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CÓD: OP-035MR-23

7908403533749

PORTO ALEGRE-RS
PREFEITURA DE PORTO ALEGRE
RIO GRANDE DO SUL - RS

Agente de Combate às Endemias


EDITAL DE ABERTURA 013/2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e compreensão de textos: Assunto. Estruturação do texto. Ideias principais e secundárias. Relação entre as ideias.
Efeitos de sentido. Recursos de argumentação. Informações implícitas: pressupostos e subentendidos. ......................... 7
2. Figuras de linguagem............................................................................................................................................................. 16
3. Coesão e coerência textuais.................................................................................................................................................. 18
4. Léxico: Significação de palavras e expressões no texto. Substituição de palavras e de expressões no texto. ..................... 19
5. Estrutura e formação de palavras.......................................................................................................................................... 20
6. Ortografia: emprego de letras e acentuação gráfica sistema oficial vigente (inclusive o Acordo Ortográfico vigente,
conforme Decreto 7.875/12)................................................................................................................................................. 20
7. Relações entre fonemas e grafias.......................................................................................................................................... 22
8. Aspectos linguísticos: Relações morfossintáticas.Flexões e emprego de classes gramaticais. Vozes verbais e sua
conversão............................................................................................................................................................................... 22
9. Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................. 29
10. Regência nominal e verbal .................................................................................................................................................... 31
11. Inclusive emprego do acento indicativo de crase.................................................................................................................. 32
12. Coordenação e subordinação: emprego das conjunções, das locuções conjuntivas e dos pronomes relativos.................... 32
13. Pontuação.............................................................................................................................................................................. 35

Informática
1. Conhecimentos do sistema operacional Microsoft Windows 10: (1) Área de Trabalho (Exibir, Classificar, Atualizar, Resolução
da tela, Gadgets) e Menu Iniciar (Documentos, Imagens, Computador, Painel de Controle, Dispositivos e Impressoras,
programa Padrão, Ajuda e Suporte, Desligar, Todos os programas, Pesquisar programa e Arquivos e Ponto de Partida):
saber trabalhar, exibir, alterar, organizar, classificar, ver as propriedades, identificar, usar e configurar, utilizando menus
rápidos ou suspensos, painéis, listas, caixa de pesquisa, menus, ícones, janelas, teclado e/ou mouse; (2) Propriedades
da Barra de Tarefas, do Menu Iniciar e do Gerenciador de Tarefas: saber trabalhar, exibir, alterar, organizar, identificar,
usar, fechar programa e configurar, utilizando as partes da janela (botões, painéis, listas, caixa de pesquisa, caixas de
marcação, menus, ícones e etc.), teclado e/ou mouse; (3) Janelas (navegação no Windows e o trabalho com arquivos,
pastas e bibliotecas), Painel de Controle e Lixeira: saber exibir, alterar, organizar, identificar, usar e configurar ambientes,
componentes da janela, menus, barras de ferramentas e ícones; usar as funcionalidades das janelas, programa e
aplicativos utilizando as partes da janela (botões, painéis, listas, caixa de pesquisa, caixas de marcação, menus, ícones e
etc.), teclado e/ou mouse; (4) Bibliotecas, Arquivos, Pastas, Ícones e Atalhos: realizar ações e operações sobre bibliotecas,
arquivos, pastas, ícones e atalhos: localizar, copiar, mover, criar, criar atalhos, criptografar, ocultar, excluir, recortar, colar,
renomear, abrir, abrir com, editar, enviar para, propriedades e etc.; e (5) Nomes válidos: identificar e utilizar nomes
válidos para bibliotecas, arquivos, pastas, ícones e atalhos. ............................................................................................. 41
2. Conhecimentos sobre o programa Microsoft Word 2016: (1) Ambiente e Componentes do Programa: saber identificar,
caracterizar, usar, alterar, configurar e personalizar o ambiente, componentes da janela, funcionalidades, menus, ícones,
barra de ferramentas, guias, grupos e botões, incluindo número de páginas e palavras, erros de revisão, idioma, modos de
exibição do documento e zoom; (2) Documentos: abrir, fechar, criar, excluir, visualizar, formatar, alterar, salvar, configurar
documentos, utilizado as barras de ferramentas, menus, ícones, botões, guias e grupos da Faixa de Opções, teclado
e/ou mouse; (3) Barra de Ferramentas: identificar e utilizar os botões e ícones das barras de ferramentas das guias e
grupos Início, Inserir, Layout da Página, Referências, Correspondências, Revisão e Exibição, para formatar, personalizar,
configurar, alterar e reconhecer a formatação de textos e documentos; e (4) Ajuda: saber usar a Ajuda......................... 41
ÍNDICE

3. Conhecimentos sobre o programa Microsoft Excel 2016: (1) Ambiente e Componentes do Programa: saber identificar,
caracterizar, usar, alterar, configurar e personalizar o ambiente, componentes da janela, funcionalidades, menus, ícones,
barra de ferramentas, guias, grupos e botões; (2) Elementos: definir e identificar célula, planilha e pasta; saber selecionar
e reconhecer a seleção de células, planilhas e pastas; (3) Planilhas e Pastas: abrir, fechar, criar, visualizar, formatar, salvar,
alterar, excluir, renomear, personalizar, configurar planilhas e pastas, utilizar fórmulas e funções, utilizar as barra de
ferramentas, menus, ícones, botões, guias e grupos da Faixa de Opções, teclado e/ou mouse; (4) Barra de Ferramentas:
identificar e utilizar os ícones e botões das barras de ferramentas das guias e grupos Início, Inserir, Layout da Página,
Fórmulas, Dados, Revisão e Exibição, para formatar, alterar, selecionar células, configurar, reconhecer a formatação de
textos e documentos e reconhecer a seleção de células; (5) Fórmulas: saber o significado e resultado de fórmulas; e (6)
Ajuda: saber usar a Ajuda. ................................................................................................................................................. 51
4. Google Chrome versão atualizada: (1) Ambiente e Componentes do Programa: identificar o ambiente, características
e componentes da janela principal; (2) Funcionalidades: identificar e saber usar todas as funcionalidades do Google
Chrome. ............................................................................................................................................................................. 59
5. Mozilla Firefox versão atualizada: (1) Ambiente e Componentes do Programa: identificar o ambiente, características
e componentes da janela principal; (2) Funcionalidades: identificar e saber usar todas as funcionalidades do Mozilla
Firefox. ............................................................................................................................................................................... 62
6. Internet Explorer 11: (1) identificar o ambiente, características e componentes da janela principal do Internet Explorer;
(2) identificar e usar as funcionalidades da barra de ferramentas e de status; (3) identificar e usar as funcionalidades
dos menus; (4) identificar e usar as funcionalidades das barras de Menus, Favoritos, Botões do Modo de Exibição de
Compatibilidade, Barra de Comandos, Barra de Status; e (5) utilizar teclas de atalho para qualquer operação............... 76
7. Outlook Express: Contas de e-mail, endereços de e-mail, escrever, enviar, responder e encaminhar mensagens,
destinatário oculto, arquivos anexos, organizar e selecionar mensagens recebidas. Importar e exportar mensagens.
Funcionalidade dos menus, ferramentas e teclas de atalho............................................................................................... 80
8. Microsoft Outlook 2016: Contas de e- mail, endereços de e-mail, escrever, enviar, responder e encaminhar mensagens,
destinatário oculto, arquivos anexos, organizar e selecionar mensagens recebidas. Importar e exportar mensagens.
Funcionalidade dos menus, ferramentas e teclas de atalho. ............................................................................................. 83
9. Gmail: Funcionamento do serviço de e- mail Gmail, incluindo: menus, caixas de e-mails, enviados, rascunhos,
configurações, estrela, escrever, responder, encaminhar, inserir anexos, filtros, entre outros.......................................... 86

Conhecimentos Específicos
Agente de Combate às Endemias
1. Conceitos de endemia, epidemia, pandemia, zoonoses, vetores de doença, hospedeiros, parasitismo, reservatório. ......... 95
2. Visita domiciliar........................................................................................................................................................................ 96
3. Avaliação das áreas de risco ambiental e sanitário.................................................................................................................. 99
4. Noções de ética e cidadania.................................................................................................................................................... 100
5. Noções básicas de epidemiologia, aspectos epidemiológicos, agentes etiológicos, vetores e reservatórios, modos de
transmissão, período de transmissibilidade, período de incubação, suscetibilidade, vacinas e imunidade. .......................... 104
6. Conhecimento das principais medidas de controle das principais endemias.......................................................................... 114
7. Noções básicas de doenças como leishmaniose, doença de Chagas, dengue, malária, leptospirose, tuberculose, hepatites,
raiva, meningite, Chikungunya, Febre Amarela e doenças de veiculação hídrica.................................................................... 114
8. Educação em saúde e participação comunitária...................................................................................................................... 143
9. Meio ambiente e saneamento................................................................................................................................................. 144
10. Armazenamento de lixo aterro e sanitário.............................................................................................................................. 146
11. Controle de roedores............................................................................................................................................................... 149
12. Controle biológico e manejo ambiental. ................................................................................................................................. 199
13. Noções básicas sobre acidentes com animais peçonhentos ................................................................................................... 200
14. Noções básicas de Vigilância em Saúde Ambiental................................................................................................................. 206
ÍNDICE

15. Noções básicas sobre arboviroses e fauna sinantrópica, bem como suas medidas de controle............................................. 207
16. Noções básicas em emergências em saúde pública................................................................................................................ 208

Legislação
1. Constituição da República Federativa do Brasil: Artigos 196, 197, 198, 199 e 200................................................................... 5
2. Lei Federal nº 8.080/90, de 19 de setembro de 1990. ............................................................................................................. 6
3. Lei Federal nº 8.142/90, de 28 de dezembro de 1990.............................................................................................................. 16
4. Portaria Ministério da Saúde nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. ...................................................................................... 17
5. Portaria de Consolidação nº 1/2017 – Ministério da Saúde..................................................................................................... 39
6. Portaria de Consolidação nº 2/2017 – Ministério da Saúde..................................................................................................... 39
7. Portaria de Consolidação nº 3/2017 – Ministério da Saúde..................................................................................................... 73
8. Lei FederaI nº 12.288, de 20 de julho de 2010 - Estatuto Nacional da Igualdade Racial.......................................................... 145
9. Lei Federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992 – Lei de Improbidade Administrativa. ............................................................... 151
10. Lei Orgânica do Município de Porto Alegre: Dos Princípios Gerais da Organização Municipal – arts. 1º ao 10, Dos Bens
Públicos Municipais – arts. 11 ao 16, Da Administração Pública – arts. 17 ao 29, Dos Servidores Municipais – arts. 30 ao 49,
Da Ordem Social e Cidadania – arts. 147 a 200........................................................................................................................ 160
11. Lei Complementar Municipal nº 133, de 31 de dezembro de 1985 - Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de
Porto Alegre. ............................................................................................................................................................................ 172
12. Lei Complementar Municipal 395 – Código Municipal de Saúde 26 de dezembro de 1996..................................................... 194
13. Código de Posturas do Município. ........................................................................................................................................... 213
14. Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente............................................................. 223
15. Lei Federal nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 - Lei Maria da Penha. ................................................................................... 262
16. Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso...................................................................................... 268
17. Lei Complementar nº 875, de 21 de janeiro de 2020 – Cria os cargos públicos de Agente Comunitário de Saúde (ACS) e
Agente de Combate às Endemias (ACE). .................................................................................................................................. 278
18. Lei Federal nº 11.350, de 05 de outubro de 2006.................................................................................................................... 283

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tipologia Textual
LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS: ASSUNTO. A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO. IDEIAS PRINCIPAIS E dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele
SECUNDÁRIAS. RELAÇÃO ENTRE AS IDEIAS. EFEITOS pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas
DE SENTIDO. RECURSOS DE ARGUMENTAÇÃO. classificações.
INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS: PRESSUPOSTOS E
SUBENTENDIDOS Tipos textuais
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é específico para se fazer a enunciação.
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido cas:
completo.
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e Apresenta um enredo, com ações e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- relações entre personagens, que ocorre
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua em determinados espaço e tempo. É
interpretação. TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do da seguinte maneira: apresentação >
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que desenvolvimento > clímax > desfecho
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- Tem o objetivo de defender determinado
tório do leitor. TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido desenvolvimento > conclusão.
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a necessidade
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. de defender algum ponto de vista. Para
isso, usa-se comparações, informações,
Dicas práticas TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- estrutura segue a do texto dissertativo-
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- argumentativo.
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
de modo que sua finalidade é descrever,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
isso, é um texto rico em adjetivos e em
cidas.
verbos de ligação.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
te de referências e datas. Oferece instruções, com o objetivo de
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
opiniões. são os verbos no modo imperativo.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin-
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de Gêneros textuais
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
quando afirma que... não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.

7
LÍNGUA PORTUGUESA

Alguns exemplos de gêneros textuais: O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de


• Artigo um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
• Bilhete enunciador está propondo.
• Bula Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Carta O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
• Conto demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
• Crônica missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
• E-mail admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Lista crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
• Manual mento de premissas e conclusões.
• Notícia Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Poema A é igual a B.
• Propaganda A é igual a C.
• Receita culinária Então: C é igual a B.
• Resenha
• Seminário Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
que C é igual a A.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Outro exemplo:
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Todo ruminante é um mamífero.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, A vaca é um ruminante.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- Logo, a vaca é um mamífero.
dade e à função social de cada texto analisado.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
ARGUMENTAÇÃO também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
propõe. banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de outro fundado há dois ou três anos.
vista defendidos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse der bem como eles funcionam.
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
sos de linguagem. expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
escolher entre duas ou mais coisas”. associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- zado numa dada cultura.
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Tipos de Argumento
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- mento. Exemplo:
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Argumento de Autoridade Argumento quase lógico


É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
dadeira. Exemplo: Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
cimento. Nunca o inverso. tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
Alex José Periscinoto. fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
indevidas.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, Argumento do Atributo
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
acreditar que é verdade. raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
que é mais grosseiro, etc.
Argumento de Quantidade Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz de.
largo uso do argumento de quantidade. Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
Argumento do Consenso língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o dizer dá confiabilidade ao que se diz.
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
por bem determinar o internamento do governador pelo período
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
carentes de qualquer base científica.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
Argumento de Existência
tal por três dias.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
do que dois voando”. deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais texto tem sempre uma orientação argumentativa.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
vios, etc., ganhava credibilidade. outras, etc. Veja:

9
LÍNGUA PORTUGUESA

“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca- Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
vam abraços afetuosos.” expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
injustiça, corrupção). curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
o argumento. zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por ver as seguintes habilidades:
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir mente contrária;
outros à sua dependência política e econômica”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- ria contra a argumentação proposta;
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, ta.
o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
dades não se prometem, manifestam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
comportamento. argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio da verdade:
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - evidência;
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- - divisão ou análise;
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- - ordem ou dedução;
mica e até o choro. - enumeração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão Indução


e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. cular)
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê- Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con- Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con- – conclusão falsa)
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
caracteriza a universalidade. pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à ados nos sentimentos não ditados pela razão.
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
o efeito. Exemplo: outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
Fulano é homem (premissa menor = particular) demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
Logo, Fulano é mortal (conclusão) classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- pesquisa.
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
O calor dilata o ferro (particular) síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
O calor dilata o bronze (particular) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o cobre (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O ferro, o bronze, o cobre são metais o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido o relógio estaria reconstruído.
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem relacionadas:
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
sofisma no seguinte diálogo:
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
- Lógico, concordo. a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
- Claro que não! lha dos elementos que farão parte do texto.
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
Exemplos de sofismas: racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
Dedução por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
Todo professor tem um diploma (geral, universal) um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Fulano tem um diploma (particular)
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)

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LÍNGUA PORTUGUESA

A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a Elemento especie diferença
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- a ser definido específica
nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís- tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
sabiá, torradeira. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. ou instalação”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
(Garcia, 1973, p. 302304.) dida;d
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- diferenças).
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
de vista sobre ele. consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- vra e seus significados.
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A mentação coerente e adequada.
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
- o termo a ser definido; as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
- o gênero ou espécie; rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
- a diferença específica. reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
ma espécie. Exemplo: expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
elementos, ou se há contradição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por de- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
dução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, con- dos e axiomas);
clui-se que o argumento é um tipo específico de relação entre as - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
premissas e a conclusão. za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. parece absurdo).
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- cretos, estatísticos ou documentais.
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
virtude de, em vista de, por motivo de. julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex-
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no gumentação:
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
assim, desse ponto de vista. mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são dadeira;
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de- Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, dade da afirmação;
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no ridade que contrariam a afirmação apresentada;
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
que, melhor que, pior que. uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: que gera o controle demográfico”.
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer elaboração de um Plano de Redação.
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais tecnológica
caráter confirmatório que comprobatório. - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por ta, justificar, criando um argumento básico;
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
caso, incluem-se construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
mortal, aspira à imortalidade); (rever tipos de argumentação);

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ- utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a
ência); fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di-
argumento básico; ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu- mencionar um provérbio conhecido.
mento básico; Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
menos a seguinte: zá-lo ou ao compará-lo com outros.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
Introdução grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
- função social da ciência e da tecnologia; senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
- definições de ciência e tecnologia; samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
Desenvolvimento nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
vimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as Tipos de Intertextualidade
condições de vida no mundo atual; A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
desenvolvidos; Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; dade.
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
sado; apontar semelhanças e diferenças; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá-
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
banos; mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade. Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com
Conclusão
outras palavras o que já foi dito.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
ências maléficas;
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
apresentados.
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-
ção: é um dos possíveis.
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções demagogia praticada pela classe dominante.
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
é inserida. científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois cultura é o melhor conforto para a velhice”.
textos caracterizada por um citar o outro.

14
LÍNGUA PORTUGUESA

A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro- Primeira pessoa


dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex- Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
termo “citação” (citare) significa convocar. leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros só descobrimos ao decorrer da história.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Segunda pessoa
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
Pastiche é uma recorrência a um gênero. logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
quase como outro personagem que participa da história.
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
a recriação de um texto. Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci- vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
produtor e ao receptor de textos. guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
daquela citação ou alusão em questão.
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
leitura não fique confuso.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRA-
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. FOS
São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
A intertextualidade explícita: to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
– é facilmente identificada pelos leitores; cada uma de forma isolada a seguir:
– estabelece uma relação direta com o texto fonte;
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; Introdução
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
– apenas apela à compreensão do conteúdos. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
A intertextualidade implícita: Desenvolvimento
– não é facilmente identificada pelos leitores;
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par- conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
te dos leitores; namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
a compreensão do conteúdo. Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
PONTO DE VISTA
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de ção do desenvolvimento:
vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com- - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
dificultando a linha de compreensão do leitor.
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
servador e o narrador-personagem.
Conclusão

Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-


volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
tos levantados pelo autor.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”. estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu
pensamento.
Parágrafo
Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns;
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati-
esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve va: como, tal qual, assim como.
conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira “Sejamos simples e calmos
sintética de acordo com os objetivos do autor. Como os regatos e as árvores”
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), Fernando Pessoa
atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
dade na discussão. Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos- tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los. Observe os exemplos abaixo:

Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, -autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado de
desenvolvimento e conclusão): Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)

“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado (o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão - continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
caos. ” contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
-abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
Elemento relacionador: Nesse contexto. ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. seja, mulheres grávidas).
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce - instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo-
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. gadores.)
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
(Fumei um saboroso charuto.).
- símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas-
FIGURAS DE LINGUAGEM tes da cruz. (Não te afastes da religião.).

As figuras de linguagem são recursos especiais usados por - a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados.
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade (a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
e beleza.
São três tipos: - indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua.
Figuras de Palavras (tropos); (Alguns astronautas foram à Lua.).
Figuras de Construção (de sintaxe); - singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às
Figuras de Pensamento. ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma)
Figuras de Palavra
- gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-
É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui-
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida- - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma-
de. São as seguintes as figuras de palavras: téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).

Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude nome de Sinédoque.
da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende
entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo: Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
antonomásia. com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex-
Exemplos: pressos. A silepse pode ser:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o - de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
bem. adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as - de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor-
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo: rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si- pessoal sugere).
lêncio = auditivo; negro = visual) - de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito
os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor-
Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
um termo específico para designar um conceito, toma-se outro que fala está incluída em os brasileiros).
“emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
da cadeira” . de palavras os sons da realidade.
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Figuras de Construção Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres- As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
construção: um verso).
“Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no
vagam nos velhos vórtices velozes
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co-
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos (Cruz e Sousa)
e garrafas vazias). Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma-
ção ou sugerir insistência, progressão:
Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes “E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-
para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz. sona.” (Bernardo Élis)
Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de “O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa- apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun-
para dentro”, etc. ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se-
gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”. gosto de português.).
Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam. Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim,
orações com o fim de lhes dar destaque: vi, venci.
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
de Andrade) Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons-
sei.” (Graciliano Ramos) trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
início da frase. e que um dia nos há de salvar

Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá- Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.
tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que
Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim
consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tempo-
O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
rário).
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo
Castelo Branco)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Pensamento

Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação, as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias,
pensamentos.

Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias, que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de mãos
dadas.

Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe corres-
ponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres.

Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as expressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a expressão
“para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)

Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa, sen-
taram, comeram e dançaram.

Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é, expressa uma ideia de forma exagerada.
Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).

Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sarcástico.
Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou o que estava gravado?

Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o paradoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente absurdas.
Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais
ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira,
sendo esta uma “qualidade humana”.)
Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. Exemplo:
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.” (Machado de Assis)

Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual seria o
procedimento.

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

Coerência e a coesão
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos)
– anafórica João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA
advérbios) – catafórica africana.
Comparativa (uso de comparações por Mais um ano igual aos outros...
semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
repetição ficar em casa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

No quarto, apenas quatro ou cinco


ELIPSE Omissão de um termo
convidados. (omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
relação entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL genéricos ou palavras que possuem sentido aproximado
cozinha têm janelas grandes.
e pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

LÉXICO: SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS E EXPRESSÕES NO TEXTO. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS E DE EXPRESSÕES NO


TEXTO

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

Polissemia e monossemia
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a frase.
Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).

Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé da
cadeira.

Hiperonímia e hiponímia
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de significado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
Limão é hipônimo de fruta. dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
-flor / passatempo.
Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem Abreviação
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
farto / gatinhar – engatinhar. totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
(fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo Hibridismo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- culo (bi – grego + oculus – latim).
mácia / franquia <—> sinceridade.
Combinação
Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
recer + adolescente).

A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- Intensificação


cos, de modo que as palavras se dividem entre: Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
palavra. Ex: flor; pedra adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala- colizar (em vez de protocolar).
vras. Ex: floricultura; pedrada
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi- Neologismo
cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
azeite te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais nentes. Existem três tipos principais de neologismos:
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor • Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
palavras: • Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
Derivação compromisso) / dar a volta por cima (superar).
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma • Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos. um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz) Onomatopeia
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi-
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso) mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
do (des + governar + ado) ORTOGRAFIA: EMPREGO DE LETRAS E ACENTUAÇÃO
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala- GRÁFICA SISTEMA OFICIAL VIGENTE (INCLUSIVE
vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”) O ACORDO ORTOGRÁFICO VIGENTE, CONFORME
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe DECRETO 7.875/12)
gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
próprio – sobrenomes). à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
Composição rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
A formação por composição ocorre quando uma nova palavra também faz aumentar o vocabulário do leitor.
se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais. Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
• Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen- que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex: atento!
aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

Acentuação
A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
têm, obtêm, contêm,
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos
vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

RELAÇÕES ENTRE FONEMAS E GRAFIAS

A fonética e a fonologia é parte da gramática descritiva, que estuda os aspectos fônicos, físicos e fisiológicos da língua.
Fonética é o nome dado ao estudo dos aspectos acústicos e fisiológicos dos sons efetivos. Com isso, busca entender a produção, a
articulação e a variedade de sons reais.
Fonologia é o estudo dos sons de uma língua, denominados fonemas. A definição de fonema é: unidade acústica que não é dotada de
significado, e ele é classificado em vogais, semivogais e consoantes. Sua representação escrita é feita entre barras (/ /).
É importante saber diferencias letra e fonema, uma vez que são distintas realidades linguísticas. A letra é a representação gráfica dos
sons de uma língua, enquanto o fonema são os sons que diferenciam os vocábulos (fala).
Vale lembrar que nem sempre há correspondência direta e exclusiva entre a letra e seu fonema, de modo que um símbolo fonético
pode ser repetido em mais de uma letra.

ASPECTOS LINGUÍSTICOS: RELAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS. FLEXÕES E EMPREGO DE CLASSES GRAMATICAIS. VOZES


VERBAIS E SUA CONVERSÃO

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...

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LÍNGUA PORTUGUESA

A ajuda chegou tarde.


Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conec-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO tivos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu traba-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME lho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista do
ção alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão que
protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; pri- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
meiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por per-
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
to
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nada me faria mais feliz. • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da pentear-se...)
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
Orgulhar-me-ei de meus alunos. sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- Vozes verbais
ções, nem após ponto-e-vírgula. As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
podendo ser três tipos diferentes:
Verbos • Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito • Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
possuem subdivisões. do lago)
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
(certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando). partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per- equivalente ao verbo “ser”.
feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
presente, futuro do pretérito. Conjugação de verbos
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im- Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de ou-
perfeito, futuro. tros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados
são aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo
Os tempos verbais compostos são formados por um verbo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de ori-
auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre gem.
flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti- • 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, ima-
cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”. ginar, jogar...)
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, • 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr,
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté- erguer...)
rito. • 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ou-
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, vir...)
pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:
aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
pio) ou advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
(ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
(falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar • Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas substantivas, definidas pelas palavras que e se.
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- • Causais: porque, que, como.
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
preposição em determinadas sentenças). • Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante.
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Comparativas: como, tal como, assim como.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
tre. • Finais: a fim de que, para que.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Temporais: quando, enquanto, agora.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de,
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação
• Causa: Morreu de câncer. harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal —
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. • Concordância em número: flexão em singular e plural
• Lugar: O vírus veio de Portugal. • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo. Concordância nominal
• Meio: Viajou de trem. Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos,
artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne-
Combinações e contrações ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e atento, também, aos casos específicos.
havendo perda fonética (contração). Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo,
• Combinação: ao, aos, aonde o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e
Conjunção japonesa.
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe-
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo,
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs-
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- tantivo mais próximo:
mento de redigir um texto. • Linda casa e bairro.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
conjunções subordinativas. Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar
tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substanti-
Conjunções coordenativas vos (sendo usado no plural):
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- • Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arru-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma mada.
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em • Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arru-
cinco grupos: mados.
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo. Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• Conclusivas: logo, portanto, assim. • As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão
• Explicativas: que, porque, porquanto. entre os melhores escritores brasileiros.

Conjunções subordinativas Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito


As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. seja ocupado por dois substantivos ou mais:
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) • O operário e sua família estavam preocupados com as conse-
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. quências do acidente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há
É proibida a entrada.
É PERMITIDO presença de um artigo. Se não houver essa determinação,
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO deve permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a respeito
da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na
MENOS
existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

31
LÍNGUA PORTUGUESA

Regência verbal • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado fica a 50 metros da esquina.
também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha.
verbo vai depender do seu contexto. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que minha avó até à feira.
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Ana da faculdade.
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem. caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- à escola / Amanhã iremos ao colégio.
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO: EMPREGO DAS
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- CONJUNÇÕES, DAS LOCUÇÕES CONJUNTIVAS E DOS
direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer PRONOMES RELATIVOS
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
panha eleitoral. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
dos e suas unidades: frase, oração e período.
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
ção) e de um objeto indireto (com preposição): e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
à senhora. Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
EMPREGO DO ACENTO INDICATIVO DE CRASE opcional.
Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não lizados com a pontuação adequada.
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- Análise sintática
prego da crase: A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
na. • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. nominais, agentes da passiva)
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
estresse. biais, apostos)
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei-
xando de lado a capacidade de imaginar. Termos essenciais da oração
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
à esquerda. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- onde o verbo está presente.
se:
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
mos uma reunião frente a frente. podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. centra no verbo impessoal):
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te Lúcio dormiu cedo.
atender daqui a pouco. Aluga-se casa para réveillon.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Choveu bastante em janeiro.

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intransi-
tivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apresenta
um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse modo,
eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adverbial
(modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza o
sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
na oração anterior
logo, pois, portanto, assim, por isso, com
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior
isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


Esse era meu receio: que ela não discursasse outra
APOSITIVA aposto
vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma in-
O candidato, que é do partido socialista, está
EXPLICATIVAS formação.
sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locu-
ções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a cor-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, ge- rupção.
rúndio ou infinitivo

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


Ideia de causa, motivo, razão de
CAUSAIS porque, visto que, já que, como...
efeito
como, tanto quanto, (mais / menos) que, do
COMPARATIVAS Ideia de comparação
que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
caso, se, desde que, contanto que, a menos
CONDICIONAIS Ideia de condição
que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à me-
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
dida que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vírgula (E) o grande romancista José de Alencar é importante porque


A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada se destacou por sua temática indianista.
para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais
regras de uso obrigatório da vírgula. 2. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a su-
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, pressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou
mamão, manga, morango e abacaxi. na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos,
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela
mineira, só tem uma linha de metrô. cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica
(modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixa- nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais
ram o prédio. deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difu-
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução são desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
de vários problemas sociais. termos que os tornem acessíveis a todos.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos (Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)
“mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo,
mas não conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo
o motivo para a professora. “chamadas” indica que o autor
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala. (A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise
crítica da sociedade.
No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, (B) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar: (C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ci-
ências sociais”.
• Sujeito de predicado. (D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
• Objeto de verbo. (E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome. 3. (IBADE – 2020 adaptada)
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

QUESTÕES

1. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu


biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava de-
safetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim
era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guara-
ni e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nati-
vistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor
de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e
até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas fa- https://www.dicio.com.br/partilhar/ acesso em fevereiro de
cetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito 2020
será digitalizada.
História Viva, n.º 99, 2011. O texto apresentado é um verbete. Assinale a alternativa que
representa sua definição
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alen-
car e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que (A) é um tipo textual dissertativo-argumentativo, com o intuito
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores de persuadir o leitor.
possam compreender seus romances. (B) é um tipo e gênero textual de caráter descritivo para de-
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante talhar em adjetivos e advérbios o que é necessário entender.
porque deixou uma vasta obra literária com temática atempo- (C) é um gênero textual de viés narrativo para contar em crono-
ral. logia obrigatória o enredo por meio de personagens.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digi- (D) é um gênero textual de caráter informativo, que tem por in-
talização, demonstra sua importância para a história do Brasil tuito explicar um conceito, mais comumente em um dicionário
Imperial. ou enciclopédia.
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importan- (E) é um tipo textual expositivo, típico em redações escolares.
te papel na preservação da memória linguística e da identidade
nacional.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4. (ENEM) 6. (FMPA – MG)


Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
Texto I te aplicada:
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
“Mulher, Irmã, escuta-me: não ames, (B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
Quando a teus pés um homem terno e curvo (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
jurar amor; chorar pranto de sangue, (D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
Não creias, não, mulher: ele te engana! (E) A cessão de terras compete ao Estado.
as lágrimas são gotas de mentira
E o juramento manto da perfídia”. 7. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
Joaquim Manoel de Macedo (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
Texto II pela ordem, a:
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome
“Teresa, se algum sujeito bancar o (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
sentimental em cima de você (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
E te jurar uma paixão do tamanho de um (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
bonde (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
Se ele chorar
Se ele ajoelhar 8. (CESGRANRIO - RJ) As palavras esquartejar, desculpa e irre-
Se ele se rasgar todo conhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:
Não acredite não Teresa (A) sufixação - prefixação – parassíntese
É lágrima de cinema (B) sufixação - derivação regressiva – prefixação
É tapeação (C) composição por aglutinação - prefixação – sufixação
Mentira (D) parassíntese - derivação regressiva – prefixação
CAI FORA (E) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese
Manuel Bandeira
9. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima, sugerem “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
que: na salada – o meu jeito de querer bem.”
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
(A) Há um tratamento idealizado da relação homem/mulher. de:
(B) Há um tratamento realista da relação homem/mulher. (A) objeto indireto e aposto
(C) A relação familiar é idealizada. (B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(D) A mulher é superior ao homem. (C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(E) A mulher é igual ao homem. (D) complemento nominal e aposto
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
5. (UFPR – 2010) Considere as seguintes sentenças.
1 - Ainda que os salários estejam cada vez mais defasados, o 10. (UFRJ) Esparadrapo
aumento de preços diminui consideravelmente seu poder de com- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
pras. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
2 - O Governo resolveu não se comprometer com nenhuma das cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
facções formadas no congresso. Desse modo, todos ficarão à vonta- que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
de para negociar as possíveis saídas. bulo*”.
3 - Embora o Brasil possua muito solo fértil com vocação para o QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio
plantio, isso conseguiu atenuar rapidamente o problema da fome. de Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
4 - Choveu muito no inverno deste ano. Entretanto, novos pro- *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
jetos de irrigação foram necessários. impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
5 - As expressões grifadas NÃO estabelecem as relações de sig-
nificado adequadas, criando problemas de coerência, em: A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
(A) 2 apenas. texto. Sua função resume-se em:
(B) 1 e 3 apenas. (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
(C) 1 e 4 apenas. coisa.
(D) 2, 3 e 4 apenas. (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
(E) 2 e 4 apenas. te.
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
to.
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
dos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

11. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós 15. (UFABC) A alternativa em que o acento indicativo de crase
____________________.” não procede é:
(A) Tais informações são iguais às que recebi ontem.
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- (B) Perdi uma caneta semelhante à sua.
mente a frase acima. Assinale-a. (C) A construção da casa obedece às especificações da Prefei-
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. tura.
(B) desista da ação contra aquele salafrário. (D) O remédio devia ser ingerido gota à gota, e não de uma só
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho. vez.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. (E) Não assistiu a essa operação, mas à de seu irmão.
(E) tentamos aquele emprego novamente.
16. (ENEM – 2018)
12. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas correspondentes. Física com a boca
A arma ___ se feriu desapareceu. Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Estas são as pessoas ___ lhe falei. Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando
Aqui está a foto ___ me referi. você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as on-
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. das da voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade
(A) que, de que, à que, cujo, que. Acústica – diz que isso causa o mismatch, nome bacana para o de-
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. sencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distor-
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. ção da voz, pelo fato de ser uma vibração que influencia no som”,
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propaga-
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. ção das ondas contribuem para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul.
13. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo 2012 (adaptado).
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organi-
classificação. zar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o
“____________ o céu é azul?” sentido não é alterado em caso de substituição dos travessões por
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân- (A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
sito pelo caminho.” (B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado Akkerman.
ao nosso encontro.” (C) reticências, para deixar subetendida a formação do espe-
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun- cialista.
diais. ____________?” (D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida
(A) Porque – porquê – por que – Por quê anteriormente.
(B) Porque – porquê – por que – Por quê (E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais
(C) Por que – porque – porquê – Por quê para o desenvolvimento temático.
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(E) Por que – porque – por quê – Porquê 17. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX-
CELÊNCIA - 2019)
14. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
assinale a afirmação verdadeira. Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de linguagem,
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, assinale a alternativa em que os termos destacados têm a classifi-
como “também” e “porém”. cação corretamente:
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
mesma razão. ”Hoje o tempo voa, amor
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela escorre pelas mãos
mesma razão que a palavra “país”. ...Vamos viver tudo que há pra viver .
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí- ..eu vejo um novo começo de era
rem monossílabos tônicos fechados. de gente fina, elegante, sincera
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- com habilidade para dizer mais sim do que não
que todas as paroxítonas são acentuadas.
(A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese.
(B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese.
(C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese.
(D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação.
(E) Nenhuma das alternativas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

18. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:

I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

Quais estão INCORRETAS?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II
(E) Apenas II e III.

GABARITO

1 D
2 E
3 D
4 B
5 B
6 C
7 E
8 D

39
LÍNGUA PORTUGUESA

9 A ______________________________________________________

10 C ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 C
14 B ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 B
______________________________________________________
17 A
18 C ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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40
INFORMÁTICA

CONHECIMENTOS DO SISTEMA OPERACIONAL MICRO-


SOFT WINDOWS 10: (1) ÁREA DE TRABALHO (EXIBIR,
CLASSIFICAR, ATUALIZAR, RESOLUÇÃO DA TELA, GAD-
GETS) E MENU INICIAR (DOCUMENTOS, IMAGENS,
COMPUTADOR, PAINEL DE CONTROLE, DISPOSITIVOS
E IMPRESSORAS, PROGRAMA PADRÃO, AJUDA E SU-
PORTE, DESLIGAR, TODOS OS PROGRAMAS, PESQUI-
SAR PROGRAMA E ARQUIVOS E PONTO DE PARTIDA):
SABER TRABALHAR, EXIBIR, ALTERAR, ORGANIZAR,
CLASSIFICAR, VER AS PROPRIEDADES, IDENTIFICAR,
USAR E CONFIGURAR, UTILIZANDO MENUS RÁPIDOS
OU SUSPENSOS, PAINÉIS, LISTAS, CAIXA DE PESQUISA,
MENUS, ÍCONES, JANELAS, TECLADO E/OU MOUSE;
(2) PROPRIEDADES DA BARRA DE TAREFAS, DO MENU No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.
INICIAR E DO GERENCIADOR DE TAREFAS: SABER
TRABALHAR, EXIBIR, ALTERAR, ORGANIZAR, IDENTI- Arquivos e atalhos
FICAR, USAR, FECHAR PROGRAMA E CONFIGURAR, Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
UTILIZANDO AS PARTES DA JANELA (BOTÕES, PAINÉIS, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
LISTAS, CAIXA DE PESQUISA, CAIXAS DE MARCAÇÃO, • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
MENUS, ÍCONES E ETC.), TECLADO E/OU MOUSE; (3) Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
JANELAS (NAVEGAÇÃO NO WINDOWS E O TRABALHO vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
COM ARQUIVOS, PASTAS E BIBLIOTECAS), PAINEL DE • Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
CONTROLE E LIXEIRA: SABER EXIBIR, ALTERAR, ORGA- da pasta ou arquivo propriamente dito.
NIZAR, IDENTIFICAR, USAR E CONFIGURAR AMBIEN-
TES, COMPONENTES DA JANELA, MENUS, BARRAS
DE FERRAMENTAS E ÍCONES; USAR AS FUNCIONA-
LIDADES DAS JANELAS, PROGRAMA E APLICATIVOS
UTILIZANDO AS PARTES DA JANELA (BOTÕES, PAINÉIS,
LISTAS, CAIXA DE PESQUISA, CAIXAS DE MARCAÇÃO,
MENUS, ÍCONES E ETC.), TECLADO E/OU MOUSE; (4)
BIBLIOTECAS, ARQUIVOS, PASTAS, ÍCONES E ATALHOS:
REALIZAR AÇÕES E OPERAÇÕES SOBRE BIBLIOTECAS,
ARQUIVOS, PASTAS, ÍCONES E ATALHOS: LOCALIZAR,
COPIAR, MOVER, CRIAR, CRIAR ATALHOS, CRIPTO-
GRAFAR, OCULTAR, EXCLUIR, RECORTAR, COLAR, RE-
NOMEAR, ABRIR, ABRIR COM, EDITAR, ENVIAR PARA,
PROPRIEDADES E ETC.; E (5) NOMES VÁLIDOS: IDEN-
TIFICAR E UTILIZAR NOMES VÁLIDOS PARA BIBLIOTE-
CAS, ARQUIVOS, PASTAS, ÍCONES E ATALHOS

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

41
INFORMÁTICA

Área de trabalho Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Programas e aplicativos e interação com o usuário
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
estamos copiando dados para esta área intermediária. tendermos melhor as funções categorizadas.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, – Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
área de transferência. excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
Manipulação de arquivos e pastas CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

42
INFORMÁTICA

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor- CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT
tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos WORD 2016: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PRO-
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi- GRAMA: SABER IDENTIFICAR, CARACTERIZAR, USAR,
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza ALTERAR, CONFIGURAR E PERSONALIZAR O AMBIEN-
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com TE, COMPONENTES DA JANELA, FUNCIONALIDADES,
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez. MENUS, ÍCONES, BARRA DE FERRAMENTAS, GUIAS,
GRUPOS E BOTÕES, INCLUINDO NÚMERO DE PÁGINAS
E PALAVRAS, ERROS DE REVISÃO, IDIOMA, MODOS DE
EXIBIÇÃO DO DOCUMENTO E ZOOM; (2) DOCUMEN-
TOS: ABRIR, FECHAR, CRIAR, EXCLUIR, VISUALIZAR,
FORMATAR, ALTERAR, SALVAR, CONFIGURAR DOCU-
MENTOS, UTILIZADO AS BARRAS DE FERRAMENTAS,
MENUS, ÍCONES, BOTÕES, GUIAS E GRUPOS DA FAIXA
DE OPÇÕES, TECLADO E/OU MOUSE; (3) BARRA DE
FERRAMENTAS: IDENTIFICAR E UTILIZAR OS BOTÕES E
ÍCONES DAS BARRAS DE FERRAMENTAS DAS GUIAS E
GRUPOS INÍCIO, INSERIR, LAYOUT DA PÁGINA, REFE-
RÊNCIAS, CORRESPONDÊNCIAS, REVISÃO E EXIBIÇÃO,
PARA FORMATAR, PERSONALIZAR, CONFIGURAR, AL-
TERAR E RECONHECER A FORMATAÇÃO DE TEXTOS E
DOCUMENTOS; E (4) AJUDA: SABER USAR A AJUDA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes- Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có- novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu-
pia de segurança. mentos de maneira fácil e prática1.
O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pou-
quíssimas novidades, seguiu as tendências atuais da computação,
permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo inte-
gração direta com vários outros serviços da web, como Facebook,
Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.

Novidades no Word 2016


– Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
Inicialização e finalização realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que
procurar.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

1 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

43
INFORMÁTICA

– Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.

Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou Word
On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, clique em Com-
partilhar para gerar um link ou enviar um convite por e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em compartilhar
automaticamente as alterações, você vê o trabalho em tempo real.

– Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre qualquer
palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela do programa
e lista todas as entradas na internet relacionadas com a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o dedo
ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhecer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento
e para acessar versões anteriores.

44
INFORMÁTICA

– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no
OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.

– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout2.

Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.3

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 20164.

2 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.


3 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
4 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

45
INFORMÁTICA

Área de trabalho do Word 2016.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.

46
INFORMÁTICA

– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

47
INFORMÁTICA

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente estiver
sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

48
INFORMÁTICA

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar
um uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por
outro de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

49
INFORMÁTICA

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados dife-
rentes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em tabela
e vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

50
INFORMÁTICA

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

CONHECIMENTOS SOBRE O PROGRAMA MICROSOFT EXCEL 2016: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PROGRAMA:
SABER IDENTIFICAR, CARACTERIZAR, USAR, ALTERAR, CONFIGURAR E PERSONALIZAR O AMBIENTE, COMPONENTES
DA JANELA, FUNCIONALIDADES, MENUS, ÍCONES, BARRA DE FERRAMENTAS, GUIAS, GRUPOS E BOTÕES; (2) ELE-
MENTOS: DEFINIR E IDENTIFICAR CÉLULA, PLANILHA E PASTA; SABER SELECIONAR E RECONHECER A SELEÇÃO DE
CÉLULAS, PLANILHAS E PASTAS; (3) PLANILHAS E PASTAS: ABRIR, FECHAR, CRIAR, VISUALIZAR, FORMATAR, SALVAR,
ALTERAR, EXCLUIR, RENOMEAR, PERSONALIZAR, CONFIGURAR PLANILHAS E PASTAS, UTILIZAR FÓRMULAS E FUN-
ÇÕES, UTILIZAR AS BARRA DE FERRAMENTAS, MENUS, ÍCONES, BOTÕES, GUIAS E GRUPOS DA FAIXA DE OPÇÕES,
TECLADO E/OU MOUSE; (4) BARRA DE FERRAMENTAS: IDENTIFICAR E UTILIZAR OS ÍCONES E BOTÕES DAS BARRAS
DE FERRAMENTAS DAS GUIAS E GRUPOS INÍCIO, INSERIR, LAYOUT DA PÁGINA, FÓRMULAS, DADOS, REVISÃO E EXI-
BIÇÃO, PARA FORMATAR, ALTERAR, SELECIONAR CÉLULAS, CONFIGURAR, RECONHECER A FORMATAÇÃO DE TEXTOS
E DOCUMENTOS E RECONHECER A SELEÇÃO DE CÉLULAS; (5) FÓRMULAS: SABER O SIGNIFICADO E RESULTADO DE
FÓRMULAS; E (6) AJUDA: SABER USAR A AJUDA

O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.


A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como5:
- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

5 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/

51
INFORMÁTICA

Tela Inicial do Excel 2016.

52
INFORMÁTICA

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas6.

As cinco principais funções do Excel são7:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

6 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf
7 http://www.prolinfo.com.br

53
INFORMÁTICA

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

54
INFORMÁTICA

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7

55
INFORMÁTICA

<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

56
INFORMÁTICA

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

57
INFORMÁTICA

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

58
INFORMÁTICA

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

GOOGLE CHROME VERSÃO ATUALIZADA: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PROGRAMA: IDENTIFICAR O AMBIEN-
TE, CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DA JANELA PRINCIPAL; (2) FUNCIONALIDADES: IDENTIFICAR E SABER USAR
TODAS AS FUNCIONALIDADES DO GOOGLE CHROME

— Google Chrome Versão 106.0.5249.119 – Versão Oficial – 64 BITS


Vamos detalhar agora o funcionamento do CHROME, objeto de nosso estudo:
Atualmente, o Chrome é o navegador mais popular, ele disponibiliza inúmeras funções, sendo consideradas a melhores, suas técnicas
são abordadas por concorrentes.

Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas, conhecidas também como guias, no exemplo abaixo temos uma aba aberta, caso seja necessá-
rio abrir outra aba para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca que ao digitar
palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados da busca.

59
INFORMÁTICA

1 2 3 4 5 6 7

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual

Exibe um menu de contexto que iremos relatar


7
seguir.

Oberserva-se que são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no ubuntu, percebemos que o
Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional.

Funcionalidades
– Favoritos: no Chrome é possível adicionar sites aos favoritos, caso seja necessário salvar seus endereços. Para adicionar uma página
aos favoritos, clique na estrela que está localizada à direita da barra de endereços, digite um nome ou o mantenha sugerido.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas é possível criar pastas para organizá-los de maneira que
facilite a procura. Para removê-los, basta clicar em excluir.

60
INFORMÁTICA

– Histórico: o Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados. Para
acessá-lo podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde
é possível pesquisá-lo por partes, utilizando o nome do site ou o dia em que foi realizada a pesquisa.

– Pesquisar palavras: muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra, frase e etc.
Neste caso, utilizamos o atalho do teclado Ctrl F, realizando essa tarefa, obteremos uma janela, onde podemos digitar parte daquilo
que procuramos, dessa forma, teremos sua localização exata no site.
– Salvando textos e imagens da Internet: para realizar tal tarefa é necessário localizar a imagem desejada, clicar com o botão direito
do mouse e em seguida salvá-la em uma pasta.
– Downloads: Fazer um download é copiar um arquivo de um site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes e etc.). Neste
caso, o CHROME possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

– Sincronização: é importante para manter atualizadas nossas operações, se o computador for trocado, os dados continuarão dispo-
níveis na sua conta google. Os favoritos, histórico, senhas e outras configurações ficarão salvos de maneira segura e fácil de ser localizada.
No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item para ativar ou desativar.

61
INFORMÁTICA

MOZILLA FIREFOX VERSÃO ATUALIZADA: (1) AMBIENTE E COMPONENTES DO PROGRAMA: IDENTIFICAR O AMBIEN-
TE, CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DA JANELA PRINCIPAL; (2) FUNCIONALIDADES: IDENTIFICAR E SABER USAR
TODAS AS FUNCIONALIDADES DO MOZILLA FIREFOX

MOZILLA FIREFOX8

Firefox é um navegador web de código aberto e multiplataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux e Android, em varian-
tes de 32 e 64 bits, dependendo da plataforma. O Mozilla Firefox possui suporte para extensões, navegação por abas, alerta contra sites
maliciosos, suporte para sincronização de informações, gerenciador de senhas, bloqueador de janelas pop-up, pesquisa integrada, corretor
ortográfico, gerenciador de download, leitor de feeds RSS e outros recursos.

Definir ou Alterar a sua Página Inicial

Escolha a página que deve ser aberta quando você inicia o Firefox ou clique no botão Início.
Abra uma aba com a página da web que você quer usar como página inicial.
Arraste e solte a aba no botão Início .

Clique em Sim para defini-la como sua página inicial.

Restaurar a Página Inicial Padrão

Para reverter as configurações da página inicial, siga os seguintes passos:


Clique no botão , depois em Opções
Vá para o painel Geral.
Clique em Restaurar o padrão.

8 Fonte: https://support.mozilla.org/pt-BR/products/firefox/basic-browsing-firefox

62
INFORMÁTICA

Navegação Privativa

O recurso de navegação privativa do Firefox permite-lhe nave-


gar na Internet sem guardar qualquer informação no seu computa-
dor sobre quais os sites e páginas você visitou.
Clique no botão de menu e depois em Nova janela privativa.

Clique em OK para fechar a janela de Opções.

Buscar na Web

Escolha o seu mecanismo de pesquisa favorito para a barra de


pesquisa do Firefox. Personalizar o Menu ou a Barra de Ferramentas
- Para escolher, basta clicar no ícone à esquerda da barra de
pesquisa. Você pode alterar os itens que aparecem no menu ou na barra
de ferramentas.
Clique no botão de menu e depois em Personalizar.
Uma aba especial será aberta permitindo arrastar e soltar itens
no menu e na barra de ferramentas.

Encontre Tudo com a Barra Inteligente

Comece a digitar na barra de endereços e você verá uma lista


de páginas do seu histórico de navegação e favoritos. Quando visu-
alizar a página desejada, basta clicar nela.

Quando terminar, clique no botão verde Sair da personalização.

Adicionar Funcionalidades ao Firefox com Complementos

Complementos são como aplicativos que você pode instalar


para fazer o Firefox trabalhar do seu jeito.
Você também pode fazer uma pesquisa na web a partir daqui. Clique no botão de menu e selecione Complementos para
abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o painel Adicio-
nar.

63
INFORMÁTICA

Para ver mais informações sobre um complemento ou tema,


clique nele. Você pode, em seguida, clicar no botão verde Add to
Firefox para instalá-lo.
- Você também pode pesquisar por complementos específicos
usando a caixa de busca na parte superior. Você pode então instalar
qualquer complemento que encontrar, usando o botão Instalar.

Em seguida, basta entrar para conectar um outro dispositivo.

Marcar um Site como Favorito

Salve seus sites favoritos


Para criar um favorito, clique na estrela na barra de ferramen-
tas. A estrela ficará azul e um favorito da página em que você está
será criado na pasta de favoritos Não organizados.

Arraste uma aba diretamente para a sua barra de ferramentas


favoritos para salvá-la lá.

Como criar um favorito?


Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na Barra de
ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito será adicionado na
pasta “Não organizados”. Pronto!

O Firefox irá baixar o complemento e pedir para você confirmar


a instalação.
Clique no botão Reiniciar agora se ele aparecer. Suas abas serão
salvas e restauradas após reiniciar.
Alguns complementos colocam um botão na barra de ferra-
mentas após a instalação. Você pode remover ou movê-los para o
menu se quiser.
Dica: quer adicionar todas as abas de uma só vez? Clique com o
botão direito do mouse em qualquer aba e selecione Adicionar to-
Mantenha seu Firefox Sincronizado
das as abas.... Dê um nome a pasta e escolha onde quer guardá-la.
Clique Adicionar favoritos para finalizar.
Acesse seus favoritos, histórico, senhas e muito mais a partir de
qualquer dispositivo.
Primeiro crie uma conta Firefox:
Clique no botão de menu e depois em Entrar no Sync e siga
as instruções para criar sua conta.

64
INFORMÁTICA

Como mudar o nome ou onde fica guardado um favorito?


Para editar os detalhes do seu favorito, clique novamente na
estrela e a caixa Propriedades do favorito aparecerá.

Por padrão, os favoritos que você cria estarão localizados na


Na janela Propriedades do favorito você pode modificar qual- pasta “Não organizados”. Selecione-a na barra lateral da janela “Bi-
quer um dos seguintes detalhes: blioteca” para exibir os favoritos que você adicionou. Dê um clique
- Nome: o nome que o Firefox exibe para os favoritos em duplo em um favorito para abri-lo.
menus. Enquanto a janela da Biblioteca está aberta, você também
- Pasta: escolha em que pasta guardar seu favorito selecionan- pode arrastar favoritos para outras pastas como a “Menu Favori-
do uma do menu deslizante (por exemplo, o Menu Favoritos ou a tos”, que exibe seus favoritos no menu aberto pelo botão Favoritos.
Barra dos favoritos). Nesse menu, você também pode clicar em Se- Se você adicionar favoritos à pasta “Barra de favoritos”, eles apare-
lecionar... para exibir uma lista de todas as pastas de favoritos. cerão nela (embaixo da Barra de navegação).
- Tags: você pode usar tags para ajudá-lo a pesquisar e organi-
zar seus favoritos.

Quando você terminar suas modificações, clique em Con-


cluir para fechar a caixa.

Onde posso encontrar meus favoritos?


A forma mais fácil de encontrar um site para o qual você criou
um favorito é digitar seu nome na Barra de Endereços. Enquanto
você digita, uma lista de sites que já você visitou, adicionou aos fa-
voritos ou colocou tags aparecerá. Sites com favoritos terão uma
estrela amarela ao seu lado. Apenas clique em um deles e você será
levado até lá instantaneamente.

Como ativar a barra de favoritos?


Se você gostaria de usar a Barra de Favoritos, faça o seguinte:
Clique no botão e escolhe Personalizar.
Clique na lista Exibir/Ocultar barras e no final selecione Barra
dos favoritos.
Clique no botão verde Sair da personalização.

Como organizar os meus favoritos? Importe favoritos e outros dados de outros navegadores
Na Biblioteca, você pode ver e organizar todos os seus favori- O Firefox permite que você importe facilmente seus favoritos e
tos. outras informações de outros navegadores instalados em seu com-
Clique no botão favoritos em seguida clique em Exibir todos putador.
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Para importar os favoritos e outras informações:
Clique no botão favoritos em seguida clique em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Na janela Biblioteca, clique no botão Importar e fazer backup
dos favoritos e escolha Importar dados de outro navegador. O assis-
tente de importação abrirá.

65
INFORMÁTICA

Abas fixas não têm um botão para fechar, assim não podem ser
fechadas acidentalmente.
Você ainda pode fechá-las clicando com o botão direito nelas e
selecionando Fechar abano menu.
Abas fixas o notificam com um destaque azul quando são al-
teradas.
Se você tem o Gmail como uma aba fixa, por exemplo, e está
usando outra aba quando recebe um e-mail, sua aba do Gmail irá
brilhar.
Todas as abas fixas que você tem quando fecha o Firefox irão
abrir como abas fixas quando abrir o Firefox novamente.
Nota: se o botão Importar dados de outro navegador... estiver
Links para outros sites abrem numa nova aba, para que sua aba
desativado (cinza), pode ser que você esteja em modo de Navega-
fixa não mude.
ção Privativa. Desative este recurso e tente novamente.
Muitos aplicativos web, como o Facebook, já fazem isso, mas
Selecione o navegador que contém os favoritos ou outras infor-
uma aba fixa sempre se comportará dessa forma, mesmo quando o
mações que você deseja utilizar no Firefox, e avance para a próxima
site não for configurado para isso.
página para efetivar sua escolha e completar a importação.
Se o Assistente de Importação não listar seu outro navegador,
Abas fixas em grupos de abas
ainda é possível importar os favoritos dele, mas primeiro será ne-
Grupos de abas (também conhecidos como Panorama) são
cessário exportar e salvar os favoritos como um arquivo em formato
uma ótima forma de organizar e agrupar suas abas. Na janela de
HTML. Visite a página de ajuda de seu outro navegador se precisar
grupos de abas, suas abas fixas são representadas pelo ícone do site
de ajuda.
no lado direito de cada grupo de abas.
Abas Fixas
Nova aba: mostre, esconda, e personalize os sites mais aces-
sados
As abas fixas permitem-lhe manter seus aplicativos web favori-
Quando você abre uma nova aba, o comportamento padrão do
tos como Facebook, Gmail e Twitter, abertos e a apenas um clique
Firefox é mostrar seus sites mais visitados ou sugeridos. Aprenda a
de distância. Abas fixas são pequenas, não podem ser fechadas aci-
customizar esta página para suas necessidades fixando-as ou remo-
dentalmente e abrem de forma automática ao iniciar o Firefox. Este
vendo sites, reorganizando o seu layout ou desligando completa-
artigo mostra as funções das abas fixas e como usá-las.
mente a página de novas abas se você desejar.
Por que usar abas fixas?
Como organizar meus sites na nova página de abas?
A internet está cheia de sites que usamos mais como progra-
Você pode facilmente fixar, deletar e reorganizar sites para cus-
mas do que como páginas estáticas. Sites populares como Facebook
tomizar sua página de nova aba da maneira que desejar.
e Gmail são assim - usados para cumprir tarefas (ou evitar o cumpri-
mento), se atualizam sozinhos e o notificam quando são alterados.
Fixar um site
Abas fixas permitem fixar qualquer site no lado esquerdo da barra
Apenas clique no ícone de fixar na parte superior esquerda do
de abas, para que esteja sempre disponível.
site para fixá-lo nessa posição da página.

Como fazer para criar uma aba fixa?


O jeito mais fácil de ver como abas fixas podem ser úteis é criar
uma.
Clique com o botão direito na aba que deseja fixar e selecio-
ne Fixar aba no menu.

Como remover uma aba fixa?


Transformar uma aba fixa em uma aba normal é simples.
Clique com o botão direito na aba fixa e selecione Desafixar
Adicionar um site
aba no menu.
Você também pode abrir a biblioteca de favoritos e arrastar os
favoritos para a página nova aba.
Como abas fixas são diferentes de abas normais?
Clique no botão favoritos em seguida clique em Exibir todos
Abas fixas são pequenas - apenas mostram o ícone do site, não
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
o título - e ficam no lado esquerdo da barra de abas.

66
INFORMÁTICA

Arraste um marcador para a posição que você quer.

Remover um site
Clique em “X” na parte superior direita do site para deletá-lo da página.

Se você, acidentalmente, remover um site, você pode desfazer isto clicando em Desfazer no topo da página. Se muitos sites foram
removidos clique em Restaurar Tudo.

Reorganizar os sites
Clique e arraste o site para a posição que você deseja. Ele será “fixado” a esta nova posição.

Como desativar a página de nova aba?


Se você não quer ver seus sites mais acessados quando cria uma nova aba, você pode escondê-la facilmente.
Para ocultar a página de nova aba, clique no ícone de engrenagem no canto superior direito da página e escolha Em branco no menu.

67
INFORMÁTICA

Você também pode desabilitar completamente se quiseres prevenir que outras pessoas possam reexibir suas abas:
Na Barra de endereços, digite about:config e pressione Enter.
O aviso “As modificações destas configurações avançadas pode prejudicar a estabilidade, a segurança e o desempenho deste aplicati-
vo” da página about:config poderá aparecer. Clique em Serei cuidadoso, prometo! para continuar.
Digite browser.newtab.url na caixa de pesquisa acima Localizar:
Dê um clique duplo em browser.newtab.url para mudar a url de about:newtab para about:blank.
Clique em OK e feche a aba about:config.

O Que São Sugestões?

Quando você abre uma aba no Firefox, você pode ver várias miniaturas de diferentes sites. Eles são chamados Sugestões.

Eles incluem sites visitados recentemente ou frequentemente, juntamente com informações da Mozilla e conteúdo patrocinado.

Diretório de sugestões
Inicialmente os usuários do novo Firefox recebem um conjunto de sugestões de sites. Depois eles são substituídas por Histórico de
Sugestões.

Histórico de sugestões
Histórico de Sugestões são escolhidos com base nos sites recentemente e frequentemente visitados em seu histórico de navegação.

Sugestões aprimoradas
Para usuários com sugestões existentes (Histórico de Sugestões) em uma nova página, o Firefox substitui a imagem padrão por uma
imagem melhor. A Sugestão Aprimorada é exibida apenas para sites que aparecem na nova página do usuário com base em seu histórico
de navegação. A melhor imagem é fornecida pelo site ou parceiro e pode incluir um logotipo mais uma imagem de rolagem.

Sugestões patrocinados
Qualquer Sugestão incluída por conta de uma relação comercial com a Mozilla foram claramente designadas por Patrocinadores:

Quais dados estão sendo coletados e por quê?


Apenas informações sobre Diretório de Sugestões Aprimoradas em uma nova página do usuário estão sendo coletados para ajudar a
oferecer os locais mais interessantes para novos usuários do Firefox e melhorar recomendações para os usuários do Firefox já existentes.
Toda a informação é agregada e não inclui uma maneira de distinguir entre usuários únicos.
Estamos coletando dados para certificar se as Sugestões estão sendo entregues para nossos usuários e parceiros de publicidade, e se
estão coletando os dados que precisamos para determinar isso.

Para onde vão os meus dados/onde são compartilhados?


Os dados são transmitidos diretamente para Mozilla e apenas dados agregados são armazenados nos servidores da Mozilla. Tanto para
Diretório de Sugestões, quanto para Sugestões Aprimoradas a Mozilla compartilha números agregados com os parceiros sobre o número
de impressões, cliques, e esconde seu próprio conteúdo recebido.

68
INFORMÁTICA

Como faço para ativar/desativar?


Você pode desativar Sugestões abrindo uma nova aba e clicando no ícone da engrenagem no canto superior direito página. Selecione
{Clássico} para mostrar apenas o Histórico de Sugestões, ou {Em branco}, para desativar as Sugestões.

Atalhos de Teclado

Navegação

Comando Atalho
Voltar Alt + Backspace
Avançar Alt + Shift + Backspace
Página inicial Alt + Home
Abrir arquivo Ctrl + O
F5
Atualizar a página
Ctrl + R
Ctrl + F5
Atualizar a página (ignorar o cache)
Ctrl + Shift + R
Parar o carregamento Esc
Página atual

Comando Atalho
Ir para o final da página End
Ir para o início da página Home
Ir para o próximo frame F6
Ir para o frame anterior Shift + F6
Imprimir Ctrl + P
Salvar página como Ctrl + S
Mais zoom Ctrl + +
Menos zoom Ctrl + -
Tamanho normal Ctrl + 0

Editando
Comando Atalho
Copiar Ctrl + C
Recortar Ctrl + X
Apagar Del
Colar Ctrl + V
Colar (como texto simples) Ctrl + Shift + V
Refazer Ctrl + Y
Selecionar tudo Ctrl + A
Desfazer Ctrl + Z

69
INFORMÁTICA

Pesquisa

Comando Atalho

Localizar Ctrl + F

F3
Localizar próximo
Ctrl + G

Shift + F3
Localizar anterior
Ctrl + Shift + G

Localizar link enquanto digita ‘

Localizar texto enquanto digita /


Fechar a pesquisa ou a barra de pesquisa
Esc
rápida

Ctrl + K
Barra de pesquisa
Ctrl + E

Alt + ↑
Selecionar ou gerenciar mecanismos de
Alt + ↓
pesquisa
F4

Janelas & Abas

Comando Atalho Restrição

Ctrl + W - Exceto para abas de


Fechar aba
Ctrl + F4 aplicativos.

Ctrl + Shift + W
Fechar janela
Alt + F4

Move a aba
em foco para Ctrl + Shift +Page Up
Esquerda
Move a aba
em foco para Ctrl + Shift +Page Down
Direita
Move a aba
em foco para o Ctrl + Home
início
Move a aba
em foco para o Ctrl + End
final

Nova aba Ctrl + T

Nova janela Ctrl + N


Nova Janela
Ctrl + Shift + P
Privada

70
INFORMÁTICA

Ctrl + Tab
Próxima aba
Ctrl + Page Down

Abrir endere-
- No campo de endere-
ço em uma nova Alt + Enter
ço ou no campo de busca.
aba

Ctrl + Shift +Tab


Aba anterior
Ctrl + Page Up

Desfazer
Ctrl + Shift + T
fechar aba
Desfazer
Ctrl + Shift + N
fechar janela
Selecionar
Ctrl + 1to8
abas de 1 a 8
Selecione a
Ctrl + 9
última aba
Visualizar
Ctrl + Shift + E
Grupo de abas
Fechar a
Visualização do Esc
Grupo de abas

Próximo - Apenas para alguns


Ctrl + `
Grupo de abas layouts de teclado.

Grupo de - Apenas para alguns


Ctrl + Shift + `
abas anterior layouts de teclado.
Histórico

Comando Atalho
Painel Histórico Ctrl + H
Janela Biblioteca (Histórico) Ctrl + Shift + H
Apagar histórico recente Ctrl + Shift + Del

Favoritos

Comando Atalho
Adicionar todas as abas aos favoritos Ctrl + Shift + D
Adicionar esta página aos favoritos Ctrl + D
Ctrl + B
Painel Favoritos
Ctrl + I
Janela Biblioteca (Favoritos) Ctrl + Shift + B

71
INFORMÁTICA

Atalhos de Mouse

Comando
Atalho

Voltar Shift+Rolar para baixo

Avançar Shift+Rolar para cima

Aumentar Zoom Ctrl+Rolar para cima

Diminuir Zoom Ctrl+Rolar para baixo

Fechar Aba Clicar com botão do meio na Aba

Abrir link em uma nova Aba Clicar com botão do meio no link

Nova Aba Clicar duas vezes na barra de Abas

Ctrl+Clicar com botão esquerdo no link Clicar com botão


Abrir em nova Aba em segundo plano*
do meio no link

Ctrl+Shift+Botão esquerdo
Abrir em nova Aba em primeiro plano*
Shift+Botão do meio

Abrir em uma Nova Janela Shift+Clicar com botão esquerdo no link

Duplicar Aba ou Favoritos Ctrl+Arrastar Aba

Recarregar (ignorar cache) Shift+Botão recarregar

Salvar como... Alt+Botão esquerdo

Rolar linha por linha Alt+Rolar

Cookies

Cookies são armazenados no seu computador pelos sites que você visita. Eles contêm informações como preferências do site e status
de login.
São pequenos arquivos que os sites guardam no seu PC contendo algumas pequenas informações para auxiliar na sua experiência de
navegação online.
Graças aos cookies que, por exemplo, sites de e-commerce sabem que você está autenticado neles, ou até mesmo os itens que você
abandonou no carrinho na última vez que você os visitou.
Apesar disso, nem todos os cookies são benéficos. Muitos deles podem ser utilizados para rastrear sua vida e seus hábitos online, de
maneira que os mecanismos de publicidade consigam traçar seu perfil de consumo para exibir aquela oferta imperdível de um produto
que você buscou dias atrás.
Pensando nisso, é imprescindível gerenciar os cookies do seu navegador para manter seus dados pessoais e privacidade protegidos.

72
INFORMÁTICA

1- Com o Firefox aberto, acesse o menu principal clicando no botão Hambúrguer que fica no canto superior direito do navegador.
Clique no botão “Opções”.

Acesse as opções do seu Mozilla Firefox

2- Na nova aba que as opções abrem, procure pela seção “Privacidade” no menu à esquerda da tela.

Em seguida, acesse a opção “Privacidade” a partir do menu à esquerda da nova aba que se abriu.

73
INFORMÁTICA

3- No Firefox, há duas formas de acessar os cookies que o navegador armazena no seu computador e tudo depende do que está mar-
cado na opção “O Firefox irá” na seção “Histórico”. Caso a lista de seleção exiba a opção “Memorizar tudo” marcada, você deverá clicar
em “Remover cookies individualmente”.

A primeira forma permite que você gerencie os cookies armazenados de maneira individual
Caso a opção “Usar minhas configurações” esteja marcada, então você terá de clicar no botão “Exibir cookies” na porção direita da
seção.

A segunda forma faz a mesma coisa, mas é apresentada ao usuário de uma maneira diferente (Imagem: Captura de tela / Sergio Oli-
veira)

4- Em ambos os casos, o que aparecerá na sequência é o pop-up de cookies, que lista todos os sites que armazenaram cookies no seu
computador. Perceba que cada site tem, ao seu lado esquerdo, uma seta apontando para baixo. Clique nela para visualizar individualmente
todos os cookies armazenados por aquele endereço no seu PC. Para excluir um desses registros por vez, clique sobre ele e depois na opção
“Remover selecionado”.

74
INFORMÁTICA

Ao finalizar o serviço, basta clicar no botão ‘Fechar’.


Na janela pop-up, é possível gerenciar os cookies individual-
mente, selecionando-os a partir de uma lista de sites que guarda- 5- Assim como o Google Chrome, o Firefox tem uma opção que
ram algum registro no seu PC. permite limpar os cookies de uma maneira mais rápida. De volta à
Se você quiser excluir todos os cookies armazenados por um seção “Privacidade”, certifique-se de que na lista de seleção está
site em específico, basta selecionar a basta dele na lista e logo na marcada a opção “Memorizar tudo” e clique na opção “Limpar seu
sequência clicar em “Remover tudo” para executar a ação. histórico recente”.

Para gerenciar os cookies de uma maneira mais rápida e práti-


ca, basta clicar na opção indicada nesta imagem.
Um novo pop-up chamado “Limpar histórico recente” aparece-
rá. Nele, perceba que você pode optar por varrer vários tipos de re-
gistro de uma só vez que foram armazenados em um determinado
intervalo de tempo. Define que intervalo é esse na lista de seleção
e quais tipos de registro serão apagados selecionando-os na lista na
parte inferior do pop-up.

Você também tem a opção de excluir todos os cookies de um


endereço em específico de uma só vez.
Quando terminar de gerenciar os cookies que o Firefox armaze-
nou no seu computador, basta clicar no botão “Fechar” que fica no
canto inferior direito da janela pop-up.

75
INFORMÁTICA

Diferenças entre o Browser para Windows 8 e 7

O Internet Explorer 11 foi desenvolvido para atender as neces-


sidades de quem utiliza o Windows 8 ou 8.1 não apenas em desk-
tops, mas também em plataformas móveis. Dessa forma, algumas
diferenças se mostram existentes entre a versão do browser para o
Windows 8 e Windows 7. Confira abaixo alguns dos principais pon-
tos não abarcados pelo IE 11:
A barra de pesquisas é exibida na altura superior do navegador;
A nova forma de visão de abas não está disponível para o Win-
dows 7;
Extensões de vídeo premium não são suportadas pelo IE11 para
o Windows 7;
Protocolo SPDY não suportado pelo Windows 7;
As melhorias do modo protegido de segurança não foram incor-
poradas pelo Windows 7.
Apesar de não contar com todos os recursos oferecidos por sua
versão para o Windows 8 e 8.1, o Internet Explorer para o Windows
7 não apresenta desfalques fatais. Uma navegação segura é possí-
Além dos cookies, é possível varrer outros tipos de registros vel por meio dos sistemas tradicionais de detecção de malwares –
feitos em um determinado intervalo de tempo. Defina-os e clique acesse o botão configurações, clique em “Segurança” e administre
em limpar. os mecanismos de prevenção a ameaças da forma que melhor lhe
satisfazem.

INTERNET EXPLORER 11: (1) IDENTIFICAR O AMBIEN- Noções Básicas sobre Navegação
TE, CARACTERÍSTICAS E COMPONENTES DA JANELA
PRINCIPAL DO INTERNET EXPLORER; (2) IDENTIFICAR Mãos à obra. Para abrir o Internet Explorer 11, toque ou clique
E USAR AS FUNCIONALIDADES DA BARRA DE FER- no bloco Internet Explorer na tela Inicial. Ou no atalho da área de
RAMENTAS E DE STATUS; (3) IDENTIFICAR E USAR AS trabalho.
FUNCIONALIDADES DOS MENUS; (4) IDENTIFICAR E
USAR AS FUNCIONALIDADES DAS BARRAS DE MENUS,
FAVORITOS, BOTÕES DO MODO DE EXIBIÇÃO DE
COMPATIBILIDADE, BARRA DE COMANDOS, BARRA
DE STATUS; E (5) UTILIZAR TECLAS DE ATALHO PARA
QUALQUER OPERAÇÃO

O mais recente navegador da Microsoft, incialmente lançado


apenas ao Windows 8 e 8.1, agora atende também os usuários do
Windows 7. O Internet Explorer 11 passou de sua versão preview
para sua edição final: adicione sites fixos à sua barra de ferramen-
tas, coloque a velocidade melhorada de navegação do browser à
prova e tenha acesso também a ferramentas para o desenvolvimen-
to de aplicações online.

Sites Fixos
Tela do IE 11 no Windows 7
Outro dos recursos de Internet Explorer 11 é a possibilidade de
anexar à sua barra de tarefas sites fixos. Significa que você vai poder 1. Voltar e Avançar: auxilia na navegação, permitindo voltar
selecionar seus portais favoritos e acessá-los facilmente sem execu- para sites visualizados antes do atual ou depois usando o botão
tar os serviços de busca do IE 11. Para que endereços possam ficar avançar.
visíveis, apenas segure um clique sobre a aba da página visitada e
arraste a seleção para a sua barra de tarefas. Pronto. 2. Barra de Endereços: a barra de endereços é o seu ponto de
partida para navegar pela Internet. Ela combina barra de endere-
ços e caixa de pesquisa para que você possa navegar, pesquisar ou
receber sugestões em um só local. Ela permanece fora do caminho
quando não está em uso para dar mais espaço para os sites. Para
que a barra de endereços apareça, passe o dedo de baixo para cima
na tela ou clique na barra na parte inferior da tela se estiver usando
um mouse. Há três maneiras de utilizá-la:

76
INFORMÁTICA

Barra de endereços IE 11

Para navegar. Insira uma URL na barra de endereços para ir dire- IE 11 com três sites sendo visualizados, cada um separado em
tamente para um site. Ou toque, ou clique, na barra de endereços uma guia diferente
para ver os sites que mais visita (os sites mais frequentes).
Para pesquisar. Insira um termo na barra de endereços e toque 4- Ferramentas: acesso a opções de impressão, segurança e
ou clique em Ir para pesquisar a Internet com o mecanismo de pes- configurações do IE.
quisa padrão.
Para obter sugestões. Não sabe para onde deseja ir? Digite uma
palavra na barra de endereços para ver sugestões de sites, aplica-
tivos e pesquisa enquanto digita. Basta tocar ou clicar em uma das
sugestões acima da barra de endereços.

Ferramentas com opções do IE 11

5. Favoritos: salvar um site como favorito é uma forma simples


de memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar sem-
Sugestão de sites pre. (Se você tiver feito a atualização para o Windows 8.1 a partir
do Windows 8 e entrado usando sua conta da Microsoft, todos os
3- Guias: multitarefas com guias e janelas. favoritos já existentes terão sido importados automaticamente.)
Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em uma só Vá até um site que deseja adicionar.
janela do navegador, para que seja mais fácil abrir, fechar e alternar Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir os co-
os sites. A barra de guias mostra todas as guias ou janelas que estão mandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique no botão Favo-
abertas no Internet Explorer. ritos para mostrar a barra de favoritos.
Toque ou clique em Adicionar a favoritos e, em seguida, toque
ou clique em Adicionar.

Observação: você pode alternar rapidamente os favoritos e as


guias tocando ou clicando no botão Favoritos Botão Favoritos ou no
botão Guias Botão Guias nos comandos de aplicativos.

77
INFORMÁTICA

6. Página inicial: as home pages são os sites que se abrem sem-


pre que você inicia uma nova sessão de navegação no Internet Ex-
plorer. Você pode escolher vários sites, como seus sites de notícias
ou blogs favoritos, a serem carregados na abertura do navegador.
Dessa maneira, os sites que você visita com mais frequência estarão
prontos e esperando por você. Passe o dedo da borda direita da tela
e toque em Configurações.
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o canto inferior
direito da tela, mova o ponteiro do mouse para cima e clique em
Configurações.)
Toque ou clique em Opções e, em Home pages, toque ou clique
em Gerenciar.
Insira a URL de um site que gostaria de definir como home page
ou toque ou clique em Adicionar site atual se estiver em um site
que gostaria de transformar em home page.

Abrindo e alternando as guias Tela de configuração da impressão


Abra uma nova guia tocando ou clicando no botão Nova guia.
Em seguida, insira uma URL ou um termo de pesquisa ou selecione A opção visualizar impressão permite verificar como ficará a im-
um de seus sites favoritos ou mais visitados. pressão antes de enviar o arquivo para a impressora. Geralmente
Alterne várias guias abertas tocando ou clicando nelas na barra quando imprimimos um arquivo da internet sai uma página pratica-
de guias. Você pode ter até 100 guias abertas em uma só janela. Fe- mente em branco ou a impressão não cabe em uma única página.
che as guias tocando ou clicando em Fechar no canto de cada guia. Para evitar isto é só acessar a opção de visualizar impressão e confi-
gurar a página conforme as necessidades.
Usando várias janelas de navegação
Também é possível abrir várias janelas no Internet Explorer 11
e exibir duas delas lado a lado. Para abrir uma nova janela, pressio-
ne e segure o bloco Internet Explorer (ou clique nele com o botão
direito do mouse) na tela Inicial e, em seguida, toque ou clique em
Abrir nova janela.
Duas janelas podem ser exibidas lado a lado na tela. Abra uma
janela e arraste-a de cima para baixo, para o lado direito ou esquer-
do da tela. Em seguida, arraste a outra janela a partir do lado es-
querdo da tela.

Observação: você pode manter a barra de endereços e as guias


encaixadas na parte inferior da tela para abrir sites e fazer pesquisas
rapidamente. Abra o botão Configurações, toque ou clique em Op- Visualização de impressão
ções e, em Aparência, altere Sempre mostrar a barra de endereços
e as guias para Ativado. Na imagem acima a impressão foi configurada no 1- modo pai-
sagem e selecionada a opção 2- reduzir para caber (faz com que
Opções de configurações do IE 11 todo o conteúdo da impressão caiba em uma página) e mesmo
assim quando clicar no botão 3- imprimir termos impressas duas
Imprimir páginas, uma com o conteúdo e outra apenas com um cabeçalho e
Acesso a configurações de impressão. rodapé. Neste caso a solução para o problema é imprimir apenas a
A opção imprimir abre uma tela para selecionar a impressora página 1. Para isto ao clicar na opções imprimir selecione a opção
que será utilizada na impressão, sem a opção de visualizar antes páginas e adicione o número da página a direita.
como ficara. Nesta tela também é possível configurar o tamanho do A opção de configurar página permite configurar a página para
papel, qualidade de impressão, números de cópias, etc. impressão.

78
INFORMÁTICA

Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do Not Track


para ajudar a proteger sua privacidade. O rastreamento refere-se
à maneira como os sites, os provedores de conteúdo terceiros, os
anunciantes, etc. aprendem a forma como você interage com eles.
Isso pode incluir o rastreamento das páginas que você visita, os links
em que você clica e os produtos que você adquire ou analisa. No
Internet Explorer, você pode usar a Proteção contra Rastreamento
e o recurso Do Not Track para ajudar a limitar as informações que
podem ser coletadas por terceiros sobre a sua navegação e para
expressar suas preferências de privacidade para os sites que visita.

Opções da Internet

Aqui é onde ficam a principais configurações do Internet Explo-


rer.

Configurar página

Arquivo
Dá acesso as opções de exibição e visualização do navegador.

Zoom
Permite configurar o tamanho que aparece as informações da
página.

Segurança
Configurações de segurança para navegação.
Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar, compartilhar
e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso diariamente na In-
ternet, o que pode disponibilizar suas informações pessoais para
outras pessoas. O Internet Explorer ajuda você a se proteger melhor
com uma segurança reforçada e mais controle sobre sua privacida-
de. Estas são algumas das maneiras pelas quais você pode proteger
melhor a sua privacidade durante a navegação:

Guia geral é possível configurar a página inicial, controlar


o que irá aparecer ao abrir o navegador, controlar o histórico e
Opções de segurança aparências.

Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armazenam infor- - Guia Segurança: permite configurar os níveis de segurança.
mações como o seu histórico de pesquisa para ajudar a melhorar - Guia Privacidades: dá o controle sobre cookies e pop-ups
sua experiência. Quando você usa uma guia InPrivate, pode navegar - Guia Conteúdo: permite configurar o uso de certificados, pre-
normalmente, mas os dados como senhas, o histórico de pesquisa enchimento automático e Feeds.
e o histórico de páginas da Internet são excluídos quando o navega- - Guia Conexão: permite gerenciar com qual conexão será reali-
dor é fechado. Para abrir uma nova guia InPrivate, passe o dedo de zado o acesso à internet.
baixo para cima na tela (ou clique nela) para mostrar os comandos - Guia Programas: permite configurar os programas que funcio-
de aplicativos, ou toque ou clique no botão Ferramentas de guia nam em conjunto com o IE e seus complementos.
Botão Ferramentas de guia e em Nova guia InPrivate. - Guia Avançadas: traz opções mais complexas de configurações
do IE

79
INFORMÁTICA

Lendo, Salvando e Compartilhando Conteúdo da Internet Ctrl + Seta para direita: na barra de endereços, mover o cursor
para a direita até o próximo intervalo na frase.
Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure pelo ícone Alt + D: selecionar texto na barra de endereços:
Modo de exibição de leitura Ícone Modo de exibição de leitura na Enter: ativar um link selecionado.
barra de endereços. O Modo de exibição de leitura retira quaisquer Shift + F10: exibir o menu de atalho de um link.
itens desnecessários, como anúncios, para que as matérias sejam Ctrl + F: localizar alguma coisa na página.
destacadas. Toque ou clique no ícone para abrir a página no modo Alt + Seta para direita: ir para a próxima página.
de exibição de leitura. Quando quiser retornar à navegação, basta Alt + Seta para esquerda: ir para a página anterior.
tocar ou clicar no ícone novamente. PageUp: ir para o início de uma página.
Page Down: ir para o fim de uma página.:
Para personalizar as configurações do modo de exibição de Ctrl + Shift + Tab: voltar pelos itens de uma página web.
leitura Ctrl + Tab + F6: avançar pelos itens de uma página web.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Configurações. Ctrl + O: abrir um novo documento no Internet Explorer.
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o canto inferior Ctrl + N: abre uma nova janela.
direito da tela, mova o ponteiro do mouse para cima e clique em Ctrl + S: salvar a página atual.
Configurações.) Seta para cima: rolar página acima.
Toque ou clique em Opções e, em Modo de exibição de leitura, Seta para baixo: rolar página abaixo.
escolha um estilo de fonte e um tamanho de texto. Esc: parar o download de uma página.
F11: alternar entre a exibição em tela cheia e a exibição comum.
Para salvar páginas na Lista de Leitura F7: iniciar a navegação por cursor.
Quando você tiver um artigo ou outro conteúdo que deseje ler Ctrl + C: copiar os itens selecionados na área de transferência.
mais tarde, basta compartilhá-lo com sua Lista de Leitura em vez Ctrl + X: recortar os itens selecionados na área de transferência.
de enviá-lo por e-mail para você mesmo ou de deixar mais guias de Ctrl + V: colar os itens selecionados da área de transferência.
navegação abertas. A Lista de Leitura é a sua biblioteca pessoal de Ctrl + A: selecionar todos os itens de uma página Web:
conteúdo. Você pode adicionar artigos, vídeos ou outros tipos de Alt + Z: abrir o menu Adicionar aos favoritos.
conteúdo a ela diretamente do Internet Explorer, sem sair da página Alt + A: abrir o menu de favoritos na barra de menus.
em que você está. Ctrl + B: abrir a caixa de diálogo “Organizar Favoritos.
Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em Compar- Ctrl + Shift + H: fixar o Centro de Favoritos e exibir seu histórico.
tilhar. (Se usar um mouse, aponte para o canto superior direito da Ctrl + G: exibir feeds.
tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique em Comparti- Ctrl + H: exibir histórico.
lhar.) Alt + F: abrir o menu Arquivo.
Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em Adicionar. Alt + E: abrir o Menu Editar.
O link para o conteúdo será armazenado na Lista de Leitura. Alt + V: abrir o menu Exibir:
No Internet Explorer 11 é possível acessar o menu clássico pres- Alt + A: abrir o menu Favoritos.
sionando a tecla ALT. Alt + T: abrir as Ferramentas:
Alt + H: abrir o menu Ajuda.
Teclas de Atalho Ctrl + F4: fechar guias em segundo plano.
Ctrl + clique: abrir links em uma nova guia em segundo plano.6
Ctrl + W: fechar guia. Ctrl + Shift + clique: abrir links em uma nova guia no primeiro
Ctrl + D: adicionar site atual aos favoritos. plano.
Alt + Home: ir para a Página Inicial. Ctrl + K: duplicar guia.
Ctrl + Shift + Delete: excluir o histórico de navegação. Ctrl + Shift + T: reabrir a última guia fechada.
F1: ajuda e suporte. Ctrl + Tab: mudar de guias.
Ctrl + H: abrir o histórico de navegação. Ctrl + 9: mudar para a última guia.
Ctrl + T: abrir uma nova guia. Ctrl + número entre 1 e 8: mudar para um número de guia es-
Ctrl + Shift + P: ativar a navegação anônima (In Private). pecífico.
Ctrl + P: imprimir a página atual.
F5: atualizar a página. OUTLOOK EXPRESS: CONTAS DE E-MAIL, ENDEREÇOS
Ctrl + Tab: alternar entre guias. DE E-MAIL, ESCREVER, ENVIAR, RESPONDER E EN-
Alt + D: exibir os comandos de aplicativo (barra de endereços, CAMINHAR MENSAGENS, DESTINATÁRIO OCULTO,
sites frequentes, etc.). ARQUIVOS ANEXOS, ORGANIZAR E SELECIONAR MEN-
Ctrl + J: exibir os downloads. SAGENS RECEBIDAS. IMPORTAR E EXPORTAR MENSA-
Ctrl + E: pesquisar na barra de endereço. GENS. FUNCIONALIDADE DOS MENUS, FERRAMENTAS
Alt + Enter: pesquisar em uma nova guia. E TECLAS DE ATALHO
Ctrl + Shift + L: pesquisar usando texto copiado.
Ctrl + Enter: adicionar “www.” ao início e “.com” ao fim do texto
digitado na barra de endereços. O Outlook Express não está mais disponível e não tem mais su-
F4: exibir uma lista de endereços digitados. porte da Microsoft. Podemos ajudá-lo a mover seus e-mails e con-
Ctrl + Seta para esquerda: na barra de endereços, mover o cur- tatos para o Outlook.com.
sor para a esquerda até o próximo intervalo na frase.

80
INFORMÁTICA

O Outlook.com é um serviço de e-mail pessoal gratuito baseado


na Web que é fácil de usar. Ele tem muitos dos mesmos excelentes
recursos do Outlook Express, juntamente com alguns novos. Você
pode manter o seu endereço de e-mail atual, enviar fotos e arqui-
vos por e-mail e manter a sua caixa de entrada em ordem. Você
também pode ver seus e-mails em qualquer computador, tablet ou
telefone conectado. Siga as etapas abaixo e o complemento Mail
Migration transferirá seus e-mails e contatos do Outlook Express.
Inscrever-se no Outlook.com e transferir seus e-mails e contatos
do Outlook Express
Ao se inscrever no Outlook.com, seu endereço de e-mail e sua
senha são sua conta da Microsoft. Se você tiver um endereço de
e-mail que termina em msn.com, hotmail.com, live.com ou outlook.
com, significa que você já tem uma conta da Microsoft.
1. Verifique se você está no computador que tem os seus
e-mails e contatos do Outlook Express. Nesse computador, clique
no botão abaixo que diz Introdução. Isso iniciará o complemento de Envie e receba e-mails de outras contas no Windows Live Mail.
Migração de E-mail, que transferirá seus e-mails e contatos.
2. Você será enviado para a página de entrada do Outlook. Envie muitas fotos
com. Execute um destes procedimentos: Envie fotos de alta resolução para a família e os amigos com o
Se você não tiver uma conta da Microsoft, clique em Inscrever- Windows Live Mail. Eles podem facilmente encontrar, visualizar e
-se agora na parte inferior da página (onde há a pergunta se você fazer o download de suas fotos. Como as fotos são armazenadas
tem uma conta da Microsoft). Em seguida, digite seu endereço de no OneDrive, a caixa de entrada jamais fica sobrecarregada.
e-mail e sua senha para criar sua conta do Outlook.com. Em sua caixa de entrada do Windows Live Mail, na guia Início,
– ou – clique em E-mail com imagem. Escolha as fotos que você deseja
Se você já tiver uma conta da Microsoft, digite seu endereço de adicionar a sua mensagem de e-mail e, em seguida, digite um nome
e-mail e sua senha. para seu álbum.
3. Depois que você estiver conectado, o complemento Mail Digite os endereços de e-mail das pessoas com as quais deseja
Migration transferirá automaticamente seus e-mails e contatos da compartilhar suas fotos. Clique em Formato e, em seguida, clique
sua conta do Outlook.com. em Privacidade do álbum para decidir quem pode ver suas fotos.
Por padrão, somente as pessoas para as quais você enviar a mensa-
WINDOWS LIVE MAIL gem de e-mail com imagem poderão visualizar suas fotos. Em segui-
Gerencie várias contas de e-mail, calendários e seus contatos da, basta clicar em Enviar.
mesmo quando estiver offline. Observação
Você pode adicionar todas as suas contas de e-mail ao Win- A Microsoft pode limitar o número de arquivos que cada usuá-
dows Live Mail. Basta digitar o endereço de e-mail e a senha e, em rio pode carregar para um álbum do OneDrive por mês.
seguida, seguir algumas etapas. Após suas contas de e-mail serem
adicionadas, organize suas conversas. Veja como fazer tudo isso no
Mail.

Adicione uma conta de e-mail


Na caixa de entrada do seu Mail, clique em Contas e, em segui-
da, clique em E-mail. Digite seu endereço de e-mail, sua senha e seu
nome de exibição e clique em Avançar. Se quiser adicionar outras
contas, clique em Adicionar outra conta de e-mail.
Observação
Pode ser necessário entrar em contato com seu provedor de ser-
viço de e-mail para concluir a configuração de sua conta de e-mail.

Mensagem de e-mail com imagem do Windows Live Mail.

81
INFORMÁTICA

Organize suas conversas


Para ativar ou desativar a exibição de conversas no Mail, clique
na guia Exibir, clique em Conversas e, em seguida, clique em Ati-
var ou Desativar.

Ative as conversas para ver as mensagens agrupadas por assun-


to.
Para ampliar ou minimizar uma conversa, na lista de mensa-
gens, selecione uma mensagem que tem um triângulo ao lado. Para Painel do Calendário em sua caixa de entrada.
exibir ou ocultar todas as mensagens de uma conversa, clique no
triângulo ao lado da mensagem ou clique em Ampliar/Minimizar. Para adicionar uma conta de e-mail
1. Abra o Windows Live Mail clicando no botão Iniciar. Na caixa
de pesquisa, digite Mail e, na lista de resultados, clique em Win-
dows Live Mail.
2. No canto inferior esquerdo, clique em Mail.
3. Clique na guia Contas e em E-mail.
4. Digite seu endereço de e-mail, senha e nome para exibição e
clique em Avançar.
5. Siga as etapas adicionais e clique em Avançar.
6. Clique em Adicionar outra conta de e-mail, se quiser adicio-
nar mais contas, ou clique em Concluir para começar a usar o Win-
dows Live Mail.

Observações
Para adicionar uma conta do Gmail, altere suas configurações
do Gmail para habilitar acesso POP ou IMAP antes de adicionar a
conta.
Clique no triângulo ao lado da mensagem ou em Ampliar/Mini- Para adicionar uma conta do Yahoo!, você precisa ter o Yahoo!
mizar para exibir ou ocultar as mensagens de uma conversa. Mail Plus.
Se, ao adicionar uma conta, forem solicitadas informações do
Adicione eventos ao seu calendário a partir da caixa de entra- servidor, verifique o site ou contate o serviço de atendimento ao
da cliente do seu provedor para saber o que você deve fazer para con-
Você pode adicionar lembretes de eventos e outros dias es- cluir a configuração da conta de e-mail.
peciais ao Windows Live Calendar de forma rápida e conveniente
diretamente da caixa de entrada do Windows Live Mail. Basta di- Para alterar as configurações de servidor para o seu provedor
gitar o nome do evento no painel do Calendário e ele será exibido de serviços de e-mail
imediatamente. Em seguida, clique duas vezes em seu evento para Procure as configurações do servidor no site do provedor da
adicionar um local ou outros detalhes. conta de e-mail
1. Abra o Windows Live Mail clicando no botão Iniciar . Na caixa
de pesquisa, digite Mail e, na lista de resultados, clique em Win-
dows Live Mail.
2. Clique na conta de e-mail que deseja alterar.
3. Clique na guia Contas e em Propriedades.
4. Clique na guia Servidores, digite as informações fornecidas
pelo provedor de serviços de e-mail e clique em OK.

82
INFORMÁTICA

Também pode ser necessário alterar as informações na guia Avançado.

Para remover uma conta de e-mail


Antes de remover uma conta, verifique se as mensagens que você queria salvar estão disponíveis quando você entra na versão para
Web. Por exemplo, se você quiser remover uma conta do Yahoo!, entre em http://mail.yahoo.com e verifique se suas mensagens estão lá.
Se algumas de suas mensagens estiverem disponíveis somente no Windows Live Mail, exporte as mensagens antes de remover a conta.
Clique com o botão direito na conta que deseja remover e clique em Remover conta.

Clique em Sim para confirmar.

Para adicionar um RSS feed


Antes de começar, verifique se você tem a URL do RSS feed que deseja adicionar.
1. Abra o Windows Live Mail clicando no botão Iniciar . Na caixa de pesquisa, digite Mail e, na lista de resultados, clique em Windows
Live Mail.
2. No painel esquerdo, clique em Feeds.
3. Clique na guia Início e em Feed.
4. Digite o endereço Web do RSS feed e clique em OK.
Para exibir o feed, clique no RSS feed em Seus feeds.

Para adicionar um grupo de notícias


Antes de começar, verifique se você tem o servidor de notícias (NNTP) que deseja adicionar.
1. Abra o Windows Live Mail clicando no botão Iniciar . Na caixa de pesquisa, digite Mail e, na lista de resultados, clique em Windows
Live Mail.
2. Clique na guia Contas e em Grupo de Notícias.
3. Digite um nome para exibição e clique em Avançar.
4. Digite um endereço de e-mail e clique em Avançar.
5. Digite o servidor de notícias (NNTP), clique em Avançar e em Concluir. A lista de grupos de notícias será baixada.
6. Selecione um grupo de notícias na lista e clique em OK.

Para exibir o grupo de notícias, clique no painel esquerdo, clique em Grupos de Notícias e selecione-o na lista de grupos de notícias.

MICROSOFT OUTLOOK 2016: CONTAS DE E- MAIL, ENDEREÇOS DE E-MAIL, ESCREVER, ENVIAR, RESPONDER E ENCA-
MINHAR MENSAGENS, DESTINATÁRIO OCULTO, ARQUIVOS ANEXOS, ORGANIZAR E SELECIONAR MENSAGENS RECE-
BIDAS. IMPORTAR E EXPORTAR MENSAGENS. FUNCIONALIDADE DOS MENUS, FERRAMENTAS E TECLAS DE ATALHO

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

83
INFORMÁTICA

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
Barra superior do painel da mensa-
8 Responder Ctrl+R
gem
Barra superior do painel da mensa-
9 Encaminhar Ctrl+F
gem
Barra superior do painel da mensa-
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R
gem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
Mostrar campo cco (cópia
17 ALT +S + B Menu opções CCO
oculta)

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
va@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

84
INFORMÁTICA

Adicionar conta de e-mail Enviar


Siga os passos de acordo com as imagens: De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto,
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de
resposta ou encaminhamento.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,


referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-


ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

85
INFORMÁTICA

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a Imprimir uma mensagem de e-mail
nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos-
mensagem. sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

GMAIL: FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO DE E- MAIL


GMAIL, INCLUINDO: MENUS, CAIXAS DE E-MAILS,
ENVIADOS, RASCUNHOS, CONFIGURAÇÕES, ESTRELA,
ESCREVER, RESPONDER, ENCAMINHAR, INSERIR ANE-
XOS, FILTROS, ENTRE OUTROS

Criar uma Conta do Google

Com uma Conta do Google, é possível acessar produtos, como


Gmail, Google+, YouTube e muito mais com um único nome de usu-
ário e uma senha. Quando você cria uma Conta do Google, pode
usar o mesmo nome de usuário e senha para fazer login nos nossos
produtos.

Para Criar uma Conta do Google


Acesse a página Crie sua Conta do Google.
Outra forma é selecionar o link Criar uma conta abaixo da caixa
de login, no meio de qualquer página de login do Google.

86
INFORMÁTICA

Verificar sua Conta do Google

Ao criar uma Conta do Google, um link de verificação é enviado ao endereço de e-mail usado para criar a conta. Se o endereço não for
verificado, pode não ser possível acessar alguns produtos ou recursos do Google.

Verificar sua Conta

Para fazer isso, é só clicar no link no e-mail de verificação do Google que é enviado logo após a criação da conta.
Se tiver dúvidas sobre a verificação, faça login em Minha Conta. Uma mensagem pedindo a verificação da sua conta é exibida, caso
ela ainda não tenha sido feita.
Se já clicou no link para solicitar um e-mail de verificação, mas ainda não o recebeu, clique aqui para descobrir por que isso pode ter
acontecido.

Observação: se você adicionou o Gmail ao criar sua Conta do Google, não receberá um e-mail de verificação.

Usar o Gmail para Acessar sua Conta do Google

Se você usa o Gmail, já tem uma Conta do Google. Com uma Conta do Google, você tem acesso a produtos gratuitos do Google, como
Google Drive, Documentos Google, Google Agenda e muito mais.
Para fazer login na sua Conta do Google (ou em qualquer produto do Google):
Vá para a página de login do produto (para as Contas do Google o endereço é myaccount.google.com).
Insira seu nome de usuário (tudo que aparece antes de “@gmail.com”).
Digite a sua senha.

Como Enviar e Receber Mensagens

Guias e marcadores de categoria da Caixa de entrada


Suas mensagens são classificadas em categorias, como “Promoções”, “Social” e “Atualizações”. Você pode optar por usar as categorias
como guias da Caixa de entrada e como marcadores. Essas categorias fazem com que seja mais fácil se concentrar nas mensagens que são
importantes para você e ler mensagens do mesmo tipo de uma vez.
Se você não vir categorias na sua Caixa de entrada, clique aqui.

Suas mensagens são categorizadas automaticamente nas seguintes guias opcionais:

Mensagens de amigos e familiares, além de outras mensagens que não aparecem em outras
   Principal guias.
Descontos, ofertas e outros e-mails promocionais.
   Promoções
Mensagens de redes sociais, sites de compartilhamento de mídia, serviços de namoro on-line,
   Social plataformas de jogos e outros sites sociais.
Notificações como confirmações, recibos, contas e extratos bancários.
   Atualizações
Mensagens de grupos on-line, fóruns de discussão e listas de e-mails.
   Fóruns

Mostrar ou Ocultar Guias

- Abra o Gmail.
- Clique no ícone + à direita das guias.

- Use as caixas de seleção para mostrar ou ocultar cada guia.


- Clique em Salvar.

Se você ocultar uma guia, as mensagens nessa categoria serão exibidas na guia “Principal”.

87
INFORMÁTICA

Desativar as Guias Quando uma mensagem é arquivada, ela sai da sua Caixa de
Se você preferir ver todas as mensagens em uma lista, basta entrada e permanece em “Todos os e-mails” e em qualquer outro
ocultar todas as guias (veja as instruções acima). A guia “Principal” marcador aplicado a ela. Isso significa que as mensagens arquivadas
continuará marcada, mas você não verá a guia acima da Caixa de não ficarão mais visíveis nas suas guias.
entrada. Para ver todas as mensagens em uma categoria, siga estas eta-
pas:
Mostrar as Guias Novamente Depois de Desativá-las - Abra o Gmail.
Para usar as guias novamente, siga estas instruções: - Passe o cursor sobre a lista de marcadores no lado esquerdo
- Abra o Gmail. do Gmail, onde as opções “Enviados” e “Rascunhos” estão listadas.
- Clique no ícone de roda dentada no canto superior direito - Clique em Mais na parte inferior da lista de marcadores.
e selecione Configurar caixa de entrada. Talvez seja necessário rolar para baixo.
- Marque as caixas das guias que você deseja ver. - Encontre a opção Categorias e expanda a lista usando a seta
- Clique em Salvar. à esquerda.
- Clique no nome de uma categoria.
Novas Mensagens nas Guias de Categoria
Mostrar as Categorias como Marcadores na sua Lista de Men-
Quando você receber novos e-mails, verá um indicador em sagens
cada guia que informa quantas novas mensagens você recebeu des- Por padrão, os marcadores de categoria não ficam visíveis em
de a última vez que verificou a guia. Você também verá alguns dos cada mensagem, mas você pode optar por exibi-los na sua lista de
remetentes recentes listados abaixo do nome da categoria. Você mensagens. Mesmo assim, os marcadores de categoria não ficarão
pode ver o que há de novo rapidamente e decidir quais e-mails de- visíveis quando você visualizar as guias da sua Caixa de entrada,
seja ler. mas esse recurso pode ser útil para fazer pesquisas ou se você tiver
Exemplo: desativado as guias.
Se você consultou a guia “Promoções” ontem e depois recebeu - Abra o Gmail.
oito e-mails promocionais, verá “8 novos” ao lado da palavra “Pro- - Passe o cursor sobre a lista de marcadores no lado esquerdo
moções” quando acessar o Gmail hoje. do Gmail, onde as opções “Enviados” e “Rascunhos” estão listadas.
- Clique em Mais na parte inferior da lista de marcadores.
Número de Não Lidas Talvez seja necessário rolar para baixo.
- Encontre a opção Categorias e expanda a lista usando a seta
O número ao lado de Entrada, no lado esquerdo do Gmail, in- à esquerda.
forma o número de mensagens não lidas na guia “Principal”. - Passe o cursor sobre o nome de uma categoria, como Social,
Mover mensagens entre as guias. e clique no ícone da seta para baixo que é exibido à direita do
nome.
- Encontre a opção “Na lista de mensagens” e escolha Mostrar.
Nesse menu, você pode alterar a cor do marcador ou ocultar a
categoria na lista de marcadores.

Pesquisar Usando as Categorias


Para pesquisar as mensagens de uma categoria, use o operador
de pesquisa category: seguido do nome da categoria em inglês.
Exemplo: category:updates
Para mover uma mensagem da sua Caixa de entrada para outra Significado: todas as mensagens na categoria “Atualizações”.
guia, basta arrastá-la e soltá-la na outra guia. Você também pode Exemplo: category:social Mariana
clicar com o botão direito em uma mensagem enquanto vê sua Cai-
xa de entrada. Significado: mensagens na categoria “Social” que incluam “Ma-
Depois que a mensagem for movida para outra guia, uma men- riana”.
sagem em cima da sua Caixa de entrada perguntará se você deseja Você pode combinar o operador de pesquisa de categoria com
desfazer a ação ou sempre enviar mensagens desse remetente para outros operadores de pesquisa. Saiba mais sobre a pesquisa avan-
a guia escolhida. çada.

Marcadores de Categoria Dispositivos Móveis


As mesmas categorias estão disponíveis nos aplicativos para
Independentemente de você usar as guias ou não, todas as dispositivos móveis oficiais do Gmail em dispositivos Android 4.0
mensagens são classificadas automaticamente em uma das cinco ou superior e no iPhone e iPad. Quando você abrir o aplicativo do
categorias diferentes. Essas categorias podem ser usadas como Gmail, verá a categoria “Principal”, com acesso fácil às outras guias.
marcadores automáticos.
Estas são algumas das ações que podem ser realizadas com os
marcadores de categoria:
Ver todas as mensagens em uma categoria, incluindo as men-
sagens arquivadas

88
INFORMÁTICA

Excluir e Recuperar E-mails da Lixeira Mover Mensagens Arquivadas de Volta para a Caixa de En-
trada
Para excluir um e-mail, abra ou selecione a mensagem e clique - Depois de encontrar a mensagem, marque a caixa de seleção
no ícone de Lixeira . Se você mudar de ideia e quiser desfazer a ao lado dela.
exclusão, as mensagens excluídas permanecem na pasta “Lixeira” - Na barra de ferramentas, na parte superior, clique no íco-
por aproximadamente 30 dias. Depois desse período, elas não po- ne Mover para .
derão mais ser recuperadas pelos usuários. - Clique em Entrada.

Arquivar Mensagens no Gmail Remover Spam

Você pode remover as mensagens da sua Caixa de entrada do Para remover spam de sua caixa de entrada:
Gmail, mas usar o arquivamento para mantê-las na guia Todos os - Selecione a mensagem que deseja denunciar.
e-mails. É como guardar as mensagens em um armário em vez de - Clique no botãoSpam, na barra de ferramentas acima de sua
colocá-las na lixeira. lista de mensagens.
Quando uma pessoa responder a uma mensagem que você
arquivou, a conversa que inclui essa mensagem será exibida nova- Se a mensagem estiver aberta, basta clicar no mesmo botão
mente na sua Caixa de entrada. para denunciá-la como spam.

Arquivar Mensagens Individuais Para excluir spam definitivamente:


- Abra o Gmail. - Clique no linkSpam, na lateral esquerda de qualquer página
- Abra a mensagem ou marque a caixa de seleção ao lado dela. do Gmail. Se você não encontrar o marcadorSpamna lateral esquer-
- Clique no botão Arquivar . da da página do Gmail, clique no menu suspenso Mais na parte in-
ferior de sua lista de marcadores.
Arquivar Muitas Mensagens de uma Vez - Selecione as mensagens que deseja excluir e clique em Excluir
- Abra o Gmail. definitivamente.
- Encontre o grupo de mensagens que você deseja arquivar, - Ou exclua tudo ao clicar em Excluir todas as mensagens de
como as mensagens que correspondem a uma pesquisa específica. spam agora.
- Na barra de ferramentas na parte superior, marque a caixa Quanto mais spam você marcar, melhor nosso sistema elimina
de seleção. Isso selecionará todas as mensagens que você vê na essas mensagens chatas. Se uma mensagem boa foi marcada como
página. spam, selecione-a e clique em Não é spam, na parte superior da
- Opcional: para arquivar todas as mensagens, e não apenas mensagem. Se marcou uma mensagem como spam, mas deseja re-
aquelas que você vê na página, procure a seguinte frase acima das cuperá-la, clique imediatamente em Desfazer.
suas mensagens:
“Todas as 20 conversas nesta página estão selecionadas. Sele- Mensagens com Estrela
cionar todas as conversas que correspondam a esta pesquisa.”
- Clique nesse link. As mensagens marcadas com uma estrela também serão
- Clique no botão Arquivar. exibidas na guia “Principal”, para que seja mais fácil encontrá-las.

Encontrar e Mover Mensagens Arquivadas Dica: as estrelas são uma excelente forma de organizar as men-
A forma mais fácil de encontrar mensagens arquivadas é fazer sagens que você deseja acompanhar. Remova a estrela da mensa-
uma pesquisa. Para pesquisas avançadas, clique na pequena seta da gem quando não precisar mais dela. Saiba mais sobre as mensagens
caixa de pesquisa para incluir outras informações. com estrela.
Procurar nos marcadores ou em “Todos os e-mails”. Se você não quiser incluir as mensagens com estrela na guia
Se você aplicou um marcador na sua mensagem, clique no mar- “Principal”, clique aqui.
cador no lado esquerdo do Gmail.
Todas as mensagens que você arquivou também estão em To-
dos os e-mails. Para procurar em “Todos os e-mails”, siga as etapas
abaixo:
- Abra o Gmail. Use estrelas para marcar determinadas mensagens facilmente
- No lado esquerdo, abaixo do botão “Escrever”, passe o cursor como importantes ou indicar que você precisa respondê-las mais
sobre a lista de marcadores. tarde.
- Na parte inferior da lista de marcadores, clique em Mais .
Talvez seja necessário rolar para baixo.
- Clique em Todos os e-mails. Se você não vir “Todos os e-mails”
em “Mais” , procure essa opção na parte superior da lista de mar-
cadores.

89
INFORMÁTICA

As estrelas aparecem à esquerda do nome do remetente em - Abra o Gmail.


sua caixa de entrada, e as mensagens marcadas com estrela só po- - Clique no ícone + à direita de suas guias.
dem ser visualizadas por você.
Como adicionar uma estrela
Na sua Caixa de entrada: clique no ícone de estrela ao lado
do nome do remetente.
Ao ler uma mensagem: clique no ícone de estrela no canto
superior direito da mensagem, ao lado da hora. - Desmarque a caixa ao lado de “Incluir mensagens marcadas
Ao escrever uma nova mensagem: clique em “Mais op- com estrela na guia “Principal””.
ções” no canto superior direito da janela da nova mensagem, clique - Clique em Salvar.
em Marcador e selecione Adicionar estrela. Se você adora usar estrelas, também pode usar a “Caixa prio-
Você também pode usar o atalho de teclado para marcar com ritária” ou a Caixa de entrada “Com estrela” para ter uma seção
estrela as mensagens em sua caixa de entrada. inteira da caixa de entrada dedicada a estrelas.

Use Estrelas com Aspectos Diferentes Como Enviar Mensagens

Veja este guia passo a passo sobre como escrever e enviar men-
sagens:
- Clique no botão Escrever, na lateral esquerda da página do
Gmail.
- Digite o endereço de e-mail do destinatário no campo “Para”.
Quando você digitar o endereço de um destinatário, o Gmail
sugerirá endereços de sua Lista de contatos usando o recurso au-
tocompletar.
Depois de digitar um contato no campo “Para:”, passe o pon-
teiro do mouse sobre o nome do contato para ver o endereço de
e-mail e outras informações associadas a ele. Clique duas vezes no
Você também pode escolher vários tipos de estrelas para in- nome de um contato para editar o endereço de e-mail ou o nome.
dicar diferentes tipos de mensagens. Por exemplo, você pode usar - Utilize o recurso cópia oculta quando desejar incluir destina-
uma estrela verde para mensagens que você quer ler novamente, tários cujas respostas são bem-vindas, mas não necessárias. Clique
e um ponto de exclamação vermelho para mensagens em que você em Adicionar Cc para exibir esse campo. O campo de cópia oculta
precisa dar um retorno. (clique em Cco para exibi-lo) permite que você oculte endereços e
nomes de destinatários.
Como Escolher Mais Opções de Estrelas - Digite o assunto da mensagem no campo “Assunto:”.
- Escreva sua mensagem! Clique no campo grande abaixo e di-
gite à vontade.
Quando você terminar de escrever, clique no botão Enviar, na
Para usar os novos designs de estrelas, clique no ícone de estre- parte inferior da janela de composição.
la repetidamente até ver a estrela que você deseja usar.
Responder a Mensagens
Encontrar Mensagens Marcadas com Estrela
Para ver todas as mensagens marcadas com estrela, clique Para responder a uma mensagem, clique na caixa abaixo da
em Com estrela no lado esquerdo do Gmail, embaixo de Entrada, mensagem e digite a resposta. Também é possível clicar no ícone
ou digite is:starred para pesquisar mensagens marcadas com estre- de seta, no canto superior direito da mensagem recebida.
la na caixa de pesquisa. Se a mensagem tiver vários destinatários e você desejar res-
ponder a todos eles, clique em Responder a todos, na caixa abaixo
Como Pesquisar um Determinado Tipo de Estrela da mensagem, e comece a digitar.
Pesquise usando has: com o nome da estrela (por exem- Você também pode clicar na seta para baixo, ao lado do botão
plo, has:yellow-star) para encontrar mensagens com uma determi- “Responder”, e selecionar Responder a todos.
nada estrela.
Para descobrir o nome de uma estrela, acesse a guia Geral em
“Configurações” e passe o ponteiro do mouse sobre o ícone de es- Se você quiser que “Responder a todos” seja sua opção padrão,
trela. clique no ícone de roda dentada e selecione Configurações. Localize
a configuração Comportamento de resposta padrão para alterar a
Mensagens Marcadas com Estrela em sua Caixa de Entrada opção. Clique em Salvar alterações na parte inferior da página. Você
Se você usar as categorias da Caixa de entrada, as mensagens ainda pode optar por responder a apenas uma pessoa em cada
marcadas com uma estrela também serão exibidas na guia mensagem, mas Responder a todos será a primeira opção.
“Principal”, para facilitar o controle. Quando você responder a uma mensagem, clique no íco-
Se você não quiser incluir as mensagens com estrela na guia ne Mostrar conteúdo adaptado para ver o texto anterior do
“Principal”, clique aqui. restante da conversa.

90
INFORMÁTICA

Como Encaminhar Mensagens

O encaminhamento permite o reenvio fácil de uma mensagem para outras pessoas, seja uma receita especial de sua mãe ou um e-mail
de trabalho importante. Você pode encaminhar uma única mensagem ou uma conversa inteira.

Como Encaminhar uma Única Mensagem


- Abra a mensagem que você deseja encaminhar.
- Clique no link Encaminhar na caixa abaixo da mensagem.
Se você não vir o link Encaminhar, clique na seta para baixo ao lado de “Responder”, no canto superior direito da mensagem, e sele-
cione Encaminhar.

- Adicione os novos destinatários ou qualquer texto adicional a sua mensagem.


Se a mensagem tiver anexos, você pode optar por não encaminhar os anexos. Para isso, role até a parte inferior do texto da mensagem
e clique no x onde o anexo está listado.
Mensagens mais antigas da conversa também podem ser incluídas no texto. Você também pode excluir o texto se não quiser encami-
nhá-lo.
- Clique em Enviar.

Como Encaminhar uma Conversa Inteira


- Abra a conversa.
- Clique no botão Mais na barra de ferramentas acima das mensagens e selecione Encaminhar tudo.

Quando você encaminha uma conversa inteira, todas as mensagens da conversa são incluídas em uma única mensagem. Cada mensa-
gem é explicitamente marcada e listada em ordem cronológica, da mais antiga para a mais recente, de modo que seja fácil ler a conversa.
Esse recurso é diferente do encaminhamento automático, que acontece quando mensagens de uma conta são enviadas automatica-
mente para outra conta.

Adicionar Anexos

Para adicionar um arquivo à mensagem que você está escrevendo, siga estas etapas:
- No Gmail, clique no botão Escrever.
- Clique no ícone do clipe de papel na parte inferior da janela de escrita.

- Procure em seus arquivos e clique no nome do arquivo que deseja anexar.


- Clique em Abrir.
- Para anexar vários arquivos, pressione a tecla Ctrl (PC) ou ⌘ (Mac) ao selecionar seus arquivos. Não é possível usar o Internet Explorer
9 para selecionar vários arquivos de uma vez.

Dica: arraste e solte anexos diretamente na janela de escrita.


Quando arrastar e soltar imagens, você poderá adicionar as imagens em linha à mensagem ou como anexos.

Remover Anexos
Se você quiser remover um arquivo anexado a uma mensagem, clique no x à direita do nome do arquivo, na parte inferior da mensa-
gem.

91
INFORMÁTICA

Limite de Tamanho do Anexo 5. (Prefeitura de Ji-Paraná/RO - Agente Administrativo –


Você pode enviar mensagens de até 25 megabytes (MB). Para BADE/2019) Em navegadores padrão da Internet, tais como Chro-
enviar anexos maiores, insira-os a partir do Google Drive. me e Firefox, existe uma função que exibe a lista dos últimos sites
Talvez você não consiga enviar anexos maiores a contatos que acessados por data, por site e por visitação. Essa função é a de:
usam outros serviços com limites de anexos menores. Se o anexo (A) Histórico.
for muito grande para ser enviado aos seus contatos, também é (B) Voltar Conteúdo.
possível inseri-lo usando o Google Drive para enviar arquivos maio- (C) Página Inicial.
res. Você também pode convidar seus contatos para o Gmail. (D) Pesquisar.
Como medida de segurança para prevenir possíveis vírus, o (E) Favoritos
Gmail não permite que você envie ou receba arquivos executáveis,
como os terminados em .exe. 6. (CMDCA de São José do Rio Preto/SP - Conselheiro Tutelar
- VUNESP/2019) Um usuário, navegando na internet por meio do
QUESTÕES Internet Explorer 11, em sua configuração padrão, deseja abrir uma
nova aba para acessar um novo site.
O atalho por teclado que o permite abrir uma nova aba no In-
1. (CREF - 11ª Região (MS-MT) - Agente de Orientação e Fisca- ternet Explorer é
lização - Quadrix/2019) Julgue o item quanto ao programa de na- (A) Ctrl + J
vegação Mozilla Firefox, em sua versão mais atual, ao programa de (B) Ctrl + F
correio eletrônico MS Outlook 2016 e aos conceitos de organização (C) Ctrl + X
e de gerenciamento de programas. (D) Ctrl + T
(E) Ctrl + H

O Firefox, por meio do botão , permite ao usuário adicio- 7. (Prefeitura de Ervália/MG - Técnico de Enfermagem - FUNDEP
nar uma página aos Favoritos, bem como removê‐la. (Gestão de Concursos)/2019) Qual navegador Web da Microsoft é
( ) Certo ( ) Errado instalado junto com o Windows 10 e fica disponível na pasta Aces-
sórios do Windows, no menu Todos os Aplicativos?
2. (Prefeitura de Jaru/RO - Assistente Administrativo - IBA- (A) Internet Explorer
DE/2019) Os navegadores de internet (browser’s) recebem de al- (B) Mozila Firefox
guns sites, e armazenam temporariamente no seu computador (C) Google Chrome
alguns arquivos de dados contendo informações relevantes para o (D) Safari
funcionamento dos mesmos. A eles chamamos:
(A) vírus 8. (Prefeitura de Curitiba/PR - Agente Administrativo - NC-U-
(B) worm FPR/2019) Utilizando o Internet Explorer, clicar CTRL+J permite:
(C) buffer (A) navegar na última página visitada.
(D) cookie (B) acessar o menu de pesquisa que será aberto.
(E) spyware (C) exibir todas as páginas visitadas, conforme histórico.
(D) exibir e acompanhar seus downloads.
3. (CRN - 3ª Região (SP e MS) - Assistente Administrativo - IA- (E) atualizar a sua página favorita (homepage).
DES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções 9. (UFGD - Administrador - UFGD/2019) Segundo a empresa
dos navegadores, assinale a alternativa correta. Symantec, os dados têm um alto valor e podem ser coletados, rou-
(A) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na bados, vendidos e analisados na Internet. Em busca da privacidade
intranet. de seus usuários, navegadores de Internet, como Mozilla Firefox,
(B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens Google Chrome e Internet Explorer oferecem a funcionalidade de
do navegador Firefox. navegação privada ou anônima. Para esses navegadores, é correto
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan- afirmar que a navegação privativa/anônima:
do uma página é fechada incorretamente. (A) mantém salvo localmente o histórico de visitas e garante a
(D) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador anonimidade na Internet.
Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome. (B) impede que o provedor de acesso do usuário obtenha infor-
(E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores mações sobre sua atividade na Internet.
quando estão em uma rede da internet. (C) impede que o empregador do usuário obtenha informações
sobre sua atividade na Internet.
4. (CRA/PR - Advogado I - Quadrix/2019) Julgue o item a seguir, (D) não salva favoritos durante a navegação.
relativo ao programa de navegação Mozilla Firefox, em sua versão (E) não mantém salvo localmente o histórico de visitas e não
mais atual, ao programa de correio eletrônico MS Outlook 2016 e garante anonimidade na Internet.
aos procedimentos de segurança da informação.
O Firefox não pode ser instalado no Windows 10, uma vez que
ele não é compatível com esse sistema operacional.
( ) Certo
( ) Errado

92
INFORMÁTICA

10. (Prefeitura de Cabeceira Grande/MG - Procurador Jurídico - 14-Considere as informações e preencha as lacunas do texto
FGR/2018) Marque a alternativa CORRETA para imprimir páginas da a seguir.
web utilizando o Internet Explorer: Para impedir que programas desnecessários iniciem automati-
(A) Imprima páginas pressionando <CTRL> + P no teclado ou camente quando o Windows 10 for iniciado, clique com o botão es-
clique no botão Ferramentas > Imprimir e, em seguida, sele- querdo do mouse em Iniciar, em seguida, em Configurações, depois
cione Imprimir. em e, logo após em . Na área Aplicativos de Inicialização,
(B) Imprima páginas pressionando <CTRL> + I no teclado ou cli- encontre o programa que você quer impedir de iniciar automatica-
que no botão Ferramentas > Imprimir e, em seguida, selecione mente e defina-o como Desativado.
Imprimir.
(C) Imprima páginas pressionando <CTRL> + P no teclado ou cli- Os termos que preenchem corretamente as lacunas são:
que no botão Ferramentas > Arquivo > Imprimir e, em seguida, (A) Sistema / Aplicativos
selecione Imprimir. (B) Sistema / Inicialização
(D) Imprima páginas pressionando <CTRL> + I no teclado ou cli- (C) Aplicativos / Inicialização
que no botão Ferramentas > Arquivo > Imprimir e, em seguida, (D) Aplicativos / Aplicativos Padrão
selecione Imprimir. (E) Aplicativos / Aplicativos de Inicialização

11. (Câmara Municipal de Eldorado do Sul/RS - Técnico Legisla- 15-No Sistema Operacional Windows 10, o sistema de geren-
tivo - FUNDATEC/2018) Qual recurso do Internet Explorer 11 evita ciamento de arquivos e pastas é feito para facilitar a vida do
que o Internet Explorer armazene dados da sua sessão de navega- usuário, assim, se o utilizador não mudou, onde os meus arqui-
ção, incluindo cookies, arquivos de Internet temporários, histórico vos são armazenados?
e outros dados? (A) C:\nome do usuário\Pastas de Trabalho (onde nome do
(A) Trabalhar Offline. usuário é seu nome de usuário do Windows).
(B) Excluir Histórico de navegação. (B) D:\Usuários\nome do usuário\Pastas de Trabalho (onde
(C)Criptografia. nome do usuário é seu nome de usuário do Windows).
(D) Configurações no modo Compatibilidade. (C) D:\nome do usuário\Pastas de Trabalho (onde nome do
(E) Navegação InPrivate. usuário é seu nome de usuário do Windows).
(D) C:\Usuários\nome do usuário\Pastas de Trabalho (onde
12-Preencha as lacunas do texto a seguir supondo que o Win- nome do usuário é seu nome de usuário do Windows).
dows 10 esteja instalado no disco rígido de um computador. (E) E:\Usuários\Pastas de Trabalho.

Para verificar o espaço no disco rígido, no qual o Windows 10 16-No Mozilla Firefox, ao clicar no ícone com uma casinha,
está instalado, abra o e, em seguida, selecione à esquer- quando encontrado na barra de ferramentas, é aberta a:
da. O espaço disponível no disco aparecerá em . Os termos (A) Configuração do Firefox.
que preenchem corretamente as lacunas são, respectivamente, (B) Configuração da página aberta.
(A) Painel de Controle / Hardware / Dispositivos e unidades (C) Página inicial do Firefox.
(B) Painel de Controle / Hardware / Dispositivos de armazena- (D) Primeira página visitada.
mento (E) Última página visitada.
(C) Explorador de Arquivos / Este Computador / Dispositivos e
unidades 17-No navegador Mozilla Firefox, o usuário pode usar um re-
(D) Painel de Controle / Este Computador / Dispositivos de ar- curso que permite a navegação pela internet sem que os dados a
mazenamento respeito das páginas visitadas sejam salvos no computador. Esse
(E) Explorador de Arquivos / Acesso rápido / Dispositivos de recurso é conhecido como:
armazenamento (A) Navegação Privativa.
(B) Modo Furtivo.
13-O Windows 10 permite personalizar a Barra de Tarefas, al- (C) Proxy.
terando seu local e o tamanho dos botões, por exemplo. Para abrir (D) Firefox Firewall.
a janela por meio da qual podese personalizar a Barra de Tarefas, (E) Modo Anônimo.
clique com o botão direito do mouse em qualquer espaço vazio na
Barra de Tarefas e, em seguida, clique com o botão esquerdo do 18-No navegador de internet Google Chrome, instalado em um
mouse em computador, o recurso “Limpar dados de navegação”, que pode ser
(A) Abrir. acessado pela combinação de teclas Ctrl+Shift+Delete, NÃO permi-
(B) Propriedades. te excluir
(C) Configurações. (A) os cookies.
(D) Propriedades da Barra de Tarefas. (B) o histórico de navegação.
(E) Configurações da Barra de Tarefas. (C) os arquivos armazenados em cache.
(D) as imagens armazenadas em cache.
(E) os programas instalados na pasta Downloads.

93
INFORMÁTICA

19-O Google Chrome permite que tenhamos uma navegação


mais privada, que não salva histórico de navegação, cookies e da-
ANOTAÇÕES
dos de site, e informações fornecidas em formulários. Qual o nome
desse modo de navegação? ______________________________________________________
(A) Navegação anônima.
(B) Navegação corporativa. ______________________________________________________
(C) Navegação empresarial.
(D) Navegação pessoal. ______________________________________________________
(E) Navegação privada.
______________________________________________________
20-No Google Chrome é possível salvarmos uma “foto” da pá-
______________________________________________________
gina que estamos em formato de pdf, após clicar no ícone qual é a
opção que devemos escolher? ______________________________________________________
(A) Buscar
(B) Downloads ______________________________________________________
(C) Histórico
(D) Imprimir ______________________________________________________
(E) Transmitir
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 CERTO ______________________________________________________

2 D ______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 ERRADO
______________________________________________________
5 A
6 D ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 E
10 A ______________________________________________________
11 E ______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 E
14 C ______________________________________________________
15 D _____________________________________________________
16 C
_____________________________________________________
17 A
18 E ______________________________________________________
19 A ______________________________________________________
20 D
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Combate às Endemias

Peste Negra ou Peste Bubônica (1300): teve início na Ásia e se


CONCEITOS DE ENDEMIA, EPIDEMIA, PANDEMIA, alastrou pela Europa, matando em torno de um quarto da popula-
ZOONOSES, VETORES DE DOENÇA, HOSPEDEIROS, ção mundial total da época, com cerca de vinte milhões de óbitos
PARASITISMO, RESERVATÓRIO em seis anos.
AIDS (1981 - presente): doença transmitida principalmente pe-
123 las relações sexuais sem proteção, afeta o sistema imunológico,
Endemia deixando o corpo suscetível à infecção por outras doenças. Causa
Endemia é o nome dado a um fator que interfere negativamen- a morte de cerca de 1 milhão de pessoas no mundo anualmente.
te na saúde de uma população, como uma doença que pode ser ou Gripe Espanhola (1918 – 1920): o vírus influenza que a causou
não contagiosa ou até mesmo violências que já se tornaram comuns infectou um quarto da população mundial e causou entre dezessete
em determinadas regiões. Dentro da área da saúde, esse termo não e cem milhões de óbitos.
leva em consideração a quantidade de pessoas que possuem cer- Gripe Suína (2009 – 2010): teve início no México, chegando a
ta doença, mas sim a frequência com que ela ocorre naquele local 187 países e resultando em cerca de trezentos mil óbitos.
específico. A doença não precisa estar presente ao longo de todo o Covid-19 (2019 – presente): teve início na China, se alastrou
ano, podendo aparecer de tempos em tempos em determinada re- para Europa, chegando posteriormente a todos os continentes.
gião, sendo considerada sazonal. A dengue também é considerada
endêmica no Brasil. Hospedeiro e Reservatórios
Chama-se hospedeiro primário aquele onde se desenvolve a
Epidemia maior parte da sua existência e, sobretudo, o seu crescimento. Por
Quando uma doença atinge uma grande área geográfica, a clas- outro lado, é chamado de hospedeiro secundário ao que abriga o
sificação passa a ser epidemia. O mesmo termo é utilizado quando parasita apenas numa fase inicial do seu crescimento.
há contaminação em pontos geográficos diferentes, mas que se en-
contram dentro de um mesmo território. Como exemplo, podemos Existem quatro tipos de hospedeiros:
citar determinada doença presente em uma cidade, acometendo O definitivo, um ser vivo que é imprescindível para o parasita já
diversos bairros que não são vizinhos uns dos outros, caracterizan- que aí desenvolverá, principalmente, sua fase adulta.
do, assim, uma epidemia municipal. Esse mesmo conceito também O hospedeiro intermediário, igualmente imprescindível no ciclo
se estende às esferas estadual e federal. Outras doenças de saúde vital do parasita, onde este desenvolve alguma ou todas as fases
não infectantes, como os transtornos mentais ou a violência urba- larvais ou juvenis.
na, também podem tomar características de uma epidemia. O hospedeiro paraténico (ou de transporte), é o ser vivo que
serve de refúgio temporário e de veículo para aceder ao hospedeiro
Pandemia definitivo. O parasita não evolui neste hospedeiro, e portanto, não é
Já uma pandemia é decretada quando o surto ou a epidemia imprescindível para completar o ciclo vital
passa a ser encontrado em mais de um continente e com trans- O hospedeiro reservatório é o que abriga, tanto quanto o hos-
missão comunitária, não sendo mais possível o rastreamento das pedeiro primário, a um agente infeccioso ou parasita que pode in-
pessoas infectadas. O mundo já registrou várias pandemias: vadir ocasionalmente também o organismo humano
Peste do Egito ou Peste de Atenas (430 a.C.): causada por uma
intensa epidemia de febre tifoide, infectou as famosas tropas ate- Vetor de Doença
nienses. Quando falamos que uma doença é transmitida por um vetor,
Peste Antonina (165 – 180): provavelmente causada pela varí- estamos dizendo que, para que a patologia seja passada de um ser
ola, matou cerca de cinco milhões de pessoas, principalmente na para outro, é necessário um veículo de transmissão. Os mosquitos
região leste do império romano, com taxa de mortalidade de um são importantes vetores, como é o caso do Aedes aegypti, que leva
quarto dos enfermos. o vírus causador da dengue, Zika, febre amarela e chikungunya.
Peste de Cipriano (250 – 271): tendo como causa provável a va- De acordo com a Sociedade Brasileira de Parasitologia, existem
ríola ou o sarampo, matou cerca de cinco mil pessoas por dia em dois tipos de vetores:
Roma durante sua fase mais crítica. - Vetor biológico: é aquele em que o agente etiológico multipli-
Peste de Justiniano (541 – desconhecido): causada pela bactéria ca-se.
Yersinia pestis, a peste chegou a matar cerca de dez mil pessoas por - Vetor mecânico: é aquele que funciona apenas como transpor-
dia no Egito e em Constantinopla. te, não havendo multiplicação do agente etiológico.

1 https://www.infoescola.com/doencas/endemia-epidemia-e-pande-
mia/
2 https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/hospedeiro
3 https://brasilescola.uol.com.br/saude/vetor-agente-etiologico.htm

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O ciclo de vida dos vetores, assim como dos reservatórios e Visando um maior vínculo, é interessante combinar com a fa-
hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de doenças, mília o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar
está fortemente relacionado à dinâmica ambiental dos ecossiste- os afazeres da casa.
mas onde vivem, sendo limitado por variáveis ambientais como É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunida-
temperatura, precipitação, umidade, padrões de uso e cobertura de que o agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos,
do solo. As evidências sugerem que a variabilidade climática tem as crenças, enfim, a dinâmica de vida das famílias por ele acom-
apresentado influência direta sobre a biologia e a ecologia de veto- panhadas. A visita domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que
res e, consequentemente, sobre o risco de transmissão das doenças se aprende no cotidiano, mas pode e deve se basear em algumas
veiculadas por eles. condutas que demonstrem respeito, atenção, valorização, compro-
misso e ética.

VISITA DOMICILIAR Por meio da visita domiciliar, é possível:


- Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressal-
tando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiên-
A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo cia etc.;
de trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de - Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de tra-
uma família, o profissional entra não somente no espaço físico, mas balho, os hábitos, as crenças e os costumes;
em tudo o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma família, - Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores
com seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua da comunidade;
própria história. - Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de
e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação vida;
de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso - Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saú-
lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento de;
das ações de promoção, prevenção, controle, cura e recuperação. - Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido- mais frequente ou especial;
so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas - Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e
atribuições. O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e quais as atividades disponíveis;
pode ser o amigo e conselheiro da pessoa ou da família. Nem sem- - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe
pre é fácil separar o lado pessoal do profissional e os limites da rela- de saúde e a população do território de abrangência da unidade de
ção ACS/família. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo saúde;
de trabalho e a forma como se vincula à família. Recomenda-se que - Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saú-
o ACS estabeleça um bom vínculo com a família, mas saiba dissociar de, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos ali-
a sua relação pessoal do seu papel como agente comunitário de mentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu entorno;
saúde. - Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamen-
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as mo- tos e a verificação da validade deles;
dificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos - Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém-
tempos, fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único. Es- -nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências;
sas particularidades – ou características próprias – fazem com que - Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim
determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de in-
saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com formação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde.
maior ou menor intensidade, as diversas famílias assistidas.
O ACS, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, Visita Domiciliar do Agente de Endemias4
passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental
que sejam compreendidas as implicações que isso representa. A Visita domiciliar do Agente de Combate às Endemias: Conce-
Para ser bem-feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao dida a licença para a visita, o servidor iniciará a inspeção começan-
planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o tempo do pela parte externa (pátio, quintal ou jardim).
das pessoas visitadas. Prosseguirá a inspeção do imóvel pela visita interna, devendo
Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que te- ser iniciada pela parte dos fundos, passando de um cômodo a outro
nha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no acom- até aquele situado mais à frente. Concluída a inspeção, será pre-
panhamento das famílias da sua área de trabalho. enchida a ficha de visita com registro da data, hora de conclusão, a
Também é recomendável definir o tempo de duração da visita, atividade realizada e a identificação do agente de saúde.
devendo ser adaptada à realidade do momento. A Ficha de Visita será colocada no lado interno da porta do ba-
A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da im- nheiro ou da cozinha.
portância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra res- Nas visitas ao interior das habitações, o servidor sempre pedirá
peito e interesse por elas. a uma das pessoas do imóvel para acompanhá-lo, principalmen-
A permissão de entrada em uma casa representa algo muito te aos dormitórios. Nestes aposentos, nos banheiros e sanitários,
significativo, que envolve confiança no ACS e merece todo o respei- sempre baterá à porta.
to. É o que poderia ser chamado de “procedimento de alta comple-
xidade” ou pelo menos de “alta delicadeza”. 4 http://www.portaleducacao.com.br/

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em cada visita ou inspeção ao imóvel, o agente de saúde deve No Brasil, o PNCD (Programa Nacional de Controle da Dengue)
cumprir sua atividade em companhia de moradores do imóvel visi- recomenda que as larvitrampas sejam usadas em locais considera-
tado, de tal forma que possa transmitir informações sobre o traba- dos como porta de entrada do vetor adulto, tais como portos flu-
lho realizado e cuidados com a habitação. viais ou marítimos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários
Todos os depósitos que contenham água deverão ser cuida- e terminais de carga, para verificação da entrada do vetor em áreas
dosamente examinados, pois qualquer deles poderá servir como ainda não infestadas; e para monitoramento desses pontos em áre-
criadouro ou foco de mosquitos. Os reservatórios de água para o as infestadas.
consumo deverão ser mantidos tampados. Atualmente, essas armadilhas servem para verificar a presença
Os depósitos vazios dos imóveis, que possam conter água, de- e a abundância de Aedes em áreas com baixa densidade do vetor e
vem ser mantidos secos, tampados ou protegidos de chuvas e, se em áreas sob vigilância.
inservíveis, eliminados pelos agentes e moradores. O agente de
saúde recomendará aos residentes manter o imóvel e os quintais Pontos Estratégicos: Fiscalização para a Promoção e Preser-
em particular, limpos e impróprios à procriação de mosquitos. vação da Saúde da Comunidade
Os programas de controle de dengue, a vigilância entomológica
é feita a partir de coletas de larvas para medir a densidade de A. ae- Saneamento ambiental
gypti em áreas urbanas. Essa metodologia consiste em vistoriar os Saneamento ambiental é o conjunto de investimentos públi-
depósitos de água e outros recipientes localizados nas residências e cos em políticas de controle ambiental que busca resolver os gra-
ves problemas gerados na infraestrutura das cidades, contribuindo
demais imóveis, como borracharias, ferros-velhos, cemitérios, etc.
para uma melhor qualidade de vida da população.
(tipos de imóveis considerados estratégicos, por produzirem gran-
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “saneamen-
de quantidade de mosquitos adultos), para cálculo dos índices de
to é o controle de todos os fatores ambientais que podem exercer
infestação predial (IIP).
efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico, mental e social dos indi-
A coleta de larvas é importante para verificar o impacto das es- víduos”, tais como, poluição do ar (emissão de gases), do solo (lixo
tratégias básicas de controle da doença, dirigidas à eliminação das urbano) e das águas (dejetos lançados nos rios, represas etc.), po-
larvas do vetor. Outra metodologia adotada é a coleta de mosquitos luição sonora e visual, ocupação desordenada do solo (margens de
adultos, cuja operacionalização para a estimativa do risco de trans- rios, morros etc.), o esgoto a céu aberto, enchentes etc.
missão é custosa e demorada. Em função disso, a coleta de adultos Uma geração de empreendedores dedicados ao que se tornou
nos programas de dengue só é realizada em situações específicas, conhecido no mercado como negócio de impacto, ganhou força e
ou em estudos mais aprofundados. despertou a ideia de que os grandes problemas ambientais e sociais
No contexto operacional, essa informação tem valor limitado não serão solucionados só por governos ou ONGs, mas por “negó-
para uma avaliação de risco de transmissão. Primeiramente, porque cios de impacto” – empresas que aliam impacto social ou ambiental
a relação entre as coletas e os números absolutos de adultos é des- a um retorno financeiro, atuando nos setores de saúde, educação,
conhecida: os mosquitos adultos repousam dentro e fora das casas, nutrição, habitação, saneamento, agricultura, energia etc.
frequentemente em locais pouco acessíveis, e o número deles cole-
tado representa apenas uma estimativa do total. Saneamento básico
O segundo obstáculo ao uso desse índice para avaliação de ris- Saneamento básico compreende um conjunto de medidas que
co é que a relação entre o número de adultos e a transmissão é têm importância fundamental na conservação do meio ambiente e
desconhecida: a correlação entre o número de vetores coletados na qualidade de vida dos habitantes das cidades, são elas, o abas-
e o número de humanos na área de coleta, que poderia fornecer o tecimento de água, a rede de esgotos, a limpeza pública e a coleta
número de vetores adultos por pessoa, não é suficiente para quan- de lixo, serviços que revelam as condições ambientais dos centros
tificar o risco. urbanos.
Contudo, essa correlação se aproxima mais da realidade que
os índices larvários. Ainda para avaliação da densidade do vetor, Gestão Ambiental
instalam-se armadilhas de oviposição e armadilhas para coleta de Gestão Ambiental é o gerenciamento, a administração e con-
larvas, que visam estimar a atividade de postura. dução das atividades econômicas e sociais das empresas visando o
A armadilha de oviposição, também conhecida no Brasil como desenvolvimento sustentável e o uso racional de matérias primas e
dos recursos naturais.
ovitrampa, é destinada à coleta de ovos. Em um recipiente de cor
Gestão ambiental é a busca constante por melhoria das ativi-
escura, adere-se um material áspero que permite a fixação dos ovos
dades econômicas, dos serviços, produtos e do meio ambiente de
depositados.
trabalho, estimulando a redução do desperdício de materiais, ener-
As ovitrampas fornecem dados úteis sobre distribuição espa-
gia, água etc. e consequente a redução de custos, levando em conta
cial e temporal (sazonal). As armadilhas para coleta de larvas são a sustentabilidade.
depósitos geralmente feitos de seções de pneus usados. Nas lar-
vitrampas, as flutuações de água da chuva induzem a eclosão dos Programa nacional de combate à dengue: o objetivo deste
ovos e são as larvas que se contam, ao invés dos ovos depositados componente é fomentar ações de saneamento ambiental para um
nas paredes da armadilha. efetivo controle do Aedes aegypti, buscando garantir fornecimento
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomenda seu contínuo de água, a coleta e a destinação adequada dos resíduos
uso para detecção precoce de novas infestações e para a vigilância sólidos e a correta armazenagem de água no domicílio, onde isso
de populações de Aedes com baixa densidade. for imprescindível. Na atual situação do país, onde é elevado o
número de municípios infestados por Aedes aegypti, torna-se im-

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

prescindível a implementação de mecanismos para a intensificação - Constituir Comitês Nacional e Estaduais de Mobilização com
das políticas de saúde, saneamento e meio ambiente, que venham participação dos diversos segmentos da sociedade.
contribuir para a redução do número de potenciais criadouros do
mosquito. b) Ações de Comunicação Social
- Veicular campanha publicitária durante todo o ano, com ênfa-
Ações se nos meses que antecedem o período das chuvas;
- Realizar ações de melhorias sanitárias domiciliares, principal- - Promover entrevistas coletivas com gestores da área de saúde
mente para a substituição de depósitos e recipientes para água exis- para divulgar o PNCD;
tentes no ambiente doméstico e a vedação de depósitos de água. - Inserir conteúdos de educação em saúde, prevenção e con-
- Fomentar a limpeza urbana e a coleta regular de lixo realiza- trole da dengue nos programas de grande audiência, formadores
das de forma sistemática pelos municípios, buscando atingir cober- de opinião pública;
turas adequadas, principalmente em área de risco. - Adotar mecanismos de divulgação (imprensa, “Voz do Brasil”,
- Desenvolver modelos de reservatórios para armazenamento cartas aos órgãos legislativos e conselhos estaduais e municipais de
de água potável em domicílios, protegidos da infestação pelo Aedes saúde) do PNCD;
aegypti, para áreas sem abastecimento contínuo; - Manter a mídia permanentemente informada, por meio de
- Apoiar a implantação de tecnologias de aproveitamento de comunicados ou notas técnicas, quanto à situação da implantação
pneus como matéria-prima para a construção de moradias, dispo- do PNCD.
nibilizando para os municípios com mais de 100.000 imóveis tritura-
dores para o processo industrial de picagem dos pneus. c) Capacitação de Recursos Humanos
- Estimular tecnologias industriais que absorvam os pneus des- O objetivo principal deste componente é capacitar profissio-
cartados, tais como parcerias com refinarias e siderurgias para a nais das três esferas de governo, para maior efetividade das ações
queima de pneus e/ou utilização como combustível; nas áreas de vigilância epidemiológica, entomológica, assistência
- Propor à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) al- ao doente e operações de campo.
terações nas normas para a fabricação de caixas de água adaptan-
do-as contra a infestação pelo Aedes aegypti. Legislação
O objetivo desse componente é fornecer suporte para que as
Ações Integradas de Educação em Saúde, Comunicação e Mo- ações de prevenção e controle da dengue sejam implementadas
bilização Social. com a cobertura e intensidade necessárias para a redução da infes-
O principal objetivo desse componente é fomentar o desenvol- tação por Aedes aegypti a índices inferiores a 1%.
vimento de ações educativas para a mudança de comportamento e
a adoção de práticas para a manutenção de o ambiente domiciliar Ações
preservado da infestação por Aedes aegypti, observadas a sazona- - Elaborar instrumento normativo padrão para orientar a ação
lidade da doença e as realidades locais quanto aos principais cria- do Poder Público municipal e/ou estadual na solução dos problemas
douros. A comunicação social terá como objetivo divulgar e infor- de ordem legal encontrados na execução das atividades de preven-
mar sobre ações de educação em saúde e mobilização social para ção e controle da dengue, tais como casas fechadas, abandonadas e
mudança de comportamento e de hábitos da população, buscando aquelas onde o proprietário não permite o acesso dos agentes, bem
evitar a presença e a reprodução do Aedes aegypti nos domicílios, como os estabelecimentos comerciais e industriais com repetidas
por meio da utilização dos recursos disponíveis na mídia. infestações por Aedes aegypti.
- Acompanhar a efetiva aplicação da Resolução Conama nº
a) Ações de Educação e Mobilização Social 258/1999, que dispõe sobre a destinação de pneus inservíveis e
- Elaborar, em todos os municípios, um programa de educação estabelece o recolhimento de pneus produzidos nas seguintes pro-
em saúde e mobilização social, contemplando estratégias para: porções: 2002 - 25%, 2003 - 50%, 2004 - 100% e a partir de 2005
Promover a remoção de recipientes nos domicílios que possam se - 125%;
transformar em criadouros de mosquitos; Divulgar a necessidade - Desenvolver ações visando à aprovação de leis que estabele-
de vedação dos reservatórios e caixas de água; Divulgar a necessi- çam normas para destinação final de garrafas plástica do tipo PET.
dade de desobstrução de calhas, lajes e ralos;
- Implementar medidas preventivas para evitar proliferação de Sustentação Político-Social
Aedes aegypti em imóveis desocupados; Este componente tem como objetivo sensibilizar e mobilizar
- Promover orientações dirigidas a imóveis especiais (escolas, os setores políticos, com vistas a assegurar o aporte financeiro e a
unidades básicas de saúde, hospitais, creches, igrejas, comércio, articulação intersetorial necessários à implantação e execução do
indústrias, etc.); Programa.
- Organizar o Dia Nacional de Mobilização contra a dengue, em
novembro; Ações
- Implantar ações educativas contra a dengue na rede de ensi- - Realizar reunião com governadores dos estados para apresen-
no básico e fundamental; tação do PNCD e obtenção da prioridade política;
- Divulgar informações aos prefeitos sobre as ações municipais - Realizar reuniões regionais com todos os secretários estaduais
que devem ser desenvolvidas e as estratégias a serem adotadas; de saúde, secretários municipais de saúde das capitais e de muni-
- Incentivar a participação da população na fiscalização das cípios com população superior a 100.000 habitantes para discutir a
ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Poder implantação e manutenção do PNCD.
Público;

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Acompanhamento e Avaliação do PNCD Hospital DIA


O objetivo desse componente é promover o permanente acom-
panhamento da implantação do PNCD, da execução das ações, da O Hospital-dia (HD) é o regime de assistência intermediário en-
avaliação dos resultados obtidos e eventual redirecionamento ou tre a internação e o atendimento ambulatorial. Para a realização
adequação das estratégias adotadas. de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, o
Esse é um dos componentes fundamentais do PNCD, à medida Hospital-dia é indicado quando a permanência do paciente na uni-
que em recentes avaliações promovidas pela FUNASA quanto ao dade é requerida por um período máximo de 12 horas (Portaria nº
processo de descentralização das ações de epidemiologia e con- 44/GM/2001). Na assistência em saúde mental, o Hospital-dia deve
trole de doenças, com a participação dos gestores estaduais e mu- abranger um conjunto diversificado de atividades desenvolvidas em
nicipais, constatou-se uma necessidade de melhorar a capacidade até cinco dias da semana, com uma carga horária de oito horas diá-
para a detecção e correção oportuna de problemas que interferem rias para cada paciente (Portaria nº 224/MS).
diretamente na efetividade das ações de prevenção e controle da
dengue. Trata-se de uma instituição de saúde com espaço físico, onde
se encontram meios técnicos e humanos qualificados, fornecendo
Ações cuidados de saúde de maneira programada a doentes em ambula-
- Constituir comitê nacional de acompanhamento e avaliação tório, por um período que geralmente não é superior a 12 horas,
dos indicadores do PNCD, com representantes da FUNASA, universi- não tendo que se falar em estadia durante a noite.
dades, instituições de pesquisa, sociedades de especialistas, Conse-
lho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Conselho Inicialmente foi pensado para redução de custos das pequenas
Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e Organi- cirurgias com internamento simultâneo na redução de riscos de in-
zação Pan-Americana de Saúde (Opas); fecções hospitalares.
- Constituir comitês estaduais de acompanhamento e avaliação
dos indicadores do PNCD, com representantes da FUNASA, Secreta- A explicação para esse tipo de hospital se deve:
ria Estadual de Saúde, e Conselho de Secretários Municipais de Saú- - Como alternativos à hospitalização psiquiátrica;
de (Cosems), universidades e instituições de pesquisa, entre outros; - Continuidade à internação fechada;
- Realizar o acompanhamento e a avaliação do Programa nos - Extensão ao tratamento ambulatorial;
estados, nos municípios prioritários de cada unidade federada, pela - Reabilitação e apoio a crônicos
FUNASA, em conjunto com as SES, com base nos indicadores esta-
belecidos para os diversos componentes;
- Realizar o acompanhamento de todos os municípios a partir AVALIAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO
dos relatórios gerados na análise quinzenal dos indicadores priori- AMBIENTAL E SANITÁRIO
tários, pelas SES;
- Promover reuniões regionais bimestrais de avaliação, com a
participação dos gerentes do Programa de Controle da Dengue e A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) consiste em um con-
coordenadores da Atenção Básica das SES, Coordenação Regional junto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção
da FUNASA e representantes do comitê nacional de acompanha- de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio
mento e avaliação; ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de
- Suspender o repasse do Teto Financeiro de Epidemiologia e identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco
Controle de Doenças dos estados e/ou municípios que não cum- ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde.
prirem as metas pactuadas na Programação Pactuada Integrada/ É também atribuição da VSA os procedimentos de vigilância
Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI/ECD) e comunicar for- epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana, associados
malmente ao Conselho Municipal de Saúde, Câmara de Vereadores, a contaminantes ambientais, especialmente os relacionados com
Ministério Público e Tribunal de Contas; a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo.
- Elaborar relatório periódico de avaliação da implantação do Dentro da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental
PNCD e enviar ao Conselho Nacional de Saúde, a Comissão Inter- (CGVAM), as áreas de atuação são: Vigilância da qualidade da água
gestores Tripartite, bem como disponibilizar na página da FUNASA para consumo humano (Vigiágua); Vigilância em saúde de popula-
na Internet; ções expostas a poluentes atmosféricos (Vigiar); Vigilância em saú-
- Manter grupo tarefa de 30 técnicos de nível superior para as- de de populações expostas a contaminantes químicos (Vigipeq);
sessorar as SES na implantação do PNCD; Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes
- Constituir grupo executivo do Ministério da Saúde para acom- de desastres (Vigidesastres) e Vigilância em saúde ambiental rela-
panhamento e avaliação das atividades com representantes da cionada aos fatores físicos (Vigifis).
FUNASA, Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) e Secretaria de A SVS atualmente é responsável por todas as ações de vigilân-
Políticas de Saúde (SPS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária cia, prevenção e controle de doenças transmissíveis, vigilância de
(ANVISA) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela
análise de situação de saúde da população brasileira.

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desde a criação da SVS, a integração das vigilâncias foi se forta- Salubridade Ambiental
lecendo nas três esferas de governo, impulsionada pela relevância
das doenças e agravos não transmissíveis, pela necessidade do fo- Segundo6 Ormond (2004), conceitua-se “Saneamento” como
mento às ações de promoção da saúde, pela redução da morbimor- toda ação ou efeito de tornar saudável ou como um conjunto de
talidade da população em geral e dos trabalhadores em particular, ações adotadas em relação ao meio ambiente com a finalidade de
pela preocupação com os riscos sanitários, caracterizados como os criar condições favoráveis à manutenção do meio e à saúde das po-
eventos que podem afetar adversamente a saúde de populações pulações.
humanas, e pela urgência em organizar respostas rápidas em emer- Contudo, Saneamento Ambiental pode ser definido como um
gências de saúde pública. conjunto de ações socioeconômicas que tem por objetivo alcançar
Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água po-
Epidemiologia Ambiental5 tável; coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos; promoção da disciplina sanitária de uso de solo; drena-
A Epidemiologia Ambiental aplica dois métodos para compre- gem urbana; controle de doenças transmissíveis e demais serviços
ender as relações entre o meio ambiente e a saúde, a saber: e obras especializados, com a finalidade de proteger e melhorar as
• Epidemiologia Descritiva - que utiliza o método científico para condições de vida urbana e rural.
estudar a distribuição dos riscos e dos efeitos adversos à saúde da Essa salubridade ambiental está em risco, pois, a partir da Re-
população; e volução Industrial até os dias atuais, a ampliação dos níveis de po-
• Epidemiologia analítica - que estuda a relação entre a exposi- luentes produzidos pelo homem promoveu o aumento da poluição
ção a um determinado fator e algum efeito adverso à saúde. atmosférica, como também a contaminação das águas e do solo,
influenciando diretamente no equilíbrio dos ecossistemas e na qua-
A Epidemiologia ambiental utiliza informações sobre: lidade de vida da sociedade.
• Os fatores de risco existentes (físicos, químicos, biológicos, No Brasil, o censo realizado em 1929 detectou a presença das
mecânicos, ergonômicos ou psicossociais); primeiras multinacionais americanas e europeias representantes
• As características especiais do ambiente que interferem no do setor químico, automobilístico e eletrônico, além do desenvol-
padrão de saúde da população; e vimento de outros setores industriais, como o têxtil e alimentício.
• Os efeitos adversos à saúde relacionados à exposição a fato- Nesse mesmo período, o censo realizado em nosso país mostrou em
res de risco ambientais. números o crescimento industrial e demográfico, dando destaque
para o estado de São Paulo, com a abertura de empresas do ramo
Avaliação e gerenciamento de risco têxtil, calçadista, químico, alimentício e metalúrgico, entre outros.
No caso das substâncias químicas, que possuem particular re- A estratégia de redução ou eliminação de resíduos ou poluen-
levância nos problemas ambientais modernos, a avaliação de riscos tes na fonte geradora consiste no desenvolvimento de ações que
é o principal instrumento de análise. promovam a redução de desperdícios, a conservação de recursos
A avaliação de riscos é um procedimento utilizado para sinteti- naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas (presentes
zar as informações disponíveis e os julgamentos sobre as mesmas em matérias-primas ou produtos auxiliares), a redução da quanti-
com o objetivo de estimar os riscos associados a uma determinada dade de resíduos gerados por processos e produtos e, consequen-
exposição. temente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas.
O gerenciamento de riscos consiste na seleção e implementa-
ção de estratégias mais apropriadas para o controle e prevenção
de riscos, envolvendo a regulamentação, a utilização de tecnologias NOÇÕES DE ÉTICA E CIDADANIA
de controle e remediação ambiental, a análise de custo/benefício,
a aceitabilidade de riscos e a análise de seus impactos nas políticas
públicas. O QUE É A ÉTICA NA SAÚDE?
Por mais lógico que possa parecer, compreender o que é a ética
Indicadores de saúde e ambiente aplicada à saúde é muito importante para qualquer profissional que
Para entender o conjunto de ações de promoção e prevenção atue nesse segmento. De uma maneira mais abrangente, esse tema
que podem ser desenvolvidas visando ao controle dos riscos am- diz respeito aos princípios que motivam e orientam o comporta-
bientais e à melhoria das condições de meio ambiente e de saúde mento humano a respeito de normas e valores de uma realidade
das populações, é necessário construir indicadores que permitam social.
uma visão abrangente e integrada da relação saúde e ambiente. Na saúde, ela pode ser compreendida como o conjunto de re-
Os indicadores de saúde ambiental serão utilizados para toma- gras e preceitos morais de um indivíduo. E isso deve ser aplicado à
da de decisões, por intermédio do uso de diferentes ferramentas, avaliação de méritos, riscos e preocupações sociais das atividades
tais como a estatística, a epidemiologia e a utilização destes nos de promoção do bem-estar dos pacientes enquanto leva em consi-
sistemas de informação geográfica. deração a moral vigente em um determinado tempo e local.

5 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sinvas.pdf 6 https://prolifeengenharia.com.br/salubridade-ambiental-16-06-15/

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

QUAL É A NECESSIDADE DA ÉTICA NA SAÚDE? Deve-se utilizar uma sinalização de distinção e se valer, por
Nos tempos atuais, conhecer e aplicar a ética na saúde é fun- exemplo, de instrumentos como o tratamento pela titulação pro-
damental, uma vez que a humanização nos mais variados campos fissional, do uso constante de jaleco ou uniforme e até do próprio
é amplamente debatida e estimulada na sociedade. Enquanto o comportamento. Todos esses aspectos são bastante úteis nesse ce-
paciente de outrora aceitava as orientações sem contestação, o de nário.
hoje exige mais do profissional.
É fundamental, portanto, respeitar as necessidades individuais Respeitar as normas internas e externas
e conquistar a confiança de forma natural e gradual. Isso fica mais Todas as profissões da área de saúde têm associações de classe
fácil quando se esclarecem os procedimentos, se debatem as dú- específicas que procuram regular a prática, normatizar a atuação e
vidas e se transmite segurança com um linguajar compreensível e defender os direitos dos profissionais. E, entre outras coisas, essas
adequado para quem não é especialista na área. instituições estabelecem códigos de ética para nortear e estimular
uma atuação positiva dentro da moral vigente na época e no local.
QUAIS SÃO OS DESAFIOS PARA APLICAR A ÉTICA NA SAÚDE? Por isso, é muito importante respeitar essas normas, bem como
Embora já tenha havido evolução nesse aspecto, existem ain- as regras internas de hospitais, clínicas e postos de saúde. Também
da diversos obstáculos que devem ser superados. Só assim pode-se é indispensável observar as titulações, condutas e legislações, bem
garantir uma ética eficiente e aplicada pelos profissionais de saúde, como facilitar a troca de informações entre as especialidades e as
inclusive para uma atuação mais efetiva em uma equipe multidis- disciplinas da área.
ciplinar.
O desafio começa na formação acadêmica, que mostra a im- Saber usar as mídias sociais
portância de uma abordagem com caráter humanizado. Os cargos A tecnologia e o ciberespaço tornaram todas as relações mais
de chefia em hospitais, clínicas e postos de saúde precisam esti- dinâmicas e, nos dias de hoje, quem não aproveitar o poder das
mular essa prática, de forma a incentivar a atuação holística dos mídias sociais e dos aplicativos de comunicação abre espaço para
profissionais. a concorrência. Sites como o Facebook e o Instagram podem ser
excelentes para divulgar conhecimento e informações.
DICAS PARA UMA CONDUTA MAIS ÉTICA NA SAÚDE No entanto, isso também traz algumas implicações quanto à
Conheça, a seguir, algumas dicas para adotar uma conduta ética na saúde e à maneira como os profissionais da área podem se
mais ética na saúde, no relacionamento com o paciente e até mes- relacionar com os pacientes e com os outros integrantes da equipe
mo na interação com a equipe em que está inserido. Veja, ainda, multidisciplinar. É vedado, por exemplo, fazer publicidade que pro-
como colocar isso tudo em prática. meta resultados.
Por outro lado, é possível publicar informações e usar o What-
Respeite a equipe multidisciplinar sApp para debater com outros profissionais e discutir casos ou ter
Uma dica importante para manter a ética na saúde é prezar por uma segunda opinião, mais ou menos da mesma forma como isso é
um bom relacionamento com os demais participantes da equipe feito no mundo físico. Marcar consultas também é permitido, assim
multidisciplinar. Embora isso pareça simples em um primeiro mo- como se faz por telefone.
mento, os desafios do dia a dia e a própria rotina podem tornar essa Vale lembrar que é proibido fazer marketing ou prestar aten-
tarefa mais árdua. dimento via telefone (mesmo que alguns pacientes insistam bas-
É fundamental nunca desacreditar dos integrantes do grupo e tante). Também é essencial tomar cuidado e certificar-se de que
valorizar sempre que possível o trabalho de todos. Quando houver se está realmente em contato com o paciente, pois é possível que
algum equívoco, é essencial que ele seja debatido e discutido antes outra pessoa se passe por ele e, com isso, você forneça informações
de trazer algum engano moral perante os pacientes. sigilosas sem querer.

Manter o sigilo do paciente Por meio da adoção dessas condutas simples, você está prepa-
Manter o sigilo é um princípio ético indispensável — mesmo rado para ser um profissional muito mais ético e em consonância
que qualquer conversa ou revelação tenha a melhor das intenções, com a postura que uma área tão complexa e importante demanda
como, por exemplo, citar casos que estimulem outros pacientes. dos seus especialistas.
Por isso, é muito importante tomar cuidado para não divulgar
quaisquer informes que tenham origem nas consultas. Exercício da cidadania
Da mesma maneira, devem-se manter em segredo todas as Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus di-
informações clínicas ou que sejam provenientes de estudos com- reitos de cidadão; direitos esses que são garantidos constitucional-
partilhados e debatidos pela equipe multidisciplinar. A regra vale mente nos princípios fundamentais.
mesmo que os dados tenham sido obtidos em discussões, prontuá- Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a
rios, relatos e outros. exercer também os deveres de cidadão. Por exemplo, uma pessoa
que deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está
Ter cuidado na relação com o paciente no poder, afinal ela se omitiu do dever de participar do processo de
Ter extremo cuidado na relação com o paciente é essencial e escolha dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também dos
todos os profissionais devem ser cautelosos ao fazer aproximações seus direitos.
emocionais com o público. É preciso, por exemplo, estabelecer uma
separação clara entre o que é profissional e o que é um sentimento
de amizade ou coleguismo.

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da Nessa formatação é preciso que aqueles que são chamados a
cidadania. Não se pode conceber um direito sem que antes este decidir ou a eleger os que deverão decidir sejam colocados diante
seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão du- de alternativas reais e postos em condição de poder escolher entre
pla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres uma e outra. Assim, é necessário a garantia dos denominados direi-
perante a sociedade. tos de liberdade, de opinião, de expressão das próprias opiniões, de
Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais reunião, de associação etc.
quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa- A doutrina democrática idealizou, nas palavras de Norberto
bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo, Bobbio, “um Estado sem corpos intermediários”, entretanto sua
a Constituição garante o direito à propriedade privada, mas exige-se consolidação se deu de forma diversa:
que o proprietário seja responsável pelos tributos que o exercício
desse direito gera, como o pagamento do IPTU. “O que aconteceu nos Estados democráticos foi exatamente o
Exercer a cidadania por consequência é também ser probo, agir oposto: sujeitos politicamente relevantes tornaram-se sempre mais
com ética assumindo a responsabilidade que advém de seus de- os grupos, grandes organizações, associações da mais diversa na-
veres enquanto cidadão inserido no convívio social. Fonte: Espaço tureza, sindicatos das mais diversas profissões, partidos das mais
Heber Vieira diversas ideologias, e sempre menos indivíduos. Os grupos e não
A política, que na antiguidade grega, representava a dimen- os indivíduos são os protagonistas da vida política numa sociedade
são vital da sociedade, encontra-se hoje restringida ao Estado e as democrática, na qual não existe mais um soberano, o povo ou a
ações por ele sintetizadas. nação, composto por indivíduos que adquiriram o direito de parti-
A obrigação política moderna funda-se na teoria do “contrato cipar direta ou indiretamente do governo, na qual não existe mais o
social”, uma complexa e contraditória relação estabelecida entre povo como unidade ideal (ou mística), mas apenas o povo dividido
homens livres, que abdicam de parte de sua liberdade com o intuito de fato em grupos contrapostos ou concorrentes, com sua relativa
de, segundo Rousseau, maximizá-la. autonomia diante do governo central (autonomia que os indivíduos
O contrato social expressa, dessa forma, uma tensão entre a singulares perderam ou só tiveram num modelo ideal de governo
vontade individual e a vontade geral; o interesse particular e o bem democrático sempre desmentido pelos fatos). O modelo ideal da
comum. sociedade democrática era aquele de uma sociedade centrípeta. A
O liberalismo contribuiu, significativamente, para a formulação realidade que temos diante dos olhos é a de uma sociedade centrí-
de uma cidadania universal, baseada na concepção de que todos os fuga, que não tem apenas um centro de poder (a vontade geral de
indivíduos nascem livres e iguais, entretanto, reduziu-a a um mero Rousseau), mas muitos [...]”. (BOBBIO, 2000, p. 35-36).
status legal. A equação lógica do bem comum na sociedade moder- Segundo o mencionado autor, “cada grupo tende a identificar o
na permanece sendo o resultado da soma dos interesses pessoais. interesse nacional com o interesse do próprio grupo” e dificilmen-
A diferente carga simbólica dos valores individuais ou de gru- te encontrar-se-á um representante que não represente interesses
pos sociais tem acarretado excesso de sentido que, por sua vez, particulares (BOBBIO, 2000, p. 37).
transforma-se em paralisia de atividade cívica e apatia política. Entretanto ressalta: “a característica de um governo democrá-
Tal situação fática é agravada com o avanço, cada vez mais cé- tico não é a ausência de elites, mas a presença de muitas elites em
lere, das tecnologias que tem marcado a sociedade hodiernamente. concorrência entre si para a conquista do voto popular” (BOBBIO,
Na maioria das vezes, tais tecnologias dispensam a interatividade 2000, p. 39).
dos seus usuários, que recepcionam argumentos e informações Assim, para se transformar o súdito em cidadão é necessário
acrítica e passivamente. conceder-lhe educação para o exercício da prática democrática. O
A ausência de participação social legitima o governo em prol desenvolvimento da democracia não pode ser medido pelo aumen-
de interesses particulares de grupos específicos. A crise do contrato to do número dos que têm o direito de participar nas decisões que
social moderno consiste na prevalência de processos de exclusão lhes dizem respeito, mas da qualidade dos espaços nos quais po-
de grupos majoritários em privilégio de interesses de uma minoria. dem exercer este direito.
A figura estatal fortalecida e representante de interesses de grupos “[...] a participação eleitoral tem um grande valor educativo;
determinados deixa de espelhar os anseios da sociedade civil e tor- é através da discussão política que o operário, cujo trabalho é re-
na-se fator de influência de sua desorganização. petitivo e concentrado no horizonte limitado da fábrica, consegue
A democracia, entendida como contraposição a todas as for- compreender a conexão existente eventos distantes e seu interesse
mas de governo autocráticos, é caracterizada por um conjunto de pessoal estabelecer relações com cidadãos diversos daqueles com
regras que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões os quais mantém relações cotidianas, tornando-se assim membro
coletivas e com quais procedimentos. consciente de uma comunidade.” (BOBBIO, 2000, p. 44).
“Todo o grupo social está obrigado a tomar decisões vinculató- Muito se tem difundido que o cidadão comum não detém co-
rias para todos os seus membros com o objetivo de prover a própria nhecimentos específicos para decidir sobre os assuntos que lhe di-
sobrevivência, tanto interna como externamente. Mas até as deci- zem respeito, entretanto, assevera o autor que “a democracia sus-
sões de grupos são tomadas por indivíduos (o grupo como tal não tenta-se sobre a hipótese de que todos podem decidir a respeito de
decide). Por isso, para que uma decisão seja tomada como decisão tudo” (BOBBIO, 2000, p. 46).
coletiva é preciso que seja tomada com base em regras (não impor- “Rousseau, entretanto, também estava convencido de que
ta se escritas ou consuetudinárias) que estabeleçam quais são os ‘uma verdadeira democracia jamais existiu nem existirá’, pois re-
indivíduos autorizados a tomar as decisões vinculatórias para todos quer muitas condições difíceis de serem reunidas. Em primeiro lu-
os membros do grupo, e à base de quais procedimentos.” (BOBBIO, gar um Estado muito pequeno, ‘no qual ao povo seja fácil reunir-se
2000, p. 30-31). e cada cidadão possa facilmente conhecer todos os demais’; em
segundo lugar, ‘uma grande simplicidade de costumes que impeça

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a multiplicação dos problemas e as discussões espinhosas’; além Desse modo, a política, segundo PotyaraAmazoneida Pereira é
do mais, ‘uma grande igualdade de condições e fortunas’; por fim, “uma estratégia de ação, pensada, planejada e avaliada, guiada por
‘pouco ou nada de luxo’. [...]. É evidente que, se por democracia uma racionalidade coletiva, na qual, tanto o Estado como a socieda-
direta se entende literalmente a participação de todos os cidadãos de, desempenham papéis ativos”. (PEREIRA, 2008, p. 96). Comple-
emtodas as decisões a eles pertinentes, a proposta é insensata. Que menta a mencionada a autora, “[...] duas são as principais funções
todos decidam sobre tudo em sociedades sempre mais complexas da política pública: a) concretizar direitos conquistados pela socie-
como são as modernas sociedades industriais é algo materialmente dade e incorporados nas leis; b) alocar e distribuir bens públicos.”
impossível.” (BOBBIO, 2000, p. 53). (PEREIRA, 2008, p. 99).
Para que exista uma democracia basta o consenso da maioria. Adverte, porém, Norbert Elias que:“Na vida social de hoje, so-
Mas exatamente o consenso da maioria implica que exista uma mi- mos incessantemente confrontados pela questão de se e como é
noria que dissente. possível criar uma ordem social que permita uma melhor harmoni-
“[...] que valor tem o consenso onde o dissenso é proibido?, zação entre as necessidades e inclinações pessoais dos indivíduos,
onde não existe opção entre consenso e dissenso, onde o consenso de um lado, e, de outro, as exigências feitas a cada indivíduo pelo
é obrigatório e até mesmo premiado, e onde o dissenso não apenas trabalho cooperativo de muitos, pela manutenção e eficiência do
é proibido mas também é punido?, é ainda consenso ou é pura e todo social”. (ELIAS, 1994, p. 17).
simples aceitação passiva do comando do mais forte?; se o consen- A formação da sociedade brasileira ocorreu de forma violenta,
so não é livre, que diferença existe entre o consenso e a obediência com a anulação da fala. A cronologia dos elementos da cidadania,
ao superior tal qual prescrita por todos os ordenamentos hierárqui- descritos por Marshall (os direitos civis no século XVIII, os políti-
cos?” (BOBBIO, 2000, p. 74-75). cos no século XIX e os sociais no século XX), sobreveio de forma
Autores como Hannah Arendt e Jürgen Habermas procuraram invertida no Brasil:“Primeiro vieram os direitos sociais, implantados
recuperar a noção de política e de esfera pública. Hanna Arendt re- em períodos de supressão dos direitos políticos e de redução dos
laciona os conceitos de política, esfera pública e liberdade, definin- direitos civis por um ditador que se tornou popular. Depois vieram
do a política como a ação plural entre os homens. os direitos políticos, de maneira também bizarra. A maior expan-
Segundo Maria Francisca Pinheiro, para Arendt:“a igualdade na são do direito do voto deu-se em outro período ditatorial, em que
pluralidade é a base de constituição da esfera pública. A igualdade os órgãos de representação política foram transformados em peça
na esfera pública, que pressupõe as desigualdades individuais, só decorativa do regime. Finalmente ainda hoje muitos direitos civis,
existe na condição de liberdade, que significa o ser humano estar a base da sequência de Marshall, continuam inacessíveis à maioria
isento da desigualdade presente no ato de comandar ou ser coman- da população. A pirâmide dos direitos foi colocada de cabeça para
dado e mover-se em esfera destituída de relação de poder. A esfera baixo”. (CARVALHO, 2006, p. 219-220).
pública é instancia independente do Estado e essencial para o exer- Sabe-se que a construção da cidadania na Inglaterra é exceção
cício da democracia.” (COELHO, 2000, p. 62). e não a regra, uma vez que, no caso sob análise, industrialização
Para Habermas, segundo a mesma autora:“na atividade políti- e a democracia desenvolveram-se concomitantemente. Embora se
ca, a ação visando ao entendimento nem sempre é possível em fun- trate de situação específica, o modelo de Marshall é substrato te-
ção da competição estratégica pelo poder. Nesse aspecto, há discor- órico importante para estudos comparativos do desenvolvimento
dância de Habermas com Arendt que distingue o poder das relações das cidadanias em outras sociedades, como forma de se entender
de dominação e o define como persuasão e acordo. [...]. A ideia de e explicar as particularidades de cada caso, sob uma mesma base
democracia, apoiada no conceito de discurso, parte da imagem de conceitual.
sociedade descentrada a qual constitui arena para a percepção, a Íris Maria de Oliveira registra a fala da filósofa Marilena Chauí:“a
identificação e o tratamento de problemas de toda sociedade. [...]. autora define a sociedade brasileira como autoritária e violenta,
A política é, portanto, um dos assuntos da esfera pública, instância identificando quatro características que justificam essa caracteriza-
autônoma e formadora da opinião e da vontade dos indivíduos”. ção: relações sociais hierárquicas; relações sociais e políticas funda-
(COELHO, 2000, p. 63-64). das em contatos pessoais; profundas desigualdades sociais e eco-
O conflito e o dissenso são inerentes à política, por ser resul- nômicas, que reproduzem carências e privilégios; uma sociedade
tado da convivência entre os homens, que por sua vez são diferen- em que a lei não é percebida como expressão de uma vontade so-
tes em relação à etnia, classe social, ideologia, valores e crenças. cial. [...]. Outra característica apontada por Chauí é a polarização da
“Contudo, é justamente por ser conflituosa (e contraditória), que a sociedade brasileira entre carência e privilégio [...]. Neste contexto,
política permite a formação de contra poderes em busca de ganhos os direitos não se instituem e não há condições para a efetivação da
para a comunidade e de ampliação da cidadania” (PEREIRA, 2008, cidadania e da democracia”. (OLIVEIRA, 2008, p. 122-124).
p. 91). A exclusão do discurso reivindicativo, através do roubo da fala,
“[...] a liberdade de dissentir necessita de uma sociedade plu- favoreceu a proliferação de práticas paternalistas/clientelistas, nas
ralista, uma sociedade pluralista permite uma maior distribuição quais o acesso a bens e serviços se dá a partir de “favores pessoais”,
do poder, uma maior distribuição do poder abre as portas para a e não como exercício de um direito. A escolha dos representantes,
democratização da sociedade civil e finalmente a democratização por sua vez, na maioria das vezes, não é consequência da análise
da sociedade civil alarga e integra a democracia política”. (BOBBIO, apurada da capacidade do candidato, e sim de confiança particular
2000, p. 76). Consoante Marshall, o desenvolvimento da cidadania de obtenção de vantagem. O brasileiro não se sente representado
“é estimulado tanto pela luta para adquirir tais direitos quanto pelo na política. Os representantes eleitos furtam-se a defesa dos inte-
gozo dos mesmos, uma vez adquiridos”. (MARSHALL, 1967, p. 84). resses gerais, para atender particulares, constituindo a classe dos
Segundo o autor, o uso do poder político é capaz de determinar políticos de profissão, que são aqueles que não vivem para a políti-
mudanças significativas, sem uma revolução violenta e sangrenta. ca, mas vivem dela. Surge daí uma atitude ambígua de insatisfação
(MARSHALL, 1967, p. 85). e inatividade da sociedade.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

“O que a destruição do público opera em relação às classes do- A Administração Pública se constitui no instrumental de que
minadas é a destruição de sua política, o roubo da fala, sua exclusão dispõe o Estado para implementar as prioridades do Governo. As-
do discurso reivindicativo e, no limite, sua destruição como classe; sim, merece atenção especial o estudo acerca das ações empreen-
seu retrocesso ao estado de mercadoria, que é o objetivo neolibe- didas pelo gestor da coisa pública, sobretudo em relação ao grau de
ral.” (OLIVEIRA, 2000, p. 79). aderência ao interesse público (efetividade). Deve haver compatibi-
Não obstante consideráveis índices de alfabetização, pesquisas lidade entre as prioridades de governo e o querer da coletividade.
mostram o alto grau de ignorância da sociedade brasileira em re- Verifica-se grande dificuldade da sociedade em avaliar a con-
lação aos seus direitos. A falta de consciência dos próprios direitos duta dos gestores públicos, notadamente em função da ausência
é acompanhada pela baixa consideração pelos direitos dos outros. de informações tempestivas, suficientes e confiáveis. Até mesmo o
A visão de cidadania como comunidade também não se apresenta processo de escolha dos governantes nas democracias, através de
como enraizada. Há uma fraca percepção do reconhecimento de eleições seguras e livres, vem sendo objeto de ressalvas quanto a
que todos participam de valores e objetivos comuns em torno dos sua eficácia como mecanismo garantidor de que os escolhidos tra-
quais todos se congregam. Não existe ainda um senso de dever em balharão em função dos melhores interesses da coletividade, uma
relação à coletividade e pelo grau de envolvimento na vida públi- vez que os cidadãos não possuem todas as informações necessárias
ca (filiação em partidos, associações de moradores, pais e alunos, a uma escolha correta. O que reforça a importância do acesso às
filantrópicas). A participação política não aparece entre o senso co- informações.
mum dos brasileiros nem como direito nem tão pouco como dever. Dentro deste contexto torna-se imprescindível a existência de
A apatia cívica dos brasileiros, aliado ao objetivo cego de cresci- órgãos integrantes da estrutura estatal que componham uma ver-
mento econômico, como fim em si mesmo, tem transformado os ci- dadeira rede de agências de accountability incumbidas de super-
dadãos em meros “beneficiários passivos dos frutos de engenhosos visionar, controlar, aplicar sanções, e, sobretudo, prover o cidadão
programas de desenvolvimento” (SEN, 2000, p. 71). Nas palavras de das informações relativas a conduta do gestor público.
José Murilo de Carvalho, “formam-se o súdito e o consumidor sem No caso brasileiro, esta rede de agências de accountability en-
que ao mesmo tempo surja o cidadão participante” (CARVALHO, globaria, dentre outros, o Ministério Público, o sistema de controle
2000, p. 112). interno dos Poderes, o Poder Judiciário e os Tribunais de Contas.
Afirma ainda José Murilo de Carvalho que a participação a ní- Estes últimos foram, sobretudo a partir da edição da Lei de Res-
vel local é tida como a mais frágil, “embora seja onde ela tem re- ponsabilidade Fiscal, alçados à condição de grandes provedores de
levância mais direta para o cotidiano cidadão”. (CARVALHO, 2000, informações sobre a gestão pública.
p. 125). Assim, a análise de tal situação agrava-se quando se parte Aos Tribunais de Contas compete verificar o cumprimento da
para a verificação da realidade da sociedade nacional para as socie- Lei de Responsabilidade Fiscal, que está erigida sobre alguns pila-
dades locais, ou seja, os Municípios. res, dentre os quais o da transparência. Assim entendida, não só
Uma vez conquistada a democracia política verifica-se que tal a disponibilização de informações, mas, sobretudo a compreensão
esfera está incluída em outra mais ampla, qual seja, a esfera da so- dos dados divulgados por parte do cidadão mediano. O objetivo
ciedade como um todo. Em outras palavras, a democratização do mais nobre do princípio da transparência é permitir e estimular o
Estado, com a instituição de parlamentos, não implicou numa de- exercício do controle social, a mais eficaz das formas de controle da
mocratização da sociedade. A maior parte das instituições sociais conduta do gestor público.
– da família à escola, da empresa à gestão dos serviços públicos –
ainda não são governadas democraticamente.
Tal situação contribui para a legitimação e hegemonia das clas- NOÇÕES BÁSICAS DE EPIDEMIOLOGIA, ASPECTOS EPI-
ses dominantes e sua permanência nos espaços de poder em todos DEMIOLÓGICOS, AGENTES ETIOLÓGICOS, VETORES E
os níveis, retardando a realização de direitos e a construção de uma RESERVATÓRIOS, MODOS DE TRANSMISSÃO, PERÍO-
cultura política baseada no direito, na ética, na cidadania, nas rela- DO DE TRANSMISSIBILIDADE, PERÍODO DE INCUBA-
ções democráticas horizontais e na participação popular. ÇÃO, SUSCETIBILIDADE, VACINAS E IMUNIDADE
A conscientização e participação cidadã são alternativas para
a conquista e efetivação de direitos tanto em nível da sociedade,
quanto no interior do próprio Estado. Por Heidy Cristina Boaventura VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Siqueira
A ação estatal encontra-se norteada por diversos princípios Propósitos e funções
dentre os quais se destaca o da legalidade, que delimita o campo de A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orien-
atuação possível do Estado e garante aos cidadãos a titularidade de tação técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm a
direitos. No entanto, sendo o Estado um ser ético-político, a avalia- responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle
ção da conduta de seus agentes não pode pautar-se, apenas, pelo de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, infor-
aspecto da legalidade. Revela-se imperiosa a verificação quanto a mações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos,
obediência à preceitos éticos que estejam disseminados na própria bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica
sociedade. A ética na condução da republica emerge como instru- ou população definida. Subsidiariamente, a vigilância epidemioló-
mento eficaz de proteção dos direitos fundamentais, a exemplo da gica constitui-se em importante instrumento para o planejamento,
liberdade e da igualdade. a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como
também para a normatização de atividades técnicas correlatas. A
operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um
ciclo de funções específicas e intercomplementares, desenvolvidas
de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o com-

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

portamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, de 15 de junho de 2004, revogou as de 1999, para incorporar os
para que as medidas de intervenção pertinentes possam ser desen- avanços das mesmas como ampliar o escopo da Vigilância em Saú-
cadeadas com oportunidade e eficácia. São funções da vigilância de, que passou a compreender a vigilância das doenças transmissí-
epidemiológica: veis, vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, vigilância
• coleta de dados; em saúde ambiental e a vigilância da situação de saúde. Esta por-
• processamento de dados coletados; taria estabelece competências da União, Estados, Distrito Federal e
• análise e interpretação dos dados processados; Municípios, reorienta as condições para certificação dos diferentes
• recomendação das medidas de prevenção e controle apro- níveis, na gestão das ações de epidemiologia e controle de doenças;
priadas; além disso, estabelece a PPI-VS (Programação Pactuada Integrada
• promoção das ações de prevenção e controle indicadas; da área de vigilância em Saúde) e o TFVS (Teto Financeiro de Vigi-
• avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; lância em Saúde) dentre outras ações. Os resultados das estratégias
• divulgação de informações pertinentes. adotadas vêm sendo operadas com maior ou menor efetividade por
cada sistema local de saúde (Silos), não restando dúvidas de que
As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde representam um avanço para a vigilância epidemiológica auxiliando
(municipal, estadual e federal) abarcam todo o espectro das fun- o seu fortalecimento em todo o país.
ções de vigilância epidemiológica, porém com graus de especifici- Indicadores de Saúde
dade variáveis. As ações executivas são inerentes ao nível municipal A construção da matriz de indicadores pautou-se nos critérios
e seu exercício exige conhecimento analítico da situação de saúde de: relevância para a compreensão da situação de saúde, suas cau-
local. Por sua vez, cabe aos níveis nacional e estadual conduzirem sas e conseqüências; validade para orientar decisões de política e
ações de caráter estratégico, de coordenação em seu âmbito de apoiar o controle social; identidade com processos de gestão do
ação e de longo alcance, além da atuação de forma complementar SUS; e disponibilidade de fontes regulares. Esses critérios se man-
ou suplementar aos demais níveis. têm no processo de revisão e atualização periódicas da matriz, que
A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento harmôni- resulta em eventuais alterações, acréscimos e supressões de indica-
co das funções realizadas nos diferentes níveis. Quanto mais capa- dores. Por esse motivo, a consistência da série histórica disponibili-
citada e eficiente a instância local, mais oportunamente poderão zada demanda atenção constante.
ser executadas as medidas de controle. Os dados e informações aí Convencionou-se classificar os indicadores em seis subconjun-
produzidos serão, também, mais consistentes, possibilitando me- tos temáticos: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, mor-
lhor compreensão do quadro sanitário estadual e nacional e, conse- bidade e fatores de risco, recursos e cobertura. Cada indicador é ca-
quentemente, o planejamento adequado da ação governamental. racterizado na matriz pela sua denominação, conceituação, método
Nesse contexto, as intervenções oriundas do nível estadual e, com de cálculo, categorias de análise e fontes de dados. A produção de
maior razão, do federal tenderão a tornar-se seletivas, voltadas para cada indicador é de responsabilidade da instituição-fonte melhor
questões emergenciais ou que, pela sua transcendência, requerem identificada com o tema, a qual fornece anualmente os dados bru-
avaliação complexa e abrangente, com participação de especialistas tos utilizados no cálculo, em planilha eletrônica padronizada, pre-
e centros de referência, inclusive internacionais. Com o desenvolvi- parada pelo Datasus ou obtida diretamente das bases de dados dos
mento do SUS, os sistemas municipais de vigilância epidemiológica sistemas nacionais de informações de saúde.
vêm sendo dotados de autonomia técnico-gerencial e ampliando o De maneira geral estão disponíveis, para cada indicador, dados
enfoque, para além dos problemas definidos como de prioridade desagregados por unidade geográfica 9 , idade e sexo. Dados sobre
nacional, que inclui os problemas de saúde mais importantes de cor/raça e situação de escolaridade, quando disponíveis, são utiliza-
suas respectivas áreas de abrangência. dos como proxy de condição social. Há ainda categorias de análise
específicas a determinados indicadores como, por exemplo, a situ-
Estrutura do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica ação urbana ou rural do domicílio. A matriz orienta a elaboração
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) com- anual do produto finalístico da Ripsa “Indicadores e Dados Básicos
preende o conjunto articulado de instituições do setor público e pri- (IDB)”, a partir do qual devem ser realizados análises e informes so-
vado, componente do Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou bre a situação de saúde no Brasil e suas tendências.
indiretamente, notifica doenças e agravos, presta serviços a grupos Fichas de Qualificação Um importante avanço na produção
populacionais ou orienta a conduta a ser tomada para o controle do IDB foi a introdução de instrumento de orientação técnica ao
dos mesmos. usuário, que esclarece os conceitos e critérios adotados na Ripsa
Para adequar-se aos princípios de universalidade, equidade e para os indicadores. Por recomendação da Terceira OTI (1997), cada
integralidade da atenção à saúde, tendo como estratégia operacio- indicador está definido em uma ficha de qualificação padronizada
nal a descentralização. Esse processo foi bastante impulsionado a que dispõe sobre as seguintes características: • Conceituação: in-
partir das Portarias GM/MS n° 1.399, de 15 de dezembro de 1999, e formações que definem o indicador e a forma como ele se expres-
n° 950, de 23 de dezembro de 1999. Esses instrumentos legais ins- sa, se necessário agregando elementos para a compreensão de seu
tituíram o repasse fundo a fundo dos recursos do Governo Federal conteúdo.
para o desenvolvimento das atividades de epidemiologia, vigilância • Interpretação: explicação sucinta do tipo de informação obti-
e controle de doenças, rompendo os mecanismos de repasses con- da e seu significado.
veniais e por produção de serviços. • Usos: principais finalidades de utilização dos dados, a serem
Além disso, estabeleceram requisitos e atividades mínimas de consideradas na análise do indicador.
responsabilidade municipal, definiram o teto de recursos financei- • Limitações: fatores que restringem a interpretação do indi-
ros e a transferência de recursos humanos dos níveis federal e esta- cador, referentes tanto ao próprio conceito quanto às fontes utili-
dual para o municipal. Posteriormente, a Portaria GM/MS n° 1.172, zadas.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Fontes: instituições responsáveis pela produção dos dados As regiões Nordeste e Norte foram as que apresentaram maio-
utilizados no cálculo do indicador e pelos sistemas de informação a res incrementos desse indicador, apresentando um aumento rela-
que correspondem. tivo da proporção de população adulta alfabetizada de 17% e 11%
• Método de cálculo: fórmula utilizada para calcular o indica- respectivamente, no período analisado.
dor, definindo os elementos que a compõem. Como maior incremento desse indicador foi observado nas re-
• Categorias sugeridas para análise: níveis de desagregação giões com mais baixos valores do indicador em 1991, as discrepân-
definidos pela sua potencial contribuição para interpretação dos cias regionais (razão entre região Sul e Nordeste) reduziram ligeira-
dados e que estão efetivamente disponíveis. mente, passando de 1,4 em 1991 para 1,3 em 2000.
• Dados estatísticos e comentários: tabela resumida e comen- Igualmente aos demais indicadores analisados, também os ser-
tada, que ilustra a aplicação do indicador em situação real. Ideal- viços de coleta de lixo tiveram ampliação de suas coberturas nas
mente, a tabela apresenta dados para grandes regiões do Brasil, em regiões brasileiras , atingindo 71% da população brasileira em 2000.
anos selecionados desde o início da série histórica. As regiões Norte e Nordeste, apesar de apresentarem cerca de ape-
nas metade de sua população com acesso aos serviços de coleta
Determinantes de Saúde de lixo, foram também as que apresentaram maiores incrementos
As fichas de qualificação foram progressivamente aperfeiçoa- desse serviço no período de 1991 a 2000. Devido a esse fato, a de-
das com a contribuição de consultores, especialistas e grupos ad sigualdade regional quanto a esse indicador reduziu de 2,5 (excesso
hoc. O processo de revisão e atualização está a cargo dos Comitês de cobertura da população com serviços de coleta de lixo na região
de Gestão de Indicadores (CGI) da Ripsa. Sudeste em relação à região Norte) em 1991, para 1,7, em 2000.

Determinantes sociais em saúde segundo regiões brasileiras Processo Saúde e Doença


Instalações sanitárias da população urbana, rede geral de água ca-
O processo saúde-doença e sua determinação social e histó-
nalizada, população adulta alfabetizada e acesso à coleta de lixo por
rica Doença
serviços de limpeza.
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das
Avanços nos indicadores de desenvolvimento econômico e
medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doen-
social, combinados ao aprimoramento de aspectos quantitativos
ça é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos
(oferta, uso e cobertura) e qualitativos do Sistema Único de Saú-
expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPO-
de (SUS), incluindo as ações de promoção da saúde, prevenção e
NI, 1995. In: BRÊTAS; GAMBA, 2006). Para Evans e Stoddart (1990),
controle de doenças nas diferentes regiões, resultaram em inques-
a doença não é mais que um constructo que guarda relação com
tionável impacto na qualidade de vida das populações brasileiras.
o sofrimento, com o mal, mas não lhe corresponde integralmente.
Incremento expressivo no acesso à rede geral de instalações sani-
Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parâmetros
tárias, à rede geral de água, à coleta de lixo, à escolaridade de boa biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem
qualidade e à redução da pobreza extrema são alguns exemplos afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultando em dife-
desses avanços. Paralelamente, avanços na busca de universalidade rentes manifestações de sintomas e desconforto, com comprome-
das ações do SUS e o aprimoramento da efetividade dos programas timento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade.
e políticas de saúde têm sido perseguidos. Apesar desses avanços, O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do
persistem desigualdades que devem ser discutidas e enfrentadas. conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado
Entre 1991 e 2000, o acesso ao saneamento básico na área ur- nesses termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar indivi-
bana foi ampliado para grande parcela da população brasileira . A dual e do desempenho social, a percepção individual sobre a saúde
prevalência percentual da população urbana sem acesso às instala- é que conta (EVANS; STODDART, 1990).
ções sanitárias reduziu de 4,3%, em 1991 para 2,5%, em 2000. As
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste que já apresentavam valores Conceito de saúde
baixos em 1991 reduziram ainda mais o percentual de suas popula- O que é saúde? Segundo o conceito de 1947 da Organização
ções urbanas sem acesso às instalações sanitárias em 2000. Mundial da Saúde (OMS), com ampla divulgação e conhecimento
A região Nordeste ainda apresenta 6,2% de sua população em nossa área, a saúde é definida como: “Um estado de completo
urbana sem instalações sanitárias. Os diferenciais entre as regiões bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doen-
aumentaram no período. Em 1991, a região Nordeste apresentou ça ou enfermidade”.
uma prevalência da população urbana sem instalação sanitária 5,9
vezes, maior do que na região Sul. Já em 2000, essa razão de preva- Perfil epidemiológico da população brasileira
lências foi de 10,3. Em 1992, foi publicado na revista Epidemiologia e Serviços de
A escolaridade persiste, ainda nos dias de hoje, como um dos Saúde (RESS) o artigo intitulado ‘Polarização Epidemiológica no Bra-
principais fatores associados à saúde e ao bem estar das popula- sil’, de autoria de Duarte de Araújo. Hoje, em 2012, quando come-
ções brasileiras. Têm sido descritas associações entre baixos níveis moramos os 20 anos de existência da RESS, o pioneiro artigo é repu-
de escolaridade das populações dos estados e municípios brasilei- blicado e nos brinda com um debate rico e atual. Conceitualmente,
ros e maior risco de morte infantil, maior risco de morte por causas Omran, em 1971, focou a teoria da transição epidemiológica nas
externas e maior risco de doenças infecciosas (BRASIL, 2004-2005; complexas mudanças dos padrões saúde-doença e nas interações
DUARTE et al., 2002). Foram observados ganhos expressivos na pro- entre esses padrões, seus determinantes demográficos, econômi-
porção de adultos (20 anos ou mais de idade) alfabetizados de 1991 cos e sociais, e suas consequências.2Entre as proposições centrais
(78,9%) a 2000 (84,8%) . incluídas em sua teoria, destacam-se:

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(I) existe um processo longo de mudanças nos padrões de mor- Entre 1940 e 1960, a taxa média de fecundidade no Brasil man-
talidade e adoecimento, em que as pandemias por doenças infec- teve-se em torno de 6 filhos por mulher. Desde então, esse indica-
ciosas são gradativamente substituídas pelas doenças degenerati- dor vem decrescendo em todas as Regiões do país e entre todos
vas e agravos produzidos pelo homem*; os grupos sociais, ainda que em ritmos diferentes. Em 2010, o país
(II) durante essa transição, as mais profundas mudanças nos apresentou taxa de fecundidade de 1,9 filhos por mulher, inferior
padrões de saúde-doença ocorrem nas crianças e nas mulheres jo- à média observada para a região das Américas (2,1 filhos por mu-
vens; lher), variando de 2,1 a 3,0 nas unidades federadas (UF) da região
(III) as mudanças que caracterizam a transição epidemiológica Norte, e de 1,6 a 1,7 nas UF das regiões Sul e Sudeste. Observa-se,
são fortemente associadas às transições demográfica e socioeconô- também, um padrão de gradativo incremento da idade gestacional
mica que constituem o complexo da modernização; e no Brasil.
(IV) as variações peculiares no padrão, no ritmo, nos determi- Como aponta Vasconcelos & Gomes, a rapidez do processo e os
nantes e nas consequências das mudanças na população diferen- distintos ritmos observados entre as regiões caracterizam a transi-
ciam três modelos básicos de transição epidemiológica, o modelo ção demográfica no Brasil, assim como em outros países da America
clássico ou ocidental, o modelo acelerado e o modelo contemporâ- Latina. A França levou 115 anos para duplicar a proporção da popu-
neo ou prolongado. lação de idosos (de 7,0 para 14,0%), enquanto no Brasil, a mesma
mudança proporcional levou apenas 40 anos para ocorrer (de 5,1
Vinte anos mais tarde, Frenk e colaboradores defendem a exis- para 10,8%).
tência de um modelo ‘polarizado prolongado’ de transição epide- Além dessa robusta discussão apresentada por Vasconcelos &
miológica na América Latina, caracterizado por: Gomes, o artigo republicado de Duarte Araújo discute a polariza-
(I) superposição de etapas - incidência alta e concomitante das ção epidemiológica brasileira vis-à-vis esse processo de transição
doenças de ambas as etapas, pré e pós-transição -; demográfica e as mudanças socioeconômicas experimentadas no
(II) contra-transição - ressurgimento de algumas doenças infec- país.
ciosas que já haviam sido controladas -;
(III) transição prolongada - processos de transição inconclusos,
Redução da mortalidade precoce
com certo estancamento dos países em estado de morbidade mista
O Brasil tem experimentado notável êxito na redução da mor-
-; e
talidade precoce. A proporção de mortes ocorridas antes dos 20
(IV) polarização epidemiológica - níveis diferenciados de transi-
anos de idade passou de 12,2% em 2000 para 7,4% em 2010. Nesta
ção entre e intrapaíses, inclusive entre grupos sociais de um mesmo
mesma década, o risco de morrer no primeiro ano de vida caiu de
país.
26,6 para 16,2 por 1000 nascidos vivos (NV).
Duarte Araújo ressalta em seu artigo que o Brasil é um exemplo
Não obstante, poderíamos - e deveríamos - fazer melhor. Cerca
da polarização epidemiológica descrita por Frenk e colaboradores,
de 70,0% das mortes infantis no Brasil são consideradas evitáveis
combinando elevadas taxas de morbidade e mortalidade por doen-
por ações efetivas do Sistema Único de Saúde.10 Nossa taxa de
ças crônico-degenerativas com altas incidências de doenças infec-
ciosas e parasitárias, e a prolongada persistência de níveis diferen- mortalidade infantil é superior às médias para a América do Norte
ciados de transição entre grupos sociais distintos. (6,3 por 1000 NV) e mesmo para a América Latina e Caribe (15,6
por 1000 NV). Estamos também com valor maior para esse indica-
A transição demográfica no Brasil dor quando nos colocamos junto a países com níveis de desenvolvi-
Também nesse número da RESS, Vasconcelos & Gomes revi- mento econômico semelhantes ao nosso, como é o caso do México
sitam e atualizam o fenômeno da transição demográfica no Brasil, (14,1 por 1000 NV), Argentina (11,9/1000 NV), Costa Rica (9,1/1000
entre 1950 e 2010, e destacam os diferenciais frente a um modelo NV) e Chile (7,4/1000 NV).
teórico de transição, de uma sociedade rural e tradicional para uma
sociedade urbana e moderna, com quedas das taxas de natalidade Doenças imunopreveníveis e outras doenças infecciosas e pa-
e mortalidade. rasitárias
Vivemos na região mais urbanizada do planeta: em 2010, 82,0% A mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias (DIP) vem
da população da América do Norte e 79,0% da América Latina e declinando desde a década de 1940, inicial;mente com queda agu-
Caribe residiam no meio urbano. Naquele mesmo ano, a taxa de da, recentemente mais lenta, embora persistente.9,12 Entre 2000
urbanização no Brasil alcançou 84,0%. A completa inversão desse e 2010, a mortalidade proporcional por DIP caiu de 4,7 para 4,3%.
indicador no país foi descrita em 1970, quando a população urbana Parte relevante da tendência histórica de queda nesse grupo
superou a rural e logo, gradativamente, foi se distanciando dela. de causas de morte deve-se ao expressivo êxito alcançado pela área
O processo de urbanização acompanhou-se de importantes da saúde em relação às doenças passíveis de prevenção por imuni-
mudanças sociais, como nas formas de inserção da mulher na so- zação. Em conjunto, a notificação de casos e óbitos por sarampo,
ciedade, rearranjos familiares, incrementos tecnológicos, entre ou- poliomielite, rubéola, síndrome da rubéola congênita (SRC), menin-
tras. O padrão demográfico alterou-se. A forte queda na fecundida- gite (H. influenzae), tétano, coqueluche e difteria em crianças me-
de e o aumento da longevidade impulsionaram um envelhecimento nores de 5 anos de idade reduziu-se de mais de 153 mil casos e 5,5
acelerado da população brasileira, conforme foi discutido por Vas- mil óbitos em 1980, para cerca de 2 mil casos e 50 óbitos em 2009.9
concelos & Gomes. Em anos recentes, observam-se tendências de Nesse contexto, merece destaque, também, a redução da mortali-
crescimento baixo ou mesmo negativo da população jovem, desa- dade e hospitalização por algumas DIP potencialmente letais, como
celeração do crescimento da população em idade ativa e grande as doenças diarréicas agudas em crianças e a malária.
crescimento do contingente de idosos.

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Permanecem, no horizonte da Saúde Pública, desafios históri- como antecipado por Duarte Araújo, o país apresenta fases distintas
cos como a persistência de doenças associadas à miséria e exclusão dessa transição, com polarização entre diferentes áreas geográficas
social, a exemplo da tuberculose e a hanseníase; a alta incidência e grupos sociais, ampliando as contradições no território. Os atribu-
da malária na região da Amazônia Legal, oscilando em torno de tos desse complexo contexto costuram e pressionam as agendas da
300 mil casos novos/ano; e as recorrentes epidemias da dengue. A Saúde Pública e dos Sistemas Previdenciário e Educacional no Bra-
emergência de novas DIP, bem como as novas formas de transmis- sil. Da mesma forma como foi debatido por Frenk e colaboradores,
são de antigas DIP, aportam complexidade a esse cenário. Como foi os processos de transição demográfica e epidemiológica também
discutido por Duarte Araújo, esses são aspectos que nos afastam demandam transformações nas respostas sociais, expressas inclu-
do modelo clássico de transição epidemiológica e exigem contínuas sive pela forma como o sistema de saúde se organiza para ofertar
inovações dos modelos de vigilância em um contexto social diverso serviços, impondo, portanto, uma transição na atenção à saúde.
e complexo, como é a vida urbana atual.1,9,12
Endemia
Fatores de risco e as doenças crônicas não transmissíveis É qualquer doença localizada em um espaço limitado denomi-
(DCNT) nado “faixa endêmica”. Significa que endemia é uma doença que
se manifesta apenas numa determinada região, de causa local, não
O envelhecimento, a urbanização, as mudanças sociais e eco-
atingindo nem se espalhando para outras comunidades.
nômicas e a globalização impactaram o modo de viver, trabalhar
Enquanto a epidemia se espalha por outras localidades, a en-
e se alimentar dos brasileiros. Como consequência, tem crescido
demia tem duração continua porém, restrito a uma determinada
a prevalência de fatores como a obesidade e o sedentarismo, con-
área.
correntes diretos para o desenvolvimento das doenças crônicas não
No Brasil, existem áreas endêmicas. A título de exemplo, pode
transmissíveis (DCNT). Em 2011, quase a metade dos adultos (≥ 18
ser citada a febre amarela comum Amazônia. No período de infes-
anos de idade) em capitais brasileiras relataram excesso de peso
tação da doença, as pessoas que viajam para tal região precisam ser
(48,5%), 17,0% referiram consumo abusivo de álcool, 20,0% consu-
vacinadas. A dengue é outro exemplo de endemia, pois são regis-
miam frutas e hortaliças em quantidadeinsuficiente e 14,0% eram
trados focos da doença em um espaço limitado, ou seja, ela não se
inativos fisicamente. Não é de se surpreender que, em 2010, as espalha por toda uma região, ocorre apenas onde há incidência do
DCNT responderam por 73,9% dos óbitos no Brasil, dos quais 80,1% mosquito transmissor da doença.
foram devido a doença cardiovascular, câncer, doença respiratória
crônica ou diabetes. Esses dados reafirmam a relevância das DCNT Doenças endêmicas
neste momento de transição epidemiológica do Brasil. O Brasil já teve e tem várias doenças endêmicas. Por exemplo,
Esta realidade das últimas décadas também trouxe exemplos na década de 80, a doença de Chagas era uma importante ende-
de sucesso para o controle dos principais fatores de risco para as mia rural, mas ao longo dos anos teve a sua incidência melhorada,
DCNT. É o caso da política de controle do tabagismo, que fez cair a embora permaneça classificada como uma das graves endemias no
prevalência de fumantes de 35,6% em 1986 para 15,0% em 2010. Brasil.
Estimativas recentes calculam que essa queda preveniu cerca de Atualmente, a malária e febre amarela são importantes doen-
420 mil (260 mil a 715 mil) mortes. ças endêmicas que preocupam as autoridades e necessitam de cui-
dados especiais. Podem ser citadas a esquistossomose, a leishma-
Causa externas de morte niose, a tuberculose, a dengue e algumas verminoses intestinais
O crescimento da violência representa um dos maiores e mais (como a ancilostomose). A dengue, por exemplo, é uma doença
difíceis desafios do novo perfil epidemiológico do Brasil. Em 2010, que encontrou no Brasil boas condições climáticas (clima quente e
ocorreram 143 mil (12,5%) óbitos devido as causas externas. O au- úmido) e sociais (disponibilidade de criadouros das larvas), se insta-
mento da mortalidade por causas externas, observado a partir da lando e se tornando uma doença endêmica.
década de 1980, deve-se principalmente aos homicídios (com 52
mil óbitos em 2010) e aos acidentes de transporte terrestre (com Espécies endêmicas
42,5 mil óbitos em 2010), com destaque em grandes centros ur- Você pode estar se perguntando se doenças endêmicas estão
banos.9 Os homens jovens são os mais afetados pelo crescimento relacionadas as famosas espécies endêmicas.
dos homicídios - como agressores e vítimas - e pelos acidentes de As espécies endêmicas são aquelas que ocorrem em apenas
trânsito. Transições demográficas rápidas em contextos históricos determinadas regiões geográficas. Elas são muito discutidas na área
complexos e de grandes desigualdades sociais alimentam a violên- ambiental devido à sua importância para a biodiversidade e a ne-
cia e dificultam as soluções para esse problema. cessidade da sua conservação. De maneira semelhante, as espécies
endêmicas são aquelas que ocorrem em apenas algumas regiões.
Novos e velhos desafios nesse persistente contexto de mu- Algumas doenças endêmicas podem ser causadas por agentes
danças etiológicos ou vetores endêmicos, ou seja, espécies que não conse-
Por si só, o aumento da população idosa e as demandas, cres- guem sobreviver em outros lugares. A transmissão da malária, por
centes, de um envelhecimento saudável representam desafios im- exemplo, depende do mosquito prego, que é endêmico da região
portantes para o Sistema Único de Saúde do Brasil. Esses desafios norte, por essa ser uma região úmida e quente que favorece a so-
são potencializados pela sobreposição de agendas, expressão de brevivência desse vetor.
uma transição epidemiológica prolongada, com a persistência das Assim, a restrição do vetor a uma determinada área geográfica
doenças transmissíveis, o crescimento dos fatores de risco para as pode ser considerada um dos motivos de essa doença não se espa-
DCNT e a enorme pressão das causas externas. Adicionalmente, lhar pelo Brasil.

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Epidemia A Varíola, doença causada por vírus que começou a infectar hu-
É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa co- manos há milhares de anos, causa febre alta, dores no corpo e erup-
munidade ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pes- ções na pele. A transmissão da doença pode ser por contato com a
soas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Isso poderá pele de alguém infectado, ou pelo ar, em locais fechados. Durante a
ocorrer por causa de um grande desequilíbrio (mutação) do agente descoberta das Américas, por volta de 1500, os conquistadores eu-
transmissor da doença ou pelo surgimento de um novo agente (des- ropeus trouxeram consigo o vírus da Varíola, que assolou boa parte
conhecido). da população Inca e Asteca. O último caso de infecção natural por
A gripe aviária, por exemplo, é uma doença “nova” que se ini- Varíola aconteceu em 1977, a doença hoje só existe em laboratório.
ciou como surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso A Malária tem registros na humanidade há mais de quatro mil
de uma doença transmissível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso anos. A doença é transmitida por um mosquito, que se prolifera
de uma doença até então desconhecida na área (ex.: gripe do fran- em águas paradas, que ao picar a pele do ser humano deposita um
go) requerem medidas de avaliação e uma investigação completa, protozoário na corrente sanguínea que se aloja nos glóbulos ver-
pois, representam um perigo de originarem uma epidemia. melhos e os destrói. Alguns dos principais sintomas da malária são:
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença febre, calafrios, sudorese, dores de cabeça e musculares. A Malária
passa de epidêmica para endêmica e depois para esporádica. continua representando um sério fator epidêmico, principalmente
na África subsaariana.
Doenças epidêmicas A Tuberculose destruiu populações e diversos momentos da
A história da humanidade foi marcada por algumas doenças história da humanidade. A doença é causada por uma bactéria, e é
epidêmicas, como a peste negra, a cólera e a gripe espanhola, que transmitida pelo ar. A bactéria chega aos pulmões, causando dores
fizeram inúmeras vítimas. no peito, fraqueza, emagrecimento e tosse com sangue. Em casos
Recentemente, a sífilis passou a ser epidemia no Brasil, o que mais graves pode atingir o cérebro, os rins ou a coluna vertebral.
está relacionado, entre outros fatores, ao menor uso de preservati- Apesar dos atuais tratamentos modernos, a tuberculose continua
vos nas relações sexuais, contribuindo para a sua transmissão entre infectando muitas pessoas todo ano, e fatores agravantes, como o
as pessoas. O sarampo e a poliomielite (paralisia infantil) são do-
vírus HIV faz com que portadores do mesmo sejam mais suscetíveis
enças que estavam controladas no país, mas que hoje constituem
a desenvolver a forma grave da tuberculose, e chegar a óbito muitas
surtos, principalmente pela negligência na vacinação das crianças.
vezes.
O Tifo Epidêmico atingiu a humanidade durante muitos anos,
Principais Endemias e Epidemias
matando milhares de pessoas. A doença, causada por um micróbio
Endemia é uma doença infecciosa que ocorre em um dado ter-
existente em piolhos, apresenta inicialmente sintomas como dor de
ritório, e que permanece provocando novos casos frequentemente.
cabeça, falta de apetite, náuseas e febre. Logo pode evoluir e afetar
Já epidemia é o grande número de casos de uma doença num curto
a circulação sanguínea, causando gangrena em algumas partes do
espaço de tempo.
corpo, pneumonia e insuficiência renal, e a febre alta pode evoluir
Exemplos de endemia no Brasil são as áreas afetadas por fe-
bre amarela na Amazônia e áreas afetadas pela Dengue, como o para um coma e insuficiência cardíaca. Uma vacina foi desenvol-
sul da Bahia e a região sudeste. Estas regiões são denominadas fai- vida durante a Segunda Guerra Mundial, e o Tifo Epidêmico hoje
xas endêmicas, pois estas doenças possuem um alto grau de conti- é bastante controlado, apresentando remotos casos em áreas da
nuidade, na mesma região. Há outros exemplos de endemias pelo América do Sul, África e Ásia.
mundo, como a malária e a AIDS em várias regiões da África, e a A Poliomielite atingiu os humanos durante milhares de anos,
tuberculose em diversas partes do mundo. Quando se viaja para paralisando milhões de crianças. A doença é causada pelo Polio-
uma área endêmica, é recomendável prevenir-se, se houver vacinas vírus, que ataca o sistema nervoso humano. Os sintomas iniciais
ou medicamentos para a doença de tal faixa. são dor de cabeça, dor e rigidez nos membros, vômito e febre. Não
Caracterizar um agente epidêmico depende de vários fatores, existe cura efetiva para a Poliomielite, mas a vacina, aperfeiçoada
como a suscetibilidade da população exposta, experiência prévia na década de 1950, garantiu o controle e extinção da doença em
com o agente, intensidade do agente, o tempo, o local e o com- boa parte do mundo. Apenas alguns países subdesenvolvidos ainda
portamento do agente com relação à população. Doenças novas ou apresentam casos da doença.
que há muito tempo não apresentem casos, quando aparecem ou A Febre Amarela, doença transmitida por picada de mosquitos,
reaparecem já podem ser consideradas surtos epidêmicos, mesmo tem como principais sintomas dores de cabeça, muscular, nas cos-
sem a contaminação em massa. tas, febre e comumente insuficiência hepática, que causa icterícia,
O termo epidemia não se refere apenas a doenças infecto-con- o que dá nome à doença. Apesar da vacina e dos programas de pre-
tagiosas, mas a qualquer doença que apresente muitos casos em venção, a doença ainda assola regiões da América do Sul e da África.
uma população. É denominada epidemia toda doença que afeta Por fim a AIDS, doença que surgiu nos anos 80, causada pelo
uma grande quantidade de pessoas dentro de uma população ou vírus HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana. O contágio se dá pelo
região, e se estas proporções tornam-se muito grandes, é caracteri- contato com líquidos do corpo infectados, como sangue e sêmen.
zada uma pandemia. Com o sistema imunológico afetado, quaisquer infecções que nor-
De acordo com o evoluir da história da humanidade, várias malmente não apresentam grande ameaça à saúde, tornam-se um
epidemias foram registradas. Doenças como a Varíola, a Malária, potencial fator mortal. Em alguns países da África a doença já se
a Tuberculose, o Tifo Epidêmico, a Poliomielite, a Febre Amarela e, tornou epidemia, pelos altos índices de prostituição e por mitos po-
mais recentemente, a AIDS, assolaram a população mundial em di- pulares, como, por exemplo, o de que uma pessoa infectada que
ferentes épocas. mantém relação sexual com outra virgem cura-se da doença. Estes

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fatores contribuem para a transmissão acelerada da doença. Não que excede o número esperado para aquele período do ano. As epi-
há cura para a AIDS, no entanto há medicamentos que controlam o demias podem atingir municípios, estados e até mesmo todo um
vírus, e a recomendação é sempre a mesma, o uso de preservativos país. No caso das pandemias, observa-se a distribuição da doença
para evitar o contágio por relação sexual, e o uso de agulhas des- por diferentes países, que podem ser do mesmo continente ou não.
cartáveis, para evitar o contágio por contato com sangue infectado.
As doenças epidêmicas muitas vezes são também endêmicas. O que são zoonoses
As atuais condições sanitárias de muitas partes do mundo evitam os Zoonoses são doenças típicas de animais que podem ser trans-
surtos epidêmicos, e a avançada tecnologia permite controlar rápi- mitidas aos seres humanos e vice-versa. A palavra tem origem
da e satisfatoriamente quando ocorre algum surto. No entanto, há grega, onde zoon significa animal e nosos significa doença. Geral-
muitas localidades que ainda sofrem com fatores já erradicados em mente estas doenças são provocadas por parasitas hospedados em
outras partes do mundo. O recomendável sempre é a prevenção. animais. Porém, as zoonoses também podem ser provocadas por
microorganismos como, por exemplo, vírus, bactérias e fungos.
Pandemia
Uma pandemia ocorre quando uma doença espalha-se por Animais transmissores
uma grande quantidade de regiões no globo, ou seja, ela não está Os principais animais que transmitem estas doenças aos ho-
restrita a apenas uma localidade, estando presente em uma grande mens são: cachorros, gatos, morcegos, ratos, aves e insetos.
área geográfica. Nem todas as doenças podem causar uma pande-
mia, entretanto, outras podem espalhar-se rapidamente e causar a Como evitar
contaminação de milhares de pessoas. Pessoas que possuem animais domésticos devem levá-los
constantemente ao veterinário com o objetivo de checar a existên-
→ Pandemias na atualidade cia de zoonoses. Estas pessoas também devem levar seus animais
As pandemias atualmente podem ocorrer com mais facilidade para tomar todas as vacinas necessárias. Não entrar em contato
do que no passado. Isso porque é cada vez mais fácil o deslocamen- com animais doentes e evitar se expor em locais (matas, florestas,
to das pessoas de um local para outro e, consequentemente, haver bosques) com grande presença de animais silvestres.
disseminação de uma doença de uma região para outra.
Muitas vezes, o doente não apresentou sintomas de uma de- Zoonoses mais comuns:
terminada doença e relaciona-se com outras pessoas não se preo- - leishmaniose
cupando com a transmissão. A falta de cuidado causa a transmissão - febre amarela silvestre
da doença e a infecção de um grande número de pessoas. Nesses - hantavirus
casos em que não há sintomas, é fácil ir de uma região para outra - leptospirose
sem levantar suspeitas das autoridades de saúde.
- raiva
Quando uma doença espalha-se por várias regiões, fica difícil
- peste bubônica
prever o desfecho da história. Uma doença grave, por exemplo, ao
- sarna
atingir uma região pobre, pode causar uma grande devastação em
- toxoplasmose
virtude da falta de recursos para conter o avanço da enfermidade.
- tuberculose
- esquistossomose
→ Exemplos de pandemias
Recentemente vivenciamos uma grande pandemia de gripe
Hospedeiro
H1N1. Essa pandemia, que ocorreu em 2009, levou várias pessoas
à morte em virtude do avanço relativamente rápido de um vírus da Hospedeiro é um organismo que abriga um parasita em seu
gripe que apresentava genes suínos, aviários e humanos. De acordo corpo. O parasita pode ou não causar doença no hospedeiro. O pa-
com a Organização Mundial de Saúde, em apenas oito semanas, o rasita possui dependência metabólica em relação ao hospedeiro,
vírus da gripe H1N1 alcançou cerca de 120 territórios. No Brasil, a utilizando recursos para a sua sobrevivência. O hospedeiro também
pandemia, que se finalizou em 2010, levou duas mil pessoas à mor- constitui o habitat do parasita. Normalmente os parasitos são es-
te. Vale destacar que atualmente existe vacina contra a gripe H1N1, pecíficos dos hospedeiros, mas existem espécies de parasitas que
que é liberada gratuitamente para alguns grupos, como idosos e conseguem se instalar em duas ou mais espécies de hospedeiros
pessoas com doenças crônicas. durante o seu ciclo de vida. Como exemplo, a Taenia solium que
Outra pandemia bastante conhecida é a da AIDS, uma doen- causa a teníase e vive no intestino humano na fase adulta, parasita
ça sexualmente transmissível que infectou e infecta milhões de o porco na sua fase larval.
pessoas em todo o planeta. Essa doença, que também pode ser Chamamos de endoparasita ou parasita interno aquele parasi-
transmitida por meio de transfusões com sangue contaminado e ta que se aloja no interior do hospedeiro. Exemplo: lombriga (Asca-
compartilhamento de objetos perfurocortantes com o doente, afe- ris lumbricoides). E ectoparasita ou parasita externo é aquele para-
ta o sistema imunológico, deixando o indivíduo mais propenso a sita que se abriga sobre a pele ou couro cabeludo do hospedeiro.
infecções. São essas infecções que levam o paciente à morte, e não Exemplo: piolho (Pediculus humanus capitis). Podemos encontrar
propriamente a AIDS. três tipos de hospedeiros:
Hospedeiro definitivo – que é o que apresenta o parasita em
→ Pandemia e epidemia são sinônimos? sua fase de maturidade ou na sua forma sexuada. Exemplo: Schis-
Epidemia e pandemia são dois termos diferentes que não de- tosoma mansoni (que causa a esquistossomose) e o Trypanosoma
vem ser utilizados como sinônimos. Quando falamos em epidemia, cruzi (que causa a Doença de Chagas), tem no homem o seu hos-
referimo-nos ao aumento de casos de uma doença em uma região pedeiro definitivo, pois a sua fase sexuada ocorre no ser humano.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Hospedeiro intermediário – é o que apresenta o parasita e sua • Portador passivo: pessoa que nunca apresentou sintomas de
fase larvária ou assexuada. Como exemplo, o caramujo é o hospe- determinada doença transmissível, não os está apresentando e não
deiro intermediário do Schistosoma mansoni, causador da esquis- os apresentará no futuro; somente pode ser descoberto por meio
tossomose. de exames laboratoriais.
Hospedeiro paratênico ou de transporte – é um ser vivo que
serve de refúgio temporário e de veículo até que o parasita atin- Em termos práticos os portadores, independentemente de sua
ja o hospedeiro definitivo. O parasita não evolui neste hospedeiro. classificação, podem comportar-se de forma eficiente ou não, ou
Esse hospedeiro não é imprescindível para completar o ciclo vital. seja, participando ou não da cadeia do processo infeccioso, o que
Exemplo: peixes maiores, que ingerem peixes menores contamina- permite classificá-los ainda em:
dos com larvas de Diphyllobothrium transportam essas larvas até o • Portador eficiente: aquele que elimina o agente etiológico
ser humano ingerir o peixe maior, geralmente cru. para o meio exterior ou para o organismo de um vetor hematófago,
A interação parasita-hospedeiro ocorre por infecção ou infesta- ou que possibilita a infecção de novos hospedeiros. Essa eliminação
ção. Na infecção, ocorre a invasão e colonização do organismo hos- pode se fazer de maneira contínua ou intermitente.
pedeiro por parasitas internos, como helmintos (Taenia saginata) e • Portador ineficiente: aquele que não elimina o agente etioló-
protozoários (Giárdia, Tripanossomo). Na infestação ocorre ataque gico para o meio exterior, não representando, portanto, um perigo
ao organismo hospedeiro por parasitas externos, como os artrópo- para a comunidade no sentido de disseminar o microrganismo.
des (piolho, carrapato).
b) Reservatório animal
Características do reservatório do agente infeccioso As doenças infecciosas que são transmitidas em condições nor-
O reservatório pode ser entendido como o habitat de um agen- mais de animais para o homem são denominadas zoonoses.
te infeccioso, no qual este vive, cresce e se multiplica. É aceitável Geralmente, essas doenças são transmitidas de animal para
dizer que a característica que diferencia o reservatório da fonte de animal, atingindo o homem só acidentalmente. Segundo os espe-
infecção diz respeito ao fato de o reservatório ser indispensável cialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), zoonoses pode
para a perpetuação do agente, ao passo que a fonte de infecção é a ser definida como “doenças e infecções que são naturalmente
responsável eventual pela transmissão. transmitidas entre animais e o homem”.
Podem comportar-se como reservatório ou fontes de infecção:
o homem, os animais e o ambiente. Como exemplo, pode-se citar:
• leptospirose - reservatórios: roedores e equinos;
a) Reservatório humano • raiva - reservatórios: várias espécies de mamíferos;
Grande parte das doenças infecciosas tem o homem como • doença de Chagas - reservatórios: mamíferos silvestres, etc.
reservatório. Entre as doenças de transmissão indivíduo para indi- • toxoplasmose, amebíase, febre amarela, salmonelose, tuber-
víduo estão o sarampo, as doenças sexualmente transmissíveis, a culose bovina, brucelose, tétano, dengue e inúmeras outras.
caxumba, a infecção meningocócica e a maioria das doenças res-
piratórias. c) Reservatório ambiental
Existem dois tipos de reservatório humano: A água, o solo, as plantas podem comportar-se como reservató-
• pessoas com doença clinicamente discernível; rios para alguns agentes infecciosos. Como exemplo, pode-se citar:
• portadores. • o fungo (Paracoccidioides brasiliensis) causador da blasto-
micose sul-americana, cujos reservatórios são alguns vegetais ou
Portador é o indivíduo que não apresenta sintomas clinicamen- o solo;
te reconhecíveis de uma determinada doença transmissível ao ser • a bactéria causadora da doença-dos-legionários (Legionellae
examinado, mas que está albergando e eliminando o respectivo pneumophila) tem a água como reservatório, sendo encontrada
agente etiológico. com certa frequência em sistemas de aquecimento de água, tais
como na água de torres de refrigeração existente em sistemas de
Os portadores podem se apresentar de várias formas: circulação de ar, umidificadores, etc.;
• Portador ativo convalescente: pessoa que se comporta como • o reservatório do Clostridium botulinum, produtor da toxina
portador durante e após a convalescença de uma doença infeccio- botulínica, é o solo.
sa. É comum esse tipo de portador entre pessoas acometidas pela
febre tifoide e difteria. Diferença entre vetor e agente etiológico
• Portador ativo crônico: pessoa que continua a albergar o Quando o assunto é uma doença, é importante explicar sua for-
agente etiológico muito tempo após a convalescença da doença. O ma de transmissão, citando seu agente etiológico e, quando houver,
momento em que o portador ativo convalescente passa a crônico é o vetor. Muitas pessoas confundem esses termos, usando-os como
estabelecido arbitrariamente para cada doença. No caso da febre sinônimos, apesar de terem significados bastante distintos.
tifoide, por exemplo, o portador é considerado como ativo crônico
quando alberga a Salmonella thyphi por mais de um ano após ter → O que é vetor?
estado doente. Quando falamos em vetor, referimo-nos a organismos que ser-
• Portador ativo incubado ou precoce: pessoa que se comporta vem de veículo para a transmissão de algum causador de doença.
como portador durante o período de incubação de uma doença. Esse organismo pode ser, por exemplo, um artrópode, como mos-
quitos ou moluscos.

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os vetores podem ser classificados em dois tipos de acordo 4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi
com a Sociedade Brasileira de Parasitologia: vetor biológico e vetor o tema considerado de «pior qualidade» em uma pesquisa da CNI
mecânico. O vetor biológico é aquele que serve de local para a mul- (Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços.
tiplicação de um agente causador de doenças. Já o vetor mecânico Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema
é aquele em que o agente causador da doença não se multiplica e recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de saú-
não se desenvolve nesse local, sendo o vetor apenas uma forma de de) e 31,4% (urgência ou emergência).
transporte. 5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento
No caso das doenças transmitidas por vetores, é impossível do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mun-
a transmissão de uma pessoa para outra. No caso da dengue, por dial é de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média
exemplo, o vírus não é transmitido pelo contato com o doente, sen- no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa
do necessária a picada de um mosquito Aedes aegypti infectado (13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%.
para que a transmissão ocorra. Nesse caso, o mosquito é o vetor. 6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria
Além da dengue, a malária, a doença de chagas, febre amarela, na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de
zika, chikungunya e leishmaniose são exemplos de doenças que são Indicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho Re-
transmitidas por vetores. gional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase 40%
dos recém-formados não passam em seu exame.
→ O que é agente etiológico? 7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das men-
O agente etiológico é o agente causador da doença, aquele que salidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8% das
desencadeia os sinais e sintomas de determinada enfermidade. O queixas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência Na-
termo agente etiológico pode ser usado em substituição a patóge- cional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está «mensa-
no. lidades e reajustes».
Vírus, bactérias, protozoários, fungos, platelmintos e nema- 8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos pla-
telmintos são alguns exemplos de agentes etiológicos. No caso da nos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS,
dengue, por exemplo, o agente etiológico é o vírus da dengue, um foram 15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No es-
arbovírus da família Flaviviridae. tudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço.
→ Diferença entre vetor e agente etiológico 9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde, esse
A diferença entre vetor e agente etiológico é que esse último é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do setor
causa a doença, mas o vetor transporta o agente etiológico. A ma- privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de reclamação
lária, por exemplo, é provocada por protozoários do gênero Plas- no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo a institui-
modium (agente etiológico), que são transmitidos pela picada do ção, foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três meses
mosquito (vetor) do gênero Anopheles infectado. do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações.
10. Discriminação no atendimento: 10,6% da população brasi-
A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado - en- leira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas
frenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou médicos, na rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que aponta a
mensalidades altas, falta de cobertura para diversas doenças e exa- Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%) disse ter
mes. Um levantamento realizado pelo UOL aponta os 10 principais sido maltratada por “falta de dinheiro” e 52,5% em razão da “clas-
problemas enfrentados pelo setor no país. se social”. Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito racial,
1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas 8,1% por religião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto, o
do SUS, segundo destacou o o presidente do TCU, ministro Raimun- percentual poderia ser maior se parte da população LGBT (Lésbicas,
do Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saú- Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deixas-
de), há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que se de buscar auxílio médico por medo de discriminação, revela uma
na Europa, cuja taxa é de 33,3. pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos con-
sultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil apresen- No Brasil, a busca por novas formas de produzir saúde pode ser
identificada em diferentes ações políticas, assistenciais e na forma-
tou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o
ção profissional. Tal contexto se pode perceber a partir da proposta
27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países mais
de dois programas: Programa de Agentes Comunitários de Saúde
bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8).
(PACS), a partir de 1991, e Programa de Saúde da Família (PSF), a
3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de
partir de 1994.
leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no Re-
A adoção de tais propostas representa, de modo geral, uma
clame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados
tentativa de reorganização da atenção à saúde do país, marcada
indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do
pela institucionalização do direito à saúde, como consta no artigo
recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI
196 da Constituição Federal de 1988, no qual a saúde é assim de-
neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade
finida:
Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido me-
leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
entidade. No SUS, a taxa é de 1,5. de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRA-
SIL, 2004).

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, ao garantir a universalidade do acesso, a Constituição A ação dessa estratégia é destinada a cobrir determinadas fa-
Federal intensificou a demanda pelos serviços de saúde, tradicional- mílias a partir da identificação da situação-problema de cada uma
mente centrados no eixo hospitalar, buscando criar estratégias para delas, para garantir uma ação diferenciada e humanizada. E, por ser
reverter o atual modo de atenção. A partir de então, puderam-se o ACS responsável pelo cadastramento das famílias e pelo levan-
identificar várias experiências, em nível local, que priorizam ações tamento de seus perfis sócio-econômico e epidemiológico, enten-
de promoção da saúde e prevenção de agravos, incorporando, em de-se que seu papel é de extrema importância para o incremento
muitas delas, as contribuições da própria população, por meio de do PSF, pois ele é o elemento que circula no território, responsável
sua cultura, no “saber-fazer” os cuidados com sua própria saúde. por uma microárea e por um número determinado de pessoas. Em
Essas experiências influenciaram a concepção dos programas acima média, um ACS é designado para o acompanhamento de até 750
citados (BRASIL, 2004). pessoas.
Em 1991, o Ministério da Saúde propõe o Programa de Agentes O exercício da atividade profissional de Agente Comunitário de
Comunitários de Saúde (PACS) como uma estratégia de implemen- Saúde deve observar a Lei nº 10.507/2002, que cria a profissão de
tação do Sistema Único de Saúde (SUS), que desenvolve atividades Agente Comunitário de Saúde; o Decreto nº 3.189/1999, que fixa as
relacionadas à prevenção e educação nessa área, implantadas prin- diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comunitário de
cipalmente em municípios de baixa densidade populacional. No Saúde; e a Portaria nº 1.886/1997 (do Ministro de Estado da Saúde),
PACS, o enfoque principal é a ampliação da cobertura da atenção que aprova as normas e diretrizes do Programa de Agente Comuni-
básica e a introdução do Agente Comunitário de Saúde (ACS) como tário e do Programa de Saúde da Família.
um trabalhador incumbido de desenvolver ações relacionadas ao Segundo Nascimento e Nascimento (2005), o trabalho do ACS
controle de peso, orientações a grupos específicos de patologias, se produz pelo fato dele pertencer ao mesmo universo do usuário
distribuição de medicamentos, entre outras (CHIESA, FRACOLLI, e, portanto, supostamente compreender esses conflitos. Por essa
2004). mesma razão, a superação dessas dificuldades é, em alguns casos,
Posteriormente, o Ministério da Saúde propõe o Programa de buscada por esse ator a partir de uma perspectiva interior ao uni-
Saúde da Família (PSF), como estratégia de reestruturação do sis- verso de sentido das pessoas da comunidade.
Corroborando Nascimento e Nascimento, para o Ministério
tema, constituindo uma unidade prestadora de serviços e atuando
da Saúde, o agente comunitário é um trabalhador que faz parte da
numa lógica de transformação das práticas de saúde na atenção bá-
equipe de saúde da comunidade onde mora. É uma pessoa prepa-
sica (CHIESA; FRACOLLI, 2004).
rada para orientar famílias sobre cuidados com sua própria saúde
A Saúde da Família vem sendo implantada em todo o Brasil, nos
e também com a da comunidade (BRASIL, 1999). Sem dúvida, esse
últimos anos, e tem garantido a ampliação do acesso e da abran- trabalhador apresenta características especiais, uma vez que atua
gência para uma parcela significativa da população. Passados quin- na mesma comunidade onde vive, tornando mais forte a relação
ze anos de sua implantação, são mais de 180 milhões de pessoas entre trabalho e vida social.
acompanhadas por mais de 234.000 agentes comunitários de saúde O ACS é responsável por um trabalho que toma por base de
em todo o país. No município de Volta Redonda - RJ, no ano de suas ações a vinculação e o conhecimento dos modos e hábitos da
2009, existiam 308 ACS (BRASIL, 2009). população, com ação prática de adentrar no espaço íntimo da fa-
Esse novo ator surge no cenário da saúde do Brasil como in- mília e de identificar naquele espaço os riscos e as necessidades de
tegrante das equipes de Saúde da Família, compostas, no mínimo, saúde. A maior dificuldade desse processo reside no fato da saúde
por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfer- ser, antes de qualquer coisa, uma experiência individual. As formas
magem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, como as pessoas percebem sua saúde, e os meios como cuidam
conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e dela, são tão diversas quanto as diferentes formas de significar e
um técnico em higiene dental (BRASIL, 2007). O ACS, nesse cenário, experimentar a vida (TRAVERSO-YÉPEZ, 2007).
apresenta-se com um papel de destaque na atenção básica, visto A produção do cuidado com a saúde, de um modo geral, en-
que atua como elo entre a equipe de saúde, famílias e usuários. volve um conjunto milenar de saberes e práticas desenvolvidas em
diferentes contextos e efetuadas por diversos grupos, não sendo,
Estratégia reestruturante da Atenção Básica: uma aposta na portanto, nessa perspectiva, uma ação exclusiva de uma categoria
Saúde da Família profissional. Essa produção de cuidado conta, ainda, com várias
No contexto do SUS, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) em- abordagens diagnóstico-terapêuticas. Além disso, a ação do ACS
prega no seu processo de trabalho o planejamento e a programação busca facilitar o processo de cuidar, uma vez que ele pertence à
da oferta de serviços a partir do enfoque epidemiológico, incluindo mesma comunidade que o paciente que recebe o cuidado dispen-
a compreensão dos múltiplos fatores de risco à saúde e a possibi- sado pelo agente.
lidade de intervenção sobre eles a partir de diferentes estratégias, Dessa forma, o cuidado em saúde resulta de processos de
tais como como a promoção da saúde (SAMPAIO; LIMA, 2004). trabalho individuais e coletivos, institucionalizados ou não. Além
Como adiantam os autores, a ESF vai agir de acordo com a disso, envolve relações entre as pessoas, trocas afetivas e de sabe-
res, comunicações e inúmeros atos associados entre si, em que os
necessidade de cada município e área, a partir de uma análise da
cuidadores - sejam eles profissionais, semiprofissionais, quase pro-
situação de saúde da população com a qual se pretende realizar
fissionais, ‘trabalhadores’ ou práticos - passam a produzir modos
as ações de promoção à saúde e de prevenção e tratamento dos
de agir para interferirem no processo saúde-doença, mantendo e
agravos.
restaurando a vida. Utilizam, para tanto, diferentes tecnologias do
cuidado, do campo cientifico e também empírico.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os padrões de precipitação podem ter efeito a curto e em mé-


CONHECIMENTO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS DE CON- dio prazo. O aumento da precipitação tem o potencial de aumentar
TROLE DAS PRINCIPAIS ENDEMIAS o número e a qualidade dos locais de reprodução dos vetores tais
como mosquitos, carrapatos e caramujos. Os extremos de tempera-
tura podem retardar ou acelerar o desenvolvimento e sobrevivên-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em cia dos insetos vetores, assim como o período de incubação extrín-
tópicos anteriores seco de alguns patógenos.
Deve-se considerar que o clima sozinho não pode explicar toda
NOÇÕES BÁSICAS DE DOENÇAS COMO LEISHMANIO- a história natural das doenças transmitidas por artrópodes, mas
SE, DOENÇA DE CHAGAS, DENGUE, MALÁRIA, LEPTOS- que ele é um componente importante na distribuição temporal e
PIROSE, TUBERCULOSE, HEPATITES, RAIVA, MENINGI- espacial desses vetores de doenças tanto limitando a sua propaga-
TE, CHIKUNGUNYA, FEBRE AMARELA E DOENÇAS DE ção quanto influenciando na dinâmica da transmissão.
VEICULAÇÃO HÍDRICA As principais são: malária, leishmaniose, doença de chagas, fe-
bre amarela e dengue.

Este tipo de enfermidade é aquela que não passa diretamente Malária7


de uma pessoa para outra, requer a participação de agentes trans-
missores, geralmente, insetos. São eles os responsáveis pela veicu- Malária ou paludismo é uma doença infecciosa transmitida por
lação biológica de parasitas e microrganismos ao homem e animais mosquitos e provocada por protozoários parasitários do género
domésticos. Plasmodium. A doença é geralmente transmitida através da picada
No Brasil, inúmeras doenças são transmitidas por vetores, com de uma fêmea infectada do mosquito Anopheles, a qual introduz no
destaque para dengue, malária, doença de Chagas, leishmaniose, sistema circulatório do hospedeiro os microorganismos presentes
febre amarela e esquistossomose. Juntas, essas enfermidades cau- na sua saliva, os quais se depositam no fígado, onde maturam e se
sam entre 500 mil e 1 milhão de mortes anualmente. reproduzem.
De acordo com a OMS, a doença mais letal causada por vetor, A malária manifesta-se através de sintomas como febre e do-
é a malária. Estima-se que tenha causado 660 mil mortes em 2010, res de cabeça, que em casos graves podem progredir para coma ou
em sua maioria crianças da África. Entretanto, a patologia que mais morte. A doença encontra-se disseminada em regiões tropicais e
vem crescendo em número de vítimas no mundo é a dengue, cuja subtropicais ao longo de uma larga faixa em redor do equador, en-
incidência aumentou 30 vezes nos últimos 50 anos. globando grande parte da África subsariana, Ásia e América.
No Brasil, o Ministério da Saúde registrou 87 mil notificações Existem cinco espécies de Plasmodium capazes de infectar e
no primeiro bimestre de 2014, contra 427 mil no mesmo período de serem transmitidas entre seres humanos. A grande maioria das
de 2013. A queda também foi observada em relação às ocorrências mortes é provocada por P. falciparum e P. vivax, enquanto que as
graves (84%) e óbitos (95%). P. ovale e P. malariae geralmente provocam uma forma menos
No Brasil, inúmeras são as doenças transmitidas por vetores agressiva de malária e que raramente é fatal. A espécie zoonótica P.
como dengue, malária, doenças de chagas, leishmaniose, febre knowlesi, prevalente no sudeste asiático, provoca malária em maca-
amarela, vírus Oroupouche, Mayaro, filarioses (bancroftose e onco- cos, podendo também provocar infeções graves em seres humanos.
cercose), febre do Oeste do Nilo, encefalites, entre outras. Algumas A malária é prevalente em regiões tropicais e subtropicais de-
destas doenças são amplamente distribuídas no território nacional vido à chuva abundante, temperatura quente e grande quantidade
como a dengue, enquanto outras são restritas a certas regiões do de água estagnada, o que proporciona habitats ideiais para as larvas
país como vírus Oroupouche no Pará. do mosquito.
O ciclo de vida dos vetores, assim como dos reservatórios e A transmissão da doença pode ser combatida através da pre-
hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de doen- venção das picadas de mosquito, usando redes mosquiteiras ou re-
ças, está fortemente relacionado à dinâmica ambiental dos ecos- pelente de insetos, ou através de medidas de erradicação, como o
sistemas onde eles vivem sendo limitadas por variáveis ambientais uso de inseticidas ou o escoamento de águas estagnadas.
como temperatura, precipitação, umidade, padrões de uso e cober- O diagnóstico de malária é geralmente realizado através de
tura do solo. análises microscópicas ao sangue que confirmem a presença do pa-
As evidenciais sugerem que a variabilidade climática interanual rasita ou através testes de diagnóstico rápido para a presença de
e Inter década têm apresentado influência direta sobre a biologia e antigénios.
ecologia de vetores e consequentemente o risco de transmissão das Estão também disponíveis técnicas de diagnóstico que usam
doenças por eles veiculadas. a reação em cadeia da polimerase para detectar ADN do parasita,
Atualmente, a mudança climática tem gerado uma preocupa- embora o seu uso nas regiões endémicas seja pouco comum devido
ção sobre a possível expansão da área atual de incidência de algu- ao seu elevado custo e complexidade.
mas doenças transmitidas por vetores. Um dos maiores efeitos da A Organização Mundial de Saúde estima que em 2010 tenham
mudança climática sobre as doenças vetoriais pode ser observado ocorrido 219 milhões de casos documentados de malária. No mes-
nos eventos extremos, os quais introduzem uma forte flutuação no mo ano, a doença matou entre 660 000 e 1,2 milhões de pessoas,
ciclo das doenças. muitas das quais crianças africanas.

7 https://www.conhecimentogeral.inf.br/paludismo/

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não é possível determinar com precisão o número real de mor- Leishmania9


tes, uma vez que não há dados suficientes para grande parte das
áreas rurais e muitos dos casos não são sequer documentados. A As leishmania são protozoários parasitas de células fagocitárias
malária está associada com a pobreza e pode ser um entrave signi- de mamíferos, especialmente de macrófagos. São capazes de re-
ficativo ao desenvolvimento económico. sistir à destruição após a fagocitose. As formas promastigotas (in-
Não existe vacina eficaz contra a malária, apesar de haver es- fecciosas) são alongadas e possuem um flagelo locomotor anterior,
forços no sentido de desenvolver uma. Estão disponíveis diversos que utilizam nas fases extracelulares do seu ciclo de vida. O amasti-
medicamentos para prevenção da malária em viajantes que se des- gota (intra-celular) não tem flagelo.
loquem a países onde a doença seja endémica. Estão também dis-
poníveis uma série de medicamentos anti-maláricos. Há cerca de 30 espécies patogênicas para o ser humano (CDC).
Os casos graves são tratados com quinino administrado por via As mais importantes são:
intravenosa ou intramuscular. Pode também ser tratada com arte- -As espécies L. donovani, L. infantum infantum, e L. infantum
sunato, um derivado de artemisinina, administrado conjuntamente chagasi que podem produzir a leishmaniose visceral, mas, em casos
com um segundo antimalárico, como a mefloquina, cuja eficácia é leves, apenas manifestações cutâneas;
superior ao quinino tanto em crianças como em adultos. No en- -As espécies L. major, L. tropica, L. aethiopica, L. mexicana, L.
tanto, o parasita tem vindo a desenvolver resistência a alguns dos braziliensis, L. amazonensis e L. peruviana que produzem a leishma-
fármacos anti-maláricos. niose cutânea ou a mais grave, mucocutânea.

Leishmaniose8 Ciclo de vida


O ciclo de vida das espécies é ligeiramente diferente mas há
A leishmaniose é uma doença crônica, de manifestação cutâ- pontos comuns. São libertados no sangue junto com a saliva de
nea ou visceral (pode-se falar de leishmanioses, no plural), causada flebotomíneos, ou flebótomos (em inglês são denominados sand
por protozoários flagelados do gênero Leishmania, da família dos flies), ou Lutzomyia no momento da picada. As leishmanias na for-
Trypanosomatidae. O calazar (leishmaniose visceral) e a úlcera de ma de promastigotas ligam-se por receptores específicos aos ma-
Bauru (leishmaniose tegumentar americana) são formas da doença. crófagos, pelos quais são fagocitadas.
É uma zoonose comum ao cão e ao homem. É transmitida ao Elas são imunes aos ácidos e enzimas dos lisossomas com que
homem pela picada de mosquitos flebotomíneos, que compreen- os macrófagos tentam digeri-las, e transformam-se nas formas
dem o gênero Lutzomyia (chamados de “mosquito palha” ou biri- amastigotas após algumas horas (cerca de 12h). Então começam
gui, espécie brasileira) e Phlebotomus. a multiplicar-se por divisão binária, saindo para o sangue ou linfa
No Brasil existem atualmente 7 espécies de Leishmania respon- por exocitose e por fim conduzem à destruição da célula, invadindo
sáveis pela doença humana, e mais de 200 espécies de flebotomí- mais macrófagos.
neos implicados em sua transmissão. Os amastigotas ingeridos pelos insetos transmissores demoram
Trata-se de uma doença que acompanha o homem desde tem- oito dias ou mais a transformarem-se em promastigotas e multipli-
pos remotos e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um au- carem-se no seu intestino, migrando depois para as probóscides.
mento do número de casos e ampliação de sua ocorrência geográ-
fica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, Leishmaniose visceral
sob diferentes perfis epidemiológicos. Leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar e
Estima-se que, entre 1985 e 2003, ocorreram 523.975 casos febre negra, é a forma mais severa de leishmaniose. É o segundo
autóctones, a sua maior parte nas regiões Nordeste e Norte do maior assassino parasitário no mundo, depois da malária, respon-
Brasil. Em Portugal existe principalmente a leishmaniose visceral e sável de uma estimativa de 60 000 que morrem da doença cada ano
alguns casos (muito raros) de leishmaniose cutânea. Esta raridade é entre milhões de infecções mundiais.
relativa, visto que na realidade o que ocorre é uma subnotificação O parasita migra para os órgãos viscerais como fígado, baço e
dos casos de leishmaniose cutânea. medula óssea e, se deixado sem tratamento, quase sempre resulta-
Uma razão para esta subnotificação é o fato de a maioria dos rá na morte do anfitrião mamífero. Sinais e sintomas incluem febre,
casos de leishmaniose cutânea humana serem autolimitados, em- perda de peso, anemia e inchaço significativo do fígado e baço. De
bora possam demorar até vários meses a resolverem-se. preocupação particular, de acordo com a Organização Mundial de
As leishmania são transmitidas pelos insetos fêmeas dos gêne- Saúde (OMS), é o problema emergente da co-infecção HIV/LV.
ros Phlebotomus (Velho Mundo) ou Lutzomyia (Novo Mundo).
No início do século XX o médico paraense Gaspar Viana iniciou LV humana
estudos sobre a leishmaniose, e a ele atribui-se a descoberta dos Em hospedeiros humanos, a resposta da infecção por L. dono-
primeiros tratamentos para a doença. Essa doença também pode vani varia bastante, não só pela força mas também pelo tipo da re-
afetar o cão ou a raposa, que são considerados os reservatórios da ação imune do paciente.
doença, conforme descoberto e referido pelo médico sanitarista Pacientes que produzem números grandes de células-T do tipo
Thomaz Corrêa Aragão, em 1954. TH1, que ativa a resposta celular mas não encorajam a formação de
anticorpos, frequentemente recuperam-se da infecção e depois são
imunes a uma reinfecção. Pacientes cujos sistemas produzem mais
células do tipo TH2, que promovem apenas a formação de anticor-
pos, são mais afetados.
9 http://medicinaveterinariapmpe.blogspot.com/2010/10/leishmanio-
8 https://pt.slideshare.net/edionescosta3/leishmaniose-55325061 se_6335.html

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na leishmaniose visceral humana, os primeiros sintomas po- A leishmaniose visceral é uma doença mortal de curso lento e
dem ser associados ao descamamento da pele - com destaque para de difícil diagnóstico, pois um cão pode estar infectado e não mos-
regiões em torno do nariz, boca, queixo e orelhas, sendo frequentes trar nenhuns sintomas exteriores.
também no couro cabeludo, onde estes são geralmente confundi- É causada pelo protozoário Leishmania, transmitido pela pica-
dos com caspa; e ao aparecimento de pequenos calombos semies- da de flebótomos (insectos) infectados. O cão é considerado o prin-
féricos sob o couro cabeludo, geralmente sensíveis ao toque. cipal reservatório da doença no meio urbano, mas não o único, já
Tais calombos surgem e desaparecem com frequência sem o homem podem atuar como reservatórios (o que é uma situação
contudo implicarem, de forma geral mas não restritiva, feridas. Não rara).
obstante, por incômodo, estes podem evoluir para lesões mediante Os sintomas no cão são bastante variáveis, sendo comum na
traumas induzidos pelas unhas ou mãos do próprio paciente; tais Leishmaniose cutânea o aparecimento de lesões graves na pele
lesões geralmente cicatrizam-se, contudo, de forma normal. acompanhadas de descamações e, eventualmente, úlceras, falta de
Alterações nos níveis de ácido úrico que não associam-se ade- apetite, perda de peso, lesões oculares (tipo queimaduras), atrofia
quadamente às causas típicas desta anomalia - a exemplo bem no- muscular e, o crescimento exagerado das unhas.
tórias mesmo em pacientes vegetarianos - e que acabam por impli- Em um estágio mais avançado, detecta-se problemas nos rins,
car sintomas muito semelhantes aos da gota - bem como alterações no fígado e no baço, acabando o animal por morrer. Devido à va-
na quantificação de enzimas associadas ao fígado - como a gama riedade e à falta de sintomas específicos, o médico veterinário é o
glutamil transferase e transaminase pirúvica - passam a ser detectá- único profissional habilitado a fazer um diagnóstico da doença.
veis em exames de sangue.
É importante ressaltar que há um grande número de animais
Com a evolução da doença os sintomas mais típicos incluem o
infectados que não apresentam sintomas clínicos (assintomáticos)
aumento do baço ou esplenomegalia, sendo este geralmente tam-
porque a Leishmaniose pode ter uma incubação até 7 anos.
bém acompanhado do aumento do fígado ou hepatomegalia, am-
Mesmo sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde
bos detectáveis via ultrassonografia.
Se deixado sem tratamento a doença evolui para um quadro (OMS) uma das seis maiores epidemias de origem parasitária do
crítico caracterizado por rápido e intenso emagrecimento, dor ab- mundo, focos de leishmaniose visceral canina continua-se expandir
dominal, ausência de apetite, apatia e febre alta, intermitente e no mundo.
crônica - com duração superior a dez dias - fase na qual o paciente
geralmente é levado a procurar o médico. Leishmaniose cutânea
Nesta fase os hemogramas geralmente revelam, entre outras Leishmaniose cutânea é a forma mais comum de leishmanio-
anomalias, os níveis de albumina e contagem de leucócitos signi- se. É uma infecção de pele causada por um parasita unicelular pelo
ficativamente alterados, sendo notórias a anemia e a leucopenia. que é transmitida pelas picadas da mosca de areia. Há aproximada-
A mortalidade da doença nesta etapa é consideravelmente au- mente 20 espécies de Leishmania que podem causar leishmanioses
mentada por estes sintomas serem facilmente confundidos com os cutâneas.
de outras patogenias; nesta fase, se deixada sem tratamento, a do-
ença quase sempre implica a morte do paciente. Leishmaniose mucocutânea
O escurecimento da pele, que deu à doença seu nome comum Leishmaniose mucocutânea é a mais temida forma de leishma-
na Índia, não aparece na maioria dos casos de doença, e os outros niose cutânea porque produz o lesões destrutivas, assim desfigu-
sintomas são muito fáceis de confundir com os da malária. O erro rando a face. É causada frequentemente por Leishmania (Viannia)
no diagnóstico é perigoso, pois, sem tratamento, a taxa de mortali- braziliensis, mas são descritos raramente casos provocados por L.
dade para kala-azar está próxima a 100%. aethiopica.
Humanos e outros animais infectados são considerados reser- O tratamento para a leishmaniose mucocutânea é a combina-
vatórios da doença, uma vez que o mosquito, ao sugar o sangue ção de pentoxifilina e um antimônio pentavalente em dosagens al-
destes, pode transmiti-lo a outros indivíduos ao picá-los. Em região tas durante 30 dias: isto alcança taxas de cura de 90%. Tratamento
rural e de mata, os roedores e raposas são os principais; no ambien- só com antimônio pentavalente não cura 42% dos pacientes, até
te urbano, os cães. Nem todos os cães, quando infectados, apresen- mesmo naqueles que alcançam uma cura aparente, 19% recairá.
tam os sinais da doença (emagrecimento, perda de pelos e lesões
na pele). Áreas endêmicas no Brasil
Algum tempo depois do tratamento pode surgir uma forma se-
No Brasil, o maior número de casos são registrados nas regiões
cundária da [doença], chamada leishmaniose dérmica pós-kala-azar
Norte e Nordeste, onde a precariedade das condições sanitárias fa-
ou LDPK. Esta condição se manifesta primeiro como lesões de pele
vorecem a propagação da doença. Mas o aumento do número de
na face que gradualmente aumentam em tamanho e espalham-se
registros na Região Sudeste mostram que todo o país corre risco de
pelo corpo.
Eventualmente as lesões podem ser desfigurantes, deixando epidemias de Leishmaniose.
cicatrizes semelhantes a lepra e causando cegueira ocasionalmen- O interior paulista tem assistido a um crescimento grande do
te se atingirem os olhos: contudo a doença não é a leishmaniose número de casos. Em 1999, Araçatuba enfrentou uma epidemia.
cutânea, mas uma doença causada por outro protozoário do gênero Birigui e Andradina também registraram alto número de casos da
Leishmania, que também afeta neste estágio a pele. doença. Em 2003, Bauru passou a registrar a doença de forma en-
dêmica. Em todas essas cidades ocorreram óbitos, e há o risco da
LV canina doença chegar a grandes centros urbanos paulistas de forma endê-
Cachorro com leishmaniose visceral exibindo os sintomas típi- mica, como Campinas, Sorocaba, Santos e São Paulo.
cos da espécie.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em Campo Grande, capital sul-matogrossense, a incidência da Movimentos populacionais em grande escala têm expandido as
doença também é alta, principalmente em cães que são frequente- áreas onde os casos da doença de Chagas são encontrados e estes
mente recolhidos pelo poder público e submetidos a eutanásia. Tal passaram a incluir muitos países da Europa e nos Estados Unidos.
atitude tenta conter a doença na cidade, mas nada é feito quanto Essas áreas também têm visto um aumento nos casos até 2014. A
ao combate efetivo do mosquito transmissor. doença foi descrita pela primeira vez em 1909 por Carlos Chagas
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Corumbá, do qual recebeu o nome. Ela afeta mais de 150 outras espécie de
em 2006, 52,43% dos cães da cidade tiveram diagnóstico positivo animais.
para leishmaniose visceral. Em 2004, eram 41,63%, demonstrando Triatoma brasiliensis é um dos principais vetores da doença no
um crescimento significativo. Brasil, está presente em 12 estados.
A leishmaniose é considerada pela DNDi como uma doença Nas áreas endêmicas, o principal mecanismo de transmissão
“extremamente negligenciada”, assim como a doença do sono e é o vetorial, ou seja, através de um inseto vetor da subfamília Tria-
a de doença de Chagas. Isto porque, em razão da prevalência em tominae, principalmente dos gêneros Triatoma, Rhodnius e Pans-
regiões de extrema pobreza, não há interesse por parte da indús- trongylus.
tria farmacêutica em desenvolver novos medicamentos para essas O inseto infecta-se com Trypanosoma cruzi ao alimentar-se de
doenças. sangue de animais ou humanos contaminados. De hábitos notur-
nos, ele esconde-se durante o dia em fendas nas paredes e telha-
Doença de Chagas10 dos, e emerge à noite, quando os habitantes estão dormindo.
Por causa da tendência de picar a face das pessoas, o inseto
A doença de Chagas ou tripanossomíase americana é uma do- é popularmente conhecido como “barbeiro” ou “chupão”. Após a
ença tropical parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma picada e a ingestão de sangue, ele defeca próximo ao local. O pru-
cruzi e transmitida principalmente por insetos da subfamília Triato- rido intenso no local da picada ajuda as formas infectantes de T.
minae. Os sintomas mudam ao longo do curso da infecção. cruzi (denominadas de tripomastigotas), nas fezes, a penetrarem na
Na fase inicial, eles podem não estar presentes ou podem ser: ferida da picadura, mas elas também podem penetrar por mucosas
febre, gânglios linfáticos aumentados, dor de cabeça e inchaço no intactas, como a conjuntival.
local da mordida. Após 8-12 semanas, os indivíduos entram na fase Uma vez dentro do hospedeiro, o tripomastigota invade as cé-
crônica da doença e em 60-70% nunca desenvolvem outros sinto- lulas próximas à inoculação, onde diferenciam-se em amastigotas
mas. Os 30 a 40% restantes apresentam sintomas adicionais de 10 intracelulares. Os amastigotas multiplicam-se por divisão binária e
a 30 anos após a infecção inicial. Isto inclui o alargamento dos ven- diferenciam-se em tripomastigotas, que são liberados na corrente
trículos do coração em 20 a 30% levando a insuficiência cardíaca.
sanguínea, infectando células de tecidos variados, e este ciclo então
A dilatação do esôfago ou o alargamento do cólon também podem
é repetido diversas vezes.
ocorrer em 10% das pessoas. T. cruzi é transmitido para humanos
As manifestações clínicas são resultado deste ciclo infeccioso.
e outros mamíferos principalmente pela via vetorial, através da pi-
Os tripomastigotas circulantes não se replicam (diferente da tripa-
cada de insetos hematófagos da subfamília Triatominae, popular-
nossomíase africana). E a replicação só recomeça quando os parasi-
mente denominados de “barbeiros”. A doença pode também ser
tas entram em outras células ou são ingeridos por outro vetor.
transmitida através de transfusão de sangue, transplante de órgãos,
Como doença caracteristicamente rural, tradicionalmente aco-
ingestão de alimentos contaminados com o parasita e da mãe para
mete pessoas de origem interiorana que habitam ou habitaram ca-
o feto. O diagnóstico precoce da doença é feito pela detecção do
parasita no sangue, utilizando um microscópio. A forma crônica é sas de baixa qualidade, onde o vetor facilmente se aloja e coloniza.
diagnosticada pela presença de anticorpos para T. cruzi no sangue. Vegetação densa (como as das florestas tropicais) e habitats urba-
A prevenção ocorre principalmente pela eliminação dos bar- nos não são ideais para o estabelecimento do ciclo de transmissão
beiros e em evitar suas picadas. Outros esforços de prevenção in- humano.
cluem a triagem do sangue usado para transfusões. Infecções pre- No entanto, em regiões onde o habitat silvestre e sua fauna são
coces são tratáveis com a medicação benznidazol ou nifurtimox. reduzidos pela exploração econômica e ocupação humana, como
Eles quase sempre resultam em cura se forem dados no início, no em áreas recém desmatadas, áreas de cultura da Leopoldinia pias-
entanto, tornam-se menos eficazes quanto mais tempo se passa saba, e algumas partes da região amazônica, um ciclo de transmis-
após contrair a doença. são humano pode desenvolver-se quando os insetos procuram por
Quando utilizados na forma crônica podem retardar ou preve- novas fontes de alimentação.
nir o desenvolvimento de sintomas em fase terminal. Benznidazol T. cruzi pode também ser transmitido por transfusões de san-
e nifurtimox causam efeitos colaterais temporários em até 40% das gue. Com a exceção dos derivados sanguíneos (como anticorpos
pessoas, incluindo doenças de pele, toxicidade cerebral e irritação fracionados), todos os componentes do sangue são infecciosos. O
do sistema digestório. parasita permanece viável a 4°C por até no mínimo 18 dias ou mais
Estima-se que 7 000 000-8 000 000 pessoas, sobretudo no de 250 dias quando mantido em temperatura ambiente. Não está
México, América Central e América do Sul, têm a doença de Cha- claro se o T. cruzi pode ser transmitido por meio de componentes
gas. Isso resulta em cerca de 12 500 mortes por ano desde 2006. A do sangue congelados e descongelados.
maioria das pessoas com a doença são indivíduos de baixa renda e Outros modos de transmissão incluem o transplante de órgãos,
grande parte das pessoas com a doença não percebem que estão amamentação e por exposição laboratorial acidental A doença de
infectadas. Chagas também pode ser passada de uma mulher grávida para seu
filho (transmissão congênita) através da placenta, com uma preva-
10 https://pt.slideshare.net/professorajulianafigueirdocamara/feira-da-cul-
lência entre as gestantes na América do Sul de 4 a 64,4%, com 0,1 a
tura 7% destas mulheres transmitindo a infecção para os fetos.

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Essa forma de transmissão constitui um problema em ascensão 20% a 50% dos indivíduos com envolvimento intestinal também
na saúde pública e é uma das responsáveis pela urbanização dos exibem acometimento cardíaco. Mais de 10% das pessoas cronica-
casos e pela disseminação da doença em áreas não endêmicas. mente infectadas desenvolvem neurite, que resulta em alterações
A transmissão oral é uma via pouco frequente de infecção, mas sensoriais e dos reflexos tendinosos. Casos isolados exibem envol-
tem sido descrita. Em 1991, trabalhadores rurais no estado da Para- vimento do sistema nervoso central, incluindo demência, confusão,
íba, Brasil, foram infectados ao ingerir comida contaminada; trans- encefalopatia crônica e perdas sensoriais e motoras.
missão também foi documentada pela ingestão de suco de açaí e As manifestações clínicas da doença de Chagas se devem à
caldo de cana infectados. Um surto em 2007 em 103 crianças numa morte de células nos tecidos envolvidos no ciclo infeccioso do para-
escola na Venezuela foi atribuído a contaminação do suco de guava sita, induzindo a respostas inflamatórias, lesões celulares e fibrose.
A doença de Chagas é um problema emergente na Europa, Por exemplo, o amastigoto intracelular destrói os neurônios intra-
por causa da grande maioria dos casos de infecção crônica serem murais do sistema nervoso autônomo do intestino e do coração, le-
assintomáticos e por causa de migrantes provenientes da América vando ao megacólon e aos aneurismas cardíacos, respectivamente.
Latina. Se não tratada, a doença de Chagas pode ser fatal, na maioria
dos casos por danificação do tecido muscular cardíaco.
Sinais e sintomas Há uma considerável variação geográfica na ocorrência das
A doença apresenta dois estágios em seres humanos: uma fase complicações cardíacas e de dilatações gastrointestinais em pacien-
aguda, que ocorre pouco tempo após a infecção, e uma fase crônica
tes com doença de Chagas crônica.
que se desenvolve ao longo de muitos anos.
Na maioria dos países da América do Sul, as dilatações são
A fase aguda ocorre durante as primeiras semanas ou meses
quase tão comuns quanto o comprometimento cardíaco. Mas na
desde a infecção. Geralmente, ela não é notada por ser assintomá-
Colômbia, Venezuela, América Central e México as dilatações são
tica ou por exibir apenas sintomas moderados que não são únicos
da doença de Chagas. praticamente desconhecidas. Não se sabe se fatores do hospedeiro
Os sintomas podem incluir febre, fadiga, dor no corpo, dor de ou diferenças nas cepas do parasita causariam estes diferentes pa-
cabeça, exantema, perda de apetite, diarreia e vômitos. drões de expressão clínica da doença.
Os sinais no exame físico podem incluir aumento moderado do
fígado, do baço e de linfonodos, e inchaço no local da picada do Febre Amarela
barbeiro (o chagoma).
O marcador mais conhecido da fase aguda da doença de Cha- A febre amarela , também conhecida como Barbarose (Babo-
gas é chamado sinal de Romaña. O sinal é caracterizado pelo edema nis Amarelus), é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos
das pálpebras do mesmo lado do rosto em que se localiza a ferida contaminados por um flavivírus e ocorre na América Central, na
produzida pela picada do barbeiro, onde as fezes foram deposita- América do Sul e na África. No Brasil no período de 1980 a 2004,
das pelo inseto ou mesmo quando acidentalmente esfregadas para foram confirmados 662 casos de febre amarela silvestre, com ocor-
dentro do olho. rência de 339 óbitos, representando uma taxa de letalidade de 51%
Raramente, crianças e adultos morrem durante a fase aguda da no período.
doença, porém pode ocorrer uma grave inflamação do músculo car- No Brasil, a febre amarela pode ser adquirida em áreas silves-
díaco (miocardite) ou do cérebro (meningoencefalite), que colocam tres e rurais de regiões como Norte e Centro-Oeste, além de parte
a vida em risco. A fase aguda também pode ser grave em pessoas do Sudeste, Nordeste e Sul.
com o sistema imunitário comprometido. Ou seja, o indivíduo entra em regiões onde exista o mosquito
Se houver o desenvolvimento de sintomas durante a fase agu- Haemagogus janthinomys e, consequentemente, sofre a possibi-
da, eles geralmente se resolvem espontaneamente dentro de três a lidade de ser picado por algum desses mosquitos já afetado pelo
oito semanas em aproximadamente 90% dos indivíduos. Embora os vírus, que possivelmente fora contraído pela picada em um ser já
sintomas se resolvam, mesmo com o tratamento, a infecção persis- portador, como um bugio ou outros tipos de macacos, e, em segui-
te e entra em sua fase crônica. da, o mosquito pica a pessoa que ainda não teve a doença nem foi
Dos indivíduos com doença de Chagas crônica, 60–80% jamais vacinado e, portanto, não adquiriu defesas para combater o vírus.
desenvolverão sintomas (chamada doença de Chagas crônica inde- Nas cidades o vetor da febre amarela é o Aedes aegypti, o mes-
terminada), enquanto 20–40% desenvolverão sintomas cardíacos
mo que transmite a dengue. Desde 1942 a febre amarela é consi-
e/ou problemas digestivos (chamada doença de Chagas crônica de-
derada erradicada em áreas urbanas do Brasil, para que a situação
terminada). Em 10% dos indivíduos, a doença progride diretamen-
se mantenha assim é fundamental o controle deste mosquito e a
te da fase aguda para uma forma clínica sintomática da doença de
vacinação das pessoas que vivem em áreas endêmicas.
Chagas.
A doença crônica sintomática (determinada) afeta vários siste- O vírus da febre amarela pertence à família dos flavivírus, e o
mas do organismo, como nervoso, digestório e cardíaco. Cerca de seu genoma é de RNA simples de sentido positivo (pode ser usado
dois terços das pessoas com sintomas crônicos apresentam danos diretamente como um RNA para a síntese proteica). Produz cerca
ao coração, incluindo a miocardiopatia dilatada, que causa anorma- de 10 proteínas, sendo 7 constituintes do seu capsídeo, e é envolvi-
lidades do ritmo cardíaco e pode resultar em morte súbita. do por envelope bilipídico.
Cerca de um terço dos pacientes apresenta danos ao sistema Multiplica-se no citoplasma e os virions descendentes invagi-
digestório, resultando em dilatação do trato digestivo (megacólon nam para o retículo endoplasmático da célula-hóspede, a partir do
e megaesôfago), acompanhados de grave emagrecimento. A difi- qual são depois exorcistados. Tem cerca de 50 nanômetros de diâ-
culdade de deglutição (secundária à acalásia) pode ser o primeiro metro.
sintoma dos distúrbios digestivos e pode levar à desnutrição.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Muitos danos são causados pelos complexos de anticorpos pro- Nos primeiros seis meses deste ano, 84.535 pessoas tive-
duzidos. O grande número de vírus pode produzir massas de anti- ram dengue, enquanto que, em 2003, as notificações chegaram a
corpos ligados a inúmeros vírus e uns aos outros que danificam o 299.764. Saiba qual é a situação atual da dengue no Brasil e o que
endotélio dos vasos, levando a hemorragias. tem sido feito para sua erradicação.
Os vírus infectam principalmente os macrófagos, que são célu- Dengue é a enfermidade causada pelo vírus da dengue, um ar-
las de defesa do nosso corpo. bovírus da família Flaviviridae, gênero Flavivírus, que inclui quatro
tipos imunológicos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por
Vetores um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e imuni-
Aedes aegypti, Aedes albopictus e o Haemagogus janthinomys dade parcial e temporária contra os outros três.
são os vetores intermediários do vírus da febre amarela. A dengue tem, como hospedeiro vertebrado, o homem e ou-
Nas áreas urbanas, o Aedes aegypti é o principal vetor, trans- tros primatas, mas somente o primeiro apresenta manifestação
mitindo o vírus da febre amarela de 9 a 12 dias após ter picado uma clínica da infecção e período de viremia de aproximadamente sete
pessoa infectada. Esse intervalo, chamado de período de incubação dias. Nos demais primatas, a viremia é baixa e de curta duração.
extrínseca, varia de acordo com a temperatura, sendo menor quan- O vírus da dengue, provavelmente, se originou de vírus que
to maior for a temperatura. circulavam em primatas na proximidade da península da Malásia.
Embora não tenha participação comprovada na transmissão do O crescimento populacional aproximou as habitações da região à
vírus amarílico, o Aedes albopictus apresenta ampla valência ecoló- selva e, assim, mosquitos transmitiram vírus ancestrais dos prima-
gica, adaptando-se aos ambientes rurais, peri-urbanos e urbanos. tas aos humanos que, após mutações, originaram nossos quatro
Essa característica lhe confere destaque pela possibilidade de fazer diferentes tipos de vírus da dengue.
a ponte entre os ciclos silvestre e urbano de transmissão. Provavelmente, o termo dengue é derivado da frase swahili “ki
A fêmea do mosquito põe seus ovos em qualquer recipien- dengupepo”, que descreve os ataques causados por maus espíritos
te que contenha água limpa, como caixas d’água, cisternas, latas, e, inicialmente, usado para descrever a enfermidade que acometeu
pneus, cacos de vidro, vasos de plantas, etc. As bromélias, que os ingleses durante a epidemia que afetou as Índias Ocidentais Es-
acumulam água na parte central, chamada de aquário, são um dos panholas em 1927-1928. Foi trazida para o continente americano a
principais criadouros nas áreas urbanas. partir do Velho Mundo, com a colonização no final do século XVIII.
Os ovos ficam aderidos e sobrevivem mesmo que o recipiente Entretanto, não é possível afirmar, pelos registros históricos,
fique seco. A substituição da água, mesmo sendo feita com frequ- que as epidemias foram causadas pelos vírus da dengue, visto que
ência, é ineficiente. Dos ovos surgem as larvas, que depois de algum
seus sintomas são similares aos de várias outras infecções, em es-
tempo na água, vão formar novos mosquitos adultos.
pecial, a febre amarela.
O Aedes aegypti e o Aedes albopictus transmitem também a
Atualmente, a dengue é a arbovirose mais comum que atinge o
dengue. Um inseticida altamente eficiente contra esses mosquitos
homem, sendo responsável por cerca de 100 milhões de casos/ano
é o DaT. No entanto seu uso é controlado já que pode causar câncer.
em população de risco de 2,5 a 3 bilhões de seres humanos. A fe-
Nas áreas rurais e silvestres, os mosquitos vetores do vírus da
bre hemorrágica da dengue (FHD) e síndrome de choque da dengue
febre amarela pertencem aos gêneros Haemagogus e Sabethes. A
(SCD) atingem pelo menos 500 mil pessoas/ano, apresentando taxa
espécie que mais se destaca é o Haemagogus janthinomys, embora
de mortalidade de até 10% para pacientes hospitalizados e 30%
o Haemagogus leucocelaenus tenha ganhado importância na úl-
para pacientes não tratados.
tima década, assumindo a condição de vetor primário em alguns
Estados. A dengue é endêmica no sudeste asiático e tem originado epi-
demias em várias partes da região tropical, em intervalos de 10 a 40
Dengue anos. Uma pandemia teve início na década dos anos 50 no sudeste
asiático e, nos últimos 15 anos, vem se intensificando e se propa-
A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no gando pelos países tropicais do sul do Pacífico, África Oriental, ilhas
mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre do Caribe e América Latina.
50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente, em mais de Epidemias da forma hemorrágica da doença têm ocorrido na
100 países, de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 Ásia, a partir da década de 1950, e no sul do Pacífico, na dos 80.
mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em con- Entretanto, alguns autores consideram que a doença não seja tão
sequência da dengue. recente, podendo ter ocorrido nos EUA, África do Sul e Ásia, no fim
Em nosso país, as condições socioambientais favoráveis à ex- do século XIX e início do XX.
pansão do Aedes aegypti possibilitaram a dispersão do vetor desde Durante a epidemia que ocorreu em Cuba, em 1981, foi rela-
sua reintrodução em 1976 e o avanço da doença. Essa reintrodução tado o primeiro de caso de dengue hemorrágica, fora do sudeste
não conseguiu ser controlada com os métodos tradicionalmente da Ásia e Pacífico. Este foi considerado o evento mais importante
empregados no combate às doenças transmitidas por vetores em em relação à doença nas Américas. Naquela ocasião, foram notifi-
nosso país e no continente. cados 344.203 casos clínicos de dengue, sendo 34 mil casos de FHD,
Programa essencialmente centrados no combate químico, com 10.312 das formas mais severas, 158 óbitos (101 em crianças). O
baixíssima ou mesmo nenhuma participação da comunidade, sem custo estimado da epidemia foi de US$ 103 milhões.
integração intersetorial e com pequena utilização do instrumental Entre 1995 e o início de 2001, foram notificados à Organiza-
epidemiológico mostraram-se incapazes de conter um vetor com ção Pan-Americana da Saúde - OPAS, por 44 países das Américas,
altíssima capacidade de adaptação ao novo ambiente criado pela 2.471.505 casos de dengue, dentre eles, 48.154 da forma hemor-
urbanização acelerada e pelos novos hábitos. rágica e 563 óbitos.

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Brasil, o México, a Colômbia, a Venezuela, a Nicarágua e Hon- Podem também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas
duras apresentaram número elevado de notificações, com pequena graves, geralmente aparece icterícia (pele e olhos amarelados), san-
variação ao longo do período, seguidos por Costa Rica, El Salvador, gramento e alterações urinárias. Pode haver necessidade de inter-
Guatemala, Panamá, Porto Rico, Guiana Francesa, Suriname, Jamai- nação hospitalar.
ca e Trinidad & Tobago. Nota-se a quase ausência de casos nos EUA, O período de incubação, ou seja, tempo que a pessoa leva para
que notificaram somente sete, em 1995. A Argentina compareceu a manifestar os sintomas desde a infecção da doença, pode variar de
partir de 1998 e o Paraguai, a partir de 1999. 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição
Os casos de dengue hemorrágica e óbitos acompanham a dis- a situações de risco.
tribuição descrita acima, e parece não terem relação com os soro-
tipos circulantes. No Brasil, os sorotipos registrados foram o 1 e o Quais são as complicações da Leptospirose?
2. Somente no ano de 2000 registrou-se o sorotipo 3. A Guatemala Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose,
notificou a circulação dos quatro sorotipos, com baixo número de ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que tipica-
casos graves e óbitos. mente iniciam-se após a primeira semana de doença, mas que pode
ocorrer mais cedo, especialmente em pacientes com apresentações
Vetores e transmissão fulminantes. A manifestação clássica da leptospirose grave é a sín-
A transmissão se faz pela picada da fêmea contaminada do drome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência
mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus, pois o macho se ali- renal e hemorragias, mais comumente pulmonar.
menta apenas de seiva de plantas. No Brasil, ocorre na maioria das Entretanto, essas manifestações podem se apresentar conco-
vezes por Aedes aegypti. Após um repasto de sangue infectado, o mitantemente ou isoladamente na fase tardia da doença. A síndro-
mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de me de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar
incubação extrínseca. aguda e sangramento pulmonar maciço e vem sendo cada vez mais
A transmissão mecânica também é possível, quando o repasto reconhecida no Brasil como uma manifestação distinta e importan-
é interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hos- te da leptospirose na fase tardia. Enquanto a letalidade média para
pedeiro susceptível próximo. Um único mosquito desses em toda a os casos de leptospirose confirmados no Brasil é de 9%, a letalidade
sua vida (45 dias em média) pode contaminar até 300 pessoas. para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior
Não há transmissão por contato direto de um doente ou de que 50%.
suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou A icterícia é considerada um sinal característico e tipicamen-
alimento. Na Ásia e África alguns macacos silvestres podem contrair te apresenta uma tonalidade alaranjada muito intensa (icterícia
dengue e assim serem usados como vetores, porém na América do rubínica) e geralmente aparece entre o 3º e o 7º dia da doença.
Sul os macacos demonstraram baixa viremia, provavelmente insufi- A presença de icterícia é frequentemente usada para auxiliar no
ciente e não há estudos comprovando eles como vetores. diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognósti-
co, devido à sua associação com a síndrome de Weil. No entanto, é
O que é Leptospirose? importante notar que manifestações graves da leptospirose, como
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem a hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pa-
pela urina de roedores, principalmente por ocasião das enchentes. cientes anictéricos.
A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presen-
te na urina de ratos e outros animais (bois, porcos, cavalos, cabras, O comprometimento pulmonar da leptospirose se expressa
ovelhas e cães também podem adoecer e, eventualmente, transmi- com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptóica e, ocasional-
tir a leptospirose ao homem). mente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca denota extrema
A doença apresenta elevada incidência em determinadas áre- gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando a insuficiência
as, alto custo hospitalar e perdas de dias de trabalho, além do risco respiratória – síndrome da hemorragia pulmonar aguda e síndrome
de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua da angústia respiratória aguda (SARA) – e óbito.
ocorrência está relacionada às precárias condições de infraestrutu- Por outro lado, na maioria dos pacientes, a hemorragia pulmo-
ra sanitária e alta infestação de roedores infectados. nar maciça não é identificada até que uma radiografia de tórax seja
Sinonímia: Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pânta- realizada ou que o paciente seja submetido à intubação orotraque-
nos, febre dos arrozais, febre outonal, doença dos porqueiros, tifo al. Assim, os médicos devem manter uma suspeição para a forma
canino e outras. Atualmente, evita-se a utilização desses termos, pulmonar grave da leptospirose em pacientes que apresentem fe-
por serem passíveis de confusão. bre e sinais de insuficiência respiratória, independentemente da
IMPORTANTE: As inundações propiciam a disseminação e a presença de hemoptise.
persistência do agente causal no ambiente, facilitando a ocorrência Além disso, a leptospirose pode causar uma síndrome da an-
de surtos. gústia respiratória aguda na ausência de sangramento pulmonar.
A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica,
Quais são os sintomas da Leptospirose? frequentemente em associação com trombocitopenia. Além de
Os principais da leptospirose são: sangramento nos pulmões, os fenômenos hemorrágicos podem
-febre; ocorrer na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais
-dor de cabeça; de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos
-dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. internos, inclusive no sistema nervoso central. A insuficiência renal
aguda é uma importante complicação da fase tardia da leptospirose
e ocorre em 16 a 40% dos pacientes.

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal Diagnóstico laboratorial


aguda, caracterizada geralmente por ser não oligúrica e hipocalê-
mica, devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais Exames específicos
proximais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva
de potássio. Durante esse estágio inicial, o débito urinário é nor- em que se encontra o paciente. Na fase precoce, as leptospiras po-
mal a elevado, os níveis séricos de creatinina e uréia aumentam e o dem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto, de cul-
paciente pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. Com a tura em meios apropriados, inoculação em animais de laboratório
perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvol- ou detecção do DNA do microrganismo, pela técnica da reação em
vem insuficiência renal oligúrica, devido à azotemia pré-renal. Nes- cadeia da polimerase (PCR). A cultura somente se finaliza (positiva
se estágio, os níveis de potássio começam a subir para valores nor- ou negativa) após algumas semanas, o que garante apenas um diag-
mais ou elevados. Devido à perda contínua de volume, os pacientes nóstico retrospectivo.
podem desenvolver necrose tubular aguda e não irão responder à Na fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas na uri-
reposição intravascular de fluidos, necessitando o início imediato na, cultivadas ou inoculadas. Pelas dificuldades inerentes à reali-
de diálise para tratamento da insuficiência renal aguda. zação dos exames anteriormente citados, os métodos sorológicos
são consagradamente eleitos para o diagnóstico da leptospirose. Os
Outras manifestações frequentes na forma grave da leptospi- mais utilizados no país são o teste ELISA-IgM e a microaglutinação
rose são: (MAT). Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, pertencen-
-miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias; tes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública.
-agravadas por distúrbios eletrolíticos; Exames complementares de maior complexidade ou não dis-
-pancreatite; ponibilizados nos Lacen podem ser solicitados através dos mesmos
-anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alu- ao Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose (ex.: imu-
cinações e sinais de irritação meníngea. nohistoquímica, técnicas baseadas em PCR e tipagem de isolados
clínicos).
A leptospirose é uma causa relativamente frequente de menin-
gite asséptica. Menos frequentemente ocorrem encefalite, parali- Exames inespecíficos
sias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais Exames iniciais e de seguimento –hemograma e bioquímica
de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT,
radiculite, síndrome de Guillain-BarréGuillain-Barré e mielite. fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). Se necessário, também devem
IMPORTANTE: Os casos da “forma pulmonar grave da leptospi- ser solicitados: radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e ga-
rose” podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, hemorra- sometria arterial. Nas fases iniciais da doença, as alterações labo-
gia maciça ou síndrome de angústia respiratória do adulto. Muitas ratoriais podem ser inespecíficas. Alterações mais comuns nos exa-
vezes precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. O óbito mes laboratoriais, especialmente na fase tardia da doença.
(morte) pode ocorrer nas primeiras 24 horas de internação.
Como a Leptospirose é transmitida? Como prevenir a Leptospirose?
A Leptospirose é transmitida durante as enchentes, a urina dos A prevenção da Leptospirose ocorre por meio de medidas
ratos, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à como:
lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas sus-
infectar-se. As leptospiras penetram no corpo pela pele, principal- peitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água,
mente por arranhões ou ferimentos, e também pela pele íntegra, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais,
imersa por longos períodos na água ou lama contaminada. O con- coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza
tato com esgotos, lagoas, rios e terrenos baldios também pode pro- e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o
piciar a infecção. controle de roedores.
É importante evitar o contato com água ou lama de enchentes
Como é feito o diagnóstico da Leptospirose? e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas
Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de
clínico, os principais diagnósticos diferenciais são: esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos
duplos amarrados nas mãos e nos pés).
Fase precoce –dengue, influenza (síndrome gripal), malária, ri- A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptos-
quetsioses, doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, piras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um
entre outras doenças. litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservató-
Fase tardia –hepatites virais agudas, hantavirose, febre amare- rio. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram
la, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifóide, endocardite, em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2
riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros
aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite de água, deixando agir por 15 minutos.
aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome he- Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado
patorrenal, síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluin- do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e ve-
do lúpus eritematoso sistêmico, dentre outras. dação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas
e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por
técnicos devidamente capacitados.

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ações de prevenção de doenças infecto contagiostas em situ- Notificar todo caso suspeito da doença, para o desencadea-
ações emergenciais mento de ações de prevenção e controle;
Realizar tratamento oportuno de todo caso suspeito.
I - Vacinação
Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose O uso de quimioprofilaxia não é recomendado pela SVS/MS
no Brasil. A vacinação de animais domésticos e de produção (cães, como medida de prevenção em saúde pública, em casos de expo-
bovinos e suínos), disponível em serviços particulares, evita que es- sição populacional em massa, por ocasião de desastres naturais
tes adoeçam e transmitam a doença por aqueles sorovares que a como enchentes.
vacina protege, ficando a critério do proprietário, vacinar ou não o Nestas situações de desastres naturais como enchentes, a
animal, sendo válida como estratégia de proteção individual. orientação para profissionais de saúde, militares e de defesa civil
que se expuserem ou irão se expor a situações de risco, durante
II - Quimioprofilaxia para leptospirose operações de resgate, é utilizar Equipamentos de Proteção Individu-
Qualquer indivíduo que entrou em contato com a água ou lama al (EPI) e ampliar o grau de alerta sobre o risco da doença entre os
das enchentes é passível de se infectar e manifestar sintomas da expostos, de forma a permitir o diagnóstico precoce de pacientes e
doença, configurando-se uma situação em que não há indicação tratamento oportuno.
técnica para a realização da quimioprofilaxia contra a leptospirose,
como medida de saúde pública. Esta tem indicação apenas quando Como é feito o tratamento da Leptospirose?
um grupo pequeno e bem identificado é exposto a uma situação de Os casos leves de leptospirose são tratados em ambulatório,
risco. Na situação atualmente encontrada nas áreas com ocorrência mas os casos graves precisam ser internados. A automedicação não
de enchentes, as medidas a serem adotadas são as seguintes: é indicada, pois pode agravar a doença. Ao suspeitar da doença, a
-Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável; recomendação é procurar um médico e relatar o contato com ex-
-Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos
posição de risco.
suspeitos de leptospirose; tendo em vista que o período de incu-
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da do-
bação da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 após a
ença, mas sua eficácia parece ser maior na 1ª semana do início dos
exposição);
sintomas. A reação de Jarisch-Herxheimer, embora seja relatada em
-Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença, con-
forme a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de pacientes com leptospirose, é uma condição rara e que não deve
2017; inibir o uso de antibióticos. É caracterizada pelo início súbito de fe-
-Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos. bre, calafrios, cefaleia, mialgia, exacerbação de exantemas e, em
algumas vezes, choque refratário a volume, decorrente da grande
Alerta para vigilâncias epidemiológicas em situações emer- quantidade de endotoxinas liberada pela morte de bactérias espi-
genciais roquetas, após o início da antibioticoterapia.
Em todos os anos, nos meses de verão, uma das principais De grande relevância no atendimento dos casos moderados
ocorrências epidemiológicas após as inundações é o aumento do e graves, as medidas terapêuticas de suporte devem ser inicia-
número de casos de leptospirose. Diante disso, visando alertar as das precocemente com o objetivo de evitar complicações e óbito,
vigilâncias epidemiológicas das Secretarias Estaduais e Municipais principalmente as complicações renais: reposição hidroeletrolítica,
de Saúde, sobre condutas em situações de desastres naturais como assistência cardiorespiratória, transfusões de sangue e derivados,
enchentes, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da nutrição enteral ou parenteral, proteção gástrica, etc. O acompa-
Saúde (SVS/MS) informa: nhamento do volume urinário e da função renal são fundamentais
Em situações de desastres naturais como enchentes, os indiví- para se indicar a instalação de diálise peritoneal precoce, o que re-
duos ou grupos de pessoas que entraram em contato com lama ou duz o dano renal e a letalidade da doença.
água, por elas contaminadas, podem se infectar e manifestar sinto-
mas da doença. Situação epidemiológica da Leptospirose
Nos desastres naturais, as seguintes recomendações devem ser No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-
adotadas: -se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais
Divulgar informes sobre o risco de leptospirose para a popula- e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglome-
ção exposta à enchente; ração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de
Divulgar informes sobre a necessidade de avaliação médica saneamento e à alta infestação de roedores infectados. Algumas
para todo indivíduo exposto a enchente que apresente febre, mial- profissões facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhado-
gia, cefaléia ou outros sintomas clínicos no período de até 30 dias res em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de
após contato com lama ou águas de enchente;
lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores,
Divulgar informes sobre medidas potenciais para evitar novas
militares e bombeiros, dentre outros. Contudo, a maior parte dos
ou continuadas exposições a situações de risco de infecção;
casos ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em
Alertar os profissionais de saúde sobre a possibilidade de ocor-
locais com infraestrutura sanitária inadequada e expostas à urina
rência da doença na localidade de forma a aumentar a capacidade
diagnóstica; de roedores.
Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos Existem registros de leptospirose em todas as unidades da fe-
suspeitos de leptospirose, tendo em vista que o período de incuba- deração, com um maior número de casos nas regiões sul e sudeste.
ção da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 dias após
exposição);

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A doença apresenta uma letalidade média de 9%. Entre os ca- Diagnóstico diferencial
sos confirmados, o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 a) Forma anictérica - Gripe, febre tifóide, septicemias por ger-
anos estão entre os mais atingidos, embora não exista uma predis- mes gram negativo, dengue, apendicite aguda, colecistite aguda,
posição de gênero ou de idade para contrair a infecção. Quanto às malária, pielonefrite aguda, toxoplasmose;
características do local provável de infecção (LPI), a maioria ocorre b) Forma ictérica - Formas ictéricas da febre tifóide, sepse por
em área urbana, e em ambientes domiciliares. germes gram negativos, febre amarela, hepatites, H. Lábrea, malá-
ria por P. falciparum, entre outras.
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença infecciosa aguda de caráter epidêmico, com Tratamento - Penicilina G cristalina, de 6 a 12 milhões de uni-
envolvimento sistêmico, causado por espiroquetas do gênero Lep- dades ao dia, em 4 doses, por 10 dias, ou tetraciclina 2g ao dia para
tospira. Tem início abrupto e seu espectro clínico pode variar des- adultos antes do 5º dia de doença, depois de então, não alteram
de um processo inaparente até formas graves. A forma sub-clínica curso clínico. Os alérgicos às penicilinas podem usar ceftriaxona.
pode simular “síndrome gripal”. A forma anictérica representa 60 a Medidas de suporte, como reposição hidroeletrolítica por via en-
70% dos casos e apresenta 2 fases: dovenosa, oxigenioterapia. Em pacientes que desenvolvem insufi-
a) Fase septicêmica - Caracterizada por hepatomegalia e, mais ciência renal, indica-se a instalação de diálise peritoneal precoce
raramente, esplenomegalia, hemorragia digestiva alta, mialgia que (aos primeiros sinais de oligúria) e que diminui significativamente
envolve panturrilhas, coxa, abdome e musculatura paravertebral, as taxas de letalidade da doença.
fotofobia, dor torácica, tosse seca, com ou sem hemoptóicos, exan- Características epidemiológicas - É uma zoonose cosmopolita
temas maculares, máculo-papulares, urticariformes ou petéquias, que se constitui problema de saúde pública. Enchentes e chuvas
hiperemia de mucosas com duração de 4 a 7 dias; fortes contribuem, nos países tropicais e subtropicais, para o conta-
b) Fase imune - Quando há cefaléia intensa, vômitos e sinais de to do homem com águas contaminadas, urina do roedor, favorecen-
irritação meníngea, uveíte, com duração de 1 a 3 semanas. A forma do o aparecimento de surtos da doença humana. No Brasil, a maior
ictérica, Doença de Weil, evolui com insuficiência renal, fenômenos parte dos casos está ligada às condições de vida da população. Toda
hemorrágicos e alterações hemodinâmicas. Os sintomas são mais a população é suscetível e os principais grupos etários afetados são
intensos que a forma anictérica, com duração de 1 a 3 semanas, e dos 20 aos 49 anos. Algumas profissões facilitam o contato com as
taxas de letalidade de 5 a 20%. leptospiras, como veterinários, pescadores, caçadores, agricultores,
Sinonímia -Febre dos pântanos, febre outonal, febre dos sete bombeiros, entre outras.
dias, doença dos porqueiros, tifo canino.
Agente etiológico - Leptospiras, microorganismos da família VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Espiroquetídeos e compreendem duas espécies L. interrogans e L. Objetivos - Orientar e adotar as medidas de prevenção da do-
biflexa. ença, particularmente antes dos períodos das grandes chuvas, em
Reservatório - Os roedores são os principais reservatórios da áreas de ocorrência cíclica; tratamento adequado dos pacientes
doença, principalmente os domésticos; atuam como portadores graves, visando diminuir a letalidade da doença.
outros animais bovinos, ovinos e caprinos. Notificação - Não é doença de notificação compulsória nacio-
Modo de transmissão - Pelo contato com água ou solo conta- nal. Os profissionais devem observar as normas de seu estado e
minados pela urina dos animais portadores, mas raramente pelo município.
contato direto com sangue, tecido, órgão e urina de animais infec-
tados. A penetração da leptospira se dá através da pele lesada ou Definição de caso
mucosas, mas também pode ocorrer através da pele íntegra quan- a) Suspeito - Indivíduo que apresenta sinais e sintomas sugesti-
do imersa em água por longo tempo. vos da doença, principalmente com febre, mialgia em panturrilhas,
Período de incubação - Variável de 3 a 13 dias, podendo durar com diminuição do volume urinário, heperemia de conjuntivas, ic-
até 24 dias. terícia, fenômenos hemorrágicos e síndrome de Weil (alterações
Período de transmissibilidade - É rara a infecção inter-humana. hepáticas, renais e vasculares) ou aquele que apresenta processo
Complicações - Hemorragia digestiva e pulmonar maciça, pneu- infeccioso inespecífico com antecedente epidemiológico sugestivo.
monia intersticial, insuficiência renal aguda, distúrbios do equilíbrio Consideram-se antecedentes epidemiológicos : exposição a en-
hidroeletrolítico e ácidobásico, colapso cardiocirculatório, insufici- chentes ou outras coleções hídricas potencialmente contaminadas
ência cardíaca congestiva, com falência de múltiplos órgãos e mor- como córregos, fossas, lagos e rios; exposição a esgoto, fossa ou
te. manilhas de esgoto contaminadas com urina de roedores; ativida-
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico e laboratorial. A suspeita des que envolvam risco ocupacional como coleta de lixo, limpeza
clínica deve ser confirmada por métodos laboratoriais específicos. de córregos, trabalho em água ou esgoto, tratadores de animais,
Testes simples de macro-aglutinação e ELISA IgM são utilizados para entre outras; presença de animais infectados nos locais freqüenta-
o diagnóstico rápido de casos humanos. O isolamento de leptospi- dos pelo paciente;
ras, reação de polimerase em cadeia (PCR do sangue, urina, líquor e b) Confirmado - Todo caso suspeito com confirmação laborato-
amostras de tecidos) e o teste sorológico de micro-aglutinação são rial da doença, ou com clara evidência de associação epidemiológi-
também recomendados para diagnóstico e investigações epidemio- ca (critério clínico-epidemiológico).
lógicas. Para esclarecimento etiológico de óbitos, deve-se realizar
os testes histopatológicos convencionais e a pesquisa de leptospiras
por colorações especiais ou imunohistoquímica (cérebro, pulmão,
rim, fígado, pâncreas e coração).

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O QUE É RAIVA? Quais são as complicações da raiva?

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete ma- A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais gra-
míferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite ves e complicadas, como:
progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É -ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;
causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. -febre;
-delírios;
IMPORTANTE: A raiva é de extrema importância para saúde pú- -espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou con-
blica, devido a sua letalidade de aproximadamente 100%, por ser vulsões.
uma doença passível de eliminação no seu ciclo urbano (transmiti-
do por cão e gato) e pela existência de medidas eficientes de pre- Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem
venção, como a vacinação humana e animal, a disponibilização de quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialor-
soro antirrábico humano, a realização de bloqueios de foco, entre reia intensa (“hidrofobia”).
outras. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia,
levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obsti-
Como a raiva é transmitida? pação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofo-
bia, hiperacusia e fotofobia.
A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infec-
tados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser trans- IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período
mitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução
O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de ins-
até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser talados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.
mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à
localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, Como é feito o diagnóstico da raiva?
lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da
proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervo- A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos
sos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral. casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imuno-
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a fluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa
5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de
toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte folículos pilosos).
do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresenta- A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas,
ção dos sintomas. não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da au-
Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do tópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.
vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros
(morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sinto- Diagnóstico diferencial
matologia aparente.
Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quan-
Quais são os sintomas da raiva? do o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas caracte-
rísticos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambe-
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clíni- dura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito. Esse
cos inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram em média de 2 a quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.
10 dias. Nesse período, o paciente apresenta: No caso da raiva humana transmitida por morcegos hemató-
-mal-estar geral; fagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é
-pequeno aumento de temperatura; incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser con-
-anorexia; fundidos com raiva humana. Nesses casos, o diagnóstico diferencial
-cefaleia; deve ser realizado com: tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteu-
-náuseas; relose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus B (Her-
-dor de garganta; pesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por
-entorpecimento; mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linfor-
-irritabilidade; reticulose benigna de inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros
-inquietude; psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas
-sensação de angústia. por outros rabdovírus; e tularemia.
Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus
Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica,
trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É
alterações de comportamento. importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realiza-
da junto ao acompanhante e ser bem documentada, com destaque
para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e vaci-
nais.

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente Profilaxia Pós-Exposição


o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia,
hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de deglutição, Em caso de possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindí-
dores nos membros inferiores, e alterações do comportamento. vel a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão
ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamen-
Como é feito o tratamento da raiva? te, o risco de infecção. É preciso que seja realizada o mais rápido
possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, indepen-
A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor dentemente do tempo transcorrido.
medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades
a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se sem agravar o ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados an-
utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na tissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato
indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamen- de clorexidina ou álcool-iodado.
tos específicos. Essas substâncias deverão ser utilizadas somente na primeira
Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes consulta. Nas seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orienta-
de raiva, mesmo submetido ao protocolo sobrevivem. dos pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão.
Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de
Profilaxia antirrábica humana Atendimento Antirrábico Humano (Sinan), visando à indicação cor-
reta da profilaxia da raiva humana.
O Ministério da Saúde adquire e distribui às Secretarias Esta- As exposições (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e con-
duais de Saúde os imunobiológicos necessários para a profilaxia da tatos indiretos) devem ser avaliadas pela equipe médica de acordo
raiva humana no Brasil: vacina antirrábica humana de cultivo celu- com as características do ferimento e do animal envolvido para fins
lar, soro antirrábico humana e imunoglobulina antirrábica humana. de indicação de conduta de esquema profilático, conforme esque-
Atualmente se recomenda duas possíveis medidas de profilaxia an- ma de profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular.
tirrábica humana: a pré-exposição e a pós-exposição, após avalia-
ção profissional e se necessário. IMPORTANTE: É é importante salientar que nem todos os pa-
cientes de raiva, mesmo submetido ao protocolo, sobrevivem.
Profilaxia Pré-Exposição
Como prevenir a raiva?
A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas com
risco de exposição permanente ao vírus da raiva, durante atividades No caso de agressão por parte de algum animal, a assistência
ocupacionais exercidas por profissionais como: médica deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto ao feri-
Médicos Veterinários; biólogos; profissionais de laboratório de mento, deve-se lavar abundantemente com água e sabão e aplicar
virologia e anatomopatologia para raiva; estudantes de Medicina produto antisséptico.
Veterinária, zootecnia, biologia, agronomia, agrotécnica e áreas O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito
afins; pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando a apli-
Pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de cação de vacina e/ou soro. Nos casos de agressão por cães e gatos,
amostras, vacinação, pesquisas, investigações ecopidemiológicas, quando possível, observar o animal por 10 dias para ver se ele ma-
identificação e classificação de mamíferos: os domésticos (cão e nifesta doença ou morre.
gato) e/ou de produção (bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e su-
ínos), animais silvestres de vida livre ou de cativeiro, inclusive fun- IMPORTANTE: Caso o animal adoeça, desapareça ou morra
cionário de zoológicos; nesse período, informar o serviço de saúde imediatamente.
Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profis-
sionais que trabalham em áreas de risco. A vacinação anual de cães e gatos é eficaz na prevenção da
Pessoas com risco de exposição ocasional ao vírus, como turis- raiva nesses animais, o que consequentemente previne também a
tas que viajam para áreas de raiva não controlada, devem ser ava- raiva humana.
liados individualmente, podendo receber a profilaxia pré-exposição Deve-se sempre evitar de se aproximar de cães e gatos sem
dependendo do risco a que estarão expostos durante a viagem. donos, não mexer ou tocá-los quando estiverem se alimentando,
A profilaxia pré-exposição apresenta as seguintes vantagens: com crias ou mesmo dormindo.
Simplifica a terapia pós-exposição, eliminando a necessidade Nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres direta-
de imunização passiva (soro ou imunoglobulina), e diminui o núme- mente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encon-
ro de doses da vacina; e trados em situações não habituais.
Desencadeia resposta imune secundária mais rápida (booster),
quando iniciada a pós-exposição. Raiva Humana
Em caso de título insatisfatório, aplicar uma dose de reforço e
reavaliar a partir do 14º dia após o reforço. A raiva humana é uma doença viral aguda, progressiva e mor-
tal, de notificação compulsória, individual e imediata aos serviços
de vigilância sanitária municipal, estadual e federal.

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A raiva é uma antropozoonose causada por um RNA-vírus da O risco de contrair meningite é maior entre crianças menores
família Rhabidoviridae (RABV), gênero Lyssavirus. Com o aspecto de cinco anos, principalmente até um ano, no entanto pode aconte-
aproximado de uma bala de revólver, ele é transmitido para os hu- cer em qualquer idade.
manos pelo contato direto com a saliva de um mamífero infectado, A principal forma de prevenir a meningite é por meio da vaci-
seja através de mordidas ou penetrando por feridas abertas, seja nação.
através de lambidas na lesão ou em mucosas, como a da boca, por No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica.
exemplo, que são permeáveis a esse tipo de germe. Casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocor-
O Lyssavirus tem predileção pelas células do sistema nervoso. rência de surtos e epidemias ocasionais. A ocorrência das menin-
Assim que é inoculado através de uma lesão na pele, ele se multipli- gites bacterianas é mais comum no outono-inverno e das virais na
ca, invade os nervos periféricos e, movendo-se lentamente – cerca primavera-verão.
de 1 cm por dia -, propaga-se pelos neurotransmissores, alcança o Crianças, jovens e adolescentes precisam se vacinar contra me-
cérebro (fase centrípeta) e provoca um quadro grave de encefalite. ningite!
Dali, ele se espalha por vários órgãos do corpo (fase centrífuga), Todas as faixas etárias podem ser acometidas pela doença,
mas é nas glândulas salivares que torna a multiplicar-se e é excreta- porém o maior risco de adoecimento está entre as crianças meno-
do pela saliva do animal doente. res de 05 (cinco) anos, especialmente as menores de 01 (um) ano
A raiva humana é uma doença viral aguda, progressiva e mor- de idade. Na doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis,
tal, de notificação compulsória, individual e imediata aos serviços além das crianças, os adolescentes e adultos jovens têm o risco de
de vigilância sanitária municipal, estadual e federal. Conhecida adoecimento aumentado em surtos.
desde a Antiguidade, antes de a vacina ser descoberta por Louis Na meningite pneumocócica (causada pelo Streptococcus
Pasteur, no final do século 19, representava sentença de morte em pneumoniae) idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos
praticamente 100% dos casos. ou de doenças imunossupressoras também apresentam maior ris-
O vírus da raiva está difundido em todos os continentes, exce- co de adoecimento. O sexo masculino também é o mais acometido
ção feita à Austrália e Oceania. Alguns países da América, da Euro- pela doença.
pa, o Japão a Austrália e outras ilhas do Pacífico conseguiram erra-
dicar a forma urbana da doença. Meningite tem cura?
No entanto, a transmissão por animais silvestres, especialmen-
te pelo morcego da espécie Desmodus Rotundus, continua sendo Sim, a maioria dos casos evoluem para cura. No entanto, é ne-
um desafio que ainda precisa ser vencido. cessario assitencia médica na vigência dos sintomas.
Hidrofobia, palavra de origem grega que significa pavor, aver- A depender do agente causador da doença, em alguns casos,
são pela água, é outro nome pelo qual a enfermidade é conhecida. podem ocorrer sequelas como: surdez, crises de epilepsia, danos
Na realidade, a hidrofobia é apenas um dos sintomas da doença, cerebrais, amputação de membros, dificuldades de aprendizagem
que aparece quando ela já se tornou avançada. além de problemas comportamentais.
Qualquer mamífero, doméstico ou não – o homem inclusive –
pode ser infectado pelo vírus da raiva, que não penetra em pele Meningite mata?
íntegra, somente através de ferimentos abertos ou das mucosas. A
transmissão pode ocorrer antes mesmo de surgirem os primeiros Sim. Principalmente as causadas por bactérias, como por
sintomas da doença. exemplo, a meningite pneumocócica e a meningite meningocócica,
Embora o vírus esteja presente na urina, fezes e sangue dos que pode apresentar-se associada à meningococcemia. Nesse últi-
animais infectados, não costuma oferecer risco maior de transmis- mo caso, a doença pode evoluir de forma fulminante, levando ao
são, porque não consegue sobreviver por muito tempo fora do or- óbito em poucas horas.
ganismo do hospedeiro. Nas meningites causadas por vírus, geralmente a evolução é
Exceção feita aos mamíferos, não há notícia de que outra classe mais branda e o prognótico da doença é menos grave que na me-
de animais possa transmitir o vírus da raiva. Na maior parte dos ca- ningite bacteriana.
sos, cães e morcegos são os animais que mais transmitem a doença
pela saliva carregada de vírus. O que causa a meningite?
Entretanto, embora bastante raros, há casos de transmissão
inter-humana pelo transplante de tecidos ou de órgãos infectados A meningite de origem infecciosa pode ser causada por bacté-
(especialmente pelo transplante de córnea), e casos de transmissão rias, vírus, fungos e parasitas, conforme a seguir.
por via respiratória, quando uma pessoa não vacinada inala o ar
carregado de vírus em cavernas infestadas de morcegos, por exem- Bacterianas
plo.
É considerada remota a possibilidade de que o vírus da raiva Existem muitos tipos de bactérias que podem causar meningi-
possa ser transmitido por via sexual, da mãe para o feto durante a te. As principais causas no Brasil são:
gestação ou digestiva. - Neisseria meningitidis (meningococo)
- Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
O QUE É MENINGITE? - Haemophilus influenzae
- Mycobacterium tuberculosis
A meningite é uma inflamação das meninges, membrandas que - Streptococcus sp., especialmente os do Grupo B
envolvem o cérebro e a medula espinhal. A meningite pode ser cau- - Listeria monocytogenes
sada por vírus ou por bactéria, que é mais grave. - Escherichia coli

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Treponema pallidum Sintomas meningite bacteriana


Entre outras
Os sintomas da meningite incluem início súbito de febre, dor
As causas mais comuns de meningite bacteriana variam de de cabeça e rigidez do pescoço. Muitas vezes há outros sintomas,
acordo com o grupo etário: como:
Recém-nascidos: Streptococcus do grupo B, Streptococcus - Mal estar
pneumoniae, Listeria monocytogenes, Escherichia coli - Náusea
Bebes e crianças: Streptococcus pneumoniae, Neisseria menin- - Vômito
gitidis, Haemophilus influenzae, Streptococcus do grupo B - Fotofobia (aumento da sensibilidade à luz)
Adolescentes e adultos jovens: Neisseria meningitidis, Strepto- - Status mental alterado (confusão)
coccus pneumoniae Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de me-
Idosos: Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Ha- ningite bacteriana podem aparecer, como: convulsões, delírio, tre-
emophilus influenzae, Streptococcus do grupo B, Listeria monocy- mores e coma.
togenes Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos aci-
ma podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê
Virais pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letargico
ou irresponsivo a estimulos. Também podem apresentar a fontane-
Os principais agentes virais que podem causar meningite são: la (moleira) protuberante ou reflexos anormais.
- Enterovírus não-pólio (tais como os vírus Coxsackie, e Echo- Na septicemia meningocócica (também conhecida como me-
vírus) ningococemia) que é uma uma infecção na corrente sanguínea cau-
- Virus do grupo Herpes (incluindo o herpes simplex, o vírus da sada pela bactéria Neisseria meningitidis, além dos sintomas descri-
varicela zoster, Epstein-Barr, e Citomegalovírus) tos acima, podem aparecer outros como:
- Arbovírus (tais como dengue, zika, chykungunya, febre amare- - Fadiga
la, e o vírus da febre do Nilo Ocidental) - Mãos e pés frios
- Vírus do Sarampo - Calafrios
- Vírus da Caxumba - Dores severas ou dores nos músculos, articulações, peito ou
- Adenovírus abdomen (barriga)
- Entre outros - Respiração rápida
- Diarréia
Por Fungos - E, manchas vermelhas pelo corpo

- Cryptococcus neoformans Sintomas meningite viral


- Cryptococcus gatti
- Candida albicans Os sintomas iniciais da meningite viral são semelhantes aos da
- Candida tropicalis meningite bacteriana. No entanto, a meningite bacteriana é geral-
- Histoplasma capsulatum mente mais grave.
- Paracoccidioides brasiliensis - Febre
- Aspergillus fumigatus - Dor de cabeça
Por Protozoários - Rigidez no pescoço
- Náusea
- Toxoplasma gondii - Vômito
- Trypanosoma cruzi - Falta de apetite
- Plasmodium sp - Irritabilidade
- Sonolência ou dificuldade para acordar do sono
Por Helmintos - Letargia (falta de energia)
- Fotofobia (aumento da sensibilidade à luz)
- Infecção larvária da Taenia solium Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos aci-
- Cysticercus cellulosae (Cisticercose) ma podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê
- Angyostrongylus cantonensis pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico
(falta de energia) ou irresponsivo a estimulos. Também podem
Quais são os sintomas da meningite? apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anor-
mais.
A meningite é uma síndrome na qual, em geral, o quadro clíni-
co é grave, por isso no momento em que achar que você ou alguém Sintomas meningite de parasitas
pode estar com sintomas de meningite deve procurar atendimen-
to médico o mais rápido possível. Um médico pode determinar se Tal como acontece com a meningite causada por outras infec-
você tem a doença, o tipo de meningite e o melhor tratamento. ções, as pessoas que desenvolvem este tipo de meningite podem
apresentar dores de cabeça, rigidez no pescoço, náuseas, vomitos,
fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confu-
são).

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sintomas meningite por fungos Como é feito o tratamento da meningite?


Tratamentos para os diversos tipos de meningite
Os sinais e sintomas de meningite fúngica são parecidos com
os causados por outros tipos de agentes etiológicos, como segue: Devido à gravidade do quadro clínico, os casos suspeitos de
febre, dor de cabeça, rigidez no pescoço, nausea, vomitos, fotofobia meningite sempre são internados nos hospitais, por isso, ao se sus-
(sensibilidade à luz), e status mental alterado (confusão). peitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hos-
pitalar para avaliação médica.
Como a meningite é transmitida? Para tratamento das meningites bacterianas, faz-se uso de an-
tibioticoterapia em ambiente hospitalar, com drogas de escolha e
Na meningite bacteriana, geralmente, a transmissão é de pes- dosagens terapêuticas prescritas pelos médicos assistentes do caso;
soa a pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e se- Para as meningites virais, na maioria dos casos, não se faz tra-
creções das vias aéreas superiores (do nariz e da garganta). Já na tamento com medicamentos antivirais. Em geral as pessoas são in-
meningite viral a transmissão é fecal-oral. ternadas e monitoradas quanto a sinais de maior gravidade, e se
recuperam espontaneamente. Porém alguns vírus como herpesví-
DIFERENÇAS NOS TIPOS DE TRANSMISSÃO rus e influenza podem vir a provocar meningite com necessidade de
uso de antiviral específico. A devida conduta sempre é determinada
Meningite Bacteriana pela equipe médica que acompanha o caso.
Nas meningites fúngicas o tratamento é mais longo, com altas e
Geralmente, as bactérias que causam meningite bacteriana se prolongadas dosagens de medicação antifúngica, escolhida de acor-
espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, do com o fungo identificado no organismo do paciente. A resposta
por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Já outras bactérias ao tratamento também é dependente da imunidade da pessoa, e
podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Liste- pacientes com história de HIV/AIDS, diabetes, câncer e outras do-
ria monocytogenes e da Escherichia coli. enças imunodepressoras são tratados com maior rigor e cuidado
É importante saber que algumas pessoas podem transportar pela equipe médica.
essas bactérias dentro ou sobre seus corpos sem estarem doentes. Nas meningites por parasitas, tanto o medicamento contra a
Essas pessoas são chamadas de “portadoras”. A maioria dessas pes- infecção como as medicações para alívio dos sintomas são admi-
soas não adoece, mas ainda assim pode espalhar as bactérias para nistrados por equipe médica em paciente internado. Nestes casos,
outras pessoas. os sintomas como dor de cabeça e febre são bem fortes, e assim a
medicação de alívio dos sintomas se faz tão importante quanto o
Meningite Viral tratamento contra o parasita.

As meningites virais podem ser transmitidas de diversas manei- Como é feito o diagnóstico da meningite?
ras a depender do vírus causador da doença.
No caso dos Enterovírus, a contaminação é fecal-oral, e os ví- Se o médico suspeita de meningite, ele solicita a coleta de
rus podem ser adquiridos por contato próximo (tocar ou apertar as amostras de sangue e líquido cerebroespinhal (líquor). O laborató-
mãos) com uma pessoa infectada; tocar em objetos ou superfícies rio então testa as amostras para detectar o agente que está cau-
que contenham o vírus e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes sando a infecção. A identificação específica do agente é importante
de lavar as mãos, trocar fraldas de uma pessoa infectada, depois to- para o médico saber exatamente como deve tratar a infecção.
car nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos, beber água ou
comer alimentos crus que contenham o vírus. Já os Já os Arbovírus Quais exames são feitos?
são transmitidos por meio de picada de mosquitos contaminados.
Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de ca-
Meningite causada por Fungos sos suspeitos de meningite são: exame quimiocitológico do líquor;
bacterioscopia direta (líquor); cultura (líquor, sangue, petéquias ou
A meningite fúngica não é transmitida de pessoa para pessoa. fezes); contra-imuneletroforese cruzada – CIE (líquor e soro); agluti-
Geralmente os fungos são adquiridos por meio da inalação dos es- nação pelo látex (líquor e soro).
poros (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e O aspecto do líquor, embora não considerado um exame, fun-
podem chegar até as meninges (membranas que envolvem o cé- ciona como um indicativo. O líquor normal é límpido e incolor, como
rebro e a medula espinhal). Alguns fungos encontram-se em solos “água de rocha”. Nos processos infecciosos, ocorre o aumento de
ou ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou mor- elementos figurados (células), causando turvação, cuja intensidade
cegos. Já um outro fungo, chamado Candida, que também pode varia de acordo com a quantidade e o tipo desses elementos.
causar meningite, geralmente é adquirido em ambiente hospitalar. DESTAQUE: Todos os exames laboratoriais estão disponíveis no
SUS, e são solicitados pela equipe médica ou de vigilância epide-
Meningite causada por Parasitas miológica durante o acompanhamento do caso.

Os parasitas que causam meningite não são transmitidos de


uma pessoa para outra, e normalmente infectam animais e não
pessoas. As pessoas são infectadas pela ingestão de produtos ou
alimentos contaminados que tenha a forma ou a fase infecciosa do
parasita

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como prevenir a meningite? Abordagem diagnóstica:

A meningite é uma síndrome que pode ser causada por dife- Se suspeita diagnóstica: A confirmação da parotidite pode ser
rentes agentes infecciosos. Para alguns destes, existem medidas feita com a demonstração de nível elevado de Amilase.
de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia. As Exames confirmatórios: O teste de certeza é feito por meio de
vacinas estão disponíveis para prevenção das principais causas de testes virológicos ou sorológicos(PCR viral e aumento significativo
meningite bacteriana. As vacinas disponíveis no calendário de vaci- de IgM para Caxumba) que são utilizados apenas quando o diagnós-
nação da criança do Programa Nacional de Imunização são: tico diferencial é importante ou para pesquisa.
Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra a
Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C; Diagnóstico diferencial:
Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra
as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, in- O diagnóstico diferencial se estabelece com outras causas de
cluindo meningite. aumento de parótidas e/ou estruturas cervicais adjacentes:
Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas Infecções virais: Parainfluenza 1 e 3; Influenza A; CMV; EBV; En-
pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e tam- terovírus, HIV;
bém contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Parotidite purulenta (Staphylococcus aureus);
BCG: protege contra as formas graves da tuberculose. Adenite submandibular ou cervical anterior;
Obstrução do ducto de Stensen;
Quanto as faixas etárias preconizadas para vacinação, reco- Doenças do colágeno (Sjogren e LES);
mendamos o acesso ao Calendário Nacional de Vacinação do Pro- Tumor parotídeo.
grama Nacional de Imunizações (PNI). Tratamento e Profilaxia:
Já a quimioprofilaxia medicamentosa está indicada para con-
tatos de casos de Doença Meningocócica e meningite por Haemo- Não há terapia antiviral específica para Caxumba.
philus influenzae. A equipe médica que acompanha o caso, junto Tratamento de suporte:
com a vigilância epidemiológica local são os responsáveis pelas • Repouso;
orientações e aplicação da quimioprofilaxia medicamentosa nos • Hidratação adequada;
contatos. • Controle da dor e febre com analgésicos/antipiréticos.
Outras formas de prevenção incluem: evitar aglomerações e Vacinação: Inclusa no calendário vacinal na vacina tríplice viral
manter os ambientes ventilados e limpos
Chikungunya: sintomas, transmissão e prevenção
Parotidite infecciosa
Sintomas
Definição: Doença viral aguda, autolimitada, caracterizada por A febre chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mos-
febre, edema parotídeo bi ou unilateral com ocorrência frequente quitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No Brasil, a circulação do
de meningoencefalia e orquite. vírus foi identificada pela primeira vez em 2014. Chikungunya signi-
fica “aqueles que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tan-
Anamnese zânia. Refere-se à aparência curvada dos pacientes que foram aten-
didos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada
O caso típico apresenta pródromos 1-2 dias com febre, cefaleia, no leste da África, entre 1952 e 1953. Os principais sintomas são
vômitos e dor, com período de incubação em geral é de 16-18 dias. febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e
sse, dispnéia, sibilos agudos expiratórios, roncos e/ou crepitações mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer ainda dor
finas, expansão torácica diminuída e expiração prolongada. de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Não
Surge então a parotidite que inicialmente é uni tornando-se bi- é possível ter chikungunya mais de uma vez. Depois de infectada, a
lateral na maioria dos quadros, podendo ser acompanhada de otal- pessoa fica imune pelo resto da vida. Os sintomas iniciam entre dois
gia ipsilateral. A febre desaparece de 3 a 5 dias. e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus
Sempre investigar a situação vacinal. CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o
vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos
Exame Físico: não apresentam sintomas.

As alterações no exame físico são concentradas próximo ao Transmissão


ângulo da mandíbula. Encontra-se edema dessa região que pode A transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é feita através da
apagar o contorno do ângulo da mandíbula e deixar o lobo auricular picada de insetos-vetores do gênero Aedes, que em cidades é prin-
elevado para cima e para fora. cipalmente pelo Aedes aegypti e em ambientes rurais ou selvagens
pode ser por Aedes albopictus. Embora a transmissão direta entre
humanos não esteja demonstrada, há de se considerar a possibi-
lidade da transmissão in utero da mãe para o feto. O período de
incubação do vírus é de 4 a 7 dias, e a doença, na maioria dos casos,
é auto-limitante. A mortalidade em menores de um ano é de 0,4%,
podendo ser mais elevada em indivíduos com patologias associa-
das.

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Prevenção
Ainda não existe vacina ou medicamentos contra chikungunya. Portanto, a única forma de prevenção é acabar com o mosquito, man-
tendo o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis criadouros. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os
mosquitos são mais ativos, proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser adotadas principalmente durante surtos. Repelentes
e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que
dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos).

FEBRE CHIKUNGUNYA
Na virada de 2014 para 2015, quatro estados brasileiros (Bahia, Amapá, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul), além do Distrito Fe-deral,
já tinham reportado casos autóctones, ou seja, de transmissão local do CHIKV, que causa a febre de mesmo nome. A doença começou a
ser conhecida no Brasil em 2010, quando foi reportado o primeiro caso importado no país.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A doença tem sintomas parecidos com o da dengue, sendo Como saber se uma pessoa de fato foi infectada com o vírus
que no Chikungunya são fortes as dores nas articulações e raros os Chikungunya? Somente por meio do exame laboratorial?
quadros hemorrágicos, que são mais comuns na dengue. Para dife- Durante a fase aguda, as manifestações clínicas de algumas
renciar essas duas viroses é necessário o diagnóstico laboratorial, doenças podem ser indistinguíveis entre si, havendo a necessida-
principalmente nos casos isolados, como explica a pesquisadora de da confirmação laboratorial, principalmente quando são casos
Ana Maria Bispo, do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo isolados. No entanto, o diagnóstico clínico torna-se mais preciso na
Cruz/Fiocruz, do Rio de Janeiro. “O diagnóstico clínico torna-se mais ocorrência de surtos e/ou epidemias, quando, inclusive, o critério
preciso se há a ocorrência de surtos ou epidemias”, diz. de confirmação dos casos pode ser clínico-epidemiológico.
Doutora em Ciências na área de virologia pelo curso de Biologia
Parasitária da Fundação Oswaldo Cruz, ela trabalha num dos labora- Como identificar um caso suspeito?
tórios de referência listados pelo Ministério da Saúde para realizar Ao contrário da dengue e de outras arboviroses, a febre do
o diagnóstico do vírus. Chikungunya tem uma elevada taxa de ataque e aproximadamente
O Chikungunya é um arbovírus (“vírus transmitidos por artró- 70% dos casos são sintomáticos. De acordo com o “Guia de Manejo
podes”) com um único sorotipo, diferente do vírus da dengue que Clínico do Ministério da Saúde”, todo paciente com febre de início
tem quatro sorotipos. Pode ser transmitido pelos mosquitos Aedes súbito maior que 38,5°C e artralgia ou artrite intensa de início agu-
aegypti (o mesmo da dengue) e Aedes albopictus. Portanto, a doen- do, não explicado por outras condições, residente ou tendo visitado
ça deve ser prevenida da mesma forma com que se combate a den- áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do início
gue: eliminando os criadouros do inseto. Não há vacina ou antivirais dos sintomas, ou que tenha vínculo epidemiológico com caso con-
para o Chikungunya e o tratamento deve ser feito sob orientação firmado, é considerado um caso suspeito de Chikungunya.
médica, para combater os sintomas da doença. Após um período de incubação que pode variar de três a sete
Há desafios também dentro dos laboratórios que realizam o dias, a doença pode evoluir em três fases: aguda ou febril, subaguda
diagnóstico da doença. O fato de não existirem kits de diagnóstico e crônica. A fase aguda é caracterizada por febre elevada (acima de
disponíveis no mercado para pronta entrega é um deles, na avalia- 38,5°C) de início súbito, poliartralgia em 90% dos casos, fadiga, dor
ção da doutora Ana Bispo. Outra dificuldade é a obtenção de pai- nas costas e cefaleia. Exantema macular ou maculopapular em 50%
néis para validação dos kits compostos por amostras de casos con- dos doentes de dois a cinco dias após o início dos sintomas, princi-
firmados e negativos de Chikungunya provenientes da população palmente no tronco e extremidades (incluindo palmas e plantas).
brasileira. “Essa validação é fundamental porque temos um perfil Na fase subaguda, a febre desaparece, podendo haver per-
genético e imune distinto de outras populações que serviram de sistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal,
controle para os estudos realizados na avaliação e validação dos kits exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas
comerciais”, explica. A seguir, a íntegra da entrevista concedida pela na primeira fase e tenossinovite hipertrófica subaguda em punhos
especialista, por e-mail, ao “Qualifique”. e tornozelos, astenia, prurido generalizado e exantema maculopa-
pular, em tronco, membros e região palmo-plantar. Podem surgir
Significado do nome Chikungunya? lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas.
A palavra Chikungunya vem do dialeto africano makonde e sig- Alguns pacientes poderão desenvolver a forma crônica da do-
nifica “aqueles que se dobram”, uma referência ao andar curvado ença com a persistência da dor articular e musculoesquelética por
dos pacientes devido à intensa artralgia (dores nas articulações) mais de três meses após o início dos sintomas, tendo relatos na
que é a característica principal da doença. A febre do Chikungunya literatura de persistência por até 18 meses. Os principais sintomas
tem como agente etiológico o vírus Chikungunya (CHIKV), isolado dessa fase, classificada como “fase crônica”, são caracterizados por
pela primeira vez na Tanzânia, na África, em 1952. Por três décadas, dor com ou sem edema, limitação de movimento, deformidade e
esse vírus causou surtos esporádicos com um número de casos re- ausência de eritema. Os principais fatores de risco são idade acima
lativamente baixo em países africanos e asiáticos. de 45 anos, desordem articular pré-existente e maior intensidade
A partir de 2004 esse cenário começou a mudar quando uma das lesões articulares na fase aguda.
epidemia iniciada na África se espalhou por ilhas do Oceano Índico,
afetando cerca de 500 mil pessoas em dois anos. Em 2006, o surto Como é o tratamento clínico?
chegou à Índia, onde 1,39 milhão de pessoas foram infectadas. Um Não há tratamento antiviral específico para o Chikungunya; o
ano depois, a transmissão da doença foi confirmada na Europa, com tratamento sintomático é recomendado após a exclusão de condi-
197 casos registrados em um vilarejo na costa da Itália. ções mais graves, tais como malária, dengue e infecções bacteria-
O vírus Chikungunya é um alphavírus e, diferentemente do ví- nas. Pacientes que apresentem os sintomas relatados devem procu-
rus da dengue, tem um único sorotipo. Pode ser transmitido pelos rar assistência médica para avaliação do quadro.
mosquitos Aedes aegypti (o mesmo que transmite a dengue) e Ae-
des albopictus. Como distinguir o Chikungunya da dengue?
No Brasil, casos importados envolvendo viajantes de diversos O diagnóstico clínico durante a fase aguda nem sempre é pre-
países são observados desde 2010, mas o número desses registros ciso, tendo em vista que dengue e Chikungunya podem cursar com
começou a aumentar depois que o vírus foi introduzido na região os mesmos sinais e sintomas. É importante que, através de exames
das Américas em dezembro de 2013, espalhando-se pelas ilhas do laboratoriais, o vírus da dengue seja descartado das amostras de ca-
Caribe, América Central, Estados Unidos, e alguns países da Amé- sos suspeitos de Chikungunya prove-nientes de áreas com circula-
rica do Sul. Em setembro de 2014 foram confirmados no Brasil os ção de dengue. A principal diferença é a artralgia intensa observada
primeiros casos autóctones. Atualmente cinco unidades federativas nos pacientes com Chikungunya. Por outro lado, quadros hemorrá-
(Bahia, Amapá, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) gicos são mais frequentes na dengue.
reportam casos autóctones.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O que é chikungunya?
A Febre pelo vírus Chikungunya é um arbovírus. Arbovírus são aqueles vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente mos-
quitos, mas tambem pode ser um carrapatos ou outros. O transmissor (vetor) do chikungunya é o mosquito Aedes aegypti, que precisa de
água parada para proliferar, portanto, o período do ano com maior transmissão são os meses mais chuvosos de cada região. No entanto, é
importante manter a consciência e hábitos sadios de higiene para evitar possíveis focos/criadouros do mosquito Aedes Aegypti, que pode
ter ovos resistindo por um ano até encontrar as condições favoráveis de proliferação (tempo quente e úmido).

IMPORTANTE: Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis ao vírus Chikungunya, porém as pessoas mais velhas têm maior risco
de desenvolver a dor articular (nas juntas) crônica e outras complicações que podem levar à morte. O risco de gravidade e morte aumenta
quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada.

Chikungunya tem cura?


A infecção por Chikungunya começa com febre, dor de cabeça, mal estar, dores pelo corpo e muita dor nas juntas (joelhos, cotovelos,
tornozelos, etc), em geral, dos dois lados, podendo também apresentar, em alguns casos, manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo. O
quadro agudo dura até 15 dias e cura espontaneamente.
Algumas pessoas podem desenvolver um quadro pós-agudo e crônico com dores nas juntas que duram meses ou anos.

Quais são os sintomas da chikungunya?


Os principais sintomas da chikungunya são:
- Febre.
- Dores intensas nas juntas, em geral bilaterais (joelho esquerdo e direito, pulso direito e esquerdo, etc).
-Pele e olhos avermelhados.
-Dores pelo corpo.
-Dor de cabeça.
-Náuseas e vômitos.

Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Normalmente, os sintomas aparecem de dois a 12 dias da picada do
mosquito, período conhecido como incubação.
Depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida.
IMPORTANTE: Como toda infecção, a chikungunya pode desenvolver a Síndrome de Gulliain-Barre, encefalite e outras complicações
neurológicas.

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como a chikungunya é transmitida? Como prevenir a chikungunya?


Transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti. Por ter Assim como a dengue, zika e febre amarela, é fundamental que
uma transmissão bastante rápida, é necessário ficar atento a possí- as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros de
veis criadoros do mosquiso e, assim, eliminar estes locais para evi- mosquitos aedes aegypti nas suas casas, trabalhos e na vizinhança.
tar a propagação da doença. A Febre Chikungunya pode causar se- Nesse contexto, a melhor prevenção, sendo esta a principal e
quelas como dores crônicas nas juntas por longo período de tempo. mais eficaz, é evitar a proliferação do Aedes Aegypti, eliminando
A transmissão da mulher grávida para o feto só acontece quan- água armazenada que pode se tornar possíveis criadouros, como
do a mãe fica doente nos últimos 7 dias (última semana) de gravi- em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas pláticas, pisci-
dez. Neste caso, a criança mesmo que nasça saudável, deve per- nas sem uso e manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos
manecer internada por uma semana para observação e tratamento como tampas de garrafas.
imediato se desenvolver a doença que, nestes casos, apresenta
quadros graves com manifestações neurológicas e na pele. Qual a área de circulação do vírus?
O vírus circula em alguns países da África e da Ásia. De acordo
Também existe transmissão por transfusão sanguínea. com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o ano de 2004
o vírus já foi identificado em 19 países.
O Ministério da Saúde publica quinzenalmente boletim com Naquele ano, um surto na costa do Quênia propagou o ví-
dados nacionais sobre a situação epidemiológica da Chikungunya rus para Comores, Ilhas Reunião e outras ilhas do oceano Índico,
chegando, em 2006, à Índia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Cingapura,
Como é feito o tratamento da chikungunya? Malásia e Indonésia. Nesse período, foram registrados aproxima-
O tratamento da chikungunya é feito de acordo com os sin- damente 1,9 milhão de casos – a maioria na Índia. Em 2007, o vírus
tomas, com o uso de analgésicos, antitermicos e antinflamatórios foi identificado na Itália. Em 2010, há relato de casos na Índia, In-
para aliviar febre e dores. Em casos de sequelas mais graves, e sob donésia, Mianmar, Tailândia, Ilhas Maldivas, Ilhas Reunião e Taiwan
avaliação medica conforme cada caso, pode ser recomendada a fi- – todos com transmissão sustentada.
sioterapia. França e Estados Unidos também registraram casos em 2010,
Em caso de suspeita, com o surgimento de qualquer sintoma, mas sem transmissão autóctone (quando a pessoa se infecta no lo-
é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto cal onde vive). Recentemente o vírus foi identificado nas Américas.
diagnóstico e prescrição dos medicamentos, evitando sempre a au-
to-medicação. Os tratamentos são oferecidos de forma integral e Qual é a situação do Chikungunya nas Américas?
gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). No final de 2013, foi registrada transmissão autóctone em vá-
Recomenda‐se repouso absoluto ao paciente, que deve beber rios países do Caribe (Anguila, Aruba, Dominica, Guadalupe, Guiana
líquidos em abundância. Francesa, Ilhas Virgens Britânicas, Martinica, República Dominicana,
São Bartolomeu, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia e São Martinho)
IMPORTANTE: A automedicação pode mascarar sintomas, difi- e em março de 2014, na República Dominicana. Toda a população
cultar o diagnóstico e agravar o quadro do paciente. Somente um do continente é considerada como vulnerável, por dois motivos:
médico pode receitar medicamentos. como nunca circulou antes em nossa região, ninguém tem imuni-
dade ao vírus e ambos os mosquitos capazes de transmitir a doença
As seguintes medidas são importantes para evitar agravamento estão presentes em praticamente todas as áreas das Américas.
da chikungunya:
Não utilizar AINH (Anti-inflamatório não hormonal) na fase NOTIFICAÇÃO DE CASOS
aguada, pelo risco de complicações associados as formas graves de Já existem casos no Brasil?
chikungunya (hemorragia e insuficiência renal). Em 2014, no Brasil, entre os meses de julho e agosto, foram
Não utilizar corticoide na fase de aguda da viremia, devido ao confirmados 37 casos de Chikungunya importados, de pacientes
risco de complicações. originários, principalmente, do Haiti e República Dominicana. Em
Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido setembro, foram confirmados dois casos autóctones no município
ao risco de hemorragia. do Oiapoque, Amapá. Ambos os casos são de residentes no municí-
pio, sendo filha e pai, com início dos sintomas em 26 e 27 de agosto,
Como é feito o diagnóstico da chikungunya? respectivamente.
O diagnóstico da chikungunya é clínico e feito por um médico. Diante da confirmação dos casos, o município de Oiapoque,
É confirmado com exames laboratoriais de sorologia e de biologia com apoio do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da
molecular ou com teste rápido (usado para triagem). Saúde do Amapá, intensificou as medidas de controle da doença.
A sorologia é feita pela técnica MAC ELISA, por PCR e teste rá- Dentre as ações, estão a busca ativa de novos casos suspeitos com
pido. Todos os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde alerta nas unidades de saúde e comunidade, a remoção e tratamen-
(SUS). Em caso de confirmação da doença a notificação deve ser to químico de criadouros de mosquitos Aedes aegypti, além da apli-
feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas. cação de inseticida (fumacê) para reduzir a densidade dos vetores.
Em situações de epidemia a maioria dos casos serão confirma- Os profissionais de saúde já receberam orientações para o manejo
dos por critério clínico. adequado dos pacientes.

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Que medidas podem ser adotadas para evitar a disseminação


do vírus?
O mais importante é evitar os criadouros dos mosquitos que
podem transmitir a doença. Isso previne tanto a ocorrência de sur-
tos de dengue como de Chikungunya.
Quando há notificação de caso suspeito, as Secretarias Mu-
nicipais de Saúde devem adotar ações de eliminação de focos do
mosquito nas áreas próximas à residência, ao local de atendimento
dos pacientes e nos aeroportos internacionais da cidade em que
aqueles residam.

A notificação de casos é obrigatória?


No Brasil, sim. Os casos suspeitos de Chikungunya devem ser
comunicados e/ou notificados em até 24 horas a partir da suspei-
ta inicial. Qualquer estabelecimento de saúde, público ou privado,
deve informar a ocorrência de casos suspeitos às Secretarias Muni- Como se contrai
cipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde. Esses parasitos são eliminados com as fezes que, se deixadas
próximas a rios, lagoas, fossas, podem contaminar a água.
Água não tratada é porta aberta para várias doenças Moscas e baratas, ao se alimentarem de fezes de pessoas infec-
A água, tão necessária à vida do ser humano, pode ser também tadas, também transmite a parasitose a outras pessoas, defecando
responsável por transmitir doenças. sobre os alimentos ou utensílios.
As principais doenças de veiculação hídrica são: amebíase, giar- Outra forma de transmissão é pelo contato das patas sujas de
díase, gastroenterite, febres tifoide e paratifoide, hepatite infeccio- fezes. Pode-se, ainda, contrair a ameba comendo frutas e verdu-
sa e cólera. ras cruas, que foram regadas com água contaminada ou adubadas
Indiretamente, a água também está ligada à transmissão de com terra misturada a fezes humanas infectadas. Muito frequente
verminoses, como esquistossomose, ascaridíase, teníase, oxiuríase é a contaminação pelas mãos sujas de pessoas que lidam com os
e ancilostomíase. alimentos.
Vetores, como o mosquito Aedes aegypti, que se relacionam
com a água podem ocasionar a dengue, a febre amarela e a malária. Sintomas
Em todos esses casos, o tratamento da água, higiene pessoal Dores abdominais; febre baixa; ataque de diarreia, seguida de
e condições sanitárias adequadas são formas de evitar as doenças. períodos de prisão de ventre; e disenteria aguda.

Ciclo da doença Prevenção/Tratamento


• Se não usarmos o banheiro, a fossa ou as redes coletoras, o • Fazer com que todos da casa usem a privada. Se as crianças
esgoto fica a céu aberto. menores usarem penicos, as fezes devem ser jogadas na privada.
• As fezes e os restos de comida ficam no quintal, em volta da • Proteger todos os alimentos contra moscas e baratas.
casa e nas ruas. • Proteger as águas das minas, cisternas, poços, lagoas, açudes
• Os vermes e as bactérias que vivem no esgoto contaminam e valas de irrigação, não permitindo que sejam contaminadas por
a água e o chão. fezes humanas.
• As pessoas pisam no chão descalças e bebem a água contami- • Regar as verduras sempre com água limpa, não aproveitando
nada, ficando doentes. nunca a água utilizada em casa ou água de banho.
• Os mesmos insetos que pousam ou andam nas fezes vão para • Lavar bastante as verduras em água corrente.
nossa casa levando as doenças em suas patas e asas. • Lavar as mãos com sabão e água corrente todas as vezes que
• As fezes dos animais que andam no quintal e nas ruas tam- usar a privada.
bém ficam contaminadas. • Lavar muito bem as mãos antes de iniciar a preparação dos
• As fezes contaminam o chão e a água. Aí começa tudo de alimentos.
novo. • Fazer, regularmente, exame de fezes, para detectar o para-
sito.
Doenças de veiculação hídrica
Giardíase e criptosporidíase
Amebíase A giardíase é causada pela Giardia lamblia e a criptosporidíase,
Geralmente, fala-se de ameba (Entamoeba) sempre que há pelo Cryptosporidium parvum. Ambos vivem nas porções altas do
diarreias persistentes. A Entamoeba coli é um parasito que se locali- intestino, sendo mais frequentes em crianças.
za no intestino do ser humano, mas que não o prejudica e, portanto,
não precisa ser tratada. Já a Entamoeba hystolitica é prejudicial e Como se contrai
precisa ser eliminada. A transmissão se faz pela ingestão de cistos, podendo o con-
tágio acontecer pelo convívio direto com o indivíduo infectado,
pela ingestão de alimentos e água contaminados, pelo contato com
moscas etc.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sintomas Febres tifoide e paratifoide


A infecção pode ser totalmente assintomática. Outras vezes, É uma doença grave, produzida pela bactéria Salmonella typhi.
provoca irritabilidade, dor abdominal e diarreia intermitente. Em Evolui, geralmente, num período de quatro semanas. Do momento
alguns casos, pode estar associada a um quadro de má absorção e em que a pessoa adquire a infecção até o aparecimento dos primei-
desnutrição. ros sintomas, decorrem de cinco a 23 dias (período de incubação).
A fonte de infecção é o doente, desde o instante em que ingeriu os
Prevenção/Tratamento bacilos até muitos anos depois, já que os bacilos persistem em suas
A infecção é adquirida com extrema facilidade, sobretudo pelas fezes.
crianças. Seguir as mesmas recomendações para a prevenção da
amebíase. A febre paratifoide é mais rara que a tifoide. Produzida pela Sal-
monella paratyphi dos tipos “A”, “B” ou “C”, sua fonte de infecção é
a mesma da febre tifoide: doentes e portadores.

Como se contrai
A doença se transmite pelas descargas do intestino (fezes), que
contaminam as mãos, as roupas, os ali- mentos e a água. O bacilo
tifoide é ingerido com os alimentos e a água contaminada.

Sintomas
Dor de cabeça, mal-estar, fadiga, boca amarga, febre, calafrios,
indisposição gástrica, diarreia e aumento do baço.

A incubação da paratifoide “A” varia de quatro a dez dias, en-


quanto a paratifoide “B” manifesta-se em menos de 24 horas. A pa-
ratifoide “B” resulta de envenenamento alimentar e caracteriza-se
por náuseas, vômitos, febre, calafrios, cólicas, diarreias e prostra-
ção.

Prevenção/Tratamento
• Destinar convenientemente os dejetos humanos em fossas
ou redes de esgotos.
• Tratar a água.
• Combater as moscas.
Gastroenterite • Efetuar exame e vacinação e promover a educação sanitária
É uma infecção do estômago e do intestino produzi- da, prin- dos manipuladores de alimentos.
cipalmente, por vírus ou bactérias. É responsável pela maioria dos • Higienizar os alimentos.
óbitos em crianças menores de um ano de idade. • O diagnóstico é feito pelo exame de sangue e pelas pesquisas
de bacilos nas fezes. O tratamento é à base de clorafenicol.
Como se contrai
A incidência é maior nos locais em que não existe tratamento Hepatite infecciosa
de água, rede de esgoto, água encanada e destino adequado para A hepatite infecciosa é produzida mais comumente por dois ti-
o lixo. pos de vírus: “A” e “B”.
Sintomas
Diarreia, vômitos, febre e desidratação. Como se contrai
Hepatite “A”: período de incubação: 15 a 50 dias. A transmissão
Prevenção/Tratamento pode ocorrer por meio da água contaminada. Os indivíduos doen-
• Saneamento, higiene dos alimentos, combate às moscas e tes podem transmiti-la pelas fezes, duas semanas antes até uma se-
uso de água filtrada ou fervida. mana após o início da icterícia. A transmissão pode ocorrer também
• O uso do leite materno é importante na profilaxia, pois é um pela transfusão de sangue, duas a três semanas antes e alguns dias
alimento isento de contaminação, além de apresentar fatores de após a icterícia. É uma doença endêmica no nosso meio.
defesa na sua composição. Hepatite “B”: período de incubação: 45 a 160 dias. A transmis-
• O tratamento é realizado com a reposição de líquidos, soro de são é mais comum por via parenteral (instrumentos contaminados
reidratação oral e manutenção da alimentação da criança. que perfuram a pele, como, por exemplo, injeções), principalmente
pelo sangue.

Sintomas
A hepatite apresenta dois períodos:
Anictérico: ocorrência de mal-estar, náuseas e urina escura,
alguns dias antes do aparecimento da icterícia. Muitas vezes, o pa-
ciente é assintomático.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ictérico: ocorrência de náuseas e dor abdominal, aumento do Esquistossomose (xistosa)


fígado e icterícia. Dura em média duas a três semanas. É uma doença crônica, causada por um pequeno verme, o
Schistosoma mansoni, que se instala nas veias do fígado e do in-
Prevenção/Tratamento testino. Para que surja a esquistossomose numa localidade, são ne-
• Higienização dos alimentos. cessárias várias condições: a primeira é a existência de caramujos
• Tratamento da água – os vírus “A” resistem aos métodos de que hospedam o Schistosoma mansoni. Nem todos servem para o
cloração da água, porém, a água fervida durante 10 a 15 minutos parasito, só algumas espécies. Esses caramujos vivem em córregos,
os inativa. lagoas, valas de irrigação e canais onde haja segurança e boa ali-
• Isolamento do doente – após aparecer a icterícia, a transmis- mentação. A temperatura média de muitas regiões do Brasil é favo-
são do vírus “A” pelas fezes ocorre na primeira semana e, pelo san- rável à proliferação de caramujos.
gue, nos primeiros dias.
• Uso de seringa descartável. Como se contrai
O Schistosoma mansoni ora vive livre, ora protegido dentro
Cólera de seus hospedeiros. Na primeira fase de sua vida livre, é um mi-
É uma doença causada pelo micróbio Vibrio cholerae, que se racídio. Veio para o mundo exterior protegido por um ovo, que é
localiza no intestino das pessoas, provocando, nos casos graves, então abandonado em contato com a água. Nada apressadamente
diarreia e vômitos intensos. Em decorrência das diarreias e dos vô- em busca de um caramujo. Tem apenas algumas horas de vida para
mitos, o indivíduo perde grande parte dos líquidos de seu organis- encontrá-lo.
mo, ficando desidratado rapidamente. Se não for tratada logo, essa Nesse hospedeiro, sofre uma série de transformações, dividin-
desidratação pode levar o doente à morte em pouco tempo. do-se e multiplicando-se em centenas de milhares de cercarias, ca-
pazes de atacar e de infestar o homem. As cercarias abandonam o
Como se contrai caramujo doente em busca de um animal de sangue quente e têm
A doença é transmitida, principalmente, por meio da água con- aproximadamente dois dias de vida livre. Nesse tempo, procuram
taminada pelas fezes e pelos vômitos dos doentes. Também pode atacar o homem, em cujo organismo poderão viver, acasalar-se e
ser transmitida por alimentos que foram lavados com água já con- produzir ovos.
taminada pelo micróbio causador da doença e não foram bem cozi-
dos, ou pelas mãos sujas de doentes ou portadores. Sintomas
São considerados portadores aqueles indivíduos que, embora Na última fase da doença, pode aparecer, em algumas pessoas,
já tenham o micróbio nos seus intestinos, não apresentam sintomas a ascite ou barriga d’água.
da doença.
Prevenção/Tratamento Contra o caramujo
Sintomas • Observar bem a água antes de tomar banho, pescar, nadar,
Diarreia intensa, que começa de repente. As evacuações do do- lavar roupa, regar plantações etc., a fim de verificar se existe o ca-
ente de cólera são de cor esverdeada com uma espuma branca em ramujo.
cima, sem muco ou sangue. A febre, quando existe, é baixa. Junto • Dificultar a sobrevivência do caramujo com peque- nas obras
com a diarreia, podem aparecer, também, vômitos e cólicas abdo- de engenharia, de retificação de valas, canais, aterro de pequenas
minais. A pessoa doente chega a evacuar, desde o início, uma média lagoas.
de um a dois litros por hora. Dessa maneira, a desidratação ocorre • Criar nas águas seres vivos prejudiciais ao caramujo, sejam
rapidamente. plantas ou animais, como patos e gansos.
• Evitar a poluição das águas nos meses que se seguem à es-
Prevenção/Tratamento tação chuvosa, quando os caramujos proliferam em grande quan-
• Controle da qualidade da água. tidade.
• Destino adequado das fezes. • Aplicar medicamentos químicos que exterminem, mesmo
• Adoção de bons hábitos de higiene. que temporariamente, os caramujos.
• O tratamento é simples e bastante eficaz e consiste na repo-
sição dos líquidos perdidos pela diarreia e vômitos. Dependendo do Contra o parasito Schistosoma mansoni
estado do paciente, faz-se uso da reidratação oral ou da intravenosa • Fazer exame de fezes ou outro tipo de exame de laboratório
e administram-se antibióticos indicados pelo médico. para verificar se a pessoa tem esquistossomose e proceder a um
tratamento médico. Repetir o exame quatro meses depois, para ve-
Verminoses rificar se o tratamento foi eficiente e se não há ovos nas fezes.
A educação sanitária, o saneamento e a melhoria do estado • Construir privadas e fossas para que as fezes não sejam des-
nutricional são importantes na profilaxia das doenças parasitárias. pejadas nas águas nem no solo dos quintais, forma segura de im-
Apenas o tratamento das verminoses não é suficiente. É preciso pedir que os ovos do Schistosoma alcancem os córregos e se trans-
modificar o ambiente para que a doença não ocorra novamente. formem em miracídio.
• Não se expor ao contato com águas infestadas; usar botas e
luvas de borracha em regiões alagadiças, a fim de evitar contamina-
ção pela cercaria.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ascaridíase (lombrigas ou bichas) Como se contrai


O Ascaris lumbricoides, comumente chamado de lombriga ou A solitária vive no intestino das pessoas. Depois que se torna
bicha, é um verme que vive no intestino das pessoas e causa uma adulta, solta pedaços pequenos (anéis) cheios de ovos, que se jun-
doença chamada ascaridíase. tam com as fezes. Se essas fezes são deixadas no chão, o porco e
o boi, alimentando-se do capim, comem também as fezes com os
Como se contrai ovos do verme.
É por meio da terra, da poeira, dos alimentos mal lavados e das Chegando ao estômago desses animais, os ovos se rompem, as
mãos sujas que os ovos das lombrigas são levados à boca. Depois de larvas saem e vão para o intestino e, depois, para os músculos, onde
engolidos, os ovos ar- rebentam, soltando larvas no intestino. Essas se fixam, podendo viver até um ano. Essas larvas, denominadas de
larvas, levadas pelo sangue, passam pelo fígado, coração, pulmões, cisticercos, são mais conhecidas por “canjiquinhas”, “pipocas”, “le-
brônquios e retornam ao intestino, onde se tornam adultas, para se trias” etc.
acasalar e pôr ovos. Quando o animal é abatido e alguém come essa carne, crua ou
No organismo humano, o ovo leva de 2,5 a 3 meses para se mal cozida, passa a ser o portador da solitária. A larva vai crescer e
transformar em larva e depois em verme adulto. O verme adulto se transformar em um verme de alguns metros de comprimento.
vive no intestino geralmente menos de seis meses, nunca mais de
um ano. Sintomas
Os vermes têm de 15 a 25 cm de comprimento e, em grande A solitária é um verme grande, que pode atingir de três a nove
número, formam verdadeiros novelos, que entopem o intestino, metros de comprimento. Como seu crescimento é constante, pre-
causando sua obstrução. Podem também sair pela boca e nariz ou cisa de muito alimento para viver, o que enfraquece o paciente. O
localizar- se na traqueia, ocasionando, muitas vezes, asfixia e morte, parasito do porco possui afinidade com o sistema nervoso central.
especialmente em crianças - são os chama- dos ataques de vermes. A doença é denominada cisticercose e pode causar dor de cabeça
e convulsão.
Sintomas
As pessoas que têm lombrigas ficam frequentemente irritadas, Prevenção/Tratamento
sem apetite e apresentam náuseas, vômitos, diarreia, cólicas e dor • Comer carne de boi ou de porco bem cozida ou bem assada.
abdominal. • Manter sempre os porcos presos nos chiqueiros.
• Utilizar privada ou fossa. Não deixar as fezes no chão.
Prevenção/Tratamento
• Ter sempre uma privada ou fossa. Fazer com que todos usem Oxiuríase
a privada. Se for usado penico, especialmente por crianças peque- O Enterobius vermiculares ou Oxiures vermiculares, também
nas, jogar as fezes na privada. conhecido por saltão, tuchina ou verme da coceira, as- semelha-se
• Limpar e varrer os quintais e queimar ou enterrar todo o lixo. a um pequeno fio de linha. Os vermes adultos vivem no intestino.
• Lavar as mãos ao sair da privada e também antes das refei- Os machos têm vida curta e morrem depois de fecundar as fêmeas,
ções ou merenda. sendo logo eliminados. As fêmeas produzem grande quantidade de
• Proteger todos os alimentos contra moscas e poeira; proteger ovos e caminham pelo intestino humano chegando até o ânus do
também os utensílios domésticos: talheres, copos, pratos, panelas doente, onde soltam os ovos.
etc. e, principal- mente, os objetos de uso dos bebês, como bicos,
mamadeiras e outros. Como se contrai
• Lavar todas as frutas e verduras antes de comê-las. A pessoa portadora do Enterobius sente uma coceira muito for-
• Cuidar da alimentação, principalmente das crianças, usando te no ânus, provocada pela descida dos vermes pela abertura anal.
alimentos fortes, que ajudem no cresci- mento e aumentem a resis- Isso acontece, principalmente, durante a noite: a pessoa se coça
tência às doenças. mesmo dormindo, espalhando os ovos, que ficam nas roupas, len-
• Para combater essa verminose, é preciso, primeiramente, fa- çóis, entre seus dedos e debaixo das unhas. Essa pessoa se conta-
zer um exame de fezes: leve uma latinha com um pouco de fezes mina, levando as mãos sujas à boca. Também contamina alimentos
a um laboratório ou posto de saúde para análise. Muitas vezes, as e utensílios domésticos, transmitindo a verminose às pessoas que
mães sabem que os filhos têm lombrigas porque já viram os vermes os utilizarem.
saírem com as fezes ou pela boca. Mas, mesmo assim, é importante As roupas dos indivíduos parasitados também são fontes de
que se façam os exames, pois há diversos tipos de vermes e, para infestação, pois os ovos ficam agarrados a elas e podem depois che-
cada um deles, o tratamento é diferente. Com o resultado do exame gar às mãos e à boca. O costume de sacudir os lençóis ao arrumar as
de fezes, procure o médico, que indicará o tratamento e as provi- camas pela manhã faz com que os ovos do Enterobius se espalhem,
dências necessárias para acabar com as lombrigas. podendo ser aspirados no ar pelo nariz, leva- dos, com a poeira, até
os alimentos e, finalmente, engolidos. Os ovos resistem de 10 a 15
Taeníase (solitária) dias.
A solitária ou tênia é um verme muito comum em Minas Ge-
rais, principalmente na zona rural, onde as pessoas se alimentam Sintomas
geralmente de carne de porco. O porco e o boi são transmissores As crianças são as mais atingidas e as que sofrem mais. A irrita-
da solitária. ção no ânus e região vizinha produz coceira intensa. Ao se coçar, a
pessoa pode se ferir e apresentar infecção local.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como as fêmeas desses vermes preferem a noite para cami- Tuberculose


nhar até o ânus, a fim de pôr ovos, as crianças dormem mal, o que A tuberculose - chamada antigamente de “peste cinzenta”, e
as torna irritadas e nervosas. Nas mulheres, os vermes podem in- conhecida também em português como tísica pulmonar ou “doen-
vadir os órgãos genitais, produzindo irritação e inflamação, muitas ça do peito” - é uma das doenças infecciosas documentadas desde
vezes graves. mais longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atu-
ais. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conheci-
Prevenção/Tratamento do como bacilo-de-koch. Estima-se que a bactéria causadora tenha
Nos exames de fezes é muito comum não aparece- rem os ovos evoluído há 40.000 anos, a partir de outras bactérias do gênero
desse verme. Portanto, a observação de uma pessoa da família Mycobacterium.
pode auxiliar o médico no diagnóstico da verminose. Se a mãe nota A tuberculose é considerada uma doença socialmente deter-
que os filhos andam nervosos, irritados e se queixam de coceiras minada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma
no ânus, deve contar ao médico, que, além de indicar o tratamento como se organizam os processos de produção e de reprodução so-
necessário, lhe dará explicações sobre o combate ao parasito. cial, assim como à implementação de políticas de controle da do-
ença. Os processos de produção e reprodução estão diretamente
Ancilostomíase (amarelão) relacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo.
Os parasitos (vermes) produzem ovos que são eliminados pelas A tuberculose pulmonar é a forma mais frequente e generaliza-
fezes. Depois de alguns dias, os ovos se rompem, surgindo as larvas. da da doença. Porém, o bacilo da tuberculose pode afetar também
Essas ficam no solo durante uma semana e são atraídas pela luz outras áreas do nosso organismo, como, por exemplo, laringe, os
e pelo calor, que as fazem subir à superfície, onde se agarram às ossos e as articulações, a pele (lúpus vulgar), os glânglios linfáticos
plantas, ao lixo etc. (escrófulo), os intestinos, os rins e o sistema nervoso. A tuberculose
Os quintais sombreados, cheios de bananeiras ou outras plan- miliar consiste num alastramento da infeção a diversas partes do
tas, onde o lixo é amontoado, são lugares propícios para o verme. organismo, por via sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atin-
Em pessoas que andam descalças, as larvas penetram rapida- gir as meninges (membranas que revestem a medula espinhal e o
mente. Atravessando a pele, caem no sangue e vão até o coração, encéfalo), causando infecções graves denominadas de “meningite
pulmões, brônquios, estômago e intestinos. Durante essa migração, tuberculosa”.
sofrem transformações até chegar a vermes adultos, cujos ovos são Em diversos países houve a ideia de que por volta de 2010 a
eliminados pelas fezes. doença estaria praticamente controlada e inexistente. No entan-
to, o advento do HIV e da AIDS mudaram drasticamente esta pers-
Como se contrai pectiva. No ano de 1993, em decorrência do número de casos da
Os vermes adultos cortam a mucosa intestinal e alimentam-se doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado
de sangue. Como têm hábito de mudar de lugar frequentemente, de emergência global e propôs o DOTS (Tratamento Diretamente
produzem inúmeras feri- das no intestino que sangram, provocando Supervisionado) como estratégia para o controle da doença.
anemia e emagrecimento. A perda de sangue provoca a diminuição
de ferro no organismo, elemento indispensável para a saúde do ho- Sintomas mais comuns: Entre seus sintomas, pode-se mencio-
mem. É por essa razão que crianças portadoras do amarelão têm o nar tosse com secreção, febre (mais comumente ao entardecer),
hábito de comer terra, buscando aí o ferro necessário. suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e
dores musculares. Dificuldade na respiração, eliminação de sangue
Sintomas e acúmulo de pus na pleura pulmonar são característicos em casos
Os sintomas mais comuns apresentados pelos portadores de mais graves.
amarelão são: preguiça para o trabalho e estudos, cansaço, desâni- Contágio e evolução: A tuberculose se dissemina através de
mo, prisão de ventre ou crise de diarreia, irritabilidade, mau humor, aerossóis no ar que são expelidas quando pessoas com tuberculose
anemia, palidez, dor de cabeça, tosse, emagrecimento e dores mus- infecciosa tossem, espirram. Contactos próximos (pessoas que tem
culares. Pessoas mal alimentadas são as mais prejudicadas pelos contato freqüente) têm alto risco de se infectarem. A transmissão
vermes. ocorre somente a partir de pessoas com tuberculose infecciosa
activa (e não de quem tem a doença latente). A probabilidade da
Prevenção/Tratamento transmissão depende do grau de infecção da pessoa com tubercu-
• Andar sempre calçado. lose e da quantidade expelida, forma e duração da exposição ao
• Lavar as mãos, principalmente antes das refeições. bacilo, e a virulência. A cadeia de transmissão pode ser interrom-
• Fazer uso de privadas ou fossas. pida isolando-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se uma
• Procurar o médico ou posto de saúde para submeter-se a terapia antituberculose eficaz.
exames, para detectar a presença de vermes. Em caso positivo, pro- Notificação: A tuberculose é uma doença de notificação obri-
curar o tratamento adequado. A melhoria do estado nutricional é gatória (compulsória), ou seja, qualquer caso confirmado tem que
importante no combate às parasitoses, já que a incidência e os sin- ser obrigatoriamente notificado.
tomas da doença são menores em indivíduos bem nutridos.

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Infecção: A infecção pelo M. tuberculosis se inicia quando o ou teste de Mantoux) está indicada para o diagnóstico da infecção
bacilo atinge os alvéolos pulmonares e pode se espalhar para os latente, mas também auxilia no diagnóstico da doença em situa-
nódulos linfáticos e daí, através da corrente sanguínea para tecidos ções especiais, como no caso de crianças com suspeita de tubercu-
mais distantes onde a doença pode se desenvolver: a parte supe- lose. Toda pessoa com tosse por três semanas ou mais é chamada
rior dos pulmões, os rins, o cérebro e os ossos. A resposta imunoló- sintomática respiratória (SR) e pode estar com tuberculose.
gica do organismo mata a maioria dos bacilos, levando à formação
de um granuloma. Os “tubérculos”, ou nódulos de tuberculose são Baciloscopia: A baciloscopia é um exame realizado com o es-
pequenas lesões que consistem em tecidos mortos de cor acinzen- carro do paciente suspeito de ser vítima de tuberculose, colhido
tada contendo a bactéria da tuberculose. Normalmente o sistema em um potinho estéril. Para o exame são necessárias duas amos-
imunológico é capaz de conter a multiplicação do bacilo, evitando tras. Uma amostra deve ser colhida no momento da identificação
sua disseminação em 90% dos casos. do sintomático respiratório e a outra na manhã do dia seguinte,
Evolução: Entretanto, em algumas pessoas, o bacilo da tu- com o paciente ainda em jejum após enxaguar a boca com água. É
berculose supera as defesas do sistema imunológico e começa a importante orientar o paciente a não cuspir, mas sim escarrar. Esse
se multiplicar, resultando na progressão de uma simples infecção exame está disponível no SUS e pode ser solicitado por enfermeiros
por tuberculose para a doença em si. Isto pode ocorrer logo após a e médicos.
infecção (tuberculose primária – 1 a 5% dos casos), ou vários anos Histórico médico: O histórico médico inclui a obtenção de sin-
após a infecção (reativação da doença tuberculosa, ou bacilo dor- tomas da tuberculose pulmonar:
mente – 5 a 9 %). Cerca de 5% das pessoas infectadas vão desenvol- - tosse intensa e prolongada por três ou mais semanas;
ver a doença nos dois primeiros anos, e outras 5% vão desenvolvê- - dor no peito; e
-la ainda mais tarde. No total, cerca de 10% dos infectados com sis- - hemoptise.
tema imunológico normal desenvolverão a doença durante a vida.
Algumas situações aumentam o risco de progressão da tuber- Sintomas sistêmicos incluem:
culose. Em pessoas infectadas com o HIV ou outras doenças que de- - febre;
primem o sistema imunológico tem muito mais chances de desen- - calafrios;
volverem complicações. Outras situações de risco incluem: o abuso - suores noturnos;
de drogas injetáveis; infecção recente de tuberculose nos últimos 2 - perda de apetite e peso; e
anos; raio-x do tórax que sugira a existência de tuberculose (lesões - cansaço fácil.
fibróticas e nódulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada
com corticosteróides e outras terapias imuno-supressivas, câncer Outras partes do histórico médico incluem:
na cabeça ou pescoço, doenças no sangue ou reticuloendoteliais - exposição anterior à tuberculose, na forma de infecção ou
doença;
(leucemia e doença de Hodgkin), doença renal em estágio avan-
- tratamento anterior de TB;
çado, gastrectomia, síndromes de mal-absorção crônicas, ou baixo
- fatores de risco demográficos para a TB; e
peso corporal (10% ou mais de peso abaixo do ideal).
- condições médicas que aumentem o risco de infecção por tu-
berculoses, tais como a infecção por HIV.
A tuberculose afeta principalmente os pulmões, (75% ou mais)
e é chamada de tuberculose pulmonar. Os sintomas incluem tosse
Deve-se suspeitar de tuberculose quando uma doença respira-
prolongada com duração de mais de três semanas, dor no peito e
tória persistente - num indivíduo que de outra forma seria saudável
hemoptise. Outros sintomas incluem febre, calafrios, suores notur-
- não estiver respondendo aos antibióticos regulares.
nos, perda de apetite e de peso, e cansaço fácil. A palavra consun- Exame físico: Um exame físico é feito para avaliar a saúde geral
ção (consumpção, em Portugal) surgiu porque os doentes pareciam do paciente e descobrir outros fatores que podem afetar o plano de
ter sido “consumidos por dentro” pela doença. Outros locais do tratamento da tuberculose. Não pode ser usado como diagnostica-
corpo que são afetados incluem a pleura, o sistema nervoso cen- dor da Tuberculose.
tral (meninges), o sistema linfático, o sistema genitourinário, ossos Radiografia do tórax: A tuberculose cria cavidades visíveis em
e articulações, ou pode ser disseminada pelo corpo (tuberculose radiografias como esta, na parte superior do pulmão direito. Uma
miliar - assim chamada porque as lesões que se formam parecem radiografia postero-anterior do tórax é a tradicionalmente feita;
pequenos grãos de milho). Estas são mais comuns em pessoas com outras vistas (lateral ou lordótico) ou imagens de tomografia com-
supressão imunológica e em crianças. A tuberculose pulmonar tam- putadorizada podem ser necessárias.
bém pode evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar. Em tuberculose pulmonar ativa, infiltrações ou consolidações
Resistência a medicamentos: A tuberculose resistente é trans- e/ou cavidades são frequentemente vistas na parte superior dos
mitida da mesma forma que as formas sensíveis a medicamentos. pulmões com ou sem linfadenopatia (doença nos nódulos linfáti-
A resistência primária se desenvolve em pessoas infectadas ini- cos) mediastinal ou hilar. No entanto, lesões podem aparecer em
cialmente com microorganismos resistentes. A resistência secun- qualquer lugar nos pulmões. Em pessoas com HIV e outras imuno-
dária (ou adquirida) surge quando a terapia contra a tuberculose é -supressões, qualquer anormalidade pode indicar a TB, ou o raio-x
inadequada ou quando não se segue ou se interrompe o regime de dos pulmões pode até mesmo parecer inteiramente normal. Em
tratamento prescrito. geral, a tuberculose anteriormente tratada aparece no raio-x como
Diagnóstico: Uma avaliação médica completa para a tuberculo- nódulos pulmonares na área hilar ou nos lóbulos superiores, apre-
se ativa inclui um histórico médico, um exame físico, a baciloscopia sentando ou não marcas fibróticas e perda de volume. Bronquiec-
de escarro, uma radiografia do tórax e culturas microbiológicas. A tastia (isto é, dilatação dos brônquios com a presença de catarro) e
prova tuberculínica (também conhecida como teste tuberculínico marcas pleurais podem estar presentes.

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nódulos e cicatrizes fibróticas podem conter bacilos de tuber- - Utilizadores de drogas injetáveis
culose em multiplicação lenta, com potencial para progredirem - Residentes e empregados de locais de aglomerações de alto
para uma futura tuberculose ativa. Indivíduos com estas caracterís- risco (ex.: prisões, enfermarias, hospitais, abrigos de sem-teto, etc.)
ticas em seus exames, se tiverem um teste positivo de reação sub- - Pessoal de laboratórios onde se faça testes com Mycobacte-
cutânea à tuberculina, devem ser consideradas candidatos de alta rium
prioridade ao tratamento da infecção latente, independente de sua - Pessoas com condições clínicas de alto risco (ex.:, diabetes,
idade. De modo oposto, lesões granulares calcificadas (granulomas terapias prolongadas com corticosteróides, leucemia, falência re-
calcificados) apresentam baixíssimo risco de progressão para uma nal, síndromes de mal-absorção crônicas, reduzido peso corporal,
tuberculose ativa. Anormalidades detectadas em radiografias do etc)
tórax podem sugerir, porém, nunca são exatamente o diagnóstico, - Crianças com menos de 4 anos de idade, ou crianças e adoles-
de tuberculose. Entretanto, estas radiografias podem ser usadas centes expostos a adultos nas categorias de alto risco
para descartar a possibilidade de tuberculose pulmonar numa pes-
soa que tenha reação positiva ao teste de tuberculina mas que não 15 mm ou mais é positivo em:
tenha os sintomas da doença. - (Não utilizado no Brasil) Pessoas sem fatores de risco conhe-
Estudos microbiológicos: Colônias de M. tuberculosis podem cidos para a TB
ser vistas nitidamente nesta cultura. Análises de amostras de es- - (Nota: programas de testes cutâneos normalmente são con-
carro e culturas microbiológicas devem ser feitas para detectar o duzidos entre grupos de alto risco para a doença)
bacilo, caso o paciente esteja produzindo secreção. Se não estiver
produzindo-a, uma amostra coletada na laringe, uma broncoscopia Um teste negativo não exclui tuberculose ativa, especialmente
ou uma aspiração por agulha fina podem ser consideradas. O ba- se o teste foi feito entre 6 e 8 semanas após adquirir-se a infecção;
cilo pode ser cultivado, apesar de crescer lentamente e então, ou se a infecção for intensa, ou se o paciente tiver comprometimen-
imediatamente após colheita da amostra corado (com a técnica de to imunológico. Um teste positivo não indica doença ativa, apenas
Ziehl-Neelsen) e observado ao microscópio óptico. que o indivíduo teve contato com o bacilo. Não há relação entre a
eficácia da vacina BCG e um teste de Mantoux positivo. Uma BCG é
Prova Tubberculínica (Teste Tuberculínico ou de Mantoux): suficiente; a revacinação não é útil. Uma vacinação prévia por BCG
Dentre a gama de testes disponíveis para avaliar a possibilidade de dá, por vezes, resultados falso-positivos. Isto torna o teste de Man-
TB, o teste de Mantoux envolve injeção intradérmica de tuberculi- toux pouco útil em pessoas vacinadas por BCG. A fim de melhorar
na e a medição do tamanho da envuração provocada após 72 horas o Teste de Mantoux, outros testes estão sendo desenvolvidos. Um
(48 a 96 horas). O teste intradérmico de Mantoux é usado no Brasil, dos considerados promissores observa a reação de linfócitos-T aos
nos EUA e no Canadá. O teste de Heaf é usado no Reino Unido. Um antígenos ESAT6 e CFP10.
resultado positivo indica que houve contato com o bacilo (infec-
ção latente da tuberculose), mas não indica doença, já que, após Teste de Heaf
o contágio, o indivíduo apresenta 5% de chances de desenvolver a O Teste de Heaf é usado no Reino Unido, e também injeta a
doença nos primeiros 2 anos. Este teste é utilizado para fins de con- proteína purificada (PPD) na pele, observando-se a reação resultan-
trole epidemiológico e profilaxia em contactantes de pacientes com te. Quando alguém é diagnosticado com tuberculose, todos os seus
tuberculose. Em situações específicas, como no caso do diagnóstico contatos próximos devem ser investigados com um teste de Man-
da doença em crianças, pode auxiliar no diagnóstico. O derivado de toux e, principalmente, radiografias de tórax, a critério médico.
proteína purificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de cultu-
ras filtradas e esterilizadas, é injetado de forma intradérmica (isto Sistema de classificação
é, dentro da pele) e a leitura do exame é feita entre 48 e 96 horas O sistema de classificação para a tuberculose mostrado abaixo
(idealmente 72 horas) após a aplicação do PPD. Um paciente que é baseado no grau de patogenia da doença. Os agentes de saúde
foi exposto à bactéria deve apresentar uma resposta imunológica devem obedecer às leis de cada país no tocante à notificação de
na pele, a chamada “enduração”. casos de tuberculose. As situações descritas em 3 ou 5 na tabe-
Classificação da reação à tuberculina: Os resultados são classi- la abaixo devem ser imediatamente notificadas às autoridades de
ficados como Reator Forte, Reator Fraco ou Não Reator. Um endu- saúde locais.
recimento de mais de 5–15 mm (dependendo dos fatores de risco
da pessoa) a 10 unidades de Mantoux é considerado um resultado Sistema de classificação para a tuberculose. (TB)
positivo, indicando infecção pelo M. tuberculosis.
Classe Tipo Descrição
5 mm ou mais de tamanho são positivos para a TB em: Nenhum histórico de
- pacientes positivos para o HIV Nenhuma exposição
exposição
- contatos com casos recentes de TB 0 à TB
Reação negativa ao teste
- pessoas com mudanças nodulares ou fibróticas em raios-x do Não infectado
de tuberculina dérmico
tórax, consistentes com casos antigos de TB curada
- Pacientes com órgãos transplantados e outros pacientes imu- Exposição à TB Histórico de exposição
no-suprimidos 1 Nenhuma evidência de Reação negativa ao teste
infecção dérmico de tuberculina
10 mm ou mais é positivo em:
- Pessoas recém-chegadas (menos de 5 anos) de países com
alta incidência da doença (isso inclui quem mora no Brasil)

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Reação positiva ao teste - Crianças com menos de 4 anos de idade têm grande risco
de progressão de uma infecção para a doença, e de desenvolve-
dérmico de tuberculina
rem formas de TB potencialmente fatais. Estes contatos próximos
Estudos bacteriológicos
normalmente devem receber tratamento para tuberculose latente
Infecção de TB negativos (caso tenham
2 mesmo quando não os testes de tuberculina ou o raio-x do tórax
Sem doença sido feitos)
não sugere TB.
Nenhuma evidência
clínica, bacteriológica ou Um segundo teste de tuberculina normalmente é feito de 10
radiográfica de TB a 12 semanas após a última exposição à TB infecciosa, para que se
Cultura de M. tuberculosis decida se o tratamento será descontinuado ou não.
(caso tenha sido feita)
3 TB clinicamente ativa Evidências clínicas, Tratamento de tuberculose ativa: Os tratamentos recentes
bacteriológicas, ou para a tuberculose ativa incluem uma combinação de drogas e re-
radiográficas da doença médios, às vezes num total de quatro, que são reduzidas após certo
tempo, a critério médico. Não se utiliza apenas uma droga, pois,
Histórico de episódio(s)
neste caso, todas as bactérias sensíveis a ela morrem, e, três meses
de TB depois, o paciente sofrerá infecção de bactérias que conseguiram
ou resistir a esta primeira droga. Alguns medicamentos matam a bac-
Sinais anormais porém téria, outros agem contra a bactéria infiltrada em células, e outros,
estáveis nas radiografias ainda, impedem a sua multiplicação. Ressalve-se que o tratamento
Reação positiva ao teste deve seguir uma continuidade com acompanhamento médico, e
TB
4 dérmico de tuberculina não suspenso pelo paciente após uma simples melhora. Com isto
não ativa clinicamente
Estudos bacteriológicos evita-se que cepas da bactéria mais resistentes sobrevivam no or-
negativos (se feitos) ganismo, e retornem posteriormente com uma infecção mais difícil
e de curar. O tratamento pode durar até 5 anos.
Nenhuma evidência clínica
ou radiográfica de presença Prevenção: A imunização com vacina BCG dá entre 50% a 80%
da doença de resistência à doença. Em áreas tropicais onde a incidência de
Diagnóstico pendente mycobactérias atípicas é elevada (a exposição a algumas “myco-
A doença deve ser bacterias” não transmissoras de tuberculose dá alguma proteção
5 Suspeita de TB contra a TB), a eficácia da BCG é bem menor. No Reino Unido ado-
confirmada ou descartada
lescentes de 15 anos são normalmente vacinadas durante o perío-
dentro de 3 meses
do escolar.
Tratamento: Pessoas com infecção de Tuberculose (classes 2
O QUE É HEPATITE?
ou 4), mas que não têm a doença (como nas classes 3 ou 5), não es-
palham a infecção para outras pessoas. A infecção por Tuberculose
Hepatite é a degeneração do fígado causada por fatores como
numa pessoa que não tem a doença não é considerada um caso de
infecções virais (do tipo A, B e C), consumo excessivo de álcool e uso
Tuberculose e normalmente é relatada como uma infecção latente
contínuo de medicamentos com substâncias tóxicas para o corpo.
de Tuberculose. Esta distinção é importante porque as opções de
Enquanto os vírus atacam o fígado quando parasitam suas cé-
tratamento são diferentes para quem tem a infecção latente e para
lulas, a cirrose dos alcoólatras é causada pela ingestão frequente de
quem tem a doença ativa.
bebidas alcoólicas - uma vez no organismo, o álcool é transformado
Tratamento de infecção latente de tuberculose: O tratamento
em ácidos nocivos às células hepáticas, levando à hepatite.
da infecção latente é essencial para o controle e eliminação da TB,
pela redução do risco de a infecção vir a tornar-se doença ativa.
Hepatite crônica
Uma avaliação para descartar TB ativa é necessária antes que um
A hepatite pode ser crônica quando faz o fígado ficar inflama-
tratamento para tuberculose latente seja iniciado. Candidatos ao
do por pelo menos seis meses. As causas mais comuns são o uso
tratamento de tuberculose latente são aqueles grupos de muito
contínuo de medicamentos, além dos vírus A e B. Nestes casos, o
alto risco, com reação positiva à tuberculina de 5 mm ou mais, as-
paciente pode ser instruído a usar antivirais receitados por um es-
sim como aqueles grupos de alto risco com reações cutâneas de 10
pecialista.
mm ou mais. Veja em inglês na Wikipédia,classification of tubercu-
Dependendo da situação, a doença traz complicações sérias,
lin reaction. Há vários tipos de tratamento disponíveis, a critério
como a cirrose e a insuficiência hepática.
médico.- Contatos próximos: são aqueles que dividem a mesma ha-
bitação ou outros ambientes fechados. Aqueles com riscos maiores
Tipos
são as crianças com idade inferior a 4 anos, pessoas imuno-deprimi-
A hepatite pode ser dividida de acordo com suas causas em:
das e outros que possam desenvolver a TB logo após uma infecção.
- Hepatite A
Contatos próximos que tenham tido uma reação negativa ao teste
- Hepatite B
de tuberculina (menos de 5 mm) devem ser novamente testados
- Hepatite C
10 a 12 semanas após sua última exposição à TB. O tratamento da
- Hepatite alcoólica
tuberculose latente pode ser descontinuado a critério médico.
- Hepatite medicamentosa

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Hepatite autoimune. - Consumo de água e alimentos contaminados


Causas - Sexo desprotegido
Cada tipo de hepatite tem causas diferentes: - Compartilhar agulhas para uso de drogas injetáveis
Hepatite A - Uso de material cirúrgico contaminado e não-descartável
O vírus da hepatite tipo A (HAV) é transmissível, principalmente - Compartilhar lâminas (cuidado em sessões de depilação ou
através de água e alimentos contaminados. Também é possível con- tatuagem, manicure e barbearia)
trair a doença praticando sexo sem preservativo. - Compartilhar escova de dentes
- Não usar material de proteção individual ao lidar com produ-
Hepatite B tos biológicos
O vírus da hepatite tipo B (HBV) é transmissível, principalmente - Uso abusivo de álcool e medicamentos
por fluidos corporais. As formas mais comuns de contágio são: dro- - Não receber as vacinas contra as hepatites a e b se houver
gas injetáveis, cirurgias realizadas com materiais não esterilizados e indicação.
uso de lâminas de barbear ou alicates utilizados por outras pessoas.
O vírus também pode ser passado sexualmente, reforçando a ne- Sintomas de Hepatite
cessidade do uso de preservativos e outros métodos de barreira. Os sintomas variam conforme o tipo de hepatite:
Hepatite C
O vírus da hepatite tipo C (HCV) é transmissível, principalmente Sintomas da hepatite A
por fluidos corporais. As formas mais comuns de contágio são: dro- Normalmente o vírus da hepatite A fica incubado por entre 10
gas injetáveis, cirurgias realizadas com materiais não esterilizados e a 50 dias e pode não causar sintomas. Porém, quando manifesta, os
uso de lâminas de barbear ou alicates utilizados por outras pessoas. mais comuns são:
O vírus também pode ser passado sexualmente, reforçando a ne- - Febre
cessidade do uso de preservativos e outros métodos de barreira. - Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Náuseas e vômito
Hepatite alcoólica - Mal-estar
Pode ser causada pelo uso abusivo de álcool que pode levar a - Desconforto abdominal
uma hepatite alcoólica crônica ou desencadear um processo crôni- - Falta de apetite
co que leve a cirrose e insuficiências hepáticas. - Urina com cor laranja escuro
Hepatite medicamentosa - Fezes esbranquiçadas.
Vários medicamentos (inclusive fitoterápicos) podem lesar o
fígado e para certos remédios o risco é tão elevado que o fígado Sintomas de hepatite B
deve ser monitorado com exames laboratoriais periódicos para, no Muitas vezes a hepatite B não apresenta sintomas e só é des-
caso de ocorrer lesão hepática, suspender precocemente o medi- coberta anos após a infecção, quando pode ter evoluído para cura
camento. espontânea ou para um quadro crônico, possivelmente com cirrose
ou câncer de fígado.
Hepatite autoimune
Como resultado de uma falha no sistema imunológico, este co- Sintomas da hepatite C
meça a produzir anticorpos que vão reagir contra o próprio fígado. Frequentemente, os sinais da hepatite C podem não aparecer
Mais comum em mulheres, este processo pode se desenvolver de no início da infecção e grande parte das pessoas só descobre que
forma crônica, com períodos de exacerbação, e até levar à cirrose tem a doença em exames de sangue para esses vírus ou após vários
hepática se não tratado adequadamente. anos com o surgimento de complicações desta infecção. Quando
aparecem, os sintomas dessas hepatites são muito similares aos da
Esteato-hepatite não alcoólica hepatite A.
O acúmulo de gordura no fígado chamado de esteatose hepá-
tica, que acomete cerca de 20% dos brasileiros, pode evoluir para Sintomas da hepatite alcoólica
uma forma inflamatória (esteato-hepatite não alcoólica) com risco Os sintomas iniciais desse tipo de hepatite são muito seme-
de cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. lhantes aos da hepatite A. Em casos mais avançados, pode apresen-
tar sinais como:
Outros agentes etiológicos - Acúmulo de fluídos no abdômen
- Vírus da hepatite D e E, além de outros vírus, bactérias e pa- - Convulsões
rasitas - Mudanças de comportamento devido às toxinas liberadas
- Substâncias tóxicas como toxinas industriais (por exemplo, pelo fígado
tetracloreto de carbono) e aflatoxina (produzida por alguns fungos) - Insuficiência renal e do fígado.
- Doenças do metabolismo como hemocromatose, doença de
Wilson, deficiência de alfa-1-antitripsina, amiloidose Sintomas de hepatite autoimune
- Secundária a doenças biliares ou sistêmicas. Os sintomas desse quadro podem surgir de repente e incluem:
- Fadiga
Fatores de risco - Disconforto abdominal
Os fatores de risco para ter uma hepatite estão relacionados - Icterícia
aos agentes causadores da hepatite. Podemos destacar como fato- - Aumento do fígado
res de risco: - Aparecimento de veias pela pele

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Áreas de vermelhidão na pele Complicações possíveis


- Dor nas articulações Entre as complicações possíveis estão a evolução para hepati-
- Redução da menstruação em mulheres. te fulminante com encefalopatia hepática (alterações neurológicas
como confusão mental, raciocínio lento e até mesmo coma), san-
Diagnóstico de Hepatite gramentos pela redução dos fatores de coagulação e insuficiência
O diagnóstico de hepatite é feito através da anamnese para renal, por vezes sendo necessário o transplante hepático. O dano
identificar os sintomas apresentados e buscar fatores de risco para prolongado pode levar a cirrose e insuficiência hepáticas e até mes-
os diferentes tipos de hepatite a fim de definir os exames a serem mo causar o carcinoma hepatocelular.
solicitados visando estabelecer a causa da hepatite. No exame físico Convivendo/ Prognóstico
são buscados sinais de doença hepática como icterícia e aumento Na dependência de vários fatores como a causa da hepatite e
do fígado. Por fim, são solicitados os exames complementares ca- fatores relacionados à pessoa, a hepatite aguda pode evoluir para
bíveis. cura completa, tornar-se crônica com risco de desencadear um
processo que leve a destruição contínua e progressiva do fígado e
Exames culminando com cirrose e insuficiência hepáticas ou pode ser tão
Os exames para diagnóstico de hepatite se baseiam no hepa- intensa que leve à hepatite fulminante com necessidade urgente de
tograma para definir o grau de inflamação e em marcadores da transplante hepático.
função hepática como a albumina, as bilirrubinas e o tempo de ati- Prevenção
vidade da protrombina. Com o intuito de determinar a causa serão A melhor estratégia de prevenção das hepatites inclui a melho-
solicitadas sorologias para os diferentes vírus de hepatite e, em ca- ria das condições de vida, com adequação do saneamento básico e
sos selecionados, marcadores de autoimunidade. medidas educacionais de higiene, além de não fazer sexo despro-
Pode ainda ser solicitada uma ultrassonografia para avaliar o tegido.
fígado (se está aumentado de tamanho, se apresenta alguma obs- É mandatório o uso de equipamentos de proteção individual
trução ou tumor) e a presença de ascite (líquido livre na cavidade pelos profissionais que lidem com material biológico; o não com-
abdominal). A biópsia hepática habitualmente não é utilizada, por partilhamento de alicates de unha, lâminas de barbear, escovas de
ser um procedimento invasivo, estando reservada para casos em dente, equipamentos para uso de drogas.
que permanece dúvidas em relação à causa da hepatite ou para Deve-se evitar o uso abusivo de álcool e não se expor a ou-
situações em que uma avaliação mais rigorosa do grau de lesão he- tras substâncias que sejam tóxicas ao fígado, como determinados
pática se faz necessário. medicamentos. Não usar medicamentos em doses maiores que as
permitidas e não usar remédios por um tempo maior que o reco-
Tratamento de Hepatite mendado pelo prescritor.
Não existe tratamento para a forma aguda da hepatite. Se ne- Deve ser realizado o tratamento dos indivíduos infectados por
cessário, apenas sintomático para náuseas e vômitos. O repouso vírus causadores de hepatite (reduz a transmissão).
é considerado importante no tratamento da hepatite pela própria
condição do paciente. Vacina de hepatite A
No caso da hepatite A não existe tratamento específico. Para A vacina específica contra o vírus A está indicada conforme pre-
hepatite B crônica podem ser prescritos medicamentos antivirais. conizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Já no caso da hepatite C são usados medicamentos antivirais tanto É importante o controle efetivo de bancos de sangue através da
na fase aguda quanto na crônica. triagem sorológica.
Para a hepatite alcoólica, em certos casos mais graves, podem
ser prescritos corticosteróides e muitas vezes se faz necessária a Vacina de hepatite B
reposição de sais minerais e vitaminas. A vacinação contra hepatite B, disponível no SUS, conforme
No caso da hepatite medicamentosa o tratamento é de supor- padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) também
te, mas, se a causa for intoxicação por paracetamol, pode ser utili- é uma forma de prevenção, assim como o uso de imunoglobulina
zada a acetilcisteína. humana Anti-Vírus da hepatite B também disponível no SUS, con-
No caso da hepatite autoimune são utilizados corticosteróides forme padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI).11
e imunossupressores.

Medicamentos para Hepatite EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PARTICIPAÇÃO


Os medicamentos mais usados para o tratamento de hepatite COMUNITÁRIA
são:
- Epocler
- Prednisona. Educação em saúde: componente essencial do cuidado às
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais in- mães de bebês de riscos acompanhados em unidades especializa-
dicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração das; ação essencial e intrínseca aos exercícios de todos os profissio-
do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e nais da área.
NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento
sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou
em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instru-
ções na bula.
11Fonte: www.minhavida.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Principais objetivos A preservação do meio ambiente depende muito da sensibiliza-


• Identificar as necessidades das mães e famílias dos bebês de ção dos indivíduos de uma sociedade. A cidadania deve contemplar
risco no que tange à prática educacional orientada para o cuidado atividades e noções que contribuem para a prosperidade do meio
com os filhos ambiente. Desta forma, é importante saber instruir os cidadãos de
• Sanar as dúvidas e as inseguranças das mães de bebês nasci- várias idades, através de formação nas escolas e em outros locais.
dos em condições de riscos à saúde que não estão capacitadas para No Brasil existe a PNMA, que é a Política Nacional do Meio
cuidar de si e do filho cujo estado exige cuidados especiais Ambiente. A PNMA define meio ambiente como o conjunto de con-
dições, leis, influências e interações de ordem física, química e bio-
Principal benefício: minimiza as concepções adversas vivencia- lógica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
das pela mãe no contexto, proporcionando a autonomia materna
para cuidar do filho no domicílio. Meio ambiente e sustentabilidade
A sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do
Papéis da enfermagem meio ambiente do planeta Terra, é manter a qualidade de vida,
• Atuar como educador em potencial, desenvolvendo ações manter o meio ambiente em harmonia com as pessoas. É cuidar
educativas junto às mães (e familiares), auxiliando o fortalecimento para não poluir a água, separar o lixo, evitar desastres ecológicos,
da independência destas pessoas, reproduzindo elementos do cui- como queimadas, desmatamentos. O próprio conceito de sustenta-
dado clínico de enfermagem. bilidade é para longo prazo, significa cuidar de todo o sistema, para
• Atuar como agentes de medidas educativas durante todo o que as gerações futuras possam aproveitar.
tempo, compreendendo como se estabelecem os processos educa-
tivos, os quais devem ser moderados pelo diálogo, na horizontalida- É importante que a sustentabilidade do meio ambiente seja
de e na valorização dos saberes de educadores e educandos. cada vez uma prioridade para os políticos no poder, para que a con-
• Ter a consciência de que a mudança de comportamento que servação do meio ambiente possa ser alcançada.
resulta das ações de educação em saúde acontece de modo com-
plexo, incluindo aspectos subjetivos e objetivos, como motivações Meio ambiente e reciclagem
individuais, além dos contextos socioeconômico e cultural. A reciclagem é um processo de elevada relevância para a pre-
servação do meio ambiente. Através da reciclagem, é possível di-
Principais abordagens minuir a poluição do ar, água e solo. O grande desafio na área da
• Sentimentos vivenciados pelas mães permeados pelo medo, reciclagem é conseguir educar os cidadãos para que compreendam
insegurança e o desejo de cuidar que cada esforço, por mais pequeno que seja, tem um impacto po-
• Amamentação - saberes profissionais e a cultura das mães sitivo no meio ambiente envolvente.
• Família, religiosidade e o compartilhamento em grupo: apoio
para a mãe de um bebê de risco Meio ambiente e sociologia
• Vínculo com o filho: significados e bem-estar para a mãe e o No âmbito da sociologia, o meio ambiente é o conjunto de to-
bebê dos os fatores materiais ou imateriais que afetam o indivíduo e que
• Desejo e possibilidades de cuidados maternos nas experiên- vão desde a paisagem até à mentalidade da época. Os sociólogos
cias da unidade neonatal: necessidade de prática educativa pela partidários da teoria do meio ambiente consideram o indivíduo
enfermagem.
como produto das suas relações sociais.

MEIO AMBIENTE E SANEAMENTO Saneamento básico é o conjunto de medidas adotadas em


uma região, em uma cidade, para melhorar a vida e a saúde dos
habitantes impedindo que fatores físicos de efeitos nocivos possam
Meio ambiente envolve todas as coisas vivas e não-vivas que
prejudicar as pessoas no seu bem-estar físico mental e social.
ocorrem na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecos-
O abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a lim-
sistemas e a vida dos humanos. O meio ambiente pode ter diversos
peza urbana, o manejo de resíduos sólidos e drenagem das águas
conceitos, que são identificados por seus componentes.
Na ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou ina- pluviais são o conjunto de serviços de infraestruturas e instalações
nimado onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio am- operacionais que vão melhorar a vida da comunidade. É importante
biente existem vários fatores externos que têm uma influência no a preocupação dos governantes garantirem o bem estar e a saú-
organismo. A ecologia tem como objeto de estudo as relações entre de da população desde que também sejam tomadas medidas para
os organismos e o ambiente envolvente. educar a comunidade para a conservação ambiental.
Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que fun-
cionam como um sistema natural, e incluem toda a vegetação, ani- Saneamento básico no Brasil
mais, microorganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos natu- Um dos problemas mais graves nas grandes periferias do Brasil
rais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente também é justamente a falta do saneamento básico e é este um dos fato-
compreende recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima, res mais importantes da saúde porquê de acordo com o meio onde
assim como energia, radiação, descarga elétrica, e magnetismo. vivem podem contrair e transmitir muitas doenças, inclusive por
Para as Nações Unidas, meio ambiente é o conjunto de com- exemplo, doenças respiratórias, vermes e tantas outras. Portanto
ponentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar o acesso à água potável e algumas condições de higiene, muitas
efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os doenças podem ser evitadas diminuindo assim o custo com trata-
seres vivos e as atividades humanas. mentos.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O investimento no saneamento básico é crucial na sociedade, O Grupo de Trabalho Interministerial e o Grupo de Acompa-
já que cada R$ 1 investido em saneamento equivale a uma econo- nhamento do Conselho das Cidades (GTI e GA), incumbidos de
mia de R$ 4 na área de saúde, porque o saneamento básico repre- acompanhar o Plansab, também participaram das discussões sobre
senta medidas de prevenção. a política e o conteúdo mínimo dos planos de saneamento básico
Além disso, outro fator importante do saneamento básico é a cujas orientações constam da Resolução Recomendada nº 75 apro-
sua capacidade de criação de trabalho. Em 2010, este setor criou vada pelo Concidades.
64 mil postos de trabalho, o que significa um total de 671 mil em- A esse aspecto, soma-se o compromisso do País com os Obje-
pregos criados direta ou indiretamente pelo setor do saneamento tivos do Milênio das Nações Unidas e a instituição de 2009 - 2010
básico. como o Biênio Brasileiro do Saneamento (Decreto nº 6.942/09),
De acordo com números do Sistema Nacional de Informações com o propósito de mobilizar para o alcance da meta de, até o ano
sobre Saneamento 2010 (SNIS), divulgado em Junho de 2012, a dis- de 2015, reduzir pela metade a proporção de pessoas que não con-
tribuição de água potável chega a 81,1% da população. Relativa- tam com saneamento básico.
mente à coleta de esgotos, ela chega a 46,2% dos brasileiros.
Em 2004, segundo uma pesquisa conduzida pela Organização O Pacto pelo Saneamento Básico
Mundial de Saúde, só no Brasil existiam 13 milhões de pessoas que
não tinham acesso a um banheiro. O Pacto pelo Saneamento básico tem o propósito de buscar
a adesão e o compromisso de toda a sociedade por meio dos seg-
Saneamento básico e saúde mentos representados no Conselho das Cidades (Poder Público,
A Organização Mundial de Saúde define o saneamento básico empresários, trabalhadores, movimentos sociais, ONGs e Academia
como “o controle de todos os fatores do meio físico do homem que e Pesquisa), bem como dos prestadores de serviços e outros órgãos
exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-estar responsáveis pelo Saneamento Básico, em relação aos eixos e estra-
físico, mental ou social”. O saneamento básico tem como o seu prin- tégias e ao processo de elaboração e implementação do PLANSAB.
cipal objetivo zelar pela saúde do ser humano, tendo em conta que O Pacto deve estabelecer um ambiente de confiança e com-
muitas doenças podem se desenvolver quando há um saneamento promisso, pautado pelo entendimento na construção de caminhos
precário. Assim, as medidas de prevenção que visam promover a e soluções para a universalização do acesso ao Saneamento Básico
saúde do Homem, são as seguintes: e à inclusão social. E visa mobilizar os diversos segmentos da socie-
-Abastecimento de água; dade na construção do Plano, em 2009, e no engajamento para o
-Manutenção do sistemas de esgotos; alcance dos objetivos e metas do PLANSAB.
-Coleta, remoção e destinação final do lixo;
-Drenagem de águas pluviais; Falta de saneamento básico
-Controle de insetos e roedores;
-Saneamento dos alimentos; A falta de saneamento básico é causa direta de muitas doen-
-Controle da poluição ambiental; ças e mortes em todo o mundo. Os países mais pobres são os mais
-Saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recre- atingidos pela falta de serviços básicos, como água tratada, esgoto
ação; encanado e destinação correta do lixo, o que acaba interferindo di-
-Saneamento aplicado ao planejamento territorial. retamente na qualidade e expectativa de vida da população e no
seu respectivo desenvolvimento.
Plano Nacional de Saneamento Básico Números alarmantes apontam que todos os anos em torno de
3,5 milhões de pessoas morrem por falta de acesso à água potável
Com o advento da Lei nº 11.445/07, foi cunhado o conceito de e a condições mínimas de saneamento.
saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e Na grande maioria dos casos, os mais afetados pela falta de
instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, lim- saneamento básico acabam sendo as crianças, em geral as menores
peza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas de cinco anos de idade, que não sobrevivem aos quadros de diar-
pluviais urbanas. reias fortíssimos. Em todo o mundo, anualmente, cerca de 1,4 mi-
A lei definiu também as competências quanto à coordenação e lhões de crianças morrem em decorrência da diarreia relacionada à
atuação dos diversos agentes envolvidos no planejamento e execu- falta de saneamento.
ção da política federal de saneamento básico no País. Em seu art. 52 Muitas outras doenças também estão associadas à falta de
a lei atribui ao Governo Federal, sob a coordenação do Ministério saneamento básico, como: esquistossomose, febre amarela, febre
das Cidades, a responsabilidade pela elaboração Plano Nacional de paratifoide, amebíase, ancilostomíase, ascaridíase, cisticercose, có-
Saneamento Básico (Plansab). lera, dengue, disenterias, elefantíase, malária, poliomielite, teníase
A questão do planejamento do setor já foi objeto de vários de- e tricuríase, febre tifóide, giardíase, hepatite, infecções na pele e
bates e do posicionamento do Conselho das Cidades que editou a nos olhos e leptospirose.
Resolução Recomendada nº. 33, de 1º de março de 2007, estabe- É importante salientar que para reduzir a ocorrência dessas do-
lecendo prazos e instituindo um Grupo de Trabalho integrado por enças, é fundamental que a população tenha acesso as condições
representantes do Governo Federal para o acompanhamento da mínimas de saneamento, com água e esgoto tratados corretamen-
elaboração do PLANSAB. te, destinação e tratamento adequado do lixo, assim como serviços
de drenagem urbana, instalações sanitárias corretas e educação
para a promoção de hábitos saudáveis de higiene.

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É todo lixo material que pode ser utilizado no processo de


ARMAZENAMENTO DE LIXO ATERRO E SANITÁRIO
transformação de outros materiais ou na fabricação de matéria-pri-
ma. São gerados nas residências, comércios e indústrias. Devem ser
separados e destinados a coleta seletiva. São usados por cooperati-
O lixo gerado pelos diversos segmentos da sociedade pode ser vas e empresas de reciclagem. A separação para a reciclagem deste
classificado de acordo com sua composição (características físicas) e tipo de resíduo sólido é de extrema importância, pois além de gerar
destino. Esta classificação é muito importante, pois facilita a coleta empregos e renda, também contribuí para o meio ambiente. Isto
seletiva, reciclagem e definição do destino mais apropriado. Logo, ocorre, pois este lixo não vai gerar poluição em rios, solo e mar.
são informações de muito valor para a preservação do meio am-
biente e manutenção da saúde das pessoas. Exemplos: embalagens de plástico, papelão, potes de vidro,
garrafas PET, jornais e revistas usadas e objetos de metal.
Lixo orgânico
Lixo industrial

É o lixo derivado dos resíduos orgânicos. São gerados principal-


mente nas residências, restaurantes e estabelecimentos comerciais São os resíduos, principalmente sólidos, originários no proces-
que atuam na área de alimentação. Devem ser separados dos ou- so de produção das indústrias. Geralmente é composto por sobras
tros tipos de lixo, pois são destinados, principalmente, aos aterros de matérias-primas, destinados à reciclagem ou reuso no processo
sanitários das cidades. industrial.

Exemplos: cascas de frutas e legumes; restos de verduras, de Exemplos: retalhos de tecido, sobras e retalhos de metal, em-
arroz e de feijão; restos de carnes e ovos. balagens de matéria-prima, sobras de vidro e etc.

Lixo reciclável Lixo hospitalar

São os resíduos originados em hospitais e clínicas médicas.


São perigosos, pois podem apresentar contaminação e transmitir
doenças para as pessoas que tiverem contato. Devem ser tratados
segundo padrões estabelecidos, com todo cuidado possível. São
destinados para empresas especializadas no tratamento deste tipo
de lixo, onde geralmente são incinerados.

Exemplos: curativos, seringas e agulhas usadas, material cirúr-


gico usado, restos de medicamentos e até mesmo partes do corpo
humano extraídos em procedimentos cirúrgicos.

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lixo comercial É aquele que é gerado, principalmente, pelas usinas nucleares.


É um lixo altamente perigoso por se tratar de elemento radioativo.
Devem tratados seguindo padrões rigorosos de segurança.
Exemplos: sobras de urânio utilizados em usinas nucleares e
elementos radioativos que compõem aparelhos de raio-x.

Lixo espacial

É aquele produzido pelos estabelecimentos comerciais como,


por exemplo, lojas de roupas, brinquedos e eletrodomésticos. Este
lixo é quase totalmente destinado à reciclagem, pois é composto,
principalmente, por embalagens plásticas, papelão e diversos tipos
de papéis.

Lixo verde
É aquele que resulta, principalmente, da poda de árvores, ga-
lhos, troncos, cascas e folhas que caem nas ruas. Por se tratar de
matéria orgânica, poderia ser utilizado para compostagem, produ- É o lixo gerado a partir das atividades espaciais. Ficam na órbita
ção de adubo orgânico e até confecção de objetos de artesanato. terrestre, gerando uma grande poluição espacial.
Infelizmente, no Brasil, ele é destinado quase exclusivamente aos Exemplos: satélites desativados, ferramentas perdidas em mis-
aterros sanitários. sões espaciais, resíduos de tintas e pedaços de foguetes espaciais.

Lixo eletrônico Coleta Seletiva e Reciclagem

São os resíduos gerados pelo descarte de produtos eletroele-


trônicos que não funcionam mais ou que estão muito superados.
Exemplos: televisores, rádios, impressoras, computadores, ge-
ladeiras, micro-ondas, telefones e etc.
Quando pensamos nos tipos de materiais descartados, a coleta
Lixo nuclear seletiva é a melhor alternativa. Para tanto, os contentores são di-
vididos por cores, os quais indicam o tipo de lixo a ser depositado:
Azul: aos papéis e papelões;
Verde: aos vidros;
Vermelho: para os plásticos;
Amarelo: para os metais;
Marrom: para os resíduos orgânicos;
Preto: para madeiras;
Cinza: para materiais não reciclados;
Branco: destinado aos lixos hospitalares;
Laranja: para resíduos perigosos;
Roxo: para resíduos radioativos.

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esse processo de separação tem sido uma das mais importan- As indústrias plásticas, de papel e cerâmica se destacam na
tes alternativas para diminuir a poluição e ainda permitir a recicla- utilização de resíduos como matéria prima em seus processos de
gem de diversos tipos de materiais: plástico, vidro, papel, dentre produção. Na indústria cerâmica a utilização de resíduo como ma-
outros. téria prima é possível por possuir elevado volume de produção que
Lembre-se que a reciclagem é uma forma sustentável de rea- possibilita o consumo de grandes quantidades associada a caracte-
proveitamento de materiais usados que são transformados em no- rísticas físicas e químicas da matéria prima utilizada.
vos. Assim, ela tem possibilitado a diminuição do acúmulo de lixo O setor de fabricação de utilidades domésticas é o maior con-
de diversas naturezas. sumidor de reciclados de plástico no Brasil. A utilização de uma to-
nelada de aparas (papel e papelão reciclado) nas indústrias de papel
evita o corte de 10 a 12 árvores, economiza insumos, especialmen-
FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO COMO MATÉRIA PRI- te água utilizada nos processos de produção a partir da celulose.
MA Abaixo listamos alguns exemplos de resíduos que podem ser
Um dos maiores desafios da sociedade, se tratando de evitar reciclados e utilizados como matéria prima:
a degradação do meio ambiente e a contaminação dos mananciais -Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc.),
de água e do solo, é a disposição de forma adequada dos resíduos garrafas, frascos de medicamentos, cacos de vidro.
industriais e urbanos. -Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embala-
A possibilidade de utilização de resíduo como matéria prima gens de papel.
tem sido umas das principais fontes economicamente viáveis e eco- -Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos
logicamente corretas para algumas empresas que adotam a reci- de pasta, cobre, alumínio.
clagem ou a utilização de material reciclado no seu processo pro- -Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos, emba-
dutivo. lagens e sacolas de supermercado.
Há inúmeros negócios de sucesso atualmente que tem como -Embalagens longa vida: de leite, de tomate, de sucos, etc.
principal fonte de matéria prima o resíduo industrial que outras em-
presas dispõem. Destinação final ambientalmente adequada de resíduos só-
O mercado de resíduo tem se tornado uma oportunidade lu- lidos
crativa para várias empresas, que encontram no seu resíduo uma Você sabe o que significa uma destinação correta de resíduos?
fonte extra de lucro e que também atende a Política Nacional de A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define que a desti-
Resíduos Sólidos. nação final ambientalmente adequada é a destinação que inclui a
reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o apro-
Utilização de resíduo como matéria prima a partir da recicla- veitamento energético ou outras destinações, observando normas
gem operacionais específicas de modo que evite danos ou risco à saúde
e minimize os impactos ambientais. Leia mais no artigo: Você sabe
O que é reciclagem? a diferença entre destinação e disposição final?
Reciclagem é um conjunto de técnicas cuja finalidade é apro- A reciclagem tem sido adotada como uma iniciativa sustentá-
veitar os resíduos e reintroduzi-los no ciclo de produção. A recicla- vel, sendo uma das principais formas de utilização do resíduo. Mas
gem de resíduos proporciona várias vantagens para as empresas como as empresas que destinam seu resíduo para reciclagem po-
em relação à utilização de matéria prima naturais: reduz o volume dem se certificar que o resíduo chegou ao destino correto?
de extração de matérias primas, reduz o consumo de energia, emi- Uma delas é através do referido CDF (Certificado de Destina-
tem menos poluentes e melhora a saúde e segurança da população. ção Final), um documento que comprova o destino dos resíduos
A maior vantagem da reciclagem é a preservação dos recur- enviados. É uma prova importante para possíveis auditorias e para
sos naturais, prolongando sua vida útil e reduzindo a destruição do o atendimento ou manutenção da ISO 14001, (norma da Associa-
meio ambiente. Em países desenvolvidos na Europa e na América ção Brasileira de Normas Técnicas – ABNT referente ao Sistema de
do Norte, a reciclagem é vista pela iniciativa privada, como um mer- Gestão Ambiental).
cado rentável. O CDF serve também para o preenchimento dos relatórios de
Muitas empresas dessas nações investem em pesquisa e tecno- atividades exigido pelo IBAMA, bem como o inventário de resíduos.
logia para aumentar a qualidade do produto reciclado e proporcio-
na maior eficiência do sistema produtivo. As principais razões que A reutilização reduz o uso de matéria prima
motivam estes países a reciclarem seus rejeitos industriais é o fato A reutilização de resíduos também é uma forma de utilização
que as reservas de matérias primas naturais estão se esgotando e, do resíduo como matéria prima. A reutilização de resíduos prolonga
também, devido ao aumento do volume de resíduos sólidos que a vida útil dos materiais. Produtos reutilizados devem possuir uma
degradam os recursos naturais. indicação de quantos ciclos de produção podem passar sem alterar
Já no Brasil a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos em- suas características e qualidade.
presários e cidadãos. A utilização de resíduo como matéria prima Para o setor alimentício, durante a reutilização de certos pro-
ainda possui índices insignificantes em relação à quantidade pro- dutos é necessário tratamento antes de sua reintegração no setor
duzida. de produção.
O setor que mais reutiliza resíduo como matéria prima é o setor
de embalagem.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Exemplos: garrafas de cervejas e refrigerantes que possuem vida útil em torno de um ano a 25 lavagens. Depois desse tempo, as gar-
rafas precisam ser recicladas para a fabricação de novas garrafas.
Os resíduos de construção civil após passar por triagem e serem reduzidos em seu tamanho podem ser reutilizados para a construção.

A importância do gerenciamento de resíduo


O gerenciamento dos resíduosdeve ser conduzido de forma adequada. A aplicação de boas práticas na coleta, no armazenamento, no
transporte evitam perdas na qualidade possibilitando que as empresas possam destinar adequadamente o resíduo.
A gestão adequada é o primeiro passo para que as empresas contribuam para um meio ambiente saudável. A sua empresa realiza o
gerenciamento de forma adequada? Há dúvidas? O resíduo que você gera pode ser utilizado como matéria prima? A Verde Ghaia conta
com uma consultoria online que ajudará a sua organização a realizar essa gestão da melhor forma e seguindo as normas aplicáveis. Tam-
bém, contamos com um software online de gerenciamento de resíduos que facilitará os processos de reciclagens do seu negócio.

CONTROLE DE ROEDORES

MANUAL DE CONTROLE DE ROEDORES12

Apresentação
A presença do roedor em áreas urbanas e rurais gera agravos econômicos e sanitários de relevância ao homem. O roedor participa
da cadeia epidemiológica de pelo menos trinta doenças transmitidas ao homem. Leptospirose, peste e as hantaviroses são doenças de
importância epidemiológica no Brasil por eles transmitidas. Ocorrem, em média, cerca de 3.200 casos de Leptospirose humana no país
anualmente, com letalidade em torno de 12%. Já os casos de Síndrome Pulmonar por Hantavírus vêm ocorrendo no país desde 1993, com
alta letalidade tendo o roedor silvestre como reservatório.
O Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi) da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) disponibiliza este Manual de Controle de Roe-
dores aos profissionais e técnicos que atuam na vigilância epidemiológica e ambiental de doenças transmitidas por roedores, especialmen-
te dos Centros de Controle de Zoonoses, visando fornecer subsídios para o planejamento, a operacionalização e avaliação de programas de
controle de roedores nos municípios brasileiros. A importância da participação e o envolvimento da população pela educação em saúde
também são abordados neste manual, além de oferecer noções de manejo ambiental para a efetividade das ações propostas.

Introdução
Historicamente, a fixação do homem à terra, gerando excedentes alimentares a partir do advento da agricultura, e o desenvolvimen-
to dos povoados, cidades até as megalópoles, criaram condições ideais à ligação comensal dos roedores com o homem, originando um
processo de sinantropia. Esta sinantropia dos roedores e a precariedade dos processos de urbanização, com problemas crescentes de
disposição de resíduos sólidos, drenagem adequada de águas pluviais e de construção e tratamento de esgotos, exigem a integração das
ações da municipalidade e da comunidade como mecanismo básico para a implantação de um programa de controle de roedores capaz
de resultados consistentes.
Um manual de controle de roedores deve basear-se na constatação simples e objetiva de que a proliferação destes animais ocorre
porque o homem, e a sociedade como está organizada, fornecem, de forma abundante, o que os roedores necessitam para sobreviver:
alimento, água e abrigo proporcionando consequentemente, um desequilíbrio populacional destes animais gerando prejuízos econômicos
e a transmissão de graves doenças ao homem e aos animais domésticos ou de criação.

12 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_roedores1.pdf

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Foto 1 - Ambiente propício à instalação de roedores, com água, abrigo e alimentos disponíveis

A população deve ser a principal parceira em um programa de controle de roedores. Deverá receber, portanto, de forma organizada e
continuada, as informações sobre procedimentos e atitudes que inviabilizem a livre proliferação de roedores em seus domicílios e perido-
micílios e dos resultados obtidos pelo programa.

A forma mais inadequada e onerosa de combater roedores é a realização de campanhas de desratização em períodos críticos, só pela
aplicação de raticidas. A determinação da área de controle deverá privilegiar sempre a implantação do sistema como um todo, evitando
a pulverização de recursos que impedirá a consolidação dos resultados a serem alcançados. As ações estratégicas para o controle de roe-
dores podem envolver:
a) A comunidade, a população, as instituições governamentais e particulares que atuam direta ou indiretamente na área de zoonoses e
meio ambiente, devem participar desde o início do processo de implantação, execução até a avaliação das ações de controle de roedores.
b) A sociedade civil organizada - diversos problemas sanitários ultrapassam a esfera de ação do setor saúde, demandando ações entre
o setor saúde e outros setores do governo (hospitais, laboratórios, centros de vigilância epidemiológica, secretarias de saúde, centros de
zoonoses, IBGE), entidades privadas, sociedades organizadas (sindicatos, associações, conselhos, igrejas, movimentos da sociedade civil,
ONG’s), prefeituras, secretaria de obras do município ou região, urbanismo, planejamento ou similares, autoridades que detêm o poder
decisório nas organizações ou capacidade de influir nas decisões, além dos mais diversos segmentos da sociedade, que atuam direta ou
indiretamente na área de zoonoses e meio ambiente na busca de melhores condições ambientais, de saúde e vida.
c) Os meios de comunicação - é imprescindível identificar e buscar as fontes oficiais e não oficiais de informação e divulgação. A pro-
dução e a disponibilização dos conhecimentos, a criação de um canal de acesso das informações de forma simplificada para serem assimi-
ladas e apropriadas, tanto pelos que lideram as políticas públicas como pela população, têm enorme importância para que possam agir no
sentido da redução dos riscos de adoecer, na boa gestão ambiental e na formação da consciência pública.
É necessário, então, estabelecer um programa permanente de controle de roedores a partir de um diagnóstico da ocorrência de do-
enças, prejuízos econômicos e incômodos na área geográfica considerada. A organização do programa deverá basear-se nas características
da área-alvo e no levantamento correto de dados, que permitirão definir a metodologia mais adequada para sua implantação em caráter
permanente.
Representa, pois, um grande desafio para a administração do controle de roedores, a busca das parcerias relevantes, considerando
que diversos problemas sanitários ultrapassam a esfera de ação do setor saúde. Esta parceria é de fundamental importância na escolha da
área, no diagnóstico, no controle de roedores, na educação em saúde e ambiental, na execução de medidas de combate, nos instrumentos
de avaliação. Estes servirão como prognóstico e embasamento para o poder público investir na redução sistemática dos índices de infesta-
ção murina e, consequentemente, dos prejuízos gerados pelo roedor.
Os profissionais precisam estar capacitados para identificar o problema, definir e redefinir necessidades, adaptar estratégias locais,
realizar um planejamento participativo, levando em conta as diferenças em seus sistemas locais, culturais, econômicos, e desta forma,
selecionando tecnologias pertinentes, avaliando o processo e os efeitos das intervenções planejadas.

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As ações que visam a proteger a população eliminando os roe- Algumas espécies são consideradas sinantrópicas por associa-
dores das áreas identificadas devem ser o alvo para a educação em rem-se ao homem em virtude de terem seus ambientes prejudica-
saúde, pela utilização de uma metodologia que vise a participação, dos pela ação do próprio homem.
a reflexão, o debate para a auto- transformação das pessoas, volta- Neste manual as diversas espécies de roedores estão separa-
das para a conquista, o compromisso e a manutenção do direito ao das em Roedores Sinantrópicos Comensais, isto é, aqueles que de-
ambiente ecologicamente equilibrado. pendem unicamente do ambiente do homem e Sinantrópicos não
Desta forma, o presente manual dispõe de informações técni- Comensais ou Silvestres, ainda não inteiramente dependentes do
cas visando à uniformização de ações, atendendo à demanda dos ambiente antrópico.
profissionais que atuem em controle de roedores, a fim de que re-
alizem ações eficazes, diminuindo, assim, o risco de transmissão de No meio urbano e rural com atividades econômicas predomi-
zoonoses ao homem por roedores. nam as espécies sinantrópicas comensais e algumas espécies silves-
tres que podem, ocasionalmente, invadir as habitações humanas.
Capítulo 1 - Biologia e Comportamento de Roedores Sinan- Os roedores são classificados quanto à espécie, sexo (macho ou
trópicos fêmea), grupo etário e modos de vida.

1.1. Classificação dos roedores 1.1.1. Classificação quanto à espécie


Os roedores pertencem à ordem Rodentia, cujo nome deriva Esta classificação se baseia nas características morfológicas ex-
da palavra latina rodere que significa roer. A principal característica ternas e na dentição, além de técnicas bioquímicas e mais recen-
que os une é a presença de dentes incisivos proeminentes que cres- temente têm sido desenvolvidas técnicas de DNA, pela Reação da
cem continuamente. Polimerase em Cadeia (PCR). Para se identificar um roedor deve-se
observar o seguinte:
Foto 2 - Dentes incisivos de crescimento contínuo de roedor Dentição: os roedores não possuem dentes caninos, ficando
um espaço entre os incisivos e molares denominado diástema Os
incisivos não têm raízes e estão sempre crescendo a partir de uma
polpa persistente. Os incisivos têm esmalte apenas na superfície an-
terior e só a dentina, mais mole, na parte posterior, que se desgasta
mais rapidamente conferindo a estes dentes a forma peculiar de
bisel, que favorece o hábito de roer.

Foto 3 - Crânio de Rattus norvegicus visto de cima e lateral mos-


trando dentição

Existem cerca de 2.000 espécies de roedores no mundo, re-


presentando ao redor de 40% de todas as espécies de mamíferos
existentes.
Os roedores vivem em qualquer ambiente terrestre que lhes dê
condições de sobrevivência. Apresentam extraordinária variedade
de adaptação ecológica, suportando os climas mais frios e os mais
tórridos, nas regiões de maior revestimento florístico e nas mais es-
téreis; suportam grandes altitudes e em cada região podem mostrar
um grande número de adaptações fisiológicas.

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A dentição ou o conjunto dos dentes dos roedores, pode ser representada pela seguinte fórmula dentária que indica o número e o tipo
de todos os dentes dos maxilares superior e inferior:

Pelo exame da composição da fórmula dentária pode-se verificar se o animal pertence, ou não, à ordem dos roedores. Caso afirmati-
vo, determina-se a subordem a que pertence, e por certos detalhes dos dentes pode-se chegar à determinação da família e dos gêneros.

Crânio: a estrutura dos ossos do crânio difere entre os diversos gêneros, de maneira que a sua observação constitui o meio mais efe-
tivo para determinação do gênero a que pertence o roedor. Para isso é necessário preparar o crânio de maneira adequada, o que implica
previamente na morte do animal.
Cauda: a presença ou ausência da cauda permite distinguir entre as famílias de uma subordem, e o comprimento e o seu aspecto
(cônica ou afilada, pilosa ou nua, anéis visíveis ou não, distribuição dos pelos quando presentes, tipo e coloração dos pelos) ajudam a dis-
tinguir os diferentes gêneros e/ou até as espécies.
Patas: o comprimento das patas em relação ao tamanho do animal, a presença ou ausência de pelos, o tipo e a distribuição dos pelos
quando presentes, a presença ou ausência de membranas interdigitais, número de calos e cor das patas, constituem detalhes que ajudam
a reconhecer o gênero a que pertence o animal.

Foto 4 - Mensuração de pé posterior

Unhas: a presença ou ausência das unhas, seu comprimento e forma também servem para reconhecer os gêneros.
Orelhas: o comprimento das orelhas e a presença ou ausência de pelos, também constituem características de certos gêneros.

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Foto 5 - Mensuração de orelha interna

Pelos: a pelagem do animal é uma importante característica que ajuda a reconhecer a espécie, dependendo dos seguintes aspectos:
Tipo de pelo: macio, áspero, duro-espinhoso Comprimento dos pelos: longos, curtos
Cor dos pelos: em relação à cor da pelagem, devem ser observadas as diferenças de coloração entre as partes do corpo do animal. A
coloração dos pelos pode ser uniforme por todo o corpo ou contrastante entre a parte dorsal e ventral e pode apresentar gradações que
resultam na formação de manchas ou listras de localização especiais.
Medidas externas: comumente costuma-se tomar as seguintes medidas: comprimento da cabeça e do corpo, comprimento da cauda,
comprimento da orelha (parte interna da orelha esquerda), comprimento do pé (posterior esquerdo) e peso corporal. Este conjunto de
medidas varia entre os gêneros e algumas espécies do mesmo gênero, constituindo, portanto, outro importante aspecto a ser observado
para a identificação dos roedores. Entretanto, é imprescindível levar em consideração a idade do animal (animais subadultos apresentam
medidas inferiores às dos adultos) e, no caso das fêmeas, se estão gestantes ou não (fêmeas gestantes apresentam peso mais elevado).
Os roedores desenvolvem-se rapidamente, de maneira que, do segundo ao terceiro mês de vida, algumas das suas medidas externas
atingem as dimensões máximas. Isto acontece principalmente com as orelhas e os pés. O comprimento das orelhas, dos pés e das caudas
são bastante uniformes entre os exemplares adultos da mesma espécie; entretanto o peso corporal varia grandemente entre os adultos
da mesma espécie.

Foto 6 - Mensuração de cabeça e corpo de roedor

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.1.2. Classificação quanto ao grupo etário


Usualmente os roedores são reunidos nos seguintes grupos:
(JJ) Jovem: animal recém-desmamado, até cerca de um mês de vida. (JA) Subadulto: entre dois e três meses de vida.
(AA) Adulto: animal em plena capacidade reprodutiva, o que ocorre em geral em torno do terceiro mês de vida.
Os roedores adultos caracterizam-se pelos seguintes aspectos: as fêmeas apresentam orifício vaginal aberto, tetas bem desenvolvidas
e podem estar prenhes ou amamentando. Os machos apresentam testículos bem desenvolvidos, localizados no saco escrotal. Com o en-
velhecimento, os dentes (molares) do animal vão se desgastando e perdendo suas características.

Foto 7 - Ninhada de roedores jovens

1.1.3. Classificação quanto aos tipos de vida


• Arborícolas: possuem pés curtos com unhas curvas e caudas longas e tufosas que favorecem o deslocamento pelos troncos e folhas
das árvores. Possuem olhos grandes e pelos tácteis que permitem reflexos rápidos.
• Aquícolas: possuem cauda longa e escamosa, pelagem que não se deixa embeber pela água, possuem membranas interdigitais ou
pelos hirtos nas mãos e nos pés, que se prolongam em forma de franja entre os dedos e facilitam a propulsão na água. A disposição das
narinas, olhos e orelhas é especial e favorece os hábitos aquáticos.

Foto 8 - Pé de Nectomys sp com calos plantares

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Foto 9 - Pata de Nectomys sp com membranas interdigitais

• Galerícolas: vivem em galerias construídas sob a vegetação herbácea, entre o emaranhado de folhas caídas e raízes finas, nas matas,
capoeiras, campos cultivados, etc. Possuem cauda curta, pelagem densa, orelhas muito curtas, olhos minúsculos, crânio forte e achatado,
incisivos muito desenvolvidos, patas fortes com unhas alongadas e fossoras, isto é, que servem para cavar.
• Rupícolas: o formato dos pés proporciona segurança de deslocamento pelas pedreiras e permite escalar árvores.
• Arvícolas: possuem pés longos, saltatórios, são capazes de subir em pequenos arbustos e saltar e correr com agilidade.

Foto 10 - Exemplar de Oryzomys sp como exemplo de roedor arvícola

• Terrícolas: são animais velozes na corrida e saltam com muita facilidade.


Em virtude dessas diferenças de hábitos, as espécies de roedores estão associadas a determinados tipos de vegetação, solo, etc, resul-
tando numa distribuição característica que tem grande influência em diversos aspectos, principalmente no tocante ao controle.

1.2. Roedores sinantrópicos comensais


Os ratos e os camundongos, pertencem à subordem Sciurognathi, família Muridae, subfamília Murinae; são considerados sinantrópi-
cos por associarem-se ao homem em virtude de terem seus ambientes prejudicados pela ação do próprio homem.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Das espécies sinantrópicas comensais, a ratazana (Rattus norvegicus), o rato de telhado (Rattus rattus), e o camundongo (Mus mus-
culus), são particularmente importantes por terem distribuição cosmopolita e por serem responsáveis pela maior parte dos prejuízos
econômicos e sanitários causados ao homem. No quadro 1 encontram-se informações acerca da biologia, comportamento e morfologia
dessas três espécies comensais.

1.2.1. Ratazana - Rattus norvegicus


A ratazana, também conhecida como rato de esgoto, rato marrom, rato da Noruega, gabiru, etc., é a espécie mais comum na faixa
litorânea brasileira. Vive em colônias cujo tamanho depende da disponibilidade de abrigo e alimento no território habitado, podendo
atingir um grande número de indivíduos em situações de abundância alimentar. É uma espécie de hábito fossorial, seu abrigo preferencial
fica abaixo do nível do solo. Com o auxílio de suas patas e dentes, as ratazanas cavam ativamente tocas e/ou ninheiras no chão, formando
galerias que causam danos às estruturas locais. Encontram-se facilmente em galerias de esgotos e águas pluviais, caixas subterrâneas de
telefone, eletricidade, etc. Podem, também, construir ninhos no interior de estruturas, em locais pouco movimentados, próximos às fontes
de água e alimentos.
Embora possam percorrer grandes distâncias em caso de necessidade, os indivíduos desta espécie têm raio de ação (território) rela-
tivamente curto, raramente ultrapassando os 50 metros. Na área delimitada por feromônios constroem seus ninhos, onde se alimentam,
procuram e defendem seus parceiros sexuais. Este território é ativamente defendido de intrusos que são expulsos por indivíduos domi-
nantes da colônia.

Foto 11 - Exemplar de Rattus norvegicus

Costumam apresentar marcada neofobia, isto é, desconfiança a novos objetos e/ou alimentos colocados no seu território. Este com-
portamento varia de população para população e de indivíduo para indivíduo, sendo mais acentuado naqueles locais onde há pouco mo-
vimento de pessoas e objetos. Nestes locais, o controle é mais lento e difícil de ser atingido, em virtude da aversão inicial dos indivíduos às
iscas, porta-iscas e armadilhas colocadas no ambiente. Já nos locais onde haja movimento contínuo de pessoas, objetos e mercadorias, a
neofobia é menos acentuada ou inexistente e os novos alimentos (iscas) e objetos (armadilhas) são imediatamente visitados, tornando-se,
desta forma, mais fácil o seu controle.
A dispersão das ratazanas pode se dar passivamente, quando indivíduos são transportados em caminhões, navios, trens, no interior
de contêineres, etc., ou ativamente, quando o indivíduo deixa sua colônia em busca de outro local para abrigo. As razões que levam um
indivíduo a esta situação são bastante diversas, mas é certo que a redução da disponibilidade de alimento e abrigos por alterações am-
bientais são fatores importantes na dispersão dos roedores. Outra pressão importante que provoca a dispersão é o excesso populacional.
O processo de urbanização desenfreada e sem planejamento da maioria das cidades de médio e grande porte do Brasil têm favorecido
o crescimento da população e a dispersão das ratazanas. Fatores como a expansão de favelas e loteamentos clandestinos sem redes de
esgoto e principalmente com coleta de lixo inadequada ou insuficiente, certamente têm propiciado o aumento desta espécie. Epidemias
de leptospirose ocorrem geralmente nos ambientes degradados, não deixando de ocorrer, no entanto, em áreas adequadamente urbani-
zadas. São cada vez mais comuns casos de mordeduras por ratazanas ou toxi-infecções causadas por ingestão de alimentos contaminados
pelos roedores.
Outro fator a ser ressaltado é o frequente envenenamento acidental por raticidas e outras substâncias tóxicas utilizadas inadequada-
mente pela população em geral no controle de roedores.

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.2.2. Rato de telhado - Rattus rattus


O rato de telhado, também conhecido como rato preto, rato de forro, rato de paiol, rato de silo ou rato de navio é o roedor comensal
predominante na maior parte do interior do Brasil, sendo comum nas propriedades rurais e pequenas e médias cidades do interior.

Foto 12 - Exemplar de Rattus rattus

Além das diferenças morfológicas, os ratos de telhado apresentam hábitos, comportamentos e hábitat bastante distintos da ratazana.
Por ser uma espécie arvícola, os ratos de telhado ainda cultivam o hábito de viver usualmente nas superfícies altas das construções, em
forros, telhados e sótãos onde constroem seus ninhos, descendo ao solo em busca de alimento e água. Vivem em colônias de indivíduos
com laços parentais, cujo tamanho depende dos recursos existentes no ambiente. Seu raio de ação tende a ser maior que o da ratazana,
devido à sua habilidade em escalar superfícies verticais e à facilidade com que anda sobre fios, cabos e galhos de árvores.
Sua dispersão em zonas urbanas tem sido facilitada pelas características de verticalização das grandes cidades aliadas aos modelos de
construção e decoração dos modernos prédios de escritórios: forros falsos e galerias técnicas para passagem de fios e cabos permitem o
abrigo e a movimentação vertical e horizontal desta espécie. Em algumas cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo, a presença
do Rattus Rattus é cada vez mais comum e predominante em bairros onde anteriormente a ratazana dominava, possivelmente pelo fato
dos programas serem direcionados ao controle desta espécie.
O papel do Rattus rattus na transmissão de doenças como a leptospirose ainda é pouco conhecido, mas seu hábito intradomiciliar
permite um contato mais estreito com o homem. Sendo assim, é necessário que o potencial desta espécie como transmissora de doenças
seja melhor estudado, para que a necessidade de controle da espécie seja fundamentada também sob o ponto de vista sanitário.

1.2.3. Camundongo - Mus musculus


O camundongo, também conhecido por mondongo, catita, rato caseiro, rato de gaveta, rato de botica, muricha e ainda por outras
denominações regionais, é a espécie que atinge maior nível de dispersão, sendo encontrado praticamente em todas as regiões geográficas
e climáticas do planeta. É originária das estepes da Ásia Central, região onde se acredita, tenha se desenvolvido inicialmente a agricultura.
Neste período, os camundongos tornaram-se comensais do homem ao invadirem os locais onde os cereais colhidos eram estocados. Sua
associação com o homem é, portanto, bastante antiga, sendo a habitação humana compartilhada com esses roedores há alguns milhares
de anos.
São animais de pequeno porte que raramente ultrapassam 25 g de peso e 18 cm de comprimento (incluindo a cauda); dessa forma,
são transportados passivamente para o interior das residências, tornando-se importantes pragas intradomiciliares. Uma vez em seu inte-
rior, podem permanecer longo período sem serem notados, sendo sua existência detectada quando a infestação já estiver estabelecida.
Seu raio de ação é pequeno, raramente ultrapassando os 3 m. Camundongos costumam fazer seus ninhos no fundo de gavetas e armários
pouco utilizados, no interior de estufas de fogões e em quintais onde são criados animais domésticos. Neste último caso, podem cavar
pequenas ninheiras no solo, semelhantes às das ratazanas, podendo formar numerosos complexos de galerias onde houver grande oferta
de alimentos.

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Foto 13 - Um exemplar de Mus musculus

São onívoros como a ratazana e o rato de telhado, ou seja, alimentam-se de todo tipo de alimento, embora demonstrem preferência
pelo consumo de grãos e cereais. São animais curiosos e possuem o hábito de explorar ativa e minuciosamente o ambiente em que vivem
(neófilos), não apresentando o comportamento de neofobia, característico dos ratos de telhado e ratazanas. Podem penetrar em 20 a 30
locais por noite em busca de alimento, trazendo sérios problemas de contaminação de alimentos em despensas e depósitos em geral, além
de dificultar o seu controle por raticidas.
Apesar dos riscos que a sua presença pode trazer nas habitações humanas, os camundongos nem sempre são tidos como nocivos
sendo até tolerados por grande parte da população. Além disso, há poucas informações sobre a real incidência desta espécie no Brasil, não
havendo dados confiáveis a respeito de sua distribuição, dispersão e seu papel na transmissão de doenças.

Figura 1- Espécies de roedores sinantrópicos comensais de importância médica

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quadro 1 - Características e comportamento das principais espécies de roedores sinantrópicos comensais

Comportamento e Carac- Ratazana Rato de telhado Camundongo


terísticas Rattus norvegicus Rattus rattus Mus musculus
Peso 150 g a 600 g. 100 g a 350 g. 10 g a 21 g.
Corpo Robusto Esguio Esguio
Comprimento corpo+-
22 cm 20 cm 9 cm
Cabeça
Cauda 16 cm a 25 cm 19 cm a 25 cm 7 cm a 11 cm
Relativamente pequenas, Grandes e proeminen-
Proeminentes, grandes para o tama-
Orelhas normalmente meio enterra- tes, finas, sem pelos: 25
nho do animal: 10 mm
das no pelo: 20 mm a 23 mm mm a 28 mm
Focinho Rombudo Afilado Afilado
Em forma de cápsula com
Fezes Fusiformes Em forma de bastonetes
extremidades rombudas
Tocas e galerias no subsolo, Forros, sótãos, paióis, si-
beira de córregos, lixões, los e armazéns; podem No interior de móveis, despensas,
Hábitat interior de instalações, viver em árvores, mais armários, geral- mente no interior
mais comumente fora do comuns no interior do do- do domicílio
domicílio micílio.

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Hábil nadador Cava tocas Hábil escalador Raramen-


Habilidades físicas Hábil escalador Pode cavar tocas
no solo te cava tocas
Raio de ação Cerca de 50 m Cerca de 60 m Cerca de 3 m a 5 m
Onívoro, prefere grãos, Onívoro, preferência por Onívoro, preferência por grãos e se-
Alimentação
carnes, ovos e frutas. legumes, frutas e grãos mentes
Apresentam neofobia
Apresentam marcada Possuem hábito exploratório (neo-
Neofobia marcada em locais pouco
neofobia filia).
movimentados.
Junto ao solo, próximos
das paredes, sob forma
Manchas de gordura jun- São de difícil visualização, mas po-
de manchas de gordura
to ao madeirame de te- dem ser observadas manchas de
Trilhas Formam trilhas no solo
lhados, tubos e cabos. gordura junto aos rodapés, paredes
causando o desgaste da
Presença de pelos e fezes e orifícios por onde passam
vegetação. Presença de
pegadas, fezes e pelos.
Gestação 22 a 24 dias 20 a 22 dias 19 a 21 dias
Ninhadas/Ano 8 a 12 4a8 5a6
Filhotes/Ninhada 7 a 12 7 a 12 3a8
Idade de desmame 28 dias 28 dias 25 dias
Idade de maturidade
60 a 90 dias 60 a 75 dias 42 a 45 dias
sexual
Vida média 24 meses 18 meses 12 meses

1.3. Roedores sinantrópicos não comensais (silvestres)

Caracterizam-se por formarem colônias no ambiente silvestre longe do contato com o homem, contudo em função das modifica-
ções ambientais decorrentes dos processos de urbanização e de transformação de ecossistemas naturais em áreas de plantio a divisão
em silvestres, sinantrópicos comensais e não comensais não é permanente; visto que, pela escassez de alimentos, os roedores acabam
expandindo suas colônias por entre e ao redor das plantações e instalações no peridomicílio, como tulhas e silos, e no próprio domicílio
em busca de alimentos; este fato amplia o contato do homem e roedor silvestre. Algumas espécies, hoje, apresentam populações com
elevado grau de sinantropia. Nestas situações é grande o risco de transferência de agentes infecciosos dessas espécies para os roedores
estritamente comensais.
Muitas delas são reservatórios naturais de doenças, como a peste, tularemia, sodoquiose, leishmaniose, doença de Chagas, esquistos-
somose, febres hemorrágicas, hantaviroses e outras. Estas espécies mantém e fazem circular os agentes infecciosos, por longo período de
tempo e, ao entrarem em contato com roedores comensais de zonas rurais, podem a eles transferir esses agentes, de forma direta ou por
insetos vetores. Quando esse intercâmbio ocorre, observam- se surtos epizoóticos e epidêmicos destas zoonoses.
Entre esses, a espécie Bolomys lasiurus (=Zygondontomys lasiurus pixuna) desempenha importante papel no ciclo epidemiológico da
peste, destacando-se na epizootização da peste no nordeste do Brasil. É um roedor silvestre muito prolífero e se desenvolve com relativa
facilidade em quase todos os focos de peste. É extremamente sensível à infecção sendo a espécie mais importante de sua família em ter-
mos epidemiológicos, em virtude de sua densidade populacional, suscetibilidade à infecção e proximidade do homem. Entretanto, outras
espécies de roedores também são responsáveis pela ocorrência da enfermidade na região, incluindo espécies de roedores sinantrópicos
comensais.
No Brasil, a peste bubônica silvestre é endêmica na zona rural, em algumas regiões incluindo os estados de Alagoas, Bahia, Ceará,
Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Em relação aos casos humanos de Síndrome Pulmonar por Hantavírus ocorridos no Brasil desde 1993 até o momento, os estudos re-
alizados sugerem os roedores Akodon cursor (rato da mata), Oligoryzomys nigripes (ratinho do arroz) e o Bolomys lasiurus (rato do capim)
como possíveis reservatórios de hantavírus no país (vide Manual de Vigilância e Controle de Hantavírus do Ministério da Saúde).
Os roedores sinantrópicos não comensais mais comuns no Brasil estão relacionados nos quadros 2 e 3. O quadro 4 mostra os prejuízos
gerados na agricultura pelos roedores.

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1. Comportamento e principais características dos roedores sinantrópicos não comensais mais comuns no brasil
A taxonomia, ecologia e a distribuição geográfica dos pequenos roedores brasileiros ainda necessitam de estudos, a cada dia surgem
novos gêneros e espécies identificados pelos aspectos morfológicos e filogenéticos, que por sua vez, estão baseados na grande diversidade
de hábitats existentes no Brasil. Por isso, torna-se difícil a tarefa de definir a distribuição geográfica dos roedores do Brasil. A literatura
sobre a ecologia desses animais demonstra que há alterações morfológicas, fisiológicas e comportamentais, pela sua adaptação ao hábitat
frequentado. É importante então esclarecer que, a melhor forma para se caracterizar a distribuição geográfica dos roedores seria corre-
lacionando-os com os principais complexos ecológicos da vegetação brasileira, que são apresentados abaixo, considerando em cada uma
delas suas particularidades.
A distribuição que ora apresenta-se representa uma síntese de manuscritos de pesquisadores e colecionadores desses pequenos ma-
míferos, além de relatórios de trabalhos de campo desenvolvidos por Instituições encarregadas de controle de agravos relacionados com
os roedores.

Mapa 1 - Complexos ecológicos da vegetação brasileira

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.1. Akodon spp

Foto 14 - Exemplar de Akodon spp

Nome popular: rato-do-chão.


Características morfológicas: pelos longos e macios, de coloração escura no dorso; ventre mais claro lavado de amarelo sujo; os olhos
são pequenos, redondos e encravados nas órbitas sem o círculo castanho ao redor dos olhos como os Bolomys. A cauda é curta, pilosa,
com anéis visíveis, mais fina do que a dos Bolomys; patas escuras e delgadas, calos proeminentes. O peso corporal dos adultos varia de 25
g a 58 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 105 mm a 125 mm; a cauda mede 85 mm a102 mm; o pé posterior 22 mm a
25 mm e a orelha 15 mm a 18 mm.
Comportamento: são muito comuns nas matas e terras cultivadas do país. Vivem geralmente em galerias constituídas quase que total-
mente de camadas de folhas em decomposição que se depositam sobre raízes tabulares. Possuem hábitos noturnos, entretanto também
podem ser encontrados durante o dia.
Reprodução: o número de filhotes por gestação varia de 1-6 e média de 3.
Espécies Principais: A. cursor, A. arviculoides e A. montensis.

Mapa 2 - Distribuição geográfica do gênero Akodon no Brasil

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.2. Bolomys spp

Foto 15 - Exemplar de Bolomys spp

Nome popular: pixuna, calunga, caxexo, rato-do-capim.


Características morfológicas: pelos curtos, ligeiramente ásperos e de coloração castanho acinzentado no dorso; parte ventral esbran-
quiçada; pelos claros formando um círculo castanho em redor dos olhos; cauda curta, pilosa, mais escura na parte dorsal e esbranquiçada
na parte ventral. O peso corporal dos adultos varia de 26 g a 64 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 86 mm a 124 mm; a
cauda mede 65 mm a 94 mm; o pé posterior 20 mm a 24 mm e a orelha 12 mm a 15 mm.
Comportamento: suas populações são normalmente formadas por pequeno número de indivíduos com capacidade de multiplicação
rápida.
Reprodução: a reprodução do B. lasiurus ocorre durante o ano todo, principalmente nos meses de abril a junho.
O número de crias por gestação é de 1 a 11 e média de 4.
Espécie Principal: B. lasiurus

Mapa 3 - Distribuição geográfica do gênero Bolomys no Brasil

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.3. Calomys spp

Foto 16 - Exemplar de Calomys spp

Nome popular: rato-de-algodão.


Características morfológicas: pelagem curta, macia, de coloração castanho claro na parte dorsal, parte ventral branca, as vezes aver-
melhada; forma delicada; cauda curta; pés delgados; calos nus e em número de 5 ou 6. O peso corporal dos adultos varia de 12 g a 39 g;
o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 70 mm a 110 mm; a cauda mede 60 mm a 80 mm; o pé posterior 15 mm a 20 mm e a
orelha 13 mm a 17 mm.
Reprodução: o número de filhotes por gestação é de 1 a 10 e média de 4 a 5.
Espécies Principais: C. callosus, C. bimaculatus, C. leucodactylus e C. tener.

Mapa 4 - Distribuição geográfica do gênero Calomys no Brasil

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.4. Cavia spp

Foto 17 - Exemplar de Cavia aperea aperea

Nome popular: preá, porquinho-da-Índia.


Características morfológicas: sem cauda; pelagem densa com uma das camadas de pelos de forma de seta; mãos com quatro dedos,
pés com três, ambos munidos de unhas cortantes; incisivos brancos. O peso corporal dos adultos varia de 800 g a 1200 g; o comprimento
da cabeça e corpo juntos varia de 190 mm a 290 mm; o pé posterior mede 42 mm a 52 mm.
Comportamento: possuem hábitos diurnos, são encontrados em capinzais, margens de brejos, córregos e rios. Reprodução: procriam
duas vezes ao ano, parindo um ou dois filhotes por gestação.
Espécies principais: C. aperea - superfície dorsal amarelada agrisalhada de preto; superfície ventral amarelada com o peito acinzenta-
do. C. porcellus (Porquinho-da-índia) - superfície dorsal amarelo cor-de-barro e a superfície ventral amarelo pardo; admite-se que esta é a
forma selvagem da cobaia doméstica, que se supõe fosse já animal doméstico entre os indígenas da América do Sul.

Mapa 5 - Distribuição geográfica do gênero Cavia no Brasil

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.5. Delomys spp

Foto 18 - Exemplar de Delomys spp

Nome popular: rato-do-mato.


Características morfológicas: superfície dorsal agrisalhada de acinzentado e dourado, acentuando-se nos lados do corpo; superfície
ventral branca tendendo ao dourado. O peso corporal dos adultos varia de 25 g a 35 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de
95 mm a 135 mm; a cauda mede 111 mm a 181 mm; o pé posterior 27 mm a 29 mm.
Comportamento: possuem hábitos terrestres formando seus ninhos sob folhas que caem das árvores.
Reprodução: a procriação começa em agosto parecendo estender-se até fevereiro, embora se possam encontrar animais em repro-
dução ainda no mês de abril.
Espécies principais: D. sublineatus é encontrada em florestas tropicais, em particular em reservas secundárias; em altitude máxima de
1.600 metros, entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo. D. dorsalis é encontrada em baixas altitudes, em vegetação primária, entre o Paraná
e o Rio de Janeiro.

Mapa 6 - Distribuição geográfica da espécie Delomys no Brasil

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.6. Echimys spp


Nome popular: rato-rabudo, rato-vermelho, rato-coandu, rato-de-espinho.
Características morfológicas: roedor grande, cauda de comprimento menor ou maior do que o da cabeça e corpo reunidos, escassa
ou densamente revestida de pelos; pés pequenos e largos; orelhas pequenas e largas; de coloração cinza claro, apresentam uma faixa
branca que vai se estreitando em direção aos olhos, focinho e fronte ferruginosos. O peso corporal dos adultos varia de 180 g a 250 g; o
comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 192 g a 200 mm; a cauda mede 195 mm a 330 mm; o pé posterior 30 mm a 33 mm e a
orelha 11 mm a 20 mm.
Comportamento: hábito noturno e arvícola; geralmente solitários. Espécies mais comuns: E. pictus e E. spinosus.

Mapa 7 - Distribuição geográfica do gênero Echimys no Brasil

1.3.1.7. Euryzygomatomys spp


Nome popular: guiara-do-rio.
Características morfológicas: superfície dorsal negro ferruginoso, mais escuro nos lados da cabeça, pescoço e corpo; superfície ventral
branco puro, exceto na garganta e júgulo que é ferruginoso pálido; cauda curta escurecida, com esparsos pelos rígidos muito curtos. O
peso corporal dos adultos varia de 35 g a 50 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 190 mm a 262 mm; a cauda mede 58 mm
a 75 mm; o pé posterior 35 mm a 37 mm.
Comportamento: prefere as capoeiras ralas e os capinzais com água próxima; apesar do nome a guiara-do-rio não tem hábitos aquá-
ticos.
Reprodução: a procriação ocorre provavelmente em novembro; número de filhotes não superior a três por gestação.
Espécie principal: E. guiara

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mapa 8 - Distribuição geográfica do gênero Euryzygomatomys no Brasil

1.3.1.8. Galea spp

Foto 19 - Exemplar de Galea spp

Nome popular: preá.


Características morfológicas: sem cauda; muito semelhante a Cavia, de que se distingue especialmente pela estrutura e cor dentária
cujos incisivos são brancos enquanto que nas gáleas são amarelos. O peso corporal dos adultos varia de 200 g a 357 g; o comprimento da
cabeça e corpo juntos varia de 220 mm a 285 mm; o pé posterior mede 42 mm a 50 mm e a orelha 19 mm a 30 mm.
Reprodução: produzem geralmente um a dois filhotes duas vezes por ano.
Espécies principais: G. spixii possui superfície dorsal escura, acinzentado e superfície ventral branca; manchas infra-oculares e pós-au-
riculares brancas. Encontram-se nos capinzais entremeados com pedras, escondem-se em locas, cercas de pedra e cupinzeiros. G. wellsi é
comum nos terrenos ribeirinhos.

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mapa 9 - Distribuição do gênero Galea no Brasil

1.3.1.9. Holochilus spp


Nome popular: rato-de-cana, rato-capivara.
Características morfológicas: pelagem espessa, macia e de coloração ruiva, mais escura na linha mediana do dorso; lados mais claros;
ventre esbranquiçado, lavado de amarelo escuro; dedos providos de membranas interdigitais; focinho obtuso; orelhas pequenas; cauda
longa, escamosa, finamente pilosa; pés posteriores longos. O peso corporal dos adultos varia de 92 g a 159 g; o comprimento da cabeça
e corpo juntos varia de 143 mm a 185 mm; a cauda mede 133 mm a 150 mm; o pé posterior 33 mm a 43 mm e a orelha 14 mm a 18 mm.
Comportamento: possui hábitos noturnos, mas podem ser vistos de dia, alimentando-se em plantações tais como soja, couve-flor,
arroz e cana-de-açúcar. São solitários, formando seus ninhos geralmente em ocos de pau, fendas em bambus, na cana-de-açúcar e cavam
no solo tocas de aspecto oval de até 30 cm de profundidade e ou extensão.
Espécies principais: H. brasiliensis e H. sciurus.

Mapa 10 - Distribuição do gênero Holochilus no Brasil

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.10. Juliomys spp


Características morfológicas: gênero recentemente separado do Wilfredomys por características morfológicas de crânio e pelo carió-
tipo. Apresenta pelagem curta e tem tamanho pequeno, assemelhando-se ao Oligoryzomys, porém um pouco maior; possui a cauda um
pouco mais curta que a cabeça e o corpo juntos, orelhas maiores e pés menores. Coloração ocre tendendo ao amarelo com o abdome
bicolor sobressaindo a coloração creme e nariz avermelhado como o Wilfredomys.
Comportamento: é considerado silvestre sendo pouco frequentador de peridomicílio.
Espécie: Juliomys pictipes.

Mapa 11 - Distribuição geográfica do Juliomys sp

1.3.1.11. Kerodon spp

Foto 20 - Exemplar de Kerodon spp

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Características morfológicas: sem cauda, superfície dorsal cinzento claro, agrisalhado com preto e branco, parte posterior das coxas
castanho-ferrugem; superfície ventral branca; unhas adaptadas para vida rupestre de cor amarelo ocre. O peso corporal dos adultos varia
de 650 g a 1000 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 335 mm a 360 mm; o pé posterior mede 62 mm a 70 mm e a orelha
24 mm a 30 mm.
Comportamento: os mocós costumam sair ao entardecer para se alimentar, comem brotos de árvores que conseguem escalar com
grande facilidade; formam colônias em terrenos pedregosos, aproveitando cavernas naturais ou cavidades entre as pedras ou por baixo
delas e nos troncos das quixabeiras (Bumelia sartorum). A carne dos mocós é muito apreciada pelos sertanejos e por isto, suas colônias
são protegidas pelos proprietários das terras onde estão localizadas, que reservam os animais para consumo próprio. Sua pele poderá ser
usada para o fabrico de artefatos diversos. Estudos vêm sendo realizados no nordeste do país sobre seus aspectos reprodutivos, nutricio-
nais e condições sanitárias para sua criação em cativeiro.
Reprodução: procriam ao longo de todo ano e produzem um a dois filhotes por gestação.
Espécie principal: Kerodon rupestris

Mapa 12 - Distribuição geográfica do gênero Kerodon no Brasil

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.12. Nectomys spp

Foto 21 - Exemplar de Nectomys spp

Nome popular: rato-d’água ou guiara.


Características morfológicas: pelagem espêssa e macia, cinza ou castanha, mais escura no dorso e mais clara nos lados; superfície ven-
tral branco acinzentado; cauda longa e escamosa, finamente pilosa com pelos maiores e mais rígidos na face inferior; dedos parcialmente
membranosos; unhas dos pés muito maiores do que as das mãos; palmas e solas nuas. O peso corporal dos adultos é cerca de 246 g; o
comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 186 mm a 195 mm; a cauda mede 214 mm a 243 mm; o pé posterior 48 mm e a orelha
20 mm a 21 mm.
Comportamento: possuem hábitos noturnos e semi-aquáticos; são encontrados em florestas tropicais, matas densas e plantações;
formam ninhos no chão em raízes de árvores e troncos.
Reprodução: a procriação ocorre duas a três vezes por ano com média de cinco crias por gestação.
Espécie principal: N. squamipes encontra-se comumente nas matas ou terrenos cultivados onde se encontre água, geralmente em
córregos ou brejos.

Mapa 13 - Distribuição geográfica do gênero Nectomys no Brasil

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.13. Oligoryzomys spp

Foto 22 - Exemplar de Oligoryzomys spp

Nome popular: rato-de-fava ou rato-de-cacau.


Características morfológicas: anteriormente pertencente ao gênero Oryzomys, este novo gênero inclui mais de 10 espécies, todas
muito parecidas o que dificulta a distinção entre elas no campo. A pelagem é alaranjada-escura, tracejada por numerosos pêlos negros;
mais amarelado nos lados do corpo; superfície ventral branco-acinzentada com tonalidades canela. O peso corporal dos adultos varia de
14 g a 35 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 83 mm a 110 mm; a cauda mede 112 mm a 140 mm; o pé posterior 22 mm
a 26 mm e a orelha 13 mm a 26 mm.
Comportamento: são arvícolas, entretanto constroem seus ninhos em amontoados de folhas, pequenos buracos no solo e até mesmo
tocos secos caídos ao chão, nas matas e nos campos. São encontrados em culturas de milho, arroz e cacau.
Reprodução: a procriação ocorre durante todo o ano, produzindo dois a quatro filhotes por gestação.
Espécies principais: O. microtis e O. nigripes (sinonímia Oryzomys eliurus)

Mapa 14 - Distribuição geográfica do Olygoryzomys no Brasil

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.14. Oryzomys spp

Foto 23 - Exemplar de Oryzomys spp

Nome popular: rato-vermelho, rato-de-cana.


Características morfológicas: este gênero está representado no Brasil por cerca de 20 espécies, difíceis de serem identificadas. Uma
das principais espécies, O. subflavus (rato vermelho), é considerada na atualidade um complexo de várias espécies. Possuem pelagem
curta e áspera, coloração variável entre o castanho amarelado, canela e ferruginoso; superfície ventral marfim; cauda escassamente pilo-
sa, branca ou esbranquiçada inferiormente acompanhando a cor da superfície abdominal, pelo menos na sua base; membros anteriores
pequenos e posteriores maiores. O peso corporal dos adultos varia de 38 g a 106 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 112
mm a 160 mm; a cauda mede 130 mm a 190 mm; o pé posterior 29 mm a 36 mm e a orelha 18 mm a 24 mm.
Comportamento: vivem nas matas e nos campos e também por entre culturas, onde após alimentar-se sobem em árvores e descan-
sam; quando molestados fogem aos saltos; fazem seus ninhos com amontoados de folhas nas árvores, mas também se aproveitam de
ocos de troncos secos. São solitários e saem somente à noite. Geralmente predominam na fauna de pequenos roedores da mata, atacam
cultivos de arroz causando grandes perdas.
Reprodução: O. subflavus procria durante todos os meses do ano produzindo de um a oito filhotes por gestação.
Espécies principais: O. subflavus, O. capito, O. intermedius e O. angoya.

Mapa 15 - Distribuição geográfica no gênero Oryzomys no Brasil

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.15. Oxymycterus spp

Foto 24 - Exemplar de Oxymycterus spp

Nome popular: rato-porco.


Características morfológicas: pelagem longa e muito macia; cauda curta e moderadamente pilosa com anéis escamosos bem nítidos;
focinho longo e móvel, utilizado para cavar em busca de alimentos (anelídeos e insetos); mãos fortes e providas de unhas longas e encurva-
das. O peso corporal dos adultos varia de 48 g a 88 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 130 mm a 155 mm; a cauda mede
100 mm a 115 mm; o pé posterior 24 mm a 30 mm e a orelha 17 mm a 20 mm.
Comportamento: hábitos fossoriais; são ativos durante o dia e à noite; espoliam plantações, principalmente de milho e arroz; escon-
dem-se geralmente sob folhas caídas debaixo de pedras ou em troncos ocos.
Reprodução: a procriação inicia-se em agosto, indo até março, podendo ocorrer duas parições por ano, em outubro e março. O nú-
mero de crias é de dois a três.
Espécies principais: O.angularis, O. hispidus, O. judex e O. quaestor. O quaestor é abundante nas culturas, capoeiras e campos da Serra
do Mar.

Mapa 16 - Distribuição geográfica do gênero Oxymicterus no Brasil

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.16. Proechimys spp


Nome popular: rato-de-espinho.
Características morfológicas: pelagem achatada e lanceolada uniformemente distribuída por todo o corpo; superfície dorsal dourada
ou canela, mais escura na linha mediana; superfície ventral branca com invasões na parte interna das coxas de dourado; cauda curta ou
ligeiramente maior que o comprimento da cabeça e o corpo juntos, com pêlos rígidos, por vezes com ponta em forma de pincel e branca.
O comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 175 mm a 299 mm; a cauda mede 121 mm a 218 mm; o pé posterior 37 mm a 55 mm.
Comportamento: vivem em florestas geralmente na proximidade de água, utilizando como abrigo e local de nidificação, cavidades
sob pedras, tocos de árvores ou massas de raízes e folhas; são solitários e a alimentação é variada: fungos, folhas, raízes, sementes e até
insetos.
Reprodução: produzem um a cinco filhotes, em média dois, duas vezes no ano principalmente de novembro a março.
Espécies principais: P. simonsi e P. amphichoricus.

Mapa 17 - Distribuição geográfica do Proechimys spp. no Brasil

1.3.1.17. Rhipidomys spp


Nome popular: rato-de-árvore, rato-de-algodão, rato-sarapó.
Características morfológicas: superfície dorsal amarelo escuro, mais escuro nos lados do corpo e alto da cabeça; abdômen branco
mesclado de amarelo; cauda provida de pincel terminal curto. O peso corporal dos adultos varia de 62 g a 95 g; o comprimento da cabeça
e corpo juntos varia de 134 mm a 150 mm; a cauda mede 160 mm a 185 mm; o pé posterior 25 mm a 27 mm e a orelha 17 mm a 27 mm.
Comportamento: são arvícolas, de hábitos noturnos, solitários e formam ninhos nas árvores e sob pedras, povoando todas as altitudes
das florestas, campos; invadem não só as plantações, como também residências rurais em busca de alimentos.
Reprodução: procriam no período de outubro a dezembro, produzindo dois a cinco filhotes por gestação, na região de Teresópolis, na
Serra dos Órgãos.
Espécie principal: R. mastacalis. R.gardneri e R.leucodactylus.

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mapa 18 - Distribuição geográfica do gênero Rhipidomys no Brasil

1.3.1.18. Thaptomys spp

Foto 25 - Exemplar de Thaptomys nigrita

Características morfológicas: Forma modificada para vida subterrânea. Pelagem veludosa e curta. Olhos muito pequenos. Cauda rela-
tivamente curta e escassamente pilosa em sua porção terminal. Mãos com unhas desenvolvidas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Reprodução: o número de crias varia de dois a cinco. De dezembro a maio, encontram-se muitos exemplares jovens. Comportamento:
vivem em amplas galerias naturais entre camadas de folhas na mata e peridomicílio.
Espécie: T. nigrita, T. subterraneus.

Mapa 19 - Distribuição geográfica do Thaptomys spp

1.3.1.19. Trichomys spp

Foto 26 - Exemplar de Trichomys spp

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nome popular: punaré, rato-rabudo.


Características morfológicas: pelagem macia, densa, não muito alta; superfície dorsal cinza escuro e ventral branca; cauda muito
frágil e quebra-se facilmente na base. A pele é muito delicada e rasga facilmente, por isto não se pode usar pinça na manipulação desses
animais. O peso corporal dos adultos varia de 107 g a 308 g; o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 143 mm a 228 mm; a cauda
mede 130 mm a 210 mm; o pé posterior 36 mm a 45 mm e a orelha 19 mm a 26 mm.
Comportamento: vivem em ambientes rochosos onde constroem ninhos permanentes ou em plantações de algodão; muito procura-
dos pelos caçadores que os abatem para comer.
Reprodução: um a seis filhotes por gestação, média três.
Espécie principal: T. apereoides.

Mapa 20 - Distribuição geográfica do gênero Trichomys no Brasil

1.3.1.20. Trinomys spp


Características morfológicas: Semelhante ao Proechimys, pelagem da superfície dorsal em forma de arestas lanceolares ou clavadas.
Cauda maior que cabeça e corpo juntos, podendo apresentar extremidade de coloração branca. Apresenta coloração canela na linha me-
diana dorsal. Superfície dorsal tendendo à coloração branca. Crânio pequeno.
Comportamento: T. iheringi é comum em mata costeira (Mata Atlântica), onde frequentam até mesmo domicílios em busca de ali-
mentos.

Espécies principais: T. iheringi, T.dimidiatus e T.albispinus.


Mapa 21 - Distribuição geográfica do Trinomys spp

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.3.1.21. Wiedomys spp

Foto 27 - Exemplar de Wiedomys spp

Nome popular: bico-de-lacre, rato-de-avelós, rato-de-palmatória.

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Características morfológicas: pelagem cinzento amarelada no dorso e ruiva nas ancas, focinho, orelhas e região ocular, ventre branco
puro. O peso corporal dos adultos varia de 35 g a 65 g, o comprimento da cabeça e corpo juntos varia de 110 mm a 125 mm, a cauda mede
170 mm a 184 mm, o pé posterior 24 mm a 29 mm e a orelha 16 mm a 20 mm.
Comportamento :São exímios saltadores; formam ninhos em touceiras de capim, sob pedras, em pequenos arbustos densos, em ve-
lhos ninhos de pássaros e ocos de pau e mais comumente em cupins ocados.
Reprodução: ocorre no mês de agosto, produzindo um a seis filhotes por gestação.
Espécie principal W. pyrrhorinos.

Mapa 22 - Distribuição geográfica do gênero Wiedomys no Brasil

1.3.1.22. Wilfredomys spp

Foto 28 - Exemplar de Wilfredomys sp

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nome popular: biquinho-de-lacre.


Características morfológicas: Superfície dorsal cinzento agrisalhada. Superfície ventral branca, exceto no ventre que é branco lavado
de fulvo. Muito próximo do Wiedomys e Juliomys. Encontrado somente na Mata Atlântica, entre Santa Catarina e o sul da Bahia. É chamado
de biquinho-de-lacre devido ao tom róseo de seu focinho.
Espécie: W. oenax.

Mapa 23 - Distribuição geográfica do Wilfredomys spp

Outros gêneros são encontrados no Brasil, porém não tão frequentes quanto os descritos anteriormente. Ressalte-se os gêneros:
Makalata, Nelomys, Phaenomys, Scapteromys e Thalpomys.

Mapas 24 a 28 - Distribuição geográfica de outros gêneros no Brasil

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quadro 2 - Principais doenças transmitidas por roedores ao homem e animais domésticos

Doença Agente Causal Modo de Transmissão Hospedeiro


Mordedura, inalação de poe-
Coriomening-
Arenavírus ira contaminada, alimentos M. musculus
ite linfocítica
contaminados
Aerossóis contaminados por
Akodon, Bolomys, Oligoryzomys,
Viroses Hantavirose Hantavírus fezes, saliva, sangue, urina de
Rattus norvegicus (Seoul)
roedores infectados
Contato direto do homem
Febres hemor- Vírus Junin, Ma-
com fezes, saliva, sangue, uri- Calomys, Kerodon , Oryzomys
rágicas chupo, Guanarito
na de roedores infectados
Febre por mor- Spirillum minus
Rattus norvegicus, Rattus rattus, Mus
dedura do rato Streptobacillus Mordedura
musculus
(Sodoku) moniliformis
S.typhimurium
Ingestão de alimentos contam- Rattus norvegicus, Rattus rattus, Mus
Salmonelose S.enteritidis S.dub-
inados por fezes de roedores musculus
lin
Contato com água, solo ou
Leptospira interro- Rattus norvegicus, Rattus rattus, Mus
Leptospirose alimentos contaminados pela
gans musculus
urina de roedores
Picada de pulgas infectadas:
Bacterioses Rattus, Bolomys, Meriones, Masto-
Peste Yersinia pestis Xenopsylla cheopis, Polygenis
mys, Cynomys, Bandicota
spp, Pulex spp.
Fezes de pulgas (Xenopsylla
Tifo murino Rickettsia typhi Rattus rattus, Rattus norvegicus
cheopis ) contaminadas
Ingestão de leite contamina-
Brucelose Brucella abortus do, manipulação de produtos Rattus norvegicus
contaminados
Abrasões da pele, manipu-
Erisipela bol- Erysipelothrix rhu-
lação de produtos contami- Rattus norvegicus, Mus musculus
hosa siopathiae
nados
Contato com esporos dos fun-
Rattus norvegicus, Rattus rattus, Mus
Micoses Micose Emmonia crescens gos existentes em locais infesta-
musculus
dos por roedores
Doença de Trypanossoma Rattus rattus, Cavia aperea, Akodon,
Picada de triatomídeo
Chagas cruzi Oryzomys
Ingestão de carne mal cozida, Rattus rattus, Rattus norvegicus,
Toxoplasmose Toxoplasma gondii
contato com animais infectados Roedores silvestres
Capillaria hepáti- Alimentos contaminados por
ca, Hymenolepis fezes. Ingestão de roedores Rattus norvegicus, Rattus rattus, Mus
Verminose
diminuta Hymeno- contaminados (cães, gatos, musculus
Parasitoses lepis nana porcos)
Ingestão de carne de porco
Triquinose Trichinella spirallis Rattus norvegicus
mal cozida
Esquistosso- Schistossoma man- Penetração de cercárias pela Holochilus,Oxymycterus Nectomys,
mose soni pele R. norvegicus, Rattus rattus
Angiostron-
Angiostrongillus Ingestão de frutos e legumes Sigmodon, Oryzomys, Proechimys,
gilíase abdom-
costaricensis crus contaminados Bolomys, R. norvegicus, R. rattus
inal

Quadro 3 - Principais roedores do Brasil envolvidos na transmissão de doenças ou prejuízos econômicos

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Subordem Família Gênero Espécie Nome vulgar

Quadro 4 - Prejuízos gerados pelos roedores na agricultura

Cultura Gêneros envolvidos


Arroz Rattus Holochillus Oryzomys
Cana-de-açúcar Rattus Holochilus Oryzomys
Trigo Rattus Holochilus Oryzomys Akodon
Coco Proechimys Rattus
Feijão Rattus
Hortifrutigranjeiros Rattus Holochilus Oryzomys Agouti
Café Rattus Oryzomys
Cacau Nectomys Rattus Rhipidomys Akodon
Algodão Oryzomys Holochilus

Capítulo 2 - Diagnóstico de situação do problema roedor

2.1. Como diagnosticar o problema roedor


A escassez de recursos existentes na maioria dos municípios brasileiros exige justificativas muito bem fundamentadas, a fim de que
as autoridades locais sejam sensibilizadas para a necessidade da implantação de um programa de controle de roedores. Um diagnóstico
detalhado do problema “roedores” deverá ser feito, apresentando-se as razões que justifiquem o investimento necessário à implantação
do referido programa. Para tal é importante que os seguintes passos sejam seguidos:

2.2. Identificação e caracterização do município


As informações sobre as condições geográficas, climáticas e de infraestrutura básica da localidade a ser trabalhada deverão ser consi-
deradas para se caracterizar a área-problema. Para maiores informações, consultar Capítulo 3, item 3.1.1.

2.3. Levantamento dos problemas causados por roedores à população e à economia do município
Foto 29 - Perda de 60% da produção de arroz do estado de Sergipe, devido ao ataque de roedores em arrozal

Foto 30 - Prejuízos causados por roedores em plantação de milho

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O programa de controle de roedores de um determinado município deve estar fundamentado em dados que mostrem às autoridades
da região, os prejuízos econômicos e sanitários causados pela proliferação desses animais.
Nos municípios de pequeno porte, estes dados nem sempre são de fácil obtenção, sendo necessário a reunião do maior número de
informações possível, a fim de oferecer suporte a uma proposta de implantação de um programa. Devem ser levantados os seguintes itens:

2.3.1. Denúncias da população/meios de comunicação


Altos índices de infestação levam a população a buscar meios para enfrentar o problema. Quando não existe no município nenhum
órgão que atenda à demanda da população, esta geralmente recorre aos órgãos de comunicação e associações de moradores. Portanto,
estas instituições devem ser estimuladas a manter informações organizadas e disponíveis para quem necessitar. O aumento do número de
denúncias sobre a presença de roedores pode ser um bom indicador da necessidade de implantação de um programa de controle.

2.3.2. Ocorrência de leptospirose e outros agravos à saúde causados por roedores


Surtos epidêmicos de Leptospirose humana, bem como atendimentos efetivados nas unidades de saúde podem servir como justifica-
tiva relevante para implantação de um programa, principalmente se estes agravos se tornarem constantes e em número crescente.
Foto 31 - Criança mordida no braço por roedor

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Casos de mordeduras por ratos em pessoas são mais comuns do que se pensa, e podem ter como fonte de informações, as unidades
de saúde, conforme citado a seguir no item 3.2.4.

2.3.3. Ocorrência de prejuízos econômicos


Os prejuízos econômicos causados pelos roedores às plantações, no transporte e estocagem de alimentos são de difícil quantificação
e exigem métodos de avaliação sofisticados e caros. As denúncias de pecuaristas, lojistas, agricultores ou representantes de associações
comerciais podem indiretamente indicar o nível de infestação numa localidade, podendo justificar ou não, a tomada de decisão para acio-
nar medidas de controle.
Foto 32 - Destruição de laranjas por roedores

Foto 33 - Estocagem inadequada de espigas de milho

2.4. Levantamento do índice de infestação predial - busca ativa


A inspeção de áreas residenciais e comerciais em busca de vestígios da presença de roedores é a melhor maneira de reunir dados
quantitativos sobre o seu grau de infestação em uma determinada localidade.
Foto 34 - Inspeção de área residencial para controle de roedores

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No levantamento do índice de infestação predial, as seguintes etapas devem ser seguidas:

2.4.1. Definição da área


É a área operacional de um programa. Pode ser todo o município, um distrito ou mesmo um bairro. Todas as informações relativas aos
itens anteriores já devem estar levantadas e colocadas no mapa.

2.4.2. Metodologia de amostragem para o levantamento de índice


Não há necessidade de inspeção de todos os imóveis da área alvo para se calcular o índice de infestação. Pode-se utilizar método de
amostragem aleatória, que reduz significativamente a mão-de-obra necessária ao levantamento, conforme descrição abaixo:
a. Mapeamento de toda área-alvo com a numeração de todos os quarteirões existentes na mesma. O número médio de imóveis por
quarteirão também deve ser calculado.
b. O número de imóveis a serem inspecionados pode ser obtido utilizando-se a seguinte tabela:

Se a area contém O número mínimo de imóveis a ser inspecionado é


10.000 ou mais imóveis 500
Entre 3.000 e 10.000 imóveis 450
Menos de 3.000 imóveis 435

Fonte: Urban rat surveys- H.Davis, A Casta Ang. G.Schatz CDC, Atlanta, 1977.

Exemplo:
c. Suponha que a área alvo contenha 9.000 imóveis (427 quarteirões). Será preciso inspecionar 450 imóveis para que a amostra seja
representativa, conforme tabela acima.
d. Se o número médio de imóveis por quarteirão na área alvo for 20, então será preciso inspecionar, no mínimo 23 quarteirões para
atingir o número exigido.
e. Esses 23 quarteirões devem ser selecionados, utilizando-se uma tabela de números aleatórios (vide anexos) onde, para cada um dos
23 quarteirões, caberá um número específico. Geralmente os mapas utilizados para controle de doenças da Fundação Nacional de Saúde
apresentam os quarteirões já numerados.
f. Todos os imóveis incluídos nos quarteirões selecionados devem ser inspecionados ainda que sejam necessárias várias visitas para
que se efetue sua inspeção.

2.4.3. Como selecionar uma amostra aleatória utilizando-se uma tabela de números aleatórios
Uma tabela de números aleatórios é feita de modo que todos os números 0,1,2,.......,9 apareçam com a mesma frequência. Combinan-
do-se os números em pares temos números de 00 a 99. Combinando-os em três, temos números de 000 a 999 e assim sucessivamente.
De volta ao exemplo, queremos selecionar aleatoriamente 23 quarteirões de um total de 427 existentes em nossa área alvo.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como 427 é um número com três algarismos devemos usar três colunas de nossa tabela. Selecione um ponto aleatoriamente da
tabela (com os olhos fechados, escorregue um dedo sobre uma página da tabela aleatória e pare). Se esse número for menor ou igual a
427, este terá sido o primeiro quarteirão selecionado. Se o número selecionado for maior que 427, ignore-o (lembre-se que a área alvo só
possui 427 quarteirões) e vá com o dedo coluna abaixo anotando todos os números encontrados abaixo de 427 até atingir os 23 quartei-
rões desejados.
O exemplo seguinte facilitará sua compreensão. Suponha que seu dedo parou no número formado pelas colunas verticais 25, 26 e
27 da linha horizontal 28 da terceira página da tabela. Este número é 724 (descartado por ser superior a 427, assim como o número 766).
Continuando coluna abaixo encontra-se o número 081. O quarteirão 081 deverá ser o primeiro escolhido. Seguindo-se coluna abaixo, en-
contramos os números 361, 373, 061, 164, 224, 118, 300, 009,
140, 038, 401, 225, 328, 005, 184, 117, 376, 114, 192, 157, 107 e 021. Estes são os 23 quarteirões necessários e assim, já tendo a amos-
tra definida, podemos dar início à fase de inspeção. Para entender o exemplo, siga os procedimentos já relacionados na tabela a seguir:
Colunas 1 a 42 (coluna 1= alg.8, coluna 2-alg.4, coluna 3=alg.5, etc.)

2.5. Inspeção
Uma vez selecionados os quarteirões e imóveis a serem inspecionados, estes deverão receber a visita de um agente de controle de
zoonoses que deverá:
a. Informar o objetivo da visita ao morador ou responsável pelo imóvel a ser inspecionado;
b. Inspecionar todo o imóvel buscando vestígios da presença de roedores. A inspeção deverá incluir o sistema de esgotos, despensas,
quintais, área de criação de animais, depósitos, sótãos, porões e toda e qualquer instalação que possa servir de abrigo para roedores;
c. Anotar em formulário próprio (em anexo) as informações referentes ao imóvel e acerca de sua positividade ou não quanto à pre-
sença de roedores.
A fase de inspeção se encerra, quando todos os imóveis incluídos na amostra já tenham sido vistoriados. Os dados então acumulados
deverão ser utilizados na elaboração do relatório a ser apresentado às autoridades locais.

2.6. Organização e apresentação dos dados levantados


Para sensibilizar as autoridades quanto à necessidade de implantação de um programa de controle de roedores, é necessário que o
relatório final contenha informações relevantes à tomada de decisão. Portanto, um bom relatório deverá ser subdividido em três partes
principais:

2.6.1. Diagnóstico da situação de roedores na área


Os dados quantitativos de infestação, reclamações na imprensa e agravos causados por roedores podem ser resumidos em tabelas
ou gráficos, que permitam fornecer um diagnóstico da situação do município no momento de sua elaboração. A avaliação contínua destes
dados permitirá acompanhar sua evolução ao longo do tempo, facilitando a tomada de decisão por parte das autoridades.
No exemplo abaixo, embora o número de imóveis existentes por bairro seja bastante diferente, não existem grandes diferenças no
número de quarteirões selecionados nem no número de imóveis efetivamente inspecionados, enquanto que a infestação predial também
varia bastante de bairro a bairro.

Exemplo: Rio de Janeiro/RJ

2.6.2. Discussão e conclusão


Nesta segunda etapa do relatório, o técnico responsável pela elaboração do diagnóstico, deverá confrontar dados de identificação e
caracterização do município (principalmente infraestrutura urbana e condições socioeconômicas) com dados de infestação, procurando
sempre correlacionar causa e efeito.
De modo geral, estas correlações são diretamente proporcionais ao grau de infestação e inversamente proporcionais às condições
de saneamento da área. A partir da discussão dessas correlações, deverá ser emitido parecer conclusivo sobre a necessidade ou não de
implantação de um programa de controle.

2.6.3. Indicação de soluções


A implantação de um programa de controle de roedores deve ser acompanhada de medidas de saneamento básico. Numa localidade
onde não haja coleta de lixo, não há justificativa para implementação imediata do controle de roedores sem antes implantá-la, salvo as
situações de risco à saúde pública.

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Capítulo 3 - Elaboração de um programa de controle de roedores

3.1. Como elaborar um programa


Um programa de controle de roedores deve ter como base o diagnóstico do município ou parte dele quanto à prevalência das espé-
cies existentes, grau de incidência de doenças por eles transmitidas, assim como as condições socioeconômicas e sanitárias da cidade em
questão. (Consultar capítulo 2).
Foto 35 - Esgoto a céu aberto em área de risco de leptospirose

O objetivo primordial é a redução no número de agravos à saúde, bem como, nos prejuízos econômicos que certamente causam:-
queda na oferta de alimentos, severos danos às estruturas e materiais em virtude do hábito de roer, assim como, altos custos médicos no
tratamento de doentes, quando da ocorrência de doenças transmitidas por roedores nas comunidades.
Foto 36 - Alimentos roídos, gerando prejuízos econômicos e sanitários à população

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para que se possa dar início ao programa deve-se dispor de algumas informações que servirão de base a esta proposta:

3.2. Caracterização da área

3.2.1. Dados demográficos


• População urbana e rural.
• Taxa de crescimento da população.
• Densidade demográfica.

Foto 37 - População de área urbana

3.2.2. Dados geográficos e pluviométricos


Extensão territorial total ou da área proposta para o controle
Área urbana e rural, número de distritos, número de bairros e número de imóveis.
Bacia hidrográfica − para avaliação de áreas inundáveis (se existirem), considerando-se a veiculação hídrica da leptospirose;
Índices pluviométricos − para identificação dos meses de ocorrência de maior volume de chuvas, o que determinará o direcionamento
das ações do programa e o dimensionamento do raticida a ser empregado, de acordo com sua aplicação;

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Foto 38 - Área de risco de leptospirose pós-enchente

• Topografia da região − áreas íngremes, de difícil acesso, etc., que influenciarão os parâmetros para a distribuição das equipes nos
bairros;
Foto 39 - Dificuldade de acesso para inspeção de sinais de roedores em área íngreme

Fonte sugerida para a busca destes dados − IBGE ou secretarias estaduais ou municipais de saúde, meio ambiente, obras, etc.
3.2.3. Condições socioeconômicas, saneamento e habitação
• Nível socioeconômico e grau de instrução da população;
• Percentual de área saneada (água, lixo e esgoto) e limpeza pública − estas informações são de extrema importância, considerando-se
que são fatores essenciais a infestação e a proliferação de roedores (% da população com água canalizada, em relação à rede de esgotos,
qual o tipo e o destino dos dejetos; % da população atendida pela coleta de lixo, qual é o tratamento e o destino final do lixo na região e
sistemas de drenagem presentes, por exemplo);

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Número de imóveis − por este, pode-se dimensionar e distribuir as equipes;


• Tipos de edificação existentes (comercial, residencial e industrial);
• Logradouros públicos e terrenos baldios;
• Presença e tipos de núcleos subhabitacionais (cortiços, favelas, etc.);
• Mercados de distribuição de alimentos − normalmente, em virtude de grande fluxo de pessoas que por ali transitam, bem como
pela farta quantidade de alimentos a serem vendidos, estes locais são potencialmente alvos para a instalação e proliferação de roedores;
Foto 40 - Fezes de roedores denotando uma infestação em local de armazenamento de alimentos

• Feiras permanentes ou móveis − pelos mesmos motivos descritos no item anterior.


Foto 41 - Bacon pendurado de forma e em local inadequado servindo de atrativo a roedores. Mercado Municipal na cidade de São
Paulo

Fonte de informações sugeridas para a busca de dados: − Secretaria de Obras do Município ou região, urbanismo, planejamento ou
similares.

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.2.4. Levantamento de dados de agravos transmitidos pelos roedores


Deve-se buscar em todas as fontes disponíveis oficiais e não oficiais de informação (hospitais, laboratórios, centros de vigilância epi-
demiológica, secretarias de saúde e agricultura, clínicas veterinárias, etc.) os casos humanos e/ou animais de leptospirose e outros agravos
transmitidos pelos roedores ocorridos nos últimos anos, a fim de orientar a detecção de áreas problema e direcionar áreas para controle.
Foto 42 - Área com concentração de casos de Leptospirose humana em São Paulo/SP

De posse das informações preliminares pode-se prosseguir com a proposta de controle, considerando-se que este “controle” consiste
em reduzir a níveis toleráveis a incidência de roedores; algumas cidades estabelecem como meta, reduzir de 90% a 95% as infestações
iniciais (para apurar a infestação inicial vide capítulo 2), bem como a redução do índice de incidência das doenças ocasionadas pelos roe-
dores.

3.3. Recursos Humanos


3.3.1. Gerencial
O gerente do programa deve ser, preferencialmente, um profissional de nível superior com formação na área das ciências biológicas
(biólogo, veterinário, médico e outros) com aptidão para este trabalho ou que já tenha participado dessa atividade ou semelhante.

3.3.2.Operacional
As atividades de um operador de controle de roedores poderão ser realizadas por indivíduos de ambos os sexos, recomendando-se
escolaridade mínima de 4ª série do ensino fundamental. Este profissional poderá ser também um agente de saúde, agente comunitário,
guarda de endemias ou assemelhado, desde que devidamente treinado para tal.
Os operadores de campo deverão, preferencialmente, compor equipes de no mínimo três pessoas que, bem treinadas, realizem em
média 75 a 90 inspeções/tratamento/oito horas de trabalho em controle de roedores. Deve-se, porém, considerar que a produtividade
diária poderá variar de acordo com a região onde o controle esteja sendo executado e de fatores dela decorrentes como áreas íngremes,
de difícil acesso, etc. Em grandes municípios, poderá ocorrer uma considerável redução na produtividade decorrente das dificuldades de
deslocamento e trânsito local da sede às áreas de trabalho.

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Foto 43 - Agentes de Zoonoses borrifando Hipoclorito de Sódio para desinfecção de área de risco de leptospirose

Os profissionais ligados ao programa deverão passar por uma capacitação inicial e reciclagens periódicas para que haja incentivo ao
profissional e uma constante avaliação técnica de suas atividades que, no seu dia-a-dia, poderão sofrer modificações e tomada de novos
rumos.

3.4. Recursos materiais


3.4.1. Locomoção
Para o deslocamento das equipes devem-se considerar as distâncias, bem como as dificuldades para aquisição de viaturas necessárias
ao transporte e supervisão dos operadores. Este trabalho poderá ser executado por automóvel, “perua” ou caminhonete e até mesmo por
bicicleta ou a pé, considerando-se as distâncias a serem percorridas.

3.4.2. Uniformes
Por tratar-se de uma atividade de relevante importância à saúde pública, recomenda-se que todo o pessoal de campo use uniforme
específico com identificação clara, e que este trabalho seja amplamente divulgado à população por meios de comunicação. Desta forma,
preserva-se a sociedade de falsos operadores, bem como, protege-se estes profissionais das atividades consideradas insalubres, pelo uso
diário de vestimenta exclusiva para o desempenho da atividade. Esta vestimenta deverá ser, na medida do possível, lavada e higienizada
na própria instituição.
Foto 44 - Agente de zoonoses uniformizado e utilizando EPI adequado

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.4.3. Equipamentos/utensílios
• Polvilhadeira − equipamento utilizado na aplicação de raticida pó a ser colocado nos abrigos ( tocas) de roedores;
• Arame galvanizado nº22 para fixação de blocos impermeáveis;
• Pá de jardinagem ou sacho − emprega-se no fechamento das tocas de roedores;
• Armadilhas (tipo gaiola ou guilhotina) para monitorar as áreas tratadas;
• Prancheta para facilitar anotações;
• Formulários diversos;
• Folhetos educativos;
• Lápis, borrachas e apontadores;
• Uso obrigatório de uniforme e guarda-pó (com lavagem e troca diárias);
• Crachás de identificação;
• Gorro ou boné;
• Botas de borracha;
• Bolsa de lona medindo 38 x 30 x 17cm com três divisões internas, para transporte de prancheta, lápis, formulários, arame, raticidas
e outros;
• Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de uso diário − máscara semi-facial de pressão negativa com filtro contrapartícula P3,
luvas de borracha ou PVC cano médio, que evitam o contato com as excreções e secreções do roedor ou com o raticida que, porventura
exista; em se tratando de roedores silvestres ou áreas de sabida ocorrência de casos humanos de Síndrome Pulmonar por Hantavírus, são
recomendados cuidados especiais nas normas de biossegurança utilizadas nas atividades de captura, manejo, processamento e controle
de roedores, tendo em vista a possibilidade de transmissão de hantavírus e outros agentes patógenos virais por estes animais (vide Manual
de Vigilância e Controle de Hantavírus do Ministério da Saúde).

Foto 45A e 45B - EPI’s necessários para se atuar em área de hantavírus

3.4.4. Raticidas
Anticoagulantes dose única e dose múltipla nas formulações pó de contato, blocos parafinados, iscas peletizadas e iscas granuladas,
podem ser utilizados, devendo-se eleger o mais indicado, conforme a avaliação técnica da área a ser tratada.

3.4.5. Espaço físico


A sede do programa deverá ser instalada em local exclusivo para este fim, com sala da gerência e apoio administrativo com arquivos;
deve haver um depósito para raticidas com estantes ou estrados, com exaustor e livre de umidade (no caso de grandes estoques); ou ar-
mários com chave (para pequenas quantidades). São necessários, também, banheiros com chuveiros, considerando-se a obrigatoriedade
de banho dos operadores após as suas atividades de campo.

3.5. Metodologia
Após a aquisição de materiais, seleção e contratação dos recursos humanos e demais ítens descritos anteriormente, pode-se dar início
às atividades de Controle de Roedores no município ou parte dele, conforme descrito no levantamento de dados.
O primeiro grande passo desta etapa será divulgar em todos os meios de comunicação da cidade que será iniciado um novo e impor-
tante programa de atividades para a comunidade. Noções de como e de que forma irão se desenvolver as atividades deverão ser também
repassadas. Apresentar os profissionais envolvidos, referência telefônica e endereço para reclamações, lembrando sempre que o sucesso
desse programa dependerá muito da participação da população, a qual deverá colaborar de forma integrada com esta atividade.
Em todas as etapas do programa, deve-se salientar a importância do trabalho de educação junto à comunidade, voltados à eficácia
das ações de controle a serem realizadas.

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Prosseguindo, já com as áreas mapeadas e claramente identificadas, distribui-se as equipes em setores fixando-se cada operador de
campo em uma zona (aproximadamente 600 imóveis) conforme a topografia. Inicia-se o cadastramento dos imóveis, a inspeção e a des-
ratização dos mesmos.
A desratização consiste na colocação dos raticidas conforme cada situação e a identificação clara da infestação, bem como da espécie
em questão.
Deve-se sempre ressaltar que as ações de controle de roedores têm de ocorrer em caráter permanente sem sofrer interrupções, não
se recomendando trabalhos de campanha de caráter temporário ou pontual, onde não se atinja toda a área proposta, pois, neste tipo de
controle, poderá ocorrer o efeito bumerangue (capítulo 4.4.2).
Com o trabalho permanente, monitorado e avaliado, busca-se atingir 90% a 95% de redução da população murina, devendo-se consi-
derar vários fatores locais que irão determinar o tempo para o alcance de tais níveis de controle.

3.6. Monitoramento e avaliação


É de suma importância que se estabeleçam critérios bem claros e precisos para se monitorar e se avaliar o programa nos momentos
pré e pós-tratamentos.
Todos os métodos são processos indiretos que permitem, no máximo, classificar as infestações em: alta, média e baixa. No dia-a-dia,
estas classificações podem ser obtidas da seguinte forma:

Quadro 5 - Avaliação da presença de sinais de atividade dos roedores

Nível de in- Manchas de gordura p/


Trilhas Fezes Roeduras Tocas Ratos vistos
festação atrito corporal
Visíveis em Numero-
Várias e Numerosas e fres- Vários à noite,
Alta diversos Evidentes em vários locais sas(+10/
evidentes cas (brilhantes) alguns de dia
locais 300m2)
Algumas(4 a a
Média Algumas Em vários locais Algumas Pouco perceptível Alguns à noite
10/300m2)
Nen-
Nenhuma Algumas (1 a 3/
Baixa huma Algumas Nenhum Nenhum
visível 300m2)
visível

Apesar de muito utilizado, deve-se ressaltar que o método descrito anteriormente é impreciso e permite apenas uma avaliação su-
perficial do problema.

Foto 46 - Roeduras de roedor em área urbana

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3.6.1. Censo por consumo


Um dos poucos métodos aceitos pela comunidade científica
para avaliação do número de roedores existentes numa área é o
método do censo por consumo, que consiste na oferta, em diversos
pontos da área estudada, de quantidades iguais de cereais previa-
mente pesados (normalmente 30 gramas) sem qualquer compo-
nente tóxico, e o repesamento dessas quantidades no dia seguinte,
duplicando-se a quantidade nos pontos onde se constatou o con-
sumo total dos cereais. Depois de alguns dias dessa prática, ocor-
re uma estabilidade de consumo. Basta, então, dividir o total geral
ingerido, por 15 gramas (média diária de consumo por ratazana) e
chega-se a um valor bastante aproximado de quantos ratos existem Deve-se obter este índice ao término de cada ciclo de trata-
na área. mento, que recomenda-se seja a cada 10 dias, dependendo do rati-
Este método é utilizado antes e posteriormente ao tratamento cida a ser utilizado (vide capítulo 2 item 3.3.2).
de uma população em equilíbrio e torna-se mais impreciso onde a O sucesso do Programa de Controle de Roedores dependerá da
oferta de alimento natural seja farta e não possa ser removida. vontade política dos governantes em conduzir as suas ações volta-
das para os interesses da coletividade, buscando soluções para os
3.6.2. Avaliação por contagem de tocas graves problemas de saúde pública que assolam as cidades do país.
Identificar todas as tocas (ninheiras) fechando-as com terra ou Portanto, o embasamento técnico e a elaboração correta do
mesmo bolas de jornal. No dia seguinte efetua-se a contagem de Projeto deverão ser as molas mestras para a condução dessa ati-
todas as que forem reabertas. vidade.

Foto 47 - Tocas de roedores em área externa


CONTROLE BIOLÓGICO E MANEJO AMBIENTAL

Um dos problemas enfrentados pela sociedade atual é o


aumento desenfreado da geração de Resíduos Sólidos do Serviço
de Saúde. Apesar de quando comparados a todo o resíduo gerado
pela sociedade moderna, estes necessitam de técnicas e cuidados
especiais em seu manejo por muitas vezes se tratarem de materiais
infectados e contaminantes.
Resíduo Sólido do Serviço de Saúde pode ser definido como
todos aqueles gerados durante as atividades dentro de um serviço
que presta atendimento à saúde humana ou animal, incluindo
atendimento domiciliar e móvel, instituições de ensino e pesquisa
da área de saúde.
O gerenciamento destes resíduos consiste em um conjunto de
procedimentos de gestão, com embasamento técnico-científico com
o objetivo de proporcionar que estes materiais sejam encaminhados
de maneira segura e de forma eficiente, promovendo a segurança
humana, preservação do meio ambiente, de recursos naturais e da
saúde pública.

Desta maneira, identifica-se a atividade da espécie em estudo, — Legislação


uma vez que as tocas reabertas sinalizam realmente os ninhos habi-
tados, não permitindo a contagem de ninheiras (tocas) em desuso. *OBSERVAÇÃO: Recomenda-se a leitura na íntegra da RDC Nº
222, de 28 de março de 2018 (ANVISA).
3.6.3. Levantamento do Índice de infestação das áreas con- A RDC Nº 222, de 28 de março 2018 da Agência Nacional de
troladas Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta as boas práticas de
gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. Prevê em seus
Outra maneira, bastante utilizada para avaliação dos progra- artigos que todos os serviços geradores, devem dispor de um Plano
mas municipais de controle de roedores, é o levantamento dos ín- de Gerenciamento embasado nas normativas federais, estaduais e
dices de infestação das áreas controladas. municipais. Além disso, dispõe da necessidade de serem segregados
Este índice é obtido por uma relação em percentual, do total no momento de sua geração, sendo dispostos de acordo com a sua
de imóveis inspecionados em relação ao total de imóveis positivos classificação.
(que sofreram desratização), por exemplo: numa área foram ins-
pecionados 1.200 imóveis; destes, 420 apresentaram positividade,
portanto:

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

— Etapas do manejo Importante: É proibido o esvaziamento e reaproveitamento


dos sacos.
Segregação, acondicionamento e identificação Quando falamos de acondicionamento, nos referimos a
A segregação é uma etapa de grande importância para que o embalar os resíduos que foram segregados e identificados em sacos
gerenciamento seja realizado de maneira eficaz. Deve ser realizada ou recipientes que sejam resistentes a vazamentos e rupturas.
no momento e local de sua geração de acordo com as características
físicas, químicas, biológicas, estado físico e riscos. Transporte e armazenamento interno
GRUPO A - Resíduos com a possível presença de agentes A coleta e o transporte interno devem ser realizados
biológicos que, por suas características, podem apresentar risco obedecendo rotas e horários pré-estabelecidos, utilizando de
de infecção. Ex: descarte de vacinas de microrganismos vivos, coletor identificado, de material liso, rígido, lavável e impermeável.
atenuados ou inativados, filtros de ar e gases aspirados de área O armazenamento temporário deve manter os sacos
contaminada, peças anatômicas, entre outros. acondicionados dentro de coletores com tampa fechada, podendo
GRUPO B - Resíduos contendo produtos químicos que ser dispensado em caso onde o fluxo de recolhimento e transporte
apresentam periculosidade à saúde pública ou ao meio ambiente. justifique.
Ex: produtos farmacêuticos, resíduos saneantes, desinfetantes, etc. Coleta e destinação
GRUPO C – Qualquer material radioativo onde a reutilização é Os veículos utilizados na coleta do Resíduos Sólidos de Serviços
imprópria ou não prevista. Ex: materiais de laboratórios de pesquisa de Saúde, não podem utilizar nenhum tipo de mecanismo que
em saúde, entre outros. danifique os sacos coletados, como por exemplo, caminhões
GRUPO D – Resíduos que não apresentam risco químico, compactadores, utilizados frequentemente no transporte de
biológico ou radioativo, podem ser comparados aos domiciliares. resíduos domésticos.
Ex: Papel higiênico, fraldas descartáveis, restos de alimentos, etc. Graças a segregação e a identificação, é possível, nesta etapa
GRUPO E – Materiais perfurocortantes. Ex: Agulhas, escalpes, do manejo, classificar os dejetos que necessitam de tratamento,
lâminas de bisturi, lancetas, etc. como nos casos de risco químico e biológico, para assim, terem sua
destinação correta. É importante ressaltar que é de responsabilidade
A identificação deve ser realizada nos locais do serviço providenciar o tratamento quando necessário dos
deacondicionamento, armazenamento e coleta. Também disposto resíduos sólidos em questão.
na RDC Nº 222, de 28 de março 2018 da ANVISA:

Simbologia Identificação NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ACIDENTES COM ANIMAIS


PEÇONHENTOS
GRUPO A – Substância infectante:
rótulo com o fundo branco, Animais Peçonhentos
desenho e contornos preto Animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (ve-
neno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou pre-
dadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes
GRUPO B – Símbolo de risco modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nema-
associado e com discriminação de tocistos entre outros.
substâncias químicas Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil
são algumas espécies de:
• serpentes;
• escorpiões;
GRUPO C - Símbolo de risco
• aranhas;
associado e com discriminação de
• lepidópteros (mariposas e suas larvas);
substâncias radioativas e fases de
• himenópteros (abelhas, formigas e vespas);
risco
• coleópteros (besouros);
• quilópodes (lacraias);
GRUPO D – Deve ser identificado • peixes;
- conforme definido pelo órgão de • cnidários (águas-vivas e caravelas).
limpeza urbana
Esses animais possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre
GRUPO E - Símbolo de risco outros, capazes de envenenar as vítimas.
biológico, com rótulo de fundo
branco, desenho e contorno Acidentes por animais peçonhentos
preto, acrescido da inscrição de Os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os aci-
RESÍDUO PERFURO-CORTANTE dentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem,
Adaptado de RDC Nº 222, de 28 de março 2018 (ANVISA) na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Gênero Espécies Informação complementar Sintoma


Grupo que causa maioria dos
A região da picada apresenta dor e inchaço,
acidente com cobras no Brasil,
às vezes com manchas arroxeadas (edemas
Jararaca, com 29 espécies em todo o
Acidente botrópico e equimose) e sangramento pelos pontos
jararacuçu, território nacional, encontradas em
(Bothrops e da picada, em gengivas, pele e urina. Pode
urutu, caiçaca, ambientes diversos, desde beiras
Bothrocophias) haver complicações, como grave hemorragia
comboia de rios e igarapés, áreas litorâneas
em regiões vitais, infecção e necrose na
e úmidas, agrícolas e periurbanas,
região da picada, além de insuficiência renal.
cerrados, e áreas abertas.
Na picada por cascavel, o local da picada
muitas vezes não apresenta dor ou lesão
evidente, apenas uma sensação de
São identificadas pela presença de
formigamento; dificuldade de manter os
um guizo, chocalho ou maracá na
Acidente crotálico olhos abertos, com aspecto sonolento
Cascavel cauda e têm ampla distribuição
(Crotalus) (fácies miastênica), visão turva ou dupla,
em cerrados, regiões áridas e
mal-estar, náuseas e cefaleia são algumas
semiáridas, campos e áreas abertas.
das manifestações, acompanhadas por dores
musculares generalizadas e urina escura nos
casos mais graves.
A pico-de-jaca é a maior serpente Quadro semelhante ao acidente por jararaca,
Acidente laquético Surucucu-pico- peçonhenta das Américas. Seu a picada pela surucucu-pico-de-jaca pode
(Lachesis) de-jaca habitat é a floresta Amazônica e os ainda causar dor abdominal, vômitos,
remanescentes da Mata Atlântica. diarreia, bradicardia e hipotensão.
O acidente por coral-verdadeira não provoca,
no local da picada, alteração importante.
As manifestações do envenenamento
São amplamente distribuídos no
Acidente elapídico caracterizam-se por dor de intensidade
país, com várias espécies que
(Micrurus e Coral-verdadeira variável, visão borrada ou dupla, pálpebras
apresentam padrão característico,
Leptomicrurus) caídas e aspecto sonolento. Óbitos estão
com anéis coloridos.
relacionados à paralisia dos músculos
respiratórios, muitas vezes decorrentes da
demora na busca por socorro médico.

Além disso, devido ao alto número de notificações, esse agravo (acidentes por animais peçonhentos) foi incluído na Lista de Notifica-
ção Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. A medida
ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente.

IMPORTANTE: Animais peçonhentos gostam de ambientes quentes e úmidos e são encontrados em matas fechadas, trilhas e próximo
a residências com lixo acumulado. Manter a higiene do local é evitar acúmulo de coisas é a melhor forma de prevenir acidentes.

O que são acidentes ofídicos?


Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da picada de serpentes. No Brasil, as serpentes peçonhentas
de interesse em saúde pública pertencem às Famílias Viperidae e Elapidae.
Os acidentes estão divididos em quatro tipos:
• acidentes botrópicos (acidentes com serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias - jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca,
comboia);
• acidentes crotálicos (acidentes com serpentes do gênero Crotalus - cascavel);
• acidentes laquéticos (acidentes com serpentes do gênero Lachesis - surucucu-pico-de-jaca);
• acidente elapídico (acidentes com serpentes dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus - coral-verdadeira).

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O quê cada uma dessas espécies pode causar Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações
sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada. Nes-
Principais animais peçonhentos se caso, os sintomas são irritação e ardência da pele, vermelhidão,
calor generalizado, pápulas, urticárias, pressão baixa, taquicardia,
ABELHAS dor de cabeça, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e bron-
Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente coespasmos.
da inoculação de toxinas por meio do ferrão. As manifestações após Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência respi-
uma ferroada variam de pessoa para pessoa, pela quantidade de ratória aguda, e insuficiência renal aguda. As manifestações alérgi-
veneno aplicada e se o indivíduo tem reação alérgica ao veneno. cas locais são caracterizadas por um inchaço que persiste por alguns
Uma pessoa pode ser picada por uma ou centenas de abelhas. No dias. As reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária ge-
caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma infla- neralizada e mal-estar até edema de glote, broncoespasmos, cho-
mação local até uma forte reação alérgica, o que também é conhe- que anafilático, queda da pressão arterial, colapso, perda da consci-
cido como choque anafilático. No caso de múltiplas picadas pode ência, incontinência urinária e fecal, e cianose.
ocorrer também uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes,
até mesmo fatal. Por que as abelhas atacam?
O ferrão dos abelhas, vespas e formigas (himenópteros sociais)
exerce um papel essencial para a defesa de suas colônias. As abe-
Como prevenir acidentes com abelhas lhas geralmente formam sociedades com apenas uma rainha, vários
• A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares zangões e operárias, sendo estas as responsáveis pelas picadas.
públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devi- Elas perdem o ferrão ao picar, morrendo em seguida. Como
damente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao possui músculos próprios, o ferrão continua a injetar a peçonha
entardecer, quando os insetos estão calmos; mesmo após a separação do resto do corpo. Ao atacar nas proximi-
• Evite se aproximar de colmeias de abelhas africanizadas dades de um enxame, as primeiras abelhas liberam um feromônio
Apis mellifera sem estar com vestuário e equipamento adequados que faz com que outras invistam contra o mesmo alvo, podendo
(macacão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.); ocasionar acidente com centenas de picadas.
• Evite caminhar e correr na rota de vôo das abelhas; Coloridos, odores e sons as irritam facilmente. Há cerca de 20
• Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor mil diferentes espécies de abelhas. Elas vivem em todos os conti-
do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho) de- nentes, exceto o Antártico, e são importantes em diversos ecossis-
sencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, o temas, desempenhando o papel de polinizadoras. O mel produzido
ataque de abelhas; nas colmeias é utilizado na alimentação da própria colônia.
• Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exem-
plo, exercem extrema irritação em abelhas. O mesmo ocorre com ÁGUAS VIVAS
som de motores de popa; O calor do verão brasileiro é um incentivo para o banho de
• No campo, o trabalhador deve ficar atento para a presen- mar. No entanto, é importante que os banhistas sejam cuidadosos
ça de abelhas, principalmente no momento de arar a terra com tra- e tentem evitar o contato com águas-vivas e caravelas. Em casos de
tores. acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio
da dor inicial, devem ser utilizadas compressas geladas (pacotes fe-
Primeiros socorros no caso de acidentes com abelhas chados de gelo – “cold packs” –, envoltos em panos, ou água do mar
Em caso de acidente provocado por múltiplas picadas de abe- gelada, se disponível).
lhas, é preciso levar o acidentado rapidamente ao hospital, junto Em seguida, o local da lesão deve ser lavado com ácido acético
com alguns dos insetos que provocaram o acidente. a 5% (vinagre, por exemplo), sem esfregar a região acometida, e,
A remoção dos ferrões pode ser feita por raspagem com lâmi- posteriormente, compressa do mesmo produto deve ser aplicada
nas, e não com pinças, pois esse procedimento resulta na inocula- por cerca de 10 minutos, para evitar o aumento do envenenamen-
ção do veneno ainda existente no ferrão. to.
É importante que não seja utilizada água doce para lavagem do
Sintomas - acidentes com abelhas local da lesão, nem para aplicação das compressas geladas, pois a
As reações desencadeadas pela picada de abelhas variam de água doce pode piorar o quadro do envenenamento. Em casos de
acordo com o local e o número de ferroadas, bem como caracterís- acidentes com águas-vivas e caravelas, os pacientes devem procu-
ticas e o passado alérgico do indivíduo atingido. As manifestações rar assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e,
clínicas podem ser alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas se necessário, realização de tratamento complementar.
(múltiplas picadas). A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser realizada de
Normalmente, após uma ferroada há dor aguda local, que ten- forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça ou lâmina.
de a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando
vermelhidão, coceira e inchaço por várias horas ou dias. A inten- ARANHAS
sidade desta reação inicial causada por uma ou múltiplas picadas Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maio-
deve alertar para um possível estado de sensibilidade às picadas ria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de importância
subsequentes. em saúde pública no Brasil são as seguintes espécies:
• aranha-marrom (Loxosceles);
• aranha-armadeira ou macaca (Phoneutria);
• viúva-negra (Latrodectus).

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, • Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas:
porém sem relevância em saúde pública, sendo que os principais aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, gali-
grupos pertencem, principalmente, às aranhas que vivem nas casas nhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural).
ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou
jardim. Sintomas de acidentes com aranhas
Acidentes com aranha causam sintomas que podem ser leves
Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica ou severos. Em raros casos, podem levar até mesmo à morte.
no Brasil: • Aranha-armadeira: causa dor imediata e intensa, com
1. Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geral- poucos sinais visíveis no local. Raramente pode ocorrer agitação,
mente quando comprimida contra o corpo. Tem um centímetro de náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea.
corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos noturnos, • Aranha-marrom: a picada é pouco dolorosa e uma lesão
constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em endurecida e escura costuma surgir várias horas após, podendo
telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos ra-
rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, ros, pode ocorrer o escurecimento da urina.
porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimenta- • Viúva-negra: dor na região da picada, contrações nos
ção. músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimen-
2. Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) - Bastante agres- tos cardíacos.
siva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distância. O
corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. Ela é caçadora, O que fazer em caso de acidente com aranhas
com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias • Lavar o local da picada.
e entre folhas de bananeira. Pode se alojar também em sapatos, • Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor.
atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de cons- • Elevar o local da mordida.
trução, etc. • Procurar o serviço médico mais próximo.
3. Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode • Quando possível, levar o animal para identificação.
chegar a 2 cm e o macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e há-
bito de viver em grupos. Faz teia irregular em arbustos, gramíneas, Atenção ao que não deve-se fazer após acidente com aranhas
cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. É encontrada • Não fazer torniquete ou garrote.
próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como • Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no
frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. local da ferida.
Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas ca- • Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar
ranguejeiras, embora grandes e frequentemente encontradas em infecções.
residências, não causam acidentes considerados graves. • Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é
costume em algumas regiões do país.
Como prevenir acidentes com as aranhas ESCORPIÃO
• Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de en- Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o envenenamento
tulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas pro- provocado quando um escorpião injeta veneno através de ferrão
ximidades das casas. (télson). Os escorpiões são representantes da classe dos aracníde-
• Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadei- os, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo,
ras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das ca- com maior incidência nos meses em que ocorre aumento de tem-
sas. Manter a grama aparada. peratura e umidade.
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo No Brasil, os escorpiões de importância em saúde pública são
menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas. as seguintes espécies do gênero Tityus:
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas • Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição
e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimi- em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior
dos contra o corpo. preocupação em função do maior potencial de gravidade do enve-
• Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos po- nenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país,
dres. facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao
• Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar aci- meio urbano.
dentes. • Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado na Bahia e
• Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois mui- regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
tos desses animais têm hábitos noturnos. • Escorpião -amarelo -do -nordeste (T. stigmurus) - espécie
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos en- mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos esta-
tre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar sa- dos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
quinhos de areia nas portas e telas nas janelas. • Escorpião -preto-da -amazônia (T. obscurus) - encontrado
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. na região Norte e Mato Grosso.
• Combater a proliferação de insetos para evitar o apareci-
mento das aranhas que deles se alimentam. Atualmente, há 19 famílias de escorpiões distribuídas em todo
• Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas o mundo. Os gêneros que causam os mais graves acidentes são:
de cama e mosquiteiros encostem no chão. Inspecionar sapatos e Androctonus e Leiurus (África setentrional), Centruroides (México e
tênis antes de calçá-los. Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Ilha de Trinidad).

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os grupos mais vulneráveis são as trabalhadores da construção O que fazer em caso de acidente escorpiônico
civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro • Limpar o local com água e sabão.
de casa ou nos arredores, como quintais (intra ou peridomicílio). • Aplicar compressa morna no local.
Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os trabalhadores de ma- • Procurar orientação imediata e mais próxima do local da
deireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referên-
por manusear objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar cia).
alojados. • Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de
saúde para saber quais os pontos de tratamento com o soro espe-
Sintomas de acidentes com escorpiões cífico em sua região.
A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem • Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de
início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam dor ime- saúde.
diata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloe-
reção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento O que NÃO fazer em caso de acidente escorpiônico
é sintomático. Movimentos súbitos, involuntários de um músculo • Não amarrar ou fazer torniquete.
ou grupamentos musculares (mioclonias) e contração muscular • Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da
pequena e local (fasciculações) são descritos em alguns acidentes picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer
por Escorpião-preto-da-Amazônia. Já crianças abaixo de 7 anos curativos que fechem o local, pois isso pode favorecer a ocorrência
apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por de infecções.
escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem so- • Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada.
roterapia específica em tempo adequado. • Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líqui-
dos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra
Como prevenir acidentes com escorpiões o veneno e podem agravar o quadro.
• Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de en-
tulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas LAGARTAS
proximidades das casas. A lagarta (taturana, marandová, mandorová, mondrová, ruga,
• Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadei- oruga, bicho-peludo) é uma das fases do ciclo biológico de mari-
ras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das ca- posas e borboletas (lepidóptero). Os acidentes provocados por la-
sas. Manter a grama aparada. gartas, popularmente chamados de “queimaduras”, têm evolução
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo benigna na maioria dos casos.
menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas. As lagartas do gênero Lonomia são as que têm maior relevân-
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas cia para a saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves ou
e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimi- mortes, pela inoculação do veneno no organismo, que se dá por
dos contra o corpo. meio do contato das cerdas urticantes com a pele.
• Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos po- Somente a fase larval (lagartas) desses animais é capaz de pro-
dres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha duzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e adulto) são
férrea. inofensivas, exceto as mariposas fêmeas adultas do gênero Hyle-
• Usar calçados e luvas de raspas de couro. sia (Saturniidae), que apresentam cerdas no abdômen. Em contato
• Como muitos destes animais apresentam hábitos notur- com a pele, essas cerdas podem causar dermatite papuloprurigi-
nos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras nosa.
das portas e janelas quando começar a escurecer. Estas são as duas espécies de lagartas que mais causam aciden-
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. tes no Brasil:
• Combater a proliferação de insetos, para evitar o apareci- • Família Megalopygidae (lagartas “cabeludas”) - são ge-
mento dos escorpiões que deles se alimentam. ralmente solitárias e não-agressivas, de 1 a 8 cm de comprimento,
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos en- possuem “pelos” dorsais longos e sedosos de colorido variado (cas-
tre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar sa- tanho, branco, negro, róseo), que camuflam as verdadeiras cerdas
quinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas. pontiagudas e urticantes. As cerdas pontiagudas e curtas contêm
• Afastar as camas e berços das paredes. as glândulas de veneno, entremeadas por outras longas, coloridas
• Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no e inofensivas.
chão. Não pendurar roupas nas paredes; examinar roupas, princi- • Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”) - vivem em
palmente camisas, blusas e calças antes de vestir. grupos, possuem cerdas urticantes em forma de espinhos, seme-
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros lhantes a pequenos pinheiros verdes distribuídos no dorso da la-
recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, garta, não possuindo pelos sedosos. Têm “espinhos” ramificados
moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões. e pontiagudos de aspecto arbóreo, com tonalidades esverdeadas
• Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: mimetizando muitas vezes as plantas que habitam. Nesta família
aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos. se inclui o gênero Lonomia, com ampla distribuição em todo o País,
causador de acidentes hemorrágicos.
O Brasil é o único país produtor do Soro Antilonômico (SALon).,
específico para o tratamento dos envenenamentos moderados e
graves causados por essas lagartas.

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sintomas de acidentes com lagartas Como prevenir acidentes com serpentes


Normalmente, os acidentes com lagartas ocorrem quando o • O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas
indivíduo toca o animal, geralmente em tronco de árvores ou ao e sapatos pode evitar cerca de 80% dos acidentes.
manusear vegetação. O contato com as cerdas pontiagudas faz • Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas se-
com que o veneno contido nos “espinhos” seja injetado na pessoa. cas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em bu-
A dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local da racos. Cerca de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços.
“queimadura” para outras regiões do corpo. No caso da Lonomia, • Cobras se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos.
algumas vezes aparecem complicações como sangramento na gen- Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou
giva e aparecimento de sangue na urina. cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros.
• Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não dei-
Tratamento de acidentes com lagartas xar lixo acumulado. Fechar buracos de muros e frestas de portas.
Dependendo da lagarta, os sintomas podem tratados com me- • Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, te-
didas para alívio da dor, como compressas frias ou geladas. Nos lhas e madeiras, bem como não deixar mato alto ao redor das casas.
casos de suspeita de acidente com Lonomia, o paciente deve ser Isso atrai e serve de abrigo para pequenos animais, que servem de
levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o profissional de alimentos às serpentes.
saúde avalie a necessidade de administração do soro antilonômico.
O que fazer em caso de acidente com serpentes
Como prevenir acidentes com lagartas • Lavar o local da picada apenas com água ou com água e
Ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem sabão.
ou em qualquer outra em ambientes silvestres, observar bem o lo- • Manter o paciente deitado.
cal, troncos, folhas, gravetos antes de manuseá-los, fazendo sempre • Manter o paciente hidratado.
o uso de luvas para evitar o acidente. A incidência maior de aci- • Procurar o serviço médico mais próximo.
dentes deve-se ao desmatamento, queimadas, extermínio de pre- • Se possível, levar o animal para identificação.
dadores naturais, loteamentos sem planejamento e sem avaliação
do impacto ecológico que isto acarreta, obrigando a procura destas O que NÃO fazer em caso de acidente com serpentes
espécies por outros ambientes para sobreviver, onde se dá o conta- • Não fazer torniquete ou garrote.
to com o homem. • Não cortar o local da picada.
• Não perfurar ao redor do local da picada.
O que fazer em caso de acidente com lagartas
• Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes.
• Lavar o local da picada com água fria ou gelada e sabão. • Não beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxi-
• Levar o indivíduo imediatamente ao serviço de saúde mais
cos.
próximo para que possa receber o tratamento em tempo oportuno.
• A identificação da lagarta causadora do acidente pode aju-
Tratamento em caso de acidentes com serpentes
dar no diagnóstico. Portanto, se for possível, é recomendado levar a
O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de
causadora ao serviço de saúde.
envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tra-
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de
tamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em
saúde para saber quais pontos de tratamento com o soro específico
na sua região. ambiente hospitalar e sob supervisão médica.

O que NÃO fazer em caso de acidente com lagartas Como prevenir acidentes com animais peçonhentos
• Não fazer torniquete ou garrote, furar, cortar, queimar, es- O risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser re-
premer, fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó de duzido tomando algumas medidas gerais e bastante simples para
café ou terra sobre ela, para não provocar infecção. prevenção:
• Não coçar o local. • usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardina-
• Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da gem;
picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer • examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, an-
curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência tes de usá-las;
de infecções. • afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora
• Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado ou outros líqui- de armários;
dos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra • não acumular entulhos e materiais de construção;
o veneno e podem causar problemas gastrointestinais na vítima. • limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de
parede;
SERPENTES • vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e
O envenenamento ocorre quando a serpente consegue injetar rodapés;
o conteúdo de suas glândulas venenosas, mas nem toda picada leva • utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, jane-
ao envenenamento. Isso porque há muitas espécies de serpentes las e ralos;
que não possuem presas ou, quando presentes, estão localizadas • manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quin-
na parte de trás da boca, o que dificulta a injeção de veneno ou tais, paióis e celeiros;
toxina. • evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas
e manter a grama sempre cortada;

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois O que fazer em caso de acidente com animais peçonhentos
metros junto ao muro ou cercas. • Procure atendimento médico imediatamente.
• Informe ao profissional de saúde o máximo possível de ca-
Proteção individual para prevenir acidentes com animais pe- racterísticas do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, entre
çonhentos outras.
• No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da • Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao
vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (ex-
pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade. ceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima
• Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao
áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente pronto socorro.
para a remoção. • Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços,
• Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do
roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los. quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.
• Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar rou- • Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito
pas fora de armários. menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café,
álcool, entre outros) no local da picada.
Proteção da população para prevenir acidentes com animais • Especificamente em casos de acidentes com águas-vivas e
peçonhentos caravelas, primeiramente, para alívio da dor inicial, use compressas
• Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de geladas de água do mar (ou pacotes fechados de gelo – “cold packs”
construção junto às habitações. – envoltos em panos, se disponível). A remoção dos tentáculos ade-
• Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que ridos à pele deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencial-
folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro. mente com uso de pinça ou lâmina. Procure assistência médica para
• Não montar acampamento próximo a áreas onde normal- avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de
mente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguin- tratamento complementar.
te, maior número de serpentes. • Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta
• Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e as chances de infecção local.
não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades.
• Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de Diagnóstico e tratamento de acidentes com animais peço-
parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI). nhentos
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e O diagnóstico é realizado com base na identificação do animal
rodapés. causador do acidente. Em alguns casos, há recomendação de exa-
• Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, jane- me complementar. O tratamento é sintomático e com soro antive-
las e ralos. neno, de acordo com cada espécie e com cada situação. Todos os
• Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, tratamentos e atendimentos são oferecidos, de forma integral e
quintais, paióis e celeiros. gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
• Controlar roedores existentes na área e combater insetos, Dependendo dos sintomas, podem ser adotadas medidas para
alívio da dor, como compressas mornas (acidentes por aranha-ar-
principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas).
madeira e viúva-negra). Havendo ou não melhora, o paciente deve
• Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cui-
ser levado ao serviço de saúde mais próximo para ser avaliada a
dado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e pro-
necessidade de administração de soro específico.
cure a autoridade de saúde local para orientações.
Primeiros socorros em caso de acidentes com animais peço-
nhentos
Orientação ao trabalhador na prevenção de acidentes com
Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete
animais peçonhentos
ou garrote, não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no
• Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre local da ferida, nem aplicar folhas, pó de café ou terra para não pro-
outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manu- vocar infecções; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo,
seio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima imedia-
de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; ativi- tamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber
dades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre o tratamento adequado em tempo.
outras atividades.
• Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os cami-
nhos a percorrer.
• Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos NOÇÕES BÁSICAS DE VIGILÂNCIA EM
de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de le- SAÚDE AMBIENTAL
nha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares,
usar um pedaço de madeira, enxada ou foice. Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
• Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os tópicos anteriores
equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou per-
neiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e
cupinzeiros.

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por que estes animais podem se instalar nas cidades?


NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ARBOVIROSES E FAUNA
SINANTRÓPICA, BEM COMO SUAS MEDIDAS DE CON- Os animais sinantrópicos precisam de três elementos para sua
TROLE sobrevivência: abrigo, alimento e água. Essas três condições são su-
ficientes para a espécie se adaptar e permanecer no ambiente.

Prezado Candidato, o tema acima arboviroses, já foi abordado A água não é um fator limitante no meio urbano, mas é possí-
em tópicos anteriores vel interferir nos outros fatores para que espécies indesejadas não
se instalem ao nosso redor. Por isso é importante conhecer o que
ESPÉCIES SINANTRÓPICAS serve de alimento e abrigo para cada espécie que pretendemos
controlar, e tomar ações preventivas, para evitar o uso de produtos
Fauna da cidade químicos que podem afetar outras espécies.

Os animais silvestres, nativos ou não, que conseguem se adap- Exemplos de animais sinantrópicos
tar a viver junto ao homem são chamados de animais sinantrópicos.
Diferentemente dos animais domésticos, que o homem cria e cuida Nome comum: sagui-de-tufos-pretos
para companhia (como cães e gatos), produção de alimentos (como
galinhas e porcos) ou para transporte (como cavalos e jumentos). Nome científico: Callithrix penicillata
Algumas espécies de animais sinantrópicos podem causar danos Nome comum: rato-castanho
econômicos e transmitir doenças, causando danos à saúde de seres
humanos e outros animais. Nome científico: Rattus norvegicus
Nome comum: Morcego-fruteiro
A perda de ambientes naturais com o crescimento das cidades
e o desmatamento para diferentes fins são fatores que contribuí- Nome científico: Sturnira lilium
ram para que esses animais se adaptassem a viver na zona urbana. Nome comum: Saruê
Em alguns casos, a presença desses indivíduos pode gerar incômo-
dos e riscos à saúde pública, mas também é possível uma convivên- Nome científico: Didelphis albiventris
cia harmônica, como no caso de aves, abelhas, formigas e capivaras.
De acordo com a Instrução Normativa IBAMA 141/2006, a fauna Nome comum: Tuim/periquitinho
sinantrópica pode ser definida da seguinte forma:
Nome científico: Forpus xanthopterygius
(…)
IV – fauna sinantrópica: populações animais de espécies silves- Nome comum: quero-quero
tres nativas ou exóticas, que utilizam recursos de áreas antrópicas,
de forma transitória em seu deslocamento, como via de passagem Nome científico: Vanellus chilensis
ou local de descanso; ou permanente, utilizando-as como área de Nome comum: coruja-buraqueira
vida;
Nome científico: Speotyto cunicularia
Cabe ainda citar o Decreto n.º 37.078/2016 que regulamenta
o artigo 41, da Lei nº 5.321, de 06 de março de 2014, que Institui o Nome comum: aranha-bananeira/armaderia
Código de Saúde do Distrito Federal, e dá outras providências. De
acordo com a referida normativa: Nome científico: Phoneutria nigriventer

(…) Nome comum: escorpião-amarelo

Art. 2º Define-se como vetores, animais sinantrópicos ou peço- Nome científico: Tityus serrulatus
nhentos ou moluscos, para efeitos deste Decreto:
I – Vetor mecânico: ser vivo que veicula o agente patogênico Nome comum: carrapato-estrela
desde o reservatório até o hospedeiro potencial;
II – Animais sinantrópicos ou peçonhentos: espécies de animais Nome científico: Amblyomma cajennense
que, indesejavelmente, coabitam com o homem em sua morada ou
arredores e que trazem incômodos, prejuízos ou riscos à saúde pú- Nome comum: Abelhas indígenas
blica, tais como baratas, formigas, ratos, cupins, brocas, pulgas, ara-
nhas, escorpiões, carrapatos, moscas, mosquitos, vespas, pombos, Nome científico: Meliponini
morcegos, traças, caramujos, percevejos, grilos, etc; Nome comum: Taturana
III – Molusco: animal de corpo mole, não segmentado, viscoso,
com simetria bilateral, excepcionalmente assimétrico, com concha Nome científico: Lonomia
interna ou externa. Nome comum: mosquito-da-dengue

Nome científico: Aedes (Stegomyia) aegypti

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nome comum: Saúva-mata-pasto 3. (Prefeitura de São José do Cedro/SC - Agente Comunitário de


Saúde - AMEOSC/2017) Sobre Vigilância Ambiental e suas ações é
Nome científico: Atta bisphaerica incorreto afirmar que:
Nome comum: barbeiro (A) Suas ações privilegiam o controle do consumo de água.
(B) Busca fazer o controle de resíduos e o controle de vetores
Nome científico: Triatoma infestans de transmissão de doenças.
Nome comum: vespa polistina neotropical (C) Dedica-se às possíveis interferências no ambiente físico, psi-
cológico e social na saúde.
Nome científico: Parachartergus fraternus (D) Suas ações se voltam para interdição e reabilitação de ani-
Nome comum: barata-americana mais domésticos abandonados.

Nome científico: Periplaneta americana 4. Controlar os vetores no meio ambiente é uma medida profi-
lática recomendada para diminuir a incidência de:
(A) leishmaniose tegumentar americana, febre amarela e do-
NOÇÕES BÁSICAS EM EMERGÊNCIAS EM ença de Chagas.
SAÚDE PÚBLICA (B) carbúnculo ou “antraz”, malária e dengue.
(C) tularemia, doença priônica e triquinose.
(D) leptospirose, histoplasmose e febre amarela.
Prezado(a), (E) dengue, malária e doença de Creutzfeldt-Jacob.

A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico 5. A “tripanossomíase americana” é o nome dado à:
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área (A) Cólera
é reservada para a inclusão de materiais que complementam a (B) Doença de Chagas
apostila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos (C) Leishmaniose cutânea
relacionados a este material, e que, devido a seu formato ou ta- (D) Leishmaniose mucocutânea
manho, não cabem na estrutura de nossas apostilas. (E) Leishmaniose Tegumentar Americana

Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são 6. As manifestações clínicas da doença de Chagas se devem à
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem morte de células nos tecidos envolvidos.
e podem ser acessados seguindo os passos indicados na página ( ) Certo
2 deste material, ou por meio de seu login e senha na Área do ( ) Errado
Aluno.
7. Os exames empregados para detectar Doença de Chagas, tu-
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha berculose e hepatite são, respectivamente,
melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação (A) Machado Guerreiro, Pesquisa de BK e HBs Ag.
da apostila. (B) Pesquisa de BK, Machado Guerreiro e VDRL.
(C) Pesquisa de BK, VDRL e Machado Guerreiro.
Se preferir, indicamos também acesso direto ao https://bvs- (D) Machado Guerreiro, Pesquisa de BK e HTs At.
ms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_resposta_emergencias_ (E) Machado Guerreiro, VDRL e Pesquisa de BK.
saude_publica.pdf
8. Qual é a doença cujas manifestações clínicas da fase crônica
Bons estudos! aparecem na vida adulta, anos após a fase aguda, apresentando al-
terações cardíacas e/ou digestivas?
QUESTÕES (A) Febre tifoide
(B) Leishmaniose visceral
(C) Doença de Chagas
1. Entende-se por “Gestão Ambiental” um conjunto de medi- (D) Infecção por poliovírus
das que têm importância fundamental na conservação do meio am- (E) Esquistossomose mansônica
biente e na qualidade de vida dos habitantes das cidades.
( ) Certo 9. A malária é transmitida pelo mosquito infectado com proto-
( ) Errado zoários do gênero Plasmodium.
( ) Certo
2. Sabendo-se que “saneamento” é o controle de todos os fa- ( ) Errado
tores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-
-estar, físico, mental e social dos indivíduos”, podemos afirmar que:
“Saneamento ambiental é o conjunto de investimentos públi-
cos em políticas de controle ambiental que busca resolver os graves
problemas gerados na infraestrutura das cidades”.
( ) Certo
( ) Errado

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10. É um processo de elevada relevância para a preservação do (D) Quando um local público apresenta riscos à saúde indivi-
meio ambiente. dual e coletiva em função de seus aspectos físicos, higiênicos
(A) Saneamento básico e sanitários.
(B) Reciclagem (E) N.D.A.
(C) Abastecimento de água
(D) Drenagem de águas pluviais 14. No atendimento à vítima de acidente ofídico, é correto:
(A) Estimular a vítima a correr para eliminar o veneno pelo suor.
11. Sobre saneamento, analise as afirmativas a seguir. (B) Garrotear o membro afetado para impedir a circulação do
I. O sistema de esgotos ajuda a reduzir despesas com o trata- veneno no organismo.
mento tanto da água de abastecimento, quanto das doenças pro- (C) Sugar o local da picada para reduzir a quantidade de veneno
vocadas pelo contato humano com os dejetos, além de controlar a na circulação sanguínea.
poluição das praias. (D) Realizar perfurações em torno do local da picada para pro-
II. O esgoto pode ser de vários tipos: sanitário (água usada para mover sangramento, diminuindo assim a quantidade de vene-
fins higiênicos e industriais), sépticos (sem tratamento), pluviais no no sangue.
(águas pluviais), combinado (sanitário + pluvial), cru (em fase de (E) Elevar o membro afetado para reduzir edema local.
putrefação) e fresco (recente, ainda com carbono livre).
III. Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar 15. Os acidentes causados por animais peçonhentos são consi-
ou modificar as condições do meio ambiente e tem a finalidade de derados graves.
prevenir doenças e promover a saúde. Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F
IV. Normalmente, qualquer atividade de saneamento tem os ) em relação ao assunto.
seguintes objetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da ( ) O veneno do escorpião preto e amarelo tem ação neuro-
qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do indi- tóxica. A dor no local da picada pode ser aliviada com compressas
víduo e facilitar a atividade econômica. mornas e analgésicos.
Marque a opção que apresenta as afirmativas CORRETAS. ( ) O veneno da aranha marrom tem ação proteolítica. A lesão
(A) I – II – III – IV é endurecida e escura, podendo evoluir para ferida com gangrena
(B) I – III e necrose.
(C) I – III – IV ( ) O veneno da serpente surucucu (Lachesis) tem ação prote-
(D) II – III olítica, neurotóxica e interfere na coagulação, sendo frequente a
(E) II – IV. infecção e a necrose na região da picada e a insuficiência renal.
( ) O veneno da serpente cascavel tem ação proteolítica e neu-
12. A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito rotóxica, devendo ser tratado com soro antielapídico.
Aedes aegypti. Sobre o assunto, é CORRETO afirmar que:
(A) A infecção por dengue pode ser assintomática. Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima
(B) A infecção por dengue é bacteriana. para baixo.
(C) Quem já teve a doença não desenvolve novamente. (A) V • V • F • F
(D) Só é preciso se preocupar com a proliferação do mosquito (B) V • V • F • V
durante o período de chuva. (C) V • F • V • F
(D) F • V • V • V
13 A vigilância sanitária zela pela saúde pública, utilizando de (E) F • F • V • F
ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, 16. A leishmaniose tegumentar americana é:
da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de (A) É uma doença infecciosa causada por bactéria.
interesse da saúde. Também é seu papel, assessorar os profissio- (B) É uma doença infecciosa parasitaria causada por um verme.
nais dos serviços de saúde na prevenção e controle de infecções (C) É uma doença infecciosa e contagiosa.
relacionadas à assistência à saúde e investigar as notificações de (D) É uma doença infecciosa, não contagiosa.
desvios de qualidade de produtos, serviços e ocorrência de surtos (E) N.D.A.
relacionados a saúde. Então, os riscos sociais à saúde que a vigilân-
cia sanitária combate são: 17. Para o controle da leptospirose, são necessárias:
(A) Quando ocorre a comercialização de alimentos sem padrão (A) Identificar e monitorar unidades territoriais de relevância
de identidade de qualidade; isto resulta no não atendimento epidemiológica e investigar e caracterizar surtos.
das necessidades básicas de alimentação de quem compra o (B) Medidas preventivas de ambientes individuais ou coletivos
produto. devem ser estimuladas, tais como: utilização de repelentes,
(B) Quando o esgoto, o lixo e a água usada em locais públi- uso de mosquiteiras, poda de árvores, de modo a aumentar
cos, não têm um destino adequado, com a presença de vetores a insolação, para diminuir o sombreamento do solo e evitar as
como ratos, baratas e insetos. condições favoráveis, realizar limpeza dos ambientes que ficam
(C) Alimentos e outros produtos em processos de produção animais domésticos.
e comercialização desenvolvidos em locais insalubre; falta de (C) Medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de sa-
equipamentos de proteção individual (gorros, botas, aventais e neamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), me-
máscaras) para profissionais. lhorias nas habitações humanas e o combate aos ratos.

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(D) Tratamento imediato dos casos diagnosticados; busca de


casos junto aos comunicantes; investigação epidemiológica; GABARITO
orientação à população quanto à doença, uso de repelentes,
cortinados, roupas protetoras, telas em portas e janelas; inves-
tigação entomológica. 1 ERRADO
(E) N.D.A.
2 CERTO
18. São atribuições do Agente de Combate a endemias, exceto: 3 D
(A) O exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle
4 A
de doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em conformi-
dade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de 5 B
cada ente federado. 6 CERTO
(B) Na prevenção e no controle de doenças endêmicas, como
dengue, zika vírus, febre chikungunya, malária, leptospirose, 7 A
leishmaniose, esquistossomose, chagas, raiva humana, entre 8 C
outras doenças que estão relacionadas com fatores ambientais
9 CERTO
de risco.
(C) O registro, para fins exclusivos de controle e planejamento 10 B
das ações de saúde, de nascimentos, óbitos, doenças e outros 11 C
agravos à saúde.
(D) Executa atividades de grande complexidade que envolve 12 A
planejamento, supervisão, coordenação e execução de traba- 13 A
lhos relacionados com os processos do Sistema Nacional de
14 E
Vigilância em Saúde - SNVS - de acordo com as necessidades
do gestor municipal e do perfil epidemiológico de cada terri- 15 A
torialidade. 16 D
(E) N.D.A.
17 C
19 De acordo com o conceito da epidemiologia, qual alternati- 18 C
va não se encaixa com suas características básicas:
(A) Preocupa-se com a frequência e o padrão dos eventos re- 19 D
lacionados com o processo saúde-doença, incluindo não só
o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de
doença nessa população. Permitindo porém, comparações vá-
lidas entre as diferentes populações.
(B) Busca a causa e os fatores que influenciam a ocorrência dos
eventos relacionados ao processo saúde-doença. Com esse
objetivo, descreve a frequência e distribuição desses eventos
e compara sua ocorrência em diferentes grupos populacionais
com distintas características demográficas, genéticas, imuno-
lógicas, comportamentais, de exposição ao ambiente e outros
fatores, assim chamados fatores de risco.
(C) Preocupa-se somente com estados ou eventos relacionados
à saúde, mais originalmente com epidemias de doenças infec-
ciosas. No entanto, sua abrangência ampliou-se e, atualmente,
sua área de atuação estende-se a todos os agravos à saúde.
(D) Conhecimento dos problemas sanitários, do universo de es-
tabelecimentos ou áreas a serem fiscalizadas, do grau de risco
potencial ou inerente das atividades desenvolvidas nos esta-
belecimentos, do dimensionamento dos recursos humanos,
materiais e financeiros necessários, de um plano organizado de
trabalho, da definição de prioridades e das ações programáticas
a serem assumidas, enfim, do estabelecimento de uma política,
que defina claramente os objetivos, as metas, os programas e a
estratégia de implantação ou implementação das ações.
(E) Como disciplina da saúde pública, é mais que o estudo a
respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para
a implementação de ações dirigidas à prevenção e ao contro-
le. Portanto, ela não é somente uma ciência, mas também um
instrumento.

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