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EIXOS COGNITIVOS
Competência de área I. Dominar linguagens II. Compreender fenômenos
H1 – Identificar as diferentes
1. Aplicar as tecnologias da comunicação e da linguagens e seus recursos
informação na escola, no trabalho e em expressivos como elementos de
outros contextos relevantes para sua vida. caracterização dos sistemas de
comunicação.
2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s)
H5 – Associar vocábulos e
moderna(s) como instrumento de acesso a
expressões de um texto em
informações e a outras culturas e grupos
LEM ao seu tema.
sociais.
3. Compreender e usar a linguagem corporal H9 – Reconhecer as manifestações
como relevante para a própria vida, corporais de movimento como
integradora social e formadora da originárias de necessidades cotidianas
identidade. de um grupo social.
4. Compreender a arte como saber cultural e
H12 – Reconhecer diferentes funções
estético gerador de significação e integrador
da arte, do trabalho da produção dos
da organização do mundo e da própria
artistas em seus meios culturais.
identidade.
5. Analisar, interpretar e aplicar recursos
expressivos das linguagens, relacionando H15 – Estabelecer relações entre o
textos com seus contextos, mediante a texto literário e o momento de sua
natureza, função, organização, estrutura das produção, situando aspectos do
manifestações, de acordo com as condições contexto histórico, social e político.
de produção e recepção.
6. Compreender e usar os sistemas simbólicos
H18 – Identificar os elementos que
das diferentes linguagens como meios de
concorrem para a progressão temática
organização cognitiva da realidade pela
e para a organização e estruturação dos
constituição de significados, expressão,
textos de diferentes gêneros e tipos.
comunicação e informação.
EIXOS COGNITIVOS
III. Enfrentar situações-problemas IV. Construir argumentação V. Elaborar propostas
H2 – Recorrer aos conhecimentos sobre H3 – Relacionar informações geradas H4 – Reconhecer posições críticas aos
as linguagens dos sistemas de nos sistemas de comunicação e usos sociais que são feitos das
comunicação e informação para informação, considerando a função linguagens e dos sistemas de
resolver problemas sociais. social desses sistemas. comunicação e Informação.
Provas como o ENEM, formuladas para avaliar as competências ou eixos cognitivos, verificam, acima
de tudo, a capacidade de ler e interpretar textos nas diferentes formas de linguagem. Assim, ao
iniciar a resolução, convém que o vestibulando lembre-se de algumas orientações básicas que o
ajudarão a obter um resultado melhor.
1. Em grande parte das questões, as respostas estão no próprio enunciado, bastando, para tanto, a realização
de uma leitura atenta, observando-se, com cautela, textos, gráficos, diagramas, mapas, tiras e/ou imagens.
2. Muitas questões podem ser resolvidas a partir de informações obtidas na mídia diariamente ou em
situações práticas do dia a dia. Busque relacionar fatos do cotidiano às situações propostas. Sua
experiência de vida pode responder parte da prova.
3. Leia cada uma das questões como se estivesse lendo uma notícia de jornal ou revista, sem se preocupar
em descobrir em qual disciplina se enquadra, pois a prova pretende avaliar sua capacidade de leitura da
realidade e seu exercício pleno de cidadania.
4. Como as questões são interdisciplinares, use o conhecimento adquirido na vida escolar para decodificar as
informações e entender seu significado e, assim, buscar soluções para as situações-problema
apresentadas.
Muito se tem falado das competências e habilidades, porém existe uma parte significativa das mudanças que
também exige sua atenção: a contextualização, a interdisciplinaridade e a transversalidade aplicadas à educação.
A contextualização aplicada ao processo educativo tem se intensificado na proporção em que crescem os desafios
para o século XXI (ex.: globalização, internet, meio ambiente). A proposta para tanto é trabalhar de forma que os
indivíduos possam conviver em meio à complexidade existente, numa prática de constante aprendizado e
calcados na reciprocidade, na integração dos conhecimentos (competências) e na aproximação cada vez maior da
teoria à prática (habilidades). Dessa maneira, as ciências (ex.: Matemática, Linguagens, Ciências Naturais,
Ciências Humanas) estão cada vez mais próximas para a realização da prática interdisciplinar e contextualizada.
A interdisciplinaridade, por sua vez, é a interação existente entre duas ou mais disciplinas (ex.: Matemática e
Física). Tal processo de interação está presente não só na simples comunicação de ideias, como também no uso
de conceitos fundamentais, como, por exemplo, a metodologia científica (ex.: métodos de pesquisas,
procedimentos e práticas). A transversalidade, tão presente no discurso dos educadores nas últimas décadas,
nada mais é do que a maneira de organizar a educação em temas integrados às disciplinas do currículo, de forma
a estarem presentes em todas elas. Os “temas transversais”, sugeridos pelos PCNs que norteiam as mudanças no
Ensino Médio (ex.: ENEM), são conceitos importantes para a formação da cidadania na sua plenitude, a saber:
ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, trabalho e consumo e pluralidade cultural.
No “novo” ENEM – como também já sinalizaram a FUVEST, a UNESP e a UNICAMP – as questões das
provas virão impregnadas:
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
(ABSUDAMENTE IMPORTANTE NA PROVA DO ENEM!)
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se
preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes;
tente ligar uma palavra à ideia-central de cada parágrafo.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com NÃO,
EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferença na escolha adequada. Nas provas do ENEM não têm
acontecido cobranças pedindo para o aluno marcar a falsa, mas mesmo assim, não é nada de mais alertarmos o
nosso aluno, não é?
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global
proposto pelo autor.
H12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios
culturais.
No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela
primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão
surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e
sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões,
mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propícios para receber a nova mensagem cênica demasiado
provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo e aos rumores de
aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a tendência
marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguindo um
estímulo musical.
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (org.). O Surrealismo. São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).
As manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram as condições cotidianas de
um determinado grupo social, como se pode observar na descrição acima do balé Parade, o qual reflete:
a) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética.
b) a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda Guerra Mundial.
c) uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da música.
d) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, coreográficas e de figurino.
e) uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e lineares.
Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que:
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua
concepção de maneira coletiva.
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e
independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias,
crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a
expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo
teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.
a) O acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar
a sensação de profundidade.
b) A composição simétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo
a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
c) A escolha de cenas no seu momento de menor intensidade dramática.
d) Os artistas eram então convocados a transformar as Escrituras em realidade perceptível aos fiéis. O conteúdo
emocional intensificado e a falta de realismo do barroco eram meios ideais para que se atingisse esse objetivo.
e) A luz aparece por um meio natural, projetada para guiar o olhar do observador até o acontecimento principal da
obra.
08.
a) Horror da violência religiosa, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo
brutal de crueldade do ser humano.
b) Uso de vários ícones cristãos que representam o ser humano fragmentado, de forma fotográfica e livre de
emoção.
c) Uso de figuras humanas pintadas com grande naturalismo, com expressões faciais bem marcadas e anatomia
correta. A cena pintada com cores vivas e grande dinamismo, no intuito de impressionar os sentidos.
d) Uso das formas geométricas no mesmo plano, buscando a assimetria absoluta.
e) Painel religioso, monocromático, que enfocava várias dimensões de um evento, renunciando à realidade.
a) Os artistas barrocos buscavam pintar cenas triviais das classes populares espanholas.
b) A escolha dos planos segue rigidamente os preceitos renascentistas.
c) O ponto de fuga, no fundo do quadro, auxilia na noção de profundidade e conduz o olhar.
d) A escolha de temas sacros foi uma constante na pintura de Velázquez.
e) A falta de realismo dificulta o entendimento da tela.
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) I e II apenas.
e) I, II e III.
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:
(A) “Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas.”
(Vinícius de Moraes)
12. O quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, inspirou o Manifesto Antropofágico feito por Oswald de Andrade na
primeira fase do Modernismo brasileiro. Identifique a relação do quadro com o conteúdo do Manifesto:
13. Observe as imagens a seguir. As duas pinturas foram produzidas e exibidas no ano de 1923. A primeira é a
tela Limpando metais, de Armando Vianna. A segunda é o quadro A negra, de Tarsila do Amaral.
14.
Texto I
Aproximação do Terror
Murilo Mendes
Texto II
15. O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico para representar a
necessidade de um mesmo observador aprender a considerar, simultaneamente, diferentes pontos de vista.
16. Só não é válido dizer sobre esta obra de Salvador Dali que
a) a mosca e as formigas representam, para ele, as angústias e os problemas psicológicos que acompanham o
indivíduo durante a sua existência e, ao mesmo tempo, a sensação de que somos frágeis e fracos perante a
passagem do tempo (a cabeça de Dali a derreter conjuntamente com o resto dos objetos ilustra bem isso).
b) é um quadro que aponta para a libertação das exigências da lógica e da razão aparentes e nos leva além, a um
mergulho no inconsciente, a fim de revelar nossos conflitos e medos. O inusitado dos relógios dobráveis chama
a nossa atenção para o esvair do tempo.
c) a aparente ilogicidade do quadro revela-nos a dissonância que existe entre os tempos cronológico e
psicológico, apontando para a complexidade do inconsciente humano.
d) sendo uma obra de vanguarda, seu objetivo primeiro é questionar os valores da arte acadêmica.
e) nela, Dali mostra também seu interesse pelas conquistas da ciência, como a teoria da relatividade de Einstein,
que colocou em causa a ideia de espaço e tempo fixos, e as pesquisas de Freud relativamente à importância
do inconsciente e dos sonhos.
Os quadros acima tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois momentos distintos da história da arte. O
confronto entre as imagens revela um traço fundamental da pintura moderna, que se caracteriza pela:
a) tentativa de compor o espaço pictórico com base nas figuras naturais.
b) ruptura com o princípio de imitação característico das artes visuais no Ocidente.
c) continuidade da preocupação com a nitidez das figuras representadas.
d) secularização dos temas e dos objetos figurados com base na assimilação de técnicas do Oriente.
e) busca em fundar a representação na evidência dos objetos.
18. Observe atentamente a imagem. Ela apresenta o castelo de Glasgow, na Escócia, com grafites do grupo
brasileiro Os gêmeos.
A respeito da prática do grafite, com base no que se pode inferir da
imagem e de seus conhecimentos, é correto afirmar:
a) Trata-se de manifestação artística considerada legítima desde seu
surgimento, como atesta sua presença em castelos europeus antigos.
b) É manifestação artística polêmica, dada sua interferência não
autorizada na propriedade privada e na paisagem urbana.
c) Apresenta-se como alternativa à pichação, em razão da qualidade
estética de suas produções, compatíveis com a tradição das artes
plásticas.
d) Trata-se de manifestação artística que dialoga, preferencialmente, com
a tradição pictórica e arquitetônica europeia.
e) É manifestação artística, inicialmente, polêmica, tipicamente urbana,
que conquistou adeptos e admiradores no mundo inteiro.
19.
Texto
20. O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais, possui o mais importante
conjunto de obras do artista brasileiro apelidado Aleijadinho.
Lá estão as capelas pintadas com as cenas da paixão de Cristo e as esculturas dos Profetas bíblicos, destacando
o caráter:
a) social da obra de Aleijadinho. d) religioso da obra de Aleijadinho.
b) político da obra de Aleijadinho. e) Filosófico da obra de Aleijadinho.
c) econômico da obra de Aleijadinho.
21. Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), conhecido por Aleijadinho, é um símbolo mundial.
Influenciado pelas esculturas barrocas da Europa, que conheceu por gravuras, criou um estilo
barroco particular, trabalhando com madeira e pedra-sabão. A tendência barroca é
manifestada em sua obra:
a) na imobilidade de suas figuras.
b) nos detalhes que sugerem ação.
c) na indiferença das fisionomias.
d) na dissonância com a arquitetura.
e) na conformidade de todos do seu tempo com o estilo.
24.
H13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de
beleza e preconceitos.
Texto I
OUTRO TIJOLO NA PAREDE
Papai atravessou o oceano
Deixando só uma memória
Uma foto no álbum de família
Papai o que mais você deixou pra mim?
Papai o que você deixou lá atrás pra mim?
No fim das contas, foi apenas um tijolo na parede
No fim das contas, tudo se resumiu a tijolos na parede
Texto II
EMPAREDADO
(...)
Se caminhares para a direita baterás e esbarrarás ansioso, aflito, numa parede
horrendamente incomensurável de Egoísmos e Preconceitos! Se caminhares para a
esquerda, outra parede, de Ciências e Críticas, mais alta do que a primeira, te
mergulhará profundamente no espanto! Se caminhares para a frente, ainda nova
parede, feita de Despeitos e Impotências, tremenda, de granito, broncamente se
elevará ao alto! Se caminhares, enfim, para trás, ainda, uma derradeira parede,
fechando tudo, fechando tudo — horrível! — parede de Imbecilidade e Ignorância,
te deixará num frio espasmo de terror absoluto...
(...)
* Fonte: SOUSA, João da Cruz e. Evocações. Edição fac-similar, FCC Edições. Florianópolis, 1986
03. Os dois textos, apesar de terem sido produzidos em contextos distintos, assemelham-se ao utilizarem a
expressão “parede” com sentido figurado. Comparando-os, é possível afirmar que
a) Os sujeitos poéticos de ambos os textos compartilham certa consciência da impotência do ser humano ante as
adversidades da vida.
b) O texto II apresenta linguagem predominantemente conotativa, o que não ocorre no texto I.
c) O texto II reitera o texto I, transmitindo a visão do ser humano como “um tijolo na parede”.
d) Embora os dois textos apresentam uma mesma imagem – a da parede – o sentido de suas mensagens é
completamente diferente, o que inviabiliza o estabelecimento de semelhanças entre eles.
e) Os dois textos dão voz a sujeitos angustiados; entretanto, enquanto o primeiro texto apresenta sua visão de
mundo de maneira abstrata, o segundo apresenta situações concretas para fundamentar suas opiniões.
05. Sobre o texto musical de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, identifique os itens verdadeiros.
I. Focalização de um mundo em tempo físico de pobreza.
II. Constatação da inclemência solar na seca duradoura.
III. Sujeito lírico como inventor de analogias e criador de imagens.
IV. Secura do espaço geográfico como esterilizadora da sensibilidade humana.
É verdadeiro apenas o que se afirma em
a) I. b) IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) II, III e IV.
06.
Texto l
Texto II
O deslumbramento das pessoas ante os triunfos do telégrafo e do telefone leva-as a esquecer, com
frequência, o fato de que aquilo que realmente importa é o valor do que se tem a dizer e que, em comparação a
isso, a velocidade ou lentidão dos meios de comunicação é uma preocupação que apenas por usurpação pôde
alcançar o presente status. Essa preponderância dos meios sobre os fins encontra a sua apoteose no fato de que
o periférico na vida, aquilo que está fora de sua essência básica, se assenhorou do seu centro e até de nós
mesmos. Se considerarmos a totalidade da vida, então, o controle da natureza por meio da tecnologia só é
possível ao preço de nos escravizarmos a ela e de abandonarmos a espiritualidade como o alvo central da vida.
GIANNETI, Eduardo. O livro das citações. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 301-302.
Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua
gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana.
Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de
ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria
fusões interessantes como o “samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos
instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter
escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do
bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana, lugar de vida noturna intensa, boates
enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova
ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais jovem, amante
do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um
descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não
tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus
compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de
Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita
complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e
um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O
otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos
amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os
sambas canções.
Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo
caráter terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já
buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de
conversa do que de súplica.
Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com
estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a
sofisticação harmônica e rítmica.
(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa Nova. São Paulo: Editora Unesp, 2002.)
07. A leitura do fragmento como um todo permite concluir que, para o autor,
a) o samba-canção era um gênero superior ao da Bossa Nova, pelo fato de explorar temas mais sérios e adultos.
b) a Bossa Nova buscava agradar ao público jovem com letras simplórias e melodias bastante pobres.
c) tanto a Bossa Nova quanto o samba-canção foram gêneros secundários, sem qualquer influência relevante
para a música popular brasileira.
d) o samba autêntico, tradicional, tinha muito mais qualidade e autenticidade que a Bossa Nova e o samba-
canção.
e) samba-canção e Bossa Nova representaram desenvolvimentos autênticos do samba tradicional, cada qual com
temática própria e estrutura melódica e musical distinta.
08. Segundo o texto, o principal traço distintivo da Bossa Nova com relação ao samba-canção foi:
a) a influência do jazz.
b) o afastamento do samba tradicional, batucado, quadrado.
c) a exploração da positividade expressiva e um otimismo sem precedentes.
d) a influência do tango e do bolero sofrida pela Bossa Nova.
e) o caráter mais inovador e as virtudes rítmicas do samba canção.
Figura 9: Mestre Vitalino. Vaquejada, 1961. Cerâmica policromada.27,5 x 9 x 22 cm. Museu do Homem do Nordeste (Recife, PE).
Tomando como referência a figura e os conhecimentos sobre arte e cultura, assinale a alternativa correta:
a) Mestre Vitalino se notabilizou por constituir figuras inspiradas nas crenças populares, em cenas do universo
rural e urbano e no imaginário da população do sertão nordestino.
b) A obra em questão refere-se a um trabalho tridimensional realizado com madeira queimada, técnica que
caracteriza a arte erudita do Mestre Vitalino.
c) A gravura realizada por Mestre Vitalino representa a “Vaquejada”, festa cultural nordestina em que o boi é
sacrificado como prenda para o pai da noiva.
d) A obra, por ser figurativa e ter como matéria-prima a terra, caracteriza-se como manifestação rupestre no que
se refere à simplificação das formas e temáticas.
e) A obra, por ser tridimensional e ter como matéria prima o barro, sofre influência da arte cubista de Picasso.
12.
OPINIÃO
Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Aqui do morro eu não saio não
Aqui do morro eu não saio não.
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso e ponho na sopa
E deixa andar, deixa andar...
Falem de mim
Quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã seu doutor,
Estou pertinho do céu
Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:www.mpbnel.com.br. Acesso em: 28 abr 2010.
Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel
exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de:
a) entretenimento para os grupos intelectuais.
b) valorização do progresso econômico do país.
c) crítica à passividade dos setores populares.
d) denúncia da situação social e política do país.
e) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.
b) Haviam de ser,
por que possa vê-los,
que uns olhos tão belos
não se hão de esconder;
Luís de Camões
c) Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...
Tribalistas
15.
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai!
Porque tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, Asa Branca.
O pintor brasileiro Cândido Portinari representa, no quadro Retirantes, uma cena brasileira semelhante ao que
expressa a letra da música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Essa cena representa o problema
a) a absorção de elementos da cultura estrangeira e o rompimento com a tradição da ortodoxia das patrulhas
ideológicas.
b) uma arte politicamente engajada e centrada nos aspectos regionais do nordeste.
c) sonoridades exclusivamente brasileiras e temas ligados à tradição popular.
d) ritmos contidos e reservados em oposição aos modelos estrangeiros.
e) o uso de guitarras elétricas e rejeitaram a utilização de instrumentos populares na execução das músicas.
17. (UNESP 2011) A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresentada em Nova Iorque em 1917.
A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras
coisas,
a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às
convenções artísticas então vigentes.
b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artísticas
do final do século XIX.
c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que ela só
podia existir na intimidade.
d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a
situações constrangedoras.
e) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância social da
produção artística.
18. Observe a representação da arte egípcia nas obras abaixo e, segundo o seu conhecimento sobre ela, assinale
a alternativa que esteja em desacordo com as características desse tipo de arte.
20. Observe o quadro de Rubens, do século XVII, em que três deusas são representadas, e responda à questão.
Se compararmos as mulheres da obra de Rubens ao padrão de beleza atual veiculado pela mídia, não podemos
afirmar que:
a) o quadro expressa padrões estéticos femininos próprios da época em que foi produzido.
b) hoje, ao contrário do século XVII, a magreza é cultuada, levando muitas jovens a ter problemas de anorexia.
c) a maneira como a tela procura reproduzir fielmente a realidade dita os rumos da arte do Modernismo.
d) os conceitos de beleza mudam de acordo com a época.
e) procura representar o corpo feminino de forma minuciosa e detalhista.
Nosso céu tem mais estrelas, Minha terra tem mais rosas
Nossas várzeas têm mais flores, E quase tem mais amores
Nossos bosques têm mais vida, Minha terra tem mais ouro
Nossa vida mais amores. Minha terra tem mais terra
Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a
paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:
a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem
os dois textos.
b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto 2, que valoriza a paisagem tropical realçada no
texto 1.
c) o texto 2 aborda o tema da nação, como o texto 1, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.
d) o texto 1, em oposição ao texto 2, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.
22.
a) A ambientação diurna e a estruturação piramidal, a primeira é formada pelas cordas que sustentam as velas e
a segunda pelo grupo de tripulantes.
b) A presença da morte, o sentido trágico da existência e fortes emoções.
23. O quadro opõe vários elementos, entre eles, a luz e a sombra. Observe que, à frente e à direita dos homens
que estão em pé acenando, vê-se ao longe um navio que pode ser a salvação do grupo. Depreende-se
a) Que a luz que se abre no horizonte represente a vida e a sombra, represente a morte e a fatalidade.
b) Que o jogo de claro/escuro simbolize a esperança e a salvação da tripulação.
c) Que o navio represente a certeza do resgate de toda a tripulação, numa atitude heroica e destemida dos seus
comandantes.
d) Da tela a exaltação do espírito de coletividade dos náufragos.
e) Dessa pintura romântica, a explícita influência do conflito barroco do século XVIII.
H14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam
nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a
cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras
regiões é conhecê-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura.
BREGOLATO, R. A. Cultiva corporal da dança. São Paulo: Ícone, 2007.
As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, são obras de um povo que as cria, recria e as
perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira:
a) o Bumba meu Boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social,
morte e ressurreição.
b) a quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origem pagã envolvendo as
colheitas e a fogueira.
c) o congado, que é uma representação de um reinado africano na qual se homenageiam santos por meio de
música, cantos e dança.
d) o balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma
de espetáculo.
e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma
história nos desfiles.
02. (ENEM – 2009) Folclore designa o conjunto de costumes, lendas, provérbios, festas
tradicionais/populares, manifestações artísticas em geral, preservado, por meio da tradição oral, por um povo ou
grupo populacional. Para exemplificar, cita-se o frevo, um ritmo de origem pernambucana surgido no início do
século XX. Ele é caracterizado pelo andamento acelerado e pela dança peculiar, feita de malabarismos, rodopios
e passos curtos, além do uso, como parte da indumentária, de uma sombrinha colorida, que permanece aberta
durante a coreografia. As manifestações culturais citadas a seguir que integram a mesma categoria folclórica no
texto são:
a) Bumba meu Boi e festa junina.
b) cantiga de roda e parlenda.
c) saci-pererê e boitatá.
d) maracatu e cordel.
e) catira e samba.
A partir das informações sobre a dança xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e o da tradição
cultural apresentados originam-se da:
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos a serem entoados.
05. Os melhores críticos da cultura brasileira trataram-na sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no
Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias
(portuguesa, italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de
Brasis sulinos, a cada um deles correspondendo uma cultura específica.
MORAIS, F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris, 2003.
Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a
arte brasileira de origem negro-africana é:
a) d)
c)
06.
Outra Nega Fulô
(Oliveira Silveira)
III.
08. Segundo a tese apresentada pelo Romantismo, constitui-se como prerrogativa emergente da estética: “O
Romantismo, corresponde a uma estética e o seu pacto com a burguesia e um projeto estético de uma Nação”. A
alternativa que sintetiza as imagens destacadas, respectivamente alega:
a) Macunaíma representa o contraponto do índio moral instituído pelo Indianismo e o tráfico de negros também
edita uma representação social.
b) Macunaíma e o Indianismo representam um pacto de Nação, Macunaíma num projeto idealizado e o
Indianismo com uma representação burguesa.
c) o tráfico de escravos aparece como uma representação da estética que regula um pensamento de elite.
d) as três imagens correspondem ao projeto de Nação visto sob um processo idealizado e sob um código moral.
e) o projeto de Nação trazido pelo Romantismo e pelo Modernismo, faz com que o país execute um pensamento
contraditório ao modelo europeu.
O texto de Oubí Inaê Kibuko, publicado originalmente em Cadernos Negros 7 (1984), Apresenta visão crítica do
sistema social, no qual predominam a desolação, a exploração e a violência. Constitui afirmação verdadeira sobre
o texto:
a) Põe em relevo um desejo de ressaltar o texto poético como um produto artesanal.
b) Identifica o poema como um produto da criação humana que deverá servir de arma transformadora da
realidade.
c) Converte o poema em um ser vivo, com características humanas e com missão redentora de injustiças sociais.
O sujeito poético expõe o estereótipo do “negro vítima”, tão caro à literatura negra.
d) Propõe que a criação artística se processe por meio de um olhar voltado para a realidade interior. O poema
busca sondar o psicológico do eu poético, através de um monólogo interior.
e) Exemplifica um poema guiado por uma imaginação que enxerga seres violentados desejosos de vingança.
10.
CRISTÓVÃO-QUILOMBOS
Fez-se a ganância
diabólicos destinos de um caminho sem volta
espíritos e corpos armados nascem do imenso ventre das águas fantásticas
o outro lado do mundo possível
Terrágua, uma bola de vida no cosmo
1492, Colombo!
Piratas no paraíso
Europa rouba tudo
ouro e prata, milho, batata
cana e canga em corpos de América e África
O poema de Jamu Minka faz parte da coletânea de poemas, Cadernos Negros. Nesta obra, os autores expressam
visões críticas acerca da ,chamada, “História Oficial”.
Sobre o texto é correto afirmar:
a) Na primeira estrofe o eu-poético deixa o intorlocutor a par do contexto alvo da crítica contida no discurso.
b) O ponto de vista do enunciador do discurso reproduz o discurso adotado pelo senso comum: preconceituoso e
legitimador da superioridade dos europeus.
c) O jogo linguístico presente no uso dos vocábulos “Colombo”, “calombo” e “Quilombo” mostra a relação indireta
que o texto estabelece entre a colonização, o sofrimento e a revolta dos explorados.
d) Retrata a postura do colonizador como fundamental para construção da identidade nacional.
e) Há uma defesa da ideologia católica predominante, à época em questão, através da dicotomia “diabólico” X
“paraíso”.
TEXTO II
MATÉRIA DE POESIA
Todas as coisas cujos valores podem ser
Disputados no cuspe à distância
Servem para poesia
O homem que possui um pente
E uma árvore
Serve para poesia
Terreno de 10x20, sujo de mato – os que
Nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
Servem para poesia
(...)
Manoel Barros. Gramática expositiva do chão: poesia quase toda.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996, p.179 (com adaptações)
TEXTO III
Um grande marco da vida indígena foi a cerâmica. Feitos de argila e cozidos no fogo, os objetos de cerâmica
tinham formas variadas e tornavam-se impermeáveis e duros. Em sambaquis do estado do Pará, descobriram-se
vasos de cerâmica dotados de aproximadamente 4.000 a 5.000 anos, uma das cerâmicas mais antigas das
Américas.
(Kaká Werá Jecupé. A terra dos mil povos. São Paulo: Peirópolis, 1998 (com adaptações).)
TEXTO IV
O que temos a dizer ao mundo como brasileiros e as maneiras que escolhemos pra formular nossa
mensagem constituem uma parcela importante do que somos e refletem nossa autoestima e nosso orgulho. O que
o País produz, seja na música, na dança, no teatro, na arquitetura, na pintura, na escultura, no cinema, na
fotografia... seja nas novas formas de expressão da era tecnológica, deve ser conhecido por todos os cidadãos
brasileiros, pois esse extraordinário tesouro do engenho humano constitui nossa identidade.
(Lucilia Garcez e Jô Oliveira. Explicando a arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, p.9.)
12.
SOM DE PRETO
O nosso som não tem idade, não tem raça
E não tem cor.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Só querem nos criticar, pensam que somos animais.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais.
porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real.
Essa história de ‘porrada’, isso é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’:
se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança,
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado
(Música da Mc’s Amilcka a Chocolate. In. Dj Malboro. Bem funk. Rio de Janeiro, 2001 (adaptado).)
À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter local, associado às
favelas e à criminalidade da cidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de símbolo da marginalização
das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso que explicita essa marginalização é:
a) “O nosso som não tem idade, não tem raça”.
b) “Mas a sociedade pra gente não dá valor”.
c) “Se existia o lado ruim, hoje não existe mais”.
d) “Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’”.
e) “se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança”.
C5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com
as condições de produção e recepção.
H15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do
contexto histórico, social e político.
Texto:
Não é o homem um mundo pequeno que está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande que está dentro
do pequeno. Basta por prova o coração humano, que, sendo uma pequena parte do homem, excede na
capacidade a toda a grandeza do mundo. [...] O mar, com ser um monstro indômito, chegando às areias, para; as
árvores, onde as põem, não se mudam; os peixes contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros animais
com a terra. Pelo contrário, o homem, monstro ou quimera de todos os elementos, em nenhum lugar para, com
nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambição ou apetite ou falta: tudo confunde e como é maior que o mundo,
não cabe nele.
Padre Antônio Vieira é a mais importante figura da prosa barroca no Brasil e em Portugal. Podemos reconhecer
nesse trecho do padre Antônio Vieira:
BUSCANDO A CRISTO
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
Com relação a Gregório de Matos e sua obra, assinale o que for correto.
a) O poema “Buscando a Cristo” mostra o processo de reconciliação de um eu pecador com o Salvador, através
da descrição do Cristo crucificado. Essa descrição projetada nos detalhes dos braços, olhos, pés e cabeça
torna-se mais clara pelo emprego das antíteses, como se observa, por exemplo, em “braços abertos/ cravados”
(1a estrofe) e “olhos despertos/fechados” (2a estrofe). O poema é um claro exemplo de poesia neoclássica.
b) A marca lírica do poema “Buscando a Cristo” evidencia-se no processo de presentificação do eu lírico, marcado
pelo registro dos aspectos temporais e número-pessoais dos verbos (“vou”, “quero”), a que se acrescentam os
juízos de valor manifestados pela adjetivação presentificada, por exemplo, em “braços sagrados”, “cruz
sacrossanta” e “divinos olhos”.
c) Em seu aspecto formal, o poema “Buscando a Cristo” apresenta a forma fixa do soneto: catorze versos de doze
sílabas métricas, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. A estrutura rítmica segue o esquema ABBA,
nos quartetos, e CDC, nos tercetos.
d) Entre as figuras de linguagem usadas por Gregório de Matos, na construção do poema “Buscando a Cristo”,
destaca-se o emprego da epístrofe, notadamente nos dois tercetos, em que a repetição de “A vós”, no início
dos versos, serve para enfatizar a divindade.
e) As contradições da alma humana, evidenciando o conflito advindo do confronto entre o materialismo
renascentista e o espiritualismo medieval, compõem o quadro estético do Arcadismo brasileiro, movimento
literário em vigor no século XVII, do qual Gregório de Matos foi um dos maiores representantes.
Comentários:
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Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua importunação de senhores e de escravos, que não
a deixam sossegar um só momento! Como não devia viver aflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa
contava ela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração:
três amantes, Leôncio, Belchior e André, e uma êmula terrível e desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as
importunações e insolências dos escravos e criados; mas que seria dela, quando viesse o senhor?
GUIMARÃES, Bernardo. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1995.
A personagem Isaura, como afirma o título do romance, era uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentos
porque passa a protagonista:
a) assemelham-se aos das demais escravas do país, o que indica o estilo realista da abordagem do tema da
escravidão pelo autor do romance.
b) demonstram que, historicamente, os problemas vividos pelas escravas brasileiras, como Isaura, eram mais de
ordem sentimental do que física.
c) diferem dos que atormentavam as demais escravas do Brasil do século XIX, o que revela o caráter idealista da
abordagem do tema pelo autor do romance.
d) indicam que, quando o assunto era o amor, as escravas brasileiras, de acordo com a abordagem lírica do tema
pelo autor, eram tratadas como as demais mulheres da sociedade.
e) revelam a condição degradante das mulheres escravas no Brasil, que, como Isaura, de acordo com a denúncia
feita pelo autor, eram importunadas e torturadas fisicamente pelos seus senhores.
Comentários:
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04. (PUC-SP) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar,
a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo,
daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.
O trecho acima caracteriza o espaço germinal de O cortiço, obra de Aluísio Azevedo. No romance, descrevem-se
dois grandes conjuntos: o cortiço São Romão e o sobrado de Miranda, que mantêm entre si um restrito e
controlado regime de trocas. Sobre o romance não é permitido afirmar que:
a) no cortiço, do ponto de vista racial, a grande maioria da população é de negros e mestiços e, do ponto de vista
social, todos são empregados e assalariados, nivelam-se pela miséria e pobreza e identificam-se mais pelas
semelhanças que pelas diferenças.
b) há no cortiço, enquanto espaço físico, um nítido movimento de expansão que compreende várias etapas
progressivas como a da Taverna, a da venda, a da quitanda, a da casa de pasto, a do bazar, a do grande
armazém, a da estalagem, a do sobrado e, finalmente, a da Avenida São Romão.
c) no cortiço de João Romão verifica-se o predomínio do instinto, revelando o lado mais animal do homem,
vivendo em espaço horizontal e solucionando seus conflitos pela violência.
d) no sobrado de Miranda há a dominância da razão, indiciando um homem posto mais ao lado da cultura,
vivendo em espaço vertical e solucionando seus conflitos por via de trocas e de interesses.
e) a construção do muro que divide as propriedades de João Romão e as de Miranda simboliza o conflito entre
eles e denuncia a impossibilidade de qualquer sistema de alianças de que ambos poderiam auferir alguma
vantagem.
Comentários:
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OUVIR ESTRELAS
“Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...
OUVIR ESTRELAS
Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo
que estás beirando a maluquice extrema.
No entanto o certo é que não perco o ensejo
De ouvi-las nos programas de cinema.
INANIA VERBA
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
– Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
SONETO DO ESSENCIAL
07. Esses sonetos têm como tema a própria poesia, entretanto abordam aspectos diferentes do fazer poético.
Respectivamente, o soneto de Bilac e o de Afonso Felix, propõem
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais.. mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
08. O poema de Raimundo Correia ilustra o Parnasianismo brasileiro. Dele, podem-se depreender as seguintes
características desse movimento literário:
a) soneto em versos decassílabos, com predominância de descrição e vocabulário seleto.
b) versos livres, com predominância de narração e ênfase nos aspectos sonoros.
c) versos sem rima, liberdade na expressão dos sentimentos e recorrência às imagens.
d) soneto com versos livres, exploração do plano imagético e sonoro.
e) soneto com rimas raras, com descrição e presença da mitologia.
Comentários:
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Comentários:
a subjetividade
Redescobre o sentimento
a imaginação
a espiritualidade
Texto 1
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se
não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é
partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas
aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas
porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. E este mesmo o sentimento imperturbável e
indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
RIO, J. A rua. Em: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. (Fragmento.)
Texto 2
A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência dela. Como se sentia estar no seu
reino, na região em que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das
mulheres acabavam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do
Catete com o seu passo miúdo e sólido. [...] No caminho trocou cumprimento com as raparigas
pobres de uma casa de cômodos da vizinhança. [...]
E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela continuou o seu caminho,
arrepanhando a saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus domínios.
BARRETO, L. Um e outro. Em: Clara dos Anjos, Rio de Janeiro. Mérito, 1948. (Fragmento.)
A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, contos e romances do final do século XIX e início do XX,
muitos dos quais elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos 1 e 2, a rua é vista,
respectivamente, como lugar que:
a) desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento.
b) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos.
c) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais.
d) propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal.
e) promove o anonimato e a segregação social.
Comentários:
EUCLIDES DA CUNHA
Permitiu repensar o interior do país, distante do ufanismo oficial.
Em “os sertões”, não se restringiu ao documento científico do século passado.
Trouxe uma voz inconformista, de protesto contra o massacre de Canudos.
GRAÇA ARANHA
– Renegou gradativamente o passado. “Confiava” no Projeto Literário Nacional.
– Focalizou a imigração alemã e procurou defender a viabilidade do Brasil como um país independente.
– Seu nacionalismo ganhou consistência através da crítica sobre a situação social.
MONTEIRO LOBATO
– Triste situação do homem do campo.
– Aproximou, em sua obra, a perspectiva racional dos escritores realistas do século XIX.
– Regionalismo, nacionalista polêmico.
LIMA BARRETO
– Foi o mais radical. A realidade triste dos subúrbios cariocas, fazia-o desacreditar totalmente da estrutura política-
-econômica-social-cultural dos governos oligárquicos da República.
– Colocou-se violentamente contra a literatura acadêmica.
Uma análise cuidadosa do quadro Guernica, de Picasso, permite que se identifiquem as cenas referidas nos
trechos do poema.
PICASSO, Pablo. Guernica, 1937. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri, Espanha.
PORTUGAL
13. (Enem-Inep)
ISTO
Dizem que finjo ou minto Sobre outra coisa ainda,
Tudo que escrevo. Não, Essa coisa é que è linda.
Eu simplesmente sinto
Por isso escrevo em meio
Com a imaginação.
Do que não está ao pé,
Não uso o coração,
Livre do meu enleio,
Tudo o que sonho ou passo. Sério do que não é.
O que me falha ou finda,
Sentir? Sinta quem lê!
É como que um terraço
Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não
encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de
sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu, uma atitude irreverente.
Com base no texto e na temática do poema “Isto”, conclui-se que o autor
a) revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto.
b) considera fundamental para a poesia a influência aos fatos sociais.
c) associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta.
d) apresenta a concepção do Romantismo quanto à expressão da voz do poeta.
e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico.
ESQUECIMENTO
Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
16. (Enem-Inep) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura
nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar
seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que
valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas
a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e
os ternas nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação
artística nacional.
c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática
educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à
tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.
Comentários:
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A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano.
No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para:
a) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação
à cidade.
b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.
c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
d) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.
18. (Enem-Inep)
CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira,
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro,
Noventa por cento de ferro nas calçadas,
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade
[e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem
[mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança Itabirana,
19. (Enem-Inep)
Ó meio-dia confuso,
ó vinte-e-um de abril sinistro,
que intrigas de ouro e de sonho
houve em tua formação?
Quem ordena, julga e pune?
Quem é culpado e inocente?
Na mesma cova do tempo
cai o castigo e o perdão.
Morre a tinta das sentenças
e o sangue dos enforcados...
– liras, espadas e cruzes
pura cinza agora são.
Na mesma cova, as palavras,
o secreto pensamento,
as coroas e os machados,
mentira e verdade estão.
[...]
MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972. (Fragmento).
O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida um fato da história nacional, a Inconfidência Mineira.
Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção literária é sempre uma
recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico determinado. No poema de Cecília
Meireles, a recriação se concretiza por meio
a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética
desassociada da história nacional.
b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico, transformado em batalha épica que exalta a força dos
ideais dos Inconfidentes.
c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho histórico do movimento da Inconfidência: a derrota, a
prisão e a morte dos Inconfidentes.
d) distanciamento entre o tempo da escrita e o da Inconfidência, que, questionada poeticamente, alcança sua
dimensão histórica mais profunda.
e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, a fim
de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes.
Segundo o historiador britânico Eric Hobsbawm, o período compreendido entre o início da Primeira e o final da
Segunda Guerra Mundial pode ser denominado “Era da Catástrofe”, uma vez que foi marcado por guerras
genocidas, regimes políticos fascistas, crises econômicas e pandemias mundiais. Algumas obras artísticas
expressaram a angústia do período, como o quadro Guernica, pintado por Picasso em 1937, e o poema “Nosso
tempo”, escrito por Drummond em 1945. Sobre a relação dessas obras com seu contexto, é correto afirmar:
a) No poema de Drummond está presente uma ideologia comunista que foi bastante difundida depois da Segunda
Guerra Mundial.
b) Tanto o quadro como o poema expressam uma certa visão romântica de mundo, na medida em que idealizam
os temas que retratam.
c) O quadro de Picasso é uma denúncia das atrocidades cometidas pelas tropas alemãs na Guerra Civil Italiana.
d) Estruturalmente, o poema de Drummond, condizendo com seu estilo poético, é formado por versos
alexandrinos e brancos.
e) os autores pertencem ao mesmo momento histórico: a segunda geração modernista. Drummond, no Brasil, e
Picasso, na Espanha.
Texto 1
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes
proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles
meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que
à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o
casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes
dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações...
AMADO, J. Capitães de areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, (Fragmento.)
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na
literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos:
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.
Comentários:
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Açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manha de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre,
[...]
Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.
GULLAR, F. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. (Fragmento.)
A literatura brasileira desempenha papel importante ao suscitar reflexão sobre desigualdades sociais. No
fragmento, essa reflexão ocorre porque o eu lírico:
a) descreve as propriedades do açúcar.
b) se revela mero consumidor de açúcar.
c) destaca o modo de produção do açúcar.
d) exalta o trabalho dos cortadores de cana.
e) explicita a exploração dos trabalhadores.
Reclame
Se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
... ou transforme o mundo
ótica olho vivo
agradece a preferência
CHACAL. Reclame. Em: Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006.
Texto 2
Raduan Nassar lançou a novela Um copo de cólera em 1978, fervilhaste narrativa de um confronto verbal entre
amantes, em que a fúria das palavras cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritário
discurso do poder e da submissão de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar.
COMODO, R. Um silencio inquietante. IstoÉ. Disponível em: <http://www.terra.com.br>. Acesso em: 15 Jul. 2009.
24. Considerando-se os textos apresentados e o contexto político e social no qual foi produzida a obra Um copo
de cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se à sua parceira, nessa novela, tece um discurso
a) conformista, que procura defender as instituições nas quais repousava a autoridade do regime militar no Brasil,
a saber: a Igreja, a família e o Estado.
b) pacifista, que procura defender os ideais libertários representativos da intelectualidade brasileira opositora à
ditadura militar na década de 70 do século passado.
c) desmistificador, escrito em um discurso ágil e contundente, que critica os grandes princípios humanitários
supostamente defendidos por sua interlocutora.
d) politizado, pois apela para o engajamento nas causas sociais e para a defesa dos direitos humanos como uma
única forma de salvamento para a humanidade.
e) contraditório, ao acusar a sua interlocutora de compactuar com o regime repressor da ditadura militar, por meio
da defesa de instituições como a família e a Igreja.
25. Na novela Um copo de cólera, o autor lança mão de recursos estilísticos e expressivos típicos da literatura
produzida na década de 70 do século passado no Brasil, que, nas palavras do crítico Antônio Cândido, aliam
“vanguarda estética e amargura política”. Com relação à temática abordada e à concepção narrativa da novela, o
texto 1
a) é escrito em terceira pessoa, com narrador onisciente, apresentando a disputa entre um homem e uma mulher
em linguagem sóbria, condizente com a seriedade da temática político-social do período da ditadura militar.
b) articula o discurso dos interlocutores em torno de uma luta verbal, veiculada por meio de linguagem simples e
objetiva, que busca traduzir a situação de exclusão social do narrador.
c) representa a literatura dos anos 70 do século XX e aborda, por meio de expressão clara e objetiva e de ponto
de vista distanciado, os problemas da urbanização das grandes metrópoles brasileiras.
d) evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os personagens, permeio de fluxo verbal contínuo de tom
agressivo.
e) traduz, em linguagem subjetiva e intimista, a partir do ponto de vista interno, os dramas psicológicos da mulher
moderna, às voltas com a questão da priorização do trabalho em detrimento da vida familiar e amorosa.
O GABARITO SERÁ DISPONIBILIZADO EM SALA.
REVISÃO ENEM/LITERATURA/III TRIMESTRE/3ºEM/2013 47
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