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LIVRO VIVO

Prof. Jorge Alessandro


A literatura de mãos dadas com você
Questões
O ROMANCE do séc xix (1)
QUESTÂO 01
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da
mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica,
costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte.
Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade,
literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.
CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.

Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões
nacionais, sabe-se que
(A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem
por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia.
(B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras
e das relações conflituosas entre as raças.
(C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a
vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
(D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro,
o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
(E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século
XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.

QUESTÂO 02
Assim como as novelas de televisão da atualidade, os romances românticos foram inicialmente editados em capítulos nos
jornais, aumentando extraordinariamente a tiragem dos periódicos. Esses folhetins caíram no gosto do público burguês, e para
atender a essa demanda, os escritores precisavam satisfazer as expectativas e os valores ideológicos desses leitores. Nessa
perspectiva, leia os trechos abaixo e analise as proposições que vêm a seguir.

- Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém, dê-me este breve! A menina, com efeito, entregou o breve ao
estudante, que começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia era sua última esperança. Só falta a derradeira capa
do breve... ei-la que cede e se descose...salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
- O meu camafeu! O meu camafeu! A Sr.ª D. Ana e o pai de Augusto entraram nesse instante na gruta e encontraram o feliz e
fervoroso amante de joelhos e a dar mil beijos nos pés da linda menina, que também chorava de prazer. (Joaquim Manuel de
Macedo, A Moreninha)

- O que é isto, Aurélia? - Meu testamento. Ela despedaçou o lacre e deu a ler a Seixas o papel. Era efetivamente um testamento
em que ela confessava o imenso amor que tinha ao marido e o instituía seu herdeiro universal.
- Essa riqueza causa-te horror? Pois faz-me viver, meu Fernando. É o meio de a repelires. Se não for bastante, eu a dissiparei.
- As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso do santo amor conjugal.
(José de Alencar, Senhora)

Os finais felizes, com a resolução dos conflitos que quebraram, por instantes, a harmonia da ordenação social
burguesa, são característicos do gênero folhetinesco.
(A) Os folhetins, assim como as novelas, trabalham com a estratégia do suspense, interrompendo a narrativa num ponto
culminante, de modo a prender o leitor/telespectador até o capítulo seguinte.
(B) Ao submeter-se às exigências do público e dos diretores de jornais, o escritor romântico não podia criticar os valores da
época, criando uma arte de evasão e alienação da realidade.
(C) O gênero folhetinesco pretendia atender às necessidades de lazer e distração do público leitor.
(D) O gênero folhetinesco pretendia formar um público exigente e crítico, capaz de mudar os rumos de sua história.

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A literatura de mãos dadas com você
QUESTÂO 03
“A alvura de sua tez fresca e pura escurecia o mais fino jaspe [...] A seiva dessa mocidade, o viço dessa alma não se expandia
no rubor da cútis, mas no olhar ardente e esplêndido dos grandes olhos negros e no sorriso mimoso dos lábios que eram um
primor da natureza.”

Que característica do romantismo percebemos na descrição acima?


(A) O nacionalismo que, entre nós, expressou-se, sobretudo, através do tratamento positivo dado às mulheres brasileiras.
(B) A idealização no texto ao apresentar as personagens.
(C) O desvendamento do mundo psicológico das personagens que, em nosso romantismo, é traço prenunciador do realismo.
(D) O panteísmo, que consiste em relacionar traços humanos com atributos de Deus.
(E) O uso da natureza como reflexo dos sentimentos do narrador, produzindo a prosopopeia.

QUESTÂO 04
Filosofia dos epitáfios
E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz
o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que
sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.

O fragmento de Memórias póstumas de Brás Cubas exemplifica a seguinte característica de seu autor:
(A) O pessimismo com que trata as personagens que ocupam postos privilegiados na sociedade burguesa, diferentemente do
modo como lida com indivíduos socialmente carentes.
(B) O uso da ironia como arma de combate às tendências estéticas do Romantismo, de qual nunca sofreu influência.
(C) A fixação nos problemas sentimentais, entendidos como única causa da conduta humana.
(D) A tendência à idealização das personagens, herança do Romantismo.
(E) A tentativa de compreender a natureza humana naquilo que tem de universal.

QUESTÂO 05
Leia com atenção o trecho extraído de A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Assinale a alternativa INCORRETA a
respeito da obra.
Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas do perfil desenham-se distintamente
entre o ébano da caixa do piano e as bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que
fascinam os olhos, enlevam a mente e paralisam toda análise. A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra,
embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. (...) Os encantos da
gentil cantora eram ainda realçados pela singeleza, e diremos quase pobreza, do modesto trajar. (GUIMARÃES, 2002, p. 19.)

(A) O trecho ilustra a característica romântica de exaltação da mulher, por meio de descrições minuciosas que destacam a
beleza física.
(B) O retrato de mulher apresentado no início do livro corresponde ao projeto ideológico manifestado pelo autor de valorização
da beleza e da cultura negras.
(C) O trecho evidencia o caráter subjetivo do romance romântico, em que se destacam as impressões pessoais do narrador e
o excesso de adjetivos.
(D) O retrato de mulher apresentado no trecho representa os ideais românticos de beleza feminina, que dá ênfase à beleza
frágil e contemplativa.

QUESTÂO 06
"Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo, por mais que ouvissem
falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o mal
calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência,
devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou
subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para elas [...].
O baile da ilha Fiscal, [...] se realizou em novembro, para honrar os oficiais chilenos. [...]
Foi uma bela ideia do governo, leitor. Dentro e fora, do mar e de terra, era como um sonho veneziano; toda aquela
sociedade viveu algumas horas suntuosas, novas para uns, saudosas para outros, e de futuro para todos.".
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1962, vol. I.p. 946; p. 1004-1006.

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Em Esaú e Jacó, Machado de Assis nos narra a história de dois irmãos que, apesar de serem gêmeos, não se entendem.
É possível depreender-se a seguinte relação desse texto literário com o contexto social e histórico que ele apresenta:
(A) Caracterização negativa da cidade do Rio de Janeiro, já nessa época assolada pela violência oriunda do narcotráfico.
(B) Estabelecimento de uma relação ambivalente para com a cidade, considerada maravilhosa e perigosa ao mesmo tempo.
(C) Divisão do espaço urbano em diferentes outros espaços, cuja diversidade de paisagens corresponde a diferenças sociais e
econômicas.
(D) Percepção de que o autor está bem à frente de sua época, uma vez que retrata um Rio de Janeiro repleto de contrastes
próprios dos dias atuais.
(E) Preferência do narrador pela região de Botafogo e sua nítida visão preconceituosa e marginalizante sobre as áreas
periféricas da cidade.
QUESTÂO 07
Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava. O aventureiro daria a vida para gozar; o cavaleiro arrastaria a morte
para merecer um olhar; o selvagem se mataria, se preciso fosse, só para fazer Cecília sorrir.
Trecho de O guarani, de José de Alencar.
Sobre as características da obra de onde se extraiu o trecho acima, é correto afirmar:
(A) exalta o índio como se fosse um cavaleiro medieval.
(B) as personagens são vulgares e mesquinhas.
(C) procura mostrar as relações entre o homem e a natureza de maneira objetiva.
(D) reserva ao índio um papel subserviente, e ao branco o papel de herói.
(E) não exalta a natureza para que esta não se sobreponha às personagens.
QUESTÂO 08
“Ali começa o sertão chamado bruto. Habitado ou ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra
a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo...
A estrada que atravessava essas regiões incultas desenrola alvejante faixa, aberta que é na areia, elemento dominante
na composição de todo aquele solo, fertilizado aliás por um sem ribeirões e rios, cujos contingentes são outros tantos tributários
do claro e fundo Paraná ou, na contravertente, do correntoso Paraguai.
Essa areia solta e um tanto grossa tem cor uniforme que reverbera com intensos raios do sol, quando nela batem de
chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele
terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.”
Com relação à descrição do ambiente, assinale a alternativa correta:
(A) Percebe-se a intenção de crítica social presente no regionalismo modernista.
(B) A paisagem é utilizada para criar um locus ameno e idílico
(C) O tom simbolista e experimental é fruto das pretensões de cientificidade dessa obra.
(D) Trata-se de um exemplo, ainda que sóbrio, do regionalismo romântico.
(E) Vê-se uma valorização do elemento nacional que ilustra o indianismo romântico.
QUESTÂO 09
Quem observasse Aurélia naquele momento, não deixaria de notar a nova fisionomia que tomara o seu belo semblante
e que influía em toda a sua pessoa.
Era uma expressão fria, pausada, inflexível, que jaspeava sua beleza, dando-lhe quase a gelidez da estátua. Mas no
lampejo de seus grandes olhos brilhavam as irradiações da inteligência. Operava-se nela uma revolução. O princípio vital da
mulher abandonava seu foco natural, o coração, para concentrar-se no cérebro, onde residem as faculdades especulativas do
homem.
Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao texto transcrito.
(A) O narrador, sobretudo, chama atenção para expressões "visíveis" no rosto de Aurélia.
(B) O narrador expressa valores de uma sociedade em que os papéis masculino e feminino estão bem definidos.
(C) A expressão grave da personagem, descrita pelo narrador, está de acordo com dificuldades sentimentais enfrentadas por
ela.
(D) A expressão "fria, pausada, inflexível" relaciona-se com problemas da saúde que afetam Aurélia.
(E) Em Aurélia, a frieza e a inflexibilidade, como sugere o trecho, estão ligadas à lucidez de seu espírito.

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QUESTÂO 10
“Era este um homem todo em proporções infinitesimais, baixinho, magrinho, de carinha estreita e chupada, e
excessivamente calvo; usava óculos, tinha pretensões de latinista, e dava bolo nos discípulos por dá cá aquela palha. Por isso
era um dos mais acreditados na cidade. O barbeiro entrou acompanhado pelo afilhado, que ficou um pouco escabreado à vista
do aspecto da escola, que nunca tinha imaginado.”
No trecho em negrito, entende-se que o mestre-escola
(A) tinha como meta estudar latim e oferecia recompensa (bolo) aos alunos que soubessem trechos do idioma.
(B) gostaria de aprender latim e batia com palmatória nos alunos que tiravam um cochilo durante a aula.
(C) gostaria de aprender latim e distribuía doces aos alunos que conversavam sobre o assunto.
(D) apenas fingia saber latim e oferecia recompensa (bolo) aos discípulos que demonstrassem pleno conhecimento dessa
língua.
(E) apenas fingia saber latim e batia com palmatória nos alunos por motivos fúteis ou banais.
QUESTÂO 11
“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que
assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos
dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos,
aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações
não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo
motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao
vencedor, as batatas.”
(ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 648-649.)

Nessa passagem, quem fala é Quincas Borba, o filósofo. Suas palavras são dirigidas a Rubião, ex-professor, futuro
capitalista, mas, no momento, apenas enfermeiro de Quincas Borba. É correto afirmar que a maneira como constrói
esse discurso revela preocupação com:
(A) A clareza e a objetividade, uma vez que visa à compreensão de Rubião da filosofia por ele criada, o Humanitismo.
(B) A emotividade de suas palavras, dado objetivar despertar em Rubião piedade pelos vencidos e ódio pelos vencedores.
(C) A informação a ser transmitida, pois Rubião, sendo seu herdeiro universal, deverá aperfeiçoar o Humanitismo.
(D) O envolvimento de Rubião com a filosofia por ele criada, o Humanitismo, dada a urgência em arregimentar novos adeptos.
(E) O estabelecimento de contato com Rubião, uma vez que o mesmo possui carisma para perpetuar as novas ideias.
QUESTÂO 12
O meu fim evidente era atar as duas pontas vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui
recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um
homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.
Este fragmento extraído do Dom Casmurro de Machado de Assis, deixa entrever
(A) a recusa do narrador em lembrar-se do passado vivido com sua mãe, com a amiga vizinha e com José Dias, o agregado.
(B) O objetivo do narrador em escrever suas memórias.
(C) um tom melancólico, ainda que o romance narre as peripécias burlescas do protagonista, chamado Leonardo.
(D) o tema do romance que é o sentido saudosista do romantismo brasileiro.
(E) uma euforia incontida vivenciada pelo protagonista.

QUESTÂO 13
LXIII - METADES DE UM SONHO
Fiquei ansioso pelo sábado. Até lá os sonhos perseguiam-me, ainda acordado, e não os digo aqui para não alongar
esta parte do livro. Um só ponho, e no menor número de palavras, ou antes porei dois, porque um nasceu de outro, a não ser
que ambos formem duas metades de um só. Tudo isto é obscuro, dona leitora, mas a culpa é do vosso sexo, que perturbava
assim a adolescência de um pobre seminarista. Não fosse ele, e este livro seria talvez uma simples prática paroquial, se eu
fosse padre, ou uma pastoral, se bispo, ou uma encíclica*, se papa, como me recomendara tio Cosme. "Anda lá, meu rapaz,
volta-me papa!" Ah! por que não cumpri esse desejo? Depois de Napoleão, tenente e imperador, todos os destinos estão neste
século.
*Encíclica' Carta solene dirigida pelo Papa ao clero do mundo católico ou unicamente aos bispos de uma nação. (N.E.)

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É correto afirmar que o narrador
(A) em terceira pessoa culpa a leitora por ele não ter sido padre e não ter escrito uma encíclica, como era seu sonho de
adolescência.
(B) Machado de Assis culpa as mulheres, por ter sido escritor de romances, e tio Cosme, por tê-lo induzido a casar cedo.
(C) é machista e culpa as mulheres pelas mudanças nos destinos dos homens que não querem escrever romances.
(D) em primeira pessoa dirige-se a uma leitora, culpando as mulheres de terem perturbado sua adolescência e mudado, não só
a sua vocação, como também o enredo da narrativa.
(E) em primeira pessoa culpa as mulheres por não ter sido Napoleão, dirigindo-se a uma leitora que, nesse caso, torna-se
também culpada pelo destino dele.

QUESTÂO 14
"O tísico do número 7 há dias esperava o seu momento de morrer, estendido na cama, os olhos cravados no ar, a boca
muito aberta, porque já lhe ia faltando o fôlego.
Não tossia; apenas, de quando em quando, o esforço convulsivo para atravessar os pulmões desfeitos sacudia- lhe
todo o corpo e arrancava-lhe da garganta uma ronqueira lúgubre, que lembrava o arrulhar ominoso dos pombos."
Das características a seguir, pertencentes ao Realismo-Naturalismo, apenas uma não aparece no excerto anterior.
Assinale-a.
(A) Animalização do homem.
(B) Visão determinista e mecanicista do homem.
(C) Patologismo.
(D) Veracidade.
(E) Retrato da realidade cotidiana.

QUESTÂO 15
UMA REFLEXÃO IMORAL
Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo XVI, que
Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os
joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e
fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é
ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela
testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos amada. Marcela, por exemplo, que
era bem bonita, Marcela amou-me...
DO TRAPÉZIO E OUTRAS COISAS
...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
(Machado de Assis)

Sobre o texto e sobre seu autor, afirma-se que:


(A) O narrador nos impressiona pela ingenuidade e pelo moralismo com que relata um caso de amor, negando que houvesse
nele influência do dinheiro.
(B) O texto constitui um perfeito exemplo de narração, predominando a ação no tempo e no espaço.
(C) O aspecto digressivo presente no texto remete o leitor ao estilo maduro de Machado de Assis, que se apresenta pela
primeira vez nas Memórias Póstumas de Brás Cubas.
(D) A presença da metalinguagem no texto caracteriza a influência romântica no romance de Machado de Assis.
(E) A idealização da mulher comprova que se trata de um romance do estilo romântico.

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