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Introdução
O presente trabalho da cadeira de literatura Portuguesa e Brasileira, que tem como o
tema: literatura cancioneira , é de salientar que os Cancioneiros são compilações
manuscritas (pertencentes a vários autores) de toda a produção do Trovadorismo
Português conhecidas em nossos dias. As Cantigas foram reunidas em três volumes (só
havia um original de cada cancioneiro).
A métodologia empregue para elaboração deste trabalho, foi basicamente a consulta
bibliográfica num processo que tanto resultou no confronto das mesmas.
No que concerne a organização do trabalho importa referir sinteticamente que os
conteúdos estão sequenciados de acordo com a amplitude de sua complementaridade
lógica, partindo da Introdução, desenvolvimento, por fim a referência bibliográfica onde
estão mencionados os autores e as suas respectivas obras que sustentam o trabalho.
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1. Cancioneiros
São compilações manuscritas (pertencentes a vários autores) de toda a produção do
Trovadorismo Português conhecidas em nossos dias. As Cantigas foram reunidas em
três volumes (só havia um original de cada cancioneiro).
1.1. Tipos de cancioneiros
1.1.2. Cancioneiro da Ajuda – é o mais antigo dos cancioneiros, encerrando 310
cantigas, no geral de amor. Foi compilado no final do século XIII ou princípio do XIV.
Encontra-se na Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa.
1.1.3. Cancioneiro da Biblioteca Nacional ou cancioneiro Colocci-Brancuti –
encontrado na Itália e adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, no início do século
XX. Foi manuscrito no final do século XV e princípios do XVI. Constitui a mais
extensa das compilações, pois engloba 1647 cantigas de todos os gêneros. Dado a
público apenas em 1949.
Este cancioneiro reúne quase todo o material recolhido no Cancioneiro da Vaticana e
muitos outros. Das 1664 composições originais chegaram até nós apenas 1560.
Entre os trovadores presentes salientam-se os reis Dinis de Portugal, Sancho I de
Portugal, e nomes como os de Pedro Afonso, conde de Barcelos, Paio Soares de
Taveirós, João Garcia de Guilhade, Airas Nunes, Martim Codax, e outros.
Foi redigido em seis diferentes tipos de letra, com predominância da itálica
chanceleresca e da letra bastarda cursiva.
1.1.4. Cancioneiro da Vaticana – assim denominado por ter sido encontrado na
Biblioteca do Vaticano, em Roma. Manuscrito no final do século XV e inícios do
seguinte. Encerra 1205 cantigas de todos os gêneros (entres eles, D. Dinis e suas 138
cantigas). Dado a publico em 1875 Na Idade Média, meados do século XII, surgiu o
movimento literário chamado Trovadorismo. Os trovadores eram homens nobres que
escreviam músicas. Essas eram acompanhadas de instrumentos musicais, normalmente,
poesias e cantigas. O trovadorismo foi a primeira escola literária portuguesa.
Os artistas que não vinham de origens nobres eram denominados de jogral. Os jograis
eram de origem popular que compunham cantigas acompanhadas de instrumentos como
alaúdes, por exemplo. Havia, também, os menestreis, que eram ao mesmo tempo,
poetas, contistas e músicos. Eles começaram a ser substituídos pelos trovadores, o que
os levou a vida popular.
2. Gênero das cantigas
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No período da Idade Média, a influência e o poder do Clero era muito forte. Dessa
forma, as poesias e cantigas do trovadorismo tinham bases nos valores teocentristas
(crença em Deus como centro do universo), uma vez que era a religião quem dava as
respostas à sociedade, e não a igreja.
As poesias trovadorescas se subclassificam em "Gênero Lírico" e "Gênero Satírico".
Esses gêneros ainda recebem outra subdivisão, mais específica, que são:
2.1. Gênero Lírico
 Cantiga de Amor 
 Cantiga de Amigo
2.2. Gênero Satírico
 Cantiga de Escárnio 
 Cantiga de Maldizer
3. A cantiga de amor
Nas cantigas de amor, o eu lírico, sempre do sexo masculino, expressava sua angustia
por um amor platônico inalcançável. As poesias e cantigas eram escritas para as damas
da corte, sendo o homem sofredor e subordinado. Era comum nas cantigas vir a
expressão 'coita', que significava sofrimento por amor.
O cavalheiro dirige-se à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta,
na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse
amor em um sonho, distante, impossível. Mas nunca consegue conquistá-la, porque eles
pertencem a diferentes níveis sociais.
Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino e
sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em or como senhor
ou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor,
a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica.
Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nas
cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à sua amada que se submete e
"presta serviço", por isso espera benefício (referido como o bem nas trovas).
Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as
relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada.
3.1. São tipos de Cantiga de Amor:
Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de cantiga de amor. Não apresenta refrão,
nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.)
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Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira em


torno da mesma mulher.
Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora
(plebeia).
Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.

4. Cantiga de amigo
Na lírica medieval galego-portuguesa uma cantiga de amigo é uma composição breve e
singela posta na voz de uma mulher apaixonada. Devem o seu nome ao facto de que na
maior parte delas aparece a palavra amigo, com o sentido de pretendente, amante,
esposo.
As cantigas de amigo procedem de uma reelaboração culta da lírica popular anterior
nobre. São, portanto, de origem autóctone plural, a partir do contacto da lírica pré-
trovadoresca popular, já reelaborada nas cortes, com a lírica cortesã occitana (a cançó).
A primeira contribuiu com o feminismo, o paralelismo e o refrão e a segunda com o
formalismo, o esteticismo e a corte.
Ainda que todos os poetas medievais fossem homens, utilizavam o ponto de vista
feminino nas cantigas de amigo, que têm como tema o erotismo feminino e os conflitos
resultantes da ausência do 'amigo'. Caracterizam-se formalmente pela repetição
(paralelismo, leixa-pren e refrão).
Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens na
Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o autor era masculino, devido à
sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo
amigo (isto é, namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em
diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de amigo
desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a
ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Outra
diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma
mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida
de seu amado à guerra.
Nelas, o trovador procura traduzir os sentimentos femininos, falando como se fosse uma
mulher. Nessa época, a palavra “amigo” significava “namorado” ou “amante”.
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4.1. Sub-géneros
Barcarolas ou marinhas: Ocorrem na presença do mar, que adquire certa
personalização ao se lhe dirigir a amiga como seu confidente.
Romarias: A amiga está num santuário, ermita ou capela, lugar de reunião que serve de
pretexto para o encontro dos apaixonados. Este contexto é exclusivo da literatura
galego-portuguesa.
Bailias: Composições alegres e festivas nas quais se realiza um convite à dança.
Alvas, albas ou alvoradas: Faz-se referência ao amanhecer; nas "alvas" provençais os
amantes separavam-se após terem pernoitado juntos.
Cantigas da peregrinação ou de romaria: nesse tipo de cantiga de amigo, a indicação
é para os momentos em que se está em peregrinação a um santuário ou capela; é um
espaço que serve de pretexto para o encontro da mulher apaixonada pelo homem.
As cantigas de amigo têm uma estrutura muito formalizada e rígida que se baseia
na repetição. Os elementos característicos são:
Paralelismos: repetição da mesma ideia em duas estrofes sucessivas nas que só mudam
as palavras finais de cada verso ou a ordem delas, com o que varia a rima.
Leixa-prén: repetição dos segundos versos de um par de estrofes como primeiros
versos do par seguinte, o que acentua o paralelismo entre as estrofes que o possuem.
Refrão: verso ou versos repetidos ao final de cada estrofe.
Os poetas mais destacados que compuseram cantigas de amigo foram Meendinho, Pero
Meogo, Martín Codax, João Zorro, João de Cangas, Johan Airas e D. Dinis.

5. Cantigas de escárnio
Em cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era
indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo
aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades,
trocadilhos e jogos semânticos, em um processo que os trovadores chamavam
"equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas é predominantemente verbal,
dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. A cantiga de escárnio exigindo
unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido,
estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes,
bastante mordaz. O corpus lírico galego-português conta com aproximadamente 430
textos pertencentes ao género.
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A principal característica dessas cantigas é a crítica ou sátira dirigida a uma pessoa real,
que era alguém próximo ou do mesmo círculo social do trovador. Apresentam grande
interesse histórico, pois são verdadeiros relatos dos costumes e vícios, principalmente
da corte, mas também dos próprios jograis e trovadores.
Ao contrário das de Maldizer, as de Escárnio são repletas de linguagens indiretas,
muitos trocadilhos, palavras com duplo sentido e o objeto das críticas não era
identificado. A sutileza e a ironia marcam muito bem esse tipo de poesia

6. A cantiga de maldizer
Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem
duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são
utilizados até palavras de baixo calão (palavrões). O nome da pessoa satirizada pode ou
não ser revelado.
A anônima Arte de Trovar que abre um dos cancioneiros medievais (o Cancioneiro da
Biblioteca Nacional), diferencia as cantigas de escárnio das de maldizer:
As poesias satíricas mostravam duas vertentes: as Cantigas de Maldizer e as de
Escárnio. As primeiras, de Maldizer, eram compostas por várias sátiras diretas e sem
mensagem nas entrelinhas. O linguajar pesado e agressivo são características marcantes
nessas poesias, inclusive com o uso de palavrões e palavras de baixo calão.

Cantigas satíricas e irreverentes, reuniam versos que ridicularizavam os defeitos


humanos.
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Conclusão
Terminado o trabalho da-se a conclusão que no período da Idade Média, a influência e o
poder do Clero era muito forte. Dessa forma, as poesias e cantigas do trovadorismo
tinham bases nos valores teocentristas (crença em Deus como centro do universo), uma
vez que era a religião quem dava as respostas à sociedade, e não a igreja.
E que as Cantigas satíricas e irreverentes, reuniam versos que ridicularizavam os
defeitos humanos.
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Referências bibliográficas

LANCIANI, Giulia e TAVANI, Giuseppe, As cantigas de escarnio, Edicións Xerais de


Galicia, S.A, 1995, página 106

TAVANI, G., A poesía lírica galego-portuguesa, Galaxia, Vigo, 2ª ed. , 1988, página
188

Varnhagen, Francisco Adolfo de (1872). Cancioneirinho de Trovas Antigas. Colligidas


de um grande cancioneiro da Bibliotheca do Vaticano 1 ed. Viena: Typographia I.E.R.
do E .E. da Corte

C. Pulsoni - M. Arbor Aldea, Il Cancioneiro da Ajuda prima di Carolina Michaëlis


(1904), in “Critica del testo”, VII (2004), pp. 721-89

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