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FAALC

Curso: Letras Avaliação PO

Disciplina: Estudos Estilísticos

Acadêmico(a):Annalies Padron Chiappetta

Instruções: 1. Preencher as letras correspondentes às respostas no GABARITO.


2. Postar apenas o arquivo do GABARITO no AVA.

GABARITO

1) Estilística é uma das disciplinas voltadas para os fenômenos da linguagem, tendo por
objeto o estilo.

2) “A palavra estilo, que hoje se aplica a tudo que possa apresentar características
particulares, das coisas mais banais e concretas às mais altas criações artísticas, têm uma
origem modesta”.

“(...) Georges Mounin (Introdução à Estilística) reúne as definições de estilo em três


grupos: 1) as que consideram estilo como desvio da norma; 2) as que o julgam como
elaboração; 3) as que o entendem como conotação”.

“Nils Erik Enkvist (Linguística e Estilo) as distribui em seis grupos: 1) estilo como adição,
envoltório do pensamento; 2) estilo como escolha entre alternativas de expressão; 3)
estilo como conjunto de características individuais; 4) estilo como desvio da
Norma; 5) estilo como conjunto de características coletivas (estilo de
época); 6) estilo como resultado de relações entre entidades linguísticas
formuláveis em termos de textos mais extensos que o período”.

“Pode-se observar que os critérios dos diversos grupos não são excludentes. Assim, por
exemplo, as características individuais podem incluir escolha, desvio da norma,
elaboração, conotação, o que mostra a dificuldade de tais classificações”.

“É um fenômeno humano de grande complexidade. É a resultante linguística de uma


conjunção de múltiplos fatores”.

3) “(...) a estilística surge nas primeiras décadas do século XX, graças sobretudo a dois
mestres que lideram duas correntes de grande importância: Charles Bally (1865-1947),
doutrinador da estilística da língua, e Leo Spitzer (1887-1960), figura exponencial da
estilística literária”.

“Ampliando o campo de estudo de seu mestre Ferdinand de Saussure, iniciador da


linguística moderna, Charles Bally volta-se para os aspectos afetivos da língua falada, da
língua a serviço da vida humana, língua viva, espontânea, mas gramaticalizada,
lexicalizada, e possuidora de um sistema expressivo cuja descrição deve ser tarefa da
estilística”.

“Bally condena o ensino da língua baseado apenas na gramática normativa e nos textos
literários, o qual dá uma visão parcial da língua, de um tipo de língua que não corresponde
ao que as pessoas usam nas múltiplas atividades de sua vida social e psíquica”.

“Bally distingue duas faces da linguagem - a intelectiva ou lógica e a afetiva; estuda os


efeitos da afetividade no uso da língua; examina os meios pelos quais o sistema
impessoal da língua (estudado por Saussure) é convertido na matéria viva
da fala humana”.

“Os efeitos expressivos, pelos quais o ser humano manifesta seus sentimentos e atua
sobre o seu semelhante, são classificados em naturais (manifesta ções de
prazer e desprazer, de admiração e desaprovação, processos de
intensificação das ideias) e evocativos (que sugerem certo meio social ou
certa época e aparecem, por exemplo, na língua familiar, na gíria, na
língua profissional, na literária, etc)”.

“Bally inicia, assim, a Estilística da Língua ou da Expressão Linguística,que se ocupa


da descrição do equipamento expressivo da língua como um todo, opondo a sua estilística
ao estudo dos estilos individuais e afastando-se, portanto, da literatura”.

“Marouzeau dá à estilística um enfoque mais individual, deslocando-a do sistema para o


discurso. A língua é, segundo ele, um repertório de possibilidades, um fundo comum
posto à disposição dos usuários que o utilizam conforme suas
necessidades de expressão, praticando sua escolha, isto é, estilo, na medida
que lhe permitem as leis da língua”.

- Falta a essa definição algum tipo de preocupação em relação ao acesso social à língua.
Está claro que cada falante dispõe de um repertório menos do que o repertório total da
língua ao produzir seus discursos, mas precisamos levar em conta que a aquisição desse
repertório acontece dentro de um contexto social que sempre irá agir como um limitador
dessa experiência. Ainda mais se pensarmos em como se dá, efetivamente, o ensino de
língua na maior parte das escolas brasileiras. (bertozzi, 2018)

“A sua concepção de estilística [de Mattoso Câmara Jr.] apóia-se nas três funções da
linguagem, de Karl Bühler: representação, expressão e apelo (a representação
corresponde à linguagem intelectiva, e a expressão ou manifestação psíquica e o apelo ou
atuação sobre o outro correspondem à linguagem afetiva de Bally)”.

“A função essencial da língua é a representação mental da realidade, mas o seu sistema é


alterado pelos falantes com o fim de exprimir emoções e influir sobre as pessoas”.

4) “Jakobson refere-se não só à concomitância das funções como a sua hierarquia.


Considera obra poética aquela em que a função poética tem primazia, e
poética a parte da linguística que trata da função po ética nas suas
relações com as outras funções da linguagem”.

“Aproximando a teoria de Jakobson da de Bally, podemos dizer que, enquanto para este a
estilística se concentra na função emotiva da linguagem em relação com a função
intelectiva (referencial), para Jakobson a estilística, ou poética, se concentra na relação da
função poética com as demais funções”.

“A seleção se dá na base da equivalência, da similaridade, podendo ser também na base


da dissimilaridade (sinonímia/antonímia), enquanto a combinação, a
construção da sequência repousa sobre a contiguidade”.

“A função poética projeta o princípio da equivalência do eixo da seleção sobre o eixo da


combinação”.

“A repetição de fonemas em palavras diversas (rima, aliteração, …) de um mesmo padrão


vocabular (palavras com número de sílabas e posição de acento equivalentes), a série
sinonímica, os antonimos, a repetição de um mesmo segmento melódico (pé métrico,
verso), a simetria, o paralelismo, são, pois, exemplos de equivalências transpostas para a
sequência do discurso, constituindo recursos poéticos.”

“A estilística estrutural salienta que um valor estilístico de um signo depende de sua


posição no seio de um sistema”.

“Jakobson mostra que o efeito poético repousa sobre uma combinação de duas
estruturas: a análise da mensagem não deve dispensar a análise do sistema,
do código. O efeito de um vocábulo depende não só da frase, do
contexto em que se encontra, como da tonalidade significativa que se
sente em confronto com outros vocábulos equivalentes”.

“Esquematizando a doutrina, tem-se: As estruturas do signo são: a) paradigmáticas -


categoria do sistema linguístico; b) sintagmáticas - posição no texto. A estilística pode
tratar: a) dos meios expressivos em potencial na língua; b) dos efeitos alcançados pelo
seu uso no texto”.

“Para ele (Jakobson), as questões do verso, de sua matéria sonora e a problemática


gramatical são indissolúveis e de igual importância. As categorias gramaticais repetidas
ou contrastantes têm a função de composição, daí o seu cuidado de
descobrir o perfil gramatical de um texto e valorizar o seu efeito artístico”.

“Os signos não têm valor absoluto, mas um valor resultante de uma oposição e contato
com outros signos. Somente no contexto é que se atualiza o valor
expressivo”.

5) “Toda a sua (Samuel Levin) tentativa de descrição tem por núcleo a estrutura que ele
chama acoplamento que consiste no seguinte: duas formas equivalentes - seja pelo som,
seja pelo sentido - dispostas na cadeia falada em posições equivalentes. O acoplamento é,
pois, a convergência (ver Riffaterre) de duas equivalências, uma de posição outra de
natureza (fonética ou semântica), e constitui um modo de integração e de amplificação do
poema”.

“A rima é o exemplo mais claro de acoplamento, visto que palavras com coincidência de
sons são apresentadas em posição equivalente (conforme os esquemas rimáticos das
composições de forma física”.

“Enfim, são acoplamentos as construções que apresentam algum tipo de paralelismo”.

“O efeito do processo depende da ação e interação simultânea de todos os outros fatores


que atuam sobre o poema”.

“A análise das equivalências e convergências da sintética composição revela como elas


enriquecem o poder sugestivo das palavras”.

6) “(...) a retórica, que se ocupou da linguagem para fins persuasivos e artísticos”.

“Essa irresponsabilidade moral passa a ser condenada, reivindicando-se para a retórica


um papel mais nobre que o da simples persuasão. Visto o discurso como
fundamento da sociedade humana, o meio pelo qual o homem expressa
sua sabedoria, a educação para o bom uso da palavra é defendida como a
mais benéfica e desejável”.

“A retórica é primariamente uma técnica de argumentação, mais do que de ornamentação.


Ao tratar do estilo, afirma (Aristóteles) ser a clareza, que se alcança pelo emprego dos
termos próprios, a sua principal virtude: ‘Se o discurso não tornar o manifesto seu objeto,
não cumpre a sua missão’.”

“É importante saber empregar a propósito cada uma das expressões por nós assinaladas,
nomes e glosas; maior todavia é a importância do estilo metafórico. Isto só, e que não é
possível tomar de outrem, constitui a característica dum rico engenho, pois descobrir
metáforas apropriadas equivale ser capaz de perceber as relações”.

“As figuras de dicção, de construção e de palavras definem a forma linguística em seu


tríplice aspecto fonético, sintático e léxico; às figuras de pensamento, forma do
pensamento; os gêneros, a situação é as intenções do sujeito falante”.

“Em resumo, a retórica é um conjunto de desvios suscetíveis de autocorreção, isto é, que


modificam o nível normal de redundância da língua, transgredindo regras, ou inventando
outras novas”.

7) “A estilística tem um campo de estudo mais amplo que o da retórica: não se limitando ao
uso da linguagem com fins exclusivamente literários, interessa-se pelos usos linguísticos
correspondentes às diversas funções da linguagem, seja na investigação da poeticidade,
seja na apreensão da estrutura textual, seja na determinação das peculiaridades da
linguagem devidas a fatores psicológicos e sociais”.

“As várias teorias estilísticas, cada qual com a sua contribuição, podem ser
compreendidas em dois grupos: as que consideram o fenômeno estilístico
como objetivo de pesquisa em si mesmo, e as que o consideram como o
meio privilegiado de acesso à interioridade do escritor”.

“Embora com alguma frequência se examinem fatos de linguagem comum, é


principalmente dos textos literários que são tomados exemplos que permitem
deduzir as possibilidades estilísticas do português nos três níveis: fonético,
léxico, sintático”.

“Como bem diz Guiraud, ‘sem ser o objeto nem o fim único da análise estilística, o estudo
dos valores expressivos e de seus efeitos é a tarefa maior do estilólogo e o ponto de
partida indispensável de toda crítica de estilo”.

8) Porque a autora afirma que o objetivo é despertar maior consciência das diversas
possibilidades de expressão da nossa língua, as quais têm sido desenvolvidas e
exploradas pelos seus milhões de usuários.

B) D

C) Primeira tese: O estilo é um traço da língua.

Para Mattoso a parole como a “enunciação vocal integralmente considerada”; portanto, a


“língua está contida no discurso” (que é para ele a tradução de parole). Da parole se deduz
o sistema, ou seja, as duas “faces” não se opõem. O que caracteriza a parole é ser um
“fenômeno heterogêneo e emaranhado, de que se pode tirar o tema de vários estudos
distintos”

Segunda tese: O estilo se caracteriza pelo contraste entre representação e emoção.

Para Mattoso estilo é “um conjunto de processos que fazem da língua representativa um
meio de exteriorização psíquica e apelo”. Nesse sentido, é apenas meia verdade que o
estilo é individual. Pelos exemplos que veremos, o estilo, assim visto, não está em toda a
parte.

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