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NOME: DATA: _____/____/2013

SÉRIE: 3º ANO – ENSINO MÉDIO DISCIPLINA: LITERATURA

PROFESSOR: ZÉ CARLOS TRIMESTRE: III

REVISÃO ENEM – PARTE 1

O VESTIBULANDO DO SÉCULO XXI


Caro aluno, estamos diante de uma nova realidade! O ENEM veio para ficar (pelo menos, é o que parece). Não se
trata de um projeto de Governo, mas sim, de um projeto de Estado, pois já se foram muitos ministros e dois
governos... e o ENEM, só vem crescendo em adesão e importância. Por isso, mais do que nunca, precisamos
trabalhar com as especificidades dessa prova.
A proposta básica do ENEM, ousamos aqui afirmar, é capacitar o aluno para que ele se torne um leitor
competente e, sobretudo, crítico de sua realidade. E não estamos falando apenas da leitura de textos formais;
tratamos da leitura das múltiplas linguagens com as quais o conhecimento e a cultura se transmitem. O texto
(verbal, não- verbal, misto, literário, não literário ....) , os infográficos e os diagramas, os mapas, a publicidade, as
tirinhas e as charges, as propagandas etc .
É uma grande ignorância afirmar que na prova do ENEM não “cai nada”!. A abordagem das questões difere da
forma conteudística que os tradicionais vestibulares cobravam as suas questões. O que o ENEM quer do aluno é
o raciocínio lógico e não mera “decoreba”. Por isso, atente agora para a Matriz de referência de Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, que norteará esse nosso trabalho.

EIXOS COGNITIVOS
Competência de área I. Dominar linguagens II. Compreender fenômenos
H1 – Identificar as diferentes
1. Aplicar as tecnologias da comunicação e da linguagens e seus recursos
informação na escola, no trabalho e em expressivos como elementos de
outros contextos relevantes para sua vida. caracterização dos sistemas de
comunicação.
2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s)
H5 – Associar vocábulos e
moderna(s) como instrumento de acesso a
expressões de um texto em
informações e a outras culturas e grupos
LEM ao seu tema.
sociais.
3. Compreender e usar a linguagem corporal H9 – Reconhecer as manifestações
como relevante para a própria vida, corporais de movimento como
integradora social e formadora da originárias de necessidades cotidianas
identidade. de um grupo social.
4. Compreender a arte como saber cultural e
H12 – Reconhecer diferentes funções
estético gerador de significação e integrador
da arte, do trabalho da produção dos
da organização do mundo e da própria
artistas em seus meios culturais.
identidade.
5. Analisar, interpretar e aplicar recursos
expressivos das linguagens, relacionando H15 – Estabelecer relações entre o
textos com seus contextos, mediante a texto literário e o momento de sua
natureza, função, organização, estrutura das produção, situando aspectos do
manifestações, de acordo com as condições contexto histórico, social e político.
de produção e recepção.
6. Compreender e usar os sistemas simbólicos
H18 – Identificar os elementos que
das diferentes linguagens como meios de
concorrem para a progressão temática
organização cognitiva da realidade pela
e para a organização e estruturação dos
constituição de significados, expressão,
textos de diferentes gêneros e tipos.
comunicação e informação.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 1


H21 – Reconhecer em textos de
diferentes gêneros, recursos
7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre H22 – Relacionar, em diferentes textos,
verbais e não verbais utilizados
as diferentes linguagens e suas opiniões, temas, assuntos e recursos
com a finalidade de criar e
manifestações específicas. linguísticos.
mudar comportamentos e
hábitos.
H25 – Identificar, em textos de
8. Compreender e usar a língua portuguesa
diferentes gêneros, as marcas H26 – Relacionar as variedades
como língua materna, geradora de
linguísticas que singularizam as linguísticas a situações específicas de
significação e integradora da organização
variedades linguísticas sociais, uso social.
do mundo e da própria identidade.
regionais e de registro.
9. Entender os princípios, a natureza, a função
e o impacto das tecnologias da
comunicação e da informação na sua vida
H28 – Reconhecer a função e o
pessoal e social, no desenvolvimento do H29 – Identificar, pela análise de suas
impacto social das diferentes
conhecimento, associando-o aos linguagens, as tecnologias da
tecnologias da comunicação e
conhecimentos científicos, às linguagens comunicação e informação.
da informação.
que lhes dão suporte, às demais
tecnologias, aos processos de produção e
aos problemas que se propõem solucionar.

EIXOS COGNITIVOS
III. Enfrentar situações-problemas IV. Construir argumentação V. Elaborar propostas
H2 – Recorrer aos conhecimentos sobre H3 – Relacionar informações geradas H4 – Reconhecer posições críticas aos
as linguagens dos sistemas de nos sistemas de comunicação e usos sociais que são feitos das
comunicação e informação para informação, considerando a função linguagens e dos sistemas de
resolver problemas sociais. social desses sistemas. comunicação e Informação.

H6 – Utilizar os conhecimentos da LEM H7 – Relacionar um texto em LEM, as H8 – Reconhecer a importância da


e de seus mecanismos como meio de estruturas linguísticas, sua função e seu produção cultural em LEM como
ampliar as possibilidades de acesso a uso social. representação da diversidade cultural e
informações, tecnologias e culturas. linguística.

H10 – Reconhecer a necessidade de H11 – Reconhecer a linguagem corporal


transformação de hábitos corporais em corno meio de interação social,
função das necessidades anestésicas. considerando os limites de desempenho
e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.
H13 – Analisar as diversas produções H14 – Reconhecer o valor da
artísticas como meio de explicar diversidade artística e das inter-relações
diferentes culturas, padrões de beleza e de elementos que se apresentam nas
preconceitos. manifestações de vários grupos sociais
e étnicos.
H16 – Relacionar informações sobre H17 – Reconhecer a presença de
concepções artísticas e procedimentos valores sociais e humanos atualizáveis
de construção do texto literário. e permanentes no patrimônio literário
nacional.
H19 – Analisar a função da linguagem H20 – Reconhecer a importância do
predominante nos textos em situações patrimônio linguístico para a
especificas de interlocução. preservação da memória e da
identidade nacional.
H23 – Inferir em um texto quais são os H24 – Reconhecer no texto estratégias
objetivos de seu produtor e quem é seu argumentativas empregadas para o
público-alvo, pela análise dos convencimento do público, tais como a
procedimentos argumentativos intimidação, sedução, comoção,
utilizados. chantagem, entre outras.
H27 – Reconhecer os usos da norma-
padrão da língua portuguesa nas
diferentes situações de comunicação.
H30 – Relacionar as tecnologias de
comunicação e informação ao
desenvolvimento das sociedades e ao
conhecimento que elas produzem.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 2


“Para os estudantes, deve ficar claro que os exames vestibulares estão passando por um processo de transição e
serão alterados mais na forma do que no conteúdo. Também é interessante frisar que as dificuldades para
enfrentar os concorrentes, em razão das escassas vagas oferecidas pelas universidades públicas, continuarão
sendo uma árdua tarefa. O vestibulando do século XXI deverá ter como contexto o trinômio “ser, saber e fazer”, na
medida em que essa prerrogativa será imprescindível para o seu sucesso, não só no exame para ingressar na
universidade, mas também para entrar no cada vez mais competitivo mercado de trabalho. O “ser” deve estar
cada vez mais fundamentado nas atitudes, na ética e num projeto de vida inserido no contexto das transformações
estruturais que o homem, a família, a sociedade e o mundo estão vivendo; o “saber” resulta do conhecimento dos
conceitos teóricos e busca desenvolver competências investigativas, científicas, tecnológicas e formativas; e o
“fazer” reflete-se no conjunto dos “saberes práticos” revelados nas “habilidades” ou destreza que a conjuntura e o
mundo dele exigirem.

Provas como o ENEM, formuladas para avaliar as competências ou eixos cognitivos, verificam, acima
de tudo, a capacidade de ler e interpretar textos nas diferentes formas de linguagem. Assim, ao
iniciar a resolução, convém que o vestibulando lembre-se de algumas orientações básicas que o
ajudarão a obter um resultado melhor.
1. Em grande parte das questões, as respostas estão no próprio enunciado, bastando, para tanto, a realização
de uma leitura atenta, observando-se, com cautela, textos, gráficos, diagramas, mapas, tiras e/ou imagens.
2. Muitas questões podem ser resolvidas a partir de informações obtidas na mídia diariamente ou em
situações práticas do dia a dia. Busque relacionar fatos do cotidiano às situações propostas. Sua
experiência de vida pode responder parte da prova.
3. Leia cada uma das questões como se estivesse lendo uma notícia de jornal ou revista, sem se preocupar
em descobrir em qual disciplina se enquadra, pois a prova pretende avaliar sua capacidade de leitura da
realidade e seu exercício pleno de cidadania.
4. Como as questões são interdisciplinares, use o conhecimento adquirido na vida escolar para decodificar as
informações e entender seu significado e, assim, buscar soluções para as situações-problema
apresentadas.

Competências e habilidades para o século XXI


Podemos entender por competências o conjunto dos saberes ou conhecimentos desenvolvidos pelo
homem/cidadão ao longo de sua vida escolar e social. Somente tirando do texto qualquer viés de discurso de
autoajuda e pensando do ponto de vista filosófico- -pedagógico, poderemos entender os rumos do homem e da
sociedade neste século. O saber será resultante do consórcio entre a cultura, a informação e o espírito criador
(ex.: interpretação, autoaprendizagem, espírito crítico). O ser calcado no autoconhecimento, na preservação da
autoestima e no controle emocional será a principal ferramenta para manter vivas as principais qualidades do novo
homem/cidadão: a curiosidade e a adaptabilidade. O novo fazer terá na criatividade e na responsabilidade seu
binômio de sustentação, porém deve-se sempre lembrar que as ações de resolver problemas e fazer uso das
tecnologias vão continuar intimamente ligadas à motivação, à iniciativa e à persistência histórica do homem. O
viver cada vez mais se realizará por meio da condição do homem de se expressar, de se comunicar e de respeitar
as diferenças desse mundo globalizado. O viver responsável passará pela sociabilidade, cooperação e
solidariedade de uma nova ética construída neste momento de transição em que vivemos.

Temas clássicos do ENEM


Cidadania, solidariedade, democracia e inclusão social.
Textos das mais variadas origens (ex.: literários, científicos, jornalísticos).
Leitura e interpretação de imagens (ex.: charges, obras de arte, fotos).
Diversidade étnica e cultural.
História da cultura (ex.: arte, música, ciência).
Uso da norma culta e códigos de linguagem.
Problemas sociais (ex.: desemprego, violência, saúde, menor abandonado).
Valorização do patrimônio cultural; confronto de pontos de vista aplicados à História e ao cotidiano.

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Contextualizar e integrar o seu conhecimento é fundamental.
O modelo de aprendizado apoiado na repetição do uso da informação para fixá-la não prepara o
indivíduo para os “novos” vestibulares (ex.: ENEM, FUVEST, UNESP, UNICAMP) nem para a vida.

Muito se tem falado das competências e habilidades, porém existe uma parte significativa das mudanças que
também exige sua atenção: a contextualização, a interdisciplinaridade e a transversalidade aplicadas à educação.
A contextualização aplicada ao processo educativo tem se intensificado na proporção em que crescem os desafios
para o século XXI (ex.: globalização, internet, meio ambiente). A proposta para tanto é trabalhar de forma que os
indivíduos possam conviver em meio à complexidade existente, numa prática de constante aprendizado e
calcados na reciprocidade, na integração dos conhecimentos (competências) e na aproximação cada vez maior da
teoria à prática (habilidades). Dessa maneira, as ciências (ex.: Matemática, Linguagens, Ciências Naturais,
Ciências Humanas) estão cada vez mais próximas para a realização da prática interdisciplinar e contextualizada.
A interdisciplinaridade, por sua vez, é a interação existente entre duas ou mais disciplinas (ex.: Matemática e
Física). Tal processo de interação está presente não só na simples comunicação de ideias, como também no uso
de conceitos fundamentais, como, por exemplo, a metodologia científica (ex.: métodos de pesquisas,
procedimentos e práticas). A transversalidade, tão presente no discurso dos educadores nas últimas décadas,
nada mais é do que a maneira de organizar a educação em temas integrados às disciplinas do currículo, de forma
a estarem presentes em todas elas. Os “temas transversais”, sugeridos pelos PCNs que norteiam as mudanças no
Ensino Médio (ex.: ENEM), são conceitos importantes para a formação da cidadania na sua plenitude, a saber:
ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, trabalho e consumo e pluralidade cultural.

No “novo” ENEM – como também já sinalizaram a FUVEST, a UNESP e a UNICAMP – as questões das
provas virão impregnadas:

- do respeito às identidades e diferenças étnicas, culturais e sexuais;


- da utilização dos mais variados tipos de linguagens (ex.: da escrita ao grafite) como meio de expressão e informação;
- do exercício permanente da inter-relação de conceitos e ideias;
- do estímulo ao pensamento crítico e à autonomia intelectual;
- da constante manipulação dos princípios das tecnologias e suas relações integradoras;
- da compreensão e aplicação dos fundamentos científicos e tecnológicos;
- do ato de desenvolver a criatividade;
- do saber conviver em sociedade/grupo;
- do exercício contínuo do aprender a aprender.”

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
(ABSUDAMENTE IMPORTANTE NA PROVA DO ENEM!)

Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura:


1- Informativa e de reconhecimento;
2- Interpretativa.

A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se
preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes;
tente ligar uma palavra à ideia-central de cada parágrafo.

A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com NÃO,
EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferença na escolha adequada. Nas provas do ENEM não têm
acontecido cobranças pedindo para o aluno marcar a falsa, mas mesmo assim, não é nada de mais alertarmos o
nosso aluno, não é?

Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global
proposto pelo autor.

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VEJA AS DIFERENÇAS ENTRE ANALISAR, COMPREENDER E INTERPRETAR.

1. O que se pretende com a análise textual?


- identificar o gênero; a tipologia; as figuras de linguagem;
- verificar o significado das palavras;
- contextualizar a obra no espaço e tempo;
- esclarecer fatos históricos pertinentes ao texto;
- conhecer dados biográficos do autor;
- relacionar o título ao texto;
- levantar o problema abordado;
- apreender a ideia central e as secundárias do texto;
- buscar a intenção do texto;
- verificar a coesão e coerência textual;
- reconhecer se há intertextualidade.

2. Qual o objetivo da análise?


- levantar elementos para a compreensão e, posteriormente, fazer julgamento crítico.

3. Para compreender bem é necessário que o leitor:


- conheça os recursos linguísticos .Por exemplo, a regência verbal não compreendida pelo leitor pode levá-lo ao
erro. Veja: Assisti o doente é diferente de assisti ao doente. No primeiro caso, a pessoa ajuda ao doente; no
segundo, ela vê o doente.
- perceba as referências geográficas, mitológicas, lendárias, econômicas, religiosas, políticas e históricas para
que faça as possíveis associações.
- esteja familiarizado com as circunstâncias históricas em que o texto foi escrito. Por exemplo, para entender
que, no poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, o advérbio aqui e lá é, respectivamente, Portugal e
Brasil, você tem que saber onde o poeta escreveu seu poema naquela época.
- observe se há no texto intertextualidade por meio da paráfrase, paródia ou citação.

4. Afinal o que é interpretar?


- Interpretar é concluir, deduzir a partir dos dados coletados.

5. Existe interpretação crítica?


- Sim, a interpretação crítica consiste em concluir os dados e, em seguida, julgar, opinar a respeito das
conclusões.

TRÊS QUESTÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR BEM UMA QUESTÃO DO ENEM


Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido é a resposta a três questões básicas:
I. Qual é a questão de que o texto está tratando? Ao tentar responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a
distinguir as questões secundárias da principal, isto e, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o
leitor não sabe dizer do que o texto está tratando, ou sabe apenas de maneira genérica e confusa, é sinal de
que ele precisa ser lido com mais atenção ou de que o leitor não tem repertório suficiente para compreender o
que está diante de seus olhos.
II. Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? Disseminados pelo texto, aparecem vários
indicadores da opinião de quem escreve. Por isso, uma leitura competente não terá dificuldade em identificá-la.
Não saber dar resposta a essa questão é um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.
III. Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião dada? Deve-se entender por
argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele está falando a verdade.
Saber reconhecer os argumentos do autor é também um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro de que o
leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na verdade, entender um texto significa acompanhar com
atenção o seu percurso argumentativo.

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Caro aluno, não pense que o exame cobrará algo para você decorar!!! Não, não, não! O ENEM
quer raciocínio lógico!

VAMOS AO QUE INTERESSA:


C4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da
organização do mundo e da própria identidade.

H12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios
culturais.

01. ENEM - 2009

No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela
primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão
surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e
sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões,
mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propícios para receber a nova mensagem cênica demasiado
provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo e aos rumores de
aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a tendência
marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguindo um
estímulo musical.
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (org.). O Surrealismo. São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).

As manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram as condições cotidianas de
um determinado grupo social, como se pode observar na descrição acima do balé Parade, o qual reflete:
a) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética.
b) a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda Guerra Mundial.
c) uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da música.
d) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, coreográficas e de figurino.
e) uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e lineares.

02. ENEM - 2009


Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A
palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada
à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado
pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela
presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática
(trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas
à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3)
pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a
ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio
da representação.
COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado.)

Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que:
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua
concepção de maneira coletiva.
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e
independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias,
crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a
expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo
teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.

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03. ENEM - 2010
Em busca de maior naturalismo em suas obras e fundamentando-se em novo
conceito estético, Monet, Degas, Renoir e outros artistas passaram a explorar
novas formas de composição artística, que resultaram no estilo denominado
impressionismo. Observadores atentos da natureza, esses artistas passaram a:
a) retratar, em suas obras, as cores que idealizavam de acordo com o reflexo da
luz solar nos objetos.
b) usar mais a cor preta, fazendo contornos nítidos, que melhor definiam as
imagens e as cores do objeto representado.
c) retratar paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em suas telas, as
imagens por eles idealizadas.
d) usar pinceladas rápidas de cores puras e dissociadas diretamente na tela,
sem misturá-las antes na paleta.
e) usar as sombras em tons de cinza e preto e com efeitos esfumaçados, tal
como eram realizadas no Renascimento.
Claude Monet. Mulher com sombrinha madame Monet e seu filho. 1875., Óleo sobre tela, 100x81cm.

04. ENEM - 2010


Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início
do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no
Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a
cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas:
a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e
os temas nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação
artística nacional.
c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática
educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à
tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

05. ENEM - 2010


O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Columbina são personagens típicos de grupos teatrais da Commedia del’art,
que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de
cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor por todas as belas jovens e,
ao final da apresentação, despediam-se do público com músicas e poesias. A intenção desses atores era
expressar sua mensagem voltada para a:
a) crença na dignidade do clero e na divisão entre o mundo real e o espiritual.
b) ideologia de luta social que coloca o homem no centro do processo histórico.
c) crença na espiritualidade e na busca incansável pela justiça social dos feudos.
d) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do início do século XVI.
e) ideologia humanista com cenas centradas no homem, na mulher e no cotidiano.

06. ENEM - 2010


O Modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da
Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira
definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas
artes plásticas, a:
a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.
c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
e) forma apresenta contornos e detalhes humanos.
REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 7
07.

A pintura barroca é uma pintura realista, concentrada nos retratos no


interior das casas, nas paisagens e nas naturezas mortas.
Por outro lado, a expansão e o fortalecimento do protestantismo
fizeram com que os católicos utilizassem a pintura como um
instrumento de divulgação da sua doutrina. Tomando como
referência o quadro A Coroação de Cristo, identifica-se que, nas
artes plásticas,

A Coroação de Cristo, Van Dyck, 1620, Flandres, Madrid.

a) O acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar
a sensação de profundidade.
b) A composição simétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo
a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
c) A escolha de cenas no seu momento de menor intensidade dramática.
d) Os artistas eram então convocados a transformar as Escrituras em realidade perceptível aos fiéis. O conteúdo
emocional intensificado e a falta de realismo do barroco eram meios ideais para que se atingisse esse objetivo.
e) A luz aparece por um meio natural, projetada para guiar o olhar do observador até o acontecimento principal da
obra.

08.

O barroco é um movimento artístico surgido na Itália, no final do século


XVI. O artista barroco tenta conciliar a realidade terrena com o mundo
transcendental, em obras dramáticas e exuberantes. São influenciados
pela tradição clássica, embora interpretem-na de forma bastante
particular. Essa pintura barroca apresenta elementos plásticos
identificados pelo

Judith beheading Holofernes, Caravaggio

a) Horror da violência religiosa, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo
brutal de crueldade do ser humano.
b) Uso de vários ícones cristãos que representam o ser humano fragmentado, de forma fotográfica e livre de
emoção.
c) Uso de figuras humanas pintadas com grande naturalismo, com expressões faciais bem marcadas e anatomia
correta. A cena pintada com cores vivas e grande dinamismo, no intuito de impressionar os sentidos.
d) Uso das formas geométricas no mesmo plano, buscando a assimetria absoluta.
e) Painel religioso, monocromático, que enfocava várias dimensões de um evento, renunciando à realidade.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 8


09.

O quadro “As Meninas”, também chamado de “Autorretrato com a


Família de Felipe IV”, foi pintado por Velázquez em 1656. É
considerado a obra-prima do mestre espanhol. A obra só foi
denominada “As Meninas” em meados do século XIX. O título faz
referências as duas damas de companhia mostradas ao lado da
infanta Margherita: Maria Agustina, à esquerda, e Isabel de Velasco,
à direita. Tomando como referência a pintura de Velázquez, observa-
se que:

As Meninas, de Velázquez, 1656-1657

a) Os artistas barrocos buscavam pintar cenas triviais das classes populares espanholas.
b) A escolha dos planos segue rigidamente os preceitos renascentistas.
c) O ponto de fuga, no fundo do quadro, auxilia na noção de profundidade e conduz o olhar.
d) A escolha de temas sacros foi uma constante na pintura de Velázquez.
e) A falta de realismo dificulta o entendimento da tela.

10. ENEM / 2003

A comparação entre as reproduções possibilita as seguintes afirmações:


I. Os artistas registraram a antropofagia e o esquartejamento praticados no Brasil.
II. A antropofagia era parte do universo cultural indígena e o esquartejamento era uma forma de se fazer justiça
entre luso-brasileiros.
III. A comparação das imagens faz ver como é relativa a diferença entre “bárbaros” e “civilizados”, indígenas e
europeus.

Está correto o que se afirma em:

a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) I e II apenas.
e) I, II e III.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 9


11.

(Tarsila do Amaral, Operários.) (Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:
(A) “Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas.”
(Vinícius de Moraes)

(B) “Somos muitos severinos


iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima.”
(João Cabral de Melo Neto)

(C) “O funcionário público


não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada em arquivos.”
(Ferreira Gullar)

(D) “Não sou nada.


Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os
sonhos do mundo.”
(Fernando Pessoa)

(E) “Os inocentes do Leblon


Não viram o navio entrar (...)
Os inocentes, definitivamente inocentes tudo ignoravam,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam pelas costas, e aquecem.”
(Carlos Drummond de Andrade)

12. O quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, inspirou o Manifesto Antropofágico feito por Oswald de Andrade na
primeira fase do Modernismo brasileiro. Identifique a relação do quadro com o conteúdo do Manifesto:

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.


Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os
coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
/.../ Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação
de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria
sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.
Abaporu. Tarsila do Amaral, Óleo sobre tela, 1928. (ANDRADE, Oswald. Manifesto Antropófago (fragmento).

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 10


É correto afirmar:
a) O Manifesto Antropófago dá continuidade às ideias do Verde- amarelo, do qual participou Tarsila.
b) O Manifesto e o quadro ironizam a figura do índio que representou o herói nacional no Romantismo.
c) A figura deformada do índio mostra a ideia deformada que o Manifesto tem do povo brasileiro do início do
século XX.
d) A figura do índio e seus rituais antropófagos simbolizam as ideias nacionalistas e abertura da nossa cultura
para as influências estrangeiras.
e) O quadro Abaporu inspirou o Manifesto Antropófago, mas não relaciona a figura do índio a nenhum ritual.

13. Observe as imagens a seguir. As duas pinturas foram produzidas e exibidas no ano de 1923. A primeira é a
tela Limpando metais, de Armando Vianna. A segunda é o quadro A negra, de Tarsila do Amaral.

Assinale a alternativa que melhor corresponde a uma comparação entre as imagens.


a) Esteticamente convergentes, as imagens representam uma ruptura com as formas de representação tradicional
e denunciam as condições de opressão do negro na sociedade brasileira, especialmente sua subordinação
social, cultural e econômica.
b) A divergência estética das imagens reflete-se na visão político-ideológica da condição do negro no Brasil: a tela
de Vianna, alienada politicamente, idealiza o papel do negro na sociedade, contrapondo-se à tela de Tarsila,
que denuncia sua real situação.
c) A primeira tela apresenta influência das vanguardas europeias, enquanto a segunda se aproxima da arte
primitiva africana. Em ambas, percebe-se uma reflexão sobre a condição do negro no Brasil, tanto do ponto de
vista social como do ponto de vista cultural.
d) Apesar de esteticamente divergentes, ambas, a seu modo, dimensionam o papel do negro no Brasil; a primeira
tela, no contexto de sua inserção subordinada às relações sociais; a segunda, num contexto de alteridade e
diversidade cultural.
e) A tela de Vianna adquire um caráter de denúncia da realidade social, ao exibir o negro em condição econômica
e social subalterna. Já a tela de Tarsila descontextualiza o negro de suas relações sociais, o que indica a
alienação política típica da arte moderna.

14.
Texto I
Aproximação do Terror
Murilo Mendes

Dos braços do poeta


Pende a ópera do mundo
(Tempo, cirurgião do mundo):

O abismo bate palmas,


A noite aponta o revólver.

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Ouço a multidão, o coro do universo,
O trote das estrelas
já nos subúrbios da caneta:
As rosas perderam a fala.
Entrega-se a morte a domicílio.
Dos braços...
Pende a ópera do mundo.

Texto II

Salvador Dali, A tentação de Santo Antônio

Analisando os textos, podemos afirmar que:


I- O Cubismo (tela de Dali) é uma Vanguarda fundamentada em oposição ao Impressionismo. Enquanto este
último preocupava-se com transgressão da visão externa do artista para as telas, o cubismo dará atenção ao
subjetivismo do autor.
II- A sucessão de imagens apresentadas no poema não permite que o leitor componha um quadro único,
racional, em que possa perceber as relações lógicas entre as sequências.
III- A atmosfera criada lembra o espaço do sonho, em que acontecimentos totalmente não relacionados se
apresentam encadeados, como se formassem uma sequência lógica.
IV- O automatismo artístico consiste em extravasar sem nenhum controle da razão ou do pensamento os impulsos
criadores do subconsciente. O artista põe no papel ou na tela seus desejos interiores profundos, sem se
importar com coerência e significados e adequações.
V- Os elefantes de patas aracnídeas podem representar a dimensão intermediária entre o céu e a terra.
VI- Os surrealistas veem a teoria de Freud como sinal de que há muito a ser descoberto sobre o ser humano. Eles
acreditam que a razão é o melhor instrumento para essas descobertas, pois ela não ignora nosso universo
consciente.
Estão corretas:
a) II, III e VI b) III, IV e VI c)I, II, IV, V e VI d) II, III, IV e V e) III, IV, V e VI

15. O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico para representar a
necessidade de um mesmo observador aprender a considerar, simultaneamente, diferentes pontos de vista.

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Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espanhol Pablo Picasso, aquela em cuja composição foi
adotado um procedimento semelhante é:

16. Observe a imagem e leia o texto.


TEXTO 1
A tela A persistência da memória, do pintor surrealista
Salvador Dalí, está entre as suas mais famosas obras.
Nela, encontramos quatro relógios: um sobre o
autorretrato surrealista do autor adormecido, outro cor de
carne atacado pelas formigas, um terceiro no qual há
uma mosca pousada e um quarto pendurado no galho de
uma árvore ressequida. O aspecto mole de três desses
relógios contrasta com a retidão da paisagem e a dureza
das suas rochas, sugerindo algumas oposições temáticas
como espaço-tempo do sonho X espaço-tempo da
realidade ou subconsciente X inconsciente. Vislumbra-se
aqui a fugacidade do tempo — ou seja, a impossibilidade
de controlar o tempo — e, por extensão, aquilo que
Cathrin Klingsöhr-Leroy definiu como “premonições da
aproximação da morte” (2004:38).
In: KLINGSÖHR-LEROY, Cathrin. Surrealismo. Lisboa: Vernáculo, 2004, p. 38.

16. Só não é válido dizer sobre esta obra de Salvador Dali que
a) a mosca e as formigas representam, para ele, as angústias e os problemas psicológicos que acompanham o
indivíduo durante a sua existência e, ao mesmo tempo, a sensação de que somos frágeis e fracos perante a
passagem do tempo (a cabeça de Dali a derreter conjuntamente com o resto dos objetos ilustra bem isso).
b) é um quadro que aponta para a libertação das exigências da lógica e da razão aparentes e nos leva além, a um
mergulho no inconsciente, a fim de revelar nossos conflitos e medos. O inusitado dos relógios dobráveis chama
a nossa atenção para o esvair do tempo.
c) a aparente ilogicidade do quadro revela-nos a dissonância que existe entre os tempos cronológico e
psicológico, apontando para a complexidade do inconsciente humano.
d) sendo uma obra de vanguarda, seu objetivo primeiro é questionar os valores da arte acadêmica.
e) nela, Dali mostra também seu interesse pelas conquistas da ciência, como a teoria da relatividade de Einstein,
que colocou em causa a ideia de espaço e tempo fixos, e as pesquisas de Freud relativamente à importância
do inconsciente e dos sonhos.

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17. (UFG-GO) Observe e compare as duas imagens.

Os quadros acima tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois momentos distintos da história da arte. O
confronto entre as imagens revela um traço fundamental da pintura moderna, que se caracteriza pela:
a) tentativa de compor o espaço pictórico com base nas figuras naturais.
b) ruptura com o princípio de imitação característico das artes visuais no Ocidente.
c) continuidade da preocupação com a nitidez das figuras representadas.
d) secularização dos temas e dos objetos figurados com base na assimilação de técnicas do Oriente.
e) busca em fundar a representação na evidência dos objetos.

18. Observe atentamente a imagem. Ela apresenta o castelo de Glasgow, na Escócia, com grafites do grupo
brasileiro Os gêmeos.
A respeito da prática do grafite, com base no que se pode inferir da
imagem e de seus conhecimentos, é correto afirmar:
a) Trata-se de manifestação artística considerada legítima desde seu
surgimento, como atesta sua presença em castelos europeus antigos.
b) É manifestação artística polêmica, dada sua interferência não
autorizada na propriedade privada e na paisagem urbana.
c) Apresenta-se como alternativa à pichação, em razão da qualidade
estética de suas produções, compatíveis com a tradição das artes
plásticas.
d) Trata-se de manifestação artística que dialoga, preferencialmente, com
a tradição pictórica e arquitetônica europeia.
e) É manifestação artística, inicialmente, polêmica, tipicamente urbana,
que conquistou adeptos e admiradores no mundo inteiro.

19.
Texto

Considerando o quadro O NASCIMENTO DE VÊNUS, de


Sandro Botticelli e os elementos constitutivos do
Renascimento, assinale a(s) opção(ôes) correta(s) acerca
da relação entre o quadro e o momento histórico de sua
produção.
I. O vestido de Hora e o manto que ela está segurando
são estampados com desenhos de flores, pois ela está
representando a estação da primavera.
II. Na mitologia, a rosa é considerada a flor sagrada de
Vênus. Ao se comparar os significados da rosa e de
Vênus, percebe-se que ambas representam a beleza e
o amor.

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III. Ao se observar o quadro com bastante atenção, percebe-se que o centro do quadro fica no ventre de Vênus,
provavelmente porque o ventre feminino simboliza o amor e a fertilidade.
IV. O quadro apresenta dois elementos que foram exaustivamente explorados pela arte medieval: a figura
humana(no caso, os deuses) e a natureza.
V. O quadro é um clássico do período medieval, pois além de Vênus está banhada de luz, de representar a beleza
e a harmonia, nota-se na tela a valorização do sensualismo e do antropocentrismo.
Estão corretas:
a) I, II, IV e V b) II, III e V c) I, IV e V d) II, III, IV e) I, II, III

20. O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais, possui o mais importante
conjunto de obras do artista brasileiro apelidado Aleijadinho.
Lá estão as capelas pintadas com as cenas da paixão de Cristo e as esculturas dos Profetas bíblicos, destacando
o caráter:
a) social da obra de Aleijadinho. d) religioso da obra de Aleijadinho.
b) político da obra de Aleijadinho. e) Filosófico da obra de Aleijadinho.
c) econômico da obra de Aleijadinho.

21. Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), conhecido por Aleijadinho, é um símbolo mundial.
Influenciado pelas esculturas barrocas da Europa, que conheceu por gravuras, criou um estilo
barroco particular, trabalhando com madeira e pedra-sabão. A tendência barroca é
manifestada em sua obra:
a) na imobilidade de suas figuras.
b) nos detalhes que sugerem ação.
c) na indiferença das fisionomias.
d) na dissonância com a arquitetura.
e) na conformidade de todos do seu tempo com o estilo.

22. Faça uma leitura cuidadosa do texto a seguir e responda à questão.

E se todo mundo ficasse cego?


Para José Saramago seria o caos. Em seu livro Ensaio sobre a Cegueira, o mundo praticamente acaba
enquanto a humanidade vai perdendo a visão. Mas para a ciência as coisas poderiam tomar um caminho
diferente. “Há várias tecnologias que ajudariam: bengalas ultrassônicas que podem indicar se há objetos pela
frente ou até robôs que atuariam como cães-guia”, diz o especialista em robótica Darwin Caldwell (...). Além disso,
precisaríamos de coisas como carros que andam sozinhos e máquinas capazes de substituir médicos em
cirurgias. Mas como esses carros-robôs e outros aparelhos seriam construídos sem ninguém para ver que peça
apertar? Fábricas totalmente automatizadas também não estão longe de ser realidade. “Robôs seriam capazes de
se autoconstruir”, diz Ken Young, presidente da Associação Britânica de Automação e Robótica. Ou seja: se a
cegueira generalizada se espalhasse devagar, daria para a gente remodelar o mundo – mudando tudo para que
nada mude. Com algumas adaptações, claro.
CINQUEPALMI, João Vito. E se todo mundo ficasse cego? Superinteressante. São Paulo, n. 264, p. 48, abr. 2009.

Assinale a alternativa que faz uma interpretação incorreta do texto.


a) Saramago, por meio de sua obra, mostra que a forma como a sociedade é organizada poderia mudar
drasticamente se perdêssemos a capacidade da visão.
b) O autor do texto, ao citar Saramago, especula como a ciência lidaria com o mesmo fato trabalhado pelo escritor
em seu romance.
c) Ao apresentar alternativas científicas para a cegueira, o autor cita várias tecnologias e, além disso, o uso de
animais como guias de cegos.
d) Para o autor do texto, se a cegueira fosse se espalhando sem muita rapidez, a humanidade conseguiria se
adaptar a ela.
e) Um dos desafios da ciência seria conseguir formas tecnológicas que se autoconstruíssem, já que a cegueira
impediria os humanos de participarem desse processo.

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23.

No quadro O grande masturbador (1929), de Salvador Dali, uma figura


feminina desnuda surge na parte posterior da cabeça, o que pode
significar a fantasia erótica sugerida pelo título da obra. A boca da figura
feminina se encontra próxima ao saco escrotal de uma figura masculina
pintada na parte superior esquerda da tela, o que sugere a possibilidade
de sexo oral. A pintura

Dali, Salvador, O grande masturbador, 1927. Madri.

a) Surrealista, representa as atitudes conflituosas do pintor em relação ao ato sexual.


b) Ilustra a obsessão de Dali em pintar a nudez feminina em vários planos geométricos.
c) Surrealista, evidencia a orientação homoafetiva do autor, quando expõe a sugestão do sexo oral.
d) Foi pintada na fase cubista do pintor. Ela evidencia a fragmentação do ser humano diante das atrocidades da
Segunda Guerra (1939 – 1945)
e) Apresenta um grande gafanhoto abaixo da cabeça, próximo à boca, inseto admirado pelo pintor.

24.

*(tela de Caravaggio que sofre influência do pensamento


barroco de impermanência ou de transitoriedade da vida)

A tela pode diagnosticar um sintoma barroco quando


a) traz por meio de frutas cortadas a relação com a impermanência das coisas, da vida, do homem.
b) traz na visão de frutas exóticas a relação com a civilizações autóctones do Novo Mundo.
c) destaca nas dimensões da mesa com rachaduras, a relação com a escolha materialista.
d) as frutas representam o universo de pecado e de consumo ou de escolha materialista.
e) as frutas incitam o pensamento materialista e de escolha pelo elemento mundano.

H13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de
beleza e preconceitos.

01. ENEM - 2009


A música pode ser definida como a combinação de sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo da
infinidade de combinações possíveis será diferente, dependendo da escolha das notas, de suas durações, dos
instrumentos utilizados, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do período em que as obras foram
compostas.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 16


Das figuras que apresentam grupos musicais em ação, pode-se concluir que o(s) grupo(s) mostrado(s) na(s)
figura(s):
a) 1 executa um gênero característico da música brasileira, conhecido como chorinho.
b) 2 executa um gênero característico da música clássica, cujo compositor mais conhecido é Tom Jobim.
c) 3 executa um gênero característico da música europeia, que tem como representantes Beethoven e Mozart.
d) 4 executa um tipo de música caracterizada pelos instrumentos acústicos, cuja intensidade e nível de ruído
permanecem na faixa dos 30 aos 40 decibéis.
e) 1 a 4 apresentam um produto final bastante semelhante, uma vez que as possibilidades de combinações
sonoras ao longo do tempo são limitadas.

02. (2009, simulado) Comparando as figuras, que apresentam mobiliários de épocas


diferentes, ou seja, a figura 1 corresponde a um projeto elaborado por Fernando e
Humberto Campana, e a figura 2, a um mobiliário do reinado de D. João VI, pode-se afirmar
que:
a) os materiais e as ferramentas usados na confecção do mobiliário de Fernando e
Humberto Campana, assim como os materiais e as ferramentas utilizados na confecção
do mobiliário do reinado de D. João VI, determinaram a estética das cadeiras.
b) as formas predominantes no mobiliário de Fernando e Humberto Campana são
complexas, enquanto as formas do mobiliário do reinado de D. João VI são simples,
geométricas e elásticas.
c) o artesanato é o atual processo de criação de mobiliários empregado por Fernando e
Humberto Campana, enquanto o mobiliário do reinado de D. João VI foi industrial.
d) ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi se adaptando
consoante as necessidades humanas, a capacidade técnica e a sensibilidade estética de
uma sociedade.
e) o mobiliário de Fernando e Humberto Campana, ao contrário daquele do reinado de D.
João VI, considera primordialmente o conforto que a cadeira pode proporcionar, ou seja,
a função em detrimento da forma.

Texto I e Texto II para a questão 03.

Texto I
OUTRO TIJOLO NA PAREDE
Papai atravessou o oceano
Deixando só uma memória
Uma foto no álbum de família
Papai o que mais você deixou pra mim?
Papai o que você deixou lá atrás pra mim?
No fim das contas, foi apenas um tijolo na parede
No fim das contas, tudo se resumiu a tijolos na parede

Nós não precisamos de educação


Nós não precisamos de controle de pensamento

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Sem humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei, professores, deixem as crianças em paz
No fim das contas, isso se resume a mais um tijolo na parede
No fim das contas, você se resume a mais um tijolo na parede
(...)
Não preciso de braços ao meu redor
Não preciso de drogas pra me acalmar
Eu vi as escrituras na parede
Não acho que eu preciso de algo
Não, não acho que eu preciso de algo
No fim das contas, tudo se resumiu a tijolos na parede
No fim das contas, vocês todos foram apenas tijolos na parede
Pink Floyd. Tradução de: Another brick in the wall. Adaptada por Guido Santos de: ttp://letras.terra.com.br/korn/123816/traducao.html

Texto II
EMPAREDADO
(...)
Se caminhares para a direita baterás e esbarrarás ansioso, aflito, numa parede
horrendamente incomensurável de Egoísmos e Preconceitos! Se caminhares para a
esquerda, outra parede, de Ciências e Críticas, mais alta do que a primeira, te
mergulhará profundamente no espanto! Se caminhares para a frente, ainda nova
parede, feita de Despeitos e Impotências, tremenda, de granito, broncamente se
elevará ao alto! Se caminhares, enfim, para trás, ainda, uma derradeira parede,
fechando tudo, fechando tudo — horrível! — parede de Imbecilidade e Ignorância,
te deixará num frio espasmo de terror absoluto...
(...)
* Fonte: SOUSA, João da Cruz e. Evocações. Edição fac-similar, FCC Edições. Florianópolis, 1986

03. Os dois textos, apesar de terem sido produzidos em contextos distintos, assemelham-se ao utilizarem a
expressão “parede” com sentido figurado. Comparando-os, é possível afirmar que
a) Os sujeitos poéticos de ambos os textos compartilham certa consciência da impotência do ser humano ante as
adversidades da vida.
b) O texto II apresenta linguagem predominantemente conotativa, o que não ocorre no texto I.
c) O texto II reitera o texto I, transmitindo a visão do ser humano como “um tijolo na parede”.
d) Embora os dois textos apresentam uma mesma imagem – a da parede – o sentido de suas mensagens é
completamente diferente, o que inviabiliza o estabelecimento de semelhanças entre eles.
e) Os dois textos dão voz a sujeitos angustiados; entretanto, enquanto o primeiro texto apresenta sua visão de
mundo de maneira abstrata, o segundo apresenta situações concretas para fundamentar suas opiniões.

Texto para a questão 04.


ASA BRANCA
Quando olhei a terra ardendo Hoje longe muitas léguas
Qual fogueira de São João Numa triste solidão
Eu perguntei a Deus do Céu, ai, Espero a chuva cair de novo
Pra que tamanha judiação Pra mim vortá pró meu sertão
Que braseiro, que fornalha Quando o verde dos teus olhos
Nem um pé de plantação Se espaiá na plantação
Por falta d'água perdi meu gado Eu te asseguro, não chore não, viu
Morreu de sede meu alazão Eu vortarei, viu, meu coração
Inté mesmo a asa branca GONZAGA, Luiz; TEIXEIRA, Humberto. Asa Branca. Intérprete: Gilberto
Gil. In: GILBERTO GIL. São João vivo! Direção de produção: Marcelo
Bateu asas do sertão Fróes. Rio de Janeiro: ARP Studios, 2000. 1 CD (ca. 60 min). Mixado por
Entonce eu disse: adeus Rosinha Álvaro Alencar e Tom Capone.

Guarda contigo meu coração

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04. Sobre o texto, é correto afirmar:
a) A falta de progressão temporal é uma marca do texto.
b) A linguagem possui variantes regionais e variantes culturais.
c) A fala "adeus Rosinha / guarda contigo meu coração" é um exemplo de discurso indireto livre no texto.
d) “Pra mim vortá pró meu sertão” é um exemplo de variação sintática prestigiada no espaço urbano.
e) Os versos "Quando o verde dos teus olhos" / "Se espraiá na plantação" apresentam o mesmo tipo de variante
lingüística.

05. Sobre o texto musical de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, identifique os itens verdadeiros.
I. Focalização de um mundo em tempo físico de pobreza.
II. Constatação da inclemência solar na seca duradoura.
III. Sujeito lírico como inventor de analogias e criador de imagens.
IV. Secura do espaço geográfico como esterilizadora da sensibilidade humana.
É verdadeiro apenas o que se afirma em
a) I. b) IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) II, III e IV.

06.
Texto l

NÃO TEM TRADUÇÃO


O cinema falado Que tem a mania
É o grande culpado De exibição
Da transformação Não se lembra que o samba
Dessa gente que sente Não tem tradução
Que um barracão No idioma francês.
Prende mais que um xadrez. Tudo aquilo que o malandro pronuncia,
Lá no morro, se eu fizer uma falseia, Com voz macia,
A Risoleta É brasileiro, já passou de português.
Desiste logo do francês e do inglês. Amor lá no morro é amor pra chuchu,
A gíria que o nosso morro criou As rimas do samba não são I love you
Bem cedo a cidade aceitou e usou. E esse negócio de “alô”, “alô, boy”,
Mais tarde o malandro deixou de sambar “Alo, Johnny”
Dando pinote Só pode ser conversa de telefone.
E só querendo dançar o fox-trot! Noel Rosa
Essa gente hoje em dia

Texto II
O deslumbramento das pessoas ante os triunfos do telégrafo e do telefone leva-as a esquecer, com
frequência, o fato de que aquilo que realmente importa é o valor do que se tem a dizer e que, em comparação a
isso, a velocidade ou lentidão dos meios de comunicação é uma preocupação que apenas por usurpação pôde
alcançar o presente status. Essa preponderância dos meios sobre os fins encontra a sua apoteose no fato de que
o periférico na vida, aquilo que está fora de sua essência básica, se assenhorou do seu centro e até de nós
mesmos. Se considerarmos a totalidade da vida, então, o controle da natureza por meio da tecnologia só é
possível ao preço de nos escravizarmos a ela e de abandonarmos a espiritualidade como o alvo central da vida.
GIANNETI, Eduardo. O livro das citações. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 301-302.

São constatações comuns aos dois textos:


a) o excessivo valor que as pessoas dão às novidades tecnológicas.
b) a preocupação com a rapidez dos meios de comunicação, característica de quem só quer status na vida.
c) o predomínio da sensibilidade sobre o ser humano, apesar da influência dos novos meios de comunicação.
d) a escravização a novas tecnologias, que envolve o domínio de línguas estrangeiras.
e) o meio natural em que a sociedade está inserida e sua contribuição para o abandono de uma vida mais
espiritualizada.

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INSTRUÇÃO: As questões de números 07 e 08 tomam por base duas passagens do livro A linguagem
harmônica da Bossa Nova, do docente e pesquisador da Unesp José Estevam Gava.
MOMENTO BOSSA NOVA

Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua
gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana.
Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de
ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria
fusões interessantes como o “samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos
instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter
escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do
bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana, lugar de vida noturna intensa, boates
enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova
ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais jovem, amante
do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um
descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não
tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus
compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de
Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita
complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e
um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O
otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos
amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os
sambas canções.
Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo
caráter terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já
buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de
conversa do que de súplica.
Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com
estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a
sofisticação harmônica e rítmica.
(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa Nova. São Paulo: Editora Unesp, 2002.)

07. A leitura do fragmento como um todo permite concluir que, para o autor,
a) o samba-canção era um gênero superior ao da Bossa Nova, pelo fato de explorar temas mais sérios e adultos.
b) a Bossa Nova buscava agradar ao público jovem com letras simplórias e melodias bastante pobres.
c) tanto a Bossa Nova quanto o samba-canção foram gêneros secundários, sem qualquer influência relevante
para a música popular brasileira.
d) o samba autêntico, tradicional, tinha muito mais qualidade e autenticidade que a Bossa Nova e o samba-
canção.
e) samba-canção e Bossa Nova representaram desenvolvimentos autênticos do samba tradicional, cada qual com
temática própria e estrutura melódica e musical distinta.

08. Segundo o texto, o principal traço distintivo da Bossa Nova com relação ao samba-canção foi:
a) a influência do jazz.
b) o afastamento do samba tradicional, batucado, quadrado.
c) a exploração da positividade expressiva e um otimismo sem precedentes.
d) a influência do tango e do bolero sofrida pela Bossa Nova.
e) o caráter mais inovador e as virtudes rítmicas do samba canção.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 20


09.
Você, que só faz usufruir
e tem mulher para usar ou para exibir,
você vai ver um dia
em que toca você foi bulir.
A mulher foi feita
pro amor e pro perdão.
Cai nessa, não.
Cai nessa, não.
(Vinícius de Moraes e Toquinho)

Assinale a alternativa correta, de acordo com o trecho acima:


a) O homem não se deve iludir, porque a mulher é traiçoeira.
b) O importante, na relação amorosa, são as aparências.
c) Usufruir, no texto, significa esbanjar dinheiro.
d) A mulher é superior ao homem, porque ama e perdoa.
e) Não se deve crer que a mulher sabe apenas amar e perdoar.

10. Analise a figura a seguir.

Figura 9: Mestre Vitalino. Vaquejada, 1961. Cerâmica policromada.27,5 x 9 x 22 cm. Museu do Homem do Nordeste (Recife, PE).

Tomando como referência a figura e os conhecimentos sobre arte e cultura, assinale a alternativa correta:
a) Mestre Vitalino se notabilizou por constituir figuras inspiradas nas crenças populares, em cenas do universo
rural e urbano e no imaginário da população do sertão nordestino.
b) A obra em questão refere-se a um trabalho tridimensional realizado com madeira queimada, técnica que
caracteriza a arte erudita do Mestre Vitalino.
c) A gravura realizada por Mestre Vitalino representa a “Vaquejada”, festa cultural nordestina em que o boi é
sacrificado como prenda para o pai da noiva.
d) A obra, por ser figurativa e ter como matéria-prima a terra, caracteriza-se como manifestação rupestre no que
se refere à simplificação das formas e temáticas.
e) A obra, por ser tridimensional e ter como matéria prima o barro, sofre influência da arte cubista de Picasso.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 21


11. Eu não tenho hoje em dia muito orgulho do Tropicalismo. Foi sem dúvida
um modo de arrombar a festa, mas arrombar a festa no Brasil é fácil. O Brasil é
uma pequena sociedade colonial, muito mesquinha, muito fraca.
VELOSO, C. In: HOLLANDA, H. B.: GONÇALVES, M. A cultura e participação nos anos 80,
São Paulo: Brasiliense. 1995 (adaptado).

O movimento tropicalista, consagrador de diversos músicos brasileiros, está


relacionado historicamente
a) à expansão de novas tecnologias de informação, entre as quais, a internet,
o que facilitou imensamente a sua divulgação mundo afora.
b) ao advento da indústria cultural em associação com um conjunto de
reivindicações estéticas e políticas durante os anos 1960.
c) à parceria com a Jovem Guarda, também considerada um movimento nacionalista e de crítica política ao
regime militar brasileiro.
d) ao crescimento do movimento estudantil nos anos 1970, do qual os tropicalistas foram aliados na crítica ao
tradicionalismo dos costumes da sociedade brasileira.
e) à identificação estética com a Bossa Nova, pois ambos os movimentos tinham raízes na incorporação de ritmos
norte-americanos, como o blues.

12.
OPINIÃO
Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Aqui do morro eu não saio não
Aqui do morro eu não saio não.
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso e ponho na sopa
E deixa andar, deixa andar...
Falem de mim
Quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã seu doutor,
Estou pertinho do céu
Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:www.mpbnel.com.br. Acesso em: 28 abr 2010.

Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel
exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de:
a) entretenimento para os grupos intelectuais.
b) valorização do progresso econômico do país.
c) crítica à passividade dos setores populares.
d) denúncia da situação social e política do país.
e) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

13. As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos para comparecer às


procissões e às festas da Igreja Católica.
A pintora Tarsila do Amaral reproduz, no quadro Anjos, uma dessas cenas, onde se
veem rostos amorenados, representando, com isso, a:
a) pobreza do mundo religioso.
b) tristeza do povo religioso.
c) mistura de povos no Brasil.
d) variedade de crenças no Brasil.
e) pouca religiosidade do povo brasileiro.

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14. Uma das funções da arte é fazer crítica social. Aponte, a seguir, a alternativa que contenha trecho com esse
tipo de crítica.
a) Subiu a construção como se fosse máquina.
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas (...)
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.
Chico Buarque

b) Haviam de ser,
por que possa vê-los,
que uns olhos tão belos
não se hão de esconder;
Luís de Camões

c) Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...
Tribalistas

d) As minhas grandes saudades


São do que nunca enlacei
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...
Mário de Sá-Carneiro

e) Tão cedo passa tudo quanto passa!


Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
Fernando Pessoa

15.
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai!
Porque tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, Asa Branca.

O pintor brasileiro Cândido Portinari representa, no quadro Retirantes, uma cena brasileira semelhante ao que
expressa a letra da música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Essa cena representa o problema

a) da falta d’água nas plantações de todo o Brasil.


b) da seca no nordeste brasileiro.
c) da seca no sudeste brasileiro.
d) do sofrimento de todas as crianças brasileiras.
e) do desmatamento no norte brasileiro.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 23


16.

A capa do LP Tropicália ou panis et circencis, de 1967 ilustra o movimento da


Tropicália. Os tropicalistas defenderam

Capa do LP Tropicália ou panis et circencis ,1967.

a) a absorção de elementos da cultura estrangeira e o rompimento com a tradição da ortodoxia das patrulhas
ideológicas.
b) uma arte politicamente engajada e centrada nos aspectos regionais do nordeste.
c) sonoridades exclusivamente brasileiras e temas ligados à tradição popular.
d) ritmos contidos e reservados em oposição aos modelos estrangeiros.
e) o uso de guitarras elétricas e rejeitaram a utilização de instrumentos populares na execução das músicas.

17. (UNESP 2011) A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresentada em Nova Iorque em 1917.
A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras
coisas,
a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às
convenções artísticas então vigentes.
b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artísticas
do final do século XIX.
c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que ela só
podia existir na intimidade.
d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a
situações constrangedoras.
e) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância social da
produção artística.

(Fonte – obra de Marcel Duchamp, fotografada por Alfred Stieglitz.)

18. Observe a representação da arte egípcia nas obras abaixo e, segundo o seu conhecimento sobre ela, assinale
a alternativa que esteja em desacordo com as características desse tipo de arte.

a) Hipogeus, Mastabas, pirâmides, grandes templos religiosos representam a arquitetura egípcia.


b) Na pintura, as figuras se caracterizavam por representarem os olhos e os ombros em perfil, e o resto do corpo
de frente.
c) A escultura egípcia obedecia a uma orientação predominantemente religiosa. Eram numerosas as estátuas
esculpidas com a finalidade de ficar dentro de túmulos. A escultura egípcia atingiu seu desenvolvimento
máximo com os sarcófagos, esculpidos em pedra ou madeira.
d) A cultura egípcia foi profundamente marcada pela religião e pela supremacia política do faraó. Esses dois
elementos exerceram grande influência nas artes (arquitetura, escultura, pintura, literatura) e na atividade
científica.
e) A gradação, a mistura de tonalidades, o claro-escuro não eram utilizados.

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19. Leia atentamente o trecho de uma música de Caetano Veloso e, em seguida, assinale a alternativa correta.
Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza
Princesa
Surpresa
Você me arrasou
Serpente
Nem sente que me envenenou
Senhora, e agora
Me diga onde eu vou
Senhora
Serpente
Princesa
(...)

a) O texto remete ao lirismo trovadoresco presente nas cantigas de amigo.


b) O texto apresenta uma clara postura de vassalagem amorosa.
c) O texto é moderno, com referência clara às raízes da poesia palaciana.
d) A presença do vocativo “Senhora” remete ao amor carnal, típico do período feudal.
e) O homem posiciona-se como um herói perante a mulher amada.

20. Observe o quadro de Rubens, do século XVII, em que três deusas são representadas, e responda à questão.

Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/licao-peso-475584.shtml> Acesso em: 19 jul. 2009.

Se compararmos as mulheres da obra de Rubens ao padrão de beleza atual veiculado pela mídia, não podemos
afirmar que:

a) o quadro expressa padrões estéticos femininos próprios da época em que foi produzido.
b) hoje, ao contrário do século XVII, a magreza é cultuada, levando muitas jovens a ter problemas de anorexia.
c) a maneira como a tela procura reproduzir fielmente a realidade dita os rumos da arte do Modernismo.
d) os conceitos de beleza mudam de acordo com a época.
e) procura representar o corpo feminino de forma minuciosa e detalhista.

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21.
Texto 1 Texto 2
Canção do exílio Canto de regresso à Pátria
Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem palmares
Onde canta o Sabiá; Onde gorjeia o mar
As aves, que aqui gorjeiam, Os passarinhos daqui
Não gorjeiam como lá. Não cantam como os de lá

Nosso céu tem mais estrelas, Minha terra tem mais rosas
Nossas várzeas têm mais flores, E quase tem mais amores
Nossos bosques têm mais vida, Minha terra tem mais ouro
Nossa vida mais amores. Minha terra tem mais terra

[...] Ouro terra amor e rosas


Minha terra tem primores, Eu quero tudo da lá
Que tais não encontro eu cá; Não permita Deus que eu morra
Em cismar – sozinho, à noite – Sem que volte para lá
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras Não permita Deus que eu morra
Onde canta o Sabiá. Sem que volte pra São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
Não permita Deus que eu morra, E o progresso ds São Paulo
Sem que eu volte para lá; ANDRADE, O. Caderno de poesias do aluno Oswald.
São Paulo: Círculo do Livro. s/d
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá:
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.
DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar,
1996.

Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a
paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:
a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem
os dois textos.
b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto 2, que valoriza a paisagem tropical realçada no
texto 1.
c) o texto 2 aborda o tema da nação, como o texto 1, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.
d) o texto 1, em oposição ao texto 2, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

22.

Este quadro é uma das obras fundamentais do século XIX. O tema


retrata um acontecimento recente da época, o salvamento dos
sobreviventes ao naufrágio da fragata ”La Méduse”, que se teria
afundado perto da costa do Senegal, em 1816. Essa obra difere da
de outros pintores românticos, sobretudo aqueles da fase inicial,
que incluem em suas telas certos valores trazidos da Revolução
Francesa, como heroísmo, glória e triunfo. São traços românticos
presentes no quadro
A jangada do Medusa (1819), de Théodore Géricault

a) A ambientação diurna e a estruturação piramidal, a primeira é formada pelas cordas que sustentam as velas e
a segunda pelo grupo de tripulantes.
b) A presença da morte, o sentido trágico da existência e fortes emoções.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 26


c) A presença da esperança, o sentido trágico da vida, ambientação noturna e figuras estáticas.
d) Crítica social, cores fúnebres, movimentos nas formas, impassibilidade e pessimismo.
e) Tom catastrófico, movimento das formas, desespero, valorização do individual e discurso apolítico.

23. O quadro opõe vários elementos, entre eles, a luz e a sombra. Observe que, à frente e à direita dos homens
que estão em pé acenando, vê-se ao longe um navio que pode ser a salvação do grupo. Depreende-se
a) Que a luz que se abre no horizonte represente a vida e a sombra, represente a morte e a fatalidade.
b) Que o jogo de claro/escuro simbolize a esperança e a salvação da tripulação.
c) Que o navio represente a certeza do resgate de toda a tripulação, numa atitude heroica e destemida dos seus
comandantes.
d) Da tela a exaltação do espírito de coletividade dos náufragos.
e) Dessa pintura romântica, a explícita influência do conflito barroco do século XVIII.

H14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam
nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.

01. ENEM – 2010

O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a
cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras
regiões é conhecê-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura.
BREGOLATO, R. A. Cultiva corporal da dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, são obras de um povo que as cria, recria e as
perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira:
a) o Bumba meu Boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social,
morte e ressurreição.
b) a quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origem pagã envolvendo as
colheitas e a fogueira.
c) o congado, que é uma representação de um reinado africano na qual se homenageiam santos por meio de
música, cantos e dança.
d) o balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma
de espetáculo.
e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma
história nos desfiles.

02. (ENEM – 2009) Folclore designa o conjunto de costumes, lendas, provérbios, festas
tradicionais/populares, manifestações artísticas em geral, preservado, por meio da tradição oral, por um povo ou
grupo populacional. Para exemplificar, cita-se o frevo, um ritmo de origem pernambucana surgido no início do
século XX. Ele é caracterizado pelo andamento acelerado e pela dança peculiar, feita de malabarismos, rodopios
e passos curtos, além do uso, como parte da indumentária, de uma sombrinha colorida, que permanece aberta
durante a coreografia. As manifestações culturais citadas a seguir que integram a mesma categoria folclórica no
texto são:
a) Bumba meu Boi e festa junina.
b) cantiga de roda e parlenda.
c) saci-pererê e boitatá.
d) maracatu e cordel.
e) catira e samba.

03. ENEM - 2010


Onde ficam os “artistas”? Onde ficam os “artesãos”? Submergidos no interior da sociedade, sem
reconhecimento formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes perspectivas pelos seus intérpretes, a
maioria das vezes, engajados em discussões que se polarizam entre artesanato, cultura erudita e cultura popular.
PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985. (Adaptado.)

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O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que é arte. Artesanato é arte ou não? De acordo
com uma tendência inclusiva sobre a relação entre arte e educação:
a) o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência fadada à extinção por se tratar de trabalho estático
produzido por poucos.
b) os artistas populares não têm capacidade de pensar e conceber a arte intelectual, visto que muitos deles
sequer dominam a leitura.
c) o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, têm a capacidade de exprimir, em seus trabalhos,
determinada formação cultural.
d) os artistas populares produzem suas obras pautados em normas técnicas e educacionais rígidas, aprendidas
em escolas preparatórias.
e) o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está inserido como uma produção particular, sem
expansão de seu caráter cultural.

04. ENEM - 2009


A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o
corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até
seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos
adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por
exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem.
Todos os tipos de dança vêm dos primeiros xavantes: Wamaridzadadzeiwawe, ~ ~ Butséwawe, ~
~
Tseretomodzalsewawe, que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura
Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é
obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório,
eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
WÉRÉ’ É TSI’RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS (Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte da
UnB), v. 5, n. 2. dez, 2006.

A partir das informações sobre a dança xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e o da tradição
cultural apresentados originam-se da:
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos a serem entoados.

05. Os melhores críticos da cultura brasileira trataram-na sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no
Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias
(portuguesa, italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de
Brasis sulinos, a cada um deles correspondendo uma cultura específica.
MORAIS, F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris, 2003.

Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a
arte brasileira de origem negro-africana é:

a) d)

Rubem Valentim. Disponível Victor Vassarely. Disponível em:


em:http://www.ocaixote.com.br. http://www.masterworksfineart.com.
Acesso: em 9 jul. 2009. Acesso em: 5 jul. 2009.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 28


b) e)

Athos Bulcão. Disponível em: Gougon. Disponível em:


http://www.irbr.mre.gov.br. http://www.ocaixote.com.br. Acesso
Acesso: em 9 jul. 2009. em: 5 set. 2009.

c)

Rubens Gerchman. Disponível em:


http://www.itaucultural.org.br.
Acesso em: 6 jul. 2009.

06.
Outra Nega Fulô
(Oliveira Silveira)

O sinhô foi açoitar a outra Nega Fulo


Ou será que era a mesma?
A nega tirou a saia,
A blusa e se pelou
O sinhô ficou tarado,
Largou o relho e se engraçou.
A nega em vez de deitar,
Pegou um pau e sampou
Nas guampas do sinhô.
Essa Nega Fulô !
Essa Nossa Fulô !
Dizia intimamente o velho Pai João
Pra escândalo do bom Jorge de Lima,
Seminegro e cristão.
E a mãe preta chegou bem cretina
Fingindo uma dor no coração
- Fulô ! Fulô ! Ó Fulô !
A sinhá burra e besta perguntou
Onde é que tava o sinhô
Que o diabo lhe mandou.
- Ah ! Foi você que matou !
- É sim, fui eu que matou .
Disse bem longe a Fulô
Pro seu nego, que levou
Ela pro mato, e com ele
Aí sim, ela se deitou.
Essa Nega Fulô !
Essa Nossa Fulô !
Com base no poema é verdadeiro o que se afirma na seguinte alternativa:
a) A “Outra nega Fulô” atua de um modo que abala a fixidez do estereótipo. Fulô é apresentada como
personagem ativa que recusa o assédio do senhor e as “vantagens” que dele poderia obter.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 29


b) O verso 12 — “Essa nossa Fulô!” —, reiterado no final do poema, evidencia um sujeito-poético afro-brasileiro,
com suas ideias e sentimentos. O negro, aqui, passou a ser objeto da enunciação.
c) O poema propõe reiterações nas representações do negro e da negra, com as configurações das personagens
Pai João e Mãe Preta, sempre carregadas de submissão e passividade no discurso instituído etnocêntrico.
d) O poema reitera o estereótipo depreciativo da “Nega Fulô”, que se deita com o “sinhô”. A negra que usa a
sensualidade para se beneficiar.
e) A mulher negra, no poema, aparece como um objeto sexual do seu “sinhô”, coisa muito comum na sociedade
escravocrata.

07. As imagens abaixo serão usadas para responder a questão posterior


I.

Macunaíma, filme de Joaquim Pedro de Andrade de 1969


II.

III.

08. Segundo a tese apresentada pelo Romantismo, constitui-se como prerrogativa emergente da estética: “O
Romantismo, corresponde a uma estética e o seu pacto com a burguesia e um projeto estético de uma Nação”. A
alternativa que sintetiza as imagens destacadas, respectivamente alega:
a) Macunaíma representa o contraponto do índio moral instituído pelo Indianismo e o tráfico de negros também
edita uma representação social.
b) Macunaíma e o Indianismo representam um pacto de Nação, Macunaíma num projeto idealizado e o
Indianismo com uma representação burguesa.
c) o tráfico de escravos aparece como uma representação da estética que regula um pensamento de elite.
d) as três imagens correspondem ao projeto de Nação visto sob um processo idealizado e sob um código moral.
e) o projeto de Nação trazido pelo Romantismo e pelo Modernismo, faz com que o país execute um pensamento
contraditório ao modelo europeu.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 30


09. (UFRB) 2009
POEMA ARMADO
para o mano Márcio Barbosa palavras tijolantes,
pontos cimentantes,
Que o poema venha cantando portas, chaves, tetos, muros
ao ritmo contagiante do batuque
um canto quente de força, E construa solidamente
coragem, afeto, união uma fortaleza de fé
naqueles que engordam
Que o poema venha carregado o exército dos desesperados
de amarguras, dores,
mágoas, medos, Para que nenhuma fera
feridas, fomes... não mais galgue escadas
à custa de necessidades iludidas...
Que o poema venha armado
e metralhe a sangue-frio E nem mais se sustente
palavras flamejantes de revoltas com carne, suor e sangue
palavras prenhes de serras e punhais... de um povo emparedado e sugado
nos engenhos da exploração!
Que o poema venha alicerçado Oubí Inaê Kibuko
e traga em suas bases

O texto de Oubí Inaê Kibuko, publicado originalmente em Cadernos Negros 7 (1984), Apresenta visão crítica do
sistema social, no qual predominam a desolação, a exploração e a violência. Constitui afirmação verdadeira sobre
o texto:
a) Põe em relevo um desejo de ressaltar o texto poético como um produto artesanal.
b) Identifica o poema como um produto da criação humana que deverá servir de arma transformadora da
realidade.
c) Converte o poema em um ser vivo, com características humanas e com missão redentora de injustiças sociais.
O sujeito poético expõe o estereótipo do “negro vítima”, tão caro à literatura negra.
d) Propõe que a criação artística se processe por meio de um olhar voltado para a realidade interior. O poema
busca sondar o psicológico do eu poético, através de um monólogo interior.
e) Exemplifica um poema guiado por uma imaginação que enxerga seres violentados desejosos de vingança.

10.
CRISTÓVÃO-QUILOMBOS
Fez-se a ganância
diabólicos destinos de um caminho sem volta
espíritos e corpos armados nascem do imenso ventre das águas fantásticas
o outro lado do mundo possível
Terrágua, uma bola de vida no cosmo
1492, Colombo!

Naus enormes, engenhocas inéditas – a roda, arma de fogo –


múltiplos poderes desconhecidos
homens-deuses barbados, brancos, loiros e ruivos
e seus olhos coloridos de cobiça

Piratas no paraíso
Europa rouba tudo
ouro e prata, milho, batata
cana e canga em corpos de América e África

Pós impacto do primeiro engano


– a visita era conquista e seus horrores –

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 31


deuses invadidos trovejam tambores
e cospem flechas de rebeldia
Depois de Colombo e sua maldita herança
– calombos e mutilações em milhões de corpos
Quilombos por toda parte.
(Jamu Minka)

O poema de Jamu Minka faz parte da coletânea de poemas, Cadernos Negros. Nesta obra, os autores expressam
visões críticas acerca da ,chamada, “História Oficial”.
Sobre o texto é correto afirmar:
a) Na primeira estrofe o eu-poético deixa o intorlocutor a par do contexto alvo da crítica contida no discurso.
b) O ponto de vista do enunciador do discurso reproduz o discurso adotado pelo senso comum: preconceituoso e
legitimador da superioridade dos europeus.
c) O jogo linguístico presente no uso dos vocábulos “Colombo”, “calombo” e “Quilombo” mostra a relação indireta
que o texto estabelece entre a colonização, o sofrimento e a revolta dos explorados.
d) Retrata a postura do colonizador como fundamental para construção da identidade nacional.
e) Há uma defesa da ideologia católica predominante, à época em questão, através da dicotomia “diabólico” X
“paraíso”.

11. Leia atentamente os fragmentos de texto abaixo e depois responda:


TEXTO I
Há milênios, o ser humano começou a se diferenciar dos animais pela inteligência. As verdadeiras marcas dessa
passagem são as linguagens e a arte. Do que foi feito na pré-história pouca coisa chegou aos nossos dias, mas as
pessoas, as escavações arqueológicas e os estudos científicos permitem recompor a evolução da humanidade.
Jô Oliveira e Lucilia Garcez. Explicando a arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p. 115.

TEXTO II

MATÉRIA DE POESIA
Todas as coisas cujos valores podem ser
Disputados no cuspe à distância
Servem para poesia
O homem que possui um pente
E uma árvore
Serve para poesia
Terreno de 10x20, sujo de mato – os que
Nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
Servem para poesia
(...)
Manoel Barros. Gramática expositiva do chão: poesia quase toda.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996, p.179 (com adaptações)

TEXTO III
Um grande marco da vida indígena foi a cerâmica. Feitos de argila e cozidos no fogo, os objetos de cerâmica
tinham formas variadas e tornavam-se impermeáveis e duros. Em sambaquis do estado do Pará, descobriram-se
vasos de cerâmica dotados de aproximadamente 4.000 a 5.000 anos, uma das cerâmicas mais antigas das
Américas.
(Kaká Werá Jecupé. A terra dos mil povos. São Paulo: Peirópolis, 1998 (com adaptações).)

TEXTO IV
O que temos a dizer ao mundo como brasileiros e as maneiras que escolhemos pra formular nossa
mensagem constituem uma parcela importante do que somos e refletem nossa autoestima e nosso orgulho. O que
o País produz, seja na música, na dança, no teatro, na arquitetura, na pintura, na escultura, no cinema, na
fotografia... seja nas novas formas de expressão da era tecnológica, deve ser conhecido por todos os cidadãos
brasileiros, pois esse extraordinário tesouro do engenho humano constitui nossa identidade.
(Lucilia Garcez e Jô Oliveira. Explicando a arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p.9.)

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 32


Partindo das afirmações acima que refletem sobre a história da arte e da linguagem, suas peculiaridades e
importância na história do homem, marque a alternativa incorreta sobre as proposições:
a) As pesquisas arqueológicas demonstram que desde as mais antigas eras o homem já produzia formas de arte
e linguagem pelas quais tentava descrever e entender o mundo.
b) Manoel de Barros revela em seus versos uma grande conquista da literatura moderna, “tudo é matéria para a
poesia” até mesmo as coisas aparentemente insignificantes que nos cercam.
c) Os versos de Manuel Bandeira “Vou lançar a teoria do poeta sórdido. / Poeta sórdido: / Aquele em cuja poesia
há a marca suja da vida.”, coadunam-se com a concepção estética de Manuel de Barros.
d) O texto III defende que as manifestações culturais dos indígenas são inferiores esteticamente aquelas
produzidas pela civilização europeia.
e) O texto IV defende que o direito à arte, ao conhecimento de suas várias formas é fundamental para que se
afirme a cidadania.

12.
SOM DE PRETO
O nosso som não tem idade, não tem raça
E não tem cor.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Só querem nos criticar, pensam que somos animais.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais.
porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real.
Essa história de ‘porrada’, isso é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’:
se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança,
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado
(Música da Mc’s Amilcka a Chocolate. In. Dj Malboro. Bem funk. Rio de Janeiro, 2001 (adaptado).)

À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter local, associado às
favelas e à criminalidade da cidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de símbolo da marginalização
das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso que explicita essa marginalização é:
a) “O nosso som não tem idade, não tem raça”.
b) “Mas a sociedade pra gente não dá valor”.
c) “Se existia o lado ruim, hoje não existe mais”.
d) “Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’”.
e) “se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança”.

C5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com
as condições de produção e recepção.

H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do
contexto histórico, social e político.

Texto:
Não é o homem um mundo pequeno que está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande que está dentro
do pequeno. Basta por prova o coração humano, que, sendo uma pequena parte do homem, excede na
capacidade a toda a grandeza do mundo. [...] O mar, com ser um monstro indômito, chegando às areias, para; as
árvores, onde as põem, não se mudam; os peixes contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros animais
com a terra. Pelo contrário, o homem, monstro ou quimera de todos os elementos, em nenhum lugar para, com
nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambição ou apetite ou falta: tudo confunde e como é maior que o mundo,
não cabe nele.
Padre Antônio Vieira é a mais importante figura da prosa barroca no Brasil e em Portugal. Podemos reconhecer
nesse trecho do padre Antônio Vieira:

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 33


a) o caráter argumentativo típico do estilo barroco (século XVII).
b) a pureza de linguagem e o estilo rebuscado do escritor árcade (século XVIII).
c) uma visão de mundo centrada no homem, própria da época romântica (princípio do século XIX).
d) o racionalismo comum dos escritores da escola realista (final do século XIX).
e) a consciência da destruição da natureza pelo homem, típica de um escritor moderno (século XX).

Para responder à questão, leia o texto que segue.

BUSCANDO A CRISTO
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados,


De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Pois para perdoar-me estais despertos,
E por não condenar-me estais fechados.

A vós, pregados pés por não deixar-me,


Avós, sangue vertido para ungir-me,
A vós, cabeça baixa pra chamar-me;

A vós, lado patente, quero unir-me,


A Vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
(MATOS, Gregório de. In: CÂNDIDO, A. e CASTELLO, J. A. Presença da literatura brasileira. v. l. São Paulo; Difusão Europeia do Livro, 1966, p, 72.)

Com relação a Gregório de Matos e sua obra, assinale o que for correto.
a) O poema “Buscando a Cristo” mostra o processo de reconciliação de um eu pecador com o Salvador, através
da descrição do Cristo crucificado. Essa descrição projetada nos detalhes dos braços, olhos, pés e cabeça
torna-se mais clara pelo emprego das antíteses, como se observa, por exemplo, em “braços abertos/ cravados”
(1a estrofe) e “olhos despertos/fechados” (2a estrofe). O poema é um claro exemplo de poesia neoclássica.
b) A marca lírica do poema “Buscando a Cristo” evidencia-se no processo de presentificação do eu lírico, marcado
pelo registro dos aspectos temporais e número-pessoais dos verbos (“vou”, “quero”), a que se acrescentam os
juízos de valor manifestados pela adjetivação presentificada, por exemplo, em “braços sagrados”, “cruz
sacrossanta” e “divinos olhos”.
c) Em seu aspecto formal, o poema “Buscando a Cristo” apresenta a forma fixa do soneto: catorze versos de doze
sílabas métricas, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. A estrutura rítmica segue o esquema ABBA,
nos quartetos, e CDC, nos tercetos.
d) Entre as figuras de linguagem usadas por Gregório de Matos, na construção do poema “Buscando a Cristo”,
destaca-se o emprego da epístrofe, notadamente nos dois tercetos, em que a repetição de “A vós”, no início
dos versos, serve para enfatizar a divindade.
e) As contradições da alma humana, evidenciando o conflito advindo do confronto entre o materialismo
renascentista e o espiritualismo medieval, compõem o quadro estético do Arcadismo brasileiro, movimento
literário em vigor no século XVII, do qual Gregório de Matos foi um dos maiores representantes.

Comentários:
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03. ENEM - 2009

Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua importunação de senhores e de escravos, que não
a deixam sossegar um só momento! Como não devia viver aflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa
contava ela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração:
três amantes, Leôncio, Belchior e André, e uma êmula terrível e desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as
importunações e insolências dos escravos e criados; mas que seria dela, quando viesse o senhor?
GUIMARÃES, Bernardo. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1995.

A personagem Isaura, como afirma o título do romance, era uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentos
porque passa a protagonista:
a) assemelham-se aos das demais escravas do país, o que indica o estilo realista da abordagem do tema da
escravidão pelo autor do romance.
b) demonstram que, historicamente, os problemas vividos pelas escravas brasileiras, como Isaura, eram mais de
ordem sentimental do que física.
c) diferem dos que atormentavam as demais escravas do Brasil do século XIX, o que revela o caráter idealista da
abordagem do tema pelo autor do romance.
d) indicam que, quando o assunto era o amor, as escravas brasileiras, de acordo com a abordagem lírica do tema
pelo autor, eram tratadas como as demais mulheres da sociedade.
e) revelam a condição degradante das mulheres escravas no Brasil, que, como Isaura, de acordo com a denúncia
feita pelo autor, eram importunadas e torturadas fisicamente pelos seus senhores.

Comentários:
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04. (PUC-SP) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar,
a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo,
daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.
O trecho acima caracteriza o espaço germinal de O cortiço, obra de Aluísio Azevedo. No romance, descrevem-se
dois grandes conjuntos: o cortiço São Romão e o sobrado de Miranda, que mantêm entre si um restrito e
controlado regime de trocas. Sobre o romance não é permitido afirmar que:
a) no cortiço, do ponto de vista racial, a grande maioria da população é de negros e mestiços e, do ponto de vista
social, todos são empregados e assalariados, nivelam-se pela miséria e pobreza e identificam-se mais pelas
semelhanças que pelas diferenças.
b) há no cortiço, enquanto espaço físico, um nítido movimento de expansão que compreende várias etapas
progressivas como a da Taverna, a da venda, a da quitanda, a da casa de pasto, a do bazar, a do grande
armazém, a da estalagem, a do sobrado e, finalmente, a da Avenida São Romão.
c) no cortiço de João Romão verifica-se o predomínio do instinto, revelando o lado mais animal do homem,
vivendo em espaço horizontal e solucionando seus conflitos pela violência.
d) no sobrado de Miranda há a dominância da razão, indiciando um homem posto mais ao lado da cultura,
vivendo em espaço vertical e solucionando seus conflitos por via de trocas e de interesses.
e) a construção do muro que divide as propriedades de João Romão e as de Miranda simboliza o conflito entre
eles e denuncia a impossibilidade de qualquer sistema de alianças de que ambos poderiam auferir alguma
vantagem.

Comentários:
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REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 35


05. (Enem-Inep)

OUVIR ESTRELAS
“Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto


a Via-Láctea, como um pálio aberto,
cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?”

Eu vos direi; “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas”.
BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde, 1919.

OUVIR ESTRELAS
Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo
que estás beirando a maluquice extrema.
No entanto o certo é que não perco o ensejo
De ouvi-las nos programas de cinema.

Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo


que mais eu gozo se escabroso é o terna.
Uma boca de estrela dando beijo
é, meu amigo, assunto p’ra um poema.

Direis agora: Mas, enfim, meu caro,


As estrelas que dizem? Que sentido
têm suas frases de sabor tão raro?

Amigo, aprende inglês para entendê-las,


Pois só sabendo inglês se tem ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Humor e humorismo: antologia.
São Paulo: Brasiliense, 1951.

A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que,


a) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, em
linguagem conotativa.
b) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre são próximas, acessíveis aos que
as ouvem e as entendem.
c) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como
“dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”.
d) no texto de Tigre, percebe-se o uso de metalinguagem no trecho “Uma boca de estrela dando beijo / é, meu
amigo, assunto p’ra um poema”.
e) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe do
poema com a recomendação de compreensão de outras línguas.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 36


06. (UFG-GO) Leia os textos “Inania verba”, de Olavo Bilac, e “Soneto do essencial”, de Afonso Felix de Sousa.

INANIA VERBA
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
– Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:


A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?


Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?


E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 81.

Inania verba: palavras vazias.

SONETO DO ESSENCIAL

A vida, a que não tens e tanto buscas,


terás, se te entregares à poesia,
se andares entre as pedras, as mais bruscas,
da escarpa a que te leva a rebeldia;

se deres mais ao sonho, com que ofuscas


as luzes da razão e o próprio dia,
o coração que pulsa, se o rebuscas,
no eterno... Ou pulsa um deus que em ti havia?

Que pobre o teu sentir, se não te salvas


perdendo-te de vez nas terras alvas
que chamam ria mais alta das estrelas.

Se a tanto te ajudar o engenho e arte,


ao impossível possas elevar-te
subindo em emoções, mas por vivê-las.
SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética. Goiânia: Cegraf/UFG. 1991, p. 25.

07. Esses sonetos têm como tema a própria poesia, entretanto abordam aspectos diferentes do fazer poético.
Respectivamente, o soneto de Bilac e o de Afonso Felix, propõem

a) o servilismo do poeta em relação à métrica; o abandono do poeta à inspiração.


b) a existência de uma forma perfeita; a pobreza do sentimento expresso em poesia.
c) o limite da palavra como meio de expressão; a poesia como possibilidade de uma vida autêntica.
d) a indignação do poeta com a frieza formal; a dificuldade de uma existência consagrada à arte.
e) a superioridade do sentimento em relação à palavra; a valorização da vida em detrimento da poesia.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 37


(Unifesp) O poema a seguir, de Raimundo Correia, é a base para a questão 08.

AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais.. mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida noitada


Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,


Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

08. O poema de Raimundo Correia ilustra o Parnasianismo brasileiro. Dele, podem-se depreender as seguintes
características desse movimento literário:
a) soneto em versos decassílabos, com predominância de descrição e vocabulário seleto.
b) versos livres, com predominância de narração e ênfase nos aspectos sonoros.
c) versos sem rima, liberdade na expressão dos sentimentos e recorrência às imagens.
d) soneto com versos livres, exploração do plano imagético e sonoro.
e) soneto com rimas raras, com descrição e presença da mitologia.

Comentários:
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(Enem-Inep) Texto para a questão 09.

CÁRCERE DAS ALMAS


Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza


Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas


Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,


que chaveiro do Céu possui as chaves

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 38


para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa, Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema


Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do
cotidiano.

Comentários:
a subjetividade

Redescobre o sentimento

a imaginação

a espiritualidade

buscar desvendar o subconsciente


Eles põem em xeque as certezas doutrinárias, por exemplo, do positivismo e do determinismo.
e inconsciente nas relações
misteriosas e transcendentes do
10. ENEM - 2010 sujeito humano consigo próprio e
com o mundo.
NEGRINHA
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos
ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da
cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de
crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar
certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de
balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o
tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e
da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...]
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora
senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca
se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual [...].
LOBATO, M. Negrinha. Em: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. (Fragmento.)

A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no


contexto, pela:
a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.
c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 39


11. ENEM - 2010

Texto 1

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se
não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é
partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas
aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas
porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. E este mesmo o sentimento imperturbável e
indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
RIO, J. A rua. Em: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. (Fragmento.)

Texto 2

A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência dela. Como se sentia estar no seu
reino, na região em que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das
mulheres acabavam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do
Catete com o seu passo miúdo e sólido. [...] No caminho trocou cumprimento com as raparigas
pobres de uma casa de cômodos da vizinhança. [...]
E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela continuou o seu caminho,
arrepanhando a saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus domínios.
BARRETO, L. Um e outro. Em: Clara dos Anjos, Rio de Janeiro. Mérito, 1948. (Fragmento.)

A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, contos e romances do final do século XIX e início do XX,
muitos dos quais elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos 1 e 2, a rua é vista,
respectivamente, como lugar que:
a) desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento.
b) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos.
c) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais.
d) propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal.
e) promove o anonimato e a segregação social.

Comentários:

PRINCIPAIS NOMES – PROSA

EUCLIDES DA CUNHA
Permitiu repensar o interior do país, distante do ufanismo oficial.
Em “os sertões”, não se restringiu ao documento científico do século passado.
Trouxe uma voz inconformista, de protesto contra o massacre de Canudos.

GRAÇA ARANHA
– Renegou gradativamente o passado. “Confiava” no Projeto Literário Nacional.
– Focalizou a imigração alemã e procurou defender a viabilidade do Brasil como um país independente.
– Seu nacionalismo ganhou consistência através da crítica sobre a situação social.

MONTEIRO LOBATO
– Triste situação do homem do campo.
– Aproximou, em sua obra, a perspectiva racional dos escritores realistas do século XIX.
– Regionalismo, nacionalista polêmico.

LIMA BARRETO
– Foi o mais radical. A realidade triste dos subúrbios cariocas, fazia-o desacreditar totalmente da estrutura política-
-econômica-social-cultural dos governos oligárquicos da República.
– Colocou-se violentamente contra a literatura acadêmica.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 40


12. (Enem-Inep) A leitura do poema “Descrição da guerra em Guernica” traz à lembrança o famoso quadro de
Picasso.

Entra pela janela


o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios que dormem na fuligem;
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore
a chama do candeeiro. [...]
OLIVEIRA, Carlos de; ANDRADE, Eugênio. Antologia pessoal da poesia portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999.

Uma análise cuidadosa do quadro Guernica, de Picasso, permite que se identifiquem as cenas referidas nos
trechos do poema.

PICASSO, Pablo. Guernica, 1937. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri, Espanha.

Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:


a) a1, a2, a3. b) f1, e1, d1. c) e1, d1, c1. d) c1, c2, c3. e) e1, e2, e3.

PORTUGAL

13. (Enem-Inep)
ISTO
Dizem que finjo ou minto Sobre outra coisa ainda,
Tudo que escrevo. Não, Essa coisa é que è linda.
Eu simplesmente sinto
Por isso escrevo em meio
Com a imaginação.
Do que não está ao pé,
Não uso o coração,
Livre do meu enleio,
Tudo o que sonho ou passo. Sério do que não é.
O que me falha ou finda,
Sentir? Sinta quem lê!
É como que um terraço

Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não
encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de
sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu, uma atitude irreverente.
Com base no texto e na temática do poema “Isto”, conclui-se que o autor
a) revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto.
b) considera fundamental para a poesia a influência aos fatos sociais.
c) associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta.
d) apresenta a concepção do Romantismo quanto à expressão da voz do poeta.
e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 41


(Unifesp) Instrução: As questões 14 e 15 baseiam-se num poema de Florbela Espanca.

ESQUECIMENTO
Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!

14. O esquecimento descrito pelo eu lírico


a) decorre do seu sentimento de perda e de saudade.
b) é fruto dos seus sonhos, incompatíveis com a realidade.
c) torna-o ciente de que sua agonia está por findar.
d) traduz a esperança, pelo jogo de cores remetendo à claridade.
e) mostra o amor como intenso e indesejável.

15. Na última estrofe, o eu lírico expressa, por meio de:


a) hipérboles, a dificuldade de se tentar esquecer um grande amor.
b) metáforas, a forma de se esquecer plenamente a pessoa amada.
c) eufemismos, as contradições do amor e os sofrimentos dele decorrentes.
d) metonímias, o bem-estar ligado a amar e querer esquecer.
e) paradoxos, a impossibilidade de o esquecimento ser levado a cabo.

16. (Enem-Inep) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura
nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar
seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que
valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas
a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e
os ternas nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação
artística nacional.
c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática
educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à
tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

Comentários:
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REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 42


17.
ESTRADA
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados. E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano.
No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para:

a) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação
à cidade.
b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.
c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
d) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

18. (Enem-Inep)
CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira,
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro,
Noventa por cento de ferro nas calçadas,
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade
[e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem
[mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança Itabirana,

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te


[ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo
[Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala
[de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.


Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa.Rio de Janeiro; Nova Aguilar, 2003.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 43


Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas,
penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é
feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema
“Confidência do Itabirano”. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções
artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima
a) representa a fase heroica do Modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos
linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados
históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a
forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as
prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela
terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.

19. (Enem-Inep)
Ó meio-dia confuso,
ó vinte-e-um de abril sinistro,
que intrigas de ouro e de sonho
houve em tua formação?
Quem ordena, julga e pune?
Quem é culpado e inocente?
Na mesma cova do tempo
cai o castigo e o perdão.
Morre a tinta das sentenças
e o sangue dos enforcados...
– liras, espadas e cruzes
pura cinza agora são.
Na mesma cova, as palavras,
o secreto pensamento,
as coroas e os machados,
mentira e verdade estão.
[...]
MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972. (Fragmento).

O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida um fato da história nacional, a Inconfidência Mineira.
Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção literária é sempre uma
recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico determinado. No poema de Cecília
Meireles, a recriação se concretiza por meio
a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética
desassociada da história nacional.
b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico, transformado em batalha épica que exalta a força dos
ideais dos Inconfidentes.
c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho histórico do movimento da Inconfidência: a derrota, a
prisão e a morte dos Inconfidentes.
d) distanciamento entre o tempo da escrita e o da Inconfidência, que, questionada poeticamente, alcança sua
dimensão histórica mais profunda.
e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, a fim
de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 44


20. (UEG-GO – adaptada)

PICASSO, Pablo. Guernica. 1937. Detalhe.


Óleo sobre tela. 349.3 X 776 cm.

Este é tempo de partido,


tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Nosso tempo.
Disponível em: <http://www.insrolux.org/poesias/ nossotempodrummond.htm>.
Acesso em: 5 set. 2007.

Segundo o historiador britânico Eric Hobsbawm, o período compreendido entre o início da Primeira e o final da
Segunda Guerra Mundial pode ser denominado “Era da Catástrofe”, uma vez que foi marcado por guerras
genocidas, regimes políticos fascistas, crises econômicas e pandemias mundiais. Algumas obras artísticas
expressaram a angústia do período, como o quadro Guernica, pintado por Picasso em 1937, e o poema “Nosso
tempo”, escrito por Drummond em 1945. Sobre a relação dessas obras com seu contexto, é correto afirmar:

a) No poema de Drummond está presente uma ideologia comunista que foi bastante difundida depois da Segunda
Guerra Mundial.
b) Tanto o quadro como o poema expressam uma certa visão romântica de mundo, na medida em que idealizam
os temas que retratam.
c) O quadro de Picasso é uma denúncia das atrocidades cometidas pelas tropas alemãs na Guerra Civil Italiana.
d) Estruturalmente, o poema de Drummond, condizendo com seu estilo poético, é formado por versos
alexandrinos e brancos.
e) os autores pertencem ao mesmo momento histórico: a segunda geração modernista. Drummond, no Brasil, e
Picasso, na Espanha.

21. ENEM - 2010

Texto 1

Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes
proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles
meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que
à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o
casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes
dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações...
AMADO, J. Capitães de areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, (Fragmento.)

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 45


Texto 2
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os
bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão.
No trivial comentavam-se com as sobras do mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009. (Fragmento.)

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na
literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos:
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.
Comentários:
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22. ENEM - 2010

Açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manha de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre,
[...]
Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.
GULLAR, F. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. (Fragmento.)

A literatura brasileira desempenha papel importante ao suscitar reflexão sobre desigualdades sociais. No
fragmento, essa reflexão ocorre porque o eu lírico:
a) descreve as propriedades do açúcar.
b) se revela mero consumidor de açúcar.
c) destaca o modo de produção do açúcar.
d) exalta o trabalho dos cortadores de cana.
e) explicita a exploração dos trabalhadores.

23. ENEM - 2010

Reclame
Se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
... ou transforme o mundo
ótica olho vivo
agradece a preferência
CHACAL. Reclame. Em: Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006.

REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 46


Chacal é um dos representantes da geração poética de 1970. A produção literária dessa geração, considerada
marginal e engajada, de que é representativo o poema apresentado, valoriza:
a) o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso.
b) a sociedade de consumo, com o uso da linguagem publicitária.
c) a construção do poema, em detrimento do conteúdo.
d) a experimentação formal dos neossimbolistas.
e) o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica.

(Enem-Inep) Textos para as questões 24 e 25.


Texto 1
[...] já foi o tempo em que via a convivência como viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu
quinhão, já foi o tempo em que consentia num contrato, deitando muitas coisas de fora sem ceder, contudo no que
me era vital, já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa de imaginados valores, coluna vertebral
de toda “ordem”, mas não tive sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; é esta
consciência que me libera, é ela hoje que me empurra, são outras agora minhas preocupações, é hoje outro o
meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio – definitivamente fora de foco-cedo ou tarde tudo aça base
reduzindo a um ponto de vista, e você que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica
uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar
naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo
isso! me apavora ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o
exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes [...].
NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo: Companhia das letras, 1992.

Texto 2
Raduan Nassar lançou a novela Um copo de cólera em 1978, fervilhaste narrativa de um confronto verbal entre
amantes, em que a fúria das palavras cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritário
discurso do poder e da submissão de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar.
COMODO, R. Um silencio inquietante. IstoÉ. Disponível em: <http://www.terra.com.br>. Acesso em: 15 Jul. 2009.

24. Considerando-se os textos apresentados e o contexto político e social no qual foi produzida a obra Um copo
de cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se à sua parceira, nessa novela, tece um discurso
a) conformista, que procura defender as instituições nas quais repousava a autoridade do regime militar no Brasil,
a saber: a Igreja, a família e o Estado.
b) pacifista, que procura defender os ideais libertários representativos da intelectualidade brasileira opositora à
ditadura militar na década de 70 do século passado.
c) desmistificador, escrito em um discurso ágil e contundente, que critica os grandes princípios humanitários
supostamente defendidos por sua interlocutora.
d) politizado, pois apela para o engajamento nas causas sociais e para a defesa dos direitos humanos como uma
única forma de salvamento para a humanidade.
e) contraditório, ao acusar a sua interlocutora de compactuar com o regime repressor da ditadura militar, por meio
da defesa de instituições como a família e a Igreja.

25. Na novela Um copo de cólera, o autor lança mão de recursos estilísticos e expressivos típicos da literatura
produzida na década de 70 do século passado no Brasil, que, nas palavras do crítico Antônio Cândido, aliam
“vanguarda estética e amargura política”. Com relação à temática abordada e à concepção narrativa da novela, o
texto 1
a) é escrito em terceira pessoa, com narrador onisciente, apresentando a disputa entre um homem e uma mulher
em linguagem sóbria, condizente com a seriedade da temática político-social do período da ditadura militar.
b) articula o discurso dos interlocutores em torno de uma luta verbal, veiculada por meio de linguagem simples e
objetiva, que busca traduzir a situação de exclusão social do narrador.
c) representa a literatura dos anos 70 do século XX e aborda, por meio de expressão clara e objetiva e de ponto
de vista distanciado, os problemas da urbanização das grandes metrópoles brasileiras.
d) evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os personagens, permeio de fluxo verbal contínuo de tom
agressivo.
e) traduz, em linguagem subjetiva e intimista, a partir do ponto de vista interno, os dramas psicológicos da mulher
moderna, às voltas com a questão da priorização do trabalho em detrimento da vida familiar e amorosa.
O GABARITO SERÁ DISPONIBILIZADO EM SALA.
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REVISÃO

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Contato eletrônico: zecarlosbastos@uol.com.br
FACE:
ZÉ CARLOS BASTOS II
ZÉ CARLOS BASTOS
GRUPO HUMANAS
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