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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV


CURSO DE LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS
Componente curricular: Estudos teóricos do texto literário
Docente: Adriano Antônio Lima Menezes

FICHAMENTO DE CITAÇÃO:
Capítulo 5 – Características do discurso literário
PROENÇA Filho, Domício, 1936- A linguagem literária / Domício Proença Filho. — 8.ed. —
São Paulo : Ática, 2007. 95p. — (Princípios; 49)

Literatura e especificidade:
“Se a literatura é uma arte, é um meio de comunicação de tipo especial e envolve
uma linguagem também especial. Apoia-se numa língua e se configura em textos em
que se caracteriza uma determinada modalidade de discurso. ” (Pág. 41)
“O código em que se pauta o discurso literário guarda íntima relação com o código
do discurso comum, mas apresenta, em relação a este, diferenças singularizadoras. ”
(Pág. 41)
Complexidade:
“O discurso da literatura se caracteriza por sua complexidade. No discurso não-
literário, há um relacionamento imediato com o referente; [...] O texto literário
realmente significativo ultrapassa os limites do codificador para nos atingir, por
força ainda do mistério da criação em literatura, com mensagens capazes de revelar
muito da condição humana. ” (Pág. 42)
“Em certo sentido, a linguagem literária produz; a não-literária reproduz. ” (Pág.
43)
“O fato literário caracteriza-se, entre inúmeras outras marcas, por uma dupla
dimensão articulada: a dimensão semiótica, ligada aos signos de que se faz o texto, e
a dimensão transfiguradora do real. [...] O texto literário é, ao mesmo tempo, um
objeto linguístico e um objeto estético. ” (Pág. 43)
Multissignificação:
“A multissignificação ou polissemia não é marca exclusiva do texto de literatura.
Pode configurar-se em qualquer outra manifestação verbal. [...]No texto não-
literário a ambiguidade dela decorrente prende-se necessariamente "a uma
preocupação de imediata e utilitária funcionalidade". O texto de literatura, em
função do contexto que o caracteriza, repele qualquer imposição coercitiva. Esse
preocupar-se nele não se faz presente. ” (Pág. 44)
“A literatura, na verdade, cria significantes e funda significados. Apresenta seus
próprios meios de expressão, ainda que se valendo da língua, ponto de partida. ”
(Pág. 45)

Brenda Rios Gomes


Discente da Universidade do Estado da Bahia- Campus IV
Nº da matrícula: 04.221.007-0
“A multissignificação é, pois, uma das marcas do texto literário como tal. É o
traço que permite, entre outras, as múltiplas leituras existentes da obra de João
Cabral de Melo Neto, de Carlos Drummond de Andrade, de Guimarães Rosa; que
possibilita a Roland Barthes a sua apreciação da obra de Racine e que nos autoriza
ler, em Iracema, de José de Alencar, uma síntese simbólica do processo civilizatório
da América, entre outras interpretações. ” (Pág. 46)
Predomínio da conotação:
“A linguagem literária é eminentemente conotativa. O texto literário resulta de
uma criação, feita de palavras. E do arranjo especial das palavras nessa modalidade
de discurso que emerge o sentido múltiplo que a caracteriza. ” (Pág. 46)
“Os signos verbais, no texto de literatura, por força do processo criador a que
são submetidos, à luz da arte do escritor, revelam-se carregados de traços
significativos que a eles se agregam a partir do processo sociocultural complexo a
que a língua se vincula. ” (Pág. 46)
Liberdade na criação:
“A literatura se abre, então, plenamente, à criatividade do artista. Em seu
percurso, ela envolve a constante invenção de novos meios de expressão ou uma
nova utilização dos recursos vigentes em determinada época. ” (Pág. 46)
“Não existe uma "gramática normativa" para o texto literário. Seu único espaço
de criação é o da liberdade. ” (Pág. 46)
“Na maioria dos casos, é a própria obra que traz em si suas próprias regras. A
obra de arte literária se faz, fazendo-se. ” (Pág. 47)
“No texto literário a criação estética autoriza qualquer transgressão nesse
sentido. E em termos de história literária, múltiplos e vários têm sido os percursos
nessa direção, seja em termos individuais, seja em termos de movimentos de época.
” (Pág. 47)
Ênfase no significante:
“[...] o texto literário tem o seu sentido apoiado no significado e no significante,
com especial relevo concedido a este último. A questão, entretanto, não é pacífica.
Sobretudo quando pensamos que, ao situar significante e significado no âmbito da
semiótica, estes ganham dimensões que, embora relacionadas com a visão da
linguística, adquirem matizes diferentes e contribuem efetivamente para o sentido
do texto, principalmente em termos da informação estética que nele se configura.
[...]” (Pág. 48)
Soneto de separação:
(Págs. 48 – 50)
Variabilidade:
“O texto literário se vincula, como foi assinalado, a um universo sociocultural e
a dimensões ideológicas; sua natureza envolve mutações no tempo e no espaço; [...]
A literatura traz a marca de uma variabilidade específica, seja em relação aos
discursos individuais, seja em termos de representatividade cultural. E não nos
esqueçamos de que, na base da literatura, está a permanente invenção. ” (Pág. 50 –
51)

Brenda Rios Gomes


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Modos de realização:
“O texto literário — eis um traço óbvio e imediatamente comprovável — se faz
de manifestações em prosa e de manifestações em verso. ” (Pág. 51)
Manifestações em prosa:
“As manifestações em prosa envolvem as modalidades da narrativa de ficção. ”
(Pág. 51)
“[...] A narrativa de ficção se caracteriza por fazer-se de histórias fictícias ou
simuladas, nascidas da imaginação. ” (Pág. 51)
“As principais modalidades desse tipo de narrativa são o conto, o romance e a
novela. ” (Pág 51)
“O conto oferece uma amostra da vida, por meio de um episódio, um flagrante
ou instantâneo, um momento singular e representativo. [...] O romance prende-se a
uma vasta área de vivência, faz-se geralmente de uma história longa e apresenta uma
estrutura complexa. [...] A novela se situa como forma intermediária entre o
romance e o conto. ” (Pág. 51 -52)
“Essas variedades envolvem certa visão do mundo e uma determinada maneira
de captar as questões que nos textos se apresentam, caracterizando um sistema que
se faz de vários elementos integrados. ” (Pág. 52)
As visões da narrativa:
“A narração pode ser conduzida por um narrador não participante ou por um
personagem que convive com os outros na história narrada. Isso nos leva ao modo como
esta última se apresenta e se constrói: o ângulo de visão, ponto de vista, foco ou enfoque
narrativo, também conhecidos como visão da narrativa. ” (Pág. 52)
“Em princípio admitem-se, entre outras possibilidades, a história contada em
primeira pessoa por um dos personagens que toma parte nos acontecimentos ou a
história contada em terceira pessoa por um narrador que se situa fora dos
acontecimentos e pode: a) saber tudo a respeito de tudo (visão totalizadora); b) conhecer
plenamente apenas um dos personagens (visão limitada); c) conhecer superficialmente
os personagens (visão restrita). ” (Pág. 52)
“A diferença entre o monólogo interior e o monólogo tradicional é flagrante: este
último admite a participação do narrador e até comentários sobre o que o personagem
está pensando, sentindo ou fazendo, o que não acontece com o primeiro. ” (Pág. 54)
“O crítico francês Jean Pouillon, [...] admite três modalidades básicas de visão: a
visão "com" (vision "avec"), a visão "por trás" (vision "par derrière ") e a visão "de
fora" (vision "du dehors"). ” Pág. 55)
“Na visão "com", tudo se centraliza num personagem e é a partir dele que nós
vemos e "vivemos" os acontecimentos narrados e percebemos também o que com ele se
passa no âmbito da ação do romance. ” (Pág. 55)
“Na visão "por trás", o autor não se situa no interior de um personagem, mas
procura afastar-se dele para considerar objetiva e diretamente sua vida psíquica. ” (Pág.
55)
“A diferença entre a visão "com" e a visão "por trás" é a que se verifica entre a pura
e simples consciência e o conhecimento à luz da reflexão. [...] A visão "de fora" envolve
a observação material da conduta do personagem, seu aspecto físico e o meio em que
vive. ” (Pág 55)
“Essas divisões e classificações não esgotam a matéria, e as visões admitem os mais
variados arranjos e combinações. Nem se pense na exclusividade necessária desse ou
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daquele enfoque. Há narrativas em que convivem harmonicamente várias visões. ” (Pág.
55)
Os personagens:
“Os personagens dão condição de existência ao enredo e "vivem" nele como
participantes da história. ” (Pág. 56)
“As múltiplas classificações, nascidas das mais variadas posições críticas, se apóiam
no que os personagens "são", no que "representam" ou no que "fazem", privilegiando,
assim, dimensões aspectuais. Daí a variada tipologia que os considera: ” (Pág. 56)
“a) por sua natureza — quando podem ser: seres humanos; coisas; animais e, por
extensão, elementos da natureza.
b) pela variedade — quando podem ser: individuais, ao se identificarem com seres
nitidamente caracterizados em sua personalidade; típicos, quando trazem características
que os identificam com um grupo social, nacional, regional, profissional, etc.;
caricaturais, quando têm exageradamente acentuadas certas características marcantes e
definidoras.
c) pela função que desempenham — quando podem ser: protagonistas, as figuras
principais da história; antagonistas, os que se opõem à figura principal, ou seja, com ela
entram em tensão direta no desenvolvimento da trama. Nessa área funcional há que
considerar ainda o narrador, caracterizado como tal. ” (Págs. 56 -57)
“A caracterização dos personagens pode apoiar-se também no nome que levam, em
certos tiques, no tipo físico e no tipo antropológico. ” (Pág. 57)
A ação:
“A ação se situa, assim, no nível da trama, intriga ou enredo, que envolve o que ocorre
com os personagens, o conjunto de seus atos ou reações, os acontecimentos ligados entre si,
tudo isso comunicado pela narrativa. ” (Pág. 57)
“Por narração compreende-se a sucessão de fatos, imagens ou acontecimentos que, numa
sequência ordenada, se configura num texto literário; é o modo como a narrativa se organiza.
” (Pág. 57)
“É na articulação da ação com a narração que se instaura o processo da ambiguidade
peculiar ao texto literário. ” (Pág. 57)

O tratamento do tempo:
“O tempo cronológico, isto é, o tempo convencional das horas, dos dias, dos
meses, das estações e dos anos é a medida exterior da duração. Admite padrões fixos
de medida, vinculados ao movimento de rotação e translação da Terra. É um tempo
objetivo, que se opõe à subjetividade do tempo psicológico, interior e relativo,
situado no âmbito da experiência individual, que avalia a partir de padrões variáveis.
” (Pág. 58)
“Remonta a Bergson a concepção do tempo psicológico. Como explicita Dirce
Riedel, ‘a realidade está na relatividade subjetiva da durée (duração), no que
permanece no fluir do tempo, apesar de toda a sua irreversibilidade, e não no
conceito objetivo da física que falsifica a natureza essencial do tempo’. [...] A
duração (durée) é anacrônica. ” (Pág.58)
“Abandona-se, por falso, o fixar da personalidade por meio da descrição externa,
por intermédio de rótulos, definições e listas de características: a personalidade
passa a ser caracterizada à luz de sua renovação momento a momento, com o
passado sempre presente, variável de acordo com a ampliação do seu campo
temporal em movimento. ” (Pág. 58)
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“A duração se identifica com a vida interior. ” (Pág. 59)
“O moderno tempo ficcional se faz da sucessão psicológica, mede-se pela distância
interior, variável segundo a melodia do mundo interior de cada indivíduo. Caracteriza-
se uma duração aberta. Se o comparamos com o tempo da história, vemos que este se
faz de uma perspectiva exterior, mede-se cronologicamente e apresenta unidade de
ação. ” (Pág. 59)
O ambiente:
“Também chamado meio, localização, envolve as condições materiais ou espirituais
em que se movimentam os personagens e se desenrolam os acontecimentos. Por meio
dele podem-se configurar traços dos personagens e mesmo a própria história. ” (Pág. 59
– 60)
O estilo:
“Os estudos relacionados com o estilo envolvem, em síntese, dois posicionamentos:
há aqueles que o consideram como resultante de um conjunto de escolhas em relação à
língua; outros entendem que se trata de um desvio em relação à norma gramatical. ”
(Pág. 60)
“As duas correntes, a saussuriana e a idealista de Vossler, fundamentam a crítica
literária de base estilística, que vê o estilo a serviço da criação artística. ” (Pág. 60)
“Quando tais expressões conseguem manifestar-se com excelência, são chamadas
obras de arte. ” (Pág. 61)
“O estilo, ainda de acordo com tal posicionamento, tende a se confundir com o
idioleto, ou seja, com aquilo que o próprio Bally definiu como ‘o sistema de expressões
de um indivíduo isolado" ou, como esclarece Mattoso Câmara, no seu Dicionário de
filologia e gramática, "o nome dado pelos linguistas americanos à língua tal como é
observada no uso de um indivíduo’. ” Pág. 61)
“Como se percebe, o conflito entre estilo, idioleto e discurso não prima pela solução
mais simples. ” (Pág. 61)
“A conceituação adotada pelo segundo grupo também é passível de restrições.
Desvio em relação à norma implica que esta última seja definida e estabelecida. E aí é
que enfrentamos um dilema, pois a norma é entendida como uma soma de abstrações,
como se depreende da citada definição de Coseriu. ” (Pág. 61)
“Um último conceito nos leva à teoria que entende o estilo como "fenômeno de
elaboração, que consiste em substituir a natural linearidade da linguagem por uma certa
profundidade, em razão de um objetivo mais ou menos intuitivo ou inconsciente do
enunciado global que deve resultar das escolhas sucessivas", conforme as palavras de
Aline Lévavasseur. ” (Pág. 62)
“Como quer que seja, para efeito operacional, entenda-se o estilo na definição
adaptada de Hatzfeld, apresentada na página 25, a partir da qual se percebe que, no caso
do texto literário, se vincula a uma organização específica: o estilo, no caso, passa a
integrar um objeto estético e assume dimensão relevante nesse âmbito. ” (Pág. 62)
Manifestação em verso:
“Por verso entende-se, tradicionalmente, como registra Mattoso Câmara, ‘a frase ou
o segmento frasal em que há um ritmo nítido e sistemático’. ” (Pág. 63)
“Na língua portuguesa, por exemplo, a métrica ou medida do verso é constituída da
combinação da regularidade do número de sílabas e da disposição dos acentos tônicos. ”
(Pág. 63)

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“O final do século XIX assiste ao aparecimento de um novo tipo de verso, o verso
livre, que deixa de ter na sílaba a sua unidade; caracteriza-se pela sucessão de grupos
fônicos valorizados pela entoação, pelas pausas e pela maior ou menor rapidez da
enunciação. ” (Pág. 63)
“Por entoação entende-se a linha melódica que caracteriza o enunciado: é a escala
de elevação da voz com que se enuncia uma frase. ” (Pág. 64)
“Três elementos interdependentes costumam ser apontados como relevantes na
caracterização tradicional do verso: o metro, a rima e as formas fixas. ” (Pág. 64)
O metro:
“O metro apóia-se na repetição de três fatos linguísticos: a sílaba, o acento, a
quantidade. ” (Pág. 64)
“A sílaba se constitui de um fonema-núcleo, chamado silábico, acompanhado ou
não de outros fonemas, chamados não-silábicos. Em termos de verso, a sílaba só se
converte em realidade linguística na leitura particular que se chama metrificação ou
escansão ” (Pág. 64)
“Escandir ou metrificar o verso é destacar as sílabas métricas de que ele se compõe.
Em português, a divisão silábica do verso é semelhante à divisão silábica da prosa, com
as seguintes especificidades [...]. ” (Pág. 65)
“Normalmente, um verso associa mais de uma dessas dimensões. ” (Pág. 67)
“O verso admite tantas medidas ou pés quantas forem as sílabas que comporta o
elemento que se repete. ” (Pág. 67)
“O final do verso é caracterizado por uma pausa métrica. ” (Pág. 67)
“Quando o final do verso caracteriza discordância sintática ou separação de palavras
de um grupo fônico, estamos diante do recurso estilístico chamado cavalgamento ou
‘enjambement’. “ (Pág. 67)
“Não é exato que o enjambement suprima, como dizem alguns, a pausa do fim do
verso, nem que ele suprima ou mesmo enfraqueça o último acento rítmico do verso;
longe disso, a pausa final do verso que cavalga é tão nítida e tão longa como as outras, e
o seu último acento rítmico é também forte. ” (Pág. 67)
“Em outros termos, o enjambement é a não-coincidência entre a pausa métrica e a
pausa verbal (gramatical ou semântica). Admite, portanto, duas leituras: uma, métrica;
outra, semântica. ” (Pág. 68)
A rima:
“Rima é a coincidência de fonemas em determinados lugares do verso.
Tradicionalmente essa coincidência se dá no final do verso, mas pode aparecer também
no meio ou no início. ” (Pág. 68)
“Se há identidade ou semelhança de todos os fonemas a partir da vogai tônica, diz-
se que a rima é soante, também conhecida como rima consoante ou consonância. ” (Pág.
68)
“Se coincidem apenas as vogais tônicas ou as vogais a partir da tônica, incluída esta,
tem-se a chamada rima toante ou assonante ou assonância. ” (Pág. 68)
“Há também a coincidência das consoantes no início dos termos; é a chamada rima
aliterada ou aliteração. ” (Pág. 69)
“A rima é um fenômeno fonético. ” (Pág. 69)
“A caracterização das rimas que se estende ainda por ampla terminologia, não
atende, entretanto, ao consenso dos estudiosos e está a exigir reformulações. ” (Pág. 70)

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As formas fixas:
“No âmbito das formas fixas chama-se estrofe a sucessão de dois ou mais versos.
Tais formas resultam da combinação de estrofes, que nos levam a exemplos como o
soneto, a balada, a lira etc. Com o advento da modernidade, essas formas passaram a
conviver com outras e inúmeras modalidades, nascidas da liberdade criadora dos artistas
da palavra. ” (Pág. 70)
Verso, prosa, gêneros literários:
“As manifestações em verso envolvem dimensões líricas, épicas e dramáticas, no
sentido que lhes confere o crítico Emil Staiger. Já o romance, a novela e o conto são
manifestações literárias em que predomina o épico. Essa lembrança nos leva a um dos
mais complexos problemas da teoria literária, objeto de controvérsias e múltiplas
interpretações: os gêneros literários. ” (Pág. 70 – 71)
“A problemática começa na delimitação da área semântica abrangida pelo termo: a
designação gênero ora se restringe a três grandes divisões tradicionalmente fixadas —
lírica, épica e drama e, logo, gênero lírico, épico e dramático”. (Pág. 71)
“Vale registrar que as tradicionais modalidades da narrativa de ficção, bem como as
manifestações em verso, vêm modernamente perdendo contornos; as formas vêm-se
descaracterizando como tal, e novos modelos surgem desafiando a argúcia e a ciência
dos estudiosos. E se a teoria dos gêneros já vem sofrendo, há muito, contestações, essas
mudanças acentuam ainda mais a problemática que as envolve”. (Pág. 74)
“Navegando entre o literário e o não-literário, a crônica, como o nome indica, retira
sua configuração da dinâmica do tempo dos limites do qual se libera, por força da
linguagem estética em que se concretize. Faz-se de fatos e comentários do autor sobre a
realidade próxima ou distante, mas sempre a partir de uma óptica atualizada. Trata-se de
uma forma literária que encontrou nos veículos de comunicação de massa, notadamente
nos jornais e revistas, seu principal e dominante instrumento de divulgação, embora, em
segundo plano, venha frequentando também os espaços do livro”. (Pág. 74 – 75)
Questões em aberto:
Pág. 65
A questão do referente:
“O assunto divide os estudiosos. Para alguns, o texto literário não tem referente. O
referente se liga ao contexto extra verbal; se situaria, portanto, fora da linguagem; o
sentido das palavras, no texto literário, emerge do próprio texto e se apoia sobretudo na
dimensão conotativa. A tese parece sustentar-se, mais ainda se pensamos em termos de
mimese das aparências e só essa ausência de referente quiser significar que ele é, no
caso, fictício ou imaginário”. (Pág. 75 – 76)
“A problemática permanece, com acentuada tendência de muitos a considerar que o
texto literário é um simulacro de referente e de outros a entender que algo da realidade
abriga-se nos espaços do ficcional”. (Pág. 76)
Intertextualidade:
“O termo "intertextualidade" foi proposto por Mia Kristeva como substituto de
dialogismo, conceito lançado pelo teórico soviético Mikhail Bakhtin (1895-1975)”.
(Pág. 76)

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“Em oposição ao pensamento saussuriano, que privilegia a língua em sua dimensão
ideal, Bakhtin concentra suas atenções na fala (ou discurso), que considera
intrinsecamente ligada às condições da comunicação, por seu turno vinculadas às
estruturas sociais”. (Pág. 76 – 77)
“Considera também a consciência individual como um fato sócioideológico c
entende que a linguagem implica um contexto histórico-social: o homem se transforma
num ser histórico e social, segundo ele, a partir dos signos que lhe comunicam o mundo.
E esses signos são sempre impregnados de ideologia, uma vez que esta reflete as
estruturas sociais”. (Pág. 77)
Fechamento:
“O texto literário se caracterizaria por um começo, um meio e um fim. Seria,
portanto, marcado por um fecho”. (Pág. 79)
“Considerada a história narrada, o texto pode não se fechar e deixar em aberto à
imaginação do leitor ou ouvinte a solução ou as soluções para as tensões ou os conflitos
nele apresentados [...]”. (Pág. 79)
“Em termos estruturais, a partir do entendimento de que o texto literário se constitui
de relações recíprocas entre discurso c narrativa, Michel Arrivé, por exemplo, conclui,
apoiado era considerações e conceitos de Julia Kristeva, que pode haver abertura ou
fechamento, à luz desses dois níveis”. (Pág. 79)
“[...] Discurso, nessa perspectiva, é compreendido como o encadeamento ou a
concatenação das unidades propriamente linguísticas (do fonema à frase) que tornam o
texto manifesto. Vale esclarecer que, na literatura moderna, é raro esse tipo de
fechamento formal explicitado”. (Pág. 79)
“O fechamento da narrativa se dá ‘quando o conjunto de suas sequências está
implícito na primeira sequência dentre elas’ ou quando se explicita na última sequência.
Ocorre também quando, em alguns casos, a ação central desta última sequência não
pode seguir além de um termo implícito na própria estrutura do conteúdo da ação, como
é o caso dos romances policiais, por exemplo. Nos textos em que a ação da última
sequência admite o prosseguimento para além do discurso acabado, a narrativa
permanece aberta”. (Pág. 79 – 80)

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