Aula 5

Fundamentos Conversa Inicial

Teóricos da Literatura

Prof. Phelipe Cerdeira

O desafio é fazer com que possamos

(re)pensar a nossa relação com a
literatura, valorizando a importância Contextualizando
da fruição e da leitura como ação de
construção de múltiplos significados
Relativização da ideia de literalidade

Durante séculos, uma perspectiva O cânone literário e a relação hierárquica

congelada do pensar literário acabou sendo
responsável por concretar as bases para que
classificássemos e estudássemos a literatura.
Trata-se de uma espécie de mapa no qual
nomes e obras poderiam explicar do que se
trata certo conjunto literário
construída com alguns escritores
O que sabemos sobre a literatura pode,
muitas vezes, estar ligado não à nossa
rotina de leitura, mas ao que os manuais
selecionam como a representação de
determinado corpus ou conjunto literário

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Historiografia literária – ainda um
caminho possível para estudar?
A criação de toda e qualquer historiografia
literária é um acto político (Sosnowski, 2015,
p. 109, grifos nossos) voltado a criar certa
tradição ou formular un legado (idem, p. 36)

No contexto ocidental, sabe-se que foi

Herança de Quintiliano: um dos primeiros
ao longo de todo o século XIX, ou seja, no
pensadores a buscar a sistematização e a
período do Romantismo, que a história da
construção de um catálogo de textos e de
literatura acabou se consagrando também
escritores que deveriam ser estudados
como um gênero literário

O século XX, no Brasil, foi palco da

formulação de diferentes historiografias Cânone literário – seleção e
literárias, tais como as escritas por recorte
Afrânio Coutinho, Nelson Werneck Sodré,
Alfredo Bosi e, claro, Antonio Candido

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 Ao estabelecerem certos valores, estilos
e momentos literários, as obras que traçam
a história da literatura acabam definindo o
que chamamos, nos estudos literários, de
cânone literário
A ideia de cânone literário está ligada a
um processo duplo de seleção e recorte
Formação da literatura brasileira
– a visão de Antonio Candido
Publicação de “Formação da literatura
brasileira” na década de 1950, século XX
Mesmo que aberto ao postulado de que a
literatura pode ser lida de diferentes
maneiras, Candido escolhe uma específica,
calcada em uma tríade: autor, leitor e obra
“[...] a crítica é um ato arbitrário, se deseja
ser criadora, não apenas registradora.
Interpretar é, em grande parte, usar a
capacidade de arbítrio; sendo o texto uma
pluralidade de significados virtuais, é definir
o que se escolheu, entre outros.”(Candido, 2000, p. 37)
Antonio Candido é uma referência para os
estudos literários, não apenas pela proposta
de ler o texto literário, mas pelo fato de o
pesquisador estabelecer diferentes eixos
discursivos entre literatura e sociedade
“[...] existência de um conjunto de
produtores literários, mais ou menos
conscientes do seu papel; um conjunto de
receptores, formando os diferentes tipos de
público, sem os quais a obra não vive; um
mecanismo transmissor, (de modo geral,
uma linguagem, traduzida em estilos),
que liga uns a outros.” (Candido, 2000, p. 23)
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Literatura brasileira –
escolas literárias
Tomando como base as chamadas escolas
ou correntes literárias, passa a ser possível
sistematizar certas nuances temáticas e
formas predominantes para construir a
diegese, ou seja, o plano ficcional com
base na realidade imitada

Quinhentismo
Barroco
Arcadismo
Romantismo
Na Prática
Realismo-naturalismo
Simbolismo
Parnasianismo
Modernismo
Etc.

Com base nas reflexões anteriores, responda:

Como se constitui um cânone literário?
De que forma uma historiografia literária
Quais são as variáveis envolvidas para a
pode ser utilizada por um estudante de
definição de certo conjunto de obras a ser
Letras ou pesquisador da área? Diante
estudado em determinada literatura
de uma obra desse gênero, qual é o
nacional?
tipo de comportamento esperado?

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Finalizando
Por meio de processos de seleção e recorte,
foi possível entender como é criado um
cânone literário, valorizando o fato de
que, mais do que critérios estéticos, estão
também em jogo parâmetros políticos
ARISTÓTELES. Arte poética. Brasília: Domínio
Público, 2001.
CAMÕES, L. V. de. Obras completas. São
Paulo: Nova Aguilar, 1963.
CANDIDO, A. O estudo analítico do poema.
São Paulo: Humanitas, 2006
MATOS, G. Antologia poética. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2012.
Tendo por base nomes como Quintiliano, as
histórias da literatura passaram a reunir o
que, até então, os historiadores literários
julgavam ser os escritores e obras que
deveriam ser a base e a tradição
Referências
OLIVEIRA, S. Análise de textos literários: poesia.
Curitiba: InterSaberes, 2017.
PAZ, O. O arco e a lira. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1982.
ROCHA, R. Lírica grega arcaica e lírica moderna:
uma comparação. Philia & Filia, Porto Alegre, v.
3, n. 2, jul./dez. 2012,
p. 84-97.
SOSNOWSKI, S. Cartografía de las letras
hispanoamericanas: tejidos de la memoria. Villa
María: Eduvim, 2015.