Você está na página 1de 7

1.

Textos líricos

1.1 Origem:

O termo «lírica» provém da palavra «lira», nome de um instrumento antigo de cordas cujo som é
muito agradável. O soar da lira era, normalmente, acompanhado por versos cantados, que, com a
passagem do tempo, tomaram o nome do instrumento. Os versos expressavam o estado sentimental
de quem os cantava. Assim, textos líricos passaram a ser aqueles em que o sujeito enunciador
expressa as suas emoções, os seus sentimentos face a si mesmo ou ao mundo.

1.2 Definição:

O texto lírico é aquele que, recorrendo a um discurso denso, expressivo, breve e conciso, permite,
artisticamente e com musicalidade e ritmo, exprimir as emoções, os sentimentos, os desejos ou os
pensamentos íntimos que nascem ou se apresentam ao espírito, ou seja, ao mundo interior do "Eu".
No texto lírico, predomina uma voz central, um "Eu" que, sem preocupações espácio-temporais,
revela o seu olhar sobre o mundo, com que se funde, e aprofunda as suas vivências emocionais, os
seus estados de alma, reflexões, concessões e sentimentos. Usualmente, recorre à enunciação na
primeira pessoa, podendo traduzir entusiasmos individuais e coletivos.

A poesia é a forma de literatura que melhor e com mais frequência privilegia o lirismo, embora
também o possamos encontrar em diversos textos de prosa. O verso e os recursos sonoros e textuais,
como rima, métrica, ritmo, musicalidade e figuras de linguagem favorecem, na poesia, o tratamento
desta expressão de sentimentos, das emoções e pensamentos. Isto não invalida a presença da efusão
lírica em belíssimos textos de prosa, cuja estrutura frásica, o predomínio da linguagem conotativa e
das funções poética e emotiva, o vocabulário marcadamente afetivo, ou as imagens permitem
exprimir a mensagem individual e íntima. O que interessa é a criação onde dominam as
preocupações do "EU" que procura comunicar os seus estados de alma e as suas reações.

2.Principais Características
• Poesia (escrita em versos)
• Subjetividade
• Sentimentalidade, emotividade e afetividade
• Metrificação e rima
• Musicalidade

2.1 O que é Poesia?

A Poesia é um texto poético, geralmente em verso, que faz parte do género literário denominado
"lírico".
Ela combina palavras, significados e qualidades estéticas. Nela, prevalece a estética da língua sobre
o conteúdo, de forma que utiliza de diferentes dispositivos fonéticos, sintáticos e semânticos.
A poesia é dividida em versos que, agrupados, são chamados estrofes. As origens literárias da
poesia apontam que ela nasceu para ser cantada, por isso a preocupação com a estética, a métrica e a
rima.

1
A poesia é um texto onde o autor expressa diretamente sentimentos e visões pessoais. A voz que se
manifesta na poesia, ou seja, o sujeito poético e fictício criado pelo escritor é chamado de eu lírico.
Ela está entre as mais antigas formas de arte literária, havendo registo de poesias em hieróglifos no
Egito 25 séculos antes de Cristo. Na poesia moderna, uma das mais importantes ferramentas é a
metáfora, uma figura de linguagem.
Entre os vários tipos de formas poéticas, temos:
Dístico (poema de dois versos)
Décima (poema de dez versos)
Soneto (poema de 14 versos)
Ode (poema de exaltação)

2.2 Principais Tipos de Poesia

A poesia pode ser dividida em três géneros principais:

Poesia Lírica: pode ser traduzida como a maneira de expressar sentimentos por meio da palavra
falada ou escrita.

Poesia Épica: é marcada pela objetividade, onde são narrados os fatos considerados importantes
para o poeta.

Poesia Dramática: tem como característica a subjetividade e objetividade, com a opinião do poeta.
Há também géneros menos usados, como, por exemplo, a poesia pastoral.

2.3 Poesia Lírica

Entre os géneros da poesia, o mais aplicado está o lírico. A subjetividade é a característica principal
deste género poético.

Nele, o poeta oferece por meio do pensamento a sua visão social, de mundo, sua realidade e
expressa os sentimentos com atenção à estética, técnica e métrica.
A maioria dos textos líricos está escrito em verso. Além da subjetividade, as características do
género lírico são: estética apurada, linguagem elaborada atenção à forma. Ou seja, disciplina
estrutural.

Os componentes da poesia lírica são: a métrica, o verso e a rima. A métrica é traduzida com a
disciplina na estrutura de combinações distintas para a formação de versos, rima, ritmo e estrofes.
Já o verso é composto pelo conjunto de palavras submetidas ao ritmo e que dá origem a outros
versos. Pode apresentar pausas, acertos de rima. O verso é classificado segundo o número de sílabas
que contêm.

O verso comporta a rima em um conjunto silábico, sendo chamado verso maior quando por nove
sílabas e maior, se a quantidade superar este número. Se não houver obediência a este recurso, o
verso é denominado livre.
3.Eu Lírico

O eu lírico (também chamado de "sujeito lírico" ou "eu poético"), diferente do autor do texto
(pessoa real) é uma entidade fictícia (pode ser feminino ou masculino), uma criação do poeta, que
faz o papel de narrador ou enunciador do poema. Em outros termos, o eu lírico representa a "voz da
poesia".

2
Para entender melhor esse conceito, basta lembrar das cantigas de amigos trovadorescas, escritos
pelos trovadores, em que o eu-lírico é feminino, cuja voz feminina aparece como a pessoa que
escreve o texto. Assim, não devemos confundir a voz do autor (sujeito autobiográfico) com a voz do
poema (sujeito poético).

No caso do género lírico, o eu lírico expressa suas emoções e impressões por meio de seu mundo
interior e por isso, geralmente aparece escrito com verbos e pronomes na primeira pessoa.

4.Géneros Literários

Os géneros literários representam as categorias dos textos literários os quais são classificados
segundo a forma e o conteúdo que expõem.

São características literárias exploradas desde a Antiguidade e, segundo o filósofo grego Aristóteles,
os géneros literários são classificados em:

• Género Lírico: “palavra cantada”.


• Género Dramático: “palavra representada”.
• Género Épico: “palavra narrada”.

Observação: Atualmente o género épico é chamado também de género narrativo

5.Exemplos de Textos Líricos

• Soneto: o termo ‘sonetto’, do italiano, significa ‘pequeno som’. Ele é formado por 14 versos
(4 estrofes), donde 2 são quartetos (estrofe formada por 4 versos) e 2 são tercetos (estrofe formada
por três versos),

• Haicai: originários no Japão, os haicais são poemas breves compostos de três versos (17
sílabas) e geralmente apresentam temática referente à natureza.

• Ode: poema de exaltação sobre algo, geralmente de personagens. Do grego, o termo “ode”
significa “canto”.

• Hino: semelhante a ode, o hino é um poema de exaltação e glorificação, no entanto, a


temática envolve divindades e a pátria.

• Sátira: poesia que ridiculariza diversos temas seja no âmbito, social, político, económico,
etc.
• Elegia: são poemas tristes que tem como temática a morte, o amor não correspondido,
dentre outros. Do grego, a palavra “elegia” significa “canto triste”.

• Écloga: poesia pastoril que retrata a vida bucólica (do campo), sendo composta, muitas
vezes, por diálogos.

• Idílio: Semelhante a écloga, o idílio é uma poesia pastoril, no entanto, destituído de


diálogos.

3
6.Oratura — génese da literatura portuguesa

6.1 A poesia trovadoresca

A primeira grande manifestação da literatura portuguesa é constituída pela poesia dos trovadores,
escrita em galego-português, durante a Idade Média, entre o século XII e meados do século XIV.

A poesia medieval foi composta para ser cantada, pelo que nela predominam o refrão e o
paralelismo. O amor é o tema dominante nos poemas dos trovadores (poetas e compositores líricos
de cantigas trovadorescas). Porém, por vezes eram versados assuntos muito diferentes, como a
sátira. Surgiram, deste modo, textos poéticos de natureza lírica (cantigas de amigo e cantigas de
amor) e de natureza satírica (cantigas de escárnio e cantigas de maldizer)

6.2 sátira na poesia trovadoresca: cantigas de escárnio e maldizer

A sátira na poesia dos trovadores ou era severamente mordaz ou era ir6nica. Nas cantigas de
escárnio, a critica era ambígua, irónica. As cantigas de maldizer criticavam diretamente, sem
ambiguidade, chegando a citar os nomes dos sujeitos satirizados. O paralelismo era muitas vezes
imperfeito.

7.Oratura — génese da literatura moçambicana

7.1 Os cantos folclóricos

Na fase pré-colonial e de penetração mercantil, a cultura moçambicana já se caracterizava por


importantes manifestações artísticas orais. Entre estas, destacam-se os cantos poéticos. Tal como a
poesia galego-portuguesa, os cantares moçambicanos celebravam o amor, a dor, as alegrias das
festas, a coragem das guerras e das caças. Alguns cantos também eram satíricos.

Grande parte dos cantos tradicionais documentados foi recolhida e traduzida por Henri Alexandre
Junod, nos anos de 1800. Muitos cantos eram acompanhados de instrumentos musicais tradicionais.
Junod conservou, por escrito, em pautas musicais, algumas destas melodias.

7.2 A sátira na poesia

Da grande diversidade de cantos poéticos tradicionais moçambicanos, é de realçar a poesia satírica


de msaho dos Chopes, altamente mordaz, de protesto contra os males sociais perpetrados pelos
colonos portugueses e seus colaboradores. Havia muito que o colonizado demonstrava um
sentimento patriótico e de revolta; apenas lhe faltavam meios para a concretização da liberdade.

4
8.Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,


Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,


Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,


Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,


Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

5
9.Seus Olhos
Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave


Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'

6
10.Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador


Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Você também pode gostar