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Introdução
Após um período de interação sobre a narrativa nos diferentes aspectos a ela
revestida, damos continuidade da nossa planificação para tratar assuntos inerentes ao
segundo capítulo – Textos Descritivos- aonde destacaremos alguns aspectos, tais
como: conceitos operatórios, caracterização, finalidades da situação comunicativa,
componentes desta tipologia textual; competências descritivas, tipos de textos com
superestrutura descritiva diversa Tema –Expansão -Lista de predicados (funcionais e
qualificadores)
1. Teoria
“Uma descrição é boa quando é viva; ela é viva quando é real, visível e material.”
(A.Albalar apud Reis,1995:100).
Descrever é pintar com palavras, é mostrar através delas, e fazer ver ao leitor ou
ouvinte, mentalmente, aquilo que temos diante dos olhos ou no espirito. O seu
objectivo é transmitir por meio de palavras, como é uma pessoa, uma coisa, um
ambiente, inclusivamente um sentimento ou uma sensação. (Reis, 1995:99-100).
A descrição deve ser viva, isto é, deve dar a alusão da vida. Esta obtém-se pela
construção da imagem da realidade a transmitir como se trata-se de uma pessoa, um
quadro, uma paisagem ou, por vezes, de uma vista panorâmica. (0p.cit:100)
Para Amaro (2006:237), descrição consiste na apresentação dos personagens, dos
objetos, espaços, ambientes, etc, constituindo um momento de pausa no
desenvolvimento da ação, para dar lugar a contemplação e ou a reflexão.
O autor também aborda a importância do ponto de vista do descritor, que consiste não
apenas na sua posição física, mas também na sua atitude e na predisposição afetiva
em relação ao objeto descrito. A selecção, o agrupamento e a análise dos detalhes são
de extrema importância para que se obtenha a imagem do objeto descrito ou a
descrever.
Para Matos (2010), o texto descritivo desempenha o seu papel. Este protótipo textual
tem por objectivo apresentar as características que configuram uma pessoa, um lugar,
um objeto ou mesmo um fenómeno atmosférico).
Porém, Hamon critica este critério usado para estabelecer a diferença entre a narrativa
e a descrição, dado que os dicionários, gramáticas, listas telefónicas, guias turísticos,
os anúncios, as enciclopédias tem superestrutura descritiva. Descrevem-se objetos
reais, fictícios, linguagem de tempo, personagem, conceitos,etc.
-hipotipose: figura de retórica que pinta os factos e os objetos com imagens tão viva se
apresenta a nossa vista o que se quer significar.
descrição de plantas.
Gouvêa defende que para produzir um texto descritivo, o descritor necessita utilizar
elementos linguísticos importantes, que são:
a) Frases nominais, em que predominam os substantivos e adjetivos;
b) Orações em que predominam verbos de estado ou condição nas descrições
estáticas, e verbos que expressam movimento nas descrições dinâmicas.
c) Orações adjetivas’
d) Frases enumerativas que compõem os traços mais marcantes da descrição.
7. Caracterização pragmática
Para que a descrição se opere em qualquer manifestação textual, uma premissa e
essencial: a competência descritiva.
8. Caracterização discursiva
SD
(sistema descritivo) →implícito ou implícito a entidade
ou objeto da descrição
N Funcionais qualificativos
Processo/ação ser,estar,ter
Adam (1992:109) advoga que os textos descritivos poem em jogo uma denominação e
uma expansão desta sob forma de uma nomenclatura. Do ponto de vista
macroestrutural, a denominação serve como tema dentro de uma discussão ou
conversação e como título de um livro ou de um artigo. Adam prefere utilizar o termo
tema-título contrariamente ao Hamon que prefere utilizar o termo palavra que pode ser
implícita ou explícita.
Na definição, na lista, na enumeração, a ordem sequencial das orações pode não ser
importante.
JEAN – Michel Adam no seu artigo “textualite e sequenciate” partilha a ideia de que
toda a descrição obedece a um plano. Para ele os planos descritivos correspondem a 4
dimensões:
-as personagens tipo como: turistas, espião, neófito, intruso, técnico, informador,
explorador de um lugar.
Todos estes temas servem, portanto, como puros signos demarcativos, de marcas
introdutórias das descrições e constituem uma temática.
Para a descrição de ações, o verbo é apontado como sinal particularmente deste tipo.
Mas, os predicados funcionais não são únicos elementos caracterizadores deste tipo
de texto. Os predicados qualificadores podem inserir-se na narrativa, sob a forma de
micro proposições descritivas. Da mesma forma, os predicados funcionais podem
aparecer nas sequências descritivas.
REIS indica as seguintes estratégias:
-justificação: para “naturalizar” a descrição, isto e, para de algum modo motivar a sua
introdução no espaço textual, o narrador recorre frequentemente a um conjunto de
artifícios usuais que justificam a valorização descritiva de seres e espaços:
-mudança de luminosidade;
-a situação no espaço
-a situação no tempo
Toda a anotação do mutismo momentâneo de uma personagem pode muitas vezes ser
o anúncio de uma descrição, apagando-se a palavra atrás do olhar. Mas um motivo
dessa temática demarcativa pode ser unifuncional: anotação do mutismo pode ser
igualmente servir de signo conclusivo (um silencio após uma explicação do objeto a
descrever).
Garcia (1990) na sua simplista análise, conclui que a descrição é mais do que a
fotografia, porque é interpretação, também, em que o observador tem possibilidades
diversas de expor toda a sua subjetividade com os recursos linguísticos e estilísticos
que o texto descritivo permite.
A Dinamarca fica no Norte da Europa. Ali os invernos são longos e rigorosos com
noites muito compridas e dias curtos, pálidos e gelados. A neve cobre a terra e os
telhados, os rios gelam, os pássaros emigram para os países do sul a procura de sol,
as arvores perdem as suas folhas.
Nas manhas de verão verdes e doirados, as crianças saiam muito cedo, com um cesto
de vime enfiado no braço esquerdo e iam colher flores, morangos, amoras, cogumelos.
Teciam grinaldas que poisavam nos cabelos ou que punham a flutuar no rio. E
dançavam e cantavam nas relas finas sob a sombra luminosa e tremula dos carvalhos
e das tílias. Passado o verão o vento de outubro despia os arvoredos, voltava o
inverno, e de novo a floresta ficava imóvel e muda presa em seus vestidos de neve e
gelo.
No entanto, a maior festa do ano, a maior alegria, era no inverno, no centro do inverno,
na noite comprida e fria do natal.
Sophia de Mello Breyner Andresen. “O Cavaleiro da Dinamarca”
1. Análise da superstrutura
4. Tipos de descrição
Ex: noites muito compridas; Dias pálidos e gelados; Florestas despidas, silêncio
imóvel
Os pinheiros continuam
Dinamarca fica…
Exemplos anteriores
-ocorrência do imperfeito:
-ênfase na adjetivação:
Invernos longos, rigorosos; florestas gelados, despidas; jovens folhas leves e claras.
-emprego de figuras:
Ali, em frente
-ocorrência de sensação:
7. Caracterização pragmática
8. Caracterização discursiva
N Funcionais qualificativos
Morava continua
Verão
(crianças)
Outono
- Com base em oposições: perto/distante, em frente/ atras. Ex: ali, em frente da porta.
Bom proveito!
Texto B
Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta, sete
janelas e uma varanda de madeira pintada de verde.
Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta
que dava flores brancas, amarelas e roxas.
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas
durante a mare alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que
vinham crescendo de longe ate quebrarem na areia com um barulho de palmas. Mas
na mare vazia as rochas apareciam cobertas de irmos, de anémonas, de lapas, de
algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos, grutas, arcos, cascatas.
Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas ondas. E
a água do mar era transparente e fria. As vezes passavam um peixe, mas tao rápido
que mal se via. Dizia-se ‟vai ali um peixe” e já não se via nada. Mas as vinagreiras
passavam devagar, majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E os
caranguejos corriam por todos os lados com uma furiosa e um ar muito apressado.
O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o cheiro
da maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa pena de não
ser um peixe para poder ir ate ao fundo do mar sem se afogar. E tinha inveja das algas
que baloiçavam ao saber das correntes com um ar tão leve e feliz.