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1. Textualidade
Conforme apontado por Koch (1997, p.15), H. Isenberg aponta oito aspectos para
definir um texto:
Beaugrande e Dressler, por sua vez, propõem sete princípios gerais de textualidade,
dois deles, (coesão e coerência) “centrados no texto” e cinco (situacionalidade,
informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade) “centrados no
usuário”
2) coerência – de acordo com os autores acima citados, diz respeito ao modo como
os elementos subjacentes a superfície textual entram numa configuração veiculadora
de sentidos.
3) intencionalidade – refere- se aos diversos modos como os sujeitos usam textos para
perseguir e realizar suas intenções comunicativas, mobilizando, para tanto, os
recursos adequados a concretização dos objectivos visados.
Isso significa que todo o texto é um objecto heterogéneo, que revela uma relação
radical do seu interior com o seu exterior. Foi por essa razão, que Beaugrande e
Dresseler (1981) apontaram como um dos critérios da textualidade a intertextualidade
que segundo eles, diz respeito ao modo como a produção e recepção de um texto
depende do conhecimento que se tenha de outros textos, com os quais, ele de alguma
forma se relaciona.
2. Literariedade
3. Antitextualidade
Para Harold Bloom, o cânone serve para fixar determinados modelos de excelência
literária a partir de critérios estéticos, nunca ideológicos – representativos de um
determinado momento histórico e cultural. Ou seja, segundo o teórico, a consagração
literária passa por sua completa autonomia estética.
Portanto é tido como cânone literário, desta forma, todas as obras clássicas que fazem
parte da alta cultura, estas obras, quer devido as suas características formais, sua
originalidade ou sua qualidade, conseguiram transcender tempos e fronteiras,
resultando em universais e sempre válidas. Os poemas de Homero e a Bíblia são
geralmente considerados os pilares do cânone literário Ocidental.
No discurso de Koch, percebe-se uma das dificuldades basilare para o dialogo entre
linguística e poética: para o linguista, especialmente para a linguística textual, o
contorno do processo a forma que não passa de uma moldur. Na arte, ao contrario, a
forma produz o conteúdo, e a imitação de uma determinada exposição signica conduz
ao novo conteúdo poético.
A poesia é uma criação artística e que pode estar relacionada com a literatura, no entanto, possui
uma abrangência maior que o poema. Uma obra de arte, por exemplo, possui poesia, mas não é
considerada um poema.
Já a poesia é uma manifestação artística que pode ou não estar baseada em palavras como o
poema. Assim, a poesia é um conceito mais amplo que pode envolver pinturas, esculturas,
literatura, etc. Já o poema está inserido no universo literário somente.
O poema é um gênero textual literário formado por versos. O verso corresponde a uma linha do
poema e um conjunto de versos é chamado de estrofe.
O poema pode apresentar uma estrutura fixa, como é o caso do soneto (formado por dois tercetos
e dois quartetos), porém pode apresentar uma estrutura livre, como é o caso dos poemas
modernistas.
Embora muito definam poema e poesia como sendo a mesma coisa, eles possuem conceitos
diferentes, o poema é um texto literário formado por versos, estrofes e, por vezes, rimas. Sendo
que, a poesia é uma produção artística que provoca emoções.
Para ilustrar melhor esses exemplos de um poema e uma poesia de alguns escritores
moçambicanos concetuados.
Poema
saudade
Que saudade
tenho de nascer.
Nostalgia
de esperar por um nome
como quem volta
à casa que nunca ninguém habitou.
Não precisas da vida, poeta.
Assim falava a avó.
Deus vive por nós, sentenciava.
E regressava às orações.
A casa voltava
ao ventre do silêncio
e dava vontade de nascer.
Que saudade
tenho de Deus.
Poesia
As musicas do rapper Azagaia tambem podem ser consideradas poesia, pois ele, na musica
“Maçonaria” faz uma crítica à colonizacao europeia e às consequencias que carretou para o
continente africano e para o mundo, construida de forma a reproduzir os ritos da missa catolica,
na voz do narrador que faz mea culpa da hipocrisia das accoes da colonizacao frente ao discurso
cristao.
Rima é um recurso estilístico muito utilizado nos textos poéticos, sobretudo na poesia, a qual
proporciona sonoridade, ritmo e musicalidade. Ela ocorre nos versos, ou seja, nas linhas dos
poemas, e designa a repetição de sons idênticos ou semelhantes no final dos vocábulos ou das
sílabas poéticas. O conjunto de versos é denominado estrofe.
Versos que compõem os textos poéticos, e que não apresentam rimas, são chamados de versos
brancos ou versos soltos. O “Poema em Linha Reta” do escritor português Fernando Pessoa é um
exemplo disso, uma vez que seus versos não rimam.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Indesculpavelmente sujo.”
As rimas são recursos classificados de diversas maneiras e, geralmente ocorrem a cada dois ou
mais versos.
Rima Interna
Também chamada de rima interior, ela ocorre no meio dos versos. Exemplo:
Rima Externa
Também chamada de rima final, é a forma mais utilizada, donde a rima ocorre no final dos
versos. Exemplo: “O poeta é um fingidor.
Rima Perfeita
Também chamada de rima consoante ou rima soante, ela ocorre quando há total correspondência
de sons. Exemplo:
Rima Imperfeita
Também chamada de assonante, rima vocálica ou rima toante, ela ocorre quando a
correspondência de sons é apenas parcial, nas vogais. Exemplo:
Também chamada de rima cruzada, ocorre entre versos pares e ímpares, donde o primeiro verso
rima com o terceiro, e o segundo verso rima com o quarto. Exemplo:
Também chamada de rima interpolada ou rima oposta, ocorre entre o primeiro e o quarto verso e,
entre o segundo e o terceiro verso. Exemplo:
Rima Misturada
Também chamada de rima mista, nesse caso, a rima pode ser encontrada em diversos momentos
do texto poético, sem necessariamente seguir um padrão de posição. Exemplo:
A métrica é o recurso utilizado para se medir um verso através da contagem das sílabas poéticas.
Essa técnica leva em consideração a sonoridade.As sílabas poéticas são diferentes das sílabas
gramaticais. Por tanto, a métrica não é feita necessariamente de acordo com a divisão silábica
gramatical e possui regras específicas para sua realização.
1 – a contagem das sílabas só é realizada até a última sílaba tônica da última palavra do
verso.Exemplo:
2 – Se uma sílaba poética terminar em vogal átona e a sílaba seguinte iniciar-se em vogal ou H
(que não possua som), essas sílabas podem se juntar em uma única.Exemplo:
(…)
(...)
3 - Na presença de sílabas com -rr ou -ss, não se separam os dígrafos na contagem das sílabas
poéticas.Exemplo: (Carlos Drummond de Andrade, José)
(...)
(...)
Em/ al/gum/ lu/gar/ teu/ co/ra/ção/ ba/te/ por/ mim/ (13 sílabas poéticas)
Em/ al/gum/ lu/gar/ teus/ o/lhos/ se/ fe/cham/ à/ i/de/ia/ dos/ meus/. (17 sílabas poéticas)
Em/ al/gum/ lu/gar/ tuas/ mãos/ se/ cris/pam/, teus/ seios/ (12 sílabas poéticas)
3 – Versos Livres – são versos que não possuem uma ordem métrica, mas podehaver um ritmo.
Exemplo:
A ESPOSA
Vinicius de Moraes
On/de o/ si/lên/cio/ nas/ce/ dos/ ruí/dos/ mo/nó/to/nos/ e/ man/sos (16 sílabas poéticas)
Sur/gin/do/ do/ va/zio/ dos/ meus/ o/lhos/ pa/ra/dos (12 sílabas poéticas)
Alfredo Troni e Cordeiro da Matta, em Angola, Costa Alegre, em São Tomé e Príncipe, ou
Campos Oliveira, em Moçambique, representam essa faceta de referir a cor da pele com
preconceito, ou, então, sem a assumir descomplexadamente, mesmo que se verifique uma
aculturação que, em princípio, conduziria a uma hipotética integração plena. (LARANJEIRA,
2001, p. 187).
Vale observar, na citação acima, que considerar a aculturação como princípio, ainda que
hipotético, de integração do negro na sociedade colonial é algo impensável para os críticos
africanos; é talvez por este viés ideológico que o modo de Pires Laranjeira pensar as literaturas
africanas de língua portuguesa encontra tantos entraves entre os intelectuais africanos, que não
raro vêem com suspeitas suas contribuições. A despeito disso, queremos, ainda, valer-nos delas,
pois, dentre os autores que tratam mais sistematicamente da historiografia literária moçambicana,
Laranjeira é o único que inclui a produção mais madura de Mia Couto.
c) Regionalismo africano: Inicia-se com a publicação, em 1901, de Voz d’Angola, que reunia
contribuições de intelectuais angolanos em resposta a um artigo colonialista de jornal. Esta
publicação
[...] abriu uma frente de reivindicação da igualdade e fraternidade, precursora dos direitos
humanos, definível como nativismo (inicio do Regionalismo), quer dizer, de uma postura
decisivamente consciente de anseios autonomistas, reagindo às guerras de ocupação movidas
pela potência colonizadora. (LARANJEIRA, 2001, p. 188)
[...] autonomismo supra-classista, com origem nos ideais republicanos, maçônicos, logo se
associando a um pan-africanismo moderado, permitindo aceder, por essa mistura subversiva, à
modernidade possível, vazada num conservadorismo formal e retórico.” (LARANJEIRA, 2001,
p. 188) Esta insurgência teria sido abafada em 1925, pelo golpe que impôs a Portugal e suas
antigas colônias o Estado Novo – regime ditatorial chefiado por Salazar.
Assim, entre 1926 e 1941, as literaturas africanas de língua portuguesa deram lugar ao tipicismo,
desenvolvido em duas frentes: o folclorista e costumbrista e o localista e regionalista. O primeiro
reúne poemas que procuravam reconstituir, de forma hiperidealizada, a vida cultural urbana ou
rural; nele, o exotismo fluirá dentro de uma “estética da evasão”; trata-se, segundo Laranjeira, de
uma literatura ideologicamente colonialista. (2001, p. 189) O segundo, por sua vez, tende à
integração continental; poder-se-ia falar, segundo Laranjeira, numa africanidade não manifesta,
numa “personalidade africana” politicamente protonacionalista.
A superação dos traumas políticos, ideológicos e literários tornou-se possível somente após a
primeira década de independência política (recorde-se a questão, empolada ou não, com ou sem
adequação teórica, da subserviência das literaturas africanas perante modelos alienígenas,
europeus ou não. (LARANJEIRA, 2001, p. 192) Esta observação alude à discussão sobre o
nacionalismo literário: o que seria, no que diz respeito ao nosso trabalho, uma literatura
moçambicana? Ela diferiria da européia apenas na temática ou também na forma?
Entre os anos de 1986 e 1996, Laranjeira identifica outro movimento, que ele identifica como
pós-colonialidade estética, em que o estigma colonial é superado. Nela, várias correntes estéticas
encontram espaço (neo-simbolismo, neo-concretismo, neo-surrealismo etc.). O autor aventa a
hipótese de que esses ecos “[...] são também estilhaços de uma propensão estética advinda do
natural multiculturalismo de base étnica dessas novas nações e sociedades.” (LARANJEIRA,
2001, p. 192) Autores como Mia Couto, Eduardo White, Luís Carlos Patraquim e Nelson Saúte,
de Moçambique, procuram “[...] exorcizar os fantasmas e medos de cruentas guerras e ameaças
de perda de independência, para [...] partir em busca de discursos originalíssimos no contexto
dessas literaturas.” (LARANJEIRA, 2001, p. 192).
Para Laranjeira (2001, p. 193), o início do século XXI surpreende, nas literaturas africanas de
língua portuguesa, uma revisitação literária de antigos mitos, sonhos e utopias, marcando a
narrativa, principalmente, com o tom da perplexidade e da incerteza contemporâneas, como se
observa na obra de Mia Couto (Moçambique); José Eduardo Agualusa e Pepetela (Angola) e
Germano de Almeida (Cabo Verde). Este, segundo Laranjeira, será um novo capítulo na história
dessas literaturas.