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FICHAMENTO DE CITAÇÃO:
Capítulo 5 – Características do discurso literário
PROENÇA Filho, Domício, 1936- A linguagem literária / Domício Proença Filho. — 8.ed. —
São Paulo : Ática, 2007. 95p. — (Princípios; 49)
Literatura e especificidade:
“Se a literatura é uma arte, é um meio de comunicação de tipo especial e envolve
uma linguagem também especial. Apoia-se numa língua e se configura em textos em
que se caracteriza uma determinada modalidade de discurso. ” (Pág. 41)
“O código em que se pauta o discurso literário guarda íntima relação com o código
do discurso comum, mas apresenta, em relação a este, diferenças singularizadoras. ”
(Pág. 41)
Complexidade:
“O discurso da literatura se caracteriza por sua complexidade. No discurso não-
literário, há um relacionamento imediato com o referente; [...] O texto literário
realmente significativo ultrapassa os limites do codificador para nos atingir, por
força ainda do mistério da criação em literatura, com mensagens capazes de revelar
muito da condição humana. ” (Pág. 42)
“Em certo sentido, a linguagem literária produz; a não-literária reproduz. ” (Pág.
43)
“O fato literário caracteriza-se, entre inúmeras outras marcas, por uma dupla
dimensão articulada: a dimensão semiótica, ligada aos signos de que se faz o texto, e
a dimensão transfiguradora do real. [...] O texto literário é, ao mesmo tempo, um
objeto linguístico e um objeto estético. ” (Pág. 43)
Multissignificação:
“A multissignificação ou polissemia não é marca exclusiva do texto de literatura.
Pode configurar-se em qualquer outra manifestação verbal. [...]No texto não-
literário a ambiguidade dela decorrente prende-se necessariamente "a uma
preocupação de imediata e utilitária funcionalidade". O texto de literatura, em
função do contexto que o caracteriza, repele qualquer imposição coercitiva. Esse
preocupar-se nele não se faz presente. ” (Pág. 44)
“A literatura, na verdade, cria significantes e funda significados. Apresenta seus
próprios meios de expressão, ainda que se valendo da língua, ponto de partida. ”
(Pág. 45)
O tratamento do tempo:
“O tempo cronológico, isto é, o tempo convencional das horas, dos dias, dos
meses, das estações e dos anos é a medida exterior da duração. Admite padrões fixos
de medida, vinculados ao movimento de rotação e translação da Terra. É um tempo
objetivo, que se opõe à subjetividade do tempo psicológico, interior e relativo,
situado no âmbito da experiência individual, que avalia a partir de padrões variáveis.
” (Pág. 58)
“Remonta a Bergson a concepção do tempo psicológico. Como explicita Dirce
Riedel, ‘a realidade está na relatividade subjetiva da durée (duração), no que
permanece no fluir do tempo, apesar de toda a sua irreversibilidade, e não no
conceito objetivo da física que falsifica a natureza essencial do tempo’. [...] A
duração (durée) é anacrônica. ” (Pág.58)
“Abandona-se, por falso, o fixar da personalidade por meio da descrição externa,
por intermédio de rótulos, definições e listas de características: a personalidade
passa a ser caracterizada à luz de sua renovação momento a momento, com o
passado sempre presente, variável de acordo com a ampliação do seu campo
temporal em movimento. ” (Pág. 58)
Brenda Rios Gomes
Discente da Universidade do Estado da Bahia- Campus IV
Nº da matrícula: 04.221.007-0
“A duração se identifica com a vida interior. ” (Pág. 59)
“O moderno tempo ficcional se faz da sucessão psicológica, mede-se pela distância
interior, variável segundo a melodia do mundo interior de cada indivíduo. Caracteriza-
se uma duração aberta. Se o comparamos com o tempo da história, vemos que este se
faz de uma perspectiva exterior, mede-se cronologicamente e apresenta unidade de
ação. ” (Pág. 59)
O ambiente:
“Também chamado meio, localização, envolve as condições materiais ou espirituais
em que se movimentam os personagens e se desenrolam os acontecimentos. Por meio
dele podem-se configurar traços dos personagens e mesmo a própria história. ” (Pág. 59
– 60)
O estilo:
“Os estudos relacionados com o estilo envolvem, em síntese, dois posicionamentos:
há aqueles que o consideram como resultante de um conjunto de escolhas em relação à
língua; outros entendem que se trata de um desvio em relação à norma gramatical. ”
(Pág. 60)
“As duas correntes, a saussuriana e a idealista de Vossler, fundamentam a crítica
literária de base estilística, que vê o estilo a serviço da criação artística. ” (Pág. 60)
“Quando tais expressões conseguem manifestar-se com excelência, são chamadas
obras de arte. ” (Pág. 61)
“O estilo, ainda de acordo com tal posicionamento, tende a se confundir com o
idioleto, ou seja, com aquilo que o próprio Bally definiu como ‘o sistema de expressões
de um indivíduo isolado" ou, como esclarece Mattoso Câmara, no seu Dicionário de
filologia e gramática, "o nome dado pelos linguistas americanos à língua tal como é
observada no uso de um indivíduo’. ” Pág. 61)
“Como se percebe, o conflito entre estilo, idioleto e discurso não prima pela solução
mais simples. ” (Pág. 61)
“A conceituação adotada pelo segundo grupo também é passível de restrições.
Desvio em relação à norma implica que esta última seja definida e estabelecida. E aí é
que enfrentamos um dilema, pois a norma é entendida como uma soma de abstrações,
como se depreende da citada definição de Coseriu. ” (Pág. 61)
“Um último conceito nos leva à teoria que entende o estilo como "fenômeno de
elaboração, que consiste em substituir a natural linearidade da linguagem por uma certa
profundidade, em razão de um objetivo mais ou menos intuitivo ou inconsciente do
enunciado global que deve resultar das escolhas sucessivas", conforme as palavras de
Aline Lévavasseur. ” (Pág. 62)
“Como quer que seja, para efeito operacional, entenda-se o estilo na definição
adaptada de Hatzfeld, apresentada na página 25, a partir da qual se percebe que, no caso
do texto literário, se vincula a uma organização específica: o estilo, no caso, passa a
integrar um objeto estético e assume dimensão relevante nesse âmbito. ” (Pág. 62)
Manifestação em verso:
“Por verso entende-se, tradicionalmente, como registra Mattoso Câmara, ‘a frase ou
o segmento frasal em que há um ritmo nítido e sistemático’. ” (Pág. 63)
“Na língua portuguesa, por exemplo, a métrica ou medida do verso é constituída da
combinação da regularidade do número de sílabas e da disposição dos acentos tônicos. ”
(Pág. 63)