esses ín- celular, diminui, embora o peso possa permanecer estável devido
dices habitualmente podem ser inadequados na predição da morta- ao aumento da massa gordurosa. A massa celular corporal diminui,
lidade, especialmente quando as lesões são de menor gravidade. É em média, 24% a partir da terceira até a oitava década, ocorrendo
possível que parâmetros simples possam prever a evolução do ido- redução da força muscular e da necessidade calórica diária. Estas
so vítima de trauma. Em uma série grande de pacientes, a pressão mudanças na composição do corpo e função muscular podem ser
sistólica menor do que 80mmHg no momento da admissão hospita- parcialmente reduzidas pelo exercício físico habitual.
lar mostrou-se forte indicador de mortalidade no idoso. A presença O envelhecimento é associado também com alterações mor-
de lesão do sistema nervoso central apresenta forte correlação com fológicas, funcionais e patológicas nos grandes órgãos e sistemas,
a mortalidade, assim como as lesões decorrentes de queimadura. sendo os mais frequentemente descritos o cardiovascular, o respi-
ratório e o renal.
A evolução do idoso, vítima de trauma, pode correlacionar-se
de forma mais adequada com doenças preexistentes e a reserva Alterações do sistema cardiovascular
fisiológica do paciente do que com os índices que tomam por base Morfológicas: Ocorre hipertrofia ventricular com aumento da
a gravidade das lesões, exceto nos pacientes com lesões muito relação do colágeno, principalmente no endocárdio e epicárdico. Os
graves. Os indicadores mais genéricos da condição fisiológica, tal nódulos atrioventricular e átrio sinusal e o feixe de Hiss são como
como o APACHE II, provavelmente têm maior acurácia na predição que invadidos por tecido fibroso. Há também aumento do colágeno
da evolução do paciente idoso do que os índices de trauma habi- e musculatura lisa nas artérias com diminuição do tecido elástico.
tualmente utilizados. Tornetta P et al. acreditam que o Injury Seve- Funcionais: São as mais evidentes e comprometedoras da fun-
rity Score (ISS) é capaz de prever o aparecimento de complicações ção cardíaca. Entre outras, podem ser citadas retardo do enchi-
como a síndrome da angústia respiratória do adulto, a pneumonia, mento diastólico que pode predispor a alterações hemodinâmicas
a sepse e complicações gastrointestinais e, além disso, referem que quando ocorrerem arritmias, isquemia ou doença hipertensiva. Há
a mortalidade que se correlaciona-se com o ISS é influenciada pela um aumento na resistência vascular periférica com diminuição da
necessidade de transfusão de sangue e infusão de líquidos e pela perfusão cerebral e renal, além do decréscimo das respostas cro-
escala de Glasgow, podendo ser prevista pelo referido índice e pela notrópica e inotrópica aos estímulos beta-adrenérgicos que levam
presença de complicações. Estudo retrospectivo de 5139 pacientes à redução do volume final diastólico após exercício físico. Ocorre
adultos vítimas de trauma revelou que a mortalidade é duas vezes também diminuição do ritmo cardíaco, aumento da frequência e de
arritmias como resultado da maior prevalência de hipertensão arte-
maior no idoso do que no jovem, mesmo que a gravidade da injúria
rial e doença coronariana. Existe redução do consumo de oxigênio
seja semelhante, além de que a mortalidade tardia (após 24 horas)
e do débito cardíaco durante o exercício. Nos pacientes traumatiza-
também é significativamente maior na população geriátrica. Esse
dos há depressão miocárdica com diminuição da fração de ejeção e
mesmo estudo identificou para os idosos fatores independentes
um efeito inotrópico bastante negativo na presença de sepse.
preditivos da mortalidade tardia, representados pelo ISS, pelo Revi-
Patológicas: está plenamente demonstrada em necropsias que
sed Trauma Score (RTS), por doenças cardiovasculares e hepáticas
a prevalência de doença coronariana em idosos é duas a três vezes
preexistentes, por complicações cardíacas, renais e infecciosas e
maior do que a diagnosticada clinicamente e que aproximadamente
pelo estado físico do paciente. Assim sendo, o idoso vítima de trau-
metade das mortes de pessoas acima de 65 anos de idade é atribu-
ma tem maior taxa de mortalidade tardia do que o jovem devido a ída a doença cardiovascular.
combinação da injúria com o maior número de doenças preexisten-
tes associadas e o aparecimento de complicações após o trauma. Alterações do sistema respiratório
Outro aspecto a ser considerado na população geriátrica é o Morfológicas: Encurtamento torácico com aumento do diâ-
de que o trauma exerce efeito adverso também na sobrevida ob- metro anteroposterior com sobrecarga da função diafragmática.
servada a longo prazo, isto é, aos 3 e 5 anos após a injúria, quando Ampliação do volume dos dutos alveolares e bronquíolos (acima
comparada a idosos que não foram vítimas de trauma. A causa des- dos 40 anos) resultando em diminuição do volume dos alvéolos e
se possível efeito persistente do trauma na sobrevida a longo prazo consequente redução da área alveolar. Ocorre espessamento das
ainda é desconhecida. camadas íntima e média das artérias pulmonares de maior calibre
A melhor maneira de reduzir a mortalidade e a morbidade do levando a aumento da resistência vascular pulmonar.
trauma entre os idosos é a prevenção. Algumas estratégias, em di- Funcionais: Diminuição da força e endurecimento dos múscu-
ferentes momentos, podem ser utilizadas com tal intuito, a saber: los respiratórios. Declínio da capacidade vital, FEV1 e comprometi-
1) pré-evento – tem como objetivo principal educar a população e mento da ventilação–perfusão. Aumento da ventilação minuto pelo
promover programas que possam influenciar na legislação; 2) even- exercício e do espaço morto fisiológico. Redução do consumo má-
to – nessa fase os esforços dirigem-se à criação de mecanismos que ximo de oxigênio (35% de redução entre os 20 e 70 anos de idade)
diminuam a transferência de energia durante o processo de injúria; que é menor nas pessoas ativas fisicamente. Há também diminui-
3) pós-evento – prevenção ou redução das complicações, além do ção da resposta cardiovascular à hipóxia e hipercapnia e da eficiên-
aprimoramento dos mecanismos de ressuscitação. Alguns autores cia da mucosa ciliar assim como do número de cílios nas vias aéreas
acreditam que medidas específicas de mudança dos ambientes fre- acarretando menor resposta aos estímulos dessas vias.
quentados por idosos podem aumentar a segurança e reduzir o ris- Patológicas: A exposição crônica a poluentes, fumo e infecções
co de acidentes com lesão entre a população geriátrica, entretanto, pulmonares torna difícil separar tais alterações das que ocorrem
esse tipo de conduta tem sua validade contestada por outros. com o processo de envelhecimento, pois tais modificações podem
acontecer mesmo em indivíduos normais.
Aspectos fisiológicos do envelhecimento
A progressão da idade é acompanhada de mudanças previ- Alterações do sistema renal
síveis em praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo Morfológicas: Redução de aproximadamente 20% da massa re-
com tendência à diminuição da reserva fisiológica. Tais modifica- nal, mais acentuada no córtex do que na medula, espessamento da
ções, embora características da idade avançada, não são inevitáveis camada íntima dos vasos, aumento da camada basal com deposição

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de material hialino nos glomérulos (que diminuem em número a pelo trauma, tendo em vista a pequena reserva funcional de diver-
partir dos 40 anos). Diminuição do fluxo plasmático renal com que- sos órgãos e sistemas. Neste grupo de pacientes foi observada me-
da na taxa de filtração glomerular. lhor sobrevida entre aqueles que apresentavam maior concentra-
Funcionais: Queda progressiva da taxa de filtração glomerular ção de hemoglobina, menos resistência vascular sistêmica e maior
pouca ou nenhuma alteração da dosagem de creatinina plasmática fornecimento de oxigênio para os tecidos. Isso representa falha da
a despeito da redução da depuração, diminuição da massa muscu- resposta cardiopulmonar ao estresse no idoso. Além disso, os ido-
lar esquelética resultante da menor produção de creatinina sos apresentam baixa tolerância à exposição e à liberação de cate-
Patológicas: Existem muitas semelhanças entre as alterações colaminas induzida pela dor que frequentemente se faz presente
que ocorrem nos rins dos idosos e dos hipertensos, dificultando a no trauma grave. A redução dos sentidos, principalmente a visão e a
avaliação dos efeitos da idade. Há também um aumento de pro- audição, limita ainda mais a comunicação, o que agrava a ansiedade
teinúria e bacteriúria em pessoas acima de 65 anos. do paciente idoso.
Embora tenham sido citadas as alterações produzidas pela ida- É sugerido que a abordagem inicial mais agressiva neste tipo
de, consideradas como as mais importantes, principalmente com de paciente esteja relacionada a maior taxa de sobrevida. Dentre
relação ao manuseio e evolução dos idosos traumatizados, a dete- os procedimentos propostos estão a monitorização hemodinâmica
rioração que ocorre nos órgãos dos sentidos, juntamente com as invasiva, a hemodiálise e o suporte nutricional precoce. A monitori-
modificações na coordenação, força motora e equilíbrio postural zação hemodinâmica invasiva está indicada nos traumas moderado
não devem ser esquecidas, já que podem ser consideradas como e grave. Scalea et al. demonstraram que esse tipo de conduta quan-
fatores, pelo menos parcialmente, responsáveis pelo trauma na fai- do realizada de forma precoce, isto é, cerca de duas horas após o
xa etária citada. Assim, diminuição da acuidade e do campo visuais, atendimento, foi capaz de aumentar a sobrevida de 7% para 53%
da audição, redução das funções e vascularização cerebrais com em relação à monitorização instalada somente após 6 horas.
quadros de síncope ou perda de consciência são importantes como O atendimento inicial tem os seguintes objetivos: 1) obtenção
contribuintes para a ocorrência de trauma nos idosos. da via aérea e controle da coluna cervical; 2) respiração adequada;
A partir das alterações citadas chegou-se ao que se denominou 3) manutenção da circulação; 4) avaliação neurológica e 5) exposi-
reserva fisiológica do paciente, e que compreende a idade, sexo e ção do paciente.
estado de saúde antes do trauma, e tem sido usada para prognosti- A via aérea deve ser mantida pérvia levando-se em conta os
car complicações e mortalidade por outras causas. cuidados com a coluna cervical. A manutenção ou a desobstrução
Evidências recentes mostram necessidade de resposta hiper- da via aérea tem início pela inspeção e aspiração da cavidade oral.
dinâmica após traumas graves mesmo em pacientes jovens, estan- A aspiração deve ser feita com aspirador rígido, principalmente
do comprovado que pacientes abaixo de 40 anos, para alcançarem quando houver suspeita da fratura da base do crânio. A via aérea
estados hiperdinâmicos, precisam de um suporte inotrópico para pode ser assegurada com o uso de máscara da ventilação, cânula
aumentar o débito cardíaco e a liberação e consumo de oxigênio de Guedel, cateter nasal ou nasofaríngeo ou em circunstâncias que
assim requeiram, por meio de acesso direto à traqueia por cateter
após reposição volêmica generosa e os que alcançam um patamar
naso ou orotraqueal ou ainda por cricotireoidostomia. O cuidado
hiperdinâmico têm melhor prognóstico quanto à sobrevida. A ca-
com a coluna cervical compreende sua imobilização nos casos de
pacidade do idoso em responder ao estresse do trauma pode ser
múltiplo trauma e quando houver lesão contusa acima do plano das
considerado como fator de grande importância na sua sobrevida.
clavículas.
A diminuição da função fisiológica no paciente geriátrico é identi-
A anestesia tópica da hipofaringe em paciente acordado que
ficada pela existência de menores índices cardíacos, complacência
necessita tubagem traqueal pode reduzir significativamente o es-
pulmonar, função renal e dificuldade para regular e equilibrar os
tímulo vagal e a consequente taquicardia. A tubagem nasotraque-
líquidos perdidos. Além do mais, a reserva cardíaca no idoso é ge-
al é contraindicada quando houver suspeita de fratura da base do
ralmente associada à doença coronariana, que mesmo ausente cli-
crânio, enquanto a orotraqueal deve ser evitada na suspeita de le-
nicamente pode ser responsável pela redução do débito cardíaco são da coluna cervical. Nessas circunstâncias, a preferência é pela
de até 50% na referida faixa etária. Os fatores citados, juntamente cricotireoidostomia. A traqueostomia é preterida tendo em vista o
com as alterações na resposta endócrino-metabólica ao trauma pe- maior tempo de realização, bem como pelos riscos de hemorragia
los idosos, tornam mais difícil a ressuscitação de tais pacientes com e infecção. Entretanto, deve ser lembrado que a obtenção da via
traumatismos graves. O conceito de reserva fisiológica limitada é aérea por vezes independe das contraindicações.
consistente com as alterações funcionais que reconhecidamente A respiração requer avaliação frequente, considerando-se ser
ocorrem em praticamente todos os órgãos do organismo na fase comum no idoso a limitação da reserva respiratória. O exame físi-
de envelhecimento e é bastante variável entre pessoas e entre os co criterioso é capaz de diagnosticar, por exemplo, a presença de
diversos sistemas orgânicos. É um conceito que ainda necessita hemo e/ou pneumotórax, cujo tratamento precede a confirmação
de maiores avaliações em sua relação com o trauma e permanece radiológica.
como um componente subjetivo que os médicos entendem, mas A avaliação da condição circulatória e volêmica é essencial. O
que têm dificuldade em quantificar. turgor cutâneo naturalmente diminuído no idoso pode ocasionar
erro de avaliação sugerindo hipovolemia. Qualquer avaliação da vo-
Atendimento ao paciente lemia deve tomar por base a pressão venosa central ou a pressão da
Os pacientes idosos vítimas de trauma recebem atendimento artéria pulmonar, convenientemente instaladas de forma precoce.
da mesma forma que os pacientes de outras faixas etárias, ou seja, O cateterismo vesical, nem sempre fácil no idoso, auxilia na ava-
devem ser seguidas as recomendações do Colégio Americano de liação do débito urinário; a cistostomia supra-púbica realizada por
Cirurgiões estabelecidas no Advanced Trauma Life Suport (ATLS). punção percutânea é forma alternativa ao cateterismo transuretral.
A despeito dessa orientação comum às vítimas de trauma, in- Pacientes que apresentam sinais de choque, o qual deve ser a
dependentemente da idade, os idosos apresentam particularidades princípio considerado hipovolêmico, devem receber a administra-
que necessitam ser consideradas. O idoso frequentemente é inca- ção de sangue de forma precoce combinada com o controle rápido
paz de responder ao aumento nas demandas fisiológicas impostas do sítio de sangramento. A aterosclerose, comum no idoso, pode

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
agravar o comprometimento da condição circulatória. A dificuldade feccioso pode ocorrer somente após o estabelecimento pleno da
da contração vascular decorrente da aterosclerose dificulta a con- infecção. A utilização de medicação antimicrobiana segue as regras
tração vascular, o que favorece a manutenção da hemorragia. Além gerais definidas para o trauma, sendo considerado com especial
disso, a aterosclerose facilita a trombose intravascular durante a atenção a escolha do antibiótico dado ao fato de que os idosos são
fase de baixo fluxo, tanto na proximidade do sítio da injúria como à particularmente susceptíveis à toxicidade dessas drogas. Outra par-
distância, podendo comprometer por exemplo a circulação corona- ticularidade importante entre os idosos é a perda, em muitos deles,
riana. A infusão deve ser feita por angiocate curto e acompanhada à imunidade ao tétano. Assim sendo, a imunização ativa e passiva
pela monitorização eletrocardiográfica e pela ausculta cardíaca. contra o tétano pode prevenir a ocorrência dessa grave intercorrên-
Na vigência de tamponamento cardíaco há necessidade de cia infecciosa.
punção do saco pericárdico durante o atendimento inicial e torna A injúria de intensidade moderada ou grave acarreta compro-
contraindicada a punção da veia subclávia dado aos riscos pertinen- metimento do estado nutricional, o que, por sua vez, diminui a
tes ao procedimento. síntese proteica, prejudica o sistema imunológico, interfere nega-
Santora et al. recomendam durante a fase inicial de recupera- tivamente na resposta inflamatória e no processo de cicatrização.
ção o uso de 2 litros de solução de Ringer lactato seguido da repo- O suporte nutricional é essencial no tratamento de pacientes víti-
mas de trauma grave e, dependendo das circunstâncias, também
sição de papa de hemáceas, conforme a necessidade específica de
no trauma moderado. Essa terapêutica terá início após a injúria tão
cada paciente.
logo seja possível e deverá ser mantido até que o paciente possa su-
Estabelecido o acesso venoso, é colhida amostra de sangue
prir suas necessidades pela alimentação oral. O objetivo do suporte
para os seguintes exames laboratoriais: hemograma, tipagem san-
nutricional apropriado e precoce é o de reduzir complicações rela-
guínea, glicemia, eletrólitos, tempo de protrombina e de trambo- cionadas a desnutrição e implementar a recuperação. A via enteral
plastina ativada e gasometria. é considerada como melhor opção do que a parenteral. Quando a
Ainda na fase do atendimento inicial, deve-se proceder, ainda oferta por via enteral só puder ser feita de forma parcial, neces-
que de forma sucinta, avaliação neurológica, que fica restrita ao sitando assim complementação parenteral, os resultados poderão
exame das pupilas (reatividade, tamanho e igualdade) e à escala ser melhores do que o do uso isolado do suporte parenteral no pa-
de Glasgow. A exposição do paciente obtida com a retirada de sua ciente vítima de trauma.
vestimenta requer cuidado especial para os idosos. Esse grupo de
pacientes suporta mal a exposição, necessitando assim de cuidado- Reabilitação
so controle da temperatura ambiente. O processo de reabilitação no idoso, diferentemente do pacien-
Terminados os procedimentos pertinentes ao atendimento pri- te mais jovem, ocorre de forma mais sutil ao longo do tempo. O
mário e constatada a estabilidade clínica do paciente, tem início a período compreendido entre a restrição do paciente ao leito e o
avaliação secundária. Nessa segunda fase, é essencial a obtenção retorno à deambulação é crítico. Neste período, em particular, o
de informações tanto do atendimento pré-hospitalar quanto da his- paciente idoso é ainda mais susceptível ao comprometimento de
tória médica pregressa, a qual objetiva a identificação de doenças função cardiopulmonar, ao aparecimento da trombose venosa pro-
preexistentes, uso de drogas, atualidade da vacinação e, se possível, funda, à atrofia muscular às alterações articulares e às escaras de
avaliação da condição funcional basal dos diferentes órgãos e siste- cúbito. Além disso, a capacidade física é reduzida com o repouso
mas. É de grande importância nestes pacientes dar o suporte tera- na ordem de 5% ao dia, sendo recuperado em um ritmo duas ve-
pêutico adequado às doenças associadas preexistentes. A necessi- zes menor. A redução da mobilidade do paciente está relacionada
dade relativa de cada droga que por ventura o paciente utilizasse do grau de fadiga à dor decorrente de fratura, contusão ou incisão
anteriormente ao trauma, deve ser reavaliada à luz dessa doença cirúrgica e pela rigidez articular causada pela imobilidade. Além dis-
aguda. Prende-se isso ao fato de que determinadas medicações so, a presença da linha de oxigênio e/ou intravenosa, de drenos, de
como por exemplo corticosteróides, anti-hipertensivos e diuréticos cateter urinário e/ou nasogátrico e as conexões aos monitores de
podem comprometer de forma significativa a resposta fisiológica do sinais vitais são fatores desencorajadores da atividade. Assim sen-
paciente idoso ao trauma. do, a mobilização precoce do idoso vítima de trauma é prioritária e
constitui aspecto importante no processo de recuperação. Caso o
Ainda nessa segunda fase serão realizados os exames radioló-
paciente não possa deambular, devem ser realizados exercícios ati-
gicos preconizados como obrigatórios pelo ATLS (coluna cervical,
vos e passivos ainda no leito, os quais progridem assim que possível
tórax e ossos pélvicos), bem como outros exames julgados como
para atividade em cadeira de rodas e finalmente para deambulação.
necessários à circunstância do paciente (tomografia computado-
Tendo em vista que a idade avançada está relacionada ao retar-
rizada, ultrassonografia, laparoscopia, exames laboratoriais). En- do no processo de cicatrização, a prevenção das complicações con-
cerra-se o atendimento inicial com a internação do paciente para tinua sendo a parte fundamental no cuidado com as feridas. A cica-
tratamento definitivo. trização é dificultada por condições prevalentes entre os idosos tais
como desnutrição, imobilidade e doenças sistêmicas, fatores esses
Complicações do trauma que também favorecem o aparecimento de úlceras de decúbito.
Dentre as complicações do trauma, a infecção é a que pre- Caso as medidas preventivas sejam insuficientes, utilizar-se-ão pro-
domina entre as vítimas que sobrevivem à fase inicial de injúria. cedimentos capazes de minimizar a pressão em áreas da superfície
Nessa circunstância, os idosos, cujos mecanismos imunológicos en- de contato e medidas terapêuticas que favoreçam a cicatrização.
contram-se diminuídos e que podem ser comprometidos de forma Estão incluídos nessa abordagem terapêutica curativos especiais ca-
adicional pelo trauma, apresentam taxa de complicação infecciosa pazes de criar meio ambiente propício à cicatrização e o uso tópico
da ordem de 15%. Dentre essas, a pneumonia é a mais comum, de fatores de crescimento, com objetivo de aumentar e acelerar a
embora seja frequente a infecção do trato urinário, a sepse relacio- magnitude do processo cicatricial.
nada aos acessos vasculares, a flebite e as infecções dos ferimentos Em grande parte, a reabilitação do paciente idoso é dependen-
decorrentes do acidente e da ferida operatória. Atenção especial te de sua motivação, de alterações neuro-comportamentais, inclu-
deve ser dirigida a esse grupo de pacientes, uma vez que dadas as sive de memória ou de humor preexistentes ao trauma, bem como
suas características, a manifestação clínica evidente do quadro in- das dificuldades psicológicas decorrentes especificamente do aci-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
dente. Assim sendo, esses fatores podem contribuir para invalidez, Normalmente, não é necessária a presença de médico neste
imobilidade e interferência nas atividades diárias, necessitando, tipo de transporte, porém a maioria dos hospitais, por recomenda-
portanto, de atenção e cuidado especiais.9 ção do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), exige a presença
de pelo menos um técnico de enfermagem durante o trajeto.
TRIAGEM, TRANSPORTE, MATERIAIS E EQUIPAMEN-
2. Transferência em um único sentido de um paciente para uma
TOS PARA SALA DE EMERGÊNCIA
área de cuidados intensivos: envolve o transporte de pacientes da
sala de emergência (clínica ou de trauma) ou enfermaria para a UTI
Triagem ou para o Centro Cirúrgico. Deve sempre ter o acompanhamento
O método é validado pelo Ministério da Saúde e segue as re- médico, e ser realizado, idealmente, após ressuscitação inicial e es-
comendações sobre a Política de Humanização do Sistema Único de tabilização do paciente, a menos que haja risco iminente de vida.
Saúde (SUS). Os cuidados serão, dentro do possível, uma extensão dos cuidados
O vermelho indica emergência, caso gravíssimo, com necessi-
iniciais: suporte ventilatório, hemodinâmico e avançado de vida.
dade de atendimento imediato e risco de morte. A cor laranja é
para casos muito urgentes, graves, com risco signicativo de evoluir
3. Transferência da UTI para o Centro Cirúrgico, com retorno
para morte e que exige atendimento urgente. O amarelo significa
à UTI: a necessidade de intervenções cirúrgicas em qualquer seg-
urgente para casos de gravidade moderada, com necessidade de
atendimento médico mas sem risco imediato. Já a cor verde é pou- mento do corpo torna necessário o transporte do paciente crítico,
co urgente, para atendimento preferencial nas unidades de atenção mantendo o mesmo nível de cuidados no trajeto e dentro do Centro
básica. Cirúrgico. Tais procedimentos devem ter uma indicação precisa e
A cor azul na classificação de risco é indicativa para casos não em tempo, num acordo entre o cirurgião e o intensivista, ambos
urgentes, com orientação para atendimento na unidade de saúde responsáveis pelo paciente. Alguns procedimentos cirúrgicos po-
mais próxima da residência. Isso significa que o atendimento será dem ser realizados à beira do leito, dentro da UTI, mas estes só es-
de acordo com o horário de chegada ou serão direcionados às Estra- tão indicados se a equipe assumir que o risco do transporte é maior
tégias de Saúde da Família ou às Unidades Básicas de Saúde. Nesta que o deles. Neste tipo de transporte há a necessidade da presença
classificação incluem-se queixas crônicas, resfriados, contusões, es- do médico, porém não há nada redigido que indique qual profissio-
coriações, dor de garganta, ferimentos que não requerem fecha- nal, seja o plantonista da UTI, cirurgião ou anestesiologista, deva
mento, entre outros. responsabilizar-se por este deslocamento. Recomenda-se, então,
que o acompanhamento seja feito pelo médico responsável pelo
paciente na unidade de origem, ou seja, pelo intensivista ou pelo ci-
rurgião no deslocamento ao centro cirúrgico e pelo anestesiologista
ou cirurgião no sentido inverso, já que estes estão mais familiari-
zados com as últimas alterações observadas no quadro clínico do
paciente nestes dois diferentes momentos.

4. Transferência do CTI para áreas não-CTI e retorno do pacien-


te de volta ao CTI: envolve as transferências para áreas onde são
realizados procedimentos diagnósticos ou terapêuticos não-cirúrgi-
cos. Neste caso, o paciente pode ausentar-se por períodos prolon-
gados de tempo e, principalmente, permanecer em unidades onde
não há pessoal treinado e equipamentos adequados que permitam
a continuidade do tratamento a que ele estava sendo submetido
na UTI. Consequentemente, isto tudo deve ser levado junto com o
paciente, o que torna este deslocamento o de maior complexidade
logística.

5. Transferência não-crítica: são incluídos aqui os deslocamen-


tos não-emergenciais e rotineiros, inclusive o de pacientes a serem
submetidos a cirurgias eletivas, da unidade de internação ao centro
cirúrgico.

Transporte inter-hospitalar
Transporte
Transporte intra-hospitalar 1. Transferência, sem retorno, de centros de menor para outros
1. Transferência, sem retorno do paciente, para fora da área de maior complexidade: inclui os pacientes, em vários estágios de
de tratamento intensivo (CTI, Centro Cirúrgico e Sala de Recupe- gravidade, que são levados para realizarem tratamento definitivo
ração Pós-Anestésica): envolve a transferência dos pacientes com em hospitais especializados, permanecendo internados neles defi-
alta médica da sala de recuperação pós-anestésica ou da UTI. Aqui nitivamente. Nesta categoria são incluídos os pacientes transferidos
a decisão de “alta da unidade” é a razão da transferência; portanto, para outras cidades.
assume-se a responsabilidade de que o quadro clínico está estável
e o paciente está apto a ingressar em unidades de menor comple-
xidade. Consequentemente, seu transporte será de pequeno risco.
9 Fonte: www.scielo.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
2. Transferência, com retorno, para tratamento ou exames - Cedilanide
diagnósticos em centros de maior complexidade: o tipo mais co- - Dopamina 50mg
mum, onde o paciente vai a uma unidade isolada ou a outro hos- - Glicose 50% (20ml)
pital realizar um exame ou tratamento e retorna ao hospital de - Glicose 25% (20ml)
origem. O local de destino frequentemente não possui os recursos - Gluconato de cálcio 10%
para manter o suporte de vida e o tratamento do paciente, devendo - Furosemida 10mg/ml
estes ser transportados junto a ele e mantidos até o fim do exame - Noradrenalina 1mg/ml
e/ou tratamento. - Solucortef 100 mg e 500 mg
- Água destilada 10ml
3. Transferência de pacientes politraumatizados de centros - Xylocaína 2% s/a
de menor complexidade, para onde são levados pelos sistemas de - Solução fisiológica 0,9%
atendimento pré-hospitalar para estabilização, a outros de maior - Solução glicosada 5%
complexidade, para tratamento definitivo: este tipo é parte fun- - Solução glicosada 10%
damental de um sistema de atendimento pré-hospitalar. Pacien-
tes críticos podem ser levados temporariamente a uma unidade Materiais
de menor complexidade, mas com capacidade de prestar suporte - Seringas de 5ml,10ml e 20ml
avançado de vida, próxima à área do sinistro. Após a estabilização, a - Jelco números: 18,20,22 e 24.
vítima é transferida a um centro para seu tratamento definitivo. Isto - Equipos macrogotas e microgotas
permite menor tempo para o atendimento, liberação da equipe de - Equipo polifix
socorristas e melhor manejo da distribuição de pacientes, evitando - Luvas de procedimentos
sobrecarregar a rede de emergência. - Luvas cirúrgicas
- Micropore e esparadrapo
Materiais e equipamentos - Scalp 19 e 21
- Monitor cardíaco; - Gazes
- Eletrocardiógrafo; - Tábua para massagem cardíaca
- Respirador mecânico; - Laringoscópio e lâminas curvas e retas
- Bomba de infusão; - Pilhas novas
- Cama Fowler; - Xylocaína gel
- Carro de emergência; - Cateter de aspiração
- Material pra entubação endotraqueal. - Sondas endotraqueais 7,5; 8,0 ;8,5 e 9,0.
- Oxímetro de pulso; - Sondas endotraqueais infantis
- Conjunto de nebulização em máscara; - Cadarço
- Conjunto padronizado de beira leito; - Cânulas de guedell adulto e infantil
- Termômetro; - Ambú adulto e infantil
- Esfigmomanômetro; - Eletrodos
- Estetoscópio; - Agulhas 40x12
- Ambú com máscara; - Agulhas 25x7
- Cilindros de oxigênio (transporte); - Agulhas 25x8
- Ventilador para transporte; - Agulhas 13x4,5
- Aspirador de secreções;
- Negatoscópio; Observações
- Otoscópio; É muito importante a conferência do carrinho de emergência
- Máscara venturi com diferentes concentrações de gases; em cada plantão.
- Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvulas Reponha imediatamente os materiais ou medicamentos que
reguladoras de pressão e pontos de vácuo para cada leito; estiverem faltando.
- Capacete para oxigênioterapia (pediátrico e neonatal); Somente utilize esses materiais em casos de emergência.
- Incubadora para transporte. Cada hospital deve se adequar conforme suas necessidades,
essa é uma lista de materiais, equipamentos e medicamentos bá-
Bandejas para procedimentos: sicos, podendo ser modificado seguindo as necessidades de cada
- Intracath local.10
- Drenagem de tórax
- Pequena cirurgia
QUEIMADURAS - TRATAMENTO E CONDUTAS
- Curativos
DE ENFERMAGEM
- Flebotomia
- Punção lombar
- Cateterismo vesical Aquele que sofre um tipo de queimadura, independentemen-
- Entubação endotraqueal te de sua extensão, torna-se vítima de uma agressão física em sua
- Carrinho de Emergência morfologia e estética, o que vai além de danos físicos. Queimaduras
Medicamentos: são classificadas como injúrias decorrentes de trauma de origem
- Adrenalina 1mg/ml térmica resultante da exposição a chamas, líquidos quentes, super-
- Amiodarona fícies quentes, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção.
- Aminofilina
- Atropina 0,5mg/ml 10 Fonte: www.hospitalstacruz.com.br/www.pilotopolicial.
- Bicarbonato de sódio 8,4% com.br/www.enfermagemurgenciaemergencia.blogspot.com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O tipo de queimadura depende da extensão do comprome- Outra tabela bastante utilizada é a Lund-Browder, de maior
timento tecidual e exposição ao agente agressor. Assim, a pessoa precisão, levando-se em consideração as proporções do corpo em
vítima desse acidente pode vir a óbito, ou ficar com sequelas irre- relação à idade a um valor pré-estabelecido. Nesse caso, considera-
versíveis, além do grande sofrimento físico e psicológico1. -se a superfície corporal da criança semelhante à do adulto, a partir
Pacientes que sofreram algum tipo de queimadura apresentam da puberdade. Comumente, os profissionais da saúde classificam as
intensa dor e grande impacto emocional, sendo, estes, alguns dos queimaduras como leve, médio e de grande porte. Assim, se a lesão
fatores que interferem em sua recuperação. atinge menos de 10% é considerada leve, quando o comprometi-
É necessário conhecer a etiologia da queimadura, pois é um mento é entre 10% a 20% da superfície corpórea, denomina-se em
fator determinante nas medidas e intervenções terapêuticas que médio queimado, e grande queimado, aquele que teve uma lesão
serão adotadas, direcionando os cuidados do enfermeiro e da equi- que comprometeu mais de 20% da área corporal.
pe de saúde, assegurando, assim, melhora e evolução no quadro O paciente queimado pode desenvolver complicações em seu
clínico do paciente. quadro clínico em decorrência da extensão e da profundidade das
A gravidade da queimadura está diretamente relacionada com lesões por queimadura. Quanto maior a exposição ao agente agres-
sua extensão e profundidade da lesão gerada no organismo. Com- sor, maior o risco de apresentar complicações secundárias
prometimento que causa vários distúrbios físicos, como, por exem-
plo, perda de volume líquido, mudanças metabólicas, deformidades Psicológico do paciente queimado
corporais e risco de infecção, além das complicações advindas da Pacientes queimados sofrem danos corporais, muitas vezes
queimadura, que podem ocasionar maiores complicações no esta- irreversíveis, e, diante de sua autoimagem lesionada, apresentam
do de saúde do paciente. Por ser um trauma de grande complexida- medo da desfiguração, separação de familiares, insegurança e re-
de e requerer tratamento eficaz, adequado e de caráter imediato, ceio de retomar seu cotidiano anterior ao trauma térmico. Apresen-
acidentes com vítimas por queimaduras apresentam alta taxa de tam desordem de sentimentos e sensação de impotência, deixan-
morbidade e mortalidade. do-os temerosos em relação ao futuro.
Além do comprometimento físico decorrente ao acidente de O profissional de enfermagem deve estar atento ao paciente,
causa térmica, o paciente mostra-se, geralmente, muito abalado, a fim de esclarecer dúvidas e também estimulá-lo a falar sobre o
até mesmo em estado de choque. A assistência de enfermagem, que está sentindo. Assim, mantém comunicação efetiva não apenas
nesse momento, é de grande valia no tratamento do paciente quei- com o doente, mas também com seus familiares, ressaltando que
mado. No momento em que o paciente é admitido em uma unidade o apoio e o contato com a família é importante na assistência emo-
de emergência, faz-se necessário que este receba um tratamento cional ao paciente.
imediato e eficaz.
O cuidado prestado pelo enfermeiro não pode apenas limitar- Epidemiologia
-se à assistência tecnicista, requer uma abordagem multidimensio- Queimaduras constituem um problema grave de saúde pública
nal, não olhando apenas o indivíduo, mas também sua família. Isto no Brasil. Estima-se que, no país, ocorram cerca de um milhão de
permite estabelecer intervenções direcionadas ao paciente e sua acidentes com queimaduras por ano, mas apenas 10% irão procu-
família, a fim de obter resultados positivos na tentativa de lhes pre- rar atendimento hospitalar, sendo que 2.500 irão a óbito direta ou
servar a vida. indiretamente em decorrência das lesões. Dois terços de todos os
acidentes relacionados de causa térmica ocorrem no próprio do-
Queimaduras micílio da vítima e, frequentemente, envolvem adultos jovens do
São traumas ocasionados, geralmente, por exposição térmica gênero masculino, crianças, menores de 15 anos e idosos, que são
e, em sua maioria, são acidentes graves. Salienta-se que a maior as principais vítimas.
parte de vítimas sofreu algum tipo de queimadura decorrente de As causas de maior frequência de acidentes são exposição ao
acidentes domésticos. Usualmente, essas injúrias ao organismo são fogo, água fervente e contato com objetos aquecidos. As queima-
resultantes de transferência de energia de uma fonte de calor para duras ocorridas por correntes elétricas e agentes químicos e aci-
o corpo, que pode ser de origem térmica, química ou elétrica6. Isso dentes com solução cáustica, no qual esse tipo de dano tecidual
a caracteriza como lesões no tecido de revestimento, podendo des- nem sempre resulta da produção de calor, são menos frequentes.
truir parcial ou totalmente a pele e seus anexos, atingindo camadas As lesões por queimadura constituem importantes causa acidental
mais profundas, como tecidos subcutâneos, músculos, tendões e de morbimortalidade em todo o mundo, com grande frequência en-
ossos. Assim, quanto maior a profundidade e comprometimento tre as crianças. Acidentes de causas térmicas, geralmente, ocorrem
dos órgãos, mais grave é o estado do paciente. em ambiente doméstico.
Para mensurar o grau de comprometimento que um paciente Grande parte dos pacientes é atendida nos centros de emer-
queimado sofreu é necessário que os profissionais de saúde lancem gência e estima-se que cerca de 40 mil são hospitalizados em es-
mão de alguns instrumentos estabelecidos em protocolos de trata- tado grave. O maior número de vítimas de causas térmicas está re-
mento com feridas provocadas por queimaduras, os quais sofrem lacionado a crianças entre 1 a 5 anos de idade, nas quais as lesões
pequenas variações de conduta de um hospital para outro. Somen- tendem ser acometidas em sua maioria por escaldamento com lí-
te assim será possível avaliar aspectos que indiquem a gravidade quidos quentes. Já em adolescentes e adultos, a causa primária de
da lesão, pois esses parâmetros permitem calcular o total da área lesão está relacionada a líquidos inflamáveis, comumente o álcool.
corpórea comprometida.
Atualmente são usadas duas tabelas, uma delas é a Regra dos O cuidado com paciente queimado
Nove, na qual se pontuam até nove pontos, associada a cada re- Paciente queimado, quando admitido em uma unidade de
gião do corpo, frequentemente usada nas salas de emergência para emergência, independentemente da extensão de sua lesão, deve
avaliar paciente adulto, destacando que essa tabela não é indicada ser assistido pela equipe de saúde, que realizará os procedimen-
para mensurar queimaduras em crianças, pela possibilidade de in- tos e exames necessários, para avaliar o nível de comprometimento
duzir a erros grosseiros. cutâneo e sistêmico3. A conduta de atendimento é executada de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
acordo com o protocolo de atendimento estabelecido pela unidade, tência na fase de emergência, monitorando a estabilização física e
levando-se em conta a extensão das feridas e de seu quadro clínico. psicológica do paciente, além de intervir nas necessidades psico-
Há casos em que o paciente deve ser encaminhado ao centro cirúr- lógicas também da família, pois as queimaduras geram respostas
gico, para realização de desbridamento e curativos ou, até mesmo, emocionais variáveis.
procedimentos cirúrgicos. Assim, subsequentemente, serão inter- O profissional de enfermagem deve elencar as prioridades de
nados em unidades semi-intensivas, UTIs, ou em centro de trata- ações ao paciente, planejando uma assistência adequada de acordo
mento de queimados (CTQ). com as necessidades afetadas do queimado, deve analisar e acom-
Salienta-se que acidentes de origem térmica têm como con- panhar os exames com periodicidade. Também manter uma comu-
sequências traumas adicionais e comprometimento ao organismo nicação efetiva com o doente e seus familiares e com a equipe de
humano, principalmente lesões pulmonares, ocasionadas pela ina- saúde.
lação de gases nocivos, além de fraturas e lacerações em alguns O exame físico é primordial na avaliação do paciente queima-
órgãos. A equipe deve estar preparada e ter em mãos recursos que do, levando em conta suas limitações, pelas lesões que sofreu, deve
irão assegurar a vida ao paciente queimado durante a primeira con- ser realizado de forma criteriosa, atentando-se com frequência aos
duta de atendimento. sinais vitais, dando ênfase aos pulsos periféricos em que, por sua
Segundo Smeltzer et al., o tratamento dos queimados é divi- vez, pode ser inviável a verificação, devido à presença de edema. A
dido em três fases: reanimação, reparação e reabilitação. O cuida- avaliação desses parâmetros permite ao enfermeiro amplo conhe-
do ao queimado, quanto ao critério de prioridades de condutas de cimento da evolução no quadro clínico do paciente, pois, somente
atendimento, é o mesmo tido com vítimas de algum tipo de trau- assim, será possível afirmar se o tratamento está tendo uma res-
ma, como, por exemplo, verificar as vias aéreas, ventilação, coluna posta efetiva.
vertebral e circulação, com objetivo de controlar a hemorragia. No Ao prestar assistência ao paciente queimado, o enfermeiro se
caso do paciente queimado, faz-se necessário remover as roupas, a depara com uma rotina de muito trabalho, dor e sofrimento, não
fim de possibilitar melhor avaliação. O exame neurológico é funda- apenas do doente, mas também de seus familiares, exigindo inter-
mental no primeiro momento. venção delicada por parte de toda a equipe. O enfermeiro terá de
Estar hospitalizado representa, ao paciente queimado, uma lidar com dor, depressão, padrão de sono perturbado, mobilidade
física prejudicada e risco para infecção, e deve saber intervir em
sensação de medo, impotência, além de ser um processo doloro-
cada situação, de forma eficaz e ética.
so, devido aos diversos procedimentos de cuidados que lhe cau-
O planejamento da assistência de enfermagem faz parte de
sam dor e incômodo, mas que se faz necessário em seu tratamento.
um processo para identificar inferências e determinar intervenções
Em sua maioria, ficam totalmente dependentes para realização de
necessárias para cada tipo de paciente, seja ele pequeno, leve e
qualquer atividade, em especial as de autocuidado.
grande queimado, buscando sempre atingir resultados almejados
O cuidado inicial ao paciente que sofreu queimadura não en-
e estabelecidos pela enfermagem, de acordo com o tratamento te-
volve apenas as lesões ocasionadas com o agente causador. Assim,
rapêutico. Para que seja implantado o plano de cuidados de enfer-
o primeiro cuidado é a manutenção da permeabilidade das vias aé-
magem, devem-se estabelecer prioridades diárias, realizando mu-
reas, reposição de fluidos e controle da dor. São medidas que têm danças necessárias conforme as alterações no quadro do paciente,
por finalidade diminuir complicações devido ao trauma térmico. A sempre realizando o registro diário de todas as ações e intercorrên-
forma de cuidado e o tratamento ao queimado serão estabelecidos cias com o paciente assistido, além de buscar manter comunicação
de acordo com a gravidade das lesões decorrentes da exposição, eficaz com a equipe.
tipo e grau de comprometimento, levando em conta a real necessi- O plano de cuidado deve atender às várias ameaças físicas que
dade do paciente, com a finalidade da estabilização, melhora e, por podem advir, além de oferecer amparo psicológico ao doente e a
fim, diminuir seu tempo de internação. sua família. A ação dos cuidados de enfermagem vai muito além
O processo de cicatrização, formação de um tecido no decorrer da tecnicista, como, por exemplo, banho no leito/aspersão, desbri-
do tratamento, irá dimensionar a possibilidade e limitações do pa- damento, curativos, momentos pré e pós cirúrgicos, entre outros.
ciente. Salienta-se que estar queimado é uma das formas mais trau- Medidas executadas pela equipe de enfermagem são fatores
máticas que o indivíduo pode ter como experiência física e emocio- que tendem a contribuir na recuperação do paciente internado,
nal, pois se trata de um acontecimento que interrompe a sua forma evitando sempre que ele apresente complicações procedentes da
de viver, passando da integridade física para o desequilíbrio. queimadura. Os cuidados gerais são basicamente procedimentos
de rotinas; casos mais complexos necessitam de cuidados mais
Assistência de enfermagem ao paciente queimado complexos, como higiene, alimentação, hidratação, posicionamen-
A essência da enfermagem é o ato de cuidar do ser humano, to no leito e curativos, entre outros.
e proporcionar uma recuperação segura, além de ser responsável Estabelecer intervenções tanto gerais como especificas é dire-
na execução de medidas preventivas sob a forma de educação em cionar o cuidado de enfermagem, visando sempre o bem-estar e
saúde. É nesse contexto que a equipe de enfermagem deve estar melhora do paciente que sofreu algum tipo de queimadura, seja ele
preparada para atuar em distintas áreas, com competências e habi- pequeno, médio ou grande queimado. As intervenções levantadas
lidades. Por sua vez, prestar assistência de enfermagem ao paciente neste estudo estão de acordo problemas comumente identificados
queimado exige que o enfermeiro tenha alto nível de conhecimento em pacientes queimados, ressaltando que, por isso, faz-se neces-
científico sobre as alterações fisiológicas que ocorrem no sistema sária a avaliação de cada caso clínico, uma que vez que cada um
orgânico após uma queimadura. Isso possibilitará identificar e pre- tem suas peculiaridades e necessita de cuidados específicos e até
venir alterações sutis que possam desencadear maiores complica- mesmo complexos.
ções em decorrência das lesões teciduais e sistêmicas. A equipe de enfermagem deve compreender a percepção que
Compete ao enfermeiro levantar informações necessárias, o paciente queimado tem das alterações que ocorreram no seu cor-
por meio da anamnese, para que possa estabelecer assistência de po. Cabe ao enfermeiro encorajar o doente e a família a expressar
enfermagem que atenda às necessidades do paciente queimado seus sentimentos, estabelecendo uma relação de confiança, o que
e, assim, dar continuidade ao tratamento terapêutico iniciado no permitirá um diálogo mais aberto, demonstrando sempre estar dis-
primeiro momento. A equipe de enfermagem deve prestar assis- posto a ouvir. É importante preparar o paciente para o que ele po-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
derá ver, quando for se realizado algum cuidado ou procedimento Todo paciente que sofreu alguma lesão por causa térmica está
nele, se possível descrever de uma forma tranquila, sem usar termi- sujeito à infecção. A medida que os resíduos se acumulam na su-
nologias técnicas, a fim de amortizar o choque. perfície da ferida, podem retardar a migração dos queratinócitos,
No processo de reabilitação, o enfermeiro tem que ajudar o consequentemente afetando o processo de epitelização. Em alguns
paciente e seus familiares a enfrentar as mudanças corporais e as casos, faz-se necessário o desbridamento das lesões por queimadu-
possíveis dificuldades e limitações em atividades diárias que fazia ra, a fim de remover o tecido contaminado por bactérias e corpos
antes do acidente; orientar que isso acontece devido a retrações te- estranhos, protegendo o paciente contra a invasão de bactérias.
ciduais e dores, uma vez que são dificuldades que ele irá se deparar Quando se fala em assistência de enfermagem com o paciente
após a alta hospitalar. Portanto, o profissional de enfermagem deve queimado, deve-se ter em mente que todos os cuidados deverão
começar durante o período de internação a ajudar o paciente a lidar ser realizados com técnicas assépticas, evitando criar um ambiente
com algumas situações que ele poderá vivenciar fora do ambiente favorável para crescimento e proliferação bacteriana, o que oca-
hospitalar. sionaria mais sofrimento e dor ao doente. As causas mais comuns
Prestar assistência de qualidade ao paciente queimado é uma de infecção em pacientes queimados são por bactérias, como Sta-
tarefa árdua, sendo muito importantes a dedicação e a perseveran- phylococcus e Pseudomonas. A equipe de enfermagem deve ficar
ça da equipe de enfermagem. Sendo assim, é preciso entendê-lo, atenta a sinais de infecção no local da queimadura, observando os
levando-se em conta as características muito especiais consequen- aspectos de coloração, secreções e sintomas sistêmicos, como hi-
tes da situação traumática vivenciada, partindo do pressuposto de pertermia e contagem de leucócitos.11
que as queimaduras que sofreu podem deixar sequelas para a vida
toda, seja incapacitando o indivíduo ou desfigurando-o irreversivel- SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA DO ÁLCOOL CONDUTAS
mente. DE ENFERMAGEM. ALTERAÇÕES METABÓLICAS
Assistência de enfermagem diante das necessidades afetadas
Tratamento com pacientes queimados causa lesões corporais, Droga é qualquer substância que tenha propriedade de atuar
tanto locais quanto sistêmicas. Nesse contexto, o enfermeiro e a sobre os sistemas do organismo e lhe causar alterações. Para a OMS
equipe de saúde se deparam com diversas situações que necessi- o uso abusivo de drogas é considerado como uma doença e grave
tem de intervenções de caráter imediato e com técnicas adequa- problema de saúde pública. A OMS faz a seguinte divisão entre os
das. Todo paciente que sofre esse tipo de trauma tende a ter suas usuários de drogas:
- Consumidor leve;
necessidades básicas prejudicadas, como, por exemplo, oxigena-
- Consumidor moderado;
ção, hidratação e nutrição, entre outros.
- Dependente.
Alguns pacientes inalam fumaça ou substâncias tóxicas, o que
pode levar a lesões ou até mesmo ao óbito, dependendo do tem-
Segundo pesquisas, fora o álcool, as drogas mais usadas no
po de exposição e do agente agressor. É muito comum pacientes
Brasil são:
vítimas de queimaduras apresentarem comprometimento respira-
- os inalantes;
tório, que vai desde pneumonia a embolia pulmonar. Mesmo após
- os remédios para emagrecer;
o atendimento inicial, no qual o paciente começa a receber o tra-
- os tranquilizantes, que são as drogas comercializadas legal-
tamento adequado, a equipe de enfermagem deve estar em alerta mente;
para sinais de hipoxemia, taquicardia, sudorese e cianose. - Maconha, cocaína, nicotina e o crack.
Ao controlar as respostas respiratórias e a dor, o enfermeiro
deve estar atento aos sinais de choque hipovolêmico, e intervir de Ações preferenciais da droga sobre as atividades do sistema
forma imediata com reposição de líquidos e eletrólitos, conforme nervoso central (SNC) são:
indicação terapêutica adotada pelo médico. Umas das medidas que - Depressores da atividade do SNC ( álcool e inalantes);-
deve ser realizada pela enfermagem logo após admissão do pacien- Estimulantes da atividade do SNC ( anfetaminas e cocaínas);
te queimado é puncionar e manter um acesso venoso calibroso. - Pertubadoras da atividade do SNC ( maconha e alucinógenos
A comunicação efetiva com a equipe é um alicerce fundamen- ).
tal no tratamento e na melhora do paciente queimado. O enfermei-
ro deve orientar os familiares a ofertar alimentos nutritivos para o Dependência do álcool
doente, de acordo com o aconselhamento do nutricionista. Quando O álcool etílico é uma substância psicoativa que atua no SNC,
as necessidades nutritivas não forem satisfatórias pela alimentação causando efeitos prazerosos, mudanças de comportamento e po-
oral, o que acaba por comprometer o quadro clínico do paciente, o dendo causar repercussões em nível físico, psíquico e social.
enfermeiro deverá introduzir uma sonda nasogástrica, conforme a Pode provocar pensamentos e atos descontrolados, perda da
prescrição do médico, estando atento se a nutrição prescrita está memória, da concentração e da moderação.
sendo adequada e eficaz, não causando nenhum mal-estar ao do- No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a incidência de al-
ente. Esses cuidados são de fundamental importância para ajudar coolismo é relativamente alta na população, de modo geral (8% a
no tratamento e cura do paciente. 10%).
Compete ao médico e ao enfermeiro executar medidas que O alcoolista é a pessoa com pertubação crônica de comporta-
controlem a dor do paciente queimado, atentando-se à causa e à mento, ingerindo excessivamente o álcool, excedendo o uso social
intensidade, para que possam intervir, a fim de eliminar ou reduzir e dietético da comunidade em que vive, chegando a influenciar em
esse quadro com uso de medicação adequada. Em alguns casos, o seu funcionamento social e econômico.
paciente necessita de sedação, devido ao comprometimento cor- Segundo alguns autores, as mulheres são particularmente vul-
poral que sofreu. E, por sua vez, ao administrar o medicamento neráveis ao álcool, pois:
prescrito, o enfermeiro deve estar atento aos efeitos adversos e in- - As células femininas não metabolizam o álcool tão rapida-
tercorrências ocasionadas pelo fármaco, comunicando ao médico e mente quanto as células masculinas;
anotando os fatos presenciados.
11 Fonte: www.rbqueimaduras.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- A mulher, por possuir peso menor que o homem, tem no estô- - Síndrome de Korsakoff – há comprometimento da memória
mago menor quantidade de enzima fundamental para metabolizar para dados recentes, confabulação e desorientação no tempo e es-
o álcool; paço.
- Durante a gravidez, o álcool é capaz de afetar e por em risco
a vida do feto. Os principais motivos para internar um dependente de álcool
Quanto ao adolescente, além dos problema clínicos, psíquicos são:
e sociais do alcoolismo estarem afetando-o numa fase de cresci- - Incapacidade do paciente de abster-se do álcool;
mento e aprendizado, essa iniciação precoce no uso de álcool pode - Gravidade dos sintomas de abstinência.
levá-lo à cronicidade prematura. As duas fases principais do tratamento do alcoolista internado
Na população em geral, os problemas decorrentes do uso de são:
álcool são: - Desintoxicação ou afastamento da bebida;
- Violência;
- Recuperação ou manutenção da abstinência.
- Prejuízo na vida escolar, familiar e no trabalho;
- Acidentes de trânsito;
Na fase de desintoxicação atentar-se para:
- Baixa produtividade.
- Sinais de abstinência a álcool: tremores, sudorese intensa,
insônia, irritação, ansiedade, taquicardia, inquietação e convulsão.
Distinção entre o uso abusivo e síndrome de dependência do
- Delírios por abstinência ao álcool, que pode ser caracterizado
álcool
por: hiperatividade, alucinações visuais, auditivas e táteis, delírios,
- Uso abusivo – padrão de uso de álcool que leva ao prejuízo
agitação, tremor irregular e grosseiro e febre.
físico, mental e social mas sem as características da síndrome de
dependência do álcool.
Entre os medicamentos mais comuns para tratar dependentes
- Síndrome de dependência – neste estágio o indivíduo passa a
de álcool estão:
apresentar rotina de ingestão diária, a bebida torna-se o elemento
- Aversivos (Dissulfiram), torna clinicamente impossível o uso
central da vida do dependente, há necessidade do aumento pro-
agradável do álcool;
gressivo da quantidade de álcool ingerida para obtenção dos mes-
- Psicotrópicos (antipsicóticos, antidepressivos ou anticonvulsi-
mo efeitos, a tentativa de parar de beber ou diminuir causa uma
vamentes), usados na presença de problemas psiquiátricos;
série de sintomas físico e psíquicos ( síndrome de abstinência do
- Vitaminas ( tiamina e outras do complexo B), para repor o que
álcool ) e pode haver a compulsão para ingestão de qualquer tipo
foi espoliado do organismo pelo uso de álcool.
de álcool.
Assistência de enfermagem a pacientes dependentes de ál-
Questionário para triagem de alcoolismo
cool
1. Alguma vez o senhor sentiu que deveria diminuir a quantida-
Assistência de enfermagem na fase de desintoxicação ou afas-
de de bebida ou parar de beber?
tamento da bebida:
2. As pessoas o aborrecem porque criticam o seu modo de be-
- Fazer um levantamento das necessidades básica afetadas: nu-
ber?
trição, hidratação, condições de higiene e integridade física;
3. O senhor se sente culpado pela maneira como costuma be-
- Verificar sinais vitais para detectar possíveis anormalidades
ber?
e fazer avaliação do estado, por exemplo: se alcoolizado, delirante,
4. O senhor costuma beber pela manhã para diminuir o nervo-
com rebaixamento do nível de consciência;
sismo ou a ressaca?
- Proporcionar os cuidados físicos imediatos após a avaliação
A equipe de enfermagem deve conhecer as principais caracte-
anterior: hidratar, alimentar e higienizar;
rísticas, queixas e sintomas que são:
- Se delirante ou alucinado, colocá-lo em lugar tranquilo e bem
- Hálito alcoólico;
iluminado;
- Olhos e faces avermelhados;
- Deve ser contido fisicamente se agitado e com risco de ma-
- Emagrecimento e falta de apetite;
chucar-se.
- Náuseas, vômitos, diarréia e outros problemas digestivos;
Assistência de enfermagem na fase de recuperação ou manu-
- Nervosismo;
tenção da abstinência:
- Insônia;
- Procurar estabelecer um relacionamento de confiança como
- Fraqueza muscular, tremores e queixas de dor nas pernas;
paciente;
- Hipertensão arterial;
- Não criticar ou menosprezar o comportamento do dependen-
- Agressividade.
te de álcool;
- Oferecer apoio quando o paciente mostrar-se ansioso;
Complicações psiquiátricas
- Orientação e supervisão dos cuidados físicos;
- Intoxicação aguda ou embriaguez – em casos severos podem
- Orientação quanto aos prejuízos físicos e sociais;
ocorrer lentificação do discurso, fala pastosa, confusão mental,
- Orientação familiar.12
náuseas, vômitos, ataxia, rebaixamento do nível de consciência,
coma e óbito;
A síndrome metabólica é um conjunto de doenças que, associa-
- Intoxicação idiossincrática – pode aparecer confusão mental,
das, vão levar ao aumento do risco de problemas cardiovasculares.
desorientação no tempo e espaço, febre, convulsões, agitação, alu-
Estas doenças são a obesidade – principalmente àquela caracteriza-
cinações visuais ou táteis;
da com aumento de cintura abdominal, pressão alta, alterações de
- Síndrome de Wernicke aguda – relacionada à deficiência de
colesterol, triglicérides e glicemia.
tiamina e manifesta-se por rebaixamento de consciência, nistagmo
e ataxia;
12 Fonte: www.enfermagempiaui.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Causas Para fazer o diagnóstico, é preciso que o paciente tenha alguns
A síndrome metabólica tem como base a resistência à insulina, critérios, preenchendo três dos cinco critérios abaixo:
que é um processo que acontece devido ao ganho de peso, mas - Obesidade central: circunferência da cintura maior que 88 cm
também pode começar com o diabetes tipo 2. A causa mais comum na mulher e 102 cm no homem
é o ganho de peso, que leva ao aumento da pressão arterial, ao - Hipertensão Arterial: pressão arterial sistólica maior que 130
desenvolvimento do diabetes tipo 2 e às alterações de triglicérides e/ou pressão arterial diatólica maior 85 mmH
e colesterol. - Glicemia de jejum alterada (glicemia maior que 110 mg/dl) ou
diagnóstico de Diabetes
Fatores de risco - Triglicerídes maior 150 mg/dl
Os fatores de risco principais são aqueles que levam ao ganho - HDL colesterol menor 40 mg/dl em homens e menor que 50
de peso, como alimentação com excesso de carboidratos simples e mg/dl em mulheres
gorduras saturadas, além do sedentarismo. Além disso, o tabagismo
pode aumentar o risco cardíaco e potencializar as consequências da Tratamento de Síndrome metabólica
síndrome metabólica ao coração. A história familiar de problemas O tratamento começa pela modificação de hábitos de vida.
cardíacos também é importante quando analisamos o impacto na Uma dieta saudável pobre em carboidratos simples e gorduras sa-
síndrome metabólica no organismo. turadas, rica em fibras, carnes magras, frutas e vegetais é o primeiro
Os sintomas mais comuns da síndrome metabólica são conse- passo para tratar e prevenir a síndrome metabólica.
quência das doenças associadas, como: A realização de atividades físicas regulares – cerca de 150 minu-
tos por semana – também é essencial para manter o peso, controlar
Sintomas de Síndrome metabólica a pressão e o colesterol.
Os sintomas mais comuns da síndrome metabólica são conse- Para tratar a diabetes, pressão alta e colesterol alto muitas ve-
quência das doenças associadas, como: zes o uso de medicamentos será necessário. Mas para resolver de
- Ganho de peso: cansaço, dores articulares por sobrecarga, vez e eliminar a síndrome metabólica, a perda de peso e a mudança
síndrome da apneia obstrutiva do sono e roncos. Alterações mens- de hábitos são fundamentais.
truais nas mulheres, como ovários policísticos, e perda da libido em Muitas vezes para tratar o peso, será necessário o uso de me-
homens podem também ser sintomas pouco valorizados dicamentos ou a avaliação para cirurgia bariátrica, em alguns casos.
- Problemas de colesterol: aumento do risco de infarto e der- Aqui, você deve conversar com seu médico para saber qual é a me-
rame, tonturas lhor opção para você.
- Hipertensão: dores de cabeça, mal estar em geral, cansaço e
Convivendo/ Prognóstico
tonturas ou zumbidos
Adotar hábitos de vida saudáveis, escolhas alimentares melho-
- Diabetes e alterações de glicemia: boca seca, perda de peso e
res e a prática de exercícios tem um resultado muito bom no con-
muita sede nos casos mais agudos e nos casos de desenvolvimento
trole e melhora da síndrome metabólica. Com a perda de peso, mui-
mais lento da doença, mal estar geral, tonturas e cansaço.
tas vezes a pessoa controla a pressão alta, os níveis de colesterol e
Existem dois sinais no corpo que podem ajudar a identificar o
triglicérides e até o diabetes, podendo até ficar sem medicamentos.
desenvolvimento da resistência insulínica, são eles:
- Acrocórdons: corresponde a um crescimento da pele do pes-
Complicações possíveis
coço, levando ao aparecimento de lesões que lembram pequenas
A principal preocupação da síndrome metabólica é o aumento
verrugas escurecidas do risco de problemas cardíacos e vasculares, como infarto, AVC e
- Acantose nigricans: escurecimento da pele, chamado de hi- obstruções vasculares (entupimento de artérias).
perpigmentação, em regiões das dobras como parte interna dos
cotovelos, axilas e pescoço. Nessas regiões a pele terá um aspecto Síndrome metabólica tem cura?
mais aveludado. Com a perda de peso e a adoção de hábitos saudáveis a Síndro-
me Metabólica pode ser controlada e em muitos casos as doenças
Buscando ajuda médica decorrentes da melhora da resistência insulínica – como o diabetes
Os sintomas citados acima, associados com achados do exame – podem ficar tão bem controladas que o paciente pode ficar sem
físico como aumento da cintura abdominal devido ao acúmulo de medicamentos. Em casos em que o paciente perde peso e resolve a
gordura e aumento progressivo de peso, além da necessidade de maior parte das doenças associadas à síndrome metabólica, é pos-
usar medicamentos para o controle do colesterol, pressão ou dia- sível sim chegar à cura.
betes, podem alertar para o desenvolvimento de síndrome meta-
bólica. Prevenção
O diagnóstico de diabetes e pressão alta, ou pressão alta asso- A melhor maneira de prevenir a síndrome metabólica é man-
ciada com ganho de peso, ou alguma outra combinação entre essas ter hábitos saudáveis, o que inclui praticar atividades físicas de for-
doenças indicam a necessidade de uma consulta com um clínico ma regular e ter uma alimentação equilibrada, o que inclui frutas,
geral ou endocrinologista. verduras, legumes, proteínas, carboidratos complexos (como grão
integrais) e gorduras boas (como o ômega 3 e 6), além de uma ali-
Diagnóstico de Síndrome metabólica mentação com pouco sal, gorduras saturadas e açúcar.13
O diagnóstico da síndrome metabólica é feito através do exame
físico e dos exames de sangue, além de medidas de pressão arterial.
Os exames importantes para o diagnóstico e tratamento da Sín-
drome Metabólica são:
- Dosagens de colesterol total e frações
- Glicemia
- Exames hormonais e de funcionamento do fígado e rins
13 Fonte: www.minhavida.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Em meados do século XIX, essa prática começa a tentar se dis-
PSIQUIATRIA E CONDUTAS DO tanciar desse vínculo herdado do passado e procura se ajustar ao
ENFERMAGEM/ABORDAGEM espírito das luzes que começou a vigorar desde o século anterior.
Assim, a ação de cuidar passa a tentar se adequar às características
No contexto que sucedeu a Reforma Psiquiátrica Brasileira, do método científico, com suas regras de observação, segmenta-
percebemos que a assistência de enfermagem psiquiátrica desen- ção, regularidade, e generalização. Além disso, como todo saber
volveu-se a partir de diferentes éticas de cuidado e modelos de que flerta com a cientificização, a enfermagem começou a tentar
intervenções, algumas vezes contraditórias entre si. Neste sentido, delimitar qual seria seu objeto de estudo.
práticas orientadas pelos princípios que prevaleciam, como o mo- A proposta dos autores sobre as bases epistemológicas da en-
delo assistencial asilar, convivem lado a lado com práticas voltadas fermagem era a de situar o “cuidado” como “essência da profissão”
para a substituição desse modelo a partir de um deslocamento do (WALDOW, 2001). A fundamentação para os estudos teóricos que
lugar ocupado pelo enfermeiro. De vigilante e repressora no espaço abordariam o “cuidado de enfermagem” foi principalmente busca-
hospitalar, o enfermeiro é convocado a assumir um papel de agente da na abordagem humanísticafenomenológica, apoiada na obra de
terapêutico, em conjunto com outros profissionais da equipe inter- Martin Heidegger (1889-1876). A apropriação que a enfermagem
disciplinar (KIRSCHBAUM, 2000). faz desse conceito está fortemente associada a atitudes de mater-
No que diz respeito aos serviços de saúde mental, a proposta nagem e desvelo, onde um (o cuidador) detém os meios para for-
da Reforma Psiquiátrica é a atenção à loucura enquanto “existência- necer aquilo que o outro (ser cuidado) necessita (WALDOW, 2007;
-sofrimento” do sujeito em relação ao corpo social, não perceben- SOUSA, SARTOR, PADILHA E PRADO, 2005; MOLINA, 2004). Diante
do mais a loucura como uma doença mental. dessas tendências, percebemos se instalar na enfermagem contem-
Dessa forma, a ferramenta de cuidado clínico em saúde mental porânea uma espécie de conflito: por um lado, a tradição histórica
baseia-se na escuta do sujeito, e não na escuta da doença. No en- e a fundamentação humanística definem, teoricamente, o cuidado
tanto, percebemos que essa não tem sido a realidade encontrada pautado num ideal altruísta e afetuoso; por outro, o modelo cientí-
nos serviços. Em nossa experiência prática, temos constatado como fico/capitalista se impõe exigindo, cada vez mais, rapidez, eficiência
o enfermeiro ainda enfrenta dificuldades de encontrar seu lugar e padronização do exercício da enfermagem. Temos, portanto, uma
como agente terapêutico. Em pesquisa desenvolvida recentemen- divergência entre o que se produz teoricamente e o que é desen-
te nos Centros de Atenção Psicossociais de Fortaleza, objetivando volvido na prática.
compreender a prática desenvolvida na atualidade pelos enfermei- Compreendemos que este descolamento teoria-prática é de-
ros em saúde mental, percebemos a inexistência de um referencial terminado por vários fatores, dentre os quais podemos citar: for-
teórico que paute para as ações, pouca formação especializada na mação tecnicista recebida pelos alunos; realidade das condições
área, dificuldade de delimitar o foco de trabalho. Outro ponto ob- de trabalho enfrentadas pelos enfermeiros com longas jornadas
servado foi a não utilização da escuta por parte dos enfermeiros e escassez de recursos humanos e até mesmo a situação social
como ferramenta terapêutica. Os enfermeiros que citaram a utili- ocupada pelo enfermeiro no modelo hospitalocêntrico, situado na
zação da escuta como instrumento de trabalho, referia-se a uma equipe de saúde como agente executor do trabalho burocrático-ad-
escuta superficial, como sinônimo de ouvir e impor seu saber. ministrativo, necessário para que o médico possa exercer seu saber.
Além disso, notamos também que a prática da enfermagem Com todas essas variáveis, é inevitável que o enfermeiro encontre
nesses serviços ainda permanece atrelada ao saber médico, e a con- dificuldades para se encaixar no estereótipo do cuidado zeloso e
sulta de enfermagem, muitas vezes, se resume ao acompanhamen- maternal.
to da prescrição medicamentosa e de seus efeitos. Sobre isso, Silvei- No entanto, entendemos que é possível para a enfermagem a
ra (2003) ressalta que o saber médico-psiquiátrico, historicamente, criação de uma outra estratégia de cuidado que se distancie tan-
se impõe perante os demais saberes. Prevalece a lógica assistencial, to do tecnicismo exigido pela organização do processo de trabalho
em que a resposta de outros profissionais a situações-problema é no modo de produção capitalista, quanto da proposta humanística
negligenciada e são postos em ação, preferencialmente, mecanis- que, por vezes, beira o risco de tutelar os pacientes, elegendo o
mos baseados na legitimidade do poder/intervenção médicas. enfermeiro como agente e o paciente como receptor. A elaboração
No entanto, para entendermos melhor essa postura do ser dessa nova atitude só seria possível se o enfermeiro efetuasse um
enfermeiro em sua prática clínica, faz-se necessário recuperar um deslocamento no seu posicionamento frente àqueles que atendem,
pouco a história de origem dessa profissão. Historicamente, a en- saindo do lugar de detentor do “saber sobre o outro” – seja para
fermagem nasce pautada nessa atitude de se oferecer como o “anjo satisfazê-lo, seja para realizar procedimentos – para uma posição
de branco”, aquela capaz de salvar o outro e a sua alma. Muito des- que permita ao outro emergir como sujeito. Acreditamos que a
sas “mulheres que cuidam” foram irmãs de caridade. A igreja se psicanálise surge como ferramenta teórica que pode favorecer o
apropriou dessa função de cuidar, cujo objetivo era centrado na enfermeiro nessa empreitada, pois forja um espaço de escuta que
salvação da alma de quem cuida. A prática do cuidado passou a se sustenta numa “ética do desejo”, cujo saber é suposto ao sujeito
ser vista como um sacrifício, uma forma de expiação dos pecados que fala.
dessas mulheres. Aqui é que a enfermagem veste mais fortemente Nessa ética do cuidado, articulada à ética do desejo, primei-
seu manto de altruísmo e abnegação, manto este que nunca foi to- ramente é preciso compreender que o enfermeiro não é o único
talmente eliminado e que, ainda hoje, permite perceber uma forte agente do cuidado. Como afirma Askofore (2006) o cuidado nem
herança advinda de um vínculo ligado à moralidade e religiosidade. mesmo é uma prerrogativa dos seres humanos. Os animais tam-
Loyola (1994) salienta que as enfermeiras incorporam os aspectos bém cuidam. O que vai especificar o cuidado humano são algumas
sociais e religiosos de seu ideal profissional na figura abnegada e características como:
docilizada do “anjo branco” que serve como perfeição ao Estado a) prematuração específica do nascimento – o pequeno ho-
e ao poder médico, à medida que elas se tornam corpos dóceis e mem exige, para seu desenvolvimento e sua autonomia, um tempo
disciplinados. mais longo de criação e, portanto, de cuidados;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
b) Ser de linguagem – o cuidado deixa de ser instintual para Figueiredo (2009) também aponta os riscos dessa fantasia in-
elevar-se à dignidade de uma prática cultural devido à marca da lin- consciente de onipotência, em que o agente do cuidar sabe tudo e
guagem que recebe; o cuidado é submetido aos efeitos de divisão pode tudo. Para o autor, o cuidador deve exercer a renúncia à sua
intersubjetiva e à disparidade subjetiva que impõem a alienação própria onipotência e a aceitação da sua própria dependência. É
significante ao Outro; o cuidado se profissionaliza, inicialmente de preciso saber cuidar do outro, mas, também, cuidar de si e deixa-se
maneira restrita, para ampliar-se aos poucos até estabilizar-se nas cuidar pelos outros, pois a mutualidade nos cuidados é um dos mais
funções sociais e, por último, essa prática de cuidado quase nunca fundamentais princípios éticos a ser exercitado e transmitido.
se apresenta em um estado de uma prática silenciosa, de um fazer É preciso, dizendo de outra forma, que o cuidado clínico de en-
bruto que não preceda, acompanhe ou recupere algum saber. Por- fermagem extrapole seu caráter instrumental e passe a se articular
tanto, as práticas dos cuidados são sempre tomadas nos saberes, com ferramentas que tomem a palavra como a matéria prima. Mas,
nos discursos que os fundam, justificam, orientam ou esclarecem. então, por que a palavra? Por que a importância de uma clínica que
Figueiredo (2009), em As diversas faces do cuidar: novos en- seja pautada pela escuta?
saios de psicanálise contemporânea, discute estratégias pautadas
nessa ética dos cuidados, ou seja, refere que o sentido mais profun- Começamos por resgatar aquilo que consideramos ser a ca-
do de todas as práticas de acolhida é o de propiciar para o indivíduo racterística prioritária da enfermagem: a permanência junto ao
uma possibilidade de “fazer sentido” de sua vida e das vicissitudes paciente, criando um espaço de encontro em que desenvolva o
de sua existência ao longo do tempo, do nascimento à morte. Este cuidar. Nesse sentido, Garcia (2004) explica que essa clínica pode
“fazer sentido” se dá e é requerido em oposição aos excessos trau-
ser pensada como uma experiência em que um sujeito interroga
máticos que uma vida comporta: seja o atraso da mãe, a presença
outro, considerando uma expropriação de saber por parte do cui-
de um estranho (a enfermeira, por exemplo), ou uma doença.
dador — ele interroga um sujeito que é capaz de enunciar um saber
Para o mesmo autor, o agente de cuidados – os pais, o médico,
sobre si. Tal apreensão considera o paciente o único a poder fazer
a enfermeira, o professor, entre outro. – em parte exerce sua função
como “presença implicada”, isto é, comprometido e atuante; e em uma enunciação sobre seu estado, ou melhor, sobre seu sofrimen-
parte como “presença em reserva”. Em sua atuação como sujeito to. Nesta perspectiva, a fala que o paciente revela pode apresentar
implicado, ele é aquele que executa, que “faz coisas”. Conhecemos um conteúdo singular, motivo pelo qual se considera, então, todo o
um agente de cuidados pelo seu fazer, desempenhando atividades discurso proferido pelo paciente em sua positividade.
de acolher, hospedar, agasalhar, alimentar – algo muito próximo da A escuta surge, então, com este recurso que pode potencializar
proposta de satisfazer as necessidades básicas tão próprias da en- o encontro que se dá entre enfermeiro e paciente. Todavia “escuta”
fermagem – e ainda as funções de questionar, incitar, impor limites, é também um conceito que precisa ser ressituado. É próprio das
reconhecer (FIGUEIREDO, 2009). palavras serem assimiladas ao discurso corrente e, nesse ato, per-
No entanto, uma forma decisiva de cuidar não envolve o fazer, derem sua potência agitadora. Escutar não é, portanto, sinônimo de
mas o agente cuidador que se situa como “presença em reserva”. O ouvir. Também não diz respeito a um processo em que aquele que
sujeito em reserva é aquele desapegado, que “deixa ser” seu “ob- ouve recolhe elementos significativos daquele que fala para poder
jeto” e o não-cuidar converte-se em uma maneira sutil e eficaz de compreendê-lo melhor e assim intervir de acordo com suas signi-
cuidado, como a da mãe que deixa seu filho brincar sossegado en- ficações. É, aqui, que recorremos à psicanálise, enquanto prática
quanto ela se atém a estar presente, ao lado, silenciosa, dedicando- fundadora da escuta como espaço de criação pela fala.
se, quem sabe, a seus próprios afazeres e interesses (FIGUEIREDO,
2009). Mas, para haver escuta é preciso que haja palavra e, assim,
O desafio, segundo Figueiredo (2009), é saber dosar as ações uma das principais coisas a fazer seria criar condições para que a
que envolvem a “presença implicada” e a “presença reservada”. É palavra seja dita, ou seja, estabelecendo uma presença implicada e
óbvia a insuficiência da pura reserva, entendida como neutralidade, uma presença reservada. Dessa forma, é relevante que as atitudes
indiferença e silêncio; e são inegáveis os malefícios da implicação e palavras de tranquilização, que visam, antes de qualquer coisa,
pura – os extravios e excessos das funções cuidadoras – ou seja, aplacar a angústia de quem as enunciam, talvez com o intuito de
salvar, socorrer, curar a todo custo! defender-se da angústia que advém da percepção da falta no Outro,
O ímpeto de cuidar a qualquer custo (nem que seja ao preço de ou, dito de outra forma, da constatação de nossa impotência, se-
anular o sujeito) sempre rondou a profissão. Segundo André (1998), jam banidas de nosso discurso, a fim de favorecer a emergência de
o próprio Freud demarcou a afinidade da histérica com o desenvol-
um outro discurso, o da “outra cena” inconsciente (KIRSCHBAUM,
vimento das funções da enfermagem, cuja principal característica
2000).
de sua posição é a de sacrificar-se ante a tentativa de reparar o Ou-
tro, ou ao menos manter as aparências disso. Por outro lado, a atu-
Lacan formaliza que o inconsciente está estruturado como uma
ação de enfermagem permite-lhe exercer seu papel de devotada,
consagrando-se inteiramente a demanda deste Outro. linguagem. Assim, o acesso a esta estrutura só pode ser conseguido
Segundo Freud “a mordaça colocada pelo sujeito sobre a ex- por uma única via, a fala do paciente; é através dela que o sujeito
pressão de seus próprios desejos, encontra seu sentido nessa ab- surgirá como efeito de linguagem, efeito único, singular em cada
negação diante da demanda do Outro, abnegação na qual o sujeito homem. Esse efeito diz sobre a lógica de uma cadeia de significan-
se reveste de uma imagem: a imagem daquele, ou daquela, que o tes que é construída para cada um de uma maneira, pois as mar-
Outro só pode amar e preferir a qualquer outro” (ANDRÉ, 1998, p. cas que cada homem carrega são também restritas à sua existência
125). (GARCIA, 2004). Como podemos apreender com Lacan (1998a, p.
260):
[...] o inconsciente é esse capítulo de minha história que é mar-
cado por um branco ou ocupado por uma mentira: é o capítulo cen-
surado. Mas pode ser resgatada, na maioria das vezes, já que está
escrita em outro lugar.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A saber: nos monumentos - e esse é o meu corpo, isto é, o Nos últimos anos foram criados, na cidade de São Paulo, ser-
núcleo histérico da neurose em que o sintoma histérico mostra a viços de pronto atendimento psiquiátrico em pronto-socorro, bus-
estrutura de uma linguagem e se decifra como uma inscrição que, cando atender essa população, com o objetivo, portanto, de conter
uma vez recolhida, pode ser destruída sem perda grave; nos do- a gravidade do quadro psiquiátrico do paciente e evitar a interna-
cumentos de arquivo, igualmente - e esses são as lembranças de ção hospitalar.
minha infância, tão impenetráveis quanto eles, quando não lhe co- Atualmente na região metropolitana de São Paulo existem ser-
nheço a procedência; na evolução semântica - e isso corresponde viços públicos que se caracterizam como serviço de pronto atendi-
ao estoque e às acepções do vocabulário que me é particular, bem mento ou unidades de emergência, com leito de observação por até
como o estilo da minha vida e a meu caráter; nas tradições tam- 72 horas a fim de possibilitar a intervenção terapéutica conforme a
bém, ou seja, nas lendas que sob forma heroicizada veiculam mi- exigência de cada caso (SAO PAULO — Estado — s.d.).
nha história; nos vestígios, enfim, que conservam inevitavelmente As unidades de emergência, em relação ao nível extra-hos-
as distorções exigidas pela reinserção do capítulo adulterado nos pitalar, no circuito de atenção à saúde mental, inserem-se como
capítulos que o engendram e cujo sentido minha exegese restabe- porta de entrada e retaguarda, tendo o hospital como sua unidade
lecerá (LACAN, 1998a, p. 260). de referência para internações. Daí, operarem como instância de
A proposta, portanto, passa pela possibilidade de que o enfer- tratamento e triagem, direcionando a clientela para os espaços te-
meiro, no exercício de atividades onde o encontro com o outro é o oricamente adequados a responder à sua demanda e atenção, ao
foco maior, possa abrir espaço para a manifestação da dimensão mesmo tempo em que respondem sua necessidade de urgência.
do inconsciente. Esse dispositivo permite que o sujeito, ao emer- O atendimento de pacientes em serviços de emergência psiqui-
gir nos tropeços das intenções conscientes daquele que fala, possa átrica requer da enfermeira psiquiátrica brasileira uma nova abor-
ser reconhecido como tal pelo falante. Além disso, a partir desse dagem da assistência do doente mental, uma vez que aí visualiza-
reconhecimento, abre-se espaço para o surgimento do novo, pois mos um novo campo de prática dessa especialidade. Daí acharmos
o sujeito terá sido levado a admitir como sua uma produção que necessário abordar, inicialmente, no presente trabalho, conceitos
desconhecia, mas que, ainda assim, faz parte dele (ELIA, 2004). de emergência psiquiátrica para melhor compreensão desta e das
Entendemos que são muitas as contribuições desse encontro ações de enfermagem pertinentes à mesma.
da enfermagem com a psicanálise, principalmente no momento em Emergências psiquiátricas são todas aquelas condições clínicas
que se começa a entrar na ética do “um a um”, na consideração do em que um transtorno mental, agudo ou sub-agudo, vem causar
“caso a caso”. Dessa forma, exerce-se uma verdadeira “clínica do uma alteração do comportamento, de tal gravidade, que coloca em
sujeito”, em que o importante é exatamente aquilo que do coletivo risco a integridade física do paciente ou a de terceiros (BRASIL-Mi-
escapa, ou seja, o cuidado com a singularidade. Isto não correspon- nistério da Saúde—1983).
de a uma segregação, como alguns podem pensar. Cuidar da singu- Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), citada
laridade é respeitar o princípio da diferença, da subjetividade (já por MERCKER (1986) emergência psiquiátrica é uma situação que
que não existe subjetividade coletivizada) (ASSAD, 2005). inclui um distúrbio agudo do pensamento, comportamento, humor
Mas, como esses enfermeiros poderiam apreender essa técni- ou relacionamento social que requer intervenção imediata, julgada
ca de cuidar do um a um, ou seja, da clínica do sujeito? necessária pelo cliente, família ou comunidade.
Como diria Figueiredo (2009), o agente do cuidado é exercido Entre os autores que se preocuparam em categorizar as emer-
no equilíbrio dinâmico entre as funções da “presença implicada” e gências psiquiátrica, estão SOLOMON; PATCH (1975) que classifi-
suas relações com a “presença reservada”, mas isso não é orientado cam as emergências psiquiátricas devido a causas psicogênicas e a
em nenhum manual e tampouco em cursos superiores. É uma esco- não psicogênicas. O primeiro grupo inclui:
lha do sujeito. Um sujeito que, ao se deparar com questões de sua • tentativa de suicídio
prática (ou mesmo questões de ordem pessoal) decida analisar e • ameaça de suicídio
ampliar sua formação. Somente por essa via é possível que “um su- • tentativa de homicídio
jeito” possa vir a tornar-se um analista. Não é vedado ao enfermeiro • ameaça de homicídio
fazer esse percurso, pois isso não depende da formação acadêmica. • comportamento agressivo
Tudo vai depender do desejo. Sobre isso, Askofare (2006, p. 164) • estados de fuga
atenta que “o psicanalista se forma, especialmente, por uma ‘psi- • PMD — forma maníaca
canálise didática’, mas a própria Psicanálise não se transmite: ela se • crises domésticas
inventa, é uma questão de estilo, de desejo e de ato”.14 • reação de pânico, tipo ansioso
• reação de pânico, tipo hipocondríaco
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS EMERGÊNCIAS PSIQUIÁ- • depressão agitada
TRICAS • distúrbios situacionais transitórios
A procura para atendimento de pacientes apresentando com- • esquizofrenia paranóide
portamentos indicativos de emergência psiquiátrica sempre ocor- • excitação catatônica
reu apesar de ainda não existirem postos de atendimento adequa-
dos para tal. Por outro lado, as emergências psiquiátricas devido a causas
É sabido que os Pronto-Socorros dos grandes hospitais gerais não psicogênicas seriam:
recebem população merecedora de cuidados em saúde mental e • alcoolismo agudo
que a ausência de serviços de emergência capazes de impedir o • sensibilidade patológica ao álcool
processo de cronificação da clientela, através da redução do núme- • delirium tremens
ro de internações e da realização de intervenções terapêuticas de • alucinóse alcoólica
caráter intensivo, dificulta o bom funcionamento das unidades de • abstinência de barbitúrico
assistência primária e secundária que requerem cobertura desse • intoxicação por fenotiazinas
pronto atendimento (SÃO PAULO — Estado — s.d.; CESARINO — • reações e abstinência a outras drogas
1989). • intoxicação por brometos
• drogas psicotomiméticas
14 Fonte: www.uece.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
• furor epiléptico No decorrer do processo de implantação dos serviços de
• epilepsia psicomotora emergências psiquiátricas, as docentes da disciplina Enfermagem
• hiploglicemia Psiquiátrica da EEUSP receberam alguns pedidos de assessoria de
• síndrome de hiperventilação enfermagem por parte da direção das instituições envolvidas neste
• tireotoxicoses, mixedema e doenças das paratiróides processo. Foi a partir daí que entramos em contato mais direto com
• psicose pós-parto a problemática das emergências psiquiátricas.
• tumores cerebrais Em 1989, as docentes da referida disciplina tiveram o oportu-
• hematoma subdural nidade de, além de oferecer o conteúdo teórico sobre emergências
• psicose infecciosa psiquiátricas, levar os alunos da graduação para o campo prático
• doença de Addison em dois Serviços de Emergências. Em um deles, uma das docentes
• Porfiria teve a oportunidade de participar, durante estes últimos anos, das
discussões sobre a problemática dos recursos humanos e da organi-
Para estes autores é de extrema importância a diferenciação zação de referido Serviço.
nestas duas categorias, uma vez que algumas desordens de origem Frequentando as Emergências com os alunos, tivemos a opor-
não psicogênica podem pôr em risco a vida do paciente havendo, tunidade de verificar que a assistência de enfermagem prestada
portanto, necessidade de diagnóstico preciso e terapia somática es- passava longe daquela preconizada como a mínima necessária para
pecífica e imediata. o atendimento do doente mental.
O “Joint Committee” da “American Hospital Association” e a O que presenciamos foi um quadro que nos mostrava pacien-
“American Psychiatric Association”, citados por SOLOMON; PATCH tes restringidos no leito para facilitar os cuidados de enfermagem
(1975), recomendam a seguinte classificação dos doentes mentais e não porque o seu comportamento assim o exigisse; sinais vitais
que necessitam de cuidados psiquiátricos de emergência: sendo verificados apenas porque faziam parte da prescrição médi-
1. doentes mentais que procuram ajuda ou que a aceitam vo- ca. As condições de higiene não só dos pacientes eram ruins, como
luntariamente (pacientes voluntários); também da enfermaria como um todo. Observamos também que
2. pessoas que inicialmente podem não aceitar os cuidados vo- as anotações de enfermagem não eram feitas de forma sistemati-
luntariamente, mas que podem ser persuadidas para isso (pacien- zada e nem havia um canal estabelecido de comunicação entre os
tes persuadíveis) e, elementos da equipe. Chamou-nos a atenção, também, o fato de
3 . pessoas resistentes que não aceitam cuidados voluntaria- não termos percebido, enquanto estivemos presentes, a atuação
mente e cujo comportamento pode se tornar real ou potencialmen- do enfermeiro, quer na assistência direta ou indireta.
te perigoso para si ou para outros (pacientes resistentes). Ressaltamos que estas observações têm sido validadas pelos
alunos quando fazem a avaliação de suas experiências nas Emer-
Dentre os pacientes chamados voluntários incluem-se aqueles gências.
cujo comportamento é caracterizado por: Essas percepções apontam para uma das especificidades do
• ansiedade e pânico atendimento em urgências psiquiátricas, enfatizadas por LUÍS
• intoxicação alcoólica (1990), que é a importância da formação específica do profissional
• abuso de drogas que atua nessa área.
• depressão leve Esses fatos, acrescidos da carência de bibliografia nacional de
enfermagem sobre o assunto, motivaram-nos a escrever o presente
No grupo dos pacientes chamados persuadíveis, encontramos artigo, esperando contribuir assim para a melhoria da qualidade da
aqueles pacientes cujo comportamento caracteriza-se por: assistência de enfermagem nesses locais.
• depressão severa Com o intuito de facilitar a compreensão da assistência de en-
• senilidade fermagem em uma unidade de emergência psiquiátrica, abordare-
• sintomas paranoides mos, inicialmente, as medidas gerais que devem ser tomadas em
qualquer situação e, posteriormente, descreveremos a assistência
Já, no grupo de pacientes denominados resistentes, incluem-se específica ao paciente com comportamentos que mais frequente-
aqueles com comportamento caracterizado por: mente provocam atendimento nas Unidades de Emergência da re-
• abstinência de álcool gião metropolitana de São Paulo — o alcoolista — e também àquele
• risco ou tentativa de suicídio que mais provoca medo e rejeição — agitado e agressivo (CESARI-
• agitação e agressividade NO. 1989).
Ao escrever sobre a assistência de enfermagem nas Emergên-
Por esta classificação, podemos perceber a importância da ob- cias» LUÍS (1990) enfatiza que um dos aspectos importantes na
servação do comportamento apresentado pelo paciente para aferir prestação da assistência de enfermagem é a criação de ambiente
a gravidade do quadro, bem como sua aceitação do tratamento. terapêutico, entendido pela autora como um local sem estímulos,
É de extrema importância que, dentro do trabalho de equipe protegido pela enfermagem e com um mínimo de conforto. Acres-
multiprofissional, o enfermeiro possa observar, descrever e fazer centa, ainda, que estabelecer diálogos com os pacientes pode cola-
o diagnóstico de enfermagem do comportamento exibido pelo pa- borar para o ambiente terapêutico.
ciente, para assim traçar o plano de cuidados e contribuir para o Baseadas em nossas experiências no campo de prática, no en-
alcance dos objetivos da unidade de pronto-atendimento — conter sino de enfermagem psiquiátrica e em MANGLASS (1986), consi-
a gravidade do quadro, evitar a internação hospitalar e, assim, im- deramos gerais as seguintes medidas que devem ser adotadas na
pedir o processo de cronificação do cliente. prestação de assistência nas emergências psiquiátricas:
• Avaliar rapidamente a situação
• Servir de apoio ao paciente
• Ouvir cuidadosamente
• Pedir ajuda quando necessário

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Avaliar cuidadosamente a situação Assistência de enfermagem a pacientes com intoxicação alcoó-
Antes de qualquer intervenção, faça uma análise da situação lica Grande contingente de pacientes que procuram os Pronto-So-
como um todo. corros apresentam quadro de alcoolismo.
Avalie as condições físicas do paciente para verificar se este Os estudos epidemiológicos realizados na população adulta,
não corre perigo de vida ou necessita de alguma intervenção so- em vários países e também no Brasil, sugerem uma prevalência de
mática imediata. 5 a 10% de alcoolismo (Brasil — Ministério da Saúde — 1987).
Verifique se o paciente está muito ansioso ou agressivo antes A intoxicação alcoólica tem como características essenciais as
de dar qualquer orientação ou mesmo tentar tranqüilizá-lo verbal- mudanças de comportamento, devido à ingestão recente de con-
mente. siderável quantidade de álcool. Estas mudanças incluem agressivi-
Lembre-se de que a ansiedade provoca diminuição da atenção, dade, incapacidade de julgamento, euforia, depressão, labilidade
memória e orientação o que não permitirá ao mesmo memorizar emocional e outras manifestações de comprometimento do desem-
ou lembrar-se de qualquer orientação que lhe seja feita ou mesmo penho social ou ocupacional. Os sinais fisiológicos que podem ocor-
dar informações muito complexas. rer nesse quadro são: fala indistinta ou ininteligível, incoordenação,
andar sem equilíbrio, nistagmo e face avermelhada. Num quadro de
Sirva de apoio ao paciente maior intoxicação a pessoa pode até perder a consciência (BRASIL
O propósito da emergência psiquiátrica é ajudar o paciente du- — Ministério da Saúde — 1987).
rante a situação de crise e não de se fazer um tratamento psicote- O paciente alcoolizado geralmente se apresenta à emergência
rápico profundo. porque a alteração de seu comportamento resultou em algum in-
Aproxime-se do paciente vagarosa e calmamente e transmi- cidente (brigas, atropelamento) ou porque é trazido pela polícia.
ta-lhe o desejo de ajudar. Isto pode ser feito, por exemplo, dizen-
do-lhe: “Ficarei ao seu lado por algum tempo e lhe farei algumas Avaliação
perguntas para saber como poderei ajudá-lo”. É importante descartar outras condições somáticas que podem
Seja objetivo; focalize sua atenção em informações que estão provocar comportamentos que se assemelham à intoxicação aguda
relacionadas à emergência. Tente desviar o discurso do paciente de por álcool. Pessoas que estão desorientadas, com incoordenação e
assuntos irrelevantes e coloque em foco a idéia principal. Exemplo: cheiro de álcool, podem estar sofrendo de condições tais como he-
“O Senhor estava me dizendo que tomou comprimidos e...” . matoma subdural, outros traumas cerebrais, hipoglicemia, falência
Enquanto questiona o paciente a respeito de seus problemas, hepática, coma diabético, super dosagem de barbitúricos, psicose
valorize-o, relembrando-o de seus pontos fortes. tóxica secundária à mistura de álcool e outras drogas.
Ouça cuidadosamente — Saber ouvir Para essa avaliação é necessário que se faça, inicialmente, o
Ouça atentamente como o paciente percebe a situação pela controle dos sinais vitais e se procure evidências de trauma físico,
qual passa. Sumarize o que ele disse a você, o que lhe dará a sensa- tais como contusões, abrasões e lacerações.
É importante ainda obter-se, junto a familiares ou amigos que
ção de estar sendo compreendido.
acompanham o paciente, dados de saúde — existência de doenças
Além das técnicas de comunicação terapêuticas, utilize a co-
crônicas, outras drogas ingeridas ou disponíveis e história de que-
municação não-verbal para reforçar a mensagem de que você se
das e traumatismo craneano, assim como a história sobre o hábito
preocupa com o problema dele — acene com a cabeça, olhe-o nos
de beber do paciente — descrição do episódio, quanto consumiu
olhos e incline-se um pouco para ouví-lo.
de álcool, qual o comportamento quando bebe, se existe ingestão
Faces estranhas e rotinas não familiares podem contribuir para
de alimentos.
aumentar a ansiedade do paciente. Explique o que está ocorrendo
à sua volta e dê-lhe tempo para fazer perguntas.
Intervenção
Peça ajuda quando necessário Os problemas somáticos e traumas físicos devem ser imediata-
Não hesite em pedir ajuda. mente tratados.
Não negligencie a sua própria segurança quando estiver tratan- A manifestação de comportamento inadequada deve ser con-
do de um paciente potencialmente violento. Permaneça a uma cer- trolada por meio de ambiente sem estímulo e, se necessário, restri-
ta distância do paciente, nunca lhe dê as costas e não o deixe entre ções mecânicas leves.
você e a saída. Diga a um colega onde está indo com o paciente e É fundamental que o enfermeiro e o pessoal de enfermagem,
peça-lhe para checar o local com certa freqüência. que dão cuidados ao paciente, mantenham uma atitude não jul-
Se o paciente resiste e, nem sua família e amigos podem ajudá- gadora. Deve-se evitar rotular o cliente com palavras e frases tais
-lo a conseguir sua cooperação e você percebe que não pode con- como, “freguês”, “bêbado de novo”.
trolar a situação, chame os outros membros da equipe. Deve-se ter claro que tentativas de fazer o paciente raciocinar
Violentos ou não, muitos pacientes que enfrentam situações são, geralmente, ineficazes durante o estado de intoxicação. Deve-
de crise necessitarão de mais ajuda do que uma emergência está -se agir de forma a controlar a situação rapidamente e então esta-
equipada para dar. Isto significa que você terá que arranjar algum belecer diálogo com o cliente.
tipo de seguimento. Quando o cliente estiver sóbrio, tentar providenciar informa-
Certifique-se de que o paciente tem alguém para acompanhá- ções sobre os efeitos do álcool, sobre outros problemas somáticos,
-lo e dar-lhe apoio antes de deixar o local. e alternativas para lidar com ansiedade e tensão. Deve-se, ainda,
informá-lo sobre os recursos para tratamento, na comunidade.
Medidas especificas Assistência de enfermagem ao paciente com comportamento
Baseadas na nossa experiência e na literatura existente (BAYLEY; agitado e agressivo
DREYER-1977; HOLBROOK et al. — 1977; MANFREDA-1977; TEIXEI-
RA et al.-1981; CARVALHO et al. 1985; BURGESS-1985), descreve-
remos a assistência de enfermagem específica para pacientes que
apresentam comportamento caracterizados por intoxicação alcoóli-
ca e agitação e agressividade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Embora não tão frequentes, os episódios de agitação e agres- A assistência de enfermagem descrita neste trabalho se refe-
sividade, são talvez, as situações mais perturbadoras e destrutivas re apenas aos cuidados iniciais a pacientes atendidos em um ser-
encontradas pelo pessoal, num serviço de emergência. Geralmen- viço de emergência psiquiátrica. É importante ressaltar que após
te a pessoa é trazida até a emergência pela polícia e, então, já foi o atendimento imediato do paciente e, quando este permanecer
dominada de alguma forma. Mais difícil de tratar é a pessoa que em observação nas enfermarias, a enfermeira desempenhará ou-
apresenta um quadro de agitação e agressividade depois de chegar tras atividades, decorrentes de suas funções, tais come observação
à sala de emergência. e descrição de seu comportamento, intervenção em crise, uso das
Este comportamento pode aparecer em pacientes portadores medidas terapêuticas em enfermagem, atendimento de suas ne-
de agravos psiquiátricos, como por exemplo, durante surtos psicóti- cessidades básicas, orientação ao paciente e seus familiares, entre
cos de Esquizofrenia e de Psicose Maníaco-Depressiva, e pacientes outras.
histéricos, epilépticos, bem como em pacientes internados em hos-
pital geral, em situação de crise. A enfermagem psiquiátrica e o cuidar
O princípio que rege a Enfermagem é a responsabilidade de se
Avaliação solidarizar com as pessoas, os grupos, as famílias e as comunidades,
Deve ser feita muito rapidamente e os fatores a serem conside- objetivando a cooperação mútua entre os indivíduos na conserva-
rados imediatamente incluem identificar se a pessoa está armada, ção e na manutenção da saúde.
se o número de pessoas disponíveis é suficiente para conter o pa- Sabe-se que os caminhos trilhados para alcançar esse princípio
ciente e se outras pessoas estão em perigo. da Enfermagem foram e ainda são percorridos, sobre pedregulhos,
exigindo esforços para conviver com o inacabado, com a multifinali-
Intervenção dade, com as diferenças, com as ambigüidades e com as incertezas.
Ao abordar a pessoa agressiva, o enfermeiro deve falar com a Doar-se faz parte desta experiência, e cuidar faz parte da doação e
pessoa agressiva e continuar falando do começo ao fim do manejo da cientificidade que é esperada nesse caminhar.
da situação. Tenta-se transmitir, ao paciente, a expectativa de que a Nesse contexto, insere-se a Enfermagem Psiquiátrica, que não
situação está sob controle e que, o fato dele acalmar-se é suficiente foge às regras da exploração num caminho ainda mais inacabado.
para finalizar a crise. Desde os primórdios da sua existência, a prática de Enferma-
Os recursos humanos para esta assistência incluem o pessoal gem Psiquiátrica esteve marcada pelo modelo controlador e repres-
da sala de emergência psiquiátrica e, se necessário, o pessoal de sor, tendo suas atividades realizadas pelos indivíduos leigos, ex-pa-
outras áreas do Pronto-socorro, guardas de segurança e, como últi- cientes, serventes dos hospitais e, posteriormente, desenvolvidas
mo recurso, visitantes da sala de emergência. pelas irmãs de caridade.
Os parentes e amigos do paciente podem servir para acalmar O cuidar significava a sujeição dos internos às barbaridades dos
ou inflamar a situação. Se a presença desta pessoa está acalman- guardas e carcereiros. Os maus tratos, a vigilância, a punição e a
do, o enfermeiro deve fazer uso desta influência; se está agravando repressão eram os tratamentos preconizados e, geralmente, apli-
mais a situação deve-se removê-la da área tão rapidamente quanto cados pelo pessoal de “Enfermagem”, que se ocupava do lugar das
possível. religiosas.
É importante, ainda, ter ciência de que os problemas que as No século XVIII, a assistência de enfermagem se dava dentro da
pessoas da equipe de enfermagem encontram ao cuidar do pacien- perspectiva do tratamento moral de Pinel e da Psiquiatria descritiva
de Kraepelin. O papel terapêutico atribuído às enfermeiras treina-
te são decorrentes, na maioria, da atitude das mesmas em relação
das, na época, era o de assistir o médico, manter as condições de hi-
às manifestações de agressividade.
giene e utilizar medidas hidroterápicas. Todavia o conhecimento de
A equipe deve ter claro, que se há perigo imediato para a pes-
que se dispunha sobre os alienados era o do senso comum, ou seja,
soa agressiva ou para os outros, ela deve intervir, indiferente ao ris-
entendia-os como ameaçadores e, por isso, sujeitos à reclusão.
co pessoal; se a violência destrói somente equipamentos, a equipe
As práticas de enfermagem no interior das instituições asila-
deve intervir quando isto pode ser feito sem riscos pessoais. Deve-
res e, posteriormente, dos hospitais psiquiátricos constituíam-se de
-se, tão rapidamente quanto possível, remover outras pessoas que
tarefas de vigilância e manutenção da vida dos doentes. As ativi-
possam estar em perigo.
dades de manutenção de vida envolviam “práticas de higiene, ali-
Se as tentativas iniciais de intervenção verbal não forem sufi-
mentação, supervisão e execução de tratamentos prescritos, como
cientes, o enfermeiro e equipe devem mover-se rapidamente para a isulinoterapia, entre outros”. Com a introdução dos tratamentos
obter medidas físicas que o auxiliem. Quando é óbvio que o con- somáticos, como a isulinoterapia e outros, foi exigida da Enferma-
trole físico é necessário, deve-se limitar o alcance dos movimentos gem uma assistência mais qualificada, fazendo com que sua prática
do paciente. fosse desenvolvida com a utilização de habilidades médico-cirúrgi-
Deve-se administrar a medicação prescrita, para o controle do cas, conferindo-lhe um caráter científico.
comportamento. A restrição física deverá ser mantida até que a me- As transformações, no papel do enfermeiro psiquiátrico, ocor-
dicação faça efeito. É necessária a manutenção de controle de sinais reram concomitantemente à evolução da assistência prestada no
vitais, uma vez que é frequente a hipotensão como efeito colateral asilo, isto é, acompanharam as transformações ocorridas na prática
dos tranquilizantes. médica e, paralelamente, às tentativas de incorporação de novas
Se a medicação não controlar suficientemente o comporta- técnicas e políticas direcionadas ao tratamento do doente mental.
mento do paciente, deverão ser usadas as restrições mecânicas, As novas técnicas que possibilitaram as transformações na
com as precauções e cuidados necessários. assistência de Enfermagem, ocorridas entre os anos 30 a 50, para
A equipe de enfermagem deve lembrar que o paciente agitado essas autoras, foram: a comunidade terapêutica de Maxwell Jones,
e agressivo está incapaz de controlar essas manifestações, provo- a psicoterapia institucional, a psiquiatria de setor, a psicanálise, os
cando medo e rejeição nos que o rodeiam, o que gera exacerbação conceitos de psiquiatria dinâmica, preventiva, e democrática ita-
daquelas manifestações. liana. Essas técnicas incorporaram uma assistência na abordagem
psicológica e social.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Outra contribuição à assistência de enfermagem psiquiátrica ção, formular interpretações válidas, delinear campo de ação com
ocorreu no fim da década de 40, do Século XX, nos Estados Unidos, tomada de decisões, planejar a assistência, avaliar as condutas e o
quando uma enfermeira, Hildegar Peplau, formulou a Teoria das desenvolvimento do processo. Essas ações fazem parte do processo
Relações Interpessoais. Para tal, usou, como instrumento, a obser- de enfermagem, devendo direcionar o relacionamento interpessoal
vação sistemática das relações enfermeiro-paciente. No trabalho de e terapêutico.
Zanote, quando fala das teorias de Enfermagem, considera a teoria Nesse sentido, o processo de enfermagem de Irving foi aplica-
de Peplau como pioneira nesse campo e comenta, ainda, que, para do num centro comunitário do Rio Grande do Sul, o qual mostrou-
Peplau, à medida que aumenta a interação entre paciente-enfer- -se operacionalizável dentro do novo paradigma da saúde mental e
meiro, aumenta a compreensão de papéis mútuos em torno do pro- concluiu-se que é uma proposta de trabalho apropriada a equipes
blema. Nesse entender, Peplau buscou valorizar a singularidade, a interdisciplinares . Nesse estudo, fica evidente que a observação
reciprocidade e a ajuda mútua entre o enfermeiro e o paciente. Ela não pode restringir-se à dicotomia corpo-mente, devem ser tradu-
preconizava a utilização de um plano para a assistência, que deveria zidos para a inter-relação existente entre ambos, isto é, entre o cor-
reconhecer, definir e compreender o que acontece quando estabe- po e a mente, pois a Enfermagem Psiquiátrica deve trabalhar todo
lecem relações com o paciente. o contexto do homem, em sua totalidade, sem fracioná-lo numa
Esse foi o primeiro modelo teórico sistematizado para a Enfer- reflexão ética.
magem Psiquiátrica e fez com que a Enfermagem passasse a buscar Nas décadas de 80 e 90, do século anterior, com os movimentos
explicações sobre a loucura por meio de dois discursos: o psiquiátri- da Reforma da Assistência Psiquiátrica, os enfermeiros passaram a
co, que é basicamente organicista, predominante até o momento, e atuar nas instituições extra-hospitalares, ou seja, em ambulatórios,
o psicológico, com ênfase nos aspectos comportamentais das rela- NAPS/CAPS, oficinas terapêuticas, dentre outros. Então, a atenção
ções humanas, que acontece no final dos anos 60. do profissional de Enfermagem direcionou-se a novas formas de
Nesse contexto de transformação sócio-política, o enfermeiro cuidar na saúde mental, buscando serviços extra-hospitalares.
passou a ser reconhecido como elemento integrante da equipe psi- Nesses serviços, a Enfermagem, direciona suas atividades de
quiátrica e a ser respeitado como profissional. forma diferenciada no tratamento dos doentes mentais, implicando
Os anos 70 foram marcados, na Enfermagem Psiquiátrica, pelo atitudes de respeito e dignidade para com o enfermo, ações volta-
relacionamento terapêutico, pois surgiu, também nos Estados Uni- das às individualidades do sujeito e participação deste em seu pro-
dos, Joice Travelbee, que consagrou a relação de pessoa a pessoa cesso de tratamento, valorizando e estimulando o auto-cuidado,
nessa profissão. Seus métodos foram combinações de teorias exis- bem como a reinserção em grupos sociais e comunitários. Para isso,
tencial-humanistas, focalizando a relação do homem como ser exis- o profissional deve buscar espaços de produção do acolhimento,
tencial, que busca significado na sua vida e sofre com isso. isto é, espaços que possibilitem a solidariedade, a afetividade, a
No Brasil, nesse período, destaca-se uma enfermeira, Maria compreensão, a autonomia, a ética e a cidadania, enfim, espaços
Aparecida Minzoni, que se preocupou com a humanização da as- que promovam a atenção psicossocial e a reabilitação do indivíduo.
sistência ao doente mental. Minzoni muito contribuiu para a Enfer- Atualmente, com a demanda do mercado de trabalho e com os
magem Psiquiátrica neste país, com atuações nos vários campos da desafios enfrentados, torna-se necessário superar a perspectiva se-
Enfermagem, como no ensino, na pesquisa e na assistência. parativista das profissões e elaborar uma abordagem conjunta com
Peplau, Travelbee e Minzoni descrevem a práxis da Enferma- os demais profissionais, formando, assim, uma verdadeira equipe
gem Psiquiátrica baseadas no processo interpessoal, porém, pre- interdisciplinar, o que não é fácil de ser realizado utilizando-se a
feriram nomenclaturas diferentes para tal processo. Peplau deno- concepção única dos objetivos da própria profissão. Talvez, essa in-
minou-o de processo interpessoal de cunho terapêutico; Travelbee teração deixe o profissional inquieto, pois exige algo mais de cada
nomeou-o de relação de pessoa-a-pessoa e Minzoni preferiu a re- um dos constituintes na equipe. Nessa concepção a nova visão de
lação interpessoal terapêutica ou relação de ajuda. Essas relações saúde mental exige superar obstáculos, recusa o determinismo e a
interpessoais são permeadas pela relação enfermeiro-paciente, por cristalização de conhecimentos, devendo os profissionais compro-
meio do poder contratual, da possibilidade de troca e de crescimen- meter-se com o projeto de transformação da assistência a partir da
to. transformação de si mesmos e consolidar a prática em equipe, bus-
O processo de busca que permeia a prática da Enfermagem cando a integração e a distribuição de poder.
Psiquiátrica “implica capacidade de observação disciplinada e o de- Em estudo bibliográfico sobre a produção científica e a ativida-
senvolvimento de aptidões para aplicar os conhecimentos teóricos de administrativa do enfermeiro, o qual compreendeu o período de
da relação interpessoal de ajuda”(8:96). E aponta como requisito 1988 a 1997. Nesse estudo, concluiu-se que os trabalhos realizados
básico para essa prática a capacidade de amar, a capacidade téc- em instituições extra-hospitalares mostraram uma tendência de
nica e científica e a capacidade de consciência crítica. Com isso, as mudança nas práticas desses profissionais, os quais vêm desenvol-
atividades da Enfermagem devem estar acima da cientificidade téc- vendo atividades terapêuticas e grupais, apresentando um espaço
nica; portanto o enfermeiro deve usar a autoconscientização e a mais definido enquanto profissional e reconhecido na equipe de
sua pessoa como meio para a relação positiva com o sujeito. Assim, saúde mental.
o enfermeiro não deve resolver os problemas do sujeito, mas sim Kantorski quando relatou a experiência desenvolvida em um
trabalhar com ele, buscando encontrar a solução mais adequada CAPS, no Rio Grande do Sul, centrou suas discussões nas premissas
para a sua condição, usando seus conhecimentos e habilidades pro- desse serviço, enfocando a liberdade de ir e vir do sujeito. Tal liber-
fissionais. dade funde-se com o ato terapêutico, possibilitando a participação
As funções do enfermeiro estão focadas na promoção da saúde ativa do sujeito nas decisões pertinentes a sua vida. Em tal serviço,
mental, na prevenção da enfermidade mental, na ajuda ao doente o acolhimento, a escuta, o responsabilizar-se pela trajetória do indi-
a enfrentar as pressões da enfermidade mental e na capacidade de víduo e o plano terapêutico centrado na individualidade do sujeito,
assistir ao paciente, à família e à comunidade, ajudando-os a en- a inserção familiar e da comunidade constituem-se premissas das
contrarem o verdadeiro sentido da enfermidade mental. Para o en- novas tecnologias de cuidado e, dessa forma, proporcionam práti-
fermeiro realizar suas funções, deve usar a percepção e a observa- cas capazes de “desconstruir” os aparatos manicomiais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
No Estado do Espírito Santo, a atuação da enfermagem vem No entanto, cada vez podemos ter maior certeza de que uma
sendo implementada com melhorias na assistência integral do su- abordagem mais ampla, onde se ofereçam outras possibilidades te-
jeito, conforme redimensionam as diretrizes da política nacional de rapêuticas, mostra ser mais adequada e eficaz, afinal apenas o con-
saúde mental. trole não ensina o paciente a lidar com seus problemas cotidianos
Miranda et alii quando analisaram o cuidado da Enfermagem e emocionais. A cada dia surgem novas abordagens no lidar com o
Psiquiátrica, colocaram que a sua qualidade deve estar em conso- paciente de Saúde Mental.
nância com a ética e a prática social libertadora da Reforma Psiqui- A criatividade e dedicação dos profissionais neste campo per-
átrica. Não compartilham com a orientação de que o cuidado deve mite conhecer e perceber a cada momento diferentes facetas da
antecipar a demanda, ou seja, deve-se conhecer a necessidade do mente humana, o que resulta em novas nuanças no tratamento.
indivíduo para, a partir dela, promover o cuidado. Definem cuidar
como “acolher o sujeito que se comporta de forma diferente, mo- Terapia Medicamentosa
ver-se com ele no cotidiano e interagir, possibilitando alternativas A prescrição de medicamentos para pacientes portadores de
de expressão da sua produção psíquica”, o que é fundamental na transtorno mental é a forma de tratamento mais conhecida, po-
construção do processo de viver saudável. rém uma das mais criticadas. É comum ouvir-se dizer: “Eu não vou
Nessa perspectiva, além de acolher o sujeito com sua história a médico coisa nenhuma. Para ele me mandar tomar remédio de
de vida pautada em seu contexto psicossocial e político-cultural, maluco?” Muitas vezes chega-se a crer que pode-se “ficar maluco
a Enfermagem oferece uma intervenção terapêutica, pois sedia o usando esses remédios”.
acolher, o ouvir e intervir por meio de instrumentos e ações que Tratando este problema superficialmente poderíamos até
possibilitam reabilitar e, com isso, busca a construção de uma me- achar estas colocações divertidas, se não fossem lamentáveis.
lhor qualidade de vida. Como um profissional de saúde, no entanto, você não pode es-
A reabilitação é considerada, nesse momento, como necessi- tar alheio a esta problemática, e acreditamos que a única maneira
dade e exigência ética, num espaço de trocas por meio de um nível de combater as trevas da ignorância é acendendo a luz do raciocí-
contratual, quer seja no aspecto de produto social e mercadológico, nio. Por esse motivo, você não encontrará neste tópico apenas uma
quer sob o ângulo psicossocial em que haja desabilidades. tabela para que decore os nomes e efeitos colaterais das medica-
O processo de reabilitação seria um processo de reconstrução, ções mais usadas.
um exercício de cidadania e de contratualidade. A construção da É indispensável que você as conheça e que se familiarize com
cidadania é o ponto fundamental da reabilitação psicossocial, sen- seus nomes ainda que complicados, para que de fato possa forne-
do necessário um vínculo efetivo e contínuo, do profissional com o cer informações aos usuários e familiares e reconhecer seus efeitos
paciente, bem como deste com o serviço de saúde. colaterais e “sinais de alerta”, exercendo assim seu papel, pois esse
Com base nesse recorte que entrelaça a história da loucura, da medo de usar a medicação vem afastando grande parte da deman-
Psiquiatria e da Enfermagem, num contexto de evolução dos servi- da, quando ainda num estágio menos grave do problema.
ços e da assistência, buscando a reabilitação e reinserção do doente Outro ponto importante nessa questão é o fato de, ao iniciarem
como cidadão ético e autônomo, pensa-se em como a Enfermagem o uso da medicação, receosos de suas “reações”, muitos pacientes
está atuando nos novos serviços de saúde mental. a utilizam em dose inadequada ou interrompem o uso assim que
Na tentativa de inovar e cientificar as atividades da Enferma- “melhoram”. Ora, de uma forma geral, os medicamentos promo-
vem o controle, não a cura do transtorno. Assim que interrompem
gem, vem sendo implantada, nos serviços extra-hospitalares, a
a medicação, os sintomas voltam a aparecer, o que muitas vezes
consulta de enfermagem, o processo ou sistematização de enfer-
interfere de forma desfavorável no ânimo do indivíduo que passa a
magem.
sentir-se “incapaz”, “dependente”, e “viciado”, “condenado a usar
Nesses trabalhos, percebe-se que a enfermagem pode desen-
esses remédios por toda a vida”.
volver ações de reabilitação que visam ajudar o doente a lidar com
Uma pessoa portadora de diabetes provavelmente tomará re-
a realidade, compreender a dinâmica de suas relações, reconhecer
médio a “vida toda”. Com um hipertenso, muitas vezes isso também
e admitir suas habilidades, capacidades e potencialidades, bem
ocorre, mas um paciente portador de transtornos mentais passa a
como aceitar, enfrentar e conviver com suas limitações. Com isso,
portar o “rótulo” de viciado por manter o tratamento.
a dinâmica da assistência de enfermagem passa a ser desenvolvida É verdade que inúmeras vezes as medicações utilizadas em psi-
de maneira abrangente, consistente, qualificada, sistemática, dialé- quiatria promovem efeitos colaterais extremamente graves. Mas,
tica e ética. quando lembramos das formas de tratar o “doente mental” antes
A partir da década de 90, do século XX, a atenção do profissio- do advento da clorpromazina, na década de 1950, fica fácil conside-
nal de Enfermagem direcionou-se a novas formas de cuidar na saú- rar a medicação como um avanço.
de mental, buscando serviços extra-hospitalares. Nesses serviços, Essa droga estava sendo testada em anestesia e produzia um
a Enfermagem direciona suas atividades de forma diferenciada no alheamento chamado “indiferença afetiva”, até que comprovaram
tratamento dos doentes mentais, implicando atitudes de respeito e sua eficácia na diminuição de alucinações, idéias delirantes e agita-
dignidade para com o enfermo, ações voltadas às individualidades ção psicomotora. Em que tipo de transtorno você geralmente ob-
do sujeito e a participação deste em seu processo de tratamento, serva estes sintomas? O transtorno psicótico, não é? Esta droga foi
valorizando e estimulando o autocuidado, bem como a sua reinser- então introduzida no campo dos antipsicóticos.
ção em grupos sociais e comunitários. Contribuindo de uma maneira significativa para a redução da
permanência hospitalar de pacientes psicóticos e facilitando a re-
FORMAS DE TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS abilitação de pacientes crônicos, a clorpromazina não podia evitar,
É preciso saber também que existem tratamentos adequados no entanto, as reincidivas e conseqüentes reinternações. Porém,
para cada tipo de transtorno, o que não é só feito através de medi- durante 25 anos, nada de mais substancial foi introduzido no cam-
camentos. Na verdade, o tratamento medicamentoso é um valioso po dos antipsicóticos.
instrumento da psiquiatria para o controle dos sintomas e, com o
avanço das pesquisas nesse campo, muito se tem conseguido em
melhora da qualidade de vida da pessoa com transtorno mental.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Com toda a revolução que a clorpromazina causou no campo Terapia cognitivo-comportamental – Aborda os pensamentos e
da psiquiatria, todo o dinheiro e trabalho foi investido em suas pes- comportamentos atuais.
quisas, o que ocasionou um considerável atraso no reconhecimento Psicanálise – Aborda as razões inconscientes dos problemas
dos sais de lítio nos transtornos afetivos. atuais.
Desde 1948, um psiquiatra australiano descobriu que a urina Psicodrama – Atua com dramatizações de situações.
de pacientes maníacos produzia efeitos tóxicos em cobaias. Tentan- Terapias interpessoais – Abordam os relacionamentos atuais.
do aumentar essa toxicidade, resolveu administrar sal de lítio. Teve Terapias pela Atividade - Sob esse título, agrupamos as ativi-
uma surpresa! O efeito foi contrário! O lítio parecia fornecer uma dades terapêuticas que usam a atividade do paciente como ponto
defesa contra a urina. Além disso, os animais tornaram-se mais cal- principal. Podemos classificá-las como ocupacionais e recreativas.
mos, respondendo menos à solicitações externas. Terapia ocupacional – Constitui importante modalidade de
Ao experimentar os sais de lítio em pacientes maníacos, os re- atendimento, indispensável nos casos mais graves, como a esqui-
sultados foram extremamente satisfatórios. E, embora com alguns zofrenia, que oferece ao paciente diferentes possibilidades de ati-
anos de atraso, devido ao seu baixo custo e conseqüente falta de vidade laborativa (de trabalho), geralmente em forma de “oficinas
interesse comercial, aliado ao medo de seus efeitos tóxicos quando terapêuticas”, isto é, grupos de pacientes que se reúnem para reali-
administrado em doses excessivas, hoje essa droga tem reconheci- zar um trabalho em comum.
da a sua eficácia na mania e nas depressões endógenas recorrentes. As oficinas terapêuticas têm o objetivo de oferecer ao indiví-
Outra feliz descoberta acidental se deu com a iproniazida, tam- duo com transtorno mental diferentes possibilidades de se expres-
bém na década de 1950. Utilizada no tratamento de portadores de sar no mundo, estabelecendo com ele um canal de comunicação
tuberculose, teve reconhecidos seus efeitos antidepressivos. mais saudável; por se dar em grupo, estimula o relacionamento
No início de 1960, houve a descoberta dos benzodiazepínicos. interpessoal, ajuda o paciente a lidar com conquistas e frustrações
Seu efeito quase imediato e bastante seletivo sobre a ansie- e a desenvolver maior independência, retomando aos poucos a res-
dade assumiu um papel importante no tratamento, numa época ponsabilidade por seus atos.
em que surgiam novos rumos para a sociedade. Sua venda assumiu Alguns tipos de oficinas terapêuticas que podemos citar são:
proporções alarmantes, chegando a ser comparada com o tabaco de poesia, de teatro, de música e canto, de radiofonia, de marcena-
e o álcool, as drogas mais utilizadas para produzir alterações no ria, pintura, artesanato, informática, jardinagem, do corpo (tai chi
psiquismo. Basta que você enumere quantas pessoas conhece que chuan, dança, capoeira) e outras.
fazem ou fizeram uso de um benzodiazepínico como o DiazepanR, Os pacientes geralmente escolhem aquelas das quais desejam
por exemplo, para que tenha uma ideia dessa estatística. Até agora participar com a ajuda do terapeuta ocupacional e outros profissio-
nais, e pacientes habilitados podem atuar como monitores.
você pode observar de que forma surgiram os psicofármacos e a
As oficinas terapêuticas constituem importante instrumento de
importância que possuem no tratamento de transtornos mentais.
ligação, inclusive com a sociedade como um todo, se forem arti-
No entanto ...
culadas atividades reunindo outros segmentos da sociedade – por
exemplo, a exposição dos trabalhos realizados pelos pacientes.
Terapias psicossociais
- Terapia recreativa – Tem objetivos parecidos com os da te-
Dentro desse conceito se agrupam vários tipos de atendimen-
rapia ocupacional, mas as atividades desenvolvidas têm um cunho
to terapêutico e nem sempre fica muito claro para o paciente, sua
recreativo, tais como os jogos, atividades esportivas, festas e come-
família e até para os outros profissionais como são e para que ser-
morações Os pacientes também podem ser envolvidos nas tarefas
vem esses atendimentos. É importante que isso fique esclarecido de rotina de acordo com suas condições e desejo de participar, sem,
a fim de que não tenham um caráter “burocrático” – fazer porque no entanto, serem obrigados a isso ou substituírem os profissionais
tem que fazer ou “porque o doutor mandou”. Muitas vezes é para o em suas funções.
auxiliar de enfermagem que o paciente vai expor suas dúvidas. Por
isso, é importante que ele saiba do que se tratam os atendimentos, Setores de atendimento em Saúde Mental
para que possa tranquilizar o paciente, aconselhando-o sempre a A criatividade é marca registrada da rede terapêutica que en-
discutir suas dúvidas com o profissional que o atende. volve a Saúde Mental. A partir da Reforma Psiquiátrica dos fins
Podemos dividir as terapias psicossociais em dois grupos: as dos anos 1980 - 1990, que abre as portas dos asilos e manicômios,
psicoterapias e as terapias pela atividade. passa-se a enxergar o portador de transtorno mental como alguém
O tratamento psicoterápico é, na maior parte das vezes, reali- que está “vivo” e, portanto, “reabilitável”. Diante das três áreas de
zado pelo psicólogo (às vezes também pode ser feito pelo psiquia- atuação (primária, secundária e terciária) começam a surgir a cada
tra) e seu objetivo é variável de acordo com o caso, mas, em linhas dia novas e revolucionárias alternativas e estratégias que permitem
gerais, visa ajudar o indivíduo a retomar um estado de equilíbrio levar a cabo o tratamento de transtornos psíquicos, sejam agudos,
pessoal. crônicos ou de reabilitação.
O atendimento psicoterápico pode ser feito de forma indivi- Gradualmente, o hospital psiquiátrico deixa de ser uma insti-
dual em que o paciente fica sozinho com o terapeuta; em grupo tuição fechada para se tornar palco de uma assistência de portas
em que estes são relativamente pequenos, onde são tratadas não abertas, integrada numa rede de saúde regional. Se dizemos gradu-
apenas as dificuldades de cada um, mas também o relacionamento almente, é porque não se pode romper de repente com pensamen-
do grupo como um todo; em família, onde o atendimento é feito tos, preconceitos e medos, mantidos a séculos, principalmente em
com o paciente e sua família e voltado para o reestabelecimento do um país onde as condições de amparo social ainda encontram-se
equilíbrio familiar, essencial, muitas vezes, à melhora do paciente; deficientes.
conjugal, sendo semelhante ao anterior, só que apenas o paciente e O investimento no tratamento ambulatorial passou a inovar
seu cônjuge são atendidos. formas mais eficazes de atender e de reinserir na sociedade os por-
Cada psicoterapeuta pode ter uma forma diferente de lidar tadores crônicos de transtornos mentais.
com o paciente, seja por seu jeito pessoal (se é mais fechado ou
mais expansivo), seja pela sua abordagem de tratamento. As abor-
dagens mais comuns são:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Desta forma, para que não houvesse um rompimento abrupto Os Lares Abrigados são locais onde podem viver ou morar um
entre a unidade de internação e o atendimento ambulatorial, surgi- grupo de portadores de transtornos mentais num clima familiar,
ram estruturas intermediárias entre a hospitalização psiquiátrica e sob tutela de uma equipe assistencial, por um período mais ou me-
a integração do paciente à sociedade, que receberam nomes como nos longo. É totalmente integrado à comunidade e permite uma
hospitaisdia, lares abrigados, CAPS, com atuações diferentes des- vida autônoma. Não raro, devido à ausência da família, alguns lares
critas a seguir: tornam-se uma residência definitiva.
Os hospitais-dia são locais onde o paciente passa um período A equipe que trabalha com lares abrigados apresenta um pro-
limitado (algumas horas durante o dia) sem se afastar de seu meio grama estruturado cujos objetivos são o desenvolvimento da auto-
social, familiar, de trabalho ou acadêmico, prevenindo assim a re- nomia da pessoa e do grupo e a ressocialização. Para detectar se
clusão e a marginalização do paciente, ao mesmo tempo em que estes objetivos foram atingidos, são necessárias reuniões periódi-
proporciona a sua reabilitação e reinserção social. Dispõe de um cas entre os profissionais da equipe. Essas reuniões servem para os
programa terapêutico que dá ênfase a manifestações clínicas e te- levantamentos de problemas e conflitos que surgem nas relações e
rapêuticas. nas tarefas cotidianas para ajudar a superá-los.
Num hospital-dia, trabalha-se com terapias individuais, com in- A equipe de enfermagem assume aqui uma importância vital.
tervenções familiares, mas, sobretudo, trabalha-se em grupos, as- Ela é quem mais está presente em visitas e as suas orientações de
sim denominados: grupo de pacientes, grupo terapêutico (equipe educação em saúde e higiene são indispensáveis. Nestes lares, a de-
terapêutica e pacientes) e equipe terapêutica (equipe multiprofis- tecção precoce de agravos à saúde assume tal relevância que pode
sional e interdiscilinar). por o trabalho a perder caso falhe.
De forma direta ou indireta, toda a equipe terapêutica parti- Também está a cargo da equipe de enfermagem a supervisão e,
cipa nas diferentes atividades assistenciais, fazendo com que haja em alguns casos, até a administração medicamentosa, assim como
uma tomada de decisões de forma conjunta, troca de informações a detecção de possíveis efeitos colaterais.
entre os diferentes profissionais, planejamento e estabelecimento O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) é uma forma de assis-
conjunto do conteúdo das atividades assistenciais e, definição por tência do SUS para problemas de Saúde Mental individual ou coleti-
todos dos papéis e tarefas de cada membro da equipe em cada uma va que se distingue principalmente pelo acesso local. É um exercício
delas. de democracia, pois atua com uma sensível redução da hierarquia
As atividades terapêuticas de um hospital-dia podem se resu- assistente/assistido. Essa parece ser, na verdade, a maior diferença
mir em: entre os CAPSs e os hospitais-dia, pois o CAPS questiona os papéis
Reuniões matinais - Como o nome indica, acontece na primeira da equipe na família e na comunidade.
hora da manhã, como uma forma de acolhimento entre a equipe Atua através de Oficinas onde realizam-se trabalhos manuais e
terapêutica e os pacientes. Permite à equipe prever a demanda de artísticos que proporcionam ao usuário via de acesso à expressão
trabalho que o grupo de pacientes vai solicitar, possibilitando novas de seus sentimentos, emoções, criatividade. Mas quando necessá-
estratégias, caso haja necessidade. rio pode ser feito o atendimento individual.
Sessões de expressão corporal, musicoterapia e dramatização, Deste trabalho surgiram as Associações, formadas a partir de
mobilização corporal e psicomotricidade - Pode participar qualquer grupos de egressos dos hospitais psiquiátricos, que se organizaram
membro da equipe, além dos pacientes e o monitor ou terapeuta e incorporaram familiares e profissionais de diversas áreas, em bus-
correspondente. ca dos direitos dos usuários do serviço de saúde mental na defesa
Assembléia de grupo terapêutico - Participa todo o grupo tera- de sua cidadania. Não negam a marca que os faz singulares, porém
pêutico (equipe e pacientes). lembram que são iguais a todos os cidadãos, com direito a saúde,
Psicoterapia de grupo - Participam pacientes, com um psicólo- lazer, amor, segurança e sobretudo RESPEITO. Estas associações de-
go e outro membro da equipe. ram origem a articulação Nacional da Luta Antimanicomial.
Psicodrama - Necessita de um psicodramatista e outros mem- Com a organização e o trabalho desses usuários do serviço, que
bros da equipe, além do grupo de pacientes. descobrem suas próprias e ilimitadas capacidade, surgem as coope-
Dinâmica de grupos ou grupos de discussão - Necessita do gru- rativas. Seu funcionamento não se distingue em muito das demais
po terapêutico completo. cooperativas, a não ser pela disposição dos pacientes que nela atu-
Atividades de animação sociocultural - Pode participar toda a am e que há muito não percebiam-se como seres capazes. Embora
equipe terapêutica com o grupo de pacientes. funcionem nas dependências do CAPS, seu lucro é revertido para a
Oficinas de expressão plástica - Terapeuta ocupacional, a enfer- própria cooperativa.
magem e o grupo de pacientes. De acordo com a realidade local, o CAPS assume táticas dife-
Psicoterapia individual - Psicólogo e paciente. rentes para enfrentar os problemas decorrentes das diversas for-
Intervenções familiares - Realizadas entre psicólogo ou psiquia- mas de viver. Assim você jamais encontrará um CAPS igual ao outro.
tra, paciente e família. Porém, eles trazem como ponto comum a luta pela desospitaliza-
Tratamento psicofarmacológico - Realizado pelo psiquiatra, en- ção, a realização das oficinas terapêuticas e a atuação de uma equi-
fermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem e paciente. pe multiprofissional.
As atividades do auxiliar de enfermagem serão definidas como Pode atuar em associação com uma emergência psiquiátrica,
as dos demais membros da equipe multiprofissional, através de e o paciente que sai deste setor será avaliado imediatamente para
reuniões onde levanta-se as necessidades. Porém o registro de suas ser inserido em atividades do CAPS, sem que haja necessidade de
observações é indispensável. É muito importante que você registre internação.
tudo o que observar nos pacientes, desde aspectos físicos, conduta Em todos os níveis de atuação, a conduta do auxiliar de enfer-
até a participação nas atividades. magem é sempre um ponto muito importante da ação em saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
“Dizem que a primeira impressão é a que fica”. Esta frase popu- A chave de um ambiente terapêutico está no estabelecimento
lar bem pode estar expressando uma realidade quando pensamos de uma relação de confiança entre a equipe terapêutica e os pa-
em assistência em saúde. No setor de Saúde Mental, ela assume cientes.
uma conotação especial, pois a sensação que o paciente experi-
menta quando chega ao setor não é somente relevante; assume EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA
um papel essencial no seu tratamento. Com a abertura das portas dos “manicômios”, a tendência é
A maneira como é recebido, a expressão das pessoas que lhe que a emergência psiquiátrica faça parte da rotina de atendimento
atendem ou mesmo o tom de voz com que falam, são capazes de em hospital geral. Isto impõe aos profissionais que aí atuam maior
gerar sentimentos que tanto podem determinar o tratamento como sensibilidade em relação à ocorrência de situações que em uma pri-
afastar o indivíduo. Não é raro o paciente sair de um setor de aten- meira avaliação parecem de origem orgânica, mas que na maioria
dimento jurando que não volta mais porque foi maltratado pelo das vezes são desencadeadas a partir de problemas sociais e men-
profissional que o discutirmos aqui se ele volta ou não ao setor, tais.
mas sim no tempo em que ele adiará o tratamento. A discussão sobre como são feitos os atendimentos dos clien-
A recepção do paciente é o primeiro item quando nos referi- tes com transtornos mentais nas emergências gerais leva-nos à
mos ao ambiente terapêutico. E embora o auxiliar de enfermagem seguinte reflexão: serão eles resistentes aos transtornos clínicos,
seja o profissional que, normalmente, recepciona uma pessoa que como trauma, infarto agudo do miocárdio, cetoacidose diabética e
procura um setor de saúde, não é o único responsável pela manu- outras disfunções orgânicas que colocam a vida em risco?
tenção deste ambiente. Certamente que, estes usuários, quando acometidos por pro-
Um ambiente terapêutico é aquele em que o indivíduo con- blemas de origem mental, social e/ou clínica, procuram os serviços
segue se sentir bem e seguro, física e psicologicamente, e que ao de emergência específicos ou gerais. A recuperação, conforme a
mesmo tempo estimule a recuperação da saúde. Alguns fatores são gravidade do caso, depende de três fatores básicos: equipe capaci-
indispensáveis para que se promova um ambiente terapêutico. E tada, intervenção imediata e acesso à equipamentos/medicamen-
por mais incrível que pareça, promover um ambiente não é muito tos que auxiliam na reversão do quadro.
diferente do que preparar a sua casa para uma festa. Uma realidade é que, nas emergências gerais, as equipes
- Planta física - O ambiente deve ser arejado e de preferência médica e de enfermagem cuidam com reservas dos clientes com
amplo e bem iluminado, de modo a transmitir sensação de segu- transtornos de comportamento, o que pode ser justificado como
rança e bem-estar. O profissional deve preocupar-se em tornar o decorrência dos anos em que este tipo de paciente era atendido no
ambiente o mais belo e agradável possível, simples porém acon- espaço dos manicômios.
chegante. O cuidado deles era restrito à área da psiquiatria e as outras
- Higiene ambiental - Ninguém pode sentir-se bem num am- especialidades só mantinham contato com os intitulados “loucos”
biente sujo. Muitas vezes devido ao fato de que os transtornos quando estes precisavam de exames mais especializados, como
mentais não são transmissíveis, os profissionais de saúde tendem tomografia, ultrassonografia, punção lombar ou até mesmo uma
a relaxar com a manutenção da higiene. No entanto, é importan- cirurgia.
te que ela mantenha-se não somente pela questão do bem-estar, Este breve contato era cercado por um aparato de segurança,
mas também para evitar surtos de doenças infecto-parasitárias e e o medo era visível na face de todos os membros da equipe. A
infestações. melhor notícia para todos que ali trabalhavam era o retorno de tal
- Arrumação e decoração - O excesso de mobília ou o mobiliário paciente à sua unidade de origem: o “hospício”.
mal disposto, além de tumultuar o ambiente, podem atrapalhar o
atendimento num caso de emergência. Também deve-se evitar ob- A maioria dos usuários que aparecem nas emergências clíni-
jetos e adornos que possam por em risco a segurança, assim como cas
objetos ou imagens religiosas ou ritualistas. Isso faz parte do respei- Apresentam transtornos psiquiátricos que freqüentemente são
to ao que cada um acredita. É importante a participação de todos ignorados pela equipe e/ou rotulados de “piti”, ou em termo técni-
nesta questão, inclusive dos pacientes. co, distúrbio neurovegetativo (DNV). Estes são clientes alcoolistas
- Som ambiente - Não obstante os avanços da musicoterapia, a e drogaditos, indivíduos confusos devido a complicações clínicas,
utilização de aparelhos sonoros nem sempre favorece a formação pacientes entristecidos com ideias suicidas. Todos apresentam sin-
de um ambiente terapêutico. Ao contrário, uma escolha inadequa- tomas que precisam de intervenção imediata por parte da equipe
da pode causar irritação e até mesmo desencadear crises. Por isso,
de profissionais que trabalham num setor de emergência.
a escolha de músicas, bem como o momento de utilizá-las, deve
Mesmo com algumas resistências, a ideia de manter a sepa-
sempre ser orientada por um profissional competente (se possível
ração das emergências psiquiátricas das emergências clínicas está
um musicoterapeuta). Vale ressaltar ainda o emprego frequente de
sendo ultrapassada, tendo em vista os diversos fatos que acontece-
músicas religiosas, que também são contra-indicadas, pois é muito
ram nos espaços das emergências dos hospitais gerais que culmina-
importante respeitar a religião de todos.
ram em mortes de pacientes psiquiátricos.
- Atividades - Num ambiente terapêutico, o paciente não vege-
ta pelos corredores e salas em uma atitude passiva. Neste ambien-
Caracterizando as intervenções diante das crises
te, embora tenha tempo para repousar ou refletir, ele mantém-se
em atividades como reunião de grupo, exercício físicos, trabalhos Pelos corredores das Unidades de saúde encontramos vários
manuais e outros. indivíduos que vivenciam uma crise, mesmo quando a apresenta-
A equipe terapêutica é formada por vários profissionais, de- ção da sintomatologia é de natureza clínica. Qualquer contrarieda-
pendendo de cada programa terapêutico que o tratamento englo- de pode se transformar em distúrbio nervoso de fundo emocional,
be. Na equipe básica encontram-se o enfermeiro, psicólogo, psi- trazendo danos para o indivíduo e principalmente para aquelas pes-
quiatra, assistente social, técnico e auxiliares de enfermagem. Pode soas que o cercam.
contar ainda com terapeuta ocupacional, nutricionista, professores Isto nos faz defender que a emergência psiquiátrica deve es-
de Educação Física, musicoterapeuta, fisioterapeuta, fonoaudiólo- tar integrada geográfica e funcionalmente à emergência clínica, e
go, animador sóciocultural, artista plástico etc. vice-versa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Em qualquer circunstância, o ambiente ideal de atendimento Para tal, as pessoas da equipe responsáveis em fazer a primeira
deverá propiciar a segurança necessária para o usuário e a equipe abordagem, de forma geral devem ter capacidade de escutar e ser
de saúde. Nas salas não devem ter objetos perfurocortantes ou ob- desprovidas de preconceitos para melhor conhecer o mundo de in-
jetos que podem se transformar em armas e serem usados contra o serção deste indivíduo. Pode-se sugerir um modelo básico de seis
outro no momento da raiva. etapas a ser utilizado para intervenção em crise:
Em alguns países economicamente dependentes de outros, Explorar e definir o problema com base na perspectiva do pa-
como o Brasil, são frequentes os distúrbios mentais que se desen- ciente, prestando atenção nas mensagens não-verbais - Nem tudo
cadeiam tendo como “pano de fundo” a pobreza. A distribuição de- o que o indivíduo fala é o que sente. Os gestos, o olhar, o corpo po-
sigual da renda e do acesso ao trabalho, à moradia digna, ao lazer, à dem indicar emoções que nem sempre são expressas em palavras.
segurança, à alimentação, à saúde e à educação contribuem para a Um paciente pode pedir a você que o deixe sozinho enquanto chora
desestruturação da mente humana. e segura firmemente sua mão.
Pode-se encontrar, nas emergências clínicas, alcoolistas em Demonstrar de modo verbal e não-verbal que você se importa
abstinência; indivíduos com crise do pânico, buscando avaliação com ele - O olhar, o tom de voz, a expressão são itens indispensáveis
cardiológica; suicídios por superdosagem de medicamentos; ví- para que o paciente confie no profissional de saúde.
timas de violência doméstica; e reação de estresse por estar de- Providenciar segurança ao paciente, avaliando o grau de risco
sempregado ou enlutado em decorrência de acidentes ou morte para a segurança física e psicológica do mesmo e de terceiros.
súbita. Enquanto que nas emergências psiquiátricas são comuns as Não se trata de fazer ameaças, mas sim de alertar o paciente
situações de psicoses, agitação por drogas, indivíduos com descom- das consequências de atitudes impensadas, dialogando sobre alter-
pensação de quadros esquizofrênicos e maníacos. nativas para comportamentos destrutivos impulsivos.
Auxiliá-lo a buscar alternativas de escolhas disponíveis, facili-
A crise não escolhe umas pessoas e poupa outras; é universal. tando a busca por apoio situacional (família e amigos), mecanismos
Acomete ricos, pobres, negros, brancos, profissionais bem-su- de defesa/adaptação e padrões construtivos de pensamento.
cedidos, chefes de família e parlamentares, como também indivídu- Construir junto com o paciente planos realistas de curto prazo
os que por quaisquer causas estejam fragilizados nas relações com que identifiquem recursos disponíveis e mecanismos de adaptação
o mundo. bem definidos. Isso só pode se efetuar através do hábito de ouvir e
Nem a equipe de profissionais de saúde escapa do risco de de- conversar com o paciente. Mas é muito importante que o profissio-
senvolver algum transtorno mental. Quantas vezes notamos que nal não se veja como um conselheiro e resolva decidir as questões
nossos colegas de trabalho estão vivenciando momentos de angús-
da vida do indivíduo.
tia em família, estão ingerindo medicamentos exageradamente e
Obtenha do cliente o compromisso de seguir os passos neces-
até estão se tornando alcoólicos “sociais”? Na verdade, todos nós
sários, possíveis e aceitáveis para correção do problema.
podemos, de uma hora para outra, entrar em crise, pois vivemos no
Tentativas de auto-extermínio são crises. A conduta inicial é
mesmo mundo e estamos suscetíveis às mazelas da modernidade.
avaliar se o cliente apresenta risco de tentar novamente o suicídio.
Durante o período de uma crise, o indivíduo tem a oportunida-
Em geral, quanto mais agressivos, mais distantes da ideação suicida
de de desenvolver mecanismos que o ajude a controlar suas ações
estarão.
e reações ou passar por ela com uma total desorganização da com-
A equipe de saúde deve ter consciência desta agressividade
preensão de sua essência. Ele pode tornar-se mais vulnerável e psi-
cologicamente instável, ou pode retomar sua vida normal, tendo o para abordar, se possível, a questão com o cliente, trazendo-o para
controle da sua natureza. A compreensão e delimitação da fase que a realidade.
o cliente está vivenciando requer que a intervenção seja precisa, O risco de suicídio está relacionado com o seguinte perfil: ida-
coordenada e em tempo adequado de restaurar os mecanismos de de acima de 45 anos; sexo masculino; não casado; desempregado;
defesa do indivíduo. instabilidade nas relações interpessoais; tentativas anteriores de
Mas quem são os indivíduos mais vulneráveis à crise? suicídios; casos de suicídio em família (principalmente dos pais); ser
Geralmente são: desempregados, subempregados ou não sa- portador de doença crônica ou dor crônica; história de depressão;
tisfeitos com sua ocupação; usuários de drogas lícitas e ilícitas; in- psicose; abuso de substâncias; distúrbios de personalidade; pouco
divíduos que não conseguem lidar com seus próprios problemas, acesso a tratamento por razões sociais; idéias suicidas intensas, fre-
com baixa estima que alimentam excessivamente os sentimentos quentes; prolongado desejo de morte e auto-punição; e isolamento
de insegurança; pessoas com história de crises mal resolvidas; indi- social.
víduos que subutilizam os recursos de apoio social ou não acessam De uma forma geral, o cuidado de um indivíduo em situações
o sistema de apoio, como família, amigos, igreja; pessoas que cul- de crise tem como objetivo o resgate dele como dono de sua vida,
tivam o sentimento de isolamento ou são impulsivas em excesso. responsável pelo seu rumo, tendo em vista as opções oferecidas
A suscetibilidade à crise normalmente é precipitada a partir de pela realidade. O difícil é auxiliar o paciente a perceber que o con-
eventos que popularmente as pessoas dizem ser a “gota d’água” – trole das opções em sua vida depende, entre outras coisas, da sua
como a morte de um ente querido, mudança de status, casamento, vontade em superar a crise.
separação, gravidez especialmente fora do casamento ou indese-
jada, doença física, perda de emprego, mudança nas condições de Avaliação Primária na Emergência Psiquiátrica
trabalho, aposentadoria, climatério, violência sexual, desastres na- Junto com o tratamento de emergência que segue as normas
turais (enchentes, quedas de barreiras). de preservação das funções vitais do homem, é útil realizar uma
Após contornada a crise, pensar no retorno deste indivíduo ao avaliação padronizada e inicial do estado psíquico de cada cliente.
meio social deverá ser a principal meta dos profissionais de saúde. A enfermagem deve estar preparada para dar início a esta ava-
A intervenção a ser adotada é o diálogo direto, ativo, dirigido para liação, já que é responsável, em casos de agitação psicomotora, por
os sintomas e para o real acontecimento. Auxiliar o indivíduo a re- técnicas de contenção, sejam medicamentosas ou físicas, nas quais
tornar sua vida normal depois da crise é garantir sua permanência o contato físico é inevitável. Além disso, geralmente é este grupo
com o mesmo grau de importância nos espaços antes ocupados por que circula com o paciente nas dependências da unidade hospitalar,
ele, ou seja, no trabalho, na escola, na família e na comunidade. quando este submete-se a exames complementares.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Geralmente os pacientes agitados portadores de transtornos Em alguns casos, o cliente pode estar agitado mas não violen-
mentais são excessivamente sedados, e podem necessitar emer- to. Entretanto, quando agitado, precisa de observação constante
gencialmente de proteção de vias aéreas por conta dos riscos de e isolamento, sempre acompanhado por membros da equipe, até
depressão respiratória. Por outro lado, quando recebem medica- que o tratamento emergencial se complete. A contenção mecânica
ções psicoativas, a despeito de terem se alimentado, correm o risco é inevitável para evitar quedas que gerem traumatismos e fraturas.
de broncoaspirar, se não forem colocados em decúbito dorsal ou O conhecimento de fatores de risco do comportamento agres-
com a cabeceira elevada e a cabeça lateralizada. Outra preocupação sivo tem sido de grande validade no momento da avaliação pri-
é com os sinais vitais, pois alguns psicofármacos podem ocasionar mária. Por isso, clientes com história de agressão e impulsividade,
diminuição da pressão arterial. labilidade emocional, baixa tolerância a frustração, história de de-
Essas precauções de segurança, fruto da avaliação primária, linquência, ideias delirantes de perseguição, alucinações auditivas
evitam agravos e complicações administrativas. de comando (vozes que o ordenam a fazer coisas) e comportamen-
A avaliação primária realizada pela equipe de enfermagem nas to agressivo recente são fortes candidatos à agitação acompanhada
emergências psiquiátricas deve ter como base questionamentos e de agressividade.
observações que sirvam como instrumentos do cuidar, consideran- O que pode ser um alerta na identificação deste paciente é a
do os seguintes aspectos: postura. Geralmente ele se mantém inclinado para a frente, em
Aparência - O paciente está extremamente limpo, sujo, agita- estado de vigilância constante; fala alto ou grita; faz comentários
do, calado? Olha nos olhos das pessoas que conversam com ele? A pejorativos e sua expressão facial é tensa, com os olhos arregala-
atividade psicomotora está aumentada, diminuída ou assume pos- dos. O excesso de tensão pode ser percebido através da rigidez da
turas bizarras. Está cheirando a álcool ou tem as pupilas dilatadas musculatura corporal. A exigência da perfeição e a atividade motora
(midríase) por uso de cocaína ou anfetaminas? visível de irritabilidade são suas marcas registradas.
Interage com aqueles que lhe trouxeram à emergência ou recu- Diante deste paciente, a equipe de enfermagem deve manter-
sa a presença destas pessoas? -se calma, porém com atitudes firmes, demonstrando que o domí-
Consciência - Está confuso e/ou sonolento? Compreende o que
nio daquele espaço não é apenas dele. Isto estabelece limites. A fala
está se passando ao redor? Apresenta distúrbios neuropsicológicos
deve ser calma e suave, e não provocativa. Os movimentos devem
como linguagem, memória e atenção prejudicadas? Conhece as
ser lentos, evitando tocar o paciente, pois a aproximação brusca e
pessoas que lhe trouxeram?
a fixação do olhar em direção a ele podem ser consideradas como
Pensamento - Pensa e fala muito rápido, como em quadros de
ameaças, resultando em agressão física aos membros da equipe.
mania, ansiedade, intoxicações? Está com pensamento lento, como
Nestes casos, a equipe que o assiste deve dispor-se na sala
em depressão? É estranho e incompreensível, como em psicoses?
sempre mais próxima da porta do que do paciente, evitando tam-
Vê vultos, insetos nas paredes, como no caso de
bém que no recinto haja objetos que possam se transformar em ar-
Delirium tremens? Escuta vozes, como na esquizofrenia? Pensa
mas, como cinzeiros, suportes de solução móveis e luminárias. Ou-
que alguém quer lhe tirar a vida ou quer lhe prejudicar, como nas
paranoias? tra precaução é a presença de pessoas na equipe que dominem as
Humor e afetividade - Está profundamente triste, eufórico ou técnicas de contenção, para utilizá-las de imediato. É bom lembrar
normal? De repente se irrita com qualquer coisa? Apresenta ideias que esta ação não deve ter a intenção de punição, e sim de cuidado.
suicidas ou homicidas? Mostra-se indiferente afetivamente? Ao ser contido fisicamente, o cliente não deve ser abandona-
Julgamento e crítica - Demonstra bom senso em suas ideias? do à sua própria sorte, pois este procedimento dá uma sensação
Entende os procedimentos que estão sendo realizados pela de retaliação, tornando-o mais agressivo ainda. Tal exacerbação
equipe de saúde? Admite ter um problema psiquiátrico ou culpa da agressividade gera movimentos que podem, nos casos de con-
outra pessoa por suas dificuldades? Percebe que está doente? tenção no tronco, interferir na respiração, dificultando a expansão
Depois desta avaliação, a equipe de enfermagem estará mais pulmonar e, em consequência, diminuir os níveis de oxigênio, cujo
segura para administrar os medicamentos orais/parenterais e mo- desdobramento é o quadro de insuficiência respiratória. Em casos
nitorar as reações adversas. Além disso, o diálogo com o paciente é de imobilização dos quatro membros, o garroteamento dos vasos
sempre o melhor meio para estabelecer uma relação de confiança, periféricos, diminuindo o fluxo sanguíneo, de acordo com o tempo
mesmo quando este necessitar de contenção e restrição no leito. pode levar a necrose e futura amputação.
Os cuidados de enfermagem mais prementes que devem ser
Classificando as Emergência Psiquiátricas adotados são o controle frequente dos sinais vitais e pulsos arteriais
Em geral, as síndromes ou sintomas psiquiátricos mais frequen- dos quatro membros. A manutenção de decúbito dorsal ou com a
tes encontrados na prática das emergências podem ser classifica- cabeceira elevada e a cabeça lateralizada são indispensáveis para
dos como agitação e/ou agressividade; depressão e tentativa de evitar a broncoaspiração, pois, em algumas síndromes, náuseas e
suicídio; ansiedade; conflitos interpessoais; abuso de substâncias. vômitos são frequentes. A estimulação da ingesta hídrica e a mo-
nitorização da hidratação venosa servem para evitar quadros de
Agitação e/ou agressividade desidratação.
Alguns pacientes chegam neste setor agudamente agitados, Para o tratamento químico, os medicamentos mais utilizados
com risco iminente para si e para outros. Geralmente, precisam são os antipsicóticos. Sua vantagem está em não exercer efeitos
ser fisicamente restritos, mas a equipe deve sempre optar por uma consideráveis nos valores da pressão arterial e no ritmo cardíaco,
abordagem menos restritiva e mais humana. assim como não predispõe o paciente a convulsões. O mais impor-
Entre a restrição medicamentosa e a mecânica, a primeira sem- tante é que permite o controle da agitação em pouco tempo.
pre será a mais coerente. Entretanto, em alguns casos, quando o A combinação de antipsicóticos com benzodiazepínicos tem
comportamento violento é secundário em relação a doenças clíni- sido uma alternativa para diminuir a dosagem do primeiro. Os ben-
cas como hipoglicemia e traumatismo craniano, a escolha por me- zodiazepínicos podem causar excitações paradoxais em determina-
dicamentos pode dificultar a avaliação real da evolução do quadro dos pacientes, mas o seu uso para o tratamento de agitação vem
neurológico inicial. atendendo ao propósito da terapia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Após o atendimento emergencial, este paciente pode ter dois Os transtornos de ansiedade relevantes para a emergência são:
destinos: a internação ou a alta com agenda para tratamento am- ataques de pânico e agorafobia, ansiedade generalizada e transtor-
bulatorial. no de ajustamento com ansiedade, quadros conversivos, somatiza-
Isto irá depender, se de fato não corre o risco de se auto punir ções, quadros dissociativos e estresse pós-traumático.
ou de tentar o suicídio. Nas duas alternativas de encaminhamento Os transtornos do pânico são quadros de início súbito, com an-
pós-crise, é imprescindível que paciente e familiares tenham as in- siedade intensa, sensação de morte iminente, acompanhados por
formações devidas para evitar complicações futuras. palpitações, desconforto precordial, vertigem, parestesia, tremores
e sudorese. Esses sintomas levam o cliente e a família a procurar
Depressão e tentativa de suicídio imediatamente os serviços de emergência em função da sensação
O paciente levado à emergência com pensamento suicida ou de morte iminente.
após tentativa de suicídio exige da equipe de saúde determinação A fobia é tanta que estes pacientes se desesperam quando
e poder de decisão. Dados colhidos nas emergências de todo o Bra- estão em algum lugar que não lhes garanta assistência imediata
sil constatam que grande parcela dos indivíduos que se suicidaram disponível. Por isso, é importante que a equipe de saúde, depois
tiveram contato com profissionais de saúde nos seis meses que an- de descartada qualquer falência física, reassegure que ele não vai
tecederam ao ato. morrer deste ataque.
O diálogo e a administração de antidepressivos ou benzodia-
Todos buscaram apoio no sistema de saúde. zepínicos e ácido valpróico são os primeiros passos terapêuticos,
A maioria ingeriu grande quantidade de medicamentos pres- além do acompanhamento da função cardiovascular através de mo-
critos pelo próprio médico, ou outros medicamentos de venda livre nitorização cardíaca e dos sinais vitais.
que causam danos e seqüelas graves, como Ácido acetilsalicílicoR e Já na ansiedade generalizada o paciente apresenta-se inquieto,
AcetaminofemR. com dores musculares, tensão e vertigem. Esse quadro é caracte-
Inofensivo, o AcetaminofemR, quando combinado com bebida rizado naqueles clientes que se levantam a toda hora, não podem
alcóolica, pode resultar em insuficiência hepática. Portanto, quan- esperar a sua vez e solicitam a presença do médico a cada instante.
do se avalia o tipo de medicamento, deve-se levar em consideração Nas emergências, estas características são encontradas não
os medicamentos prescritos e os demais produtos tóxicos disponí- somente nos pacientes, mas principalmente em seus familiares. A
veis na casa do paciente. terapêutica medicamentosa de escolha é o benzodiazepínico e um
Por exemplo: Um profissional da área de saúde foi hospitaliza- sistema que mantenha-os informados sobre seu estado clínico, o
do com intoxicação exógena pela tentativa de auto-extermínio atra- que deve ser estendido à família. Essa gentileza por parte da equipe
vés da ingestão de mais ou menos 280 comprimidos de barbitúrico diminuirá o grau de ansiedade de cliente/família.
batidos no liquidificador com leite. O mais importante é que, antes Os quadros conversivos são frequentes nas emergências gerais
de tomar a “vitamina de barbitúricos”, ele mesmo avisou que iria e costumam irritar os médicos e profissionais de enfermagem. Nes-
se quadro, o paciente mostra uma queixa ou sintoma localizado,
executar o ato para sua namorada, ou seja, pediu socorro.
não voluntário, que não tem justificativa fisiopatológica ou anatô-
No comportamento suicida, estão envolvidos o desejo de aju-
mica, não podendo ser explicado por doença física. Essas pessoas
da, o desejo de morrer e a agressividade subjacente. Autores re-
são tão presentes nas emergências que acabam tornando-se ínti-
latam que as mulheres, por serem mais emotivas e apaixonadas,
mas da equipe, que normalmente não percebe que essa é a forma
apresentam maior predisposição em tentar o suicídio. Mas são os
encontrada por elas para comunicarem que precisam de ajuda.
homens que, ao tomarem esta decisão, tornam esse evento letal e
A abordagem inicial nas emergências deste caso deve ser o
escolhem métodos mais agressivos, como armas de fogo. Os suici-
auxílio ao paciente para que exponha seu sofrimento verbalmen-
das mais radicais ateiam fogo no próprio corpo.
te, além de mantê-lo em local calmo, longe dos acompanhantes e
Na tentativa de suicídio apelativa, o paciente garante a exis- perto da enfermagem. Ao entrevistar os acompanhantes e/ou fami-
tência de socorro antes de consumar o ato, fica contente por ter liares, deve-se pesquisar os fatores desencadeantes deste quadro.
sobrevivido, resolve parcialmente conflitos precipitantes, retoma a Encontramos também, nos corredores das emergências, pesso-
atenção de familiares (que ficam preocupados com ele) e não ex- as que apresentam queixas vagas, com múltiplos sintomas, exigindo
pressa planos futuros de suicídio. procedimentos e exames. Em geral, já fizeram uma via crucis nos
Na emergência para retirá-los do risco de vida, é utilizado ou- serviços de saúde da região onde residem e trazem consigo exames
tra substância que inativa o efeito da substância escolhida, lavagem e medicamentos antigos. As queixas geralmente são: dificuldade
gástrica, hemoperfusão e/ou hemodiálise. Passada esta fase, são para deglutir, dores abdominais, fraqueza, tonturas, dentre outras –
utilizados medicamentos antidepressivos. O melhor efeito terapêu- todos sintomas característicos de somatização.
tico é obtido pelo uso combinado de antidepressivos e psicoterapia. Tal qual a ansiedade generalizada, na emergência esses sin-
Independente de ter tentado o suicídio, todo paciente que se tomas significam que este paciente tem problemas e que esta foi
apresenta com depressão na emergência precisa ser informado de a melhor forma de expressá-los. Apesar de existirem tratamentos
que esta tristeza profunda é uma doença, e que existe tratamento para a síndrome de fadiga crônica, o melhor é convencê-lo que ele
eficaz à disposição, sob o ponto de vista biológico e psicológico. precisa da ajuda de um especialista.
Como este paciente está sempre retornando à sala de espera
Ansiedade dos hospitais, a evolução deste quatro é a auto-mutilação. Ele se
A ansiedade faz parte do cotidiano de cada cidadão. Quando auto inflige lesões ou relata sintomas para obter internação. Nesta
prestamos um concurso, quando esperamos o resultado de um exa- fase, o que diferencia da simulação inicial é a compulsão para pro-
me médico, ou mesmo quando passamos por situações de violên- duzir os sintomas.
cia, nosso coração dispara por medo ou ao pensar na possibilidade
de não alcançar os resultados esperados. Na verdade, é um senti-
mento indispensável para a sobrevivência e o desenvolvimento do
homem, mas em diversas condições a ansiedade se manifesta de
maneira patológica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Uma outra situação são os pacientes que passaram por experiência de estupro, assaltos, sequestros e foram vítimas de violência ur-
bana. Estes devem ser avaliados nas emergências para o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático, o qual frequentemente é
acompanhado de quadros dissociativos que são caracterizados por uma dissociação da consciência, de origem psíquica.
Eles podem apresentar fenômenos amnésicos, estranhamento de si (despersonalização) e do mundo que os rodeia (desrealização).
Para tratar desses pacientes no pronto socorro, é importante que haja um lugar tranquilo para mantê-los em observação. Se estiverem
apresentando agitação psicomotora, a medicação de escolha são os benzodiazepínicos ou os antipsicóticos.
Faz-se necessário que a equipe da emergência, de uma forma geral, saiba distinguir o quadro dissociativo do tipo personalidade múl-
tipla da amnésia global transitória. Esta ultima é caracterizada por episódios de perda de memória de curto e longo prazos, provavelmente
consequente a distúrbios transitórios nos lobos temporais.
Os pacientes suscetíveis são geralmente de meia-idade e incapazes de se recordar de dados pessoais, como nome, idade, endereço.
Nestes casos, retê-los na emergência ou interná-los é uma medida de segurança para evitar que fiquem perambulando na cidade sob risco
de maus cuidados pessoais e de se tornarem vítimas de violência ou acidentes.

Conflitos interpessoais
Esses tipos de pacientes não suportam o abandono mesmo quando este é imaginário e tendem a misturar sua identidade com as da
pessoas ao redor. Geralmente chegam nas emergências após superdosagem de medicamentos, auto-mutilações e vitimização repetida.
Eles percebem o mundo sempre com a confrontação de duas ideias, o bem/o mal, certo/errado; e desenvolvem rápidas reações de raiva
quando se sentem desconsiderados. As superdosagens e as mutilações não visam o suicídio, mas servem para dispersar o vazio interno e
a sensação de plenitude com eles próprios.
Esses pacientes resolvem mal os seus problemas, sendo que uma das metas da intervenção na emergência, depois de socorrer os
transtornos físicos, é auxiliá-los através do diálogo a encarar os obstáculos realisticamente e utilizar mecanismos construtivos, sem fanta-
sias, para enfrentá-los.

Abuso de substâncias
O uso indiscriminado de substâncias como álcool, anfetaminas, estimulantes, sedativos, inalantes como colas, tintas, removedores e
gasolina, tem levado muitas pessoas a serem atendidas nas emergências. Além dos quadros crônicos, ocorrem frequentemente quadros
agudos secundários ao uso destas substâncias, como acidentes automobilísticos. As mais importantes, sem dúvida, são as relacionadas ao
uso de álcool, tendo em vista que o indivíduo começa a consumir esta droga na adolescência, chegando à vida adulta com uma sensação
de plenitude sempre quando o assunto é a disputa de quem consegue beber mais. Daí para o alcoolismo é um passo.
A intoxicação pelo álcool envolve vários estágios de alteração do comportamento, mas frequentemente ocorre prejuízo do julgamen-
to, diminuição da atenção, respostas emocionais inapropriadas, labilidade afetiva e desinibição de comportamentos agressivos.
As intervenções, nestes casos de intoxicação alcoólica, são:
Exclusão de complicações clínicas graves, como insuficiência hepática, hematoma subdural, sangramento digestivo e Síndrome de
Wernicke.
Tratamento da agitação e/ou violência com antipsicótico.
Restrição física, se necessário.
Em casos de diminuição do nível de consciência, é preconizada administração de glicose endovenosa.
A mensuração do teor de álcool no organismo, é extremamente importante. Na falta deste exame pode ser utilizado um aparelho
(bafômetro) que mede o nível do álcool no organismo através de uma baforada ou sopro.
Observação e monitoração da febre, hipotensão ou hipertensão.

Em relação aos níveis sanguíneos e sinais de intoxicação alcoólica, podemos utilizar a seguinte tabela:

As pessoas que estão acostumadas a fazer uso de doses diárias de álcool, quando são levadas a parar ou reduzir a ingestão desta be-
bida, em questão de horas ou dias, desenvolvem a síndrome de abstinência, quadro que pode levar à morte.
Nesta síndrome, o paciente fica ansioso, irritado, com sensação de desconforto, falta de sono e dificuldade de ficar parado em um
mesmo lugar. Na parte física, libera adrenalina, resultando em sudorese, taquicardia, tremores, náuseas e vômitos. A progressão leva a
crises convulsivas, rebaixamento do nível de consciência com agitação psicomotora e desorientação evoluindo para alucinações visuais ou
táteis em forma de insetos na parede ou na pele. A este conjunto de sintomas é que se dá o diagnóstico de Delirium tremens.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O tratamento desta síndrome depende da história anterior. Pa- Percebe-se que os limites entre os transtornos psiquiátricos
cientes com história de crises convulsivas devem ser tratados com e clínicos são de difícil delimitação. Na verdade, a grande maioria
um anticonvulsivante, como a FenitoínaR. Algumas dessas crises dos quadros atendidos nas emergências são manifestações agu-
podem ser prevenidas pela reposição de magnésio juntamente com das de problemas crônicos. Diante desta realidade, o sucesso do
os fluidos endovenosos administrados durante oito horas. atendimento depende da abordagem sistemática realizada por uma
Em casos de agitação e/ou violência, a restrição medicamento- equipe multidisciplinar e interdisciplinar sensível, atuando simulta-
sa e mecânica faz-se necessária. Além disso, a equipe de enferma- neamente e consciente da sua função no processo de preservação
gem deve dar ênfase à hidratação, a tiamina para melhorar os sin- imediata da vida.
tomas neurológicos e manter próximo do leito a cânula de Guedel,
para, em casos de convulsões, proteger de trauma a mucosa oral.
O uso de estimulantes como cocaína, anfetaminas e fencicli- ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS EM URGÊNCIA
dina é mais frequente entre os jovens e desenvolve uma série de E EMERGÊNCIA
complicações clínicas e psiquiátricas. Independente da potência de
cada substância, as pessoas que as usam buscam um “grande bara- Medicamentos usados em Emergências Clínicas
to”, ou seja, buscam uma viagem expressa em forma de alucinação. No âmbito da emergência, a maioria dos pacientes admitidos
Quando chegam às emergências, apresentam hipervigilância, requer, inicialmente, medidas farmacológicas para aliviar, controlar,
aumento da ansiedade, midríase e complicações clínicas graves, diferentes manifestações clínicas ou mesmo evitar morte iminen-
como convulsões, infarto do miocárdio, arritmias e acidente vascu- te decorrente de falências orgânicas, desequilíbrio acidobásico ou
lar cerebral. O tratamento deve ser conduzido como o da ansieda- choques circulatórios. Nessas situações, a obtenção do êxito tera-
de, com benzotiazídicos. A agitação psicomotora e os quadros de pêutico demanda, além das habilidades técnica e diagnóstica, a de
delírios paranoides requerem uso de antipsicóticos. Lógico que as manejar a terapia farmacológica. Esta, sem dúvida, é responsável
falências neurológicas e cardiovasculares devem ser tratadas em pela recuperação de milhares de vida, mas pode ser, também, pela
primeiro lugar,evitando a morte súbita. morbimortalidade de muitos pacientes, principalmente quando o
Aquelas pessoas que usam barbitúricos, como benzodiazepíni- conhecimento acerca das reações adversas dos medicamentos, das
cos, indiscriminadamente, correm risco de quadros de abstinência interações medicamentosas e precauções relativas ao uso terapêu-
grave, semelhantes à do álcool, quando decidem não mais utilizá- tico são pouco ou, ainda, desconhecidas.
-los. Essas medicações por vezes são frequentemente prescritas pe- Deste modo, a administração de medicamentos é um dos pro-
los profissionais médicos sem orientação apropriada quanto a seus cessos de trabalho mais complexos e um dos mais importantes
riscos de dependência e abstinência. neste setor, pois apresenta várias fases inter-relacionadas e envol-
A redução desta medicação deve ser realizada através de um ve diferentes profissionais (médicos, farmacêuticos, enfermeiros,
plano terapêutico que interaja benzodiazepínicos de curta e longa técnicos e auxiliares de enfermagem). No cotidiano, a habilidade
duração. de manejar com segurança a terapia farmacológica deve ser com-
Sempre que um paciente chega confuso nas emergências, é partilhada por esses profissionais, que, a partir de conhecimentos
bom desconfiar de ingestão de substâncias sedativas. Além dos pro- distintos, devem ser capazes de trocar, acrescentar informações e
cedimentos usuais, como lavagem gástrica, a equipe pode utilizar atuar de modo a completar e propor ações que possibilitem um
substâncias antagônicas. Como exemplo, podemos citar o Naloxo- atendimento rápido e eficaz ao paciente.
neR EV para reverter sobredosagem de heroína, e o FlumazenilR
para reverter superdosagem por uso de benzodiazepínicos. Embora Início e Finalização da Ação dos Medicamentos
as prescrições medicamentosas sejam feitas pela equipe médica, a Medicamentos exercem seus efeitos terapêuticos por meio de
previsão da demanda medicamentosa é uma importante atribuição ligação a molécula-alvo (receptores, enzimas, canais iônicos, ácidos
da enfermagem para a eficiência no atendimento. nucléicos) presentes nas células. A magnitude do efeito produzido
Em casos de abstinências a opiáceos como a heroína, o des- a partir desta interação (medicamento-molécula-alvo) depende,
conforto é maior do que os riscos da letalidade apresentada na especialmente, da concentração dessa substância no sítio de ação.
abstinência do álcool. O usuário desta droga, ao parar de usá-la, Há vários fatores que afetam esta importante variável, como, por
sente náuseas, vômito, diarreia, dores musculares, piloereção (arre- exemplo, a dose, a via de administração e a farmacocinética - ab-
pio), rinorréia (coriza) ou lacrimejamento e mal-estar generalizado. sorção, distribuição, metabolização e excreção - do medicamento.
A melhor opção terapêutica é o uso de ClonidinaR, cujo principal
problema é a queda da pressão arterial, fato que exige o controle Via de Administração
rigoroso dos sinais vitais. A escolha da via depende das propriedades físico-químicas dos
Outras substâncias, como maconha e inalantes, levam vários medicamentos, das condições física e mental do paciente e do efei-
jovens aos serviços de emergência, principalmente nas madrugadas to desejado, pois é a via de administração que determina o início do
de sexta-feira e sábado, quando as festas estão em seu auge. O uso efeito terapêutico. As características das vias de administração mais
de maconha pode desencadear quadros de ansiedade, e o uso de comumente usadas estão ilustradas na Tabela abaixo.
maconha de excelente qualidade, sem mistura, pode desencadear Uma vez administrado, o medicamento percorre o organismo
um quadro psicótico. passando por fases que estão envolvidas no início (absorção e dis-
Por outro lado, inalantes como colas, tintas, removedores e tribuição) e na finalização (metabolismo e excreção) de sua ação.
gasolina são solventes, ou seja, são substâncias capazes de dissol- Cada medicamento apresenta farmacocinética particular, ou seja, o
ver gordura. Como grande parte do cérebro é formado da gordura próprio perfil de absorção, distribuição, metabolização e excreção.
mielina, o uso crônico destas substâncias pode, paulatinamente,
ocasionar sérias consequências neurológicas. O tratamento, nestes
casos, é voltado para os sintomas apresentados, impondo à equipe
maior poder de observação para retirá-lo da crise.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Absorção Condições Clínicas que Afetam a Distribuição
A absorção representa a transferência do medicamento do A insuficiência hepática, geralmente, diminui a síntese de al-
local de administração para a corrente sanguínea. Os fatores que bumina, ocasionando uma queda nos níveis plasmáticos de medi-
influenciam este processo incluem a via de administração, a solu- camentos que se ligam muito à proteína, como os ácidos fracos,
bilidade do medicamento, o tipo de formulação farmacêutica e as podendo elevar a concentração da fração livre deste e aumentar os
condições do local de absorção (fluxo sanguíneo tecidual, motilida- efeitos de toxidade.
de do trato gastrointestinal, ph e tipo de dieta). O volume de distribuição de um medicamento relaciona sua
As diferentes vias de administração apresentam uma veloci- concentração sanguínea com a quantidade total no corpo. Assim,
dade de absorção particular, que depende da estrutura tecidual qualquer fator que altere a concentração do medicamento no tecido
na qual foi depositado o medicamento. A absorção do TGI é lenta, altera também o volume de distribuição. Os pacientes edemaciados
quando comparada à mucosa sublingual. A solubilidade dos medi- possuem um volume de distribuição grande para os medicamentos
camentos orais depende da formulação farmacêutica, e os líquidos hidrofílicos, devido o acumulo de água no espaço extracelular, o
são absorvidos mais rapidamente que os sólidos. que torna necessária a administração de doses de ataque em altas
O fluxo sanguíneo dos tecidos interfere na velocidade de ex- concentrações (infusão inicial) para obtenção do efeito esperado.
tração do medicamento. Assim, quanto maior a vascularização do Na ICC e na IC, os medicamentos, geralmente, são distribuídos
tecido, mais rápida a absorção. Situações como dor e estresse po- de forma precária para os tecidos menos irrigados, expondo órgãos
dem reduzir a absorção dos medicamentos, devido à vasoconstri- nobres, como coração e sistema nervoso central (SNC), a uma con-
ção periférica. centração excessiva. A insuficiência renal é, geralmente, acompa-
Medicamentos orais são absorvidos mais facilmente quando nhada da redução de proteínas plasmáticas; desta forma, agentes
ministrados entre as refeições. A presença de alimentos, geralmen- como a fenitonína, que se ligam extensamente às proteínas plasmá-
te, retarda a absorção, além de haver a possibilidade de interação ticas, apresentam volume de distribuição maior com consequente
alimento-medicamento. Alguns medicamentos são destruídos, se redução das concentrações séricas (circulante), mas com níveis ele-
administrados junto às refeições, pelo aumento do ácido clorídrico. vados da fração livre, podendo desencadear toxidade.
Nos idosos, a redução de massa do tecido adiposo, água corpo-
Condições clínicas que afetam a absorção ral, massa magra e de proteínas plasmáticas predispõe à ampliação
A alteração de fluxo sanguíneo decorrente da redução do débi- de efeito dos antidepressivos e corticoides.
to cardíaco por insuficiência circulatória (IC), da insuficiência cardí-
aca congestiva (ICC) ou do envelhecimento acarreta diminuição da Metabolização
absorção de medicamentos. Na IC a absorção de medicamentos por A metabolização de medicamentos ocorre nos pulmões, nos
via IM ou SC encontra-se, também, reduzida. rins, no intestino, no sangue e, principalmente, no fígado. Este ór-
Medicamentos como a Morfina, quando administrados por via gão representa o principal laboratório que sintetiza proteínas plas-
SC em pacientes com IC, devem sofrer ajuste de dose, no intuito de máticas e enzimas responsáveis por catalisar reações químicas de
evitar ineficácia terapêutica (devido à baixa perfusão tecidual) ou transformação de nutrientes e medicamentos em compostos me-
toxidade (após restauração da circulação tecidual). nos ativos, mais semelhantes à molécula da água para serem elimi-
As alterações decorrentes do processo de envelhecimento, nados do organismo. Entretanto, nem sempre os produtos da me-
representadas pela redução da motilidade intestinal e do fluxo tabolização são inertes. Alguns mostram atividade farmacológica
sanguíneo (esplênico e mesentérico), diminuição na produção de igual ao próprio medicamento, como por exemplo, o acetamenofe-
secreção ácida no estomago e do número de enterócitos (célula no, metabólico da fenacetina (anti-inflamatório). Outros metabóli-
epitelial da camada superficial do intestino delgado e grosso), são cos possuem propriedades tóxicas, como ocorre com a normeperi-
capazes de reduzir de maneira importante a absorção de medica- dina – produto da meperidina (dolantina).
mentos, independentemente da condição patológica. Os pacientes
portadores de insuficiência renal (IR) apresentam absorção incom- Condições Clínicas que afetam a Metabolização
pleta de medicamentos, devido à utilização frequente de antiácidos A Insuficiência Hepática causada por lesões como a cirrose re-
e distúrbios do TGI, como náuseas e vômitos. duz o fluxo sanguíneo hepático e aumenta as concentrações séricas
dos medicamentos administrados por VO, principalmente daque-
Distribuição les que sofrem efeito de primeira passagem, como o propranolol,
A distribuição diz respeito ao deslocamento do medicamento a morfina e a nifedipina. Nessas condições, é aconselhável o uso
da circulação sistêmica para os tecidos. Esta fase depende além do de medicamentos metabolizados e excretados por via renal, para
débito cardíaco, da fração de ligação dos medicamentos às proteí- evitar maiores danos ao paciente.
nas plasmáticas (albumina, beta-globulina), do volume de distribui- Um grande problema em relação à metabolização é o uso de
ção e da dinâmica circulatória. Quando os medicamentos acessam indutores e inibidores enzimáticos e as interações advindas das
a circulação sistêmica, uma fração é rapidamente distribuída aos combinações. Os indutores, como a carbamazepina, a fenitoína e o
tecidos (fração não-ligada) e a outra se liga às proteínas plasmáticas fenobarbital, aumentam a degradação e a excreção de outros medi-
(fração ligada). camentos administrados conjuntamente, reduzindo o efeito farma-
A fração ligada não é capaz de atravessar membranas bioló- cológico de ambos. Em contrapartida, inibidores como a cimetidina
gicas, servindo de reservatório dos medicamentos. Entretanto, retardam a degradação dos medicamentos, intensificando a ação,
quando a fração não-ligada (forma ativa) diminui nos tecidos, os seja terapêutica, seja tóxica.
medicamentos soltam-se das proteínas plasmáticas, reduzindo sua Nos idosos, apesar da redução da atividade enzimática do ci-
concentração plasmática, e deixam a circulação com destino ao te- tocromo P450, do fluxo sanguíneo e das proteínas plasmáticas, o
cidos. prejuízo na metabolização dos medicamentos é irrelevante. Porém,
quando o idoso é portador de insuficiência orgânica ou usuário crô-
nico de indutores ou inibidores enzimáticos, a questão assume um
vulto importantes devido o risco de interações medicamentosas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Excreção
A composição química da substância, geralmente, determina o órgão de sua excreção. As glândulas exócrinas excretam medicamentos
lipossolúveis. Quando os medicamentos são excretados pelo TGI, muitos passam por transformação química no fígado e são eliminados
pela bile. Fatores que afetam o peristaltismo alteram a excreção de medicamentos pelo TGI. Por exemplo, os laxantes aceleram a excreção,
os analgésicos opióides retardam o processo.
A meia-vida é um termo que diz respeito ao tempo que o organismo leva para excretar metade de uma determinada dose do medica-
mento. Este parâmetro depende do ritmo de depuração e do volume de distribuição do medicamento. Por exemplo, a morfina apresenta
uma meia-vida de 4 horas. Assim, um indivíduo com funções orgânicas preservadas, a frequência de administração deste agente é de 4/4
horas.
A maioria dos medicamentos é biotransformada no fígado e excretada pelos rins, alguns inclusive de forma inalterada. Quando a ex-
creção renal encontra-se prejudicada, faz-se necessário reajuste da dose para evitar toxidade. Na ausência de situações clínicas, a ingestão
líquida normal assegura a eliminação apropriada do medicamento.

Condições Clínicas que Afetam a Excreção


A redução do fluxo sanguíneo renal, decorrente de condições fisiopatológicas que apresentam baixo débito cardíaco (IC, ICC, enve-
lhecimento), resulta na diminuição da filtração glomerular e consequente atraso na excreção de medicamentos eliminados por essa via.
Nessa situação a meia-vida dos medicamentos encontra-se elevada. Portanto, agentes, especialmente nefrotóxicos, precisam de reajuste
posológico ou, em alguns casos, da suspensão da terapia.15

ECG – ALTERAÇÕES BÁSICAS

Ritmos que fazem um diagnóstico sem necessidade de mais análise

1. Assistolia
É um ritmo de PCR não desfibrilhável. É caracterizado por uma linha isoelétrica.
Infelizmente atinge 100% da população em diferentes idades. Revertida por vezes com adrenalina e SBV.

15 Fonte: www.irp-cdn.multiscreensite.com

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2. Atividade elétrica sem pulso O bloqueio AV de segundo grau corresponde a falhas na condu-
Qualquer ritmo com QRS (excepto TV) em que o utente não ção AV que são irregulares ou intermitentes.
apresente pulso é considerado uma actividade elétrica sem pulso, O bloqueio AV de segundo grau Mobitz I corresponde a um
independentemente da forma ou ondas presentes. É um ritmo de atraso progressivamente maior no intervalo PR até que a onda P
PCR não desfibrilhável. Devido à possibilidade deste ritmo estar pre- não é conduzida. Após esta falha reinicia com uma onda P nomal ou
sente, antes de analisar o ECG confirmar que o doente tem pulso. discretamente aumentada, e continua a aumentar progressivamen-
te até que falha outra vez. Numa analogia de fácil memorização, o
Alterações da onda P Mobitz I é o filho bom que sai à noite e chega tarde, nos dias seguin-
A onda P regista a despolarização e contração auricular. É vista tes cada vez mais tarde até que um dia não vem dormir a casa. Após
normalmente bem na derivação V1. este dia volta ao inívio.
A alteração mais frequente é a fibrilhação auricular, muito fre-
quente na população idosa. É caracterizada pela ausência de ondas
P visíveis. Existe uma actividade caótica e irregular das aurículas.

O bloqueio AV de segundo grau Mobitz II corresponde a atrasos


na condução AV com falhas irregulares e imprevisíveis. O intervalo
P-P é normalmente regular e o intervalo RR que inclui à onda P blo-
Por si não tem grande importância para a vigilância de enfer- queada é igual à soma de dois intevalos PP. Na analogia anterior, o
magem, excepto se for uma FA de novo que possa necessitar de tra- Mobitz II é o filho mau que nunca se sabe se vem dormir a casa ou
tamento urgente. A monitorização incide sobre as consequências não.
da FA, nomeadamente a frequência ventricular. É um ritmo de alguma gravidade com riscos a curto prazo e
Outra alteração muito menos frequente é o flutter auricular, pode ter indicação para colocação de pace-maker.
um ritmo de reentrada visualizado no ECG como várias ondas P con-
secutivas em serra. Existem várias ondas P muito rápidas que não
são conduzidas para o nó AV e apenas uma em 4 ou 5 gera um QRS.
Por vezes pode dar origem a uma taquicardia muito rápida se vá-
rias ondas P forem conduzidas num curto periodo de tempo. Pode
contar-se a frequência auricular da mesma forma que se conta a
frequência ventricular (pelo topo das ondas P neste caso).

O bloqueio AV de segundo grau 2:1 é um ritmo em que uma


onda P conduzida alterna com uma onda P não conduzida.

Alterações do intervalo P-R


O intervalo PR inclui o tempo da despolarização auricular, o
atraso fisiológico nódulo AV (há uma breve pausa quando a corren-
te elétrica atinge o nó AV, e o ECG fica em silêncio) e a passagem O bloqueio AV de 3º grau ou completo é um ritmo em que exis-
impulso através do feixe de His e seus ramos até ao início da despo- tem ondas P com intervalo regular, existem QRS com intervalo regu-
larização ventricular. lar, mas estão completamente dissociados um do outro. Pode gerar
As principais alterações deste intervalo são os bloqueios auri- bradicardias extremas dado que a origem da contração ventricular
culo-ventriculares. é o próprio ventrículo e este tem um estímulo lento. Tem indicação
O bloqueio AV de primeiro grau corresponde a um atraso na para colocação de pace-maker definitivo e se existirem sinais de
condução (intervalo PR superior a 0,2s) que é sempre igual ao longo choque, pace temporário externo.
do traçado e onde todas as ondas P são conduzidas para um QRS.
De notar que este intervalo se conta desde o início da onda P e não
apenas o espaço isoelétrico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Alterações do QRS O espaçamento medido estre cada RR diz-nos se estamos
A onda de despolarização espalha-se ao longo do sistema de perante uma bradicardia ou uma taquicardia. Em conjunto com a
condução ventricular (feixe de His, ramos, e fibras de Purkinje) e análise de cada onda e segmento descritos acima temos um nome
sai para o miocárdio ventricular. A despolarização ventricular gera atribuível ao ritmo. Alguns exemplos:
o complexo QRS. - Na ausência de ondas P e uma frequência ventricular de
A análise do QRS é feita essencialmente pela sua altura (vol- 40bpm, temos uma FA de resposta ventricular lenta (FA de RVL)
tagem) e largura (velocidade de condução). Os eletrocardiógrafos - Na presença de complexos ventriculares muito largos e uma
de 12 derivações calculam automáticamente o eixo. Em enferma- frequência de 160bpm temos normalmente uma taquicardia ven-
gem interessa analisar essencialmente a largura (duração) do QRS. tricular.16
Normalmente tem um máximo de 0,12s. Quanto mais largo, mais
lenta é a passagem. É usado muitas vezes para distinguir a origem
do ritmo visualizado, dado que complexos largos têm uma origem DESFIBRILAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA
normalmente ventricular, e complexos estreitos, uma origem mais
alta (nó AV ou supraventricular). Os ritmos ventriculares são sem- A desfibrilação é a aplicação de uma corrente elétrica no co-
pre de maior risco. ração de um paciente. E tem por objetivo evitar a sua morte por
parada cardíaca.
O DEA (Desfibrilador Externo Automático), aparelho utilizado
nesse procedimento, também é indicado para tratar problemas de
arritmias, fibrilação atrial ou ventricular e taquicardia.
Apesar de a faixa etária mais afetada pelo problema ser de ido-
sos depois dos 60 anos, a parada cardiorrespiratória também aco-
mete adultos com mais de 40 anos e até mesmo jovens a partir de
18 anos, matando aproximadamente 300 mil brasileiros por ano.
Boa parte dessas mortes poderia ser evitada se próximo ao in-
A ausência de QRS, mas com presença de ondas irregulares em cidente tivesse um desfibrilador disponível. Tendo isso em mente, é
forma e morfologia está associada a fibrilhação ventricular, um rit- importante não só ter esse aparelho em locais públicos, como tam-
mo de PCR desfibrilhável. bém saber utilizá-lo ou contar com socorristas que detenham esse
conhecimento.
Neste artigo, preparamos um pequeno guia sobre como utilizar
um DEA. Sabendo esses procedimentos, você estará apto a salvar
uma vida. Acompanhe!

Preparação para uso do desfibrilador


O primeiro passo a ser dado antes de utilizar um DEA é fazer a
Alterações do segmento ST massagem cardíaca no indivíduo. Caso esteja acompanhado, é in-
O segmento ST conta-se do final do QRS até início onda T (iso- teressante que uma pessoa faça a massagem enquanto a outra vai
elétrico normalmente). Corresponde ao relaxamento do miocárdio. preparando o aparelho.
As principais alterações deste segmento estão no seu desnive- A massagem cardíaca precisa ser realizada o quanto antes,
lamento, principalmente para voltagens positivas (Supra desnive- principalmente em casos em que não se sabe há quanto tempo o
lamente) nos casos de síndromes coronários agudos. Outras pato- paciente está inconsciente. Faça compressões no peito, intercalan-
logias também podem dar supra desnivelmentos como o bloqueio do com respirações boca a boca.
de ramo esquerdo ou mesmo com a utilização de pace-makers. No Não deixe de telefonar para a emergência, pois o profissional
caso de SCA, a presenta de SST é uma indicação para realização de pode ajudar nesse processo dando as orientações corretas.
intervenção coronária.
Utilização do DEA
Alterações da onda T O uso do desfibrilador acontece segundo os quatro passos se-
A onda T regista a repolarização ventricular. guintes:
Existem várias alterações da onda T, sendo as mais comuns a Ligue o aparelho: ligue o DEA e escute atentamente às instru-
inversão da onda T nas derivações onde é normalmente positiva em ções sobre como proceder.
alguns casos de síndromes coronários agudos,e a elevação anormal Posicione os eletrodos: normalmente, os eletrodos dos DEAs
da onda T, por vezes maior que o QRS em casos como a hipercali- são adesivos em coxim. O coxim direito deve ser posicionado em-
émia. baixo da clavícula da vítima, enquanto o esquerdo deve ser aderido
abaixo do mamilo esquerdo.
Alterações do intervalo RR (Regularidade e Intervalo) É importante que os eletrodos sejam posicionados correta-
O intervalo RR é analisado quanto à sua regularidade e o seu mente, para que a corrente elétrica atinja mais fibras cardíacas.
espaçamento. Aguarde o aparelho analisar a condição do paciente: depois de
Um ritmo regular tem os intervalos RR sistematicamente posicionar os coxins no paciente, instale o cabo do aparelho na luz
iguais. Quando estes não são iguais estamos perante uma arritmia. indicativa. A partir daí, o DEA irá fazer uma análise do seu ritmo
As causas mais frequentes estão normalmente na onda P (fibrilha- cardíaco.
ção auricular) e no intervalo PR (bloqueios AV). Também é por vezes É o resultado dessa análise que determinará se é necessário
possível visualizar arritmias sinusais, em que cada tira desde o P aplicar o choque ou não. Quando a análise aponta para a não reali-
até à T são normais, mas o intervalo RR vai variando. Pode estar zação do choque, deve-se prosseguir com a massagem e aguardar a
associada à variação da pressão na ventilação ou a outros fatores. chegada da emergência.
16 Fonte: ccenf.pt

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Dê o choque: se a análise do desfibrilador apontar que é preci- A abelha africana (ou africanizada) é muito parecida com a abe-
so efetuar o choque no paciente, veja primeiro se não tem ninguém lha europeia, usada como polinizadora na agricultura e para produ-
muito perto ou em contato com o DEA ou com a vítima. ção de mel. Os dois tipos têm a mesma aparência e seu comporta-
Assim, pressione o botão de choque. É importante ressaltar mento é similar, em muitos aspectos. Nenhuma das duas tende a
que o aparelho dá uma descarga elétrica por vez. Em um período picar quando retiram néctar e pólen das flores, mas ambas o farão
de dois minutos, é feita uma nova avaliação do ritmo cardíaco do para defender-se, se são provocadas. Um enxame em voo, ou des-
indivíduo, apontando o próximo passo a ser seguido. cansando momentaneamente, raramente molesta pessoas, porém,
O desfibrilador não deve ser removido após o procedimento. qualquer tipo de abelha se torna defensiva quando se estabelece
Aguarde o atendimento médico. para formar uma colmeia e começa a se reproduzir.
Características das Abelhas Europeias e Africanas
Preparações especiais - São praticamente iguais no aspecto
Antes de posicionar os eletrodos do DEA no paciente, é preciso - Protegem a colmeia e picam para defender-se
atentar a alguns detalhes. No caso em que a vítima é um homem - Podem picar apenas uma vez (cada uma)
com muito pelo na região peitoral, deve-se raspar a área antes da - Têm o mesmo tipo de veneno
colocação dos coxins, a fim de que eles fiquem aderidos diretamen- - Polinizam flores
te na pele. - Produzem mel e cera
Antes de utilizar um DEA, certifique-se de que o paciente não Características das Abelhas Africanas
está molhado. Caso esteja, seque-o. - Respondem rapidamente e atacam em enxames
O eletrodo do desfibrilador também não pode ser colado sobre - Se sentem ameaçadas por pessoas e animais a menos de 15
implantes de marca-passo e medicamentos adesivos, uma vez que m da colmeia
pode haver interferência na corrente elétrica. Acessórios de metal - Sentem vibrações no ar até a distância de cerca de 30 m da
como joias, pulseiras médicas e sutiãs com aro de metal devem ser colmeia
removidos da pessoa. - Perseguem os intrusos por cerca de 400 m ou mais
- Estabelecem colmeias em cavidades pequenas e em áreas
protegidas, tais como: caixas, latas e baldes vazios, carros abando-
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS - SUPORTE nados, madeira empilhada, moirões de cercas, galhos e tocos de
BÁSICO DE VIDA/ SUPORTE AVANÇADO DE VIDA árvores, garagens, muros, telhados, etc.
As picadas produzidas por abelhas e vespas estão entre os tipos
Em sua diversidade geográfica, o Brasil é um país rico em flora mais encontrados de picaduras de insetos. O ferrão da abelha, ves-
e fauna. São florestas, rios, montanhas, semiáridos e litoral, habita- pa ou formiga se projeta da porção posterior do abdômen do inseto
dos por inúmeras espécies de animais, que variam de acordo com para injetar veneno na pele da vítima.
a localização geográfica ou que ocorrem indiscriminadamente em Mesmo sem medidas específicas de primeiros socorros, de-
quase todas as regiões do território nacional. ve-se ficar atento para algumas das consequências resultantes de
Muitas espécies de animais, que povoam a flora brasileira, são picadas por insetos. Os acidentes por picadas de abelhas e vespas
dotadas de mecanismos de defesa que têm peçonhas ou venenos. apresentam sintomas distintos. O perigo da picada da abelha, por
São animais peçonhentos. Entre estes se destacam, pela frequência exemplo, está mais na quantidade de picadas recebidas do que no
de acidentes que causam entre a população, os insetos, escorpiões, veneno em si e está muito relacionada à sensibilidade do indivíduo
aranhas e cobras. O veneno destes animais pode causar dolorosas ao veneno. Calcula-se que uma pessoa que receba de 300 a 500
intoxicações e, muitas vezes, se não houver socorro imediato, mor- picadas pode até mesmo morrer, devido às diferentes reações que
te. a quantidade de veneno pode provocar.
Portanto animais peçonhentos são aqueles, vertebrados ou in- O acidente mais frequente é aquele no qual um indivíduo não
vertebrados, que possuem glândulas de veneno que se comunicam sensibilizado ao veneno é acometido por poucas picadas.
com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno é Outra forma de apresentação clínica é aquela na qual a vítima
injetado com facilidade. Já os animais venenosos são aqueles, ver- previamente sensibilizada a um ou mais componentes do veneno
tebrados ou invertebrados, que produzem veneno, mas não pos- manifesta reação de hipersensibilidade imediata. É ocorrência gra-
suem um aparelho inoculador (dentes ou ferrões), provocando en- ve, podendo ser desencadeada por apenas uma picada e exige o
venenamento passivo que são os ocasionados por ingestão, onde atendimento especializado imediato, pois se manifesta por edema
há numerosas espécies de moluscos marinhos que já provocaram de glote, bronco-espasmo acompanhado de choque anafilático.
mortes por serem ingeridos (peixe baiacu); ou por contato (lonomia A terceira forma de apresentação deste tipo de acidente é a de
ou pararama), ou ainda por compressão (sapo). múltiplas picadas. Na maioria das vezes este tipo de acidente ocorre
na execução de trabalho de campo, quando a vítima é atacada por
Insetos um enxame. Nesse caso ocorre inoculação de grande quantidade de
Os insetos catalogados no Brasil alcançam quase meio milhão veneno, devido às múltiplas picadas, em geral centenas ou milha-
de espécies. Várias classes de insetos podem produzir picadas ou res. Em decorrência, manifestam-se vários sinais e sintomas, devido
mordidas dolorosas. Na maior parte dos acidentados com esses à ação das diversas frações do veneno. Este tipo de acidente é raro.
animais, as manifestações não são graves. Geralmente a vítima re- Algumas pessoas - a maioria - desenvolvem uma reação locali-
clama de dor no local da picada, que é seguida de uma pequena zada à picada de abelha e de outros insetos, com sintomas de uma
inchação. Os principais animais que produzem estas manifestações reação de hipersensibilidade. Geralmente a vítima apresenta:
são abelhas, vespas, mosquitos, escorpiões, lagartas e aranhas. - dor generalizada;
- prurido intenso; generalizado,
Abelhas e Vespas - pápulas brancas de consistência firme e elevada,
Conhecer um pouco a respeito destes insetos auxilia na obser- - fraqueza,
vância de determinados cuidados afim de evitar ou de reduzir o ris- - cefaleia,
co de ser picado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
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- apreensão e medo, com agitação podendo posteriormente As manifestações hemorrágicas são causadas principalmente
evoluir para estado torporoso. pelas lagartas taturana ou tatarana. Estas quando em contato com
Geralmente os sintomas são de curta duração, desaparecen- a pele humana produzem queimaduras. Entre 2 e 72 horas após
do gradativamente sem medicação. Em algumas pessoas, porém, o acidente aparecem hematomas, equimoses, hematúria, gengi-
a reação ao veneno de um inseto pode assumir caráter sistêmico, vorragia, cefaleia e palidez. Acredita-se que o veneno tenha ação
tais como: fibrinolítica e ação semelhante à coagulação intravascular dissemi-
- insuficiência respiratória; nada. Ocorre o consumo de fatores de coagulação e a seguir apare-
- edema de glote; ce, como complicação dos fenômenos hemorrágicos, a insuficiência
- broncospasmo; renal aguda, que pode ocorrer em até 5% dos casos, em pacientes
- edema generalizado das vias; acima de 45 anos e com sangramento intenso.
- hemólise intensa, acompanhada de insuficiência rena; As manifestações osteoarticulares, as periartrites, normalmen-
- hipertensão arterial. te falangeanas, ocorrem principalmente nos seringueiros da região
Muito rapidamente estes sintomas podem evoluir para os sin- Amazônica que entram em contato com as lagartas comumente
tomas clássicos de choque e, em seguida, morte. chamadas de pararama. Pararamose, assim como é chamada popu-
larmente, é a doença considerada profissional, de natureza inflama-
Lacraias tória, causada pelo contato acidental com as cerdas destas lagartas.
Os quilópodes, conhecidos popularmente como lacraias ou A reação cutânea inicial é semelhante ao das outras espécies de
centopeias, possuem corpo dividido em cabeça e tronco articulado, lagartas (dor, prurido e eritema). A exposição subsequente e conti-
de formato achatado, filiforme ou redondo, permitindo fácil loco- nuada acaba por levar o paciente a uma artrite crônica deformante.
moção. As lacraias estão distribuídas por todo o mundo em regiões
temperadas e tropicais. São bastante agressivas, mas não colocam Primeiros Socorros para picadas de Insetos
em perigo a vida humana. Não existe tratamento específico de primeiros socorros que
Devido à dificuldade em coletar quantidades adequadas de seja eficaz no caso de picadas de insetos.
veneno, pouco se conhece sobre o mecanismo de ação, sugerin- Após observação do estado geral de uma vítima de picada de
do-se atividade exclusivamente local, mas na maioria das vezes o inseto, com atenção para os sintomas descritos acima, proceder da
quadro clínico é benigno, causando apenas envenenamento local seguinte maneira:
sem maiores consequências, caracterizado por dor local imediata - Mantenha a calma.
em queimação, de intensidade variável, que pode permanecer por - Instituir imediatamente o suporte básico à vida, observando
várias horas, acompanhada ou não de prurido, hiperemia, edema e os sinais e funções vitais.
com evolução para necrose superficial. - No caso de múltiplas picadas de abelhas ou vespas, levar o
acidentado rapidamente ao hospital, juntamente com uma amostra
Sintomas dos insetos que provocaram o acidente.
Eventualmente podem estar presentes sintomas tais como ce- - Abelhas deixam o ferrão e o saco de veneno no local da pica-
faleia, vômitos, ansiedade, agitação, angústia, pulso irregular, ton- da. Se houver suspeita de picada de abelha, retirar cuidadosamente
turas, paresia ou dormência da região afetada, linfadenite, linfangi- o ferrão e o saco de veneno da pele. Não usar pinça, pois provocam
te e alterações cardíacas passageiras. a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na ino-
culação do veneno ainda existente no ferrão. A melhor técnica é a
Lagartas Venenosas raspagem do local com uma lâmina limpa, até que o ferrão se solte
A ordem Lepidóptera possui mais de cem mil espécies de in- sozinho. Após a remoção o local deve ser lavado com água e sabão,
setos distribuídos pelo planeta. A maioria desses animais pode ser para prevenir a ocorrência de infecção secundária. Aplicar bolsa de
encontrada em árvores e arbustos, alimentando-se de suas folhas. gelo para controlar a dor.
São conhecidos na forma adulta como borboletas ou mariposas. As - Nos acidentes com lagartas recomenda-se a lavagem na re-
formas adultas raramente causam problemas ao homem. gião atingida com água fria, aplicação de compressas frias, elevação
Quase todos os acidentes com lepidópteros decorre de conta- do membro acometido e encaminhar para atendimento médico os
to com as formas larvais do inseto (lagartas, taturana ou tatarana, indivíduos que apresentam ardor intenso.
sauí, lagartade-fogo, chapéu-armado, taturana-gatinho e taturana- - Não dê bebidas alcoólicas à vítima.
-de-flanela). Os surtos epidêmicos de dermatite são resultantes do - Nos casos de dores intensas, encaminhar a vítima para aten-
contato da pele com lagartas urticantes, quando há contato entre a dimento especializado.
pele e os feixes de espinhos venenosos. São acidentes comuns no - Remover com a maior urgência para atendimento especializa-
Brasil, e ocorrem com maior frequência nos meses quentes. do, em caso de reação de hipersensibilidade.
A ação do veneno é pouco conhecida. O quadro clínico apre- - Não pegue o animal agressor com a mão.
senta manifestações que dependem da intensidade e extensão do - Se possível levar o animal para identificação.
contato. As três principais manifestações clínicas são as seguintes: Finalizando, deve ser salientado que os acidentes por animais
dermatológicas, hemorrágicas e osteoarticulares. peçonhentos constituem emergência médica frequente em nosso
No momento do acidente a vítima sente uma sensação inten- meio, requerendo tratamento adequado e imediato, evitando com
sa de queimação e dor no local, de leve a muito intensa, podendo isso que muitos doentes evoluam para o óbito.
ocorrer irradiação da dor para as axilas e regiões inguinais. Acom-
panha eritema, edema, lesões papulares e prurido. As flictenas e as Prevenção contra picadas de insetos
vesículas podem formar-se 24 horas após o acidente com necrose Existem alguns procedimentos de orientação que devem ser
superficial e hiperpigmentação. Mal-estar, sensação febril, náuse- observados na execução de trabalhos de campo e que auxiliam na
as, vômitos, diarreia, lipotimia e outros sintomas podem aparecer. prevenção destes tipos de acidentes, são eles:
Geralmente o quadro regride em 2 a 3 dias, sem complicações ou
sequelas.

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Quando ocorrer surtos de Hylesia (Mariposa-da-coceira) afas- Os acidentes têm ocorrência regional e sazonal, sendo a maio-
tar-se de luminárias, principalmente com lâmpadas de mercúrio e ria em indivíduos de 15 a 50 anos, com discreto predomínio no sexo
fluorescentes. Nestas ocasiões a troca de roupas de cama, antes de masculino. Os membros superiores e inferiores são os locais mais
dormir, faz-se necessária, bem como a limpeza por meio de pano acometidos (70%) dos casos). O gênero Tityus é o que tem maior
úmido, retirando-se, dessa forma, as inúmeras e microscópicas cer- importância no Brasil. Estes tipos de escorpiões têm na maioria de
das. 6 a 7 cm de tamanho.
- A remoção das colônias de abelhas e vespas, situadas em lu- Frequentemente escondem-se em lugares sombrios e frescos,
gares públicos ou residências, deve ser efetuada por profissionais sob madeiras, pedras, cascas de árvores, tijolos, folhas, telhas, etc,
capacitados e equipados. junto a domicílios. Picam ao serem molestados.
- Evite aproximar-se de colmeias de abelhas africanizadas Apis
mellifera sem estar com equipamento e vestuário específico (maca-
cão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.)
- Evitar a aproximação dos ninhos quando as vespas estiverem
em intensa atividade, cujo pico é atingido geralmente entre 10 e 12
horas. Evitar a aproximação dos locais onde as vespas estejam cole-
tando materiais, como hortas, onde estes insetos buscam lagartas
para alimentação de suas proles; jardins (coleta de néctar); galhos,
troncos e folhas (onde eles coletam fibras para construir ninhos de
celulose); locais onde haja água principalmente em dias quentes,
outras fontes de proteína animal e carboidratos tais como frutas
caídas, caldo de cana, pedaços de carne e lixo doméstico. Evitar
aproximar o rosto de determinados ninhos de vespas, pois algumas O veneno do escorpião exerce uma ação neurotóxica direta so-
esguicham o veneno, podendo provocar sérias reações nos olhos. bre os neurônios do córtex, cerebelo e medula espinhal. Pode ocor-
- Evitar caminhar e correr na rota de voo percorrida pelas ves- rer a impregnação dos núcleos neurovegetativos do bulbo, levando
pas e abelhas. Ter cuidado ao entrar em local que possa abrigar col- à morte por choque e apneia.
meia. Muitos escorpiões, porém, produzem ferroadas inócuas, com
- Não usar perfume fortes, desodorantes, sabonete, loção pós- os sinais comuns de vários graus de edema, com dor e alteração de
-barba e spray fixador para cabelo. O próprio suor intenso do corpo cor da pele.
desencadeiam o comportamento agressivo e consequente o ataque
de abelhas e vespas. · Usar roupas claras, pois as escuras (principal-
mente azul escuro e preto) atraem as abelhas
- Não gritar: as abelhas são atraídas por ruídos, principalmente
os agudos
- Evitar movimentos bruscos e excessivos quando próximo a
alguma colmeia.
- Examinar a área de trabalho antes de montar acampamento
ou de utilizar equipamentos motorizados. · Prestar atenção ao zum-
bido característico de um enxame.
- Observar se há abelhas entrando ou saindo do mesmo lugar.
- Ficar alerta ao executar as atividades de trabalho de campo.
- Na prevenção de acidentes com Lonomia sp, deve-se verifi- Os sintomas sistêmicos nos casos moderados e graves podem
car a presença de folhas roídas na copa de ariticuns, cedros, ipês, surgir após intervalo de minutos até horas (2 a 3). A gravidade des-
pessegueiros, ameixeiras, abacateiros; verificar casulos e fezes de tes acidentes depende da espécie e tamanho do escorpião (os aci-
lagartas no solo, parecidos com pimenta-do-reino. Observar duran- dentes com escorpiões amarelos têm maior gravidade), da quanti-
te o dia os troncos de árvores, locais onde as larvas poderão estar dade de veneno inoculado e da sensibilidade da vítima ao veneno.
agrupadas. À noite, as taturanas dirigem-se para as copas das árvo- Influirão na evolução do quadro a precocidade do diagnóstico, o
res para se alimentarem das folhas. tempo decorrido desde a picada até o início do atendimento, o uso
- Utilizar luvas de borracha, especialmente as pessoas que têm de soroterapia e a perfeita manutenção das funções vitais.
contato frequente com as plantas. Observar rapidamente o estado geral da vítima para avaliar o
grau de perigo existente no envenenamento. Se for possível identi-
Escorpiões ficar o tipo de escorpião envolvido, pois facilita a atuação das ações
O envenenamento escorpiônico, muito frequente no Brasil, é o de primeiros socorros.
responsável por um significativo número de mortes, especialmen- É boa conduta conhecer a ocorrência de escorpiões na unidade
te entre crianças. Cerca de 80% dos acidentes registrados são da de trabalho e saber reconhecer os tipos mais comuns.
região Sudeste e 15% da região Nordeste, com coeficiente de inci-
dência anual de 2,5 casos por 100.00 habitantes e com letalidade Primeiros Socorros
em torno de 1%. - Lavar a região atingida com água.
Tal como ocorre com as serpentes, o maior número de aciden- - Colocar saco com gelo ou compressa de água gelada sobre o
tes surge nos meses de calor, diminuindo muito no inverno; além local da ferroada para auxiliar no alívio da dor.
disso, é interessante notar que o número de acidentes, nos diversos - Toda atenção deverá ser dada para o caso de desenvolvimen-
períodos do dia e da noite, parecem depender tão somente das cir- to de reações sistêmicas, ou de ferroadas por Tityus serrulatus.
cunstâncias e não de alguma particularidade ecológica. - Pode ser necessário a instituição de suporte básico à vida e
prevenção do estado de choque.
- Remoção imediata para atendimento médico.

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Não pegue o animal agressor com a mão. - Evitar acúmulo de folhas secas, lixo, materiais de construção e
- Se possível levar o animal para identificação. entulho próximo a locais de trabalho e domicílios.
- Evitar folhagens densas (trepadeiras, plantas ornamentais,
Prevenção arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das edifi-
As principais medidas para minorar a ocorrência dos acidentes cações.
por escorpiões são: - Manter a grama aparada.
- Manter limpos os locais de trabalho, domicílios, quintais, jar- - Limpar os terrenos baldios, vizinhos, pelo menos, numa faixa
dins, sótãos e garagens. de um a dois metros junto a edificações.
- Evitar acúmulo de lixo ou entulho próximo ao seu local de - Eliminar ou empilhar adequadamente sobras de materiais de
trabalho ou domicílio. construção, jornais e outros.
- Eliminar ou empilhar adequadamente sobras de materiais de - Proteger mãos e pés ao manipular entulhos ou sobras de ma-
construção, jornais e outros. proteger as mãos e pés ao manipular teriais e podas de árvores.
entulhos ou sobras de materiais. - Observar com cuidado sapatos e roupas, sacundindo-os antes
- No trabalho de campo, o uso de calçados e de luvas de raspas do uso.
de couro pode evitar acidentes. - Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres.
- Observar com cuidado sapatos e roupas, principalmente os - O uso de calçados e de luvas de couro pode evitar acidentes.
menos usados, sacudindo-os antes de usa-los, pois escorpiões po- · Evitar a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento das
dem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o aranhas que deles se alimentam. · Preservar os predadores naturais
corpo. (sapo, galinha, pássaros e lagartos).
- Não por as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres.
- Usar telas em ralos de chão, pias ou tanques. Cobras
- Acondicionar adequadamente o lixo, a fim de evitar a prolife- Os acidentes por cobras merecem atenção, visto que são im-
ração de insetos de que se alimentam os escorpiões. portantes do ponto de vista da saúde pública, por sua frequência e
- Preservar os predadores naturais, como aves de hábitos no- potencial gravidade, sobretudo em países como o Brasil, que apre-
turnos (coruja, João-bobo), sapos, gansos, galinhas, pássaros e la- senta características geográficas favoráveis à existência de grande
gartos. número de espécies de cobras venenosas. Estima-se que anualmen-
te, atinjam cerca de um milhão de acidentes com vítimas, com óbito
Aranhas estimado em 30 a 50 mil.
No Brasil existem numerosas aranhas venenosas, distribuídas
por todas as regiões. Os acidentes envolvendo aranhas têm impor-
tância médica por sua frequência de ocorrência e potencial risco de
complicações associadas.
Os aracnídeos têm hábitos noturnos, alimentam-se de peque-
nos insetos, e por isso os acidentes ocorrem, de um modo geral, no
domicílio ou em regiões do peridomicílio. No Brasil, mais de 95%
dos casos notificados de araneísmo ocorrem nas regiões Sudeste
e Sul.
As partes do corpo mais frequentemente atingidas nestes aci-
dentes são os membros superiores e inferiores com 85% dos aci-
dentes. É importante possuir noções para identificação do ofídio agres-
Primeiros Socorros sor (Quadro XXX), caracterizando-o como peçonhento ou não, pois
A pessoa que for prestar os primeiros socorros precisa saber um grande número de acidentes ofídicos ocorre por serpentes não
identificar o mais rapidamente possível o tipo de picada que a ví- peçonhentas, tendo fundamental importância no tratamento e
tima levou e providenciar imediatamente sua remoção para onde também na autoproteção. A identificação do gênero é importan-
haja pessoal capaz de aplicar o tratamento por soro. te nos casos de serpentes peçonhentas, uma vez que a sorotera-
Para amenizar a dor da vítima, enquanto não ocorre o atendi- pia específica é o recurso terapêutico fundamental para a vítima.
mento especializado, aplicar bolsa de gelo ou compressa de água A identificação pode ser realizada através de suas características
gelada. Se for possível, poderá ser feita a imersão da parte atingida anatômicas ou dos sintomas apresentados pela vítima, já que as
em água fria. Deve-se acalmar e tranquilizar a vítima, não demons- características das peçonhas se mantêm relativamente constantes
trando apreensão com seu estado, observar atentamente os sinais entre os ofídios do mesmo gênero.
vitais, estando pronto para prevenir choque e instituir o suporte
básico à vida.
O tratamento depende do diagnóstico acertado e da identifica-
ção do aracnídeo e, por vezes, inclui soroterapia. A notificação dos
casos é indispensável para garantir o fornecimento adequado de
soro pelo sistema de saúde, além de permitir um melhor conheci-
mento de sua relevância epidemiológica.

Prevenção
Existem algumas medidas que auxiliam na prevenção de aci-
dentes com aracnídeos, são elas:
- Manter limpos os ambientes de trabalho, domicílios, quintais,
jardins, sótãos e garagens.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As partes do corpo mais freqüentemente atingidas são as per-
nas, seguidas dos braços, mais da metade dos acidentes acontecen-
do em áreas abaixo dos joelhos. O acidente nas mãos e antebraço
ocorre, geralmente, no momento em que o indivíduo manipula o
animal em atividades laboratorial ou em trabalho de campo. Não
só as cobras venenosas são perigosas para o homem. As cobras não
venenosas gigantes, com a sucuri e a jibóia, que chegam a medir até
trinta metros de comprimento, podem matar um animal do porte
de uma vaca, enrodilhando-se em torno do corpo de animal e es-
magando-o com sua força.
Vale ressaltar ainda que as venenosas, quando perseguidas, se
preparam para dar o bote, enrodilhando-se; possuem movimentos
vagarosos e cauda curta, que se afina bruscamente. As cobras não
venenosas possuem movimentos rápidos, fogem quando persegui-
das e a cauda é longa e se afina gradativamente.
A cobra venenosa ataca dando o “bote” podendo distender até
50% do seu comprimento. Ela mira e escolhe o alvo através da as-
sociação de estímulos visuais e térmicos que ela é capaz de captar.
A picada tem dois orifícios como marca, e o tipo de perigo da
picada depende de fatores, como o tipo de bote que foi dado, a
maneira como as presas se prendem no local e das condições de
As serpentes venenosas são mais frequentes nas áreas cultiva- alimentação do ofídio: se a alimentação anterior foi recente, o teor
das, principalmente em plantações, campos e pastos. Elas têm há- de veneno na glândula é menor.
bitos noturnos, ficando em esconderijos durante o dia, como tocas A jararaca é de cor amarelada, cinza ou verde-escura, desenhos
de tatus, tocos de árvores, covas de raízes e montes de lenha. Em escuros e lateralmente, triangulares. Mede de 1 a 1,5 m. É relativa-
geral, fogem dos lugares que recebem sol diretamente, a não ser mente fina e habita preferencialmente os campos e os lugares mais
nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas da tarde. A cas- ou menos planos.
cavel escolhe lugares mais secos ou pedregosos e as Bothrops, os A urutu é de cor castanho-escura, com desenhos escuros, con-
mais úmidos. As corais preferem abrigo subterrâneo. As enchentes tornados de branco, que têm a forma de ferrara, com abertura vol-
dos rios fazem com que as serpentes, nessas ocasiões, procurem tada para o lado do ventre. Habita de preferência margem dos rios
lugares mais elevados, aumentando sua concentração. e córregos.
Os acidentes causados por serpentes ocorrem principalmente A cascavel é de cor pardo-escura, tendo no dorso uma série de
nos meses quentes de novembro a abril, sendo em número muito losangos, que se alternam com outros laterais. É, em geral, muito
reduzido de maio a outubro. Quanto à hora do acidente, pratica- lerda e, quando fustigada, ataca. Na cauda encontra-se um choca-
mente fica condicionada apenas às circunstâncias, já que a estatísti- lho ou guizo formado de anéis. Uma picada de cascavel é conside-
ca os demonstra em todos os horários. As emas, seriemas, corujas e rada uma emergência médica. Vive nos campos e nas regiões secas.
gaviões são inimigos naturais das serpentes, Preservar a vida dessas A surucucu é uma cobra muito agressiva, que habita matas e
aves e os locais onde habitam representa grande proteção ao ho- florestas. No dorso notam-se desenhos rombóides escuros, que se
mem e ao equilíbrio ecológico. destacam num fundo róseo.
No Brasil o maior número de acidentes são provocados por As cobras do tipo coral verdadeira são pouco agressivas, finas,
serpentes venenosas do gênero Bothrops (90,8%), seguindo-se por em geral pequenas, vistosas, ornadas de anéis de cor vermelho-co-
Crotalus (8,4%) e corais venenosas (0,8%). De modo geral, gravida- ral, preta e amarela, os quais se alternam diversamente, conforme
de e letalidade são maiores para os acidentes por ofídios do gênero as espécies. Convém não confundi-las com as “falsas corais”, que
Crotalus, seguindo-se a ele os acidentes pelos gêneros Lachesis, Mi- são mansas, inofensivas e não tentam picar. A coral verdadeira
crurus e Bothrops. apresenta algumas características de cobras não venenosas que po-
Entre as serpentes não venenosas foram constatadas 32 espé- dem dificultar sua identificação.
cies causadoras de acidentes sem gravidade; as mais freqüentes
pertenciam aos gêneros Helicops (7,2%), Philodrias (3,9%), Tham-
nodynastes (33%) e corais não venenosas (1,4%).
As serpentes venenosas em geral não se movimentam muito
nem se locomovem rapidamente; as não venenosas são mais rápi-
das, fugindo ou perseguindo com ligeireza. Atacam quando alguém
delas se aproxima ou quando são tocadas ou pisadas. Mesmo de-
pois de se alimentarem ou de picarem, ainda conservam veneno
suficiente para outra agressão. Não são conhecidos produtos quí-
micos ou agentes vegetais que repilam as serpentes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sintomas - Em nenhuma circunstância a extremidade deve ser envolvida
com gelo.
- Se já passaram mais de 30 minutos desde o momento da
picada, não adianta qualquer medida local de primeiros socorros.
Deve-se manter os cuidados gerais de repouso e apoio psicológi-
co: verificação dos sinais vitais e prevenção de estado de choque e
transportar a vítima o mais rápido possível ao serviço de emergên-
cia médica.
Sempre que for possível, deve-se localizar a cobra que mordeu
a vítima e levá-la, com segurança, para reconhecimento e para que
seja ministrado o soro específico. O soro universal não é tão eficien-
te quanto o soro específico.
Captura-se uma cobra viva levantando-a do chão com uma has-
te qualquer pelo meio do corpo, sem se arriscar e, em seguida, colo-
ca-se o animal em uma caixa bem fechada; assim ela não consegue
reagir nem dar o bote. Se não for possível levá-la viva, não devemos
hesitar em matar o animal e recolher o exemplar.
No Brasil existem três importantes centros que fabricam o soro
antiveneno, o único tratamento eficaz contra mordida de cobra; o
Instituto Butantã, em São Paulo; o Instituto Vital Brazil, em Niterói e
a Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte.
Ação dos Venenos
Jararaca (Bothrops) Prevenção
O veneno das cobras do gênero Bothrops possui enzimas Em relação às medidas preventivas relativas ao acidente ofídi-
proteolíticas, que alteram os mecanismos naturais da coagulação co, importam o conhecimento de fatores relacionados às serpentes,
sanguínea. A atuação do veneno caracteriza-se por hemorragias bem como da atividade humana. Isto torna a profilaxia do ofidismo
em mucosas (nariz e boca). Pode ocorrer a grave síndrome de co- um objetivo difícil de ser alcançado pela complexidade das possi-
agulação intravascular disseminada. Estas enzimas levam também bilidades de interação ofídiohomem. Entretanto, algumas medidas
à destruição dos tecidos periféricos à picada, podendo necrosar o gerais são factíveis na diminuição do risco de envenenamento ofí-
membro afetado, determinando eventualmente a amputação. dico, a saber:
- Evitar andar descalço, pois as porções inferiores do corpo (pés
Cascavel (Crotalus) e pernas) são os locais mais atingidos nas picadas; o uso de botas é
O seu veneno é hemolítico (destrói os glóbulos vermelhos) e aconselhado nos locais de ocorrência de ofídios.
atua como tóxico no sistema nervoso. Este efeito neurotóxico leva a - Observação cuidadosa ao caminhar em locais de mata e ca-
rigidez de nuca, perturbações visuais (nistagmo, visão dupla, estra- pinzais, área na qual podem ser encontradas serpentes.
bismo), lacrimejamento e salivação, parestesia na região afetada e - Uso de luvas resistentes (raspas de couro) para determinadas
paralisia de diafragma (parada respiratória). atividades laboratoriais e de trabalho de campo. Cobras gostam de
abrigar-se em locais quentes, escuros e úmidos, cuidado ao revi-
Coral (Micrurus) rar montes de lenhas ou inspecionar buracos na terra com as mãos
O seu veneno é neurotóxico. Para cada um dos gêneros há um desprotegidas.
soro específico: antibotrópico, anticrotálico, antilaquésico e antiela- - Cuidado ao subir em árvores, pois descritos acidentes na ca-
pídico (para o gênero Micrurus). O soro antiofídico (soro universal) beça, ombros e braços.
é composto por soro antibotrópico e anticrotálico. - Onde há rato, há cobra. Manter limpo terrenos, evitando acú-
mulo de madeira, tijolos, pedras, entulhos de construção civil, lixos,
Primeiros Socorros em Picadas de Cobras etc, além de se evitar trepadeiras que encostem nas paredes ou
· Acalmar e confortar a vítima que, quase sempre, estará exci- alcancem telhados e forros.
tada ou agitada. Ela deve ser mantida em decúbito dorsal, em re- - A criação de determinadas aves afiófagas (como gansos,
pouso, evitando deambular ou correr, caso contrário, a absorção do emas, dentre outras) ajuda a afugentar as serpentes.
veneno pode disseminar-se. - Evitar caminhadas desnecessárias noturnas em locais de mata
- Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão, e capinzais, dados os hábitos noturnos (saída para alimentação) de
fazendo a antissepsia local, se possível (a ferida também é contami- boa parte das serpentes peçonhentas.17
nada por bactérias).
- Não perfurar ou cortar o local da picada.
- Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes. · Não CUIDADOS E PROCEDIMENTOS GERAIS DESENVOLVI-
se deve fazer o garroteamento do membro afetado, pois isto agra- DOS PELO PROFISSIONAL TÉCNICO DE ENFERMAGEM
vará as lesões locais.
- O membro afetado deve ser mantido elevado. Os limites das atividades dos profissionais de enfermagem
- Manter a vítima hidratada. (auxiliar, técnico e enfermeiro) estão definidos no Decreto N°
- Evitar o uso de drogas depressoras do Sistema Nervoso (álcool 94.406/87, que regulamenta a Lei N° 7.498/86, sobre o exercício
por exemplo). profissional da Enfermagem. As atividades do enfermeiro estão
- Controlar os sinais vitais e o volume urinário do acidentado. descritas nos artigos 8° e 9°, as competências do técnico de enfer-
- Dar o apoio respiratório que o caso exigir. magem, no artigo 10°, e as do auxiliar, no artigo 11° do referido
- Transportar a vítima com urgência para o atendimento espe- decreto.
cializado de emergência.
17 Fonte: www.fiocruz.br

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As funções são divididas por níveis de complexidade e cumula- Tipos de ISTs
tivas, ou seja, ao técnico competem as suas funções específicas e as Como o nome indica, as ISTs englobam todas as doenças e in-
dos auxiliares, enquanto que o enfermeiro é responsável pelas suas fecções que são transmitidas por contato sexual (ou íntimo). Dentro
atividades privativas, outras mais complexas e ainda pode desem- dessa classe, há diversos tipos de patologias, que podem ser causa-
penhar as tarefas das outras categorias. das por bactérias, vírus ou parasitas. Entre as principais ISTs, estão:
Às três categorias incube integrar a equipe de saúde e a pro- - Candidíase
mover a educação em saúde, sendo que a gestão (atividades como - Herpes genital
planejamento da programação de saúde, elaboração de planos as- - HPV (Papiloma Vírus Humano)
sistenciais, participação de projetos arquitetônicos, em programas - Sífilis
de assistência integral, em programas de treinamento, em desen- - Tricomoníase
volvimento de tecnologias apropriadas, na contratação do pessoal - Clamídia
de enfermagem), a prestação de assistência ao parto e a prevenção - Gonorreia
(de infecção hospitalar, de danos ao paciente, de acidentes no tra- - Hepatites virais
balho) são de responsabilidade do enfermeiro. Dessas atividades,
cabe ao técnico de enfermagem assistir o enfermeiro no planeja- Enquanto algumas são facilmente tratáveis, outras não têm
mento das atividades de assistência, no cuidado ao paciente em cura definitiva, como é o caso do AIDS. Em geral, a realização do
estado grave, na prevenção e na execução de programas de assis- tratamento correto faz toda a diferença para a saúde de quem está
tência integral à saúde e participando de programas de higiene e ou tem algum desses problemas, assim como para o bem-estar de
segurança do trabalho, além, obviamente, de assistência de enfer- seus parceiros.
magem, excetuadas as privativas do enfermeiro. Privativamente, Estudos recentes indicam que até mesmo o vírus ebola pode
incumbe ao enfermeiro a direção do serviço de enfermagem (em ser uma doença transmitida através do sexo, além do Mycoplasma
instituições de saúde e de ensino, públicas, privadas e a prestação genitalium, que nem sempre causa sintomas e os especialistas acre-
de serviço); as atividades de gestão como planejamento da assis- ditam que grande parte da população o possui sem saber.
tência de Enfermagem, consultoria, auditoria, entre outras; a con- Conheça abaixo 15 tipos de IST e como se prevenir de cada um
sulta de Enfermagem; a prescrição da assistência de Enfermagem; deles:
os cuidados diretos a pacientes com risco de morte; a prescrição de
medicamentos (estabelecidos em programas de saúde e em rotina); HPV
e todos os cuidados de maior complexidade técnica.A única catego- O que é HPV
ria com todas as atividades explicitadas em Lei é a dos auxiliares de HPV é a sigla para Papiloma Vírus Humano. Este vírus infecta
enfermagem. Além de integrar a equipe de saúde e educar, cabe ao uma camada do epitélio (parte interna da bexiga), podendo causar
auxiliar preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos; lesões benignas, como as verrugas genitais, ou malignas, como al-
executar tratamentos prescritos; prestar cuidados de higiene, ali- guns tipos de câncer, sendo o câncer de colo de útero e o câncer de
mentação e conforto ao paciente e zelar por sua segurança; além anus os mais comuns.
de zelar pela limpeza em geral. Existem mais de cem tipos de HPV e a grande maioria não cau-
Cabe, ainda, ao auxiliar ministrar medicamentos, aplicar e sa câncer ou grandes complicações, uma vez que são combatidos
conservar vacinas e fazer curativos; colher material para exames pelo próprio organismo. Porém, sempre é necessário a avaliação de
laboratoriais; executar atividades de desinfecção e esterilização; re- um médico para diagnosticar o risco da doença em cada caso.
alizar controle hídrico; realizar testes para subsídio de diagnóstico;
instrumentar; efetuar o controle de pacientes e de comunicantes Formas de contágio
em doenças transmissíveis; prestar cuidados de Enfermagem pré e O HPV é transmitido pelo contato direto com a pele ou mucosa
pós-operatórios; aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, infectada pelo vírus, sendo que a principal forma é a sexual (oral-
enema e calor ou frio; executar os trabalhos de rotina vinculados à -genital, genital-genital ou mesmo manual-genital). Por isso, não é
alta de pacientes; e participar dos procedimentos pós-morte.18 preciso ter penetração para contrair o vírus. Também é possível que
a doença seja transmitida durante o parto.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA),
O QUE SÃO DSTS, SINTOMAS, MODOS DE 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou
TRANSMISSÃO. AIDS: SINTOMAS E FASES DA DOENÇA, mais tipos do vírus ao longo da vida, sendo que este número é ainda
TRATAMENTO maior em homens.
A maioria destas infecções é transitória, ou seja, combatida es-
Doenças Sexualmente Transmissíveis. pontaneamente pelo corpo e regride entre seis meses até dois anos
Em primeiro lugar, é importante saber que o Departamento de após a exposição ao vírus.
Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmis-
síveis, do Ministério da Saúde, alterou a nomenclatura de DST para Como prevenir e tratamentos
“IST” (Infecções Sexualmente Transmissíveis) em 2016. “O uso de preservativos é sempre indicado, mas não previne
Seguindo uma tendência já adotada pela Organização Mundial totalmente contra a transmissão do HPV, uma vez que este pode ser
da Saúde (OMS), a mudança considera que o termo “doença” impli- transmitido pelo contato mais superficial durante as preliminares.
ca em sintomas e sinais visíveis no organismo da pessoa contamina- Daí a importância da vacina como estratégia preventiva», diz Otelo
da, enquanto “infecção” engloba também problemas assintomáti- Rigato Júnior, infectologista do Hospital Sírio Libanês.
cos (ou seja, enfermidades que não apresentam sintomas). Existem dois tipos de vacinas para HPV disponíveis e ambas de-
vem ser aplicadas em três doses. A idade preferencial para o uso
da imunização é a pré-puberal, ou seja, logo antes da idade sexual-
mente ativa, tanto em meninas quanto em meninos. Vale ressaltar
que, em mulheres, o exame de papanicolau também é importante
para detectar a doença precocemente.
18 Fonte: www.mt.corens.portalcofen.gov.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Cancro mole Formas de contágio
O que é cancro mole O HTLV, assim como o HIV, é transmitido por via sexual, via ver-
Cancro mole é uma doença sexualmente transmissível causada tical (da mãe para o bebê durante a gestação e principalmente no
por uma bactéria chamada Haemophylus ducrey. “É caracterizada aleitamento), e por via sanguínea.
por lesões genitais múltiplas e ulceradas, dolorosas e que apresen- Como prevenir e tratamentos
tam secreção tipo pus. É muito mais comum nos homens do que A principal forma de se prevenir o HTLV é usando preservativos
nas mulheres”, diz o infectologista Rigato Júnior. em todas as relações sexuais, além de não reutilizar objetos perfu-
Nos homens, as feridas aparecem na glande (cabeça do pênis), rocortantes e fazer o pré-natal adequado.
enquanto que nas mulheres elas ficam na vagina e/ou no ânus. As “Não existe tratamento para o HTLV. Os portadores devem ser
lesões, no entanto, nem sempre são visíveis, mas provocam dor du- acompanhados periodicamente com o objetivo de se verificar se
rante o sexo ou ao evacuar. houve o aparecimento de suas complicações”, diz o infectologista
Rigato Júnior.
Formas de contágio
Segundo o especialista, a única via de transmissão é a sexual. Gonorreia
Como prevenir e tratamentos. A forma de se prevenir da doen- O que é gonorreia
ça é usando preservativo em todas as relações sexuais. Já o trata- Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, a gonorreia é
mento é feito com antibióticos. a mais comum das doenças sexualmente transmissíveis. Ela afeta
“Quando não tratada pode se complicar, ocasionando infec- tanto homens quanto mulheres e pode ser transmitida pelo contato
ções secundárias da região genital. Essas complicações são raras, sexual vaginal, oral ou anal.
porque os pacientes, em geral, procuram atendimento médico pre- A bactéria Neisseria gonorrhoeae, que causa a doença, pode
cocemente em decorrência da natureza dolorosa das lesões”, expli- infectar a região genital masculina e feminina, além do reto, olhos,
ca o especialista. garganta e articulações.

Aids (HIV) Formas de contágio


O que é Aids (HIV) A gonorreia é transmitida em qualquer contato sexual despro-
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, tegido com a pessoa infectada. Também pode ser transmitida de
que é o causador da Aids. Logo, HIV e Aids não são a mesma coisa. mãe para filho no momento do nascimento ou ainda dentro do úte-
A Aids é uma doença crônica potencialmente fatal, que aconte- ro.
ce quando a pessoa infectada pelo HIV tem o seu sistema imunoló- Nas mulheres, os sintomas demoram mais a aparecer do que
gico danificado pelo vírus. Isso interfere na habilidade do organismo nos homens e, para ambos, podem haver consequências graves,
de lutar contra os invasores que causam a doença, além de deixá-lo como infertilidade, infecções e maior risco de contrair HIV.
mais suscetível a infecções oportunistas, como a tuberculose.
Hoje, uma pessoa com HIV consegue viver melhor do que anti- Como prevenir e tratamentos
gamente, mas é necessário que ela faça o uso de medicamentos por Para se prevenir, sempre faça sexo com preservativos; evite ter
toda vida, ou seja, ainda não há cura ou vacina contra o HIV. relações sexuais com alguém que está com gonorreia (até que a
pessoa esteja completamente tratada); e, caso você tenha sido in-
Formas de contágio fectado, converse com seus parceiros para que eles procurem um
“O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais sem médico para verificar se também estão com a bactéria.
o uso do preservativo e compartilhamento de seringas e agulhas Por ser uma infecção bacteriana, a gonorreia é tratada com an-
contaminadas com sangue, o que é frequente entre usuários de tibióticos e deve-se evitar relações sexuais neste período. O médi-
drogas ilícitas”, diz Karina T. Miyaji, médica infectologista do Hospi- co, depois de fazer o diagnóstico, indicará qual o melhor remédio
tal das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São para cada caso. A gonorreia tem cura e não oferece grandes compli-
Paulo (HCFMUSP). cações quando o tratamento é realizado precocemente e de forma
“Outras vias de transmissão são por transfusão de sangue, o adequada.
que é muito raro, uma vez que a testagem do banco de sangue é
muito eficiente; e da mãe para o filho na gestação e, principalmen- Clamídia
te, no momento do parto, o que pode ser prevenido com o trata- O que é clamídia
mento adequado da gestante e do recém-nascido”, afirma. A clamídia também é uma DST causada por bactéria, a Chlamy-
Como prevenir e tratamentos dia trachomatis, que é transmitida por via sexual vaginal, anal ou
A melhor forma de se prevenir contra a infecção do HIV é usan- oral, e de mãe para filho. A doença costuma ser assintomática (não
do o preservativo em todas as relações sexuais (vaginais, orais ou apresentar sintomas) e pode afetar tanto homens quanto mulheres.
anais) e não compartilhando agulhas e seringas. Além disso, é im-
portante fazer o pré-natal corretamente, uma vez que serão solici- Formas de contágio
tados exames para verificar a presença ou não do vírus. A clamídia é transmitida por meio do sexo, seja vaginal, anal ou
oral. Também pode haver o contágio da DST por via vertical, ou seja,
HTVL de mãe para filho durante a gestação.
O que é HTLV
HTLV é a sigla de Vírus Linfotrópico T humano, da mesma famí- Como prevenir e tratamento
lia do HIV, e que pode causar infecção crônica nos seres humanos. A clamídia é tratada com antibióticos, receitados pelo médico
Existem dois tipos: HTLV-1 (que pode causar tipo raro de leu- de acordo com o quadro e história do paciente. Por ser uma doença
cemia, a de células T) e HTLV-2, sendo que ambos podem causar assintomática (sem sintomas), ao descobrir que o parceiro está com
mielopatia, um tipo de paralisia decorrente da infecção da medula a doença, é necessário procurar ajuda médica, mesmo sem apre-
espinhal. Contudo, não são todas as pessoas infectadas pelo HTLV sentar nenhum sintoma, para que ele verifique e também indique
que desenvolverão estas doenças. um antibiótico para evitar complicações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
É uma DST curável com tratamento correto, mas, caso não seja Como prevenir e tratamentos
diagnosticada rapidamente, ela pode causar uma série de complica- “Como muito frequentemente a DIP é causada por uma infec-
ções, como DIP, epididimite, inflamação na próstata e artrite reati- ção da clamídia, que subiu para os órgãos sexuais internos da mu-
va. “Ela também pode causar problemas nas trompas, infertilidade, lher, a prevenção desta doença é feita basicamente se prevenindo
gravidez ectópica ou simplesmente não deixar o espermatozoide da clamídia, além de ficar atenta à qualquer mudança na secreção e
subir”, diz Granato. relatar o quanto antes ao seu ginecologista”, afirma Granato.
Também é importante saber que ser infectado pela doença
uma vez não torna a pessoa imune ao problema. Ou seja, no caso Sífilis
de fazer novamente sexo desprotegido com alguém infectado, a O que é sífilis
pessoa pode voltar a ter clamídia. A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e pode se
manifestar em três estágios: nos dois primeiros, acontecem os sin-
Mycoplasma genitalium tomas e ela é mais contagiosa; no terceiro, não há sintomas - o que
O que é Mycoplasma genitalium faz parecer que a pessoa está curada (mas não está).
Mycoplasma genitalium é uma bactéria de transmissão sexual
que causa uma doença semelhante a clamídia e a gonorreia, mas Formas de contágio
que provoca uma secreção mais transparente. A sífilis, além de ser transmitida pela relação sexual desprote-
Os especialistas acreditam que muitas pessoas podem ter a do- gida e pela transfusão com sangue contaminado, também pode ser
ença e não saber, uma vez que ela raramente apresenta sintomas. passada através do beijo na boca quando há feridas nas mucosas
Além disso, no caso das mulheres, é ainda mais difícil que ela seja - apesar de ser uma forma mais rara.
notada, pois muitas têm uma secreção normal, então o sintoma Além disso, ela pode ser transmitida da mãe para o filho. Por
passa desapercebido. isso, é importante fazer o pré-natal corretamente, em que a ges-
tante será testada para a doença na primeira consulta, no terceiro
Formas de contágio trimestre e no momento do parto.
Um estudo publicado no International Journal of Epidemology
mostrou que a maioria dos homens e mulheres com a doença apre- Como prevenir e tratamentos
sentaram comportamentos sexuais considerados de risco, como um A melhor forma de se prevenir da sífilis é através do uso de
grande número de parceiros sexuais e sexo desprotegido no último preservativos em todas as relações sexuais, inclusive a oral. A trans-
ano. missão através do beijo na boca é bastante rara, mas pode aconte-
Algumas das mulheres infectadas disseram apresentar sangra- cer quando há feridas, que não precisam estar do lado de fora ou
mento após o ato sexual, mas 56,2% das mulheres e 94,4% dos ho- visíveis para ocasionar o problema.
mens não reportaram nenhum sintoma de DST. Por esta razão, é bom sempre ter acompanhamento médico e
realização periódica de exames para verificar esta condição. A sífilis
Como prevenir e tratamentos é muito perigosa quando não tratada, podendo se espalhar pelo
“O Mycoplasma é uma bactéria um pouco diferente, ela não corpo inteiro e ocasionando, por exemplo, AVC, meningite, surdez,
aparece em um exame comum. Então, caso o médico não desconfie problemas de visão, demência, aneurisma, aborto ou morte do
dela e peça um exame específico, o problema não será detectado», bebê durante a gestação ou nos primeiros dias de vida.
diz Celso Granato, infectologista do Fleury Medicina e Saúde.
“Dentre as complicações, homens e mulheres podem ter dor Ebola
que vão além da parte mais baixa do trato genital. Pode acontecer O que é ebola
uma inflamação de ovário, lesão nas trompas, assim como uma in- A ebola é uma doença ocasionada por um vírus de mesmo
fecção no epidídimo ou na próstata, e uretrite”, completa o especia- nome, que é altamente infeccioso e pode atingir uma taxa de leta-
lista. Por isso, é importante fazer exames periodicamente e seguir o lidade de até 90%. O vírus é original da África, que de tempos em
tratamento indicado pelo médico à risca. tempos sofre com surtos da doença.
O seu principal sintoma é febre hemorrágica, que causa sangra-
Doença Inflamatória Pélvica (DIP) mento dos órgãos internos e pode levar à morte.
O que é Doença Inflamatória Pélvica
A Doença Infamatória Pélvica (DIP) é uma DST que afeta mu- Formas de contágio
lheres, principalmente as que já têm alguma outra infecção sexual- As formas de contágio mais comuns do vírus ebola são por
mente transmissível não tratada, como gonorreia e clamídia. meio de contato direto com os fluídos de um humano ou animal in-
Ela pode ser causada por diversas bactérias que acarretam in- fectado, o que inclui sangue, saliva, sêmen, vômito, urina ou fezes.
flamações nos órgãos sexuais internos da mulher, como útero, ová- Um estudo publicado no New England Journal of Medicine, em
rios e trompas. outubro de 2015, indicou que foi possível detectar o vírus no sêmen
de dois terços dos homens participantes seis meses após eles terem
Formas de contágio sido considerados curados da doença. Já 26% dos homens com o sê-
A infecção, normalmente, ocorre após a relação sexual despro- men coletado de sete a nove meses após a cura do ebola, também
tegida, por causa do contato com as bactérias durante o ato. Mas continha o vírus.
também pode ocorrer depois de procedimentos médicos, como in- “Considerando que o ebola também é transmitido de forma
serção do Dispositivo Intra-Uterino (DIU), curetagem e biópsia do indireta, pelo contato com o sêmen da pessoa que foi infectada de-
útero. pois de tanto tempo, ele pode ser considerado uma DST. Contudo,
estes são casos excepcionais e ainda não sabemos o impacto que
isso pode ter na população”, afirma Celso Granato.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Como prevenir e tratamentos Hepatites virais
A melhor forma de se prevenir do ebola é não ir aos locais com O que são hepatites virais
surto da doença, evitar o contato com pessoas infectadas ou com o Hepatite é qualquer degeneração do fígado por causas diver-
corpo daquelas que não resistiram, sem a devida proteção. sas. As mais comuns são as infecções pelos vírus do tipo A, B ou C e
Além disso, segundo o médico, após a cura do ebola era dada o abuso do consumo de álcool.
a orientação de não fazer sexo sem preservativo pelos três meses
seguintes. Porém, com a descoberta da presença do vírus tanto Formas de contágio
tempo depois no sêmen, ainda não há um consenso do tempo re- Os tipos hepatite B e hepatite C são transmitidos principalmen-
comendado. te pelo sangue, sendo comum em usuários de drogas injetáveis e
pacientes submetidos a material cirúrgico contaminado. A hepatite
Herpes B também é frequentemente transmitida por via sexual.
O que é herpes Os tipos B e C de hepatite usualmente não apresentam sinto-
Herpes simples é uma infecção viral, que se manifesta através mas, o que torna comum que as pessoas só saibam que têm a doen-
do surgimento de pequenas bolhas frequentemente ao redor dos ça quando fazem, por acaso, algum teste para estes vírus.
lábios ou genitais, mas que também podem surgir em qualquer re-
gião do corpo. Como prevenir e tratamentos
Normalmente, a herpes labial é causada pelo vírus da herpes Além de fazer sexo com camisinha, se pode prevenir a infecção
simples tipo 1, o HSV1; e a herpes genital pelo HSV2. Entretanto, pelas hepatites B e C não compartilhando alicates de unha, lâminas
ambos os tipos podem provocar tanto o herpes labial quanto o ge- de barbear, escovas de dente, equipamentos para uso de drogas,
nital. além de todo o controle efetivo dos bancos de sangue, órgãos e
sêmen.
Formas de contágio Também há vacina disponível para a prevenção da hepatite B,
“Tanto a herpes genital quanto a herpes labial podem ser trans- mas não para o tipo C da doença.
mitidas mesmo nos períodos entre as crises, não apenas quando os
sintomas estão visíveis, quando há lesão”, explica o infectologista Linfogranuloma venéreo
Granato. O que é linfogranuloma venéreo
“Em todos os tipos de relação, é possível contrair o vírus. En- Linfogranuloma venéreo é uma infecção crônica que se carac-
tretanto, não é porque o parceiro tem herpes crônica que necessa- teriza pelo aparecimento de uma ferida ou elevação na pele da re-
riamente esta pessoa terá também”, comenta. A transmissão por gião genital, ou gânglios da virilha genital. Dura de três a cinco dias
objetos infectados, como toalhas e talheres, também pode ocorrer, e não é facilmente identificada pelos pacientes.
mas é bastante rara.
Formas de contágio
Como prevenir e tratamentos A forma de contágio se dá por relação sexual vaginal, anal ou
Ainda não há vacina para a herpes, portanto a única forma de oral com a pessoa infectada.
realmente se prevenir da infecção é não tendo nenhum tipo de con-
tato sexual desprotegido com quem tem o vírus. Como prevenir e tratamentos
A forma mais garantida de se prevenir da doença é utilizando
Donovanose o preservativo em todas as relações e fazendo a higiene correta da
O que é donovanose região genital.
A donovanose é uma infecção que afeta a pele e mucosas da No tratamento, são utilizados antibióticos, mas, por normal-
região genital, da virilha e do ânus, causando úlceras e destruindo mente ter diagnóstico tardio, é comum haver sequelas como es-
a pele infectada. treitamento do reto e elefantíase dos órgãos sexuais. O parceiro da
A infecção é causada pela bactéria Klebsiella granulomatis, sen- pessoa infectada também deve ser tratado.
do caracterizada por caroços e feridas vermelhas que sangram fácil
e não causam dor, fazendo com que o paciente só procure ajuda Tricomoníase
quando o caso já está mais avançado. O que é tricomoníase
A tricomoníase uma infecção causada pelo protozoário Tricho-
Formas de contágio monas vaginalis que afeta mais comumente as mulheres. Nelas, a
Segundo Lucy Nagm, infectologista do Dr. Consulta, ainda não doença ataca o colo de útero, a vagina e a uretra. Já nos homens, a
se sabe ao certo como a doença é transmitida, apenas que ela está tricomoníase ataca o pênis.
frequentemente associada a uma infecção sexual.
Formas de contágio
Como prevenir e tratamentos A transmissão da tricomoníase se dá por meio do contato sexu-
De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, o uso do al ou íntimo com as secreções de uma pessoa contaminada, princi-
preservativo em todas as relações sexuais, sejam vaginais, orais ou palmente nas relações entre homem/mulher e mulher/mulher. Ela
anais, é importante para prevenir a doença. Entretanto, isso só será causa micro lesões e dores e pode favorecer a infecção por outras
eficaz se a área infectada estiver coberta pela camisinha, uma vez DSTs.
que, se houver contato com uma ferida aberta, a donovanose pode
ser transmitida.
Já o tratamento é feito exclusivamente com antibióticos indica-
dos pelo médico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Como prevenir e tratamentos 2º Fase - Período assintomático
A forma mais eficaz de se prevenir contra a tricomoníase é atra- Essa fase é marcada pela forte interação das células de defesa
vés do uso de preservativos em todas as relações sexuais, sejam va- com as constantes e rápidas mutações do vírus.
ginais, anais ou orais. No caso de descoberta da infecção, o parceiro “No entanto, isso não gera sintomas de HIV, uma vez que o or-
também deve ser tratado. Nas relações entre mulheres ou homem/ ganismo não fica debilitado o suficiente para ser infectado com no-
mulher, é possível utilizar a camisinha feminina.19 vas doenças”, explica o infectologista Celso. Esse período, que pode
durar muitos anos, é chamado de assintomático.
AIDS
3º Fase - Sintomática inicial
Os sintomas de HIV podem ser bastante silenciosos no início da Com o frequente ataque, as células de defesa tem seu funcio-
doença. Dessa forma, o sexo seguro deve ser levado muito a sério e namento prejudicado e começam a ser destruídas. “Isso deixa o
qualquer comportamento de risco deve ser acompanhado de perto. corpo cada vez mais vulnerável a doenças comuns, como gripe ou
Além de fazer os exames de triagem pelo menos uma vez por infecções”, diz o infectologista Stefan.
ano, é necessário ficar atento a qualquer sintoma de HIV que apa- Essa fase, chamada de sintomática inicial, é marcada pela re-
reça após uma possível exposição ao vírus. dução da quantidade de linfócitos T CD4 no sangue. Essas são as
De maneira geral, os sintomas mais comuns são: células de defesa do organismo ativadas para combater qualquer
- Febre infecção, seja por vírus ou bactérias.
- Mal-estar Os linfócitos T do subtipo CD4 são alvo preferencial do vírus
- Manchas vermelhas pelo corpo HIV, que as invade para se reproduzir dentro delas e acaba por ma-
- Aumento dos linfonodos, ou ínguas tá-las.
- Dores de cabeça Os linfócitos T CD4 podem ficar abaixo de 200 unidades por
- Dor nos músculos mm³ de sangue em pacientes com HIV, enquanto os valores de re-
- Erupção cutânea ferência variam entre 800 a 1.200 unidades.
- Calafrio “Quanto mais tempo a mulher passa sem o diagnóstico, maio-
- Dor de garganta res as chances de desenvolver sintomas”, explica o infectologista
- Úlceras orais ou úlceras genitais Celso Granato, do Fleury Medicina e Saúde.
- Dor nas articulações Segundo o infectologista Stefan, os sintomas de infecção por
- Sudorese noturna HIV se manifestam geralmente de dois a dez anos após a transmis-
- Diarreia são. “Quando a mulher desenvolve os sintomas é sinal de que o
- Tosse. vírus se replicou durante todo esse tempo e os linfócitos T CD4 co-
Confira os estágios da infecção por HIV e as particularidades meçaram a diminuir”, afirma.
de cada fase: Este período é marcado por sintomas como:
- Emagrecimento
1º Fase - Infecção aguda - Fraqueza
Após a transmissão do vírus, há um período de cerca de 10 - Anemia
dias, denominado de fase eclipseG, antes que o vírus seja detectá- - Manchas na pele
vel em exames de sangue. - Diarreia
Durante esse tempo, o vírus é disseminado primeiro para os - Erupções e feridas na pele.
linfonodos - que ficam próximos ao pescoço - em número suficiente É geralmente nessa fase que o diagnóstico da doença é feito,
para estabelecer e manter a produção de vírus nestes tecidos. já que a pessoa começa a buscar a causa dos sintomas que está
O HIV se replicando consegue então circular livremente pela apresentando.
corrente sanguínea, causando um pico de infecção viral por volta de O tratamento com antirretrovirais é iniciado, inibindo a multi-
três a seis semanas após a exposição. plicação do HIV e aumentando o número de linfócitos, restaurando
Essa fase, chamada de infecção aguda, pode gerar uma res- a imunidade.
posta do sistema imunológico para combater a infecção, mas esta
resposta já é tardia. Confira alguns sintomas que este período pode 4º Fase - Avançada
causar: Se a doença não for tratada, o sistema imunológico fica tão
- Febre comprometido que leva ao aparecimento das chamadas doenças
- Mal-estar oportunistas.
- Indisposição O infectologista Stefan Ujvari afirma que o organismo saudável
- Dor de cabeça consegue combater essas infecções sem problemas, mas no pacien-
- Dor nas juntas. te com HIV elas se tornam doenças recorrentes e mais graves.
O infectologista Stefan Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Esse estágio avançado da infecção que é conhecido como Aids.
Cruz diz que estes são os sinais mais comuns. Esses sintomas de HIV “Doenças como hepatites virais, pneumonia, toxoplasmose e tuber-
ocorrem porque o corpo tenta combater o vírus como uma infecção culose são comuns nessa fase”, alerta Stefan.
qualquer. O não tratamento da doença nesse estágio tende a piorar ainda
“Esse quadro não se complica e é autolimitado, ou seja, me- mais o quadro, causando complicações graves que podem levar à
lhora sozinho”, lembra o especialista. Quando os sintomas de HIV morte. Dessa forma, é muito importante fazer os exames de tria-
iniciais desaparecem, a pessoa pode passar anos sem dar qualquer gem e diagnosticar a doença o quanto antes.
sinal da doença.

19 Fonte: www.minhavida.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sintomas da HIV feminina Há várias medicações disponíveis e o tratamento é sempre
Nas mulheres, a baixa imunidade e doenças oportunistas po- combinado com pelo menos três drogas.
dem também interferir no ciclo menstrual, pois o corpo entende Há um consenso brasileiro de tratamento de HIV/Aids do Mi-
que está havendo alguma dificuldade e corta funções menos vitais nistério da Saúde, que visa uniformizar o tratamento. A medicação
para se preservar, como a atividade reprodutiva. de primeira escolha hoje está disponível em um único comprimido,
que é a combinação de três remédios.
Teste de Aids No caso de contraindicação, efeitos adversos ou resistência,
Teste rápido: temos opções de outros antirretrovirais que deverão ser individu-
Ele funciona da mesma forma que o teste convencional, com alizados para cada paciente.
a diferença de que o resultado sai no mesmo dia, cerca de trinta A escolha do esquema de tratamento deve ser discutida entre
minutos até duas horas após a realização do exame. o médico e o paciente.
Pode ser feito com sangue (inclusive da ponta do dedo) e na O importante é que uma vez iniciado o tratamento, o paciente
saliva. Isso permite com que o paciente fique sabendo do resultado deve estar ciente de que ele não deve ser interrompido sem motivo
no momento da consulta médica. O teste é feito após o aconselha- e que as medicações devem ser tomadas todos os dias e nos inter-
mento pré-teste. valos prescritos.
Com o resultado, seja ele positivo ou negativo, a pessoa passa Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento pode fa-
por um aconselhamento pós- teste, muito importante para escla- lhar por surgimento de vírus resistentes.
recer dúvidas a respeito das formas de transmissão, tratamento e Outras medicações utilizadas são as para prevenção de algu-
prevenção. mas doenças oportunistas, que em geral são suspensas com a me-
lhora da imunidade do paciente.
Fluído oral:
O teste de fluido oral é a mais recente modalidade de testa- Conheça a seguir como cada um deles é usado:
gem. Para realizar o exame, é necessário retirar uma amostra do Inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa: Essa classe de
fluido presente na boca, principalmente das gengivas e da mucosa medicamentos atua sobre a enzima transcriptase reversa, tornando
da bochecha, com o auxílio de uma haste coletora. conversão do RNA em uma cadeia de DNA viral defeituosa, impe-
O resultado sai em 30 minutos e pode ser realizado em qual- dindo a inclusão desta no DNA das células de defesa do organismo
quer lugar, dispensando estruturas laboratoriais. hospedeiro. Essa ação impede que o vírus se reproduza.
No entanto, o teste de fluido oral serve apenas como triagem - Abacavir
para o paciente. - Lamivudina
- Tenofovir
Western Blot: - Zidovudina
É um exame que detecta diferentes tipos de anticorpo contra - Truvada
o HIV 1 e 2 e pode ser útil no caso de resultados discrepantes nos
exames acima. Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa: Essa clas-
se de medicamentos também atua sobre a enzima transcriptase
PCR ou carga viral para HIV: reversa, bloqueando diretamente sua ação, impedindo a multipli-
Via de regra, este exame é solicitado quando um dos exames cação do vírus.
acima é positivo. Ele detecta e quantifica o vírus HIV no sangue e é - Efavrienz
importante para monitorar o tratamento. - Nevirapina
Testes confirmatórios: - Etravirina
Todo exame positivo para HIV precisa ser confirmado com um
segundo teste. Inibidores de protease: Medicamentos que atuam na enzima
protease, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas
Testes convencionais: cópias do vírus HIV.
O teste convencional foi o primeiro a ser desenvolvido. A ele, - Atazanavir
dá-se o nome de Ensaio Imunoenzimático, ou ELISA. - Darunavir
Nele os profissionais de laboratório colhem uma amostra do - Ritonavir
sangue do paciente e buscam por anticorpos contra o vírus.
Se a amostra não apresentar nenhuma célula de defesa espe- Inibidores de fusão: Medicamentos que impedem a entrada do
cífica para o HIV, o resultado é negativo e, então, oferecido ao pa- vírus do HIV nas células de defesa do organismo hospedeiro via pro-
ciente. teína CD4, impedindo o ciclo reprodutivo do vírus
Porém, caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV no san- - Enfuvirtida (T20)
gue, é necessária a realização de um teste adicional, o chamado
teste confirmatório, para que se tenha certeza absoluta do diag- Inibidores da integrase: Medicamentos que bloqueiam a ati-
nóstico. Nele, os profissionais buscam por fragmentos de HIV na vidade da enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do
corrente sanguínea do paciente. vírus HIV (após ação da transcriptase reversa que converte RNA do
vírus em DNA) ao DNA humano. Isto permite a inibição da replica-
Tratamento de AIDS ção do vírus e sua capacidade de infectar novas células.
A recomendação atual é que todos as pessoas infectadas, inde- - Dolutegravir
pendente do CD4, devam ser tratadas o mais brevemente possível. - Raltegravir
O objetivo é minimizar os danos que o HIV causa no corpo e
reduzir a transmissão: pessoas em tratamento e com carga viral in-
detectável = intransmissível.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Profilaxia Pós-exposição (PEP) Citomegalovírus: O vírus da herpes, que é transmitido através
A Profilaxia Pós-exposição (PEP), estratégia para prevenção da de contatos com fluídos corporais, fica inativo ou dormente em
infecção pelo HIV, foi inicialmente disponibilizada para profissionais uma pessoa com um sistema imunológico saudável. Contudo, se a
de saúde que acidentalmente se expunham ao HIV (com agulhas e imunidade da pessoa está baixa, ele reaparece, o que é comum em
outros instrumentais contaminados) ou para vítimas de violência soropositivos. O vírus pode causar dano aos olhos, trato digestivo,
sexual. pulmões e outros órgãos.
Desde 2010, no entanto, existe a versão PEP sexual. Esta é uma Candidíase: A candidíase é uma infecção causa inflamações e o
estratégia complementar ao sexo seguro, indicada para pessoas aparecimento de um revestimento branco espesso nas membranas
que se expuseram a situações sexuais de risco para infecção pelo mucosas da boca, língua, esôfago ou vagina. Em crianças, os sin-
HIV: falha no uso ou ainda rompimento de preservativos. tomas são ainda mais severos na boca ou no esôfago, o que pode
A ideia da PEP é que tão logo a pessoa tenha sido exposta, ela tornar o ato de comer bastante doloroso.
seja avaliada e testada para o HIV. Meningite criptocócica: É uma infecção do sistema nervoso
Essa medida irá verificar se ela já havia sido infectada anterior- central, associada ao HIV, ocasionada por fungos encontrados no
mente (imediatamente após a exposição não é possível saber se a solo. A meningite criptocócica é uma doença que também pode es-
pessoa contraiu o vírus ou não, pois é preciso aguardar o tempo da tar ligada a pássaros ou fezes de morcego.
janela imunológica para o exame ficar positivo). Toxoplasmose: A toxoplasmose uma infecção potencialmente
Caso o (a) parceiro (a) esteja presente na consulta, poderá fatal causada por um parasita transmitido usualmente por gatos. O
também passa pela testagem. Quando indicado, a pessoa exposta animal infectado libera o parasita nas fezes, que é quando ele pode
sexualmente ao vírus HIV (ou ao risco de), recebe medicamentos ser transmitido a humanos e outros animais.
antirretrovirais que devem ser usados por 4 semanas, para evitar a Criptosporidiose: A criptosporidiose uma infecção intestinal
infecção pelo HIV. parasitária comumente encontrada em animais, transmitida para os
humanos através da ingestão de água ou alimentos contaminados.
AIDS tem cura? O parasita cresce no intestino, levando a diarreias severas e crôni-
Antigamente receber a notícia de uma infecção por HIV era cas em pacientes com aids.
como assinar uma sentença de morte. Hoje, contudo, apesar de
ainda não se ter descoberto a cura para a infecção, este quadro mu- Pessoas infectadas pelo HIV têm risco aumentado para alguns
dou. tipos de câncer. Dentre os tipos de câncer que podem se desenvol-
Atualmente existem medicamentos antirretrovirais, que são ver com maior facilidade em pacientes soropositivos estão:
coquetéis antiaids que aumentam a sobrevida dos soropositivos, Sarcoma de Kaposi: Raro em pessoas sadias e mais comum
mas é fundamental seguir todas as recomendações médicas e to- entre pessoas com aids e imunossupressão severa. O Sarcoma de
mar os medicamentos conforme a prescrição. Kaposi surge com lesões escuras na pele e boca da pessoa e tam-
Caso o paciente não faça o tratamento conforme recomendado bém pode afetar os órgãos internos como o trato digestivo e os pul-
ele pode acabar tornando o vírus mais resistente antes do tempo, mões. Em muitos casos, tratar o HIV acaba por resolver o sarcoma.
dificultando o tratamento e prejudicando a sua saúde no geral. Quando muito avançado, demanda quimioterapia.
A Aids continua sendo um dos maiores desafios da saúde públi- Linfomas: Esse tipo de câncer se origina nos glóbulos brancos
ca no mundo, especialmente nos países mais pobres. do sangue e usualmente aparece primeiramente nos nódulos linfá-
No Brasil temos centros especializados no tratamento da do- ticos. Requer quimioterapia para seu tratamento.
ença com equipes multidisciplinares que podem ajudar o paciente Outras complicações podem incluir:
com aids a viver da melhor forma possível, desde que use os seus Síndrome de Wasting ou do definhamento: É definida como a
medicamentos e siga todas as demais recomendações médicas para perda de ao menos 10% da massa corpórea do paciente, acompa-
o seu caso. nhada de diarreia, fraqueza crônica e febre. Com os tratamentos,
o número de casos de Síndrome do Definhamento tem diminuído,
Um problema grave que o diagnóstico por aids trazer muita an- mas ainda afeta muitas pessoas com HIV.
gústia, dificuldade de lidar com o diagnóstico e suas implicações, Complicações neurológicas: Sintomas neurológicos como con-
receio em compartilhar a notícia com a família, parceiros (as) e ami- fusão, esquecimento, ansiedade, dificuldade de caminhar podem
gos. acontecer em pessoas com aids. A demência relacionada à aids é
Por isso, converse com quem possa ajudá-lo nesta questão, mé- uma complicação em geral tardia e de muito difícil condução.
dicos, psicólogos, ou profissionais do serviço social, entre outros. Doenças renais: A nefropatia associada ao HIV é uma inflama-
ção dos pequenos filtros dos rins, que removem o excesso de líqui-
Complicações possíveis do e resíduos do sangue e os passa para a urina.
Quando o sistema imunológico está muito enfraquecido pelo Lipodistrofia: Caracteriza-se pela concentração excessiva de
HIV, outras infecções e doenças oportunistas se aproveitam – são gordura no abdome, tórax e nuca e perda de gordura na face, bra-
as chamadas infecções oportunistas. ços e pernas de pessoas soropositivas que estão utilizando a Terapia
Anti-retroviral Altamente Ativa (HAART), também conhecida como
Dentre as infecções temos: terapia de combinação ou coquetel para o tratamento anti-HIV.
Tuberculose: É a infecção oportunista mais comum associada Pode ocorrer aumento de gordura na região do abdome/ventre
ao HIV e uma das principais causas de morte entre pessoas com (gordura central), entre os ombros, em volta do pescoço ou no tórax
aids. É extremamente comum que pessoas com HIV também este- (especialmente em mulheres) ou perda de gordura da pele, mais
jam infectadas com tuberculose. Testar regularmente é fundamen- aparente nos braços, pernas, nádegas e rosto, resultando em en-
tal. fraquecimento da face, atrofiamento das nádegas e veias aparentes
Salmonella: A salmonella infecção é contraída através da in- nas pernas e braços.
gestão de alimentos ou água contaminada. Entre os sintomas estão
diarreia severa, febre, calafrios, dor abdominal e vômitos e é muito
mais incidente entre soropositivos do que em soronegativos.

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Pessoas com HIV também tem risco aumentado para doenças Hepatite C
cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular ce- O vírus da hepatite tipo C (HCV) é transmissível, principalmente
rebral (AVC). Por este motivo, talvez mais que a população em geral, por fluidos corporais. As formas mais comuns de contágio são: dro-
pessoas com HIV precisam manter hábitos de vida saudáveis: gas injetáveis, cirurgias realizadas com materiais não esterilizados e
- Não fumar uso de lâminas de barbear ou alicates utilizados por outras pessoas.
- Manter atividade física regular O vírus também pode ser passado sexualmente, reforçando a ne-
- Evitar obesidade cessidade do uso de preservativos e outros métodos de barreira.

- Consumir alimentos pobres em gorduras e açúcares, preferin- Hepatite alcoólica


do frutas, verduras, legumes20 Pode ser causada pelo uso abusivo de álcool que pode levar a
uma hepatite alcoólica crônica ou desencadear um processo crôni-
co que leve a cirrose e insuficiências hepáticas.
HEPATITES: VACINAS DISPONÍVEIS, SINTOMAS DA
DOENÇA Hepatite medicamentosa
Vários medicamentos (inclusive fitoterápicos) podem lesar o
O que é Hepatite? fígado e para certos remédios o risco é tão elevado que o fígado
Hepatite é a degeneração do fígado causada por fatores como deve ser monitorado com exames laboratoriais periódicos para, no
infecções virais (do tipo A, B e C), consumo excessivo de álcool e uso caso de ocorrer lesão hepática, suspender precocemente o medi-
contínuo de medicamentos com substâncias tóxicas para o corpo. camento.
Enquanto os vírus atacam o fígado quando parasitam suas cé-
lulas, a cirrose dos alcoólatras é causada pela ingestão frequente de Hepatite autoimune
bebidas alcoólicas - uma vez no organismo, o álcool é transformado Como resultado de uma falha no sistema imunológico, este co-
em ácidos nocivos às células hepáticas, levando à hepatite. meça a produzir anticorpos que vão reagir contra o próprio fígado.
Mais comum em mulheres, este processo pode se desenvolver de
Hepatite crônica forma crônica, com períodos de exacerbação, e até levar à cirrose
A hepatite pode ser crônica quando faz o fígado ficar inflama- hepática se não tratado adequadamente.
do por pelo menos seis meses. As causas mais comuns são o uso
contínuo de medicamentos, além dos vírus A e B. Nestes casos, o Esteato-hepatite não alcoólica
paciente pode ser instruído a usar antivirais receitados por um es- O acúmulo de gordura no fígado chamado de esteatose hepá-
pecialista. tica, que acomete cerca de 20% dos brasileiros, pode evoluir para
Dependendo da situação, a doença traz complicações sérias, uma forma inflamatória (esteato-hepatite não alcoólica) com risco
como a cirrose e a insuficiência hepática. de cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular.

Tipos Outros agentes etiológicos


A hepatite pode ser dividida de acordo com suas causas em: - Vírus da hepatite D e E, além de outros vírus, bactérias e pa-
- Hepatite A rasitas
- Hepatite B - Substâncias tóxicas como toxinas industriais (por exemplo,
- Hepatite C tetracloreto de carbono) e aflatoxina (produzida por alguns fungos)
- Hepatite alcoólica - Doenças do metabolismo como hemocromatose, doença de
- Hepatite medicamentosa Wilson, deficiência de alfa-1-antitripsina, amiloidose
- Hepatite autoimune. - Secundária a doenças biliares ou sistêmicas.

Causas Fatores de risco


Cada tipo de hepatite tem causas diferentes: Os fatores de risco para ter uma hepatite estão relacionados
Hepatite A aos agentes causadores da hepatite. Podemos destacar como fato-
O vírus da hepatite tipo A (HAV) é transmissível, principalmente res de risco:
através de água e alimentos contaminados. Também é possível con- - Consumo de água e alimentos contaminados
trair a doença praticando sexo sem preservativo. - Sexo desprotegido
- Compartilhar agulhas para uso de drogas injetáveis
Hepatite B - Uso de material cirúrgico contaminado e não-descartável
O vírus da hepatite tipo B (HBV) é transmissível, principalmente - Compartilhar lâminas (cuidado em sessões de depilação ou
por fluidos corporais. As formas mais comuns de contágio são: dro- tatuagem, manicure e barbearia)
gas injetáveis, cirurgias realizadas com materiais não esterilizados e - Compartilhar escova de dentes
uso de lâminas de barbear ou alicates utilizados por outras pessoas. - Não usar material de proteção individual ao lidar com produ-
O vírus também pode ser passado sexualmente, reforçando a ne- tos biológicos
cessidade do uso de preservativos e outros métodos de barreira. - Uso abusivo de álcool e medicamentos
- Não receber as vacinas contra as hepatites a e b se houver
indicação.

20 Fonte: www.minhavida.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sintomas de Hepatite Exames
Os sintomas variam conforme o tipo de hepatite: Os exames para diagnóstico de hepatite se baseiam no hepa-
tograma para definir o grau de inflamação e em marcadores da
Sintomas da hepatite A função hepática como a albumina, as bilirrubinas e o tempo de ati-
Normalmente o vírus da hepatite A fica incubado por entre 10 vidade da protrombina. Com o intuito de determinar a causa serão
a 50 dias e pode não causar sintomas. Porém, quando manifesta, os solicitadas sorologias para os diferentes vírus de hepatite e, em ca-
mais comuns são: sos selecionados, marcadores de autoimunidade.
- Febre Pode ainda ser solicitada uma ultrassonografia para avaliar o
- Icterícia (pele e olhos amarelados) fígado (se está aumentado de tamanho, se apresenta alguma obs-
- Náuseas e vômito trução ou tumor) e a presença de ascite (líquido livre na cavidade
- Mal-estar abdominal). A biópsia hepática habitualmente não é utilizada, por
- Desconforto abdominal ser um procedimento invasivo, estando reservada para casos em
- Falta de apetite que permanece dúvidas em relação à causa da hepatite ou para
- Urina com cor laranja escuro situações em que uma avaliação mais rigorosa do grau de lesão he-
- Fezes esbranquiçadas. pática se faz necessário.

Sintomas de hepatite B Tratamento de Hepatite


Muitas vezes a hepatite B não apresenta sintomas e só é des- Não existe tratamento para a forma aguda da hepatite. Se ne-
coberta anos após a infecção, quando pode ter evoluído para cura cessário, apenas sintomático para náuseas e vômitos. O repouso
espontânea ou para um quadro crônico, possivelmente com cirrose é considerado importante no tratamento da hepatite pela própria
ou câncer de fígado. condição do paciente.
No caso da hepatite A não existe tratamento específico. Para
Sintomas da hepatite C hepatite B crônica podem ser prescritos medicamentos antivirais.
Frequentemente, os sinais da hepatite C podem não aparecer Já no caso da hepatite C são usados medicamentos antivirais tanto
no início da infecção e grande parte das pessoas só descobre que na fase aguda quanto na crônica.
tem a doença em exames de sangue para esses vírus ou após vários Para a hepatite alcoólica, em certos casos mais graves, podem
anos com o surgimento de complicações desta infecção. Quando ser prescritos corticosteróides e muitas vezes se faz necessária a
aparecem, os sintomas dessas hepatites são muito similares aos da reposição de sais minerais e vitaminas.
hepatite A. No caso da hepatite medicamentosa o tratamento é de supor-
te, mas, se a causa for intoxicação por paracetamol, pode ser utili-
Sintomas da hepatite alcoólica zada a acetilcisteína.
Os sintomas iniciais desse tipo de hepatite são muito seme- No caso da hepatite autoimune são utilizados corticosteróides
lhantes aos da hepatite A. Em casos mais avançados, pode apresen- e imunossupressores.
tar sinais como:
- Acúmulo de fluídos no abdômen Medicamentos para Hepatite
- Convulsões Os medicamentos mais usados para o tratamento de hepatite
- Mudanças de comportamento devido às toxinas liberadas são:
pelo fígado - Epocler
- Insuficiência renal e do fígado. - Prednisona.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais in-
Sintomas de hepatite autoimune dicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração
Os sintomas desse quadro podem surgir de repente e incluem: do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e
- Fadiga NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento
- Disconforto abdominal sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou
- Icterícia em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instru-
- Aumento do fígado ções na bula.
- Aparecimento de veias pela pele
- Áreas de vermelhidão na pele Complicações possíveis
- Dor nas articulações Entre as complicações possíveis estão a evolução para hepati-
- Redução da menstruação em mulheres. te fulminante com encefalopatia hepática (alterações neurológicas
como confusão mental, raciocínio lento e até mesmo coma), san-
Diagnóstico de Hepatite gramentos pela redução dos fatores de coagulação e insuficiência
O diagnóstico de hepatite é feito através da anamnese para renal, por vezes sendo necessário o transplante hepático. O dano
identificar os sintomas apresentados e buscar fatores de risco para prolongado pode levar a cirrose e insuficiência hepáticas e até mes-
os diferentes tipos de hepatite a fim de definir os exames a serem mo causar o carcinoma hepatocelular.
solicitados visando estabelecer a causa da hepatite. No exame físico
são buscados sinais de doença hepática como icterícia e aumento Convivendo/ Prognóstico
do fígado. Por fim, são solicitados os exames complementares ca- Na dependência de vários fatores como a causa da hepatite e
bíveis. fatores relacionados à pessoa, a hepatite aguda pode evoluir para
cura completa, tornar-se crônica com risco de desencadear um
processo que leve a destruição contínua e progressiva do fígado e
culminando com cirrose e insuficiência hepáticas ou pode ser tão
intensa que leve à hepatite fulminante com necessidade urgente de
transplante hepático.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Prevenção Poderão ser submetidas às coletas de citologia oncótica todas
A melhor estratégia de prevenção das hepatites inclui a melho- as mulheres que já tenham iniciado atividade sexual, independente
ria das condições de vida, com adequação do saneamento básico e da idade.
medidas educacionais de higiene, além de não fazer sexo despro- As faixas etárias a serem priorizadas são:
tegido. - Mulheres entre 25 e 59 anos de idade;
É mandatório o uso de equipamentos de proteção individual - Mulheres em atividade sexual que nunca realizaram CO.
pelos profissionais que lidem com material biológico; o não com- A mamografia de rastreamento deve ser solicitada durante a
partilhamento de alicates de unha, lâminas de barbear, escovas de consulta de enfermagem, e somente poderá ser realizada pelo en-
dente, equipamentos para uso de drogas. fermeiro quando ele estiver na condição de integrante da equipe
Deve-se evitar o uso abusivo de álcool e não se expor a ou- de saúde, não tendo este a competência para indicar o exame de
tras substâncias que sejam tóxicas ao fígado, como determinados mamografia diagnóstica, ato destinado somente ao médico.
medicamentos. Não usar medicamentos em doses maiores que as A população alvo é:
permitidas e não usar remédios por um tempo maior que o reco- - Mulheres entre 50 a 69 anos: exame clinico de mamas anual e
mendado pelo prescritor. mamografia a cada dois anos
Deve ser realizado o tratamento dos indivíduos infectados por - Mulheres entre 40 a 49 anos: exame clinico de mamas anual e
vírus causadores de hepatite (reduz a transmissão). se o exame for alterado fazer mamografia

Vacina de hepatite A Histórico de Enfermagem


A vacina específica contra o vírus A está indicada conforme pre- Anamnese
conizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
É importante o controle efetivo de bancos de sangue através da Exame físico
triagem sorológica. - Avaliar a cavidade bucal, mamas, abdome, identificar possí-
veis pintas ou manchas de características anormais sugestivas de
Vacina de hepatite B câncer de pele,
A vacinação contra hepatite B, disponível no SUS, conforme - Palpação da Região Axilar: A mulher permanece sentada e
padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) também apoia o braço do lado a ser examinado no ombro do examinador.
é uma forma de prevenção, assim como o uso de imunoglobulina Palpar toda a região axilar e atentar para achados anormais.
humana Anti-Vírus da hepatite B também disponível no SUS, con- - Palpação da Região Supra e Intraventricular: Manter a usuária
forme padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI).21 sentada. Palpar a região supra e intraventricular à procura de linfo-
nodos palpáveis.
- Exame clinico das mamas: deve ser realizado pelo menos uma
vez ao ano, por profissional capacitado principalmente em mulhe-
CÂNCER DO COLO DE ÚTERO E MAMAS: PREVENÇÃO, res com idade superior a 35 anos, para detectar qualquer alteração
DETECÇÃO PRECOCE, TRATAMENTO FORNECIDO PELA mamária.
EQUIPE DE SAÚDE, SINTOMAS DA DOENÇA - Inspeção Estática: Posicionar a mulher sentada, com o tronco
desnudo com os braços levantados sobre a cabeça. Observar: sime-
Sistematização da Assistência de Enfermagem na Prevenção tria das mamas, tamanho, contorno, forma, pigmentação areolar,
do Câncer de Colo de Útero e Mama aspecto da papila, saída espontânea de secreção e características
O câncer de colo de útero é o segundo tumor mais frequente da pele (ulcerações/ retrações). Diferenças na cor, temperatura,
na população feminina, sendo no Brasil a quarta causa de morte textura e padrão de circulação venosa.
entre as mulheres e de acordo com as estimativas da Organização - Inspeção Dinâmica: Manter a posição da inspeção estática e
Mundial da Saúde (OMS) serão cerca de 320.000 mil casos novos solicitar a elevação dos braços em direção à cabeça. Após, solicitar
até o ano de 2015. No Brasil as taxas de mortalidade por câncer de que a mulher coloque as mãos atrás da nuca e faça movimentos de
mama continuam elevadas, sendo a neoplasia mais incidente em abrir e fechar os braços. Observar: presença de retrações ou exacer-
população feminina, tendo como risco estimado de 50 casos no- bações assimétricas.
vos a cada 100 mil mulheres em 2012. A maior concentração está - Palpação das Mamas: Pedir para a usuária deitar em decúbito
nas regiões sudeste (69/100 mil), Sul (65/100 mil), centro –oeste dorsal e colocar as mãos atrás da nuca. Iniciar a palpação com a
(48/100 mil) e Nordeste (32/100 mil). Na região Norte é o segundo face palmar dos dedos sempre de encontro ao gradeado costal, de
tipo de câncer mais incidente, com 19 casos novos por cada 100 mil forma suave, no sentido horário, da base da mama para a papila,
mulheres. incluindo o prolongamento axilar. Observar a presença ou ausência
Os elevados índices de incidência e mortalidade por câncer do de nódulo, endurecimento, tamanho, forma, consistência, localiza-
colo do útero e da mama no Brasil justificam a implantação de es- ção e mobilidade.
tratégias efetivas de controle dessas doenças. As linhas de cuidado - Manobra de Expressão Papilar: É realizada após a palpação da
são estratégias com o objetivo de organizar o fluxo dos indivíduos, mama, com a mulher deitada. Observar presença de fluxo papilar
de acordo com suas necessidades, que implicam na organização de se é unilateral ou bilateral, único ducto ou vários, aspecto sangui-
um conjunto de ações e serviços de saúde, estruturados com base nolento ou não.
em critérios epidemiológicos e de regionalização para dar conta dos - Solicitar a usuária que fique em posição ginecológica, cobrin-
desafios atuais onde os quadros relativos a esses cânceres são de do-lhe os membros inferiores para menor exposição. Providenciar
alta relevância epidemiológica e social. uma boa iluminação para coleta do material.
As ações e prevenção do câncer de colo de útero se baseiam na
coleta periódica de citologia oncótica e observações macroscópica
nos exames ginecológicos.

21 Fonte: www.minhavida.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Inspeção da Região Vulvar: Prepúcio do clitóris; clitóris; meato Sintomas
uretral; lábio maior; orifício vaginal; fossa navicular, fúrcula e lábio Câncer de mama
menor. Observar presença de lesões cutâneas da região ano-vul- Os sinais e sintomas do câncer podem variar, e algumas mulhe-
var como pediculose, intertrigo, eritema, eczemas das pregas gê- res que têm câncer podem não apresentar nenhum destes sinais
nito-crurais (prurido); presença de lesões verrugosas (condiloma), e sintomas. De qualquer maneira, é recomendável que a mulher
lesões atróficas acentuadas, processos inflamatórios reacionais di- conheça suas mamas, e saiba reconhecer alterações para poder
fusos; distribuição dos pelos e do tecido adiposo, presença de ulce- alertar o médico.
rações de várias naturezas, presença de hipertrofia do clitóris. Ob- A melhor época do mês para que a mulher que ainda menstrua
servar o meato uretral em busca de anomalias de desenvolvimento, avalie as próprias mamas para procurar alterações é alguns dias
presença de secreções; o orifício vaginal em busca de secreções, após a menstruação, quando as mamas estão menos inchadas. Para
presença de prolapso dos órgãos genitais internos; e a presença de as mulheres que já passaram a menopausa, este autoexame pode
abscessos da glândula de Bartholin. ser feito em qualquer época do mês.
- Exame especular: Observar no colo do útero: Cor, lacerações, Qualquer alteração que você venha a observar comunique
úlceras e neoformações. No orifício cervical: Tamanho, forma, cor imediatamente ao seu médico, mesmo que elas tenham aparecido
e presença de secreções e/ou pólipos. A parede vaginal deve ser pouco tempo depois da última mamografia que você realizou ou do
observada durante a retirada do espéculo. exame clínico das mamas feito pelo profissional de saúde.
O câncer de mama pode apresentar vários sinais e sintomas,
Fluxogramas de Atendimento. como:
Exames de rotina e complementares - Nódulo único endurecido.
- Mamografia de rastreamento para mulheres de baixo risco - Irritação ou abaulamento de uma parte da mama.
que deve ser realizado anualmente durante as consultas, indepen- - Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se
dente da faixa etária e deve ser solicitado na faixa etária entre 50 a sinta um nódulo).
69 anos, com intervalo de dois anos entre os exames; - Edema (inchaço) da pele.
- Mamografia de rastreamento para mulheres com risco ele- - Eritema (vermelhidão) na pele.
vado para mulheres à partir dos 40 anos, com intervalo de um ano
- Inversão do mamilo.
entre os exames; mulheres com parentesco de 1ºgrau (mãe, irmã
- Sensação de massa ou nódulo em uma das mamas.
ou filha) com câncer de mama na pré-menopausa ou câncer de
- Sensação de nódulo aumentado na axila.
mama bilateral ou de ovário; parente de primeiro grau com câncer
- Espessamento ou retração da pele ou do mamilo.
de mama masculina, mulher com biópsia de mama com Hiperplasia
Atípica ou Carcinoma Lobular “in situ”; - Secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.
- Sorologias: Sífilis, HIV, Hepatites B e Urina I e protoparasitoló- - Inchaço do braço.
gico se houver queixa; - Dor na mama ou mamilo
- TRG (teste rápido de gravidez) se houver atraso menstrual. Vale a pena lembrar que na grande maioria dos casos, a ver-
melhidão, inchaço na pele e mesmo o aumento de tamanho dos
Técnica de Coleta de Papanicolau gânglios axilares representam inflamação ou infecção (mastite, por
O exame deverá ser colhido da ectocérvice através de espátula exemplo), especialmente se acompanhados de dor.
de Ayres e endocervical com uma escova própria, colocando o ma- Mas como existe uma forma rara de câncer de mama que se
terial colhido em uma lâmina. O material da ectocérvice deve ser manifesta como inflamação, estes achados devem ser relatados ao
aplicado na lâmina no sentido transversal e o da endocérvice na médico da mesma maneira, e a mulher deve passar por um exame
segunda metade no sentido longitudinal. O fixador deve ser aplica- clínico, obrigatoriamente.
do imediatamente. O teste Shiller consiste na aplicação de solução Apesar da importância do diagnóstico precoce para aumentar
lugol e inspeção imediata a olho nu para verificar existência de áre- e melhorar as chances de cura de sobrevida para as mulheres com
as iodo negativas. câncer de mama, muitos casos ainda são diagnosticados em estágio
avançado ou metastático, quando o tumor já se espalhou para ou-
Situações Especiais: tros órgãos. Nesses casos, os sinais e sintomas, além dos descritos
- Mulher Grávida: Pode ser feito em qualquer período da ges- acima, podem variar de acordo com a área afetada pelo avanço do
tação, preferencialmente até o 7º mês. A coleta deve ser feita com câncer. Quando em metástase, o câncer de mama em geral atinge
a espátula de Ayres e não usar escova para coleta endocervical. A os ossos, fígado, pulmões ou cérebro.
coleta deve ser realizada por enfermeiros e/ou médicos.
- Mulher com transtornos mentais ou adolescentes: Solicitar a Colo do útero
presença de um membro da família. Antes de tornar-se maligno, o que leva alguns anos, o tumor
- Mulheres virgens: A coleta em virgens não deve ser priorida- passa por uma fase de pré-malignidade, denominada NIC (Neopla-
de na coleta de rotina. Se houver presença de condilomatose na sia Intraepitelial Cervical), que pode ser classificada em graus I, II, III
genitália externa, principalmente vulvar e anal, é um indicativo da
e IV de acordo com a gravidade do caso.
necessidade de realização do exame do colo, devendo ser realizado
Embora sua incidência esteja diminuindo, o câncer de colo do
pelo médico.
útero ainda é o quarto câncer mais incidente em mulheres (des-
- Mulheres submetidas a histerectomia: Histerectomia total:
considerando o câncer de pele não melanoma) e a quarta causa de
recomenda– se a coleta de esfregaço de fundo de saco vaginal ape-
nas quando houver lesões ou controle de lesões anteriores neoplá- morte de mulheres por câncer no Brasil.
sicas de colo. Histerectomia subtotal: rotina normal. Felizmente, as estatísticas estão mostrando que 44% dos casos
diagnosticados no País são de lesão in situ precursora do câncer, ou
seja, lesões que ainda estão restritas ao colo e não desenvolveram
características de malignidade. Nessa fase, a doença pode ser cura-
da na quase totalidade dos casos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Os dois tipos mais frequentes de tumor maligno de colo de -Depois de manusear material contaminado, mesmo quando
útero estão associados à infecção pelo HPV. São eles: os carcino- as luvas tenham sido usadas.
mas epidermoides (80% dos casos) e os adenocarcinomas (20% dos -Antes e depois de manusear catéteres vasculares, sonda vesi-
casos). cal, tubo orotraqueal e outros dispositivos
-Após o contato direto com secreções e matéria orgânica.
Fatores de risco para o câncer de colo do útero -Após o contato com superfícies e artigos contaminados.
A infecção pelo HPV, responsável pelo aparecimento das ver- -Entre os diversos procedimentos realizados no mesmo pacien-
rugas genitais, representa o maior fator de risco para o surgimento te.
do câncer de colo de útero. Apesar de existir mais de uma centena -Quando as mãos forem contaminadas, em caso de acidente.
de tipos diferentes desse vírus, somente alguns estão associados ao -Após coçar ou assoar nariz, pentear os cabelos, cobrir a boca
tumor. São classificados como de alto risco os tipos 16, 18, 45 e 56; para espirrar, manusear dinheiro
de baixo risco, os tipos 6, 11, 41, 42 e 44, e de risco intermediário os -Antes de comer, beber, manusear alimentos e fumar.
tipos31, 33, 35, 51 e 52. -Após manusear quaisquer resíduos.
Podem ser citados, ainda, como fatores de risco: -Ao término de cada tarefa.
- Início precoce da atividade sexual; -Ao término da jornada de trabalho.
- Múltiplos parceiros sexuais ou parceiros com vida sexual pro-
míscua; Técnica de lavagem das mãos
- Cigarro; 1.Retirar anéis, pulseiras e relógio.
- Baixa imunidade; 2.Abrir a torneira e molhar as mãos sem encostar na pia.
- Não fazer o Papanicolaou com regularidade; 3.Colocar nas mãos aproximadamente 3 a 5 ml de sabão. O sa-
- Más condições de higiene; bão deve ser, de preferência, líquido e hipoalergênico.
- Histórico familiar.
4.Ensaboar as mãos friccionando-as por aproximadamente 15
segundos.
Sintomas
5.Friccionar a palma, o dorso das mãos com movimentos cir-
Nas fases iniciais, o câncer de colo de útero é assintomático.
culares, espaços interdigitais, articulações, polegar e extremidades
Quando os sintomas aparecem, os mais importantes são:
- Sangramento vaginal especialmente depois das relações se- dos dedos (o uso de escovas deverá ser feito com atenção).
xuais, no intervalo entre as menstruações ou após a menopausa; 6.Os antebraços devem ser lavados cuidadosamente, também
- Corrimento vaginal (leucorreia) de cor escura e com mau chei- por 15 segundos.
ro. 7.Enxaguar as mãos e antebraços em água corrente abundante,
Nos estágios mais avançados da doença, outros sinais podem retirando totalmente o resíduo do sabão.
aparecer. Entre eles, vale destacar: 8.Enxugar as mãos com papel toalha.
- Massa palpável no colo de útero; 9.Fechar a torneira acionando o pedal, com o cotovelo ou uti-
- Hemorragias; lizar o papel toalha; ou ainda, sem nenhum toque, se a torneira for
- Obstrução das vias urinárias e intestinos; fotoelétrica. Nunca use as mãos.
- Dor lombar e abdominal;
- Perda de apetite e de peso. Proteja-se
-Lave corretamente as mãos;
Diagnóstico do câncer -Utilize corretamente os equipamentos de proteção individual
A avaliação ginecológica, a colposcopia e o exame citopatoló- - EPI.
gico de Papanicolaou realizados regular e periodicamente são re-
cursos essenciais para o diagnóstico do câncer de colo de útero. Na Lembretes técnicos
fase assintomática da enfermidade, o rastreamento realizado por -O uso de luvas não exclui a lavagem das mãos.
meio do Papanicolaou permite detectar a existência de alterações -Manter líquidos anti-sépticos para uso, caso não exista lava-
celulares características da infecção pelo HPV ou a existência de le- tório no local.
sões pré-malignas.22 -Tem-se comprovado que a contagem de microrganismos sob
as unhas e quando se está usando anéis, relógios e pulseiras é mais
alta.
LAVAGEM DAS MÃOS E SUAS IMPLICAÇÕES -Mantenha as unhas tão curtas quanto possível, e remova to-
das as jóias antes da lavagem das mãos.
-Realize o mesmo procedimento a cada paciente ou ensaio.
A lavagem das mãos é, sem dúvida, a rotina mais simples, mais
-A lavagem das mãos deve ser feita em uma pia distinta daque-
eficaz, e de maior importância na prevenção e controle da dissemi-
la usada para a lavagem do instrumental, vidrarias ou materiais de
nação de infecções, devendo ser praticada por toda equipe, sempre
laboratório.
ao iniciar e ao término de uma tarefa.
-Deve-se evitar lesionar as mãos. Caso as luvas sejam rasgadas
Quando lavar as mãos ou puncionadas durante quaisquer procedimento, elas devem ser
-No início e no fim do turno de trabalho. removidas imediatamente, e as mãos devem ser lavadas cuidado-
-Antes de preparar medicação. samente.
-Antes e após o uso de luvas. -Profissionais com lesões nas mãos ou dermatites devem abs-
-De utilizar o banheiro. ter-se, até o desaparecimento dessas lesões, de cuidar de pacientes
-Antes e depois de contato com pacientes. e de manipular instrumentos, aparelhos ou quaisquer materiais po-
tencialmente contaminados.
22 Fonte: www.saude.campinas.sp.gov.br/www.oncoguia.org.br/www.
drauziovarella.uol.com.br

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As manifestações de preocupação com a necessidade de hi- Alguns microrganismos que compõem a microbiota transitória
gienização das mãos na assistência se iniciaram no século XI, com são detectados na pele por períodos mais prolongados e conse-
Maimonides defendendo a lavagem das mãos pelos praticantes da guem se multiplicar e formar colônias sem causar infecção. É o caso
medicina. Entretanto, durante os séculos que se seguiram, os hábi- dos Staphylococcus aureus. Este meio termo entre residente e tem-
tos de higiene não passaram de rituais de purificação, evidenciando porário vem introduzindo um novo conceito de microbiota tempo-
mais os cuidados com a aparência do que propriamente uma preo- rariamente residente. Maiores estudos ainda se fazem necessários
cupação com a saúde. para o entendimento completo dos fatores que contribuem para a
Mesmo centenas de anos depois, em meados do Século XIX, persistência da colonização das mãos por este importante patóge-
quando Semmelweis produziu a primeira evidência científica de no.Os microrganismos presentes em infecções da pele, como abs-
que a higienização das mãos poderia evitar a transmissão da febre cessos, dermatites infectadas e paroníquia são classificados como
puerperal, esta prática não foi compreendida em sua importância e microbiota infectante. Estão mais frequentemente envolvidos os
tampouco aceita pelos profissionais de sua época. Staphylococcus aureus e os Streptococcus B hemolíticos. Nos pro-
Muitas décadas se passaram e diversos cientistas e filósofos cessos infecciosos, estes microrganismos estão invadindo os tecidos
comprovaram e defenderam a causa da assepsia. Mesmo com a e não podem ser removidos por ação mecânica e nem mesmo pela
constatação do valor da higienização das mãos na prevenção da utilização de antissépticos. Desempenham um importante papel na
transmissão de doenças, profissionais de saúde, independente- cadeia de transmissão de infecções e por isto os profissionais de
mente de importância ou posição, continuam ignorando o valor de saúde portadores destes tipos de infecção só devem retomar suas
um gesto tão simples e não compreendem os mecanismos básicos atividades assistenciais após a cura do processo infeccioso.
da dinâmica de transmissão das doenças infecciosas.
Higienização baseada em evidências
Os fundamentos da transmissão dos microrganismos Diversas são as publicações científicas que demonstram a cor-
Em geral, os microrganismos são transmitidos por contato di- relação entre a higienização das mãos e a redução na transmissão
reto ou indireto, por meio de gotículas de secreções respiratórias de infecções. Estudos bem conduzidos têm mostrado a importância
e pelo ar. No ambiente da assistência à saúde, é consenso que a da implementação de práticas de higienização das mãos na redução
transmissão por contato desempenha o papel mais importante nes- das taxas de infecções e a maioria absoluta dos especialistas em
ta dinâmica de transmissão. Nas atividades diárias, as mãos huma- controle de infecções concorda que a higienização das mãos é o
nas estão constantemente em intenso contato com o ambiente ao meio mais simples e eficaz de prevenir a transmissão de microrga-
redor e esta forma de transmissão também fica evidente. nismos no ambiente assistencial.
A importância da higienização das mãos na prevenção da trans- O tema é de grande interesse científico, com diversos estudos
missão das infecções hospitalares é baseada na capacidade da pele internacionais publicados anualmente. Em 1988, LARSON revisou
para abrigar microrganismos e transferi-los de uma superfície para 423 artigos publicados entre 1879 a 1986.21 Mais da metade destes
a outra, por contato direto, pele com pele, ou indireto, por meio de trabalhos (50.8%) avaliava produtos para a higienização da pele e
objetos. 10.9% apresentavam estudos sobre comportamento. Nesta revisão
A microbiota normal da pele é dividida em residente e transi- também foi detectado um aumento acentuado no número de ar-
tória e esta classificação é essencial para o entendimento da cadeia tigos publicados sobre lavagem das mãos na década de 80, sendo
de transmissão dos agentes infecciosos. A microbiota residente é quase o dobro do número de qualquer outro período analisado.
composta por elementos que estão frequentemente aderidos nos Os estudos de revisão são ferramentas importantes para mos-
estratos mais profundos da camada córnea, formando colônias de trar a consistência das indicações científicas sobre grandes temas.
microrganismos que se multiplicam e se mantêm em equilíbrio com Em outra revisão, publicada em 1999, LARSON reconhece que as
as defesas do hospedeiro. Os componentes mais comuns desta mi- evidências acumuladas, correlacionando a higienização das mãos
crobiota são os Staphylococcus coagulase negativo, micrococos e com a redução do risco de transmissão de patógenos nosocomiais,
certas espécies de corinebactérias. são mais fortes que as que embasam qualquer outra prática de con-
Estes microrganismos são de difícil remoção e as suas colônias trole conhecida. Estudos experimentais e não experimentais rela-
possuem mecanismos de defesa contra a remoção mecânica ou por cionados à lavagem das mãos foram revisados para verificar evidên-
agentes químicos. Entretanto, com a descamação natural da pele cias de associação entre lavagem das mãos e redução de infecções.
e a produção de suor, alguns destes microrganismos são movidos Exceto pela especificidade, todos os outros elementos para admis-
para camadas mais superficiais e eliminados no ambiente. Muitos são da relação causal, como temporalidade, impacto, plausibilidade
deles apresentam baixa patogenicidade, mas podem se tornar inva- e consistência de associação estavam presentes. Foi concluído que
sivos e causar infecções em pessoas suscetíveis. a ênfase na lavagem das mãos era pertinente e deveria ser mantida.
A microbiota transitória é composta por microrganismos que A necessidade da higienização das mãos é reconhecida tam-
se depositam na superfície da pele, provenientes de fontes exter- bém pelo governo brasileiro, quando inclui recomendações para
nas, colonizando temporariamente os extratos córneos mais super- esta prática no Anexo IV da Portaria 2616/98 do Ministério da Saú-
ficiais. Normalmente é formada por bactérias gram negativas, como de, que instrui sobre o Programa de Controle de Infecções Hospita-
enterobactérias, Pseudomonas, bactérias aeróbicas formadoras de lares nos estabelecimentos de assistência à saúde no País.
esporos, fungos e vírus, possuindo maior potencial patogênico. Por A importância deste tema fica ainda mais destacada quando ve-
serem mais facilmente removidos da pele, por meio de ação me- rificamos que diversas regulamentações internacionais e manuais,
cânica, os microrganismos que compõem a microbiota transitória elaborados por associações profissionais ou órgãos governamentais
também se espalham com mais facilidade pelo contato e são eli- internacionais, são direcionados à higienização das mãos, reconhe-
minados com mais facilidade pela degermação com agentes anti- cendo as evidências sobre o valor desta ação básica de controle.
-sépticos. Apesar de tema antigo e constante nos textos e encontros
científicos sobre prevenção e controle de infecções, novos direcio-
namentos para esta prática estão sempre em estudo e um novo
manual de recomendações está sendo desenvolvido pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Efeitos nocivos da higienização das mãos Uma das mais perturbadoras revelações dos trabalhos que ava-
A lavagem das mãos tem sido amplamente discutida, assim liam a adesão dos profissionais à higienização das mãos é a impos-
como as substâncias que devem ser usadas para a sua realização. sibilidade de realizar esta prática em todos os momentos em que
Efeitos nocivos de substâncias químicas empregadas como sabões e é recomendada. Portanto, as intervenções devem ser direcionadas
antissépticos têm sido relatados por diversos autores e contribuem para as atividades e setores de maior risco, provendo fácil acesso ao
para diminuir a adesão dos profissionais a esta prática. método preferencial de higienização das mãos da instituição.
A importância da prevenção de danos à pele foi evidenciada
em diversos estudos, onde se procurou verificar as mudanças na Além do controle de infecções
microbiota, consequentes a diferentes formas de higienização, as- Perguntas ainda permanecem por serem respondidas. Embora
sociadas ou não a lesões na pele de profissionais de saúde. vários fatores possam ser incluídos na falta de adesão à higieniza-
A comparação entre a colonização das mãos de vinte enfermei- ção das mãos, Bryan e colaboradores sumarizaram, a partir da revi-
ros com irritação de pele e vinte sem lesões não mostrou um au- são de 18 estudos, examinando a ligação entre lavagem das mãos
mento significativo na contagem bacteriana, mas comprovou uma e infecções, três recomendações: (1) a lavagem das mãos pode
maior variação entre as espécies encontradas, com um percentu- adicionar um enorme valor às estratégias de controle de infecções
al de resistência microbiana maior nas culturas provenientes das em assistência a pacientes agudos, (2) a higienização das mãos dos
mãos que apresentavam lesões de pele. Entre os microrganismos pacientes pode favorecer o controle de infecções, e (3) o efeito da
isolados, Staphylococcus hominis com resistência à oxacilina, bacté- lavagem “ideal” das mãos nas taxas de infecção é improvável de ser
ria gram negativas, Enterococcus e Candida estavam presentes em quantificado.
maior quantidade nas mãos com pele danificada. O Staphylococcus Pittet, em seu estudo sobre a promoção da melhoria da adesão
aureus só foi identificado como colonizante no grupo que apresen- à prática da higienização das mãos nos hospitais, propõe questões
tava lesões. tentadoras para pesquisadores de controle de infecções e micro-
A importância destes microrganismos na cadeia de transmissão biologistas:
de infecções é evidente e a alteração na microbiota residente das 1. Como podemos produzir evidências científicas definitivas so-
bre o impacto da adesão à higienização das mãos na redução das
mãos deve ser evitada. Diversas substâncias degermantes e antis-
taxas de infecção?
sépticas têm sido apresentadas pela indústria e possuem diferen-
2. Quando e qual frequência de higienização das mãos é o su-
tes habilidades em diminuir a microbiota microbiana da pele, com
ficiente?
variados níveis de proteção contra o ressecamento. Os resultados
3. Qual o percentual de aumento na frequência de higienização
do estudo apresentado acima mostram que devemos nos esforçar das mãos necessário para atingir um valor predizível de diminuição
para prevenir danos na pele entre os profissionais de saúde, padro- nas taxas de infecção?
nizando substâncias para higienização das mãos com menor poder 4. Devemos encorajar ou desencorajar o uso de luvas?
de ressecamento, estimulando o uso de hidratantes e oferecendo 5. Quais são os determinantes da mudança de comportamento
luvas confeccionadas com materiais que causam menos irritação da necessária para aumentar a adesão à lavagem das mãos?
pele. 6. O uso de substâncias com base alcoólica, que não necessi-
A substituição de água e sabão por substâncias à base de ál- tam de água para a higienização das mãos, deve substituir a lava-
cool vem sendo apresentada como a grande virada para diminuir gem convencional das mãos?
as lesões causadas pela lavagem frequente das mãos. As ressalvas 7. Quais são os melhores agentes ou soluções para a higieniza-
são relacionadas ao fato de que estas soluções não funcionam ade- ção das mãos? Devem ter efeito residual?
quadamente na presença de sujidade visível ou matéria orgânica, 8. Como conseguir suporte dos órgãos deliberativos e adminis-
que precisam ser removidas das mãos antes do seu uso. Um das trações hospitalares?
propostas para contornar este problema é a utilização de tecidos 6 Estas e outras dúvidas estarão nos estimulando ainda por al-
impregnados com soluções à base de álcool, aumentando sua eficá- gum tempo. A perspectiva de novas descobertas e trabalhos cien-
cia em condições desfavoráveis. tíficos direcionados à realidade de cada serviço, com colaboração
entre equipes multiprofissionais, pode levar a mudanças no perfil
Fazer ou não fazer: eis o controle das infecções de higienização das mãos que temos hoje e suas implicações na
Apesar de todas as evidências apontando para a importância transmissão de doenças. Buscar as respostas para estas perguntas
das mãos na cadeia de transmissão das infecções hospitalares e os está nas mãos de cada um de nós.23
efeitos dos procedimentos de higienização na redução das taxas de
infecção, muitos profissionais e administradores hospitalares per- RESPONSABILIDADE ÉTICA E PROFISSIONAL EM EN-
manecem em uma atitude passiva diante do problema, enquanto FERMAGEM
outros poucos desenvolvem formas originais e criativas para envol-
ver os profissionais em campanhas educativas de higienização das
Definir ética não é das tarefas mais fáceis. Em geral, nas áreas
mãos.
de saúde, a palavra nos leva a pensar em ética médica, associado o
Em um estudo conduzido por Pittet e sua equipe, no Hospital
conceito ao conjunto de normas presentes nos códigos deontoló-
Universitário de Genebra, a adesão dos profissionais à prática da
gicos. Segundo Cartaxo (2004), otermo Ética Profissional refere-se
lavagem das mãos foi considerada moderada, com média de 48%
aos padrões de conduta moral, isto é, padrões de comportamento
de aplicação da medida nas oportunidades geradas durante o dia relativos ao paciente, ao patrão e aos colegas de trabalho. Ter uma
de trabalho. A principal causa de não realização da higienização das boa capacidade de discernimento significa distinguir o que é certo
mãos foi a falta de atenção à necessidade (laxity of practice). A evi- e o que é errado, e como agir para chegar ao equilíbrio. Mas, ética
dência mais contundente mostrada neste estudo foi a menor ade- tem, na verdade, sentidos muito mais amplos.
são à higienização das mãos durante as atividades de maior risco de
transmissão de infecções.
23 Fonte: www.fiocruz.br/www.anvisa.gov.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
É importante lembrar que, enquanto profissionais temos por Reinstein (2007) relata que a enfermagem é uma profissão
dever, participar ativamente de tudo que diz respeito à evolução e que tem como finalidade o cuidado ao ser humano, nos níveis de
melhoria da condição técnica e ética da nossa profissão. prevenção, promoção e recuperação à saúde, a enfermagem pre-
Muito se tem falado a cerca da ética nas relações humanas e cisa fundamentar sua prática em princípios éticos, que fornecem o
apesar deste sentimento fazer parte das nossas vidas, é recente alicerce para o cuidado. Quando falamos em princípios éticos nos
o enfoque dado à ética, como sendo uma tendência relacionada referimos tanto à ética filosófica quanto à ética codificada. Assim o
à profissionalização nas instituições, seja na área de saúde ou de Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) torna-se
outras. um dos alicerces que norteiam o exercício da Enfermagem.
A enfermagem é uma profissão da área de saúde cuja essência Paschoal (2006) relata que no ensino da enfermagem a ética
e especificidade é o cuidado do ser humano no âmbito individual, faz parte do currículo como disciplina, com conteúdos que devem
familiar e da comunidade, desenvolvendo atividades de promo- permitir a criação de espaços para a reflexão, com característica de
ção, recuperação e reabilitação da saúde e prevenção de doenças, fazer “parar para pensar”, objetivando fazer raciocinar adequada-
também compreende um componente próprio de conhecimentos mente bem para conduzir com competência, comprometimento e
científicos e técnicos, construído e reproduzido por um conjunto responsabilidade a profissão.
de pratica sociais, éticas e políticas que se processa pelo ensino, O enfermeiro tem como compromisso ético “participar como
pesquisa e assistência. COREN/BA (2002/2005). integrante da sociedade, das ações que visem satisfazer às neces-
A Ética é uma “ciência que ensina o homem a agir corretamen- sidades de saúde da população, respeitar a vida, a dignidade e os
te”, ou “aquilo que o homem deve ser em função daquilo que ele direitos da pessoa humana em todo o seu ciclo vital, sem discrimi-
é”; “o homem não quer apenas viver, mas viver bem; não se deve nação de qualquer natureza, exercer suas atividades com justiça,
entender este bem como uma preocupação egoísta de conseguir competência responsabilidade e honestidade, prestar assistência à
valores materiais, senão um aperfeiçoamento moral capaz de in- saúde visando à promoção do ser humano como um todo, e exer-
tegrar a aspiração de cada um aos interesses de todos” (FRANÇA, cer a profissão com autonomia, respeitando os preceitos legais da
1974). Enfermagem” (BRASIL, 2000).
O Código de Ética do Profissional de Enfermagem – CEPE,teve A consciênciados profissionais será construída por meio de si-
como referência os postulados da Declaração Universal dos Direitos tuações que os levem a refletir a real importância de se ver o Código
do Homem promulgada pela Assembléia Geral das Nações Unidas de Ética de enfermagem como um instrumento para a prevenção e
(1948) e adotada pela convenção de Genebra da Cruz vermelha manutenção da vida, não só como uma disciplina a ser cumprida ou
(1949), contidas no código de ética do conselho internacional de um manual de exigência de uma profissão.
enfermeiros (1953) e no código de ética associação brasileira de en- Freitas, et al (2006) relata que as ocorrências éticas são eventos
fermagem (1975), teve como referência, ainda, o código de deonto- danosos causados por profissionais de enfermagem no decorrer do
logia de enfermagem do conselho federal de enfermagem (1976) e exercício e que têm a ver com a atitude inadequada face ao cole-
as normas internacionais e nacionais sobre pesquisa em seres hu- ga de trabalho, à clientela ou à instituição em que trabalha. Esses
manos (declaração de Helsinque, 1964, revista em Tóquio, 1975 e a eventos podem acarretar alguma forma de prejuízo ou dano aos
resolução nº 01, do conselho nacional de saúde, MS, 1988). COREN/ clientes ou aos próprios profissionais envolvidos, seja devido à falta
BA (2002/2005). de atenção, de habilidade, de conhecimento, de zelo, podendo tam-
O termo Ética Profissional refere-se aos padrões de conduta bém ser causados por omissão, ou seja, quando o profissional deixa
moral, isto é, padrões de comportamento relativos ao paciente, ao de agir ou fazer algo que deveria fazer e com isso acarreta risco ou
patrão e aos colegas de trabalho. Ter uma boa capacidade de discer- prejuízo a outrem, ferindo os princípios éticos da enfermagem, não
nimento significa distinguir o que é certo e o que é errado, e como se limitando a inobservância das normas éticas do CEPE.
agir para chegar ao equilíbrio. A ética pode ser definida como saber que agrega e integra as
Segundo Medeiros (1993) O Código de Enfermagem surge várias disciplinas do currículo de enfermagem, para que todos te-
quando os enfermeiros começam a encaminhar seus debates, obje- nham uma linguagem comum, relacionada aos princípios éticos
tivando nortear as normas de conduta para o exercício da profissão. que norteiam nossa profissão. Conclui-se que o Código de Ética do
A Universidade Federal de São Paulo define ética profissional Profissional de Enfermagem assegura tanto os direitos de seus pro-
como um conjunto de normas de conduta a serem aplicadas no fissionais, quanto da sua clientela, respeitando ambos em seus va-
exercício de uma profissão. De acordo com Cruz, (2007) “o profis- lores individuais, e assim, possibilitando ações mais humanizadas.
sional ético deve estar em constante reflexão sobre seu modo de
agir e interagir no ambiente profissional. Antes de estabelecer um Código de Ética profissional em Enfermagem
juízo o profissional deve se perguntar pelas reais circunstâncias que RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
envolvem aquela ação específica”.
Independente da área em que trabalhe, cada vez mais os enfer- Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enferma-
meiros, se confrontam com problemas éticos e com a conseqüente gem
necessidade de tomar decisões complexas que exigem adequação
aos princípios e valores éticos, em geral, e da profissão em parti- O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atri-
cular. buições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho
Assim o enfermeiro tem como compromisso ético “participar de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução
como integrante de sociedade, das ações que visem satisfazer às Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e
necessidades de saúde da população, respeitar a vida, a dignidade CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei
e os direitos da pessoa humana em todo o seu ciclo vital, sem discri- 5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen elaborar o Código
minação de qualquer natureza, exercer suas atividades com justiça, de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ou-
competência responsabilidade e honestidade, prestar assistência à vidos os Conselhos Regionais;
saúde visando à promoção do ser humano como um todo, e exer- CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem
cer a profissão com autonomia, respeitando os preceitos legais da deve submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes;
Enfermagem” (BRASIL 2000).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de
promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e ado- ampla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos Re-
tada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão gionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enferma-
contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfer- gem, em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferên-
meiras (1953, revisado em 2012); cias Regionais.
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direi- Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vin-
tos Humanos (2005); te) dias a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da União,
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução
Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética dos Pro- Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
fissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as Brasília, 6 de novembro de 2017.
normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de
Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012, ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres huma-
nos; PREÂMBULO
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Éti-
ca dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na 1ª Conferência O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de
Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida no perí- Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-se por prin-
odo de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada pelo cípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta
Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comissão profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e
Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de uma prática social, indispensável à organização e ao funcionamento
Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016; dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio
Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a violência do- do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à cole-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 tividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo,
da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito a
2003, que estabelece a notificação compulsória, no território na- remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possi-
cional, nos casos de violência contra a mulher que for atendida em bilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos. Sobretudo,
serviços de saúde públicos e privados; esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito aos direi-
CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que tos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que inclui os
dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente; direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segu-
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, rança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser tratada sem distin-
que dispõe sobre o Estatuto do Idoso; ção de classe social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, in-
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que capacidade, deficiência, doença, identidade de gênero, orientação
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição social.
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental; Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Fede-
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que ral de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são conferidas
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera- pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, apro-
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor- va e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de
respondentes; Enfermagem à sua fiel observância e cumprimento.

CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Ex- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


traordinária de Presidentes dos Conselhos Regionais de Enferma-
gem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do
18 de julho de 2017, e cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e cultu-
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Fede- rais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade.
ral de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária, O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e
RESOLVE: teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para
Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de En- promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os
fermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da
respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consulta- equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas,
do através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br). com ênfase nas políticas de saúde que garantam a universalidade
Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de En- de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação
fermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras, bem da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierar-
como aos atendentes de Enfermagem. quização e descentralização político-administrativa dos serviços de
Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Fede- saúde.
ral de Enfermagem. O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento
Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é
de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Conselheiros Efetivos do executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assis-
Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Re- tir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar.
gionais.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
CAPÍTULO I Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais
DOS DIREITOS e meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar cursos,
palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança téc- divulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.
nica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discrimi- Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha
nação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos habilidades e competências técnico-científicas e legais.
legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mí-
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos dias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais.
e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua
respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profis- competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam
sionais de enfermagem. segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dig- Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação
nidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física
por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração, e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da
observados os parâmetros e limites da legislação vigente. assistência de Enfermagem.
Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e
transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, ob- CAPÍTULO II
servando os preceitos éticos e legais da profissão. DOS DEVERES
Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organiza-
ções da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional,
Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equida-
atendidos os requisitos legais.
de, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, ho-
Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, éti-
nestidade e lealdade.
co-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão susten-
tação à prática profissional.
Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, famí- Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência,
lia e coletividade, necessárias ao exercício profissional. no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for- ideológica.
ma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos
público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Co-
ou que atinja a profissão. fen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for- Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de
ma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Códi- Enfermagem no desempenho de atividades em organizações da ca-
go, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões tegoria.
e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de En-
Regionais de Enfermagem. fermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositi-
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, vos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e
às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade.
como participar de sua elaboração. Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de En-
Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enferma- fermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo,
gem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em
que trabalha. cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional.
Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notifi-
tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional. cações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Con-
Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quan- selhos Regionais de Enfermagem.
do o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exer- Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício
cício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso
as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imedia- a documentos e a área física institucional.
tamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrôni- Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem,
co à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem.
com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional.
Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento
Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conse-
metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o
lho Regional de Enfermagem de sua jurisdição.
cuidado à pessoa, família e coletividade.
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao
Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no
âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente rela- Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição.
cionada ao exercício profissional da Enfermagem. Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis,
Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enferma-
que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabili- gem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício
dade profissional. profissional.
Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e § 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, núme-
extensão, respeitando a legislação vigente. ro e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura
Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesqui- ou rubrica do profissional.
sa, extensão e produção técnico-científica. § 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura
deverá ser certificada, conforme legislação vigente.

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimen-
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de to prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou deci-
forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. são judicial.
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de En- Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja
fermagem, em consonância com sua competência legal. capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do re-
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e presentante ou responsável legal.
fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança
do paciente. Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativida-
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito des profissionais, independentemente de ter sido praticada indi-
dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistên- vidual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência,
cia de Enfermagem. desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato.
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a res-
riscos e consequências decorrentes de exames e de outros proce- ponsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) praticado(s)
dimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu re- individualmente.
presentante legal. Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legis-
de qualquer natureza.
lação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa
da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
ou de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclare-
§ 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conheci-
cida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar,
mento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida.
realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e
legais. § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de amea-
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa ça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multipro-
no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que de- fissional, quando necessário à prestação da assistência.
seja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de § 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha
expressar, livre e autonomamente, suas vontades. deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pes- suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.
soa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte. § 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de
Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que responsabilização criminal, independentemente de autorização, de
ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pesso-
profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da cate- as incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento.
goria. § 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabili-
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos zação criminal em casos de violência doméstica e familiar contra
de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autori-
os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, confor- zação, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profis-
me a complexidade do paciente. sional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável.
Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos de- Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão
correntes de imperícia, negligência ou imprudência. quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé- comunicação e publicidade.
dica na qual não constem assinatura e número de registro do pro- Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento
fissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência. técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos pro-
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a execu- fissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação.
tar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-
erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o pres- -políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, fa-
critor ou outro profissional, registrando no prontuário. mília e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento
Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvi-
de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergên-
mento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente
cia e regulação, conforme Resolução vigente.
aprovados nas instâncias deliberativas.
Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competen-
Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolven-
tes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quan-
do houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e do seres humanos.
imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no
coletividade. processo de pesquisa, em todas as etapas.
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qua- Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se jul-
lidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, mor- gar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho seguro
rer e luto. para si e para outrem.
Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e ter- Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente
minais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resí-
multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis duos de serviços de saúde.
para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respei- CAPÍTULO III
tada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. DAS PROIBIÇÕES
Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade
em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem plei- Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de
tear vantagens pessoais, quando convocado. Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem.

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer na-
técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao tureza que comprometam a segurança da pessoa.
profissional, à pessoa, à família e à coletividade. Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a ou-
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou ju- tro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem
rídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o expressamente autorizados na legislação vigente.
exercício profissional de Enfermagem. Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profis-
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de sionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da le-
qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e cole- gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização
tividade, quando no exercício da profissão. humana, reprodução assistida ou manipulação genética.
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exer-
de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessi- cício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza,
dade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equi-
exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego pe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por
ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal constrangedoras.
de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na le- que não possa comprovar.
gislação. Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patri-
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, mônio das organizações da categoria.
família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de
garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional.
qualquer natureza para si ou para outrem. Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e
Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis- inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem
mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi- prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.
cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem. Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inve-
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para rídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, famí-
impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer lia ou coletividade.
tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não
pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional. executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para pra- outro profissional.
ticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a
ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da
exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difa- paciente, representante legal ou responsável legal, por determina-
mação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem ção judicial.
e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações
áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Re-
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção pe- gional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem.
nal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a ou-
exercício profissional. tro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emer-
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a gência.
interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a
vigente. outros membros da equipe de saúde.
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o pro- Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enferma-
fissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua gem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsá-
participação, desde que seja garantida a continuidade da assistên- veis pelo paciente.
cia. Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado.
a morte da pessoa. Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência pres-
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergên- tada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos e/ou
cia ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.
que possua competência técnica-científica necessária. Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel,
Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de ur- público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão
gência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em pro-
ofereça risco a integridade física do profissional. veito próprio ou de outrem.
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesqui-
saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu represen- sa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e
tante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte. coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de
Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, riscos ou danos previsíveis aos envolvidos.
ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e seguran-
os graus de formação do profissional. ça da pessoa, família e coletividade.
Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabeleci- Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem
dos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente esta-
instituição de saúde, exceto em situações de emergência. belecidos.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional
participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autoriza- terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias
ção prévia. em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico- e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, mul-
participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. ta, censura e suspensão do exercício profissional, são da responsa-
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não pu- bilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas
blicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, do direito ao exercício profissional é de competência do Conselho
das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
ou concessão dos demais partícipes. primeiro, da Lei n° 5.905/73.
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer cons- Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem
tar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica. no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cassação do
exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de
CAPÍTULO IV Presidentes dos Conselhos de Enfermagem.
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposi-
ção consideram-se:
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares, I – A gravidade da infração;
bem como a aplicação das respectivas penalidades regem-se por II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispo- III – O dano causado e o resultado;
sitivos legais. IV – Os antecedentes do infrator.
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omis- Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, gra-
são ou conivência que implique em desobediência e/ou inobser- ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de
vância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfer- cada caso.
magem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/ § 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a inte-
Conselhos Regionais de Enfermagem. gridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infra- debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca-
ção ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para sua prá- tegoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou
tica, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício. financeiros.
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da § 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem
análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou
e do(s) resultado(s). ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou finan-
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e con- ceiros.
duzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar vigente, § 3º São consideradas infrações graves as que provoquem pe-
aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem. rigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou fun-
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/ ção, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem
Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes: § 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem
I – Advertência verbal; a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função,
II – Multa; dano moral irremediável na pessoa.
III – Censura; Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
IV – Suspensão do Exercício Profissional; I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es-
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as consequ-
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, ências do seu ato;
de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, II – Ter bons antecedentes profissionais;
na presença de duas testemunhas. III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ame-
§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 aça;
(um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
§ 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de En- fatos.
fermagem e em jornais de grande circulação.
Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissio-
I – Ser reincidente;
nal da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será
II – Causar danos irreparáveis;
divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Re-
III – Cometer infração dolosamente;
gionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
aos órgãos empregadores.
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da
de ou a vantagem de outra infração;
Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
e em jornais de grande circulação.
§ 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no pron- do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional;
tuário do infrator. VIII – Ter maus antecedentes profissionais;

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstru- A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é
ção de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a o recurso utilizado para a obtenção dos dados necessários ao tra-
condução do processo ético. tamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju-
da, seus hábitos e práticas de saúde, a história da doença atual, de
CAPÍTULO V doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES consideradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de
enfermagem e tratamento devem ser registradas no prontuário,
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente pode- tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as con-
rão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais sideradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito da
de um artigo. privacidade.
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com o
infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situações,
32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, até várias vezes ao dia.
53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas
81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, as partes do corpo e a verificação de sinais vitais e outras medidas,
101 e 102. como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas.
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados
que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, coletados e se determinam os problemas de saúde do paciente,
41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo
68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, são identificadas as necessidades de assistência de enfermagem e a
86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102. elaboração do plano assistencial de enfermagem.
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao pacien-
ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, te (prescrição de enfermagem) e implementados pela equipe de
52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde,
76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, sempre que necessário.
97, 99, 100, 101 e 102. Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é apli- cuidados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de mo-
cável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: dificar ou não o plano inicialmente proposto.
32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da in-
72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, fecção
93, 94 e 95. O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional local onde se hospedam pessoas, em referência a estabelecimentos
é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos arti- fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era
gos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97. prover cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes e peregri-
nos.
Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como esta-
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM MOVIMENTAÇÃO, belecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em
DEAMBULAÇÃO, APLICAÇÃO DE MEDICAMENTOS,
regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-inter-
HIGIENE E CONFORTO DE PACIENTES ACAMADOS
nação, no caso de ambulatório ou outros serviços.
Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitala-
Fundamentos de Enfermagem res numa dada região faz-se necessário considerar fatores como
A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de
científicos e métodos que definem sua implementação. Assim, a habitantes e frequência e distribuição de doenças, além de outros
sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa
planejada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente, região com grande população de jovens haja carência de leitos de
vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os compo- maternidade onde ocorre maior número de nascimentos. Em outra,
nentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas, a ne-
método adotado, sendo basicamente composta por levantamento cessidade talvez seja a de expandir leitos de clínica médica.
de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser
plano assistencial e avaliação. classificado como geral, destinado a prestar assistência nas quatro
Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a pres-
de assistência de saúde do paciente e propor as intervenções que tar assistência em uma especialidade, como, por exemplo, materni-
melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res- dade, ortopedia, entre outras.
ponsabilidade legal pela sistematização; contudo, para a obtenção Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é
de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve en- o seu número de leitos ou capacidade instalada: são considerados
volver-se no processo. como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte,
Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante de 51 a 150 leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte
entrevista e exame físico do paciente. Como resultado, são obtidas especial, acima de 500 leitos.
importantes informações para a elaboração de um plano assisten-
cial e prescrição de enfermagem, a ser implementada por toda a
equipe.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva-
serviços de saúde em uma dada região geográfica - desde as unida- sivos, como diálise peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e
des básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que contri-
integrados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de buem para a ocorrência de infecção.
acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim cons- Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma
tituído disponibiliza atendimento integral à população, mediante infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu período de interna-
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saú- ção. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98,
de. do Ministério da Saúde, podemos afirmar que o primeiro caso re-
presenta uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hos-
As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Progra-
pitalar que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio pa-
ma Saúde da Família) devem funcionar como porta de entrada para
ciente, os artigos hospitalares e o ambiente.
o sistema, reservando-se o atendimento hospitalar para os casos
Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe
mais complexos - que, de fato, necessitam de tratamento em regi-
deve realizar os devidos cuidados no tocante à sua prevenção e
me de internação. controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os
De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de microrganismos são facilmente levados de um paciente a outro ou
resolubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada.
acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terci-
ário. O sistema de saúde vigente no Brasil agrega todos os serviços Atendendo o paciente no hospital
públicos das esferas federal, estadual e municipal e os serviços pri- O paciente procura o hospital por sua própria vontade (neces-
vados, credenciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar, sidade) ou da família, e a internação ocorre por indicação médica
80% dos estabelecimentos que prestam serviços ao SUS são priva- ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo
dos e recebem reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da legal instaurado.
atenção ambulatorial, onde 75% da assistência provém de hospitais A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito
públicos. hospitalar, por período igual ou maior que 24 horas. Para ele, isto
Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência tem-
hospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se porária com pessoas estranhas e em ambiente não-familiar. Para a
constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades maioria das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro,
básicas de saúde. O hospital privado pode ter caráter beneficente, isolamento social, perda de privacidade e individualidade, sensação
filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recur- de insegurança, medo e abandono. A adaptação do paciente a essa
sos são originários de contribuições e doações particulares para a nova situação é marcada por dificuldades pois, aos fatores acima,
prestação de serviços a seus associados - integralmente aplicados soma-se a necessidade de seguir regras e normas institucionais
na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hos- quase sempre bastante rígidas e inflexíveis, de entrosar-se com a
pital filantrópico reserva serviços gratuitos para a população caren- equipe de saúde, de submeter-se a inúmeros procedimentos e de
te, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da mudar de hábitos.
diretoria não recebem remuneração. O movimento de humanização do atendimento em saúde pro-
Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessi- cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscan-
ta durante sua internação hospitalar, faz-se necessário que tenha à do formas de tornar menos agressiva a condição do doente institu-
sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos cionalizado. Embora lenta e gradual, a própria conscientização do
serviços integrados - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço paciente a respeito de seus direitos tem contribuído para tal inten-
de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizando uma ex- to. Fortes aponta a responsabilidade institucional como um aspecto
tensa divisão técnica de trabalho. importante, ao afirmar que existe um componente de responsabili-
Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equi- dade dos administradores de saúde na implementação de políticas
pes, de todas as áreas, necessita estar em sintonia, haja vista que e ações administrativas que resguardem os direitos dos pacientes.
uma das características do processo de produção hospitalar é a in- Assim, questões como sigilo, privacidade, informação, aspectos que
terdependência. Uma outra característica é a quantidade e diversi- o profissional de saúde tem o dever de acatar por determinação
dade de procedimentos diariamente realizados para prover assis- do seu código de ética, tornam-se mais abrangentes e eficazes na
tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido medida em que também passam a ser princípios norteadores da
de proporcionar segurança máxima contra a entrada de agentes organização de saúde.
biológicos nocivos ao mesmo. Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se
O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho in- estabelecem entre o receptor do cuidado, o paciente, e o profis-
salubre, onde os profissionais e os próprios pacientes internados sional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura
estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes tradicionalmente utilizada no meio hospitalar.
físicos, como radiações originárias de equipamentos radiológicos e O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patisce-
elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica- re, que significa padecer, e expressa uma conotação de dependên-
mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados cia, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação
por microrganismos. para o receptor do cuidado. Há crescente tendência em utilizar o
No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis, termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo estabe-
os doentes e os microrganismos mais resistentes. O volume e a lecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou
diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações impor- seja, na base de uma relação de interdependência e aliança. Outros
tantes nos microrganismos, dando origem a cepas multirresisten- têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando que
o receptor do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será man-
tes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de
tida a denominação tradicional, porque ainda é dessa forma que a
pacientes durante a realização de um procedimento ou por inter-
maioria se reporta ao receptor do cuidado.
médio de artigos hospitalares pode provocar infecções graves e de

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por fa-
de enfermagem deve providenciar e realizar a assistência neces- miliares, amigos ou por um funcionário (assistente social, auxiliar,
sária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde
fase. O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equipe que a instituição disponibilize); dependendo do seu estado geral,
é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento re- em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfer-
alizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a desper- magem registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais,
tar a confiança e a segurança tão necessárias. Assim, cabe auxiliá-lo orientações prestadas, como e com quem deixou o hospital.
a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe presen- Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para
te e a outros pacientes internados, em caso de enfermaria, acom- outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição.
panhando-o em visita às dependências da unidade, orientando-o Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo
sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É também ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é impor-
importante solicitar aos familiares que providenciem objetos de uso tante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o pa-
pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e valores nos ciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto
casos em que o paciente esteja desacompanhado e seu estado indi- com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enferma-
que a necessidade de tal procedimento. gem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, en-
É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a viar os relatórios médico e de enfermagem.
pessoa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser cha-
mado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cui- Sistema de informação em saúde
dados, de ser informado sobre os procedimentos e tratamento que Um sistema de informação representa a forma planejada de re-
lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número
o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter-
sua vida e estado de saúde. net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso
O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações
de vários fatores: tipo de doença, estado geral, resposta orgânica dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes.
ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor-
uma tendência para se abreviar ao máximo o tempo de internação, mações através de um sistema informatizado é muito útil porque
em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência de agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad-
leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem- missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o
-se os serviços de saúde externos, como a internação domiciliar, a processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas
qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente, outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo-
medida comum em situações de alta precoce e de acompanhamen- ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de
to de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito, se- tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi-
jam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes
prevenção e controle da infecção hospitalar e descarte adequado e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e
de material perfurocortante. orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição,
O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hos- manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número
pitalar, decorrente de melhora em seu estado de saúde, ou por mo- de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à
tivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma-
tais como: a pedido do paciente ou de seu responsável; nos casos nência, etc.
de necessidade de transferência para outra instituição de saúde; As informações do paciente, geradas durante seu período de
na ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a internação, constituirão o documento denominado prontuário,
seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido orientado(s) quan- o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº
to aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada 1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados
pela equipe. e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro
Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessi- dos cuidados profissionais prestados ao paciente.
tar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso, O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são
atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos, registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó-
momento em que a participação da equipe multiprofissional é im- rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico,
portante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas. diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes-
Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a limpe- tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen-
za da cama e mobiliário; se o mesmo se encontrava em isolamento, tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente
deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza ter- ter suas informações adequadamente registradas, como também
minal): teto, paredes, piso e banheiro. acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e necessário.
encaminhamento do aviso de alta ao registro, bem como às per- Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos
tinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, de- de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui-
veriam ser realizadas por agentes administrativos. Na maioria das ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização,
instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o en- há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja
cargo dos profissionais de enfermagem. vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar
informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri-
vacidade e sigilo dos dados pessoais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sistema de informação em enfermagem A seguir, destacamos algumas significativas recomendações
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no para maior precisão ao registro das informações:
prontuário do paciente, de todas as observações e assistência pres- - os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le-
tada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enfermagem. A gível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta padronizada no estabe-
importância do registro reside no fato de que a equipe de enferma- lecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a
gem é a única que permanece continuamente e sem interrupções vermelha, para o noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre
ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocor- um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencionalmen-
rências clínicas. Para maior clareza, recomenda-se que o registro te, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular li-
das informações seja organizado de modo a reproduzir a ordem nha(s) entre um registro e outro, deixar parágrafo ao iniciar a frase,
cronológica dos fatos, isto permitirá que, na passagem de plantão, manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura;
a equipe possa acompanhar a evolução do paciente. - verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina
Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes que orienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, preen-
informações: chendo ou completando o cabeçalho, se necessário;
- Observação do estado geral do paciente, indicando manifesta- - indicar o horário de cada anotação realizada;
ções emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, eufo- - ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro;
ria, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações - como não se deve confiar na memória para registrar as infor-
relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade cutâ- mações, considerando-se que é muito comum o esquecimento de
neo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, eliminações, detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho,
padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas, o registro deve ser realizado em seguida à prestação do cuidado,
drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso; observação de intercorrências, recebimento de informação ou to-
- A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para mada de conduta, identificando a hora exata do evento;
verificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de- - quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, pa-
terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: ciente, por exemplo, pois a folha de anotação é individualizada e,
alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem- portanto, indicativa do referente;
peratura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a - jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um en-
instalação de cateter de oxigênio; gano ao escrever, não usar corretor de texto, não apagar nem ra-
- A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que surar, pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa- de que alguém tentou deliberadamente encobrir informações; em
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso casos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a
o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo, informação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com
por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re- uma única linha e escrever a palavra, erro; a seguir, fazer o registro
gistrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros correto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administra-
também devem ser registrados, como a instalação de solução ve- da uma ampola de Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo..
nosa, curativos realizados, colheita de material para exames, enca- Ou: .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar um
minhamentos e realização de exames externos, bem como outras traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada;
ocorrências atípicas na rotina do paciente; - distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação;
- A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências assim, quando é o paciente que informa, utiliza-se o verbo na ter-
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- ceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de de ....; já quando a informação é fornecida por um acompanhante
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que a
tadas ao paciente e familiares; criança .... ou Segundo a nutricionista ....;
- As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da - atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o houver descrições dos aspectos físicos do paciente. Por exemplo: o
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII;
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua - organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão, entrada tardia. Ou
das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham
um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por ser um impor- sido anteriormente omitidas;
tante instrumento de comunicação para a equipe, as informações - utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviatu-
devem ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo: Apre-
interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se senta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....;
necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente - evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em ob-
como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a so- servação de enfermagem, ou, sem queixas, que não fornecem ne-
ciedade. nhuma informação relevante e não são indicativos de assistência
prestada;
- realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias
horas nenhuma anotação foi feita pode-se supor que o paciente fi-
cou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada;
- registrar todas as medidas de segurança adotadas para prote-
ger o paciente, bem como aquelas relativas à prevenção de compli-
cações, por exemplo: Contido por apresentar agitação psicomotora;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve-
Regional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap. VI do sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira-
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem). ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada
Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizan- técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de
tes e preparo do corpo pós morte infecções.
O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em pre-
paração para morte. Apesar de serem percebidos de forma diferen- Sistematização da Assistência em Enfermagem
te em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en-
o entendimento de tais sentimentos pode ajudar a satisfação dos tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a
pacientes. As etapas do ato de morrer são: aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primeira Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru-
vez de sua doença terminal, pode ocorrer uma recusa em aceitar o mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro-
diagnóstico. cesso de Enfermagem.
Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possí- Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in-
vel que apresente um profundo ressentimento em relação aos que terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom-
continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua pró- panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci-
pria família etc. sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as
Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das
do paciente, pode haver uma tentativa de negociação de mais tem- condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser
po de vida junto a Deus ou com o seu destino. devidamente registrados no Prontuário do Paciente.
Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM
família, dos profissionais de saúde. È possível que venha sofrer de 1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um
inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais. conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a
Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa-
a iminência de sua morte. È possível que deseje simplesmente o ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e
acompanhamento de um membro da família ou um amigo científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe
multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi-
Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia
A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi-
propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão
humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado, do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade.
estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e pos- Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a
teriormente a prescrição de patologias. Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui-
A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habi- ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra-
lidades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição.
o exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização Essas ferramentas digitais permitem:
das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem –ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e
papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente. atualizada, com conteúdo legível;
A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações –criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in-
disponíveis para identificar as necessidades especiais em um con- consistências;
junto variado de clientes portadores de diversas patologias. –estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos
A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos terapêuticos;
as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico. –realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges-
O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a tão e assistenciais.
anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físico
especializado. Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como
O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag- funciona a metodologia.
nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se
baseiam no exame clínico bem realizado. As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste-
Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o matização da Assistência de Enfermagem:
foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses
fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões 1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma-
que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro tenha gem
domínio de diversas informações. O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca
por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de
Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático
mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer- e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe-
magem e auxiliar de enfermagem. los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas.
Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de
Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên-
cia de Enfermagem (SAE).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa-
mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos
pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa- fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa
ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP, acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de en-
com formulários específicos que direcionam o questionamento da fermagem contempla as seguintes informações:
enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa- Observação do estado geral do paciente, indicando manifes-
dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim, tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão,
é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte-
cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade. rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade
cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
2.Diagnóstico de Enfermagem Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem,
Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen- correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, padrão
to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos,
diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe- A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para veri-
rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a ficação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de determi-
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas nado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia
levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora- após a administração de medicamentos, diminuição da temperatu-
ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. ra corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala-
Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico ção de cateter de oxigênio;
do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário. A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa-
3. Planejamento de Enfermagem ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso
De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma- o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método, por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re-
pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar gistrar esse fato e o motivo da negação.
para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde. Procedimentos rotineiros também devem ser registrados,
É aqui que se determinam os resultados esperados e quais como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita
ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co- de material para exames, encaminhamentos e realização de exames
letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do pa-
de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que, ciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências
igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen-
checadas e o registro das ações que foram executadas. tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres-
4. Implementação tadas ao paciente e familiares;
A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe re- equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o
alizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane- paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua
administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe- visita, a enfermagem faz o registro correspondente.
cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem
vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa- geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por
ciente (PEP). ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as
informações devem ser objetivas e precisas de modo a não darem
5. Avaliação de Enfermagem (Evolução) margem a interpretações errôneas.
Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar
Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis-
e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade.
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira O processo de enfermagem proposto por Horta (1979), é o
terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando
etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor- principalmente a assistência ao cliente. Eleva a competência técni-
mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na ca da equipe e padroniza o atendimento, proporcionando melhoria
tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta. das condições de avaliação do serviço e identificação de problemas,
permitindo assim os estabelecimentos de prioridade para interven-
Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer- ção direta do enfermeiro no cuidado. O processo de enfermagem
magem) pode ser denominado como SAE (Sistematização da Assistência de
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, Enfermagem) e deve ser composto por Histórico de Enfermagem,
no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência Exame Físico, Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem. Assim, a
prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma- Evolução de Enfermagem, é efetuada exclusivamente por enfermei-
gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de ros. O relatório de enfermagem, que são observações, podem ser
enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter- realizados por técnicos de enfermagem. Em unidades críticas como
rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a evolução de enfermagem
as ocorrências clínicas. deve ser realizada a cada turno do plantão, contudo em unidades

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
semi-críticas, como uma Clínica Médica e Cirúrgica, o número exi- - Ausculta: Processo de ouvir os sons gerados nos vários órgãos
gido de evolução em vinte e quatro horas é de apenas uma, já os do corpo. As 4 características de um som são a freqüência ou altura,
relatórios, devem ser redigidos á cada plantão. intensidade ou sonoridade, qualidade e duração.

O Histórico de Enfermagem Diagnóstico e prescrição de enfermagem


O Histórico de Enfermagem é um roteiro sistematizado para o O Diagnóstico de Enfermagem está baseado na Teoria da Ne-
levantamento de dados sobre a situação de saúde do ser humano, cessidades Humanas Básicas, preconizadas por Wanda Horta (1979)
que torna possível a identificação de seus problemas. É denomi- e pela Classificação Diagnóstica da NANDA (North American Nur-
nado por levantamento, avaliação e investigação que, constitui a sing Diagnosis Association). A fase de diagnóstico está presente em
primeira fase do processo de enfermagem, pode ser descrito como todas as propostas de processo de enfermagem. Porém, freqüen-
um roteiro sistematizado para coleta e análise de dados significati- temente, termina por receber outras denominações tais como:
vos do ser humano, tornando possível a identificação de seus pro- problemas do cliente, lista de necessidades afetadas. Este fato gera
blemas. Ele deve ser conciso, sem repetições, e conter o mínimo inúmeras interpretações acerca do que se constitui um diagnóstico
indispensável de informações que permitam prestar os cuidados de enfermagem e contribui para aumentar as lacunas de conhe-
imediatos. cimento sobre as ações de enfermagem, provoca interpretações
O Exame Físico dúbias no processo de comunicação inter-profissional, caracteri-
O exame físico envolve um avaliação abrangente das condições zando a falta de sistematização do conhecimento na enfermagem
físicas gerais de um paciente e de cada sistema orgânico. Informa-
e abalando a autonomia e a responsabilidade profissional. Aparece
ções úteis no planejamento dos cuidados de um paciente podem
em três contextos: raciocínio diagnóstico, sistemas de classificação
ser obtidas em qualquer fase do exame físico. Uma avaliação física,
e processo de enfermagem. O raciocínio diagnóstico envolve três
seja parcial ou completa, é importante para integrar o ato do exame
tipos de atividades: coleta de informações, interpretação e denomi-
na rotina de assistência de enfermagem. O exame físico deverá ser
executado em local privado, sendo preferível a utilização de uma nação ou rotulação.
sala bem equipada para atender a todos os procedimentos envol- A Prescrição de Enfermagem deve ter as seguintes característi-
vidos. cas: data, hora de sua elaboração e assinatura do enfermeiro. Deve
ser escrita com uso de verbos que indiquem uma ação e no infiniti-
Métodos de Avaliação Física: vo; deve definir quem , o que , onde, quando e com que freqüência
- Inspeção: Exame visual do paciente para detectar sinais fí- ocorrerão as atividades propostas; deve ser individualizada e dire-
sicos significativos. Reconhecer as características físicas normais, cionada aos diagnósticos de enfermagem específicos do cliente,
para então passar a distinguir aquilo que foge da normalidade. Ilu- tornando o cuidado eficiente e eficaz. A seqüência das prescrições
minação adequada e exposição total da parte do corpo para exame deve obedecer à seguinte ordem: a primeira é elaborada logo após
são fatores essenciais para uma boa inspeção. Cada área deve ser o histórico, e as demais sempre após cada evolução diária, tendo
inspecionada quanto ao tamanho, aparência, coloração, simetria, assim validade de 24 horas. Para a primeira prescrição, portanto,
posição, e anormalidade. Se possível cada área inspecionada deve toma-se como base o histórico de enfermagem, e as demais de-
ser comparada com a mesma área do lado oposto do corpo. verão seguir o plano da evolução diária, fundamentado em novos
- Palpação: Avaliação adicional das partes do corpo realizada diagnósticos e análise. Entretanto, será acrescentada nova prescri-
pelo sentido do tato. O profissional utiliza diferentes partes da mão ção sempre que a situação do cliente requerer. Existem vários tipos
para detectar características como textura, temperatura e percep- de prescrição de enfermagem. As mais comuns são as manuscritas,
ção de movimentos. O examinador coloca sua mão sobre a área a documentadas em formulários específicos dirigidos a cada cliente
ser examinada e aprofunda cerca de 1 cm. Qualquer área sensível e individualmente. Um outro tipo é a prescrição padronizada , ela-
localizada deverá ser examinada posteriormente mais detalhada- borada em princípios científicos, direcionada às características da
mente. O profissional avalia posição, consistência e turgor através clientela específica, reforçando a qualidade do planejamento e im-
de suave compressão com as pontas dos dedos na região do exa- plementação do cuidado. É deixado espaço em branco destinado à
me. Após aplicação da palpação suave, intensifica-se a pressão para elaboração de prescrições mais específicas ao cliente. A implemen-
examinar as condições dos órgãos do abdômen, sendo que deve ser tação das ações de enfermagem deve ser guiada pelas prescrições
pressionado a região aproximadamente 2,5 cm. A palpação profun- que por sua vez são planejadas a partir dos diagnósticos de enfer-
da pode ser executada com uma das mãos ou com ambas.
magem, sendo que a cada diagnóstico corresponde uma prescrição
- Percussão: Técnica utilizada para detectar a localização, tama-
de enfermagem.
nho e densidade de uma estrutura subjacente. O examinador de-
verá golpear a superfície do corpo com um dos dedos, produzindo
Necessidade de Proteção e Segurança
uma vibração e um som. Essa vibração é transmitida através dos
tecidos do corpo e a natureza do som vai depender da densidade
do tecido subjacente. Um som anormal sugere a presença de massa Lavagem Simples Das Mãos
ou substância, tais como líquido dentro de um órgão ou cavidade do a) Conceito: é o procedimento mais importante na prevenção e
corpo. A percussão pode ser feita de forma direta (envolve um pro- no controle das infecções hospitalares, devendo este procedimento
cesso de golpeamento da superfície do corpo diretamente com os ser rotina para toda a equipe multiprofissional, sendo o objetivo
dedos) e indireta (coloca-se o dedo médio da mão não dominante desta técnica reduzir a transmissão cruzada de microorganismos
sobre a superfície do corpo examinado sendo a base da articulação patogênicos entre doentes e profissionais.
distal deste dedo golpeada pelo dedo médio da mão dominante do
examinador). A percussão produz 5 tipos de som: Timpânico: Se- b) Quando lavar as mãos:
melhante a um tambor - gases intestinais; Ressonância: Som surdo - ao chegar à unidade de trabalho;
- pulmão normal; Hiper-ressonância: Semelhante a um estrondo – - sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas;- antes e
pulmão enfisematoso; Surdo: Semelhante a uma pancada surda – após contactar com os doentes;
fígado; Grave: Som uniforme – músculos. - antes de manipular material esterilizado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- após contatos contaminantes (exposição a fluidos orgânicos); - O atrito pode ser reduzido se levantar o paciente em vez de
- após contactar com materiais e equipamentos que rodeiam o do- empurrá-lo. Levantar facilita e diminui a pressão entre o paciente e
ente;- antes e após realizar técnicas sépticas (médica - contamina- o leito ou cadeira. O uso de um lençol para puxar o paciente diminui
da) e assépticas (cirúrgica – não contaminada); o atrito porque ele é facilmente movido ao longo da superfície do
- antes e após utilizar luvas de procedimento; leito.
- após manusear roupas sujas e resíduos hospitalares; - Mover um objeto sobre uma superfície plana exige menos es-
- depois da utilização das instalações sanitárias. forço do que movê-lo sobre uma inclinada;
- após assoar o nariz. - Trabalhar com materiais que se encontram sobre uma super-
fície em um bom nível para o trabalho exige menos esforço que
c)Técnica: levantá-los acima desta superfície;
- devem ser retirados todos os objetos de adorno, incluindo - Variações das atividades e posições auxiliam a manter o tono
pulseiras. Para a realização da técnica, deve-se utilizar sabão liquido muscular e a fadiga;
com pH neutro; - Períodos de atividade e relaxamento ajudam a evitar a fadiga;
- abrir a torneira com a mão não dominante; - Planejar a atividade a ser realizada, pode ajudar a evitar a
- molhar as mãos; fadiga;
- aplicar uma quantidade suficiente de sabão cobrindo com es- - O ideal é que todos os profissionais que estejam posicionando
puma toda a superfície das mãos; o paciente tenham pesos similares. Se os centros de gravidade dos
- esfregar com movimentos circulatórios: palmas, dorso, inter- profissionais estiverem no mesmo plano, estes podem levantar o
digitais, articulações, polegar, unhas e punhos paciente como uma unidade equilibrada.
- enxaguar as mãos em água corrente e secar com papel toalha
- se a torneira for de encerramento manual, utilizar o papel to- Posicionamento do Paciente:
alha para fechá-la. a) Conceito: É o alinhamento corporal de um paciente. Pacien-
tes que apresentam alterações dos sistemas nervoso, esquelético
Mecânica Corporal ou muscular, assim como, maior fraqueza e fadiga, freqüentemen-
a) Conceito: Esforço coordenado dos sistemas músculoes- te necessitam da assistência do profissional de enfermagem para
quelético e nervoso para manter o equilíbrio adequado, postura e atingir o alinhamento corporal adequado enquanto deitados ou
alinhamento corporal, durante a inclinação, movimentação, levan- sentados.
tamento de carga e execução das atividades diárias. Facilita o movi- b) Posição de Fowler: A cabeceira do leitoé elevada a um ângu-
mento para que uma pessoa possa executar atividades físicas sem lo de 45º a 60º e os joelhos do paciente devem estar ligeiramente
usar desnecessariamente sua energia muscular. elevados, sem apresentar pressão que possa limitar a circulação das
b) Como assistir o paciente utilizando-se os princípios da Me- pernas.
cânica Corporal: c) Posição de Supinação (dorsal): A cabeceira do leito deve es-
Alinhamento: Condições das articulações, tendões, ligamentos tar na posição horizontal. Nesta posição, a relação entre as partes
e músculos em várias partes do corpo. O alinhamento correto reduz do corpo é essencialmente a mesma que em uma correta posição
a distensão das articulações, tendões, ligamentos e músculos. de alinhamento em pé, exceto pelo corpo estar no plano horizontal.
Equilíbrio do corpo: Realçado pela postura. Quanto melhor a d) Posição de Pronação (decúbito ventral): O paciente estará
postura, melhor é o equilíbrio. Aumentar a base de suporte , afas- posicionado de bruços.
tando-se os pés a uma certa distância. Quando agachar dobrar os e) Posição Lateral (Direito ou Esquerdo): O paciente está dei-
joelhos e flexionar os quadris, mantendo a coluna ereta. tado sobre o lado, com maior parte do peso do corpo apoiada nos
Movimento Corporal Coordenado: O profissional usa uma va- quadris e ombro. As curvaturas estruturais da coluna devem ser
riedade de grupos musculares para cada atividade de enfermagem. mantidas. A cabeça deve ser apoiada em uma linha mediana do
A forças físicas de peso e atrito podem refletir no movimento cor- tronco e a rotação da coluna deve ser evitada.
poral, e quando corretamente usadas, aumentam a eficiência do e) Posição de Sims: Nesta posição o peso do paciente é coloca-
trabalho do profissional. Caso contrário, pode prejudicá-lo na tarefa do no ílio anterior, úmero e clavícula.
de erguer, transferir e posicionar o paciente. O atrito é uma força f) Posição de Trendelemburgue: posição adotada onde as per-
que ocorre no sentido oposto ao movimento. Quanto maior for a nas e a bacia ficam em um nível mais elevado que o tórax e a ca-
área da superfície do objeto, maior é o atrito. Quando o profissional beça.
transfere, posiciona ou vira o paciente no leito, o atrito deve ser
vencido. Um paciente passivo ou imobilizado produz maior atrito Em todas as posições que o paciente se encontrar, o profissio-
na movimentação. nal deve avaliar e corrigir quaisquer pontos potenciais de problemas
que se apresentem como hiperextensão do pescoço, hiperextensão
Como utilizar adequadamente o movimento corporal coorde- da coluna lombar, flexão plantar, assim como, pontos de pressão
nado: em proeminências ósseas como queixo, cotovelos, quadris, região
- Se o paciente não for capaz de auxiliar na sua movimentação sacra , joelhos e calcâneos.
no leito, seus braços devem ser colocados sobre o peito, diminuin-
do a área de superfície do paciente; Mudança de Posição e Transporte do paciente debilitado
- Quando possível o profissional deve usar a força e mobilidade a) Conceito: A posição correta do paciente é crucial para a ma-
do paciente ao levantar, transferir ou movê-lo no leito. Isto pode nutenção do alinhamento corporal adequado. Qualquer paciente
ser feito explicando o procedimento e dizendo ao paciente quando cuja mobilidade esteja reduzida, corre o risco de desenvolvimen-
se mover; to de contraturas, anormalidades posturais e locais de pressão. O
profissional tem a responsabilidade de diminuir este risco, incenti-
vando, auxiliando ou mudando o posicionamento do paciente pelo
menos à cada 3 horas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
b) Técnica de Movimentação do paciente dependente no leito Necessidades de Oxigenação
(realizada no mínimo por 2 profissionais): Administração de Oxigênio por Cateter Nasal (tipo óculos), Câ-
- Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili- nula Nasal ou Máscara Facial:
dade e tolerância às atividades; a) Conceito: É a administração de oxigênio à razão de 3 a 5 li-
- Realizar a lavagem simples das mãos; tros por minuto por cateter nasal, cânula nasal ou máscara facial. O
- Explicar ao paciente o que será feito; cateter nasal é um dispositivo simples introduzido nas narinas do
- Propiciar privacidade ao paciente; paciente. A cânula nasal pode ser introduzida pelo nariz até a naso-
- Utilizar os princípios de mecânica corporal; faringe, sendo necessário a alternância à cada 8 horas no mínimo. A
- Retirar travesseiros e coxins utilizados previamente; máscara facial é um dispositivo que se adapta perfeitamente sobre
- Posicionar o leito em posição horizontal; o nariz e boca, sendo mantida em posição com auxílio de um fita.
- Baixar grades do leito Máscara facial simples é usada na oxigenioterapia a curto prazo.
-Alinhar o paciente na posição de escolha, utilizando-se os prin- Máscara facial de plástico com reservatório e máscara de Venturi,
cípios de mecânica corporal; são capazes de fornecer concentrações de oxigênio mais elevadas
- Manter paciente centralizado no leito;
- Colocar travesseiro sob a cabeça na região dorsal costal supe- b) Técnica:
rior (na altura da escápula); - Avaliar o paciente e verificar se existem sinais e sintomas su-
- Colocar coxins e travesseiros sob proeminências ósseas; gestivos de hipóxia ou presença de secreções nas vias aéreas;
- Certificar-se de que o paciente está confortável; - Aspirar paciente, se necessário;
- Manter a unidade em ordem; - Reunir os materiais e equipamentos necessários: Cânula nasal
- Realizar a lavagem simples das mãos ou cateter nasal ou máscara facial; tubo de oxigênio; umidificador;
c) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Cadeira água estéril; fonte de oxigênio com fluxímetro; luvas de procedi-
(Técnica realizada no mínimo por 2 profissionais): mento.
- Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili- - Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
dade e tolerância às atividades; - Realizar a lavagem simples das mãos;
- Realizar a lavagem simples das mãos; - Calçar luvas de procedimento;
- Explicar ao paciente o que será feito; - Conectar a cânula nasal (medir no paciente o posicionamento
- Propiciar privacidade ao paciente; da cânula : lóbulo da orelha a ponta do nariz) ou cateter nasal ou
- Utilizar princípios de mecânica corporal; máscara facial, ao tubo de oxigênio e a uma fonte de oxigênio umi-
- Manter cadeira de rodas próxima do leito, com freios travados dificada, calibrada na taxa de fluxo desejada;
e apoios para os pés removidos; - Introduzir as extremidades do cateter nasal ás narinas do pa-
- Travar os freios da cama; ciente ou posicionar a cânula nasal ou máscara facial;
- Ajudar o paciente a sentar-se no leito; - Ajustar a fita elástica na fronte até que o cateter nasal ou más-
- Aguardar recuperação de queda de pressão arterial; cara facial esteja perfeitamente adaptado e confortável ou fixar a
- Auxiliar o paciente a ficar em pé, segurando o paciente firme- cânula nasal à face ou região frontal do paciente;
mente pelos braços e mantendo as mãos do paciente apoiada nos - Manter o tubo de oxigênio com folga suficiente e prendê-lo às
ombros do profissional; roupas do paciente;
- Sentar o paciente na cadeira de rodas; - Manter o recipiente do umidificador com água no nível deli-
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável; mitado;
- Manter a unidade em ordem; - Manter o fluxo de oxigênio conforme prescrição médica;
- Realizar a lavagem simples das mãos - Observar narinas e superfície superior das orelhas à cada 6
horas (verificar se há laceração de pele);
d) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Maca - Certificar-se de que o paciente está confortável;
(Técnica realizada por 3 profissionais): - Manter a unidade em ordem;
- Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili- - Retirar luvas de procedimento;
dade e tolerância às atividades; - Realizar a lavagem simples das mãos;
- Realizar a lavagem simples das mãos; - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente.
- Explicar ao paciente o que será feito;
- Propiciar privacidade ao paciente; Necessidades Nutricionais
- Utilizar princípios de mecânica corporal;
- Posiciona-se ao lado do leito do paciente, cada um respon- Alimentação por via enteral
sabilizando-se por uma determinada parte do corpo, sendo o mais a)Conceito: É a alimentação por sonda a pacientes que são in-
alto pela cabeça e ombros, o mediano pelos quadris e coxas e o capazes de pôr o alimento na boca, mastigar ou engolir, mas que
mais baixo pelos tornozelos e pés; são capazes de digeri-lo e absorvê-lo. As sondas de alimentação
- Girar o paciente em direção ao tórax dos levantadores; podem ser colocadas no esôfago, estômago ou região alta do intes-
- Contar até três em sincronia e elevar o paciente junto ao tórax tino delgado. A sonda pode ser inserida através do nariz, da boca
dos levantadores; ou cirurgicamente implantada. A alimentação via sonda pode ser
- Colocar o paciente suavemente sobre o centro da maca; administrada em bolo ou por gotejamento lento constante, que flui
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável (le- pelo efeito da gravidade, controlada por uma bomba de infusão. A
vantar grades, colocar faixas de segurança) ; alimentação lenta e constante aumenta absorção e reduz a diarréia.
- Manter a unidade em ordem; A sondagem nasoenteral está indicada em pacientes clínicos graves,
- Realizar a lavagem simples das mãos entubados e sedados;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Inserção de Sonda Nasogátrica - Montar 1 seringa descartável com 10 ml de água destilada
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja - Abrir pacote estéril para cateterização vesical;
contendo: Sonda nasogástrica com numeração apropriada; copo - Retirar do pacote pinça de antissepsia e cuba redonda;
com água; estetoscópio, seringa de 20 ml; cuba rim; esparadrapo - Colocar torundas ou bolas de algodão e povidine tópico na
ou microporen; lubrificante hidrossolúvel; luvas de procedimento; cuba redonda;
pacote com folhas de gase;.saco de lixo; - Realizar a antissepsia da genitália respeitando os princípios de
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; assepsia (do mais distante para o mais próximo, de cima para bai-
- Colocar o paciente em posição apropriada (Fowler) xo), utilizando para cada área os quatro lados da torunda ou bolas
- Realizar a lavagem simples das mãos; de algodão;
- Calçar luvas de procedimento; - Paciente masculino: Antissepsia na seguinte seqüência: púbis;
- Medir a sonda no paciente: a partir do terceiro furo medir a corpo do pênis; retração do prepúcio; limpeza da glande , por últi-
sonda na distância da ponta do nariz até o lóbulo da orelha; medir a mo meato uretral;
distância do lóbulo da orelha até o apêndice xifóide e demarcar esta - Paciente feminino: Antissepsia na seguinte seqüência : púbis;
medida com fita (aproximadamente 45 a 55 cm); vulva: grandes lábios, pequenos lábios e por último meato uretral;
- Lubrificar a sonda com lubrificante hidrossolúvel; - Retirar luvas de procedimento;
- Orientar o paciente pedindo para que engula a sonda quando - Sobre o pacote estéril que está aberto : abrir sonda de folley,
solicitado; bolsa coletora sistema fechado e seringa de 10 ml; colocar xylocaína
- Fletir o pescoço do paciente quando o mesmo não puder aju- geléia sobre folhas de gaze;
dar no procedimento; - Calçar luvas estéril;
- Introduzir a sonda até a demarcação estabelecida; - Colocar campo fenestrado sobre a genitália do paciente, man-
- Testar a sonda para verificação do posicionamento: Aspirar tendo em evidência a exposição da uretra;
conteúdo gástrico; administrar 20 ml de ar e auscultar o epigástrio - Introduzir na seringa descartável 10 ml de ar e testar o balo-
buscando o som de entrada de ar; colocar a extremidade da sonda nete da sonda de folley;
aberta num copo com água, se a água não borbulhar a sonda está - Conectar sonda de folley a bolsa coletora de urina;
posicionada adequadamente; - Lubrificar a sonda de folley com xylocaína geléia;
- Fixar e identificar a sonda; - Segurar a sonda com a mão dominante, colocando a bolsa
- Manter a sonda fechada; excetuando-se em casos de drena- coletora sobre as pernas do paciente;
gem gástrica; - Com a mão não dominante, nos homens segurar o pênis per-
- Certificar-se de que o paciente está confortável; pendicular ao abdomen e nas mulheres abrir a genitália, eviden-
- Manter a unidade em ordem; ciando a uretra;
- Retirar luvas de procedimento; - Introduzir toda a sonda no meato uretral;
- Realizar a lavagem simples das mãos; - Preencher o balonete com 10 ml de água destilada;
- Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente. - Tracionar a sonda;
Necessidade de Eliminação Urinária - Fixar a sonda na coxa do paciente;
- Retirar luvas estéreis;
Cateterismo Vesical de Demora - Calçar luvas de procedimento;
a) Conceito: É a inserção de um cateter na bexiga através da - Organizar a unidade;
uretra, indicado para aliviar desconforto por distensão vesical - Identificar a bolsa coletora com data e hora da inserção da
quando ocorre obstrução na saída do fluxo de urina por dilatação sonda e assinatura;
da próstata, ou por coágulos de sangue; nas retenções urinárias - Manter a sonda aberta para drenagem;
grave por episódios recorrentes de infecção do aparelho urinário; - Certificar-se de que o paciente está confortável e a unidade
nos casos em que há incapacidade de esvaziar a bexiga espontane- em ordem;
amente; para monitorar débito urinário nos quadros clínicos graves; - Realizar a lavagem simples das mãos;
cirurgias do trato urinário ou de suas partes; cirurgias que exijam - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente
anestesias em doses maiores; controlar incontinência urinária e nos
pacientes acometidos por doença terminal. A Enfermagem, reconhecida por seu respectivo conselho pro-
fissional, é uma profissão que possui um corpo de conhecimentos
b) Técnica próprios, voltados para o atendimento do ser humano nas áreas de
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com-
contendo: Pacote estéril para cateterização vesical contendo: cuba posta pelo enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem.
redonda; cuba rim; pinça para antissepsia, folhas de gaze, torundas A Enfermagem realiza seu trabalho em um contexto mais am-
ou bolas de algodão; campo fenestrado; almotolia contendo povi- plo e coletivo de saúde, em parceria com outras categorias pro-
dine tópico; 2 seringas descartáveis de 10 ml; 1 agulha 40X12; 1 fissionais representadas por áreas como Medicina, Serviço Social,
ampola de água destilada 10 ml; sonda de follley com numeração Fisioterapia, Odontologia, Farmácia, Nutrição, etc. O atendimento
apropriada; coletor de urina sistema fechado; esparadrapo ou mi- integral à saúde pressupõe uma ação conjunta dessas diferentes ca-
croporen; xylocaína geléia; luvas de procedimento; 1 par de luvas tegorias, pois, apesar do saber específico de cada uma, existe uma
estéril com numeração apropriada; pacote com folhas de gase; saco relação de interdependência e complementaridade.
de lixo; material para higiene íntima, se necessário.
- Promover ambiente reservado ao paciente;
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
- Colocar o paciente em posição anatômica (nas mulheres po-
sição ginecológica);
- Realizar a lavagem simples das mãos;
- Calçar luvas de procedimento;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Nos últimos anos, a crença na qualidade de vida tem influen- Avaliar a possibilidade de o paciente realizar a própria higiene.
ciado, por um lado, o comportamento das pessoas, levando a um Se isto for possível, colocar o material ao seu alcance e auxiliá-lo
maior envolvimento e responsabilidade em suas decisões ou esco- no que for necessário. Caso contrário, com o material e o ambiente
lhas; e por outro, gerado reflexões em esferas organizadas da socie- devidamente preparados, auxiliar o paciente a posicionar-se, elevar
dade - como no setor saúde, cuja tônica da promoção da saúde tem a cabeceira da cama se não houver contra-indicação e proteger o
direcionado mudanças no modelo assistencial vigente no país. No tórax do mesmo com a toalha, para que não se molhe durante o
campo do trabalho, essas repercussões evidenciam-se através das procedimento
constantes buscas de iniciativas públicas e privadas no sentido de Em pacientes inconscientes ou impossibilitados de realizar a
melhor atender às expectativas da população, criando ou transfor- higiene bucal, compete ao profissional de enfermagem lavar-lhe os
mando os serviços existentes. dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios com o auxílio de uma
No tocante à enfermagem, novas frentes de atuação são cria- espátula envolvida em gaze umedecida em solução dentifrícia ou
das à medida que essas transformações vão ocorrendo, como sua solução bicarbonatada a qual deve ser trocada sempre que neces-
inserção no Programa Saúde da Família (PSF), do Ministério da Saú- sário. Após prévia verificação, se necessário, aplicar um lubrificante
de; em programas e serviços de atendimento domiciliar, em pro- para prevenir rachaduras e lesões que facilitam a penetração de
cesso de expansão cada vez maior em nosso meio; e em programas
microrganismos e dificultam a alimentação. Para a proteção do pro-
de atenção a idosos e outros grupos específicos.Quanto às ações
fissional, convém evitar contato direto com as secreções, mediante
e tarefas afins efetivamente desenvolvidas nos serviços de saúde
o uso de luvas de procedimento. Após a higiene bucal, colocar o pa-
pelas categorias de Enfermagem no país, estudos realizados pela
ciente numa posição adequada e confortável, e manter o ambiente
ABEn e pelo INAMPS as agrupam em cinco classes, com as seguintes
características: em ordem.
- Ações de natureza propedêutica e terapêutica complementa- Anotar, no prontuário, o procedimento, reações e anormalida-
res ao ato médico e de outros profissionais, as ações propedêuticas des observadas.
complementares referem-se às que apóiam o diagnóstico e o acom- O paciente que faz uso de prótese dentária (dentadura) tam-
panhamento do agravo à saúde, incluindo procedimentos como a bém necessita de cuidados de higiene para manter a integridade
observação do estado do paciente, mensuração de altura e peso, da mucosa oral e conservar a prótese limpa. De acordo com seu
coleta de amostras para exames laboratoriais e controle de sinais grau de dependência, a enfermagem deve auxiliá-lo nesses cuida-
vitais e de líquidos. As ações terapêuticas complementares assegu- dos. A higiene compreende a escovação da prótese e limpeza das
ram o tratamento prescrito, como, por exemplo, a administração de gengivas, bochechas, língua e lábios - com a mesma freqüência in-
medicamentos e dietas enterais, aplicação de calor e frio, instalação dicada para as pessoas que possuem dentes naturais. Por sua vez,
de cateter de oxigênio e sonda vesical ou nasogástrica; pacientes inconscientes não devem permanecer com prótese den-
- Ações de natureza terapêutica ou propedêutica de enferma- tária. Nesses casos, o profissional deve acondicioná-la, identificá-la,
gem, são aquelas cujo foco centra-se na organização da totalidade realizando anotação de enfermagem do seu destino e guardá-la em
da atenção de enfermagem prestada à clientela. Por exemplo, ações local seguro ou entregá-la ao acompanhante, para evitar a possibili-
de conforto e segurança, atividades educativas e de orientação; dade de ocorrer danos ou extravio. A mesma orientação é recomen-
- Ações de natureza complementar de controle de risco, são dada para os pacientes encaminhados para cirurgias. Ao manipular
aquelas desenvolvidas em conjunto com outros profissionais de a dentadura, a equipe de enfermagem deve sempre utilizar as luvas
saúde, objetivando reduzir riscos de agravos ou complicações de de procedimento.
saúde. Incluem as atividades relacionadas à vigilância epidemioló-
gica e as de controle da infecção hospitalar e de doenças crônico- Realizando o banho
-degenerativas; Os hábitos relacionados ao banho, como frequência, horário e
- Ações de natureza administrativa, nessa categoria incluem-se temperatura da água, variam de pessoa para pessoa. Sua finalidade
as ações de planejamento, gestão, controle, supervisão e avaliação precípua, no entanto, é a higiene e limpeza da pele, momento em
da assistência de enfermagem; que são removidas células mortas, sujidades e microrganismos ade-
- Ações de natureza pedagógica, relacionam-se à formação e
ridos à pele. Os movimentos e a fricção exercidos durante o banho
às atividades de desenvolvimento para a equipe de enfermagem.
estimulam as terminações nervosas periféricas e a circulação san-
guínea. Após um banho morno, é comum a pessoa sentir-se confor-
CUIDADOS COM O PACIENTE
tável e relaxada.
Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as ne-
cessidades de: conforto, segurança e bem-estar, higiene e seguran- A higiene corporal pode ser realizada sob aspersão (chuveiro),
ça ambiental imersão (banheira) ou ablução (com jarro banho de leito). O au-
tocuidado deve ser sempre incentivado Assim, deve-se avaliar se
Higienizando a boca o paciente tem condições de se lavar sozinho. Caso seja possível,
A higiene oral freqüente reduz a colonização local, sendo im- todo o material necessário à higiene oral e banho deve ser colocado
portante para prevenir e controlar infecções, diminuir a incidência na mesa-de-cabeceira ou carrinho móvel do lado da cama, da for-
de cáries dentárias, manter a integridade da mucosa bucal, evitar ma que for mais funcional para o paciente. A enfermagem deve dar
ou reduzir a halitose, além de proporcionar conforto ao paciente. apoio, auxiliando e orientando no que for necessário.
Em nosso meio, a maioria das pessoas está habituada a escovar os Para os pacientes acamados, o banho é dado no leito, pelo
dentes - pela manhã, após as refeições e antes de deitar - e quando pessoal de enfermagem. Convém ressaltar que a grande maioria
isso não é feito geralmente experimenta a sensação de desconfor- deles considera essa situação bastante constrangedora, pois a in-
to. n Higienizando a boca Material necessário: bandeja escova de capacidade de realizar os próprios cuidados desperta sentimentos
dentes ou espátula com gazes creme dental, solução dentifrícia ou de impotência e vergonha, sobretudo porque a intimidade é inva-
solução bicarbonatada copo com água (e canudo, se necessário) dida. A compreensão de tal fato pelo profissional de enfermagem,
cuba-rim toalha de rosto lubrificante para os lábios, se necessário demonstrada ao prover os cuidados de higiene, ajuda a minimizar
luvas de procedimento. o problema e atitudes como colocar biombos e mantê-lo coberto

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
durante o banho, expondo apenas o segmento do corpo que está riais, evidenciam-se valores culturais fortemente arraigados no
sendo lavado, são inegavelmente mais valiosas do que muitas pala- comportamento do profissional, como a supervalorização da tecno-
vras proferidas. logia e dos procedimentos mais especializados, o que, na prática, se
Quando do banho, expor somente um segmento do corpo de traduz em dar atenção, por exemplo, ao preparo de uma bomba de
cada vez, lavando-o com luva de banho ensaboada, enxaguando-o infusão ou material para um curativo, ao invés de auxiliar o paciente
- tendo o cuidado de remover todo o sabão - e secando-o com a a alimentar-se.
toalha de banho. Esse processo deve ser repetido para cada seg- Coincidentemente, os horários das refeições se aproximam do
mento do corpo. início e término do plantão, momentos em que há grande preocu-
A secagem deve ser criteriosa, principalmente nas pregas cutâ- pação da equipe em dar continuidade ao turno anterior ou encerrar
neas, espaços interdigitais e genitais, base dos seios e do abdome o turno de plantão, aspecto que representa motivo adicional para
em obesos - evitando a umidade da pele, que propicia proliferação o abandono do paciente. No entanto, os profissionais não devem
de microrganismos e pode provocar assaduras. Procurando estimu- eximir-se de tal responsabilidade, que muitas vezes compromete os
lar a circulação, os movimentos de fricção da pele devem preferen- resultados do próprio tratamento.
cialmente ser direcionados no sentido do retorno venoso. Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozinhos devem
Na higiene íntima do sexo feminino, a limpeza deve ser realiza- ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar os cuida-
dos necessários de acordo com o grau de dependência existente.
da no sentido ântero-posterior; no masculino, o prepúcio deve ser
Por exemplo, visando manter o conforto do paciente e incentivá-lo
tracionado, favorecendo a limpeza do meato urinário para a base da
a comer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua prefe-
glande, removendo sujidades (pêlos, esmegma, urina, suor) e ini-
rência, em porções pequenas e dadas uma de cada vez. Ao término
bindo a proliferação de microrganismos. A seguir, recobrir a glande
da refeição, servir-lhe água e anotar a aceitação da dieta no pron-
com o prepúcio. Durante todo o banho o profissional de enferma- tuário.
gem deve observar as condições da pele, mucosas, cabelos e unhas Durante o processo, proteger o tórax do paciente com toalha
do paciente, cuidando para mantê-lo saudável. Ao término do ba- ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário, são
nho, abaixar a cabeceira da cama e deixar o paciente na posição em formas de manter a limpeza. Ao final, realizar a higiene oral. Visan-
que se sinta mais confortável, desde que não haja contra-indicação. do evitar que o paciente se desidrate, a enfermagem deve observar
Avaliar as possibilidades de colocá-lo sentado na poltrona. Provi- o atendimento de sua necessidade de hidratação. Desde que não
denciar o registro das condições do paciente e de suas reações. haja impedimento para que receba líquidos por via oral, cabe ao
Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potável em recipiente
Lavando os cabelos e o couro cabeludo apresentável e de fácil limpeza, com tampa, passível de higienização
A lavagem dos cabelos e do couro cabeludo visa proporcio- e reposição diária, para evitar exposição desnecessária e possível
nar higiene, conforto e estimular a circulação do couro cabeludo. contaminação. Nem sempre os pacientes atendem adequadamen-
Quando o paciente não puder ser conduzido até o chuveiro, esta te à necessidade de hidratação, por falta de hábito de ingerir sufi-
tarefa deve ser realizada no leito. O procedimento a seguir descrito ciente quantidade de água fato que, em situações de doença, pode
é apenas uma sugestão, considerando-se que há várias formas de levá-lo facilmente à desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico.
realizá-lo. Material necessário: dois jarros com água morna sabão Considerando tal fato, é importante que a enfermagem o oriente e
neutro ou xampu duas bolas de algodão pente toalha grande de incentive a tomar água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificul-
banho (duas, caso necessário) balde bacia luvas de procedimento dades para fazê-lo sozinho. A posição sentada é a mais conveniente,
impermeável / saco plástico porém, se isto não for possível, devese estar atento para evitar aspi-
ração acidental de líquido.
Cuidados com a alimentação e hidratação
Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saúde e Nutrição enteral
bem-estar. O estado nutricional interfere diretamente nos diversos Desde que a função do trato gastrintestinal esteja preservada,
processos orgânicos como, por exemplo, no crescimento e desen- a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos em que o paciente está
volvimento, nos mecanismos de defesa imunológica e resposta às impossibilitado de alimentar-se espontaneamente através de re-
feições normais. A nutrição enteral consiste na administração de
infecções, na cicatrização de feridas e na evolução das doenças.
nutrientes por meio de sondas nasogástrica (introduzida pelo nariz,
A subnutrição consequente de alimentação insuficiente, dese-
com posicionamento no estômago) ou transpilórica (introduzida
quilibrada ou resultante de distúrbios associados à sua assimilação
pelo nariz, com posicionamento no duodeno ou jejuno), ou através
- vem cada vez mais atraindo a atenção de profissionais de saúde
de gastrostomia ou jejunostomia. A instalação da sonda tem como
que cuidam de pacientes ambulatoriais ou internados em hospitais, objetivos retirar os fluidos e gases do trato gastrintestinal (des-
certos de que apenas a terapêutica medicamentosa não é suficien- compressão), administrar medicamentos e alimentos (gastróclise)
te para se obter uma resposta orgânica satisfatória. O profissional diretamente no trato gastrintestinal, obter amostra de conteúdo
de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar as pessoas gástrico para estudos laboratoriais e prevenir ou aliviar náuseas e
de quem cuida, tanto no nível domiciliar como no hospitalar, pre- vômitos
parando o ambiente e auxiliando-as durante as refeições. É impor-
tante verificar se os pacientes estão aceitando a dieta e identificar Inserindo a sonda nasogástrica
precocemente problemas como a bandeja de refeição posta fora
do alcance do mesmo e sua posterior retirada sem que ele tenha Material necessário:
tido a possibilidade de tocá-la de fato que se observa com certa - sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí-
frequência. na a 2% sem vasoconstritor)
Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados ao insufi- -gazes
ciente número de pessoal de enfermagem e ou ao envolvimento - seringa de 20 ml
dos profissionais com atividades consideradas mais urgentes. Além -toalha
de causas estruturais como a falta de recursos humanos e mate- -recipiente com água

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
-estetoscópio O paciente deve ser pesado com o mínimo de roupa e sempre
-luvas de procedimento com peças aproximadas em peso. Para obter um resultado correto,
- tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc.) deve ser orientado a retirar o calçado e manter os braços livres.
-sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí- Após terse posicionado adequadamente, o profissional deve deslo-
na a 2% sem vasoconstritor) gazes car os pesos de quilo e grama até que haja o nivelamento horizontal
da régua graduada; a seguir, travar e fazer a leitura e a anotação de
Ao auxiliar o paciente a alimentar-se, evite atitude de impaci- enfermagem.
ência ou pressa o que pode vir a constrangê-lo. Não interrompa a Em pacientes internados, com controle diário, o peso deve ser
refeição com condutas terapêuticas, pois isso poderá desestimulá- verificado em jejum, sempre no mesmo horário, para avaliação das
-lo a comer. alterações.
Para maior exatidão do resultado na verificação da altura,
Para conhecimento: orientar o paciente a manter a posição ereta, de costas para a has-
Gastrostomia - abertura cirúrgica do estômago, para introdu- te, e os pés unidos e centralizados no piso da balança. Posicionar
ção de uma sonda com a finalidade de alimentar, hidratar e drenar a barra sobre a superfície superior da cabeça, sem deixar folga, e
secreções estomacais. travá-la para posterior leitura e anotação.
Jejunostomia - abertura cirúrgica do jejuno, proporcionando
comunicação com o meio externo, com o objetivo de alimentar ou Controlando a temperatura corporal
drenar secreções. seringa de 20 ml toalha recipiente com água este- Vários processos físicos e químicos, sob o controle do hipotála-
toscópio luvas de procedimento tiras de fita adesiva (esparadrapo, mo, promovem a produção ou perda de calor, mantendo nosso or-
micropore, etc.) ganismo com temperatura mais ou menos constante, independente
das variações do meio externo.
Fixação da sonda nasogástrica A temperatura corporal está intimamente relacionada à ativi-
Deve ser segura, sem compressão, para evitar irritação e le- dade metabólica, ou seja, a um processo de liberação de energia
são cutânea. O volume e aspecto do conteúdo drenado pela sonda através das reações químicas ocorridas nas células. Diversos fatores
aberta deve ser anotado, pois permite avaliar a retirada ou manu- de ordem psicofisiológica poderão influenciar no aumento ou dimi-
tenção da mesma e detecta anormalidades. nuição da temperatura, dentro dos limites e padrões considerados
Sempre que possível, orientar o paciente a manter-se predo- normais ou fisiológicos.
minantemente em decúbito elevado, para evitar a ocorrência de Desta forma, podemos citar o sono e repouso, emoções, des-
refluxo gastroesofágico durante o período que permanecer com a nutrição e outros como elementos que influenciam na diminuição
sonda. da temperatura; e os exercícios (pelo trabalho muscular), emoções
(estresse e ansiedade) e o uso de agasalhos (provocam menor dis-
sipação do calor), por exemplo, no seu aumento. Há ainda outros
fatores que promovem alterações transitórias da temperatura cor-
poral, tais como fator hormonal (durante o ciclo menstrual), banhos
muito quentes ou frios e fator alimentar (ingestão de alimentos e
bebidas muito quentes ou frias).
A alteração patológica da temperatura corporal mais freqüen-
te caracteriza-se por sua elevação e está presente na maioria dos
processos infecciosos e/ou inflamatórios. É muito difícil delimitar a
temperatura corporal normal porque, além das variações individu-
ais e condições ambientais, em um mesmo indivíduo a temperatura
não se distribui uniformemente nas diversas regiões e superfícies
do corpo.
Assim, podemos considerar como variações normais de tempe-
ratura29 : n temperatura axilar: 35,8ºC - 37,0ºC; n temperatura oral:
36,3ºC - 37,4ºC; n temperatura retal: 37ºC - 38ºC.
O controle da temperatura corporal é realizado mediante a uti-
lização do termômetro - o mais utilizado é o de mercúrio, mas cada
vez mais torna-se freqüente o uso de termômetros eletrônicos em
nosso meio de trabalho.
A temperatura corporal pode ser verificada pelos seguintes
métodos: oral - o termômetro de uso oral deve ser individual e pos-
suir bulbo alongado e achatado, o qual deve estar posicionado sob a
língua e mantido firme com os lábios fechados, por 3 minutos. Esse
método é contra-indicado em crianças, idosos, doentes graves, in-
Medindo a altura e o peso no adulto conscientes, com distúrbios mentais, portadores de lesões orofarín-
Material necessário: balança papel para forrar a plataforma da geas e, transitoriamente, após o ato de fumar e ingestão de alimen-
balança A balança a ser utilizada deve ser previamente aferida (ni- tos quentes ou frios; retal - o termômetro retal é de uso individual
velada, tarada) para a obtenção de valores mais exatos e destravada e possui bulbo arredondado e proeminente. Deve ser lubrificado e
somente quando o paciente encontra-se sobre ela. O piso da balan- colocado no paciente em decúbito lateral, inserido cerca de 3,5cm,
ça deve estar sempre limpo e protegido com papel-toalha, evitando em indivíduo adulto, permanecendo por 3 minutos.
que os pés fiquem diretamente colocados sobre ele. Para prevenir
a ocorrência de quedas, fornecer auxílio ao paciente durante todo
o procedimento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A verificação da temperatura retal considerada a mais fidedig- A partir da adolescência observamos nítida diferenciação entre
na - é contra-indicada em pacientes submetidos a intervenções ci- o crescimento físico de mulheres e homens, o que influencia a fre-
rúrgicas do reto e períneo, e/ou que apresentem processos inflama- qüência do pulso: na fase adulta, de 65 a 80 bpm nas mulheres e de
tórios locais; axilar - é a verificação mais freqüente no nosso meio, 60 a 70 bpm, nos homens.
embora seja a menos precisa. O termômetro deve permanecer por, Habitualmente, faz-se a verificação do pulso sobre a artéria
no máximo, 7 minutos (cerca de 5 a 7 minutos). radial e, eventualmente, quando o pulso está filiforme, sobre as ar-
As principais alterações da temperatura são: hipotermia - tem- térias mais calibrosas - como a carótida e a femoral. Outras artérias,
peratura abaixo do valor normal; hipertermia - temperatura acima como a temporal, a facial, a braquial, a poplítea e a dorsal do pé
do valor normal; febrícula - temperatura entre 37,2o C e 37,8o C. 29 também possibilitam a verificação do pulso. O pulso normal - de-
Atkinson, 1989. 7 8 Fundamentos de Enfermagem . nominado normocardia - é regular, ou seja, o período entre os ba-
timentos se mantém constante, com volume perceptível à pressão
Verificando a temperatura corporal moderada dos dedos.
Material necessário: bandeja termômetro clínico bolas de algo- O pulso apresenta as seguintes alterações: bradicardia: fre-
dão seco álcool a 70% bloco de papel caneta . qüência cardíaca abaixo da normal; taquicardia: freqüência cardía-
Para garantir a precisão do dado, recomenda-se deixar o ter- ca acima da normal; taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico; bradis-
mômetro na axila do paciente por 3 a 4 minutos; em seguida, pro- figmia: pulso fino e bradicárdico; filiforme: pulso fino.
ceder à leitura rápida e confirmar o resultado recolocando o termô-
metro e reavaliando a informação até a obtenção de duas leituras Controlando a pressão arterial
consecutivas idênticas30. Coluna de mercúrio Bulbo Corpo . Outro dado imprescindível na avaliação de saúde de uma pes-
O ponto de localização do mercúrio indica a temperatura soa é o nível de sua pressão arterial, cujo controle é realizado atra-
vés de aparelhos próprios. A pressão arterial resulta da tensão que
As orientações seguintes referem-se ao controle de tempera-
o sangue exerce sobre as paredes das artérias e depende:
tura axilar, considerando-se sua maior utilização. Entretanto, faz-se
a) do débito cardíaco relacionado à capacidade de o coração
necessário avaliar esta possibilidade observando-se os aspectos
impulsionar sangue para as artérias e do volume de sangue circu-
que podem interferir na verificação, como estado clínico e psicoló-
lante;
gico do paciente, existência de lesões, agitação, etc. b) da resistência vascular periférica, determinada pelo lúmen
O bulbo do termômetro deve ser colocado sob a axila seca e o (calibre), elasticidade dos vasos e viscosidade sangüínea, traduzin-
profissional deve solicitar ao paciente que posicione o braço sobre do uma força oposta ao fluxo sangüíneo;
o peito, com a mão em direção ao ombro oposto. Manter o termô- c) da viscosidade do sangue, que significa, em outros termos,
metro pelo tempo indicado, lembrando que duas leituras consecu- sua consistência resultante das proteínas e células sangüíneas.
tivas com o mesmo valor reflete um resultado bastante fidedigno.
Para a leitura da temperatura, segurar o termômetro ao nível O controle compreende a verificação da pressão máxima ou
dos olhos, o que facilita a visualização. Após o uso, a desinfecção do sistólica e da pressão mínima ou diastólica, registrada em forma de
termômetro deve ser realizada no sentido do corpo para o bulbo, fração ou usando-se a letra x entre a máxima e a mínima. Por exem-
obedecendo o princípio do mais limpo para o mais sujo, mediante plo, pressão sistólica de 120mmHg e diastólica de 70mmHg devem
lavagem com água e sabão ou limpeza com álcool a 70% - processo ser assim registradas: 120/70mmHg ou 120x70mmHg.
que diminui os microrganismos e a possibilidade de infecção cru-
zada.] Para um resultado preciso, é ideal que, antes da verificação,
o indivíduo esteja em repouso por 10 minutos ou isento de fatores
Controlando o pulso estimulantes (frio, tensão, uso de álcool, fumo). Hipertensão arte-
Também consideradas como importante parâmetro dos sinais rial é o termo usado para indicar pressão arterial acima da normal;
vitais, as oscilações da pulsação, verificadas através do controle de e hipotensão arterial para indicar pressão arterial abaixo da normal.
pulso, podem trazer informações significativas sobre estado do pa- Quando a pressão arterial se encontra normal, dizemos que
ciente. está normotensa. A pressão sangüínea geralmente é mais baixa du-
Esta manobra, denominada controle de pulso, é possível por- rante o sono e ao despertar. A ingestão de alimentos, exercícios, dor
que o sangue impulsionado do ventrículo esquerdo para a aorta e emoções mmHg - milímetro de mercúrio,como medo, ansiedade,
provoca oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial, raiva e estresse aumentam a pressão arterial.
que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a Habitualmente, a verificação é feita nos braços, sobre a artéria
artéria contra uma estrutura dura. Além da freqüência, é impor- braquial. A pressão arterial varia ao longo do ciclo vital, aumentan-
do conforme a idade. Crianças de 4 anos podem ter pressão em
tante observar o ritmo e força que o sangue exerce ao passar pela
torno de 85/ 60mmHg; aos 10 anos, 100/65mmHg34.
artéria.
Nos adultos, são considerados normais os parâmetros com
Há fatores que podem provocar alterações passageiras na
pressão sistólica variando de 90 a 140mmHg e pressão diastólica
freqüência cardíaca, como as emoções, os exercícios físicos e a ali-
de 60 a 90mmHg.
mentação. Ressalte-se, ainda, que ao longo do ciclo vital seus va-
lores vão se modificando, sendo maiores em crianças e menores Verificando a pressão arterial
nos adultos. A frequência do pulso no recém-nascido é, em média, Material necessário: estetoscópio esfigmomanômetro algodão
de 120 batimentos por minuto (bpm), podendo chegar aos limites seco álcool a 70% caneta e papel
de 70 a 170 bpm31. Aos 4 anos, a média aproxima-se de 100 bpm,
variando entre 80 e 120 bpm, assim se mantendo até os 6 anos; a Segurança do paciente
partir dessa idade e até 31com. os 12 anos a média fica em torno de O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), insti-
90 bpm, com variação de 70 a 110 bpm. Aos 18 anos, atinge 75 bpm tuído pela Portaria GM/MS nº 529/2013, objetiva contribuir para a
nas mulheres e 70 bpm nos homens32. qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de
saúde do território nacional.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade Pulso: É o nome que se dá à dilatação pequena e sensível das
do cuidado, e tem adquirido, em todo o mundo, grande importân- artérias, produzida pela corrente circulatória. Toda vez que o san-
cia para os pacientes, famílias, gestores e profissionais de saúde gue é lançado do ventrículo esquerdo para a aorta, a pressão e o
com a finalidade de oferecer uma assistência segura. volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da pa-
Os incidentes associados ao cuidado de saúde, e em particular rede arterial, evidenciadas quando se comprime moderadamente a
os eventos adversos (incidentes com danos ao paciente), represen- artéria contra uma estrutura dura.
tam uma elevada morbidade e mortalidade nos sistemas de saúde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrando preocupa- Locais onde pode ser verificado: Normalmente, faz-se a veri-
ção com a situação, criou a World Alliance for Patient Safety( Alian- ficação do pulso sobre a artéria radial. Quando o pulso radial se
ça Mundial pela Segurança do Paciente) que tem como objetivos apresenta muito filiforme, artérias mais calibrosas como a carótida
organizar os conceitos e as definições sobre segurança do paciente e femoral poderão facilitar o controle. Outras artérias, como a bra-
e propor medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos ad- quial, poplítea e a do dorso do pé (artéria pediosa) podem também
versos. ser utilizadas para a verificação.
As ações do PNSP articulam-se com os objetivos da Aliança
Mundial e comtemplam demais políticas de saúde para somar es- Frequência Fisiológica:
forços aos cuidados em redes de atenção à saúde. Homem 60 a 70
A RDC/Anvisa nº 36/2013 institui ações para a segurança do Mulher 65 a 80
paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Esta nor- Crianças 120 a 125
mativa regulamenta aspectos da segurança do paciente como a im- Lactentes 125 a 130
plantação dos Núcleos de Segurança do Paciente, a obrigatoriedade Observação: Existem fatores que alteram a frequência normal
da notificação dos eventos adversos e a elaboração do Plano de Se- do pulso:
gurança do Paciente.
Os protocolos básicos de segurança do paciente são instrumen- Fatores Fisiológicos:
tos para implantação das ações em segurança do paciente. A Por- Emoções - digestão - banho frio - exercícios físicos (aceleram)
taria GM/MS nº 1.377, de 9 de julho de 2013 e a Portaria nº 2.095, Certas drogas como a digitalina (diminuem)
de 24 de setembro de 2013 aprovam os protocolos básicos de se-
gurança do paciente. Fatores Patológicos:
Febre - doenças agudas (aceleram)
Protocolos Básicos de Segurança do Paciente Choque - colapso (diminuem)
Duas questões motivaram a OMS a eleger os protocolos de se-
gurança do paciente: o pouco investimento necessário para a sua Regularidade:
Rítmico - bate com regularidade
implantação e a magnitude dos erros e eventos adversos decorren-
Arrítmico - bate sem regularidade
tes da falta deles.
O intervalo de tempo entre os batimentos em condições nor-
Os protocolos Básicos de Segurança do Paciente tem por ca-
mais é igual e o ritmo nestas condições é denominado normal ou
racterística:
sinusal. O pulso irregular é chamado arrítmico.
- Protocolos Sistêmicos;
- Protocolos Gerenciados;
Tipos de Pulso:
- Promovem a Melhoria da Comunicação;
Bradisfigmico – lento
- Constituem instrumentos para construir uma prática assisten-
Taquisfígmico – acelerado
cial segura;
Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos
- Oportunizam a vivência do trabalho em equipes; Volume: cheio ou filiforme.
- Gerenciamento de riscos.
Observação: o volume de cada batimento cardíaco é igual em
Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) condições normais. Quando se exerce uma pressão moderada so-
O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi bre a artéria e há certa dificuldade de obliterar a artéria, o pulso
criado para contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em é denominado de cheio. Porém se o volume é pequeno e a artéria
todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. A Segu- fácil de ser obliterada tem-se o pulso fino ou filiforme.
rança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade do cuidado
e tem adquirido, em todo o mundo, grande importância para os pa- Tensão ou compressibilidade das artérias
cientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a finalidade Macio – fraco
de oferecer uma assistência segura. Duro – forte

Sinais Vitais Terminologia:


- Nomocardia: frequência normal
Pulso - Bradicardia: frequência abaixo do normal
São sinais de vida: Normalmente, a temperatura, pulso e respi- - Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico
ração permanecem mais ou menos constantes. São chamados “Si- - Taquicardia: frequência acima do normal
nais Vitais”, porque suas variações podem indicar enfermidade. De- - Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico
vido à importância dos mesmos a enfermagem deve ser bem exata
na sua verificação e anotação. Material para verificação do pulso:
- Relógio com ponteiro de segundos.

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Procedimento: Terminologia:
- Lavar as mãos; Hipotermia: temperatura abaixo do valor normal. Caracteriza-
- Explicar o procedimento ao paciente; -se por pele e extremidades frias, cianoses e tremores;
- Colocá-lo em posição confortável, de preferência deitado ou Hipertermia: aumento da temperatura corporal. É uma condi-
sentado com o braço apoiado e a palma da mão voltada pra baixo. ção em que se verifica: pele quente e seca, sede, secura na boca,
- Colocar as polpas dos três dedos médios sobre o local escolhi- calafrios, dores musculares generalizadas, sensação de fraqueza,
do pra a verificação; taquicardia, taquipneia, cefaleia, delírios e até convulsões.
- Pressionar suavemente até localizar os batimentos; Avaliação da Temperatura Corporal: O termômetro deve ser
- Procurar sentir bem o pulso, pressionar suavemente a artéria colocado em local onde existam rede vascular intensa ou grandes
e iniciar a contagem dos batimentos; vasos sanguíneos, e mantido por tempo suficiente para a correta
- Contar as pulsações durante um minuto (avaliar frequência, leitura da temperatura. Os locais habitualmente utilizados para a
tensão, volume e ritmo); verificação são: cavidade oral, retal e a região axilar.
- Lavar as mãos; Tempo de Manutenção do Termômetro no Paciente
- Registrar, anotar as anormalidades e assinar. - oral: 3 minutos
- axilar: 03 a 05 minutos
Pulso apical: Verifica-se o pulso apical no ápice do coração à - retal: 3 minutos
altura do quinto espaço intercostal.
Respiração
Observações importantes: Por meio da respiração é que se efetua a troca de gases dos
- Evitar verificar o pulso em membros afetados de paciente com alvéolos, transformando o sangue venoso rico em dióxido de carbo-
lesões neurológicas ou vasculares; no e o sangue arterial rico em oxigênio. O tronco cerebral é a sede
- Não verificar o pulso em membro com fístula arteriovenosa; do controle da respiração automática, porém recebe influencias
- Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode confun- do córtex cerebral, possibilitando também, em parte, um controle
dir a sua pulsação com a do paciente; voluntário. Certos fatores, como exercícios físicos, emoções, choro,
- Nunca verificar o pulso com as mãos frias; variações climáticas, drogas podem provocar alterações respirató-
- Em caso de dúvida, repetir a contagem; rias.
- Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir
de sentir o batimento do pulso. Valores Normais
Recém nascido: 30 a 40 por minuto
Temperatura
Adulto: 14 a 20 por minuto
A temperatura corporal é proveniente do calor produzido pela
atividade metabólica. Vários processos físicos e químicos promo-
Terminologia
vem a produção ou perda de calor, mantendo o nosso organismo
- bradpneia: frequência respiratória abaixo do normal;
com temperatura mais ou menos constante, independente das va-
- taquipneia: frequência respiratória acima do normal;
riações do meio externo. O equilíbrio entre a produção e a perda
- dispneia: dificuldade respiratória;
de calor é controlado pelo hipotálamo: quando há necessidade de
- ortopneia: respiração facilitada em posição vertical;
perda de calor, impulsos nervosos provocam vasodilatação perifé-
rica com aumento do fluxo sanguíneo na superfície corporal e esti- - apneia: parada respiratória;
mulação das glândulas sudoriporas, promovendo a saída de calor. - respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gra-
Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos nervosos dual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundi-
provocam vaso constrição periférica com diminuição do sangue cir- dade das respirações e, após, segue-se um período de apneia.
culante local e, portanto, menor quantidade de calor é transporta- - respiração estertorosa: respiração ruidosa.
da e perdida na superfície corpórea.
Pressão Arterial
Alterações Fisiológicas da Temperatura A pressão arterial reflete a tensão que o sangue exerce nas
Fatores que reduzem ou aumentam a taxa metabólica levam paredes das artérias. A medida da pressão arterial compreende a
respectivamente a uma diminuição ou aumento da temperatura verificação da pressão máxima ou sistólica e a pressão mínima ou
corporal: diastólica.
- sono e repouso A pressão sistólica é a maior força exercida pelo batimento car-
- idade díaco; e a diastólica, a menor.
- exercícios físicos
- emoções A Pressão Arterial depende de:
- fator hormonal - Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue ejetado
- em jovens, observam-se níveis aumentados de hormônios. do ventrículo esquerdo para o leito vascular em um minuto.
- desnutrição - Resistência vascular periférica: determinada pelo lúmen (cali-
- banhos a temperaturas muito quentes ou frias podem provo- bre), pela elasticidade dos vasos e pela viscosidade sanguínea.
car alterações transitórias da temperatura - Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e elementos
- agasalhos figurados do sangue.
- fator alimentar A pressão sanguínea varia ao longo do ciclo vital, assim como
ocorre com a respiração, temperatura e pulso.
Temperatura Corporal Normal: Em média, considera-se a tem-
peratura oral como a normal 37ºC, sendo a temperatura axilar Valores Normais
0,6ºC mais baixa e a temperatura retal 0,6ºC mais alta. Em indivíduo adulto, são considerados normais os seguintes
parâmetros:

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- pressão sistólica: de 90 a 140 mmhg A tanatologia é o ramo da patologia que estuda a morte.
- pressão diastólica: de 60 a 90 mmhg Morte Aparente: O termo morte aparente é a denominação
aplicada ao corpo, o qual parece morto, mas tem condições de ser
Terminologia reanimado.
- hipertensão arterial: significa pressão arterial elevada; Alterações cadavéricas: São alterações que ocorrem após a
- hipotensão arterial: pressão arterial abaixo do normal constatação da sua morte clínica. Após a morte existe uma série
de alterações sequenciais previstas que podem ser modificadas nas
Locais para verificação da Pressão Arterial dependências das condições fisiológicas pré-morte, das condições
- nos membros superiores, através da artéria braquial; ambientais e do tipo morte, se intencional, natural ou acidental.
- nos membros inferiores, através da artéria poplítea. Algor mortis (frigor mortis, frio da morte): é o resfriamento
do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda
Mensuração da Altura e do Peso progressiva das fontes energéticas.
A altura e o peso normalmente são verificados quando existe Livor Mortis (livores ou manchas cadavéricas): é o apareci-
solicitação médica, não sendo incluídos como medidas de rotina na mento de manchas inicialmente rosadas ou violetas pálidas, tor-
maioria das unidades de internação. A verificação da altura e do nando-se progressivamente arroxeadas.
peso é muito importante, em pediatria, endocrinologia, nefrologia. Putrefação: Estado de grande proliferação bacteriana (putrefa-
Em certas condições patológicas, como no edema, o controle de ção). Há liberação de enzimas proteolíticas produzidas pelas bacté-
peso é fundamental para subsidiar a conduta terapêutica. rias. Os órgãos irão apresentar como uma massa semissólida, odor
muito forte e mudanças de coloração.
Terminologia Redução esquelética: nela há a completa destruição da pele e
Obesidade: aumento de tecido adiposo devido ao excessivo ar- musculatura, ficando somente ossos.
mazenamento de gordura;
- caquexia: estado de extrema magreza, desnutrição.
Assistência de enfermagem a pacientes graves e agonizantes:
Observações
A assistência de enfermagem são as mesmas medidas do paciente
- pesar, de preferência sempre no mesmo horário;
em estado de coma.
- pesar com mínimo de roupa;
- pesar, se possível, antes do desjejum.
EXAME FÍSICO
Sinais Iminentes de Falecimentos: O exame físico de enfermagem é um conjunto de técnicas e
- Sistema Circulatório: hipotensão, extremidades frias, pulso ir- manobras que os profissionais de enfermagem desenvolvem com
regular, pele fria e úmida, hipotermia, cianose, sudorese, sudorese o intuito de diagnosticar nos pacientes problemas associados a al-
abundante; guma patologia e com isso elaborar o planejamento da assistência
- Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, a respiração de enfermagem.
torna-se ruidosa (estertor da morte), causada pelo acúmulo de se- O exame físico pode ser realizado também por outros profissio-
creção; nais da área da saúde, também com o objetivo de evidenciar sinais
- Sistema Digestório: diminuição das atividades fisiológicas e e sintomas que possam levar a um diagnóstico.
do reflexo de deglutição para o perigo de regurgitação e aspiração, É importante ressaltarmos que muitos profissionais confundem
incontinência fecal e constipação. o exame físico de enfermagem com exame clínico, que é a junção
- Sistema Locomotor: ausência total da coordenação dos mo- de exame físico e anamnese, com a verificação das informações clí-
vimentos; nicas do paciente, com auxílio da entrevista ou ainda pela avaliação
- Sistema Urinário: retenção ou incontinência urinária; direta por meio de técnicas específicas.
- Sistema Neurológico: diminuição dos reflexos até o desapare- O exame físico de enfermagem é realizado após a anamnese,
cimento total, sendo que a audição é o último a desaparecer. que é aquela entrevista básica com o paciente e utilizamos equipa-
- Face: pálida ou cianótica, olhos e olhar fixo, presença de lágri- mentos como:
ma, que significa perda do tônus muscular. - estetoscópio;
- esfigmomanômetro;
Sinais Evidentes: - termômetro.
Talvez seja mais sensato caracterizar a morte pelo somatório de
uma série de fenômenos:
- Perda da consciência; O objetivo do exame físico de enfermagem é avaliar um órgão
- Ausência total de movimentos;
ou sistema na busca de alterações anatômicas ou funcionais resul-
- Parada Cardíaca e respiratória sem possibilidades de ressus-
tantes da patologia que o paciente apresenta.Em contrapartida,
citação;
pode ser utilizado também para comprovar o bom funcionamento
- Perda da ação reflexiva a estímulos;
dos órgãos e sistemas.
- Parada das funções cerebrais;
- Pupilas dilatadas (midríase) não reagindo à presença da luz. O exame físico de enfermagem divide em quatro etapas:
- inspeção;
Como esses fatos podem ocorrer isoladamente é fundamental - ausculta;
a coincidência deles para se confirmar à morte. Como após a morte, - palpação;
alguns tecidos podem manter a vitalidade e mesmo servirem para - percussão.
transplantes, exige-se hoje, como prova clínica definitiva da morte,
a parada definitiva das funções cerebrais, documentada clinicamen- Um exame físico bem realizado pelo enfermeiro é uma arma
te e por eletroencefalograma. importante na qualidade da assistência de enfermagem prestada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Técnicas Básicas para o Exame Físico: – Percussão digito-digital: mais utilizada no nosso cotidiano.
1) Inspeção: é o processo de observação do paciente. Devemos Trata-se do golpeamento com o dedo médio ou indicador da mão
neste momento inspecionar nos segmentos corporais, a presença dominante, que encontra-se espalmada e apoiada na região de
de dismorfias, distúrbios no desenvolvimento, lesões cutâneas, se- interesse. A mão dominante deve ficar em posição confortável e
creções e presença de cateteres e tubos ou outros dispositivos. É apenas o dedo que irá percutir deverá ter posição de martelo. A
importante verificar o modo de andar, a postura, o contato visual e movimentação da mão deverá ocorrer apenas com a articulação do
a forma de comunicação verbal e corporal. Esses dados fornecem punho. O cotovelo deve permanecer fixo e fletido a 90º e com o
“pistas” sobre o estado emocional e mental do paciente. braço em semiabdução.

Tipos de inspeção: Possíveis sons:


Estática: com o paciente parado, observa-se os contornos ana- Maciço: som que transmite a sensação de dureza e resistência,
tômicos; em todas as regiões desprovidas de ar, como osso e fígado;
Dinâmica: pede-se para que o paciente faça alguns movimen- Submaciço: é uma variação do maciço, é a presença de ar em
tos, observando com atenção e foco no segmento. pequena quantidade que lhe confere essa característica peculiar;
O paciente deve ser inspecionado por inteiro. Recomenda-se o Timpânico: obtido em regiões que contêm ar, recobertas por
uso de luz natural e caso seja artificial, a branca é a mais recomen- membrana flexível, como o estômago. A sensação obtida é de elas-
dada. Para a inspeção de cavidades, utiliza-se a lanterna clínica. ticidade;
Hipertimpânico: obtido em regiões que contêm ar em grande
2) Palpação: é uma técnica utilizada para obtenção de dados quantidade, por exemplo, no abdome em caso de acúmulo de ga-
por meio do tato (parte mais superficial do corpo) e da pressão ses;
(parte mais profunda do corpo). A palpação permite a identificação Claro pulmonar: som obtido quando se percute uma área sobre
de modificações de textura, espessura, consistência, sensibilidade, os pulmões, quando estão normais, com presença de ar dentro dos
volume e dureza. Permite a percepção de frêmito, flutuação, elas- alvéolos.
ticidade e edema.
Atenção:
Evite dar muitos golpes seguidos para confirmar o som, pois
Tipos de palpação:
podem interromper a onda vibratória e alterar o som emitido;
Superficial: pressão em profundidade de 1 cm;
Em órgãos simétricos como os pulmões, é preciso realizar a
Profunda: pressão em profundidade de 4 cm. percussão comparada.
Variações da palpação: Punho-percussão: com a mão fechada, golpeia-se com a borda
cubital (utilizada para verificar a sensação dolorosa nos rins);
Palpação com a mão espalmada, usando-se toda a palma de Percussão com a borda das mãos: os dedos ficam estendidos
uma de ambas as mãos; e unidos, golpeia-se a região desejada com a borda ulnar (utilizada
Palpação com uma das mãos sobrepondo-se à outra; para verificar a sensação dolorosa nos rins);
Palpação com a mão espalmada, usando-se apenas as polpas Percussão por piparote: utilizada para pesquisa de ascite. Com
digitais e a parte ventral dos dedos; uma das mãos, o examinador golpeia um lado abdome, enquanto a
Palpação usando-se o polegar e o indicador formando uma pin- outra mão, na região contralateral, capta ondas de líquidos que se
ça; chocam com a parede abdominal.
Palpação com o dorso dos dedos e das mãos, para avaliar tem-
peratura; 4) Ausculta: procedimento que possibilita ouvir sons produzi-
Dígito-pressão: realizada com a polpa do polegar e do indica- dos pelo corpo, que são inaudíveis sem o uso de instrumentos, por
dor, consiste na compressão de uma área com o objetivo de pesqui- isso utilizamos o estetoscópio para examinarmos os pulmões, cora-
sar dor, detectar edema e/ou avaliar a circulação cutânea; ção, artérias e intestino.
Puntipressão: utiliza-se de um objeto pontiagudo, não cortante
em um ponto do corpo para avaliar a sensibilidade dolorosa; Atenção:
Fricção com algodão: com uma mecha, roçar de leve a pele, Para realizar a ausculta, faz-se necessário um ambiente sem
procurando verificar a sensibilidade tátil. ruídos externos
O estetoscópio deve ser colocado sobre a pele nua;
3) Percussão: é a aplicação de pequenos golpes em determi- Durante a ausculta devem ser observadas as características dos
nada superfície do organismo, que emite vibrações específicas de sons, como: intensidade, tom, duração e qualidade.
acordo com a estrutura anatômica percutida, quanto à intensidade, Considerações finais:
tonalidade e timbre. Quando o enfermeiro consegue realizar uma boa avaliação clí-
nica, ele consegue reconhecer os diagnósticos de enfermagem, que
Tipos de percussão mais utilizadas na prática clínica do enfer-
subsidiam as condutas de enfermagem e possibilita um trabalho
meiro:
interdependente, associando os cuidados com a equipe multidis-
– Percussão direta: golpeamento diretamente com as pontas
ciplinar.
dos dedos a região-alvo. Os dedos devem estar fletidos, imitando a
forma de um martelo e os movimentos de golpear são feitos pela Conseguir associar os dados clínicos e ainda entender os sinais
articulação do punho. emitidos pelo paciente, como o significado do adoecer, seus pontos
fortes e fracos é uma arte, que propicia um cuidado digno e profis-
sionais mais satisfeitos com o resultado do trabalho.
Cuidados para realizar o exame físico: mãos higienizadas, aque-
cidas e unhas cortadas, instrumentos com a devida desinfecção

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Fonte: http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/tecnicas-basicas-
-de-exame-fisico
POSIÇÕES PARA EXAMES
Decúbito dorsal horizontal : o paciente fica deitado na maca co
m ventre para cima , membros superiores e inferiores relaxados , o
paciente deve ser colo cado deitado de co stas com as pernas es-
tendidas ou ligeiramente fletidas par a provocar o relaxamento do s
músculos abdominais , os braço s devem estar estendidos ao longo
do corpo . Exemplo : cesariana , tireoidectomia.
Posição de sims; colocar o paciente e m decúbito lateral es-
querdo , mantendo a cabeça apoiada no travesseiro , o corpo deve
está ligeiramente inclinado para frente co m o braço esquerdo es-
ticado para trás , de forma a permitir que p arte do peso do corpo
apoie sobre o peito ,o braço direito deve está posicionado de acor-
do com a vontade do p acidente e os MMII deve m está flexionados
, o direito, mais para o lado esquerdo .Finalidade (exames retais, la
vage m intestinal, exames vaginais, clister)
Decúbito ventral: o paciente fica deitado com o ventre para
baixo , braços fletidos e mãos soba testa . Exemplo : laminectomia ,
cirurgias tórax posterior

Posição sentado: o paciente deve está sentado com as mãos


repousando sobre as coxas .Exemplo : cirurgia de mamoplastia ,
Decúbito lateral direito : o paciente fica deitado com o lado di- dreno de tórax .
reito voltado para baixo , pernas levemente fletidas , braço direito
em abdução , o lado esquerdo para cima e o braço repousando so-
bre a face lateral da coxa. Exemplo : cirurgias re nais , massagens
na s costas .

Decúbito lateral esquerdo : o paciente fica deitado com o lado


esquerdo para baixo , pernas levemente fletidas , braço esquerdo
em abdução , o lado direito para cima e o braço repousando sobre Ginecológica; colocar a paciente em decúbito dorsal; Joelhos
a face lateral da coxa fle xionados e be m separados, co m os pés sobre a cama; Proteger
a paciente com lençol ate o momento do exame. Exemplo :( exame
vaginal, exame vulvo, lavagem vaginal,sondagem vesical, tricoto-
mia) .

Semi decúbito de fowler;Paciente fica se mi sentado. Usado


para descanso, conforto,alimentação e patologias respiratórias

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Litotomia; posição que se assemelha a ginecológica . Colocar Ereta ou ortostática: o paciente fica e m pé com os pés um pou-
o paciente em decúbito dorsal co m a cabeça e os ombros ligeira- co afastados um do outro e o s membros superiores estendido s na-
mente elevados .As coxas devem está b em flexionadas sob o abdô- turalmente junto ao corpo , o peso fica distribuído equitativamente
men ,afastadas uma das outras e as pernas sob o abdômen Exemplo nos MMI I.
: cirurgia ou exames de períneo , reto , vagina e bexiga .

Posição supina : Paciente fica deitado em decúbito dorsal com


travesseiros sobre a cabeça, braços estendidos ao longo d o corpo ,
pernas estendidas ou ligeiramente fletidas.

Genupeitoral; o paciente deve ser co locado ajoelhado sob re


a cama , com os joelhos afastados as pernas estendidas , e o peito
apoiado sobre a cama , a cabeça deve esta lateralizada apoiada so-
bre os braços . Exemplo : exames vaginais e retais Posição prona: Paciente fica e m decúbito ventral com a cabeça
virada para um dos lados, braços abduzidos par a cima, com coto-
velos fletidos e pernas estendidas.

COLETA DE MATERIAL PARA EXAMES LABORATORIAIS


Amostras Biológicas: São consideradas amostras biológicas de
material humano para exames laboratoriais: sangue urina, fezes,
suor, lágrima, linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e le-
são cutânea), escarro, esperma, secreção vaginal, raspado de lesão
epidérmico (esfregaço) mucoso oral, raspado de orofaringe, secre-
Trendelemburg; o paciente é colocado em decúbito dorsal hori- ção de mucosa nasal (esfregaço), conjuntiva tarsal superior (esfre-
zontal ,co m o corpo num campo inclinado , de forma que a cabeça gaço), secreção mamilar (esfregaço), secreção uretral (esfregaço),
fique mais baixa e m relação ao corpo .Exemplo : cirurgia da região swab anal, raspados de bubão inguinal e anal/perianal, coleta por
pélvica , estados de choque tromboflebites. escarificação de lesão seca/swab em lesão úmida e de pelos e de
qualquer outro material humano necessário para exame diagnósti-
co. Atualmente a maioria dos procedimentos de coleta são realiza-
dos nas próprias Unidades Assistenciais de Saúde da Rede Pública
Municipal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Laboratórios de Análises: São estabelecimentos destinados à Espaço Físico
coleta e ao processamento de material humano visando a realiza- Sala para coleta de material biológico: De uma forma geral, os
ção de exames e testes laboratoriais, que podem funcionar em se- estabelecimentos que são dotados de um único ambiente de coleta
des próprias independentes ou, ainda, no interior ou anexadas a deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de coleta
estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas para esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros quadra-
específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individu- dos, ter pia para lavagem das mãos, mesa, bancada, etc. para apoiar
alizados do ponto de vista físico e funcional. o material para coleta e o material coletado. O ambiente deve ter
janelas, ser arejado, com local para deitar ou sentar o usuário, as
Procedimentos Técnicos Especiais: superfícies devem ser laváveis. De acordo com a RDC 50/2002 AN-
- A execução de procedimentos de coleta de material humano VISA/MS, as dimensões físicas e capacidade instalada são as seguin-
que exijam a prévia administração, por via oral, de quaisquer subs- tes:
tâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, “in loco”, por - Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente de
profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recur- coleta, este deve ser do tipo sala, com 3,6 metros quadrados.
sos humanos dos estabelecimentos. - Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões
- Os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de para tal.
longa duração e que exijam monitoramento durante os processos - Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de
de execução, deverão ser supervisionados, “in loco”, por profissio- Coleta, obrigatoriamente, possuirão no mínimo, 01 (um) lavatório
nais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta.
estabelecimentos. - Área para registro dos usuários.
- O Setor de Coleta deverá ter acesso aos equipamentos de - Sanitários para usuários.
emergência visando propiciar o atendimento de eventuais intercor- - Número necessário de braçadeiras para realização de coletas
rências clínicas. = 1 para 15 coletas/hora.
- O emprego de técnicas de sondagem é permitido, mediante - Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica em
indicação médica, e somente para casos em que seja realmente ne- geral, deve-se utilizar material de fácil lavagem, manutenção e sem
cessária, a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amos- frestas.
tras de material dos usuários. - Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quan-
tidade suficiente e de forma organizada.
Coleta nas Unidades de Saúde: Os procedimentos de coleta dos
exames laboratoriais nos ambulatórios são executados por profis- Biossegurança: Entende-se como incorporação do princípio
sionais médicos, assim como por profissionais de saúde componen- da biossegurança, a adoção de um conjunto de medidas voltadas
tes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes
clínica e epidemiológica, de diagnose ou apoio diagnóstico, de ava- às atividades de prestação de serviços, produção, ensino, pesquisa
liação pré-operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico. e desenvolvimento tecnológico, que possam comprometer a saúde
do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos
Recursos Humanos: O Setor de Coleta obrigatoriamente conta- desenvolvidos.
rá com pelo menos 01 (um) dos seguintes profissionais de nível uni- Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamento
versitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou biólogo de Proteção Coletiva – EPC, destinam-se a proteger os profissionais
que tenha capacitação para execução das atividades de coleta. Os durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco de con-
profissionais de nível universitário do Posto de Coleta deverão estar tato com sangue e fluidos corpóreos.
presentes, diariamente, no interior de suas dependências durante São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeáveis
o período de funcionamento da coleta destes estabelecimentos. Os e sapatos fechados e, são EPC: caixas para material perfurocortan-
procedimentos de coleta de material humano poderão ser executa- te, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc... .
dos pelos seguintes profissionais legalmente habilitados: Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e
- De nível universitário: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, outros EPI que devem ser removidos e quando passiveis de este-
biomédicos, biólogos e químicos que no curso de graduação, e/ou rilização, guardados em local apropriado antes de deixar a área de
em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes confe- trabalho.
riram capacitação para execução das atividades de coleta. Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao trabalho
- De nível técnico: técnicos de enfermagem, assim como técni- em todas as atividades que possam resultar em contato acidental
cos de laboratório, técnicos em patologia clínica e demais profissio- direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas as luvas
nal legalmente habilitados que concluíram curso em nível de ensino devem ser descartadas.
médio que no curso de graduação, e /ou em caráter extracurricular
frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para exe- Atenção:
cução das atividades de coleta. - Observar a integridade do material; quando alterada solicitar
- De nível intermediário: auxiliares de enfermagem, assim como substituição.
profissionais legalmente habilitados que concluíram curso em nível - Manter cabelos presos e unhas curtas.
de ensino de fundamental que no curso de graduação, e /ou em ca- - Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...).
ráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes conferiram - Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos.
capacitação para a execução das atividades de coleta.
Quando houver um acidente com material biológico envolven-
do face, olhos e mucosas deve-se lavar imediatamente todas as par-
tes atingidas com água corrente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Fases que envolvem a realização dos exames: Atividades Físicas: Não se deve praticar exercícios antes dos
Unidades de saúde: Fase pré - analítica do exame na unidade exames, exceto quando prescrito. Eles alteram os resultados de
de saúde: muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas e
- Requisição do exame bioquímicas. Por isso, recomenda-se repouso e o paciente deve fi-
- Orientação e preparo para a coleta car 15 minutos descansando antes da coleta.
- Coleta Medicamentos: A Associação Americana de Química Clínica,
- Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência dos além de alguns outros pesquisadores brasileiros, mantém publi-
seus dados): nome, idade, sexo). cações completas em relação às interferências de medicamentos
- Preparação da amostra sobre os exames. Por outro lado, alguns pacientes, não podem sus-
- Acondicionamento pender as medicações devido a patologias específicas.
- Transporte
O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, de sus-
pensão temporária do medicamento. O usuário NUNCA poderá in-
Laboratório: terromper voluntariamente o uso de medicamentos. Informar sem-
Fase pré-analítica do exame no laboratório: pre na solicitação do exame ao laboratório todos os medicamentos
- Recepção que o usuário fez uso nos 10 dias que antecederam a coleta.
- Triagem Fumo: Orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O ta-
- Preparação da Amostra bagismo crônico altera vários exames como: leucócitos no sangue,
lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, vitaminas,
Fase analítica do exame no laboratório: marcadores tumorais e metais pesados.
- Análise da Amostra Bebida Alcoólica: Recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas
durante pelo menos 3 (três) dias antes dos exames. O álcool, entre
Fase pós - analítica do exame no laboratório: outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas, testes de
- Conferência coagulação, lipídios e outros.
- Emissão e Remessa de Laudo Data da menstruação ou tempo de gestação: Devem ser infor-
mados na solicitação de exames ao laboratório, pois, dependendo
Unidades de Saúde: da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem variações fisioló-
Fase pós - analítica do exame na unidade de saúde: gicas que alteram a concentração de várias substâncias no organis-
- Recepção dos Resultados mo, como os hormônios e algumas proteínas séricas. Para a coleta
- Conferência de urina o ideal é realizá-la fora do período menstrual, mas se for
- Arquivamento dos Laudos urgente, a urina poderá ser colhida, adotando-se dois cuidados: as-
sepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal para o sangue
Orientações ao usuário quanto ao preparo e realização do exa- menstrual não se misturar à urina.
me: É importante esclarecer com instruções simples e definidas, as
recomendações gerais para o preparo dos usuários para a coleta de Relações Sexuais: Para alguns exames como, por exemplo, es-
exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramento de resultados permograma e PSA, há necessidade de determinados dias de absti-
laboratoriais. nência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, recomenda-se
24 horas de abstinência sexual.
Importante informar e fornecer:
- Dias e horário de coleta da unidade Ansiedade e Stress: O paciente deverá relaxar antes da realiza-
- Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: jejum, ção do exame. O stress afeta não só a secreção de hormônio adre-
dieta, abstinência sexual, atividade física, medicamentos. nal como de outros componentes do nosso organismo. A ansiedade
- Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá conduz à distúrbios no equilíbrio ácido-básico, aumenta o lactato
fornecer os frascos com identificação do material a ser colhido sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres, entre outras subs-
- Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e anexá- tâncias.
-la ao pedido de exame.
Observações Importantes:
Fatores que podem influenciar nos resultados: - Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e 9
horas da manhã, pois a concentração plasmática de várias substân-
Jejum cias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, os valores
- Para a maioria dos exames um determinado tempo de jejum é de intervalos de referência, são normalmente obtidos entre estes
necessário e pode variar de acordo com o exame solicitado deven- horários. O ritmo biológico também pode ser influenciado pelo rit-
do - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados nas unida- mo individual, no que diz respeito à alimentação, exercícios e horas
des de saúde sms”. de sono.
- Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que 12 - No monitoramento dos medicamentos considerar o pico an-
horas para o adulto), pode levar à alterações nos exames, além de tes a administração do medicamento e o estágio da fase constante
ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com moderação. O depois da próxima dose.
excesso interfere nos exames de urina. - Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento.

Dieta: Alguns exames requerem a uma dieta especial antes da


coleta de amostra (ex: pesquisa de sangue oculto), caso contrário
os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os resultados
possam refletir o estado do paciente no dia-a-dia.

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A coleta da amostra feita no momento errado é pior do que a - Um jogo de caixa de transporte = 1 cx para transportar sangue
não coleta. e 1 cx para transportar fezes/urina/escarro.
Rotina do setor de coleta de exames laboratoriais: É importan- - Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta e
te a padronização de uma rotina para a coleta dos exames laborato- organizar as requisições também seguindo o mesmo critério, para
riais, devendo todos os profissionais envolvidos no processo estar facilitar a conferência.
cientes da rotina estabelecida. Basicamente os funcionários da co- - Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com a
leta devem estar orientados para: tampa de rosca bem fechada.
- Atender os usuários com cortesia. - Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos po-
- Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em or- tes de urina/fezes/escarro.
dem. - Certificar-se de que o material não tombará durante o trans-
- Manter todos os materiais necessários para o atendimento de porte (colocar calço ou fixar com fita adesiva).
forma organizada. - Todas as solicitações de exames devem ser devidamente
- Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e usar acondicionadas em envelope plástico com a identificação da unida-
sapato), atendendo às normas de biossegurança. de e fixadas na parte externa da caixa.
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta. - Realizar os procedimentos acima sempre paramentados.
Requisição de exame: Existem impressos próprios (anexá-los)
que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O impresso Acondicionamento e transporte de material biológico
deverá estar totalmente preenchido com letra legível: Objetivo: Garantir o acondicionamento, conservação e trans-
- Nome da unidade solicitante; porte do material até a recepção pelo laboratório executor dos
- Nome do usuário; exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas em
- Nº prontuário; recipientes rígidos, constituídos de materiais apropriados para tal
- Idade: muitos valores de referência variam conforme a idade; finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e impermeáveis
- Sexo: muitos valores de referência variam conforme o sexo; para fechamento sob pressão. O acondicionamento do material co-
- Indicação clínica; letado deverá ser tecnicamente apropriado, segundo a natureza de
- Medicamentos em uso; cada material a ser transportado, de forma a impedir a exposição
- Data da última menstruação (DUM), quando for o caso; dos profissionais da saúde, assim como dos profissionais da frota
- Assinatura e carimbo do solicitante; que transportam o material.
- Nome do responsável pela coleta; - Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados para
acondicionar tubos e frascos coletores contendo amostras bioló-
A informação é fundamental para garantir a qualidade do re- gicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que per-
sultado laboratorial. Devem ser utilizadas para fins de análise de mitam a fixação em posição vertical, com a extremidade de fecha-
consistência do resultado laboratorial, e portanto, necessitam ser mento (tampa) voltada para cima e que impeçam o tombamento
repassadas aos responsáveis pelas fases analítica e pós-analítica.
do material.
- Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondiciona-
Procedimento de coleta:
mento de lâminas dotadas internamente de dispositivo de separa-
- Conferir o nome do usuário com a requisição do exame.
ção (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento (tampa
- Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta e
ou fecho).
medicação).
- Caixas Térmicas são recipientes de segurança para transporte,
- Separar o material para a coleta conforme solicitação, quanto
destinados à acomodação das estantes e grades com tubos, frascos
ao tipo de tubo e volume necessário.
e tubetes contendo as amostras biológicas.
- Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de for-
ma organizada, em cada Box, no momento da coleta.
- Preencher as etiquetas de identificação do material com Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, re-
nome, nº do registro, no Com os tubos todos identificados, proce- sistentes e impermeáveis, revestidas internamente com material
der à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel ou lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções de-
anticoagulantes, devem ser homogeneizados por inversão de 5 a sinfetantes devendo, ainda ser, dotadas externamente de dispositi-
8 vezes). vos de fechamento externo. Como medida de segurança na parte
- Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido e externa das Caixas Térmicas para transporte, deverá ser fixado o
colocar a data da coleta. símbolo de material infectante e inscrito, com destaque, o título de
identificação: Material Infectante. Na parte externa da Caixa Térmi-
Conferência das amostras colhidas: Reservar os 15 minutos fi- ca, também deverá ser inscrito o desenho de seta indicativa vertical
nais do período da coleta para verificar se as amostras estão bem apontada para cima, de maneira a caracterizar a disposição vertical,
tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os pedidos com as extremidades de fechamento voltadas para cima.
com os frascos. Realizar este procedimento sempre paramentado. Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título de
Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminhamen- identificação e da frase de alerta, deverão ser empregadas tecno-
to) em duas vias: Relacionar na planilha os nomes de todos os usuá- logias ou recursos que possibilitem a higienização da parte externa
rios atendidos, o nº do registro e os exames solicitados. Não esque- destes recipientes e garantam a legibilidade permanente das ins-
cer de preencher a data da coleta e o nome da unidade. Uma via é crições. É vedado, em qualquer hipótese, transportar amostras de
encaminhada ao laboratório acompanhando o material, os pedidos material humano, bem como recipientes contendo resíduos infec-
e a outra via fica na unidade para controle do retorno dos resulta- tantes, no compartimento dianteiro dos veículos automotores.
dos e relatório estatístico. - É importantes a perfeita sintonia entre remetente, transpor-
Acondicionamento do material nas caixas de transporte: tadora e laboratório de destino, a fim de garantir o transporte se-
- A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas para guro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em boas
transporte para facilitar a higienização e trocas. condições.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser comu- Garroteamento: O garrote é utilizado durante a coleta de san-
nicados ao remetente, a fim de que providências possam ser to- gue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminen-
madas, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos dife- tes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao
rentes contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formulário ao local da punção (4 a 5 dedos ou 10 cm acima do local de punção),
material biológico sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido. Para tal,
- Também não poderão ser transportados dentro da caixa tér- basta verificar a pulsação do paciente. Mesmo garroteado, o pulso
mica, devendo ser colocados em sacos, pastas ou envelopes e fixa- deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço
dos na parte superior externa da caixa. do paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar o
- Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam os garrote logo após a venipunção, pois o garroteamento prolongado
materiais, devem verificar se os frascos coletores, tubos, demais re- pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio).
cipientes, estão firmemente fechados. Seleção da região de punção: A regra básica para uma punção
bem sucedida é examinar cuidadosamente o braço do paciente. As
Laudos Técnicos: Os resultados dos exames e testes realizados, características individuais de cada um poderão ser reconhecidas
obrigatoriamente, serão emitidos em impressos próprios para Lau- através de exame visual e/ou apalpação das veias. Deve-se sempre
dos Técnicos que deverão conter os seguintes registros: que for realizar uma venipunção, escolher as veias do braço para
- Identificação clara, precisa e completa dos usuários e estabe- a mão, pois neste sentido encontram-se as veias de maior calibre
lecimentos responsáveis pelas análises clínico-laboratoriais; e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos nos quais o
- Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da emis- sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulatório,
são dos Laudos Técnicos e o nome dos profissionais que os assinam que é o coração. As veias podem ser classificadas em: veias de gran-
e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos Regionais de, médio e pequeno calibre, e vênulas. De 1 acordo com a sua
de Exercício Profissional do Estado de São Paulo; localização, as veias podem ser superficiais ou profundas. As veias
superficiais são subcutâneas e com frequência visível por transpa-
- Nomes do material biológico analisado, do exame realizado e rência da pele, sendo mais calibrosas nos membros. Devido à sua
do método utilizado; situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, são
- Valores de referência normais e respectivas unidades. nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue.
As veias mais usuais para a coleta de sangue são: Veia Cefálica /
Intervalo/valores de referência: Define 95% dos valores limites Veia mediana cubital / Veia mediana cefálica / Veia longitudinal (ou
obtidos de uma população definida. antebraquial) / Veia mediana basílica / Veia do dorso da mão / Veia
- Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais e marginal da mão / Veia basílica
respectivas unidades.
- Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsáveis Escolher uma região de punção envolve algumas considera-
Técnicos e/ou por profissionais legalmente habilitados, de nível su- ções:
perior, pertencente aos quadros de recursos humanos destes esta- - Selecionar uma veia que é facilmente palpável;
belecimentos. - Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastecto-
- Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus re- mia;
presentantes legais, se for o caso, e, ainda, indiretamente, através - Não selecionar um local no braço onde o paciente foi subme-
dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso de Postos tido a uma infusão intravenosa;
de Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se equipamento - Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão;
de fax-modem e meios de comunicação on line, quando autorizada - Não selecionar um local com múltiplas punções.
por escrito pelos próprios usuários e/ou requerida pelos médicos
ou cirurgiões-dentistas solicitantes. No entanto, isto não eximirá os Tente isto, se tiver dificuldade em localizar uma veia:
Responsáveis Técnicos pelos estabelecimentos de garantir a guarda - Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou
dos Laudos Técnicos originais. menos cinco minutos sobre o local da punção e em seguida garro-
- Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos deverão tear;
garantir a privacidade dos cidadãos, através da implantação de me- - Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com
didas eficazes que confiram caráter confidencial a quaisquer resul- o braço acomodado ao lado do corpo e garrotear com o esfigmoma-
tados de exames e testes laboratoriais. nômetro (em P.A. média) por um minuto.
- Nunca aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principal-
Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autôno- mente em idosos, pois se forem portadores de ateroma poderá
mos e Unidades de Laboratórios Clínicos que executem exames e haver deslocamentos das placas acarretando sérias consequências.
testes microbiológicos e sorológicos informarão os resultados de
exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de notificação Técnica para coleta de sangue a vácuo: Antes de iniciar uma ve-
compulsória e de agravos à saúde, em conformidade com as orien- nipunção, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso:
tações específicas das autoridades sanitárias responsáveis pelo Sis- - Tubos necessários à coleta;
tema de Vigilância. - Etiqueta para identificação do paciente;
- Luvas;
Exames Laboratoriais - Swabs ou mecha de algodão embebida em álcool etílico a
70%;
Coleta de Sangue em crianças maiores e adultos - Gaze seca e estéril;
Posicionamento do braço: O braço do paciente deve ser posi- - Agulhas múltiplas;
cionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as - Adaptador para coleta a vácuo;
veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possí- - Garrote;
vel. O cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada - Bandagem, esparadrapo;
para cima. - Descartador de agulhas.

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Após o material estar preparado, iniciar a venipunção: Coleta em criança: A coleta de sangue em criança e neonato é
- Verificar quais os exames a serem realizados; frequentemente problemática e difícil, para o coletador, acompa-
- Lavar e secar as mãos; nhante e criança. No momento em que a criança é convocada para
- Calçar luvas; o procedimento de coleta, deve-se orientar o acompanhante das
- Fazer antissepsia do local da punção; Primeiro, do centro do situações que podem ocorrer:
local de perfuração para fora, em sentido espiral; e após, de baixo - A criança pode se debater e ter que ser contida;
para cima, forçando uma vascularização local; - A maioria das crianças choram muito;
- Nunca toque o local da punção após antissepsia, exceto com - Em casos de crianças rebeldes e/ou de veias difíceis, há proba-
luvas estéreis. bilidade de se ter que fazer mais de uma punção;
- Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja - Probabilidade do retorno para uma segunda coleta por neces-
firme para assegurar que não Solte durante o uso Remover a capa sidade técnica ou diagnóstica.
superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima;
- Colocar o garrote; A criança deve ser preparada psicologicamente para a coleta,
- O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da cabendo ao coletador conseguir a confiança da criança. Isto pode
mão e seguro firmemente entre o indicador e o polegar; ser obtido observando o comportamento da criança na sala de es-
pera, verificando se ela traz algum brinquedo ou livro de estórias, e
- No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das qual o nível de relacionamento com o acompanhante. Caso a crian-
mãos esticar a pele do paciente firmando a veia escolhida e com ça traga algum brinquedo, este deve ser mantido com ela sempre
o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com que possível, mas sem que haja comprometimento da coleta. Sem-
precisão e rapidez (movimento único); pre que possível evitar que a criança assista a punção.
- O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de co- O posicionamento de coleta para crianças maiores do que um
leta de 15º em relação ao braço do paciente; ano dependerá muito do nível de entendimento que elas possam
- Segurando firmemente o sistema agulha adaptador com ter. Como regra básica sugere-se:
uma das mãos, com a outra pegar o tubo de coleta a ser utilizado - Neonatos e bebês devem ser colocados deitados em maca
e conectá-lo ao adaptador.Sempre que possível, a mão que estiver própria, solicitando a ajuda de outro profissional para garantir que a
puncionando deverá controlar o sistema, pois durante a coleta, a coleta aconteça sem dificuldades. Não é aconselhável que o acom-
mudança de mão poderá provocar alteração indevida na posição panhante participe da coleta, pois o mesmo esta envolvido psicolo-
da agulha; gicamente com a criança. O auxiliar deve posicionar-se na cabeceira
- Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com da maca no mesmo lado que o coletador, ficando um de frente para
o polegar, até que a tampa tenha sido penetrada. Sempre manter o outro. Com uma das mãos conter o braço da criança segurando-a
o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchi- próximo ao pulso e com a outra próximo ao garrote, apoiando o
mento; antebraço no peito ou ombro da criança. O coletador de frente para
- Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote o auxiliar faz a venipunção seguindo os mesmos passos utilizados
deve ser retirado. Porém, se a veia for muito fina o garrote poderá para a punção em adulto;
ser mantido; - Crianças maiores, de forma geral, colaboram para que possa
- Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remo- fazer uma venipunção sentada. Existem duas maneiras confortáveis
va-o do adaptador trocando-o pelo seguinte; de se posicionar uma criança.
- Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um
dos exames solicitados, sempre seguindo a sequência correta de Uma delas é colocar a criança de lado, no colo do acompanhan-
coleta;
te, ficando de lado para o coletador. Um dos braços da criança ficará
- À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los
abraçando o acompanhante e o outro posicionado para o coletador.
gentilmente por inversão (4 a 6 vezes); Nota: Agitar vigorosamente
Dessa forma, o acompanhante desviará a atenção da criança para si
pode causar espuma ou hemólise; Não homogeneizar ou homoge-
segurando o rosto da mesma com uma das mãos. O auxiliar ficará
neizar insuficientemente os tubos de Sorologia pode resultar em
posicionado ao lado do coletador onde com uma das mãos segurará
uma demora na coagulação; Nos tubos com anticoagulante, homo-
o braço da criança próximo ao garrote e com a outra mão próximo
geneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/
ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a venipunção se-
ou microcoágulos.
guindo os mesmos passos utilizados para a punção em adulto;
- Tão logo termine a coleta do último tubo retirar à agulha;
- Com uma mecha de algodão exercer pressão sobre o local da A outra, é colocar a criança no colo do acompanhante, de fren-
punção, sem dobrar o braço, até parar de sangrar; te para ele com as pernas abertas e entrelaçadas a seu corpo, na
- Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem; altura da cintura. O acompanhante estará abraçado a criança e de
- A agulha deve ser descartada em recipiente próprio para ma- costas ou de lado para o coletador. O braço da criança ficará es-
teriais infecto contaminantes; tendido na direção do coletador sob o braço do acompanhante. O
auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das
Coleta de Sangue Infantil mãos segurará o braço da criança próximo ao garrote e com a outra
Sala de espera: A sala de espera é um local próprio para que o mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a
paciente repouse, mantendo sua fisiologia estável, enquanto aguar- venipunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção
da ser chamado para o procedimento de coleta. Por essa razão, é em adulto
conveniente que a criança tenha um ambiente próprio de espera,
ou seja, sala de espera infantil. Um ambiente agradável com algum Cuidados Básicos com o Paciente após a Coleta
tipo de entretenimento (televisão, revistas, brinquedos) pode ser - Pacientes idosos ou em uso de anticoagulantes, devem man-
providenciado, quando possível, de forma que a criança desvie a ter pressão sobre o local de punção por cerca de 3 minutos ou até
atenção da situação que a levou até lá. parar o sangramento.
- Orientar para não carregar peso imediatamente após a coleta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Observar se não está usando relógio, pulseira ou mesmo ves- A Técnica para microcoleta de sangue capilar: Antes de iniciar
timenta que possa estar garroteando o braço puncionado. uma microcoleta, certificar-se de que o material abaixo será de fácil
- Orientar para não massagear o local da punção enquanto acesso:
pressiona o local. - Microtubos necessários à coleta;
- A compressão do local de punção é de responsabilidade do - Etiquetas para identificação do paciente;
coletor. Se não puder executá-lo, deverá estar atento à maneira do - Luvas;
paciente fazê-lo. - Swabs de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
- Gaze seca e estéril;
Dificuldades na Coleta: Algumas dificuldades podem surgir pela - Lancetas;
inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo a mais frequente a - Bandagem, esparadrapo;
falta de fluxo sanguíneo para dentro do tubo. Possíveis causas: - Descartador de material perfurocortante.
- A punção foi muito profunda e transfixou a veia. Solução: re-
trair a agulha. Antes de iniciar a punção:
- A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso. - Acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte.
Solução: apalpar a veia, localizar sua trajetória e corrigir o posicio- - Manter o microtubo conectado ao tubo carregador numa es-
namento da agulha, aprofundando-a. tante de sustentação.
- Aderência do bisel na parede interna da veia. Solução: des- - Introduzir o funil ou tubo capilar através da tampa de borra-
conectar o tubo, girar suavemente o adaptador, liberando o bisel e cha.
reiniciar a coleta. Após o material estar preparado, iniciar a punção:
- Colabamento da veia. Solução: diminuir a pressão do garrote. - Verificar quais os exames a serem realizados;
- Aquecer a falange distal ou o calcanhar a ser puncionado
Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, di- usando uma bolsa de água-quente ou friccionando o local da pun-
ficultando-a: ção para estimular a vascularização;
- Agulha de calibre incompatível com a veia. - Lavar e secar as mãos;
- Estase venosa devido a garroteamento prolongado. - Calçar luvas;
- Bisel voltado para baixo. - Fazer antissepsia do local com algodão embebido em álcool
etílico a 70%;
Microcoleta de sangue capilar e venoso para neonatos e be- - Secar o local da punção com uma gaze estéril;
bês - Selecionar a lanceta;
A microcoleta é um processo de escolha para obtenção de san- - Segurar firmemente o neonato ou bebê, para evitar movi-
gue venoso ou periférico, especialmente em pacientes pediátricos, mentos imprevistos.
quando o volume a ser coletado é menor que o obtido através de
tubos a vácuo convencionais. O sangue obtido de punção capilar é Punção digital: Posicionar o dedo e introduzir a lanceta de for-
composto por uma mistura de sangue de arteríola e vênulas além ma perpendicular na face lateral interna da falange.
de fluidos intercelular e intersticial. O sangue capilar pode ser assim
obtido: punção digital - através de perfuração com lanceta na face Punção no calcanhar: Posicionar o calcanhar entre o polegar e
palmar interna da falange distal do dedo médio. o indicador e introduzir a lanceta de forma perpendicular na face
lateral interna ou externa do calcanhar, evitando a região central.
Punção de calcanhar - através de perfuração com lanceta na
A punção deve ser feita perpendicularmente à superfície da pele e
face lateral plantar do calcanhar. Há uma relação linear entre o volu-
não de outra forma, pois poderá causar inflamações.
me de sangue coletado e a profundidade da perfuração no local da
punção. Portanto, a lanceta, deverá ser selecionada de acordo com
- Desprezar a primeira gota, por conter maior quantidade de
o local a ser puncionado e a quantidade de sangue necessária. Em
fluidos celulares do que sangue. Colher a amostra a partir da se-
neonatos e bebês, a profundidade da incisão é crítica, não devendo
gunda gota. Nem sempre os neonatos sangram imediatamente; se
ultrapassar 2.4 mm., caso contrário, haverá a possibilidade de cau-
a gota de sangue não fluir livremente, efetuar uma massagem leve
sar sérias lesões no osso calcâneo e falange. Isto pode ser evitado
para se obter uma gota bem redonda (esta massagem no local da
usando lancetas de aproximadamente 2 - 2.25 mm. de profundi-
punção não deve ser firme e nem causar pressão, pois pode ocorrer
dade, com disparo semiautomático com dispositivo de segurança; contaminação).
- As gotas de sangue são captadas pelo funil ou tubo-capilar;
Utilização do Método Microcoleta: A coleta de sangue em be- - Quando o microtubo estiver com o seu volume completo, tro-
bês e neonatos é frequentemente problemática e difícil, necessi- que-o pelo subsequente, na sequência correta de coleta. Atenção:
tando um profissional experiente e capacitado. O sistema de mi- ao coletar amostras com capilar, o tubo de EDTA sempre deve ser o
crocoleta facilita muito o trabalho, contribuindo para que a coleta primeiro e em seguida o de sorologia (Esta sequência é oposta ao
possa ser mais fácil, segura e eficiente. Dessa forma é possível cole- da coleta tradicional para sangue venoso, mas minimiza o efeito de
tar sangue capilar e venoso. Desde que o método tradicional para influência da coagulação nos resultados de análise).
a coleta de sangue a vácuo não seja possível em neonatos e bebês - Após a coleta do último microtubo, o funil ou tubo-capilar
deve-se recorrer ao sistema de microcoleta. A microcoleta pode ser deve ser removido e descartado. Agora o microtubo pode ser gen-
realizada de várias formas: tilmente homogeneizado. Nota: Agitar vigorosamente pode causar
- amostra capilar com microtubos e funil; espuma e hemólise. Nos microtubos com anticoagulante, homoge-
- amostra capilar com microtubos e tubo capilar; neização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou
- amostra venosa com escalpe (butterfly); microcoágulos.
- amostra venosa com cânula-Luer. - Após a coleta, pressionar o local da punção com gaze seca
estéril até parar o sangramento.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Descartar todo o material utilizado na coleta nos descartado- Usando uma pazinha, colher uma porção de fezes do tamanho
res apropriados. de uma noz e colocar no frasco coletor. Se for observado presença
de muco ou sangue, colher também esta porção “feia” das fezes,
Técnica para microcoleta de sangue venoso: Os locais de pun- sendo muito importante para análise. Tampar bem o frasco e iden-
ção em bebês e neonatos, geralmente são as veias na cabeça, dorso tificar com seu nome completo e encaminhar ao laboratório.
das mãos e dos pés, e do braço. A área escolhida para ser punciona-
da deve ser mantida imobilizada onde a visualização da veia pode Tipos de exames de Fezes
ser melhorada aplicando um garroteamento por poucos segundos Exame parasitológico simples: Pode ser colhida em qualquer
e/ou aquecendo ou friccionando a área. horário do dia. Enviar ao laboratório em até 2 horas após a coleta,
- Antes de iniciar a punção: acoplar o microtubo ao tubo car- se em temperatura ambiente, caso não seja possível, conservá-la
regador ou de transporte. Introduzir o funil através da tampa de em geladeira no máximo 14 horas até a entrega ao laboratório.
borracha. Exame parasitológico com conservante: Paciente irá receber
- Puncionar a veia utilizando um butterfly ou cânula luer. um kit contendo 3 frascos coletores (2 com líquido conservante e 1
- Deixar que o sangue goteje para dentro do microtubo até sem conservante). Seguir o procedimento básico de coleta de fezes
completar o volume. porém a coleta deverá ser realizada em dias alternados, pelo menos
- Remova a cânula ou butterfly, retire o funil e descarte todo o 1 dia de intervalo entre as coletas. Coletar uma amostra em cada
material utilizado na coleta no descartador apropriado. frasco, fechar e agitar para dissolver as fezes no líquido. Conser-
- Inverter os microtubos de 4-6 vezes, para uma homogeneiza- var em geladeira a medida em que forem sendo coletadas. A últi-
ção perfeita. ma amostra deve ser colocada no frasco sem conservante. Tampar
bem, identificar com nome completo e encaminhar ao laboratório.
Como coletar Urina ( amostra ocasional): Procedimento Básico. Encaminhar ao laboratório em até 2 horas após a última coleta, se
Utilizar o kit fornecido pelo laboratório gratuitamente com instru- em temperatura ambiente, ou no máximo 14 horas se refrigerada.
ções específicas.- Fazer uma higiene íntima rigorosa em sua casa,
usando sabonete e água; enxaguar bem com água abundante e se- Exame parasitológico seriado: Você vai receber 3 frascos cole-
car bem com uma toalha limpa.- Coletar a primeira urina da manhã tores sem conservante. Seguir o procedimento básico de coleta de
ou 2 horas após a última micção.- Desprezar o primeiro jato da urina fezes. Colher as fezes em dias alternados. A cada coleta encaminhar
no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, mais a amostra ao laboratório em até 2 horas em temperatura ambiente
ou menos ( até a metade do copo) desprezando o restante da mic- ou no máximo 14 horas se refrigerada.
ção no vaso sanitário.- Imediatamente, passar a urina do copo para Cultura de Fezes: Seguir o procedimento básico de coleta de fe-
o tubo, até preencher totalmente, fechar e muito bem e identificar zes. Após a coleta, encaminhar ao laboratório em até 3 horas, se em
com seu nome completo e ou etiquetar com etiqueta própria do temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada. Caso esteja
laboratório.
usando antibióticos, esperar 7 dias após o término do medicamento
para colher as fezes. Caso seja necessário o uso de laxantes, são
Cuidados para realizar a coleta de Urina: Jejum: não é necessá-
permitidos apenas os à base de sulfato de magnésio. Consulte seu
rio. Retenção Urinária: pode ser a primeira da manhã ou o tempo
médico.
mínimo de 2 horas de retenção. Evite a ingestão excessiva de líqui-
dos. Para crianças muito pequenas: usar coletor infantil fornecido
Crianças muito pequenas: Não utilizar as fezes da fralda quando
pelo laboratório coleta realizada de acordo com o laboratório.
estiverem diarreicas ou líquidas, solicitar coletores infantis forneci-
dos. No caso de fezes consistentes, encaminhar condicionalmente
Tipos de exames de Urina: Exame de Urina tipo I de material
enviado (o procedimento básico de urina deverá ser realizado no para o responsável do setor analisar se a quantidade é suficiente.
laboratório de acordo com a solicitação médica). Realizar o proce- Encaminhar ao laboratório em até 3 horas se em temperatura am-
dimento básico de coleta em sua própria residência. Encaminhar biente ou em até 6 horas se refrigerada.
ao laboratório até 2 horas após a coleta. Exame de Urina tipo I com
assepsia- Cultura de Urina. O procedimento básico de coleta de Uri- Coleta para pesquisa de sangue oculto: Fazer dieta prévia de 3
na deverá ser realizado no laboratório, de acordo com a solicitação dias e no dia da coleta do material; Dieta deve ser com exclusão de:
médica. Carne (vermelha e branca); Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor,
brócolis e beterraba);Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha,
Crianças muito pequenas: A coleta pode ser realizada no labo- grão-de-bico e milho); Azeitona, amendoim, nozes, avelã e casta-
ratório, onde haverá troca de coletores e assepsia a cada 30 minu- nha; Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (Aspi-
tos, realizada pela Equipe. Ou pode trazer a Urina colhida em casa, rina, anti-inflamatórios, corticoides...). Se utilizar, informar ao La-
em coletores fornecidos pelos laboratórios. Mas deve-se fazer uma boratório no momento da entrega do material; Evitar sangramento
higiene intima rigorosa na criança, antes de colocar o coletor. gengival (com escova de dente, palito...).
Se ocorrer, informar ao Laboratório no momento da entrega do
Como coletar Fezes: Procedimento básico. material. Manter refrigerado por no máximo 14 horas.
- Utilizar o kit fornecido pelo laboratório com instruções espe-
cíficas. Os exames complementares fornecem informações necessá-
- Colher fezes em recipiente limpo de boca larga, tomando cui- rias para a realização do diagnóstico de uma determinada alteração
dado de não contaminar as fezes com a urina ou água do vaso sa- ou doença. Vale ressaltar que a realização ou solicitação de um exa-
nitário. me complementar devem ser direcionar levando-se em considera-
ção os dados obtidos através da anamnese e exame físico, sabendo
exatamente o que pretende-se obter e conhecendo corretamente o
valor e limitações do exame solicitado.

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Exames de Imagem Na anamnese, o dentista deve interrogar sobre a ocorrência de
Radiografia: É de uso comum em todas as especialidades e de hemorragias, analisando fatores importantes como: local, duração
uso frequente em odontologia. Para avaliação de lesões bucais é e a gravidade da perda de sangue, causa aparente de hemorragia,
principalmente utilizada quando afetam tecido ósseo, principal- aparecimento de hematoma e os antecedentes familiares de he-
mente maxila e mandíbula. Em determinadas situações, a radiogra- morragia. Ao suspeitar de condição hemorrágica, o profissional
fia será conclusiva, como na detecção de corpos estranhos, dentes deverá solicitar os exames adequados. Caso os exames revelem
retidos, anedotas parciais, fraturas radiculares e anomalias de po- alterações de normalidade, o paciente deve ser encaminhado ao
sição. hematologista para que o tratamento seja efetuado.
Sialografia: É o exame radiográfico das glândulas salivares A nível odontológico, a verificação do tempo de coagulação
maiores após a injeção de substância como meio de contraste, re- (TC), tempo de sangramento (TS) e realização do teste de fragilida-
velando detalhadamente o seu sistema excretor. É usada no estudo de capilar (FC), são exames simples, realizáveis no próprio consultó-
anatômico e funcional das glândulas parótidas e submandibulares rio, de fácil interpretação e suficientes para verificar a presença de
com suspeita de anomalias como síndrome de Sjögren, sialoadeni- alterações significativas na hemostasia.
tes crônicas e tumores. O hemograma é uma bateria de exames complementares. Con-
siste na contagem de glóbulos vermelhos e brancos, dosagem de
Ultrassonografia: A ultrassonografia (US) ou ecografia é um mé- hemoglobina, determinação do valor globular médio, contagem
todo exclusivamente anatômico, propiciando a realização da “ma- específica de leucócitos e, eventualmente, na contagem de plaque-
croscópica patológica” in vivo através de vibrações de alta frequên- tas. O hemograma está indicado nos processos infecciosos agudos,
cia 7-10MHz que se refletem nas interfaces de tecidos de diferentes nos infecciosos supurativos ou não, nos alérgicos específicos, nas
densidades. Nas intensidades utilizadas para fins diagnósticos não moléstias leucopênicas e nas moléstias próprias do aparelho he-
produz alterações nos tecidos que atravessa. A ultrassonografia é matopoiético. A interferência na série vermelha é pequena nestes
utilizada principalmente nas patologias das glândulas tireoide e pa- processos. Entretanto, o hemograma fornece informações precisas
ratireoide, glândulas salivares e massas cervicais. nos estados anêmicos, evidenciando o número, forma, tamanho e
coloração das hemácias, proporcionando melhor identificação das
Tomografia Computadorizada: A tomografia computadorizada anemias.
(TC) foi descoberta em 1972 na Inglaterra por Godfrey Hounsfield Exame de Urina: A urina é o resultado da filtração de plasma
e James Ambrose. O aparelho de TC consiste basicamente de um pelo glomérulo e dos processos de reabsorção e excreção exerci-
tubo de raios X que emite raios em intervalos, enquanto roda 180o dos pelos túbulos renais. O exame de urina é outro componente
em torno da cabeça do paciente. A grande vantagem da TC sobre os laboratorial valioso na rotina do complexo pré-operatório. É um dos
outros métodos radiográficos é que num mesmo estudo avalia as demonstradores das numerosas manifestações de doenças sistêmi-
estruturas ósseas e os componentes de partes moles, usando dose cas. Os elementos de maior importância no exame de urina e que
de irradiação menor para o paciente do que uma planigrafia linear devem ser analisados são: densidade, volume, cor, aspecto, pH, gli-
ou multidirecional. cosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile.

Ressonância Nuclear Magnética: É considerada com um dos Outros Exames


maiores avanços da medicina em matéria de diagnóstico por ima- O dentista pode ainda solicitar outros tipos de exames labora-
gem neste século. Seus princípios são bastante complexos e envol- toriais como: reação do Machado-Guerreiro, na doença de Chagas;
vem conhecimentos nas mais diversas áreas das ciências exatas. A reação de Montenegro, que é uma prova intradérmica, para diag-
grande vantagem da RNM está segurança, já que não usa radiação nóstico de Leishmaniose brasiliense; reação de Sabin e Feldman,
ionizante. Os prótons dos tecidos são submetidos a um campo mag- na toxoplasmose; reação de Mantoux, na tuberculose; reação de
nético e tendem a alinharem-se contra ou a favor desse campo. O Mitsuda na hanseníase (lepra).
Contraste da imagem em RNM é baseado nas diferenças de sinal Além dos anteriormente mencionados, podem ter aplicação na
entre distintas áreas ou estruturas que comporão a imagem. clínica odontológica a taxa de glicemia e exames sorológicos para
A RNM tem a capacidade de mostrar características dos dife- lues. São bem conhecidos os problemas que podem aparecer no
rentes tecidos do corpo com um contraste superior a Tomografia tratamento odontológico de um paciente diabético. O dentista deve
Computadorizada (TC) na resolução de tecidos ou partes moles. estar sempre atento, a fim de detectar sinais e sintomas que pos-
Apesar de grande aplicabilidade a RNM tem algumas desvantagens. sam sugerir a presença de tal afecção. A dificuldade de cicatrização,
Por utilizar campos magnéticos de altíssima magnitude, é poten- hálito cetônico, xerostomia, história de poliúria e sede excessiva são
cialmente perigosa para aqueles pacientes que possuem implantes dados que indicam a requisição da determinação da taxa de glice-
metálicos em seus organismos, sejam marcapassos, pinos ósseos de mia. Se esta apresentar alta dosagem, estará confirmada a hipótese
sustentação, clips vasculares e etc. Esses pacientes devem ser minu- clínica de diabetes e o paciente deve ser encaminhado ao médico
ciosamente interrogados e advertidos dos riscos de aproximarem- para tratamento. A presença de úlceras e placas na mucosa bucal, o
-se de um magnético e apenas alguns casos, com muita observação, clínico deve pensar na possibilidade de etiologia luética e requisitar,
podem ser permitidos. Outra desvantagem está na pouca definição quando julgar necessário, os exames complementares específicos
de imagem que a RNM tem de tecidos ósseos normais, se compara- que irão ou não confirmar tal suspeita.
da à TC, pois esses emitem pouco sinal. Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial que consiste
basicamente na análise de células que descamam fisiologicamente
Exames Laboratoriais da superfície. Não é um método recente e sua utilização é ante-
Exames Hematológicos: A maioria das doenças hematológicas rior à metade do século XIX. Deve-se a Papanicolau & Traut, em
determina o aparecimento de significativas manifestações bucais. 1943, com a apresentação e valorização dos achados citológicos em
Muitas vezes estas são as primeiras manifestações clínicas da doen- colpocitologia, a aceitação universal do método no diagnóstico do
ça fazendo com que, em muitas ocasiões, o dentista seja o primeiro câncer da genitália feminina. Em 1951, Muller e col. utilizaram a
profissional a suspeitar ou mesmo diagnosticar graves doenças sis- citologia na mucosa bucal. Folson e col., em 1972, justificaram bem
têmicas de natureza hematológica. a razão do método útil e válido:

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
-sob condições normais, existe uma forte aderência entre as classe II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade.
camadas mais profundas do epitélio, o que dificulta a sua remoção. classe III - células sugestivas, mas não conclusivas de maligni-
- nas lesões malignas e em alguns processos benignos, essa dade.
aderência ou coesão celular é bastante frágil, o que permite facil- classe IV - células fortemente sugestivas de malignidade.
mente sua remoção. classe V - células indicando malignidade.
- nos processos malignos, as células apresentam alterações ca-
racterísticas especiais que as diferenciam das células normais, tais Sempre que o resultado estiver enquadrado nas classes III, IV e
como: núcleos irregulares e grandes, bordas nucleares irregulares e V se faz necessária a biópsia para confirmar resultado. Atualmente
proeminentes, hipercromatismo celular, perda da relação núcleo- os patologistas preferem descrever a alteração, isto é, presença ou
citoplasma, nucléolos proeminentes e múltiplos, discrepância de ausência de células malignas.
maturação em conjunto de células, mitoses anormais e pleomor- A citologia esfoliativa da mucosa bucal não teve um desenvolvi-
fismo celular. mento acentuado, talvez em decorrência do número de resultados
- cerca de 90% dos tumores malignos de boca são de origem falsos negativos que podem ocorrer, principalmente pela deficiên-
epitelial, o que vem favorecer o uso de citologia esfoliativa. cia, na coleta do material e de citopatologistas experientes.
Considera-se que a citologia esfoliativa não é um método que
A fidelidade da citologia esfoliativa na detecção do câncer bu- propicie o diagnóstico definitivo de uma lesão mas, é de grande va-
cal foi demonstrada em diversos trabalhos. Entre eles, ressalta o lia para orientação diagnóstica, o que equivale a afirmar que deve
resultado de um estudo citológico e histopatológico realizado com ser feita, mas nunca em detrimento da análise histopatológica.
118.194 indivíduos no programa “Oral Exfoliative Cytology Vetera-
nis Administration Cooperative Study, Washington, D.C.” publicados
Biópsia: É um procedimento cirúrgico simples, rápido e segu-
por Sandler em 1963. Em 592 lesões encontradas na amostra, os re-
ro, em que parte da lesão ou toda a lesão de tecido mole ou ós-
sultados citológicos e histopatológicos foram semelhantes em 577
seo é removida, para estudo de suas características microscópicas.
casos, o que conferiu à citologia uma fidelidade de 97%.
A biópsia permite fazer uma correlação entre os achados clínicos
Valor de citologia esfoliativa no diagnóstico de lesões benignas e histopatológicos determinando, na grande maioria dos casos, o
de boca, é revelado por sua aplicação na confirmação de diagnósti- diagnóstico definitivo.
co de outras entidades como pênfigos, herpes, paracoccidioidomi-
cose, candidose, lesões císticas por aspiração do conteúdo líquido e Indicações
esfregaço do material obtido. - toda lesão cuja história e características clínicas não permitam
Vantagens elaboração do diagnóstico e que não apresente evidência de cura
- método simples e praticado sem anestesia; dentro de um período não superior a duas semanas;
- rápida execução; - em tecidos retirados cirurgicamente, quando ainda não se
- não leva paciente ao estado de ansiedade provocado, às vezes tem um diagnóstico prévio;
pela biópsia; - lesões intraósseas que não possam ser positivamente identifi-
- barato. cadas através de exames de imagem.

Limitações Contraindicações
- evidencia apenas lesões superficiais; - tumores encapsulados (para não provocar difusão para teci-
- o diagnóstico geralmente não é fundamentado num resultado dos vizinhos). Ex: Adenoma pleomórfico em glândula parótida;
positivo para malignidade, pois neste caso a biópsia será indispen- - em lesões angiomatosas (Ex. hemangioma), a indicação de
sável para confirmação definitiva; biópsia deve ser criteriosa e quando realizada deve seguir normas
- em caso de malignidade sempre indica a necessidade de uma de segurança evitando complicações, principalmente hemorragia.
biópsia, e em caso de resultado negativo pode permanecer a dúvi- A realização de biópsia em lesões pigmentadas da mucosa oral
da. não necessita de margem de segurança. Atualmente sabe-se que
uma lesão pigmentada que foi biopsiada e diagnosticada como me-
Indicações lanoma não tem seu prognóstico alterado por ter sido biopsiada
- infecções fúngicas (candidose, paracoccidioidomicose); previamente à cirurgia.
- doenças autoimunes (pênfigo); Não biopsiar áreas de necrose porque não há detalhes celula-
- infecções virais (herpes primária, herpes recorrente).
res.
Contraindicações
Tipos de biópsia
- lesões profundas cobertas por mucosa normal;
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada
- lesões com necrose superficial;
- lesões ceratóticas. em caso de lesões extensas ou de localização de difícil acesso.
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em le-
Procedimento sões pequenas e de fácil acesso.
O exame fundamenta-se na raspagem das células superficiais
de uma determinada lesão, confecção do esfregaço sobre a lâmina A amostra deve ser enviada ao laboratório para exame histo-
de vidro, fixação, coloração e exame microscópico. O resultado da patológico sempre acompanhada de um relatório onde são discri-
citologia esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classifi- minados os seguintes dados: data da biópsia, nome, idade e sexo
cação de esfregaço apresentado por Papanicolau & Traut e modifi- do paciente, nome do operador, local da biópsia, descrição breve
cado por Folson e col. dos aspectos clínicos da lesão e hipóteses diagnósticas. Em caso de
classe 0 - material inadequado ou insuficiente para exame. biópsia óssea enviar radiografia.
classe I - células normais.

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sequência de biópsia Nestes casos, a biópsia aspirativa dirigida por ultrassom ou to-
- infiltração da solução anestésica na periferia da lesão ou usar- mografia é muito importante. Nos órgãos internos como pulmão,
-se de anestesia regional. fígado e próstata, a punção também pode ser guiada por exames
- incisão do tecido a ser biopsiado (bisturi ou punch); de imagem, principalmente a ultrassonografia e tomografia com-
- preensão da peça com pinça “dente de rato”; putadorizada.
- corte ou remoção da peça com tesoura ou mesmo bisturi; Para a realização do exame utiliza-se o cito-aspirador, que é um
- colocação do tecido removido em vidro com formol 10%; aparelho onde acopla- se uma seringa de l 0 ml com uma agulha
- sutura da região quando necessário; de 2,0 cm, calibre 24. Após a fixação do nódulo a agulha é introdu-
- relatório do espécime e envio ao laboratório zida e movimentada rapidamente com pressão negativa. O mate-
rial aspirado é colocado em laminas de vidro que posteriormente
Biópsia incisional com uso de punch: O punch é um instrumento serão examinadas. O exame praticamente não provoca nenhum
cilíndrico oco, de extremidade afiada, biselada, com vários diâme- dano tecidual importante e as complicações são raras, limitando-se
tros, sendo os mais utilizados de 4,5 e 6 mm. A outra extremidade é a pequenos hematomas e discreta dor local que cessa em geral em
o cabo que irá auxiliar a pressão e a rotação do instrumento sobre algumas horas. Nos casos de biópsia de lesões profundas em órgãos
o tecido a ser biopsiado. A peça em forma cilíndrica é liberada sec- como fígado, pâncreas, pulmões, onde se utiliza agulha mais longa
cionando-se com um tesoura e tracionando-a com auxílio de uma e mais calibrosa, torna-se necessária observação médica e repouso.
pinça “dente de rato”. Os espécimes são de muita boa qualidade,
não macerados, facilitando o trabalho do patologista. Exame de Congelação
É realizado durante o ato cirúrgico quando houver a necessida-
Biópsia incisional com uso de saca-bocados: Os saca-bocados de de se definir a natureza da lesão (benigna ou maligna) ou para
são pinças com parte ativa em ângulo e com a ponta em forma de avaliar se as margens de ressecção cirúrgica estão livres ou com-
concha que ao ser fechada corta o fragmento de tecido. Por mace- prometidas pela neoplasia. É realizado através do congelamento do
rarem demasiadamente os tecidos, esses instrumentos são empre- fragmento a ser analisado, que é cortado e corado em uma lâmina
gados com muita raridade. São utilizados em lesões de difícil acesso, de vidro que será estudada pelo patologista para obter as informa-
especialmente na borda lateral posterior da língua e na orofaringe. ções necessárias. Este é um procedimento preliminar com indica-
Complicações das biópsias. Variam de acordo com localização, ções precisas uma vez que apresenta restrições devido a limitações
tamanho e relação destas com órgãos vizinhos. As complicações próprias do método.
mais frequentes são: hemorragias, infecções e má cicatrização.
Principais causas de erros e falhas das biópsias: Exames Complementares – Objetivos
- falta de representatividade do material colhido; - Comentar o emprego dos exames complementares no diag-
- manipulação inadequada da peça; nóstico de lesões.
- fixação inadequada; - Discutir o emprego de exames de imagens radiográficas, sia-
- introdução de anestésico sobre a lesão; lográficas, tomografias computadorizadas, ressonância nuclear
- uso de substâncias antissépticas corantes; magnética e ultrassonografia, utilizados no diagnóstico de lesões
- informações deficientes; buco-maxilo-faciais.
- troca de material pelo clínico ou pelo laboratório - Discutir o emprego de exames hematológicos e de urina no
diagnóstico de lesões de interesse odontológico.
Biópsia Aspirativa com Agulha Fina: É um método utilizado para - Discutir o emprego de outros exames laboratoriais solicitados
análise citológica de material obtido através da aspiração por agu- pelo C.D. no diagnóstico de lesões bucais.
lha fina. Exige preparação para a realização do procedimento e prin- - Conceituar citologia esfoliativa.
cipalmente para a interpretação do material colhido. A coleta do - Descrever as vantagens e limitações da C.E.
material é realizada a nível ambulatorial dispensando a internação - Citar as indicações de C.E.
do paciente, com o mínimo de desconforto e sem a necessidade - Comentar as contraindicações da C.E.
de anestesia em lesões superficiais. Em lesões profundas pode ser - Descrever a técnica empregada para obtenção da amostra te-
realizada anestesia somente na área onde a agulha será introduzi- cidual na C.E.
da. A principal indicação é para diferenciar tumores benignos de - Demonstrar conhecimento do código de classificação de es-
malignos. No entanto, em várias situações o diagnóstico final pode fregaço de C.E.
ser estabelecido. De acordo com estudos estatísticos, a punção é - Conceituar biópsias.
concordante com o diagnóstico final em 85 a 100% das histologias, - Classificar biópsias.
sendo utilizada em alguns casos como único recurso diagnóstico - Explicar as indicações e contraindicações da biópsia.
para planejamento do tratamento. - Descrever os tipos de biópsias empregados no diagnóstico de
A punção pode ser utilizada em praticamente todas as regiões lesões bucais.
do corpo. Entretanto, tem maior indicação em locais de difícil aces- - Descrever a sequência da biópsia para a obtenção de amostra
so, onde a biópsia convencional provocaria maior dificuldade para tecidual.
realização. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que - Demonstrar conhecimentos no emprego das biópsias incisio-
mais são investigados pela técnica da punção aspirativa, pois fre- nais dos tipos punch e saca-bocados.
quentemente apresentam tumorações com aumento de volume. - Demonstrar conhecimentos no emprego de biópsias do tipo
Na região de cabeça e pescoço, além da tireoide, é utilizada princi- excisional.
palmente em massas cervicais e glândulas salivares maiores.. - Descrever as principais causas de erros e falhas de biópsias.
Em algumas situações, lesões pequenas não palpáveis, são ob- - Conceituar biópsia aspirativa por agulha fina.
servadas apenas através de exames de imagem como ultrassono- - Descrever as indicações da biópsia aspirativa por agulha fina.
grafia, mamografia e tomografia computadorizada. - Conceituar exame de congelação.
- Descrever as indicações do exame de congelação.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Métodos, cálculos, vias e cuidados na administração de medicamentos, hemocomponentes, hemoderivados e soluções
Medicamentos
Uma as principais funções da equipe de Enfermagem no cuidado aos pacientes é a administração de medicamentos. Exige dos profis-
sionais: responsabilidade, conhecimentos e habilidades, estes fatores garantem a segurança do paciente. Constitui-se de várias etapas e
envolve vários profissionais,o risco de ocorrência de erros é elevado.

Fármaco
Substância química conhecida e de estrutura química definida dotada de propriedade farmacológica. Sinônimo de princípio ativo.

Nove Certezas
1. usuário certo;
2. dose certa;
3. medicamento certo;
4. hora certa;
5. via certa;
6. anotação certa;
7. orientação ao paciente;
8. compatibilidade medicamentosa;
9. o direito do paciente em recusar a medicação.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Farmacocinética: Ação do Organismo no Fármaco

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Absorção de Medicamentos
“refere-se a velocidade com que uma droga deixa o seu local de administração e a extensão com que isso ocorre.” • “ biodisponibili-
dade: a extensão com que uma droga atinge seu local de ação”.

Farmacocinética – Distribuição
O medicamento será distribuído pelo sistema circulatório, chegando aos tecidos e células para que ocorra ação. • O fármaco circula
ligado a proteínas plasmáticas
• Mas antes ele será matabolizado
Farmacocinética – Metabolização
• É a biotransformação que ocorre no fígado principalmente
• É uma reação química catalizada por enzimas que transformam o fármaco em ATIVO, ou INATIVO
• A fração ativa, circulará livre ou ligada as proteínas plasmáticas até o receptor para fazer seu efeito.

Vias de Administração

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Farmacodinâmica
Estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação.
• Só a droga livre se liga ao receptor para fazer efeito
• Absorção
• Distribuição
• Metabolização
• Excreção Interferem na quantidade livre para se ligar aos receptores.

Só neste momento é que começa a fazer efeito farmacológico


A análise dos erros, ocorridos nos Estados Unidos pela FDA (MedWatch Program) e USP-ISMP (Medication Errors Reporting Errors),
mostra que as causas dos erros são multifatoriais. Dentre as principais causas estão:
• falta de conhecimento sobre os medicamentos;
• falta de informação sobre os pacientes;
• violação de regras, deslizes e lapsos de memória;
• erros de transcrição;
• falhas na interação com outros serviços;
• falhas na conferência das doses;
• problemas relacionados à bombas e dispositivos de infusão de medicamentos;
• inadequado monitoramento do paciente;
• erros de preparo e falta de padronização dos medicamentos.

Prejuízos e Danos Medicamentos administrados erroneamente podem causar prejuízos/danos ao cliente devido a fatores como:
• Incompatibilidade farmacológica
• Reações indesejadas
• Interações farmacológicas

Interação Medicamentosa

O que é interação medicamentosa?


• Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a interação medicamentosa é definida como uma resposta farmaco-
lógica ou clínica à administração de uma combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois agentes administrados individual-
mente.
• Existem interações medicamentosas do tipo medicamentomedicamento, medicamento-alimento, medicamento-bebida alcoólica
e medicamento-exames laboratoriais. As interações medicamentosas podem ocorrer entre medicamentos sintéticos, fitoterápicos, chás
e ervas medicinais.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-medicamento


Um exemplo comum de interação entre dois medicamentos diferentes é a aquela ocorrida entre antiácidos e anti-inflamatórios. Os
medicamentos antiácidos podem diminuir a absorção dos antiinflamatórios, reduzindo o seu efeito terapêutico. Quando o paciente for
iniciar um tratamento com anti-inflamatórios, verifique todos os medicamentos que utiliza, inclusive os antiácidos.

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Interação medicamentosa do tipo medicamento-alimento • É importante que a enfermagem desenvolva pesquisas de
O leite e os alimentos lácteos podem reduzir a absorção das competência de sua atuação e atualize-se com pesquisas relacio-
tetraciclinas e, consequentemente, diminuir o seu efeito terapêu- nadas a medicamentos, desenvolvidas por outros profissionais, es-
tico. Oriente que o paciente faça a ingestão desses alimentos uma tando atenta, também, aos medicamentos novos e às formas de
hora depois ou duas horas antes da administração das tetraciclinas. apresentação das drogas com diferentes métodos de introdução no
organismo que, continuamente, são lançadas no mercado.
Interação medicamentosa do tipo medicamento-bebida alco-
ólica • A falta de conhecimentos e de atualização na temática “ad-
As bebidas alcoólicas podem aumentar a toxicidade hepática ministração de medicamentos” tem possibilitado a ocorrência de
do paracetamol, provocando problemas no fígado do paciente. erros no processo da administração levando às IATROGENIAS.
Oriente para o paciente não usar bebidas alcoólicas enquanto esti- • Educação permanente: educação e supervisão contínua, re-
ver em tratamento com paracetamol. alizada pelo enfermeiro em seus diversos ambientes de trabalho +
pesquisa são práticas altamente fecundas.
Interação medicamentosa do tipo medicamento-exame labo- • Elaboração de “protocolos” sobre medicamentos pode auxi-
ratorial liar significativamente a assistência de enfermagem livre de riscos.
Durante o tratamento com amoxicilina, o exame de urina pode
encontrar-se alterado, indicando uma falsa presença de glicose na Hemocomponentes, Hemoderivados e soluções.
urina. Sempre que for coletar algum tipo de exame laboratorial, ve- Para entendimento sobre a hemoterapia é necessário compre-
rifique se o pacientes não estiver utilizando o medicamento. ender a diferença entre Hemocomponentes e Hemoderivados; nes-
te caso, o Ministério da Saúde (2008, p. 15) esclarece:
Prejuízos e danos Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos.
Prejuízos e Danos Estudo feito em instituições hospitalares Os produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir
americanas demonstrou que erros potencialmente perigosos acon- do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, con-
tecem mais de 40 vezes/dia em hospital e que um paciente está gelamento) são denominados hemocomponentes. Já os produtos
sujeito, em média, a dois erros/dia. Mais de 770.000 pacientes hos- obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma
pitalizados sofrem algum tipo de dano ou morte a cada ano por um por processos físico-químicos são denominados hemoderivados.
evento medicamentoso adverso. Dessa forma, é possível concluir que tanto os hemocomponen-
tes como os hemoderivados são os produtos possíveis resultantes
Controle na Administração Medicamento do sangue. Existem duas formas possíveis de obtenção de hemo-
Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, componentes, a mais comum é por meio da coleta de sangue total,
conhecimentos ou acesso às informações necessárias.
e a outra mais específica é pela aférese (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor-
2008).
rência de erros no processo de administração de medicamentos.
A aférese pode ser compreendida como:
Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem duran-
[...] procedimento caracterizado pela retirada do sangue do
te o preparo e administração de medicamentos (formação com co-
doador, seguida da separação de seus componentes por um equi-
nhecimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro).
pamento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja re-
tirar na máquina e devolução dos outros componentes ao doador
Controle na Administração Medicamento
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 15).
• Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança,
O sangue total: a centrifugação é um dos procedimentos que
conhecimentos ou acesso às informações necessárias.
• Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor- facilita a separação do sangue total, o que permite a formação de
rência de erros no processo de administração de medicamentos. camadas. Após sofrer o processo de centrifugação o sangue total
• Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem du- fica separado em basicamente três camadas, denominadas, plas-
rante o preparo e administração de medicamentos (formação com ma, buffy-coat e hemácias.
conhecimentos suficientes para conduzir tal prática de modo se- Contudo, como é possível que não ocorra a coagulação do san-
guro). gue? Como já foi descrito anteriormente, a conservação dos produ-
tos sanguíneos é realizada por meio de soluções anticoagulantes-
Diluição de Medicamentos -preservadoras e soluções aditivas, conforme descreve o Ministério
• As informações sobre diluição de medicamentos no dia a dia da Saúde (2008, p. 17):
não estão disponíveis de forma simples e prática, é necessário pro- Soluções anticoagulantes-preservadoras e soluções aditivas
tocolo de diluição de medicamentos são utilizadas para a conservação dos produtos sanguíneos, pois
• Exemplo (1): impedem a coagulação e mantêm a viabilidade das células do san-
• Nome: Keflin gue durante o armazenamento. A depender da composição das
• Apresentação: 1gr + água destilada 4ml soluções anticoagulantes-preservadoras, a data de validade para
• Reconstituição: Próprio diluente (AD) a preservação do sangue total e concentrados de hemácias pode
• Diluentes/Volumes: Água Destilada 10ml variar.
• Tempo mínimo de infusão: 1 minuto A cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue total.
• Forma de administração: Seringa Cada coleta poderá ser desdobrada em:
• 1 unidade de Concentrado de Hemácias;
Observações: • 1 unidade de Concentrado de Plaquetas;
• A ação de administrar medicamentos é uma tarefa complexa • 1 unidade de Plasma;
que envolve conhecimento de diversas áreas e a sua prática deve • 1 unidade crioprecipitada.
ser cercada de cuidados e de obediência aos princípios gerais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Assim, são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro Não se deve valorizar somente os valores de Ht e Hb, pois em
pacientes. O sangue fresco total é considerado o sangue coletado casos de anemia hemolítica autoimune, em geral, não é encontrado
há no máximo quatro horas. Para a coleta de sangue podem ser sangue compatível e todo sangue que for transfundido é hemoli-
usadas bolsas adequadas contendo anticoagulantes adicionados ou sado, indicado imunossupressão imediata. Transfusão sanguínea,
conservastes para hemácias. nesses casos, somente com grande risco de vida. Solicitando sem-
Quando o volume é pequeno, o sangue pode também ser co- pre acompanhamento de um médico Hematologista/Hemotera-
lhido em seringas heparinizadas. O sangue total armazenado pode peuta.
ser usado para fornir hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de Portanto, a indicação do CH segue critérios médicos, já que é
coagulação estáveis como o fibrinogênio. este profissional que realiza a prescrição e indicação da transfusão,
O sangue fresco total pode ser separado em papa de hemácias por este motivo este item não será abordado amplamente, pois
e plasma por centrifugação ou sedimentação. Depois de separado, existem protocolos médicos que especificam quais são as situações
a papa de hemácias precisa ser posta a uma temperatura que varia nas quais é indicada a terapia com CH e as contraindicações.
entre 1 e 6°C, o mais rápido possível. É necessário que se utilize so- Outra questão importante é a dose a ser infundida no paciente,
lução salina 0,9% para ressuspender as hemácias, não sendo acon- que também é realizada pela avaliação médica. Quanto a isto, o
selhado outro tipo de solução (REICHMANN; DEARO, 2001). Ministério da Saúde (2008, p. 32) descreve:
Se o sangue total não for processado ligeiramente e o plasma Deve ser transfundida a quantidade de hemácias suficiente
for congelado depois de seis horas da colheita, ele é denominado para a correção dos sinais/sintomas de hipóxia, ou para que a Hb
plasma congelado. O plasma congelado mantém concentrações atinja níveis aceitáveis. Em indivíduo adulto de estatura média, a
ajustadas somente dos fatores de coagulação dependentes de vita- transfusão de uma unidade de CH normalmente eleva o Hct em 3%
mina K (II, VII, IX, X) e também de imunoglobulinas (Ig). e a Hb em 1 g/dl. Em recém-nascidos, o volume a ser transfundido
O plasma fresco congelado pode também ser processado em não deve exceder 10 a 15ml/kg/hora.
crioprecipitado e crioplasma pobre. O crioprecipitado é o precipita- O modo de administração é de suma importância e neste a
do adquirido depois do descongelamento parcial (a temperaturas enfermagem envolve-se diretamente, por isso é necessário ter co-
entre 1 e 6°C) do plasma fresco congelado e tem alta concentração nhecimento. A este respeito o Ministério da Saúde (2008, p. 32)
do fator de coagulação VIII, do fator de Von Willebrand e de fibri- esclarece:
nogênio. O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60 min
Este componente precisa ser sustentado a -18°C, apresentan- a 120 minutos (min) em pacientes adultos. Em pacientes pediá-
do assim validade de um ano após a colheita. Depois da preparação tricos, não exceder a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora.
do crioprecipitado, o produto remanescente é denominado de crio- A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CH deve ser
plasma pobre. Este componente possui albumina e imunoglobuli- feita através de nova dosagem de HB ou HT 1-2 horas (hs) após a
nas e pode ser armazenado por até um ano a -18°C. transfusão, considerando também a resposta clínica. Em pacientes
O plasma rico em plaquetas também pode ser obtido por cen- ambulatoriais, a avaliação laboratorial pode ser feita 30min após o
trifugação diferenciada do plasma fresco. Este precisa ser guardado término da transfusão e possui resultados comparáveis.
a uma temperatura que varie entre 20 e 24°C e em movimentação Concentrado de plaquetas: as plaquetas são decorrentes dos
constante durante até cinco dias. megacariócitos, que se localizam na medula óssea. Elas operam na
Concentrado de Hemáceas: é adquirido pela centrifugação do fase primária da coagulação e são conseguidas pela centrifugação
sangue total. Segundo o Ministério da Saúde (2008), a sobrevida do plasma. Precisam ser estocadas à temperatura de 22º C, em agi-
varia de acordo com a solução preservativa: de 35 a 42 dias. O ar- tação contínua.
mazenamento deve ser de 2ºC a 6º C. A indicação para a utilização de concentrado de plaquetas (CP)
Seu volume varia entre 220 e 280 ml. Então, uma bolsa de san- depende igualmente ao CH de avaliação e protocolos médicos, en-
gue total (ST) é submetida à centrifugação, remoção da maior parte tretanto é possível ressaltar:
do plasma e como consequência obtém-se 220 a 280 ml de concen- Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associa-
trado de hemácias (CH). das às plaquetopenias desencadeadas por falência medular, rara-
A indicação para que seja realizada a transfusão de concen- mente indicamos a reposição em plaquetopenias por destruição
trado de hemácias, deve ser criteriosa e individual, de acordo com periférica ou alterações congênitas de função plaquetária (MINIS-
o fator determinante: estado hemodinâmico do paciente, anemia TÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 32).
aguda, classificação de Baskett. A dose indicada é estabelecida por meio do critério de uma
Sobre a indicação de concentrado de hemácias o Ministério da unidade de CP para cada 7 a 10 Kg de peso do paciente. Todavia,
Saúde (2008, p. 29) alerta: o médico poderá avaliar também a contagem plaquetária do pa-
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser reali- ciente para, posteriormente, realizar a prescrição de dosagem. O
zada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de tempo de infusão a ser seguido para administração de CP é:
oxigênio (O2) aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porém nem
todo estado de anemia exige a transfusão de hemácias. Em situa- O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximada-
ções de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compen- mente 30min em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo
satórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora. A avaliação da res-
da afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o posta terapêutica a transfusão de CP deve ser feita através de nova
nível de hipóxia tecidual. contagem das plaquetas 1 hora após a transfusão, porém a respos-
Em algumas ocasiões a transfusão não é indicada, como no ta clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulato-
caso de anemia por perda sanguínea crônica, anemia por insufici- riais, a avaliação laboratorial 10min após o término da transfusão
ência renal crônica, anemia hemolítica constitucional, Doença Fal- pode facilitar a avaliação da resposta e possui resultados compará-
ciforme, Talassemias, etc. veis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 37).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Plasma fresco congelado: é obtido depois do fracionamento c) Repor Fator XIII em pacientes com hemorragias por defici-
do sangue total, congelar até oito horas depois da coleta. Deve ser ência deste fator, quando não se dispuser do concentrado de Fator
guardado a uma temperatura de, no mínimo, -20º C, tendo valida- XIII industrial.
de de doze meses. d) Repor Fator de von Willebrand em pacientes que não têm
O plasma fresco congelado (PFC) possui albumina, globulina, indicação de DDAVP ou não respondem ao uso de DDAVP, quando
fibrinogênia e fatores de coagulação sanguínea. Uma vez que é des- não se dispuser de concentrados de Fator de von Willebrand ou de
congelado precisa ser usado em até quatro horas. concentrados de Fator VIII ricos em multímeros de von Willebrand.
A indicação de utilização do Plasma Fresco Congelado é, como
nos casos anteriores, dependente da avaliação médica, cabe res- O crioprecipitado antes de ser infundido deve ser descongela-
saltar o que é preconizado pelo Ministério da Saúde (2008, p. 38): do em uma temperatura de 30ºC a 35ºC no prazo máximo de quin-
As indicações para o uso do plasma fresco congelado são restri- ze minutos, podendo ser feito por meio de banho-maria.
tas e correlacionadas a sua propriedade de conter as proteínas da A transfusão após o descongelamento deve ser imediata, mas
coagulação. O componente deve ser usado, portanto, no tratamen- poderá também ficar estocado por até seis horas em temperatura
to de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente na- ambiente e entre 20º e 24º C ou por até quatro horas quando o
queles em que há deficiência de múltiplos fatores e apenas quando sistema for aberto.
não estiverem disponíveis produtos com concentrados estáveis de Uma das formas para se calcular a dosagem a ser administrada
fatores da coagulação e menor risco de contaminação viral. de crioprecipitado é 1.0 a 1.5 bolsas de Criopreciptado para cada
A dose volume a ser transfundida em um paciente vai depen- 10 Kg de peso do paciente, sendo a intenção de se atingir níveis de
der do peso e das condições hemodinâmicas do paciente, esta ava- fibrinogênio de 100mg/dl com reavaliação a cada três ou quatro
liação será feita pelo médico. É importante ressaltar que o uso de dias.
10-20 ml de PFC por Kg aumenta de 20 a 30% os níveis dos fatores
de coagulação do paciente. Princípios da administração de medicamentos e Cálculo de
Os cuidados antes da administração do PFC devem ser segui- Medicacão
dos rigorosamente para impedir intercorrências, são eles: A administração de medicamentos é uma das atividades que
• Antes da transfusão deve ser completamente descongelado, o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita frequência, re-
para isto pode-se utilizar o banho-maria a 37ºC ou equipamento querendo muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica
específico; para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve
• Após ser descongelado deve ser utilizado o mais rápido pos- uma sequência de ações que visam a obtenção de melhores resul-
sível, no máximo seis horas após o congelamento em temperatura tados no tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição
ambiente ou 24 horas após refrigeração; na qual é realizado o atendimento.
• Depois de ser descongelado não pode mais ser congelado; Assim, é importante compreender que o uso de medicamen-
• É importante observar atentamente o aspecto das bolsas an- tos, os procedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas
tes de iniciar a transfusão, pois vazamentos e alterações de cor são decorrentes do tratamento envolvem riscos potenciais de provocar
danos ao paciente, sendo imprescindível que o profissional esteja
alertas para não administração.
preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais de-
correntes dos erros que possa vir a incorrer.
Também é importante seguir a seguinte orientação:
Geralmente, os medicamentos de uma unidade de saúde são
Na transfusão de plasma, todos os cuidados relacionados à
armazenados em uma área específica, dispostos em armários ou
transfusão de hemocomponentes devem ser seguidos criteriosa-
prateleiras de fácil acesso e organizados e protegidos contra poei-
mente. A conferência da identidade do paciente e rótulo da bolsa
ra, umidade, insetos, raios solares e outros agentes que possam al-
antes do início da infusão e uso de equipo com filtro de 170 a 220
terar seu estado ressalte-se que certos medicamentos necessitam
nm são medidas obrigatórias. O tempo máximo de infusão deve ser
ser armazenados e conservados em refrigerador.
de 1 hora (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 45). Os recipientes contendo a medicação devem possuir tampa
Crioprecipitado: é a parte insolúvel do plasma, obtido por meio e rótulo, identificados com nome (em letra legível) e dosagem do
do procedimento de congelamento rápido, descongelamento e fármaco.
centrifugação do plasma. É rico em fator VIII: c (atividade pró-coa- A embalagem com dose unitária, isto é, separada e rotulada
gulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator em doses individuais, cada vez mais vem sendo adotada em gran-
XIII e Fibronectina. des centros hospitalares como meio de promover melhor controle
e racionalização dos medicamentos.
Conforme o Ministério da Saúde (2008, p. 45), as indicações Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclarecidos
para a utilização do crioprecipitado são: quanto à utilização dos medicamentos receitados pelo médico, e
[...] tratamento de hipofibrinogenemia congênita ou adquirida orientados em relação ao seu armazenamento e cuidados - prin-
(<100mg/dl), disfibrinogenemia ou deficiência de fator XIII. A hi- cipalmente se houver crianças em casa, visando evitar acidentes
pofibrinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento domésticos. Os entorpecentes devem ser controlados a cada tur-
trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular dis- no de trabalho e sua utilização feita mediante prescrição médica
seminada (CID). Somente 50% do total dos 200mg de fibrinogênio e receita contendo nome do paciente, quantidade e dose, além da
administrados/bolsa no paciente com complicações devido à trans- data, nome e assinatura do médico responsável. Ao notar a falta de
fusão maciça são recuperados por meio intravascular. um entorpecente, notifique tal fato imediatamente à chefia.
E também nos seguintes casos: A administração de medicamentos segue normas e rotinas que
a) Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e deficiên- uniformizam o trabalho em todas as unidades de internação, facili-
cia isolada congênita ou adquirida de fibrinogênio, quando não se tando sua organização e controle. Para preparar os medicamentos,
dispuser do concentrado de fibrinogênio industrial. faz-se necessário verificar qual o método utilizado para se aviar a
b) Repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravas- prescrição - sistema de cartão, receituário, prescrição médica, folha
cular disseminada-CID e graves hipofibrinogenemias. impressa em computador.

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Visando administrar medicamentos de maneira segura, a en- Administrando medicamentos por via retal
fermagem tradicionalmente utiliza a regra de administrar o medi- Material necessário:
camento certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora bandeja
certa. luvas de procedimento
Durante a fase de preparo, o profissional de enfermagem deve forro de proteção
ter muita atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que gazes
o paciente receba corretamente a medicação. Isto justifica porquê medicamento sólido ou líquido
o medicamento deve ser administrado por quem o preparou, não comadre (opcional)
sendo recomendável a administração de medicamentos prepara-
dos por outra pessoa. Administrando medicamentos tópicos por via cutânea, ocu-
As orientações a seguir compreendem medidas de organizati- lar, nasal,
vas e de assepsia que visam auxiliar o profissional nesta fase do tra- -otológica e vaginal
balho: lavar sempre as mãos antes do preparo e administração de Material necessário:
medicamentos, e logo após; preparar o medicamento em ambiente - bandeja
com boa iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair - espátula, conta-gotas, aplicador
a atenção com atividades paralelas e interrupções que podem au- - gaze
mentar a chance de cometer erros; - luvas de procedimento
Ler e conferir o rótulo do medicamento três vezes: ao pegar -medicamento
o frasco, ampola ou envelope de medicamento; antes de colocar
o medicamento no recipiente próprio para administração e ao re- Administrando medicamentos por via parenteral
colocar o recipiente na prateleira ou descartar a ampola/frasco ou A via parenteral é usualmente utilizada quando se deseja uma
outra embalagem. ação mais imediata da droga, quando não há possibilidade de admi-
Um profissional competente não se deixa levar por comporta- nistrá-la por via oral ou quando há interferência na assimilação da
mentos automatizados, pois tem a consciência de que todo cuidado droga pelo trato gastrintestinal.
é pouco quando se trata de preparar e administrar medicamentos; A enfermagem utiliza comumente as seguintes formas de ad-
Realizar o preparo somente quando tiver a certeza do medi- ministração parenteral: intradérmica, subcutânea, intramuscular e
camento prescrito, dosagem e via de administração; as medicações endovenosa.
devem ser administradas sob prescrição médica, mas em casos de
emergência é aceitável fazê-las sob ordem verbal (quando a situ- Material necessário:
ação estiver sob controle, todas as medicações usadas devem ser - Bandeja ou cuba-rim
prescritas pelo médico e checadas pelo profissional de enferma- -Seringa
gem que fez as aplicações; - Agulha
Identificar o medicamento preparado com o nome do pacien- - Algodão
te, número do leito, nome da medicação, via de administração e - Álcool a 70%
horário; observar o aspecto e características da medicação, antes -garrote (aplicação endovenosa)
de prepará-la; deixar o local de preparo de medicação em ordem - Medicamento (ampola, frasco-ampola)
e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a bancada; utilizar A administração de medicamento por via parenteral exige pré-
bandeja ou carrinho de medicação devidamente limpos e desinfe- vio preparo com técnica asséptica e as orientações a seguir enun-
tados com álcool a 70%; quando da preparação de medicamentos ciadas visam garantir uma maior segurança e evitar a ocorrência de
para mais de um paciente, é conveniente organizar a bandeja dis- contaminação.
pondo-os na seqüência de administração. Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de validade,
Similarmente, seguem-se as orientações relativas à fase de ad- o aspecto da solução ou pó e a integridade do frasco.
ministração: manter a bandeja ou o carrinho de medicação sempre Certificar-se de que todo o medicamento está contido no corpo
à vista durante a administração, nunca deixando-os, sozinhos, jun- da ampola, pois muitas vezes o estreitamento do gargalo faz com
to ao paciente; antes de administrar o medicamento, esclarecer o que parte do medicamento fique retida. Observar a integridade dos
paciente sobre os medicamentos que irá receber, de maneira clara invólucros que protegem a seringa e a agulha; colocar a agulha na
e compreensível, bem como conferir cuidadosamente a identidade seringa com cuidado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a
do mesmo, para certificar-se de que está administrando o medica- parte interna do corpo da seringa e sua ponta.
mento à pessoa certa, verificando a pulseira de identificação e/ou Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool a
pedindo-lhe para dizer seu nome, sem induzi-lo a isso; permanecer 70%, destacando o gargalo no caso de frasco-ampola, levantar a
junto ao paciente até que o mesmo tome o medicamento. tampa metálica e desinfetar a borracha.
Deixar os medicamentos para que tome mais tarde ou permitir Proteger os dedos com algodão embebido em álcool a 70% na
que dê medicação a outro são práticas indevidas e absolutamente hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa metálica do frasco-
condenáveis; efetuar o registro do que foi fornecido ao paciente, ampola.
após administrá-los. Para aspirar o medicamento da ampola ou frasco ampola, se-
gurá-lo com dois dedos de uma das mãos, mantendo a outra mão
Administrando medicamentos por via oral e sublingual: livre para realizar, com a seringa, a aspiração da solução.
Material necessário: No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, introduzi-lo den-
-bandeja tro do frasco e deixar que a força de pressão interna desloque o ar
- copinhos descartáveis para o interior da seringa.
- fita adesiva para identificação Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir,
- material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc. e aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose múltipla,
- água, leite, suco ou chá trar o medicamento. injetar um volume de ar equivalente à solução e, em seguida, as-
pirá-lo.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O procedimento de introduzir o ar da seringa para o interior Via intramuscular
do frasco visa aumentar a pressão interna do mesmo, retirando fa- A via intramuscular é utilizada para administrar medicamentos
cilmente o medicamento, haja vista que os líquidos movem-se da irritantes, por ser menos dolorosa, considerando-se que existe me-
uma área de maior pressão para a de menor pressão. Portanto, ao nor número de terminações nervosas no tecido muscular profundo.
aspirar o medicamento, manter o frasco invertido A absorção ocorre mais rapidamente que no caso da aplicação sub-
Após a remoção do medicamento, retirar o ar com a agulha cutânea, devido à maior vascularização do tecido muscular. O volu-
e a seringa voltadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o me a ser administrado deve ser compatível com a massa muscular,
êmbolo, para remover a solução contida na agulha, visando evitar que varia de acordo com a idade, localização e estado nutricional.
seu respingo quando da remoção do ar Considerando-se um adulto com peso normal, o volume mais
A agulha deve ser protegida com o protetor e o êmbolo da se- adequado de medicamento em aplicação no deltóide é de aproxi-
ringa com o próprio invólucro. madamente 2ml; no glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora exis-
Identificar o material com fita adesiva, na qual deve constar o tam autores que admitam volumes maiores. De qualquer maneira,
nome do paciente, número de leito/quarto, medicamento, dose e quantidades maiores que 3ml devem ser sempre bem avaliadas
via de administração. pois podem não ter uma adequada absorção3
As precauções para administrar medicamentos pela via paren- Para aplicação em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são
teral são importantes para evitar danos muitas vezes irreversíveis 25x7, 25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes, a
ao paciente. Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál- agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada, visando evitar
cool a 70%. a ocorrência de lesões teciduais.
É importante realizar um rodízio dos locais de aplicação, o que Orientar o paciente para que adote uma posição confortável,
evita lesões nos tecidos do paciente, decorrentes de repetidas apli- relaxando o músculo, processo que facilita a introdução do líquido,
cações. evita extravasamento e minimiza a dor.
Observar a angulação de administração de acordo com a via e Evite a administração de medicamentos em áreas inflamadas,
comprimento da agulha, que deve ser adequada à via, ao tipo de hipotróficas, com nódulos, paresias, plegias e outros, pois podem
medicamento, à idade do paciente e à sua estrutura física. dificultar a absorção do medicamento. Num movimento único e
Após a introdução da agulha no tecido e antes de pressionar com impulso moderado, mantendo o músculo com firmeza, intro-
o êmbolo da seringa para administrar o medicamento pelas vias duzir a agulha num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja
subcutânea e intramuscular, deve-se aspirar para ter a certeza de retorno de sangue administrar a solução.
que não houve punção de vaso sangüíneo. Após a introdução do medicamento, retirar a agulha - também
Caso haja retorno de sangue, retirar a punção, preparar nova- num único movimento - e comprimir o local com algodão molhado
mente a medicação, se necessário, e repetir o procedimento. Des- com álcool a 70%.
prezar a seringa, com a agulha junta, em recipiente próprio para Os locais utilizados para a administração de medicamentos são
materiais perfurocortantes. as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventroglútea e antero-lateral
da coxa. A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar-se pró-
Via intradérmica xima ao nervo ciático, o que contra-indica esse tipo de aplicação
É a administração de medicamentos na derme, indicada para em crianças.
a aplicação de vacina BCG e como auxiliar em testes diagnósticos e A posição recomendada é o decúbito ventral, com os pés vol-
de sensibilidade tados para dentro, facilitando o relaxamento dos músculos glúteos;
Para testes de hipersensibilidade, o local mais utilizado é a caso não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral. O
local indicado é o quadrante superior externo, cerca de 5cm abaixo
região escapular e a face interna do antebraço; para aplicação de
do ápice da crista ilíaca.
BCG, a região deltóide do braço direito. Esticar a pele para inserir a
Outra maneira de identificar o local de aplicação é traçando
agulha, o que facilita a introdução do bisel, que deve estar voltado
uma linha imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan-
para cima; visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo
ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da linha
de 15º com a agulha, posicionando-a quase paralela à superfície da
também é segura.
mesma.
Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda-se que o
Não se faz necessário realizar aspiração, devido à ausência de
paciente esteja em posição sentada ou deitada
vaso sangüíneo na epiderme. O volume a ser administrado não
Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo durante
deve ultrapassar a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansi- a introdução da agulha ) . O músculo vasto lateral encontra-se na
bilidade, sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5. região antero-lateral da coxa. Indica-se a aplicação intramuscular
Quando a aplicação é correta, identifica-se a formação de pápula, no terço médio do músculo, em bebês, crianças e adultos
caracterizada por pequena elevação da pele no local onde o medi- A região ventroglútea, por ser uma área desprovida de gran-
camento foi introduzido. des vasos e nervos, é indicada para qualquer idade, principalmente
para crianças. Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo
Via subcutânea indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a palma da
É a administração de medicamentos no tecido subcutâneo, mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em seguida desliza-se
cuja absorção é mais lenta do que a da via intramuscular. Doses o adjacente (médio) para formar um V. A injeção no centro do V
pequenas são recomendadas, variando entre 0,5ml a 1ml. Também alcança os músculos glúteos essos, necrose e lesões de nervo.
conhecida como hipodérmica, é indicada principalmente para vaci-
nas (ex. anti-rábica), hormônios (ex. insulina), anticoagulantes (ex.
heparina) e outras drogas que necessitam de absorção lenta e con-
tínua. Seus locais de aplicação são a face externa do braço, região
glútea, face anterior e externa da coxa, região periumbilical, região
escapular, região inframamária e flanco direito ou esquerdo.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Via endovenosa Colocar ou retirar comadres
A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma ação rápida Quando o paciente pode auxiliar, deve-se utilizar o trapézio, no
do medicamento ou quando outras vias não são propícias. Sua ad- leito, e solicitar que eleve o quadril, evitando-se assim, a necessida-
ministração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que de de erguê-lo (Figura 1):
a medicação entra diretamente na corrente sangüínea, podendo
ocasionar sérias complicações ao paciente caso as recomendações
preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por
essa via devem ser cristalinas, não-oleosas e sem flocos em sus-
pensão. Para a administração de pequenas quantidades de medi-
camentos são satisfatórias as veias periféricas da prega (dobra) do
cotovelo, do antebraço e do dorso das mãos. A medicação endove-
nosa pode ser tam bém aplicada através de cateteres intravenosos
de curta/longa permanência e flebotomia. O medicamento pode
ainda ser aplicado nas veias superficiais de grande calibre: região
cubital, dorso da mão e antebraço. Material necessário: bandeja
bolas de algodão álcool a 70% fita adesiva hipoalergênica garro-
te escalpe(s) adequado(s) ao calibre da veia do paciente) seringa
e agulha.

Venóclise
Venóclise é a administração endovenosa de regular quantida-
de de líquido através de gotejamento controlado, para ser infundi-
do num período de tempo pré-determinado. É indicada principal-
mente para repor perdas de líquidos do organismo e administrar Trazer o cliente para um dos lados da cama
medicamentos. Lembrar que a movimentação no leito deve ser realizada, pre-
As soluções mais utilizadas são a glicosada a 5% ou 10% e a ferencialmente, por duas pessoas, seguindo-se os seguintes passos
fisiológica a 0,9%. Antes de iniciar o procedimento, o paciente deve (Figura 2):
ser esclarecido sobre o período previsto de administração, correla-
cionando-o com a importância do tratamento e da necessidade de
troca a cada 72 horas. O profissional deve evitar frases do tipo não
dói nada, pois este é um procedimento dolorido que muitas vezes
requer mais de uma tentativa. Isto evita que o paciente sinta-se
enganado e coloque em cheque a competência técnica de quem
realiza o procedimento.
Material necessário: o mesmo utilizado na aplicação endoveno-
sa, acrescentando-se frasco com o líquido a ser infundido, suporte,
medicamentos, equipo, garrote, cateter periférico como escalpe,
gelco ou similar, agulha, seringa, adesivo (esparadrapo, micropore
ou similar), cortado em tiras e disposto sobre a bandeja, acessórios
como torneirinha e bomba de infusão, quando necessária.

Movimentação de clientes no leito


Lembrar que o paciente deve ser estimulado a movimentar-se
de uma forma independente, sempre que não existir contraindica-
ções nesse sentido. Outro ponto que não pode ser esquecido é pro-
curar ter à disposição camas e colchões apropriados, dependendo
das condições e necessidades do cliente. O ideal são camas com • As duas pessoas devem ficar do mesmo lado da cama, de
altura regulável, que possam ser ajustadas, dependendo do proce- frente para o paciente
dimento que será realizado7,16. • Permanecer com uma das pernas em frente da outra, com
Durante a movimentação, deve-se, sempre que possível, uti- os joelhos e quadris fletidos, trazendo os braços ao nível da cama:
lizar elementos auxiliares, tais como: barra tipo trapézio no leito, • a primeira pessoa coloca um dos braços sob a cabeça e, o
plástico antiderrapante para os pés, plástico facilitador de movi- outro, na região lombar
mentos, entre outros. • a segunda pessoa coloca um dos braços também sob a região
Neste tópico serão apresentados separadamente os principais lombar e, o outro, na região posterior da coxa
motivos que levam os trabalhadores de saúde a movimentar os • Trazer o paciente, de um modo coordenado, para este lado
clientes no leito: da cama
Se for necessário mover o paciente sem ajuda, deve-se fazê-lo
em etapas, utilizando-se o peso do corpo como um contrapeso e
plásticos facilitadores de movimentos.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Colocar o cliente em decúbito lateral Movimentar o cliente, em posição supina, para a cabeceira
Quando o paciente não é obeso, podem-se seguir as seguintes da cama
fases (Figura 3): Se o paciente tem condições físicas, ele pode mover-se sozi-
nho, com a ajuda de um trapézio. O cliente flexiona os joelhos e dá
um impulso, tendo como apoio um plástico antiderrapante sob seus
pés (Figura 5b) ou uma pessoa segurando -os (Figura 5a). Pode-se
também colocar um plástico deslizante sob as costas e a cabeça do
paciente (Figura 5c).

• Permanecer do lado para o qual você vai virar a pessoa


• Cruzar seu braço e sua perna no sentido em que ele vai ser
virado, flexionando o joelho. Observar o posicionamento do outro
braço
• Fazer o paciente virar a cabeça em sua direção
• Rolar a pessoa gentilmente, utilizando seu ombro e joelho
como alavancas Uma outra maneira de movimentação independente é colocar
um plástico deslizante sob o corpo do paciente e pedir que ele rea-
Uma outra forma de realizar esse procedimento é usando-se lize o mesmo impulso com os pés (Figura 6).
plásticos deslizantes e resistentes, da seguinte forma (Figura 4):

Quando o paciente não pode colaborar, uma alternativa é se-


guir os seguintes passos (Figura 7):

• Virar o paciente e colocar o plástico sob seu corpo. Voltar o


paciente e puxar o plástico
• Ficar no lado oposto ao que o paciente será virado
• Puxar o plástico, movendo o paciente em sua direção e para
a beira da cama. Manter as costas eretas e utilizar o peso do seu
corpo
• Elevar o plástico, fazendo o paciente virar cuidadosamente.
Manter, no lado oposto da cama, uma grade de proteção

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
• Deixar a cama em posição horizontal Ele pode, também, receber a ajuda de uma pessoa, que segu-
• Colocar um travesseiro na cabeceira da cama ra seus pés, estando suas pernas flexionadas. Neste caso, o cliente
• Colocar um lençol ou plástico deslizante sob o corpo do pa- apóia uma mão de cada lado do corpo e ele próprio dá um impulso,
ciente ao endireitar as pernas (Figura 10).
• Permanecer duas pessoas, uma de cada lado do leito, e
olhando em direção dos pés da cama
• Segurar firmemente no lençol ou plástico e, num movimento
ritmado, movimentar o paciente
Se a altura da cama for regulável, pode-se proceder da seguinte
maneira (Figura 8):

Quando o paciente não pode colaborar, duas pessoas devem


realizar o procedimento. Deve-se também usar um plástico desli-
zante e procede-se da seguinte maneira (Figuras 11a e 11b):
• Abaixar a altura da cama de tal forma que os trabalhadores
de enfermagem possam colocar Um joelho na cama e manter a ou-
tra perna firmemente no chão
• Segurar o plástico e, de ma forma coordenada, sentar sobre
seus calcanhares, movendo ao mesmo tempo o cliente

Movimentar o cliente em posição sentada para a cabeceira


da cama
O paciente deve ser encorajado a movimentar-se sozinho, com
a ajuda de um plástico facilitador de movimentos. Neste caso, o pa-
ciente fica sentado sobre o plástico, podendo deslizar com o auxílio
de blocos de mão antiderrapantes (Figura9).

• As duas pessoas devem ficar uma de cada lado do leito,


olhando na mesma direção
• Abaixar a altura da cama, de uma forma tal que os trabalha-
dores de enfermagem possam colocar um joelho na cama, manten-
do a outra perna firmemente no chão
• Segurar a mão do paciente com uma das mãos e agarrar no
local apropriado do plástico com a outra
• Usando movimento coordenado, sentar sobre os calcanha-
res, movendo, ao mesmo, tempo cliente. Repetir o procedimento,
se for necessário

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sentar o paciente no leito Se o paciente não consegue auxiliar, uma outra alternativa é
O cliente deve ser encorajado a sentar-se sozinho, ficando de realizar o procedimento com duas pessoas, da seguinte maneira
lado e levantando-se com a ajuda dos braços. Podem-se, também, (Figura 14):
utilizar materiais simples, como uma corda com nós ou uma escada
de cordas que, fixadas nos pés da cama, permitem que o cliente
sente sem ajuda (Figura 12).

• Permanecer uma pessoa de cada lado da cama, olhando em


Quando o cliente é auxiliado por outra pessoa, pode-se fazer direção da cabeceira
da seguinte forma (Figuras 13a e 13b): • Ficar ajoelhada, mantendo o joelho ao nível do quadril do
cliente
• Segurar nos cotovelos e trazer o paciente para frente, en-
quanto senta em seus calcanhares. Pode-se usar, como um auxílio
nessa manobra, uma toalha resistente, que é colocada nas costas
do paciente

Sentar o paciente na beira da cama


No caso do cliente estar deitado, seguir os seguintes passos
(Figura 15):

• Colocar o paciente em decúbito lateral, sobre um plástico


deslizante, e de frente para o lado em que vai se sentar
• Elevar a cabeceira da cama
• Uma pessoa apoia a região dorsal e o ombro do paciente e a
outra segura os membros inferiores
• De uma forma coordenada, elevar e girar o paciente até ele
• A pessoa fica de frente para o paciente, colocando um dos ficar sentado paciente e sentando-se sobre seu próprio tornozelo
seus joelhos ao nível do quadril do paciente sentando-se sobre seu
próprio tornozelo Uma outra alternativa é levantar o paciente, apoiando no co-
• Segurar no cotovelo do paciente, que também apoia o coto- tovelo, como descrito anteriormente, estando o cliente sobre um
velo da pessoa. O paciente deve se sente apoiando-os na pessoa plástico deslizante. Depois, mover os seus membros inferiores para
fora do leito (Figura 16).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Transporte de pacientes
O transporte de pacientes deve ser realizado com a ajuda de • Colocar o cliente para a frente da cadeira, puxando-o alterna-
elementos auxiliares, tais como cintos e pranchas de transferência, damente pelo quadril
discos giratórios e auxílios mecânicos. • Permanecer ao lado da cadeira, olhando do mesmo lado que
o paciente
Auxiliar o cliente a levantar de cadeira ou poltrona • O cliente deve colocar uma mão no braço mais distante da ca-
Nesse procedimento, é muito importante selecionar cadeiras deira e a outra é apoiada pela mão do trabalhador de enfermagem.
ou poltronas de acordo com as necessidades de cada pessoa, le- Com o outro braço, o trabalhador circunda a cintura do paciente,
vando em consideração a promoção de conforto e independência. segurando no cinto de transferência
Não se deve esquecer também os equipamentos auxiliares, como • Levantar de uma forma coordenada, com movimentos de ba-
andadores e bengalas. lanço.
Quando o paciente necessita de ajuda, deve-se usar um cin- Dependendo das condições do cliente, pode ser necessária a
to de transferência e proceder da seguinte maneira (Figuras 17a e participação de uma outra pessoa, do outro lado da cadeira
17b):
Auxiliar o cliente a deambular
É importante fazer uma avaliação cuidadosa para verificar se
o cliente tem condições de deambular. A pessoa deve permanecer
bem próxima do paciente, do lado em que ele apresenta alguma
deficiência, colocando um braço em volta da cintura e o outro
apoiando a mão. O ideal, nestes casos, é utilizar um cinto especial,
colocado na cintura do paciente (Figura 18).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Transferir o cliente do leito para uma poltrona ou cadeira de rodas
O paciente pode executar essa transferência de uma forma independente ou com uma pequena ajuda, utilizando uma tábua de trans-
ferência, da seguinte maneira (Figuras 19a e 19b):

• Posicionar a cadeira próxima à cama. Elas devem ter a mesma altura


• Travar a cadeira e o leito, remover o braço da cadeira e elevar o apoio dos pés
• Posicionar a tábua apoiada seguramente entre a cama e a cadeira
Um outro modo é usar o cinto de transferência, seguindo-se os passos(Figuras 20a, 20b, 20c e 20d):

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

• Colocar a cadeira ao lado da cama, com as costas para o pé da cama


• Travar as rodas e levantar o apoio para os pés
• Sentar o cliente na beira da cama
• Calçar o cliente com sapato ou chinelo antiderrapante
• Segurar o cliente pela cintura, auxiliando-o a levantar, virar-se e sentar-se na cadeira

Transferir o paciente do leito para um maca


Não existe maneira segura para realizar uma transferência manual do leito para uma maca. Existem equipamentos que devem ser
utilizados, como as pranchas e os plásticos resistentes de transferências nesse caso, o paciente deve ser virado para que se acomode o
material sob ele. .Volta-se o paciente para a posição supina, puxando-o para a maca com a ajuda do material ou do lençol (Figuras 21a e
21b). Devem participar desse procedimento quantas pessoas forem necessárias, dependendo das condições e do peso do cliente. Nunca
esquecer de travar as rodas da cama e do leito e de ajustar sua altura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Organizações e autores internacionais têm procurado despertar a atenção sobre a importância das orientações, com um enfoque er-
gonômico, sobre os procedimentos de movimentação e transferência. A implementação de treinamentos e reciclagem é parte obrigatória
de programas de prevenção de lesões musculoesqueléticas entre trabalhadores da saúde. Esses procedimentos devem ser aprendidos e
praticados de uma forma planejada e sistemática.
Dentro deste contexto, procurou-se colaborar apresentando-se orientações básicas sobre a mobilização e a transferência de clientes
dentro de uma abordagem ergonômica.

Fonte: http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/html/510/body/v34n2a06.htm

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Assistência de enfermagem em centro cirúrgico e centro de
PREPARO DE DOENTES PARA CIRURGIAS, ENFERMA- material esterilizado
GEM NO CENTRO CIRÚRGICO Os cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico variam de
acordo com o tipo de cirurgia e de paciente para paciente, aten-
Assistência de Enfermagem perioperatória dendo suas necessidades básicas e suas reações psíquicas e físicas
O termo Peri operatório é empregado para descrever todo o manifestadas durante este período. Neste capítulo iremos abordar
período da cirurgia, incluindo antes e após a cirurgia em si. As três os cuidados gerais indispensáveis a todos os tipos de cirurgia e os
fases dos cuidados Peri operatórios são: Pré-operatório, Transope- cuidados específicos voltados para cirurgias de mão e membro su-
ratório e Pós-operatório. perior e de pé e membro inferior.
Pré-Operatório: esse período tem início desde o momento em A assistência pré-operatória tem como objetivo proporcionar
que o paciente recebe a indicação da operação e se estende até uma recuperação pós-operatória mais rápida, reduzir complica-
a sua entrada no centro cirúrgico. Esse período se divide em duas ções, diminuir o custo hospitalar e o período de hospitalização que
fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato. se inicia na admissão e termina momentos antes da cirurgia, devol-
Pré-operatório Mediato: começa no momento da indicação da vendo o paciente o mais rápido possível ao meio familiar.
operação e termina 24 horas antes do seu início. Geralmente, nesse 1- Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o
período o paciente ainda não se encontra internado. preparo sócio-psíquico-espiritual e o preparo físico.
Neste período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz Preparo sócio-psíquico-espiritual:
uma avaliação do estado geral do paciente através de exame clínico − Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, au-
detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X, torizando o hospital a realizar o procedimento
eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliação tem o objetivo de − Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o pa-
identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o risco cirúr- ciente retornará da sala operatória e a importância em apoiá-lo
gico. nesse período;
Tratando-se de cirurgias eletivas, onde há previsão de trans- − Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e os
fusão sanguínea, muitas vezes é solicitado ao paciente para provi- exames que porventura forem necessários, salientar a importância
denciar doadores saudáveis e compatíveis com seu tipo sanguíneo. de sua colaboração durante os procedimentos;
Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue dis- − Tranquilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhecido
ponível e aumentar a quantidade de estoque existente nos hemo- e de destruição da auto-imagem, ouvir atentamente seu discurso,
centros, evitando sua comercialização. dar importância às queixas e seus relatos;
Os cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem - Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico (se
os preparos psicoespiritual e o preparo físico. acordado, com ou sem gesso, etc.) e assegurar que terá sempre um
Consentimento cirúrgico: Antes da cirurgia, o paciente deve profissional da enfermagem para atendê-lo;
assinar um formulário de consentimento cirúrgico ou permissão - Promover o entrosamento do paciente com o ambiente hos-
para realização da cirurgia. Quando assinado, esse formulário indica pitalar, esclarecer sobre normas e rotinas do local, e proporcionar
que o paciente permite a realização do procedimento e compreen- um ambiente calmo e tranquilo e
de seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião. Se o paciente - Providenciar ou dar assistência religiosa, caso seja solicitada.
não compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao cirurgião
antes que o paciente assine o formulário de consentimento. Preparo físico:
Os pacientes devem assinar um formulário de consentimento − Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as con-
para qualquer procedimento invasivo que exija anestesia e compor- dições que podem atuar negativamente na cirurgia e reforçando as
te risco de complicações. positivas;
Quando um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não - Providenciar e/ou preparar o paciente para exames labora-
é mentalmente competente, um familiar ou um tutor deve assinar toriais e outros exames auxiliares no diagnóstico; − Iniciar o jejum
o formulário de consentimento. Quando o paciente tem menos de após o jantar ou ceia;
18 anos de idade, um dos pais ou um tutor legal deve assinar o - Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se ocor-
formulário. Pessoas com menos de 18 anos de idade, que vivem reram sinais ou sintomas de anormalidade ou alteração dos sinais
longe de casa e sustentam-se por conta própria, são considerados vitais;
menores emancipados e assinam o formulário de consentimento. - Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de rou-
Numa emergência, o cirurgião pode ter que operar sem consenti- pa, cortar as unhas e mantê-las limpas e fazer a barba;
mento. No entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao máximo − Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita; − Reali-
para obter o consentimento por telefone, telegrama ou fax. Todo zar a tricotomia do membro a ser operado, lavar com água e sabão,
enfermeiro deve estar familiarizado com as normas da instituição e passar anti-séptico local e enfaixar (se necessário) com bandagens
com as leis estatais relacionadas aos formulários de consentimento estéreis;
cirúrgico. - Remover próteses, jóias, lentes de contato ou óculos, prende-
Os pacientes devem assinar o formulário de consentimento an- dores de cabelo e roupas íntimas;
tes que lhes seja administrado qualquer sedativo pré-operatório. - Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgica apro-
Quando o paciente ou a pessoa designada tiver assinado a permis- priada (camisola, toucas),transportá-lo na maca até o centro cirúrgi-
são, uma testemunha adulta também assina para confirmar que o co com prontuário e exames realizados (inclusive Raios-X).
paciente ou o indivíduo designado assinou voluntariamente. Em
geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um em- Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro superior
pregado do setor de admissão. É responsabilidade do enfermeiro e pé:
assegurar que todas as assinaturas necessárias figurem no formu- − Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e integri-
lário de consentimento, e que este se encontre no prontuário do dade da pele (deverá estar hidratada e lubrificada);
paciente antes que ele seja encaminhado ao centro cirúrgico (CC). − Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou reações
hansênicas;

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
− Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução fi- - Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: lim-
siológica ou água e sabão e ocluir com gaze e atadura de crepe. peza com solução fisiológica a 0,9%, aplicação tópica de rifocina
− Observar perfusão periférica do membro a ser operado; spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de enxerto
- No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora cutâneo, a frequência da troca do curativo da área doadora será es-
deverá estar hidratada e lubrificada. Este procedimento inicia-se tabelecida conforme a necessidade, isto é, quando houver extrava-
alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a samento de secreção, que varia em torno de dois a cinco dias. O da
tricotomia e limpeza da pele. Durante o período trans-cirúrgico, o área receptora será realizado pelo médico responsável, geralmente
quarto do paciente deverá estar pronto para recebê-lo, equipado após cinco dias, conforme seu critério, utilizando-se algum produto
com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba de infu- não aderente;
são, travesseiros para elevação do membro operado, cobertores, − Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar a tala
comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro, termômetro, e de- ou faixa para curativos, tomando o cuidado de manter o mesmo
mais equipamentos necessários. alinhamento do membro superior e mão durante o procedimento e
recolocar a tala ou a bandagem, obedecendo-se a ordem de início
2 - Assistência pós-cirúrgica geral: da região distal para a proximal;
Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúrgico − Movimentar passivamente e delicadamente as articulações
e retorna à enfermaria. Esta assistência tem como objetivo detectar não gessadas;
e prevenir a instalação de complicações pós-operatória e conse- − Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não mo-
quentemente obter urna rápida recuperação lhá-lo (durante o banho, protegê-lo coin material plástico, um sani-
. A assistência pós-cirúrgica consiste em: to, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo bordo
− Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de superior); observar sinais de garroteamento como edema e palidez
acordo com o tipo de cirurgia a que foi submetido e com o membro ou gesso apertado; ausência ou diminuição da sensibilidade ou mo-
operado elevado; tricidade, sinais de hemorragia como presença de sangramento no
− Aquecê-lo, se necessário; aparelho gessado e odor desagradável;
− Manter a função respiratória; − Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de pru-
− Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agita- rido e não retirar algodão do gesso
ção e outros comprometimentos neurológicos;
− Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e pre- Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferio-
sença de sangramento; res:
− Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e co- − Realizar cuidados acima citados
nectá-los às extensões; − Manter repouso absoluto do membro inferior e posiciona-
− Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de mento elevado, geralmente acima do nível do corpo. Ao encami-
soro, sangue ou derivados; - Verificar anotações do centro cirúrgico) nhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou cadei-
e executar a prescrição médica; ras adequadas;
− Promover conforto e segurança através de meio ambiente − Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a seca-
adequado, uso de grades na cansa, imobilização de mãos (se agi- gem adequada e a liberação para a deambulação, conforme orien-
tado); tação médica, alternando a deambulação e o repouso com elevação
− Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os do membro inferior gessado. Caso o aparelho gessado não conte-
líquidos eliminados por sondas, drenos, etc; - Realizar mudança de nha salto, isso é indicativo de que a deambulação é proibida;
decúbito de acordo com a evolução clínica; − Não fletir o membro durante a secagem do gesso;
− Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez dias
− Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada; ou depois da retirada do aparelho gessado.
− Promover movimentação ativa, passiva e deambulação precoces
se forem permitidas e houver condições físicas; Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de mem-
- Trocar curativos; bro inferior:
- Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância - Promover o alívio da dor se houver;
do retomo médico para controle e cuidados a serem dispensados − Os amputados experimentam com freqüência dor fantasma
no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada; ou sensação fantasma. Tais sensações são reais e devem ser aceitas
- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistência.
− Apesar da amputação ser uni procedimento de reconstrução,
Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior: a mesma altera a imagem corporal do paciente. O enfermeiro deve-
- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 rá estabelecer uma relação de confiança, com a qual encorajará o
graus, apoiados em travesseiros, quando estiver em decúbito hori- paciente a olhar, sentir e a cuidar do membro residual, tornando-o
zontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipóia e mão elevada acima apto e participante ativo no autocuidado;
do tórax; − Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgicas,
− Observar edema, palidez, cianose ou alteração da temperatu- coloração, temperatura e aspecto da cicatrização;
ra em extremidades das mãos; − Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e
− Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços inter- não deixar o membro residual pendurado. A pressão excessiva so-
digitais bre o membro residual deve ser evitada, pois pode comprometer a
cicatrização da incisão cirúrgica;

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
− O membro residual não deverá ser apoiado sobre o traves- As reações emocionais guardam relação direta com o “signifi-
seiro, o que pode resultarem contratura e flexão do quadril. Uma cado” que o cliente e familiares atribuem à cirurgia, sendo a ansie-
contratura da próxima articulação acima da amputação constitui dade pré-operatória a mais frequente.
complicação freqüente. De acordo com a preferência do cirurgião, o Por isso, a cirurgia e os procedimentos diagnósticos podem
membro residual poderá ser posicionado em extensão ou elevação representar uma invasão física, emocional e psicológica - e em algu-
por curto período de tempo após a cirurgia. Deve-se desestimular a mas cirurgias (amputação da perna) uma invasão social, obrigando
posição sentada por períodos prolongados para evitar as contratu- mudanças no estilo de vida. A aceitação ao tratamento cirúrgico,
ras em flexão de quadril e de joelho; apesar do medo da anestesia, da dor, da morte, do desconhecido
− Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude. O e da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à
paciente pode utilizar um trapézio acima da cabeça ou um lençol confiança que o cliente deposita na equipe profissional e na estru-
amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de posição tura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de
e fortalecer o bíceps. Solicitar orientação ao serviço de fisioterapia relação interpessoal que especificamente temos com este cliente.
sobre a adequação dos exercícios ao paciente. O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto
de setores interligados, como o pronto-socorro, ambulatório, en-
A sala de cirurgia deve ser equipada com esfigmomanômetro, fermaria clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação
monitor de eletrocardiograma, material para entubação traqueal, pós-anestésica (RPA).
equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de secre- Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcio-
ções, oxímetro de pulso e outros aparelhos especializados. Os equi- nar uma experiência menos traumática possível e promover uma
pamentos auxiliares são aqueles que podem ser movimentados recuperação rápida e segura ao cliente. O ambulatório ou pronto-
pela sala, de acordo com a necessidade: suporte de hamper e ba- -socorro realiza a anamnese, o exame físico, a prescrição do trata-
cia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar, banco giratório, mento clínico ou cirúrgico e os exames diagnósticos.
escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas ou rodízios, carros A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o tra-
ou prateleiras para materiais estéreis, de consumo e soluções an- tamento clínico não surtiu o efeito desejado. O cliente pode ser
tissépticas. internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, de-
pendendo do tipo de preparo que a mesma requer.
Também são necessários diversos pacotes esterilizados conten- O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao
do aventais, “opa” (avental com abertura para a frente), luvas de centro cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de emergência do
Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou deformi- ato cirúrgico
dade externa e/ou interna com o objetivo de reparar, corrigir ou . O centro cirúrgico é o setor destinado às intervenções cirúr-
aliviar um problema físico. gicas e deve possuir a recuperação pós-anestésica para prestar a
É realizada na sala de cirurgia do hospital e em ambulatório assistência pós-operatória imediata.
ou consultório, quando o procedimento for considerado simples”1 . Após a recuperação anestésica, o cliente é encaminhado à uni-
Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emergên- dade de internação, onde receberá os cuidados pós-operatórios
cia, urgência, programada ou opcional. Por exemplo: nos casos de que visam prevenir a ocorrência de complicação.
hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência pois deve
ser realizada sem demora; no abdome agudo, o tratamento cirúr- Classificação da cirurgia por potencial de contaminação
gico é de urgência, por requerer pronta atenção, podendo-se, en- O número de microrganismos presentes no tecido a ser ope-
tretanto, aguardar algumas horas para melhor avaliação do cliente; rado determinará o potencial de contaminação da ferida cirúrgica.
as cirurgias programadas ou eletivas, como no caso de varizes de De acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da
membros inferiores, são realizadas com data pré-fixada, enquanto Saúde, as cirurgias são classificadas em:
que a maioria das cirurgias plásticas são optativas por serem de pre- - limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil desconta-
ferência pessoal do cliente. minação, na ausência de processo infeccioso local, sem penetração
A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade: nos tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais
diagnóstica ou exploratória, quando utilizada para se visualizar as de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;
partes internas e/ou realizar biópsias (laparotomia exploradora); - potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil
curativa, quando se corrige alterações orgânicas (retirada da amíg- descontaminação, na ausência de supuração local, com penetração
dala inflamada);reparadora, quando da reparação de múltiplos fe- nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação
rimentos (enxerto de pele); reconstrutora ou cosmética, quando significativa. Exemplo: redução de fratura exposta;
se processa uma reconstituição (plástica para modelar o nariz, por - contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumati-
exemplo); e paliativa, quando se necessita corrigir algum problema, zados e abertos, de difícil descontaminação, com processo inflama-
aliviando os sintomas da enfermidade, não havendo cura (abertura tório mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;
de orifício artificial para a saída de fezes sem ressecção do tumor - infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido
intestinal, por exemplo). necrótico, feridas traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto e
ânus com pus.
As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais no
organismo do cliente, que precisará de algum tempo para se adap- Nomenclatura cirúrgica
tar às mesmas. A nomenclatura ou terminologia cirúrgica é o conjunto de ter-
É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qualidade mos usados para indicar o procedimento cirúrgico.
de vida da pessoa, mas é importante compreendermos que o tra- O nome da cirurgia é composto pela raiz que identifica a parte
tamento cirúrgico sempre traz um impacto (positivo ou negativo) do corpo a ser submetida à cirurgia, somada ao prefixo ou ao sufixo.
tanto no aspecto físico como nos aspectos psicoemocionais e so- Alguns exemplos de raiz: angio (vasos sangüíneos), flebo
ciais. Com esta compreensão, temos maior chance de realizar uma (veia), traqueo (traquéia), rino (nariz), oto (ouvido), oftalmo (olhos),
comunicação interpessoal mais individualizada e prestar ao cliente hister(o) (útero), laparo (parede abdominal), orqui (testículo), etc.
orientações mais adequadas.

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Além desses termos, existem as denominações com o nome do cirurgião que introduziu a técnica cirúrgica (Billroth: tipo de cirurgia
gástrica) ou, ainda, o uso de alguns termos específicos (exerese: remoção de um órgão ou tecido)
Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica, sendo
considerada área critica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e que possue clientes com sistema de
defesa deficiente e maior risco de infecção.
A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador cirúrgico, enfermeiro, técnico e auxiliar
de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o instrumentador cirúrgico e o auxiliar administrativo. Para prevenir a infecção e pro-
piciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúrgica, a planta física e a dinâmica de funcionamento possuem características especiais.
Assim, o CC deve estar localizado em área livre de trânsito de pessoas e de materiais. Devido ao seu risco, esta unidade é dividida em áreas:
- Não-restrita - as áreas de circulação livre são consideradas áreas não-restritas e compreendem os vestiários, corredor de entrada
para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O vestiário, localizado na entrada do CC, é a área onde todos devem
colocar o uniforme privativo: calça comprida, túnica, gorro, máscara e propés.
-Semi-restritas - nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem contudo provocarem interferência
nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos temos as salas de guarda de material, administrativa, de estar para os
funcionários, copa e expurgo. A área de expurgo pode ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a receber e lavar os
materiais utilizados na cirurgia.
-Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são consideradas áreas restritas dentro do CC;
para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais.

A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as parede, o piso e as portas devem ser laváveis
e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material condutivo, ou seja, de proteção contra descarga de eletricidade es-
tática; as tomadas devem possuir sistema de aterramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do piso. As portas devem
ter visor e tamanho que permita a passagem de macas, camas e equipamentos cirúrgicos. As janelas devem ser de vidro fosco, teladas e
fechadas quando houver sistema de ar condicionado. A iluminação do campo operatório ocorre através do foco central ou fixo e, quando
necessário, também pelo foco móvel auxiliar. O lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a de-
germação das mãos e antebraços com o uso de substâncias degermantes antissépticas, com a ação mecânica da escovação. As torneiras
do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou através do uso de pedais, para evitar o contato das mãos já degermadas. Acima do
lavabo localizam-se os recipientes contendo a solução degermante e um outro, contendo escova esterilizada.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de RPA – a qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte do
cliente sob efeito anestésico da SO para a RPA, e desta para a SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibilitar, ainda,
o fácil acesso dos componentes da equipe que operou o cliente.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condições para pronto uso bem como evitar a circulação desnecessária de
pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomenda-se a existência de salas específicas para a guarda de medicamentos,
materiais descartáveis, esterilizados, de anestesia e de limpeza, aparelhos e equipamentos e roupa privativa. Dependendo do tamanho
do CC, é também recomendável que haja uma sala administrativa, sala de espera para familiares e/ou acompanhantes, sala de estar para
funcionários e copa.

ANESTESIA
A fase dos cuidados pós-operatórios imediato começa tão logo o procedimento cirúrgico seja concluído e o paciente transferido para
a Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA). Esta Unidade deve ser adjacente ao centro-cirúrgico, oferecendo facilidade de acesso.
O estado do paciente deve ser avaliado quanto às necessidades durante a transferência (com oxigênio, dispositivo manual de pressão
negativa, um leito no lugar da maca).
A permanência do paciente nesta unidade permite rápida convalescença, evita infecções hospitalares, poupa tempo, reduz gastos,
ameniza a dor e aumenta a sobrevida do mesmo.
Este é o período mais crítico da recuperação do paciente, por isso, vários cuidados de enfermagem são dispensados a ele com as se-
guintes dificuldades: prestar assistência intensivista até a total recuperação dos reflexos, assistir o paciente integralmente, proporcionando
segurança e retorno rápido às suas atividades normais, prevenir complicações, e em alguns casos, auxiliar na reabilitação e na adaptação
do paciente às novas condições resultantes da operação, como é o caso, por exemplo, da colostomia, da mastectomia, e da amputação,
entre outras.
O Enfermeiro assume os cuidados do paciente após uma avaliação inicial e um relato da equipe de transferência; deve sistematizar
o registro das informações, mantendo vínculo ativo com os profissionais de saúde, além de oferecer à equipe de enfermagem condições
para atuar com o cliente de maneira efetiva, planejada e segura.

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O histórico de enfermagem inicial do paciente pós-operatório 14. Nível de suporte físico e emocional;
começa com a determinação da avaliação imediata da via aérea e 15. Escore numérico de escala utilizada na unidade.
circulatória adequada. A via aérea é avaliada quanto à perviedade,
oxigênio umidificado é aplicado e a frequência respiratória contada. A rotina em algumas instituições da frequência da verificação
É iniciada a oximetria de pulso em todos os pacientes, e a qualidade dos sinais vitais bem como seu estado geral dá-se a cada quinze
dos sons respiratórios é determinada. minutos na primeira hora de chegada do paciente a URPA; a cada
O paciente é então conectado ao monitor cardíaco, e a frequ- trinta minutos na segunda hora e a cada hora nas horas subsequen-
ência cardíaca e ritmo são avaliados, assim como a verificação da tes até a liberação deste para a unidade de internação de origem.
pressão arterial.
Assistência Pré Operatória
Avaliação inicial A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um evento es-
Após a avaliação imediata e completados os registros, inicia-se tressante e complexo para o paciente. Muitos dos procedimentos
uma avaliação mais completa pós-anestesia. A avaliação é realizada cirúrgicos são realizados na sala de operação do hospital, embora
rapidamente e é específica para o tipo de procedimento cirúrgico. muitos procedimentos simples que não precisam de hospitalização
Em alguns casos, o enfermeiro da URPA avalia os sinais vitais na sejam feitos em centros cirúrgicos e unidades ambulatoriais de ci-
admissão e inicia a avaliação pelo sistema respiratório. A avaliação rurgia. Pacientes com problemas de saúde que cujo tratamento en-
respiratória consiste em frequência, ritmo, ausculta dos sons res- volve uma intervenção cirúrgica, geralmente se submetem a uma
piratórios e o nível de saturação do oxigênio. A presença de uma cirurgia. Tal procedimento envolve a administração de anestesia
via aérea artificial e o tipo de sistema de liberação de oxigênio são local, regional ou geral, aumentando assim o grau de ansiedade
anotados. do paciente o que provoca alterações emocionais decorrentes do
O sistema cardiovascular é avaliado pela monitorização da fre- anúncio do diagnóstico cirúrgico. Isto causa, portanto situações de-
quência e ritmo cardíacos. A pressão arterial inicial do paciente é sagradáveis no estado biópsico sócio espiritual do paciente, acarre-
comparada para uma ou mais leituras do pré-operatório. tando problemas graves podendo chegar à suspensão da cirurgia ou
A temperatura corporal é obtida e a condição da pele é exami- até mesmo óbito do paciente.
nada, incluindo o pulso periférico, se indicado. O paciente é então Com o aumento considerável de complicações no préoperató-
avaliado quanto ao funcionamento neurológico. O paciente está re- rio é exigido da enfermagem um sólido conhecimento sobre todos
ativo (despertando da anestesia)? O paciente pode responder aos os aspectos do cuidado do paciente cirúrgico. Não mais o conhe-
comandos? cimento sobre a enfermagem préoperatória e pósoperatória é su-
O paciente está orientado no mínimo quanto a nomes e hos- ficiente devendose ter uma compreensão plena sobre a atividade
pital? O paciente pode movimentar as extremidades? Existem des- intraoperatória. Surge a visita préoperatória (VPO) de enfermagem
vios da função neurológica pré-operatória? Alguns procedimentos do Centro Cirúrgico, que consiste em acompanhar o paciente não
operatórios requerem uma avaliação mais detalhada. só no Centro Cirúrgico, mas durante toda a sua estadia no hospital
Para avaliar a função renal, a ingesta e a excreta são examina- desde a sua internação à alta após a cirurgia, devendo a enferma-
das. O líquido total intra-operatório e a estimativa de perda san- gem ficar atenta a todas as alterações que poderão surgir e atuar na
guínea são avaliados. Os acessos venosos, infusões e soluções de recuperação plena do paciente.
irrigação são anotados. A presença de todos os acessos venosos,
drenos e cateteres são anotados; a excreta de urina é anotada O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO TRANS-OPERATÓRIO
quanto à coloração, quantidade e consistência. O período trans-operatório compreende o momento de recep-
ção do cliente no CC e o intra-operatório realizado na SO.
Toda informação obtida da avaliação na admissão é anotada no
relatório da URPA Montagem da sala cirúrgica
A avaliação inicial inclui o registro de: O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circulante
1. Sinais vitais: da sala cirúrgica, que também pode ser exercida pelo técnico em
- Pressão arterial; enfermagem, quando necessário. Ao receber a lista de cirurgia, o
- Pulso; circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações es-
- Temperatura; peciais à mesma. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica,
- Respiração é importante manter a sala em boas condições de limpeza, observar
se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos. Portanto, antes
2. Nível de consciência de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos com álco-
3. Leitura da pressão venosa central (PVC) se indicado; ol etílico a 70% ou outro desinfetante recomendado, deixando-os
4. Posição do paciente; prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica. ambiente do
5. Condição e coloração da pele; CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse físico e exposi-
6. Necessidade de segurança do paciente; ção dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a importância do uso
7. Neurovascular: pulso periférico e sensação nas extremidades de técnicas assépticas rigorosas.
quando possível;
8. Condições de curativos ou linhas de sutura;
9. Tipo, perviedade e fixação dos tubos de drenagem, cateteres
e recipientes;
10. Quantidade e tipo de drenagem;
11. Resposta muscular e força;
12. Resposta pupilar quando indicado;
13. Terapia venosa: localização, condição, fixação e quantida-
de de soluções infundidas em acessos venosos (inclusive sangue e
derivados);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Tempo cirúrgico - equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de
Abrange, de modo geral, a seqüência dos quatro procedimen- segurança e encaixes para suporte de solução, suporte de solução
tos realizados pelo cirurgião durante o ato operatório. Inicia-se pela fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, as-
diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos através do pirador a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor cardíaco,
bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser; em seguida, se faz oxímetro de pulso, esfigmomanômetro, ventiladores mecânicos,
a hemostasia, através de compressão direta com os dedos, uso de carrinho com material e medicamentos de emergência;
pinças, bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para prevenir, de- - Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, sondas
ter ou impedir o sangramento. Ao se atingir a área comprometida, de aspiração, luvas esterilizadas, luvas de procedimentos, medica-
faz-se a exérese, que é a cirurgia propriamente dita. A etapa final é mentos, frascos de solução, equipos de solução e de transfusão san-
a síntese cirúrgica, com a aproximação das bordas da ferida opera- güínea, equipos de PVC (pressão venosa central), material para son-
tória através de sutura, adesivos e/ou ataduras. dagem vesical, pacote de curativo, bolsas coletoras, termômetro,
material de coleta para exames e outros porventura necessários.
Instrumentais e fios cirúrgicos
Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas para isso Cuidados de enfermagem no pósoperatório imediato (POI)
é necessário que a equipe de enfermagem ofereça-os em perfeitas Este período é considerado crítico, considerando-se que o clien-
condições de uso e no tamanho correto. O instrumentador cirúrgi- te estará, inicialmente, sob efeito da anestesia geral, raquianeste-
co é o profissional responsável por prever os materiais necessários sia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta-se bastante
à cirurgia, bem como preparar a mesa com os instrumentais, fios vulnerável às complicações. Assim, é fundamental que a equipe de
cirúrgicos e outros materiais necessários, ajudar na colocação de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe as funções vitais, ali-
campos operatórios, fornecer os instrumentais e materiais à equipe viar-lhe a dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos e
cirúrgica e manter a limpeza e proteção dos instrumentais e mate- distensão abdominal), manter-lhe a integridade da pele e prevenir
riais contra a contaminação. a ocorrência de infecções.
Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua
função: Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para pa-
- diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesouras, cientes com alterações clínicas e cirúrgicas.
trépano; A assistência de enfermagem é uma das principais ações no
- hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais como cuidado da saúde do paciente. Assim, a Sistematização da Assis-
as pinças de Kelly, Kocher, Rochester; tência de Enfermagem (SAE) normatizada pelo Conselho Federal de
-síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fechamento de Enfermagem (CFE), a Resolução n. 358/2009, preconiza que deve
cavidades e incisões, sendo o mais comum a agulha de sutura pre- ser implantada no setor público e privada (BRASÍLIA, 2009, p. 317).
sa no porta-agulha; ! apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o Existem atualmente diferentes maneiras de sistematizar a as-
uso de outros grupos de instrumentais, destacando-se o afastador sistência de enfermagem, entre elas pode-se mencionar os planos
Farabeuf para afastar os tecidos e permitir uma melhor visualização de cuidados, os protocolos, a padronização de procedimentos e o
do campo operatório e a pinça anatômica para auxiliar na dissecção processo de enfermagem. Visto que a SAE direciona a atuação do
do tecido; especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia, enfermeiro no exercício de suas atividades profissionais e facilita o
como, por exemplo, a pinça gêmea de Abadie, utilizada nas cirurgias desenvolvimento da assistência ao paciente. Neste contexto, a im-
do trato digestivo. Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou sem plantação de um método para sistematizar a assistência de enfer-
agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze-zero). magem deve ter como premissa um processo individualizado, holís-
São classificados em absorvíveis e não-absorvíveis. tico, planejado, contínuo, documentado e avaliado (VASCONCELOS,
BORGES, BOHRER, et al. 2017).
Pós operatório No Brasil, Wanda de Aguiar Horta foi à primeira teórica a apre-
O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente da sala sentar estudos sobre o tema. Ela propôs a sistematização das ações
de operação e perdura até sua total recuperação. Subdivide-se em de Enfermagem, por meio da aplicação do Processo de Enferma-
pósoperatório imediato (POI), até às 24 horas posteriores à cirurgia; gem, o que contribuiu para o registro e documentação de ocorrên-
mediato, após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias cias e procedimentos realizados por integrantes da equipe de Enfer-
do recebimento da alta. Nesta fase, os objetivos do atendimento magem, para a análise e organização do cuidado prestado e, para
ao cliente são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns o reconhecimento social da profissão (BOTELHO, VELOSO, FAVERO,
aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, laringite 2013).
pós- entubação traqueal, náuseas, vômitos, retenção urinária, fle-
bite pós-venóclise e outros, com a finalidade de restabelecer o seu A SAE trata-se de um valioso instrumento para assistência do
equilíbrio paciente de forma integralizada, contínua, segura e humanizada
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser pela enfermagem, sendo composta por cinco fases: visita pré-ope-
encaminhados da SO para a RPA e sua transferência para a enferma- ratória de enfermagem, planejamento, implementação, avaliação e
ria ou para a UTI só deve ocorrer quando o anestesista considerar reformulação da assistência a ser planejada (RIBEIRO, FERRAZ, DU-
sua condição clínica satisfatória. RAN, 2017).
A RPA é a área destinada à permanência preferencial do cliente Nessa linha de pensamento, a SAE atua no sentido de conduzir
imediatamente após o término do ato cirúrgico e anestésico, onde e organizar o trabalho da equipe de enfermagem conforme os re-
ficará por um período de uma a seis horas para prevenção ou trata- cursos humanos, instrumentos e método, facilitando o trabalho do
mento de possíveis complicações enfermeiro. Ainda, tem sua definição no planejamento e ordenação
. Neste local aliviará a dor pós-operatória e será assistido até a da execução das atividades com enfoque coletivo e individual e de
volta dos seus reflexos, normalização dos sinais vitais e recuperação caráter privativo do enfermeiro (PENEDO, SPIRI, 2014).
da consciência. Considerando tais circunstâncias, este setor deve
possuir equipamentos, medicamentos e materiais que atendam a
qualquer situação de emergência, tais como:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Neste sentido, o Processo de Enfermagem se constitui em ação Assim, sua implantação, proporciona cuidados individualiza-
revestida de significados, possível de ser utilizada pelos enfermei- dos, assim como norteia o processo decisório do enfermeiro nas
ros enquanto metodologia para prestação de cuidados; entretan- situações de gerenciamento da equipe de enfermagem, oportuniza
to, apresenta desafios para sua implementação. A enfermagem se avanços na qualidade da assistência, o que impulsiona sua adoção
utiliza da sistematização da assistência de enfermagem como um nas instituições que prestam assistência à saúde ((SILVA, GARANHA-
modelo de processo de trabalho que possibilita sistematizar a as- NI, PERES, 2015)
sistência e direcionar o cuidado, contribuindo para a segurança do A implantação da SAE com base em um conhecimento espe-
usuário e dos profissionais no sistema de saúde especialmente em cífico e de uma reflexão crítica acerca da organização do trabalho
Centro Cirúrgico (PENEDO, SPIRI, 2014). de enfermagem juntamente com a coleta de dados, tem-se um
No hospital, o Centro Cirúrgico (CC) é o local onde acontece instrumento de fundamental importância para que o profissional
grande parte dos eventos adversos à saúde dos pacientes. Sua cau- possa gerenciar a assistência de enfermagem de forma organizada,
sa é multifatorial e atribuída à complexidade dos procedimentos, à segura, dinâmica e competente (SILVA, GARANHANI, PERES, 2015)
interação das equipes interdisciplinares e ao trabalho sob pressão,
pois, apesar de as intervenções cirúrgicas integrarem a assistência
à saúde, contribuindo para a prevenção de agravos à integridade RELACIONAR VACINAS ÀS DOENÇAS, SEU ARMAZENA-
física e à perda de vidas, estão associadas, consideravelmente, aos MENTO, CALENDÁRIO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
riscos de complicações (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016).
Assim, a participação do enfermeiro no Centro Cirúrgico tem Conceito e Tipo de Imunidade
merecido atenção por envolver especificidades e articulações in- Programa de Imunização
dispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades Programa de imunização e rede de frios, conservação de va-
complexas, que requerem conhecimento científico, manejo tecno- cinas
lógico e humanização extensiva a familiares, pelo impacto que o PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es-
risco cirúrgico propicia (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016). pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa
O estudo Henrique, Costa e Lacerda (2016) demonstrou que Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos
ainda há muito a percorrer nos caminhos da segurança efetiva para e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos
o paciente no período perioperatório, uma vez que encontraram foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças prevení-
muitos entraves que, de certa forma, desfavorecem a segurança do veis por meio da vacinação.
paciente. Assim, as reflexões sobre a segurança do paciente e os Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or-
processos do Centro Cirúrgico precisam ser aprofundadas, necessi- ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como
tando-se de novos estudos acerca do tema para novas discussões e referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or-
busca de melhores práticas. ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos
Estudos recentes de revisão integrativa revelam que, com base programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa
nas diversas necessidades específicas das funções do profissional, de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos
na assistência ao paciente cirúrgico é importante melhorar a quali- no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita-
dade da assistência de enfermagem. É preciso lembrar que a evolu- dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos,
ção cirúrgica e novas descobertas de tecnologias auxiliam significa- México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela,
tivamente a enfermagem avançar na assistência no Centro Cirúrgico Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações
(ADAMY; TOSATTI, 2012, p.301). para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina.
Importância da implantação da SAE para a organização do A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional
centro cirúrgico de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30
Neste sentido os estudos de Adami, Tosati (2012) tiveram o ob- anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que
jetivo de avaliar implantação da (SAE) no período perioperatório de foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que
um Hospital do Oeste de Santa Catarina, sob a visão da equipe de foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais
enfermagem os autores constataram que, a instituição deve viabi- e de tão grande diversidade socioeconômica.
lizar estratégias que culminam para uma SAE efetiva e com resulta- No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi-
dos mais satisfatórios tendo em vista que ela oferece Segurança/ ração até por países dotados de condições mais propícias para esse
paciente; registros de enfermagem mais precisos; organização das trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro
atividades de enfermagem. social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações,
Segundo Santos e Rennó (2013), a SAE surgiu no centro cirúrgi- em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo
co com o objetivo de capacitar funcionários para atender as neces- que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações
sidades da equipe médica, como no preparo da sala de cirurgia, dos planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var-
materiais e equipamentos hospitalares necessários durante o pro- reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em
cedimento. A preocupação com a qualidade prestada ao paciente 1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o
é um marco no mercado competitivo, pois cada vez mais busca-se sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a dif-
assistências eficientes prestada ao indivíduo, satisfação da clientela teria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, imple-
e a redução dos custos hospitalares. mentaram medidas para o controle das infecções pelo Haemophilus
A SAE constitui nos dias atuais um importante instrumento influenzae tipo b, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita,
inerente ao processo de trabalho do enfermeiro, que possibilita a da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, também
ampliação de ações que modificam o processo de vida e de saúde- das infecções pneumocócicas.
-doença dos pacientes. Deste modo, a sistematização permite a ob-
tenção de resultados pelos quais o enfermeiro é responsável, como
a organização do serviço, especialmente no centro cirúrgico (MELO,
NUNES, VIANA, 2014).

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o
num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas
por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos na doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti-
adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os
pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para
de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do
atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm- Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence
bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca- a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade
sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes 30
da conscientização social a respeito da cultura em saúde. anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um programa
Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao contro- que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e os
le de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atuação 5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma
abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen-
e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e erra- tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais.
dicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacinação Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am-
essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina-
objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do
coqueluche e manter erradicada a varíola. continente americano – Os programas de erradicação da poliomie-
Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da
cinco anos, estão fixadas as seguintes metas: síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal
- ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri- são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos pa-
dos e utilizados pela população brasileira; íses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores,
- produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va- envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização
cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa- periódica de avaliações das atividades em âmbito regional.
rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum- O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pioneiro
ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e na implementação de estratégias como a vacinação de mulheres
da vacina antirrábica em cultivo celular. em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do téta-
no neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de multi-
As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº vacinação conjunta por todos os países da América do Sul, durante
78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou), a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca ativa de
são ainda válidas até hoje: casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras de todo
- implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci- o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se repetirá
nações de caráter obrigatório; nos próximos anos, contando já com a participação de um núme-
- estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im- ro ainda maior de países da América Central, América do Norte e
plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo Espanha.
das secretarias de saúde das unidades federadas;
- estabelecer normas básicas para a execução das vacinações; Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora-
- supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofere-
no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos cidos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina
das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina- do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade,
ção; equidade e integralidade.
- centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a co-
PNI. ordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campanhas
anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15 mi-
A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá- lhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de
rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de
os seguintes: mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da
rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita.
- fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil, Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios
com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição
OMS; e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis
- a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza- nacional, estadual e municipal e local.
ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica- Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro-
mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde; duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va-
- recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Améri- cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente
cas, aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972), pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex-
com ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar, portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O
no continente, as doenças evitáveis por imunização. Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de
imuno biológicos para uso na população brasileira.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos-
envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi- sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um
gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por sonho distante.
meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização
do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe- do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na-
riências e conhecimentos entre os países. tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “geladei-
Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na ras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cortiça,
região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his- onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou ares
tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É, domésticos em 1913.
portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in-
e de sucesso.” troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome
de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa-
Rede de Frio relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”.
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento, Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O
armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans- slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação
porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações e dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a
devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, des- multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu-
de o laboratório produtor até o momento de sua utilização. zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas
O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida-
biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir de dos mesmos.
imunidade. Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil
Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio- surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con-
ram depois de determinado tempo quando expostos a temperatu- servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador
ras inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou
manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener- modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos
gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com- equipamentos da rede de frio.
prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos. Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva-
São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi- mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos
pamentos adequados. termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor.
Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com-
ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um
Princípios Básicos de Refrigeração
espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de
Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de
uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa-
um corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente
ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatura
entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com
mais baixa que a do ambiente que o cerca.
maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos
receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação
anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos
de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade
durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha
de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação
durante as estações quentes.
Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma mu-
forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica- dança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do latim
mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o fim que significa escondido).
do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a humani- Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui
dade. menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao
Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu-
e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de
melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce- imuno biológicos.
lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa
observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC, Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da
estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga- energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca-
rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura. lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma
A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes- parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa.
quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas rela- Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes:
cionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da neve condução, convecção e radiação.
e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os alimen-
tos. Também havia as loucas de barro que mantinham a frescura Condução: É o processo de transmissão de calor em que a
dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios antes energia térmica passa de um local para outro através das partículas
de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natureza do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma
criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes de local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais quente, as
produzi-lo artificialmente. partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com
Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizi-
a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin- nha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia
cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri- para a seguinte e assim sucessivamente.
car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque- Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em
cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar
aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi-
e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis- nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma
tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro
de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am-
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi- biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, uma
cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec- vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.
ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos: Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída
- Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta- de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua
lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio consequente substituição por parte do ar quente situado no am-
refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso,
denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com calor
mais uniforme. e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de
- Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri- sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par- com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior
te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do
modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quando princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou
o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o in- congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado
verno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local
baixo, forçando o ar quente em direção ao solo. a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente
- Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta- mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par-
lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente, te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma
por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe- mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor-
rior desce e sofre aquecimento por convecção. reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização da
convecção natural
Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on-
das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode ser
corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espaço medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é possível
que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou de um
através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão de calor corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente
através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indicadores de
do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a proprieda-
também em meios materiais. de que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se conforme
Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para esse funcio-
calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por namento utilizam-se, também, as variações de pressão que alguns
exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do fluidos apresentam quando submetidos a variações de temperatu-
calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili- ra. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o mercú-
zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans- rio, principalmente por não se congelarem a baixas temperaturas.
portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível, Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo
raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de
absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil.
ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle- Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon-
tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo: to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de
Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras 100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica.
são bons refletores de calor. Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in-
terior das caixas térmicas:
Relação entre temperatura e movimento molecular: Inde- - Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am-
pendentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encon- biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér-
tram-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes
comportamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido da caixa.
e gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas - Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate-
moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na
para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli- penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior
do para o líquido; e deste, para o gasoso dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas-
sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica
(exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor
não penetrará na caixa com facilidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A Componentes e elementos do sistema de refrigeração por
quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da compressão: Componentes: compressor, condensador e controle
caixa é importante para a correta conservação. A transferência do do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador,
calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra- gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es-
vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais cir-
de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água cula um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o
pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de mais comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante,
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de
interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo- um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não
binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers,
modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men- o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma
cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo mesma carcaça
reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma
barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um pe- Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um motor
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer o flui-
isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con- do refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. Durante
tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo o processo de compressão, a pressão e a temperatura do fluido re-
reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente frigerante se elevam rapidamente
depois, altera a temperatura do interior da caixa.
Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de
ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri-
gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran- gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre
de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para
temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas. líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu-
Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame
para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina.
vacina contra DTP. A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas
Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir-
alguns pontos importantes: culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como
- o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe-
da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís- rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo
ticas do material utilizado e da espessura das mesmas; dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o
- a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme. fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se
Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di- converte em líquido.
ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo
os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti-
como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores
quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora-
pelos quais se propaga; dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação
- no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas do calor, aumentando a superfície de resfriamento.
é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico verifi-
um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu- ca-se que o condensador está localizado na parte posterior, afasta-
tilizável em diferentes temperaturas e quantidade. do do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circulante
que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo
Tipos de Sistema seja completado com maior facilidade e sem interferências desfavo-
Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex- ráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por compressão
pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como (geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da parede, instalado
meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente. em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de calor,
Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica para que o condensador possa ter um rendimento elevado. Não co-
proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen- locar objetos sobre o condensador. Periodicamente, limpar o mes-
te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como mo para evitar acúmulo de pó ou outro produto que funcione como
fonte geradora de energia elétrica. isolante.

Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi-


cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador,
instalado externamente.

Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador.


Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que
retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade
residual que possa existir no sistema.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo- Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que
calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina- pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera-
lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada
pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador. automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, o
Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe- termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a pas-
quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual sagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tempe-
em sistemas comerciais e industriais. ratura é controlada manualmente através do ajuste da chama do
querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere da
Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento de-
fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula pende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um
de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven- gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o
do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do desempenho adequado.
evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra
substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro-
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante, priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através
a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas
ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi-
evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia
vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con-
pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
compressor ao condensador fechando o ciclo. de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, a
amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade até
Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com- o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do gabi-
pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais nete.
hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de
solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co- calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia,
mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos. passando do estado líquido para o gasoso.
Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni-
o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno- forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade
biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em
existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável. um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o
A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura
fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta, amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é
armazenando-a em baterias próprias através do controlador de car- retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera-
ga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive no ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente.
período sem sol. Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens:
O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de - os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen-
imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi- tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou
pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável) fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica
durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas, dos queimadores;
como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar - a manutenção do equipamento em operação satisfatória
através de um banco de baterias separado, independente do que apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de
fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir compressão;
uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua. - a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis
Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC, dificulta o uso de tal equipamento.
a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado,
quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce-
carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água a der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com-
temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é capaz bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou
congelar em um período de 24 horas. aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio
Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles
especializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con-
são observados para a escolha das localidades para instalação desse trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar
tipo de equipamento: ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador,
- remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles
de energia convencional; que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um
- que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera- termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta
dor para armazenamento; a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al- refrigeradores à compressão.
cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos;

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Temperatura: controle e monitoramento Situações de Emergência
Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar
O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos,
de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup-
para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili- ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento
zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com
não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento, termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento
máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura
de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos
é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco-
permanece fora do equipamento. mendada (refrigerador ou caixa térmica).
O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de falha
Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um equi- no equipamento.
pamento eletrônico de precisão constituído de um visor de cristal O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá-
líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas (do mo- vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno
mento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado no biológicos em caixas térmicas.
interior do equipamento, em um período de tempo. Também existe No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
disponível um modelo deste equipamento que permite a leitura das é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente exter- Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
no, com dispositivo de alarme que é acionado quando a variação Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia
de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2º e elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra-
+ 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois visores de madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário
cristal líquido, um para temperatura do equipamento e outro para a que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia-
temperatura do ambiente ta para as devidas providências.
Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca- Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon-
pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer- sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na
cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações identificação de problemas que possam comprometer a qualidade
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res-
de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados.
quente e a do momento.
Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem- Equipamentos da Rede de Frio
peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu-
térmicas de uso diário. no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri-
Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la; geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre
aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia
a extremidade superior da coluna. de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um
- Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra- potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla-
muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs- ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-
tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério
atingir +8ºC. do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den-
- O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme- tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento
tro, porém onde de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI,
- O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
(digital de momento, máxima e mínima). segurança e a saúde no trabalho”.
Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô-
metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra- ambientes especialmente construídos para armazenar produtos em
muro. baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em gran-
des volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câmaras
Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti- funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de acordo
lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno com a especificação dos produtos. Na elaboração de projetos para
biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar assessoria
em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga- do PNI considerando a complexidade, especificidade e custo deste
tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao equipamento.
atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin-
aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais
registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa- como:
dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância - paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano
e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/
alumínio;
- sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a
distribuição do ar frio pelo evaporador;

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
- compressor e condensador dispostos na área externa à câma- - a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
ra, com boa circulação de ar; com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo
- antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover
+4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com
ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos; água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano
- alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para aler- úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as
tar da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven-
equipamento de refrigeração; ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo-
- alarme audiovisual indicador de abertura de porta; sição de estoque.
- dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um - recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção
em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro; geral das paredes e teto das câmaras frias;
- sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers); - semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon-
- Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio- sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará
namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença o visto, após análise dos mesmos.
de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei-
xadas acesas desnecessariamente. A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para
a garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato
Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di- atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem
mensões utilizam sistema de automação para controle de tempera- cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no
tura, umidade e funcionamento. manual específico de manutenção de equipamentos.
Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va- Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre-
zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu- ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperaturas
no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis,
de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. Estes
do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de validade equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento de
e apresentação. suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato
As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no corpo,
de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze- abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobi-
nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade nas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armaze-
na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio- namento é de até 80%.
lógicos: Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento
- na ausência de controle automatizado de temperatura, reco- concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável.
menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba- Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta
lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí- e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de
vel e anotar em formulário próprio; paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o
- testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de traba- ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para
lho; evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o piso
- usar equipamento de proteção individual; úmido e facilitar sua limpeza e movimentação.
- não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar
ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe- Programa Nacional de Imunização
chada a antecâmara;
- somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna Vacinação e atenção básica
registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006,
a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de caracteriza a atenção básica como “um conjunto de ações de saúde,
ar quente durante a abertura da porta; no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a prote-
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara ção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento,
está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen- a reabilitação e a manutenção da saúde”. A Estratégia de Saúde da
ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em Família (ESF), implementada a partir de 1994, é a estratégia adota-
suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona- da na perspectiva de organizar e fortalecer esse primeiro nível de
mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se atenção, organizando os serviços e orientando a prática profissional
em manual específico de manutenção de equipamentos; de atenção à família. No contexto da vacinação, a equipe da ESF re-
- observar para que a luz interna da câmara não permaneça aliza a verificação da caderneta e a situação vacinal e encaminha a
acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A população à unidade de saúde para iniciar ou completar o esquema
luz é grande fonte de calor; vacinal, conforme os calendários de vacinação. É fundamental que
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais
foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da equipes de saúde, no sentido de evitar as oportunidades perdidas
câmara foi fechada corretamente; de vacinação, que se caracterizam pelo fato de o indivíduo ser aten-
dido em outros setores da unidade de saúde sem que seja verificada
sua situação vacinal ou haja encaminhamento à sala de vacinação.

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Calendário Nacional de Vacinação Organização e funcionamento da sala de vacinação
As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de saúde são defi-
nidas nos calendários de vacinação, nos quais estão estabelecidos: Especificidades da sala de vacinação
• os tipos de vacina; A sala de vacinação é classificada como área semicrítica. Deve
• o número de doses do esquema básico e dos reforços; ser destinada exclusivamente à administração dos imunobiológicos,
• a idade para a administração de cada dose; e devendo-se considerar os diversos calendários de vacinação exis-
• o intervalo entre uma dose e outra no caso do imunobioló- tentes. Na sala de vacinação, é importante que todos os procedi-
gico cuja proteção exija mais de uma dose. Considerando o risco, a mentos desenvolvidos promovam a máxima segurança, reduzindo
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendá- o risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também
rios de vacinação com orientações específicas para crianças, adoles- para a equipe de vacinação. Para tanto, é necessário cumprir as se-
centes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. As vacinas recomen- guintes especificidades e condições em relação ao ambiente e às
dadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais instalações:
precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no • Sala com área mínima de 6 m2 . Contudo, recomenda-se uma
primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos área média a partir de 9 m2 para a adequada disposição dos equi-
posteriores. pamentos e dos mobiliários e o fluxo de movimentação em condi-
ções ideais para a realização das atividades.
Os calendários de vacinação estão regulamentados pela Por- • Piso e paredes lisos, contínuos (sem frestas) e laváveis.
taria ministerial nº 1.498, de 19 de julho de 2013, no âmbito do • Portas e janelas pintadas com tinta lavável.
Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território na- • Portas de entrada e saída independentes, quando possível.
cional, sendo atualizados sistematicamente por meio de informes e • Teto com acabamento resistente à lavagem.
notas técnicas pela CGPNI. Nas unidades de saúde, os calendários e • Bancada feita de material não poroso para o preparo dos in-
os esquemas vacinais para cada grupo-alvo devem estar disponíveis sumos durante os procedimentos.
para consulta e afixados em local visível. • Pia para a lavagem dos materiais.
• Pia específica para uso dos profissionais na higienização das
Fatores que influenciam a resposta imune mãos antes e depois do atendimento ao usuário.
• Nível de iluminação (natural e artificial), temperatura, umida-
Fatores relacionados ao vacinado de e ventilação natural em condições adequadas para o desempe-
-Idade nho das atividades.
-Gestação • Tomada exclusiva para cada equipamento elétrico
-Amamentação • Equipamentos de refrigeração utilizados exclusivamente para
-Reação Anafilática conservação de vacinas, soros e imunoglobulinas, conforme as nor-
-Paciente Imunodeprimido mas do PNI nas três esferas de gestão.
-Uso de Antitérmico Profilático. • Equipamentos de refrigeração protegidos da incidência de
luz solar direta.
Equipe de vacinação e funções básicas • Sala de vacinação mantida em condições de higiene e lim-
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equi- peza.
pe de enfermagem treinada e capacitada para os procedimentos de
manuseio, conservação, preparo e administração, registro e descar- Administração dos imunobiológicos
te dos resíduos resultantes das ações de vacinação. Na administração dos imunobiológicos, adote os seguintes pro-
A equipe de vacinação é formada pelo enfermeiro e pelo téc- cedimentos:
nico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois • Verifique qual imunobiológico deve ser administrado, confor-
vacinadores para cada turno de trabalho. O tamanho da equipe me indicado no documento pessoal de registro da vacinação (cartão
depende do porte do serviço de saúde, bem como do tamanho da ou caderneta) ou conforme indicação médica.
população do território sob sua responsabilidade. • Higienize as mãos antes e após o procedimento
Tal dimensionamento também pode ser definido com base na
previsão de que um vacinador pode administrar com segurança cer- Examine o produto, observando a aparência da solução, o esta-
ca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas adminis- do da embalagem, o número do lote e o prazo de validade.
tradas pela via oral por hora de trabalho.
A equipe de vacinação participa ainda da compreensão da si- Cuidados com os resíduos da sala de vacinação
tuação epidemiológica da área de abrangência na qual o serviço de O resíduo infectante deve receber cuidados especiais nas fases
vacinação está inserido, para o estabelecimento de prioridades, a de segregação, acondicionamento, coleta, tratamento e destino fi-
alocação de recursos e a orientação programática, quando neces- nal. Para este tipo de resíduo, o trabalhador da sala de vacinação
sário. deve:
O enfermeiro é responsável pela supervisão ou pelo monito- • Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortan-
ramento do trabalho desenvolvido na sala de vacinação e pelo pro- te os frascos vazios de imunobiológicos, assim como aqueles que
cesso de educação permanente da equipe. devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos ou-
tros resíduos perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas).
O trabalhador deve observar a capacidade de armazenamento da
caixa coletora, definida pelo fabricante, independentemente do nú-
mero de dias trabalhados.
• Acondicionar as caixas coletoras em saco branco leitoso.

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
• Encaminhar o saco com as caixas coletoras para a Central de A administração de vacinas por via parenteral não requer para-
Material e Esterilização (CME) na própria unidade de saúde ou em mentação especial para a sua execução. A exceção se dá quando o
outro serviço de referência, conforme estabelece a Resolução nº vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade
358/2005 do Conama, a fim de que os resíduos sejam inativados nas mãos. Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização
• A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico
(normatização, planejamento, avaliação e financiamento) direcio- quanto do usuário.
nada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua
vez, representa o processo logístico (recebimento, armazenamento, Nota:
distribuição e transporte) da Rede de Frio. A sala de vacinação é a • A administração de soros por via endovenosa requer o uso
instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacina- de luvas, assim como a assepsia da pele do usuário.
ção propriamente ditos são executados mediante ações de rotina,
campanhas e outras estratégias. • Na sala de vacinação, todas as va- Via intradérmica (ID) Na utilização da via intradérmica, a vacina
cinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC. é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele. Esta
via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O
Organização dos imunobiológicos na câmara refrigerada volume máximo a ser administrado por esta via é 0,5 mL. A vacina
O estoque de imunobiológicos no serviço de saúde não deve BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por
ser maior do que a quantidade prevista para o consumo de um mês, exemplo, são administradas pela via intradérmica. Para facilitar a
a fim de reduzir os riscos de exposição dos produtos a situações que identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vaci-
possam comprometer sua qualidade. Os imunobiológicos devem na BCG seja administrada na inserção inferior do músculo deltoide
ser organizados em bandejas sem que haja a necessidade de dife- direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal
renciá-los por tipo ou compartimento, uma vez que a temperatura procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide
se distribui uniformemente no interior do equipamento. Entretan- esquerdo.
to, os produtos com prazo de validade mais curto devem ser dispos- Via subcutânea (SC) Na utilização da via subcutânea, a vacina é
tos na frente dos demais frascos, facilitando o acesso e a otimização introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea da pele.
da sua utilização. Orientações complementares sobre a organização O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,5 mL. São
dos imunobiológicos na câmara refrigerada constam no Manual de exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo,
Rede de Frio (2013). Abra o equipamento de refrigeração com a caxumba e rubéola e vacina febre amarela (atenuada). Alguns locais
menor frequência possível. são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do
deltoide no terço proximal;
Procedimentos segundo as vias de administração dos imuno- -a face superior externa do braço;
biológicos -a face anterior e externa da coxa; e
Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante -a face anterior do antebraço.
custo-efetivos em saúde pública. Sua eficácia e segurança, entretan-
to, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua adminis- Via intramuscular (IM) Na utilização da via intramuscular, o
tração. Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo apropria-
para a sua administração, a fim de se manter a sua eficácia plena. do para a administração o volume máximo até 5 mL. São exemplos
de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria,
Via oral A via oral é utilizada para a administração de substân- tétano, pertussis, Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepa-
cias que são absorvidas no trato gastrintestinal com mais facilidade tite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano adulto;
e são apresentadas, geralmente, em forma líquida ou como dráge- vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina
as, cápsulas e comprimidos. O volume e a dose dessas substâncias pneumocócica 10 valente (conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e
são introduzidos pela boca. São exemplos de vacinas administradas 3 (inativada). As regiões anatômicas selecionadas para a injeção in-
por tal via: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) e vacina rotavírus tramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e de vasos
humano G1P1[8] (atenuada). sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo
deltoide são as áreas mais utilizadas.
Via parenteral A maior parte dos imunobiológicos ofertados
pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de administração Notas:
parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imuno- • A região glútea é uma opção para a administração de deter-
biológico será administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmi- minados tipos de soros (antirrábico, por exemplo) e imunoglobuli-
ca, subcutânea, intramuscular e endovenosa. nas (anti-hepatite B e varicela, como exemplos).
Esta última é exclusiva para a administração de determinados • A área ventroglútea é uma região anatômica alternativa para
tipos de soros. Para a administração de vacinas, não é recomendada a administração de imunobiológicos por via intramuscular, devendo
a assepsia da pele do usuário. Somente quando houver sujidade ser utilizada por profissionais capacitados.
perceptível, a pele deve ser limpa utilizando-se água e sabão ou
álcool a 70%, no caso de vacinação extramuros e em ambiente hos- Calendários de Vacinação
pitalar O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo
Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/
Nota: MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes-
• Quando usar o álcool a 70% para limpeza da pele, friccione o se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por
algodão embebido por 30 segundos e, em seguida, espere mais 30 12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a
segundos para permitir a secagem da pele, deixando-a sem vestí- terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação
gios do produto, de modo a evitar qualquer interferência do álcool da rede pública.
no procedimento.

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério 5 meses
da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi-
nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses, Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
devido a necessidade local. pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose

Calendário Nacional de Vacinação 6 meses

Criança Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-


ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio-
mielite) – 3ª dose
9 meses

Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela)

12 meses

Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose


Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási- Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia,
ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) –
cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se Reforço
perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço
no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15
vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade. 15 meses

Ao nascer DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie-
BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de lite) – 1º reforço
tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose Hepatite A – uma dose
única Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/ca-
Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer tapora) - Uma dose

2 meses 4 anos

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie-
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- lite) - 2º reforço
mielite) – 1ª dose Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia, Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen-
dose za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
Adolescente
3 meses

Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa-


da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose

4 meses

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-


ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza-
mielite) – 2ª dose da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia, precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda-
dose das a adolescentes:
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Meninas 9 a 14 anos Idoso

HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e


verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

Meninos 11 a 14 anos

HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e


verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

11 a 14 anos São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou


mais, além da vacina anual contra a gripe:
Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço 60 anos ou mais
(a depender da situação vacinal anterior)
Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior)
10 a 19 anos Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior)
Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) 10 anos
Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante- Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
rior) gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de-
Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para
10 anos população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti-
(de acordo com a situação vacinal anterior) tuições fechadas.
Influenza – Uma dose (anual)
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a de- Gestante
pender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população
indígena e grupos-alvo específicos)

Adulto

A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir do-


enças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para gestan-
tes.
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de-
em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão pender da situação vacinal anterior)
para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa- dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif-
miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da
estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou- 20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).
tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas disponi- Influenza – Uma dose (anual)
bilizadas a adultos de 20 a 59 anos:
Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas
20 a 59 anos
Criança
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal
anterior)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar
a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Ao nascer 4 anos

BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose, DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
principalmente miliar e meníngea) Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in-
Hepatite B – dose única fantil) - 2º reforço
Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose
2 meses
5 anos
Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia in- grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
fantil) – 1ª dose (cinco) anos de idade
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose 9 anos
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
3 meses HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose anos)

4 meses Adolescente

Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose

5 meses 10 e 19 anos

Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me-
ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
6 meses - verificar a situação vacinal
Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose depender da situação vacinal anterior
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in- HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
fantil) – 3ª dose genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
anos)
9 meses Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela) der da situação vacinal
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
12 meses anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose situação vacinal
Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço Adulto
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço
20 a 59 anos
15 meses
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço tuação vacinal
Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan- Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
til) – 1º reforço situação vacinal
Hepatite A – dose única Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo- vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
der da situação vacinal
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Idoso A equipe de enfermagem desempenha um papel importante
no tratamento de feridas sendo que 80% dos casos são acompanha-
dos a nível primário ou ambulatorial onde a realização dos curati-
vos é feita pela equipe de enfermagem em um processo dinâmico e
gradativo, sendo necessário domínio no conhecimento teórico para
um acompanhamento e tratamento eficaz, pois a escolha de um
tratamento equivocado pode prolongar ainda mais o tratamento da
ferida.
Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento de
uma ferida crônica
Pacientes com Diabetes Melito (DM) e Hipertensão Arterial
60 anos ou mais Sistêmica (HAS), possuem alto potencial de desenvolver feridas
crônicas visto que complicações vasculares neste grupo são muito
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- mais que frequentes podendo ser potencializados por outros fato-
tuação vacinal res como o tabagismo e a obesidade. Esses fatores comprometem
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar a perfusão tecidual, aumentando o risco de desenvolver lesões e
situação vacinal dificultando a cicatrização quando as mesmas ocorrem.
Nos casos de pacientes acamados ou em uso de cadeira de
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- rodas o cuidado deve ser redobrado para evitar o surgimento de
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a depen- lesões por pressão que normalmente surgem devido a pressão con-
der da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo tinua em proeminências ósseas.
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que E paralelamente a estes problemas o paciente pode apresentar
vivem acamados e/ou em instituições fechadas. problemas que interferem no processo de cicatrização como idade
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 e o seu estado nutricional que se estiver comprometido dificulta o
anos processo de cicatrização prolongando seu tratamento.
A cicatrização é um processo sistêmico, isso significa que de-
Gestante pende do organismo como um todo. Por tanto, o profissional de
saúde deve se concentrar na avaliação holística do paciente ou seja
em seu estado nutricional, emocional, psicossocial e ambiental evi-
tando focar-se apenas na ferida, cabendo-lhe tirar dúvidas e escla-
recer a importância de hábitos de vida saudáveis como higiene e
controle rigoroso de doenças de base como HAS e DM.

Como são classificadas as feridas?


As feridas encontram-se de diversas classificações, sendo ne-
cessário conhecê-las para melhor abordagem terapêutica.

Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- As lesões crônicas mais comuns são:
tuação vacinal - Úlceras vasculogênicas (venosas, arteriais ou mistas);
Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor- - Pé diabético;
do com a situação vacinal - Lesão por doenças autoimunes;
dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada - Estomas;
gestação a partir da 20ª semana - Feridas oncológicas;

Como o enfermeiro deve avaliar uma ferida?


O enfermeiro ao realizar a avaliação da ferida, deve avaliar
REALIZAÇÃO DE CURATIVOS todo seu aspecto a fim de decidir qual o melhor tratamento a ser
seguido.Alguns elementos devem ser avaliados e registrados para
Teoria e prática do cuidado de feridas e ostomias garantir um tratamento adequado, cada um dos itens a seguir de-
A prática no cuidado ao paciente portador de ferida crônica é vidamente registrados facilitam posteriormente a avaliação do pro-
uma especialidade dentro da enfermagem, reconhecida pela Socie- fissional:
dade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBEND) e Asso- • Área de abrangência e extensão da lesão: define a área
ciação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST). onde está localizada a lesão através de medidas de largura e com-
A resolução do COFEN nº 0501/2015 regulamenta a competên- primento, devendo ser anotados periodicamente para realização de
cia da equipe de enfermagem no cuidado as feridas. De acordo com comparação e evolução da ferida.
essa resolução cabe ao enfermeiro capacitado a avaliação e prescri- • Aspecto da área adjacente: a área que se estende ao re-
ção de coberturas para tratamento das feridas crônicas. dor da ferida (perilesional) deve ser observada especificando se ela
encontra-se: integra, lacerada, macerada, com presença de eczema,
celulite, edema, corpos estranhos ou sujidades.
• Aspecto da lesão: tipo de tecido predominante (granula-
ção\esfacelo\recrose).

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
• Características do Exsudato: importante durante a avalia- Curativos
ção, observar a presença de exsudato, a quantidade e a qualidade
tem ligação direta a suas condições, devendo portanto ser eviden- Os fatores que influenciam a cicatrização de lesões são:
ciado o tipo de exsudato, coloração o volume , se muito ou pouco, Idade: a circulação sanguínea e a concentração de oxigênio no
se fluido ou espesso, purulento, hemático, seroso ou serossanguio , local da lesão são prejudicadas pelo envelhecimento, e o risco de
além da presença ou não de odor. infecção é maior.
• Dor: Na pele encontramos uma variada rede de termina- Nutrição: a reparação dos tecidos e a resistência às infecções
ções nervosas sensitivas, nos permitindo a realizar estímulos mecâ- dependem de uma dieta equilibrada e a episódios como cirurgias,
nicos, térmicos e dolorosos provenientes de meio externo. Deve-se traumas graves, infecções e deficiências nutricionais pré-operató-
ser levado em consideração todos os aspectos relacionados a dor, a rias aumentam as exigências nutricionais;
existência ou não , tipo de dor apresentada ( pontada, queimação,
ardência ou latejante) , tempo e intensidade, se cessa com uso de Obesidade: O suprimento sanguíneo menos abundante dos te-
analgésicos e se vem acompanhada de sinais flogísticos. cidos adiposos impede o envio de nutrientes e elementos celulares
• Infecção: a pele representa uma barreira consideravel- necessários à cicatrização normal;
mente eficaz contra agentes patogênicos, quando ocorre uma lesão Extensão da lesão: lesões mais profundas, envolvendo maior
essa barreira é rompida facilitando a penetração de agentes pato- perda de tecido, cicatrizam mais vagarosamente e por segunda in-
gênicos. Os mais comuns são Staphylococcus e Streptococcus, sa- tenção, sendo susceptíveis a infecções; imunossupressão.
be-se que alguns microrganismos estão se tornando cada vez mais Redução da defesa imunológica contribui para uma cicatriza-
resistentes como Staphylococcus aureus e Streptococcus aureus, ção deficiente;
podendo causar graves prejuízos a ferida e ao paciente, retardan- Diabetes: o paciente portador de diabetes tem alteração vas-
do o processo de cicatrização. A identificação precoce de infecção cular que prejudica a perfusão dos tecidos e sua oxigenação; além
nas feridas é fundamental para determinar o tratamento com co- disso, a glicemia aumentada altera o processo de cicatrização, ele-
berturas apropriadas e remover os tecidos desvitalizados. Deve-se vando o risco de infecção.
identificar sinais clínicos de infecção como a presença de exsudato Curativo: É o tratamento utilizado para promover a cicatrização
purulento com odor. É imprescindível avaliar e registrar a presença de ferida, proporcionando um meio adequado para este processo.
dos sinais de inflamação: rubor, calor, edema e febre. Sua escolha dependerá do tipo e condições clínicas da ferida. Os
• Evolução: A maioria dos serviços especializados em trata- critérios para o curativo ideal foram definidos por Turner, citado por
mento de feridas possuem protocolos bem delineados com formu- Dealey:
lários apropriados com informações do estado geral de saúde do - Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, o que pro-
paciente proporcionando evolução a resposta do tratamento pro- move epitelização mais rápida, diminuição significativa da dor e au-
posto e possibilitando o detalhamento do aspecto da ferida. Todos mento do processo de destruição natural dos tecidos necrosados.
os itens acima descritos devem constar no registro diário da evolu- -Remover o excesso de exsudação, objetivando evitar a mace-
ção da lesão. ração de tecidos circunvizinhos;
-Permitir troca gasosa ressalte-se que a função do oxigênio em
Em modo geral a característica do tecido encontrado na ferida relação às feridas ainda não está muito esclarecida;
nos mostra a recuperação ou a piora da ferida com potencial de -Fornecer isolamento térmico, pois a manutenção da tempera-
impedir novo crescimento celular dificultando o processo de cicatri- tura constante a 37ºC estimula a atividade da divisão celular duran-
zação. Alguns tecidos podem ser vitalizados quando vascularizados te o processo de cicatrização;
apresentam-se de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor. Muitas -Ser impermeável às bactérias, funcionando como uma barrei-
feridas podem apresentar tecidos mistos, devendo ser levado em ra mecânica entre a ferida e o meio ambiente.
consideração o tecido predominante no leito da lesão. -Estar isento de partículas e substâncias tóxicas contaminado-
ras de feridas, o que pode renovar ou prolongar a reação inflamató-
Quais são os aspectos a serem considerados na realização do ria, afetando a velocidade de cicatrização;
curativo? -Permitir a retirada sem provocar traumas, os quais com fre-
Alguns princípios básicos devem ser seguidos para realização de quência ocorrem quando o curativo adere à superfície da ferida;
curativos: nessas condições, a remoção provoca uma ruptura considerável de
- Lavagem das mãos antes e depois do procedimento; tecido recém-formado, prejudicando o processo de cicatrização.
- Comunicar ao paciente o procedimento que será realizado e
explicar o tratamento em curso; O curativo aderido à ferida deve ser retirado após umedeci-
- A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico 0,9%; mento com solução fisiológica (composta por água e cloreto de só-
- Avaliar se a técnica deve ser estéril ou limpa; dio), sem esfregá-la ou atritá-la.
- Não secar o leito da ferida; Desbridamento - retirada de tecido necrosado, sem vitalidade,
- Utilizar coberturas que favorecem a cicatrização, mantendo utilizando cobertura com ação desbridante ou retirada mecânica
meio úmido ; com pinça, tesoura ou bisturi.
- Preencher cavidades ; Exsudação - é o extravasamento de líquido da ferida, devido ao
- Proteger as bordas da ferida; aumento da permeabilidade capilar.
- Ocluir com material hipoalergênico; Maceração - refere-se ao amolecimento da pele que geralmen-
- Desbridar quando necessário; te ocorre em torno das bordas da ferida, no mais das vezes devido
- Utilizar cobertura conforme a apresentação do tecido; à umidade excessiva.
- Registrar em prontuário o procedimento realizado e a evolu-
ção da ferida.

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A troca de curativos pode baixar a temperatura da superfície Antissépticos
em vários graus. Por isso, as feridas não devem ser limpas com so- São formulações cuja função é matar os microrganismos ou
luções frias e nem permanecerem expostas por longos períodos de inibir seu crescimento quando aplicadas em tecidos vivos. Os antis-
tempo. Um curativo encharcado ou vazando favorece o movimento sépticos recomendados são álcool a 70%, clorexidina tópica e PVP-
das bactérias em ambas as direções, ferida e meio ambiente, de- -I tópico. Atualmente, não são recomendados o hexaclorofeno, os
vendo, portanto, ser trocado imediatamente. Não se deve usar al- mercuriais orgânicos, o quaternário de amônia, o líquido de Dakin,
godão ou qualquer gaze desfiada. a água oxigenada e o éter.

Tipos de Curativos Realizando Curativo Através de Irrigação com Solução Fisio-


Atualmente, existem muitos curativos com formas e proprie- lógica
dades diferentes. Para se escolher um curativo faz-se necessário, Hoje, os especialistas adotam e indicam a limpeza de feridas
primeiramente, avaliar a ferida, aplicando o que melhor convier ao através de irrigação com solução fisiológica morna e sob pressão,
estágio em que se encontra, a fim de facilitar a cura. Deve-se limpar utilizando-se seringa de 20 ml conectada à agulha de 40 x 12, o que
as feridas antes da colocação de cobertura com solução fisiológica fornece uma pressão capaz de remover partículas, bactérias e ex-
a 0,9%, morna, aplicada sob pressão. Algumas coberturas podem sudatos.
permanecer por vários dias e as trocas dependerão da indicação do
fabricante e evolução da ferida. Para completa eficácia, a agulha deve estar o mais próximo
Alginatos possível da ferida. Após a limpeza por esse método, deve-se secar
São derivados de algas marinhas e, ao interagirem com a ferida, apenas a pele íntegra das bordas e aplicar a cobertura indicada no
sofrem alteração estrutural: as fibras de alginato transformam-se leito da ferida, usando técnica asséptica.
em um gel suave e hidrófilo à medida que o curativo vai absorvendo
a exsudação. Esse tipo de cobertura é indicado para feridas com alta Realizando Curativo com Pinças
ou moderada exsudação e necessita de cobertura secundária com Material necessário: bandeja, pacote de curativo composto por
gaze e fita adesiva. pinças anatômicas e Kely estéreis, gazes estéreis, adesivos (micro-
pore, esparadrapo ou similar), cuba-rim, solução fisiológica morna,
Carvão ativado cobertura ou solução prescrita, luvas de procedimento (devido à
Cobertura composta por tecido de carvão ativado, impregnado presença de secreção, sangue.).
com prata - que exerce ação bactericida e envolto por uma camada Executar o procedimento em condições ambientais favoráveis
de não-tecido, selada em toda a sua extensão. Muito eficaz em feri- (com privacidade, boa iluminação, equipamentos e acessórios dis-
das com mau odor, é indicada para cobertura das feridas infectadas poníveis, material devidamente preparado, dentre outros), que
exsudativas, com ou sem odor. Também necessita de cobertura se- evitem a disseminação de microrganismos. Preparar o paciente e
cundária com gaze e fita adesiva. orientá-lo sobre o procedimento.
No desenvolvimento de um curativo, observar o princípio de
Hidrocolóide assepsia, executando a limpeza da lesão a partir da área menos
As coberturas de hidrocoloides são impermeáveis à água e às contaminada e manuseando o material (pacote de curativo, pinças,
bactérias e isolam o leito da ferida do meio externo. Evitam o resse- luvas estéreis) com técnica asséptica. Ao realizar curativo com pin-
camento, a perda de calor e mantêm um ambiente úmido ideal para ça, utilizar luvas estéreis se a ferida for extensa ou apresentar muita
a migração de células. Indicada para feridas com pouca ou modera- secreção ou sangue.
da exsudação, podendo ficar até 7 dias. Para realizar um curativo de ferida limpa, inicie a limpeza de
dentro para fora (bordas); para um curativo de ferida contaminada
Hidrogel o procedimento é inverso, ou seja, de fora para dentro.
Proporciona um ambiente úmido oclusivo favorável para o pro- Orientar o paciente quanto à técnica de realização do curativo
cesso de cicatrização, evitando o ressecamento do leito da ferida e e suas possíveis adaptações no domicílio é imprescindível à conti-
aliviando a dor. Indicada para uso em feridas limpas e não infecta- nuidade de seu tratamento e estimula o autocuidado.
das, tem poder de desbridamento nas áreas de necrose. Quando do registro do procedimento, o profissional deve ca-
racterizar a reação do paciente, condições da pele, aspectos da feri-
Filmes da e tipo de curativo aplicado, destacando as substâncias utilizadas.
Tipo de cobertura de poliuretano. Promove ambiente de cica-
trização úmido, mas não apresenta capacidade de absorção. Não Realizando o Curativo com Luva Estéril
deve ser utilizado em feridas infectadas. O material a ser utilizado é o mesmo do curativo com pinça,
excluindo – se o pacote de curativo.
Papaína Utilizando-se a luva de procedimento, retirar a cobertura do
A papaína é uma enzima proteolítica proveniente do látex das curativo. Em seguida, abrir utilizá-lo como campo estéril. Calçar a
folhas e frutos do mamão verde adulto. Agem promovendo a limpe- luva estéril, mantendo a mão predominante para manipular a gaze
za das secreções, tecidos necróticos, pus e microrganismos às vezes e a área da ferida, seguindo rigorosamente os princípios de assep-
presentes nos ferimentos, facilitando o processo de cicatrização. In- sia. Com a outra mão, manipular o material e a solução.o pacote de
dicada para feridas abertas, com tecido desvitalizado e necrosado. gaze cuidadosamente, para não contaminar seu interior.

Ácidos Graxos Essenciais (AGE)


Produto à base de óleo vegetal possui grande capacidade de
promover a regeneração dos tecidos, acelerando o processo de ci-
catrização. Indicada para prevenção de úlcera de pressão e para to-
dos os tipos de feridas, apresentando melhores resultados quando
há desbridamento prévio das lesões.

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
EQUIPE
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS, VE- Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
RIFICAÇÃO DE SINAIS VITAIS, REGISTRO NO PRON- serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
TUÁRIO, CÁLCULO DE DILUIÇÃO DE MEDICAÇÕES, estagiários.
TRANSFORMAÇÃO DE GRANDEZAS MATEMÁTICAS
(MILIGRAMAS, MILILITROS, GOTAS, HORAS, MINU- PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
TOS) E SUAS COMBINAÇÕES NO PREPARO E ADMINIS-
TRAÇÃO DE MEDICAÇÕES É a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção
médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial
Prezado candidato, o tema supracitado foi abordado em tó- de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um pro-
picos anteriores. cesso de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em pro-
tocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do
enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É acolhido
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NOS SERVIÇOS DE pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encami-
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA nhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após é en-
caminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo
Acolhimento com avaliação e classificação de risco auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta- da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no pro-
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a tocolo e classifica o usuário.
“triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este
processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível su- CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
perior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos 1 - Apresentação usual da doença;
pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
o atendimento” (BRASIL, 2002). 3 - Situação – queixa principal;
O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat. de
como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexistentes –
tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo mental,
estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do etc.);
usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
A estratégia de implantação da sistemática do Acolhimento AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten-
com Classificação de Risco possibilita abrir processos de reflexão e dimento)
aprendizado institucional de modo a reestruturar as práticas assis- • Queixa principal
tenciais e construir novos sentidos e valores, avançando em ações • Início – evolução – tempo de doença
humanizadas e compartilhadas, pois necessariamente é um traba- • Estado físico do paciente
lho coletivo e cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade • Escala de dor e de Glasgow
ao incorporar critérios de avaliação de riscos, que levam em conta • Classificação de gravidade
toda a complexidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de so- • Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
frimento dos usuários e seus familiares, a priorização da atenção • Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2
no tempo, diminuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e
internações. A Classificação de Risco deve ser um instrumento para
melhor organizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de
entrada de urgência/emergência, gerando um atendimento resolu-
tivo e humanizado.

MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
2 - Humanizar o atendimento;
3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.

OBJETIVOS
•Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur-
gência/emergência;
• Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;
• Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
• Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos ser-
viços de urgência/emergência

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura são
características que determinam a qualidade da informação, fun-
damentais para que todo o Sistema de Vigilância Epidemiológica
apresente bom desempenho. Dependem da concepção apresenta-
da pelo Sistema de Informação em Saúde (SIS), e sua sensibilidade
para captar o mais precocemente possível as alterações que podem
ocorrer no perfil de morbimortalidade de uma área, e também da
organização e cobertura das atividades desenvolvidas pela vigilân-
cia epidemiológica.
Entende-se sistema como o “conjunto integrado de partes que
se articulam para uma finalidade comum.” Para sistema de informa-
ção existem várias definições, tais como:
• “conjunto de unidades de produção, análise e divulgação de
dados que atuam integradas e articuladamente com o propósito de
atender às demandas para o qual foi concebido”;
• “reunião de pessoas e máquinas, com vistas à obtenção e
processamento de dados que atendam à necessidade de informa-
ção da instituição que o implementa”;
• “conjunto de estruturas administrativas e unidades de produ-
ção, perfeitamente articuladas, com vistas à obtenção de dados me-
diante o seu registro, coleta, processamento,análise, transformação
em informação e oportuna divulgação”.

Em síntese, um sistema de informação deve disponibilizar o su-


porte necessário para que o planejamento, decisões e ações dos
gestores, em determinado nível decisório (municipal, estadual e
federal), não se baseie em dados subjetivos, conhecimentos ultra-
passados ou conjecturas.
O SIS é parte dos sistemas de saúde; como tal, integra suas
estruturas organizacionais e contribui para sua missão. É constitu-
ído por vários sub sistemas e tem como propósito geral facilitar a
formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde,
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA EM TERRI- subsidiando o processo de tomada de decisões. Para tanto, deve
TÓRIO NACIONAL contar com os requisitos técnicos e profissionais necessários ao
planejamento, coordenação e supervisão das atividades relativas à
Notificação Compulsória de Doenças coleta, registro, processamento, análise, apresentação e difusão de
A informação é instrumento essencial para a tomada de de- dados e geração de informações.
cisões. Nesta perspectiva, representa imprescindível ferramenta à Um de seus objetivos básicos, na concepção do Sistema Único
vigilância epidemiológica, por constituir fator desencadeador do de Saúde (SUS), é possibilitar a análise da situação de saúde no ní-
processo “informação-decisão-ação”, tríade que sintetiza a dinâ- vel local tomando como referencial microrregiões homogêneas e
mica de suas atividades que, como se sabe, devem ser iniciadas a considerando, necessariamente, as condições de vida da população
partir da informação de um indício ou suspeita de caso de alguma na determinação do processo saúde-doença. O nível local tem, en-
doença ou agravo. tão, responsabilidade não apenas com a alimentação do sistema de
Dado − é definido como “um valor quantitativo referente a informação em saúde mas também com sua organização e gestão.
um fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não sofreu Deste modo, outro aspecto de particular importância é a concepção
qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria-prima do sistema de informação, que deve ser hierarquizado e cujo fluxo
da produção de informação”. ascendente dos dados ocorra de modo inversamente proporcional
Informação − é entendida como “o conhecimento obtido a par- à agregação geográfica, ou seja, no nível local faz-se necessário dis-
tir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da análise e por, para as análises epidemiológicas, de maior número de variá-
combinação de vários dados”, o que implica em interpretação, por veis.
parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, associada Felizmente, os atuais recursos do processamento eletrônico es-
a um referencial explicativo sistemático”. tão sendo amplamente utilizados pelos sistemas de informação em
saúde, aumentando sua eficiência na medida em que possibilitam a
Não se deve perder de vista que a informação em saúde é o obtenção e processamento de um volume de dados cada vez maior,
esteio para a gestão dos serviços, pois orienta a implantação, acom- além de permitirem a articulação entre diferentes subsistemas.
panhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde e das Entre os sistemas nacionais de informação em saúde existen-
ações de prevenção e controle de doenças. São também de inte- tes, alguns se destacam em razão de sua maior relevância para a
resse dados/informações produzidos extra-setorialmente, cabendo vigilância epidemiológica:
aos gestores do Sistema a articulação com os diversos órgãos que
os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo re-
gular de informação em cada nível do setor saúde.

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) Além notificação compulsória;
O mais importante sistema para a vigilância epidemiológica foi • casos agregados das doenças constantes da lista de notifica-
desenvolvido entre 1990 e 1993, visando sanar as dificuldades do ção compulsória, mas cujo volume.
Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNCD) e substituí- • acompanhamento de surtos, reproduzidos pelos municípios,
-lo, tendo em vista o razoável grau de informatização disponível no e os boletins de acompanhamento de hanseníase e tuberculose,
país. O Sinan foi concebido pelo Centro Nacional de Epidemiologia, emitidos pelo próprio sistema.
com o apoio técnico do Datasus e da Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte para ser operado a partir das unidades de saúde, con- A impressão, distribuição e numeração desses formulários é de
siderando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos responsabilidade do estado ou município. O sistema conta, ainda,
de notificação em todo o território nacional, desde o nível local. com dessas fichas, o sistema também possui planilha e boletim de
Mesmo que o município não disponha de microcomputadores em constantes da lista de módulos para cadastramento de unidades
suas unidades, os instrumentos deste sistema são preenchidos nes- notificadoras, população e logradouros, dentre outros.
te nível e o processamento eletrônico é feito nos níveis centrais das
secretarias municipais de saúde (SMS), regional ou secretarias esta- Após o preenchimento dos referidos formulários, as fontes
duais (SES). É alimentado, principalmente, pela notificação e inves- notificadoras deverão encaminhá-los para o primeiro nível informa-
tigação de casos de doenças e agravos constantes da lista nacional tizado. A partir daí, os dados serão enviados para os níveis hierár-
de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados quicos superiores por meio magnético (arquivos de transferência
e municípios incluir outros problemas de saúde regionalmente im- gerados pelo Sistema).
portantes Por isso, o número de doenças e agravos contemplados Casos de hanseníase e tuberculose, além do preenchimento
pelo Sinan, vem aumentando progressivamente desde seu proces- da ficha de notificação/investigação, devem constar do boletim de
so de implementação, em 1993, sem relação direta com a compul- acompanhamento, visando a atualização de seu acompanhamento
soriedade nacional da notificação, expressando as diferenças regio- até o encerramento para avaliação da efetividade do tratamento,
nais de perfis de morbidade registradas no Sistema. de acordo com as seguintes orientações:
No Sinan, a entrada de dados ocorre pela utilização de alguns • o primeiro nível informatizado deve emitir o Boletim de
formulários padronizados: Acompanhamento de Hanseníase e Tuberculose, encaminhando-o
Ficha Individual de Notificação (FIN) − é preenchida para cada às unidades para complementação dos dados;
paciente, quando da suspeita de problema de saúde de notificação • os meses propostos para a alimentação da informação são,
compulsória (Portaria GM nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003) ou no mínimo: janeiro, abril, julho e outubro, para a tuberculose; janei-
de interesse nacional, estadual ou municipal, e encaminhada pelas ro e julho, para a hanseníase.
unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e/ • cabe ao 1º nível informatizado emitir o boletim de acompa-
ou vigilância epidemiológica. nhamento para os municípios não-informatizados;
• após retornar das unidades os boletins devem ser analisados
É também utilizada para a notificação negativa. criticamente e as correções devem ser solicitadas de imediato à uni-
Notificação negativa − é a notificação da não-ocorrência de do- dade de saúde;
enças de notificação compulsória na área de abrangência da unida- • a digitação das informações na tela de acompanhamento e
de de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância da arquivamento dos boletins deve ser realizada no 1º nível informa-
área estão alertas para a ocorrência de tais eventos. tizado.
A notificação de surtos também deve ser feita por esse instru-
mento, obedecendo os seguintes critérios: Preconiza-se que em todas as instâncias os dados aportados
• casos epidemiologicamente vinculados de agravos inusitados. pelo Sinan sejam consolidados e analisados e que haja uma retroali-
Sua notificação deve estar consoante com a abordagem sindrômica, mentação dos níveis que o precederam, além de sua redistribuição,
de acordo com as seguintes categorias: síndrome diarreica aguda, segundo local de residência dos pacientes objetos das notificações.
síndrome ictérica aguda, síndrome hemorrágica febril aguda, sín- No nível federal, os dados do Sinan são processados, analisados jun-
drome respiratória aguda, síndrome neurológica aguda e síndrome tamente com aqueles que chegam por outras vias e divulgados pelo
da insuficiência renal aguda, dentre outras; Boletim Epidemiológico do SUS e informes epidemiológicos eletrô-
• casos agregados, constituindo uma situação epidêmica de nicos, disponibilizados no site www.saude.gov.br.
doenças não de notificações operacionalmente inviabiliza o seu re- Ao contrário dos demais sistemas, em que as críticas de con-
gistro individualizado. sistência são realizadas antes do seu envio a qualquer outra esfera
de governo, a necessidade de desencadeamento imediato de uma
Ficha Individual de Investigação (FII) − na maioria das vezes ação faz com que, nesse caso, os dados sejam remetidos o mais
configura-se como roteiro de investigação, distinto para cada tipo rapidamente possível, ficando a sua crítica para um segundo mo-
de agravo, devendo ser utilizado, preferencialmente, pelos serviços mento − quando do encerramento do caso e, posteriormente, o da
municipais de vigilância ou unidades de saúde capacitadas para a análise das informações para divulgação. No entanto, apesar desta
realização da investigação epidemiológica. Esta ficha, como referido peculiaridade, esta análise é fundamental para que se possa garan-
no tópico sobre investigação de surtos e epidemias, permite obter tir uma base de dados com qualidade, não podendo ser relegada a
dados que possibilitam a identificação da fonte de infecção e me- segundo plano, tendo em vista que os dados já foram encaminha-
canismos de transmissão da doença. Os dados, gerados nas áreas dos para os níveis hierárquicos superiores.
de abrangência dos respectivos estados e municípios, devem ser A partir da alimentação do banco de dados do Sinan, pode-se
consolidados e analisados considerando aspectos relativos à organi- calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem
zação, sensibilidade e cobertura do próprio sistema de notificação, como realizar análises de acordo com as características de pessoa,
bem como os das atividades de vigilância epidemiológica. tempo e lugar, particularmente no que tange às doenças transmis-
síveis de notificação obrigatória, além de outros indicadores epide-
miológicos e operacionais utilizados para as avaliações local, muni-
cipal, estadual e nacional.

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As informações da ficha de investigação possibilitam maior co- tamentos irregulares, em cemitérios clandestinos (e eventualmente
nhecimento acerca da situação epidemiológica do agravo investi- mesmo em cemitérios oficiais), o que afeta o conhecimento do real
gado, fontes de infecção, modo de transmissão e identificação de perfil l de mortalidade, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
áreas de risco, dentre outros importantes dados para o desenca- O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência do
deamento das atividades de controle. A manutenção periódica da evento. Embora o local de residência seja a informação comumente
atualização da base de dados do Sinan é fundamental para o acom- mais utilizada, na maioria das análises do setor saúde a ocorrência é
panhamento da situação epidemiológica dos agravos incluídos no fator importante no planejamento de algumas medidas de contro-
Sistema. Dados de má qualidade, oriundos de fichas de notificação le, como, por exemplo, no caso dos acidentes de trânsito e doenças
ou investigação com a maioria dos campos em branco, inconsistên- infecciosas que exijam a adoção de medidas de controle no local
cias nas informações (casos com diagnóstico laboratorial positivo, de ocorrência. Os óbitos ocorridos fora do local de residência serão
porém encerrado como critério clínico) e duplicidade de registros, redistribuídos, quando do fechamento das estatísticas, pelas secre-
entre outros problemas frequentemente identificados nos níveis tarias estaduais e Ministério da Saúde, permitindo, assim, o acesso
estadual ou federal, apontam para a necessidade de uma avalia- aos dados tanto por ocorrência como por residência do falecido.
ção sistemática da qualidade da informação coletada e digitada no O SIM constitui importante elemento para o Sistema Nacional
primeiro nível hierárquico de entrada de dados no Sistema, que de Vigilância Epidemiológica, tanto como fonte principal de dados,
torna possível a obtenção de dados confiáveis, indispensáveis para quando há falhas de registro de casos no Sinan, quanto como fonte
o cálculo de indicadores extremamente úteis, tais como as taxas complementar, por também dispor de informações sobre as carac-
de incidência, letalidade, mortalidade e coeficiente de prevalência, terísticas de pessoa, tempo e lugar, assistência prestada ao pacien-
entre outros. te, causas básicas e associadas de óbito, extremamente relevantes e
Roteiros para a realização da análise da qualidade da base de muito utilizadas no diagnóstico da situação de saúde da população.
dados e cálculos dos principais indicadores epidemiológicos e ope- As informações obtidas pela DO também possibilitam o deline-
racionais estão disponíveis para os agravos de notificação compul- amento do perfil de morbidade de uma área, no que diz respeito às
sória, bem como toda a documentação necessária para a correta doenças mais letais e às doenças crônicas não sujeitas à notificação
utilização do Sistema (dicionário de dados e instrucionais de preen- compulsória, representando, praticamente, a única fonte regular
chimento das fichas Manual de Normas e Rotinas e Operacional). de dados. Para as doenças de notificação compulsória, a utilização
Para que o Sinan se consolide como a principal fonte de infor- eficiente desta fonte de dados depende da verificação rotineira da
mação de morbidade para as doenças de notificação compulsória, presença desses agravos no banco de dados do SIM. Deve-se tam-
faz-se necessário garantir tanto a cobertura como a qualidade das bém checar se as mesmas constam no Sinan, bem como a evolução
informações. Sua utilização plena, em todo o território nacional, do caso para óbito.
possivelmente possibilitará a obtenção dos dados indispensáveis Uma vez preenchida a DO, quando se tratar de óbitos por cau-
ao cálculo dos principais indicadores necessários para o monitora- sas naturais, ocorridos em estabelecimento de saúde, a primeira
mento dessas doenças, gerando instrumentos para a formulação e via (branca) será da secretaria municipal de saúde (SMS); a segunda
avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o (amarela) será entregue aos familiares do falecido, para registro em
processo de tomada de decisões e contribuindo para a melhoria da Cartório de Registro Civil e emissão da Certidão de Óbito (ficando
situação de saúde da população. retida no cartório); a terceira (rosa) ficará arquivada no prontuário
Indicadores são variáveis susceptíveis à mensuração direta, do falecido. Nos óbitos de causas naturais ocorridos fora do esta-
produzidos com periodicidade definida e critérios constantes. A belecimento de saúde, mas com assistência médica, o médico que
disponibilidade de dados, simplicidade técnica, uniformidade, sin- fornecer a DO deverá levar a primeira e terceira vias para a SMS,
teticidade e poder discriminatório são requisitos básicos para sua entregando a segunda para os familiares do falecido. Nos casos de
elaboração. Os indicadores de saúde refletem o estado de saúde da óbitos de causas naturais, sem assistência médica, em locais que
população de determinada comunidade. disponham de Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), estes serão
responsáveis pela emissão da DO, obedecendo o mesmo fluxo dos
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) hospitais. Em lugares onde não exista SVO, um médico da localida-
Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de descentraliza- de deverá preencher a DO obedecendo o fluxo anteriormente refe-
ção em 1991, dispondo de dados informatizados a partir de 1979. rido para óbitos ocorridos fora do estabelecimento de saúde, com
Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a Declara- assistência médica.
ção de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, cuja emissão e Nos óbitos por causas naturais em localidades sem médicos,
distribuição para os estados, em séries prénumeradas, é de compe- o responsável pelo falecido, acompanhado de duas testemunhas,
tência exclusiva do Ministério da Saúde. Para os municípios, a dis- comparecerá ao Cartório de Registro Civil onde será preenchida a
tribuição fica a cargo das secretarias estaduais de saúde, devendo DO. A segunda via deste documento ficará retida no cartório e a
as secretarias municipais se responsabilizarem por seu controle e primeira e terceira vias serão recolhidas pela secretaria municipal
distribuição entre os profissionais médicos e instituições que a utili- de saúde. Nos óbitos por causas acidentais ou violentas, o médico
zem, bem como pelo recolhimento das primeiras vias em hospitais legista do Instituto Médico-Legal (IML) deverá preencher a DO (nos
e cartórios. locais onde não exista IML um perito é designado para tal finalida-
de), seguindo-se o mesmo fluxo adotado para os hospitais.
O preenchimento da DO deve ser realizado exclusivamente por As SMS realizarão a busca ativa dessas vias em todos os hos-
médicos, exceto em locais onde não existam, situação na qual po- pitais e cartórios, evitando a perda de registro de óbitos no SIM,
derá ser preenchida por oficiais de Cartórios de Registro Civil, as- com consequente perfil irreal da mortalidade da sua área de abran-
sinada por duas testemunhas. A obrigatoriedade de seu preenchi- gência. Nas SMS, as primeiras vias são digitadas e enviadas em dis-
mento, para todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal n° quetes para as Regionais, que fazem o consolidado de sua área e o
6.015/73. Em tese, nenhum sepultamento deveria ocorrer sem pré- enviam para as secretarias estaduais de saúde, que consolidam os
via emissão da DO. Mas, na prática, sabe-se da ocorrência de sepul- dados estaduais e os repassam para o Ministério da Saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Em todos os níveis, sobretudo no municipal, que está mais pró- É sabida a ocorrência de uma proporção razoável de subno-
ximo do evento, deve ser realizada a crítica dos dados, buscando a tificação de nascimentos, estimada em até 35% para alguns es-
existência de inconsistências como, por exemplo, causas de óbito tados, em 1999, particularmente nas regiões Norte e Nordeste −
exclusivas de um sexo sendo registradas em outro, causas perina- que nesse ano apresentaram cobertura média em torno de 80%
tais em adultos, registro de óbitos fetais com causas compatíveis do número de nascidos vivos estimado para cada região, motivo
apenas com nascidos vivos e idade incompatível com a doença. que levou as áreas responsáveis pelas estatísticas vitais a realiza-
A análise dos dados do SIM permite a construção de importan- rem uma busca ativa nas unidades emissoras de DNs. Entretanto,
tes indicadores para o delineamento do perfil de saúde de uma re- nesse mesmo período, a captação de nascimentos pelo Sinasc en-
gião. Assim, a partir das informações contidas nesse Sistema, pode- contrava-se igual ou superior a 100% em relação às estimativas
-se obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, demográficas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com índices
local de ocorrência e residência e letalidade de agravos dos quais mínimos de 87%, 90% e 96% em três estados. Tais dados revelam
se conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, in- progressiva melhoria da cobertura desse sistema, o que favorece
fantil, materna ou por qualquer outra variável contida na DO, uma sua utilização como fonte de dados para a confecção de alguns
vez que são disponibilizadas várias formas de cruzamento dos da- indicadores.
dos. Entretanto, em muitas áreas, o uso dessa rica fonte de dados é Igualmente à DO, os formulários de Declaração de Nascido Vivo
prejudicada pelo não preenchimento correto das DO, com omissão são pré numerados, impressos em três vias coloridas e distribuídos
de dados como, por exemplo, estado gestacional ou puerperal, ou às SES pela SVS/MS. As SES encarregavam se, até recentemente, e
sua distribuição aos estabelecimentos de saúde e cartórios. Apesar
pelo registro excessivo de causas mal defi nidas, prejudicando o uso
da preconização de que as SMS devem assumir esse encargo, isto
dessas informações nas diversas instâncias do sistema de saúde.
ainda não está acontecendo em todo o território nacional.
Estas análises devem ser realizadas em todos os níveis do sistema,
Nos partos ocorridos em estabelecimentos de saúde, a pri-
sendo subsídios fundamentais para o planejamento de ações dos
meira via (branca) da DN preenchida será para a SMS; a segunda
gestores. (amarela) deverá ser entregue ao responsável pela criança, para a
obtenção da Certidão de Nascimento no Cartório de Registro Civil,
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) onde ficará retida; a terceira (rosa) será arquivada no prontuário
O número de nascidos vivos constitui relevante informação da puérpera. Para os partos domiciliares com assistência médica, a
para o campo da saúde pública, pois possibilita a constituição de primeira via deverá ser enviada para a SMS e a segunda e terceira
indicadores voltados para a avaliação de riscos à saúde do segmen- vias entregues ao responsável, que utilizará a segunda via para re-
to materno-infantil, a exemplo dos coeficientes de mortalidade gistro do nascimento em cartório e a terceira para apresentação em
infantil e materna, nos quais representa o denominador. Antes da unidade de saúde onde realizar a primeira consulta da criança. Nos
implantação do Sinasc, em 1990, esta informação só era conhecida partos domiciliares sem assistência médica, a DN será preenchida
no Brasil por estimativas realizadas a partir da informação censitá- no Cartório de Registro Civil, que reterá a primeira via, a ser reco-
ria. Atualmente, são disponibilizados pela SVS, no site www.data- lhida pela SMS, e a segunda, para seus arquivos. A terceira via será
sus.gov.br, dados do Sinasc referentes aos anos de 1994 em diante. entregue ao responsável, que a destinará à unidade de saúde do
Entretanto, até o presente momento, só pode ser utilizado como primeiro atendimento da criança.
denominador, no cálculo de alguns indicadores, em regiões onde Também nesses casos as primeiras vias da DN deverão ser
sua cobertura é ampla, substituindo deste modo as estimativas cen- recolhidas ativamente pelas secretarias municipais de saúde, que
sitárias. após digitá-las envia o consolidado para as SES, onde os dados são
processados e distribuídos segundo o município de residência e, a
O Sinasc tem como instrumento padronizado de coleta de da- seguir, enviados para o MS, que os reagrupa por estados de residên-
dos a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja emissão, a exemplo cia, sendo disponibilizados pela SVS através do site www.datasus.
da DO, é de competência exclusiva do Ministério da Saúde. Tanto a gov.br e em CD-ROM. Em todos os níveis do sistema, os dados de-
emissão da DN como o seu registro em cartório serão realizados no verão ser criticados. As críticas realizadas visam detectar possíveis
município de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida nos erros de preenchimento da Declaração de Nascido Vivo ou da di-
hospitais e outras instituições de saúde que realizam parto, e nos gitação de dados. Sua validação é feita pelo cruzamento de variá-
Cartórios de Registro Civil, na presença de duas testemunhas, quan- veis para verificação de consistência, como, por exemplo, o peso do
bebê com o tempo de gestação ou a idade da mãe com a paridade.
do o nascimento ocorre em domicílio sem assistência de profissio-
A utilização dos dados deste sistema para o planejamento e to-
nal de saúde. Desde 1992 sua implantação ocorre de forma gradual.
mada de decisões nas três esferas de governo ainda é incipiente. Na
Atualmente, vem apresentando em muitos municípios um volume
maioria das vezes, como denominador para o cálculo de taxas como
maior de registros do que o publicado nos anuários do IBGE, com
as de mortalidade infantil e materna, por exemplo. Apesar disso,
base nos dados dos Cartórios de Registro Civil. alguns indicadores vêm sendo propostos − a grande maioria voltada
à avaliação de risco da mortalidade infantil e a qualidade da rede de
A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país, atenção à gravidez e ao parto.
o que, segundo conceito definido pela OMS, corresponde a “todo Entre os indicadores de interesse para a atenção à saúde ma-
produto da concepção que, independentemente do tempo de ges- terno-infantil, são imprescindíveis as informações contidas na DN:
tação ou peso ao nascer, depois de expulso ou extraído do corpo da proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nasci-
mãe, respire ou apresente outro sinal de vida tal como batimento mentos prematuros, proporção de partos hospitalares, proporção
cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos de nascidos vivos por faixa etária da mãe, valores do índice Apgar
músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a no primeiro e quinto minutos, número de consultas pré-natal rea-
placenta”. A obrigatoriedade desse registro é também dada pela Lei lizadas para cada nascido vivo, dentre outros. Além desses, podem
n° 6.015/73. No caso de gravidez múltipla, deve ser preenchida uma ainda ser calculados indicadores clássicos voltados à caracterização
DN para cada criança nascida viva. geral de uma população, como a taxa bruta de natalidade e a taxa
de fecundidade geral.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) Entre suas limitações encontram-se a cobertura dos dados (que
O SIH/SUS, que possui dados informatizados desde 1984, não depende do grau de utilização e acesso da população aos serviços
foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim com o propósi- da rede pública própria, contratada e conveniada ao SUS), ausên-
to de operar o sistema de pagamento de internação dos hospitais cia de críticas informatizadas, possibilidade das informações pouco
contratados pelo Ministério da Previdência. Posteriormente, foi es- confiáveis sobre o endereço do paciente, distorções decorrentes de
tendido aos hospitais filantrópicos, universitários e de ensino e aos falsos diagnósticos e menor número de internamentos que o ne-
hospitais públicos municipais, estaduais e federais. Nesse último cessário, em função das restrições de recursos federais – problemas
caso, somente aos da administração indireta e de outros ministé- que podem resultar em vieses nas estimativas.
rios. Contudo, ao contrário do que ocorre nos bancos de dados dos
Reúne informações de cerca de 70% dos internamentos hospi- sistemas descritos anteriormente, os dados do SIH/SUS, não podem
talares realizados no país, tratando-se, portanto, de grande fonte ser corrigidos após terem sido enviados, mesmo após investigados
das enfermidades que requerem internação, importante para o co- e confirmados erros de digitação, codificação ou diagnóstico. O
nhecimento da situação de saúde e gestão de serviços. Ressalte-se Sistema também não identifica reinternações e transferências de
sua gradativa incorporação à rotina de análise e informações de al- outros hospitais, o que, eventualmente leva a duplas ou triplas con-
guns órgãos de vigilância epidemiológica de estados e municípios. tagens de um mesmo paciente.
Apesar de todas as restrições, essa base de dados é de extrema
Seu instrumento de coleta de dados é a Autorização de Inter-
importância para o conhecimento do perfil dos atendimentos na
nação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados a partir
rede hospitalar. Adicionalmente, não pode ser desprezada a agilida-
de uma série numérica única definida anualmente em portaria mi-
de do Sistema. Os dados por ele aportados tornam-se disponíveis
nisterial. Este formulário contém, entre outros, os dados de aten-
aos gestores em menos de um mês, e cerca de dois meses para a
dimento, com os diagnósticos de internamento e alta (codificados disponibilização do consolidado Brasil. Para a vigilância epidemioló-
de acordo com a CID), informações relativas às características de gica, avaliação e controle de ações, esta é uma importante qualida-
pessoa (idade e sexo), tempo e lugar (procedência do paciente) das de para o estímulo à sua análise rotineira.
internações, procedimentos realizados, valores pagos e dados ca-
dastrais das unidades de saúde, que permitem sua utilização para Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)
fins epidemiológicos. Em 1991, o SIA/SUS foi formalmente implantado em todo o
As séries numéricas de AIHs são mensalmente fornecidas pelo território nacional como instrumento de ordenação do pagamento
Ministério da Saúde às secretarias estaduais de saúde , de acordo dos serviços ambulatoriais (públicos e conveniados), viabilizando
com o quantitativo anual estipulado para o estado, que desde o iní- aos gestores apenas a informação do gasto por natureza jurídica do
cio de 1995 é equivalente ao máximo de 9% da população residente prestador. O total de consultas e exames realizados era fornecido
(estimada pelo IBGE). por outro sistema, de finalidade puramente estatística, cujo docu-
Quando se trata de município em gestão plena do sistema, a mento de entrada de dados era o Boletim de Serviços Produzidos
cota de AIH definida pela Programação Pactuada e Integrada (PPI) é (BSP) e o único produto resultante, a publicação INAMPS em Dados.
repassada diretamente pelo Ministério da Saúde para o município. Embora tenha sofrido algumas alterações com vistas a um
O banco de dados do prestador envia as informações para o Data- melhor controle e consistência de dados, o SIA/SUS pouco mudou
sus, com cópia para a secretaria estadual de saúde. Nos municípios desde sua implantação. Por obedecer à lógica de pagamento por
em gestão plena de atenção básica, é o estado que faz a gestão da procedimento, não registra o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacien-
rede hospitalar. tes e não pode ser utilizado como informação epidemiológica, ou
Os números de AIHs têm validade de quatro meses, não sendo seja, seus dados não permitem delinear os perfis de morbidade da
mais aceitos pelo sistema. população, a não ser pela inferência a partir dos serviços utilizados.
Tal regra permite certa compensação temporal naqueles es- Entretanto, como sua unidade de registro de informações é o
tados em que a sazonalidade da ocorrência de doenças influencia procedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profis-
fortemente o número de internações. sionais, outros indicadores operacionais podem ser importantes
O banco de dados, correspondente ao cadastro de todas as uni- como complemento das análises epidemiológicas, por exemplo: nú-
mero de consultas médicas por habitante/ano; número de consul-
dades prestadoras de serviços hospitalares ao SUS credenciadas, é
tas médicas por consultório; número de exames/terapias realizados
permanentemente atualizado sempre que há credenciamento, des-
pelo quantitativo de consultas médicas.
credenciamento ou qualquer modificação de alguma característica
Desde julho de 1994 as informações relacionadas a esse siste-
da unidade de saúde.
ma estão disponíveis no site www.datasus.gov.br e por CD-ROM.
Os dados produzidos por este Sistema são amplamente dis- Ressalte-se como importante módulo o cadastramento de uni-
ponibilizados pelo site. datasus.gov.br e pela BBS (Bulletin Board dades ambulatoriais contratadas, conveniadas e da rede pública
System) do Ministério da Saúde, além de CDROMcom produção própria dos estados e municípios, bem como as informações sobre
mensal e anual consolidadas. Os arquivos disponibilizados podem profissionais por especialidade.
serde dois tipos: o “movimento”, em que constam todos os dados, Quando da análise de seus dados, deve-se atentar para as
e o “reduzido”, em que nãoaparecem os relativos aos serviços pro- questões relativas à cobertura, acesso, procedência e fluxo dos usu-
fissionais. ários dos serviços de saúde.
O SIH/SUS foi desenvolvido para propiciar a elaboração de al-
guns indicadores de avaliação de desempenho de unidades, além Outras importantes fontes de dados
do acompanhamento dos números absolutos relacionados à fre- A depender das necessidades dos programas de controle de
quência de AIHs e que vêm sendo cada vez mais utilizados pelos algumas doenças, outros sistemas de informação complementares
gestores para uma primeira aproximação da avaliação de cobertura foram desenvolvidos pelo Cenepi, tais como o FAD (Sistema de in-
de sua rede hospitalar, e até para a priorização de ações de caráter formação da febre amarela e dengue), que registra dados de infes-
preventivo. tação pelo Aedes aegypti, a nível municipal, e outros dados opera-
cionais do programa.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Outros sistemas de informação que também podem ser úteis à no que se refere ao Censo Demográfico, à Pesquisa Brasileira por
vigilância epidemiológica, embora restritos a uma área de atuação Amostragem de Domicílios – Pnad e Pesquisa Nacional de Sanea-
muito específica, quer por não terem uma abrangência nacional ou mento Básico 2000). É também importante verificar outros bancos
por não serem utilizados em todos os níveis de gestão, são: de dados de interesse à área da saúde, como os do Ministério do
Trabalho (Relação Anual de Informações Sociais/Rais) e os do Sis-
Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab) – sistema tema Federal de Inspeção do Trabalho (informações sobre riscos
de informação territorializado que coleta dados que possibilitam ocupacionais por atividade econômica), bem como fontes de dados
a construção de indicadores populacionais referentes a áreas de resultantes de estudos e pesquisas realizados por instituições como
abrangência bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes o Ipea e relatórios e outras publicações de associações de empresas
Comunitários de Saúde e Programa Saúde da Família. que atuam no setor médico supletivo (medicina de grupo, segura-
Sua base de dados possui três blocos: o cadastramento fami- doras, autogestão e planos de administração).
liar (indicadores sociodemográficos dos indivíduos e de saneamen- A maioria dos sistemas de informação ora apresentados possui
to básico dos domicílios); o acompanhamento de grupos de risco manual instrucional e modelos dos instrumentos de coleta (fichas e
(menores de dois anos, gestantes, hipertensos, diabéticos, pessoas declarações) para implantação e utilização em computador – dispo-
com tuberculose e pessoas com hanseníase); e o registro de ativida- nibilizados pela Secretaria de Vigilância em Saúde.
des, procedimentos e notificações (produção e cobertura de ações A utilização dos sistemas de informações de saúde e de outras
e serviços básicos, notificação de agravos, óbitos e hospitalizações). fontes de dados, pelos serviços de saúde e instituições de ensino
Os níveis de agregação do SIAB são: microárea de atuação do e pesquisa, dentre outras, pode ser viabilizada via Internet, propi-
agente comunitário de saúde (território onde residem cerca de 150 ciando o acesso a dados nas seguintes áreas:
famílias), área de abrangência da equipe de Saúde da Família (terri- • demografia – informações sobre população, mortalidade e
tório onde residem aproximadamente mil famílias), segmento, zo- natalidade;
nas urbana e rural, município, estado, regiões e país. Assim, o Siste- • morbidade – morbidade hospitalar e ambulatorial, registros
ma possibilita a microlocalização de problemas de saúde como, por especiais, seguro social, acidentes de trânsito, de trabalho, etc.;
exemplo, a identificação de áreas com baixas coberturas vacinais ou meio ambiente: saneamento básico, abastecimento de água, des-
altas taxas de prevalência de doenças (como tuberculose e hiper- tino dos dejetos e lixo, poluição ambiental, condições de habitação,
tensão), permitindo a espacialização das necessidades e respostas estudo de vetores;
sociais e constituindo-se em importante ferramenta para o planeja- • recursos de saúde e produção de serviços – recursos físicos,
mento e avaliação das ações de vigilância da saúde. humanos, financeiros, produção na rede de serviços básicos de saú-
de e em outras instituições de saúde, vigilância sanitária; no âmbito
Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional documental e administrativo: legislação médico-sanitária, referên-
(Sisvan) – instrumento de políticas federais, focalizadas e compen- cias bibliográficas e sistemas administrativos.
satórias. Atualmente, encontra-se implantado em aproximadamen-
te 1.600 municípios considerados de risco para a mortalidade in- Existem outros dados necessários ao município e não coletados
fantil. regularmente, que podem ser obtidos mediante de inquéritos e es-
Disponibiliza informações sobre o programa de recuperação de tudos especiais, de forma eventual e localizada.
crianças desnutridas e gestantes sob risco nutricional. Contudo, é preciso haver racionalidade na definição dos dados
a serem coletados, processados e analisados no SIS, para evitar des-
Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização perdício de tempo, recursos e descrédito no sistema de informação,
(SI-PNI) – implantado em todos os municípios brasileiros, fornece tanto pela população como pelos técnicos.
dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em campanhas, taxa
de abandono e controle do envio de boletins de imunização. Além Divulgação das informações
A retroalimentação dos sistemas deve ser considerada um dos
do módulo de avaliação do PNI, este Sistema dispõe de um subsis-
aspectos fundamentais para o contínuo processo de aperfeiçoa-
tema de estoque e distribuição de imunobiológicos.
mento, gerência e controle da qualidade dos dados.
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água
Tal prática deve ocorrer nos seus diversos níveis, de forma siste-
para Consumo Humano(Siságua) – fornece informações sobre a
mática, com periodicidade previamente definida, de modo a permi-
qualidade da água para consumo humano, proveniente dos siste-
tir a utilização das informações quando da tomada de decisão e nas
mas público e privado, e soluções alternativas de abastecimento.
atividades de planejamento, definição de prioridades, alocação de
Objetiva coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineira-
recursos e avaliação dos programas desenvolvidos. Adicionalmente,
mente, de forma a produzir informações necessárias à prática da
a divulgação das informações geradas pelos sistemas assume valor
vigilância da qualidade da água de consumo humano (avaliação da
inestimável como instrumento de suporte ao controle social, práti-
problemática da qualidade da água e definição de estratégias para ca que deve ser estimulada e apoiada em todos os níveis e que deve
prevenir e controlar os processos de sua deterioração e transmissão definir os instrumentos de informação, tanto para os profissionais
de enfermidades) por parte das secretarias municipais e estaduais de saúde como para a comunidade.
de saúde, em cumprimento à Portaria nº 36/90, do Ministério da
Saúde. Perspectivas atuais
Além das informações decorrentes dos sistemas descritos exis- Desde 1992, a SVS vem desenvolvendo, de forma descentrali-
tem outras grandes bases de dados de interesse para o setor saúde, zada, uma política de estímulo ao uso da informação e da informá-
com padronização e abrangência nacionais. Entre elas destacam-se: tica como subsídio à implantação do SUS no país.
Cadernos de Saúde e Rede Interagencial de Informação para a Saú- Para isso, adotou iniciativas junto aos estados e municípios, vi-
de/ Ripsa, da qual um dos produtos é o IDB/Indicadores e Dados Bá- sando a descentralização do uso do SIM, Sinan e Sinasc, financiou
sicos para a Saúde (acesso via www.datasus.gov.br ou www.saude. cursos de informação, epidemiologia e informática, e divulgou os
gov.br), além daquelas disponibilizadas pelo IBGE (particularmente programas EPI-Info e Epimap.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Este processo vem avançando, particularmente, a partir da im- Considerando a necessidade de padronizar os procedimentos
plantação da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde normativos relacionados à notificação compulsória no âmbito do
(NOB 01/96) e da instituição da transferência de recursos, fundo a Sistema Único de Saúde (SUS), resolve:
fundo, para o desenvolvimento de atividades na área de epidemio-
logia (Portaria MS nº 1.399/99). CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
Considerações finais
A compatibilidade das principais bases de dados dos diversos Art. 1º Esta Portaria define a Lista Nacional de Notificação Com-
sistemas de informações em saúde, com vistas à sua utilização con- pulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos servi-
junta, é meta há algum tempo buscada pelos profissionais que tra- ços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos
balham com a informação no setor saúde. A uniformização de con- termos do anexo.
ceitos e definições do Sinan, Sinasc e SIM é exemplo das iniciativas Art. 2º Para fins de notificação compulsória de importância na-
adotadas no sentido de obter a compatibilização destes sistemas cional, serão considerados os seguintes conceitos:
que, entretanto, até o momento ainda não foi totalmente atingida. I - agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do in-
divíduo, provocado por circunstâncias nocivas, tais como acidentes,
intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões
PORTARIA N° - 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016 decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus
tratos, e lesão autoprovocada;
Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, II - autoridades de saúde: o Ministério da Saúde e as Secretarias
agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios, responsáveis
e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá pela vigilância em saúde em cada esfera de gestão do Sistema Único
outras providências. de Saúde (SUS);
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no uso das atri- III - doença: enfermidade ou estado clínico, independente de
buições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano sig-
87 da Constituição, e nificativo para os seres humanos;
Considerando a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que IV - epizootia: doença ou morte de animal ou de grupo de ani-
dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológi- mais que possa apresentar riscos à saúde pública;
ca, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas V - evento de saúde pública (ESP): situação que pode constituir
relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras provi- potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência de surto ou
epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no
dências;
padrão clínico epidemiológico das doenças conhecidas, consideran-
Considerando o art. 10, incisos VI a IX, da Lei nº 6.437, de 20
do o potencial de disseminação, a magnitude, a gravidade, a seve-
de agosto de 1977, que configura infrações à legislação sanitária fe-
ridade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como epizootias
deral, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências;
ou agravos decorrentes de desastres ou acidentes;
Considerando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe
VI - notificação compulsória: comunicação obrigatória à auto-
sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;
ridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou pri-
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera-
vados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença,
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços corres- agravo ou evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo
pondentes e dá outras providências; ser imediata ou semanal;
Considerando a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que VII - notificação compulsória imediata (NCI): notificação com-
dispõe sobre o Estatuto do Idoso, alterada pela Lei nº 12.461, de 26 pulsória realizada em até 24 (vinte e quatro) horas, a partir do co-
de julho de 2011, que determina a notificação compulsória dos atos nhecimento da ocorrência de doença, agravo ou evento de saúde
de violência praticados contra o idoso atendido em estabelecimen- pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível;
tos de saúde públicos ou privados; VIII - notificação compulsória semanal (NCS): notificação com-
Considerando a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, pulsória realizada em até 7 (sete) dias, a partir do conhecimento da
que estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do ocorrência de doença ou agravo;
caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de IX - notificação compulsória negativa: comunicação semanal
saúde, públicos ou privados; realizada pelo responsável pelo estabelecimento de saúde à autori-
Considerando a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dade de saúde, informando que na semana epidemiológica não foi
regula o acesso às informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, identificado nenhuma doença, agravo ou evento de saúde pública
no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição constante da Lista de Notificação Compulsória; e
Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a X - vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada a partir
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de estabelecimento de saúde estratégico para a vigilância de morbi-
de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências; dade, mortalidade ou agentes etiológicos de interesse para a saúde
Considerando o Decreto Legislativo nº 395, publicado no Diário pública, com participação facultativa, segundo norma técnica espe-
do Senado Federal em 13 de março de 2009, que aprova o texto cífica estabelecida pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).
revisado do Regulamento Sanitário Internacional, acordado na 58ª
Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde, em 23 de maio
de 2005;
Considerando o Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011,
que dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional (ESPIN) e institui a Força Nacional do Sistema
Único de Saúde (FN-SUS); e

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
CAPÍTULO II
DA NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

Art. 3º A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos
e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.
§ 1º A notificação compulsória será realizada diante da suspeita ou confirmação de doença ou agravo, de acordo com o estabelecido
no anexo, observando-se, também, as normas técnicas estabelecidas pela SVS/MS.
§ 2º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória à autoridade de saúde competente
também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços
de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de pesquisa.
§ 3º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória pode ser realizada à autoridade de
saúde por qualquer cidadão que deles tenha conhecimento.
Art. 4º A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que
prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
Parágrafo único. A autoridade de saúde que receber a notificação compulsória imediata deverá informa-la, em até 24 (vinte e quatro)
horas desse recebimento, às demais esferas de gestão do SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou agravos constantes no
anexo.
Art. 5º A notificação compulsória semanal será feita à Secretaria de Saúde do Município do local de atendimento do paciente com
suspeita ou confirmação de doença ou agravo de notificação compulsória.
Parágrafo único. No Distrito Federal, a notificação será feita à Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Art. 6º A notificação compulsória, independente da forma como realizada, também será registrada em sistema de informação em
saúde e seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS.

CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 7º As autoridades de saúde garantirão o sigilo das informações pessoais integrantes da notificação compulsória que estejam sob
sua responsabilidade
Art. 8º As autoridades de saúde garantirão a divulgação atualizada dos dados públicos da notificação compulsória para profissionais
de saúde, órgãos de controle social e população em geral.
Art. 9º A SVS/MS e as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios divulgarão, em endereço eletrônico ofi-
cial, o número de telefone, fax, endereço de e-mail institucional ou formulário para notificação compulsória.
Art. 10. A SVS/MS publicará normas técnicas complementares relativas aos fluxos, prazos, instrumentos, definições de casos suspeitos
e confirmados, funcionamento dos sistemas de informação em saúde e demais diretrizes técnicas para o cumprimento e operacionalização
desta Portaria, no prazo de até 90 (noventa) dias, contados a partir da sua publicação.
Art. 11. A relação das doenças e agravos monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes
constarão em ato específico do Ministro de Estado da Saú- de.
Art. 12. A relação das epizootias e suas diretrizes de notificação constarão em ato específico do Ministro de Estado da Saúde.
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu- blicação. Art. 14.
Fica revogada a Portaria nº 1.271/GM/MS, de 06 de junho de 2014, publicada no Diário Oficial da União, nº 108, Seção 1, do dia 09
de junho de 2014, p. 37.
Art. 14. Fica revogada a Portaria nº 1.271/GM/MS, de 06 de junho de 2014, publicada no Diário Oficial da União, nº 108, Seção 1, do
dia 09 de junho de 2014, p. 37.
JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA

ANEXO
LISTA NACIONAL DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

Nº DOENÇA OU AGRAVO (Ordem alfabética) Periodicidade de notificação


Imediata (até 24 horas) para*
Semanal*
MS SES SMS
1 a. Acidente de trabalho com exposição a material biológico X
b. Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes X
2 Acidente por animal peçonhento X
3 Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva X
4 Botulismo X X X
5 Cólera X X X
6 Coqueluche X X
7 a. Dengue - Casos X

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
b. Dengue - Óbitos X X X
8 Difteria X X
9 Doença de Chagas Aguda X X
10 Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) X
11 a. Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza” X X
b. Doença Meningocócica e outras meningites X X
Doenças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz pneu-
12 X X X
mônico b. Tularemia c. Varíola
Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes: a. Arenavírus
13 X X X
b. Ebola c. Marburg d. Lassa e. Febre purpúrica brasileira
14 a. Doença aguda pelo vírus Zika X
b. Doença aguda pelo vírus Zika em gestante X X
c. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika X X X
15 Esquistossomose X
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública
16 X X X
(ver definição no Art. 2º desta portaria)
17 Eventos adversos graves ou óbitos pós-vacinação X X X
18 Febre Amarela X X X
19 a. Febre de Chikungunya X
b. Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão X X X
c. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya X X X
Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde
20 X X X
pública
21 Febre Maculosa e outras Riquetisioses X X X
22 Febre Tifoide X X
23 Hanseníase X
24 Hantavirose X X X

25 Hepatites virais X
26 HIV/AIDS - Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana ou Síndro- X
me da Imunodeficiência Adquirida
27 Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança X
exposta ao risco de transmissão vertical do HIV
28 Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) X
29 Influenza humana produzida por novo subtipo viral X X X
30 Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, X
gases tóxicos e metais pesados)
31 Leishmaniose Tegumentar Americana X
32 Leishmaniose Visceral X
33 Leptospirose X
34 a. Malária na região amazônica X
b. Malária na região extra Amazônica X X X
35 Óbito: a. Infantil b. Materno X
36 Poliomielite por poliovirus selvagem X X X
37 Peste X X X
38 Raiva humana X X X
39 Síndrome da Rubéola Congênita X X X

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
40 Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola X X X
41 Sífilis: a. Adquirida b. Congênita c. Em gestante X
42 Síndrome da Paralisia Flácida Aguda X X X
43 Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus a. SARS- X X X
-CoV b. MERS- CoV
44 Tétano: a. Acidental b. Neonatal X
45 Toxoplasmose gestacional e congênita X
46 Tu b e r c u l o s e X
47 Varicela - caso grave internado ou óbito X X
48 a. Violência doméstica e/ou outras violências X
b. Violência sexual e tentativa de suicídio X

* Informação adicional: Notificação imediata ou semanal seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS
estabelecido pela SVS/MS; Legenda: MS (Ministério da Saúde), SES (Secretaria Estadual de Saúde) ou SMS (Secretaria Municipal de
Saúde) A notificação imediata no Distrito Federal é equivalente à SMS.

TERMOS UTILIZADOS EM ENFERMAGEM E SEUS CONCEITOS

A
-Abcesso: coleção de pus em cavidade anormal.
-Afagia: impossibilidade de deglutir.
-Afasia: perda da palavra falada, escrita ou mímica, por alterações nos centros nervosos.
-Afonia: perda ou diminuição da voz por causas locais.
-Afecção: estado mórbido, enfermidade.
-Algesia: sensibilidade à dor.
-Algia: dor de origem subjetiva, sem lesão anatômica ou orgânica apreciável.
-Àlgico: relativo a dor, doloroso.
-Analgesia: perda da sensibilidade para a dor, conservando a sensibilidade tátil.
-Anasarca: edema generalizado.
-Anisocoria: desigualdade de diâmetro das pupilas.
-Anóxia: estado que resulta da insuficiência de oxigênio para satisfazer as necessidades normais dos tecidos.
-Antissepsia: conjunto de meios destinados a afastar ou destruir os germes patogênicos e impedir infecção.
-Anúria: supressão total da secreção urinária.
-Apatia: falta de sentimento ou interesse, indiferença, insensibilidade.
-Apirexia: falta de febre, cessação da febre.
-Apnéia: detenção temporária da respiração.
-Arritmia: irregularidade do ritmo cardíaco (número, intervalo e força das batidas).
-Atrofia: diminuição adquirida do volume e do peso de um órgão que havia alcançado seu tamanho normal.

B
-Bacteremia: presença de bactérias patogênicas no sangue.
-Bradicardia: pulsação lenta do coração (abaixo de 60bpm).
-Bradipnéia: respiração lenta.
-Bradisfigmia: lentidão anormal do pulso.
-Broncoespasmo: espasmo dos músculos bronquiais.

C
-Caquexia: estado mórbido caracterizado por magreza extrema, perda de peso, sintomas de debilidade e anemia.
-Cefaléia: dor de cabeça intensa e douradora.
-Cianose: coloração azul ou violácea da pele ou mucosa, devido a um excesso de hemoglobina nos capilares.
-Clister: enema, injeção de líquido no intestino, pelo ânus.
-Coma: estado de estupor profundo com perda total ou quase total da consciência, da sensibilidade e da motilidade voluntária.
-Consciência: estado geral que nos torna aptos a julgar, refletir e decidir.

D
-Desorientação: estado de confusão mental em que o indivíduo perde as noções de lugar e tempo.
-Diplegia: paralisia de partes similares nos dois lados do corpo.Paralisia bilateral.
-Diplopia: visão dupla dos objetos devido aos transtornos da coordenação dos músculos motores oculares.
-Disartria: dificuldade na articulação da palavra.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
-Dispepsia: dificuldade na deglutição de líquidos, dificuldade M
de matar a sede. -Mácula: mancha; região da pele corada, plana.
-Disfagia: deglutição difícil, geralmente dolorosa. -Melena: evacuação sanguínea, dejeção negra que recorda a
-Dispnéia: respiração difícil, penosa ou irregular. consistência e a cor de borra de café.
-Disúria: micção difícil ou dolorosa. -Mioplegia: paralisia muscular.
-Diurese: eliminação de urina. -Mialgia: dor muscular.
-Dorsal: referente a dorso, costas. -Midríase: dilatação da pupila.
-Miose: diminuição no diâmetro da pupila.
E -Menoplegia: paralisia de um membro.
-Edema: acumulação excessiva de líquidos nos espaços dos te- -Mucopurulento: que contém muco e pus.
cidos.
-Êmese: vômito. N
-Entérico: relativo ao intestino. -Neuralgia: dor viva e paroxística a seguir o trajeto de um ner-
-Enurese: incontinência urinária. vo.
-Epigastralgia: dor na região epigástrica. -Nictúria: emissão de urina mais abundante ou freqüente à noi-
-Epistaxe: fluxo de sangue pelas narinas, hemorragia nasal. te que durante o dia. Enurese noturna.
-Eupnéia: respiração normal, fácil. -Nistagmo: trêmulo espasmódico das pálpebras; oscilações do
globo ocular em torno de um de seus eixos.
F
-Ferida: solução de continuidade da pele, de mucosas, de sero- O
sas, que espontaneamente evolui para cicatrização. -Odinofagia: deglutição dolorosa.
-Filiforme: fino, em forma de fio. -Oligúria: secreção deficiente de urina.
-Flatulência: distensão do abdome provocada por gases intes- -Onicofagia: hábito mórbido de roer as unhas.
tinais. -Ortopnéia: dispnéia intensa que obriga o paciente a estar sen-
-Frontal: relativo a fronte (testa). tado ou em pé, ou seja, com o tórax em posição perpendicular ao
solo.
G -Otorragia: hemorragia do ouvido.
-Gastralgia: dor no estômago
-Glicemia: quota fisiológica de glicose no sangue. P
-Glicosúria: eliminação de açúcar na urina. -Paraplegia: paralisia de ambas extremidades inferiores do cor-
-Glútea: relativo a nádegas. po.
-Glossa: palavra grega que significa língua. -Paresia: paralisia incompleta ou parcial, debilidade de contra-
ção muscular; desfalecimento.
H -Parenteral: que se realiza por via distinta da digestiva ou in-
-Halitose: fetidez anormal do hálito. testinal.
-Hemácia: glóbulo vermelho do sangue. -Pelve: bacia (anel ósseo em forma de bacia).
-Hematêmese: vômito de sangue procedente das vias digesti- -Períneo: espaço compreendido entre o ânus e os órgãos geni-
vas. tais externos.
-Hematúria: presença de sangue na urina. -Pirexia: acesso febril.
-Hemiplegia: paralisia de um lado do corpo. -Pirose: sensação de queimadura, de ardor que, partindo do
-Hemoptise: expulsão pela boca de sangue procedente do apa- estômago, se estende ao longo do esôfago e chega a faringe.
relho respiratório. -Piúria: presença de pus na urina.
-Hipertermia: temperatura extraordinariamente elevada. -Polaciúria: micção freqüente.
-Hipotermia: descida anormal da temperatura corporal. -Precordial: situado ou que ocorre diante do coração; epigás-
-Hiperglicemia: aumento anormal no nível de glicose do san- trio e superfície anterior da parte inferior do tórax.
gue. -Precordialgia: dor na região precordial.
-Hipoglicemia: diminuição do nível normal de glicose do san- -Prurido: coceira, comichão.
gue. -Ptialismo: salivação exagerada.

I R
-Inter: prefixo que indica “entre”, “no meio” (ex: intercostal-en- -Regurgitação: retorno dos alimentos do estômago ou do esô-
tre duas costelas). fago á boca, sem esforço de vômito.
-Isocoria: igualdade no tamanho das pupilas. -Ressecamento: obstipação, prisão de ventre habitual.
-Isquemia: deficiência local e temporária de sangue.
S
L -Seborréia: secreção exagerada das glândulas sebáceas, espe-
-Laceração: dilaceração. cialmente do couro cabeludo.
-Lipotímia: perda súbita dos movimentos, conservando-se a -Sialorréia: fluxo exagerado da saliva; salivação.
respiração e a circulação; desmaio. -Síncope: desfalecimento, perda súbita dos sentidos.
-Lombar: relativo a lombo, ou região que fica ao lado da espi-
nha, sobre os rins, entre o tórax e a bacia.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
T
-Taquicardia: aceleração das pulsações cardíacas, acima de
85bpm, no adulto.
-Taquipnéia: respiração acelerada, que se apresenta em condi-
ções fisiológicas ou patológicas.
-Torpor: estado de sonolência, de apatia.

U
-Ùlcera: solução de continuidade da pele, de mucosas, de sero-
sas de órgãos, com perda de substância.
Fechadas (não drenáveis): são descartadas após o uso.
V
-Vasoconstrictor: diz-se do agente ou nervo que estreita o ca-
libre dos vasos. Uma peça: Em uma só peça são dispostas a bolsa coletora e a
-Vasodilatador: diz-se do agente ou nervo que aumenta o cali- barreira protetora de pele (placa).
bre dos vasos. Duas peças: Barreira protetora de pele e bolsa separadas.
-Vertigem: perda ou perturbação do equilíbrio, com sensação
de instabilidade do corpo e dos objetos circundantes. Cuidados com a bolsa
-Vesical: referente à bexiga. 1. Use sempre a bolsa adequada ao seu tipo de estoma (intes-
-Volemia: nome com que também se conhece a massa total do tinal ou urológico), de acordo com as orientações e indicações do
sangue. profissional especializado.
2. Certifique-se de que o tamanho do seu estoma está correto.
X O orifício de abertura da sua bolsa deve ser igual ou no máximo 3
-Xifóide: apêndice osteocartilaginoso que remata o esterno na milímetros maior que o seu estoma.
parte inferior24 3. Guarde suas bolsas de reserva em lugar arejado, limpo, seco
e fora do alcance da luz solar.
ATENDIMENTO, ORIENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
À PACIENTES PORTADORES DE OSTOMIAS Quando esvaziar a bolsa
Isto dependerá do tipo de ostomia que você tem.
É uma cirurgia para construção de um novo trajeto para saída - Dispositivos para ileostomias e urostomias deverão ser esva-
de fezes e urina. Quando é realizada no intestino grosso, chamamos ziados quando estiverem com pelo menos 1/3 de seu espaço preen-
de colostomia. Dependendo do lugar onde será feita, será diferen- chido. É necessário esvaziar constantemente para que ele não pese
te a frequência de evacuações e também a consistência das fezes. muito e descole da pele.
Quando é realizada no intestino delgado (fino), chamamos de ile- - Dispositivos para colostomias podem ser esvaziados sempre
ostomia. Neste tipo de ostomia as fezes são inicialmente líquidas, que necessário, geralmente uma ou duas vezes por dia.
passando, após um período de adaptação, a ser semi-líquidas ou
semi-pastosas. Chamamos de urostomia quando é colocado um es- Serviços
toma para saída de urina. Enfermeiro
a) Atender, individualmente, o usuário e, quando necessário,
Tipos de bolsas acompanhado do cuidador. Proceder à entrevista, exame físico,
Há diversos tipos de bolsas para atender melhor às diferentes prescrição dos dispositivos, registro do atendimento, em formulário
necessidades e tamanhos de ostomas. Podem ser, basicamente, de próprio, e evolução de enfermagem no prontuário único, conforme
dois tipos, de acordo com a finalidade - as intestinais (que coletam Resolução COFEN –358/2009;
fezes), e as urinárias (que armazenam urina). Elas podem ser: b) Realizar curativos, quando necessário, orientar e acompa-
nhar a evolução do quadro, mediante os cuidados propostos;
c) Encaminhar para avaliação médica, nutricional, psicológica e
social, quando houver indicação;
d) Aconselhar sobre a vida cotidiana com o estoma, orientando
o usuário, familiares e/ou cuidadores a respeito de dieta, higiene,
vestuário, repouso, hidratação oral, sexualidade, atividades de vida
diária;
e) Indicar o equipamento apropriado para cada usuário, de-
terminando tipo e quantidade, conforme estabelecido no SIA/SUS,
avaliando os casos que, excepcionalmente, apresentem uma de-
manda diferenciada;
f) Orientar sobre uso, manuseio e cuidado com equipamen-
Abertas (drenáveis): podem ser esvaziadas quando necessário. tos, dispositivos e acessórios, prevenindo agravos, visando melhor
aproveitamento e incentivando o autocuidado;
g) Realizar, no primeiro atendimento, a troca da bolsa, orien-
tando o usuário e/ou cuidador quanto aos procedimentos relativos
à troca eficiente e intervalo entre as trocas do coletor;
h) Reavaliar os usuários em períodos estabelecidos, conforme
o plano terapêutico;
24 Fonte: www.ebserh.gov.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
i) Registrar o plano de reversão e encaminhamentos pertinen- · Entregar o laudo padronizado, devidamente preenchido e de-
tes; mais laudos e/ou cópias do prontuário, que possam complementar
j) Participar da elaboração do plano terapêutico, juntamente as informações;
com a equipe interdisciplinar, realizando os encaminhamentos de- · Entregar, aos usuários ou familiares, os resultados, originais,
vidos para o tratamento; dos exames realizados;
k) Participar de reuniões de equipe. · Orientar o usuário sobre toda a programação prevista para
o pós-operatório do estoma, incluindo o possível fechamento do
Enfermeiro com Especialidade em Estomaterapia estoma.
a) Atender, individualmente, o usuário e, quando necessário,
acompanhado do cuidador. Proceder à entrevista, exame físico, Atendimento no serviço ambulatorial
prescrição dos dispositivos, registro do atendimento, em formulário O Sistema Único de Saúde – SUS destaca a importância de se
próprio, e evolução de enfermagem no prontuário único, conforme realizar uma boa gestão ambulatorial. Com isso, ressalta a impor-
Resolução COFEN –358/2009; tância de se padronizar e aprimorar as estratégias de atendimento
b) Orientar os familiares para os cuidados básicos preventivos como forma de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.
com a pele, devendo procurar o serviço para reavaliação, em caso Nessa perspectiva, considerando o perfil e necessidades dos
de complicações; usuários ostomizados, há o entendimento de que os serviços pres-
c) Orientar sobre uso, manuseio e cuidados com equipamen- tados a esses usuários devem dispor de recursos humanos, didáti-
tos, dispositivos e acessórios, prevenindo agravos, visando melhor cos e físicos que possibilitem: atendimento individual (consulta de
aproveitamento e incentivando o autocuidado; enfermagem, consulta médica e consulta de serviço social); atendi-
d) Realizar curativos, quando necessário, orientar e acompa- mento em grupo (orientação, grupo operativo, atividades educati-
nhar a evolução do quadro, mediante os cuidados propostos; vas em saúde e de vida diária); orientação à família; realização de
e) Encaminhar para avaliação médica, nutricional, psicológica e atividades que visam à inclusão da pessoa com estoma na família
social, quando houver necessidade; e na sociedade; planejamento anual, quantitativo e qualitativo dos
f) Indicar o equipamento apropriado para cada usuário, deter- equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança para
minando tipo e quantidade, conforme estabelecido no SIA/SUS, distribuição; realização de reuniões de equipe para estudos de ca-
avaliando os casos que, excepcionalmente, apresentem uma de- sos; elaboração de plano terapêutico para cada usuário e ajustes
manda diferenciada; necessários na rotina de serviços; realização de atividades de orien-
g) Realizar laudo técnico para o usuário que apresentar neces- tação aos profissionais da atenção básica e rede hospitalar para o
sidade de atendimento diferente do padronizado; estabelecimento de fluxos de referência e contra referência.25
h) Reavaliar os usuários em períodos estabelecidos, conforme
o plano terapêutico;
i) Promover ações educativas especializadas; REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE: ORGANIZAÇÃO PANA-
j) Participar de reuniões de equipe. MERICANA DA SAÚDE, REPRESENTAÇÃO BRASIL

Técnico de Enfermagem Na história das políticas de saúde pública no continente ameri-


a) Acompanhar e auxiliar as atividades do enfermeiro e do mé- cano a presença da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é
dico; destacável, e na busca de delinear os caminhos da OPAS ao longo do
b) Providenciar preparativos para as consultas, bem como toda século XX, Marcos Cueto desenvolveu seu estudo O valor da saúde.
organização ao término do atendimento; Cueto é especialista em história da saúde pública no continente
c) Organizar o material de uso visando maior praticidade no e, especialmente, no Peru, tendo desenvolvido importantes pesqui-
atendimento ao usuário; sas e publicações enfocando essa temática e também a história da
d) Cadastrar o usuário no Serviço; ciência naquele país. Sua circulação no Brasil é um tanto restrita, e
e) Indicar o equipamento coletor e adjuvante de proteção, na este livro supre, em parte, tal lacuna.
ausência do enfermeiro; Com pesquisa exaustiva em instituições de saúde, bibliotecas
f) Atender, individualmente, o usuário para realização de cura- e arquivos, nacionais e de organismos internacionais — Organiza-
tivos, quando necessário, sob supervisão do enfermeiro, e acompa- ção dos Estados Americanos (OEA), OPAS, Organização Mundial da
nhar a evolução do quadro, mediante os cuidados propostos; Saúde (OMS) —, e em periódicos da América Latina e dos Estados
g) Entrevistar, previamente, os usuários para a entrega de ma- Unidos, o livro oferece justa visibilidade à trajetória histórica da ins-
terial e registrar os atendimentos, de forma adequada, no prontuá- tituição de saúde internacional mais antiga, e ainda ativa, a OPAS,
rio e no sistema digitalizado; criada em 1902.
h) Agendar e confirmar consultas/exames junto aos usuários; A estratégia do autor foi a de acompanhar o desenvolvimento
i) Participar de reuniões de equipe e colaborar nas rotinas do da instituição, numa linha fundamentada na sucessão das diferen-
setor. tes atuações e coordenações conduzidas por seus diretores gerais,
cujos mandatos chegavam, em alguns casos, a dez anos.
Atenção à pessoa O texto divide-se em seis capítulos: As origens da saúde inter-
Atendimento hospitalar nacional nas Américas; O nascimento de uma nova organização; A
- Orientar o usuário e a sua família sobre os primeiros cuidados consolidação de uma identidade; Por um continente livre de doen-
e higiene com o estoma e uso da bolsa coletora; ças; Saúde, desenvolvimento e participação comunitária; Vigência
· Informar sobre a nova condição de vida, orientado quanto à e renovação.
alimentação e precauções na execução de suas atividades diárias;
· Informar ao usuário e à família, quando da Programação de
Alta, sobre a existência do Serviço de Atendimento Ambulatorial no
NRE de referência, seu endereço, dias e horários de funcionamento,
bem como a documentação necessária para o cadastro;
25 Fonte: www.ans.gov.br/www.saude.es.gov.br

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As conjunturas e o desenvolvimento da saúde pública na re- A capacidade de financiamento limitava as ambições da insti-
gião perpassam a periodização realizada pelo autor, interligados tuição. Com o tempo ampliou-se a capacidade financeira. Os orça-
de modo muito interessante com as seguintes variáveis: o prota- mentos eram estes: entre 1910 e 1930, 50 mil dólares; nos anos 40,
gonismo de personagens importantes na saúde publica da região; 115 mil a 280 mil dólares por ano; em 1947, 1,3 milhão de dólares;
as questões envolvendo os interesses particulares dos países-mem- no fim dos anos 50, 2,5 milhões; entre 1961 e 1964, 16 milhões de
bros da OPAS (circulação de mercadorias e pessoas, prevenção de dólares por ano.
epidemias nos portos); os temas candentes da geopolítica de cada Constituiu-se assim uma ‘burocracia’ e uma área técnica vincu-
época (fim das duas guerras mundiais, guerra fria) conectados a lada à instituição, como um corpo permanente e estável, chegando
emergência de sentimentos e estratégias de solidariedade conti- ao auge de 750 funcionários em 1959.
nental latino-americana, num primeiro momento, e pan-america- A ampliação da presença da OPAS nos países se deu com a di-
nismo da doutrina Monroe, num segundo período, expressando o visão das Américas em seis zonas, com um escritório regional em
interesse dos Estados Unidos nas ações da OPAS; o desenvolvimen- cada. Posteriormente, cada país passou a comportar um escritório
to do conhecimento sanitário, médico e higiênico, como também da local.
engenharia, e as extensas fronteiras de ação social que as descober- As finanças provinham de fontes regulares (pela contribuição
tas científicas como a microbiologia, a produção de novos fármacos, dos membros); de projetos financiados e bolsas de estudos da Fun-
novas vacinas, a compreensão das dinâmicas das epidemias seus dação Rockefeller (1920-1950), Fundação Kellogg (após os anos 40),
vetores, transmissores, e as técnicas de combate e prevenção, trou- OMS, Unicef (Fundo da ONU para as Crianças), ONU e FAO (orga-
xeram; a criação de condições para o crescimento populacional, a
nização da ONU para Alimentação e Agricultura); de convênios e
urbanização (década de 1920) e a explosão urbana e demográfica
acordos técnicos com países da região e, especialmente, com os
(décadas de 1950 e 1960), as políticas de acomodação social, a re-
Estados Unidos, em auxílio intensificado na guerra fria (1941-1951,
configuração das relações no campo e entre este e a cidade.
atingindo cerca de 30 milhões de dólares).
A forma habilidosa como o autor transita por diferentes fatores
envolvidos na trajetória da OPAS deixa evidenciada a complexidade As atividades e deliberações durante um largo período estive-
histórica dentro da qual a construção dessa instituição foi sendo ram circunscritas a estas instâncias: Conferências Sanitárias Pan-A-
forjada, bem como a maneira tortuosa, não linear, pela qual a saúde mericanas, Conselho Diretor e Comitê Executivo. Como órgão exe-
pública foi ganhando relevância dentro das políticas de cada um dos cutivo, a Repartição Sanitária Pan-Americana.
países, no plano interno-nacional e no internacional. A ação da OPAS deu-se, inicialmente, por publicações como o
Resumidamente, a OPAS derivou da Repartição Sanitária In- Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana, e pela participação
ternacional, que fora fundada em 1902. Em 1923 sofreu alteração nas Conferências Sanitárias, fomentando debates sobre saúde pú-
no nome para Repartição Sanitária Pan-Americana (RSP ou Ofici- blica. O combate às epidemias provenientes de portos propiciou
na Sanitária Panamericana). A mudança de seu nome para OPAS uma ‘guerra às epidemias’ com a estratégia de combater vetores e
aconteceu em 1943, como resolução da XII Conferência Sanitária promover vacinação/imunização e educação.
Pan-Americana (Caracas, Venezuela). Apesar da nova nomenclatu- A redução da mortalidade infantil e materna era preocupação
ra, a entidade manteve o seu órgão executivo nomeado como RSP e constante. Também recebeu atenção a necessária indução à forma-
a antiga estrutura decisória — colegiado com um membro de cada ção de escolas de enfermeiras e de pessoas capacitadas para o tra-
país. balho na área da saúde, higiene e sanitarismo.
A RSP interagiu através de acordos e convênios firmados em A promoção de estruturas de fomento à saúde pública nos pa-
1923 com a União Pan-americana (de 1890), assumindo a condução íses (Ministérios ou Secretarias de Saúde, Centros de Higiene) atra-
das Reuniões Interamericanas dos Ministros da Saúde. Em 1924 foi vessou o percurso da OPAS, que procurou induzir gestores públicos
acolhida pelo Código Sanitário Pan-Americano do mesmo ano e re- a adotarem medidas de saúde coletiva como forma de a sociedade
conhecida como “agência sanitária coordenadora central das várias auferir benefícios como mais trabalhadores saudáveis e produtivos,
repúblicas-membros da União Pan-Americana” e “responsável por e crianças menos enfermas.
promover a organização e a administração da saúde pública e divul- A emergência da noção de saúde como um valor vinculou-se
gar informações sobre progressos da medicina preventiva”. à noção de bem-estar social, pela qual a prevenção, a extensão de
Com a fundação da OEA, em 1948, o papel da OPAS foi revisto. serviços públicos e a implementação da atenção primária à saúde
A OPAS era uma entidade ‘autônoma’ dentro das relações intergo- englobariam o paradoxo que redunda na gênese da concepção de
vernamentais e não estava submetida à nova estrutura da OEA. A
saúde como um direito individual e coletivo dos cidadãos. Ao mes-
relação entre ambas era diplomática. Foram necessários acordos
mo tempo, a visão estratégica dos governos, no período da guerra
entre a OPAS e a OMS, para que uma possível integração, garan-
fria, busca promover o bem-estar com a finalidade de limitar a pos-
tindo certa autonomia à OPAS em matéria de saúde pública, fosse
sibilidade do surgimento de tensões e conflitos sociais entre capital
concretizada em 1950, quando esta passou a ser uma “Organização
Especializada Interamericana” dentro da OEA, seu status atual. e trabalho.
A OPAS também foi reconhecida pela OMS (criada em 1948) A OPAS exerceu uma função estratégica na região após a cria-
como organismo regional dotado de autonomia diante dos orga- ção da Aliança para o Progresso, em 1961, pela OEA, para a qual o
nismos da Organização das Nações Unidas, dos quais a OMS fazia bem-estar social era critério para a ‘paz’ na região. Essa diplomacia
parte, através de um acordo de 1949, pelo qual passava a ser o es- sanitária foi perpassada pelos interesses dos governos, em especial
critório regional para as Américas da OMS. dos Estados Unidos. Entretanto, a OPAS não foi uma agência sub-
A consolidação da OPAS foi paulatina, com dificuldades e priori- metida a um único governo. Um exemplo: à época da expulsão de
dades diferentes ao longo do tempo. Suas ações também sofreram Cuba da OEA, a OPAS não anuiu com a orientação dessa organização
mutações. A adesão dos países como membros aconteceu plena- e sustentou aquele país como Estado-membro de sua estrutura.
mente entre 1940 e 1950, quando a organização passou a englobar
as Américas e o Caribe.

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A presença e a consolidação da OPAS no continente americano Em “As Redes de Atenção à Saúde”, mais uma vez, Eugênio Vi-
e sua participação direta e indireta na promoção e constituição da laça Mendes presta inestimável colaboração no sentido de encarar-
saúde pública dos países da região fazem deste livro uma impor- mos com coragem a nossa utopia inacabada. Propõe uma vasta e
tante referência. A OPAS desenvolveu esforços para se formar um profunda reflexão sobre a necessidade de superarmos a fragmen-
ambiente regional de cooperação, de planejamento, e de ações di- tação do sistema, de nos organizarmos corretamente diante da
rigidas a políticas e intervenções de saúde, daí a importância em se presença hegemônica das condições crônicas, de definitivamente
tentar compreender as especificidades americanas nessa área, cuja priorizarmos a qualificação da atenção primária à saúde como base
historicidade e temporalidade são peculiares. e centro organizador das redes de atenção integral à saúde.26
Antes de encerrar seu potencial de reflexões sobre a história O material completo está disponível em:
da OPAS, o livro O valor da saúde aponta um horizonte de novos es- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/redes_de_aten-
tudos relacionados a organismos internacionais, políticas de saúde cao_saude.pdf
pública, dinâmicas e tensões que atravessam as entidades intergo-
vernamentais, redes intelectuais, profissionais e científicas. Aponta,
também, a ascensão às esferas de poder de áreas do conhecimento LEI Nº 7498/1986 – DISPÕE SOBRE A REGULAMENTAÇÃO
como a medicina e a engenharia. DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM, E DÁ OUTRAS PROVI-
DÊNCIAS
As Redes de Atenção à Saúde
A luta pela construção de um sistema público de saúde no Lei Nº 7.498, de 25 de junho de 1986
Brasil de acesso universal, com cobertura integral e qualidade, faz Art. 1º É livre o exercício da Enfermagem em todo o território
parte dos sonhos e conquistas de uma geração que acalentou os va- nacional, observadas as disposições desta lei.
lores da equidade e da democracia. O SUS é a expressão, no campo
A Constituição Federal em seu art. 5º, ao tratar dos direitos
da saúde, da aspiração de um país justo e do compromisso com a
fundamentais, insere a liberdade de exercício profissional, assim
cidadania.
definida:
Essa profunda transformação introduzida no sistema público
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
de saúde tem sua história e seus atores. Todo grande conjunto de
ideias transformadoras, antes de se converter em patrimônio cole- atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
tivo e de diluir as digitais que impregnaram seu nascimento, surge A determinação constitucional traz a indicação de que pode
a partir da reflexão crítica de uns poucos “intelectuais orgânicos” ser restringida, permitindo que lei infraconstitucional estabeleça
que organizam o pensamento, aprofundam o diagnóstico e o co- requisitos para o pleno exercício da profissão. Sendo assim, a cada
nhecimento sobre limites e potencialidades presentes na realidade, pessoa é permitido escolher a atividade profissional que pretende
erguem estratégias, propõem desafios, lançam as bases do proces- exercer, mas a legislação específica faz as imposições necessárias
so transformador. para que exerça tal atividade profissional, em todos os seus graus
Na reforma sanitária brasileira não foi diferente. O amplo mo- de atuação.
vimento social, político e comunitário que acompanha a história Tais restrições podem ser de diversas ordens e estarão dispos-
do SUS, foi permanentemente alimentado pelo trabalho militante tas na legislação que regulamenta cada profissão, sendo em geral
e qualificado de um conjunto de intelectuais sanitaristas. Um dos exigida a formação e o registro no Conselho profissional.
pilares inequívocos do sucesso relativo do SUS até aqui é a solidez Art. 2º A Enfermagem e suas atividades auxiliares somente
de seu marco teórico e conceitual. podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas
Nesse cenário, alguns grandes formuladores e intelectuais se no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde
destacam. Eugênio Vilaça Mendes é um deles. Eugênio concentra ocorre o exercício.
uma rara combinação de qualidades. Rigor e qualidade intelectu- Nesse artigo o legislador inicia a definição das exigências legais
al, inquietação existencial, espírito público, experiência acumulada, para o exercício da Enfermagem. Como primeiro ponto, para ser
criatividade, integridade pessoal, aguçado senso crítico, compro- considerado um profissional de Enfermagem é exigida a habilitação
misso social, espírito militante, capacidade de trabalho – são algu- que se dá a partir da conclusão do curso relativo a cada categoria
mas das características que fazem dele um dos mais importantes profissional.
pensadores da saúde pública brasileira e um de seus autores mais Dessa forma, o Enfermeiro deverá ter concluído Curso de Gra-
lidos. duação de Enfermagem, com a emissão de diploma por Universida-
Toda a trajetória que percorre, da OMS a dezenas de muni- de autorizada pelo Ministério da Educação (MEC), e com currículo
cípios brasileiros, do Banco Mundial ao Ceará e Minas Gerais, da de acordo com o que determina a Resolução do Conselho Nacional
OPAS à permanente interlocução com o Ministério da Saúde, é mar-
de Educação nº 03, de 7 de novembro de 2001, que institui as Dire-
cada pelo compromisso permanente de transformar as políticas pú-
trizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enferma-
blicas de saúde em ferramentas de melhoria da qualidade de vida
gem.
das pessoas, sobretudo aquelas mais pobres.
No caso do Técnico de Enfermagem, este deverá se habilitar
Com seu extremo rigor analítico e sua vigorosa capacidade crí-
tica, não contemporiza diante de abstrações sem base em evidên- com a conclusão de curso técnico específico, em escola com autori-
cias, retóricas inconsistentes, simplismos teóricos, ufanismos tolos zação, sendo exigida a conclusão do ensino médio.
ou atalhos equivocados. Chama permanentemente a atenção para O Auxiliar de Enfermagem é profissional de nível médio ou fun-
que não durmamos sobre os louros de nossas provisórias e incom- damental, com certificado expedido por instituição autorizada, con-
pletas vitórias no SUS e prossigamos no trabalho de transformação forme a legislação educacional e registrado pelo órgão competente.
permanente que a ruptura de paradigma introduzida em 1988 nos Como segundo requisito para o pleno e legal exercício profissio-
impõe. nal está a inscrição no Conselho Regional de Enfermagem da região
em que irá atuar, isto porque os Conselhos Regionais de Enferma-
gem criados pela Lei nº 5.905/1973 foram divididos por estado ou
26Fonte: www.scielo.br/www.bvsms.saude.gov.br

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
território, conforme seu art. 4º: Haverá um Conselho Regional em Ao receber o diploma estará o cidadão apto a se inscrever no
cada Estado e Território, com sede na respectiva capital, e no Dis- Conselho Regional de Enfermagem e exercer a sua atividade profis-
trito Federal. sional.
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular
Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enferma- do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz,
gem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação. ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do
Não será permitido a outros profissionais que não os enumera- país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
dos neste parágrafo o exercício da atividade da Enfermagem, sendo revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira
privativa. Nesse ponto é importante observar que apesar de existir Obstétrica ou de Obstetriz;
confusão nas atividades, o Cuidador e a doula não são profissionais A revalidação de diploma de graduação expedido por estabe-
de Enfermagem, e, portanto não estão vinculado ao Conselho Re- lecimentos estrangeiros é regulamentada pela Resolução Conselho
gional de Enfermagem. Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES) nº
Art. 3º O planejamento e a programação das instituições e ser- 01, de 28 de janeiro de 2002, alterada pela Resolução CNE/CES nº
viços de saúde incluem planejamento e programação de Enferma- 8, de 4 de outubro de 2007. Todas as rotinas e documentos neces-
gem. sários ficam disponíveis no site do MEC: http:// portal.mec.gov.br/
Os serviços de Enfermagem estão presentes nas instituições revalidacao-de-diplomas.
que prestam serviços de saúde, sendo que a equipe de Enfermagem Para ter validade nacional, o diploma de graduação tem que
geralmente representa o maior percentual dos profissionais de saú- ser revalidado por universidade brasileira pública que tenha curso
de dentro de um estabelecimento. igual ou similar, reconhecido pelo governo. (Art. 3º Res. CNE/ CES nº
Diante disso, a assistência de Enfermagem deverá estar previs- 1, de 29 de janeiro de 2002).
ta nos planos e programações feitos dentro das instituições e servi- IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obti-
ços de saúde. Essa previsão auxilia a equipe multidisciplinar e orien- verem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea d do art.
ta os profissionais de Enfermagem na execução de suas atividades,
3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
facilitando a colaboração e inserindo os serviços de Enfermagem no
O decreto referido no inciso IV regulamenta o exercício da En-
sistema de assistência prestado.
fermagem no território nacional e dispõe no art. 3º a quem será
Art. 4º A programação de Enfermagem inclui a prescrição da
concedido o título de Enfermeiro indicando as normativas a serem
assistência de Enfermagem.
As prescrições de Enfermagem são receitas para determinados seguidas.
comportamentos esperados quanto ao paciente e ações a serem Art. 7º São Técnicos de Enfermagem:
realizadas/facilitadas pelos Enfermeiros. Essas ações/prescrições I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enferma-
são selecionadas para ajudar o paciente a alcançar os resultados gem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo órgão
desejados estabelecidos para ele e as metas para a alta. A expecta- competente;
tiva é a de que o comportamento prescrito beneficiará o paciente/ O profissional Técnico de Enfermagem, no Brasil, é um profis-
família de uma forma previsível, conforme o problema identificado sional com formação de nível médio, regulado pela Lei nº 7.498, de
e os resultados escolhidos. Estas prescrições têm a intenção de indi- 25 de junho de 1986. O Artigo esclarece que o profissional para ser
vidualizar o cuidado pelo atendimento da necessidade específica do considerado Técnico de Enfermagem, deverá possuir documentos
paciente e devem incorporar os potenciais identificados do paciente que comprovem a conclusão de curso técnico específico, em escola
quando possível. As prescrições de Enfermagem devem ser especí- com autorização, sendo exigida a conclusão do ensino médio.
ficas e claramente estabelecidas, iniciando com um verbo de ação. II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido
Qualificadores tipo “como”, “quando”, “onde”, “tempo/freqüência” por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo
e “quantidade” proporcionam um conteúdo para atividade planeja- de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
da; por exemplo, “ajudar conforme necessário com as atividades de Técnico de Enfermagem.
autocuidado a cada manhã”, “registrar as frequências respiratórias Se este possuir formação fora do território brasileiro, deverá
e cardíacas antes, durante e após atividade”, e “instruir a família revalidar os documentos no Brasil. Brasileiros natos ou naturaliza-
quanto ao cuidado pós-alta” (DOENGES; MOORHOUSE; GEISSLER, dos e estrangeiros que tenham concluído cursos técnicos em outros
2007). países podem solicitar a validação de seus diplomas. Em Santa Ca-
Art. 5º (VETADO). tarina a solicitação deve ser feita no Instituto Federal (IFSC). Para
Alguns artigos do projeto de lei foram vetados na sua aprova- isso, é preciso que haja correspondência entre o currículo, a carga
ção final e por isso foram suprimidos do texto de lei publicado. O horária e as habilitações ou títulos conferidos nas duas instituições.
veto é faculdade atribuída ao Presidente da República, pela Consti- Com o diploma validado, o técnico pode solicitar registro nos órgãos
tuição Federal (art. 66, §1º). Ao analisar o projeto de lei aprovado de classe e atuar profissionalmente no Brasil.
pelo Congresso Nacional a Presidência da República avalia o texto e
O processo é regulamentado no IFSC pela Resolução nº
decide se vai sancionar (aprovar), vetar parcialmente (negar parte
002/2012 do Colegiado de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE).
do texto), ou vetar totalmente (negar todo o texto). O veto deverá
Art. 8º São Auxiliares de Enfermagem:
ser justificado com os motivos que levaram a sua impugnação.
I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido
Art. 6º São Enfermeiros:
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão
de ensino, nos termos da lei; competente;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfer- O profissional Auxiliar de Enfermagem é trabalhador que dis-
meira Obstétrica, conferido nos termos da lei; pensa cuidados simples de Enfermagem ao paciente, sempre com
Os dois primeiros incisos fazem referência à necessidade de di- supervisão do Enfermeiro.
ploma de curso superior oferecido por instituições de ensino autori-
zadas pelo MEC, que cumprem as normas legais estabelecidas por
esse e pelo Conselho Nacional de Educação.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
O Auxiliar de Enfermagem, no Brasil, é um profissional que tem como requisito a formação no ensino fundamental completo. A dura-
ção do curso é de cerca de quinze (15) meses. O profissional tem competências mais simples e pode atuar em setores ambulatoriais. Assim
como o Técnico, o Auxiliar pode administrar medicamentos, aplicar vacinas, fazer curativos, realizar higiene de pacientes e até trabalhar
com esterilização de material. Os Auxiliares de Enfermagem somente podem realizar ações que demandem cuidados de baixa complexi-
dade e caráter repetitivo. Este profissional atende as necessidades dos doentes portadores de doenças de pouca gravidade, atuando sob
supervisão do Enfermeiro, auxiliando no bom atendimento aos pacientes. Controla sinais vitais dos pacientes, ministra medicamentos e
tratamentos aos pacientes internados, observando horários, posologia e outros dados, faz curativo simples, utilizando suas noções de
primeiros socorros, observando prescrições médicas e de Enfermagem, proporciona cuidados post mortem, fazendo tamponamentos e
preparando o corpo, para evitar secreções e melhorar a aparência do morto, atende crianças e adultos que dependam de ajuda, auxiliando
na alimentação e higiene dos mesmos, para proporcionar- lhes conforto e recuperação mais rápida, prepara pacientes para consultas e
exames. Registra as tarefas executadas, as observações feitas e as reações ou alterações importantes, anotando-as no prontuário do pa-
ciente, para informar a equipe de saúde e possibilitar a tomada de providências imediatas (OGUISSO, 2013).
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
Este inciso dispõe sobre o registro de diploma do considerado Enfermeiro, expedido até o ano de 1950, por escolas estaduais de Enfer-
magem não equiparadas nos termos do Decreto nº 20.109, de 15 de junho de 1931, e da Lei nº 775, de 6 de agosto de 1949. Os cursos que
tinham a duração de mais de um ano letivo, poderiam registrar seus títulos nas repartições competentes como Auxiliares de Enfermagem,
com direito às prerrogativas conferidas a esses profissionais, nos termos da legislação em vigor.
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do Art. 2º. da Lei nº. 604, de 17 de setembro de 1955, expedido até
a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
Na qualidade de Auxiliar de Enfermagem, os portadores de certificados de Auxiliar de Enfermagem, conferidos por escola oficial ou
reconhecida, nos termos da Lei nº 775, de 06 de agosto de 1949 e os diplomados pelas escolas e cursos de Enfermagem das forças armadas
nacionais e forças militarizadas que não se acham incluídos na alínea c do item I do art. 2 da presente lei.
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscalização
da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos
do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, e 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro
de 1959;
A Lei nº 3. 640, de 10 de outubro de 1959, em seu art. lº, revigorou por cinco (5) anos o DecretoLei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946,
que regula os exames de habilitação para os Auxiliares de Enfermagem e Parteiras Práticas. Permitiu-se, assim, aos beneficiários do re-
ferido diploma legal, continuarem regularizando suas situações, para que possam exercer licitamente as profissões. Seria desnecessário
demonstrar a oportunidade dessa medida, em face das dificuldades que se depararam por fatores os mais diversos, sobretudo no interior
do país. O Congresso Nacional deferiu essa justa pretensão, por solicitação do Sindicato dos Empregados em Hospitais e Casas de Saúde
do Estado de Alagoas, em que expõe a necessidade de ser concedida mais uma prorrogação do prazo fixado de uma classe que tão bons
serviços têm prestado à coletividade. Enfatizando a oportunidade da medida ora proposta, pelo seu caráter de evidente interesse público.
O Ministério da Saúde notificou as instituições hospitalares que se utilizavam dos serviços de enfermeiras e parteiras práticas, religiosas
ou leigas, para que, se submetam aos exames de habilitação previstos no citado Decreto-lei que não se adequaram dentro desse período
de cinco anos (OGUISSO, 2007).
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Este inciso reorganiza o Grupo Ocupacional* P-1700 no seguinte grupo:

Segundo o Art. 2º do Decreto supracitado, serão enquadradas na série de classes de Auxiliar de Enfermagem P-1701 as atuais séries
de classes ou classes singulares de Assistente de Enfermagem P-1701, Auxiliar de Enfermagem - P-1702, Enfermeiro Auxiliar - P-1706, En-
fermeiro Militar - P-1.707; na série de classes da Parteira - P-1703 as atuais classes singulares de Obstetriz - P-1708 e de parteira prática
- P-1711.
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.
O Artigo descreve que o profissional para ser considerado Auxiliar de Enfermagem, deverá possuir documentos que comprovem o
término do seu curso em Instituição reconhecida pelo Ministério da Educação. Se este possuir formação fora do território brasileiro, deverá
revalidar os documentos no Brasil.
I - a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº 3.640,
de 10 de outubro de 1959;
O Artigo esclarece que as Parteiras não são Enfermeiras, são trabalhadoras que dispensam cuidados simples sob o controle de um En-
fermeiro. Suas funções consistem em dar assistência a parturiente durante o parto e o período pós- natal e cuidar do recém-nascido. Estes
trabalhadores dão assistência pela experiência prática, não possuem formação e conhecimentos teóricos. (OGUISSO, 2013).
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país,
registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certificado de
Parteira.
A profissional para ser considerada Parteira, deverá atender aos requisitos previstos no Art. 1º do Decreto-lei nº 8.778/ 1946 o qual
revela que as parteiras que tenham mais de dois anos de efetivo exercício de Enfermagem em estabelecimento hospitalar, poderão subme-
ter-se aos exames de habilitação que lhes facultem o certificado de “parteira prática”.
O Art. 13 do mesmo Decreto orienta que a “parteira prática” concede ao seu portador o direito de servir como atendente de doentes
em hospitais, maternidades, enfermarias e ambulatórios, no Estado em que for expedido.
Art. 10. (VETADO);
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe:
O profissional Enfermeiro desenvolve ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde com capacidade de tomar de-
cisões. É generalista com competência técnica, ética, política, social, ecológica e educativa. É capaz de conhecer e intervir sobre problemas
ou situações de saúde e doença mais prevalentes identificando as dimensões biopsicossociais de seus determinantes. Em um padrão social,
no que se refere à regulação do trabalho entre os Enfermeiros e demais componentes da equipe de Enfermagem, o papel ou status de
cada um está definido por esta lei e legislação pertinente e cada um deve saber o que fazer para por em prática este padrão. Entretanto,
é importante enfatizar que é requerido ao Enfermeiro o conhecimento das atividades e atitudes que englobam o trabalho da equipe de
Enfermagem, já que tem o papel de coordenador e supervisor da equipe.

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
As atividades de Enfermagem são as intervenções autônomas i) consulta de Enfermagem;
ou a serem realizadas pela equipe de Enfermagem no âmbito das A articulação teórico - prática advinda da formação profissional
suas qualificações profissionais. Estas intervenções são realizadas do Enfermeiro é importante para a aquisição das competências ne-
em defesa da liberdade e da dignidade da pessoa humana e da pro- cessárias à realização da consulta de Enfermagem, que possui valor
fissão. bastante significativo para dar resolubilidade às questões apresen-
Entre estas atividades previstas para a equipe de Enfermagem tadas pelos indivíduos, permitindo atendê-los de maneira holística.
cabe ao profissional Enfermeiro: A consulta de Enfermagem é o método no qual o profissional
I - privativamente: Enfermeiro possui completa autonomia para desenvolver estraté-
Ato profissional é como se denomina uma atividade, proce- gias de cuidado abrangentes para a promoção, na recuperação da
dimento ou ação que a legislação regulamentadora da profissão saúde do indivíduo, da família ou da comunidade.
atribui aos componentes de uma categoria profissional, ainda que j) prescrição da assistência de Enfermagem;
não lhes seja exclusiva ou privativa. Deve ser praticado por pessoa O planejamento da assistência de Enfermagem, etapa subse-
devidamente habilitada e que esteja exercendo legalmente sua pro- quente ao diagnóstico na Sistematização da Assistência de Enferma-
fissão. gem e, traduzido na prescrição de cuidados de Enfermagem, expres-
Quando um procedimento é exercido por uma categoria seus sa, de forma organizada, os objetivos diários da assistência a cada
atos profissionais são disputados com intuito de se tornarem exclu- indivíduo, visando uma melhor qualidade assistencial. Constitui-se
sivos de uma determinada profissão, reflexo do aumento da con- em um instrumento para que as ações de Enfermagem possam ser
corrência pelo mercado de trabalho e para direcionar as práticas registradas e contabilizadas, representando um importante passo
clínicas e gerenciais da profissão. para a definição e valorização da Enfermagem como profissão.
a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura bá- l) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com ris-
sica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e
co de vida;
de unidade de Enfermagem;
Paciente grave é aquele que apresenta comprometimento de
Entende-se que o setor saúde aglutina além das instituições
um ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua
públicas, as instituições privadas da sociedade civil, instituições de
auto-regulação, necessitando substituição artificial de funções e as-
educação em saúde e de pesquisa em saúde. As instituições do se-
tor saúde, em conjunto, conformam um sistema nacional de saúde sistência contínua; e aqueles que apresentam estabilidade clínica,
cuja modalidade organizativa e operativa depende da organização com potencial risco de agravamento do quadro e que necessita de
política e administrativa de cada país. cuidados contínuos. Sendo assim, o paciente grave com demanda
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas de cuidados, com risco de vida, sujeitos à instabilidade das funções
atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses vitais requer assistência de Enfermagem e médica permanente e es-
serviços; pecializada e recuperável.
A organização do Serviço de Enfermagem, função está privati- m) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e
va do profissional Enfermeiro que dispõe sobre a regulamentação que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de to-
do exercício da Enfermagem, tem como finalidade a promoção da mar decisões imediatas;
saúde e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade e o O cuidado de maior complexidade deve ser realizado pelo En-
planejamento, supervisão e execução de todas as atividades de En- fermeiro. Estudos recomendam que estes profissionais sejam dota-
fermagem existentes em instituição de saúde, conforme a legislação dos de conhecimentos, competências e habilidades que garantam
vigente. rigor técnico-científico à assistência de Enfermagem.
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia- Entre os requerimentos da dinâmica profissional, o Enfermeiro
ção dos serviços da assistência de Enfermagem; deve possuir capacidade de diagnóstico, de solucionar problemas,
O Enfermeiro atua como direcionador das ações de sua equipe de tomar decisões, de intervir no processo de trabalho, de atuar em
e influenciador dos processos de trabalho, em sua prática diária. A equipe. Como mencionado, é preciso integrar conhecimentos gerais
função do Enfermeiro, além de coordenar a equipe, é gerenciar a e específicos, habilidades teóricas e práticas, atitudes e valores éti-
assistência de Enfermagem mediante um processo sistematizado de cos.
ações dirigidas à promoção e recuperação da saúde do paciente. Na II - como integrante da equipe de saúde:
maior parte das instituições de saúde, os Enfermeiros são coorde- A equipe de saúde é formada por profissionais de mesma ou
nadores formais do cuidado, atuando em muitas áreas diferentes, diferentes profissões e áreas de atuação, responsáveis pela assis-
e seu fio condutor é o processo de Enfermagem, considerado um tência à saúde de um ou mais indivíduos. De acordo com as neces-
importante instrumento na prática da Enfermagem. sidades do indivíduo, a equipe se ajusta para assistir melhor à sua
d) (VETADO);
situação. Por exemplo: para prestar assistência a um indivíduo com
e) (VETADO);
câncer, a equipe pode ser formada por Enfermeiro, Técnico de Enfer-
f) (VETADO);
magem, Auxiliar de Enfermagem, médico oncologista, fisioterapeu-
g) (VETADO);
ta oncofuncional, psicólogo hospitalar, serviço social entre outros.
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria
de Enfermagem; a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro-
Na equipe de Enfermagem é o Enfermeiro quem possui forma- gramação de saúde;
ção para serviços de Consultoria que normalmente constituem a ati- Programação de saúde é um instrumento para operacionalizar
vidade profissional de diagnóstico e formulação de soluções acerca as políticas da área de forma sistematizada, as ações, os recursos
de uma matéria ou assunto. É prestada por pessoas detentoras de financeiros, a execução e avaliação que contribuem para o alcance
conhecimento relativo à consulta. Tem como finalidade apoiar in- dos objetivos e cumprimento de metas na promoção, prevenção,
tensa e temporariamente as organizações e não a execução por si tratamento (cuidados) e recuperação da saúde da população.
própria, de tal forma que seus gestores e profissionais adquiram b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos
conhecimento e habilidades para assumirem o papel de agentes de assistenciais de saúde;
mudanças no processo de trabalho e seus resultados.

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
A Enfermagem é uma profissão que tem compromisso com a Os processos nos serviços de saúde são complexos e têm cada
coletividade e a saúde do indivíduo, participando com ética, com- vez mais incorporado tecnologias e técnicas elaboradas, acompa-
petência e responsabilidade dos processos e modelos assistenciais nhados de riscos adicionais na prestação de assistência aos indiví-
a ela relacionados. O Enfermeiro dentro de suas atribuições éticas duos. Entretanto, medidas simples e efetivas podem prevenir e re-
e legais atua com conhecimento científico e liderança na gestão, duzir riscos e danos nestes serviços. Sendo assim, o Enfermeiro tem
organização, proteção e no processo de recuperação da saúde. como desafio o enfrentamento da redução dos riscos e dos danos
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas na assistência de Enfermagem investindo no aperfeiçoamento da
de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde; equipe de Enfermagem, na utilização de boas práticas e no aprimo-
A Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da RDC nº ramento das tecnologias e melhoria dos ambientes de trabalho ao
20, de 5 de maio de 2011 dispõe sobre o controle de medicamentos englobar questões primordiais para o alcance dos melhores resulta-
à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, no seu dos para os indivíduos, família e comunidade visando uma assistên-
Capítulo II da Prescrição, artigo 4º define que “a prescrição dos me- cia segura e de qualidade.
dicamentos abrangidos por esta Resolução deverá ser realizada por g) assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e puér-
profissionais legalmente habilitados.” O entendimento da autorida- pera;
de sanitária é se o profissional Enfermeiro é habilitado pela Lei nº A gestação é um período em que a mulher vivencia uma série
7.498/1986, então pode prescrever os medicamentos estabelecidos de alterações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas, que resultam
em programas de saúde. em sinais e sintomas próprios que alteram profundamente o seu
No mesmo sentido, a Portaria nº 2.488/2011, do Ministério da psicológico e todo seu esquema corporal. Cabe ao profissional de
Saúde, que está em vigor, e que aprovou a Política Nacional de Aten- saúde dar orientações, encaminhamentos, apoiando-a e tranqui-
ção Básica, prevê, dentre as atribuições específicas: do Enfermeiro: lizando-a quando necessário, para que este período transcorra de
(...) item II – realizar consulta de Enfermagem (...), solicitar exames maneira agradável (WHO, 2009). Neste período a gestante é acom-
complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando ne- panhada através do pré-natal que é um conjunto de ações realizado
cessário, usuários a outros serviços; Ainda, cumpre salientar que as durante o período gravídico, com vistas a um atendimento global da
atribuições do profissional de Enfermagem permanecem preserva- saúde da mulher, de maneira individualizada, procurando sempre a
das e garantidas pelo seu Decreto nº 94.406/1987, art. 8º, I, “e”; II, qualidade e resolutividade.
“c”. Sendo assim, deve o Enfermeiro exercer a sua profissão com a h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
liberdade, dignidade e autonomia que lhe assegura a Constituição A assistência de Enfermagem durante o parto refere-se ao perí-
Federal e Lei do Exercício Profissional, devendo ele assumir firme- odo em que a gestante apresenta contrações uterinas em intervalos
mente o título e atribuições de Enfermeiro a que está legalmente regulares, que aumentam progressivamente em termos de frequ-
habilitado. ência e intensidade, com o passar do tempo são concomitantes a
d) participação em projetos de construção ou reforma de uni- dilatação progressiva do colo uterino.
dades de internação; No parto normal devem ser considerados o risco da gravidez
O Enfermeiro no seu cotidiano deve assegurar que sua prática e a evolução do trabalho de parto. É bom ter em conta que uma
seja realizada de forma integrada e contínua com as demais ins- gestante considerada de baixo risco no início do trabalho de parto,
tâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, pode vir a ter complicações. Por outro lado, muitas gestantes de alto
de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para
risco ao final têm uma evolução sem complicações. Sendo assim há
os mesmos. Devem realizar seus serviços dentro dos mais altos pa-
necessidade de uma avaliação rigorosa das necessidades da partu-
drões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em con-
riente e do prognóstico do parto para uma boa tomada de decisão
ta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com
em relação ao parto e para uma boa assistência. Idealmente um
o ato técnico, mas sim, em projetos que visam a resolução do pro-
parto é considerado normal quando inicia espontaneamente entre
blema de saúde, tanto operacionalmente como estruturalmente em
37 e 42 semanas de gestação; é de baixo risco desde o início do
nível individual e coletivo (JOINT COMMISION RESOURCES, 2008).
trabalho de parto até o nascimento; o bebê nasce espontaneamen-
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de
te, em posição cefálica de vértice e após o nascimento, mãe e filho
doenças transmissíveis em geral;
O Enfermeiro é um profissional qualificado para o exercício de estão em boas condições.
Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e pautado i) execução do parto sem distocia;
em princípios éticos. Possui a capacidade de conhecer e intervir so- Distocia é a dificuldade encontrada na evolução de um trabalho
bre os problemas/situações de saúde-doença mais prevalentes no de parto, tornando um problema grave para a mãe e para o feto.
perfil epidemiológico nacional, com ênfase na sua região de atua- A sintomatologia de um parto distocico inclui: contrações fortes e
ção, identificando as dimensões biopsicosociais dos seus determi- persistentes sem expulsão fetal; contrações fracas, infrequentes e
nantes. improdutivas por mais de duas ou três horas; gestação prolongada,
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser descarga vaginal purulenta e sinais de intoxicação; apresentação,
causados à clientela durante a assistência de Enfermagem; posição ou atitude do feto anormal; fetos muito grandes; entre ou-
tros (GOMES, 2010).
O Enfermeiro de acordo com a regulamentação legal só pode
intervir em parturientes submetidas a partos vaginais sem distó-
cias, ou seja, sem anormalidades durante a avaliação no pré-parto.
Apesar disto, durante o parto algumas anormalidades podem ser
constatadas sendo necessária à intervenção do Enfermeiro. Logo,
compreender as possíveis alterações intervenientes do parto natu-
ral respalda uma assistência integral coerente com a necessidade
da parturiente. Além de possibilitar a identificação das ações neces-
sárias para a diminuição da mortalidade materna por causas dire-
tas, que resultam de intervenções, omissões e iatrogênias.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
j) educação visando à melhoria de saúde da população. Antigamente, esse corte era feito como rotina. Hoje, porém, a
Os profissionais Enfermeiros devem ser capazes de aprender orientação mudou. Considera-se que, se for feita sem necessidade,
continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Des- a episiotomia pode ser mais prejudicial que benéfica. Mesmo que
ta forma, estes profissionais devem aprender a aprender e ter res- haja algum tipo de rasgo ou laceração no períneo no momento do
ponsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/ parto, a cicatrização costuma ocorrer sem dificuldades. E sempre há
estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcionando a chance de a mulher não precisar levar nenhum ponto.
condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profis- O Enfermeiro deve informar a parturiente as alternativas de
sionais e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e de- assistência ao parto e práticas benéficas recomendadas pela Orga-
senvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a nização Mundial da Saúde, como forma de respeito a seus valores
cooperação por meio de redes nacionais e internacionais. e vontade, primando pela manutenção da integridade da mulher.
Deve – se salientar, que a qualidade na assistência de Enfer- Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível
magem se concretiza quando o profissional exerce suas ações com médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de
conhecimento, habilidade, humanidade e competência para aten- Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
der as necessidades de saúde e expectativas do individuo. Diante assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
desse cenário, a promoção de educação em saúde está cada vez Neste Artigo, fica descrito que os trabalhadores desta categoria
mais se consolidando como uma prática significativa, pois abrange profissional prestam serviços técnicos. Suas funções consistem em:
a prestação de serviço de Enfermagem, além de prover informação, dispensar cuidados técnicos de Enfermagem em hospitais, clínicas e
por meio da educação permanente, para os profissionais que dela outros estabelecimentos de assistência em saúde; dispensar cuida-
necessitam no desempenho diário de suas atividades. dos ou orientar sobre aplicação dos mesmos em escolas, empresas,
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º centros infantis, creches; orientar sobre questões de cirurgia, tera-
desta lei incumbe, ainda: pia, puericultura, pediatria, psiquiatria, obstetrícia e outras (OGUIS-
O artigo 6 da lei descreve em seus incisos quem são os Enfer- SO, 2013). Contudo, deve-se atentar ao fato que o Técnico deve ser
meiros, e especificamente no inciso II: o titular do diploma ou cer- supervisionado pelo Enfermeiro (Art. 15 da Lei).
tificado de obstetriz, com competência legal de realizar assistência
a) participar da programação da assistência de Enfermagem;
obstétrica, e cuja graduação em Obstetrícia tem ênfase na promo-
O Técnico de Enfermagem no geral participa de forma ativa dos
ção da saúde da mulher e na assistência da mulher durante a gra-
serviços de Enfermagem, empregando processos de rotina e/ou es-
videz, o parto e o pós parto; ou de enfermeira obstétrica, que tem a
pecíficos, para possibilitar a proteção e recuperação da saúde do
competência legal de realizar assistência obstétrica, além de todas
as atividades de Enfermagem conferidos nos termos da lei. paciente. O Técnico deverá fazer pelo próximo aquilo que o outro
Em 1994, o currículo mínimo de Enfermagem foi modificado e não pode fazer por si mesmo; ajudar ou auxiliar quando parcial-
a habilitação em Obstetrícia foi extinta. Na atualidade, o curso pre- mente impossibilitado de se autocuidar; orientar ou encaminhar a
visto para formação específica de Enfermeiros na área obstétrica outros profissionais (HORTA, 1979).
consiste na especialização em Enfermagem, nível de pós-graduação b) executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as pri-
latu sensu, surgindo a figura do Enfermeiro com especialização em vativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo único do
Obstetrícia e Saúde da Mulher. Art. 11 desta Lei;
a) assistência à parturiente e ao parto normal; Nesta alínea, fica determinado que o profissional Técnico de En-
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a assistên- fermagem deva executar ações de assistência ao paciente/ cliente,
cia obstétrica deve ter como objetivo mãe e criança saudáveis, com exceto as ações encontradas no Art. 11 desta Lei, pois nestes casos,
o mínimo de intervenções e compatíveis com a segurança. Nessa caberá somente ao profissional Enfermeiro, executá-las. Neste sen-
perspectiva deve haver uma razão válida para se interferir no par- tido deve-se estar atento também as Resoluções Cofen que regulam
to normal. O Ministério da Saúde vem financiando e estimulando o exercício da Enfermagem tomando algumas ações no âmbito da
a qualificação da Enfermagem obstétrica, para acolher as escolhas equipe privativas do Enfermeiro.
da mulher no processo de parto e nascimento, por meio de uma c) participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfer-
cuidadosa avaliação de suas condições clínicas e obstétricas, como magem em grau auxiliar;
parte da estratégia da Rede Cegonha, para ampliar e qualificar a O Técnico de Enfermagem executa diversas tarefas de Enferma-
assistência prestada às gestantes e aos bebês no Sistema Único de gem como a administração de sangue, plasma, medicação, controle
Saúde (SUS). de sinais vitais, prestação de cuidados de conforto, movimentação
ativa e passiva e de higiene pessoal, aplicação de diálise peritonial
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de provi- e hemodiálise, valendo-se sempre dos seus conhecimentos técnicos,
dências até a chegada do médico; para proporcionar o maior grau de bem estar físico, mental e social
O Enfermeiro conforme a legislação vigente é habilitado em aos pacientes; executa tarefas complementares, e outros, preparan-
conformidade com sua capacitação técnica – cientifica para con- do o paciente, o material e o ambiente, para assegurar maior efici-
duzir um parto quando acontece de forma natural (sem distocias),
ência na realização dos exames e tratamentos; faz curativos simples
examinar a gestante, verificar contrações, dilatações e demais al-
e tratamento em situações de emergência, empregando técnicas
terações no funcionamento do organismo feminino no momento
usuais ou especificas, para atenuar as consequências dessas situa-
do parto, e discernir quaisquer alterações patológicas adotando os
ções, adapta o paciente ao ambiente hospitalar e aos métodos te-
procedimentos que entendem imprescindíveis, para garantir a se-
gurança da mãe e bebe, até a chegada de um médico especialista. rapêuticos que lhe são aplicados, e orientando-o, para reduzir sua
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anes- sensação de insegurança e sofrimento e obter sua colaboração no
tesia local, quando necessária. cuidado; presta cuidados post mortem, como enfaixamentos e tam-
A episiotomia é um corte cirúrgico feito no períneo, que é a re- ponamentos, utilizando algodão, gaze ou outros materiais, para
gião entre a vagina e o ânus, formada por músculos. Ocorre durante evitar a eliminação de secreções e melhorar a aparência do cadá-
o parto normal para facilitar a passagem do bebê, nos casos em que ver; registra as observações, tratamentos executados e ocorrências
a abertura não está sendo suficiente. verificadas em relação ao paciente, anotando-as no prontuário hos-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
pitalar, ficha de ambulatório, relatório de Enfermagem da unidade O Auxiliar de Enfermagem possui o dever inerente de assistir o
ou relatório geral, para fins de documentação e evolução da doença ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, atuan-
e possibilitar o controle da saúde (OGUISSO, 2013). do sob supervisão do Enfermeiro, em caráter de apoio, e por isso é
Assim como o atendimento as necessidades humanas básicas apto a participar da equipe de saúde, pois exerce a função de faci-
dos indivíduos (HORTA, 1979). Sendo que, todas as ações de Enfer- litador no desenvolvimento das tarefas de cada membro da equipe
magem devem ser realizadas com orientação e supervisão do pro- de saúde, além de gerar informações para possibilitar a tomada de
fissional Enfermeiro. providências (OGUISSO, 2013).
d) participar da equipe de saúde. Art. 14 . (VETADO).
Entende-se por equipe de saúde, um grupo formado por pro- Art. 15. As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta lei, quan-
fissionais de saúde, de mesma ou diferentes profissões e áreas de do exercidas em instituições de saúde, pública e privadas, e em pro-
atuação, responsáveis pela assistência à saúde de um ou mais pa- gramas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orienta-
cientes. ção e supervisão de Enfermeiro.
Art. 13. O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível Entre as atribuições privativas do Enfermeiro, destacadas no
médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de artigo 11, alínea c, está inserida a coordenação da equipe e do ser-
Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de viço de Enfermagem no planejamento, organização, coordenação,
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe- execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem As-
cialmente: sim, cabe ao Enfermeiro a coordenação de sua unidade de trabalho,
O Auxiliar de Enfermagem no geral dispensam cuidados simples congregando os membros da equipe de Enfermagem e organizando
de Enfermagem aos indivíduos, sob a supervisão de um Enfermeiro. os recursos disponíveis na prestação de assistência qualificada e sa-
Suas funções consistem em: atender as necessidades de enfermos tisfatória a pacientes, família e equipe.
portadores de doenças de pouca gravidade; dispensar cuidados sim- Art. 16. (VETADO).
ples de Enfermagem a pacientes hospitalizados; orientar o trabalho Art. 17. (VETADO).
educativo desenvolvido com indivíduos e grupos, para prevenção Art. 18. (VETADO).
de doenças; colher material para exames. Estes trabalhadores não Parágrafo único. (VETADO).
possuem formação e conhecimentos teóricos tão completos como Art. 19. (VETADO).
os Técnicos de Enfermagem e os Enfermeiros (OGUISSO, 2013). Eles Art. 20. Os órgãos de pessoal da administração pública direta e
podem ministrar medicamentos e prestar tratamentos de rotina aos indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos Ter-
pacientes internados, observando horários, posologia e outros da- ritórios observarão, no provimento de cargos e funções e na contra-
dos, atendendo as prescrições de Enfermagem e médica. tação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos
a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; desta lei.
Como mencionado acima, o profissional Auxiliar de Enferma- A Constituição Federal, a partir da Emenda Constitucional nº
19, de 1998, revisou a área de gestão de recursos humanos na ad-
gem atende as necessidades dos indivíduos portadores de doenças
ministração pública, viabilizando a adoção de leis que admitam a
de pouca gravidade. Este profissional controla sinais vitais dos pa-
criação de cargos alinhados com as características das demandas
cientes, observando a pulsação e utilizando aparelhos de pressão,
funcionais a serem atendidas, determinou que o concurso público
para registrar anomalias. (OGUISSO, 2013).
seja feito com metodologia que absorva a natureza e complexidade
b) executar ações de tratamento simples;
do cargo, conectou o estágio probatório ao exercício do cargo, com
Este profissional poderá fazer curativos simples, utilizando suas
sistema de avaliação especial que viabilize a confirmação funcional
noções de primeiros socorros ou observando prescrições para pro-
do servidor, sinalizou a necessidade de organizar carreira no car-
porcionar alivio ao paciente e facilitar cicatrização de ferimentos,
go para valorizar e reconhecer o desenvolvimento pessoal e profis-
suturas e escoriações; auxilia nos cuidados post mortem, fazendo sional do seu titular, considerando o grau de responsabilidade, as
tamponamentos e preparando o corpo, para evitar secreções e peculiaridades e a complexidade das suas atribuições e permitiu o
melhorar a aparência do morto. Prepara paciente para consultas acréscimo de parcela remuneratória variável, de acordo com o al-
e exames, vestindo-os adequadamente e colocando-os na posição cance de resultados.
indicada para facilitar a realização das operações mencionadas; Parágrafo único. Os órgãos a que se refere este artigo promo-
prepara e esteriliza material e instrumental, ambientes e equipa- verão as medidas necessárias à harmonização das situações já exis-
mentos, obedecendo a prescrições, para permitir a coleta de mate- tentes com as disposições desta lei, respeitados os direitos adquiri-
rial para exames de laboratório e a instrumentação em intervenções dos quanto a vencimentos e salários.
cirúrgicas, sempre sob a supervisão do Enfermeiro, registra as ta- A gestão de pessoas nas organizações públicas tem como dife-
refas executadas, as observações feitas e as reações ou alterações rença a submissão a leis específicas e a determinações políticas que
importantes, anotando-as no prontuário do paciente, para informar as privadas não têm. Ainda, a transparência para a administração
a equipe de saúde e possibilitar a tomada de providencias imediata pública é outro fator que a difere do ramo privado, uma vez que ela
(OGUISSO, 2013). é obrigada a divulgar tudo que faz principalmente no que tange a
c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente; prestação de contas dos recursos financeiros demarcado pelos prin-
O Auxiliar de Enfermagem atende a indivíduos que dependem cípios da impessoalidade, da legalidade, da moralidade, da publici-
de ajuda e os que não executam autocuidado, higiene oral, banho, dade e da eficiência.
massagem e mobilização, auxiliando na alimentação e higiene dos Entre os desafios da gestão pública de pessoal, encontram-se
mesmos, para proporciona-lhes conforto e recuperação mais rápi- a adequação do quadro de servidores ao tamanho da máquina es-
da. tatal, a conciliação entre gastos com pessoal e o orçamento estipu-
d) participar da equipe de saúde. lado para cada esfera de governo, a desburocratização das rotinas
Entende-se por equipe de saúde, um grupo formado por pro- de trabalho, a administração do crescimento do número de cargos
fissionais de saúde, de mesma ou diferentes profissões e áreas de públicos e a adequação necessária as legislações profissionais.
atuação, responsáveis pela assistência à saúde de um ou mais pa- Art. 21. (VETADO).
cientes. Art. 22. (VETADO).

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
Art. 23. O pessoal que se encontra executando tarefas de En- 3. (FEPESE/2019 - PREFEITURA DE BOMBINHAS – SC) A
fermagem, em virtude de carência de recursos humanos de nível queimadura é uma das causas mais frequentes de trauma na crian-
médio nessa área, sem possuir formação específica regulada em lei, ça. Os critérios clínicos utilizados para o diagnóstico diferencial da
será autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer profundidade de uma queimadura se baseiam em sinais clínicos.
atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no Uma queimadura de cor branca ou nacarada, pouco dolorosa,
art. 15 desta lei. seca, que não muda a perfusão periférica, é sugestiva de uma quei-
O artigo segundo desta lei afirma que a Enfermagem e suas madura de:
atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas le- (A) 1° grau superficial de espessura parcial superficial.
galmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enferma- (B) 1° grau profunda de espessura parcial profunda.
gem e é exercido privativamente pelo Enfermeiro, Técnico de En- (C) 2° grau superficial de espessura parcial.
fermagem, Auxiliar de Enfermagem e pela parteira, respeitados os (D) 2° grau profunda de espessura parcial profunda.
respectivos graus de habilitação. (E) 3° grau ou espessura total.
A partir da promulgação desta lei foram autorizados aos aten-
dentes de Enfermagem as atividades elementares de Enferma- 4. (QUADRIX/2018 - PREFEITURA DE CRISTALINA – GO)
gem que compreendem as ações que não requerem conhecimen- Crianças e adolescentes podem apresentar alterações metabólicas
to científico e se restringem a atividades de repetição por meio de preditivas de problemas mais sérios no futuro que, juntas, recebem
treinamento e não envolvem cuidados diretos ao individuo, mas a denominação de síndrome metabólica (SM). Considerando essa
contribuem para a assistência de Enfermagem. Sendo que, estas informação, assinale a alternativa que apresenta a morbidade que
atividades somente podem ser exercidas sob a supervisão do En- não faz parte dessa síndrome metabólica.
fermeiro. (A) obesidade visceral
Parágrafo único. É assegurado aos atendentes de Enfermagem, (B) dislipidemia aterogênica
admitidos antes da vigência desta lei, o exercício das atividades ele- (C) hipertensão
mentares da Enfermagem, observado o disposto em seu artigo 15. (D) hipovitaminose
(Redação dada pela Lei nº 8.967, de 1986) (E) resistência à insulina
Todos os atendentes de Enfermagem que exerciam suas ativi-
dades antes da lei e não tiveram formação profissional foram auto- 5. (CESPE/2018 – FUB) Texto associado
rizados as atividades elementares sob a supervisão do Enfermeiro. Durante um treinamento físico com ênfase no desenvolvimen-
Art. 24. (VETADO). to da capacidade cardiorrespiratória, ministrado para uma equipe
Parágrafo único. (VETADO). 27 de futebol universitário, um dos jogadores caiu no gramado após
Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de realizar uma corrida por 50 m em velocidade máxima. Ao se aproxi-
120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação. mar e chamá-lo pelo nome, o profissional de educação física que o
Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. treinava não obteve resposta. Em seguida, verificou-se que o atleta
Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em con- apresentava pulsação e respiração fracas, quadro esse que evoluiu
trário. rapidamente para uma parada cardiorrespiratória (PCR).
Nessa situação hipotética, o profissional de educação física
deve utilizar desfibrilador externo automático, se disponível, so-
EXERCÍCIOS mente seis minutos após o início da reanimação cardiopulmonar.
( ) CERTO
( ) ERRADO
1. (VUNESP/2019 - PREFEITURA DE VALINHOS – SP) No su-
porte básico de vida ao paciente com agravo clínico, a avaliação 6. (MS CONCURSOS/2018 - SAP-SP) Em uma caminhada pela
(A) primária da ventilação inclui observar o padrão ventilatório, mata, João foi picado por uma cobra na perna direita. Logo ele co-
a circunferência torácica e a autonomia respiratória. meçou a apresentar sonolência, pálpebras caídas e visão dupla,
(B) secundária do estado circulatório consiste em pesquisar he- vindo a sofrer, depois disso, uma parada respiratória. Sabendo que
morragias externas de natureza não traumática e verificar, nos a ação de socorro é encaminhá-lo imediatamente a uma unidade
pulsos periféricos, frequência, ritmo e simetria. hospitalar e tentar identificar o tipo da cobra, e tendo o conheci-
(C) complementar da ventilação requer observar, em especial, mento que cada peçonha produz uma ação distinta no organismo
se há uso de musculatura acessória e tiragem intercostal, além e que os sintomas de João são características de uma neurotoxina,
de movimentos assimétricos dos membros superiores. assinale a opção correta quanto ao tipo de serpente que causa esse
(D) secundária é importante, porém não obrigatória, principal- acidente ofídico.
mente nos pacientes críticos, ou se sua realização implicar em (A) Cascavel
atraso de transporte. (B) Jararaca
(E) secundária tem como objetivo único localizar assimetrias (C) Surucucu
morfológicas e instabilidades hemodinâmicas. (D) Coral Verdadeira
(E) Jiboia
2. (CESPE/2018 – EBSERH) Os traumas abdominais, classifica-
dos em abertos ou fechados, muito frequentemente caracterizam
situações de emergência. No que se refere a traumas abdominais,
julgue o item seguinte.
A imobilização cervical adequada é uma das condutas nas situ-
ações de trauma abdominal em atendimento pré-hospitalar.
( ) CERTO
( ) ERRADO
27 Fonte: www.corensc.gov.br

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
7. (CESPE/2018 – HUB) Pacientes infectados com HIV podem 11. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
apresentar efeitos adversos em decorrência da doença ou do tipo RO-2018) O controle e o rastreamento das ISTs são de grande im-
de tratamento a que são submetidos. Julgue o item subsequente, portância. No caso das gestantes, todas devem ser rastreadas para:
acerca das recomendações nutricionais adequadas para esses pa- (A) HIV, Hepatite A e difiteria.
cientes. (B) HIV, Sífilis e Hepatite B.
Pacientes com úlcera de boca e esôfago devem evitar ingerir (C) Hepatite B, Gonorreia e Hepatite A.
líquidos durante as refeições. (D) HIV, Hepatite A e Tularemia.
( ) CERTO (E) Hepatite A, tricomoníase e HIV.Parte inferior do formulário
( ) ERRADO
12. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
8. (FEPESE/2019 - PREFEITURA DE FRAIBURGO – SC) A qua- RO-2018) O Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza toda
lidade da assistência à saúde depende muito do trabalho da Enfer- a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como
magem, que representa mais de 50% de uma equipe de saúde. Por- missão
tanto, os Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem devem (A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até
ter em mente essa responsabilidade. 2020.
Assinale a alternativa correta acerca do exercício profissional (B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imu-
do técnico de enfermagem (TE). nopreveníveis.
(A) Realiza orientação e supervisão do trabalho de Enferma- (C) vacinar crianças e adultos vulneráveis.
gem. (D) o controle de doenças imunossupressoras.
(B) Executa diversas tarefas de Enfermagem como a adminis- (E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco
tração de sangue, plasma, medicação, controle de sinais vitais, controlável.
prestação de cuidados de conforto, movimentação ativa e pas-
siva e realização de higiene pessoal. 13. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
(C) Realiza curativos complexos e tratamento em situações de RO-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações, na sala
emergência. de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvol-
(D) Não está habilitado a prestar cuidados pós-morte, como vidos promovam a máxima segurança. Com relação a esse local, é
enfaixamentos e tamponamentos, utilizando algodão, gaze ou correto afirmar que
outros materiais, para evitar a eliminação de secreções e me- (A) deve ser destinado à administração dos imunobiológicos e
lhorar a aparência do cadáver. demais medicações intramusculares.
(E) Realiza cuidados de Enfermagem de maior complexidade (B) é importante que todos os procedimentos desenvolvidos
técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capa- promovam a segurança, propiciando o risco de contaminação.
cidade de tomar decisões imediatas. (C) a sala deve ter área mínima de 3 metros quadrados, para o
adequado fluxo de movimentação em condições ideais para a
9. (CESPE/2018 – EBSERH) No que se refere ao prontuário do realização das atividades.
paciente e ao direito em saúde, julgue o item a seguir. (D) a sala de vacinação é classificada como área semicrítica.
O prontuário médico é o conjunto de todos os documentos em (E) deve ter piso e paredes lisos, com frestas e laváveis
que haja registro de procedimentos, exames, condições físicas e de-
mais informações do paciente. 14. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
( ) CERTO RO-2018) São vias de administração de imunobiológicos, EXCETO
( ) ERRADO a via
(A) oral.
10. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-A- (B) subcutânea.
OCP-2018) O que é vigilância? (C) intraóssea.
(A) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou preve- (D) endovenosa.
nir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor- (E) intramusculaParte inferior do formulário
rentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e
da prestação de serviços de interesse da saúde. 15. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
(B) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e RO-2018) Segundo o código de ética da enfermagem, o enfermeiro,
proteção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilita- nas relações com o ser humano, tem
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agra- (A) o dever de salvaguardar os direitos da pessoa idosa, promo-
vos advindos das condições de trabalho. vendo a sua dependência física e psíquica e com o objetivo de
(C) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre- melhorar a sua qualidade de vida.
venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva, (B) o dever de respeitar as opções políticas, culturais, morais
com a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias pro- e religiosas da pessoa, sem criar condições para que ela possa
vocam à saúde. exercer, nessas áreas, os seus direitos.
(D) Um conjunto de atividades que se destina ao controle de (C) o direito de abster-se de juízos de valor sobre o comporta-
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem mento da pessoa assistida e lhe impor os seus próprios critérios
com a saúde. e valores no âmbito da consciência.
(E) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, (D) o dever de cuidar da pessoa com discriminação econômica,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de- social, política, étnica, ideológica ou religiosa.
terminantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, (E) o direito de recusar-se a executar atividades que não sejam
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de pre- de sua competência técnica, cientifica, ética e legal ou que não
venção e controle das doenças ou agravo ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à co-
letividade.

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 1
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)
______________________________________________________
GABARITO
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______________________________________________________
1 D
2 CERTO ______________________________________________________
3 E ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 ERRADO
6 D ______________________________________________________

7 ERRADO ______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 CERTO
______________________________________________________
10 E
11 B ______________________________________________________
12 B
______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 C
15 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

1. Segurança do Trabalho: histórico da Segurança do Trabalho. Doenças relacionadas ao trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01


2. Classificação dos riscos ambientais Normas regulamentadoras da Portaria nº 3.214/1978 e suas atualizações: . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. NR – 05 - regulamenta o funcionamento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual – EPI; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. NR – 07 - implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6. NR 08; NR 08 – Edificações; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
7. NR 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
8. NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
9. NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
10. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
11. NR 16 - Atividades e Operações Perigosas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
12. NR 17 – Ergonomia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
13. NR 19 – Explosivos; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
14. NR 20 - Líquidos combustíveis e inflamáveis; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
15. NR 21 - Trabalho a Céu Aberto; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
16. NR 23 - Proteção Contra Incêndios; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
17. NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
18. NR 26 - Sinalização de Segurança; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
19. NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
20. NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em espaços confinados; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
21. NR 35 - Trabalho em altura; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
22. NHO 1 – Avaliação da exposição ocupacional ao ruído; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
23. NHO 6 – Avaliação da exposição ocupacional ao calor; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
24. NHO 11 – Avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes internos de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
25. Urgência e emergência em saúde ocupacional; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
26. Lei nº 7.498/1986 (lei do exercício profissional), regulamentada pelo Decreto nº 94.406/1987. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
27. Código de Ética e Deontologia da Enfermagem – análise crítica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
28. Bioética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Foi nesse período que surgiu a portaria nº 3.237, onde foi esta-
PARTE 2: SEGURANÇA DO TRABALHO: HISTÓRICO DA belecida a obrigatoriedade dos serviços especializados em seguran-
SEGURANÇA DO TRABALHO. DOENÇAS RELACIONA- ça, higiene e medicina do trabalho nas empresas.
DAS AO TRABALHO A partir dessa portaria, tantas outras surgiram sendo a mais im-
portante e de destaque atual: a de 8 de junho de 1978, de nº 3.214.
Então por volta de1760 e 1830 na Inglaterra, ocorreu um fato Nessa portaria foram aprovadas as Normas Regulamentadoras,
marcante: a Revolução Industrial. NR’s, do capítulo V da CLT.
E ela teve origem com o surgimento da máquina de fiar. Hoje temos ativas 37 Normas Regulamentadoras.
Com o advento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, Muito ainda precisa se feito para melhorar a segurança do
o artesão perdeu o domínio dos meios de produção. trabalho nas empresas. Os acidentes ainda acontecem de maneira
As máquinas já começavam a substituir o artífice, numa produ- alarmante!
ção muitíssimo superior à do homem. A história da segurança tevediversas mudanças até os dias atu-
A mão de obra necessária para a manipulação das máquinasera ais, mas precisamos mudar o modo de pensar a respeito da vida.
facilmente garantida pelas famílias pobres.
Sendo aceitos como trabalhadores homens, mulheres e crian- Fonte: https://prolifeengenharia.com.br/historia-da-seguran-
ças, não importando a saúde nem outros requisitos. ca-do-trabalho/
O empregador estabelecia as condições de trabalho de acordo
Saúde do Trabalhador
com sua vontade e seu livre arbítrio.
Conjunto de atividades que se destina, através das ações de
As diretrizes eram fixadas pelo empregador, bem como a dura-
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e pro-
ção diária de trabalho.
teção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação
e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos
Os acidentes na história da segurança do trabalho e agravos advindos das condições de trabalho. Atualmente, vem
Todo esse quadro assumiu situações graves, o trabalhador não crescendo a preocupação com os agravos à saúde dos trabalhado-
tinha nenhum respeito humano. res. Pelo lado das empresas, o fato de esses eventos significarem
Não só os acidentes se sucederam, mas também enfermidades custos tanto em relação aos tributos, pois no caso de afastamento
típicas ou agravadas pelo ambiente profissional. em decorrência de acidente ou doença do trabalho, quando emiti-
Nesse período de inatividade o operário não recebia salário e da a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), a empresa deve
não havia leis que o amparasse. manter a contribuição do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço
(FGTS) e garantir a estabilidade do trabalhador por um ano, após o
A história da segurança do trabalho e as leis seu retorno ao trabalho, e de acordo com o numero de acidentes, a
As primeiras leis de proteção ao trabalho surgiram na Inglater- empresa corre o risco de ter aumentada a sua alíquota de contribui-
ra, França, Alemanha e Itália. ção ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT), pois com a implantação
Sendo: do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), em 2007, a
• Na Inglaterra, em 1802 criou-se a lei de amparo aos operá- contribuição empresarial passa a se vincular ao numero de afasta-
rios; dos por problemas de saúde decorridos do trabalho; tanto com o
• Em 1819 surge a lei que proibia o trabalho para menores de 9 treinamento de novo funcionário para substituir o que se acidentou
anos e limitava a 12 h a jornada para menores de 16 anos; e se afastou.
• Em 1833, o Parlamento Inglês votou nova lei, reduzindo para Além disso, ainda há a preocupação com as certificações in-
8 h o limite de jornada dos menores de 13 anos; e ternacionais que impõem determinadas exigências às empresas
• Para 12 h aos menores de 18 anos e proibindo o trabalho quanto a qualidade dos produtos e, em certa medida, ao processo
noturno de menores; de produção, o que reverbera em atitudes que podem melhorar o
• Em 1847, passou a vigorar uma lei estabelecendo a duração ambiente laboral. Porém, a discussão da prevenção, quase sempre,
diária do trabalho para 10 h e; imputa aos trabalhadores o peso das medidas que, não exclusiva-
• Essa lei dava proteção às mulheres e menores; mente, mas de maneira acentuada, resvala sobre o uso de Equi-
• Já em 1908, foi estabelecida a jornada diária de 8 h; pamentos de Proteção Individual (EPI), que embora crie barreiras
• Em 1910, foi criada a folga de meio dia por semana aos co- para a exposição do corpo a algum agente causador de acidente ou
doença, pesa sobre o individuo, que muitas vezes, já trabalha em
merciários;
lugar quente ou frio, realiza movimentos repetitivos e, entre outros,
• Em 1912, o Código de Leis Trabalhistas, foi ampliado sempre
ainda, tem que usar EPI, que certamente protege, mas também é
por estatutos especiais e portarias administrativas.
causa de incômodos e representa o reconhecimento de que aque-
Certamente pode se considerar que a Inglaterra foi o berço da
la atividade oferece riscos à saúde do trabalhador. Além disso, a
ideia do repouso semanal e da limitação da jornada diária de tra-
empresa também opta pela substituição da força de trabalho des-
balho.
gastada ou adoecida, há uma visível preferência pelos mais jovens
e sadios.
A história da segurança do trabalho nos dias atuais
A segurança do trabalho foi sofrendo mudanças ao longo de
toda a história.
Vários países considerando a importância da vida, também
aplicavam melhores condições no ambiente de trabalho.
No Brasil não foi diferente,as primeiras leis surgiram em 1919 e
foram aprimoradas ano a pós ano.
Contudo, foi somente em 1972 que a história da segurança do
trabalho mudou consideravelmente.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

O CAMPO DA SAÚDE DO TRABALHADOR - a avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;


A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública - a informação ao trabalhador, à sua respectiva entidade sindi-
que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o cal e às empresas sobre os riscos de acidente de trabalho, doença
trabalho e a saúde. Tem como objetivos a promoção e a proteção profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de traba- e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;
lho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação - a participação na normatização, fiscalização e controle dos
da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú-
de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no blicas e privadas;
SUS. Nessa concepção, trabalhadores são todos os homens e mu- - a revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
lheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus no processo de trabalho;
dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao ór-
de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão gão competente a interdição de máquina, do setor, do serviço ou
incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham de todo o ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, traba- iminente para a vida ou saúde do trabalhador.
lhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores
públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores particular-
Um dos princípios doutrinários do SUS é a descentralização,
mente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produ-
que é entendida como uma redistribuição de poder e responsabi-
ção. São também considerados trabalhadores aqueles que exercem
lidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis
atividades não remuneradas – habitualmente, em ajuda a mem-
de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a
bro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os
aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente decisão for tomada, maior a possibilidade do acerto.
afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou Assim, ao município cabe a execução da maioria das ações na
desemprego. promoção das ações de saúde diretamente voltadas aos seus cida-
Entre os determinantes da saúde do trabalhador estão com- dãos, principalmente a responsabilidade política pela sua saúde.
preendidos os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e Isso significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas,
organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores administrativas e financeiras para exercer esta função.
de risco ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e O que abrange um estado ou uma região estadual deve estar
aqueles decorrentes da organização laboral – presentes nos proces- sob responsabilidade estadual e o que for de abrangência nacional
sos de trabalho. Assim, as ações de saúde do trabalhador têm como será de responsabilidade federal. A essa profunda redefinição das
foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço do
relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de poder municipal sobre a saúde é o que se chama municipalização
uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e Inter setorial. da saúde. Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a
Os trabalhadores, individual e coletivamente nas organizações, concepção constitucional do mando único. Cada esfera de governo
são considerados sujeitos e partícipes das ações de saúde, que in- é autônoma e soberana em suas decisões e atividades, respeitando
cluem: o estudo das condições de trabalho, a identificação de me- os princípios gerais e a participação da sociedade.
canismos de intervenção técnica para sua melhoria e adequação e A saúde do trabalhador no âmbito do SUS é um conjunto de
o controle dos serviços de saúde prestados. Na condição de prática atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemio-
social, as ações de saúde do trabalhador apresentam dimensões so- lógica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
ciais, políticas e técnicas indissociáveis. Como consequência, esse trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saú-
campo de atuação tem interfaces com o sistema produtivo e a gera- de dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
ção da riqueza nacional, a formação e preparo da força de trabalho, condições de trabalho.
as questões ambientais e a seguridade social. De modo particular, Dados do Ministério da Previdência Social apontam que há
as ações de saúde do trabalhador devem estar integradas com as tendência de diminuição das ocorrências de acidentes de trabalho.
de saúde ambiental, uma vez que os riscos gerados nos processos Entre 2008 e 2010, os casos reduziram 7,3% – o que corresponde a
produtivos podem afetar, também, o meio ambiente e a população
cerca de 54 mil casos a menos nesse período. Em 2008, foram 755,9
em geral.
mil acidentes de trabalho e em 2010, 701,4 mil. Nesta sexta-feira
Segundo o parágrafo 3.º do artigo 6.º da LOS, a saúde do traba-
(27), comemora-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de
lhador é definida como “um conjunto de atividades que se destina,
Trabalho. De acordo com o Boletim Estatístico da Previdência Social
por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitá-
ria, à promoção e proteção da saúde do trabalhador, assim como (Beps), em junho de 2012, foram mais de R$ 1 milhão pagos em be-
visa à recuperação e à reabilitação dos trabalhadores submetidos nefícios relacionados a acidentes de trabalho, tanto aposentadoria
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”. Esse con- quanto auxílio-acidente, a mais de 1,2 mil pessoas – uma média de
junto de atividades está detalhado nos incisos de I a VIII do referido R$ 845 por trabalhador. Segundo informações do Tribunal Superior
parágrafo, abrangendo: do Trabalho (TST), os setores que mais registraram acidentes de
- a assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou trabalho em 2010, quando foi feito o último levantamento, foram
portador de doença profissional e do trabalho; a indústria e a construção civil, com mais de 59,9 mil e 54,6 mil
- a participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle casos, respectivamente. Em seguida estão os setores de comércio,
dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de veículos automotores, saúde, serviços sociais, transporte e armaze-
trabalho; nagem. Texto retirado do endereço eletrônico: http://www.brasil.
- a participação na normatização, fiscalização e controle das gov.br/cidadania-e-justica/2012/07/acidentes-de-trabalho-dimi-
condições de produção, extração, armazenamento, transporte, dis- nuem-no-pais
tribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e
de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Principais patologias enfrentada pelos trabalhadores O assédio moral no trabalho


Ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações
antecede momentos de medo, perigo ou de tensão, marcada por humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante
sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de va- a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais
zio no estômago, coração batendo rápido, nervosismo, aperto no comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em
Tórax, transpiração, etc. Todas as pessoas podem sentir ansieda- que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas
de, principalmente com a vida atribulada atual. A ansiedade acaba de longaduração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais su-
tornando-se constante na vida de muitas pessoas. Dependendo do bordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente
grau ou frequência pode se tornar patológica e acarretar em muitos de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. Ca-
problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade. racteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho
Ter ansiedade ou sofrer desse mal faz com que a pessoa perca em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em
uma boa parte da sua autoestima, ou seja, ela deixa de fazer cer- relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjeti-
tas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. No entanto, o va que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador
termo ansiedade está de certa forma interligado com o a palavra e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explica-
medo, sendo assim a pessoa passa a ter o medo de errar quando ções, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, cul-
da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar. pabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do
Os estudos sobre o controle no trabalho (“job control”) ganharam desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado
enorme fôlego nas últimas duas décadas e ligaram-se, de forma ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afeti-
estreita, às redefinições dos processos de trabalho no contexto de vos com a vítima e, frequentemente, reproduzem ações e atos do
reestruturação da economia mundial. Por outro lado, tais redefini- agressor no ambiente de trabalho, instaurando o ‘pacto da tolerân-
ções podem ser também atribuídas, em alguma medida, aos acha- cia e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente
se desestabilizando e fragilizando, ‘perdendo’ sua autoestima.
dos produzidos pelas pesquisas sobre controle, saúde e bem-estar.
A violência moral no trabalho constitui um fenômeno interna-
cional segundo levantamento recente da Organização Internacional
Motivação em psicologia, é a força propulsora (desejo) por
do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa
trás de todas as ações de um organismo
aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condi-
Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção, ções de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Uni-
e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma do, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as
determinada meta. A motivação é baseada em emoções, especifi- duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial
camente, pela busca por experiências emocionais positivas e por da Saúde, estas serão as décadas do ‘mal estar na globalização”,
evitar as negativas, onde positivo e negativo são definidos pelo es- onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos,
tado individual do cérebro, e não por normas sociais: uma pessoa relacionados com as novas políticas de gestão na organização de
pode ser direcionada até à auto-mutilação ou à violência caso o trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.São com ou-
seu cérebro esteja condicionado a criar uma reação positiva a essas tros olhos que, advogamos, devemos ver o local de trabalho: olhos
ações. que concebam a existência de pessoas e, como tal, buscam dar sen-
tido ao seu cotidiano, construindo-o de modo conflituoso e coope-
Parece claro que nas pessoas motivadas há toda uma série de rativo; pessoas que interagem a vida fora do local de trabalho com
sentimentos e fatores emocionais que reforçam o seu entusiasmo a vida no trabalho, lidam com as exigências postas pelas condições
e a sua persistência perante os contratempos normais da vida. O e pela organização do trabalho, enfim, conduzem processos sociais,
sentimento da própria eficácia, o acreditar de uma pessoa nas suas constroem sua história.
próprias capacidades tem um surpreendente efeito multiplicador Apesar de termos muitas vezes toda uma categoria profissio-
sobre essas mesmas capacidades. Aqueles que se sentem eficazes nal submetida a exigências comuns em termos de organização do
recuperam mais depressa dos fracassos, não se perturbam dema- processo de trabalho, quando nos aproximamos dos locais onde
siado pelo fato de que as coisas possam correr mal; pelo contrário, trabalham vemos que cada local é um mundo singular, com seus
fazem-nas o melhor que podem e procuram a maneira de as fazer problemas particulares, com mecanismos que fazem com que uma
ainda melhor na vez seguinte. O sentimento da própria eficácia tem mesma tecnologia influa diferentemente, são pessoas diferentes,
um grande valor estimulante, e vai acompanhado por um sentimen- relações interpessoais construídas, são diferentes regras que vigo-
to de segurança que alenta e conduz à ação. ram.
São, as organizações, processos de interação social onde pesso-
as, também investidas de papéis de trabalho, procuram fazer valer BORGES, L. H., 1997. Trabalho e doença mental: Reconhecimento
social do nexo trabalho e saúde mental. In: A Danação do Trabalho
seus interesses, seus valores e crenças; onde, para decifrá-la, de-
- Organização do Trabalho e Sofrimento Psíquico (J. F. Silva Filho &
vemos ter, a certeza de que no local de trabalho, apesar do capital
S. Jardim, org.), pp. 193-202, Belo Horizonte: Te Corá Editora.
buscar “recursos humanos”, as pessoas continuam sendo pessoas.
BROWN, J. A. C., 1979. Psicologia Social da Indústria. São Paulo:
Ainda que não tenhamos uma história do trabalho no Brasil, em que
Atlas.
a interlocução direta entre trabalhadores e patrões seja o modo de
se relacionar, barganhar interesses e conquistar direitos, o reconhe- O trabalho, compreendido como toda transformação da natu-
cimento deste processo conduz-nos a olhar as condições de possi- reza para benefício do homem, além de necessário para a manuten-
bilidade para desenvolver-se negociações a partir de outros olhos. ção da vida humana, é importante fator na definição das condições
de saúde de cada indivíduo.
O emprego de novas tecnologias, novas práticas gerenciais e a
incorporação de novas matérias primas aos processos de trabalho
tem repercussão direta sobre a morbi-mortalidade dos trabalhado-
res.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

A Saúde do Trabalhador, conjunto de ações de vigilância e as- ções de trabalho, subsidiando o controle social, e pela constatação
sistência, visando a promoção, a proteção, a recuperação e a reabi- de que essas informações estão dispersas, fragmentadas e pouco
litação da saúde dos trabalhadores submetidos a riscos e agravos acessíveis, no âmbito do SUS é que foi publicada a portaria nº 777/
advindos dos processos de trabalho, passou a fazer parte das ações GM de 28 de abril de 2004, que dispõe sobre os procedimentos
desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde - SUS a partir da Consti- técnicos para a notificação compulsória de 11 agravos da saúde do
tuição Federal de 1988, que, em seu artigo 200, inciso II, define que trabalhador em rede de serviços sentinela específica no SUS. Em
compete ao SUS executar ações de Saúde do Trabalhador. atendimento a esta portaria a coordenação nacional de saúde do
A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atua- trabalhador (COSAT) a partir de abril de 2006 reuniu para a capa-
ção contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de de- citação sobre SINAN NET saúde do trabalhador um representante
tectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e de cada Estado e assim dar início ao processo de construção para a
condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e implantação da vigilância epidemiológica em saúde do trabalhador.
ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, orga- Em 20 de julho de 2006 uma técnica do SINAN Nacional e um do
nizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar DATASUS nacional estiveram no Estado do Paraná implantando o
e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los SINAN NET para oficializar a digitação e envio de dados da Saúde
ou controlá-los. do trabalhador através das unidades sentinela definidas no projeto.
Projeto que foi elaborado com a participação de vários técnicos
História, documentos e fatos sobre a saúde do trabalhador do CEST, Hospital do Trabalhador, Secretaria Municipal de Saúde de
A saúde do trabalhador passou aos poucos a ser incorporada Curitiba, SINAN Estadual e 2ª Regional de Saúde e a contribuição
nas ações do SUS em 1990, por meio da Lei Orgânica da Saúde (LOS, do CEREST de Londrina. As atribuições estabelecidas na portaria
nº 8080, artigo 6º) é conferido a direção nacional do SUS a respon- 2437de 07 de dezembro de 2005 que dispõe sobre a ampliação e
sabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador. A LOS o fortalecimento da RENAST (Rede Nacional de Atenção Integral à
orienta a execução das ações voltadas para a saúde do trabalhador, Saúde do trabalhador no SUS dispõe sobre as atribuições no nível
o parágrafo 3º do artigo 6 a define como: local, municipal, regional, estadual e nacional. Dando continuida-
“Um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de ao cronograma definido no Projeto Estadual de Implantação da
de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e a Vigilância epidemiológica em Saúde do trabalhador apresentamos
proteção da saúde do trabalhador, assim como visa a recuperação este projeto de capacitação de técnicos para a notificação de agra-
e a reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos vos da saúde do trabalhador.
advindos das condições de trabalho”
A portaria 3908/GM, de 30 de outubro de 1998, ficou conhe- A Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (VISA-
cida como a Norma Operacional de Saúde do Trabalhador-NOST/
TT) é um conjunto de ações feitas sempre com a participação dos
SUS, definiu as atribuições e responsabilidades para orientar e ins-
trabalhadores e articuladas intra e intersetorialmente, de forma
trumentalizar as ações de saúde do trabalhador rural e urbano, con-
contínua e sistemática, com o objetivo de detectar, conhecer, pes-
sideradas as diferenças entre homens e mulheres, a serem desen-
quisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes da saú-
volvidas pelas secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal
de relacionados ao trabalho, cada vez mais complexo e dinâmico.
e dos municípios.
A Rede de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST)
A publicação de uma lista de doenças relacionadas ao trabalho,
é uma rede nacional de informação e práticas de saúde, organizada
por meio da Portaria/MS nº 1339/1999, se deu em cumprimento
com o propósito de pôr em prática as ações de vigilância, assistên-
da determinação do artigo 6º inciso VII, da LOS. A publicação des-
cia e promoção da saúde, nas linhas de cuidado da atenção básica,
ta lista só foi possível pelo empenho histórico de trabalhadores e
técnicos em conseguir reconhecimento de determinadas doenças da média e alta complexidade, ambulatorial, pré-hospitalar e hos-
como resultantes das condições de organização do trabalho. A mes- pitalar, sob a égide do controle social, nos três níveis de gestão do
ma lista regulamenta o conceito de doença profissional e doença SUS.
adquirida pelas condições em que o trabalho é realizado, norma- A VISATT Estadual se divide em três eixos complementares:
tizando e classificando tais infortúnios, sendo que esta também foi Vigilância Epidemiológica: coordenação dos procedimentos
adotada pelo Ministério da Previdência e Assistência social, no esta- técnicos para sistematização da informação e a notificação compul-
belecimento de nexos e de pagamentos de benefícios sociais. sória das doenças e agravos relacionados ao trabalho.Por meio do
A partir do Sistema Único de saúde (SUS) os serviços de saúde acompanhamento periódico de indicadores de saúde e sistemas,
pública tem primado sua ações por meio do desenvolvimento de como o de informação de agravos de notificação (SINAN-NET), bus-
sistemas de informações como é o caso de patologias como diabe- ca-se conhecer o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores e
tes, hipertensão arterial sistêmica, HIV etc... Na área de saúde do trabalhadoras, bem como o cruzamento com variáveis, tais como as
trabalhador as informações são escassas com estimativas a partir atividade econômica e ocupação.
de dados da Previdência Social, por meio da comunicação de aci- Atenção à Saúde: Objetiva a consolidação da Política Nacional
dente de trabalho (CAT) sendo pouco abrangente e não consegue de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora por meio do fortalecimen-
apreender dados precisos da questão, pois tem o caráter de segu- to das ações dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
ridade especialmente para trabalhadores formalmente vinculados (CEREST). Esses centros, comumente de abrangência estadual ou
ao mercado de trabalho. Mesmo nestes há subnotificação, princi- regional, deixam de ser porta de entrada prioritária e assumem o
palmente em doenças relacionadas ao trabalho que acabam não lugar de suporte e retaguarda técnica no seu território de abran-
sendo diagnosticadas como tal. Outro agravante de subnotificação gência. Atuam como polo irradiador da cultura da centralidade do
é o trabalho informal que oculta os acidentes, morte e invalidez. trabalho e produção social no processo saúde-doença. Além disso,
Considerando a necessidade da disponibilidade de informação a Atenção à Saúde almeja a ampliação e estímulo às ações do con-
consistente e ágil sobre a situação da produção, perfil dos traba- trole social, exercido, por exemplo, através das Comissões Interse-
lhadores e ocorrência de agravos relacionados ao trabalho para torias de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT) vincula-
orientar as ações de saúde, a intervenção nos ambientes e condi- das aos respectivos Conselhos de Saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Vigilância dos Ambientes e Processos de Trabalho: Compreen- Apesar de pontuais e díspares, esses programas e serviços tive-
dida como um conjunto de ações interventivas; planejadas, execu- ram o mérito de construir uma experiência significativa de atenção
tadas e avaliadas a partir da análise dos agravos/doenças e de seus especializada à saúde do trabalhador, desenvolver uma metodolo-
determinantes relacionados aos processos e ambientes de trabalho; gia de vigilância, preparar recursos humanos, estabelecer parcerias
que visam atenuar ou controlar os fatores e as situações geradoras com os movimentos social e sindical e, também, com outras instân-
de risco para a saúde dos trabalhadores. É a essência da ação de VI- cias responsáveis pelas ações de saúde do trabalhador nos Minis-
SATT e é desenvolvida por análises de documentos, entrevistas com térios do Trabalho e Emprego (MTE), da Previdência e Assistência
trabalhadores e observação direta do processo de trabalho (forma Social (MPAS) e com os Ministérios Públicos (MP). Contribuíram,
de trabalhar, relação do trabalhador com os meios e processos de também, para a configuração do atual quadro jurídico-institucional,
produção e da relação dos meios de produção com o ambiente). inscrito na Constituição Federal, na LOS e na legislação complemen-
tar.
A ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES
Por princípio, a atenção à saúde do trabalhador não pode ser Entre as maiores dificuldades apresentadas pela estratégia de
desvinculada daquela prestada à população em geral. Tradicional- implantação de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
mente, a assistência ao trabalhador tem sido desenvolvida em di- (CRST) estão a cobertura do conjunto dos trabalhadores e a peque-
ferentes espaços institucionais, com objetivos e práticas distintas: na inserção na rede do SUS, em uma perspectiva de atenção hierar-
• pelas empresas, por meio dos Serviços Especializados em Se- quizada e integral. Além dessas podem ser apontadas:
gurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e outras formas de organi- • falta de tradição, familiaridade e conhecimento dos profissio-
zação de serviços de saúde; nais do sistema com a temática da saúdedoença relacionada ao tra-
• pelas organizações de trabalhadores; balho, o que leva à crônica incapacidade técnica para o diagnóstico
• pelo Estado, ao implementar as políticas sociais públicas, em e o estabelecimento da relação das doenças com o trabalho;
particular a de saúde, na rede pública de serviços de saúde; • deficiência de recursos materiais para as ações de diagnós-
• pelos planos de saúde, seguros suplementares e outras for- ticos, equipamentos para avaliações ambientais, bibliografia espe-
mas de prestação de serviços, custeados pelos próprios trabalha- cializada;
dores; • não-reconhecimento das atribuições do SUS no tocante às
• pelos serviços especializados organizados no âmbito dos hos- ações de vigilância dos ambientes de trabalho, tanto no âmbito do
pitais universitários. SUS quanto entre outros setores de governo e entre os emprega-
dores;
Contrariando o propósito formal para o qual foram constituí- • falta de informações adequadas sobre os agravos à saúde
dos, os SESMT operam sob a ótica do empregador, com pouco ou relacionados ao trabalho nos sistemas de informação em saúde e
nenhum envolvimento dos trabalhadores na sua gestão. Nos seto- sobre sua ocorrência na população trabalhadora no setor informal;
res produtivos mais desenvolvidos, do ponto de vista tecnológico, a • pouca participação dos trabalhadores. Muitos sindicatos li-
competição no mercado internacional tem estimulado a adoção de mitam-se, na sua relação com o SUS, à geração de demandas pon-
políticas de saúde mais avançadas por exigências de programas de tuais, que acabam por preencher a agenda de muitos CRST. Falta,
qualidade e certificação. entretanto, uma integração construtiva na qual trabalhadores e téc-
No âmbito das organizações de trabalhadores, a luta sindical nicos da saúde busquem compreender a complexidade da situação
por melhores condições de vida e trabalho conseguiu alguns avan- da saúde do trabalhador em conjunturas e espaços específicos e, a
ços significativos nos anos 80, sob inspiração do novo sindicalismo, partir daí, traçar estratégias comuns para superar as dificuldades;
ainda que de modo desigual no conjunto da classe trabalhadora. • indefinição de mecanismos claros e duradouros para o finan-
Entretanto, a atuação sindical neste campo tem sofrido um reflu- ciamento de ações em saúde do trabalhador;
xo na atual conjuntura, em decorrência das políticas econômicas • atribuições concorrentes ou mal definidas entre os diferentes
e sociais em curso no País que deslocam o eixo das lutas para a órgãos que atuam na área.
manutenção do emprego e a redução dos impactos sobre o poder
de compra dos trabalhadores. Como conseqüência, na atualidade, Podem, ainda, ser apontadas dificuldades para a incorporação/
podem ser observadas práticas diversificadas, desde atividades as- articulação das ações de Saúde do Trabalhador no âmbito do siste-
sistenciais tradicionais até ações inovadoras e criativas, que enfo- ma de saúde, em nível nacional, regional e local, como, por exem-
cam a saúde de modo integral. plo: com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Centro Nacional
de Epidemiologia (Cenepi), a Agência Nacional de Vigilância Sani-
AS AÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR NA REDE PÚBLICA DE tária (Anvisa), a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS), o Depar-
SERVIÇOS DE SAÚDE tamento de Informática do SUS (Datasus) e o Instituto Nacional de
Apesar da rede pública de serviços de saúde sempre ter aten- Câncer (INCA), comprometendo a universalidade e a integralidade
dido trabalhadores, um modelo alternativo de atenção à saúde do da atenção.
trabalhador começou a ser instituído, em meados da década de 80, A experiência acumulada pelos Programas de Saúde do Traba-
sob a denominação de Programa de Saúde do Trabalhador, como lhador na rede de serviços de saúde sustenta a proposta de reorien-
parte do movimento da Saúde do Trabalhador. tação do modelo assistencial, que privilegia as ações de saúde do
As iniciativas buscavam construir uma atenção diferenciada trabalhador na atenção primária de saúde, com a retaguarda téc-
para os trabalhadores e um sistema de vigilância em saúde, com a nica dos CRST e de instâncias mais complexas do sistema de saúde.
participação dos trabalhadores. Atualmente existem no país cerca Esses devem garantir uma rede eficiente de referência e contra-re-
de 150 programas, centros de referência, serviços, núcleos ou co- ferência, articulada com as ações das vigilâncias epidemiológica e
ordenações de ações de Saúde do Trabalhador, em estados e mu- sanitária, e os programas de atenção a grupos específicos, como
nicípios, com graus variados de organização, competências, atribui- mulher, adolescentes, idosos ou organizados por problemas. Tam-
ções, recursos e práticas de atuação, voltados, principalmente, para bém deverão estar contemplados:
a atenção aos trabalhadores urbanos. • a capacitação técnica das equipes;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

• a disponibilidade de instrumentos para o diagnóstico e es- • doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplá-
tabelecimento de nexo com o trabalho pelos meios propedêuticos sicas, traumáticas, etc.) eventualmente modificadas no aumento da
necessários; freqüência de sua ocorrência ou na precocidade de seu surgimento
• recursos materiais para as ações de vigilância em saúde, tais em trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho. A hi-
como suporte laboratorial e outros meios diagnósticos, equipamen- pertensão arterial em motoristas de ônibus urbanos, nas grandes
tos para avaliações ambientais; cidades, exemplifica esta possibilidade;
• disponibilidade de bibliografia especializada; • doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia amplia-
• mecanismos que corrijam a indefinição e duplicidade de atri- do ou tornado mais complexo pelo trabalho.
buições, tanto no âmbito do SUS, quanto entre outros setores do
governo; A asma brônquica, a dermatite de contato alérgica, a perda au-
• coleta e análise das informações sobre os agravos à saúde ditiva induzida pelo ruído (ocupacional), doenças músculo-esquelé-
relacionados ao trabalho nos sistemas de informação em saúde e ticas e alguns transtornos mentais exemplificam esta possibilidade,
sobre sua ocorrência na população trabalhadora no setor informal, na qual, em decorrência do trabalho, somam-se (efeito aditivo) ou
não segurada pela Previdência Social; multiplicam-se (efeito sinérgico) as condições provocadoras ou de-
• definição de mecanismos claros e duradouros para o financia- sencadeadoras destes quadros nosológicos;
mento das ações em saúde do trabalhador
• agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do
A INVESTIGAÇÃO DAS RELAÇÕES SAÚDE-TRABALHO, O ESTA- trabalho e pelas doenças profissionais. A silicose e a asbestose
BELECIMENTO DO NEXO CAUSAL DA DOENÇA COM O TRABALHO E exemplificam este grupo de agravos específicos.
AS AÇÕES DECORRENTES
O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e Os três últimos grupos constituem a família das doenças rela-
evolução do processo saúde-doença dos trabalhadores tem impli- cionadas ao trabalho. A natureza dessa relação é sutilmente distinta
cações éticas, técnicas e legais, que se refletem sobre a organização em cada grupo. O Quadro II resume e exemplifica os grupos das
e o provimento de ações de saúde para esse segmento da popula- doenças relacionadas de acordo com a classificação proposta por
ção, na rede de serviços de saúde. Schilling (1984).
Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação causal ou do GRUPO I: doenças em que o trabalho é causa necessária, tipi-
nexo entre um determinado evento de saúde – dano ou doença – ficadas pelas doenças profissionais, stricto sensu, e pelas intoxica-
individual ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição ções agudas de origem ocupacional.
de trabalho constitui a condição básica para a implementação das GRUPO II: doenças em que o trabalho pode ser um fator de
ações de Saúde do Trabalhador nos serviços de saúde. De modo risco, contributivo, mas não necessário, exemplificadas pelas doen-
esquemático, esse processo pode se iniciar pela identificação e con- ças comuns, mais freqüentes ou mais precoces em determinados
trole dos fatores de risco para a saúde presentes nos ambientes e grupos ocupacionais e para as quais o nexo causal é de natureza
condições de trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e eminentemente epidemiológica. A hipertensão arterial e as neopla-
sias malignas (cânceres), em determinados grupos ocupacionais ou
prevenção dos danos, lesões ou doenças provocados pelo trabalho,
profissões, constituem exemplo típico.
no indivíduo e no coletivo de trabalhadores.
GRUPO III: doenças em que o trabalho é provocador de um dis-
Apesar de fugir aos objetivos deste texto, que trata dos aspec-
túrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida ou preexis-
tos patogênicos do trabalho, potencialmente produtor de sofrimen-
tente, ou seja, concausa, tipificadas pelas doenças alérgicas de pele
to, adoecimento e morte, é importante assinalar que, na atualida-
e respiratórias e pelos distúrbios mentais, em determinados grupos
de, cresce em importância a valorização dos aspectos positivos e
ocupacionais ou profissões
promotores de saúde, também presentes no trabalho, que devem
estar contemplados nas práticas de saúde.
Entre os agravos específicos estão incluídas as doenças profis-
Neste capítulo serão apresentados, resumidamente, aspectos sionais, para as quais se considera que o trabalho ou as condições
conceituais sobre as formas de adoecimento dos trabalhadores e em que ele é realizado constituem causa direta. A relação causal
de sua relação com o trabalho, alguns dos recursos e instrumentos ou nexo causal é direta e imediata. A eliminação do agente causal,
disponíveis para a investigação das relações saúde-trabalho-doença por medidas de controle ou substituição, pode assegurar a preven-
e para o estabelecimento do nexo do dano/doença com o trabalho ção, ou seja, sua eliminação ou erradicação. Esse grupo de agravos,
e as ações decorrentes que devem ser implementadas. Ao final en- Schilling I, tem, também, uma conceituação legal no âmbito do SAT
contra-se relacionada uma bibliografia sugerida para o aprofunda- da Previdência Social e sua ocorrência deve ser notificada segun-
mento do tema. do regulamentação na esfera da Saúde, da Previdência Social e do
Trabalho.
O ADOECIMENTO DOS TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO
COM O TRABALHO
Os trabalhadores compartilham os perfis de adoecimento e
morte da população em geral, em função de sua idade, gênero, gru-
po social ou inserção em um grupo específico de risco. Além disso,
os trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relaciona-
das ao trabalho, como consequência da profissão que exercem ou
exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou
foi realizado. Assim, o perfil de adoecimento e morte dos trabalha-
dores resultará da amalgamação desses fatores, que podem ser sin-
tetizados em quatro grupos de causas (Mendes & Dias, 1999):
• doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação com
o trabalho;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Os outros dois grupos, Schilling II e III, são formados por doenças consideradas de etiologia múltipla, ou causadas por múltiplos fatores
de risco. Nessas doenças comuns, o trabalho poderia ser entendido como um fator de risco, ou seja, um atributo ou uma exposição que
estão associados com uma probabilidade aumentada de ocorrência de uma doença, não necessariamente um fator causal (Last, 1995).
Portanto, a caracterização etiológica ou nexo causal será essencialmente de natureza epidemiológica, seja pela observação de um excesso
de freqüência em determinados grupos ocupacionais ou profissões, seja pela ampliação quantitativa ou qualitativa do espectro de deter-
minantes causais, que podem ser melhor conhecidos a partir do estudo dos ambientes e das condições de trabalho.
A eliminação desses fatores de risco reduz a incidência ou modifica o curso evolutivo da doença ou agravo à saúde.
Classicamente, os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho, podem ser
classificados em cinco grandes grupos:
FÍSICOS: ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal, entre
outros;
QUÍMICOS: agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais e vegetais, comuns nos
processos de trabalho (ver a coluna de agentes etiológicos ou fatores de risco na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho);
BIOLÓGICOS: vírus, bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios e na agricultura e pecuária (ver
a coluna de agentes etiológicos ou fatores de risco na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho);
ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS: decorrem da organização e gestão do trabalho, como, por exemplo: da utilização de equipamen-
tos, máquinas e mobiliário inadequados, levando a posturas e posições incorretas; locais adaptados com más condições de iluminação,
ventilação e de conforto para os trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de
produtividade, relações de trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos trabalhadores, entre outros;
MECÂNICOS E DE ACIDENTES: ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização,
rotulagem de produtos e outros que podem levar a acidentes do trabalho.

AÇÕES DECORRENTES DO DIAGNÓSTICO DE UMA DOENÇA OU DANO RELACIONADO AO TRABALHO


Uma vez estabelecida a relação causal ou nexo entre a doença e o trabalho desempenhado pelo trabalhador, o profissional ou a equi-
pe responsável pelo atendimento deverá assegurar:
• a orientação ao trabalhador e a seus familiares, quanto ao seu problema de saúde e os encaminhamentos necessários para a recu-
peração da saúde e melhoria da qualidade de vida;
• afastamento do trabalho ou da exposição ocupacional, caso a permanência do trabalhador represente um fator de agravamento do
quadro ou retarde sua melhora, ou naqueles nos quais as limitações funcionais impeçam o trabalho;
• o estabelecimento da terapêutica adequada, incluindo os procedimentos de reabilitação;
• solicitação à empresa da emissão da CAT para o INSS, responsabilizando-se pelo preenchimento do Laudo de Exame Médico (LEM).
Essa providência se aplica apenas aos trabalhadores empregados e segurados pelo SAT/INSS. No caso de funcionários públicos, por exem-
plo, devem ser obedecidas as normas específicas (ver capítulo 5);
• notificação à autoridade sanitária, por meio dos instrumentos específicos, de acordo com a legislação da saúde, estadual e munici-
pal, viabilizando os procedimentos da vigilância em saúde. Também deve ser comunicado à DRT/MTE e ao sindicato da categoria a que o
trabalhador pertence.

A decisão quanto ao afastamento do trabalho é difícil, exigindo que inúmeras variáveis de caráter médico e social sejam consideradas:
• os casos com incapacidade total e/ou temporária devem ser afastados do trabalho até melhora clínica, ou mudança da função e
afastamento da situação de risco;
• no caso do trabalhador ser mantido em atividade, devem ser identificadas as alternativas compatíveis com as limitações do paciente
e consideradas sem risco de interferência na evolução de seu quadro de saúde;
• quando o dano apresentado é pequeno, ou existem atividades compatíveis com as limitações do paciente e consideradas sem risco
de agravamento de seu quadro de saúde, ele pode ser remanejado para outra atividade, em tempo parcial ou total, de acordo com seu
estado de saúde;
• quando houver necessidade de afastar o paciente do trabalho e/ou de sua atividade habitual, o médico deve emitir relatório justifi-
cando as razões do afastamento, encaminhando-o ao médico da empresa, ou ao responsável pelo PCMSO. Se houver indícios de exposição
de outros trabalhadores, o fato deverá ser comunicado à empresa e solicitadas providências corretivas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Atenção especial deve ser dada à decisão quanto ao retorno ao O conceito de risco aqui utilizado deriva da palavra inglesa ha-
trabalho. É importante avaliar se a empresa ou a instituição oferece zard, que vem sendo traduzida para o português como perigo ou
programa de retorno ao trabalho, com oferta de atividades com- fator de risco ou situação de risco. Segundo Trivelato (1998), o con-
patíveis com a formação e a função do trabalhador, que respeite ceito de risco é bidimensional, representando a possibilidade de
suas eventuais limitações em relação ao estágio pré-lesão e pre- um efeito adverso ou dano e a incerteza da ocorrência, distribuição
pare colegas e chefias para apoiar o trabalhador na nova situação, no tempo ou magnitude do resultado adverso. Assim, de acordo
alargando a concepção de capacidade para o trabalho adotada na com essa definição, situação ou fator de risco é “uma condição ou
empresa, de modo a evitar a exclusão do trabalhador no seu local conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar um efei-
de trabalho. to adverso, que pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saú-
Considerando o caráter de construção da Área de Saúde do Tra- de, à propriedade ou ao meio ambiente”. Ainda segundo Trivelato
balhador, é importante que os profissionais dos serviços de saúde (1998), os fatores de risco podem ser classificados, segundo sua
estejam imbuídos da responsabilidade de produção e divulgação do natureza, em:
conhecimento acumulado
AMBIENTAL:
BASES TÉCNICAS PARA O CONTROLE DOS FATORES DE RISCO - físico: alguma forma de energia: radiação, ruído, vibração,
E PARA A MELHORIA DOS AMBIENTES E DAS CONDIÇÕES DE TRA- etc.;
BALHO - químico: substâncias químicas, poeiras, etc.;
A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e - biológico: bactérias, vírus, fungos, etc.;
a melhoria dos ambientes de trabalho para promoção e proteção da
saúde do trabalhador constituem um desafio que ultrapassa o âm- SITUACIONAL: instalações, ferramentas, equipamentos, mate-
bito de atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções técnicas, riais, operações, etc.;
às vezes complexas e de elevado custo. Em certos casos, medidas HUMANO OU COMPORTAMENTAL: decorrentes da ação ou
simples e pouco onerosas podem ser implementadas, com impac- omissão humana.
tos positivos e protetores para a saúde do trabalhador e o meio
ambiente. O reconhecimento das condições de risco no trabalho envolve
O controle das condições de risco para a saúde e melhoria dos um conjunto de procedimentos que visam a definir se existe ou não
ambientes de trabalho envolve as seguintes etapas: um problema para a saúde do trabalhador e, no caso afirmativo, a
• identificação das condições de risco para a saúde presentes estabelecer sua provável magnitude, a identificar os agentes poten-
no trabalho; ciais de risco e as possibilidades de exposição. É uma etapa funda-
• caracterização da exposição e quantificação das condições de mental do processo que, apesar de sujeita às limitações dos recur-
risco; sos disponíveis e a erros, servirá de base para a decisão quanto às
• discussão e definição das alternativas de eliminação ou con- ações a serem adotadas e para o estabelecimento de prioridades.
trole das condições de risco; Reconhecer o risco significa identificar, no ambiente de trabalho,
• implementação e avaliação das medidas adotadas. fatores ou situações com potencial de dano, isto é, se existe a possi-
bilidade de dano. Avaliar o risco significa estimar a probabilidade e
É muito importante que os trabalhadores participem de to- a gravidade de que o dano ocorra.
das as fases desse processo, pois, como foi assinalado no capítulo Para reconhecer as condições de risco é necessário investigar
anterior, em muitos casos, a despeito de toda sofisticação técnica, as possibilidades de geração e dispersão de agentes ou fatores noci-
apenas os trabalhadores são capazes de informar sutis diferenças vos associados aos diferentes processos de trabalho, às operações,
existentes entre o trabalho prescrito e o trabalho real, que explicam às máquinas e a outros equipamentos, bem como às diferentes
o adoecimento e o que deve ser modificado para que se obtenha os matérias-primas, aos produtos químicos utilizados, aos eventuais
resultados desejados. subprodutos e aos resíduos. Os possíveis efeitos dos agentes poten-
Na atualidade, a preocupação com o meio ambiente e a saú- cialmente presentes sobre a saúde devem ser estudados.
de das populações residentes na área de influência das unidades Assim, o conhecimento disponível sobre os riscos potenciais
produtivas vem fortalecendo o movimento que busca a mudança que ocorrem em determinada situação de trabalho deve ser acom-
de processos de trabalho potencialmente lesivos para a saúde das panhado de uma observação cuidadosa in loco das condições reais
populações e o ambiente, o que pode ser um aliado importante de exposição dos trabalhadores.
para a saúde do trabalhador.
São apresentadas, a seguir, algumas considerações sobre o
conceito de risco e fator ou condições de risco para a saúde; as
metodologias disponíveis para o reconhecimento dos riscos; algu-
mas das alternativas para a eliminação ou a redução da exposição
às condições de risco para a saúde e a melhoria dos ambientes de
trabalho visando à proteção da saúde do trabalhador. Mais infor-
mações e o aprofundamento dessas questões podem ser obtidos
na bibliografia relacionada ao final do capítulo. Identificação e Ava-
liação das Condições de Risco

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Deve ser lembrado que existe uma diferença entre a capacidade que tem um agente para causar dano e a possibilidade de que este
agente cause dano. O potencial intrínseco de um agente tóxico para lesar a saúde só se concretiza se houver condições para que este
agente alcance o(s) órgão(s) crítico(s) que ele pode danificar. Por exemplo: a sílica livre cristalina é o agente etiológico da silicose, portanto
um bloco de granito “encerra” o risco de silicose. Entretanto, esse bloco só oferecerá risco real de doença se for submetido a algum pro-
cesso de subdivisão que produza partículas suficientemente pequenas para serem inaladas e depositadas nos alvéolos pulmonares. Se o
bloco de granito fizer parte de um monumento, não haverá risco de silicose, porém se este mesmo bloco de granito estiver em um canto
no local de trabalho é importante investigar para que será utilizado. O fato de, no momento, não estar oferecendo risco não significa que
assim será no futuro.
Alguns exemplos, não exaustivos, de agentes químicos, físicos e biológicos que podem oferecer risco para a saúde, bem como de locais
onde podem ocorrer, são apresentados no Quadro VI.
A presença de contaminantes atmosféricos pode passar desapercebida, configurando os riscos escondidos.
A falta de propriedades características ou a presença simultânea de uma multiplicidade de fatores no ambiente de trabalho pode mas-
carar riscos, como, por exemplo, o odor. Quando o risco provém de substâncias ou produtos utilizados é simples associar sua presença com
determinadas operações, como no caso de vapores de solventes em fornos de secagem ou limpeza a seco de vestuário; neblinas de ácido
crômico na cromagem de peças; ou poeira de sílica em operações de jateamento de areia. O mesmo não acontece quando os agentes
químicos ocorrem como subprodutos, ou resíduos, ou são produzidos acidentalmente como resultado de reações químicas de combustão
ou pirólise, decomposição de certos materiais, ou aparecem como impurezas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

O problema das impurezas deve ser cuidadosamente examinado, visto que certos produtos químicos podem conter contaminantes
muito mais tóxicos do que eles próprios, oferecendo riscos para a saúde. Por exemplo, o benzeno, altamente tóxico e cancerígeno, pode
ser encontrado como impureza na gasolina e em outros solventes menos tóxicos, como o tolueno e o xileno. Certos talcos podem conter
asbesto como impureza. A arsina e a fosfina, gases muito tóxicos, podem ser encontrados como impurezas no acetileno, que é muito me-
nos tóxico.
Produtos vendidos sob nomes comerciais, sem informação detalhada quanto à composição química, geralmente criam problemas
para o reconhecimento de riscos. Tais informações devem ser exigidas dos fabricantes e fornecedores, uma vez que análises de amostras
de tais produtos são trabalhosas e caras. Na atualidade, estão disponíveis bases de dados com informações sobre produtos a partir dos
nomes comerciais, incluindo informações toxicológicas. Algumas dessas fontes de informação estão referenciadas na bibliografia, ao final
deste capítulo.
Outro aspecto importante da toxicidade das substâncias químicas refere-se às suas propriedades físicas.
A proporção dos componentes de um vapor pode diferir muito de sua proporção na mistura líquida que lhe deu origem.
Por exemplo, uma mistura contendo 10% de benzeno e 90% de xileno na fase líquida, conterá 65% de benzeno e 35% de xileno na fase
de vapor, portanto, uma proporção muito maior do componente mais tóxico. Líquidos contendo pequenas proporções de impurezas muito
tóxicas porém, com alta pressão de vapor, podem dar origem a vapores perigosos, se inalados.
Quanto às poeiras, sua composição pode diferir muito da composição da rocha que lhe deu origem, devido às diferenças na friabili-
dade dos componentes. Também seu aspecto visual pode enganar. Nuvens de poeira visíveis podem ser menos prejudiciais que nuvens
praticamente invisíveis, pois a fração respirável de algumas poeiras, a mais nociva, pode não ser vista a olho nu. Devido ao seu pequeno
tamanho e pouco peso, podem ficar em suspensão no ar durante muito tempo e atingir grandes distâncias, afetando trabalhadores que
parecem não estar expostos.
Outro risco, às vezes esquecido, decorre da falta de oxigênio, que pode levar rapidamente à morte. Pode ocorrer quando certos conta-
minantes atmosféricos, não necessariamente tóxicos em si, deslocam o oxigênio, como no caso de recintos fechados onde há fermentação
e o CO2desloca o oxigênio.
Com exceção das radiações ionizantes, os riscos de natureza física são geralmente fáceis de reconhecer, pois atuam diretamente sobre
os sentidos. No Quadro VIII estão relacionados alguns exemplos de agentes físicos e respectivas situações de exposição.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

A exposição aos agentes biológicos está geralmente associada ao trabalho em hospitais, laboratórios de análises clínicas e atividades
agropecuárias, porém pode ocorrer, também, em outros locais. O fato de que frequentemente ocorrem em situações não-ocupacionais
complica o estabelecimento do nexo causal. Os agentes biológicos incluem vírus, bactérias, riquétsias*, protozoários e fungos e seus es-
poros. No Quadro IX, apresentado a seguir, estão relacionados alguns exemplos desses agentes e as respectivas situações ocupacionais de
exposição.
Os fatores de adoecimento relacionados à organização do trabalho, em geral considerados nos riscos ergonômicos, podem ser iden-
tificados em diversas atividades, desde a agricultura tradicional até processos de trabalho modernos que incorporam alta tecnologia e
sofisticadas estratégias de gestão. Os processos de reestruturação produtiva e globalização da economia de mercado, em curso, têm
acarretado mudanças significativas na organização e gestão do trabalho com repercussões importantes sobre a saúde do trabalhador.
Entre suas consequências destacam-se os problemas osteomusculares e o adoecimento mental relacionados ao trabalho, que crescem
em importância em todo o mundo. A exigência de maior produtividade, associada à redução contínua do contingente de trabalhadores, à
pressão do tempo e ao aumento da complexidade das tarefas, além de expectativas irrealizáveis e as relações de trabalho tensas e precá-
rias, constituem fatores psicossociais responsáveis por situações de estresse relacionado ao trabalho.
Um enfoque mais detalhado dessas questões pode ser encontrado nos capítulos 10 e 18 deste Manual de Procedimentos.
O reconhecimento das condições de risco presentes no trabalho pode ser realizado com o auxílio de metodologias variadas, porém
todas elas incluem três etapas fundamentais:
a) o estudo inicial da situação;
b) inspeção do local de trabalho para observações detalhadas;
c) análise dos dados obtidos.

O estudo inicial da situação é indispensável para que fatores ou condições de risco não sejam negligenciados durante a inspeção do
local de trabalho, requerendo conhecimento técnico, experiência e acesso a fontes especializadas e atualizadas de informação. O estudo
preliminar do(s) processo(s) de trabalho, que precede a inspeção, pode ser feito utilizando as fontes de informação disponíveis (literatura
especializada, bancos de dados eletrônicos, relatórios técnicos de levantamentos prévios realizados no mesmo local ou em locais seme-
lhantes) e por meio de perguntas antecipadas à própria empresa que vai ser estudada, como, por exemplo, a lista de produtos compra-
dos com a respectiva taxa de consumo (semanal ou mensal), como e onde são utilizados. Assim é possível determinar a priori quais as
principais possibilidades de risco, o que será de grande utilidade e otimizará o tempo durante a inspeção propriamente dita. Concluída a
investigação dos agentes de risco potenciais, que podem ocorrer no local de trabalho, é necessário verificar quais são seus possíveis efeitos
para a saúde. Além disso, também devem ser consultadas as tabelas contendo os Limites de Exposição Ocupacional (LEO) ou Limites de
Tolerância (LT), pois os valores de exposição permitidos para os diferentes agentes dão uma idéia do grau de dano que podem causar e são
úteis para se fazer comparações e estabelecer prioridades.
Por exemplo, um agente químico cujo LT é 0,5 mg/m3será muito mais perigoso que um agente cujo LT é 200 mg/m3.
As informações relativas ao estado de saúde do trabalhador, incluindo as queixas, sintomas observados ou outros efeitos sobre a saú-
de e alterações precoces nos parâmetros de saúde ou nos resultados de monitorização biológica, também podem auxiliar na identificação
de condições de risco existentes no ambiente de trabalho. Uma colaboração estreita entre os responsáveis pelo estudo do ambiente e
das condições de trabalho (higienistas, engenheiros de segurança, ergonomistas) e os responsáveis pela saúde do trabalhador (médicos,
psicólogos, enfermeiros do trabalho, toxicologistas) é indispensável para uma avaliação correta das exposições ocupacionais. O enfoque
multidisciplinar e o trabalho em equipe permitem desvendar relações causais que de outra forma podem passar despercebidas.
O potencial de causar dano de um determinado agente encontrado no ambiente de trabalho é importante para o estabelecimento de
prioridades, mesmo para as observações iniciais, alertando para a presença de condições graves, que requerem ação imediata, como no
caso da exposição a substâncias muito tóxicas, cancerígenas ou teratogênicas. O modo de ação de um agente sobre o organismo (rápido,
lento) e a possibilidade de penetrar através da pele intacta são dados importantes para orientar as observações in loco e o estabelecimen-
to da estratégia de amostragem, se necessária.
Relatórios e resultados de investigações prévias devem ser analisados, considerando a possibilidade de que tenham ocorrido mudan-
ças nas condições de trabalho.
Na inspeção do local de trabalho é importante definir um ponto focal que, necessariamente, deve ser uma pessoa que conheça bem
todo o processo de trabalho, assegurando o acesso às pessoas que possam dar informações pertinentes, principalmente os trabalhadores.
Todas as informações colhidas devem ser anotadas com clareza, dentro de um formato preparado com antecedência, incluindo check-lists
relativos aos possíveis fatores de risco em cada operação. É indispensável obter ou preparar um fluxograma do processo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Se não for possível antes, quando no momento da inspeção do O grau de atividade física também tem grande influência, au-
local de trabalho deve ser obtida uma lista dos materiais e diferen- mentando sensivelmente o depósito de poeira em todas as regiões
tes produtos comprados e utilizados. Informações quanto a taxas do aparelho respiratório. Algumas substâncias podem ser absor-
de consumo (semanal, mensal) e de como e onde são utilizados po- vidas através da pele intacta e passar à corrente sangüínea, con-
dem auxiliar no estabelecimento da ordem de grandeza do provável tribuindo, significativamente, para a absorção total de um agente
risco e na localização das fontes que poderiam escapar à observa- tóxico. Características das substâncias químicas que influenciam a
ção, particularmente se estiverem escondidas. Nem sempre a utili- absorção através da pele incluem a solubilidade (maior solubilidade
zação de produtos químicos é aparente. Áreas de recebimento de em lipídios, maior absorção) e o peso molecular (quanto maior, me-
materiais e de armazenamento não podem ser esquecidas. Entre as nor a absorção). Outros fatores que influenciam a absorção incluem
perguntas a serem respondidas estão: que substâncias são usadas? o tipo de pele, que varia de pessoa para pessoa e também de uma
Em que quantidades? Como e onde? No caso de agentes químicos e parte do corpo para outra; a condição da pele, como a existência de
poeiras, qual a capacidade de evaporação ou de dispersão? doenças de pele, tipo eczemas e fissuras; a exposição prévia aos sol-
Outros aspectos que devem ser observados são: tecnologia de ventes e o trabalho físico pesado, que estimula a circulação perifé-
produção e processos, equipamentos e máquinas, fontes potenciais rica de sangue. É importante investigar, entre os agentes potenciais
de contaminantes, inclusive condições que possam levar à forma- de exposição, quais têm a propriedade de ser absorvidos através da
ção acidental, como, por exemplo, o armazenamento inadequado pele. Mesmo produtos químicos em forma de grânulos ou escamas
de substâncias reativas e circunstâncias que podem influenciar na podem oferecer tal risco, se houver contato direto com a pele e se
sua dispersão no ambiente de trabalho, bem como a direção pro- forem solúveis no suor, como, por exemplo, o pentaclorofenol. Essa
vável de propagação desses contaminantes a partir da fonte. Possi- situação é agravada em locais de trabalho quentes. A possibilidade
bilidades de vazamentos e emissões fugitivas em processos fecha- de absorção através da pele modifica os procedimentos referentes
dos ou isolados devem ser cuidadosamente investigadas. Entre as à avaliação quantitativa da exposição por simples amostragem/aná-
perguntas a serem respondidas estão: quais as fontes de emissão? lise do ar, que não será suficiente para avaliar a exposição total.
Trata-se de processo necessário? Pode a tarefa ser executada com Também o controle, por meio da proteção respiratória, não
menor risco? O que pensa o trabalhador? No caso de processo fe- será suficiente para proteger o trabalhador, que deverá incorporar
chado, há possibilidade de emissões fugitivas? práticas de trabalho adequadas, evitando contato com a pele e res-
É importante perguntar sobre processos esporádicos que po- pingos nas roupas e instituir rigorosa higiene pessoal.
dem não estar sendo executados na ocasião da inspeção. Todos os Apesar de a via digestiva ser a menos importante porta de
ciclos do processo devem ser investigados e, de preferência, ob- entrada, em situações ocupacionais essa possibilidade deve ser in-
servados. Os trabalhadores podem dar informações valiosas a esse vestigada e eliminada por meio do estabelecimento de práticas de
respeito. trabalho e de higiene adequadas.
As características gerais do local de trabalho e a possível in- O nível de atividade física exigido tem importância fundamen-
fluência de ambientes contíguos também devem ser observadas. tal, também, nos casos de sobrecarga térmica pois, quanto mais
Exemplo: podem ocorrer intoxicações por gases de exaustão de intensa, maior será a produção de calor metabólico que deve ser
veículos deixados com o motor ligado numa plataforma de carga/ dissipado.
descarga adjacente a janelas abertas de um local de trabalho onde A avaliação da dose realmente recebida pelo trabalhador, seja
não há contaminantes atmosféricos prejudiciais. Situações ainda de um agente químico ou de um agente físico presentes na situa-
mais graves podem ocorrer, e têm ocorrido, quando contaminantes ção de trabalho, depende da concentração, quando se trata de um
tóxicos são conduzidos, pelo vento ou por um escape, para pontos contaminante atmosférico, ou da intensidade, quando se refere a
de entrada de ar de sistemas de ventilação. um agente físico, e do tempo de exposição. Exemplos: segundo as
O layout do ambiente deve ser anotado, os postos de trabalho normas vigentes, a exposição ao ruído não deve ultrapassar 85 dBA
e as tarefas devem ser observados e analisados. para uma exposição ocupacional de 8 horas diárias, porém pode ir
Além de estudar a possível ocorrência de condições de risco no a 88 dBA para 4 horas diárias ou a 91 dBA para 2 horas diárias. A
local de trabalho e os efeitos nocivos que podem causar, é necessá- exposição ao calor em um ambiente com Índice de Bulbo Úmido -
rio observar as condições de exposição, que incluem aspectos como Termômetro de Globo (IBUTG) igual a 29,5o C, para trabalho mode-
as vias de entrada no organismo, nível de atividade física e o tempo rado, não é aceitável para trabalho contínuo, porém o seria para um
de exposição. A investigação das condições de exposição também esquema de 50% de trabalho e 50% de descanso em local fresco,
é necessária para a definição da estratégia de amostragem, para por hora, ou seja, 30 minutos de trabalho, 30 minutos de descanso.
uma avaliação quantitativa correta e o planejamento da prevenção Para os agentes químicos, a influência do tempo de exposição
e do controle. Sobre as vias de entrada no organismo de agentes varia para agentes de ação rápida no organismo ou aqueles de ação
químicos e poeiras é importante considerar que, nos ambientes crônica. Quando a ação for rápida, mesmo exposições curtas devem
de trabalho, a via respiratória é a mais importante. É influenciada ser evitadas. A exposição a agentes cancerígenos e teratogênicos
pelo modo de respirar do trabalhador, se pelo nariz ou pela boca e deve ser eliminada e estar sob controle rigoroso.
pelo tipo de atividade, uma vez que o trabalho mais pesado requer Sobre as flutuações nas condições de exposição às substân-
maior ventilação pulmonar. cias químicas, na maioria dos casos, a liberação de contaminantes
Em repouso, uma pessoa respira, em média de 5 a 6 litros por atmosféricos varia com o lugar e o tempo. Possibilidades de flutu-
minuto e ao realizar trabalho muito pesado passará a respirar de 30 ações apreciáveis e de ocorrência de picos de concentração dos
a 50 litros por minuto. No caso das poeiras, o mecanismo de filtros contaminantes atmosféricos devem ser observadas nos processos
existente no nariz é importante, podendo ocorrer uma diferença variáveis e nas operações esporádicas, como na abertura de fornos
apreciável entre a quantidade de poeira inalada e depositada em de secagem ou de reatores de polimerização. Essas informações são
diferentes regiões do aparelho respiratório, dependendo do tipo de importância fundamental para a elaboração de estratégias de
de respiração, se nasal ou oral. A respiração pela boca aumenta o amostragem, na avaliação quantitativa e para o planejamento de
depósito de poeira respirável na região alveolar, em relação à res- medidas de prevenção e controle que, em certos casos, devem visar
piração pelo nariz. a uma fase específica do processo de trabalho, como, por exemplo,
a proteção respiratória na abertura de um forno de secagem.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

O número de trabalhadores expostos que devem ser protegi- A análise das informações obtidas deverá orientar o estabeleci-
dos influi na escolha dos métodos e nas considerações econômicas. mento das prioridades e a definição das ações posteriores, que são,
Quando poucos trabalhadores estão expostos, poderá ser aceitável em princípio, as seguintes:
controlar a exposição por meio do uso de Equipamentos de Pro- • se a condição de risco é evidente e seu potencial de causar
teção Individual (EPI), com limitação de exposição e sob estrita vi- dano para a saúde é grave, este reconhecimento deve bastar para
gilância médica. Porém, não se pode esquecer que o ambiente é que se recomendem medidas preventivas imediatas, sem esperar
um todo e mesmo se poucos trabalhadores estão expostos, agentes pelo processo de avaliação quantitativa da exposição, geralmente
nocivos podem sair do ambiente de trabalho para o exterior e cau- demorado e dispendioso. Esse é o caso de operações reconhecida-
sar danos às comunidades vizinhas e ao meio ambiente em geral, mente perigosas, como, por exemplo, o uso de jato de areia, trans-
exigindo que sejam controlados na fonte. ferência de pós muito tóxicos, solda elétrica em locais confinados,
Os sistemas de controle existentes, como, por exemplo, equi- spray de pesticidas, transferência de metais em fusão, que são rea-
pamentos de ventilação local exaustora e outros sistemas eventu- lizadas sem o controle necessário;
almente existentes, devem ser cuidadosamente examinados para • se ficar evidenciado que não há risco, não há necessidade
evitar falsa segurança. de avaliação quantitativa da exposição, porém, devem ser anotadas
Processos fechados devem ser testados para vazamentos e quaisquer mudanças futuras que possam alterar a situação de risco;
emissões fugitivas. A existência de um sistema de ventilação exaus- • se a situação de risco não é clara, é necessária uma avaliação
tora não significa que haja controle efetivo, pois o sistema pode quantitativa para confirmar a presença e determinar a magnitude
não estar funcionando adequadamente. Devem ser solicitados aos
das condições de risco.
responsáveis os planos e os esquemas de verificação e manuten-
ção periódica do sistema, pois se isto não for feito rotineira e cor-
As avaliações qualitativas para tomada de decisão quanto à
retamente, mesmo sistemas inicialmente excelentes, com o tempo,
prevenção e controle têm recebido atenção cada vez maior, devido
perderão sua eficiência.
Deve também ser observado se os contaminantes não estão ao fato de que é impossível fazer avaliações quantitativas corretas
sendo jogados do ambiente de trabalho para o ambiente exterior. A em todas as situações, além de serem muito mais caras e demo-
disponibilidade de EPI para os trabalhadores não significa que eles radas. Entretanto, as avaliações qualitativas devem seguir uma
estejam protegidos, pois os equipamentos podem não ser eficien- metodologia adequada, como, por exemplo, o Banding Approach,
tes. No caso de máscaras para proteção respiratória, por exemplo, desenvolvido na Inglaterra, que é um guia para decisões quanto a
estas podem não estar ajustadas, podem ter vazamentos, os filtros medidas de controle para contaminantes atmosféricos, sem utilizar
podem estar vencidos ou ser inadequados. Filtros para partículas avaliações quantitativas e comparação com Limites de
não servem na presença de vapores. Nenhum filtro serve, se houver Exposição Ocupacional (HSE, 1999). A idéia é estimar o grau de
falta de oxigênio. risco a partir de informações toxicológicas, quantidades utilizadas
Em determinadas situações podem ser utilizados instrumen- das substâncias, possibilidade de dispersão ou evaporação e con-
tos para o reconhecimento de condições de risco, de leitura direta, dições de uso e exposição. As informações obtidas são comparadas
úteis para uma triagem inicial e verificação da presença de um de- com tabelas previamente elaboradas que indicam os controles ne-
terminado agente na atmosfera. cessários. Em situações mais graves e complexas, recomenda-se a
Ainda que os resultados não sejam muito exatos e precisos, po- consulta a especialistas em prevenção e controle de riscos.
derão servir para elucidar suspeita de riscos escondidos. A abordagem proposta pela Ergonomia para a análise do tra-
Avaliações qualitativas ou semiquantitativas podem ser sufi- balho difere da metodologia utilizada pela Higiene Ocupacional. Os
cientes nessa etapa preliminar. fundamentos de sua prática baseiam-se no estudo do trabalho, par-
Um cuidado particular deve ser tomado quanto à possibilidade ticularmente na identificação das diferenças entre o trabalho pres-
de falsos negativos, particularmente quando se tratar de exposição crito e o trabalho real, que muitas vezes explicam o adoecimento
potencial a agentes muito perigosos, altamente tóxicos, canceríge- dos trabalhadores.
nos ou teratogênicos, para os quais mesmo concentrações muito A complexidade crescente dos novos processos de trabalho,
baixas são significativas. Nesses casos, o limite mínimo de detec- organizados a partir da incorporação das inovações tecnológicas e
ção é crítico. Instrumentos pouco sensíveis poderão não registrar de novos métodos gerenciais, tem gerado formas diferenciadas de
concentrações muito baixas, levando a uma suposição errônea de sofrimento e adoecimento dos trabalhadores, particularmente na
exposição zero ao invés de detecção zero, o que pode ter graves
esfera mental. Em muitas dessas situações, as prescrições clássicas
conseqüências para os trabalhadores. Além disso, deve-se ter cui-
da Higiene do
dado com outras interferências que podem mascarar os resultados.
Trabalho foram atendidas, porém permanecem presentes ou
Não se deve negligenciar a proteção das pessoas que fazem os
são acrescentadas outras condições de risco ergonômico e psicos-
levantamentos, pois poderão estar expostas a riscos sérios, como,
por exemplo, a falta de oxigênio, altas concentrações de H2 S ao sociais decorrentes da organização do trabalho, responsáveis pela
entrar em local confinado ou cancerígenos. Devem ter à sua dispo- produção do adoecimento.
sição EPI adequados e instrumentos de leitura direta para testar,
antes de entrar, atmosferas potencialmente perigosas. Esses pro- IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DOS FATORES DE RISCO NA
cedimentos podem ser pedagógicos para as empresas e para os PERSPECTIVA DA HIGIENE DO TRABALHO E DA ERGONOMIA
trabalhadores. Os princípios básicos da tecnologia de controle, propostos pela
Concluída a inspeção do local de trabalho, é essencial redigir Higiene do Trabalho, podem ser enunciados como:
o relatório. Esse deve ser objetivo e exato, indicando claramente a) evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico
as características do local de trabalho, o nome e as coordenadas para a saúde seja utilizado, formado ou liberado;
do ponto focal na empresa, todas as condições de risco observadas b) se isso não for possível, contê-lo de tal forma que não se
e demais fatores relevantes. Deve ser elaborado de tal forma que propague para o ambiente;
outras pessoas possam ter uma ideia clara da situação. c) se isso não for possível ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no
ambiente de trabalho; e, em último caso,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

d) bloquear as vias de entrada no organismo: respiratória, pele, RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DOS AGENTES E FATORES
boca e ouvidos, para impedir que um agente nocivo atinja um órgão QUE PODEM OFERECER RISCO PARA A SAÚDE E PARA O MEIO AM-
crítico, causando lesão. BIENTE, INCLUINDO A DEFINIÇÃO DE SEU IMPACTO: devem ser de-
terminadas e localizadas as fontes de risco; as trajetórias possíveis
A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais pre- de propagação dos agentes nos ambientes de trabalho; os pontos
cocemente possível. Assim, a hierarquia dos controles deve buscar, de ação ou de entrada no organismo; o número de trabalhadores
sequencialmente, o controle do risco na fonte; o controle na traje- expostos e a existência de problemas de saúde entre os trabalhado-
tória (entre a fonte e o receptor) e, no caso de falharem os anterio- res expostos ao agente. A interpretação dos resultados vai possibi-
res, o controle da exposição ao risco no trabalhador. Quando isso litar conhecer o risco real para saúde e a definição de prioridades
não é possível, o que frequentemente ocorre na prática, o objetivo para a ação;
passa a ser a redução máxima do agente agressor, de modo a mini- TOMADA DE DECISÃO: resulta do reconhecimento de que há
mizar o risco e seus efeitos sobre a saúde. necessidade de prevenção, com base nas informações obtidas na
A informação e o treinamento dos trabalhadores são compo- etapa anterior. A seleção das opções de controle deve ser adequada
nentes importantes das medidas preventivas relativas aos ambien- e realista, levando em consideração a viabilidade técnica e econô-
tes de trabalho, particularmente se o modo de executar as tarefas mica de sua implementação, operação e manutenção, bem como a
propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde disponibilidade de recursos humanos e financeiros e a infraestrutu-
ou influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a posi- ra existente;
ção em relação à tarefa/máquina, a possibilidade de absorção atra- PLANEJAMENTO: uma vez identificado o problema, tomada a
vés da pele ou ingestão, o maior dispêndio de energia, entre outras. decisão de controlá-lo, estabelecidas as prioridades de ação e dis-
Em situações especiais, podem ser adotadas medidas que limi- ponibilizados os recursos, deve ser elaborado um projeto detalhado
tem a exposição do trabalhador por meio da redução do tempo de quanto às medidas e procedimentos preventivos a serem adotados;
exposição, treinamento específico e utilização de EPI.
As estratégias para o controle dos riscos devem visar, princi- AVALIAÇÃO.
palmente, à prevenção, por meio de medidas de engenharia de Sobre as medidas organizacionais e gerenciais a serem ado-
processo que introduzam alterações permanentes nos ambientes e tadas visando à melhoria das condições de trabalho e qualidade
nas condições de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos au- de vida dos trabalhadores, particularmente para a prevenção dos
tomatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de qual- transtornos mentais e do sofrimento mental relacionado ao tra-
quer outra pessoa potencialmente exposta. Dessa forma, a eficácia balho e de LER/DORT, sugere-se que sejam consultados o capítu-
das medidas não dependerá do grau de cooperação das pessoas, lo 10 (Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao
como no caso da utilização de EPI. Trabalho) e o capítulo 18 (Doenças do Sistema Osteomuscular e do
O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modi- Tecido Conjuntivo Relacionadas ao Trabalho). No que se refere às
ficação das situações de risco, por meio de projetos adequados e de condições de trabalho nocivas para a saúde, que decorrem da or-
técnicas de engenharia que: ganização e gestão do trabalho, as medidas recomend das podem
• eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes ser resumidas em:
prejudiciais para a saúde, como, por exemplo, a substituição de ma- • aumento do controle real das tarefas e do trabalho por parte
teriais ou equipamentos e a modificação de processos e de formas daqueles que as realizam;
de gestão do trabalho; • aumento da participação real dos trabalhadores nos proces-
• previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de tra- sos decisórios na empresa e facilidades para sua organização;
balho, como, por exemplo, os sistemas fechados, enclausuramento, • enriquecimento das tarefas, eliminando as atividades monó-
ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora, armazena- tonas e repetitivas e as horas extras;
mento adequado de produtos químicos, entre outras; • estímulo a situações que permitam ao trabalhador o senti-
• reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, mento de que pertencem e/ou de que fazem parte de um grupo;
como, por exemplo, a ventilação local diluidora e limpeza dos locais • desenvolvimento de uma relação de confiança entre traba-
de trabalho. lhadores e demais integrantes do grupo, inclusive superiores hie-
rárquicos;
Todas as possibilidades de controle das condições de risco • estímulo às condições que ensejem a substituição da compe-
presentes nos ambientes de trabalho por meio de Equipamentos tição pela cooperação.
de Proteção Coletiva (EPC) devem ser esgotadas antes de se reco-
mendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à proteção
respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os
procedimentos de vigilância ambiental e da saúde do trabalhador.
A vigilância em saúde deve contribuir para a identificação de tra-
balhadores hipersensíveis e para a detecção de falhas nos sistemas
de prevenção. A informação e o treinamento dos trabalhadores
são componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos
ambientes de trabalho, particularmente se o modo de executar as
tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a
saúde ou influencia as condições de exposição.
Sumariando, as etapas para definição de uma estratégia de
controle incluem:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS NORMAS REGULAMENTADORAS DA PORTARIA Nº 3.214/1978 E SUAS


ATUALIZAÇÕES

PORTARIA Nº 3.214, DE 08 DE JUNHO DE 1978

Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medi-
cina do Trabalho.

O Ministro de Estado do Trabalho, no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no art. 200, da consolidação das Leis
do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, resolve:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Art. 1º Aprovar as Normas Regulamentadoras - NR - do Capí- DA CONSTITUIÇÃO


tulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à
Segurança e Medicina do Trabalho: 5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em
NORMAS REGULAMENTADORAS regular funcionamento as empresas privadas, públicas, sociedades
NR- 1 - Disposições Gerais de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, ins-
NR- 2 - Inspeção Prévia tituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem
NR- 3 - Embargo e Interdição como outras instituições que admitam trabalhadores como empre-
NR- 4 - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Tra- gados.
balho - SESMT 5.3 As disposições contidas nesta NR aplicam-se, no que cou-
NR- 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA ber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes tomem ser-
NR- 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI viços, observadas as disposições estabelecidas em Normas Regula-
NR- 7 - Exames Médicos mentadoras de setores econômicos específicos.
NR- 8 - Edificações 5.4 A empresa que possuir em um mesmo município dois ou
.................................................................................................... mais estabelecimentos, deverá garantir a integração das CIPA e dos
NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as po-
(107.000-2) líticas de segurança e saúde no trabalho.
7.1. Do objeto. 5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial
7.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obriga- estabelecerão, através de membros de CIPA ou designados, meca-
toriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os nismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimen-
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como em- to de ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
pregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar com a par-
- PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do ticipação da administração do mesmo.
conjunto dos seus trabalhadores.
7.1.2. Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes DA ORGANIZAÇÃO
gerais a serem observados na execução do PCMSO, podendo os
mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. 5.6 A CIPA será composta de representantes do empregador e
7.1.3. Caberá à empresa contratante de mão-de-obra prestado- dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no
ra de serviços informar a empresa contratada dos riscos existentes Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos
e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de normativos para setores econômicos específicos.
trabalho onde os serviços estão sendo prestados. 5.6.1 Os representantes dos empregadores, titulares e suplen-
7.2. Das diretrizes. tes serão por eles designados.
7.2.1. O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de 5.6.2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes,
iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, de- serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, indepen-
vendo estar articulado com o disposto nas demais NR. dentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados
7.2.2. O PCMSO deverá considerar as questões incidentes so- interessados.
bre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o 5.6.3 O número de membros titulares e suplentes da CIPA,
instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação en- considerando a ordem decrescente de votos recebidos, observará
tre sua saúde e o trabalho. o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as
7.2.3. O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento alterações disciplinadas em atos normativos de setores econômicos
e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao traba- específicos.
lho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da exis- 5.6.4 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro
tência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à I, a empresa designará um responsável pelo cumprimento dos obje-
saúde dos trabalhadores. tivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação
7.2.4. O PCMSO deverá ser planejado e implantado com base dos empregados, através de negociação coletiva.
nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente os identifica- 5.7 O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de
dos nas avaliações previs um ano, permitida uma reeleição.
tas nas demais NR. 5.8 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do em-
pregado eleito para cargo de direção de Comissões Internas de Pre-
NR – 05 - REGULAMENTA O FUNCIONAMENTO DA venção de Acidentes desde o registro de sua candidatura até um
COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES ano após o final de seu mandato.
(CIPA) 5.9 Serão garantidas aos membros da CIPA condições que não
descaracterizem suas atividades normais na empresa, sendo veda-
da a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência,
NORMA REGULAMENTADORA 5 - NR 5 ressalvado o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo
COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES 469, da CLT.
DO OBJETIVO 5.10 O empregador deverá garantir que seus indicados tenham
a representação necessária para a discussão e encaminhamento
5.1 a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho ana-
como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do lisadas na CIPA.
trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o traba- 5.11 O empregador designará entre seus representantes o Pre-
lho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalha- sidente da CIPA, e os representantes dos empregados escolherão
dor. entre os titulares o vice-presidente.
5.12 Os membros da CIPA, eleitos e designados serão empossa-
dos no primeiro dia útil após o término do mandato anterior.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

5.13 Será indicado, de comum acordo com os membros da a. participar da eleição de seus representantes;
CIPA, um secretário e seu substituto, entre os componentes ou não b. colaborar com a gestão da CIPA;
da comissão, sendo neste caso necessária a concordância do em- c. indicar à CIPA, ao SESMT e ao empregador situações de
pregador. riscos e apresentar sugestões para melhoria das condições de tra-
5.14 Empossados os membros da CIPA, a empresa deverá pro- balho;
tocolizar, em até dez dias, na unidade descentralizada do Ministério d. observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomen-
do Trabalho, cópias das atas de eleição e de posse e o calendário dações quanto a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
anual das reuniões ordinárias. trabalho.
5.15 Protocolizada na unidade descentralizada do Ministério 5.19 Cabe ao Presidente da CIPA:
do Trabalho e Emprego, a CIPA não poderá ter seu número de re- a. convocar os membros para as reuniões da CIPA;
presentantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo b. coordenar as reuniões da CIPA, encaminhando
empregador, antes do término do mandato de seus membros, ain- ao empregador e ao SESMT, quando houver, as decisões da comis-
da que haja redução do número de empregados da empresa, exceto são;
no caso de encerramento das atividades do estabelecimento. c. manter o empregador informado sobre os traba-
lhos da CIPA;
DAS ATRIBUIÇÕES d. coordenar e supervisionar as atividades de se-
cretaria;
5.16 A CIPA terá por atribuição: e. delegar atribuições ao Vice-Presidente;
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o 5.20 Cabe ao Vice-Presidente:
mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalha- a. executar atribuições que lhe forem delegadas;
dores, com assessoria do SESMT, onde houver; b. substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva ou nos seus afastamentos temporários;
na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; 5.21 O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA, em conjunto,
c) participar da implementação e do controle da qualidade das terão as seguintes atribuições:
medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das a. cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias
prioridades de ação nos locais de trabalho; para o desenvolvimento de seus trabalhos;
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e con- b. coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando
dições de trabalho visando a identificação de situações que venham para que os objetivos propostos sejam alcançados;
a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; c. delegar atribuições aos membros da CIPA;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das me- d. promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quan-
tas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco do houver;
que foram identificadas; e. divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança estabelecimento;
e saúde no trabalho; f. encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões pro- CIPA;
movidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações g. constituir a comissão eleitoral.
no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e 5.22 O Secretário da CIPA terá por atribuição:
saúde dos trabalhadores; a. acompanhar as reuniões da CIPA, e redigir as atas apre-
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a sentando-as para aprovação e assinatura dos membros presentes;
paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e b. preparar as correspondências; e
iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; c. outras que lhe forem conferidas.
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO
e PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no DO FUNCIONAMENTO
trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamen- 5.23 A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o
tadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de calendário preestabelecido.
trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; 5.24 As reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas durante o
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com expediente normal da empresa e em local apropriado.
o empregador da análise das causas das doenças e acidentes de 5.25 As reuniões da CIPA terão atas assinadas pelos presentes
trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; com encaminhamento de cópias para todos os membros.
m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre 5.26 As atas ficarão no estabelecimento à disposição dos Agen-
questões que tenham interferido na segurança e saúde dos traba- tes da Inspeção do Trabalho - AIT.
lhadores; 5.27 Reuniões extraordinárias deverão ser realizadas quando:
n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas; a) houver denúncia de situação de risco grave e iminente que
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde determine aplicação de medidas corretivas de emergência;
houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho b) ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal;
- SIPAT; c) houver solicitação expressa de uma das representações.
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de 5.28 As decisões da CIPA serão preferencialmente por consen-
Campanhas de Prevenção da AIDS. so.
5.17 Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA 5.28.1 Não havendo consenso, e frustradas as tentativas de ne-
os meios necessários ao desempenho de suas atribuições, garan- gociação direta ou com mediação, será instalado processo de vota-
tindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do ção, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.
plano de trabalho. 5.29 Das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração,
5.18 Cabe aos empregados: mediante requerimento justificado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

5.29.1 O pedido de reconsideração será apresentado à CIPA DO PROCESSO ELEITORAL


até a próxima reunião ordinária, quando será analisado, devendo
o Presidente e o Vice-Presidente efetivar os encaminhamentos ne- 5.38 Compete ao empregador convocar eleições para escolha
cessários. dos representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de
5.30 O membro titular perderá o mandato, sendo substituído 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso.
por suplente, quando faltar a mais de quatro reuniões ordinárias 5.38.1 A empresa estabelecerá mecanismos para comunicar o
sem justificativa. início do processo eleitoral ao sindicato da categoria profissional.
5.31 A vacância definitiva de cargo, ocorrida durante o man- 5.39 O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão den-
dato, será suprida por suplente, obedecida à ordem de colocação tre seus membros, no prazo mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias
decrescente registrada na ata de eleição, devendo o empregador antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral - CE,
comunicar à unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e que será a responsável pela organização e acompanhamento do
Emprego as alterações e justificar os motivos. processo eleitoral.
5.31.1 No caso de afastamento definitivo do presidente, o em- 5.39.1 Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a Comis-
pregador indicará o substituto, em dois dias úteis, preferencialmen- são Eleitoral será constituída pela empresa.
te entre os membros da CIPA. 5.40 O processo eleitoral observará as seguintes condições:
5.31.2 No caso de afastamento definitivo do vice-presidente, a. publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso
os membros titulares da representação dos empregados, escolhe- e visualização, no prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias antes
rão o substituto, entre seus titulares, em dois dias úteis. do término do mandato em curso;
b. inscrição e eleição individual, sendo que o período míni-
DO TREINAMENTO mo para inscrição será de quinze dias;
5.32 A empresa deverá promover treinamento para os mem- c. liberdade de inscrição para todos os empregados do esta-
bros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse. belecimento, independentemente de setores ou locais de trabalho,
5.32.1 O treinamento de CIPA em primeiro mandato será rea- com fornecimento de comprovante;
lizado no prazo máximo de trinta dias, contados a partir da data da d. garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição;
posse. e. realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias
5.32.2 As empresas que não se enquadrem no Quadro I, pro- antes do término do mandato da CIPA, quando houver;
moverão anualmente treinamento para o designado responsável f. realização de eleição em dia normal de trabalho, respei-
pelo cumprimento do objetivo desta NR. tando os horários de turnos e em horário que possibilite a partici-
5.33 O treinamento para a CIPA deverá contemplar, no mínimo, pação da maioria dos empregados.
os seguintes itens: g. voto secreto;
a. estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem h. apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com
como dos riscos originados do processo produtivo; acompanhamento de representante do empregador e dos empre-
b. metodologia de investigação e análise de acidentes e do- gados, em número a ser definido pela comissão eleitoral;
enças do trabalho; i. faculdade de eleição por meios eletrônicos;
c. noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorren- j. guarda, pelo empregador, de todos os documentos relati-
tes de exposição aos riscos existentes na empresa; vos à eleição, por um período mínimo de cinco anos.
d. noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - 5.41 Havendo participação inferior a cinqüenta por cento dos
AIDS, e medidas de prevenção; empregados na votação, não haverá a apuração dos votos e a co-
e. noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária missão eleitoral deverá organizar outra votação que ocorrerá no
relativas à segurança e saúde no trabalho; prazo máximo de dez dias.
f. princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de 5.42 As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser pro-
controle dos riscos; tocolizadas na unidade descentralizada do MTE, até trinta dias após
g. organização da CIPA e outros assuntos necessários ao a data da posse dos novos membros da CIPA.
exercício das atribuições da Comissão. 5.42.1 Compete a unidade descentralizada do Ministério do
5.34 O treinamento terá carga horária de vinte horas, distribu- Trabalho e Emprego, confirmadas irregularidades no processo elei-
ídas em no máximo oito horas diárias e será realizado durante o toral, determinar a sua correção ou proceder a anulação quando
expediente normal da empresa. for o caso.
5.35 O treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT da em- 5.42.2 Em caso de anulação a empresa convocará nova eleição
presa, entidade patronal, entidade de trabalhadores ou por profis- no prazo de cinco dias, a contar da data de ciência , garantidas as
sional que possua conhecimentos sobre aos temas ministrados. inscrições anteriores.
5.36 A CIPA será ouvida sobre o treinamento a ser realizado, 5.42.3 Quando a anulação se der antes da posse dos mem-
inclusive quanto à entidade ou profissional que o ministrará, cons- bros da CIPA, ficará assegurada a prorrogação do mandato anterior,
tando sua manifestação em ata, cabendo à empresa escolher a en- quando houver, até a complementação do processo eleitoral.
tidade ou profissional que ministrará o treinamento. 5.43 Assumirão a condição de membros titulares e suplentes,
5.37 Quando comprovada a não observância ao disposto nos os candidatos mais votados.
itens relacionados ao treinamento, a unidade descentralizada do 5.44 Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tem-
Ministério do Trabalho e Emprego, determinará a complementação po de serviço no estabelecimento.
ou a realização de outro, que será efetuado no prazo máximo de 5.45 Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na
trinta dias, contados da data de ciência da empresa sobre a decisão. ata de eleição e apuração, em ordem decrescente de votos, possi-
bilitando nomeação posterior, em caso de vacância de suplentes.

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

DAS CONTRATANTES E CONTRATADAS 6.4Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional,


e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer
5.46 Quando se tratar de empreiteiras ou empresas prestado- aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no-
ras de serviços, considera-se estabelecimento, para fins de aplica- ANEXO Idesta NR.
ção desta NR, o local em que seus empregados estiverem exercen- 6.4.1As solicitações para que os produtos que não estejam
do suas atividades. relacionados noANEXO I, desta NR, sejam considerados como EPI,
5.47 Sempre que duas ou mais empresas atuarem em um mes- bem como as propostas para reexame daqueles ora elencados, de-
mo estabelecimento, a CIPA ou designado da empresa contratante verão ser avaliadas por comissão tripartite a ser constituída pelo
deverá, em conjunto com as das contratadas ou com os designados, órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
definir mecanismos de integração e de participação de todos os tra- trabalho, após ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas
balhadores em relação às decisões das CIPA existentes no estabe- àquele órgão do Ministério do Trabalho e Emprego para aprovação.
lecimento. 6.5Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segu-
5.48 A contratante e as contratadas, que atuem num mesmo rança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna
estabelecimento, deverão implementar, de forma integrada, medi- de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de
das de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, decorrentes manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao
da presente NR, de forma a garantir o mesmo nível de proteção em risco existente em determinada atividade.
matéria de segurança e saúde a todos os trabalhadores do estabe- 6.5.1Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao
lecimento. designado, mediante orientação de profissional tecnicamente habi-
5.49 A empresa contratante adotará medidas necessárias para litado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador.
que as empresas contratadas, suas CIPA, os designados e os demais 6.6Cabe ao empregador
trabalhadores lotados naquele estabelecimento recebam as infor- 6.6.1Cabe ao empregador quanto ao EPI :
mações sobre os riscos presentes nos ambientes de trabalho, bem a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; (206.005-1
como sobre as medidas de proteção adequadas. /I3)
5.50 A empresa contratante adotará as providências necessá- b) exigir seu uso; (206.006-0 /I3)
rias para acompanhar o cumprimento pelas empresas contratadas c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão na-
que atuam no seu estabelecimento, das medidas de segurança e cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
saúde no trabalho. (206.007-8/I3)
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guar-
DISPOSIÇÕES FINAIS da e conservação; (206.008-6 /I3)
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
5.51 Esta norma poderá ser aprimorada mediante negociação,
(206.009-4 /I3)
nos termos de portaria específica.
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
e, (206.010-8 /I1)
NR 06 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
INDIVIDUAL – EPI (206.011-6 /I1)
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico.(Inserida pela Portaria
NORMA REGULAMENTADORA 6 - NR 6
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL SIT n.º 107, de 25 de agosto de 2009)
6.7Cabe ao empregado
6.1Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - 6.7.1Cabe ao empregado quanto ao EPI:
NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
e a saúde no trabalho. impróprio para uso; e,
6.1.1Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso ade-
Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o quado.
fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam 6.8Cabe ao fabricante e ao importador
ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a se- 6.8.1O fabricante nacional ou o importador deverá:
gurança e a saúde no trabalho. a) cadastrar-se, segundo oANEXO II, junto ao órgão nacio-
6.2O equipamento de proteção individual, de fabricação nacio- nal competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
nal ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a (206.012-4 /I1)
indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão b) solicitar a emissão do CA, conforme oANEXO II; (206.013-2
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho /I1)
do Ministério do Trabalho e Emprego. (206.001-9 /I3) c) solicitar a renovação do CA, conforme oANEXO II, quando
6.3A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita- vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional compe-
mente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e tente em matéria de segurança e saúde do trabalho; (206.014-0 /I1)
funcionamento, nas seguintes circunstâncias: d) requerer novo CA, de acordo com oANEXO II, quando houver
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam com- alteração das especificações do equipamento aprovado; (206.015-9
pleta prote ção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de do- /I1)
enças profissionais e do trabalho; (206.002-7/I4) e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo deu origem ao Certificado de Aprovação - CA; (206.016-7 /I2)
implantadas; e, (206.003-5 /I4) f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de
c) para atender a situações de emergência. (206.004-3 /I4) CA; (206.017-5 /I3)

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de se- d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou impor-
gurança e saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadas- tador;
trais fornecidos; (206.0118-3 /I1) e) fiscalizar a qualidade do EPI;
h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma na- f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou im-
cional, orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais portadora; e,
referências ao seu uso; (206.019-1 /I1) g) cancelar o CA.
i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e, 6.11.1.1Sempre que julgar necessário o órgão nacional compe-
(206.020-5 /I1) tente em matéria de segurança e saúde no trabalho, poderá requi-
j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito sitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabricante e o
do SINMETRO, quando for o caso. (206.021-3 /I1) número de referência, além de outros requisitos.
6.9Certificado de Aprovação - CA 6.11.2Cabe ao órgão regional do MTE:
6.9.1Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade
validade: do EPI;
a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos b) recolher amostras de EPI; e,
de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabí-
do SINMETRO; veis pelo descumprimento desta NR.
b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito 6.12e Subitens (Revogados pela Portaria SIT n.º 125, de 12 de
do SINMETRO, quando for o caso; novembro de 2009)
c) de 2 (dois) anos, quando não existirem normas técnicas
nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou labo- ANEXO I
ratório capacitado para realização dos ensaios, sendo que nesses LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente (Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresen-
tação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especi- A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA
ficação técnica de fabricação, podendo ser renovado até dezembro A.1- Capacete
de 2007, quando se expirarão os prazos concedidos(Nova redação a) capacete de segurança para proteção contra impactos de ob-
dada pelaPortaria nº 194, de 22/12/2006 - DOU DE 28/12/2006) jetos sobre o crânio;
d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI b) capacete de segurança para proteção contra choques elé-
desenvolvidos após a data da publicação desta NR, quando não tricos;
existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmen- c) capacete de segurança para proteção do crânio e face contra
te reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos en- riscos provenientes de fontes geradoras de calor nos trabalhos de
saios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão nacional com- combate a incêndio.
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante A.2- Capuz
apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da a) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço con-
especificação técnica de fabricação. tra riscos de origem térmica;
6.9.2O órgão nacional competente em matéria de segurança b) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço con-
e saúde no trabalho, quando necessário e mediante justificativa, tra respingos de produtos químicos;
c) capuz de segurança para proteção do crânio em trabalhos
poderá estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no subitem
onde haja risco de contato com partes giratórias ou móveis de má-
6.9.1.
quinas.
6.9.3Todo EPI deverá apresentar em caracteres indel éveis e
B - EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE
bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de
B.1- Óculos
fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome
a) óculos de segurança para proteção dos olhos contra impac-
do importador, o lote de fabricação e o número do CA. (206.022-1/
tos de partículas volantes;
I1)
b) óculos de segurança para proteção dos olhos contra lumino-
6.9.3.1Na impossibilidade de cumprir o determinado no item
sidade intensa;
6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saú- c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação
de no trabalho poderá autorizar forma alternativa de gravação, a ultravioleta;
ser proposta pelo fabricante ou importador, devendo esta constar d) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação
do CA. infravermelha;
6.10Restauração, lavagem e higienização de EPI e) óculos de segurança para proteção dos olhos contra respin-
6.10.1Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização, gos de produtos químicos.
serão definidos pela comissão tripartite constituída, na forma do B.2- Protetor facial
disposto no item6.4.1, desta NR, devendo manter as características a) protetor facial de segurança para proteção da face contra
de proteção original. impactos de partículas volantes;
6.11Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / b) protetor facial de segurança para proteção da face contra
TEM respingos de produtos químicos;
6.11.1Cabe ao órgão nacional competente em matéria de se- c) protetor facial de segurança para proteção da face contra
gurança e saúde no trabalho: radiação infravermelha;
a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI; d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra
b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar luminosidade intensa.
o CA de EPI; B.3- Máscara de Solda
c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos a) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e
para ensaios de EPI; face contra impactos de partículas volantes;

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

b) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e b) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
face contra radiação ultravioleta; cortantes e perfurantes;
c) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e c) luva de segurança para proteção das mãos contra choques
face contra radiação infravermelha; elétricos;
d) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e d) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
face contra luminosidade intensa. térmicos;
C - EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA e) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
C.1- Protetor auditivo biológicos;
a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema f) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes
auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido químicos;
naNR - 15, Anexos I e II; g) luva de segurança para proteção das mãos contra vibrações;
b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema au- h) luva de segurança para proteção das mãos contra radiações
ditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido ionizantes.
naNR - 15, Anexos I e II; F.2- Creme protetor
c) protetor auditivo semi -auricular para proteção do sistema a) creme protetor de segurança para proteção dos membros
auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido superiores contra agentes químicos, de acordo com a Portaria SSST
naNR - 15, Anexos I e II. nº 26, de 29/12/1994.
D - EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA F.3- Manga
D.1- Respirador purificador de ar a) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
a) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra choques elétricos;
rias contra poeiras e névoas; b) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
b) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra agentes abrasivos e escoriantes;
rias contra poeiras, névoas e fumos; c) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
c) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- contra agentes cortantes e perfurantes;
rias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos; d) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
d) respirador purificador de ar para proteção das vias respira- contra umidade proveniente de operações com uso de água;
tórias contra vapores orgânicos ou gases ácidos em ambientes com e) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço
concentração inferior a 50 ppm (parte por milhão); contra agentes térmicos.
e) respirador purificador de ar para proteção das vias respirató- F.4- Braçadeira
rias contra gases emanados de produtos químicos; a) braçadeira de segurança para proteção do antebraço contra
f) respirador purificador de ar para proteção das vias respira- agentes cortantes.
tórias contra partículas e gases emanados de produtos químicos; F.5- Dedeira
g) respirador purificador de ar motorizado para proteção das a) dedeira de segurança para proteção dos dedos contra agen-
vias respiratórias contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos. tes abrasivos e escoriantes.
D.2- Respirador de adução de ar G - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
a) respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido para G.1- Calçado
proteção das vias respiratórias em atmosferas com concentração a) calçado de segurança para proteção contra impactos de que-
Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confi- das de objetos sobre os artelhos;
nados; b) calçado de segurança para proteção dos pés contra choques
b) máscara autônoma de circuito aberto ou fechado para pro- elétricos;
teção das vias respiratórias em atmosferas com concentração Ime- c) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes
diatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confinados; térmicos;
D.3- Respirador de fuga d) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes
a) respirador de fuga para proteção das vias respiratórias con- cortantes e escoriantes;
tra agentes químicos em condições de escape de atmosferas Ime- e) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra
diatamente Perigosa à Vida e à Saúde ou com concentração de oxi- umidade proveniente de operações com uso de água;
gênio menor que 18 % em volume. f) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra
E - EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO respingos de produtos químicos.
E.1- Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao tron- G.2- Meia
co contra riscos de origem térmica, mecânica, química, radioativa a) meia de segurança para proteção dos pés contra baixas tem-
e meteorológica e umidade proveniente de operações com uso de peraturas.
água. G.3- Perneira
a) perneira de segurança para proteção da perna contra agen-
e) vestimenta para proteção do tronco contra umidade prove- tes abrasivos e escoriantes;
niente de precipitação pluviométrica.(Incluído pelaPortaria MTE nº b) perneira de segurança para proteção da perna contra agen-
870/2017) tes térmicos;
E.2Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que c) perneira de segurança para proteção da perna contra respin-
trabalhem portando arma de fogo, para proteção do tronco contra gos de produtos químicos;
riscos de origem mecânica.(Incluído pelaPortaria MTE nº 191/2006) d) perneira de segurança para proteção da perna contra agen-
F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES tes cortantes e perfurantes;
F.1- Luva e) perneira de segurança para proteção da perna contra umida-
a) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes de proveniente de operações com uso de água.
abrasivos e escoriantes; G.4- Calça

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

a) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes ANEXO II


abrasivos e escoriantes; (Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
b) calça de segurança para proteção das pernas contra respin- 1.1 - O cadastramento das empresas fabricantes ou impor-
gos de produtos químicos; tadoras, será feito mediante a apresentação de formulário único,
c) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes conforme o modelo disposto noANEXO III, desta NR, devidamente
térmicos; preenchido e acompanhado de requerimento dirigido ao órgão na-
d) calça de segurança para proteção das pernas contra umida- cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.
de proveniente de operações com uso de água. 1.2 - Para obter o CA, o fabricante nacional ou o importador,
e) calça para proteção das pernas contra umidade provenien- deverá requerer junto ao órgão nacional competente em matéria
te de precipitação pluviométrica.(Incluída pelaPortaria MTE nº de segurança e saúde no trabalho a aprovação do EPI.
870/2017) 1.3 - O requerimento para aprovação do EPI de fabricação na-
H - EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO cional ou importado deverá ser formulado, solicitando a emissão ou
H.1- Macacão renovação do CA e instruído com os seguintes documentos:
a) macacão de segurança para proteção do tronco e membros a) memorial descritivo do EPI, incluindo o correspondente en-
superiores e inferiores contra chamas; quadramento noANEXO Idesta NR, suas características técnicas,
b) macacão de segurança para proteção do tronco e membros materiais empregados na sua fabricação, uso a que se destina e
superiores e inferiores contra agentes térmicos; suas restrições;
c) macacão de segurança para proteção do tronco e membros b) cópia autenticada do relatório de ensaio, emitido por labora-
superiores e inferiores contra respingos de produtos químicos; tório credenciado pelo órgão competente em matéria de segurança
d) macacão para proteção do tronco e membros superiores e e saúde no trabalho ou do documento que comprove que o produto
inferiores contra umidade proveniente de precipitação pluviométri- teve sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO, ou, ain-
ca.(Incluído pelaPortaria MTE nº 870/2017) da, no caso de não haver laboratório credenciado capaz de elaborar
o relatório de ensaio, do Termo de Responsabilidade Técnica, assi-
H.2- Conjunto
nado pelo fabricante ou importador, e por um técnico registrado
a) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja-
em Conselho Regional da Categoria;
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e
c) cópia autenticada e atualizada do comprovante de localiza-
inferiores contra agentes térmicos;
ção do estabelecimento, e,
b) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- d) cópia autenticada do certificado de origem e declaração do
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e fabricante estrangeiro autorizando o importador ou o fabricante
inferiores contra respingos de produtos químicos; nacional a comercializar o produto no Brasil, quando se tratar de
c) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaque- EPI importado.
ta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e infe-
riores contra umidade proveniente de operações com uso de água; ANEXO III
d) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou ja- (Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)
queta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
inferiores contra chamas. SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
H.3- Vestimenta de corpo inteiro DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
a) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo con- FORMULÁRIO ÚNICO PARA CADASTRAMENTO DE EMPRESA
tra respingos de produtos químicos; FABRICANTE OU IMPORTADORA DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
b) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo con- INDIVIDUAL
tra umidade proveniente de operações com água. - Identificação do fabricante ou importador de EPI:
c)vestimenta condutiva de segurança para proteção de todo o Fabricante:Importador:Fabricante e Importador:
corpo contra choques elétricos.(Incluída pela PortariaSIT n.º 108, Razão Social:
de 30 de dezembro de 2004) Nome Fantasia:CNPJ/MF:
d) vestimenta para proteção de todo o corpo contra umidade Inscrição Estadual - IE:Inscri ção Municipal - IM:
proveniente de precipitação pluviométrica.(Incluída pelaPortaria Endereço:Bairro:CEP:
MTE nº 870/2017) Cidade:Estado:
I - EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE Telefone: Fax:
NÍVEL E-Mail:Ramo de Atividade:
I.1- Dispositivo trava-queda CNAE (Fabricante):CCI da SRF/MF (Importador):
a) dispositivo trava-queda de segurança para proteção do usu-
2 - Responsável perante o DSST / SIT:
ário contra quedas em operações com movimentação vertical ou
horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança para pro-
a) Diretores:
teção contra quedas.
I.2- Cinturão
NomeN.º da IdentidadeCargo na Empresa
a) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos 1
de queda em trabalhos em altura; 2
b) cinturão de segurança para proteção do usuário contra ris- 3
cos de queda no posicionamento em trabalhos em altura.
Nota:O presente Anexo poderá ser alterado por portaria espe- b) Departamento Técnico:
cífica a ser expedida pelo órgão nacional competente em matéria
de segurança e saúde no trabalho, após observado o disposto no NomeNº do Registro Prof.Conselho Prof./Estado
subitem6.4.1. 1

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2 i) acompanhar de forma diferenciada o empregado cujo estado


de saúde possa ser especialmente afetado pelos riscos ocupacio-
3 - Lista de EPI fabricados: nais;
j) subsidiar a Previdência Social nas ações de reabilitação pro-
fissional;
4 - Observações: k) subsidiar ações de readaptação profissional;
l) controlar da imunização ativa dos empregados, relacionada
a) Este formulário único deverá ser preenchido e atualizado, a riscos ocupacionais, sempre que houver recomendação do Minis-
sempre que houver alteração, acompanhado de requerimento ao tério da Saúde.
DSST / SIT / MTE; 7.3.2.1 O PCMSO deve incluir ações de:
b) Cópia autenticada do Contrato Social onde conste dentre os a) vigilância passiva da saúde ocupacional, a partir de informa-
objetivos sociais da empresa, a fabricação e/ou importação de EPI. ções sobre a demanda espontânea de empregados que procurem
Nota:As declarações anteriormente prestadas são de inteira serviços médicos;
responsabilidade do fabricante ou importador, passíveis de verifica- b) vigilância ativa da saúde ocupacional, por meio de exames
ção e eventuais penalidades, facultadas em Lei. médicos dirigidos que incluam, além dos exames previstos nesta
_________________,_____ de ____________ de ______ NR, a coleta de dados sobre sinais e sintomas de agravos à saúde
_______________________________________________ relacionados aos riscos ocupacionais.
Diretor ou Representante Legal 7.3.2.2 O PCMSO não deve ter caráter de seleção de pessoal.
7.4 RESPONSABILIDADES
7.4.1 Compete ao empregador:
NR – 07 - IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE CON- a) garantir a elaboração e efetiva implantação do PCMSO;
TROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO) b) custear sem ônus para o empregado todos os procedimen-
tos relacionados ao PCMSO;
c) indicar médico do trabalho responsável pelo PCMSO.
NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPA- 7.5 PLANEJAMENTO
CIONAL - PCMSO 7.5.1 O PCMSO deve ser elaborado considerando os riscos ocu-
pacionais identificados e classificados pelo PGR.
7.1 OBJETIVO 7.5.2 Inexistindo médico do trabalho na localidade, a organiza-
7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece diretrizes e ção pode contratar médico de outra especialidade como responsá-
requisitos para o desenvolvimento do Programa de Controle Médi- vel pelo PCMSO.
co de Saúde Ocupacional - PCMSO nas organizações, com o objetivo 7.5.3 O PCMSO deve incluir a avaliação do estado de saúde dos
de proteger e preservar a saúde de seus empregados em relação empregados em atividades críticas, como definidas nesta Norma,
aos riscos ocupacionais, conforme avaliação de riscos do Programa considerando os riscos envolvidos em cada situação e a investiga-
de Gerenciamento de Risco - PGR da organização. ção de patologias que possam impedir o exercício de tais atividades
com segurança.
7.2 CAMPO DE APLICAÇÃO 7.5.4 A organização deve garantir que o PCMSO:
7.2.1 Esta Norma se aplica às organizações e aos órgãos públi- a) descreva os possíveis agravos à saúde relacionados aos ris-
cos da administração direta e indireta, bem como aos órgãos dos cos ocupacionais identificados e classificados no PGR;
poderes legislativo e judiciário e ao Ministério Público, que possu- b) contenha planejamento de exames médicos clínicos e com-
am empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - plementares necessários, conforme os riscos ocupacionais identifi-
CLT. cados, atendendo ao determinado nos Anexos desta NR;
7.3 DIRETRIZES c) contenha os critérios de interpretação e planejamento das
7.3.1 O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de condutas relacionadas aos achados dos exames médicos;
iniciativas da organização no campo da saúde de seus empregados, d) seja conhecido e atendido por todos os médicos que realiza-
devendo estar harmonizado com o disposto nas demais NR. rem os exames médicos ocupacionais dos empregados;
7.3.2 São diretrizes do PCMSO: e) inclua relatório analítico sobre o desenvolvimento do pro-
a) rastrear e detectar precocemente os agravos à saúde relacio- grama, conforme o subitem 7.6.2 desta NR.
nados ao trabalho; 7.5.5 O médico responsável pelo PCMSO, caso observe incon-
b) detectar possíveis exposições excessivas a agentes nocivos sistências no inventário de riscos da organização, deve reavaliá-las
ocupacionais; em conjunto com os responsáveis pelo PGR.
c) definir a aptidão de cada empregado para exercer suas fun- 7.5.6 O PCMSO deve incluir a realização obrigatória dos exames
ções ou tarefas determinadas; médicos:
d) subsidiar a implantação e o monitoramento da eficácia das a) admissional;
medidas de prevenção adotadas na organização; b) periódico;
e) subsidiar análises epidemiológicas e estatísticas sobre os c) de retorno ao trabalho;
agravos à saúde e sua relação com os riscos ocupacionais; d) de mudança de riscos ocupacionais;
f) subsidiar decisões sobre o afastamento de empregados de e) demissional.
situações de trabalho que possam comprometer sua saúde; 7.5.7 Os exames médicos de que trata o subitem 7.5.6 com-
g) subsidiar a emissão de notificações de agravos relacionados preendem exame clínico e exames complementares, realizados de
ao trabalho, de acordo com a regulamentação pertinente; acordo com as especificações desta e de outras NR.
h) subsidiar o encaminhamento de empregados à Previdência 7.5.8 O exame clínico deve obedecer aos prazos e à seguinte
Social; periodicidade:
I - no exame admissional: ser realizado antes que o empregado
assuma suas atividades;

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

II - no exame periódico: ser realizado de acordo com os seguin- 7.5.18 Podem ser realizados outros exames complementares, a
tes intervalos: critério do médico responsável, desde que relacionados aos riscos
a) para empregados expostos a riscos ocupacionais identifica- ocupacionais classificados no PGR e tecnicamente justificados no
dos e classificados no PGR e para portadores de doenças crônicas PCMSO.
que aumentem a susceptibilidade a tais riscos: 7.5.19 Para cada exame clínico ocupacional realizado, o médico
1. a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico emitirá Atestado de Saúde Ocupacional - ASO, que deve ser com-
responsável; provadamente disponibilizado ao empregado, devendo ser forneci-
2. de acordo com a periodicidade especificada no Anexo IV do em meio físico quando solicitado.
desta Norma, relativo a empregados expostos a condições hiper- 7.5.19.1 O ASO deve conter no mínimo:
báricas; a) razão social e CNPJ ou CAEPF da organização;
b) para os demais empregados, o exame clínico deve ser reali- b) nome completo do empregado, o número de seu CPF e sua
zado a cada dois anos. função;
7.5.9 No exame de retorno ao trabalho, o exame clínico deve c) a descrição dos perigos ou fatores de risco identificados e
ser realizado antes que o empregado reassuma suas funções, quan- classificados no PGR que necessitem
do ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias por moti- de controle médico previsto no PCMSO, ou a sua inexistência;
vo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não. d) indicação e data de realização dos exames ocupacionais clí-
7.5.9.1 No exame de retorno ao trabalho, a avaliação médica nicos e complementares a que foi submetido o empregado;
deve definir a necessidade de retorno gradativo ao trabalho. e) definição de apto ou inapto para a função do empregado;
7.5.10 O exame de mudança de risco ocupacional deve, obriga- f) o nome e número de registro profissional do médico respon-
toriamente, ser realizado antes da data da mudança, adequando-se sável pelo PCMSO, se houver;
o controle médico aos novos riscos. g) data, número de registro profissional e assinatura do médico
7.5.11 No exame demissional, o exame clínico deve ser realiza- que realizou o exame clínico.
do em até 10 (dez) dias contados do término do contrato, podendo 7.5.19.2 A aptidão para trabalho em atividades específicas,
ser dispensado caso o exame clínico ocupacional mais recente te- quando assim definido em Normas Regulamentadoras e seus Ane-
nha sido realizado há menos de 135 (centro e trinta e cinco) dias, xos, deve ser consignada no ASO.
para as organizações graus de risco 1 e 2, e há menos de 90 (noven- 7.5.19.3 Quando forem realizados exames complementares
ta) dias, para as organizações graus de risco 3 e 4. sem que tenha ocorrido exame clínico, a organização emitirá recibo
7.5.12 Os exames complementares laboratoriais previstos nes- de entrega do resultado do exame, devendo o recibo ser fornecido
ta NR devem ser executados por laboratório que atenda ao disposto ao empregado em meio físico, quando solicitado.
na RDC/Anvisa n.º 302/2005, no que se refere aos procedimentos 7.5.19.4 Sendo verificada a possibilidade de exposição exces-
de coleta, acondicionamento, transporte e análise, e interpretados siva a agentes listados no Quadro 1 do Anexo I desta NR, o médico
com base nos critérios constantes nos Anexos desta Norma e são do trabalho responsável pelo PCMSO deve informar o fato aos res-
obrigatórios quando: ponsáveis pelo PGR para reavaliação dos riscos ocupacionais e das
medidas de prevenção.
a) o levantamento preliminar do PGR indicar a necessidade de
7.5.19.5 Constatada ocorrência ou agravamento de doença re-
medidas de prevenção imediatas;
lacionada ao trabalho ou alteração que revele disfunção orgânica
b) houver exposições ocupacionais acima dos níveis de ação
por meio dos exames complementares do Quadro 2 do Anexo I, dos
determinados na NR-09 ou se a classificação de riscos do PGR in-
demais Anexos desta NR ou dos exames complementares incluídos
dicar.
com base no subitem 7.5.18 da presente NR, caberá à organização,
7.5.12.1 O momento da coleta das amostras biológicas deve
após informada pelo médico responsável pelo PCMSO:
seguir o determinado nos Quadros 1 e 2 do Anexo I desta NR.
a) emitir a Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT;
7.5.12.2 Quando a organização realizar o armazenamento e o
b) afastar o empregado da situação, ou do trabalho, quando
transporte das amostras, devem ser seguidos os procedimentos re- necessário;
comendados pelo laboratório contratado. c) encaminhar o empregado à Previdência Social, quando hou-
7.5.13 Os exames previstos nos Quadros 1 e 2 do Anexo I desta ver afastamento do trabalho superior a 15 (quinze) dias, para avalia-
NR devem ser realizados a cada seis meses, podendo ser antecipa- ção de incapacidade e definição da conduta previdenciária;
dos ou postergados por até 45 (quarenta e cinco) dias, a critério d) reavaliar os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção
do médico responsável, mediante justificativa técnica, a fim de que pertinentes no PGR.
os exames sejam realizados em situações mais representativas da 7.5.19.6 O empregado, em uma das situações previstas nos
exposição do empregado ao agente. subitens 7.5.19.4 ou 7.5.19.5, deve ser submetido a exame clínico
7.5.14 Para as atividades realizadas de forma sazonal, a perio- e informado sobre o significado dos exames alterados e condutas
dicidade dos exames constantes nos Quadros 1 e 2 do Anexo I desta necessárias.
NR pode ser anual, desde que realizada em concomitância com o 7.5.19.6.1 O médico responsável pelo PCMSO deve avaliar a
período da execução da atividade. necessidade de realização de exames médicos em outros emprega-
7.5.15 Os exames previstos no Quadro 1 do Anexo I desta NR dos sujeitos às mesmas situações de trabalho.
não serão obrigatórios nos exames admissional, de retorno ao tra- 7.6 DOCUMENTAÇÃO
balho, de mudança de risco ocupacional e demissional. 7.6.1 Os dados dos exames clínicos e complementares deve-
7.5.16 Os empregados devem ser informados, durante o exa- rão ser registrados em prontuário médico individual sob a respon-
me clínico, das razões da realização dos exames complementares sabilidade do médico responsável pelo PCMSO, ou do médico res-
previstos nesta NR e do significado dos resultados de tais exames. ponsável pelo exame, quando a organização estiver dispensada de
7.5.17 No exame admissional, a critério do médico responsá- PCMSO.
vel, poderão ser aceitos exames complementares realizados nos 90 7.6.1.1 O prontuário do empregado deve ser mantido pela or-
(noventa) dias anteriores, exceto quando definidos prazos diferen- ganização, no mínimo, por 20 (vinte) anos após o seu desligamento,
tes nos Anexos desta NR. exceto em caso de previsão diversa constante nos Anexos desta NR.

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

7.6.1.2 Em caso de substituição do médico responsável pelo


PCMSO, a organização deve garantir que os prontuários médicos NR 08 – EDIFICAÇÕES
sejam formalmente transferidos para seu sucessor.
7.6.1.3 Podem ser utilizados prontuários médicos em meio ele- NORMA REGULAMENTADORA 8 -NR 8
trônico desde que atendidas as exigências do Conselho Federal de EDIFICAÇÕES
Medicina.
7.6.2 O médico responsável pelo PCMSO deve elaborar rela- 8.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece requisitos
tório analítico do Programa, anualmente, considerando a data do técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para
último relatório, contendo, no mínimo: garantir segurança e conforto aos que nelas trabalhem.
a) o número de exames clínicos realizados;
b) o número e tipos de exames complementares realizados; “8.2 Os locais de trabalho devem ter a altura do piso ao teto,
c) estatística de resultados anormais dos exames complemen- pé direito, de acordo com as posturas municipais, atendidas as con-
tares, categorizados por tipo do exame e por unidade operacional, dições de conforto, segurança e salubridade, estabelecidas na Por-
setor ou função; taria 3.214/78.”
d) incidência e prevalência de doenças relacionadas ao traba-
lho, categorizadas por unidade operacional, setor ou função; 8.2.1. A critério da autoridade competente em segurança e me-
e) informações sobre o número, tipo de eventos e doenças dicina do trabalho, poderá ser reduzido esse mínimo, desde que
informadas nas CAT, emitidas pela organização, referentes a seus atendidas as condições de iluminação e conforto térmico compatí-
empregados; veis com a natureza do trabalho. (108.002-4 / I1)
f) análise comparativa em relação ao relatório anterior e dis-
cussão sobre as variações nos resultados. 8.3. Circulação.
7.6.3 A organização deve garantir que o médico responsável
pelo PCMSO considere, na elaboração do relatório analítico, os da- 8.3.1. Os pisos dos locais de trabalho não devem apresentar
dos dos prontuários médicos a ele transferidos, se for o caso. saliências nem depressões
7.6.4 Caso o médico responsável pelo PCMSO não tenha re- que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação
cebido os prontuários médicos ou considere as informações insufi- de materiais. (108.003-2 / I1)
cientes, deve informar o ocorrido no relatório analítico.
7.6.5 O relatório analítico deve ser apresentado e discutido 8.3.2. As aberturas nos pisos e nas paredes devem ser pro-
com os responsáveis por segurança e saúde no trabalho da organi- tegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou objetos.
zação, incluindo a CIPA, quando existente, para que as medidas de (108.004-0 / I2)
prevenção necessárias sejam adotadas na organização.
7.6.6 As organizações de graus de risco 1 e 2 com até 25 (vinte 8.3.3. Os pisos, as escadas e rampas devem oferecer resistência
e cinco) empregados e as organizações de graus de risco 3 e 4 com suficiente para suportar as cargas móveis e fixas, para as quais a
até 10 (dez) empregados podem elaborar relatório analítico apenas edificação se destina. (108.005-9 / I2)
com as informações solicitadas nas alíneas “a” e “b” do subitem
7.6.2. 8.3.4. As rampas e as escadas fixas de qualquer tipo devem ser
7.7 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL - MEI, MICROEMPRE- construídas de acordo com as normas técnicas oficiais e mantidas
SA - ME E EMPRESA DE PEQUENO PORTE - EPP em perfeito estado de conservação. (108.006-7 / I2)
7.7.1 As MEI, ME e EPP desobrigadas de elaborar PCMSO, de
acordo com o subitem 1.8.6 da NR01, devem realizar e custear exa- 8.3.5. Nos pisos, escadas, rampas, corredores e passagens dos
mes médicos ocupacionais admissionais, demissionais e periódicos, locais de trabalho, onde houver perigo de escorregamento, serão
a cada dois anos, de seus empregados. empregados materiais ou processos antiderrapantes. (108.007-5 /
7.7.1.1 Os empregados devem ser encaminhados pela organi- I1)
zação, para realização dos exames médicos ocupacionais, a:
a) médico do trabalho; ou 8.3.6. Os andares acima do solo, tais como terraços, balcões,
b) serviço médico especializado em medicina do trabalho, devi- compartimentos para garagens e outros que não forem vedados
damente registrado, de acordo com a legislação. por paredes externas, devem dispor de guarda-corpo de proteção
7.7.2 A organização deve informar, ao médico do trabalho ou contra quedas, de acordo com os seguintes requisitos: (108.008-3
ao serviço médico especializado em medicina do trabalho, que está / I2)
dispensada da elaboração do PCMSO, de acordo com a NR-01, e
que a função que o empregado exerce ou irá exercer não apresenta a) ter altura de 0,90m (noventa centímetros), no mínimo, a
riscos ocupacionais. contar do nível do pavimento;
7.7.3 Para cada exame clínico ocupacional, o médico que rea- (108.009-1/ I1)
lizou o exame emitirá ASO, que deve ser disponibilizado ao empre-
b) quando for vazado, os vãos do guarda-corpo devem ter, pelo
gado, mediante recibo, em meio físico, quando assim solicitado, e
menos, uma das dimensões igual ou inferior a 0,12m (doze centí-
atender ao subitem 7.5.19.1 desta NR.
metros); (108.010-5 / I1)
7.7.4 O relatório analítico não será exigido para:
a) Microempreendedores Individuais - MEI;
c) ser de material rígido e capaz de resistir ao esforço horizontal
b) ME e EPP dispensadas da elaboração do PCMSO.
de 80kgf/m2 (oitenta quilogramas-força por metro quadrado) apli-
cado no seu ponto mais desfavorável. (108.011-3 /I1)

8.4. Proteção contra intempéries.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

8.4.1. As partes externas, bem como todas as que separem 9.1.5.2 Consideram-se agentes químicos as substâncias, com-
unidades autônomas de uma edificação, ainda que não acompa- postos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via res-
nhem sua estrutura, devem, obrigatoriamente, observar as normas piratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
técnicas oficiais relativas à resistência ao fogo, isolamento térmico, vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam
isolamento e condicionamento acústico, resistência estrutural e im- ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou
permeabilidade. (108.012-1 / I1) por ingestão.
9.1.5.3 Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos,
8.4.2. Os pisos e as paredes dos locais de trabalho devem ser, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
sempre que necessário, impermeabilizados e protegidos contra a 9.2 Da estrutura do PPRA
umidade. (108.013-0 /I1) 9.2.1 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá
conter, no mínimo, a seguinte estrutura:
8.4.3. As coberturas dos locais de trabalho devem assegurar a) planejamento anual com estabelecimento de metas, priori-
proteção contra as chuvas. (108.014-8 / I1) dades e cronograma;
b) estratégia e metodologia de ação;
8.4.4. As edificações dos locais de trabalho devem ser projeta- c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
das e construídas de modo a evitar insolação excessiva ou falta de d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do
insolação. (108.015-6 / I1) PPRA.
9.2.1.1 Deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo me-
nos uma vez ao ano, uma análise global do PPRA para avaliação do
NR 09 - PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE RISCOS AM- seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabe-
BIENTAIS lecimento de novas metas e prioridades. 1
9.2.2 O PPRA deverá estar descrito num documento-base con-
tendo todos os aspectos estruturais constantes do item 9.2.1.
NR 9 - NORMA REGULAMENTADORA 9 9.2.2.1 O documento-base e suas alterações e complementa-
PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS ções deverão ser apresentados e discutidos na CIPA, quando exis-
9.1 Do objeto e campo de aplicação tente na empresa, de acordo com a NR-5, sendo sua cópia anexada
ao livro de atas desta Comissão.
9.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obriga- 9.2.2.2 O documento-base e suas alterações deverão estar dis-
toriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os poníveis de modo a proporcionar o imediato acesso às autoridades
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como em- competentes.
pregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, 9.2.3 O cronograma previsto no item 9.2.1 deverá indicar clara-
visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, mente os prazos para o desenvolvimento das etapas e cumprimen-
através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente to das metas do PPRA.
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que ve- 9.3 Do desenvolvimento do PPRA
nham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a 9.3.1 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. incluir as seguintes etapas:
9.1.2 As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de a) antecipação e reconhecimentos dos riscos;
cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do em- b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e con-
pregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abran- trole;
gência e profundidade dependentes das características dos riscos e c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
das necessidades de controle. d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua efi-
9.1.2.1 Quando não forem identificados riscos ambientais nas cácia;
fases de antecipação ou reconhecimento, descritas nos itens 9.3.2 e e) monitoramento da exposição aos riscos;
9.3.3, o PPRA poderá resumir-se às etapas previstas nas alíneas “a” f) registro e divulgação dos dados.
e “f” do subitem 9.3.1. 9.3.1.1 A elaboração, implementação, acompanhamento e ava-
9.1.3 O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das liação do PPRA poderão ser feitas pelo Serviço Especializado em En-
iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da inte- genharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por
gridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o dispos- pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam
to nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico capazes de desenvolver o disposto nesta NR.
de Saúde Ocupacional - PCMSO previsto na NR-7. 9.3.2 A antecipação deverá envolver a análise de projetos de
9.1.4 Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes novas instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de modi-
gerais a serem observados na execução do PPRA, podendo os mes- ficação dos já existentes, visando a identificar os riscos potenciais
mos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação.
9.1.5 Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os 9.3.3 O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os
agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de seguintes itens, quando aplicáveis:
trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensi- a) a sua identificação;
dade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;
do trabalhador. c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de pro-
9.1.5.1 Consideram-se agentes físicos as diversas formas de pagação dos agentes no ambiente de trabalho;
energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: d) a identificação das funções e determinação do número de
ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radia- trabalhadores expostos;
ções ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;
o ultrassom. f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de
possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho;

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identifica- d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores,
dos, disponíveis na literatura técnica; com a respectiva identificação dos EPI’s utilizados para os riscos am-
h) a descrição das medidas de controle já existentes. bientais.
9.3.4 A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que 9.3.5.6 O PPRA deve estabelecer critérios e mecanismos de
necessária para: avaliação da eficácia das medidas de proteção implantadas consi-
a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência riscos derando os dados obtidos nas avaliações realizadas e no controle
identificados na etapa de reconhecimento; médico da saúde previsto na NR- 7.
b) dimensionar a exposição dos trabalhadores; 9.3.6 Do nível de ação.
c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle. 9.3.6.1 Para os fins desta NR, considera-se nível de ação o valor
9.3.5 Das medidas de controle acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a
9.3.5.1 Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficien- minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambien-
tes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos am- tais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o
bientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalha-
situações: dores e o controle médico.
a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à 9.3.6.2 Deverão ser objeto de controle sistemático as situações
saúde; que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação,
b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente conforme indicado nas alíneas que seguem:
à saúde; a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição
c) quando os resultados das avaliações quantitativas da expo- ocupacional considerados de acordo com a alínea “c” do subitem
sição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos 9.3.5.1;
na NR-15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme
ocupacional adotados pela ACGIH -American Conference of Govern- critério estabelecido na NR-15, Anexo I, item 6.
mental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabele- 9.3.7 Do monitoramento.
cidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos 9.3.7.1. Para o monitoramento da exposição dos trabalhado-
do que os critérios técnico-legais estabelecidos; res e das medidas de controle, deve ser realizada uma avaliação
d) quando, através do controle médico da saúde, ficar caracte- sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco, visando à
rizado o nexo causal entre danos observados na saúde os trabalha- introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que
dores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. necessário.
9.3.5.2 O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas 9.3.8 Do registro de dados.
de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia: 9.3.8.1 Deverá ser mantido pelo empregador ou instituição um
a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a forma- registro de dados, estruturado de forma a constituir um histórico
ção de agentes prejudiciais à saúde; técnico e administrativo do desenvolvimento do PPRA.
b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses 9.3.8.2 Os dados deverão ser mantidos por um período mínimo
agentes no ambiente de trabalho; de 20 (vinte) anos.
a) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses 9.3.8.3 O registro de dados deverá estar sempre disponível aos
agentes no ambiente de trabalho. trabalhadores interessados ou seus representantes e para as auto-
9.3.5.3 A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ridades competentes.
ser acompanhada de treinamento dos trabalhadores quanto os pro- 9.4 Das responsabilidades
cedimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre 9.4.1 Do empregador:
as eventuais limitações de proteção que ofereçam. I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do
9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a PPRA como atividade permanente da empresa ou instituição.
inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou 9.4.2 Dos trabalhadores:
quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de I. colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;
estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter com- II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos
plementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, dentro do PPRA;
obedecendo- se à seguinte hierarquia: III. informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que,
a) medidas de caráter administrativo ou de organização do tra- a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhado-
balho; res.
b) utilização de equipamento de proteção individual - EPI. 9.5 Da informação
9.3.5.5 A utilização de EPI no âmbito do programa deverá con- 9.5.1 Os trabalhadores interessados terão o direito de apresen-
siderar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver no tar propostas e receber informações e orientações a fim de asse-
mínimo: gurar a proteção aos riscos ambientais identificados na execução
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o tra- do PPRA.
balhador está exposto e à atividade exercida, considerando-se a 9.5.2 Os empregadores deverão informar os trabalhadores de
eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o con- maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que pos-
forto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário; sam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos.
correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que 9.6 Das disposições finais
o EPI oferece; 9.6.1 Sempre que vários empregadores realizem simultanea-
c) estabelecimento de normas ou procedimento para promo- mente atividades no mesmo local de trabalho terão o dever de exe-
ver o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, cutar ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA
a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições visando a proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos
de proteção originalmente estabelecidas; ambientais gerados.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

9.6.2 O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equi-
do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluin- pamentos de proteção individual e coletiva;
do os dados consignados no Mapa de Riscos, previsto na NR-5, de-
verão ser considerados para fins de planejamento e execução do f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áre-
PPRA em todas as suas fases. as classificadas; e
9.6.3 (Revogado pela Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho de
2019). g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomenda-
ções, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a”
a “f”.
NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM
ELETRICIDADE 10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamen-
tos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir
prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 e acrescentar ao prontu-
NORMA REGULAMENTADORA 10 - NR 10 ário os documentos a seguir listados:
SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
10.1- OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO a) descrição dos procedimentos para emergências; e

10.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requi- b) certificações dos equipamentos de proteção coletiva e indi-
sitos e condições mínimas objetivando a implementação de medi- vidual;
das de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segu-
rança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, 10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em proximidade
interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário con-
templando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a”
10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distri- e “b” do item 10.2.5.
buição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, mon-
tagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer 10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organiza-
trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as nor- do e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente
mas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos tra-
ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. balhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.
10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Ins-
10.2 - MEDIDAS DE CONTROLE talações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente
habilitado.
10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas de-
vem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico 10.2.8 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA
e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco,
de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elé-
tricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas
10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às ativi-
demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segu- dades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a
rança, da saúde e do meio ambiente do trabalho. saúde dos trabalhadores.

10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas uni 10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prio-
filares atualizados das instalações elétricas dos seus estabeleci- ritariamente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta
mentos com as especificações do sistema de aterramento e demais NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança.
equipamentos e dispositivos de proteção.
10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabele-
10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 cido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras medidas de
kW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos,
contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo: barreiras, sinalização, sistema de secciona mento automático de ali-
mentação, bloqueio do religamento automático.
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e adminis-
trativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR 10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser exe-
e descrição das medidas de controle existentes; cutado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos com-
petentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacio-
b) documentação das inspeções e medições do sistema de pro- nais vigentes.
teção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
10.2.9 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e in-
dividual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR; 10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as me-
didas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insufi-
d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, cientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos
capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos re- de proteção individual específicos e adequados às atividades de-
alizados; senvolvidas, em atendimento ao disposto naNR 6.

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e
atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de
e influências eletromagnéticas. proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios equi-
pamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser
10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;
instalações elétricas ou em suas proximidades.
d) recomendações de restrições e advertências quanto ao aces-
10.3 - SEGURANÇA EM PROJETOS so de pessoas aos componentes das instalações;
10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas es-
pecifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam e) precauções aplicáveis em face das influências externas;
recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de
advertência com indicação da condição operativa. f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constan-
tes do projeto, destinados à segurança das pessoas; e
10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever
a instalação de dispositivo de secciona mento de ação simultânea, g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção
que permita a aplicação de impedimento de reenergização do cir- com a instalação elétrica.
cuito.
10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações pro-
10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o es- porcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição
paço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus de trabalho segura, de acordo com aNR 17- Ergonomia.
componentes e as influências externas, quando da operação e da 10.4 - SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM, OPERA-
realização de serviços de construção e manutenção. ÇÃO E MANUTENÇÃO
10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais
como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem 10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, monta-
ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o de- das, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas
senvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos
as definições de projetos. usuários, e serem supervisionadas por profissional autorizado, con-
forme dispõe esta NR.
10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de
aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o con- 10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas devem ser ado-
dutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes condu- tadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicio-
toras não destinadas à condução da eletricidade. nais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétri-
cos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e
10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, de- outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança.
vem ser projetados dispositivos de secciona mento que incorporem
recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito sec- 10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equi-
cionado. pamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a
instalação elétrica existente, preservando-se as características de
10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influ-
aterramento temporário. ências externas.

10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposi- 10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que pos-
ção dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes suam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envol-
e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido vidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regula-
atualizado. mentações existentes ou recomendações dos fabricantes.

10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Nor- 10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condi-
mas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as re- ções seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem
gulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as
profissional legalmente habilitado. regulamentações existentes e definições de projetos.

10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no míni- 10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invó-
mo, os seguintes itens de segurança: lucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para
essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para ar-
a) especificação das características relativas à proteção contra mazenamento ou guarda de quaisquer objetos.
choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;
10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garan-
b) indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circui- tida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de traba-
tos elétricos: (Verde - “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado) lho segura, de acordo com aNR 17- Ergonomia, de forma a permitir
que ele disponha dos membros superiores livres para a realização
das tarefas.

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

10.4.6 Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de campo ou 10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão
comissiona mento de instalações elétricas devem atender à regula- igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a
mentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por
realizados por trabalhadores que atendam às condições de quali- trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta
ficação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta Norma.
NR. 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem
receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações
10.5 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DESENERGI- elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais
ZADAS determinações estabelecidas no Anexo III desta NR.(Alteração dada
pelaPortaria MTPS 508/2016)
10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instala- 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem
ções elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações
apropriados, obedecida a sequencia abaixo: elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais
determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.
a) secciona mento; 10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circui-
b) impedimento de reenergização; tos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipa-
mentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados
c) constatação da ausência de tensão; para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não ad-
vertida.
d) instalação de aterramento temporário com equipotenciali-
zação dos condutores dos circuitos; 10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada
e) proteção dos elementos energizados existentes na zona con- devem ser realizados mediante procedimentos específicos respei-
trolada (Anexo II)(Alteração dada pelaPortaria MTPS 508/2016) tando as distâncias previstas no Anexo II.(Alteração dada pelaPor-
taria MTPS 508/2016)
10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada
e) proteção dos elementos energizados existentes na zona con-
devem ser realizados mediante procedimentos específicos respei-
trolada (Anexo I); e
tando as distâncias previstas no Anexo I.
10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas pro-
f) instalação da sinalização de impedimento de reenergização.
ximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocor-
rência que possa colocar os trabalhadores em perigo.
10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser manti-
do até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementa-
respeitando a sequencia de procedimentos abaixo: das ou para a entrada em operações de novas instalações ou equi-
pamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de
a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos; risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos
procedimentos de trabalho.
b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não
envolvidos no processo de reenergização; 10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender
as atividades quando verificar situação ou condição de risco não
c) remoção do aterramento temporário, da equipotencializa- prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja pos-
ção e das proteções adicionais; sível.

d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização; e 10.7 - TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT)

e) destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de 10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elé-
secciona mento. tricas energizadas com alta tensão, que exerçam suas atividades
dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco,
10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos conforme Anexo II, devem atender ao disposto no item 10.8 desta
itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas NR.(Alteração dada pelaPortaria MTPS 508/2016)
ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por 10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elé-
profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justifi- tricas energizadas com alta tensão, que exerçam suas atividades
cativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco,
mesmo nível de segurança originalmente preconizado. conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta
NR.
10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem rece-
10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações elétri-
ber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema
cas desligadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer
Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo
meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no
mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no
item 10.6. Anexo III desta NR.(Alteração dada pelaPortaria MTPS 508/2016)
10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem rece-
10.6 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZA- ber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema
DAS Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo
mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no
Anexo II desta NR.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, b) trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e
bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência - autorizado.
SEP, não podem ser realizados individualmente.
10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em 10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o
AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilita-
realizado mediante ordem de serviço específica para data e local, do e autorizado responsável pela capacitação.
assinada por superior responsável pela área.
10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualifi-
10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em cados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência
AT, o superior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do formal da empresa.
serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as
atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender os 10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação
princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autoriza-
eletricidade aplicáveis ao serviço. ção de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4.

10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT 10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações
somente podem ser realizados quando houver procedimentos es- elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de regis-
pecíficos, detalhados e assinados por profissional autorizado. tro de empregado da empresa.

10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em 10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações
AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme elétricas devem ser submetidos à exame de saúde compatível com
Anexo II desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativa- as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade
ção, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositi- com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico.
vos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamen-
to.(Alteração dada pelaPortaria MTPS 508/2016) 10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações
10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos de-
AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme correntes do emprego da energia elétrica e as principais medidas
Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativa- de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com
ção, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos o estabelecido no Anexo III desta NR.(Alteração dada pelaPortaria
de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento. MTPS 508/2016)
10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem 10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações
ser sinalizados com identificação da condição de desativação, con- elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos de-
forme procedimento de trabalho específico padronizado. correntes do emprego da energia elétrica e as principais medidas
de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com
10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes o estabelecido no Anexo II desta NR.
ou equipados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em 10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR
alta tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais
laboratório periódicos, obedecendo-se as especificações do fabri- habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamen-
cante, os procedimentos da empresa e na ausência desses, anual- to satisfatórios dos cursos constantes do Anexo III desta NR.(Altera-
mente. ção dada pelaPortaria MTPS 508/2016)
10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR
10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais
em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP devem habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamen-
dispor de equipamento que permita a comunicação permanente to satisfatórios dos cursos constantes do ANEXO II desta NR.
com os demais membros da equipe ou com o centro de operação 10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bie-
durante a realização do serviço. nal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir:

10.8 - HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORI- a) troca de função ou mudança de empresa;


ZAÇÃO DOS TRABALHADORES
b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por perí-
10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que com- odo superior a três meses; e
provar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido
pelo Sistema Oficial de Ensino. c) modificações significativas nas instalações elétricas ou troca
de métodos, processos e organização do trabalho.
10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o tra-
balhador previamente qualificado e com registro no competente 10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treina-
conselho de classe. mentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”,
“b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender as necessidades da situ-
10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que aten- ação que o motivou.
da às seguintes condições, simultaneamente:
a) receba capacitação sob orientação e responsabilidade de 10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser prece-
profissional habilitado e autorizado; e didos de treinamento especifico de acordo com risco envolvido.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às 10.11 - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO


instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança
da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos 10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planeja-
formalmente com conhecimentos que permitam identificar e ava- dos e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho
liar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa,
passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabe-
10.9 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO lece o item 10.8 desta NR.

10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elé- 10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser prece-
tricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, didos de ordens de serviço especificas, aprovadas por trabalhador
conforme dispõe aNR 23- Proteção Contra Incêndios. autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as refe-
rências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.
10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e siste-
mas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes 10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mí-
com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados nimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e
quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orien-
Certificação. tações finais.
10.9.3 Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou 10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segu-
acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica
rança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter
e dispositivos de descarga elétrica.
a participação em todo processo de desenvolvimento do Serviço
Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho -
10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujei-
SESMT, quando houver. 10.11.5 A autorização referida no item 10.8
tas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados
dispositivos de proteção, como alarme e secciona mento automáti- deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previs-
co para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamen- to no Anexo II desta NR.
to, aquecimentos ou outras condições anormais de operação. 10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em con-
formidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo III des-
10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áreas classifi- ta NR.(Inclusão dada pelaPortaria MTPS 508/2016).
cadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o
trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indi-
10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação cado e em condições de exercer a supervisão e condução dos tra-
da área. balhos.

10.10- SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA 10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus membros,
em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem
10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e
adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertên- ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princí-
cia e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 - Sinaliza- pios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis
ção de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações ao serviço.
a seguir:
10.11.8 A alternância de atividades deve considerar a análise
a) identificação de circuitos elétricos; de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos,
de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.
b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de ma-
nobra e comandos; 10.12 - SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
c) restrições e impedimentos de acesso; 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações
ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergên-
d) delimitações de áreas;
cia da empresa.
e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veícu-
10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a exe-
los e de movimentação de cargas;
cutar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, espe-
f) sinalização de impedimento de energização; e cialmente por meio de reanimação cardiorrespiratória.

g) identificação de equipamento ou circuito impedido. 10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padroni-
zados e adequados às suas atividades, disponibilizando os meios
para a sua aplicação.

10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a ma-


nusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio
existentes nas instalações elétricas.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

10.13 - RESPONSABILIDADES 11.1 Normas de segurança para operação de elevadores, guin-


10.13.1(Revogado pela Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho dastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras
de 2019) (voltar)
10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os tra- 11.1.1 Os poços de elevadores e monta-cargas deverão ser cer-
balhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, ins- cados, solidamente, em toda sua altura, exceto as portas ou cance-
truindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra las necessárias nos pavimentos.
os riscos elétricos a serem adotados. 11.1.2 Quando a cabina do elevador não estiver ao nível do pa-
vimento, a abertura deverá estar protegida por corrimão ou outros
10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de tra- dispositivos convenientes.
balho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e 11.1.3 Os equipamentos utilizados na movimentação de mate-
adotar medidas preventivas e corretivas. riais, tais como ascensores, elevadores de carga, guindastes, mon-
ta-carga, pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-
10.13.4 Cabe aos trabalhadores: -rolantes, transportadores de diferentes tipos, serão calculados e
construídos de maneira que ofereçam as necessárias garantias de
a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que resistência e segurança e conservados em perfeitas condições de
possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho; trabalho.
11.1.3.1 Especial atenção será dada aos cabos de aço, cordas,
b) responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento
correntes, roldanas e ganchos que deverão ser inspecionados, per-
das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos pro-
manentemente, substituindo-se as suas partes defeituosas.
cedimentos internos de segurança e saúde; e
11.1.3.2 Em todo o equipamento será indicado, em lugar visí-
c) comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do vel, a carga máxima de trabalho permitida.
serviço as situações que considerar de risco para sua segurança e 11.1.3.3 Para os equipamentos destinados à movimentação do
saúde e a de outras pessoas. pessoal serão exigidas condições especiais de segurança.
11.1.4 Os carros manuais para transporte devem possuir pro-
10.14 - DISPOSIÇÕES FINAIS tetores das mãos.
10.14.1 (Revogado pela Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho 11.1.5 Nos equipamentos de transporte, com força motriz pró-
de 2019) pria, o operador deverá receber treinamento específico, dado pela
10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de ris- empresa, que o habilitará nessa função.
cos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, 11.1.6 Os operadores de equipamentos de transporte motori-
de imediato, quando cabível, denúncia aos órgãos competentes. zado deverão ser habilitados e só poderão dirigir se durante o horá-
rio de trabalho portarem um cartão de identificação, com o nome e
10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas cons- fotografia, em lugar visível.
tantes nesta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas naNR 11.1.6.1 O cartão terá a validade de 1 (um) ano, salvo imprevis-
3. to, e, para a revalidação, o empregado deverá passar por exame de
saúde completo, por conta do empregador.
10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar perma- 11.1.7 Os equipamentos de transporte motorizados deverão
nentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços possuir sinal de advertência sonora (buzina).
e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e in- 11.1.8 Todos os transportadores industriais serão permanen-
terferências nas tarefas. temente inspecionados e as peças defeituosas, ou que apresentem
10.14.5 (Revogado pela Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho deficiências, deverão ser imediatamente substituídas.
de 2019) 11.1.9 Nos locais fechados ou pouco ventilados, a emissão de
gases tóxicos, por máquinas transportadoras, deverá ser controla-
10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimenta- da para evitar concentrações, no ambiente de trabalho, acima dos
das por extra-baixa tensão. limites permissíveis.
11.1.10 Em locais fechados e sem ventilação, é proibida a uti-
NR 11 - TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENA- lização de máquinas transportadoras, movidas a motores de com-
GEM E MANUSEIO DE MATERIAIS bustão interna, salvo se providas de dispositivos neutraliza dores
adequados.
NORMA REGULAMENTADORA 11 -NR 11 11.2 Normas de segurança do trabalho em atividades de trans-
TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANU- porte de sacas (voltar)
SEIO DE MATERIAIS 11.2.1 Denomina-se, para fins de aplicação da presente regu-
lamentação a expressão “Transporte manual de sacos” toda ativi-
11.1 Normas de Segurança para Operação de Elevadores, Guin- dade realizada de maneira contínua ou descontínua, essencial ao
dastes, Transportadores Industriais e Máquinas Transportadoras transporte manual de sacos, na qual o peso da carga é suportado,
11.2 Normas de Segurança do Trabalho em Atividades de Trans- integralmente, por um só trabalhador, compreendendo também o
porte de Sacas levantamento e sua deposição.
11.3 Armazenamento de Materiais 11.2.2 Fica estabelecida a distância máxima de 60,00m (sessen-
11.4 Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de ta metros) para o transporte manual de um saco.
Mármore, Granito e Outras Rochas 11.2.2.1 Além do limite previsto nesta norma, o transporte des-
carga deverá ser realizado mediante impulsão de vagonetes, carros,
Anexo I (Alteração dada pela Portaria MTPS 505/2016) carretas, carros de mão apropriados, ou qualquer tipo de tração
Glossário mecanizada.

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

11.2.3 É vedado o transporte manual de sacos, através de pran- 11.4.1 A movimentação, armazenagem e manuseio de chapas
chas, sobre vãos superiores a 1,00m (um metro) ou mais de exten- de mármore, granito e outras rochas deve obedecer ao disposto no
são. Regulamento Técnico de Procedimentos constante no Anexo I desta
11.2.3.1 As pranchas de que trata o item 11.2.3 deverão ter a NR. (Acrescentado pela Portaria SIT 56/2003)
largura mínima de 0,50m (cinquenta centímetros).
11.2.4 Na operação manual de carga e descarga de sacos, em ANEXO I
caminhão ou vagão, o trabalhador terá o auxílio de
ajudante. REGULAMENTO TÉCNICO DE PROCEDIMENTOS PARA MO-
11.2.5 As pilhas de sacos, nos armazéns, devem ter altura máxi- VIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE CHAPAS DE
ma limitada ao nível de resistência do piso, à forma e resistência dos ROCHAS ORNAMENTAIS ( Alteração dada pela Portaria MTPS
materiais de embalagem e à estabilidade, baseada na geometria, 505/2016).
tipo de amarração e inclinação das pilhas.
11.2.5. As pilhas de sacos, nos armazéns, terão a altura máxima 1. Princípios gerais
correspondente a 30 (trinta) fiadas de sacos quando for usado pro- 1.1 Este Regulamento Técnico define princípios fundamentais e
cesso mecanizado de empilhamento. ( Alteração dada pela Portaria medidas de proteção para preservar a saúde e a integridade física
SIT 82/2004) dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a preven-
ção de acidentes e doenças do trabalho no comércio e na indústria
11.2.6. A altura máxima das pilhas de sacos será corresponden- de beneficiamento, transformação, movimentação, manuseio e ar-
te a 20 (vinte) fiadas quando for usado processo manual de empi- mazenamento de chapas rochas ornamentais, sem prejuízo da ob-
lhamento.(Revogado pela Portaria SIT 82/2004). servância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR
aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, nas nor-
11.2.7 No processo mecanizado de empilhamento, aconselha- mas técnicas vigentes e, na ausência ou omissão destas, nas normas
-se o uso de esteiras-rolantes, dadas ou empilhadeiras. internacionais aplicáveis.
11.2.8 Quando não for possível o emprego de processo me- 1.2 Os equipamentos devem ser calculados e construídos de
canizado, admite-se o processo manual, mediante a utilização de maneira que ofereçam as necessárias garantias de resistência e se-
escada removível de madeira, com as seguintes características: gurança, conservados em perfeitas condições de trabalho.
a) lance único de degraus com acesso a um patamar final; 1.2.1 Em todo equipamento deve ser indicado, em lugar visível,
b) a largura mínima de 1,00m (um metro), apresentando o pa- a sua identificação, carga máxima de trabalho permitida, nome e
tamar as dimensões mínimas de 1,00m x 1,00m (um CNPJ do fabricante e responsável técnico.
metro x um metro) e a altura máxima, em relação ao solo, de 1.2.1.1 As informações indicadas no subitem 1.2.1 e demais
2,25m (dois metros e vinte e cinco centímetros); pertinentes devem constar em livro próprio.
c) deverá ser guardada proporção conveniente entre o piso e 1.2.1.2 Carros porta-blocos e fueiros podem ser identificados
o espelho dos degraus, não podendo o espelho ter altura superior somente com número próprio e carga máxima de trabalho permi-
a 0,15m (quinze centímetros), nem o piso largura inferior a 0,25m
tida.
(vinte e cinco centímetros);
1.2.2 O fabricante do equipamento deve fornecer manual de
d) deverá ser reforçada, lateral e verticalmente, por meio de
instrução, atendendo aos requisitos estabelecidos na NR-12, objeti-
estrutura metálica ou de madeira que assegure sua estabilidade;
vando a correta operação e manutenção, além de subsidiar a capa-
e) deverá possuir, lateralmente, um corrimão ou guarda-corpo
citação do operador.
na altura de 1,00m (um metro) em toda a extensão;
1.3 A empresa deve manter registro, em meio físico ou eletrô-
f) perfeitas condições de estabilidade e segurança, sendo subs-
nico, de inspeção periódica e de manutenção dos equipamentos e
tituída imediatamente a que apresente qualquer defeito.
elementos de sustentação utilizados na movimentação, armazena-
11.2.9 O piso do armazém deverá ser constituído de material
não escorregadio, sem aspereza, utilizando-se, de preferência, o gem e manuseio de chapas de rochas ornamentais.
mastique asfáltico, e mantido em perfeito estado de conservação. 1.3.1 Após a inspeção do equipamento ou elemento de susten-
11.2.10 Deve ser evitado o transporte manual de sacos em pi- tação, deve ser emitido “Relatório de Inspeção”, com periodicidade
sos escorregadios ou molhados. anual, elaborado por profissional legalmente habilitado com ART
11.2.11 A empresa deverá providenciar cobertura apropriada - Anotação de Responsabilidade Técnica - recolhida, que passa a fa-
dos locais de carga e descarga da sacaria. zer parte da documentação do equipamento.
11.3 Armazenamento de materiais (voltar) 1.3.2 As inspeções rotineiras e manutenções devem ser realiza-
11.3.1 O peso do material armazenado não poderá exceder a das por profissional capacitado ou qualificado.
capacidade de carga calculada para o piso. 1.3.3 A empresa deve manter no estabelecimento nota fiscal
11.3.2 O material armazenado deverá ser disposto de forma a do equipamento adquirido ou, no caso de fabricação própria, os
evitar a obstrução de portas, equipamentos contra incêndio, saídas projetos, laudos, cálculos e as especificações técnicas.
de emergências, etc. 1.4 As áreas de movimentação de chapas devem propiciar con-
11.3.3. Material empilhado deverá ficar afastado das estrutu- dições para a realização do trabalho com segurança.
ras laterais do prédio a uma distância de pelo menos 0,50m (cin- 1.4.1 A circulação de pessoas nas áreas de movimentação de
quenta centímetros). chapas deve ser interrompida durante a realização desta atividade.
11.3.4 A disposição da carga não deverá dificultar o trânsito, a 2. Requisitos técnicos para equipamentos utilizados para mo-
iluminação, e o acesso às saídas de emergência. vimentação, armazenagem e manuseio de chapas de rochas orna-
11.3.5 O armazenamento deverá obedecer aos requisitos de mentais
segurança especiais a cada tipo de material. 2.1 Fueiros ou “L”
11.4 Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de 2.1.1 As proteções laterais (“L” ou Fueiros) devem possuir siste-
Mármore, Granito e outras rochas (Acrescentado pela Portaria SIT ma de trava que impeça a sua saída acidental dos encaixes do carro
56/2003) (voltar) porta-bloco.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2.1.1.1 O carro porta-bloco deve possuir no mínimo duas guias k) cada par de cavaletes deve possuir sistema de travamento ou
para evitar o deslocamento lateral do “L”. amarração entre si a fim de garantir a estabilidade do equipamento.
2.1.2 Deve-se instalar a proteção lateral (“L” ou Fueiro) no carro 2.5 Movimentação de chapas com uso de ventosas
porta-bloco previamente à retirada do sistema de sustentação do 2.5.1 Na movimentação de chapas com o uso de ventosas, de-
equipamento de elevação das frações de bloco (“enteras”). vem ser observados os seguintes requisitos mínimos:
2.1.2.1 A retirada das proteções laterais (“L” ou Fueiros) so- a) a válvula direcional das ventosas deve ter acesso e localiza-
mente poderá ser realizada dentro do alojamento do tear. ção facilitados ao operador, respeitando-se a postura e a segurança
2.1.3 Os blocos serrados, ainda sobre o carro porta-bloco e do operador;
dentro do alojamento do tear, devem possuir ou receber, no míni- b) as ventosas devem ser dotadas de dispositivo auxiliar que
mo, três proteções laterais (“L” ou Fueiros) de cada lado, para impe- garanta a contenção da mangueira, evitando seu ricocheteamento
dir a queda das chapas. em caso de desprendimento acidental;
2.1.4 As proteções laterais (“L” ou Fueiros) devem ser mantidas c) as mangueiras devem estar protegidas, firmemente presas
até a retirada de todas as chapas. aos tubos de saída e de entrada e afastadas das vias de circulação;
2.2 Carro porta-blocos e carro transportador d) as borrachas das ventosas devem ter manutenção periódica
2.2.1 O carro porta-blocos e o carro transportador devem dis- e imediata substituição em caso de desgaste, defeitos ou descola-
por de proteção das partes que ofereçam risco, com atenção es- mento;
pecial aos cabos de aço, ganchos, roldanas, rodas do carro, polias, e) procedimentos de segurança a serem adotados para garan-
correias, engrenagens, acoplamentos e partes elétricas. tir a movimentação segura de chapas em caso de falta de energia
2.2.2 Nenhum trabalho pode ser executado com pessoas entre elétrica.
as chapas. 2.5.2 As ventosas com vácuo gerado por equipamento elétrico
2.2.3 É proibida a retirada de chapas de um único lado do carro devem possuir alarme sonoro e visual que indique pressão fora dos
porta-blocos, com objetivo de manter a sua estabilidade. limites de segurança estabelecidos.
2.2.4 A operação do carro transportador e do carro porta bloco 2.6 Movimentação de chapas com uso de cabos de aço, vigas
deve ser realizada por, no mínimo, duas pessoas capacitadas, con- de suspensão, cintas, correntes, garras, ovador de contêineres e ou-
forme o item 5 deste Anexo. tros equipamentos
2.3 Pátio de estocagem 2.6.1 Na movimentação de chapas com a utilização de vigas de
2.3.1 Nos locais do pátio onde for realizada a movimentação e suspensão, garras, ovador de contêineres e outros equipamentos
armazenagem de chapas, devem ser observados os seguintes cri- de movimentação, devem ser observadas a capacidade de susten-
térios: tação destes meios de içar e a capacidade de carga do equipamento
a) o piso deve ser pavimentado, não ser escorregadio, não ter de elevação, atendendo às especificações técnicas e recomenda-
saliências, ser nivelado e com resistência suficiente para suportar ções do fabricante.
as cargas usuais; 2.6.1.1 Os cabos de aço, cintas, correntes e outros acessórios
b) a área de armazenagem de chapas deve ser protegida contra devem estar devidamente dimensionados, de acordo com as carac-
intempéries. terísticas das cargas a serem movimentadas.
2.4 Cavaletes 2.6.2 O empregador deve manter no estabelecimento à dispo-
2.4.1 Os cavaletes devem estar instalados sobre bases constru- sição da fiscalização as notas fiscais de aquisição dos cabos de aço,
ídas de material resistente e impermeável, de forma a garantir per- correntes, cintas e outros acessórios, com os respectivos certifica-
feitas condições de estabilidade e de posicionamento, observando dos.
se os seguintes requisitos: 2.6.3 A movimentação de chapas com uso de garras só pode
a) os cavaletes devem garantir adequado apoio das chapas e ser realizada pegando-se uma chapa por vez.
possuir altura mínima de um metro e cinquenta centímetros (1,5m); 2.6.4 As chapas movimentadas com uso de carro de transferên-
b) os cavaletes verticais devem ser compostos de seções com cia devem possuir amarração com cintas ou material de resistência
largura máxima de vinte e cinco centímetros (0,25m); equivalente.
c) os palitos dos cavaletes verticais devem ter espessura que 3. Condições ambientais e equipamentos para movimentação
possibilite resistência aos esforços das cargas usuais e ajustados ou de chapas fracionadas de rochas ornamentais em marmorarias
soldados em sua base, garantindo a estabilidade; 3.1 Os pisos dos locais de trabalho onde houver movimenta-
d) cada cavalete vertical deve ter no máximo seis metros de ção de chapas de rochas ornamentais fracionadas devem ser pro-
comprimento, sendo que as peças das extremidades devem possuir jetados e construídos de acordo com parâmetros técnicos, com o
maior resistência; objetivo de suportar as cargas usuais e oferecer segurança na mo-
e) deve ser garantido um espaço, devidamente sinalizado, com vimentação.
no mínimo oitenta centímetros entre os extremos e as laterais dos 3.1.1 Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e an-
cavaletes; tiderrapante sob qualquer condição, de forma a não provocar trepi-
f) a distância entre cavaletes e as paredes do local de armaze- dação nos equipamentos de movimentação de chapas fracionadas.
nagem deve ser de no mínimo cinquenta centímetros (0,5m); 3.1.1.1 A inclinação longitudinal do piso deve ser de, no máxi-
g) a área principal de circulação de pessoas deve ser demarca- mo, 5% (cinco por cento).
da e possuir no mínimo um metro e vinte centímetros de largura 3.1.1.1.1 As inclinações superiores a 5% (cinco por cento) são
(1,20m); consideradas rampas e devem ser calculadas de acordo com a se-
h) os cavaletes devem ser mantidos em perfeitas condições de guinte equação:
uso: pintados, sem corrosão e sem danos à sua estrutura; h x 100
i) é proibido o uso de prolongadores a fim de ampliar a capaci- i = -----------------
dade de armazenamento dos cavaletes em formato triangular; c
j) as atividades de retirada e colocação de chapas em cavaletes onde:
devem ser realizadas obrigatoriamente com pelo menos um traba- i = inclinação, em porcentagem;
lhador em cada extremidade da chapa; h = altura do desnível;

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

c = comprimento da projeção horizontal. 5.4.2.1 O certificado somente será concedido ao participante


3.1.1.1.1.1 Independente do comprimento da rampa e sem que cumprir a carga horária total dos módulos e demonstrar habili-
prejuízo do teor do item 3.1.1.1.1, a inclinação máxima permitida é dade na operação dos equipamentos.
de 12,50% (doze inteiros e cinquenta centésimos por cento). 5.4.3 O certificado deve conter o nome do trabalhador, con-
3.2 A largura das vias onde houver movimentação de chapas teúdo programático, carga horária diária e total, data, local, nome
fracionadas de rochas ornamentais deve ser de, no mínimo, um me- e formação profissional do(s) instrutor(es), nome e assinatura do
tro e vinte centímetros (1,2m). responsável técnico ou do responsável pela organização técnica do
3.3 O equipamento para movimentação de chapas fracionadas curso.
de rochas ornamentais deve possuir no mínimo três rodas, resistên- 5.4.3.1 O certificado deve ser fornecido ao trabalhador, me-
cia, estabilidade e facilidade de mobilidade, identificação de capaci- diante recibo, arquivando-se uma cópia na empresa.
dade máxima de carga e ser compatível com as cargas. 5.4.4 Os participantes da capacitação devem receber material
3.3.1 As cargas de chapas fracionadas devem estar devidamen- didático impresso.
te amarradas à estrutura do equipamento. 5.5 Deve ser realizada nova capacitação a cada três anos, com
4. Carga e descarga de chapas de rochas ornamentais carga horária mínima de dezesseis horas, sendo oito horas com con-
4.1 A empresa deve destinar área específica de carga e descar- teúdo do Módulo I e oito horas do Módulo III, referidos no item 5.7
ga de chapas, com sinalização horizontal e vertical. deste Anexo.
4.1.1 O espaço destinado à carga e descarga de materiais e o 5.6 Deve ser realizada nova capacitação, com carga horária e
conteúdo programático que atendam às necessidades que a moti-
acesso ao veículo de carga devem oferecer condições para que a
vou, nas situações previstas abaixo:
operação se realize com segurança.
a) troca de função;
4.1.1.1 As movimentações de cargas devem seguir instruções
b) troca de métodos e organização do trabalho;
definidas em procedimentos específicos para cada tipo de carga,
c) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por perí-
objetivando a segurança da operação para pessoas e materiais. odo superior a seis meses;
4.2 A área de operação onde houver utilização de pistola pneu- d) modificações significativas nas instalações, operação de má-
mática portátil deve ser delimitada e sinalizada, proibindo-se a pre- quinas, equipamentos ou processos diferentes dos que o trabalha-
sença de pessoas não envolvidas na atividade nesta área. dor está habituado a operar.
4.3 A atividade de empacotamento de chapas deve ser reali- 5.7 Programas de capacitação
zada com uso de cavaletes que propiciem boa postura e segurança
aos trabalhadores. Módulo I - SAÚDE, SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO
4.4 O interior de contêineres deve possuir iluminação natural
ou artificial, nos termos definidos nas Normas de Higiene Ocupa- Carga horária: 16 horas
cional da FUNDACENTRO. Objetivo: Preservar a saúde e a integridade física do trabalha-
4.5 Os trabalhos no interior de contêineres devem ser realiza- dor, informar sobre os riscos ambientais e desenvolver cultura pre-
dos com equipamentos e meios de acesso seguros e adequados à vencionista.
natureza das atividades. Conteúdo programático mínimo:
4.6 É proibida a permanência de trabalhadores no interior de 1 - Conceito de acidentes de trabalho: prevencionista, legal;
contêineres durante a entrada da carga. 2 - Tipos de acidente;
4.7 A retirada da amarração da carga no contêiner só poderá 3 - Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT;
ser realizada após a estabilização e fixação primária da carga. 4 - Causas de acidentes de trabalho: homem, máquina, am-
5. Capacitação para movimentação, armazenagem e manuseio biente etc.;
de chapas de rochas ornamentais 5 - Consequências dos acidentes de trabalho;
5.1 A movimentação, manuseio e armazenagem de chapas de 6 - Acidentes com movimentação, manuseio e armazenagem
rochas ornamentais somente podem ser realizadas por trabalhador de chapas de rochas ornamentais: análise de causas e medidas pre-
capacitado e autorizado pelo empregador. ventivas;
5.2 A capacitação deve ocorrer após a admissão do trabalha- 7 - Riscos ambientais: físicos, químicos, biológicos e ergonômi-
dor, dentro dos horários normais de trabalho e ser custeada inte- cos;
8 - Riscos de acidentes;
gralmente pelo empregador.
9 - Metodologias de Análise de Riscos: conceitos e exercícios
5.2.1 As instruções visando à informação e à capacitação do
práticos;
trabalhador devem ser elaboradas em linguagem compreensível
10 - Equipamentos de proteção coletiva;
e adotando-se metodologias, técnicas e materiais que facilitem o
11 - Medidas técnicas e administrativas;
aprendizado. 12 - Equipamentos de Proteção Individual;
5.3 Além de capacitação, informações e instruções, o trabalha- 12 - Inspeção de Segurança.
dor deve receber orientação em serviço, que consiste de período no
qual deve desenvolver suas atividades sob orientação e supervisão Módulo II - ESTUDO DO CONTEÚDO DO ANEXO I DA NR- 11
direta de outro trabalhador capacitado e experiente, com duração
mínima de trinta dias. Carga horária: 4 horas
5.4 A capacitação para movimentação, manuseio e armazena- Objetivo: Fornecer conhecimentos básicos ao participante para
gem de chapas de rochas ornamentais deve atender ao conteúdo assimilar o conteúdo da legislação de segurança do setor de rochas
programático e carga horária conforme item 5.7. ornamentais.
5.4.1 As aulas teóricas devem ser limitadas a quarenta partici- Conteúdo programático mínimo:
pantes por turma. 1 - Carro Porta-Blocos;
5.4.2 As aulas práticas devem ser limitadas a oito participantes 2 - Fueiros ou “L”;
para cada instrutor. 3 - Carro Transportador;

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

4 - Cavalete Triangular; GLOSSÁRIO (voltar)


5 - Cavalete Vertical ou Palito;
6 - Ventosa: operação e procedimentos de segurança; Armazenamento: Constitui-se em um conjunto de funções de
7 - Cinta; recepção, descarga, carregamento, arrumação, conservação, etc.,
8 - Viga de suspensão; realizadas em espaço destinado para o fluxo e armazenagem de
9 - Garra (Pinça); chapas de rochas ornamentais, com o objetivo de controle e pro-
10 - Cabo de aço; teção dos materiais.
11 - Correntes; Beneficiamento: Constitui-se em processo de desdobramento
12 - Ovador de Contêiner; do bloco até o produto final, podendo passar pelas seguintes eta-
13 - Equipamento de movimentação de chapas fracionadas; pas: serragem, desplacamento, levigamento (primeiro polimento),
14 - Inspeção nos equipamentos e acessórios; secagem, resinagem, polimento e recorte.
15 - Registros de inspeção de segurança nos equipamentos e Cabos de Suspensão: Cabo de aço destinado à elevação (iça-
Módulo mento) de materiais e equipamentos.
Carro porta-bloco: Equipamento utilizado para transportar e
III - SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE PONTE ROLANTE
suportar os blocos e enteras nas operações de corte das rochas nos
teares.
Carga horária: 16 horas
Carro transportador: Equipamento utilizado para movimentar
Objetivo: Nas aulas teóricas e práticas, os participantes devem
adquirir conhecimentos e desenvolver competências no controle da o carro porta-bloco.
movimentação de carga de chapas de rochas ornamentais, objeti- Cavalete triangular: Estrutura metálica em formato triangular
vando que tal atividade se desenvolva com segurança. com uma base de apoio, usada para armazenagem de chapas de
Aulas teóricas: 8 horas Conteúdo Programático mínimo: rochas ornamentais.
1-Princípios de segurança na utilização dos equipamentos; Cavalete vertical: Estrutura metálica com divisórias dispostas
2-Descrição dos riscos relacionados aos equipamentos; verticalmente (palitos), fixadas sobre bases metálicas, usada para
3-Centro de gravidade de cargas; armazenamento de chapas de rochas ornamentais.
4-Amarração de cargas; Chapas de rochas ornamentais: Produto da serragem ou des-
5-Escolha dos tipos de cabos de aço (estropos); placamento de rochas, com medidas variáveis.
6-Capacidade de carga dos cabos de aço, cintas e correntes; Chapas fracionadas: Chapas de rochas ornamentais com di-
7-Critérios de descarte para cabos de aço, cintas e correntes; mensões variadas e altura máxima de um metro.
8-Acessórios para garantir boa amarração; Cinta: Acessório utilizado para amarração e movimentação de
9-Uso de quebra-canto; cargas, nos termos definidos na norma ABNT NBR 15637.
10-Manilhas, cintas, peras, ganchos - bitolas e capacidades; Empacotamento de chapas: Atividade de embalar (emadeiran-
11-Inspeção nos equipamentos, acessórios e registros de ins- do e/ou plastificando) um conjunto de chapas de rochas ornamen-
peção e segurança; tais.
12-Sinalização para içamento e movimentação; Entera: Fração de bloco de rocha ornamental, passível de ser
13-Ovador de Contêiner; serrado, normalmente acomodado em espaço existente no carro
14-Equipamento de movimentação de chapas fracionadas; portablocos, junto ao bloco principal que será serrado.
15-Dispositivos de segurança de acordo com a NR-12 e normas Equipamento de elevação de carga: Todo equipamento que
técnicas aplicáveis. faça o trabalho de levantar, movimentar e abaixar cargas, incluindo
Aulas práticas: 8 horas Conteúdo Programático mínimo: seus acessórios (destinados a fixar a carga a ser transportada, ligan-
Carga e descarga de chapas e blocos em veículos; doa ao equipamento).
1-Carga e descarga do carro porta-bloco; Equipamento ovador de contêiner: Equipamento sustentado
2-Carro transportador;
por ponte rolante, utilizado para carga e descarga de pacotes de
3- Ventosa;
chapas de rochas ornamentais em contêineres. Possui a forma de
4-Viga de suspensão;
um C, sendo a parte superior presa à ponte rolante, e a inferior, que
5-Garra (Pinça);
entra no contêiner, sustenta o pacote a ser ovado.
6-Colocação e retirada de chapa em bancada;
7-Movimentação de bloco de rocha ornamental com uso de Equipamento para movimentação de chapas de rochas orna-
pórtico rolante. mentais fracionadas: Equipamento destinado à movimentação de
8-Ovador de Contêiner; cargas, constituído por uma estrutura, com no mínimo, três rodas.
9-Equipamento de movimentação de chapas fracionadas. Fueiro: Peça metálica em formato de L ou I, fixada ou encaixada
6. Disposições gerais no carro porta-bloco, que tem por finalidade garantir a estabilidade
6.1 Durante as atividades de preparação e retirada de chapas das chapas.
serradas do tear, devem ser tomadas providências para impedir que Indústria de beneficiamento e comércio de rochas ornamen-
o quadro inferior porta-lâminas do tear caia sobre os trabalhadores. tais: Empresas cujas atividades econômicas se enquadram nos
6.2 São proibidos o armazenamento e a disposição de chapas CNAE 2391-5/01, 2391-5/02, 2391-5/03, 4679-6/02.
em paredes, colunas, estruturas metálicas ou outros locais que não Máquina de corte de fio diamantado: Máquina de corte de ro-
sejam os cavaletes especificados neste Anexo. cha ornamental que utiliza um fio diamantado. O processo de corte
6.3 A máquina de corte de fio diamantado, o monofio e o mul- ocorre pela ação abrasiva dos anéis ou pérolas com grãos de dia-
tifio devem ter as respectivas áreas de corte e percurso do fio dia- mante dispostos ao longo do fio.
mantado isoladas e sinalizadas. Monofio: Máquina de corte de rocha ornamental que utiliza
6.4 As bancadas de trabalho, sobre as quais são depositadas um fio diamantado. O processo de corte ocorre pela ação abrasiva
chapas, inteiras ou fracionadas, devem possuir resistência e estabi- dos anéis ou pérolas com grãos de diamante dispostos ao longo do
lidade para suportar as cargas manuseadas. fio.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Multifio: Máquina de corte de rocha ornamental que utiliza vá- a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o
rios fios diamantados proporcionando o desdobramento do bloco ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; (115.002-2
em chapas. O processo de corte ocorre pela ação abrasiva dos anéis / I4)
ou pérolas com grãos de diamante dispostos ao longo dos fios. b) com a utilização de equipamento de proteção individual.
Palitos: Hastes metálicas usadas nos cavaletes verticais para 15.4.1.1 Cabe à autoridade regional competente em matéria
apoio e sustentação das chapas de rochas ornamentais. de segurança e saúde do trabalhador, comprovada a insalubrida-
Piso Resistente: Piso capaz de resistir sem deformação ou rup- de por laudo técnico de engenheiro de segurança do trabalho ou
tura aos esforços submetidos. médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido
Procedimento: Sequência de operações a serem desenvolvidas aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável sua
para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos eliminação ou neutralização.
meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias 15.4.1.2 A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará
que possibilitem sua realização. caracterizada através de avaliação pericial por órgão competente,
Profissional capacitado: Trabalhador que recebeu capacitação que comprove a inexistência de risco à saúde do trabalhador.
sob orientação e responsabilidade de um profissional habilitado. 15.5 É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias
Profissional habilitado: Profissional com atribuições legais para profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho,
a atividade a ser desempenhada e que assume a responsabilidade através das DRTs, a realização de perícia em estabelecimento ou se-
técnica, tendo registro no conselho profissional de classe. tor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar
Profissional qualificado: Aquele que comprovar conclusão de atividade insalubre.
curso específico na área, reconhecido pelo sistema oficial de ensino. 15.5.1 Nas perícias requeridas às Delegacias Regionais do Tra-
Sinalização: Procedimento padronizado destinado a orientar, balho, desde que comprovada a insalubridade, o perito do Ministé-
alertar, avisar e advertir. rio do Trabalho indicará o adicional devido.
Tear: Equipamento constituído por quatro colunas que supor- 15.6 O perito descreverá no laudo a técnica e a aparelhagem
tam o quadro porta-lâminas. O processo de corte se dá pela ação da utilizadas.
fricção do conjunto de lâminas com elementos abrasivos, fazendo 15.7. O disposto no item 15.5. não prejudica a ação fiscalizado-
um movimento de vai e vem, serrando a rocha de cima para baixo. ra do MTb nem a realização ex-officio da perícia, quando solicitado
Ventosa (transportador pneumático): Equipamento a vácuo pela Justiça, nas localidades onde não houver perito.
usado na movimentação de chapas de rochas ornamentais.
ANEXO Nº 1
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTER-
NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES MITENTE

NÍVEL DE RUÍDODB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIAPERMISSÍ-


NORMA REGULAMENTADORA 15 - NR 15 VEL
ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES 85 8 horas
86 7 horas
15.1 São consideradas atividades ou operações insalubres as 87 6 horas
que se desenvolvem: 88 5 horas
15.1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos 89 4 horas e 30 minutos
n.ºs 1, 2, 3, 5, 11 e 12; 90 4 horas
15.1.2 Revogado pela Portaria nº 3.751, de 23-11-1990 (DOU 91 3 horas e 30 minutos
26-11-90) 92 3 horas
15.1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.ºs 6, 13 e 14; 93 2 horas e 40 minutos
15.1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de 94 2 horas e 15 minutos
trabalho, constantes dos Anexos nºs 7, 8, 9 e 10. 95 2 horas
15.1.5 Entende-se por “Limite de Tolerância”, para os fins desta 96 1 hora e 45 minutos
Norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacio- 98 1 hora e 15 minutos
nada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não 100 1 hora
causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. 102 45 minutos
15.2 O exercício de trabalho em condições de insalubridade, de 104 35 minutos
acordo com os subitens do item anterior, assegura ao trabalhador a 105 30 minutos
percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região, 106 25 minutos
equivalente a: (115.001-4/ I1) 108 20 minutos
15.2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau 110 15 minutos
máximo; 112 10 minutos
15.2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau mé- 114 8 minutos
dio; 115 7 minutos
15.2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo; 1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins
15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubrida- de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído
de, será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de de impacto.
acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. 2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser me-
15.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determi- didos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora
nará a cessação do pagamento do adicional respectivo. operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta
15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do
ocorrer: trabalhador.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem 2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: ter-
exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. mômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termô-
(115.003-0/ I4) metro de mercúrio comum.(115.007-3/ I4)
4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário 3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece
será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. (115.008-
nível imediatamente mais elevado. 1/I4)
5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de
dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local
6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais de prestação de serviço.
períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser con- 1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermi-
siderados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das tente será definido no Quadro n º 1.
seguintes frações: QUADRO Nº 1 (115.006-5/ I4)
C1 + C2 + C3 ____________________ + Cn Regime de Trabalho Intermitente com Descanso no Próprio Lo-
T1 T2 T3 Tn cal de Trabalho (por hora) TIPO DE ATIVIDADE
exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tole- LEVE MODERADA PESADA
rância. Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador 45 minutos trabalho15 minutos descanso 30,1 a 30,6 26,8 a
fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima 28,0 25,1 a 25,9
exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro deste 30 minutos trabalho30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a
Anexo. 29,4 26,0 a 27,9
7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores 15 minutos trabalho45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a
a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), 31,1 28,0 a 30,0
sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente. Não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas adequa-
das de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
ANEXO Nº 2 2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de ser-
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO viço para todos os efeitos legais.
3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pe-
1. Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos sada) é feita consultando-se o Quadro nº 3.
Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de
de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a interva-
trabalho intermitente com período de descanso em outro local (lo-
los superiores a 1 (um) segundo.
cal de descanso).
2. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB),
1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso
com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito li-
ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repou-
near e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser fei-
so ou exercendo atividade leve.
tas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para
ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os
2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro nº 2.
picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.
QUADRO Nº 2 (115.007-3/ I4)
(115.004-9 / I4)
M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG
3. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão so- 175200250300350400450500 30,530,028,527,526,526,025,52
nora com circuito de resposta para impacto, será válida a leitura fei- 5,0
ta no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma
“C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C). (115.005-7 hora, determinada pela seguinte fórmula:
/ I4) M = Mt x Tt + Md x Td---------
4. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores,
sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores 60
a 140 dB(LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, Sendo:
ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho.
(FAST), oferecerão risco grave e iminente. Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no
local de trabalho.
ANEXO Nº 3 Md - taxa de metabolismo no local de descanso.
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no
local de descanso.
1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do “Índice de _____
Bulbo Úmido Termômetro de Globo” - IBUTG definido pelas equa- IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, deter-
ções que se seguem: (115.006.5/ I4) minado pela seguinte fórmula:
Ambientes internos ou externos sem carga solar: ______ IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd xTd----------
IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg 60
Ambientes externos com carga solar: Sendo:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.
onde: IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.
tbn = temperatura de bulbo úmido natural Tt e Td = como anteriormente definidos.
tg = temperatura de globo Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfa-
tbs = temperatura de bulbo seco. vorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultan- e) Encarregado de Ar Comprimido - É o profissional treinado e


do-se o Quadro n º 3. conhecedor das diversas técnicas empregadas nos trabalhos sob ar
4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de ser- comprimido, designado pelo empregador como o responsável ime-
viço para todos os efeitos legais. diato pelos trabalhadores;
f) Médico Qualificado - É o médico do trabalho com conheci-
QUADRO Nº 3 mentos comprovados em Medicina Hiperbárica, responsável pela
TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE (115.008-1/ supervisão e pelo programa médico;
I4) g) Operador de Eclusa ou de Campânula - É o indivíduo pre-
TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h viamente treinado nas manobras de compressão e descompressão
SENTADO EM REPOUSO 100 das eclusas ou campânulas, responsável pelo controle da pressão
TRABALHO LEVESentado, movimentos moderados com braços no seu interior;
e tronco (ex.: datilografia).Sentado, movimentos moderados com h) Período de Trabalho - É o tempo durante o qual o trabalha-
braços e pernas (ex.: dirigir).De pé, trabalho leve, em máquina ou dor fica submetido a pressão maior que a do ar atmosférico excluin-
bancada, principalmente com os braços. 125150150 do-se o período de descompressão;
TRABALHO MODERADOSentado, movimentos vigorosos com i) Pressão de Trabalho - É a maior pressão de ar à qual é sub-
braços e pernas.De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com metido o trabalhador no tubulão ou túnel durante o período de
alguma movimentação.De pé, trabalho moderado em máquina ou trabalho;
bancada, com alguma movimentação.Em movimento, trabalho mo- j) Túnel Pressurizado - É uma escavação, abaixo da superfície do
derado de levantar ou empurrar. 180175220300 solo, cujo maior eixo faz um ângulo não superior a 45º (quarenta e
TRABALHO PESADOTrabalho intermitente de levantar, em- cinco graus) com a horizontal, fechado nas duas extremidades, em
purrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá).Trabalho fatigante cujo interior haja pressão superior a uma atmosfera;
440550 l) Tubulão de Ar Comprimido - É uma estrutura vertical que se
estende abaixo da superfície da água ou solo, através da qual os
ANEXO Nº 4 trabalhadores devem descer, entrando pela campânula, para uma
pressão maior que atmosférica. A atmosfera pressurizada opõe-se
Revogado pela Portaria MTPS nº 3.751, de 23.11.90 (DOU à pressão da água e permite que os homens trabalhem em seu in-
26.11.90) terior.
1.3. O disposto neste item aplica-se a trabalhos sob ar compri-
ANEXO Nº 5 mido em tubulões pneumáticos e túneis pressurizados.
RADIAÇÕES IONIZANTES (115.009-0/ I4) 1.3.1 Todo trabalho sob ar comprimido será executado de acor-
do com as prescrições dadas a seguir e quaisquer modificações de-
Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser verão ser previamente aprovadas pelo órgão nacional competente
expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princí- em segurança e medicina do trabalho.
pios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e 1.3.2 O trabalhador não poderá sofrer mais que uma compres-
do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados são num período de 24 (vinte e quatro) horas.
1.3.3 Durante o transcorrer dos trabalhos sob ar comprimido,
pela radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NE-3.01:
nenhuma pessoa poderá ser exposta à pressão superior a 3,4 kgf/
“Diretrizes Básicas de Radioproteção”, de julho de 1988, aprovada,
cm2, exceto em caso de emergência ou durante tratamento em câ-
em caráter experimental, pela Resolução CNEN nº 12/88, ou daque-
mara de recompressão, sob supervisão direta do médico respon-
la que venha a substituí-la.
sável.
http://www.cnen.gov.br
1.3.4 A duração do período de trabalho sob ar comprimido não
poderá ser superior a 8 (oito) horas, em pressões de trabalho de 0
ANEXO Nº 6
a 1,0 kgf/cm2; a 6 (seis) horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5
TRABALHO SOB CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS (115.010-3/ I4)
kgf/cm2; e a 4 (quatro) horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4
kgf/cm2.
Este Anexo trata dos trabalhos sob ar comprimido e dos traba- 1.3.5 Após a descompressão, os trabalhadores serão obrigados
lhos submersos. a permanecer, no mínimo, por 2 (duas) horas, no canteiro de obra,
1. TRABALHOS SOB AR COMPRIMIDO cumprindo um período de observação médica.
1.1. Trabalhos sob ar comprimido são os efetuados em ambien- 1.3.5.1 O local adequado para o cumprimento do período de
tes onde o trabalhador é obrigado a suportar pressões maiores que observação deverá ser designado pelo médico responsável.
a atmosférica e onde se exige cuidadosa descompressão, de acordo 1.3.6 Para trabalhos sob ar comprimido, os empregados deve-
com as tabelas anexas. rão satisfazer os seguintes requisitos:
1.2 Para fins de aplicação deste item, define-se: a) ter mais de 18 (dezoito) e menos de 45 (quarenta e cinco)
a) Câmara de Trabalho - É o espaço ou compartimento sob ar anos de idade;
comprimido, no interior da qual o trabalho está sendo realizado; b) ser submetido a exame médico obrigatório, pré-admissional
b) Câmara de Recompressão - É uma câmara que, indepen- e periódico, exigido pelas características e peculiaridades próprias
dentemente da câmara de trabalho, é usada para tratamento de do trabalho;
indivíduos que adquirem doença descompressiva ou embolia e é c) ser portador de placa de identificação, de acordo com o mo-
diretamente supervisionada por médico qualificado; delo anexo (Quadro I), fornecida no ato da admissão, após a realiza-
c) Campânula - É uma câmara através da qual o trabalhador ção do exame médico.
passa do ar livre para a câmara de trabalho do tubulão e vice-versa; 1.3.7 Antes da jornada de trabalho, os trabalhadores deverão
d) Eclusa de Pessoal - É uma câmara através da qual o traba- ser inspecionados pelo médico, não sendo permitida a entrada em
lhador passa do ar livre para a câmara de trabalho do túnel e vice- serviço daqueles que apresentem sinais de afecções das vias respi-
-versa; ratórias ou outras moléstias.

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

1.3.7.1 É vedado o trabalho àqueles que se apresentem alcooli- a) durante a permanência dos trabalhadores na câmara de tra-
zados ou com sinais de ingestão de bebidas alcoólicas. balho ou na campânula ou eclusa, a ventilação será contínua, à ra-
1.3.8 É proibido ingerir bebidas gasosas e fumar dentro dos tu- zão de, no mínimo, 30 (trinta) pés cúbicos/min./homem;
bulões e túneis. b) a temperatura, no interior da campânula ou eclusa, da câma-
1.3.9 Junto ao local de trabalho, deverão existir instalações ra de trabalho, não excederá a 27ºC (temperatura de globo úmido),
apropriadas à Assistência Médica, à recuperação, à alimentação e à o que poderá ser conseguido resfriando-se o ar através de dispo-
higiene individual dos trabalhadores sob ar comprimido. sitivos apropriados (resfriadores), antes da entrada na câmara de
1.3.10 Todo empregado que vá exercer trabalho sob ar compri- trabalho, campânula ou eclusa, ou através de outras medidas de
mido deverá ser orientado quanto aos riscos decorrentes da ativi- controle;
dade e às precauções que deverão ser tomadas, mediante educa-
ção audiovisual. c) a qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões
1.3.11 Todo empregado sem prévia experiência em trabalhos de pureza estabelecidos no subitem 1.3.15.6, através da utilização
sob ar comprimido deverá ficar sob supervisão de pessoa compe- de filtros apropriados, colocados entre a fonte de ar e a câmara de
tente, e sua compressão não poderá ser feita se não for acompa- trabalho, campânula ou eclusa.
nhado, na campânula, por pessoa hábil para instruí-lo quanto ao 1.3.15.6
comportamento adequado durante a compressão. CONTAMINANTE LIMITE DE TOLERÂNCIA
1.3.12 As turmas de trabalho deverão estar sob a responsabi- Monóxido de carbono 20 ppm
lidade de um encarregado de ar comprimido, cuja principal tarefa Dióxido de carbono 2.500 ppm
será a de supervisionar e dirigir as operações. Óleo ou material particulado 5 mg/m³ (PT>2kgf/cm 2)3 g/m³
1.3.13 Para efeito de remuneração, deverão ser computados na (PT<2kgf/cm2)
jornada de trabalho o período de trabalho, o tempo de compressão, Metano 10% do limite inferior de explosividade
descompressão e o período de observação médica. Oxigênio mais de 20%
1.3.14 Em relação à supervisão médica para o trabalho sob ar 1.3.15.7 A comunicação entre o interior dos ambientes sob
comprimido, deverão ser observadas as seguintes condições: pressão de ar comprimido e o exterior deverá ser feita por sistema
a) sempre que houver trabalho sob ar comprimido, deverá ser de telefonia ou similar.
providenciada a assistência por médico qualificado, bem como local 1.3.16 A compressão dos trabalhadores deverá obedecer às
apropriado para atendimento médico; seguintes regras:
b) todo empregado que trabalhe sob ar comprimido deverá ter a) no primeiro minuto, após o início da compressão, a pressão
uma ficha médica, onde deverão ser registrados os dados relativos não poderá ter incremento maior que 0,3 kgf/cm2;
aos exames realizados; b) atingido o valor 0,3 kgf/cm2, a pressão somente poderá ser
c) nenhum empregado poderá trabalhar sob ar comprimido, aumentada após decorrido intervalo de tempo que permita ao en-
antes de ser examinado por médico qualificado, que atestará, na carregado da turma observar se todas as pessoas na campânula es-
ficha individual, estar essa pessoa apta para o trabalho; tão em boas condições;
d) o candidato considerado inapto não poderá exercer a fun- c) decorrido o período de observação, recomendado na alínea
ção, enquanto permanecer sua inaptidão para esse trabalho; “b”, o aumento da pressão deverá ser feito a uma velocidade não-
e) o atestado de aptidão terá validade por 6 (seis) meses; -superior a 0,7 kgf/cm2, por minuto, para que nenhum trabalhador
seja acometido de mal-estar;
f) em caso de ausência ao trabalho por mais de 10 (dez) dias
d) se algum dos trabalhadores se queixar de mal-estar, dores
ou afastamento por doença, o empregado, ao retornar, deverá ser
no ouvido ou na cabeça, a compressão deverá ser imediatamen-
submetido a novo exame médico.
te interrompida e o encarregado reduzirá gradualmente a pressão
1.3.15 Exigências para Operações nas Campânulas ou Eclusas.
da campânula até que o trabalhador se recupere e, não ocorrendo
1.3.15.1 Deverá estar presente no local, pelo menos, uma pes-
a recuperação, a descompressão continuará até a pressão atmos-
soa treinada nesse tipo de trabalho e com autoridade para exigir o
férica, retirando-se, então, a pessoa e encaminhado-a ao serviço
cumprimento, por parte dos empregados, de todas as medidas de
médico.
segurança preconizadas neste item.
1.3.17 Na descompressão de trabalhadores expostos à pressão
1.3.15.2 As manobras de compressão e descompressão deve-
de 0,0 a 3,4 kgf/cm2, serão obedecidas as tabelas anexas (Quadro
rão ser executadas através de dispositivos localizados no exterior da III) de acordo com as seguintes regras:
campânula ou eclusa, pelo operador das mesmas. Tais dispositivos a) sempre que duas ou mais pessoas estiverem sendo des-
deverão existir também internamente, porém serão utilizados so- comprimidas na mesma campânula ou eclusa e seus períodos de
mente em emergências. No início de cada jornada de trabalho, os trabalho ou pressão de trabalho não forem coincidentes, a descom-
dispositivos de controle deverão ser aferidos. pressão processar-se-á de acordo com o maior período ou maior
1.3.15.3 O operador da campânula ou eclusa anotará, em regis- pressão de trabalho experimentada pelos trabalhadores envolvi-
tro adequado (Quadro II) e para cada pessoa o seguinte: dos;
a) hora exata da entrada e saída da campânula ou eclusa; b) a pressão será reduzida a uma velocidade não superior a
b) pressão do trabalho; 0,4 kgf/cm2, por minuto, até o primeiro estágio de descompressão,
c) hora exata do início e do término de descompressão. de acordo com as tabelas anexas; a campânula ou eclusa deve ser
1.3.15.4 Sempre que as manobras citadas no subitem 1.3.15.2 mantida naquela pressão, pelo tempo indicado em minutos, e de-
não puderem ser realizadas por controles externos, os controles de pois diminuída a pressão à mesma velocidade anterior, até o pró-
pressão deverão ser dispostos de maneira que uma pessoa, no inte- ximo estágio e assim por diante; para cada 5 (cinco) minutos de
rior da campânula, de preferência o capataz, somente possa operá- parada, a campânula deverá ser ventilada à razão de 1 (um) minuto.
-lo sob vigilância do encarregado da campânula ou eclusa. 1.3.18 Para o tratamento de caso de doença descompressiva
1.3.15.5 Em relação à ventilação e à temperatura, serão obser- ou embolia traumática pelo ar, deverão ser empregadas as tabelas
vadas as seguintes condições: de tratamento de VAN DER AUER e as de WORKMAN e GOODMAN.

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

1.3.19 As atividades ou operações realizadas sob ar comprimi- 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
do serão consideradas insalubres de grau máximo. 1,0 a 1,2 5 5
1.3.20 O não-cumprimento ao disposto neste item caracteriza 1,2 a 1,4 10 10
o grave e iminente risco para os fins e efeitos da NR 3. 1,4 a 1,6 5 20 25
QUADRO I 1,6 a 1,8 10 30 40
MODELO DE PLACA DE IDENTIFICAÇÃO PARA TRABALHO 1,8 a 2,0 5 15 35 55
EM AMBIENTE SOB AR COMPRIMIDO NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
ESPECIFICAÇÃO DO MATERIAL DA PLACA: entre os estágios subsequentes, deverá ser feita à velocidade não-
Alumínio com espessura de 2 mm -superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en-
QUADRO II tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use
FOLHA DE REGISTRO DO TRABALHO SOB AR COMPRIMIDO a maio descompressão.
FIRMA ........................................................................................ Período de trabalho de 2 a 2 ½ horas
..... PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
DATA ...................................... PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
OBRA ............................................. 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
NOME DO ENCARREGADO..................................................... 1,0 a 1,2 5 5
NOME FUNÇÃO COMPRESSÃO DESCOMPRESSÃO 1,2 a 1,4 20 20
Pressão deTrabalho Hora de Entrada Período deTrabalho Início 1,4 a 1,6 5 30 35
Término Duração Obs. 1,6 a 1,8 15 40 55
QUADRO III 1,8 a 2,0 5 25 40 70
TABELAS DE DESCOMPRESSÃO NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
Pressão de Trabalho de 0 a 0,900 kgf/cm2 entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
PERÍODO DETRABALHO (HORAS) ESTÁGIO DE DESCOMPRES- -superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en-
SÃO TEMPO TOTALDE DESCOMPRESSÃO* tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use
0,3 kgf/cm2 a maior descompressão.
0 a 6:00 4 min. 7 min.
Período de trabalho de 2 ½ a 3 horas
6 a 8:00 14 min. 17 min.
PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
+ de 8:00** 30 min. 33 min.
PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
NOTAS: A velocidade de descompressão entre os estágios não
1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
deverá exceder a 0,3 kgf/cm2 por minuto;(*) incluído tempo de
1,0 a 1,2 10 10
descompressão entre os estágios;(**) somente em casos excepe-
1,2 a 1,4 5 20 25
cionais, não podendo ultrapassar 12 horas.
1,4 a 1,6 10 35 45
Período de trabalho de ½ a 1 hora
1,6 a 1,8 5 20 40 65
PRESSÃO DETRABALHO***(kgf/cm2) ESTÁGIO DE DESCOM-
1,8 a 2,0 10 30 40 80
PRESSÃO (kgf/cm2)* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
1,0 a 1,2 - entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
1,2 a 1,4 - -superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en-
1,4 a 1,6 5 5 tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use
1,6 a 1,8 10 10 a maior descompressão.
1,8 a 2,0 5 15 20 Período de trabalho de 3 a 4 horas
NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não- PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
-superior a 0,4 kgf/cm2/minuto;(**) não está incluído o tempo en- 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
tre estágio;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use 1,0 a 1,2 15 15
a maior descompressão. 1,2 a 1,4 5 30 35
Período de trabalho de 1h a 1 ½ hora 1,4 a 1,6 15 40 55
PRESSÃO DETRABALHO***(kgf/cm2) ESTÁGIO DE DESCOM- 1,6 a 1,8 5 25 45 75
PRESSÃO (kgf/cm2)* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.) 1,8 a 2,0 5 15 30 45 95
1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
1,0 a 1,2 - entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
1,2 a 1,4 5 5 -superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en-
1,4 a 1,6 10 10 tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use
1,6 a 1,8 5 15 20 a maior descompressão.
1,8 a 2,0 5 30 35 Período de trabalho de 4 a 6 horas****
NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
entre os estágios subsequentes, deverá ser feita à velocidade não- PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
-superior a 0,4 kgf/cm2/minuto;(**) não está incluído o tempo en- 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use 1,0 a 1,2 20 20
a maior descompressão. 1,2 a 1,4 5 35 40
Período de trabalho de l ½ a 2 horas 1,4 a 1,6 5 20 40 65
PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM- 1,6 a 1,8 10 30 45 85
PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.) 1,8 a 2,0 5 20 35 45 105

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto 2,6 a 2,8 5 10 25 35 40 115
entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não- 2,8 a 3,0 5 15 30 35 45 130
-superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en- 3,0 a 3,2 5 10 20 30 35 45 145
tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use 3,2 a 3,4 5 15 25 30 35 45 155
a maior descompressão;(****) até 8 (oito) horas para pressão de NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
trabalho de 1,0 kgf/cm² . E até 6 (seis) horas, para as demais pres- entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
sões. -superior a 0,4 kgf/cm²/minuto;(**) não está incluído o tempo entre
Período de trabalho de 0 a 1/2 horas estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use a
PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM- maior descompressão.
PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.) Período de trabalho de 2 a 2 ½ horas
1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
2,0 a 2,2 5 5 PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
2,2 a 2,4 5 5 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
2,4 a 2,6 5 5 2,0 a 2,2 5 10 30 45 90
2,6 a 2,8 5 5 2,2 a 2,4 5 20 35 45 105
2,8 a 3,0 5 5 10 2,4 a 2,6 5 10 25 35 45 120
3,0 a 3,2 5 5 10 2,6 a 2,8 5 20 30 35 45 135
3,2 a 3,4 5 10 15 2,8 a 3,0 5 10 20 30 35 45 145
NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto 3,0 a 3,2 5 5 15 25 30 35 45 160
entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não- 3,2 a 3,4 5 10 20 25 30 40 45 175
-superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en- NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
a maior descompressão. -superior a 0,4 kgf/cm²/minuto;(**) não está incluído o tempo entre
Período de trabalho de 1/2 a 1 hora estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use a
PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM- maior descompressão.
PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.) Período de trabalho de 2 ½ a 3 horas
1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
2,0 a 2,2 5 15 20 PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
2,2 a 2,4 5 20 25 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
2,4 a 2,6 10 25 35 2,0 a 2,2 5 15 35 40 95
2,6 a 2,8 5 10 35 50 2,2 a 2,4 10 25 35 45 115
2,8 a 3,0 5 15 40 60 2,4 a 2,6 5 15 30 35 45 130
3,0 a 3,2 5 5 20 40 70 2,6 a 2,8 5 10 20 30 35 45 145
3,2 a 3,4 5 10 25 40 80 2,8 a 3,0 5 20 25 30 35 45 160
NOTAS: A descompressão tanto para o 1º estágio quanto ente 3,0 a 3,2 5 10 20 25 30 40 45 175
os estágios subsequências 3,2 a 3,4 5 5 15 25 25 30 40 45 190
Deverá ser feita a velocidade não superior a 0,4 kgf/cm²/mi- NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
nuto. entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
(*) Não está incluindo o tempo entre os estágios. -superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en-
(*) Para os valores-limite de pressão de trabalho use a maior tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use
descompressão. a maior descompressão.
Período de trabalho de 1h a 1 ½ hora Período de trabalho de 3 a 4 horas
PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIODEDESCOM- PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
PRESSÃO(Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.) PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
2,0 a 2,2 5 10 35 50 2,0 a 2,2 10 20 35 45 110
2,2 a 2,4 5 20 35 60 2,2 a 2,4 5 15 25 40 45 130
2,4 a 2,6 10 25 40 75 2,4 a 2,6 5 5 25 30 40 45 150
2,6 a 2,8 5 10 30 45 90 2,6 a 2,8 5 15 25 30 40 45 160
2,8 a 3,0 5 20 35 45 105 2,8 a 3,0 5 10 20 25 30 40 45 175
3,0 a 3,2 5 10 20 35 45 115 3,0 a 3,2 5 5 15 25 25 30 40 45 190
3,2 a 3,4 5 15 25 35 45 125 3,2 a 3,4 5 15 20 25 30 30 40 45 210
NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto
entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não- entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não-
-superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en- -superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en-
tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use
a maior descompressão. a maior descompressão.
Período de trabalho de 1 ½ a 2 horas Período de trabalho de 4 a 6 horas
PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm²) ESTÁGIO DE DESCOM- PRESSÃO DE TRABALHO***(kgf/cm² ) ESTÁGIO DE DESCOM-
PRESSÃO (Kgf/cm²)* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.) PRESSÃO (Kgf/cm² )* TEMPO TOTAL DESCOMPRESSÃO**(min.)
1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2
2,0 a 2,2 5 25 40 70 2,0 a 2,2 5 10 25 40 50 130
2,2 a 2,4 5 10 30 40 85 2,2 a 2,4 10 20 30 40 55 155
2,4 a 2,6 5 20 35 40 100 2,4 a 2,6 5 15 25 30 45 60 180

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2,6 a 2,8 5 10 20 25 30 45 70 205 XVI - Médico Hiperbárico: médico com curso de medicina hi-
2,8 a 3,0 10 15 20 30 40 50 80 245**** perbárica com currículo aprovado pela SSMT/MTb, responsável
NOTAS: (*) A descompressão, tanto para o 1º estágio quanto pela realização dos exames psicofísicos admissional, periódico e de-
entre os estágios subseqüentes, deverá ser feita à velocidade não- missional de conformidade com os Anexos A e B e a NR 7.
-superior a 0,4 kgf/cm² /minuto;(**) não está incluído o tempo en- XVII - Mergulhador: o profissional qualificado e legalmente ha-
tre estágios;(***) para os valores-limite de pressão de trabalho use bilitado para utilização de equipamentos de mergulho, submersos;
a maior descompressão.(****) o período de trabalho mais o tempo XVIII - Mergulho de Intervenção: o mergulho caracterizado pe-
de descompressão (incluindo tempo entre os estágios) não deverá las seguintes condições:
exceder a 12 (doze) horas. a) utilização de misturas respiratórias artificiais;
2. TRABALHOS SUBMERSOS. b) tempo de trabalho, no fundo, limitado a valores que não in-
2.1 Para os fins do presente item consideram-se: cidam no emprego de técnica de saturação.
I - Águas Abrigadas: toda massa líquida que, pela existência de XIX - Misturas Respiratórias Artificiais: misturas de oxigênio, hé-
proteção natural ou artificial, não estiver sujeita ao embate de on- lio ou outros gases, apropriadas à respiração durante os trabalhos
das, nem correntezas superiores a 1 (um) nó; submersos, quando não seja indicado o uso do ar natural;
II - Câmara Hiperbárica: um vaso de pressão especialmente XX - Operação de Mergulho: toda aquela que envolve traba-
projetado para a ocupação humana, no qual os ocupantes podem lhos submersos e que se estende desde os procedimentos iniciais
ser submetidos a condições hiperbáricas; de preparação até o final do período de observação;
III - Câmara de Superfície: uma câmara hiperbárica especial- XXI - Período de Observação: aquele que se inicia no momento
mente projetada para ser utilizada na descompressão dos mergu- em que o mergulhador deixa de estar submetido a condições hiper-
lhadores, requerida pela operação ou pelo tratamento hiperbárico; báricas e se estende:
IV - Câmara Submersível de Pressão Atmosférica: uma câma- a) até 12 (doze) horas para os mergulhos com ar;
ra resistente à pressão externa, especialmente projetada para uso b) até 24 (vinte e quatro) horas para os mergulhos com mistu-
submerso, na qual os seus ocupantes permanecem submetidos à ras respiratórias artificiais.
pressão atmosférica; XXII - Plataforma de Mergulho: navio, embarcação, balsa, es-
V - Câmara Terapêutica: a câmara de superfície destinada exclu- trutura fixa ou flutuante, canteiro de obras, estaleiro, cais ou local a
sivamente ao tratamento hiperbárico; partir do qual se realiza o mergulho;
VI - Comandante da Embarcação: o responsável pela embarca- XXIII - Pressão Ambiente: a pressão do meio que envolve o mer-
ção que serve de apoio aos trabalhos submersos; gulhador;
VII - Condição Hiperbárica: qualquer condição em que a pres- XXIV - Programa Médico: o conjunto de atividades desenvolvi-
são ambiente seja maior que a atmosférica; das pelo empregador, na área médica, necessária à manutenção da
VIII - Condições Perigosas: situações em que uma operação saúde e integridade física do mergulhador;
de mergulho envolva riscos adicionais ou condições adversas, tais XXV - Regras de Segurança: os procedimentos básicos que de-
como: vem ser observados nas operações de mergulho, de forma a garan-
a) uso e manuseio de explosivos; tir sua execução em perfeita segurança e assegurar a integridade
b)trabalhos submersos de corte e solda; física dos mergulhadores;
c) trabalhos em mar aberto;
XXVI - Sino Aberto: campânula com a parte inferior aberta e
d) correntezas superiores a 2 (dois) nós;
provida de estrado, de modo a abrigar e permitir o transporte de,
e) estado de mar superior a “mar de pequenas vagas” (altura
no mínimo, 2 (dois) mergulhadores, da superfície ao local de traba-
máxima das ondas de 2,00 (dois metros);
lho, devendo possuir sistema próprio de comunicação, suprimento
f) manobras de peso ou trabalhos com ferramentas que impos-
de gases de emergência e vigias que permitam a observação de seu
sibilitem o controle da flutuabilidade do mergulhador;
exterior;
g) trabalhos noturnos;
XXVII - Sino de Mergulho: uma câmara hiperbárica, especial-
h) trabalhos em ambientes confinados.
mente projetada para ser utilizada em trabalhos submersos;
IX- Contratante: pessoa física ou jurídica que contrata os servi-
ços de mergulho ou para quem esses serviços são prestados; XXVIII - Sistema de Mergulho: o conjunto de equipamentos ne-
X - Descompressão: o conjunto de procedimentos, através do cessários à execução de operações de mergulho, dentro das normas
qual um mergulhador elimina do seu organismo o excesso de gases de segurança;
inertes absorvidos durante determinadas condições hiperbáricas, XXIX - Supervisor de Mergulho: o mergulhador, qualificado e
sendo tais procedimentos absolutamente necessários, no seu re- legalmente habilitado, designado pelo empregador para supervisio-
torno à pressão atmosférica, para a preservação da sua integridade nar a operação de mergulho;
física; XXX - Técnicas de Saturação: os procedimentos pelos quais
XI - Emergência: qualquer condição anormal capaz de afetar a um mergulhador evita repetidas descompressões para a pressão
saúde do mergulhador ou a segurança da operação de mergulho; atmosférica, permanecendo submetido à pressão ambiente maior
XII - Empregador: pessoa física ou jurídica, responsável pela que aquela, de tal forma que seu organismo se mantenha saturado
prestação dos serviços, de quem os mergulhadores são emprega- com os gases inertes das misturas respiratórias;
dos; XXXI - Técnico de Saturação: o profissional devidamente qua-
XIII - Equipamento Autônomo de Mergulho: aquele em que o lificado para aplicação das técnicas adequadas às operações em
suprimento de mistura respiratória é levado pelo próprio mergulha- saturação;
dor e utilizado como sua única fonte; XXXII - Trabalho Submerso: qualquer trabalho realizado ou con-
XIV- Linha de Vida: um cabo, manobrado do local de onde é duzido por um mergulhador em meio líquido;
conduzido o mergulho, que, conectado ao mergulhador, permite XXXIII - Umbilical: o conjunto de linha de vida, mangueira de
recuperá-lo e içá-lo da água, com seu equipamento; suprimento respiratório e outros componentes que se façam neces-
XV - Mar Aberto: toda área que se encontra sob influência di- sários à execução segura do mergulho, de acordo com a sua com-
reta do mar alto; plexidade.

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2.1.1 O curso referido no inciso XVI do subitem 2.1 poderá ser a) não permitir a realização de nenhuma atividade que possa
ministrado por instituições reconhecidas e autorizadas pelo MEC e oferecer perigo para os mergulhadores que tenham a embarcação
credenciadas pela FUNDACENTRO para ministrar o referido curso. como apoio, consultando o supervisor de mergulho sobre as que
2.1.2. O credenciamento junto à FUNDACENTRO referido no possam afetar a segurança da operação antes que os mergulhos te-
subitem 2.1.1 e o registro do médico hiperbárico na SSMT/MTb se- nham início;
rão feitos obedecendo às normas para credenciamento e registro b) tornar disponível ao supervisor, quando solicitado por este,
na área de segurança e medicina do trabalho. durante as operações de mergulho e em casos de emergência, todo
2.2. Das obrigações do contratante. equipamento, espaço ou facilidade para garantir a integridade física
2.2.1 Será de responsabilidade do contratante: dos mergulhadores;
a) exigir do empregador, através do instrumento contratual, c) garantir que nenhuma manobra seja realizada e qualquer
que os serviços sejam desenvolvidos de acordo com o estabelecido máquina ou equipamento pare de operar, se oferecerem perigo
neste item; para os mergulhadores em operação;
b) exigir do empregador que apresente Certificado de Cadas- d) providenciar para que o supervisor de mergulho seja infor-
tramento expedido pela Diretoria de Portos e Costas - DPC; mado, antes do início da operação e a convenientes intervalos no
c) oferecer todos os meios ao seu alcance para atendimento curso da mesma, sobre as previsões meteorológicas para a área de
em casos de emergência quando solicitado pelo supervisor de mer- operação;
gulho. e) avisar as outras embarcações, nas imediações da realização
2.3 Das obrigações do empregador. da operação de mergulho, usando, para isso, sinalização, baliza-
2.3.1 Será de responsabilidade do empregador: mento ou outros meios adequados e eficientes.
a) garantir que todas as operações de mergulho obedeçam a 2.5. Das Obrigações do Supervisor de Mergulho.
este item; 2.5.1 Será de responsabilidade do supervisor de mergulho:
b) manter disponível, para as equipes de mergulho, nos locais a) assumir o controle direto da operação para a qual foi indi-
de trabalho, manuais de operação completos, equipamentos e ta- cado;
belas de descompressão adequadas; b) só permitir que a operação de mergulho seja conduzida den-
c) indicar por escrito os integrantes da equipe e suas funções; tro do prescrito no presente item;
d) comunicar, imediatamente, à Delegacia do Trabalho Maríti- c) assinar o livro de registro de cada mergulhador participante
da operação;
mo da região, através de relatório circunstanciado, os acidentes ou
d) não mergulhar durante a operação de mergulho, quando
situações de risco ocorridos durante a operação de mergulho;
atuando como supervisor;
e) exigir que os atestados médicos dos mergulhadores estejam
e) só permitir que tomem parte na operação pessoas legalmen-
atualizados;
te qualificadas e em condições para o trabalho;
f) garantir que as inspeções de saúde sejam conduzidas de f) decidir com os outros supervisores, quando dois ou mais
acordo com as disposições do subitem 2.9 e propiciar condições supervisores forem indicados para uma operação, os períodos da
adequadas à realização dos exames médico-ocupacionais; responsabilidade de cada um;
g) garantir a aplicação do programa médico aos seus mergulha- g) efetuar e preservar os registros especificados no subitem
dores, bem como assegurar comunicações eficientes e meios para, 2.12;
em caso de acidente, prover o transporte rápido de médico qualifi- h) estabelecer, com o comandante da embarcação ou respon-
cado para o local da operação; sável pela plataforma de mergulho, as medidas necessárias ao bom
h) fornecer à equipe de mergulho as provisões, roupas de tra- andamento e à segurança da operação de mergulho, antes do seu
balho e equipamentos, inclusive os de proteção individual, necessá- início;
rios à condução segura das operações planejadas; i) requisitar a presença do médico qualificado no local da ope-
i) assegurar que os equipamentos estejam em perfeitas condi- ração de mergulho, nos casos em que haja necessidade de trata-
ções de funcionamento e tenham os seus certificados de garantia mento médico especializado;
dentro do prazo de validade; j) não permitir a operação de mergulho se não houver, no local,
j) prover os meios para assegurar o cumprimento dos procedi- os equipamentos normais e de emergência adequados e em quan-
mentos normais e de emergência, necessários à segurança da ope- tidade suficiente para sua condução segura;
ração de mergulho, bem como à integridade física das pessoas nela l) comunicar ao empregador, dentro do menor prazo possível,
envolvida; todos os acidentes ou todas as situações de riscos, ocorridos duran-
l) fornecer, imediatamente, aos órgãos competentes, todas as te a operação, inclusive as informações individuais encaminhadas
informações a respeito das operações, equipamentos de mergulho pelos mergulhadores.
e pessoal envolvidos, quando solicitadas; 2.6. Dos Deveres dos Mergulhadores.
m) timbrar e assinar os livros de registro dos mergulhadores, 2.6.1 Será de responsabilidade do mergulhador:
referentes às operações de mergulho em que os mesmos tenham a) portar, obrigatoriamente, o seu Livro de Registro do Mergu-
participado; lhador- LRM;
n) guardar os Registros das Operações de Mergulho-ROM e b) apresentar o LRM, sempre que solicitado pelo órgão compe-
tente, empregador, contratante ou supervisor;
outros julgados necessários, por um período mínimo de 5 (cinco)
c) providenciar os registros referentes a todas as operações de
anos, a contar da data de sua realização;
mergulho em que tenha tomado parte, tão breve quanto possível,
o) providenciar, para as equipes, condições adequadas de alo-
respondendo legalmente pelas anotações efetuadas;
jamento, alimentação e transporte.
d) informar ao supervisor de mergulho se está fisicamente
2.4 Das Obrigações do Comandante da Embarcação ou do Res- inapto ou se há qualquer outra razão pela qual não possa ser sub-
ponsável pela Plataforma de Mergulho. metido a condição hiperbárica;
2.4.1 Será de responsabilidade do comandante da embarcação e) guardar os seus LRM, por um período mínimo de 5 (cinco)
ou do responsável pela plataforma de mergulho: anos, a contar da data do último registro;

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

f) cumprir as regras de segurança e demais dispositivos deste 2.8.7. Nas operações com técnica de saturação deverá haver,
item; no mínimo, 2 (dois) supervisores e 2 (dois) técnicos de saturação.
g) comunicar ao supervisor as irregularidades observadas du- 2.9. Exames Médicos.
rante a operação de mergulho; 2.9.1 É obrigatória a realização de exames médicos, dentro dos
h) apresentar-se para exame médico, quando determinado padrões estabelecidos neste subitem, para o exercício da atividade
pelo empregador; de mergulho, em nível profissional.
i) assegurar-se, antes do início da operação, de que os equipa- 2.9.2 Os exames médicos serão divididos em duas categorias:
mentos individuais fornecidos pelo empregador estejam em perfei- a) exame pré-admissional para seleção de candidatos à ativida-
tas condições de funcionamento. de de mergulho;
2.7. Da Classificação dos Mergulhadores. b) exame periódico para controle do pessoal em atividade de
2.7.1 Os mergulhadores serão classificados em duas categorias: mergulho.
a) MR - mergulhadores habilitados, apenas, para operações de 2.9.3. Os exames médicos só serão considerados válidos, habi-
mergulho utilizando ar comprimido; litando o mergulhador para o exercício da atividade, quando reali-
b) MP - mergulhadores devidamente habilitados para opera- zados por médico qualificado.
ções de mergulho que exijam a utilização de mistura respiratória 2.9.4. Caberá, igualmente, ao médico qualificado, a condução
artificial. dos testes de pressão e de tolerância de oxigênio.
2.8. Das Equipes de Mergulho. 2.9.5. Os exames deverão ser conduzidos de acordo com os pa-
2.8.1 A equipe básica para mergulho com “ar comprimido” até drões psicofísicos estabelecidos nos Anexos A e B.
a profundidade de 50 (cinqüenta metros) e na ausência das condi- 2.9.6. O médico concluirá os seus laudos por uma das seguintes
ções perigosas definidas no inciso VIII do subitem 2.1 deverá ter a formas:
constituição abaixo especificada, desde que esteja prevista apenas
a) apto para mergulho (integridade física e psíquica);
descompressão na água:
b) incapaz temporariamente para mergulho (patologia transi-
a) 1 supervisor;
tória);
b) 1 mergulhador para a execução do trabalho;
c) incapaz definitivamente para mergulho (patologia perma-
c) 1 mergulhador de reserva, pronto para intervir em caso de
nente e/ou progressiva).
emergência;
2.9.7 Os exames médicos dos mergulhadores serão realizados
d) 1 auxiliar de superfície.
nas seguintes condições:
2.8.1.1. Em águas abrigadas, nas condições descritas no subi-
a) por ocasião da admissão;
tem 2.8.1, considerada a natureza do trabalho e, desde que a pro-
b) a cada 6 seis meses, para todo o pessoal em efetiva atividade
fundidade não exceda a 12,00m (doze metros) a equipe básica po-
de mergulho;
derá ser reduzida de seu auxiliar de superfície.
c) imediatamente, após acidente ocorrido no desempenho de
2.8.2 Quando, em mergulhos nas condições estipuladas no su-
atividade de mergulho ou moléstia grave;
bitem 2.8.1, estiver programada descompressão na câmara de su-
d) após o término de incapacidade temporária;
perfície, a equipe básica será acrescida de 1(um) mergulhador, que
e) em situações especiais, por solicitação do mergulhador ao
atuará como operador de câmara.
empregador.
2.8.3 Na ocorrência de quaisquer das condições perigosas enu-
2.9.7.1 Os exames médicos a que se refere o subitem anterior,
meradas no inciso VIII do subitem 2.1, as equipes descritas nos su-
só terão validade quando realizados em território nacional.
bitens 2.8.1 e 2.8.2 serão acrescidas de 1(um) mergulhador, passan-
2.9.8 Os exames complementares previstos nos Anexos A e B
do, respectivamente, a serem constituídas por 5 (cinco) e 6 (seis)
terão validade de 12 (doze) meses, ficando a critério do médico
homens.
qualificado a solicitação, a qualquer tempo, de qualquer exame que
2.8.4 Em toda operação de mergulho em que para a realização
julgar necessário.
do trabalho for previsto o emprego simultâneo de 2 (dois) ou mais
2.10 Das Regras de Segurança do Mergulho.
mergulhadores na água, deverá existir, no mínimo, 1(um) mergulha-
2.10.1 É obrigatório o uso de comunicações verbais em todas
dor de reserva para cada 2 (dois) submersos.
as operações de mergulho realizadas em condições perigosas sen-
2.8.5. Em operação a mais de 50,00m (cinqüenta metros), ou
do que, em mergulhos com Misturas Respiratórias Artificiais - MRA,
quando for utilizado equipamento autônomo, serão sempre empre-
deverão ser incluídos instrumentos capazes de corrigir as distorções
gados, no mínimo, 2 (dois) mergulhadores submersos, de modo que
sonoras provocadas pelos gases na transmissão da voz.
um possa, em caso de necessidade, prestar assistência ao outro.
2.10.2 Em mergulho a mais de 50,00m (cinqüenta metros) de
2.8.6. Nos mergulhos de intervenção, utilizando-se Misturas
profundidade, quando utilizando sino de mergulho ou câmara sub-
Respiratórias Artificiais - MRA, as equipes de mergulho terão a se-
mersível de pressão atmosférica, é obrigatória a disponibilidade de
guinte constituição:
intercomunicador, sem fio, que permita comunicações verbais, para
a) até a profundidade de 120,00m (cento e vinte metros):
utilização em caso de emergência.
- 1 supervisor
2.10.3 Em todas as operações de mergulho, serão utilizados
- 2 mergulhadores
balizamento e sinalização adequados de acordo com o código inter-
- 1 mergulhador encarregado da operação do sino
nacional de sinais e outros meios julgados necessários à segurança.
- 1 mergulhador auxiliar
2.10.4 A técnica de mergulho suprido pela superfície será sem-
- 1 mergulhador de reserva para atender a possíveis emergên-
pre empregada, exceto em casos especiais onde as próprias condi-
cias
ções de segurança indiquem ser mais apropriada a técnica de mer-
b) de 120,00m (cento e vinte metros) a 130,00m (cento e trinta
gulho autônomo, sendo esta apoiada por uma embarcação miúda.
metros):
2.10.5 Os umbilicais ou linhas de vida serão sempre afixados a
- todos os elementos acima e mais 1 (um) mergulhador encar-
cintas adequadas e que possam suportar o peso do mergulhador e
regado da operação da câmara hiperbárica.
dos equipamentos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2.10.6 A entrada e saída dos mergulhadores no meio líquido 2.10.13.4 O tempo máximo submerso diário, em mergulhos
será sempre facilitada com o uso de cestas, convés ao nível de água utilizando ar comprimido, não deverá ser superior a 4 (quatro) ho-
ou escadas rígidas. ras, respeitando-se, ainda, os seguintes limites:
2.10.7 Os mergulhos com descompressão só deverão ser pla- a) Mergulho com Equipamento Autônomo: o tempo de fundo
nejados para situações em que uma câmara de superfície, confor- deverá ser mantido dentro dos limites de mergulho sem descom-
me especificada no subitem 2.11.20 e pronta para operar, possa ser pressão, definidos nas tabelas em anexo;
alcançada em menos de 1(uma) hora, utilizado o meio de transpor- c) Mergulho com Equipamento Suprido da Superfície: o tempo
te disponível no local. de fundo deverá ser inferior aos limites definidos nas tabelas de
2.10.7.1. Caso a profundidade seja maior que 40,00m (qua- mergulhos excepcionais em anexo.
renta metros) ou o tempo de descompressão maior que 20 (vinte) 2.10.13.5 Utilizando Mistura Respiratória Artificial-MRA em
minutos, é obrigatória a presença no local do mergulho de uma câ- mergulho de intervenção com sino aberto, o tempo de permanên-
mara de superfície de conformidade com o subitem 2.11.20. cia do mergulhador na água não poderá exceder a 160 (cento e ses-
2.10.8 Sempre que for necessário pressurizar ou descomprimir senta) minutos.
um mergulhador, um segundo homem deverá acompanhá-lo no in- 2.10.13.6 Utilizando Mistura Respiratória Artificial-MRA em
terior da câmara. mergulho de intervenção com sino de mergulho, o tempo de fundo
2.10.9 O uso de câmaras de compartimento único só será per- não poderá exceder de:
mitido, em emergência, para transporte de acidentado, até o local a) 90 (noventa minutos), para mergulhos até 90,00m (noventa
onde houver instalada uma câmara de duplo compartimento. metros);
2.10.10. Nas operações de mergulho em que for obrigatória a b) 60 (sessenta minutos), para mergulhos entre 90,00m (no-
utilização de câmara de superfície, só poderá ser iniciado o segundo venta metros) a 120,00m (cento e vinte metros) de profundidade;
mergulho após o término do período de observação do mergulho c) 30 (trinta minutos), para mergulhos entre 120,00m (cento e
anterior, a menos que haja no local, em disponibilidade, uma se- vinte metros) a 130,00m (cento e trinta metros) de profundidade.
gunda câmara e pessoal suficiente para operá-la. 2.10.13.7 Utilizando a técnica de saturação, o período máximo
2.10.11. Durante o período de observação, as câmaras de su- submerso para cada mergulhador, incluída a permanência no inte-
perfície deverão estar desocupadas e prontas para utilização, de rior do sino, não poderá exceder de 8 (oito) horas em cada período
modo a atender a uma possível necessidade de recompressão do de 24 (vinte e quatro) horas.
mergulhador. 2.10.13.8 Utilizando a técnica de saturação, o período máxi-
2.10.11.1. Durante o período de observação, o supervisor e de- mo de permanência sob pressão será de 28 (vinte e oito) dias e
mais integrantes da equipe, necessários para conduzir uma recom- o intervalo mínimo entre duas saturações será igual ao tempo de
pressão, não deverão afastar-se do local. saturação, não podendo este intervalo ser inferior a 14 (quatorze)
2.10.12 Durante o período de observação não será permitido dias. O tempo total de permanência sob saturação num período de
aos mergulhadores: 12 (doze) meses consecutivos não poderá ser superior a 120 (cento
a) realizar outro mergulho, exceto utilizando as tabelas apro- e vinte) dias.
priadas para mergulhos sucessivos; 2.10.14 Em mergulho a mais de 150,00m (cento e cinqüenta
b) realizar vôos a mais de 600,00m (seiscentos metros); metros) de profundidade, a Mistura Respiratória Artificial-MRA de-
c) realizar esforços físicos excessivos; verá ser devidamente aquecida para suprimento ao mergulhador.
d) afastar-se do local da câmara, caso o mergulho tenha se re- 2.10.15 Só será permitido realizar mergulhos a partir de embar-
alizado com a utilização de Misturas Respiratórias Artificiais-MRA. cações não-fundeadas, quando o supervisor de mergulho julgar se-
2.10.13 Nas operações de mergulho discriminadas neste subi- guro este procedimento e medidas adequadas forem tomadas para
tem deve ser observado o seguinte: resguardar a integridade física do mergulhador protegendo-o con-
a) mergulho com equipamento autônomo a ar comprimido: tra os sistemas de propulsão, fluxo de água e possíveis obstáculos.
profundidade máxima igual a 40,00m (quarenta metros); 2.10.15.1 Estes mergulhos só serão permitidos se realizados à
b) mergulho com equipamento a ar comprido suprido pela su- luz do dia, exceto quando a partir de embarcação de posicionamen-
perfície: profundidade máxima igual a 50,00m (cinqüenta metros); to dinâmico aprovada pela Diretoria de Portos e Costas-DPC, para
b) 7mergulho sem apoio de sino aberto: profundidade máxima esse tipo de operação.
igual a 50,00m (cinqüenta metros); 2.10.16 Qualquer equipamento elétrico utilizado em submer-
d) mergulho de intervenção com Mistura Respiratória Artifi- são deverá ser dotado de dispositivo de segurança que impeça a
cial-MRA e apoiado por sino aberto: profundidade máxima igual a presença de tensões ou correntes elevadas, que possam ameaçar a
90,00m (noventa metros); integridade física do mergulhador, em caso de mau funcionamento.
e) mergulho de intervenção com Mistura Respiratória Artificial 2.10.17 O supervisor de mergulho não poderá manter nenhum
- MRA e apoiado por sino de mergulho: profundidade máxima igual mergulhador submerso ou sob condição hiperbárica contra a sua
a 130,00m (cento e trinta metros). vontade, exceto quando for necessária a complementação de uma
2.10.13.1. Nas profundidades de 120,00m (cento e vinte me- descompressão ou em caso de tratamento hiperbárico.
tros) a 130,00m (cento e trinta metros) só poderão ser realizados 2.10.17.1 O mergulhador que se recusar a iniciar o mergulho
mergulhos utilizando equipamentos e equipes que permitam a téc- ou permanecer sob condição hiperbárica, sem motivos justificáveis,
nica de saturação. será passível de sanções de conformidade com a legislação perti-
2.10.13.2 As operações de mergulho, em profundidade supe- nente.
rior a 130,00m (cento e trinta metros), só poderão ser realizadas 2.10.18 Qualquer operação de mergulho deverá ser interrom-
quando utilizando técnicas de saturação. pida ou cancelada pelo supervisor de mergulho, quando as condi-
2.10.13.3 Em profundidade superior a 90,00m (noventa me- ções de segurança não permitirem a execução ou continuidade do
tros), qualquer operação de mergulho só deverá ser realizada com trabalho.
sino de mergulho em conjunto com câmara de superfície adotada
de todos acessórios e equipamentos auxiliares, ficando a profundi-
dade limitada à pressão máxima de trabalho dessa câmara.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2.10.19 A distância percorrida pelo mergulhador entre o sino f) procedimentos de sinalização;


de mergulho e o local de efetivo trabalho só poderá exceder a g) precauções contra possíveis perigos no local de trabalho.
33,00m (trinta e três metros) em situações especiais, se atendidas III - Quanto à Execução:
as seguintes exigências: a) responsabilidade de todo o pessoal envolvido;
a) não houver outra alternativa para a realização da operação b) uso correto dos equipamentos individuais;
de mergulho sem a utilização desse excesso. Neste caso, será o Con- c) suprimento e composição adequada das misturas respirató-
tratante o responsável pela determinação do uso de umbilical para rias;
atender a distância superior a 33,00m (trinta e três metros), ouvi- d) locais de onde poderá ser conduzida a operação;
dos o supervisor de mergulho e o comandante ou responsável pela e) operações relacionadas com câmaras de compressão sub-
plataforma de mergulho. mersíveis;
b) a operação de mergulho for realizada à luz do dia; f) identificação e características dos locais de trabalho;
c) o percurso entre o sino de mergulho e o local de efetivo tra- g) utilização de ferramentas e outros equipamentos pelos mer-
balho submerso for previamente inspecionado por uma câmara de gulhadores;
TV submarina; h) limites de profundidade e tempo de trabalho;
d) for estendido um cabo-guia entre o sino de mergulho e o i) descida, subida e resgate da câmara de compressão submer-
local de trabalho submerso por um veículo de controle remoto ou sível e dos mergulhadores;
pelo primeiro mergulhador; j) tabelas de descompressão, inclusive as de tratamento e de
e) a distância percorrida pelo mergulhador não exceder a
correção;
60,00m (sessenta metros);
l) controle das alterações das condições iniciais;
f) forem utilizadas garrafas de emergência suficientes para ga-
m) período de observação;
rantir o retorno do mergulhador ao sino de mergulho, tomando-se
n) manutenção dos registros de mergulho.
como base de consumo respiratório 60 (sessenta) litros/minuto, na
profundidade considerada, com autonomia de 3 (três) minutos; IV - Quanto aos Procedimentos de Emergência:
g) for utilizado um sistema com, no mínimo, 2 (duas) alternati- a) sinalização;
vas de fornecimento de gás, aquecimento e comunicações; b) assistência na água e na superfície;
h) for utilizado umbilical de flutuabilidade neutra. c) disponibilidade de câmara de superfície ou terapêutica;
2.10.19.1 Caso as condições de visibilidade não permitam a d) primeiros socorros;
completa visão do trajeto do mergulhador por uma câmara de TV e) assistência médica especializada;
fixa, será obrigatório o uso de câmara instalada em veículo autopro- f) comunicação e transporte para os serviços e equipamentos
pulsável com controle remoto. de emergência;
2.10.19.2 Os mergulhadores, para utilizarem umbilical para g) eventual necessidade de evacuação dos locais de trabalho;
distâncias superiores a 33 (trinta e três) metros deverão receber h) suprimentos diversos para atender às emergências.
treinamento prévio de resgate e retorno ao sino em situação de 2.11 Dos equipamentos de mergulho.
emergência, devidamente registrado no Livro Registro do Mergu- 2.11.1 Os sistemas e equipamentos deverão ser instalados em
lhador-LRM. local adequado, de forma a não prejudicar as condições de seguran-
2.10.20 Nenhuma operação de mergulho poderá ser realizada ça das operações.
sem ter havido uma revisão no sistema e equipamento com antece- 2.11.2 Os equipamentos de mergulho utilizados nas operações
dência não-superior a 12 (doze) horas. de mergulho deverão possuir certificado de aprovação fornecido ou
2.10.21 Todos os integrantes das equipes de mergulho, espe- homologado pela Diretoria de Portos e Costas-DPC.
cialmente os supervisores, deverão tomar as devidas precauções, 2.11.3 Os vasos de pressão deverão apresentar em caracteres
relativas à segurança das operações, no tocante ao planejamento, indeléveis e bem visíveis:
preparação, execução e procedimentos de emergência, conforme a) limites máximos de trabalho e segurança;
discriminado a seguir: b) nome da entidade que o tenha aprovado;
I - Quanto ao Planejamento: d) prazo de validade do certificado;
a) condições meteorológicas; d) data do último teste de ruptura.
b) condições de mar; 2.11.2 O certificado referido no subitem 2.11.2 não terá vali-
c) movimentação de embarcações;
dade se:
d) perigos submarinos, incluindo ralos, bombas de sucção ou
a) qualquer alteração ou reparo tiver sido efetuado no sistema
locais onde a diferença de pressão hidrostática possa criar uma si-
ou equipamento de forma a alterar suas características originais;
tuação de perigo para os mergulhadores;
b) vencidos os períodos estabelecidos no quadro abaixo para
e) profundidade e tipo de operação a ser executada;
f) adequação dos equipamentos; os testes de vazamento e testes de ruptura.
g) disponibilidade e qualificação do pessoal;
h) exposição a quedas da pressão atmosférica causadas por TESTESEQUIPAMENTOS DE VAZAMENTO DE RUPTURA
transporte aéreo, após o mergulho; Câmaras Hiperbáricas 2 anos 5 anos
i) operações de mergulho simultâneas. Reservatório de Gases não Submerso 5 anos 5 anos
II - Quanto à Preparação: Reservatório de Gases Submerso 2 anos 5 anos
a) obtenção, junto aos responsáveis, pela condução de quais- Equipamentos com pressão de trabalho superior a 500 Mbar 2
quer atividades que, na área, possam interferir com a operação, de anos 2 anos
informações que possam interessar à sua segurança;
b) seleção dos equipamentos e misturas respiratórias; 2.11.5. A pressão do teste de ruptura dos equipamentos deve-
c) verificação dos sistemas e equipamentos; rá ser igual a 1,5 vezes a pressão máxima de trabalho para a qual
d) distribuição das tarefas entre os membros da equipe; foram projetados.
e) habilitação dos mergulhadores para a realização do trabalho;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2.11.6. Preferencialmente, serão utilizados testes hidrostáticos, I - a natureza das operações apresentar inconvenientes ao seu
contudo, em caso de impossibilidade, poderão ser realizados testes uso, sendo, neste caso, utilizado um sistema alternativo para man-
pneumáticos, quando suficientes precauções forem tomadas para a ter a segurança dos mergulhadores;
segurança das pessoas, no caso de falha estrutural do equipamen- II - a profundidade de trabalho for inferior a 30,00m (trinta me-
to. tros) e um dos mergulhadores submersos já a estiver usando.
2.11.7. Os sistemas e equipamentos deverão incluir um meio c) nas operações utilizando sino de mergulho, meios de regis-
de fornecer aos mergulhadores mistura respiratória adequada (in- trar em fita magnética todas as intercomunicações efetuadas du-
cluindo um suprimento de reserva para o caso de uma emergência rante a pressurização, desde o seu início, até o retorno dos mergu-
ou para uma recompressão terapêutica) em volume, temperatura lhadores à superfície ou a entrada dos mesmos numa câmara de
e pressão capazes de permitir esforço físico vigoroso e prolongado superfície em condições normais;
durante a operação. d) sistema de intercomunicação, entre os mergulhadores e o
2.11.8 Todos os equipamentos que funcionem com reciclagem supervisor da operação, em trabalhos em profundidades superiores
de mistura respiratória deverão ser previamente certificados por a 30,00m (trinta metros), exceto quando a técnica empregada seja
uma entidade reconhecida e aprovada pela Diretoria de Portos e a de mergulho autônomo.
e) profundímetro, que permita leitura na superfície, em ope-
Costas - DPC, quanto à sua capacidade de fornecer misturas respira-
rações em profundidades superiores a 12,00 (doze metros), exceto
tórias nos padrões exigidos e em quantidade suficiente.
quando utilizado equipamento autônomo;
2.11.9 Todos os compressores de misturas respiratórias, espe-
f) sistema e equipamento para permitir, com segurança, a en-
cialmente os de ar, deverão ser instalados de maneira que não exis-
trada e saída dos mergulhadores da água;
ta o risco de que aspirem gases da descarga do seu próprio motor g) sistema de iluminação, normal e de emergência que durante
ou de ambientes onde exista qualquer possibilidade de contamina- o mergulho noturno seja capaz de iluminar adequadamente o local
ção (praças de máquinas, porões, etc.). de controle e a superfície da água, exceto quando a natureza das
2.11.10 Todos os reservatórios de gases deverão ter dispositi- operações contra-indicarem seu uso;
vos de segurança que operem à pressão máxima de trabalho.
2.11.11 Os gases ou misturas respiratórias, fornecidos em re- h) equipamento individual, de uso obrigatório, composto de:
servatórios, para as operações de mergulho, só poderão ser utiliza- I. roupa apropriada para cada tipo de mergulho;
dos se acompanhados das seguintes especificações: II. suprimento de mistura respiratória de reserva, para o caso
a) percentual dos elementos constituintes; de emergência, a partir de 20,00m (vinte metros) de profundidade;
b) grau de pureza; III. relógio, quando em mergulhos autônomos;
c) tipo de análise realizada; IV. faca;
c) nome e assinatura do responsável pela análise V. controle de flutuabilidade individual, para trabalhos em pro-
2.11.12 As Misturas Respiratórias Artificiais deverão ser anali- fundidade maior do que 12,00m (doze metros) ou em condições
sadas no local das operações, quanto aos seus percentuais de oxi- perigosas, exceto em profundidades superiores a 50,00m (cinqüen-
gênio, e ter, indelevelmente, marcados os seus reservatórios, de ta metros);
forma legível, com o nome e a composição de seu conteúdo. VI. luvas de proteção, exceto quando as condições não impu-
2.11.13 A equipe de mergulho deverá ter, sempre, condições serem seu uso;
de analisar, no local da operação, as Misturas Respiratórias Artifi- VII. tabelas de descompressão impermeabilizadas, de modo a
ciais empregadas, quanto ao percentual de: permitir sua utilização em operações de mergulho com equipamen-
a) oxigênio; tos autônomos;
b) gás carbônico; VIII. colete inflável de mergulho, profundímetro, tubo respira-
c) monóxido de carbono. dor, máscara, nadadeiras e lastro adequado, quando a técnica em-
2.11.14 Só poderá ser realizada uma operação de mergulho se pregada for de mergulho autônomo;
houver disponível, no local, uma quantidade de gases, no mínimo, IX. lanterna, para mergulhos noturnos ou em locais escuros.
2.11.19 Todas as câmaras hiperbáricas deverão:
igual a 3 (três) vezes a necessária à pressurização das câmaras hi-
a) ser construídas:
perbáricas, na pressão da profundidade máxima de trabalho, du-
I. com vigias que permitam que todos os seus ocupantes sejam
rante uma operação normal.
perfeitamente visíveis do exterior;
2.11.14.1 Nos equipamentos que dispuserem de sistema de re-
II. de forma que todas as escotilhas assegurem a manutenção
ciclagem, a quantidade de gases poderá ser apenas 2/3 (dois terços) da pressão interna desejada;
da exigida no subitem 2.11.14. III. de forma que todas as redes que atravessem seu corpo dis-
2.11.15 Todos os indicadores de pressão, profundidade ou ponham, interna e externamente próximo ao ponto de penetração,
equivalente, deverão ser construídos de forma a não serem afeta- de válvulas ou outros dispositivos convenientes à segurança;
dos pelas condições ambientes, exceto aqueles projetados para tal. IV. dispondo, em cada compartimento, de válvulas de alívio de
2.11.16 Todos os instrumentos de controle, indicadores e ou- pressão interna máxima do trabalho, capazes de serem operadas
tros acessórios deverão ser indelével e legivelmente marcados, em do exterior;
língua portuguesa, quanto à sua função. V. com isolamento térmico apropriado, de forma a proteger
2.11.17 Todos os sistemas e equipamentos deverão ter manu- seus ocupantes, quando utilizadas Misturas Respiratórias Artificiais;
tenção permanente de forma a assegurar seu funcionamento per- VI. de modo a minimizar os riscos de incêndio interno e exter-
feito, quando em utilização. no;
2.11.18 Os sistemas e equipamentos de mergulho deverão pos- VII. de modo a minimizar o ruído interno.
suir: b) ser equipadas:
a) umbilical, exceto quando for utilizada a técnica de mergulho I. com dispositivo de segurança para impedir sucção nas extre-
autônomo; midades internas das redes, que possam permitir sua despressuri-
b) linha de vida, exceto quando: zação;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

II. de modo que a pressão em seus compartimentos possa ser I. com escotilha de fácil acesso para a entrada e saída dos mer-
controlada interna e externamente; gulhadores;
III. com indicadores da profundidade correspondente à pressão II. com escotilha de acoplamento que permita, facilmente, a
interna, no seu interior e no local de controle na superfície; transferência dos mergulhadores sob pressão para a câmara de su-
IV. com estojo de primeiros socorros, contendo medicamentos perfície e vice-versa;
adequados para o tratamento de acidentes típicos e as instruções III. com sistema próprio de controle da sua flutuabilidade, acio-
para sua aplicação, na ausência do médico; nável internamente, sob qualquer condição de pressão, e com dis-
V. com sistema de iluminação normal e de emergência, em to- positivos de segurança que evitem seu acionamento acidental;
dos os seus compartimentos; IV. com dispositivo de segurança que não permita que as re-
VI. com ferramentas adequadas para atender a uma possível des e manômetros de oxigênio, no seu interior, sejam submetidos
emergência; a pressões com uma diferença de mais de 8 (oito) bares acima da
VII. com tabelas de descompressão adequadas, bem como re- pressão interna ambiente.
gras para procedimentos em emergência; b) ser equipadas:
VIII. nos mergulhos com Misturas Respiratórias Artificiais-MRA, I. com flange padronizado pela Diretoria de Portos e Costas-
com analisador da pressão parcial ou de percentagem de oxigênio; -DPC, que permita o seu acoplamento em emergência, a qualquer
câmara de superfície;
IX. nos mergulhos com Misturas Respiratórias Artificiais-MRA, II. com um sistema de içamento principal e outro secundário,
com equipamento automático que registre, gráfica e cronologica- capazes de içar o sino até a superfície da água;
mente, as variações da pressão interna, desde o início da pressuri- III. com recursos que os mantenham em posição adequada,
zação até o término da descompressão ou tratamento hiperbárico. evitando, tanto quanto possível, movimentos laterais, verticais ou
2.11.20 Todas as câmaras de superfície deverão: rotacionais excessivos;
a) ser construídas: IV. com umbilical, no qual esteja incorporada uma linha de su-
I. com, no mínimo, 2 (dois) compartimentos estanques, pressu- primento, independente da principal, capaz de controlar a pressuri-
rizáveis independentemente; zação e descompressão a partir da superfície;
II. de modo a ter espaço suficiente, em um dos compartimen- V. com indicadores da profundidade externa;
tos, para permitir que dois adultos permaneçam deitados, com re- VI. com sistema de proteção térmica e com suprimento exter-
lativo conforto; no de reserva de oxigênio, que permita a sobrevivência autônoma
III. de modo a ter um diâmetro interno mínimo de 1,75m (um de seus ocupantes por um período mínimo de 24 (vinte e quatro)
metro e setenta e cinco centímetros), exceto aquelas já em uso no horas;
País, na data da publicação deste Anexo; VII. com reserva de Mistura Respiratória Artificial, para ser uti-
IV. de modo a ter um diâmetro mínimo de 2 (dois) metros, lizada exclusivamente em casos de emergência;
quando empregadas em operações de duração superior a 12 (doze) VIII. com analisador da pressão parcial de gás carbônico;
horas, exceto aquelas já em uso no País, na data da publicação des- IX. com equipamento apropriado para permitir que um mergu-
te Anexo; lhador inconsciente seja içado para o seu interior pelo mergulhador
V. com compartimentos próprios que permitam a transferên- que ali permanece;
cia, sob pressão, do exterior para o interior e vice-versa, de medica- X. com dispositivo que permita sua fácil localização, para resga-
mentos, alimentos e equipamentos necessários. te, em caso de emergência.
b) ser equipadas: 2.12 Dos Registros das Operações de Mergulho-ROM.
I. em cada compartimento, com recursos de combate a incên- 2.12.1 No Registro das Operações de Mergulho-ROM deve
dio adequados; constar:
II. com sistema capaz de fornecer a seus ocupantes oxigenote- a) o nome do contratante da operação de mergulho;
rapia hiperbárica, através de máscaras faciais, havendo exaustão di- b) o período de realização da operação;
reta para o exterior quando forem utilizadas Misturas Respiratórias c) o nome ou outra designação da plataforma de mergulho, sua
Artificiais como atmosfera ambiente; localização e o nome do seu comandante ou responsável;
III. quando utilizadas em operações que exijam ocupação por d) o nome do supervisor de mergulho e o período da operação
período superior a 12 (doze) horas: na qual ele atua desempenhando aquela função;
a) com sistema de controle de temperatura e umidade relativa e) o nome dos demais componentes da equipe de mergulho e
do meio ambiente; outras pessoas operando qualquer sistema ou equipamento, discri-
c) com sistema sanitário completo, incluindo vaso, chuveiro e minando suas respectivas tarefas;
lavatório com água quente e fria. f) os arranjos para atender a possíveis emergências;
IV. com flange padronizado pela Diretoria de Portos e Costas- g) os procedimentos seguidos no curso da operação de mergu-
-DPC, que permita o seu acoplamento em emergência, a diferentes lho incluindo a tabela de descompressão utilizada;
sinos de mergulho, quando prevista a utilização destes sinos. h) a máxima profundidade alcançada por cada mergulhador no
2.11.20.1. Nos mergulhos com ar comprimido, quando a des- decurso da operação;
compressão não exceder a 2 (duas) horas, ou nos casos em que seja i) para cada mergulhador, com relação a cada mergulho realiza-
necessário o tratamento hiperbárico, será permitida a utilização de do, a hora em que deixa a superfície e seu tempo de fundo;
câmaras com diâmetro mínimo de 1,20m (um metro e vinte centí- j) o tipo de equipamento de respiração e a mistura utilizada;
metros). l) a natureza da operação de mergulho;
2.11.20.2. Ficam dispensados das exigências dos subitens m) qualquer tipo de acidente ou lesão sofrida pelos mergulha-
2.11.19 e 2.11.20 as câmaras destinadas, exclusivamente, a trans- dores, bem como a ocorrência de doença descompressiva ou ou-
porte em condições de emergência. tros males;
2.11.21. Todos os sinos do mergulho deverão: n) particularidades de qualquer emergência ocorrida durante a
a) ser construídos: operação de mergulho e as ações desenvolvidas;

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

o) qualquer avaria verificada no equipamento utilizado na ope- I - IDADE


ração de mergulho; O trabalho submerso ou sob pressão somente será permitido a
p) particularidades de qualquer fator ambiental que possa afe- trabalhadores com idade mínima de 18 (dezoito) anos.
tar a operação;
q) qualquer outro elemento de importância para a segurança II - ANAMNESE
ou a integridade física das pessoas envolvidas na operação. Inabilita o candidato à atividade de mergulho a ocorrência ou
2.12.1.1 Os registros das intercomunicações só poderão ser constatação de patologias referentes a: epilepsia, meningite, tu-
destruídos 48 (quarenta e oito) horas após o término da operação berculose, asma e qualquer doença pulmonar crônica; sinusites
de mergulho e caso não tenha havido nenhum acidente, situação crônicas ou repetidas; otite média e otite externa crônica; doença
de risco ou particularidade relevante, que, nestes casos, serão re- incapacitante do aparelho locomotor; distúrbios gastrointestinais
gistradas no ROM. crônicos ou repetidos; alcoolismo crônico e sífilis (salvo quando
2.12.2 O Livro de Registro do Mergulhador-LRM será aprovado convenientemente tratada e sem a persistência de nenhum sinto-
pela Diretoria de Portos e Costas-DPC, devendo dele constar, além ma conseqüente); outras a critério médico.
dos dados pessoais do mergulhador e do registro dos exames mé- III - EXAME MÉDICO
dicos periódicos: 1. BIOMETRIA
a) o nome e endereço do empregador; Peso: os candidatos à atividade de mergulho serão seleciona-
b) a data; dos de acordo com o seu biotipo e tendência a obesidade futura.
c) o nome ou outra designação da embarcação ou plataforma Poderão ser inabilitados aqueles que apresentarem variação para
de mergulho de onde é conduzida a operação de mergulho e sua mais de 10 (dez) por cento em peso, das tabelas-padrão de idade-
localização; -altura-peso, a critério médico.
d) o nome do supervisor de mergulho; 2. APARELHO CIRCULATÓRIO
e) a máxima profundidade atingida em cada mergulho; A integridade do aparelho circulatório será verificada pelo
f) para cada mergulho, a hora em que deixou e chegou à super- exame clínico, radiológico e eletrocardiográfico; a pressão arterial
fície e o respectivo tempo de fundo; sistólica não deverá exceder a 145 mm/Hg e a diastólica a 90mm/
g) quando o mergulho incluir um tempo numa câmara hiperbá- Hg, sem nenhuma repercussão hemodinâmica. As perturbações da
rica, detalhes de qualquer tempo dispendido fora da câmara, a uma circulação venosa periférica (varizes e hemorróidas) acarretam a
pressão diferente; inaptidão.
h) o tipo de equipamento empregado e, quando for o caso, a 3. APARELHO RESPIRATÓRIO
composição da Mistura Respiratória Artificial utilizada;
Será verificada a integridade clínica e radiológica do aparelho
i) o trabalho realizado em cada mergulho, mencionando o fer-
respiratório:
ramental utilizado;
a) integridade anatômica da caixa torácica;
j) as tabelas de descompressão seguidas em cada mergulho;
b) atenção especial deve ser dada à possibilidade de tuberculo-
l) qualquer tipo de acidente ou lesão sofrida, bem como a ocor-
se e outras doenças pulmonares pelo emprego de teleradiografia e
rência de doença descompressiva ou outros males;
reação tuberculínica, quando indicada:
m) qualquer outro elemento de importância para sua saúde ou
c) doença pulmonar ou outra qualquer condição mórbida que
integridade física.
dificulte a ventilação pulmonar deve ser causa de inaptidão;
2.13 Das Tabelas de Descompressão e Tratamento.
d) incapacitam os candidatos doenças inflamatórias crônicas,
2.13.1 As tabelas empregadas em todas as operações de mer-
gulho onde o ar comprimido seja utilizado como suprimento respi- tais como: tuberculose, histoplasmose, bronquiectasia, asma brôn-
ratório, inclusive as de tratamento, serão as constantes do Anexo C. quica, enfisema, pneumotórax, paquipleuriz e seqüela de processo
2.13.1.1 Outras tabelas poderão ser empregadas, desde que cirúrgico torácico.
devidamente homologadas pela Diretoria de Portos e Costas - DPC. 4. APARELHO DIGESTIVO
2.13.2 As tabelas referentes à utilização de Misturas Respirató- Será verificada a integridade anatômica e funcional do apare-
rias Artificiais só poderão ser aplicadas quando homologadas pela lho digestivo e de seus anexos:
Diretoria de Portos e Costas-DPC. a) candidatos com manifestação de colite, úlcera péptica, pri-
2.14. Das Disposições Gerais. são de ventre, diarréia crônica, perfuração do trato gastrointestinal
2.14.1 O trabalho submerso ou sob pressão somente será per- ou hemorragia digestiva serão inabilitados;
mitido a trabalhadores com idade mínima de 18 (dezoito) anos. b) dentes: os candidatos devem possuir número suficiente de
2.14.2 A atividade de mergulho é considerada como atividade dentes, naturais ou artificiais e boa oclusão, que assegurem mas-
insalubre em grau máximo. tigação satisfatória. Doenças da cavidade oral, dentes cariados ou
2.14.3 O descumprimento ao disposto no item 2 - Trabalhos comprometidos por focos de infecção podem também ser causas
Submersos caracterizará o grave e iminente risco para os fins e efei- de inaptidão.
tos previstos na NR 3.C) Acrescentar na Tabela Padrão de Descom- As próteses deverão ser fixas, de preferência. Próteses removí-
pressão com A, na coluna Profundidade (metros), a corresponden- veis, tipo de grampos, poderão ser aceitas desde que não interfiram
cia em pés: 12 m - 40 pés; 15 m - 50 pés; 18 m - 60 pés; 21 m - 70 com o uso efetivo dos equipamentos autônomos (válvula regulado-
pés; 24 m - 80 pés; 27 m - 90 pés; 30 m - 100 pés; 33 m - 110 pés; ra, respirador) e dependentes (tipo narquilé). Os candidatos, quan-
36 m - 120 pés; 48m - 160 pés; 51 m -170 pés; 54 m - 180 pés; 5 7 do portadores desse tipo de prótese, devem ser orientados para
m - 190 pés. removê-la quando em atividades de mergulho.
4. APARELHO GÊNITO-URINÁRIO
ANEXO “A” As doenças geniturinárias, crônicas ou recorrentes, bem como
PADRÕES PSICOFÍSICOS PARA SELEÇÃO DOS CANDIDATOS as doenças venéreas, ativas ou repetidas, inabilitam o candidato.
À ATIVIDADE DE MERGULHO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

5. SISTEMA ENDÓCRINO Índice de Ruffier-IR = (P1+P2+P3) - 200-------


As perturbações do metabolismo, da nutrição ou das funções 10
endócrinas são incapacitantes. O “Índice de Ruffier” deverá ser abaixo de 10 (dez).
IV - EXAME OFTALMO-OTORRINO-LARINGOLÓGICO ANEXO “B”
a) Deve ser verificada a ausência de doenças agudas ou crôni- PADRÕES PSICOFÍSICOS PARA CONTROLE DO PESSOAL
cas em ambos os olhos; EM ATIVIDADE DE MERGULHO
b) Acuidade visual: é exigido 20/30 de visão em ambos os olhos
corrigível para 20/20; Os critérios psicofísicos para controle do pessoal em atividade
c) Senso cromático: são incapacitantes as discromatopsias de de mergulho são os mesmos prescritos no Anexo A, com as seguin-
grau acentuado; tes modificações:
d) A audição deve ser normal em ambos os ouvidos. Doenças I - IDADE
agudas ou crônicas do conduto auditivo externo, da membrana Todos os mergulhadores que permaneçam em atividade deve-
timpânica, do ouvido médio ou interno, inabilitam o candidato. As rão ser submetidos a exames médicos periódicos.
trompas de Eustáquio deverão estar, obrigatoriamente, permeáveis II - ANAMNESE
e livres para equilíbrio da pressão, durante as variações barométri- A história de qualquer doença constatada após a última inspe-
cas nos mergulhos; ção será meticulosamente averiguada, principalmente as doenças
e) As obstruções à respiração e as sinusites crônicas são causas neuropsiquiátricas, otorrinolaringológicas, pulmonares e cardíacas,
de inabilitação. As amígdalas com inflamações crônicas, bem como advindas ou não de acidentes de mergulho.
todos os obstáculos nasofaringeanos que dificultam a ventilação III - EXAME MÉDICO
adequada, devem inabilitar os candidatos. 1. BIOMETRIA
V - EXAME NEURO-PSIQUIÁTRICO Mesmo critério do Anexo A.
Será verificada a integridade anatômica e funcional do sistema 2. APARELHO CIRCULATÓRIO
nervoso: a) a evidência de lesão orgânica ou de distúrbio funcional do
a) a natureza especial do trabalho de mergulho requer avalia- coração será causa de inaptidão;
ção cuidadosa dos ajustamentos nos planos emocional, social e in- b) as pressões sistólica e diastólica não devem exceder 150 e 95
telectual dos candidatos; mm/Hg, respectivamente.
b) história pregressa de distúrbios neuropsíquicos ou de mo- 3. APARELHO RESPIRATÓRIO
léstia orgânica do sistema nervoso, epilepsia, ou pós-traumática, Qualquer lesão pulmonar, advinda ou não de um acidente de
inabilitam os candidatos; mergulho, é incapacitante.
c) tendências neuróticas, imaturidade ou instabilidade emocio- 4. APARELHO DIGESTIVO
nal, manifestações anti-sociais, desajustamentos ou inadaptações Mesmos critérios constantes do Anexo A
inabilitam os candidatos. 5. APARELHO GÊNITO-URINÁRIO
VI - EXAMES COMPLEMENTARES Mesmos critérios constantes do Anexo A
Serão exigidos os seguintes exames complementares: 6. SISTEMA ENDÓCRINO
1. Telerradiografia do tórax (AP); As perturbações do metabolismo, da nutrição ou das funções
2. Eletrocardiograma basal; endócrinas acarretam uma incapacidade temporária; a diabetes ca-
3. Eletroencefalograma; racterizada é motivo de inaptidão.
4. Urina: elementos anormais e sedimentoscopia; IV - EXAME OFTALMO-OTORRINO-LARINGOLÓGICO
5. Fezes: protozooscopia e ovohelmintoscopia; Mesmos critérios do Anexo A com a seguinte alteração: acuida-
6. Sangue: sorologia para lues, dosagem de glicose, hemogra- de visual: 20/40 de visão em ambos os olhos, corrigível para 20/20.
ma completo, grupo sangüíneo e fator Rh; V - EXAME NEURO-PSIQUIÁTRICO
7. Radiografia das articulações escapuloumerais, coxofemorais Os mesmos critérios do Anexo A. Dar atenção a um passado de
e dos joelhos (AP); embolia traumática pelo ar ou doença descompressiva, forma neu-
8. Audiometria. rológica, que tenha deixado seqüelas neuropsiquiátricas.
VII - TESTES DE PRESSÃO VI - EXAMES COMPLEMENTARES
Todos os candidatos devem ser submetidos à pressão de 6 ATA 1. Telerradiografia do tórax (AP);
na câmara de recompressão, para verificar a capacidade de equili- 2. Urina: elementos normais e sedimentoscopia;
brar a pressão no ouvido médio e seios da face. 3. Fezes: protozooscopia e ovohelmintoscopia;
Qualquer sinal de claustrofobia, bem como apresentação de 4. Sangue: sorologia para lues, hemograma completo, glicose;
suscetibilidade individual à narcose pelo nitrogênio, será motivo de 5. ECG basal;
inabilitação do candidato. 6. Audiometria, caso julgar necessário;
VIII - TESTE DE TOLERÂNCIA AO OXIGÊNIO 7. Radiografia das articulações escapuloumerais, coxofemorais
Deverá ser realizado o teste de tolerância ao oxigênio, que con- e dos joelhos, caso julgar necessário;
siste em fazer o candidato respirar oxigênio puro sob pressão (2,8
ATA) num período de 30 (trinta) minutos, na câmara de recompres- 8. Quaisquer outros exames (ex. ecocardiograma, cicloergome-
são. Qualquer sinal ou sintoma de intoxicação pelo oxigênio, será tria, etc.) poderão ser solicitados a critério do médico responsável
motivo de inabilitação. pelo exame de saúde do mergulhador.
IX - TESTE DE APTIDÃO FÍSICA
Todos os candidatos devem ser submetidos ao “Teste de Ru- ANEXO “C”
ffier” (ou similar) que consiste em: 30 (trinta) agachamentos em TABELAS DE DESCOMPRESSÃO
45 (quarenta e cinco) segundos e tomadas de freqüência do pulso:
P1 - Pulso do mergulhador em repouso; I - Definições dos Termos
P2 - Pulso imediatamente após o esforço; 1.1 - PROFUNDIDADE - significa a profundidade máxima, me-
P3 - Pulso após 1(um) minuto de repouso. dida em metros, atingida pelo mergulhador durante o mergulho.

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

1.2 - TEMPO DE FUNDO - é o tempo total corrido desde o início 360 0:30 23 23:40 **
do mergulho, quando se deixa a superfície, até o início da subida 480 0:30 41 4l:40 **
quando termina o mergulho, medido em minutos. 720 0:30 69 69:40 **
1.3 - TEMPO PARA PRIMEIRA PARADA - é o tempo decorrido
desde quando o mergulhador deixa a profundidade máxima até 100 0 0:50 *
atingir a profundidade da primeira parada, considerando uma velo- 110 0:40 3 3:50 L
cidade de subida de 18 (dezoito) metros por minuto. 120 0:40 5 5:50 M
1.4 - PARADA PARA DESCOMPRESSÃO - é a profundidade es- 140 0:40 10 10:50 M
pecífica na qual o mergulhador deverá permanecer por um tempo 15 160 0:40 21 21:50 N
determinado para eliminar os gases inertes dos tecidos do seu or- (50 pés) 180 0:40 29 29:50 O
ganismo. 200 0:40 35 35:50 O
1.5 - MERGULHO SIMPLES - é qualquer mergulho realizado 220 0:40 40 40:50 Z
após um período de tempo maior que 12 (doze) horas de outro 240 0:40 47 47:50 Z
mergulho.
1.6 -NITROGÊNIO RESIDUAL - é o gás nitrogênio que ainda per- 60 0 1:00 *
manece nos tecidos do mergulhador após o mesmo ter chegado à 70 0:50 2 3:00 K
superfície. 80 0:50 7 8:00 L
1.7 - TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL - é a quantidade de 100 0:50 14 15:00 M
tempo em minutos que precisa ser adicionado ao tempo de fundo 120 0:50 26 27:00 N
de um mergulho repetitivo para compensar o nitrogênio residual de 140 0:50 39 40:00 O
um mergulho prévio. 18 160 0:50 48 49:00 Z
1.8 - MERGULHO REPETITIVO - é qualquer mergulho realizado (60 pés) 180 0:50 56 57:00 Z
antes de decorridas 12 (doze) horas do término de outro. 200 0:40 1 69 71:00 Z
1.9 - DESIGNAÇÃO DO GRUPO REPETITIVO - é a letra a qual re- 240 0:40 2 79 82:00 **
laciona diretamente o total de nitrogênio residual de um mergulho 360 0:40 20 119 140:00 **
com outro a ser realizado num período de tempo menor que 12 480 0:40 44 148 193:00 **
(doze) horas. 720 0:40 78 187 266:00 **
1.10 - MERGULHO REPETITIVO SIMPLES - é um mergulho no
qual o tempo de fundo usado para selecionar a tabela de descom- 50 0 1:10 *
pressão é a soma do tempo de nitrogênio residual mais o tempo de 60 l:00 8 9:10 K
fundo do mergulho posterior. 70 l:00 14 15:10 L
1.11- MERGULHO EXCEPCIONAL - é um mergulho cujo fator 80 l:00 18 19:10 M
tempo de fundo/profundidade não permite a realização de qual- 90 l:00 23 24:10 N
quer outro mergulho antes de decorridas 12 (doze) horas após o 100 l:00 33 34:10 N
mesmo. 21 110 0:50 2 41 44:10 O
II - Instruções para Uso das Tabelas de Descompressão (70 pés) 120 0:50 4 47 52:10 O
1. Para dar início à descompressão, utilizar a tabela com a pro- 130 0:50 6 52 59:10 O
fundidade exata ou a próxima maior profundidade alcançada du- 140 0:50 8 56 65:10 Z
rante o mergulho. 150 0:50 9 61 71:10 Z
160 0:50 13 72 86:10 Z
Exemplo: Profundidade máxima = 12,5 metros. 170 0:50 19 79 99:10 Z
Selecione a tabela de 15 metros. (*) Consulte a Tabela de Limites sem Descompressão.
2. Para dar início à descompressão, utilizar a tabela com o tem- (**) Não deverá ser permitido nenhum mergulho repetitivo
po de fundo exato ou com o próximo maior. após mergulhos excepcionais.
Exemplo: Tempo de fundo = 112 minutos.
Selecione 120 minutos.
3. Nunca tente interpolar tempos ou profundidades entre os NR 16 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS
valores indicados nas tabelas.
4. Procure sempre seguir a velocidade de subida indicada: 18
(dezoito) metros por minuto. NORMA REGULAMENTADORA 16 - NR 16
5. Não inclua o tempo de subida entre as paradas para descom- ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS
pressão no tempo indicado para as paradas. 16.1. São consideradas atividades e operações perigosas as
TABELA PADRÃO DE DESCOMPRESSÃO COM AR constantes dos Anexos números 1 e 2 desta Norma Regulamenta-
Profun-didade(metros) Tempo de Fundo(minutos) Tempo p/1ª dora-NR.
Parada(min:seg) Paradas p/Descompressão (minutos) Tempo To- 16.2. O exercício de trabalho em condições de periculosidade
talp/Subida(min:seg) GrupoRepetitivo assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta
por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes
33m 30m 27m 24m 21m 18m 15m 12m 9m 6m 3m de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.
200 0 0:40 * (116.001-0 / I1)
210 0:30 2 2:40 N 16.2.1. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubri-
230 0:30 7 7:40 N dade que porventura lhe seja devido.
250 0:30 11 11:40 O
12 270 0:30 15 15:40 O
(40 pés) 300 0:30 19 19:40 Z

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

16.3. É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias 3. São consideradas áreas de risco:
profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, a) nos locais de armazenagem de pólvoras químicas, artifícios
através das Delegacias Regionais do Trabalho, a realização de pe- pirotécnicos e produtos químicos usados na fabricação de misturas
rícia em estabelecimento ou setor da empresa, com o objetivo de explosivas ou de fogos de artifício, a área compreendida no Quadro
caracterizar e classificar ou determinar atividade perigosa. n° 2:
16.4. O disposto no item 16.3 não prejudica a ação fiscalizadora
do Ministério do Trabalho nem a realização ex officio da perícia. QUADRO N.º 2
16.5. Para os fins desta Norma Regulamentadora - NR são con-
sideradas atividades ou operações perigosas as executadas com ex- QUANTIDADE ARMA- FAIXA DE TERRENO DE TERRE-
plosivos sujeitos a: ZENADA EM QUILOS NO ATÉ A DISTÂNCIA MÁXIMA DE
a) degradação química ou autocatalítica;
b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faís- até 45 metros
cas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos. 4.500
16.6. As operações de transporte de inflamáveis líquidos ou mais de até 90 metros
gasosos liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel, são consi- 4.500 45.000
deradas em condições de periculosidade, exclusão para o transpor-
mais de até 110 metros
te em pequenas quantidades, até o limite de 200 (duzentos) litros
45.000 90.000
para os inflamáveis líquidos e 135 (cento e trinta e cinco) quilos
para os inflamáveis gasosos liquefeitos. mais de até 180 metros
16.6.1. As quantidades de inflamáveis, contidas nos tanques de 90.000 225.000*
consumo próprio dos veículos, não serão consideradas para efeito
desta Norma. * Quantidade máxima que não pode ser ultrapassada.
16.7. Para efeito desta Norma Regulamentadora - NR conside- b) nos locais de armazenagem de explosivos iniciadores, a área
ra-se líquido combustível todo aquele que possua ponto de fulgor compreendida no Quadro nº 3:
igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados) e inferior a
93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus centígrados). QUADRO N.º 3
16.8. Todas as áreas de risco previstas nesta NR devem ser deli-
mitadas, sob responsabilidade do empregador. (116.002-8 / I2) QUANTIDADE ARMAZENADA FAIXA DE TERRENO ATÉ A DIS-
ANEXO 1 EM QUILOS TÂNCIA MÁXIMA
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPLOSIVOS
1. São consideradas atividades ou operações perigosas as enu- até 20 75 metros
meradas no Quadro n° 1, seguinte: mais de 20 até 200 220 metros
QUADRO N.º 1
mais de 200 até 900 300 metros
mais de 900 até 2.200 370 metros
ATIVIDADES ADICIONAL DE 30% mais de 2.200 até 4.500 460 metros
mais de 4.500 até 6.800 500 metros
a. no armazenamento de ex- todos os trabalhadores mais de 6.800 até 9.000* 530 metros
plosivos nessa atividade ou que per-
maneçam na área de risco. * Quantidade máxima que não pode ser ultrapassada.
b) no transporte de explosivos todos os trabalhadores c) nos locais de armazenagem de explosivos de ruptura e pól-
nessa atividade voras mecânicas (pólvora negra e pólvora chocolate ou parda), área
de operação compreendida no Quadro n° 4:
c) na operação de escorva dos todos os trabalhadores
cartuchos de explosivos nessa atividade
QUADRO N.º 4
d) na operação de carregamen- todos os trabalhadores
to de explosivos nessa atividade
QUANTIDADE EM QUILOS FAIXA DE TERRENO
e) na detonação todos os trabalhadores ATÉ A DISTÂNCIA
nessa atividade MÁXIMA DE
f) na verificação de detonações todos os trabalhadores até 23 45 metros
falhadas nessa atividade
mais de 23 até 45 75 metros
g) na queima e destruição de todos os trabalhadores
mais de 45 até 90 110 metros
explosivos deteriorados nessa atividade
mais de 90 até 135 160 metros
h) nas operações de manuseio todos os trabalhadores
de explosivos nessa atividade mais de 135 até 180 200 metros
mais de 180 até 225 220 metros
2. O trabalhador, cuja atividade esteja enquadrada nas hipó-
teses acima discriminadas, faz jus ao adicional de 30% (trinta por mais de 225 até 270 250 metros
cento) sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratifica- mais de 270 até 300 265 metros
ções, prêmios ou participações nos lucros da empresa, sendo-lhe mais de 300 até 360 280 metros
ressalvado o direito de opção por adicional de insalubridade even-
tualmente devido.

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

mais de 360 até 400 300 metros no transporte e armazena-


mais de 400 até 450 310 metros gem de inflamáveis líquidos e
todos os trabalhadores da
b. gasosos liqüefeitos e de vasi-
mais de 450 até 680 345 metros área de operação.
lhames vazios não-desgaseifi-
mais de 680 até 900 365 metros cados ou decantados.
mais de 900 até 1.300 405 metros todos os trabalhadores nes-
nos postos de reabasteci- sas atividades ou
mais de 1.300 até 1.800 435 metros c.
mento de aeronaves. que operam na área de ris-
mais de 1.800 até 2.200 460 metros co.
mais de 2.200 até 2.700 480 metros nos locais de carregamento
mais de 2.700 até 3.100 490 metros de navios-tanques, vagões-
-tanques e caminhões-tan- todos os trabalhadores nes-
mais de 3.100 até 3.600 510 metros d. ques e enchimento de va- sas atividades ou que ope-
mais de 3.600 até 4.000 520 metros silhames, com inflamáveis ram na área de risco.
mais de 4.000 até 4.500 530 metros líquidos ou gasosos liqüefei-
tos.
mais de 4.500 até 6.800 570 metros
nos locais de descarga de
mais de 6.800 até 9.000 620 metros navios-tanques, vagões-tan-
a t é ques e caminhões-tanques todos os trabalhadores nes-
mais de 9.000 660 metros e. com inflamáveis líquidos ou sas atividades ou que ope-
11.300
gasosos liqüefeitos ou de va- ram na área de risco
a t é
mais de 11.300 700 metros silhames vazios não-desga-
13.600
seificados ou decantados.
a t é
mais de 13.600 780 metros nos serviços de operações e
18.100
manutenção de navios-tan-
a t é que, vagões-tanques, cami-
mais de 18.100 860 metros todos os trabalhadores nes-
22.600 nhões-tanques, bombas e
f. sas atividades ou que ope-
a t é vasilhames, com inflamáveis
mais de 22.600 1.000 metros ram na área de risco.
34.000 líquidos ou gasosos liquefei-
tos, ou vazios não-desgaseifi-
a t é cados ou decantados.
mais de 34.000 1.100 metros
45.300
nas operações de desgaseifi-
a t é Todos os trabalhadores nes-
mais de 45.300 1.150 metros cação, decantação e reparos
68.000 g. sas atividades ou que ope-
de vasilhames não-desgasei-
ram na área de risco.
a t é ficados ou decantados.
mais de 68.000 1.250 metros
90.700 nas operações de testes de Todos os trabalhadores nes-
até h. aparelhos de consumo do gás sas atividades ou que ope-
mais de 9.700 1.350 metros
113.300 e seus equipamentos. ram na área de risco.
no transporte de inflamáveis
d) quando se tratar de depósitos barricados ou entrincheira- i. líquidos e gasosos liqüefeitos motorista e ajudantes.
dos, para o efeito da delimitação de área de risco, as distâncias pre- em caminhão-tanque.
vistas no Quadro n.° 4 podem ser reduzidas à metade;
e) será obrigatória a existência física de delimitação da área de no transporte de vasilhames
risco, assim entendido qualquer obstáculo que impeça o ingresso (em caminhões de carga),
de pessoas não-autorizadas. (116.003-6 / I2) contendo inflamável líquido,
ANEXO 2 em quantidade total igual ou
j. motorista e ajudantes
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS superior a 200 litros, quando
1. São consideradas atividades ou operações perigosas, con- não observado o disposto nos
ferindo aos trabalhadores que se dedicam a essas atividades ou subitens 4.1 e 4.2 deste ane-
operações, bem como aqueles que operam na área de risco adicio- xo.
nal de 30 (trinta) por cento, as realizadas: no transporte de vasilhames
(em carreta ou caminhão de
QUADRO N.º 3 carga), contendo inflamável
l. motorista e ajudantes.
gasosos e líquido, em quanti-
na produção, transporte, pro- na produção, transporte, dade total igual ou superior a
a. cessamento e armazenamen- processamento e armaze- 135 quilos.
to de gás liqüefeito. namento de gás liqüefeito.
nas operação em postos de
operador de bomba e tra-
serviço e bombas de abaste-
m. balhadores que operam na
cimento de inflamáveis líqui-
área de risco.
dos.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2. Para os efeitos desta Norma Regulamentadora - NR enten- VII. Enchimento de quaisquer vasilhames (tambores, latas),
de-se como: com inflamáveis líquidos:
I. Serviços de operação e manutenção de embarcações, va- a) atividades de enchimento, fechamento e arrumação de latas
gões-tanques, caminhões-tanques, bombas e vasilhames de infla- ou caixas com latas.
máveis: VIII. Enchimento de quaisquer vasilhames (cilindros, botijões)
a) atividades de inspeção, calibração, medição, contagem de com inflamáveis gasosos liquefeitos:
estoque e colheita de amostra em tanques ou quaisquer vasilhames a) atividades de enchimento, pesagem, inspeção, estiva e arru-
cheios; mação de cilindros ou botijões cheios de GLP;
b) serviços de vigilância, de arrumação de vasilhames vazios b) outras atividades executadas dentro da área considerada pe-
não-desgaseificados, de bombas propulsoras em recinto fechados rigosa, ad referendum do Ministério do Trabalho.
e de superintendência;
c) atividades de manutenção, reparos, lavagem, pintura de em- 3. São consideradas áreas de risco:
barcações, tanques, viaturas de abastecimento e de quaisquer vasi-
lhames cheios de inflamáveis ou vazios, não desgaseificados;
d) atividades de desgaseificação e lavagem de embarcações, ATIVIDADE ÁREA DE RISCO
tanques, viaturas, bombas de abastecimento ou quaisquer vasilha-
mes que tenham contido inflamáveis líquidos; círculo com raio de 30 metros,
Poços de petróleo em pro-
e) quaisquer outras atividades de manutenção ou operação, a no mínimo, com centro na
dução de gás.
tais como: serviço de almoxarifado, de escritório, de laboratório de boca do poço.
inspeção de segurança, de conferência de estoque, de ambulatório Faixa de 30 metros de largu-
médico, de engenharia, de oficinas em geral, de caldeiras, de me- Unidade de processamen-
b ra, no mínimo, contornando a
cânica, de eletricidade, de soldagem, de enchimento, fechamento e to das refinarias.
área de operação.
arrumação de quaisquer vasilhames com substâncias consideradas
Outros locais de refinaria
inflamáveis, desde que essas atividades sejam executadas dentro
onde se realizam opera-
de áreas consideradas perigosas, ad referendum do Ministério do
ções com inflamáveis em
Trabalho.
estado de volatilização ou Faixa de 15 metros de largu-
II. Serviços de operação e manutenção de embarcações, va-
c possibilidade de volatili- ra, no mínimo, contornando a
gões-tanques, caminhões-tanques e vasilhames de inflamáveis ga-
zação decorrente de falha área de operação.
sosos liquefeitos:
ou defeito dos sistemas de
a. atividades de inspeção nos pontos de vazamento eventual
segurança e fechamento
no sistema de depósito de distribuição e de medição de tanques
das válvulas.
pelos processos de escapamento direto;
b. serviços de superintendência; Tanques de inflamáveis lí-
d Toda a bacia de segurança
c. atividades de manutenção das instalações da frota de ca- quidos
minhões-tanques, executadas dentro da área e em torno dos pon- Círculo com raio de 3 metros
tos de escapamento normais ou eventuais; com centro nos pontos de va-
d. atividades de decantação, desgaseificação, lavagem, repa- Tanques elevados de infla-
e zamento eventual (válvula re-
ros, pinturas e areação de tanques, cilindros e botijões cheios de máveis gasosos
gistros, dispositivos de medi-
GLP; ção por escapamento, gaxetas).
e. quaisquer outras atividades de manutenção ou operações,
executadas dentro das áreas consideradas perigosas pelo Ministé- Afastamento de 15 metros da
Carga e descarga de infla-
rio do Trabalho. beira do cais, durante a ope-
máveis líquidos contidos
III . Armazenagem de inflamáveis líquidos, em tanques ou va- f ração, com extensão corres-
em navios, chatas e bate-
silhames: pondente ao comprimento da
lões.
a. quaisquer atividades executadas dentro da bacia de segu- embarcação.
rança dos tanques; Abastecimento de aero-
g Toda a área de operação.
b. arrumação de tambores ou latas ou quaisquer outras ati- naves
vidades executadas dentro do prédio de armazenamento de infla- Enchimento de vagões
máveis ou em recintos abertos e com vasilhames cheios inflamáveis Círculo com raio de 15 metros
–tanques e caminhões –
ou não-desgaseificados ou decantados. h com centro nas bocas de enchi-
tanques com inflamáveis
IV. Armazenagem de inflamáveis gasosos liquefeitos, em tan- mento dos tanques.
líquidos.
ques ou vasilhames:
a) arrumação de vasilhames ou quaisquer outras atividades Enchimento de vagões-
Círculo com 7,5 metros cen-
executadas dentro do prédio de armazenamento de inflamáveis ou -tanques e caminhões-
i tro nos pontos de vazamento
em recintos abertos e com vasilhames cheios de inflamáveis ou va- -tanques inflamáveis gaso-
eventual (válvula e registros).
zios não desgaseificados ou decantados. sos liquefeitos.
V. Operações em postos de serviço e bombas de abastecimento Enchimento de vasilhames Círculos com raio de 15 metros
de inflamáveis líquidos: j
com inflamáveis gasosos com centro nos bicos de enchi-
a) atividades ligadas diretamente ao abastecimento de viaturas liquefeitos. mentos.
com motor de explosão.
Enchimento de vasilhames Círculo com raio de 7,5 metros
VI. Outras atividades, tais como: manutenção, lubrificação, la-
l com inflamáveis líquidos, com centro nos bicos de enchi-
vagem de viaturas, mecânica, eletricidade, escritório de vendas e
em locais abertos. mento.
gerência, ad referendum do Ministério do Trabalho.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Enchimento de vasilhames 4.2 - o manuseio, a armazenagem e o transporte de recipientes


m com inflamáveis líquidos, Toda a área interna do recinto. de até cinco litros, lacrados na fabricação, contendo líquidos infla-
em recinto fechado. máveis, independentemente do número total de recipientes manu-
seados, armazenados ou transportados, sempre que obedecidas as
Manutenção de viaturas- Local de operação, acrescido Normas Regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho e
-tanques, bombas e va- de faixa de 7,5 metros de lar- Emprego e a legislação sobre produtos perigosos relativa aos meios
n
silhames que continham gura em torno dos seus pontos de transporte utilizados.
inflamável líquido. externos.
Desgaseificação, decanta- QUADRO I
ção e reparos de vasilha- Local da operação, acrescido
mes não desgaseificados de faixa de 7,5 metros de lar- CAPACIDADE MÁXIMA PARA EMBALAGENS DE LÍQUIDOS
o
ou decantados, utilizados gura em torno dos seus pontos INFLAMÁVEIS
no transporte de inflamá- externos.
veis. EmbalagemCombinada

Local da operação, acrescido Grupo


Testes em aparelhos de Grupo Gru-
de faixa de 7,5 metros de lar- Emba- de
p consumo de gás e seus de Em- po de
gura em torno dos seus pontos Embalageminterna lagem Emba-
equipamentos. bala- Embala-
extremos. Externa lagens*
gens* I gens* III
lI
Toda a área de operação,
abrangendo, no mínimo, cír-
culo com raio de 7,5 metros Tambores
com centro no ponto de abas- de:
250 kg 400 kg 400 kg
abastecimento de inflamá- tecimento e o círculo com raio Metal
q 250 kg 400 kg 400 kg
veis de 7,5 metros com centro na Plástico
150 kg 400 kg 400 kg
bomba de abastecimento da Madeira
viatura e faixa de 7,5 metros de Compen-
75 kg 400 kg 400 kg
largura para ambos os lados da sada
máquina. Fibra

Armazenamento de vasi- Caixas


lhames que contenham
Faixa de 3 metros de largura 400 400
inflamáveis líquidos ou
r em torno dos seus pontos ex- Aço ou Alumí- kg kg
vazios não desgaseificados 2 5 0
ternos. nio
ou decantados, em locais kg
abertos. 400 400
Madeira Natu- kg kg
Armazenamento de vasi- 1 5 0
ral ou compen-
lhames que contenham Recipientes deVidro- kg
sada 400 400
inflamáveis líquidos ou va- com mais de 5 e até
s Toda a área interna do recinto. kg kg
zios não desgaseificados, 10 litros;Plásticocom 75 kg
Madeira Aglo-
ou decantados, em recinto mais de 5 e até 30
merada 400 400
fechado. litros;Metalcom mais 75 kg
kg kg
de 5 e até 40 litros.
Carga e descarga de vasi- Papelão
60 kg
lhames contendo inflamá- Afastamento de 3 metros da 6 0 6 0
veis líquidos ou vasilhames beira do cais, durante a ope- Plástico Flexível kg kg
1 5 0
t vazios não desgaseificados ração, com extensão corres-
kg
ou decantados, transpor- pondente ao comprimento da Plástico Rígido 400 400
tados pôr navios, chatas embarcação. kg kg
ou batelões.
Bombonas
4 - Não caracterizam periculosidade, para fins de percepção de
adicional: Aço ou Alu- 120 kg 120 kg 120 kg
4.1 - o manuseio, a armazenagem e o transporte de líquidos in- mínio 120 kg 120 kg 120 kg
flamáveis em embalagens certificadas, simples, compostas ou com- Plástico
binadas, desde que obedecidos os limites consignados no Quadro I
abaixo, independentemente do número total de embalagens manu-
seadas, armazenadas ou transportadas, sempre que obedecidas as
Normas Regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho
e Emprego, a Norma NBR 11564/91 e a legislação sobre produtos
perigosos relativa aos meios de transporte utilizados;

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Embalagens Simples
Grupo de Grupo de Grupo de Embalagens*
Embalagens* I Embalagens* lI III

Tambores
Aço, tampa não removível 250L
Aço, tampa removível 250 L** 450 L 450L
Alumínio, tampa não removível 250 L
Alumínio, tampa removível 250 L**
Outros metais, tampa não removível 250 L
Outros metais, tampa removível 250 L**
Plástico, tampa não removível 250 L**
Plástico, tampa removível 250 L**
Bombonas
Aço, tampa não removível 60 L
Aço, tampa removível 60 L**
Alumínio, tampa não removível 60 L
Alumínio, tampa removível 60 L** 60 L 60 L
Outros metais, tampa não removível 60 L
Outros metais, tampa removível 60 L**
Plástico, tampa não removível 60 L
Plástico, tampa removível 60 L**

Capacidade Máxima para Embalagens de Líquidos Inflamáveis


Embalagens Compostas
Grupo de Emba- Grupo de Emba- Grupo de Embala-
lagens* I lagens* lI gens* III
250 L 250 L
250 L

Plástico com tambor externo de aço ou alumínio


250 L 250 L
120 L
Plástico com tambor externo de fibra,plástico ou
compensado

Plástico com engradado ou caixa externa de aço ou


60 L 60 L
alumínio ou madeira externa ou caixa externa de com- 60 L
pensado ou de cartão ou de plástico rígido

Vidro com tambor externo de aço, alumínio, fibra,


compensado, plástico flexível ouem caixa de aço, alumí-
nio, madeira, papelão ou compensado
60 L
60 L 60 L

* Conforme definições NBR 11564 – ABNT.


** Somente para substâncias com viscosidade maior que 200 mm2/seg.

NR 17 – ERGONOMIA

NR 17-NORMA REGULAMENTADORA 17
ERGONOMIA
17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às caracterís-
ticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário,
aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da
características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empre- função exercida;
gador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma b) características de pouca ou nenhuma conformação na base
abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabele- do assento;
cido nesta Norma Regulamentadora. c) borda frontal arredondada;
17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de ma- d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para pro-
teriais.(voltar) teção da região lombar.
17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser reali-
17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte zados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá
no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só tra- ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da
balhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. perna do trabalhador.
17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda 17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser reali-
atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de zados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais
forma descontínua, o transporte manual de cargas. em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante
17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com ida- as pausas.
de inferior a dezoito anos e maior de quatorze anos. 17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte ma- 17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de
nual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de
trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas
comprometer sua saúde ou sua segurança.
dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual
17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos
regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou
para digitação, datilografia ou mecanografia deve:
instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá
utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa
17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação,
cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados. evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual;
17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem desig- b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que
nados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qual-
cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os ho- quer outro tipo que provoque ofuscamento.
mens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. 17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrô-
17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impul- nico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte:
são ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qual- a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste
quer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a
que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao
sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua trabalhador;
segurança. b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permi-
17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equi- tindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem
pamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma executadas;
que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser
sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua colocados de maneira que as distâncias olho-te lá, olho- teclado e
segurança. olho-documento sejam aproximadamente iguais;
17.3. Mobiliário dos postos de trabalho. d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura
17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição ajustável.
sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para 17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrô-
esta posição. nico de dados com terminais de vídeo forem utilizados eventual-
17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito mente poderão ser dispensadas as exigências previstas no subitem
em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem pro- 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se
porcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e
em conta a análise ergonômica do trabalho.
operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:
17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condições
a) ter altura e características da superfície de trabalho compa-
ambientais de trabalho devem estar adequadas às características
tíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos
psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser
ao campo de trabalho e com a altura do assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo tra- executado.
balhador; 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades
c) ter características dimensionais que possibilitem posiciona- que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como:
mento e movimentação adequados dos segmentos corporais. salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimen-
17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos to ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as se-
pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais guintes condições de conforto:
e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posi- a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152,
cionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como norma brasileira registrada no INMETRO;
ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalha- b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vin-
dor, em função das características e peculiaridades do trabalho a te e três graus centígrados);
ser executado. c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cen-
atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: to.

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características a) o empregador não deve promover qualquer sistema de ava-
definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou liação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, ba-
correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruí- seado no número individual de toques sobre o teclado, inclusive o
do aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer
de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. espécie;
17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador
medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determi- não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo conside-
nados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do rado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão
tórax do trabalhador. sobre o teclado;
17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve
adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período
natureza da atividade. de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras
17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribu- atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das
ída e difusa. Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos,
17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projeta- nem esforço visual;
da e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo,
sombras e contrastes excessivos. uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observa- deduzidos da jornada normal de trabalho;
dos nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabeleci- e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afas-
dos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. tamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produ-
17.5.3.3 Os métodos de medição e os níveis mínimos de ilumi- ção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis
namento a serem observados nos locais de trabalho são os estabe- inferiores do máximo estabelecido na alínea “b” e ser ampliada pro-
lecidos na Norma de Higiene Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fun- gressivamente.
dacentro - Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes de
Trabalho Internos. (Nova redação dada pelaPortaria MTB 876/2018) NR 19 – EXPLOSIVOS
17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no
subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se reali-
za a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigi- NORMA REGULAMENTADORA Nº 19
da para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de EXPLOSIVOS
incidência.(Revogada pelaPortaria MTB 876/2018)
17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho (Redação alterada pelaPortaria SIT 228/2011)
previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m
(setenta e cinco centímetros) do piso.(Revogada pelaPortaria MTB ANEXO I - SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA E COMÉRCIO
876/2018) DE FOGOS DE ARTIFÍCIO E OUTROS ARTEFATOS PIROTÉCNICOS
17.6. Organização do trabalho
17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às carac- ANEXO II - TABELAS DE QUANTIDADES-DISTÂNCIAS
terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do traba-
lho a ser executado. 19.1 Disposições Gerais (voltar)
17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve
levar em consideração, no mínimo: 19.1.1 Para fins desta Norma, considera-se explosivo material
a) as normas de produção; ou substância que, quando iniciada, sofre decomposição muito rá-
b) o modo operatório; pida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e
c) a exigência de tempo; desenvolvimento súbito de pressão.
d) a determinação do conteúdo de tempo;
e) o ritmo de trabalho; 19.1.2 As atividades de fabricação, utilização, importação, ex-
f) o conteúdo das tarefas. portação, tráfego e comércio de explosivos devem obedecer ao
17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática disposto na legislação específica, em especial ao Regulamento para
ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército Brasilei-
inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser ro, aprovado pelo Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000.
observado o seguinte: 19.1.3 É proibida a fabricação de explosivos no perímetro urbano
a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para das cidades, vilas ou povoados.
efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar
em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; 19.1.4. As empresas devem manter, nas instalações de fabrica-
b) devem ser incluídas pausas para descanso; ção e armazenagem, quantidades máximas de explosivos de acordo
c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afas- com o Anexo II desta Norma.
tamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produ-
ção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção 19.1.4.1 As distâncias constantes do Anexo II poderão ser redu-
vigentes na época anterior ao afastamento. zidas à metade Nº caso de depósitos barrica dos.
17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados,
deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de tra- 19.1.5 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA
balho, observar o seguinte: da empresas que fabricam ou utilizam explosivos deve contemplar,
além do disposto na NR-9, a avaliação dos riscos de incêndio e ex-
plosão e a implementação das respectivas medidas de controle.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

19.2 Fabricação de explosivos (voltar) d)ser dotados de sinalização externa adequada. 19.3.2 É proibi-
da a armazenagem de:
19.2.1 A fabricação de explosivos somente é permitida às em-
presas portadoras de Título de Registro - TR emitido pelo Exército a)acessórios iniciadores com explosivos, inclusive pólvoras ou
Brasileiro. acessórios explosivos em um mesmo depósito;

19.2.2 O terreno em que se achar instalado o conjunto de edi- b)pólvoras em um mesmo depósito com outros explosivos;
ficações das empresas de fabricação de explosivos deve ser provido
de cerca adequada e de separação entre os locais de fabricação, c)fogos de artifício com pólvoras e outros explosivos em um
armazenagem e administração. mesmo depósito ou no balcão de estabelecimentos comerciais;

19.2.2.1 As atividades em que explosivos sejam depositados d)explosivos e acessórios em habitações, estábulos, silos, gal-
em invólucros, tal como encartucha mento, devem ser efetuadas pões, oficinas, lojas ou outras edificações não destinadas a esse uso
em locais isolados, não podendo ter em seu interior mais de quatro específico.
trabalhadores ao mesmo tempo.
19.4 Transporte de explosivos (voltar)
19.2.3 Os locais de fabricação de explosivos devem ser:
19.4.1 O transporte terrestre de explosivos deve seguir a legis-
a)mantidos em perfeito estado de conservação; lação pertinente ao transporte de produtos perigosos, em especial
a emitida pelo Ministério dos Transportes; o transporte por via ma-
b)adequadamente arejados; rítima, fluvial ou lacustre, as normas do Comando da Marinha; o
transporte por via aérea, as normas do Comando da Aeronáutica.
c)construídos com paredes e tetos de material incombustível e
pisos antiestáticos; 19.4.2 Para o transporte de explosivos devem ser observadas
as seguintes prescrições gerais:
d)dotados de equipamentos devidamente aterrados e, se ne-
cessárias, instalações elétricas especiais de segurança; a)o material a ser transportado deve estar devidamente acon-
dicionado em embalagem regulamentar;
e)providos de sistemas de combate a incêndios de manejo sim-
ples, rápido e eficiente, dispondo de água em quantidade e com b)os serviços de embarque e desembarque devem ser assisti-
pressão suficiente aos fins a que se destina; dos por um fiscal da empresa transportadora, devidamente habili-
tado;
f)livres de materiais combustíveis ou inflamáveis. 19.2.4 Nº ma-
nuseio de explosivos, é proibido: c)todos os equipamentos empregados nos serviços de carga,
transporte e descarga devem ser rigorosamente verificados quanto
a)utilizar ferramentas ou utensílios que possam gerar centelha às condições de segurança;
ou calor por atrito;
d)sinais de perigo, como bandeirolas vermelhas ou tabuletas
b)fumar ou praticar atos suscetível de produzir fogo ou cente- de aviso, devem ser afixados em lugares visíveis do veículo de trans-
lha;
porte;
c)usar calçados cravejados com pregos ou peças metálicas ex-
e)o material deve ser disposto e fixado Nº veículo de modo a
ternas;
facilitar a inspeção e a segurança;
d)manter objetos que não tenham relação direta com a ativi-
f)munições, pólvoras, explosivos, acessórios iniciadores e artifí-
dade. 19.2.5 Nos locais de manuseio de explosivos, matérias primas
cios pirotécnicos devem ser transportados separadamente;
que ofereçam risco de explosão devem permanecer nas quantida-
des mínimas possíveis, admitindo-se, Nº máximo, material para o
trabalho de quatro horas. g)o material deve ser protegido contra a umidade e incidência
direta dos raios solares;
19.3 Armazenamento de explosivos (voltar)
h)é proibido bater, arrastar, rolar ou jogar os recipientes de ex-
19.3.1 Os depósitos de explosivos devem obedecer aos seguin- plosivos;
tes requisitos:
i)antes de descarregar os materiais, o local previsto para arma-
a)ser construídos de materiais incombustíveis, em terreno fir- zená-los deve ser examinado;
me, seco, a salvo de inundações;
j)é proibida a utilização de luzes não protegidas, fósforos, is-
b)ser apropriadamente ventilados; queiros, dispositivos e ferramentas capazes de produzir chama ou
centelha nos locais de embarque, desembarque e no transporte;
c)manter ocupação máxima de sessenta por cento da área, res-
peitando-se a altura máxima de empilhamento de dois metros e k)salvo casos especiais, os serviços de carga e descarga de ex-
uma entre o teto e o topo do empilhamento; plosivos devem ser feitos durante o dia e com tempo bom;

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

l)quando houver necessidade de carregar ou descarregar ex- 4.2. As cercas em torno dos estabelecimentos devem:
plosivos durante a noite, somente será ada iluminação com lanter-
nas e holofotes elétricos. (...) a) ser aterradas;

ANEXO I (voltar) b) apresentar sinais de advertência em intervalos máximos de


100 m;
SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FOGOS
DE ARTIFÍCIO E OUTROS ARTEFATOS PIROTÉCNICOS c) delimitar os setores administrativo, de depósitos e de fabri-
(Inclusão dada pela Portaria SIT 7/2007) cação.

1. Este anexo aplica-se a todos os estabelecimentos de fabrica- 4.3. Todas as vias de transporte de materiais no interior do es-
ção e comercialização de fogos de artifício e outros artefatos piro- tabelecimento devem:
técnicos.
a) apresentar largura mínima de 1,20 m;
1.1. Incluem-se no campo de aplicação desta norma as unida-
des de produção de pólvora negra, alumínio para pirotecnia e pro- b) ser mantidas permanentemente desobstruídas;
dutos intermediários destinados à fabricação de fogos de artifício e
outros artefatos pirotécnicos. c) ser devidamente sinalizadas.

2. Para fins deste anexo, consideram-se: 4.4. Deve ser mantida uma faixa de terreno livre de vegetação
rasteira, com 20 m de largura mínima, em torno de todos os depó-
a) fogos de artifício e outros artefatos pirotécnicos, os artigos sitos e pavilhões de trabalho.
pirotécnicos preparados para transmitir inflamação com a finalida-
de de produzir luz, ruído, fumaça ou outros efeitos visuais ou sono- 4.5. Os pavilhões de trabalho devem proporcionar conforto tér-
ros normalmente empregados para entretenimento; mico e iluminação adequada.

b) Responsável Técnico, o profissional da área de química res- 4.6. Nos pavilhões de trabalho deve haver aviso de segurança
ponsável pela coordenação dos laboratórios de controle de qua- em caracteres indeléveis facilmente visualizáveis, contendo as se-
lidade e/ou controle de processos, assim como das operações de guintes informações:
produção, inclusive desenvolvimento de novos produtos, conforme
disposto na legislação vigente; a) identificação do pavilhão e da atividade desenvolvida;

c) acidente do trabalho, o evento não previsto, ocorrido no b) número máximo de trabalhadores permitido;
exercício do trabalho ou como consequência desse, que resulte em
danos à saúde ou integridade física do trabalhador; c) nome completo do encarregado do pavilhão;

d) incidente, o evento não previsto, ocorrido no exercício do d) quantidade máxima de explosivos ou peças contendo explo-
trabalho ou como consequência desse, que não resulte em danos à sivos permitida.
saúde ou integridade física do trabalhador, mas que potencialmen-
te possa provocá-los; 4.7. Os pavilhões de trabalho no setor de explosivos devem ser
dotados de:
e) substância perigosa, aquela com potencial de causar danos
materiais, à saúde e ao meio ambiente que, em função de suas pro- a) pisos impermeabilizados, lisos, laváveis, constituídos de ma-
priedades físico-químicas ou toxicológicas, é classificada como tal terial ou providos de sistema que não permita o acúmulo de energia
a partir de critérios e categorias definidas em um sistema de clas- estática, e mantidos em perfeito estado de conservação e limpeza;
sificação.
b) junções de pisos com paredes, de bancadas com paredes e
3. A observância deste anexo não desobriga as empresas do entre paredes com acabamento arredondado, com a finalidade de
cumprimento de outras disposições legais e regulamentares com evitar o acúmulo de resíduos;
relação à matéria, inclusive as oriundas de convenções e acordos
coletivos de trabalho. c) materiais e equipamentos antiestáticos, adotando-se proce-
dimentos que impeçam acúmulo de poeiras e resíduos, assim como
FABRICAÇÃO quedas de materiais no chão;

4. Instalações d) superfícies de trabalho lisas revestidas por material ou provi-


das de sistema que não permita o acúmulo de energia estática, com
4.1. As instalações físicas dos estabelecimentos devem obe- proteções laterais e acabamentos arredondados, de forma a evitar
decer ao disposto na Norma Regulamentadora nº 8 - NR 8, assim a queda de produtos e nem possibilitar o acúmulo de pó;
como ao disposto no Regulamento para a Fiscalização de Produtos
Controlados (R-105), Decreto nº 3665/2000. e) prateleiras, bancadas e superfícies na quantidade mínima
indispensável ao desenvolvimento dos trabalhos, sendo proibido o
uso de materiais não condutivos ou que permitam o centelha men-
to.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

4.7.1. O pavilhão de manipulação de pólvora branca e similares c) indicação do nome do coordenador do PPRA e dos demais
deve ser dotado de: responsáveis técnicos, a ser atualizada sempre que houver altera-
ções;
a) piso e paredes impermeáveis;
d) estratégias para avaliação, prevenção e controle dos riscos
b) teto lavável; para as atividades existentes ou futuras, no caso de ocorrerem mu-
danças;
c) bancada lisa, constituída de material ou provida de sistema
que não permita o acúmulo de energia estática e de baixa resistên- e) mecanismos de integração do PPRA com o Programa de Con-
cia a impacto; trole Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO - e outros programas
ou atividades existentes relativos à gestão de riscos;
d) lâmina d’água de 0,10 m sobre o piso;
f) mecanismos a serem utilizados para informação, capacitação
e) cocho de alvenaria com 1 m de largura à frente da entrada, e envolvimento dos trabalhadores em Segurança e Saúde no Tra-
também dotado de lâmina d’água de 0,10 m. balho;

4.7.1.1. Toda a água deve ser substituída periodicamente, con- g) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do
forme projeto específico, com filtragem adequada e limpeza do fil- PPRA;
tro.
h) data da elaboração ou revisão e assinatura do responsável
4.8. Todas as instalações elétricas no interior ou proximidades legal pela empresa.
dos pavilhões de produção e armazenamento de explosivos devem
ser dotadas de circuitos independentes e à prova de explosão. 5.2.2 O inventário geral dos riscos consiste em relatório abran-
gente, revisto ou atualizado no mínimo anualmente, que deve con-
4.9. As máquinas e os equipamentos que utilizarem ou gerarem ter ao menos os seguintes elementos:
energia elétrica devem ser aterrados eletricamente.
a) informações relativas ao estabelecimento, como localização
4.10. Todo projeto de instalação, reforma ou mudança da em- geográfica, número total de trabalhadores e número de trabalha-
presa, após sua autorização pelo Exército, deve ser comunicado por dores expostos ao risco de acidentes com explosivos, descrição dos
escrito ao órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego an- processos produtivos, áreas de trabalho e organização do trabalho;
tes do início da sua execução.
b) reconhecimento dos riscos por atividade ou área de traba-
5. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA lho ou função, com indicação dos tipos de exposições ou possíveis
acidentes e danos potenciais, das causas ou fontes dos riscos, das
5.1. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA - medidas de controle existentes e da população de trabalhadores
dos estabelecimentos deve contemplar o disposto na Norma Regu- exposta;
lamentadora nº 9 - NR 9 e, ainda, os riscos específicos relativos aos
locais e atividades com explosivos. c) síntese dos dados obtidos nos monitoramentos de exposi-
ções a agentes químicos ou físicos e estatísticas de acidentes, inci-
5.1.1. O PPRA deve ser elaborado e implementado conjunta- dentes e danos à saúde relacionados ao trabalho;
mente por profissional tecnicamente capacitado em Segurança e
Saúde no Trabalho, pelo Responsável Técnico da empresa e pelos d) estimativa do nível ou da importância dos riscos, consideran-
seus responsáveis legais. do, no mínimo, os parâmetros probabilidade de ocorrência do dano
e severidade do dano;
5.2. O documento-base do PPRA deve conter as seguintes par-
tes: e) ações recomendadas, tais como realização de avaliações de
riscos aprofundadas, monitoramento de exposições, manutenção,
a) documento estratégico; melhoria ou implementação de medidas de prevenção e controle,
ações de informação e capacitação;
b) inventário geral dos riscos;
f) data de elaboração ou revisão e assinatura conjunta do pro-
c) plano de ação anual; fissional tecnicamente capacitado em Segurança e Saúde no Traba-
lho e do Responsável Técnico da empresa.
d) procedimentos e planos específicos de prevenção de aciden-
tes com explosivos e atuação em situações de emergência. 5.2.2.1. Devem ser anexados ao inventário geral de riscos os
seguintes documentos:
5.2.1. O documento estratégico deve conter, de forma sucinta e
no mínimo, os seguintes elementos: a) inventário de produtos químicos;

a) objetivos gerais do PPRA; b) relatórios de investigação de acidentes ou incidentes ocorri-


dos desde a ultima revisão;
b) definição do papel e responsabilidades de todos em relação
às atividades de segurança e saúde no trabalho; c) relatórios de monitoramento de exposições a agentes am-
bientais.

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

5.2.2.1.1. As empresas devem manter à disposição dos órgãos 5.2.4.1. O Plano de Emergência e Combate a Incêndio e Explo-
de fiscalização um inventário de todos os produtos por elas utiliza- são deve conter:
dos ou fabricados, inclusive misturas pirotécnicas intermediárias e
resíduos gerados, elaborado pelo Responsável Técnico, contendo, a) Informações sobre a empresa:
pelo menos:
a1. nome da empresa;
a) nome do produto e respectivos sinônimos ou códigos pelos
quais são conhecidos ou referidos na empresa; a2. detalhamento das edificações de forma isolada;

b) categoria de produto (matéria-prima, produto intermediá- a3. população fixa e flutuante;


rio, produto final ou resíduo);
a4. quartel de bombeiros mais próximo;
c) composição química qualitativa do produto, em particular
dos ingredientes que contribuem para o perigo; a5. croqui dos equipamentos de segurança contra incêndio ins-
talados;
d) local de armazenamento;
a6. mapa de risco de incêndio e explosão;
e) processos ou operações onde são utilizados;
b) Ações de prevenção:
f) classificação da substância ou mistura quanto aos perigos ou
ameaças físicas - incêndio, explosão ou reação violenta - e perigos
ou ameaças à saúde humana e ao meio ambiente, sendo recomen- b1. constituição e atribuições da brigada de incêndio;
dada a adoção das diretrizes estabelecidas pela Comissão Europeia
para classificação de substâncias e misturas perigosas, até que se- b2. registros de treinamentos e exercícios simulados anuais en-
jam adotadas diretrizes nacionais; volvendo os trabalhadores e a brigada de incêndio;

g) frases de risco e frases de segurança de acordo com os prin- b3. previsão de sistema de comunicação com o corpo de bom-
cipais riscos potenciais e medidas de segurança. beiros e autoridades competentes;

5.2.3. O plano de ação anual deve conter, no mínimo, os se- b4. descrição dos equipamentos de segurança contra incêndio;
guintes elementos:
b5. cronograma de inspeção e manutenção periódica dos equi-
a) objetivos; pamentos de segurança contra incêndio;

b) indicação das ações prioritárias e critérios adotados para sua c) Ações de combate a incêndio e procedimentos em caso de
seleção; explosão:

c) indicação dos responsáveis pela execução de cada ação; c1. acionamento do sistema de alerta e alarme;

d) cronograma de execução; c2. procedimento de abandono e previsão de rotas de fuga;

e) mecanismos de acompanhamento e verificação de resulta- c3. comunicação com o corpo de bombeiros e autoridades
dos; competentes;
f) data de elaboração e assinatura do responsável legal pela
c4. acionamento da brigada de incêndio;
empresa;
c5. isolamento da área afetada (perímetro de segurança);
g) registros das alterações ocorridas ao longo do ano, com as
respectivas justificativas.
c6. local de concentração de vitimas;
5.2.4. Outros procedimentos ou planos específicos devem ser
elaborados em função da complexidade do processo produtivo e c7. descrição dos procedimentos de atendimentos as vitimas;
porte da empresa, devendo ser incluídos, no mínimo:
c8. previsão das rotas de acesso dos veículos de socorro;
a) Plano de Emergência e Combate a Incêndio e Explosão;
c9. procedimentos de combate a incêndio e ações emergen-
b) plano de manutenção preventiva das máquinas e equi- ciais em decorrência de explosão;
pamentos do setor produtivo, inclusive veículos utilizados para o
transporte de substâncias químicas; c10. procedimento de avaliação e registro do sinistro;

c) procedimentos operacionais para fabricação, armazenamen- c11. autorização para o retorno as atividades normais.
to e manipulação de produtos ou misturas explosivas, com as devi-
das informações de segurança.

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

5.2.4.2. O Plano de Emergência e Combate a Incêndio e Explo- 8. Locais de trabalho


são deve ser implantado segundo cronograma detalhado contendo
prazos para execução de todas as etapas, inclusive treinamento teó- 8.1. As empresas devem manter todos os locais de trabalho
rico e prático, devendo ser simulado e revisado anualmente, com a sempre em perfeito estado de organização e limpeza, contendo ex-
participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA clusivamente o material necessário à atividade laboral.
- e de todos os trabalhadores.
8.2. Devem ser criados procedimentos eficazes para a limpeza
5.2.4.3. Uma cópia do Plano de Emergência e Combate a Incên- dos calçados na entrada dos pavilhões de trabalho.
dio e Explosão deve ser encaminhada à Coordenadoria Municipal
de Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros local. 8.3. As empresas devem instituir e implementar Normas de
Procedimentos Operacionais para todas as atividades, sob a orien-
5.2.4.4. O trabalhador que exerce atividades de ronda deve ter tação do Responsável Técnico, especificando detalhadamente os
conhecimento do Plano de Emergência e Combate a Incêndio e Ex- procedimentos seguros para a execução de cada tarefa E afixando
plosão e dispor de todo o material e mecanismos necessários para o texto das mesmas nos respectivos pavilhões em local e tamanho
acioná-lo. que sejam visíveis a todos os trabalhadores.

5.3. Todos os documentos relacionados ao PPRA devem ser 8.4. Deve ser observada a quantidade máxima de material ex-
atualizados e mantidos no estabelecimento à disposição dos tra- plosivo e o número máximo de trabalhadores permitidos em cada
balhadores e seus representantes, bem como das autoridades de pavilhão de trabalho, conforme definido pelo Responsável Técnico e
fiscalização. observando-se os dispositivos legais referentes ao tema.
6. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA
8.5. É vedada a permanência de fontes de ignição, assim como
de materiais ou utensílios estranhos à atividade, no interior dos pa-
6.1. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, or-
vilhões de trabalho com explosivos.
ganizada conforme o disposto na Norma Regulamentadora nº 5 -
NR 5, deve realizar inspeções em todos os postos de trabalho com
periodicidade mínima mensal, visando à identificação de situações 8.5.1. As ferramentas utilizadas no manuseio de materiais ex-
que representem riscos à saúde e segurança dos trabalhadores, plosivos devem ser de aço inoxidável ou outro material que dificulte
com a participação do Responsável Técnico e de profissionais de a geração de faíscas.
Segurança e Saúde no Trabalho.
8.6. Durante a jornada laboral as portas dos pavilhões de traba-
6.2. Os relatórios das inspeções com as respectivas conclusões lho devem ser mantidas totalmente abertas para fora, por meio de
devem ser registrados em documentos próprios, submetidos à ci- dispositivo adequado para sua fixação nessa posição, constituído de
ência do empregador e mantidos à disposição da Inspeção do Tra- material que não gere centelhas por atrito, devendo ser mantidas
balho. permanentemente desobstruídas.

6.3. As empresas desobrigadas de manter CIPA devem indicar 8.7. Todos os postos de trabalho devem ser projetados de for-
comissão para realizar as inspeções, que deve incluir, obrigatoria- ma que as atividades possam ser realizadas na posição sentada.
mente, pelo menos um trabalhador do setor de produção e o Res-
ponsável Técnico. 8.7.1. Todos os assentos nos postos de trabalho devem atender
ao disposto na Norma Regulamentadora nº 17 - NR 17.
6.4. O treinamento anual da CIPA ou do trabalhador designa-
do para o cumprimento dos objetivos desta deverá incluir todos 8.7.2. Na impossibilidade técnica de realização do trabalho na
os aspectos relativos aos riscos de acidentes com explosivos e sua posição sentada e em casos em que essa posição implique risco de
prevenção. acidente, devem ser disponibilizados assentos para descanso próxi-
mos aos postos de trabalho, instituindo-se, pelo menos, uma pausa
7. Responsabilidade técnica de 15 minutos a cada 2 horas de trabalho.
7.1. Todas as empresas devem manter Responsável Técnico a 8.8. Todos os estabelecimentos devem dispor de reservas sufi-
seu serviço, devidamente habilitado, cujo nome deverá figurar em
cientes de água, localizadas de modo a permitir sua utilização ime-
todos os rótulos e anúncios.
diata, inclusive para limpeza diária e umedecimento dos locais de
trabalho.
7.2. Cabe ao Responsável Técnico zelar pela qualidade e segu-
rança dos produtos fabricados, inclusive no que diz respeito à segu-
rança e saúde dos trabalhadores. 8.9. Os depósitos de pólvora negra, de produtos acabados e de
bombas devem ser dotados de instrumentos para aferição de tem-
7.3. A responsabilidade técnica abrange as operações de pro- peratura e umidade do ar, mantendo-se à disposição dos órgãos de
dução, inclusive o desenvolvimento de novos produtos, estocagem, fiscalização registro escrito das medições, que devem ser realizadas
embalagem, rotulagem e transporte interno, além do controle de diariamente.
qualidade.

7.4. O Responsável Técnico deve ter horário de trabalho expres-


samente estabelecido em seu contrato com a empresa, devendo
ser mantido registro de seu cumprimento.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

9. Transporte interno pedir a entrada de pessoas, veículos e materiais que não atendam
às exigências de segurança estabelecidas pelas normas internas da
9.1. O transporte interno de produtos inflamáveis ou explosi- empresa.
vos deve obedecer a regras especificadas pelo Responsável Técnico,
que deve definir os meios de transporte, os trajetos e os recipientes 11.2. As empresas devem adotar e divulgar no portão de en-
a serem utilizados, assim como as quantidades máximas a serem trada do estabelecimento regras de segurança sobre a circulação
transportadas de cada vez. de pessoas, veículos automotores ou de tração animal utilizados no
transporte de explosivos no perímetro da fábrica, definindo previa-
9.1.1. Os animais utilizados para transporte dentro da área de mente seu itinerário.
explosivos devem ser desprovidos de ferraduras, de forma a evitar
centelha mento e faíscas. 11.2.1. As empresas devem exercer controle para que o cano
de descarga dos veículos não seja posicionado na direção do pavi-
9.1.2. Os carrinhos para transporte manual de explosivos de- lhão e esteja dotado de dispositivo quebra-chamas.
vem ser ergonomicamente adequados e conter mecanismos de re-
dução de impactos e risco de quedas, assim como dispositivos para 11.2.2. O carregamento e o descarregamento de veículos de-
evitar centelha mento. vem ser efetuados com os motores desligados e atendendo à Nor-
ma Regulamentadora nº 19 - NR 19 e legislação pertinente.
9.2. Os trabalhadores responsáveis pelo transporte interno de
produtos arrematados ou outros materiais devem conhecer todos 12. Destruição de resíduos
os riscos inerentes a esta atividade e receber treinamento especial
sobre levantamento e transporte manual de peso. 12.1. As empresas devem implantar sistema de coleta seletiva
do lixo em todos os pavilhões de trabalho e adotar procedimentos
10. Proteção individual seguros de descarte de materiais e produtos impróprios para utili-
zação.
10.1. As empresas devem fornecer gratuitamente a todos os
12.2. Os resíduos de matérias-primas perigosas e/ou produtos
trabalhadores os equipamentos de proteção individual adequados
explosivos, coletados de forma seletiva, devem ser adequadamen-
aos riscos identificados para cada atividade, definidos no PPRA, em
te armazenados em recipientes apropriados e em locais seguros,
perfeito estado de conservação e funcionamento, responsabilizan-
distantes dos pavilhões de trabalho, até serem encaminhados para
do-se por sua limpeza, manutenção e reposição periódicas e exigin-
destinação adequada.
do o seu uso.
12.3. A destruição de produtos explosivos deve seguir as nor-
10.2. Todos os trabalhadores do setor de explosivos devem
mas dispostas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos
vestir uniformes completos em algodão ou tecido antiestático si-
Controlados (R-105), Decreto no. 3665/2000, com procedimentos
milar, fornecidos gratuitamente pelo empregador, sem quaisquer implantados sob coordenação do Responsável Técnico.
detalhes que possam acumular poeira ou resíduos de produtos quí-
micos. 12.3.1. Todos os trabalhadores envolvidos nas atividades de
coleta e destruição de resíduos devem receber treinamento espe-
10.2.1. A manutenção e a reposição dos uniformes devem ser cífico.
realizadas pela empresa, sem ônus para os trabalhadores.
13. Higiene e do conforto no trabalho
10.2.2. Os uniformes dos trabalhadores que manipulam pólvo-
ra negra, pólvora branca e cores devem ser lavados semanalmente 13.1. As empresas devem manter instalações sanitárias para
pela empresa. uso de seus trabalhadores, separadas por sexo, adequadamente
conservadas e permanentemente limpas, em quantidade suficiente
10.3. Todos os trabalhadores devem portar calçados adequa- ao número daqueles, de acordo com a Norma Regulamentadora nº
dos ao trabalho. 24 - NR 24, localizadas estrategicamente de forma a atender todo
o perímetro da fábrica, à distância máxima de 120 m dos postos de
10.3.1. Os trabalhadores envolvidos na manipulação de explo- trabalho.
sivos devem portar calçados com solados antiestáticos, sem peças
metálicas externas. 13.2. Os estabelecimentos devem ser dotados de vestiários
com chuveiros e armários individuais, em quantidade suficiente ao
10.3.1.1 Nos locais de trabalho dotados de piso com lâmina número de trabalhadores, de acordo com a NR 24, localizados es-
d’água, devem ser utilizados calçados impermeáveis, não sendo trategicamente de forma a permitir que todos ingressem na área
obrigatória a propriedade antiestática. perigosa portando somente os uniformes e calçados adequados e
de modo a propiciar a higienização antes do acesso ao local de re-
11. Acesso aos estabelecimentos feições.

11.1. Os estabelecimentos devem manter serviço permanen- 13.2.1. As empresas manterão, em cada estabelecimento,
te de portaria, com trabalhador fixo, com conhecimento sobre os vestiários específicos e separados para os trabalhadores que ma-
riscos existentes nos locais de trabalho e treinado na prevenção de nuseiam alumínio em pó e pólvora negra, localizados estrategica-
acidentes com explosivos, especialmente no que concerne ao Plano mente a distância máxima de 50 m dos respectivos pavilhões de
de Emergência e Combate a Incêndio e Explosão, cabendo-lhe im- trabalho.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

13.3. Deve ser fornecida água potável a todos os trabalhadores a) da descrição pormenorizada do acidente ou incidente e suas
em recipientes térmicos ou bebedouros não metálicos instalados consequências;
em todos os locais de trabalho, sendo proibido o uso de copos me-
tálicos e coletivos. b) dos fatores causais diretos e indiretos;

13.3.1. Nos locais onde se manuseie explosivos, os bebedouros c) das medidas a serem tomadas para a prevenção de eventos
devem ser instalados do lado de fora dos pavilhões, protegidos da similares;
luz solar.
d) do cronograma para implantação dessas medidas.
13.4. As empresas assegurarão condições suficientes de con-
forto para as refeições dos trabalhadores, em local adequado e fora 16. Controle de qualidade
da área de produção, provido de iluminação apropriada, piso lavá-
vel, dispositivo para aquecer as refeições e fornecimento de água 16.1. As empresas devem dispor de documentos que atestem
potável. a qualidade das matérias-primas utilizadas, arquivados pelas em-
presas por um período mínimo de 2 anos e mantidos à disposição
13.4.1. É proibida a realização de refeições nos pavilhões de da fiscalização.
trabalho.
COMERCIALIZAÇÃO
13.5. Nos casos em que o transporte de trabalhadores seja for-
necido pela empresa, deve ser utilizado veículo em boas condições 17. Para efeitos desta norma, considera-se:
de conforto e manutenção e devidamente licenciado pelas autori-
dades competentes, com assentos e local separado para guarda de
a) comércio de produtos de uso restrito, a venda a varejo e/ou
equipamentos e materiais de trabalho, quando necessário.
atacado de fogos de artifício de uso restrito, conforme estabelecido
na Portaria no. 9/DLog, de 08.05.2006;
14. Formação de trabalhadores

14.1. As empresas devem promover a capacitação e treinamen- b) comércio de produtos de uso permitido, a venda a varejo
to permanente dos seus trabalhadores, conforme programa e cro- e/ou atacado de fogos de artifício em geral que não são definidos
nograma específico, ministrando-lhes todas as informações sobre: como de uso restrito pela legislação do Exército Brasileiro.

a) os riscos decorrentes das suas atividades produtivas e as me- 17.1. No local de comercialização de produtos de uso restrito
didas de prevenção; também poderão ser comercializados produtos de uso permitido.

b) o PPRA, especialmente no que diz respeito à prevenção de 17.2. Nos depósitos e locais de comercialização de produtos pi-
acidentes com explosivos; rotécnicos são expressamente vedadas as atividades de fabricação,
testes, montagem e desmontagem de fogos de artifício.
c) o Plano de Emergência e Combate a Incêndio e Explosão;
17.2.1. No caso de empresas autorizadas a realizar espetáculos
d) as Normas de Procedimentos Operacionais; pirotécnicos, as atividades de montagem e desmontagem somente
podem ser realizadas em local específico para este fim, indepen-
e) a correta utilização e manutenção dos equipamentos de pro- dente e isolado das instalações principais e que atenda ao disposto
teção individual, bem como as suas limitações. na legislação pertinente.

14.1.1. Os treinamentos devem ser ministrados, obrigatoria- 18. A quantidade máxima de fogos de artifício permitida em
mente, nos atos de admissão, sempre que houver troca de função, um local de comercialização de produtos de uso permitido deve
mudança nos procedimentos, equipamentos, processos ou nos atender às normas expedidas pelo órgão estadual ou municipal
materiais de trabalho e, ainda, no mínimo a cada ano a todos os competente.
trabalhadores, sendo obrigatório o registro de seu conteúdo, carga
horária e frequência. 19. A quantidade máxima de fogos de artifício no local de co-
mercialização de produtos de uso restrito deve atender ao disposto
15. Acidentes de trabalho
no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-
105), Decreto nº 3.665/2000.
15.1. Todos os acidentes e incidentes envolvendo materiais
explosivos ocorridos na empresa devem ser comunicados em até
20. Todo local de comercialização deve possuir sistema de pro-
48 horas aos sindicatos das categorias profissional e econômica, à
Delegacia Regional do Trabalho no Estado ao qual pertence o esta- teção contra incêndio, de acordo com a Norma Regulamentadora
belecimento e ao Exército Brasileiro. nº 23 - NR 23 e normas pertinentes do estado ou município.

15.2. Todos os acidentes e incidentes envolvendo materiais ex- 21. Os estabelecimentos de comercialização de produtos de
plosivos devem ser objeto de registro escrito e análise por comissão uso restrito devem estar localizados de modo a atender ao Regula-
constituída, no mínimo, pelo Responsável Técnico, pela CIPA ou re- mento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), Decre-
presentante dos empregados e pelos profissionais de segurança e to no. 3665/2000.
saúde da empresa, se houver, com discriminação:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

22. Os fogos de artifício à venda devem ser dispostos em locais c)artifícios pirotécnicos:
distintos dos de líquidos inflamáveis, substancias oxidantes, corro-
sivas e outras de riscos similares, sendo vedada a sua disposição em I.quando apresentam risco de explosão em massa ou de proje-
móveis fechados. ção, devem ser armazenados aplicando-se a Tabela 3;

22.1. As substâncias mencionadas devem ser adequadamente II.quando há apenas perigo de fogo, com pequeno risco de ex-
identificadas. plosão, deve aplicar-se a Tabela 4;

23. Os fogos de artifícios devem ser mantidos em suas embala- III.quando não há risco significativo, e que na eventualidade de
gens originais, com rótulos em português e atender aos requisitos uma iniciação seus efeitos ficam confinados, predominantemente,
dos Regulamentos Técnicos do Exército Brasileiro no. 1 e 2 e à Por- à embalagem e não projetam fragmentos de dimensões apreciáveis
taria no. 09/DLog, de 8 de Maio de 2006. à grande distância, devem ser armazenados conforme a Tabela 1;

24. As prateleiras e os balcões de venda de fogos de artifício de- d)produtos químicos usados Nº fabrico de misturas explosivas
vem ser dotados de sinalização de advertência quanto à proibição e fogos de artifício, como nitrato de amônio, dinitrolueno, nitro ce-
de fumar ou provocar qualquer tipo de chama ou centelha. lulose úmida, cloratos, per cloratos e outros que somente detonam
em condições especiais:
DISPOSIÇÕES FINAIS
I.quando apresentam apenas o risco de fogo, devem ser aplica-
25. Em todas as atividades produtivas é proibida a remunera- das as distâncias constantes da Tabela 1;
ção por produtividade.
II.quando estiverem armazenados próximos a outros materiais,
26. É vedada a fabricação de fogos de artifícios com as matérias com os quais podem formar misturas explosivas, as distâncias entre
primas proibidas pela legislação do Exercito Brasileiro. depósitos devem obedecer as constantes da Tabela 3, permanecen-
do as demais distâncias (habitações, rodovias e ferrovias) as cons-
27. É vedada a contratação de serviços externos que envolvam tantes da Tabela 1;
o manuseio de materiais ou misturas de explosivos, exceto de em-
presa ou prestador de serviço que atenda o disposto nesta norma. e)iniciadores: embora possam explodir de forma simultânea,
sua quantidade é pequena e sua arrumação esparsa, devendo ser
28. As empresas não utilizarão mão de obra de menores de 18 armazenados conforme a Tabela 2;
anos para a fabricação de fogos de artifício e nem para o transpor-
te, processamento, armazenamento, manuseio ou carregamento f)explosivos de ruptura: podem queimar ou explodir, depen-
de suas matérias-primas. dendo do material, quantidade e grau de confinamento, devendo
ser aplicadas as distâncias constantes da Tabela 3.
29. As empresas não permitirão a entrada de menores de 18
anos nos estabelecimentos de fabricação de fogos de artifício, ex-
ceto no setor de cartonagem, em que não haja contato com ex- NR 20 - LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS
plosivos ou inflamáveis e nos setores administrativos, desde que
localizados fora da área de risco.
NR20 -NORMA REGULAMENTADORA 20
30. É expressamente proibida a realização de testes de mate-
riais ou produtos nos pavilhões de trabalho ou por trabalhador não SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E
treinado para esta finalidade. COMBUSTÍVEIS
20.1. Introdução
30.1. O teste de novos materiais ou novos produtos somente 20.1.1 Esta Norma Regulamentadora -NRestabelece requisitos
poderá ser realizado sob a supervisão direta de Responsável Téc- mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os
nico. fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extra-
ção, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipu-
ANEXO II (voltar) lação de inflamáveis e líquidos combustíveis.
20.2. Abrangência
TABELAS DE QUANTIDADES-DISTÂNCIAS 20.2.1 EstaNRse aplica às atividades de:
a) extração, produção, armazenamento, transferência, manu-
(Inclusão dada pela Portaria SIT 228/2011) seio e manipulação de inflamáveis, nas etapas de projeto, constru-
ção, montagem, operação, manutenção, inspeção e desativação da
As tabelas a seguir aplicam-se às atividades de fabricação de instalação;
explosivos, devendo ser utilizadas de acordo com o tipo de explosi- b) extração, produção, armazenamento, transferência e manu-
vo depositado nas edificações, conforme especificado a seguir: seio de líquidos combustíveis, nas etapas de projeto, construção,
montagem, operação, manutenção, inspeção e desativação da ins-
a)munições: apresentam risco principal de incêndio, não ha- talação.
vendo necessidade do uso de tabelas; 20.2.2 EstaNRnão se aplica:
a) às plataformas e instalações de apoio empregadas com a fi-
b)pólvoras químicas: queimam produzindo calor intenso, sem nalidade de exploração e produção de petróleo e gás do subsolo
estilhaços ou pressões capazes de causar danos sérios, devendose marinho, conforme definido no Anexo II, da Norma Regulamenta-
aplicar a Tabela 1; dora 30 (PortariaSITnº 183, de 11 de maio de 2010);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

b) às edificações residenciaisunifamiliares.
20.3. Definições
20.3.1 Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60º C.
20.3.2 Gases inflamáveis: gases que inflamam com o ar a 20º C e a uma pressão padrão de 101,3kPa.
20.3.3 Líquidos combustíveis: são líquidos com ponto de fulgor > 60º C e ≤ 93º C e
20.4 Classificação das Instalações
20.4.1 Para efeito destaNR, as instalações são divididas em classes, conforme Tabela 1.

Classe I
• a) Quanto à atividade:
a.1 - postos de serviço com inflamáveis e/ou líquidos combustíveis.
a.2. atividades de distribuição canalizada de gases inflamáveis em instalações com Pressão Máxima de Trabalho Admissível - PMTA
limitada a 18,0 kgf/cm2. (Incluída pelaPortaria MTB 860/2018)
• b) Quanto à capacidade de armazenamento, de forma permanente e/ou transitória:
b.1 - gases inflamáveis: acima de 2tonaté 60ton;
b.2 - líquidos inflamáveis e/ou combustíveis: acima de 10 m³ até 5.000 m³.
Classe II
• a) Quanto à atividade:
a.1 - engarrafadoras de gases inflamáveis;
a.2 - atividades de transportedutoviáriode gases e líquidos inflamáveis e/ou combustíveis.
a.3. atividades de distribuição canalizada de gases inflamáveis em instalações com Pressão Máxima de Trabalho Admissível - PMTA
acima de 18,0 kgf/cm2. (Incluída pelaPortaria MTB 860/2018)
• b) Quanto à capacidade de armazenamento, de forma permanente e/ou transitória:
b.1 - gases inflamáveis: acima de 60tonaté 600ton;
b.2 - líquidos inflamáveis e/ou combustíveis: acima de 5.000 m³ até 50.000 m³.
Classe III
• a) Quanto à atividade:
a.1 - refinarias;
a.2 - unidades de processamento de gás natural;
a.3 - instalações petroquímicas;
a.4 - usinas de fabricação de etanol e/ou unidades de fabricação de álcool.
• b) Quanto à capacidade de armazenamento, de forma permanente e/ou transitória:
b.1 - gases inflamáveis: acima de 600ton;
b.2 - líquidos inflamáveis e/ou combustíveis: acima de 50.000 m³.

20.4.1.1 Para critérios de classificação, o tipo de atividade enunciada possui prioridade sobre a capacidade de armazenamento.
20.4.1.2 Quando a capacidade de armazenamento da instalação se enquadrar em duas classes distintas, por armazenar líquidos infla-
máveis e/ou combustíveis e gases inflamáveis, deve-se utilizar a classe de maior gradação.
20.4.2 Esta NR estabelece dois tipos de instalações que constituem exceções e estão definidas no Anexo I, não devendo ser aplicada
a Tabela 1.
20.5. Projeto da Instalação
20.5.1 As instalações para extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos
combustíveis devem ser projetadas considerando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que impactem sobre a integridade
física dos trabalhadores previstos nas Normas Regulamentadoras, normas técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas, nas normas
internacionais, convenções e acordos coletivos, bem como nas demais regulamentações pertinentes em vigor.
20.5.2 No projeto das instalações classes II e III devem constar, no mínimo, e em língua portuguesa:
a) descrição das instalações e seus respectivos processos através do manual de operações;
b) planta geral de locação das instalações;
c) características e informações de segurança, saúde e meio ambiente relativas aos inflamáveis e líquidos combustíveis, constantes nas
fichas com dados de segurança de produtos químicos, de matérias primas, materiais de consumo e produtos acabados;
d) fluxograma de processo;
e) especificação técnica dos equipamentos, máquinas e acessórios críticos em termos de segurança e saúde no trabalho estabelecidos
pela análise de riscos;
f) plantas, desenhos e especificações técnicas dos sistemas de segurança da instalação;
g) identificação das áreas classificadas da instalação, para efeito de especificação dos equipamentos e instalações elétricas;
h) medidas intrínsecas de segurança identificadas na análise de riscos do projeto.
20.5.2.1 No projeto das instalações classe I deve constar o disposto nas alíneas “a”, “b”, “c”, “f” e “g” do item 20.5.2.
20.5.2.2 No projeto, devem ser observadas as distâncias de segurança entre instalações, edificações, tanques, máquinas, equipamen-
tos, áreas de movimentação e fluxo, vias de circulação interna, bem como dos limites da propriedade em relação a áreas circunvizinhas e
vias públicas, estabelecidas em normas técnicas nacionais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.5.2.3 O projeto deve incluir o estabelecimento de mecanis- d) recomendações decorrentes das análises de acidentes e/ou
mos de controle para interromper e/ou reduzir uma possível cadeia incidentes nos trabalhos relacionados com inflamáveis e líquidos
de eventos decorrentes de vazamentos, incêndios ou explosões. combustíveis;
20.5.3 Os projetos das instalações existentes devem ser atua- e) solicitações da CIPA ou SESMT.
lizados com a utilização de metodologias de análise de riscos para 20.7.3 Nas operações de transferência de inflamáveis, enchi-
a identificação da necessidade de adoção de medidas de proteção mento de recipientes ou de tanques, devem ser adotados procedi-
complementares. mentos para:
20.5.4 Todo sistema pressurizado deve possuir dispositivos de a) eliminar ou minimizar a emissão de vapores e gases infla-
segurança definidos em normas técnicas nacionais e, na ausência máveis;
ou omissão destas, em normas internacionais. b) controlar a geração, acúmulo e descarga de eletricidade es-
20.5.5 Modificações ou ampliações das instalações passíveis de tática.
afetar a segurança e a integridade física dos trabalhadores devem 20.7.4 No processo de transferência de inflamáveis e líquidos
ser precedidas de projeto que contemple estudo de análise de ris- combustíveis, deve-se implementar medidas de controle operacio-
cos. nal e/ou de engenharia das emissões fugitivas, emanadas durante
20.5.6 O projeto deve ser elaborado por profissional habilitado. a carga e descarga de tanques fixos e de veículos transportadores,
20.5.7 No processo de transferência, enchimento de recipien- para a
tes ou de tanques, devem ser definidas em projeto as medidas pre- eliminação ou minimização dessas emissões.
ventivas para: 20.7.5 Na operação com inflamáveis e líquidos combustíveis,
a) eliminar ou minimizar a emissão de vapores e gases infla- em instalações de processo contínuo de produção e de Classe III, o
máveis; empregador deve dimensionar o efetivo de trabalhadores suficien-
b) controlar a geração, acúmulo e descarga de eletricidade es- te para a realização das tarefas operacionais com segurança.
tática. 20.7.5.1 Os critérios e parâmetros adotados para o dimensio-
20.6 Segurança na Construção e Montagem namento do efetivo de trabalhadores devem estar documentados.
20.6.1 A construção e montagem das instalações para extração, 20.8. Manutenção e Inspeção das Instalações
produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação 20.8.1 As instalações classes I, II e III para extração, produção,
de inflamáveis e líquidos combustíveis devem observar as especifi- armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de infla-
cações previstas no projeto, bem como nas Normas Regulamenta- máveis e líquidos combustíveis devem possuir plano de inspeção e
doras e nas normas técnicas nacionais e, na ausência ou omissão manutenção devidamente documentado.
destas, nas normas internacionais. 20.8.2 O plano de inspeção e manutenção deve abranger, no
20.6.2 As inspeções e os testes realizados na fase de constru- mínimo:
ção e montagem e no comissionamento devem ser documentados a) equipamentos, máquinas, tubulações e acessórios, instru-
de acordo com o previsto nas Normas Regulamentadoras, nas nor- mentos;
mas técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas, nas nor- b) tipos de intervenção;
mas internacionais, e nos manuais de fabricação dos equipamentos c) procedimentos de inspeção e manutenção;
e máquinas. d) cronograma anual;
20.6.3 Os equipamentos e as instalações devem ser identifica- e) identificação dos responsáveis;
dos e sinalizados, de acordo com o previsto pelas Normas Regula- f) especialidade e capacitação do pessoal de inspeção e manu-
mentadoras e normas técnicas nacionais. tenção;
20.7. Segurança Operacional g) procedimentos específicos de segurança e saúde;
20.7.1 O empregador deve elaborar, documentar, implementar, h) sistemas e equipamentos de proteção coletiva e individual.
divulgar e manter atualizados procedimentos operacionais que con- 20.8.3 Os planos devem ser periodicamente revisados e atuali-
templem aspectos de segurança e saúde no trabalho, em conformi- zados, considerando o previsto nas Normas Regulamentadoras, nas
dade com as especificações do projeto das instalações classes I, II e normas técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas, nas
III e com as recomendações das análises de riscos. normas internacionais, nos manuais de inspeção, bem como nos
20.7.1.1 Nas instalações industriais classes II e III, com unida- manuais fornecidos pelos fabricantes.
des de processo, os procedimentos referidos no item 20.7.1 devem 20.8.3.1 Todos os manuais devem ser disponibilizados em lín-
possuir instruções claras para o desenvolvimento de atividades em gua portuguesa.
cada uma das seguintes fases: 20.8.4 A fixação da periodicidade das inspeções e das interven-
a) pré-operação; ções de manutenção deve considerar:
b) operação normal; a) o previsto nas Normas Regulamentadoras e normas técnicas
c) operação temporária; nacionais e, na ausência ou omissão destas, nas normas interna-
d) operação em emergência; cionais;
e) parada normal; b) as recomendações do fabricante, em especial dos itens críti-
f) parada de emergência; cos à segurança e saúde do trabalhador;
g) operação pós-emergência. c) as recomendações dos relatórios de inspeções de segurança
20.7.2 Os procedimentos operacionais referidos no item e de análise de acidentes e incidentes do trabalho, elaborados pela
20.7.1 devem ser revisados e/ou atualizados, no máximo trie- CIPA ou SESMT;
nalmente para instalações classes I e II e quinquenalmente para ins- d) as recomendações decorrentes das análises de riscos;
talações classe III ou em uma das seguintes situações: e) a existência de condições ambientais agressivas.
a) recomendações decorrentes do sistema de gestão de mu- 20.8.5 O plano de inspeção e manutenção e suas respectivas
danças; atividades devem ser documentados em formulário próprio ou sis-
b) recomendações decorrentes das análises de riscos; tema informatizado.
c) modificações ou ampliações da instalação;

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.8.6 As atividades de inspeção e manutenção devem ser rea- 20.10.4.1 O profissional habilitado deve fundamentar tecni-
lizadas por trabalhadores capacitados e com apropriada supervisão. camente e registrar na própria análise a escolha da metodologia
20.8.7 As recomendações decorrentes das inspeções e manu- utilizada.
tenções devem ser registradas e implementadas, com a determina- 20.10.5 As análises de riscos devem ser revisadas:
ção de prazos e de responsáveis pela execução. a) na periodicidade estabelecida para as renovações da licença
20.8.7.1 A não implementação da recomendação no prazo de- de operação da instalação;
finido deve ser justificada e documentada. b) no prazo recomendado pela própria análise;
20.8.8 Deve ser elaborada permissão de trabalho para ativida- c) caso ocorram modificações significativas no processo ou pro-
des não rotineiras de intervenção nos equipamentos, baseada em cessamento;
análise de risco, nos trabalhos: d) por solicitação do SESMT ou da CIPA;
a) que possam gerar chamas, calor, centelhas ou ainda que en- e) por recomendação decorrente da análise de acidentes ou
volvam o seu uso; incidentes relacionados ao processo ou processamento;
b) em espaços confinados, conforme Norma Regulamentadora f) quando o histórico de acidentes e incidentes assim o exigir.
nº 33; 20.10.6 O empregador deve implementar as recomendações
c) envolvendo isolamento de equipamentos e bloqueio/etique- resultantes das análises de riscos, com definição de prazos e de res-
tagem; ponsáveis pela execução.
d) em locais elevados com risco de queda; 20.10.6.1 A não implementação das recomendações nos pra-
e) com equipamentos elétricos, conforme Norma Regulamen- zos definidos deve ser justificada e documentada.
tadora nº 10; 20.10.7 As análises de riscos devem estar articuladas com o
f) cujas boas práticas de segurança e saúde recomendem. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) da instalação.
20.8.8.1 As atividades rotineiras de inspeção e manutenção de-
20.11. Capacitação dos trabalhadores
vem ser precedidas de instrução de trabalho.
20.11.1 Toda capacitação prevista nesta NR deve ser realizada
20.8.9 O planejamento e a execução de paradas para manu-
a cargo e custo do empregador e durante o expediente normal da
tenção de uma instalação devem incorporar os aspectos relativos à
empresa.
segurança e saúde no trabalho.
20.9 Inspeção em Segurança e Saúde no Ambiente de Trabalho 20.11.1.1 Os critérios estabelecidos nos itens 20.11.2 a 20.11.9
20.9.1 As instalações classes I, II e III para extração, produção, encontram-se resumidos no Anexo II.
armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de infla- 20.11.2 Os trabalhadores que laboram em instalações classes
máveis e líquidos combustíveis devem ser periodicamente inspecio- I, II ou III e não adentram na área ou local de extração, produção,
nadas com enfoque na segurança e saúde no ambiente de trabalho. armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de infla-
20.9.2 Deve ser elaborado, em articulação com a CIPA, um máveis e líquidos combustíveis devem receber informações sobre
cronograma de inspeções em segurança e saúde no ambiente de os perigos, riscos e sobre procedimentos para situações de emer-
trabalho, de acordo com os riscos das atividades e operações de- gências.
senvolvidas. 20.11.3 Os trabalhadores que laboram em instalações classes
20.9.3 As inspeções devem ser documentadas e as respectivas I, II ou III e adentram na área ou local de extração, produção, arma-
recomendações implementadas, com estabelecimento de prazos e zenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis
de responsáveis pela sua execução. e líquidos combustíveis, mas não mantêm contato direto com o pro-
20.9.3.1 A não implementação da recomendação no prazo de- cesso ou processamento, devem realizar o curso de Integração.
finido deve ser justificada e documentada. 20.11.3 Os trabalhadores que laboram em instalações classes
20.9.4 Os relatórios de inspeção devem ficar disponíveis às au- I, II ou III e adentram na área ou local de extração, produção, arma-
toridades competentes e aos trabalhadores. zenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis
20.10 Análise de Riscos e líquidos combustíveis, mas não mantêm contato direto com o
20.10.1 Nas instalações classes I, II e III, o empregador deve processo ou processamento, devem realizar o Curso de Integração
elaborar e documentar as análises de riscos das operações que sobre Inflamáveis e Combustíveis. (Nova Redação dada pelaPortaria
envolvam processo ou processamento nas atividades de extração, MTB 860/2018)
produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação 20.11.4 Os trabalhadores que laboram em instalações classes
de inflamáveis e de líquidos combustíveis. I, II ou III, adentram na área ou local de extração, produção, arma-
20.10.2 As análises de riscos da instalação devem ser estrutu- zenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis
radas com base em metodologias apropriadas, escolhidas em fun- e líquidos combustíveis e mantêm contato direto com o processo
ção dos propósitos da análise, das características e complexidade
ou processamento, realizando atividades específicas, pontuais e de
da instalação.
curta duração, devem realizar curso Básico.
20.10.2.1 As análises de riscos devem ser coordenadas por pro-
20.11.5 Os trabalhadores que laboram em instalações classes
fissional habilitado.
I, II e III, adentram na área ou local de extração, produção, armaze-
20.10.2.2 As análises de riscos devem ser elaboradas por equi-
pe multidisciplinar, com conhecimento na aplicação das metodolo- namento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e
gias, dos riscos e da instalação, com participação de, no mínimo, um líquidos combustíveis e mantêm contato direto com o processo ou
trabalhador com experiência na instalação, ou em parte desta, que processamento, realizando atividades de manutenção e inspeção,
é objeto da análise. devem realizar curso Intermediário.
20.10.3 Nas instalações classe I, deve ser elaborada Análise 20.11.6 Os trabalhadores que laboram em instalações classe I,
Preliminar de Perigos/Riscos (APP/APR). adentram na área ou local de extração, produção, armazenamento,
20.10.4 Nas instalações classes II e III, devem ser utilizadas me- transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos
todologias de análise definidas pelo profissional habilitado, deven- combustíveis e mantêm contato direto com o processo ou proces-
do a escolha levar em consideração os riscos, as características e samento, realizando atividades de operação e atendimento a emer-
complexidade da instalação. gências, devem realizar curso Intermediário.

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.11.7 Os trabalhadores que laboram em instalações classe II, 20.11.16 Os cursos Avançados I e II e Específico devem ter um
adentram na área ou local de extração, produção, armazenamento, profissional habilitado como responsável técnico.
transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos 20.11.17 Para os cursos de Integração, Básico, Intermediário,
combustíveis e mantêm contato direto com o processo ou proces- Avançados I e II e Específico, a emissão do certificado se dará para
samento, realizando atividades de operação e atendimento a emer- os trabalhadores que, após avaliação, tenham obtido aproveita-
gências, devem realizar curso Avançado I. mento satisfatório.
20.11.8 Os trabalhadores que laboram em instalações classe III, 20.11.17 Para os cursos de Integração sobre Inflamáveis e
adentram na área ou local de extração, produção, armazenamento, Combustíveis, Básico, Intermediário, Avançados I e II e Específico, a
transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos emissão do certificado se dará para os trabalhadores que, após ava-
combustíveis e mantêm contato direto com o processo ou proces- liação, tenham obtido aproveitamento satisfatório. (Nova Redação
samento, realizando atividades de operação e atendimento a emer- dada pelaPortaria MTB 860/2018)
gências, devem realizar curso Avançado II. 20.11.17.1 O certificado deve conter o nome do trabalhador,
20.11.9 Os profissionais de segurança e saúde no trabalho que conteúdo programático, carga horária, data, local, nome do(s) ins-
laboram em instalações classes II e III, adentram na área ou local trutor(es), nome e assinatura do responsável técnico ou do respon-
de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio sável pela organização técnica do curso.
e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis e mantêm 20.11.17.2 O certificado deve ser fornecido ao trabalhador, me-
contato direto com o processo ou processamento devem realizar diante recibo, e uma cópia arquivada na empresa.
o curso Específico. 20.11.18 Os participantes da capacitação devem receber mate-
20.11.10 Os trabalhadores que realizaram o curso Básico, caso rial didático, que pode ser em meio impresso, eletrônico ou similar.
venham a necessitar do curso Intermediário, devem fazer comple- 20.11.19 O empregador deve estabelecer e manter sistema
mentação com carga horária de 8 horas, nos conteúdos estabele- de identificação que permita conhecer a capacitação de cada tra-
cidos pelos itens 6, 7 e 8 do curso Intermediário, incluindo a parte balhador, cabendo a este a obrigação de utilização visível do meio
prática. identificador.
20.11.11 Os trabalhadores que realizaram o curso Intermedi- 20.12. Prevenção e controle de vazamentos, derramamentos,
ário, caso venham a necessitar do curso Avançado I, devem fazer incêndios, explosões e emissões fugitivas
complementação com carga horária de 8 horas, nos conteúdos es- 20.12.1 O empregador deve elaborar plano que contemple a
tabelecidos pelos itens 9 e 10 do curso Avançado I, incluindo a parte prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios e
prática. explosões e, nos locais sujeitos à atividade de trabalhadores, a iden-
20.11.12 Os trabalhadores que realizaram o curso Avançado I, tificação das fontes de emissões fugitivas.
caso venham a necessitar do curso Avançado II, devem fazer com- 20.12.2 O plano deve contemplar todos os meios e ações ne-
plementação com carga horária de 8 horas, no item 11 e 12 do cur- cessárias para minimizar os riscos de ocorrência de vazamento, der-
so Avançado II, incluindo a parte prática. ramamento, incêndio e explosão, bem como para reduzir suas con-
20.11.13 O trabalhador deve participar de curso de Atualiza- sequências em caso de falha nos sistemas de prevenção e controle.
ção, cujo conteúdo será estabelecido pelo empregador e com a se- 20.12.2.1 Para emissões fugitivas, após a identificação das fon-
guinte periodicidade: tes nos locais sujeitos à atividade de trabalhadores, o plano deve
a) curso Básico: a cada 3 anos com carga horária de 4 horas; incluir ações para minimização dos riscos, de acordo com viabilida-
b) curso Intermediário: a cada 2 anos com carga horária de 4 de técnica.
horas; 20.12.3 O plano deve ser revisado:
c) cursos Avançado I e II: a cada ano com carga horária de 4 a) por recomendações das inspeções de segurança e/ou da
horas. análise de riscos;
20.11.13.1 Deve ser realizado, de imediato, curso de Atualiza- b) quando ocorrerem modificações significativas nas instala-
ção para os trabalhadores envolvidos no processo ou processamen- ções;
to, onde: c) quando da ocorrência de vazamentos, derramamentos, in-
a) ocorrer modificação significativa;
cêndios e/ou explosões.
b) ocorrer morte de trabalhador;
20.12.4 Os sistemas de prevenção e controle devem ser ade-
c) ocorrerem ferimentos em decorrência de explosão e/ou
quados aos perigos/riscos dos inflamáveis e líquidos combustíveis.
queimaduras de 2º ou 3º grau, que implicaram em necessidade de
20.12.5 Os tanques que armazenam líquidos inflamáveis e
internação hospitalar;
combustíveis devem possuir sistemas de contenção de vazamentos
d) o histórico de acidentes e/ou incidentes assim o exigir.
ou derramamentos, dimensionados e construídos de acordo com as
20.11.14 Os instrutores da capacitação dos cursos de Integra-
normas técnicas nacionais.
ção, Básico, Intermediário, Avançados I e II e Específico devem ter
20.12.5.1 No caso de bacias de contenção, é vedado o armaze-
proficiência no assunto.
namento de materiais, recipientes e similares em seu interior, exce-
20.11.14 Os instrutores da capacitação dos cursos de Integra-
ção sobre Inflamáveis e Combustíveis, Básico, Intermediário, Avan- to nas atividades de manutenção e inspeção.
çados I e II e Específico, devem ter proficiência no assunto. (Nova 20.13. Controle de fontes de ignição
Redação dada pelaPortaria MTB 860/2018) 20.13.1 Todas as instalações elétricas e equipamentos elétri-
20.11.15 Os cursos de Integração, Básico e Intermediário de- cos fixos, móveis e portáteis, equipamentos de comunicação, ferra-
vem ter um responsável por sua organização técnica, devendo ser mentas e similares utilizados em áreas classificadas, assim como os
um dos instrutores. equipamentos de controle de descargas atmosféricas, devem estar
20.11.15 Os cursos de Integração sobre Inflamáveis e Combus- em conformidade com a Norma Regulamentadora nº 10.
tíveis, Básico e Intermediário, devem ter um responsável por sua or- 20.13.2 O empregador deve implementar medidas específicas
ganização técnica, devendo ser um dos instrutores. (Nova Redação para controle da geração, acúmulo e descarga de eletricidade está-
dada pelaPortaria MTB 860/2018) tica em áreas sujeitas à existência de atmosferas inflamáveis.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.13.3 Os trabalhos envolvendo o uso de equipamentos que 20.14.7 A participação do trabalhador nas equipes de resposta
possam gerar chamas, calor ou centelhas, nas áreas sujeitas à exis- a emergências é voluntária, salvo nos casos em que a natureza da
tência de atmosferas inflamáveis, devem ser precedidos de permis- função assim o determine.
são de trabalho. 20.15 Comunicação de Ocorrências
20.13.4 O empregador deve sinalizar a proibição do uso de fon- 20.15.1 O empregador deve comunicar ao órgão regional do
tes de ignição nas áreas sujeitas à existência de atmosferas infla- Ministério do Trabalho e Emprego e ao sindicato da categoria pro-
máveis. fissional predominante no estabelecimento a ocorrência de vaza-
20.13.5 Os veículos que circulem nas áreas sujeitas à existência mento, incêndio ou explosão envolvendo inflamáveis e líquidos
de atmosferas inflamáveis devem possuir características apropria- combustíveis que tenha como consequência qualquer das possibi-
das ao local e ser mantidos em perfeito estado de conservação. lidades a seguir:
20.14. Plano de Resposta a Emergências da Instalação a) morte de trabalhador(es);
20.14.1 O empregador deve elaborar e implementar plano de b) ferimentos em decorrência de explosão e/ou queimaduras
resposta a emergências que contemple ações específicas a serem de 2º ou 3º grau, que implicaram em necessidade de internação
adotadas na ocorrência de vazamentos ou derramamentos de infla- hospitalar;
máveis e líquidos combustíveis, incêndios ou explosões. c) acionamento do plano de resposta a emergências que tenha
20.14.2 O plano de resposta a emergências das instalações requerido medidas de intervenção e controle.
classe I, II e III deve ser elaborado considerando as características e 20.15.1.1 A comunicação deve ser encaminhada até o segundo
a complexidade da instalação e conter, no mínimo: dia útil após a ocorrência e deve conter:
a) nome e função do(s) responsável(eis) técnico(s) pela elabo- a) Nome da empresa, endereço, local, data e hora da ocorrên-
ração e revisão do plano; cia;
b) nome e função do responsável pelo gerenciamento, coorde- b) Descrição da ocorrência, incluindo informações sobre os in-
nação e implementação do plano; flamáveis, líquidos combustíveis e outros produtos envolvidos;
c) designação dos integrantes da equipe de emergência, res- c) Nome e função da vítima;
ponsáveis pela execução de cada ação e seus respectivos substitu- d) Procedimentos de investigação adotados;
tos; e) Consequências;
d) estabelecimento dos possíveis cenários de emergências, f) Medidas emergenciais adotadas.
20.15.1.2 A comunicação pode ser feita por ofício ou meio
com base nas análises de riscos;
eletrônico ao sindicato da categoria profissional predominante no
e) descrição dos recursos necessários para resposta a cada ce-
estabelecimento e ao setor de segurança e saúde do trabalho do
nário contemplado;
órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego.
f) descrição dos meios de comunicação;
20.15.2 O empregador deve elaborar relatório de investigação
g) procedimentos de resposta à emergência para cada cenário
e análise da ocorrência descrita no item 20.15.1, contendo as cau-
contemplado;
sas básicas e medidas preventivas adotadas, e mantê-lo no local de
h) procedimentos para comunicação e acionamento das auto-
trabalho a disposição da autoridade competente, dos trabalhadores
ridades públicas e desencadeamento da ajuda mútua, caso exista;
e seus representantes.
i) procedimentos para orientação de visitantes, quanto aos ris- 20.16. Contratante e Contratadas
cos existentes e como proceder em situações de emergência; 20.16.1 A contratante e as contratadas são solidariamente res-
j) cronograma, metodologia e registros de realização de exer- ponsáveis pelo cumprimento desta Norma Regulamentadora.
cícios simulados. 20.16.2 Das responsabilidades da Contratante.
20.14.3 Nos casos em que os resultados das análises de ris- 20.16.2.1 Os requisitos de segurança e saúde no trabalho ado-
cos indiquem a possibilidade de ocorrência de um acidente cujas tados para os empregados das contratadas devem ser, no mínimo,
consequências ultrapassem os limites da instalação, o empregador equivalentes aos aplicados para os empregados da contratante.
deve incorporar no plano de emergência ações que visem à prote- 20.16.2.2 A empresa contratante, visando atender ao previsto
ção da comunidade circunvizinha, estabelecendo mecanismos de nesta NR, deve verificar e avaliar o desempenho em segurança e
comunicação e alerta, de isolamento da área atingida e de aciona- saúde no trabalho nos serviços contratados.
mento das autoridades públicas. 20.16.2.3 Cabe à contratante informar às contratadas e a seus
20.14.4 O plano de resposta a emergências deve ser avaliado empregados os riscos existentes no ambiente de trabalho e as res-
após a realização de exercícios simulados e/ou na ocorrência de si- pectivas medidas de segurança e de resposta a emergências a se-
tuações reais, com o objetivo de testar a sua eficácia, detectar pos- rem adotadas.
síveis falhas e proceder aos ajustes necessários. 20.16.3 Da Responsabilidade das Contratadas.
20.14.5 Os exercícios simulados devem ser realizados durante 20.16.3.1 A empresa contratada deve cumprir os requisitos de
o horário de trabalho, com periodicidade, no mínimo, anual, po- segurança e saúde no trabalho especificados pela contratante, por
dendo ser reduzida em função das falhas detectadas ou se assim esta e pelas demais Normas Regulamentadoras.
recomendar a análise de riscos. 20.16.3.2 A empresa contratada deve assegurar a participação
20.14.5.1 Os trabalhadores na empresa devem estar envolvi- dos seus empregados nas capacitações em segurança e saúde no
dos nos exercícios simulados, que devem retratar, o mais fielmente trabalho promovidas pela contratante, assim como deve providen-
possível, a rotina de trabalho. ciar outras capacitações específicas que se façam necessárias.
20.14.5.2 O empregador deve estabelecer critérios para avalia- 20.17 Tanque de líquidos inflamáveis no interior de edifícios
ção dos resultados dos exercícios simulados. 20.17.1 Os tanques para armazenamento de líquidos inflamá-
20.14.6 Os integrantes da equipe de resposta a emergências veis somente poderão ser instalados no interior dos edifícios sob
devem ser submetidos a exames médicos específicos para a função a forma de tanque enterrado e destinados somente a óleo diesel.
que irão desempenhar, conforme estabelece a Norma Regulamen-
tadora nº 7, incluindo os fatores de riscos psicossociais, com a emis-
são do respectivo atestado de saúde ocupacional.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.17.2 Excetuam-se da aplicação do item 20.17.1 os tanques 20.19.1 O Prontuário da instalação deve ser organizado, man-
de superfície que armazenem óleo diesel destinados à alimentação tido e atualizado pelo empregador e constituído pela seguinte do-
de motores utilizados para a geração de energia elétrica em situa- cumentação:
ções de emergência ou para o funcionamento das bombas de pres- a) Projeto da Instalação;
surização da rede de água para combate a incêndios, nos casos em b) Procedimentos Operacionais;
que seja comprovada a impossibilidade de instalá-lo enterrado ou c) Plano de Inspeção e Manutenção;
fora da projeção horizontal do edifício. d) Análise de Riscos;
20.17.2.1 A instalação do tanque no interior do edifício deve e) Plano de prevenção e controle de vazamentos, derramamen-
ser precedida de Projeto e de Análise Preliminar de Perigos/Riscos tos, incêndios e explosões e identificação das fontes de emissões
(APP/APR), ambos elaborados por profissional habilitado, contem- fugitivas;
plando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente previstos f) Certificados de capacitação dos trabalhadores;
nas Normas Regulamentadoras, normas técnicas nacionais e, na g) Análise de Acidentes;
ausência ou omissão destas, nas normas internacionais, bem como h) Plano de Resposta a Emergências.
nas demais regulamentações pertinentes, e deve obedecer aos se- 20.19.2 O Prontuário das instalações classe I devem conter um
guintes critérios: índice e ser constituído em documento único.
a) localizar-se no pavimento térreo, subsolo ou pilotis, em área 20.19.2.1 Os documentos do Prontuário das instalações clas-
exclusivamente destinada para tal fim; ses II ou III podem estar separados, desde que seja mencionado no
b) deve dispor de sistema de contenção de vazamentos: índice a localização destes na empresa e o respectivo responsável.
c) deve conter até 3 tanques separados entre si e do restante 20.19.3 O Prontuário da Instalação deve estar disponível às au-
da edificação por paredes resistentes ao fogo por no mínimo 2 ho- toridades competentes, bem como para consulta aos trabalhadores
ras e porta do tipo corta-fogo; e seus representantes.
d) possuir volume total de armazenagem de no máximo 3.000 20.19.3.1 As análises de riscos devem estar disponíveis para
litros, em cada tanque; consulta aos trabalhadores e seus representantes, exceto nos as-
e) possuir aprovação pela autoridade competente; pectos ou partes que envolvam informações comerciais confiden-
f) os tanques devem ser metálicos; ciais.
g) possuir sistemas automáticos de detecção e combate a in- 20.20 Disposições finais
cêndios, bem como saídas de emergência dimensionadas conforme 20.20.1 Quando em uma atividade de extração, produção, ar-
normas técnicas; mazenamento, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos
combustíveis for caracterizada situação de risco grave e iminente
h) os tanques devem estar localizados de forma a não bloquear,
aos trabalhadores, o empregador deve adotar as medidas necessá-
em caso de emergência, o acesso às saídas de emergência e aos
rias para a interrupção e a correção da situação.
sistemas de segurança contra incêndio;
20.20.2 Os trabalhadores, com base em sua capacitação e
i) os tanques devem ser protegidos contra vibração, danos fí-
experiência, devem interromper suas tarefas, exercendo o direito
sicos e da proximidade de equipamentos ou dutos geradores de
de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e
calor;
iminentes para sua segurança e saúde ou de outras pessoas, co-
j) a estrutura da edificação deve ser protegida para suportar
municando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que
um eventual incêndio originado nos locais que abrigam os tanques;
diligenciará as medidas cabíveis.
k) devem ser adotadas as medidas necessárias para garantir a 20.20.3 Os tanques, vasos e tubulações que armazenem/trans-
ventilação dos tanques para alívio de pressão, bem como para a portam inflamáveis e líquidos combustíveis devem ser identificados
operação segura de abastecimento e destinação dos gases produzi- e sinalizados conforme a Norma Regulamentadora nº 26.
dos pelos motores à combustão. 20.20.4 Nas operações de soldagem e corte a quente com utili-
20.17.2.2 O responsável pela segurança do edifício deve desig- zações de gases inflamáveis, as mangueiras devem possuir mecanis-
nar responsável técnico pela instalação, operação, inspeção e ma- mos contra o retrocesso das chamas na saída do cilindro e chegada
nutenção, bem como pela supervisão dos procedimentos de segu- do maçarico.
rança no processo de abastecimento do tanque.
20.17.2.3 Os trabalhadores envolvidos nas atividades de opera- ANEXO I
ção, inspeção, manutenção e abastecimento do tanque devem ser INSTALAÇÕES QUE CONSTITUEM EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DO
capacitados com curso Intermediário, conforme Anexo II. ITEM 20.4 (CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES)
20.17.3 Aplica-se para tanques enterrados o disposto no item 1. As instalações que desenvolvem atividades de manuseio,
20.17.2.1, caput, alíneas “b”, “e”, “f”, “g”,” h”,” i”, “j” e “ k”, item armazenamento, manipulação e transporte com gases inflamáveis
20.17.2.2 e 20.17.2.3, bem como o previsto nas normas técnicas acima de 1 ton até 2 ton e de líquidos inflamáveis e/ou combustí-
nacionais e, na sua ausência ou omissão, nas normas técnicas in- veis acima de 1 m³ até 10 m³ devem contemplar no Programa de
ternacionais. Prevenção de Riscos Ambientais, além dos requisitos previstos na
20.18 Desativação da instalação Norma Regulamentadora nº 9:
20.18.1 Cessadas as atividades da instalação, o empregador a) o inventário e características dos inflamáveis e/ou líquidos
deve adotar os procedimentos necessários para a sua desativação. combustíveis;
20.18.2 No processo de desativação das instalações de extra- b) os riscos específicos relativos aos locais e atividades com in-
ção, produção, armazenagem, transferência, manuseio e manipula- flamáveis e/ou líquidos combustíveis;
ção de inflamáveis e líquidos combustíveis, devem ser observados c) os procedimentos e planos de prevenção de acidentes com
os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente previstos nas inflamáveis e/ou líquidos combustíveis;
Normas Regulamentadoras, normas técnicas nacionais e, na ausên- d) as medidas para atuação em situação de emergência.
cia ou omissão destas, nas normas internacionais, bem como nas 1.1 O empregador deve treinar, no mínimo, três trabalhadores
demais regulamentações pertinentes em vigor. da instalação que estejam diretamente envolvidos com inflamáveis
20.19 Prontuário da Instalação e/ou líquidos combustíveis, em curso básico previsto no Anexo II.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2. As instalações varejistas e atacadistas que desenvolvem atividades de manuseio, armazenamento e transporte de recipientes de
até 20 litros, fechados ou lacrados de fabricação, contendo líquidos inflamáveis e/ou combustíveis até o limite máximo de 5.000 m³ e de
gases inflamáveis até o limite máximo de 600 toneladas, devem contemplar no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, além dos
requisitos previstos na Norma Regulamentadora nº 9:
a) o inventário e características dos inflamáveis e/ou líquidos combustíveis;
b) os riscos específicos relativos aos locais e atividades com inflamáveis e/ou líquidos combustíveis;
c) os procedimentos e planos de prevenção de acidentes com inflamáveis e/ou líquidos combustíveis;
d) as medidas para atuação em situação de emergência.
2.1 O empregador deve treinar trabalhadores da instalação que estejam diretamente envolvidos com inflamáveis, em curso Básico,
na proporção definida na Tabela 2.

Tabela 2
Nº de trabalha-
Capacidade armazenada (gases inflamáveis e/ou líquidos inflamáveis e/ou combustíveis)
dores treinados
Acima de 1 ton até 5 ton e/ou acima de 1 m³ até 9 m³ mínimo 2
Acima de 5 ton até 10 ton e/ou acima de 9 m³ até 42 m³ mínimo 3
Acima de 10 ton até 20 ton e/ou acima de 42 m³ até 84 m³ mínimo 4
mais 2 trabalha-
Para cada 20 ton e/ou 84 m³
dores

2.2 Para efeitos dos itens 2 e 2.1 deste Anexo, será aceito curso de prevenção e combate a incêndios já realizado pelo trabalhador
há até dois anos da data de publicação desta NR, desde que possua uma carga horária mínima de 6 horas, contemple no mínimo 80% do
conteúdo programático do curso Básico previsto no Anexo II.
3. Aplica-se o disposto nos itens 2 e 2.1 deste Anexo para a instalação de armazenamento de recipientes de até 20 litros, fechados ou
lacrados de fabricação, contendo líquidos inflamáveis e/ou combustíveis até o limite máximo 10.000 m³ e de gases inflamáveis até o limite
máximo 1.200 ton, desde que a instalação de armazenamento esteja separada por parede da instalação onde ocorre a fabricação, envase
e embalagem do produto a ser armazenado.
3.1 A instalação de armazenamento de recipientes com volume total superior aos limites mencionados no item 3 deve elaborar aná-
lise de riscos, conforme disposto nos itens 20.10.2, 20.10.2.1, 20.10.2.2, 20.10.4, 20.10.4.1, 20.10.5, 20.10.6, 20.10.6.1 e 20.10.7 plano de
resposta a emergências, conforme itens 20.14.1, 20.14.2, 20.14.4, 20.14.5, 20.14.5.1, 20.14.5.2, 20.14.6 e 20.14.7.

ANEXO II
CRITÉRIOS PARA CAPACITAÇÃO DOS TRABALHADORES E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Alterada pela Portaria MTB 860/2018


1) Critérios para Capacitação

a) Capacitação para os trabalhadores que adentram na área e NÃO mantêm contato direto com o processo ou processamento.

Instalação classe I Instalação classe II Instalação classe III


Curso de Integração sobre Inflamáveis Curso de Integração sobre Inflamáveis Curso de Integração sobre Inflamáveis
e Combustíveis (4 horas) e Combustíveis (4 horas) e Combustíveis (4 horas)

b) Capacitação para os trabalhadores que adentram na área e mantêm contato direto com o processo ou processamento.

Atividade \ Classe Instalação Classe I Instalação Classe II Instalação Classe III


Específica, pontual e de curta
Curso Básico (8 horas) Curso Básico (8 horas) Curso Básico (8 horas)
duração
Curso Intermediário (16 Curso Intermediário (16 Curso Intermediário (16 ho-
Manutenção e Inspeção
horas) horas) ras)
Operação e atendimento a Curso Intermediário (16 Curso Avançado I (24 ho-
Curso Avançado II (32 horas)
emergências horas) ras)
Segurança e saúde no traba- Curso Específico (16 ho-
- Curso Específico (16 horas)
lho ras)

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

c) Atualização

Curso Periodicidade Carga Horária


Básico Trienal 4 horas
Intermediário Bienal 4 horas
Avançados I e II Anual 4 horas

2) Conteúdo programático
a) Curso de Integração sobre Inflamáveis e Combustíveis
Carga horária: 4 horas
1. Inflamáveis: características, propriedades, perigos e riscos;
2. Controles coletivo e individual para trabalhos com inflamáveis;
3. Fontes de ignição e seu controle;
4. Procedimentos básicos em situações de emergência com inflamáveis.
b) Curso Básico
Carga horária: 8 horas
I) Conteúdo programático teórico:
1. Inflamáveis: características, propriedades, perigos e riscos;
2. Controles coletivo e individual para trabalhos com inflamáveis;
3. Fontes de ignição e seu controle;
4. Proteção contra incêndio com inflamáveis;
5. Procedimentos básicos em situações de emergência com inflamáveis;
II) Conteúdo programático prático:
Conhecimentos e utilização dos sistemas de segurança contra incêndio com inflamáveis.
c) Curso Intermediário Carga horária: 16 horas
I) Conteúdo programático teórico:
1. Inflamáveis: características, propriedades, perigos e riscos;
2. Controles coletivo e individual para trabalhos com inflamáveis;
3. Fontes de ignição e seu controle;
4. Proteção contra incêndio com inflamáveis;
5. Procedimentos em situações de emergência com inflamáveis;
6. Estudo da Norma Regulamentadora nº 20;
7. Análise Preliminar de Perigos/Riscos: conceitos e exercícios práticos;
8. Permissão para Trabalho com Inflamáveis.
II) Conteúdo programático prático:
Conhecimentos e utilização dos sistemas de segurança contra incêndio com inflamáveis.
d) Curso Avançado I
Carga horária: 24 horas
I) Conteúdo programático teórico:
1. Inflamáveis: características, propriedades, perigos e riscos;
2. Controles coletivo e individual para trabalhos com inflamáveis;
3. Fontes de ignição e seu controle;
4. Proteção contra incêndio com inflamáveis;
5. Procedimentos em situações de emergência com inflamáveis;
6. Estudo da Norma Regulamentadora nº 20;
7. Metodologias de Análise de Riscos: conceitos e exercícios práticos;
8. Permissão para Trabalho com Inflamáveis;
9. Acidentes com inflamáveis: análise de causas e medidas preventivas;
10. Planejamento de Resposta a emergências com Inflamáveis;
II) Conteúdo programático prático:
Conhecimentos e utilização dos sistemas de segurança contra incêndio com inflamáveis.
e) Curso Avançado II
Carga horária: 32 horas
I) Conteúdo programático teórico:
1. Inflamáveis: características, propriedades, perigos e riscos;
2. Controles coletivo e individual para trabalhos com inflamáveis;
3. Fontes de ignição e seu controle;
4. Proteção contra incêndio com inflamáveis;
5. Procedimentos em situações de emergência com inflamáveis;
6. Estudo da Norma Regulamentadora nº 20;
7. Metodologias de Análise de Riscos: conceitos e exercícios práticos;
8. Permissão para Trabalho com Inflamáveis;

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

9. Acidentes com inflamáveis: análise de causas e medidas pre- 2.4 As capacitações que utilizam ensino à distância ou semipre-
ventivas; sencial devem ser estruturadas com a mesma duração definida para
10. Planejamento de Resposta a emergências com Inflamáveis; as respectivas capacitações na modalidade presencial.
11. Noções básicas de segurança de processo da instalação; 2.5 A elaboração do conteúdo programático deve abranger os
12. Noções básicas de gestão de mudanças. tópicos deaprendizagem requeridos, bem como respeitar a carga
II) Conteúdo programático prático: horária estabelecida para todos os conteúdos.
Conhecimentos e utilização dos sistemas de segurança contra 2.6 As atividades práticas obrigatórias devem respeitar as
incêndio com inflamáveis. orientações previstas nas NR-20 e estar descritas no Projeto Peda-
f) Curso Específico Carga Horária: 16 horas gógico do curso.
I) Conteúdo programático teórico:
- Estudo da Norma Regulamentadora nº 20; 3. Estruturação pedagógica
- Metodologias de Análise de Riscos: conceitos e exercícios prá- 3.1 Sempre que a modalidade de ensino à distancia ou semi-
ticos; presencial for utilizada, será obrigatória a elaboração de projeto
- Permissão para Trabalho com Inflamáveis; pedagógico que deve conter:
- Acidentes com inflamáveis: análise de causas e medidas pre- a)objetivo geral da capacitação;
ventivas; b)princípios e conceitos para a proteção da segurança e da saú-
- Planejamento de Resposta a emergências com Inflamáveis; de dos trabalhadores, definidos na NR-20;
c)estratégia pedagógica da capacitação, incluindo abordagem
ANEXO III
quanto à parte teórica e prática, quando houver;
(Anexo incluso pelaPortaria MTB 872/2017- vernota abaixo)
d)indicação do responsável técnico pela capacitação, observan-
Diretrizes e requisitos mínimos para utilização da modalidade
do o disposto nos itens 20.11.15 e 20.11.16 da NR-20;
de ensino à distância e semipresencial para as capacitações previs-
e)relação de instrutores;
tas na Norma Regulamentadora n.º 20 – Segurança e Saúde no Tra-
balho com Inflamáveis e Combustíveis. f)infraestrutura operacional de apoio e controle;
Sumário: g)conteúdo programático teórico e prático, quando houver;
1. Objetivo h)objetivo de cada módulo;
2. Disposições gerais i)carga horária;
3. Estruturação Pedagógica j)estimativa de tempo mínimo de dedicação diária ao curso;
4. Requisitos Operacionais e Administrativos k)prazo máximo para conclusão da capacitação;
5. Requisitos Tecnológicos l)público alvo;
m)material didático;
Glossário n)instrumentos para potencialização doaprendizado;
1. Objetivo o)avaliação deaprendizagem;
1.1 Estabelecer diretrizes e requisitos mínimos para utilização 3.2 O projeto pedagógico do curso deverá ser validado a cada
da modalidade de ensino à distância e semipresencial para as capa- 2 (dois) anos ou quando houver mudança na NR, procedendo a sua
citações previstas na NR-20, disciplinando tanto aspectos relativos à revisão, caso necessário.
estruturação pedagógica, quanto exigências relacionadas às condi-
ções operacionais, tecnológicas e administrativas necessárias para 4. Requisitos operacionais e administrativos
uso adequado desta modalidade de ensino. 4.1 O empregador, independente de ter desenvolvido ou ad-
quirido a capacitação junto à empresa especializada, deve manter o
2. Disposições gerais projeto pedagógico disponível para a fiscalização, para a represen-
2.1 O empregador que optar pela realização das capacitações tação sindical da categoria no estabelecimento e para a Comissão
previstas na NR-20 por meio das modalidades de ensino à distância Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA.
ou semipresencial poderá desenvolver toda a capacitação ou con- 4.1.1 A empresa ou instituição especializada deve disponibilizar
tratar empresa ou instituição especializada que a oferte, devendo aos contratantes o projeto pedagógico.
em ambos os casos observar os requisitos constantes desse Anexo 4.2 Deve ser disponibilizado aos empregados todo o material
e da NR-20. didático necessário para participar da capacitação, conforme item
2.1.1 A empresa ou instituição especializada que oferte as ca-
20.11.18 da NR-20.
pacitações previstas na NR-20 na modalidade de ensino à distância
4.3 Devem ser disponibilizados recursos necessários e ambien-
e semipresencial deve atender aos requisitos constantes deste Ane-
te exclusivo, que favoreça a concentração e a absorção do conheci-
xo e da NR-20 para que seus certificados sejam reconhecidos pelo
mento pelo empregado, para a realização da capacitação.
Ministério do Trabalho – MTb.
2.2 O empregador, que optar pela aquisição de serviços de em- 4.4 A capacitação deve ser realizada no horário de trabalho,
presa ou instituição especializada, deve fazer constar na documen- sendo que casos de exceção devem respeitar a Legislação Trabalhis-
tação que formaliza a prestação de serviços a obrigatoriedade pelo ta vigente, observando-se o item 20.11.1 da NR-20.
prestador de serviço do atendimento aos requisitos previstos neste 4.4.1 O período de realização do curso deve ser exclusivamente
Anexo e nos itens relativos à capacitação previstos na NR-20. utilizado para tal fim para que não seja concomitante com o exercí-
2.3 Os cursos Básico, Intermediário, Avançado I e Avançado II, cio das atividades diárias de trabalho.
cujos conteúdos estão elencados no Anexo II da NR-20, não pode- 4.5 Deve ser mantido canal de comunicação para esclarecimen-
rão utilizar-se exclusivamente da modalidade de ensino à distância to de dúvidas, possibilitando a solução das mesmas, devendo tal
em razão da previsão expressa no Anexo II da NR-20 de conteúdo canal estar operacional durante o período de realização do curso.
programático prático como uma das etapas da capacitação. 4.6 A verificação deaprendizagem deve ser realizada de acordo
com a estratégia pedagógica adotada para a capacitação, estabele-
cendo a classificação com o conceito satisfatório ou insatisfatório.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

4.6.1 A avaliação daaprendizagem se dará pela aplicação da Articulação entre análise de risco e PPRA- coerência, compa-
prova no formato presencial, obtendo, dessa forma, o registro da tibilidade, harmonização no reconhecimento e consideração dos
assinatura do empregado, ou pelo formato digital, exigindo a sua riscos comuns aos dois documentos.
identificação e senha individual. Comissionamento- conjunto de técnicas e procedimentos de
4.6.2 Quando a avaliação daaprendizagem for online, devem engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte dela,
ser preservadas condições de rastreabilidade que garantam a con- visando torná-la operacional de acordo com os requisitos especifi-
fiabilidade do processo. cados em projeto.
4.6.3 O processo de avaliação daaprendizagem deve contem- Coordenação- ação de assumir responsabilidade técnica.
plar situações práticas que representem a rotina laboral do empre- Distância de segurança- Distância mínima livre, medida no
gado para a adequada tomada de decisões com vistas à prevenção plano horizontal para que, em caso de acidentes (incêndios, explo-
de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. sões), os danos sejam minimizados.
4.7 Após o término do curso, as empresas devem registrar a EAD: Segundo Decreto 5622/2005, caracteriza-se a Educação a
realização do mesmo, mantendo o resultado das avaliações dea- Distância como modalidade educacional na qual a mediação didáti-
prendizagem e informações sobre acesso dos participantes (logs). co-pedagógica nos processos de ensino eaprendizagem ocorre com
4.7.1 O histórico do registro de acesso dos participantes (logs) a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação,
deve ser mantido pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos após o térmi- com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas
no da validade do curso. em lugares ou tempos diversos.(Redação dada pelaPortaria MTB
872/2017)
5. Requisitos tecnológicos Edificações residenciais uni familiares- Edificações destinadas
5.1 Somente serão válidas as capacitações realizadas na moda- exclusivamente ao uso residencial, constituídas de uma única uni-
lidade de ensino à distância ou semipresencial que sejam executa- dade residencial.
das em um Ambiente Virtual deaprendizagem apropriado à gestão, Edifício: construção com pavimentos, cuja finalidade é abrigar
transmissão do conhecimento e àaprendizagem do conteúdo. atividades humanas, classificada pelo tipo de utilização em comer-
Nota: cial, de serviços, cultural, etc..
É permitida a utilização da modalidade de ensino à distância Emissões fugitivas- Liberações de gás ou vapor inflamável que
e semipresencial para as capacitações previstas na Norma Regula- ocorrem de maneira contínua ou intermitente durante as opera-
mentadora nº 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis ções normais dos equipamentos. Incluem liberações em selos ou
e Combustíveis (NR-20), desde que sejam atendidos os parâmetros gaxetas de bombas, engaxetamento de válvulas, vedações de flan-
especificados no Anexo III – Diretrizes e Requisitos Mínimos para ges, selos de compressores, drenos de processos.
utilização da modalidade de ensino à distância e semipresencial – Ensino semipresencial: Conjugação de atividades presenciais
incluído por esta Portaria, bem como o disposto no item 20.11 e obrigatórias com outras atividades educacionais que podem ser re-
seus subitens e no Anexo II da NR-20. alizadas sem a presença física do aluno em sala de aula, utilizando
Caso seja verificada irregularidade nos itens 2.6, 3.1 e 4.7 do
recursos didáticos com suporte da tecnologia, de material impresso
Anexo III da NR-20 (requisitos para utilização dessa modalidade de
e/ou de outros meios de comunicação.(Redação dada pelaPortaria
capacitação), a mesma será considerada como não realizada, sujei-
MTB 872/2017)
tando o empregador à autuação por deixar de submeter o trabalha-
Envasado- líquido ou gás inflamável acondicionado em reci-
dor à capacitação definida na norma.
piente, podendo ser ou não lacrado.
Exercícios simulados- Exercícios práticos de simulação mais
GLOSSÁRIO
realista possível de um cenário de acidente, durante o qual é testa-
Ambiente exclusivo: Espaço físico distinto do posto de trabalho
da a eficiência do plano de respostas a emergências, com foco nos
que disponibilize ao empregado os recursos tecnológicos necessá-
rios à execução do curso e condições de conforto adequadas para a procedimentos, na capacitação da equipe, na funcionalidade das
aprendizagem. (Redação dada pelaPortaria MTB 872/2017) instalações e dos equipamentos, dentre outros aspectos.
Ambiente Virtual de aprendizagem (AVA): Espaço virtual de Fechado- Produto fechado no processo de envasamento, de
aprendizagem que oferece condições para interações (síncrona e maneira estanque, para que não venha a apresentar vazamentos
assíncrona) permanentes entre seus usuários. Pode ser traduzida nas condições normais de manuseio, armazenamento ou transpor-
como sendo uma “sala de aula” acessada via web. Permite integrar te, assim como sob condições decorrentes de variações de tempera-
múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de tura, umidade ou pressão ou sob os efeitos de choques e vibrações.
maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e obje- Fluxograma de processo- É um documento contendo, em re-
tos de conhecimento, elaborar e socializar produções, tendo em presentação gráfica, o balanço de material e de energia dos fluxos
vista atingir determinados objetivos. (Redação dada pelaPortaria de matérias-primas, produtos, subprodutos e rejeitos de um deter-
MTB 872/2017) minado processo de produção.
Áreas Classificadas- área na qual uma atmosfera explosiva está Instalação- Unidade de extração, produção, armazenamento,
presente ou na qual é provável sua ocorrência a ponto de exigir pre- transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis (líquidos e
cauções especiais para construção, instalação e utilização de equi- gases) e líquidos combustíveis, em caráter permanente ou transitó-
pamentos elétricos. rio, incluindo todos os equipamentos, máquinas, estruturas, tubu-
Armazenamento- retenção de uma quantidade de inflamáveis lações, tanques, edificações, depósitos, terminais e outros necessá-
(líquidos e/ou gases) e líquidos combustíveis em uma instalação rios para o seu funcionamento.
fixa, em depósitos, reservatórios de superfície, elevados ou subter- Instrumentos para potencialização do aprendizado: Recursos,
râneos. Retenção de uma quantidade de inflamáveis, envasados ou ferramentas, dinâmicas e tecnologias de comunicação que tenham
embalados, em depósitos ou armazéns. como objetivo tornar mais eficaz o processo de ensino-aprendiza-
Avaliação de aprendizagem: Visa aferir o conhecimento adqui- gem. (Redação dada pelaPortaria MTB 872/2017)
rido pelo empregado e o respectivo grau de assimilação após a rea- Lacrado- Produto que possui selo e/ou lacre de garantia de
lização da capacitação. (Redação dada pelaPortaria MTB 872/2017) qualidade e/ou de inviolabilidade.

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Log: registro informatizado de acesso ao sistema. Ex.: log de A sequência pode ser inclusive de operações físicas e/ou quí-
acesso: registro de acessos; login: registro de entrada; logoff: regis- micas. A sequência pode envolver, mas não se limita à preparação,
tro de saída. (Redação dada pelaPortaria MTB 872/2017) separação, purificação ou mudança de estado, conteúdo de energia
Manipulação- Ato ou efeito de manipular. Preparação ou ope- ou composição.
ração manual com inflamáveis, com finalidade de misturar ou fra- Proficiência- Competência, aptidão, capacitação e habilidade
cionar os produtos. Considera-se que há manipulação quando ocor- aliadas à experiência.
re o contato direto do produto com o ambiente. Profissional habilitado- Profissional com atribuições legais
Manuseio- Atividade de movimentação de inflamáveis conti- para a atividade a ser desempenhada e que assume a responsa-
dos em recipientes, tanques portáteis, tambores, bombonas, vasi- bilidade técnica, tendo registro no conselho profissional de classe.
lhames, caixas, latas, frascos e similares. Ato de manusear o produ- Projeto pedagógico: Instrumento de concepção do processo
to envasado, embalado ou lacrado. ensino / aprendizagem. Nele deve-se registrar o objetivo da apren-
Meio identificador- Sistema de identificação definido pela em- dizagem, a estratégia pedagógica escolhida para a formação e ca-
presa como, por exemplo, crachá, botton, adesivo no crachá ou no pacitação dos empregados, bem como todas as informações que
capacete, na vestimenta de trabalho ou similares. estejam envolvidas no processo. (Redação dada pelaPortaria MTB
Metodologias de análises de risco- Constitui-se em um conjun- 872/2017)
to de métodos e técnicas que, aplicados a operações que envolvam Prontuário da Instalação- Sistema organizado de forma a con-
processo ou processamento, identificam os cenários hipotéticos de ter uma memória dinâmica das informações técnicas pertinentes
ocorrências indesejadas (acidentes), as possibilidades de danos, às instalações, geradas desde a fase de projeto, operação, inspeção
efeitos e consequências. e manutenção, que registra, em meio físico ou eletrônico, todo o
Exemplos de algumas metodologias: histórico da instalação ou contém indicações suficientes para a ob-
a) Análise Preliminar de Perigos/Riscos (APP/APR); tenção deste histórico.
b) “What-if (E SE)”; Recipiente- Receptáculo projetado e construído para armaze-
c) Análise de Riscos e Operabilidade (HAZOP); nar produtos inflamáveis (líquidos e gases) e líquidos combustíveis
d) Análise de Modos e Efeitos de Falhas (FMEA/FMECA); conforme normas técnicas.
e) Análise por Árvore de Falhas (AAF); Riscos psicossociais- Influência na saúde mental dos trabalha-
f) Análise por Árvore de Eventos (AAE);
dores, provocada pelas tensões da vida diária, pressão do trabalho
g) Análise Quantitativa de Riscos (AQR).
e outros fatores adversos.
Modificações ou ampliações das instalações - Qualquer altera-
Separada por parede- Instalação de armazenamento localizada
ção de instalação industrial que:
na instalação de fabricação, mas separada desta por parede de alve-
I - altere a tecnologia de processo ou processamento empre-
gada; naria. Instalação de armazenamento localizada em outra instalação
II - altere as condições de segurança da instalação industrial; e/ou edificação.
III - adapte fisicamente instalações e/ou equipamentos de plan- Sistema de Gestão de Mudanças- Processo contínuo e siste-
tas industriais existentes provenientes de outros segmentos produ- mático que assegura que as mudanças permanentes ou temporá-
tivos; rias sejam avaliadas e gerenciadas de forma que os riscos advindos
IV - aumente a capacidade de processamento de quaisquer in- destas alterações permaneçam em níveis aceitáveis e controlados.
sumos; Trabalhadores capacitados- Trabalhadores que possuam qua-
V - aumente a capacidade de armazenamento de insumos ou lificação e treinamento necessários à realização das atividades pre-
de produtos; vistas nos procedimentos operacionais.
VI - altere o perfil de produção ou a qualidade final dos pro- Transferência- Atividade de movimentação de inflamáveis en-
dutos. tre recipientes, tais como tanques, vasos, tambores, bombonas e
Planta geral de locação- planta que apresenta a localização da similares, por meio de tubulações.
instalação no interior do terreno, indicando as distâncias entre os Unidade de processo- Organização produtora que alcança
limites do terreno e um ponto inicial da instalação. o objetivo para o qual se destina através do processamento e/ou
Posto de serviço- Instalação onde se exerce a atividade de transformação de materiais/substâncias.
fornecimento varejista de inflamáveis (líquidos e gases) e líquidos Redação Anterior:
combustíveis. LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS -(Alteração dada pe-
Procedimentos operacionais- Conjunto de instruções claras e laPortaria SIT Nº 308/2012)
suficientes para o desenvolvimento das atividades operacionais de • 20.1. Líquidos Combustíveis
uma instalação, considerando os aspectos de segurança, saúde e • 20.2. Líquidos Inflamáveis
meio ambiente que impactem sobre a integridade física dos traba- • 20.3. Gases Liquefeitos de Petróleo - GLP
lhadores. • 20.4 Outros Gases Inflamáveis
Processo contínuo de produção - Sistema de produção que ope- 20.1 Líquidos combustíveis.(voltar)
ra ininterruptamente durante as 24 horas do dia, por meio do tra- 20.1.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora - NR fica de-
balho em turnos de revezamento.
finido “líquido combustível” como todo aquele que possua ponto de
Processo contínuo de produção- Sistema de produção que
fulgor igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados) e inferior
opera ininterruptamente durante as 24 horas do dia, por meio do
a 93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus centígrados).
trabalho em turnos de revezamento, isto é, a unidade de produção
20.1.1.1 O líquido combustível definido no item
tem continuidade operacional durante todo o ano. Paradas na uni-
dade de produção para manutenção ou emergência não caracteri- 20.1.1 é considerado líquido combustível da Classe III.
zam paralisação da continuidade operacional. (Nova Redação dada 20.1.2 Os tanques de armazenagem de líquidos combustíveis
pelaPortaria MTB 860/2018) serão construídos de aço ou de concreto, a menos que a caracterís-
Processo ou processamento- Sequência integrada de opera- tica do líquido requeira material especial, segundo normas técnicas
ções. oficiais vigentes no País.

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.1.3 Todos os tanques de armazenamento de líquidos combustíveis, de superfície ou equipados com respiradouros de emergência,
deverão ser localizados de acordo com a Tabela “A”.

TABELA A

DISTÂNCIA DO TANQUE À LINHA


DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE ÀS VIAS PÚBLI-
CAPACIDADE DO TANQUE (litros) DE DIVISA DA PROPRIEDADE ADJA-
CAS
CENTE
Acima de 250 até 1.000 1,5 m 1,5 m
Acima de 1.001 até 2.800 3m 1,5 m
Acima de 2.801 até 45.000 4,5 m 1,5 m
Acima de 45.001 até 110.000 6m 1,5 m
Acima de 110.001 até 200.000 6m 3m
Acima de 200.001 até 400.000 15 m 4,5 m
Acima de 400.001 até 2.000.000 25 m 7,5 m

Acima de 2.000.001 até 4.000.000 30 m 10,5 m

Acima de 4.000.001 até 7.500.000 30 m 13,5 m

Acima de 7.500.001 até 10.000.000 50 m 16,5 m


Acima de 10.000.001 ou mais 52,5 m 18 m

20.1.4 A distância entre dois tanques de armazenamento de líquidos combustíveis não deverá ser inferior a 1 (um metro).
20.1.5 O espaçamento mínimo entre 2 (dois) tanques de armazenamento de líquidos combustíveis diferentes, ou de armazenamento
de qualquer outro combustível, deverá ser de 6,00m (seis metros).
20.1.6 Todos os tanques de superfície deverão ter dispositivos que liberem pressões internas excessivas, causadas pela exposição à
fonte de calor.
20.2. Líquidos inflamáveis.
20.2.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora, fica definido “líquido inflamável” como todo aquele que possua ponto de fulgor
inferior a 70ºC (setenta graus centígrados) e pressão de vapor que não exceda 2,8 kg/cm² absoluta a 37,7ºC.
20.2.1.1 Quando o líquido inflamável tem o ponto de fulgor abaixo de 37,7ºC, ele se classifica como líquido combustível de classe I.
20.2.1.2. Quando o líquido inflamável tem o ponto de fulgor superior a 37.7ºC e inferior a 70ºC, ele se classifica como líquido combus-
tível da classe II.
20.2.1.3. Define-se líquido “instável” ou “líquido reativo”, quando um líquido na sua forma pura, comercial, como é produzido ou trans-
portado, se polimerize, se decomponha ou se condense, violentamente, ou que se torne auto-reativo sob condições de choque, pressão ou
temperatura.
20.2.2 Os tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis serão constituídos de aço ou concreto, a menos que a característica do
líquido requeira material especial, segundo normas técnicas oficiais vigentes no País.
20.2.3 Todos os tanques de superfície usados para armazenamento de líquidos inflamáveis ou equipados com respiradouros de emer-
gência deverão ser localizados de acordo com a Tabela A do item 20.1.3 e a Tabela B:

TABELA B

TIPO DE PROTEÇÃO DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE À LINHA DE DIVISA DA DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE ÀS VIAS
TANQUE PROPRIEDADE ADJACENTE PÚBLICAS
Proteção
Uma e meia vezes as distâncias da Tabela “A”, mas nunca Uma e meia vezes as distâncias da Tabela
contra
Qualquer inferior a 7,5m “A”, mas nunca inferior a 7,5m
exposição
tipo
Uma e meia vezes as distâncias da Tabela “A”, mas nunca Três vezes as distâncias da Tabela “A”, mas
Nenhuma
inferior a 7,5m nunca inferior a 15m

20.2.4 O distanciamento entre tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis instalados na superfície deverá obedecer ao dis-
posto nos itens 20.1.4 e 20.1.5.
20.2.5 Todos tanques de superfície utilizados para o armazenamento de líquidos instáveis deverão ser localizados de acordo com a
Tabela A do item 20.1.3 e a Tabela C.

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

TABELA C

TIPO DE TANQUE PROTEÇÃO DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE À LINHA DE DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE ÁS VIAS
DIVISA DA PROPRIEDADE ADJACENTE PÚBLICAS
Neblina de água
ou inertizado ou
Horizontal ou vertical isolado e res- As mesmas distâncias da Tabela “A”, mas nun- Nunca menos de 7,5m
com respiradouros de friado ou barri- ca menos de 7,5m
emergência que impe- cadas
çam pressões superio-
Proteção contra Duas vezes e meia a distância da Tabela “A”,
res a 0,l75 kg/m2ma- Nunca menos de 15m
exposição mas nunca menos de 7,5m
nométricas (2,5 psig)
Cinco vezes a distância da Tabela “A”, mas
Nenhuma Nunca menos de 30m
nunca menos de 30m
Neblina de água
Horizontal ou vertical ou inertizado ou
Duas vezes a distância da Tabela “A”, mas nun-
com respiradouros isolado e res- Nunca menos de 15m
ca menos de 15m
de emergência que friado ou barri-
permitam pressões cadas
superiores a 0,175 Proteção contra Quatro vezes a distância da Tabela “A”, mas
Nunca menos de 30m
kg/cm2manométricas exposição nunca menos de 30m
(2,5 psig) Oito vezes a distância da Tabela “A”, mas nun-
Nenhuma Nunca menos de 45m
ca menos de 45m

20.2.6 Os tanques que armazenam líquidos inflamáveis, instalados enterrados no solo, deverão obedecer aos seguintes distanciamen-
tos mínimos: a) 1m (um metro) de divisas de outras propriedades; b) 0,30m (trinta centímetros) de alicerces de paredes, poços ou porão.
20.2.7 Os tanques para armazenamento de líquidos inflamáveis somente poderão ser instalados no interior de edifícios sob a forma
de tanques enterrados.
20.2.8 Os tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis deverão ser equipados com respiradouros de pressão e vácuo ou corta-
-chamas.
20.2.9 Os respiradouros dos tanques enterrados deverão ser localizados de forma que fiquem fora de edificações e no mínimo a 3,50m
(três metros e cinquenta centímetros) de altura do nível do solo.
20.2.10 Todos os tanques de superfície deverão ter dispositivos que liberem pressões internas excessivas, causadas pela exposição à
fonte de calor.
20.2.11 Todos os tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis deverão ser aterrados segundo recomendações da Norma Regu-
lamentadora (NR 10).
20.2.12 Para efetuar-se o transvaza mento de líquidos inflamáveis de um tanque para outro, ou entre um tanque e um carro tanque,
obrigatoriamente os dois deverão estar aterrados como no item 20.2.11, ou ligados ao mesmo potencial elétrico.
20.2.13 O armazenamento de líquidos inflamáveis dentro do edifício só poderá ser feito com recipientes cuja capacidade máxima seja
de 250 (duzentos e cinquenta) litros por recipiente.
20.2.14 As salas de armazenamento interno deverão obedecer aos seguintes itens:
a) as paredes, pisos e tetos deverão ser construídos de material resistente ao fogo e de maneira que facilite a limpeza e não provoque
centelha por atrito de sapatos ou ferramentas;
b) as passagens e portas serão providas de soleiras ou rampas com pelo menos 0,15m (quinze centímetros) de desnível, ou valetas
abertas e cobertas com grade de aço com escoamento para local seguro;
c) deverá ter instalação elétrica apropriada à prova de explosão, conforme recomendações da Norma Regulamentadora - NR 10;
d) deverá ser ventilada, de preferência com ventilação natural; e) deverá ter sistema de combate a incêndio com extintores apropria-
dos, próximo à porta de acesso;
f) nas portas de acesso, deverá estar escrito de forma bem visível “INFLAMÁVEL” e “NÃO FUME”.
20.2.15 Os compartimentos e armários usados para armazenamento de combustíveis inflamáveis, localizados no interior de salas,
deverão ser construídos de chapas metálicas e demarcados com dizeres bem visíveis “INFLAMÁVEL”.
20.2.16 O armazenamento de líquidos inflamáveis da Classe I, em tambores com capacidade até 250 litros, deverá ser feito em lotes
de no máximo 100 (cem) tambores.
20.2.16.1 Os lotes a que se refere o item 20.2.16, que possuam no mínimo 30 e no máximo 100 tambores, deverão estar distanciados,
no mínimo, 20 (vinte) metros de edifícios ou limites de propriedade.
20.2.16.2 Quando houver mais de um lote, os lotes existentes deverão estar distanciados entre si, de no mínimo 15 (quinze) metros.
20.2.16.3 Deverá existir letreiro com dizeres “NÃO FUME” e “INFLAMÁVEL” em todas as vias de acesso ao local de armazenagem.
20.2.17 Nos locais de descarga de líquidos inflamáveis, deverá existir fio terra apropriado, conforme recomendações da Norma Regula-
mentadora (NR 10), para se descarregar a energia estática dos carros transportadores, antes de efetuar a descarga do líquido inflamável.
20.2.17.1 A descarga deve se efetuar com o carro transportador ligado à terra.
20.2.18 Todo equipamento elétrico para manusear líquidos inflamáveis deverá ser especial, à prova de explosão, conforme recomen-
dações da Norma Regulamentadora (NR 10).

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

20.3. Gases Liquefeitos de Petróleo - GLP.


20.3.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora, fica definido como Gás Liquefeito de Petróleo - GLP o produto constituído, predomi-
nantemente, pelo hidrocarboneto propano, propeno, butano e buteno.
20.3.2 Os recipientes estacionários, com mais de 250 (duzentos e cinquenta) litros de capacidade, para armazenamento de GLP serão
construídos segundo normas técnicas oficiais vigentes no País.
20.3.2.1 A capacidade máxima permitida para cada recipiente de armazenagem de GLP, será de 115.000 litros, salvo instalações de
refinaria, terminal de distribuição ou terminal portuário.
20.3.3 Cada recipiente de armazenagem de GLP deverá ter uma placa metálica, que deverá ficar visível depois de instalada, com os
seguintes dados escritos de modo indelével:
a) indicação da norma ou código de construção;
b) as marcas exigidas pela norma ou código de construção;
c) indicação no caso afirmativo, se o recipiente foi construído para instalação subterrânea;
d) identificação do fabricante;
e) capacidade do recipiente em litros;
f) pressão de trabalho;
g) identificação da tensão de vapor a 38ºC (trinta e oito graus centígrados) que seja admitida para os produtos a serem armazenados
no recipiente;
h) identificação da área da superfície externa, em m2 (metros quadrados).
20.3.4 Todas as válvulas diretamente conectadas no recipiente de armazenagem deverão ter uma pressão de trabalho mínima de 18
Kg/cm².
20.3.4.1 Todas as válvulas e acessórios usados nas instalações de GLP serão de material e construção apropriados para tal finalidade
e não poderão ser construídos de ferro fundido.
20.3.5 Todas as ligações ao recipiente, com exceção das destinadas às válvulas de segurança e medidores de nível de líquido, ou as
aberturas tamponadas, deverão ter válvula de fechamento rápido próximo ao recipiente.
20.3.6 As conexões para enchimento, retirada e para utilização do GLP deverão ter válvula de retenção ou válvula de excesso de fluxo.
20.3.7 Todos os recipientes de armazenagem de GLP serão equipados com válvulas de segurança.
20.3.7.1 As descargas das válvulas de segurança serão afastadas no mínimo 3 metros da abertura de edificações situadas em nível
inferior à descarga.
20.3.7.2 A descarga será através de tubulação vertical, com o mínimo de 2,5 (dois e meio) metros de altura acima do recipiente, ou do
solo quando o recipiente for enterrado.
20.3.8 Os recipientes de armazenagem de GLP deverão obedecer aos seguintes distanciamentos:
20.3.8.1 Recipientes de 500 a 8.000 litros deverão estar distanciados entre si de no mínimo 1,0 metro.
20.3.8.2 Recipientes acima de 8.000 litros deverão estar distanciados entre si de no mínimo 1,50 metros.
20.3.8.3 Os recipientes com mais de 500 litros deverão estar separados de edificações e divisa de outra propriedade segundo a Tabela
D:

TABELA D

CAPACIDADE DE RECIPIENTE (1) AFASTAMENTO MÍNIMO (M)


de 500 a 2.000 3,0
de 2.000 a 8.000 7,5
acima de 8.000 15,0

20.3.8.4 Deve ser mantido um afastamento mínimo de 6,00 (seis metros) entre recipientes de armazenamento de GLP e qualquer outro
recipiente que contenha líquidos inflamáveis.
20.3.9 Não é permitida a instalação de recipientes de armazenamento de GLP, sobre laje de forro ou terraço de edificações, inclusive
de edificações subterrâneas.
20.3.10 Os recipientes de armazenagem de GLP serão devidamente ligados à terra conforme recomendações da Norma Regulamen-
tadora (NR 10).
20.3.11 Os recipientes de armazenagem de GLP enterrados não poderão ser instalados sob edificações.
20.3.12 As tomadas de descarga de veículo, para o enchimento do recipiente de armazenamento de GLP, deverão ter os seguintes
afastamentos:
a) 3,0 (três) metros das vias públicas;
b) 7,5 (sete e meio) metros das edificações e divisas de propriedades que possam ser edificadas;
c) 3,0 (três) metros das edificações das bombas e compressores para a descarga.
20.3.13 A área de armazenagem de GLP, incluindo a tomada de descarga e os seus aparelhos, será delimitada por um alambrado de
material vazado que permita boa ventilação e de altura mínima de 1,80 metros (um metro e oitenta centímetros).
20.3.13.1 Para recipiente de armazenamento de GLP enterrado, é dispensável a delimitação de área através de alambrado.
20.3.13.2 O distanciamento do alambrado dos recipientes deverá obedecer aos distanciamentos da Tabela E:

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

TABELA E

CAPACIDADE DE RECIPIENTE (1) DISTÂNCIA MÍNIMA ENTRE O ALAMBRADO E O RECIPIENTE (M)

de 500 a 2.000 1,5


de 2.000 a 8.000 3,0
acima de 8.000 7,5

20.3.13.3 O alambrado deve distar no mínimo 3,0 (três) da edificação de bombas ou compressores, e 1,5 (um e meio) metros da to-
mada de descarga.
20.3.13.4 No alambrado, deverão ser colocadas placas com dizeres “Proibido Fumar” e “Inflamável” de forma visível.
20.3.13.5 Deverão ser colocados extintores de incêndio e outros equipamentos de combate a incêndio, quando for o caso, junto ao
alambrado.
20.3.14 Os recipientes transportáveis para armazenamento de GLP serão construídos segundo normas técnicas oficiais vigentes no
País.
20.3.15 Não é permitida a instalação de recipientes transportáveis, com capacidade acima de 40 (quarenta) litros, dentro de edifica-
ções.
20.3.15.1 Para o disposto no item 20.3.15, excetuam-se as instalações para fins industriais, que deverão obedecer às normas técnicas
oficiais vigentes no País.
20.3.16 O GLP não poderá ser canalizado na sua fase líquida dentro de edificação, salvo se a edificação for construída com as caracte-
rísticas necessárias, e exclusivamente para tal finalidade.
20.3.17 O GLP canalizado no interior de edificações não deverá ter pressão superior a 1,5 (um e meio) kg/cm².
20.4 Outros gases inflamáveis.
20.4.1 Aplicam-se a outros gases inflamáveis, os itens relativos a Gases Liquefeitos de Petróleo - GLP, à exceção de 20.3.1 e 20.3.4.

NR 21 - TRABALHO A CÉU ABERTO

NORMA REGULAMENTADORA 21 -NR 21


TRABALHOS A CÉU ABERTO

21.1 Nos trabalhos realizados a céu aberto, é obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalha-
dores contra intempéries. (121.001-7 / I1)

21.2 Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os
ventos inconvenientes. (121.002-5 / I1)

21.3. Aos trabalhadores que residirem no local do trabalho, deverão ser oferecidos alojamentos que apresentem adequadas condi-
ções sanitárias. (121.003-3 / I1)

21.4. Para os trabalhos realizados em regiões pantanosas ou alagadiças, serão imperativas as medidas de profilaxia de endemias, de
acordo com as normas de saúde pública. (121.004-1 / I2)

21.5. Os locais de trabalho deverão ser mantidos em condições sanitárias compatíveis com o gênero de atividade. (121.005-0 / I1)

21.6. Quando o empregador fornecer ao empregado moradia para si e sua família, esta deverá possuir condições sanitárias adequa-
das. (121.006-8 / I1)
21.6.1. É vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva da família. (121.007-6 / I1)
21.7. A moradia deverá ter:
a) capacidade dimensionada de acordo com o número de moradores; (121.008-4 / I1)
b) ventilação e luz direta suficiente; (121.009-2 / I1)
c) as paredes caiadas e os pisos construídos de material impermeável. (121.010-6 / I1)
21.8. As casas de moradia serão construídas em locais arejados, livres de vegetação e afastadas no mínimo 50,00m (cinqüenta metros)
dos depósitos de feno ou estercos, currais, estábulos, pocilgas e quaisquer viveiros de criação. (121.011-4 / I1)

21.9. As portas, janelas e frestas deverão ter dispositivos capazes de mantê-las fechadas, quando necessário. (121.012-2 / I1)

21.10. O poço de água será protegido contra a contaminação. (121.013-0 / I1)

21.11. A cobertura será sempre feita de material impermeável, imputrecível, não combustível. (121.014-9 / I1)

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

21.12. Toda moradia disporá de, pelo menos, um dormitório, 24.2 Instalações sanitárias
uma cozinha e um compartimento sanitário. (121.015-7 / I1) 24.2.1 Todo estabelecimento deve ser dotado de instalação sa-
nitária constituída por bacia sanitária sifonada, dotada de assento
21.13. As fossas negras deverão estar, no mínimo, 15,00m com tampo, e por lavatório.
(quinze metros) do poço; 10,00m (dez metros) da casa, em lugar 24.2.1.1 As instalações sanitárias masculinas devem ser dota-
livre de enchentes e à jusante do poço. (121.016-5 / I2) das de mictório, exceto quando essencialmente de uso individual,
observando-se que:
21.14. Os locais destinados às privadas serão arejados, com a) os estabelecimentos construídos até 23.09.2019 devem pos-
ventilação abundante, mantidos limpos, em boas condições sani- suir mictórios dimensionados de acordo com o previsto na NR-24,
tárias e devidamente protegidos contra a proliferação de insetos, com redação dada pela Portaria MTb nº 3.214/1978.
ratos, animais e pragas. (121.017-3 / I1) b) os estabelecimentos construídos a partir de 24.09.2019 de-
vem possuir mictórios na proporção de uma unidade para cada 20
(vinte) trabalhadores ou fração, até 100 (cem) trabalhadores, e de
uma unidade para cada 50 (cinquenta) trabalhadores ou fração, no
NR 23 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
que exceder.
24.2.2 Deve ser atendida a proporção mínima de uma instala-
NORMA REGULAMENTADORA Nº 23 – NR 23 ção sanitária para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração,
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS separadas por sexo.
(Redação dada pela Portaria SIT n.º 221/2011) 24.2.2.1 Será exigido um lavatório para cada 10 (dez) trabalha-
dores nas atividades com exposição e manuseio de material infec-
23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de pre- tante, substâncias tóxicas, irritantes, aerodispersóides ou que pro-
venção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e voquem a deposição de poeiras, que impregnem a pele e roupas do
as normas técnicas aplicáveis. trabalhador.
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os traba- 24.2.2.2 Em estabelecimentos com funções comerciais, admi-
lhadores informações sobre: nistrativas ou similares, com até 10 (dez) trabalhadores, poderá ser
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio; disponibilizada apenas uma instalação sanitária individual de uso
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com comum entre os sexos desde que garantidas condições de privaci-
segurança; dade.
c) dispositivos de alarme existentes. 24.2.3 As instalações sanitárias devem:
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em núme- a) ser mantidas em condição de conservação, limpeza e higie-
ne;
ro suficiente e dispostas de modo que aqueles que se encontrem
b) ter piso e parede revestidos por material impermeável e la-
nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em
vável;
caso de emergência.
c) peças sanitárias íntegras;
23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser clara-
d) possuir recipientes para descarte de papéis usados;
mente assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos, indican-
e) ser ventiladas para o exterior ou com sistema de exaustão
do a direção da saída.
forçada;
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave
f) dispor de água canalizada e esgoto ligados à rede geral ou
ou presa durante a jornada de trabalho.
a outro sistema que não gere risco à saúde e que atenda à regula-
23.5 As saídas de emergência. mentação local; e
g) comunicar-se com os locais de trabalho por meio de passa-
gens com piso e cobertura, quando se situarem fora do corpo do
NR 24 - CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS estabelecimento.
LOCAIS DE TRABALHO
24.3 Componentes sanitários Bacias sanitárias
24.3.1 Os compartimentos destinados as bacias sanitárias de-
NORMA REGULAMENTADORA Nº 24 vem:
a) ser individuais;
CONDIÇÕES DE HIGIENE E CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABA- b) ter divisórias com altura que mantenham seu interior inde-
LHO vassável com vão inferior que facilite a limpeza e a ventilação;
c) ser dotados de portas independentes, providas de fecho que
Redação dada pela Portaria SEPRT nº 1.066 de 2019 impeçam o devassamento;
d) possuir papel higiênico com suporte e recipiente para des-
24.1 Objetivo e campo de aplicação carte de papéis higiênicos usados, quando não for permitido des-
24.1.1 Esta norma estabelece as condições mínimas de higiene carte na própria bacia sanitária, devendo o recipiente possuir tam-
e de conforto a serem observadas pelas organizações, devendo o pa quando for destinado às mulheres; e
dimensionamento de todas as instalações regulamentadas por esta e) possuir dimensões de acordo com o código de obras local
NR ter como base o número de trabalhadores usuários do turno ou, na ausência desse, deve haver área livre de pelo menos 0,60m
com maior contingente. (sessenta centímetros) de diâmetro entre a borda frontal da bacia
24.1.1.1 Para efeitos desta NR, trabalhadores usuários, dora- sanitária e a porta fechada.
vante denominados trabalhador, é o conjunto de todos os traba-
lhadores no estabelecimento que efetivamente utilizem de forma
habitual as instalações regulamentadas nesta NR.

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Mictórios 24.4.3 Os vestiários devem:


24.3.2 Poderá ser disponibilizado mictório tipo individual ou a) ser mantidos em condição de conservação, limpeza e higie-
calha coletiva, com anteparo. ne;
24.3.2.1 No mictório do tipo calha coletiva, cada segmento de, b) ter piso e parede revestidos por material impermeável e la-
no mínimo, 0,60m (sessenta centímetros), corresponderá a uma vável;
unidade para fins de dimensionamento da calha. c) ser ventilados para o exterior ou com sistema de exaustão
24.3.2.2 No mictório do tipo calha coletiva, quando inexistir forçada;
anteparo, cada segmento de, no mínimo, 0,80m (oitenta centíme- d) ter assentos em material lavável e impermeável em número
tros), corresponderá a uma unidade para fins de dimensionamento compatível com o de trabalhadores; e
da calha. e) dispor de armários individuais simples e/ou duplos com sis-
24.3.2.3 Os mictórios devem ser construídos com material im- tema de trancamento.
permeável e mantidos em condições de limpeza e higiene. Armários
Lavatórios 24.4.4 É admitido o uso rotativo de armários simples entre usu-
24.3.3 O lavatório poderá ser tipo individual, calha ou de tam- ários, exceto nos casos em que estes sejam utilizados para a guarda
po coletivo com várias cubas, possuindo torneiras, sendo que cada de Equipamentos de Proteção Individual - EPI e de vestimentas ex-
segmento de 0,60m (sessenta centímetros) corresponde a uma uni- postas a material infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou que
dade para fins de dimensionamento do lavatório. provoquem sujidade.
24.3.4 O lavatório deve ser provido de material ou dispositivo 24.4.5 Nas atividades laborais em que haja exposição e ma-
para a limpeza, enxugo ou secagem das mãos, proibindo-se o uso nuseio de material infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou
de toalhas coletivas. aerodispersóides, bem como naquelas em que haja contato com
Chuveiros substâncias que provoquem deposição de poeiras que impregnem
24.3.5 Será exigido, para cada grupo de trabalhadores ou fra- a pele e as roupas do trabalhador devem ser fornecidos armários de
ção, 1 (um) chuveiro para cada: compartimentos duplos ou dois armários simples.
24.4.5.1 Ficam dispensadas de disponibilizar 2 (dois) armários
a) 10 (dez) trabalhadores, nas atividades laborais em que haja
simples ou armário duplo as organizações que promovam a higieni-
exposição e manuseio de material infectante, substâncias tóxicas,
zação diária de vestimentas ou que forneçam vestimentas descartá-
irritantes ou aerodispersóides, que impregnem a pele e roupas do
veis, assegurada a disponibilização de 1 (um) armário simples para
trabalhador;
guarda de roupas comuns de uso pessoal do trabalhador.
b) 20 (vinte) trabalhadores, nas atividades laborais em que haja 24.4.6 Os armários simples devem ter tamanho suficiente para
contato com substâncias que provoquem deposição de poeiras que que o trabalhador guarde suas roupas e acessórios de uso pessoal,
impregnem a pele e as roupas do trabalhador, ou que exijam esfor- não sendo admitidas dimensões inferiores a: 0,40m (quarenta cen-
ço físico ou submetidas a condições ambientais de calor intenso. tímetros) de altura, 0,30m (trinta centímetros) de largura e 0,40m
24.3.5.1 Nas atividades em que há exigência de chuveiros, es- (quarenta centímetros) de profundidade.
tes devem fazer parte ou estar anexos aos vestiários. 24.4.6.1 Nos armários de compartimentos duplos, não são ad-
24.3.6 Os compartimentos destinados aos chuveiros devem: mitidas dimensões inferiores a:
a) ser individuais e mantidos em condição de conservação, lim- a) 0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,30m (trinta cen-
peza e higiene; tímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profundida-
b) ter portas de acesso que impeçam o devassamento; de, com separação ou prateleira, de modo que um compartimento,
c) dispor de chuveiro de água quente e fria; com a altura de 0,40m (quarenta centímetros), se destine a abrigar
d) ter piso e paredes revestidos de material impermeável e la- a roupa de uso comum e o outro compartimento, com altura de
vável; 0,40m (quarenta centímetros) a guardar a roupa de trabalho; ou
e) dispor de suporte para sabonete e para toalha; e b) 0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,50m (cinquenta
f) possuir dimensões de acordo com o código de obras local centímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profun-
ou, na ausência desse, no mínimo 0,80m (oitenta centímetros) por didade, com divisão no sentido vertical, de forma que os compar-
0,80m (oitenta centímetros). timentos, com largura de 0,25m (vinte e cinco centímetros), esta-
beleçam, rigorosamente, o isolamento das roupas de uso comum
24.4 Vestiários e de trabalho.
24.4.1 Todos os estabelecimentos devem ser dotados de vesti- 24.4.7 As empresas que oferecerem serviços de guarda volume
ários quando: para a guarda de roupas e acessórios pessoais dos trabalhadores
a) a atividade exija a utilização de vestimentas de trabalho ou estão dispensadas de fornecer armários.
que seja imposto o uso de uniforme cuja troca deva ser feita no 24.4.8 Nas empresas desobrigadas de manter vestiário, deve
próprio local de trabalho; ou ser garantido o fornecimento de escaninho, gaveta com tranca ou
similar que permita a guarda individual de pertences pessoais dos
b) a atividade exija que o estabelecimento disponibilize chu-
trabalhadores ou serviço de guarda-volume.
veiro.
24.4.2 Os vestiários devem ser dimensionados em função do
24.5 Locais para refeições
número de trabalhadores que necessitam utilizá-los, até o limite de
24.5.1 Os empregadores devem oferecer aos seus trabalha-
750 (setecentos e cinquenta) trabalhadores, conforme o seguinte dores locais em condições de conforto e higiene para tomada das
cálculo: área mínima do vestiário por trabalhador = 1,5 - (nº de tra- refeições por ocasião dos intervalos concedidos durante a jornada
balhadores/1000). de trabalho.
24.4.2.1 Em estabelecimentos com mais de 750 (setecentos e 24.5.1.1 É permitida a divisão dos trabalhadores do turno, em
cinquenta) trabalhadores, os vestiários devem ser dimensionados grupos para a tomada de refeições, a fim de organizar o fluxo para
com área de, no mínimo, 0,75m² (setenta e cinco decímetros qua- o conforto dos usuários do refeitório, garantido o intervalo para ali-
drados) por trabalhador. mentação e repouso.

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

24.5.2 Os locais para tomada de refeições para atender até 30 24.6.2 Em câmaras frigoríficas devem ser instalados dispositi-
(trinta) trabalhadores, observado o subitem 24.5.1.1, devem: vos para abertura da porta pelo lado interno, garantida a possibili-
a) ser destinados ou adaptados a este fim; dade de abertura mesmo que trancada pelo exterior.
b) ser arejados e apresentar boas condições de conservação, 24.6.3 Os recipientes de armazenagem de gás liquefeito de pe-
limpeza e higiene; e tróleo (GLP) devem ser instalados em área externa ventilada, obser-
c) possuir assentos e mesas, balcões ou similares suficientes vadas as normas técnicas brasileiras pertinentes.
para todos os usuários atendidos.
24.5.2.1 A empresa deve garantir, nas proximidades do local 24.7 Alojamento
para refeições: 24.7.1 Alojamento é o conjunto de espaços ou edificações,
a) meios para conservação e aquecimento das refeições; composto de dormitório, instalações sanitárias, refeitório, áreas de
b) local e material para lavagem de utensílios usados na refei- vivência e local para lavagem e secagem de roupas, sob responsa-
ção; e bilidade do empregador, para hospedagem temporária de trabalha-
c) água potável. dores.
24.5.3 Os locais destinados às refeições para atender mais de 24.7.2 Os dormitórios dos alojamentos devem:
30 (trinta) trabalhadores, conforme subitem 24.5.1.1, devem: a) ser mantidos em condições de conservação, higiene e lim-
a) ser destinados a este fim e fora da área de trabalho; peza;
b) ter pisos revestidos de material lavável e impermeável; b) ser dotados de quartos;
c) ter paredes pintadas ou revestidas com material lavável e c) dispor de instalações sanitárias, respeitada a proporção de
impermeável; 01 (uma) instalação sanitária com chuveiro para cada 10 (dez) tra-
d) possuir espaços para circulação; balhadores hospedados ou fração; e
e) ser ventilados para o exterior ou com sistema de exaustão d) ser separados por sexo.
forçada, salvo em ambientes climatizados artificialmente; 24.7.2.1. Caso as instalações sanitárias não sejam parte inte-
f) possuir lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio grante dos dormitórios, devem estar localizadas a uma distância
local, atendendo aos requisitos do subitem 24.3.4; máxima de 50 m (cinquenta metros) dos mesmos, interligadas por
g) possuir assentos e mesas com superfícies ou coberturas la- passagens com piso lavável e cobertura.
váveis ou descartáveis, em número correspondente aos usuários 24.7.3 Os quartos dos dormitórios devem:
atendidos; a) possuir camas correspondente ao número de trabalhadores
h) ter água potável disponível; alojados no quarto, vedado o uso de 3 (três) ou mais camas na mes-
i) possuir condições de conservação, limpeza e higiene; ma vertical, e ter espaçamentos vertical e horizontal que permitam
j) dispor de meios para aquecimento das refeições; e ao trabalhador movimentação com segurança;
k) possuir recipientes com tampa para descarte de restos ali- b) possuir colchões certificados pelo INMETRO;
mentares e descartáveis. c) possuir colchões, lençóis, fronhas, cobertores e travesseiros
24.5.4 Ficam dispensados das exigências do item 24.5 desta limpos e higienizados, adequados às condições climáticas;
NR: d) possuir ventilação natural, devendo esta ser utilizada con-
a) estabelecimentos comerciais bancários e atividades afins juntamente com a ventilação artificial, levando em consideração as
que interromperem suas atividades por 2 (duas) horas, no período condições climáticas locais;
destinado às refeições; e) possuir capacidade máxima para 8 (oito) trabalhadores;
b) estabelecimentos industriais localizados em cidades do in- f) possuir armários;
terior, quando a empresa mantiver vila operária ou residirem, seus g) ter, no mínimo, a relação de 3,00 m² (três metros quadrados)
trabalhadores, nas proximidades, permitindo refeições nas próprias por cama simples ou 4,50 m² (quatro metros e cinquenta centíme-
residências. tros quadrados) por beliche, em ambos os casos incluídas a área de
c) os estabelecimentos que oferecerem vale-refeição, desde circulação e armário; e
que seja disponibilizado condições para conservação e aquecimen- h) possuir conforto acústico conforme NR17.
to da comida, bem como local para a tomada das refeições pelos 24.7.3.1 As camas superiores dos beliches devem ter proteção
trabalhadores que trazem refeição de casa. lateral e escada fixas à estrutura.
24.7.3.2 Os armários dos quartos devem ser dotados de siste-
24.6 Cozinhas ma de trancamento e com dimensões compatíveis para a guarda
24.6.1 Quando as empresas possuírem cozinhas, estas devem: de roupas e pertences pessoais do trabalhador, e enxoval de cama.
a) ficar anexas aos locais para refeições e com ligação para os 24.7.4 Os trabalhadores alojados no mesmo quarto devem per-
mesmos; tencer, preferencialmente, ao mesmo turno de trabalho.
b) possuir pisos e paredes revestidos com material impermeá- 24.7.5 Os locais para refeições devem ser compatíveis com os
vel e lavável; requisitos do item 24.5 desta NR, podendo ser parte integrante do
c) dispor de aberturas para ventilação protegidas com telas ou alojamento ou estar localizados em ambientes externos.
ventilação exautora; 24.7.5.1 Quando os locais para refeições não fizerem parte do
d) possuir lavatório para uso dos trabalhadores do serviço de alojamento, deverá ser garantido o transporte dos trabalhadores.
alimentação, dispondo de material ou dispositivo para a limpeza, 24.7.5.2 É vedado o preparo de qualquer tipo de alimento den-
enxugo ou secagem das mãos, proibindo-se o uso de toalhas cole- tro dos quartos.
tivas; 24.7.6 Os alojamentos devem dispor de locais e infraestrutura
e) ter condições para acondicionamento e disposição do lixo para lavagem e secagem de roupas pessoais dos alojados ou ser
de acordo com as normas locais de controle de resíduos sólidos; e fornecido serviço de lavanderia.
f) dispor de sanitário próprio para uso exclusivo dos trabalha- 24.7.7 Os pisos dos alojamentos devem ser impermeáveis e
dores que manipulam gêneros alimentícios, separados por sexo. laváveis.

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

24.7.8 Deve ser garantida coleta de lixo diária, lavagem de rou- 24.9.6 Os locais de trabalho serão mantidos em estado de hi-
pa de cama, manutenção das instalações e renovação de vestuário giene compatível com o gênero de atividade.
de camas e colchões. 24.9.6.1 O serviço de limpeza será realizado, sempre que possí-
24.7.9 Nos alojamentos deverão ser obedecidas as seguintes vel, fora do horário de trabalho e por processo que reduza ao míni-
instruções gerais de uso: mo o levantamento de poeiras.
a) os sanitários deverão ser higienizados diariamente; 24.9.7 Todos os ambientes previstos nesta norma devem ser
b) é vedada, nos quartos, a instalação e utilização de fogão, fo- construídos de acordo com o código de obras local, devendo:
gareiro ou similares; a) ter cobertura adequada e resistente, que proteja contra in-
c) ser garantido o controle de vetores conforme legislação local. tempéries;
24.07.2010 Os trabalhadores hoSPEDados com suspeita de do- b) ter paredes construídas de material resistente;
ença infectocontagiosa devem ser submetidos à avaliação médica c) ter pisos de material compatível com o uso e a circulação de
que decidirá pelo afastamento ou permanência no alojamento.= pessoas;
24.8 Vestimenta de trabalho d) possuir iluminação que proporcione segurança contra aci-
24.8.1 Vestimenta de trabalho é toda peça ou conjunto de pe- dentes.
ças de vestuário, destinada a atender exigências de determinadas 24.9.7.1 Na ausência de código de obra local, deve ser garanti-
atividades ou condições de trabalho que impliquem contato com do pé direito mínimo de 2,50 m (dois metros e cinquenta centíme-
sujidade, agentes químicos, físicos ou biológicos ou para permi- tros), exceto nos quartos de dormitórios com beliche, cuja medida
tir que o trabalhador seja mais bem visualizado, não considerada mínima será de 3,00 m (três metros).
como uniforme ou EPI. 24.9.7.2 As instalações elétricas devem ser protegidas para evi-
24.8.2 O empregador deve fornecer gratuitamente as vesti- tar choques elétricos.
mentas de trabalho. 24.9.8 Devem ser garantidas condições para que os trabalha-
24.8.3 A vestimenta não substitui a necessidade do EPI, poden- dores possam interromper suas atividades para utilização das ins-
do seu uso ser conjugado. talações sanitárias.
24.8.4 Cabe ao empregador quanto às vestimentas de trabalho: 24.9.9 Em edificações com diversos estabelecimentos, todas as
a) fornecer peças que sejam confeccionadas com material e em instalações previstas nesta NR podem ser atendidas coletivamente
tamanho adequado, visando o conforto e a segurança necessária à por grupo de empregadores ou pelo condomínio, mantendo-se o
atividade desenvolvida pelo trabalhador; empregador como o responsável pela disponibilização das instala-
b) substituir as peças conforme sua vida útil ou sempre que ções.
danificadas; 24.9.9.1 O dimensionamento deve ser feito com base no maior
número de trabalhadores por turno.
c) fornecer em quantidade adequada ao uso, levando em con-
sideração a necessidade de troca da vestimenta; e
ANEXO I da NR-24
d) responsabilizar-se pela higienização com periodicidade ne-
Condições sanitárias e de conforto aplicáveis a trabalhadores
cessária nos casos em que a lavagem ofereça riscos de contamina-
em “shopping center”
ção.
1. Para efeito deste Anexo, considera-se “Shopping Center” o
24.8.4.1 Nos casos em que seja inviável o fornecimento de ves-
espaço planejado sob uma administração central sujeito a normas
timenta exclusiva para cada trabalhador, deverá ser assegurada a
contratuais padronizadas, procurando assegurar convivência inte-
higienização prévia ao uso.
grada, composto por estabelecimentos tais como: lojas de qualquer
24.8.5 As peças de vestimentas de trabalho, quando usadas na natureza e quiosques, lanchonetes, restaurantes, salas de cinema e
cabeça ou face, não devem restringir o campo de visão do traba- estacionamento, destinados à exploração comercial e à prestação
lhador. de serviços.
2. A administração central é responsável pela disponibilização
24.9 Disposições gerais das instalações sanitárias, vestiários e ambientes para refeições aos
24.9.1 Em todos os locais de trabalho deverá ser fornecida aos seus trabalhadores e aos trabalhadores dos estabelecimentos que
trabalhadores água potável, sendo proibido o uso de copos coleti- não disponham de espaço construtivo para atender os dispositivos
vos. desta NR em seus estabelecimentos.
24.9.1.1 O fornecimento de água deve ser feito por meio de 2.1 A administração central disponibilizará local para conserva-
bebedouros na proporção de, no mínimo, 1 (um) para cada grupo ção, aquecimento da alimentação trazida pelos trabalhadores, bem
de 50 (cinquenta) trabalhadores ou fração, ou outro sistema que como para tomada das refeições.
ofereça as mesmas condições. 2.2 A administração central disponibilizará vestiário para troca
24.9.1.2 Quando não for possível obter água potável corrente, de roupa dos trabalhadores usuários, dos quais são exigidos o uso
esta deverá ser fornecida em recipientes portáteis próprios e her- de uniforme e vestimentas de trabalho, bem como para guarda de
meticamente fechados. seus pertences.
24.9.2 Os locais de armazenamento de água potável devem 3. Os estabelecimentos referidos no item 1 ficam dispensados
passar periodicamente por limpeza, higienização e manutenção, dos itens relativos a instalações sanitárias, vestiários e locais para
em conformidade com a legislação local. refeições, desde que os trabalhadores possam utilizar as instalações
24.9.3 Deve ser realizada periodicamente análise de potabi- sanitárias e a praça de alimentação do “Shopping Center” ou outro
lidade da água dos reservatórios para verificar sua qualidade, em espaço destinado a estes fins, conforme o estabelecido nesta nor-
conformidade com a legislação. ma.
24.9.4 A água não-potável para uso no local de trabalho ficará 4. Aos trabalhadores de lanchonetes, restaurantes ou similares
separada, devendo ser afixado aviso de advertência da sua não po- deverão ser disponibilizados vestiários e instalações sanitárias com
tabilidade. chuveiros na proporção de um conjunto para cada grupo de 20 (vin-
24.9.5 Os locais de armazenamento de água, os poços e as fon- te) trabalhadores ou fração, obedecendo ao horário do turno de
tes de água potável serão protegidos contra a contaminação. maior contingente.

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

4.1 Aos trabalhadores de atividades com exposição a material 3. Para efeito deste Anexo, são considerados pontos iniciais
infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou que provoquem sujida- e finais de linhas de ônibus urbano e de caráter urbano os locais
de deverão ser disponibilizados vestiários e instalações sanitárias pré-determinados pelo poder público competente como pontos
com chuveiros na proporção de um conjunto para cada grupo de 10 extremos das linhas, itinerários ou rotas de ônibus, situados em
(dez) trabalhadores ou fração, obedecendo ao horário do turno de logradouros públicos, com área destinada ao estacionamento de
maior contingente. veículos e instalações mínimas para controle operacional do serviço
e acomodação do pessoal de operação nos intervalos entre viagens.
ANEXO II da NR-24 3.1 Em caso de terminais e estações de passageiros implanta-
Condições sanitárias e de conforto aplicáveis a trabalhadores dos pelo poder público, presumem-se cumpridos os dispositivos
em trabalho externo de prestação de serviços desta norma.
1. Para efeito deste Anexo, considera-se trabalho externo todo 3.2 Recomenda-se aos órgãos gestores públicos responsáveis
aquele realizado fora do estabelecimento do empregador cuja exe- pelas redes de transporte público coletivo urbano e de caráter ur-
cução se dará no estabelecimento do cliente ou em logradouro bano que considerem as disposições deste Anexo no processo de
público. Excetua-se deste anexo as atividades relacionadas à cons- definição dos locais para instalação dos pontos iniciais e finais das
trução, leituristas, vendedores, entregadores, carteiros e similares, linhas que compõem as referidas redes.
bem como o de atividade regulamentada pelo Anexo III desta nor- 4. Condições de Satisfação de Necessidades Fisiológicas, Ali-
ma. mentação e Hidratação.
2. Nas atividades desenvolvidas em estabelecimento do clien- 4.1 Nos casos de linhas de transporte público coletivo de pas-
te, este será o responsável pelas garantias de conforto para satisfa- sageiros por ônibus que não possuem nenhum dos pontos iniciais
ção das necessidades básicas de higiene e alimentação, conforme e finais em edifício terminal, deverão ser garantidos pelo empre-
item 24.1 desta norma. gador, próximo a pelo menos um dos referidos pontos, instalações
2.1 Sempre que o trabalho externo, móvel ou temporário, sanitárias, local para refeição e hidratação, em distância não supe-
rior a 250 m (duzentos e cinquenta metros) de deslocamento a pé.
ocorrer preponderantemente em logradouro público, em frente de
4.1.1 As instalações sanitárias serão compostas de bacia sanitá-
trabalho, deverá ser garantido pelo empregador:
ria e lavatório, respeitando a proporção de 1 (um) para cada grupo
a) instalações sanitárias compostas de bacia sanitária e lavató-
de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo ser dispensada a
rio para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo
separação de instalação sanitária por sexo, para grupo de até 10
ser usados banheiros químicos dotados de mecanismo de descarga (dez) trabalhadores desde que sejam garantidas condições de pri-
ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, material vacidade e higiene.
para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas 4.1.2 As instalações sanitárias podem ser substituídas por uni-
coletivas, garantida a higienização diária dos módulos; dades de banheiros químicos dotados de mecanismo de descarga
b) local para refeição protegido contra intempéries e em con- ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, material
dições de higiene, que atenda a todos os trabalhadores ou prover para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas
meio de custeio para alimentação em estabelecimentos comerciais; coletivas, garantida a higienização diária dos módulos.
e 4.2 Os locais para refeição deverão ser protegidos contra in-
c) água fresca e potável acondicionada em recipientes térmicos tempéries, estar em boas condições e atender a todos os trabalha-
em bom estado de conservação e em quantidade suficiente. dores.
3. O uso de instalações sanitárias em trabalhos externos deve 4.3 Água potável deve ser disponibilizada nos pontos inicial ou
ser gratuito para o trabalhador. final e nos terminais por bebedouro ou equipamento similar que
4. Aos trabalhadores, em trabalho externo que levem suas permita o enchimento de recipientes individuais ou o consumo no
próprias refeições, devem ser oferecidos dispositivos térmicos para local, proibido o uso de copos coletivos.
conservação e aquecimento dos alimentos. 4.3.1 As trocas de recipientes estarão sob a responsabilidade
5. Em trabalhos externos o atendimento a este Anexo poderá da empresa permissionária ou concessionária cujas recomposições
ocorrer mediante convênio com estabelecimentos nas proximida- se darão numa frequência que leve em consideração as condições
des do local do trabalho, garantido o transporte de todos os traba- climáticas e o número de trabalhadores, de tal modo a que haja
lhadores até o referido local. sempre suprimento de água a qualquer momento da jornada de
ANEXO III da NR-24 trabalho.
Condições sanitárias e de conforto aplicáveis a trabalhadores 4.4 Para efeito de dimensionamento das instalações sanitárias
em transporte público rodoviário coletivo urbano de passageiros e do local para refeição, deverá ser considerado o número máximo
em atividade externa existente de trabalhadores presentes ao mesmo tempo, no referido
1. Para efeito deste Anexo, considera-se trabalho em transpor- ponto inicial ou final, de acordo com a programação horária oficial
das linhas de ônibus.
te público coletivo rodoviário urbano de passageiros aquele desem-
4.5 O atendimento ao disposto nos itens 4.1, 4.2 e 4.3 poderá
penhado pelo pessoal de operação do transporte coletivo urbano e
ocorrer mediante convênio ou parceria com estabelecimentos co-
de caráter urbano por ônibus: os motoristas, cobradores e fiscais de
merciais, industriais ou propriedades privadas.
campo - assim identificados como trabalhadores.
4.6 O uso de instalações sanitárias em trabalhos externos de
2. Este Anexo estabelece as condições mínimas aplicáveis às transporte público coletivo urbano rodoviário não deve ter custo
instalações sanitárias e locais para refeição a serem disponibilizados para o trabalhador.
pelo empregador ao pessoal que realiza trabalho externo na ope-
ração do transporte público coletivo urbano e de caráter urbano.

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

- em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas


NR 26 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA de emergência.
26.1.5.3 Amarelo. (126.004-9 / I2)
Em canalizações, deve-se utilizar o amarelo para identificar ga-
NORMA REGULAMENTADORA 26 - NR 26 ses não liquefeitos.
SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA O amarelo deverá ser empregado para indicar “Cuidado!”, as-
26.1 Cor na segurança do trabalho. sinalando:
26.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por objetivo fi- - partes baixas de escadas portáteis;
xar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para pre- - corrimões, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas
venção de acidentes, identificando os equipamentos de segurança, que apresentem risco;
delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas nas - espelhos de degraus de escadas;
indústrias para a condução de líquidos e gases e advertindo contra - bordas desguarnecidos de aberturas no solo (poços, entradas
riscos. subterrâneas, etc.) e de plataformas que não possam ter corrimões;
26.1.2 Deverão ser adotadas cores para segurança em estabe- - bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham
lecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca verticalmente;
dos riscos existentes. (126.001-4 / I2) - faixas no piso da entrada de elevadores e plataformas de car-
26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras regamento;
formas de prevenção de acidentes. - meios-fios, onde haja necessidade de chamar atenção;
26.1.4 O uso de cores deverá ser o mais reduzido possível, a fim - paredes de fundo de corredores sem saída;
de não ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador. - vigas colocadas a baixa altura;
26.1.5 As cores aqui adotadas serão as seguintes: - cabines, caçambas e gatos-de-pontes-rolantes, guindastes,
- vermelho; escavadeiras, etc.;
- amarelo; - equipamentos de transporte e manipulação de material, tais
- branco; como empilhadeiras, tratores industriais, pontes-rolantes, vagone-
- preto; tes, reboques, etc.;
- azul; - fundos de letreiros e avisos de advertência;
- verde; - pilastras, vigas, postes, colunas e partes salientes de estrutu-
- laranja; ras e equipamentos em que se possa esbarrar;
- púrpura; - cavaletes, porteiras e lanças de cancelas;
- lilás; - bandeiras como sinal de advertência (combinado ao preto);
- cinza; - comandos e equipamentos suspensos que ofereçam risco;
- alumínio; - pára-choques para veículos de transporte pesados, com lis-
- marrom. tras pretas.
26.1.5.1 A indicação em cor, sempre que necessária, especial- Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usa-
mente quando em área de trânsito para pessoas estranhas ao tra- dos sobre o amarelo quando houver necessidade de melhorar a
balho, será acompanhada dos sinais convencionais ou da identifica- visibilidade da sinalização.
ção por palavras. (126.002-2/I2) 26.1.5.4 Branco. (126.005-7 / I2)
26.1.5.2 Vermelho. (126.003-0 / I2)
O vermelho deverá ser usado para distinguir e indicar equipa- O branco será empregado em:
mentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio. Não deverá - passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (lo-
ser usado na indústria para assinalar perigo, por ser de pouca visi- calização e largura);
bilidade em comparação com o amarelo (de alta visibilidade) e o - direção e circulação, por meio de sinais;
alaranjado (que significa Alerta). - localização e coletores de resíduos;
É empregado para identificar:
- localização de bebedouros;
- caixa de alarme de incêndio;
- áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de
- hidrantes;
combate a incêndio ou outros equipamentos de emergência;
- bombas de incêndio;
- áreas destinadas à armazenagem;
- sirenes de alarme de incêndio;
- zonas de segurança.
- caixas com cobertores para abafar chamas;
26.1.5.5 Preto. (126.006-5 / I2)
- extintores e sua localização;
O preto será empregado para indicar as canalizações de infla-
- indicações de extintores (visível a distância, dentro da área de
máveis e combustíveis de alta viscosidade (ex: óleo lubrificante, as-
uso do extintor);
- localização de mangueiras de incêndio (a cor deve ser usada falto, óleo combustível, alcatrão, piche, etc.).
no carretel, suporte, moldura da caixa ou nicho); O preto poderá ser usado em substituição ao branco, ou combi-
- baldes de areia ou água, para extinção de incêndio; nado a este, quando condições especiais o exigirem.
- tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água; 26.1.5.6 Azul. (126.007-3 / I2)
- transporte com equipamentos de combate a incêndio; O azul será utilizado para indicar “Cuidado!”, ficando o seu em-
- portas de saídas de emergência; prego limitado a avisos contra uso e movimentação de equipamen-
- rede de água para incêndio (sprinklers); tos, que deverão permanecer fora de serviço.
- mangueira de acetileno (solda oxiacetilênica). - empregado em barreiras e bandeirolas de advertência a se-
A cor vermelha será usada excepcionalmente com sentido de rem localizadas nos pontos de comando, de partida, ou fontes de
advertência de perigo: energia dos equipamentos.
- nas luzes a serem colocadas em barricadas, tapumes de cons- Será também empregado em:
truções e quaisquer outras obstruções temporárias; - canalizações de ar comprimido;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

- prevenção contra movimento acidental de qualquer equipa- 26.3.1 Obrigatoriamente, a canalização de água potável deverá
mento em manutenção; ser diferenciada das demais. (126.017-0 / I2)
- avisos colocados no ponto de arranque ou fontes de potência. 26.3.2 Quando houver a necessidade de uma identificação
26.1.5.7 Verde. (126.008-1 / I2) mais detalhada (concentração, temperatura, pressões, pureza,
O verde é a cor que caracteriza “segurança”. etc.), a diferenciação far-se-á através de faixas de cores diferentes,
Deverá ser empregado para identificar: aplicadas sobre a cor básica. (126.018-9 / I2)
- canalizações de água; 26.3.3 A identificação por meio de faixas deverá ser feita de
- caixas de equipamento de socorro de urgência; modo que possibilite facilmente a sua visualização em qualquer
- caixas contendo máscaras contra gases; parte da canalização. (126.019-7 / I2)
- chuveiros de segurança; 26.3.4 Todos os acessórios das tubulações serão pintados nas
- macas; cores básicas de acordo com a natureza do produto a ser transpor-
- fontes lavadoras de olhos; tado. (126.020-0 / I2)
- quadros para exposição de cartazes, boletins, avisos de se- 26.3.5 O sentido de transporte do fluído, quando necessário,
gurança, etc.; será indicado por meio de seta pintada em cor de contraste sobre a
- porta de entrada de salas de curativos de urgência; cor básica da tubulação. (126.021-9 / I2)
- localização de EPI; caixas contendo EPI; 26.3.6 Para fins de segurança, os depósitos ou tanques fixos
- emblemas de segurança; que armazenem fluidos deverão ser identificados pelo mesmo sis-
- dispositivos de segurança; tema de cores que as canalizações. (126.022-7 / I2)
- mangueiras de oxigênio (solda oxiacetilênica). 26.4 Sinalização para armazenamento de substâncias perigo-
26.1.5.8 Laranja. (126.009-0 / I2) sas.
O laranja deverá ser empregado para identificar: 26.4.1 O armazenamento de substâncias perigosas deverá se-
- canalizações contendo ácidos; guir padrões internacionais. (126.023-5 / I3)
- partes móveis de máquinas e equipamentos;
a) Para fins do disposto no item anterior, considera-se subs-
- partes internas das guardas de máquinas que possam ser re-
tância perigosa todo material que seja, isoladamente ou não, cor-
movidas ou abertas;
rosivo, tóxico, radioativo, oxidante, e que, durante o seu manejo,
- faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos;
armazenamento, processamento, embalagem, transporte, possa
- faces externas de polias e engrenagens;
- botões de arranque de segurança; conduzir efeitos prejudiciais sobre trabalhadores, equipamentos,
- dispositivos de corte, borda de serras, prensas. ambiente de trabalho.
26.1.5.9 Púrpura. (126.010-3 / I2) 26.5 Símbolos para identificação dos recipientes na movimen-
A púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenien- tação de materiais.
tes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nu- 26.5.1 Na movimentação de materiais no transporte terrestre,
cleares. marítimo, aéreo e intermodal, deverão ser seguidas as normas téc-
Deverá ser empregada a púrpura em: nicas sobre simbologia vigentes no País. (126.024-3 / I3)
- portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipu- 26.6 Rotulagem preventiva.
lam ou armazenam materiais radioativos ou materiais contamina- 26.6.1 A rotulagem dos produtos perigosos ou nocivos à saú-
dos pela radioatividade; de deverá ser feita segundo as normas constantes deste item.
- locais onde tenham sido enterrados materiais e equipamen- (126.025-1 / I3)
tos contaminados; 26.6.2 Todas as instruções dos rótulos deverão ser breves,
- recipientes de materiais radioativos ou de refugos de mate- precisas, redigidas em termos simples e de fácil compreensão.
riais e equipamentos contaminados; (126.026-0 / I3)
- sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de ra- 26.6.3 A linguagem deverá ser prática, não se baseando so-
diações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. mente nas propriedades inerentes a um produto, mas dirigida de
26.1.5.10 Lilás. (126.011-1 / I2) modo a evitar os riscos resultantes do uso, manipulação e armaze-
O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que conte- nagem do produto. (126.027-8 / I3)
nham álcalis. As refinarias de petróleo poderão utilizar o lilás para a 26.6.4 Onde possa ocorrer misturas de 2 (duas) ou mais subs-
identificação de lubrificantes. tâncias químicas, com propriedades que variem em tipo ou grau
26.1.5.11 Cinza. (126.012-0 / I2) daquelas dos componentes considerados isoladamente, o rótu-
a) Cinza claro - deverá ser usado para identificar canalizações lo deverá destacar as propriedades perigosas do produto final.
em vácuo; (126.028-6 / I3)
b) Cinza escuro - deverá ser usado para identificar eletrodutos. 26.6.5 Do rótulo deverão constar os seguintes tópicos:
26.1.5.12 Alumínio. (126.013-8 / I2)
(126.029-4 / I3)
O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases li-
- nome técnico do produto;
quefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (ex. óleo
- palavra de advertência, designando o grau de risco;
diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, etc.).
- indicações de risco;
26.1.5.13 Marrom. (126.014-6 / I2)
O marrom pode ser adotado, a critério da empresa, para identi- - medidas preventivas, abrangendo aquelas a serem tomadas;
ficar qualquer fluído não identificável pelas demais cores. - primeiros socorros;
26.2 O corpo das máquinas deverá ser pintado em branco, pre- - informações para médicos, em casos de acidentes;
to ou verde. (126.015-4 / I2) - e instruções especiais em caso de fogo, derrame ou vazamen-
26.3. As canalizações industriais, para condução de líquidos e to, quando for o caso.
gases, deverão receber a aplicação de cores, em toda sua exten- 26.6.6 No cumprimento do disposto no item anterior, dever-se-
são, a fim de facilitar a identificação do produto e evitar acidentes. -á adotar o seguinte procedimento: (126.030-8 / I3)
(126.016-2 / I2)

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

- nome técnico completo, o rótulo especificando a natureza do b) a organização e procedimentos de trabalho;


produto químico. Exemplo: “Ácido Corrosivo”, “Composto de Chum- c) a possibilidade de exposição;
bo”, etc. Em qualquer situação, a identificação deverá ser adequa- d) a descrição das atividades e funções de cada local de traba-
da, para permitir a escolha do tratamento médico correto, no caso lho;
de acidente. e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento.
- Palavra de Advertência - as palavras de advertência que de- 32.2.2.2 O PPRA deve ser reavaliado 01 (uma) vez ao ano e:
vem ser usadas são: a) sempre que se produza uma mudança nas condições de tra-
- “PERIGO”, para indicar substâncias que apresentem alto risco; balho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos;
- “CUIDADO”, para substâncias que apresentem risco médio; b) quando a análise dos acidentes e incidentes assim o deter-
- “ATENÇÃO”, para substâncias que apresentem risco leve. minar.
- Indicações de Risco - As indicações deverão informar sobre os 32.2.2.3 Os documentos que compõem o PPRA deverão estar
riscos relacionados ao manuseio de uso habitual ou razoavelmente disponíveis aos trabalhadores.
previsível do produto. Exemplos: “EXTREMAMENTE INFLAMÁVEIS”, 32.2.3 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
“NOCIVO SE ABSORVIDO ATRAVÉS DA PELE”, etc. - PCMSO
- Medidas Preventivas - Têm por finalidade estabelecer outras 32.2.3.1 O PCMSO, além do previsto na NR-07, e observando o
medidas a serem tomadas para evitar lesões ou danos decorrentes disposto no inciso I do item 32.2.2.1, deve contemplar:
dos riscos indicados. Exemplos: “MANTENHA AFASTADO DO CALOR, a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos;
FAÍSCAS E CHAMAS ABERTAS” “EVITE INALAR A POEIRA”. b) a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do
- Primeiros Socorros - medidas específicas que podem ser to- item 32.2.2;
madas antes da chegada do médico. c) a relação contendo a identificação nominal dos trabalhado-
res, sua função, o local em que desempenham suas atividades e o
risco a que estão expostos;
d) a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente ex-
NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTA- postos;
BELECIMENTOS DE SAÚDE e) o programa de vacinação.
32.2.3.2 Sempre que houver transferência permanente ou oca-
NORMA REGULAMENTADORA 32 - NR 32 sional de um trabalhador para um outro posto de trabalho, que im-
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE plique em mudança de risco, esta deve ser comunicada de imediato
32.1 Do objetivo e campo de aplicação ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO.
32.2.3.3 Com relação à possibilidade de exposição acidental
32.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por finalidade
aos agentes biológicos, deve constar do PCMSO:
estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas
a) os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acom-
de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços
panhamento e prevenção da soro conversão e das doenças;
de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promo-
b) as medidas para descontaminação do local de trabalho;
ção e assistência à saúde em geral.
c) o tratamento médico de emergência para os trabalhadores;
32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços
d) a identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas
de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência
pertinentes;
à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação,
e) a relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar
assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de com-
assistência aos trabalhadores;
plexidade. f) as formas de remoção para atendimento dos trabalhadores;
32.2 Dos Riscos Biológicos g) a relação dos estabelecimentos de assistência à saúde de-
32.2.1 Para fins de aplicação desta NR, considera-se Risco Bioló- positários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários,
gico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. materiais e insumos especiais.
32.2.1.1 Consideram-se Agentes Biológicos os microrganismos, 32.2.3.4 O PCMSO deve estar à disposição dos trabalhadores,
geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os para- bem como da inspeção do trabalho.
sitas; as toxinas e os príons. 32.2.3.5 Em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos bio-
32.2.1.2 A classificação dos agentes biológicos encontra-se lógicos, com ou sem afastamento do trabalhador, deve ser emitida
anexa a esta NR. a Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT.
32.2.2 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA: 32.2.4 Das Medidas de Proteção
32.2.2.1 O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase de reco- 32.2.4.1 As medidas de proteção devem ser adotadas a partir
nhecimento, deve conter: do resultado da avaliação, previstas no PPRA, observando o dispos-
I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função to no item 32.2.2.
da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e 32.2.4.1.1 Em caso de exposição acidental ou incidental, medi-
seus setores, considerando: das de proteção devem ser adotadas imediatamente, mesmo que
a) fontes de exposição e reservatórios; não previstas no PPRA.
b) vias de transmissão e de entrada; 32.2.4.2 A manipulação em ambiente laboratorial deve seguir
c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Di-
d) persistência do agente biológico no ambiente; retrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológi-
e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; co, correspondentes aos respectivos microrganismos.
f) outras informações científicas. 32.2.4.3 Todo local onde exista possibilidade de exposição ao
II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, consideran- agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos
do: provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e
a) a finalidade e descrição do local de trabalho; lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual.

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

32.2.4.3.1 Os quartos ou enfermarias destinados ao isolamento 32.2.4.9.2 O empregador deve comprovar para a inspeção do
de pacientes portadores de doenças infectocontagiosas devem con- trabalho a realização da capacitação através de documentos que
ter lavatório em seu interior. informem a data, o horário, a carga horária, o conteúdo ministrado,
32.2.4.3.2 O uso de luvas não substitui o processo de lavagem o nome e a formação ou capacitação profissional do instrutor e dos
das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso trabalhadores envolvidos.
das mesmas. 32.2.4.10 Em todo local onde exista a possibilidade de exposi-
32.2.4.4 Os trabalhadores com feridas ou lesões nos membros ção a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos trabalhadores
superiores só podem iniciar suas atividades após avaliação médica instruções escritas, em linguagem acessível, das rotinas realizadas
obrigatória com emissão de documento de liberação para o traba- no local de trabalho e medidas de prevenção de acidentes e de do-
lho. enças relacionadas ao trabalho.
32.2.4.5 O empregador deve vedar: 32.2.4.10.1 As instruções devem ser entregues ao trabalhador,
a) a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos pre- mediante recibo, devendo este ficar à disposição da inspeção do
vistos; trabalho.
b) o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de 32.2.4.11 Os trabalhadores devem comunicar imediatamente
contato nos postos de trabalho; todo acidente ou incidente, com possível exposição a agentes bio-
c) o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho; lógicos, ao responsável pelo local de trabalho e, quando houver, ao
d) a guarda de alimentos em locais não destinados para este serviço de segurança e saúde do trabalho e à CIPA.
fim; 32.2.4.12 O empregador deve informar, imediatamente, aos
e) o uso de calçados abertos. trabalhadores e aos seus representantes qualquer acidente ou in-
32.2.4.6 Todos trabalhadores com possibilidade de exposição a cidente grave que possa provocar a disseminação de um agente
agentes biológicos devem utilizar vestimenta de trabalho adequada biológico suscetível de causar doenças graves nos seres humanos,
e em condições de conforto. as suas causas e as medidas adotadas ou a serem adotadas para
32.2.4.6.1 A vestimenta deve ser fornecida sem ônus para o corrigir a situação.
empregado. 32.2.4.13 Os colchões, colchonetes e demais almofadados de-
32.2.4.6.2 Os trabalhadores não devem deixar o local de traba- vem ser revestidos de material lavável e impermeável, permitindo
lho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas desinfecção e fácil higienização.
utilizadas em suas atividades laborais. 32.2.4.13.1 O revestimento não pode apresentar furos, rasgos,
32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais apropriados sulcos ou reentrâncias.
para fornecimento de vestimentas limpas e para deposição das usa- 32.2.4.14 Os trabalhadores que utilizarem objetos perfuro cor-
das. tantes devem ser os responsáveis pelo seu descarte.
32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas utilizadas nos cen-
32.2.4.15 São vedados o reencape e a desconexão manual de
tros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, uni-
agulhas.
dades de pacientes com doenças infectocontagiosa e quando hou-
32.2.4.16 O empregador deve elaborar e implementar Plano de
ver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser
Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfuro cortantes,
de responsabilidade do empregador.
conforme as diretrizes estabelecidas no Anexo III desta Norma Re-
32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI, descar-
gulamentadora.
táveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos
32.2.4.16 Deve ser assegurado o uso de materiais perfuro cor-
postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato forne-
tantes com dispositivo de segurança, conforme cronograma a ser es-
cimento ou reposição.
32.2.4.8 O empregador deve: tabelecido pela CTPN. (O cronograma será conformeart. 1º da Por-
a) garantir a conservação e a higienização dos materiais e ins- taria MTE 939/2008)(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.748/2011)
trumentos de trabalho; 32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam ma-
b) providenciar recipientes e meios de transporte adequados teriais perfuro cortantes devem disponibilizar, para os trabalhado-
para materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos. res dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização do
32.2.4.9 O empregador deve assegurar capacitação aos traba- dispositivo de segurança.
lhadores, antes do início das atividades e de forma continuada, de- 32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam ma-
vendo ser ministrada: teriais perfuro cortantes devem disponibilizar, para os trabalhado-
a) sempre que ocorra uma mudança das condições de exposi- res dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização
ção dos trabalhadores aos agentes biológicos; do dispositivo de segurança. (Redação dada pelaPortaria MTE
b) durante a jornada de trabalho; 939/2008).(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.748/2011)
c) por profissionais de saúde familiarizados com os riscos ine- 32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalha-
rentes aos agentes biológicos. dores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem
32.2.4.9.1 A capacitação deve ser adaptada à evolução do co- 32.2.4.16.1.”
nhecimento e à identificação de novos riscos biológicos e deve in- 32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalha-
cluir: dores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem
a) os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde; 32.2.4.16.1. (Redação dada pelaPortaria MTE 939/2008).(Alteração
b) medidas de controle que minimizem a exposição aos agen- dada pelaPortaria MTE 1.748/2011)
tes; 32.2.4.17 Da Vacinação dos Trabalhadores
c) normas e procedimentos de higiene; 32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser
d) utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra té-
e vestimentas de trabalho; tano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO.
e) medidas para a prevenção de acidentes e incidentes; 32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros
f) medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar,
ocorrência de incidentes e acidentes. expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da 32.3.7.1.2 Excetuam-se a preparação e associação de medica-
vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e mentos para administração imediata aos pacientes.
seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço. 32.3.7.1.3 O local deve dispor, no mínimo, de:
32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do a) sinalização gráfica de fácil visualização para identificação do
Ministério da Saúde. ambiente, respeitando o disposto na NR-26;
32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os trabalhado- b) equipamentos que garantam a concentração dos produtos
res sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim químicos no ar abaixo dos limites de tolerância estabelecidos nas
como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vaci- NR- 09 e NR-15 e observando-se os níveis de ação previstos na NR-
nação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório 09;
e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho. c) equipamentos que garantam a exaustão dos produtos quí-
32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no prontuário clíni- micos de forma a não potencializar a exposição de qualquer traba-
co individual do trabalhador, previsto na NR-07. lhador, envolvido ou não, no processo de trabalho, não devendo ser
32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante utilizado o equipamento tipo coifa;
das vacinas recebidas. d) chuveiro e lava-olhos, os quais deverão ser acionados e hi-
32.3 Dos Riscos Químicos gienizados semanalmente;
32.3.1 Deve ser mantida a rotulagem do fabricante na embala- e) equipamentos de proteção individual, adequados aos riscos,
gem original dos produtos químicos utilizados em serviços de saú- à disposição dos trabalhadores;
de. f) sistema adequado de descarte.
32.3.2 Todo recipiente contendo produto químico manipulado 32.3.7.2 A manipulação ou fracionamento dos produtos quími-
ou fracionado deve ser identificado, de forma legível, por etiqueta cos deve ser feito por trabalhador qualificado.
com o nome do produto, composição química, sua concentração, 32.3.7.3 O transporte de produtos químicos deve ser realizado
data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipu- considerando os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao
lação ou fracionamento.
meio ambiente.
32.3.3 É vedado o procedimento de reutilização das embala-
32.3.7.4 Todos os estabelecimentos que realizam, ou que pre-
gens de produtos químicos.
tendem realizar, esterilização, reesterilização ou reprocessamento
32.3.4 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA
por gás óxido de etileno, deverão atender o disposto na Portaria
32.3.4.1 No PPRA dos serviços de saúde deve constar inventá-
rio de todos os produtos químicos, inclusive intermediários e resí- Interministerial nº 482/MS/MTE de 16/04/1999.
duos, com indicação daqueles que impliquem em riscos à seguran- 32.3.7.5 Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos in-
ça e saúde do trabalhador. flamáveis, o sistema de prevenção de incêndio deve prever medidas
32.3.4.1.1 Os produtos químicos, inclusive intermediários e re- especiais de segurança e procedimentos de emergência.
síduos que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador, 32.3.7.6 As áreas de armazenamento de produtos químicos de-
devem ter uma ficha descritiva contendo, no mínimo, as seguintes vem ser ventiladas e sinalizadas.
informações: 32.3.7.6.1 Devem ser previstas áreas de armazenamento pró-
a) as características e as formas de utilização do produto; prias para produtos químicos incompatíveis.
b) os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao meio am- 32.3.8 Dos Gases Medicinais
biente, considerando as formas de utilização; 32.3.8.1 Na movimentação, transporte, armazenamento, ma-
c) as medidas de proteção coletiva, individual e controle médi- nuseio e utilização dos gases, bem como na manutenção dos equi-
co da saúde dos trabalhadores; pamentos, devem ser observadas as recomendações do fabricante,
d) condições e local de estocagem; desde que compatíveis com as disposições da legislação vigente.
e) procedimentos em situações de emergência. 32.3.8.1.1 As recomendações do fabricante, em português, de-
32.3.4.1.2 Uma cópia da ficha deve ser mantida nos locais onde vem ser mantidas no local de trabalho à disposição dos trabalhado-
o produto é utilizado. res e da inspeção do trabalho.
32.3.5 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional 32.3.8.2 É vedado:
- PCMSO a) a utilização de equipamentos em que se constate vazamento
32.3.5.1 Na elaboração e implementação do PCMSO, devem de gás;
ser consideradas as informações contidas nas fichas descritivas ci- b) submeter equipamentos a pressões superiores àquelas para
tadas no subitem 32.3.4.1.1. as quais foram projetados;
32.3.6 Cabe ao empregador: c) a utilização de cilindros que não tenham a identificação do
32.3.6.1 Capacitar, inicialmente e de forma continuada, os tra- gás e a válvula de segurança;
balhadores envolvidos para a utilização segura de produtos quími- d) a movimentação dos cilindros sem a utilização dos equipa-
cos.
mentos de proteção individual adequados;
32.3.6.1.1 A capacitação deve conter, no mínimo:
e) a submissão dos cilindros a temperaturas extremas;
a) a apresentação das fichas descritivas citadas no subitem
f) a utilização do oxigênio e do ar comprimido para fins diversos
32.3.4.1.1, com explicação das informações nelas contidas;
aos que se destinam;
b) os procedimentos de segurança relativos à utilização;
c) os procedimentos a serem adotados em caso de incidentes, g) o contato de óleos, graxas, hidrocarbonetos ou materiais or-
acidentes e em situações de emergência. gânicos similares com gases oxidantes;
32.3.7 Das Medidas de Proteção h) a utilização de cilindros de oxigênio sem a válvula de reten-
32.3.7.1 O empregador deve destinar local apropriado para a ção ou o dispositivo apropriado para impedir o fluxo reverso;
manipulação ou fracionamento de produtos químicos que impli- i) a transferência de gases de um cilindro para outro, indepen-
quem riscos à segurança e saúde do trabalhador. dentemente da capacidade dos cilindros;
32.3.7.1.1 É vedada a realização destes procedimentos em j) o transporte de cilindros soltos, em posição horizontal e sem
qualquer local que não o apropriado para este fim. capacetes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

32.3.8.3 Os cilindros contendo gases inflamáveis, tais como hi- 32.3.9.4.3.1 Os manuais devem estar disponíveis a todos os tra-
drogênio e acetileno, devem ser armazenados a uma distância mí- balhadores e à fiscalização do trabalho.
nima de oito metros daqueles contendo gases oxidantes, tais como 32.3.9.4.4 Todos os profissionais diretamente envolvidos de-
oxigênio e óxido nitroso, ou através de barreiras vedadas e resisten- vem lavar adequadamente as mãos, antes e após a retirada das
tes ao fogo. luvas.
32.3.8.4 Para o sistema centralizado de gases medicinais de- 32.3.9.4.5 A sala de preparo deve ser dotada de Cabine de Se-
vem ser fixadas placas, em local visível, com caracteres indeléveis e gurança Biológica Classe II B2 e na sua instalação devem ser previs-
legíveis, com as seguintes informações: tos, no mínimo:
a) nominação das pessoas autorizadas a terem acesso ao local a) suprimento de ar necessário ao seu funcionamento;
e treinadas na operação e manutenção do sistema; b) local e posicionamento, de forma a evitar a formação de tur-
b) procedimentos a serem adotados em caso de emergência; bulência aérea.
c) número de telefone para uso em caso de emergência; 32.3.9.4.5.1 A cabine deve:
d) sinalização alusiva a perigo. a) estar em funcionamento no mínimo por 30 minutos antes
32.3.9 Dos Medicamentos e das Drogas de Risco do início do trabalho de manipulação e permanecer ligada por 30
32.3.9.1 Para efeito desta NR, consideram-se medicamentos e minutos após a conclusão do trabalho;
drogas de risco aquelas que possam causar genotoxicidade, carci- b) ser submetida periodicamente a manutenções e trocas de
nogenicidade, teratogenicidade e toxicidade séria e seletiva sobre filtros absolutos e pré-filtro de acordo com um programa escrito,
órgãos e sistemas. que obedeça às especificações do fabricante, e que deve estar à
32.3.9.2 Deve constar no PPRA a descrição dos riscos inerentes disposição da inspeção do trabalho;
às atividades de recebimento, armazenamento, preparo, distribui- c) possuir relatório das manutenções, que deve ser mantido a
ção, administração dos medicamentos e das drogas de risco. disposição da fiscalização do trabalho;
32.3.9.3 Dos Gases e Vapores Anestésicos d) ter etiquetas afixadas em locais visíveis com as datas da últi-
32.3.9.3.1 Todos os equipamentos utilizados para a adminis- ma e da próxima manutenção;
tração dos gases ou vapores anestésicos devem ser submetidos à e) ser submetida a processo de limpeza, descontaminação e
manutenção corretiva e preventiva, dando-se especial atenção aos desinfecção, nas paredes laterais internas e superfície de trabalho,
pontos de vazamentos para o ambiente de trabalho, buscando sua antes do início das atividades;
eliminação. f) ter a sua superfície de trabalho submetida aos procedimen-
32.3.9.3.2 A manutenção consiste, no mínimo, na verificação tos de limpeza ao final das atividades e no caso de ocorrência de
dos cilindros de gases, conectores, conexões, mangueiras, balões, acidentes com derramamentos e respingos.
traqueias, válvulas, aparelhos de anestesia e máscaras faciais para 32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos,
ventilação pulmonar. compete ao empregador:
32.3.9.3.2.1 O programa e os relatórios de manutenção devem a) proibir fumar, comer ou beber, bem como portar adornos
constar de documento próprio que deve ficar à disposição dos tra- ou maquiar-se;
balhadores diretamente envolvidos e da fiscalização do trabalho. b) afastar das atividades as trabalhadoras gestantes e nutrizes;
32.3.9.3.3 Os locais onde são utilizados gases ou vapores anes- c) proibir que os trabalhadores expostos realizem atividades
tésicos devem ter sistemas de ventilação e exaustão, com o objetivo com possibilidade de exposição aos agentes ionizantes;
de manter a concentração ambiental sob controle, conforme pre- d) fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de mate-
visto na legislação vigente.
rial impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, man-
32.3.9.3.4 Toda trabalhadora gestante só será liberada para o
ga comprida e punho justo, quando do seu preparo e administração;
trabalho em áreas com possibilidade de exposição a gases ou vapo-
e) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança que
res anestésicos após autorização por escrito do médico responsável
minimizem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes du-
pelo PCMSO, considerando as informações contidas no PPRA.
32.3.9.4 Dos Quimioterápicos Antineoplásicos 3 rante a manipulação e administração;
2.3.9.4.1 Os quimioterápicos antineoplásicos somente devem f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a
ser preparados em área exclusiva e com acesso restrito aos profis- prevenção de acidentes durante o transporte.
sionais diretamente envolvidos. A área deve dispor no mínimo de: 32.3.9.4.7 Além do cumprimento do disposto na legislação vi-
a) vestiário de barreira com dupla câmara; gente, os Equipamentos de Proteção Individual - EPI devem atender
b) sala de preparo dos quimioterápicos; as seguintes exigências:
c) local destinado para as atividades administrativas; a) ser avaliados diariamente quanto ao estado de conservação
d) local de armazenamento exclusivo para estocagem. e segurança;
32.3.9.4.2 O vestiário deve dispor de: b) estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantida-
a) pia e material para lavar e secar as mãos; de suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do
b) lava olhos, o qual pode ser substituído por uma ducha tipo procedimento ou em caso de contaminação ou dano.
higiênica; 32.3.9.4.8 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos é
c) chuveiro de emergência; vedado:
d) equipamentos de proteção individual e vestimentas para uso a) iniciar qualquer atividade na falta de EPI;
e reposição; b) dar continuidade às atividades de manipulação quando
e) armários para guarda de pertences; ocorrer qualquer interrupção do funcionamento da cabine de se-
f) recipientes para descarte de vestimentas usadas. gurança biológica.
32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de procedimentos 32.3.9.4.9 Dos Procedimentos Operacionais em Caso de Ocor-
relativos a limpeza, descontaminação e desinfecção de todas as rência de Acidentes Ambientais ou Pessoais.
áreas, incluindo superfícies, instalações, equipamentos, mobiliário, 32.3.9.4.9.1 Com relação aos quimioterápicos, entende-se por
vestimentas, EPI e materiais. acidente:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

a) ambiental: contaminação do ambiente devido à saída do 32.4.4 Toda trabalhadora com gravidez confirmada deve ser
medicamento do envase no qual esteja acondicionado, seja por afastada das atividades com radiações ionizantes, devendo ser re-
derramamento ou por aerodispersóides sólidos ou líquidos; manejada para atividade compatível com seu nível de formação.
b) pessoal: contaminação gerada por contato ou inalação dos 32.4.5 Toda instalação radiativa deve dispor de monitoração
medicamentos da terapia quimioterápica antineoplásica em qual- individual e de áreas.
quer das etapas do processo. 32.4.5.1 Os dosímetros individuais devem ser obtidos, calibra-
32.3.9.4.9.2 As normas e os procedimentos, a serem adotados dos e avaliados exclusivamente em laboratórios de monitoração in-
em caso de ocorrência de acidentes ambientais ou pessoais, devem dividual acreditados pela CNEN.
constar em manual disponível e de fácil acesso aos trabalhadores e 32.4.5.2 A monitoração individual externa, de corpo inteiro ou
à fiscalização do trabalho. de extremidades, deve ser feita através de dosimetria com perio-
32.3.9.4.9.3 Nas áreas de preparação, armazenamento e admi- dicidade mensal e levando-se em conta a natureza e a intensidade
nistração e para o transporte deve ser mantido um “Kit” de derra- das exposições normais e potenciais previstas.
mamento identificado e disponível, que deve conter, no mínimo: 32.4.5.3 Na ocorrência ou suspeita de exposição acidental, os
luvas de procedimento, avental impermeável, compressas ab- dosímetros devem ser encaminhados para leitura no prazo máximo
sorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente de 24 horas.
identificado para recolhimento de resíduos e descrição do procedi- 32.4.5.4 Após ocorrência ou suspeita de exposição acidental a
mento. fontes seladas, devem ser adotados procedimentos adicionais de
32.3.10 Da Capacitação monitoração individual, avaliação clínica e a realização de exames
32.3.10.1 Os trabalhadores envolvidos devem receber capaci- complementares, incluindo a dosimetria cito genética, a critério
tação inicial e continuada que contenha, no mínimo: médico.
a) as principais vias de exposição ocupacional; 32.4.5.5 Após ocorrência ou suspeita de acidentes com fontes
b) os efeitos terapêuticos e adversos destes medicamentos e o não seladas, sujeitas a exposição externa ou com contaminação
possível risco à saúde, a longo e curto prazo; interna, devem ser adotados procedimentos adicionais de monito-
c) as normas e os procedimentos padronizados relativos ao ma- ração individual, avaliação clínica e a realização de exames comple-
nuseio, preparo, transporte, administração, distribuição e descarte mentares, incluindo a dosimetria cito genética, a análise in vivo e in
dos quimioterápicos antineoplásicos; vitro, a critério médico.
d) as normas e os procedimentos a serem adotadas no caso de 32.4.5.6 Deve ser elaborado e implementado um programa de
ocorrência de acidentes. monitoração periódica de áreas, constante do Plano de Proteção
32.3.10.1.1 A capacitação deve ser ministrada por profissionais Radiológica, para todas as áreas da instalação radiativa.
de saúde familiarizados com os riscos inerentes aos quimioterápi- 32.4.6 Cabe ao empregador:
cos antineoplásicos. a) implementar medidas de proteção coletiva relacionadas aos
32.4 Das Radiações Ionizantes(voltar) riscos radiológicos;
32.4.1 O atendimento das exigências desta NR, com relação às b) manter profissional habilitado, responsável pela proteção
radiações ionizantes, não desobriga o empregador de observar as radiológica em cada área específica, com vinculação formal com o
disposições estabelecidas pelas normas específicas da Comissão estabelecimento;
Nacional de Energia Nuclear - CNEN e da Agência Nacional de Vigi- c) promover capacitação em proteção radiológica, inicialmente
lância Sanitária - ANVISA, do Ministério da Saúde. e de forma continuada, para os trabalhadores ocupacionalmente e
32.4.2 É obrigatório manter no local de trabalho e à disposi- para-ocupacionalmente expostos às radiações ionizantes;
ção da inspeção do trabalho o Plano de Proteção Radiológica - PPR, d) manter no registro individual do trabalhador as capacitações
aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico aprova- ministradas;
do pela Vigilância Sanitária. e) fornecer ao trabalhador, por escrito e mediante recibo, ins-
32.4.2.1 O Plano de Proteção Radiológica deve: truções relativas aos riscos radiológicos e procedimentos de prote-
a) estar dentro do prazo de vigência; ção radiológica adotados na instalação radiativa;
b) identificar o profissional responsável e seu substituto even- f) dar ciência dos resultados das doses referentes às exposições
tual como membros efetivos da equipe de trabalho do serviço; de rotina, acidentais e de emergências, por escrito e mediante re-
c) fazer parte do PPRA do estabelecimento; cibo, a cada trabalhador e ao médico coordenador do PCMSO ou
d) ser considerado na elaboração e implementação do PCMSO; médico encarregado dos exames médicos previstos na NR- 07.
e) ser apresentado na CIPA, quando existente na empresa, sen- 32.4.7 Cada trabalhador da instalação radiativa deve ter um
do sua cópia anexada às atas desta comissão. registro individual atualizado, o qual deve ser conservado por 30
32.4.3 O trabalhador que realize atividades em áreas onde exis- (trinta) anos após o término de sua ocupação, contendo as seguin-
tam fontes de radiações ionizantes deve: tes informações:
a) permanecer nestas áreas o menor tempo possível para a re- a) identificação (Nome, DN, Registro, CPF), endereço e nível de
alização do procedimento; instrução;
b) ter conhecimento dos riscos radiológicos associados ao seu b) datas de admissão e de saída do emprego;
trabalho; c) nome e endereço do responsável pela proteção radiológica
c) estar capacitado inicialmente e de forma continuada em pro- de cada período trabalhado;
teção radiológica; d) funções associadas às fontes de radiação com as respectivas
d) usar os EPI adequados para a minimização dos riscos; áreas de trabalho, os riscos radiológicos a que está ou esteve expos-
e) estar sob monitoração individual de dose de radiação ioni- to, data de início e término da atividade com radiação, horários e
zante, nos casos em que a exposição seja ocupacional. períodos de ocupação;
e) tipos de dosímetros individuais utilizados;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

f) registro de doses mensais e anuais (doze meses consecuti- c) dispor de pia com cuba de, no mínimo, 40 cm de profun-
vos) recebidas e relatórios de investigação de doses; didade, e acionamento para abertura das torneiras sem controle
g) capacitações realizadas; manual.
h) estimativas de incorporações; 32.4.13.2.1 É obrigatória a instalação de sistemas exclusivos de
i) relatórios sobre exposições de emergência e de acidente; exaustão:
j) exposições ocupacionais anteriores a fonte de radiação. a) local, para manipulação de fontes não seladas voláteis;
32.4.7.1 O registro individual dos trabalhadores deve ser man- b) de área, para os serviços que realizem estudos de ventilação
tido no local de trabalho e à disposição da inspeção do trabalho. pulmonar.
32.4.13.2.2 Nos locais onde são manipulados e armazenados
32.4.8 O prontuário clínico individual previsto pela NR-07 deve
materiais radioativos ou rejeitos, não é permitido:
ser mantido atualizado e ser conservado por 30 (trinta) anos após o
a) aplicar cosméticos, alimentar-se, beber, fumar e repousar;
término de sua ocupação.
b) guardar alimentos, bebidas e bens pessoais.
32.4.9 Toda instalação radiativa deve possuir um serviço de
32.4.13.3 Os trabalhadores envolvidos na manipulação de ma-
proteção radiológica.
teriais radioativos e marcação de fármacos devem usar os equipa-
32.4.9.1 O serviço de proteção radiológica deve estar localiza-
mentos de proteção recomendados no PPRA e PPR.
do no mesmo ambiente da instalação radiativa e serem garantidas
32.4.13.4 Ao término da jornada de trabalho, deve ser realiza-
as condições de trabalho compatíveis com as atividades desenvolvi-
da a monitoração das superfícies de acordo com o PPR, utilizando-
das, observando as normas da CNEN e da ANVISA.
se monitor de contaminação.
32.4.9.2 O serviço de proteção radiológica deve possuir, de
32.4.13.5 Sempre que for interrompida a atividade de trabalho,
acordo com o especificado no PPR, equipamentos para:
deve ser feita a monitoração das extremidades e de corpo inteiro
a) monitoração individual dos trabalhadores e de área;
dos trabalhadores que manipulam radiofármacos.
b) proteção individual;
32.4.13.6 O local destinado ao decaimento de rejeitos radioa-
c) medições ambientais de radiações ionizantes específicas
tivos deve:
para práticas de trabalho.
a) ser localizado em área de acesso controlado;
32.4.9.3 O serviço de proteção radiológica deve estar direta-
b) ser sinalizado;
mente subordinado ao Titular da instalação radiativa.
c) possuir blindagem adequada;
32.4.9.4 Quando o estabelecimento possuir mais de um ser-
d) ser constituído de compartimentos que possibilitem a segre-
viço, deve ser indicado um responsável técnico para promover a
gação dos rejeitos por grupo de radionuclídeos com meia-vida física
integração das atividades de proteção radiológica destes serviços.
próxima e por estado físico.
32.4.10 O médico coordenador do PCMSO ou o encarregado
32.4.13.7 O quarto destinado à internação de paciente, para
pelos exames médicos, previstos na NR-07, deve estar familiarizado
administração de radiofármacos, deve possuir:
com os efeitos e a terapêutica associados à exposição decorrente
a) blindagem;
das atividades de rotina ou de acidentes com radiações ionizantes.
b) paredes e pisos com cantos arredondados, revestidos de ma-
32.4.11 As áreas da instalação radiativa devem ser classificadas
teriais impermeáveis, que permitam sua descontaminação;
e ter controle de acesso definido pelo responsável pela proteção
c) sanitário privativo;
radiológica.
d) biombo blindado junto ao leito;
32.4.12 As áreas da instalação radiativa devem estar devida-
e) sinalização externa da presença de radiação ionizante;
mente sinalizadas em conformidade com a legislação em vigor, em
f) acesso controlado.
especial quanto aos seguintes aspectos:
32.4.14 Dos Serviços de Radioterapia 32.4.14.1 Os Serviços de
a) utilização do símbolo internacional de presença de radiação
Radioterapia devem adotar, no mínimo, os seguintes dispositivos
nos acessos controlados;
de segurança:
b) as fontes presentes nestas áreas e seus rejeitos devem ter
a) salas de tratamento possuindo portas com sistema de inter-
as suas embalagens, recipientes ou blindagens identificadas em re-
travamento, que previnam o acesso indevido de pessoas durante a
lação ao tipo de elemento radioativo, atividade e tipo de emissão;
operação do equipamento;
c) valores das taxas de dose e datas de medição em pontos de
b) indicadores luminosos de equipamento em operação, loca-
referência significativos, próximos às fontes de radiação, nos locais
lizados na sala de tratamento e em seu acesso externo, em posição
de permanência e de trânsito dos trabalhadores, em conformidade
visível.
com o disposto no PPR;
32.4.14.2 Da Braquiterapia
d) identificação de vias de circulação, entrada e saída para con-
32.4.14.2.1 Na sala de preparo e armazenamento de fontes é
dições normais de trabalho e para situações de emergência;
vedada a prática de qualquer atividade não relacionada com a pre-
e) localização dos equipamentos de segurança;
paração das fontes seladas.
f) procedimentos a serem obedecidos em situações de aciden-
32.4.14.2.2 Os recipientes utilizados para o transporte de fon-
tes ou de emergência;
tes devem estar identificados com o símbolo de presença de radia-
g) sistemas de alarme.
ção e a atividade do radionuclídeo a ser deslocado.
32.4.13 Do Serviço de Medicina Nuclear
32.4.14.2.3 No deslocamento de fontes para utilização em bra-
32.4.13.1 As áreas supervisionadas e controladas de Serviço
quiterapia deve ser observado o princípio da otimização, de modo a
de Medicina Nuclear devem ter pisos e paredes impermeáveis que
expor o menor número possível de pessoas.
permitam sua descontaminação.
32.4.14.2.4 Na capacitação dos trabalhadores para manipula-
32.4.13.2 A sala de manipulação e armazenamento de fontes
ção de fontes seladas utilizadas em braquiterapia devem ser empre-
radioativas em uso deve:
gados simuladores de fontes.
a) ser revestida com material impermeável que possibilite sua
32.4.14.2.5 O preparo manual de fontes utilizadas em braqui-
descontaminação, devendo os pisos e paredes ser providos de can-
terapia de baixa taxa de dose deve ser realizado em sala específica
tos arredondados;
com acesso controlado, somente sendo permitida a presença de
b) possuir bancadas constituídas de material liso, de fácil des-
pessoas diretamente envolvidas com esta atividade.
contaminação, recobertas com plástico e papel absorvente;

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

32.4.14.2.6 O manuseio de fontes de baixa taxa de dose deve 32.5 Dos Resíduos
ser realizado exclusivamente com a utilização de instrumentos e 32.5.1 Cabe ao empregador capacitar, inicialmente e de forma
com a proteção de anteparo plumbífero. continuada, os trabalhadores nos seguintes assuntos:
32.4.14.2.7 Após cada aplicação, as vestimentas de pacientes a) segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos;
e as roupas de cama devem ser monitoradas para verificação da b) definições, classificação e potencial de risco dos resíduos;
presença de fontes seladas. c) sistema de gerenciamento adotado internamente no esta-
32.4.15 Dos serviços de radiodiagnóstico médico belecimento;
32.4.15.1 É obrigatório manter no local de trabalho e à dispo- d) formas de reduzir a geração de resíduos;
sição da inspeção do trabalho o Alvará de Funcionamento vigente e) conhecimento das responsabilidades e de tarefas;
concedido pela autoridade sanitária local e o Programa de Garantia f) reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de
da Qualidade. resíduos;
32.4.15.2 A cabine de comando deve ser posicionada de forma g) conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta;
a: h) orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção
a) permitir ao operador, na posição de disparo, eficaz comuni- Individual - EPIs.
cação e observação visual do paciente; 32.5.2 Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento dos
b) permitir que o operador visualize a entrada de qualquer pes- resíduos de saúde devem atender ao disposto na NBR 9191 e ainda
soa durante o procedimento radiológico. ser:
32.4.15.3 A sala de raios X deve dispor de: a) preenchidos até 2/3 de sua capacidade;
a) sinalização visível na face exterior das portas de acesso, con- b) fechados de tal forma que não se permita o seu derrama-
tendo o símbolo internacional de radiação ionizante, acompanhado mento, mesmo que virados com a abertura para baixo;
das inscrições: “raios X, entrada restrita” ou “raios X, entrada proi- c) retirados imediatamente do local de geração após o preen-
bida a pessoas não autorizadas”. chimento e fechamento;
b) sinalização luminosa vermelha acima da face externa da por- d) mantidos íntegros até o tratamento ou a disposição final do
ta de acesso, acompanhada do seguinte aviso de advertência: resíduo.
“Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida”. A 32.5.3 A segregação dos resíduos deve ser realizada no local
sinalização luminosa deve ser acionada durante os procedimentos onde são gerados, devendo ser observado que:
radiológicos. a) sejam utilizados recipientes que atendam as normas da
32.4.15.3.1 As portas de acesso das salas com equipamentos ABNT, em número suficiente para o armazenamento;
de raios X fixos devem ser mantidas fechadas durante as exposi- b) os recipientes estejam localizados próximos da fonte gera-
ções. dora;
32.4.15.3.2 Não é permitida a instalação de mais de um equi- c) os recipientes sejam constituídos de material lavável, resis-
pamento de raios X por sala. tente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sis-
32.4.15.4 A câmara escura deve dispor de: tema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e
a) sistema de exaustão de ar localizado; que sejam resistentes ao tombamento;
b) pia com torneira. d) os recipientes sejam identificados e sinalizados segundo as
32.4.15.5 Todo equipamento de radiodiagnóstico médico deve normas da ABNT.
possuir diafragma e colimador em condições de funcionamento 32.5.3.1 Os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de par-
para tomada radiográfica. to não necessitam de tampa para vedação.
32.4.15.6 Os equipamentos móveis devem ter um cabo dispa- 32.5.3.2 Para os recipientes destinados a coleta de material
rador com um comprimento mínimo de 2 metros. perfuro cortante, o limite máximo de enchimento deve estar locali-
32.4.15.7 Deverão permanecer no local do procedimento ra- zado 5 cm abaixo do bocal.
diológico somente o paciente e a equipe necessária. 32.5.3.2.1 O recipiente para acondicionamento dos perfuro
32.4.15.8 Os equipamentos de fluoroscopia devem possuir: cortantes deve ser mantido em suporte exclusivo e em altura que
a) sistema de intensificação de imagem com monitor de vídeo permita a visualização da abertura para descarte.
acoplado; 32.5.4 O transporte manual do recipiente de segregação deve
b) cortina ou saiote plumbífero inferior e lateral para proteção ser realizado de forma que não exista o contato do mesmo com
do operador contra radiação espalhada; outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto.
c) sistema para garantir que o feixe de radiação seja completa- 32.5.5 Sempre que o transporte do recipiente de segregação
mente restrito à área do receptor de imagem; possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem
d) sistema de alarme indicador de um determinado nível de ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a
dose ou exposição. sua saúde e integridade física.
32.4.15.8.1 Caso o equipamento de fluoroscopia não possua o 32.5.6 A sala de armazenamento temporário dos recipientes de
sistema de alarme citado, o mesmo deve ser instalado no ambiente. transporte deve atender, no mínimo, às seguintes características:
32.4.16 Dos Serviços de Radiodiagnóstico Odontológico 3 I -ser dotada de:
2.4.16.1 Na radiologia intra-oral: pisos e paredes laváveis;
a) todos os trabalhadores devem manter-se afastados do cabe- b) ralo sifonado;
çote e do paciente a uma distância mínima de 2 metros; c) ponto de água;
b) nenhum trabalhador deve segurar o filme durante a expo- d) ponto de luz;
sição; e) ventilação adequada;
c) caso seja necessária a presença de trabalhador para assistir f) abertura dimensionada de forma a permitir a entrada dos
ao paciente, esse deve utilizar os EPIs. recipientes de transporte.
32.4.16.2 Para os procedimentos com equipamentos de radio- II - ser mantida limpa e com controle de vetores;
grafia extraoral deverão ser seguidos os mesmos requisitos do ra- III - conter somente os recipientes de coleta, armazenamento
diodiagnóstico médico. ou transporte;

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

IV - ser utilizada apenas para os fins a que se destina; 32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços
V -estar devidamente sinalizada e identificada. de saúde devem ser capacitados, inicialmente e de forma continu-
32.5.7 O transporte dos resíduos para a área de armazenamen- ada, quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco
to externo deve atender aos seguintes requisitos: químico, sinalização, rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situ-
a) ser feito através de carros constituídos de material rígido, la- ações de emergência.
vável, impermeável, provido de tampo articulado ao próprio corpo 32.8.1.1 A comprovação da capacitação deve ser mantida no
do equipamento e cantos arredondados; local de trabalho, à disposição da inspeção do trabalho.
b) ser realizado em sentido único com roteiro definido em ho- 32.8.2 Para as atividades de limpeza e conservação, cabe ao
rários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e empregador, no mínimo:
medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas. a) providenciar carro funcional destinado à guarda e transporte
32.5.7.1 Os recipientes de transporte com mais de 400 litros de dos materiais e produtos indispensáveis à realização das atividades;
capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo. b) providenciar materiais e utensílios de limpeza que preser-
32.5.8 Em todos os serviços de saúde deve existir local apro- vem a integridade física do trabalhador;
priado para o armazenamento externo dos resíduos, até que sejam c) proibir a varrição seca nas áreas internas;
recolhidos pelo sistema de coleta externa. d) proibir o uso de adornos.
32.5.8.1 O local, além de atender às características descritas no 32.8.3 As empresas de limpeza e conservação que atuam nos
item 32.5.6, deve ser dimensionado de forma a permitir a separa- serviços de saúde devem cumprir, no mínimo, o disposto nos itens
ção dos recipientes conforme o tipo de resíduo. 32.8.1 e 32.8.2.
32.5.9 Os rejeitos radioativos devem ser tratados conforme dis- 32.9 Da Manutenção de Máquinas e Equipamentos
posto na Resolução CNEN NE-6.05. 32.9.1 Os trabalhadores que realizam a manutenção, além do
32.6 Das Condições de Conforto por Ocasião das Refeições treinamento específico para sua atividade, devem também ser sub-
32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem atender ao metidos a capacitação inicial e de forma continuada, com o objetivo
disposto na NR-24. de mantê-los familiarizados com os princípios de:
32.6.2 Os estabelecimentos com até 300 trabalhadores devem a) higiene pessoal;
ser dotados de locais para refeição, que atendam aos seguintes re- b) riscos biológico (precauções universais), físico e químico;
quisitos mínimos: c) sinalização;
a) localização fora da área do posto de trabalho; d) rotulagem preventiva;
b) piso lavável; e) tipos de EPC e EPI, acessibilidade e seu uso correto.
c) limpeza, arejamento e boa iluminação; 32.9.1.1 As empresas que prestam assistência técnica e manu-
d) mesas e assentos dimensionados de acordo com o número tenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item
de trabalhadores por intervalo de descanso e refeição; 32.9.1.
e) lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio local; 32.9.2 Todo equipamento deve ser submetido à prévia descon-
f) fornecimento de água potável; taminação para realização de manutenção.
g) possuir equipamento apropriado e seguro para aquecimento
32.9.2.1 Na manutenção dos equipamentos, quando a descon-
de refeições.
tinuidade de uso acarrete risco à vida do paciente, devem ser ado-
32.6.3 Os lavatórios para higiene das mãos devem ser providos
tados procedimentos de segurança visando a preservação da saúde
de papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa, de aciona-
do trabalhador.
mento por pedal.
32.9.3 As máquinas, equipamentos e ferramentas, inclusive
32.7 Das Lavanderias
aquelas utilizadas pelas equipes de manutenção, devem ser sub-
32.7.1 A lavanderia deve possuir duas áreas distintas, sendo
metidos à inspeção prévia e às manutenções preventivas de acordo
uma considerada suja e outra limpa, devendo ocorrer na primeira
com as instruções dos fabricantes, com a norma técnica oficial e
o recebimento, classificação, pesagem e lavagem de roupas, e na
segunda a manipulação das roupas lavadas. legislação vigentes.
32.7.2 Independente do porte da lavanderia, as máquinas de 32.9.3.1 A inspeção e a manutenção devem ser registradas e
lavar devem ser de porta dupla ou de barreira, em que a roupa utili- estar disponíveis aos trabalhadores envolvidos e à fiscalização do
zada é inserida pela porta situada na área suja, por um operador e, trabalho.
após lavada, retirada na área limpa, por outro operador. 32.9.3.2 As empresas que prestam assistência técnica e manu-
32.7.2.1 A comunicação entre as duas áreas somente é permi- tenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item
tida por meio de visores ou intercomunicadores. 32.9.3.
32.7.3 A calandra deve ter: 32.9.3.3 O empregador deve estabelecer um cronograma de
a) termômetro para cada câmara de aquecimento, indicando a manutenção preventiva do sistema de abastecimento de gases e
temperatura das calhas ou do cilindro aquecido; das capelas, devendo manter um registro individual da mesma, as-
b) termostato; sinado pelo profissional que a realizou.
c) dispositivo de proteção que impeça a inserção de segmentos 32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utilizados para
corporais dos trabalhadores junto aos cilindros ou partes móveis transporte devem ser submetidos periodicamente à manutenção,
da máquina. de forma a conservar os sistemas de rodízio em perfeito estado de
32.7.4 As máquinas de lavar, centrífugas e secadoras devem ser funcionamento.
dotadas de dispositivos eletromecânicos que interrompam seu fun- 32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser submeti-
cionamento quando da abertura de seus compartimentos. dos à manutenção preventiva, assegurando a lubrificação perma-
32.8 Da Limpeza e Conservação nente, de forma a garantir sua operação sem sobrecarga para os
trabalhadores.
32.9.6 Os sistemas de climatização devem ser submetidos a
procedimentos de manutenção preventiva e corretiva para preser-
vação da integridade e eficiência de todos os seus componentes.

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

32.9.6.1 O atendimento do disposto no item 32.9.6 não deso- 32.11.1 A observância das disposições regulamentares cons-
briga o cumprimento da Portaria GM/MS nº 3.523 de 28/08/98 e tantes dessa Norma Regulamentadora - NR, não desobriga as em-
demais dispositivos legais pertinentes. presas do cumprimento de outras disposições que, com relação à
32.10 Das Disposições Gerais matéria, sejam incluídas em códigos ou regulamentos sanitários
32.10.1 Os serviços de saúde devem: dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, e outras oriundas de
a) atender as condições de conforto relativas aos níveis de ruí- convenções e acordos coletivos de trabalho, ou constantes nas de-
do previstas na NB 95 da ABNT; mais NR e legislação federal pertinente à matéria.
b) atender as condições de iluminação conforme NB 57 da 32.11.2 Todos os atos normativos mencionados nesta NR,
ABNT; quando substituídos ou atualizados por novos atos, terão a refe-
c) atender as condições de conforto térmico previstas na RDC rência automaticamente atualizada em relação ao ato de origem.
50/02 da ANVISA; 32.11.3 Ficam criadas a Comissão Tripartite Permanente Nacio-
d) manter os ambientes de trabalho em condições de limpeza nal da NR-32, denominada CTPN da NR-32, e as Comissões Tripar-
e conservação. tites Permanentes Regionais da NR-32, no âmbito das Unidades da
32.10.2 No processo de elaboração e implementação do PPRA Federação, denominadas CTPR da NR-32.
e do PCMSO devem ser consideradas as atividades desenvolvidas 32.11.3.1 As dúvidas e dificuldades encontradas durante a im-
pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH do estabe- plantação e o desenvolvimento continuado desta NR deverão ser
lecimento ou comissão equivalente. encaminhadas à CTPN.
32.10.3 Antes da utilização de qualquer equipamento, os ope- 32.11.4 A responsabilidade é solidária entre contratantes e
contratados quanto ao cumprimento desta NR.
radores devem ser capacitados quanto ao modo de operação e seus
riscos.
32.10.4 Os manuais do fabricante de todos os equipamentos e
máquinas, impressos em língua portuguesa, devem estar disponí- NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM
veis aos trabalhadores envolvidos. ESPAÇOS CONFINADOS
32.10.5 É vedada a utilização de material médico-hospitalar em
desacordo com as recomendações de uso e especificações técnicas
NORMA REGULAMENTADORA 33
descritas em seu manual ou em sua embalagem.
32.10.6 Em todo serviço de saúde deve existir um programa
SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFI-
de controle de animais sinantrópicos, o qual deve ser comprovado NADOS
sempre que exigido pela inspeção do trabalho. 33.1 Objetivo e Definição
32.10.7 As cozinhas devem ser dotadas de sistemas de exaus-
tão e outros equipamentos que reduzam a dispersão de gorduras e 33.1.1 Esta Norma tem como objetivo estabelecer os requisitos
vapores, conforme estabelecido na NBR 14518. mínimos para identificação de espaços confinados e o reconheci-
32.10.8 Os postos de trabalho devem ser organizados de forma mento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes,
a evitar deslocamentos e esforços adicionais. de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos tra-
32.10.9 Em todos os postos de trabalho devem ser previstos balhadores que interagem direta ou indiretamente nestes espaços.
dispositivos seguros e com estabilidade, que permitam aos traba-
lhadores acessar locais altos sem esforço adicional. 33.1.2 Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não
32.10.10 Nos procedimentos de movimentação e transporte de projetado para ocupação humana contínua, que possua meios li-
pacientes deve ser privilegiado o uso de dispositivos que minimi- mitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente
zem o esforço realizado pelos trabalhadores. para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
32.10.11 O transporte de materiais que possa comprometer a enriquecimento de oxigênio.
segurança e a saúde do trabalhador deve ser efetuado com auxílio
de meios mecânicos ou eletromecânicos. 33.2 Das Responsabilidades
32.10.12 Os trabalhadores dos serviços de saúde devem ser:
a) capacitados para adotar mecânica corporal correta, na movi- 33.2.1 Cabe ao Empregador:
mentação de pacientes ou de materiais, de forma a preservar a sua
saúde e integridade física; a) indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimen-
b) orientados nas medidas a serem tomadas diante de pacien- to desta norma;
tes com distúrbios de comportamento. b) identificar os espaços confinados existentes no estabeleci-
32.10.13 O ambiente onde são realizados procedimentos que mento;
provoquem odores fétidos deve ser provido de sistema de exaustão c) identificar os riscos específicos de cada espaço confinado;
ou outro dispositivo que os minimizem. d) implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho
32.10.14 É vedado aos trabalhadores pipetar com a boca. em espaços confinados, por medidas técnicas de prevenção, admi-
32.10.15 Todos os lavatórios e pias devem: nistrativas, pessoais e de emergência e salvamento, de forma a ga-
a) possuir torneiras ou comandos que dispensem o contato das rantir permanentemente ambientes com condições adequadas de
mãos quando do fechamento da água; trabalho;
b) ser providos de sabão líquido e toalhas descartáveis para se- e) garantir a capacitação continuada dos trabalhadores sobre
cagem das mãos. os riscos, as medidas de controle, de emergência e salvamento em
32.10.16 As edificações dos serviços de saúde devem atender espaços confinados;
ao disposto na RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002 da ANVISA. f) garantir que o acesso ao espaço confinado somente ocorra
32.11 Das Disposições Finais após a emissão, por escrito, da Permissão de Entrada e Trabalho,
conforme modelo constante noanexo IIdesta NR;

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

g) fornecer às empresas contratadas informações sobre os ris- 33.3.2.2 Em áreas classificadas os equipamentos devem estar
cos nas áreas onde desenvolverão suas atividades e exigir a capaci- certificados ou possuir documento contemplado no âmbito do Sis-
tação de seus trabalhadores; tema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - INMETRO.
h) acompanhar a implementação das medidas de segurança 33.3.2.3 As avaliações atmosféricas iniciais devem ser realiza-
e saúde dos trabalhadores das empresas contratadas provendo os das fora do espaço confinado.
meios e condições para que eles possam atuar em conformidade
com esta NR; 33.3.2.4 Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos
i) interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de de incêndio ou explosão em trabalhos a quente, tais como solda,
suspeição de condição de risco grave e iminente, procedendo ao aquecimento, esmerilha mento, corte ou outros que liberem chama
imediato abandono do local; e aberta, faíscas ou calor.
j) garantir informações atualizadas sobre os riscos e medidas de
controle antes de cada acesso aos espaços confinados. 33.3.2.5 Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de
inundação, soterramento, engolfa mento, incêndio, choques elétri-
33.2.2 Cabe aos Trabalhadores: cos, eletricidade estática, queimaduras, quedas, escorregamentos,
impactos, esmagamentos, amputações e outros que possam afetar
a) colaborar com a empresa no cumprimento desta NR; a segurança e saúde dos trabalhadores.
b) utilizar adequadamente os meios e equipamentos forneci-
dos pela empresa; 33.3.3 Medidas administrativas:
c) comunicar ao Vigia e ao Supervisor de Entrada as situações
de risco para sua segurança e saúde ou de terceiros, que sejam do a) manter cadastro atualizado de todos os espaços confinados,
seu conhecimento; e inclusive dos desativados, e respectivos riscos;
d) cumprir os procedimentos e orientações recebidos nos trei- b) definir medidas para isolar, sinalizar, controlar ou eliminar os
namentos com relação aos espaços confinados. riscos do espaço confinado;
c) manter sinalização permanente junto à entrada do espaço
33.3 Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinado, conforme o Anexo I da presente norma;
confinados d) implementar procedimento para trabalho em espaço con-
finado;
33.3.1 A gestão de segurança e saúde deve ser planejada, pro- e) adaptar o modelo de Permissão de Entrada e Trabalho, pre-
gramada, implementada e avaliada, incluindo medidas técnicas de visto noAnexo IIdesta NR, às peculiaridades da empresa e dos seus
prevenção, medidas administrativas e medidas pessoais e capacita- espaços confinados;
ção para trabalho em espaços confinados. f) preencher, assinar e datar, em três vias, a Permissão de En-
trada e Trabalho antes do ingresso de trabalhadores em espaços
33.3.2 Medidas técnicas de prevenção: confinados;
g) possuir um sistema de controle que permita a rastreabilida-
a) identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evi-
de da Permissão de Entrada e Trabalho;
tar a entrada de pessoas não autorizadas;
h) entregar para um dos trabalhadores autorizados e ao Vigia
b) antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;
cópia da Permissão de Entrada e Trabalho;
c) proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos,
i) encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho quando as opera-
biológicos, ergonômicos e mecânicos;
ções forem completadas, quando ocorrer uma condição não previs-
d) prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e eti-
ta ou quando houver pausa ou interrupção dos trabalhos;
quetagem;
j) manter arquivados os procedimentos e Permissões de Entra-
e) implementar medidas necessárias para eliminação ou con-
da e Trabalho por cinco anos;
trole dos riscos atmosféricos em espaços confinados;
k) disponibilizar os procedimentos e Permissão de Entrada e
f) avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada
de trabalhadores, para verificar se o seu interior é seguro; Trabalho para o conhecimento dos trabalhadores autorizados, seus
g) manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e du- representantes e fiscalização do trabalho;
rante toda a realização dos trabalhos, monitorando, ventilando, l) designar as pessoas que participarão das operações de entra-
purgando, lavando ou inertizando o espaço confinado; da, identificando os deveres de cada trabalhador e
h) monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confina- providenciando a capacitação requerida;
dos nas áreas onde os trabalhadores autorizados estiverem desem- m) estabelecer procedimentos de supervisão dos trabalhos no
penhando as suas tarefas, para verificar se as condições de acesso e exterior e no interior dos espaços confinados;
permanência são seguras; n) assegurar que o acesso ao espaço confinado somente seja
i) proibir a ventilação com oxigênio puro; iniciado com acompanhamento e autorização de supervisão capa-
j) testar os equipamentos de medição antes de cada utilização; citada;
e o) garantir que todos os trabalhadores sejam informados dos
k) utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente se- riscos e medidas de controle existentes no local de trabalho; e
guro, provido de alarme, calibrado e protegido contra emissões ele- p) implementar um Programa de Proteção Respiratória de
tromagnéticas ou interferências de radiofrequência. acordo com a análise de risco, considerando o local, a complexidade
e o tipo de trabalho a ser desenvolvido.
33.3.2.1 Os equipamentos fixos e portáteis, inclusive os de
comunicação e de movimentação vertical e horizontal, devem ser 33.3.3.1 A Permissão de Entrada e Trabalho é válida somente
adequados aos riscos dos espaços confinados; para cada entrada.

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

33.3.3.2 Nos estabelecimentos onde houver espaços confina- d) cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando
dos devem ser observadas, de forma complementar a presente NR, necessário; e
os seguintes atos normativos: NBR 14606 – Postos de Serviço – En- e) encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho após o término
trada em Espaço Confinado; e NBR 14787 – Espaço Confinado – Pre- dos serviços.
venção de Acidentes, Procedimentos e Medidas de Proteção, bem
como suas alterações posteriores. 33.3.4.6 O Supervisor de Entrada pode desempenhar a função
de Vigia.
33.3.3.3 O procedimento para trabalho deve contemplar, no
mínimo: objetivo, campo de aplicação, base técnica, responsabili- 33.3.4.7 O Vigia deve desempenhar as seguintes funções:
dades, competências, preparação, emissão, uso e cancelamento da
Permissão de Entrada e Trabalho, capacitação para os trabalhado- a) manter continuamente a contagem precisa do número de
res, análise de risco e medidas de controle. trabalhadores autorizados no espaço confinado e assegurar que to-
dos saiam ao término da atividade;
33.3.3.4 Os procedimentos para trabalho em espaços confina- b) permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, em
dos e a Permissão de Entrada e Trabalho devem ser avaliados no mí- contato permanente com os trabalhadores autorizados;
nimo uma vez ao ano e revisados sempre que houver alteração dos c) adotar os procedimentos de emergência, acionando a equi-
riscos, com a participação doServiço Especializado em Segurança e pe de salvamento, pública ou privada, quando necessário;
Medicina do Trabalho - SESMTe daComissão Interna de Prevenção d) operar os movimentadores de pessoas; e
de Acidentes - CIPA. e) ordenar o abandono do espaço confinado sempre que re-
conhecer algum sinal de alarme, perigo, sintoma, queixa, condição
33.3.3.5 Os procedimentos de entrada em espaços confinados proibida, acidente, situação não prevista ou quando não puder
devem ser revistos quando da ocorrência de qualquer uma das cir- desempenhar efetivamente suas tarefas, nem ser substituído por
cunstâncias abaixo: outro Vigia.

a) entrada não autorizada num espaço confinado; 33.3.4.8 O Vigia não poderá realizar outras tarefas que possam
b) identificação de riscos não descritos na Permissão de Entra- comprometer o dever principal que é o de monitorar e proteger os
da e Trabalho; trabalhadores autorizados;
c) acidente, incidente ou condição não prevista durante a en-
trada; 33.3.4.9 Cabe ao empregador fornecer e garantir que todos os
d) qualquer mudança na atividade desenvolvida ou na configu- trabalhadores que adentrarem em espaços confinados disponham
ração do espaço confinado; de todos os equipamentos para controle de riscos, previstos na Per-
e) solicitação do SESMT ou da CIPA; e missão de Entrada e Trabalho.
f) identificação de condição de trabalho mais segura.
33.3.4.10 Em caso de existência de Atmosfera Imediatamente
33.3.4 Medidas Pessoais Perigosa à Vida ou à Saúde - Atmosfera IPVS –, o espaço confinado
somente pode ser adentrado com a utilização de máscara autôno-
33.3.4.1 Todo trabalhador designado para trabalhos em espa- ma de demanda com pressão positiva ou com respirador de linha
ços confinados deve ser submetido a exames médicos específicos de ar comprimido com cilindro auxiliar para escape.
para a função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NRs
07 e 31, incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão 33.3.5 – Capacitação para trabalhos em espaços confinados
do respectivoAtestado de Saúde Ocupacional - ASO.
33.3.5.1 É vedada a designação para trabalhos em espaços con-
33.3.4.2 Capacitar todos os trabalhadores envolvidos, direta
finados sem a prévia capacitação do trabalhador.
ou indiretamente com os espaços confinados, sobre seus direitos,
deveres, riscos e medidas de controle, conforme previsto no item
33.3.5.2 O empregador deve desenvolver e implantar progra-
33.3.5.
mas de capacitação sempre que ocorrer qualquer das seguintes
situações:
33.3.4.3 O número de trabalhadores envolvidos na execução
dos trabalhos em espaços confinados deve ser determinado con-
a) mudança nos procedimentos, condições ou operações de
forme a análise de risco.
trabalho;
b) algum evento que indique a necessidade de novo treina-
33.3.4.4 É vedada a realização de qualquer trabalho em espa-
ços confinados de forma individual ou isolada. mento; e
c) quando houver uma razão para acreditar que existam des-
33.3.4.5 O Supervisor de Entrada deve desempenhar as seguin- vios na utilização ou nos procedimentos de entrada nos espaços
tes funções: confinados ou que os conhecimentos não sejam adequados.

a) emitir a Permissão de Entrada e Trabalho antes do início das 33.3.5.3 Todos os trabalhadores autorizados, Vigias e Supervi-
atividades; sores de Entrada devem receber capacitação periódica a cada doze
b) executar os testes, conferir os equipamentos e os procedi- meses, com carga horária mínima de oito horas.
mentos contidos na Permissão de Entrada e Trabalho; 33.3.5.3 Todos os trabalhadores autorizados e Vigias devem re-
c) assegurar que os serviços de emergência e salvamento este- ceber capacitação periodicamente, a cada doze meses.(Alteração
jam disponíveis e que os meios para acioná-los estejam operantes; dada pelaPortaria MTE 1.409/2012).

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

33.3.5.4 A capacitação inicial dos trabalhadores autorizados e 33.4.2 O pessoal responsável pela execução das medidas de
Vigias deve ter carga horária mínima de dezesseis horas, ser realiza- salvamento deve possuir aptidão física e mental compatível com a
da dentro do horário de trabalho, com conteúdo programático de: atividade a desempenhar.
33.3.5.4 A capacitação deve ter carga horária mínima de dezes-
seis horas, ser realizada dentro do horário de trabalho, com conteú- 33.4.3 A capacitação da equipe de salvamento deve contem-
do programático de:(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.409/2012). plar todos os possíveis cenários de acidentes identificados na aná-
a) definições; lise de risco.
b) reconhecimento, avaliação e controle de riscos;
c) funcionamento de equipamentos utilizados; 33.5 Disposições Gerais
d) procedimentos e utilização da Permissão de Entrada e Tra-
balho; e 33.5.1 O empregador deve garantir que os trabalhadores pos-
e) noções de resgate e primeiros socorros. sam interromper suas atividades e abandonar o local de trabalho,
sempre que suspeitarem da existência de risco grave e iminente
33.3.5.5 A capacitação dos Supervisores de Entrada deve ser para sua segurança e saúde ou a de terceiros.
realizada dentro do horário de trabalho, com conteúdo programáti-
co estabelecido no subitem 33.3.5.4, acrescido de: 33.5.2 São solidariamente responsáveis pelo cumprimento
desta NR os contratantes e contratados.
a) identificação dos espaços confinados;
b) critérios de indicação e uso de equipamentos para controle 33.5.3 É vedada a entrada e a realização de qualquer trabalho
de riscos; em espaços confinados sem a emissão da Permissão de Entrada e
c) conhecimentos sobre práticas seguras em espaços confina- Trabalho
dos;
d) legislação de segurança e saúde no trabalho;
e) programa de proteção respiratória;
NR 35 - TRABALHO EM ALTURA
f) área classificada; e
g) operações de salvamento. NORMA REGULAMENTADORA Nº 35 - NR35
TRABALHO EM ALTURA
33.3.5.6 Todos os Supervisores de Entrada devem receber ca- 35.1. Objetivo e Campo de Aplicação
pacitação específica, com carga horária mínima de quarenta horas 35.1.1 Esta Norma estabelece os requisitos mínimos e as me-
para a capacitação inicial. didas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planeja-
33.3.5.6 Todos os Supervisores de Entrada devem receber ca- mento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança
pacitação específica, com carga horária mínima de quarenta horas. e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente
(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.409/2012). com esta atividade.
33.3.5.7 Os instrutores designados pelo responsável técnico,
35.1.2 Considera-se trabalho em altura toda atividade executa-
devem possuir comprovada proficiência no assunto.
da acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco
de queda.
33.3.5.8 Ao término do treinamento deve-se emitir um certi-
35.1.3 Esta norma se complementa com as normas técnicas
ficado contendo o nome do trabalhador, conteúdo programático,
oficiais estabelecidas pelos Órgãos competentes e, na ausência ou
carga horária, a especificação do tipo de trabalho e espaço confi-
omissão dessas, com as normas internacionais aplicáveis.
nado, data e local de realização do treinamento, com as assinaturas
35.2. Responsabilidades
dos instrutores e do responsável técnico.
35.2.1 Cabe ao empregador:
33.3.5.8.1 Uma cópia do certificado deve ser entregue ao tra- a) garantir a implementação das medidas de proteção estabe-
balhador e a outra cópia deve ser arquivada na empresa. lecidas nesta Norma;
b) assegurar a realização da Análise de Risco - AR e, quando
aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho - PT;
33.4 Emergência e Salvamento c) desenvolver procedimento operacional para as atividades
rotineiras de trabalho em altura;
33.4.1 O empregador deve elaborar e implementar procedi- d) assegurar a realização de avaliação prévia das condições no
mentos de emergência e resgate adequados aos espaços confina- local do trabalho em altura, pelo estudo, planejamento e imple-
dos incluindo, no mínimo: mentação das ações e das medidas complementares de segurança
aplicáveis;
a) descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a par- e) adotar as providências necessárias para acompanhar o cum-
tir da Análise de Riscos; primento das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma pe-
b) descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a las empresas contratadas;
serem executadas em caso de emergência; f) garantir aos trabalhadores informações atualizadas sobre os
c) seleção e técnicas de utilização dos equipamentos de comu- riscos e as medidas de controle;
nicação, iluminação de emergência, busca, resgate, primeiros so- g) garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois
corros e transporte de vítimas; de adotadas as medidas de proteção definidas nesta Norma;
d) acionamento de equipe responsável, pública ou privada, h) assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando veri-
pela execução das medidas de resgate e primeiros socorros para ficar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou
cada serviço a ser realizado; e neutralização imediata não seja possível;
e) exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cená- i) estabelecer uma sistemática de autorização dos trabalhado-
rios de acidentes em espaços confinados. res para trabalho em altura;

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

j) assegurar que todo trabalho em altura seja realizado sob su- 35.3.7.1 O certificado deve ser entregue ao trabalhador e uma
pervisão, cuja forma será definida pela análise de riscos de acordo cópia arquivada na empresa.
com as peculiaridades da atividade; 35.3.8 A capacitação deve ser consignada no registro do em-
k) assegurar a organização e o arquivamento da documentação pregado.
prevista nesta Norma. 35.4. Planejamento, Organização e Execução
35.2.2 Cabe aos trabalhadores: 35.4.1 Todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre traba- e executado por trabalhador capacitado e autorizado.
lho em altura, inclusive os procedimentos expedidos pelo empre- 35.4.1.1 Considera-se trabalhador autorizado para trabalho em
gador; altura aquele capacitado, cujo estado de saúde foi avaliado, tendo
b) colaborar com o empregador na implementação das disposi- sido considerado apto para executar essa atividade e que possua
ções contidas nesta Norma; anuência formal da empresa.
c) interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, 35.4.1.2 Cabe ao empregador avaliar o estado de saúde dos
sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes trabalhadores que exercem atividades em altura, garantindo que:
para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando a) os exames e a sistemática de avaliação sejam partes inte-
imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará grantes do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
as medidas cabíveis; PCMSO, devendo estar nele consignados;
d) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que b) a avaliação seja efetuada periodicamente, considerando os
possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho. riscos envolvidos em cada situação;
35.3. Capacitação e Treinamento c) seja realizado exame médico voltado às patologias que po-
35.3.1 O empregador deve promover programa para capacita- derão originar mal súbito e queda de altura, considerando também
ção dos trabalhadores à realização de trabalho em altura. os fatores psicossociais.
35.3.2 Considera-se trabalhador capacitado para trabalho em 35.4.1.2.1 A aptidão para trabalho em altura deve ser consigna-
altura aquele que foi submetido e aprovado em treinamento, teóri- da no atestado de saúde ocupacional do trabalhador.
co e prático, com carga horária mínima de oito horas, cujo conteúdo 35.4.1.3 A empresa deve manter cadastro atualizado que per-
programático deve, no mínimo, incluir: mita conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador
a) normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura; para trabalho em altura.
b) análise de risco e condições impeditivas;
35.4.2 No planejamento do trabalho devem ser adotadas, de
c) riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas
acordo com a seguinte hierarquia:
de prevenção e controle;
a) medidas para evitar o trabalho em altura, sempre que existir
d) sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção co-
meio alternativo de execução;
letiva;
b) medidas que eliminem o risco de queda dos trabalhadores,
e) equipamentos de Proteção Individual para trabalho em altu-
na impossibilidade de execução do trabalho de outra forma;
ra: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso;
c) medidas que minimizem as consequências da queda, quan-
f) acidentes típicos em trabalhos em altura;
do o risco de queda não puder ser eliminado.
g) condutas em situações de emergência, incluindo noções de
técnicas de resgate e de primeiros socorros. 35.4.3 Todo trabalho em altura deve ser realizado sob supervi-
35.3.3 O empregador deve realizar treinamento periódico bie- são, cuja forma será definida pela análise de risco de acordo com as
nal e sempre que ocorrer quaisquer das seguintes situações: peculiaridades da atividade.
a) mudança nos procedimentos, condições ou operações de 35.4.4 A execução do serviço deve considerar as influências
trabalho; externas que possam alterar as condições do local de trabalho já
b) evento que indique a necessidade de novo treinamento; previstas na análise de risco.
c) retorno de afastamento ao trabalho por período superior a 35.4.5 Todo trabalho em altura deve ser precedido de Análise
noventa dias; de Risco.
d) mudança de empresa. 35.4.5.1 A Análise de Risco deve, além dos riscos inerentes ao
35.3.3.1 O treinamento periódico bienal deve ter carga horária trabalho em altura, considerar:
mínima de oito horas, conforme conteúdo programático definido a) o local em que os serviços serão executados e seu entorno;
pelo empregador. b) o isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho;
35.3.3.2 Nos casos previstos nas alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, a c) o estabelecimento dos sistemas e pontos de ancoragem;
carga horária e o conteúdo programático devem atender a situação d) as condições meteorológicas adversas;
que o motivou. e) a seleção, inspeção, forma de utilização e limitação de uso
35.3.4 Os treinamentos inicial, periódico e eventual para tra- dos sistemas de proteção coletiva e individual, atendendo às nor-
balho em altura podem ser ministrados em conjunto com outros mas técnicas vigentes, às orientações dos fabricantes e aos princí-
treinamentos da empresa. pios da redução do impacto e dos fatores de queda;
35.3.5 A capacitação deve ser realizada preferencialmente du- f) o risco de queda de materiais e ferramentas;
rante o horário normal de trabalho. g) os trabalhos simultâneos que apresentem riscos específicos;
35.3.5.1 O tempo despendido na capacitação deve ser compu- h) o atendimento aos requisitos de segurança e saúde contidos
tado como tempo de trabalho efetivo. nas demais normas regulamentadoras;
35.3.6 O treinamento deve ser ministrado por instrutores com i) os riscos adicionais;
comprovada proficiência no assunto, sob a responsabilidade de j) as condições impeditivas;
profissional qualificado em segurança no trabalho. k) as situações de emergência e o planejamento do resgate e
35.3.7 Ao término do treinamento deve ser emitido certifica- primeiros socorros, de forma a reduzir o tempo da suspensão inerte
do contendo o nome do trabalhador, conteúdo programático, carga do trabalhador;
horária, data, local de realização do treinamento, nome e qualifica- l) a necessidade de sistema de comunicação;
ção dos instrutores e assinatura do responsável. m) a forma de supervisão.

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

35.4.6 Para atividades rotineiras de trabalho em altura a aná- b) de sistema de proteção individual contra quedas - SPIQ, nas
lise de risco pode estar contemplada no respectivo procedimento seguintes situações: (NR)
operacional.
35.4.6.1 Os procedimentos operacionais para as atividades ro- b.1) na impossibilidade de adoção do SPCQ; (NR)
tineiras de trabalho em altura devem conter, no mínimo:
a) as diretrizes e requisitos da tarefa; b.2) sempre que o SPCQ não ofereça completa proteção contra
b) as orientações administrativas; os riscos de queda; (NR)
c) o detalhamento da tarefa;
d) as medidas de controle dos riscos características à rotina; b.3) para atender situações de emergência. (NR)
e) as condições impeditivas;
f) os sistemas de proteção coletiva e individual necessários;
g) as competências e responsabilidades. 35.5.3.1 O SPCQ deve ser projetado por profissional legalmente
35.4.7 As atividades de trabalho em altura não rotineiras de- habilitado. (NR)
vem ser previamente autorizadas mediante Permissão de Trabalho.
35.4.7.1 Para as atividades não rotineiras as medidas de con- 35.5.4 O SPIQ pode ser de restrição de movimentação, de re-
trole devem ser evidenciadas na Análise de Risco e na Permissão tenção de queda, de posicionamento no trabalho ou de acesso por
de Trabalho. cordas. (NR)
35.4.8 A Permissão de Trabalho deve ser emitida, aprovada
pelo responsável pela autorização da permissão, disponibilizada no 35.5.5 O SPIQ é constituído dos seguintes elementos: (NR)
local de execução da atividade e, ao final, encerrada e arquivada de
forma a permitir sua rastreabilidade. a) sistema de ancoragem; (NR)
35.4.8.1 A Permissão de Trabalho deve conter:
a) os requisitos mínimos a serem atendidos para a execução b) elemento de ligação; (NR)
dos trabalhos;
b) as disposições e medidas estabelecidas na Análise de Risco; c) equipamento de proteção individual. (NR)
c) a relação de todos os envolvidos e suas autorizações.
35.4.8.2 A Permissão de Trabalho deve ter validade limitada à 35.5.5.1 Os equipamentos de proteção individual devem ser:
duração da atividade, restrita ao turno de trabalho, podendo ser (NR)
revalidada pelo responsável pela aprovação nas situações em que
não ocorram mudanças nas condições estabelecidas ou na equipe a) certificados; (NR)
de trabalho.
35.5 Sistemas de Proteção contra quedas(Nova Redação dada b) adequados para a utilização pretendida; (NR)
pelaPortaria MTE 1.113/2016)
c) utilizados considerando os limites de uso; (NR)
35.5.1 É obrigatória a utilização de sistema de proteção contra
quedas sempre que não for possível evitar o trabalho em altura. d) ajustados ao peso e à altura do trabalhador. (NR)
(NR)
35.5.5.1.1 O fabricante e/ou o fornecedor de EPI deve dispo-
35.5.2 O sistema de proteção contra quedas deve: (NR) nibilizar informações quanto ao desempenho dos equipamentos e
os limites de uso, considerando a massa total aplicada ao sistema
a) ser adequado à tarefa a ser executada; (NR) (trabalhador e equipamentos) e os demais aspectos previstos no
item 35.5.11. (NR)
b) ser selecionado de acordo com Análise de Risco, conside- 35.5.6 Na aquisição e periodicamente devem ser efetuadas ins-
rando, além dos riscos a que o trabalhador está exposto, os riscos peções do SPIQ, recusando-se os elementos que apresentem defei-
adicionais; (NR) tos ou deformações. (NR)
35.5.6.1 Antes do início dos trabalhos deve ser efetuada inspe-
c) ser selecionado por profissional qualificado em segurança do ção rotineira de todos os elementos do SPIQ. (NR)
trabalho; (NR) 35.5.6.2 Devem-se registrar os resultados das inspeções: (NR)
a) na aquisição; (NR)
d) ter resistência para suportar a força máxima aplicável previs- b) periódicas e rotineiras quando os elementos do SPIQ forem
ta quando de uma queda; (NR) recusados. (NR)
35.5.6.3 Os elementos do SPIQ que apresentarem defeitos, de-
e) atender às normas técnicas nacionais ou na sua inexistência gradação, deformações ou sofrerem impactos de queda devem ser
às normas internacionais aplicáveis; (NR) inutilizados e descartados, exceto quando sua restauração for pre-
vista em normas técnicas nacionais ou, na sua ausência, em normas
f) ter todos os seus elementos compatíveis e submetidos a uma internacionais e de acordo com as recomendações do fabricante.
sistemática de inspeção. (NR) (NR)
35.5.7 O SPIQ deve ser selecionado de forma que a força de
35.5.3 A seleção do sistema de proteção contra quedas deve impacto transmitida ao trabalhador seja de no máximo 6kN quando
considerar a utilização: (NR) de uma eventual queda; (NR)
35.5.8 Os sistemas de ancoragem destinados à restrição de mo-
a) de sistema de proteção coletiva contra quedas - SPCQ; (NR) vimentação devem ser dimensionados para resistir às forças que
possam vir a ser aplicadas. (NR)

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

35.5.8.1 Havendo possibilidade de ocorrência de queda com di- 35.6.1.1 A equipe pode ser própria, externa ou composta pelos
ferença de nível, em conformidade com a análise de risco, o sistema próprios trabalhadores que executam o trabalho em altura, em fun-
deve ser dimensionado como de retenção de queda. (NR) ção das características das atividades.
35.6.2 O empregador deve assegurar que a equipe possua os
35.5.9 No SPIQ de retenção de queda e no sistema de acesso recursos necessários para as respostas a emergências.
por cordas, o equipamento de proteção individual deve ser o cintu- 35.6.3 As ações de respostas às emergências que envolvam o
rão de segurança tipo paraquedista. (NR) trabalho em altura devem constar do plano de emergência da em-
presa.
35.5.9.1 O cinturão de segurança tipo paraquedista, quando 35.6.4 As pessoas responsáveis pela execução das medidas de
utilizado em retenção de queda, deve estar conectado pelo seu ele- salvamento devem estar capacitadas a executar o resgate, prestar
mento de engate para retenção de queda indicado pelo fabricante. primeiros socorros e possuir aptidão física e mental compatível com
(NR) a atividade a desempenhar.

35.5.10 A utilização do sistema de retenção de queda por tra- Glossário(Nova Redação dada pelaPortaria MTE 1.113/2016)
va-queda deslizante guiado deve atender às recomendações do fa-
bricante, em particular no que se refere: (NR) Absorvedor de energia: Elemento com função de limitar a for-
ça de impacto transmitida ao trabalhador pela dissipação da ener-
a) à compatibilidade do trava-quedas deslizante guiado com a gia cinética.
linha de vida vertical; (NR)
Análise de Risco - AR: avaliação dos riscos potenciais, suas cau-
b) ao comprimento máximo dos extensores. (NR) sas, consequências e medidas de controle.

35.5.11 A Análise de Risco prevista nesta norma deve conside- Ancoragem estrutural: elemento fixado de forma permanente
rar para o SPIQ minimamente os seguintes aspectos: (NR) na estrutura, no qual um dispositivo de ancoragem ou um EPI pode
ser conectado.
a) que o trabalhador deve permanecer conectado ao sistema
durante todo o período de exposição ao risco de queda; (NR) Atividades rotineiras: atividades habituais, independente da
freqüência, que fazem parte do processo de trabalho da empresa.
b) distância de queda livre; (NR)
Avaliação de conformidade: demonstração de que os requisi-
c) o fator de queda; (NR) tos especificados em norma técnica relativos a um produto, proces-
so, sistema, pessoa são atendidos.
d) a utilização de um elemento de ligação que garanta um im-
pacto de no máximo 6 kN seja transmitido ao trabalhador quando Certificação: atestação por organismo de avaliação de confor-
da retenção de uma queda; (NR) midade relativa a produtos, processos, sistemas ou pessoas de que
o atendimento aos requisitos especificados em norma técnica foi
e) a zona livre de queda; (NR) demonstrado.

f) compatibilidade entre os elementos do SPIQ. (NR) Certificado: que foi submetido à certificação.

35.5.11.1 O talabarte e o dispositivo trava-quedas devem ser Cinturão de segurança tipo paraquedista: Equipamento de
posicionados: (NR) Proteção Individual utilizado para trabalhos em altura onde haja
risco de queda, constituído de sustentação na parte inferior do pei-
a) quando aplicável, acima da altura do elemento de engate toral, acima dos ombros e envolta nas coxas.
para retenção de quedas do equipamento de proteção individual;
(NR) Condições impeditivas: situações que impedem a realização
ou continuidade do serviço que possam colocar em risco a saúde
b) de modo a restringir a distância de queda livre; (NR) ou a integridade física do trabalhador.

c) de forma a assegurar que, em caso de ocorrência de queda, Dispositivo de ancoragem: dispositivo removível da estrutu-
o trabalhador não colida com estrutura inferior. (NR) ra, projetado para utilização como parte de um sistema pessoal de
proteção contra queda, cujos elementos incorporam um ou mais
35.5.11.1.1 O talabarte, exceto quando especificado pelo fabri- pontos de ancoragem fixos ou móveis.
cante e considerando suas limitações de uso, não pode ser utiliza-
do: (NR) Distância de frenagem: distância percorrida durante a atuação
do sistema de absorção de energia, normalmente compreendida
a) conectado a outro talabarte, elemento de ligação ou exten- entre o início da frenagem e o término da queda.
sor; (NR) Distância de queda livre: distância compreendida entre o início
da queda e o início da retenção.
b) com nós ou laços. (NR)
35.6. Emergência e Salvamento Elemento de engate: elemento de um cinturão de segurança
35.6.1 O empregador deve disponibilizar equipe para respostas para conexão de um elemento de ligação.
em caso de emergências para trabalho em altura.

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Elemento de engate para retenção de quedas: elemento de Sistema de posicionamento no trabalho: sistema de trabalho
engate projetado para suportar força de impacto de retenção de configurado para permitir que o trabalhador permaneça posiciona-
quedas, localizado na região dorsal ou peitoral. do no local de trabalho, total ou parcialmente suspenso, sem o uso
das mãos.
Elemento de fixação: elemento destinado a fixar componentes
do sistema de ancoragem entre si. Sistema de Proteção contra quedas - SPQ: Sistema destinado
a eliminar o risco de queda dos trabalhadores ou a minimizar as
Elemento de ligação: elemento com a função de conectar o consequências da queda.
cinturão de segurança ao sistema de ancoragem, podendo incorpo-
rar um absorvedor de energia. Também chamado de componente Sistema de restrição de movimentação: SPQ que limita a mo-
de união. vimentação de modo que o trabalhador não fique exposto a risco
de queda.
Equipamentos auxiliares: equipamentos utilizados nos traba-
lhos de acesso por corda que completam o cinturão tipo paraque- Sistema de retenção de queda: SPQ que não evita a queda,
dista, talabarte, trava-quedas e corda, tais como: conectores, blo- mas a interrompe depois de iniciada, reduzindo as suas consequ-
queadores, anéis de cintas têxteis, polias, descensores, ascensores, ências.
dentre outros.
Suspensão inerte: situação em que um trabalhador permanece
Estrutura: Estrutura artificial ou natural utilizada para integrar suspenso pelo sistema de segurança, até o momento do socorro.
o sistema de ancoragem, com capacidade de resistir aos esforços
desse sistema. Talabarte: dispositivo de conexão de um sistema de segurança,
regulável ou não, para sustentar, posicionar e/ou limitar a movi-
Extensor: componente ou elemento de conexão de um trava- mentação do trabalhador.
quedas deslizante guiado.
Trabalhador qualificado: trabalhador que comprove conclusão
Fator de queda: razão entre a distância que o trabalhador per- de curso específico para sua atividade em instituição reconhecida
correria na queda e o comprimento do equipamento que irá detêlo. pelo sistema oficial de ensino.

Força de impacto: força dinâmica gerada pela frenagem de um Trava-queda: dispositivo de segurança para proteção do usu-
trabalhador durante a retenção de uma queda. ário contra quedas em operações com movimentação vertical ou
horizontal, quando conectado com cinturão de segurança para pro-
Força máxima aplicável: Maior força que pode ser aplicada em teção contra quedas.
um elemento de um sistema de ancoragem. Zona livre de queda - ZLQ: região compreendida entre o ponto
de ancoragem e o obstáculo inferior mais próximo contra o qual o
Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na trabalhador possa colidir em caso de queda, tal como o nível do
definição e seleção das medidas de proteção, para segurança das chão ou o piso inferior.
pessoas, cujo controle não é possível implementar de forma ante- ANEXO I- ACESSO POR CORDAS(Inclusão dada pelaPortaria
cipada. MTE 593/2014).(voltar)
1. Campo de Aplicação
Operação Assistida: atividade realizada sob supervisão perma- 1.1 Para fins desta Norma Regulamentadora considera-se aces-
nente de profissional com conhecimentos para avaliar os riscos nas so por corda a técnica de progressão utilizando cordas, com outros
atividades e implantar medidas para controlar, minimizar ou neu- equipamentos para ascender, descender ou se deslocar horizon-
tralizar tais riscos. talmente, assim como para posicionamento no local de trabalho,
normalmente incorporando dois sistemas de segurança fixados de
Permissão de Trabalho - PT: documento escrito contendo con- forma independente, um como forma de acesso e o outro como
junto de medidas de controle, visando ao desenvolvimento de tra- corda de segurança utilizado com cinturão de segurança tipo para-
balho seguro, além de medidas de emergência e resgate. quedista.
1.2 Em situações de trabalho em planos inclinados, a aplicação
Ponto de ancoragem: parte integrante de um sistema de an- deste anexo deve ser estabelecida por Análise de Risco.
coragem onde o equipamento de proteção individual é conectado. 1.3 As disposições deste anexo não se aplicam nas seguintes
situações:
Profissional legalmente habilitado: trabalhador previamente a) atividadesrecreacionais, esportivas e de turismo de aventu-
qualificado e com registro no competente conselho de classe. ra;
b) arboricultura;
Riscos adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, c) serviços de atendimento de emergência destinados a salva-
além dos existentes no trabalho em altura, específicos de cada am- mento e resgate de pessoas que não pertençam à própria equipe
biente ou atividade que, direta ou indiretamente, possam afetar a de acesso por corda.
segurança e a saúde no trabalho. 2. Execução das atividades
2.1 As atividades com acesso por cordas devem ser executadas:
Sistema de acesso por cordas: Sistema de trabalho em que a) de acordo com procedimentos em conformidade com as
são utilizadas cordas como meio de acesso e como proteção contra normas técnicas nacionais vigentes;
quedas. b) por trabalhadores certificados em conformidade com nor-
mas técnicas nacionais vigentes de certificação de pessoas;

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

c) por equipe constituída de pelo menos dois trabalhadores, 5.1 Além das condições impeditivas identificadas na Análise de
sendo um deles o supervisor. Risco, como estabelece o item 35.4.5.1, alínea ¨j¨da NR-35, o traba-
2.1.1 O processo de certificação desses trabalhadores contem- lho de acesso por corda deve ser interrompido imediatamente em
pla os treinamentos inicial e periódico previstos nos subitens 35.3.1 caso de ventos superiores a quarenta quilômetros por hora.
e 35.3.3 da NR-35. 5.2 Pode ser autorizada a execução de trabalho em altura uti-
2.2 Durante a execução da atividade o trabalhador deve estar lizando acesso por cordas em condições com ventos superiores a
conectado a pelo menos duas cordas em pontos de ancoragem in- quarenta quilômetros por hora e inferiores a quarenta e seis qui-
dependentes. lômetros por hora, desde que atendidos os seguintes requisitos:
2.2.1 A execução da atividade com o trabalhador conectado a) justificar a impossibilidade do adiamento dos serviços mediante
a apenas uma corda pode ser permitida se atendidos cumulativa- documento assinado pelo responsável pela execução dos serviços;
mente aos seguintes requisitos: b) elaborar Análise de Risco complementar com avaliação dos
a) for evidenciado na análise de risco que o uso de uma segun- riscos, suas causas, consequências e medidas de controle, efetuada
da corda gera um risco superior; por equipe multidisciplinar coordenada por profissional qualificado
b) sejam implementadas medidas suplementares, previstas na em segurança do trabalho ou, na inexistência deste, pelo responsá-
análise de risco, que garantam um desempenho de segurança no vel pelo cumprimento desta norma, anexada à justificativa, com as
mínimo equivalente ao uso de duas cordas. medidas de proteção adicionais aplicáveis, assinada por todos os
3. Equipamentos e cordas 3.1 As cordas utilizadas devem aten- participantes;
der aos requisitos das normas técnicas nacionais. c) implantar medidas adicionais de segurança que possibilitem
3.2. Os equipamentos auxiliares utilizados devem ser certifica- a realização das atividades;
dos de acordo com normas técnicas nacionais ou, na ausência des- d) ser realizada mediante operação assistida pelo supervisor
sas, de acordo com normas técnicas internacionais. das atividades.
3.2.1 Na inexistência de normas técnicas internacionais, a cer-
tificação por normas estrangeiras pode ser aceita desde que atendi- ANEXO II - SISTEMAS DE ANCORAGEM(Nova Redação dada pe-
dos aos requisitos previstos na norma europeia (EN). laPortaria MTE 1.113/2016)
3.3 Os equipamentos e cordas devem ser inspecionados nas 1. Campo de aplicação
seguintes situações:
a) antes da sua utilização; 1.1 Este Anexo se aplica ao sistema de ancoragem, definido
b) periodicamente, com periodicidade mínima de seis meses. como um conjunto de componentes, integrante de um sistema
3.3.1 Em função do tipo de utilização ou exposição a agentes de proteção individual contra quedas - SPIQ, que incorpora um ou
agressivos, o intervalo entre as inspeções deve ser reduzido. mais pontos de ancoragem, aos quais podem ser conectados Equi-
3.4 As inspeções devem atender às recomendações do fabri- pamentos de Proteção Individual (EPI) contra quedas, diretamente
cante e aos critérios estabelecidos na Análise de Risco ou no Proce- ou por meio de outro componente, e projetado para suportar as
dimento Operacional. forças aplicáveis.
3.4.1 Todo equipamento ou corda que apresente defeito, des-
1.2 Os sistemas de ancoragem tratados neste anexo podem
gaste, degradação ou deformação deve ser recusado, inutilizado e
atender às seguintes finalidades:
descartado.
3.4.2 A Análise de Risco deve considerar as interferências ex-
a) retenção de queda;
ternas que possam comprometer a integridade dos equipamentos
b) restrição de movimentação;
e cordas.
3.4.2.1 Quando houver exposições a agentes químicos que
c) posicionamento no trabalho;
possam comprometer a integridade das cordas ou equipamentos,
devem ser adotadas medidas adicionais em conformidade com as
d) acesso por corda.
recomendações do fabricante considerando as tabelas de incompa-
tibilidade dos produtos identificados com as cordas e equipamen- 1.3 As disposições deste anexo não se aplicam às seguintes si-
tos. tuações:
3.4.2.2 Nas atividades nas proximidades de sistemas energiza-
dos ou com possibilidade de energização, devem ser adotadas me- a) atividades recreacionais, esportivas e de turismo de aven-
didas adicionais. tura;
3.5 As inspeções devem ser registradas:
a) na aquisição; b) arboricultura;
b) periodicamente;
c) quando os equipamentos ou cordas forem recusados. c) sistemas de ancoragem para equipamentos de proteção co-
3.6 Os equipamentos utilizados para acesso por corda devem letiva;
ser armazenados e mantidos conforme recomendação do fabrican-
te ou fornecedor. d) sistemas de ancoragem para fixação de equipamentos de
4. Resgate acesso;
4.1 A equipe de trabalho deve ser capacitada para autorresgate
e resgate da própria equipe. e) sistemas de ancoragem para equipamentos de transporte
4.2 Para cada frente de trabalho deve haver um plano de resga- vertical ou horizontal de pessoas ou materiais;
te dos trabalhadores.
5. Condições impeditivas 2 Componentes do sistema de ancoragem

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

2.1 O sistema de ancoragem pode apresentar seu ponto de an- 3.1.1 A inspeção inicial deve ser realizada após a instalação, al-
coragem: teração ou mudança de local.

a) diretamente na estrutura; 3.1.2 A inspeção periódica do sistema de ancoragem deve ser


efetuada de acordo com o procedimento operacional, consideran-
b) na ancoragem estrutural; do o projeto do sistema de ancoragem e o de montagem, respei-
tando as instruções do fabricante e as normas regulamentadoras
c) no dispositivo de ancoragem. e técnicas aplicáveis, com periodicidade não superior a 12 meses.

2.1.1 A estrutura integrante de um sistema de ancoragem deve 3.2 O sistema de ancoragem temporário deve:
ser capaz de resistir à força máxima aplicável.
a) atender os requisitos de compatibilidade a cada local de ins-
2.2 A ancoragem estrutural e os elementos de fixação devem: talação conforme procedimento operacional;
a) ser projetados e construídos sob responsabilidade de profis-
b) ter os pontos de fixação definidos sob responsabilidade de
sional legalmente habilitado;
profissional legalmente habilitado.
b) atender às normas técnicas nacionais ou, na sua inexistên-
cia, às normas internacionais aplicáveis. 3.3 O sistema de ancoragem permanente deve possuir projeto
e a instalação deve estar sob responsabilidade de profissional legal-
2.2.1 Os pontos de ancoragem da ancoragem estrutural devem mente habilitado.
possuir marcação realizada pelo fabricante ou responsável técnico
contendo, no mínimo: 4 Projetos e especificações

a) identificação do fabricante; 4.1 O projeto, quando aplicável, e as especificações técnicas do


sistema de ancoragem devem:
b) número de lote, de série ou outro meio de rastreabilidade;
a) estar sob responsabilidade de um profissional legalmente
c) número máximo de trabalhadores conectados simultanea- habilitado;
mente ou força máxima aplicável.
b) ser elaborados levando em conta os procedimentos opera-
2.2.1.1 Os pontos de ancoragem da ancoragem estrutural já cionais do sistema de ancoragem;
instalados e que não possuem a marcação prevista nesse item de-
vem ter sua marcação reconstituída pelo fabricante ou responsável c) conter indicação das estruturas que serão utilizadas no siste-
técnico. ma de ancoragem;

2.2.1.1.1 Na impossibilidade de recuperação das informações, d) conter detalhamento e/ou especificação dos dispositivos de
os pontos de ancoragem devem ser submetidos a ensaios, sob res- ancoragem, ancoragens estruturais e elementos de fixação a serem
ponsabilidade de profissional legalmente habilitado, e marcados utilizados.
com a identificação do número máximo de trabalhadores conecta-
dos simultaneamente ou da força máxima aplicável e identificação 4.1.1 O projeto, quando aplicável, e as especificações técnicas
que permita a rastreabilidade do ensaio. devem conter dimensionamento que determine os seguintes parâ-
metros:
2.3 O dispositivo de ancoragem deve atender a um dos seguin-
tes requisitos:
a) a força de impacto de retenção da queda do(s) trabalha-
dor(es), levando em conta o efeito de impactos simultâneos ou se-
a) ser certificado;
quenciais;
b) ser fabricado em conformidade com as normas técnicas na-
cionais vigentes sob responsabilidade do profissional legalmente b) os esforços em cada parte do sistema de ancoragem decor-
habilitado; rentes da força de impacto;

c) ser projetado por profissional legalmente habilitado, tendo c) a zona livre de queda necessária.
como referência as normas técnicas nacionais vigentes, como parte
integrante de um sistema completo de proteção individual contra 5. Procedimentos operacionais
quedas.
5.1 O sistema de ancoragem deve ter procedimento operacio-
3 Requisitos do sistema de ancoragem nal de montagem e utilização.

3.1 Os sistemas de ancoragem devem: 5.1.1 O procedimento operacional de montagem deve:

a) ser instalados por trabalhadores capacitados; a) contemplar a montagem, manutenção, alteração, mudança
de local e desmontagem;
b) ser submetidos à inspeção inicial e periódica.

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

b) ser elaborado por profissional qualificado em segurança do É claro que a saúde ocupacional se torna também vantajosa
trabalho, considerando os requisitos do projeto, quando aplicável, para a própria instituição. Assim que ela oferece um ambiente re-
e as instruções dos fabricantes. almente sadio e qualificado para a atuação de seus funcionários,
é certo de que a realização das atividades trabalhistas no mesmo
será muito melhor. Por isso, a empresa ganha um profissional muito
NHO 1 – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL mais motivado para a realização de seus trabalhos, e não há ne-
AO RUÍDO nhuma influência de caráter ambiental que venha a atrapalhar o
trabalho e a produtividade do mesmo.
Todos os empregadores devem observar atentamente o am-
Prezado Candidato, devido ao formato do material disponibilizare- biente físico de suas instalações, tomando sempre medidas neces-
mos o conteúdo para estudo na “Área do cliente” em nosso site. sárias para colocar seus empregados o mais distante possível de
Disponibilizamos o passo a passo no índice da apostila. riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
Para saber realmente quais são esses riscos, deve-se realizar
uma vistoria com profissionais especializados em Segurança do Tra-
NHO 6 – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL balho, esses profissionais levantarão quais os riscos existentes em
AO CALOR todos os ambientes de sua empresa, e indicarão ações a serem to-
madas para evitar a ocorrência de acidentes, estas ações vão desde
mudança de layout da empresa até utilização de Equipamentos de
Prezado Candidato, devido ao formato do material disponibilizare- Proteção Individual – EPI, conforme as regras da saúde ocupacional.
mos o conteúdo para estudo na “Área do cliente” em nosso site. Todas essas ações devem ser elaboradas por Técnicos de Segu-
Disponibilizamos o passo a passo no índice da apostila. rança do Trabalho, inscritos nas DRT de sua região e Engenheiros de
Segurança do Trabalho filiados ao CREA.
Fonte: https://www.saudeevida.com.br/voce-sabe-o-que-e-
NHO 11 – AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE ILUMINAMENTO -saude-ocupacional/
EM AMBIENTES INTERNOS DE TRABALHO

LEI Nº 7.498/1986 (LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL),


Prezado Candidato, devido ao formato do material disponibilizare- REGULAMENTADA PELO DECRETO Nº 94.406/1987
mos o conteúdo para estudo na “Área do cliente” em nosso site.
Disponibilizamos o passo a passo no índice da apostila.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
na materia de Conhecimentos Específicos - Parte 1
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM SAÚDE OCUPACIONAL

CÓDIGO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA DA ENFERMAGEM


Prezado(a), confira o material referente a urgência e emergên- – ANÁLISE CRÍTICA
cia abordado na Parte 1 desses Conhecimentos Específicos.

A saúde ocupacional Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado


Saúde Ocupacional nada mais é do que um setor específico na materia de Conhecimentos Específicos - Parte 1
dentro da grande área da saúde, porém, que lida unicamente com a
saúde voltada para o trabalhador.
O principal intuito da saúde ocupacional é se voltar para a pre- BIOÉTICA
venção de doenças e demais problemáticas que possam se originar
no ambiente de trabalho. Seu objetivo está focado na qualidade de
vida do trabalhador, oferecendo para os funcionários bem-estar Ética e bioética na enfermagem
tanto físico, quanto emocional, em um ambiente de trabalho pro-
pício. Dessa forma, ela é o que previne contra riscos e demais pro- A Enfermagem compreende conhecimentos científicos e téc-
blemas que o trabalhador venha a enfrentar por conta do ambiente nicos, acrescido das práticas sociais, éticas e políticas vivenciadas
físico/ambiental em que realiza suas atividades. no ensino, pesquisa e assistência. Presta serviços ao ser humano
É por meio da saúde ocupacional que os indivíduos podem re- dentro do contexto saúde-doença, atuando na promoção da saúde
alizar as suas atividades no ambiente de trabalho com muito mais em atividades com grupos sociais ou com indivíduos, respeitando
tranquilidade, relaxamento e garantia de bem-estar social. a individualidade dentro do contexto social no qual está inserido.
Muitos são os indivíduos que só reconhecem a saúde ocupacio- Este texto aborda a dimensão ética presente na especificida-
nal em uma determinada empresa pelo fato de que é esse o setor de do trabalho de enfermagem e peculiaridades desta área profis-
que cuida dos exames para admissão e demissão do funcionário. sional que trabalha com o ser humano no processo saúde-doença.
Porém, a verdade é que essa é apenas uma de tantas atividades Pretende, também, explorar os aspectos etimológicos e relacionar
realizadas pelo mesmo. a ética no cotidiano da Enfermagem como parte da ação em saúde.
Vale lembrar que a saúde ocupacional é caracterizada como
um setor obrigatório dentro de empresas de pequeno, médio e
grande porte. O Ministério do Trabalho é o órgão responsável por
essa fiscalização e impõe também todas as regras no que diz respei-
to à qualidade de vida do trabalhador.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

O tema abordado não pode ser reduzido, apenas, às discussões O termo “Bioética” surgiu nas últimas décadas (meados do sé-
sobre os atuais dilemas éticos veiculados diariamente na mídia, ou culo passado), a partir dos grandes avanços tecnológicos na área da
meramente, sobre o código de ética dos profissionais de Enferma- Biologia, e aos problemas éticos derivados das descobertas e apli-
gem aprovado pela Resolução COFEN 240/2000.1 Isto porque a cações das ciências biológicas, que trazem em si enorme poder de
ética permeia todas as nossas atitudes e comportamentos e está intervenção sobre a vida e a natureza. Com o advento da AIDS, a
presente em todas as relações com familiares, amigos, colegas partir dos anos 80, a Bioética ganhou impulso definitivo, obrigando
de trabalho, clientes, etc. Todas estas relações são moldadas por à profunda reflexão “bioética” em razão das conseqüências advin-
idéias, princípios, valores e conceitos que existem dentro de nós e das para os indivíduos e a sociedade.
que definem a maneira como agimos, ou seja, que “aprovam” ou A Bioética pode ser compreendida como “o estudo sistemático
“desaprovam” nossas ações e condutas . de caráter multidisciplinar, da conduta humana na área das ciências
Ética é uma palavra de origem grega “éthos” que significa cará- da vida e da saúde, na medida em que esta conduta é examinada à
ter e que foi traduzida para o latim como “mos”, ou seja, costume, luz dos valores e princípios morais”. O comportamento ético em ati-
daí a utilização atual da ética como a “ciência da moral” ou “filosofia vidades de saúde não se limita ao indivíduo, devendo ter também,
da moral” e entendida como conjunto de princípios morais que re- um enfoque de responsabilidade social e ampliação dos direitos da
gem os direitos e deveres de cada um de nós e que são estabeleci- cidadania, uma vez que sem cidadania não há saúde.
dos e aceitos numa época por determinada comunidade humana. Hans Jonas introduziu o conceito de ética da responsabilidade.
A ética se ocupa com o ser humano e pretende a sua perfeição por Para ele todos têm responsabilidade pela qualidade de vida das fu-
meio do estudo dos conflitos entre o bem e o mal, que se refletem turas gerações. Foi ele também que abordou o conceito de risco e a
sobre o agir humano e suas finalidades. necessidade de avaliá-lo com responsabilidade.9 Potter, represen-
Para as teorias éticas, o desejável é o “ser”: ser livre e autôno- tante da bioética, também se mostrava preocupado com os riscos
mo (o ser que pondera seus atos no respeito ao outro e no direito que podem ser causados pela ciência em nível mundial. Para o au-
comum); ser que age para a benevolência e a beneficência (prati- tor, o conhecimento pode ser perigoso, entendendo o conhecimen-
ca o bem e não o nocivo); o ser que exercita a justiça (avalia atos, to perigoso, como aquele que se “acumulou muito mais rapidamen-
eventos e circunstâncias com a razão e não distorce a verdade); o te do que a sabedoria necessária para gerenciá-lo” e sugere que “a
ser virtuoso no caráter (solidário, generoso, tolerante, que ama a melhor forma de lidar com o conhecimento perigoso é a sabedoria,
liberdade e o justo). ou seja, a produção de mais conhecimento e mais especificamente
“Poderá haver direito e leis, mas a justiça só será construída de conhecimento sobre o conhecimento”.
praticando-se atos justos. Somos autores e atores do sentido ético, A ética da responsabilidade e a bioética conduzem a responsa-
que implica os contrapontos direitos-deveres, consubstanciados no bilidade para com as questões do cotidiano e das relações humanas
compromisso social”. em todas as dimensões desde que tenhamos uma postura cons-
Em qualquer discussão que envolva um tema ético não se pode ciente na arte de cuidar do outro como se fosse a si mesmo.
abrir mão do ‘princípio universal da responsabilidade’. Este princí- Portanto, as discussões e reflexões da Bioética não se limitam
pio deve permear todas as questões éticas e está relacionado aos aos grandes dilemas éticos atuais como o projeto genoma huma-
aspectos da ética da responsabilidade individual, assumida por cada no, o aborto, a eutanásia ou os transgênicos, incluem também os
um de nós; da ética da responsabilidade pública, referente ao papel campos da experimentação com animais e com seres humanos,
e aos deveres dos Estados com a saúde e a vida das pessoas; e com os direitos e deveres dos profissionais da saúde e dos clientes, as
a ética da responsabilidade planetária, nosso compromisso como práticas psiquiátricas, pediátricas e com indivíduos inconscientes e,
cidadãos do mundo frente ao desafio de preservação do planeta. inclusive, as intervenções humanas sobre o ambiente que influem
Esta visão ética ampliada de valorização da vida no planeta exi- no equilíbrio das espécies vivas, além de outros. A Bioética não está
ge uma postura consciente, solidária, responsável e virtuosa de to- restrita às Ciências da Saúde. Ela desde que surgiu abrange todas as
dos os seres humanos e principalmente daqueles que se propõem áreas do conhecimento. A sua atuação tem a ver com a vida. Tem
a cuidar de outros seres humanos, em instituições de saúde ou em enfoque interdisciplinar ou, talvez até, transdisciplinar.
seus domicílios. Em referência à abrangência atual da Bioética destacam-se
Com esta introdução ao tema, poderíamos pensar em algumas quatro aspectos considerados relevantes e que estimulam uma re-
situações do nosso cotidiano que nos levam a refletir sobre a pos- flexão teórica mais ampla entre as ciências da vida, ou seja, uma
tura ética necessária aos profissionais da saúde, especialmente da bioética da vida cotidiana, que se refere aos comportamentos e às
Enfermagem, quais sejam: como eu atuo, penso e falo frente a um idéias de cada pessoa e ao uso das descobertas biomédicas; uma
cliente descontrolado e agressivo? Frente a um cliente alcoolizado bioética deontológica, com os códigos morais dos deveres profis-
que havia, recentemente, recebido alta do hospital psiquiátrico? sionais; uma bioética legal, com normas reguladoras, promulgadas
Frente a um cliente usuário de drogas e/ou com vírus HIV? Frente à e interpretadas pelos Estados, com valor de lei e; uma bioética filo-
gestante adolescente? Frente ao cliente que não coopera, não acei- sófica, que procura compreender os princípios e valores que estão
ta o tratamento e exige alta? Frente ao cliente inconsciente, à crian- na base das reflexões e das ações humanas nestes campos.
ça e ao sofredor psíquico? Frente a falta de estrutura das ações e de Para a abordagem de conflitos morais e dilemas éticos na saú-
planejamento de recursos na organização dos serviços de saúde? de, a Bioética se sustenta em quatro princípios. Estes princípios
Estas, além de outras, são questões frequentes nos contextos devem nortear as discussões, decisões, procedimentos e ações na
dos serviços de saúde e que podem nortear um debate mais apro- esfera dos cuidados da saúde. São eles: beneficência, não-malefi-
fundado sob o ponto de vista ético. cência, autonomia e justiça ou eqüidade.
Assim, pode-se perceber que a preocupação com os aspectos O princípio da beneficência relaciona-se ao dever de ajudar aos
éticos na assistência à saúde, não se restringe à simples normatiza- outros, de fazer ou promover o bem a favor de seus interesses. Re-
ção contida na legislação ou nos códigos de ética profissional, mas conhece o valor moral do outro, levando-se em conta que maximi-
estende-se ao respeito à pessoa como cidadã e como ser social, zando o bem do outro, possivelmente pode-se reduzir o mal. Neste
enfatizando que a “essência da bioética é a liberdade, porém com princípio, o profissional se compromete em avaliar os riscos e os
compromisso e responsabilidade”. benefícios potenciais (individuais e coletivos) e a buscar o máximo
de benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos.

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

Isto significa que como profissionais da saúde precisamos fazer Cabe aos profissionais da saúde oferecer as informações técni-
o que é benéfico do ponto de vista da saúde e o que é benéfico cas necessárias para orientar as decisões do cliente, sem utilização
para os seres humanos em geral. Para utilizarmos este princípio é de formas de influência ou manipulação, para que possa participar
necessário o desenvolvimento de competências profissionais, pois das decisões sobre o cuidado/assistência à sua saúde, isto é, ter
só assim, poderemos decidir quais são os riscos e benefícios aos respeito pelo ser humano e seus direitos à dignidade, à privacidade
quais estaremos expondo nossos clientes, quando decidirmos por e à liberdade. Deve-se levar em conta que vivemos em sociedade,
determinadas atitudes, práticas e procedimentos. portanto, possuímos responsabilidades sociais.
É comum que os profissionais da saúde tenham uma atitude Entretanto, no caso da Enfermagem, a autonomia pode apre-
paternalista para com os clientes, ou seja, decidam o que é melhor sentar-se mais como uma intenção codificada do que sua efetivida-
para eles, sem levar em conta seus pensamentos ou sentimentos de na prática, pois a decisão tomada sofre influência conforme a
e, geralmente, justificam suas atitudes com uma frase semelhante autonomia que se tem na prática. Sem essa autonomia necessária
a esta: “é para o seu próprio bem”, mesmo que o cliente discorde. para identificarmos os atos que deveriam ou não ser realizados,
Desta forma, mesmo tendo a intenção de fazer o bem, estão redu- corremos o risco de reproduzirmos apenas atos autômatos.
zindo adultos a condição de crianças e interferindo em sua liberda- Aos profissionais de enfermagem cabe buscar essa autonomia
de de ação. no conhecimento, isto é, construir um corpo de conhecimento es-
Este modo de agir permeia o cotidiano da assistência prestada pecífico que possibilite uma maior autonomia no processo de cui-
pela Enfermagem, devido possivelmente, a forte influência de Ni- dar, vinculando o pensar ao ato de fazer.
ghtingale que considerava que a enfermeira deveria executar suas O princípio da justiça relaciona-se à distribuição coerente e
ações baseadas no que seria melhor para o paciente e que ela de- adequada de deveres e benefícios sociais.
veria saber como ele se sente e o que deseja. No Brasil, a Constituição de 1988 refere que a saúde é direito
Outra forma possível de análise desta atitude paternalista dos de todos. Dessa forma, todo cidadão tem direito à assistência de
profissionais de saúde pode ser nossa origem latino americana. Em saúde, sempre que precisar, independente de possuir ou não um
países em que existem uma grande diferença sócio-econômico-cul- plano de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como princí-
tural, como no Brasil, as pessoas tendem a ser mais submissas. Os pios doutrinários a universalidade, a integralidade e a equidade na
indivíduos não estando acostumados a exercerem a cidadania acei- atenção à saúde dos brasileiros. Entretanto, mesmo com criação de
tam, sem questionamentos, a assistência ofertada. normas regulamentadoras, o SUS ainda não esta consolidado e o
Para saber o que é bom para cada um dos clientes é preciso não atendimento de seus princípios doutrinários impõe as profis-
que se estabeleça um relacionamento interpessoal de confiança sionais de saúde a convivência cotidiana com dilemas éticos, quan-
mútua e que o cuidador esteja atento aos limites de sua atuação, do não oferece serviços de saúde de qualidade.
uma vez que poderá estar ferindo um outro princípio, a autonomia Conhecendo estes quatro princípios podemos utilizá-los como
do cliente. recursos para análise e compreensão de situações de conflito, sem-
O princípio de não-maleficência implica no dever de se abster pre que estas se apresentarem, comparando com casos semelhan-
de fazer qualquer mal para os clientes, de não causar danos ou co- tes que já tenham ocorrido e ponderando as consequências das
locá-los em risco. O profissional se compromete a avaliar e evitar os condutas tomadas anteriormente sobre os clientes, familiares e a
danos previsíveis. comunidade.
Para atender a este princípio, não basta apenas, que o profis- “A relação do paciente com seus cuidadores pode estar per-
sional de saúde tenha boas intenções de não prejudicar o cliente. É meada pelo conflito, pois distintos critérios morais e éticos guiam a
preciso evitar qualquer situação que signifique riscos para o mesmo atuação de cada um dos envolvidos. Os profissionais de saúde, em
e verificar se o modo de agir não está prejudicando o cliente indivi- geral orientam-se pelo critério da beneficência, os pacientes pelo
dual ou coletivamente, se determinada técnica não oferece riscos e da autonomia e a sociedade pelo de justiça”
ainda, se existe outro modo de executar com menos riscos. Esta relação terapêutica deve-se fundamentar na parceria com
Autonomia, o terceiro princípio, diz respeito à autodetermina- o cliente, na possibilidade do deste fazer escolhas e, principalmen-
ção ou autogoverno, ao poder de decidir sobre si mesmo. Preconiza te, na possibilidade do profissional compreender a escolha do clien-
que a liberdade de cada ser humano deve ser resguardada. te.
Esta autodeterminação é limitada em situações em que “pen- Concluímos com algumas considerações e questionamentos:
sar diferente” ou “agir diferente”, não resulte em danos para outras Entendemos que a ética reconhece o valor de todos os seres
pessoas. A violação da autonomia só é eticamente aceitável, quan- vivos e encara os humanos como um dos fios que formam a grande
do o bem público se sobrepõe ao bem individual. teia da vida. Nesta teia, todos os fios são importantes, inseparáveis
A autonomia não nega influência externa, mas dá ao ser huma- e co-produtores uns do outros. Ao nos dedicarmos a agir eticamen-
no a capacidade de refletir sobre as limitações que lhe são impostas, te, estaremos buscando saúde e vida. Esta busca leva o ser humano
a partir das quais orienta a sua ação frente aos condicionamentos. a um processo contínuo de crescimento.
O direito moral do ser humano à autonomia gera um dever dos Como nosso trabalho é realizado em um ambiente complexo
outros em respeitá-lo. Assim, também os profissionais da saúde (instituição de saúde ou comunidade), nele, todas as nossas ações
precisam estabelecer relações com os clientes em que ambas as (modo de ouvir, olhar, tocar, falar, comunicar e realizar procedimen-
partes se respeitem. Respeitar a autonomia é reconhecer que ao tos), são questionáveis do ponto de vista ético. A maneira como nos
indivíduo cabe possuir certos pontos de vista e que é ele que deve relacionamos com colegas de trabalho, clientes e familiares (dos
deliberar e tomar decisões seguindo seu próprio plano de vida e clientes e nossos) podem influenciar o resultado do nosso trabalho.
ação embasado em crenças, aspirações e valores próprios, mesmo Uma relação de reciprocidade não permite arrogância, onipotência
quando estejam em divergência com aqueles dominantes na socie- e autoritarismo, mas permite a liberdade de expressão do pensa-
dade, ou quando o cliente é uma criança, um deficiente mental ou mento, idéias e experiências e passa pelo respeito à compreensão
um sofredor psíquico. moral e ética dos seres envolvidos.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

A ética em saúde é permeada pelo “bem pensar” e pela “in- 4. É considerado acidente de trabalho toda lesão corporal ou
trospecção” (auto-exame), não sendo suficiente a “boa intenção”. O perturbação da capacidade funcional que, no exercício do trabalho,
auto-exame nos permite descobrir que somos seres falíveis, frágeis, ou por motivo dele, resultar de causa externa, súbita, imprevista ou
insuficientes, carentes e que necessitamos de mútua compreensão. fortuita, que cause a morte ou a incapacidade para o trabalho, total
A bioética é um instrumento que nos guiará nas reflexões coti- ou parcial, permanente ou temporária.
dianas de nosso trabalho, sendo fundamental para que as gerações Em relação ao acidente de trabalho, assinale a alternativa in-
futuras tenham a vida com mais qualidade. correta.
(A) Em sua maioria, os acidentes de trabalho são evitáveis,
Entretanto, como está o ensino da bioética no mundo? Como bastando a adoção de simples medidas, como o uso de equi-
as escolas estão preparando os profissionais de saúde para os im- pamentos de proteção individual, que devem ser fornecidos
passes éticos do dia-a dia? As decisões são orientadas para que o obrigatoriamente pelas empresas.
mundo se torne mais humano? Como buscar a equidade na assis- (B) Os acidentes de trabalho podem ser classificados em aci-
tência com respostas morais adequadas a realidade que se apresen- dente típico (decorrente diretamente da atividade profissional
ta no nosso mundo do trabalho? exercida), acidente de trajeto (ocorre no trajeto entre a resi-
Enfim, o que queremos é que nossas ações sejam pensadas, dência e o local de trabalho) e doença profissional (desencade-
refletidas, competentes e que principalmente os profissionais da ada pelo exercício de determinada atividade específica).
Enfermagem, se utilizem do conhecimento disponível de forma res- (C) A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos
ponsável. os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, mes-
mo que não haja afastamento das atividades, até o primeiro dia
útil seguinte ao da ocorrência, exceto nos casos de morte, onde
EXERCÍCIOS a comunicação deverá ser imediata.
(D)Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio trabalha-
1. Higiene do trabalho é uma parte da medicina do trabalho dor, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autorida-
restrita às medidas preventivas, que visa proteger o trabalhador, de pública poderão efetivar a qualquer tempo o registro desse
prevendo ativamente os perigos que, para a saúde física ou psíqui- instrumento junto à Previdência Social, o que exclui a possibili-
ca, se originam do trabalho. Assinale a assertiva incorreta. dade da aplicação da multa à empresa.
(A) Os riscos ambientais são agentes físicos, químicos e bioló-
gicos existentes nos ambientes de trabalho capazes de causar 5. Os incêndios são classificados de acordo com o material
danos à saúde do trabalhador, em função de sua natureza, con- combustível neles envolvidos para que possa ser adotada a medida
centração ou intensidade e tempo de exposição. de combate mais eficaz. Considerando as classes dos incêndios e
(B) Agentes químicos são as diversas formas de energia a que a forma mais adequada para combatê-los, analise as assertivas e
possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruídos, vi- identifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
brações, pressões anormais, temperaturas extremas (calor e ( ) O bicarbonato de sódio é um agente extintor recomendado
frio) e radiações para classes de incêndio B.
(C) São considerados riscos produtivos de ambiente aqueles ( ) Os incêndios classe C ocorrem em equipamentos elétricos
que se referem aos provenientes de ação agressiva dos produ- energizados como motores, transformadores, quadros de distribui-
tos e do ambiente, como presença de gases, ruído, calor, den- ção, fios, etc. Nesse caso, o melhor agente extintor é o gás Carbô-
tre outros. nico.
(D) Na determinação dos riscos, sempre deve ser considerado ( ) Os materiais de classe A são considerados inflamáveis, tais
o estudo do ambiente de trabalho através de levantamentos como gasolina, tintas, óleos, etc. Um incêndio envolvendo esse tipo
qualitativos, quantitativos, tempo real de exposição e suscepti- de material é melhor combatido com água em abundância para di-
bilidades individuais. luir o líquido inflamável.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
2. As doenças resultado das condições especiais de um ambien- baixo, é
te profissional e que NÃO possuem relação em lei denominam-se (A) F V F
de doença (B)F F V
(A)profissional. (C) F V V
(B) ocupacional. (D) V V F
(C) do trabalho. (E)V F V
(D)degenerativa.
(E) infecciosa. 6. A Norma Regulamentadora 23, ao tratar da proteção con-
tra incêndios, especificamente quanto às saídas dos prédios, define
3. A partir de uma visão mais ampla, o conceito saúde-doença que as portas devem ter um fluxo adequado à finalidade. Qual o
estuda os fatores biológicos, econômicos, sociais e culturais e, com sentido de abertura das portas previsto na NR 23?
eles, busca-se compreender (A) De dentro para fora.
(A) as possíveis causas da doença. (B) De fora para dentro.
(B) os possíveis efeitos da doença. (C) Bilaterais para dentro.
(C) a prevenção da doença. (D)Transversais para fora.
(D)a segurança do trabalhador. (E) Circulatórias no sentido anti-horário.
(E) a eficiência do trabalhador.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

7. Segundo disposto no artigo 18, caput, da Lei nº 9.847, de 26 Assinale a alternativa correta.
de outubro de 1999, os fornecedores e transportadores de petróleo (A)Apenas a afirmação I está correta
e seus derivados, de gás natural e condensado, bem assim de álcool (B) Apenas a afirmação II está correta
etílico combustível, respondem (C) Apenas as afirmações I e II estão corretas
(A) independente de dolo ou culpa, pelos vícios de qualidade (D)Apenas as afirmações I, II e III estão corretas
ou quantidade do produto transportado. (E)As afirmativas I, II, III e IV estão corretas
(B)objetivamente, por dolo ou fraude, pelos vícios de qualida-
de ou quantidade do produto transportado. 11. De acordo com a Norma Regulamentadora NR 06 (Equipa-
(C)objetivamente, pelos vícios de qualidade e quantidade, na mentos de Proteção Individual (EPI)), elaborada pelo Ministério do
hipótese em que restar provada a culpa exclusiva do fornece- Trabalho e Emprego, assinale a alternativa que apresenta a respon-
dor ou do transportador do produto. sabilidade do empregador:
(D)solidariamente, pelos vícios de qualidade do produto trans- (A)Indicar onde o trabalhador pode adquirir o EPI aprovado e
portado, desde que provada a culpa concorrente do fornece- certificado pelo Ministério do Trabalho
dor e do transportador. (B) Fornecer o EPI ao trabalhador pelo preço de custo
(E)solidariamente, pelos vícios de qualidade e quantidade do (C) Exigir o uso do EPI ao trabalhador
produto, inclusive aqueles decorrentes da disparidade com as (D)Autorizar o uso facultativo do EPI a depender da qualifica-
indicações da embalagem ou rotulagem, que os tornem impró- ção e experiência do trabalhador
prios ou inadequados ou lhes decresçam o valor. (E)Obrigar que o trabalhador adquira outro EPI no caso de ex-
travio ou danificação do mesmo
8. De acordo com a Norma Regulamentadora 01 (Disposições
Gerais) elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, assinale 12. De acordo com a Norma Regulamentadora NR 07 (Progra-
a alternativa que apresenta o dever do trabalhador. ma de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)) elaborada
(A) Cumprir as ordens de serviço expedidas pelo empregador, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, assinale a alternativa cor-
ainda que estejam em disposição contrária ao previsto nas nor- reta.
mas legais sobre saúde e segurança do trabalho (A) Todo estabelecimento com mais de 10 trabalhadores deve
(B) Submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Re- ser equipado com material de primeiros socorros
gulamentadoras (B) Todos os trabalhadores envolvidos na atividade produtiva
(C) Denunciar os colegas de trabalho que não utilizam equipa- deverão receber treinamento de primeiros socorros
mentos de proteção individual (C) Os materiais de primeiros socorros deverão estar disponí-
(D)Adquirir por conta própria seu equipamento de proteção veis e de fácil acesso a todos os trabalhadores
individual (D)O material de primeiros socorros deve ser condizente com
(E)Seguir com suas atividades funcionais, mesmo quando jul- as características da atividade desenvolvida
gar que há risco a sua vida, até que o empregador constate ou (E)Todo material de primeiros socorros deve conter medica-
exclua o risco mentos antitérmicos (febre) e vasodilatadores (pressão alta)

9. Em relação à capacitação e treinamento em Segurança e 13. De acordo com a Norma Regulamentadora NR 09 (Progra-
Saúde no Trabalho, prevista na NR-01, assinale a alternativa correta. ma de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)) elaborada pelo Mi-
(A) O empregado deve buscar, por conta própria, capacitação nistério do Trabalho e Emprego, analise as afirmativas abaixo:
e treinamento em conformidade com o disposto nas NRs antes I. Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia
de iniciar suas atividades. a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído,
(B) O treinamento inicial em uma nova função poderá ocorrer vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações
até os seis primeiros meses da nova atividade. ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ul-
(C) O tempo despendido em treinamentos previstos nas NRs tra-som.
não é considerado como de trabalho efetivo. II. Não cabe ao trabalhador apresentar propostas a fim de as-
(D)A capacitação deve ser consignada nos documentos funcio- segurar a proteção aos riscos ambientais identificados na execução
nais do empregado. do PPRA. A orientação a respeito dos parâmetros identificados no
(E)O certificado deve ser arquivado na organização, não haven- PPRA é de responsabilidade do empregador.
do necessidade de encaminhamento de cópia ao trabalhador. III. Os empregadores deverão informar os trabalhadores de ma-
neira apropriada e suficiente, sobre os riscos ambientais que pos-
10. De acordo com a Norma Regulamentadora NR 05 (Comis- sam originar-se nos locais de trabalho, sobre os meios disponíveis
são Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)) elaborada pelo Mi- para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos.
nistério do Trabalho e Emprego, analise as afirmativas abaixo: IV. O empregador deverá garantir que, na ocorrência de riscos
I. O empregado eleito para cargo de direção de CIPA não pode ambientais nos locais de trabalho que coloquem em situação de
ser demitido sem justa causa, até um ano após o final de seu man- grave e iminente risco um ou mais trabalhadores, os mesmos pos-
dato. sam interromper de imediato as suas atividades, comunicando o
II. Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA, os fato ao superior hierárquico direto para as devidas providências.
meios necessários ao desempenho de suas atribuições, garantindo Assinale a alternativa correta.
tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano (A) Apenas a afirmativa III está correta
de trabalho. (B) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
III. O empregador designará entre seus representantes o Pre- (C) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas
sidente da CIPA, e os representantes dos empregados escolherão (D) . Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
entre os titulares o vice-presidente. (E) As afirmativas I, II III e IV estão corretas
IV. Não há quórum eleitoral mínimo para a eleição dos mem-
bros da CIPA, cujo resultado se dará por maioria simples.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

14. Em relação ao transporte, movimentação, armazenagem e 18. As áreas de mineração com atividades operacionais devem
manuseio de materiais, é correto afirmar que: possuir entradas identificadas com o nome da empresa ou do Per-
(A)Os poços de elevadores e monta-cargas deverão ser cerca- missionário de Lavra Garimpeira e acessos e estradas sinalizadas.
dos, solidamente, em toda sua altura, inclusive as portas ou Para algumas atividades nas áreas de mineração serão designadas
cancelas necessárias nos pavimentos. equipes com, no mínimo, dois trabalhadores. Marque a alternativa
(B) Em todo o equipamento de carga será indicado, em lugar que NÃO corresponde a uma dessas atividades:
visível, a carga máxima de trabalho permitida. (A) No subsolo, nas atividades de abatimento manual de choco
(C)Quando a cabina do monta-carga estiver ao nível do pavi- e blocos instáveis.
mento, a abertura deverá estar protegida somente por corri- (B) No subsolo, nas atividades de carregamento de explosivos,
mão ou por outros dispositivos convenientes. detonação e retirada de fogos falhados.
(D)Na operação manual de carga e descarga de sacos, em ca- (C)No subsolo, nas atividades de contenção de maciço desar-
minhão ou vagão, o trabalhador terá o auxílio de, no mínimo, ticulado.
dois ajudantes. (D)A céu aberto, nas atividades de carregamento de explosivos,
(E)Fica estabelecida a distância máxima de 50,00m (cinqüenta detonação e retirada de fogos falhados.
metros) para o transporte manual de um saco. (E)A céu aberto, nas atividades de perfuração manual.

15. Analise as afirmativas a seguir, relativas aos requisitos para 19. Entre as atribuições da CIPA, podemos listar EXETO:
o armazenamento de explosivos. (A) Identificar os riscos dos processos de trabalho.
I. Os depósitos de explosivos devem ser construídos de mate- (B)Não são responsáveis pela promoção da Semana Interna de
riais incombustíveis, em terreno firme, seco, a salvo de inundações. Prevenção de Acidente do Trabalho (SIPAT).
II. Os depósitos de explosivos devem ser apropriadamente ven- (C) Investigar acidentes e doenças do trabalho.
tilados e dotados de sinalização externa adequada. (D)Elaborar o mapa de riscos.
III. Os depósitos de explosivos devem manter ocupação máxi-
ma de 60%da área,respeitando-se a altura máxima de empilhamen- 20. De acordo com a Norma Regulamentadora NR 26 (Sinali-
to de 3m e 1m entre o teto e o topo do empilhamento. zação de Segurança) elaborada pelo Ministério do Trabalho e Em-
prego:
Estão corretas as afirmativas A rotulagem preventiva relativa a um produto químico deve
(A)I e III, apenas. conter informações como identificação e composição do produto
(B) II e III, apenas. químico, entre outras. Assinale a alternativa que não contém uma
(C) I e II, apenas. informação prevista na rotulagem preventiva.
(D)I, II e III. (A) Pictograma de perigo
(B)Estatística de acidente
16. De acordo com a Norma NR-20, o armazenamento de líqui- (C) Palavra de advertência
dos inflamáveis de classe I, em tambores com capacidade de 250 (D) Frase de perigo
litros, só poderá ser feito em lotes. Quando houver mais de um lote, (E) Frase de precaução
os lotes existentes deverão estar distanciados entre si em metros,
de no mínimo: 21. Quanto à capacitação para trabalhos em espaços confina-
(A) 05 dos, prevista na NR 33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espa-
(B) 10 ços Confinados, analise as seguintes assertivas:
(C)12 I. Somente o trabalhador previamente capacitado pode ser de-
(D)15 signado para trabalhos em espaços confinados.
(E)20 II. Todos os trabalhadores autorizados e vigias devem receber
capacitação periódica a cada 12 (doze) meses.
17. Em relação ao trabalho desenvolvido a céu aberto, confor- III. A capacitação deve ter carga horária mínima de 16 (dezes-
me Normas Regulamentadoras, é correto afirmar que seis) horas e ser realizada dentro do horário de trabalho.
(A) esse tipo de trabalho expõe os trabalhadores à radiação io- Quais estão corretas?
nizante, cuja insalubridade é de grau máximo. (A) Apenas I.
(B) esse tipo de trabalho expõe os trabalhadores à radiação não (B)Apenas I e II.
ionizante e a atividade é considerada insalubre caso o valor me- (C)Apenas I e III.
dido de radiação ultrapasse o limite de tolerância estabelecido (D) . Apenas II e III.
em anexo da NR-15. (E)I, II e III.
(C)o empregador deve fornecer abrigo, limpo e não rústico, ca-
paz de proteger os trabalhadores.
(D)serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalha-
dores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e
os ventos inconvenientes.
(E)serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalha-
dores contra picadas de mosquitos, radiação ionizante, ruído,
calor, umidade e frio.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PARTE 2
TÉCNICO DE ENFERMAGEM (SAÚDE DO TRABALHADOR)

22. No âmbito da segurança do trabalho, verifica-se que há um


bom número de situações do cotidiano que expõem trabalhadores
ANOTAÇÕES
a potenciais quedas de alturas superiores a 2 metros, uma vez que
devem exercer tarefas em postos de trabalho que requerem sua ______________________________________________________
elevação até estes postos, ou com possibilidade de queda em razões
de desníveis de altura, entre outras condições similares. Quanto ao ______________________________________________________
exercício de atividades nestas condições, é INCORRETO afirmar que:
(A)Quando da realização de atividades em telhados, deverão ______________________________________________________
ser observadas, inicialmente, as condições atmosféricas.
(B)Sua realização pode ser feita por apenas um único trabalha- ______________________________________________________
dor, desde que o mesmo esteja equipado com os EPIs apro-
______________________________________________________
priados.
(C)Os cintos de segurança devem ser rigorosamente inspecio- ______________________________________________________
nados a cada uso, reportando ao setor responsável qualquer
atuação do equipamento. ______________________________________________________
(D)Quando a utilização de escadas for necessária, não só é im-
perativo uma rigorosa inspeção do equipamento, como tam- ______________________________________________________
bém a verificação do local que servirá de base à sua instalação.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 B ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 D
6 A ______________________________________________________
7 E ______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 D
10 D ______________________________________________________
11 C ______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 B
15 C ______________________________________________________
16 D _____________________________________________________
17 D
_____________________________________________________
18 E
19 B ______________________________________________________

20 B ______________________________________________________
21 E
______________________________________________________
22 B
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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