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Elaboração de Discursivas e Pareceres Técnicos Prof.

Marcel Guimarães
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Sumário
ELABORAÇÃO DE TEXTOS DISCURSIVOS (DISSERTATIVOS) EM PROVAS DE CONCURSOS – PARTE 2 ................ 3

ROTEIRO DE PLANEJAMENTO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO ................................. 8

EXEMPLO PRÁTICO Nº 1 – TCU 2009: RECEITAS PÚBLICAS ............................................................................ 14

PONTOS IMPORTANTES AVALIADOS PELA BANCA .......................................................................................17

EXEMPLO PRÁTICO Nº 2 – PGM JOÃO PESSOA 2018: PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS .......................................27

CONCLUSÃO.............................................................................................................................................. 30

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Elaboração de Textos Discursivos (dissertativos) em


Provas de Concursos – Parte 2

Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Sejam bem-vindos à 2ª aula do curso de Elaboração de Discursivas e Pareceres Técnicos.

O objetivo deste módulo é o aprimoramento da técnica abordada no nosso primeiro encontro.

Para quem não lembra, na aula anterior, mostramos que você deve planejar seu texto antes de começar a sair
escrevendo de forma insana, sem ao menos pensar um pouco no que irá fazer. Antes de olhar o texto de apoio, leia
com calma as perguntas que estão sendo feitas. Veja o tipo de texto que deve ser elaborado e quantas linhas você
deverá escrever (essa informação consta no edital do seu concurso). Tudo isso influenciará na sua resposta. Planeje
quantos parágrafos escreverá e quais as palavras-chave que não poderão faltar em cada um deles. Não enrole, seja
direto e claro com suas ideias. Conforme apresentado, as etapas de elaboração do seu texto são as seguintes:
1) Planejamento;

2) Esquema ou rascunho (fazer esquema só se tiver treinado antes);

3) Texto definitivo.

Certamente, o planejamento do texto é a etapa mais importante do processo.

Em geral, nas provas discursivas do CESPE, o critério de pontuação acaba fazendo com que a forma e o
conteúdo do seu texto sejam mais relevantes do que a correção gramatical. Por conta disso, não compensa fazer
rascunho. Você acaba gastando o dobro do tempo e, às vezes, ainda se perde no conteúdo por conta da falta de
planejamento. Prova disso é que, mesmo fazendo rascunho, a gente sempre muda o texto na hora de passá-lo a limpo
na folha definitiva.

É importante deixar claro que, para o sucesso da técnica que está sendo proposta (esquema no lugar do
rascunho), é fundamental que você tenha TREINADO isso antes. Ainda que você opte por fazer rascunho, planeje-o.
Não deixe de definir de forma antecipada e objetiva quais são as palavras-chave que você não poderá deixar de
mencionar na sua resposta. É mais importante apresentá-las em um formato claro, com frases curtas e diretas, do
que ficar escrevendo demais para tentar impressionar a banca e acabar perdendo a linha do seu raciocínio.

ESTRUTURA DO GERAL DO TEXTO


No módulo anterior, vimos que a estrutura do seu texto será um reflexo daquilo que a banca estiver solicitando
no comando da questão e do número de linhas a serem escritas. Mas, de um modo geral, o texto dissertativo será
estruturado da seguinte forma: introdução, parágrafos de desenvolvimento e conclusão.

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Estrutura do Texto – Regra Geral


INTRODUÇÃO (opcional, a depender da situação)

P1: Breves comentários acerca do que será abordado no texto. Sugestão: copiar parte do texto de caráter
motivador.

Parágrafos de DESENVOLVIMENTO (UM PARÁGRAFO PARA CADA PONTO SOLICITADO PELA BANCA)

P2: Estrutura do parágrafo: Tópico frasal (TF1) + desenvolvimento (+ conclusão parcial) *

P3: Estrutura do parágrafo: Tópico frasal (TF2) + desenvolvimento (+ conclusão parcial) *

PN: Estrutura do parágrafo: Tópico frasal (TF3) + desenvolvimento (+ conclusão parcial) *

CONCLUSÃO

P(N+1): Conclui-se, portanto, que + TF1 + TF2 + TFN.

(*) = a conclusão parcial dos parágrafos de desenvolvimento só será apresentada em caso de textos
dissertativos argumentativos ou de pareceres, tendo em vista que são situações em que devemos apresentar um
posicionamento acerca do assunto abordado naquele parágrafo. Nesses casos, essa conclusão parcial deverá ser
repetida no parágrafo (final) de conclusão do texto.

Observação: P 1 a N+1 = Parágrafo 1, Parágrafo 2...Parágrafo N+1.

ESTRUTURA DETALHADA DO TEXTO

De uma forma mais detalhada, a estrutura do seu texto dissertativo (introdução, parágrafos de
desenvolvimento e conclusão) pode ser descrita da forma apresentada a seguir.

INTRODUÇÃO

Deve-se comentar brevemente o que será abordado (tema do texto). Deve ser um parágrafo curto, com poucas
linhas (de 5 a 8, a depender do tamanho da redação), tomando o cuidado de não começar a apresentar as respostas
aos questionamentos. Em questões discursivas de 10 linhas, a introdução será dispensada. Em textos de 20 linhas,
vai depender da situação. Em textos longos (acima de 40 linhas), recomenda-se que haja introdução.

PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO

Deve ser feito UM PARÁGRAFO PARA CADA PONTO SOLICITADO PELA BANCA (“aborde necessariamente
os seguintes aspectos”).

Os Tópicos frasais devem ser apresentados logo no início dos parágrafos.

É com base nessa estrutura que seu texto será corrigido pela banca.

CONCLUSÃO

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Opcional para questões e textos discursivos de 10 ou de 20 linhas. Recomendável para textos dissertativos
expositivos e para os argumentativos.

Constitui-se em um RESUMO (síntese) dos tópicos frasais utilizados nos parágrafos de desenvolvimento.

Exemplos: “Conclui-se, portanto, que...” / “Diante do exposto, pode-se concluir que...”.

DETALHAMENTO DOS PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO

Em se tratando de questões discursivas técnicas de concursos públicos, as partes mais importantes do seu texto
dissertativo estarão nos parágrafos de desenvolvimento. É com base no conteúdo deles que seu texto será corrigido
pela banca. Desse modo, é importante detalhar como se dará a elaboração desses parágrafos.

Conforme tratado anteriormente, deve ser feito UM PARÁGRAFO PARA CADA PONTO SOLICITADO PELA
BANCA (“aborde necessariamente os seguintes aspectos”).

Cada parágrafo deverá conter um tópico frasal, que constitui a essência do assunto a ser tratado (palavras-
chave). É importante que o Tópico frasal seja apresentado logo no início dos parágrafos. Depois disso, você vai
desenvolvendo melhor sua ideia, demonstrando seu conhecimento mais específico acerca do assunto. Dependendo
da situação, cada parágrafo de desenvolvimento poderá apresentar uma conclusão parcial a respeito de algum
questionamento feito pela banca. Assim, é possível esquematizar a estrutura do seu parágrafo de desenvolvimento
da seguinte maneira:

Estrutura do parágrafo: Tópico frasal (TF) + desenvolvimento

Observação: se for dissertação argumentativa: TF + desenvolvimento + conclusão parcial

Tópico Frasal
Trata-se da essência do assunto a ser abordado. Deve conter as palavras-chave que a banca irá procurar ao
corrigir o seu texto.

TÓPICO FRASAL

Regra para TF: converter o tópico em pergunta.

Exemplo: Suponha que, em uma questão discursiva, a banca tenha pedido para o candidato abordar o
seguinte aspecto:

< Classificação dos créditos adicionais e a finalidade de cada um deles.

Conversão do tópico em pergunta: Qual é a finalidade dos créditos adicionais suplementares?

TF: Os créditos adicionais suplementares são utilizados para o reforço de dotações existentes na LOA.

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Após a primeira sentença, que conterá o TF, você deverá desenvolver seu raciocínio no decorrer do restante do
parágrafo. Tente usar períodos curtos, escrevendo de maneira simples, na ordem direta. Evite usar voz passiva.
Lembre-se de que cada parágrafo possui somente um TF.

Sendo assim, recomenda-se que seus parágrafos de desenvolvimento sigam uma padronização em termos de
forma e conteúdo, o que pode ser esquematizado da seguinte forma:

Padronização dos parágrafos de desenvolvimento

Item Descrição

Um parágrafo para cada solicitação. Tópico frasal (TF) na primeira sentença.


FORMA
Estrutura do parágrafo: Tópico frasal (TF) + desenvolvimento + conclusão (se for o caso)

Resposta à pergunta deve ser dada já na primeira sentença (TF), na ordem direta, sem
floreios. Depois, você vai apresentando o desenvolvimento de outras ideias, de modo a
CONTEÚDO
complementar a resposta e a demonstrar todo o seu conhecimento acerca do assunto. Se for
o caso, apresente uma conclusão para o parágrafo.

Uma maneira rápida e fácil de estruturar os parágrafos de desenvolvimento é aproveitar a própria solicitação
da Banca para escrever sua resposta. Assim, você não precisará perder muito tempo pensando nem fazendo
rascunho. Basta tentar reescrever a pergunta feita pela banca, aproveitando as palavras usadas no questionamento.

A seguir, apresento uma sugestão de estrutura para seus parágrafos que pode se enquadrar facilmente à
maioria das perguntas diretas ou textos dissertativos técnicos que você deverá escrever em provas de concurso.

Sugestão de estrutura de parágrafo


De acordo com [Fundamentação legal ou teórica], (se for o caso)

o/a [assunto questionado pela banca]

[resposta ao questionamento].

Por exemplo, suponha que a banca tenha solicitado o seguinte em uma questão discursiva do seu concurso:

1 Apresente as classificações das receitas listadas quanto à categoria econômica e à origem, conforme a
Lei n.º 4.320/1964. [valor: 1,75 ponto]

Resposta sugerida:

De acordo com a Lei 4.320/64, as receitas listadas se classificam, quanto à categoria econômica e à origem,
respectivamente, da seguinte maneira: IPTU: Receita corrente, Receita tributária; Contribuição sobre iluminação
pública: Receita corrente, Receita de contribuições; Alienação de bens imóveis: Receita de capital, Alienação de bens.

Sendo que:

Fundamentação legal ou teórica: [De acordo com a Lei 4.320/64,]

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Assunto questionado pela banca: [as receitas listadas se classificam, quanto à categoria econômica e à origem,
respectivamente, da seguinte maneira:]

Resposta ao questionamento: [IPTU: Receita corrente, Receita tributária; Contribuição sobre iluminação
pública: Receita corrente, Receita de contribuições; Alienação de bens imóveis: Receita de capital, Alienação de
bens].

É claro que você não precisa usar sempre essa estrutura, como se fosse um robô respondendo as questões. Mas
ela serve como um ponto de partida bastante razoável para que você possa chegar na sua prova elaborando os textos
de forma mais ágil e eficiente. Procure treinar bastante a elaboração de parágrafos com base nesse formato padrão
sugerido, fazendo os ajustes que julgar necessários.

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Roteiro de Planejamento do Texto e dos Parágrafos de


Desenvolvimento
Na aula anterior, foi definido um roteiro para esquematizar o planejamento da elaboração da sua questão
discursiva em cinco passos, conforme descrito a seguir:

Roteiro de Planejamento do Texto

Passo Descrição

Identificar quais são as perguntas que estão sendo feitas.


1
Dica: pular o texto de apoio. Vá direto para os questionamentos.

Identificar o tipo de texto a ser elaborado. Exemplo:

• respostas diretas às perguntas;


2
• texto dissertativo (expositivo ou argumentativo);
• parecer/peça de natureza técnica (com ou sem relatório).

3 Identificar a quantidade de linhas a serem escritas.

A partir das informações anteriores, definir o número de parágrafos que você escreverá e o assunto que será
4
abordado em cada um deles.

5 Ler o texto de apoio, reler as perguntas e elaborar o planejamento do texto (esquema).

Ainda com relação ao módulo anterior, para fins de ilustração do roteiro apresentado, foi proposta uma questão
hipotética, com a intenção de mostrar a importância do planejamento do seu texto. Na ocasião, a resolução da
questão limitou-se a apresentar o processo de definição do número de parágrafos a serem escritos e do conteúdo a
ser abordado em cada um deles, sem maiores detalhes.

A seguir, desenvolveremos melhor o tema hipotético, demonstrando que, à medida que o tamanho do texto
aumenta, cresce o grau de detalhamento que devemos apresentar nas nossas respostas.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA

Para fins de ilustração do roteiro apresentado, suponha que a banca tenha apresentado a seguinte questão
discursiva na prova do seu concurso:

Questão Discursiva Hipotética


CESPE/Concurso Tribunal de Contas Y 2020

O orçamento anual pode ser alterado por meio de créditos adicionais. Por crédito adicional,
entendem-se as autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei
Orçamentária.

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Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, 8ª edição, p. 95. Disponível em:


https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484

Considerando o texto motivador acima transcrito, redija um texto respondendo, de forma justificada, aos
questionamentos a seguir.

Opção A – Redação de 10 linhas

< Como se classificam os créditos adicionais e qual é a finalidade de cada um deles?

Opção B – Redação de 20 0u 40 linhas

< Como se classificam os créditos adicionais e qual é a finalidade de cada um deles?

< Descreva as características de cada tipo de crédito adicional.

Note que o primeiro erro que normalmente cometemos é o de sair lendo o texto de apoio ou texto motivador
logo de cara. Tentem não fazer mais isso! Primeiro, devemos ler o que está sendo perguntado. Caso contrário,
teremos que ler o texto de apoio duas vezes, uma antes e outra depois da(s) pergunta(s). Lembre-se de que faz parte
da sua tática ser mais rápido e eficiente do que seus concorrentes. Concurso é uma competição. Portanto, treine para
ser o melhor.

Assim, de acordo com nosso roteiro, o passo 1 é identificar quais são as perguntas que estão sendo feitas. Para
fins didáticos, coloquei duas opções:

A) redação de 10 linhas, com apenas uma pergunta a ser respondida; e

B) redação de 20 a 40 linhas, com duas perguntas a serem respondidas.

Isso será importante para vocês perceberem, mais adiante, que nossa forma de abordagem mudará na
elaboração da resposta conforme o número de linhas a serem escritas.

Passo 1

Identificar quais são as perguntas que estão sendo feitas.

< Como se classificam os créditos adicionais e qual é a finalidade de cada um deles?

< Descreva as características de cada tipo de crédito adicional.

Passo 2

Identificar o tipo de texto a ser elaborado.

“Considerando o texto motivador acima transcrito, redija um texto respondendo, de forma justificada, aos
questionamentos a seguir.”

Portanto, devemos responder as perguntas realizadas.

Passo 3

Identificar a quantidade de linhas a serem escritas.

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• Opção A - 10 linhas;
• Opção B - 20 ou 40 linhas.

Passo 4

A partir das informações anteriores, definir o número de parágrafos que você escreverá e o assunto que será
abordado em cada um deles.

• Opção A - 10 linhas: resposta conterá apenas 3 parágrafos de desenvolvimento (créditos


suplementares, especiais e extraordinários), sem introdução nem conclusão, pois se trata de um texto
curto, sendo importante o nosso poder de síntese.
• Opção B - 20 ou 40 linhas. No caso de uma questão de 20 linhas, recomenda-se que haja introdução, de
modo que o texto será estruturado da seguinte maneira: introdução + 3 parágrafos de
desenvolvimento. Já na questão de 40 linhas, além dos 4 parágrafos anteriores, recomenda-se que
também seja apresentado 1 parágrafo de conclusão.

Passo 5

Ler o texto de apoio, reler as perguntas e elaborar o planejamento do texto (esquema).

A partir de agora, você já pode planejar melhor o seu texto, definindo quantas linhas haverá em cada um dos
parágrafos e quais serão os tópicos frasais deles.

Note que, a depender da quantidade de linhas a serem escritas no seu texto, a estrutura dele mudará, podendo
ou não ter introdução e/ou conclusão. O tamanho de cada parágrafo também irá variar, conforme o caso.

Na situação hipotética apresentada, sabemos que os créditos adicionais se classificam, conforme art. 41, da Lei
4.320/64, em suplementares, especiais e extraordinários. Assim, nossos 3 parágrafos de desenvolvimentos abordarão
os seguintes assuntos:

• Créditos suplementares;
• Créditos especiais;
• Créditos extraordinários.

A depender do número de linhas, tanto o formato do texto quanto o tamanho dos parágrafos serão diferentes.
A Figura 1, a seguir, ilustra possíveis cenários para a situação hipotética apresentada.

Figura 1: Formato do texto e tamanho dos parágrafos: questão hipotética sobre créditos adicionais

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Assim, constata-se, por exemplo, que em uma questão curta (10 linhas), devemos abordar apenas o essencial,
sem muito floreio. Já em questões maiores (40 linhas ou mais), será necessário demonstrar mais conhecimento ou
até mesmo tentar dar uma “enrolada” na banca.

A título de exemplo, a Figura 2, a seguir, demonstra as palavras-chave que poderão ser apresentadas na
descrição dos créditos suplementares, que corresponde ao nosso primeiro parágrafo de desenvolvimentos nas
estruturas textuais sugeridas.

Figura 2: Palavras-chave utilizadas na descrição dos créditos suplementares

Observem que, à medida que o tamanho do texto aumenta, cresce o grau de detalhamento que devemos
apresentar nas nossas respostas. Assim, nossa descrição do crédito suplementar na questão de 10 linhas se limitará a
mencionar apenas o essencial. Na questão de 40 linhas, será possível demonstrar todo o conhecimento que temos a
respeito do tema.

Outro aspecto importante é que há diferentes modos de se apresentar a mesma resposta. E o examinador
estará atento a alguns detalhes, principalmente com relação à fundamentação, justificativa ou embasamento da
nossa resposta. Assim, quanto mais conhecimento você conseguir demonstrar nesse aspecto, mais pontos ganhará.
Note que não estamos falando de tentar enrolar a banca, mas sim de apresentar uma resposta bem fundamentada

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do ponto de vista técnico ou legal. Para ilustrar isso, a seguir, são apresentadas algumas respostas possíveis para a
definição dos créditos suplementares:

• Os créditos suplementares são utilizados para o reforço de dotações existentes na LOA;


• De acordo com a legislação vigente, os créditos suplementares são utilizados para o reforço de
dotações existentes na LOA;
• De acordo com a lei geral do direito financeiro, os créditos suplementares são utilizados para o reforço
de dotações existentes na LOA;
• De acordo com a Lei 4.320/64, os créditos suplementares são utilizados para o reforço de dotações
existentes na LOA;
• De acordo com o art. 41 da Lei 4.320/64, os créditos suplementares são utilizados para o reforço de
dotações existentes na LOA;
• De acordo com o art. 41, inciso I, da Lei 4.320/64, os créditos suplementares são utilizados para o
reforço de dotações existentes na LOA.

Deve ficar claro que todas são excelentes respostas. Se você conseguir apresentar a primeira delas, já receberá
uma nota muito boa com relação ao conteúdo. Mas, conforme você for demonstrando mais conhecimentos acerca
da fundamentação legal da sua resposta, mais pontos receberá.

Das respostas apresentadas, considero que a ideal, em termos de relação custo-benefício, seja a que
fundamenta a definição na Lei (De acordo com a Lei 4.320/64). Entretanto, saiba que, se algum candidato apresentar
a última resposta, a Banca automaticamente atribuirá a esse candidato a nota máxima no quesito, escalonando a
nota dos demais candidatos, conforme o caso.

Você deve estar pensando o seguinte: “Mas que absurdo! Agora só me faltava ter que ficar decorando o número
de artigos e incisos. Eu mal sei o conteúdo. Nunca vou passar em um concurso”. Tenha calma. Como mencionei, a
primeira resposta já está excelente. O que tentei demonstrar foi o seguinte: alguns candidatos estão em “Oto
Patamar”, como diria Bruno Henrique, ídolo do Flamengo. E eles terão que ser recompensados por isso, pois se trata
de uma competição.

É a regra do jogo, pessoal. Segundo Darwin, é a seleção natural. Enquanto uns estão preocupados com boatos,
procurando saber se haverá concurso ou não, pedindo para que “oráculos de plantão” adivinhem a data da prova,
outros estão “devorando” a Constituição. Por exemplo, se você está estudando para um concurso na área de controle,
deveria estar lendo diariamente os art. 70 a 75 da CF/88. Caso não esteja fazendo isso, saiba que alguém está. E é
exatamente essa pessoa que escreverá na redação: “Nos termos do art. 71, inciso I, da CF, compete ao TCU apreciar
as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio”. Enquanto isso, a maioria
dos candidatos estará olhando para a folha de respostas desta maneira:

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Minha intenção aqui não é a de assustar ninguém, nem a de fazer você desistir ou ficar preocupado demais.
Quero apenas mostrar que concurso público é um processo de seleção natural entre os candidatos. E quem
demonstrar mais conhecimento na redação, por exemplo, deverá ser recompensado por isso. Novamente, é
importante frisar que você não precisa, a partir deste momento, sair memorizando o número dos artigos, parágrafos
e incisos que nem um maluco. Entretanto, conforme for se aperfeiçoando e estudando a matéria, naturalmente você
irá perceber que alguns dispositivos são mais importantes que os outros, havendo maior chance de serem cobrados.
Por exemplo, em concursos que cobram a disciplina de Administração Financeira e Orçamentária – AFO, é bastante
comum aparecer uma questão discursiva sobre Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e Lei
Orçamentária Anual – LOA. Portanto, no caso de um candidato que esteja se preparando para concursos que cobrem
essa disciplina, como é o caso de cargos na área de controle, não custa nada saber o número do dispositivo
constitucional que define essas leis orçamentárias (art. 165).

É importante ressaltar que saber o número do artigo de cabeça é apenas a “cereja do bolo”. Antes disso, é
preciso dominar o conteúdo, pois é ele que fará você passar no concurso. Então, não se preocupe muito com isso
agora.

Por fim, para fins didáticos, segue a estrutura que acredito ser a ideal para o parágrafo sobre crédito adicional
suplementar na questão de 40 linhas:

Sugestão de Parágrafo - Crédito Suplementar


Perguntas:

< Como se classificam os créditos adicionais e qual é a finalidade de cada um deles?

< Descreva as características de cada tipo de crédito adicional.

Resposta completa para a definição e descrição dos créditos suplementares:

De acordo com o art. 41, inciso I, da Lei 4.320/64, os créditos suplementares são utilizados
para o reforço de dotações existentes na LOA. Conforme disposto no art. 42 da lei citada, eles são
autorizados por lei e abertos por decreto executivo. Convém destacar que, conforme art. 43 da mesma
lei, a abertura dos créditos suplementares depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer
a despesa e será precedida de exposição justificativa.

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Exemplo Prático nº 1 – TCU 2009: Receitas Públicas


Vamos começar a treinar um pouco do que aprendemos até agora. A seguir, resolveremos juntos uma questão
discursiva que caiu no concurso em que fui aprovado no TCU, em 2009.

Sem perder tempo, pegue papel, caneta, relógio ou cronômetro (é importante marcar o tempo que você leva
para fazer a questão) e mãos à obra.

Exemplo Prático nº 1
CESPE/ TCU 2009 – Q1 – 20 linhas

Em maio de 2009, pela primeira vez em sua história, a universidade pública X foi contratada
pela universidade particular Y para realizar o vestibular em benefício da contratante. Todos os custos
foram pagos diretamente pela universidade privada, ficando a cargo da universidade pública X apenas
a administração do empreendimento e a alocação de pessoal para realizar todo o processo. Em face da
prestação do referido serviço, a universidade pública auferiu da contratante uma receita de prestação
de serviços que não estava prevista na lei orçamentária federal.

Diante dessa situação hipotética, discorra, de modo fundamentado, se a receita auferida pela universidade
pública X é orçamentária ou extraorçamentária e esclareça, também de modo fundamentado, sob que tipo
de classificação essa receita deveria ser contabilizada.

Primeiramente, se você prestou atenção às orientações anteriores, leu primeiro as perguntas (“Diante dessa
situação hipotética...”) e não a parte inicial (“Em maio de 2009...”). Acho que a maioria fez o contrário kkkkkk. Mas
tudo bem, você precisa treinar para que essa prática se torne automática com o passar do tempo.

Vamos começar a planejar nossa resposta para a questão discursiva em tela. Na hora da prova, você usará a
FOLHA DE RASCUNHO para planejar e esquematizar o seu texto. Caso prefira fazer o rascunho, use a própria folha
de perguntas para planejá-lo.

Importante
O planejamento do texto jamais poderá ser dispensado. Mesmo que você opte por fazer rascunho, planeje-o.

Mentalmente, faça o passo-a-passo que aprendemos e vá fazendo marcações na própria folha de perguntas.
Para fins didáticos, apresento essa sequência a seguir, de forma escrita:

Passo 1

Identificar quais são as perguntas que estão sendo feitas.

“I) Discorra, de modo fundamentado, se a receita auferida pela universidade pública X é orçamentária ou
extraorçamentária;

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II) Esclareça, também de modo fundamentado, sob que tipo de classificação essa receita deveria ser
contabilizada.”

Passo 2

Identificar o tipo de texto a ser elaborado.

“Diante dessa situação hipotética, discorra...”.

Portanto, devemos responder as perguntas realizadas de forma direta ou na forma de um texto dissertativo.
Isso dependerá do número linhas.

Passo 3

Identificar a quantidade de linhas a serem escritas.

• 20 linhas.

Passo 4
A partir das informações anteriores, definir o número de parágrafos que você escreverá e o assunto que será
abordado em cada um deles.

Como se trata de um texto de 20 linhas e as perguntas são relativamente simples de serem respondidas,
recomenda-se que haja introdução e conclusão, de modo que o nosso texto será estruturado da seguinte maneira:
introdução + 2 parágrafos de desenvolvimento + conclusão.

Passo 5

Ler o texto de apoio, reler as perguntas e elaborar o planejamento do texto (esquema).

PLANEJAMENTO DO TEXTO (FOLHA DE RASCUNHO)

ESQUEMA

Planejamento da estrutura do texto:

P1: Introdução

Copiar pedaço do próprio texto de apoio, cortando a parte do meio:

“Em maio de 2009, pela primeira vez em sua história, a universidade pública X foi contratada pela universidade
particular Y para realizar o vestibular em benefício da contratante. Todos os custos foram pagos diretamente pela
universidade privada, ficando a cargo da universidade pública X apenas a administração do empreendimento e a alocação
de pessoal para realizar todo o processo. Em face da prestação do referido serviço, a universidade pública auferiu da
contratante uma receita de prestação de serviços que não estava prevista na lei orçamentária federal. “

Nota: obviamente, isso será feito na folha de perguntas, apenas riscando a parte do texto que você irá cortar na
hora de escrever na “Folha do Texto Definitivo”.

P2: Parágrafo Desenvolvimento Pergunta I: Tópico Frasal 1 + desenvolvimento

Receita auferida pela universidade pública X é orçamentária ou extraorçamentária?

Tópico Frasal 1 (TF1): A receita auferida pela universidade pública X é orçamentária.

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Fundamentação: Art. 57 da Lei 4320/64.

P3: Parágrafo Desenvolvimento Pergunta II: Tópico Frasal 2 + desenvolvimento.

Sob que tipo de classificação essa receita deveria ser contabilizada?

Tópico Frasal 2 (TF2): A receita orçamentária auferida pela universidade pública X deveria ter sido contabilizada
como Receita Orçamentária Corrente de Serviços.

Fundamentação: art. 11 da Lei 4.320/64.

P4: Conclusão: Retomada dos TF 1 e TF2.

“Conclui-se, portanto, que...” + TF1 + TF2... ou “Diante do exposto, pode-se concluir que” + TF1 + TF2.

Observação: P 1 a N = Parágrafo 1 a N.

TEXTO DEFINITIVO

Em maio de 2009, pela primeira vez em sua história, a universidade pública X foi contratada pela
universidade particular Y para realizar o vestibular em benefício da contratante. Em face da prestação do
referido serviço, a universidade pública auferiu da contratante uma receita de prestação de serviços que não
estava prevista na lei orçamentária federal.
A receita auferida pela universidade pública X é orçamentária. Conforme disposto na Lei 4.320/64,
serão classificadas como receitas orçamentárias todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de
operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.
A receita orçamentária auferida pela universidade pública X deveria ter sido contabilizada como
Receita Orçamentária Corrente de Serviços. De acordo com a Lei 4.320/64, as receitas se classificam,
conforme a sua categoria econômica, em Correntes e de Capital. Conforme disposto na referida Lei, são
Receitas Correntes as receitas de serviços, como a que foi auferida pela universidade X em virtude do serviço
prestado à universidade particular Y.
Conclui-se, portanto, que a receita auferida pela universidade pública X é orçamentária, sendo que o
correto teria sido a sua contabilização como Receita Orçamentária Corrente de Serviços, conforme disposto
na Lei 4.320/64.
Para fins didáticos, destaquei (grifei) os tópicos frasais dos parágrafos de desenvolvimento e a repetição deles
na conclusão, de modo que você possa visualizar de forma mais clara a estrutura do texto. Na sua prova, esses
destaques e grifos obviamente não serão feitos.

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Pontos Importantes Avaliados Pela Banca


Um aspecto fundamental para evoluirmos com relação à apresentação de bons textos para as bancas é
sabermos o que elas estão procurando em nossas respostas. Ter a noção clara das palavras-chave que serão buscadas
no seu texto ajuda muito a melhorar o seu desempenho, pois você irá elaborar sua resposta tendo como foco esses
termos importantes, e não preocupado com firulas e floreios que nada acrescentarão ao seu texto em termos de
conteúdo e de pontuação.

ESPELHO DE CORREÇÃO DO CESPE

Para fins de ilustração, apresento a seguir o espelho de correção da minha peça técnica do concurso do TCU de
2009, para Auditor Federal de Controle Externo – Obras Públicas.

Observe que, em provas do CESPE, a pontuação é distribuída em duas partes:

a) Apresentação e Estrutura Textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação): valendo de 5 a 10% da


pontuação;
b) Desenvolvimento do tema: respostas corretas apresentadas pelo candidato em relação aos
questionamentos feitos pelas bancas: valendo de 90 a 95% da pontuação.

No primeiro quesito, ganhará a pontuação máxima quem não cometer erros grosseiros, como escrever fora da
área delimitada na folha de respostas, responder tudo em 1 só parágrafo, apresentar número de linhas
desproporcional para a introdução (por exemplo, em um texto de 20 linhas, apresentar introdução de 10 linhas com
2 parágrafos de desenvolvimento com 5 linhas cada). Quanto à legibilidade, sinceramente, se eu nunca perdi pontos
com relação a isso, você teria que se esforçar muito para perder pontos nesse quesito rsrsrsrs. Minha letra é
lamentável.

Além dessa pontuação, você perderá pontos quanto aos aspectos microestruturais caso cometa erros de
português. Comentaremos mais detalhadamente sobre isso mais adiante.

Sendo assim, vamos entender melhor como a banca irá corrigir suas questões discursivas. Vamos tomar como
exemplo a questão a seguir:

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Exemplo Prático nº 2
CESPE/PGM João Pessoa-PB 2018 – Procurador do Município - QUESTÃO 3 (10 linhas)

O prefeito de determinado município encaminhou ao Poder Legislativo local o projeto de lei


orçamentária anual (LOA) relativo ao exercício financeiro de 2019. Nesse projeto, foram apresentados,
entre outros, dois artigos: um tratava dos limites do perímetro urbano do município, outro autorizava
a contratação de operações de crédito. Esses dois dispositivos geraram a discussão sobre a
constitucionalidade do projeto de LOA no âmbito da câmara municipal, tendo alguns parlamentares
alegado a existência de violação a um princípio orçamentário.

Com base nessa situação hipotética, redija um texto respondendo, de forma justificada, aos
questionamentos a seguir.

1 Qual o princípio orçamentário constitucional violado pelo projeto de LOA? Há alguma exceção para a
aplicação desse princípio? [valor: 2,25 pontos]

2 Dos dois artigos mencionados, qual(is) violou(aram) o princípio orçamentário constitucional? [valor: 2,50
pontos]

Resolveremos essa questão no tópico seguinte. Por enquanto, iremos nos concentrar na ótica do examinador.

Suponha que você, Sr. Botelho, tenha sido contratado pela banca para fazer a correção das “ótimas” redações
elaboradas pelos candidatos. Você, como todo brasileiro, obviamente deixará para fazer isso na última hora (lembre-
se de que o examinador é igual a gente).

Mentalize o seguinte cenário: você, Sr. Botelho, foi almoçar na casa de parentes da sua esposa em um domingo
qualquer. Aquele ambiente “agradável”, criança correndo, gritando, pessoas contando vantagem e mentindo,
cunhado pedindo dinheiro emprestado, um tio fracassado fazendo planos para um novo projeto inovador (pirâmide
financeira), e por aí vai.

Depois de ter comido uns 2 kg de churrasco, tomado umas 5 latinhas de cerveja e comido alguns pedaços de
pudim, você não aguenta mais ficar ali e está louco para arrumar uma desculpa para ir embora.

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Você lembra então, de forma milagrosa, que precisa ir para casa corrigir as redações. Depois de meia hora se
despedindo de todo mundo e fingindo que gostaria muito de ter ficado mais, você consegue finalmente sair. No
caminho, sua esposa vai dirigindo e “carinhosamente” lembrando o quanto você não se esforça para suportar a família
dela, ao contrário do que ela faz quando o evento é na casa dos seus parentes, aqueles “alcoólatras que não têm
educação nenhuma”. Ao chegar em casa, você pega o computador, liga a TV para acompanhar o jogo do seu time
enquanto corrige os textos e abre o sistema do CESPE para começar seu trabalho. Você precisará corrigir 100
redações até o dia seguinte. Seu time, jogando em casa contra o lanterna do campeonato, leva um gol e agora está
perdendo por 1x0. Sua esposa, ao telefone, te dá o seguinte recado: “mamãe está chorando porque brigou com papai,
que está bêbado. Convidei-a para vir dormir aqui em casa”. E é assim, nesse ambiente “confortável”, que você abre a
primeira redação para corrigir, já imaginando o que virá pela frente:

Claro que a situação hipotética acima é apenas uma brincadeira para ilustrar que o examinador gostaria muito
de ler textos que fossem claros e objetivos. São respostas assim que farão com que ele atribua notas máximas às
respostas apresentadas pelos candidatos. Lembre-se de que ele estará lendo textos desorganizados e prolixos na
maior parte do tempo. Assim, basta você fazer o simples e o óbvio que a sua redação naturalmente se destacará.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA BANCA

Afinal de contas, como é feita a correção pelo examinador? A banca disponibiliza um sistema para ele escolher
notas para cada quesito avaliado, conforme critérios pré-definidos.

Por exemplo, na questão apresentada anteriormente (exemplo prático nº 2), o Sr. Botelho acessou um sistema
com a seguinte informação na tela:

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Sendo assim, o examinador contratado pela banca não poderá atribuir ao candidato, nessa situação, a nota
1,10, por exemplo. Ele irá marcar uma das opções apresentadas (0, 1, 2 ou 3), conforme os critérios pré-definidos, que,
nessa questão específica, eram os seguintes:

0 - Não respondeu qual princípio orçamentário constitucional foi violado pelo projeto de LOA e quais as
exceções à aplicabilidade desse princípio.

1- Respondeu qual princípio orçamentário constitucional foi violado pelo projeto de LOA, mas sem citar o art.
165, § 8.º, da Constituição Federal de 1988, e não respondeu quais as exceções à aplicabilidade desse princípio.

2 - Respondeu qual princípio orçamentário constitucional foi violado pelo projeto de LOA, citando o art. 165,
§ 8.º, da Constituição Federal de 1988, mas não respondeu quais as exceções à aplicabilidade desse princípio.

3 - Respondeu qual princípio orçamentário constitucional foi violado pelo projeto de LOA, citando o art. 165, §
8.º, da Constituição Federal de 1988, e respondeu quais as exceções à aplicabilidade desse princípio.

Perceba que não adianta ficar enrolando a banca, falando da importância da CF/88 para o país, da história dos
princípios orçamentários etc. O que interessa são as palavras-chave, aqueles termos “mágicos” que o examinador irá
procurar no seu texto. Não adianta nada usar termos rebuscados, inverter a ordem de sua escrita, elaborar versos
Alexandrinos, mas não responder o que a banca deseja, que, nesse caso, era simplesmente o seguinte:

• Princípio orçamentário constitucional foi violado pelo projeto de LOA: exclusividade;


• Dispositivo da CF/88 que trata do princípio: art. 165, § 8º;
• Exceções à aplicabilidade do princípio: autorização para abertura de créditos suplementares e para
contratação de operação de crédito, ainda que por antecipação da receita.

É claro que você deve escrever um texto isento de erros de português. Não vá escrever “seje”, ”menas”, “pra
mim fazer”, “uma grande perca para a humanidade”, “com migo”, “previlégio”, “hajam” e outros absurdos. Se souber,
use sim termos rebuscados, mas não deixe de apresentar também as palavras-chave. São elas que farão seu nome
aparecer no Diário Oficial no momento da nomeação para o cargo.

Para complementar o raciocínio, no outro quesito da mesma questão, o critério de correção era o seguinte:

Os critérios para atribuição das pontuações foram os seguintes:

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0 - Não respondeu sobre a violação de princípio orçamentário constitucional pelos artigos incluídos no projeto
de LOA.

1 - Respondeu corretamente sobre a existência ou não de violação a princípio orçamentário constitucional por
um dos artigos incluídos no projeto de LOA.

2 - Respondeu corretamente sobre a existência ou não de violação a princípio orçamentário constitucional


pelos dois artigos incluídos no projeto de LOA.

Perceberam o quanto é importante ter objetividade e clareza na apresentação da sua resposta? Lembre-se de
que você deve facilitar o trabalho do examinador. Deixe-o feliz com a sua resposta. Ele estará lendo muitos textos no
mesmo dia, sendo que a maioria estará ruim. Não se esqueça de que o Sr. Botelho pode ter tido um péssimo dia, no
melhor estilo Michael Douglas em “Um Dia de Fúria”. Você apresentar um texto claro, objetivo e isento de erros fará
com que ele automaticamente leia com boa vontade aquilo que você escreveu.

NOTA FINAL DA QUESTÃO DISCURSIVA: ERROS DE PORTUGUÊS

Em geral, nas provas discursivas do CESPE, o critério de pontuação acaba fazendo com que a forma e o
conteúdo do seu texto sejam mais relevantes do que a correção gramatical.

Normalmente, a nota na questão discursiva é calculada da seguinte maneira:

NPPD = NC ‐ NE ÷ TL

Onde:

NPDD = nota no parecer da prova discursiva;

NC = Nota do conteúdo;

NE = número de erros do candidato, considerando-se aspectos de natureza linguística, tais como: grafia,
morfossintaxe e propriedade vocabular; e

TL = número de linhas efetivamente escritas pelo candidato.


Esse foi o critério adotado, por exemplo, no concurso do TCU 2015 – AUFC. A tabela a seguir retrata um cenário
hipotético que demonstra o quanto a nota de conteúdo se sobressai em relação aos erros de português nessa
sistemática de pontuação.

Cenário A - erros de português com peso 1

Nota Pontuação Aluno X Pontuação Aluno Y

NC 40 40

NE 2 20

TL 50 50

Nota Total 39,96 39,60

Observe que, nesse Cenário A, os dois candidatos tiraram a mesma nota de conteúdo e escreveram o mesmo
número de linhas. Mas um cometeu apenas 2 erros de português, enquanto o outro cometeu 20. Entretanto, a
diferença na nota final dos dois foi de apenas 0,36, o que demonstra a grande importância da nota de conteúdo.

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Cenário B - erros de português com peso 1

Nota Pontuação Aluno X Pontuação Aluno Y

NC 28 40

NE 0 50

TL 50 50

Nota Total 28,00 39,00

No Cenário B, o Aluno X não cometeu nenhum erro de português, mas teve um desempenho mediano na nota
de conteúdo, tendo obtido 28 dos 40 pontos possíveis (70% de aproveitamento). Já o Aluno Y cometeu 1 erro de
português a cada linha que escreveu (50 no total), mas obteve a nota máxima no conteúdo. O resultado mostra que
o Aluno Y obteve uma pontuação final muito superior ao Aluno X, mesmo tendo cometido muitos erros de português.

De vez em quando, o CESPE modifica um pouco o critério de pontuação, de modo a pesar um pouco mais os
erros de português. Por exemplo, na prova para Procurador do TCE/RO 2019, havia um coeficiente que atribuía um
peso 6 aos erros de português:

NPPD = NC ‐ 6 × NE ÷ TL

Onde:

NPDD = nota no parecer da prova discursiva;

NC = Nota do conteúdo;

NE = número de erros do candidato, considerando-se aspectos de natureza linguística, tais como: grafia,
morfossintaxe e propriedade vocabular;

TL = número de linhas efetivamente escritas pelo candidato;

Seguindo a mesma lógica do Cenário A, apresentado anteriormente, as notas nesse novo panorama seriam as
seguintes:

Cenário C - erros de português com peso 6

Nota Pontuação Aluno X Pontuação Aluno Y

NC 40 40

NE 2 20

TL 50 50

Nota Total 39,76 37,60

Observe que, nesse novo cenário, embora haja um peso 6 para os erros de português, a diferença na pontuação
final entre os 2 candidatos não chega a ser tão significativa.

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Cenário D - erros de português com peso 6

Nota Pontuação Aluno X Pontuação Aluno Y

NC 28 40

NE 0 50

TL 50 50

Nota Total 28,00 34,00

No Cenário D, o Aluno Y, aquele que cometeu 1 erro de português a cada linha que escreveu, mas obteve a nota
máxima no conteúdo, continua se sobressaindo em relação ao seu concorrente, que não errou no português, mas que
não foi tão bem na parte do conteúdo. Note que a diferença entre eles na nota final já não é tão grande como no outro
critério, embora o Aluno Y ainda esteja com uma vantagem considerável.

A ideia desses cenários não é ficar fazendo contas. O que pretendo demonstrar é que o critério de pontuação
adotado pelo CESPE acaba fazendo com que a forma e o conteúdo do seu texto sejam mais relevantes do que a
correção gramatical.

Sendo assim, pode-se concluir que não compensa fazer RASCUNHO. Você acaba gastando o dobro do tempo
e, às vezes, ainda se perde no conteúdo por conta da falta de planejamento. Prova disso é que, mesmo fazendo
rascunho, a gente sempre muda o texto na hora de passá-lo a limpo na folha definitiva.

Vamos analisar essa ideia sob outro prisma agora. Considere a seguinte questão discursiva hipotética em uma
prova de concurso:

Pergunta: Como se classificam os créditos adicionais e qual é a finalidade de cada um deles?

O Sr. Botelho, nosso examinador favorito, terá novamente a nobre missão de corrigir as provas. Ele recebeu da
banca a seguinte resposta padrão para avaliar o parágrafo de desenvolvimento que trataria de créditos
suplementares, quesito que valia 3,00 pontos de conteúdo:

Resposta padrão (Créditos Suplementares):


De acordo com o art. 41, inciso I, da Lei 4.320/64, os créditos suplementares são utilizados para o
reforço de dotações existentes na LOA. Conforme disposto no art. 42 da lei citada, eles são autorizados por lei e
abertos por decreto executivo. Convém destacar que, conforme art. 43 da mesma lei, a abertura dos créditos
suplementares depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição
justificativa.
A partir dos critérios objetivos definidos pela banca, o Sr. Botelho elabora a seguinte tabela para facilitar sua
correção, já que ele não é um exímio conhecedor de AFO:

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Critério simplificado de correção – Créditos Suplementares

Palavras-chave Pontuação conteúdo


reforço de dotações 1,00

autorizados por lei 0,50

abertos por decreto executivo 0,50

existência de recursos disponíveis 0,50

precedida de exposição justificativa 0,50

TOTAL 3,00

Consideraremos agora, para fins didáticos, dois candidatos hipotéticos. Um que apelidaremos de GERADOR
DE LERO-LERO (candidato 1) e outro de APRESSADO (candidato 2). O primeiro é aquele camarada que tem o
objetivo de aparecer, demonstrand0 que sabe mais do que a própria banca. Ele tende a escrever demais, embora
evite a repetição das palavras. É o típico candidato que vai fazer rascunho, pois precisa escrever perfeitamente,
tentando demonstrar o grande conhecimento que tem acerca de todos os assuntos, e não só daquilo que está sendo
perguntado, que, por sinal, é muito fácil perto do tanto que ele sabe. Já o 2º candidato é mais objetivo. Ele não escreve
bem, mas sabe exatamente as palavras-chave que a banca está buscando na resposta.

Resposta Candidato 1: GERADOR DE LERO-LERO

A Lei 4.320/64 trouxe importantes regras para as finanças públicas de nosso país. Com o advento da
Constituição Federal de 1988, a Carta Cidadã, a Lei 4.320/64 foi recepcionada com status de lei
complementar, tendo em vista que possui normas gerais de direito financeiro. Vale ressaltar que, até o
presente momento, não foi aprovada a nova lei de finanças públicas de que trata o art. 165, § 9º, da Carta
Magna, o que demonstra a total falta de compromisso do nosso Poder Legislativo com o tema. Por essa razão,
os preceitos da Lei 4.320, publicada no ano do Golpe Militar, valem até hoje, 2020, ano que está sendo difícil
não só para o país, mas para o mundo, por causa do coronavírus, agente causador da Covid-19, doença que
começou na China, ao final de 2019, e que se alastrou mundo afora, causando prejuízos para a saúde das
pessoas e para a economia, tendo gerado, inclusive, o adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020, que seriam
disputados no Japão, mais precisamente em Tóquio, capital do país.
Os créditos suplementares, que podem ser considerados como importantes instrumentos retificadores do
orçamento, têm suas regras definidas na Lei 4.320/64. Conforme tratado anteriormente, essa Lei foi

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recepcionada pela nossa Constituição vigente com status de lei complementar, pois trata de normas gerais de
Direito Financeiro. Ressalta-se que, conforme estabelece o art. 24 da Lei Maior, compete à União, aos
Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito financeiro e orçamento, além de direito
econômico, tributário, urbanístico e penitenciário. A respeito do assunto, a CF/88 definiu, em seu art. 167,
importantes vedações acerca dos créditos suplementares. Inclusive, um dos motivos do impeachment da ex-
presidente Dilma Rousseff foi a violação do dispositivo mencionado, o que levou à perda do seu cargo, uma
vez que houve a abertura de créditos suplementares sem que houvesse autorização em lei.
Créditos Suplementares – Nota do candidato 1

Palavras-chave Pontuação conteúdo


reforço de dotações 0,00

autorizados por lei 0,50

abertos por decreto executivo 0,00

existência de recursos disponíveis 0,00

precedida de exposição justificativa 0,00

TOTAL 0,50

Percebam que ele demonstrou vários conhecimentos acerca de diferentes assuntos. Mas “enxugou gelo” na
maior parte do tempo. Fez introdução, concatenou as ideias de uma forma até razoável, preocupando-se bastante
em não repetir termos como “Constituição”. Fez rascunho, tendo levado de 30 a 40 minutos para escrever o texto
apresentado. Entretanto, de tanto tentar enrolar a banca, ele acabou se perdendo e não respondeu o
questionamento. Ele não citou quase nenhuma das palavras-chave procuradas pela banca. Assim, embora tenha
apresentando conhecimentos (corretos) a respeito de vários assuntos, isso acabou não servindo para nada no caso
dessa questão específica, e sua nota de conteúdo acabou sendo baixa. É importante notar que é bastante complicado
fazer recurso depois para tentar aumentar a nota desse candidato, pois não há o que se argumentar.

Resposta Candidato 2: APRESSADO

Os créditos suplementares, servem para que hajam os reforços de dotações que estão na Lei
Orçamentária Anual - LOA. Essa é a grande finalidade deles, um dos principais tipos de créditos adicionais
que existem no Brasil. De acordo com a legislação vigente, eles devem ser abertos por meio de decreto depois
que houver a autorização por meio de lei.

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Créditos Suplementares – Nota do candidato 2

Palavras-chave Pontuação conteúdo


reforço de dotações 1,00

autorizados por lei 0,50

abertos por decreto executivo 0,50

existência de recursos disponíveis 0,00

precedida de exposição justificativa 0,00

TOTAL 2,00

Percebam que esse candidato cometeu erros grosseiros de português. Ele vai perder alguns pontos por isso,
obviamente (separação de sujeito do verbo com vírgula, hajam, etc.). O candidato 2 não fez rascunho, tendo
elaborado um esquema de forma bastante rápida, planejando seu texto e o escrevendo diretamente na folha
definitiva. Talvez, até por isso, não tenha sequer reparado nos equívocos gramaticais que cometeu. Ele levou 15
minutos nesse processo. Entretanto, como escreveu as palavras-chave procuradas pelo examinador, obteve uma
pontuação bem maior do que o candidato 1, mesmo tendo escrito de maneira apressada e errada em termos de
correção gramatical.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível concluir que, nas provas discursivas do CESPE, geralmente o critério de pontuação
acaba fazendo com que a forma e o conteúdo do seu texto sejam mais relevantes do que a correção gramatical.

Assim, considerando as etapas de elaboração do seu texto (Planejamento; Esquema ou rascunho; Texto
definitivo), constata-se que o tempo que você gasta para elaborar o rascunho não traz um benefício proporcional ao
custo dessa tarefa, de modo que é muito mais importante planejar seu texto, definindo de forma antecipada e
objetiva quais são as palavras-chave que você não pode deixar de mencionar na sua resposta. É mais importante
apresentá-las em um formato claro, com frases curtas e diretas, do que ficar escrevendo demais para tentar
impressionar a banca e acabar perdendo a linha do seu raciocínio.

Importante
NÃO compensa fazer RASCUNHO.

Você acaba gastando o dobro do tempo e, às vezes, ainda se perde no conteúdo por conta da falta de
planejamento. Prova disso é que, mesmo fazendo rascunho, a gente sempre muda o texto na hora de passá-
lo a limpo na folha definitiva.

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Exemplo Prático nº 2 – PGM João Pessoa 2018:


Princípios Orçamentários
Vamos fazer mais uma questão para consolidar nosso entendimento acerca do que estudamos até aqui? A
seguir, resolveremos juntos a questão que foi usada anteriormente para ilustrar os critérios de correção adotados
pelo CESPE.

Exemplo Prático nº 2
CESPE/PGM João Pessoa-PB 2018 – Procurador do Município - QUESTÃO 3 (10 linhas)

O prefeito de determinado município encaminhou ao Poder Legislativo local o projeto de lei


orçamentária anual (LOA) relativo ao exercício financeiro de 2019. Nesse projeto, foram apresentados,
entre outros, dois artigos: um tratava dos limites do perímetro urbano do município, outro autorizava
a contratação de operações de crédito. Esses dois dispositivos geraram a discussão sobre a
constitucionalidade do projeto de LOA no âmbito da câmara municipal, tendo alguns parlamentares
alegado a existência de violação a um princípio orçamentário.

Com base nessa situação hipotética, redija um texto respondendo, de forma justificada, aos
questionamentos a seguir.

1 Qual o princípio orçamentário constitucional violado pelo projeto de LOA? Há alguma exceção para a
aplicação desse princípio? [valor: 2,25 pontos]

2 Dos dois artigos mencionados, qual(is) violou(aram) o princípio orçamentário constitucional? [valor: 2,50
pontos]

Mentalmente, faça mais uma vez o passo-a-passo que aprendemos e vá fazendo marcações na própria folha de
perguntas. Para fins didáticos, apresento essa sequência a seguir, de forma escrita:

Passo 1

Identificar quais são as perguntas que estão sendo feitas.

“1 Qual o princípio orçamentário constitucional violado pelo projeto de LOA? Há alguma exceção para a
aplicação desse princípio?

2 Dos dois artigos mencionados, qual(is) violou(aram) o princípio orçamentário constitucional?”

Passo 2

Identificar o tipo de texto a ser elaborado.

“...redija um texto respondendo, de forma justificada, aos questionamentos...”

Portanto, devemos responder as perguntas realizadas de forma direta ou na forma de um texto dissertativo.
Isso dependerá do número linhas.

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Passo 3

Identificar a quantidade de linhas a serem escritas.

• 10 linhas

Isso significa que nosso texto deve ser bastante sucinto e direto.

Passo 4

A partir das informações anteriores, definir o número de parágrafos que você escreverá e o assunto que será
abordado em cada um deles.

Como se trata de um texto de apenas 10 linhas, não há margem para floreios. Devemos apresentar respostas
curtas e diretas, de forma simples. Não há espaço para introdução nem conclusão, do modo que o nosso texto será
estruturado da seguinte maneira: 2 parágrafos de desenvolvimento (aproximadamente 5 linhas para cada um).

Passo 5

Ler o texto de apoio, reler as perguntas e elaborar o planejamento do texto (esquema).

PLANEJAMENTO DO TEXTO (FOLHA DE RASCUNHO)

ESQUEMA

Planejamento da estrutura do texto:

P1: Resposta à pergunta 1: Tópico Frasal 1 + desenvolvimento

Princípio orçamentário violado: exclusividade

Fundamentação: art. 165, § 8º, da CF/88

TF: O projeto de LOA encaminhado pelo prefeito ao Poder Legislativo viola o princípio orçamentário da
exclusividade, previsto no art. 165, § 8º, da CF/88.

Exceções: Autorização para abertura de créditos suplementares e para a contratação de operação de crédito,
ainda que por antecipação de receita.

TF: O texto constitucional prevê as seguintes exceções com relação ao princípio: x, y, z

P2: Resposta à pergunta 2: Tópico Frasal 2 + desenvolvimento


Artigos da proposição que violam/não violam o princípio da exclusividade:

Art. 1 - limites do perímetro urbano do município → Viola o princípio

TF: O artigo que trata dos limites do perímetro urbano do município viola o princípio orçamentário da
exclusividade.

Art. 2 – autorização para a contratação de operações de crédito → Não viola o princípio, pois é uma das suas
exceções

Fundamentação: art. 165, § 8º, da CF/88

TF: O artigo que autoriza a contratação de operações de crédito não viola a CF, pois representa uma das
exceções à aplicabilidade do referido princípio, conforme art. 165, § 8º.

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Dica
Note que a própria banca já faz grande parte do seu rascunho ao apresentar os questionamentos, mas muita
gente sequer repara nisso. Ao fazer as perguntas, a banca já mostra como quer que você inicie seu texto.
Basta reescrever a pergunta, aproveitando as palavras que foram usadas. Veja a seguir um exemplo disso:

Pergunta: Qual o princípio orçamentário constitucional violado pelo projeto de LOA?

Resposta: O projeto de LOA encaminhado pelo prefeito ao Poder Legislativo viola o princípio orçamentário
da exclusividade, previsto no art. 165, § 8º, da CF/88.

As palavras destacadas são aquelas que foram aproveitadas na resposta.

Seja sincero: você não precisa perder tempo com rascunho para fazer isso. Na maioria das vezes, trata-se
simplesmente de insegurança. Confie nos seus conhecimentos. Você estudou e sabe o conteúdo.

TEXTO DEFINITIVO

O projeto de LOA encaminhado pelo prefeito ao Poder Legislativo violou o princípio orçamentário da
exclusividade, previsto no art. 165, § 8º, da CF/88, que estabelece que a lei orçamentária anual não conterá
dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. O próprio texto constitucional prevê as
seguintes exceções com relação ao princípio: autorização para abertura de créditos suplementares e para
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita.
O artigo que trata dos limites do perímetro urbano do município viola o princípio orçamentário da
exclusividade, pois não está entre as exceções admitidas pela CF/88, sendo, portanto, inconstitucional. Já o
artigo que autoriza a contratação de operações de crédito não viola a Constituição, pois representa uma das
exceções à aplicabilidade do referido princípio, conforme art. 165, § 8º, da Carta Magna.

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Conclusão
Chegamos ao final deste 2º módulo do nosso curso de Elaboração de Discursivas e Pareceres Técnicos.

Nosso objetivo principal deste módulo foi o aprimoramento da técnica abordada no nosso primeiro encontro,
apresentando a estrutura do texto de maneira mais detalhada, principalmente dos parágrafos de desenvolvimento.
Desenvolvemos melhor a questão hipotética apresentada no módulo anterior, ilustrando de modo mais aprofundado
o Roteiro de planejamento do texto e dos parágrafos de desenvolvimento. Também tratamos dos pontos do seu
texto que costumam ser avaliados pela Banca, que, no fim das contas, é o que realmente importa. Além disso, foram
apresentados exemplos práticos, por meio da aplicação da metodologia apresentada na resolução de questões
discursivas que já foram cobradas em provas de concurso do CESPE.

Lembre-se de treinar bastante. É a repetição que nos leva à perfeição. Concurso público não é para medir quem
estudou mais ou quem é mais inteligente, mas sim quem está mais bem preparado. Com a prática da técnica que
está sendo ensinada, você chegará na hora da prova sabendo exatamente o que fazer para montar a sua redação, de
modo a estruturar bem o seu texto.

É isso aí, pessoal! Espero que estejam gostando do curso. No próximo módulo, aplicaremos a técnica proposta
na elaboração de pareceres (peças de natureza técnica) em provas de concursos. Até lá!

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