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Esta apostila é um compilado de textos, artigos e atividades retiradas de diversas fontes, para

auxiliar no processo de aprendizagem na disciplina de Literatura.

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O que é Literatura?

A definição mais antiga comumente usada pelos teóricos da Literatura é aquela construída
por Aristóteles. Para o pensador grego, a Literatura seria uma imitação ou representação da
realidade mediante as palavras. Na época, o filósofo ainda dividiu a Literatura em três
categorias ou gêneros clássicos – o lírico, o épico e o dramático.

Atualmente, definir Literatura parece não ser tarefa tão simples. Isso porque, a depender
da civilização em que é escrita ou ainda da época da produção, uma obra pode ou não ser
considerada literária.

De todo modo, é possível dizer que Literatura é toda manifestação de linguagem que tem
como uma das finalidades a expressão estética – ou seja, é Literatura um discurso que não
pretende apenas comunicar algo, mas também construir um dizer que seja belo ou
envolvente em um nível sensível e humanamente profundo.

Funções

A Literatura não tem uma função absoluta e definitiva. Na verdade, em cada leitor, a
Literatura relaciona-se de um jeito diferente. Para alguns, ler um poema pode ser uma
maneira de entender os próprios sentimentos. Para outros, um romance pode funcionar
como um modo de conhecer um mundo diferente do seu.

Há aqueles que podem encontrar filosofias de vida em um texto literário. Outros ainda
encontram uma forma profunda de pensar a sociedade e a política lendo livros de Literatura.

Não há, portanto, como dizer qual é a função da Literatura. Não obstante, é possível dizer
que ela tem papel fundamental na construção do homem enquanto sujeito e cidadão. Por
meio do texto literário, é possível compreender a si mesmo e às diversas dinâmicas sociais
do mundo.

História da Literatura

A história da Literatura pode ser definida como uma ciência que estuda a produção
literária de um povo sob um viés cronológico. Quando se estudam diversos autores do
passado, em alguma medida, percebe-se certa correlação entre os dizeres de cada
escritor, construindo-se movimentos ou escolas literárias. No Brasil, a história da
Literatura é dividida da seguinte forma:

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• Quinhentismo: Literatura produzida nos primeiros anos do descobrimento do
Brasil, por volta do século XVI. É dividido em Literatura de informação e de
catequese.

• Barroco: Obras produzidas por volta do século XVII, sob influência do Barroco
europeu.

• Arcadismo: Com manifestações líricas, satíricas e épicas, esse movimento


ocorreu durante parte do ciclo do ouro no Brasil, no século XVIII.

• Romantismo: Movimento literário das primeiras décadas do século XIX, foi


fundador de várias bases da nossa identidade nacional, com autores como
Gonçalves Dias e José de Alencar.

• Realismo : Em oposição ao Romantismo, o Realismo e o Naturalismo ocorreram


nos anos finais do século XIX e tiveram como principais expoentes Machado de
Assis e Aluísio Azevedo, respectivamente.

• Simbolismo: Movimento poético de revolução nos signos linguísticos e nas


percepções sobre o sujeito, o Simbolismo ocorreu no final do século XIX.

• Parnasianismo: Escola literária que buscava atingir o belo clássico por meio do
apurado trabalho formal dos poetas, comparados a ourives.

• Pré-modernismo: Embora não seja exatamente um movimento literário, esse


período histórico teve autores fundamentais, como Monteiro Lobato, Lima
Barreto, Euclides da Cunha e José Lins do Rego.

• Modernismo: Movimento fundado em 1922, durante a Semana de Arte Moderna,


é considerado o marco inicial da Literatura brasileira do século XX.

• Literatura Contemporânea: É considerada Literatura contemporânea brasileira


toda manifestação literária produzida após os anos de 1945 no Brasil.

https://www.portugues.com.br/literatura

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ATIVIDADE 1:
APÓS A ANÁLISE COM A PROFESSORA, COPIE
EM SEU CADERNO A LINHA DO TEMPO
LITERÁRIA.

O TEXTO LITERÁRIO E O NÃO-LITERÁRIO:

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EXEMPLO DE TEXTO LITERÁRIO:

EXEMPLO DE TEXTO NÃO - LITERÁRIO:

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ATIVIDADE 2

RESPONDA NO SEU CADERNO:

a) O que é Literatura?
b) O que diferencia o texto Literário do não- literário?
c) Por que a literatura é dividida em Movimentos ou Escolas literárias?
d) Cite exemplos de textos Literários:
e) Cite exemplos de textos não literários:
f) O texto a seguir, classifica-se como literário ou não-literário? Explique
sua resposta:

g) O texto a seguir, classifica-se como literário ou não-literário? Explique


sua resposta:

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FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar a
linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza,
traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de linguagem
exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o sentido não literal
das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo, organizam orações,
afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de dar destaque a
algum de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser classificadas em figuras de
som, figuras de construção e figuras de palavras ou semânticas.

Para dominarmos o uso das figuras de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo
sintetizado, os conceitos de denotação e conotação.

Denotação

Ocorre denotação quando a palavra é empregada em sua significação usual, literal, referindo-
se a uma realidade concreta ou imaginária.

Já é a quinta vez que perco as chaves do meu armário

Aquela sobremesa estava muito azeda, não gostei.

Conotação

Ocorre a conotação quando a palavra é empregada em sentido figurado, associativo,


possibilitando várias interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de
atribuir às palavras significados diferentes de seu sentido original.

A chave da questão é você ser feliz independente do momento

Margarida é uma mulher azeda, está sempre de péssimo humor.

Podemos perceber que as palavras chave e azeda ganham novos sentidos além dos quais
encontramos nos dicionários. O sentido das palavras está de acordo com a ideia que o emissor
quis transmitir. Sendo assim, a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos
significados ao sentido denotativo da palavra.

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Figuras de som ou sonoras
As figuras de som ou figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para
reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração, assonância, paronomásia
e onomatopeia.

Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.

“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de dentro,
dá direito”. (Guimarães Rosa)

Assonância: consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.

“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa)

Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados


distintos.

“Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. (Almir Sater e Renato
Teixeira)

Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura que
procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.

Chega de blá-blá-blá-blá!

É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um
mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.

Figuras de construção ou sintaxe


As figuras de construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na construção
normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos termos da
oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto, anacoluto,
hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.

Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.

Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)

Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.

“E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)

Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre elementos coordenados

“Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)

Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.

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Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias orações, períodos
ou versos.

“Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)

Figuras de palavras ou semânticas


Consistem no emprego de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num sentido
conotativo. São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, antonomásia,
sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo, perífrase,
apóstrofe e ironia.

Comparação ou símile: ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois


elementos que se identificam, ligados por nexos comparativos explícitos, como tal qual, assim
como, que nem e etc. A principal diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença
dos nexos comparativos.

“E flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)

Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base
numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora ocorre
uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

“Meu pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)

Catacrese: ocorre quando se transfere para uma palavra o sentido de outra

Ele comprou dois dentes de alho para colocar na comida.

O pé da mesa estava quebrado.

Não sente no braço do sofá.

Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos
sensoriais.

Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)

Antítese: é o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.

Os jardins têm vida e morte.

Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.

Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)

Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras que intensificam uma ideia.

Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com gente é diferente.

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Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.

Estou morrendo de sede!

Não vejo você há séculos!

Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados características


próprias dos seres humanos.

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

Paradoxo: consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente,
mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.

Estou cego, mas agora consigo ver.

Ironia: é o recurso linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se pensa.

Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.

Referências bibliográficas:

TERRA, Ernani. Minigramática.São Paulo: Scipione, 2007.

ALMEIDA, Nílson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos. São Paulo:
Saraiva, 2009.

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ATIVIDADE 3
REALIZE A ATIVIDADE ABAIXO, NO SEU
CADERNO.

2. Qual das opções abaixo apresenta o sentido figurado:

a) As apostilas estão com preços exorbitantes.

b) Não conseguimos o atendimento no banco.

c) O funcionário estava muito confuso com os dados.

d) Ele foi muito doce e atencioso comigo.

e) No caminho de casa, encontramos um filhote de gato.

3. I. Finalmente vou matar minha fome com esse lanche.

II. A bateria das crianças parece não acabar.

III. O sujeito que assaltou a loja estava mascarado.

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De acordo com as frases acima, é correto afirmar:

a) a expressão “matar a fome” está no sentido denotativo e indica que a

pessoa irá acabar com a fome ao comer o lanche.

b) a palavra “bateria” refere-se a quantidade de energia das crianças e

está sendo usada em sentido denotativo.

c) o termo “mascarado” está sendo utilizado no sentido denotativo, pois

o sujeito estava usando uma máscara para não ser reconhecido.

d) todas as orações estão em sentido figurado, ou seja, apresentam o

sentido subjetivo das palavras.

e) todas as orações estão em sentido literal, ou seja, apresentam o

sentido real das palavras

4. Todas as alternativas abaixo possuem orações que

apresentam o sentido conotativo, EXCETO:

a) “o casamento não é um mar de rosas”

b) “meus pensamentos voaram alto”

c) “quando pisado, meu coração sangrou”

d) “alimentou-se da coragem”

e) “chorou intensamente até dormir”

5. Leia as frases e depois classifique-as em DENOTATIVA ou CONOTATIVA.

a) Relampejou durante toda a noite.

b ) Seus olhos relampejaram de ódio.

c) A tristeza e a alegria moram no morro.

d) Fecha-se a pálpebra do dia.

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e) O carro voava pelas ruas da cidade.

f) “O livro caindo na alma, é germe que faz a palma.

g ) Esta cidade à noite é uma verdadeira treva.

h) “Que saudades da aurora da minha vida”.

i) O cearense tem cabeça chata.

j ) Rui Barbosa era uma grande cabeça.

6. Escreva duas frases com sentido denotativo e duas frases com sentido conotativo

AS GRANDES ESCOLAS LITERÁRIAS

A HISTÓRIA DA LITERATURA
Como todas as outras artes, a literatura reflete as relações do ser humano com
mundo e com seus semelhantes. À medida que essas relações se transformam
historicamente, a literatura também se transforma. Ela é o registro mais sensível das
peculiaridades de cada época: dos modos de encarar a vida, de problematizar a existência, de
questionar a realidade, de exprimir os sentimentos coletivos…
Por isso, as obras de determinado período histórico, ainda que se diferenciem umas
das outras, possuem certas características comuns que as identificam. Essas características
dizem respeito tanto à mentalidade predominante na época quanto às formas, às convenções
e às técnicas expressivas utilizadas pelos autores.
Chamamos de escolas (períodos, movimentos) literárias ou estilos de época os
grandes conjuntos em que costumamos segmentar a história da literatura. Essa divisão tem
uma função sobretudo didática, ajudando-nos a compreender as transformações da arte
literária ao longo do tempo.

A história da literatura portuguesa divide-se em três grandes períodos:

● Era Medieval: do final do século XII ao final do século XV;


● Era Clássica: do século XVI ao século XVIII;
● Era Romântica: do século XIX até hoje.
A literatura brasileira possui apenas os dois últimos, mais especificamente denomina
dos:
● Era Colonial
● Era Nacional

ERA MEDIEVAL
A Era Medieval da literatura portuguesa estende-se por mais de três séculos, do final do
século XII ao final do século XV.

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Costuma-se dividi-la em dois períodos: Trovadorismo e Humanismo.

Trovadorismo (do final do século XII ao século XIV)


É o período literário que reúne basicamente os poemas feitos pelos trovadores para
serem cantados em feiras, festas e nos castelos durante os últimos séculos da Idade Média. É
contemporâneo às lutas pela independência e ao surgimento do Estado português.
As obras refletem a mentalidade religiosa (teocentrismo) e feudal. A língua falada na época
era o galego-português que, mais tarde, daria origem ao português moderno.

Humanismo (século XV)


É o período de transição entre o pensamento teocentrista e as ideias antropocêntricas
do Renascimento. Corresponde à época da expansão marítima e ao início do mercantilismo
europeu.

ERA CLÁSSICA / ERA COLONIAL


A segunda era da literatura portuguesa estende-se do século XVI ao XVIII e compreende
três escolas: Renascimento, Barroco e Neoclassicismo.

Renascimento (século XVI)


O Renascimento é um dos mais importantes movimentos culturais e artísticos da história
moderna. Originário da Itália, procura reviver os ideais da civilização greco-latina: equilíbrio,
sobriedade, naturalidade, perfeição.
Orientada por uma visão de mundo antropocêntrica, a literatura renascentista procura
exprimir os valores absolutos e eternos por meio da Razão.
No canto VI de Os Lusíadas, poema épico que narra a viagem de Vasco da Gama, Baco
se queixa da ousadia dos portugueses, temeroso de que eles se tornem deuses do mar e do
céu. O ciúme de Baco exemplifica a valorização do homem no Renascimento _ o
antropocentrismo.

Quinhentismo brasileiro (século XVI)


Enquanto ocorria o Renascimento na Europa, no Brasil apenas se iniciava o longo
processo de transplante cultural. As poucas manifestações literárias da nova terra estão
ligadas à catequese jesuítica, refletindo uma visão teocêntrica da vida e seguindo a tradição
medieval. A palavra “Quinhentismo”, por referir-se apenas aos anos quinhentos, tem um
sentido genérico, talvez mais apropriado para denominar o conjunto dessas primeiras
manifestações.

Barroco (século XVII a meados do século XVIII)


O Barroco corresponde ao período da Contrarreforma (movimento da Igreja Católica
em reação à Reforma protestante). Os valores do antroprocentrismo entram em crise e em
conflito com os valores religiosos. O equilíbrio clássico é substituído por uma angustiada
expressão da pequenez humana diante de Deus.

Neoclassicismo (segunda metade do século XVIII)

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Reagindo aos exageros do Barroco, os autores neoclássicos pretendem restaurar o equi
líbrio e o otimismo. Predomina nesse período a poesia pastoril e bucólica, como
representação ideal da vida simples e natural.
Logo, entretanto, a arte neoclássica vai adquirindo tons emocionais e pessimistas
que prenunciam o Romantismo (Pré-Romantismo).
Os amores, poema de Bocage, a natureza serve de cenário para os sentimentos.

ERA ROMÂNTICA / ERA NACIONAL


A Era Romântica da literatura portuguesa corresponde a Era Nacional da literatura
brasileira. Em ambas se sucedem seis escolas: Romantismo,
Realismo/Naturalismo/Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo e, na atualidade, o que se
convencionou chamar de literatura Pós Moderna ou Contemporânea.

Romantismo (primeira metade do século XIX)


É a escola literária que representa a mentalidade burguesa, predominante a partir do final
do século XVIII. A literatura torna-se extremamente subjetiva e exageradamente emocional.

Escolas realistas _ Realismo, Naturalismo, Parnasianismo


(segunda metade do século XIX)
Reagindo contra os exageros da subjetividade e do emocionalismo romântico, surgem,
na segunda metade do século, tendências literárias que pretendem representar a realidade
com o máximo de objetividade. A escola naturalista, por exemplo, pretendia utilizar
efetivamente os métodos das ciências naturais e experimentais. Os poetas parnasianos, além
de se dedicarem ao realismo descritivo, realizaram um verdadeiro culto à perfeição formal.

Simbolismo (final do século XIX)


Assim como o Realismo foi uma reação ao subjetivismo romântico, o Simbolismo reage
contra os excessos da pretensa objetividade realista. Influenciados pela psicanálise de Freud
e por filosofias espiritualistas, os autores buscam captar a realidade por meio da intuição.
Interessa-lhes principalmente representar as camadas mais profundas do ser humano. Por
isso cultivam uma linguagem extremamente musical, mas imprecisa, sugestiva, que
frequentemente nos remete para o mundo onírico.

Modernismo (século XX)


O século XX inaugura uma “revolução permanente” nas artes e na literatura,
sintonizando-as com um novo ritmo de vida. A velocidade, a tecnologia, a euforia e o
desencanto do ser humano com transformações inusitadas em todos os setores da existência
deflagram novos conceitos e novos procedimentos artísticos. Eles vêm se renovando desde
as chamadas “van guardas” do início do século.
A paródia, a quebra de linearidade da linguagem, os cortes e flashes cinematográficos,
a valorização da cultura popular e do inconsciente constituem algumas das principais
características da pluralidade de estilos que se reúnem no Modernismo.

A literatura contemporânea
A partir da década de 1970, as artes e a literatura passaram por transformações cada vez mais
aceleradas, refletindo as mudanças políticas internacionais e nacionais, a irrupção da indústria

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cultural de massa, a revolução eletrônica e digital. Os movimentos são muitos e contraditórios,
e nenhum ganhou relevância sobre os outros a ponto de tornar-se denominação da época.
Mesmo o Pós-Modernismo, que nos anos 1980 parecia dominar o cenário artístico
internacional, ficou longe de se tornar unanimidade. Os termos arte contemporâneos ou
literatura contemporânea são necessariamente provisórios, pois o adjetivo “contemporâneo”
refere-se a tudo o que é atual em qualquer época. Passado o nosso tempo, a arte que se faz
hoje não poderá ser chamada de contemporânea. A grande riqueza de manifestações
artísticas e literárias de hoje, portanto, aguarda a criação de um nome que possa sugerir essa
extrema variedade.

GÊNEROS LITERÁRIOS
A Literatura é a manifestação artística das palavras, tanto escrita, como cantada. Para nos
ajudar a melhor entendê-la, Aristóteles, em sua Arte Poética, definiu aquilo que chamamos de
gêneros literários. Então, podemos observar que a história da teoria dos gêneros pode ser
contada a partir da Antiguidade greco-romana, quando também surgiram as primeiras
manifestações poéticas da cultura ocidental.
Os gêneros literários são conjuntos de obras que carregam consigo características similares,
tanto de forma quanto de conteúdo.
Observe o quadro abaixo:

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Aristóteles dividiu a literatura em três gêneros: Lírico, Épico ou narrativo e Dramático. Por
parecer mais didático e terem características muito marcantes, muitos autores preferem
dividir os gêneros em quatro tipos, desmembrando o gênero épico e narrativo, para poder
enquadrar dentro do narrativo, as narrativas em prosa, ficção, ... Neste texto trabalharemos
segundo a definição de Aristóteles.
Dentro dessa divisão, podemos afirmar a existência de outras subdivisões, uma vez que a
literatura se trata de uma arte muito rica e abrangente. Observe exemplos:

GÊNERO LÍRICO GÊNERO GÊNERO DRAMÁTICO


NARRATIVO/ÉPICO
Poema Conto Teatro
Ode Crônica Auto
Sátira Fábula Comédia
Elegia Novela Farsa
Idílio Romance Tragédia

O Gênero Lírico
Esse gênero é geralmente expresso pela poesia, contudo, não é toda poesia que pertence ao
gênero referido, já que dependerá dos elementos literários inseridos nela.

Quanto à forma, da Idade Média aos dias de hoje, o estilo de poema que permaneceu com
intensidade foi o soneto, poesia rimada, composta por quatorze versos, dois quartetos e dois
tercetos, com métrica composta de versos decassílabos (dez sílabas) e versos alexandrinos (12
sílabas).

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Quanto ao conteúdo, predominantemente subjetivo, destacam-se:

• Elegia – vem do grego e significa “canto triste”; poesia lírica que expressa sentimentos
tristes ou morte. Um exemplo frequente é “O cântico do calvário” de Fagundes Varela.
• Idílio e écloga – são poemas breves com temática pastoril. A écloga, na maioria das vezes,
apresenta diálogo.

• Epitalâmio – na literatura grega é um poema de homenagem aos noivos no momento do


casamento. Logo, é uma exaltação às núpcias de alguém.

• Ode ou hino – derivam do grego e significam “canto”. Ode é uma poesia que exalta algo e
hino que glorifica a pátria.

• Sátira – poesia que ridiculariza os defeitos humanos ou determinadas situações.

O Gênero Narrativo
Narrador: é o que narra a história, pode ser onisciente (terceira pessoa, observador, tem
conhecimento da história e das personagens, observa e conta o que está acontecendo ou
aconteceu) ou personagem (em primeira pessoa; narra e participa da história e, contudo, narra
os fatos à medida em que acontecem, não pode prever o que acontecerá com as demais
personagens).

• Tempo: é um determinado momento em que as personagens vivenciam as suas experiências


e ações. Pode ser cronológico (um dia, um mês, dois anos) ou psicológico (memória de quem
narra, flash-back feito pelo narrador).

• Espaço: lugar onde as ações acontecem e se desenvolvem.

• Enredo: é a trama, o que está envolvido na trama que precisa ser resolvido, e a sua resolução,
ou seja, todo enredo tem início, desenvolvimento, clímax e desfecho.

• Personagens: através das personagens, seres fictícios da trama, encadeiam-se os fatos que
geram os conflitos e ações. À personagem principal dá-se o nome de protagonista e pode ser
uma pessoa, animal ou objeto inanimado, como nas fábulas.

O que vimos foram os recursos que os estilos narrativos têm em comum, agora vejamos o que
cada um tem de diferente separadamente, ou seja, o que faz com que possamos distingui-los:

• Romance: é uma narrativa longa, geralmente dividida em capítulos, possui personagens


variadas em torno das quais acontece a história principal e também histórias paralelas a essa,
pode apresentar espaço e tempo variados.

• Novela: é um módulo mais compilado do romance e mais dinâmico, é dividida em episódios,


são contínuos e não têm interrupções.

• Conto: é uma narrativa curta que gira em torno de um só conflito, com poucos personagens.

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• Crônica: é uma narrativa breve que tem por objetivo comentar algo do cotidiano; é um relato
pessoal do autor sobre determinado fato do dia a dia.

• Romanesco: São as narrativas que enfatizam a aventura, magia, fantasia, religiosidade


e suprimem a verossimilhança (Semelhança com a realidade). Tem características fixas
de heróis e vilões e enredos típicos. Exemplos: obra “O Senhor dos Anéis” de J.J.J.
Tolkien e “As Crônicas de Nárnia” de C.S.Lewis.

O Gênero Dramático
A palavra “drama” vem do grego e significa “ação”, logo, é um acontecimento ou situação
com intensidade emocional, a qual pode ser representada. No sentido literário, falar de drama
é falar de teatro. Este gênero começou com a encenação em cultos a divindades gregas. A
princípio os gregos abordavam apenas dois tipos de peças teatrais: a tragédia e a comédia.
Algumas peças são bastante conhecidas e lidas até hoje, por serem marcos da dramaturgia da
época: Prometeu acorrentado de Ésquilo; Édipo-rei e Electra de Sófocles; Medéia de Eurípedes
e Menandro de Antífanes.

Neste estilo literário o narrador conta a história enquanto os atores encenam e dialogam
através das personagens. Quanto aos estilos literários, esta modalidade literária compreende:

• Tragédia: representação de um fato trágico que causa catarse a quem assiste, ou seja,
provoca alívio emocional da audiência.

• Comédia: representação de um fato cômico, que causa riso.

• Tragicomédia: é a mistura de elementos trágicos e cômicos.

• Farsa: peça teatral de caráter puramente caricatural, de crítica à sociedade, porém, sem
preocupação de questionamento de valores.

• Auto: uma peça curta, geralmente de conteúdo religioso ou profano, e, sobretudo,


simbólico, uma vez que nem todos os seus personagens eram humanos, alguns eram
entidades abstratas, caracterizadas pela hipocrisia, bondade, luxúria, virtude, dentre
outras.

Fontes:https://www.portugues.com.br/literatura/generodramatico.html
https://brasilescola.uol.com.br/

ATIVIDADE 4 – Marque a alternativa correta:


1. Leia o trecho da obra Harry Potter e a pedra filosofal:
“Harry apanhou a varinha. Sentiu um repentino calor nos dedos. Ergueu a varinha
acima da cabeça, baixou-a cortando o ar empoeirado com um zunido, e uma
torrente de faíscas douradas e vermelhas saíram da ponta como um fogo de
artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes. Hagrid gritou
entusiasmado (…) (página 77)”

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Levando e conta os Gêneros Literários, podemos afirmar que a obra Harry Potter se encaixa
no gênero:
a) Narrativo, pois é uma crônica
b) Lírico, pois se trata de uma obra poética
c) Dramático pois é escrito em forma de teatro
d) Narrativo pois é uma obra romanesca

2. Uma obra Romanesca é caracterizada por elementos:


a) Como a música e a poesia
b) Que enfatizam a magia, as aventuras, fantasia e religiosidade.
c) Representam o Cômico e irreverente
d) Que provocam alívio emocional

3. Uma obra cuja narrativa é longa, geralmente dividida em capítulos, com personagens
variados, podendo apresentar espaço e tempo variados também, pode ser classificada
como:
a) Conto
b) Crônica
c) Comédia
d) Romance

4. Segundo Aristóteles, os Gêneros literários podem ser divididos em três grupos. São eles:
a) Lírico, Épico ou Narrativo e Dramático
b) Lírico, Dramático e Farsa
c) Comédia, Sátira e Drama
d) Lírico, Épico, Romanesco
5. Leia o texto:
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa”

O gênero literário do fragmento da obra de Fernando Pessoa é:


a) Dramático
b) Lírico
c) Narrativo
d) Épico

6. O Gênero literário cuja narrativa é curta, com poucos personagens e geralmente um único
conflito chama-se;
a) Novela
b) Conto
c) Tragédia
d) Auto

7. A trama de uma narração, o que precisa ser resolvido, o que tem início, meio e fim é
chamado de:

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a) Espaço
b) Epitalâmio
c) Enredo
d) Elegia

8. É a poesia que exalta algo, um hino que glorifica:


a) Ode
b) Sátira
c) Auto
d) Farsa

9. Fazem parte do Gênero Narrativo:


a) Romance, Romanesco e Teatro
b) Romance, Crônica e Comédia
c) Romanesco, Romance e Fábula
d) Farsa, Crônica e Fábula

10. Nestes estilos literários, o narrador conta a história enquanto os atores encenam e dialogam
através das personagens
a) Comédia e Auto
b) Farsa e Romance
c) Novela e Conto
d) Ode e Tragédia.

11. Sobre a personagem principal da narrativa:


a) É sempre o narrador da história
b) É a responsável pelo enredo
c) É chamada de protagonista
d) Pode prever o que acontecerá com os demais personagens.

12. O Poema rimado, composto por 14 versos, sendo dois quartetos e dois tercetos é chamado
de:
a) Soneto
b) Decassílabo
c) Elegia
d) Idílio

ATIVIDADE 5: Pesquise e complete o quadro abaixo com um trecho que exemplifique cada
subgênero literário, conforme o exemplo:
OBS: Não esqueça de colocar o autor e a data de publicação.

Gênero Lírico Gênero Narrativo/ Épico Gênero Dramático


Poema Romance Auto – Exemplo

21
"Chicó - É, o cachorro já
estava morto, mas você sabe
como esse povo rico é cheio
de confusão com os mortos.
Eu, às vezes, chego a pensar
que só quem morre
completamente é pobre,
porque com os ricos a
confusão continua por tanto
tempo, que chega a parecer
que ou eles não morrem
direito, ou a morte deles é
outra.’"

“O Auto da Compadecida”
(1955) de Ariano Suassuna.
Sátira Fábula Tragédia

Idílio Romanesca Comédia

22
O Trovadorismo foi um movimento literário que surgiu durante a Idade Média, mais
precisamente no século XI no sul da França. Por isso, esse movimento se espalhou por toda a
Europa e teve seu declínio no século XIV quando começou o Humanismo. Esse movimento foi
a primeira manifestação literária da língua portuguesa.
Nessa época, as poesias (chamadas de cantigas) eram feitas para serem cantadas ao som da
flauta, viola ou alaúde.

O trovador era o autor das composições. O cantor era chamado de jogral, e o menestrel era
considerado superior ao jogral por ter mais instrução e habilidades artísticas, sabia tocar e
cantar.
Os textos poéticos do Trovadorismo eram marcados por traços requintados da aristocracia e
expressavam a veneração pela mulher. O Trovadorismo atingiu o seu ápice por volta de 1150
a 1170.

Contexto Histórico do Trovadorismo

O Trovadorismo ocorreu durante a Idade Média, época em que a Igreja Católica e o sistema
feudal dominavam a Europa. Por isso, os valores da sociedade eram regidos pela Igreja e pela
fé no cristianismo.
Nesse contexto, o Teocentrismo – Deus no centro do Universo – foi sua principal característica.
Sendo assim, o homem ocupava um lugar secundário, de criatura e não de criador, e seguia os
valores cristãos

Dessa maneira, a Igreja medieval era a instituição social mais importante e a maior
representante da fé cristã. Ela ensinava os valores e influenciava diretamente o
comportamento e o pensamento do homem.
Já o Feudalismo, ou sistema feudal, estava baseado numa sociedade rural e autossuficiente.
Nele, o camponês vivia do trabalho no campo, cultivando para si (subsistência) e para o senhor
que cedia as terras. Naquele momento, poucas pessoas eram estudadas, a maior parte delas
eram monges.

23
Principais Características do Trovadorismo

As características mais marcantes da escola literária trovadora ou trovadoresca são:

• Relação entre poesia e música;


• Gênero lírico e satírico;
• Veneração ao ser amado;
• Retratação da amizade;
• Crítica ao contexto político e social;
• Trocadilhos e termos ambíguos;
• Retratação do modo de vida na aristocracia feudal.

Tipos de poesia e música trovadorescas

(Representação de trovadores)

• No Trovadorismo, poesia e música estão intimamente ligados. Os poemas e versos


citados eram sempre acompanhados de instrumentos musicais, como: viola, lira, flauta
e harpa. Por esse motivo foram chamados de cantigas trovadorescas.
• As coletâneas das cantigas do período do Trovadorismo são chamadas de cancioneiros.
Os cancioneiros mais conhecidos são: o Cancioneiro da Biblioteca de Lisboa e o
Cancioneiro da Vaticana.

Gênero - trovadores: lírico e satírico

• Trovadorismo era dividido em dois gêneros: o lírico e o satírico. Esses dois gêneros
possuem características bem diferentes.
• O gênero lírico englobava as cantigas de amor e as cantigas de amigo, que relatavam
as sensações e os sentimentos envolvidos nestas relações. A produção literária e
poética do período do trovadorismo era muito voltada à temática do amor e do
sofrimento amoroso.
• Já o gênero satírico fazia críticas ao modo de vida na sociedade feudal da época. Eram
divididas em dois tipos: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. As duas eram
cantigas que faziam sátiras ou deboches, mas existia entre elas a diferença em relação

24
à forma como a sátira era feita. A cantiga de escárnio era mais leve e a cantiga de
maldizer era mais direta e ácida no seu conteúdo.

Veneração ao ser amado


• Nas cantigas de amor, os trovadores escreviam em primeira pessoa e era comum que
eles se colocassem em uma posição de inferioridade e submissão em relação à mulher
que amavam.
• Existia uma forte tendência de veneração e adoração à mulher amada, que era
idealizada e inalcançável, assim como o próprio amor era idealizado. O amor descrito
era cheio de cortesia, mas era sofrido e tinha características de um amor impossível ou
não correspondido.

Retratação da amizade
• Nas cantigas de amigo o principal tema era o amor-amizade e a amizade. As cantigas
de amigo eram protagonizadas por uma narradora feminina, não idealizada e humilde,
que declarava a sua amizade a um amigo ou a um amor platônico.
• Uma curiosidade sobre as cantigas de amigo é que, embora os trovadores que
escreviam as cantigas fossem homens, estas eram escritas em primeira pessoa e
sempre no feminino.

Pergaminho de uma cantiga de amigo de Martim Codax.

Crítica ao contexto político e social


• Um dos temas principais das cantigas satíricas eram as críticas feitas ao modo de vida
na sociedade feudal da época.

Trocadilhos e termos ambíguos


• O uso destes termos era comum nas cantigas de escárnio, que eram mais leves e
continham sátiras de maneira indireta. Estas cantigas eram formadas por frases com
duplo sentido e com trocadilhos que, indiretamente, satirizavam o objeto da cantiga.

Retratação do modo de vida na aristocracia feudal


• O Trovadorismo surgiu durante o ápice do Feudalismo, por isso muito do que foi
produzido na literatura e na poesia na época refletia o modo de vida e os costumes
sociedade aristocrática feudal.

25
• Os comportamentos e valores da época, as relações entre os senhores feudais e os seus
vassalos e as Cruzadas foram temas das cantigas trovadorescas. Muitas vezes o
feudalismo e o modo de vida aristocracia eram descritos com sarcasmo nas cantigas
satíricas.

26
https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-do-
trovadorismo/https://aminoapps.com/c/escritores-amino-oficial/page/blog/um-pouco-de-
literatura-trovadorismo/ERBK_oQ1sPu4qv2gNdRV2zG6PJavLv3qgQ7

ATIVIDADE 6
CRIAR UM MAPA MENTAL SOBRE O
TROVADORISMO

ATIVIDADE 7 – Leia os textos, mas responda às questões no seu caderno:


1. Leia atentamente a cantiga abaixo, com o auxílio da tradução literal colocada ao lado:

Cantiga de amigo

Ondas do mar de Vigo Ondas do mar agitado,


se vistes meu amigo? acaso vistes meu amado?
E ai Deus, se verra cedo!

Queira Deus que ele venha cedo!


Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
Acaso vistes meu amigo.
E ai Deus, se verra cedo!
aquele por quem suspiro?

Queira Deus que ele venha cedo!


Se viste meu amigo
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verra cedo! Acaso vistes meu amado,

por quem tenho grande cuidado


Se vistes meu amado, (preocupação)?

por que ei gram coidado? Queira Deus que ele venha cedo!

E ai Deus, se verra cedo!

Ondas do mar de Vigo,

acaso vistes meu amigo,

Queira Deus que ele venha cedo!

27
CODAX, Martim. In: GONÇALVES, Elza. A lírica galego-portuguesa. Lisboa: Comunicação,
1983. p. 161.

1. Responda:

a) A voz que fala na cantiga é uma voz masculina ou feminina? Comprove com passagem
do texto.
b) A quem essa voz se dirige? Comprove com passagem do texto.
c) Qual é a sua insistente pergunta?
d) Qual é o desejo expresso no refrão?

2. Leia atentamente o poema abaixo responda:

Cantiga de amor

Quer’eu em maneira de proençal

fazer agora um cantar d’amor,

e querrei muit’i loar mia senhor

a que prez nem fremosura nom fal,

nem bondade; e mais vos direi ém:

tanto a fez Deus comprida de bem

que mais que todas las do mundo val.

Ca mia senhor quizo Deus fazer tal,

quando a fez, que a fez sabedor

de todo bem e de mui gram valor,

e com tod’est[o] é mui comunal

ali u deve; er deu-lho bom sém,

e desi nom lhi fez pouco de bem

quando nom quis que lh’outra

foss’igual.

Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,

mais pôs i prez e beldad’e loor

e falar mui bem, e riir melhor

que outra molher; desi é leal

muit’, e por esto nom sei oj’eu quem

possa compridamente no seu bem

falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al.

Quero à moda provençal


28
fazer agora um cantar de amor,

e quererei muito aí louvar minha senhora

a quem honra nem formosura não faltam,

nem bondade; e mais vos direi sobre ela:

Deus a fez tão cheia de qualidades

que ela vale mais que todas as do mundo.

Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo

quando a fez, que a fez conhecedora

de todo bem e de muito grande valor

e além de tudo isto é muito sociável

e desde então não lhe fez pouco bem

impedindo que nenhuma outra

fosse igual a ela.

Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal,

mas pôs nela honra e beleza e mérito

e capacidade de falar bem, e de rir melhor

que outra mulher, também é muito leal

e por isto não sei hoje quem

possa cabamente falar no seu próprio bem

pois não há outro bem, para além do seu.

D. DINIS. In: GONÇALVES, Elsa. A lírica galego-portuguesa. Lisboa: Comunicação, 1983. p. 284.

2. Responda:
a) A voz que fala na cantiga é masculina ou feminina? Comprove com passagem do texto
b) Releia os três primeiros versos da primeira estrofe. Que objetivo a voz lírica anuncia?
c) Releia a segunda estrofe e destaque os adjetivos com que o trovador caracteriza a mulher amada.
d) Qual é a diferença mais evidente entre essa cantiga e a da questão anterior?
e) Comparando ainda as duas cantigas, qual delas reflete uma visão mais realista do amor? Em qual
delas a visão do amor é mais refinada, mais idealizada?

3. Pesquise letras de música popular cujo tema seja o amor (Você pode orientar-se pelo seu
conhecimento e seu gosto). Escolha duas letras (uma com características semelhantes às cantigas de
amigo; outra com características semelhantes às cantigas de amor). Analise as duas letras e faça o
levantamento das seguintes informações:

● Gênero, época de lançamento, intérprete, sucesso obtido;


● Interpretação do tema ou motivo (exemplo: saudade, ciúmes, amor não correspondido …)

29
● Semelhanças das letras com as características temáticas das cantigas de amor e de amigo (ver
características no material de apoio).
ATIVIDADE 8
ATIVIDADES SOBRE O TROVADORISMO: COPIE AS PERGUNTAS E RESPONDA NO SEU
CADERNO:

Leia com atenção o quadro abaixo. Ele lhe ajudará a realizar as questões seguintes.

CANTIGAS DE AMOR CANTIGAS DE AMIGO


Rebuscamento Refrão
Vassalagem Repetição
Sofrimento Ambiente campesino
Amor Impossível Simplicidade
Ambiente cortês Eu lírico feminino
Provençal
Eu lírico masculino
CANTIGAS DE ESCÁRNIO CANTIGAS DE MALDIZER
Crítica indireta Crítica direta
Uso de trocadilhos Linguagem ofensiva
Ambiguidades O alvo é denominado, ou seja,
Ironias identificado pelo nome.
Não aparece o nome do alvo, pessoa a
quem se dirige a cantiga.

Leia a música abaixo:

Você já deve ter escutado esta música algumas vezes, trata-se de uma composição
contemporânea que se assemelha muito a um tipo de Cantiga do Trovadorismo. Analise a letra
da música e responda:

1.Qual é o tipo de Cantiga que possui características encontradas na música?

a) Escárnio
b) Amor
c) Amigo
d) Maldizer

30
2. Quais são essas características? Justifique a sua resposta:

3. A música a seguir, gravada pelo cantor Latino, representa uma versão moderna e atual
de um tipo de cantiga. De acordo com as características da música e das Cantigas da
Idade média, podemos relacioná-la com qual tipo de cantiga? Justifique a sua resposta.

Renata
Latino

Num golpe de olhar


Ganhou meu coração
Mas eu não imaginava a decepção
Por ela fui fiel, tão cego eu fiquei
Ir no night-futebol, amigos eu deixei
Foi irracional o que ela fez
Mas vou deletar
Ah, ah
Sua insentatez
Renata ingrata, trocou meu amor por uma ilusão
Renata ingrata, quem planta sacanagem, colhe solidão
Até pra namorar a bela foi atriz
Fingindo que eu era o que ela sempre quiz
A lua entristeceu, o céu mudou de cor
Renata foi embora e a depre ficou
Foi irracional o que ela fez
Mas vou deletar
Sua insentatez
Renata ingrata, trocou meu amor por uma ilusão
Renata ingrata, quem planta sacanagem colhe solidão
Renata ingrata, trocou meu amor por uma ilusão
Renata ingrata, quem…
Fonte: Musixmatch

4. O Trecho de música a seguir, apresenta algumas características semelhantes às das


Cantigas de Escárnio. Pesquise um pouco mais sobre esse tipo de cantiga, analise o
trecho da música e explique o porquê dessa afirmação.

Você Partiu Meu Coração

(Feat. Anitta & Wesley Safadão)


Nego do Borel

Você partiu meu coração


Mas meu amor não tem problema, não, não
Agora vai sobrar, então
Um pedacim pra cada esquema
Só um pedacim

Você partiu meu coração


Mas meu amor não sinta pena, não, não
Que agora vai sobrar, então
Um pedacim pra cada esquema
Só um pedacim

Se eu não guardo nem dinheiro


O que dirá guardar rancor
31
Você vacilou primeiro
Nosso caso acabou...

HUMANISMO

LEIA COM ATENÇÃO:

32
ATIVIDADE 9:
Leia o trecho de Gil Vicente com atenção:

Responda:

1.De acordo com o resumo da obra (Apresentado nos slides) e o trecho acima, o que você
entendeu deste fragmento?

2. Quem é a moça do texto?

3. Por que o frade está conversando com o Diabo?

4. Você consegue identificar características do humanismo neste trecho de Gil Vicente? Quais?

5. Marque a resposta correta sobre o Auto acima:

a) É uma obra alegórica, humanista, que representa o juízo final.

b) Trata-se de um poema.

c) Encaixa-se no gênero textual lírico.

d) É uma obra do período Trovadorista.

33
ATIVIDADE 10
LEIA O TRECHO DA OBRA: O AUTO DA COMPADECIDA
João Grilo: – Padre João! Padre João! Padre, aparecendo na igreja: – Que há? Que gritaria é essa?
Chicó: – Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem […]

João Grilo: – Padre João! Padre João!


Padre, aparecendo na igreja: – Que há? Que gritaria é essa?
Chicó: – Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um
cachorro que está se ultimando para o senhor benzer.
Padre: – Para eu benzer?
Chicó: – Sim.
Padre, com desprezo: – Um cachorro?
Chicó: – Sim.
Padre: – Que maluquice! Que besteira!
João Grilo: – Cansei de dizer a ele que o senhor benzia. Benze porque benze, vim com ele.
Padre: – Não benzo de jeito nenhum.
Chicó: – Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho.
João Grilo: – No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não o
benzeu?
Padre: – Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi
falar.
Chicó: – Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor.
Padre: – É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor é fácil,
todo mundo faz isso, mas benzer cachorro?
João Grilo: – É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é o motor
do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais.
Padre, mão em concha no ouvido: – Como?
João Grilo: – Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Morais.
Padre: – E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais?
João Grilo: – É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse, mas o major é rico e
poderoso e eu trabalho na mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a
obedecer, mas disse a Chicó: o padre vai se zangar.
Padre, desfazendo-se em sorrisos: – Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter
direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o
cachorro!
João Grilo, cortante: – Quer dizer que benze, não é?
Padre, a Chicó: – Você o que é que acha?
Chicó: – Eu não acho nada de mais.
Padre: – Nem eu. Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus.
João Grilo: – Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo satisfeito.

34
Padre: – Digam ao major que venha. Eu estou esperando.
Chicó: – Que invenção foi essa de dizer que o cachorro era do major Antônio Morais?
João Grilo: – Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do major
que se péla. Não viu a diferença? Antes era “Que maluquice, que besteira!”, agora “Não vejo
mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus!”.
Chicó: – Isso não vai dar certo. Você já começa com suas coisas, João. E havia necessidade de
inventar que era empregado de Antônio Morais?
João Grilo: – Meu filho, empregado do major e empregado de um amigo do major é quase a
mesma coisa. O padeiro vive dizendo que é amigo do homem, de modo que a diferença é muito
pouca. Além disso, eu podia perfeitamente ter sido mandado pelo major, porque o filho dele
está doente e pode até precisar do padre.
Chicó: – João, deixe de agouro com o menino, que isso pode se virar por cima de você.
João Grilo: – E você deixe de conversa. Nunca vi homem mais mole do que você, Chicó. O
padeiro mandou você arranjar o padre para benzer o cachorro e eu arranjei sem ter sido
mandado. Que é que você quer mais?

Trecho do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, encenado pela primeira vez em 1956.
https://www.redebrasilatual.com.br/revistas/2014/08/do-auto-da-compadecida-homenagem-
a-ariano-suassuna-9161/

SOBRE O TRECHO DE O AUTO DA COMPADECIDA, RESPONDA NO SEU CADERNO:

1. Há uma crítica social nesse trecho? Em caso positivo, identifique-a:

2. O cenário é muito importante para a construção do espaço em que se passará a ação


dramática e para a construção do perfil das personagens. Pensando nisso:

a) Em que local se passa a cena lida?

b) Quais as personagens que dela participam?

3. O “auto” foi uma das mais antigas manifestações teatrais, aprimorada no final da idade
média, durante o Humanismo por artistas como Gil Vicente, criador do “Auto da Barca
do Inferno”. (Veja slides sobre o Humanismo)

a) O que caracteriza um “auto”?

b) Quais as contribuições (inovações) de Gil Vicente para o Teatro?

4. “Os vícios dos homens e da sociedade estão em todas as peças de Gil Vicente,
representados por frades libertinos, magistrados corruptos [...] sociedades que
esquecem os valores éticos e morais” (João Domingues Maia)

35
Levando em conta a citação acima, qual a semelhança entre o “Auto da Barca do
Inferno” e o “Auto da Compadecida”? Explique a sua resposta.

Literatura Renascentista
A literatura renascentista, mais antiga apareceu na Itália do século XIV; Dante, Petrarca e
Maquiavel são exemplos notáveis de escritores italianos do Renascimento. Da Itália, a
influência do Renascimento se espalhou em ritmos diferentes para outros países, e
continuou a se espalhar por toda a Europa ao longo do século XVII. O renascimento inglês
e o renascimento na Escócia datam do final do século XV até o início do século XVII. No
norte da Europa, os escritos eruditos de Erasmo, as peças de Shakespeare, os poemas de
Edmund Spenser e os escritos de Sir Philip Sidney podem ser considerados de caráter
renascentista.

No campo da literatura, Classicismo é o nome dado aos estilos literários que vigoravam
no século XVI, na época do Renascimento. Por isso, a produção desse período também é
considerada Literatura Renascentista.

São características da Literatura Renascentista:


• Exaltação da dignidade do homem
• Predomínio da razão sobre o sentimento
• Imitação da natureza e verossimilhança
• Imitação dos autores greco-latinos (temas, uso da mitologia, formas poéticas
fixas, usos dos gêneros (épico, lírico e dramático).

36
Principais autores:
NA ITÁLIA NA ESPANHA EM PORTUGAL

- Torquato Tasso - Miguel de Cervantes - Luís de Camões

- Francesco Petrarca - Gomes Manrique - Francisco Sá de Miranda

- Ludovico Ariosto - Lope de Vega - Gil Vicente

- Nicolau Maquiavel - Tirso de Molina - Bernadim Ribeiro

- Giovanni Boccaccio - João de Barros

- Gaspar Correia

NA FRANÇA NA HOLANDA NA INGLATERRA

- François Rebelais - Erasmo de Rotterdam - William Shakespeare

- Pierre de Ronsard - Francis Bacon

- Michel de Montaigne - Christopher Marlowe

- Joachim du Bellay - Edmund Spenser

- François Villon (transição - Sir Thomas More


da Idade Média para o
Renascimento). - Geoffrey Chaucer

- Philip Sidney

- Christopher Marlowe

ATIVIDADE 11:
1.ESCOLHA DOIS AUTORES DE CADA PAÍS DO QUADRO ACIMA E
PESQUISE O NOME DE DUAS DE SUAS OBRAS.
ATIVIDADE 12:
Poema: SONETO 11

Amor é fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


37
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o amor?
Luís Vaz de Camões.

Entendendo o poema:

01 – Nesse poema Camões fornece diversas definições para “amor”. Cite-as.

02 – Você concorda com alguma dessas definições? Qual(is) e por quê?

03 – No primeiro verso, o poeta diz que o “Amor é fogo que arde sem se ver”. Explique o
porquê?

04 – Explique o verso: “É um solitário andar por entre a gente”.

05 – De acordo com sua leitura e interpretação, como o autor entende o amor? Justifique
sua resposta com passagens o texto.

06 – Que tipo de amor o poeta está cantando, amor físico ou idealizado?

07 – O que vem a ser amor idealizado?

08 – O texto se apresenta em que gênero?

09 – Analise as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta:


I – O poema explora o recurso da conotação.
II – É possível perceber a intertextualidade no texto.
III – Esse poema retrata uma época específica.

a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas I e II.
d) apenas I e III.
e) apenas II e III.

10 – Quanto a sua forma, o poema de Luís Vaz de Camões, é:


a) Um soneto.
b) Uma elegia.
c) Um madrigal.
d) Uma écloga.
e) Uma ode.

38
QUINHENTISMO

O Quinhentismo é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas


no Brasil durante o século XVI, no momento em que a cultura europeia foi introduzida no
país.

Note que, nesse período, ainda não se trata de literatura genuinamente brasileira, a qual
revele visão do homem brasileiro.

Trata-se de uma literatura ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão, as
ambições e as intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e
riquezas.

As manifestações ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do índio,


ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram.

39
Literatura de Informação

No século XVI, enquanto ocorria o Classicismo em Portugal, no Brasil eram produzidos


textos relativos ao processo de colonização. Esses escritos consistem no registro de
informações e impressões que viajantes e missionários europeus fizeram acerca da
natureza e do homem brasileiro. São cartas de viagem, diários de navegação e tratados
descritivos que, pelo seu caráter informativo, não se situam propriamente no âmbito da
literatura, mas no da crônica histórica e informativa. Esses primeiros textos têm um
importante valor histórico, pois, além de conter descrições da paisagem, do índio e dos
grupos sociais nascentes, são um testemunho do choque cultural que se deu entre
colonizadores e colonizados. Esse conjunto de textos que retratam nossas origens
inspirou a pintura, a música, o teatro, a literatura e o cinema, sobretudo no início do
século XX. A Carta de Caminha é o primeiro registro do que foi visto no Brasil e, por isso,
costuma ser considerada a “certidão de nascimento” do país. Além da Carta, destacam-
se entre esses escritos o Tratado da terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz
a que vulgarmente chamamos Brasil (1576), de Pero de Magalhães Gândavo, o Tratado
descritivo do Brasil (1587), de Gabriel Soares de Sousa, e Duas viagens ao Brasil (1557),
de Hans Staden. Os jesuítas, cuja missão era converter os índios à fé católica, produziram
poemas, autos, cartas, crônicas históricas e tratados descritivos voltados mais
diretamente à catequese. Entre esses autores, destacam-se os padres Manuel da
Nóbrega, Fernão Cardim e, principalmente, José de Anchieta.

Pero Vaz de Caminha e Pero de Magalhães Gândavo

Supõe-se que Pero Vaz de Caminha tenha nascido na cidade do Porto em 1450 e morrido
no ataque dos mouros à feitoria portuguesa de Calicute, na Índia, em dezembro de 1500.
Foi escrivão-mor da esquadra de Pedro Álvares Cabral, e o único documento de autoria
40
dele que se conhece é a carta em que relatou essa expedição ao rei de Portugal, D.
Manuel, em 1500. A Carta manteve-se inédita, guardada na Torre do Tombo, até 1817.
Esse documento demonstra que Caminha possuía uma formação cultural sólida, pois seu
texto se distingue pela erudição e pelo estilo. Pero de Magalhães Gândavo nasceu em
Braga, por volta de 1540, e morreu em 1580. Foi professor de latim, autor de uma
gramática da língua portuguesa e se distinguia pela erudição e pela cultura humanística.
Esteve no Brasil entre 1565 e 1570 e, a partir dessa experiência, escreveu o Tratado da
terra do Brasil, por volta de 1570, e História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente
chamamos Brasil (1576). Esta última obra inspirou um poema de Luís de Camões, de
quem o autor era amigo.

A seguir, dois textos: o primeiro é um fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha e o


segundo é um trecho do Tratado da terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo.

Texto 1

Carta

[...] Traziam, alguns deles, arcos e setas e todos os deram por carapuças e por qualquer
coisa que lhes davam. [...] Andavam todos tão dispostos, tão enfeitados e galantes, com
suas tinturas, que pareciam bem. Acarretavam dessa lenha, quanta podiam, com muito
boas vontades e levavam-na aos batéis; e andavam já mais mansos e seguros, entre nós,
do que nós andávamos entre eles. [...] Quando saímos do batel disse o Capitão que seria
bom irmos direitos à Cruz, que estava encostada a uma árvore junto com o rio, para se
erguer amanhã que é sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos
para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze
que aí estavam, acenaram-lhe que fizessem assim e foram logo todos beijá-la. Parece-me
gente de tal inocência que se a gente os entendesse e eles a nós, que seriam logo cristãos,
porque eles não têm nem entendem em nenhuma crença, segundo parece. E, portanto,
se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não
duvido, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, fazerem-se cristãos e crerem na nossa
santa fé, a qual, praza a Nosso Senhor que os traga porque, na verdade, esta gente é boa
e de boa simplicidade e gravar-se-á neles, ligeiramente, qualquer cunho, que lhes
quiserem dar. E logo deu Nosso Senhor bons corpos e bons rostos como a bons homens.
E Ele que nos por aqui trouxe, creio que não foi sem causa. E, portanto Vossa Alteza, pois

41
tanto deseja acrescentar na santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E praza a Deus,
que com pouco trabalho seja assim. [...]

(In: Carlos Vogt e José Augusto Guimarães de Lemos. Cronistas e viajantes. São Paulo:
Abril, 1982. p. 20-1.)

acarretar: levar, transportar.


batel: barco pequeno.
carapuça: gorro.
degredado: homens condenados pelos tribunais portugueses à pena do degredo
(expulsão da terra natal).
tenção: intenção, propósito.

Texto 2
Da condição e costumes do índio da terra
Quando estes índios tomam alguns contrários, se logo com aquele ímpeto os não matam,
levam-nos vivos para suas aldeias (ou seja, portugueses ou quaisquer outros índios seus
inimigos) e tanto que chegam a suas casas lançam uma corda muito grossa ao pescoço
do cativo para que não possa fugir; e armam uma rede em que durma e dão-lhe uma
índia moça, a mais formosa e honrada da aldeia [...] Esta índia tem cargo de lhe dar muito
bem de comer e beber; e depois de o terem desta maneira cinco ou seis meses ou o
tempo que quiserem, determinam de o matar. [...] Aquele que o há de matar empena-se
primeiro com penas de papagaio de muitas cores por todo corpo: há de ser este o mais
valente da terra, e mais honrado. Traz na mão uma espada de um pau muito duro e
pesado com que costumam matar, e chega-se ao padecente dizendo-lhe muitas coisas e
ameaçando-lhe sua geração que o mesmo há de fazer a seus parentes; e depois de o ter
afrontado com muitas palavras injuriosas dá-lhe uma grande pancada na cabeça para
tomar os miolos e o sangue: tudo enfim cozem e assam, e não fica dele coisa que não
comam. Isto é mais por vingança e por ódio que por se fartarem. Depois que comem a
carne destes contrários ficam nos ódios confirmados, e sentem muito esta injúria, e por
isso andam sempre a vingar-se uns contra os outros [...]
Finalmente que são estes índios muito desumanos e cruéis, não se movem a nenhuma
piedade: vivem como brutos animais sem ordem nem concerto de homens [...] Todos
comem carne humana e têm-na pela melhor iguaria de quantas pode haver: não de seus
amigos com quem eles têm paz se não dos contrários. Têm esta qualidade estes índios
que de qualquer coisa que comam por pequena que seja hão de convidar com ela
quantos estiverem presentes. [...]

42
ATIVIDADE 13
1. A Carta de Caminha tinha o objetivo de informar D. Manuel, rei de Portugal, sobre o
que foi encontrado nas terras do Novo Mundo.
a. No texto 1, que informações sugerem que o indígena poderia ser uma mão de obra
fácil de ser utilizada pelos portugueses?
b. De que modo Caminha descreve a aparência do indígena?
c. Caminha sugere que a relação de confiança estabelecida entre os indígenas e os
europeus não era percebida da mesma maneira por ambas as partes. Identifique um
trecho que confirme tal afirmação.
2. A Carta revela a visão de mundo do europeu, bem como seus valores e suas intenções
em relação às terras recentemente encontradas.
a) Caminha projeta no Novo Mundo a ideia de um paraíso habitado por homens puros.
Justifique essa informação com elementos do texto.
b) De acordo com Caminha, a salvação desses povos se daria por meio da conversão ao
catolicismo. Levante hipóteses: Que outras intenções estariam ligadas a esse propósito
religioso de salvar a alma dos índios?
3. Os textos de Gândavo foram escritos aproximadamente setenta anos após a Carta. No
texto 2, ele trata do ritual antropofágico.
a) Qual é o juízo de valor que Gândavo fazia dos indígenas?
b) Que qualidade o autor reconhecia nos indígenas?

Literatura Jesuítica

A expansão marítima realizada por portugueses e espanhóis no século XVI tinha


por objetivo conquistar novas terras. Após a descoberta do Brasil, pela frota de Pedro
Álvares Cabral em 1500, houve estranhamento entre os europeus e os nativos dos
territórios que eles julgavam ser as Índias. Na época, Portugal encontrava-se em plena
expansão mercantil e, para domar os povos que habitavam os territórios, começaram a
guerrear e tentar convertê-los religiosamente. No ano de 1549 ocorre a Contrarreforma
(Reforma Católica) e, com ela, os jesuítas chegam ao território brasileiro. Sua missão era
43
a catequese dos índios e instalação de estabelecimentos de ensino no Brasil. Desta forma,
foram os fundadores dos colégios. Naquela época, estas instituições eram a única forma
de cultura que existia na colônia portuguesa.

Assim começam a aparecer as obras literárias que formam o Quinhentismo do


Brasil, período literário de cartas, documentos, mapas e ensaios informativos sobre as
novas terras. No que se refere à literatura jesuítica, as formas mais marcantes de sua
prática eram: poesia devota, teatro pedagógico baseado em passagens da Bíblia e
documentos sobre os avanços e dificuldades na catequese dos nativos. Entre estas
ferramentas utilizadas para catequizar os índios, a mais lúdica e eficiente era o teatro.
Além dos indígenas, também era necessário criar regras morais para os costumes dos
brancos colonizadores. Para as apresentações teatrais, os jesuítas aprenderam o Tupi
para criar uma aproximação com os nativos, que, não somente assistiam às peças. Eles
participavam cantando, dançando e atuando.

Entre os mais importantes autores de literatura jesuítica naquele período estão


Fernão Cardim, que era um missionário e Manuel da Nóbrega, sacerdote jesuíta. O padre
José de Anchieta, por seu grande contato com a população indígena, ficou conhecido
como o grande piahy, o supremo pajé branco. Entre suas contribuições para a literatura
brasileira estão a primeira gramática da língua tupi, que funcionava como uma cartilha
para o aprendizado dos nativos. As peças e poesias que escrevia eram uma mistura dos
costumes indígenas com a moral do catolicismo. O Auto de São Lourenço, uma de suas
peças de maior destaque, é uma obra que abrange o espanhol, o português e o tupi para
contar a história de São Lourenço, um mártir católico que morreu queimado ao se negar
a renunciar a sua fé. Em uma tentativa de harmonizar os valores dos nativos com a moral
católica, Anchieta dedicou uma vida ao estudo dos mitos indígenas, suas ideias e modo
de vida. (https://www.infoescola.com/literatura/literatura-jesuitica/)

ATIVIDADE 14: RESPONDA TODAS AS QUESTÕES DE ACORDO COM O TEXTO:


1. Conforme o texto, a única forma de cultura no Brasil em 1549, eram por meio:
a) dos livros literários.
b) das bibliotecas católicas.
c) dos professores particulares portugueses.
d) das igrejas.
e) das escolas.

2. A forma mais eficiente de doutrinar os índios foi com:


44
a) os livros.
b) as bibliotecas.
c) o ritual religioso.
d) as livrarias.
e) o teatro.

3. Uma das contribuições do Padre Anchieta foi, sem dúvida, uma:


a) reformulação da Bíblia.
b) construção das bibliotecas.
c) criação de gramática portuguesa.
d) criação de gramática indígena.
e) inauguração de um jornal na língua Tupi.

4. A alternativa que não corresponde à manifestação literária em território brasileiro em


1549 é:
a) catequese dos índios.
b) construção de colégios.
c) teatro.
d) publicação de livros.
e) poesia.

5. Como estratégia de interação social com os nativos, os jesuítas valeram-se


principalmente de:
a) aulas de língua portuguesa nas escolas.
b) aprendizagem da língua Tupi.
c) utilização de adereços indígenas.
d) uso da força militar.
e) peças de humor sobre Deus.

6. “Entre estas ferramentas utilizadas para catequizar os índios, a mais lúdica e eficiente
era o teatro”, a palavra “lúdica” significa, neste contexto:
a) estimulante.
b) trágica.
c) enérgica.
d) enigmática.
e) infantil.

O BARROCO

45
O barroco brasileiro é uma estética da Era colonial da literatura brasileira, cujo marco é A
prosopopeia de Bento Teixeira (1601). Como não havia independência política,
o barroco aqui produzido faz parte da literatura brasileira e lusitana. Ainda assim, é
possível observar ecos da vida colonial na literatura barroca. Nas artes, e na arquitetura,
também houve manifestações barrocas, sendo o principal nome Aleijadinho. Na música,
o barroco também se fez presente.

Assim como na Europa, o barroco na literatura brasileira é marcado pela contradição,


pela dualidade. Os principais nomes desse período foram Bento Teixeira, Gregório de
Matos e Botelho de Oliveira. Na prosa, temos os sermões de Padre Antônio Vieira.

Bento Teixeira – importância da primazia, sendo seu poemeto bastante sem


desenvoltura. Pode-se considerar Bento Teixeira como um dos primeiros maneiristas ¹
coloniais.

Botelho de Oliveira – o mais importante representante do gongorismo (conceptismo) no


Brasil. Sua obra é marcada por analogias e paradoxos, com uma fusão no plano sonoro e
imagístico (imagens) e não apena no semântico.

Gregório de Matos – foi sem dúvida o mais expressivo dos barrocos. Conhecido como
Boca do Inferno por causa de sua poesia satírica, criticava, principalmente, o governador
da cidade da Bahia, Câmara Coutinho, o Braço de Ferro. A obra de Gregório é dividia:

• Poesia lírica – a obra lírica de Gregório de Mattos traz também a temática da


culpa. O eu lírico sente-se culpado pelo desejo que sente.
• Poesia satírica – tinha como principal alvo o governador da cidade da Bahia ².
• Poesia sacro-filosófica – traz uma discussão metafísica (que transcende o físico)
da vida, do amor e da fé.
• Poesia erótica – traz uma sensualidade explícita que confirmava a alcunha de
profano.

É temática recorrente a discussão sobre a mutabilidade da vida. Agora, porém, há uma


discussão mais religiosa, observada em simbologias que nos remetem à fé como luz, Sol,
sombras que denota a dualidade barroca. Além disso, há clara argumentação nos poemas
de Gregório, principalmente nos sacro-filosóficos.

Na prosa, o nome que mais se sobressai é o de Padre Antônio Vieira, apesar de lusitano,
sua identificação com Brasil é evidente. Bosi afirma que “existe um Vieira brasileiro, um
Vieira português e um vieira europeu”³, ou seja, a produção literária de Vieira assumia
todas essas dimensões territoriais, ressaltando a genialidade escritor.

A prosa de Vieira era argumentativa, seus sermões, via de regra, partiam de


uma parábola ou versículo para o desdobramento metafórico. Vieira valia-se das
descrições alegóricas e da retorica bem elaborada num exemplo claro de conceptismo.
Na verdade, o sermonista não valorizava o cultismo, pois dizia que a pregação tinha que
ser clara e de fácil compreensão. Outra característica dos sermões é a presença de termos
e expressões em latim. Essa característica mostra a erudição do padre.

46
Estruturalmente, os sermões eram divididos em intróito ou exórdio – a apresentação,
introdução da pregação; desenvolvimento ou argumentação – defesa da ideia; peroração
– conclusão da argumentação com uma edificação moral.

Partindo do Sermão da Sexagésima, podemos compreender a estrutura dos sermões de


Vieira. O sermão parte da Parábola do bom semeador, fazendo uma analogia entre
semear e pregar, para depois aplicar ao tema.

Notas:

1 Maneirismo – é uma variação do classicismo, considerado pré-barroco. No maneirismo,


há aprofundamento da espiritualidade, da religiosidade sem abandonar os ideais
classicistas.

2 Governador refere-se a quem governa – não tem o sentido atual.

3 Alfredo Bosi.

Fonte: https://www.infoescola.com/literatura/barroco-no-brasil/

ATIVIDADE 15: Questões sobre Literatura Barroca


As questões a seguir, devem ser respondidas após a leitura da apresentação no
Jamboard e do texto.

Leia com atenção antes de responder:

1. Grandes precursores do Barroco em terras brasileiras:

a) Índios
b) imigrantes
c) Religiosos católicos
d) Políticos

2. A Literatura Barroca era usada como:

a) Forma de doutrinação ao Cristianismo


b) Forma de entretenimento
c) Escrita com fins informativos
3. O Barroco destacou-se no Brasil, na Bahia e:

a) No Rio Grande do Sul


b) Em Minas Gerais
c) Em Pernambuco

4. Marco da poesia Barroca no Brasil:

a) Meus oito anos


b) Prosopopeia
47
c) Sacramento

5. Linguagem da Literatura Barroca

a) Informal e Objetiva
b) Simples e direta
c) Rebuscada e dramática

6. Escritor conhecido como "Boca do Inferno" por suas obras


satíricas:

a) Antônio Vieira
b) Gregório de Matos Guerra
c) Manuel Botelho

7. No Campo religioso, destacou-se por seus sermões e poesias:

a) Padre Antônio Vieira


b) Gregório de Matos Guerra
c) Manuel Botelho

8. A Poesia satírica de Gregório de Matos Guerra:

a) Criticava o amor e a felicidade


b) Explorava a mudança das coisas
c) Criticava padres, Freiras, autoridades, mulatos e indígenas.

9.Relacione as características da Literatura Barroca

(1) Religiosidade
(2) Moralismo crítico
(3) Dualidade
(4) Pessimismo
(5) Contraste
( ) Aproximação de mundos opostos nas obras
( ) Sagrado X profano, vida x morte, fé x razão.
( ) Poesia dirigida a Jesus, oração.
( ) Obsessão pelo comportamento ético-cristão
( ) Atração pelo cruel, morte, trágico.

ATIVIDADE 16: O texto a seguir trata-se de um fragmento do Sermão do


Bom ladrão, escrito há mais de 300 anos pelo Padre Antônio Vieira, no
Período Barroco. Observe a linguagem rebuscada e o intuito doutrinador e
ao mesmo tempo crítico do texto.
Leia com atenção e responda no seu caderno:
SERMÃO DO BOM LADRÃO (FRAGMENTO)
48
Suponho que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza
de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou
alivia o seu pecado, como diz Salomão: "O ladrão que furta para comer não vai nem leva
ao inferno." Os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre
e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento
distingue muito bem São Basílio Magno. "Não são ladrões, diz o Santo, os que cortam
bolsas, ou espreitam os que vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais
própria e dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os
exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais
já com manhã, já com força, roubam e despojam os povos." Os outros ladrões roubam um
homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem
temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.
Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande
tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar:
"Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos." Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E
mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas
vezes se viu em Roma ir enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia
ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador por ter roubado uma província! De um
chamado Seronato disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: "Seronato sempre
ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer." Isto não era zelo de justiça,
senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.
Pe.AntônioVieira.

Entendendo o texto:
01 – Leia o trecho a seguir, extraído do Sermão do Bom Ladrão:
"Não são ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que vão banhar, para
lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título, são
aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias,
ou a administração das cidades, os quais já com manhã, já com força, roubam e despojam
os povos."
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam
debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados,
estes furtam e enforcam.
a) Vieira descreve em seu sermão, dois tipos de ladrão. Quais são eles?
b) Para Vieira, qual desses dois tipos de ladrão é o mais nocivo à sociedade? Como o autor
justifica sua posição?
c) O sermão de Vieira foi escrito há mais de 300 anos. Em sua opinião, a temática do sermão
continua atual?

02 – Como o pregador desculpa os ladrões miseráveis?

49
03 – Qual foi o brado de Diógenes ao ver as autoridades levar a força alguns ladrões?

04 – Com base na leitura do fragmento acima, leia as assertivas que seguem e marque as
corretas:
I – Observa-se o profundo entendimento de Padre Antônio Vieira sobre a problemática
brasileira do período – ele ataca e critica aqueles que se valiam da máquina pública para
enriquecer ilicitamente.
II – O fragmento denuncia a desproporcionalidade das punições que são destinadas de
maneiras distintas aos dois tipos de ladrões descritos no fragmento.
III – Padre Antônio Vieira usou o púlpito como arauto de suas indignações com os
desmandos da vida pública.

05 – Segundo o texto o que diz Salomão?

06 – Assinale a alternativa cuja citação se aproxima tematicamente do “Sermão do bom


ladrão” de Antônio Vieira.
(A) “Rouba um prego, e serás enforcado como um malfeitor; rouba um reino, e se possui
é o instrumento da liberdade; aquele que se persegue é tornar-te-ás duque.” (ChuangTzu,
filósofo chinês, 369-286 a.C.)
(B) “Para quem vive segundo os verdadeiros princípios, a grande riqueza seria viver
serenamente com pouco: o que é pouco nunca é escasso.” (Lucrécio, poeta latino, 98- 55
a.C.)
(C) “O dinheiro que o instrumento da escravidão.” (Rousseau, filósofo francês, 1712- 1778)
(D) “Que o ladrão e a ladra tenham a mão cortada; esta será a recompensa pelo que fizeram
e a punição da parte de Deus; pois Deus é poderoso e sábio.” (Alcorão, livro sagrado
islâmico, século VII)
(E) “Dizem que tudo o que é roubado tem mais valor.” (Tirso de Molina, dramaturgo
espanhol, 1584-1648)

O ARCADISMO

O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclacissismo, é o movimento


que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O
nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em
referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto).

Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega que perpassa o movimento.

50
Profundas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o período, tais como a
ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na
América do Norte, ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo
caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como
foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada
da Família Real em 1808.

O Balanço (década de 1730), de Nicolas


Lancret

O movimento tem características


reformistas, pois seu intuito era o de dar
novos ares às artes e ao ensino, aos
hábitos e atitudes da época. A
aristocracia em declínio viu sua riqueza
esvair-se e dar lugar a uma nova
organizaçõ econômica liderada pelo
pensamento burguês.

Ao passo que os textos produzidos no período convencionado de Quinhentismo sofreram


influência direta de Portugal e aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura
espanhola, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura francesa
devido aos acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o
mundo Ocidental).

Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São
Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:

a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização
da natureza e da mitologia.

b) ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da


burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da
Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é
1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.

Arcádia Ultramarina

Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada
pela Arcádia italiana (fundada em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto
é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns
dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes
inspirados na mitologia grega e romana.

Principais características

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- Inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo,
em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas
Chilenas (gênero satírico);

- Influência da filosofia francesa;

- Mitologia pagã como elemento estético;

- O bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos


nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;

- Tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;

- Pastoralismo: poetas simples e humildes;

- Bucolismo: busca pelos valores da natureza;

- Nativismo: referências à terra e ao mundo natural;

- Tom confessional;

- Estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;

- Exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.

Termos em latim

O uso de expressões em latim era comum no neoclacisssimo. Elas estavam associadas ao


estilo de vida simples e bucólico. Conheça algumas delas:

Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do
barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.

Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;

Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos
monárquicos;

Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua
amada a aproveitar o momento presente.

Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e


habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético,
isto é, a simulação de sentimentos fictícios.

https://www.soliteratura.com.br/arcadismo/

RESUMINDO...

52
53
ATIVIDADE 17
LEIA COM ATENÇÃO OS TRECHOS DO
POEMA “MARÍLIA DE DIRCEU” E
RESPONDA:
Lira I, parte 1 QUESTÕES:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado,
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
1. Quem é o eu- lírico, ou
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; seja, a voz do poema?
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que visto. 2. Uma das características
Graças, Marília bela, do Arcadismo é o
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Bucolismo, a utilização na
Dos anos inda não está cortado; literatura, de temas
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado.
relacionados à vida
Com tal destreza toco a sanfoninha, campestre e pastoril.
Que inveja até me tem o próprio Alceste: Retire dois versos de cada
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra que não seja minha. texto que comprovem o
Tomás Antônio Gonzaga – uso do bucolismo no
“Marília de Dirceu” (1972) poema:
3. O poeta preocupou-se
Lira XII, parte 2 com a descrição física ou
psicológica de Marília?
... Quando levares, Marília,
Teu ledo rebanho ao prado, Cite um verso que
Tu dirás: Aqui trazia comprove sua resposta.
Dirceu também o seu gado.
Verás os sítios ditosos 4. O eu-lírico faz sua própria
Onde, Marília, te dava
Doces beijos amorosos
descrição para Marília.
Nos dedos da branca mão. Como você imagina
Dirceu?
Mandarás aos surdos Deuses 5. Cite características do
Novos suspiros em vão.
arcadismo que podemos
encontrar no poema:
Quando à janela saíres,
Sem quereres, descuidada, 6. Faça um desenho que
Tu verás, Marília, a minha represente o poema
E minha pobre morada.
Tu dirás então contigo: “Marília de Dirceu”
Ali Dirceu esperava
Para me levar consigo;
E ali sofreu a prisão.

Mandarás aos surdos Deuses


Novos suspiros em vão.

Tomás Antônio Gonzaga - “Marília de Dirceu” (1972)

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ATIVIDADE 18: Exercícios de revisão de
Texto 1
conteúdo:
Ofendi-vos, Meu Deus, bem é - Barroco
verdade;
- Arcadismo
É verdade, meu Deus, que hei
1. No texto, o eu lírico dirige-se diretamente a
delinquido.
Cristo falando de si mesmo.
Delinquido, vos tenho, e
a) Como o eu lírico se coloca diante de Cristo?
ofendido,

Ofendido vos tem minha b) Na primeira estrofe, o eu lírico faz um jogo


maldade.
com dois verbos que revelam seu pecado. Quais
são os verbos?
Maldade, que encaminha à
vaidade, c) Que característica pessoal o eu lírico
Vaidade, que todo me há apresenta como causa do seu pecado?
vencido;
2. Na segunda estrofe, o eu lírico continua sua
Vencido quero ver-me, e
arrependido, confissão.

Arrependido a tanta
enormidade.
a) Ele confessa “vencido” e diz que quer “ver-se
vencido”. Quais são os agentes dessas duas
expressões?
Arrependido estou de coração,

De coração vos busco, dai-me b) Esse compromisso do eu lírico implica um


abraços, compromisso de Cristo. Qual?
Abraços, que me rendem vossa
luz. 3. Levando em conta a presença do vocativo
“Meu Deus”, do imperativo “dai-me” e da
declaração devocional do último verso, a que
Luz, que claro me mostra a
gênero textual se assemelha o poema?
salvação,

A salvação pretendo em tais


abraços,

Misericórdia, Amor, Jesus,


Jesus.

(In: Antologia da poesia barroca


brasileira, cit. p. 45)

Hei delinquido: tenho cometido


delitos; tenho cometido atos
ofensivos.

Enormidade: ação descabida,


55
absurda; barbaridade.
ATIVIDADE 19:

Exercícios

Após a leitura do texto abaixo (extraído da Carta de Caminha), responda à questão


1.

“Nela até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma cousa
de metal, nem de ferro; nem lho vimos. A terra, porém, em si, é de muito bons ares.”
(...)
“Mas o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente. E
esta deve ser a principal semente que vossa Alteza em ela deve lançar. E que não
houvesse mais ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, bastaria,
quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja,
a saber, acrescentando de nossa santa fé.”

1) A respeito da Carta, de Caminha, podemos afirmar que


(A) não há preocupação com a conquista material.
(B) a única preocupação era a catequese dos índios.
(C) é representativa do Barroco brasileiro.
(D) apresenta tanto preocupação material quanto espiritual.
(E) não cita, em momento algum, os nativos brasileiros.

2) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro.

I.A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e


contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra.
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um
imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas.
III. A oposição entre Reforma e Contra-- Reforma expressa, no plano religioso, os
mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.

Quais estão corretas?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas l e III.
(E) I, II e III.

56
3) Pode-se reconhecer nos versos abaixo, de Gregório de Matos,

“Que falta nesta cidade? Verdade”.


Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha."

(A) o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em
tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.
(B) o caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando
piedosa lamentação pela falta de fé do gentio.
(C) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das
funções de um autêntico moralizador.
(D) o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do
arrependimento do poeta pecador.
(E) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões
do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

4) Quanto ao período barroco e seus representantes na literatura colonial brasileira,


é correto afirmar que

(A) os sermões de Antônio Vieira apresentam uma retórica complexa pela


exuberância de imagens e pelos postulados morais e religiosos.
(B) a obra de Gregório de Matos se distingue pela sua unidade temática, expressa por
um tom satírico.
(C) a poesia irreverente de Gregório de Matos satiriza diferentes tipos sociais,
exceção feita aos representantes da Igreja.
(D) o predomínio dos valores transcendentais, motivados pela Reforma, marca o
estilo barroco da obra de Vieira.
(E) Gregório de Matos se ateve ao uso da língua culta da Metrópole, ao contrário de
Vieira, que utilizou termos indígenas, africanos e populares.

5) Leia as afirmações abaixo sobre o Arcadismo brasileiro.

I. Os poetas árcades colocavam-se como pastores para realizarem, dessa forma, o


ideal de uma vida simples em contato com a natureza.

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II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha reproduzido muito dos modelos europeus,
apresentou características próprias, como a incorporação do elemento indígena e a
sátira política.
III. O tema do Carpe diem, em que o poeta expressa o desejo de aproveitar
intensamente
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.

Resenha de Literatura:

Data de entrega:___________

Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma produção completa:

1. Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai resenhar;
2. Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser
resenhado;
3. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou até, de
forma sutil, o número de páginas do texto completo;
4. Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto resenhado;
5. Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião. Argumente
baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo utilizando-se de
explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos
para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.

Obs: Nesta parte da resenha, quero que vocês analisem o tema principal do livro, relacionando-o com
os dias atuais, ou seja, com a realidade em que estamos inseridos no Brasil ou mundialmente.

6. Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para quem o
texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na
idade, na escolaridade, na renda etc.
7. Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não do autor
da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do escritor ou
pesquisador.
8. Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo como “Aluno
do Ensino médio da Escola Bento Gonçalves”

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QUERIDO ALUNO

Estudar exige comprometimento, responsabilidade e dedicação. É abrir portas para o


próprio crescimento e evolução, construindo assim, um mundo inteiro de possibilidades.
Nenhum sonho é impossível!

Continue realizado suas atividades com empenho e conte comigo em sua trajetória

BONS ESTUDOS! Abraços da professora

SÍLVIA FEIJÓ DE SOUZA.

Licenciatura em Letras – UNISINOS

Pós-Graduação em Coordenação Pedagógica: Supervisão e Gestão escolar - ULBRA

Pós-Graduação em Literatura brasileira - UNIDOMBOSCO

Pós-Graduação em Literatura Contemporânea - UNIDOMBOSCO

Pós-Graduanda em Literatura inglesa - INTERVALE

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