Você está na página 1de 2

UFSCar – Universidade Federal de São Carlos

PPGL – Programa de Pós Graduação em Lingüística


Disciplina: Abordagens de ensino de línguas
Docente: Prof. Dra. Sandra Gattolin
Discente: Gabriela Imbernom Pereira

RICHARDS, J.; RODGERS, T. Method: Approach, Design, and Procedure. Tesol Quarterly. v.
16, n. 2, p. 153-168, junho,1982.

O artigo escrito por Jack Richards e Ted Rodgers tem por objetivo propor um modelo a
partir do qual poderemos descrever qualquer método de ensino de línguas e também sermos
capazes de analisá-los no que diz respeito a sua adequação, comparar suas semelhanças e
diferenças com outros.
A partir de uma perspectiva histórica que revisita o ensino de línguas desde os anos 50,
os autores afirmam que, diferentemente das décadas anteriores quando o ensino de línguas se
fundamentava em apenas uma teoria ou se identificava com a ortodoxia do audiolingualismo,
hoje em dia os professores se vêem frente a um conjunto de opções que se baseiam em várias
áreas de estudo antes não percorridas. Concluem, portanto, que a área de ensino de línguas se
distanciou da prática de aceitar apenas uma teoria como sendo a que orienta a organização do
exercício de ensinar uma língua.
Para que possam delinear o modelo de análise de métodos de ensino ao qual se
propõem, Richards e Rodgers tomam como seu ponto de partida a distinção entre abordagem,
método e técnica feita por Edward Anthony (1963) e a adaptam, justificando que preferem a
palavra método para referirem-se à especificação e interrelação de teoria e prática, e por fim,
sugerindo utilizar os termos abordagem, desenho e procedimento.
Esta terminologia é usada para referir-se três elementos inter-relacionados da
organização sobre a qual as práticas de ensino estão fundamentadas. A abordagem é definida
pelos autores como as pressuposições, crenças e teorias sobre a natureza da linguagem e sua
aprendizagem tidas como os construtos ou pontos de referência que fornecem fundamentação
teórica para justificar aquilo que professores fazem com seus alunos em sala de aula. A relação
entre teorias de linguagem e de aprendizagem de línguas refletidas tanto na forma quanto na
função dos materiais didáticos e atividades em contexto de instrução é abordada pelo segundo
nível deste sistema, definido por Richards e Rodgers como desenho. O terceiro nível,
procedimento, compreende as técnicas e práticas de sala de aula que são conseqüências de uma
abordagem e um desenho em particular. Fica claro no texto que estes três níveis de organização
formam um sistema interdependente e que os autores não pretendem sugerir que o
desenvolvimento metodológico ideal deva seguir sempre a mesma direção: abordagem 
desenho  procedimento. O que eles sugerem é que as metodologias podem se desenvolver a
partir de qualquer dos três níveis.
Na seção dedica à abordagem Richards e Rodgers nos mostram que a visões teóricas
sobre linguagem e também aquelas sobre sua aprendizagem são as responsáveis por embasarem
uma teoria de ensino de línguas. De acordo com eles, podemos perceber pelo menos três visões
que sustentam os métodos de ensino de línguas atuais: a estrutural, que trata a língua como um
sistema de elementos estruturalmente relacionados para a codificação de sentidos; a funcional,
na qual a língua é um veículo de expressão de significado; e a interacional, concebe a língua
como um veículo de realização de relações interpessoais e para o desempenho de transações
sociais entre indivíduos.
O desenho também sofre influências das visões teóricas que embasam a abordagem,
conforme nos mostram os autores. Estas concepções poderão ser vistas refletidas no conteúdo a
ser ensinado, no papel do aprendiz e do professor e nos tipos e funções dos materiais didáticos.
[...]
Por fim, os estudiosos nos apresentam uma aplicação do modelo de análise por eles
proposto, utilizando o método Total Physical Response como exemplo e finalizam o artigo
concluindo que tal modelo pode fornecer ao professor intravisões a respeito da adequação
interna de métodos em particular, bem como descrever diferenças e semelhanças entre métodos
alternativos.

Você também pode gostar