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Engana-se quem pensa que a literatura serve apenas para nos fazer “viajar” para outros
universos. Obviamente, textos literários podem ter essa função de aguçar nossa
imaginação e nos levar “além da realidade”, mas a literatura não se resume apenas a
isso.
Aristóteles foi o primeiro pensador que discutiu sobre as funções da literatura em sua
obra “Poética”, definindo que os textos literários possuem três funções: a cognitiva, a
estética e a catártica.
Contudo, no contexto atual, estudos diversos incorporam outras funções da literatura,
que você irá conhecer em detalhes logo abaixo.
1- Função político-social: realizar críticas sociais e
políticas
A obra literária pode ter como função a apresentação de uma retrato da realidade de
modo a descrever, criticar, ironizar ou satirizar problemas da nossa sociedade. Quando
isso ocorre, dizemos que a literatura é engajada.
As questões sociopolíticas retratadas podem ser diversas, como o racismo, a seca, a
corrupção, a pobreza, o autoritarismo político etc.
Diversas escolas literárias ao longo da nossa história tiveram esse objetivo mais
presente nas suas produções, como os seguintes exemplos:
Navio Negreiro – Castro Alves: 3ª Geração do Romantismo
O Cortiço – Aluísio Azevedo: Naturalismo
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Realismo
Vidas Secas – Gracilianos Ramos: 2ª Geração do Modernismo
2- Função catártica: liberar emoções e sentimentos
Uma obra tem função cartática quando ela é capaz de provocar no leitor uma espécie de
“explosão” de sentimento, fazendo aflorar do nosso interior sensações que podem ser de
qualquer tipo, como tristeza, alegria, raiva, realização.
Nesse caso, o texto literário consegue de fato “mexer” profundamente com seu leitor,
gerando choro, sorrisos, ansiedade, calafrios etc.
Os exemplos de textos que têm essa função como predominante vão depender da
recepção de cada leitor, mas costuma-se associar poemas e textos mais poéticos à
função cartática.
3- Função estética – gerar admiração pelo belo
Quando um texto literário tem essa função como predominante, o que se percebe é que
seu principal objetivo é gerar admiração do leitor devido à sua perfeição artística, ou
seja, perceber e valorizar a beleza da obra.
Esse aspecto do “belo” na literatura pode estar ligado ao jogo de palavras e imagens
criados pelo autor, pela perfeição da escrita, pela capacidade criativa única etc.
Entre os principais exemplos que ilustram textos com função predominantemente
estética podemos citar:
Olavo Bilac – Parnasianismo: devido à habilidade de compor poemas com rima, ritmo e
métrica perfeitos.
Guimarães Rosa – 3ª geração do Modernismo: devido à capacidade de criar um
vocabulário e realidade únicos para suas obras.
4- Função cognitiva – transmitir conhecimento
Uma função primordial de todo tipo de produção escrita é, sem dúvidas, a capacidade de
transmitir informações, e com a literatura não seria diferente.
Nos textos literários que têm função cognitiva, o objetivo é também transmitir
conhecimentos ao leitor, por exemplo, períodos da história, sentimentos variados,
situações humanas diversas, características culturais etc.
Exemplo claro disso são os textos do Quinhentismo no Brasil, que tratam de traçar uma
descrição da terra e dos povos recém “descobertos”.
Carta de Pero Vaz de Caminha – Quinhentismo
5- Função lúdica – entreter, relaxar, envolver
A literatura pode ter também a função de simplesmente entreter o leitor, ou seja, divertir
e proporcionar algum tipo de prazer, como relaxamento e diversão.
Essa é a função mais básica da literatura, pois, na realidade, o leitor sempre está em
busca de textos literários que possam envolvê-lo, ou seja, “prendê-lo”.
Do mesmo modo que dar uma única definição sobre literatura é complexo,
definir o termo cânone também gera divergências entre estudiosos da literatura
como Antônio Cândido, Harold Bloom, Perrone-Moisés, Franco Moretti, Ítalo
Calvino entre outros. Considerando a proposta de se eleger obras como canônicas
ou não, alguns literários passaram a analisar os critérios e os processos de
canonização.
Franco Moretti (2000, p.209) “verifica que são os leitores um dos principais
participantes na construção do elenco canônico da literatura, no momento em que
eles se interessam por uma determinada obra passam a lê-la e, mantendo-a “viva”
a partir da leitura, transmitem-na a outros leitores”. A leitura de determinada obra
pode transformá-la em um cânone.
Em resumo, pode-se dizer cânones são livros clássicos que conseguiram alcançar
uma posição na história permanecer no tempo, deixando marcas tanto pelo seu
valor estético quanto pelo poder simbólico de suas temáticas, assim se tornando
digno de ser estudado. No entanto, o processo de canonização marginaliza obras
literárias tão importantes quanto às obras definidas como cânones, não só as
excluem de um sistema canônico de prestígio, mas também impede o
reconhecimento de escritores de obras de qualidade estética igual ou superior aos
cânones, em prol de critérios preconceituosos.
REFERÊNCIAS
Engana-se quem pensa que litertura serve apenas a distração ou diversão ou ainda para nos
levar a outras dimensões. Através dos tempos esta teve e tem funções importantes para a
sociedade. Podemos afirmar que, atualmente, estudos diversos incorporam as funções da
literatura que são: a Função político-social: realizar críticas sociais e políticas; a Função
catártica: liberar emoções e sentimentos; a Função estética – gerar admiração pelo belo; a
Função cognitiva – transmitir conhecimento; e a Função lúdica – entreter, relaxar, envolver.
Para Aristóteles os textos literários possuem três funções: a cognitiva, a estética e a catártica e
foi o primeiro pensador que discutiu sobre as funções da literatura em sua obra “Poética”.
Dentre as funções podemos notar já no inicio do texto "A literatura contra o efêmero" que
Humberto Eco exemplifica como uma criação literaira foi de suma importância para a criação
da língua e da naçõ italianas.Eco afirma também que a prática literária mantém também nossa
língua individual e cita outras obras que foram inspirações da fé na existência de certas
proposições, no caso de "O vermelho e o Negro" de Stendhal, "A carta roubada" de Poe e os
"Noivos" de Alessandro Mazoni.
Eco comenta também sobre a migração de personagens, quando os texto sofrem adaptções
seja para o cinema ou para o balé ou ainda da tradição oral para o escrito. E com o advento da
internet, na era do hipertexto nós permite "viajar dentro de um novelo textual".
Eco nos diz que a narrativa hipertextual pode educar para o exercício da criatividade e da
liberdade.