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Introdução
Estudos afirmam que a literatura surgiu juntamente à escrita, mas há os que a abordam
como algo muito além do papel: alguns pesquisadores consideram a literatura das
canções e das lendas, a literatura anónima e colectiva passada de boca em boca até então
tomar forma e ganhar autores por meio do surgimento da escrita. Consideremos, então,
que a literatura:
“É universal, mas não está ligada em particular a este ou àquele país ou período
histórico. É de facto tão antiga quanto a raça humana e é inerente ao homem, como são
parte dele os olhos ou os ouvidos, a fome e a sede.” (LEDO apud VAN LOON, 2001)
Se é possível simplificar algo tão grandioso, podemos dizer que a literatura é apenas a
junção de palavras com intenções estética dividida pelos géneros lírico, épico e
dramático.
2. Texto lírico
2.1. Conceito de texto lírico
A noção de lírica está associada à lira, um instrumento de cordas que se utilizava para
acompanhar os recitais deste tipo de poesia. As obras líricas são subjectivas, são
redigidas na primeira pessoa e reflectem as vivências e as crenças íntimas do autor.
O género lírico é composto pelo falante lírico (quem exprima os seus sentimentos), pelo
objecto lírico (o ente ou a situação que desperta os sentimentos do poeta, expressados
através do falante lírico), pelo motivo lírico (o tema da obra) e pela atitude lírica (a
forma segundo a qual o falante exprime os seus sentimentos: pode ser uma atitude
enunciativa, apelativa ou carmínica).
Hino e ode
Écloga e idílio
Epitalâmico e Haicai
Elegia e Sátira
Soneto
Hino e ode
O hino é um poema usado para a exaltação, normalmente a nações e pátrias. Mas pode
ser usado para louvor ou glorificação de pessoas. O ode também é um poema de
exaltação, mas é voltado geralmente para personagens. De origem grega “ode”, que
significa “canto”
Écloga e Idílio
Tanto a écloga quanto o idílio são poemas que tem o intuito de retratar a vida bucólica,
a vida pastoril. Contudo, o que vai diferenciar um do outro é que o idílio a presença de
diálogos é bem forte. Sendo que na écloga, dificilmente terá diálogos.
Epitalâmico e Haicai
Epitalâmico é um poema usado para homenagear o vínculo conjugal, o casamento. É
um poema lírico para celebrar o casamento e o vínculo que está ocorrendo entre os
noivos. Haicai é de origem japonesa e é um poema composto por três versos, contendo
dezassete sílabas. Geralmente, haicai é um poema com temas voltados para a natureza.
Elegia e Sátira
Elegia é um poema demarcado por sentimentos melancólicos, tristes. Originalmente da
Grécia, elegia tem como temas acontecimentos muitos tristes, como a morte e o amor
não correspondido. A sátira é um poema criado para ridicularizar alguém ou alguma
situação. É um subgénero bem conhecido e usado em programas humorísticos.
A crítica e a ironia da sátira podem ser direccionadas directamente para atingir uma
pessoa com ênfase em seus vícios e defeitos, ou em situações com temática social,
política, económica, etc.
Soneto
O soneto é um dos mais conhecidos géneros líricos. Foi criado por um italiano, é por
isso que o termo tem origem da palavra italiana “sonetto”, que quer dizer “pequeno
som”.
O soneto surgiu no século XIV, e foi consagrado na Língua Portuguesa pelas mãos de
Luís de Camões. É formado por dois quartetos e dos tercetos estritamente rimados.
Cada quarteto com quatro versos e cada tercetos com três versos, totalizando quatorze
versos.
Exemplo: Soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, por Luís de Camões.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
No texto lírico, predomina uma voz central, um "Eu" que, sem preocupações espácio-
temporais, revela o seu olhar sobre o mundo, com que se funde, e aprofunda as suas
vivências emocionais, os seus estados de alma, reflexões, concessões e sentimentos.
Usualmente, recorre à enunciação na primeira pessoa, podendo traduzir entusiasmos
individuais e colectivos.
Ao final do período medieval, os poemas cantados começam a perder espaço para o
texto escrito e os poetas se dedicam ao trabalho formal de suas obras que passam a ter
divisões em estrofes, a metrificação dos versos (pelas sílabas poéticas) e as rimas.
Tem sua origem na poesia lírica, que era cantada e acompanhada de instrumentos
musicais. A própria palavra “lírica”, ligada a “lira” (nome de um instrumento de
cordas), evidencia essa relação.
Pode-se dizer que a poesia é a independência literária com relação aos instrumentos
musicais porque são as próprias palavras, com suas nuances e repetições, que garantem
o ritmo e a musicalidade do texto.
Quem elucida o poema é uma voz poética, uma entidade fictícia criada pelo autor
da obra, e não um narrador;
Possui um carácter completamente subjectivo, por se tratar da expressão de
sentimentos e de emoções, algo que também pode ser identificado com o uso
constante da linguagem conotativa e da figura de linguagem;
Sua estrutura é formada por estrofes, rimas e versos com aspectos de musicalidade
associada a métrica;
É um género caracterizado pela exposição, exteriorização de um mundo interior e
individual do eu poético;
O ‘narrar’ o poema, se refere a voz da poesia, a voz poética, e não narrador, pois
como foi mencionando acima, o género lírico não existe narrador;
O autor é a pessoa real, a pessoa que escreve a poesia e cria o sujeito lírico para
falar dos seus sentimentos.
Contudo, nem sempre são sentimentos positivos, é possível encontrar textos do género
lírico com expressando emoções de raiva, ódio, fúria, entre outros. Dessa forma, o
género lírico é um tipo de texto que expressa sentimentos e emoções de alguém. É uma
internalização de um mundo interior.
Por meio do lirismo, textos desse género costumam fazer uso da função poética da
linguagem. Além disso, são textos marcados pelo uso da primeira pessoa, linguagem
conotativa das palavras, assim como figuras de linguagem.
Isto porque, género lírico foca na subjectividade da voz poética. Isto é, dos sentimentos
mais íntimos de quem narra a poesia, o sujeito lírico.
Na linguagem quotidiana, a lírica é aquilo que promove no espírito um sentimento
semelhante àquele que produz a poesia lírica. Por exemplo: “A lírica do futebol
observa-se nos pés de Lionel Messi”. A lírica actual, sem deixar de ser a forma
literária em que o eu-lírico manifesta sua subjectividade e deixa fluir seu
sentimentalismo, tem incorporado temas filosóficos e preocupações de cunho social. A
lírica trás em si uma preocupação com a própria actividade poética. Além de poesia
sentimental, a lírica é uma poesia reflexiva, pois também está voltada para a realidade
quotidiana e para o fazer poético.
Referências