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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

TEORIAS DA NARRATIVA

Prof. Carlos Alexandre Baumgarten.

Acadêmica: Ana Claudia da Silva Nascimento de Sá.

Matrícula: 21201322.

Curso: Escrita Criativa.

Data: 04/09/2021.

REIS, Carlos. A narrativa literária. In: O conhecimento da literatura. 2. ed. Porto

Alegre: ediPUCRS, janeiro de 2013. p. 343 - 373.

Carlos Reis, é coordenador da Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós e da

História Crítica da Literatura Portuguesa. Além disso, foi professor de Literatura Portuguesa

e de Teoria da Literatura na Universidade de Coimbra, foi também diretor da Biblioteca

Nacional (1998-2002) e reitor da Universidade Aberta (2006-2011), e participou como

professor visitante em diversas universidades estrangeiras.

Na primeira parte do texto "A narrativa literária," constante do livro "O conhecimento

da literatura'', de Carlos Reis, ele aborda sobre a narrativa e a narratividade. Segundo o autor,

a expressão narrativa literária, refere-se ao conjunto de textos que integram o modo

narrativo, que é um texto em que há um narrador contando a história ( podendo ele ser

personagem ou não). Ademais, para o autor, a narrativa literária estrutura-se em dois planos

fundamentais; sendo um deles o plano da história relatada, e o outro, o plano do discurso que

relata, e ambos estão articulados à enunciação, que é a instância da narração. Em palavras

mais simples, aqui, ele está se referindo ao ato de contar e em como se contar algo.
Na segunda parte do texto, ainda nas explanações sobre narrativa e narratividade, o autor

destaca, que em uma narrativa existem: a personagem, que é elaborada em diversos aspectos

da existência ficcional, quer dizer, que é um dos componentes mais significativos de uma

narrativa, pois é ela quem faz um romance se mover e estabelece inúmeras relações na

narrativa. O espaço e as suas diferentes modalidades de configuração, que seria o local, o

cenário geográfico em que se passa a história, e esse conceito também se estende ao espaço

social (atmosfera social) e ao espaço psicológico. A ação e suas variedades compositivas,

que são as situações e fatos presentes na narrativa que fazem com que haja transformações na

história, ou seja, uma intriga ou conflito. O tempo e as suas múltiplas virtualidades de

tratamento, que abarcam o tempo em que se passa a história, o tempo do discurso e o tempo

da narração. A perspectiva narrativa que permite opções de representação com inevitáveis

projeções subjetivas, ou seja, refere-se ao modo como é elaborada a narrativa e a sua

focalização, isto é, o quanto o narrador sabe e se envolve na história, e ele pode ter um

envolvimento omnisciente, interno e externo, porém, esse focalizador é sempre interventivo

em maior ou menor grau na história. E por fim, a pessoa (ou narrador), que é aquele que

enuncia a narrativa, implicando relações de várias ordens com a história contada. Logo,

personagem, espaço, ação, tempo, perspectiva narrativa e a pessoa (narrador), são as

categorias que compõem uma narrativa, são os pilares da mesma.

Os textos narrativos, segundo o autor, precisam sintetizar três propriedades fundamentais:

a) eles devem traduzir uma atitude de exteriorização, centrada num narrador que conta a

história, ou seja, neles procura-se descrever e caracterizar um universo autônomo, integrado

por personagens, espaços e ações ; b) os textos narrativos implicam uma representação de

tendência objetiva; c) os textos narrativos contemplam procedimentos que instauram uma

dinâmica de sucessividade, quer dizer, as ações sucedem no tempo. Ainda sobre a narrativa

literária, em particular, o romance, Carlos Reis comenta que esta constitui um campo
privilegiado de recolha de materiais humanos e sociais, a que sociólogos e historiadores da

cultura reconhecem um certo valor documental, haja vista, que por meio dessas narrativas,

muito se conhece acerca do tempo, espaço e costumes de outras épocas.

Ao abordar sobre narrador e narratário, o professor Carlos Reis, explica que o narrador é

uma entidade fictícia a quem cabe a tarefa de enunciar um discurso, enquanto o narratário é o

destinatário imediato da narrativa. Nesse sentido, eles só existem dentro do discurso mesmo,

são entidades da ficção. Sendo assim, o leitor não é um narratário, porque o leitor existe fora

da ficção.

Outro assunto abordado pelo autor, são os níveis e categorias da narrativa. Nessa parte

do texto, somos informados que o universo ficcional criado em uma narrativa, além de ser

chamado popularmente de história, também é nomeado como diegese. A diegese corresponde

a um domínio diferente do discurso, porém, não é indissociável dele. Em suma, a diegese se

refere ao universo espaço-temporal em que decorre a narrativa.

Na última parte do texto, Carlos Reis nos ensina sobre a situação narrativa, que é a

relação do narrador com a história, e nos apresenta que um narrador poderá ser

heterodiegético, aquele que não participa da história sem ser contando a mesma, aquele em

terceira pessoa; narrador homodiegético, aquele que participa da história como um

personagem, e o narrador autodiegético, que é o protagonista e conta a própria história.

Por fim, nos deparamos com o conceito de ficcionalidade, que foi explicado de uma

maneira um tanto complexa. Porém, compreendi que a ficcionalidade deve ser entendida de

maneira equilibrada, como uma conexão entre o mundo possível da narrativa literária e o

mundo real, assim como também deve ser entendido que o mundo narrativo é um reflexo do

mundo real. Afinal, como citado anteriormente, a ficção também apresenta e representa fatos

históricos.
Depreende-se, portanto, que de maneira expositiva, com muitos exemplos literários e

informações complementares, Carlos Reis, embora, em alguns trechos apresenta um texto um

pouco complexo, para os iniciantes em teoria literária, ainda assim, consegue elucidar

inúmeros conceitos literários e por fim, nos faz gostar um tanto mais do mundo que está em

torno da narrativa. Logo, os termos apresentados passam a ter mais familiaridade ao decorrer

da leitura.

Em síntese, muitos foram os ensinamentos e informações absorvidas por meio da

leitura desse texto, grandes foram as considerações internalizadas. Entretanto, o que

prevaleceu foi a vontade de pesquisar e estudar mais a área da teoria literária, a fim de usar os

recursos da teoria com naturalidade a cada leitura e assim, me tornar uma leitora melhor.

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