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esconderijo

do tempo

ANÁLISE COMPLETA
@CFO_PMMA

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER


PARA GABARITAR A PROVA DA
UEMA (PAES 2021)
SUMÁRIO

Apresentação da obra -------------------------------- 04

Esconderijos do tempo e da memória ---------- 11

Análise da obra ----------------------------------------- 14

Possíveis temas de redação baseado ----------- 29


nos principais temas do livro

Questões ------------------------------------------------- 30

Gabarito -------------------------------------------------- 50
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artigos 184 e 186 do código penal.
Apresentação da obra

capa da primeira edição da obra

Por: Eucanaã Ferraz


Inicio esta breve mirada crítica com a transcrição
do verso de abertura de “Poema em três
movimentos”: “Nossos gestos eram simples e
transcendentais.”
Muito embora, ali, a imagem diga respeito a uma
memória amorosa, penso que todos os poemas
de Esconderijos do tempo parecem nascidos de
gestos como aqueles.
Simples, porque sua força reside na clareza;
porque engendram uma certa pureza emotiva,
próxima de um estado bruto e, por isso mesmo,
sem qualquer afetação ou aparato; pois deles
não resulta, igualmente, qualquer
ornamentação; porque deixam ver um gosto
pelo ordinário, ou, ainda, por uma espécie de
pobreza que resguarda o frescor da
espontaneidade; porque afiguram-se
reconhecíveis, íntimos.
Transcendentais, porque nos espantam; porque
deixam ver um inequívoco desejo de
ultrapassagem da experiência imediata; porque
parecem se lançar para fora e muito além dos
limites da própria gestualidade, empurrando a
escrita, aquele que escreve e, por conseguinte,
seu leitor para uma dimensão sublime, de
exaltação, em que o impossível se torna
plausível e a poesia se dá como verticalidade
absoluta do espírito.
Em Esconderijos do tempo, os poemas afirmam
tais perspectivas antagônicas não só como
forças que se avizinham. E se, antes, sobrevêm
complementares, nem a simplicidade nem a
transcendência se dissolvem numa síntese
confortável, sem atritos. Assim, os resultados
serão, muitas vezes, certos encontrões de efeito
humorístico e, noutras, acercamentos em que o
gozo está na exploração lúdica do insólito. Entre
uma coisa e outra, perturbações de alta carga
emotiva
mente aos poemas deste livro, uma vez que
toda a obra de Mario Quintana expõe esse
confronto — de um lado, coisas, seres, palavras
e episódios corriqueiros, do outro, as outras
faces deles mesmos, inusitadas e fabulosas —
com uma carga maior ou menor de
ambiguidade, ou seja, quando deixa de haver o
direito e o avesso, e tudo se torna vago,
indeterminado, como vozes que se confundem
numa estranha polifonia. O poeta, para ouvir,
põe-se em estado de atenção e vigilância
absolutas. Ele ouve, por exemplo, “o canto do
vento / do vento no mar”, mas reconhece-o
como o canto dos afogados: “são eles que
tentam / que tentam falar!” (“A canção do
mar”); apaixonado, constata: “a tua voz nas
minhas veias corre...” (“Poema em três
pavimentos”); na profusão de vozes, ele percebe
as “palavras felizes de se encontrarem uma com
a outra / nas solidões do mundo!” (“O límpido
cristal”);
como um maestro, pede: “Se tu me amas, ama-
me baixinho / não o grites de
cima dos telhados” ( “Bilhete”); recordação e
escuta se confundem: “E a tua voz
— cristal puro — / ondulava no ar que nem
vidro soprado” (“Biografia
fantasmal”); o fim de um amor surge como uma
canção perdida: “Em que estrela, amor, o teu
riso estará cantando?”; a própria vida, não
menos que isso, parece-lhe dança e música: “a
vida é uma sarabanda” (“A canção da vida”);
enfim, “enquanto a gente fala, fala, fala / o
silêncio escuta... / e cala.” (“O silêncio”), o poeta,
como o silêncio, não se perde no vozerio, mas se
sabe silenciar, faz-se apto para, igualmente,
instalar sua voz nesta fala essencial que é o
poema.
É comum encontramos na poesia de Quintana a
presença de Deus, dos mortos, de anjos, seres
encantados, personagens que dão testemunhos
de uma sobrenaturalidade. E se a escuta parece
ser fundamental para apreender aquilo que o
poema “Vida” nomeia como um “Outro Lado”, a
visão complementa um certo estado de
captação privilegiada e total. Mas, por vezes, o
que se vê não é mais que uma coisa deste nosso
mundo, natural, terreno, banal, coisa cuja
obviedade aguardava apenas um ponto de vista
novo para que desse a ver sua “singularidade”. É
o que se lê nos primeiros versos de “Poema
marciano número dois”:
Nós, os marcianos,
não sabemos nada de nada,
por isso descobrimos coisas
que
de tão visíveis
vocês poderiam sentar em cima delas...
Os “marcianos” — por serem extraterrestres —
surpreendem-se com aquilo que a outros pode
parecer apenas óbvio e, por isso, irrelevante.
Alguém que, como eles, conservasse uma
espécie de ignorância essencial, um olho livre e
virgem, poderia ver as coisas sob a luz do
espanto e da descoberta, de tal sorte que, num
só golpe, conheceria e transformaria a vastidão
de seres e coisas que outros chamam, não sem
algum desdém, de realidade (daí a aproximação
da poesia de Quintana com o universo infantil,
mas também o seu inequívoco gosto
surrealista). Mas não se trata exatamente de
artistas e poetas daquela vanguarda, de crianças
ou de hipotéticos habitantes de outros planetas.
Assim, a capacidade de ver e transformar a um
só tempo pode ser flagrada em Van Gogh, que o
poema apresenta como um marciano exemplar:
Não brinco! Não minto! Um dia um de nós (Van
Gogh) pintou
cadeira vulgar,
uma dessas cadeiras de palha trançada...
Mas, quando a viram na tela, foi aquela
espantação:
“uma cadeira!”, exclamaram.
Uma cadeira? Não, a cadeira.
Tudo é singular
A visão perscruta mundos, realidades sutis, é um
ato de conhecimento radical, transformador. O
poema “Viagem futura” põe em cena um tempo
espaço no qual seres e coisas que antes não se
podiam ver se manifestam com uma espantosa
visibilidade. Expor-se à vista é então um
acontecimento que irrompe a certa altura de um
processo cuja extensão já não se mede com a
régua das lógicas convencionais:
Um dia aparecerão minhas tatuagens invisíveis:
marinheiro do além, encontrarei nos portos
caras amigas, estranhas caras, desconhecidos
tios mortos e eles me indagarão se é muito
longe ainda o outro mundo...
Tonar visível é fazer viver: “Porque tudo aquilo
que jamais é visto / — não
existe...” O devaneio, os caprichos da
imaginação, o delírio e toda a sorte de
desobediências do espírito valem como
expedientes de um princípio mais abrangente:
dar a ver é o mesmo que dar à vida.
Flagrar o tempo onde ele se furta à vista é um
modo de fazê-lo íntimo. Não
porque com isso o poeta esperasse domesticá-
lo, mas porque sabia ser necessário fazer da
poesia um corpo a corpo com o monstro. Neste
livro, como em muitos outros de Mario
Quintana, o leitor encontrará casas mortas,
amores perdidos, escadas para lugar nenhum,
ruas desertas, porões abandonados, sótãos,
enfim, lugares plenos de memória. Esconderijos
que o poeta tomou por empresa visitar e o fez
como só um marciano o faria.
Esconderijo do tempo e da memória
Profª Dr. Maria Braga - ULBRA
O tempo, transitório e fugaz, só pode ser
apreendido na memória.
Para o filósofo grego Aristóteles, a memória é
uma fruição da imagem, que, segundo ele, é
ampliada pela reflexão e leva a o
condicionamento do passado como tal, que é
a recordação. Sendo a recordação
propriedade exclusiva do ser humano,
recordar implica, necessariamente inteligência,
pois que ajuda o reconhecimento de um
tempo que é passado. Santo Agostinho, em
suas Confissões, propõe uma definição do
tempo como inseparável da psiquê. Ele
destaca que o homem não só nasce e morre
“no” tempo, mas, sobretudo, possui a
consciência da sua condição temporal e
mortal. Desse modo, somente através de uma
reflexão sobre a temporalidade pode-se
alcançar uma reflexão não aporética do tempo.
No que se refere aos acontecimentos ou aos
fatos em si m esmos para uma reflexão sobre
as imagens que deixam na alma, Santo
Agostinho diz: Ainda que se narrem os
acontecimentos verídicos já passados, a
memória relata, não os próprios acontecimen-
atos que já decorreram, mas sim as palavras
concebidas pelas imagens daqueles fatos, os
quais, ao passarem pelos sentidos, gravaram
no espírito uma espécie de vestígio.
Nesse confronto de tempo e memória pode-se
sentir a nostalgia do autor que escreve para
viver através da memória. As memórias
literárias não passam apenas pelo crivo
daquele que lembra, mas também pelo
narrador, que traz para o texto um feixe de
experiências de linguagem, as quais são
revigoradas por possibilidades líricas. Assim, a
expressão de tempo em um texto de caráter
subjetivo extrapola o real vivido, tornando difícil
chamar de realidade o passado, já que não é
possível isolar ou definir com precisão esse
passado. As memórias literárias escritas
conferem ao texto certas garantias de
realidade, mas elas são construídas muito
mais pelas possibilidades de invenção criativa.
Nessa perspectiva, existe uma troca entre o
real e o imaginário, existindo mais espaço para a
fantasia. As memórias são um tipo de
escrita que procuram presentificar o passado,
na tentativa de recuperar os fatos e as
pessoas
o contexto temporal, não deixando que a
inexorabilidade d o tempo e o esquecimento
apaguem as imagens retratadas
cuidadosamente. O sujeito que recorda, nas
memórias escritas, constitui-se num
controlador da autoria, sendo um manipulador
da f unção estética, dramática e lírica de todas
as suas lembranças, em torno do
desdobramento do sujeito que viveu. O ato de
recordar pertence ao presente, mas o
reencontro com os entes queridos e com os
espaços vivenciados transporta o autor para um
tempo passado, permitindo, assim, que ele o
reviva, religando o princípio e o fim – esse
percurso é a totalidade criadora. Mário
Quintana, em Esconderijos do tempo, desce
ao fundo de si mesmo, na medida em que o
presente busca as referências no passado e
o homem, enquanto vivo, define a sua
identidade através do culto e da lembrança dos
seus antepassados. Os poemas q ue com
põem Esconderijos do tempo possuem
referências ao tempo e à memória que levam o
leitor a buscar nos recônditos de um passado
distante as motivações que conduziram o poeta
a construir sua obra.
ANÁLISE LITERÁRIA
TÍTULO:
Poético (personificação)
Subjetivo/reflexivo/metafísico/filosófico
- Qual seria o esconderijo?
A memória
- Como recuperar?
Lembrando da vida e materializando em poesia.
FICHA TÉCNICA:
Ano de publicação: 1980 (pós-modernismo,
cronologicamente).
Composição: 50 poemas: 1 soneto, predomínio de
poemas mínimos, versos livres, versos brancos e
muito experimentalismo estético-prosaismo.
Temas: o fazer poético, a memória, a infância, a
efemeridade do tempo, a instabilidade das relações
amorosas, a velhice, a morte, a humanidade.
Linguagem: coloquial, espontânea, o tom simples e
com reprodução da oralidade propositadamente
aproxima poesia e leitor.
AUTOR
Intelectual, gaúcho, boêmio, solitário, poeta,
tradutor, cronista diário, jornalista, singular.
Enquadramento estético - difícil, impossível.
Primeiro livro publicado: "A rua dos cataventos".
PROBLEMA?
A poeisia de 30 apresenta dois caminhos
possíveis:
neossimbolismo e engajamento panfletário. E
Quintana não tinha direcionamento
espiritualista de uma, muito menos o panfleto
de outro. OBS: ANÁLISE DOS

TEXTOS PARA ESTUDO POEMAS MAIS


IMPORTANTES DA

TEXTO I OBRA

Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
VAMOS AO ESTUDO:
FORMA – VERSOS LIVRES.
ESPÉCIE – POEMA PROSAICO.
GÊNERO – LÍRICO – DIMENSÃO FILOSÓFICA.
TEMA CENTRAL: O POEMA – METAPOEMA.
REFLEXÃO SOBRE A FUNÇÃO DO POEMA E UMA
MARCA INCOFUNDÍVEL DE TAL CONSTRUÇÃO
LITERÁRIA – CONOTAÇÃO – DIMENSÃO POÉTICA.
RECURSOS ESTILÍSTICOS:
METÁFORA – “Os poemas são pássaros...”
PERSONIFICAÇÃO – “pousam no livro que lês...”
ZEUGMA – “Quando fechas o livro, eles alçam
voo...” COMPARAÇÃO OU SÍMILE – “eles alçam
voo como de um alçapão...” ZEUGMA /
PERSONIFICAÇÃO / METONÍMIA – “Eles não têm
pouso nem porto alimentam-se um instante em
cada par de mãos e partem.” SÍNTESE – OS
POEMAS VIVEM E SE NUTREM DE NOSSAS
INTERPRETAÇÕES, POIS A CADA LEITURA O
POEMA GANHA UMA NOVA INTERPRETAÇÃO
SUBJETIVA E ISSO ALIMENTA A MAGIA DA
POESIA, QUE CONSISTE NA
PLURISSIGNIFICAÇÃO DO VERBO – PALAVRA.

TEXTO II
O silêncio
Há um grande silêncio que está sempre à
escuta...
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer
coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou
não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala,
fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.

VAMOS AO ESTUDO:
FORMA – VERSOS LIVRES E BRANCOS.
ESPÉCIE – POEMA SINTÉTICO E PROSAICO.
GÊNERO – LÍRICO – DIMENSÃO FILOSÓFICA.
TEMA CENTRAL: A EXISTÊNCIA – O TEXTO APOIA
– SE NA HUMANIZAÇÃO DO SILÊNCIO, QUE SE
COLOCA COMO INDIGESTO CONTRAPONDO AO
IMPULSO HUMANO DE FALAR, DE NÃO OUVIR,
DE FALAR POR FALAR, DE ENGATAR CONVERSAS
DESIMPORTANTES OU REFELXÕES EXISTENCIAIS
DE PRIMEIRA ORDEM, MAS O SILÊNCIO
PERTUBADOR RESISTE E INCOMODA.
RECURSOS ESTILÍSTICOS:
PERSONIFICAÇÃO – “Há um grande silêncio que
está sempre à escuta...” ANTÍTESE – “E, por todo
o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...”
EXTRA – ALUSÃO – “até a tua dúvida metafísica,
Hamleto!”
DRAMA UNIVERSAL – SHEAKSPEARE.
TEXTO III
A canção do mar
Esse embalo das ondas
Das ondas do mar
Não é um embalo
Para te ninar...
O mar é embalado
Pelos afogados!
O canto do vento
Do vento no mar
Não é um canto
Para te ninar...
São eles que tentam
Que tentam falar!
Tiveram um nome
Tiveram um corpo
Agora são vozes
Do fundo do mar...
Um dia viremos
Vestidos de algas
Os olhos mais verdes
Que as ondas amargas
Um dia viremos
Com barcos e remos
Um dia...
Dorme, filhinha...
São vozes, são vento, são nada...
VAMOS AO ESTUDO:
FORMA – VERSOS CURTOS – REDONDILHA
MENOR - PRESENÇA DE RIMAS.
ESPÉCIE – POEMA MUSICAL – CANÇÃO DE
NINAR – INTERGENERICIDADE.
GÊNERO – LÍRICO - FILOSÓFICO.
TEMA CENTRAL: A EXISTÊNCIA E SUAS
IMPLICAÇÕES.
TRAUMAS E FRUSTRAÇÕES.
UMA CANTIGA QUE DESTOA DO CANTO TERNO,
PUERIL E ROMÂNTICO FEITO PARA EMBALAR
SONHOS BONS.
O MAR E SUAS ONDAS CRIAM UMA IMAGEM
INCOMUM, POIS RATIFICA A DOR, O VAI E VEM
DAS REMINISCÊNCIAS INFELIZES.
“DORME, FILHINHA...”
UMA MEMÓRIA TRISTE.
QUE FILHA? A FILHA SONHADA E NUNCA
REALIZADA.
RECURSOS ESTILÍSTICOS: PERSONIFICAÇÃO – “O
mar é embalado / Pelos afogados!”
“O canto do vento...” ANÁFORA – “Tiveram um
nome / Tiveram um corpo...” COMPARAÇÃO OU
SÍMILE – “Os olhos mais verdes / Que as ondas
amargas...” GRADAÇÃO / POLISSÍNDETO: “São
vozes, são vento, são nada...”
POEMAS COM TEMA TEMPO: O poema
Intermezzo, por exemplo, refere-se ao tempo:
Nem tudo pode estar sumido ou consumido...
Deve – forçosamente – a qualquer instante,
formar-se, pobre amigo, uma bolha de tempo
nessa Eternidade...

O poeta fala em eternidade, isto é, refere-se


ao tempo eterno na perspectiva da arte, pois
a bolha é o espaço da criação, este intocável e
perene na medida em que a arte a vida se
eterniza na arte, nessa bolha de que f ala o
poeta. Em Vida, Quintana reanima a
paisagem apreendida em sua memória para
buscar as marcas que o fizeram recordar,
como as árvores, as esquinas – elementos da
paisagem familiar e tão dele, coisas que eram
parte de sua vida.
Poema: VIDA
"Não sei o que querem de mim essas árvores
essas velhas esquinas para ficarem tão minhas
só de as olhar um momento.
Ah! Se exigirem documentos aí do
Outro Lado, extintas as outras memórias, só
poderei mostrar-lhes as folhas soltas de um
álbum de imagens: aqui uma pedra lisa, ali um
cavalo parado ou uma nuvem perdida, perdida...
Meu Deus, q ue modo estranho de contar
uma vida!"
O tempo revela-se desde o 4º verso, para
ficarem tão minhas só de as olhar um
momento – quando a retina do poeta registra a
imagem da árvore para retê-la para sempre, pois
quando da sua morte, ele destaca, ao pedirem
documentos do outro lado da vida, para a
entrada no outro mundo, nos versos 6 e 7:
extintas as outras memórias, só poderei
mostrar-lhes as folhas soltas de um álbum
de imagens... a memória que resta ao poeta,
como documento, são as imagens, uma
pedra lisa, um cavalo ou uma nuvem perdida.
Elementos do mundo, cada um pertencente a
uma instância da natureza. A pedra representa
o reino mineral, duradouro e resistente; já o
cavalo é o representante do mundo animal,
com tempo de vida determinado, ainda que
mais resistente que o homem, e a nuvem,
perdida, elemento fugaz, de formação breve.
Esconderijos do tempo constitui-se em uma
reunião de poemas que tratam das
lembranças guardadas ou resguardadas,
todas, porém, como metáforas da vida
daquele que sabia poetar seus sentimentos.
O poema, O baú, revela outra visão dessa
vida:
Como estranhas lembranças de outras vidas,
que outros viveram, num estranho mundo,
quantas coisas perdidas e esquecidas no teu
baú de espantos...Bem no fundo, uma boneca
toda estraçalhada!
[...]
E em vão tentas lembrar o nome dela... e em vão
ela te f ita... e a sua boca tenta sorrir-te, mas
está quebrada!

Nesse poema, o poeta fala das lembranças


de outras vidas – as vidas de outros, tudo
reunido no teu baú de espantos. O baú,
imagem recorrente na obra de Quintana,
refere-se a um depositório de objetos, lugar
sagrado, pois que abriga os guardados de
uma vida, fragmentos que possuem história,
tempo, memória. Para os antigos hebreus, o
baú era o suporte da presença divina,
análogo ao tabernáculo, lugar sagrado.
O quinto verso, uma boneca toda
estraçalhada, mostra o conteúdo do baú,
com coisas do mundo feminino que o poeta
tenta desvendar a seguir, nos versos 12 e
14: e em vão tentas lembrar o nome
dela.../mas está quebrada! Quer dizer q ue o
mistério não se resolve porque os indícios não
podem revelar a história contida no baú de
espantos, pois a boneca que f ita e tenta
sorrir não pode ir além disso, pois est á com
a boca quebrada. Assim, a história pode ser
vista sob o enfoque do olhar da boneca.
Nessa perspectiva, as recordações surgem sob
a forma de impressões visuais, mesmo as
formações espontâneas da memória são
imagens permanentes que passam a ser
compreendidas no momento em que a
criação se encarrega de traduzir os
sentimentos.
O poema Ray Bradbury, do mesmo modo,
contém imagens temporais, como se pode ler
no fragmento que segue:
Eu queria escrever uns versos para Ray
Bradbury,
[...]
Era no tempo das verdadeiras princesas, nossas
belíssimas namoradas
[...]
Era no tempo dos reis verdadeiramente
heráldicos como os das cartas de jogar
[...]
Era no tempo em que o cavaleiro Dom Quixote
Realmente lutava com gigantes,
[...]
Ray Bradbury é nossa segunda vovozinha velha
Que nos vai desfiando suas histórias à beira do
abismo
- e nos enche de susto, esperança e amor.

Os versos revelam que as referências ao tempo


guardam a memória, como as histórias
contadas: Era no tempo das verdadeiras
princesas (verso 7); era no tempo dos reis (verso
10); era no tempo em que o cavaleiro Dom
Quixote (verso 12) e, assim, essas voltas ao
passado recontam a história sob o olhar do
poeta. Os versos finais confirmam que a
evocação do passado, através do tempo, contém
parte da história de vida do poeta e possui o
tempo como autor principal porque este artista,
sábio na sua interpretação e sensível a ponto de
reconhecer os modelos, trabalha lentamente,
como se retivesse os detalhes na memória e,
aos poucos, fosse completando sua obra até
chegar à semelhança com a imagem real.
Outro poema que integra Esconderijos do
tempo, Crônica, contém versos que mostram
as revisitas q ue o poeta faz ao passado:
O tempo se desenrolava como um rio por
entre as casas de porta e janela/Pequenas
vidas/Pequenos sonhos. Aqui o poema, como
uma tela, assume a configuração de um a
pintura impressionista com tons esfumados e
ausência de fronteiras, pois o tempo escapa dos
limites apreendidos pelo olhar e corre
sutilmente por entre as casas que compõem
a paisagem focalizada na memória de quem
conta.
Em O poeta canta a si mesmo, outras
referências ao tempo são demonstradas
especialmente na segunda estrofe do poema:
O poeta canta a si mesmo porque num seu
único verso pende – lúcida, amarga – uma gota
fugida a esse mar incessante do tempo...

Sempre o tempo permeando a inspiração. Esse


tempo que, fugaz enquanto não apreendido na
memória, pode transformar o curso da história
na medida em que permite ao poeta buscar, nas
profundezas do mar, o sentido para sua obra de
arte.
O poema As mãos de meu pai constitui-se
em uma ode à memória, à história e ao tempo
como mestre desse andar de Quintana. Os
versos abaixo confirmam:
As tuas mãos têm grossas veias como cor das
azuis sobre um fundo de manchas já da cor da
terra
- como são belas as tuas mãos
- pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
da nobre cólera dos justos... Porque há nas tuas
mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama
simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos
braços da tua cadeira predileta, uma luz parece
vir de dentro delas...
[...]
E é, ainda, a vida que transfigura as tua
mãos nodosas... essa chama de vida – que
transcende a própria vida
...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

As mãos de meu pai mostram, de modo


concreto, o curso da vida, paripassu – como
um retrato que permanece no tempo pela
apreensão do momento. O poeta vê na figura
paterna a própria vida e, assim, pode contar
a história de si porque se vê no outro com si
mesmo para compor seu objeto de arte,
expressão maior do artista. Quintana, em
Esconderijos do tempo, remete-se ao passado,
construindo sua obra como se fossem
quadros e a moldura destes não obedece aos
limites da tela que é elástica na proporção que
a pintura toma vida e penetra na realidade.
Tudo contribui para recriar imagens que a
vida abandonou e que só a imaginação pode
reanimar: o tempo interior vivido entre
emoções, sentimentos e, especialmente, no
quotidiano da vida.

IMPORTANTE:
O tema principal da obra é o tempo e o resgate
das memórias do autor, mas esse fato não anula
a presença e a importância de outros temas
como por exemplo: a velhice, a vida, a morte que
também são retratadas na obra.

CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES:
METAPOEMAS: Os poemas, Eu fiz um poema,
Se o poeta falar num gato.
Poemas que apresentam a função
metalinguística como foco do texto, o poema
explica o próprio poema.
FIGURAS DE LINGUAGEM: As figuras de
linguagem mais recorrentes na obra são:
Comparação: Consiste em aproximar dois seres
em razão de alguma semelhança por meio de
elementos comparativos. EX.: como, tal que,
igual a, que nem. Na obra, observa-se a
presença constante do COMO.
Antítese: Ideias contrarias. O autor usa esse
recurso para representar uma confusão mental,
demostrando que não tem memórias concretas.
Metáfora: Emprego de uma palavra em sentido
que não lhe é comum. Observa-se o uso de
metáforas de comparação.
Anáfora: Repetição da mesma palavra ou
construção no inicio de varias orações, períodos
ou versos (figura presente no poema: Se o poeta
falar num gato, por exemplo).
Personificação ou prosopopeia: Atribuir
características humanas a seres inanimados ou
irracionais
Possíveis temas de redação extraídos da obra
A dificuldade em lidar com a morte:
Mario Quintana, em alguns de seus poemas tem
a morte como tema principal, e por meio deles
suavizar esse assunto.
OBS: esse tema já foi abordado na prova da
FUVEST, banca semelhante ao PAES

O uso do tempo na atualidade:


Tema principal do livro, é um debate atual e
pode estar associado à pandemia.

O papel da memória na sociedade:


Outro tema abordado pelo autor e que pode ser
explorado pela banca.

A efemeridade da vida no século XXI:


Poema seiscentos e sessenta e seis

Amor na contemporaneidade:
Poema: Bilhete
QUESTÕES
Na seguinte narrativa curta de Mário Quintana,
podemos observar algumas características da
obra do escritor:
História
“Era um desrecalcado, pensavam todos.
Pois já assassinara uma bem-amada, um crítico
e um amigo.
Mas nunca mais encontrou amada, nem crítico,
nem amigo.
Ninguém mais que lhe mentisse, ninguém mais
que o Incompreendesse, nem nunca mais um
inimigo íntimo...
E vai daí ele se enforcou.”
01. (PUC-PR) Selecione a alternativa que melhor
descreve as características da obra de Mário
Quintana:
A) A destruição indiscriminada, cega e desumana
do mundo circundante.
B) Individualismo autêntico e generoso, mas
carregado de crítica social.
C) Desconfiança diante das convenções sociais
estabelecidas.
D) Visão desencantada, irônica e crítica da
humanidade, materializada pela força da palavra
poética.
E) Nostalgia e saudade dos objetos antigos
e do passado.

Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana.
“Eles não têm pouso
nem porto...” (v. 6-7)

02. (UFRJ) Os versos acima podem ser lidos


como uma pressuposição do autor sobre o texto
literário. Essa pressuposição está ligada ao fato
de que a obra literária, como texto público,
apresenta o seguinte traço:
A) é aberta a várias leituras.
B) provoca desejo de transformação.
C) integra experiências de contestação.
D) expressa sentimentos contraditórios.
E) a natureza revolucionária que a poesia
deveria assumir.

Seiscentos e Sessenta e Seis


A vida é uns deveres que nós trouxemos para
fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas: há tempo…
Quando se vê, já é sexta-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra
oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e


inútil das horas.
Mário Quintana.
03. Assinale a alternativa que apresenta a
interpretação mais adequada ao sentido central
do poema.
A) Inútil é a vida, pois nem todos “olham o
relógio”, nem “é tarde demais para ser
reprovado”.
B) É preciso aproveitar a vida, pois o tempo
passa depressa e, quando percebemos, já “é
tarde demais”.
C) A morte e a vida têm o mesmo valor: “Quando
se vê, já é sexta-feira” e “há tempo”.
D) A vida, o relógio e a morte são “os deveres de
casa” da “casca dourada e inútil das horas”.
E) A vida é efêmera e desafiadora: “A vida é uns
deveres”, mas sempre temos tempos para
recomeçar: “E se me dessem – um dia – uma
outra oportunidade...”

Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana.

04. A leitura do poema revela uma voz poética


que
A) tem certeza de que o amor e a vida são
garantias perenizadas pela sorte cotidiana.
B) propõe um amor intempestivo e avassalador,
produtor de inquestionável frêmito.
C) propõe que ao ser amado condições mínimas
para a realização amorosa plena e eterna.
D) entende o amor como algo íntimo e por isso
não precisa ser anunciado de modo ostensivo.
E) aceita o convite do ser amoroso, pois entende
que a brevidade de ambos, é imperativo para
que tenham pressa para sentir o amor e
compreender a vida.

05. Na frase “Deixa em paz”, consiste em uma


repetição
a) Desnecessária, pois o autor não teve
criatividade em seu poema.
b) Importante, uma vez que essa repetição
emprega na figura de pensamento anacoluto.
c) Que designa-se na figura de linguagem
chamada de “Anáfora”.
d) Importante, visto que essa figura de
linguagem enfatiza a ironia.
e) Desnecessária, pois só uma vez daria para
compreender o sentido do texto.

Leia o fragmento a seguir para poder responder


à questão.
Mario Quintana (1906-1994) foi um dos maiores
poetas da literatura brasileira e seus versos
reverberam ao longo de gerações.
Autor de poemas simples, acessíveis, que
estabelecem com o leitor uma espécie de
conversa, Quintana foi o criador de uma série de
versos ecléticos que narram a própria origem,
falam de amor ou tratam da própria criação
literária.
Fonte: https://www.culturagenial.com/poemas-mario-quintana/

06. De acordo com o fragmento acima, é


possível afirmar que o autor Mario Quintana faz
parte do
a) Realismo.
b) Romantismo.
c) Modernismo.
d) Pós-Modernismo
e) Naturismo.

07. São características da obra literária de Mario


Quintana:

a) Mario Quintana está cronologicamente


vinculado ao pós-modernismo e tematicamente
vinculado à segunda geração do Modernismo.
Em sua poesia é possível notar o bom humor, o
coloquialismo e a brevidade, traços
característicos das vanguardas modernistas.
b) Sua poesia é caracterizada por um profundo
humanismo. Os principais motivos de sua poesia
é ressaltar os valores estéticos da norma-
padrão.
c) Mario Quintana é tradicionalmente
classificado como um autor romantista, mais
especificamente por sua obra apresentar
influências simbolistas e parnasianas.
d) É possível perceber a musicalidade nos
escritos de Mario. O escritor utiliza técnicas
literárias tradicionais para compor seus versos, e
a estruturação do soneto é um exemplo.
e) Em sua poesia é possível notar grande
influência das normas convencionais anteriores
ao Modernismo.

Leia o poema Se o poeta falar num gato do


escritor Mario Quintana.

Se o poeta falar num gato


Se o poeta falar num gato, numa flor,
Num vento que anda por descampados E
desvios e nunca chegou a cidade…
Se falar numa esquina mal e mal iluminada…
Numa antiga sacada…Num jogo de dominó…
Se falar naqueles obedientes saldadinhos de
chumbo [que morriam de verdade…
Se falar na mão decepada no meio de uma
escada de caracol…
Se não falar em nada
E dizer simplesmente tralalá…que importa
Todos os poemas são de amor!

08. Assim como o modernismo veio romper com


as antigas normas convencionais da Língua
Portuguesa, esse poema fala sobre
a) A beleza da liberdade poética.
b) A ironia do autor ao falar criticamente acerca
do modernismo.
c) A falta de organização do poeta.
d) As consequências do rompimento com as
normas do passado.
e) Os lugares que os autores romancistas
construam seus poemas.

Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso e nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

09. Qual a função da linguagem predominante


no texto
a) Fática.
b) Metalinguagem.
c) Poética.
d) Denotativa.

Ah, mundo…
Perdão!
Eu distraí-me ao receber a Extrema-Unção.
Enquanto a voz do padre zumbia como um
besouro
eu pensava era nos meus primeiros sapatos
que continuavam andando
que continuam andando
— rotos e felizes! —
por essas estradas do mundo.

10. No verso “Enquanto a voz do padre zumbia


como um besouro”, ocorre o uso da figura de
linguagem
a) Metáfora.
b) Hipérbole.
c) Personificação.
d) Eufemismo.
e) Comparação.

O trecho a seguir, extraído do livro Esconderijos


do Tempo de Mario Quintana. Leia para
responder as questões 11 e 12.
[…]
Quem disse que a poesia é apenas
agreste avena?
A poesia é a eterna Tomada da Bastilha
o eterno quebra-quebra
o enforcar de judas, executivos e catedráticos
em todas
[as esquinas
[…]

11. Em “A poesia é a eterna Tomada da Bastilha”,


faz referência ao qual momento histórico
a) Revolução Gloriosa.
b) Revolução Puritana.
b) Revolução Francesa.
d) Revoltas Nativistas.
e) Era napoleônica.

12. Fazendo uma analogia do Modernismo no


Brasil com a Tomada de Bastilha podemos
afirmar que
a) Ambos são totalmente diferentes, pois
enquanto a Tomada de Bastilha foi um símbolo
de luta pela igualdade e liberdade, o
Modernismo ainda matinha com as normas
convencionais rígidas do passado.
b) São diferentes, uma vez que o primeiro é a
favor da liberdade de expressão poética, o
segundo foi uma maneira de a população louvar
a centralização política e a extrema repressão de
direitos humanos.
c) O Modernismo no Brasil foi considerado o
movimento mais revolucionário de toda a
Literatura Brasileira, visto que procurou romper
com todas as normas existentes até então na
arte e a partir dali possuir liberdade.
Analogamente, a Tomada de Bastilha, foi um
evento central e revolucionário para os
franceses, visto que simbolizou o início da queda
do Antigo Regime repressor, dando lugar
posteriormente para uma República: livre,
igualitária.
d) Ambos são iguais porque exaltam o
centralismo, a desigualdade e a repressão.
e) Iguais, visto que possuem com principal
característica: a falta de liberdade.
A vida é uns deveres que nós trouxemos para
fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: tempo…
Quando se vê, já é 6.ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra
oportunidade, eu nem olhava para o relógio
seguia sempre firme, sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada
e inútil das horas.

13. O texto
a) Ressalta a efemeridade do tempo e da vida.
b) Elogia a criação do relógio.
c) Afirma que o melhor momento da existência
humana ocorreu antes da idade média.
d) Valoriza a ferramenta criada pelo ser humano.
e) Odeia o tempo.

Leia o fragmento do poema abaixo para poder


responder à questões 14.
[…] E em que mundo? Em que outro mundo vim
parar,
que nada reconheço?
Agora, a tua voz nas minhas veias correm
o teu olhar imensamente verde ilumina o meu
quarto

14. Na frase: “A tua voz corre”, é perceptível a


figura de linguagem
a) Metáfora.
b) Personificação.
c) Hipérbole.
d) Aliteração.
e) Catacrese.

Leia o fragmento retirado da obra Esconderijos


do Tempo para responder às questões 15 e 16.
[…] Porque a cidade está cega, também.
O que não é visto por ninguém
não sabe a cor e o aspecto que tem.
A cidade está cega e parada com a descor de
um morto.
Porque tudo aquilo que jamais é visto
— não existe…

15. Em “A cidade está cega e parada com a


descor de um morto”, há o emprego da figura de
linguagem
a) Prosopopeia.
b) Metáfora.
c) Ironia.
d) Comparação.
e) Hipérbole.

16. No verso: “Porque tudo aquilo que jamais é


visto não existe”, pode ser comparado com qual
provérbio popular
a) “As aparências enganam”.
b) “Onde a fumaça, há fogo”.
c) “Aquilo que os olhos não veem, o coração não
sente”.
d) “Em terra de cego quem tem olho é rei”.
e) “O pior cego é aquele que não quer ver”.

17. Leia o fragmento abaixo para poder


responder à questão.

[…] Eu te amo tanto que


sou capaz de nos atirarmos os dois na cratera
do Fuji-Yama!
Mas, aqui,
o amor é um barato romance pornô esquecido
em cima
[da cama
[…]
Em “O amor é um barato romance pornô
esquecido em cima da cama”, há a presença da
figura de linguagem chamada de
a) Metáfora.
b) Personificação.
c) Aliteração.
d) Prosopopeia.
e) Ironia.

18. No verso “As mãos da morte, as suas mãos


não têm anéis”, retirado do poema Surpresas, há
como figura de linguagem a
a) Metáfora.
b) Personificação.
c) Hipérbole.
d) Aliteração.
e) Paradoxo.

19. No poema Surpresas, o verso:“Os cabelos da


morte são entrelaçados de flores”, há presença
da figura de linguagem
a) Metáfora.
b) Personificação.
c) Hipérbole.
d) Eufemismo.
e) Ironia.

20. No poema Surpresas, Mario Quintana fala da


morte e suas partes "As mãos", "Os cabelos",
"Seus olhos". Essa característica representa qual
figura de linguagem
a) Gradação
b) Aliteração
c) Sinestesia
d) Metonímia
e) Hipérbole

21. A obra Esconderijos do Tempo do autor


Mario Quintana é marcada
a) Pela falta de lirismos, intuição e reflexões,
prosa do mundo.
b) Pela ausência de temas como a efemeridade,
mortos, anjos e seres encantados.
c) Pela presença de traços das normas
convencionais anteriores ao modernismo.
d) Pela presença da valorização da antiga
estética padronizada.
e) Pela presença de temas como a morte, anjos,
a efemeridade do tempo, seres encantados,
marcada de terno lirismo, combinado com
reflexões e intuição.

Leia o fragmento do poema Lili da obra


Esconderijos do Tempo para responder a
questão a seguir.
Lili
Teu riso de vidro
desce as escadas às cambalhotas
Enem se quebra,
Lili,
meu fantasminha predileto!
Não que tenhas morrido….
Quem entra num poema não morre nunca
(e tu entraste em muitos….)
Muita gente até me pergunta
quem és…. De tão querida
és talvez a minha irmã mais velha
nos tempos em que eu nem havia nascido.
És a Gabriela, a Liane, a Angelina…. sei lá!
És a Bruna em pequenina
que eu desejaria acabar de criar.
Talvez sejas apenas a minha infância!
E que importa, enfim, se não existes….
Tu vives tanto, Lili! E obrigado, menina,
pelos nossos encontros, por esse carinho
de filha que eu não tive….

22. De acordo com o eu lírico, Lili trata-se de


a) Sua amada filha.
b) Sua irmã caçula.
c) Suas amantes Gabriela, Liane e Angelina.
d) Sua bela infância.
e) Nenhuma das opções acima, pois o autor não
deixa claro de quem se trata, ele expressa sua
gratidão por ter Lili.
O texto a seguir, extraído do livro Esconderijos
do Tempo, serve de base para responder à
questão.

Noturno
O gato, que mora no mundo para sempre
perdido do cinema silencioso,
atravessa o país do tapete, onde se abrem flores
falsamente tropicais.
Ao pé da escada, por força do hábito, a avozinha
morta começa a tricotar
mais um pulôver.
Por trás de suas barbas, no retrato da parede, o
olhar do avô indaga: — para
quê?
De repente, na copa, o refrigerador compõe
ruidosamente a garganta,
enquanto estremecem de medo os frágeis
habitantes do porta-cristais: — Meu
Deus, meu Deus, ele agora vai fazer um
discurso!

23. “As figuras de linguagem são recursos


expressivos usados por quem fala ou escreve,
para revelar melhor o seu pensamento, dando
ao texto mais profundidade e beleza”. Nesse
sentido, a figura de linguagem presente em “Ao
pé da escada”, consiste no termo figurado pela
falta de outro mais próprio. É um tipo de
metáfora que pode ser encontradas nas
expressões “Perna da mesa”, “dente de alho” e
“bico do bule”. De acordo com essas
informações, qual foi a figura de linguagem
utilizada
a) Comparação.
b) Personificação.
c) Metonímia.
d)Metáfora.
e)Catacrese.

Leia o poema A noite grande para poder


responder à questão a seguir.
A noite grande
Sem o coaxar dos sapos ou o cri-cri dos grilos
como é que poderíamos dormir tranquilos
a nossa eternidade? Imagina
uma noite sem o palpitar das estrelas
sem o fluir misterioso das águas.
Não digo que a gente saiba que são águas
estrelas
grilos...
— morrer é simplesmente esquecer as palavras.
E conhecermos Deus, talvez,
sem o terror da palavra DEUS!
24. No contexto, o fragmento “Uma noite sem
palpitar das estrelas”, apresenta como figura de
linguagem
a) Prosopopeia
b) Metáfora
c) Hipérbole
d) Anáfora
e) Paradoxo

25. No fragmento “Porque o seu coração é uma


porta batendo a todos os ventos do universo”,
ocorre o uso da figura de linguagem
a) Metáfora.
b) Comparação.
c) Hipérbole.
d) Ironia.
e) Eufemismo.
GABARITO
01- D
02- A
03- B
04- D
05- C
06- C
07- A
08- A
09- B
10- E
11- B
12- C
13- A
14- B
15- A
16- C
17- A
18- B
19- B
20- D
21- E
22- E
23- E
24- A
25- C

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